170 - Atração Inevitável - Heidi Rice

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Atração Inevitável (Public Affair, Secretly Expecting)

Heidi Rice

Irmãos Brody 02 A vida de celebridade que Mac Brody levava em Hollywood era muito diferente da que experimentara em sua conturbada juventude. Mas era assim que ele gostava de viver. Por isso, não admitia ser julgado por Juno Delamare por ter recusado o convite de casamento de seu irmão... Mas ele não conseguia deixar de pensar nela! E decidiu que estaria presente na cerimônia de casamento para deixá-la sem defesas e arrancar seu vestido de madrinha. Quando a noite que tiveram foi revelada nas principais manchetes, Mac arrastou Juno para duas semanas a sós com ele e longe de todos os paparazzi. Logo, porém, ela descobriu que teria de sua aventura mais do que recordações para guardar... Digitalização: Simone R. Revisão: Karla

Série Paixão nº 170, Atração Inevitável – Irmãos Brody 02 - Heide Rice

Querida leitora, Juno Delamare aguardava ansiosamente a chegada de Cormac Brody. Sexy, famoso e bemsucedido, ele estava acostumado a ter mulheres a seus pés... mas não ela. Afinal, Mac era um ator arrogante em Hollywood, um insensível que se recusara a comparecer ao casamento do próprio irmão. Pelo bem da noiva, sua melhor amiga, Juno estava decidida a fazê-lo mudar de ideia e leválo consigo. No entanto, em poucos minutos as coisas saem de controle. Frente a uma perigosa atração, a que ele não faz a menor questão de resistir, ela descobre que deveria ter cuidado com o que... ou quem... deseja... Equipe Editorial Harlequin Books

PUBLICADO SOB ACORDO COM HARLEQUIN ENTERPRISES II B.V./S.à.r.l. Todos os direitos reservados. Proibidos a reprodução, o armazenamento ou a transmissão, no todo ou em parte. Todos os personagens desta obra são fictícios. Qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas é mera coincidência. Título original: PUBLIC AFFAIR, SECRETLY EXPECTING Copyright © 2009 by Heidi Rice Originalmente publicado em 2009 por Mills & Boon Modem Heat. Arte-final de capa: Isabelle Paiva Editoração Eletrônica: ABREITS SYSTEM Tel.: (55 XX 21) 2220-3654 / 2524-8037 Impressão: RR DONNELLEY Tel.: (55 XX 11) 2148-3500 www.rrdonnelley.com.br Distribuição exclusiva para bancas de jornais e revistas de todo o Brasil Fernando Chinaglia Distribuidora S/A Rua Teodoro da Silva, 907 Grajaú, Rio de Janeiro, RJ — 20563-900 Para solicitar edições antigas, entre em contato com o DISK BANCAS: (55 XX 11) 2195-3186 / 2195-3185 / 2195-3182. Editora HR Ltda. Rua Argentina, 171,4° andar São Cristóvão, Rio de Janeiro, RJ — 20921-380 Correspondência para: Caixa Postal 8516 Rio de Janeiro, RJ — 20220-971 Aos cuidados de Virgínia Rivera 2

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CAPÍTULO I Lutando para controlar os batimentos do seu coração, Juno Delamare passou os olhos sobre o monitor no tumultuado Terminal Cinco do aeroporto de Heathrow procurando por detalhes sobre o voo 155 de Los Angeles. As palavras "No desembarque" piscavam e seu coração batia mais que o normal. "Pelo amor de Deus, mulher. Controle-se", dizia para si mesma. Juno comprimiu as mãos dentro dos bolsos de seu jeans novo, que tinha um pequeno rasgo no joelho já que um dia antes ela havia arrumado as estantes, e respirou profundamente várias vezes. Ela tinha que se acalmar. Estava enfurnada na missão, uma missão muito importante, e simplesmente não tinha tempo para ter um ataque cardíaco — acabaria com seus planos. Quando o ídolo de Hollywood Mac Brody passasse pelo portão de desembarque, ela queria estar pronta — e totalmente no comando de suas emoções — para que pudesse entregar o convite para o casamento de sua melhor amiga, Daisy Dean, e certifícar-se que ele iria. Daisy iria se casar com Connor Brody, um milionário do ramo imobiliário, dentro de duas semanas, e estava decidida a reunir, na cerimônia do casamento, Connor com o irmão que não via há muito tempo. Juno fez disso sua missão, para assegurar que o irmão mais novo fosse de qualquer maneira. Ela ainda não tinha a menor ideia de como exatamente faria com que ele concordasse. Mas ela pretendia dar o melhor de si. Daisy ajudara Juno a colocar sua vida nos eixos seis anos antes, quando ela achava que nunca mais conseguiria importar-se com algo ou alguém novamente, e devia isso a amiga. Infelizmente, apesar do compromisso sincero de Juno com a causa, quando, duas semanas atrás, jurou para si mesma que traria Mac Brody para o casamento de Daisy e Connor, ela não havia pensado na logística de tudo isso. Mas agora, quando já era quase meia-noite no imponente aeroporto de Heathrow, a logística estava começando a sufocá-la. E se ela falhasse? E se ele estivesse com uma tropa de guarda-costas e ela não conseguisse chegar perto? E se ele se recusasse a pegar o convite? Quando foi a última vez que ela abordou um desconhecido, quiçá tentar convencê-lo a fazer algo? Seus poderes de persuasão eram menos que nulos quando se tratava de homens. Duas semanas atrás, Juno estava na cozinha clara e arejada de Daisy. A manhã quando a carta chegou... Aquilo disse a ela tudo o que precisava saber sobre a personalidade de Mac Brody, celebridade de Hollywood e inigualável bad boy irlandês. Tudo bem, ele era bonito — do tipo alto, moreno e perigoso —, mas isso não mudava o fato de que sob aquela masculinidade taciturna havia um egoísta superficial, arrogante e egocêntrico. O humor de Juno piorou diante da lembrança da frieza de Brody. Daisy estava muito empolgada, certa de que a carta traria boas notícias. Mas ao rasgar o envelope, encontrou o convite do casamento que ela enviara para Brody e um bilhete do seu agente dizendo que o senhor Cormac Brody não iria ao casamento de seu irmão Connor, e solicitando para a senhorita Daisy Dean não mais contatá-lo. A resposta mecânica fez Daisy chorar, e ela raramente chorava, mas para Juno o pior foi a reação de Connor. Ele colocou seu braço no ombro de Daisy e disse para ela não ficar tão chateada assim, eles não tinham direito de pressioná-lo a se comprometer com algo que o irmão não queria e não se falaria mais no assunto. Porém Juno viu Connor ler o bilhete e viu a dor e o pesar que ele lutava para esconder. 3

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Que direito tinha Brody de magoar os amigos dela assim? E pior, ele nem mesmo teve coragem de sujar as mãos para contatá-los. Juno abriu caminho pela multidão e cruzou os braços sobre a cerca de proteção. Ignorando o batucar insistente do seu coração, analisou os olhares curiosos dos passageiros que passavam pelo portão de chegada. Em sua boca havia um sorriso de determinação. Ela tinha que esconder sua hostilidade para que funcionasse. Mas o que quer que acontecesse, ela não daria a Brody o prazer de perceber o quão nervosa estava, ou o quanto havia em jogo, e ela definitivamente não imploraria. Isso apenas faria com que aquele homem desprezível se sentisse superior. Seus olhos cerraram-se ao reconhecer um homem alto caminhando sozinho pelo corredor. Ao contrário dos demais passageiros, que estavam amarrotados, mas bem-vestidos, ele vestia roupas confortáveis até demais. Um jeans desbotado caído sobre seus quadris magros e uma camisa antiga dos L.A. Dodgers que ficava sobre seus bíceps bronzeados enquanto ele carregava uma mala de couro grande no ombro. O boné de baseball dos Dodgers estava com a aba para baixo, para esconder o rosto, mas Juno conseguia ver um pouco de barba em seu queixo, e o cabelo preto e ondulado que tocava seus ombros largos. Seria Brody? Ela olhou fixamente para ele, tentando certificar-se. Se fosse ele, não era o que ela esperava. Com os ombros arqueados, a cabeça para baixo e os dedos segurando a alça da mala, o homem que andava na sua direção tentava passar despercebido. Estava funcionando. Porém pela sua altura, pelo menos trinta centímetros mais alto que seus 1,60 m, Juno achou estranho que ninguém prestara atenção nele. Mas observou o modo como o desconhecido andava. Sabia que só podia ser Mac Brody. Ele tinha o mesmo jeito de andar lento e tranquilo do irmão, Connor. Ela se acotovelou pela multidão para interceptá-lo no portão de saída. Seu coração batia forte. Mantendo os olhos voltados para o chão, Mac Brody ignorou o barulho e soltou a mochila para aliviar a tensão e o cansaço. Ele jamais gostara de aeroportos, e o Heathrow carregava lembranças ruins. Na última vez que ele estivera lá, três anos antes, os paparazzi estavam de tocaia. Havia passado menos de uma semana do seu rompimento público com a top model Regina St. Clair, e apenas dois dias após Gina ter vendido a história do casal para a imprensa, o estigmatizando como um cheirador de cocaína que transava com uma mulher diferente por noite. Ele ficara furioso com Gina no momento. Mas superou logo. De alguma forma ela se deixara iludir que estavam apaixonados e que ele não lhe dava importância. Lição aprendida. Quando namorasse de novo, deixaria claro exatamente o que espera de um relacionamento e exatamente o que ele não quer, logo no começo. Olhou rapidamente procurando a saída. Ao não ver nem sinal de fotógrafos ou de algum canalha da imprensa, suspirou aliviado. Ele saberia lidar com os paparazzi se precisasse, mas agora estava exausto após um voo de 11 horas e filmagens simultâneas à noite durante a semana anterior, e não precisava dessa inconveniência. Para sua sorte, aprendera a se mesclar com a multidão logo cedo, as pessoas dificilmente reconheciam-no no meio de outras, a menos que ele quisesse. Ao avistar a placa de saída, mudou de direção, mas enquanto abaixava a cabeça para dirigir-se à saída um pequeno vulto apareceu por detrás de uma coluna bem no seu caminho. — Mas que d... — ele parou bruscamente para não derrubar a garota. — Você é Cormac Brody — sua voz tremia, mas ela falou alto o suficiente para chamar a atenção. — Fale baixo — ele disse, examinando as pessoas ao redor. Por sorte, aparentemente ninguém a ouvira. — Desculpe incomodá-lo. Mas eu preciso falar com você — ela disse, tentando mostrar delicadeza, mas ele notou uma clara aspereza. — É muito importante. — Muito importante, é mesmo? — Ele já havia ouvido aquilo antes. As palavras de recusa estavam na ponta da língua, mas quando ele olhou o rosto da garota, elas se recusaram a sair de sua boca. Quem quer que fosse essa garota, ela era muito bonita. 4

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O jeans rasgado e a sobreposição de camisetas deveriam fazê-la parecer pouco feminina, mas ficavam bem nela, envolvendo suas delicadas curvas e realçando sua cintura fina e seus seios pequenos, mas firmes e atraentes. O impacto causado por aquele rosto claro em forma de coração precisaria ser considerado. Nem verdes, nem azuis, os olhos redondos e translúcidos dela atraíram a sua atenção, somados ao suave cabelo louro escuro meio mal cortado, à pele clara em tom de creme e a um rosto perfeitamente definido, além do fato de não haver nem um pouco de maquiagem, ele tinha que admitir que o efeito fora fulminante. Ele se perguntou se ela seria uma fã. E torceu para que não fosse. — O que é tão importante? — Ele podia dispor de algum tempo para ela, afinal há muito não ficava tão fascinado. — Eu não tenho muito tempo agora, querida. — Seus olhinhos cerraram-se e ela ficou ainda mais linda. Parecia uma camponesinha. — Não seja condescendente, sr. Brody. Ele piscou, surpreso pela resposta corajosa. Ela não era uma fã mesmo. — Eu agradeceria se você parasse de falar meu nome tão alto — disse, mantendo um tom de voz suave, apesar de ser a segunda vez que falava isso. — Não estou nem um pouco a fim de chamar atenção. — Fascinante ou não, ela já estava tornando-se um problema. Ele deu uma olhada nela novamente para ter certeza que ela não o revelara e avistou a única pessoa que ele não queria ver. — Droga. Ela ficou brava e começou a virar-se. Jogando sua mala no chão, ele agarrou seus ombros e a empurrou contra a coluna para que ambos saíssem da vista de Pete Danners. Seu inimigo. O mesmo fotógrafo que o perseguiu como um Rottweiler três anos antes. — Não olhe — ele a repreendeu. Apoiou seu cotovelo sobre a cabeça dela, prendendo aquele corpo junto ao dele para olhar ao redor da coluna. — Se aquele homem me vir esta viagem será uma desgraça. Juno inspirou bruscamente, estava tão chocada que se esqueceu de expirar. O que estava acontecendo? Antes encarava olhos assombrosamente azuis, pensando que Cormac Brody era muito mais bonito do que deveria ser, e quase tão arrogante quanto ela imaginava. No momento seguinte, estava imobilizada contra aquele corpo delgado e musculoso. Ela ficou tonta e lembrou que precisava de ar. Soltou o ar e inspirou novamente. Podia sentir cada centímetro dele. O tórax firme encostado em seus seios. Coxas compridas apertadas junto às dela, e a fivela do cinto contornando sua barriga. O atordoante perfume de menta e de homem a sufocava. — O que você está fazendo? — ela ofegou, com um grunhido contrariado abafado pelo tórax dele. Ela não ficava assim tão perto de um homem há seis anos. Tinha todo direito de gritar. Mas junto com o choque, uma estranha explosão de calor pulsava em cada parte em que seus corpos se tocavam. Ele foi um pouquinho para trás, ainda olhando por cima do ombro dela. Juno respirou profundamente mais uma vez. — Ele foi embora. Graças a Deus. — O toque do seu hálito na orelha dela fez com que ela se arrepiasse. — Fico lhe devendo essa, gata. — Eu, eu não consigo respirar — ela gaguejou, seus dentes tremiam. Ele tirou o boné e o vivaz e impenetrável azul dos seus olhos fixaram-se no rosto dela. — Qual é o problema? Você é o problema, ela queria gritar, mas as palavras não saíram. Primeiro ela tinha que parar de tremer. Ele inclinou a cabeça. — Relaxe, querida — uma mão áspera acomodou-se no pescoço dela. Sua respiração acelerou-se quando ele passou o polegar por seu queixo e cabelo. Ela tentou dizer alguma coisa, qualquer coisa, mais o que saiu foi um gemido sufocado. A 5

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mão dele pousou sobre sua nuca, segurando-a firmemente. — Que tal assim? — ele a atiçou, seus lábios tão próximos que ela conseguia sentir o perfume de menta do seu hálito. A boca de Cormac inclinou-se na direção da dela. No momento em que aqueles lábios fortes tocaram os dela, sua pulsação ficou fora de controle, como se ela tivesse recebido uma carga elétrica. Um choque e algo muito mais potente a acertou. A língua dele deslizou sobre o lábio inferior dela e Juno deixou escapar um gemido atordoado. Ela deveria afastá-lo, sua mente gritou. Mas quando suas mãos encostaram-se à camiseta dele, os músculos tremeram sob seus dedos e as mãos deslizaram sobre a roupa dele. Os lábios dela abriram-se e a língua de Cormac pegou-a à força. Ela pegou fogo, seu sexo pulsava, seus mamilos enrijeciam, e acabou-se o último sinal de razão. Ele estabeleceu um ritmo primitivo enquanto a boca dela se abria para recebê-lo. Sua língua duelava com a dele, hesitando no princípio, mas ficando mais ousada na medida em que o fogo a arrebatava. Dedos fortes e insistentes a exploravam, escorregando para dentro da sua camiseta, fazendo com que ela resistisse enquanto eles se acariciavam. Então ela sentiu a masculinidade encostada em sua barriga. Ela lutou, tentando recuperar o controle de seu corpo traidor, e desvencilhou-se dele. — Uau. Isso foi diferente — ele encostou sua testa na dela. — É melhor pararmos antes que as coisas saiam do controle. Juno ficou tensa e encolheu-se quando voltou à realidade, apagando a paixão com um balde de água fria. O que fizera? Após seis anos de um feliz celibato, ela beijara um estranho no meio do aeroporto de Heathrow. Alguém que ela nem gostava. — Por favor, você pode tirar a mão? — ela disse, terrivelmente envergonhada enquanto o polegar dele continuava a acariciar suas costelas, perigosamente perto dos seus seios. Ele retirou a mão, e a colocou no quadril dela. — Que tal irmos para um lugar privado e continuarmos? Ela tentou colocar a camiseta dentro da calça freneticamente, suas bochechas estavam rubras. Ele achava que ela era uma prostituta ou coisa parecida? Ele colocou seu dedo sob o queixo dela, inclinou a cabeça de Juno para trás. — Algum problema? É claro que havia um problema. Um ninfomaníaco acaba de raptar o meu corpo. Ela se soltou. — N...não há problema algum — ela gaguejou. — Mesmo? — ele baixou as sobrancelhas. — Você está estranha. "Você não faz ideia", pensou. — Eu preciso ir. — Ela precisava fugir daqueles olhos curiosos e daquele rosto implacável, bonito demais, antes que o ninfomaníaco voltasse. A mão de Cormac agarrou o punho dela. — Espere um pouco — ele disse com uma calma enervante. — Eu preciso ir mesmo — ele não a soltava. — Não se beija um cara assim para depois ir embora — ele disse, nem um pouco perturbado pelo que acabara de acontecer. — E o assunto muito importante que você precisa falar comigo? Ela abriu a boca para exigir que ele a soltasse. Mas fechou-a novamente. Ah, não. O convite de casamento. Como ela pode ter se esquecido do casamento de Daisy? E sua missão? — Por favor, solte meu pulso — ela gaguejou. — Eu tenho algo para você. Ele a soltou, havia um sorriso sensual em seus lábios. — Isso eu já sei. Ela enrubesceu ainda mais e seus mamilos endureceram. Desgraçado. Como ele podia ter esse efeito sobre ela? — Eu não estou falando de favores sexuais. — Ela bateu com o envelope na palma da mão 6

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dele. — É o convite para o casamento do seu irmão. Ele ficou tenso e o sorriso sumiu ao olhar para o convite. — É da minha melhor amiga, Daisy, noiva do seu irmão — acrescentou. Cormac levantou os olhos e ela achou ter visto algo brilhar nos olhos dele. Mas sumiu tão rápido que ela tinha certeza que fora sua imaginação. — Eu não tenho um irmão — ele respondeu, comprimindo o envelope. Este era um cenário que ela não tinha considerado. — É claro que tem — ela disse de repente, imaginando o que teria acontecido entre este homem e Connor. Ele estava totalmente imóvel. Juno havia prometido a si mesma que não imploraria, mas depois do que fora, implorar um pouco já não parecia mais tão terrível. Ela respirou fundo. — Por favor, você tem que ir. É muito importante. — Não para mim — ele disse, arrogante o suficiente para fazê-la enfurecer. Ele levantou o convite. — Você pode devolvê-lo para sua melhor amiga e dizer a ela que não estou interessado. — Como você pode ser tão insensível? — ela perguntou impulsivamente. — Isso não é da sua conta. — Ele o devolveu com um sorriso amargo. Ela endureceu, abalada com o tom frio e sem emoção. — Eu já disse, Daisy é minha amiga — argumentou, odiando sua atitude defensiva. — Entendo — ele disse. — E o beijo foi sua ideia ou dela? Juno ficou boquiaberta: — Você sabe muito bem que o beijo foi ideia sua. Do que ele a estava acusando? — Sabe de uma coisa, sr. Brody — chega de implorar, ela estava cheia de Mac Brody e seu enorme ego. — Só porque você é rico e famoso, não tem o direito de tratar sua família como lixo. Daisy e Connor são pessoas maravilhosas, e eles merecem coisa melhor que você. — É mesmo? — ele riu, para ódio dela. — Se você acha que eu sou um ser tão insignificante, por que me beijou então? Ela iria lhe dar um tapa se ele não parasse de falar daquele maldito beijo. — Eu não o conhecia, agora conheço. Os lábios dele curvaram-se, aparentemente imunes ao insulto. — Mas você ainda vai conhecer minha melhor parte. A lembrança da excitação dele fez com que as bochechas de Juno pegassem fogo. Ela virou o rosto, recusando-se a reconhecer a estranha sensação que vinha de sua barriga. — Eu acho que você superestima seu poder de sedução sr. Brody. Ele riu. — Mas você nunca saberá com certeza, não é? — Ele não merecia uma resposta, mas ela não pode evitar ouvir sua risada zombeteira ao ir embora. De todos os arrogantes, insensíveis, babacas... Juno caminhou furiosa até a saída, seu coração batia em compasso com seus passos largos. Ela estava certa sobre Mac Brody. Ele não merecia uma família tão maravilhosa como Daisy e Connor e seu lindo bebê, Ronan. Graças a Deus ele não iria ao casamento. Que alívio saber que ela nunca mais colocaria os olhos naquele homem terrível, ou nos seus supostos encantos, novamente. O sorriso de Mac desapareceu enquanto ela partia. Seu olhar virou-se para o jeans que contornava a curva do bumbum dela. Ele sentiu um enorme desejo. Ele não deveria tê-la provocado, mas fora irresistível. Assim como o desejo de beijá-la fora irresistível. Ele ainda não tinha entendido o que acontecera. Sentira o fresco perfume do seu xampu, percebido o brilho, excitação e pânico naqueles olhos encantadores, e a sua cabeça parou de funcionar, o instinto tomou conta dele. O impulso de saboreála o havia consumido. E o momento que ele teve sua acolhida doce e inocente foi tão inebriante que ele perdeu o controle. Ainda sim, espontaneidade era uma coisa, imprudência era outra. Ele examinou o terminal, a multidão diminuía. Nem sinal de Danners ou outro fotógrafo, o que era muita sorte. Se Danners o tivesse visto enquanto ele estava com a garota, poderia ter tirado vinte fotos sem que Mac notasse. Ele pegou sua mala, pendurou-a no ombro, e foi então que 7

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percebeu que ainda estava com o convite de casamento na mão. Partiu em direção à lixeira mais próxima. Como havia dito, não possuía mais um irmão, não precisava de uma família e não tinha a intenção de ir a nenhum casamento. A última coisa da qual ele precisava era mexer no vespeiro de emoções. Ou reviver as memórias atormentadoras que ele havia encaixotado e esquecido milênios antes. Mas quando ia jogar o convite fora sua mão parou. Ele levantou o envelope amassado e sentiu o perfume que ela deixara no papel. Estremeceu ao recordar a atração sexual. Um estremecimento que há tempos não sentia. Ele a queria. Admitia isso. Ela não era nem um pouco sofisticada, ou submissa, como as mulheres que ele costumava namorar, mas de alguma maneira o seduzira. E ele não se deixava seduzir facilmente. Mac olhou fixamente para o envelope. Talvez ela ser diferente fora o que o atraíra. As roupas masculinas, o corpinho rebelde, o temperamento espinhoso, ela representava aquilo que ele não tinha há muito tempo. Um desafio. E ele não sabia nem mesmo o nome dela. Xingando baixinho, ele enfiou o convite no bolso de trás.

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CAPÍTULO 2 Juno passou com pressa pela fachada colorida da loja de Daisy, The Funky Fashionista, e passou os olhos pelo display de vitrine que passara quatro horas arrumando no dia anterior. Encheuse de orgulho ao admirar o trabalho da amiga, e a culpa a inundou. Como ela pôde ter sido tão impulsiva e irresponsável? Como ela pôde ter estragado tudo? Beijá-lo fizera cada célula do seu corpo explodir de êxtase. Mas como pode seu corpo ter escolhido justo ele para reagir com tamanha fogosidade? Um homem que tinha a integridade emocional de um mosquito? Isso contrariava tudo o que ela sabia sobre si mesma. Tudo o que ela havia-se tornado nos últimos seis anos. Esqueça aquele maldito beijo. Suspirou ao avistar o edifício da Sra.Valdermeyer. Nesse momento tudo que ela queria era se esconder em sua quitinete e tirar o resto do dia de folga para atualizar a contabilidade da loja, e também para tentar se convencer que aquela manhã não acontecera. Ela deu o primeiro passo em direção à porta da Sra.Valdermeyer, e parou. — Droga! Ela não podia fazer isso. Seis anos antes havia prometido para si mesma que sempre enfrentaria o que fizesse. Ela estragara tudo esta manhã, e decepcionara duas pessoas que ela amava. Quaisquer que fossem as circunstâncias atenuantes, ela devia isso a Daisy: falar a verdade e desculpar-se. — Estou tão feliz que você veio. — Daisy sorriu de alegria olhando para trás enquanto andava pelo longo corredor de sua casa. — O tecido do meu vestido de noiva chegou de Delhi. É maravilhoso, você precisa ver. — Legal — respondeu Juno, tentando mostrar um pouco de entusiasmo ao entrarem na ensolarada cozinha na parte de trás da casa. — Onde está Ronan? — perguntou, postergando o inevitável. — Tirando uma soneca. O pestinha. — Daisy encheu a chaleira. — Você acredita? Ele acordou às quatro esta madrugada. Seus olhos brilharam ao falar do filho e Juno sentiu uma fisgada no peito. — Nós precisamos conversar sobre o seu vestido de dama de honra. — Ela soltou os saquinhos de chá dentro, das canecas de cerâmica. — De jeito nenhum vou deixar você entrar na igreja de jeans e... Ela parou de falar abruptamente quando olhou para Juno. Seus olhos se arregalaram. — O que aconteceu com seu rosto? Queimadura de sol? Juno colocou as mãos na bochecha. — Talvez... — Será que o dia podia ficar pior? — Deixe-me pegar uma pomada — disse Daisy. Juno levantou a mão. —Não se preocupe. Não está doendo. — Respirou firme, decidida a confessar antes que Daisy percebesse alguma coisa. — Eu fiz uma coisa impulsiva e irresponsável e eu... — Impulsiva e irresponsável? — interrompeu Daisy. — Você? Eu não acredito — ela zombou. — Você é a pessoa mais cautelosa que eu conheço. Isso fora ontem. — Eu encontrei Mac Brody no aeroporto de Heathrow esta manhã e tentei entregar o convite — ela falou sem parar, antes que perdesse a coragem. Daisy piscou. — Você encontrou Mac? O irmão do Connor? Mas... — Ela parou, certamente por ter ficado sem palavras. 9

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— Eu tive a ideia idiota de que conseguiria convencê-lo a ir. — Juno retorceu as mãos no colo. — Eu sabia o quanto vocês queriam que ele fosse. Você e Connor e depois... — Espere, espere — Daisy interrompeu novamente. — Volte um pouquinho. — O quê? — Você está me dizendo que foi até o Heathrow esta manhã para encontrar o lindo, charmoso e estupendamente sexy Mac Brody, o astro de cinema? Por vontade própria? — Não importa — ela disse, o mais sobriamente possível. — A questão é que ele disse que não viria ao casamento, e até mesmo disse que não tinha irmão, então eu perdi o controle e piorei as coisas. Eu queria pedir desculpas a você e Connor. Porque agora é que ele não virá mesmo. — Desculpar-se pelo quê? Nós já sabemos que ele não vem — disse Daisy sem rodeios. — Nós recebemos aquela carta do agente dele, lembra? — Eu sei. Você ficou muito chateada. — Eu fiquei um pouco chateada no começo. Mas depois que pensei um pouco, vi que estava otimista demais, achando que ele voltaria tão rapidamente. Connor era igualmente teimoso e desorientado quando eu o conheci. Depois das coisas terríveis que aconteceram com eles quando eram crianças, não me surpreendo que Mac tenha problemas de sobra. — Daisy suspirou pesadamente. — Não me surpreende o fato de ele dizer que não tem irmão. "Que coisas terríveis?", a pergunta estava na ponta da língua mas Juno conteve-se, e controlou o pequeno arrombo de compaixão que surgiu nela. Talvez houvesse mais entre Connor e Brody do que ela imaginava. Mas Mac Brody estava certo sobre uma coisa: isso não era da conta dela, e ela já havia se metido em muitos problemas tentando se envolver nisso. — Tenho certeza de que Mac precisa de uma família tanto quanto Connor precisou — continuou Daisy. — Mas ele provavelmente precisará de um tempo para perceber isso. Juno imaginou se o homem que a beijara com tanta confiança, um dia houvesse precisado de alguém. — Mas chega de falar de mim. — Daisy deu um tapinha no joelho de Juno, novamente com excitação na voz. — O que você achou dele? Juno sentiu seu rosto enrubescer. — Aconteceu alguma coisa. — Daisy apontou para ela com um sorriso de vitória. — Você está vermelha. Você nunca fica assim. — Não aconteceu nada — Juno resmungou, seu rosto estava em chamas. Daisy deu um gritinho. — Você o beijou! — disse ela com assustadora certeza. Juno ficou boquiaberta. Quem era ela? Uma telepata? — Isso no seu rosto é marca de barba, não de sol! — Daisy concluiu, sua voz atordoada pelo entusiasmo. — Eu preciso saber, Connor já me deixou marcas assim. E você o encontrou após um vôo de muitas horas. Ele não teria tido tempo de se barbear. Não apenas telepata, mas maldita Sherlock Holmes. — Foi um erro — disse Juno, tentando sair do abismo. — Ele precisava se esconder dos fotógrafos e então... — Então o quê? Ele a beijou em um momento de loucura? — Não foi nada na verdade. — Mentira — disse Daisy. — Ele é o primeiro homem que você beija desde Tony. Isso significa muita coisa. Juno estremeceu ao ouvir o nome de Tony. — Isso não tem nada a ver com Tony. Eu o superei anos atrás. — Eu sei disso. — Daisy segurou as mãos de Juno, seus olhos repletos de solidariedade, fazendo Juno estremecer ainda mais. — Mas e sobre o que aconteceu depois, Juno. E o fato de você ter passado os últimos seis anos da sua vida se castigando? — Eu não sei o que você quer dizer. — Juno tentou soltar as mãos, mas sua amiga a segurou. — Sabe sim. — Daisy suspirou profundamente. — Quando foi a última vez que você usou 10

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um vestido? — Eu não gosto de vestidos. Não ficam bem em mim. — Quando foi a última vez que você usou maquiagem, então? Ou viajou? Ou sentiu a emoção de paquerar um homem bonito? — Daisy pausou, quase perdendo o controle. — Por que você está com vergonha de ter beijado Mac Brody? Ele é o sonho de qualquer mulher. Por que você não iria querer beijá-lo? Daisy parou de falar de repente, sua cabeça estava inclinada. Meio segundo depois Juno ouviu o choramingar de Ronan pela babá eletrônica. — É melhor eu amamentá-lo — Daisy disse, apontando para Juno. — Mas não ouse sair daqui. Assim que eu voltar vamos ter outra conversinha sobre seu vestido de dama. — Daisy deu um sorrisinho. — Quando eu finalmente conhecer Mac Brody vou dar-lhe um grande abraço por ter feito minha melhor amiga perceber que ela é mulher novamente. Pela babá eletrônica Juno ouviu o choro de Ronan transformar-se em um gemido e depois acabar completamente diante da voz suave de Daisy. Juno imaginou Daisy sentada na cadeira de balanço branca perto da varanda do quarto do bebê, ajeitando o filho ao seio. Ela se levantou bruscamente, percebendo com horror que estava quase chorando. Não precisava ficar maluca. Podia ainda continuar sendo prática e sensata. Ela tinha que parar de ser tão covarde e começar a livrar sua vida da enorme rotina na qual ela havia se transformado. Meu Deus! Se ela era capaz de beijar um astro de cinema no aeroporto de Heathrow e sobreviver para contar a história, ela certamente conseguiria deixar sua melhor amiga desenhar um vestido para ela. Especialmente se ela deixasse claro que não queria que o vestido fosse extravagante demais. Honestamente, que mal faria?

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CAPÍTULO 3 — Daisy, eu... eu não sei o que dizer. — Juno ficou boquiaberta ao ver sua imagem no espelho, o cetim de cor bronze reluzia sobre curvas que ela não sabia que tinha até cinco segundos atrás. — E a mesma coisa que estar nua. Eu não posso entrar na igreja usando isso. O pastor vai ter um ataque cardíaco. Daisy riu. — Ele não vai ter um ataque cardíaco. — Ela ergueu a cabeça, pensando, depois se agachou para endireitar a bainha. — Mas ele pode lhe passar uma cantada. Afinal, ele é francês. O choque estava começando a desaparecer um pouco, mas Juno ainda era incapaz de rir da situação.— Eu estou usando um decote — ela murmurou incrédula, impressionada com o modo com o contorno arredondado dos seus seios estava pressionado pelo ousado decote do vestido. — Meu trabalho está feito. Você está sensacional. — Ela sorriu. — Mas a questão é: como você está se sentindo? Você gostou? Juno deu uma voltinha para dar mais uma olhada rápida em como o profundo decote na parte de trás do vestido revelava tentadoramente a curva de seu bumbum. Ela respirou fundo e soltou o ar bem devagar. Jamais vestira algo tão lindo em toda sua vida, ou tão ousado. O vestido não era apenas extravagante, era muito, muito ousado. Analisou o efeito do vestido no espelho novamente. O corte de cabelo Chanel, o pouco de gloss e rímel que fazia com que seus traços comuns parecessem exóticos, e seu corpo magro realçado pelo brilhante cetim cor de bronze do vestido. Daisy a havia feito parecer e sentir-se sexy pela primeira vez na vida. Mas ela teria coragem de ir adiante? Quando decidira revelar sua feminilidade, não havia pensara em algo tão liberal. — Eu me sinto diferente — ela disse com sinceridade. — Diferente para melhor ou para pior? Juno ficou com um nó na garganta de emoção quando seus olhos cruzaram com os de Daisy pelo espelho. — Diferentemente assustador, mas excitante. Daisy sorriu. — Excitante é bom. — Ela tocou o braço de Juno. —Você vai deixá-los de queixo caído. Mas lembre-se, aparecer mais que a noiva não é permitido. E você não pode chorar, ou seu rímel vai borrar e você ficará parecendo um guaxinim. Juno riu, a agitação da expectativa fazendo-a sentir-se um pouco tonta. — Bom saber. Alguma vez ela havia se sentido tão jovem e feliz como agora? Juno agarrou com força o buquê da noiva, seus braços se arrepiaram e ela tentou se concentrar na voz do pastor, com forte sotaque francês. Daisy segurava a mão de Connor e repetia os votos com voz firme e clara. O bordado do vestido de Daisy brilhava sob a luz do vitral. Ela passou a mão sobre o liso cetim bronze do vestido e sorriu, deixando aquele sentimento embargá-la. Ela parara de acreditar em finais felizes há muito tempo, mas estar naquele lugar lindo e assistir Daisy declarar seu amor por Connor fazia qualquer coisa parecer possível. Daisy havia trabalhado duro pelo seu final feliz e encontrara o homem dos seus sonhos contra todos os prognósticos. Na sua experiência, homens como Connor são raros como diamantes de cinqüenta quilates. Ela precisava lembrar-se disso antes que seus olhos lacrimejassem. A voz do pastor foi interrompida por tosses e sussurros. Os fios de cabelo na sua nuca arrepiaram-se e ela teve a sensação que alguém a estava observando. Ela arriscou espiar por sobre o ombro. Os convidados estavam tentando olhar para algo na parte de trás da pequena igreja. Ela ouviu a respiração contida de Daisy ao mesmo tempo que seus olhos fixaram-se na figura misteriosa em pé ao lado da entrada. Cada molécula de sangue do seu corpo fez seu coração bater mais forte. Ele? Não pode ser. 12

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Ela piscou várias vezes, com certeza estava vendo coisas. Mas não estava. O homem que havia sido o protagonista em muitos dos seus sonhos nas últimas duas semanas parecia olhar fixamente para ela. Ele baixou a cabeça e ela podia jurar que sentiu um olhar varrer seu corpo. — Connor, é o Mac. Ele veio. — Ela ouviu a felicidade na voz baixa de Daisy enquanto sentiu um incrível frio na barriga. — Sério? — Connor pareceu tão chocado quanto Juno. O pastor tossiu propositalmente, havia uma expressão de incômodo no seu rosto causada pela interrupção. — Excusez-moi, monsieur — Daisy falou para ele em francês. — Une moment s 'il vous plaít, un personne três important est arrive. Une moment. Ela segurou a mão de Connor. — Nós temos que lhe dar as boas-vindas. Juno ficou enraizada no lugar, como se estivesse assistindo em câmera lenta, seu coração dando socos em suas costelas, enquanto Daisy suspendia seu vestido de noiva e corria pelo corredor da igreja rebocando Connor. Daisy diminuiu a velocidade por menos de um segundo quando chegou ao lado de Mac, e jogou os braços ao redor de seu pescoço. Juno achou tê-lo visto endurecer enquanto Daisy o abraçava, suas mãos pausaram sobre as costas de Daisy por apenas um instante. Quando ela finalmente o soltou, os irmãos deram um aperto de mão e Connor segurou o ombro de Mac. Juno não conseguia ouvir o que eles estavam falando graças ao burburinho ao seu redor, mas ela não pôde evitar perceber a postura rígida de Brody, tão diferente de sua postura no aeroporto. Juno ruborizou quando Daisy pegou a mão de Mac e o levou pelo corredor. Ela mordeu o lábio inferior para não berrar ao vê-lo se aproximar. Ela não podia deixar-se intimidar por ele. Não era a moleca ingênua e inexperiente que ele havia beijado e zombado duas semanas antes. Ela estava mais forte agora e muito mais requintada. Ao menos parecia estar. — Você não vai acreditar em quem veio — Daisy a provocou. — Juno, acho que você já conhece o irmão de Connor, Mac. Ele havia cortado o cabelo. Os grossos cachos negros, agora em um corte militar, apenas mostravam uma leve curva perto das orelhas. O novo corte de cabelo, junto com o rosto bembarbeado, o terno de linho cinza perfeitamente costurado e a camisa de um branco puríssimo, deveriam tê-lo feito parecer muito menos perigoso. Mas não fizeram. — Olá novamente, sr. Brody — ela disse sucintamente, apesar do enorme frio na barriga. — Juno, não é mesmo? — Seu olhar fez com que os mamilos dela ficassem excitados e apertassem seu sutiã. Ele murmurou, o azul penetrante dos seus olhos perturbadores como ela lembrava: — Combina. O pastor tossiu mais alto. Juno esquecera que ainda era preciso concluir o casamento de Connor e Daisy. Após alguns minutos, que pareceram décadas, o pastor declarou Daisy e Connor marido e mulher. Puxando sua noiva para seus braços, Connor jogou o corpo dela para trás e silenciou sua risada com um beijo sensual. A abundante demonstração de carinho fez com que Juno ficasse ainda mais atenta ao homem que estava em pé atrás dela. — Parece divertido. — O sussurro provocativo no ombro dela atravessou a sequência de assobios e aplausos que vinha dos convidados. — Que tal se nós dois tentássemos mais uma vez? Juno endureceu enquanto a respiração dele alisava sua nuca. Bem típico. Enquanto Daisy encontrara o homem dos seus sonhos, ela era tentada pela encarnação do diabo. Sua cabeça girava. — Não, obrigada — ela disse, lutando para manter a compostura. — Uma vez foi mais que suficiente para mim — ela continuou, ironicamente. Mas então os olhos dela mergulharam voluntariamente na boca dele, e ela pode sentir aqueles lábios fortes e persuasivos tocando os dela, mesmo estando Mac a trinta centímetros de distância. — Uma vez nunca basta, Juno — ele murmurou. Ela olhou para ele e encontrou aqueles olhos azuis cintilando com a promessa de maldição eterna. — Especialmente para mim e você. Ela deu as costas para ele, resistindo ao desejo de bater nele com o buquê. Se ela não 13

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soubesse, acharia que ele entrara de penetra no casamento de Daisy e Connor apenas para importuná-la. Connor finalmente soltou sua esposa e Daisy abriu os braços para Juno. — Estou tão feliz que acho que vou explodir — ela murmurou no ouvido de Juno enquanto a abraçava forte. Juno se segurou, as lágrimas a atormentando novamente. — Você está com o melhor homem do mundo. E ele quase merece você. A mão de Connor pousou sobre o ombro dela e ela soltou Daisy. Ela viu o afeto de irmão no rosto dele. — Não vá perder a cabeça — ele disse, puxando ela para seus braços. — Ou eu posso começar a achar que você gosta de mim. — Não vamos exagerar — ela provocou, curtindo a amizade que eles haviam construído no último ano e abraçando-o. Connor deu risada. — Como se eu tivesse coragem. Ela viu que a mão de Connor segurava na de Mac. — É muito bom ter você aqui Mac. Já faz muito tempo. — A voz de Connor mudou. — Tempo demais. — Mac soltou a mão de Connor. — É — ele disse, sem emoção. — Você virá para a recepção? — perguntou Connor, em dúvida. — Daisy e eu queremos que você conheça Ronan, nosso filho. Você é tio dele, afinal de contas. Mac ficou tenso, seu rosto fechou-se, cauteloso. — Claro, eu não perderia por nada — disse ele, após uma longa pausa, mas a resposta soou indiferente. Um ardor floresceu na boca do estômago de Juno, mas não o suficiente para aplacar o frio na barriga. Ela reconheceu aquele tom frio e fechado; ele falou da mesma maneira quando disse que não tinha um irmão. Daisy aproximou-se de Mac e segurou sua mão entre as suas. — Você não imagina o quanto isso é importante para nós, Mac — disse ela, com uma felicidade indefesa em sua voz, fazendo com que o estômago de Juno começasse a doer. — Tudo o que importa agora é que você está aqui. Ela sorriu. — Espero que esteja com fome. Nós temos comida francesa o suficiente para alimentar um batalhão no château, você vai ter que comer a sua parte. — Tenho certeza de que comerei alguma coisa — ele respondeu. — Connor e eu temos que voltar para cumprimentarmos os outros convidados. — Ela piscou para Juno. — Então vou deixá-lo nas mãos de Juno. Ela pode apresentá-lo, mostrar como chegar lá. Não, ela não podia. Juno olhou mortificada para Daisy. Mas enquanto ela tentava pensar em uma desculpa, Daisy tirou o buquê dos seus braços e cochichou no seu ouvido: — Não seja covarde. Tenho certeza de que ele não morde. — Ela conteve a risada. — Ainda não. E assim Daisy e Connor saíram, engolidos pela multidão de "felicidades" ao descerem do altar durante o entardecer, já como marido e mulher. Juno cruzou os braços sobre a cintura. Ela adorou o vestido que Daisy fizera para ela, mas de repente ela sentiu como se estivesse nua. — São apenas dez minutos de carro até o château — disse ela, incapaz de olhar nos olhos de Mac. Eu posso apresentá-lo para a maior parte das pessoas aqui e depois mostro o caminho. Ele segurou o braço de Juno quando ela ameaçou sair. — Eu dispenso as apresentações. — Seu polegar acariciava a parte de dentro do cotovelo dela, fazendo seu coração bater mais forte. — E eu estou meio perdido, é melhor você ir comigo para mostrar o caminho. — Suas sobrancelhas levantaram, combinando com seu sorriso jocoso. — Você não ia querer que eu me perdesse, certo? "Quem dera", ela pensou, seu coração bateu forte. 14

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— De modo algum — disse ela, incapaz de disfarçar o sarcasmo. Ele riu, enganchando o braço dela no seu. — É assim que se fala, querida. — Ele riu, seu suave perfume a inundava enquanto ele a conduzia para fora do altar. Ela deveria ter se soltado, mas não quis que ele soubesse o quanto sua proximidade a afetava. Então ela se concentrou em lembrar-se de respirar e certificar-se de não cair de cara no chão por causa do salto. — Eu não comi nada o dia inteiro, estou faminto — disse ele naturalmente. Naturalmente demais. Ela não conseguiu controlar o tremor. Por que tinha a impressão que a comida da festa não era a única coisa que ele queria devorar? A brisa do verão fazia com que a noite tivesse uma suave lua . O vistoso carro esporte de Mac parou na entrada do château atrás de uma fila de carros. Olhando a série de carvalhos, Juno vislumbrou o château através dos óculos escuros despontando orgulhoso no cume da colina. Trepadeiras envolviam as torres. No pátio a comida estava sendo servida por um exército de garçons bem trajados e portando bandejas de canapés e champanhe. Não pela primeira vez naquele dia, Juno pensou em palácios, príncipes e uma pompa ha muito inexistente. Daisy e Connor transformaram o casamento dos dois em um evento mágico, mas de sonhar acordada. Definitivamente não era algo adequado nas atuais circunstâncias. Ela deu uma olhada no homem ao seu lado. Nos vinte minutos que transcorreram da igreja até a recepção, Mac Brody estivera surpreendentemente calado. Nada das provocações que ela esperava. Provavelmente porque ele fora cercado por uma multidão assim que a carruagem de Daisy e Connor partira. Ela não imaginara que ele fosse tão famoso! Raramente ia ao cinema, nunca tendo muito tempo para um faz-de-conta e tão pouco para as revistas de fofocas. Entretanto mas surpreendente que toda a atenção, fora a maneira como ele reagira. Havia sido paciente, charmoso e impressionantemente cortês em relação a todos os pedidos de autógrafos e fotos. Ainda assim ela sentira o quão desconfortável ele ficara. Isto a fazia se perguntar onde fora parar o astro de cinema bad boy que a beijara com tanta arrogância no aporto de Heathrow. A tensão nos ombros dele diminuíra assim que chegaram ao Porsche alugado. Mas assim que o château apareceu através do vale, as mãos dele agarraram o volante com força. Como se ele estivesse se preparando para o golpe que viria a seguir. Por que ele decidira ir se esta noite seria para ele tamanho suplício? Ele estacionou embaixo de um carvalho. — Daqui em diante teremos de andar. — Ele olhou para os pés dela. — Você vai conseguir andar pelas pedrinhas com este sapato? Mac provavelmente estava acostumado a mulheres que podiam correr uma maratona de salto alto, mas o comentário foi surpreso, não depreciativo, então ela sorriu. — Não deve ser tão difícil atravessar uns 20 metros. Se tiver dificuldade, eu os tiro. Mas você tem de prometer não contar à Daisy. — E por que isso? — ele perguntou, com aquele sotaque irlandês que fazia a pele dela arrepiar. — Daisy fez este vestido para ter atitude, o que inclui os saltos altos. Se eu não os usasse, ela me acusaria de arruinar o efeito, ou algo assim. — Aquela informação se desvaneceu num silêncio. Por que ela chamara a atenção para seu traje? Como se ela buscasse um elogio, o que definitivamente não buscava. Os olhos dele passearam pelo corpo dela e o coração de Juno quase parou. — Daisy é tremendamente talentosa — ele disse, enquanto seus olhos encontravam os dela. — Você está linda. O calor enrubesceu as bochechas dela e seu coração bateu duas vezes mais rápido pelo impacto do suavemente sussurrado elogio que a efervescia até a ponta dos pés. 15

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"É isso aí, Juno. Agora você está novamente se sentindo completamente nua", confirmou sua voz interior.

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CAPÍTULO 4 “Deus do céu, onde ela se metera?” Pela quinquagésima vez Mac varreu o salão de baile principal daquele château do século XVII e tomou outro gole de suco de laranja morno. Deu uma olhada no relógio. Ela desaparecera três horas atrás, assim que chegaram, com a desculpa de ter de trocar de sapatos. E ele não mais vira sequer um fio de cabelo dela. Vasculhara o maldito lugar checando, três vezes cada, os dois salões de baile. Não estivera assim tão tenso desde sua noite de estreia na Broadway. O local estava lotado. Como um casal podia ter tantos amigos e conhecidos? E nenhum destes parecia ser tímido, se aproximando dele e perguntando a respeito do relacionamento dele com Connor. A única pessoa que ele não encontrava era a mulher que era a razão de ele estar ali. "Contenha-se, homem!", ele se ordenou. Ele se encostou na parede e tentou relaxar. Ao menos se livrara das adolescentes que o seguiam por cerca de uma hora, inibidas demais para se aproximarem. Ao observar as pessoas dançando durante toda a noite, esperando em vão vislumbrar cachos louros sobre um cetim de cor bronze, a pergunta que o atormentara durante toda a noite começou a perturbá-lo novamente. O que o fizera ir até aquele lugar? Ontem à noite ele estivera em Londres, na festa de encerramento das filmagens de seu último filme, recebendo de sua coadjuvante, a linda atriz Imelda Jackson, um convite que deveria ser irrecusável. Mas ao invés de aceitar a sugestão de Imelda de um "casinho de uma noite só para relaxar da tensão", ele recusou. Não havia mais dúvidas. A culpa por aquela decisão insana e pela absurda decisão de ir ao casamento de Connor era da invisível srta. Juno. Ela o enfeitiçara e o seduzira até ali contra sua vontade como uma maldita sereia. Desde que ela o beijara no aeroporto de Heathrow, ele não a conseguia tirar da mente. Quando acordara essa manhã, após outro sonho erótico com ela, soubera que já passara a hora de tomar uma atitude. Ele não era obcecado por sexo e certamente não permitia que mulheres que mal conhecera invadissem seus sonhos. Então tomou o último de uma longa sequência de banhos frios, encontrou o convite de casamento, que curiosamente esquecera de jogar fora, cancelou a passagem de primeira classe no voo daquela noite para Los Angeles e agendou um de manhã para Nice. Mas não foi até estar de pé junto à porta de saída da capelinha francesa que percebera ter abocanhado mais do que queria mastigar. Ver novamente seu irmão fora o mesmo que receber um soco no estômago e isto já tinha sido ruim o bastante. Mas então ele teve de ficar cara a cara com Juno, a figura ágil e delgada vestida com algo maravilhosamente chique que delineava suas curvas como a mão de um amante. Ele olhara naqueles incríveis olhos, sentira uma onda de excitação em seu plexo solar e percebera que lidar com Connor não era seu maior problema. Nem de longe. Ela não parecera estar nem um pouco feliz em vê-lo. Mas no momento em que ele achou que a cativara, quando achou ter sentido uma ligação entre os dois no carro, ela desaparecera feito mágica. Agora, após uma noite inteira de papinhos sem sentido com pessoas a quem não conhecia, mas que agiam como se o conhecessem, de vagar como um idiota procurando por alguém que aparentemente desaparecera (e cuidadosamente evitando seu irmão e a esposa deste), ele se sentia tenso, irritado e p... da vida. Consigo mesmo e com ela. Uma coisa era certa: assim que pusesse as mãos em Juno, ela não escaparia tão facilmente. A cabeça dele se acalmou ao notar um brilho dourado no outro lado do salão. Ele apertou os olhos em direção às sombras que se moviam no hall de entrada e fixou a visão numa massa de cachos iluminada pela luz de velas. Lá estava ela. 17

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As brasas que sentia arder voltaram à vida enquanto ele serpenteava pelo salão de baile. Ignorando as cotoveladas e empurrões dos dançarinos que giravam, ele manteve os olhos fixos em sua presa a cada passo do caminho. O fôlego ficou preso na garganta de Juno quando o viu atravessando por entre a multidão. Um metro e noventa de homem musculoso e devastadoramente sexy. Olhos de um azul frio fitavam o rosto dela com a intensidade de um míssil guiado por calor. A pulsação dela aumentou em um segundo. Ele não apenas tinha um ar de perigo, aparentava selvagem, o que a fez se sentir pega pelas luzes de um trem vindo a toda em sua direção. Por que a olhava assim? E por que isto a fazia se sentir como se fosse entrar em combustão espontânea? Ela manteve os olhos nos dele, incapaz de romper o contato visual. Ok, as notícias não eram boas, afinal não era o pânico que a fazia se sentir tonta, mas a excitação. Os lábios dele tremeram quando percebeu quem estava ao lado dela. Ela pensou ter visto um olhar alarmante passar rapidamente pelo rosto de Mac, mas aquilo desaparecera assim que ele a alcançou. — Olá. — Ele saldou balançando a cabeça, mas aquela única palavra saiu de forma tensa, então os olhos dele se voltaram para o neném aninhado no colo de Connor e ele ficou completamente imóvel. — Deixe-me lhe apresentar seu sobrinho, Mac. — Connor acariciou os macios cachos de Ronan, que dormia, com a cabeça repousada em seu ombro. — Este é nosso filho, Ronan Cormac Brody. Mac continuou a fitar o bebê. — Ronan, é? — ele disse finalmente, com palavras quase inaudíveis graças à batida da música dançante no salão. Ele pôs as mãos no bolso. — É um rapazinho bonito. Connor suspirou pesadamente. — Também achamos. —A tristeza e a resignação na voz dele fizeram o estômago de Juno doer novamente. Será que Mac sequer ouvira o segundo nome do bebê? E por que estava tão contido? Era quase como se ele houvesse se recolhido para seu próprio mundinho. — E ele está exausto, já faz uma década que passou da hora de ele dormir — disse Daisy, encerrando aquele momento de tensão com um enorme sorriso. Colocando uma palma sobre as costas do filho, ela enviou um olhar significativo para Connor. — Devemos pô-lo na cama. — Ela se virou para Mac. — Estamos muito felizes que tenha vindo, Mac. Adoraríamos poder ter tido mais tempo com você esta noite, mas entendemos se estiver se sentindo desconfortável. Juno esperou Mac negar. Acaso ele estivera evitando Daisy e Connor durante toda a noite? E se foi, por quê? Mas ele não o negou. Na verdade, sequer ofereceu qualquer explicação. Daisy pegou a mão dele e a apertou rapidamente. — Você sempre será bem-vindo para nos visitar em Londres. Quando estiver pronto. — Obrigado — ele disse finalmente, voltando os olhos rapidamente para Connor e para o neném. — Foi um prazer vê-los e ao menininho. Aquele tom de voz recordou Juno da forma educada e distante com que ele falou com os convidados na saída da igreja. E ela sabia que ele não tinha a intenção de aceitar o convite de Daisy. Após os dois irmãos se despedirem de maneira artificial, e Mac aceitar um rápido abraço de Daisy, Juno assistiu ao casal ir embora. Connor passou seu braço livre ao redor da cintura de sua esposa e ela posou a cabeça em seu ombro. A emoção apertou o peito de Juno. O casal estava tão desapontado quanto ela pelo que acabara de acontecer. Desconsolada por seus amigos, Juno tomou coragem e fez a pergunta que quisera fazer desde que Mac aparecera na igreja. — O que o fez mudar de ideia? Por que você veio? — ela perguntou. Ele magoara Daisy e Connor com aquele comportamento reservado. Será que percebia isso? — Por que é bastante óbvio que você não queria celebrar o casamento do seu irmão. A mandíbula dele ficou rígida e suas sobrancelhas se aproximaram daqueles olhos intempestivos. O rosto dele não estava mais inexpressivo. Na verdade, ele parecia furioso. — Você acha? — ele perguntou com sarcasmo na voz. Ela abriu a boca para perguntar o que 18

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diabos ele tinha de errado, mas antes de poder dizer uma sílaba sequer ele pegou-a pelo pulso e a arrastou para o salão de baile. Acotovelou vários casais no caminho, arrastando-a atrás de si, antes que ela se recuperasse o bastante do choque para poder falar. — O que você está fazendo? — ela gaguejou, lutando para acompanhar o passo dele e para evitar tropeçar no vestido que se enrolava em seus tornozelos. Ele ou não a ouvira ou não se importava. Sequer diminuiu o passo. O choque se transformou em raiva. As pessoas olhavam para eles. Pessoas que ela conhecia. E se ele não fosse mais devagar ela poderia quebrar o tornozelo tentando acompanhá-lo. Tentou frear com os calcanhares no chão mas ele continuou andando, quase a arrancando do chão. Cada vez mais irritada, ela segurou a mão dele e tentou fazê-lo soltar dela, mas os dedos de Mac apenas a apertaram mais. Eles chegaram ao outro lado do salão de baile e ele marchou em direção a um conjunto de portas envidraçadas que dava para uma sacada isolada. O ar quente da noite atingiu a pele dela enquanto ele a soltava para fechar a porta com um chute. O barulho ecoou através do vale transformou o som da música em um zumbido distante. As costas nuas dela bateram contra o parapeito de pedra antigo da sacada enquanto ele avançava em direção a ela, apenas uma negra silhueta iluminada pelas tochas que emolduravam a porta. Raiva e algo muito mais perturbador brilhavam nos olhos dele. Um calafrio percorreu a espinha dela ao ter a súbita impressão que ele era um tigre recémsaído da jaula. — V... você ficou completamente louco? — ela gaguejou, novamente se sentindo como aquele maldito coelho de novo. — Quanto tempo você demora para trocar um par de sapatos? — ele rangeu — Estou procurando por você pelas últimas três horas. Ela arfou, tão surpresa pela acusação que nem sabia o que dizer. Era impossível estar se sentindo lisonjeada. Seria loucura. A emoção que corria solta dentro dela tinha de ser outra coisa. — Você deveria estar me acompanhando, querida. Se lembra? Não se escondendo de mim como uma colegial assustada. Aquilo não era lisonjeiro, era insultante. — Uma o quê? — ela gaguejou. Quem ele afinal achava que era? Ele acabara de arrastá-la pela pista de dança na frente de todo mundo como se fosse um saco de batatas. — Você estava recebendo bastante atenção sem mim — ela respondeu, se endireitando o melhor que pode. — Não parecia precisar nem um pouco da minha presença. — Maldição. Você estava se escondendo de mim? Mas para quê, diabos? —Agora ele parecia tão incrédulo quanto furioso. Ela levantou o queixo enquanto lutava para não corar. — Eu não estava me escondendo de você, seu babaca convencido. — Mas ela sabia que aquilo era mentira. Os olhos dele se cerraram e era óbvio que ele também sabia. Ela ficou ainda mais ruborizada. Mac pegou o braço dela e a fez ficar de joelhos. — Que tipo de joguinho é esse? — Segurou-a pelo queixo, forçando-a a olhar para cima. — Primeiro você me beija até ficar tão excitado que não conseguia pensar mais. Daí foge. E agora você está fazendo tudo de novo. — Ele a olhou com uma intensidade que a fez ferver entre as coxas. — Pare de brincar de bancar a difícil. Não há motivo — ele murmurou, com os lábios a um milímetro dos dela. — Acredite, você já tem minha atenção total. Ela esticou as mãos contra os rijos músculos do peito dele e tremeu. Os braços dele a envolveram pela cintura, apertando-a em seu abraço. O calor dele queimava através do fino tecido do vestido dela. — Eu não quero sua atenção total — ela disse desesperadamente, mas as palavras saíram sem fôlego e sem convicção, e a pulsação dela disparava. — É mesmo? — ele disse, segurando-a pela nuca e afundando os dedos no cabelo dela. — Então me prove, vamos? 19

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Ela se ouviu arfando momentos antes dos lábios dele mergulharem em um beijo selvagem e castigante. Juno dava soquinhos na cabeça dele, mas seus lábios se abriram e ela se rendeu às fortes carícias possessivas da língua dele. Uma flamejante e crua fissura de desejo se abriu sob os pés dela e provocou um terremoto em seu corpo muito além da escala Richter. — Beije-me— ele insistiu sussurrando. Ela levantou os braços e envolveu-o pela nuca, sem mais nenhum pensamento de resistência enquanto uma louca e selvagem carência profunda efervescia dentro dela como bolhas de champanhe. As línguas dos dois se enrolavam em uma dança frenética. Um novo e desconhecido poder surgia dentro dela e ele estremecia em resposta. Ele afastou os lábios, respirando de modo tão ofegante quanto ela. — Chega de jogos — murmurou. Mac segurou as bochechas dela em suas mãos e tinha os olhos negros de desejo. — Eu vim aqui hoje à noite porque quero você. Meu hotel está no vale seguinte. Se corrermos poderemos chegar lá em dez minutos. Ela vasculhou o rosto dele, duro de desejo, e lutou para fazer algum sentido do que lhe acontecia. Mac acendera um pavio dentro dela, que estava prestes a explodir. Ela queria que ele continuasse a tocá-la, beijá-la. Estava cansada de ter medo, cansada de se negar àquele tipo de contato humano que toda mulher deveria ansiar. Ela nunca ansiara antes. Nem mesmo com Tony. Mas ansiava agora. Aquele era o momento pelo qual esperara. O momento no qual triunfaria sobre o que lhe aconteceu seis anos atrás. Ela tinha de aproveitar ou se arrependeria pelo resto da vida. Então ela disse a única coisa que parecia importante. — Eu não tenho nenhum tipo de proteção comigo. — Deus, eu amo as mulheres práticas. — Ele gargalhou. — Não se preocupe, eu vim preparado. Mas está tudo lá no hotel. Ele acariciou com o polegar o pescoço dela e segurou seus ombros nus com as mãos quentes. — Você tem certeza quanto a isso? O fato de ele ter perguntado, quando era óbvio que ela tinha certeza absoluta, a deu coragem para o último salto em direção à insanidade. Ela concordou com a cabeça. — Graças aos céus — ele disse, pegando-a pela mão e andando em direção ao salão. — Vamos sair logo daqui. Já perdemos tempo demais.

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CAPÍTULO 5 Mac chegou ao hotel em precisamente oito minutos, dirigindo o Porsche como um louco enquanto Juno tremia no banco do passageiro. O cheiro de couro e de homem a aninhava em um mundo de sentidos. Ela tentou enfocar apenas na parte física. A dolorosa batida de seu coração, a acre fragrância de excitação sexual que envolvia o carro e o vento quente da noite em seus cabelos enquanto aquela noite interiorana passava por eles. Ela não olhou para ele. Não podia se permitir pensar nas consequências, em precaução ou praticabilidade. Ela entrou na suíte e se forçou a lembrar que não era mais aquela garotinha tola de antes. Amadurecera. Sobrevivera ao pior e agora dava o passo seguinte. Esta noite com Mac não tinha ligação nenhuma com amor ou sonhos. E tinha tudo a ver com puro prazer físico. Tony roubara algo dela há muitos anos e agora ela o recuperaria. E era tudo o que importava. Mac não pediu a permissão dela, ele simplesmente atravessou a suíte até o quarto, com a mão dela ainda agarrada a dele. Não dissera uma palavra, nem ela, desde que deixaram o château. A pulsação dela disparou quando ele tirou o paletó e o jogou sobre uma cadeira e então apertou um interruptor na parede. Quando a luz acendeu e ela o viu, ficou paralisada ao ver o distinto volume dentro das calças dele. — O que houve? Ela voltou os olhos para o rosto dele. — Nada — balbuciou, sentindo-se como uma tola ingênua enquanto novas dúvidas a atormentavam. E se ela fosse horrível fazendo isto? E se ela fizesse alguma coisa errada? Nas confortáveis sombras da varanda, com ele a beijando, a segurando, a química física entre ambos parecera tão simples, tão natural, tão certa. Mas agora, sob aquela forte luz do quarto de hotel, com o corpo dele tão obviamente rijo e pronto, não parecia mais tão simples. Ela sabia muito pouco sobre sexo. Não fazia amor há seis anos e o pouco que se lembrava daquele breve relacionamento não exatamente a preparara para dormir com um homem como Mac Brody. Um homem que provavelmente tivera mais boas transas do que ela tivera jantares quentes. Ele colocou a mão no ombro dela e a assustou. — Calma, querida — ele disse, acariciando com o polegar na base do pescoço de Juno. Beijou o rosto dela. — Relaxe. Isto será gostoso para nós dois, eu prometo. — Então pegou a mão dela e a conduziu até a cama. — Vamos nos deitar. Vamos devagar e com calma. Não vou pular em cima de você com violência. Eu prometo. Ela não podia falar. As rápidas batidas de seu coração castigavam sua garganta. Se apenas ele pulasse em cima dela. Então aquilo acabaria rapidamente, antes que ela perdesse o humor completamente. Ele se deitou ao lado dela. Seu corpo longo e delgado fazendo o colchão afundar. Jogando o cabelo dela para trás, ele acariciou com o nariz a sensível pele dela atrás da orelha. O beijo foi menos que um sussurro, mas a excitação disparou no corpo dela, injetando uma muito necessária dose de coragem. "Foque no momento, Juno. Apenas foque no momento", dizia sua voz interior. Ela buscou a camisa dele, soltou-a para fora das calças com um puxão desastrado. Enquanto ele a provocava com beijos no pescoço, a palma da mão dela explorava a pele quente e musculosa, descobrindo aquela barriga de tanquinho e a fina trilha de pelos que iam até o umbigo. Mas então os dedos dele se passaram por dentro das alças do vestido dela, soltando o espartilho e expondo a renda no decote. Ela estremeceu, suas mãos tremendo pararam de acariciar a barriga dele. Ela não sabia que podia fazer isso. Ele se afastou. Levantou os dedos dela e beijou-os. — Ok, chega disso. — A voz dele era irritada. — Você parece estar morta de medo. Qual o 21

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problema? Ela engoliu. O fragmento de coragem a abandonava. Ele podia ver? Já notava o quão inútil ela era nisto? — Podemos apagar as luzes? — ela sussurrou. Não queria que ele a visse nua. Tinha seios pequenos, lábios finos e de menino. Mac segurou a bochecha dela, com uma ternura nos olhos que ela não esperava. — Não, não podemos. Não esperei duas longas semanas para fazer amor com você no escuro. Ela abriu a boca para objetar, mas ele pôs o dedo nos lábios dela. — Vamos ao meio-termo. Ele saiu da cama para desligar o interruptor de luz, deixando apenas um brilho perolado da luz do abajur de cabeceira. Mesmo assim, o pânico a consumia quando ele retornou. Aquele cenário tinha potencial para ser um total desastre. Por que ela não pensara nisto? Ela fechou os olhos e se preparou, esperando que ele continuasse a despi-la. Mas ele tomou a mão dela e pressionou a palma contra sua camisa. — Que tal você dar o ritmo? — ele disse. Ela abriu totalmente os olhos. — Você não se importa? — sussurrou, pateticamente grata pela inesperada pausa. — Por que me importaria? — ele disse, curvando os lábios com a promessa sexual. — Você fará todo o trabalho. Ela deu um sorrisinho em resposta, sentindo a pressão diminuir em seu peito. Talvez isto não fosse um desastre total. As mãos dela tremeram aos desabotoar os pequenos botões da camisa dele. Em cada novo vislumbre daquele torso bronzeado e levemente peludo, ela lutava para conseguir manter um pouco mais de controle, emitia mais um suspiro buscando coragem. E, lenta mas continuamente, o desejo ganhava vida novamente. Ele tinha um perfume delicioso de sabonete e loção pós-barba, além do cheiro almiscarado de homem. Ela abriu a camisa para os lados, empurrando o tecido de algodão para fora dos largos ombros dele. E enquanto sua coragem retornava, ela se divertia. Investigava os mamilos escuros aninhados em cachos de pelo escuro, ouvia o grunhido abafado dele ao conhecer os contornos e texturas daquele peito musculoso, o abdome definido. Mas assim que aquela exploração desceu, os dedos dela caminharam mais lentamente e terminaram por parar no cós das calças dele. Ela não podia tirar os olhos do volume, que ficara ainda mais evidente. Ela prendeu a respiração. Achara que podia com ele, que podia com o que estava para acontecer entre eles. Mas estava realmente pronta para aquilo? As mãos dele cobriram as dela. — Juno, esta é sua primeira vez? Ela levantou os olhos e o viu encarando-a. O constrangimento queimou suas bochechas ao notar o entendimento no olhar dele. — Claro que não. Eu tenho 22 anos — disse, querendo parecer indignada. — Mas você tem pouca experiência. Estou certo? Ela ficou mortificada. Lutou para puxar as alças do vestido. Tinha de sair dali, antes de piorar mais as coisas. Mas ao tentar se sentar ele a segurou pelo pulso. — O que houve agora? Aonde você vai? — ele perguntou, aparentando tanto espanto quanto confusão. Ela puxou o braço, se recusando a olhar para ele. — Você tem razão. Não tenho muita experiência nisto. Na verdade não tenho quase nenhuma — ela disse. Não havia motivo para mentir. Ela pode ter amadurecido emocionalmente desde aquela terrível noite seis anos atrás, mas não era o bastante. Não para lidar com um homem como Mac Brody. — Depois de todas as mulheres com quem você dormiu, está se encaminhando para um desapontamento — ela complementou, sentindo-se completamente derrotada. Devia aproveitar o momento. Como ela poderia ter acreditado que isto funcionaria? Claro que ele enxergaria através da patética farsa dela. Usar um lindo vestido, colocar um pouco de maquiagem e andar de salto alto não transformavam ninguém de repente em uma deusa do sexo. 22

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Ele soltou o pulso dela e segurou-a pelo queixo, forçando-a a olhar nos olhos dele. — Querida, você não precisa se preocupar em me desapontar. Se eu estivesse mais excitado agora, já estaria com cãibras. O irônico comentário aplacou um pouco da mágoa e humilhação dela. Ele suspirou. — Isto não é um teste. — O polegar dele cruzou o vale entre os seios dela, no fundo da curva daquele decote. —Não lhe darei uma nota após o evento. — O mamilo dela endureceu quando o polegar dele começou a circular o pico rígido sobre o vestido. — Mas se você sofre de ansiedade de performance, por que eu não assumo o comando por um momento? De repente ela não conseguia respirar. A rouquidão na voz dele a seduzia enquanto ela se concentrava naquela carícia lenta. — Eu duvido que seja tão prolífico quanto você pensa — ele continuou, com seus dedos espertos encontrando o zíper do vestido dela e dando um puxão suave. — Mas aparentemente eu possuo um pouco mais de experiência. — O suave deslizar do zíper parecia ensurdecedor naquele silêncio lânguido. Ela estremeceu enquanto ele a despia, puxando para fora o espartilho e a desnudando até a cintura, exceto pelo sutiã com enchimento. — Deite-se — ele sussurrou, tracejando com o dedo uma linha de fogo pelo peito dela, até a abertura frontal do sutiã. — Deixe-me fazer todo o trabalho por um instante — Ela afundou nos travesseiros enquanto aquele toque elétrico efervescia por seu abdome e desenhava círculos ao redor do umbigo dela. — Tudo o que você precisa fazer é me dizer do que gosta. — Mas eu não sei do que gosto — ela disse arfando, antes de morder o lábio. Por que dissera aquilo? Ele iria pensar que ela era uma retardada. Ele deu um sorrisinho safado, com a palma de sua grande mão segurando-a pela cintura. — Então você vai se divertir bastante descobrindo. Ela concordou com a cabeça, sem saber se poderia falar. — Boa menina — ele disse, tocando os lábios dela com os dele enquanto sua mão deslizou e desabotoou o sutiã com destreza. Juno deu um sobressalto, inundada de pânico, quando ele pôs o sutiã de lado. — Por favor, não. Ela tentou se cobrir, mas as mãos dele suavemente seguraram os braços dela, a prendendo à cama. Ela fechou os olhos, seu corpo tremia de constrangimento agudo ao sentir o olhar dele em seus seios. Sempre soube que não era bem-dotada, mas isso nunca a preocupara muito. Até agora. — Por que você se esconde? — ele disse, espantado. Ela abriu os olhos e viu aprovação no rosto dele. — Eles são um pouco pequenos — ela sussurrou. Ele deu uma risadinha, balançando a cabeça. — São mesmo? Soltando os braços dela, ele segurou o seio com a mão em concha. Esfregou o polegar ao redor do mamilo e se abaixou para capturá-lo com a boca. O bico inchou rapidamente quando os dentes dele provocaram e mordiscaram suavemente aquela pele sensível. Ela se arqueou em direção a ele enquanto dardos de fogo a atingiam. Ela arfou, respirando com dificuldade enquanto ele se banqueteava em um seio e depois no outro, acariciando-os, beijando-os e mordiscando-os, então colocando o bico na boca e sugando-o com força. — Ele são tão sensíveis, tão receptíveis — ele sussurrou, seu hálito fresco contra a pele febril dela. — Você não tem ideia de quão lindos eles são? — São mesmo? Ele inclinou a testa contra a dela e suspirou. — Querida, vamos deixá-la nua. Eu não sabia o quanto você tinha de aprender. Ela percebia o tom jocoso na voz dele. Mas não se importava. Ela queria aprender tudo agora, queria que ele fosse o seu professor. Então ela se arqueou para que ele retirasse o restante do vestido e não resistiu quando a última 23

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barreira de cetim bordado seguiu o restante de suas outras peças de roupa para o chão. — Você é maravilhosa — ele murmurou, enquanto suas mãos a acariciavam com uma lentidão provocadora, acariciando os seios, a curva do bumbum e as coxas dela. Ela entrou em desespero quando ele começou a explorar os cachos entre as pernas dela. O calor aumentava quando os dedos dele se aproximavam do centro e depois, de maneira frustrante, se afastavam. Ele estava tentando deixá-la louca? Por que não a tocava onde ela mais queria ser tocada? — Por favor... Ali. — ela falou de forma engasgada, enquanto segurava os ombros dele e levantava os quadris, instintivamente buscando aquele toque crucial. Ele riu, e o som foi estranhamente tenso. — Agora você está aprendendo. Ela queria reclamar do tom convencido, mas então os dedos dele finalmente mergulharam naquele calor úmido e ela não conseguiu mais pensar, quanto mais falar. Juno convulsionou de forma selvagem, arranhando as costas dele, chocada pelo prazer brutal que se contorcia viscosamente dentro de si. Ele acariciou e esfregou, torturando aquele botão pulsante, fazendo-a soluçar ao perder controle dos sentidos, desesperada por liberação. Um gritinho abafado ecoou na mente dela enquanto seu corpo caía e se despedaçava em um bilhão de fragmentos brilhantes. Mac abriu seu zíper, descobrindo sua excitação dolorosamente inchada. Ele queria que aquilo durasse, queria que fosse tão bom para os dois quanto havia prometido. Mas vê-la chegando ao clímax acendera um fogo dentro de si que estava rapidamente se transformando em um inferno. Pela primeira vez em sua vida estava em sério perigo de perder seu precioso controle. Ele se forçou a manter sua respiração controlada enquanto se livrava das calças e da cueca, colocando o preservativo. As pálpebras dela piscaram até se abrir e um sorriso vacilante curvou seus lábios. Aqueles lindos olhos azuis brilhavam, ainda tontos. Ele passou o polegar pelo queixo dela. — Que tal foi? — Incrível — ela sussurrou, aparentando chocada e feliz. — Eu não tinha ideia... — ela começou, e então ficou muda. Suas bochechas brilhavam com um rubor rosa, destacando de forma linda seus vívidos olhos. Mac conseguia verdadeiramente sentir o coração disparado. Ele a queria com uma força que não sentira desde que fora um menino inexperiente de 13 anos, quando sexo era o ponto central de sua existência. Aquele pensamento irracional desapareceu de forma desconfortável na grossa névoa de desejo. Ele o ignorou. Ela não era virgem. Ela lhe afirmara isso. E nem ele era, mesmo que a resposta inexperiente e inocente dela o fizesse se sentir como um garotinho novamente. — Obrigada — ela disse. — Muito obrigada. Eu não esperava... — ela parou, riu de maneira engasgada, fazendo um som abafado mas insuportavelmente doce. — Eu não esperava que fosse tão bom. O orgulho jorrou dentro dele. Orgulho e algo desconfortavelmente parecido com possessividade. — Não precisa me agradecer — ele disse, pegando a mão dela e beijando-a nas costas dos dedos. — Pois agora planejo tomar minha recompensa. — Oh, sim, é claro. — Ela se virou para ele. — Desculpe-me, você não... Ainda não... Ela parecia perplexa e em pânico e Mac queria abraçá-la. Ele a achou uma gracinha a primeira vez que pusera os olhos nela. Juno não era uma gracinha. Era adorável. Ele passou a mão ao redor da cintura dela, trazendo-a mais para perto. — Que tal um segundo round?. — disse, tentando não evidenciar sua urgência. Ele não podia esperar mais, mas não queria apressá-la e estragar tudo. — Se for tão bom quanto o primeiro — ela disse, provocativa — eu topo. — Então ela deslizou seus braços ainda tremidos ao redor do pescoço dele. 24

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— Farei o meu melhor — ele disse, clamando por paciência ao segurá-la pelos quadris e arrastá-la para baixo de si. Ela o olhou nos olhos, se oferecendo a ele de forma tão destemida e caridosa que ele sentiu seu estômago se contorcer em um nó. Ignorando aquela sensação, ele se posicionou na entrada dela e mergulhou. Juno urrava, a pressão era imensa quando Mac começou a penetrá-la. As mãos dele conduziam seus quadris, facilitando a entrada, mas ainda era devastador. Os músculos do sexo dela se apertavam, seus dedos agarravam o pescoço dele enquanto um gemido escapava de sua boca, o prazer substituído por uma sensação brutal muito próxima à dor. — Shh — ele sussurrou, empurrando os cabelos úmidos dela para fora da testa. — Só vai levar um minuto, querida. Ele se manteve imóvel pelo que parecia horas, mas que só poderiam ter sido segundos, enquanto ela se ajustava àquele comprimento sólido. Então Mac se moveu, ela prendendo a respiração enquanto ele se alojava mais profundamente. O desconforto diminuiu, sobrepujado por uma crescente sensação de preenchimento. Ela soluçou com a chocante explosão de puro prazer surgida quando ele flexionou os quadris e se encaixou bem fundo nela. — Agora, isso é bom ou ruim? — ele perguntou, o suor brilhando na testa. — Bom. É bom. Você pode fazer de novo? Ele riu, um riso profundo e vaidoso e matizado com desespero. — Vou dar o meu melhor. Ela envolveu suas coxas ao redor da cintura dele e segurou firme, movimentando-se para cima e para baixo sob ele, um tanto desajeitada, até que os golpes lentos e firmes foram ficando mais fortes, mais rápidos e contínuos. Os gritos dela acentuavam os gemidos dele à medida que a explosão de prazer se intensificava, como em uma onda impossível de ser parada. Ela ficou na crista da onda por uma eternidade. Uma dor gostosa, um prazer indescritível tomava conta dela, enquanto chegava aos céus, atingia o cume, e esquecia de todo o resto.

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CAPÍTULO 6 Juno aproveitou languidamente os últimos espasmos daquele orgasmo enlouquecedor aninhada nos braços de Mac. Com as costas contra o peito dele, ainda podia senti-lo, semiereto, contra seu bumbum, enquanto a mão dele cobria seu seio. A respiração medida acariciava sua nuca. — Então, está pronta para sua nota, de um à dez? — ele murmurou. O tom irônico a fez sorrir. Ela teria ficado envergonhada, mas estava tão letárgica, tão saciada, se sentindo tão bem quanto a si mesma que era difícil sentir alguma coisa exceto satisfação completa. Estava feito. Finalmente descobrira sobre o tanto que todo mundo falava, e fora glorioso. — Se não for ao menos nota nove, nem quero saber — ela respondeu, com ousadia, e se divertiu com a risada dele em resposta. — Estou considerando nota dez por iniciativa e cinco por resistência. Ela lhe deu uma cotovelada e ele riu, abraçando-a mais forte pela cintura. — Calma, tudo o que estou dizendo é que temos que trabalhar em sua capacidade de resistência, querida. — MMmmm. A provocação cálida dele a enchia o peito de orgulho. Eles foram muito bons juntos, muito melhores que o esperado. Ela pode não ter sido a melhor noite que ele já tivera, mas ela não o havia desapontado, nem se desapontara. Usando uma das analogias de Daisy, ela montara no cavalo sem cair. E, como fora previsto, foi um passeio e tanto. Ela deu um sorrisinho e aninhou o rosto junto a ele, sibilando quando a dolorosa ternura entre as pernas a pegou de surpresa. — Epa — ele se virou e procurou o rosto dela. — Eu a machuquei? — Não, não machucou — ela disse, tocada pela cara de preocupação dele. — É só... que fazia tempo. — Droga, desculpe-me— ele disse, esfregando a palma no diafragma dela. — Faz quanto tempo? Ela se virou de costas para ele e se encolheu, segurando os joelhos, sentindo-se um pouco envergonhada. — Faz um tempinho. Só isso. Ele passeou com o dedo ao longo da curva do pescoço dela, prendendo uma mecha de cabelo atrás da orelha. — Não precisa ficar envergonhada. Você é uma mulher linda e apaixonante. Estou só curioso. — A mão dele descansou nos quadris dela. — O que é um tempinho? Ela suspirou fundo e considerou mentir para ele, mas descartou a ideia. Por que deveria se envergonhar? — Seis anos. — Seis... —A cama balançou quando ele a segurou assustado. — Seis anos? Você não era muito mais que uma criança. — Eu não era uma criança — ela disse abruptamente. — Sabia exatamente o que estava fazendo. — Ela se preparara para a consequência de suas ações, mas aquilo não importava mais. — Diabos, Juno. — Ele segurou o rosto dela com as mãos e deu-lhe um beijo tão cheio de ternura que ela sentiu uma dor assustadora em seu coração. — O que aconteceu? Ela segurou as mãos dele, tirou-as de seu rosto. A dor piorou. Juno não podia fazer isso. Não podia arriscar ter esse tipo de intimidade com aquele homem. O que eles fizeram jamais poderia ser outra coisa além de uma noite de prazer. Ela sabia disso. Ele era areia demais para o caminhãozinho dela. Tanta areia que deixava até de ser engraçado. E mesmo que não fosse, ela não podia se dar ao luxo de confundir sexo com amor. Não uma segunda vez. — Faz muito tempo — ela disse secamente. — Não é importante. Ela levantou os lençóis e deslizou pela cama, tremendo apesar do sufocante calor de verão. 26

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— Estou cansada, preciso ir. Mas ao se abaixar para pegar o vestido, a cama se inclinou atrás dela e longas pernas seguraram as dela. Os braços dele se dobraram sobre sua cintura, prendendo-a. — Fique. — ele disse, sussurrando. — Fique até de manhã. Não faço mais perguntas, eu prometo. Ela deveria ir, mas de alguma forma o calor dos braços dele, a carícia do hálito dele contra a cabeça dela era tão firme, tão reconfortante, que ela não conseguiu dizer nada. — Vamos lá, querida — ele murmurou contra o lóbulo da orelha dela. — Não vou atacá-la de novo. Nós dois precisamos dormir. E está tarde. Já passou da meia-noite. Você não conseguirá um táxi tão facilmente a esta hora da noite. Ela o viu arrumando os travesseiros contra a cabeceira da cama. Deitando neles, ele esticou a mão, entrelaçando os dedos nos dela. — Volte para a cama — ele sussurrou, com a cadência daquela voz mais viciante que qualquer entorpecente. — Eu lhe dou uma carona para onde quer que você precise ir assim que acordarmos. Ela deu um bocejo enorme e ele deu uma risada. — Deus do céu, uma boa transa deixa a gente cansado, não? — ele provocou, aninhando a cabeça dela em seu ombro e puxando o lençol para cobri-los. — Não posso ficar muito tempo — ela murmurou. Outro bocejo escapou enquanto ela se aconchegava no abraço dele. Juno não deveria passar a noite toda. Seria uma auto indulgência perigosa demais. Mas que mal haveria de fícar mais um pouquinho? Ela sabia exatamente qual era sua posição quanto aquilo tudo. Exatamente o que aquilo significava e o que não. Ela tinha tudo muito claro em sua mente. E seus braços e pernas estavam pesados, como se houvesse corrido numa maratona. Ela deitou a mão sobre o peito dele, inspirou profundamente aquele maravilhoso perfume e sentiu o subir e descer ritmado do peito dele sob sua palma. Era tão gostoso se sentir abraçada, ao menos uma vez. As pálpebras dela se fecharam, ao se permitir aproveitar a sensação daquele momento. Só por mais um pouquinho. Ele deveria tê-la deixado ir. Por que ele não a deixara partir? A pergunta atormentava Mac enquanto a cabeça de Juno ficava mais pesada em seu ombro e ela relaxava e começava a dormir. Ele desligou o abajur de cabeceira e observou a luz da lua deixar os cachos dela numa cor dourado pálida. Ele não evitara sempre aqueles momentos pós-sexo? Dividir a cama com alguém durante a noite inteira o fazia se sentir claustrofóbico. Então por que ele não se sentia assim agora? Por que ouvir a respiração dela dormir e ter o corpo dela aninhado no braço dele era reconfortante? E por que ele não conseguia tirar da mente a imagem dela ao 16, sozinha e vulnerável? Alguma coisa aconteceu a ela seis anos atrás, alguma coisa desagradável. Senão por que ela teria ficado tanto tempo sem fazer sexo? Mas por que ele se preocupava com isso? E por que se sentia responsável? Ele fora cuidadoso com ela, paciente até, embora aquilo quase o tivesse matado. Mas por alguma razão imbecil ele ainda precisava tê-la em seus braços esta noite. Só para garantir que ela estivesse bem. Mac fechou os olhos e uma série de outras imagens perturbadoras do dia invadiu sua recordação como fantasmas inoportunos. Connor e Daisy na igreja, indo até ele, com as mãos dadas. O filhinho de Connor dormindo nos braços do pai. A expressão de medo no rosto de Juno quando viu a virilidade dele pela primeira vez. Ele suspirou. Havia mais alguma dúvida quanto ao porque ele se comportava de maneira irracional? Ele não estivera numa montanha-russa de emoções durante o dia inteiro? Ir ao casamento de Connor fora um erro. Ele sabia disso desde o começo, mas deixara sua libido controlar sua cabeça e seguira aquele caminho... quase abrindo velhas feridas no processo. Se aproveitara da menina e usara a atração entre eles para garantir que aquelas feridas se mantivessem bem fechadas. E agora pagava o preço. 27

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Culpa. A boa e velha culpa católica. Era o que aquilo era. Ele não se sentia responsável por ela, sentia-se culpado pela maneira como a usara. Especialmente após descobrir o quão inocente ela era. Por que se martirizava? Dera-lhe muito prazer. Mais do que prazer. Ele tinha bastante certeza de que lhe dera seu primeiro orgasmo. Ela o agradecera por isso. O que importava se ele a usara, ela tivera prazer com aquilo, não? A excitação pulsou na parte de baixo do corpo dele, ao se recordar de o quanto ambos gostaram daquilo. Calma, garoto. Repetir a performance não era uma boa ideia. Ele a deixaria ir embora pela manhã sem arrependimentos. Precisava voltar para a vida e o trabalho que amava. Para a solidão descomplicada e minimalista de sua casa em Laguna Beach. E precisava esquecer tudo a respeito de Connor, sua família e a garota deitada de forma tão segura em seus braços. Mas ao cair no sono, a sentiu estremecer dormindo e instintivamente a segurou pelos ombros mais firme com seu braço.

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CAPÍTULO 7 Juno acordou assustada pelo barulho de um pardal exagerando em seu trinado matutino, a brilhante luz do som da manhã ofuscava sua visão, mas nenhum de seus outros sentidos. O inebriante aroma de sexo abafava o suave perfume das flores da varanda. Arrepios formigavam em sua pele nua e uma mão grande e masculina deitava-se de maneira possessiva sobre seu quadril. Um resmungar grave se ouviu atrás dela e a mão se contorceu, enviando ondas de choque através de Juno. Ela deu uma olhadela por cima do ombro. A visão, bem como as tórridas memórias da noite anterior, surgirão de maneira violenta e imediata. Mac Brody estava deitado de bruços, esticado, seus largos ombros e longas pernas ocupando a maior parte da cama e o lençol mal cobrindo seu bumbum. Suas costas subiam e desciam em um ritmo uniforme. Ela se virou de costas e levantou a mão dele para colocá-la ao seu lado, tomando cuidado para não acordá-lo. Ela parou um momento, notando pela primeira vez a feia cicatriz que corria do bíceps até o cotovelo. Por que ela não a notara na noite passada? O ponto quente entre as pernas dela pulsou com força ao perceber os arranhões na pele bronzeada do omoplata dele. Claro que não percebera a cicatriz, estivera ocupada demais se aproveitando das habilidades dele como amante. Não que ela fosse uma especialista em tais coisas, mas pulara na jaula do leão na noite passada e tornara aquilo a experiência mais estimulante, mais erótica de toda a vida dela. Ele fora tão carinhoso, tão paciente. Sabendo quem ele era, Juno nunca esperara tal carinho ou generosidade. Se aproximando dele, ela deu um leve beijo naquele rosto. — Obrigada, Mac Brody — ela sussurrou, e sentiu os olhos úmidos. Horrorizada, ela secou os olhos. O que estava fazendo? Não devia se deixar levar pela emoção a respeito da noite passada juntos. Fora só sexo, e ela tinha de se lembrar disso. O coração dela foi parar na garganta. Ela nunca deveria haver passado a noite inteira nos braços dele. Era exatamente o tipo de intimidade que estava determinada a evitar. Não trocaram nenhuma promessa entre si, não assumiram nenhum compromisso. Por quanto tempo ele sequer se lembraria do nome dela? Afinal, um homem não fazia amor daquele jeito a não ser que tivesse muita prática. Ela desceu da cama. Correra atrás de seu "momento Cinderela" e o aproveitara o melhor possível. Mas assumira um risco idiota por auto indulgência, dormindo nos braços dele. Não iria piorar as coisas como uma fã apaixonada até ele acordar. Após se vestir com suas roupas de baixo e seu pesado vestido, ela pegou os sapatos e atravessou o aposento. Hesitou na frente de uma escrivaninha antiga ao lado da porta, pegou uma caneta e escreveu um bilhete rápido no bloco de papel com timbre do hotel. Dobrou o bilhetinho, escreveu o nome de Mac nele e andou na ponta dos pés até a cama para colocá-lo no criado-mudo, ao lado do telefone. Inclinando a cabeça, ela aproveitou mais uma vez para admirar o magnífico corpo de Mac espalhado pela cama. E sentiu o inevitável palpitar de excitação. Como ele podia ainda parecer tão perigoso dormindo tão profundamente? Ela tomou um fôlego fortificante e caminhou descalça pelo tapete de seda, repentinamente ansiosa para estar o mais longe possível dali. Mas ao fechar a porta, o suave clique da fechadura ecoou em um cantinho esquecido de seu coração. Cinco horas depois, o estridente barulho do telefone despertou Mac, arrancando-o de uma fantasia erótica. Xingando, ele atendeu de olhos fechados o telefone. — Brody — ele grunhiu no bocal do aparelho, após finalmente encontrar o maldito. — Espero que seja uma boa notícia. — Mac, por que seu celular está desligado há dois dias? E que diabos você está fazendo na França, cara? 29

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Mac resmungou, reconhecendo o perturbado sotaque do Brooklyn de seu agente, Mickey Carver. — Não é da sua conta, Mick — disse, enquanto sua cabeça pulsava tão insistentemente quanto sua virilha. Ele ia por o telefone no gancho, mas ouviu a súplica em pânico de Mickey na linha. — Não desligue, Mac. Eu estou lhe implorando. Ele respirou fundo e pôs o aparelho de novo no ouvido. Não havia motivo para desligar na cara de Mickey. Este ligaria para o gerente do hotel e o faria invadir o quarto. — Está bem, Mick. — Ele abriu os olhos e foi cegado pelo que pareciam ser cinco mil watts de luz de sol. — Mas mantenha sua voz baixa — ele sussurrou, esfregando os olhos. — Não estou sozinho. Ele se deitou de costas e piscou ainda grogue, olhando o sulco no travesseiro macio de penas de ganso ao seu lado. Segurando o telefone afastado da orelha, ele procurou ouvir se havia algum som na suíte. Tudo que ouvia era a voz abafada de Mickey e a brisa nas plantas da sacada. Ele franziu a testa. Estranho. Onde estava a mulher que estrelava os sonhos aos quais Mickey tão rudemente interrompera? — Espere um pouco, Mick — disse, interrompendo o monólogo reclamão do qual não ouvira uma única palavra. — Posso ligar para você daqui há pouco? Mickey deu um suspiro dramático. — Ok. Mas faça-me um favor. Da próxima vez que você decidir rearrumar as amídalas de uma vendedora de loja londrina, me avise antes, pode ser? Passei a maior parte da noite evitando ligações dos tablóides ingleses. Eles ainda não desistiram e agora são 6h aqui em Los Angeles. Mac deu um sobressalto, segurando o aparelho com força. — O que você disse? — ele perguntou, um tanto quanto de forma redundante, pois desta vez ouvira cada palavra, e as palpitações no coração eram prova disso. — As fotos apareceram em todos os jornais matutinos do Reino Unido. — Que fotos? — Por que Mickey não ia direto ao ponto? — De você e da vendedora de loja — disse Mickey, parecendo surpreso. — Dando amassos em uma sacada em algum lugar na França. A surpresa de Mac se transformou em fúria. Algum cretino tirara uma foto deles ontem à noite. E agora aquele beijo íntimo e impossivelmente sexy fora disposto para consumo público, para animar as pessoas em seu café da manhã. — Ei, cara, não esquente. — A voz de Mickey sumia enquanto o humor de Mac saia de controle. — São fotos tiradas a distância, mas vocês dois saíram bem sexies. Tudo o que precisamos aqui é expor nosso próprio ponto de vista. Ele odiava aqueles malditos parasitas. Por que eles não poderiam deixá-lo em paz? — Será uma tremenda publicidade para o lançamento na Europa de Jogo da Morte — acrescentou Mickey. — Especialmente a menina sendo inglesa. Ei, ela não está aí com você, está? —A voz de Mickey ficou mais alta de entusiasmo. — Posso pegar um depoimento? Mac respirou fundo por um momento. — Não, ela não está aqui — ele resmungou, repentinamente feliz pela ausência dela. Ele queria matar alguém e podia muito bem ser o portador daquelas notícias. — Não quero nenhum maldito depoimento. Nenhum sequer. Já lhe disse antes, minha vida sexual é só da minha própria conta e se você fizer qualquer comentário a respeito disso para alguém está despedido. Houve um momento de silêncio do outro lado da linha, então a voz de Mickey reapareceu, consideravelmente subjugada. — Entendido, Mac. O que você quer que eu faça então? — Não faça nada, Mick. Nada. Diga a eles que é sem comentários e este é o fim da história. Mickey pigarreou. 30

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— Ainda não, cara. — Por que não? — Eles sabem o nome da garota. Droga. — Eu cuido da garota — ele disse. E percebeu que falava sério. Juno estaria completamente despreparada pelo que estava para se abater sobre ela, e ele planejou estar lá para protegê-la do pior. Decidiu não pensar no fato de nunca antes haver sido do tipo "cavaleiro de armadura". Ele ia desligar e de repente um pensamento lhe ocorreu. Pôs de novo o telefone no ouvido. — Mick, espere. Por sinal, qual é o nome dela? Mac não sabia para onde ela desaparecera ou quanto tempo ficaria por lá, mas precisava agilizar as coisas. Começaria comprando passagens para Los Angeles para livrá-la do perigo. — Cara, não teve tempo de pegar o nome dela antes da transa? — A risadinha safada de Mick acabou com o resto da paciência de Mac. — Ah, cara, você é um garanhão mesmo. Se eu tivesse este tipo de poder, comeria tudo que se movesse também... — Cale a boca, Mick, e me dê o maldito nome — ele estourou, não gostando nem um pouco do renascido surto de culpa pelas insinuações de seu agente. Ele ouviu barulho de jornal antes de Mickey falar. — De acordo com isto ela se chama Juno Délamare. Trabalha em uma loja de vestidos em Portobello Road, área oeste de Londres, chamada The Funky Fashionista e... Mac bateu o telefone no gancho, tendo ouvido tudo o que precisava. Pulando para fora da cama, ele passou os dedos pelo cabelo e esfregou as mãos pelo rosto. Fitou as portas abertas da sacada e observou que o sol estava alto no céu. Que horas eram? Já passava das 6h em Los Angeles então tinha que ser depois do meio-dia ali. Após a montanha-russa emocional de ontem, sem falar do sexo incrível, ele dormira como uma pedra. Não era de se estranhar que ela não estivesse lá. Deve ter saído em busca de algo para comer. Os batimentos dele se acalmaram pela primeira vez desde que vira aquele travesseiro vazio. Tomaria uma ducha rápida e iria em busca dela, para lhe dizer como eles lidariam com a imprensa. Mac levantou e se esticou, decidindo não pensar na resolução que tomara na noite passada em afastar-se dela como primeira tarefa da manhã. Ele não podia deixá-la ir. Não após envolvê-la naquela bagunça. Ela só teria de passar algumas semanas com ele em Los Angeles, onde estaria a salvo de olhos curiosos. Os lábios dele se curvaram. Após a forma como as coisas aconteceram na noite passada, não via aquilo como algo difícil para nenhum dos dois. Mac deu um passo para a frente, ouviu um barulho de papel amassar e baixou os olhos somente para encontrar um bilhete embaixo de seu dedão. Tinha seu nome escrito em letra de forma. Ele o pegou e o abriu. Seu coração parou ao ler as duas frases curtas, três vezes. Querido Mac, Obrigada por uma noite memorável. Tenha uma vida maravilhosa. Juno Primeiro veio o assombro. Inacreditável. Ela não saíra em busca de um croissant, ela fugira dele. Seguiu-se rapidamente a irritação. Ele amassou o bilhete na mão. Ela não apenas fugira dele, mas deixara um maldito bilhete do tipo "vá pastar". O que exatamente ela queria dizer com "noite memorável"? Como se ele fosse algum tipo de garanhão conveniente que ela pudesse dispensar sempre que fosse adequado. E aquilo de ter uma vida maravilhosa. Então ela decidira que eles nunca mais se veriam de novo, não é? Ele caminhou furioso pelo aposento e abriu com um murro a porta do banheiro. O que lhe dava o direito de decidir tudo aquilo por si mesma? E então fugir como um coelho assustado antes 31

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de terem uma chance para conversar a respeito. Ela podia esquecer aquilo. Nenhuma mulher mandava Mac Brody pastar, especialmente depois que ele decidia que não queria se livrar dela. Ele fechou a cortina do box com força o bastante para arrancá-la dos trilhos. Ele entrou na banheira, xingando aquela maldita excitação matutina, orgulhosamente em riste apesar de todos os seus problemas. Você não é a coisa mais linda? Pensou com ironia. Ele ligou o chuveiro em Frio e rangeu os dentes. Se já não era ruim o bastante ela o haver ofendido mortalmente e ter feito outro de seus atos de desaparecimento, adicionara ofensa aos insultos. A água gélida batia nele como um tapa na cara. — Vida maravilhosa é o caramba — ele grunhiu, procurando o sabonete.

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CAPÍTULO 8 Juno deixou a tagarelice animada de Daisy e as respostas calmas e medidas de Connor flutuarem por cima de si enquanto a limusine saída de Westway e se dirigia para Portobello. Por que ela se sentia tão mal-humorada? Desde que chegou ao château aquela manhã, se sentia totalmente diferente. Preocupada e incômoda, descontente e confusa. É claro que não ajudava seu corpo estar dolorido em locais um tanto incomuns. Ou que a cabeça dela doesse por se defender das infinitas perguntas de Daisy sobre por que ela aparecera às 8h ainda usando o vestido de dama de honra. Ou que o vôo deles tenha atrasado três horas por questões burocráticas. Mas por que ela não conseguia se livrar daquele sentimento de vazio, como se houvesse perdido algo e nunca mais pudesse recuperar? E por que ela continuava visualizando Mac Brody, a pele bronzeada das costas dele brilhando na luz da aurora quando ela fechou a porta do quarto? Ela prometera a si mesma que não ficaria sonhando acordada com aquele homem. Não podia se dar ao luxo de começar a acreditar em fantasias. Mesmo uma tão suculenta quanto aquela. E ainda assim, ela não conseguia parar de fazê-lo. A única explicação era o cansaço. O que ela precisava fazer era voltar à calma ordem de sua quitinete, fincar-se novamente na vida real e dormir por uma semana. Um suspiro cansado deixou seus lábios enquanto as varandas em estilo georgiano de Colville Gardens passavam pela janela do carro. Agora não demoraria muito. — Mas que diabos... — O berro espantado de Connor fez Juno dar um pulo. Ela olhou para fora da janela fume da limusine. Que estranho. Um enxame de pessoas se acotovelava defronte da casa de Daisy e Connor, transbordando da calçada e bloqueando a rua. Então um homem com duas câmeras enormes penduradas no pescoço saiu da multidão e correu em direção a eles. Ele levantou uma das câmeras e disparou. A forte luz do flash ardeu nos olhos de Juno como um lança-chamas. Quando ela conseguiu enxergar novamente, um grupo de fotógrafos já havia cercado o veículo como uma matilha de lobos. — Vamos ter de correr. — Connor pegou Ronan de seu acento e aninhou o bebê que chorava contra seu ombro. Ele bateu na janela que dava para a frente do carro. — Jim, chegue o mais perto que puder e então chame a polícia. O chofer sinalizou com o celular, já ligando para a delegacia local. Juno se jogou para fora do carro atrás de Daisy e Connor. A barreira de flashes a cegavam enquanto o barulho de disparos de câmera e gritos a atordoavam. Ela protegeu os olhos do brilho e agarrou a mão de Daisy enquanto acotovelavam a multidão para poder passar. Mas ela não conseguia proteger seus ouvidos das perguntas metralhadas a ela. — Juno, a quanto tempo você conhece Mac Brody? Ele é tão quente quanto todo mundo diz que é, Juno? Vocês dois são um casal? Onde está Mac? Ela a visitará em Portobello para outra noite de paixão? A cabeça dela girava e seus olhos doíam enquanto ela e Daisy subiam correndo os degraus da casa atrás de Connor e do bebê, flashes explodindo no rosto dela como um bizarro show de fogos de artifício. Ela conseguia ouvir os gritos de choro de Ronan enquanto Connor abria violentamente a porta, as empurrava para dentro e a batia na cara da horda da imprensa. — Que diabos foi isso? — gritou Connor. — Mantenha a voz baixa — Daisy o advertiu. Ela pegou o neném aflito dos braços de Connor e o ninou. Os três pularam assustados quando um jornal caiu no tapete e um nariz e uma boca apareceram no buraco para entrega de correspondências. — Fantástica foto, Juno. Tem certeza de que não quer comentar a respeito? — solicitou uma 33

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voz com sotaque cockney. Connor xingou e fechou o orifício, enquanto se abaixava para pegar o jornal. — Pegue isso e vá para o estúdio — ele disse, jogando o jornal nas mãos de Juno. — Eu esperarei pela polícia. — Ele puxou o celular do bolso. —A empresa de segurança também pode enviar alguém para ajudar. Juno seguiu Daisy e o bebê até o estúdio, consumida pela culpa. Por que ela não pensara nos possíveis resultados da noite passada? Mac era famoso. É óbvio que aquele pequeno encontro amoroso não se manteria um segredo. E agora ela trouxera a loucura até Connor e Daisy, no primeiro dia da lua de mel dos dois. Daisy deu uma espiadela pela janela do estúdio. — Deus do céu, eles parecem um enxame de gafanhotos — ela murmurou, com uma voz repleta de fascínio ao deixar a cortina cair. — É tudo minha culpa — balbuciou Juno, tremendamente envergonhada. — Ju, qual é o problema? — Daisy correu e a segurou pelo braço. — Sente-se antes que você caia. Juno se afundou no sofá. Daisy sentou-se ao lado dela enquanto o choro de Ronan se transformava em soluços. A culpa de Juno aumentou. Como ele pôde agir de forma tão irrefletida e irresponsável na noite passada? Com a mão tremendo, ela acariciou os cachos de Ronan, enquanto o soluçar dele a apunhalava o coração. — Eu sinto muito — ela sussurrou. — O Ronan ficará bem? — Ronan ficará bem — disse Daisy. — Ele está um pouco assustado, só isso. — Desabotoando a blusa, ela retirou o seio do sutiã de amamentação e a boca do bebê se atracou em seu mamilo. Os soluços dele diminuíam enquanto ele se concentrava em sugar vorazmente. — Viu? Tudo resolvido. Daisy deu um tapinha no joelho de Juno e sorriu. — Pode parar de tremer agora, ele está bem. — Ela balançou a cabeça em direção ao jornal, ainda esquecido agarrado pela mão de Juno. — Por que não vemos do que se trata toda esta bagunça? Juno abriu o jornal no colo e ficou pasma com a primeira página. Sob a manchete Noite de Paixão do Bonitão de Hollywood Brody com Vendedora de Loja de Londres havia uma enorme e granulada fotografia a cores. Apesar da péssima qualidade da foto, o reconhecimento da imagem atingiu Juno como uma bola de fogo. Mac inclinado sobre ela na sacada do château, sua cabeça escura obscurecendo a maior parte do rosto dela enquanto a boca dele devorava a sua. A enorme mão dele descansava sobre as nádegas de Juno, trazendo-a mais próxima, enquanto os dedos dela agarravam os ombros dele e, pelo que parecia, ela respondia ao beijo. Daisy gemeu. — Então o mistério está resolvido. Juno fechou o jornal com violência, desespero e humilhação faziam seu estômago se revirar. Como explicar o inexplicável? — Não planejei para isto acontecer. Ele me beijou naquela sacada, e nós meio que nos deixamos levar. — Isso eu posso ver — disse Daisy, deixando um sorrisinho transparecer no canto da boca. — Isto é tão horrível — que típico era que seu grande momento de Cinderela se transformasse na pantomima de um desastre. — Não, não é — disse Daisy com firmeza, afastando com cuidado Ronan de seu seio. Ela levantou o neném ao ombro e deu tapinhas nas costas dele. — Na verdade, eu acho fabuloso. — O sorriso se tornou uma risadinha travessa. — Agora eu tenho duas perguntas muito importantes a fazer. Sua noite com o Bonitão de Hollywood foi tão quente quanto parece pela foto? E quando você o verá novamente? O rubor que tomou conta das bochechas de Juno fez Daisy rir. — Pode riscar a primeira pergunta — disse —; Já obtive minha resposta para essa. 34

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— Não o verei de novo — disse Juno com firmeza. — Foi estritamente um lance uma noite só. — Quem disse? Ele disse isto? — Não com tantas palavras — disse Juno com cuidado. — Ele ainda estava dormindo quando eu saí hoje pela manhã. As sobrancelhas de Daisy se arquearam. — Você fugiu dele? Um homem ao qual muitas mulheres matariam para ter. Você está maluca? — Eu não queria acordá-lo — ela disse, lastimosa. — Deixei um recado. — Certo, parecia algo bem patético agora, mesmo para ela. Mas este não era o ponto. — De qualquer forma, uma coisa é certa. Ele não estava procurando por nada mais que uma noite... nem eu. Era a verdade. Mesmo o coração dela pulando fora do ritmo cada vez que pensava sobre ele. Podia ser uma sobra de química sexual... qualquer outra coisa seria um desastre. Daisy ajustou Ronan, que dormia em seu ombro, e deu um olhar a Juno que fez esta querer se contorcer. — Como você sabe? Não esperou para descobrir. — Não precisava esperar — ela disse, deliberadamente. — Estava subentendido. Eu estava sendo realista — Onde quer que Daisy estivesse indo com essa conversa, ela não queria ir. Daisy era uma autêntica romântica incurável. Não reconheceria o realismo nem que este acertasse sua cabeça. Daisy segurou a palma da mão dela. — Nem pense em se esconder atrás desta besteira realista. Há um momento para realismo e há um momento para soltar a ninfomaníaca que existe dentro de você. O affair com Mac Brody definitivamente se encaixa na última categoria. — Ela suspirou. — Não acredito que você deixou uma oportunidade destas escapar. Esqueça escapar. Você acabou de jogá-la debaixo de um ônibus. — Daisy, por favor, não. O assunto está encerrado. A expressão de Daisy ficou séria, deixando Juno muito, muito desconfortável. — Não faça isso, Juno. Não agora. Não após tudo que você conquistou nas últimas semanas. — Eu não sei do que você está falando. — Mas ela tinha a sensação de que sabia, e que não queria ouvir. — Juno, desde que você conheceu Mac no aeroporto de Heathrow e vocês se beijaram, eu vejo um lado seu que nunca vira antes. E é algo lindo de se ver. Honestamente, é como ver uma borboleta saindo do casulo e aprendendo a abrir as asas. — Daisy deu um sorriso triste. — Não vê? Você estava finalmente recuperando seu ânimo. Apenas veja como você usou seu vestido de dama de honra, mesmo se sentindo nua com ele. E a maneira como teve coragem de passar a noite com Mac. — O tom de voz de Daisy ficou mais profundo. —Aposto que você estava apavorada quando entrou no quarto de hotel dele, não estava? O rubor de Juno voltou à toda. — Talvez um pouco. Mas ele não se importou. Na verdade, ele foi realmente fantástico. Daisy deixou sair um suspiro profundo. — Então por que você fugiu dele? — Porque eu não queria parecer uma idiota — soltou Juno. Então aquilo a fazia parecer patética? E daí? Não mudava nada. Ela não podia ser sugada para dentro de outra fantasia romântica impossível com um homem não interessado nisto. — Pelo amor de Deus, Daisy, ele pode ser irmão de Connor, mas é uma estrela de cinema. Ele tem mulheres muito mais maravilhosas babando por ele. Não o queria sendo condescendente e fingindo se importar comigo quando não era o que ele queria. Seria muito embaraçoso. — E isso teria arrasado a estimulante sensação de poder, de conquista. Juno descobrira algo maravilhoso na noite passada. Que o mundo não se destruiria ao redor dela se ela aproveitasse uma oportunidade e seguisse seus instintos. Talvez um dia ela até tivesse a coragem de ir em busca do que Daisy encontrara para ver se poderia ter o mesmo para si. Mas se e 35

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quando ela decidisse alcançar o céu, ela o faria um passo paciente por vez, cuidadosamente avaliando os riscos pelo caminho. Ela não iria dar um salto no escuro, confiando na sorte e então ser forçada a passar mais seis anos coletando os pedacinhos de seu coração estilhaçado. — Eu não sou você, Daisy — disse. — E Mac não é Connor também. Eu arrisquei tudo uma vez e foi um desastre. Não posso fazê-lo de novo. Não vou. Não até ter certeza. Daisy apertou a mão dela, enquanto uma lágrima solitária escorria de seu olho. — Eu entendo, Juno. De verdade. Você passou por algo que nenhuma menina jamais deveria passar. E eu jamais gostaria de fazê-la passar por isto novamente. — Ela limpou a lágrima com uma mão impaciente. — Mas você tem de começar a confiar em sua própria razão se quiser algum dia ter novamente certeza de qualquer coisa. Você não enxerga isso? — Certo, bem, minha razão me dizia que Mac Brody só estava interessado em um caso de uma noite. — Você não sabe disso — disse Daisy, sem recuar. Juno se forçou a rir. — Você só está dizendo isso porque ele é irmão de Connor. Você não o conhece. Sabe o que ele me disse? O por que ele realmente foi para a França? — ela perguntou. — Adoraria saber — disse Daisy. — Ele foi porque queria dormir comigo — disse Juno de forma sombria, se sentindo mais culpada do que nunca. Ao invés de parecer indignada, Daisy riu. — Eu sabia. Espero que você tenha se sentido adequadamente lisonjeada. Juno sentiu calor em suas bochechas. E claro que ela ficara lisonjeada. Mas Daisy perdera completamente o ponto. — Não vê como ele é superficial? Ele praticamente rechaçou você, Connor e até o pequeno Ronan na recepção do casamento. Você sabe que é verdade. Não sei como consegue perdoá-lo tão facilmente. — E como ela pôde? — Você não deve julgá-lo por isso — disse Daisy, de forma exasperada. —A situação entre ele e Connor é complicada. Eu já lhe disse. — Eu sei, eu sei, você disse que eles tiveram uma infância difícil, mas isto não justifica... — Juno, me ouça — Daisy a interrompeu. — Eles não se viam desde que Mac tinha 10 anos de idade. Connor tem bastante certeza de que ele passou a adolescência inteira pulando de uma família adotiva para outra. — Ela deixou sair um suspiro pesado. — Não o estou justificando. É realmente complicado. E não acho que ele seja tão superficial quanto você pensa. Ele só é cuidadoso com as próprias emoções. Juno fechou a boca, sem saber o que dizer. Ela não queria pensar em Mac como uma criança sozinha e sem amor. O faria parecer vulnerável de novo. — A questão é, Juno, você também não o conhece — disse Daisy. — E o pouco que você conheceu, gostou. Eu creio que você mesma disse, abre aspas, "Mac foi realmente fantástico". Por que você não aproveitou mais um pouco disto? E o conheceu um pouco melhor enquanto estava por lá? Ao invés de fugir antes de dar uma chance a si mesma? — Você acha que eu exagerei? — Ela exagerara? Tinha decepcionado a si mesma? Revertido a sua velha técnica de cair fora ao primeiro sinal de intimidade? Será que era por isso que se sentia tão vazia, tão desiludida desde que saíra de mansinho daquele quarto de hotel? Não porque sonhava acordada com Mac, mas porque tomara a atitude mais covarde? — Talvez só um pouquinho. — Daisy deu uma risada relutante. — Sempre poderia haver a chance de Mac não lhe dar um adeus no instante em que acordasse. — Uau, obrigada — disse Juno, sorrindo apesar do esmagador sentimento de desapontamento comprimindo seu peito. — Isto me faz sentir tão melhor. A repentina barulheira no lado de fora assustou as duas. — Rápido, segure o Ronan e eu vou dar uma olhada. — Daisy passou o bebê para Juno e foi até a janela. — Talvez seja a polícia. Juno sentiu o doce perfume de talco de Ronan, não mais se importando com a polícia ou com a imprensa. Os paparazzi a deixariam em paz logo que percebessem que a Noite de Paixão dela 36

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com Mac Brody não se repetiria. O sentimento de desapontamento cresceu, deixando-a sem ar. Por que ela fora tão Covarde esta manhã? Ela já havia arriscado com Mac... seria assim tão terrível ter ficado um pouco mais? Para ser valente ao menos uma vez e ver no que daria? Daisy abriu a cortina e olhou para fora. — Ora, ora, ora. — Sorrindo largamente em direção a Juno, a chamou para perto. — Dê uma olhada nisto. Juno foi até a janela. Ronan pesava em seus braços enquanto Daisy abria as cortinas. A cabeça dela começou a girar ao ver a figura alta que subia os degraus, dois de cada vez, em direção à porta de Daisy e Connor. Com o queixo alto e os olhos escondidos por óculos escuros, Mac Brody parecia ignorar a explosão de flashes de fotografia e questões sendo berradas como tiros ao redor dele. A pulsação de Juno saiu do controle enquanto Daisy sussurrava: — Talvez o sr. Realmente Fantástico lhe dê uma segunda chance.

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CAPÍTULO 9 — Nossas passagens são para o vôo das l0h. — Mac caminhou pelo estúdio. Sacando uma mão do bolso, ele olhou no relógio. — É melhor ir arrumando tudo o que você for precisar. Não vai demorar muito até termos de ir. Que vôo? — Embora mal pudesse respirar, Juno sabia quando estava sendo intimidada. Mac parou de andar e finalmente olhou para ela. — O vôo para Los Angeles — ele anunciou, como se ela tivesse algum problema de compreensão. — Eu não vou deixar você à mercê da imprensa. Você ficará comigo pelas próximas duas semanas, até esta situação ridícula terminar. — Ficar? Com você? — ela esbravejou. — Mas não posso fazer isso. Ela não podia negar a excitação que fez suas terminações nervosas formigarem quando ele entrou no estúdio. A presença carismática dele sugara todo o oxigênio do pequeno aposento assim que Daisy pediu licença para dar a eles "um pouco de privacidade". Ela estava radiante por vê-lo e pateticamente lisonjeada em saber que ele a seguira desde a França. Mas estar animada por vê-lo era uma coisa, perder completamente a noção de realidade era outra totalmente diferente. — Não posso ir para Los Angeles. Amanhã sou eu que cuido da loja — disse, tentando levar juízo e praticabilidade a uma conversa que saía rapidamente de controle. — Não seja estúpida — ele disse, como se fosse a pessoa com juízo ali. — Você não conseguirá chegar perto da loja. Eles cercarão todo o lugar. Perseguirão você e seus clientes, mexerão no seu lixo, farão tocaia no apartamento do lado do seu e caçarão seus amigos até conseguirem a história que procuram. — Eles não podem fazer isso — ela o interrompeu, chocada. — Eu conseguirei uma ordem judicial de afastamento. — Levará dias para conseguir uma ordem judicial, e eles já terão tornado sua vida um inferno. Acredite-me, eu sei. Já estou nestes circuitos por cinco anos. — Ele deu um passo em direção a ela, segurou-a pela bochecha. — Venha para Los Angeles. Eu tenho uma casa em Laguna Beach com segurança adequada onde não poderão tocar em você. Em algumas semanas eles terão partido para a próxima presa e então você poderá voltar para casa. Enquanto o dedo dele acariciava sua bochecha, ela o fitava nos olhos, mas aquelas impossíveis profundezas azuis estavam tão repletas de sinceridade que ela imediatamente percebeu que algo não estava certo. Ele não fora até ali apenas para livrá-la dos paparazzi. Com certeza não. Ela deu um passo para trás. — Por que você faria isso? Por que se daria todo este trabalho? Nós mal nos conhecemos. Os lábios dele se torceram abruptamente e uma sobrancelha se arqueou. — Algo que nós podemos certamente remediar quando você estiver em Los Angeles. Ela engoliu em seco. —Então você está realmente aqui para me salvar da imprensa? —Estou — ele disse, de certa forma contradizendo aquela afirmativa grave com seu pecaminosamente sexy sorrisinho — Mas não há nenhuma lei que diga que não possamos aproveitar enquanto você estiver por lá. Eu tenho algumas semanas livres até o início do meu próximo projeto. Então preciso de distração. E, aparentemente, você também. Ele passou o polegar pela linha do pescoço dela; a excitação percorreu pela espinha de Juno como eletricidade e o desejo piorou. Ela queria ir para Los Angeles com ele, por mais que quisesse negá-lo. Ele a fazia sentir-se viva e excitada de uma maneira que nunca sentira antes. Não deveria ter fugido de manhã; fora covarde e patético. Mas o fizera, pois ainda havia um pouquinho daquela menininha assustada e insegura dentro de si, embora achasse que a eliminara 38

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anos atrás. Será que esta seria a oportunidade para enterrar aquela criança infeliz para sempre? Para provar que se fosse esperta e sensata, se mantivesse uma mente clara e fizesse as escolhas corretas, nem todo relacionamento teria de terminar com um coração partido? — Defina distração? — ela perguntou, com uma voz surpreendentemente firme considerando que sua pulsação disparava. — Permita-me demonstrar. Ele a tombou num abraço e exigiu sua boca num rápido, preciso e extremamente erótico beijo. A gloriosa dor da noite passada voltou à vida numa velocidade alarmante. Quando ele a soltou, ambos respiravam pesadamente. — Isto responde à sua pergunta? Ela tocou os lábios, atordoada pela força da sede dele e pelo calor de sua própria resposta. Ela tinha a resposta de que precisava. Esta era uma questão de química sexual. Nada mais. Eles não estavam falando sobre viverem felizes para sempre, mas sim sobre satisfazer uma necessidade humana básica. Uma necessidade que, como ela descobrira na noite passada, Mac era o homem perfeito para satisfazer. Mas conseguiria ela não se esquecer disso e garantir que suas emoções não se envolvessem? — Ontem à noite foi apenas uma amostra grátis — ele disse, com a voz rouca e os olhos abarrotados de promessas eróticas. — Temos algumas noites memoráveis pela frente. Quatorze, para ser mais exato. Ela prendeu a respiração. Não foi a arrogância dele que a surpreendeu. Ela detectara uma sutil irritação na voz dele em referência a "noites memoráveis". De repente, ela entendeu porque ele fora atrás dela, ao invés das milhões de outras mulheres que ele poderia ter escolhido para sua distração. Perceber isto foi um estímulo importante para a confiança dela. Até agora Mac tivera tudo a seu jeito. Ele tomara todas as decisões e ela o deixara, pois estivera completamente cega pela paixão entre eles. E aquilo a deixara completamente à mercê dele. Ela precisava ter algum controle sobre aquele relacionamento, se quisesse garantir que seu coração ficaria fora da equação. O que significaria mostrar a Mac que ela não era uma bobinha completa. — Isto tem a ver com o bilhete — ela disse o mais claro que pôde enquanto continuava a arfar. — É por isso que você está aqui. Aquilo o irritou. Como ela percebera aquilo? Embora não fosse de longe a única razão, Mac não apreciava ser tão transparente, especialmente após ter ensaiado desde o aeroporto como representaria tudo. Relaxado e charmoso era o plano de jogo. Ele queria que ela soubesse como o sexo seria bom. Queria que ela soubesse que ele lhe estaria fazendo um favor. Não queria que ela visse o quanto ele queria que ela fosse com ele para Los Angeles, ou o quanto aquela maldita nota mexera com ele. O faria parecer um idiota. E o plano estivera funcionando bem o bastante, até um momento atrás. Mac forçou uma risada indulgente e levantou a sobrancelha de forma zombeteira. — Nem um pouco — respondeu, com um tom de voz deliberadamente leve. — Foi um bilhetinho bom. Apenas um pouco antecipado, pelo que parece. Os olhos dela se cerraram e ela balançou a cabeça. — Não acredito em você. Aquilo o irritou. Consigo ver. Como ela conseguia ver? _Ele sabia que era um bom ator e dissera a última fala de maneira indiferente o bastante para deixá-la convincente. — Não me irritou — ele disparou, sequer convencendo a si mesmo. — Eu me tornei um tipo de desafio — ela continuou, ainda o estudando como se pudesse ver diretamente através dele. — É isso, não é? Eu sou a que escapou? Ele não sabia se ficava impressionado ou ainda mais irritado. Nenhuma mulher jamais vira através dele tão facilmente ou de forma tão precisa antes. E dadas as várias maneiras como ela bagunçara o carma dele nos últimos 15 dias, ele escolheu irritação. Ele a segurou pelo braço. — Eu já lhe disse, não vou cair em seus joguinhos. — Ou apenas em jogos que ele sabia que 39

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poderia ganhar e tinha bastante certeza que aquele não seria assim. — É hora de decidir. Você vai para Los Angeles comigo ou não? Ela enrugou o cenho com aquele ultimato e ele viu que cometera um erro. Soltou o braço dela. Que acontecera com o relaxado e charmoso? Ele parecia um babaca. E ele não era nem um pouco assim. Jamais perdia a calma com mulheres, especialmente quando as queria tanto quanto queria a esta. Estava a ponto de rever o ultimato, quando ela o surpreendeu. — Na verdade, eu gostaria de ir. — Os lábios dela se curvaram em um sorriso cativante. — Mas eu tenho algumas condições antes de poder concordar. Ele enfiou as mãos no bolso. — E quais seriam? — disse com cautela. O que acontecera com a menina hesitante que ele iniciara na noite passada? Gostaria de saber. — Primeiro de tudo, ambos temos de concordar que serão apenas duas semanas — ela disse. — Após estas duas semanas, cada um segue seu próprio caminho. Ele concordou com a cabeça, não entendendo porque não estava mais aliviado. Ele mesmo planejara dizer aquilo, não é? Mas era estranho que ela tomasse a iniciativa. — Não quero que isto interfira em seu relacionamento com Connor, Daisy e Ronan. __ Isso não será um problema — ele disse, admirando a lealdade dela aos amigos. Ela parecia tão sincera que ele decidiu que não lhe favoreceria apontar o porquê daquilo não ser um problema. Que ele não tinha nenhum relacionamento com Connor e família e não planejava tê-lo. Ela expirou cuidadosamente, pequenas manchinhas rosadas apareciam em sua bochecha. —Isto é um pouco... — ela fez uma pausa, segurou as mãos — ...pessoal. Espero que não se importe em eu ter de perguntar, mas eu fiz um teste seis anos atrás e... — ela fez uma pausa. — Bem, não houve mais ninguém desde então. E você? Demorou um momento para ele entender o que ela lhe perguntava. Sua admiração por ela aumentou. Era uma pergunta necessária nos dias de hoje, especialmente se ela houvesse lido quaisquer das besteiras que a imprensa já escrevera sobre a vida privada dele. Então por que ele sentia que estava enrubescendo? — Fiz o teste alguns anos atrás, por solicitação da seguradora. Além disso, eu sempre uso preservativo. E não uso drogas. Isto serve? — Está bom — ela disse, soltando as mãos e parecendo tão aliviada que ele teve o repentino desejo de abraçá-la. Ela não era sequer perto de ser tão durona e sagaz quanto fingia ser. — Algo mais? — ele perguntou, acariciando com o punho a bochecha dela e se sentindo cada segundo melhor. As próximas duas semanas serão uma bela aventura. E uma aventura sem qualquer um dos riscos usuais. Claro que o jeito franco e perceptivo dela o enervaram um pouco, mas ele começava a ver os benefícios. Aquela mulher não era dissimulada, ao menos ele não via isso. Só de pensar nisso era tão aliviante, tão inebriante. Não ter a mínima ideia do que ela pensava ou o que faria a seguir era provavelmente um pequeno preço a se pagar. E, de qualquer forma, em duas semanas ele a entenderia por completo. Era especialista em ler as pessoas, estudá-las e conseguir delas a informação que queria. Assim que conhecesse todos os segredos dela, Juno não o fascinaria tanto quanto agora. O sorriso nervoso que ela lhe deu o inebriou ainda mais. — Também gostaria de comprar minha própria passagem de volta para casa. Agora, isso era simplesmente estúpido. Ele não concordaria com aquilo. — Por que você iria querer fazer isso? — ele perguntou exasperado. — Custará uma fortuna. Os jornais diziam que ela morava em uma quitinete, e ele não tinha a mínima ideia de quanto ganhava uma vendedora de loja, mas ela voaria para e de Los Angeles de primeira classe. Ele não a deixaria viajar de econômica. — Eu tenho algumas economias. E é importante para mim — ela disse, mas ele detectou uma nota de incerteza. 40

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— E por que é tão importante? — ele perguntou, decidindo se aproveitar daquela pequena falha da armadura dela. Era hora de ele começar a estabelecer sua própria estratégia naquilo. Ele estava no comando ali, não ela, e provavelmente era melhor que isto ficasse claro para ela. — Já lhe comprei a passagem de volta, então você estaria apenas desperdiçando seu dinheiro. Ambos estaríamos. Não era verdade. Ele apenas instruíra sua secretária para comprar a passagem para Los Angeles. O que era um belo descuido agora que ele pensava a respeito. Quando foi a última vez que ele se relacionou com uma mulher sem um plano de fuga estabelecido? Naquele momento preciso também lhe ocorria que ela era a primeira mulher que ele convidava a sua casa. A casa Laguna Beach era seu santuário e sequer Gina passara a noite lá. Ele sempre insistira em que eles dormissem no apartamento dela em Hollywood Hills. Ele deu de ombros mentalmente. Não era algo importante. Não acabaram de estabelecer que era estritamente um acordo de duas semanas? — Bem, suponho que se você já pagou pela passagem... — ela mordeu o lábio inferior, ainda considerando — acho que então tudo bem. Só queria ter certeza de que terei uma passagem para casa. — Está tudo resolvido — ele disse brevemente, sem saber porque a persistência dela começava a irritá-lo. —Agora que você encerrou com as exigências, poderia fazer as malas? — Ele a encaminhou para a porta do estúdio. — Temos um voo para tomar. E o quanto antes ele a colocasse no avião, mais feliz ficaria.

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CAPÍTULO 10 O plano de Juno de manter as coisas dentro da realidade começou a se desmanchar no voo de primeira classe sobre o Atlântico. Felizmente ela não desconhecia completamente viagens luxuosas, pois viajara para o casamento no jatinho pessoal de Connor, então ela resistiu nobremente à vontade de dar um gritinho ao ver a enorme poltrona de couro que se transformava em uma cama. E seus olhos não ficaram tão maiores que um prato de jantar ao lhe servirem de champanhe logo após a decolagem. Ter a mão de Mac descansando em sua coxa enquanto o avião subia a trinta mil pés fora um desafio maior. Mas ela concluiu que lidara bem consigo mesma, apenas o atiçando com milhares de perguntas a respeito de Hollywood, Los Angeles e a casa dele em Laguna Beach antes de desmaiar de sono. Infelizmente, nada a pôde preparar para o choque de abrir os olhos, com a mente ainda grogue do sono e da viagem de vinte horas atrás, e encontrar-se na casa de Mac Brody. Ela sequer conseguia se lembrar muito de como chegara àquela enorme suíte. Após passar pelo necessário suplício da alfândega, ela caíra direto no sono no percurso do helicóptero do Aeroporto de Los Angeles até Laguna Beach. Juno se recordava vagamente de abrir olhos cansados durante a viagem e se impressionar com o sol sobre a costa sul da Califórnia, então inalar o cheiro excitante de Mac e sentir os músculos dele roçando em sua bochecha enquanto ele a carregava para dentro de casa. E era só. Ela se ajeitou nos enormes travesseiros e fitou a enorme parede de vidro no fim do quarto. — Meu Deus. A exclamação fora sussurrada num tom mais alto que o ronronar sibilante do ar-condicionado. Mesmo o tempo que passou na magnífica casa de Connor e Daisy em Portobello não a preparara para viver em tal luxo. Um longo terraço de pedra branca dava para o brilhante azul de uma piscina de borda invisível, sua exuberante aparência de lagoa acentuada por um bosque de palmeiras yuca e vasos de plantas exóticas. Jogando a colcha para o lado, ela caminhou pelo grosso tapete de lã para ter uma visão melhor daquele cenário atordoante. A casa estava assentada em um penhasco baixo, a ensolarada e escarpada costa se esticando desde o promontório permitindo privacidade completa. Ela ficou sem fôlego. O que ela estava fazendo ali? Não podia estar mais fora de seu ambiente nem se tentasse! Inspirou fundo e deixou o ar sair devagar. "Acalme", disse para si mesma. Passar duas semanas inteiras ali seriam a maior aventura de sua vida. E se ela realmente quisesse aproveitar cada segundo, não tinha tempo para um colapso nervoso. Avistou sua mala encostada na porta. Dentro dela havia uma gama muito colorida de roupas que Daisy e ela quebraram a cabeça para definir no dia anterior. Ela pegou um vestido reto da cor vermelha, que não consideraria usar há um mês atrás, e sentiu seus nervos se acalmarem um pouco. Assim que arrumasse suas coisas, sairia para explorar a casa. Se pudesse se manter ocupada, não teria muito tempo para pensar o quão longe estava fora de sua realidade. Explorar a casa de Mac não tivera o efeito paliativo que ela esperava. A única coisa que ela não achara fora algum sinal de seu anfitrião. Exceto por uma série de pôsteres emoldurados no hall apresentando os filmes dele que ela jamais vira e os restos de um café da manhã apressadamente comido na cozinha. Descobrindo uma enorme variedade de cereais em um dos armários da cozinha, ela se serviu em uma cumbuca e se sentou para comer. Mas enquanto engolia seu musli, ela imaginava Mac sentado à mesa tomando sozinho seu café da manhã a cada dia e se perguntou como ele aguentava aquele silêncio sufocante. A onda de simpatia foi rapidamente reprimida enquanto ela colocava as duas cumbucas na lava-louças. Não seja boba, o silêncio foi provavelmente o que o atraíra neste lugar. Paz e quietude 42

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eram, sem dúvida, mercadoria preciosa a um homem que obtinha seu sustento cercado de pessoas. E quem disse que ele comia sozinho ali? Provavelmente tinha um séqüito de mulheres que convidava para passar a noite. No minuto que aquele pensamento entrou em sua cabeça, uma visão de todas as mulheres com quem ele compartilhara o café da manhã apareceu em sua mente. E cada uma delas aparentava dez mil vezes se sentindo mais em casa do que ela. Ela esfregou os olhos. Nem pense nisso. Era tarde demais para entrar em pânico a respeito das outras mulheres de Mac Brody. Ela estava ali agora, não elas, e isso tinha de contar alguma coisa. Ela abriu os olhos. Talvez um pouco de ar marinho a ajudaria a acalmar os nervos. Ao passar pelas portas de vidro em direção ao terraço, as pedras do chão aqueceram as solas dos pés dela. A temperatura ali fora deveria estar uns bons sete graus mais quente que Londres. Apesar da brisa cheirando a sal, o vestido dela colou-se ao corpo assim que ela deixou o friozinho do ar-condicionado. Juno protegeu os olhos contra o brilho do sol e espiou o movimento na praia abaixo. Uma figura alta, bronzeada e dolorosamente familiar saia das ondas e se abaixava para pegar uma camiseta da areia. Ao esfregá-la pelo torso os olhos de Juno notaram a faixa de pele mais clara no bumbum nu dele e a temperatura subiu mais uns sete graus. Ela começou a suar e sua respiração parou. Ele colocou um short de ginástica e ela conseguiu respirar um pouco. Pegando os tênis, ele cruzou a praia com passos largos, seu cabelo curto moldado à cabeça, mechas escuras brilhando pela luz do sol. Ela cruzou os braços pela cintura em uma vã tentativa de controlar sua excitação. Oh, meu Deus, aquele homem era tão impressionante quanto sua casa! Ele pôs os pés no terraço e levantou a cabeça, quase como se sentisse a sua presença. Um par de ferinos olhos azuis olhou para ela. Ele estava magnífico, a água escorria em seu peito e descia pelo seu abdome. O olhar dela seguiu as gotas que caiam do short dele naquelas poderosas coxas. Ela parecia um animal desenfreado. E era todo dela, ao menos por enquanto. Ela engoliu em seco, tonta pela falta de oxigênio. — Está acordada? — a pergunta a fez levantar os olhos até o rosto dele. Ela acordara? Estava começando a achar que aquilo era algum tipo de sonho erótico vívido e um tanto assustador. Juno concordou com a cabeça. — Eu me servi de um pouco de cereal. Espero que não se importe. Uma sobrancelha negra se arqueou sardônica e um sorriso lento e sedutor apareceu no rosto dele. — Juno, você tem a minha permissão de se servir do que tiver vontade. Os mamilos dela endureceram dolorosamente e ela arfou. Podia ser uma novata naquilo, mas definitivamente não achava que ele se referia mais ao musli dietético com leite desnatado. — Você tem certeza disso? — ela se ouviu dizer. Os brancos dentes dele apareceram e os olhos brilharam. — Toda. O coração dela pulou e o suor fazia poças entre seus seios. Ele a desafiava, de maneira direta e simples, e agora ela tinha de provar que estava apta ao desafio. Juno deu um paço vacilante em direção a ele, não tirando os olhos do rosto de Mac. Colocando a ponta do dedo em seus próprios lábios, ela tomou fôlego e foi até ele. Ele se agitou, como um tigre pronto para o bote, quando a ponta do dedo dela tocou seu peitoral, mas ele não se moveu, dando a ela o impulso de coragem de que tão desesperadamente precisava. A unha curta e bem aparada dela trilhou pelo peito dele e traçou a linha de pelos daquele abdome. Mas então ela vislumbrou a poderosa excitação já ficando apertada no short de ginástica dele e engasgou. 43

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Ele xingou baixinho e a puxou para ele. — Chega disto, sua safadinha. O peito molhado dele umedeceu a frente do vestido de Juno e ela estremeceu, apesar do calor que percorria todo seu corpo. — É minha vez agora — ele disse. Antes que ela pudesse adivinhar o seu intento, ele deu um passo para trás, se abaixou e a levantou, carregando-a em seu ombro. — O que você está fazendo? — O cheiro de água do mar e de homem a engolfaram enquanto ele marchava através cozinha e pelo corredor. — Ponha-me no chão. Ainda é minha vez — ela disse, se contorcendo como louca enquanto seu diafragma pulava no largo ombro dele. — Não é mais — ele disse, prendendo as pernas dela com o braço. — Você estava demorando demais. A cômica frustração dele a fez rir, e aquela excitação a deixava tonta. Ele chutou a porta do quarto e deixou-a cair sem cerimônia na cama. — Então você acha isso engraçado, não? — ele disse, a prendendo enquanto ela tentava se ajeitar. Mac estava tão lindo e tão determinado que a excitação pulsava sob a pele dela. — Hilário, na verdade — ela provocou, enquanto ele a pegava pelos tornozelos. Quem diria que flertar seria tão divertido? — Agora basta — ele declarou, ao puxá-la pela cama e se colocar sobre ela. — Você vai pagar por isso. A boca de Mac cobriu a dela com um beijo que foi direto do brincalhão a violento. Ela correu os dedos pelos cabelos úmidos e sedosos dele enquanto ele a prendia ao colchão. Ele cortou o beijo primeiro. — Vamos tirar a roupa antes que eu estoure. — O-ok — ela gaguejou. Ele se enrolou com o vestido dela, soltando um palavrão enquanto lutava com o zíper, ao mesmo tempo que ela puxava o elástico do short dele, deixando o instinto agir enquanto lutava para puxar o tecido através de flancos de músculos. A masculinidade dele saltou para fora, longa e impossivelmente rígida. Os olhos dela se abriram mais e ela mordeu o lábio inferior. Meu Deus, aquilo havia crescido mais? Ele levou o rosto dele até o dela. — Não entre em pânico. Não vou machucá-la. — Não estou preocupada — ela disse, e não estava mesmo. Estava fascinada. — Posso tocar nele? — ela perguntou, se sentindo uma boba quando ele arqueou as sobrancelhas. Ele segurou uma risada. — Já lhe disse. Você tem minha permissão para se servir do que quiser. — Quero tocar nele sem você me tocar. — Foi um pedido audaz. Mas ela sabia que iria se distrair se o deixasse acariciá-la. E queria explorar o belo corpo dele, se deleitar na descoberta daquele novo poder nela, sem medo de interrupções. Ele xingou baixinho, então se deitou de costas na cama e cruzou os braços sobre a nuca. — Está bem. Você tem um minuto. Mas seja suave, pois já estou bem perto do meu limite. Ela ainda vestia sutiã e calcinha, o que a deixava ainda mais poderosa ao estudá-lo. Tudo a respeito dele era tão incrivelmente lindo... e aquele corpo nu estava inteiramente a sua disposição. Ela seguiu os pelos que se encaracolavam nas placas de músculo que definiam o peito dele, então se afinavam em uma linha descendo pelo abdome. Finalmente o olhar dela parou sobre aquela magnífica excitação. Ela demorou-se avaliando a rígida evidência de quanto ele a queria. E só a ela. O calor pulsava dentro de seu íntimo. Ele mudou de posição. — Lamento apressá-la — ele murmurou, com a voz rouca — mas tenho tão pouco sangue em meu cérebro que estou a ponto de desmaiar. Ela deu uma risadinha, a sensação de poder a inebriava. Tê-lo à sua mercê era uma emoção 44

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maior do que jamais imaginara. Juno tocou a virilidade dele. Ao ouvi-lo arfar, ela levantou os olhos para ver olhos de pálpebras pesadas a observando e esperando. Sem poder se conter mais, ela deu a volta e passou os dedos em todo o comprimento. Ele sibilou e sua pele se eriçou violentamente. Ela puxou a mão, horrorizada. — Eu machuquei você? Ele deu uma risada um tento tensa. — Não da maneira como você imagina, querida. — Ele inclinou a cabeça. — Mas poderia tirar sua lingerie? Seria muito mais feliz se eu pudesse admirar a vista enquanto você me tortura. Apesar do tom jocoso, fora mais uma exigência do que um pedido. Ela soltou um suspiro cuidadoso, saiu da cama e soltou o sutiã. Deixou-o cair no chão e, sem muita habilidade, se despiu da calcinha. Seus mamilos endureceram, estimulados pelo ar-condicionado e pela ferina apreciação no olhar dele. — Você é linda — ele disse, ao segurá-la pela mão e trazê-la de volta para cama, beijando-a. Ela podia sentir o gosto de mar, de sol e o cheiro almiscarado de homem. Ele se inclinou sobre ela e alcançou uma pequena embalagem de uma gaveta no criado-mudo. Segurando a bochecha dela, ele a beijou com força e demoradamente, explorando-a e dominando-a com sua língua e então retraindo a língua em um ritmo que a deixava sem fôlego. Enquanto ele se concentrava em por o preservativo, ela passou os dedos pelo peito dele, descendo até segurar aquele peso pulsante com a palma da mão. Ele a pegou pelo pulso e a afastou. — Estou quase lá, querida. Teremos de deixar esta aula para outro dia. Passando os braços pelas laterais dela, ele se abaixou, capturando o mamilo dela com os lábios. Ela arfava enquanto os dentes dele arranhavam e atiçavam, aquele bico inchado. Ela se contorceu, afundando as mãos pelo cabelo dele, enquanto Mac se abaixava, circulando a língua pelo umbigo dela. Aquelas carícias ásperas a faziam perder o fôlego e sua pele queimar. Mas então ele se abaixou ainda mais, deixando a cabeça fora do alcance dos dedos dela. Suavemente afastando as coxas dela, ele colocou a boca naquele ponto íntimo. Juno convulsionou chocada com aquela carícia íntima. O fogo a percorria, seu corpo pulsava com um desejo tão agudo que ela achou que pudesse desmaiar. — Não consigo pensar — ela choramingou. As quentes palmas das mãos dele descansavam nas coxas dela e ele sorriu. — Não precisa pensar — ele disse — só se deixe levar. Os lábios dele a tocaram novamente, marcando a pele aquecida. Ela se contorceu e lutou contra aquela deliciosa tortura, mas ele a segurou, completamente aberta ante si, enquanto a língua dele a explorava e atacava. As sensações chocantes levaram os sentidos dela à loucura, enquanto a língua dele espiralava cruelmente no interior dela. — Não posso. É muito. Pare, por favor — ela gemeu. Mas ele não parou, sua língua, seus lábios, sua boca, crucificando-a num altar de êxtase enquanto ela sobrevoava aquele impossível pico. Ela arqueava as costas ao soluçar durante o clímax, então caiu tremendo sobre os travesseiros. Momentos depois ela ainda tremia como resultado daquele orgasmo, enquanto abria os olhos e o via sorrindo para ela, seu corpo posicionado sobre ela. — Isso foi lindo de se assistir, Juno. Excitado de modo insuportável, a masculinidade de Mac pulsava de encontro à suave pele da coxa dela. O rosto dela era de um rosa escuro e vívido. — Não... — ele acariciou com a mão a bochecha, quando esta tentou virar o rosto. — Não fique envergonhada, querida. Você é incrível, a maneira como você responde... não há nada para se envergonhar. — Eu sei, é só que... — Ela deu um sorriso tímido, que fez o coração dele disparar. — Eu não acredito... Nunca havia feito isso antes. 45

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O espanto, o assombro na voz dela tornava a brutal dor na virilha dele ainda pior. Ele encostou a testa na dela e tentou respirar mais devagar. Ele queria, desesperadamente, se enterrar nela. Entretanto, mais do que isso, não queria machucá-la. — Vamos esperar um pouquinho agora. — Por quê? Eu não quero esperar — ela disse. Ele xingou em silêncio, em vias de perder o controle. Por que mesmo esperar? — Está certo então. — Ele a segurou pelos quadris, se pôs entre as coxas dela e se encaixou naquelas dobras escorregadias. Ela ouviu sua respiração se conter em choque pelo volume da penetração. Ele a daria apenas alguns segundos de agonia para se ajustar antes de ter de se mover, a firmeza apertada do corpo dela o torturando. Os dedos dela seguraram-no pela nuca e o último fio de controle dele se rompeu. Ele se enfiou nela, várias e várias vezes, estimulado pela pulsação do orgasmo dela. O próprio clímax dele percorria seu corpo enquanto os chocados soluços de orgasmo dela ecoavam em seu ouvido. Totalmente exausto, ele se deixou cair sobre ela. — Mac, minha perna está dormente. O pedido suave dela o trouxe à consciência. — Mil desculpas. — Ele saiu de cima dela, se deitou de costas e cobriu os olhos com o braço, amargamente chateado consigo mesmo. Supunha que a devia desculpas a ela. Tomara-a de forma ensandecida. E pensar que passara metade da noite acordado, decidindo um curso de ação, e já o pusera totalmente a perder. Ele havia conseguido dormir por algumas horas em sua própria cama, mas acordara com uma excitação a pino. Mesmo correr 10 quilômetros e nadar no gélido oceano pacífico não eliminaram a necessidade que sentia desde o vôo. Quando a vira no terraço com aquele vestido vermelho colado às suas curvas e com olhos de surpresa e excitação, ele voltara a ficar excitado sem esforço nenhum. Como um garoto de 13 anos, ao invés de um homem de 30. Jamais quisera tanto uma mulher na vida. Isto começava a preocupá-lo. — Você está bem? — ele se forçou a dizer. — Não queria ter sido tão bruto no final. Ela deu um longo e satisfeito suspiro. — Foi bruto? Eu não senti que foi bruto, senti que foi fantástico. Não havia nada que ele gostaria mais do que sair da berlinda. Mas o que ela sabia sobre sexo? Sobre o que realmente queria ou merecia? Quase nada, ele supunha. Ela provavelmente devia estar toda ardida. Ele entrara muito rápido, muito duramente. Mas ela provavelmente não percebia que ele poderia ter deixado aquilo melhor para ela se houvesse ido mais devagar, se não fosse tão egoísta. Talvez fosse o momento de descobrir o que acontecera seis anos atrás. Para que não se sentisse responsável por algo que não fora sua culpa. — O que a fez esperar tanto, Juno?

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CAPÍTULO 11 — Como? — gaguejou Juno. Mac estava sério, sombrio, seus olhos de um azul gélido penetrante. — Seis anos — ele disse. — Por que você esperou tanto tempo? O que aconteceu? A ficha caiu. Ela se sentou e puxou o lençol sobre seus seios. — Estou faminta. Que tal eu preparar um café da manhã decente para nós? Ela deslizou para a beira da cama, pretendendo escapulir para o banheiro, mas ele segurou o lençol que ela usava, interrompendo a escapulida na metade do caminho. — Eu quero saber o que aconteceu. Por que você não me conta? Ele estava falando sério? Ela se virou para ver a determinação no rosto dele. Ela gelou. Aparentemente ele estava. — Por que você quer saber? Ele respirou vagarosamente. — Está me incomodando. Não consigo tirar isso da minha cabeça. — Mas faz muitos anos. Ela não queria falar sobre seu passado. Não agora que estava quase se libertando dele. Ele soltou o lençol e aproximou-se para arrumar a sobrancelha dela. — Você esperou seis anos. E depois me escolheu. Eu quero saber o porquê. — Mas isso não faz sentido, não tem nada a ver com você. Não importa mais. — Importa para mim. Por que estava sendo tão teimoso? Tão insistente? Não fazia sentido algum. Foi então que ela entendeu. Esse era exatamente o ultraje que ela vinha tentando evitar. — Se você quer que eu vá embora... Se eu não sou excitante o suficiente para você, é só falar. Mac falou um palavrão e a agarrou pela cintura enquanto ela colocava os pés no chão. — Pare de ficar tão na defensiva. Não é isso. Ele a envolveu com seus braços, abraçando-a bem forte e fazendo com que ela não conseguisse sair. — Você é doce e surpreendente, é sexy demais e eu adoro ficar com você. Especialmente na cama. Juno sentiu uma ternura se espalhando pelo seu corpo enquanto ele a elogiava, e quis se bater. Como era patético ela ficar grata por qualquer migalha que ele a dispensava. — Mas por que você se importa com o meu passado? — Isso não era parte do acordo deles. Ela havia se convencido que conseguiria lidar com a intimidade, mas isso era mais do que eles haviam negociado. O peito dele elevou-se sobre as costas dela quando ele suspirou profundamente. — Talvez eu apenas esteja curioso, ou talvez seja porque eu sou um ator, e conhecer pessoas, entender seus sentimentos e descobrir como elas funcionam seja parte do meu trabalho. Juno tentou se soltar dos braços dele, mas o abraço ficava mais apertado. Ela enfureceu. — Eu não falo sobre o meu passado porque é seu trabalho ser um intrometido. Ele riu, fazendo com que ela ficasse ainda mais furiosa. — Que tal outra pergunta então? — disse ele, com seus lábios provocando a orelha dela. — Se o que aconteceu com você seis anos atrás não importa mais, por que não contar para mim? Ela parou de lutar, e começou a ficar menos enfurecida, contra sua vontade. Por que ela não conseguia contar para ele? — O fato de você fazer tanto segredo faz parecer que importa sim — ele prosseguiu, sem mais o tom provocador. — E é isso que está me incomodando. Ela não sabia o que dizer para ele. Não importava, mas ainda sim não queria contar. E o motivo era simples. Estava profundamente envergonhada do que acontecera seis anos antes. De como ela tinha sido ingênua e imatura. E ela não queria que Mac a julgasse. 47

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O que era ridículo. Afinal, era apenas um caso sem compromisso. Em duas semanas ela sairia da casa dele e provavelmente nunca mais o veria. Por que ela deveria se preocupar com o que Mac Brody achava dela? O coração dela bateu mais forte. Maldito! Ela teria que contar sobre Tony. Porque se não contasse, estaria admitindo para ela mesma não apenas que Tony ainda tinha poder para magoá-la, mas que Mac também poderia. __Eu preciso tomar um banho primeiro — ela disse, relutante. Ela já se sentira exposta o suficiente, não iria falar sobre isso estando nua. Ele a apertou mais uma vez e a soltou. __Vá em frente — ele disse, parecendo satisfeito consigo mesmo. __Que tal se eu fizer aquele café da manhã decente que você falou? Eu agora estou com um pouco de fome também. — Está bem — ela disse, relutante, pois tinha perdido a fome. Seguindo o cheiro de bacon frito, Juno parou sob a porta da cozinha e conteve o suspiro. Mac estava na frente do fogão vestindo apenas um jeans gasto, sua camiseta jogada sobre a cadeira. Ele colocou as fatias de bacon sobre os pratos, onde já estavam os ovos e os bolinhos. A cena parecia a fantasia de todas as mulheres tornando-se realidade. Meu Deus, não era espantoso como ele a manipulara tão facilmente? Apenas o fato de lembrar o que ele havia feito esta manhã fez com que ela se sentisse insegura. Ele tinha o poder de fazer qualquer mulher perder o controle. Depois que ela passasse por essa situação complicada e humilhante, tomaria mais cuidado da próxima vez. Feromônios eram uma coisa perigosa, e Mac fizera um efeito devastador sobre os dela. Ele olhou para trás. — Você não quer pegar os talheres? Estão na primeira gaveta. — Está bem — ela disse, a boca ficando seca. Nunca esperaria que ele pudesse cozinhar para ela. Nenhum homem cozinhara para ela antes. Juno tirou os talheres da gaveta e fingiu não perceber o palpitar do seu coração. Talvez ele tenha esquecido o assunto. Quanto mais ela pensava nisso, mais estranho parecia o fato de ele querer saber sobre a menina que ela havia sido um dia. Quiçá estar interessado em conversar sobre isso. Ele deslizou os pratos sobre a mesa e apontou para uma das cadeiras. — Sente. É melhor comermos antes que esfrie. — Estou impressionada — ela disse, com água na boca diante do café da manhã suntuoso que ele preparara. Ela sentou e pegou o garfo. — Parece delicioso. Se ele não tocasse no assunto, ela certamente também não o faria. Ele segurou a garrafa de café. — Quer uma xícara? — Por favor — ela disse, começando a relaxar. O cheiro do bacon fez o estômago dela roncar enquanto mordia. — Isso dá de dez em qualquer musli. Quando terminou a refeição, ela estava se sentindo quase relaxada, certa de que ele esquecera do que haviam combinado no quarto. Vendo que ele tinha quase terminado, e estava tomando outra xícara de café, ela pegou o prato dele. — E se eu lavar a louça? — Não precisa — ele disse, esticando as pernas e cruzando-as no tornozelo. — O pessoal da limpeza virá hoje à tarde. — Oh, está bem. Ela colocou os pratos dentro da pia. — O que houve com o vestido? — ele perguntou. Ela olhou para a camiseta e o jeans que colocara após o banho. — Pensei em caminhar na praia depois do café. Essa roupa é mais prática. E muito menos insinuante. Após seu segundo banho do dia ela estava se sentindo um pouco menos ousada. 48

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— É uma pena, o vestido era extraordinário. Ela esfregou as mãos no jeans velho, sem saber como interpretar a aceleração dos batimentos cardíacos após o elogio. Ela realmente precisava controlar sua reação cada vez que ele dissesse algo bacana. Ela agarrou na barra da camiseta. — Eu acho que vou caminhar agora. A cozinha de repente pareceu asfixiante. Ele sorriu, colocando sua xícara na mesa ao levantar-se. — Boa ideia. Podemos caminhar até a praia pública na maré baixa. Mac balançou as sobrancelhas, sugestivamente. — Eles têm o melhor sorvete de Los Angeles. Ela não havia pensado que ele iria se oferecer para ir com ela. — Com certeza eu consigo encontrar o lugar sozinha, se você tiver algo para fazer. Ele abriu um sorriso enquanto vestia a camiseta. Os olhos dela foram atraídos para os músculos dele enquanto seu abdome desaparecia sob o algodão branco. — Acontece que eu não tenho nada para fazer agora. Ele deslizou sua mão até a dela enquanto eles caminhavam pelo terraço. — Então, qual é o nome dele mesmo? Droga! Ele não tinha esquecido. Juno ficou tensa, e tentou puxar sua mão. Mac a segurou. Ele percebera como ela estava cautelosa quando chegou na cozinha, e pensou por um momento em deixar para lá. Mas enquanto a assistia comer o café da manhã que fizera para ela, percebeu que não poderia. Entendê-la era o primeiro passo para tirá-la de sua cabeça de vez. Enquanto ela tivesse segredos, ele continuaria fascinado. Quando ele soubesse porque ela o havia escolhido, e porque agora, ele não se sentiria responsável. Estava contando com isso. Não haveria mais acessos de culpa. De qualquer maneira, ele sempre fora curioso sobre a vida das pessoas, era o que o fazia bom no seu trabalho. — Você tem certeza de que quer ouvir? Ele percebeu a súplica na voz dela e forçou-se a ignorá-la. — Conte como se fosse uma história. Será mais fácil. É assim que o meu terapeuta diz. Os olhos dela arregalaram. — Você vai ao psiquiatra? — Todo mundo em Hollywood tem um terapeuta. É como se fosse um acessório de moda. Ele tinha ido lá apenas uma vez, e não dissera nada, era como quando ele estava no confessionário quando era jovem, mas ela não precisava saber disso. Se ele queria que ela falasse, fazia mais sentido deixá-la à vontade. — Confessar é bom para a alma, lembre-se disso. Ela olhou para ele de lado. — Você não acredita nisso de verdade, não é? "De jeito nenhum", confirmou sua voz interior. — Claro que sim. Eu nasci católico. Ele balançou sua mão na dela e sorriu. — Agora conte tudo para o tio Mac. Você vai se sentir melhor, eu garanto. Ela bufou, rindo, e ele soube que a havia convencido. — Oh, está bem então, mas eu ainda não entendo por que você quer saber. — Ela respirou fundo, protegendo seus olhos do sol. — O nome dele era Tony. Eu tinha apenas 16 anos quando o conheci. — Quantos anos ele tinha? — Ele já estava odiando o desgraçado. — Era mais velho. Imaginava. — Quão mais velho? Ela tirou a mão do rosto. — Não sei. Eu nunca perguntei. — E como vocês se conheceram? — Minha melhor amiga, Candice, e eu queríamos assistir um filme. Mas era para maiores de 18 anos. — Um dos meus filmes, eu espero — ele disse, tentando manter o assunto leve. 49

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Uma sombra cruzou o rosto dela. Ela deu um sorriso melancólico. — Não, não era. Eu nunca vi seus filmes. Ele parou, estupefato. — Você nunca viu nenhum dos meus filmes? Sério? Quando ela abriu um sorriso, ele percebeu como havia soado arrogante. — Sério — ela disse. — Eu não vou muito ao cinema. — Bem, vamos ter que dar um jeito nisso — ele disse, apesar de não ter certeza se ele queria isso mesmo. Havia algo revigorante em sair com alguém que não conhecia sua imagem pública. Sentindo-se estranhamente humilhado, ele pegou a mão dela novamente e continuou a andar. — Continue então. O nome dele era Tony e ele era um velho. Ela riu novamente. — Eu nunca disse que ele era velho. Ele era apenas... mais velho. Bem, Candice e eu queríamos assistir o filme, então nós nos emperiquitamos todas. Ou seja, um monte de maquiagem, meias-arrastão, saias curtas. Quando você tem 16 e quer parecer 18, você acha que tem que se vestir como uma prostituta. Ele não conseguia imaginá-la usando um monte de maquiagem. Ela estava usando um pouco no casamento, mas hoje não, e nem precisava. A cor dos olhos dela era impactante contrastada com sua pele clara, as maçãs do rosto altas e os lábios carnudos. Seria um crime passar uma camada de tinta em um rosto tão fresco, tão bonito. Ela passou o cabelo para trás da orelha em um gesto natural, a luz do sol revelava o dourado de seus cabelos. Ela possuía alguma ideia de quão maravilhosa era? Ele apertou a mão dela. — Continue. — Tony estava lá, com alguns amigos. Eles eram todos playboyzinhos, você sabe, roupas da moda, cheios de vida, se achando o máximo. Ele conseguia imaginar. Os desgraçados tinham visto duas meninas e conseguiram tirar vantagem delas. O mundo está repleto de aproveitadores, e os piores geralmente são os mais bemvestidos. — Eles se ofereceram para nos levar ao cinema. Candice e eu ficamos lisonjeadas. Nós achamos que estávamos muito sofisticadas, pois atraíamos homens mais maduros. Tony me comprou pipoca e refrigerante, e passou seu braço em mim. O filme terminou e eu não havia assistido nada. E já estava meio que apaixonada por ele. Ela deu uma risada desaprovadora mas, para ele, a risada pareceu insuportavelmente triste. — JU dei meu telefone, pois ele pediu. Nas semanas seguintes, eu já estava caidinha. Ele me levou para jantar em um restaurante chique em Myfair. Nós passeamos no parque. Ele comprou champanhe, flores, e nós conversávamos sobre tudo. Ele parecia estar interessado no que eu tinha para dizer e eu estava pateticamente feliz com toda essa atenção. Então quando ele perguntou se eu queria ir para sua casa no Barbican em um sábado, eu disse que sim. Mac sentiu um nó na garganta. Não queria ouvir o resto. Mas ele tinha que saber agora. Ele mataria o cara sem dó. Mas tinha a sensação de que o pior ainda estava por vir. — Quando chegamos à casa dele, ele ficou falando sobre o quanto ele me desejava, como eu era maravilhosa, como ele nunca tinha conhecido ninguém como eu. E então ele... — Ela virou para olhar para Mac e por um segundo ela viu a angústia no seu olhar. — Eu era virgem e doeu. Muito. Ele não foi nem um pouco gentil como você, e ficou irritado comigo por eu ter reclamado. Ele me disse para voltar quando eu crescesse. E é por isso que eu não quis fazer novamente. Por muito tempo — ela disse isso sem rodeios, como se tivesse acontecido com outra pessoa. Juno deu de ombros e desviou o olhar, um movimento tão derrotado que ele sentiu uma pontada no estômago. — Então agora você sabe como eu fui uma tola ingênua. — Não diga isso. — As palavras foram duras, cheias de ódio. Juno virou-se, abismada por ver a fúria no rosto dele. — Qual é o problema? 50

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Ele a puxou na direção dele e encostou suas mãos na cintura dela. — Não diga isso. Nem pense nisso. — Os olhos dele procuraram os dela, o azul escuro confuso de emoção. — Você era uma criança. Ele sabia disso e se aproveitou. — Mac segurou a cabeça dela, passando seu polegar suavemente na têmpora dela. — Nunca pense que foi sua culpa. Ela não deveria aceitar a compaixão dele. Seu apoio. Sua opinião não importava. Mas suas palavras, tão poderosas, tão cheias de fúria por causa dela, fizeram o nó da vergonha, há tanto tempo alojado dentro dela, soltar-se. E a criança maltratada que ela havia sido um dia estava tão grata que as lágrimas lhe deram um nó na garganta. — Venha cá — ele murmurou enquanto encostava a cabeça dela contra seu peito. Sua mão acariciava o cabelo dela. — Não chore, querida. Ele não merece nenhuma lágrima sua. Eles ficaram ali, juntos, por bastante tempo enquanto ela se apoiava nele, respirando o reconfortante perfume de algodão e de maresia, e ouvindo o som suave e rítmico do bater das ondas na praia, e o firme e seguro bater do coração dele. Ela teve um desejo repentino de contar o resto, contar tudo. O verdadeiro horror do que acontecera seis anos antes. Mas ela conteve o impulso infantil. Já havia contado demais. Só porque ele não a havia julgado. Só porque ele tinha sido doce e compreensivo, e surpreendentemente solidário. Só porque ele era um homem gentil do jeito que ela não imaginava existir, não significava que ele poderia ser o homem para ela. Isso não mudava nada entre eles. Ele ergueu o queixo dela. — Você está melhor agora? __ Estou bem. —Que bom. — Ele segurou a mão dela e a apertou com forca. — Que tal um sundae com cobertura de chocolate? — Maravilha — ela disse, tentando não se importar com a mudança de assunto. Mas mesmo que ela tentasse, não conseguia esquecer como tinha sido bom ele abraçá-la quando ela mais precisava. "É isso aí, amigo. Você acaba de dar um tiro no pé", sua voz interior não parava. É claro que ele não se sentia mais responsável, ou culpado, ou fascinado. Depois do que ela dissera. Depois de ela ter sido tão corajosa nos seus braços, contendo as lágrimas, ele estava envolvido. E isso o incomodava. Muito. Enquanto eles contornavam as pedras e passavam pela praia pública, caminhando até a sorveteria, Mac tentava concentrar-se no sundae com calda de chocolate, e em lamber o sorvete nos seios de Juno. Ele se recusava a estender as emoções conflitantes que no momento estavam fazendo seu coração sair pela garganta. Mac só tinha uma coisa para oferecer para ela. Duas semanas de sexo sem compromisso. Então não haveria mais conversa íntima, não mais falar do passado, não mais tentar entender a alma dela. Essa tinha sido uma ideia estúpida. De agora em diante conteria sua curiosidade e manteria as coisas estritamente sexuais, com cobertura de chocolate.

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CAPÍTULO 12 Os hormônios de Juno fizeram sua dancinha usual quando ela baixou os óculos escuros para ver Mac caminhar pela varanda da piscina. Voltando da sua corrida matutina, ele estava suado e delicioso, sua camiseta e shorts grudados naquele corpo de dar água na boca como se fosse uma segunda pele. Juno conteve o desejo e caminhou na direção dele. Após oito dias como hóspede na casa de Mac, ela começara a ansiar por aquele corpo bronzeado e forte, e pelas coisas maravilhosas que ele poderia fazer com ela com uma intensidade que ela não tinha certeza se era totalmente saudável. A última semana fora uma excitante jornada de descoberta sexual. Mas ele não era apenas um amante habilidoso. Era um mestre. E ela estava sendo uma aluna ávida, desfrutando de cada nova experiência como uma mulher sedenta. Mas ele não provou ser um excelente anfitrião apenas na cama. Ao invés de sumir durante o dia para fazer as coisas que os astros de cinema fazem, ele dificilmente saía do lado dela. Eles passavam o tempo na piscina, visitavam as galerias de arte, almoçavam e jantavam na varanda e brincavam no mar como duas crianças, quase se afogaram no dia anterior, quando ele tentou ensinála a surfar, além de fazerem amor sempre que podiam. Ele pegou o copo de limonada do braço da espreguiçadeira dela. — Então, o que a srta. Juno está a fim de fazer? — Estive conversando com a Daisy — ela disse, tentando não ficar encantada com a maneira que o pomo de adão dele brilhava à luz do sol enquanto ele tomava um gole da bebida selada. — O primeiro dentinho do Ronan está nascendo e ela e Connor ficaram acordados quase a noite inteira. Ele ficou imóvel. — É difícil. — Ele apoio as mãos na espreguiçadeira, inclinou-se e beijou-a, deixando o gosto doce e azedo da limonada e do desejo nos lábios dela. — Você quer tomar um banho comigo? Ele evitara o assunto, como ele sempre fazia quando se tratava de Connor e sua família. Ele tentou fazer com que isso não a chateasse. — Eu já tomei banho. As bochechas dela enrubesceram, e não pelo calor do sol, quando ela lembrou o quão criativo ele havia sido na manhã anterior quando ela fizera um convite semelhante a ele. — É melhor não — ela disse, um tanto relutante enquanto seus hormônios dançavam. — A Daisy vai ligar novamente daqui a pouco. Não quero me distrair. — Não vai, é? — ele murmurou. Os dentes dele mordiscaram o lábio inferior dela. — É uma pena porque eu estou muito a fim... — ele pausou, propositadamente — de me distrair. — Você está sempre a fim — ela respondeu com atrevimento, dando um empurrãozinho nele e dando-se conta da deliciosa excitação que acompanhava a brincadeira dos dois. Mac tinha acabado de descortinar um novo mundo de descoberta sexual para ela na última semana. Ele também a mostrara como flertar. Provocando-a até que ela não conseguisse mais resistir. E assim como era com o sexo, quanto mais ela flertava com ele, mais viciada ficava. Ele deu um tapinha com o dedo no nariz dela. — Só quando se trata de você, querida — ele disse enquanto se endireitava. O carinho dele fez com que ela sentisse um aperto no peito. Juno mordeu o lábio inferior. Ela ainda não havia curado o hábito de levar a sério os elogios dele. Ele é um conquistador nato, ela não podia esquecer isso. — O que você acha de ler um roteiro comigo um pouco? — ele perguntou, esticando o pescoço. — Eu preciso começar a fazer anotações sobre meu personagem antes do ensaio na semana que vem e você é a principal razão de eu não ter conseguido fazer isso até agora, você está me devendo. Ela imediatamente sentou-se na espreguiçadeira, empolgada com a ideia. Mac falara sobre seu trabalho na noite anterior durante o jantar, depois de ela pedir sem parar. Mas quando ela perguntou 52

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se eles podiam assistir um dos filmes dele, ele recusou, dando a estranha desculpa de que ver a si mesmo na tela o deixava tímido. Ela tentara não levar a sério esta mentira — Você quer que eu leia o roteiro com você? Eu adoraria. — Não fique muita animada — ele disse, com um sorriso complacente. — Você provavelmente vai morrer de tédio depois de dez minutos. — Não vou não — ela respondeu, pois sabia que não. Do pouco que ele contara na noite anterior, ela pôde ver que ele era louco por seu trabalho. Vê-lo começar a criar seu próximo personagem seria fascinante. — Está bem — ele disse. — Mas não diga que eu não avisei. Ela passou os braços ao redor de suas pernas nuas e observou partir. O toque do telefone interrompeu a leitura compenetrada que ela estava fazendo do bumbum maravilhoso dele. Mac parou ao lado do telefone e o pegou, depois pausou e colocou a mão para baixo. Ele olhou para trás. —Você não quer atender? — ele perguntou. — Se for para mim diga que eu ligo depois. Ela pulou da espreguiçadeira enquanto ele caminhava para a casa. — Mac, espere. Ele parou na porta e ergueu uma sobrancelha. Os pelos da nuca dela arrepiaram, o telefone tocando insistentemente acabava com o silêncio da manhã, assim como com a paz de espírito dela. Devia ser Daisy no telefone, por isso Mac não tinha atendido. Ela sabia disso. — Você pode esperar um minuto? — ela disse. — Eu preciso falar com você, é importante. Ele encostou no batente da porta e cruzou os braços, divertindo-se. — Sou todo seu, como sempre — ele disse, com voz insinuante. Juno interrompeu o "alô" de Daisy. — Posso ligar para você amanhã, Daze? Mac e eu estamos tomando café da manhã. — Ela reprimiu o remorso por ter contado uma mentirinha para sua amiga e se despediu. Ela colocou o telefone no gancho e suspirou. Estava ultrapassando o limite, ela sabia disso, mas não podia mais fingir que o comportamento de Mac com relação a Connor e Daisy não era um problema. Por que ele havia se comportado daquela maneira no casamento? Por que ele estava tão determinado a não se envolver com eles agora? E como ele não conseguia ver o quanto estava perdendo? Certo, então o caso deles era apenas temporário, e ela sabia que deveria andar com cuidado, mas ele havia perguntado sobre o passado dela, logo, ela também tinha o direito de estar curiosa sobre o dele. E, no mínimo, ela deve isso aos amigos dela: fazer com que Mac pare de rejeitá-los. Mac deu um sorrisinho. — Então, o que é tão urgente? — ele disse. — Depois de você ter mentido para sua amiga, eu espero que tenha algo a ver com banhos e ficarmos nus. Ele soou tão confiante, tão seguro, mas será que seria o caso? Quando ele nem mesmo atendia a ligação de Daisy? — Daisy não é apenas minha amiga, ela também é sua cunhada. Ele ficou tenso. — Eu sei disso. — Sabe? Ele se afastou do batente da porta. — Aonde você quer chegar com isso? Eu não estou entendendo. Ela respirou profundamente e ajeitou os ombros. — Por que você não fala sobre eles? Ele riu, um riso fingido. — Eu não tenho nenhum problema em falar sobre eles. Ela apertou as mãos. Quando Daisy dissera que ele e Connor tinham tido uma infância difícil, Juno tomara o cuidado para não perguntar sobre o assunto, porque não era da sua conta naquele momento. Mas agora parecia que era. — Eu sei que você e Connor foram separados quando eram crianças — ela arriscou. 53

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Ele franziu a testa. — E que, por causa disso, você passou anos no orfanato. — Ela seguiu adiante, mesmo o assunto sendo difícil, era impossível medir a reação dele. Mac ficou surpreso por um momento e depois seu rosto ficou pálido. — Mas eu não entendo porque isso faria com que você tratasse Connor tão duramente. Por que isso faz com que você aja como se não tivesse um irmão. "Eu não consigo falar sobre isso", afirmou sua voz interior. O pânico tomou conta de Mac, mas ele conseguiu esconder o furacão de emoções. — Você não precisa entender. Os olhos comovidos dela se arregalaram após esse óbvio rechaço. Ele ignorou a pontada de culpa. Mas quando virou-se para sair, ela correu na sua direção e colocou sua mão no braço dele. — Mac, não. Não vá embora assim. Ele olhou os dedos dela. Parecia que não iria deixá-lo em paz facilmente. — O que você quer? — ele perguntou, mas tinha a impressão de que já sabia. — A maneira como você tem tratado Connor e Daisy. Não parece você. Você não é frio e insensível. Eu sei que não. Eu só quero saber o porquê. A certeza na voz dela fez com que a dor fosse maior. Ele devia imaginar que isso iria acontecer. A partir do momento que ela contou sobre seu passado, que ele soube do canalha que praticamente a estuprara, ele sentira que havia uma dívida entre eles, mas ignorara isso para conseguir o que queria. Assisti-la desabrochar em seus braços, assisti-la perder sua inibição tinha sido irresistível. Ele havia desmarcado reuniões, faltado entrevistas, desligado seu celular e ignorado a pilha de roteiros que deveria ler, para inundar-se dela. E agora era hora do ajuste final. Ela estava cobrando a dívida, esperando que ele fosse revelar seus segredos em troca. — Você não me conhece, Juno. Você apenas acha que me conhece. — O que você está tentando me dizer? Que você é uma pessoa má? Eu não acredito nisso. Mac balançou a cabeça. Ele poderia sair agora. Deveria. Mas deixá-la acreditar que ele era um homem melhor do que ele realmente era não seria bom para nenhum dos dois. — Você quer saber por que Connor e eu nunca poderemos ser irmãos? É por causa da minha origem. Do que está em mim — ele disse, sentindo-se tão sujo quanto o suor que secava em seu corpo. — Nosso pai era um alcoólatra violento. Assim que ele disse essas palavras, era como se conseguisse ver o rosto gordo e manchado que o aterrorizara na infância. — Ele tinha um cinto que gostava de usar quando estava muito bêbado. Tinha uma boa fivela. — Ele formou um quadrado com os dedos. — Grande assim — ele continuou encarando-a firmemente, enquanto abaixava suas mãos. Ela não havia hesitado ainda, mas iria. — E cada vez que ele ia atrás do Connor com a cinta, você quer saber o que eu fazia? Juno lutou para não recuar com a amargura na sua voz, ou com a imagem horrível que ele havia descrito. Quando Daisy dissera que a infância deles tinha sido difícil, ela não imaginava que tinha sido tão difícil. — O que você fazia? — Nada. E isso o que eu fazia, nada — ele disse, seus olhos obscuros pela lembrança. — Eu ouvia os horríveis golpes que chegavam quase no osso. E eu não fazia absolutamente nada. Por que eu só me importava que não era eu quem estava apanhando. — Mas o que você poderia ter feito? Você era apenas uma criança. — Temos apenas três anos de diferença. — A emoção fez com que o sotaque dele ficasse ainda mais irlandês. — Eu não tenho nenhuma marca em mim. Nenhuma. E eu tenho certeza de que Connor tem muitas. — E a cicatriz no seu braço? O que houve? — ela apontou, sua voz vacilante. Por que ele se 54

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punia desta maneira? Certamente o vilão tinha sido seu pai, não um menininho assustado e traumatizado pela violência que ele tinha medo de enfrentar. Ele passou a mão sobre seu bíceps, esfregou o ventre machucado. Então deu com os ombros, como se o que tinha sido uma enorme ferida não tivesse mais significado algum. Lágrimas escorreram dos olhos dela. — Ei, não comece com isso agora. — Ele pegou uma lágrima com seu polegar, parecendo alarmado. — Eu não contei para você sentir pena de mim. — Mas o que você me contou é terrível. — Não, não é. Não é mais. Eu aprendi a conviver com isso há muito tempo — ele disse. Será? Ela duvidava. Juno limpou as lágrimas. Estava óbvio que ele não queria a compaixão dela. Mas o coração dela ainda doía pelo menininho que ele fora. Ele segurou os ombros dela e aproximou seu rosto. — Eu não acho que sou uma pessoa má. — Ele colocou o dedo embaixo do queixo. — Mas eu sou egoísta. Estou sempre em primeiro lugar. E sempre estive. Eu sou assim. Eu não estou interessado em brincar de família feliz. Com Connor ou quem quer que seja. Ele passou seu polegar pelo lábio dela, o azul de seus olhos ficando mais profundo. — Não vá achando que eu sou o que eu não sou, querida. Porque você só vai se magoar. Juno observou Mac pelo vidro enquanto ele caminhava em direção ao quarto. Ela percebeu que seu cuidadoso plano de ir passo a passo dera um salto precipitado no desconhecido sem que ela percebesse. Mac Brody não era superficial e egocêntrico. Ele não era o pai dele, e não era culpado pelo que o pai fizera a Connor. Seja lá o que ele quisesse acreditar. Mas quem era ele de verdade? E por que ela não conseguia livrar-se da apavorante sensação de que Mac precisava dela e ela precisava dele, apesar do tênue e velado aviso dele para não se envolver? Daisy havia dito que Juno precisava começar a confiar em seu próprio julgamento. Mas e se ele estivesse errado? E se Mac não fosse o homem que ela achava que ele fosse, mas apenas um tolo produto da sua exagerada imaginação? E quanto aos seus sentimentos ela arriscaria para descobrir?

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CAPÍTULO 13

— Era meu agente. — Mac deixou o celular perto do prato. — O estúdio está insistindo para que eu vá à pré-estréia de Jogo da Morte esta noite. Juno levantou os olhos do delicioso prato de atum grelhado com o qual estivera brincando pelos últimos cinco minutos. Ela baixou o garfo e conteve um suspiro. Não conseguia mais conter as evidências. Desde ontem, após Mac tê-la feito vislumbrar os horrores da infância dele, ele estava inquieto e tenso... e na verdade um tanto rude. Na tarde de ontem começaram a ler o script e ela se divertira muito, mas quando o sondou sobre como ele criava seus personagens, ele decidira parar com aquilo sem dar nenhuma explicação. E quando fizeram amor esta manhã, ele não a abraçara ao final como costumava fazer, mas fora para o escritório até a hora do almoço. Atendera até agora dois telefonemas enquanto sentavam no terraço e quase não dissera uma palavra. Ela sentia falta da camaradagem entre eles, e aquele comportamento grosseiro não ajudava muito no controle das próprias emoções dela, mas Juno tentava não se deixar irritar por ele, já que tinha uma boa ideia de qual era o problema. Ele se arrependera do que dissera a ela. Ele sabia tão bem quanto ela que aquilo fizera a relação deles ser mais íntima e provavelmente estava tão confuso quanto ela. Se ao menos ela soubesse um pouco mais sobre relacionamentos, e homens, tudo aquilo seria muito mais fácil. Mas por enquanto a única coisa que ela descobrira a respeito de Mac era que ele era um mestre em fugas. — JOGO DA Morte é seu último filme? — ela perguntou, cuidadosamente. — É. Eu deveria estar promovendo ele, mas já reagendei algumas entrevistas e o estúdio ficou p... da vida com isso. — Ele vomitou aquelas palavras, mal contendo a frustração. Ela baixou o garfo cuidadosamente. Por que ele estava bravo com ela? — Então parece que você deve ir à pré-estreia. — Vai parecer que não sou profissional se não for — ele continuou, como se ela não houvesse dito nada. — Especialmente estando eu em Los Angeles no momento. Aquilo que ela ouvia era definitivamente uma acusação. Ela se ajeitou na cadeira e segurou a irritação. — Se você precisa ir à pré-estreia então devia ir à pré-estreia. — Ele pensava que ela iria implorar para que ele não fosse? — Não precisa se preocupar, Mac. Sou perfeitamente capaz de me divertir sozinha por uma noite. — Você não entende — ele disse, ainda sem tirar os olhos dela. — Tenho de levar alguém comigo. Ninguém vai a uma pré-estreia sozinho. O faz parecer que é um fracassado. O que ele queria dizer com isso? Então ela entendeu e sentiu o sangue subindo por seu rosto. Ele não poderia levá-la a uma pré-estreia de Hollywood. Não daria uma boa impressão. Ela mordeu o lábio e se forçou a permanecer ereta na cadeira. "Não ouse se despedaçar agora", disse sua voz interior. Ela sabia que não podia exigir nada de Mac, mas como ele podia sequer considerar ter um encontro com alguém enquanto ela ainda estava ali? Acaso ela estava errada sobre ele? Seria ele tão egoísta quanto se dizia ser? 56

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— Entendo — ela disse, satisfeita com a forma com que sua voz mal tremera. — O que espera que eu faça... lhe dê minha permissão? — Eu não preciso de sua permissão — ele disse, com uma frieza que ela não entendia. Por que ele estava sendo deliberadamente cruel? — Mas não exagere achando que isso é muita coisa. — Por que eu faria isso — ela respondeu bruscamente, a irritação tomando conta de si apesar de seus melhores esforços. Ele não a faria se sentir inadequada por não se encaixar no estilo de vida hollywoodiano dele. Juno tinha sua própria vida, era dona de si mesma, e não o deixaria fazê-la sentir-se menor por causa disso. Ela se permitira a uma intimidade maior do que deveria ter se permitido. Mas que direito ele tinha de puni-la por isso? — Então, quem é a sortuda? — ela disse, com a voz ríspida. — Outra de suas conquistas de duas semanas? — Que sortuda? — ele perguntou, ainda com um tom amargo na voz. — Do que você está falando? — Tudo bem, não me conte. — Ela se levantou, jogou o guardanapo na mesa. Ele não a faria chorar. Ao menos não até ela estar sozinha. — Não me importa mesmo. Ele também se levantou e segurou-a pela braço. — O que não importa para você? — Quem você levará à maldita pré-estreia. — O minuto que o grito saíra de seus lábios, ela soube que se entregara. Totalmente. Importava. Importava muito. E agora ele sabia disso também. Mas ao invés de sentir prazer no sofrimento dela, ou de tranquilizá-la, o que teria sido bem pior, ele simplesmente a fitou. — Juno. É você que vai comigo — ele disse finalmente. — Por que eu levaria outra pessoa? — Eu? — ela perguntou, enquanto seguia-se à enorme onda de alívio uma de mortificação. O que havia de errado? Ela nem queria ir. Mesmo. — Mas não posso ir — ela disse baixinho. — Seria ridículo. Ele segurou o outro braço dela para evitar que se virasse. — E por que não pode? — ele murmurou. — O que há de ridículo nisso? Ela baixou os olhos, enquanto o rubor queimava sua pele. — É só que... — O que ele a estava fazendo dizer? — Não daria uma boa impressão. Eu não daria uma boa impressão. Não sou este tipo de mulher. Ele inclinou a cabeça. — E agora que tipo de mulher seria este? Glamourosa. Sofisticada. Linda. — O tipo de mulher que vai à pré-estreias de filmes — ela balbuciou. — Juno, você me mata. — Ele deu uma risada. — Você não pensa realmente que elas são melhores que você? — Claro que não. — Ou não exatamente. — Mas serei totalmente um peixe fora d'água. — Graças a Deus — ele disse, com uma veemência que fez o coração dela tremer. — E nem tenho nada chique para vestir... — ela acrescentou, um pouco desesperada agora. Embora muito feliz por ele a ter convidado, ela queria mesmo expor o relacionamento deles novamente à opinião pública? — Vamos a Rodeo Drive, então — ele disse com simplicidade. — Arranjar algo chique para você. Conheço uma estilista que poderá ajudar. O coração dela parou. Por que ele estava fazendo isso? Ele passou o polegar no queixo dela. — A única coisa que aquelas mulheres fazem melhor do que você é se exibir. E acredite em mim, mesmo em Hollywood, se exibir é uma habilidade sobrevalorizada. Lágrimas se insinuaram nas pálpebras dela, e o que comprimia seu coração se apertou mais. Ele não devia dizer estas coisas. Porque agora aquilo parecia mais importante, mais do que deveria ser. 57

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— Então você vai à pré-estreia comigo? — ele perguntou. — Ficarei em dívida com você. Colocando desta forma, que escolha ela possuía? Ela consentiu com a cabeça, muda, enquanto seu coração batia como uma marreta dentro do peito. — Acho que então sim, se você tem certeza disso. — Eu tenho.

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CAPÍTULO 14 Juno se assustou quando ficou de frente para Mac em seu glamouroso novo vestido e viu os olhos dele enegrecerem de desejo quando a limusine parou na frente do cinema art déco em Westwood. Mac lhe explicara pelo longo caminho desde Wilshire Boulevard sobre o que seria esperado deles assim que chegassem. Mas com a mão dele distraidamente esfregando a perna dela por sobre o tafetá, os níveis de excitação dela em estado febril e o longo e delgado perfil dele tão meticulosamente maravilhoso naquele smoking, Juno estava tendo dificuldades em se concentrar. De fato, assim que ele lhe ofereceu o braço e ela pisou na calçada, percebeu que não ouvira uma única palavra. — Vamos terminar com isso o mais rapidamente possível — ele murmurou no ouvido dela enquanto sua mão a pegava pela cintura e os flashes de câmera explodiam ao redor deles. O filme acabou por ser fantástico. Um thriller rápido, cheio de ação e ancorado na performance central de Mac. Juno se sentou no escuro do cinema e viu emergir outro lado de Mac que ela desconhecia. Ele se aprofundara tão completamente no papel, a crua emoção escavada em seu rosto na cena final era tão real e tão vívida, que ele se tornara uma pessoa diferente. Aquilo era mais que talento, ela pensou. Muito mais. Após a exibição Mac deu uma série de entrevistas para a imprensa, sempre a segurando pela mão. Ele insistia em apresentá-la para cada jornalista. E cada vez que ele o fazia, o pânico nela aumentava. Quando chegaram à festa pós-evento em um restaurante premiado em Beverly Hills, Juno percebera que ele dificilmente se soltara dela durante toda a noite. Mesmo na exibição do filme, ele manteve os dedos envoltos nos dela bem firmes. — Então, o que achou? — ele perguntou, sacando uma taça de champanhe da bandeja de um garçom e entregando a ela. A pergunta pareceu casual, mas os olhos dele estavam fixos nos dela e ela sabia que não era assim. Ela se recordou de como ele se mexera e ficara inquieto em seu acento durante quase todo o filme. Ele não mentira quando dissera que se ver na tela o deixava nervoso. E isto era estranhamente lindo. Juno tomou um gole de champanhe para somar coragem, sem saber se poderia por em palavras seus sentimentos sobre o filme. — Eu não sei nada a respeito de filmes ou de atuação. Mas você parecia tão real, como uma pessoa de verdade. Eu acreditei mesmo que você era capaz de matar aquele homem. Era você. Mas eu esqueci que era você. Foi incrível. Ela corou quando a tensão deixou o rosto dele e ele deu um sorrisinho. Ela dissera algo idiota? — Desculpe-me. Isto foi tão estúpido quanto pareceu? — Nem um pouco — ele disse, com um sorriso ainda maior. — Você acaba de me dar o melhor elogio que um ator pode receber. — É mesmo? — Sim, que você acreditou no personagem. O orgulho e senso de realização na voz dele era tão genuíno que a emocionou. — Seu trabalho significa muito para você, não? — Nunca encontrei maneira melhor de pagar as contas, isso posso afirmar — disse Mac, de maneira irreverente. Ela olhava de novo para ele como se ele fosse transparente. Ele não sabia se gostava daquilo. — Não, quero dizer, não é a celebridade ou o dinheiro que importa para você. É a atuação. É 59

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quem você é. Como ela sabia destas coisas? A intuição dela era inacreditável. E inquietante. — É, acho que você tem razão. Atuar me salvou. — Como? Ele deu de ombros. Podia contar isso a ela. Não era nada demais... já falara sobre isso em entrevistas e era um bom argumento de divulgação. — Fiz várias escolhas ruins quando adolescente, terminei em um centro de detenção de menores quando tinha 15 anos. Ele tomou um gole de champanhe, desejando que fosse uma cerveja. — Eles tinham um assistente social lá que sugeriu que eu fizesse um teste para uma oficina de teatro que faziam. Eu fiz o teste e foi isso. Era como um vício. Eu não precisava mais ser eu. Podia ser quem eu quisesse. E adorei isso. Uma pequena ruga franziu na testa dela. — Por que você não queria ser você? Ele tomou um gole de champanhe e desejou que fosse cerveja. Ninguém jamais fora perceptivo o bastante para lhe perguntar aquilo. — Por que eu era um idiotinha. Não ser eu mesmo era uma coisa boa. Acredite em mim. Ela franziu mais a testa. — Você é um ator tão brilhante, Mac — ela disse, com uma sinceridade que fez o coração dele ricochetear. Por que de repente aquilo deixara totalmente de ser "nada demais"? — E é maravilhoso que você tenha encontrado algo em que seja tão bom. Mas não devia confundir estar em um lugar ruim com ser uma pessoa ruim. Não é a mesma coisa. — Quem lhe disse isso? Ela sorriu, e a confiança completa no gesto provocava coisas estranhas dentro dele. — Você me disse. — Ela se pôs na ponta dos pés e o beijou na bochecha, com olhos cálidos de aprovação. —Atuar não o salvou, Mac. Você não percebe, você se salvou? Mac brincava com sua segunda taça de champanhe e mantinha os olhos atentos esperando Juno voltar de retocar a maquiagem. A noite fora um sucesso maior do que ele podia ter esperado. Ele odiava estas coisas, mas ter Juno com ele fez o tempo voar. Ele não sabia porque ficara tão emocionado com o que ela achou de sua performance. Além disso, ele não era do tipo sentimental. Mas adorou de verdade o que ela dissera sobre o filme e, bem, tudo mais. Ela lhe fazia bem. Ele gostava de tê-la por perto. Por que continuar negando? Engoliu mais um gole do espumante e sentiu as cócegas das bolinhas. Não queria que ela fosse embora. Não ainda. O minuto em que admitiu isso fez a sensação seca em sua garganta acalmar. Era isso que o estava deixando tão desconfortável nos últimos dois dias? Será que era tão simples assim? Que ele só não estava pronto para deixá-la ir? Mas agora que pensava a respeito, fazia sentido. E a solução era ainda mais simples. Por que eles tinham de por um limite de tempo artificial no romance deles? Se dessem a si mesmos alguns meses, teriam tempo o bastante para se cansarem um do outro naturalmente e queimarem toda aquela energia sexual: a pressão terminaria e aquele affair seguiria seu curso natural. Mac terminou a taça de champanhe e estudava a porta do banheiro feminino no outro lado da área de jantar, o alívio era inebriante. Ele não tinha mais de se preocupar sobre o quanto a queria. Sobre o quanto se deleitava com a companhia dela. Assim que ela voltasse, eles dariam o fora dali. Pegariam o helicóptero de volta a Laguna e então ele pretendia realizar a fantasia que vinha cultivando desde que a vira naquele vestido. Amanhã de manhã ele lhe diria que gostaria que ela ficasse por um pouco mais de tempo. Dada a forma como ela respondia a ele, não esperava que fosse difícil convencê-la. — Olá, Mac, querido. 60

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Ele ficou tenso, aquele sotaque sulino azedou um pouco o humor dele. Ele se virou. — Olá, Gina. Você parece estar... — Imaculada, foi o primeiro pensamento quando seu olhar passeou pela prístina maquiagem e seda azul, sabiamente cobrindo a alta, angular e magra figura. — Bem — ele terminou por dizer. Era engraçado como a figura pequena, mignon, e não rebuscada de Juno mexiam com seu sangue de uma maneira que Gina e suas outras namoradas nunca fizeram. — Bem? — ela disse, arqueando uma sobrancelha perfeitamente feita. — Aí está uma palavra que faz o coração de uma mulher palpitar. Ele podia ver a mágoa nos olhos dela e mesmo após três anos sentir culpa. — Eu não sou bom com as palavras — ele disse, irritado consigo mesmo. Aquela mulher só faltou tirar o escalpo dele para a imprensa. Do que ele tinha de sentir culpa? —A não ser que estejam em meu script. — Se ela buscava uma discussão, que procurasse em outro lugar. — Oh, não sei não — ela disse, com melancolia. — Pelo que eu me lembro, você sempre foi bom com as palavras. Mas então, eu sempre cometia o erro de interpretá-las erroneamente, não é? A culpa pulsou mais forte e a impaciência surgiu. — Se há um motivo para termos esta conversa, talvez você queira chegar ao ponto? — Na verdade há sim um motivo. — Ela baixou os olhos até a taça de champanhe que segurava. — Nunca me desculpei com você pelos problemas que provoquei. E eu lamento. Lamento mais do que possa dizer. As desculpas dela pareciam sinceras e o deixaram momentaneamente sem palavras. — Isto é passado, Gina. Eu parei de culpá-la anos atrás. Ela levantou a cabeça. — Você não tem ideia de como isso é irônico. — É? Por quê? — Você foi a parte prejudicada e não guardou rancor. Já eu guardei rancor por você por anos. — E por quê? — ele perguntou, se deixando levar pela curiosidade. Ele nunca entendeu porque foi tão difícil para ela seguir adiante. — É bem simples, Mac. E eu creio que já lhe disse na época. Eu estava desesperadamente apaixonada. E estava brava por você ter se recusado a sequer tentar me amar. Ele pôs a mão no bolso. O tom melancólico dela ameaçava arruinar seu humor. Não levaria a culpa por isso. Não mais. Juno viu a mulher belíssima com Mac, através das portas do terraço, assim que saiu do banheiro. Gina St. Clair. Uma das várias conquistas dele. "Quem se importa se ela é maravilhosa. É com você que ele está hoje à noite", repetiu para si mesma ao atravessar a área de jantar do restaurante, tentando não notar o quão sensacional aqueles dois ficavam juntos. Mac, encantador e imponente no negro smoking sob medida, junto a Gina, uma visão de estilo e elegância em seda da cor do céu. E como era alta. Pelo menos 1,80 m naqueles saltos, já que olhava Mac nos olhos. E aqueles seios, que tipo de sutiã de armação usava para deixálos tão volumosos e durinhos? Não era justo. Ela estava tão ocupada, obcecada a respeito das muitas qualidades de Gina, que não percebeu a linguagem corporal de ambos até chegar ao terraço. Ela parou congelada assim que Mac colocou uma mão no bolso da calça e inclinou seu corpo em direção à Gina, a postura animada sugerindo uma conversa íntima. Ela não planejara escutar às escondidas. Mas não podia negar o ciúme. Será que ainda havia algo entre eles? Ela se escondeu atrás de um grande oleandro e ouviu a cada palavra. — Você não me amava, Gina. Apenas gostava da ideia de estar apaixonada. Ficávamos bem juntos e o sexo também era muito bom. Mas era só isso. — Ele parecia irritado e entediado. — Eu o amava, sim. E você acabou partindo meu coração. — A voz da supermodelo tremeu como se ela estivesse evitando chorar, mas Mac não pareceu se importar. — Não seja burra, Gina, amor é uma coisa que não existe — ele respondeu, com um tom seco que lembrou a Juno como ele falara com Connor e Daisy no casamento... ou quando a alertara de 61

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não se envolver com ele. — Você ainda não percebeu isso? E mesmo se existisse, não é algo que eu tenho interesse em dar... ou receber. E creio que eu lhe disse isso na época. Se você teve o coração partido, foi sua própria culpa. Ele disse aquelas palavras sem qualquer inflexão. A completa falta de emoção atordoou Juno. Ela não tinha de sentir ciúme de Gina; ele não sentia nada por ela. Mas será que ele sentia algo por alguém? Onde estava o homem que a confortara com tanta ternura? Que se confidenciara com ela? Que falara com tamanha sinceridade sobre o próprio trabalho? E que fazia amor com ela com tamanha paixão? Onde estava o homem que ela achava que precisara dela? Aquele homem fora real? Ou apenas mais um dos papéis nos quais Mac era tão bom em representar? Juno não ouviu a despedida de Gina. A voz da mulher fora abafada pela pulsação que martelava em seus próprios ouvidos. O pânico se fechava ao redor de sua garganta enquanto percebia duas devastadoras verdades. Ela cometera o mesmo erro estúpido de Gina. Se apaixonar desesperadamente por Mac Brody. E seria sua própria e estúpida culpa se ele partisse o coração dela também. Porque ela ainda não tinha a mínima ideia de quem ele era de verdade. Ou se ele tinha qualquer capacidade de amála.

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CAPÍTULO 15 — Por que não me conta o que está acontecendo? — gritou Mac dentro do banheiro da suíte. — Estou ficando cansado desta greve de silêncio. Ele jogou o paletó do smoking na cama, abriu as abotoaduras e esperou por uma resposta. O otimismo que tinha a menos de uma hora atrás fora total e completamente esmigalhado. Mulheres! Primeiro foi Gina, o emboscando na festa, fazendo-o falar sobre coisas das quais ele não tinha vontade de falar e manchando a felicidade da conversa anterior com Juno. Então Juno voltara do banheiro pálida como um fantasma e se recusando a olhá-lo nos olhos... o humor dele foi por água abaixo. Ele fizera o seu melhor para ignorar o problema durante o caminho de limusine até o heliporto de Beverly Hills. Esperando que, se não dissesse nada, ela sairia daquele estado. Ele tivera conversas "profundas e significativas" por uma vida inteira na noite de hoje e não estava disposto a ter outra. Mas ela não saíra daquele estado. Então ele havia contido a apreensão e tentara por duas vezes trazer o assunto durante o voo de helicóptero para casa. Só para vê-la ignorá-lo e sair disparada para se esconder no banheiro assim que chegaram à porta de casa. — É melhor você me contar, eu não vou ficar aqui esperando a noite inteira. Ele foi recebido pelo silêncio. Ela ficara surda ou algo assim? Droga, ele havia feito planos para aquela noite. E estes não envolviam tomar banho sozinho. Ainda sem resposta. Ele mudara de preocupado e perplexo para começar a ficar irritado. Tendo tirado a roupa violentamente e jogado-a no cesto ele foi até o banheiro só de cueca. E a encontrou dentro box, nua, de olhos totalmente abertos e com as roupas bem dobradinhas sobre a bancada da pia. A irritação começou a acalmar ao devorar a delgada e compacta figura dela, a curva daquele bumbum pequeno e os seios perfeitos com grandes mamilos rosados. O sangue foi sugado diretamente do cérebro dele e bombeado diretamente para sua virilha. — Você se importa? — ela puxou a toalha do gancho como uma colegial e cobriu toda aquela deliciosa pele rosada. — Estou tomando banho. Certo, aquilo era simplesmente errado. — Bem, parece que agora você terá companhia — ele disse, forçando um sorrisinho preguiçoso ao por os pés no; ladrilhos. O que quer que acontecera com ela, eles lidariam com aquilo depois. Ele vira como os mamilos dela endureceram assim que ela o viu. Já passara a hora de voltarem ao básico. Juno ficou tensa, a sensação de moleza fazia seus joelhos tremerem ao fitar os músculos esculpidos do peito nu de Mac. Então ela vislumbrou o volume impressionante dentro da cueca dele e a sensação de moleza atingiu o ápice. Como ele ainda podia ter esse efeito nela? Tudo o que ele precisava fazer era olhar para ela, sabendo aquilo, com aquele objetivo nos olhos, e ela se derretia? Ela não podia fazer amor com ele agora, não com suas emoções todas a pino. Seria suicídio. Em todo o caminho para casa, ela tentou focar no que deveria fazer, como lidar com a aterradora descoberta de que se apaixonara por ele. Como simplificar novamente as coisas e por seu plano prático de volta aos trilhos. Mas o sutil perfume do pós-barba dele, a sensação da coxa dele comprimindo a dela no helicóptero, sugaram todo o bom-senso dela. E ela estava começando a perceber que sempre fora assim. Cada uma das decisões que ela havia tomado fora influenciada pelo sobrepujante efeito dele sobre ela. Juno se convencera a acreditar que estava sendo sensata, racional, quando na realidade fora exatamente o oposto. Ela soltara a ninfomaníaca que existia dentro dela, como Daisy sugerira, e 63

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agora perdera completamente o controle de suas faculdades. Ela tinha de tentar ser prática agora. Mas como conseguir quando os hormônios dela se recusavam a cooperar? Os dedos dela agarravam a toalha e suas costas se encostavam na parede de tijolos de vidro do box, enquanto ele descansava a mão por cima da cabeça dela. Ele estava tão próximo que ela podia ver os pequenos pontos acinzentados da íris dele. — Se você não se importa, eu gostaria de tomar banhe sozinha — ela disse, as palavras saindo tensas e sem fôlego, A palma da mão dele encostou na lateral do pescoço dela, fazendo-a dar um sobressalto. — Mas eu me importo — ele disse, enquanto o polegar deslizava por baixo do queixo dela, queimando a pele sensível como um ferro em brasa. Ela engoliu em seco e sentiu um puxão na barriga. — Por favor, Mac, agora não é um bom momento. — Ela não conseguia pensar com o corpo dele tão próximo, o cheiro dele a envolvendo. Mac baixou a cabeça, com os olhos ainda fixos nela. — Então me peça para parar. As palavras empacavam na garganta dela e ele soltou a toalha dos dedos dormentes dela, deixando-a cair no chão. A boca cobriu a dela enquanto o quente corpo dele a empurrava contra a parede do box. Os cabelos do peito dele raspavam nos mamilos distendidos dela e a evidência do desejo dele a queimava através da fina cobertura de algodão quando ele a arrastava para si com um braço. Ela se encolheu quando um jato de água gelada espirrou em seu dorso. Ele havia ligado o chuveiro. Mac levantou a cabeça, curvando os lábios para cima. Determinação e excitação escureciam os olhos dele até um azul-cobalto. — Quem disse que homens também não realizam multitarefas? E com isso ele a pegou pela cintura e a levantou facilmente em seus braços. — Espere um pouco — ele murmurou, enquanto suas mãos agarravam o bumbum dela, abrindo as coxas dela para acomodá-lo. Juno se segurou no pescoço dele, seus sentidos amotinando-se enquanto ele entrava embaixo do jorro d'água com ela agarrada a ele. A água gelada escorria pelo corpo dela e o fogo a estocava em seu íntimo. Ela lutou, tentando livrar seus membros e sua mente daquela paixão entorpecente, daquela excitação brutal. Mas então as costas dela bateram na parede do box, prendendo-a contra ele e contra aquela incansável pressão entre suas pernas. — Jamais me diga que você não me quer. — O tom de voz leve, suave, fora substituído por uma baixa e insistente demanda. As mãos dela agarraram os ombros dele, largos e musculosos tendões se agrupando por baixo dos dedos dela enquanto ela tentava encontrar a vontade para afastá-lo, para se agarrar a sua sanidade. Mas então ele abaixou a cabeça e beijou o pescoço dela. A cabeça de Juno caiu para trás, e a respiração dela se transformou em um arfar, denotando que ela se rendera ao inevitável. Os dentes e língua dele atacavam os sentidos dela, sugando e mordiscando enquanto o desejo jorrava do meio das pernas dela. — Eu quero você agora. Está pronta para mim? — ele demandou. Ela concordou com a cabeça, confusa e desesperada. Ele se afastou por um breve momento, inspirou, e então penetrou nela. Juno soluçou, a intrusão fora implacável, o rodamoinho espiralava sem controle enquanto ele ajeitava os quadris dela e investia com força dentro dela. Totalmente repleta, ela gemeu, a excitação diminuindo com um repentino jorro de medo. Ela não podia fazer isso. Não podia se perder para sempre. Mas não conseguia pensar, seus sentidos giravam e toda sua atenção estava naquele prazer intenso. Juno escondeu o rosto na garganta dele enquanto os dedos dele se afundavam nos quadris 64

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dela, ajustando a posição enquanto ele começou a se mover. Ela arfava com aquela penetração impiedosa, que a forçava a chegar a um clímax selvagem. Pega por uma feroz corrente de água, o prazer diminuiu apenas para voltar à vida, socando-a quando os suaves golpes dele ficavam mais fortes, mais rápidos e mais brutais. Ela arqueou para trás enquanto ele explodia nela um grito raivoso e ela se rendia à última onda furiosa de orgasmo. — Maldição! O xingamento sussurrado de Mac atingiu a mente despedaçada de Juno. Seus sentidos reacenderam ao sair de cima dele. Ela pôs as pernas bambas no chão, enquanto ele saia correndo do box. O que acontecera? A água batia nas pernas dela enquanto o via através do vidro embaçado. Mac ainda tinha a cueca encharcada colada no corpo. Ele se segurou na bancada da pia e afundou a cabeça. Seus ombros estavam rijos e sua postura dura de tensão. A vulnerabilidade a atingiu. Ela esfregou o peito com a mão. Seus pulmões pareciam ter sido arrancados. Quem era ele? Será que ele nunca fora o homem que ele achava que era? Se movendo com cuidado, com as coxas doendo, com seu sexo sensibilizado pela fúria daquele momento, ela desligou o chuveiro. Pegou a toalha e se enrolou. Repentinamente desesperada para esconder a própria nudez. — Nós temos um problema — ele disse quando ela saiu do box. Ele se virou para se encostar com o traseiro na bancada e cruzou os braços. — Qual problema? — ela perguntou. O temor jorrou no estômago dela como bile negro quando os olhos dele encontraram os dela, negros e sem expressão. — Eu não usei preservativo. — Eu... — Ela tentou entender o que ele dizia, mas a mente dela só conseguia captar a irritação na voz dele. — Você não está tomando pílula, não é? Ela sacudiu a cabeça e ele soltou um palavrão, passando a mão pelos cabelos. — Quando foi que você ficou menstruada? — Eu... — Ela não conseguia se lembrar, tudo dentro dela se contorcia por causa daquela impaciência, da irritação na pergunta. — Não tenho certeza. — Pense. Isto é importante. — Está para chegar. Tenho quase certeza. — Não podemos arriscar. — Ele deu um murro na bancada. — Uma gravidez seria um desastre. Há uma pílula que você pode tomar, não é? Para evitar que aconteça. As palavras dele atiçaram a memória dela até um lugar, um tempo e uma agonia que ela jurara jamais revisitar. Ela engoliu o soluço de choro que ameaçava surgir e segurou o terrível e turbulento pânico. Não podia voltar, não podia ousar voltar a ser aquela menina, destruída, destituída. Ela não podia voltar àquilo. Não podia passar mais seis anos consertando a vida. Sobrevivência era tudo o que importava agora. Ela rangeu os dentes para segurar a onda de náusea e forçou sua mente a voltar para o presente. — Eu cuido disso. — A voz dela pareceu ter vindo a quilômetros de distância. Ela se virou para ir embora, dando o primeiro passo crucial para fora daquele abismo. Sabendo que a única forma de sobreviver agora era partir... e nunca olhar para trás. — Juno, espere. — Mac gritou através do quarto. O que ele fizera? Aquilo era tudo culpa dele. Ele vira a cautela, a confusão nos olhos dela quando dissera a ele que não o queria e ele 65

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entrou em pânico. Mas ao invés de seduzi-la, ao invés de acender a paixão entre eles e esperar pela resposta dela, o cru desejo assumira e ele perdera o controle. Ele a tomara, a exigira, levando os dois ao orgasmo sem nenhuma fineza e sem pensar nas consequências. E arruinara tudo. — Desculpe-me. — Ele a segurou pelos ombros, massageando a pele fria. — Isto não é culpa sua. É minha. Ele sempre soubera que não podia arriscar ter um filho. Olhou as próprias mãos, tão largas e rudes contra a figura delicada dela. As mãos de seu próprio pai. Ela endureceu, deixando mais evidente o tremor em seus ombros. — Você tem razão, uma gravidez seria um desastre — ela disse. — Mas prefiro não falar sobre isso agora. Por que ela parecia tão formal, tão educada? — Vamos para a cama — ele disse, lutando para manter a voz calma ao beijar o topo da cabeça dela. — O que precisamos é de uma boa noite de sono. E daremos um jeito nisso pela manhã. — Se ele pudesse ao menos segurá-la, poderia arrumar as coisas. Ela se virou, mexendo os ombros para tirar as mãos dele. — Estou muito cansada. Acho que vou dormir na suíte de hóspedes. E saiu. Ele deu um passo para a frente, determinado a trazê-la de volta, e então parou. Onde ele achava que ia? Ele tinha de se ligar, ir com calma, dar-lhe espaço. Ambos precisavam de um espaço. Estavam vivendo grudados um ao outro há quase duas semanas e, de alguma maneira, ele deixara a companhia, o senso de companheirismo, tomar conta dele. E foi exatamente por isso que perdera o controle no banheiro. Se era para aquilo funcionar, ele tinha de aprender a dar um tempo. E isto significava não ceder a cada maldita vontade em relação a ela. Uma noite sem ela ao seu lado não faria mal. Na verdade, faria bastante bem aos dois.

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CAPÍTULO 16 Mac havia revisado sua opinião até um pouco depois das 8h na manhã seguinte, após ter passado uma noite insone se virando para um lado e para outro em sua cama vazia. Algo a respeito da maneira como eles se separaram o instigara. Ele fora desconsiderado e dominador e ela tivera todo direito de o considerar assim. Mas por que ela não ficara mais brava, mais irritada com ele? Ela ficara tão calma, tão controlada, e quanto mais ele pensava sobre isso, mais enervado ficava. Ele tinha a sensação clara que deixara de ver algo de vital importância. Juno estava sentada à mesa, terminando uma cumbuca de musli, quando ele entrou na cozinha. — Olá — ele disse, forçando simpatia. — Dormiu bem? — Sim, obrigada — ela disse, tão educada que o fez fazer uma careta. Ela não levantou a cabeça. Sem esmorecer, ele colocou a mão no ombro dela e deu um beijo em sua bochecha. E ela se afastou. Droga, o que era aquilo agora? Ela ainda estava brava com ele? Ele se segurou, esperando a bronca que aguardara desde a noite anterior, mas ela se manteve com a cabeça fixa na cumbuca e continuou pegando o cereal, em movimentos precisos com a colher. Acaso ela esperava que ele dissesse algo antes? Ele suspirou. Melhor acabar logo com isso. Ele pegou a caixa do cereal, colocou uma quantidade generosa enquanto tentava pensar o que dizer sem dar uma de bobo. — Peço desculpas novamente por tratá-la da maneira como a tratei na noite passada. Nós dois nos deixamos levar e eu reagi em excesso, descontando em você. Eu lamento. A colher dela continuou na cumbuca. Mas ela ainda não olhava para ele. Ele ficou mais preocupado. — Não há motivo para você dormir sozinha — ele apontou, achando que era bastante razoável. A mão dela descansou sobre a mesa. Ele a segurou com a dele. — Que tal esquecermos que isso aconteceu? A gravidez é algo pouco provável já que você está tão próxima da menstruação. E se você estiver grávida, bem, então teremos de lidar com isso. Ele examinara a possibilidade de cada ângulo durante a noite, tivera tempo mais do que bastante para pensar, e decidira deixar aquilo ao destino. Com seu passado, sua herança, ele jamais planejaria ser pai, mas não conseguira tirar da recordação a imagem de Connor com o filho bebê no colo. Por fim chegara à conclusão que se, por algum milagre, ele houvesse engravidado Juno na noite passada, o pensamento de um menininho ou menininha com os olhos dela, com o temperamento doce e prático dela e sua própria tenacidade, não parecia uma visão tão aterrorizante assim. Ela puxou a mão da dele e a escondeu embaixo da mesa. Ele se sentiu chateado. Com certeza ele já fora humilde o bastante. Não podia pedir desculpas para sempre. — Que tal velejarmos hoje? — ele disse de maneira leve. — Tenho um iate na marina e está um lindo dia para isso. — Só de pensar nela usando aquele biquíni amarelo pequenino, deitada na proa, já melhorara o humor dele. Ela levantou o queixo e finalmente o olhou nos olhos. — Preciso sair em uma hora. Comprei uma passagem no voo das duas da tarde no aeroporto de Los Angeles. Já conferi os horários dos ônibus e... — Epa! — Ele pulou da cadeira, que caiu para trás assim que registrou as palavras dela. — Você vai... o quê? Ela levantou e pegou a cumbuca. 67

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— Está na hora de voltar a trabalhar — disse rapidamente enquanto ia em direção à pia. — Os finais de semana deixam a loja cheia de clientes. Marquei o vôo assim que acordei para estar de volta sexta-feira de manhã. — Bem, você terá de desmarcá-lo — ele disse, com certeza de que sua cabeça estava prestes a explodir. Ele a deixara ir na noite passada. Dera a ela o espaço de que ela precisava. Mas não permitiria aquilo. Não a deixaria ir embora. — Eu sei que é um pouco mais cedo do que havíamos planejado, mas... Ele foi até a pia e a puxou para ficar de frente para ele. — Se isto é sobre ontem à noite, não vou pedir desculpas novamente. Ele começava a se perguntar por que sequer havia pedido desculpas. Parecia que ela nem estava preocupada sobre o que acontecera. Por que isso o preocupava mais? Ela levantou o queixo em um gesto de desafio. — Isso não tem nada a ver com ontem à noite. Havíamos concordado desde o início que isto seria temporário. Estou partindo um pouco mais cedo. É só. — Eu sei o que dissemos, mas... — Ele parou. Mas o quê? Ela ficou parada ante ele, rígida e impassível, e ainda assim ele sentia seu estômago se contorcendo. Eles disseram que seria temporário, mas em algum momento durante o processo ele começara a acreditar que era mais que isso. Ele achou que ela sentia algo por ele. E se ele estivera errado? E se ela não sentisse nada por ele? E enquanto ela estava parada ali, sem piscar, com o queixo apontado para ele, Mac percebeu com uma clareza absurda o que acontecera de errado na noite anterior. Ele dissera que uma gravidez seria um desastre, e quase sem hesitar ela concordara com ele. Perceber isso foi como uma flecha no coração dele. Mac puxou a mão como se houvesse tocado numa chama. Que papel de bobo fizera. Em algum momento naqueles dez ias, ele passou a acreditar que ela gostava dele, que achava que ele era melhor do que ele jamais achara que fosse. Mas não era verdade. Ele ficou imóvel, a dor era um eco do sentimento de rejeição do qual se esquivara ao longo de toda sua infância. Uma amarga recordação de todas as pessoas que o adotaram mas que nunca realmente quiseram ficar com ele. — Se é assim, acho que não posso impedi-la — ele disse, o mais plácido possível. — Pedirei para que minha secretária lhe arranje transporte até o aeroporto de Los Angeles. Não há razão para pegar um ônibus. — Ele usou o tom exato de indiferença em sua fala. Ele era um ator. Podia fazer isso. Tinha seu orgulho. E era tudo o que possuía naquele momento. Ela não disse nada, tinha os olhos abaixados. — Foi divertido, Juno. — E aquilo era tudo que deveria haver sido. Quando ele perdera aquilo de vista? — Tenha uma vida maravilhosa. Ele jogou de volta as palavras dela e saiu, pois se havia uma lição que ele aprendera quando garoto era simplesmente esta. Nunca os deixe saber que você se importa.

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CAPÍTULO 17 — Daisy está certíssima, você está com uma aparência terrível. — A competente voz da dra. Maya Patel não fazia nada para acalmar a angústia de Juno, ou a sensação de que ela falhara consigo mesma e com todos ao redor de si. — Por que não me fala sobre os sintomas? Tenho certeza de que poderemos curar o que quer que a aflige. Só se ela tivesse a cura para autopiedade. Fazia quatro semanas que voltara para casa. Quatro semanas desde que sua "aventura fabulosa" se transformara em um completo desastre. Um que ela sabia ser de sua inteira culpa. Então por que ela não podia parar com a autopiedade? Ela se jogou de cabeça no trabalho na loja. Lidara com o inexplicável surto de choro quando ficara menstruada em seu primeiro dia de volta em Londres. Desviou de uma inundação de ligações de repórteres de tablóide tentando persuadi-la a vender-lhes sua história até que deixaram de importuná-la. E se protegera contra a tempestade de emoções quando um poster do filme que ela e Mac assistiram juntos foi colado no gigantesco outdoor no final do Mercado de Portobello. Mas, apesar de seus melhores esforços, continuou sentindo o impacto do que acontecera. Ela perdera peso, não conseguia dormir e ainda se debulhava em lágrimas nos momentos mais inoportunos. Chegara até a vomitar nos últimos dias. E, desde ontem, Daisy estava em cima dela também. Assim que chegara da lua de mel, olhara para Juno e imediatamente marcara uma consulta para ela com Maya, sua amiga e clínica-geral. É claro que Daisy sondara a respeito do que acontecera com Mac, mas Juno fora humilhada demais para dizer a verdade, insistindo que estava com algum vírus. Na verdade fora tão convincente que ela mesma começou a se perguntar se não havia mesmo pegado um vírus. Esperava que sim, pois não podia se permitir por um momento a mais ficar de luto por algo que não havia sido real. — Acho que é alho no estômago. Maya balançou sabiamente a cabeça. — Você parece exausta. Está tendo dificuldade em dormir? — Sim, um pouco. — Alterações de humor? Ela concordou com a cabeça. Como Maya sabia disso? E sua bexiga? Anda indo muito ao banheiro? — Na verdade sim, acho que sim. — A mulher era vidente? Maya colocou os cotovelos na mesa e cruzou os dedos. — Certo, então, acho melhor começar com um teste de gravidez. Juno corou, sentindo a agora familiar agulhada das lágrimas. E claro, todo mundo sabia de seu affair de duas semanas com Mac; a imprensa quase inteira o cobriu. Mas ver a compaixão nos olhos de Maya só a fez se sentir mais inadequada e deprimida. — Não estou grávida, Maya. Não pode ser: Minha menstruação chegou assim que... — Ela olhou para seu colo. — Assim que retornei. E nós não... — ela hesitou. — Fomos cuidadosos. — Quase o tempo todo. — Vamos então dizer que você só estará me fazendo um favor — disse Maya com firmeza. Juno suspirou e concordou com a cabeça. O que era uma humilhação a mais a se acrescentar a todas as outras? — Deu positivo — disse Maya de forma suave, olhando para a impressão do exame. — Você está grávida. Juno inspirou fundo, sentindo-se como se um caminhão a houvesse atingido no peito. — Isso... Isso não é possível. — Temo que seja muito possível — respondeu Maya, com uma compaixão nos olhos que deixava Juno nauseada. — O que você achou que fosse menstruação foi provavelmente apenas uma perda de sangue. O líquido era claro? 69

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— Eu não... Sim. Eu acho. — Sua mente estava dormente. Ela esperara vinte minutos entre a administração do teste e a saída dos resultados, mas se manteve calma. Ao menos, aquela era uma calamidade que não tinha como ocorrer. Mas ocorrera. As lágrimas escorriam de seus olhos. Maya levantou correndo da mesa e a puxou para seus braços assim que o primeiro soluçar saiu. — Juno, querida, não se preocupe. Vamos resolver isso — disse ela, abandonando a etiqueta médico-paciente e acariciando os cabelos de Juno como a amiga que era. — Não posso lidar com isso agora. Não posso — ela sussurrou entre soluços de choro enquanto lágrimas pingavam sobre as mãos cruzadas em seu colo. Como isso podia ter acontecido? Ela estava sendo punida? Por haver cometido o mesmo erro duas vezes na vida? Por se apaixonar por um homem que na verdade não existia? — Vou ligar para Daisy. Você não pode lidar com isso sozinha. — Maya segurou o rosto dela com suas mãos cálidas. — O que você precisa é de uma boa noite de sono. Assim que fizer isso daremos o próximo passo e discutiremos todas as opções. Está bem? — Por favor, não conte para Daisy — ela soltou. Como poderia encarar a amiga? Como poderia encarar Connor com esta notícia? — Isso será uma decisão sua — disse Maya com cuidado. — Mas você irá precisar de bastante apoio nas próximas semanas, possivelmente nos próximos meses, e Daisy é uma pessoa fantástica para se ter ao seu lado. Juno concordou mansamente, sabendo que Maya tinha razão. Embora fosse difícil ter de admitir o quanto insensata e irresponsável ela fora, precisaria de sua melhor amiga mais do que nunca agora. Assim que você estiver pronta podemos lhe fazer um exame detalhado, ver como está o bebê. Você já decidiu se vai ter o bebê? O corpo de Juno começou a tremer. — Eu não sei. Mas ela sabia sim, o que só deixava a situação mil vezes pior. Acaso ela poderia realmente arriscar a colocar tudo o que era, tudo o que queria ser, na linha de fogo novamente? CAPÍTULO DEZOITO — Ju, isto é loucura. Você precisa contar ao Mac. Não contar não é uma opção. Juno fitou Daisy através da bancada de café da manhã, sua boca firme em uma linha teimosa. Ela vinha se preparando para esta discussão pelas últimas 48 horas, mas ainda não se sentia pronta. Como esperado, Daisy tinha sido a rocha da vida dela desde que chegara na sala de exames de Maya dois dias atrás, armada com um abraço reconfortante e um ombro resistente para se encostar e chorar. Ela arrastou Juno de volta para casa dela, insistindo que ficasse no quarto de hóspedes pelo resto da semana. Ela, mimou, cuidou e acalmou os piores dos medos de Juno. Então, após persuadila a contar a maior parte de sua desastrosa aventura em Los Angeles, a ajudara a começar a reconstruir sua confiança e coragem. Daisy convencera Juno de que ter um neném era a escolha óbvia, se aquilo era o que ela queria com o coração. Segurara a mão dela durante o exame conduzido por Maya. Ela a alimentara, comprara vitaminas de gravidez o bastante para suprir um supermercado e entabulara uma série de conversas motivacionais sobre não se retrair novamente e não se culpar por tudo que dera de errado na vida dela. Quando Juno acordara naquela manhã, no quarto de hóspedes da casa de Daisy e Connor, pela primeira vez em um mês se sentia capaz de lidar com tudo o que acontecera com ela e muito mais capaz de enfrentar o que o futuro reservara para ela. Mas a única coisa que Juno se recusava terminantemente a falar era sobre Mac. E Daisy respeitara o desejo dela, até um minuto atrás, quando ela tratou da questão a qual Juno temia. 70

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Ela não sabia o que dizer para convencer Daisy a deixar isso de lado. Daisy, como sempre, tomou o silêncio dela como um desafio. — Odeio ter de fazer isso, mas sou forçada a apontar neste momento que você me disse a mesma coisa quando eu fiquei grávida de Ronan. Eu não queria contar a Connor e você disse que eu tinha de fazê-lo. E embora eu odeie ainda mais ter de dizer isso — ela acrescentou com um sorrisinho — você estava certa. — Isto é diferente — murmurou Juno, olhando para sua cumbuca de musli parcialmente comida. — Como isto é diferente? Por acaso Mac não tem o direito de saber que também será pai? — Se eu contasse, ele esperaria que eu fosse fazer um aborto. E eu decidi que não faria. Não vejo muito motivo para contar a ele. — Como você pode possivelmente saber disso? — Daisy exigiu saber. Juno levantou os olhos e viu a expressão horrorizada no rosto da amiga. Era exatamente aquilo que ela queria evitar. Ela não tinha a menor intenção de fazer Mac ficar mal perante a família. Talvez, um dia, ele iria querer entrar em contato com Daisy e Connor novamente, e ela não queria estragar o relacionamento. — Porque ele me disse. — Tem certeza? — Daisy não parecia convencida. — Sim, tenho certeza. — Ou certeza o bastante. Ele não a amara da forma como Connor amava Daisy. Então por que iria querer ter um filho com ela? Daisy suspirou. — Acho isso difícil de acreditar. Mas, mesmo se for assim, como você planeja manter isso em segredo? — Ele não vai mais entrar em contato comigo. — Disso ela tinha absoluta certeza; aquela tola e vã esperança morrera dias atrás quando não recebera mais nenhum sinal dele. — E também não acho que ele entrará em contato com você novamente. E se entrar, eu me viro. Ele não gostaria de um relacionamento com o neném depois que este nascesse? A questão a atormentava desde que tomara a decisão de tentar levar a gravidez até o fim. Com o tempo, ela chegara à conclusão que a resposta certamente seria não. Ele não acreditava no amor. E também dissera a ela que não tinha interesse em brincar de família feliz. Quanto mais de provas conclusivas ela precisaria? — E a imprensa? — perguntou Daisy. — E se eles descobrirem? — Eles perderam o interesse. Ninguém entra em contato comigo faz uma semana. Desde que não haja nenhum sinal de Mac eu não tenho valor como celebridade. — O que era uma grande vantagem. Ela pôs a mão na barriga. Duas grandes vantagens. — Tenho que seguir em frente, Daze. Tenho que me concentrar no que posso controlar e esquecer do resto. Ter um bebê saudável é tudo o que me importa agora. — Era tudo o que ela permitia se importar. Mac era passado. O neném era seu futuro. E agora ela tinha de se concentrar em não morrer de pânico. Ficar animada com a ideia de ser mãe. Daisy segurou a mão dela, apertando com força. — Eu entendo isso. Mas ainda assim temos um problema maior em nossas mãos. — Qual? — O que Connor vai pensar disso tudo quando chegar de Berlim esta tarde. Ele e Mac mal se falavam quando você partiu para Los Angeles. Tenho de ser sincera, tivemos uma briguinha após você ir para o aeroporto. Você sabe o quão superprotetor ele pode ser. Juno bufou. Connor era outra coisa da qual ela não queria falar. A viagem de negócios que o deixara fora do caminho nessas duas semanas foi uma pequena bênção na gigantesca bagunça que ela fizera de sua vida. —Você quer que eu fale com ele? — perguntou Juno. Será que nada em sua vida seria simples ou direto novamente? 71

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Daisy deu uns tapinhas na mão dela. — Tudo bem, você já tem muito com o que se preocupar. Deixe Connor comigo. Mas estou lhe avisando, não posso prometer nada. Juno suspirou. Ela não esperava mais por nenhuma promessa. Ter 24 horas inteiras para não lidar mais com grandes reviravoltas emocionais seriam mais que o bastante. Mac subiu com dificuldade os degraus saindo da praia e olhou o pedômetro em seu pulso. Durante a última semana, ele correra mais e mais a cada manhã, mas o exercício não estava mais dando resultado. Chegando ao terraço, ele levantou a camiseta encharcada para secar o suor do rosto. E parou para observar o solário, onde Juno costumava ficar deitada, na sombra, esperando-o retornar de sua corrida. Ele xingou em silêncio e deixou a camiseta cair. Quem ele estava enganando? A dor pulsante e a solidão, não passaram no último mês desde que ela o deixara. Ficaram até piores. A casa que antes fora um santuário se tornara uma prisão. Onde punha os olhos, via Juno. Na piscina a via com aquele maldito biquíni amarelo. Na mesa do café da manhã comendo seu musli matutino. Na cama dele e no chuveiro, o corpo flexível dela respondendo ao toque dele. Era como um fantasma, zombando dele a tentar esquecê-la. A coisa ficara tão ruim que ele até brincara que poria a casa a venda na semana passada. Mas de que adiantaria? As memórias ainda estariam lá, seguindo-o onde quer que fosse. Ele não precisava de uma casa nova. O que precisava era dela. Mas cada vez que pegara o telefone, pensando em ligar para ela e exigir saber porque ela partira, voltava à despedida deles, e não conseguia ligar. Talvez fosse orgulho, provavelmente apenas aquele instinto de sobrevivência que ele cultivara quando jovem, mas precisava que ela voltasse. Durante as primeiras semanas, ele alimentara um estúpido sonho de que pudesse tê-la engravidado e que ela seria forçada a contatá-lo. Mas isso não ocorrera. — Deixe de ser um maldito covarde, Brody — ele soltou, naquela quietude fúnebre. Caminhou até a sala de estar e esticou a mão para pegar o telefone, então deu um sobressalto quando esse tocou. O tolo surto de esperança que fosse Juno foi brutalmente reprimido. Será que não estava cansado de esperar pelo impossível? Ele pegou o aparelho e disse: — Brody falando, quem é? — É Connor. O choque de ouvir a voz do irmão foi tão forte que ele ficou momentaneamente mudo. — Connor? — Sim, seu irmão mais velho. Lembra-se de mim? Ele então percebera, aquele duro sarcasmo, mas a esperança sobrepujou sua usual cautela. — Como está Juno? — ele perguntou, sequer tentando disfarçar sua ânsia por novidades. Ela não se importava com o porquê de seu irmão ter ligado ou se ele o odiava. Connor morava ao lado da mulher pela qual ele acabara de admitir a si mesmo que significava mais que o ar que ele respirava. Certamente tinha de ser o destino lhe fazendo um favor. Connor deu uma risada dura. — Isso é ótimo. Como ela está? Como diabos você acha que ela está? — Eu não sei como ela está — ele disse, rangendo os dentes. — Por isso perguntei. Então Connor tinha uma boa razão para desprezá-lo. E daí? Ele não tinha tempo para isso agora. — Por que isso tudo, Mac? Só me explique isso. — A raiva desaparecera da voz de Connor, substituída por tristeza — Foi algum tipo de acerto de contas. Você quis puni-la porque não conseguia punir a mim? Porque se este é o caso, ela nunca merecia ficar... — Eu não tenho a mínima ideia do que você está falando — ele interrompeu, com um grito de pânico. — Alguma coisa aconteceu a Juno? Diga-me como ela está, droga! Ele suava, o telefone escorregava em sua mão. Visões de todo tipo de desastre corriam por sua 72

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mente. — É, uma coisa aconteceu a ela — disse Connor, o traço de amargor agora coberto de resignação. — O quê? O que aconteceu? Ela está doente? Está machucada? — Ele tinha vontade de entrar na linha de telefone e estrangular Connor pessoalmente, não importando que fosse seu irmão. — Eu diria que está ambos — respondeu Connor. — Ela está grávida do seu filho. Decidiu têlo mesmo estando apavorada. E ela... Mac bateu o telefone no gancho, desligando na cara de Connor. De qualquer forma, ele não ouvira muito após a segunda frase. Juno estava grávida, com o filho deles, e não lhe contara? Ela tinha ido embora fazia praticamente um mês...ainda assim nenhuma vez pensou em ligar para ele? Tinha tão pouca consideração por ele assim, então? A raiva se tornou mágoa. Não se importava mais com quais seriam as razões dela. Ela era sua. Sempre fora. Ele jamais deveria tê-la deixado sair da vida dele. E não a deixaria um momento mais.

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CAPÍTULO 19 — Aonde está Juno? — Mac gritou assim que Connor abriu a porta da frente de sua casa. — A senhora da casa ao lado disse que ela está morando com vocês. Ele empurrou o irmão surpreso e entrou, mas parou com o berro irado que o seguiu pelo corredor. — Volte aqui! Você não pode ir entrando em minha casa sem permissão. Mac se virou para ver Connor o seguindo, com um olhar furioso. Grande! Fantástico! Ele passara a maior parte das onze horas do voo cultivando uma dor de cabeça violenta e deixando sua raiva ferver. Se seu irmão pedia por uma briga, ele teria o maior prazer em providenciá-la. — Não preciso do seu convite para falar com a mulher que carrega meu filho — ele gritou. Quaisquer que fossem as razões de seu irmão, estas podiam esperar. — Errado — gritou Connor em resposta, com uma determinação de aço em seu rosto que não se dobraria a nenhum argumento. — Ela não está aqui. — Ele empurrou uma porta e apontou para dentro de um aposento vazio. — Agora pare de gritar, entre aí e acalme esta droga de humor ou não vou deixá-lo falar com ela. Com a certeza de que conseguia ouvir sua raiva, ele entrou no aposento que Connor lhe indicara. Que direito tinha seu irmão de tratá-lo como uma criança birrenta? Assim que conseguisse a localização de Juno daquele idiota metido a santo, lhe daria um soco. — Sente-se — ordenou Connor, apontando para um sofá de couro. Mac cruzou os braços e se manteve onde estava. — Diga-me o que quer me dizer e então me fale onde ela está. — Sente-se nessa droga de sofá antes que eu o force a sentar — gritou Connor. As mãos dele se fecharam em punhos com força. Mas antes de um segundo embate, ele soltou um palavrão e se sentou. Surrar Connor não o ajudaria a encontrar Juno. Só pioraria. — Então, o que você quer? — ele soltou, e então percebeu que sua voz parecia a de uma criança birrenta. Droga. — Quero saber que tipo de homem você é. E isso. — Connor o olhou com desprezo. — Quero saber que tipo de homem faz sexo sem proteção com uma mulher e então não tem a decência de descobrir se a engravidara ou não. Não fora assim que acontecera. Ele queria gritar em resposta. A injustiça das acusações de Connor fazia a cabeça dele pulsar e seu estômago se revirar. Mas a culpa que o carcomera ao longo de quase toda sua vida o fez engasgar nas palavras. — Você sabe que tipo de homem sou — ele disse, com a voz falhando. — Você acha que eu não sei o que você pensa de mim? O que você sempre pensou de mim, desde que éramos meninos, juntos naquele buraco nojento. Você pensa que eu sou um bastardo egoísta e irresponsável. Eu sei disso. — Ele afundou a cabeça nas mãos, de forma a soltar a tensão nos ombros. Qualquer um que afirmasse que a confissão era boa para a alma não tinha a menor ideia do que falava. — Eu lhe garanto que isso era verdade naquela época — ele continuou, forçando as palavras a saírem de lábios secos como em deserto. — Mas não é mais verdade. — Ele levantou os olhos para encontrar os de Connor. — Quero Juno de volta. Acho que a amo. — Ele soltou o ar, aquelas palavras o surpreenderam. — É por isso que estou aqui. Levou um momento para que percebesse que o desprezo no rosto de Connor se transformara em assombro. — Você acha que eu lhe culpo pelo que aconteceu quando éramos crianças? — Eu sei que você me culpa — ele respondeu. — Foi por isso que sua esposa me convidou 74

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para o casamento, e não você. — Por que Connor prolongava aquela agonia? — Mac, isso é ridículo. — Ele se sentou e pôs a mão no ombro do irmão. — Jamais pensei tal coisa. Sempre achei que era minha culpa. Se eu não houvesse saído aquela noite. Se eu não estivesse tão determinado em esconder tudo como um segredo. Poderíamos ter conseguido ajuda. Eu o teria detido. — Mas você disse ao assistente social que jamais queria me ver de novo, após nos separarem. — Seria aquilo verdade? Que seu irmão não o odiava afinal? — Por que eu me sentia muito envergonhado — respondeu Connor. — Eu vi você na maca aquela noite, inconsciente, seu rosto todo cheio de hematomas e ensanguentado, seu braço cortado e desfigurado. Não conseguia tirar aquilo da cabeça. Você era meu irmãozinho, tinha pouco mais de 10 anos. Eu deveria ter estado lá para protegê-lo, mas não estava. Isso me crucificou por anos. — Connor balançou a cabeça, o amargo arrependimento em sua voz soltava alguma coisa negra e feia de dentro de Mac, finalmente a libertando. —Até eu conhecer Daisy e ela me fazer ver que não foi culpa nossa. Fora culpa dele e do que a bebida fazia com ele. Ele puxou Mac para um abraço. — Eu deveria ter dito isso anos atrás. E você está certo, deveria ter sido eu a convidá-lo para o casamento — ele murmurou contra o ouvido de Mac, antes de soltá-lo. — Mas eu fui um maldito covarde. Desculpe-me, Mac. Mac viu amor genuíno nos olhos de Connor e percebeu que encontrara seu irmão novamente. Na verdade nunca o perdera. Ele inspirou fundo. Estava perto de fazer papel de idiota. — Desculpas aceitas — ele murmurou. — Mas é melhor pararmos com isso agora antes que comecemos a chorar um em cima do outro como uma dupla de garotinhas. E eu não sei sobre você, mas eu tenho uma imagem a zelar. Connor deu uma risada. — Não me venha com essa! Você é um ator. Não chora o tempo todo? Mac ergueu uma sobrancelha. — Continue com isso, cara, e eu terei de machucá-lo. Connor apenas riu, aquele som lembrava a Mac do relacionamento dos dois quando garotos. Connor sempre determinado a ver o melhor de qualquer situação e ele sempre reclamando do que daria errado. Sentia falta de tê-lo em sua vida. Connor levantou-se e foi até sua escrivaninha. — Agora que tivemos nosso momento "esta é sua vida", e estabelecemos o fato que você sabe chorar como uma menininha — ele disse com leveza — precisamos conversar a respeito de Juno. — Ele se encostou na escrivaninha e cruzou as pernas sobre os tornozelos. — Então você a ama não é? Tem certeza disso? A raiva e a irritação surgiram de volta com a pergunta. Mas não mais direcionadas a Connor. — Eu sei que demorei demais para perceber isso. Mas sim. — Ele consentiu com a cabeça, com uma certeza maior a respeito de si mesmo do que sentia em anos. — E, eu a amo. E quero acertar as coisas. Mas é difícil sem ter a mínima ideia se ela me ama ou me odeia. Ela não queria me contar sobre o bebê, e isso não me deixa muito confiante. — Não olhe para mim. — Connor deu de ombros. — Não saberia lhe dizer se ela o ama ou não. Daisy teve de esfregar na minha cara o que sentia por mim antes que eu percebesse. — Ele fez uma pausa. — Mas há algumas coisas que eu sei e você não. De acordo com Daisy, ela está tão miserável desde que voltou de Los Angeles, que certamente não é indiferente a você. Mac estava certo de que não era bem uma afirmação, mas por enquanto aceitaria aquilo. — O que mais? — O que você sabe sobre um cara chamado Tony? O ódio contido desde que ouvira aquele nome pela primeira vez reacendera em chamas. — Que o cara a estuprou quando ela tinha apenas 16. E que eu gostaria de caçá-lo e estrangulá-lo com minhas próprias mãos. — Você e eu — disse Connor. — Daisy me contou a história, mas há mais nisso. Algo que talvez explique porque ela não lhe contou sobre o bebê. Juno é esperta e hábil, mas também é muito 75

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mais frágil do que aparenta. Imagino que você saiba que é o primeiro cara com quem ela esteve desde Tony, não? Mac pode sentir-se ficando rubro ao concordar com a cabeça. — Jamais subestime o quanto isso é um ponto a seu favor. Ela confiou em você, Mac, e isso conta muito após o que ela passou. — Connor esticou o braço e pegou uma caneta e um bloco da escrivaninha. Desenhou algumas linhas rápidas, fez algumas anotações, então rasgou a página e a entregou a Mac. — Ela está na loja no momento. Aqui está um mapa. Não é difícil chegar lá. Mac pegou o papel e olhou o desenho. Ele queria vê-la de novo, desesperadamente, mas começava a perceber que a cura do afastamento de vinte anos entre ele e o irmão fora a parte fácil. — Obrigado. — Faça com que ela lhe conte o resto da história, Mac. Mas contenha seu temperamento, pelo amor de Deus. E seja honesto com ela quanto ao que você sente. Mac concordou com a cabeça e caminhou até a porta. Pensar em Juno, no bebê e na gigantesca bagunça que ele, teria de arrumar fez sua cabeça doer novamente... e seu coração disparar. — Mais uma coisa, Mac — disse Connor, chamando-o de volta. — Diga boas coisas a meu respeito quando terminar. Juno vai me matar quando descobrir quem abriu o bico sobre ela. — Esqueça, mano — ele disse, tentando encontrar um pouco de humor para aplacar a tensão. — Depois daquela história de chorar como uma menininha, eu mesmo a convencerei a acabar com sua raça.

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CAPÍTULO 20 Apesar de fazer a contabilidade no meio da bagunça do atelier de Daisy não ser o ideal, voltar ao trabalho tinha sido um bom avanço. Como Daisy recusara explicitamente que ela ajudasse na loja nos sábados, que era o dia com mais movimento, ela concordou em ficar lidando com números na sala de trás, e estava achando este trabalho monótono e metódico surpreendentemente tranquilizador. A vida finalmente começava a melhorar. Ela ouvira o coração do bebê naquela manhã na sala de exames de Maya. Tudo o que ela tinha que fazer agora era focar em objetivos concretos e deixar que o restante se resolvesse por si só. Talvez não fosse seu destino ter um final feliz com o homem dos seus sonhos, mas ganharia algo tão bom quanto dentro de oito meses. Ela ouviu a porta abrir-se. — Só um minuto, Daze — ela disse enquanto digitava os últimos recibos dos fornecedores de agosto. — Você deveria ter me contado sobre o bebê. A cabeça de Juno ergueu-se com a voz áspera e grave, e o ar foi sugado de seus pulmões. — O que você está fazendo aqui? — ela sussurrou. Só podia ser uma alucinação. — Eu vim para conversar — ele disse calmamente, seus olhos buscando o rosto dela, o azul intenso fazendo com que ela perdesse o fôlego. — Entre outras coisas. Ele andou na direção de Juno, mas ela saiu de sua cadeira e foi para trás. — Vá embora. Eu não tenho nada para conversar com você — Ela não poderia passar por isso novamente. As lembranças, a saudade e saber que não tinha sido real. — Isso não faz sentido e você sabe disso. — Ele contornou a mesa e ela recuou mais um passo, apoiando-se em um cabineiro de vestidos que estava encostado na parede. — Por que nós não começamos com o porquê você me deixou? — ele disse, enquanto ia na direção dela. — E depois nós vamos passar para o porquê você não me contou sobre nosso filho. — E por que eu faria isso? — ela disse, enquanto a fúria que ela não sabia que tinha batia forte em seu peito. — Por que eu falaria para você sobre um filho que você não quer? Só poderia haver uma razão para estar lá. Uma razão que o fizera sair de Los Angeles. Dar-se conta disso fez com que uma sensação de medo subisse pela espinha dela. Ela tentou escapar dele, estava presa e desesperada para fugir. Mas ele ficou no meio do caminho e passou seu braço pela cintura dela. Puxando-a para seus braços. — Você não vai a lugar nenhum até explicar essa frase — ele disse, segurando-a sem força, enquanto ela tentava se soltar. Ela bateu com os punhos no peito dele. — Eu não vou fazer um aborto. Você não pode me obrigar. — Lágrimas encheram seus olhos, o medo aproximava-se como uma tempestade. — Juno, pare, não é nada disso. — Ele recebeu os golpes e apertou seus braços até que as tentativas dela de bater nele tornaram-se inúteis. — Eu não vou fazer isso. Deixe-me em paz. Eu odeio você — ela gritou. Não era Mac quem ela estava vendo, era Tony, o desprezo, o descaso, a indiferença em seu rosto. Então, a última gota de fúria esvaiu-se, deixando apenas a exaustão, e um choro amargo. — Shh, Juno, não fique assim. — A voz dele parecia vir de muito longe. Ele se sentou na cadeira dela e deitou o corpo frágil de Juno em seu colo. Sua mão acariciava o rosto dela, afastando o cabelo. — Eu nunca disse para você fazer um aborto e, agora que você está grávida, um aborto é a última coisa que eu quero. — Ele colocou sua mão sobre a dela. Ela se mexeu, tentando sair do colo dele, mas os braços dele a seguraram. — Você me disse para tomar a pílula do dia seguinte — ela disse. — Qual é a diferença? Ele suspirou pesadamente. 77

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— Droga. Foi uma reação automática estúpida, dita no calor do momento. Não jogue isso contra mim agora. — Então por que você diria isso, se não era verdade? — Eu sempre acreditei que nunca deveria ser pai. Que eu pudesse ter a mesma coisa, a mesma fraqueza do meu pai dentro de mim — ele hesitou. — Mas agora eu consigo ver o quão tolo eu fui. — Ele olhou para ela e apertou sua mão. — Eu quero ser um pai para este bebê. Você acredita em mim? Ela viu verdade nos olhos dele e sentiu uma emoção encher seu coração. — Sim — ela bufou, resignada com o que acabara de dizer. Ele colocou a mão na barriga dela. — E o que a médica disse sobre o bebezinho? Quais cuidados nós devemos ter? O "nós" fez o coração dela sacudir, mas ela conteve a esperança. Algo que prometera para si mesma no último mês é que ela não esperaria pelo impossível. Somente porque ele se preocupava com o bebê, porque ele queria ser parte da vida dele, não significava que ele queria algo mais. — Maya disse que tudo está correndo normalmente. Ela está bem confiante. — Isso é bom, certo? O sorriso espontâneo fez com que seu rosto moreno e lindo parecesse o de um menino, e as lembranças apertaram seu coração. Ela balançou a cabeça positivamente e saiu do colo dele, procurando desesperadamente ficar longe. Ela ainda o amava, muito, mas não podia deixar que isso nublasse seu julgamento novamente. Mac ficou logo atrás dela. — Onde você pensa que vai? Ela se virou para ele, determinada a focar na realidade, não na fantasia. — Eu posso mandar um e-mail quando eu tiver as consultas do pré-natal — ela disse, colocando o cabelo atrás da orelha. — Quanto tempo você vai ficar em Londres? Quando ele não disse nada e ficou simplesmente a encarando, ela se apressou em continuar. — Minha primeira ultrassonografia será em dez semanas. Se você quiser eu posso passar as datas. Apesar de que não vale à pena vir de Los Angeles para cá só por causa da primeira. As datas? Mas o que ela estava pensando? Mac franziu o cenho, ele só podia estar em uma realidade alternativa. Eles não tinham acabado de combinar que passariam por isso juntos? Como um casal? — Eu não precisarei voltar para cá, já que você vai embora comigo. — Ela ficou boquiaberta, mas ele continuou. E claro que ela perceberia que essa era a solução mais óbvia. — Por sorte, o elenco está ensaiando no momento, então o diretor pode trabalhar sem mim por uma semana mais ou menos. Se esse tempo não for suficiente para você organizar as coisas aqui, nós podemos voltar para cá antes do início das filmagens, em outubro. Mas você não vai viajar sozinha e ponto final. Em alguns assuntos ele pretendia ser firme. — Eu não vou me mudar para Los Angeles. Minha vida é aqui. Ele bufou. Achou que poderia negociar, se realmente precisasse. — Eu não quero parecer um ditador. Mas tenho um contrato e o meu projeto atual diz que eu tenho que filmar nos Estados Unidos, então o mais certo é ficarmos lá nos próximos seis meses. Mas depois disso eu estou livre. Não tenho mais nenhum compromisso. E estou em um momento na minha carreira no qual eu posso escolher o que eu quero. Ele colocou sua mão na cabeça de Juno e passou a mão nos cabelos dela, deleitando-se com a textura sedosa e sentindo-se absolutamente magnânimo. — Nós podemos voltar antes de o bebê nascer. Eu posso comprar uma casa na rua de Daisy e Connor se você quiser. De fato, a ideia tinha seu mérito, agora que ele pensara nisso. Ele e o irmão tinham bastante o que recuperar. Ela saiu de baixo da mão dele, mas ao invés de estar feliz e agradecida, estava perturbada. — E quem disse que nós iríamos morar juntos? 78

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A pergunta o desmontou completamente. — É claro que vamos. O que mais nós faríamos já que vamos estar casados? — Casados? — ela gritou. — Eu nunca disse que me casaria com você. Na verdade você nem me pediu! — É verdade — ele pegou a mão dela e beijou seus dedos. No afã de resolver tudo ele esquecera um passo bem importante. Por sorte, era facilmente remediável. — Juno, você quer casar comigo? Ela puxou sua mão. — Não, eu não quero — disse isso tão diretamente que ele podia jurar que não havia ouvido direito. — E por que não? — ele disse. Por que ela estava sendo tão teimosa? — Eu amo você e você me ama. E nós vamos ter um bebê. O que mais nós faríamos, senão nos casarmos? O olhar dela era como se ele houvesse lhe dado um tapa, e de repente o humor dele desapareceu. Depois de ele ter explicado o porquê dissera aquelas coisas e ter pedido desculpas, ele estava aliviado. Achou que tudo ficaria bem, que ela o amava e que a separação fora um terrível erro. Mas será que ele se enganara? E se ela não o amasse depois de tudo? Ele teria coragem de mostrar seus sentimentos sabendo que ela não sentia a mesma coisa? — Você me ama? — Juno suprimiu a desesperada explosão de esperança, de amor. Era verdade, ou era apenas outro papel que ele estava interpretando? Pelo bem do bebê? — Desde quando você me ama? — Desde... — ele pausou e passou a mão pelo seu cabelo. — Desde sempre, eu acho. Eu sempre a amei, só que fui idiota demais para não ver isso. Isso não era muito convincente. — Mas já faz mais de um mês e você nunca me ligou. — Um pensamento desprezível passou pela sua cabeça e ela sentiu como se seu coração estivesse se despedaçando novamente. — Como você soube do bebê? Foi o Connor? Foi por isso que você veio, não foi? Porque Connor disse que eu estava grávida. Ela viu o reconhecimento da culpa nos olhos dele e quis gritar. Se apenas tivesse sido verdade. Se ele a tivesse amado. Mas ela não iria viver uma mentira. Nunca mais. E da próxima vez que ela encontrasse Connor, ele seria um homem morto. — Nunca foi nada além de sexo para você — ela disse, quando ele não respondeu. — Eu ouvi o que você disse para Gina. Eu sei que você não acredita em amor. Ele fechou os olhos e, ao invés da vergonha que ela esperava ver, ela viu aborrecimento. — Então o silêncio da última noite foi por isso? — ele não parecia muito feliz com a descoberta. — Eu nunca disse isso para você, eu disse para Gina. E se você não ficasse escutando o que não devia, nunca saberia disso. Ele não iria fazer isso com ela. — Não é disso que se trata. — Maravilha! Bem, veja se é disso que se trata! — ele deu um passo à frente, empurrando as costas dela no cabideiro. — O que eu disse para Gina não influencia em nada. Eu teria dito que era gay se isso fizesse com que ela parasse de me importunar. Ele abaixou os olhos. — E por mais que eu admita que o sexo com você foi certamente maravilhoso e que eu queira mais... Ela sentiu um calor úmido entre as coxas. — Isso é apenas uma parcela do que eu sinto por você. E tem outra coisa. Eu decidi vir antes do Connor me ligar. — Mas ainda sim você demorou um mês inteiro para vir — ela disse, perplexa com a tristeza dele. O quão ingênua ele achava que ela era? Juno ergueu-se e olhou-o de cima. — Não seja condescendente. Eu não sou uma criaturinha triste e patética por quem você deve 79

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fingir que está apaixonado, Mac. Ele ficou boquiaberto. Ele não estava mais perturbado. Estava estupefato. — Ei, desde quando você é triste e patética? Você é a pessoa mais forte e mais inteligente que eu conheço. E todas as vezes que eu tentei ser condescendente, você não me deixava escapar. Por isso não use isso contra mim agora. Por Deus! O coração dela quase parou. Seria possível que ele realmente a amava? Dito naquela voz brusca e irritada, sem o usual charme e a eloquência, o elogio mal-educado tinha sido o mais convincente que ela já escutara e o mais maravilhoso. Mas ainda melhor do que isso era o sentimento de poder, de merecimento que a cativava. Ele nunca havia sido condescendente com ela. Isso era verdade. Porque ela nunca deixara. Ele era o mais carismático, o mais lindo, e irresistível homem que ela já conhecera, e ainda assim eles sempre se trataram como iguais. Ele a havia desafiado e provocado, deixando-a quase maluca, libertando seu corpo e sua alma. — Você me ama mesmo? — ela ainda não conseguia acreditar. — Seus sonhos estavam se tornando realidade? Ele xingou ferozmente, não exatamente a personificação do homem dos sonhos. — Eu não acabei de falar isso? Agora pare de me enrolar e diga se você me ama também. Ela enxergou a vulnerabilidade nos olhos dele, percebeu a irritação e a incerteza na voz dele, e todo o amor, o desejo e a felicidade que ela tinha tentado tanto conter desabou como uma chuva torrencial. Ela enroscou os braços no pescoço dele. — Oh, Mac, eu amo tanto você. Os ombros rígidos dele relaxaram e ele a abraçou pela cintura e a levantou. Ele encostou seu rosto no pescoço dela. — Graças a Deus. Ele parecia tão aliviado que ela riu. Mac ergueu os olhos e a olhou seriamente. — Não é nem um pouco engraçado. — Desculpe — ela disse, nem um pouco arrependida. — Será que um dia eu vou conseguir reparar isso? As mãos dele acariciaram o bumbum dela, puxando as coxas de Juno para junto de sua excitação. — Bem — ele disse, sua voz sensual fez os joelhos dela tremerem. — Dê-me um minuto que eu vou pensar em um bom castigo. Juno segurou os lábios dele com o dedo, lutando para manter o mínimo de sanidade no meio da onda de felicidade. — Nós não podemos fazer amor aqui — ela disse, com dificuldade para respirar, e para resistir. — Seria... — O quê? — Realmente impraticável. — Querida — ele falou lentamente, mordendo os dedinhos dela — a primeira coisa pela qual eu me apaixonei em você foi seu jeito prático de ser. Ele riu. Os dedos exploradores de Mac viravam a bainha do vestido dela, e deslizavam sob a calcinha. — Mas você vai ter que confiar em mim — ele colocou as duas mãos no bumbum dela. — Às vezes o que é impraticável funciona muito bem. Vinte e cinco minutos depois de puro prazer, ela admitiu que ele tinha razão.

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EPÍLOGO — Ainda não acredito que você insistiu em fazer isso grávida de oito meses. É completamente insano — Daisy protestava pela vigésima vez nos últimos dez minutos. Ela ficou de pé, pondo as mãos nos quadris. — Certo, pode olhar agora — ela disse, descobrindo o espelho de corpo inteiro na sala paroquial. — Mas eu não assumo nenhuma responsabilidade se aparecer um de seus mamilos enquanto você andar em direção ao altar. Juno olhou seu reflexo e riu. A criação em seda creme de Daisy exaltava sua figura de grávida com linhas simples e justas, mas o decote era tão baixo que ela piscou. — Oh, Deus. — Ela pôs a mão sobre a boca para segurar uma gargalhada. — Entendo o que quer dizer. — Eu lhe avisei que seus seios ficariam enormes — disse Daisy, e bufou. —Ainda não entendo porque você e Mac não podiam esperar até o nascimento do bebê. Seria muito mais simples. Juno se virou para a amiga e segurou a mão dela. O sorrisinho que tinha no rosto por uns bons sete meses crescia a cada segundo. — Não para nós — ela disse simplesmente. — Você sabe o quão nervoso Mac andava nestas últimas semanas. Ele teria entrado em parafuso se eu o fizesse esperar um minuto a mais. Ele quase teve um treco quando eu lhe disse que a igreja não estava disponível até abril, ainda em outubro. Se eu houvesse pedido para esperar até o nascimento, ele já teria me raptado. A recordação de o quão desesperado ele estivera para conseguir que estivessem casados com segurança ainda tinha o poder de acelerar o coração dela. Daisy também segurou a risada. — Ao ver o olhar dele hoje de manhã quando disse a ele que não poderia vê-la, acho que você tem razão. Os sinos do meio-dia tocaram através do vestíbulo. — Oh, céus — disse Daisy, transformando o tom provocativo em consternação. — Eu havia prometido a Connor que a noiva não se atrasaria como de costume, para que ele não tivesse de conter Mac fisicamente evitando que ele corresse atrás de você. — Ela deu um sorriso em forma de desculpas enquanto seus olhos se afundavam no decote de Juno. — Mas isso significa que não terei tempo de achar nada para preservar seu recato. — Não seja boba — disse Juno, ainda sorrindo. — O vestido é maravilhoso. E se acontecer o pior e eu acabar assustando o pastor, só temos de rezar para ele não ter um ataque cardíaco ou que Mac realmente me rapte. Ambas gargalharam. Daisy ficou séria antes. — Meu Deus, Ju. — Ela segurou firme as mãos de Juno, deixando lágrimas apareceram nos olhos. — Tenho tanto orgulho de você. — Por quê? — Você se lembra o quanto teve medo de usar aquele vestido de dama de honra na última vez em que estivemos aqui? Desde então você desabrochou como esta linda borboleta que sempre esteve destinada a ser. E fez tudo isso sozinha. — Não, não é verdade. Também é culpa de Mac — ela disse, segurando as lágrimas de felicidade. — Qualquer uma pode ficar linda se sabe que é amada. Ao atravessar a nave da igreja em direção ao homem de seus sonhos e ver o amor brilhando nos olhos dele, e o olhar de excitação quando percebeu o decote dela, fez o coração de Juno derreter. Como um coração podia estar tão cheio e não explodir? Ela pensou. Uma semana depois, dolorida e exausta após 12 horas de trabalho de parto, Juno teve sua resposta ao observar aquele que era seu marido há oito dias segurar sua filhinha nos braços pela primeira vez. 81

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— Então, o que acha dela? — ela sussurrou, com voz cansada, com o coração novamente pronto a explodir. Os olhos dele encontraram os dela por cima daquele volume tão cuidadosamente aninhado em seu peito, seu olhar cheio de orgulho, admiração e amor incondicional. — Você fez um excelente trabalho, sra. Brody. Ela é o bebê mais lindo de todo o universo. — Uma ruga solitária surgiu no cenho dele. — Embora eu deva ensinar as duas a respeitarem a hora de entrar em cena. Ela riu, se recordando de quão apavorado ele ficara quando acordara no meio da madrugada e a encontrara arfando pelas primeiras contrações, três semanas antes do esperado. — Tenho certeza de que farei muito melhor na próxima vez — ela o provocou, e o viu ficando pálido. — Epa, epa, não vamos nos precipitar— ele disse com forca. — Vai levar um tempo considerável até meu coração voltar ao normal após a chegada desta aqui. — Mas então ele olhou para a filha e deu um sorrisinho. — Ao menos, o papai morrerá como um homem feliz, não é, minha querida? Juno suspirou enquanto se afundava nos travesseiros e seu marido se punha ao seu lado, com um sorriso bobo naquele rosto lindo. O coração dela voava, mas ainda assim não explodiu... e ela percebeu porquê. Acho que a gente acaba se acostumando a ser tão feliz!

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