Concílio Marco Aurélio - Declaração Doutrinária

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IGREJA BATISTA DE JORDANÓPOLIS Marco Aurélio Alves

MONOGRAFIA PARA CONCÍLIO VISANDO ORDENAÇÃO AO MINISTÉRIO PASTORAL

São Bernardo do Campo 2016

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IGREJA BATISTA DE JORDANÓPOLIS Marco Aurélio Alves

MONOGRAFIA PARA CONCÍLIO VISANDO ORDENAÇÃO AO MINISTÉRIO PASTORAL

Trabalho apresentado como pré-requisito para aprovação no Concílio formado pelos pastores convidados pela Igreja Batista de Jordanópolis, visando ordenação pastoral.

São Bernardo do Campo 2016

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IGREJA BATISTA DE JORDANÓPOLIS Marco Aurélio Alves

MONOGRAFIA PARA CONCÍLIO VISANDO ORDENAÇÃO AO MINISTÉRIO PASTORAL

__________________________________ PARECER DA BANCA EXAMINADORA

São Bernardo do Campo 2016

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Sumário

1. CONVERSÃO, FAMÍLIA E CHAMADO ................................................................... 6 2. DOUTRINA DAS ESCRITURAS (BIBLIOLOGIA) ................................................... 8 3. DOUTRINA DE DEUS (TEONTOLOGIA).............................................................. 12 4. DOUTRINA DE JESUS CRISTO (CRISTOLOGIA) ............................................... 15 5. DOUTRINA DO ESPIRITO SANTO (PNEUMATOLOGIA) .................................... 18 6. DOUTRINA DO HOMEM (ANTROPOLOGIA)....................................................... 20 7. DOUTRINA DO PECADO (HAMARTIOLOGIA) .................................................... 21 8. DOUTRINA DA SALVAÇÃO (SOTERIOLOGIA) ................................................... 22 9. DOUTRINA DOS ANJOS (ANGELOLOGIA) ........................................................ 24 10. DOUTRINA DAS ÚLTIMAS COISAS (ESCATOLOGIA) ..................................... 26 11. DOUTRINA DA IGREJA (ECLESIOLOGIA) ........................................................ 29 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................... 34

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AGRADECIMENTOS

Agradeço Àquele que concede tanto o querer como o efetuar, ao bondoso Deus, doador da vida, ao Senhor Jesus, meu Salvador, ao Espírito Santo, consolador presente. À minha esposa Raquel, pelo amor e companheirismo. Aos meus amigos Maurício Bulcão e Marcos Galina, que ensinam e desafiam para o serviço do Reino de Deus.

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1. CONVERSÃO, FAMÍLIA E CHAMADO

1.1.

CONVERSÃO

Na minha infância, fui conduzido a frequentar o culto cristão pelos meus tios, e tive a oportunidade de ouvir a Palavra de Deus na Igreja Batista Bíblica em Valparaiso, em Santo André/SP. Fui salvo pela graça em Cristo Jesus no ano de 1995, aos dez anos de idade. Participei das aulas sobre batismo e desci às águas dando testemunho de salvação ainda criança, no mesmo ano e Igreja. Passei um período da adolescência afastado dos caminhos do Senhor, e experimentei Sua correção amorosa. Em 2005, fui restaurado pela graça que há em Jesus, voltando à comunhão com o Senhor e com Sua igreja. Juntamente com meus tios, fomos para a Igreja Batista de Jordanópolis, em São Bernardo do Campo/SP, onde sou membro e tenho o privilégio de servir a Deus até hoje, há mais de 10 anos.

1.2.

FAMÍLIA

Em 2009, conheci a irmã Raquel Duarte C. Alves, no seminário em que ela trabalhava, com quem sou casado há 6 anos, e fomos abençoados com o nascimento do Marco Aurélio Alves Filho, que hoje está com 5 anos. Entendo que a família é minha prioridade principal de cuidado e pastoreio, aos quais Deus me deu o privilégio de amar.

1.3.

CHAMADO

Assim que fui restaurado por Deus, retornei à comunhão com a Igreja e passei a ser um jovem assíduo aos cultos. Agradeço ao irmão Claudio Dionizio, que sempre me incentivou e discipulou. Participando de uma celebração ao lado deste meu irmão e amigo, ouvi sobre o início das aulas no seminário da IBJ. Assim que

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ouvi o desafio, prontamente tive o desejo de participar, visando aprender mais e poder servir melhor a Deus, movido pela sede de conhecer mais a Jesus e dedicarme a Ele. A partir de então, fui intensificando cada vez mais minha vida de oração e dedicação à Palavra, bem como a frequência nos cultos e programações da Igreja, tendo oportunidade e sendo convidado a liderar o grupo de adolescentes e jovens. Tive oportunidade de pregar a Palavra e, mesmo consciente do despreparo para falar em público, com temor e tremor pude perceber a capacitação de Deus através do Espírito, desejando cada vez mais abençoar e edificar os irmãos, e comunicar a transformação que Jesus fez na minha vida àqueles que ainda não conheciam o Evangelho. Creio, com todo o meu coração, que Deus me chamou e tem me capacitado a pastorear o Seu rebanho. Atualmente, tenho a grande oportunidade de ser assistente do pastor Maurício Bulcão, na Igreja Batista de Jordanópolis, que tem me ajudado como mentor e discipulador na fé do nosso Senhor Jesus Cristo.

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2. DOUTRINA DAS ESCRITURAS (BIBLIOLOGIA)

A doutrina das Escrituras deve ser a base de qualquer declaração de fé ou estudo teológico, pois, sem esta base sólida (Mt.7.24), todas as demais doutrinas serão afetadas. Creio que a Bíblia Sagrada é a Palavra de Deus, Sua revelação especial, plenamente inspirada, infalível e inerrável aos homens. Por isso, Ela é autoridade máxima e verdade absoluta, perfeita e fidedigna em tudo que assegura (2 Tm.3.16). Acredito que a Bíblia é o conjunto de 66 livros divinamente inspirados, sendo 39 do Antigo Testamento, e 27 do Novo Testamento, como historicamente reconhecidos e aceitos pelas Igrejas fieis. O Antigo Testamento tem a seguinte divisão: Pentateuco (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio); Históricos (Josué, Juízes, Rute, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis, 1 e 2 Crônicas, Esdras, Neemias e Ester); Poéticos (Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cânticos dos Cânticos); Profetas Maiores (Isaías, Jeremias, Lamentações, Ezequiel e Daniel); e Profetas Menores (Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias). A divisão dos livros e epístolas do Novo Testamento é: Evangelhos (Mateus, Marcos, Lucas e João); Histórico (Atos); Epístolas Paulinas (Romanos, 1 e 2 Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, 1 e 2 Tessalonicenses, 1 e 2 Timóteo, Tito e Filemom); Epístolas Gerais (Hebreus, Tiago, 1 e 2 Pedro, 1, 2 e 3 João e Judas); e Profético (Apocalipse). Creio que a Bíblia foi milagrosamente preservada por Deus na história humana, e que a Igreja do Senhor Jesus foi conduzida pelo Espírito Santo a reconhecer a canonicidade. “A palavra cânon [...] é derivada do vocábulo grego kanom, que por sua vez provavelmente veio emprestado do hebraico kaneh, que significa junco ou vara de medir; daí tomou o sentido de norma ou regra” (BANCROFT, 1989). No Século XVI, o catolicismo Romano recepcionou 13 livros apócrifos (ou seja, ocultos), que não pertencem ao cânon (são eles: 1 e 2 Esdras, Tobias, Judite, adições a Daniel, adições a Ester, Oração de Manassés, Epístola de Jeremias,

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Baruque, Eclesiástico, Sabedoria de Salomão e 1 e 2 Macabeus). Não acredito na autoridade dos livros apócrifos como revelação de Deus.

2.1.

A REVELAÇÃO DE DEUS

Revelação é o ato de Deus, pelo qual Ele se mostra ou comunica a verdade ao homem, de tal natureza que este, por si, não poderia alcançar. “Sendo os seres humanos finitos, e Deus infinito, não podem conhecer a Deus nem ter comunhão com Ele, a menos que Ele se revele” (ERICKSON, 1992, p.41). Através da Bíblia, identificamos duas formas de revelação: a revelação geral e revelação especial. A revelação geral é o conhecimento de Deus que o homem pode alcançar através de Suas obras na criação e na história humana. Os meios tradicionais de revelação geral são a natureza, a consciência humana e o governo providencial de Deus (Sl.19.1-6; Rm.1.18-21; At.14.15-17; At.17.22-31). A revelação geral inclui basicamente argumentos nas áreas cosmológica (a existência do universo, kosmos), ontológica (a existência do ser, vida), e antropológica (a personalidade). A revelação especial “é a automanifestação de Deus para certas pessoas em tempos e lugares definidos” (ERICKSON, 1992, p.55). De modo especial, Deus trata da comunicação de Si mesmo através de sua Palavra (“logos” – Verbo). A revelação de Deus pela Palavra já foi efetivada de uma vez por todas através de Jesus Cristo, Sua “revelação máxima” (Jo.1.18; Hb.1.1-4), e das Escrituras, produzidas sob o controle do Espírito Santo (2 Tm.3.16; 2 Pe.1.20,21). Jesus Cristo é a Palavra de Deus “viva” (Jo.1.1-18), revelando a Deus de modo pleno (Cl.1.19; 2.9). Os meios da revelação especial são: os eventos históricos, o discurso divino, a encarnação e as Escrituras.

2.2.

INSPIRAÇÃO, INFALIBILIDADE E INERRÂNCIA

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Inspiração é a influência sobrenatural do Espírito Santo sobre os autores das Escrituras, que garantiu o conteúdo da Bíblia como autêntica expressão da revelação de Deus. Certamente, a maioria dos autores tinha consciência de seus escritos serem a Palavra de Deus. Embora escritas por homens e trazendo as marcas da personalidade de sua autoria humana, não obstante a isso, tudo foi realizado sob influência do Espírito Santo, a ponto de serem as Palavras de Deus. (2 Sm.23.2; Jr.30.4; Am.3.1; 2 Tm.3.16; 2 Pe.1.20-21). Portanto, toda a Escritura é inspirada por Deus, ou seja, sua inspiração é verbal e plena, e deu-se através da influência sobrenatural do Espírito Santo sobre os escritores sagrados, para que seus escritos tivessem plena validade. O Espírito Santo guardou de qualquer erro os autores quando escreviam aquilo que Deus quis que registrassem. Além de inspiradas, as Escrituras são dotadas de infalibilidade, ou seja, em tudo que afirmam não contêm falhas, nem conduzem as pessoas ao erro, pois são a expressão adequada da mente Deus e de Sua vontade para conosco (Sl.119.911; Mt.5.18; Jo.10.35; At.1.16). Quanto à inerrância das Escrituras, “é a doutrina de que a Bíblia é plenamente confiável em todos os seus escritos” (ERICKSON, 1992, p.79), ou seja, tudo que a Bíblia ensina e apresenta é verdadeiro (Sl.12.6; 119.96; Pv.30.5; Mt.24.35).

2.3.

ILUMINAÇÃO

Iluminação é o entendimento espiritual concedido pelo Espírito Santo de Deus, a fim de capacitar o homem a assimilar a verdade revelada (Jo.14.16-17; 2526). É lançar luz sobre a mente de todo aquele que crê (1 Co.2.10). Para obtermos uma interpretação bíblica saudável, ela deve ser compreendida à luz da pessoa e dos ensinos de Jesus Cristo (Hb.1.1-2), e devemos nos valer das regras de hermenêutica – interpretação bíblica – pois a Bíblia interpreta a Si mesma.

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2.4.

O TESTEMINHO DE JESUS SOBRE AS ESCRITURAS

Jesus usou as Escrituras para repudiar as tentações de Satanás (Mt.4.1-11). Ele destacou que o testemunho de todo o Antigo Testamento acerca Dele se cumpriria (Lc.24.44), inclusive mencionando eventos considerados fantasiosos na atualidade (Mt.12.39-41; Mc.10.6; Jo.6.49, 7.37).

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3. DOUTRINA DE DEUS (TEONTOLOGIA)

Por falta de capacidade em explicar e definir um Deus infinito, utilizo-me das palavras do Breve Catecismo de Westminster, que afirma: “Deus é espírito, infinito, eterno, imutável em Seu ser, sabedoria, poder, santidade, justiça, bondade, verdade”. As expressões “Deus é Espírito” (Jo.4.24), “Deus é Luz” (1 Jo.1.5) e “Deus é Amor” (1 Jo.4.7) são expressões da natureza essencial de Deus, de Sua personalidade (1 Tm.6:16). Em Sua Triunidade, o eterno Deus se revela como Pai, Filho e Espírito Santo, pessoas distintas, mas sem divisão em Sua essência. O credo de Atanásio é especialmente belo ao tratar da Trindade: “Existe então uma Trindade, santa e completa, que confessamos como Deus em (as pessoas do) Pai, Filho e Espírito Santo, o qual não contém nada estranho ou externo mesclado consigo mesmo, nem é composto de um que cria e outro que foi criado, pois Todos são criadores; possui uma só essência, em sua natureza indivisível, sendo sua atividade uma. O Pai faz tudo através do Verbo [e] no Espírito. Logo, a unidade do Santo Triúno é preservada. Assim, um só Deus é pregado na Igreja, o qual é sobre todos (Ef.4.6), age por meio de todos e está em todos – sobre tudo como Pai, como princípio, como fonte; por meio de todos, através do Verbo [Logos]; em todos, no Espírito Santo. É uma Trindade não apenas no nome e na maneira de falar, mas em verdade e realidade.” (Atanásio, Epistola ad Serapion, 1,15;137). (Gn 1.26; Is.6.8; 48.16; Mt.3.16-17). Acredito na imanência de Deus, no fato de que Ele permeia o universo, sustentando-o e conduzindo-o com Seu poder (Jó 36.26; Is.40.21-25, 57.15; Jo.8.23). Pela imanência, Deus se relaciona com Sua criação, em especial com a humanidade. Creio na transcendência de Deus, que é o fato Dele ser distinto e separado deste mundo. Ele não precisa da Sua criação. Só Deus tem a capacidade de transcendência e, ao mesmo tempo, de estar presente em cada parte da criação (Is.9.6).

3.1.

OS NOMES DE DEUS

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a) Eu Sou (Êx.3.14); b) Jeová-Jiré – O Senhor proverá (Gn.22.13, 14); c) Jeová-Nissi – O Senhor é a nossa bandeira (Êx.17.15); d) Jeová-Rafá – O Senhor que sara (Êx.15.26); e) Jeová-Shalom – O Senhor nossa paz (Jz.6.24); f) Jeová-Raá – O Senhor é o meu Pastor (Sl.23.1); g) Jeová-Tisidiquênu – Senhor justiça nossa (Jr.23.6); h) Jeová-Sabaote – Senhor dos Exércitos (1 Sm.1.3); i) Jeová-Shamá – O Senhor está presente (Ez.48.35); j) Jeová-Eliom – Senhor Altíssimo (Sl.97.9); l) Jeová-Mikadiskim – O Senhor que vos santifica (Êx.31.13).

3.2.

OS ATRIBUTOS DE DEUS

“Os atributos de Deus podem ser definidos como as perfeições que constituem predicados do Ser Divino na Escritura, ou que são visualmente exercidos por Ele em Suas obras de criação, providência e redenção.” (BERKHOF, 1949, p.54). Dentre as classificações teológicas dos atributos de Deus (naturais e morais; absolutos e relativos; etc.), utilizo a classificação de atributos comunicáveis e atributos incomunicáveis.

3.2.1. Atributos comunicáveis

a) Amor (1 Jo.4.8); b) Bondade (Sl.52.1; Lc.18.19); c) Fidelidade (Dt.7.9; 2 Tm.2.15) d) Justiça (Dt.32.4; Sl.19.9); e) Paz (1 Co.14.33, Hb.13.20); f) Santidade (Lv.11.45; 1 Pe.1.15-16);

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g) Simplicidade (Jo.24); h) Verdade (Dt.32.4).

3.2.2. Atributos incomunicáveis

a) Autoexistência (Is.44.6); b) Eternidade (Sl.90.2, 93.2); c) Gloriosidade (Is.42.8); d) Imutabilidade (Tg.1.17); e) Infinitude (1 Rs.8.28; At.17.24-28); f) Invisibilidade (Cl.1.15; 1 Tm.1.17); g) Onipresença (Pv.15.3; Sl.139.7-10); h) Onisciência (At.15.18; Sl.139.1-4); i) Onipotência (Hb.11.3; Ap.19.6); j) Soberania (Êx.34.23; Sl.135.6).

3.3.

OS DECRETOS DIVINOS

Os decretos de Deus são Seus desígnios perfeitos, estabelecidos na eternidade. “Por meio deles o Senhor dirige soberanamente a história e realiza Sua vontade em todo o universo, atingindo, assim, Seus propósitos santos (Ef.1.11)” (GRANCONATO, 2014, p.30). Tais decretos envolvem a totalidade da criação e a condução soberana da História (Jó 42.2; Dn.2.28; Rm.8.28).

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4. DOUTRINA DE JESUS CRISTO (CRISTOLOGIA)

Creio que Jesus Cristo é Deus Filho, compondo a Trindade divina em igualdade de poder, e que veio ao mundo nascendo de maneira sobrenatural, sem pecado, de uma virgem que concebeu do Espírito, sendo perfeitamente Deus e perfeitamente Homem. O propósito de Sua encarnação foi o de, através de Sua morte sacrificial, fazer expiação, pelo Seu sangue, do pecado daqueles que Nele creem, perdoando gratuitamente pela fé em Sua obra, que é propiciadora de redenção, reconciliação, justificação e futura glorificação. O Senhor Jesus viveu neste mundo, morreu, ressuscitou ao terceiro dia, subiu corporalmente ao céu e voltará corporalmente à terra. (Mt.16.16; At.1.9-11; 1 Co.15.3-5; Gl.4.4). Ele exerce os ofícios de Profeta (Jo.15.15), Sacerdote (Hb.7.26-27) e Rei (1 Tm.6.14-15).

4.1.

A DIVINDADE DE CRISTO

Tenho firme convicção de que Jesus Cristo é Deus. Ele é a segunda pessoa da Trindade, é eterno e é Coautor na criação do mundo (Jo.1.1-3; Cl.1.16,17). Ele possui os mesmos atributos de Deus Pai, conforme podemos verificar nas Escrituras:

a) Eternidade (Is.9.6); b) Imutabilidade (Tg.1.17); c) Luz (Jo.8.12); d) Onipotência (Fp.3.21); e) Onipresença (Mt.28.20); f) Onisciência (Jo.21.17); g) Preexistência (Jo.17.5); h) Santidade (Is.47.4); i) Unidade com Deus Pai (Jo.10.30); j) Verdade (Jo.1.14); k) Vida e autoexistência (Jo.1.4; 5.26).

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4.2.

A HUMANIDADE DE CRISTO

Creio que Jesus é plenamente Homem, assim como é plenamente Deus. Uma só pessoa com duas naturezas (união hipostática), sem confusão, sem mudança, sem divisão, sem separação e sem mistura. “As Escrituras representam Jesus Cristo como uma só pessoa, em que se unem as duas naturezas, divina e humana, e cada uma delas perfeita quanto à essência e quanto aos seus atributos. Estas duas naturezas, inseparavelmente unidas por uma só personalidade” (LANGSTON, 2007, p.180). Creio que Jesus foi nascido da virgem Maria (partenogênese), que concebeu do Espírito Santo (Mt.1.18-19; Gl.4.4). As provas bíblicas da plena humanidade de Jesus são amplas: Ele teve fome (Mt.4.2), sentiu cansaço (Jo.4.6), tristeza (Mt.26.38), chorou (Jo.11.35), foi identificado como homem (Is.53.3) e morreu (Mc.15.37). Como Homem, Jesus é o único Mediador entre a humanidade e Deus Pai (1 Tm.2.5), sendo a imagem do Deus invisível (Cl.1.15; Hb.1.3), revelando o Pai (Mt.11.27; Jo.1.18), de modo que quem O vê, vê ao Pai (Jo.12.45; 14.9). Ele é o último Adão (Rm.5.14-15; 1 Co.15.45). Através da encarnação de Jesus, temos a última palavra da revelação (Hb.1.1-2; Mt.21.33-41).

4.3.

OS ESTADOS DE JESUS

No Apocalipse, Jesus é descrito como “[...] o que é, o que era e o que há de vir [...]” (1.8). Assim, podemos vê-Lo nas Escrituras em três estados: em Sua eternidade preexistente, em Sua humilhação e em Sua exaltação. Em sua preexistência, creio que nunca houve um tempo ou uma época que Jesus Cristo não existia. Ele é Deus e, como Deus, é eterno (Hb.13.8). Antes da encarnação, creio que o Cristo preexistente manifestou-Se em certas ocasiões como “o Anjo do Senhor” (Gn.16.7-13, 22.11, 15-18; Êx.3.1-6). Conforme Grudem, “várias passagens bíblicas, especialmente do Antigo Testamento, falam do Anjo do Senhor de um modo que sugere que é o próprio Deus revestido de forma humana [...]”, e “o

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Anjo do Senhor, ou o Anjo de Deus, [que] aparece como o próprio Deus, talvez mais especificamente como Deus Filho [...]” (GRUDEM, 1999, p.326). O estado de humilhação refere-se à existência temporal humana de Jesus. É o período da encarnação, do ministério terreno de Cristo, indo até a cruz. Ele, voluntariamente, assumiu a condição de humano para sofrer com os homens nesse período (Jo.10.17-18), esvaziando-Se de Suas riquezas, de Sua glória celestial e do uso de certos atributos divinos (Mt.26.53, Lc.4.3-4, 2 Co.8.9; Gl.4.4-5; Fl.2.5-8; Hb.2.9, 14-18). O estado de exaltação, também chamado de glorificação, diz respeito ao estado celestial em majestade, poder e glória, bem como ao reconhecimento por parte de todos os seres criados, da pessoa de Cristo (Mt.19.28; Lc.24.26; Jo.7.39, 17.5; At.2.33; Rm.8.17; Fl.2.9-11, Hb.1.13). Esses textos falam da ressurreição, da ascensão e da posição de Jesus à direita de Deus, fatos que demonstram Sua exaltação.

4.4.

A OBRA REDENTORA DE CRISTO

Em Sua obra, de modo geral, Cristo foi totalmente dependente do Espírito Santo

em

tudo

que

realizou,

desde

o

Seu

nascimento

(Lc.1.34-35)

e

desenvolvimento (Lc.2.52), passando pela unção (Mt.3.16), sendo conduzido à tentação (Mt.4.1), fortalecido para realizar obras (Mt.12.28; At.1.2; 10.38), levado à cruz (Hb.9.4) e ressuscitado (Rm.8.11). Sua obra redentora consiste da morte e ressurreição. De forma específica, a morte de Jesus foi predeterminada (Ap.13.8), voluntária (Jo.10.18), vicária (1 Pe.3.18), sacrificial (1 Co.5.7), expiatória (Gl.3.13), propiciatória (1Jo.2.2), redentora (Ef.1.7) e substitutiva (1 Pe.2.24). Na ressurreição temos o ensino central da fé cristã (1 Co.15.14-19), a vitória completa contra a morte e o inferno (1 Co.15.54-55) e a maior esperança do cristão (Cl.2.12, 1 Ts.4.14). Creio na promessa de que Ele em breve voltará para buscar Sua Igreja (Jo.14.1-3, At.1.9-11). O dia e a hora não sabemos, mas creio num evento físico, literal e iminente, conforme descrito abaixo, em Escatologia.

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5. DOUTRINA DO ESPIRITO SANTO (PNEUMATOLOGIA)

Creio veementemente que o Espírito Santo é Deus, Coeterno com Deus Pai e com Deus Filho, sendo a terceira pessoa da Trindade (Mt.28.19; At.5.3-4). Ele tem a mesma essência divina das demais Pessoas, sendo Ele mesmo uma Pessoa. Possui as mesmas características de personalidade (razão, emoção e volição), evidenciadas nas Escrituras pela maneira como Ele se relaciona com os santos: Ele pensa (1 Co.2.10-11), fala (At.10.19), ensina (Jo.14.26), expressa vontade (1 Co.12.11), ama (Rm.15.30), comanda (At.16.6-7), revela (2 Pe.1.21), intercede por nós (Rm.8.26), testifica de Jesus (Jo.15.26). O Espírito também partilha dos mesmos atributos divinos, tais como: eternidade (Hb.9.14), vida (Rm.8.2), onipresença (Sl.139.7-8), onisciência (1 Co.2.10), onipotência (Gn.1.1-2; Jo.3.5), santidade (Mt.28.19), soberania (Jo.3.8). Durante o período do Antigo Testamento, o Espírito Santo revestia alguns homens temporariamente, a fim de inspirá-los e capacitá-los para algum serviço específico. Já no tempo do Novo Testamento, após a ascensão de Jesus, o Espírito Santo veio a habitar o salvo permanentemente de forma direta e atuante em sua vida: convencendo-o (Jo.16:8-11), regenerando-o (Jo.3.5), intercedendo (Rm.8.26), confortando-o (Jo.14.16), chamando-o, comissionando para o ministério (At.13.2, 20.28) e batizando-o no corpo de Cristo (1 Co.12.13). Tenho fé e convicção que o indivíduo, quando confessa a Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador, é batizado no Espírito Santo, ou seja, ele é “imergido” no seio da Igreja, que é o Corpo de Cristo (1 Co.12.13). O batismo no Espírito Santo se dá uma única vez, na conversão, onde somos selados, como garantia de salvação eterna (Ef.1.13). O Espírito Santo concede dons espirituais ao cristão “para equipar a Igreja, a fim de que ela desenvolva seu ministério até que Cristo volte” (GRUNDEM, 1999, XVII). Encontramos relação de dons em Romanos 12.6-8, 1 Coríntios 12.8-10, 2830, Efésios 4.11. Tocante aos dons, devido à grande confusão doutrinária quanto aos chamados “dons carismáticos”, é deixo clara minha posição a respeito: sou da escola “cessacionista”, ou seja, creio que tais dons cumpriram sua finalidade ainda no primeiro século da era cristã (1 Co.13.8).

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Acredito que o Espirito Santo produz fruto em todos salvos, que são virtudes divinas capazes de torná-lo mais parecido com Jesus a medida que se deixa ser controlado pelo Espírito (Gl.5.16, 22).

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6. DOUTRINA DO HOMEM (ANTROPOLOGIA)

Creio que o homem foi criado por Deus para se relacionar com Ele, para participar de Seus propósitos e para compartilhar da natureza divina (2 Pe.1.4). Cristo foi Homem perfeito, protótipo do homem e seu verdadeiro revelador. Só em Cristo podemos ver o verdadeiro homem, o homem original. Ele é a revelação completa de Deus e também a chave para o conhecimento do homem. Nele estão todos os tesouros do conhecimento (Cl.2.3). O homem foi criado bom. Todas as suas tendências eram boas. Todos os sentimentos do seu coração inclinavam-se para Deus, e nisto consistia sua semelhança moral com o Criador. Sempre foi distinto das demais criaturas de Deus, porque foi criado de maneira singular. Apenas do homem é dito que Deus soprou-lhe nas narinas o fôlego de Deus (Gn.2.7). Somente do homem é dito que foi criado à imagem e semelhança de Deus (Gn.1.26-27). Por isso, a imagem de Deus na humanidade, que surgiu no ato criador de Deus, consiste em: a) Ser uma criatura moralmente correta – qualidade perdida na queda, porém agora progressivamente restaurada em Cristo (Ef.4.24; Cl.3.10); b) Domínio sobre o meio ambiente; c) Ser o corpo humano o meio através do qual experimentamos a realidade, expressamo-nos e exercemos domínio; d) Na capacidade que Deus nos deu para usufruir a vida eterna.

A constituição da personalidade humana como um todo tem sido objeto de estudo e de controvérsias. A dicotomia e a tricotomia têm polarizado opiniões. Os dicotomistas veem o homem constituído apenas de corpo e espírito (alma seria sinônimo). Os tricotomistas o veem dividido em corpo, alma e espírito. Acredito na divisão do homem em duas partes, a saber a imaterial e a material (Ec.12.7, Mt.10.28). Acredito que a restauração da imagem de Deus no homem só é possível em Cristo, pois Ele é a imagem perfeita de Deus, e o pecador precisa agora tornar-se mais semelhante a Jesus (Cl.1.15; Rm.8.29; 1 Jo.3.2).

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7. DOUTRINA DO PECADO (HAMARTIOLOGIA)

No princípio, o homem vivia em estado de inocência e mantinha perfeita comunhão com Deus. Mas, cedendo à tentação de Satanás, num ato livre de desobediência contra seu Criador, o homem caiu no pecado e perdeu a comunhão com Deus, ficando Dele separado. Como consequência da queda de nossos primeiros pais, todos somos, por natureza, pecadores e inclinados à prática do mal. Todo pecado é cometido contra Deus, Sua pessoa, Sua vontade e Sua lei. Mas o mal praticado pelo homem atinge também o seu próximo. Devido à origem deste pecado

em

Adão,

que

representava

a

humanidade,

todos

pecaram

consequentemente. A partir de então, é impossível para o humano buscar a Deus por si só (Rm.3.11-12). Portanto, separado de Deus, o homem é absolutamente incapaz de salvar-se a si mesmo, dependendo inteiramente da graça de Deus para ser salvo (Gn.1-2, Rm.3.10-23, 5, 6.23, 10.9-10, Ef.2.1-10, Tt.2.11-14). A atitude mais perigosa para com o pecado é abrandá-lo. A psicologia diz que pecado é desajustamento; a biologia entende que ele é uma doença; a ética diz que ele é um lapso moral; e a filosofia o toma como um tropeço ou queda no crescimento e no progresso da raça humana. A Palavra de Deus nos assegura que “todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm.3.23). A natureza essencial do pecado consiste em: rebeldia (1 Jo.3.4), iniquidade (Êx.34.7; At.1.18; 8.23), maldade (Gn.6.5; 39.9; Rm.1.29; 1 Jo.5.19), culpa (Os.5.15; Rm.4.25). Basicamente, o pecado é rebelião contra a soberana vontade de Deus (Lc.19.14). Mesmo sabendo que é impossível ao crente não pecar (1 Jo.1.8-10) e que todo pecado, seja ele de qualquer natureza, atinge diretamente a Santidade de Deus (Sl.51.3-5), temos fé e convicção de que, através do arrependimento, da confissão e do pedido de perdão, Ele (Deus) é fiel e justo para nos perdoar e nos purificar de todo pecado e de toda a injustiça.

22

8. DOUTRINA DA SALVAÇÃO (SOTERIOLOGIA)

A salvação, negativamente, é o livramento da punição eterna, do poder escravizador e, finalmente, na sua consumação, a erradicação da presença do pecado na vida do eleito de Deus (Rm.6.14). Positivamente, é a reconciliação perfeita com o Criador, o desfrutar da vida abundante em Cristo, a restauração da imagem e semelhança de Deus no salvo, a vida eterna (Jo.3.16, 5.24, 10.10).

8.1.

A ELEIÇÃO

Eleição é a escolha feita por Deus, em Cristo, desde a eternidade, de pessoas para a vida eterna, não por qualquer mérito, mas segundo a riqueza da Sua graça. Antes da criação do mundo, Deus, no exercício da Sua soberania divina e à luz de Sua presciência de todas as coisas, elegeu, chamou, predestinou, justificou e glorificou aqueles que, no correr dos tempos, foram e serão alcançados com o dom da salvação. A salvação do crente é eterna. Os salvos perseveram em Cristo e estão guardados pelo poder de Deus. Nenhuma força ou circunstância tem poder para separar o crente do amor de Deus em Cristo Jesus. O novo nascimento, o perdão, a justificação, a adoção como filhos de Deus, a eleição e o dom do Espírito Santo asseguram aos salvos a permanência na graça da salvação. (Gn.12.1-3; Êx.19.5-6; Dt.30.15-20; Ez.36.22-23, 32; Mt.24.13; Jo.10.28-29, 15.16; Rm.8.28-39, 9.22-24; Ef.1.3-14; 1 Ts.1.4; 2 Ts.2.13-14; 1 Pe.1.2, 5.10; 1 Jo.2.19; Jd.24).

8.2.

REGENERAÇÃO

“A regeneração é um ato da soberania de Deus. É somente por Sua vontade e poder que alguém nasce de novo (Jo.1.13; Tg.1.18)” (GRANCONATO, 2014, p.92).

23

Creio ser o processo da salvação em que Deus faz nascer de novo o pecador perdido, dele fazendo uma nova criatura em Cristo. É a obra do Espírito Santo em que o pecador recebe o perdão, a justificação, a adoção como filho de Deus, a vida eterna e o dom do Espírito Santo. (Jo.3.3-5; 1 Pe.1.3; Ef.4.30; 2 Co.5.16-17).

8.3.

JUSTIFICAÇÃO

A justificação é o ato judicial pelo qual Deus, considerando os méritos do sacrifício de Cristo, absolve, no perdão, o homem de seus pecados e o declara justo, capacitando-o para uma vida de retidão diante de Deus e de correção diante dos homens. (Is.53.11; Mt.9.6; At.13.19; Rm.3.24, 5.1, 8.33; 1 Co.1.30; 2 Co.5.21; Gl.5.22; Fl.1.9-11). A justificação traz a paz de Deus ao pecador (Rm.5.1).

8.4.

SANTIFICAÇÃO

É a posição que Deus concede ao salvo na separação do pecado (1 Co.6.11), iniciando um processo que habilita o filho de Deus a progredir em busca da perfeição moral e espiritual de Jesus Cristo, mediante a presença e o poder do Espírito Santo que nele habita (Jo.17.17; Rm.6.19; 2 Co.7.1; 1 Ts.4.3, 4.7, 5.23; Hb.12.14).

8.5.

GLORIFICAÇÃO

A glorificação diz respeito à consumação da salvação do crente. Neste estado, o salvo desfrutará de total livramento do pecado e dos seus efeitos, com um corpo glorificado, livre de corrupção e vitorioso sobre a morte, finalmente habitando com o Senhor para sempre (Rm.8.30; 1 Co.13.12; Fl.3.12; 1 Ts.2.12; Hb.6.11; 2 Pe.1.10-11; 1 Jo.3.2; Ap.21.3-4).

24

9. DOUTRINA DOS ANJOS (ANGELOLOGIA)

Acredito que os anjos foram criados por Deus (Gn.2.1) para o louvor da Sua glória. São seres espirituais (Hb.1.14) que não se reproduzem (Mc.12.25), não morrem (Lc.20.36), são diferentes dos seres humanos (Sl.8.4-5) e possuem força e poder superiores aos homens (2 Pe.2.11). Anjos são mensageiros de Deus (Mt.1.20-24; 2.13; 28.2; Lc.1.2; At.1.10; Ap.14.6-7), trazem respostas das orações (Dn.7.15-16), ajudam a interpretar sonhos e visões proféticas (Dn.7.15-16), e fortalecem os crentes nas provações (Mt.4.11; Lc.22.43); também protegem os santos que temem a Deus (Sl.34.7; 91.11; Dn.6.22; At.12.7-10) e lutam contra as forças demoníacas (Ap.12.7-9; Jd.9). São seres pessoais que possuem inteligência superior à dos homens, mas inferior à de Deus (2 Sm.14.20; 1 Pe.1.12), têm intelecto (1 Pe.1.12), emoções (Lc.2.13) e vontade própria. Os anjos foram criados perfeitos e sem pecado, dotados de vontade e livre escolha. Sob a influência de Satanás, muitos pecaram e caíram do seu estado original (2 Pe.2.4; Jd.6). Todos esses perderam sua santidade original e tornaramse corruptos em natureza e conduta (Mt.10.1; Ef.6.11-12; Ap.12.9). Alguns deles foram acorrentados até o dia do julgamento (2 Pe.2.4); outros permanecem soltos e trabalham em definida oposição à obra dos anjos santos (Dn.10.12-13, 20-21; Jd.9; Ap.12.7-9). A queda dos anjos deu-se devido à revolta deliberada e autodeterminada contra Deus, liderada por Satanás (Lc.15.18). O principal dos anjos caídos é Satanás. A Bíblia usa vários nomes para o adversário: diabo (Mt.4.1), serpente (Gn.3.1-15), enganador (Ap.12.9), maligno (1 Jo.5.19; 2.16), príncipe deste mundo (Jo.12.31), deus deste século (2 Co.4.4), belzebu (Mt.12.24), dragão (Ap.12.17), destruidor (Ap.9.11), tentador (Mt.4.3; 1 Ts.3.5). Seus objetivos são muito claros:

a) Perturbar a obra de Deus (1 Ts.2.18); b) Opor-se ao Evangelho (Mt.13.19; 2 Co.4.4); c) Dominar, cegar, enganar e oprimir ímpios (Lc.22.3; 1 Tm.3.7; Ap.20.7-8); d) Afligir e tentar os santos de Deus (1 Ts.3.5);

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e) Causar conflitos (Gn.3.15); f) Tentar os homens (Mt.4.1-11); g) Usar as pessoas contra a obra de Deus (Mt.2.16, 16.23; Jo.8.44); h) Acusar e difamar (Ap.12.10); i) Usar demônios na tentativa de derrotar o crente (Ef.6.11-12); j) Incitar perseguições (Ap.2.10).

Os demônios são espíritos maus, ou anjos caídos; não tem corpos, mas procuram entrar e usar o corpo de pessoas, podendo mais de um demônio fazer morada na mesma vítima (Mc.16.9; Lc.8.2). Acredito que a possessão demoníaca é uma condição na qual os espíritos maus (demônios) habitam o corpo de um ser humano e tomam o controle completo da personalidade de sua vítima (Lc.8.30; 22.3). Mas, todos os que pertencem a Jesus Cristo estão guardados, e o maligno não lhes toca (1 Jo.5.11). O destino de Satanás e seus anjos está definido. Sua derrota foi garantida pelo Sangue e pela Palavra do Cordeiro de Deus (Ap.12.9-11). Os anjos que não pecaram foram confirmados em estado de santidade eterna. Quanto ao caráter, eles são: obedientes (Sl.103.20; Jd.6; 1 Pe.3.22), reverentes e adoradores (Ne.9.6; Hb.1.6) e são separados por Deus para Ele (Ap.14.10).

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10. DOUTRINA DAS ÚLTIMAS COISAS (ESCATOLOGIA)

“Deus, o arquiteto das eras, achou por bem confiar-nos Seu plano para o futuro e revelar-nos Seu propósito e programa em detalhes na Palavra.” (PENTECOST, 2006, p.6). “Eis que venho em breve! Feliz é aquele que guarda as palavras da profecia deste livro.” (Ap.22.7). A segunda vinda de Cristo iniciará os últimos eventos, e nos alerta à vigilância, bem como consola nossas almas quanto às tribulações presentes. Ela ocorrerá repentinamente (1 Ts.4.18).

10.1. JESUS ARREBATARÁ A IGREJA

Acredito no aparecimento de Cristo nas nuvens para buscar Sua Igreja, como o início da série de acontecimentos finais (Mt.24.26-27; 1 Ts.4.13-18). Jesus Cristo, ao som da trombeta, aparecerá no céu de forma física e em glória, e os crentes que morreram antes daquele momento serão ressuscitados com corpos glorificados (1 Co.15.20-23). Logo após, os crentes que estiverem vivos subirão aos céus e serão transformados, recebendo um corpo glorificado, para viver para sempre com o Senhor (2 Co.5.1-5). Creio na iminência do arrebatamento da Igreja: Cristo pode voltar a qualquer momento, num abrir e fechar de olhos (1 Co.15.50-54).

10.2. O TRIBUNAL DE CRISTO

Acredito que, após o arrebatamento da Igreja, todos salvos deverão comparecer ao Tribunal de Cristo. Este não é um julgamento para condenação, mas um filtro purificador das obras individuais praticadas por meio do corpo (Lc.14.14; Rm.14.10; 1 Co.4.5; 2 Co.5.10). Após o Tribunal de Cristo, a Igreja participará das Bodas do Cordeiro (Ap.19.7-9).

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Adoto o conceito bíblico de arrebatamento pré-tribulacionista e pré-milenista, pois creio que, sete anos após Jesus buscar Sua Igreja, haverá um período literal de mil anos onde o próprio Cristo instituirá o Seu Reino na Terra. Haverá um reinado de paz, prosperidade e justiça para todos (Mt.5.3-10).

10.3. A TRIBULAÇÃO

Creio que, após o arrebatamento da Igreja, começará o período de tribulação e grande tribulação: será um tempo de engano, de apostasia e de muita aflição. Creio que será um período de sete anos (Dn.9.27), sendo os três anos e meio iniciais de engano com falsa paz proclamada pelo anticristo (1 Jo.2.18), e os três anos e meio finais de dores, opressão e sofrimento (Dn.7.25; Ap.11.2-3).

10.4. REINO MILENAR DE CRISTO

Acredito que, após o período de tribulação, o Senhor Jesus estabelecerá o seu reino de mil anos neste mundo (Mt.24.30) em Sua segunda vinda, que será um evento que todos poderão testemunhar (At.1.11; Ap.1.7). Neste período, acredito que os salvos vão reinar com Cristo e satanás será preso (Ap.20.1-6). O anticristo e o falso profeta serão lançados no lago de fogo (Ap.19.15-21). A terra desfrutará de paz e justiça. Este reino será restabelecido em Israel, com reinado supremo de Cristo (Zc.14.9; At.1.6).

10.5. O JULGAMENTO DO TRONO BRANCO

Acredito no juízo final dos incrédulos de todas a eras da história humana (Ap.20.11-15), após o reino milenar de Cristo, quando Satanás será solto por um

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breve tempo para enganar as nações e será finalmente derrotado. Estes serão julgados e condenados a passar a eternidade no lago de fogo. O juízo final marcará o fim de uma era, pondo termo à presente criação (2 Pe.3.10-13).

10.6. NOVOS CÉUS E NOVA TERRA

Acredito na criação de novos céus novos céus e nova terra, a nova Jerusalém, com bênçãos infindas para os salvos, eternamente na presença de Deus. (Ap.21.1-8)

29

11. DOUTRINA DA IGREJA (ECLESIOLOGIA)

“[...]

E

sobre

esta

pedra

edificarei

a

minha

Igreja

[...]”

Mateus 16.18.

A palavra ekklesia (igreja) vem da expressão grega ekkaléo, que significa “assembleia” ou “chamado para fora”. Creio que Igreja é a comunidade dos crentes em Cristo (Ef.1.1) – Igreja visível local – criada, comprada, edificada e dirigida por Jesus (Mt.16.18; At.20.28). É a reunião de pessoas regeneradas, formando um Corpo. Tais comunidades são constituídas pela ação do Espírito Santo na vida dessas pessoas, com a finalidade de prestar culto ao Deus Triúno (At.13.1-2), praticar as ordenanças de Jesus, perseverando nos ensinamentos da Bíblia, buscando a edificação mútua e a propagação do Evangelho em amor (At.2.42-47). Acredito na Igreja autônoma, separada do Estado e da política, regida por disciplina de questões espirituais e doutrinárias baseadas na Palavra de Deus, sob a orientação do Espírito Santo. Acredito que a Igreja é o corpo de Jesus Cristo. Ele é o Cabeça (Ef.5.23), o Noivo e o Cordeiro que deu Sua vida por ela, entregando-Se em sacrifício para salvá-la. A Igreja caracteriza-se por algumas marcas: a) Uma comunidade redentiva – mensagem da salvação; b) Uma comunidade que vive o amor – Deus é amor; c) Uma comunidade de adoradores santificados para a adoração a Deus – realizada por meio da Palavra de Deus; d) Uma comunidade peregrina – não está presa a um só local.

Creio que ela é um organismo sobrenatural, bem como uma organização. Como organismo, a Igreja é o corpo de Cristo, onde Ele é o Cabeça e os salvos são ajustados como membros de um corpo (Atos 20.28; 1 Co.12.12-15). Como organização, é a pessoa jurídica reconhecida pelo Estado brasileiro. A Igreja também é apresentada por figuras no Novo Testamento:

a) Edifício de Deus (1 Co.3.9);

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b) Lavoura de Deus (1 Co 3.9); c) Corpo de Cristo (Rm.12.4-5); d) Família ou Povo de Deus (Gl.6.10); e) Esposa, Noiva (Ap.19.7-9); f) Ramos da Videira e Oliveira (Jo.15.5; Rm.11.17-24).

11.1. FORMAS DE GOVERNO ECLESIÁSTICO

a) Presbiteriano representativo – de autonomia limitada da Igreja local, pois o seu governo é representativo; b) Episcopal – hierarquia de papas, cardeais, arcebispos e bispos. Estes homens decidem tudo que acontece nas Igrejas; a Igreja local não tem autonomia; c) Sem governo – negam que a Igreja tenha necessidade de uma forma concreta e visível de governo; d) Congregacional – nós, os Batistas, cremos nesta forma de governo, onde há autonomia na Igreja local. As Igrejas são autônomas, têm governo democrático, praticam a disciplina e regem-se em todas as questões espirituais, doutrinárias e éticas, exclusivamente pela Palavra de Deus, sob a orientação do Espírito Santo.

11.2. OS OFICIAIS DA IGREJA

A Palavra de Deus regista cinco funções de oficio na Igreja primitiva, a saber: apóstolos, profetas, evangelistas, pastores mestres e diáconos. Acredito que todas as funções são capacitações dadas pelo Cabeça da Igreja para o serviço do reino, todas visando a proclamação do Evangelho e de todo conselho de Deus, e que permanecem dois oficiais: a) Pastor – o Novo Testamento registra quatro títulos aos ministros da Palavra: ancião, bispo, pastor e presbítero. Não são funções diferentes, mas um só oficio do ministério pastoral com diferentes nomes; ele é um porta-voz de Deus e

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líder principal da Igreja; ele cuida do ensino e da doutrina na vida da Igreja; ele é o conselheiro da vida cristã (1 Tm.3.1-7; Tt.1.5-7); b) Diáconos – do grego diákonos, significa servir, servo (Jo.2.5; Mt.22.13); têm seus deveres em servir à mesa do Senhor, servir à mesa do pastor e também as mesas dos pobres; ajudam o pastor no cuidado com o rebanho e na disciplina eclesiástica (At.6.2-6; 1 Tm.3.8-13).

11.3. AS ORDENANÇAS

Uma ordenança é um ato de fé, simbólico e representativo, requerido por Jesus Cristo para observação contínua até Sua volta, como testemunha memorial das verdades centrais do Evangelho. Creio que as duas ordenanças representam as verdades da cruz e da ressurreição: a) Batismo – representa a identificação do candidato com Cristo e seus discípulos, em Sua morte e ressureição. Acredito que o batismo bíblico é feito por imersão, de um crente que já professou a sua fé em Jesus. Deve ser feito em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Através dele, o crente declara sua morte para o pecado e sua ressurreição para uma nova vida (Mt.28.19; Mc.16.16). b) Ceia – a Ceia do Senhor representa a morte de Cristo como o nosso suprimento de vida. Na Ceia, celebramos os significados e os efeitos da morte de Jesus para as nossas vidas hoje. Ela é um anúncio, e não uma repetição, da morte de Jesus. O pão e o cálice representam o corpo e o sangue de Cristo oferecido para a expiação de nossos pecados. É um símbolo claro e vívido do sacrifício expiatório oferecido por Deus a nós, na cruz do Calvário (1 Co.11.24-25).

11.4. FORMAS DE CELEBRAÇÃO DA CEIA

a) Ceia ultrarrestrita – é celebrada por membros de uma mesma Igreja local; b) Ceia restrita – é celebrada por membros de uma mesma denominação;

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c) Ceia Livre – é celebrada sem restrições aos cristãos em geral; neste modo de cear, pede-se somente que cada um faça o autoexame bíblico; d) Ceia universal – é celebrada de modo que qualquer um pode participar dela, e dar a interpretação que quiser.

11.5. COMPREENSÃO QUANTO À PRESENÇA DE CRISTO NA CEIA

a) Transubstanciação – defende que o pão se transforma no corpo de Cristo, e o cálice (vinho) se transforma no sangue de Cristo; b) Consubstanciação – defende que o corpo e o sangue de Cristo estão presentes juntos com o pão e o vinho; c) Presença mística – Cristo está presente espiritualmente nos elementos; d) Memorial – nós, os Batistas, cremos que os elementos são somente símbolos, e a presença de Cristo é relativa a fé do participante. Creio na ordenança da Ceia como um memorial, onde seus elementos nos levam a meditação e a exaltação de Cristo, pela qual trazemos à memória a redenção e remissão dos pecados.

11.6. MOVIMENTAÇÃO DE MEMBRESIA

a) Recebimento – é realizado de quatro maneiras: por meio do batismo, por carta de transferência, por reconciliação e por aclamação; b) Desligamento – é realizado de três maneiras: por exclusão, por morte e por transferência.

11.7. A DISCIPLINA NA IGREJA

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A disciplina visa manter a Igreja num estado de pureza moral e espiritual. Sem disciplina, ela torna-se, dia a dia, corrompida. Significa “ação de instruir, educação, ensino”, implica em correção e treinamento que melhora, molda, fortalece e aperfeiçoa o caráter. Os tipos de disciplina são: a) Formativa ou Instrutiva – a finalidade é formar o caráter e a consciência dos crentes. Envolve apoio, cuidado, instrução, pregação e exortação. Ela tem o caráter preventivo, na medida em que molda o caráter do cristão, conforme o modelo do caráter de Cristo. b) Corretiva e Restauradora – esta tem a finalidade de exortar, admoestar, corrigir os crentes nos seus erros. É a disciplina que a Igreja deve aplicar em relação àqueles que caem e arrependem-se. Estes devem ser corrigidos, e a Igreja deve aplicá-la com mansidão e brandura (Gl.6.1). c) Cirúrgica – consiste na exclusão do crente que insiste no pecado, mesmo depois de ter sido exortado e acompanhado (Mt.18.17; 1 Co.5.4-5). Esta disciplina também tem em vista a recuperação, uma vez que ela não é um fim, mas um meio para levar ao arrependimento, à confissão do pecado, à reconciliação, à restauração (2 Co.2.7-8).

11.8. MISSÃO DA IGREJA

a) Adoração – o maior dos propósitos da Igreja em relação a Deus é adorá-Lo (Cl.3.16). Cristo nos escolheu para o louvor da Sua glória (Ef.1.12). b) Evangelização – o chamado para evangelização é uma ordem de Jesus para todos os Seus discípulos (Mt.28.19-20; At.1.8). c) Edificação dos membros – a Bíblia nos mostra que a Igreja deve alimentar, equipar e edificar os cristãos, para que eles cresçam e tornem-se firmes e maduros na fé (1 Co.14.12, 26; Ef.4.12-13; Cl.1.28). d) Obras social – a Igreja tem a responsabilidade de demonstrar amor e compaixão, tanto para crentes, como para não-crentes. Jesus sempre demonstrou preocupação com os pobres, enfermos, órfãos e viúvas. Por isso, como Igreja, precisamos olhar para essas pessoas (Lc.6.35-36; 10.25-37, 1 Jo.3.17).

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BIBLIOGRAFIA

A BÍBLIA ANOTADA, The Ryrie Study Bible. Trad. JFA Revista e Atualizada no Brasil. São Paulo: Mundo Cristão, 1991. BANCROFT, Emery H. Teologia Elementar. Trad. João Marques Bentes et al. São Paulo: Imprensa Batista Regular, 1989. ERICKSON, Millard J. Introdução à Teologia Sistemática. Trad. Lucy Yamakami. São Paulo: Vida Nova, 1992. FERREIRA, E. S. Manual da Igreja e do Obreiro. Rio de Janeiro: JUERP, 1985. GEISLER, Norman L. Ética Cristã: Alternativa e Questões Contemporâneas. Trad. Gordon Chouch. São Paulo: Vida Nova, 1984. GRANCONATO, Marcos. Pequeno Manual de Doutrinas Básicas. 5ª ed. Revista e ampliada. São Paulo: Hermeneia, 2014. GRUDEM, Wayne A. Teologia Sistemática Atual e Exaustiva. São Paulo: Vida Nova, 1999. HALLEY, Henry Hampton. Manual Bíblico de Halley. São Paulo: 2002. LANGSTON. A.B. Esboço de Teologia Sistemática. 15ª impressão. Rio de Janeiro: JUERP, 2007. LASS, George Eldon. Teologia do Novo Testamento. São Paulo: Hagnos, 2003. PENTECOST, J. Dwight. Manual de Escatologia. 5ª ed. São Paulo: Vida, 2006. RYRIE, Charles C. Teologia Básica. Trad. Jarbas Aragão. São Paulo: Mundo Cristão, 2004. SACRAMENTO, Agnaldo Leite do. Manual de Eclesiologia. São Paulo: Shalom. 2011. STOTT, John R. N. Batismo e Plenitude do Espírito Santo: o mover sobrenatural de Deus. Trad. Hans Udo Fuchs. São Paulo: Vida Nova, 2007. STRONG, Augustus Hopkins. Teologia Sistemática. 2ª ed. Revisada e atualizada. São Paulo: Hagnos, 2007. THIESSEN, H.C. Palestras em Teologia Sistemática. São Paulo: Imprensa Batista Regular, ad tempora. URETA, F. Elementos de Teologia Cristã. Trad. Delcyr de Souza Lima. Rio de Janeiro: JUERP, 1995.
Concílio Marco Aurélio - Declaração Doutrinária

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