Rafaela Andrigheto. T200 patriarcado

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Colégio TOTEM Cachoeira do Sul Aluna: Rafaela Andrigheto Turma 200

Trabalho Literatura

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Patriarcalismo

O patriarcalismo é uma forma de construção social baseada no patriarcado. O patriarcado é o domínio social ou uma estrutura de poder social centralizada no homem ou no masculino. É baseada na própria ideia de paters, figura do pai.

É uma estrutura bastante comum na sociedade humana, mas é contestada por diferentes grupos sociais em vários momentos da história, devido à pouca ou nenhuma ação que impõe às mulheres. O patriarcado associa a biologia à cultura, no sentido de diferenciar os papeis sociais baseados em papeis sexuais. Em geral, cargos de maior importância cultural são destinados a homens, enquanto cargos de importância familiar são relegados às mulheres.

O que é?

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Patriarcalismo  estrutural

A  família, como quaisquer outras instituições humanas, transformou-se ao longo do tempo. E em cada continente do planeta, em cada civilização e cultura específica, a estrutura da organização familiar assumiu formatos que se ajustaram às condições econômicas e sociais ou mesmo influenciou tais condições. Na história da formação da sociedade brasileira, especialmente no período da  colonização do Brasil, o modelo de família que se formou foi o modelo patriarcal.

O modelo patriarcal, como o próprio nome indica, caracteriza-se por ter como figura central o patriarca, ou seja, o “pai”, que é simultaneamente chefe do clã (dos parentes com laços de sangue) e administrador de toda a extensão econômica e de toda influência social que a família exerce.

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As diversas regiões brasileiras, inicialmente divididas em  capitanias hereditárias, foram controladas por poucas famílias que se apoderaram dos mecanismos de desenvolvimento econômico dessas regiões. O exemplo mais notório foi o das fazendas de engenho de açúcar no Nordeste brasileiro, especialmente em Pernambuco. Esse modelo atravessou séculos e, até os dias de hoje, pode-se perceber no Brasil traços desse tipo de dominação familiar regional.

Patriarcalismo estrutural

No Brasil, esse modelo de família começou a formar-se logo no  primeiro século da colonização, século XVI, a partir da herança cultural portuguesa, cujas raízes ibéricas estavam, nessa época, fortemente vinculadas com o passado medieval europeu, sem contar a forte influência do modelo de patriarcado muçulmano, de quem os portugueses absorveram muitas características.

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Patriarcalismo estrutural

O modelo da família patriarcal no Brasil gerou, assim, uma forma específica de organização social, que teve grande implicação em nossa organização política. Trata-se do “patronato  político”. Essas práticas que consistem em “estender os domínios privados”, o âmbito familiar, para a esfera pública, para os domínios da atividade política, têm suas raízes no patriarcalismo. Os autores que melhor estudaram esse fenômeno no contexto da história brasileira foram Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda e Raymundo Faoro.

O modelo de família patriarcal foi determinante para a constituição do Brasil Colonial

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Os problemas

O patriarcado pode ser considerado o alicerce da sociedade contemporânea, é uma autoridade imposta ao homem institucionalmente, que os colocam acima das mulheres em ambiente domiciliar e em todas as outras organizações sociais como: consumo, legislação, política, cultura, produção e etc. O papel da mulher socialmente é inferior ao dos homens em todos os quesitos, seja economicamente, profissionalmente, fisicamente e emocionalmente. Os homens se destacam em todos os pontos, sempre esbanjando força, inteligência, competência e resistência. Com a facilidade da internet é muito comum encontrar críticas ao posicionamento do movimento feminista nas redes sociais ou em portais de notícias.As justificativas são as piores possíveis em relação à luta pelos direitos iguais, “Mulher quer direitos iguais, então vai carregar um saco de cimento ou objetos pesados” ou “Não quer sofrer abuso, coloca um vestido mais longo.” Esses grandes atrasos intelectuais geram problemas sociais gravíssimos e desigualdades gigantescas na vida de milhares mulheres que ocupam o globo. Expressões como “sexo frágil” ou “a mulher veio da costela do homem” são declarações machistas reproduzidas ano após ano que continuam deixando o patriarcado reinar na sociedade contemporânea e diminuem a figura da mulher, colocando os homens como donos do poder e da dominação.

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Os homens exercem opressão sobre as mulheres mesmo sem saber, pois a partir do momento em que nascem já são colocados papeis importantíssimos na sua vida, dos quais bebês do sexo feminino são excluídas. Um exemplo disso é a questão do homem brincar com objetos que simulam profissões importantes e que exigem força, enquanto as mulheres são ensinadas desde sempre que sua função é única e exclusivamente criar bebês, cozinhar e cuidar da casa.

Os problemas

As leis de proteção à mulher são fracas e também ajudam a piorar a imagem de “mulher é frágil e precisa de proteção”, legitimando o machismo estrutural da sociedade.

Os homens, em muitos casos, não tem a noção do quanto é privilegiado na sociedade patriarcal, apenas por ser do sexo masculino. Isso porque o patriarcado é institucional, ele está em todas as áreas da vida: em casa, no trabalho, nas escolas, igrejas, comércios e etc.

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Exemplos que caracterizam o patriarcado na sociedade

Alguns exemplos que caracterizam o patriarcado na sociedade são: os salários das mulheres são inferiores aos dos homens até hoje; os maiores cargos das empresas ainda são assumidos por homens; o homem é considerado a autoridade suprema dentro de casa, nas igrejas e em muitas outras situações.

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Existem dezenas de situações que colocam os homens como seres superiores às mulheres e essas rotinas que passam despercebidas configuram o conhecido patriarcado institucional.

Benefícios do Patriarcado para o homem

Os benefícios do patriarcado para o homem são inúmeros, como já falamos: detém os cargos maiores em companhias, domínio das finanças em casa, facilidade em se empregar (pois mesmo se tiver filho pequeno, por exemplo, não vai dificultar na contratação), horas de “happy hour” sem julgamentos alheios (pois mesmo sendo pai, o homem é visto como a pessoa que trabalha muito e precisa de um momento de distração, diferente da visão que se tem da mulher, que mesmo com seu trabalho fixo, tem que estar em casa e com os filhos a todo tempo).

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O patriarcado também é muito severo com homens que escolhem não seguir a postura tradicional “masculina” dada pela sociedade. Alguns exemplos disso são homens que têm preferências ditas “femininas” e, por esse motivo, ridicularizadas e julgadas inferiores, como homens que não gostam de futebol, que preferem ficar em casa cuidando dos filhos ao invés de trabalhar, que são vaidosos e cuidam da aparência ou que assumem uma relação emocional/sexual com outro homem. Esses exemplos ilustram as posturas que não são toleradas pelo patriarcado, pois o homem nasceu –na visão machistapara produzir, reproduzir, ser o “macho alfa” da casa e ser economicamente responsável pela família.

O patriarcado mata todos os dias, ele julga de maneira errada as atitudes das mulheres que andam sozinhas à noite e são estupradas, ele julga as mães que deixam seus filhos em casa e seguem a carreira profissional, ele menospreza o trabalho intelectual de muitas mulheres, coloca os homens como juízes sociais e líderes intocáveis. Ele está em todo lugar, em todos os setores, em todos os momentos. Sim, nós precisamos falar sobre o patriarcado. Sim, nós precisamos repensar o patriarcado. Hoje e todos os dias.

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O Brasil está na quinta posição do ranking de países onde mais se matam mulheres. “A maior parte dos crimes contra a mulher está totalmente associada ao ciúmes, necessidade de controle. São essas circunstâncias. É o cara que não consegue controlar o horário da mulher, a roupa, o grupo de whatsapp, com quem ela está falando”.

DESCONSTRUIR O PATRIARCADO É FUNDAMENTAL PARA ACABAR COM A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

“Nós nunca pediremos desculpas por termos nascido mulher. Vocês é que têm que pedir desculpas pelas agressões”.

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o comportamento machista e patriarcal: “é não respeitar a mulher pelas suas próprias escolhas. A escolha de trabalhar ou não trabalhar. A escolha de estudar ou não estudar, se for a vontade dela. É ela usar uma saia curta porque gosta e ter que ser respeitada por isso. Nós temos sim que ocupar todos os espaços públicos e privados que não competem e que são de nosso direito”.

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Eu, outubro de 2018, Santa Rosa, Rio Grande do Sul.

Relato Pessoal: neste dia participei do protesto ele não, contra a candidatura do atual presidente da república que durante sua campanha de eleição disparava frases como: " o erro da ditadura foi torturar e não matar", “Ele merecia isso: pau-de-arara. Funciona. Eu sou favorável à tortura. Tu sabe disso. E o povo é favorável a isso também”, “Eu jamais ia estuprar você porque você não merece”, “Por isso o cara paga menos para a mulher (porque ela engravida)”,“Foram quatro homens. "A quinta eu dei uma fraquejada, e veio uma mulher”. Diante destas frases, eu, como feminista e apoiadora de minorias como negros e a comunidade lgbtq+, me senti na obrigação de participar e alertar às pessoas que pretendiam votar nele. Atualmente estamos encarando as consequências de ter-lo no poder.

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PODER, PATRIARCALISMO E SUBMISSÃO EM DOM CASMURRO, DE MACHADO DE ASSIS  No livro, a mulher é colocada como vasos fracos que precisam da proteção do homem. Esse discurso é uma forma de mantê-la sob o domínio masculino, domínio esse mascarado de proteção. Assim, vemos que por trás dessa fala há um objetivo, uma intenção, uma forma de fazer Capitu, através das palavras bíblicas, reconhecer que deveria se portar exatamente da maneira mostrada. Dessa forma, Bentinho se isenta da responsabilidade de mandão, de machista ou manipulador, uma vez que ele está apenas repetindo o escrito, ou seja, não é a vontade dele, mas a vontade de Deus e em nome da religião, a mulher deve obedecer a esses modelos de conduta. Vemos nesse contexto, que a inocência que o narrador tenta passar para o leitor, como aquele que foi manipulado por uma moça que desde criança já era malina, na verdade é a malícia dele próprio, que monta estrategicamente, um jogo de palavras, frases e fatos, de forma que o leitor seja levado a ver exatamente pelo ângulo que ele quer que seja visto tudo que ele apresenta na obra. Essa submissão da mulher é característica da família patriarcal do século XIX, não desconsiderando que o patriarcalismo está antes e depois do citado período. No caso da tríade familiar, na obra em questão ela está completa quando nasce o filho de Bentinho e Capitu.

O QUE MUDOU NA FAMÍLIA BRASILEIRA? COMPARATIVO ENTRE OS SÉCULOS XIX E XXI

No início dos séculos XVI e XVII, a economia da Colônia esteve, basicamente, assentada nas plantações de cana localizadas no Nordeste. Nos engenhos do mundo rural, as famílias de elite viviam nas mansões assobradadas, cercadas de escravos e dependentes. Nas uniões legítimas, o papel dos sexos estava bem definido, por costumes e tradições apoiados nas leis. O poder de decisão formal pertencia ao marido, como protetor e provedor da mulher e dos filhos, cabendo à esposa o governo da casa e a assistência moral à família.O pátrio poder era, portanto, a pedra angular da família e emanava do matrimônio. No Brasil, assim como na sociedade portuguesa até o século XIX, o gênero também exercia influência nas relações jurídicas e a autoridade do chefe da família aparece como legítima na literatura e nos documentos da época, o que não significa que esses papéis, necessariamente, devessem existir dentro da rigidez com que estavam estabelecidos. Sabemos, no entanto, que apesar das variações nos modelos familiares, o dominante era o de famílias extensas baseadas nas relações patriarcais.

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O QUE MUDOU NA FAMÍLIA BRASILEIRA? COMPARATIVO ENTRE OS SÉCULOS XIX E XXI

Alguns sinais de mudança foram sentidos entre as mulheres da elite e das classes médias urbanas. No início do século XX, mulheres profissionais foram aos poucos ocupando espaços, aparecendo algumas atuando na área da Física, do Direito, da Farmácia e da Arquitetura. Entretanto, até 1930, a representação feminina nos cursos superiores foi bastante escassa, concentrando-se sobretudo nas faculdades de Farmácia e em segundo lugar, nas de Medicina e Odontologia. A maior concentração feminina nesses ramos do ensino, notadamente no ramo farmacêutico, pode ser explicada pelo processo de desvalorização social sofrido pela profissão de farmacêutico. Por outro lado, não podemos esquecer que a expansão do mercado de trabalho industrial brasileiro contou com a participação significativa da mulher. A maior parte da mão-de-obra da indústria têxtil era feminina. A mulher inicia, portanto, a sua participação na indústria, num nível de trabalho não qualificado e, basicamente, na indústria têxtil. Para a década de 40, por exemplo, a taxa de ocupação da população economicamente ativa, ou seja, das mulheres com mais de 15 anos, estava entre 13% e 20%, segundo os censos realizados nesse período

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O QUE MUDOU NA FAMÍLIA BRASILEIRA? COMPARATIVO ENTRE OS SÉCULOS XIX E XXI

O aumento da participação feminina no mercado de trabalho formal é um processo que, ao longo do século XX vai se acentuando, mas há que se considerar sempre a inserção os setores informais e a importância do trabalho domiciliar que contribui para o orçamento familiar, mas que não aparece contabilizado.Esse fato reflete-se estatisticamente quando analisamos os dados gerais referentes às profissões nos censos brasileiros, onde a maioria do sexo feminino, por estar no mercado informal ou domiciliar, aparece sem profissão, questão que trataremos a seguir e que deve também ser relacionada às categorias profissionais, que estão incluídas nas estatísticas oficiais e esse é, portanto, ao nosso ver, um outro aspecto a ser considerado para análise.Segundo a  Pesquisa Nacional realizada em 1995, no mercado de trabalho, as mulheres representavam 39,88% do número total de 69.628.608 indivíduos com ocupações formais. Desse total, 27.765.299 mulheres trabalhadoras estavam distribuídas nas seguintes atividades: prestação de serviços (29,83%); agricultura (22,50%) e atividades sociais (16,30%). Nos setores onde a participação feminina era menor, temos o seguinte quadro: transporte e comunicação (0,78%); atividades industriais (0,52%) e indústria de construção (0,37%).

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Minha opinião sobre o assuto

A luta contra o patriarcado é de toda a sociedade, pois é uma das piores causas da opressão à mulher. O feminicídio pode-se dizer, que é uma forma extremada de misoginia; os crimes de lesbofobia tem sua origem no machismo, um dos pilares do patriarcado. A discussão de gênero é ampla e, interseccionando com as questões de raças, etnia, de grupos LBTGI, entre outros, contribuem para o empoderamento e emancipação das mulheres na busca por maior representatividade na política, na mídia na economia, e em todas as outras esferas da sociedade. Nas eleições municipais de 2016, por exemplo, as mulheres foram subrepresentadas: 23% das cidades brasileiras não elegeram nenhuma mulher para as Câmaras de Vereadores. Dos 5.570 municípios, 1291 cidades não tiveram nenhuma mulher eleita e 1963 elegeram apenas uma vereadora. Feminismo tem a ver com liberdade, respeito e expressão da subjetividade das mulheres que não aceitam sistemas de hierarquização e dominação. Além do que o feminismo não é um bloco monolítico ou homogêneo, pois assume diversas facetas e traz um universo complexo de análise. A título de exemplos, há o feminismo negro, o feminismo interseccional, o feminismo indígena, o feminismo radical, o feminismo liberal, o feminismo marxista, o feminismo anarquista, o transfeminismo, entre outras vertentes do feminismo. Mas, em geral, o feminismo traduz um movimento de busca de igualdade entre mulheres e homens, no sentido de quebrar a espinha dorsal do sexismo e do patriarcado, que estão naturalizados e enraizados no corpo social, tendo como norte de análise a necessária intersecção entre gênero, raça e classe, além da visibilidade da mulher trans.

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Nietzsche afirmava “o poder embrutece”.

Escritoras revolucionárias, feministas e inspiradoras

Virginia Woolf, Djamila Ribeiro, Ilana Casoy, Angela Sain, Jenny Han, L. M. Montgomery, Stephenie Meyer, Veronoca Roth, Angela Davis, Margaret Atwood, Angela Carter, Clarice Lispector, Simone de Beauvoir, entre outras...

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Referências

www.msn.com/entendaopatriarcadoecomoeleafetahomensemulheres www.unirios.edu.br/poder_patriarcalismo_e_submissao_em_dom_casmurro.pdf juorosco.blog/2017/01/06/dom-casmurro-uma-breve-analise-sobre-o-patriarcalismo-e-luta-de-classes acessos em: 14 e 15 de agosto de 2020

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