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SECRETARIA DE ESTADO DOS NEGÓCIOS DA SEGURANÇA PÚBLICA
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO
CENTRO DE CAPACITAÇÃO FÍSICA E OPERACIONAL CURSO DE MONITOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA – 2005
HIDROGINÁSTICA COMO FATOR MOTIVACIONAL E REDUTOR DOS NÍVEIS DE ESTRESSE DOS POLICIAIS MILITARES ASSISTIDOS PELO PROGRAMA DE ACOMPANHAMENTO E APOIO (PAAPM - CASJ)
AUTOR: 3º Sgt PM ADEMIR MEDEIROS DE MELO
São Paulo 2006
SECRETARIA DE ESTADO DOS NEGÓCIOS DA SEGURANÇA PÚBLICA
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO
CENTRO DE CAPACITAÇÃO FÍSICA E OPERACIONAL CURSO DE MONITOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA – 2005
HIDROGINÁSTICA COMO FATOR MOTIVACIONAL E REDUTOR DOS NÍVEIS DE ESTRESSE DOS POLICIAIS MILITARES ASSISTIDOS PELO PROGRAMA DE ACOMPANHAMENTO E APOIO (PAAPM - CASJ)
TRABALHO
EXIGIDO
REQUISITO
PARA
COMO OBTENÇÃO
PRÉDE
LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA.
AUTOR: 3º Sgt PM ADEMIR MEDEIROS DE MELO Orientador: Sd Fem PM SILVANA DE OLIVEIRA São Paulo 2006
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho monográfico:
Primeiramente a Deus, que me permitiu trilhar este novo caminho, e que até aqui jamais me abandonou, permitindo-me a conclusão de mais uma etapa da minha vida;
Aos meus pais, que nunca deixaram de existir em minha vida nem nos meus pensamentos;
À minha esposa Rosangela, meus filhos Vinicius, Amanda e Vitor, que sempre me deram tantas alegrias nesta jornada, por terem me suportado nos momentos mais difíceis em que a paciência parecia findar, e quando estava estafado devido aos exaustivos dias que tivemos no transcorrer do curso;
Aos meus amigos de curso, que, de uma forma ou de outra, me ajudaram na criação deste trabalho monográfico;
Aos meus amigos do 3º BPM/M, e principalmente ao Sargento Celso que tanto incentivou e auxiliou-me para que eu conseguisse o êxito de passar na seleção e conclusão deste Curso de Graduação.
E, finalmente, a minha orientadora, professores, mestres do CMEF/05, Oficiais, Praças e funcionários civis deste CCFO, profissionais que forneceram os subsídios necessários à conclusão do curso de Educação Física.
AGRADECIMENTOS
Esta jornada, iniciada em 14 de fevereiro de 2005, e prestes a ter sua primeira etapa concluída, corresponde apenas ao “pontapé” inicial de uma marcha que parece jamais ter fim, por nos dedicarmos fielmente até que as pessoas que nos cercam estejam satisfeitas em suas necessidades físicas.
Agradeço ao Senhor Deus que nos criou e nos deu inteligência para conseguirmos trilhar este caminho, de dedicação e esforço e para trabalharmos com a vida física das pessoas, a fim de que Ele, que é o grande autor e consumador da fé, faça o trabalho espiritual nas pessoas que forem atribuídas a nós, e que elas possam ver em nós exemplos a serem seguidos e salvos em Cristo Jesus;
À minha esposa Rosangela, que a mim e a nossa família tanto se dedica, dando suporte e apoio moral para que tudo transcorra num clima de vitória em nossas vidas;
Aos meus familiares que desde o início me apoiaram e relevaram minhas atitudes nos momentos críticos, além de entenderem minha ausência durante os momentos em que estive dedicando-me ao aperfeiçoamento profissional.
RESUMO
HIDROGINÁSTICA COMO FATOR MOTIVACIONAL E REDUTOR DOS NÍVEIS DE ESTRESSE DOS POLICIAIS MILITARES ASSISTIDOS PELO PROGRAMA DE ACOMPANHAMENTO E APOIO (PAAPM – CASJ), a presente pesquisa tem como objetivo e compreensão interpretativa, avaliar de que maneira a hidroginástica pode contribuir para atenuar os sintomas e os problemas decorrentes do estresse, tendo em vista que o exercício é um dos melhores antídotos no seu combate. Assim sendo, a hidroginástica pode trazer muitos benefícios, sendo eles físicos e mentais: as propriedades físicas da água são as principais responsáveis pelos benefícios físicos e pelo fato de ser uma atividade divertida e de grande motivação, que trás benefícios mentais, possibilitando uma grande interação com outras pessoas, sendo que até aqueles que são envergonhados acabam se soltando e aliviando as tensões. De uns tempos para cá, houve um significativo aumento no interesse às questões referentes ao exercício físico, à saúde e o bem-estar em geral, buscandose desta forma uma melhora na qualidade de vida, no combate ao estresse que cada vez mais vem invadindo nossas vidas, rompendo o estado de equilíbrio (homeostase) de forma positiva (eustresse) e/ou negativa (distresse) no presente estudo vem colocar em discussão a questão da hidroginástica voltada a pessoas que apresentam sintomas do estresse, e que buscam nessa atividade a redução desses sintomas, considerando-se ainda que este exercício físico diminui a tensão e a ansiedade e aumenta o vigor físico. Este estudo tem por objetivo propor a implantação de um programa de treinamento físico, com atividades aeróbias de hidroginástica como forma de redução dos níveis de estresse dos policiais militares assistidos pelo PAAPM, a qual é desenvolvido no CASJ.
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 -
% de Policiais pesquisados ............................................................... 104
Gráfico 2 -
Área de Trabalho ............................................................................... 104
Gráfico 3 -
Níveis de tensão ................................................................................ 105
Gráfico 4 -
Fases do Estresse ............................................................................. 106
Gráfico 5 -
Fases do Estresse ............................................................................. 106
Gráfico 6 -
Qualidade do sono dos PM ................................................................ 107
Gráfico 7 -
Horas de sono do PM ........................................................................ 107
Gráfico 8 -
Tensão Emocional X Atividade Física ................................................ 108
Gráfico 9 -
Tipo de Tratamento............................................................................ 108
LISTA DE QUADROS, FIGURA E TABELA
Quadro 1 - Níveis de Estresse ............................................................................... 33 Quadro 2 - Agentes Estressores ............................................................................ 36 Figura 1 -
Relacionamento da Auto-estima com o Indivíduo................................70
Tabela 1 -
Dores X Tensão emocional ................................................................ 107
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ACTH – Hormônio Adrenocorticotrófico AEA – Aquatic Exercise Association AF – Atividade Física AVE – Acidente Vascular Encefálico BPM/M – Batalhão de Polícia Militar Metropolitano CCFO – Centro de Capacitação Física e Operacional CAES – Centro de Aperfeiçoamento e Estudos Superiores CAO – Curso de Aperfeiçoamento para Oficiais CASJ – Centro de Assistência Social e Jurídica CIEF – Curso de Instrutor de Educação Física CMEF – Curso de Monitor de Educação Física CPA/M – Comando de Policiamento de Área Metropolitano CPC – Comando de Policiamento da Capital CSP – Curso Superior de Polícia DEI – Diretoria de Ensino e Instrução EEF/PM – Escola de Educação Física da Polícia Militar OMS – Organização Mundial de Saúde OPM – Organização Policial Militar PAAPM – Programa de Acompanhamento e Apoio ao Policial Militar PM – Polícia Militar PM – Policial Militar PMESP – Polícia Militar do Estado de São Paulo SAG – Síndrome de Adaptação Geral SNA - Sistema Nervoso Autônomo
SNC – Sistema Nervoso Central SNP - Sistema Nervoso Periférico SNS - Sistema Nervoso Somático SP – São Paulo UIS – Unidade Integrada de Saúde V02 máx – Volume Máximo de Oxigênio
SUMÁRIO
DEDICATÓRIA ...................................................................................... 3 AGRADECIMENTOS ............................................................................. 4 INTRODUÇÃO ..................................................................................... 14 1
REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................. 20
1.1
Livros .............................................................................................................. 20
1.2
Monografias do CSP ....................................................................................... 24
1.3
Monografias do CIEF e do CMEF ................................................................... 24
1.4
Manuais e Apostilas ........................................................................................ 27
1.5
Internet............................................................................................................ 29
1.6
Revistas e Artigos ........................................................................................... 30
2 2.1
ESTRESSE ................................................................................... 32 Conceito de Estresse ...................................................................................... 32
2.1.1
Modificações psicológicas ............................................................................ 33
2.1.2
Tipos de estresse ......................................................................................... 34
2.1.3
Estresse e estilo de vida ............................................................................... 36
2.1.4
Fases do estresse ....................................................................................... 37
2.1.4.1
Entendendo o estresse ............................................................................... 38
2.1.5
Sintomas e sinais do estresse ...................................................................... 40
2.1.6
Características pessoais que facilitam o elevado estresse ........................... 41
2.1.7
De onde vem o estresse ............................................................................... 41
2.1.7.1 2.2
Estresse e acontecimentos da vida ............................................................ 42
Sistemas Envolvidos na Resposta ao Estresse .............................................. 42
2.2.1
Sistema nervoso autônomo .......................................................................... 43
2.2.2
Sistema nervoso central ............................................................................... 43
2.2.3
Sistema endócrino ........................................................................................ 45
2.2.4
Sistema linfático............................................................................................ 46
2.2.5
Sistema límbico ............................................................................................ 46
2.2.6
Sistema cardiovascular................................................................................. 47
2.2.7
Sistema digestório ........................................................................................ 47
2.3
Reações Hormonais do Organismo Durante a Atividade Física e Estresse ... 48
2.3.1
Cortisol ......................................................................................................... 48
2.3.2
Catecolaminas .............................................................................................. 49
2.3.2.1
Endorfina .................................................................................................... 50
2.3.3
Problemas com o sono ................................................................................. 51
2.3.4
Estresse mental ............................................................................................ 52
2.3.5
Transtorno de estresse pós-traumático ........................................................ 53
2.4
Os Exercícios Físicos Ajudam na Melhora do Psicológico, Humor e Aliviar ou Reduzir o Estresse ......................................................................................... 54
2.4.1
Os exercícios de resistência e o estresse .................................................... 55
2.4.2
Estresse e a hidroginástica ........................................................................... 55
2.4.3
Como tratar o estresse ................................................................................. 57
2.4.4
Quando pedir socorro ................................................................................... 57
2.5
3
Conclusão ....................................................................................................... 58
MOTIVAÇÃO ................................................................................. 61
3.1
Motivação ....................................................................................................... 61
3.1.1
Motivos ......................................................................................................... 63
3.1.1.1
Funções dos motivos .................................................................................. 64
3.1.2
Motivação para a realização ........................................................................ 64
3.1.3
Motivação para o trabalho e atividade física ................................................. 65
3.2
Ambiente Motivador ........................................................................................ 67
3.2.1
As necessidades do policial militar ............................................................... 68
3.3
Frustração....................................................................................................... 68
3.4
Auto-estima..................................................................................................... 69
3.5
Conclusão ....................................................................................................... 71
4 4.1
HIDROGINÁSTICA ........................................................................ 75 A Água ............................................................................................................ 75
4.1.1 4.2
A água na história da humanidade ............................................................... 76 Propriedades Físicas da Água ........................................................................ 76
4.2.1
Pressão hidrostática ..................................................................................... 77
4.2.2
Flutuabilidade ............................................................................................... 77
4.2.3
Equilíbrio ....................................................................................................... 78
4.2.4
Hidrodinâmica ............................................................................................... 78
4.2.5
Condutibilidade da água ............................................................................... 80
4.2.6
Resistência ................................................................................................... 81
4.2.7
Massagem .................................................................................................... 81
4.3
Vivenciando o Ambiente Aquático .................................................................. 81
4.3.1
Benefícios das atividades físicas na água .................................................... 82
4.3.2
O movimento na água .................................................................................. 84
4.3.3
Análise dos movimentos em meio líquido ..................................................... 84
4.3.4
Alterações fisiológicas por meio da atividade no meio aquático ................... 84
4.3.5
Fluxo sangüíneo ........................................................................................... 85
4.4
O Trabalho Aeróbico na Hidroginástica .......................................................... 86
4.4.1
A atividade física aeróbica de alto impacto e suas implicações ................... 86
4.4.2
A atividade física aeróbica de baixo impacto e seus benefícios ................... 89
4.4.3
Hidroginástica e as reações fisiológicas no organismo ................................ 91
4.4.4
Benefícios da hidroginástica ......................................................................... 92
4.4.5
Vantagens de se trabalhar com hidroginástica ............................................. 93
4.5
Música como Motivação ................................................................................. 94
4.5.1 4.6
5
Sociabilização ............................................................................................... 95 Conclusão ....................................................................................................... 95
CASJ / PAAPM .............................................................................. 97
5.1
Resumo Histórico ........................................................................................... 97
5.1.1
Seção de orientação psicológica .................................................................. 98
5.1.2
Seção de pesquisa ....................................................................................... 98
5.1.2.1
Programa de valorização humana .............................................................. 99
5.1.2.2
Programa de prevenção em manifestações suicidas ................................. 99
5.1.3 5.2 5.2.1
Atendimento psicológico ............................................................................... 99 PAAPM ......................................................................................................... 100 Regulação do PAAPM ................................................................................ 101
6 6.1
METODOLOGIA ADOTADA NA PESQUISA ...............................103 Análise e Interpretação dos Dados da Pesquisa .......................................... 103
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ........................................................113
INTRODUÇÃO
O dia-a-dia intenso e fatigante do policial militar ocasiona sintomas que por vezes persistem por longo tempo. Há sensações que, por vezes, são imperceptíveis, e ainda diferem de pessoa para pessoa: algumas choram, ficam frustradas, irritadas, ansiosas, comem a todo instante, dormem mal, e ainda são acometidas por outros fatores que podem representar disfunções físicas, químicas ou psíquicas.
Um problema preocupante que aflige a população recebe a denominação de “Estresse”. Rotulado como doença do homem moderno, o estresse teve suas primeiras definições elaboradas pelo endocrinologista austríaco Hans Selye, que o definiu como sendo um estado de tensão não-específico, que se manifesta por meio de mudanças visíveis em vários órgãos, mais particularmente nas glândulas que estão sob controle da hipófise anterior ou, ainda, de um modo mais simplista, como um desgaste geral do organismo. Este desgaste é causado por alterações psicofisiológicas decorrentes de situações que despertem uma forte emoção, (seja ela boa ou má) e que exija algum tipo de mudança. Essa doença hoje em dia é muito comum, e está cercada de diferentes sintomas, afeta pessoas de ambos os sexos e de todas as idades, mas pode ser tratada adequadamente com auxílio de médicos, terapeutas, psiquiatras, uso de remédios e atividade física leve ou moderada.
Estudos apontam a perspectiva de trabalhos preventivos e coadjuvantes com o auxílio da educação física, uma vez que esse problema afeta a mente e o corpo, e é até mesmo capaz de encaminhar pessoas à morte. Neste campo, o educador físico atua com seus esparsos recursos, aliados à fisiologia, capazes de elevar os níveis de determinadas substâncias químicas cerebrais, musculares, celulares e hormonais.
Acredita-se ainda que o estresse é um mecanismo de autodefesa utilizado quando o indivíduo se encontra em situações que exijam reação imediata, com
Introdução
15
repercussões orgânicas, entretanto, este fato não diferencia os policiais militares dos outros profissionais, uma vez que estão envoltos por diversos problemas resultantes de suas atividades profissionais, sociais e familiares, prejudicando de uma maneira ou de outra o rendimento profissional, reduzindo a auto-estima, a criatividade e a vontade pela vida.
Os policiais militares acometidos de estresse têm auto-estima depreciada, problemas de relacionamentos profissionais, baixo-astral, ansiedade e outros impulsos que farão com que diminui a busca pela excelência na prestação de seus serviços.
O campo para desenvolver atividades físicas aos policiais militares é amplo, pois o profissional de educação física, tem por objetivo principal buscar o bem-estar de todos, adaptando-se uma rotina de atividades importantes para a vida.
O
trabalho
desenvolvido
aborda
informações
sobre
o
“estresse”,
apresentando os efeitos prejudiciais à saúde, a atividade de hidroginástica como caráter motivacional, preventivo e curativo, a fim de auxiliar o grupo de psicólogos e terapeutas do CASJ no tratamento de policiais militares assistidos pelo PAAPM, uma vez que não existe trabalho semelhante envolvendo tais atividades físicas em andamento.
Nesse sentido, esta pesquisa justifica-se plenamente, pela experiência em que o autor adquiriu quando freqüentou estágio de hidroginástica no Clube de Regatas Tumiaru, na cidade de São Vicente, e pôde comprovar os benefícios que esta prática esportiva pode trazer para seus praticantes, crendo assim que os níveis de estresse de qualquer indivíduo possam ser reduzidos, e ainda pela inexistência na Polícia Militar do Estado de São Paulo, de um programa semelhante, pois, é notório que o policial militar, em seu dia-a-dia, vivencia muitas situações estressantes que, por vezes, pode se elevar a níveis indesejáveis. O policial militar, como ser humano que é, suscetível a este mal, deve procurar meios de diminuí-lo, ou pelo menos procurar controlá-lo. Este trabalho monográfico apresenta a hidroginástica, como um meio eficaz e eficiente de combate
ao estresse do policial militar, motivo suficiente para ser objeto de minuciosa
Introdução
16
pesquisa, pois qualquer tema que se predispõe a melhorar a saúde do ser humano merece ser concretizado, pois a prática desta atividade física trará inúmeros benefícios físicos, mentais e motivadores para o trabalho, servindo desta forma como fator diminuidor dos níveis do estresse.
Há de se ressaltar que este trabalho monográfico está pautado no Plano de Comando 2005-2006, que traça como objetivos da área de pessoal: maior valorização do policial militar, a auto-estima, a imagem pública, a postura profissional e o desempenho profissional do policial militar.
O objetivo principal deste trabalho é um estudo minucioso, sob todos os enfoques da Metodologia Científica, à importância da hidroginástica como fator motivacional e diminuidor dos níveis de estresse relacionados ao Programa de Acompanhamento e Apoio ao Policial Militar do CASJ, visando assim a uma melhor qualidade de vida, auto-estima e maior equilíbrio biopsicossocial, uma vez que a atividade profissional do policial é uma das mais estressantes, e que este mal poderá provocar distúrbios funcionais que facultará em doenças graves, resultando em até mesmo a morte. Com a aplicação da hidroginástica, espera-se que os níveis de estresse sejam reduzidos e, por conseqüência, diminuir possíveis baixas de policiais militares nas UIS.
A fim de atingir todos os objetivos deste trabalho científico, a metodologia empregada baseou-se em minuciosa pesquisa bibliográfica que embasa toda a argumentação a favor da prática da hidroginástica, como meio para auxiliar os profissionais psicólogos do CASJ, além de substanciar toda a revisão de literatura a respeito do controle ou da redução do estresse com a prática desta atividade física.
Com relação aos problemas levantados na pesquisa inicial desta monografia, existem claras evidências que a prática da hidroginástica melhora o relacionamento com a sociedade e com a família, que os policiais militares não se sentem satisfeitos e motivados com sua vida pessoal e profissional, pois o trabalho com hidroginástica contribuirá em muito para a melhora do bem-estar psicológico do policial militar, e por último é apontado que os níveis de estresse que podem ser: o bom ou positivo e
Introdução
17
o ruim ou negativo. O estresse bom parece motivar e inspirar, ajudando o indivíduo a tomar decisões rápidas; o estresse ruim pode ser agudo ou muito intenso, mas que desaparece rapidamente; o crônico ou não tão intenso, mas que perdura por períodos de tempo prolongados, ou seja, o mais perigoso para a saúde do policial militar.
A hipótese inserida neste trabalho é a de que, ao se implantar a instrução de hidroginástica aos milicianos assistidos pelo Programa de Acompanhamento e Apoio ao Policial Militar, os problemas relacionados ao estresse, bem como suas mazelas sejam minimizadas ou até mesmo erradicadas e assim diminuir baixas e melhorar a prestação de serviço, sociabilizando-o, melhorando seu relacionamento com a família, motivando-o na vida profissional e pessoal.
Esta pesquisa está estruturada em 6 capítulos.
O primeiro capítulo apresenta, sucintamente, as fontes bibliográficas utilizadas como também uma lista com títulos de trabalhos monográficos que tratam de toda a temática e do estresse, que foram produzidos por discentes do CIEF, do CMEF, do CAO e do CSP, Manuais e apostilas, Sites da Internet, Revistas, Jornais e outros, por esse motivo, pesquisou-se a partir do tema aproveitando-se então do seu conteúdo, a fim de abordar desde aspectos fisiológicos, médicos e psicológicos até os aspectos mais simples e rotineiros da vida, para que chegasse a bom termo e desse uma idéia lógica sobre o assunto tratado.
O segundo capítulo são desenvolvidos muitos aspectos da relação entre o controle do estresse e a realização ou não de atividade física. Os benefícios da prática da atividade física, que se relacionam com a melhora da performance e com o controle do nível do estresse humano, e após um devasto estudo sobre o assunto, inúmeros especialistas defendem em suas teses que este mal é considerado como um esforço súbito ou não de adaptação realizado pelo organismo, na tentativa de enfrentar situações consideradas ameaçadoras à vida e seu equilíbrio interno. Pode ser desencadeado por uma situação imprevista que envolva algum tipo de perigo ou por situações conflitantes e contínuas.
Introdução
18
O terceiro capítulo disseca todos os aspectos que envolvem o papel da motivação e os fatores que contribuem para a motivação, que é um processo ativo, intencional e dirigido a uma meta, o qual depende da interação de fatores pessoais (intrínsecos) e ambientais (extrínsecos), ou seja, as ações das pessoas estão diretamente vinculadas com suas intenções, interesses, motivos e metas. Pode-se dizer que a motivação é que irá direcionar a pessoa para determinada atividade. Muitos desses motivos são estritamente pessoais, relacionados com a autosatisfação e a auto-realização. A palavra motivo origina-se do verbo latino “movere”, que significa pôr em movimento, mover. Em Psicologia, quando um fator determina o comportamento de uma pessoa dizemos que por este ou aquele motivo. Assim, a fome motiva o ato de comer, a sede motiva o ato de beber e o sono motiva a dormir.
O quarto capítulo está compilada uma produtiva revisão de literatura a respeito da hidroginástica, descrevendo-se resumidamente os princípios físicos e fisiológicos que atuam num trabalho físico realizado com a hidroginástica. São descritos ainda, resumidamente, os benefícios da prática dessa atividade, no entanto sem a preocupação com os impactos (lesões), sem o desconforto da transpiração e da exaustão, a qual é realizada num e ambiente descontraído, num meio atrativo e lúdico: A AGUA.
O quinto capítulo é inteiramente dedicado ao CASJ e ao PAAPM, foi utilizada como fonte da pesquisa a página do CASJ, na Intranet da Polícia Militar do Estado de São Paulo, entretanto, apresenta-se primeiramente a finalidade do CASJ e do PAAPM que é a promoção do acompanhamento psicológico, baseado em critérios
técnicos
e
profissionais,
para
o
restabelecimento
do
equilíbrio
biopsicossocial e espiritual, objetivando a readequação da atitude e do comportamento do policial militar frente aos desafios e as exigências da função.
O sexto capítulo é dedicado a demonstrar dados estatísticos referentes aos contextos abordados nesta análise bibliográfica, apontando os resultados da pesquisa bibliográfica sobre o estado de saúde geral dos policiais militares, os níveis de estresse, os agentes estressores, as dores e incômodos, nível de atividade física, a qualidade de sono, etc. O intuito é demonstrar que o policial é vulnerável, como
Introdução
19
qualquer outro profissional, uma vez que esta profissão é uma das mais estressantes em todo o mundo, sendo a hipótese argumentada pelo pesquisador.
No segundo, terceiro e quarto capítulo é apresentada uma conclusão parcial a respeito do assunto tratado. Destacando-se, resumidamente, o estresse, suas causas e efeitos, fontes estressoras, como a atividade física pode proporcionar no combate e controle dos níveis e aos efeitos do estresse. Os fatores que elevam a auto-estima e motivam os policiais militares para a prestação de serviço com qualidade. Os benefícios que a prática regular da hidroginástica pode proporcionar ao praticante, etc.
Por fim, nas considerações finais apresentam-se os motivos pelos quais esta pesquisa não esgota o assunto ora proposto.
Capítulo
1
REFERENCIAL TEÓRICO
1 O tema para este trabalho monográfico possui uma vasta fonte bibliográfica e, por esse motivo, pesquisou-se a partir da matéria, aproveitando-se então do seu conteúdo, a fim de abordar desde aspectos fisiológicos, médicos e psicológicos até os aspectos mais simples e rotineiros da vida, para que chegasse a bom termo e desse uma idéia lógica sobre o assunto tratado.
1.1 Livros O livro Aptidão Física: um convite à saúde, do autor Valdir J. Barbanti aborda um entendimento simplificado que facilita um posterior conhecimento mais profundo e certamente motivante, mais na mudança de certos comportamentos necessários a um estilo de vida saudável.
O livro trata ainda de um tema muito discutido que é a Qualidade de Vida, cujo conceito defendido por Barbanti é multifatorial: saúde física e mental, nutrição, atividade física, ecologia, sexualidade etc. Na obra, o autor reconhece ainda que há outros fatores importantes que contribuem para a saúde como: a hereditariedade, a personalidade, a idade, o clima, a dieta e até certas circunstâncias de nossas vidas, mas a atenção principal desta obra é sobre as contribuições dos exercícios para a saúde.
Na obra Teoria e prática do treinamento desportivo, o escritor Valdir J. Barbanti oferece um vasto conhecimento, tanto aos técnicos desportivos como aos professores de Educação Física algumas idéias sobre o treinamento desportivo que foi possibilitado ao autor quando participou de três estágios técnico-desportivo realizados na República Federal da Alemanha.
Referencial Teórico
21
O autor procurou abordar algumas conceituações sobre a terminologia do treinamento desportivo, esclarecer sobre as principais qualidades físicas, motoras e psíquicas e ainda algumas considerações sobre o planejamento do treinamento, sua periodização e avaliação.
O Manual do profissional de fitness aquático / AEA (Aquatic Exercise Association) é um guia indispensável para o profissional da área de hidroginástica. Este manual tem como objetivo adequar todo o conhecimento de fitness em geral com as variações da imersão do corpo na água, abrangendo os mais importantes aspectos da aplicação de técnicas adequadas à água, usando seus benefícios de uma forma eficiente e motivante. Buscando a melhoria das capacidades físicas e habilidades motoras, permitindo ao profissional de Educação Física combinar seus conhecimentos básicos de fisiologia, anatomia e treinamento com a especificidade do meio, além de apresentar diferentes estratégias e técnicas de movimento, através das potencialidades da água.
Na 5ª edição do livro Fisiologia do Exercício. Energia, Nutrição e Desempenho Humano, o autor Willian D. McArdle, et al. apresentam uma gama de
informações atuais acerca da literatura em exposição sobre fisiologia do
exercício, e acrescentado ainda pelos autores dois novos capítulos que lidam com a fisiologia dos vôos espaciais e com a biologia molecular, áreas cujo conteúdo, acredita-se que seja importante dentro da fisiologia do exercício neste início do século XXI. A extensa revisão desta obra tornou-o um livro indispensável na construção de um alicerce acadêmico sobre nutrição, transferência de energia e treinamento com exercícios. Este livro apresenta mais de 600 figuras de alta qualidade, gráficos, quadros e fotografias que realçam a compreensão de importantes assuntos e reforçam os conceitos chave.
Natação, 4 Nados: aprendizado e aprimoramento, nesta obra o autor Marcelo Garcia Massaud explica e analisa diferentes abordagens pedagógicas para o ensino de natação de forma alegre e descontraída. Trata-se de uma referência bibliográfica obrigatória para aqueles que pretendem trabalhar com natação,
Referencial Teórico
22
atualmente uma das modalidades de atividade física mais recomendadas, indicadas para várias faixas etárias e como profilaxia de muitos males respiratórios.
O livro Hidroginástica Teoria e Prática, do autor Júlio Cezar Chaves Rocha, na época em que foi concluída devido à carência bibliográfica na área de Hidroginástica, o autor preocupou-se em apresentar particularidades e pormenores sobre o assunto de ampla magnitude, que visa atingir as necessidades do corpo docente e discente em Educação Física. Em linguagem clara, como convém aos assuntos científicos, os temas sucedem-se numa seqüência natural e lógica.
Devido a sua grande experiência o autor dedica seu estudo
ao
desenvolvimento da Hidroginástica, o que o tornou uma das autoridades nesta modalidade, um nível profissional que só se atinge com uma boa formação científica, qualidades intelectuais, ambiente propício à educação e valorização científica da instituição em que se trabalha.
Psicologia dos esportes: mitos e verdades; nesta obra o autor Robert N. Singer trata da emergência dos esportes como foco de atenção da sociedade contemporânea e um fenômeno cultural fascinante. Infelizmente, muito é desconhecido aos vários aspectos dos esportes, especialmente com relação aos fundamentos científicos. De interesse particular neste livro são os diversos aspectos da ciência do comportamento, a Psicologia, e suas relações com os esportes. A intenção do autor foi trazer alguns assuntos controversos e sutis e resolvê-los dentro da estrutura da pesquisa e da lógica. Áreas de Psicologia mais estreitamente relacionadas com os esportes são apresentadas: Psicologia Social, habilidades humanas, crescimento e desenvolvimento, aprendizagem e personalidade.
Gerard J. Tortora aponta na obra o Corpo Humano: fundamentos de anatomia e fisiologia uma expectativa e oferece o máximo de informações úteis sobre a anatomia de órgãos e sistemas. Para evitar a interrupção da discussão de conceitos, detalhes anatômicos são apresentados em quadros, muitos dos quais são acompanhados de ilustrações. Há também quadros-resumo com informações sobre princípios fisiológicos e até aplicações clínicas daquilo que se está aprendendo.
Referencial Teórico
23
O livro apresenta ainda uma revisão de vários conceitos referentes à anatomia do corpo humano, uma clareza de informações o que permite uma consulta rápida dos assuntos e ainda curiosidades do leitor.
O livro Treinamento Ideal, do autor Jurgen Weineck, traduz um contexto atual e específico na execução de treinamentos tradicionais, seus principais requisitos são prioridade para as questões sistemáticas e metodológicas de um treinamento. Este livro aborda temas sobre a importância do esporte na manutenção da saúde, dicas para a execução de treinamentos direcionados, que evitem ou reduzam a incidência de doenças que restringem o movimento e doenças cardiovasculares, possibilitando uma reabilitação ou a prevenção de tais doenças, sobretudo os requisitos de um treinamento motor e alguns fatores do rendimento esportivo, fornecendo também ao treinador ou ao professor de educação física uma gama de sugestões que possibilitam a otimização do treinamento.
O livro Biologia do esporte, do mesmo autor da obra Treinamento Ideal, tem por princípio apresentar conceitos relevantes sobre as questões sistemáticas e metodológicas com base na medicina, os aspectos fisiológicos e biológicos que são sucintamente abordados, numa proporção em que se faz necessários para a compreensão dos métodos de treinamento. A correta utilização dos métodos de treinamento para crianças, adolescentes e adultos que dependem não somente do conhecimento formal destes métodos e de suas técnicas, mas também do conhecimento de seu valor diferenciado, a partir de uma análise multidisciplinar dos mesmos. Além disso, o objetivo desta obra é apresentar, de uma maneira clara e explicativa, alguns métodos de treinamento bem como sua devida aplicação, fundamentados sobre os aspectos médicos, esportivos, biológicos e de rendimento fisiológico.
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Referencial Teórico
1.2 Monografias do CSP
O autor Luiz Carlos Martins, em seu trabalho monográfico Benefícios da Atividade Física na melhoria da Motivação, Auto-Estima e Qualidade de Vida do Policial Militar. Enfoque: Policiais Militares do PROAR, afirma que os benefícios que as atividades físicas produzem no ser humano e os seus reflexos na auto-estima, motivação e qualidade de vida do policial inibem o risco de doenças coronarianas,
otimizam
o
sistema
circulatório,
melhoram
os
mecanismos
metabólicos dos indivíduos, reduzem as possibilidades de um acidente vascular encefálico, previnem o surgimento de doenças crônicas, reduzem a ansiedade e a depressão, inibem os vícios e combatem o estresse.
O autor demonstrou que a motivação tem um papel importantíssimo no trabalho do policial e qual o papel dos comandantes nesse mister, além dos trabalhos desenvolvidos na Instituição.
No trabalho é abordado o aspecto da auto-estima, como forma de se buscar e verificar o perfil psicológico dos policiais militares, a preocupação do Comando em reverter a auto-estima negativa, que se abate sobre os policiais em alguns momentos, o desgaste natural da profissão policial militar e seus reflexos, com a preocupação de se mostrar as características de uma boa qualidade de vida, como a Polícia Militar atua nessa frente, o papel das atividades físicas e a política de educação física existente hoje nesta Instituição Bandeirante.
1.3 Monografias do CIEF e do CMEF Na monografia de Mônica Puliti Dias Ferreira Bondenzan, Motivação Para o Trabalho Como Conseqüência da Aplicação de Programa de Atividade Física a Policiais Militares, Programadores do Centro de Despesa de Pessoal, relata que o ser humano busca no trabalho, além de sua subsistência, uma forma de manter
Referencial Teórico
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sua auto-estima, o reconhecimento da sociedade e de seus amigos, por estar fazendo algo de útil para sua família, para a organização, para a comunidade e para o país. Por este motivo deve ser respeitado em seu ambiente de trabalho, na condição de colaborador para o sucesso e crescimento da organização onde trabalha, além de ter conhecimento da importância da motivação do funcionário e sua satisfação dentro da organização onde trabalha. Por sua vez, é mister saber que a motivação é um dos inúmeros fatores que contribuem para o bom desempenho de qualquer tipo de trabalho.
No trabalho monográfico a autora constata que a execução de um programa de atividade física contribui para elevar o nível motivacional de policiais militares que trabalham com serviços repetitivos e, de certa forma, enfadonhos, contribuindo para o bem-estar pessoal e organizacional, apontando que a atividade física é, sem dúvida, uma forma universal de melhorar a qualidade de vida dos profissionais, dentro e fora da organização.
Willian Gouveia, em seu trabalho monográfico A motivação como fator de adesão às aulas de exercícios com pesos na tropa do 2º GB, trata de informações necessárias para motivar os policiais militares do 2º GB a praticarem a musculação, que é uma atividade física que proporciona benefícios desde as mudanças fisiológicas, passando pelo treinamento desportivo e qualidades físicas que são importantes para a profissão do Bombeiro, tratando ainda sobre a motivação e o perfil de quem se procura motivar, e os diversos tipos de treinamentos avançados que mostram a evolução do praticante, quer pela dificuldade de realização e ou superação do treinamento.
A monografia de José Ricardo Pereira Miguel, Sugestão Para Implantação de Instrução de Natação Para o Efetivo Administrativo do 39º BPM/I, Visando a Diminuição dos Níveis de Estresse e a Benefícios Físicos, tem como objetivo uma proposta de instrução de natação ao efetivo administrativo do 39º BPMI, podendo-se dizer que o efetivo administrativo, devido ao excesso de trabalho do diaa-dia e a possibilidade de concorrer a várias escalas extras no apoio ao serviço operacional, com a evidência de acometimento de um prejudicial grau de estresse
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psicofísico, associado a lombalgias adquiridas pela posição errônea de sentar-se. Este fato motivou então o autor Miguel para que sugerisse a implantação de instrução de natação ao efetivo administrativo do 39º BPMI, com o intuito de diminuir os níveis de estresse e proporcionar os mais variados benefícios físicos.
Com o tema A Educação Física como Fator Diminuidor de Estresse no Policiamento Ostensivo Motorizado, Vanderlei Pereira trata da importância da utilização da Educação Física como um dos fatores para diminuir o estresse dos policiais militares que atuam no policiamento ostensivo motorizado na Polícia Militar do Estado de São Paulo. Com o estudo o autor constatou que através da prática de atividades físicas, de forma regular e sistematizada, consegue-se uma diminuição e/ou controle nos níveis de estresse. Segundo Pereira, isto se deve ao aumento de secreção hormonal, especialmente a liberação de endorfinas, que são responsáveis pela sensação prazerosa dos exercícios, além de catecolaminas (adrenalina e noradrenalina) e cortisol, que também auxiliam o homem a preparar-se para a reação conhecida como “lutar ou recuar”, que irá, quando necessário, deixar o organismo em condições de responder aos estímulos estressantes da melhor maneira possível.
Na monografia Ginástica Aeróbica X Hidroginástica: um estudo sobre os efeitos do impacto na atividade física aeróbica, Joaquim J. Rodrigues descreve a preocupação com o bem-estar dos funcionários que tem aumentado bastante nos últimos anos, nesse sentido, o autor buscou por soluções em que diz: “Prevenir é melhor do que remediar”; em outras palavras, descobriu-se que a prevenção é o meio mais eficaz e menos dispendioso de se manter a saúde. Mas nesse caso definiu que a principal arma utilizada hoje na prevenção das “doenças da vida moderna” , como é o caso de muitos tipos de cardiopatia, é a atividade física aeróbica, cujos benefícios à saúde têm sido amplamente divulgados.
No trabalho monográfico de Rodnei Costa do Espírito Santo, cujo tema é Atividade Aeróbica Preventiva e Coadjuvante no Tratamento Psicológico da Depressão entre Policiais Militares Atendidos Pelo CASJ, apresenta a importância das atividades corporais, as transformações fisiológicas nas emoções do
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policial militar e a maneira pela qual podem ser usadas para prevenir sentimentos negativos. O estudo objetivou propor um programa de implantação de treinamento físico, com atividades aeróbias preventivas e coadjuvantes, nos tratamentos psicológicos da depressão entre policiais militares atendidos pelo CASJ, constatando-se, que a prática de atividade aeróbia traz sentimentos benéficos ao humor, com destaque especial à coesão, à motivação do grupo com música, às sensações de alegria, à satisfação e à estimulação, podendo-se concluir que as atividades aeróbicas podem contribuir para minimizar os sintomas depressivos, garantindo uma melhor saúde física e mental.
1.4 Manuais e Apostilas Cláudia Xavier Bandini, em sua apostila de Hidroginástica, traz explicações bastante diversificadas a respeito de todo trabalho realizado com hidroginástica, num contexto amplo e de fácil entendimento ao leitor, além de abordagens pedagógicas para o ensino da atividade. Trata-se também de uma referência bibliográfica obrigatória para aqueles que pretendem trabalhar com essa modalidade, atualmente mais recomendada, indicada para várias faixas etárias e como profilaxia de muitos males.
Exatamente, por isso, todo professor de educação física que trabalha ou pretende trabalhar com hidroginástica precisa ter ao seu alcance ferramentas didáticas e pedagógicas que permitam versatilidade em seu trabalho.
Artur Luiz Fabião, et al, trazem no Trabalho Apostilado para a matéria de Psicologia, um compêndio confeccionado para o Curso de Formação de Sargentos, versando sobre Psicologia, com noções históricas, motivação, interação social, Psicologia Comunitária, noções sobre chefia e liderança. O conjunto de disciplinas do curso abrange uma gama de conteúdos que devem contribuir para a formação do indivíduo em termos pessoais e profissionais. No caso específico da Psicologia, o conhecimento científico deve permitir ao estudante refletir sobre o mundo em que
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vive a partir do conhecimento mais profundo sobre o ser humano, auxiliando na estruturação de sua identidade.
Arnaldo S. de Morais Neto, em sua Apostila de Psicologia Básica traz uma ciência que estuda os fatos da consciência que estuda o comportamento, a conduta humana, a vida mental como processo de ajustamento do organismo no meio social. O trabalho é direcionado aos estudos do comportamento dos indivíduos em grupo, das raças e culturas primitivas, estudo do comportamento que leva à produção e consumo de bens e serviços.
Na apostila de Psicopatologia, o autor José Roberto Paiva, traduz resumidamente o conjunto de disciplinas do curso abrange uma gama de conteúdos que devem contribuir para a formação do indivíduo em termos pessoais e profissionais. No caso específico de psicologia, o conhecimento científico deve permitir ao estudante fazer uma reflexão sobre o mundo em que vive, compreendendo a si próprio enquanto um ser pleno de possibilidades, ou seja, ser alguém que sonha, deseja, fantasia, ama, odeia, agride, angustia-se e faz opções. O autor descreve ainda que é importante que se saiba como é formada a personalidade individual de cada pessoa, e obtendo esse conhecimento, poderemos saber atuar melhor durante o serviço, tendo um melhor desempenho no relacionamento com nossos superiores, pares, subordinados e principalmente no relacionamento com a sociedade, já que esta é a destinatária do serviço.
Na obra Caderno Didático de Ginástica Geral, Augusto Bispo da Silva aponta como um trabalho realizado para suprir as necessidades mais básicas dos nossos professores de Educação Física: com uma teoria direcionada para as áreas educacional e de condicionamento físico e uma parte prática pronta para ser usada. A obra apresenta teorias motivacionais e técnicas de motivação.
Referencial Teórico
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1.5 Internet
A Internet é realmente algo transformador em todos os aspectos, apesar das questões dicotômicas da globalização, para a educação, para o trabalho científico, para a comunicação, para o comércio, enfim, apresenta milhares de artigos de muito interesse para o tema em questão, inclusive com dados atualizados sobre o assunto. Apesar dos vários livros relacionados ao tema desta monografia, as pesquisas na rede mundial de informática trouxeram enfoques mais recentes sobre o assunto. Alguns canais de Internet (sites) contribuíram para enriquecer os capítulos deste trabalho. Apenas enumeraram-se aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para o enriquecimento desta monografia, como:
Profa. Dra. do Curso de Fisioterapia da Faculdade de Medicina da USP do LAFI-REACOM / São Paulo, Fátima Aparecida Caramano, em seu artigo Movimento na Água, apresenta um trabalho cujo conteúdo referente-se a fundamentos da hidroterapia (aspectos físicos da hidroterapia e efeitos fisiológicos da imersão e do exercício na água) e enfoca o estudo do movimento em meio aquoso, o que inclui o equilíbrio como um primeiro passo no treinamento do movimento em meio aquoso. Este trabalho foi encontrado no site http://www.poolterapia.com.br. 07out.2005.
Os autores José Luiz Santos Muniz e Christiane Freitas Luna, em seu artigo Vivenciando o Meio Aquático publicado no site. http://www.poolterapia.com.br. 07out.2005, têm por objetivo apresentar e ensinar técnicas de adaptação ao meio líquido, como equilíbrio, respiração e flutuação na tentativa de subsidiar o contato com os nados e possibilitar aos alunos experiências corporais aquáticas na tentativa de fundamentação e sistematização dos estilos de nado crawl, costas, peito e borboleta.
No site www.terravista.pt/fernoronha/4757/historico, acessado em 13jan.2006, buscou-se uma pesquisa voltada a verificar o volume de águas que banham o Estado de São Paulo.
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Referencial Teórico
No site www.uniagua.org.br/website/default.asp, acessado em 13jan.2006, buscou-se uma pesquisa voltada a verificar a água do planeta que está concentrada nos oceanos, nos continentes, em forma de gelo e neve ou abaixo da superfície (água subterrânea).
A
Psicóloga
Rosemeire
Zago,
na
coluna
da
página
do
site
www1.uol.com.br/cyberdiet/colunas/021206, acessado em 17dez.2005, traduz em seu texto Dicas para elevar sua auto-estima, um contexto sobre o valor da autoestima, apontando o que mais dificulta a busca que se quer e o nível de nossa autoestima.
No site www.intranet.polmil.sp.gov.br/organizacao/casj/index, acessado em 30 abr.2006, realizou-se pesquisa referente ao Centro de Assistência Social e Jurídico (CASJ) e sobre o Programa de Acompanhamento e Apoio ao Policial Militar (PAAPM), verifica-se no trabalho a importância que tem como primícia a promoção do acompanhamento psicológico baseado em critérios técnicos e profissionais, para o restabelecimento do equilíbrio biopsicossocial e espiritual, objetivando a readequação da atitude e do comportamento do policial militar frente aos desafios e às exigências da função.
1.6 Revistas e Artigos Pesquisou-se
também
em
vários
jornais,
que
apresentaram
artigos
interessantes a respeito do assunto, descritos por médicos, psicólogos, psiquiatras, pesquisadores do assunto e por pessoas interessadas e dedicadas na referida questão ou que versa sobre a influência do estresse no desempenho de um trabalho, principalmente aqueles mais estressantes.
A Revista Fitness & Performance Jornal reporta sobre vários temas voltados a atividades físicas, nutrição e saúde, os autores BAPTISTA, Marcio Rodrigues. DANTAS, Estélio Henrique Martin, o artigo Yoga no controle do Stress,
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discorrem sobre a temática do Yoga no controle do estresse, em que os autores concluíram que sua prática implicara na melhora do estilo cognitivo, no equilíbrio emocional, na redução da excitabilidade ou apatia psicofísica, na melhora da assertividade e afetividade, no auto-controle da ansiedade e redução sintomas físicos e emocionais do estresse.
Os autores Débora Lopes Loures e outros, do artigo Estresse mental e sistema cardiovascular, definiram que estresse mental ou emocional é um dos maiores problemas das sociedades modernas. Em uma situação de estresse, o organismo humano redistribui suas fontes de energia, antecipando uma agressão iminente. Esse mecanismo de adaptação é vantajoso se realmente houver perigo iminente. Entretanto, se esse estado persistir por muito tempo, o dano será inevitável. Há uma adequada comprovação científica deste fato que somente vem sendo obtida mais recentemente. Muitos profissionais ainda encaram com certa descrença esta associação, encontrando dificuldade em valorizá-la na prática, embora o estresse mental seja uma das principais queixas.
Na Revista Mineira de Educação Física, os autores Márcia Paula de Miranda e Paulo Lanes Lobato, em seu artigo Verificação do Comportamento da Freqüência Cardíaca em Aulas de Hidroginástica, apresentaram como objetivo desta obra a análise do comportamento da freqüência cardíaca em aulas de hidroginástica, oferecidas em academias, em relação ao esforço, objetivos, idade e tipo de aula desenvolvida e avaliar a qualidade desta aula. Para a execução desse trabalho os autores entenderam que é necessário que se exerçam alguns tipos de controles da intensidade do exercício físico, porém, há diversos métodos que permitem este controle, sendo a freqüência cardíaca uma das melhores formas de se estimar a intensidade da atividade, pois ela fornece um parâmetro para análise do esforço, influenciando o trabalho a que a pessoa está sendo submetida.
As autoras Claudimara Zanchetta e Danielle Barbiere, em seu artigo O estresse no seu corpo: aprenda a transformá-lo em energia, apresentam um estudo voltado a transformar o estresse em energia.
Capítulo
2
ESTRESSE
Nos últimos anos, após um devasto estudo sobre o estresse, inúmeros especialistas defendem em suas teses que este mal é considerado como um esforço súbito ou não de adaptação realizado pelo organismo, na tentativa de enfrentar situações consideradas ameaçadoras à vida e seu equilíbrio interno. Pode ser desencadeado por uma situação imprevista que envolva algum tipo de perigo ou por situações conflitantes e contínuas.
2.1 Conceito de Estresse A palavra “estresse” é definida no dicionário de Língua Portuguesa do Ministério de Educação e Cultura como a soma das perturbações orgânicas e psíquicas provocadas por diversos agentes agressores, tais como: o trauma, as emoções, o choque cirúrgico, a intoxicação, a fadiga, a exposição ao calor ou ao frio, etc.
Em outras palavras, é o conjunto de reações do organismo a agressões de ordem física, psíquica, infecciosa, e outras, capazes de perturbar-lhe a homeostase, e quando precisamos enfrentar uma situação que, de um modo ou de outro, nos irrita, amedronta, excita, confunde ou mesmo nos faz imensamente felizes.
Durante o CMEF/05, no mês de set.2005, em suas aulas expositivas, ministradas sobre Estresse e Motivação, o Psicólogo e Professor de Educação Física, Eduardo da Silva Almeida, relatou ao corpo discente que quanto ao agente estressor pode-se dizer que é qualquer coisa que determine as reações psicofisiológicas do indivíduo, causando em seu potencial um estresse que depende de uma força de impacto e da maneira como o indivíduo percebe sensibilidade, história de vida, que podem determinar significados diferentes a cada um apontando suas experiências.
Estresse
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Conforme Almeida (2005), o estresse não é ruim em si mesmo; mas em doses adequadas é um fator de motivação, porém, o estresse abaixo de um certo nível provoca tédio e dispersão, acima de certos níveis, provoca ansiedade e cansaço, já em doses ideais, a sensação é de se sentir desafiado, com “garra”, realizando menos esforço ante as dificuldades.
Baixo Estresse
Estresse Ideal (eustresse)
Alto Estresse (distresse)
Atenção
Dispersa
Alta
Forçada
Motivação
Baixíssima
Alta
Flutuante
Realização Pessoal
Baixa
Alta
Baixa
Sentimentos
Tédio
Desafio
Ansiedade
Emocional
Tristeza
Alegre
Depressão
Esforço
Grande
Pequeno
Grande
Quadro 1 - Níveis de Estresse Almeida (2005).
2.1.1 Modificações psicológicas
Almeida resumiu que as modificações psicológicas referem-se ao instante em que o indivíduo se vê diante de um agente estressor, ocorrendo uma mudança na homeostase ligada aos vários sistemas do organismo. Ou seja, as modificações orgânicas e psicológicas que incidem em resposta ao desequilíbrio do organismo são conduzidas pelo Sistema Nervoso Autônomo, mas quando desencadeia mudanças bruscas, não se tem este controle.
Relata ainda Almeida que um indivíduo diante de um evento estressante ocorre um aumento na sua freqüência cardíaca, levando mais oxigênio e combustível aos músculos e órgãos que possam estar envolvidos na luta ou fuga, elevando a pressão arterial. Com isso, o estresse pode acarretar um desgaste no
Estresse
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organismo, podendo tornar a pessoa hipertensa, e talvez levá-la a um derrame cerebral, ruptura de aneurismas ou infarto do miocárdio.
O pâncreas também entra em ação, visando fornecer mais insulina à corrente sangüínea, acelerando o metabolismo do açúcar, para fornecer mais energia imediata (de via rápida) ao corpo. O elevado estresse constante pode causar danos ao pâncreas, havendo então a transformação da glicose em gordura predispondo o indivíduo a uma obesidade ou o agravamento dos diabetes (Almeida, 2005).
Para Almeida (2005), a prevenção de uma reação alérgica durante a luta, como a tosse devido à poeira no nariz ou uma crise de asma, faz as glândulas supra-renais produzirem e liberarem grandes doses de cortisona que funcionam no organismo como um agente combatente das alergias. O excesso contínuo de cortisona seca as glândulas linfáticas, parando de produzir os leucócitos, enfraquecendo o sistema imunológico que perde a capacidade de combater resfriados sem importância.
O hipotálamo libera endorfina na corrente sanguínea, que traz bem-estar e disposição, além de ser um analgésico potente, diminuindo a sensibilidade à dor no início de um enfrentamento ou uma situação de estresse, mas devido a uma situação de estresse crônico, pode ocorrer agravamento às dores, como enxaquecas e dores nas costas (Almeida, 2005).
2.1.2 Tipos de estresse As causas originárias do estresse são inúmeras, podendo, algumas serem mais relevantes ou não, dependendo da forma como o indivíduo reage aos fatores estressores; apesar da matriz emocional ser biológica, a emoção é biográfica, ou seja, cada pessoa tem a sua, diferente das outras. Com isto, cada um reage de forma menos ou mais intensa que a outra. A idiossincrasia é uma variável de peso nas reações dos agentes estressores (Baptista & Dantas, 2002).
Estresse
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Conforme Baptista & Dantas (2002), o agente estressor é qualquer situação geradora de um estado emocional forte que provoca a quebra da homeostase interna, exigindo-se então alguma adaptação. Podendo o agente estressor ser negativo ou positivo como seguem abaixo:
estressores externos (exógenos): são eventos ou condições externas que afetam o organismo. Eles independem, muitas vezes, das características ou do comportamento da pessoa;
estressores internos (endógenos): são determinados pelo próprio indivíduo. Eles se caracterizam pelo modo de ser da pessoa, se ela é ansiosa, tímida, depressiva ou neurótica. Pode-se exemplificar como estressores internos as crenças irracionais;
estressores biogênicos: não dependem da interpretação e atuam no desenvolvimento do estresse automático, porque estão relacionados à sobrevivência humana. Como por exemplo: a fome, sede intensa, calor e frio.
ASPECTO Profissional
AGENTES absorvendo pressões psicológicas constantes, competitividade constante e excessiva, insatisfação com a atividade exercida, baixa remuneração, relacionamento problemático com colegas e patrões, convívio com pessoas insuportáveis, diferenças culturais e de pudor, insegurança profissional e desemprego.
Afetivo
rompimento afetivo (separação, divórcio), ciúmes, possessividade / ausência de amor e carinho, insatisfação ou incompatibilidade no namoro e/ou casamento, frustrações e decepções amorosas, morte de um ente querido / dificuldades de relacionamento.
Emocional
problemas existenciais, desgraças na família / traumas emocionais, velhice / desentendimentos e brigas constantes.
Estresse
Familiar
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preocupações com os filhos, problemas com os pais (doenças, enfermidades, moradia longe).
Físico
limitações físicas / sedentarismo, enfermidades ou doenças crônicas, excesso de trabalho / descanso inadequado, overtraining / lesões ósteo-musculares, alimentação de baixa qualidade, abuso de álcool e drogas / tabagismo.
Econômico
dívidas / sobrecarga financeira / encargos, redução do poder de compra e manutenção do conforto familiar, aposentadoria / baixa renda.
Ambiental
poluição ambiental, sonora e visual, longa distância entre a residência e o trabalho, trânsito intenso / violência urbana, ambiente profissional insalubre e/ou desagradável, moradia sem conforto / moradia em área de risco, ausência de espaço físico para diversão e prática de esportes, calor e frio excessivo.
Intelectual
excesso de desgaste intelectual, pouca habilidade de lidar com a realidade, desocupação mental / intelectual.
Quadro 2 - Agentes Estressores Baptista & Dantas, (2002).
2.1.3 Estresse e estilo de vida Segundo Pereira (2000), tudo na vida é potencialmente estressante, quando o indivíduo permite que uma situação o afete de maneira adversa, depende muito da avaliação que este tem sobre o caso ou situação em concreto, ou ainda, da habilidade que tenha para controlá-la. As maiores crises, além de inevitáveis, aparecem na vida da pessoa de uma hora para outra, sem aviso prévio. Além de alguns eventos tais como: separação, luto, exames, dívidas financeiras e conflitos familiares, existem outras fontes potenciais de estresse que são ditadas pelo estilo de vida de cada pessoa em particular. Essas fontes, ainda que não estejam no mesmo patamar das crises mais importantes da vida, podem ter efeitos graves e cumulativos.
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Como exemplo, um indivíduo que trabalha numa cidade grande e populosa como São Paulo, que possui um emprego exigente e competitivo e tem de lutar contra o barulho e contra o desconforto da locomoção diária, enfrenta mais estresses potenciais do que um indivíduo que é muito bem casado e que vive numa cidade pequena e tranqüila do interior do Estado. O fator que determina como isso interferirá na vida da pessoa é o quanto ela está contente e satisfeita com o seu estilo de vida. As maiores probabilidades do estresse negativo acontecer residem no momento em que a pessoa se vê lutando, contra a própria vontade, em algum percalço da vida ou se não conseguir mudar e alterar seu estilo de vida, para se adequar as suas necessidades (Pereira, 2000).
2.1.4 Fases do estresse O estresse também é conhecido como Síndrome de Adaptação Geral, porque nosso corpo, nossos órgãos e nosso sistema nervoso estão sempre ajudando a nossa adaptação diante das inúmeras mudanças que ocorrem em nossa vida, sejam elas internas ou externas (Almeida, 2005).
Examinando-se a nossa história pessoal, vê-se que ela é um processo de adaptação constante às várias situações que surgem, independentemente de estarmos preparados ou não, esperando-as ou não. Porém, a necessidade de intensas e constantes adaptações, aliada a traços de personalidade que dificultam a conformação a cada nova realidade, com o tempo debilita o organismo, deixando–o vulnerável às doenças oportunistas, entretanto, quanto maior for a flexibilização, maior será a capacidade de adaptação.
Para Almeida, o estresse apresenta quatro fases, a saber: 1ª fase – ESTADO DE ALERTA: caracterizada por reações psicofisiológicas que aparecem imediatamente após o 1º impacto do indivíduo com o estressor, num 1º esforço de combater a fonte de estresse e fazer com que o organismo possa voltar a homeostase, mas
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ao mesmo tempo para se combater um agente estressor, haverá um estresse para se chegar a ponto de homeostase ideal; 2ª fase – ESTADO DE RESISTÊNCIA:
se não houve sucesso em
debelar de imediato a fonte do estresse, ou se novo estressor surgiu mesmo antes que o organismo consiga retornar a seu estado normal de equilíbrio e relaxamento, ocorre a necessidade da manutenção do organismo por longo período de tempo em estado de ALERTA. No ESTADO DE RESISTÊNCIA, o organismo passa a usar a energia necessária a outras funções vitais para continuar a produzir e excretar grandes quantidades de hormônios, para manter os músculos retesados para que possa continuar enfrentando a fonte do estresse, mesmo que esteja, no momento, em nível de fantasia (Ex: a pessoa imagina que uma catástrofe pode acontecer a qualquer momento, sem motivo concreto para tal); 3ª fase – ESTADO DE QUASE EXAUSTÃO: O organismo, cansado e debilitado, tem grande queda em seu sistema imunológico. O mauhumor toma conta do indivíduo, que começa a sofrer doenças advindas do estresse excessivo. (Ex: fome, sono, insônia, má alimentação, etc); 4ª fase – ESTADO DE EXAUSTÃO: extremamente desgastado, o indivíduo fica estagnado, entregue a graves doenças, como a depressão, sem conseguir encontrar saídas, podendo o estresse abreviar a sua vida.
2.1.4.1 Entendendo o estresse
Almeida (2005) relata que não há uma fórmula de resposta ao estresse, ele é individual, pode ser de curto prazo (agudo) ou de longo prazo (crônico). O estresse agudo é uma reação a uma ameaça imediata, seja ela real ou percebida. O estresse crônico envolve situações que não são passageiras, como problemas de relacionamento, pressões no trabalho, e complicações de saúde ou financeiras.
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Estresse em excesso pode aparecer na forma de doença, infertilidade ou fadiga, podendo ser crônico ou agudo.
O estresse crônico pode causar danos a sua saúde, incluindo:
no sistema imune, tornando-o mais suscetível a infecções virais, como pelo vírus H. influenza, e a infecções bacterianas como a tuberculose; no sistema cardiovascular devido ao aumento da freqüência cardíaca, dores no peito (angina) e ritmos cardíacos irregulares (arritmias). O estresse pode levar ainda a ataques cardíacos e infartos. Quem já tem algum problema de saúde como asma ou problemas gastrintestinais, o estresse pode ainda agravar os sintomas de tais afecções.
O estresse agudo pode causar estresse crônico em razão:
irritabilidade e preocupação; ansiedade e ataques de pânico; tristeza; depressão ou melancolia; perda do apetite; anorexia ou compulsão; estado de alerta constante e aumento da sensação de irritabilidade; supressão do sistema imune; baixa resistência a infecções; metabolismo aumentado e consumo da gordura corporal; diabetes ou hipertensão; infertilidade, ausência de menstruação (amenorréia) ou perda da libido.
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2.1.5 Sintomas e sinais do estresse É apontado por Almeida (2005), que os sintomas e sinais do estresse variam bastante entre as pessoas, e nos mais diversos locais do corpo onde acontecem, em intensidade ou pela maior freqüência na área psicológica ou fisiológica, tendo os sintomas e sinais mais comuns do estresse que são:
angústia ou ansiedade; apatia, depressão ou raiva prolongados; aperto da mandíbula ou ranger dos dentes; aumento ou diminuição súbita de motivação; boca seca; dificuldades sexuais; dúvida quanto a si próprio; enxaqueca; hipersensibilidade emotiva; hipertensão arterial; impossibilidade de trabalhar; insônia; irritabilidade excessiva; mudança de apetite; músculos tensos; náusea, má digestão; pensar continuadamente num só assunto; perda de senso de humor; pesadelos; problemas com a memória; problemas dermatológicos; taquicardia; tédio; vontade de fugir de tudo.
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2.1.6 Características pessoais que facilitam o elevado estresse É apontado por Almeida (2005), algumas características que facilitam o elevado estresse, entretanto, esses fatores variam bastante entre as pessoas, que são:
não conseguir relaxar; querer ser bem sucedido todo o tempo; ser inflexível no ponto de vista; querer sempre preservar a imagem pessoal; dar demasiada importância a um único aspecto da vida; precisar sempre de estímulos externos para sentir-se bem; não se sentir à vontade com as pessoas que o (a) rodeiam; possuir objetivos de vida incertos e mal definidos; desejo permanente de ser outra coisa ou outro alguém; levar-se muito a sério.
2.1.7 De onde vem o estresse Segundo a Organização Mundial de Saúde, afirma, que o "Estresse" deve ser uma questão de saúde pública". Vivemos um tempo de enormes exigências de atualização. Somos constantemente chamados a lidar com novas informações. O ser humano cada vez mais se vê diante de inúmeras situações às quais precisa adaptar-se. Como, por exemplo, diante de demandas e pressões externas vindas da família, do meio social, do trabalho, escola ou do meio ambiente. Outros fatores aos quais precisa adaptar-se são, entre outras, as responsabilidades, obrigações, autocrítica, dificuldades fisiológicas e psicológicas.
Ainda de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), o estresse afeta mais de 90% da população mundial, e é considerado um mal que
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pode levar a morte o indivíduo à morte. Na verdade, sequer é uma doença em si: é uma forma de adaptação e proteção do corpo contra agentes externos ou internos.
A vulnerabilidade individual e a capacidade de adaptação são muito importantes na ocorrência e na gravidade das reações ao processo de "Estresse". O desenvolvimento do processo de "Estresse" depende tanto da personalidade do indivíduo quanto do estado de saúde em que este se encontra (equilíbrio orgânico e mental), por isso nem todos desenvolvem o mesmo tipo de resposta diante dos mesmos estímulos. Estilo de vida, experiências passadas, atitudes, crenças, valores, doenças e predisposição genética são fatores importantes no desenvolvimento do processo de estresse. O risco de um estímulo estressor pode gerar uma doença se estiverem associadas à exaustão física ou fatores orgânicos.
2.1.7.1 Estresse e acontecimentos da vida
Conforme relata Santo (2003), a vulnerabilidade aumenta após alguns meses que se seguem a um evento estressante, principalmente se houver predisposição para o desencadeamento. As experiências que agem como gatilho podem ser as perdas mais delicadas, tais como a perda de dignidade e da auto-estima, motivadas por um relacionamento destrutivo.
2.2 Sistemas Envolvidos na Resposta ao Estresse Os mecanismos homeostáticos tentam contrapor-se ao estresse diário da vida. Se esses mecanismos são bem sucedidos, o meio interno mantém os limites fisiológicos – substâncias químicas, temperatura e pressão –normais. Se o estresse for extremo, não usual ou de longa duração, os mecanismos normais podem não ser suficientes. Nesse caso, o estresse desencadeia uma variedade de alterações corporais denominada Síndrome de Adaptação Geral (SAG). O hipotálamo é o “cão de guarda” do corpo, ele possui sensores que detectam alterações na composição
Estresse
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química, na temperatura e na pressão sangüínea, sendo informado das emoções através dos tratos que os conectam com os centros de controle emocional do córtex cerebral. Quando o hipotálamo percebe o estresse, ele inicia a SAG (Tortora, 2000).
O corpo possui dois centros de controle, um para resposta rápida – o sistema nervoso – e um que faz ajustes mais lentos, mas não menos importantes para manter a homeostase – o sistema endócrino. Também atuam na resposta ao estresse os sistemas nervoso autônomo, cardiovascular, digestório, linfático e límbico.
2.2.1 Sistema nervoso autônomo Por meio da atividade física regular, principalmente exercícios de resistência, ocorre uma dominância progressivamente maior do parassimpático, com uma tendência de relaxamento, aproveitamento metabólico geral e inibição psíquica ao sentido de uma “calma interior” e moderação. Lado-a-lado os sistemas orgânicos estimulados pelo simpático, dentre outros, o sistema endócrino, com suas glândulas secretoras de hormônios de desempenho (adrenalina, noradrenalina etc.), adicionam em sua capacidade de desempenho no sentido de uma capacidade psicológica e física aumentada, mediante adaptações morfológicas (hipertrofia) e funcionais (otimização dos processos metabólicos). No entanto, preste atenção: estímulos de atividades físicas cronicamente elevadas por ex., na forma de sobretreinamento, podem levar a uma dominância exagerada do simpático durante o descanso e, com isso, a elevar a capacidade de adaptação. São sintomas típicos de excitabilidade aumentada, agressividade, insônia, freqüência cardíaca aumentada, etc (Weineck, 2005).
2.2.2 Sistema nervoso central Para Tortora (2000), o sistema nervoso apresenta três funções básicas:
Estresse
44 ele sente as alterações (estímulos) dentro do corpo (meio interno) e fora do corpo (meio externo); esta é sua função sensitiva; ele analisa a informação sensitiva, armazena uma parte dela e toma decisões sobre os comportamentos apropriados; esta é a sua função integradora; ele responde aos estímulos iniciando a ação em forma de contrações musculares ou secreções glandulares; esta é sua função motora.
O sistema nervoso apresenta duas subdivisões principais, o Sistema Nervoso Central (SNC), consistido de encéfalo e medula espinhal; e o Sistema Nervoso Periférico (SNP), consistido de nervos cranianos e espinhais.
O SNC está conectado a receptores sensitivos, músculos e glândulas nas partes periféricas do corpo por meio do SNP. O SNP consiste de nervos cranianos, que se originam no encéfalo, e nervos espinhais emergem da medula espinhal. Esses nervos conduzem os impulsos nervosos para dentro e para fora do SNC.
Conforme o autor, o componente de entrada do SNP consiste de células nervosas chamadas neurônios sensitivos ou aferentes que conduzem os impulsos nervosos dos receptores sensitivos ao SNC. O componente de saída consiste de células nervosas denominadas neurônios motores ou eferentes que conduzem os impulsos nervosos do SNC aos músculos e às glândulas. Os neurônios denominados neurônios de associação (interneurônios) conduzem os impulsos nervosos dos neurônios sensitivos aos neurônios motores, e estão localizados no SNC.
O SNP pode ser subdividido ainda em um Sistema Nervoso Somático (SNS) e um Sistema Nervoso Autônomo (SNA). Os neurônios do SNS conduzem impulsos somente aos músculos esqueléticos e, como essas respostas motoras podem ser controladas conscientemente, essa porção do SNS é voluntária. Os neurônios do SNA conduzem impulsos ao músculo liso, músculo cardíaco e
glândulas e, como
essas respostas motoras normalmente não estão sob controle consciente, o SNA é involuntário. O SNA divide-se em simpático e parassimpático. Usualmente, as duas
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divisões têm ações opostas. Por exemplo, os neurônios simpáticos aumentam a freqüência do batimento cardíaco, enquanto os neurônios parassimpáticos diminuem-na.
2.2.3 Sistema endócrino É importante saber que tudo pode acionar um eixo neuro-endócrino que existe no nosso corpo, o qual descarrega a todo instante na corrente sangüínea uma série de neuro-hormônios. Estes, por sua vez, ativam o funcionamento dos sistemas cardiovascular, respiratório, muscular, metabólico, sexual, digestivo e imunológico. Participam desse eixo quase todos os órgãos, glândulas e núcleos do nosso organismo. Os mais centrais são, o hipotálamo, a hipófise, a glândula tireóide, as glândulas sexuais, e a supra-renal. Todos os fatores físicos, sociais, biológicos, mentais, emocionais e espirituais que ativam esse sistema denominamos estressores. E sempre que esse eixo é ativado, esses hormônios são descarregados na corrente sanguínea, independentemente de nossa vontade. Somente alguns segundos depois é que temos a possibilidade de controlar em parte, mas uma parte desse estresse é involuntário (Tortora, 2000).
Um dos sistemas de integração do nosso organismo (juntamente com o nervoso é o circulatório), através dos hormônios produzidos pelas glândulas sem ducto que o constituem. O corpo contém dois tipos de glândulas: exócrinas e endócrinas. As glândulas exócrinas, tais como as glândulas sudoríparas, sebáceas, mucosas e digestivas secretam seus produtos em ductos que transportam as secreções para as cavidades do corpo. As glândulas endócrinas, em contraste, não possuem ductos. Elas secretam seus produtos – chamados de hormônios – no espaço extracelular ao redor das células secretoras. Dali, os hormônios difundem-se aos capilares e são transportados para o sangue. O sistema endócrino é composto pelas glândulas endócrinas, hipófise, glândula tireóide, glândulas paratireóides, glândulas supra-renais, adrenais, glândula pineal e timo (Tortora, 2000).
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2.2.4 Sistema linfático O sistema linfático é composto de um fluido chamado de linfa, de vasos chamados de vasos linfáticos, que transportam a linfa, de uma variedade de estruturas e órgãos, todos os quais contêm tecidos linfáticos (linfóide), e da medula óssea vermelha, que armazena células que se transformam em glóbulos brancos chamadas de linfócitos. O tecido linfático é uma forma especializada de tecido conjuntivo reticular que contém grandes números de linfócitos, que se dividem em linfócitos B e linfócitos T. Os linfócitos B transformam-se em plasmócitos que nos protegem contra as doenças por meio da produção de anticorpos, já os linfócitos T nos protegem contra as doenças por meio da destruição das células invasoras e micróbios (Tortora, 2000).
Embora o papel exato do estresse nas doenças humanas não seja conhecido, torna-se bastante claro que o estresse pode causar certas doenças pela inibição temporária de certos componentes do sistema imunológico. Condições relacionadas ao estresse incluem a gastrite, a colite ulcerativa, a síndrome do intestino irritável, a úlcera péptica, a hipertensão, a asma, a enxaqueca, a ansiedade e a depressão. Os indivíduos estressados apresentam também um maior risco de desenvolvimento de doenças crônicas ou morte prematura.
2.2.5 Sistema límbico O sistema límbico, de limbus, palavra latina que significa “limite”. Conforme Tortora (2000), esta estrutura circunda o tronco encefálico e apresenta formato de forquilha. É o local onde assume inicialmente a função das emoções como a dor, o prazer, a raiva, o medo, a compaixão, as sensações sexuais, etc. Por vezes, especialistas denominam esta área como cérebro “visceral” ou “emocional”. Não obstante o comportamento seja uma função de todo o sistema nervoso, o sistema límbico domina a maioria de seus aspectos involuntários, os aspectos relacionados à sobrevivência. O fato de o cérebro pensante ter se desenvolvido a partir das
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emoções revela muito acerca da afinidade entre razão e sentimento; existiu um cérebro emocional muito antes do surgimento do cérebro racional.
Quando se está sob o comando de anseios ou fúria, perdidamente apaixonados ou pavor, é o sistema límbico que nos tem em seu poder, mas à medida que o sistema límbico se desenvolve, aperfeiçoam-se duas poderosas ferramentas: a aprendizagem e a memória.
2.2.6 Sistema cardiovascular Altos níveis de cortisol podem ainda elevar sua freqüência cardíaca, sua pressão arterial e os níveis de gordura no sangue (triglicerídeos e colesterol). Esses são fatores de risco para ataque cardíaco e infarto. Cortisol parece desempenhar ainda um papel importante no acúmulo de gordura abdominal, o que dá a pessoa uma forma de “maçã”. Pessoas que possuem esse formato corporal de “maçã” têm um risco maior de desenvolverem doenças cardíacas e diabetes do que pessoas que possuem um formato de corpo em forma de “pêra”, e a gordura concentrandose mais nos quadris (Tortora, 2000).
2.2.7 Sistema digestório É comum ter uma dor de estômago ou uma diarréia quando se está estressado. Isso ocorre porque os hormônios do estresse lentificam a liberação do suco gástrico e o esvaziamento do estômago. Esses mesmos hormônios aceleram a peristalse do cólon, fazendo com que o seu conteúdo se mova com mais rapidez. O estresse crônico pode levar ainda a níveis altos constantes de cortisol no sangue, o que causa um aumento do apetite e conseqüente ganho de peso (McArdle, 2003).
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2.3 Reações Hormonais do Organismo Durante a Atividade Física e Estresse A atividade física vigorosa está associada com a sensação de bem-estar, redução na ansiedade, estresse e depressão, e aumento da auto-estima. Vários autores sugeriram que a alteração do estado afetivo por causa do exercício pode ser vista como uma sensação agradável, similar à euforia resultante da ingestão de várias drogas (Barbanti, 1990).
2.3.1 Cortisol O cortisol é liberado pelo córtex das glândulas adrenais, sendo o principal hormônio regulador do sistema imunológico ao contrário da testosterona, insulina e hGH, que são hormônios responsáveis pelo anabolismo. O cortisol passa a ter uma função antagônica a esses hormônios, desenvolvendo um papel de catabolismo, o que nenhum praticante de exercícios físicos deseja certamente, esse hormônio é liberado devido a algumas situações de estresse mental e principalmente físico, em outras palavras, não que ele seja um vilão, mas o cortisol é liberado sempre que alguma coisa no organismo está funcionando errado como uma espécie de freio natural. Ex: Se você excede na prática de um exercício físico, pode causar overtraining, o que não é bom para o desenvolvimento geral muscular; a partir daí, o cortisol começa a atuar no organismo que está fadigado. Outro caso são as fibras musculares, que também são responsáveis pelo sistema imunológico, se elas forem depletadas ao máximo, seu nível de cortisol aumenta, em resposta a um certo estimulo extremo que foi levado o músculo (McArdle, 2003).
Altas
concentrações
séricas
de
cortisol,
por
períodos
prolongados,
desencadeiam o fracionamento excessivo das proteínas, o desgaste tecidual e o equilíbrio nitrogenado negativo. Promove o catabolismo dos ácidos graxos e das proteínas, conserva o açúcar no sangue/antagonista da insulina, controle do estresse e com a adrenalina promove efeitos antiinflamatórios. Existem alguns
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efeitos „‟maléficos‟‟ para o praticante de exercícios árduos que resultam em: diminuição da produção de testosterona, ação lenta da utilização da insulina (o que atrapalha no transporte da glicose para as células musculares, evitando assim a reserva de glicogênio muscular), inibição do hormônio hGH, atrapalhando a formação de novas fibras musculares. Mas, tudo isso pode ser evitado seguindo o seguinte: alimentação nos horários previstos, de preferência de três em três horas, praticar atividade física leve ou moderada, ter uma boa noite de sono, evitar o estresse, ingerir a quantidade necessária de vitamina C diária, que é em media 3gr, controlar os cafezinhos e refrigerantes (cafeína), etc. Com isso ocorrerá a inibição da ação do cortisol no sistema, otimizando assim os outros hormônios para a construção das células musculares (McArdle, 2003).
2.3.2 Catecolaminas De modo geral, pode-se dizer que, num primeiro momento, as supra-renais aumentam a secreção de noradrenalina, objetivando preparar o organismo para a ação em seguida passa a liberar a adrenalina e, por fim, o cortisol. É nessa fase do cortisol que já se pode antever uma possível exaustão geral (McArdle, 2003).
De qualquer forma, durante o estado de tensão, as Glândulas Supra-renais produzem
catecolaminas (adrenalina e noradrenalina) em excesso. Essas
catecolaminas podem causar uma excitação inicial indispensável para desencadear a Síndrome de Adaptação Geral, seguida depois, como foi visto, por uma Fase de Resistência ou Adaptação, na qual o equilíbrio corporal, mais ou menos precário, é mantido.
Na medula supra-renal são secretadas regularmente duas catecolaminas, sendo 80% de adrenalina e 20% de noradrenalina que atuam na corrente sangüínea.
O autor aponta que em vista da amplitude de ação das catecolaminas (principalmente da adrenalina) e da cortisona, tanto nas reações muito prolongadas
Estresse
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aos estressores, quando nas reações breves, mas de severa intensidade, há maior probabilidade para o desenvolvimento das doenças chamadas psicossomáticas. Essas doenças, relacionadas à Fase de Esgotamento, são conseqüências do excesso de reações de estresse, reações desproporcionais, que vão além de uma simples atitude de adaptação. Aliás, pelo contrário, nessa fase o que ocorre é a desadaptação.
Durante as atividades físicas, por exemplo, o corpo libera adrenalina, hormônio que dilata os vasos sangüíneos para nos deixar em estado de alerta e aumentar a força e a disposição. A falta de adrenalina, que acontece depois de instalada a fase de esgotamento do estresse, pode causar a baixa da pressão arterial, desânimo e desatenção (McArdle, 2003).
Quando em excesso, o que acontece na Fase de Alarme do estresse, faz o coração bater mais rápido, provoca irritação, agitação e produção de suor.
Organicamente, no esgotamento, há alterações significativas nas glândulas supra-renais (produtoras de adrenalina e cortisona), há dificuldades no controle da pressão arterial, há alterações do ritmo cardíaco, alterações no sistema imunológico, no controle dos níveis de glicose do sangue, entre muitas outras. Psiquicamente a Ansiedade crônica ou Esgotamento leva a um estado de apatia, desinteresse, desânimo e de pessimismo em relação à vida (McArdle, 2003).
2.3.2.1 Endorfina
Segundo Barbanti (1990) a endorfina produzida pelo córtex cerebral é um analgésico natural responsável pela sensação de bem-estar, tranqüilidade, inibi o estresse e ajuda a relaxar. Pessoas que produzem maior quantidade dessa substância podem ser mais tolerantes à dor e produzir um estado de euforia, cuja ação pode ser como a morfina. No estresse a endorfina pode sofrer alterações, logo, todas as glândulas sobre as quais esse hormônio agirá, igualmente poderá sofrer alterações.
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Inúmeros investigadores relataram que certas atividades físicas, em especial a corrida, facilitam a secreção de endorfina pela glândula pituitária, resultando em uma concentração elevada no sangue. Acredita-se que há o acesso da endorfina, do sangue para o cérebro, ajudando a diminuir a dor, elevar o ânimo, e diminuir a sensação de fadiga. Foi demonstrado que esse efeito persiste durante 2 a 5 horas depois da atividade física (Barbanti, 1990).
2.3.3 Problemas com o sono Para Weineck (2005), o estresse apresenta sintomas variados, como a irritabilidade, dificuldade na concentração, preocupação exagerada com relação a situações relevantes, diminuição da memória, impotência sexual e até mesmo distúrbio do apetite e do sono.
Se sua resposta ao estresse é sempre ativada, hormônios do estresse produzem sensações persistentes de ansiedade, impotência e fracasso iminente. Uma sensibilidade maior ao estresse tem sido associada à depressão severa, possivelmente porque pessoas em depressão têm uma dificuldade maior para se adaptar aos efeitos negativos do cortisol. Os derivados do cortisol agem como sedativos contribuindo para a sensação constante de depressão. Quantidades excessivas de cortisol podem causar os distúrbios do sono (Weineck, 2005).
A principal peça dessa engrenagem é a melatonina, hormônio produzido no cérebro pela glândula pineal que começa a secretar esse hormônio assim que o sol se põe, como um aviso para o organismo se preparar para dormir.
Ainda segundo Weineck o desempenho físico e mental está ligado diretamente a uma boa noite de sono. Relata-se que o efeito de uma madrugada em claro é semelhante ao de uma embriagues leve: a coordenação motora é prejudicada e a capacidade de raciocínio fica comprometida, ou seja, sem o merecido descanso, o organismo deixa de cumprir uma série de tarefas importantes.
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Recomenda-se um sono diário de 7 a 8 horas por dia, mas há algumas variações de pessoa para pessoa. Não leve material de leitura relacionado ao trabalho para a cama. Se quiseres ler, leia algo suave. Acorde no horário programado e não durma durante o dia. Dê um breve cochilo somente em último caso e não troque o dia pela noite. Mais sono faz você ficar mais forte e mais apto a lidar com as responsabilidades do dia-a-dia.
2.3.4 Estresse mental O estresse mental ou emocional é um dos maiores problemas das sociedades modernas. Em uma situação de estresse, o organismo humano redistribui suas fontes de energia, antecipando uma agressão iminente. Esse mecanismo de adaptação é vantajoso se realmente houver perigo iminente. Entretanto, se esse estado persistir por muito tempo, o dano será inevitável (Loures, et al. 2001).
Para os autores a cultura popular há muito associa o estresse agudo e crônico com o desenvolvimento de doenças, corroborado por inúmeros estudos epidemiológicos e experimentais, que demonstram uma ligação entre o estresse mental e o aparecimento e curso de muitas doenças, desde simples infecções virais, até úlceras gástricas e neoplasias. O sistema cardiovascular possui ampla participação na adaptação ao estresse, sofrendo por isso as conseqüências da sua excitação. A suspeita de que estados de estresse mental agudos e crônico sejam fatores de risco para maior morbimortalidade por doença cardiovascular é antiga.
Entretanto, a adequada comprovação científica deste fato somente vem sendo obtida mais recentemente. Muitos profissionais ainda encaram com certa descrença esta associação, encontrando dificuldade em valorizá-la na prática clínica, embora o estresse mental seja uma das principais queixas de vários pacientes.
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2.3.5 Transtorno de estresse pós-traumático Paiva (2001) define que esse transtorno pode ocorrer em praticamente qualquer pessoa que tenha sido exposta a uma situação traumática de natureza excepcionalmente ameaçadora ou catastrófica, como por exemplo, desastre natural, acidentes graves, tortura, guerra, terrorismo, estupro, testemunhar morte violenta ou qualquer tipo de calamidade.
Quanto maior a gravidade do evento, maior a chance em que a pessoa possa manifestar o transtorno, porém a predisposição varia para cada indivíduo, o que faz com que após um mesmo evento, algumas pessoas desenvolvam a doença e outras não.
É descrito pelo autor que os sintomas da doença podem aparecer logo após o acontecimento (recebe o nome de transtorno de estresse agudo) ou meses depois, quando a pessoa passa a ter episódios de revivências do trauma na forma de lembranças intrusas ou em sonhos (pesadelos), fica alheia ao meio ambiente e tende a se afastar das pessoas; passa a evitar situações ou atividades que lembrem o trauma; a pessoa fica tensa, ansiosa e pode ter insônia, dificuldade de concentração, irritabilidade e sensação de cansaço; pode haver depressão e uso de drogas (principalmente álcool).
Geralmente, quanto mais agudo o início dos sintomas, melhor o prognóstico. O transtorno pode ter remissão espontânea, mas é essencial que a pessoa procure tratamento psicoterápico e/ou psicofarmacológico, para que o sofrimento seja minimizado e para evitar a cronificação do transtorno.
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2.4 Os Exercícios Físicos Ajudam na Melhora do Psicológico, Humor e Aliviar ou Reduzir o Estresse As atividades físicas produzem efeitos analgésicos dos peptídios opióides (por exemplo, morfina). Sobre a função cerebral descobriu-se que essas substâncias possuíam propriedades neurotransmissoras que agiam sobre áreas receptoras opióides específicas do cérebro. Com esse achado concluiu-se que talvez o próprio cérebro produzia substâncias endócrinas semelhantes aos opióides capazes de alterar o humor (McArdle, 2003).
Para McArdle (2003) pessoas que sofrem com o estresse o ideal é fazer com que o corpo produza substâncias benéficas, endógenas, que provoquem reações positivas no aspecto psicológico, motivando-as a novas atividades, principalmente com exercícios aeróbicos que proporcionam elevações nos níveis plasmáticos de endorfina, provocando um desencadeamento de alegria do exercício, melhorando o estado de espírito, pois produz euforia e jovialidade. (...) a secreção de endorfina foi implicada também na maior tolerância à dor, melhor controle do apetite e uma redução na ansiedade, na tensão, na raiva e na confusão, todas as quais constituem benefícios psicológicos do exercício regular.
Estudos demonstram que os exercícios físicos regulares leves ou moderados estão associados com a redução do estresse, pois aqueles que praticam qualquer atividade física enquadrada num desses contextos acima, apresentam maiores melhorias do que em indivíduos clinicamente que não se exercitavam.
A auto-estima é a variável psicológica que mais sofre influências com os exercícios, melhorando, durante a prática da atividade física, a retroalimentação positiva acarretada pela melhora de força, volume muscular, descarga hormonal melhora da estima, além do que exerce um papel preventivo pela normalização das concentrações cerebrais de serotonina, dopamina e noradrenalina.
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2.4.1 Os exercícios de resistência e o estresse Os estímulos condicionam constantemente a um aumento da secreção do hormônio do estresse e de performance: a adrenalina, com sua presença reforça o estado de alerta, provoca o desencadeamento de uma série de reações psicológicas (aumento da excitabilidade e da vigilância, aumento da freqüência cardíaca, da pressão sangüínea, do nível de glicose, dos ácidos graxos no sangue,etc), que após muito tempo podem acarretar conseqüências negativas para o estado geral comprometendo o bem estar. A insônia, a falta de recuperação, a irritabilidade, a agressividade e a redução da capacidade física são sinais de típicas cargas crônicas de estresse. O infarto do miocárdio pode assinalar o fim de uma vida de estresse crônico. O movimento, neste caso em particular, com a hidroginástica, pode então diminuir a energia acumulada pelos estímulos do estresse e o condicionamento simpático-tônico (Weineck, 2003).
Segundo Vester ápud Weineck (2003), o treinamento corporal fornece tudo que convém para reprimir seus efeitos negativos, mas com um treinamento regular em longos períodos reduz o estresse, diminuindo as chances que os estímulos dele se acumulem, o estado de alerta é diminuído cada vez mais pela atividade corporal. Desta forma, conclui-se que os exercícios regulares são indicados para reduzir os níveis de estresse.
2.4.2 Estresse e a hidroginástica As fontes externas de estresse estão ligadas aos fatos e acontecimentos da vida diária, como o relacionamento com outras pessoas, o ambiente de trabalho e/ou casa, ou qualquer fator sobre o qual não se tem controle.
Como já foi citado, o estresse em fases mais avançadas provoca o aparecimento de doenças. Assim, o tratamento por meio de medicamentos será específico para cada patologia. Estas podem variar desde cardiopatias até
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problemas gástricos e renais que são os mais comuns, incluindo alterações de pressão arterial e cefaléia. Este procedimento deve ser complementar ao tratamento das causas do estresse, conforme será descrito.
É possível obter êxito na abordagem não-medicamentosa contra o estresse. Segundo Rocha (1994), são medidas que visam aliviar os sintomas de estresse e relaxar a tensão muscular e mental, restaurar o nível de oxigênio no sangue, fortalecer o corpo através de nutrientes adequados e de exercícios físicos. Uma combinação adequada de atitudes no combate ao estresse deve então aliar: alimentação
adequada,
atividade
física
(recreação/lazer)
e
exercícios
de
relaxamento. Além disso, deve-se também descobrir e reconhecer as fontes de estresse e aprender a lidar melhor com tais situações.
A maior parte dos especialistas afirmam que as atividades físicas são fundamentais para prevenir e tratar o estresse. O objetivo primordial dos exercícios é fazer circular sangue arterial em todo o organismo. Com a prática regular de exercícios aeróbicos, que colaboram para evitar o estresse, mas à medida que a produção de endorfina ativa as reações químicas que ocorrem nas células, levam a uma diminuição do colesterol das artérias (prevenção de problemas cardíacos) e ajudam a metabolizar a adrenalina, com a conseqüente redução dos seus efeitos (Rocha, 1994).
Rocha (1994) lembra ainda que quando a pessoa está estressada é importante gastar a energia acumulada e diminuir a tensão gerada pelo estresse com atividade física, começando sempre de modo gradual, para o organismo se adaptar. Lipp ápud Rocha (1994) sugere que o tipo de atividade deve estar relacionado tanto às origens quanto aos sintomas de estresse. Quando o estresse tem origens psicológicas (como uma tensão constante no ambiente de trabalho ou a ansiedade diante de um vestibular) a pessoa deve se concentrar em atividades físicas como caminhar, andar de bicicleta, praticar natação ou hidroginástica (grifo meu). Quando as origens são mais físicas (como, por exemplo, o estresse que envolve os atletas ou pessoas que exercem atividades manuais como uma
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costureira), devem exercitar atividades que absorvam predominantemente a mente, como jogos e leitura.
2.4.3 Como tratar o estresse Para o tratamento é fundamental identificar a causa. Desse modo, os exercícios físicos e as atividades relaxantes, como massagens, caminhadas, ouvir música, pintar ou escrever, sempre realizadas com regularidade, tornam-se grandes aliados na luta contra o estresse. Por outro lado, na maioria das vezes são obtidos bons resultados sob orientação da terapia ocupacional que é direcionada ao combate da tensão emocional. Nos casos mais avançados a intervenção psicológica é primordial para que o estresse seja superado (Almeida, 2005).
2.4.4 Quando pedir socorro Almeida (2005) comenta que muitas pessoas relutam em procurar serviços de saúde mental devido ao estigma de apresentar "problemas emocionais". A sociedade tende a ver as questões de saúde mental de maneira diferente das de outros problemas médicos. Reconhecer um problema psicológico e buscar ajuda não é sinal de fraqueza, e sim de força interna. Participar de programas de ajuda no emprego ou fazer terapia são atividades confidenciais e nenhuma informação será revelada a ninguém sem a sua permissão.
Aponta Almeida os seguintes sintomas e alerta sobre a necessidade de buscar
ajuda
profissional,
mas
apenas
uma
pessoa
capacitada
terá
o
reconhecimento necessário para fazer o diagnóstico e determinar o tratamento correto.
pensar ou falar sobre suicídio; paranóia ou desconfiança excessivas;
Estresse
58 ansiedade extrema (fobias, medos); mudanças bruscas de humor (altos e baixos); depressão prolongada, apatia (sensação de perda da esperança falta de prazer na vida, estados de confusão ou frustrações constantes); comportamento compulsivo (gastos excessivos, excesso de apetite ou de atividade física); mudanças acentuadas no padrão alimentar ou sono; raiva excessiva ou hostilidade: comportamento destrutivo, abusivo e violento; dificuldade ao interagir com pessoas (cônjuge, pais, filhos, colegas de trabalho e amigos); abuso de álcool ou outras drogas; isolamento social; incapacidade de lidar com a perda de alguém querido; problemas no trabalho;
incapacidade de lidar com problemas ou atividades do dia-a-dia, como escola, trabalho ou necessidades pessoais.
2.5 Conclusão Conforme apresentado no desenvolvimento deste capítulo, então se pode entender que o estresse é uma resposta física para uma situação indesejável, com combinação de sensações físicas, mentais e emocionais que resultam de variados estímulos de preocupações, medos, ansiedades, pressões psicológicas e fadiga física e/ou mental, que irão exigir uma adaptação e/ou produção de tensão, podendo ser moderado quando resultar de coisas rotineiras como perder o ônibus, ficar por muito tempo em uma fila ou pegar um cartão de estacionamento. Mas o estresse pode ser também mais severo, ou seja, por motivos devastadores que debilitam mais psiquicamente o indivíduo, podendo ocorrer por divórcio, problemas familiares,
Estresse
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assalto, morte de um ente querido, troca de tiros entre policiais e marginais, acidente de trânsito, por exemplo, fontes mais comuns de estresse moderado e severo, o local de trabalho, e através desses exemplos, definiu-se estresse como uma quebra da homeostase do organismo.
Desde então, várias pesquisas e estudos têm sido realizados para se detectar, prevenir, reduzir e controlar causas e efeitos do estresse sobre a saúde física, mental e psicológica do homem moderno.
Os sintomas do estresse variam de pessoa para pessoa. Os sinais e sintomas são mais evidentes em alguns, que podem ter reações excessivas de ganho ou perda de massa corporal, ter padrões de sono irregular, envolver problemas respiratórios, domínio da angústia e causando depressão e introversão. Passam a negligenciar a família, não rendem no trabalho e/ou têm oscilação de humor e comportamento.
Existem dois tipos de estresse: o bom ou positivo e o ruim ou negativo. O estresse bom parece motivar e inspirar, ajudando o indivíduo a tomar decisões rápidas; o estresse ruim pode ser agudo ou muito intenso, mas que desaparece rapidamente; o crônico ou não tão intenso, mas que perdura por períodos de tempo prolongados.
O impacto do estresse sobre o aspecto psicofisiológico do homem é de extrema importância para a redução da saúde e da qualidade de vida. Através de uma sociedade excessivamente competitiva, com um desequilíbrio sócio-econômico crescente e uma violência urbana incontrolada, daí é que a humanidade vai sofrendo alterações não benéficas em seus padrões comportamentais, afetivos, sociais e físicos. Procura-se adaptar através de recursos amenizadores, profiláticos e controladores dos níveis de estresse, melhorando desta maneira a qualidade de vida do homem moderno e superando as causas e efeitos do estresse negativo.
Na atividade de Polícia, o policial militar vive exposto a diversos estímulos que geram constantemente situações novas e inusitadas. Assim, seu organismo vive
Estresse
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sofrendo reações orgânicas e psíquicas que o fazem adaptar-se às diversas circunstâncias. O sobressalto da atividade é muito grande, e o esforço que o organismo necessita fazer para adaptar-se e enfrentar situações ameaçadoras a sua vida e a seu equilíbrio interno, é intenso.
O policial militar nesse tipo de serviço está constantemente na iminência de se envolver em ocorrência como tiroteio e é do conhecimento de vários estudiosos do assunto que o impacto emocional de incidentes relacionados a tiroteios é reconhecido como a mais traumatizante experiência com que o policial pode se deparar em sua carreira, além do fato de ser policial implicar, a nível inconsciente, estar no limiar de matar ou morrer.
Quando o corpo reage diante de uma ameaça, seja ela interna ou externa, há o desencadeamento de uma descarga de adrenalina, noradrenalina e endorfina. Esses hormônios conhecidos no mundo da ciência como catecolaminas acabam estimulando a liberação de outros pelo organismo, o que pode acarretar diversas alterações em seu funcionamento, quebrando então a homeostase orgânica do indivíduo.
Com isso o estresse pode influenciar em muito no serviço do policial militar, trazendo problemas tanto psicológicos como problemas emocionais; tanto fisiológicos como problemas musculares e alterações do funcionamento dos sistemas orgânicos.
Logo, pode-se concluir que o estresse pode ser benéfico ou não, para o indivíduo atingido. No caso do policial militar, as dificuldades encontradas em seu dia-a-dia de serviço também podem ser encaradas como fatores de estímulo ou desafio.
Capítulo
3
MOTIVAÇÃO
3 Neste capítulo serão apresentados os fatores que contribuem para a motivação, que é um processo ativo, intencional e dirigido a uma meta, o qual depende da interação de fatores pessoais (intrínsecos) e ambientais (extrínsecos), ou seja, as ações das pessoas estão diretamente vinculadas com suas intenções, interesses, motivos e metas. Pode-se dizer que a motivação é que irá direcionar a pessoa para determinada atividade. Muitos desses motivos são estritamente pessoais, relacionados com a auto-satisfação e a auto-realização. A palavra motivo origina-se do verbo latino “movere”, que significa pôr em movimento, mover. Em Psicologia, quando um fator determina o comportamento de uma pessoa dizemos que por este ou aquele motivo. Assim, a fome motiva o ato de comer, a sede motiva o ato de beber e o sono motiva a dormir.
3.1 Motivação Segundo Barbanti (1979), motivação é uma característica psíquica que compõe o rendimento, e na sua falta não existe uma ação que leve o indivíduo a um ótimo rendimento, mesmo quando têm em si desenvolvidas outras qualidades.
O autor defende a idéia que ligada às características de motivação está a força de vontade, portanto, isso significa que a atividade deve ser dirigida por impulsos sob a inclusão de todas as aspirações, estímulos impulsivos, instintivos e outros motivos conscientes e com responsabilidades. Sabe-se ainda que a vontade concentrada pode levar a resultados surpreendentes, por exemplo, numa prova de resistência, na reta final de chegada.
Relata-se que a motivação e a força de vontade podem ser educadas com pequenas solicitações e depois se aumenta gradativamente às dificuldades da tarefa e a quantidade das solicitações a serem vencidas. O uso de formas motivacionais
Motivação
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não usuais podem ser interessantes, por exemplo: a fixação de índices ou metas a serem alcançadas no dia-a-dia de trabalho é um recurso para o desenvolvimento dessa característica.
Já segundo Singer (1977), a motivação é tão importante para o desempenho, que é seguro dizer que quanto maior a motivação de um indivíduo, melhor seu papel.
Expõe-se então que a motivação é a insistência em caminhar em direção a um objetivo. Existem ocasiões que o incentivo principal a ser alcançado de uma maneira tal como ter nosso nome impresso numa plaqueta, ganhar um troféu ou ser elogiado. Em outras ocasiões, o incentivo pode tomar a forma de um impulso interno para o sucesso, para provar ou conseguir algo para se auto-realizar.
Obviamente, o aumento da motivação eleva a atenção, concentração e tensão. Para certos indivíduos e para certas atividades, não só poderá a motivação excessiva não ajudar como poderá ser desastrosa. Esforçar-se em demasia pode produzir efeito adverso no desempenho de quem se sacrifica. Entretanto, existem muitas ocasiões nas quais os níveis mais altos de motivação são desejáveis para o melhor desempenho profissional, por exemplo: “os treinadores freqüentemente levam seus esportistas a um extremo febril de excitação, eles incitam ou gritam incansavelmente, usando termos entusiásticos, mas, infelizmente, o treinador que tenta a mesma estratégia para todo o grupo de esportistas, em todas as ocasiões, está cometendo um grande equívoco”.
Conforme Singer (1977), a competição serve como uma excelente fonte de motivação no esporte, o que nada impede em que ela seja aplicada num serviço policial militar como forma de motivação e busca de excelência com certeza, uma grande fonte de motivação pode ser provida apenas com simples elogios e vários tipos de recompensas.
Mas o autor lembra que existe um nível ideal de motivação que deve estar presente em qualquer atividade e este nível depende da natureza da atividade.
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Motivação
3.1.1 Motivos Para Neto (2001), os motivos estão divididos em duas classes gerais: motivos primários ou orgânicos e motivos secundários.
Motivos primários ou orgânicos são aqueles que constituem os nossos impulsos e correspondem à fome, à sede, ao sexo, à agressividade. Quando esses impulsos operam no organismo de um indivíduo, torna-se uma força de grande motivação, porém o autor lembra que o homem necessita, antes de tudo, satisfazer os seus impulsos primários.
Motivos secundários são todas as necessidades que se apresentam no decorrer de nossa existência dessa maneira, é necessário verificar quais as necessidades fundamentais do ser humano:
necessidade de segurança: é a motivação que o homem procura a paz de espírito, certo de que nada há a temer, é uma necessidade fundamental do homem; necessidade de correspondência: é a motivação que o homem encontra ao estar bem relacionado com a sua família, amigos, vizinhos e a sociedade, enfim, o homem necessita comunicar-se com o seu semelhante; necessidade de reconhecimento: é a motivação que nos leva à prática de ações ou atos que sejam aprovados pela sociedade. O homem necessita do reconhecimento e da aprovação por parte de seu semelhante, para o seu perfeito ajustamento ao meio social em que vive; necessidade de novas experiências: é a motivação que leva o homem à procura de novas experiências, não aceitando a rotina de sua vida cotidiana. É o desejo de quebrar a monotonia que essa rotina traz. O homem, através de influências que recebe de seu meio, está sempre à procura de situações que possam satisfazer seus inúmeros e infinitos desejos e
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Motivação
necessidades. A motivação acompanha o ser humano em todos os seus atos e podemos dizer que, em sentido amplo, ela corresponde a uma modificação do organismo (Neto, 2001).
3.1.1.1 Funções dos motivos
Segundo Fabião, et al (1998), são três as funções mais importantes dos motivos:
os motivos ativam o organismo e levam o indivíduo a uma atividade que
visa
satisfazer
suas
necessidades.
Observa-se
que
as
necessidades geram tensões que geram desequilíbrio, por sua vez, os motivos ativam o organismo, satisfazem as necessidades e afastam as tensões; os motivos dirigem o comportamento para um objetivo, e diante de uma necessidade, vários objetivos se apresentam como capazes de satisfazê-la, no entanto, os rnotivos dirigem o comportamento do indivíduo para o objetivo mais adequado para satisfazer a necessidade; os motivos selecionam e acentuam a resposta correta, mas estas respostas conduzem a uma satisfação das necessidades as quais serão aprendidas, mantidas e provavelmente repetidas quando uma situação semelhante se apresentar novamente.
3.1.2 Motivação para a realização A motivação para a realização segundo, Almeida (2005), é identificada como os esforços de uma pessoa para dominar uma determinada tarefa para atingir seus limites, superar obstáculos, desempenhar-se melhor do que os outros e orgulhar-se de seu talento, ou seja, é a orientação de uma pessoa a lutar por seu sucesso, persistindo ante o fracasso e experimentar orgulho por suas realizações.
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Motivação
Define Almeida que a motivação para a realização, se presente, permite que pessoas atinjam seus limites, que praticantes de exercício alcancem altos níveis de condicionamento e que alunos maximizem a aprendizagem.
A motivação para realização em situações esportivas e de exercício focalizase na autocompetição, enquanto a competitividade influencia o comportamento em situações de avaliação social. Tais como:
Motivação intrínseca = motivação para realização com objetivo de obter prêmios, patrocínios, aplausos e reconhecimento pessoal;
Motivação extrínseca = motivação em forma de competitividade prazerosa, para auto-superação e desenvolvimento pessoal.
Estratégias cognitivas e sucesso:
enfrentamento de adversidades; desempenho sob pressão; estabelecimento de metas e preparação mental; concentração; isenção de preocupação; confiança e estímulo de realização; treinabilidade.
3.1.3 Motivação para o trabalho e atividade física Para Bondenzan (1998), são vários os fatores que motivam o ser humano em seu dia-a-dia a força de cada motivo influencia na maneira de perceber o mundo. Um dos principais fatores que interferem no comportamento de uma pessoa é a
Motivação
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motivação, permitindo um maior envolvimento ou uma simples participação em qualquer atividade.
Dessa forma, a chave do controle do comportamento humano é a ciência da motivação. O uso de técnicas motivadoras resultam em interesse, concentração, atividade produtiva e atividade eficiente.
Conforme a autora, o indivíduo, hoje, vive sob tensão trabalho significa viver em estado de alerta diante de dilemas iminentes e inesperados; precisa produzir sempre mais, com o menor tempo possível; precisa de uniformidade, trabalho significa uniformização de gestos.
No aspecto psicológico da aptidão física, a autora descreve que ocorre uma diversificação mental, levando o indivíduo a uma concentração para outras áreas, e com isso, propicia uma sensação relaxante, o alívio das tensões, previne o cansaço, melhora a autoconfiança e auto-estima. A oportunidade através do movimento, interagir, adaptar-se e transformar o meio ambiente, a promoção do bem-estar e melhora da saúde de modo geral, o acesso a um ambiente amistoso e companheiro, efeitos da prática regular de atividade física, se empregados na área profissional, irão propiciar às empresas um funcionário mais satisfeito com a organização, com o local de trabalho e disposto a produzir mais e melhor.
Para Bondenzan, muitas empresas, hoje, preocupam-se com o “estresse” de seus funcionários, desde os cargos iniciais até os de nível gerencial, pois este mal não escolhe a posição de um indivíduo numa empresa, sendo ele um dos principais causadores da insatisfação e do absenteísmo no trabalho. Desta forma, o funcionário necessita de atividades que lhe proporcionem um grau de contentamento para retomar ao equilíbrio através do emprego correto do seu tempo livre, proporcionando-lhe uma satisfação pessoal e aumento de produtividade.
Segundo Guerra, apud Bondenzan (1998), após a aplicação de programa de atividade física na Avon, (...), com a intenção de minimizar a ocorrência de Lesões por Esforços Repetitivos (LER), foram observados os seguintes resultados:
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Motivação Diminuição de acidente de trabalho; Diminuição da rotatividade; Diminuição do absenteísmo; Melhoria no ambiente de trabalho.
Relata ainda a autora que a melhoria no ambiente de trabalho deveu-se ao aumento do entrosamento social entre os funcionários, sendo que, em respostas a questionários, quase a totalidade dos funcionários submetidos ao programa de atividades
físicas
declararam-se
mais
motivados,
dispostos
fisicamente
e
psicologicamente, além de perceberem uma sensação de camaradagem no ambiente de trabalho.
Desta forma, verifica-se que a prática de atividade física pode motivar em muito o policial militar em seu ambiente de trabalho, ajustando-se então uma maior operacionalidade, de forma indireta, seja por sentir-se mais relaxado (menos tenso), seja por estar mais entrosado com o clima institucional, com vontade de dedicar-se a seu trabalho, seja por estar melhor condicionado fisicamente, se sentindo mais ativo e disposto, ou mesmo por deixar de sentir dores musculares, dores de coluna ou problemas nas articulações.
3.2 Ambiente Motivador A resposta para essa questão está descrita na obra de Martin Claret (A Essência da motivação), apud Gouveia (2000), como segue:
espere o melhor para conseguir o melhor; estabeleça padrões elevados e exija que as pessoas, inclusive você, os acompanhem; seja entusiástico sobre as metas e a missão do grupo, sobre os indivíduos que compõem o grupo e sobre você mesmo; permita às pessoas cometerem erros com os quais possam aprender;
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Motivação
reconheça e dê prêmios ao sucesso ou à realização, mas não tenha medo de dar um retorno negativo; compreenda o que as pessoas querem para si mesmas e o que estão dispostas a dar para obter o que elas querem ou precisam; encoraje a cooperação dentro do grupo e uma competitividade razoável com outros grupos; encoraje discordâncias produtivas e, ao mesmo tempo, ajude a resolver conflitos.
3.2.1 As necessidades do policial militar Como todo e qualquer profissional, o policial militar também possui as mesmas necessidades de uma pessoa que não atue nesta profissão. Em qualquer Instituição, a função do dirigente ou comandante é descobrir quais as necessidades de sua equipe e tentar satisfazê-las, dando condições para que o homem busque o desejado. As necessidades variam de pessoa para pessoa. Os termos “desejo” e “receio” estão presentes nos indivíduos e sinteticamente representam sucesso ou fracasso. Os valores sociais também são diversos, assim como as capacidades para atingir os objetivos. O comportamento não é natural nem isento de finalidade, sempre haverá algum objetivo implícito ou explícito (Martins, 2000).
3.3 Frustração A frustração é definida como uma situação que interfere e com certeza impede a realização de nossas motivações (Silva, s.d).
Para o autor, as frustrações podem ser descritas como internas ou externas. Elas são internas quando as barreiras ou obstáculos se originam do próprio indivíduo, por exemplo, falta de conhecimentos ou de habilidades específicas.
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Motivação
As frustrações são externas quando situações ou elementos externos nos impedem de atingirmos nossos objetivos, por exemplo, falta de dinheiro ou propriedade. Em muitos casos, a frustração força o motivo a atuar como reforço para que a pessoa redobre suas forças para atingir o objetivo almejado.
Conforme Silva, as frustrações têm efeitos positivos e negativos. Os positivos são:
mais esforço para alcançar o objetivo, o que permite, às vezes, a superação de barreiras; mudança de meios, descobrindo um novo caminho para alcançar o objetivo; substituição do objetivo por outro que também possa satisfazer a necessidade; uma nova visão de conjunto da situação conformando-se ou compensando a frustração.
Os negativos são:
agressão; fuga; desorganização do comportamento.
3.4 Auto-estima Para Zago (2005), auto-estima é a opinião e o sentimento que cada um tem por si mesmo, valor pessoal, acreditar, respeitar e confiar em si. A auto-estima, juntamente com o amor-próprio, é a base para o ser humano, é a cura para todas as dificuldades, sofrimentos e para as doenças de origem emocional.
Motivação
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Zago relata que a auto-estima começa a se formar na infância, a partir de como as outras pessoas nos tratam. Ou seja, as experiências do passado exercem influência significativa na auto-estima num futuro próximo. Perde-se a auto-estima quando se passa por muitas decepções, frustrações, em situações de perda, ou quando não se é reconhecido pelo que se faz. Mas o que realmente abala não é só a falta de reconhecimento por parte de alguém, mas principalmente a falta de reconhecimento por si próprio.
Quando a auto-estima está baixa, a pessoa se sente imprópria, insegura, com dúvidas, incerta do que realmente é e do que realmente quer, com um sentimento claro e vago de não ser principalmente capaz de desempenhar qualquer papel na sociedade ou na sua vida pessoal. Não acredita que tenha alguém que a ame, e é capaz de amar, de se cuidar, desenvolvendo, assim, um sentimento de extrema insegurança, desiste facilmente de tudo aquilo que começa.
Destaca Zago, como a pessoa não se ama, ela mesma se sujeita a qualquer tipo de relação para ter alguém ao seu lado, torna-se dependente de relações destrutivas e não consegue forças para sair delas. Vale lembrar que esse processo acontece inconscientemente, a pessoa não tem consciência do motivo que está agindo dessa maneira, apenas sente o sofrimento que pode se expressar em forma de angústia, dor no peito, choro, pesadelos, vazio, agressividade, depressão, punição, doenças.
Há pessoas que culpam os outros pelos próprios erros, encaram todas as críticas como ataques pessoais e tornam-se dependentes de relações doentes. O maior indicador de uma pessoa com auto-estima baixa é quando sente intensa necessidade de agradar, não consegue dizer "não", busca aprovação e reconhecimento por tudo o que faz, sempre querendo se sentir importante para as pessoas, pois na verdade, não se sente importante para si mesma e, com isso, se abandona cada vez mais (Zago, 2005).
Porém, a autora destaca que pessoas com elevado amor-próprio em geral atraem pessoas com a mesma característica, gerando uniões saudáveis, criativas e
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Motivação
harmoniosas. Já a auto-estima baixa acaba atraindo ou mantendo relacionamentos destrutivos e dolorosos. Há também uma relação direta e muito importante entre desempenho profissional e auto-estima.
A auto-estima influencia tudo que fazemos, pois é o resultado de tudo que acreditamos ser, por isso, o autoconhecimento é de fundamental importância para aumentar a auto-estima. Ou seja, confiar em si mesmo, ouvir sua intuição, acreditar em sua voz interior, respeitar seus limites, reconhecer seus valores, expressar seus sentimentos sem medo, sentir-se competente, capaz e se tornar independente da aprovação dos outros, tudo isso faz com que a auto-estima se eleve (Zago, 2005).
a) Figura nº 01 - Relacionamento da auto-estima com o indivíduo Zago. www.uol.com.br/cyberdiet/colunas/, acessado em 17dez.2005.
3.5 Conclusão A motivação refere-se ao comportamento que é causado nas pessoas pela necessidade, portanto, o indivíduo sente vontade de satisfazer suas necessidades como forma de inclusão e integração social, trazendo pra si um estado de equilíbrio e contribuindo para a elevação da moral e auto-estima.
As pessoas em geral tendem a procurar algo que torne suas vidas mais motivadas, e em entrevistas a policiais militares assistidos pelo PAAPM, colheu-se os seguintes aspectos motivadores como seguem:
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Motivação programas para facilitar a aquisição de casa própria; possibilidade de residir perto do local de trabalho; receber fardamento com regularidade; tornar a Lei de Promoção mais objetiva; premiação compatível com o desempenho; melhores salários; melhores condições de escala de serviço (horário);
assistência jurídica adequada para os casos de crimes cometidos em serviço; melhores condições de relacionamento pessoal no ambiente de trabalho; diferença de vencimentos quando exercendo função reservada à graduação superior (substituição de cargo); gratificação para motorista de viatura operacional; melhorar as condições das instalações físicas; programas para despertar a auto-realização profissional, entendida como a possibilidade de sentir verdadeira satisfação naquilo que se faz; estímulo à criação de cooperativas para aquisição de suprimentos domésticos a preço menor; implantação de creches em número proporcional à quantidade de policiais que tenham filhos pequenos; melhorar o relacionamento entre superior direto e subordinado e viceversa; fornecer serviço social e atendimento psicológico, descentralizado ao nível dos batalhões; continuidade na filosofia de trabalho, mesmo com as mudanças de comando;
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Motivação implantar caixa de sugestões e reclamações;
oferecer lazer dentro e fora do local de trabalho (atividades físicas e sociais).
Com a hidroginástica podemos encontrar recursos poderosos contra o estresse. Os policiais militares devem movimentar-se para estimular seus reflexos, ter sua participação dentro da sociedade, não podendo acomodar sentindo-se excluído da sociedade, ou seja, do (meio em que vive), pois, só assim, é que se pode manter a saúde.
É fato, as necessidades diferentes motivam pessoas diferentes. Alguns querem elogios constantes, poder, dinheiro e outros querem ser deixados sós. É muito importante que nossos comandantes saibam o que motiva seus subordinados, e desta forma, saberão como seus subordinados poderão ser motivados por algumas destas necessidades:
a necessidade da realização, tendo a satisfação de realizar suas funções com sucesso, exercitar seus talentos para obter sucesso dentro da Instituição, se automotivam se o trabalho for desafiador. Então se deve dar a eles as funções certas e assim, estarão sempre produzindo mais e melhor;
a necessidade do poder, de tal forma que ficam satisfeitos influenciando e controlando os outros, pois, gostam de liderar e de persuadir, ficando motivados com os postos de poder e liderança;
a necessidade de associação, obtendo satisfação pela interação com os outros, pois gostam de estar com as pessoas e acham que o fator social no local de trabalho é bastante recompensador;
a necessidade da autonomia, estas pessoas querem liberdade e independência. Permita que tomem suas próprias decisões, façam a
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Motivação
sua própria agenda de trabalho e que trabalhem independente dos outros;
a necessidade da estima, com o reconhecimento de seus trabalhos por meio de elogios, dando o "feedback" e reconhecimento público sempre que possível.
É bem verdade que aspectos motivacionais elevam a auto-estima dos policiais militares que por ventura tenha sido depreciada por algum problema de relacionamento profissional, baixo-astral, ou não.
Acrescenta-se ainda que, ao se implantar a instrução de hidroginástica aos milicianos assistidos pelo Programa de Acompanhamento e Apoio ao Policial Militar, os problemas relacionados ao estresse, bem como suas mazelas, sejam minimizadas ou até mesmo erradicadas, tornando mais sociáveis, melhorando seu relacionamento num modo geral, motivando-os na vida profissional e pessoal, diminuindo, de uma forma bem ampla, as baixas e melhorar a prestação dos serviços policiais militares.
Capítulo
4
4
HIDROGINÁSTICA
Neste capítulo está compilada uma produtiva revisão de literatura a respeito da hidroginástica. São descritos, resumidamente, os benefícios da prática dessa atividade, no entanto sem a preocupação com o impacto (lesões), sem o desconforto da transpiração e da exaustão, a qual é realizada num ambiente descontraído, num meio atrativo e lúdico: A ÁGUA.
4.1 A Água A água é o elemento mais abundante da terra e um ingrediente essencial da vida, pois ela cura, embeleza, refresca, limpa, relaxa, nos enche de energia, é parte principal de nosso organismo, e com ela consegue-se produzir energia elétrica e força. Talvez seja o recurso mais precioso que se encontra à disposição da humanidade (Rocha, 1994).
Quase toda a água do planeta está concentrada nos oceanos. Apenas uma pequena fração (menos de 3%) está nos continentes, e a maior parte desta está sob a forma de gelo e neve ou abaixo da superfície (água subterrânea). Só uma fração muito pequena (cerca de 1%) de toda a água terrestre está diretamente disponível ao homem e aos outros organismos, sob a forma de lagos e rios ou como umidade presente no solo, na atmosfera e como componente dos mais diversos organismos. Assim como o ar, a água é um elemento absolutamente necessário para a vida do homem (www.uniagua.org.br/website/default.asp, acessado em 13jan.2006).
Hidroginástica
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4.1.1 A água na história da humanidade Além do aspecto característico de elemento orgânico, essencial à vida, a água está presente em todas etapas da existência humana. Também foi nela que o homem encontrou uma das suas principais fontes de alimento e por essa razão desenvolveu, desde os primórdios da história, as técnicas de sua exploração. A navegação e a pesca podem ser consideradas as primeiras atividades profissionais do ser humano (Rocha, 1994).
O grande volume de águas que banham o Estado de São Paulo, além de possibilitarem o desenvolvimento e a exploração das regiões mais longínquas, no início da sua civilização, propiciou o desenvolvimento de várias formas de lazer e integração social, utilizando o meio aquático. No século XX, foram criadas diversas agremiações nas quais se encontra uma grande incidência da denominação “Clube de Regatas”, o remo, a natação, o salto ornamental e a hidroginástica figuravam entre as atividades mais praticadas (www.terravista.pt/fernoronha/4757/historico, 13jan.2006).
4.2 Propriedades Físicas da Água O meio de ação para a atividade aquática é muito rico em suas propriedades.
Estar e agir no meio aéreo não é igual a estar e agir no meio aquático. Há várias propriedades físicas da água que interferem na ação direta e indireta, não só do corpo, mas em todo universo de vida. Apesar que o ser humano ter estado cerca de nove meses em meio líquido, ao nascer, passa para o meio aéreo, muitas coisas transformam-se, a começar pela respiração (Massaud, 2001).
Compreende-se que os princípios físicos da água é que irão facilitar ou possibilitar a redução dos níveis de estresse dos indivíduos, pois a água propicia
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uma sensação de leveza, num ambiente descontraído, melhorando a autoconfiança, uma vez que até aqueles que não sabem nadar podem praticar hidroginástica.
4.2.1 Pressão hidrostática Conceitua-se pressão hidrostática como um impulso exercido pelas moléculas da água sobre toda a superfície de um corpo submerso. Esta definição está apoiada na definição de Pascoal, que diz que a pressão do líquido é exercida em igualdade sobre todas as áreas da superfície de um corpo imerso e em repouso, a uma dada profundidade (Rodrigues, 1993).
A pressão hidrostática aumenta com a densidade da água e com a sua profundidade, sendo, portanto, maior na água salgada do que na água pura a uma mesma profundidade. A pressão da água pode ser sentida pelo indivíduo desde a sua entrada na água, sendo mais evidente no tórax, por causa da resistência da água à sua expansão, pois a sensação de leveza e de apoio na água experimentada pelos indivíduos é, portanto, efeito da ação conjunta da pressão lateral e da flutuação.
4.2.2 Flutuabilidade Flutuabilidade é a capacidade que alguns corpos têm de se manter sobre os líquidos. O matemático grego Arquimedes ápud Massaud, considera que todo corpo inerte no meio líquido sofre um empuxo obtido através da sua imersão, pois o corpo humano apresenta densidade relativa de 0,97 (adolescenti e adultos jovens) e de 0,86 (crianças) havendo novo decréscimo conforme se envelhece, logo, o ser humano tende a flutuar (Massaud, 2001).
Para o autor, a flutuabilidade humana está atrelada à estrutura física e anatômica de homens e mulheres, pois seus centros de gravidade estão em
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diferentes regiões do corpo. Por exemplo, os ossos da mulher são menores e mais delgados do que as dos homens. O tronco dos homens tende a ser mais profundo e seus ombros mais largos do que das mulheres. As pernas e pés dos homens são geralmente maiores e mais pesados do que as das mulheres.
É provável que os respectivos centros de flutuação tendam a influenciar mais as características de flutuação humana que os centros de gravidade. O tronco e os ombros em regra mais largos do homem, combinados com seus quadris mais estreitos, tendem a criar um maior deslocamento para cima de seu corpo. Assim, o seu centro de flutuação será mais alto que o da mulher, com seu tronco pequeno e quadris arredondados. Portanto, a mulher, com seu centro de flutuação baixo, tende a flutuar naturalmente na posição horizontal. O homem, porém, com suas pernas mais pesadas e menor deslocamento corporal para baixo, tende a flutuar mais verticalmente (Massaud, 2001).
4.2.3 Equilíbrio Equilíbrio é o estado de um corpo cuja situação de repouso ou movimento permanece inalterada em relação a um sistema de eixos de referência. Na água pode-se observar que a situação de equilíbrio quando se consegue permanecer flutuando em posição dorsal ou ventral, sem necessidade de auxílio. Já em movimento, o equilíbrio é constatado quando na realização de pernadas ou braçadas, mantendo um padrão de movimentos em relação aos eixos longitudinal e transversal (Massaud, 2001).
4.2.4 Hidrodinâmica Hidrodinâmica é a disciplina da mecânica que estuda as propriedades e o comportamento dos líquidos e gases em movimento. Massaud (2001), emprega os
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conceitos de densidade, densidade relativa, pressão e viscosidade e considera os fenômenos de propulsão no interior dos fluidos como seguem:
DENSIDADE - relação entre a massa da substância e o volume que ela ocupa, ou seja, é a capacidade de um objeto flutuar em meio líquido; DENSIDADE RELATIVA - trata-se da relação ou comparativo entre a massa de um determinado volume com a mesma massa em água. A densidade relativa da água pura é 1, então todo corpo que possuir densidade relativa menor do que 1 flutuará e corpos com densidade relativa maior que 1 afundarão em contato com a água. A porosidade dos ossos, a quantidade de ar nos pulmões e a quantidade de gordura no corpo tendem a alterar a densidade relativa do corpo. VISCOSIDADE - é uma forma de atrito que ocorre entre as moléculas de um mesmo líquido, provocando resistência ao seu fluxo. O corpo arrasta consigo “capas” de água a distintas velocidades. Se as capas de água em movimento, que se encontram atrás do corpo, tocam nas bordas ou no fundo (viscosidade dinâmica), então a resistência de atrito aumenta. A temperatura é um fator que interfere na viscosidade da água, e para obtenção de bons resultados a temperatura da água deve girar em torno de 27 a 31 graus. PROPULSÃO – impulsionar ou empurrar à frente, está relacionado a vencer a resistência da água, pode chegar a uma diferença na resistência ao movimento entre o ar e água de até 790 vezes (Massaud, 2001), o que acaba por diminuir o ritmo dos movimentos no meio líquido. Toda ação (movimento) na água gera uma reação, sendo que todos os praticantes de atividades aquáticas precisam conhecer as reações para cada movimento verificando se não está executando gestos inadequados. É o conjunto dos movimentos no meio líquido que leva
ao
fortalecimento
coordenação, etc.
muscular,
a
melhora
da
flexibilidade,
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PRESSÃO – a (AEA, Aquatic Exercise Association 2001), descreve no Manual do Profissional de Fitness Aquático, que este processo está relacionado com a Lei de Pascal, exemplificando que a pressão de um líquido é aplicada com igualdade sobre todas as áreas da superfície de um corpo que esteja imerso neste líquido. Segundo a AEA, a pressão tem princípio terapêutico no organismo, pois afeta os órgãos internos, a pele, ajuda a diminuir o inchaço, auxilia no retorno do sangue venoso ao coração, além do que se acredita que a pressão seja responsável pela diminuição da freqüência cardíaca na água.
4.2.5 Condutibilidade da água Na obra AEA, Aquatic Exercise Association (2001), é descrito que no ambiente aquático, a água esfria o corpo aproximadamente quatro vezes mais rápido do que o ar. O calor produzido pelo metabolismo é eliminado do corpo através da radiação (perda de calor através da vasodilatação da superfície dos vasos); da evaporação (o suor evapora da pele, esfriando o corpo); e, na água, principalmente através da condução (transferência de calor para uma substância ou objeto em contato com o corpo) e da convecção (transferência do calor pela movimentação de líquido ou gás por áreas de temperaturas diferentes). Em terra, assim como na água, uma grande quantidade de calor é dissipada e irradiada da cabeça. O ato de limitar a dissipação de calor (por exemplo, através do uso de toucas nos banhos de banheira ou de chuveiro) pode provocar doenças relacionadas ao aquecimento. O corpo pode ainda dissipar o calor na água através da vasodilatação periférica ou do suor.
Percebe-se que, na maioria das vezes, a temperatura da água nas aulas de hidroginástica está bem abaixo da temperatura normal do corpo e, como este está mergulhado na água fria, a dissipação do calor através da radiação fica mais fácil. Além disso, como permanecem dentro da água, os praticantes de hidroginástica não sofrem com a sensação desagradável de calor, quando fazem exercícios vigorosos na piscina (AEA, Aquatic Exercise Association, 2001).
Hidroginástica
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4.2.6 Resistência A água oferece uma resistência ao movimento, produzindo um efeito de sobrecarga natural, como se estivesse trabalhando com pesos. Esta resistência é notada quando os braços são deslocados com a palma da mão aberta pela água (Bandini, 2006).
4.2.7 Massagem Massagem é um benefício que a hidroginástica oferece por intermédio da resistência e da pressão da água sobre as partes do corpo, ajudando a aumentar a circulação periférica do sangue, propiciando um efeito suavizante sobre os músculos evitando que ocorra dores no corpo depois da prática da hidroginástica (Bandini, 2006).
4.3 Vivenciando o Ambiente Aquático Quer seja por necessidade ou por prazer o homem sempre encontrou na água, causas para sua relação; sobrevivência, fuga, subsistência alimentar etc, foram alguns motivos que levaram o homem a se lançar ou a se banhar em rios, lagos, mares (Muniz e Luna, 2005).
Citam ainda que atualmente pode-se dizer que essa necessidade é mais por prazer ou por lazer, já que imersos nos espaços urbanos temos lugares que nos propiciam o contato direto com a água, que são as piscinas ou, em alguns casos, rios, lagos, mares etc.
Dentre as atividades físicas sistematizadas a hidroginástica segundo os autores destaca-se por contemplar componentes da aptidão física relacionados à saúde de forma integrada, como por exemplo, o aumento da capacidade
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cardiorespiratória e o desenvolvimento e/ou manutenção da força. Aspectos estes importantíssimos para a contribuição na promoção da saúde dos indivíduos.
4.3.1 Benefícios das atividades físicas na água Os exercícios praticados regularmente aumentam a eficiência de muitos órgãos do organismo (Massaud, 2001).
Surtos eventuais de intensa atividade física não trazem benefícios a longo prazo para a saúde. É muito importante fazer exercícios como rotina, pois de outro modo não se conserva a forma física.
Massaud enumera alguns benefícios quando os exercícios são praticados na água da forma como descrito:
fortalece os ossos; alivia os distúrbios mentais; ajuda a conciliar o sono; aumenta o fluxo sanguíneo na pele, proporcionando uma aparência mais saudável; aumenta a capacidade pulmonar, melhorando a captação de oxigênio; reduzir os riscos de dores e a falta de flexibilidade, e mantêm a mobilidade articular; aumenta a resistência dos músculos, permitindo a multiplicação dos pequenos vasos sanguíneos que fornecem oxigênio aos músculos, aumentando também o número de mitocôndrias (unidades produtoras de energia) das células musculares. As mitocôndrias usam esse oxigênio extra para produzir energia. Para Massaud (2001), existem três aspectos que se beneficiam com a prática de atividades físicas na água, sendo o benefício fisiológico o primeiro, onde
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acontecem benefícios imediatos, como: níveis de glicemia, atividades das catecolaminas e melhor sono, e os benefícios a longo prazo, como endurance aeróbica cardiovascular, treino com resistência, fortalecimento muscular, equilíbrio, coordenação e velocidade de movimento. Já o segundo benefício citado por Gobbi ápud Massaud (2001), é o psicológico, que de imediato apresenta o relaxamento, redução do estresse e da ansiedade e melhora o estado de humor. A longo prazo, destacam-se o bem-estar geral, a saúde mental melhorada, desenvolvimento cognitivo, controle motor, performance e aquisição de habilidades. Finalmente, o terceiro aspecto é o social, sendo os seguintes aspectos imediatos: fortalecimento de indivíduos de diversas idades, melhoria da integração social e cultural e os efeitos a longo prazo são: integração aumentada, formação de novas amizades, ampliação das redes culturais e sociais, melhoria das atividades intergerações.
A água oferece outros benefícios para o corpo: ele está submetido a duas forças: gravidade e flutuação; ela pode ser utilizada como resistência ou assistência ao movimento, dependendo da direção em que é realizado o movimento; a força do empuxo alivia o peso aliviando a pressão sobre as articulações; o retorno venoso fica mais fácil; a atenuação dos efeitos da gravidade reduz o volume de sangue nos membros inferiores, aumentando o volume sangüíneo na região do tórax. Outras partes do corpo são privilegiadas com a hidroginástica: os pés, joelho, panturrilha, coxas, quadril, nádegas, diafragma, costas, caixa torácica, ombros, braços, pescoço e músculos da face (Di Mais, ápud Santo, 2003).
Percebe-se então que são várias as reações promovidas pelo meio líquido ao corpo humano por causa da pressão hidrostática, da condutibilidade térmica, da viscosidade e das densidades diferentes, nas quais são diversas daquelas experimentadas em terra. As diferenças afetam o sistema cardiovascular (coração, pulmões e vasos sangüíneos), o músculo-esquelético (força, resistência e flexibilidade) e o excretor (rins), alterações benéficas promovendo a saúde pela prática de exercícios moderados.
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4.3.2 O movimento na água O domínio do meio aquático também é facilitado com auxílio dos movimentos básicos da natação, principalmente com crianças e idosos em busca de reeducação funcional. Considera-se ainda a importante influência que os acessórios utilizados podem exercer ao modificar as forças atuantes durante um determinado movimento (Caramano, 2005).
4.3.3 Análise dos movimentos em meio líquido O desequilíbrio pode ser voluntariamente provocado principalmente visando à mudança de postura, tanto a partir de bipedestação quanto nos decúbitos. Provocar desequilíbrios e ensinar o autocontrole auxilia o indivíduo a obter maior controle corporal, que varia desde a normalização de amplitudes de movimento, força e tônus muscular, melhora no condicionamento físico até a deambulação. A forma de execução do movimento está relacionada com o objetivo a ser atingido e também com possíveis alterações físicas da pessoa, decorrente ou não de processos patológicos. Cabem maneiras de alterá-los de modo a produzir o movimento desejado, de maneira seqüencial e controlado (Caramano, 2005).
4.3.4 Alterações fisiológicas por meio da atividade no meio aquático A técnica de imersão de um indivíduo em uma piscina termoneutra foi inserido pela primeira vez em uma pesquisa fisiológica em 1924 por Bazett. E, segundo Risch, a imersão de qualquer pessoa em uma banheira termoneutra provou ser um expediente útil para gerar alguma distensão no coração e para estudar efeitos mecânicos secundários e de reflexo (Risch ápud Massaud, 2001).
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Pode-se esperar que o exercício físico aquático produza reações fisiológicas diferentes daquelas ao ar livre, devido tanto ao efeito hidrostático da água no sistema cardiorrespiratório, como à sua capacidade de intensificar a perda de calor comparada ao ar (Aveiline ápud Massaud, 2001).
Diferentes temperaturas de água podem produzir reações fisiológicas diferentes, tais como:
na FC; no V02 máx; na relação FCNO2 máx; no estresse térmico; no fluxo sangüíneo; nas capacidades pulmonares; nas trocas gasosas; no índice cardíaco; nas concentrações de lactato sangüíneo. As atividades aquáticas apresentam uma tendência menor em provocar lesões e traumatismos, em relação às atividades desenvolvidas fora da água, como conseqüência do efeito da flutuação do corpo (Massaud, 2001).
Comenta-se ainda que os exercícios na água fortalecem a musculatura enfraquecida, desenvolvendo força e resistência, permitindo, ainda, maior amplitude de movimento das articulações.
4.3.5 Fluxo sangüíneo Durante o exercício na água, tanto o retorno venoso como o volume da pulsação é afetado pela combinação da pressão aumentada nas regiões inferiores
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do corpo e da temperatura da água, as quais tendem a deslocar o volume periférico sangüíneo para a região central do corpo. Uma vez que a produção cardíaca é a mesma na água e no solo ao mesmo V0 2máx, os indivíduos que se exercitam em água fria devem atingir o mesmo resultado de trabalho (esforço), com batimentos cardíacos significativamente mais baixos (Rennie 1971, McArdle 1976, ápud Massaud 2001).
4.4 O Trabalho Aeróbico na Hidroginástica A hidroginástica pode ser considerada uma atividade física muito abrangente, pois utiliza os benefícios e as reações que a água oferece, aproveitando-se da resistência da água como sobrecarga, realizando um trabalho de musculação com trabalho aeróbico e, ainda, a massagem. Tem como vantagens a melhora da resistência aeróbica, da resistência muscular localizada, da flexibilidade, da diminuição do percentual de gordura e da FC de repouso, com menor risco de lesões articulares, e ainda o treinamento aeróbico aumenta a resistência cardiovascular e muscular, diminui a FC de repouso e proporciona redução do percentual de gordura (Grimes e Krasevec, s.d., e Kruel, 1996, ápud Miranda e Lobato, 2000).
Exercícios aeróbicos causam o fortalecimento e o aumento da eficiência do sistema cardiovascular, tendo como finalidade: aumentar a capacidade aeróbica do coração e dos pulmões; elevar a freqüência cardíaca entre 65 e 85% da FCmax; e manter a freqüência cardíaca dentro da zona ideal de esforço, de acordo com a idade e o objetivo do aluno (Bonachela ápud Miranda e Lobato, 2000).
4.4.1 A atividade física aeróbica de alto impacto e suas implicações A Ginástica Aeróbica de Alto Impacto envolve grande sobrecarga sobre as estruturas articulares de suporte do peso corporal. Geralmente são caracterizadas
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por movimentos em que há a perda do contato dos dois pés simultaneamente com o solo, como acontece nos saltos e saltitos e na corrida, quando é comum uma aterrissagem mais brusca (Rodrigues, 1993). Segundo Rodrigues, nesse tipo de atividade a pessoa é um corpo e a superfície onde se realiza o exercício é o corpo contra o qual acontece a colisão.
O autor aborda ainda que as sobrecargas aplicadas às articulações nesse tipo de atividade incluem forças longitudinais, de translação e de rotação.
Descrevendo o assunto do alto impacto na Ginástica Aeróbica, Rodrigues (1993), comenta também a seguinte questão: “O problema na Ginástica Aeróbica não é o impacto, mas a contração muscular do tipo excêntrica que ocorre para amortecer o impacto. Nesse tipo de contração a tensão muscular é maior e sua repetição em grande número pode produzir micro-lesões musculares”.
Desta forma então há uma grande parte do prejuízo causado às articulações, e é devido não à sustentação do peso corporal, mas à contração muscular decorrente.
No Manual do Instrutor de Ginástica Aeróbica da IDEA FOUNDATION ápud Rodrigues (1993), é descrito que o impacto, como qualquer forma de estresse físico, pode causar no organismo dois tipos de reação: ou o corpo reage tornando-se mais forte ou mais fraco. Estresse excessivo e continuado debilita o organismo e isso geralmente resulta em problemas crônicos. Os problemas crônicos têm por característica um desenvolvimento gradual e não podem ser associados a um incidente específico. Normalmente, esse tipo de problema persiste por várias semanas, muitas vezes sem alteração do quadro clínico. O indivíduo acometido pode apresentar sintomas de desconforto, inchaço e limitação dos movimentos articulares.
Se, no entanto, um problema crônico continuar a sofrer estresse, pode se tornar um problema agudo, o qual ocorre quando uma área já debilitada é forçada além dos seus limites normais. Os problemas agudos geralmente têm sua causa
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associada a um incidente específico e o seu quadro clínico se consolida de forma mais brusca. Os sintomas são: dor localizada, inchaço localizado, limitação dos movimentos e dificuldade na utilização da área afetada. Às dores na região anterior da perna, por exemplo, são consideradas problemas crônicos por excesso de uso. Se elas são ignoradas e os níveis de atividade física não são diminuídos, isso pode resultar em uma “fratura de estresse” a qual, como veremos, pode ser classificada como um problema agudo (Rodrigues, 1993).
Já os problemas agudos podem também ocorrer sem estarem relacionados com problemas crônicos prévios, como no caso de uma entorse de tornozelo. Podese identificar um problema agudo quando ocorre um incidente e este imediatamente impede a pessoa de continuar se exercitando.
Os locais do corpo mais atingidos pelo estresse durante a atividade física aeróbica de alto impacto são: pés, tornozelos, joelhos, pernas e a região lombar da coluna dorsal.
Quanto aos fatores associados às lesões devidas ao impacto, o autor cita as seguintes:
calçados inadequados, sem proteção reforçada na região plantar e do calcanhar; superfícies duras ou irregulares; técnicas inadequadas de exercício; falta de exercícios apropriados ao aquecimento. Dentre as lesões mais comuns durante a atividade física aeróbica de alto impacto encontra-se segundo o autor: fraturas de Estresse: fissuras ósseas que podem resultar em fraturas completas; inflamação no tendão calcâneo;
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dores na região anterior (tibial) das pernas; neuromas interdigitais: pinçamento dos nervos interdigitais; metatarsalgias: dores na região imediatamente abaixo dos dedos, na porção anterior da planta dos pés; fascites plantares: inflamação da fáscia plantar; dores lombares; entorses de tornozelo; e outros...
4.4.2 A atividade física aeróbica de baixo impacto e seus benefícios As atividades físicas de baixo impacto, por convenção, são aquelas em que, é mantido sempre um dos pés em contato com o solo. Trata-se, portanto, de um tipo de atividade física menos exigente e mais segura, pois proporciona menos estresse nas estruturas articulares pelo impacto (Rodrigues, 1993).
Ainda, segundo o autor, “Os possíveis benefícios da Ginástica Aeróbica de Baixo Impacto estão apenas começando a ser documentada”. Rodrigues seguiu: “Um estudo de Yoke e colaboradores (1983) ápud Barbanti, avaliou o custo metabólico da Ginástica Aeróbica de Baixo Impacto. Eles verificaram que ela não providencia um estímulo aeróbico suficiente. Outro estudo, abordado por Rodrigues, foi o idealizado por Williford e colaboradores (1989), verificando-se também que ela não atendia as exigências de intensidade para adaptações cardiovasculares”. E conclui que: “A Ginástica Aeróbica de Baixo Impacto deveria ser realizada com alta Intensidade para atingir um limite aceitável”.
Foram exatamente considerações desse tipo que provocaram adaptações nos programas de Ginástica Aeróbica de Baixo Impacto, enfatizando-se a utilização de movimentos amplos dos braços no sentido de envolver mais grupos musculares na atividade e conseguir, assim, alcançar índices razoáveis em termos de batimentos cardíacos (Rodrigues, 1993).
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No Manual de Treinamento Reebok Bodywalk (1993), Rodrigues entendeu que as atividades de baixo impacto como caminhar em um ritmo moderado a rápido podem aumentar o condicionamento aeróbico. Rodrigues (1993), aponta, ainda, que a caminhada, segundo outros estudos citados na mesma obra, está associada também à:
redução do risco de doenças cardiovasculares; ao
aumento
da
densidade
óssea,
reduzindo
o
risco
de
desenvolvimento de osteoporose em adultos sedentários; redução dos efeitos do estresse psicossocial; baixa freqüência de lesões durante a sua prática.
Quanto a este último item, especificamente, descobriu-se também que caminhar a velocidades de 3 milhas (cerca de 4,8 Km) por hora produz forças de impacto verticais que têm por volta de 1,25 vez o peso corporal, enquanto correr a 7 milhas (cerca de 11,2 Km) por hora aumenta as forças de impacto vertical a mais do que 2,5 vezes do peso corporal (Rodrigues, 1993).
Regra geral; quanto menos estresse uma atividade física impõe às estruturas corporais, menores os índices de lesões. Assim, podemos concluir que as Atividades Físicas Aeróbicas de Baixo Impacto como a caminhada, a hidroginástica, o step e a Ginástica Aeróbica de Baixo Impacto podem ser considerados mais benéficas à saúde humana do que as Atividades Físicas de Alto Impacto como a corrida, produzem efeitos benéficos semelhantes com um risco menor de lesões (Rodrigues, 1993).
Apesar de fugir à regra de manutenção de um dos pés em contato com o solo durante a realização dos exercícios, a hidroginástica, devido ao fator de sustentação proporcionado pela água, deve ser considerada uma atividade física de baixo impacto (Rodrigues, 1993).
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Além disso, devido às propriedades físicas da água e a sua ação mecânica, a hidroginástica
oferece
resultados
muito
mais
completos
em
termos
de
desenvolvimento das qualidades físicas básicas do que qualquer outro tipo de programa de condicionamento físico, considerado isoladamente.
Todas essas características da hidroginástica fazem dela, bem como das demais atividades aeróbicas de baixo impacto, atividades físicas ideais para iniciantes, idosos, obesos, gestantes, portadores de condições ortopédicas, enfim, qualquer pessoa habilitada pela área médica à prática de exercícios físicos (Rodrigues, 1993).
4.4.3 Hidroginástica e as reações fisiológicas no organismo Para Rocha (1994), o corpo humano quando é imerso na água para a realização da hidroginástica, é desencadeada uma série de reações fisiológicas no organismo, o qual reage diferentemente a cada situação de esforço ou imersão. Estas reações podem ocorrer devido a inúmeros fatores, entre os quais:
temperatura da água; contato do corpo com o meio líquido; imersão e duração da imersão; tempo de duração da atividade; saída do corpo da piscina e repouso; intensidade e duração do exercício.
A freqüência cardíaca é um parâmetro indicador de intensidade de esforço ao qual o praticante está sendo submetido, fazendo com que ele, dessa forma, possa se exercitar com segurança, sem colocar em risco a saúde, obedecendo-se os efeitos desejados, de acordo com o objetivo almejado.
Hidroginástica
As
alterações
92 fisiológicas
induzidas
pela
hidroginástica
dependem
essencialmente da intensidade e da sobrecarga. A intensidade do exercício reflete tanto o custo calórico do trabalho quanto o dos sistemas energéticos específicos ativados. Por intermédio do trabalho aeróbico, o sistema cardiovascular se beneficia, uma vez que ocorre melhoria na circulação e diminuição do ritmo cardíaco e da pressão arterial. Quanto mais forte e eficiente for a capacidade aeróbia, menor será a solicitação do coração, maior será a capacidade de execução do exercício e a capacidade de suportar o estresse, e maior será a sensação de bem-estar (Massaud, 2001).
4.4.4 Benefícios da hidroginástica A hidroginástica emagrece, melhora o condicionamento físico geral, melhora a força, a postura, melhora a flexibilidade, ajuda no combate ao colesterol, equilibra a pressão arterial, combate o estresse, melhora a depressão, melhora a sociabilidade, rejuvenesce o corpo, aumenta a capacidade respiratória, estimula a digestão, a circulação, o sistema imunológico e alivia dores pós e pré-operatórias e após traumas músculo-esquelético, age sobre a pele e os músculos, acalma os pulmões, coração, estômago e sistema endócrino, estimulando os reflexos nervosos na espinha dorsal (Santo, 2003).
A hidroginástica aumenta a qualidade de vida evitando problemas de saúde. Delgado ápud Santo (2003), enumerou alguns sintomas e doenças que a prática de hidroginástica ajuda a contornar:
reduzir dores causadas por artrite; diminuir a depressão; reduz os níveis de estresse; melhorar a resistência física.
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4.4.5 Vantagens de se trabalhar com hidroginástica Bandini (2006), em sua apostila de Hidroginástica, expõe algumas vantagens e desvantagens de se trabalhar com esta atividade:
A) Vantagens:
movimentação corporal facilitada pela sustentação (flutuação) em relação ao peso corporal aliviado em 90% dentro d‟água. A água auxilia nos exercícios mais difíceis; ausência de impacto nas articulações, músculos e coluna podem ser trabalhados com mais segurança; ambiente descontraído com alunos mais à vontade, relaxados, sem preocupação com a silhueta no espelho ou com a roupa que estão usando, ou com a falta de coordenação de habilidade, pois dentro d‟água os alunos não se enxergam direito; melhora a autoconfiança, o indivíduo consegue realizar movimentos dentro d‟água, que seriam impossíveis em terra mesmo aqueles que não sabem nadar podem praticar a hidroginástica. a hidroginástica diminui dores e espasmos musculares devido ao efeito massageador da água; performance global, musculatura agonista e antagonista trabalhando igualmente (resistência da água); ausência do desconforto da transpiração; a água é um bom condutor de energia. sobrecarga natural pela resistência da água. B) Desvantagens da Hidroginástica:
trabalho muito subjetivo (pouca pesquisa); difícil avaliação;
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profissionais mal orientados.
4.5 Música como Motivação A música é indispensável para as atividades de hidroginástica, ela estabelece cadência despertando prazer para as pessoas. É provável que a música propicie a liberação de endorfinas, que por sua vez induzem a uma sensação de euforia e aliviam a dor, assim com a música fica mais fácil e benéfico (Santo, 2003).
Usa-se a música para tornar os movimentos na água mais agradáveis, o prazer aumenta e há o envolvimento do grupo, pressupõe-se que os exercícios estejam em sintonia com o ritmo, por isso ela deve ditar, indiretamente, a quantidade de esforço aplicada ao exercício específico.
Em comparação com movimentos em terra, na água os movimentos com música tendem a ser de modo mais lento, a resistência natural da água torna impossível fazer atividades em grande escala na mesma velocidade.
A música de exercício habitual tem cerca de 100 a 120 batidas por minuto e a resistência da água impede que a pessoa se movimente com tal rapidez. A música tem que passar uma sensação agradável aos participantes, e essa sintonia será percebida pelos alunos, pois na água há maior possibilidade de realizar coreografias do que nas atividades em terra (Baun ápud Santo, 2003).
Rodrigues (1993), relata que a música é um fator essencial para a prática da hidroginástica. Trata se de uma linguagem universal que exerce uma influência extremamente excitante, contagiando a todos. Ela deve ser utilizada como um meio para motivar os alunos, tornando a aula mais agradável e menos cansativa.
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4.5.1 Sociabilização Com a prática da hidroginástica, o indivíduo estabelece uma relação com seu próprio corpo, adquirindo auto-estima, confiança. A hidroginástica proporciona a qualquer faixa etária o desenvolvimento e resgate de habilidades que muitas vezes passam despercebidas.
O contato com pessoas da mesma faixa etária e mesmo de idades diferentes permite ao indivíduo participar e interagir de atividades descontraídas e saudáveis, estimulando a relação de amizade e cooperação.
4.6 Conclusão A hidroginástica ao longo dos últimos 25 anos vem atuando como uma ferramenta cada vez mais utilizada não apenas na recuperação de lesões, mas também na área de desenvolvimento e manutenção do condicionamento físico, sociabilização, elevação da auto-estima e diminuição dos níveis de estresse.
Nessa atividade física os exercícios são realizados em meio líquido e promovem maior capacidade de resistência ao estresse, mais energia e disposição, melhorando assim a auto-estima. Há, também, uma menor possibilidade de contrair doenças, aumentando a resistência à fadiga, reduzindo muito a possibilidade de impacto para a coluna, joelhos e tornozelos que podem ser produzidos por pequenos saltos. Não provoca inflamação nos tendões ou contraturas musculares, sendo que a resistência da água enrijece o tônus muscular, chegando a recuperar lesões causadas por esportes de impacto, ou até mesmo ocorridos por outros motivos. Propicia, ainda, o relaxamento corporal, emocional, melhora na qualidade do sono eliminando a possibilidade de insônia.
Praticamente
qualquer
pessoa
pode
praticar
essa
atividade,
independentemente de sua condição física, sejam jovens ou não, obesos, gestantes
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e inclusive quem não sabe nadar, pois no momento em que o indivíduo entra na água para realizar os exercícios de hidroginástica estará melhorando sua autoestima, o humor e diminuindo os níveis de estresse, baixo-astral, ansiedade e outros impulsos, além do que estará propiciando o cultivo de muitas amizades, o que possibilita uma melhor sociabilização dos praticantes, fator que contribuirá em muito para a vida do policial militar.
Qualquer benefício para a saúde, em relação aos exercícios, só acontecerá de forma mais segura e rápida, se realizados na água. Pode-se obter melhorias nesse tipo de atividade física como as citadas neste capítulo, mas para praticá-la é preciso vencer o maior obstáculo que é o compromisso em realizá-la com isso, é necessário o estabelecimento de metas para que os objetivos aqui catalogados sejam alcançados.
Capítulo
5
5
CASJ / PAAPM
Dedica-se este capítulo totalmente à apresentação do Centro de Assistência Social e Jurídico (CASJ) e à apresentação do Programa de Acompanhamento e Apoio ao Policial Militar (PAAPM), tendo como fonte de toda pesquisa bibliográfica a página do CASJ junto à Intranet da Polícia Militar do Estado de São Paulo, entretanto, apresenta-se inicialmente a finalidade do CASJ e do PAAPM que é a promoção do acompanhamento psicológico, baseado em critérios técnicos e profissionais, para o restabelecimento do equilíbrio biopsicossocial e espiritual, objetivando a readequação da atitude e do comportamento do policial militar frente aos desafios e as exigências da função.
5.1 Resumo Histórico A criação do Centro data de 27.12.85 e, a época, ainda era denominado Centro de Assistência Social, Religiosa e Jurídica, contando com a participação da Capelania da Polícia Militar em seus quadros. Passando à denominação de Centro de Assistência Social e Jurídica desde 31.12.99, tem por missão promover o atendimento com eficiência e eficácia aos que procuram por assistência, a fim de primar pelo bem-estar biopsicossocial e espiritual, de modo a favorecer a saúde e o desenvolvimento do potencial humano. Desta forma o CASJ propicia, por meio de um efetivo formado por policiais militares e por civis, todos altamente qualificados, recursos nas áreas psicológica, assistencial e jurídica. Na área psicológica, o CASJ atua em três frentes: atendimentos psicoterápicos em grupo, individual e casal.
São aplicados testes psicológicos que permitam constatar alterações emocionais, muitas vezes desconhecidas ao próprio policial militar, porém, estes testes devem viabilizar ações profiláticas em prol da sua saúde mental.
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São realizados ainda estudos que tornem possível mensurar quais as principais problemáticas encontradas na Instituição, e com isso adotar medidas preventivas, tais como palestras e workshops, junto à tropa.
Nos campos social e jurídico, realizam-se intervenções profissionais no acompanhamento e encaminhamento de policiais militares e familiares que porventura vivenciem situações de conflito que requeiram tais ações. Além disso, são tratados assuntos relacionados à pensão alimentícia e ao cadastramento junto ao Programa Habitacional.
5.1.1 Seção de orientação psicológica Tem por mister atuar na área específica de saúde mental, contribuindo para a compreensão dos processos intrapessoais. Fazer psicoterapia e ministrar palestras, utilizando enfoque curativo e preventivo. Realizar intervenção psicoterapia, buscando sempre a integração dos policiais militares de forma equilibrada no convívio social, familiar e profissional.
5.1.2 Seção de pesquisa Tem por finalidade o objetivo de desenvolver, realizar e coordenar projetos que visam à saúde mental do policial militar. Fundamentado nos resultados obtidos no Programa de Valorização Humana, atualmente está sendo implementado o Programa de Prevenção em Manifestações Suicidas e o Programa de Preparação para Inatividade, além de serem oferecidas palestras de conscientização em vários temas. Existe ainda a constante busca de novas sociedades com outras Instituições, bem como a sustentação das já existentes, a fim de permitirem um melhor respaldo técnico-científico aos projetos e ainda apresentar um atendimento de qualidade, em prol da saúde mental do policial militar e da Instituição como um todo.
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5.1.2.1 Programa de valorização humana
Tem a finalidade em conhecer as reais condições biopsicossociais do policial militar nas respectivas Unidades, considerando suas atividades exercidas. Tem como objetivo principal realizar um levantamento de dados para fins de elaboração de projetos que venham ao encontro das necessidades da Instituição, além de possibilitar, por meio das entrevistas devolutivas oferecidas aos interessados, orientação psicológica e/ou encaminhamento a profissionais da área de saúde mental.
5.1.2.2 Programa de prevenção em manifestações suicidas
Esse programa é destinado aos Policiais Militares ativos e inativos, e tem por finalidade conscientizar o policial sobre a problemática do suicídio, assim como auxiliá-lo no seu processo de autoconhecimento, promovendo o bem-estar de sua saúde mental. O programa inclui palestras nas unidades sobre prevenção às manifestações suicidas e atendimentos psicológicos na Clínica de psicologia do CASJ. As unidades podem solicitar a palestra “Prazer em Me Conhecer” que trata sobre fatores de risco no tocante à saúde mental, além do que podem ser encaminhados ao CASJ policiais militares que necessitem de orientação e atendimento psicológico.
5.1.3 Atendimento psicológico O CASJ dispõe de uma Clínica de Psicologia a qual realiza intervenção psicoterápica, com a finalidade em auxiliar o policial militar em seu equilíbrio psíquico, além de favorecer seu relacionamento interpessoal, tanto em seu local de trabalho e de seus familiares.
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O setor disponibiliza ainda uma Subseção de Acompanhamento Psicológico, cuja finalidade é atuar na área específica de saúde mental, contribuindo para a compreensão dos processos intrapessoais. Faz seções de psicoterapia e ministrar palestras, utilizando enfoque curativo e preventivo. Realiza intervenção psicoterápica buscando sempre a integração dos policiais militares de maneira equilibrada no convívio social, familiar e profissional, bem como atuar diretamente no Programa de Prevenção e Recuperação de Dependentes Químicos na Polícia Militar.
5.2 PAAPM Em outubro de 1999, o CASJ passa a administrar o Programa de Acompanhamento a Policiais Militares envolvidos em Ocorrências de Alto Risco (PROAR) atual Programa de Acompanhamento e Apoio ao Policial Militar (PAAPM), cujo objetivo é apoiar o policial militar, e prevenir problemas oriundos do resultado de ocorrências traumáticas.
Em 15 de fevereiro de 2002, as linhas e diretrizes referentes ao emprego de técnicas da Psicologia em estrita consonância com o preconizado pelo Conselho Regional de Psicologia.
Desta forma, com tal processo de aperfeiçoamento e de otimização, foram eliminados os critérios genéricos tais como aqueles que estabeleciam uma tabela de prescrições obrigatórias, sem se ater de modo individualizado à real participação e envolvimento de cada policial militar.
Passou-se a adotar como critério norteador para eventual inclusão do policial militar no programa, a avaliação psicológica individual, o que fez com que esse novo trabalho passasse a contar com embasamento estritamente científico promovendo alterações no programa, e obtiveram os seguintes resultados:
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o Conselho Regional de Psicologia aprovou a reformulação, que inclusive recebeu elogios quanto à nova estrutura; passou-se a enfatizar o emprego de técnicas modernas de Psicologia; a ênfase passou a ser a adoção de um trabalho de prevenção, tendo como objetivo o reequilíbrio psico-emocional.
Assim, o novo programa passou a ter como objetivo principal a promoção da perfeita interação do policial militar com a sociedade.
5.2.1 Regulação do PAAPM Com a elaboração da Nota de Instrução nº PM3-003/02/02, de 15Ago02, criou-se o Programa de Acompanhamento e Apoio ao Policial Militar, cuja finalidade formada nessa N. I. é estabelecer novos parâmetros e normas técnicas, visando otimizar os procedimentos, no que tange à prevenção e restabelecimento da saúde mental do policial militar, em razão do exercício das Atividades Constitucionais de Preservação da Ordem Pública e de Polícia Ostensiva, além da natureza das ocorrências policiais de alto risco, possibilita, em última escala, o confronto entre policiais militares e infratores, advindo, muitas vezes, o resultado morte, que coloca a Polícia Militar em situação delicada perante a sociedade, imprensa e outros segmentos ligados aos Direitos Humanos e Cidadania do Brasil e Exterior.
Não obstante, entende-se por “Ocorrência de Alto Risco” todo episódio de qualquer natureza que atente ou simule perigo ou altíssima probabilidade. Os “Eventos Críticos” são aqueles relativos ao gerenciamento de uma crise, com conseqüências graves e imprevisíveis, com pouco tempo para articulação de possibilidades e decisão. As “Circunstâncias Trágicas”, por sua vez, são ocorrências vinculadas a uma tragédia e trazem no seu conteúdo aspectos sinistros e funestos, todos eles caracterizam ocorrências graves e causam ao agente interventor (policial militar) estresse com diretas decorrências orgânicas e emocionais, que podem interferir casualmente no resultado das ocorrências.
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As reações de estresse podem ser propiciadas pela exposição involuntária a uma ocorrência grave, ocorrendo quando as respostas emergenciais são envolvidas em aspectos confusos e superam a habilidade pessoal do agente, podendo desaguar em conseqüências físicas, emocionais ou ambas.
O objetivo do PAAPM é agir, preventivamente, em favor ao restabelecimento da saúde mental do policial militar, a fim de readequar a atitude do policial militar que se envolveu em ocorrências de alto risco, conduzindo-o aos padrões doutrinários da atividade desenvolvida pela Corporação, restabelecer o equilíbrio psico-emocional do policial militar, favorecendo o desenvolvimento pessoal e o conseqüente uso produtivo de suas potencialidades, promover a perfeita interação do policial militar com a sociedade, de modo a garantir uma relação cordial e profissional com todos os segmentos, enaltecendo os valores ligados à vida, à integridade física e à dignidade humana, e não aceitando o evento “morte” como resultado natural do trabalho policial, quando do inevitável confronto com os marginais, fortalecer os princípios da hierarquia e disciplina, através da depuração de valores contrários aos da Instituição, fortalecendo as normas, regulamentos e leis que regem a atividade policial-militar, trabalhar para que se evite o resultado morte e/ou lesão corporal nas ocorrências de grande vulto, buscando esgotar todos os meios disponíveis e necessários para a segura detenção dos infratores (não letalidade) , salvaguardando assim a integridade do(s) policial(is) militar(es), da comunidade e do(s) infrator(es); e buscar a maximização da qualidade na prestação de serviço e, principalmente, preservar a integridade física dos policiais militares e das pessoas envolvidas em ocorrências policiais, minimizando o grau de exposição ao risco, além de reduzir os efeitos
traumáticos,
por
ventura
ocasionados
aos
policiais
militares
que,
eventualmente, se envolvem em acidentes de trânsito, quando da condução de viaturas PM.
Capítulo
6
METODOLOGIA ADOTADA NA PESQUISA
Este capítulo mostra os resultados da pesquisa bibliográfica sobre o estado de saúde geral dos policiais militares, os níveis de estresse, os agentes estressores, as dores e incômodos, nível de atividade física, a qualidade de sono, etc. O intuito é demonstrar que o policial é vulnerável, como qualquer outro profissional, uma vez que esta profissão é uma das mais estressantes em todo o mundo, sendo a hipótese argumentada pelo pesquisador.
6.1 Análise e Interpretação dos Dados da Pesquisa
O professor Yvens Martini Catalano, no Seminário sobre Qualidade de Vida, no Centro de Capacitação Física e Operacional (CCFO), no mês de set.2005, discorreu a respeito do assunto retro citado, apontando várias vertentes e entre elas alguns dados estatísticos interessantes a serem comentados nesta pesquisa monográfica.
É importante apontar ainda a pesquisa que o Centro Social de Cabos & Soldados realizou no ano de 2004, junto à Polícia Militar do Estado de São Paulo, descrevendo os percentuais de policiais militares estressados, em quais níveis se encaixam e qual tipo de tratamento foi utilizado.
Por meio dos gráficos, segue a análise e interpretação dos dados da pesquisa elaborada.
Metodologia Adotada na Pesquisa
104
O gráfico a seguir demonstra o número de policiais militares pesquisados, tendo um 8.157, os quais foram analisados em 174 OPM, sendo divididos em 93,8% policiais masculinos e 6,2% policiais femininos.
100,00% 50,00% 0,00%
1
Masculino
93,80%
Feminino
6,20%
Gráfico 1 -
% de Policiais pesquisados
Catalano, Seminário sobre Qualidade de Vida. set.2005.
Dando seqüência do que foi extraído da pesquisa, o próximo gráfico descreve que, do total dos policiais militares pesquisados, 63,30% estão no serviço operacional e 36,70% no serviço administrativo.
100,00% 50,00% 0,00%
1
Operacional
63,30%
Adm
36,70%
Gráfico 2 -
Área de Trabalho
Catalano, Seminário sobre Qualidade de Vida. set.2005.
O próximo gráfico expõe que, dos policiais pesquisados, 72,50% estão com os níveis de tensão normal, 16,60% estão alterados e 10,90% estressados, o que perfaz, respectivamente em números inteiros, o seguinte:
5914 policiais com níveis de tensão normal;
Metodologia Adotada na Pesquisa
105
1354 policiais com níveis de tensão alterada; 889 policiais estressados. Níveis de tensão emocional (auto-sugestão) 10,90% 16,60% 72,50%
Normal
Alterada
Gráfico 3 -
Estressados
Níveis de tensão
Catalano, Seminário sobre Qualidade de Vida. set.2005.
No gráfico quatro são apontadas as fases de estresse em que os policiais se encontravam quando da pesquisa, resultando que 4865 (59,64%) se enquadram na fase de resistência, 2348 (28,78%) se enquadram na fase de quase exaustão e por último 945 (11,58%) dos policiais analisados se encaixam na fase de alerta, sendo que estas fazes podem ser analisadas no capítulo 2 “ESTRESSE”, subitem 2.1.4.
Percebe-se na pesquisa que nenhum policial militar submetido ao questionamento foi encontrado na fase de exaustão, que é aquela extremamente desgastante, sendo que o indivíduo fica estagnado, entregue a graves doenças, como a depressão, sem conseguir encontrar saída, e o estresse pode até abreviar a sua vida.
Estado do estresse em PM Alerta 11,58% Resistên cia 59,64%
Quase Exaustão 28,78%
Metodologia Adotada na Pesquisa
106
Gráfico 4 -
Fases do Estresse
Catalano, Seminário sobre Qualidade de Vida. set.2005.
Já na pesquisa realizada pelo Centro Social de Cabos & Soldados, é demonstrado que 865 policiais militares de batalhões da região central de São Paulo, revelando que destes, 516 (59,64%) se enquadram na fase de resistência ao estresse, 249 (28,78%) se enquadram na fase de quase exaustão ao estresse e 100 (11,58%) se enquadram na fase de alerta ao estresse.
Estado do estresse em PM
Estado de alerta
100
249
516
Estado de Quase Exaustão Estado de Resistência
Gráfico 5 -
Fases do Estresse
Jornal dos Cabos & Soldados. dez.2005.
No gráfico seis, foi analisada na pesquisa a qualidade de sono dos policiais militares, expressando que do total de 8157 pesquisados, 294 (3,6%) péssima, 1419 (17,4%) ruim, 4813 (59,0%) bom, 1109 (13,6%) ótima e 473 (5,8%) excelente.
Qualidade do Sono
Ó t im a Ex ce le nt e
Bo m
m Ru i
Pé ss i
m
a
80,00% 59,00% 60,00% 40,00% 17,40% 13,60%5,80% 20,00% 3,60% 0,00%
Seqüência1
Metodologia Adotada na Pesquisa
Gráfico 6 -
107
Qualidade do sono dos PM
Catalano, Seminário sobre Qualidade de Vida. set.2005.
O gráfico a seguir aponta os números de horas de sono declarada pelos policiais, em que 400 policiais dormem até 4 horas, 1134 policiais dormem até 5 horas, 2586 dormem até 6 horas, 2977 dormem até 7 horas e 473 policiais dormem mais de 8 horas de sono por dia. Entretanto, recomenda-se 7 a 8 horas de sono para um descanso normal de uma pessoa, mas isso varia de pessoa para pessoa.
Horas de sono por noite 40,00%
36,50%
31,70%
30,00% 13,90%
20,00%
5,80 %
4,90%
10,00% 0,00%
até 4 horas
até 5 horas
Gráfico 7 -
até 6 horas
até 7 horas
mais de 8 horas
Horas de sono do PM
Catalano, Seminário sobre Qualidade de Vida. set.2005.
Na tabela a seguir, verificou-se os níveis de dores ou incômodos resultantes da tensão emocional, sendo importante apontar que dentre os policiais pesquisados dentre os que se declararam estressados, 38,2% sentem sonolência e 49,5% sentem dores na região lombar.
Tensão emocional
Punho Ombro Pescoço Cabeça Sonolência
Acidez estomacal
Lombalgia Média
Normal
3,3
6,9
6,8
7,2
9,3
10,7
16,1
8,6
Alterada
9,9
21,0
20,8
19,9
27,5
28,7
36,0
23,4
Estressada 14,8
27,6
37,2
30,8
38,2
34,7
49,5
33,3
Tabela 1 -
Dores X Tensão emocional
Metodologia Adotada na Pesquisa
108
Catalano, Seminário sobre Qualidade de Vida. set.2005.
O gráfico oito apresenta a relação do percentual da tensão emocional e a atividade física, podendo-se concluir que o maior número de alterados e estressados encontra-se entre os policiais sedentários.
Tensão emocional X Atividade física 100 50 0
79
73
65 20 15
17 10
78 13 8
13 9
Sedentário
Pouco Ativo
Ativo
Muito Ativo
Normal
65
73
79
78
Alterada
20
17
13
13
Estressados
15
10
8
9
Gráfico 8 -
Tensão Emocional X Atividade Física
Catalano, Seminário sobre Qualidade de Vida. set.2005.
Do total de policiais militares entrevistados pelo jornal do Centro Social de Cabos & Soldados, no ano de 2004, 17,2% deles declararam que fazem uso de medicamentes para manter o controle emocional e 65,6% admitiram ter sido afastados do serviço para realizarem algum tipo de tratamento de saúde.
Para o controle emocional Medicamentos
Afastamento para tratamento
17,20% 65,60%
Gráfico 9 -
Tipo de Tratamento
Jornal dos Cabos & Soldados. dez.2005.
Metodologia Adotada na Pesquisa
109
De todo o exposto neste capítulo, mesmo que embora, tenha sido apresentada uma pesquisa que foi elaborada por Catalano e pela Associação de Cabos & Soldados, pode-se concluir que os dados aqui demonstrados corroboram com os distúrbios psicofisiológicos que os indivíduos acometidos pelo estresse podem apresentar conforme as descrições nos capítulos anteriores.
Metodologia Adotada na Pesquisa
110
CONSIDERAÇÕES FINAIS A pesquisa disponibilizou alguns conceitos necessários para entender o que é estresse. Existem inúmeras obras literárias discorrendo sobre o assunto, explorando as sintomatologias e implicações às vidas das pessoas, porém, pelo fato deste trabalho ter objetivo de implantar um programa de hidroginástica no PAAPM do qual é desenvolvido pelo CASJ, voltado a policiais militares que se envolvem em ocorrências de alto risco ou não. O aprofundamento no assunto, correlacionando-o à instituição policial militar foi relativo e carece de novas abordagens por alunos da Escola de Educação Física ou profissional interessado no tema.
Preocupou-se exclusivamente com a saúde física e mental dos policiais submetidos aos tratamentos. Essas pessoas podem aproveitar a estrutura de apoio de profissionais de educação física voltados exclusivamente aos seus problemas uma vez que eles dispõem de conhecimentos fisiológicos e de treinamento suficientes para, em conjunto com psicólogos e terapeutas, elaborar um programa direcionado capaz de incentivar, motivar, cativar e resgatar seres humanos acometidos
de
sintomas
estressantes,
ativando
substâncias
corporais
“adormecidas”, resgatando-se o humor, proporcionando-lhes melhor readequação de pensamentos, de convívio interpessoal, familiar, controle dos seus destinos e melhora da auto-estima.
A atividade de hidroginástica é fator preponderante e pode funcionar no trabalho preventivo e coadjuvante no tratamento dos sintomas de estresse, aliviando de modo significativo, o uso de drogas anti-estresse com seus efeitos colaterais, assim, uma boa estratégia em exercícios físicos apresenta-se iminente e favorável com o aproveitamento dos formados em educação física.
O programa precisa, necessariamente, ser em conjunto com psicólogos e terapeutas. Há necessidade de traçar e deixar bem claro que as metas são de resgate do ser humano num primeiro momento, sendo para isso obrigatoriamente atentar para as características da doença no sentido psicológico. As estratégias poderão ser traçadas baseadas em técnicas cognitivas ou em técnicas
Metodologia Adotada na Pesquisa
111
comportamentais. Artigos disponíveis sobre o trabalho de hidroginástica na redução de estresse são escassos, em alguns estudos os indivíduos são classificados somente por escalas de estresse e não por diagnósticos formais. Intensidade, freqüência, forma e duração do exercício não são sempre descritas, e em vários estudos medidas de capacidade física não são incluídas.
O profissional de educação física precisará interagir com as pessoas submetidas à terapia, desde os estágios iniciais do tratamento, mostrar-se vinculado a eles, assim, há necessidade de se fazer um trabalho de vinculação antes da educação física propriamente dita.
O objetivo de utilizar técnicas específicas consiste em verificar a realidade individual de cada um, de modo que elas auxiliem o paciente a lidar mais facilmente e eficientemente com os problemas situacionais e interpessoais, os procedimentos deverão ser claros, com sentido e deverá ainda “encantar”.
Sobre os treinamentos, deverão visar a formação básica geral, de formação, buscando equilíbrio, melhora do humor, união em grupo estabelecendo parâmetros de convívio social. As sessões deverão ser bem explicadas, permitindo que os clientes se manifestem suas opiniões, demonstrem as dificuldades com qualquer movimento facilitando mais conforto e vontade em enfrentar novos desafios.
Dentro da atividade aeróbia propriamente dita, a hidroginástica apresenta-se como um exemplo de atividade física na busca da redução do estresse, porém, ressalte-se que não se trata de uma solução única, pois outros exercícios poderão ser desenvolvidos desde que trabalhem em busca da melhora do humor e da motivação do grupo. A idéia inicial de trabalhar com hidroginástica, baseou-se em princípios
hidrostáticos,
na
gênese
humana,
facilidade
de
movimento
e
disponibilidade da piscina da escola de educação física gentilmente cedida pelo Comandante do CCFO, além do que a época de verão é propícia ao trabalho.
As pesquisas apontam para a utilização dos benefícios dos exercícios corporais e seus reflexos na saúde mental pela produção das substâncias químicas
Metodologia Adotada na Pesquisa
112
denominadas noradrenalina, endorfina e serotonina. A prática de exercícios físicos melhora a transmissão desses componentes promovendo alívio dos sintomas do estresse.
O estudo foi fundamental e, válido, porém carece de amadurecimento e aperfeiçoamentos técnicos, de melhor análise de profissionais das áreas, vinculados ao CASJ, com intuito de torná-lo perfeitamente eficaz, capaz de servir como avaliação para perfeito atendimento aos pacientes.
Os benefícios psicofisiológicos que a hidroginástica pode proporcionar ao indivíduo praticante desta modalidade de atividade física ainda não são totalmente conhecidos, porém torna-se essencial a preocupação de outros discentes em realizar uma revisão das matérias publicadas a respeito, e ainda acompanhar constantemente a velocidade das mudanças, pois certamente há um vasto campo a ser explorado por outras pesquisas, uma vez que o presente trabalho monográfico não tem a pretensão de esgotar o assunto.
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