05 Preppy Part 01

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T.M. Frazier #5 Preppy: The Life & Death of Samuel Clearwater, Part Um Série King

Tradução: Magali Revisão Inicial: Ester Revisão e Leitura Final: Anne P. Data: 12/2016

Preppy Copyright © 2016 T.M. Frazier

SINOPSE Gravata-borboleta... ATÉ EU MORRER. Samuel Clearwater, mais conhecido como Preppy, gosta de gravatasborboleta, panquecas, suspensórios, bons amigos, diversão, boas drogas, e uma boa f*da. Ele conseguiu dar a volta por cima de uma infância infernal e está vivendo a vida que ele sempre imaginou para si mesmo. Quando ele conhece uma garota, uma viciada a ponto de acabar com tudo, ele fica dividido entre seus sentimentos por ela e o medo paralisante de que ela poderia ser a única a acabar com a vida que ele ama. 1

Andrea ‘Dre’ Capuleto está fraca e cansada. Cansada de viver para satisfazer seu próximo vício. Cansada de fazer coisas que faz seu estômago virar. Cansada de olhar no espelho para o reflexo da pessoa que ela se tornou. Mas assim que ela decide acabar com tudo, ela encontra um homem que vai mudar o curso de suas vidas para sempre. E suas mortes. Para a maioria das pessoas, a morte é o fim de sua história. Para Preppy e Dre, foi apenas o começo...

A Série

Prólogo PREPPY Presente Flashes minúsculos de luz faíscam fracamente nos cantos escuros da minha mente. Lentamente, o crepúsculo se transforma em amanhecer. Meus pensamentos despertam enquanto a luz no interior fica mais e mais brilhante. Eu ouço um barulho, parece o som de uma torneira aberta, mas eu percebo que é o sangue correndo através das minhas orelhas. Quando atinge meu coração, eu engasgo com o som dele batendo como um bumbo de volta à vida. Boom. Baboom, batendo mais e mais, até que cai em um ritmo rápido e constante. A nova vida dentro de mim fica mais alto, mais forte, até que a morte desaparece e eu acordo com um suspiro. Meus olhos se abrem. Eu tento inalar o ar, mas nada acontece. Eu tento de novo e meus pulmões queimam quando eles finalmente decidem cooperar. Eu posso respirar, mas dói pra caralho. Eu estou vivo, porra. Meus primeiros pensamentos me chocam pra caralho. Eles são sobre uma menina. Uma menina de olhar triste, cabelo preto brilhante e enormes olhos escuros, sentada no alto de uma torre de água. Meu coração sai do ritmo, batendo cada vez mais rápido até que esteja vibrando no meu peito como uma britadeira. Ela. Embora minha visão esteja borrada como a merda, meus pensamentos sobre ela são mais claros do que nunca, e pela primeira vez na vida, estou com medo. Eu nem sequer preciso ver o grande filho da puta em cima de mim com um taco de beisebol para saber que eu estou completamente e totalmente ferrado.

Capítulo um PREPPY Três anos antes... Porra, essa merda é boa. Limpei o excesso de pó debaixo do meu nariz e esfreguei em minhas gengivas. — Uma cheirada maldita cara, obrigado. Esta merda de dia fica um pouco mais tolerável. — eu disse. Tínhamos acabado de estacionar na frente da casa de Grace depois de deixar King para começar a cumprir sua sentença. Nós iríamos vê-lo novamente, mas não por dois ou quatro anos. — Porra. — Bear disse, imitando meus pensamentos sobre a cocaína quando cheirou uma linha no meu painel. Ele beliscou a ponte do seu nariz e balançou a cabeça de um lado para o outro, seu longo cabelo loiro batendo em volta de seu rosto como um cão pastor molhado se agitando para se secar, enquanto a corrida do pó batia em seu cérebro. Eu conhecia esse sentimento. Eu o conhecia bem. Porra, eu adorava. Bear limpou qualquer evidência de resíduos da nossa festinha do painel com a mão. Ele saiu do carro, mas eu hesitei com as mãos no volante. Olhei para a pequena casa de Grace e suspirei. — Você vem? — perguntou Bear, se inclinando na janela aberta. Ele acendeu dois cigarros e se encostou ao carro, obscurecendo minha visão com o jeans cobrindo a sua bunda. Relutantemente, eu saí e enquanto dava a volta no carro, alisei minha calça cáqui, endireitei a gravata-borboleta, e respirei fundo. Eu me aproximei de Bear encostado no carro e ambos ficamos em silêncio, olhando para a varanda de Grace. Ele me entregou um dos cigarros acesos e eu aceitei, dando um trago longo e profundo. — Você não achou mesquinho que ele nos proibiu de visitá-lo? — perguntei. Bear enganchou um polegar em seu bolso, chutando uma pedra com a ponta da bota. Eu dei outra tragada e exalei lentamente. Bear deu de ombros. — Alguns dos meus irmãos, quando são condenados, dizem a mesma coisa. Não querem visitas, nenhum telefonema. Quando eles estão presos eles têm de se concentrar na vida lá dentro, não acho que receber visitas os ajuda trazendo a lembrança da fodida liberdade que eles não têm.

— Eu não estou me referindo aos seus cães Bear, estou falando sobre King. — eu disse, apagando o cigarro sob o meu sapato. Bear revirou os olhos e jogou o cigarro na estrada, soprando a fumaça de suas narinas. — Vamos, vamos acabar com isso. — Bear? — perguntei, me sentindo subitamente desconfortável enquanto caminhávamos até a frente, batendo os dedos na frente da minha calça, arrumando meu laço novamente. — Sim, Prep? O segui para a varanda e baixei a voz para um sussurro, — Eu acho que maconha teria sido uma ideia melhor. Bear se virou para mim, suas pupilas do tamanho de duas panquecas. Ele apontou para os meus olhos. — Sim, cara, — ele concordou quando nós dois irrompemos em um ataque de riso. — Eu acho que você pode estar certo. ***

— Da forma como eu vejo, só há uma solução para a porra do nosso problema. — eu anunciei, olhando entre Grace e Bear, e o deprimente olhar em seus rostos. Ambos olharam para a mesa como se ela fosse oferecer magicamente a resposta que estávamos procurando. As sobrancelhas de Grace franziram firmemente em um ponto para baixo, fazendo com que mais rugas se formassem em seu rosto já fortemente envelhecido, enquanto ela circulava a borda do copo com a colher uma e outra vez. Me matou não poder corrigir isso para ela. Para nós. — Samuel, — Grace disse, cobrindo a minha mão com a dela e me oferecendo um sorriso tranquilizador que não foi nada animador. — Você não tem que corrigir isso agora. Você não tem que deixar melhor. Vamos pensar em alguma coisa. — seu tom soou como se ela estivesse tentando se convencer tanto quanto ela estava tentando me convencer. Nós estávamos falando sobre Max, a menina de King que tinha sido enviada para o sistema no segundo que ele teve seus punhos algemados. Nós três tínhamos tentado tudo o que podíamos para arranjar uma maneira de trazê-la para casa como uma de nós, mas o governo é instável como a merda. Aparentemente, eles não querem entregar uma criança aos cuidados de um motoqueiro, um degenerado, ou a uma mulher idosa doente. Puta merda.

Os nós dos dedos de Bear estavam brancos quando girou o guardanapo de um lado para o outro, arranhando o plástico com um rosnado. Ele o atirou sobre a mesa, deu a Grace um olhar de desculpas antes de deixar cair o rosto em suas mãos. Bati minha mão em cima da mesa, sacudindo o famoso jarro de mojitos de Grace e finalmente desviei suas atenções para fora das suas próprias bundas e até a mim. — Tudo bem. Estamos decididos. — eu estendi a mão e apertei a mão de Bear enquanto Grace apertava a minha, e me lembrou de quando eu tinha dado a ele um caso grave de piolhos. — Precisamos apenas dizer que somos gays e casarmos. — Cale a boca, Prep. — Bear resmungou, apagando o cigarro no cinzeiro e tentando me estapear na cabeça, mas eu era muito rápido, me esquivando dele antes que ele teve a chance de fazer contato. — Garotos. — Grace repreendeu, embora minhas palavras tivessem feito o que eu estava querendo, porque os cantos da boca dela viraram para cima, sua carranca suavizando. Um pouco do brilho retornou aos seus olhos trazendo como ela era naturalmente quando entrou em nossas vidas loucas. Sua vida como a nossa mãe. — Bear, pelo menos finja que se preocupa com essa merda, — eu disse, observando Grace com o canto do meu olho quando seus ombros relaxaram e ela se acomodou em sua cadeira com sua bebida. — Quero dizer, olhe para você, filho da puta! Pelo amor de Deus, eles não vão nos dar o bebê de King se o meu futuro marido não vai se dignar a vestir uma maldita camisa! — eu apontei para Bear, que não usava uma camisa sob seu colete desde o dia em que virou um prospecto para os Beach Bastards. Sério, você achava que o cara era alérgico ou algo assim. — Do que você está falando? Estou totalmente coberto. — Bear disse, olhando para baixo e ajustando seu colete para cobrir seu mamilo esquerdo, expondo o direito no processo. Revirei os olhos. — Tatuagens não contam, porra. — eu disse, e isso é quando ouvi a pequena risada de Grace e interiormente, meus próprios ombros caíram. — Claro que elas contam. — disse Bear, batendo na tinta em seu abdômen com ambas as mãos, como se de alguma forma provasse seu ponto. — Samuel, — Grace disse, soando um pouco cansada. — Tanto quanto eu aprecio o seu entusiasmo, vivemos no sul, querido, eles não abraçaram completamente a ideia do casamento gay aqui ainda. Eu saí da mesa e andei para cima e para baixo nos três degraus que levavam

da sala para o quintal e vice-versa. Claro que eu sabia que o casamento gay não era legal no sul, e eu sabia que a ideia era ridícula pra caralho, mas eu estava disposto a vomitar qualquer coisa para achar uma solução. Sem mencionar, que, alguém precisava diluir a espessa nuvem de medo que pairava sobre a nossa pequena família. — Samuel, vamos pensar em alguma coisa. Só que vai levar algum tempo. — Grace me tranquilizou. Olhei para ela e peguei sua mão estendida, me curvando, a puxei para um abraço e ela colocou os pequenos braços em volta da minha cintura. Ela cheirava a hortelã, pimenta e a mistura de pétalas de flores que ela sempre manteve em cima da mesa da sala para perfumar o ar, o que poderia ter me confundido uma ou duas vezes com o cheiro de erva. Ou seis vezes. — Deixa com a gente, Grace. — Bear disse, ecoando meus pensamentos. Embora, ele não parecesse tão convencido quanto eu estava. Me agachei ao lado de Grace. — Nós apenas temos que ser um pouco mais... criativos. Grace bateu no meu rosto. — Você é um bom menino, Samuel, — ela disse, e se eu fosse um cachorro, meu rabo estaria abanando tão rápido que eu teria rolado no chão. — Ah, e antes que eu me esqueça, não se esqueçam de verificar Mirna como eu pedi. Ela está mais distraída do que o habitual e eu quero ter certeza que ela será cuidada enquanto eu estiver fora. — É isso aí, — eu disse, dando um último beijo em sua testa e quando levantei, alisei o vinco nas minhas calças. A casa de Mirna foi uma das primeiras casas suburbanas na nossa operação de plantação de maconha. Além disso, ela fazia brownies de chocolate incríveis, que eram tão bons pra caralho que eu andava pensando seriamente em esfregá-los nas minhas bolas. — Na verdade eu vou lá hoje. — eu assegurei a ela. — Quando você vai voltar? — perguntou Bear. — Em algumas semanas, mais ou menos. Não mais que isso. — Grace respondeu, com um pouco de entusiasmo demais. Bear e eu trocamos um olhar de cumplicidade acima da cabeça de Grace. Ela estava saindo da cidade por algumas semanas para alguma clínica que ela fazia soar como um resort e SPA, mas Bear e eu tínhamos nossas suspeitas, então ligamos para o local depois que ela falou do assunto pela primeira vez e com certeza, era uma clínica de tratamento médico para pacientes em estágios avançados de câncer. Grace raramente pronunciava a palavra com C quando estávamos por perto e jurava que ia viver para sempre. — Você precisa de uma carona até lá? — perguntei.

Grace se agitou. — Meninos, parem de se preocupar comigo. Eles estão enviando um carro para mim na parte da manhã. Agora vão! Vão! Eu vejo vocês dois em algumas semanas. Eu era do tipo perigoso que carregava uma arma em todos os momentos, mas até mesmo eu não era estúpido o suficiente para tentar argumentar com Grace quando ela colocava algo na cabeça e se ela disse que ia viver para sempre, então era melhor acreditar nela e deixar por isso mesmo. Bear levantou da mesa e se despediu, e eu o segui através do pátio e pela lateral da casa. — Você ainda tem o número daquele lugar? — Sim, eu liguei para me certificar de que ela tem um quarto particular. — eu disse. — Ótimo. Um dos irmãos tem uma meia-irmã que trabalha lá. Ela vai manter o olho nela. — disse Bear. Não havia muito para Bear e eu fazermos, mas cuidar de Grace, mesmo que fosse pelas suas costas, era uma dessas raras coisas que não requeria um argumento ou o dedo do meio. — Me deixe no clube, — disse Bear. — Eu não trouxe minha moto de Dunn, e pela manhã passo lá antes de montar. Eu balancei a cabeça. Na ausência de Grace, Bear ia estar fora em uma corrida com os Bastards, algo sobre alguma coisa em algum lugar. Eu realmente não sabia dos detalhes, porque eu realmente não ouvia o que ele dizia, e bem, ainda havia algo me incomodando sobre a nossa conversa anterior. — Quero saber uma coisa, você realmente não iria virar gay para casar comigo em prol da filha de King? Isso é besteira. — eu sabia que era estranho ficar ofendido porque meu amigo muito heterossexual não se casaria com seu outro amigo muito heterossexual em um casamento muito gay para salvar a filha de seu outro amigo muito heterossexual, mas não havia nada que eu não faria para acertar as coisas. Não era o casamento a parte ruim, era o pensamento de que Bear não estava junto na parceria, tanto quanto eu estava e isso me deixou todo ouriçado. Algumas pessoas eram fodidas. Com uma mão no portão da cerca do quintal de Grace, Bear parou e se virou. — A verdade? Não há nada que eu não faria para trazer a menina de King de volta para ele. E deixe de ser babaca, Preppy, porque você sabe dessa porra. Acredite ou não, essa merda não toda sobre você. Eu me senti melhor sabendo que estávamos na mesma página. — Isso pode ser verdade, mas o que também é verdade é que tudo isso é uma grande merda, seu babaca.

— Com certeza, meu amigo. — Bear concordou, abrindo o portão. — Ei Bear, você quer saber como eles chamam o casamento gay nos estados onde é legalizado? — eu perguntei quando chegamos ao carro. — Não, mas eu tenho um pressentimento que você vai me dizer de qualquer maneira. — disse ele com uma risada, lutando para manter seu estado permanente de irritado. — De casamento, seu idiota. — eu disse, batendo nas costas de sua cabeça enquanto corria para o meu carro. Ele me lançou um dedo do meio tatuado.

*** 2

— I came in like a wrecking baaaallll . — eu cantava com a janela aberta passando por um grupo de adolescentes reunidos na calçada. O grupo, na maioria meninas, franziu o nariz em confusão, como se nunca tivessem sido vítimas de um motorista dirigindo e cantando antes. — Adolescentes fodidos. — eu resmunguei, apoiando o cotovelo em cima da porta e acenando com a mão através do vento na batida da música, continuando meu dueto soando no rádio em um volume não totalmente apreciado pela maioria, e especialmente não apreciado pelos que estavam na festa rolando ao lado, seus rostos com uma expressão de dor, como se meu canto estivesse fazendo seus paus se amarrarem em nós. — Estamos todos nos sentindo como merda sobre King e Max, Bear, mas você tem que parecer como se estivesse com prisão de ventre? — perguntei, socando-o no ombro. Bear ficou em silêncio por um momento. Ele suspirou e coçou a parte de trás do pescoço. — Não é apenas sobre King. É o meu velho também. Ele tem ficado em cima de mim ultimamente, ainda mais do que o habitual. — eu estacionei do lado de fora do portão. Bear olhou para o clube escuro como se ele pudesse ver algo mais do que as janelas e paredes. — Foda-se o seu velho, — eu disse. — É melhor aquele filho da puta nunca vir para mim ou eu vou mostrar a ele o especial Preppy. — O que exatamente é o especial Preppy? — perguntou Bear, uma sobrancelha loira e espessa arqueando. Fiz o sinal de uma arma com o polegar e o dedo indicador e apontei para o clube. — Uma bala em formato de gravata borboleta. — eu puxei o dedo na minha arma e fiz o meu melhor ruído de tiro explodindo na minha boca.

Bear riu. Não essa merda falsa de riso que ele estava tentando fingir como verdadeiro nas últimas semanas, mas um riso real, vivo, genuíno, que foi um alívio de ouvir, considerando a nuvem de desgraça que ele estava afundando. O filho da mãe podia ser tão sério algumas vezes, isso fazia meu pau doer. Bear saiu com uma saudação de despedida e desapareceu atrás do portão. Eu fui para Mirna, me sentindo mais determinado do que nunca para trazer Max de volta para King, e proteger as pessoas que eu chamava de família. Não havia nada que eu não faria. Ninguém que eu não mataria. Como se fosse fácil assim, porra.

Capítulo dois DRE Eu tinha sêmen no meu cabelo. Sangue coagulado debaixo das minhas unhas. Contusões entre as minhas pernas. Eu estava tão no fundo do poço que eu precisava de uma nova palavra para definir a minha situação. Eu precisava de uma nova vida, porra. Toquei no meu sutiã sob a minha camisa, verificando o bilhete do ônibus pela centésima vez. Eu respirei aliviada quando o papel enrugou contra a minha pele, meu lembrete de que um novo começo estava apenas a uma viagem de ônibus. Eu endireitei minha camisa e olhei ao meu redor. A pequena casa era muito familiar para mim, parecia que foi em outra vida, mas na realidade foi apenas há alguns anos atrás. Eu costumava me sentir em casa. Oh, como as coisas mudaram. Eu nervosamente cruzei e descruzei as pernas enquanto Mirna fazia barulho em sua cozinha. Me senti com se estivesse em casa. Isso não tinha nada a ver com Mirna (que eu sempre chamei pelo primeiro nome) e tudo a ver comigo. Eu puxei a bainha dos meus shorts para baixo como se eu pudesse de alguma forma torná-los mais compridos, de repente muito consciente do buraco no bolso expondo a pele da minha coxa. Após inutilmente arrancar os fiozinhos desgastados no jeans, eu mudei para as minhas luvas, esticando o tecido sobre as palmas das mãos e dobrando os dedos sobre ela para mantê-la no lugar. A luz do sol entrava através da grande janela na sala de estar. O sol do entardecer tornando o tecido fino da minha camisa completamente transparente, eu esperava realmente que Mirna não notasse meus braços. Meu estômago revirou. A heroína que eu usei durante a semana passada quase não foi o suficiente para me embalar, apenas me impediu de cometer alguma loucura. Minha cabeça latejava e meu corpo doía como se eu tivesse gripe. Uma eterna ressaca sem cura. Meu estômago também poderia estar um pouco retorcido porque no segundo que eu entrei na casa da minha avó, eu me tornei oficialmente o pior ser humano da porra do planeta. Extraoficialmente eu já detinha o título há algum tempo. Eu balancei para frente para conter a náusea, mas havia pouco para sair

que não veio na forma de uma seringa, se bem que um corpo menos usado e abusado ajudaria. Eu me perguntava por que Mirna estava demorando tanto, pois eu não tinha certeza de quanto tempo mais eu poderia me sentar aqui sem vomitar bem na porta da frente. Outra onda de náusea tomou conta de mim e sem pensar eu mordi meu lábio inferior para manter o conteúdo do estômago. Eu lambi o sangue do meu lábio, o gosto de cobre adicionando um gosto nojento à bile na minha língua. Mirna voltou para a sala com um grande sorriso no rosto. Ela largou uma bandeja de prata na mesinha de café, a que ela só utilizava quando recebia visitas. Minha avó, aparentemente inconsciente do meu desconforto, serviu o chá em duas xícaras incompatíveis. Uma delas era azul claro com a borda lascada, e eu a reconheci imediatamente. A falha tinha sido de quando eu brincava de girar em volta da sua mesa de café quando era criança. Eu tinha enviado todo o seu jogo de chá, um presente de casamento do meu falecido avô, para o chão. Mirna tinha sentado comigo no chão da cozinha, acariciando meu cabelo e me confortando por horas, mesmo tendo arruinado completamente seu precioso jogo de chá além do reparo. Tudo tinha sido perdido, com exceção de uma xícara. A xícara que agora recebi das mãos de Mirna quando ela me entregou na mesa de café. Minhas mãos tremiam, sacudindo a xícara contra o pires. Eu sorri educadamente o quanto pude, colocando-a cuidadosamente de volta na mesa sem sequer tomar um gole. Minha avó me devolveu o sorriso e me observou com curiosidade por cima da borda da xícara, e, assim como quando eu tinha batido pela primeira vez em sua porta há alguns minutos mais cedo, eu esperei. Nada. A última vez que visitei, Mirna ela estava tendo dificuldade em SE lembrar das coisas. Onde ela guardou as chaves. Que horas sua amiga Hilda vinha buscála para o bingo. Parecia que as coisas não eram diferentes comigo, mas para Mirna também, porque eu nunca imaginei que a mulher com a qual eu passei meus verões durante a minha infância desde que eu tinha quatro anos não reconheceria sua única neta. Quando as coisas tinham ficado tão ruins? — Você sabe quem eu sou? — perguntei em voz baixa, em uma última tentativa de provocar algum tipo de reconhecimento. Fiquei olhando para ela sem

piscar e desejando o reconhecimento em seus olhos. Olhos que combinavam com os meus. Olhos que costumavam segurar tanta vida, mas agora estavam entorpecidos como se tivessem sido sempre opacos. Talvez não houvesse nada de errado no fim das contas. Talvez ela simplesmente não me reconheceu. Afinal, a última vez que ela me viu eu estava com o cabelo negro e pele bronzeada, e agora eu não era nem a sombra do meu eu anterior. Esquelética, com a clavícula se sobressaindo e cotovelos pontudos. Olheiras profundamente escuras sob os olhos. Pele acinzentada e pálida. Eu não precisava olhar no espelho para saber que nem eu seria capaz de me reconhecer. — Eu sou Andrea, — eu disse. Nada ainda. — Dre? — perguntei, mudando para o meu apelido, apenas no caso de acender uma faísca. — Oh! — Mirna exclamou, erguendo seu dedo indicador. Me sentei na borda da almofada, me inclinando sobre a mesa, esperando ela confirmar o que eu tinha falado. — Você é da igreja, certo? Eles continuam enviando algumas pessoas para cuidar de mim enquanto Rick está no exterior, mas eu estou bem. Meu curso de enfermagem me mantém ocupada, e no meu tempo livre estou aprendendo a ser uma melhor cozinheira, embora eu precise aperfeiçoar o bolo de carne da mamãe ou ela nunca virá para o jantar de domingo. Meu coração caiu no chão quando Mirna se referiu ao meu avô como se ele ainda estivesse vivo e no exterior lutando na guerra. Culpa, culpa nauseante, culpa retorcida, tomou conta de mim e se agarraram às minhas entranhas podres. No grande esquema das coisas, provavelmente era melhor que ela não soubesse quem eu era. Ou por que eu estava lá. Me lembrei do porque quando um barulho soou na parte de trás da casa. Eu me encolhi enquanto Mirna parecia inalterada pela comoção. Ela estava tomando chá com o educado dedo mindinho erguido para o ar como a senhora do sul que ela foi uma vez. Então quando eu pensei que ela não tinha ouvido o barulho, ela inclinou a cabeça e apontou para o corredor. — Quanto tempo você acha que vai levar, querida? — ela perguntou exatamente o que eu estava pensando. Meu pulso disparou. — Uh, eu não sei o que você está... hum... quem? — eu novamente puxei minhas mangas para baixo. Ela sorriu e se inclinou para frente, entortando o dedo indicador para eu fazer o mesmo, então eu fiz. — Há dois homens na outra sala, — ela sussurrou. — Eles quebraram a minha janela e estão me roubando. — ela bateu em seu joelho

e uma gargalhada atravessou sua boca como se ela tivesse acabado de me contar uma piada. — Dá pra acreditar? Não é tudo muito excitante? — Eu vou... eu vou cuidar disso para você. — eu anunciei, mantendo minha voz tão firme quanto possível e ignorando a dor de cabeça quando eu me levantei abruptamente do sofá. Então, tão calmamente quanto pude, andei pelo corredor. — Muito obrigada, querida, — Mirna chamou. — Mas você não tem que fazer isso, alguém já está a caminho. Ele estará aqui em breve. — Quem? — perguntei, me virando. — Samuel. — ela respondeu como se fosse um nome que eu deveria conhecer. Ela pegou a xícara e cruzou as pernas, se recostando no sofá e se virando para olhar pela janela da frente para o quintal. Dedo mindinho de novo erguido. Virei e corri pelo corredor, abrindo a porta do quarto. Eu quase caí com a visão diante de mim. O que costumava ser o quarto de hóspedes e depois como reserva das velharias de Mirna, estava agora infestado de vasos com plantas verdes. E não eram quaisquer plantas. Maconha. Mirna estava cultivando maconha no seu antigo quarto de hóspedes. Folhas verdes se projetavam em todas as direções ao longo de uma complicada teia de tubos transparentes e vasos de vidro pendurados no teto e nas paredes, criando vários corredores de plantas empilhadas. Tropeçando ao redor da sala, empurrando o máximo deles em sacos de lixo, e enviando os vasos de vidro e tubos pelo chão quando andavam, esses dois homens e o bilhete de ônibus em meu sutiã iam me levar longe, muito longe. — Que porra é essa? — eu gritei. Minha boca aberta quando vi aquilo tudo. — E por que isso está aqui? — Eric e Conner pareciam como se tivessem ganhado na loteria da maconha, sorrisos com dentes amarelos estampados em seus rostos encovados. Eric com a sua camiseta rasgada e pendurada como um saco de batata ao longo do seu corpo magro. Suas bochechas estavam fundas. Seus sapatos não combinavam; um preto e outro branco, e em péssimas condições, um tinha um buraco com os dedos dos pés piscando para fora e o outro quase saindo do seu pé. Conner não parecia melhor, embora seus sapatos fossem da mesma cor. — Me diga o que diabos está acontecendo? — eu exigi, desejando que eu não estivesse me sentindo condenadamente horrível. — Você é uma puta estúpida, você sabia? — Eric rosnou. — Isso... — disse ele, segurando uma das plantas e agitando-a no ar, — É exatamente a razão pela

qual nós viemos aqui. Você realmente acha que viemos para esta cidade de merda para roubar a joias baratas de merda da sua avó? — ele balançou a cabeça em descrença e continuou jogando mais coisas no saco. — Que puta burra. — ele murmurou. Conner entrou na conversa. — Quando ouvimos sobre o que havia aqui, nós achamos que era apenas um rumor, mas nós conseguimos uma mina de ouro do cacete. Você sabe o valor dessa merda nas ruas? — ele atravessou o quarto e empurrou um saco na minha mão. Apenas de ficar perto me fez ter mais nojo do que qualquer desintoxicação jamais poderia. — Ajude a carregar isso. Essa merda que você gosta de enfiar na veia não é de graça, você sabe. Eu sei, porque eu já paguei o preço. Não mais. — Você sabia que isso estava aqui? — perguntei, deixando cair o saco e dando um passo atrás. — Porra, sim, nós sabíamos, — Eric disse, levantando a mão para Conner parar. Conner lhe mostrou o dedo do meio e continuou a sua destruição pelo quarto, derrubando equipamentos e puxando os tubos da parede. Água derramou dos tubos molhando ao redor do quarto como um esguicho, respingando em tudo, incluindo Conner e Eric, que não perceberam ou não se importavam. — Estávamos vigiando quando sua avó abriu a porta. Essa cadela não tem noção nenhuma, não é? — perguntou Eric. — Talvez eu deva ir ver se ela gosta de ser espancada como sua neta gosta. — disse ele, agarrando a virilha da sua calça de moletom esgarçada. Conner, alguém que costumava ser o único a vir em minha defesa, agora estava rindo da minha humilhação. Essa piada de mau gosto que Eric fez não tinha nada de engraçado. — Quem diria que uma velha senhora poderia fazer isso? — disse Conner, chutando algum tipo de máquina junto à janela, quebrando e revelando os fios vermelhas e azuis. E foi quando me bateu. Conner estava realmente certo. Mirna não poderia ter feito isso. Nem mesmo quando estava sã, Mirna era o tipo de pessoa que se recusava a tomar uma aspirina quando teve dor de cabeça, então qualquer tipo de droga não estava exatamente em seu radar. E, quanto às suas habilidades botânicas, ela não ia mais longe do que a plantinha pequena de flor sob a janela da frente. — Olhe ao redor, seu maldito idiota! — minhas palavras vieram mais lentas do que a minha boca se movia, e com a minha cabeça latejando, era uma

maravilha que eu poderia falar. — Esta meda é de alta tecnologia. De quem quer que você esteja realmente roubando, não é da minha avó, e eu tenho certeza que você já viu filmes o suficiente para saber que roubar drogas de alguém que lida com isso nunca acaba bem, então as chances são de que eles não vão esquecer isso. Eles virão para você. Conner riu e apontou para nós três. — Sim, quando ele descobrir o que fizemos. Virão para nós três. Por mais que você pense que é melhor do que nós, você não é. Isto é tanto culpa sua como nossa. — Ele? Então, você sabe de quem é esse material? Conner revirou os olhos para mim. Olhos que geralmente expressavam bondade e simpatia tinham se transformado em nada além de ódio e desprezo. — Pare de fazer tantas perguntas e nos ajude a carregar esta merda. — seu sorriso doente torceu em um sorriso conhecedor. — Ou não. Mas então eu não posso prometer que seremos tão gentis com você esta noite como fomos à noite passada. Eu nunca gostei de armas. Até mesmo a arma de caça do meu pai que ele manteve exposta em seu escritório me deixava desconfortável. Mas, em seguida, Conner disse algo que me fez lembrar que; mesmo se eu tivesse uma arma, eu nunca poderia puxar o gatilho. — Ou talvez eu vá chamar Mellie e ela pode montar meu pau por um tempo, — disse Conner, invadindo meu espaço pessoal, olhando para mim com todo o ódio em sua alma. — Oh, espere. Eu não posso. Porque ela está morta. A culpa familiar borbulhou no meu intestino e explodiu em meu coração. Aquele peso que nunca alivia. Muita culpa para uma única alma. Culpa era do que as grades da prisão eram feitas, e Conner me amarrou com suas palavras, o que ele tinha acabado de falar foi empurrado para dentro e a porta foi fechada. — Eu não quero interromper, — Mirna cantou, parando ao meu lado na porta com a mão no meu ombro. Conner recuou e voltou ao trabalho, enchendo o seu saco. — Mas será que vocês aceitariam alguns biscoitos? — ela perguntou, segurando uma bandeja com seus famosos biscoitos com gotas de chocolate. Eric e Conner a ignoraram, continuando a saquear o quarto de plantas e destruindo tudo. — Me perdoe. — eu disse, me virando para Mirna. Sem me importar se ela se lembrava de mim ou não, eu passei meus braços em torno dela, egoisticamente precisando do conforto da minha avó. Da mesma forma que eu precisei quando quebrei o seu jogo de chá. Ela me deu gentilmente um afago nas costas, — Está tudo bem, querida, — disse ela, recuando e oferecendo a bandeja novamente. — Não fique chateada. Seja o que for que está incomodando você, vai melhorar, há sempre o amanhã e

um novo dia. — ela deu uma mordida em um bolinho e falou com a boca cheia. — Meu Rick sempre diz isso quando estou tendo um dia ruim. Aqui, pegue um cookie. Eu acabei de fazer, são os favoritos de Samuel. Esse nome novamente. — Quem é Samuel? — perguntei, esperando ouvir sobre alguém do seu passado, ou alguém morto há muito tempo, mas, então, com o canto do meu olho eu notei que tanto Conner e Eric tinham congelado. Meu palpite era que eles sabiam quem era Samuel, e se eu tivesse dinheiro, eu apostaria que esta merda pertencia a ele. — Onde ele está agora? — Eric perguntou e seu sorriso arrogante estava longe de ser visto. Mirna deu outra mordida em seu bolinho, mastigando lentamente. A porta de um carro bateu. Ela esperou até que engoliu para dizer: — Ele está aqui. Conner e Eric correram pela porta de trás mais rápido do que eu já tinha os visto correrem. Meu primeiro instinto foi o de não correr. Eu não queria deixar Mirna em seu estado, e eu não tinha realmente efetuado o roubo. As chances eram de que esse Samuel não iria ver isso dessa forma. Hesitei apenas tempo suficiente para embrulhar Mirna em outro abraço. — Mais uma vez, me perdoe, — eu disse, colocando um beijo em sua testa antes de correr pela sala e sair pela porta dos fundos. — Vamos! — Conner gritou, acenando para mim do campo atrás da casa que levava aos trilhos do trem. Mas então eu parei. Essa pode ser a minha única chance, e se eu quisesse estar naquele ônibus amanhã, eu não tinha escolha. Eu tinha que aproveitá-la. Com um último olhar para Conner, neguei a voz da culpa, a voz que me disse que eu devia a ele pelo que eu tinha feito, mas eu me joguei completamente no sentido oposto, atravessando o pátio para a floresta. Eu ouvi meu nome uma e outra vez enquanto corria mais para as árvores, o chão coberto de mato. O tronco de uma árvore próxima explodiu de repente, pedaços afiados de lascas rasgando minhas coxas, sangue quente escorreu em minhas panturrilhas. Meu coração batia acelerado. Meu corpo, que não queria nada mais do desabar ao chão, guerreou com a minha mente que estava me mantendo em movimento alimentado pela adrenalina, um pé na frente do outro. Um assobio passou soando perto do meu ouvido. Outra árvore explodiu. Desta vez, na minha frente. Eu parei e me virei, pegando um breve vislumbre do homem em pé no quintal de Mirna. Comecei a correr novamente em outra direção. Eu não tinha sido capaz de ver muito do homem, mas eu soube então que

o pouco que eu tinha visto estaria queimando em meu cérebro e me assombrando para sempre. Um sorriso malicioso, uma gravata borboleta... e uma arma.

Capítulo três DRE Que merda eu fui fazer? Era o que eu pensava uma e outra vez, enquanto observava o mundo girar sem mim do meu lugar sentada no alto da torre de água. Ao longo do topo dos pinheiros, um pouco além das árvores, estava a pequena cidade de Logan Beach, um lugar que uma vez eu amei. Apesar de ter uma boa visão de onde estava, para minha surpresa, havia sinal de vida em todo lugar. Carros dirigiam acima e abaixo da estrada de duas pistas, luzes acendiam e apagavam. O leve cheiro de churrasco flutuava no ar. O som de música tocando em algum lugar distante vibrou através da plataforma de metal frio, batendo suavemente debaixo de mim em sucessão rítmica. O chão abaixo parecia achatado, como eu imaginava que a Terra ficaria a partir do espaço. Era tudo tão longe, muito longe. Em algum lugar lá embaixo, pessoas estavam comendo, bebendo e dançando. Pessoas felizes. Me lembrei do último dia que eu me senti feliz. O desenrolar lento do cinema mudo, exceto que era colorido, eu me lembrava de cada sorriso, cada gesto de mão exagerada quando histórias e piadas eram contadas. Foi como tudo terminou que me assombrava. Uma cena que nunca aconteceu na tela, mas era repetida uma e outra vez em meus pesadelos. Com as costas de uma mão trêmula, limpei as lágrimas do meu rosto, manchando-o com a maquiagem preta no meu olho. Meu estômago de repente se sentiu miserável. No entanto, nenhuma quantidade de vômitos poderia expulsar os produtos químicos e impurezas me mantendo presa nesta vida que eu odiava. Eu respirei lentamente dentro e fora, tentando reunir meus pensamentos e conter a náusea, mas apesar dos meus esforços para resistir, o mundo girou. Uma dor violenta cortou atrás dos meus olhos como se alguém estivesse esfaqueando meu crânio. Apesar de tudo, eu ainda a queria, ansiava a viagem que não tinha nada a ver comigo ali em cima da torre de água. Heroína. Eu não me lembro de quem tinha ou quando decidimos usar pela primeira vez. Só me lembro da onda de euforia que tomou conta de mim.

Eu estava perdida em algum lugar, e ao longo do caminho, a heroína tomou conta da minha vida e se apossou de mim, decidindo cada movimento meu. Ela era a razão por trás de cada decisão terrível. Não apenas tomando conta da minha vida, e sim, era a minha vida. Quanto mais eu fazia pela heroína, menos eu fazia por mim. A heroína me permitiu um tipo de paz que a sobriedade não podia. Um esquecimento. Eu escolhi esquecer meus amigos, minha família, faculdade. Eu deslizei mais para a extremidade da plataforma, e oscilei os pés sobre a borda. Chutei um dos meus pés calçados com sandálias baratas que comprei em um posto de gasolina, e me debrucei sobre o parapeito para ver como ela caía rapidamente no chão, ganhando força suficiente para enviar algumas pedras e poeira no ar quando bateu contra a terra. Uma risada que soou como louca explodiu da minha boca, ecoando através dos topos dos pinheiros alinhados na estrada de terra ao lado da torre. Joguei a outra sandália e olhei espantada quando ela fez o mesmo caminho da sua companheira, caindo apenas a alguns centímetros com outro poof de nuvem de pedras e poeira. Eu me perguntava como seria voar. Voar como um pássaro sobrevoando tudo. Talvez ele acabasse assim como as minhas sandálias... poof. Levantei muito rápido, e acabei caindo de volta para baixo na minha bunda ossuda. Meus joelhos vacilaram, eu tentei novamente, desta vez mais lentamente. Segurando o corrimão, concentrei meu olhar nas sandálias quando eu desloquei um pé descalço no degrau mais baixo do trilho. O metal afiado cortou a carne na dobra dos dedos dos pés. Meu corpo inteiro começou a tremer mais violentamente do que antes, quase como se eu estivesse convulsionando. Não foi só porque eu estava precisando de uma dose. Era todo o meu ser reconhecendo e percebendo o que eu estava prestes a fazer. E era isso. Dobrando a cintura, eu levantei meu outro pé e fui recebida com o mesmo corte na carne. Mudei minhas mãos para o degrau mais alto e endireitei lentamente os joelhos até que eu estava de pé, a única coisa que me impedia de cair para o lado era a barra de segurança precária pressionada contra a lateral das minhas coxas, que dobrou contra o meu peso. Com as mãos, eu lentamente puxei a barra da minha camiseta até que eu tive o suficiente do tecido enrolado em meus dedos para levantá-la por cima da minha cabeça. Elevando-a para o céu noturno, eu ergui meu punho cerrado e observei como o ventou pegou e a levou para os pinheiros, e eu estava contente

de vê-la ir. Eu dei um toque rápido dos meus lábios na cruz de prata que Mirna tinha me dado na minha primeira comunhão e a deixei descansar entre meus seios. Eu cuidadosamente removi meu short e calcinha, levantando um pé de cada vez até que eu estava de pé completamente nua para o mundo. Limpa. Era o começo do fim. Um batismo na morte. Estendi meus braços bem abertos, abraçando a noite. Eu estava pronta para voar. Na contagem até três. Um. Dois. Três.

*** Eu não queria fazer isso. Mas era tarde demais. Não era como se eu pudesse voltar atrás e mudar de ideia. Eu já estava caindo. Até que eu não estava. Eu fui arrancada da beira da morte por braços fortes e por um segundo, ingenuamente pensei que poderia ser o próprio Deus que ouviu a última prece do meu coração arrependido e salvou minha vida. A vida que eu tinha tão estupidamente escolhido jogar fora em um momento de ilusão e fraqueza. Que porra eu tenho de errado? O que estou fazendo aqui? Eu pensei, voltando para os meus sentidos quando meu corpo foi jogado de lado, cotovelos, ombros, joelhos, bateram contra o trilho de metal. Minha espinha arqueou da plataforma como um gato quando cai, e meu cóccix aterrou sem cerimônia com uma dor nauseante que fez meus olhos lacrimejarem. Eu fui empurrada para as minhas costas. Coxas poderosas montaram em mim, e novamente eu fui estúpida o suficiente para pensar que talvez eu estivesse sendo protegida. Esse pensamento foi de curta duração, quando meus pulsos foram empurrados acima da minha cabeça e presos em um ângulo estranho que fez meus braços torcerem. Depois de alguns momentos

excruciantes, a dor na base da minha espinha aliviou e eu fui capaz de abrir os olhos para o mundo obscuro em torno de mim. Pisquei rapidamente. Quando minha visão clareou, me vi olhando para os olhos cor de âmbar de um homem que certamente não era Deus. Ele era mais velho que eu, mas apenas por alguns anos no máximo. Eu nunca tinha visto alguém como ele. Um lado do seu pescoço estava coberto de tatuagens coloridas e intrincadas que desapareciam na gola de sua camisa amarela de botão. Quando ele ajustou meus pulsos, as mangas subiram em seus antebraços, revelando a pouca pele não tatuada lá também. Seu cabelo loiro estava raspado curto nas laterais, mais longo e penteado para trás no topo. Sua barba era curta, bem aparada e vários tons mais escuros do que o cabelo em sua cabeça. Por um breve momento eu fiquei aliviada que o homem não era Conner ou Eric. No entanto, o alívio logo deu lugar ao pânico. Eu não o reconheci. Não a princípio, de qualquer maneira. Não até que ele sorriu e meu olhar viajou de seus lábios carnudos e dentes brancos diretamente até a gravata borboleta cor de rosa de bolinhas amarelas. Em seguida, o reconhecimento bateu em mim como um trem de carga. Oh, merda. Este homem não era o meu salvador. Não mesmo. — Vejo que você se lembra de mim. Bem, pelo menos agora tudo faz muito mais sentido. — disse ele, sua voz um estrondo profundo que eu senti no meu peito quando ele se inclinou sobre mim, seus lábios a um sopro de distância dos meus. Tentei lutar para me libertar de suas garras, mas ele só riu e me segurou mais apertado. Ele estava certo em rir, porque a minha luta era exatamente isso. Risível. Eu estava fraca. Muito fraca. — O que exatamente faz sentido agora? — eu consegui responder, soprando um suspiro de frustração com a minha falta de capacidade em lutar com ele. — É de conhecimento geral por aqui que qualquer um que roube de mim ou de meu parceiro só pode ser um burro do caralho ou suicida, — disse ele, se recostando em seus joelhos. Ainda segurando meus pulsos com uma mão, ele fez um gesto com a outra para a beirada que eu estava a alguns momentos atrás. — A verdade é que quando eu te segui até aqui, eu tinha como objetivo recuperar o

meu dinheiro, mas ei, você me surpreendeu ao tentar seu salto final ali, eu não esperava isso. Quase não te peguei a tempo. — ele então se inclinou para baixo e teve a audácia de beliscar minha bochecha, da forma como uma tia louca faria. — E daí? Você só me salvou de eu morrer para que pudesse ter a honra? — Talvez, — ele admitiu, acrescentando: — Você deve se orgulhar de si mesma, garota, porque não são muitas coisas que me surpreendem hoje em dia. De certa forma, — ele fez uma pausa e olhou em volta para o céu noturno, inspirando fundo pelo nariz, e liberando-o com um suspiro audível pela sua boca, como se estivesse sentado em um campo aberto, relaxando e literalmente cheirando as flores. — É meio que adorável. Espero que os outros dois estúpidos do caralho me surpreendam tanto quanto você, mas eu duvido. — ele olhou de volta para mim e piscou. — Eu vou acabar com eles quando encontrar esses dois. — O que você fez com Mirna? — perguntei e minhas palavras saíram tão instáveis como o resto do meu corpo. — Isso é uma coisa nova? É isso que as crianças estão fazendo hoje em dia? Roubando das pessoas, então, fingindo que elas se importam com o que acontece? — Por favor. Me conte. Ela está bem? Ele riu como se o pânico na minha voz fosse divertido para ele. Ele inclinou sua bochecha firmemente contra a minha. — Eu. Não. Estou. Dizendo. Merda. Nenhuma. Para. Você. — ele grunhiu, apertando seu corpo duro entre as minhas coxas, como se provasse que só com isso ele poderia me esmagar. Foi quando eu vi. Aquela coisa que deixava meu cabelo e pelos dos braços em pé e a boca aberta em um suspiro. Sempre que eu pensava em alguém ‘assustador’, imaginava os personagens de filmes ou livros. O tipo excessivamente musculoso, sem pescoço, vestindo roupas pretas e rosto carrancudo. Alguém como um guarda-costas, um valentão ou motoqueiro que intimidavam as pessoas de longe com seus tamanhos e expressão silenciosa. Alguém que você não gostaria de cruzar em um beco escuro, ou mesmo uma rua iluminada. O homem em cima de mim nunca poderia ser descrito dessa forma. Ele estava longe de ser um bruto com seu corpo atlético, suas roupas eram em tons pastéis e ele usava suspensório, não exatamente uma roupa de homem perigoso. Na essência, ele parecia como se tivesse saído de uma revista de modas. À primeira vista, o cara era tão assustador como o coelhinho da Páscoa. Até que eu vi.

Uma faísca. Apenas um brilho de depravação espreitando por trás de seus olhos âmbar. Eu vi isso na maneira que ele sorriu quando me prendeu no chão. Ouvi quando me chamou de estúpida e adorável no mesmo fôlego. E quando ele falou sobre seus planos de vingança, eu senti isso em minha alma. Foi então que eu soube que ele era capaz de coisas que eu não podia sequer compreender. Que Conner e Eric eram bandidos, isso era óbvio, mas eles não incutiam em mim o mesmo tipo de medo que este homem. Eu pensei que eu tinha sentido o verdadeiro medo quando eu estava na borda e decidi de forma imprudente acabar com tudo, mas eu não tinha. Eu ainda não tinha sentido quando Conner e Eric me espancaram, me brutalizaram, e depois se revezaram em me violar. No meu interior. Não. Eu nunca senti realmente o que é ter medo até que eu conheci o mal verdadeiro. Ele sorriu e usava uma gravata borboleta.

Capítulo quatro PREPPY E a noite foi piorando quando eu cheguei à casa de Mirna e dei um flagra na minha plantação sendo roubada. No entanto, agora eu estava aqui montando uma garota nua em cima da torre de água, que era um dos meus lugares favoritos em Logan Beach. Eu estava olhando para esta merda lá em cima. Pois quando eu a segui até a torre, não imaginava que ela estava planejando contaminar o meu espaço sagrado, lançando seu corpo esquelético lá de cima. Havia algo sobre ela, algo quase familiar, embora eu soubesse que nunca a tinha visto antes. Eu vi quando ela ficou completamente nua, o rosto inclinado para o céu, e os braços abertos como se ela fosse a rainha do mundo na frente da porra do Titanic. Ela era fascinante. A cadela estava judiada, os hematomas e as crostas de sangue seco decorando sua pele a faziam parecer um quebra-cabeça com algumas peças faltando. Eu estava ali, nas sombras, observando a cena na minha frente por um tempo tão longo que eu quase perdi a ligeira inclinação do corpo dela em um movimento para frente. Se eu estivesse um segundo atrasado para agarrá-la e prendê-la entre as minhas coxas eu ia precisar ligar para uma equipe de limpeza para juntar seus pedaços. Porra, se ela não fosse tão pequena, ela provavelmente teria me puxado junto. — Por que você me salvou? — de repente, ela perguntou, parando sua adorável luta que não iria levá-la a nada. — Receio que não seja bonito assim. — eu disse, olhando em seus olhos de boneca que eram tão escuros que eram quase negros. Ela bufou, seus seios pequenos saltaram para cima e para baixo, tentando recuperar o fôlego. Assim como sua caixa torácica que estava sob a pele roxa e amarelada. A clavícula era pontuda e também os cotovelos. Ela me fazia lembrar aqueles comerciais de um cãozinho com fome e trilha sonora triste tocando no fundo. — O que não é bonito? — perguntou ela em uma expiração forçada. — Que você acha que foi salva. — Bem, eu não estou morta. — argumentou. — Por enquanto, — eu dei de ombros. — É difícil interrogar um cadáver. Confie em mim. Eu tentei.

Ela rosnou e tentou libertar os braços da minha mão, e isso é quando eu tive um vislumbre do interior de seus braços. De repente, destruído que essa garota não estava apenas coberta de hematomas, essas feridas eram de injetar. Ela não era apenas alguma cadela magra. Ela era uma viciada. Machucada. Quebrada. Vulnerável. Ela estava trêmula como uma folha ao vento de merda, e com cada tremor meu pau ficou mais duro até que ele estava implorando para se libertar da minha calça. Ela engasgou, quando me sentiu duro contra sua perna, — O que... por quê? Eu levantei minhas sobrancelhas. — Sério? Por quê? Meu pau sabe que eu estou em cima de uma menina nua. É pura biologia. Não me sinto nada lisonjeado, uma vez eu fiquei duro quando uma senhora gordinha de um restaurante tentou limpar uma mancha de mostarda na parte da frente da minha calça. — se ela realmente soubesse que eu estava pensando sobre como suas contusões e sangue seco pareciam arte sob o luar, e como eu gostaria de cortar uma ou duas linhas em sua pele, ela provavelmente gritaria. Alto. Eu fiquei ainda mais duro. — Qual é o seu nome? — perguntei, aliviando meu aperto ligeiramente. — Por quê? — ela perguntou cautelosamente, sua voz agora um sussurro. Revirei os olhos. — Então eu posso saber o que rabiscar no meu diário, — eu disse, sarcasticamente. — Ok, então o que vai acontecer é o seguinte, eu vou te soltar e deixá-la se sentar. Então eu vou me apresentar, e então, você vai se apresentar. Entendeu? Ela inclinou o queixo concordando e não tirou os olhos de mim, mesmo quando eu a deixei ir. Ela tentou se sentar, mas não conseguiu por conta dos músculos visivelmente tremendo de tensão. No ritmo que ela ia, eu estaria me jogando da torre pelo puro tédio de esperar. Ela golpeou meu peito quando a puxei pelos quadris e a trouxe para uma posição sentada, pressionando-a contra a parede. Peguei suas mãos nas minhas. — Não me bata. — eu disse, balançando o dedo indicador no seu rosto como se estivesse repreendendo uma criança. Eu a soltei novamente e me sentei ao lado dela. Esta cadela estava me deixando exausto, mas porra, eu estava meio que me divertindo.

Uma drogada, quem diria? — Eu sou Samuel Clearwater. — eu disse, estendendo minha mão. Eu não esperei por ela aceitá-la, em vez disso, puxei sua mão de sua coxa e balancei com força, como se para mostrar a ela como cumprimentos eram feitos. Meu olhar caiu sobre o pequeno triângulo de cachos loiros em sua virilha. Minha boca encheu de água. Hã. Cabelos negros em sua cabeça. Pêlos loiros no corpo. Pequena viciada interessante. — Mas todo mundo me chama de Preppy. — eu dei a sua mão delicada um aperto duro. — E você é… — Andrea, mas a maioria das pessoas me chamam de Dre. — Como Dr. Dre? — perguntei, animado com o seu nome original. — Isso é foda. Por favor, me diga que você tem um irmão chamado Snoop. Pelo amor de tudo que é sagrado, por favor, me diga isso. Merda, não tem problema, não me diga, eu só vou fingir que você tem. — suas sobrancelhas franziram como se ela tentasse me decifrar. Boa-fodida-sorte para ela. Ela não seria a primeira. — Então, Dr. Dre, está precisando da sua dose? — perguntei, já sabendo a resposta. — Vá se foder! — ela cuspiu, virando a cabeça. Eu agarrei seu queixo e a forcei a me encarar. — Eu posso arrumar isso para vocêeeeeeee, — eu cantei. Seus lábios se separaram. — Eu posso dar o que você precisa para tirar esta carranca da sua cara. — eu soltei seu queixo. — Você acabou de me dizer que estou sem minha dose e está me oferecendo uma? — suas pupilas dilataram, como se a parte drogada dela já soubesse a resposta à minha pergunta. — Escute, eu poderia levá-la para uma reunião anônima de viciados ou eu poderia te oferecer uma viagem com tudo pago para a reabilitação, mas caso você não tenha notado, eu não sou seus pais, ou a porra do Dr. Phil, então isso não vai acontecer. Uma solução de mudança de vida, eu não tenho. Mas heroína? Heroína eu posso te dar com uma simples ligação. — ela virou a cabeça para o lado. — Então. O que você prefere, Doc?

— O que você quer em troca? — perguntou ela, e foi aí que eu soube que ela estava considerando minha oferta. Mas não era apenas isso. Era muito, muito mais. — Seus amigos. — O que... o que você vai fazer com eles? — Será que importa, porra? — perguntei. — Vamos apenas dizer que para eles não será oferecido uma viagem com tudo pago para a reabilitação também. — Me diga, — ela implorou, se animando e se sentando ereta. Ela agarrou meu braço e apertou. — Por favor, me diga a porra da verdade. Uma coisa que sempre fui foi ser ‘excessivamente honesto’, então a verdade não era um problema para mim. Ela derramava facilmente de meus lábios e Dre ouviu atentamente quando eu lhe disse: — Eu vou cortar as gargantas deles, pegar a porra da minha maconha de volta, chamar alguém para sumir com os corpos porque eu não quero sujar as minhas calças cáqui, e provavelmente voltar aqui e fumar um baseado depois. Talvez cheirar uma carreira se eu estiver no clima para festa, realmente não decidi ainda, depende do meu humor. Dre não respondeu de imediato. Ela parecia perdida em pensamentos, olhando por cima do corrimão enquanto ela descuidadamente coçava seu pescoço, empurrando o cabelo para trás e expondo uma nova contusão, uma combinação roxa em formato de uma mão grande. Ela correu os dedos sobre ela e seus olhos se encheram de lágrimas. Eu só a segui da casa de Mirna porque ela era muito mais lenta do que os outros dois filhos da mãe, e eu pensei que ela iria me levar de volta para eles. O que eu não tinha percebido era que ela não estava fugindo de mim. Ela estava fugindo deles também. — Eu não quero a heroína. — disse ela, me chocando pra caralho. — Você não é uma boa viciada. — eu apontei. — Eu não sou uma viciada. Eu sou uma drogada com a corda no pescoço, o que até este momento, eu não sabia que eram duas coisas diferentes, mas na realidade são muito diferentes. — Sim, eu meio que percebi quando vi você circulando o parapeito lá em cima, — disse eu, novamente apontando para a borda. Ela não olhou, em vez disso, fechou os olhos com força e colocou os braços ao redor de seu estômago, como se ela não quisesse reviver o que ela quase tinha feito. — E não é que eu não quero isso, porque eu quero. Eu quero tanto que eu

posso até prová-lo, literalmente, porque quando você viaja deixa um gosto na boca e eu só... — ela disse, estendendo a mão para tocar seus lábios. — Mas… — Mas? — Mas o estranho é que eu não quero mais, — ela soltou uma respiração instável. — Eu vou lidar com a minha merda, mas eu estava sendo honesta quando eu disse que queria algo mais de você. Duas coisas, na verdade. — Você não está exatamente em uma posição de fazer exigências, — eu a lembrei, embora eu e meu pau estivéssemos muito intrigados com o que esta pequena poderia querer. — Não, eu não estou, — ela disse. Sua voz contendo algo que parecia como determinação. Ela olhou para mim, e quando seus olhos encontraram os meus, eu juro que eu podia ver suas bolas crescendo com cada palavra saindo de sua boca. — Mas eu vou me arriscar, porque a vida não é somente sol e uísque. — Não, é mais como tempestades escuras e luar,— eu respondi, rindo da minha própria piada. — Mas se você vai me pedir para jogá-la da torre, a resposta é não, e não porque eu sou moralmente contra isso. Eu não sou realmente contra qualquer coisa, eu só não quero você assombrando um dos meus lugares favoritos. No entanto, eu ouvi que Causeway é um lugar excelente, têm luzes o suficiente para enxergar os melhores lugares na praia de Logan’s Beach para se suicidar. Me diga o que você quer pequena viciada. Ela olhou para mim, obviamente não tão divertida com a minha piada como eu estava. — Só preciso que você me diga onde diabos Tweedle Dee e Tweedle 3 Dum estão e tudo o que for dentro da razão é seu, — eu empurrei. — E então você irá matá-los. — não era uma pergunta. — Sim. Eu vou fazer um Tweedle-Dead. ***

DRE — Pai? — eu perguntei em um sussurro. Surpreendentemente, quando eu disse a Preppy que eu queria usar seu telefone, ele me entregou sem hesitação. Sua única condição era que eu fizesse a chamada em viva-voz para que ele pudesse ter certeza que eu não estava chamando Conner ou Eric para avisá-los. Era impossível, mesmo se quisesse, considerando que nenhum dos dois tinha

celular. — Andrea? É você? Que horas são? — perguntou meu pai, limpando a garganta. Eu não respondi, e não apenas porque isso não importava, mas porque eu não tinha ideia. Tudo o que eu sabia era que era tarde. Eu só esperava que não fosse tarde DEMAIS. — Papai, eu estou voltando para casa. — Andrea, — disse ele com um suspiro de frustração. — Você ainda tem a passagem que te enviei? — Merda, — eu disse enquanto o pânico tomava conta de mim. Minha passagem estava em meu sutiã, que agora estava em algum lugar abaixo da torre de água. — Não... — eu comecei, quando meu pai interrompeu. — Eu não vou te mandar outro, Andrea. Esta foi a sua última chance. Eu te amo, mas você precisa de ajuda, e só vou poder te ajudar se você entrar naquele ônibus. Eu vou achar esse bilhete nem que seja a última coisa que eu faça na porra da minha. — Eu estarei. Eu prometo. Estou voltando para casa. Logo. — Chega de mentiras. — Chega de mentiras. — eu repeti. — Andrea, mais uma coisa, — ele alertou. — Se eu for para a estação de ônibus te buscar e você não estiver lá, acabou. Tudo. Sem mais desculpas. Estou muito cansado para quaisquer tipos de desculpas. Não haverá mais ligações. Não haverá mais chances. Se você não estiver naquele ônibus, então esta não é a sua casa mais, e eu não sou sua família mais. — a ameaça foi merecida. O resultado clássico de um caso de filha-viciada-em-heroína, um dos muitos. — Eu prometo. Eu estarei lá, — eu concordei. Olhei para Preppy, que estendeu a mão para o telefone, uma expressão ilegível em seu rosto. — Eu tenho que ir. Eu te amo. Vejo você em breve. — Então, esse foi um dos pedidos. Qual é o próximo? — perguntou Preppy, pegando o telefone e empurrando-o no bolso. Ele me deu um sorriso que me disse que ele estava tramando algo. Foi tudo muito fácil. Um minuto, ele queria me matar e no próximo ele queria me ajudar? Talvez ele não tivesse intenção de me deixar ir. Não importava. Eu quis dizer o que eu disse ao meu pai. Eu estaria embarcando naquele ônibus. Não importava o que iria custar. Mesmo se isso significasse matar o homem que salvou a minha vida.

Capítulo cinco PREPPY Os favores de Dre não eram nada do que eu esperava. Ela nem sequer pediu dinheiro, e eu com certeza achei que ela pediria e teria apostado a minha bola esquerda nisso. Em primeiro lugar, ela queria usar o meu telefone para ligar para seu pai, que eu lhe entreguei sem hesitação, como um sinal de confiança. — Eu preciso que você mantenha um deles vivo. Conner. — ela disse, olhando para as mãos e mexendo com os dedos. — Por quê? — perguntei, irritado com seu pedido. — Ele é seu namorado ou algo assim. — Não. — foi tudo o que ela disse. — Bem, ele tem que ser algo seu para ganhar esse tipo de lealdade. — Ele não é. Mas eu devo isso a ele. — disse ela. Eu não forcei mais porque isso não importava. Eu a ajudei a descer da torre, encontrei suas roupas, sapatos, e recuperei sua passagem de uma árvore. Eu até lhe daria uma carona até a estação de ônibus porque eu sou um cavalheiro filho da puta. Mesmo que fosse tudo uma mentira. O único lugar que ela iria me levar era de encontro aos dois idiotas. Me pedindo para poupar a vida de Conner me mostrou que ela tinha algum tipo de lealdade a ele, por isso, quando ela disse que eles provavelmente estavam indo para Coral Pines atrás de um revendedor, não foi exatamente como se eu acreditasse em sua palavra. Ela poderia me enviar para uma armadilha. Assim que paramos na estação, Dre abriu a porta antes mesmo de eu estacionar. — Ei! — eu disse, pensando que ela estava prestes a saltar para fora e correr, quando ela se inclinou e vomitou na calçada. Desintoxicar da H não era brincadeira. Quando ela terminou, se levantou lentamente limpando a boca com as costas da mão. Ela saiu, e eu me inclinei sobre os assentos para fechar a porta atrás dela. Ela se virou para mim e me deu um sorriso triste enquanto ficava ali parada, segurando no peito sua única posse, a passagem de ônibus, como se fosse um precioso bebê. — O seu pai é um cara bom? — de repente, perguntei, surpreendendo até a mim mesmo. — Um bom pai? Vai passar tempo com você e te levar aos lugares?

Ele colocará comida na mesa e a enviará para a escola? Ela assentiu com a cabeça. — Sim. — Há um monte de gente por aí cujos pais não fazem nada disso, ou não dão a mínima para trazer a sua filha viciada para casa, então quando você chegar lá, tente pegar leve com ele. — eu disse, como se eu realmente acreditasse que ela estava indo para casa e não voltando para a versão drogada da gêmea Olsen. Talvez eu acreditasse. Havia apenas uma maneira de descobrir. Ela alisou o cabelo da frente dos olhos. — Talvez você seja o Dr. Phil afinal de contas. — disse ela, antes de desaparecer sob as sombras do toldo, indo em direção aos bancos de ônibus vazios. Se ela se sentia tão ruim quanto parecia, e ela realmente estava entrando naquele ônibus, então ia ser uma longa viagem do caralho até onde ela estava indo. — Não é provável. — eu murmurei quando dirigi de volta para a estrada, e assim que virei na próxima quadra, entrei pela estrada de terra que costumava ser a antiga entrada de serviço para um velho motel. Eu estacionei na parte de trás da estação de ônibus que não era realmente uma estação, apenas um pequeno edifício de tijolo com um telhado plano e uma janela de bilheteria de frente para a rua, com alguns bancos espalhados. A claridade onde Dre estava sentada era fraca, lançando sombras na área gramada em volta. Merda, talvez ela realmente fosse subir naquele ônibus. E por um segundo, eu estava feliz que a pequena ia ficar com seu pai. Eu não estava brincando quando eu disse a ela que a maioria das pessoas não tem um pai que se importava o suficiente para lhe dar um ultimato como ele fez. Eu estava prestes a dar a ré quando vi os faróis de um ônibus entrando na estação. Eu apenas decidi que ia esperar ela entrar no ônibus antes de ir para Coral Pines, quando de repente seus pés foram puxados para as sombras. Não como se ela tivesse se levantado ou andado para lá. Como se ela estivesse sendo arrastada. Eu puxei a arma da minha bota e saí do carro, me agachando ao lado do prédio, meus olhos se ajustando no escuro, até que avistei Dre através do lote. Ela estava sendo arrastada sim. Pelos cabelos, através do estacionamento e em direção ao velho motel, onde o sinal de néon piscava entre temos vagas e sem vagas. O homem arrastando-a era quase tão esquelético como ela, mas você não precisava ser tão grande para dominar alguém como a pequena Dre. Uma das luzes acendeu e me deu uma visão melhor de Dre, cujos olhos negros estavam abertos, mas vidrados e sem foco, ela estava com espuma saindo de um lado da

boca. — Você não deveria ter fugido, — o homem murmurou, puxando Dre sobre o meio-fio do estacionamento, suas pernas raspando contra o chão enquanto ele bufava e resmungava através de seu esforço. — Você acha que pode simplesmente me deixar? Você me deve, Dre. Lembre-se disso. Você não pode simplesmente achar que pode ir para casa, — disse ele, a uma Dre quase inconsciente que parecia estar à milhas de distância. — Se eu não posso ir para a minha, então você não pode ir para a sua. Sinto muito, eu... me desculpe por fazer isso com você, — ele disse baixinho. — Mas eu acabei de te dar algo do meu novo estoque, então você deve me perdoar. Essa merda é boa, e eu guardei somente para você. Me agachei e corri pelas sombras da parte de trás da estação para a lateral do motel. Por mais que eu quisesse explodir o filho da puta de longe por apenas arrastá-la, tive de esperar, cada segundo parecia como uma década e a minha mão já estava contraindo contra o gatilho. — É o Conner, Dre. Estou aqui e vou cuidar bem de você de agora em diante. Eu prometo. Você verá. Você só não pode tentar ir novamente, porque nós estamos tendo um grande momento e você vai estragar tudo! — ele gritou. — Mas isso é o que você sempre faz! Você estraga as coisas! Este era Conner? O que ela pediu para eu deixar vivo? Ele respirou fundo, seu rosto com aquele sorriso estranho novamente. Ele enxugou a testa com a manga da camisa surrada antes de levantar Dre pelos braços, suas mãos esfregando pelos peitos dela quando ele a ergueu desajeitadamente do meio-fio. Ele abriu a porta de um dos quartos do motel. — Quero dizer que eu sinto muito, Dre. — Conner fungou. — Quer dizer, mesmo que você ficou louca com o que nós fizemos com você, eu achei que seus gritos foram bons. E quando Eric por as mãos em você... — a voz de Conner desapareceu abruptamente quando ele chutou a porta. O número A9 marcando o quarto descolou com a batida, fazendo-o balançar como um 6 antes de cair na calçada. Talvez tenha sido suas palavras. Talvez fosse a maneira como ele a tratava, como se fosse dono dela. Talvez ele fosse o seu homem e por isso ela queria salválo, mas tudo que eu sabia era que eu estava entrando. As promessas que se danem. O que aconteceu depois foi como um jogo violento de videogame, um clarão borrado em torno das bordas da minha visão quando avancei até o quarto de motel. A arma em minhas mãos estava apontada para frente quando eu chutei a porta. Conner estava agachado no chão, sobre Dre, que estava deitada de bruços no tapete felpudo azul desbotado. Seus shorts estavam para baixo sobre seu traseiro nu enquanto o canalha masturbava seu pequeno pau na mão. A batida

da porta contra a parede fez Conner olhar para cima com surpresa, sua reação atrasada para qualquer merda que estava correndo em suas veias. — Quem diabos é você? Sai fora... — ele disse, antes de focar em minha arma. — O que você vai...? — Conner começou a perguntar, seus olhos injetados de sangue se arregalando em seu rosto pálido. — Espere, eu sei quem você é... — Então, apresentações são tão chatas, né, — eu disse. — Você sabia..., — eu cocei a cabeça com o cano da minha arma, — que viciados como você sempre dão um mau exemplo. Você é a razão pela qual o meu produto favorito para fazer uma boa festa não vai estar disponível nas prateleiras do Wal-Mart com desconto, aquele fabricado na China. — eu apontei minha arma para seu peito. — Afaste-se dela ou eu vou acabar com você, porra. — Conner se levantou com os ombros curvados para frente, seu pequeno pau mole saiu do seu zíper quando ele levantou as mãos e fez o que eu ordenei, dando um passo para trás de Dre. Eu vi a porta do banheiro aberta. — Vá para lá. Entre no chuveiro. — Por favor. Por favor, não atire em mim, — ele implorou, tropeçando para trás. Ajoelhei para conferir Dre, me certificando se ela estava respirando. Ela estava. Eu a virei de costas com a cabeça para o lado para que ela não sufocasse em seu próprio vômito, se começasse a vomitar novamente. Segui Conner até o minúsculo banheiro onde ele tropeçou na borda da banheira, caindo de bunda no chuveiro e puxando a cortina de plástico bege por cima dele. — Eu farei qualquer coisa. Qualquer coisa, — ele disse, olhando para a minha virilha. — Cara, tenha algum autorrespeito, porra, — eu disse. — A menos que isso seja a sua coisa. Você é gay, Conner? Ele negou com a cabeça, seu lábio inferior tremeu. — Veja bem, eu respeito a escolha de alguém de foder do jeito que eles quiserem foder e fodem quem eles querem foder, mas desde que você está me dizendo que é um cara hétero, então você seriamente está no fundo do poço do vício meu amigo, e só no caso de você ainda não saber, estaria você se oferecendo para chupar o pau de um homem? — Eu só... tenho um problema. — disse ele, os pés balançando sobre a borda da banheira. — Sim, você tem, porra. — percebendo uma impressão digital na minha arma, eu bufei um pouco de ar sobre ela e a esfreguei no punho enrolado da minha camisa. — Eu só preciso de ajuda. Eu prometo, eu não sou realmente um cara mau... — ele gaguejou. Revirei os olhos. — Conner, pare de cacarejar. Eu acredito em você, amigo. — eu disse, usando a minha voz mais tranquilizadora. Me abaixei para que os

nossos olhos estivessem no mesmo nível. Alívio imediato encheram os olhos de Conner. — Você... você acredita? Você acredita em mim? — sua esperança de sair daquele banheiro vivo foi francamente evidente. Eu balancei a cabeça. — Absolutamente, eu acredito. — eu me inclinei e belisquei sua bochecha duramente. Ele se encolheu, mas sorriu sem jeito. — Eu acho que você é apenas um garoto confuso que cometeu alguns erros, enormes. — virei a arma para que não apontasse de frente para ele. Os olhos de Conner seguiam nervosamente cada movimento meu. Me levantei e inclinei meu quadril contra a pia, cruzando as pernas nos tornozelos. Abri a torneira e a deixei ligada por um segundo ou dois antes de desligá-la novamente. Limpando uma mancha do espelho com o meu punho fechado, eu conferi meu reflexo mais uma vez e endireitei a minha gravata borboleta. — Obrigado! Obrigado! — Conner gaguejou, tentando se sentar na banheira. — Eu sou realmente um cara bom. Este lixo que eu uso que me deixa fodido. Me obriga a fazer coisas estúpidas. Cara, eu estou tão feliz que você não vai atirar em mim na porra da minha cabeça. — Não seja bobo, Conner. Eu não atiro nas cabeças das pessoas. Você sabe quanto sangue e cérebro estouram ao redor quando você começar a explodir as pessoas na cabeça? Me deixe perguntar uma coisa, Conner, você já viu uma melancia explodir? — Uh, o que eu quis dizer foi apenas... apenas obrigado por não me matar. — Quando eu disse que não ia te matar? — arrumei a minha posição, virei para Conner, e levantei a arma, apontando-a em seu peito. Vi a confusão passar através de seus olhos, seguido de realização, e então medo. — O que... que... espere!— Conner gaguejou. O som de água caindo no plástico me chamou a atenção quando ele urinou na cortina do chuveiro. — Eu realmente odeio quando acontece isso. — eu murmurei quando o cheiro de mijo imediatamente se tornou insuportavelmente forte no pequeno banheiro, fazendo meus olhos lacrimejarem. — Não, por favor, não! — gritou ele, estendendo as mãos na frente do rosto, mesmo depois de eu lhe dizer que não ia atirar na cabeça dele. Era quase como se o filho da puta não confiasse em mim. — Você disse... que você acreditou em mim. Isso... que você achava que eu não era um cara mau! Deixei escapar um longo suspiro, que se transformou em um bocejo. Não porque eu estava cansado, mas porque Conner e toda a situação do vai-ou-nãome-matar estava ficando chato pra caralho. — Eu não acho que você é um cara

mau. — eu levantei minha arma. — Mas, infelizmente para você... — eu apertei o gatilho três vezes, enviando respingos de sangue vermelho vivo por toda a porra da parede bege e sem graça. — Eu sou.

Capítulo seis PREPPY Às vezes, nós, como bons seres humanos, fazemos as coisas sempre com um propósito e clareza. Outras vezes, carregam uma ladra viciada em heroína e inconsciente de volta para a casa que ela ajudou a roubar sua plantação de maconha, porque a mulher que vive lá é enfermeira. Humanos. Que porra de animais estranhos nós somos. Eu entrei com Dre pela porta dos fundos o mais silenciosamente que pude. Eu iria acordar Mirna em breve, mas Dre não estava mostrando sinais de overdose, então não havia qualquer pressa. Passei cuidadosamente a menina em meus braços através da porta do quarto de hóspedes, e foi aí que notei a cicatriz no lado de seu rosto, que chegava até a orelha. Era uma cor rosa desbotada, então não era de sua infância, e eu me perguntava o que poderia ter acontecido com esta menina para ganhar uma cicatriz assim. Arrastei-a para o banheiro e a coloquei no chão. Eu liguei o chuveiro e apoiei-a contra a lateral da banheira. O sentimento de deja vu de que eu conhecia esta menina era esmagador. Talvez uma atriz pornô? Não, porque então eu provavelmente saberia o nome dela. E o tamanho do sutiã. E qual era a sua especialidade. Eu levantei a camisa e as contusões que eu tinha visto na torre pareciam dez vezes piores sob a luz do banheiro. Eu sabia de primeira mão que os viciados tinham uma tendência a se machucarem. De qualquer jeito, das agulhas, de entrar em brigas, ou de apenas tropeçar. Mas estas contusões não eram de nada disso. Elas não eram de uma briga. Elas eram de uma surra. Meus olhos pousaram na pele machucada e sangrando entre as pernas o que tanto emocionou e me enojou. Elas eram de um estupro. Engoli em seco e desejei que meu pau ficasse para baixo. Coloquei a calcinha no meu bolso de trás para me manter seguro e a levantei para a banheira, virando o chuveiro no modo de jato para que eu pudesse lavar a sujeira e o sangue de seu corpo. Eu nunca dei a mínima sobre essa coisa de torção me excitar. Algumas

pessoas gostavam de suave, vulnerável, era a sua opção, eu pesquisei, mas nunca antes em minha vida desejei tanto essas esquisitices como nesse exato momento no banheiro. E eu não tinha nenhuma ideia do caralho do por que. Tentei me concentrar em lavar o seu corpo, parando o pano de vez em quando para limpar o suor da minha testa ou apertar meu pau através da minha calça, mas consegui terminar de lavá-la e levá-la para a cama sem gozar nas minhas calças. Puxei o cobertor sobre ela e ela se mexeu. As pernas dela se abriram, mostrando tudo para mim, e eu gemi com a visão. Meu pau pulsava. Lambi meu lábio inferior no pensamento de qual seria seu gosto. Eu precisava saber. Apenas uma pequena lambida. Eu rastejei sobre o colchão completamente vestido, mas ligeiramente suado. Eu pairei sobre ela e me debrucei entre suas coxas. Eu inalei profundamente. Ela tinha um cheiro doce na buceta. Meu pau latejava e minhas bolas doíam. Eu queria engarrafar essa merda e usá-lo. Perfume de buceta. Eu dei um beijo de boca fechada no pequeno clitóris antes de achatar minha língua e arrastá-la sobre sua entrada. Era para ser apenas uma lambida, mas se transformou em um beijo profundo. Minha língua disparou por toda a sua buceta e lábios. Um pouco mais e mais, empurrando a ponta da minha língua dentro dela, segurando um gemido quando eu pude saborear plenamente o seu sabor na minha língua. Merda Santa. Bom não era uma palavra de como ela provava. Épico. Sua buceta tinha saber de algo Épico. Eu descaradamente esfreguei meus quadris na cama, meu pau encontrando o pouco do atrito que eu precisava contra o colchão. Me afastei um pouco, sentindo uma mordida de raiva por qualquer um desses filhos da puta que tinham machucado essa buceta mágica, e na esperança de que o único que ainda estava respirando logo seria enviado para o inferno. Eu dei a ela uma última e longa lambida com a língua, como se eu fosse curá-la com a minha boca. Me sentei de joelhos e soltei meu pau da calça, gemendo com a sensação dele quente e pesado na minha mão. Fiquei olhando para as coxas abertas, sua buceta brilhando da minha boca, o gosto dela ainda fresco na minha língua.

Imaginei meter cada polegada do meu pau nela. Enquanto eu penetrava da base até a ponta e de volta, eu me perguntava se ela poderia levar tudo de mim ou se eu teria que ir devagar, lhe dando pouco a pouco. Então eu imaginei como ela ficaria com as minhas mãos em volta de sua garganta. Como ela soaria engasgando no meu pau. Eu bombeei mais duro, e mais rápido. Eu esfreguei a cabeça do meu pau e quando eu senti como se estivesse prestes a explodir, outro pensamento me bateu. Foi o que me enviou sobre o limite, minhas bolas mais apertadas do que nunca, e minha espinha próxima dum raio de quebrar quando eu gozei tão duro que pensei que ia cair da cama, porra. Eu imaginei como ela parecia lá em cima na torre de água, antes de pular. Golpeada e quebrada, mas ainda livre. Havia algo tão sexual sobre a maneira como ela aceitou a morte que me deixou feroz. Eu queria vê-la triste. Provar suas lágrimas. Eu queria saber como ela soava quando gritava. De dor, de prazer, em ambos. O pensamento de ser o único a fazê-la chorar foi a minha ruína. Eu soltei longos fluxos de porra quente em toda a sua barriga e coxas, o último pousou direto em sua buceta aberta. Eu tentei aliviar minha respiração, mas quando eu abri os olhos, eu fiquei instantaneamente duro novamente quando me vi olhando para a porra da imagem perfeita que eu tinha acabado de pintar em seu corpo com a minha porra. Mais rápido do que eu havia subido na cama, eu pulei de lá. Eu rapidamente, mas com relutância, limpei meu esperma do seu estômago com uma toalha, então eu saí do quarto com tanta pressa que eu tropecei no porco de estimação de Mirna no corredor. Oscar grunhiu e até mesmo na escuridão eu vi o olhar de desaprovação em seus olhos suínos. — Vá se foder, Oscar, não me julgue, — eu sussurrei. Mais grunhidos. — Mais um olhar assim e eu vou dizer a Mirna como você gosta de secar sua corcunda nos seus ursos de pelúcia durante a soneca dela da tarde. — os óincs pararam e ele recuou para o banheiro, onde eu tinha criado uma cama gigante para ele dormir. Lancei a ele um olhar presunçoso de vitória e escapuli. Eu fui para o quintal, onde eu poderia fumar um baseado e obter um controle sobre a noite mais estranha da minha vida. Salvei essa menina duas vezes hoje à noite. Eu estava exausto. Mas ei, copo meio cheio e essa coisa toda, eu consegui matar alguém. Enquanto eu estava sentado no degrau de trás e enrolando minha seda, um pensamento entrou no meu cérebro e começou a tomar forma na reprodução dos últimos dias. Eu não sabia por que diabos ele estava lá e porque ele estava me

dizendo algo que eu já sabia. Respondendo a uma pergunta que eu não estava nem perguntando. Eu não posso ficar com você.

Capítulo sete DRE Pesadelos. Pelo menos, eu pensei que eles eram pesadelos. Noite após noite, dia após dia, parecia que eles prendiam tanto o meu corpo como minha mente, oferecendo uma espécie infinita de agonia que eu nunca soube que era possível. Eu tinha certeza que tinha morrido porque o lugar onde eu estava era o fodido inferno, revivendo os piores momentos da minha vida mais e mais, nunca ficando insensível à dor. Os sons que me assombraram pela primeira vez. Metal torcendo, vidros quebrando. Gritos. Os cheiros vieram em seguida. Madeira de cedro e plástico queimando. Então era como me assistir em um vídeo em câmera lenta. Estou fora do meu corpo, me observando em pé na chuva. Água, manchada de vermelho, correndo pelo meu rosto, meus braços, e das pontas dos meus dedos para o pavimento. Eu estava olhando para alguma coisa, mas quando me virei para ver o que eu estava olhando, a cena mudava. Os sons se transformaram em risos maldosos. Grunhidos. O som de tapa na pele. Dor. O cheiro se tornou de mofo, suor e ar não arejado. O vídeo era agora de Eric e Conner em cima de mim, sangue, um quarto de motel úmido. Mais grunhidos enquanto eles se revezavam comigo. Rindo quando eu chorei. Cada vez mais alto, até que eu percebi que não estava morta. O som era real. Alguém estava gemendo em cima de mim. Um estrondo profundo de respiração que ficou mais alto e mais alto até que o ruído foi pressionado diretamente contra meu ouvido, e eu senti que aquilo que estava vibrando contra a minha bochecha era frio e úmido. Molhado? Que porra é essa? Sentando com um sobressalto, olhei em volta, mas não havia ninguém lá. Estremeci automaticamente enquanto me preparava para o ataque dos meus algozes, mas eles nunca vieram. Houve uma ligeira palpitação atrás dos meus

olhos, mas nada como a dor de estômago, perto da morte que eu estava esperando, e era acostumada. Algo se moveu ao lado da cama e eu vim cara a cara com a fonte do grunhido. Bem, cara à focinho. Atolado no pequeno espaço entre a cama e a parede estava um grande porco, maior do que a maioria dos cães. Suas manchas pretas e brancas o faziam parecer como uma vaca leiteira. Ele descansou a cabeça na cama perto da minha perna, e eu poderia jurar que o filho da puta estava sorrindo para mim. Seu focinho estava molhado e brilhante enquanto cheirava ao redor da cama, provavelmente tentando descobrir quem diabos eu era. Cobri minha coxa nua com o cobertor para que ele não me molhasse com sua baba de porco. — Não pense que você é especial. Oscar é um namorador. Ele faz isso com todas as senhoras. — disse uma voz familiar, e meu olhar estalou a partir do porco ao meu lado para o homem encostado no batente da porta, seus braços cruzados sobre o peito, e as pernas cruzadas nos tornozelos, casualmente, confortavelmente. Seu sorriso arrogante causou arrepios na minha espinha e fez meu coração disparar. — Como eu estou aqui? Por quê? — perguntei, forçando meu cérebro a chegar a alguma explicação. A última coisa que eu lembrava era de esperar meu ônibus e então... e então eu não tinha ideia de mais nada. — Simples. Eu te trouxe aqui. — a camisa branca de Preppy estava perfeitamente alinhada, as mangas enroladas acima dos cotovelos. Ele usava uma gravata-borboleta cor de rosa com algum tipo de desenho, embora eu não pudesse descobrir o que era, mas o que quer que fossem, seu suspensório combinava. Ele era um contraste de tatuagens e clássico moderno, como um professor. Uma combinação que dava certo para ele, mas que apenas me deixou questionando quem diabos ele realmente era e o que ele queria comigo. Eu puxei as cobertas sobre meu peito nu e notei a estampa familiar de biscoitos nos lençóis. Uma rápida olhada ao redor do pequeno quarto confirmou onde eu estava. O meu quarto de infância, na casa de Mirna. — Mirna! — gritei, esquecendo o lençol e sentando de joelhos na cama. — Onde ela está? — eu exigi, — Você a machucou? Isso não foi culpa dela. Ela não fez nada! Ele sorriu e correu o polegar sobre seu lábio inferior. Seu olhar seguiu para baixo dos meus seios nus. Eu precisava de mais respostas do que precisava me

cobrir. Se ele achava que eu ficaria desconfortável com seus olhos me comendo minuciosamente, então ele pensou errado. Em vez de puxar o lençol novamente ou cruzar os braços sobre o peito, eu desafiadoramente coloquei minhas mãos em meus quadris. — De nada por salvar você duas vezes em uma noite, a propósito. — Eu não estava agradecendo, — eu cuspi. — E o que você quer dizer duas vezes? Só então a cabeça branca de Mirna apareceu na porta. Ela colocou a mão no ombro de Preppy e ele se afastou. Alívio me inundou. Ela estava viva e parecia ilesa. Meu primeiro instinto foi de correr para ela e me jogar em seu abraço, mas me lembrei de como ela estava quando a vi pela última vez e não queria assustála lançando o meu corpo nu e agredido em seus braços, quando ela nem sequer sabia quem eu era. Não havia mais necessidade de provar o meu ponto à Preppy, peguei o lençol e o enrolei em volta do meu corpo. — Oi, — eu disse com um pequeno gesto, segurando o tecido no meu peito. Mirna atravessou o quarto, caminhando lentamente para a cama com a boca aberta. Havia algo diferente sobre ela do que no dia anterior. Mais focado. Eu cautelosamente me reapresentei. — Eu não sei se você se lembra de ontem, mas meu nome é... — Andrea. — disse Mirna, me cortando. Ela me puxou da cama como se eu ainda fosse uma criança, me embalando em seus braços e escondendo o rosto no meu pescoço. — Eu sei quem você é, minha doce menina. Oh, graças a Jesus. Minha Andrea está de volta ao lar. — soluçou ela, lágrimas quentes na minha bochecha. Ela me reconheceu. Isso foi quando minhas próprias lágrimas começaram a fluir. E nesse momento, Conner, Eric, ou até mesmo o homem ainda de pé na porta não importava. O lençol tinha caído de volta na cama e eu estava nua novamente. Embrulhada nos braços amorosos de Mirna como um bebê, cercada por sua proteção. Sã e salva de uma vida que eu nunca mais queria voltar. Não haveria o batismo da morte. Eu queria viver. E ali, nos braços da minha avó, eu renasci. Preppy limpou a garganta e nosso encanto foi quebrado. — Samuel, vá buscar o meu roupão, por favor. Ele está pendurado na parte de trás da minha porta. — Mirna me pôs na cama e se sentou ao meu lado, segurando a minha mão com força na dela. Seus olhos estavam molhados e inchados, assim como eu imaginei que os meus estavam. Preppy saiu e retornou

um segundo depois, lançando o roupão para mim. Eu rapidamente me cobri, amarrando a faixa em volta da minha cintura. Mirna timidamente tocou a ponta dos dedos na minha bochecha, como se ela ainda não pudesse acreditar que eu era real. — Samuel, — disse ela, se virando para Preppy. — Esta é a minha neta. Esta é a minha Andrea. Minha garota finalmente voltou para casa. Me debrucei na mão dela e nós duas suspiramos. Eu sempre odiei estar perto das pessoas. Nunca quis ser tocada ou dar as mãos. Mas com minha avó sempre tinha sido diferente. Talvez fosse porque que ela era mais velha. Talvez eu gostasse da forma como sua pele enrugada transmitia segurança. — Bem, não é uma feliz coincidência? — Preppy latiu, passando a mão pelo cabelo e entrando totalmente no quarto até que ele estava apenas a algumas polegadas de distância, se elevando sobre nós e olhando para baixo, seus lábios se torceram em confusão. — Sim, — disse Mirna. — Qual o problema, Samuel? — Qual o problema? — perguntou Preppy, seus olhos congelados nos meus. De repente, percebi que este reencontro com a minha avó seria de curta duração. Ele ia contar a ela sobre a minha participação no assalto das suas plantas, e qualquer esperança que eu tive de me reconectar com a minha avó ficaria naquele quarto enquanto eu era jogada na rua. Preppy parou e olhou para nós. — Nada há de errado, — disse ele, com diversão. — Eu sabia que você parecia familiar, deveria ter lembrado dos milhões de porta-retratos com fotos suas espalhadas por toda a casa. — ele se virou para Mirna. — Mas ela parece um pouco diferente agora, não é? — ele perguntou, como se estivesse achando graça de uma piada interna. — Sim, ela está, — Mirna disse, conferindo a minha aparência. — Eu que fiz isso? — perguntou ela à Preppy, apontando para o saco de soro pendurado ao lado da cama que eu nem tinha percebido que estava lá. Eu levantei minha mão, onde resíduos de fita e uma contusão de agulha ainda estava na parte de trás da mesma. — Essa é a razão pela qual você não está em um mundo de dor no momento, — Preppy me disse, antes de responder a Mirna. — Sim, você fez isso, você cuidou bem dela, como você sempre cuida de todos até eles ficarem bons, — disse Preppy, sua bondade para Mirna me pegando desprevenida. Eu não sabia o que fazer com esta pessoa. Cada palavra sua, cada movimento, era tão contraditório como suas roupas e tatuagens. — Quando a encontrei toda arrebentada na semana passada, eu a trouxe aqui. Nunca pensei que ela era sua neta, no entanto, isso foi uma feliz coincidência. — Na semana passada! — eu exclamei. O suspiro de Mirna espelhando o

meu próprio. — Eu estive aqui por uma semana? — Sim, Mirna lhe deu um pouco de chá para dormir, e bombeou você com algum tipo de vitamina misturada que a deixou roncando pior do que Oscar, — Preppy disse, se curvando para afagar o porco que eu tinha esquecido. — Te livrou de sentir o pior de tudo. — Você já está aqui por uma semana inteira e eu estou te vendo só agora, — Mirna me disse. Ela se virou para Preppy, — Uma semana é o mais longo que eu... — ela começou a dizer antes de parar e fazer uma cara brava, endireitando a postura dela e enxugando os olhos. — Está tudo bem, está tudo bem. Você está aqui agora, e isso é tudo o que realmente importa. — Sim. — eu concordei, querendo tanto que isso fosse verdade. — Eu vou para a cozinha e vou deixá-las sozinhas por um minuto. — Preppy anunciou. Ele se inclinou e beijou Mirna no topo da cabeça, e instintivamente me encolhi. Preppy riu e saiu do quarto. Eu realmente queria perguntar a Mirna qual a sua relação com ele, sobre as plantas, tudo isso, mas eu não sabia como estava a sua situação, eu não queria trazer qualquer problema que fosse acidentalmente perturbá-la. — Me diga que você está aqui para ficar. — disse Mirna, aguardando ansiosamente a minha resposta. Foi quando eu percebi que ficar não era uma escolha. Eu não tinha mais para onde ir. — Meu pai. Ele pensou que eu estava voltando para casa. Ele provavelmente estava esperando por mim na estação de ônibus. — meu coração doeu, e meu corpo novamente se sentiu mal quando imaginei o olhar no seu rosto quando eu não saí daquele ônibus. — Vamos ligar para ele, querida. Tenho certeza de que podemos falar com ele e contar... — Não, — eu disse, balançando a cabeça. — Nós não podemos. Essa foi a minha última chance. Se eu não estivesse naquele ônibus... — eu não consegui terminar. Eu não quero dizer em voz alta que o meu pai não era mais a minha família. — Vamos resolver sua situação primeiro e mais tarde nos preocupamos com todo o resto, — disse Mirna, novamente me tranquilizando quando era eu quem deveria tranquilizá-la. Mas essa era Mirna. — Apenas me diga que você vai ficar. Preppy respondeu por mim, aparecendo atrás e desenganchando uma coleira rosa de uma pequena prateleira na parede. — Se ela é inteligente como você, Mirna, ela vai ficar por um tempo. — ele piscou e desapareceu novamente com a vaca malhada, cão gigante, porco, grunhindo atrás dele pelo corredor.

As palavras dele vieram disfarçadas como um convite educado, mas eu sabia o que elas realmente significavam. Um aviso. Quando Mirna e eu finalmente ficamos sozinhas, eu me virei para ela, preparada para lançar um milhão de perguntas, quando ela bocejou. Suas pálpebras estavam pesadas. — Eu acho que você e eu precisamos de tempo para recuperar o atraso, minha querida, — ela disse, esfregando a testa. — O único custo do aluguel aqui será a sua honestidade. Eu espero que você me conte tudo. — ela virou a minha mão e correu a ponta dos dedos até as cicatrizes levantadas no meu braço, inspecionando a minha vergonha. — E eu quero dizer tudo. — Sim senhora. Mirna acariciou minha mão. — Parece que as coisas mudaram um pouco para nós, não foi? Eu olhei para a parede que nos separava dele, como se eu pudesse vê-lo através dela, e me perguntei o que ele estava armando. — Sim, parece que sim.

Capítulo oito PREPPY Durante os dias que Dre estava em coma me dediquei ao trabalho, determinado a ter mais duas casas de cultivo acertadas até o final do verão, o que ia ser difícil, considerando a quantidade de trabalho que cada uma tomava e eu não tinha ninguém por perto para me ajudar. Então eu trabalhei sozinho. Bem, e eu assisti um pouco de pornografia. E depois houve os baseados que eu fumei. Enquanto assistia o pornô. E fumava mais maconha. Tomando no rabo como um criado fazendo a porra do seu trabalho. Eu divago como um filho da puta. Enquanto Dre passava por suas crises como um vegetal, eu joguei xadrez com Mirna como de costume. Ela ainda conseguia ter alguns momentos de lucidez, mas na maioria das vezes ela estava tão fora que pensava que tinha vinte anos e estava esperando por seu marido voltar da guerra. Durante um de seus momentos de lucidez ela falou sobre Dre, e era óbvio que ela adorava sua neta, sorrindo e rindo enquanto me contava histórias de sua infância diabólica, onde aparentemente Dre tinha passado muito tempo quebrando suas coisas. Havia até mesmo amor em sua voz quando Mirna me disse que ela tinha recebido cheques anulados do banco pelo correio com quantia de até US$1.700. Tudo sacado em dinheiro. Tudo falsificado. Ela fechou a conta, mas não foi até que Dre apareceu que ela descobriu quem estava por trás de tudo. Eu não estava exatamente em um lugar para censurar alguém por suas escolhas de vida, mas roubar de sua própria avó me deixou tão irritado, que fiquei surpreso que quando Dre acordou não a tinha imediatamente agarrado-a pelo pescoço e a jogado porta fora. Merda, se Mirna não tinha feito nada e aceitou tudo, eu só tinha que aceitar. Eu fiz uma nota mental para obter um consultor investigando as finanças de Mirna, então não haveria chance de alguém prejudicá-la quando sua condição piorasse. Porra, ela não deveria nem mesmo estar vivendo sozinha mais. — Por que eu não consegui embarcar naquele ônibus? — Dre perguntou atrás de mim. Virei para encontrá-la em pé ao lado da mesa, as mãos lutando com

a faixa do roupão que engolia seu pequeno corpo enrolado em algodão branco. Seus longos cabelos negros estavam selvagens ao redor do rosto. Seus profundos olhos escuros queimando buracos em mim enquanto ela esperava eu responder. Voltei minha atenção para o fogão onde eu queimava mais uma panqueca. — Puta que pariu. — eu joguei essa no lixo e comecei outra, adicionando uma concha de massa na frigideira quente. — Sério mesmo, esse negócio de fazer panqueca é algum tipo de magia negra? Preciso de uma varinha igual a do Harry Potter? — eu resmunguei. — Talvez haja algo de errado com este fogão. — eu ajustei a chama e li novamente a lateral da caixa de mistura para me certificar que eu não fiz algo com essas panquecas enfeitiçadas, que instantaneamente torravam. — Onde está Mirna? — perguntei, ignorando a pergunta dela e lançando a minha mais recente tentativa de panqueca que foi parar do lado da frigideira, massa salpicando por todo o fogão com um assobio. — Ela, está descansando um pouco. — Excelente! — eu exclamei, apontando para ela com a minha espátula. — Isso nos dará a oportunidade de tomar nosso café da manhã e termos uma conversa. Não soa agradável? — eu puxei uma cadeira da pequena mesa e fiz um gesto grande com a espátula para ela tomar um assento. Seus olhos foram para a cadeira, mas ela não se moveu. — Sente-se, — eu repeti. — Não é uma sugestão, — eu avisei. Ela veio para frente, hesitante. Eu empurrei sua cadeira com um pouco mais de força do que o necessário, empurrando as pernas debaixo dela, fazendo com que a sua bunda caísse com força sobre o assento. Me debrucei sobre seu ombro. — Foi tão difícil? — eu sussurrei contra seu pescoço. Seu tremor me deu uma profunda satisfação que eu senti todo o caminho até os dedos dos pés. Eu andei de volta para o fogão e olhei para a triste pilha de seis panquecas tortas, meio-queimadas que mais pareciam as sobreviventes do apocalipse do que panquecas de café da manhã. 4

Tirei o avental ‘Beijo no pau’ de Mirna, que dizia: ‘Beije o cozinheiro ’ só que escrito à caneta permanente, de minha autoria. Eu coloquei a pilha de panquecas zumbis no centro da mesa e me sentei ao lado de Dre, coloquei uma pequena pilha na frente dela e o resto eu peguei para mim, derramando calda sobre ambos os pratos. — Certo, agora podemos falar. — eu anunciei, dando uma mordida no que tinha mais gosto de fermento do que macias e deliciosas panquecas. — Você quer saber por que você está aqui? Certo? Você está aqui porque um dos seus amigos decidiu enchê-la de heroína na veia, arrastá-la como um saco por todo o estacionamento de um motel de merda, e brincar de esconder o salame enquanto você se babava toda. — virei a cabeça e abri minha boca para imitar

sua expressão facial. Ela fez uma careta. — A porra da verdade dói, doc. — eu empurrei mais das terríveis panquecas na minha boca, e eu sabia exatamente do que tinha gosto. Fracasso. — Doc? — ela torceu o nariz. — Sim, como Dr. Dre. Lembra? Ou temos que começar do início de novo? Ok, vamos fazer isso. Eu sou Samuel Clearwater, meus amigos me chamam de Preppy. — Eu me lembro. — disse ela, suas panquecas intocadas. — De qualquer forma, vi o que estava acontecendo e fui e... resgatei você. Te trouxe de volta à casa de Mirna porque ela é uma enfermeira. Mesmo quando ela está um pouco fora de si, ela ainda se lembra de como fazer seu trabalho. Não sabia que você era a neta dela. — eu disse, falando com a boca cheia. Se eu não odiasse tanto desperdiçar comida eu teria cuspido tudo, mas em vez disso engoli em seco e bebi meu suco de laranja. — Você poderia ter me deixado lá. — ela ressaltou. — Sim, eu poderia. — Por que não deixou? Eu esfaqueei o garfo em outra panqueca. Segurei-a e examinei a comida no meu garfo. Olhei para os olhos de boneca de Dre que eram tão negros como seu cabelo. — Eu não tenho ideia do caralho. — Por que você não me levou para um hospital? — Os hospitais fazem a porra de um monte de perguntas quando você leva uma garota que está dopada com H. — Por que perguntas seriam uma coisa ruim quando você é o único que me salvou? — Porque, Doc, perguntas precisam de respostas, e, neste caso, as respostas levam à corpos. — ela suspirou. — Merda. — seu rosto empalideceu. — Essa perguntando ignorar o seu Me lembre de

era a percepção que eu estava esperando. Eu estava me quando isso iria acontecer. Levou tempo suficiente. Mas eu vou raciocínio lento porque você acabou de acordar de um quase coma. não desafiá-la para um jogo de sudoku tão cedo.

— Corpos? — ela perguntou lentamente, se levantando da cadeira. Agarrei-a

pelo ombro e a empurrou de volta para baixo. — Bem, corpo, — eu corrigi, — Apenas um, no entanto. Mas você sabe, corpos soam melhor para o efeito dramático e tudo mais. — tomei outro gole de suco. — Então vamos apenas dizer que um deles já não está disponível para agarrá-la em um beco escuro, te bater até virar polpa, roubar minhas plantas, ou longas caminhadas na praia. — pousei o copo. — Como dizem as sábias palavras de Taylor Swift, — eu inclinei sobre a mesa. — Jamais. Nunca. — Eric? Você matou Eric? — ela perguntou, e eu sabia que ela estava confirmando que não era Conner, qualquer que fosse a falsa sensação de lealdade que ela tinha a esse filho da puta estava realmente me irritando. Até que percebi que era exatamente ele que eu tinha matado. Oops. — Sim, foi totalmente o Eric. — eu concordei, empurrando mais panquecas em minha boca e tentando não vomitar. — Então ele está... — Morto? Oh sim. Muito morto. Não havia nada legível na expressão de Dre, o que foi decepcionante. Eu estava ansioso para vê-la com medo. Afinal de contas, eu tinha acabado de admitir que a ameaça que eu tinha feito a ela de matar alguém que ela conhecia foi cumprida, embora não a pessoa que ela não queria que eu matasse, mas ela não sabia disso. 5

To-ma-te,-to mah-to . Ela estava mais na dele do que eu pensei inicialmente. — Você o matou. — disse ela, lentamente. Não era uma pergunta, era uma afirmação. Eu levantei meu dedo indicador e o polegar, lentamente, fechando a distância entre eles, espiando por cima de Dre através da pequena fenda que permaneceu. — Um pouco. — Eu não acho que você pode matar alguém um pouco. — Oh, bem, então, um monte de pouco. Eu o matei um monte de pouco.

Capítulo nove DRE — Então, você vai me dizer agora por que insistiu em dar uma chance para Conner? — perguntou Preppy, quando eu o segui até o quarto dos fundos, onde parecia que ele estava a meio caminho de repor seu estoque de operação. A outra metade do quarto ainda estava em ruínas. Sem perguntar, eu peguei um tubo de plástico que tinha caído e subi a escada do outro lado do quarto, colocando-os nos ganchos. Meu roupão se abriu no processo e eu o amarrei rapidamente de volta, esperando que Preppy não tivesse notado. Não tive essa sorte. — O que, não é como se eu não te vi na sua roupa de aniversário, — disse ele. — Eu testemunhei a sua festa nudista quando nos conhecemos, lembra? — Acho que realmente não importa, — eu admiti. — Eu pareço uma merda de qualquer maneira. — eu não estava dizendo que eu era feia. Eu nunca fui uma menina insegura. Eu estava apenas dizendo a verdade. A heroína não é exatamente a droga preferida das modelos e rainhas de baile, e por boas razões. — Sim, você parece uma merda, — Preppy concordou, sorrindo como se ele estivesse guardando um segredo que só ele sabia. — Então por que você continua olhando? — eu soltei, lembrando sua dureza contra mim na torre de água. — Porque, talvez seja desse jeito que eu gosto. — Preppy disse como se fosse nada. — Meninas que parecem uma merda? — perguntei, não acreditando nele, no mínimo. — Ei, algumas pessoas gostam de paus, algumas pessoas gostam de foder fantasiadas de Smurfs e pintadas de azul. Eu olho porque você me intriga, mas eu não tenho a menor ideia do caralho do por que. Vou mantê-la atualizada, embora. — Você é sempre tão brutalmente honesto? — perguntei. Encontrando suas declarações ofensivas e estranhamente refrescantes. — Sim e não. Há momentos em que mentir não ajuda, e a honestidade é uma cadela inconstante, mas eu não acredito em omissão. Quando você começa a andar em cascas de ovos ao redor das pessoas, é quando você sabe que essas são as pessoas que você não precisa ter por perto. A vida é muito curta para fingir ser outra pessoa. Eu sou apenas eu. Eu digo o que eu quero dizer. Eu faço o que eu quero fazer e eu não peço desculpas por isso.

— Eu acho que preciso me adaptar a esse tipo de honestidade, — eu admiti. — Mas eu tenho um monte de pedidos de desculpas para fazer. — Você pode começar sua viagem pela estrada da honestidade respondendo a minha primeira pergunta me dizendo por que você deu um passe para esse cara. Suspirei. — Por enquanto, vamos apenas dizer que Conner é alguém que eu machuquei, — Oscar veio correndo para o quarto, esfregando a cabeça na perna de Preppy. — O tipo de ferida que não posso curar. Que não pode ser aliviada com um pedido de desculpas ou flores. — Deve ter sido algo muito ruim, — ressaltou ele, se inclinando para dar um afago na cabeça de Oscar. Eu olhei para o chão, em seguida, de volta para Preppy. — Foi, — eu admiti, assim como era cada vez que eu pensava sobre o evento que me levou a fazer essa má decisão, após isso, foi como se eu estivesse trazendo-o de volta à vida para que ele pudesse me apunhalar no intestino mais e mais. Meus pensamentos rapidamente foram para o meu vício. A euforia imediata. O alívio da culpa. Preppy limpou a garganta. Abri os olhos, embora eu não me lembrasse de fechá-los, para descobrir que Preppy estava ao lado da janela aberta, encostado na borda e acendendo um baseado. — Onde você foi agora, Doc? — ele deu uma longa tragada. — Você está pensando em sua amada H? Devo avisá-la que provavelmente não é uma boa ideia, a heroína é uma cadela que se agarra ao seu redor e no final, a ruptura é brutal, mas ela nunca vai te libertar, a iniciativa é sua para deixá-la de lado como uma prostituta, porque se você ficar com ela você vai morrer. — Eu sei, — eu disse. Necessitando mudar desesperadamente de assunto. O pensamento de usar muito fresco em minha mente. — Isto dito por um maconheiro. Ele levantou o baseado. — Esta merda não vai me matar. Você não vê ninguém fumando maconha e indo se matar ou fumar um e sair para começar uma briga em um bar. Além disso, a maconha não é uma droga. É uma planta. — ele pegou um dos vasos e sacudiu as folhas. — É isso que você diz a si mesmo? Para que possa dizer às pessoas que você não usa drogas? — Porra, não, não iria funcionar de qualquer maneira. Eu também dou umas cheiradas em coca quando saio para festejar, — Preppy disse, tomando outra longa tragada e soprando-o para fora da janela aberta. — Há uma grande diferença entre curtir uma festa e ser um viciado, especialmente um que termina

saltando de cima da torre de água. — Entendi. — eu nunca tinha precisado tanto mudar de assunto em toda a minha vida. — Quem está cuidando de Mirna? — perguntei. E me senti estúpida por fazer esta pergunta a um estranho. — Eu cuido dela assim como alguns dos amigos dela e algumas pessoas da igreja. Ela está em uma lista de espera para um desses lugares para idosos em Sarasota. Eles poderiam ter uma vaga amanhã ou daqui a seis meses. Eles nunca têm certeza. — parecia que ele estava pensando em algo antes de acrescentar: — Está ficando cada dia pior, sabe. Tem dias que ela está totalmente fora, mas, de repente, ela fica bem por semanas. Esta semana ela estava dentro e fora, mas principalmente fora. Este foi o tempo máximo que eu a vi bem. — Preppy disse, confirmando o que eu já tinha pensado, mas esperando que não fosse o caso. Meu coração afundou. — Posso ter um tempo com ela? Eu não mereço isso. Mas se você contar a ela que eu estava envolvida no roubo, ela não vai me querer perto dela, mas eu só quero algum tempo. — fiz uma pausa. — Antes que seja tarde. — Você pode ter seu tempo, — disse ele, me olhando com cautela. — Mas eu vou querer algo em troca. — O que... o que você quer? Eu farei qualquer coisa. — Eu perguntei, imediatamente lamentando a minha escolha de palavras. Seus olhos cor de âmbar que pareciam mel escuro derretido espreitavam por todo o quarto. Ele parou na minha frente e me assustou quando desatou o cinto na minha cintura e empurrou meu manto sobre os ombros no chão. Senti o calor de seu olhar quando ele os passou por cima do meu corpo nu, demorando sobre o lugar entre as minhas pernas. Apertei minhas coxas e ele riu, mordendo o lábio inferior. Eu tremi, sem saber se era por causa da sua intensa inspeção do meu corpo, ou o ar condicionado chutando em cima de mim, ou o medo bom à moda antiga. — Apenas me diga o que você quer. — eu disse, querendo acabar logo com isso. Preppy riu. — Cuide bem de Mirna e me ajude a corrigir esta merda também. — o vislumbre de algo mal despertou em seus olhos, a mesma centelha que eu tinha visto na torre de água e dessa vez o meu arrepio era de medo. — E fique limpa. Eu preciso que você não se pareça com o garota do Jungle Book para o que eu planejei para você. Pense menos em Courtney Love, e mais em Jennifer Love. — Haha, que engraçado. Isso é tudo? — perguntei, com medo de que eu estava sendo fácil demais e tentando evitar a necessidade de uma joelhada nas bolas.

— Oh, isso está longe de tudo, Doc. — ele deu um passo para trás, e me abaixei para reunir meu roupão, me cobrindo rapidamente. — Longe, longe de tudo. Preppy voltou para o seu trabalho, e eu saí para ir procurar algumas roupas de verdade. Eu estava olhando através das gavetas do meu antigo quarto, na esperança de encontrar uma camiseta ou uma calça, quando Preppy apareceu na porta. — Eu me esqueci de dizer uma coisa. — disse ele, socando números em seu telefone celular e colocando-o de volta no bolso. — O quê? — eu perguntei, puxando para fora uma camiseta listrada de azul na gaveta de baixo. — Você lembra o que eu disse sobre o uso de H de novo, certo? — Você quer dizer quando você disse que ou eu paro com ela ou ela me mata? — Sim, bem, eu me esqueci de acrescentar uma pequena coisa. — disse ele. — E o que seria? Ele entrou no quarto e baixou a voz. Ele parou em cima de mim, se inclinando sobre a cômoda. Seu ombro escovando meu. — Se você usar novamente, certifique-se de estar longe, muito longe de Mirna e Logan Beach em primeiro lugar, porque se você foder com ela de novo, eu vou te matar muito antes da heroína. — ele sorriu alegre, como se ele não tivesse acabado de ameaçar a minha vida. — Mmmm... Ok?

Capítulo dez DRE Preppy tinha me dito para cuidar de Mirna, mas ele ainda passava todas as tardes para ver como ela estava antes de se trancar no quarto de cultivo por pelo menos uma hora. Ou, ele não estava a fim de conversa e estava propositadamente me evitando, ou ele não tinha descoberto exatamente o que queria que eu fizesse por ele em troca do meu tempo com Mirna. Mas então, eu percebi que não era nada disso. Ele não estava me evitando. Ele estava brincando comigo. Toda vez que ele estava perto, ele encontrava uma maneira de me tocar e me fazer saltar. Ele piscava para mim quando Mirna não estava olhando. Ele me despia com os olhos sempre que podia, e ele ria quando eu me contorcia desconfortavelmente sob o seu olhar. Mas falar? Não. Não comigo, de qualquer maneira. Embora, com Mirna ele felizmente conversava, como se ele não estivesse lá apenas para me torturar com a sua presença, o favor que eu devia persistente entre nós. Eu deveria ter ficado feliz que ele não queria falar comigo, mas fiquei estranhamente irritada com a coisa toda. Eu fiquei fora da sociedade por muito tempo. Devia ser esse o verdadeiro problema. Minha capacidade de interação social estava provavelmente debilitada se eu achava que o assassino maconheiro psicopata no quarto de hóspedes da minha avó era alguém que eu poderia ter uma conversa, quando na realidade eu deveria ter virado a página do livro de Preppy e não iniciar uma conversa com o porco maldito. Mirna e eu usamos nosso tempo com sabedoria, e ao longo de vários dias, desabafamos nossas almas e dissemos uma à outra tudo o que havia para contar. Bem, tudo o que não teria ela me expulsando ainda. Ela não tinha deslizado de volta para o seu estado de confusão, e eu estava começando a pensar que eu exagerei ou aumentei mais do que o que estava na minha cabeça. Mirna agora sabia de todos os acontecimentos que levaram meu retorno à Logan Beach, e ela me contou sobre o seu diagnóstico da doença de Alzheimer no ano anterior. Houve muito choro. Muito riso. Muitos olhares nos álbuns de fotos antigas, e luto pela minha mãe, mesmo que ela tinha morrido quando eu era apenas um

bebê. Mirna também me disse que ela desejava estar mais próxima de meu pai, mas ambos estavam em muita dor quando minha mãe morreu e foi muito duro para os dois continuarem sendo uma família sem ela. Fisicamente, eu estava me sentindo melhor, embora eu ainda estivesse inquieta. A necessidade pela heroína estava lá, mas já não tinha as suas mãos no volante. Graças em grande parte aos cuidados de Mirna comigo e eu estar inconsciente durante o pior dos meus delírios, as injeções de vitamina que ela insistia em me dar duas vezes por dia também ajudava muito. — Aí está você! — Mirna exclamou quando ela saiu na varanda da frente, onde eu estava consertando o terceiro degrau, colocando-o de volta no lugar. O topo tinha entortado e arqueado sob as duras condições meteorológicas da Flórida, e o prego tinha oxidado na ponta, deixando-o na altura perfeita para machucar alguém vindo para a casa. Alguns parafusos bem colocados iriam impedir Mirna de tropeçar sobre ele como ela tinha feito no dia anterior, mas felizmente eu tinha estado lá para suavizar sua queda. Eu também arrumei o armário da cozinha que tinha se soltado da dobradiça. Pregado a calha caída de volta na lateral da casa. E, então cuidei dos degraus traquinas. Mirna havia me dito para me manter ocupada, seria bom para curar a alma, e acho que ela tinha razão, porque eu comecei a me sentir mais leve. Tal como eu era antes. Ela juntou as mãos. — Eu estava procurando por você. — O que foi? — perguntei. Mirna me seguiu quando eu levei a antiga caixa de ferramentas do meu avô até a garagem, colocando-a novamente na antiga bancada como se ele estivesse voltando para casa a qualquer minuto e enlouqueceria se eu tivesse mexido. Ele poderia ter ido há muito tempo, mas o ciúme de suas ferramentas sobreviveu. — Você sempre foi boa em consertar as coisas, — Mirna apontou. — E por falar em conserto, você parece estar bem melhor. — Eu só estou aqui há uma semana, — eu apontei. — Mas obrigada. Papai me ensinou como fazer tudo. — eu levantei a broca. — Eu sei que ele fez, — Mirna disse, olhando em volta da garagem, nos projetos inacabados do meu avô. Ela nunca quis me livrar deles. — Eu já te disse que quando seu pai se casou com sua mãe foi seu avô que lhe ensinou como trabalhar na casa? — Sério? — perguntei. Parecia inacreditável. Não havia nada que meu pai não pudesse consertar. — Sim, seu avô Rick queria ter certeza de que seu pai podia cuidar de sua mãe, então ele lhe ensinou tudo o que sabia. — ela sorriu ao recordar a memória

que foi obviamente feliz. — Quando Becky o trouxe na primeira vez, seu pobre pai não dava conta de pendurar um quadro na parede. Claro que eu acreditava nela, mas todo o cenário era bem difícil de imaginar quando a oficina do meu pai em casa parecia algo do sonho de qualquer carpinteiro. Meu coração caiu quando a memória de meu pai arrumando o telhado da minha casa de bonecas veio à mente. Foi nesse dia que ele me ensinou como usar uma furadeira elétrica. Ele sempre foi o meu herói. Não havia nada que ele não pudesse consertar. A não ser eu. — Escrevi uma carta para ele saber. — disse Mirna, quebrando o feitiço. — Eu aprecio isso Mirna, de verdade. Mas você conhece meu pai, quando ele decide alguma coisa, ele não muda de ideia. Talvez um dia eu tente novamente, mas provavelmente o melhor é deixá-lo em paz por um tempo. Vou tentar consertar as coisas quando puder cumprir minhas promessas com alguma boa prova à moda antiga. Fiquei imaginando o que meu pai pensaria quando lesse a sua carta, ou se ele a leria. Minha aposta estava no meio, que ele leria algumas frases, e percebendo sobre quem era a rasgaria em milhões de pedaços. Tenho certeza de que ele não estaria guardando os pedaços em minha antiga caixa de sapato azul no meu quarto, onde eu guardava todas as cartas de Mirna. Mas você não tem um quarto mais. Um passo de cada vez, eu me lembrei. — Se nada mais, pelo menos a minha carta vai deixá-lo saber que você está segura. Se você não estiver naquele ônibus, então não somos mais uma família... a voz de meu pai soou em meus ouvidos. — Agora, venha, venha! — disse Mirna, a emoção de volta em sua voz e seus pés davam pulinhos. Ela pegou minha mão. — Eu quero te mostrar uma coisa. — ela estava praticamente saltando quando me arrastou pelos degraus da varanda recentemente consertada. Mirna não fazia nada casualmente. Seu estado mental pode ter escorregado, mas sua personalidade era tão forte e corajosa como sempre. Parecendo mais como uma pinup, seu cabelo branco caía solto acima dos ombros em grandes cachos. Franjas pesadas com uma ligeira curva nas extremidades paravam bem acima de suas sobrancelhas perfeitamente simétricas. Seus olhos estavam sempre delineados, apenas na parte superior com um delineado de gatinho nas extremidades, fazendo os já grandes olhos cinzentos parecer de boneca. Vermelho

dramático era uma cor de batom que ela usava diariamente, independente se esse dia era apenas para trabalhar no jardim de casa. Muitas vezes em minha adolescência eu tentei copiar o estilo de Mirna, eu sempre acabava parecendo uma caricatura bizarra, quando Mirna era uma obra de arte. Mirna me puxou pelo corredor até seu quarto. Para minha surpresa, ela me levou até o seu armário e abriu as portas duplas de forma dramática. — Ta dã! — ela exclamou, dando um passo para trás e me empurrando para frente. O guarda roupa de Mirna em si não era nada de especial. Era bem pequeno com algumas fileiras. Era o que estava nele que me deixou ofegando e segurando a minha mão sobre o meu coração batendo rapidamente. Vestidos. Não apenas qualquer vestido, mas vestidos de uma era a muito esquecida. Gola alta com saias rodadas. Chapéus. Saltos plataforma que me fizeram cair de joelhos no centro do quarto. — Onde você conseguiu tudo isso? — perguntei, segurando um salvo algo preto perfeito no meu peito. Tinha um grande arco branco na ponta arredondada até o calcanhar. Santo inferno, o salto era incrível. Com cordas entrelaçadas na parte inferior. — Não me lembro de alguma vez te ver usando isso. — Algumas coisas eu usei apenas uma vez, outras nunca usei. — Por quê? — se eu tivesse um armário com esses vestidos eu ia fazer de cada ocasião uma ocasião especial. Lavanderia. Abastecendo. Molhando a maconha. — Seu avô adorava quando eu me vestia assim, então eu usava algo especial para ele todos os dias. Quando ele estava no exterior, ele mandou alguns modelos de estilos europeus que estavam na moda no momento. Às vezes, mais de um vestido por semana. Quando ele voltou para casa eu engravidei quase que imediatamente. — quando eu dei a ela um sorriso, ela simplesmente declarou: — Não havia televisão nos quartos, querida, — antes de continuar. — Eu ainda planejei usá-los, mais tarde, mesmo depois que você nasceu, mas quando Rick morreu, eu não poderia sequer pensar em colocá-la novamente. No entanto, eu também não poderia jogá-los fora. — Mirna riu. — Claro, jamais isso caberia em mim agora. — ela suspirou e arrancou um cabide, empurrando-o em minhas mãos sobre o sapato perfeito que eu ainda estava segurando. — Eu tenho certeza que você poderia ajustá-los na sua medida. Ou melhor, eu sempre quis aprender a costurar, talvez eu pudesse fazer isso por você. — sugeri. Mirna sacudiu a cabeça. — Não, minha doce menina.

— Não? Por que não? — Seu avô arriscou a vida para me comprar esses vestidos e enviá-los para mim. Parece errado mudá-los agora. Além disso, eu acho que eles vão se encaixar muito bem em você. Eu apontei para o meu peito. — Eu? Mirna, eu não posso. — eu estendi o belo sapato e o cabide para ela levá-los de volta. — Não. Eu não mereço isso. Nada disso. Ela baixou os meus braços estendidos. — Andrea, eu não sei quanto tempo me resta, ou quanto tempo às luzes vão ficar acesas no andar de cima antes de apagarem completamente, então eu vou te dizer isso agora, enquanto eu ainda tenho uma chance. — ela colocou uma mão carinhosamente no meu ombro e apertou. — Você é uma alma boa. Uma boa pessoa. Todos nós cometemos erros. Deus sabe que eu tive a minha cota. Você tem que perdoar a si mesma. Amar a si mesma. E pelo amor de Deus menina, você tem que endurecer. Os homens querem uma mulher forte, que dê tão duro quanto eles. — ela piscou. Eu gemi. — Nós não estamos falando mais sobre roupa não é? — Não. Apenas lembre, dama na rua e uma gata selvagem entre os lençóis. — Mirna, sério. Eu acho que meus ouvidos estão sangrando. — eu disse com uma risada. — Além disso, os homens são a última coisa em minha mente. — E quanto a Samuel? — Mirna! — eu disse: — Você quer me unir com o cara que cultiva maconha em seu quarto de hóspedes? Mirna sacudiu a cabeça. — Não, minha querida. Mas eu não me importaria se você considerasse o homem que ele é por dentro, mais do que parece do lado de fora. — Qual é exatamente o seu acordo com ele afinal? — perguntei. — Isso não é meu para contar, querida. Faz parte do nosso acordo. Mas eu vou dizer que você não deve ser tão rápida em julgar. Você só conhece realmente o verdadeiro coração de alguém quando eles realmente querem mostrá-lo. — ela apertou meu braço. — Ele me faz lembrar muito do seu avô, sabe. Eu só espero que um dia você encontre alguém que cuide de você como ele faz por mim. — ela arrancou outro vestido e o ergueu para mim. Dobrei meus dedos na parte superior do cabide para que ela pudesse dar um passo atrás para avaliar sua escolha. — Sinto muito, — eu disse, Mirna acenou para o meu pedido de desculpas. — Eu só quero ter certeza de que você saiba onde está se metendo com ele e

que... — Isso não é algo que você precisa se preocupar. Samuel é um homem bom. Que matou Eric. — Você tem certeza disso? — Porque eu vi o seu coração. — Mirna suspirou. — Pessoas boas também fazem coisas ruins, Andrea. Você mesma disse que fez algumas coisas ruins. Isso não faz de você uma pessoa má, certo? — Eu não estou inteiramente certa disso. — eu admiti. — Oh que isso, você não é de todo uma má pessoa. Você tem um grande coração, e os olhos de sua avó. — ela abriu os braços. — E com isso você pode conquistar o mundo. — ela acrescentou o vestido, além de shorts de cintura alta e alguns tops para a pilha nos meus braços. Minhas mãos começaram a balançar, tremores é o que Mirna tinha chamado. Larguei as roupas, e quando me inclinei para escolher uma peça, ela me lançou um olhar preocupado. — Está melhorando, — a tranquilizei. — Eu juro. — Você precisa de uma clínica de reabilitação adequada para garantir que está melhorando. Profissionais que entendem muito mais disso do que eu. Eu sou apenas uma enfermeira, não uma psicóloga. Eu sei que nesta situação existem mais problemas da mente do que a parte física. — O programa de reabilitação Rehabs Proper é muito caro, e os que são financiados pelo governo são mais como prisões ou instituições mentais, — eu disse, tentando reunir as roupas de volta. — E, além disso, eu não posso ir porque você não estaria lá. — Então nós vamos fazer o seguinte, — disse Mirna, mais uma vez batendo palmas. Ela pegou as roupas das minhas mãos e saiu do closet, colocando-as suavemente em sua cama. — Primeiro vamos ver o que vai ficar bem em você, depois de pronta nós iremos lá fora meditar ao ar livre. — Nós vamos o quê? Ela colocou as mãos nos quadris. — Não me diga que você nunca meditou. — Não... recentemente? — eu rangi. — A meditação não era realmente algo que eu conseguiria equilibrar com os altos e baixos da heroína, e eu tinha muita coisa acontecendo. Ela revirou os olhos e continuou a separar as roupas. — Seu senso de humor pode ser tão desbotado como o de Samuel. Eu tenho um livro que você pode ler, e eu vou te ensinar. O mundo é um lugar complicado. A meditação é um veículo que irá ajudá-la a navegar melhor por ele, você sabe, para evitar os buracos.

— No meu caso é melhor que o veículo seja um tanque. — respondi, batendo-a com o meu quadril e soltando um sapato precioso no processo. — Não venha com gracinhas, menina. Eu posso estar perdendo meu raciocínio, mas eu ainda sou sua avó. — Sim, senhora, — eu disse, com um floreio. — A meditação é como... se alongar após uma corrida, mas em vez dos músculos, você está alongando a sua alma, — disse ela, apertando meu rosto como se eu fosse uma criança, me fazendo gemer. — Agora vá experimentar essas roupas que são meu presente para você e você vai usá-las. Por mim. Contanto que você goste, é claro. E agora, vamos brincar de desfilar, — ela ordenou. — Está claro? — Sim, se é isso que você quer. Mas por quê? — Porque, querida, eu estive esperando o que parece ser uma década para ver estes vestidos em alguém novamente, e mais tempo ainda se esse alguém foi você. Isto pertence a você agora. Meu coração apertou em meu peito. Não houve discussão depois do que ela disse, mesmo querendo discutir. O que eu não fiz. Nem um pouco. Uma hora mais tarde olhei no espelho de Mirna, e me engasguei com o meu reflexo. O vestido de verão verde e branco que Mirna tinha escolhido para mim tinha tiras largas amarradas atrás do meu pescoço, e um decote quadrado que empurrou os meus seios para cima e deu a eles uma aparência mais arredondada. O corpete era justo como um espartilho que acentuou a minha cintura, enquanto a saia era levemente rodada nos quadris e terminando logo acima dos joelhos. E, claro, eu estava usando os saltos pretos plataforma, com arcos. — Quem disse que amor à primeira vista não existe? — eu sussurrei enquanto virava meu pé de um lado para o outro, examinando melhor e admirando minhas novas amantes. Mirna arrumou meu longo cabelo de um jeito que eu sabia que nunca poderia fazer sozinha. Um lado estava escondido atrás da minha orelha, e o outro lado caía em ondas por cima do meu ombro. Batom vermelho em meus lábios e sombra preta esfumada sobre as minhas pálpebras. Se fosse para o dia a dia, eu iria preferir uma versão mais moderada da pinup no espelho. Mas, naquele momento, eu não podia acreditar que esta menina era eu. Com exceção das picadas em meus braços, a viciada estava longe de ser vista.

— Eu pareço... eu pareço como... — gaguejei. Uma mulher. Mirna estava atrás de mim. Seus olhos vidrados. Orgulho enchia sua expressão quando se juntou a mim para avaliar o meu reflexo. Ela apoiou o queixo no meu ombro e sorriu. — Uma mulher, — disse ela. — Você se parece com uma bela jovem. Que é exatamente o que você é. Eu inclinei minha cabeça para descansar contra a da minha avó. — Eu ia dizer que pareço com você. — virei e levantei os braços. Mas fazia apenas duas semanas que Preppy me trouxe com Mirna, então mesmo que as maiorias das crostas tinham sumido; as cicatrizes, tanto novas como as antigas ainda permaneciam. — Exceto por essas. Ela segurou meu rosto. — Todos nós temos cicatrizes, minha querida. — ela agarrou meus pulsos e os levantou aos lábios, dando um beijo em cada um dos meus braços, batendo neles quando ela terminou, como se o assunto estivesse resolvido com seus beijos de avó que resolviam tudo. E de uma maneira isso funcionou. — Alguns de nós nos braços. — ela pressionou a palma da mão sobre o peito. — Alguns de nós em nossos corações. Alguns de nós no rosto. Eu distraidamente corri minha mão pela cicatriz irregular no lado do meu rosto. Mirna andou até a cômoda e pegou uma moldura de prata das muitas que se aglomeravam na superfície. Ela olhou da foto para mim. — Bem, o que você sabe sobre isso. — ela me entregou o quadro. A foto era de Mirna usando um vestido muito semelhante, exceto que ela usava luvas e um chapéu branco. Ela estava de braços dados com o meu avô e eles sorriam para a câmera. A minha mãe ainda pequena, em pé segurando uma lancheira. Seu cabelo loiro e denunciando que era filha de meu avô, enquanto eu era a cara de Mirna. Eu levantei o quadro e olhei de novo para a semelhança entre a versão mais jovem da minha avó e eu. Era como nada que eu já tinha visto antes. — Você se parece comigo. — Somos como gêmeas separadas por... décadas, — eu disse enquanto Mirna balançou a cabeça e riu, pegando o quadro de volta das minhas mãos e guardando-o de volta, exatamente na posição em que estava antes na cômoda, ajustando-o à esquerda, em seguida, de volta à direita algumas vezes antes até que ela estava satisfeita. — Mirna, quantos anos exatamente você tem? — perguntei, tentando fazer as contas na minha cabeça. Mirna suspirou. — Quatrocentos e setenta e sete, — ela brincou. Nós duas irrompemos em um ataque de riso tão forte que eu pensei que eu iria rasgar a costura do meu vestido. Quando cessaram os risos ela me olhou de novo, um olhar de satisfação no rosto, os lábios torcidos em um belo sorriso. — Você está de tirar o fôlego, minha querida. Seu avô teria gostado de vê-la nesse vestido. Você

sabe, este foi o primeiro que ele me enviou. — disse ela, engasgando com a emoção que a deixou temporariamente sem palavras. Seus olhos lacrimejaram e avermelharam, mas ela permaneceu forte. Fungando e endireitando as costas como se ela estivesse desafiando as lágrimas a voltarem. — Mirna... — eu comecei, estendendo a mão para confortá-la, mas ela recuou e me dispensou. — Oh, não seja boba. Eu sou apenas uma velha que está tão emocional quanto uma mulher grávida, — ela disse com uma fungada, aliviando o clima. — Samuel vai adorar esse visual, — Mirna lamentou. — O que ele tem a ver com isso? Mirna arqueou uma sobrancelha branca. — Eu não disse a você, querida? Ele é a razão pela qual me lembrei de te dar as roupas que eu tinha guardado para você. Elas são para o seu novo emprego. — O meu novo emprego? — Sim, o seu novo emprego com Samuel. — Mirna deu uma última olhada para o meu reflexo e suspirou com satisfação. — Vai ser bom para você. Uma oportunidade para limpar a sua alma, começar de novo. — Isso é possível? — perguntei, mas eu não tinha certeza se a pergunta era para ela ou eu. — E se as manchas da alma forem muito grandes? — Não, você vai ver. São as manchas que nos fazem seres humanos, — disse ela, e com isso eu me apaixonei um pouco mais pela minha avó. — Então, vá regar as plantas enquanto eu vou atrás daquele livro de meditação para você. Quando estiver pronta, você pode me encontrar no quintal. Nós vamos ter a nossa primeira sessão de meditação, e você vai se concentrar em seu futuro e que você quer da vida. Nós vamos limpar essa alma que você acha que é tão suja. Mirna poderia tentar suas macumbas, mas eu tinha certeza que uma alma tão suja quanto a minha seria necessário muito mais do que algumas roupas novas e meditação para ser limpa. Eu apontei para a estranha no espelho, uma menina que parecia como se fosse normal, e murmurei, — Neste ponto, água sanitária pode ser muito mais útil do que um livro sobre meditação. Talvez eu perguntasse a Preppy como limpar uma alma suja, porque, apesar do que Mirna tinha me aconselhado sobre o que ele tinha feito por ela, ela não tinha visto seus olhos na torre. Nada disso fazia sentido. Um cara que ajudava velhinhas em seu momento de necessidade não poderia ser o monstro que eu achava que ele era. Talvez ele não tivesse uma alma suja, afinal.

Talvez fosse apenas eu.

*** Mais tarde naquele dia, Mirna deu a minha primeira lição de meditação. Eu estava descalça na grama, mas de vez em quando eu abria um olho e verificava se meus saltos ainda estavam no deck, onde eu tinha os colocado, cuidadosamente, na sombra. Sentamos no estilo indiano, de frente para a outra, perto do seu canteiro de flores, com as nossas mãos sobre os joelhos, palmas para cima. Oscar grunhiu ao redor do quintal. Eu e Mirna e até mesmo Preppy cuidávamos dele, mas eu ainda me questionava por que diabos a minha avó tinha esse enorme porco como animal de estimação, e quando ele cutucou meu ombro com o nariz sujo e molhado, eu o enxotei para longe, fingindo estar irritada com a sua interrupção. Eu coloquei meu dedo indicador nos meus lábios e Oscar recebeu a mensagem, trotando de volta até a cerca e cheirando debaixo do portão, como um cão farejando outros animais. Todos os porcos eram inteligentes assim? Eu respirei fundo tentando controlar meus pensamentos e me concentrar na meditação. O queixo de Mirna estava virado em direção ao sol quente, seus famosos olhos de gato eram a perfeição na luz brilhante, o que deixava a sua pele enrugada, mas impecável, parecer como se estivesse brilhando. Incapaz de evitar, eu espiei o deck novamente para checar meus sapatos novos pela centésima vez, e por um segundo o meu coração parou de bater. Um estava faltando. Eu estava prestes a invadir a casa dos vizinhos e ligar para 911, ou o corpo de bombeiros, ou o controle de veneno, ou o próprio presidente, quando uma sombra caiu sobre mim. Eu gritei e tentei sair, mas ele me agarrou pelo braço e me segurou para baixo. Eu caí de costas para o invasor, o tempo todo Mirna permaneceu em sua postura meditativa. O intruso riu. Eu olhei para cima e dei de cara com Preppy segurando o sapato roubado sobre a minha cabeça. — Sapatos legais, vamos foder?

Capítulo onze PREPPY Que porra ela estava usando? Seu vestido abraçava sua cintura fina e empurrava os peitos dela, e de repente era como se eu tivesse ficado surdo porque tudo que eu podia ouvir era o sangue correndo para meu pau. Tudo em mim estava gritando para eu dobrar essa menina e transar com ela até que ambos morrêssemos. Eu não me importava que Mirna estivesse sentada bem ali. Eu não me importava se o Papa e o Dalai Lama estivessem ali com o próprio Jesus assistindo também. Tudo o que eu queria era ver esse batom vermelho manchando todo o meu pau. Controle sua cabeça de merda. Eu me repreendi. Você tem coisas mais importantes para se concentrar, nada a ver com os peitos dela. Mas aqueles peitos... Parecia que Mirna estava em outra dimensão. Fiquei contente também porque tanto quanto eu gostava dela, quando ela insistiu em me ensinar a meditar eu principalmente imitava o Ninja Guerreiro Americano na minha cabeça até que ela me dissesse que terminamos. Sua cara estava chocada e surpresa com o quão bom eu parecia e ela tinha desmaiado em meu colo, incapaz de se controlar. Ou, eu a assustei e ela caiu sobre mim. Definitivamente foi uma dessas duas coisas. Independentemente de como isso aconteceu, o que mais se destacou para mim foi onde sua mão tinha caído quando ela tentou se segurar antes de cair. Eu não vou mentir, foi realmente bem bonito quando ela corou depois de perceber que estava agarrando o meu pau. Admito que a princípio quando eu a vi, sentada ali naquele vestido, com o cabelo arrumado e caindo em ondas brilhantes, com sua boca vermelha parecendo a minha estrela pornô favorita Rosie The Riveter eu nem sequer a reconheci. Meu primeiro pensamento foi muito homem das cavernas. Devo enfiar meu pau nessa buceta. Mas quando ela levantou eu percebi que era Dre de costas, acrescentou mais uma nova camada de intriga sobre a menina que já tinha me intrigado muito. Eu tinha provado a sua buceta, e eu gostei. Não, eu adorei.

Pra cacete. Eu não iria lhe dizer isso, mas omitir uma informação não é o mesmo que mentir. Eu não era um mentiroso. Eu mesmo fui tão longe a afirmar que uma das minhas qualidades era a minha incrível capacidade de ser completamente e brutalmente honesto. Claro, o dom da honestidade era, além do meu senso de humor, inteligência, charme, caráter, impressionante beleza e bom senso de moda, e por último, mas não menos importante, a terceira perna balançando entre as minhas pernas. Mas eu sou um filho da puta que divaga. Então, quando o meu celular vibrou, e eu me encontrei ouvindo em silêncio, um cara que eu rapidamente percebi que era o pai de Dre, dando desculpas ridículas do porque virou as costas para sua única filha, em seguida apelando para eu lhe dizer onde ela estava para que ele pudesse levá-la para casa, meu primeiro instinto foi dizer a ele a verdade e levar toda a glória e crédito por ser o indivíduo que reuniu com sucesso pai e filha. Afinal de contas, Dre tinha realmente dito que era o que ela mais queria. Retornar para casa de seu pai. E lá estava eu, segurando a capacidade de fazer exatamente isso na palma da minha mão. Dre arrancou o sapato foda-me que eu tinha roubado da varanda das minhas mãos. Eu estava prestes a dizer a ela que era o pai dela na linha quando me lembrei do motivo que eu vim em primeiro lugar. Eu congelei com a boca aberta e o telefone no meu ouvido, parecendo Zack Morris no estilo Salvo Pelo Gongo. Se Dre fosse para casa, então eu perderia a minha última chance de recuperar Max para King. Quer dizer, não é como se eu não tivesse feito qualquer coisa por essa garota, eu me lembrei. Eu a deixei viver e tudo. Um filho da puta generoso é o que eu realmente era. King tinha salvado minha vida muitas vezes. Merda, ele foi o único que me deu uma vida para começo de conversa e virou o meu heterossexual companheiro de vida que eu ganhei na porra da loteria quando ele apareceu no pátio aquele dia e espancou um valentão, que eu poderia ou não ter jogado ovo na casa da mãe dele em uma base regular. Eu andei até o portão de trás, que era longe o suficiente para ter certeza que Mirna ou Dre não me ouvissem antes de dizer uma única palavra. — Quem diabo é você? — perguntei, colocando bastante aborrecimento no meu tom de voz, interrompendo o pai de Dre, que não tinha parado de falar ainda, sua fala rápida se tornando quase frenética. — Aqui é Adnet Capuleto. Quem... quem é você? — ele repetiu a minha

pergunta, raiva e confusão substituindo o desespero em sua voz. — Adnet, eu sou o cara que atendeu ao telefone tocando, — eu cantei, — e você é o cara que ligou e fez o telefone tocar. Vá em frente, faça outra pergunta. Isso é divertido. — eu me inclinei para tirar mato da minha bota. Uma das pontas profanas do caralho enfiou na lateral do meu dedo. Eu balancei minha mão algumas vezes antes de finalmente conseguir desencravá-lo da minha carne. Joguei-o no chão aonde ele iria, sem dúvida, encontrar outra vítima para atormentar, com a sua capacidade de causar apenas uma pequenina lesão que pulsaria levemente no meio da noite e o acordaria de um sono profundo. Essas pequenas porras de espinhos eram tão chatos como uma versão da planta de Dançando com as Estrelas. Novamente, eu estava divagando. Eu chupei a gota de sangue que saiu do meu dedo. — Minha filha, — Adnet começou, — o nome dela é Andrea. Ela me ligou um tempo atrás deste número. Eu quero falar com ela. Por favor, se você sabe onde ela está. Eu cometi um erro. Eu só quero que ela venha para... — Me deixe interrompê-lo, cara. Você parece um cara legal, talvez um pouco tenso, mas um cara legal. Infelizmente, eu não tenho ideia do caralho de quem você está falando. Este telefone é público, eu estava prestes a usar quando começou a tocar, então eu atendi. Desculpe cara, melhor anunciar sua filha na lateral da caixa de leite, estatística. Eu cliquei encerrar e estava prestes a empurrar o meu telefone de volta no bolso, quando ele vibrou novamente. — Ouça, — eu lati, a irritação na minha voz não mais disfarçada. — Eu te disse que este telefone é público e eu não sei por onde anda a porra da sua filha, eu estou tentando fazer uma ligação aqui... — a gargalhada de Bear me interrompeu. — Oh, é você, — eu disse, e se alguém pudesse rosnar, foi assim que eu falei com ele. Rosnando. Eu prendi o celular entre o queixo e a orelha e arranquei um capim na grama alta que havia crescido ao longo do muro e enroscado em torno do fecho do portão. — O que está acontecendo, você andou aprontando? — perguntou Bear. — Será que eu vou acabar encontrando partes de algum corpo meio-queimado na fogueira? — Jesus Cristo. Você queima um corpo na porra de uma fogueira e, de repente, é uma grande coisa. Bear devia estar em algum lugar perto da estrada, porque eu podia ouvir os carros passando e as buzinas dos caminhões. — Sério Prep, está tudo bem aí? Nós acabamos de atravessar a fronteira do estado do Mississipi e paramos para

abastecer. Achei melhor ligar agora enquanto posso. — motos rugiram para a vida. Homens gritavam uns com os outros sobre o ruído dos motores. — Você não precisa me checar, eu não sou uma criança, — eu indiquei, chupando a ponta do meu dedo, onde o sangue tinha reunido da picada do espinho do inferno. — No entanto, eu posso ouvi-lo fazendo beicinho através do telefone do caralho. — Eu só tenho um monte de merda acontecendo, — eu murmurei, puxando a porta atrás de mim. Eufemismo do ano. — Como alguém ligando e implorando o paradeiro de sua filha? Sim, eu diria que isso é um monte de merda. No que você se meteu agora? — Não, não é isso, — argumentei. — É só um cara procurando uma menina que não quer ser encontrada, — eu menti, e se mentir para o pai de Dre não era bom, mentir para Bear parecia como se eu estivesse com alguma doença grave que eu não sabia como curar. Culpa. Uma doença que eu não queria ter. Dizer a Bear sobre Dre ou o meu novo plano de tê-la me ajudando com as casas de cultivo enquanto eu cuidava da situação de Max estava fora de questão, pelo menos até que eu soubesse que iria realmente funcionar. Deixando ele ou Grace com esperanças, apenas para esmagá-las se tudo se transformasse em merda, não era algo que fazia parte do meu plano. Mais uma vez, omitir não é tecnicamente mentir. — Tem certeza que você não está apenas fazendo a caminhada da vergonha por uma garota, Prep? — perguntou Bear, rindo de sua própria afirmação ridícula. — Sim, cara. Me esqueci de dizer que eu e Sylvia temos algo acontecendo. É realmente sério, e eu acho que ela pode estar grávida, — eu respondi, revirando os olhos como se ele pudesse me ver. Sylvia era uma das outras Granny Growhouses. Ela também tinha noventa e dois anos de idade. — Mas, falando sério, Prep, esta menina, essa que não quer ser encontrada. Ela está em algum tipo de problema? — perguntou Bear, erguendo a voz acima do ruído no fundo, que só tinha ficado mais alto. — Ela é neta de Mirna. Ela apareceu do nada, toda arrebentada e fazendo merda. Ela vai ficar por aqui com Mirna e cuidar das minhas plantas até as

instalações em Sarasota ficarem prontas. — O que era meio que verdade. Eu bati nos papéis no bolso de trás da minha calça. Bear agora estava gritando acima do barulho, quando ele perguntou: — Você fodeu ela? — Não. Embora, eu pensasse muito sobre isso. Embora, eu tivesse provado. — Porra ela é toda esquisita, e tem meio que uns tremores o tempo todo. Um olho é muito maior do que o outro e ela tem uma enorme corcunda nas costas. Quer dizer, eu não tenho nada contra isso, mas não é como se ela fosse a primeira opção na minha lista de coisas a fazer. — Ela vive na torre de uma catedral, Prep? Porque a sua menina parece muito com O Corcunda de Notre Dame. — Ela não é minha menina. Não tente fazer aquilo que você sempre faz de enxergar algo onde não há nada. Eu apenas cometi o erro de merda de deixá-la usar o meu telefone, e agora eu tenho que conseguir um novo número de merda para o pai dela parar de me ligar querendo saber onde a sua filha viciada está. De repente, eu estava muito grato que Mirna não possuía um telefone. Se eu fosse ele, e tão desesperado para entrar em contato com ela, a casa de Mirna seria um dos primeiros lugares que eu iria ligar. — Tanto faz, Prep. — Bear riu, como se soubesse de algo que eu não sabia, o que me deixou puto e foi provavelmente a razão pela qual a necessidade de me defender me fez vomitar minha próxima linha de besteira. Quando a vida ficou tão complicada? 6

— Vocês estão precisando de mais duas BBB para a sede do clube, certo? Porto Riquenha Furiosa e Robert Dinero não saíram recentemente? — perguntei. — Sim, Jessica e Ivette saíram. Jessica está grávida e se casou com algum dentista, e Ivette desapareceu no ar, mas você sabe como isso termina. Nós definitivamente precisamos de algumas caras novas ao redor do MC. — Bear ignorou o uso de apelidos que eu chamava as meninas do seu clube ao longo dos anos. Eu tinha chamado uma menina de Porto Riquenha Furiosa por uma boa razão, ela era de fato porto-riquenha, e sempre irada com alguma coisa. A outra eu chamava de Robert Dinero porque, como o ator, ela poderia passar por qualquer espanhol, italiano ou judeu. No entanto, seu corpo gostoso era muito mais do que sua contraparte masculina. — Por quê? Você acha que a menina viciada gostaria de ir para a vida do clube? — Bear perguntou, antes de latir um ‘espere um segundo’. — ele não se preocupou em cobrir o telefone quando gritou

algumas ordens para seus homens. Eu segurei meu telefone longe do ouvido, a fim de evitar danos permanentes ao meu tímpano, quando ele gritou para que todos estivessem prontos para montar em cinco minutos. — Ok, então sim. A menina, — disse ele quando voltou na linha. — Ela tem problemas com os pais e um problema com drogas para lidar. Acho que esta realmente nasceu para ser uma BBB, — eu apontei. — Tudo bem, leve-a para o clube quando voltarmos. — houve uma comoção no fundo, vozes turbulentas e barulho de metal. — Porra. Temos que ir, os nativos estão ficando inquietos. (Motor acelerou e se tornou tão alto que eu: opção A) não o ouvi dizer ‘Adeus’ ou B) Bear não tinha dito isso e só desligou na minha cara. Conhecendo Bear e seus modos estelares, além do fato de que o cara era alérgico a camisas e tudo o que se parecia com isso, eu fui com a opção B. Dre empurrou sua cabeça para baixo quando eu virei para trás, como se ela não tivesse sido pega olhando para mim. Ela poderia ser a única que tentou se matar, mas eu era o único com o tempo contato. Era hora de mostrar a Dre o que mais eu precisava deste nosso acordo, antes que ela descobrisse a verdade sobre seu pai e Conner. Não era como se ela desse a mínima para a vida dela, eu disse a mim mesmo. Então, por que eu deveria dar à mínima sobre arruinar isso?

Capítulo doze PREPPY — Samuel, você gostaria de se juntar a nós? — perguntou Mirna, sem abrir os olhos. Dre me lançou um olhar apertado. — Desculpe pela interrupção, — eu disse, me sentando na grama, — Mirna, mas sua neta parece uma versão mais jovem e menos atraente de você, então eu não podia deixar de olhar. — Samuel! — Mirna repreendeu, mas eu podia ouvir o toque de riso em suas palavras. Fechei os olhos e respirei fundo, sentindo o olhar de Dre em mim. O calor do seu corpo. Uma mão tocou meu ombro e meus olhos se abriram. Olhei para cima e encontrei Mirna pairando em cima de mim. — Samuel? — Sim? — virei para dar outra olhadela nos peitos de Dre, mas ela não estava lá. O sol também não. Era início da tarde quando eu tinha chegado lá. Não era? — Eu adormeci? Mirna riu. — Você ficou na mesma posição por três horas. Eu não acho que você estava dormindo. Mirna me ajudou a levantar da grama pelo cotovelo, e eu enfiei seu braço sob os meus enquanto caminhávamos de volta para a casa. — Eu acredito que eles chamam isso de transcendência, — disse ela, estendendo a mão para o céu e fazendo a forma de um arco-íris, como se estivesse falando de algo fora deste mundo. — Transcendente? — perguntei, coçando a barba. — Oh sim, eu sei o que é isso. — Você sabe? — perguntou Mirna. — Sim, eu tive isso uma vez depois de um lote ruim de cogumelos, deixaram meu estômago arrasado. — Você é um burro com a minha Andrea, — disse ela, apertando meu braço. Me sentei à mesa enquanto ela abria o forno e usava seu dedo para verificar um

dos biscoitos na forma. A cozinha recendia com o cheiro doce de chocolate que fez a minha boca aguar. — Não deixe que o estado em que a encontrou te engane, minha neta é muito mais do que apenas essa besteira. — ela puxou um álbum de fotos da prateleira de cima da mesa e o atirou para o balcão na minha frente. — Olhe por si mesmo. Abri e descobri que ele estava cheio de boletins escolares. Todos com o nome de Andrea Capuleto. — Espere aí, Capuleto? Como a porra de Romeu e Julieta? Mirna sorriu e acenou. — Sim, exatamente isso. Quando Becky se casou com o pai de Andrea, Rick e eu achamos muito romântico, não imaginávamos que terminaria assim tão tragicamente. Embora as cores dos boletins, assim como os nomes dos professores e as matérias mudavam, as notas permaneceram a mesma em cada página de cada boletim. Todos A+. Nem um único B. Nem mesmo um A-. — Uau. Meu boletim era muito mais diversificado do que este. — eu disse, virando as páginas. — Diversificado? — Havia muito mais do alfabeto sendo usado. — fechei o álbum e deslizei de volta para o outro lado da mesa. — Mesmo assim, você é o jovem mais inteligente que eu conheço. — ela abriu o armário e tirou suas xícaras favoritas. — Estou estupefato, Mirna, — eu disse, batendo dramaticamente meus cílios. Ela me deu um soco com a luva de forno. — Mas essas notas não mostram o quão inteligente ela é, isto mostra. — ela disse, baixando a voz para um sussurro. Ela abriu uma gaveta e tirou um envelope grande. Ela deslizou a pilha grossa de papéis para mim. — Por que estamos sussurrando? — perguntei. — Ela não sabe que eu sei disso. Olhe. — eram páginas e páginas de cheques cancelados, grampeados com relatórios. Todos os cheques foram sacados em dinheiro. Um selo sobre eles escrito fraude em vermelho berrante. — Eu suponho que ela falsificou estes? — perguntei. — Você supôs corretamente. — Falsificar assinaturas não prova que ela é inteligente. Isso prova o oposto,

na verdade, — eu apontei. — Samuel, — disse ela, deslizando os papéis de volta para mim. — Ela não apenas assinou os cheques. Ela fez tudo, as verificações, os selos de segurança, tudo. — e, embora Mirna devesse estar puta da vida que Dre a enganou, não havia dúvida do orgulho em sua voz. Olhei mais de perto, arrancando um do grampo e com certeza, selo de segurança, marcas d'água, código de conta, tudo era uma obra-prima. — Uau, — eu disse, impressionado. — Se você não está irritada, por que não disse a ela que você sabe? — perguntei. — A mesma razão pela qual eu não disse a ela que eu sei que ela participou do roubo das suas plantas. — ela respirou fundo. — Porque eu estou perdendo a minha mente, Samuel, e eu me recuso a perder a minha neta de novo antes que eu me vá completamente. Não há tempo suficiente para a raiva ou a alienação. Não mais. — Você sabe que se Grace já não tivesse tipo me revindicado como dela, eu totalmente a trairia com você, — eu disse. — Ah, não. Grace é uma mulher dura. Ela está lidando com vocês, rapazes, por um longo tempo, e eu não tenho certeza se eu poderia ter feito metade do belo trabalho que ela fez. — Mirna verificou os biscoitos novamente, desta vez puxando a bandeja e substituindo-a imediatamente com outro lote cru. — Além disso, eu tenho certeza que ela poderia chutar a minha bunda. — Sim, eu não foderia com Grace, — eu disse, me lembrando de ligar para a clínica do câncer quando eu saísse para verificar como ela estava. — Por que você está me contando isso? Por que é importante que eu saiba que ela é inteligente? — perguntei. Mirna agarrou minha mão na dela. — Porque eu quero que você saiba que eu estou perdendo a minha mente, mas, eu não sou idiota. Eu sei como o negócio funciona, ela só está por perto porque você usou de misericórdia. — Eu não chamaria isso de misericórdia, exatamente, — eu disse, embora eu não soubesse como realmente chamar isso. — Ela ganhou uma chance porque ela é sua neta e fodeu com o negócio em um nível diferente. Não foi grande coisa. — O que você fez com a pessoa que fez isso com ela? — perguntou Mirna, sua petulância me pegando desprevenido. Me sentei na cadeira. — O que você acha que eu fiz? — Você esquece que eu sou uma velha muito perspicaz. Eu observo ao redor, — ela fez uma pausa e suspirou. — Pelo que ela me disse, eu acho que você

salvou a minha neta e fez o que tinha que fazer para proteger o seu negócio e ela... e sou grata por isso. Você não sabia que ela era minha neta quando fez isso e é um grande negócio para mim, mesmo se não é para você. A razão pela qual eu quero que você saiba o quão inteligente ela é, é porque eu preciso que você entenda a quem deu uma segunda chance. — ela acenou para a pilha. — Olhe na parte de trás. Eu fiz o que ela disse e percebi que o que ela queria que eu olhasse era outros dois documentos. Uma procuração e um testamento. Deixando cada vontade e posse de Mirna para mim. — O que é tudo isso? — perguntei. — Você me deu tanto, Samuel. Estou te dando as únicas coisas neste mundo que me resta para dar. Eu daria tudo para minha Andrea, mas é demais para ela lidar no momento por conta própria. Há algumas estipulações, mas você não tem que decidir sobre elas agora. Não de imediato, de qualquer maneira. Essas cópias são para você. Fique com elas. — Mirna, isso não é o que eu... — Eu sei. Eu sei, — ela disse, abrindo a geladeira. Ela limpou a garganta. — Andrea não está linda? O vestido que ela estava usando hoje era meu, sabe. Me levantei e dei a volta no balcão dando um beijo no topo de sua cabeça. — Ela não se compara a você. Ela corou e se ocupou puxando as forminhas de plástico cobertas da geladeira e entregando-as para mim. — Você pode colocar essas na mesa de café? As senhoras da igreja estão vindo para o chá. Eu fiz o que ela pediu e estava prestes a ir encontrar Dre quando Mirna me entregou uma seringa branca. — Me faça um favor, Samuel, dê a Andrea sua injeção de vitaminas por mim? Eu preciso ir me arrumar. — Ela não pode fazer isso sozinha? É uma piada sobre ela não saber como usar uma agulha? Ela franziu a testa. — É exatamente por isso que ela não deveria lidar com uma. — Ok, você é a chefe, Mirna. Uma injeção saindo. — eu tive uma ideia. — Onde eu injeto? — Em qualquer músculo, querido. É uma agulha longa, funciona em qualquer parte carnuda. — Mirna respondeu, voando sobre a cozinha com um sorriso no rosto. Ela limpou as mãos em uma toalha e a jogou na pia. Ela bateu no meu rosto quando passou, indo em direção ao seu quarto. Eu não sabia o que Mirna estava fazendo, mas eu não tinha tempo para

pensar sobre isso ou os papéis agora pesando no meu bolso, em mais de uma maneira. Eu levantei a agulha e sorri. Eu tinha um trabalho para fazer. Eu empurrei a porta de Dre, sem bater. — Seu criado, Dr. Clearwater.

Capítulo treze DRE — Onde está Mirna? E por que ela não está injetando isto em mim? — perguntei. Eu estava deitada de barriga para baixo, olhando o folheto da clínica de idosos que Mirna estava na lista de espera, quando Preppy invadiu o meu quarto. Parecia um lugar agradável, mas não era o lugar a qual ela pertencia. Ainda não, de qualquer maneira. — Ela está se arrumando para receber as senhoras da igreja que estão chegando, então ela pediu para eu vir. Agora, vamos. É hora de se despir. Você quer um pouco de música? Comece bem devagar, sensualidade é a chave. — ele divagava. — Eu não tenho que ficar nua para uma simples injeção. — argumentei. — Bem, você não é nada divertida. — Preppy levantou a agulha, sorrindo com confiança. — Não se preocupe, Doc. Eu vi uns três episódios de Grey’s Anatomy, então eu sou praticamente um médico licenciado. Agora, seja uma boa menina, se curve e mostre sua bunda para o Dr. Preppy. — Mirna dá no meu braço. — Esta é uma agulha nova com um calibre diferente ou alguma merda assim. — respondeu Preppy. Relutantemente, eu fiz o que foi dito, mas só porque eu não estava me sentindo muito bem e eu sabia que o remédio iria me fazer melhorar, independente de onde ele fosse aplicado. Me debrucei sobre a cama e ergui o meu vestido, dramaticamente. — Você é uma viciada horrível e uma striper pior ainda, — comentou Preppy. Eu senti seu calor quando ele se aproximou da cama. Minha espinha inferior formigava quando suas pernas roçaram contra a minha. Prendi a respiração e comecei a contar na minha cabeça, quando a súbita necessidade de empurrar contra ele passou por mim. Meus mamilos apertaram, e eu estava feliz que ele não podia ver o meu rosto porque eu tinha certeza que estava corado. — Vai ter que ser administrado assim na próxima vez? — eu consegui sufocar. Preppy riu. — Não. Antes que eu pudesse me empurrar para fora da cama, ele puxou a calcinha da minha bunda e mergulhou a agulha profundamente em minha pele. Queimou, mas apenas por um segundo. Quando ele tirou, eu tentei me erguer, mas ele me empurrou de volta para baixo no colchão. — Temos que ter certeza que vai para o

músculo. — disse ele, sua voz profunda quando ele habilmente massageou o local da picada com os dedos em um movimento circular que me deixou gemendo interiormente, e ainda mais brava com ele, tudo de uma vez. Minha respiração ficou presa na garganta quando sua mão começou a esfregar na bochecha da minha bunda, lentamente traçando círculos em minha pele, nenhum lugar perto do local da injeção, se dirigindo mais e mais para o lugar entre as minhas pernas que estava subitamente formigando. — Eu amo esses malditos saltos. — disse ele, a voz mais baixa do que eu tinha ouvido antes. Rouca. Malditos saltos. Isso poderia ser interpretado de muitas maneiras diferentes, mas minha mente não poderia processar qualquer uma delas, porque as pontas dos dedos roçaram o forro da minha calcinha, então Mirna entrou no quarto. Me levantei, baixando rapidamente a saia do meu vestido. Eu estava frenética e parecia culpada, embora eu não soubesse se era porque tecnicamente nada aconteceu, Preppy sorriu e se sentou na cama, pulando no colchão como um garotinho. — Não é o que parece... — eu comecei, mas parei quando notei que havia algo diferente em Mirna, no jeito que ela olhava de mim para Preppy com as sobrancelhas firmemente franzidas. A campainha tocou. — Samuel, que horas você chegou? — perguntou ela. — E quem é a sua amiga?

***

PREPPY Mirna se sentou com três as senhoras de sua igreja na sala de estar. Fiquei pra trás com Dre, que se inclinou contra a parede do corredor e fora de vista, ouvindo Mirna contar as histórias sobre o seu passado como se tivessem acontecido naquele mesmo dia e não há décadas atrás. A cada minuto que passava, os ombros de Dre despencavam mais e mais, enquanto observava sua avó nas garras da demência, se apresentando às mulheres que já conhecia há anos. — Por que ela sempre se lembra de você? — Dre perguntou, sem se virar, uma pitada de ciúme em sua voz. Eu cocei a cabeça. — Vai saber. Quando ela fica assim, ela esquece uma semana inteira de nossas interações e as pessoas que ela conhece há cinquenta anos, mas ela geralmente sabe quem eu sou. Seu palpite a respeito do porque é o

mesmo que o meu. Eu andei até parar ao seu lado e ela escovou o cabelo de seus olhos. — Vamos, — eu disse, pegando sua mão. — Eu quero te mostrar algo. — Mas... — Dre olhou para Mirna. — Senhoras, — eu anunciei. — Nós vamos sair por um momento. Vocês ficarão bem? Hilda, uma mulher maior do que Bear se virou e acenou com a cabeça. — Não tenha pressa. Nós ficaremos bem. — Ouviu isso? Eles estão tendo um lindo chá. — eu agarrei Dre pela mão e a puxei pela porta da frente para o meu carro. Abri a porta e gesticulei para ela entrar, mas ela ficou lá olhando para o banco do passageiro. — Ele não vai mordêla, — eu informei a ela. Dre olhou de volta para a casa. — E se ela precisar de mim lá dentro? — Ela vai ficar bem. Entre, eu tenho um lugar para ir com você. Ela balançou a cabeça. — Eu não posso. Eu estava ficando irritado. — Não finja que você é a neta amorosa agora. Você meio que perdeu esse barco. — Fingir? — ela disse, apontando para si mesma. — Você é o único que coloca essa porra de ato para que possa ter as velhinhas fazendo o seu lance. Você é o único que está fingindo. Eu não! — Cuidado, — eu avisei. — Você não sabe nada sobre mim, Doc. Ela cruzou os braços sobre o peito. — Eu sei que você iludiu Mirna, ela pensa que você é um grande cara, o seu salvador, quando na verdade você está apenas usando-a para conseguir o que quer. — Acho que você já colocou isso na cabeça então, — eu disse sarcasticamente, dando a volta para o lado do passageiro e fechando o espaço entre nós. — Agora entre no carro, porra. Ela deu um passo para trás, como se ela tivesse que provar que podia me desafiar. — Ela sabe realmente quem você é? E eu não estou falando sobre o cara que a faz rir e dá atenção às suas histórias, eu estou falando sobre o seu outro lado. O lado que eu tive um vislumbre na torre de água. — Você não sabe nada sobre mim, e agora você acabou de provar que você não sabe nada sobre Mirna também. Sua avó está com Alzheimer, ela não é estúpida.

— Ela sabe que você matou Eric? — ela perguntou, me olhando diretamente nos olhos, me desafiando. Esperando que eu totalmente lhe diga que não. Coloquei meu sorriso de merda no rosto. — Porra, com certeza ela sabe, Doc. — Mentira. — ela colocou as mãos nos quadris. — Mirna não só sabe, mas também aprovou o que eu fiz, Doc. Eu tenho a impressão que eu poderia ter aniquilado a metade de Logan Beach e ela não daria à mínima, desde que você estivesse viva, porque ao contrário de você, Mirna entende o que significa a lealdade da família. — os olhos de Dre se arregalaram com a minha admissão e seus ombros caíram, mas apenas por um segundo, antes de endireitar novamente e assumir uma postura defensiva. — Espere, não importa, se você for me dizer que lealdade é você dando uma chance para esse merdinha do Conner por alguma razão obscura que você se recusa a compartilhar. Quer dizer, eu poderia falar sobre a sua lealdade à heroína também, mas aqui está você, há duas semanas sóbria, consciente, então eu acho que você é uma cadela fodida também. Os olhos de Dre me perfuraram, sua boca vermelha e carnuda em uma linha dura. Estávamos de pé tão perto que eu podia sentir o calor irradiando de sua pele e o cheiro de flores do seu xampu. — E você sabe alguma coisa sobre lealdade? — Muito mais do que você. — Eu não tenho que ouvir isso! — Dre sacudiu a cabeça. — Você não sabe porra nenhuma sobre mim! — ela voltou para a casa. Eu agarrei o pulso dela, cravando meus dedos em sua carne. — Você não vai a lugar nenhum, — eu disse, girando-a de volta ao redor. — Me solta! — disse ela, arqueando as costas e plantando seus pés no chão para se segurar, mas não importava o quanto ela queria se soltar, eu não iria deixá-la ir. — Não! Não até que você me diga por que você está sendo uma maldita cadela agora. — Vá se foder! — ela cuspiu, o rosto avermelhado, enquanto respirava cada vez mais duro. — Sempre uma possibilidade, Doc, mas vamos ficar na porra do assunto. — Você quer saber por que eu estou agindo assim? — ela parou de se debater e se aproximou de mim, tão perto que ela teve de esticar o pescoço. — Você! — ela apontou o dedo no meu peito. — Meu problema é você! Você cultiva maconha e faz esses comentários sarcásticos e confusos, achando que só porque

você tem charme e um sorriso bonito, as pessoas vão fazer o que você quer. Bem, adivinhe só, você não pode. Você pode até ter enganado suas velhinhas, mas você não vai conseguir me enganar. Você não me possui. — ela tentou soltar meus dedos dos seus braços. A puxei contra mim. Me inclinei, meus lábios em seu ouvido. — É aí que você está errada. — Você acha que é melhor do que eu, — disse ela. — Mas você não é. — sua voz assumiu um tom sério. Ela baixou a cabeça e deu um passo para trás. Eu permiti espaço, mas não a soltei. — Quando você concluir seu negócio com Mirna, você vai arrumar as malas e ir embora sem pensar nela ou em seus sentimentos, e ela vai se preocupar com você. Ela vai sentir saudades e se perguntar onde você está, se você está bem. — seu passo era hesitante. Ela caiu no chão e olhou para mim com os olhos vidrados. — E tudo isso porque você lhe causou um tipo de dor que você não pode pegar de volta. — eu soltei o pulso dela, ela esfregou a marca vermelha no braço e olhou para o chão, para seus pés. — Eu não acho que estamos falando de mim agora, Doc. — Eu não sei o que diabos eu estou falando mais, — disse ela, correndo os dedos sobre as marcas em seus braços. — Eu fiz muitas coisas. Mais do que esse lance do roubo com Conner e Eric aqui, sabendo o que eles... o que eles pretendiam fazer. Com o meu pai. Com Mirna. Eu não posso apagar tudo completamente, mas isso é tudo o que está na minha cabeça ultimamente. — ela mordeu o lábio inferior e enfiou as mãos nos bolsos do vestido, trazendo o decote mais para baixo, e expondo mais do topo arredondado dos seios dela. — Você está falando sobre os cheques? Seus lábios se separaram em surpresa. — Mirna me contou, — eu disse, antes que ela pudesse perguntar. Eu propositadamente deixei de fora a outra parte que Mirna tinha me confidenciado. — Eu te disse, ela não é burra. Dre deixou cair sua cabeça sobre os joelhos. — Que porra eu vou fazer agora? Tenho que me desculpar. — ela olhou para a casa onde Mirna estava sentada perto da janela rindo com suas amigas, seu olhar vidrado facilmente perceptível até mesmo do jardim em frente. — Mas eu não posso. — Doc? Ela girou a cabeça e arqueou uma sobrancelha para a minha mão estendida. Eu segurei o arquivo na outra. — Eu acho que sei como podemos nos ajudar. — Como?

Eu me agachei na frente dela. Bati na sua testa com o arquivo. Eu mostrei a ela o meu sorriso mais tranquilizador. — Primeiro... — eu escovei uma mecha para fora de seu ombro, e ela enrijeceu ao meu toque, — ...você precisa por sua bunda no maldito carro.

Capítulo catorze PREPPY — Por que é tão importante para você tirar a filha de King do sistema? — Dre perguntou depois que eu expliquei a ela a situação com King e Max. — Porque ele não pode fazer nada enquanto está preso, e porque ele não é apenas o meu melhor amigo. Ele é da família, e a família luta pelos seus, — eu disse, virando para uma estrada de terra. Estava escuro como o breu, e onde estávamos não havia tal coisa como postes. Felizmente, eu poderia encontrar o lugar que íamos mesmo se eu estivesse bêbado, chapado, e nu. E eu já fiz isso. — Você faz parecer que é tão simples. — disse ela. — E é. Quando eu era criança não havia ninguém por perto para cuidar de mim. Minha mãe era um pedaço de merda e assim como cada homem que encontrava o caminho para a porra do seu quarto. — eu dei de ombros como se fosse nada, mas eu prefiro furar um olho a falar da minha infância, mas eu precisava que Dre entendesse a situação. — Ela era uma drogada, uma perdedora, um ser humano deplorável. Eu aprendi com ela. Ela era um exemplo do que não fazer com a família. — Uma perdedora viciada, — Dre repetiu suavemente, olhando para fora da janela. — Não existe outra definição para ela, porque isso é exatamente o que ela era, — eu disse. — Continue. Bati meus dedos ao ritmo de Kane Brown tocando no rádio. — A querida mamãe era a pior das piores, e não era como se ela me espancasse ou qualquer outra coisa, mas ela não era exatamente um

membro da Associação de Pais e Mestres. Houve um cara que ela se casou, bem, acho que casou, ela me fazia chamá-lo de padrasto, mas eu não me lembro de um casamento ou algo parecido. Enfim, o nome dele era Tim e ele era o pior de todos. — O que ele fez? — ela perguntou hesitante, não olhando mais para fora da janela, mas para mim. Eu rachei minha mandíbula quando recordei daquele dia, King entrou e

encontrou Tim em mim como um porco fodendo em um curral. — Ele me bateu pra caralho... entre outras coisas. Ouvi a sua respiração aguda. — Não tenha pena de mim. — olhei para Dre, que estava mexendo com suas unhas e olhando para seu colo. — Eu certo como a merda não tenho. Veja bem, a vida não é sobre o que aconteceu no seu passado, e sim sobre onde você está agora e para onde está indo. Em frente sempre. — Isso é muito poético, — disse Dre. — Mas eu estou surpresa que você seguiu em frente sem buscar justiça ou vingança. Eu sorri. — Oh, eu tive a minha vingança. Aquele filho da puta está muito, muito... vamos apenas dizer que rima com, caído. — Como? — ela se moveu e ficou sentada de lado. Me inclinei para ela também, até que eu estava apenas a alguns centímetros do seu rosto. — Isso não é importante. — eu disse, não sendo capaz de segurar o meu sorriso quando me lembrei de um King adolescente mandando aquele filho da puta para fora deste mundo, como a porra do lixo que ele era. — Isso é realmente extraordinário. — Dre disse depois de uma longa pausa, suas palavras me pegando de surpresa. — Por que você diz isso? — Porque, a maioria das pessoas não se recuperaria de algo torcido assim. — e mais uma vez, eu não sabia se ela estava falando de mim ou dela. Eu bufei. — Não, eu só não deixei que essa merda que esse idiota fez comigo ditasse a minha vida. Se eu fizer isso, então ele ganha. Além disso, ele e minha mãe fizeram a minha vida tão miserável que agora eu aprecio cada maldita coisa boa que vem na minha direção, e até mesmo algumas coisas ruins. Se não fosse por eles, eu não teria encontrado em King um meu irmão naquele primeiro dia no parque da escola, ou Grace quando ela mostrou um pouco de bondade ao garoto usando calças amassadas. — Calças amassadas? — perguntou Dre, abrindo dramaticamente a sua boca, fingindo surpresa, e minha mente foi imediatamente para outra coisa que ela poderia fazer com aqueles lábios que poderiam fazê-la ofegar. Ou engasgar. Limpei a garganta e desviei meu olhar. — Sim, isso foi provavelmente a maior tragédia da minha infância. De longe. Dre riu, e o som foi como um vácuo sugando o peso do ar.

Estacionei entre dois pinheiros e desliguei o motor, deixando o rádio ligado. Virei meus faróis para luz alta e as águas plácidas do parque Caloosahatchee pareciam se espalhar em nossa frente. À direita estava à calçada, o poste se elevando para fora da água como o monstro do lago Ness fazendo alongamentos. A costa, do outro lado do rio, brilhava com as luzes dos hotéis e condomínios. Ocasionalmente, um conjunto de faróis aparecia do outro lado e viajava sobre a calçada como uma estrela em movimento, passando lentamente sobre os animais ao redor. — É bonito aqui, — disse Dre, se inclinando sobre o painel e olhando para a água. — Eu esqueci o quanto eu amo esse lugar. Meus verões com Mirna aqui foram os melhores da minha vida. — Os meus também, — eu admiti. Ela suspirou e se recostou no assento. — Então você precisa tirar Max do sistema. Como exatamente eu posso ajudar? Eu peguei os papéis do console e coloquei no meu colo. Me inclinei para ela com o queixo descansando um pouco acima do ombro. Molhei o polegar na minha língua quando algumas das páginas quiseram ser idiotas e grudarem. Quando consegui separá-las, arranquei o papel que eu precisava do arquivo e o ergui, apenas para flagrar Dre olhando para a minha boca quando eu entreguei a ela. — O quê? Ela colocou as mãos no banco e se mexeu como se não pudesse ficar confortável. — Nada, — disse ela, apontando para o arquivo novamente. — O que é isso? — Eu vou precisar de seus talentos se eu quiser que este trabalho dê certo. — Talentos? — ela perguntou, parecendo confusa. — Mirna disse que eu tinha algum tipo de talento? Porque eu acho que você pode ter me visto durante uns maus bocados. O único talento que eu tenho é de sabotar minha própria vida. — ela bateu o dedo indicador algumas vezes contra a costura de seus lábios. — Oh! — exclamou com um estalar de dedos. Se inclinando mais perto, ela colocou a mão no lado de seus lábios como se estivesse fazendo uma fofoca. — Quando eu estava no jardim de infância eu sempre gostei de desenhar. Mas fico triste de dizer que não tentei uma carreira profissional. — ela suspirou profundamente. — Um dos meus muitos arrependimentos na vida. Eu me encontrei sorrindo para Dre, e certo como a merda não era por causa da sua piada, porque ela não foi tão engraçada, mas, seus sorrisos eram infecciosos, então Dre era a praga dos sorrisos. Extremamente contagiosa.

— Escute Doc, eu não tenho dúvida que você era uma artista talentosa, quem sabe até um Savant Crayola. Infelizmente, essa habilidade realmente não ajudaria nesta situação em particular, — eu disse, acenando para os papéis. — Eu preciso criar um histórico onde eu apareça como um cidadão excepcional em todos os sentidos. — eu me inclinei contra a porta. — Como Martha Stewart. Dre levantou a cabeça e franziu o nariz. — Martha Stewart pratica coisas ilegais. Me sentei de volta. — Então John Stewart, ou Tony Stewart, ou qualquer Stewart, são pessoas em que o estado não se oporia em entregar uma criança. Porra, até mesmo a Kristen Stewart, — eu disse. — Mas eu ouvi que ela é lésbica agora, o que eu acho incrível a propósito, mas se ela morasse aqui eles não lhe dariam a guarda porque o Sul da Flórida sul é muito conservador, — eu disse, repetindo as palavras de Grace. — Bem, estamos no Sul da Flórida. — disse Dre. — Sim, — eu concordei. — Estamos tão no sul que estamos abaixo do açoite da Bíblia. Somos como... o pau do sul. — Dre riu. — Você sabia que o casamento gay não é legalizado aqui ainda? — perguntei. — Na verdade, eu sabia disso, — disse Dre, inclinando a cabeça para o lado enquanto ela lia os papéis. — Bem, eu sabia disso, mas, não posso exatamente dizer que estou atualizada sobre os acontecimentos atuais ainda. Normalmente, quando eu saía de órbita, especialmente com pessoas que não me conheciam bem, a maioria gostava de chamar minha atenção e tentariam me refrear. Eu estava começando a notar que Dre não fazia isso. Na verdade, cada vez que o meu cérebro me conduzia para fora do curso, ela me deixava ir até que eu encontrava o caminho de volta sozinho. Foi... diferente. — É uma longa lista de requisitos que eu preciso para ser um cidadão modelo, e a lista no arquivo nos diz exatamente o que precisamos para que isso aconteça. Já que eu não posso provar legalmente que sou o que eles exigem, eu preciso de suas habilidades para falsificá-las. — eu saí do carro e andei com o arquivo na minha mão. Me debrucei contra o capô e acendi um baseado, inalando a fumaça junto com o ar salgado. A cabeça de Dre ainda estava abaixada nos outros papéis enquanto eu continuava falando, o lábio inferior entre os dentes. — Em primeiro lugar, antes de Mirna me contar o diabólico gênio que você é com a falsificação, eu estava arrumando um emprego no escritório de funcionários para você e ver o que poderia ser feito para mudar as coisas. Você sabe, os e-mails, arquivos, selos de assinatura. O que pudesse ajudar, — expliquei. — Mas quando

ela me disse isso, que você criou o próprio cheque, marca d'água e tudo... achei que poderia usar esse talento para fazer uma grande diferença na referida lista muito mais eficaz. Ela não respondeu. Em vez disso, seu rosto torceu como se ela estivesse com dor. Ela se moveu para o lado puxando um dos joelhos e, sem saber, expondo uma faixa da calcinha branca entre as pernas antes de arrumar seu vestido novamente. A memória do seu cheiro, seu sabor na minha língua, inundou meus sentidos e eu esqueci momentaneamente de por que eu estava lá, porque a buceta e bunda impressionante de Dre que eu queria desesperadamente enfiar o meu pau dentro tinha roubado o primeiro lugar na fila. Se ela era bonita toda espancada, eu não posso imaginar quão perfeita seria toda rosa, inchada e molhada com excitação. — Ok, mas como diabos vamos corrigir essa merda com Mirna? — perguntou ela. Ofereci a ela o baseado e ela revirou os olhos. — Me diga, Doc. Quais são os seus planos quando a clínica disponibilizar uma vaga e Mirna se mudar para Sarasota? — perguntei, soprando anéis de fumaça para a noite. Ela encolheu os ombros. — Eu não tinha pensado sobre isso. Eu não posso voltar para a casa do meu pai. Na verdade, você poderia. — Ok, me deixe ser mais direto. Onde é que você está pensando em viver? Na casa de Mirna? — Talvez. Se estiver tudo bem para ela. Eu não posso fazer suposições, embora. Eu teria que perguntar a ela. — Olha, aí é que você está errando. Você não pode ficar na casa de Mirna quando ela se mudar. Ela empurrou a porta e virou de frente para mim. Mais perto e eu podia puxá-la entre as pernas. — Eu acho que devemos deixar isso para Mirna decidir. — Mas não é ela quem vai decidir. Ela levantou as mãos em frustração. — Então, quem é que decide? Peguei o arquivo e mostrei a escritura que Mirna tinha me dado mais cedo. — O bem dotado filho da puta bem vestido que possui a casa, é claro.

***

DRE — Você tem que estar de brincadeira comigo. — eu disse. Não acreditando no que eu estava segurando na minha mão. — Doc, eu estou ferido. Você sabe como eu sou uma pessoa séria. — disse Preppy, as mãos sobre o coração. — Então você está dizendo que se eu fizer isso, forjar os documentos para você, então o que, você vai me deixar ficar lá quando Mirna for para Sarasota? Isso é chantagem. — Eu sei que você está chateada, mas não há necessidade de ser rude. — Sério! — eu disse. — O que, você quer que eu alugue? — perguntei, chocada com o que eu estava segurando. Eu não dava a mínima para as posses de Mirna ou a casa dela, eu também entendia por que não fui a melhor escolha para lidar com seus assuntos, mas isso não significava que eu não me senti ofendida. — Não, não quero alugá-la. — Preppy sacudiu a cabeça. — Se isso funcionar e conseguirmos Max de volta, então a casa é sua, de papel passado. Eu passo ela para você e nunca mais terá que se preocupar em não ter um lugar para morar mais. E antes de saltar a qualquer conclusão, eu não roubei a casa de Mirna em algum esquema, obrigando-a ou qualquer coisa de casamento. Eu nem sabia que ela estava transferindo a escritura. Ela me deu a notícia hoje. Fiquei quieta por um momento. Olhando para o papel, então olhei para a água de novo e de novo, sem saber o que pensar sobre o que tinha acontecido. — Se isso ajuda alguma coisa, suas habilidades de falsificação são de alto nível. Onde você aprendeu essa merda? 7

— Uau ? — perguntei ao seu elogio estranho. — Sim, e eu nunca fiquei realmente maravilhado com algo antes. Ok, talvez uma vez, mas foi durante o Guerreiro Ninja Americano, e aquele cara amputado que ganhou foi um maldito herói de guerra. Você teria que ser feita de pedra para não reagir quando toca aquela música enquanto a câmera dá um zoom em sua perna protética e a bandeira oficial balança no fundo. Contorço meu rosto como se eu estivesse prestes a vomitar. — Não é um uau. Não é algo que eu me orgulho, não mesmo. Ele bufa. — Nós todos já fizemos merda que não nos orgulhamos, mas para a maioria das pessoas isso envolve álcool e algo divertido que causa desaprovação. Para a maioria das pessoas, ‘merda que não nos orgulhamos’ não envolve a

falsificação de documentos complicados, embora. Quer dizer, falsificação é uma coisa nova que as crianças estão fazendo agora? Talvez não, porque se fosse uma coisa nova, então eu já teria feito uma paródia pornô sobre isso, e desde que eu não encontrei nada intitulado como Adolescentes Asiáticas Falsificadoras Engolem Fundo, eu não acho que a tendência da falsificação vai ser odiado tão cedo. — Foi principalmente por causa de Conner. Ele estava sempre querendo literalmente imprimir dinheiro. Eu só usei algumas notas ao longo do caminho, — eu admiti. — Eu vou pagar de volta até o último centavo, acrescido de juros, você sabe, — eu disse. — Eu sei que a MENTIRA é um problema com os viciados, a fim de conseguir qualquer coisa que eles querem, mas eu realmente vou pagar de volta. Preppy empurrou para fora do capô. — Eu acredito em você, — ele disse, com sinceridade real em sua voz. — Pense na rapidez que você será capaz de fazer tudo quando não precisar se preocupar se tem um teto sobre sua cabeça. — ele estendeu a mão. — Combinado? Preppy estava certo, mesmo que eu odiasse admitir isso. Peguei a mão dele. — Fechado. — quando eu tentei soltar, ele me puxou entre as pernas e envolveu as mãos em volta da minha cintura. — Um aperto de mão é tão informal. Devemos selar este acordo com um beijo. Isso soa mais oficial, você não concorda? Eu balancei minha cabeça. Eu empurrei seus ombros. — Você sabe que às vezes eu não tenho certeza de quando você está falando sério. — Oh, bem, isso é fácil de descobrir. Estou sempre brincando de uma forma que é honesta. — Totalmente esclarecemos isso. — Ainda bem que pude ajudar, — disse Preppy quando voltamos para o carro. Ele ligou o motor. — Eu poderia ir para a cadeia por isso, você sabia, — eu disse, e embora eu pretendesse que fosse um argumento, eu me vi sorrindo. Preppy soltou um suspiro. — De segurança mínima, não conta. — Eu não posso acreditar que eu acabei de concordar em falsificar documentos quando prometi que nunca mais faria isso de novo. — eu resmunguei. Preppy deu a marcha ré no carro. — Não pense nisso dessa forma, então. — Como você quer que eu pense nisso, então?

Ele balançou as sobrancelhas. — Pense nisso como uma mentirinha.

Capítulo quinze DRE — Onde estão os sapatos? Pensei que tínhamos concordado que você usaria os saltos foda-me? — perguntou ele, quando me viu sentada na cadeira de balanço na varanda da frente em sapatos estilo anos 50, shorts jeans de cintura alta com botões, e uma regata branca cortada de um jeito que mostrava um pequeno pedaço da pele da minha cintura. Eu tinha optado por tênis brancos em vez dos meus saltos preciosos, que eu considerei seriamente embalar em plásticobolha para manter seguros. — Nós não concordamos com qualquer coisa desse tipo. — eu me levantei, e os olhos de Preppy baixaram para onde os meus shorts pairavam no alto da minha coxa e imediatamente me arrependi de usá-las. — Além disso, eles realmente não combinam com a roupa. — Na minha cabeça, você concordou em usá-los. Na verdade, você concordou com um monte de coisas na minha cabeça. Você quer que eu te diga sobre isso? — Não. — Você realmente não é engraçada, Doc. Dez minutos depois, ele estava me arrastando pela floresta na parte de trás da casa de Mirna. A mesma floresta pela qual eu tinha corrido quando eu fugi dele semanas atrás. — E você me queria usando saltos altos? — perguntei, passando por cima de um galho de árvore caído. — Onde você está me levando, afinal? — Agora que você pergunta? — perguntou Preppy, se virando com um olhar de surpresa em seu rosto. — Há um homem arrastando-a através do mato, com Deus-sabe-o-que na minha mente distorcida, e agora você acha que pode perguntar para onde estamos indo? Eu odeio dizer isso de novo, Doc, mas você é uma merda nessa coisa chamada vida. — Estou trabalhando nisso. — eu murmurei. — Eu vou te ajudar, — disse ele, se abaixando sob um arbusto crescendo. — Primeira lição, não vá para a floresta com homens que não conhece porque é mais do que provável que eles tenham planos que terminam com suas partes sendo espalhadas em vários municípios. — Não seguir estranhos para a floresta, — eu disse, resumindo a lição. — Verificado. — Número dois, não aceite doces de estranhos.

— E se eles estão numa van? Muito enfeitada e estacionada no meu playground? — perguntei, com estupidez fingida. — E se eles têm chocolate e amendoim? — Bem, então, isso depende. — Depende do quê? — perguntei quando nós finalmente encontramos o caminho livre da selva. Preppy saiu para a clareira, virando o rosto para o sol. — Se o cara assustador na van sou eu ou não. Onde a maioria de Logan Beach era plana, o resto era rochoso em todos os lados com um grande lago no meio. Pedras irregulares e pilhas de casca dura criaram uma inclinação a uma altura de dez metros ou mais acima da minha cabeça e vinte metros abaixo da água. Preppy foi correndo até a encosta e ficou parado, perguntei o que diabos ele estava fazendo. Pensei que a nossa brincadeira engraçada sobre os cuidados sobre a vida era um passatempo legal. Eu estava quase ansiosa pelo resto do dia, mas no segundo que Preppy tirou a camisa, eu sabia que era tudo um grande erro do caralho. Mesmo que eram apenas suas costas que estavam nuas enquanto ele colocava sua camisa cuidadosamente em uma rocha por perto, eu sabia que eu estava ferrada. Mas quando ele se virou e tive uma visão completa da parte superior do seu corpo, eu considerei voltar para a torre e tentar outra dose de uma verificação da realidade da vida. Porque ele não podia ser real. Ele era completa e absolutamente... perfeito. Dolorosamente. Tatuagens coloriam a maior parte de sua pele. Seu abdômen definido flexionou quando ele esticou os braços sobre a cabeça, bíceps e antebraços alinhados com veias, ele até tinha uma daquelas coisas V que desciam pelos cós da calça jeans e me deixou lambendo os lábios como se ele fosse um bife e eu uma leoa faminta. O que eu não era. Eu era apenas um fraco cordeiro ferido, não era? Você tem que estar brincando comigo! Eu pensei, quando fui incapaz de tirar os olhos do homem, que com cada peça de roupa retirada, tinha se transformado de alguém parecido com um moderno-professor... para sexo ambulante. — Por que eu estou brincando com você? — ele perguntou. Foi quando eu percebi que não tinha exatamente mantido esse pensamento para mim.

Não havia maneira de esconder o meu olhar fixo, e desde que eu não consegui rasgar meus olhos para longe do seu corpo, eu decidi ir com a verdade, não importa o quão doloroso fosse. — Sério? Isso é o que você tem escondido debaixo de todas essas roupas formais? — perguntei, enquanto ele pairava no limite da borda onde a luz do sol destacava cada pedacinho de sua perfeição. Parecia um daqueles modelos tatuados na capa da revista Inked. Seria muito pedir que ele tivesse um mamilo torto ou uma pança de cerveja? — Gosta do que vê, Doc? — perguntou Preppy, esfregando seu peito lentamente, as mãos deslizando para baixo em seus abs, girando os quadris como uma espécie de dançarino erótico. Um movimento que eu nunca tinha achado atraente... até agora. Merda, não havia muitas coisas que eu achava atraente antes de eu e Conner viajarmos pela nossa estrada para o inferno, e a primeira agitação de qualquer tipo de desejo em mais de um ano veio através do diabo em uma gravata. Cara, eu realmente estava fodida. — Deus, não, — eu retruquei, encontrando a minha voz. — Quero dizer, que tipo de pessoa gostaria disso? — perguntei, torcendo o meu rosto em desgosto. — O que eu quis dizer é que você é nojento. Você deve apenas cobrir... — acenei para seu peito nu, — tudo isso, — eu disse sarcasticamente, revirando os olhos. — Se estivéssemos em público, haveria gente vomitando em todos os lugares ao te ver. Tão grotesco. — no momento em que terminei meu discurso, o sorriso de Preppy tinha ficado tão grande que era ofuscante. Sem aviso ele empurrou o cós da calça para baixo. Eu virei meu rosto rapidamente para ele não ver a vermelhidão subindo pelo meu pescoço com o pensamento dele sem calça. E eu continuei a minha ladainha, — Pelo amor de cristo, arrume um lugar para sentar, não fique exibindo o seu excesso de carne flácida por aí. A risada de Preppy ecoou sobre a água. — O que foi, Doc? — ele gritou: — Você quer sentar no meu rosto? — Porra, eu estou tão fodida. — eu murmurei, mantendo minha voz baixa, mas ele me ouviu. — Ainda não, de qualquer maneira, — disse ele. — Que porra é essa? — perguntei, me virando. — Você tem audição extra, porra? Ou talvez sonar, como um golfinho? — Preppy estava sentado na beirada, usando apenas boxers pretos. Com um último arquear de sobrancelhas em minha direção, ele apertou o nariz e pulou da pedra, abraçando os joelhos com força contra o peito. — Boooooolaaaaa de canhãaaaaaooooo! — ele gritou, até que bateu na água,

enviando respingos enormes chovendo sobre mim. Eu acho que não estaria seca depois de tudo. Eu estava limpando a água dos meus olhos e percebi que foi um grande erro quando meus olhos começaram a arder. — Merda! — eu disse, tropeçando cegamente. Ouvi a água gotejando sobre as pedras e os pés de Preppy se aproximando de mim. — Aqui, me deixe ver, — disse ele, tomando o meu rosto entre as mãos e inclinando o meu queixo para cima para que ele pudesse inspecionar meus olhos. — A lagoa é de água salgada, ela se conecta no subterrâneo com alguns dos canais aqui e água salgada é uma cadela para os olhos. Abra e pisque rapidamente tanto quanto possível. — ele ordenou, e eu obedeci. Doeu no início, mas depois de um minuto a sensação de ardor aliviou quando uma mistura de água salgada e lágrimas escorriam dos meus olhos. — Obrigada. — eu disse, com foco no homem em cima de mim, seu cabelo e barba pingando água, gotas deslizando em seu peito. Ele manteve as mãos no meu rosto. — Você é a próxima, Doc, — disse ele, em voz sugestivamente baixa. — Eu quero que você fique boa e molhada. — Alguma vez você já disse algo que não estivesse gotejando com insinuações? — perguntei, me afastando dele e torcendo o meu cabelo agora molhado em um rabo de cavalo alto. Ouvi os passos de Preppy de volta onde ele pendurou seu jeans, e depois o som de sua fivela quando ele se vestia. Eu cometi o grande erro de girar muito rapidamente, não percebendo que Preppy estava bem atrás de mim, e novamente eu bati diretamente em seu peito molhado. Pior ainda, quando eu levantei minhas mãos para amortecer o impacto, elas estavam baixas. Muito baixas. E acertei algo muito grande e muito duro na frente de suas calças. Ele encolheu os ombros. — Provavelmente não, mas eu não posso dizer com certeza, já que eu realmente não fico observando esse tipo de merda. — ele respondeu, seguindo o meu olhar que ainda estava encarando a sua virilha e na protuberância enorme empurrando o tecido. — Ummm... — eu disse, desviando os olhos. Preppy riu e enfiou a mão no cós. Assim quando eu estava quase virando de costas, pensando que eu estava prestes a ficar cara a cara com o pequeno Preppy em toda a sua glória, ele sacou uma pistola. — É apenas a minha arma, — disse ele, colocando-a de volta e em seguida, torcendo a água do seu cabelo. — Mas, a outra arma que estou guardando lá é bem impressionante. — Por que você tem uma arma? — perguntei, sem pensar em quão estúpida

minha pergunta realmente era. Talvez se ele vestisse sua maldita camisa de volta, o meu caso de estupidez acabasse. — Por que eu tenho uma arma? — ele repetiu a frase como a pergunta ridícula que era. — Porque atirar balas com a mão não é exatamente eficaz. — Você carrega isso o tempo todo? — perguntei com curiosidade. — Todo santo dia. — Por quê? Porque você é um criminoso? — Sério? Qual é, Doc? Porque na última vez que verifiquei, a heroína não era exatamente legal. — ele se aproximou como se estivesse compartilhando um segredo, sussurrando: — Nem roubar a avó. — Vá se foder, — eu cuspi. A leveza entre nós desapareceu no espaço de poucas palavras, trazendo o peso de uma bigorna em cima de nós. — Com prazer, — ele respondeu. — Mas você é uma criminosa tanto quanto eu sou. — Não. Eu não faço as coisas que você faz. — argumentei. — Não, mas você sabe sobre a merda que eu faço. Isso faz de você uma cúmplice. Quase a mesma coisa. Isto é divertido. Rosnei, frustrada com a sua companhia e pelo fato de eu não saber um caminho para sair do mato onde eu tinha entrado. Eu olhei sobre as rochas salientes de onde Preppy tinha saltado para água e comecei a subi-las. Eu não sabia onde elas me levariam, mas em qualquer outro lugar era onde eu precisava ir. — Eu sabia que este dia seria um erro. — Você não pode ir a qualquer lugar, Doc, — disse Preppy, soando entediado. — É mesmo? E por que não? — perguntei, puxando meu pé para cima. Um passo para baixo. Eu olhei para cima. Cerca de setenta passadas. — Você não pode ir porque você não tem para onde ir, — ele respondeu. Mas eu sabia o que ele realmente estava dizendo, que sem que ele mantivesse o meu segredo de Mirna, eu não podia ficar lá. — A verdade dói, não é? — A verdade? — perguntei, ficando mais irritada a cada segundo. Rosnei quando meu pé escorregou de uma pedra. Segurando mais apertado, eu tentei novamente, desta vez aterrando meu pé sobre uma rocha lisa que parecia ser segura. — O que você sabe sobre a verdade? Sobre a honestidade? — perguntei, olhando por cima do ombro, para ele, que, infelizmente, ainda estava sem camisa, os polegares escondido nos bolsos enquanto me observava subir. Mesmo

discutindo, seu olhar se fixou na minha bunda até que ele finalmente decidiu que meu rosto também era digno de suas atenções. — Tudo o que você tem feito é jogar e brincar comigo. Primeiro você age como se você quisesse me matar, e depois você age como se você estivesse me salvando, então você me ignora completamente, e agora você quer me levar para fora e fingir que não tem jogado algum tipo de jogo comigo que eu nunca concordei em jogar! — gritei, e a rocha que eu pensei que era segura cedeu, tirei o pé e meio que voltei para o chão. Eu bati na rocha com o meu punho fechado e me surpreendi quando tirei uma lasca. — Primeiro, eu disse que você não podia ir a qualquer lugar, não porque eu estava sendo um idiota, mas porque esse tipo de rocha que você está tentando subir desmorona como giz e não sustenta muito peso. — eu baixei minha testa contra a pedra querendo balançá-la em retaliação. — Segundo, eu acho que eu gostava mais de você quando estava toda chorosa se lamentando sobre a sua vida de merda, porque esta coisa de garota teimosa está começando a ser uma verdadeira dor no meu pau, — disse Preppy. — E por último, mas não menos importante, eu posso ser um monte de coisas, Doc. Um criminoso. Certo. Me vestir bem. Absolutamente. Um homem com um enorme pau. Porra, sim. — seu rosto ficou sério. — Mas eu não sou um mentiroso. — pela primeira vez não houve piada por trás de suas palavras. Sem sorriso arrogante ou frases insinuantes. — Ah é? — perguntei, foi quando uma ideia me bateu. Ele me humilhou jogando a H na minha cara, e talvez fosse hora de eu colocá-lo em seu lugar. — Então vamos descobrir, — eu disse casualmente. Eu desci das rochas e marchei até Preppy, que parecia divertido como o inferno quando cruzei os braços sobre o peito e bati o pé no chão. — Ah é? Como você acha que vai fazer isso? — eu não podia esperar para limpar aquele sorriso da sua cara. — Me mostre. — eu exigi, apontando para a sua virilha. — Agora sim, estamos chegando a algum lugar. — Preppy disse, mordendo o lábio inferior. Eu balancei minha cabeça. — Eu não quero foder. Eu quero ver. Agora. Desde que você diz que não é um mentiroso, e eu tenho ouvido sobre este pau monstruoso, este pau grosso, este qualquer merda que você parece querer chamar o terceiro homem vivendo em suas calças, me ocorreu que você está provavelmente se gabando tanto sobre isso, porque você só pode ter algum tipo de complexo. Assim como os homens baixos são agressivos, ou como os velhos compram carros esportivos. — na minha cabeça eu já tinha ganhado este desafio e estávamos retornando para Mirna onde poderíamos fingir que esse dia não aconteceu. — A forma como eu vejo, essa sou eu... — eu dei um passo em direção

a ele, empurrando o meu dedo indicador em seu peito. — te desafiando. — baixei o dedo e apontei novamente para suas calças. — Agora tira. Preppy deu um passo para trás e, por um segundo, pensei que ele ia me mandar ir me foder. Eu já estava comemorando ‘dancinha da vitória’, quando ele lentamente levantou o queixo para cima e em minha direção, aceitando o meu desafio. Mais uma vez ele tirou a arma e a colocou sobre a pedra. — O que eu ganho se você perder? — ele perguntou, enganchando seus polegares em suas calças e cueca, como se ele estivesse prestes a puxá-los para baixo. É, definitivamente, uma jogada de alguém que estava blefando. — O que você quer? — perguntei, ficando curiosa para saber o que ele iria querer. — Três minutos. — disse ele, sem um segundo de hesitação. — O quê? — Não para foder, — disse ele, e eu soltei a respiração que eu estava segurando. — Isso, pelo menos, levaria quatro. — ele zombou de mim, baixando mais as calças, parando logo acima do responsável por toda essa confusão. — Três minutos, e eu posso fazer o que eu quiser com você. — O que você quer fazer? — perguntei. — Tudo o que eu quiser. Engoli em seco. Oh, ele era bom. Ele era muito bom. Eu não estava acreditando. — Fechado, — eu disse, dando um passo para trás e acenando para ele continuar. — Mas quando você diz grande, eu quero dizer que é melhor que seja grande, — eu disse, embora eu não soubesse exatamente o quão grande era grande. — Devemos buscar uma régua ou talvez chamar alguém para uma segunda opinião? — perguntei, achando fácil provocar o homem que tinha feito o mesmo comigo por semanas agora. — Ou talvez uma pinça? Por um segundo, eu achei que ele ia desistir. Eu podia sentir isso. Eu tinha certeza que ele iria... — Oh, Doc, — disse ele, balançando lentamente a cabeça de um lado para o outro e fazendo um som de tsc tsc. — Você acabou de cometer o melhor erro de sua vida. — sem outra palavra, ele deixou cair sua calça e boxers, deixando-os em seus tornozelos. SANTA. MERDA. — Nós terminamos aqui, Doc? — e, apesar de que era ele que estava nu e

exposto, era sua voz que estava grossa e atada com desejo. — Nós estamos bem? Eu só... eu queria dizer... — Sim, sim, estamos... terminados aqui, — eu disse, virando a cabeça de lado para evitar olhar, mas era... uau. Eu nem sequer precisava de uma referência para saber que o que ele estava mostrando era monstruoso. E duro. Preppy limpou a garganta, e eu fiquei mortificada que fui apanhada com a boca aberta olhando para o seu pau. Então eu fiz o que qualquer viciada respeitável faria. Virei e fugi. — Oh, nada disso. — disse Preppy, me alcançando em poucos passos antes de eu sequer alcançar a primeira pedra. Droga dessas pernas curtas. — Me deixe esclarecer, — disse ele, me puxando de volta contra seu peito nu. — Você terminou com isso, porque você perdeu. — ele me girou em seus braços e me empurrou contra as rochas. Seu nariz quase tocando o meu quando ele se inclinou e disse algo que soou estranhamente como um aviso. Todo o meu corpo ficou em estado de alerta. — Mas nós definitivamente não terminamos aqui, porque eu ganhei. — Porra, — eu murmurei. 8

— Não, Doc. Não com apenas três minutos . — ele baixou os lábios na minha orelha quando acrescentou. — Mas é melhor você saber que eu vou tirar o máximo proveito de cada segundo que eu tiver. Ele empurrou seus quadris nus contra o meu traseiro, e eu engasguei. E, desta vez, eu sabia de fato que o estímulo duro contra a minha parte inferior das costas não tinha nada a ver com a sua arma. Não. Era muito, MUITO maior do que isso. Ele moveu a mão e a abriu sobre o meu estômago, mergulhando as pontas dos dedos dentro dos meus shorts. — O tempo começa agora.

***

PREPPY Três minutos. Eu escolhi esse número por dois motivos. Um, porque foder Dre era tudo o que eu sonhava e muito mais. Dois, porque todas as outras apostas que pensei, todas terminavam com minhas bolas profundamente dentro dela, e desde que eu tinha certeza que ela não iria concordar com isso, eu joguei algo mais seguro. Ou, então eu pensei. Depois que Mirna lhe deu um trato, eu me encontrei ofegando atrás dela como um cão deixado de fora na varanda ao meio do dia. Então, eu fui buscá-la e ela estava usando esses shorts, tão curtos que suas longas coxas estavam em plena exibição e suas nádegas estavam me provocando, brincando de piqueesconde toda vez que ela balançava seus quadris ou dava um passo. Seu cabelo e maquiagem não estavam tão elaborados como ontem, seus lábios estavam rosados, em vez do vermelho brilhante, e eu pensei que só então, pela primeira vez na minha vida, que uma menina era linda. Eu pensava sempre em gostosa. Ou comível. Mas linda foi uma definição para mim como contenção. Não devendo ser confundida com restrição. Essas, eu estava familiarizado. Na torre de água, quando ela estava à beira de acabar com a própria vida, foi a sua fragilidade que despertou o meu interesse. Quando eu trouxe seu corpo inconsciente até Mirna, foi a sua fraqueza que me fez provar sua buceta. E quando ela se virou para mim cruzando os braços sobre o peito, empurrando esses peitos dela para cima, me desafiando a mostrar a ela o meu pau para que ela pudesse verificar o tamanho, eu achei que eu estava prestes a explodir em minhas malditas calças, certo como a porra. Se eu tivesse pensado que sua fraqueza era um enorme problema para mim, era absolutamente merda nenhuma comparado com a sua demonstração de força, que enviou um choque através da minha espinha direto ao meu pau ridiculamente duro. Dre não era uma garota aleatória em uma festa que sabia qual o preço para um tudo-por-uma-cheirada-e-um-café-da-manhã que tão generosamente eu fornecia. Ela também não era uma BBB, boca, bunda e buceta de Bear que sabiam no que estavam se metendo quando foram para os motoqueiros e seus irmãos. Tirando os jogos e a heroína, Doc era apenas uma garota comum. Só que ela não era.

Por mais que eu queria deixá-la de lado e fingir que nunca a conheci, era impossível. Ultimamente, eu não poderia nem me masturbar sem imaginá-la. A coisa toda de contenção era nova, mas eu ainda lembrava do gosto dela e eu queria saber se ela era apertada. E gostosa. Dre sempre foi motivada por um sentimento ou outro. Raiva, tristeza, confusão, frustração. Eu queria ver como ela parecia quando gozava. Eu tinha imaginado isso. Masturbei isso. Eu a mantive presa contra as rochas pelos meus quadris. Isto não era sobre mim, mas de jeito nenhum eu iria vestir minha calça de volta ou desperdiçaria outro fodido segundo antes de colocar minhas mãos sobre ela. Eu rodeei sua cintura com o meu outro braço, e empurrei meus dedos em seus shorts. Ouvi a ingestão rápida de ar e meu pau reagiu endurecendo ainda mais. Havia algo em sua reação, fosse bom ou ruim, que me deixou em um nível de excitação que superou a minha descoberta do pornô no Youporn. — O que você quer de mim? — ela disse, e embora eu soubesse que ela estava procurando algo mais profundo do que a resposta que eu daria a ela, eu não poderia me ajudar. — Seus peitos. Sua bunda. Sua buceta. — eu respondi honestamente, empurrando minha mão na frente do short com tanta força que os botões estalaram, me permitindo mais acesso. — Não foi isso que eu quis dizer. — disse ela, tentando não se virar em meus braços. Meus dedos mergulharam até que eu entrei em contato com seu clitóris, e eu os deixei lá parados, até que eu a senti se contorcendo por mais contato. — Quero dizer, por que você quer fazer isso? Por que você quer me tocar? As palavras saíram antes que eu pudesse detê-las. — Eu não tenho a menor ideia do caralho, mas eu só tenho três minutos para fazer o que eu quero, então cale a boca e pare de tentar me parar, — eu disse, deslizando sobre seu clitóris e mais para baixo em sua calcinha, que, para minha delícia, estavam encharcadas. — O que te deixou toda molhada e necessitada, Doc? Gostou do que viu? — eu esperei. E quando ela abriu a boca para responder, eu a calei novamente balançando contra a parte inferior das suas costas, a única coisa que saiu de sua boca foi um gemido gutural. Esfreguei meu pau para cima e para baixo contra sua bunda e decidi que eu odiava seus shortinhos afinal de contas. Puxei minha mão e dei um pequeno passo para trás, obtendo espaço suficiente para puxar seus shorts e sua calcinha branca para baixo. A carne nua de seu traseiro foi exposta a mim e minha boca regou com a vontade de mordê-lo, mas o tempo estava se esgotando e desci um tapa sonoro em vez disso. — Que porra é essa? — ela gritou, saltando com a sensação, mas parando

contra as rochas novamente quando eu amassei a carne vermelha com a marca da minha mão. Em pé atrás dela, completamente nua, com a sua bunda de frente para mim e sua buceta espiando por entre as pernas de uma Dre inclinada me fez questionar essa nova definição de restrição, mas, lembrando a minha tarefa, eu escorreguei minha mão entre as pernas dela e acariciei a abertura de sua buceta algumas vezes, antes de encontrar seu pequeno clitóris endurecido e dedilhá-lo com meu polegar, como se eu estivesse com raiva dele. Eu senti seu corpo inteiro apertar sob o meu tratamento. Eu gemi quando ela empurrou de volta para mim em busca de sua liberação, mas eu tinha algo melhor em mente. Pelo menos, algo melhor para mim. — Nós só temos trinta segundos, — eu disse, continuando a empurrar meu pau entre suas nádegas, enquanto seus movimentos contra meus quadris ficavam mais ousados, empurrando para trás cada vez mais duro, como se tudo dentro de seu corpo parecesse tenso. Ela estava tão perto. Com uma mão continuei a acariciar seu clitóris, então usei a outra para recolher a sua umidade gotejando pelas suas pernas em meus dedos, passando apenas brevemente sobre a sua entrada e reunindo o que eu precisava para fazer esta aposta ainda mais interessante. Não havia nada que pudesse me distrair da tarefa em questão. Nem mesmo a escuridão escondida nas profundezas da minha mente tentando arranhar o seu caminho para a superfície.

Capítulo dezesseis DRE Tudo dentro de mim estava quente e apertado, e eu senti como se estivesse prestes a explodir. Quando a mão de Preppy bateu sobre a minha entrada, eu sabia que estava apenas a alguns segundos de distância de algo que animou e me assustou pra caralho. — Caramba, Doc. Eu posso sentir como você está perto. Esta buceta quer gozar em toda a minha mão. — O seu tempo está acabando. — eu consegui gemer e mesmo no meu estado de êxtase, eu precisava colocá-lo em seu lugar. — Foda- se o tempo. — ele rosnou, empurrando um dedo longo profundamente dentro de mim. — Aaaaahhhhh. — eu gemi, inclinando contra a rocha para me apoiar. Ele agora estava moendo contra mim, deslizando seu pau através da rachadura da minha bunda, curvando o dedo dentro de mim e dobrando-o de um jeito que empurrava contra a minha parede frontal com a ponta do dedo quando ele puxava para fora. Eu perdi minha atitude arrogante, de repente, quando ele baixou o pau e deslizou o eixo entre as minhas pernas, através da umidade escorrendo em minhas coxas. Um flash de Conner me segurando pela minha cabeça, enquanto Eric me estuprava por trás, inundou a minha mente. Eu estava lá novamente. Nesse quarto de motel sujo. Eu podia sentir o cheiro e reviver o medo quando eles riam dos meus gritos de socorro. — Pare. Pare. Pare. Não!!! — eu gritei, não era mais Preppy atrás de mim, mas Eric. Não havia mais prazer. Apenas dor. Com toda a força que eu tinha, eu bati meu cotovelo em meu atacante. Preppy tropeçou para trás com um grunhido, segurando em suas costelas com a mão, seu pau roxo de excitação, subindo e descendo quando ele se inclinou de dor. Senti um puxão esmagador de culpa quando eu percebi o que eu tinha feito, e que não era Eric, mas Preppy que eu tinha machucado. Culpa logo se transformou em medo. Preppy se levantou, endireitou sua coluna e seus olhos escureceram. Ele olhou para baixo, onde ele segurava seu tronco e puxou a mão, revelando uma mancha vermelha onde meu cotovelo tinha se conectado com suas costelas. Ele riu, e na minha cabeça soou como o riso de Conner, enviando um fio de medo

ondulando pela minha espinha. — Oh, Doc. Você não fez isso. — e então lá estava, pela segunda vez. Eu vi a centelha do mal vivendo atrás de seu sorriso arrogante. O medo bateu em mim e a necessidade de escapar era esmagadora. Eu tentei correr, mas esqueci de onde eu estava e com quem eu estava, e prestes a virar, minhas costas golpearam na parede de pedra. Eu estava presa. Ele estava em mim em um segundo, se elevando sobre mim, seu rosto na minha cara, sua bochecha contra a minha. Seu pau ainda duro e quente entre nós, preso em meu estômago. Ele enfiou a mão por dentro da minha camisa e pegou meu mamilo, apertando-o com força. Um tiro de prazer disparou diretamente para o meu núcleo. Eu não gosto disso. Eu não o queria, mas ao mesmo tempo eu queria. Me senti excitada, nervosa, forte e fraca, e eu queria desistir, mas não tanto quanto eu queria gozar. Minha cabeça era uma nuvem de confusão, uma mistura de medo e querer, entregue ao homem olhando para mim como se ele estivesse prestes a me comer viva. Não havia nenhuma dúvida em minha mente que ele não me comeria. — Pare! Pare! Não! — eu chorei. Preppy observou enquanto uma lágrima rolava pela minha bochecha, seguindo-a quando deslizou pelo meu rosto e pingou do meu queixo em seu peito. Foi quando notei que, de uma forma estranha, ele me lembrava de Mirna, exceto que em vez de estar fora de foco, era como se ele estivesse quase hiper focado. Ele alcançou entre as minhas pernas e eu as apertei, tentando mantê-lo fora. Tentando fazer tudo isso parar. Era demais. Ele era demais. Eu estava assustada. Mais assustada do que eu já estive, mas não havia nada que eu pudesse fazer para detê-lo quando ele empurrou seu joelho entre as minhas pernas, me abrindo. — Não! Nãaaaaooooo! — eu lhe dei um tapa no rosto tão duro quanto eu podia, mas onde quer que fosse que ele tinha ido, era como se não houvesse retorno. Ele nem sequer pestanejou. Eu empurrei contra ele tão duro quanto consegui. Batendo no seu peito com os punhos fechados, chutando-o com as pernas. — Então você é igual a eles! — eu gritei. — Você é igualzinho a eles! — eu disse, lamentando contra seu peito. Ele se acalmou. Lentamente, Preppy levantou a cabeça e, quando seus olhos encontraram os meus, era como se todo o feitiço que ele estava possuído tinha sido quebrado. — Eu não... — disse ele, e então parou como se não houvesse mais nada a dizer, ou ele não sabia como dizer isso.

De repente, ele recuou, batendo com o punho na rocha acima da minha cabeça com um rugido rasgando de sua garganta. O barulho de pedra se desintegrado em pequenos pedaços, caindo sobre nós em uma nuvem de poeira e detritos. Ele me soltou e eu caí no chão, puxando meus joelhos até meu peito e chorando de alívio. Preppy voltou hesitante, um passo lento de cada vez. Ele me viu chorar com a confusão estampada em seu rosto. Para alguém que estava tão agressivo apenas há alguns segundos atrás, agora ele parecia derrotado. Vulnerável. Ele agarrou sua calça jeans e rapidamente as vestiu. — Eu não sou igual a eles, — disse ele, sua mandíbula apertada. Seus punhos cerrados outra vez. — Porque eles não pararam de fazer? Eu balancei minha cabeça. Preppy passou a mão pelo cabelo e socou a rocha pela segunda vez. Eu gritei. Seus músculos em todo o rosto e pescoço tensos. Ele estava respirando de forma irregular. Seu olhar perfurando de mim até a rocha. — Eu o mataria de novo se pudesse. — ele agarrou sua camisa e correu através da trilha que eu não era capaz de encontrar, a sua localização agora ridiculamente óbvia. Fazia sentido que seu corpo fosse construído para o pecado, porque o poder que Samuel Clearwater tinha sobre mim era algo diretamente vindo das profundezas do inferno.

Capítulo dezessete PREPPY Presente Eu estava começando a pensar que eu nunca mais veria a luz do dia. Ou a luz. Eu nem sequer sabia realmente onde eu estava preso. Tudo o que eu sabia com certeza era que as paredes e o piso eram de terra, e em alguns dias estavam frios e úmidos ao toque e em outros dias seco e poeirento. O teto parecia baixo, embora eu não pudesse vê-lo. Minha voz ecoou quando eu falei comigo mesmo. — Não há nada mais gostoso que uma garota usando saltos altos. Isso é um fato do caralho, — eu disse, na escuridão. — Você pode usá-los quando foder, também, pois eles servem a um propósito prático. — tossi com a poeira, sufocando quando eu respirei novamente. Surpreendentemente, a escuridão me respondeu de volta e uma luz fraca andou na minha direção, cada vez mais brilhante a cada passo. — Cale a boca, idiota, — Chop murmurou, direcionando a lanterna em meus olhos. — Você sabia que se você não fosse a cópia idêntica de Bear mais velho e mais feio, eu nunca acharia que vocês dois tem um parentesco. Porque mesmo quando Bear está de TPM e com o humor de uma cadela, ele ainda está com tudo em cima. — eu apontei para o homem grisalho, olhando com ódio para mim. — Você, senhor... tem bolas faltando em seu colete. — eu oscilei e minha visão ficou turva, quando foquei novamente alguns segundos mais tarde, a imagem de Chop pairando sobre mim passou de uma para três, em seguida, voltando para uma. Uma ainda era muitas, porra. Eu estava deitado à beira da porta da morte, mas foi Chop cujo olhos não tinham nenhum sinal de vida, vazios, nada a não ser sua raiva constante. Se eu não desejasse tanto empurrar uma pedra em seu crânio, eu poderia ter pena do filho da puta e sua triste existência. O que era fodido porque eu era o único sangrando por todo o chão aos seus pés. — Pare de falar, menino! É hora de CALAR A BOCA! — Chop rugiu, batendo a mão contra a parede ao lado da minha cabeça. Eu não vacilei. Não porque eu estava sendo fodão, mas porque meus reflexos de merda estavam mortos. Eu podia dizer pela forma como suas narinas inflaram que a minha falta de reação foi tomada mais como um ato de desafio. Ele engoliu

em seco, como se estivesse se segurando. De onde eu estava sentado, essa foi a primeira vez para o fodido sádico. Alguns segundos se passaram e nós apenas olhamos um para o outro. Se o filho da puta queria um concurso de encarar ele ia perder, porque não era como se eu tivesse outro lugar para ir, a não ser o inferno, e pelo desenrolar das coisas eu tinha certeza que eu já estava lá. Depois de um momento, um sorriso rastejou em seu rosto, aprofundando as rugas ao redor dos seus olhos. Ele parecia satisfeito que eu ia obedecer e isso era basicamente calar a boca e sangrar. Ele se virou e começou a ir embora. Ele estava errado. — Só mais uma pergunta, uma bem séria, — eu consegui grasnar, minha garganta era como se alguém com unhas bem afiadas estivesse tentando cortar caminho de dentro para fora. Chop parou, e eu quase podia ver os cabelos na parte de trás de seus braços em pé. Tossi. Líquido quente com gosto de cobre encheu minha boca, cobrindo meus dentes. Eu já estava acostumado com o sabor a esse ponto e sabia exatamente o que era antes de ser derramado pelos meus lábios e escorrer pelo meu queixo, caindo sobre o que restava da minha camisa. — Este lugar tem wi-fi? — perguntei, cuspindo sangue enquanto eu falava. — Porque se não, eu estou seriamente levando isso em consideração na minha classificação de estrelas. Devo concordar, porém, que a tortura é excelente. — eu fui levantar o meu braço e uma onda de dor assaltou minhas costelas. Eu estremeci, mas continuei falando, apreciando o olhar no rosto vermelho de Chop quando ele se virou lentamente, estalando os dedos e marchando de volta para mim. — No entanto, a criadagem não me passou essa sensação acolhedora que esperamos de um estabelecimento, sem mencionar que eles são todos feios pra caralho. Chop pegou o bastão encostado na parede e o virou em suas mãos. Agachouse ao meu lado e apontou para a minha cabeça com a ponta lascada. — Você terminou? — ele perguntou, e as juntas dos seus dedos apertaram até ficarem brancas. — Não. — eu disse, balançando a cabeça lentamente de um lado para o outro, ignorando a tontura de mais cedo que mais uma vez ameaçou me derrubar. Enfiei a mão da minha coxa para a minha virilha, agarrando meu pau sobre as calças cáqui rasgadas. — Você também pode chupar meu pau, cadela. O objetivo de Chop na vida era me machucar, mal ele sabia que nada que ele fizesse ao meu corpo poderia se igualar com a dor no meu coração quebrado. Se ao menos eu tivesse escutado quando ela disse que não. Quando ela me disse para parar e ficar longe, então eu não teria que sentir a tortura de Chop como uma dor secundária à dor em meu coração, colocada lá por uma pequena

viciada. Uma dor que atingiu muito mais duro do que Chop jamais poderia.

Capítulo dezoito DRE O sono não veio fácil. Ou melhor, não veio. Eu estava inquieta, pensando sobre o que tinha acontecido na clareira. Preppy havia dito o que aconteceu com ele quando era criança, e embora eu tivesse certeza que ele acreditava na verdade, a realidade era diferente. Eu rolei, puxando o cobertor comigo, quando de repente tive a consciência de que eu não estava sozinha. Na escuridão, tive um vislumbre do reflexo de um corpo no espelho atrás da porta fechada e, por um segundo, parecia que alguém estava de pé em cima de mim. No início, eu pensei que era apenas um delírio do sono inexistente em meus olhos que causaram a sombra. Até que ele se moveu. Me sentei rapidamente, me preparando para gritar quando uma grande mão cobriu minha boca, abafando minha tentativa de pedir ajuda. — Quantas vezes? — perguntou Preppy. Eu não poderia responder nem se eu quisesse, porque sua mão ainda estava cobrindo minha boca. Tirou-a de meus lábios lentamente, como se estivesse esperando para ver se eu gritaria ou não. Quando ele teve certeza de que eu não iria, ele se levantou e andou pelo quarto, olhando para as fotos no armário. — O que você está fazendo? — perguntei. — Por que você está aqui? Preppy se aproximou da cama, segurando uma foto de Mirna comigo em seu colo, ainda bebê. — Eu acho essa bonitinha, — disse ele, colocando-a na mesa de cabeceira ao lado do despertador. Ele se sentou ao meu lado na cama. — Quantas vezes, Doc? Quantas vezes eles te foderam contra a sua vontade? Meu peito apertou quando o pânico se instalou. Eu balancei minha cabeça. — Eu não quero falar sobre... — Apenas me diga! — ele esfregou a testa e parecia mais abatido do que eu já tinha visto ele alguma vez. — Por favor, — disse ele, baixando a voz para um sussurro. — Eu realmente não sei. Eu acordei no final, e eles começaram depois da H. Eu não estava acordada durante. — eu disse, odiando ouvir as palavras saindo da minha boca, porque elas tornaram tudo ainda mais verdadeiro. Preppy assentiu e em um movimento que me surpreendeu, ele estendeu a mão e pegou a minha, cruzando nossos dedos. Eu tentei me afastar, mas mudei de ideia quando ele disse: — Por favor.

— Eu era apenas uma criança quando começou, — disse ele, em uma voz muito grave e solene. — No começo, eu não sabia o que estava acontecendo ou por que, mas eu sabia que era errado. A parte fodida foi que eu comecei a achar que era normal. Que chupar um pau era como tirar o lixo ou fazer sua lição de casa. Eu me senti doente, passando um braço em volta da minha cintura. — Tim? — perguntei. Preppy me deu um pequeno aceno de cabeça. Ele balançou as pernas em cima da cama, então ele estava sentado ao meu lado com as costas contra a cabeceira da cama, sua mão ainda na minha. — Até o momento que eu estava realmente com idade suficiente para o meu pau ficar duro, comecei a gostar. — ele beliscou seu lábio inferior e seus ombros tremeram em uma pequena explosão de riso triste. — Essa é a parte que fazia mal ao meu estômago. Eu vomitava o tempo todo, mal conseguia segurar nada. Eu era como um esqueleto ambulante. Eu disse à enfermeira da escola que tinha uma doença rara, eu pesquisei antes, para ela não fazer muitas perguntas. Eu apertei sua mão e ele apertou de volta. — Eu tinha nove anos quando ele me fodeu, penetração real. Eu o odiei por isso, mas, então, quando eu estava sozinho eu não conseguia ficar de pau duro sem pensar sobre ele, de todas as pessoas. — ele ajustou a gravata-borboleta. Algo que eu aprendi que era praticamente seu único tique nervoso. — Onde estava sua mãe? — perguntei. — Você disse que ela foi negligente. Ela trabalhava muito? — A cadela estava bem ali porra, ali mesmo, sob o mesmo teto de zinco, na mesma pocilga de merda. Tim era o cara que comandava a porta do quarto dela e permitia a entrada dos perdedores que ela precisava para suprir seus próprios hábitos. — Onde ela está agora? Preppy deu de ombros. — Ela me deixou. Com ele. Apenas fugiu e me deixou 9 com Chester, o Molestador . — Você não deve brincar com isso. — Não importa, não é engraçado. — ele passou a mão pela barba. — Você sabe onde ela está agora? — Espero que ela esteja apodrecendo debaixo da terra. Eu não perco meu tempo pensando em alguém que é um desperdício de espaço na terra. — Depois que Tim... — ele olhou para mim. — ‘foi embora’, — eu sorri e desta

vez foi Preppy que apertou minha mão. — eu estava livre e virei uma criança selvagem. King e eu tínhamos o nosso próprio lugar e as coisas ficaram divertidas. Percebi que Tim não tinha mudado quem eu era por dentro. — ele sorriu. — Eu particularmente soube disso no segundo que vi April Trenton, da nona série, em um pequeno biquíni azul. Foi uma enorme mudança de vida. Eu ri e cutuquei seu ombro. — King foi quem me ensinou que viver com ódio iria apenas dar a Tim poder sobre mim, e disse que não era o tipo de vida para se viver, então eu decidi abraçar o bem juntamente com o mau, e nunca olhei para trás. Pare de ser e comece a viver, ele me disse e isso me marcou. Nunca senti um pingo de culpa por merda nenhuma que eu fiz na vida até... — Até quando? — Até hoje. — ele me olhou nos olhos. — Eu não quis fazer aquilo. — ele soltou um suspiro e olhou para a parede. — Eu não queria te assustar. — Não foi você. Eu me assustei. Eu os vi. — eu respirei. — É tudo tão recente. Ele soltou a minha mão e rolou de lado, se apoiando no cotovelo para me encarar. — Eu quero que sejamos amigos, Doc. — Amigos? Por quê? — eu disse, não conseguindo impedir o meu sorriso. — Porque seus outros amigos não estão por perto? Preppy estendeu a mão e empurrou o cabelo do meu rosto, seus dedos se demorando, traçando minha bochecha e depois meus lábios. — Eu não faço ideia do caralho. Mas o que eu sei é que eu nunca fui amigo de uma garota antes, então você vai ter que me ensinar. — Eu não sei o quanto posso ajudar. Eu praticamente corri de todos os meus amigos. — eu disse. — Ótimo. Então, podemos aprender juntos. Especialmente, uma vez que estaremos presos um ao outro já que eu estou chantageando você. — Você realmente está. — E já que vamos trabalhar juntos... — Trabalhando juntos em quê? — perguntei. — Amanhã, bem cedo. Eu vou te mostrar o que quero dizer. Preppy se levantou e eu pensei que ele ia sair, mas ele tirou os sapatos e a camisa, dobrando-a e cuidadosamente colocando-a na mesa de cabeceira. Ele puxou sua calça jeans, revelando boxers preto por baixo. — O que você está

fazendo? — Nós somos amigos, certo? — perguntou Preppy, com um olhar animado em seus olhos. — Simmmmmmm, — eu cantei, suspeita de por que ele precisava se despir para sermos amigos. — Mas nós não somos esse tipo de amigos. — O tipo que fazem festa do pijama? — ele perguntou. — Temos doze anos? — eu não fui capaz de esconder meu riso quando Preppy manobrou seu corpo na cama de solteiro. Eu não tinha escolha a não ser fugir ou ser esmagada. A única maneira de ele caber era se nós dois ficássemos de lado. Ele deitou sua cabeça no travesseiro de frente para mim, suas coxas pressionadas contra as minhas. Nossos narizes apenas alguns centímetros um do outro e nossos joelhos e coxas entrelaçados. — Eu não durmo muito, — admitiu. — Eu também não, — eu admiti. — Muito na cabeça? — Isso e o pó. — os braços de Preppy se moveram debaixo das cobertas e de repente uma grande mão quente estava cobrindo meu peito. — Boa noite, — disse ele, fechando os olhos e respirando fundo. Eu agarrei seu pulso e empurrei de volta. — Amigos não acariciam um ao outro. — Mentira, com certeza eles fazem sim, — argumentou Preppy, seus olhos abrindo. — Você acaricia Bear e King? Preppy bocejou, fechou os olhos novamente, e se estabeleceu no travesseiro. — Hurummm. Sim. Todos os dias e duas vezes no domingo. — Você me faz rir, Preppy, — eu disse. — Você me deixa confuso como a porra, Doc, mas eu percebi uma coisa hoje. — O quê? A voz de Preppy era um sussurro distante enquanto seu peito subia e descia em um ritmo constante. — Que nós somos iguais. Oscar escolheu aquele momento para grunhir pelo quarto. Ele cutucou Preppy com o focinho. — Preppy? — eu sussurrei. — Sim, Doc? — Por favor, me diga o que está acontecendo com a porra do porco?

Capítulo dezenove DRE Oscar era um porco guia. Isto não é uma piada. Aparentemente, os sentidos de cheiro dos porcos são melhores do que o dos cães e eles são mais espertos também, mas desde que eles não são tão convenientes como um cão, eles foram retirados dessa posição e, usados para outras coisas. Como o bacon. — Então você comprou um porco para Mirna? — perguntei. Nós passamos a manhã no quarto de cultivo e Preppy estava me mostrando as cordas. E por cordas, quero dizer mangueiras. Havia um milhão de mangueiras diferentes que precisavam ser instaladas em cada um dos quartos. O sistema de ventilação era um projeto do próprio Preppy e muito impressionante. Ele estava disfarçado como uma máquina de ar condicionado na janela e inibia o cheiro das plantas, não só no interior da casa, para não incomodar a avó, mas também fazia com que as pessoas não desconfiarem do que estava acontecendo dentro da casa. Ele me mostrou como instalar o sistema básico, e me explicou como o processo de recrutamento funcionava. — Eu comprei um porco pra ela, — disse ele, rindo com a noção do quanto era ridículo até mesmo para ele. — Eu li um artigo on-line sobre os cães guias para as pessoas que sofrem de Alzheimer, mas esses filhos da puta são caros e a lista de espera é de anos. Então eu pesquisei alternativas para cães guias e BOOM. Agora Mirna tem Oscar. — O que exatamente ele faz? — eu disse, e como se soubesse que nós estávamos falando sobre ele, o porco malhado veio passeando pelo quarto como se ele estivesse fiscalizando o nosso progresso. Preppy bateu na cabeça dele. — Em poucas palavras, ele vai nos alertar quando a merda estiver prestes a bater no ventilador. — ele desenrolou outra mangueira de plástico e abriu uma caixa pequena de ferramentas. — Onde você aprendeu tudo isso? — perguntei. — Quando eu tinha dez anos de idade, na porra do Youtube, — Preppy disse, tirando alguns equipamentos de uma caixa marcada como comida de cachorro. — Cale a boca! — eu disse, cobrindo minha boca. — Não acredito nisso.

— É verdade. Nós estávamos tendo problemas com o nosso fornecedor, os caras eram uma dor na bunda. Quando King foi condenado eu já tinha planejado um plano B, então eu dei início a operação. No começo pensei em comprar uma casa e montar nossa operação lá, mas casas suburbanas de cultivo é meio que óbvio. Normalmente, um cara que parece com um bandido entrando e saindo é suspeito. Numa grande escala, o cheiro é o mais difícil de lidar, então, acabei no Youtube, assistindo vídeos de como os garotos cultivavam em seus armários usando esses sistemas de filtragem complicados, eles montavam com tubos de gaiolas de hamster e projetos de ciências. Achamos que poderíamos fazer a mesma coisa. Numa escala menor de cultivo espalhado pela cidade. — Ahhhhh, então é aí que tudo começou. — Sim. Então, nós procuramos pelas senhoras. Alguém que morasse sozinho. Não um monte de gente com um monte de perguntas. Alguém que precisasse complementar sua renda. Na verdade, foi muito mais fácil do que eu pensava para as pessoas concordarem. — Por que mulheres? Por que não um homem mais velho? — perguntei, deixando cair a broca que eu estava segurando quando Oscar correu para mim por trás como um touro, dobrando meus joelhos e me levando para o chão. — Obrigada, amigo, — eu murmurei. Preppy me ajudou a levantar do chão, e eu esfreguei o meu cóccix. — Quer que eu beije isso para você? — ele perguntou, e seus olhos brilharam com malícia. — Eu acho que posso lidar com isso. — Se a situação mudar, me avise. — Preppy voltou para suas ferramentas, e eu perfurei outro gancho na parede. — Existem pessoas em que meu charme e inteligência não funcionam. Homens mais velhos são esses tipos de pessoas. Além disso, as velhinhas fazem cookies deliciosos. Temos quatro agora, mas, depois dos acontecimentos recentes com os dois idiotas, vamos ter que precisar de mais. Muito mais. É aí que você entra. — Então, não vou só falsificar documentos para você, mas de alguma forma vou me tornar uma integrante de sua quadrilha de drogas? — Sim. — Bastardo sorrateiro, — eu disse, apontando a broca para ele e empurrando o gatilho, dando a ele algumas rodadas. Olhei para o progresso que tinha feito. — Esta ideia é realmente genial. — Sim, eu também acho, — disse ele com um sorriso arrogante. — Isso não

levanta suspeitas e as vovós são bem recompensadas. Ambos os lados ganham. — Então você aduba o campo e elas te entregam as chaves de casa? — Algo parecido. Algumas preferem não saber o que estou fazendo no seu quarto de hóspedes. Para aquelas que querem saber, eu tento fazê-las entender que não estou arrastando-as para o tráfico de drogas. — Como você prefere que eles vejam isso? — perguntei. Ele sorriu de orelha a orelha. — Subarrendamento. Preppy me passou um tubo e subimos cada um uma escada montada em extremos opostos do quarta. — Mirna foi a sua primeira? Ele bufou. — Longe disso. Eu mostrei o dedo médio com a mão livre. — Não foi isso o que eu quis dizer, embora eu não duvide que sua primeira tenha sido com uma velha que seduziu você com bolinhos e reprises das Golden Girls. 10

— Foi Jeopardy , — ele brincou, e seu rosto se abriu em um sorriso. — Teria sido legal se fosse verdade, mas a realidade foi que eu tinha quatorze anos quando uma mulher roubou a minha preciosa virtude. — Preppy desceu da escada e atravessou o quarto para me passar a pistola de pregos. — E qual era o nome desta senhora sortuda? — perguntei, pregando meu lado com muito mais elegância do que Preppy. — O nome dela? — ele riu. — Qualquer nome que eu quisesse. — Você perdeu a sua virgindade com uma prostituta! — eu disse. Preppy me agarrou pela cintura e me desceu da escada. Preppy abriu a parte superior do sistema de filtragem. — Com certeza. Melhor aniversário de sempre, graças a King. Virou uma espécie de tradição anual depois disso. Fiquei ali de boca aberta. Não que ele tinha feito isso, mas que ele admitiu. — O quê? — ele perguntou, quando me viu olhando com a boca aberta. — Sua família não tem tradições? — Algo me diz que você tem um monte de esqueletos no seu armário. Preppy sacudiu a cabeça. — Não, eu não guardo provas. Oscar disparou para fora do quarto. — Todos os suínos são tão rápidos?

— Não tenho certeza. Ele é o único porco que eu conheço em um nível pessoal. — Preppy desencapou alguns fios enquanto eu estava sentada no chão desembaraçando os cabos de extensão. — E quanto a você, Doc? Quando você perdeu a sua virtude? — O que é isso, Orgulho e Preconceito? — perguntei. Preppy estreitou os olhos para mim. Após a sua admissão na noite passada, o mínimo que eu podia fazer era falar a verdade. — Foi... — o olhar no rosto de Preppy me disse que eu não precisava continuar, ele sabia exatamente o que eu estava prestes a dizer, que eu tinha perdido quando fui estuprada por Conner e Eric. Sua mandíbula travou e ele apertou a chave de fenda em sua mão tão duro que eu pensei que os nós dos seus dedos iam estalar de sua pele. De repente, todo seu comportamento mudou. — Então essa foi a única vez que você fodeu? — Estou quase resolvendo isso, — eu disse secamente, mordendo meu lábio enquanto constrangimento e vergonha tomavam conta de mim. De repente, Preppy estava agachado na minha frente. Ele levantou meu queixo para que eu pudesse enfrentá-lo. — O quê? — perguntei, enquanto ele procurava meus olhos. Ele limpou a garganta e por um segundo eu pensei que ele estava tendo um derrame, porque eu nunca o vi quieto durante tanto tempo. Ele respirou fundo e segurou o meu olhar. — Doc? — Sim? — Eu me ofereço como tributo. Oscar veio correndo de volta para o quarto e esbarrando em tudo, soltando gritos estridentes de morte, como se ele tivesse acabado de escapar do matadouro e estava correndo para salvar a vida. Eu estava prestes a perguntar o que estava acontecendo com ele, mas antes que eu pudesse formar qualquer palavra, Preppy estava de pé e correndo pelo corredor. Eu estava atrás, mas senti como se tudo estivesse se movendo em câmera lenta, inclusive eu. Pouco a pouco, a realização do que estava acontecendo foi revelada. A voz de Preppy chamando o nome de Mirna. Os guinchos de Oscar quando ele me empurrou passando por mim no corredor. Mirna, deitada no chão da cozinha. Sangue acumulado em volta da sua cabeça.

Capítulo vinte PREPPY Dre estava quieta enquanto seguíamos a ambulância até o hospital. Ela ficou em silêncio quando estávamos na sala de espera. Ela ainda estava quieta quando a médica entrou balançando a porta dupla, chamando imediatamente a família de Mirna. Seguimos a médica através das portas para um quarto com uma parede de vidro, a cortina azul pálida aberta, revelando uma teia complicada de tubos e o que poderia ter sido Mirna em algum lugar embaixo. Dre pressionou a testa no vidro. — Nós vamos monitorá-la, — disse a médica. — Ela está estável por agora, mas as próximas quarenta e oito horas nos dirão mais. Ela bateu a cabeça quando caiu e nós costuramos o machucado. — ela era uma jovem asiática com um coque alto em sua cabeça, e pelo menos três lápis saindo dele. Ela não parecia muito mais velha do que eu. — Mas sei que, mesmo se ela sobreviver, suas chances de uma recuperação completa, na sua idade, com o diagnóstico permeável de Alzheimer, não é provável. Se nos próximos dois dias ela continuar estável, então ela vai ficar aqui por mais duas semanas. Se ela ainda continuar bem depois disso, então nós vamos lhe dar alta, mas ela vai precisar de cuidados. — ela olhou por cima de sua prancheta para Dre, cujos olhos ainda estavam em Mirna, e depois para mim. — Provavelmente pelo resto de sua vida. — Ela está na lista de espera para a clínica Sarasota há meses, — expliquei. — Eu estou indo ao banheiro, — Dre murmurou, se abraçando. Seus tênis rangendo contra o linóleo enquanto andava pelo corredor até a porta com o sinal de banheiro. A médica escreveu alguma coisa em sua prancheta. — Eu conheço algumas pessoas em Sarasota. Vou ligar pra eles, falar sobre a situação de sua avó, ver se conseguimos colocar o nome dela no começo da lista. — ela arrancou uma página do seu bloco de notas e entregou para mim. — Aqui está o nome e o contato de outra instituição. É um pouco mais longe, mas pode ter uma vaga antes de Sarasota. — Obrigado. — eu disse, dobrando o papel e colocando-o no bolso. — E eu sei que não é da minha conta, — ela começou, olhando para onde Dre simplesmente desapareceu. — Mas eu vi os braços dela. Anotei o número de outro lugar. Apenas no caso de precisarem de ajuda. Eu sei que a médica estava apenas tentando ajudar, mas por alguma razão sua sugestão de que Dre não estava bem me enfureceu. — Cuide dos seus próprios fodidos negócios. — eu rebati, deixando a médica e indo até o final do corredor. Eu passei pelos elevadores e esperei na frente do banheiro.

Depois de alguns minutos, eu bati na porta. O elevador apitou e um casal parecendo triste desceu e verificou os números dos quartos na parede. As portas se fecharam de novo, e é aí que eu soube quando eu explodi pelo banheiro feminino que Dre não estaria lá. Eu tinha razão. Estava vazio. Sem janelas. Ela nem entrou lá. Corri para o elevador e apertei o botão freneticamente. Eu não sabia onde diabos ela foi, mas ela tinha uma vantagem de cinco minutos, e se ela queria fugir de Mirna, ou de mim, não era suficiente.

Capítulo vinte e um DRE Não houve tempo suficiente. Não nesta vida ou na próxima. Havia ainda um milhão de desculpas para dar, um trilhão de cookies para serem assados, uma vida de abraços para receber. A vida é curta. A morte é o fim. Alzheimer é um purgatório em que nada importa. Simplesmente não havia tempo suficiente. A voz na minha cabeça ficou mais alta. O que começou com um sussurro. Uma sugestão. Uma voz que me disse que sabia o que eu precisava para fazer parar a dor. A única que me disse que a fuga estava apenas a uma agulha de distância. Eu engoli o caroço na minha garganta e abri as portas de trás. Eu corri pelo estacionamento até a estrada do posto atrás do edifício, ganhando velocidade, correndo sem destino até que eu já não podia ver as luzes do hospital atrás de mim e minhas lágrimas secaram no meu rosto. Passei por algumas casas antes de parar quando cheguei ao cemitério cercado pelo mato crescendo. Meu coração batia rápido pelo esforço, mas de repente ele começou a bater de forma irregular, mas não era meu coração. Era uma música baixa. Alguma melodia pop dance. Risos flutuavam no ar por trás dos arbustos. Uma casa lentamente veio à tona. Uma casa vitoriana de três andares que parecia abandonada. A cerca deu lugar a um portão de ferro aberto. A placa de NÃO ENTRE estava pendurada com uma corrente. Os jovens, em torno da minha idade, estavam dispersos por todo o gramado e varanda. Velas espalhadas por todo lugar. — Ei, — alguém disse, me assustando. Virei para encontrar uma pequena ruiva com um olhar vidrado. — Eu te conheço? — ela perguntou, e suas palavras enrolaram ligeiramente. — Eu acho que não. Vim porque ouvi a música. — Bem, se você está procurando uma festa, você encontrou! — ela levantou a garrafa de vodca que carregava no ar e tomou um gole, espirrando um pouco em seu rosto. Eu balancei a cabeça e estava prestes a me afastar quando a brisa agitou as árvores e um aroma muito familiar veio da casa, através do meu nariz, e para o meu cérebro. A sensação foi como cheirar o perfume de um ex-amante. Com uma

pequena fungada, me lembrei de cada toque, cada gosto, cada sentimento de euforia, quase como se nunca tivéssemos nos separado. Meu ex-amante, o único e verdadeiro amante que eu já tive, estava me chamando. E o nome desse prostituto era heroína. ***

Não me lembro de andar. Não me lembro de entrar na casa. O que lembro é do casal transando contra a parede do hall na entrada. O cheiro de suor e fezes. O grafite marcando as paredes. O papel descascado. Uma pequena sala ao lado, e o que poderia ter sido uma sala de estar ao mesmo tempo, estava iluminada à luz de velas, o cheiro do meu amante mais forte, aderindo no interior das minhas narinas. Um grupo de quatro estava sentado ao redor em um círculo, em vários estados de lucidez. Um caído sobre a parede. Outro, sorrindo com antecipação quando ele bateu na agulha com o dedo. Houve uma pessoa que se destacou para mim acima dos outros. Eu só podia ver a parte superior do seu cabelo castanho gorduroso quando ele amarrou um elástico em torno do seu braço. Eu não vi seu rosto até que ele estava apertando-o com os dentes. Seus olhos encontraram os meus, e eu engasguei. Choque. Puro choque do caralho passou por mim. Meu estômago revirou e meu coração bombeou descontroladamente. Cada pêlo em meus braços arrepiou. Dei um passo para trás e balancei a cabeça, porque não tinha como ser real o que eu estava vendo. Eric. Não podia ser. Ele estava morto. Não estava? Eu ouvi um estrondo, que acabou por ser alguém tropeçando em uma cadeira. Quando olhei para trás, o homem tinha desaparecido. Ou eu estava vendo coisas ou o meu Eric tirou uma noite para começar a me assombrar. — Vamos lá para trás, — disse a menina. — Nós temos um pouco de tudo lá fora. A segui pela casa e para o quintal que dava para o cemitério. Nós pulamos o pequeno portão onde um círculo maior de pessoas se reunia sob uma grande árvore, sentados sobre as grandes raízes protuberantes que circulavam várias lápides enquanto cresciam até a superfície. — Esse é Dom, — disse a menina, apontando para um cara de cabelo escuro desenrolando uma bola de papel alumínio. Ela me lançou um sorriso conhecedor,

então, olhou para os meus braços. Os dobrei ao redor do meu peito, instintivamente protegendo minhas cicatrizes de seu olhar. — Ele vai te dar o que quiser. — ela estalou a língua. — Meu palpite é que você gosta de perseguir o 11 dragão . Eu não disse nada, não havia como negar algo quando eu sustentava as evidências. Poucos minutos depois, eu estava sentada ao lado de Dom, estilo indiano, enquanto ele terminava de preparar a heroína, prestes a me reintroduzir ao meu antigo amante. Eu salivava com vontade de provar. Eu já sentia isso no meu sangue. Meus joelhos saltaram ansiosamente. No segundo que ele levou a agulha até meu braço, eu recuei. — Pensando melhor, menina bonita? — perguntou Dom, se inclinando perto o suficiente para eu sentir seu hálito rançoso. Eu não tive chance para responder. Ele também não. Não a minha própria pergunta sobre o porquê de eu hesitar. Porque a agulha foi arrancada da mão de Dom e enfiada em seu pescoço por um braço masculino coberto de tatuagens. — Merda boa, certo? — Preppy perguntou a Dom, puxando a arma da cintura e empurrando-a para o crânio de Dom. Gritos irromperam, e as pessoas na festa se espalharam como baratas expostas à luz. O rosto de Dom estava contorcido de medo e prazer, o que provava que mesmo com uma arma na cabeça, a vitória era da heroína. A heroína sempre ganhava. Desamarrei o elástico do meu braço e o deixei cair no chão. O cabelo de Preppy estava despenteado, o rosto vermelho e seus olhos estavam irritados. — Saia da minha cidade. Se eu vir você aqui novamente, será uma bala em seu pescoço, em vez de uma agulha, — Preppy avisou. — Você entendeu, filho da puta? — Preppy puxou a cabeça de Dom novamente pelos cabelos para que ele pudesse ver a seriedade em sua ameaça. Ele, então, o soltou e Dom assentiu lentamente até que seus olhos rolaram em sua cabeça e ele caiu sobre a grama. — Você não sabe o que mais ele usou. Ele poderia morrer! — eu disse, me levantando. Preppy deu de ombros, seu rosto indiferente e duro. — Oops. — ele coçou a cabeça com o cano da arma. — Você sabe, não é muito agradável fugir assim. Você poderia ter, pelo menos, dito adeus. Talvez um Ei Prep, só vou ali enfiar algumas drogas em minhas malditas veias. Volto logo. Eu não posso lidar com a possibilidade de não ter Mirna novamente e essa merda sarcástica de Preppy ao mesmo tempo. — Vá se foder! — eu cuspi, decolando para o cemitério, saltando por cima das raízes grossas e tropeçando

nas pequenas lápides em forma triangular, a cevada era visível sobre a grama que era da mesma altura. Estava escuro como breu e os meus olhos não estavam se adaptando bem. Eu caí em meia dúzia de estátuas e lápides, como uma bola de pingue-pongue, antes de parar para recuperar o fôlego sob um mausoléu em ruínas. Minha cabeça estava nos joelhos quando ouvi Preppy, seus passos pesados caindo com um baque duro no chão molhado. — Você sabe qual a parte realmente fodida? — perguntei. — Bem, eu vou te dizer. A parte realmente fodida é que eu achei ter visto Eric na casa quando eu cheguei aqui. — eu levantei minha cabeça e olhei para Preppy, que tinha os braços cruzados sobre o peito. — Quer dizer, eu sei que ele está morto, então isso é impossível, certo? Mas eu estou mais fodida do que eu pensava. Tanto que eu imaginei que o vi. Mas mesmo depois disso, durante aquele segundo quando eu pensei que ele poderia realmente estar vivo e ali naquela casa, pronto para se levantar, eu já tinha tomado a decisão de que eu iria ficar, de qualquer maneira. — eu corri minhas unhas pelas minhas panturrilhas. — Isso é o quanto eu queria. — fiz uma pausa. — Quero. — eu corrigi. O desejo era tão grande dentro de mim que eu gemi em voz alta. Preppy se agachou na minha frente, a arma pendurada em sua mão entre as pernas, apontada para o chão. Seu dedo acariciando o gatilho. — Olhe para mim, — ele perguntou, inclinando meu queixo para cima, então eu estava olhando em seus olhos. — Não há velhos viciados, Doc. Você toma a decisão de parar ou a porra nas veias te mata. — Eu... eu sei, — eu gaguejei, olhando para ele através da cortina do meu próprio cabelo escuro. Mas eu simplesmente não me importava. Preppy empurrou o cabelo do meu rosto, colocando-o atrás da minha orelha, e arrastando as pontas dos dedos sobre a minha bochecha em um gesto doce que tanto emocionou quanto me assustou. Eu não estava esperando isso, especialmente depois do que ele tinha acabado de fazer com Dom. Preppy suspirou e retirou a mão. — Eu preciso salientar que deixar a H te matar é o mesmo que pular da torre, porque ainda é você tomando uma decisão para morrer. — ele arrastou o cano da arma na minha perna, do meu tornozelo até o joelho. O metal frio deixando minha pele arrepiada, me fazendo tremer com tanta força que meus dentes batiam. Eu respirei fundo. A voz de Preppy se virou lentamente da estranha calma para uma fúria violenta. — Você ia usar, — disse ele, mas não era uma pergunta, era uma acusação. Um fato. Eu balancei a cabeça, meus olhos em sua arma quando ele descansou na minha coxa. — E você ainda quer? — ele perguntou. Eu balancei a cabeça novamente, muito envergonhada de falar as palavras em voz alta.

— Diga! — Preppy exigiu, virando a arma que ele agora estava apontando para mim, mas o seu dedo não estava no gatilho. — Me diga se você ainda quer morrer. — Não é assim tão simples, — eu tentei explicar. — Me diga! — Preppy exigiu. — Por quê? — perguntei, tremendo. Caí para trás até que minhas costas bateram no mármore frio do mausoléu, mas Preppy rastejou atrás e pairou sobre mim antes que eu pudesse ir mais longe. — Porque eu tenho resistido. — ele se inclinou e pegou um punhado do meu cabelo, me puxando a ele, seus lábios pairando acima dos meus, seu hálito frio em meu rosto. — Então, eu preciso saber se você dá a mínima para a sua vida. — ele me puxou em pé pelo meu cabelo, meu couro cabeludo gritava em agonia. Ele me bateu contra a parede. — Porque a forma como eu vejo, é que se você não dá a mínima para a sua vida, — ele se inclinou e correu seu nariz ao longo da minha mandíbula e riu profundamente, uma risada sombria, o som vibrando nas profundezas da minha alma, — então, eu não tenho que dar a mínima sobre isso também. Olhei por cima do ombro, olhando o cemitério para ver se havia alguém nas proximidades. Alguém que eu poderia chamar para pedir ajuda. Não tive essa sorte. Preppy deve ter lido a minha mente. — Ninguém está aqui para te salvar. Ninguém pode te salvar, exceto você. Então, me diga. Doc, você quer morrer? — Eu te disse! Não é tão simples assim. É só que eu sinto... — eu comecei, mas as palavras não saíam. — Me diga, porra! — Preppy rugiu, empurrando o joelho entre as minhas pernas para me prender mais firme à parede. — Eu sinto que estou sangrando! — eu gritei. O rosto de Preppy permaneceu duro e impassível enquanto seus olhos freneticamente percorriam meu corpo por feridas. Mas ele não ia encontrar nenhuma, não no exterior, pelo menos. — Não! — eu disse, agarrando seu pulso e trazendo sua mão ainda segurando a arma no meu peito, a pressionando entre os meus seios. — Aqui. Estou sangrando aqui, e eu não sei como fazer isso parar. Você me disse antes que poderia fazer uma ligação. Você disse que você poderia me dar o que eu preciso. Eu preciso disso. Eu preciso tanto disso. Você pode? Você pode me dar o que eu preciso? — eu odiava o desespero na minha voz. Eu odiava a fraqueza. Um breve encontro com a minha ex-amante, mesmo que eu só a vi enquanto ela seduzia outros, me fez cair sob seu feitiço mais uma vez.

— Oh, eu posso te dar o que você precisa, — Preppy resmungou, me prendendo à parede com os quadris. Sua ereção dura contra o meu baixo ventre, me pegando desprevenida. Meu pulso acelerou com medo, depois caiu com o desapontamento. — Mas nada de H. — ele apertou seus quadris contra mim, e eu empurrei contra seu ombro, mas eu poderia muito bem estar tentando levantar um carro porque ele só me segurou mais apertado. — Por quê? Por que você não vai me ajudar? Você pode me ajudar! Você disse que nós éramos amigos. Amigos se ajudam, certo? E é assim que você pode me ajudar. — seu olhar ficou mais intenso, o que me enfureceu porque ele não disse nada. Em vez disso, me deixou chorar e chorar e bater meus punhos contra ele. — Por que você não vai me ajudar! — eu gritei. Minha garganta estava apertada e dolorida. — Pooooor faaaaaavoooor! — meu grito se transformando em um soluço. — Eu não quero isso, — eu gritei. Minha cabeça caindo contra a parede. — Eu não sei. — eu balancei minha cabeça. — Mas eu não sei como parar o sangramento e fazer a dor ir embora. Eu não sei como aliviar essa vontade que me faz querer raspar a minha pele, correr de volta para a casa e enfiar uma agulha no meu braço. — eu encontrei seus olhos escuros e furiosos. O corpo de Preppy tão inflexível quanto seu olhar me perfurando. — Então, poooor faaaavor, — eu chorei, saltando ligeiramente de joelhos quando eu implorei. Eu cobri a arma com a outra mão. — Por favor, me ajude. Eu não sei se era eu tocando sua arma, ou a mendicância que fez isso, mas a centelha estava de volta, brilhando maliciosamente em seus olhos. Suas pupilas ficaram enormes. Ele lambeu seu lábio inferior e moeu seus quadris contra mim. Engoli em seco, meu sangue virou brasa. Eu imediatamente lamentei tudo o que eu tinha dito. Ele balançou seu joelho contra o meu núcleo e uma onda de umidade encharcou minha calcinha. Eu não queria isso, tinha muita coisa acontecendo na minha cabeça. Muito para peneirar e processar, mas meu corpo não parecia se importar com o que eu queria, porque os meus mamilos apertaram sob a minha regata. — Você confia em mim? Meu cérebro queria heroína. Meu corpo queria Preppy. — Não, — eu respondi honestamente, meu peito arfando de medo, ansiedade e expectativa. — Eu não confio em você. Ele puxou a arma de volta e a virou em suas mãos, examinando-a quando a luz da lua brilhou sobre o metal. Ele sorriu. — Isso é bom, Doc. — ele se inclinou para perto, sua eriçada barba no meu rosto, os lábios roçando o ponto sensível atrás da minha orelha enquanto ele falava. — Você não deveria, — disse ele enquanto segurava o cano da arma na minha cabeça. Dedo no gatilho.

Capítulo vinte e dois PREPPY — Você não faria isso. — Você quer morrer, isso pode ser arranjado, mas não seja uma idiota sobre isso usando a desculpa da heroína para terminar com sua vida, eu posso apenas puxar o gatilho e tudo estará acabado. — Isso não é o que eu quero! — ela disse, e, em vez de medo, raiva transbordou. Seu rosto ficou vermelho. Independente da minha arma na cabeça dela ou não, ela me perfurou com seu olhar. Boa menina. Eu a puxei da parede pelo ombro e a empurrei mais para dentro do cemitério. Ela tropeçou em uma das raízes, o lugar estava cheio delas, desequilibrada quase caindo em uma lápide. — O que você está fazendo? — ela perguntou sobre seu ombro, suas palavras trêmulas, o medo em seus olhos. Ela estava curvada, braços estendidos sobre a cabeça, suas mãos agarrando na lápide enquanto engolia em seco para recuperar o fôlego. Os fundos de suas nádegas me provocando sob a bainha de seu short. — Te dando o que quer. — fiz uma pausa. — Não, o que você precisa. — O que você acha que eu preciso? — perguntou ela, o medo se transformando em luxúria desenfreada quando ela percebeu que eu estava olhando a sua buceta coberta pelo jeans. Eu ri, a puxando de volta pelos cabelos negros enrolados em meus dedos. Eu lambi um lado de seu rosto e empurrei meu pau duro na costura de sua bunda. — Você quer ficar doidona? Você pode ficar doidona em cima de mim? Você quer esquecer? Eu vou fazer exatamente isso, baby. Eu a virei e a trouxe até a borda da pedra, mantendo-a no lugar, puxando seu cabelo quando ela tentou lutar para longe de mim. Todas as suas lutas pararam quando eu corri minha mão até o interior de sua coxa, em seu short, passando por sua buceta molhada. Eu gemi e domestiquei a voz dentro da minha cabeça que queria levá-la ali mesmo. Isto não era sobre mim. Isso era sobre Dre. Era eu ensinando a ela uma lição. Eu me preocupava em levar isso longe demais novamente. E assustá-la. Mas esses pensamentos desapareceram no segundo em que empurrei um dedo dentro do seu calor apertado e sua cabeça caiu para trás com a boca parcialmente aberta. Seus olhos se fecharam. — Não, olhe para mim enquanto eu te fodo com os dedos, — ordenei, forçando sua cabeça para frente, para que ela não tivesse escolha, a não ser me olhar bem nos olhos quando eu

adicionei outro dedo. Com a minha arma ainda contra sua cabeça, seus quadris empurraram contra mim quando eu a trouxe mais e mais perto do limite. Ouvi passos e risos, mas eu não me importava se nós fôssemos descobertos. Tudo o que importava era Dre e aquele olhar em seus olhos, como se ela me quisesse e me odiasse ao mesmo tempo. Meu pau estava duro pra caralho quando eu bombeei meus dedos dentro dela uma e outra vez, ela gemeu e gritou. Mais uma vez, ela tentou desviar o olhar, mas mais uma vez eu apertei duro em seu cabelo e a forcei a olhar para mim com aqueles grandes olhos bonitos e escuros dela, que sempre pareciam estar olhando bem dentro da minha cabeça. — E agora? Isto é algum tipo de lição doente que você está tentando me ensinar? — ela perguntou sem fôlego. Sua buceta se apertou ao redor dos meus dedos, ordenhando-os, querendo mais do que eu estava dando. Eu bombeei mais rápido, curvando meu dedo indicador dentro dela. — Você acha que me fazer... gozar vai deixar tudo melhor? — ela perguntou amargamente, uma gagueira em suas palavras. — Quem disse que eu quero fazer você ficar melhor? — perguntei, correndo meu nariz ao longo do seu pescoço e mordendo sua orelha, inalando seu aroma de baunilha. — Talvez eu só queira ser o único a te arruinar, — eu disse contra a sua pele. Com um último impulso dos meus dedos, a sua buceta apertou, e ela gritou para a noite com os meus suspensórios torcidos em suas mãos. Eu não sabia se ela estava tentando me puxar para mais perto ou me afastar. Sua umidade escorrendo pelos meus dedos enquanto ela cavalgava o seu clímax. Sua cabeça caiu para frente contra o meu ombro. — Eu não posso ficar com você, — eu sussurrei em seu cabelo, imitando a voz dentro da minha cabeça, me lembrando da mesma coisa uma e outra vez desde o dia em que eu trouxe Dre de volta para Mirna. — Eu não sou sua pra você ficar, — Dre cuspiu amargamente entre as respirações pesadas. Suas palavras foram duras, mas ela não moveu a cabeça do meu ombro. — Não, — eu disse, puxando minhas mãos para fora de seus shorts e lambendo seu gosto dos meus dedos. Finalmente, abaixando minha arma. — Mas esta buceta é toda minha.

Capítulo vinte e três DRE Eu estava descendo do meu orgasmo, quando percebi que não estávamos sozinhos. O som de grama farfalhando e sussurros flutuaram sobre o ar de algum lugar próximo. Ergui a cabeça do ombro de Preppy. — Fique aqui, — ele ordenou em um sussurro. Com o dedo no gatilho, ele se virou, passando por cima de raízes e lápides antes de desaparecer atrás do mausoléu. Os sons de gritos zangados e tiros soaram de onde Preppy tinha ido e antes que eu pudesse pensar sobre o que eu estava fazendo, eu estava correndo naquela direção até que eu caí em cima de Preppy, o cano da arma contra a cabeça de outra pessoa. Alguém com o queixo no peito e uma agulha pendurada em seu braço. A menina que me convidou para a casa estava de pé ao lado dele, chorando para Preppy não matá-lo. — Ele lhe deve dinheiro ou algo assim? — perguntou a menina, suas palavras enroladas, seus passos vacilantes. Ela agarrou uma lápide para se apoiar. Não havia real preocupação em sua voz. — O que Eric fez com você? Foi quando eu soube que o que eu tinha visto na casa era real. Era Eric. — Como? — perguntei, dando um passo para trás e tropeçando em uma raiz. Caindo sobre a minha bunda. Preppy e a menina viraram para mim, e Preppy deu um passo em minha direção. — Não, não, — eu disse, me levantando sozinha. Só então, Eric levantou a cabeça e seus olhos vidrados encontraram os meus. — Ei Dre, — disse ele. — Eu sabia que você iria voltar. — Preppy deu um passo para trás e bateu na cabeça dele com o cano da arma, mandando-o de volta para a inconsciência. A menina começou a gritar, mas era como se eu não pudesse ouvi-la sobre o sangue correndo em minhas orelhas. Preppy havia mentido para mim. Ele não tinha matado Eric. Preppy fez um movimento em minha direção, mas a menina pulou em suas costas com um grito agudo. Deixei ele lutando com ela enquanto corria através do cemitério respondendo a minha própria pergunta enquanto eu fugia. Conner. Conner estava morto.

Capítulo vinte e quatro PREPPY Eu estou com tantos problemas. Dre sabia que era Conner que eu tinha matado e não Eric. Ela provavelmente me odiava ainda mais agora, como se ela precisasse de mais razões para isso. No entanto, nada disso importava, porque independente de como ela se sentia, independente de como eu deveria me sentir, a necessidade pura e feroz de enfiar meu pau profundamente dentro de seu corpo frágil era algo que nunca tinha sentido antes em toda a minha vida. Sim, muitos problemas do caralho. Depois do que tinha acontecido no cemitério eu tive certeza de uma coisa. Eu não queria só transar com ela. Eu quero arruinar ela. Até o momento que eu consegui sair da casa na selva, Dre tinha ido embora. Eu procurei em todos os lugares antes de finalmente encontrá-la no primeiro lugar que eu deveria ter olhado. No quintal de Mirna. Foi onde eu a encontrei deitada na grama, escrevendo furiosamente em um caderno. Eu parei um momento para admirá-la. Eu estava feliz que ela parou de usar, mas por uma razão eu não poderia explicar porque me sentia furioso que ela ainda sentia o desejo de usar. Ela tinha acabado de passar pela parte mais complicada da desintoxicação, as crises de agitação desaparecendo para leves tremores. Seus hematomas haviam esmaecido, do negro roxo e irritado, para um amarelo pálido, mas depois que a encontrei naquela casa, foi que eu percebi como ela ainda estava quebrada por dentro. Muito quebrada. Puta que pariu. Ela era perfeita pra caralho. Defeitos e tudo. Ela tinha ganhado peso, o suficiente para sua bunda e seios se tornarem cheios de curvas e palpável. Eu deveria apenas foder ela e acabar logo com isso, só que eu ainda precisava de sua ajuda mais do que eu precisava de uma foda rápida. Eu me ajustei, tentando mexer o meu pau para que ele não doesse tanto, mas era inútil, uma vez que apertava contra o meu zíper inflexível. Fazer o meu pau amolecer agora seria como falar para um leão parar de comer quando ele já está com o cordeiro na boca. Dre olhava para o céu sem nuvens com o mesmo olhar triste que vivia

constantemente sobre ela. Eu me senti absolutamente selvagem e fui inundado com a necessidade de possuí-la, mesmo que apenas temporariamente. Mesmo que fosse só esta noite. Meu pau latejando concordou. Eu vi o seu perfil quando ela mordeu a ponta da caneta, imersa em pensamentos. Ela pode ser frágil em corpo e espírito, mas sua boca... sua boca era uma história completamente diferente. Arrogante, sarcástica. Talvez tenha sido o contraste entre essa atitude ousada e sua fraqueza que me fez imaginar todas as coisas que aquela boca poderia fazer com ela de joelhos olhando para mim. Ela parou de escrever e olhou para as estrelas. De costas para mim, ela se sentou sobre os joelhos, sua camiseta subiu, expondo a barriga côncava e um flash da calcinha de algodão branco, o contorno dos lábios de sua buceta claramente visíveis através do tecido fino. Eu espalmei meu pau dolorido através da calça e mentalmente lembrei que não era uma boa ideia gozar nas calças como a porra de um adolescente. Eu não poderia resistir mais. Se ela iria me odiar ou não... não podia continuar se afastando. Não mais. Dre não me viu chegando quando eu saí das sombras e entrei no quintal. Ela não iria me ver até que fosse tarde demais. Eu não devo transar com ela. Eu sei que não devo. Mas eu vou de qualquer maneira... Eu cheguei por trás dela e espiei por cima do ombro enquanto ela rabiscava novamente no caderno. Foi quando eu percebi que ela estava chorando. Seus ombros estavam sacudindo e a tinta na página borrou com as suas lágrimas... e seu sangue. Uma pequena lâmina de barbear ensanguentada na mão com gotas de sangue pingando de seu pulso nas páginas de sua carta para alguém chamada, Mellie. Meu sangue estava em ebulição, a raiva tomando conta e fazendo o modo Preppy assumir o lugar da luxúria quando eu li a frase sendo escrita. Mellie, eu sinto muito. Eu não posso continuar assim. E eu não vou. Eu acho que estou pronta para acabar com tudo. Desta vez para sempre... Depois de tudo, ela ainda queria morrer? Um grunhido saiu da minha garganta. Eu rangi os dentes juntos, me inclinando sobre ela arranquei o caderno debaixo dela. Ela gritou de surpresa,

mas eu ignorei. Eu a arrastei até o portão e depois para o campo antes que ela pudesse dizer uma única palavra de protesto. — O que você está fazendo? — ela perguntou, caindo sob o meu controle. Eu continuei a puxá-la através do campo. — Você vai ver. — eu cuspi, veneno na minha voz geralmente divertida. — Vá se foder. Saia de perto de mim. Você o matou! Você matou Conner! — ela gritou. — Por quê? Por que não me deixou lá para morrer quando isso é claramente o que você quer? — perguntou Dre, seus olhos se estreitando para mim, sua postura firme. — Você quer saber por que eu o matei? Eu vou te dizer por quê. Eu descarreguei três balas no peito daquele filho da puta porque ele estava tocando em você, tentando destruí-la... — eu procurei seus olhos e corri as costas dos meus dedos em sua bochecha. — Eu estava com ciúmes, — eu admiti. — Por quê? — ela perguntou, com raiva e confusão estragando seu belo rosto. — Por quê? Porque, se alguém vai arruiná-la, esse alguém sou eu. — Você é um doente, — ela cuspiu. — Oh, Doc. Você não tem ideia da minha merda, — eu disse, apertando mais em seu braço. — Ele te machucou, e ele pagou por isso. — Você está me machucando! — Dre gritou. Enfiei os dedos mais duro em sua pele. — Então me faça pagar. — Eu não quero isso. Eu não quero você, — ela disse, soando como se estivesse discutindo consigo mesma em vez de mim. — Você tem uma necessidade doente de se matar. Eu vou te ajudar com isso. — eu diminuí a minha voz para um rugido profundo. — Enquanto isso, eu tenho minhas próprias necessidades doentes e acho que você pode ser capaz de me ajudar. — Não! Eu odeio você, — ela gritou, enquanto eu continuava a puxá-la. — Ótimo. Você vai me odiar mais quando eu te foder, — eu disse. — Mas, primeiro as lições, que obviamente não entraram em seu cérebro. Você tem seus desejos e eu não posso pará-los, — eu disse, quando nos aproximamos dos trilhos do trem que estavam elevados em um monte de cascalho a vários metros do chão. As luzes de advertência estavam laranja, as placas de neon caídas cobriam a estrada de serviço, enquanto os sinos indicavam um trem se aproximando a

distância. — E já que não posso pará-lo, eu vou ajudá-la. A opção da bala na cabeça foi há três horas. Agora eu tenho algo ainda melhor em mente. — Espere. O quê? — ela perguntou com seus dentes batendo. — Você... você não faria isso. — Não faria o quê? — eu disse, virando para encará-la, quase perdendo o passo quando vi o rastro de lágrimas secas em suas bochechas. Desviei o olhar por uma fração de segundo para recuperar a compostura. — Você acha que eu não mataria alguém? — eu levantei uma sobrancelha. — Você já sabe que eu estive lá, fiz isso, vesti a porra da camiseta, boneca. — seus olhos se arregalaram e ela fez um movimento para dar um passo atrás. — Oh não, Doc, eu li a sua carta e vi o que você queria. E lembre-se, eu não sou nada se não um fornecedor. Quando eu a puxei para subir pelo cascalho, seus joelhos travaram, então eu me inclinei e a peguei pela cintura, jogando-a sobre meu ombro, levando-a para os trilhos enquanto ela batia nas minhas costas com os punhos fechados. Quando cheguei ao topo, a larguei sem delicadeza e ela caiu de bunda no chão, as mãos contra os grandes pedaços de cascalho sob os trilhos. O apito do trem ecoou distante. Não demoraria muito agora. Dre fez um movimento para se levantar, mas não era isso que eu tinha em mente. Me abaixei e empurrei seu peito, espalhando seu pequeno corpo sobre os trilhos. Me arrastei em cima dela, prendendo-a com as minhas coxas. Me debrucei sobre ela, meu peito no dela e nós dois respirávamos rapidamente. Ela lutou debaixo de mim para se levantar, empurrando meu peito, mas eu não iria ceder. — Por que a luta, Doc? Isto é o que você queria, não é? Ela olhou para mim quando o trem apitou novamente. Seu olhar virou para a direita, onde a luz amarela do trem emergia em torno do túnel, brilhando mais e mais enquanto ele continuava firme e cada vez mais perto. Por um momento ela parou de lutar, olhando para trás e para frente, do trem para mim. — Então, e aí, você vai morrer também? — ela perguntou, na esperança de apelar para o meu senso de preservação. Dei de ombros. — Eu fico entediado com facilidade, talvez o diabo me faça o seu garoto de recados ou algo assim. — Preppy, isso não é engraçado. Levante-se e saia dos trilhos, merda. — ela disse, e sua preocupação era comigo ao invés dela mesma. Eu balancei a cabeça e bocejei. Ela se mexeu debaixo de mim, e embora houvesse esse trem que estava vindo em direção a nós, meu pau novamente se agitou para a vida. Talvez eu devesse rasgar sua calcinha e empurrar dentro dela. Com trem ou sem, seria uma morte do caralho.

— Você tem que se decidir, Doc, — eu disse, fazendo a minha voz tão séria quanto eu era capaz. — A vida? — perguntei, gritando sobre o som do trem raspando contra o trilho. Eu empurrei meu pau duro contra o seu núcleo e ela engasgou. Seu tremor se transformou em um arrepio, sua boca se abriu. Olhei de lado para a luz ofuscante do trem se aproximando, pois nos iluminou desde o túnel. Me inclinei, tão perto que meus lábios estavam um sussurro acima dos dela e gritei, — Vida? Ou morte? O que vai ser, Doc? — meu cabelo soltou em volta do meu rosto e a luz ficou mais e mais brilhante. — Responda a porra da pergunta! — eu queria saber, minhas mãos apertaram seus ombros, meus dedos cravando em sua pele. — VOCÊ QUER MORRER? Com apenas alguns segundos restando antes de sermos picotados sob o trem, Dre fechou os olhos e suspirou. Quando os abriu novamente, eles estavam brilhando, lágrimas frescas derramando pelos cantos. Ela começou a falar, seus lábios formaram o início de uma palavra, mas antes que pudessem sair de seus lábios, eu estava puxando-a comigo. Eu levantei Dre em meus braços e saltei dos trilhos, minhas pernas balançando no ar quando nós caímos a uns dois metros mais ou menos. A decisão de Dre ainda em seus lábios, seu grito preso no ar quando caímos dentro do campo. — Eu quero viiiiiiivvvvveeeer.

***

DRE — Saia de perto de mim! Você é um louco, porra! — eu gritei, batendo contra o seu peito com os punhos fechados. Preppy apenas riu. — Você é insano! Ele me agarrou, os dedos mordendo a carne delicada dos meus pulsos quando os levantou acima da minha cabeça. — Oh Doc, — disse ele, a voz baixa e profunda, olhos brilhando maliciosamente. Ele se inclinou, até que seus lábios roçaram o canto da minha boca quando ele falou; uma risada vibrando dentro de seu peito. — Você não tem ideia. — ele roçou minha orelha com os dentes. — A propósito, eu amo este olhar em você, — acrescentou. — O quê? Que olhar? — perguntei. Seus olhos encontraram os meus e algo escuro os atravessou, algo que fez o cabelo na parte de trás do meu pescoço ficar em pé e meus mamilos duros. — De desamparada.

— Me solte! — Oh, não, Doc. Você fez a sua cama, agora vai deitar nela. Antes que eu pudesse perguntar o que diabos isso significava, ele se inclinou e apertou seus lábios em um ponto atrás da minha orelha que me fez fechar os olhos e esquecer o que quase aconteceu. Quase. Eu o empurrei novamente, apenas o suficiente para tirar sua boca do meu pescoço, o que imediatamente me fez sentir frio pela perda. — Eu nem estava tentando me matar! — eu bufei, ainda sem fôlego. — Eu acho que você pode estar enganada, Doc, — cuspiu Preppy, as sobrancelhas vincadas bem juntas e ele olhou para os meus pulsos. Meu peito arfava para cima e para baixo. — Eu não quero morrer, — eu tentei explicar de novo, mas a raiva marcando as linhas de seu rosto ficou mais profunda. Eu precisava falar mais rápido. — Eu não estava tentando me matar, eu só estava... eu estava tentando alguma coisa, porque eu não sei como fazer a dor ir embora, — eu admiti rapidamente, de repente sentindo muita vergonha da automutilação que eu estava tentando em mim. — Doc, — Preppy gemeu, então enfiou seus dedos pelo meu cabelo, sua mão agarrando firmemente a parte de trás do meu pescoço. Ele me puxou para mais perto, e eu tropecei para frente até que nossos peitos estavam grudados. As pupilas de se seus olhos escuros enormes. Suas pálpebras pesadas e vermelhas. Ele chupou o lábio inferior carnudo. — Por que você não disse nada? — O que quer dizer? — perguntei, mais fora do ar naquele momento do que eu estava quando o trem veio em minha direção. — Porque, menina. Se ferir é o que você quer, dor é o que eu posso te dar. — O que... o que está fazendo? — perguntei, quando ele desafivelou o cinto, tirando-o de suas calças e jogando-o de lado. — Eu vou te machucar, — disse ele, desfazendo um botão do meu short e empurrando a mão em minha calcinha, cobrindo meu sexo com sua mão grande e quente. Ele apertou, só um pouco, uma demonstração de poder. — Eu vou machucá-la com a minha boca. Com meus dedos. Com meu pau. Vai ser a melhor dor do caralho que você já sentiu. — Não! — eu disse. Um joelho empurrando em reação às suas palavras. Eu tentei me sentar, mas ele apertou de novo, e eu caí de volta na grama quando uma sensação tomou conta de mim que me juntar as coxas, prendendo aquela mão entre minhas pernas. Preppy segurou minhas mãos com mais força sobre a minha cabeça para me manter quieta. Com um sorriso torto em seu rosto, ele se inclinou para baixo e

seus lábios roçaram o meu ouvido. — Não, não significa nada para mim, menina. — ele seguiu suas palavras com uma mordida afiada em minha orelha que enviou uma sacudida de prazer pulsando através do meu corpo, apertando os meus mamilos, que esfregaram dolorosamente contra a minha camisa. Uma sensação de aperto rasgou através do meu ventre e eu senti meu núcleo esquentar. Preppy abruptamente puxou a mão de dentro do meu short, obviamente ciente e provavelmente com repulsa do que tinha acontecido lá em baixo. Meu rosto ficou vermelho quando ele levantou os dedos brilhando e olhou para eles espantado, me chocando ainda mais quando ele lambeu sua mão lentamente, do pulso até a ponta do dedo, fechando os olhos e gemendo. — Esse foi o melhor NÃO que eu já provei, porra, — disse ele, e sem outra palavra puxou meu short e calcinha com um movimento, antes de subir de volta em meu corpo, então ficamos novamente olho no olho, sua mão entre as minhas pernas. Eu gritei quando ele beliscou meu clitóris, e embora minha mente estivesse protestando, o meu corpo não estava e minhas pernas se abriram ao seu toque áspero. — Eu estou te fazendo minha esta noite. Ao ouvir a palavra ‘minha’ o meu corpo enrijeceu. Preppy empurrou minha camisa até o pescoço, sua boca encontrando meu mamilo e chupando-o entre os lábios, mordendo duramente a ponta e soprando sobre ele quando ele foi para o outro. Ainda continuei rígida. — Só esta noite, — ele murmurou para si mesmo. — Só esta noite, isto é meu. — ele soprou meu mamilo antes de sugá-lo na boca e rolar sua língua sobre a ponta antes de soltar. — Eu não posso ficar com você. — Você já disse isso, — eu respirei, quando ele pressionou dois dedos dentro de mim. — E eu não quero ser de ninguém, — eu gritei e empurrei meus quadris, adorando a sensação que era ainda mais intensa do que no cemitério apenas uma hora antes. Preppy continuou a me agredir com os dedos. — Não, mas você vai ser fodida. — ele mexeu em suas calças com a outra mão. Saindo de entre as minhas pernas novamente, e eu senti a perda de seu toque. Ele despiu a camisa e lá estávamos nós em campo aberto e completamente nus, ao som dos insetos no ar e folhas balançando. Ele agarrou minhas coxas e me puxou para frente, seu enorme pau pressionando contra o meu núcleo, quente e incrivelmente duro. Eu tentei rolar e me distanciar, porque eu finalmente percebi o que Preppy quis dizer por me machucar. — Não! — eu disse, rastejando apenas um ou dois metros antes dele subir atrás de mim, seu peito nas minhas costas, sua boca no meu pescoço. Ele abriu minhas pernas e eu gemi quando ele deslizou seu comprimento contra a minha abertura. Eu saltei para frente, mas acabei caindo em meu estômago na grama. Preppy caiu contra mim, seu corpo me montando. — Mas eu disse que não, — eu lamentei.

— É tão adorável você achar que pode me impedir. — ele esfregou sua dureza contra mim novamente, e eu não consegui deixar de balançar de volta contra ele, precisando de mais. — Mas você vai me machucar, — eu ofeguei, me referindo ao enorme pau que se estendia bem acima do seu umbigo, a ponta grossa e roxa. Ele riu baixo em sua garganta. — Esse é o plano, Doc. — ele se afastou, apenas para me agarrar pela cintura, me levantando, então eu estava de quatro. Eu senti seu calor novamente e outra onda de umidade saiu do meu corpo. Preppy gemeu e de novo me cobriu com o seu corpo. Ele estendeu a mão e sem aviso, dolorosamente torceu um dos meus mamilos enquanto gemia, empurrando duro e fundo dentro de mim, lutando contra a minha entrada apertada. Doeu como a porra do inferno, mas eu nunca senti algo com isto antes, nunca. Era a dor mais deliciosa. Um prazer torturante. Nada que eu já tinha sentido antes. — Isso ainda é um não? — ele bufou, empurrando para dentro novamente, desta vez mais duro, atingindo um ponto que fez estrelas dançarem em meus olhos. — Esse pau é o suficiente para te machucar, Doc? Eu não conseguia formar as palavras para responder quando ele me puxou pelos cabelos e cobriu a minha garganta com a mão, apertando apenas o suficiente para me permitir respirar. Ele virou minha cabeça, então estávamos olhando um para o outro quando ele começou a se mover novamente. — Me diga ‘ não’ de novo, — ele grunhiu, continuando a torcer meu mamilo com uma mão e me sufocando com a outra enquanto empurrava dentro e fora lentamente algumas vezes, arrastando seu eixo contra algo dentro de mim que parecia como se a ponta de um diamante me picasse. Um flash de luz e calor ficou mais brilhante e mais quente. Alongando tudo dentro de mim. Foi doloroso, mas era uma dor que eu estava desejando. A liberação dos meus próprios pensamentos. Preppy estava certo. Seu tipo de dor era exatamente o que eu queria; a dor que me fez chorar e empurrar de volta contra ele. — Você precisa de mais? Não é? — ele falou baixinho, as veias em seu pescoço tencionadas. Ele soltou minha garganta e mamilo, e me empurrou de volta em minhas mãos. — Me diga ‘não’ de novo, e eu vou dar o que você quer. Vou te dar mais, — disse ele, pastando os dentes sobre a pele do meu ombro e empurrando duro dentro de mim, acalmando quando ele se enterrou até o fim, tanto quanto o meu corpo iria deixá-lo entrar. — Diga, — ele sussurrou moendo seus quadris contra minha bunda. — Não! — eu consegui gritar. Meu corpo estava vivo. Tão vivo, porra. Cada fibra do meu ser queria ser tocada, lambida, fodida. A dor no meu núcleo se tornou quase insuportável, precisando ser aliviada ou interrompida ou algo assim. — SIM! — eu gritei, finalmente admitindo o que eu estava negando por muito tempo. Dizendo a ele o que ele queria ouvir e que ele me daria mais do que eu estava procurando.

Eu queria mais e ele me deu mais. Ele não apenas me fodeu, ele assumiu o comando de mim. Um ataque contra o meu corpo. Duro e longo, ele me fodeu, como se ele estivesse me punindo e seu pau fosse uma lição que eu precisava aprender. A dor se tornou real, de uma forma que me deixou empurrando contra Preppy. — Eu acho que você precisa parar. Por favor, pare. Dói muito. Eu não posso continuar... — as palavras saíram de mim enquanto eu respondia com um empurrão furioso, seus quadris batendo contra a minha bunda, as mãos cavando em meus ombros enquanto ele fodia e rebolava ao mesmo tempo. Ignorando os meus pedidos de alívio para este novo tipo de sofrimento, senti o abdômen de Preppy contrair sobre as minhas costas e seus músculos endurecer. Ele estava tenso, me dando tudo, mas ele ainda estava se segurando. — Me dê... tudo, — eu murmurei quando senti algo diferente, que foi da dor ao prazer, iniciando um calor em torno do meu estômago e buceta, chegando a outros lugares em meu corpo. O som de outro vagão se aproximando ecoou nas proximidades. O trepidar do metal contra os trilhos e o som do apito ficou mais alto e mais alto, uma vez que se aproximava. Eu estava ali, bem ali, mas não consegui encontrar o que eu estava procurando. — Eu não posso... — eu disse, empurrando contra ele, impulso conta impulso, poderoso. — Eu sei o que você precisa. Eu tenho você, — disse Preppy. Ele recuou e algo estalou atrás de mim, seguido por uma sensação afiada contra a parte inferior das minhas costas, me dando a dor apenas o suficiente para me trazer o prazer que eu estava procurando. O apito do trem explodiu, o chão em torno de nós balançou como se mil cavalos selvagens estivessem prestes a galopar por cima de nós. Eu gritei em alto e bom som, o grito engolido pelo estridente barulho do trem passando, o vento soprando meu cabelo em volta do meu rosto enquanto eu caía da minha escalada, dando uma sensação de vibração dentro de mim como se fossem asas. Asas em chamas, voando por todo o meu corpo em um grau de prazer que me deixou na fronteira da inconsciência quando eu afundei mais e mais em onda após onda de puro prazer verdadeiro. Eu não queria que acabasse. Minha buceta apertou em torno Preppy, segurando-o em um último estrangulamento como se nunca fosse deixá-lo escapar. — Tão, porra... ahhh, — Preppy rugiu, e com um impulso final, ele saiu de mim e eu senti a perda, minha buceta apertando o vazio, o espaço que ele tinha preenchido. Ele abriu minhas nádegas com uma mão e virei minha cabeça bem a tempo de vê-lo pegar seu pau na outra, se acariciando quando ele derramou jatos quentes de porra diretamente em meu lugar mais privado. Preppy gemeu enquanto observava seu sêmen escorrendo da minha bunda para minha buceta inchada. Seu gemido, seus sons de prazer, sons que eu causei, eram como

música, uma música que eu não queria que acabasse. O trem passou, deixando um eco estridente de metal em seu rastro. Virei meu corpo e Preppy capotou, caindo em cima de mim, entre minhas pernas ainda abertas. Seu pau descansando sobre a minha buceta, ainda pulsando contra mim enquanto ele se recuperava do seu orgasmo. — Sua buceta, — Preppy disse, tentando recuperar o fôlego. Ele estava debruçado sobre meu corpo com o queixo apoiado entre os meus seios, olhando para mim através de cílios tão longos que não era justo pertencerem a um homem. — É gostosa pra caralho, — ele murmurou, empurrando contra mim com seu pau ainda duro, mas suavizando como se ele não pudesse ter o suficiente. Preppy poderia não ser capaz de ficar comigo, mas eu estava errada sobre uma coisa. Porque depois desta noite não havia como negar que ele me pertencia.

Capítulo vinte e cinco DRE — Me conte sobre Conner. Me conte porque ele não merecia o que eu fiz a ele. Eu rolei para longe, mas ele agarrou meu ombro e me virou. — Me conte e eu prometo que se eu puder ajudar a diminuir sua dor eu vou, — disse ele, em um momento de doçura que me surpreendeu. E eu estava cansado de viver com o fardo. Por mais que eu não quisesse ficar recordando o que aconteceu na minha cabeça, não me importava de falar em voz alta, as palavras só começaram a fluir. — Meu pai é apenas um cara comum. Ele sempre foi meio perdido. Ele é um engenheiro, mas nunca ficou na mesma empresa por muito tempo, alguns anos, no máximo. Então ele encontrou Jan e tudo mudou. Eles se casaram e ele estava feliz novamente. Jan não era a minha pessoa favorita, mas eu acho que as madrastas nunca são, mas ela era boa o suficiente e o fazia sorrir, isso é tudo o que importava. O que mais gostei foi quem veio com ela. — Quem? — perguntou Preppy, traçando círculos preguiçosos ao redor do meu umbigo. — Minha meia-irmã, Amelia. Eu a chamava de Mellie. A carta era para ela. Eu realmente não estava tentando me matar, apenas descarregando a minha alma. Depois do cemitério, Conner e tudo mais, eu não sabia o que fazer, então eu comecei a escrever. — Você disse que não tem ninguém. Por que não tentar ligar para ela? — Eu não posso, — eu admiti sufocando um soluço. — Ela está morta. Preppy assentiu em entendimento. — As pessoas morrem, Doc. — Sim, — eu disse, inalando uma respiração profunda e instável, — mas eu sou a pessoa que a matou. — e antes que eu pudesse me convencer de que era uma má ideia, eu estava esfregando a cicatriz na lateral do meu rosto e contando a Preppy a história que me assombrava desde o dia em que aconteceu. A história onde tudo começou e terminou. Eu não dirijo. Eu nunca aprendi. Bem, eu nunca completei o aprendizado. Minha irmã adotiva era mais velha. Ela tinha dezoito anos e prestes a ir para a faculdade. Ela ia embora, ela não precisava ser legal comigo, nem me conhecer

realmente. Nós só íamos viver juntas na mesma casa por alguns meses. Ela era bonita. Alta, loira, enormes olhos azuis. Ela recusou contratos como modelo porque ela queria se concentrar em sua educação. Ela queria ser médica, não apenas qualquer médica, mas do tipo que viajava para outros países e tratavam das pessoas sem condições de tratamentos médicos. Ela era uma boa pessoa e é isso que torna tudo pior. Se ela fosse uma pessoa má, alguém como eu, então talvez não fosse tão ruim, mas é, e todos os dias dói mais, embora todos dissessem que a dor um dia ia diminuir. Eu tinha marcado meu teste de baliza. Meu pai ia me levar para dirigir no sábado, mas ele ligou dizendo que não poderia mais, compromissos de trabalho. Quando Mellie viu que eu fiquei triste, ela se ofereceu para me levar. Fomos para um estacionamento abandonado ao lado da rodovia. Ela era tão paciente e eu era uma pirralha, cheia de risos nervosos. Mas, então, eu me acostumei com o jeito dela, ou então eu achava que sim. Cantamos junto com o rádio e devemos ter dado voltas nesse estacionamento maldito umas cem vezes. Estávamos ficando sem combustível. Eu parei o carro e alcancei a maçaneta para que pudéssemos trocar de lugar e ir ao posto. Mellie disse que era perto e eu poderia dirigir. Eu deveria ter dito não. Eu estava nervosa, e entrei em uma rua sem olhar quando um carro bateu do lado do passageiro. No foi uma batida tão dura, mas quando olhei, a cabeça de Mellie estava toda estranha e ela estava sangrando pela boca. Nem foi o carro que a matou, foram os air bags. Mas, se ela estivesse dirigindo isso nunca teria acontecido. Foi tudo minha culpa. Nossos pais se divorciaram meses depois que ela morreu. Meu pai tentou manter uma atitude positiva, mas ele não conseguia. Nem poderia. Ele raramente voltava para casa mais cedo do trabalho, e eu saía todas as noites fazendo qualquer coisa que pudesse para esquecer. Logo um grupo de garotos que eu estava saindo sugeriu uma viagem. Empilhamos uma tonelada de malas e mochilas numa van e seguimos para o sul, mas depois de alguns meses a droga ficou mais pesada e a festa acabou para todos, menos para Conner e eu. O resto deles voltaram para suas vidas e eu simplesmente não consegui. Quer dizer, eu tentei algumas vezes, mas cada vez que eu estava prestes a entrar em um ônibus ou um avião ou de carona, eu só... não conseguia. Conner. Você queria saber por que eu queria mantê-lo vivo. Conner era o namorado de Mellie. Eles se conheceram quando estavam no jardim de infância e

eram inseparáveis. Ele não poderia lidar com o que aconteceu e nem eu, e eu acho que eu deixei ele me tratar como lixo porque eu senti que precisava ser punida pelo que eu tinha feito. Eu precisava fazer as pazes com ele. E na minha mente, não havia nada que ele pudesse fazer comigo que eu não merecesse. Até que isso passou dos limites, e eu aceitei a ultima oferta do meu pai e a passagem de ônibus. Foi quando eu encontrei você na torre. Eu fiquei porque eu senti que eu merecia. Além disso, ele financiou a nossa aventura. Bem, no começo foi ele, até que seus cartões de crédito foram bloqueados. Foi quando começamos a roubar e fazíamos o que fosse necessário para comprar mais drogas. Eu não parava de dizer sim. Não porque eu queria continuar, mas por causa da culpa. — É tudo uma besteira e você sabe disso. — disse Preppy, me puxando de volta ao presente. Fiquei chocada com a facilidade que a história fluiu de mim. — A culpa não é uma besteira. Ela parece uma pedra no meu peito. Dói como se fosse real. Preppy olhou para mim, me estudando com intensidade. Ele se virou e murmurou algo que eu não conseguia entender, mas se eu tivesse que adivinhar, soou muito semelhante a: ‘Eu conheço o sentimento’.

Capítulo vinte e seis PREPPY Presente — Olhe aqui, — eu disse, estalando os dedos, — Você é o fodido carregador. Cadê a minha bagagem? — essa pergunta foi respondida com um golpe no meu queixo que sacudiu a minha cabeça antes de tudo ficar preto. Quando eu acordei com uma dor de cabeça que nem uma festa dos anos setenta poderia curar, ouvi sussurros do outro lado da parede. Sussurros femininos. — Tem alguém aí? — perguntei. — Sim, eu estou aqui, — uma voz suave respondeu. — Quem é você? — eu me virei para perguntar e me levantei. — Ninguém. É por isso que estou aqui. — Prazer em conhecê-la, ninguém. Eu sou Samuel Clearwater. Meus amigos me chamam de Preppy. — Eu sei quem você é. — Bem, então, este é um jogo divertido. Você me conhece, mas eu não posso te conhecer, — eu disse, deixando minha cabeça cair contra a parede. — É melhor se você não me conhecer. — Também seria melhor se eu não estivesse no porão da tortura na casa de algum motoqueiro, mas nem todos nós podemos ter o que queremos não é mesmo? Ela parecia melhor do que eu, com a voz mais firme, mas não muito. — Você é sempre assim tão à vontade com as pessoas? — perguntou à voz feminina, me lembrando de uma pergunta que Dre tinha feito quando eu a levei para a casa de Billy. — O seu copo está sempre meio cheio, até mesmo aqui? Eu ri e depois tossi, — Senhora, agora mesmo meu copo está meio morto então pare de cagar nele e me deixe receber a tortura e estupro como um fodido homem. — Por que você acha que está aqui? Por que você acha que ele está fazendo isso com você? — Porque é divertido?

— Poder. Ele poderia ter te matado, ele poderia ter deixado você morrer, mas ele deixou seus amigos acharem que você está morto e mantém você oscilando entre a vida e a morte porque ele ama o poder acima de tudo. Que jeito melhor de adquirir o poder do que assumir o controle da vida dos outros? Além disso, toda vez que Able irrita ele, ele pode vir aqui e bater no amigo dele, ou te matar ou te torturar. Mas isso é o que ele quer. É disso que ele se alimenta. — E aqui estava eu pensando que ele era um sádico que se masturbava com um cinto em volta do pescoço depois de descarregar seus golpes. — Não, quando ele acaba ele vem para este lado da parede e me estupra. — Tá vendo? Diversão. Eu estava totalmente certo, — eu disse, e pela primeira vez durante muito tempo, a voz do outro lado realmente riu. — Preppy, um. Senhora Chop estuprada no outro lado da parede, zero. — Eu acho que eu poderia gostar de você, Samuel Clearwater, — disse ela. — Eu não acho que eu me importo se você gosta ou não, seja lá quem diabos é você.

Capítulo vinte e sete DRE Mirna conseguiu resistir nos próximos dois dias e a clínica ligou quando surgiu uma vaga, todos os cuidados foram tomados para transferi-la de ambulância para Sarasota, que ficava à uma hora de carro. Quando Preppy me disse que tínhamos que ir a algum lugar, eu pensei que tinha algo a ver com a papelada de Mirna ou os documentos que eu tinha iniciado, mas não tinha terminado para King. — O que exatamente estamos fazendo aqui? — perguntei, quando Preppy estacionou em frente a uma pequena loja com uma placa de néon na janela que piscava dizendo TUDO POR UM DÓLAR uma e outra vez em cores diferentes. Eu ainda podia sentir os efeitos de um orgasmo pulsando dentro do meu corpo, como se o meu núcleo estivesse à procura de mais. Cruzei e descruzei as pernas, o malestar que eu sentia aumentando com a nossa proximidade. — Você vai ver, — disse Preppy. — Fique aqui. — ele me jogou uma piscadela e saltou para fora do carro antes que eu pudesse responder. Ele ficou na loja por um ou dois minutos antes de voltar para fora com um grande balde preto que ele colocou no porta-malas. Quando voltou para o carro, ele me jogou um saco, algo frio gelou minhas pernas através do plástico fino. — Cachorro quente? — perguntei, puxando para fora um pacote de cachorros-quentes marcado como ‘produto de carnes variadas’. Uma etiqueta dourada em forma de estrela anunciava seu preço de US$1, como se o sinal luminoso intermitente não fosse suficiente. — Sim, cachorro quente. — Preppy disse, virando em uma estrada lateral entre as árvores que escondiam o nome na placa. — O que significa exatamente produtos de carnes variadas? — perguntei, virando o pacote e achando outra curiosa etiqueta de advertência falando PODE CONTER AMENDOINS. — Este é o nosso almoço? Porque eu tenho que dizer que eu nem sequer posso pensar que você come isso. — eu disse, sentindo meu estômago revirar com o pensamento. — Eles não são tão ruins. Quando eu era criança, eu sobrevivi com essas coisas. — Preppy disse com um sorriso surpreendente que não era uma má memória, mas ele olhou para o pacote com carinho. Meu estômago virou novamente, mas não por causa dos cachorros-quentes, mas porque eu percebi o quão horrível minha observação tinha soado. — Me desculpe, eu não quis dizer... — eu comecei. — Eu só... eu mal posso

esperar para experimentar um. — Não! — disse Preppy, rindo tanto que teve que segurar seu estômago. — Primeiro de tudo, eu não tenho rancor do meu passado. Meu passado me fez quem eu sou e eu amo a minha vida. Em segundo lugar, eu deveria ter sido mais claro, estes não são para nós, embora eles tenham algo a ver com o almoço. Olhei para ele esperando para me dizer mais, mas tudo o que fez foi sorrir. — Eu não tenho ideia do que isso significa, — eu admiti. — Bem, — disse ele, estacionando o carro onde a pequena estrada era cortada por uma muralha de árvores. — Você está prestes a descobrir. Traga os cachorros-quentes. — Preppy disse, abrindo o porta-malas e retirando o balde e outro saco que eu não tinha notado antes. O segui através de um labirinto de moitas, feliz que eu tinha trocado minhas roupas como ele sugeriu. Preppy se virou, agarrando a minha mão e me puxando por uma pequena abertura que dava em um enorme cais e um quebra-mar que tinha visto melhores dias. Era como se tivessem sido abandonados por anos, deixados para apodrecer sob o sol da Flórida. — É lindo, — eu disse, e eu realmente quis dizer isso. Mesmo com algumas partes fortemente revestidas com crostas e outras caindo de volta para dentro da água salgada, transmitia uma estranha sensação de beleza. Quase como se eu pudesse imaginar como seria olhar para o longo cais se estendendo para a água. Os pilares onde os barcos atracavam estavam distantes, então eu não podia identificar quais os tipos de barcos estavam lá. — Isso deve ter sido um lugar bonito, — eu disse. Preppy largou o balde e as linhas. Ele soltou a minha mão, mas apenas para me girar no sentido oposto da água, até onde uma grande casa amarela de três andares aparecia por cima de um muro coberto de grama e trepadeiras. Estava no mesmo estado que a docas. As janelas emolduradas com madeira podre. As paredes rabiscadas e rachadas pela chuva e o sol constante das tardes de verão. — Uau, — foi tudo o que consegui dizer. — Sim, é muito foda, né? Foi construído na década de 1920, — disse Preppy. — Ela está abandonada há muito tempo. As crianças gostavam de desafiar umas as outras para passarem a noite dentro, porque o rumor é que ela era assombrada ou uma bruxa vivia lá ou algo assim. Eles estavam sempre inventando histórias diferentes. De qualquer forma, há alguns anos atrás, quando alguém e sua tia Tilly pensaram que poderiam fazer dinheiro no mercado imobiliário da Flórida, uma construtora a comprou com a intenção de demoli-la e construir um condomínio a beira-mar, mas o mercado financeiro subiu muito as taxas e ela está aqui ainda apodrecendo desde então. — Seria uma vergonha derrubá-la. Ela só precisa de uma reforma, — eu

disse, protegendo os olhos do sol. Eu só podia ver o segundo andar e o mato alto na parte de trás, mas se eu apertasse meus olhos fortemente, eu quase podia ver como a casa parecia ao mesmo tempo. Varandas ao redor onde uma família poderia sentar e almoçar com vista para o mar ou entreter os convidados. Uma sala de leitura ou sala de estar ocupava toda a área do sótão no terceiro andar, iluminada apenas pela luz do sol. — É verdade. Não existe outra casa como essa por aqui. — Quem você acha que viveu aqui? — Eu não tenho certeza, mas Thomas Edison e Henry Ford tinham casas de inverno não muito longe daqui, então talvez alguém que era próximo desse tipo de gente. É definitivamente possível. — Uau. Há um monte de história nesta cidade. — eu nunca soube disso. Lentamente, eu estava me apaixonando por Logan Beach. — Esta cidade não é exatamente histórica, embora histérica pode se encaixar muito bem. Eu ainda estava olhando para a casa, imaginando os barcos que devem ter atracado lá e quais pertenciam aos proprietários originais. Era um verdadeiro pedaço de perfeição sulina. Como uma fada do sul em um vestido sujo. — Uma coisa é certa, — disse Preppy. Olhei para ele amarrando pequenos ganchos na ponta de cada uma das cordas de nylon. — Quem viveu aqui, eles provavelmente não faziam isso. — E o queria exatamente isso? — perguntei. — Vou levá-la para almoçar. Mais ou menos, — disse ele, abrindo o pacote de cachorros-quentes e partindo alguns pedaços para depois colocá-los em um dos ganchos. — Mas nós temos que pegá-lo primeiro. — Preppy lançou o anzol na água lentamente. — Tem que ir no fundo, — explicou ele, amarrando a linha em uma das estacas, então repetindo o processo com as outras três linhas. — O que estamos pegando? — perguntei, sussurrando, como se tudo o que estava no cardápio pudesse nos ouvir e se assustar com as nossas vozes. Fui até o final do cais e olhei para dentro da água escura onde eu não conseguia ver nada, apenas marrom. — Você vai ver. — uma das linhas começou a se mover e foi quando percebi que o que Preppy estava pegando não seria pescado porque a linha não apenas puxou como se um peixe tivesse mordido a isca, mas parecia como se... estivesse indo embora? — Aqui, — Preppy me puxou na frente dele e seu peito estava colado em

minhas costas. Ele levantou a linha na minha frente para que eu pegasse, então eu peguei, mas ele não se afastou, apenas se inclinou, descansando o queixo no meu ombro. — O truque é puxá-lo lentamente, — disse ele, sua respiração fazendo cócegas no meu ouvido. Tentei me concentrar, mas eu podia sentir seu corpo, sua proximidade. Era como uma vibração ou um assobio baixo que ninguém mais poderia ouvir, ele estava tão perto que eu tive que morder o lábio para me impedir de empurrar de volta contra ele. — Lentamente, — ele repetiu, me arrastando de volta para a tarefa em minhas mãos. Fiz o que ele disse, cruzando as mãos sobre a outra, e puxando a linha para cima como Preppy tinha me mostrado. Preppy recuou por um momento, aparecendo novamente ao meu lado com o balde. Ele se agachou assim quando o rosto de uma coisa apareceu logo abaixo da superfície da água, olhando para mim. O rosto de um caranguejo. — Agora não se mova ou você vai assustá-lo, — sussurrou Preppy, imóvel como uma estátua. — No segundo que você pegá-lo da água, você tem que movêlo para o balde tão rápido quanto puder antes que ele se solte e caia de volta na água. Concentrada em permanecer como uma estátua, eu não respondi. — Você pode falar, — Preppy sussurrou, tentando não rir. — Oh, sim. Entendi, — eu sussurrei. Lentamente, mais até do que antes, eu puxei a linha até que o caranguejo estava fora da água. Eu rapidamente pairei a linha sobre o balde, mas um pouco atrapalhada, então Preppy teve que se esquivar de ser atropelado pelo caranguejo, que soltou o cachorro-quente um pouco adiantado, então eu o esperei. Preppy colocou o balde no pilar e eu olhei para dentro, lá estava ele, um caranguejo que era um pouco maior do que a palma da minha mão. Ele circulou no fundo do balde, raspando as paredes de plástico com suas garras. — Uau, como você aprendeu a fazer isso? — eu perguntei, olhando para a minha conquista com espanto quando ele se virou com as garras para o ar. Preppy não respondeu de imediato, então quando eu olhei pelo outro lado do balde, o encontrei me encarando, a boca parcialmente aberta. — Preppy? — perguntei, e minha voz soou rouca e áspera. — Oh, — disse ele, voltando de onde ele tinha ido. — Um cara que King e eu costumávamos vender maconha quando éramos crianças nos ensinou. Teve um verão que comemos tantos desses desgraçados que tivemos que parar quando percebemos que começamos a cheirar como eles. — ele disse com uma risada, relembrando a memória. — Eles são tão pequenos, — eu apontei. — Não parecem ser suficientes para dois rapazes em fase de crescimento.

— Não são. Por isso que precisamos de mais, — Preppy disse, me puxando pela mão de volta para o final da doca. Pegamos sete deles antes de Preppy declarar que era o suficiente para o nosso almoço. Nós andamos para o que parecia ser uma cabana abandonada no meio de barracos de aparência semelhante. O cheiro de frutos do mar fritos flutuou do pequeno edifício fazendo meu estômago roncar. — Com fome? — perguntou Preppy, nos orientando para o pequeno espaço que só tinha algumas mesas incompatíveis e um velho refrigerador de Pepsi. — Morrendo, e você? — perguntei, surpreendida quando nós não pegamos uma mesa. Preppy continuou, passando pelo corredor até um pequeno cômodo, onde um enorme homem com cabelo grisalho estava de pé mexendo em uma panela. — Preppy, meu bom homem, o que você tem para mim? — ele perguntou, pegando o balde dos braços de Preppy. — Caranguejos de presente. — Preppy anunciou. O homem riu e colocou o balde no chão ao lado do fogão. — Este é o único momento em que os caranguejos servem como um bom presente, — disse ele. — Você os quer da maneira habitual? — É isso aí, — Preppy disse, me puxando pela mão para fora pela porta traseira. — Oh, e esta é Dre, — ele me apresentou no último minuto. — Esse é Billy. — Como Dr. Dre? — perguntou Billy. — Sim, ela tem uma irmã chamada Snoop, — Preppy disse, abrindo a porta de tela. Nós fomos para um pátio e sentamos em cadeiras amarelas na única mesa frágil que parecia que tinha estado apodrecendo sob o sol por algum tempo. Preppy se aproximou como se ele estivesse me estudando. — O que você está fazendo? — perguntei, me inclinando para trás, longe de seu olhar intenso. — Tentando decifrar você. — Hã? Eu? Por quê? Preppy apontou para o meu rosto. — Você tem olhos grandes e, embora eles sejam escuros como o inferno, eles ainda brilham de alguma forma. Você tem o cabelo obscenamente preto, tão negro que é quase azul, mas sua pele é apenas ligeiramente bronzeada. Qual a sua origem? Alguma pitada de espanhol? Oh! Asiática? Não, não isso. Caribenha, talvez? Barbados? Antígua? Nárnia? Eu balancei minha cabeça. — Nárnia? Esse lugar nem existe. É fictício.

— Você já esteve lá? — Preppy desafiou. — Não. — Então como você pode ter tanta certeza? — Eu acho que não existe. — Eu me retiro do caso. Eu ri. — Bem, real ou não, eu não sou... de Nárnia. A família de minha mãe é Inglesa, e o lado do meu pai é francesa. Preppy deslizou seus óculos de sol no nariz. — Então... você é uma garota branca? — Eu sou totalmente uma garota branca. Preppy suspirou. — Trapaceira. E eu aqui achando que estávamos iniciando algo inter-racial e essas merdas. — Decepcionante, eu sei. — E permanente. Depois de alguns momentos de silêncio confortável, Preppy falou novamente: — O que você está pensando aí, Doc? Eu posso ver suas engrenagens girando. Dei de ombros. — Você está sempre tão à vontade ao redor das pessoas. Você sabe, quando você não está me ameaçando ou tentando me ensinar alguma lição ou me arrastando para algum lugar. — E? — ele perguntou, engolindo em seco. — E eu estava imaginando como alguém... na sua profissão consegue ser tão relaxado o tempo todo. — E que profissão seria essa? — perguntou Preppy, se inclinando para mim e sorrindo como se estivesse tramando algo. — Você sabe qual, lidar com as drogas. — eu disse, me encolhendo quando a minha frase saiu tão estranha quanto eu me sentia. — Bem, Doc, eu posso te dizer que, apesar do meu trabalho com as drogas, a razão de eu ser assim sempre tão confortável é porque isso é da minha natureza. — Você não tem inimigos? Negócios que deram errado? Quero dizer, você anda armado, então com certeza deve estar preocupado com alguma coisa... — Você anda assistindo muitos filmes, Doc. Talvez eu deva usá-la para apontar em sua cabeça enquanto faço você gozar, — disse Preppy. Eu corei. — É

porque eu ando armado que não me preocupo. — ele olhou para a água. Um barco de pesca enferrujado flutuou lentamente até a doca. Um homem saltou para o cais, enquanto outro gritava instruções, atirando a ele uma corda. Uma brisa suave soprou algumas mechas do cabelo louro arenoso de Preppy ao redor de sua cabeça. Ele se virou para mim — E você está errada. — Sobre o quê? — Não é sempre que fico totalmente confortável ao redor das pessoas, — disse ele, travando seus olhos em mim. — Não qualquer pessoa. Essa menina que eu conheci... — foi então que Billy abriu a porta. — Saindo do forno! — anunciou ele, colocando um enorme prato de caranguejos quentinhos no centro da mesa. O prato não era realmente um prato quando olhei mais atentamente, mas uma tampa virada para baixo de uma lata de lixo de metal. — O que é esse cheiro incrível? — perguntei, me inclinando sobre o prato e inalando o aroma agridoce saindo dos caranguejos que ainda estavam fumegando. — Tempero Old Bay. Combina com qualquer tipo de marisco. Eu fiz a minha própria versão dele com um ingrediente secreto. — disse Billy. — Billy, eu odeio te dizer isso, mas quando você diz pra todos sobre isso, não é mais um segredo. E copiar um nome de uma marca não é exatamente uma criação original. Billy bateu no ombro de Preppy com o pano de prato. — Touché, meu amigo, — disse com uma gargalhada. Ele colocou a mão na parte de trás da cadeira de Preppy. — Escute, eu quero agradecer por me ajudar a recuperar os fogões de trabalho novamente. Eu estaria cozinhando caranguejos debaixo de uma ponte agora se não fosse por você fazer esse favor para mim. Eles estenderam as mãos e fizeram o aperto de mão secreto que todos os homens conhecem; aquele que termina com um meio abraço e um tapa nas costas. — Não podia deixar o meu chef favorito sem uma cozinha, quem iria me alimentar? — Oh, eu não sei, talvez uma das dúzias de velhinhas que fazem tudo o que você quer. Talvez Grace. Talvez uma das prostitutas do clube, — disse Billy com um sorriso. Ele se virou para mim. — Desculpe pelo linguajar, senhora. Me refiro às madames que estão associadas com os Beach Bastards. — Não se preocupe, — eu disse, decidindo naquele exato momento que eu gostava de Billy. — Cara, eu não faria isso com você, — disse Preppy. — Nenhuma delas

prepara frutos do mar como você. Ninguém. — Preppy estendeu a mão e pegou um caranguejo, colocando-o em um prato, entregando-o sobre a mesa para mim. Billy deu a ele um olhar compreensivo. — Então estamos bem? — perguntou Preppy, acrescentando: — Não é você, sou eu? — ele ergueu os braços em sinal de rendição quando Billy o golpeou novamente com o pano de prato. Ele agradeceu Preppy novamente e voltou para dentro, assobiando junto com uma música de Billy Joel tocando através do pequeno rádio no chão, que também era usado para manter a porta aberta. — Eu quase me esqueci de dar isto, — disse Billy. Aparecendo na porta e jogando dois martelinhos amarelos em formato de caranguejo sobre a minha cabeça e em cima da mesa. Eu bati com sucesso a primeira parte do meu caranguejo e estava fazendo o meu melhor com o martelo para livrar o meu almoço de sua carcaça dura quando olhei para cima, congelando no olhar intenso de Preppy. — Isso parece delicioso, não é? — perguntei, tentando quebrar esse ar pesado entre nós. Preppy permaneceu em silêncio quando ele levantou um caranguejo da bandeja e colocou em seu prato. Então ele fez um show levantando dois dedos muito familiares à boca para chupar lentamente o tempero, assim como ele tinha feito antes. Minha calcinha molhou, instantaneamente. Eu segurei um gemido e limpei minha garganta, voltando minha atenção para o meu prato. — Você... você está com fome? — perguntei, tremendo, tentando soar inalterada quando meus mamilos endureceram através da minha camisa. Como se fosse uma sugestão, o olhar de Preppy caiu para o meu peito, se demorando ali, como se estivesse admirando o que ele tinha feito comigo. — Eu estou morrendo de fome.

Capítulo vinte e oito PREPPY Presente — Tem uma coisa que você não pensou, — eu disse, sentando de um jeito que seria menos doloroso. — Ah sim, e que porra seria essa? — perguntou Chop, cruzando os braços sobre o peito e se encostando à parede com um sorriso de merda no rosto. — Você é um sujeitinho fodido, — eu disse, fazendo uma pausa para aliviar a dor aguda nas minhas costelas. — É isso? — perguntou Chop, revirando os olhos. Eu balancei minha cabeça. — Não, você não me deixou terminar. — eu empurrei contra o chão e deslizei minha bunda contra a parede, indo até o canto. — O que você não compreende é que não há nada que você possa fazer comigo que ainda não tenham feito. Você é um amador. A porra de um bundão. Você acha que ameaçar foder a minha bunda vai me quebrar? — eu ri. — Pense novamente otário, porque o meu padrasto já teve essa honra. — Tudo o que está fazendo é me confirmar que você é lixo branco. Como se eu já não soubesse. Por que você não cala a boca e morre com um pouco de orgulho, — disse ele presunçosamente. — Pensando sobre isso, talvez eu devesse ligar e convidá-lo para uma visita? Quer saber o que ele anda aprontando por esses dias? — ele estava me provocando, usando o que eu disse a ele para tentar conseguir alguma reação minha. Pense outra vez, filho da puta. — Ele está apodrecendo no pântano onde o larguei, — eu disse sem vacilar, embora o tiro de dor através da minha espinha fosse incapacitante. O olhar de Chop caiu momentaneamente. Ele se afastou da parede e se ajoelhou ao meu lado. — Então você matou um homem? E daí? Eu deveria ficar impressionado? Você acha que alguma história patética sobre a sua infância vai me fazer me sentir mal, e depois? Você acha que eu vou deixá-lo ir? Eu balancei a cabeça, ou, pelo menos, eu acho que fiz, todos os músculos do meu pescoço estavam dormentes agora. — Não, o que você não parece entender é que tudo isso é inútil. Você pode estuprar a minha bunda e isso não vai me quebrar. Você pode continuar me torturando, mas o que você não entende é que metade dessa merda deixa o meu pau duro. Você pode me matar... — me inclinei mais perto e sorri. — Mas eu já estou morto, cadela.

Chop recuou e me chutou nas costelas com o bico de aço da bota, me enviando contra a parede ao meu lado, meus dentes batendo com a dor esmagadora que rasgou através do meu corpo. Chop saiu sem dizer uma palavra ou eu desmaiei de dor e não consegui ouvir seus últimos pensamentos sobre o pedaço de merda que eu sou. Independente disso, quando abri meus olhos eu estava grato ao descobrir que, mais uma vez eu estava sozinho. Exceto, é claro, pela mulher que não me dizia o nome dela. Eu deveria ficar feliz de não estar sozinho, mas cada palavra que saía de sua boca me fazia estremecer, e cada vez que Chop ia embora ela fazia um comentário. — Você sabe que provocá-lo não vai tornar as coisas mais fáceis. Eu aprendi essa lição da maneira mais difícil, — ela disse suavemente. — Oi? — perguntei, e quando ela não respondeu imediatamente, eu percebi que eu estava apenas ouvindo coisas, então eu fiz o que qualquer um cara perdendo a porra da cabeça faria e cantarolei uma música do Lionel Richie. — Olá? Você está me procurando? — eu cantei, agarrando minhas costelas porque cada palavra era como punhaladas no meu intestino, mas a canção precisava ser cantada ou alguma fada perderia suas asas ou algo assim. — Eu nunca gostei dessa música, — disse a mulher novamente, e desta vez eu tinha certeza que não estava ouvindo coisas. Era algo positivo. Tipo, quarenta por cento. — Ouça senhora, eu nem sei se você é real neste momento, mas se você existe mesmo, então eu vou perdoar o seu lapso temporário de julgamento quando se trata da grandeza que é o Lionel Richie. — Você nunca cala a boca? — ela disse, irritada. — Sim, eu só faço isso quando eu desmaio e a minha boca para de se mexer, — eu disse. — Não, na verdade não. Ontem você estava falando como se você fosse um locutor em algum tipo de competição, — ela bufou. — Provavelmente o Guerreiro Ninja Americano, sempre soube que eu me daria bem nisso. — eu me ajustei, tentando não quebrar meu cóccix sob o meu próprio peso. — Bem, agora que acabaram as brincadeiras, você finalmente vai me dizer o seu nome? — Nomes não são importantes, — disse ela. — Claro que são. Meu nome é Samuel Clearwater, mas meus amigos me chamam de Preppy, — eu disse, embora eu tivesse certeza que já tinha me

apresentado a esta cadela irritante. — Se você não vai me dizer o seu nome, você pode pelo menos descrever seus seios para mim, o tamanho e a cor do mamilo, se você quiser. Houve uma breve pausa. — Ele não vai te matar, você sabe. — Isso é... decepcionante? — eu disse, embora tenha saído como uma pergunta. Eu não quero morrer, mas ser torturado todo o santo dia não estava exatamente na minha lista também. — Chop acredita em controlar vidas, — disse ela, afirmando o óbvio. — Eu meio que percebi isso. Ele bateu a cabeça? — Não, você não entende. Há mais poder em controlar uma vida do que há em acabar com elas. Ao nos manter presos e vivos aqui como ratos, ele dita o modo como vivemos e quando morremos. E se surgir uma situação onde ele possa nos usar, ele vai atirar nossos cadáveres aos pés de quem ele está tentando intimidar, mostrando a eles o quanto de poder ele realmente tem. — Isso soa como algo muito trabalhoso. — Eu acho que você errou quando disse a ele que é mais fodido do que ele, — disse ela com um suspiro triste. — Ore. Medite. Se concentre em como era a sua vida antes de vir para cá, porque Samuel, — ela fez uma pausa. — você nunca vai ter aquela vida novamente. Eu não discuti com ela. Não apenas porque ela estava aqui há anos e eu achei que discutir com ela seria um desperdício de energia, mas porque em algum lugar no fundo da minha mente eu sabia que ela estava certa. Ela ficou em silêncio logo depois disso, e eu achei que ela caiu no sono naquele buraco que foi colocada. Sem nada para distrair a minha mente da tortura e da morte, eu fechei meus olhos e usei uma técnica simples de respiração e meditação que Mirna tinha me ensinado. Tomei algumas respirações profundas, bem, tão profundas quanto eu poderia sem engasgar até a morte, e tentei focar no que minha vida era antes de eu ser baleado. Eu era feliz. Eu tinha uma família. Eu tinha respeito. O que eu não tinha era uma máquina de lavar. Mesmo quando eu imaginei o elenco de personagens na minha vida, King, Doe, Bear, e Grace, havia outra pessoa lá longe, à distância, ofuscando todas as pessoas em minha frente. Ela estava olhando para a baía e de costas para mim. Seu cabelo preto soprando ao vento. Ela se virou de frente para mim, assim que eu cheguei perto, seus olhos escuros amoleceram quando ela me viu e seu sorriso puxou os cantos de seus lábios cheios. Quando ela falou, o meu coração bateu mais rápido e eu deslizei para um estado de dormência, cercado por suas palavras ecoando em

cada canto do meu cérebro e novamente senti o nó infinito do pesar. Fique comigo.

Capítulo vinte e nove PREPPY Quando a campainha tocou eu pensei que era Billy que estava trazendo alguns caranguejos frescos antes de eu saí para ver Dre. Eu queria distrair a mente dela de Mirna e que melhor maneira de fazer isso do que um bom jantar caseiro de frutos do mar, seguido por meu rosto entre suas pernas, e minha língua profundamente dentro de sua buceta, por uma quantidade indeterminada de tempo? Quando abri a porta, não era Billy. Nem era um homem. Uma mulher estava na minha varanda, ela tinha o cabelo loiro na altura dos ombros e cheirava a laquê. Seus lábios pintados de rosa brilhante. Ela olhou para mim com grandes olhos dourados como se ela estivesse esperando que eu dissesse alguma coisa. — Você é a pessoa que bateu na minha porta, senhora, — eu disse, querendo saber o que diabos tinha feito Billy se atrasar. A mulher ajustou a jaqueta de manga curta combinando com sua calça branca, pulseiras de ouro deslizaram para cima e para baixo em seu pulso quando ela se mexeu, tinindo. Quando ela não disse nada e continuou a olhar para mim, eu levantei o volume da minha voz e falei lentamente, — Posso ajudá-la? — eu não tinha certeza se ela piscou. Eu sabia que eu era um espetáculo a ser visto, mas Deus, eu tinha coisas para fazer. Por cima do ombro vi um brilhante Cadillac branco. A janela da frente estava escurecida, então eu não podia ver ninguém lá, mas eu podia ouvir o motor ligado. A luz do sol fez a pedra no anel em sua mão esquerda brilhar e eu vacilei quando o feixe de luz me atirou diretamente na porra dos olhos. — Oh, eu sinto muito, — disse ela, escondendo a mão atrás das costas. — E sim, sim, você pode me ajudar. Mas a razão pela qual estou aqui é porque eu não irei te ajudar. — Mas me deixe adivinhar, Jesus pode me ajudar? — perguntei, me inclinando contra a porta. — Porque eu tenho que te dizer, senhora, você deve parar antes mesmo de começar, porque você está perdendo seu tempo comigo. Não importa que tipo de Deus você está vendendo hoje, eu não vou comprar. Eu não preciso ir à igreja para saber que eu sou um pecador e que existe um Deus lá em cima plenamente consciente de quem eu sou e não me feriu ainda. Então, a maneira que eu vejo, eu e Deus temos uma coisa boa acontecendo e você sabe como diz o ditado, não conserte o que não está quebrado. Eu fui fechar a porta e ligar para Billy para saber quanto tempo mais eu tinha que esperar por ele, quando a mão da mulher disparou e agarrou a porta antes que batesse. — Samuel! Espere! — ela gritou, e foi aí que o reconhecimento bateu em minha cabeça.

Não podia ser. Mas era. Abri a porta de novo, dando outro olhar na mulher a minha frente. — Mamãe? — Sim, Samuel, — disse ela com um pequeno sorriso. Feliz, eu percebi. — Sou eu. Eu já tinha tido alguns rompantes de ira em minha vida. Eu já me senti perdido. Eu tinha sido ferido. Mas eu nunca tinha sentido essa raiva assassina de agora, eu tinha certeza. Cerrei os punhos. O calor da minha raiva súbita ameaçando me cozinhar vivo. — Cai fora da minha propriedade, — eu assobiei, dando um passo para a varanda. Ela não tinha escolha a não ser descer para o primeiro degrau ou ser pisoteada. Eu olhei para ela com todo o ódio que tinha apodrecido na minha alma por anos. — Eu achei que você estivesse morta. — Eu não estou, — disse ela, as mãos tremendo. — Uma pena. — Eu... eu mereço isso, — disse ela, olhando para o carro onde um homem mais velho saiu abotoando seu casaco. — Mitch, está tudo bem. Nós estamos apenas conversando, — ela o chamou. — Não, não estamos. SAIA. AGORA! — eu exigi. — Esse é o meu marido, Mitch, — minha mãe disse, apontando para o homem. — Você sempre foi tão boa em me ignorar, — eu murmurei, sentindo uma pressão atrás dos meus olhos. Se ela não atendesse o meu aviso, as coisas iam acabar mal para ela. — Samuel, eu vou ser rápida. Eu prometo. Dois minutos, isso é tudo o que eu quero, — disse ela, levantando as sobrancelhas e esperando eu responder. — Você tem um minuto. Ela falou rapidamente. — Eu vim aqui porque é uma parte da minha reabilitação. Fazer as pazes com aqueles que eu prejudiquei ou magoei. — Não me admira que não a reconhecesse. Você está sóbria. Nunca vi você assim antes. E não precisamos fazer as pazes, não precisamos de nada, então dê o fora. AGORA. Ela deu mais um passo atrás, mas ainda não saiu. — Quatro anos agora. Quatro anos, eu estive sóbria.

— Parabéns, porra! Precisou de quatro malditos anos para se desculpar pela mãe de merda que você foi? — eu ri e me inclinei. — Desculpas não aceita. — Eu não sabia o que dizer a você há quatro anos. — Ah, mas você sabe agora? — perguntei. — Isso deve ser bom. Tudo bem, vamos ouvi-la, — eu disse, cruzando os braços sobre o peito e esperando ela continuar. — Sinto muito, Samuel. Eu era uma viciada. Ainda sou, porque isso é uma doença que nunca vai embora. Eu fiz algumas escolhas ruins e te machuquei. Eu nunca vou me perdoar e eu não espero o seu perdão. — Você me machucou? Você faz parecer como se tivesse passado por cima da minha bicicleta. Ela respirou fundo, e eu poderia dizer que ela estava tentando acalmar os nervos, porque suas mãos tremiam muito, juntamente com a sua voz. — Quando eu saí, não sabia onde você estava ou onde tinha ido. Eu não procurei por você. E por isso, eu sinto muito. Eu deveria ter cuidado de você. Eu deveria ter voltado para você. Eu nunca deveria ter te deixado, mas acima de tudo, eu não deveria ter desistido de você. Eu ignorei você como se você não existisse, eu não espero que você queira ter um relacionamento comigo, mas eu te agradeço por me deixar falar. Isto é para você, — ela disse, dando um pequeno pedaço de papel dobrado do bolso. Ergueu-o para mim, e quando eu não o peguei, ela o colocou aos meus pés e desceu os degraus. Quando ela chegou ao final da escada, ela se virou e seu salto fez barulho no cascalho. Ela tropeçou, segurando na grade para se endireitar novamente. Ela se endireitou, ajeitou sua roupa, e estava prestes a voltar para o seu carro. De repente, a raiva não era nem uma palavra. Eu estava além da raiva. Eu estava além da fúria. Eu era algo que existia em outro fodido reino e esta cadela não iria fugir com seu pedido de desculpas esfarrapado. — Vá se foder! — eu disse, pulando os degraus e pisando na frente dela, cortando-a do carro. — Se você vai pedir desculpas, então você precisa saber pelo que deve estar se desculpando, — eu disse, sentindo o fogo queimando as minhas narinas enquanto eu falava com os dentes cerrados. Eu poderia estrangulá-la, atirar no filho da puta no carro, e queimá-los em uma fogueira no quintal, e ainda dava tempo de preparar o jantar para Dre. Possibilidades. — Não pense que você vai aliviar a sua alma e seguir em frente caralho, quando eu nunca tive o mesmo privilégio por sua causa! — eu gritei. — Que porra você acha que estava acontecendo enquanto você fazia o que podia para me ignorar, hein? Você viu as contusões, então eu sei que você sabe sobre os

espancamentos, mas o que você não sabe é que, enquanto você estava muito ocupada esquecendo que você tinha um filho, Tim não esqueceu. Na verdade, Tim estava prestando muita atenção em mim. Muita. — eu estava bem em seu rosto quando eu acrescentei: — Ele me deu tanta atenção que ele sabia como eu gostava do seu pau empurrando em mim. Ele sabia o que me faria gozar antes mesmo que eu soubesse. — Nããão, — disse ela, arregalando os olhos, ela tentou dar um passo atrás, mas eu fechei a distância entre nós novamente. De jeito nenhum eu iria deixar ela ir embora antes de ouvir o que eu tinha a dizer. — Tanta atenção que ele sabia quão apertada minha bunda era, — eu continuei. Ela colocou os braços ao redor do seu estômago. — Tanto, que quando ele estava bêbado demais para gozar, ele me culpava, então me espancava até eu desmaiar. — Isso não é possível, — sussurrou ela, a mão cobrindo a boca. — É possível e essa porra aconteceu, — eu cuspi. — Uma e outra vez isso aconteceu, no quarto ao lado, sob o mesmo teto do caralho. Isso aconteceu por sua causa. Porque você não fez nada para impedi-lo. Porque você não estava lá ou não se importava. Então olha só, você não apenas me ignorou, você esqueceu que tinha um filho e me deixou nas mãos de um homem que eu desejava esquecer que eu estava lá. Ela balançou a cabeça em descrença, e, ou ela realmente não acreditou em mim ou ela estava processando o caminhão de cimento que eu tinha acabado de deixar cair sobre a sua cabeça. De qualquer maneira, era a cabeça balançando de um lado para lado que me empurrou sobre o limite que eu estava oscilando. Minha visão se tornou um borrão e eu não conseguia ver nada além do ódio que me cegou ou me fazer ver mais claramente do que eu já tinha antes. Eu puxei a minha arma na da frente da minha calça e empurrei o cano em sua testa. Ela caiu de joelhos. — Filho, espere! — o homem do blazer gritou, correndo até nós. Eu apontei minha arma pra ele e ele congelou. — Filho? — perguntei com uma risada. Olhei para baixo, para minha mãe, que estava choramingando. — Você pode realmente querer repensar sua escolha de palavras, filho da puta. Porque mamãe e eu não somos exatamente a mais amigável das famílias, então essa palavra me deixa um pouco inquieto. — eu pressionei o gatilho para mostrar o que eu queria dizer e Mitch parou atrás da minha mãe, erguendo os braços em sinal de rendição. — Abaixe essas fodidas mãos, cara, — eu cuspi. — Eu não estou te assaltando! Eu estou matando, não me entendam mal.

— Por favor. Não! — Mitch confessou. — Vá se ferrar, — eu disse a Mitch. Olhei para a mulher de joelhos na minha frente, suas calças brancas sujas pela calçada, e tudo o que eu queria era que ela sentisse o que eu senti. Vivesse como eu vivi. — Talvez eu chame um dos meus amigos motoqueiros para vir e foder sua bunda na frente do seu marido, — eu disse a ela. — Molestar você. Tomar o que você não quer dar. Foder o que você não quer que seja fodido, mas ao contrário de você, eu não vou te ignorar. Eu não vou virar as costas para isso. Eu assistirei. Vou torcer. E eu vou me alegrar quando dividirem você ao meio. Meu pedaço de merda de mãe chorou e estremeceu como naturalmente as pessoas fazem quando sabem que estão prestes a morrer. — Samuel, por favor... — ela implorou, sua maquiagem preta escorreu pelo rosto e parecia apropriado que ela estivesse chorando lágrimas sujas. — Sabe de uma coisa, mãe... — eu comecei, tirando o cano da arma de sua cabeça, e enredando-a em seu cabelo. — Para mim, você nunca pareceu melhor do que agora... na mira da minha arma. A Van de Billy parou no final da calçada e ele pulou para fora com o cooler em seus braços. Ele viu a cena na frente dele, olhando de mim para a minha arma, da minha mãe para Mitch, antes de parar atrás de mim. — Você não pode me matar, — minha mãe disse em um soluço. — Ele é... ele é uma testemunha. — Ah, é? — perguntei. — Ei Billy, coloque o caranguejo no meu freezer, ok? Eu vou entrar depois que eu cuidar desta situação. Billy assentiu. — Sem problema, cara. Você precisa de alguma ajuda com isso? — ele empurrou o queixo para a cadela em seus joelhos. — Eu tenho algum tempo antes de pegar as meninas para o futebol. — Eu estou bem, — eu respondi. — Tudo bem, então, — disse ele, se virando para a garagem e assobiando enquanto andava. Eu ajoelhei na frente da minha mãe e empurrei a arma debaixo do seu queixo, empurrando-o para cima para me encarar. — Algo me diz que ele não seria uma boa testemunha, — eu indiquei o assobio de Billy ainda ecoando pela a casa. — Eu não sabia, — minha mãe lamentou. — Eu juro que não sabia o que estava acontecendo. Eu juro. — Essa é a porra do problema! — gritei, ficando de pé novamente. Meu dedo

pressionando pesadamente contra o gatilho. Um pouquinho mais de pressão e todos os problemas terminariam. Ela estaria acabada. A carga sobre o meu peito seria aliviada. Só mais alguns segundos, e eu poderia acertar todas as coisas que ela fez de errado. Mas não importa se eu a matasse um milhão de vezes, eu não poderia voltar no tempo. Não poderia torná-la uma mãe melhor. Fazer Tim não molestar um garoto assustado e sozinho. — Vá em frente, eu mereço isso, — disse ela. — Nancy. Não. — disse Mitch, finalmente, baixando as mãos. Olhei para a preocupação estampada no rosto dele. O cara realmente parecia se importar com a cadela, e de repente senti meu estômago doer. Não porque eu não queria matála. Eu queria. Mas porque eu não iria. — Eu quero que você pense sobre o que eu disse. Espero que isso tenha se infiltrado em seu cérebro podre. Espero que lhe dê pesadelos quando você pensar nele grunhindo sobre as minhas costas enquanto você estava desmaiada no sofá. — minha mãe gritou e seus ombros sacudiram violentamente. — Ambos têm dez malditos segundos para entrar no carro e dar o fora da minha propriedade, antes de eu começar a disparar. Mitch, se certifique de que esta cadela fique bem longe, porque se eu descobrir que você chegou a vinte metros de mim, eu virei para você, e eu não me importo se há mil testemunhas ao redor. Vou colocar uma bala em ambos, mas antes de eu fazer isso, vou procurar seus amigos. Sua outra família. Qualquer um que seja próximo. Eu vou acabar com eles primeiro para que você saiba que eu estou vindo para você. Se você acha que eu estou brincando, tudo o que tem a fazer é cruzar comigo e você vai descobrir. Você tem dez segundos. — me debrucei ao lado dela e passei a arma pelo seu rosto. Oh, seria tão fácil. — CORRA CADELA! — gritei em seu ouvido. Ela tropeçou, caindo sobre o cascalho. Mitch correu em seu auxílio, pegando-a pelos cotovelos e praticamente arrastando-a para o carro enquanto corria e ela lutava para ficar em pé. Os pneus gritaram quando derraparam na calçada. Corri atrás deles, apontando minha arma, e disparei vários tiros no para-choque, antes de cair de joelhos na estrada. Quando o SUV ficou fora da vista, parecia que eles estavam sendo engolidos por um buraco negro que aumentou mais e mais até que eles tinham ido embora e não havia nada mais.

Capítulo trinta DRE Quando Billy veio e me disse o que ele tinha visto na casa de Preppy, eu não perdi tempo e pulei no carro de Mirna. Foi a segunda vez que eu tinha estado atrás de um volante em anos, mas o pavor que eu sentia em relação à condução foi uma reflexão tardia, muito atrás do que me dizia que eu tinha que chegar a Preppy o mais rapidamente possível. Eu não tinha pensado muito sobre onde ele vivia, então eu não sabia o que eu estava esperando encontrar quando dirigi até o endereço que Billy tinha me dado, mas a enorme casa de três andares se elevando sobre as águas lisas da baía não era nada disso. Não havia muito tempo para eu ficar olhando, para o tapume precisando de reforma, ou o mato crescendo em volta, porque um barulho soou de algum lugar dentro da casa e eu saí do carro, deixando o motor ligado e a porta aberta. Tentei a porta da frente, mas estava trancada. Bati na tela, tocando a campainha várias vezes, mas a minha única resposta foi o grasnar de um pássaro numa árvore próxima. Tentei abrir a janela, mas não abriu. Eu saí da varanda e corri até a parte de trás da casa, dando dois passos de cada vez, perdendo meus chinelos no processo. A porta traseira não só estava desbloqueada, mas tinha sido deixada parcialmente aberta. — Preppy? — gritei, abrindo a porta com tanta força que bateu contra a parede com um baque. Corri de sala em sala, encontrando todas vazias. Tudo estava escuro e mofado, as cortinas fechadas e nem uma única lâmpada acesa. O cheiro de maconha e algo sinistro pairava pesado no ar. O tapete felpudo era velho e duro, apunhalando o fundo dos meus pés descalços quando eu corri pelo corredor, parando na frente de uma porta fechada quando ouvi um movimento lá dentro. — Preppy! — gritei, batendo com os punhos, mas não abriu. Quando não houve resposta, eu corri de volta para a cozinha e procurei por algo que eu poderia usar para desbloqueá-la. Peguei a faca de uma gaveta, mas a deixei cair quando meus olhos focaram sobre as banquetas no bar. Virei à esquina correndo, peguei uma delas e a arrastei pelo corredor. Eu não parei na porta, em vez disso usei cada gota de força que eu possuía para criar impulso e arremessar contra ela. Uma e outra vez eu bati as pernas do banquinho na porta, estilhaçando a madeira em torno do trinco até que eu fiz um buraco grande o suficiente para enfiar dois dedos através da madeira irregular, cortando minha pele quando eu senti o bloqueio e o abri. Eu não perdi tempo em abrir a porta. Tentei me preparar para o pior.

E o pior foi exatamente o que eu encontrei. Um olhar nele foi o suficiente para perceber como eu estava enganada. A faísca que eu tinha visto em seus olhos naquela primeira noite não foi o sinal de um monstro. Não era o brilho de um homem mau. Era um aviso. Um aviso de que ele tinha sido ferido e nunca tinha se curado. Foi a raiva e o medo do seu passado espreitando um pouco além da superfície, esperando por ele finalmente quebrar. E quebrar foi o que ele fez. O quarto estava escuro, exceto pela lâmpada verde na mesa de cabeceira e um abajur de leitura pequeno no chão, piscando. Preppy estava andando pelo quarto, sem camisa. Seus jeans estavam abertos e pendurados em seus quadris, seu cinto desafivelado. Seu cabelo estava todo desgrenhado. Ele carregava uma garrafa de uísque pelo gargalo em uma mão, um cigarro aceso na outra. — Por quê? — perguntou ele, a dor em sua voz cortando através de mim, mais afiada do que qualquer faca. Ele chutou a porta do armário com o pé, enviando-o para fora das dobradiças. — Preppy, — eu disse suavemente, dando um passo hesitante na direção dele. — Preppy, sou eu. Dre. Doc. — eu parei no pé da cama enquanto ele continuava a andar, e, embora eu estivesse lá, era como se ele não pudesse me ver, os olhos vidrados. Ele deixou cair o cigarro sobre o tapete, e imediatamente eu pisei nele com o pé antes que pudesse pegar fogo. Ele jogou a garrafa em direção ao banheiro onde ela quebrou o espelho em pedaços, enviando cacos de vidro ao redor. Ele empurrou seu jeans para baixo e tomou seu pau mole na mão, acariciando para cima e para baixo com raiva. — Preppy. Sou eu, — eu disse de novo, dando mais um passo em direção a ele. Não havia nenhuma maneira do caralho de que eu ia deixá-lo nessa condição. Eu iria encontrar uma maneira de arrastá-lo para fora disso ou nós desceríamos juntos. — Vá embora, — ele gritou, e sua voz era um grito estrangulado. Ele caiu de joelhos, se apoiando com uma mão no tapete enquanto ele continuava a se acariciar furiosamente, rosnando em frustração até que, finalmente, ele se levantou e saiu da calça jeans. — Eu não vou a lugar nenhum, Preppy. Ele andava pelo quarto, gritando para as paredes. Ele derrubou a mesa. Ele andou de volta para a cabeceira, onde ele se inclinou e cheirou três carreiras de cocaína em uma fileira. Ele correu até o armário e saiu empunhando uma grande

faca, esfaqueando o drywall e cortou até o rodapé com os dentes arreganhados e seu rosto em dez tons de vermelho. Seus dedos estavam brancos. — Eu era um bom menino! — ele gritou. — Garotos maus usam calças enrugadas. Garotos maus usam camisetas e jeans rasgados. Eu era um bom rapaz. Sem rugas nas roupas, porra. Eu era um menino tão bom! — ele gritou enquanto seu punho socava através da parede. Preppy estava nas garras do seu próprio inferno pessoal e eu não tinha ideia de como arrastá-lo de volta para fora. — Foda-se! Foda-seeeeeeeeeeeeeee, — ele gritou para o teto, batendo a cabeça contra a parede de novo e de novo, tão duro que sua sobrancelha abriu e sangue escorreu por seu rosto, quase acertando seu olho. — Não faça isso! — gritei. — Pare! Pare! — eu chorei, saltando em cima de uma mesa de café que foi jogada contra a parede. — Morra, filho da puta! Você está morto, apenas morra, seu idiota maldito! — ele gritou de novo, os tendões apertados no pescoço e as veias em seus braços aparecendo na superfície da pele. Estendi a mão para ele, agarrando seu rosto de ambos os lados e o puxei para mim. As consequências que se danem. Ele deu um tapa na minha mão e se afastou. — Você não vê? Ele me quebrou. Eu estou quebrado! — ele gritou. Seus olhos estavam vermelhos e sua voz rouca de tanto gritar. — E essa puta deixou isso acontecer! Ela deixou isso acontecer, porra! — Você está bem agora. Não está mais lá. — Mas eu estou! Eu estou sempre lá, caralho! — ele enfiou as mãos pelos cabelos e parecia que estava os arrancando. Ele girou em um círculo e caiu de joelhos novamente, puxando seu pau. — Não! — eu gritei, — Olhe para mim. — eu pulei para fora da mesa de café e fiquei de joelhos, apertando minha testa na dele. — Samuel Clearwater, você é um bom homem. Vejo isso em você. Todo mundo vê isso em você. Não deixe que ele tire isso de você. Preppy olhou diretamente para a parede. — Eu o odeio. Eu a odeio. Eu os odeio pra caralho. — Eu também, — eu disse, não percebendo que eu tinha começado a chorar junto com ele. — Eu também, — eu repeti, porque eu realmente quis dizer isso. — Eu odeio esse homem e o que ele fez com você. Se ele ainda estivesse vivo eu mataria o filho da puta e se eu estivesse aqui quando ela veio, eu não teria parado se você tentasse matá-la.

Preppy se levantou abruptamente, me jogando novamente de bunda no chão. Ele bateu as palmas das mãos abertas contra a parede, e deixou cair sua testa contra ela, o sangue em sua sobrancelha manchando a pintura azul claro. Eu me levantei e novamente saltei sobre a mesa de café, precisando da altura, a fim de me colocar no seu nível. Peguei seu rosto novamente e quando ele tentou puxá-lo para longe, enfiei os dedos em suas bochechas e puxei mais forte, até que ele não teve escolha, a não ser olhar para mim. — Vá embora, ou eu vou te machucar, — disse ele, os olhos esbugalhados. — Então me machuque. — Preppy estava olhando diretamente para mim, mas ele estava olhando através de mim. — Me machuque. Me deixe deixar as coisas melhores para você. O puxei para mais perto e senti seu pau endurecer contra a minha coxa. — Eu... — ele começou, lutando com as palavras e seus sentimentos, e incapaz de expressar o que ele precisava, mas felizmente eu já sabia. — Está tudo bem, — eu assegurei a ele, puxando-o para trás. — Você precisa de mim? — Sim, — ele engasgou. — Eu preciso de você. Tanto. — Então me use, — eu disse, colocando cada pedacinho de determinação que eu tinha em minha voz. — Eu quero que você me use. — eu dei um passo para trás e levantei minha camisa sobre a cabeça. Eu soltei meu sutiã e o joguei no chão. Dei um pulo para fora da mesa e fiquei no meio do quarto, meus seios expostos. Eu desabotoei meu short e os olhos de Preppy vagaram pelo meu corpo. De onde eu estava ele parecia um demônio, uma gárgula no alto de um castelo. O luar da janela atrás dele lançando-o em uma sombra sinistra. Preppy saltou e andou até mim como um animal enlouquecido. Ele agarrou meus quadris e me girou, me empurrando contra a parede, minha bochecha bateu com um baque doloroso. Ele puxou a minha bermuda e calcinha, e então ele estava em mim. Seu peito contra minhas costas. Uma mão agarrando meu peito e a outra entre as minhas pernas. Isto não era sobre mim ou o meu prazer. Isto não era sexo. Isto era um exorcismo. Mas no segundo que seu dedo bateu sobre as minhas dobras, eu fiquei molhada. Tão molhada que eu sabia que os dedos de Preppy tinham que estar encharcados. Ele rosnou, empurrando seu pau contra as minhas costas. Abrindo minhas pernas, ele alinhou seu eixo contra a minha buceta. Ele agarrou um punhado do meu cabelo e puxou com tanta força que senti alguns cabelos arrancarem do meu couro cabeludo. Envolvendo a outra mão ao redor da

minha garganta, ele avançou, empurrando para dentro de mim, como se estivesse empurrando para a sua salvação, forçando em mim, gemendo e grunhindo até que ele estava todo dentro de mim, tanto quanto o meu corpo iria deixá-lo. Ele apertou minha garganta, e embora eu ainda conseguisse respirar, eu comecei a ver estrelas quando ele começou a sair de mim lentamente, empurrando de volta como se estivesse me punindo. Não houve preliminares. Nenhuma doçura. Não havia nada além de nós naquele quarto. Preppy estava assombrado e eu estava disposta a deixar ele me foder até a morte, se isso significava que ele estaria livre do demônio dentro dele. Isso machucou. Mas com a dor veio um prazer que eu nunca esperei; um raio dissonante que fez minha buceta apertar seu pau mais e mais enquanto ele me fodia cada vez mais duro. Furiosamente, ele bateu em mim, batendo meu rosto contra a parede, apertando minha garganta fortemente. Meu prazer se intensificou quando ele bateu em mim uma última vez e eu gozei e gozei, e gozei, então Preppy puxou para fora. E quando ele gozou, ele gritou e gritou: — Foda-se ele. Foda-se todos eles. Foooooda-seeeeee! — ele abriu minhas nádegas, e jatos quentes jorraram por toda a minha buceta recém-fodida, enquanto ele continuava a apertar minha traqueia, até que tudo começou a se desvanecer. — Doc? — a voz de Preppy soou a milhas de distância. — Doc! — gritou ele, e de repente a escuridão desapareceu e a parede azul entrou em foco novamente. Ele me virou e me agarrou pelos ombros. Ele olhou para mim como se só agora percebesse que eu estava lá. Suas pupilas estavam mais dilatadas ainda, uma tonelada de cocaína faz isso a uma pessoa, mas agora eles estavam focados. Intensos. — Doc? — ele perguntou de novo, me levantando em seus braços. Ele me levou até a cama e me deitou, subindo sobre o colchão ao meu lado e me puxando contra seu peito. — Você está bem? — ele perguntou. — Sim, — eu disse, ainda recuperando o fôlego. Ele se abaixou sobre o colchão, descansando sua bochecha contra o meu estômago, espalhando o sangue na sobrancelha em minha pele. — E você está? Ele balançou a cabeça contra mim. — Eu acho que nunca estive bem, — ele admitiu. Seus ombros subiam e desciam. Suas inspirações eram erráticas, e foi aí que eu percebi que ele estava em silêncio soluçando contra mim. Ele passou as mãos firmemente em torno das minhas coxas, como se estivesse segurando sua preciosa vida. — Ele me fez esse monstro. Eu estou doente e retorcido, e é porque ele não conseguiu manter suas malditas mãos para si mesmo! — Ele já morreu, ele está morto, — eu o tranquilizei, alisando o cabelo para trás de seu rosto.

— Ele está morto, mas ele não se foi, — ele apontou para sua cabeça. — Aqui dentro, aquele filho da puta está muito vivo. Pressionei minha mão sobre o coração que estava batendo a mil por minuto. — Ele não está aqui, e isso já é alguma coisa. Preppy olhou lentamente para cima com os olhos vermelhos, pó branco saindo de suas narinas. — Não há espaço para ele lá dentro, — disse ele, apoiando o queixo no meu estômago. — Porque você está lá, e mesmo sendo essa coisinha, você ocupa a porra de um monte de espaço. Meu coração aqueceu com a sua admissão, mas poderia ser a sua dor falando. De qualquer maneira, isso me deu um lampejo de esperança de que ele poderia sair das profundezas e superar os seus demônios. — Eu preciso cuidar disso, — eu apontei para a sua testa, onde o sangue tinha parado de escorrer da ferida, mas ainda precisava ser limpo e coberto. Fiz um movimento para me levantar e ir buscar a toalha e um bandaid, mas ele me parou. — Não, não vá, — suplicou, agarrando minha mão e pressionando a palma em sua bochecha. Ele então apertou a sua mão no espaço entre os meus seios. — Eu estou aqui? — ele perguntou. Não havia como negar que Preppy estava lá. Não mais. Não depois disso. — Você está. — Sinto muito, — disse ele, e vindo de um homem que não se desculpava, significava tudo. — Não há nada para se desculpar, — eu disse, porque não havia. — Eu queria você também, — eu admiti. Preppy olhou para mim com os olhos brilhando, suas pupilas do tamanho da lua. — Eu sei o que vai me fazer sentir ainda melhor, — disse ele, me soltando. Ele subiu sobre o meu corpo, seu rosto pairando sobre o meu. E era ele segurando a minha cabeça em suas mãos enquanto olhava para mim, os polegares traçando levemente meus lábios e bochechas, seus dedos enfiados no meu cabelo. — O quê? — perguntei. Ele se abaixou em cima de mim, a ponta do seu nariz escovando a minha. — Isto, — ele disse, pressionando os lábios contra o meu no mais suave e mais exigente beijo que já existiu. Ele abriu a boca e eu segui, gemendo dentro dela quando nossas línguas finalmente se tocaram. A suavidade logo se transformou em paixão furiosa quando ele moldou seus lábios nos meus, e eu sei que ele

estava me dando tudo o que tinha naquele beijo, porque eu senti tudo. Sua frustração, sua tristeza, sua dor, seu desejo, sua raiva, sua confusão, mas havia algo mais ali. Algo mais forte. Mais poderoso. Mais tudo. Acima de tudo, eu senti o seu amor. Ele disse que não poderia ficar comigo. Isso não significava que eu não era dele.

Capítulo trinta e um PREPPY Mesmo quando Dre estava no seu pior, uma viciada à beira do suicídio, ela ainda era uma pessoa melhor do que eu jamais seria. Eu sabia disso agora, mais do que nunca. Ela não precisava vir em meu socorro, mas ela fez. Ela me salvou de mim mesmo e sacrificou a sua própria segurança e felicidade pela minha. Eu também sabia agora, mais do que nunca, que eu queria ficar com ela. Infelizmente, eu também sabia que agora, mais do que nunca, que eu não podia. Eu não sei exatamente quanto tempo ficamos lá na minha cama, trancados no meu quarto. Por dias nós nos levantamos apenas para comer ou tomar banho. Nós fodemos, assistimos tv e fodemos um pouco mais. Eu não poderia conseguir o suficiente de Dre ou da buceta dela apertada pra caralho. Eu passei meu tempo entrando e saindo em cada buraco do seu corpo. Saímos de casa apenas uma vez, para ir até a casa de Mirna para que Dre pudesse pegar algumas coisas, e depois visitamos Mirna, que ainda estava em uma condição estável. Voltamos para a minha casa, onde ela me ensinou como fazer panquecas corretamente, usando uma das receitas de Mirna e vestindo somente um avental vermelho... e nada mais. Eu não sou um homem religioso, mas eu vi Jesus quando eu provei essas panquecas e quase chorei quando a delícia macia tocou meus lábios. Jurei então que nunca mais faria panquecas de caixa. E então eu a inclinei sobre o balcão e fodi a minha gratidão nela. Não havia nenhuma maneira de reembolsá-la pelo que ela fez para mim, de jeito nenhum um ‘obrigado’ iria transmitir com precisão o quanto eu apreciei ela me arrastando de volta da escuridão que a visita da minha mãe tinha me enviado. Então, em vez de usar as minhas palavras, eu a arrastei de volta para minha cama e usei o meu pau. Meus dedos. Minha boca. Minha língua. Eu a fiz gozar com tudo o que eu tinha, até que meu pau era uma máscara profunda de roxo e prestes a estourar com a necessidade, antes de eu sequer pensar em fazer cócegas na sua caverna de mulher com a minha carne de homem. Nós fizemos outra coisa que eu gostava. Nós conversamos. Nós falamos sobre quase tudo. A família dela. Sua escola. Livros. Filmes. Eu descobri que ela tocava violino na sexta série e ela quase não conseguiu me impedir de ir até uma loja 24 horas no meio da noite para lhe comprar um, porque a imagem dela tocando nua para mim foi difícil de esquecer.

Vendo seu rosto se iluminar quando ela narrou como em Anchorman foi um nível inteiramente estranho pra mim novamente. Eu sabia que precisava esclarecer as coisas com ela. Tudo tinha mudado. Os sentimentos que eu tinha por ela eram mais do que amizade, e mais do que amigos que fodiam. Éramos apenas... mais. Ela merecia saber a verdade sobre o seu pai e eu planejava contar a ela. Mais tarde. Ela também precisava de reabilitação. Uma reabilitação adequada. Mas, em vez de trazer o que inevitavelmente iria nos separar, eu fiz o que eu sempre fiz. Eu fui egoísta. Eu saboreei cada momento com Dre, embora eu soubesse que estávamos com o tempo esgotando. Não havia melhor lembrete de como o tempo era curto quando a realidade me puxou, sob a forma de motores de motos rugindo, chacoalhando as paredes como um trovão profundo. Eu sabia que não havia muito tempo. O que eu não sabia era que o tempo já tinha acabado.

Capítulo trinta e dois DRE Preppy desceu a escada quando ouviu as motos e me disse para ficar parada, e assim eu fiquei. Mas quando eu saí do chuveiro e percebi que uma hora já tinha passado e ele ainda não tinha voltado, eu vesti algumas roupas e desci para encontrá-lo. Eu desci as escadas com os pés descalços. Meu cabelo penteado para trás, ainda molhado do chuveiro, umedecendo o tecido apertado da blusa branca e fazendo meu sutiã vermelho visível por baixo. Quando eu abri a porta de trás e a música me bateu primeiro, eu percebi que os motoqueiros não tinha perdido tempo. A festa já estava em pleno andamento. Homens de couro estavam por toda parte. Mulheres de topless espalhadas ao redor. Risos e dança cercando a fogueira furiosa no centro do pátio. Um gigante com cabelo loiro deu um passo na minha frente, obscurecendo a minha visão da festa lá embaixo. Ele parecia muito com um viking tatuado. Seus olhos azuis eram os mais brilhantes que eu já vi. — Ei, linda, — ele disse, com um lento sotaque sulista. Ele olhou para a casa e depois de volta para mim. — Alguma razão especial para você achar que é permitida sua entrada lá? A casa está fora dos limites. Somente a festa aqui fora. — ele fez um gesto com o polegar por cima do ombro para o pessoal lá embaixo. — Eu estava trocando de roupa, — eu expliquei. Fiquei momentaneamente surpresa por este estranho estar me questionando de eu estar lá dentro. Por que ele estava ali? — Na casa? — perguntou ele, como se ele ainda não pudesse acreditar. — Uh... quero dizer... sim, — eu disse, sem saber por que ele estava tão confuso. Isso foi quando o reconhecimento me bateu. Eu nunca o tinha visto antes, mas não havia dúvida de quem ele era pela descrição de Preppy. Mas antes que as palavras ‘você deve ser Bear’ escorregassem da minha boca, as mãos de Bear estavam em mim, me batendo no chão. — Você roubou algo de lá? — ele perguntou, correndo as mãos sobre a minha saia e pela lateral da minha blusa. Ele não parou quando chegou aos meus seios, apertando-os com força. — Não! — eu disse, afastando-o e batendo sua mão. — Fui convidada por Preppy, imbecil. Antes de tão rudemente me revistar, eu estava prestes a te dizer que eu sei quem você é. Você é Bear, amigo de Preppy, certo? Bear assentiu e ficou em silêncio por um momento. Ele me olhou de cima e

abaixo, seu olhar persistente sobre as cicatrizes em meus braços. — Desculpe, linda, — ele finalmente disse, estendendo a mão. Aceitei e ele me puxou contra a enorme parede de seu corpo. — Eu sei quem você é também. — de repente, seu cenho se transformou em um sorriso. Ele passou o braço por cima do meu ombro como se fôssemos velhos amigos. — Você me conhece? — Preppy lhe tinha dito sobre mim? — Bem, é ótimo finalmente te conhecer, Bear, — eu disse, esticando meu pescoço. — Igualmente, — disse ele. Eu sorri como uma menina de escola. Meu rosto ficou vermelho e meu coração acelerou. Eu me senti quase tonta. — Prep disse que você se daria bem com os Bastards. Não se preocupe com nada. Nós tratamos todas as nossas meninas muito bem. Você vai amar a vida no clube. Festas, fodas, drogas, mais fodas. Não há nada melhor do que viver no clube. Que diabos? — Eu sei que os irmãos vão gostar de você porque eu já gostei. — ele se inclinou e cochichou no meu ouvido, — hoje à noite podemos até ter uma festa particular antes de conhecer os meus meninos. Se familiarizar. — Espere, — eu disse, dando um passo para trás e lembrando de seu comentário anterior. — Preppy disse que eu... — eu comecei, quando tudo começou a fazer sentido. Fui interrompida, como se ele soubesse o que eu ia dizer. Ele não sabia. — Preppy pode assistir. É a coisa dele. — ele se inclinou e roçou o nariz contra a minha orelha. Eu estava muito cheia de raiva para me afastar, mas ao mesmo tempo queria bater com o joelho nas bolas de Bear. Felizmente, alguém perto da fogueira chamou o seu nome. — Eu já volto, — disse ele, e com um tapa na minha bunda, ele desceu pelo quintal em direção à fogueira. Eu era uma garota estúpida. Preppy tinha me dito varias vezes que ele não podia ficar comigo. Ele nunca disse nada sobre me mandar embora.

***

PREPPY — Obrigado por recomendar à engraçadinha, — Bear disse, chegando perto de mim e acendendo um cigarro. — Ela é gostosa, um tipo estranho de beleza,

mas gostosa. Aposto que até a buceta dela é bonita também. Disse a ela que você gostava de olhar e ela pareceu de boa. — Espera, de quem diabos você está falando? — perguntei. Eu desci para mandar Bear ir se foder e tirar seus motoqueiros de lá quando eu recebi um telefonema da prisão do estado da Geórgia. Era King e a notícia não era boa. Sua sentença de 2 a 5 anos tinha mudado para de 3 a 6. Tudo o que eu queria depois de terminar essa chamada era voltar para a cama com Dre. — Eu estou falando sobre ela, — disse Bear, apontando pelo quintal. Para Dre. PORRA. Foi quando me lembrei da nossa conversa e imediatamente lamentei ter aberto a porra da minha boca. Esta noite foi demais. Eu tinha que levá-la para longe destes motoqueiros do caralho. — Você não tem um clube para fazer suas festas? — Enjoei de lá, — foi toda a explicação que Bear deu para a invasão súbita, embora não tenha sido a primeira vez. — Além disso, o meu lugar aqui é melhor. — o que era verdade. Seu apartamento construído na garagem era dez vezes o tamanho do seu quarto no clube. — Mas você precisava trazer todo mundo? — Porra, não sei por que você está todo chateado. Achei que você iria gostar de estar conosco depois de ficar tanto tempo sozinho com seus pensamentos loucos e sua pornografia. — King pegou mais um ano. Algum tipo de briga, — eu disse em uma expiração. — Porra, cara. — ele apagou o cigarro e olhou através do pátio para Dre, observando cada movimento seu. De repente, eu tive vontade de empurrar meus polegares em suas órbitas. O cabelo preto de Dre ainda estava molhado e penteado para trás, deixando sua testa limpa. A mancha molhada formada no meio das costas de sua camisa branca, expondo a alça de seu sutiã vermelho. Ela tomou um gole de um copo vermelho, enquanto conversava e sorria para um dos prospectos dos Bastards. Algum jovem garoto que estava prestes a conhecer seu fim rápido e apressado se ele ousasse tocar a minha menina. Minha menina? De onde diabos veio isso? Como se ela nos sentisse olhando, ela olhou por cima do ombro e eu encontrei dois familiares olhos castanho-escuros.

Correção. Olhos castanho-escuro, irritados-pra-caralho. Bem, ela não era a única que estava com raiva. — Não há merda nenhuma que possamos fazer sobre isso, cara, — disse Bear. — Embora, eu estou pensando que uma foda vai me fazer algo bom. Eu rangi minha mandíbula quando o prospecto se inclinou para sussurrar algo no ouvido de Dre. Talvez quando ela me deixou foder a minha loucura para longe, de alguma forma consegui foder o senso comum dela, porque quando ela se inclinou para trás e riu de tudo o que o filho da puta disse, vi vermelho. Eu apertei minha mandíbula dos dois lados, mais uma vez. Eu iria foder o bom senso de volta nela. Bear estava prestes a perguntar por que eu estava arrastando sua nova BBB pelos cabelos para dentro da casa, quando Wolf se aproximou e sussurrou em seu ouvido. — O dever me chama, — Bear disse, apontando novamente para Dre. — Eu vejo o jeito que você está olhando para ela. Não comece sem mim. Quero fazer parte disto. — Bear engoliu de uma vez a dose que Wolf passou para ele. Com um tapa nas minhas costas, ele desapareceu com Wolf pelas sombras e foi para o carro, onde três de seus irmãos estavam esperando por eles. Eu não perdi tempo e me lancei em direção a Dre e quando ela me viu chegando, seus olhos se arregalaram e sua boca se abriu. Quando ela percebeu o erro em mostrar suas emoções, ela desceu uma máscara sobre o seu rosto, mas era tarde demais. Eu já tinha visto o medo e o meu pau já estava duro por causa disso. Eu não podia culpá-la. Ela deveria ter ficado com medo. MUITO medo do caralho.

Capítulo trinta e três DRE — Que porra é essa? — eu gritei quando fui levantada pela cintura e jogada sobre o ombro de Preppy. Ele andou para a escuridão, longe da casa. Ele me levou pela garagem, passando pelos carros, em seguida, através de outra porta na parte de trás, o que levava a um pequeno apartamento desarrumado. Bati meus punhos em suas costas e gritei para ele me colocar no chão. Preppy chutou a porta e me puxou do seu ombro pela cintura, minhas costas bateram contra a porta enquanto eu tropeçava em meus pés. Preppy afrouxou a gravata-borboleta, em seguida, fechou a distância entre nós. Seu corpo pressionado contra o meu. Seu joelho entre as minhas pernas não deixaram muito espaço para escapar. Eu odiava que meu corpo não entendia sua reação a ele, minha calcinha umedecida não era bem-vinda. Ele não entendia que eu estava com raiva. Tudo o que entendeu foi que Preppy estava perto e por causa disso, meu clitóris vibrava de emoção quando o que eu realmente queria era surrá-lo. — Que porra você acha que está fazendo lá fora, com aquele garoto? — Preppy rosnou. — Espera? Você está puto... comigo? — perguntei, com incredulidade. — Você não tem permissão para ficar puto. Eu sou a única que está puta, porra! — eu assobiei, tentando sair da porta, mas Preppy colocou as mãos em ambos os lados da minha cabeça e empurrou seu corpo duro contra o meu. Seu hálito fresco em meu rosto. Seus olhos irritados olhando para os meus. Eu ri. Eu ri, porque toda a situação era tão ridícula que era engraçada. Eu parei de rir quando Preppy me prendeu com os quadris contra a porta. — O que é tão engraçado, porra? — ele rosnou. Eu estava tão cansada de ser a garota estúpida que não fazia nada além de tomar decisões estúpidas. — Eu sei que você pensa de uma forma diferente do que a maioria das pessoas, Preppy, e honestamente é uma das coisas que eu amo sobre você. Mas eu nunca pensei que depois de tudo você pensaria que era uma boa ideia ser o meu cafetão para o seu clube. Preppy rangeu os dentes, o rosto ficou vermelho de raiva. — Me deixe refrescar a sua memória. Eu sou uma viciada. Uma viciada. Eu não sou uma puta. Sua ou de qualquer outra pessoa, — eu disse. — É aí que você está errada, — Preppy alcançou entre as minhas pernas e acariciou meu clitóris sobre a minha calcinha. — Porque você poderia estar à

milhas de distância, — ele foi para minha buceta, acariciando-a com dois dedos, — e essa buceta ainda seria minha. E, aparentemente, você achou que era uma boa ideia, porque a porra do Bear quer transar com você esta noite e me convidou para vê-lo fazendo um teste em você para o clube. — os tendões do seu pescoço apertaram. Ele empurrou os quadris para frente para enfatizar seu ponto, pressionando sua ereção enorme diretamente contra o meu clitóris. Meus quadris empurraram involuntariamente e eu fechei os olhos, brevemente, para tentar me recompor, invocando a minha raiva, enquanto o meu corpo traidor não queria nada mais do que me despir e foder tão duro que nem um de nós poderia lembrar por que estávamos com tanta raiva. Mas eu sabia o porquê, porque não havia nenhuma dúvida na expressão no rosto de Preppy. O olhar que me dizia tudo o que eu precisava saber e, embora as razões não fossem claras, a mensagem era. Este era o nosso fim. Reconhecer esse sentimento só me enfureceu mais. — Faz sentido, embora, desde que Mirna está se mudando para Sarasota em breve. Talvez eu vá vender a casa e morar no clube com Bear. Ver como é ser uma vagabunda, desde que você acha que eu sou tão boa no que faço. — eu empurrei meus quadris contra ele e ele assobiou por entre os dentes. — Afinal, não é como se você fosse ficar comigo. — foi bom jogar suas próprias palavras na cara dele. — Você está certa, — ele rosnou. — Eu não posso ficar com você. — ele chegou por trás de mim e agarrou a minha bunda. — Mas isso não significa que eu não vou foder você. — ele cobriu seus lábios com os meus em um beijo áspero que não tinha nada de desculpas. Aquele beijo era absolutamente detestável. Eu estava tão furiosa que eu podia ouvir os meus próprios dentes rangendo na minha cabeça, mas tanto quanto eu não queria beijá-lo, eu não podia deixar de beijá-lo. E quando ele abriu os lábios, eu não poderia não morder com força. Ele recuou e sorriu para mim. Ele lentamente lambeu a gota de sangue no canto da boca em uma sedução aos meus sentidos. Ele manchou minha bochecha de vermelho, em seguida, limpou o polegar na minha boca, reunindo mais uma gota de seu sangue. Eu não sei o que deu em mim, mas eu abri minha boca e lambi o sangue de seu dedo. Ele gemeu e me beijou novamente, desta vez mais duro, com mais paixão, mais ódio. Apenas MAIS. Dentes bateram contra dentes, bocas unidas, queixos com queixos e bochechas e pescoços, mãos percorriam nossos corpos como se nós não pudéssemos ter o suficiente. Nós mordemos e chupamos e lambemos e beijamos, até que nada mais existia, somente nós dois e o zumbido da saudade pairando no ar.

O sentimento entre nós zumbia mais alto do que o barulho do repelente de mosquitos instalado na janela da garagem. Preppy andou para trás, para a cama, me puxando para fora da parede e me arrastando com ele. Ele caiu sobre o colchão comigo em seus braços e eu não tive escolha a não ser ficar em cima dele, minha saia curta subindo pelas minhas coxas e expondo minha calcinha. Sentindo o pulsar na gigante ereção contra mim enviou uma sacudida de prazer diretamente através do meu núcleo e eu apertei minhas coxas em torno do seu torso, sentindo os cumes de seu abdômen contra minhas mãos quando arrastei meus dedos para baixo, até que agarrei sua camisa. Eu gemi alto, indiferente de quem poderia estar do lado de fora da porta. Se esta era a nossa última vez juntos, eu não iria segurar nada. Meus mamilos endureceram ao ponto de doer. Minha calcinha encharcada, minhas coxas tremendo com antecipação. Eu estava respirando com dificuldade, inalando seu aroma único, sabonete silvestre e fumaça de maconha, mais do que eu alguma vez tinha sido com a H. Por um tempo ele apenas olhou para mim, sua própria respiração ofegante, seu olhar tão intenso que mordi meu lábio e tive que desviar meus olhos. Ele me puxou de volta para encará-lo. — Olhe para mim, Dre. Há algo que eu tenho que te dizer. Algo que eu tive vontade de dizer desde a noite em que nos conhecemos. — eu prendi a respiração, esperando que ele pudesse corrigir o que aconteceu entre nós antes que fosse tarde demais. Escovando meu cabelo atrás da minha orelha, ele respirou, — Você tem peitos épicos. — eu lutei contra a vontade de rir quando percebi que ele mudou de ideia e decidiu não dizer o que estava em sua mente. Suas sobrancelhas se juntaram no meio da testa, enquanto ele continuava a olhar para mim. Ele moveu a mão do meu ouvido para trás do meu pescoço e me puxou para mais perto, inspecionando meu rosto como se estivesse procurando algo, mas eu percebi que estava errada. Ele não estava procurando nada. Ele estava me memorizando. Meu coração afundou. Me senti nua e exposta, embora eu estivesse completamente vestida. Tentei desviar o olhar, mas ele me segurou firmemente no lugar, seu polegar traçando a linha da minha mandíbula. Instintivamente, eu me inclinei para o seu toque. — Você realmente é linda pra caralho, Doc. — ele apertou sua mão no meu pescoço e me puxou para baixo, levantando minha cabeça para fora do colchão, me encontrando no meio do caminho e esmagando nossos lábios juntos. Preppy era engraçado, ultrajante, ridículo. Jamais eu poderia descrevê-lo como ‘suave’ antes desse beijo. No entanto, quando ele moldou seus lábios nos meus e sua língua entrou em minha boca e ele gemeu quando se enroscou com a minha, foi a primeira palavra que veio a minha mente. Suave, mas firme. Ele sabia o que queria do nosso beijo e ele tomou isso, assim como ele queria e ele me possuiu. Seus dedos emaranharam no meu cabelo quando fiquei completamente em cima dele, meus seios pressionados firmemente contra o seu peito duro. Ele era incansável em sua busca pela minha boca, sua barba roçando meu

rosto em outra sensação que me deixou contorcendo em seu colo, precisando mais dele do que apenas suas mãos e boca. Ele segurou minha cintura com uma mão e levantou os quadris, pressionando seu muito duro e muito grande pau contra minha calcinha exposta, fazendo com que todo o meu corpo tremesse de necessidade. Eu apertei minhas coxas em torno de sua cintura para segurá-lo mais perto, segurando-o contra o ponto que eu mais queria ele, meu núcleo apertou de repente e inesperadamente. Eu gritei em sua boca, mas ele não parou nem um segundo, não aliviou em cima de mim. Eu não sabia se ele queria foder ou me matar, mas, de qualquer forma, eu sabia que depois daquela noite uma parte de mim estaria quebrada. Preppy era muito parecido com a heroína. Estar com ele me deixava em um estado de euforia, livre da armadilha dos meus próprios pensamentos, meu passado, livre de qualquer coisa do lado de fora, a não ser o que tinha ali naquele pequeno espaço. Que éramos nós e nossos corpos emaranhados. Ele era um vício. Eu o desejava, e eu queria mais. Mas, assim como a heroína, a viagem era toda a porra de uma mentira. Eu acreditava que ele era bom para mim, quando na verdade, ele era pior do que qualquer droga. A porta se abriu e Bear entrou em cena, colocando uma meia garrafa vazia de uísque na mesa de cabeceira. Ele estendeu a mão para a fivela do cinto. — Prep, você vai olhar? — ele perguntou, com um sorriso grande que chegou aos seus espumantes olhos azuis, olhos que estavam embaçados pelo álcool e luxúria. Eu ainda estava montando Preppy quando seus olhos varreram meu corpo. — Ou você quer que eu mostre como faz?

Capítulo trinta e quatro PREPPY Meu pau estava duro pra caralho. Tão duro que eu estava com dor. Um belo tipo de tortura que eu nunca quis que terminasse. As palavras de Bear me arrancaram para fora do nevoeiro induzido por Dre. O que diabos eu estava fazendo? Eu a trouxe aqui para dizer a ela tudo e me afastar dela, para que ela pudesse viver uma vida normal. Isto deveria ser feito. Então, por que havia esta voz irritante no fundo da minha mente me dizendo que era apenas o começo? Dre estava olhando de Bear para mim, ainda montando meu colo, seus seios perfeitos levantando para cima, pressionando os dedos contra o lábio inferior inchado, e eu sabia que ela estava esperando que eu o mandasse dar o fora, mas isso iria apenas prolongar o inevitável. Isso precisava ser feito e precisava ser agora. — Você primeiro, — eu disse a Bear. A cabeça de Dre estalou para mim, mas eu desviei o olhar, não querendo ver a surpresa e decepção em seu rosto, ou talvez porque eu não queria que ela visse a porra do meu coração partindo, que eu tinha certeza, estava escrito na porra da minha cara. A levantei do meu colo e meu pobre pau duro praticamente encolheu pela perda de sentir sua buceta quente coberta pelo algodão através da minha calça. Quando eu levantei e me encostei à parede, eu ignorei o acelerar no coração e o peito apertado, uma resposta pela cagada que eu tinha acabado de fazer. Arrisquei um olhar para Dre, que estava inclinada para frente com as mãos contra o colchão. O olhar de decepção e surpresa que eu esperava estava definitivamente lá, junto com outra coisa. Dre estava olhando para mim, a cabeça inclinada para o lado, olhando como se eu fosse muito pequeno ou estivesse muito longe. Aquele olhar poderia significar que ela estava pensando em tricô ou engenharia espacial, por tudo o que eu sabia. Tudo o que eu sabia com certeza era que ela estaria correndo por aquela porta no próximo segundo, chateada pra caralho e me xingando, e esse seria o fim de tudo. O nosso fim. Ela me odiaria, mas isso era algo que eu teria que apenas conviver. Não é como se ela fosse a primeira garota que eu tinha machucado. Na verdade, eu preferia que ela me odiasse.

Meu estômago virou. Me debrucei contra a parede, de repente fora de controle, cruzando os braços sobre o peito. Bear deslizou seu cinto de couro grosso da calça, deixando-o cair no chão com um ruído metálico. Ele se aproximou da cama, empurrando suas botas quando ele empurrou seu jeans para baixo, saindo deles quando chegaram ao chão, chutando-os para o lado. Por que ela ainda estava ali? Por que diabos ela não tinha dado meia volta e corrido para salvar a vida? Fiquei olhando para o chão e esperei Dre correr, amaldiçoando a tempestade dentro da minha mente. Mas, ainda assim, ela permaneceu. Quando ouvi o colchão mergulhar e as molas chiar, meus olhos foram para a cama onde Bear havia se posicionado de joelhos atrás da minha menina, correndo os dedos pelos ombros e braços dela. Ele moveu seu cabelo para o lado e pressionou os lábios em sua pele e ela ainda não correu. Quando nossos olhares se encontraram, eu sabia que não havia nenhuma leitura errada no que ela estava dizendo com seus brilhantes olhos negros. A cadela estava aceitando meu blefe. Seus lábios se curvaram para o lado, me desafiando quando ela se inclinou para o toque de Bear, seus olhos nunca deixando os meus. Puta que pariu. Se esta cadela queria um desafio, bem, ela teria um. Eu era impressionante na maior parte da minha vida, mas o que Dre não sabia era que eu era melhor ainda nos jogos, e ela me convidou para jogar um jogo sexual que eu não tinha nenhuma intenção de perder. Ela ergueu os braços ao redor do pescoço de Bear, encorajando-o a explorar mais de sua pele com a boca. Ele mergulhou mais baixo, passando os lábios em sua clavícula. Eu fiz o meu movimento, que eu esperava que me desse a vitória e sua corrida para a porta. Eu levantei meu queixo para ela e pisquei, esperando irritála e enviá-la correndo de uma vez por todas, mas não. Em vez disso, ela retornou a minha piscadela com um sorriso. Ela chupou seu lábio inferior e soltou um gemido exagerado quando a mão de Bear roçou seus peitos através da sua camisa. Ela deslizou um braço para baixo do pescoço dele e quando Bear não estava prestando atenção, porque ele estava muito ocupado passando as mãos por toda a minha menina, ela levantou a mão contra o seu estômago, onde ele não podia ver e ela me levantou um dedo. Seu dedo médio.

Porra. O jogo que se foda.

***

DRE Essa brincadeira pode ter ido longe demais, mas eu já estava a um passo longe e foi só porque Preppy me empurrou até lá. Meu coração deu uma guinada no meu peito. Se era desse jeito que ele escolheu me afastar, então ele ia ter que sofrer as consequências da sua decisão. Ele fez a sua cama, ele ia deitar nela. Ou melhor, ainda, assistir EU deitar nela. Com Bear. Eu teria que ser cega para não perceber que Bear era além de atraente. Aqueles olhos azuis brilhantes e toda essa confusão de cabelos loiros, tatuagens e músculos, faria qualquer garota se contorcer por um toque. Bear fez isso comigo, mas era apenas biologia básica. Não foi nada comparado com a maneira que apenas um olhar de Preppy fazia meus dedos curvarem e deixava meu corpo dolorido e formigando por seu toque. Foi quando eu percebi que Preppy não era como a heroína, ele era como adrenalina. Fazendo meu coração disparar, meus músculos inquietos, e fazendo meu cérebro ativar com um milhão de pensamentos diferentes sobre ele, tudo ao mesmo tempo, a maioria deles sobre ele me tocando. Me degustando. Me querendo. Precisando de mim. Bear era o sexo com pernas, mas ele não era Samuel Clearwater. Quem eu desejava na minha própria alma. Eu nem conhecia o desejo até Preppy abrir caminho para a minha vida, e o homem que me fez sentir algo novamente agora estava parado ao lado da cama, com as costas contra a parede, olhando para o chão, as mãos nos bolsos. Seu cabelo despenteado pela nossa sessão de beijos. Lambi meu lábio inferior em uma tentativa de provar seu beijo novamente. Preppy olhou para cima, de repente, quase como se ele pudesse ouvir o que eu estava pensando. Quando ele me viu olhando, ele abriu um sorriso falso em seu lindo rosto, e não importava a minha mágoa ou quão chateada eu estava, mesmo falso, esse sorriso ainda fez minha barriga tremer e meus mamilos apertar.

Ele podia ser capaz de excitar Bear, mas de jeito nenhum ele iria me excitar. Eu queria Preppy mandando Bear ir embora, tirando a minha roupa, e me fodendo. Eu queria que ele dissesse que eu era dele. Não apenas a minha buceta. EU INTEIRA. Eu queria ser dele. Mas então, eu vi a máscara voltar ao seu rosto. A que ele usava quando queria calar o mundo, e eu sabia que não voltaríamos para o que tínhamos. Uma parte de mim queria nada mais do que segurá-lo e dizer a ele que estava tudo bem, e uma parte de mim o odiava e queria machucá-lo tanto como ele tinha me machucado. O peito quente de Bear pressionou contra minhas costas, seus lábios se arrastaram sobre cada polegada de pele em meus ombros e pescoço, mas não era o seu toque fazendo os cabelos em meus braços arrepiar ou encharcando minha calcinha. Era o olhar no rosto de Preppy. O sorriso arrogante se foi, substituído rapidamente pelo flash de dor que eu teria perdido se eu tivesse piscado um segundo antes. Preppy limpou a garganta e endireitou sua postura, colocando a máscara de volta no lugar e devolvendo meu gesto com o seu dedo médio, pressionados contra seus lábios fechados. Desafio aceito. Nós começamos algo que não deveríamos começar, mas estávamos prestes a acabar tudo com um estrondo.

Capítulo trinta e cinco DRE Bear puxou minha blusa pela cabeça e a deixou cair no chão. Ele empurrou o meu sutiã para baixo, expondo meus seios para Preppy, cujo olhar caiu dos meus olhos para o meu peito. Meus mamilos sendo torcidos e puxados, rolando entre dedos. Preppy assistiu com a boca parcialmente aberta quando meus mamilos endureceram e ficaram eretos, apontando acusadoramente para ele. Sua mandíbula apertou, e uma parte torcida de mim se deleitou com o fato de que ele estava com ciúmes e chateado, mesmo que fosse a sua própria culpa. — Vamos nos livrar disso, — disse Bear, empurrando minha saia para baixo. Ele pressionou entre as minhas omoplatas, empurrando meu peito sobre o colchão, minha bunda para cima. Ele bateu em cada nádega, antes de prender os polegares em minha calcinha e as puxar para fora. Os olhos de Preppy foram da minha bunda para a minha cara, e foi aí que eu percebi que eu estava perdendo o desafio afinal de contas, uma parte dele estava amando o que via quando eu achei que iria enfurecê-lo e fazê-lo se sentir culpado pelo que ele tinha feito. Eu ainda estava chateada, mas testemunhando Preppy excitado foi o suficiente para me deixar toda molhada novamente. — Porra, você tem uma bela buceta, — disse Bear atrás de mim. Ele se inclinou sobre mim, me empurrando ainda mais para baixo no colchão. Foi quando eu senti seu pau duro, grande e quente, pulsando contra a minha parte inferior das costas. Ele alcançou entre as minhas pernas e rodeou a umidade na minha abertura. — Porra, você está tão molhada e pronta, — ele rosnou. Ele cheirava a uísque, água de colônia, e óleo de motor. Uma combinação sexy de cheiros que me deixou arqueando quando ele me tocou e meus olhos nunca deixaram Preppy, que engoliu em seco. Ele se afastou da parede e, por um momento, eu pensei que tinha acabado. Que eu tinha o empurrado longe o suficiente e tinha ganhado o nosso pequeno jogo. Ele andou até a cama. — Levante-a, — disse ele para Bear, puxando suas calças para baixo e tirando os boxers. Seu enorme pau balançava para cima e para baixo, uma vez que estava livre. A ponta inchada e roxa, pingando. Lambi meus lábios e gemi com a visão. Bear manteve seu corpo pressionado contra o meu, ele me levantou pelos ombros, até que nós dois estávamos de volta em nossos joelhos. A respiração dele contra o meu pescoço, uma mão no meu peito a outra entre as minhas pernas, seu polegar tocando o meu clitóris como se estivesse tocando uma guitarra. Preppy, agora completamente nu, os músculos do pescoço apertados, as linhas do V que desciam até a sua glória contraiu quando ele se deitou na cama com a cabeça sobre o travesseiro. — Venha aqui, — disse ele, a voz tensa. Bear me

soltou e eu rastejei lentamente pelo corpo bonito de Preppy até que estávamos cara a cara, e eu estava pairando a centímetros da sua boca. Ele estendeu a mão entre nós, sua mão encontrando minha umidade. Ele agarrou meus quadris e me desceu contra o seu pau. Desejo corria pelas minhas veias, juntamente com a profunda necessidade de tê-lo dentro de mim, me enchendo. Preppy estendeu a mão, agarrando a cabeceira da cama, seu bíceps flexionando. Me abaixei e o acariciei da raiz à ponta e ele vaiou entre os dentes. Outra mão entrou debaixo de mim por trás, novamente circulando minha abertura, reunindo minha umidade sobre as pontas dos dedos. O conjunto adicional de mãos, o cheiro dos dois homens, o calor de ter os dois ao meu redor, levou o meu corpo ao cúmulo das sensações. Preppy olhou por cima do meu ombro para Bear, cuja mão de repente desapareceu. Preppy me puxou para baixo pelo pescoço, me trazendo para baixo novamente. Com a outra mão ele agarrou seu pau e o esfregou em torno das minhas dobras, reunindo minha umidade na ponta. Assim que ele começou a empurrar para dentro, eu senti outro tipo de pressão contra a minha bunda e isso foi quando Preppy cresceu dentro de mim, me beijando como o homem enlouquecido e louco que ele era. Senti no meu buraco de trás algo muito parecido como quando seu pé adormece e depois volta à vida. Um formigamento. Uma sensação de alfinetes e agulhas que me deixou ansiando pela penetração de Bear. Houve uma pitada de dor que me fez agarrar Preppy, que ficou imóvel dentro de mim, minha buceta apertando ao redor do seu pau, como se até ele estivesse segurando sua vida. Preppy engoliu meus gritos em sua boca e gemeu. Seu beijo implacável quando Bear estava totalmente dentro de mim. Eu me senti completa. Tão, completa. E, mesmo que eu não devesse. Eu amei. O amor não era o único sentimento inesperado que eu senti. Houve também PODER. Eu era a única no controle. Espremida entre esses dois homens, mas no comando do meu prazer, e dando a eles o poder que era eu que possuía. As mãos de Bear cobriram meus seios novamente quando meu rosto pairou acima de Preppy. Bear recuou e empurrou para frente em mim, e eu gritei. Eu esperava que doesse, mas isso não aconteceu. Me senti bem. Tão bem, porque quando ele empurrou dentro de mim novamente, eu queria sentir ainda mais. Eu balancei em cima de Preppy e era como se cada parte do meu corpo estivesse sendo tocado, acariciado, seduzido. Eu estava oscilando à beira do orgasmo no segundo que

Preppy começou a foder. Eu estava escorrendo pelo pau de Preppy. Ele me levantou, apenas para que ele pudesse me empurrar para baixo novamente, se empurrando em mim e me empurrando de volta para Bear, que combinava com o ritmo de Preppy, que era rápido e brutal, ele me fodeu como se estivesse desequilibrado. Os quadris de Bear bateram contra a minha bunda. Ele resmungou um grunhido irritado e profundo cada vez que ele entrava totalmente dentro de mim e gemia quando ele se afastava. Seus dedos cavando em meus ombros enquanto ele se agarrava a mim como ele estivesse cavalgando comigo. As mãos de Preppy arrastaram para baixo do vale entre meus seios e meu estômago, até que ele estava entre as minhas pernas, acariciando meu clitóris mais uma vez, o tocando como um instrumento que ele estava bem familiarizado. — Você gosta disso? — Bear sussurrou em meu ouvido, quando as carícias de Preppy no meu clitóris se tornaram um movimento furioso. Bear empurrou mais duro dentro de mim, suas bolas batendo contra a minha bunda. Abri os olhos e bloqueei meu olhar com o de Preppy para encontrá-lo já me observando. Ele estava mais silencioso do que já tinha sido desde que o conheci. Especialmente durante o sexo. Ele parecia como se estivesse mal se segurando. Sua testa franzida. Seu peito subindo e descendo rapidamente enquanto ele ofegava através do seu prazer. A maneira como ele levantou o queixo para cima e seu pau pulsou dentro da minha buceta, juntamente com uma longa e profunda arremetida de Bear, estava me enviando cada vez mais perto de uma liberação de trovão. — Sim, sim! — eu gritei quando meu interior pulsou e contraiu, puxando os dois homens mais profundo dentro de mim. Isto não era apenas sexo. Era uma linda tortura. Gotas de suor escorreram da testa de Preppy, sua mandíbula apertada e dura enquanto ele furiosamente me fodia, empurrando violentamente para dentro de mim, o controle sobre meus quadris tão apertado que era doloroso. Os músculos de suas coxas ficaram tensos enquanto e o montava. Bear grunhiu, o som sexy vibrando através de mim com cada golpe. — Eu vou... — eu comecei, mas eu não poderia nem falar, porque a sensação que estava se construindo em mim, aquela queimadura lenta, tinha se transformado em um incêndio florestal furioso, se espalhando do meu núcleo para o resto do meu corpo e de volta, pulsando com cada onda de prazer que continuou e assim por diante. Preppy esticou o pescoço, — Porra, — ele gemeu, seus lábios encontraram os meus mais uma vez e ele absorveu meus gritos em sua boca quando eu gritei meu orgasmo. Ele rugiu em mim, e eu senti seu pau aumentar incrivelmente antes de disparar a sua libertação quente dentro de mim. Eu desabei para fora deste mundo pelo orgasmo tão forte que eu talvez nunca pudesse mais levantar, caindo em Preppy

com ele ainda profundamente dentro da minha buceta. Bear acelerou as estocadas dentro e fora da minha bunda, fazendo com que as sensações morrendo dentro de mim começassem a crescer novamente. Eu apertei ao redor do pau amolecendo de Preppy, que se contraiu em resposta. — Caramba, você apertando o meu pau foi bom pra caralho, — murmurou Bear, que saiu de mim no grito estrangulado de seu próprio orgasmo. Ainda tonta de prazer, eu não saí do peito de Preppy quando Bear se arrancou de mim e caiu de costas no final da cama. — Puta merda, — disse ele. Olhei por cima do meu ombro para vê-lo tirando um preservativo que eu não sabia que ele tinha colocado, mas de repente eu estava realmente grata. Preppy finalmente falou: — Eu estou contente que foi bom para você, Bear, agora dê o fora. Bear olhou para nós com um olhar interrogativo em seus olhos. — Vocês crianças vão ficar bem sem a minha supervisão? — ele perguntou sarcasticamente, se vestindo rapidamente e agarrando seu uísque no caminho para fora. — Vá se foder. Damos um jeito, — Preppy respondeu e seu pau novamente se contraiu dentro de mim. Eu mexi meus quadris, precisando de mais, mas ele agarrou minha bunda e me parou. — Ok. Só sei que eu planejo ficar bem bêbado hoje à noite e não estou a fim de ver sangue, então não faça essas merdas do caralho depois. — ele tomou um longo gole de sua garrafa e se foi, o som da porta externa explodiu através da nossa porta parcialmente aberta, em seguida, Bear desapareceu. Tudo o que restava naquele quarto era eu, Preppy, e as consequências do nosso pequeno jogo. Um jogo que nenhum de nós tinha vencido.

Capítulo trinta e seis DRE Quando a porta se fechou, Preppy se sentou e me virou de costas, prendendo meus pulsos acima da minha cabeça contra a cabeceira. — Não pense que isso acabou só porque ele saiu, — disse ele. — Senão for isso, é o que é então? O fim? — perguntei, com raiva e tentando me levantar. Preppy me segurou firme e tudo o que eu podia fazer era me contorcer, os músculos de seus antebraços mal esticaram sob os meus esforços. — Este jogo. Nós. Está tudo acabado. Preppy pôs a mão no meu queixo e virou meu rosto para ele. Ele beijou o canto do meu olho, absorvendo a lágrima que ameaçou derramar pelo meu rosto. Ele se afastou e bateu em mim. — Não, baby, você está errada. Este jogo ainda não acabou. Ele está apenas começando, — disse ele, dando outro impulso punitivo em seu pau engrossando. — Só que agora, o desafio é quem gozar primeiro, perde. — ele sorriu para mim, seu sorriso verdadeiro, seu cabelo caindo nos olhos. — Você quer brincar comigo? Eu arqueei as costas de repente e seu pau escorregou para fora de mim. Saltei da cama. Ele estendeu a mão para mim e eu puxei meu braço. — Eu posso ser um monte de coisas, — eu disse. — Eu tive meus momentos de fraqueza, mas eu sei quem eu sou e eu sou forte como aço quando preciso. Mas eu não posso fazer isso. Seja o que for que você está jogando. Seja qual for a razão que você disse a Bear que eu poderia ser uma vagabunda no seu clube. Porque, obviamente, você enxerga as coisas de forma diferente, então me deixe explicar para você, — eu disse, agarrando minhas roupas e as colocando. — Isto não é um jogo de merda. — eu apontei entre nós. — Nós não somos um jogo, porra! — eu gritei. — Eu estou contente que você vê dessa forma. Talvez fossem os dois paus dentro de você que trouxeram algum sentido de merda para a sua cabeça, — Preppy disse calmamente, se levantando e puxando seus jeans. — O quê? — perguntei, congelada com a mão na porta. Virei lentamente. — Que porra é essa que você disse? Preppy passou a mão sobre a barba e olhou para o chão, como se estivesse tentando decidir algo. Quando ele olhou para mim e seus olhos encontraram os meus, eu sabia que ele estava decidido. — Eu estou tentando te fazer entender que não posso ficar com você, Dre. O que diabos você acha que eu estava dizendo antes?

— Eu não sei. Em parte por causa do seu passado e o que aconteceu com você e no que você trabalha... — Talvez seja um pouco por isso. Mas a outra parte é sobre as mentiras que eu tenho que te dizer. — O que você quer dizer? — eu disse, dando um passo para trás, com medo do que ele poderia dizer. — Por onde devo começar, — ele falou, caminhando lentamente em minha direção. — Você quer saber o que eu fiz com você? Naquela noite que eu a levei para Mirna? Você quer saber como eu tirei as suas roupas e coloquei minha boca em seu corpo enquanto você estava inconsciente? Você quer saber como eu abri suas pernas e lambi sua buceta machucada porque eu queria provar você, a sua fraqueza. Eu queria engolir você e devorá-la, então eu empurrei a minha língua dentro de você, porque eu podia. — Não, não, você não fez isso. Você não faria isso, — gaguejei. Ele bufou. — Eu sei que você não acredita, — Preppy disse, abotoando a camisa como se fosse apenas mais um dia normal. Sua expressão sem emoção rebocada de volta em seu rosto, enquanto eu estava em um estado de choque tão grande que eu não sei se eu poderia ficar inteira novamente. Ele encolheu os ombros. — Eu pensei em te comer também, mas eu resolvi me masturbar em cima de você. Eu gozei por todo o seu estômago. — Vá se foder, — eu fui capaz de reunir o suficiente da minha voz para sussurrar o insulto para ele. — Eu posso ter te salvado naquela torre, Doc. Eu posso ter te salvado no quarto de motel, mas eu nunca te salvei realmente. Você nunca esteve segura comigo. — seu celular vibrou e a tela se iluminou, ele olhou para baixo e o jogou na cama, que agiu como uma barreira entre nós, um amortecedor para a verdade. — Atenda. É o seu pai, — disse ele, não me dando tempo para processar as novas informações. — Como? — perguntei quando o telefone parou de vibrar antes de iniciar novamente. — Ele está ligando há semanas. Ele te escreveu uma carta também. Está em cima da geladeira de Mirna. Dentro do álbum de foto azul. Ele quer que você volte para casa. — disse ele. — Quando? — perguntei. — Desde o início. — Mas por quê? — perguntei, mas eu não sabia o que eu estava

perguntando. Por que ele mentiu? Por que ele se preocupou comigo? Por que eu o deixei entrar em meu coração? Cada palavra que ele falou foi como bala sendo disparada contra mim, mas ele não conseguiu acertar todos os alvos. Suas pálpebras estavam vermelhas e pesadas. Sua voz estava rouca, — Por quê? Porque eu preciso de você para fazer esses documentos para mim. — ele fez uma pausa. — Ou talvez apenas porque eu gosto demais dessa buceta. Eu pulei na cama. — Seu filho da puta desgraçado! Preppy foi para a porta. — Vá para a porra da sua casa, Doc. Você não pertence aqui. Você nunca pertenceu. — ele não olhou para cima quando saiu, fechando a porta com tanta força que as cortinas de plástico barato despencaram da janela no chão. Ele bateu a porta do quarto. Sobre nós. Sobre tudo.

Capítulo trinta e sete PREPPY — Aonde você vai? — perguntou Bear, se aproximando de mim quando eu estava fazendo exatamente o mesmo, batendo a raiva prestes a explodir. Ele me deu um tapa na parte de trás do meu ombro. — Está tudo bem lá atrás? — ele perguntou, acendendo um cigarro e empurrando o queixo em direção à garagem. Eu estava prestes a lançar algo nele, todas as minhas emoções estavam borbulhando na superfície, um lugar que eu odiava que elas estivessem. Minha boca abriu pronta para disparar alguma resposta sarcástica que faria Bear saltar em meus ossos, mas me contive e fiquei calado quando vi a preocupação estampada em seu rosto. Ou talvez fosse pena. Porra, eu já tinha causado muita dor para uma vida, não poderia suportar vê-lo olhar assim. Então eu tomei uma decisão ali mesmo. Minha merda seria exatamente isso. Minha merda. Eu conhecia Bear e Grace bem o suficiente para saber que, se eles soubessem como as coisas eram profundas com Dre, então iriam tomar isso como um problema deles. E porra, a nossa pequena família tinha problemas suficientes para adicionar minha merda na porra da pilha. Botei um sorriso na cara e enfiei a mão no colete de Bear, arrancando seus cigarros do bolso e jogando o maço para trás depois que eu peguei um e acendi. — Está tudo ótimo, cara. Acabei de receber um telefonema de Patty que dirige a operação GG em Sunset Vista, — eu menti. — O senhor que cuida do quarto de cultivo avisou que está com um vazamento. Tenho que ir secar o corredor e consertar o vazamento antes que seu marca-passo lhe dê uma parada cardíaca. Tenho que manter o GG feliz. O dinheiro tem que continuar crescendo. — Tem certeza que é só isso? — perguntou Bear, coçando a cabeça. — Eu pensei que talvez essa menina... Eu o interrompi. — Foi épico, certo? Mas eu não vou mentir, em um ponto eu acho que senti suas bolas na porra da minha perna, cara. — Preppy... — Bear disse, ainda tentando empreender algum tipo de conversa séria sobre o meu comportamento. Não ia acontecer. Não mesmo. Nunca. — Pelo menos agora eu sei o que você quer para o Natal. Um bom aparador de bolas. Ou talvez uma cera se você gosta de dor. Pensando bem, talvez eu vá me depilar, pode ser algo que eu vá me viciar. — o rosto de Bear começou a clarear quando ele mudou o foco de Dre para as coisas ridículas que eu estava falando.

Os cantos de sua boca viraram para cima em seu famoso sorriso arrogante. — Então você está realmente fodido. Você tinha seu pau profundamente dentro de uma garota gostosa e você estava pensando sobre as minhas bolas? Parece que isso é um problema seu e não meu filho da puta, — Bear brincou, me socando de brincadeira no ombro. — Mas ei, qualquer garota que gosta de ser duplamente fodida fará uma grande BBB. Ela vai se encaixar muito bem com os irmãos. O barulho de um motor acelerou e nos viramos para ver Wolf montado em sua moto. Ele chegou lentamente, e não foi até que ele parou bem ao lado de onde estávamos que eu percebi Dre sentada na parte de trás. Eu quase deixei cair o meu cigarro, enviando pedaços de brasa voando ao redor na escuridão quando eu o peguei antes que pudesse atingir o chão. — Você troca pra outro bem rápido, — disse Bear para Dre com um sorriso. — Apenas uma carona, — Dre o cortou. — Eu queria agradecer pelo teste, — disse ela, enfatizando a palavra, — para ser uma das garotas do seu clube, mas algo aconteceu e eu decidi ir para outro caminho. — Tudo bem seu eu der a ela uma carona? — Wolf perguntou a Bear. — É uma pena, linda. Poderia ter tido muito divertido, — disse Bear. Ele acenou para Wolf, que acelerou o motor em resposta. O olhar no rosto de Dre dizia muito e me fez sentir pequeno. Eu tinha quebrado tudo em tantos pedaços que não havia nenhuma forma do caralho de ser capaz de colar novamente. Então, eu acho que você poderia dizer que o meu plano funcionou. Mas isso não significa que o meu peito não estava sendo rasgado ao meio. E eu fiquei ali, assumindo a minha máscara de Preppy para Bear. Dei uma profunda tragada no meu cigarro, casualmente soprando anéis de fumaça no ar. — Uma pena, — eu disse. Eu agarrei o meu pau através do meu jeans. — Acho que toda essa carne de homem a assustou. — Bear riu e voltou para dentro da casa. Eu senti os olhos de Dre em mim até que a moto estava longe de ser vista, o motor nada mais que um eco através das árvores. E então ela se foi. Para sempre. Claro, o destino é uma cadela desagradável, porque foi nesse momento, um desses momentos de merda em minha vida, depois de um inesperado, confuso e gostoso sexo em trio com um dos meus melhores amigos, que eu percebi que a

garota indo embora não era apenas uma garota que eu estava salvando da minha bunda torcida. Ela era a garota que eu estava apaixonado. A garota que eu sempre estaria apaixonado. Até o meu último suspiro.

Capítulo trinta e oito DRE Odiar é fácil. Amar que é difícil. Não foi a traição que me machucou. Não foi as mentiras ou o engano. Não era o jeito que ele me usou mais ainda do que Conner ou Eric tinham me usado. A maneira que eu me senti não tinha nada a ver com a amargura que se instalou na minha garganta, tão espessa que eu estava praticamente engasgando nela. Não. Havia uma única coisa que doía e não era a maneira como tudo tinha terminado. Foi do jeito que tudo começou. Foi o amor. Eu não queria sentir isso mais. Não devia nem mesmo pensar sobre isso se eu desejava esquecer, mas não importava o quanto eu desejasse e orasse ou meditasse, nada funcionou. Mesmo que a traição havia me mudado, o amor se recusou a arrumar suas malas e sair. Não era justo. Eu queria tanto que a raiva e a fúria fossem as minhas emoções primárias, por que assim eu me concentraria em suas palavras amargas que acabaram com nós dois. O jeito que ele olhou para mim sem nenhum remorso em seus olhos. A forma como a porta ecoou quando ele a bateu. Mas eu não podia ficar na escuridão por muito tempo, a luz sempre encontraria um caminho para dentro dos meus pensamentos, e logo eu estaria me lembrando do calor de sua pele contra a minha na primeira vez que ele me tocou, a maneira como ele olhou para mim antes dele finalmente me beijar, a maneira como ele me fez rir em um momento da minha vida quando nada no mundo era engraçado para mim. Não, o amor não se transforma magicamente em ódio só porque nós queremos isso, porque é mais fácil. Eu aprendi rapidamente que ele se transforma em outra coisa. Algo muito, muito pior. Um coração partido.

Mal sabia eu que a quebra real ainda estava por vir e a maior lição sobre o amor, eu iria aprender muito em breve. O amor nunca morre.

Capítulo trinta e nove PREPPY A casa de Mirna estava vazia desde aquela noite em que tudo foi à merda. Eu ainda vinha de vez em quando, embora eu não tivesse usado-a como um GG desde que Dre saiu. Todos os móveis tinham sido retirados. Todas as fotos. Fazia mais de um ano que Dre não colocava o pé ali, mas eu jurava que ainda podia sentir o cheiro dela. Ela era feliz. Ela tinha que ser. Isso é o que eu dizia a mim mesmo de qualquer maneira, a fim de atravessar os piores momentos e fingir que nada estava errado. Sua felicidade era o que mantinha meu pé um na frente do outro, e o sorriso falso estampado em meu rosto. Sorrisos reais vieram quando King saiu da prisão e ele realmente conheceu uma menina. Ou roubou uma menina. Depende do jeito que você olhar pra isso. Doe era o nome dela. Ela não tinha memória, mas ela tinha um belo par de peitos e xingava como um marinheiro. Eu acho que ela era a minha amiga alma gêmea, embora eu nunca tenha dito a ela sobre Dre. Eu nunca disse a ninguém. Eu dizia pra mim mesmo que estava tudo bem e o plano era tentar acreditar na minha própria mentira até que se tornasse realidade. Após Dre deixar a cidade, eu vim olhar minhas plantas. Vi a minha pasta em cima do balcão. Ela tinha feito isso. Ela tinha falsificado todos os documentos que eu precisava, mas foi tudo em vão. O juiz designado para o caso negou o meu pedido antes mesmo que uma audiência fosse pedida. Antes que eu pudesse dizer uma única palavra. Quando o advogado que eu contratei me disse o nome do juiz que nem sequer me concederia uma audiência, tudo ficou claro. Na verdade, eu o conhecia. Bem, eu conhecia a irmã dele. Tudo porque eu transei com ela em uma piscina. Uma pública. Com pessoas ao redor, mas, aparentemente, a palavra tinha chegado até ele e o otário provavelmente não gostava de voyeurismo, porque o martelo caiu sobre o meu caso, esmagando qualquer esperança que eu tinha de salvar Max do sistema. 12

Eu estava alto como uma pipa quando entrei no meu carro, e arquivei os documentos falsos no escritório. Não eram necessários. Não mudaria nada. Mas eu fiz isso de qualquer maneira. Talvez porque assim o seu trabalho não fosse à toa. Talvez porque os documentos a fariam mais do que apenas uma memória, ele a fez realidade porque seu tempo comigo parecia cada vez mais como um sonho desaparecendo. Mas era tarde demais. A morte das pessoas nos filmes é sempre em câmera lenta, cada fração de

segundo é exibida como se fossem horas, à medida que seus últimos suspiros saem, uma imagem de suas vidas passa diante de seus olhos, enquanto algum tipo de música de violino tocada no Titanic soa ao fundo. É tudo uma besteira. A morte é rápida. Muito rápida. Me lembro de andar com meus amigos para ir ao encontro de Isaac. No caminho eu vi uma garota de cabelos negros e bochechas inocentes, e por um segundo eu pensei que ela era Dre. Ela estava olhando para mim também, mas o rosto de Dre desbotou e foi substituído por olhos arregalados de outra menina. Uma que eu tinha certeza que esteve na sessão de foda Preppy/Bear uma ou duas vezes. A realidade da minha própria morte era uma dor lancinante rasgando meu coração, seguido por uma sensação de desgraça quando eu sangrei no chão de concreto. Eu não desapareci, eu saí da consciência, com a velocidade de um relâmpago. Mal tive tempo de registrar o horror no rosto dos meus amigos que pareciam estar flutuando em cima de mim como se estivessem acima da superfície, enquanto eu era arrastado para as profundezas escuras. Eu estendi a mão, querendo agarrá-los, querendo segurar a minha vida. Mas era muito tarde. Para a maioria das pessoas a morte era o fim. Para mim, era só o começo.

Capítulo quarenta DRE Tap tap tap tap tap tap tap... Sem pensar, eu bati minha caneta em cima do meu livro aberto em tal sucessão que as páginas vibraram, levantando nos cantos. Arrastei meus pés, cruzando e descruzando os tornozelos, desejando que a constante sensação de inquietação intensificando a cada dia desaparecesse. A lateral da minha mesa foi empurrada contra a única janela da sala de aula, embora não houvesse uma paisagem para olhar. Nada além de uma parede de tijolos. O pequeno espaço entre os edifícios era grande o suficiente para permitir que a chuva, que tinha acabado de começar a cair, deslizasse pelo vidro grosso como cristais. As nuvens carregadas se deslocaram, clareando a silenciosa sala de uma cor cinza. Com a nova iluminação, a imagem na janela mudou, e de repente eu já não estava olhando para a parede de tijolos, mas o reflexo de uma menina. Uma menina cujo cabelo tinha começado a brilhar novamente, apesar do rabo de cavalo liso, a umidade do dia deixou cada fio de cabelo que não estava preso no elástico enrolado nas pontas. Ela usava óculos, simples armações de um azul-escuro. Sua pele era clara, mas não pálida. Seus olhos cansados, mas não sem foco. Eu sabia que a menina era eu, mas além da definição de roupas limpas e a sala de aula, eu vi outra menina, um pouco atrás de seus ombros. Essa menina estava caída contra uma parede com uma agulha em seu braço e porra em seu cabelo. Uma menina que estava presa, fisicamente e mentalmente. Eu sacudi a cabeça, enviando para longe a imagem de alguém que eu nunca queria ver novamente. Fechei os olhos com força e quando os abri novamente, as duas meninas tinham desaparecido. As nuvens sumiram e logo o meu reflexo estava lá, e eu estava novamente olhando para o nada, apenas a parede de tijolo. Sem pensar, eu levantei a minha mão para arranhar uma coceira que não existia realmente, com unhas que não eram compridas o suficiente para fazer qualquer arranhão real parar. As crostas e marcas de picadas tinham sumido, e em seu lugar ficaram as cicatrizes vermelhas ainda começando a assumir as suas formas, algumas delas já estavam voltando a sua sombra permanente de branco, outras remanescentes em vermelho brilhante. O professor era um homem na casa dos sessenta. Ele estava de costas. Ereto

e com a cabeça para baixo no pódio. Sua voz era monótona, com inflexão zero, enquanto lia seus projetos de aula. Eu respirei fundo e tentei prestar atenção, mas tudo o que ele estava falando sobre a fundação do nosso país e a Declaração de Independência, eu tinha aprendido na quinta série. Me inclinando na cadeira, eu cruzei meus braços sobre o peito e como meus pés não tocavam no chão, balancei minhas pernas para trás e para frente, acidentalmente chutando a cadeira do menino na minha frente. — Eu sinto... — eu comecei, mas, em seguida, o garoto se virou e o vento foi arrancado do meu peito quando meus olhos pousaram nele, no sorriso bonito e familiar, nas tatuagens cobrindo seu pescoço. Engoli em seco, cobrindo a minha boca com a mão. Impossível. — Ei, tudo bem, — disse ele, sua voz desconhecida me trazendo de volta à realidade, onde ele era apenas um menino de cabelos escuros com pele cor de azeitona que não se parecia em nada com o homem que eu o confundi. — Desculpe, — eu sussurrei. O menino se virou para encarar o professor que tinha desligado as luzes para que pudéssemos acompanhar se slides no projetor, que estava embaçado no melhor dos casos. Os soldados da liberdade eram todos grandes e tortos, imagens distorcidas de um conto provavelmente já distorcido da história americana. Não era a primeira vez que seu rosto apareceu em outra pessoa, assim como não foi a primeira vez que meu estômago caiu com a minha decepção quando eu percebi que não era ele. Nunca seria ele. Mais tarde naquele dia, eu estava sentada no pequeno espaço apertado do escritório de Edna Elinberry, a psiquiatra que meu pai insistiu que eu consultasse três vezes por semana. Um dos muitos termos do meu retorno para casa, e que eu realmente não me importava muito. Edna era peculiar e engraçada. Sendo uma viciada em recuperação ela mesma, ela poderia me relacionar de uma forma que um monte de outros profissionais de saúde mental não poderia. — Eu o vi novamente hoje, — eu disse a ela, olhando para os livros e outras bugigangas na estante do canto. O Lord of the Flies estava na prateleira de cima pendurado sobre a borda, uma pequena batida de alguém desajeitado poderia enviá-lo ao chão. — Brandon? — Não, — eu disse, balançando a cabeça. Brandon era alguém que tinha

recentemente começado a trabalhar com o meu pai. Ele me convidou para sair algumas vezes e, embora ele fosse bonito e parecesse bom o suficiente, eu não estava pronta para complicar a minha vida de uma maneira que não precisava ser complicada. — Não Brandon. Ele, — eu disse, ainda achando difícil pronunciar seu nome sem sentir uma sensação de dor desabando em cima de mim. — Isso acontece quando perdemos alguém que nos preocupamos, — disse Edna, regando cada uma das trinta e tantas plantas estranhas em sua pequena janela. Ela usava largos jeans desbotados com uma longa camisa branca, com pregas. Seu cabelo vermelho parecia algo saído dos anos oitenta, com permanente, em cachos apertados, cortados na parte de trás e curto na parte superior. Ela tinha batom rosa manchando seus dentes em todos os momentos. — Especialmente, aquele que tinha tido um enorme impacto sobre a sua vida. Irá desaparecer com o tempo. — Mas... mas e se eu não quero que ele desapareça? — perguntei, percebendo que fazendo essa pergunta significava que eu não estava inteiramente certa que mudar era o que eu realmente queria. Edna pousou o regador no chão perto de uma das sete mesas de café no espaço apertado, se estatelando no sofá e fazendo um sinal para eu fazer o mesmo no sofá em frente a ela. Nós duas tiramos os sapatos e sentamos no estilo indiano. Ela fechou os olhos e respirou fundo, e eu copiei. Quando ela abriu os olhos, ela perguntou: — Ele foi importante para você, certo? Eu concordei com a cabeça. — Eu... ele salvou minha vida. — imediatamente as palavras pareciam erradas. — Eu acho que... não, eu sei que eu o amava, — corrigi. — E não é só quando eu durmo que o vejo. Eu o ouço também. Na minha cabeça, conversando e fazendo piadas e sendo ridículo... — eu parei, mordendo as lágrimas. Edna sorriu e estendeu a mão sobre a mesa de café para dar um tapinha reconfortante no meu joelho. Eu olhei a mão, mas não me distanciei, seu sorriso ficou mais brilhante. — Dre, quando você ama alguém, é muito comum levar essa pessoa por aí com você até que você esteja pronta para deixá-la ir. Você ouve a voz dele, você acha que o vê na rua, você sonha com ele à noite. É tudo muito normal e uma parte muito saudável do luto. Irá desaparecer com o tempo. Mas só quando você estiver pronta. Mordi o lábio. — Eu não quero que ele vá, — eu disse, me surpreendendo quando as lágrimas rolaram dos meus olhos. Edna deu um passo pela mesa de café e se sentou ao meu lado, me puxando e me segurando firmemente contra seus seios fartos. Tudo nela era reconfortante, e de uma maneira que me fez lembrar uma versão mais jovem de Mirna. — Ele salvou sua vida. É natural você sentir alguma coisa por ele,

juntamente com o sentimento de culpa, porque você vive e ele não. — Edna fez uma pausa, reunindo seus pensamentos antes de continuar. — Você sabe, minha criança, que parece que você ainda precisa daquele encerramento que temos conversado. — Encerramento? — eu rangi para a ideia que soou ridícula. — Não tenho certeza sobre isso. Como você pode encerrar algo que nunca realmente começou? — eu me senti começando a rasgar e imediatamente me senti envergonhada. Pare de tremer, Doc. Ela assentiu com a cabeça e me entregou um lenço de papel. — Pelo que você contou, nunca teve a chance de realmente chorar, de fechar esse capítulo em sua vida e seguir em frente. — Mas eu não sei como fazer isso. — ou, se eu queria. Eu nunca vou esquecer o dia em que meu pai e eu descemos para Sarasota para ajudar Mirna na internação em uma clínica mais perto da nossa casa. Eu estava me debatendo se fazia uma caminhada até Logan’s Beach quando uma enfermeira mencionou o nome dele e perguntou por que ele parou de visitar. A outra explicou por que ele não poderia mais visitar. Ele estava morto. E então eu não podia respirar. Meu coração parou. Uma parte de mim morreu ali junto com ele. Edna me segurou mais apertado e me balançou para trás e para frente como Mirna costumava fazer. Ela me puxou e olhou para as minhas mãos que era onde eu estava olhando agora. Ela estalou os dedos e abriu um grande sorriso. — Quando estiver pronta, e só quando estiver pronta, eu acho que você deve procurar aqueles que se preocupavam com ele. Seus amigos, família. Tenha uma conversa. Fale sobre a vida dele. Eu realmente acho que vai te ajudar a encontrar o que precisa. — Eu vou pensar sobre isso, — eu disse, e eu ia. A única ‘interação’ que eu tive com seus amigos foi o encontro com Bear. — Pelo menos leia a carta, — Edna sugeriu. — Quem sabe isso ajudará na sua decisão. — ela puxou o envelope que tinha chegado alguns meses antes, sem remetente, apenas um selo do correio de Logan’s Beach. — Está na hora, — ela disse, me entregando. — Você pode abri-la? — perguntei. Edna balançou a cabeça. — Não, isso é seu para fazer, mas vou te dar um minuto a sós, — disse Edna, me dando tapinhas no ombro e saindo da sala. Eu rasguei o envelope rapidamente, pensando que, se eu fizesse isso rápido como um Band-Aid não iria doer tanto.

Eu estava errada. Doc, Existe um lugar onde a luz se encontra com a escuridão no céu, exatamente quando o ajuste do sol não é bem o dia e nem a noite. Uma névoa cinzenta entre o preto e o amarelo. Eu gosto de pensar nesse como um lugar onde, o bem e o mal, o preto e o branco, a vida e a morte não são finitos. Eu chamo esse de lugar você e eu sempre existiremos.

‘intermediário’, e para mim é esse o lugar onde

Juntos. É onde nós não podemos ser feridos. Onde o nosso passado não assombra o nosso presente. Onde não existe tal coisa como a mentira. Onde a dor não existe. Nós não conseguimos estar juntos nesta vida. Talvez nem mesmo na próxima. Quem sabe. Minha sorte está uma merda nestes dias. Mas agora, quando eu penso em você, que são todos os dias do caralho, e quando eu não posso nem respirar me perguntando o que poderia ter sido entre nós, eu arrasto o meu rabo para fora, eu me sento no quintal, e eu espero. Esse breve vislumbre da troca de guardas no céu. E todos os dias, embora os cortes doam tanto como no dia que você partiu e embora eu saiba que na verdade eu nunca vou te ver novamente, eu sorrio. Porque você e eu estamos lá. E nós vamos estar sempre no intermediário. COM AMOR, Samuel Clearwater Preppy, o SUPER-FODÃO PS - Se você está recebendo esta carta eu estou morto, então eu acho que é seguro dizer que você é de longe o meu maior arrependimento. A luz na minha escuridão. Me perdoe.

Capítulo quarenta e um DRE Vários meses depois... Com Brandon sentado ao meu lado no avião para a Flórida, eu estava finalmente pronta para ir e buscar o encerramento que meu pai, psiquiatra e meu patrocinador foram tão inflexíveis. À medida que voamos sobre as águas calmas do rio Caloosahatchee, apertei a mão de Brandon. Ele me ofereceu um sorriso tranquilizador e me deu um polegar para cima, cobrindo a minha mão com a dele. Ele provavelmente pensou que era o voo que me assustou, e apesar de que voar não era a minha atividade favorita no mundo, não foi o medo do avião cair que fez a minha garganta apertar como uma corda de violão enquanto quando o avião descia. Não. Foi à torre de água. Aquela se elevando acima da terra como uma estátua da liberdade, atingindo em direção ao avião. Seu enorme jato pintado de preto estava em plena vista frontal quando o trem de pouso ruidosamente guinchou, travando no lugar. Eu queria rir e chorar ao vê-la. De repente, era tudo muito real. Eu estava de volta. Novamente onde tudo começou. De volta onde tudo terminou. Voltando para poder começar.

Capítulo quarenta e dois DRE Eu levantei minha mão trêmula até a porta e bati. O som de crianças brincando no quintal ecoando sobre a casa. Eu estava prestes a mudar de ideia e dar meia volta quando uma menina loura com os olhos mais azuis que eu já vi abriu a porta. — Posso ajudá-la? — ela perguntou com um pequeno, mas simpático sorriso. — Hum... oi, meu nome é Andrea Capuleto, mas eu atendo por Dre, — eu disse, estendendo a minha mão. Ela a apertou, hesitante. — Eu sou uma amiga, ou melhor, eu era uma amiga de Samuel. De Preppy. — meu peito se apertou quando o seu nome saiu dos meus lábios. Fazia anos e, embora eu esperasse que o sentimento morresse, ele nunca morreu. De qualquer coisa, só tinha piorado. A menina permaneceu em silêncio, me olhando várias vezes como se ela estivesse tentando me decifrar. — Eu sou Ray, — ela finalmente ofereceu. — O que posso fazer por você? — Ray, oi. Eu só queria saber, — eu parei, olhando para os meus pés. — Eu conheço você? — Ela ia ser uma BBB uma vez, — disse Bear, parando atrás dela. — Você não está aqui para deixar nenhuma criança parecida com pessoas que podem ou não estarem aqui, não é? — ele perguntou, e eu não podia dizer se era uma piada. Merda, eu estava surpresa que ele se lembrava de mim, mas, obviamente, ele não se lembrava de tudo, porque na última vez que verifiquei não se podia engravidar por meio anal. Minhas bochechas avermelharam com meus próprios pensamentos. Eu balancei minha cabeça. — Oi, Bear, — eu disse com um pequeno gesto nervoso. Eu empurrei os óculos no meu nariz. Bear me olhou e, como se ele tivesse decidido que eu não era uma ameaça, ele se virou e voltou para dentro da casa. Ray pareceu concordar. — Bem, entre, — disse ela, dando um passo para o lado. Outro homem gigante e igualmente belo estava sentado na sala de estar. Ele levantou a cabeça e olhou para mim brevemente antes de Bear se sentar e ambos se inclinarem sobre a mesa de café, falando suavemente, no que parecia ser uma conversa importante. Ray acenou na direção deles. — Não ligue para King e Bear, eles ficaram um

pouco loucos na semana passada com tudo o que aconteceu, — ela me disse, enquanto me levava através de um espaço limpo e reformado que cheirava a tinta fresca e produtos de limpeza, por um corredor estreito. Meus saltos estalavam contra a madeira brilhante. Ela parou na frente de uma porta fechada. A porta de Preppy. Ou, a que costumava ser a porta de Preppy. Meu coração parou. De repente eu estava com raiva de todos que insistiram que eu viesse aqui e buscar um encerramento conversando com seus amigos. Era demais. Eu não estava pronta. Eu não conseguia respirar. Minhas memórias inundaram com seu rosto. ELE. — Não, quero dizer, eu não preciso entrar... — eu comecei me afastando da porta. Ray suspirou, — Eu sei o que você quer dizer. É difícil olhar ele no começo. Os diagnósticos mudam um pouco de médico para médico, mas ele é um lutador. Temos esperança e temos paciência. — Uh? — eu perguntei confusa quanto ao que ela estava falando, quando ela abriu a porta e deu um passo para o lado, timidamente, eu entrei no quarto, dando um profundo suspiro de alívio quando notei que o quarto não era como costumava ser. As coisas de Preppy não estavam mais lá. O alívio foi seguido por uma profunda decepção e uma sensação de mal estar. A saudade do que já foi. De quem se foi. As paredes, que eram azul profundo, eram agora um rosa chiclete com margaridas desenhadas e nuvens decorando a janela. Um abajur de Cinderela sobre uma pequena mesa de cabeceira branca ao lado da cama. É claro que as coisas dele não estavam lá sua idiota, porque ele está... Fiz uma pausa. Meus ouvidos captaram um sinal sonoro constante, meus olhos seguiram o som através do quarto para o suporte de soro no canto, montado ao lado de uma cama de hospital. Linhas piscando sobre uma tela que foi montada abaixo do IV, pequenas montanhas verdes atingindo o pico e caindo, seguido por um sinal sonoro da máquina no mesmo tempo cronometrado de dois segundos. — Eu não entendo, — eu disse, não permitindo que os meus olhos fossem para a cama. Eu não tinha certeza se eu estava com medo do que eu iria ver ou o que eu não iria ver. E não veria. Me virei para enfrentar Ray. — Quem... quem é

esse? — perguntei, medo e esperança lutando uma guerra na boca do meu estômago... e no meu coração. Eu apontei para o monte de cobertores subindo e descendo em um ritmo constante. — Espere ai, você não sabe, não é? — Ray suspirou, — Eu pensei que todo mundo em Logan’s Beach já soubesse a essa altura. Eu balancei minha cabeça. — Eu não sou daqui. — não fui capaz de tomar um minuto para acalmar meu coração batendo rapidamente, lutando para saltar do meu peito, eu girei e passo a passo andei até a cama onde uma concha de homem estava inconsciente com uma sonda saindo através de seu nariz e boca. Seus olhos e bochechas encovados. Suas mãos apoiadas por cima do edredom. Eu nem sequer precisava ver as tatuagens nos nós dos dedos para saber que era ele, mas lá estavam elas, em toda a sua glória familiar. Deixei escapar um grito estrangulado, que me assustou, enquanto lágrimas quentes caiam pelo meu rosto. Euforia e um enorme sentimento de confusão bateram em mim, quando, finalmente, fui atropelada por esse trem. Me debrucei sobre ele, com cuidado para não tocar qualquer um dos tubos, eu apertei um lado do meu rosto contra o seu peito, eu precisava ouvir isso para ter certeza, ele estava lá. Um thump thump. O som mais bonito do mundo. Seu coração. Batendo. Passos pesados entraram no quarto. King, Bear, e uma menina com cabelo rosa avermelhado se destacaram na porta, olhando para mim como se eu fosse a única ressuscitando dos mortos. — Como? — perguntei, sem mover a cabeça do seu peito. Minha mão cobriu a dele e apertei enquanto eu respirava profundamente, inalando esta nova vida, inspirando-o. — Você realmente não sabia? — King perguntou ceticamente, puxando Ray em seu peito. — Pensei que todos soubessem. — Não, — eu disse, embora nenhum som saísse. Então eu só imitei a palavra. — Eu não sabia de nada. — O que está acontecendo? — perguntou a menina de cabelos rosa. Bear passou os braços de forma protetora sobre a sua cintura, que foi quando notei sua barriga arredondada. Bear se inclinou e sussurrou algo em seu ouvido. Ela assentiu com a cabeça em algum tipo de entendimento, mas continuou a me olhar como se ela não tivesse certeza sobre mim no melhor dos casos. Mas isso não importava. Ela não importava. Nada importava. Uma alegria esmagadora consumiu todo o meu ser. Como ele estava vivo não importava no momento, tudo o que importava era que ele estava vivo.

Meu Preppy. Meu Samuel. — Quem exatamente é você mesmo? — perguntou Ray, olhando para mim quando eu praticamente deitei sobre o corpo de Preppy. Relutantemente, eu levantei a cabeça do peito dele, embora eu deixasse a minha mão sobre a dele. Eu funguei e limpei as lágrimas escorrendo pelo meu rosto. Eu respirei fundo para me firmar e quando falei, tive a certeza de olhar para todos e cada um dos amigos de Preppy. Eu estava prestes a falar quando fui interrompida por uma voz áspera. Me virei para encarar injetados olhos de âmbar que estavam bloqueados nos meus quando ele falou. — Ela é minha esposa.

Fim (por enquanto)

Notas [←1] Aqui eles usam a palavra strung out, que significa: fisicamente fraco por causa da dependência de drogas a longo prazo.

[←2] Música da Miley Cyrus. Kkkkkk

[←3] Tweedledee e Tweedledum são personagens fictícios do livro de Lewis Carroll Through the Looking Glass. Seus nomes originais podem ter vindo originalmente de um epigrama escrito pelo poeta João Byrom. Mas aqui ele quis dizer os “amigos” dela.

[←4] É porque em inglês as palavras se parecem “cook e cock”, cozinhar e pau, respectivamente.

[←5] Essa expressão é frequentemente usada quando alguém sente que a mesma coisa está sendo referida usando palavras diferentes.

[←6] Prostitutas do clube.

[←7] É uma expressão de deslumbre... de UOOOOOOOOW!

[←8] Ela fala fuck, que pode significar porra e foder.

[←9] Era uma história em quadrinhos da revista Hustler, de um velho sujo que sempre usava calcinha marcada na sua cabeça. Foi escrito por Dwaine B. Tinsley nos anos 80 e 90.

[←10] Jeopardy é um programa de televisão atualmente exibido pela CBS Television Distribuition. É um show de perguntas e respostas variando história, literatura, cultura e ciências.

[←11] É uma gíria pra usar essas drogas.

[←12] Drogado.
05 Preppy Part 01

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