Brayshaw 05 - Break Me

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Para aqueles que andam na escuridão, que você encontre sua Estrela do Norte, e um dia sinta a luz.

Eu tinha um plano, e era claro. Rastrear o que estava oculto e ter prazer em jogar com

isso. Jogar com ela. Esse plano, funcionou como mágica.

Até que não funcionou mais. Acontece que a coisinha que eu encontrei era muito diferente do que eu esperava. Ela era diferente de tudo o que eu conhecia e mais do que

eu esperava. Ela era luz, e eu sou o bastardo que a levou para a escuridão. Mas esta garota... seguiu com um sorriso. Eu lhe disse que eu quebrava coisas bonitas. Ela me pediu para cumprir a promessa.

A TENSÃO MARCA MINHA TESTA, uma forte pulsação tomando conta não só da minha cabeça, mas de todo o meu corpo. Tento respirar fundo, mas meus pulmões recusam meu apelo desesperado. O sangue bombeando ferozmente e o coração batendo forte deveriam me dar uma pista do que está por vir, mas eu ignoro o aviso, preso em um pesadelo de minha própria criação. O grito de alguém ruge ao nosso redor, mas não posso dizer de quem vem. É um som profundo e cavernoso que envia pânico pela sala e gelo por todas as minhas veias. Estou preso, congelado, sabendo o movimento a seguir antes mesmo de ser feito. É o último esforço, aquele que leva ao fim, aqui mesmo, neste mesmo lugar. Todo mundo também entende. O corpo atrás de mim fica rígido, a sombra à direita agora se aproximando, um frio escuro e assustador cobrando o ar ao nosso redor.

De repente estou girando, corri em direção à porta e passei por ela. Eu finjo ir com facilidade, mas escapo, escorregando em meus pés e disparando ao redor do outro lado da sala. Os olhos que me seguem se arregalam e eu sou atacado, mas já estou longe demais. Tenciono abordá-los lateralmente, para trazer de volta a vida aos olhos mortos destinados a encontrar os meus, mas à medida que me aproximo, não mais do que dois espaços de distância, o inevitável queima a minha alma. Dói, queima, mas só por um segundo e então... Nada.

ELE SE ACHA ASTUTO , recostado no banco de um carro que não pode ser dele, bancando o detetive particular e se divertindo. Quer dizer, fala sério. Ele está sentado à vista de todos, rindo e conversando com o cara atrás do volante, fumando algo que definitivamente não comprou aqui, enquanto espera o quê, eu? Para algum tipo de saída grandiosa, onde vou jogar meu cabelo por cima do ombro e empurrar meu peito para fora, pintar meus lábios com brilho e fazer meu melhor trabalho sujo para atraí-lo, o tempo todo ele estará rindo em sua mente, planejando a mudança que ele fará com a irmãzinha de seu amigo. Não, não é isso. Ele está estacionado bem na frente da casa da minha tia com as janelas abertas e não fazendo nada para esconder o som ou cheiro que vem do veículo.

Ele não se acha astuto. Ele simplesmente não se importa, porque sabe que é intocável, está escrito na maneira como ele empurra a porta do passageiro e sai no ar turvo com a facilidade de um rebelde desonesto. Esse cara, ele vem de um lugar tão longe daqui que nem tem graça. Aqui, os adolescentes ficam bêbados nas comportas das margens sujas de rios. Eles acampam e são recebidos em casa na manhã seguinte por mães e pais amorosos com sorrisos, biscoitos e molho. Eles brigam por garotas ou garotos ou de quem foi a culpa pelos pontos marcados por seus times rivais na noite anterior ao jogo. Coisas simples e cotidianas. O mundo de onde ele vem, os adolescentes são coisa do passado, as festas nas mansões, os pais irrelevantes e as brigas

muito

mais

cruéis.

É

uma

cidade

fundada

e

administrada por uma família de poder com desafios éticos, sem sistema de justiça. Não, isso também está errado. Tem um sistema de justiça, e é composto por três jovens de dezoito anos rudes e cruéis. Três irmãos adotivos nascidos com um propósito maior, que aqueles de fora jamais poderiam entender. Os irmãos de Brayshaw.

Um dos quais está sentado do lado de fora da minha casa neste exato instante, esperando. Não vai matá-lo esperar um pouco mais...

EXAMINANDO as casas sem cercas do bloco esfarrapado, eu entro na grande área gramada aberta e me aproximo daquela com a porta dos fundos frágil e persianas quebradas. Há um banco aleatório caído no centro do quintal, então eu sento minha bunda na madeira velha e lascada. — Por que você está sentado no meu quintal olhando para minha casa? Eu pulo de volta, girando para olhar para a mini garota levantando as sobrancelhas para mim. Eu não digo nada enquanto a olho, e ela cruza os braços, esticando o quadril enquanto espera. A menina não pode ter mais do que, porra, não sei. Um metro e meio no máximo. Talvez.

Fodidamente minúscula. Meio tímida, óculos escuros escondendo os olhos dela. Eu pulo sobre o banco, andando em direção a ela, e seu queixo levanta para o céu – a única maneira que ela consegue manter o olhar dela no meu – mas ela não se afasta. — Por que não há cercas para manter pessoas como eu fora? Para me impedir de olhar para sua casa? — Eu me oponho. — Porque este lugar é o mais seguro possível. — Não existe tal coisa, garotinha. — O pior que acontece aqui é Tom Marvel, descendo a rua, que rega seu quintal em dias pares, em vez de ímpares. — Sua boca se abre enquanto ela zomba do choque, inclinando a cabeça. Então ela é uma pirralha. Eu brilho. — Parece um bom momento. — Muito. — Você disse que você mora aqui? Ela desliza o polegar pelas alças da mochila. — Eu moro. Eu viro meu olhar sobre sua forma. — Você e seu um metro e meio?

Ela endireita a coluna, ganhando um centímetro a mais, mas antes que qualquer outra coisa possa ser dita, o rangido pesado de metal velho, seguido por uma batida rápida de uma tela, faz nossas cabeças girarem em direção ao som. Um sorriso lento se espalha pelos meus lábios enquanto eu observo. Cabelo escuro e espesso, longo e comprido com pele pastosa. Lá está ela. A imagem da vingança. Uma cópia perfeita de seu irmão punk. — Ah, agora faz sentido, — diz a garota baixa. — O que, como você está restringindo meu estilo, perdendo meu tempo e seu fôlego? — Eu pergunto, sem tirar meus olhos do alvo enquanto ela acende um cigarro, levandoo aos lábios pintados de vermelho. Sua cabeça vira para cá no segundo em que ela o tira da boca, e lentamente ela solta uma longa linha de fumaça, focando em mim e no rato. Ela espera, mas eu também. Aqui gatinho, gatinho... Ela finge estar relaxada, mas não consegue lidar com isso, e se força a dar passos lentos nessa direção.

— Você pode ir agora, — digo à garota ao meu lado, mas ela não se move, e rapidamente meu alvo está pisando na minha frente. — Prima, — ela arrasta, mas nenhum de nós se incomoda em olhar em sua direção. — Quem é seu amigo? Seu sorriso sexy faz sua aparição. É bom também. Um pouco confiante demais, mas está tudo bem. Eu posso matar isso, fácil. Além disso, seria muito mais difícil se ela não tivesse certeza sobre si mesma – o terreno teria que ser feito antes que a garota pudesse. — Não é meu amigo, — a garota baixa compartilha, seu tom todo enérgico quando acrescenta: — Ele está aqui para você, na verdade. Com isso, um sorriso atrevido cresce como se ela já tivesse percebido isso. Essa merda vai ser fácil ‘pra’ caralho. Eu não deveria brincar com a minha comida, mas o que devo fazer quando ela claramente quer brincar de volta? Eu pressiono mais perto, chegando quase ao nível dos olhos dela e seu foco cai para as tatuagens no meu pescoço. — Tenho uma hora antes de a realidade desabar, Brielle. O que você vai fazer com isso?

Ela me estuda por um longo momento e depois se volta para a desmancha prazeres. Seu comportamento muda, uma pequena torção afiando seus lábios. — Acha que consegue ficar do lado de fora um pouco mais? A animosidade não é perdida. — Eu alguma vez entro quando você assume? — A pequena garota responde. Brielle sorri, e assim, leva-me bem onde ela me quer. Em direção ao quarto dela. A casa é arrumada, quase estéril, e um grande contraste com o quarto dela, que é uma bagunça. Está tudo acabado e a cama está desarrumada. Eu olho para o colchão no chão, quase pronto para sair e arrastar sua bunda comigo, mas então a garota começa a se despir. Então, eu paro, e a deixo fazer um pequeno show. Posso ser um cara que adora foder, dá o melhor que consegue e tudo mais, mas não fico desesperado, e parece que ela está no limite. No entanto, vim aqui por um motivo, então me inclino para trás em minhas mãos e a deixo fazer o que quiser, que por acaso sou eu.

Com os seios nus, as calças justas ainda vestidas, ela dá um passo em minha direção e se ajoelha. Ela liberta meu pau do meu jeans e não perde tempo me puxando fundo em sua garganta. Não é do jeito que eu gosto, eu preciso de um pouco de preparação, gosto de construir aquela forte tensão que faz meu sangue bombear, contrair meu pau e minha mente disparar. Preciso da minha garota molhada e pronta, desesperada pelo primeiro toque da noite e pronta para mais, necessitada. Faminta. Essa garota não deu tempo para nada disso, então tudo que posso fazer é vê-la trabalhar. Um minuto ou dois passam e então ela está gemendo em volta do meu eixo. Finalmente, minha ereção fica apenas tímida de uma saudação completa. Eu amarro minhas mãos em seu cabelo para dar a ela um pouco mais de direção, e funciona. Ela pega um pouco de velocidade, aperta mais os lábios em volta de mim, e eu inclino minha cabeça um pouco para trás, tentando cair no momento, mas quando meus olhos deslizam pela janela, eu congelo. A prima, como ela a chamava, espia pelas cortinas rasgadas, sua cabeça caindo quando ela percebe que foi pega e de repente ela se foi. Um estrondo pesado e um grito silencioso se seguem.

— Que porra? — Eu estalo, libertando-me e pondo-me de pé. Eu estou mole em um instante, rapidamente me enfio em minha calça jeans e corro para fora da porta. — É melhor ela não ter gravado. Passos batem no chão de linóleo nas minhas costas. — Por favor, — Brielle zomba, escondendo o peito nu com as mãos enquanto saímos para a varanda. A garota está pulando do chão quando nós saímos, mancando um pouco com o pé enquanto corre pela casa. — É melhor você ir atrás dela, — Brielle fala. Viro minha cabeça por cima do ombro, olhando para ela. — E por que diabos eu faria isso? Ela sorri, caminhando para trás na casa. — Porque aquela... é Brielle. Sou prima dela, Ciara. Meus músculos travam e ela ri, balançando a cabeça enquanto fecha a porta na minha cara. Filha da puta! Eu salto por cima do parapeito, correndo atrás da garota furtiva. — Ei! — Eu grito.

A verdadeira Brielle acelera o passo, saltando ao redor enquanto tenta manter o peso do pé esquerdo, mas isso não importa agora. Já estou bem atrás dela. — Por que você me deixou pensar que ela era você? Ela zomba. — Não é minha culpa que você assumiu que eu era a mais alta, mais quente e mais fácil de nós duas. Eu a agarro pelo braço, interrompendo seu movimento e ela inclina a cabeça para trás, os olhos ainda escondidos atrás de seus óculos escuros. Eu a encaro, abrindo minha boca para dizer a ela, eu não sei o que, porra, quando ela cruza os braços novamente, pegando-me desprevenido. — Eu sei quem você é. Eu atiro direto. — Sim, e quem sou eu? — Royce Brayshaw, da família Brayshaw. — Ela não perde o ritmo. Eu corro minha língua ao longo da parte de trás dos meus dentes. — E quem é você, se estamos sendo claros? Ela estende a mão e eu franzo a testa para ela.

— Oh, desculpe, certo. Você tem uma colher de prata1. — Ela inclina a cabeça. — Isso é chamado de gentileza; muitas pessoas os usam. — Seu nome, espertinha. Seu quadril salta para fora. — Aperta a minha mão. Eu seguro um grunhido, batendo minha palma contra a dela, e ela dá um aperto bom e sólido. — É bom finalmente conhecer um de vocês, em carne e osso. — Ela passa a bolsa para o outro ombro com um leve encolher de ombros. — De qualquer forma, você já sabe quem eu sou. — Ela faz uma pausa. — Bem, agora de qualquer maneira. — Seu nome, de seus lábios, não aquela... quem quer que seja. Minha mandíbula contrai enquanto espero ela falar. Ela não faz isso, então eu me aproximo. — Não brinque comigo, garota. — Certo... — Ela puxa os lábios, balançando a cabeça. — Porque você é um, Brayshaw.

1 Forma de se referir a alguém nascido em uma família rica.

Minha cabeça puxa para trás e, embora eu não possa vêlos, imagino que essa pequena merda revira os malditos olhos para mim. Ela olha para o relógio e meus aborrecimentos são sobre a porra da merda agora, imagine o resto do nível posterior. — Tanto faz, — ela bufa. — Sou Brielle Bishop e estou atrasada. Ela se vira e vai embora. Partiu. Não... eu não penso assim. Eu persigo sua bunda.

AI,

MERDA ,

um dos chefes psicopatas do meu irmão está

me seguindo, e não qualquer um de seus chefes. É o quente, meio assustador, vou dissolver você com meus olhos escuros e ousados e talvez até por acidente, um playboy

de quem já ouvi falar, mas nunca tinha enfrentado cara a cara antes de hoje, está bem atrás de mim, observando enquanto manco como se fosse uma aleijada, provavelmente me separando de seu lugar nas minhas costas enquanto ele o faz. Então, tudo bem. Para ser justo, não me pareço em nada com alguém que conheceu meu irmão pela primeira vez deveria esperar, e considerando que ele está morando em uma casa coletiva na propriedade da família de Royce nos últimos quatro anos, enquanto trabalha para eles há tanto tempo, faz sentido esse cara aparecer com o que ele pensou ser uma ideia clara do que ele encontraria – o exato oposto do que sou. Meu irmão, ele é um rebelde de 1,80 metro de altura, com aparência pastosa, cabelo preto como tinta e olhos cor de cristal. Ele é alto e esbelto e tem um lado natural, uma aura pela qual as pessoas são atraídas, apesar de sua aparência inacessível, à primeira vista. Ele é o melhor dos dois mundos e pode ganhar sua persona designada com esforço zero. Eu, por outro lado, tenho oficialmente mal raspando por um metro e meio como Royce, oh, tão tipicamente provocou, e meus óculos de sol escondem a cor dos meus olhos para que ele não pudesse olhar para a semelhança – não que ele encontrasse alguma, mesmo se pudesse ver através das lentes reflexivas gigantes. Meu cabelo está no lado mais curto e, portanto, da cor platina, tudo o que tenho que fazer é adicionar um pouco de xampu roxo e bum, prata sólida.

Eu tenho uma bunda de verdade, não uma que eu tenha certeza que ele está acostumado também. Não é nada parecido com a alta e firme de Ciara. A minha é mais rechonchuda e formato de pêssego, cheia e redonda, mas gosto de como dá forma à minha cintura, então se ele está julgando, eu nem me importo. Isso não significa que eu gosto dele me seguindo enquanto ele me resume com um olhar, embora... se é que ele está fazendo isso. Por que ele ainda está me seguindo?! Uma dor aguda repentina sobe pela minha perna, forçando um estremecimento em mim, mas eu continuo me movendo. — Pare de andar, — ele comanda, como se eu devesse ouvir. Eu pego o ritmo. — Não posso. Como eu disse, estou atrasada. — Para quê, estudo da Bíblia? — Engraçado, — eu sibilo, amaldiçoando internamente os horríveis uniformes escolares que somos forçados a usar aqui. — Um pouco decepcionante, considerando sua reputação de raciocínio rápido, mas talvez tudo que ouvi sobre você esteja errado. Afinal, você foi inesperadamente... insuficiente.

Eu tropeço em um pequeno monte de grama, mas antes de ser forçada a me segurar com meu pé machucado, grandes palmas envolvem minhas costelas e sou levantada do chão, apenas para ser baixada de volta, minha bolsa caindo para a curva do meu braço. Minha cabeça vira para cima e para o lado, permitindome encontrar seus olhos irritados por cima do meu ombro. — Vamos, garota, — ele sussurra, zombeteiramente. — Se você quer contar histórias, experimente uma que não posso provar que está errada onde estamos. — Vá em frente, Rick Slick2. Ele dá de ombros, e algo me diz que ele vai totalmente, então eu me retraio, falando rápido, — Não, não — antes que ele possa fazer um movimento. Ok, então meu erro. Eu menti. Pelo que eu poderia dizer do ângulo de meu pequeno peepshow3, ele não faltou de nenhuma faceta da palavra, mas eu poderia jurar que Ciara era apenas isso para ele – sem brilho, sem graça. Longe de seu tipo, esse playboy proeminente deve ter um. Não julgando minha prima nem nada, ela tem problemas e é sua escolha usar sexo para fazê-la se sentir melhor, mas 2 Pessoa com elevada autoestima. 3 Filme ou performance erótica que as pessoas pagam para assistir através de uma janela em uma pequena sala.

ela pula direto como um cachorro no cio. Eu ouço as histórias uma e outra vez, como ela elimina a sensualidade disso, uma autoproclamada rainha da rapidinha. Dê a eles mais do que seu corpo, B, e eles vão cagar por toda parte. Palavras de destroços dela. Com um cara como esse, porém, imagino que seja a pior maneira de estar. Aposto que você tem que acordar o chef para que lhe seja servido o deleite cinco estrelas deste menino muito alto, lindo, tatuado e bruto. Você só estaria se restringindo a não. É como achocolatado sem chantilly – sem a experiência completa e gloriosa. O canto de sua boca levanta, mas seus olhos parecem se estreitar mais. — Longe de ser um menino, baixinha. Meu nariz torce, uma pequena ondulação percorrendo minhas costelas. — Eu disse isso em voz alta? — Você disse. — Tipo... tudo isso? Ou, você sabe, apenas a parte do menino...

Eu juro que ele está prestes a rir, mas engole, e assim, a pitada

de

constrangimento

aquecendo

meu

sangue

desaparece. — Que tal, — Royce começa. — Você repete tudo isso e eu direi qual parte você já compartilhou? — Parece uma ideia horrível. Ele

levanta

uma

única

sobrancelha

e

sou

instantaneamente atraída para a pequena cicatriz acima da curva espessa e escura. Depois de me permitir focar em uma parte dele, não consigo parar, então, a partir daí, procuro mais. Para a prova de luta e dor, para os sinais de uma vida vivida e para as trevas de que tanto ouvi falar, mas não consigo encontrar o olhar fixo para trás. Vejo outra pequena marca em sua bochecha e a sombra de uma em sua mandíbula, mas meu foco cai para o lábio inferior grosso e cheio que ele arrasta ao longo dos dentes superiores. Ele é perfeitamente defeituoso... e ainda se apega a mim. — Por que você está aqui? — Eu levanto meu olhar para ele, embora ele não consiga ver além da minha frente. Uma pequena ruga se forma ao longo de sua testa, mas sua pergunta não corresponde à que seus olhos apresentam.

Ele quer saber como eu sei quem ele é e, ainda mais, se eu sei, por que faria essa pergunta, mas essas perguntas ficam sem resposta enquanto ele decide que outra é mais importante. — Por que você me deixou pensar que sua prima era você? Porque sou trágica e ansiosa para agradar. — Ela parecia mais o seu tipo. Uma sombra pisca em seu rosto, uma queimadura que reconheço. Aquele que se inflama quando encontra julgamento e personificação, mas ele não fez o mesmo comigo? Foi ele quem a viu e bum, sua mente estava decidida. Porém, é natural, permitindo que o que está na superfície resolva tudo. É

a

maior

queda

da

humanidade



julgamento.

Expectativa. — Meu tipo, hein? — Ele morde com irritação flagrante. — Como você sabe? — Quer dizer... você está basicamente usando as mesmas calças, então, — eu brinco. — Ervilhas em uma vagem 4 , Tweedledee e Tweedledum5... Cheech e Chong6?

4 Expressão usada para dizer que duas pessoas são muito similares. 5 Referência aos gêmeos de Alice no País das Maravilhas para representar duas pessoas que têm nomes diferentes, mas que são praticamente a mesma. 6 Dois homens que fizeram vários filmes, todos com o mesmo enredo.

Isso o tira do modo de defesa, e o canto de sua boca se levanta com sua risada repentina e inesperada. Não é impetuoso e turbulento, mas uma risada alta o suficiente para agitar os pássaros nas árvores que nos cercam. É profundo e irregular, mas, de alguma forma ainda é um som vivo e livre, que me faz sorrir, mas no momento em que meus lábios se curvam ao máximo, sua expressão fica frouxa. Em uma única inspiração, o cara nas minhas costas se transforma, agora é portador da melhor máscara, uma máscara inexistente que ele se forçou. Uma farsa na pele. Ou talvez falso não seja justo, mas, independentemente disso, ele escolheu se censurar. Não preciso de mais nenhum do tipo ao meu redor, daqueles fechados e propensos a se esconder. Tudo o que qualquer um faz é esconder coisas de mim. — Você pode me soltar agora, — digo a ele. Ele

inclina

a

cabeça,

enigmático,

olhos

escuros

perfurando os meus através de uma massa de cílios negros. Algo em meu estômago se agita e eu quero desviar o olhar, mas não desvio. Então eu tento novamente fazer com que ele seja o único a recuar, já que parece que estou colada no lugar.

— Tenho certeza de que não estou mais caindo. — Quem disse que eu lhe agarrei porque você estava caindo? — Seu aperto aumenta, seu corpo se movendo cada vez mais perto, e não deixando espaço para se torcer, nenhum ar para respirar que não esteja impregnado com seu próprio cheiro – maconha e maravilha. Vento e água. Eu franzo a testa, bloqueando o aroma refrescante, sem entender o que ele quer dizer, e é quando o guincho de velhos freios soa em meus ouvidos. Minha cabeça vira em direção à rua para encontrar o pequeno carro branco que o deixou para trás, o motorista se lançando para fora dele assim que estacionou. Ele corre ao redor do veículo, abrindo a porta traseira enquanto examina a área ao nosso redor. Não preciso fazer o mesmo para saber que este quarteirão está silencioso e vazio a esta hora da manhã. Uma lasca de pânico passa por mim, formigando minha espinha e prendendo minha respiração no fundo da garganta. Royce se abaixa, tirando minhas pernas debaixo de mim, meu corpo agora embalado em seus braços, então eu rapidamente o agarro no caso de ele decidir tentar me jogar. Antes que eu possa entender o que está acontecendo, antes que eu possa processar qualquer coisa, estamos saindo da grama para a rua e deslizando para o banco de trás. A porta bateu atrás de nós e, de repente, estamos nos movendo.

Isso é definitivamente quando eu deveria sair do meu choque e gritar, chutar e lutar, e ir direto ao Karate Kid7 em sua bunda, mas tudo que posso pensar é oh. Puta. Merda. Um Brayshaw acabou de me sequestrar. E eu simplesmente deixei.

7 Filme de artes marciais e drama romântico norte-americano.

BEM, isso não saiu como planejado. Vim aqui para encontrar Brielle Bishop, mas acabei deixando sua prima enfiar meu membro em sua garganta, e não muito bem. Tecnicamente, essa merda não é minha culpa – as meninas brincaram comigo, mas eu sou o idiota que caiu nessa. Eu apareci, com a mente morta em um tipo específico, uma garota forte o suficiente para ser a irmã do bastardo que ganhou o primeiro lugar nas ações sujas da minha família, mais rápido do que qualquer um antes dele. Uma garota com garra e coragem, sujeira sob as unhas e uma lasca no ombro. Então, sim, eu pensei que Brielle era a áspera, durona e aborrecida parecendo uma das duas que eu me encontrei na frente, não a pequenina e cansada coisa que não consegue nem se apoiar em uma janela sem torcer a porra do tornozelo.

Eu olho para a garota, ainda sentada no meu colo, sem lutar comigo, sem olhos arregalados e preocupada, sem ficar irritada e socando. Ela deveria estar fazendo uma dessas coisas. Ela não está Ela está calma e tranquila, e isso está me irritando. Talvez ela não esteja toda aí? Bem como eu penso, sua mão direita se levanta, e estou bastante convencido de que estou certo, porque essa mão não desce para me arranhar ou me bater. Não, a mini coisa recém-arrebatada desliza entre os assentos em um movimento idiota para se apresentar ao homem da fuga. — Eu sou Brielle, — ela diz. Meu menino Mac franze a testa dela para mim, mas quando ela acena com a cabeça, ele solta um suspiro baixo. Com os lábios apertados, ele traz uma mão para apertar a dela. — Mac. — Eu sabia. Não Maddoc ou Captain. Interessante. Meus olhos se fixam nos dela com a menção dos meus irmãos. — O que é interessante? — Que você está aqui e eles não. Achei que vocês fossem como os Três Mosqueteiros. — Ela surge.

Quando minha expressão em branco não quebra, ela balança a cabeça para frente e para trás como um bobblehead8 de bunda quebrada, seus óculos de lentes grandes e cabelos curtos como seda apenas contribuindo para isso. — Você sabe, — ela conduz. — Todos por um e um por todos... A garota ainda adiciona a porra da coisa de levantar o punho. Mac ri, mas limpa a garganta para esconder. Eu encontro seus olhos no espelho, e é claro que ele está se divertindo. Também está claro o que o pau vai fazer a seguir. Ele ajusta o espelho para ver melhor Brielle. — Então, uh, Brielle, — ele pergunta. — Tem um sobrenome? — Todo mundo não tem? — Ela encolhe os ombros. — Não em nosso mundo. — Ele sorri. — Ah, sim, a cidade infame sem sistema legal além de alguns policiais na folha de pagamento para desviar estranhos. Nada além do estalo de um chicote entregue por um dos três meninos selvagens. — Ela olha para mim, e sim, há uma nota de zombaria em seu tom esfumaçado, mas tenho a sensação

8 Uma estatueta com uma cabeça desproporcionalmente grande montada em uma mola de modo que balança para cima e para baixo, muitas vezes feita como uma caricatura de uma pessoa famosa.

de que ela está provocando. — Diga-me, playboy, o seu chicote é de couro? Os ombros de Mac tremem com uma risada que ele segura, mas estou preso tentando entender essa garota. — Então, — ela começa enquanto relaxa de volta. Relaxa. Em um carro com dois estranhos fodidos que apenas agarraram a bunda dela sem dizer uma palavra do porquê. Sua cabeça ainda cai no batente da porta enquanto ela muda de assunto de onde eu vim, para o que ela está se perguntando. — Onde estamos indo? Eu olho para ela. Por que ela está tão calma agora? — Você costumava fazer merdas aleatórias como caras te pegando e jogando em um carro sem placa ou algo assim? — Não. — Ela zomba com uma risada. — Você está acostumado a viajar dez horas para a casa da irmãzinha do cara que você contratou para jogar de mafioso para as suas vidas? — Que porra? — Eu me afasto, deslizando meu corpo debaixo do dela. Ela cai no chão, mas rapidamente se levanta no assento ao meu lado.

— Seu irmão tem uma boca grande, porra. — Não fale sobre meu irmão! — Ela dispara de volta instantaneamente. — Foda-se seu irmão, — eu estalo alto, e seu pescoço estica ligeiramente. — Ele não tem permissão... — Para falar, contar, compartilhar, alguma coisa sobre a vida dele? — Ela me interrompe, uma carranca pesada tomando conta de sua testa. — Acredite em mim, estou totalmente ciente da ordem de silêncio que todos ao meu redor têm, graças a você e sua família. Eu cerro meus dentes. — Que porra isso quer dizer? Ela encolhe os ombros enquanto se vira para olhar pela janela. — Você pode jogar algo fora, mas isso não significa que será enterrado, você sabe. — Garota, eu não sei em que você quer chegar, mas só... pare de falar. — Você adoraria, não é? — Não, eu adoraria amordaçar e apressar sua bunda. Ela rola o pulso. Rola a porra do pulso dela e minha carranca voa para Mac quando ele se atreve a rir.

— Que tal, eu paro de falar quando você começar, — ela barganha, mostrando a palma da mão em algum tipo de trégua. Eu olho para ela. — Você não faz as regras aqui. — Nem você. — Ela ri com suas palavras. — Você está em uma cidade no campo agora. As únicas regras aqui são nunca tirar a última cerveja gelada da geladeira sem substituí-la e não alimentar os cavalos da patrulha. — Garota... — Meu nome é Brielle, — ela me corta, inclinando-se em meu espaço. — Não garota, nem baixinha, ou pequena, ou qualquer outro apelido igualmente idiota que você queira colocar para mim porque, você sente a necessidade de me lembrar que eu não sou nada além de um ninguém. Entendi. Você é a tia Bully da vida real – você é grande, eu sou pequena. Eu fico boquiaberto com ela. — O quê? Ela inclina a cabeça. — Você não assiste TV? Sem filmes quando criança? Muito ocupado jogando Vingadores e salvando sua casa, uma missão de cada vez? É oficial, porra. Essa garota é maluca. — Tanto faz, provavelmente não é sua culpa que você seja desafiado no cinema, — ela raciocina como se eu entendesse suas besteiras. — Tudo o que estou tentando dizer é que posso

ter sido considerada inútil para o seu mundo, mas isso não lhe dá o direito de entrar no meu e agir como um pau de lápis9. Estou pronto para rasgar sua tentativa de merda de fazer um ponto, mas, em vez disso, inclino meu queixo. — Por que você continua dizendo essas coisas? Ela se joga contra o assento. — Como o quê? — Como você não pertence ou não é o suficiente. Colocando a culpa na minha família. Uma carranca puxa sua testa. — Por que você está aqui, Royce Brayshaw? Eu a olho por um longo momento, apenas para desviar o olhar quando a resposta à minha pergunta é óbvia. Ela foi enganada, e ela não tem ideia. Ela acha que nós a mandamos aqui, para viver com sua tia e prima, arrancamos ela de seu irmão, mas essa é uma versão falsa e de merda da verdade, se é que é verdade. De volta à nossa cidade, na frente de nossa propriedade, temos duas casas de grupo – uma para homens e outra para mulheres. Nosso primeiro ano do ensino médio, quando nosso pai ainda estava preso em suas próprias mãos por alguma coisa muito profunda para entrar, ele nos enviou um arquivo, o

9 Pessoa infeliz cujo pênis tem uma circunferência insatisfatória.

mesmo que faz toda vez que há uma nova perspectiva para nossas casas. Este estava carimbado com o sobrenome Bishop. O arquivo estava cheio de dezenas de relatórios de hospitais e policiais detalhando os ataques violentos contra duas crianças pelas mãos de seu próprio pai – Brielle e seu irmão, Bass. Eles estavam prestes a serem enviados para um orfanato quando meu pai descobriu sobre eles e os examinou para um encaixe sólido em nossos lares. É a mesma merda, história de fundo diferente para todos que aceitamos. Eles são todos adolescentes fodidos, e nossa esperança

é

torná-los

honestos,

ou

o

nosso

tipo

de

honestidade, o que é realmente uma curva completa, mas honesta. Nós os trazemos, oferecemos a eles um lugar com nosso povo, na cidade que dirigimos. Em troca, pedimos respeito, lealdade e que conquistem nossa confiança. Nem sempre funciona. Alguns não foram feitos para penetrar profundamente em nosso

mundo,

então,

contanto

que

sigam

as

regras,

oferecemos a eles um que os mantém seguros até que chegue a hora de partir, sem danos, sem problemas. Outros fodem e são mandados embora, colocados “para fora”, mas o resto... eles absorvem tudo, fodidamente florescem em seu elemento e aumentam a inteligência das ruas que foram forçados a aprender antes mesmo de pisar em nossas casas.

Eles vêm trabalhar para nós e damos-lhes tudo o que sempre desejaram e nunca tiveram – um lugar seguro para descansar a cabeça, dinheiro e propósito. Uma vida e um futuro, algo que eles passaram a maior parte de suas vidas acreditando que nunca teriam, devido à primeira coisa que o universo lhes deu. Conosco, eles têm um Ás no bolso, e esse Ás é onde a lealdade começa a crescer e o resto segue. Bass, seu irmão mais velho, era um filho da puta problemático, forte e inteligente. Sabíamos que ele seria perfeito para o nosso mundo, então sendo o mais velho dos dois, eu e meus irmãos fomos até ele com nossa oferta – viva conosco, vá para nossas escolas e aja certo, ganhe um lugar em nosso império. Ele concordou com um piscar de olhos, mas sua cláusula seguiu rapidamente. Sua irmã caçula, apenas treze meses mais jovem, seria mandada embora, onde estaria livre do mundo de problemas que ele estava prestes a mergulhar de cabeça. Ele a queria segura e longe de qualquer perigo que nosso mundo pudesse trazer, já que ela estava finalmente a salvo daquele em que nasceu. Ele disse que ela não sobreviveria, que seu mundo ficaria escuro e ele não poderia viver com isso. Como o propósito de nossa família é proteger aqueles que precisam, oferecer mais àqueles que procuram e lidar com

todas as besteiras que atrapalham da maneira que acharmos adequado, o que ele estava vendendo para ela parecia bom. No final, queríamos o que era melhor para a garota também. Foi com o empurrão dele, um cheque mensal decente de nossas próprias contas para ter certeza de que ela estava sendo bem cuidada, e ela foi morar com sua família. Uma tia e uma prima que estavam felizes por tê-la, queriam-na até. Onde ela prosperaria com eles. Com base nos comentários de Brielle, ela acha que foi nossa culpa, que apenas o queríamos, e ela era o lixo que jogamos fora. Então o irmão mais velho não aguentou quebrar o coração da irmãzinha. É legal, talvez eu faça isso por ele. — Por que estou aqui? — Eu repito sua pergunta, meu sorriso crescendo lentamente. — Estou aqui para aprender mais sobre a garota que estava escondida. Eu

imagino que

seja um interesse

inesperado

e

incontrolável que a fez sentar e deslizar as pontas dos dedos em seu cabelo prateado. Oh sim. Muito fácil. Eu relaxo, colocando meu braço na parte de trás do assento. — Então, o que você me diz, pequena Bishop, você está dentro?

EU

FICO OLHANDO PARA ELE

com os olhos arregalados, não

que ele possa ver os meus, e o mais arrogante dos sorrisos cobre seus lábios. Eu luto o melhor que posso, mas não adianta, e minhas bochechas se enchem de ar, uma risada saindo de mim no segundo seguinte. Sua bainha de confiança cai tão rápido quanto veio e uma linha pesada se forma entre suas sobrancelhas. — Oh, meu Deus, você está falando sério. — Eu caio contra a porta. — Você está falando sério? Ele se senta perfeitamente quieto em seu assento por um longo momento antes de finalmente se inclinar para frente em modo tela cheia em câmera lenta, nada além do som de suas mãos arrastando ao longo do couro barato enchendo o carro. Um playboy experiente.

Ele faz uma pausa quando está diretamente na frente do meu rosto. — Se eu estiver? — Então eu provavelmente diria algo como, tenho quase certeza de que você pensa que sou esta criança pequena, guardada, perdida da noite para o dia de algum tipo que não reconhece um lobo quando vê um, mas eu sim. — Bom. Sua resposta instantânea e sombria é surpreendente e faz com que um toque de arrepio percorra a base do meu pescoço. De repente, a porta nas minhas costas se abre. Eu caio para trás com um grito, mas sou pega contra uma virilha. Eu olho para cima para encontrar o motorista, Mac, como disse que era seu nome, parado ali. Ele me agarra por baixo dos braços e me põe de pé enquanto Royce sai, posicionando-se na minha frente no mesmo segundo. Agora estou imprensada entre dois montes de músculos e abdominais, os das minhas costas flexionados e firmes, os da minha frente... tensos e tonificados. Legal, sim. Nada demais. Tampouco é a forma perfeita de uma pistola que Mac deve ter enfiado na cintura.

Minha pulsação salta, minha consciência aumenta, mas não é incomum por aqui que as pessoas andem armadas. Não que eles sejam daqui, mas imagino que seja mais do que comum de onde vêm. Eu me pergunto até onde vai a tatuagem no pescoço de Royce? — Peça e eu mostro a você, — ele brinca com um sorriso medido. — Tem o hábito de falar alto? — Um que eu não estava realmente ciente até, você sabe... hoje. — Continue assim, é bom para o meu ego. — Mm, — provoco, inclinando minha cabeça. — Eu sinto que seu ego está realmente bem alimentado. O humor contorna os cantos de seus olhos, mas nenhuma outra parte de sua expressão dá qualquer sinal de diversão. Ele rola a língua entre os lábios. — Me passa seu telefone. — Peça gentilmente. Sua boca forma uma linha firme, mas acho que é para esconder um sorriso. Talvez.

Não tenho certeza porque seu olhar ainda é aquele olhar zangado e irritado que ele continua me dando. Eu franzo a testa quando meu telefone é levantado por cima do ombro, Mac o tirou da minha bolsa. Royce vira para mim, então eu coloco a senha e depois de alguns segundos, o seu vibra de dentro de seu bolso, o que está pressionado contra meu abdômen. Seu bolso é mais alto do que minha pélvis. Eu sou do tamanho de uma criança legítima comparada a ele. Quer

dizer,

a

diferença

de

altura

pode

ser

superinteressante, certo? Uma única sobrancelha escura se ergue diante de mim e eu estremeço. — Foi mal. — Eu deveria ter adivinhado que nem mesmo meus pensamentos estariam seguros com gente como ele. Na minha visão periférica, pego uma bandeira soprando na brisa da manhã e percebo que ele me trouxe para a escola. — Estou atrasada, — eu me lembro. Royce pressiona seu corpo com mais firmeza no meu, ignorando-me, prendendo-me com mais força entre ele e seu consigliere.

Eu inclino minha cabeça para trás para ter uma melhor visão nos olhos do infame playboy enquanto ele se eleva sobre mim, todo forte e confiante. Ele me encara por um longo momento antes de seu olhar surgir, e Mac me soltar, o barulho suave da porta de um carro fechando segundos depois. Royce se aproxima e sussurra: — Você pode guardar um segredo? — Eu poderia dizer sim e você nunca saberia com certeza. Ele rola a língua sobre o lábio inferior, dando um aceno lento. Alcançando atrás dele, ele abre a porta do passageiro da frente, desliza para dentro e se fecha dentro. Ele se inclina pela janela aberta, segurando meu telefone para que eu o pegue. Eu me aproximo e, assim que meus dedos envolvem a capinha de plástico, sua mão livre dispara para agarrar meu pulso. Meus olhos voam para os dele. — Seja inteligente, — ele diz enquanto lentamente o solta. Tenho certeza de que ele está querendo algum tipo de resposta, então me inclino, tomando cuidado para não colocar peso no pé, e olho para seu amigo além dele.

Eu respondo a sua pergunta anterior com um grande sorriso exagerado. — Meu sobrenome é Bishop, a propósito. Eu giro em meu único calcanhar, mancando para longe com a risada de Mac me seguindo, mas quando eu fico alguns metros mais longe, mais perto da entrada, algo me faz parar e olhar para trás. Eu faço, encontrando o pequeno carro branco ainda parado na zona pintada de vermelho sem estacionamento diretamente em frente aos degraus das portas duplas da escola. Mac está recostado, mordendo um hambúrguer com o telefone na mão, enquanto Royce permanece exatamente como eu o deixei, meio pendurado na janela, os olhos nos meus. — Você pode ir agora! — Eu grito alto o suficiente para ele ouvir. — Eu estou bem. — Ele inclina a cabeça, tamborilando seus dedos longos e resistentes contra a moldura, as tatuagens em seu antebraço mudando e ganhando vida com cada pequena contração de seus músculos. Como se os deuses percebessem que um dos seus está entre eles e sua presença precisasse ser ampliada, o sol irrompe por entre as nuvens acima, brilhando sobre ele. Um forte brilho cintila, expondo a sugestão de prata enrolada em volta de seu pescoço, a corrente escondida perto de seu peito.

Enquanto meu olhar desliza para baixo, procurando a forma sob sua camiseta, sua palma bate contra o batente da porta, puxando minha atenção de volta para seu rosto. — Vá em frente, vá para a aula Brielle Bishop, estarei bem aqui quando você sair. Eu aperto minha bolsa com mais força. — Por quê? — Por que não? Eu olho para o meu telefone e de volta para ele. — São nove horas. Você vai esperar por horas. — Tenho tempo. — E você, então? — O pensamento dele aqui fora o dia todo faz com que minha garganta se sinta mal. — Você não deveria estar na escola ou algo assim, ou você desistiu? Ou talvez, já que sua escola recebeu o nome de sua família, você não precisa se candidatar na Brayshaw High, então aqui está você, entediado e na minha escola. O que diabos... o que há de errado comigo?! Eu sei do que este Robin Hood rico e bem arrumado é capaz. — Talvez. — Royce lambe os lábios, girando a faixa preta fosca em seu dedo anular direito. — E talvez, espertinha, você deva se virar e me mostrar essa bunda novamente enquanto caminha para a aula, a menos que queira que eu seja sua sombra o dia todo.

Eu poderia corar se o pensamento dele me seguindo não me fizesse querer vomitar, porque diabos, não! Isso tornaria minha vida pior. Esta escola e todos nela, nós temos um entendimento – eu sou a estranha e forasteira que eles se recusam a aceitar, e eu deixo. Funciona perfeitamente, faz com que se sintam fortalecidos e não sou forçada a compartilhar minha história. Adicione esse cara nessa equação e para a sarjeta se vai. As perguntas serão sussurradas mais uma vez, e minha tia vai me punir por isso – ah, que escândalo seria se nossos segredos de família fossem espalhados pela cidade. Como se a realidade dela não fosse razão suficiente para julgá-la. Eu finjo que não estou nem aí, estalo meu quadril e digo, — Meu namorado não gostaria disso. Eu espero, procurando por uma dica de oh merda, ou qualquer coisa que indique que eu o afastei ou, você sabe, algo. O cara nem pisca, então tento de novo. — Você realmente vai ficar sentado aqui o dia todo? — Eu pergunto, mas parece que ele parou de falar. Sem mais nada a dizer, vou para a escola, fazendo o meu melhor para não pensar demais em cada passo.

Só depois de passar pelas portas faço uma pausa para respirar fundo pela primeira vez desde que me aproximei dele no quintal. Ele estava me caçado, pedindo que guarde um segredo, quando sei tão bem quanto ele, ele não confia em mim para fazer isso. Não tenho dúvidas de que ele lançou a pequena pergunta com um propósito, mas ele é um tolo se acredita que eu ter passado os últimos anos a quilômetros e quilômetros de distância apaga o fato de que nasci onde ele estava. Em um lugar onde a lealdade é vital, a confiança é tão procurada quanto difícil de ser conquistada, e a família é a chave para tudo. Sei muito bem como, para eles, a família não tem nada a ver com aquele de quem você nasceu, mas se concentra naqueles pelos quais você estaria disposto a se arriscar, machucar e às vezes morrer. Nada disso significa que eu me adaptei aos modos deles, mas estou ciente de como o mundo deles funciona. Ele se acha astuto, testando-me sem me testar. Ele está errado. — Vá para a aula, Srta. Bishop. Eu olho para a direita e ofereço um pequeno sorriso ao nosso segurança do campus.

Quando eu passo, ele me chama para parar. — Srta. Bishop? Eu já sei o que ele está prestes a dizer, meus músculos se contraem quando olho por cima do ombro. — Estou com enxaqueca. — Elas parecem vir com mais frequência. — Sua expressão solene o denuncia – ele não acredita nas minhas histórias de dor de cabeça. — Sua tia levou você para pegar aquele atestado médico que pedimos sobre essas frequentes... enxaquecas? Tenho que amar cidades pequenas, todo mundo sabe a quem você pertence. — Ainda não. — Ela teria que se importar o suficiente para perceber que o inchaço está chegando com mais frequência para que isso aconteça, e não estou prestes a dizer a ela – não que faria diferença se eu contasse. A mulher mal consegue olhar para mim, não tem como ela aguentar uma viagem médica inteira de quarenta e cinco minutos. George dá um sorriso tenso. Eu sei que ele gostaria de poder escolher quais regras da escola reforçar e quando. Ele é um bom homem assim. — Então, temo que o código de vestimenta se mantenha, Srta. Bishop. Eu aceno, e por causa dele, certifico-me de sorrir largamente. — Claro, George.

Tiro os óculos do rosto, coloco-os no bolso da frente e continuo mancando com a respiração pesada. Outro dia é um dia mais perto do fim. Por que está ficando cada vez mais difícil lembrar disso?

Mordo meu burrito, finalmente olhando para Mac, que estava esperando por minha atenção, e ele não perde a chance. — Burrito frio? — Ele provoca, comida meio mastigada em sua boca. Eu ri. — Foda-se. Essa vadia está acertando o ponto, mesmo às nove da manhã. Pergunte o que você quer perguntar, idiota. Ele sorri, tirando as batatas fritas da sacola. — O que Bass Bishop fez para forçá-lo a vir até aqui para fazer uma visita à irmãzinha dele? — O filho da puta cruzou a linha quando esqueceu seu lugar. — Eu encolho os ombros. — Nós o contratamos para manter os idiotas da casa de grupo em ordem na escola, fazer apostas e trazer lutadores para os depósitos. Ele não tinha nada que se misturar aos negócios mais enraizados da Brayshaw.

— Você quer dizer com Raven? — Ele pergunta sobre um dos membros mais novos da minha família. A única pessoa a quem eu daria tudo de mim, caso ela me pedisse, a nova esposa do meu irmão e a última linhagem remanescente do nome Brayshaw. Todo mundo sabe que meus irmãos e eu fomos adotados pela família reinante de nossa cidade quando crianças, meus pais e os de Captain morreram pelo nome não muito antes disso, e o de Maddoc foi o que ficou no controle. O pai de Maddoc se tornou nosso e, desde então, conquistamos nosso lugar. Raven é uma peça maior do quebra-cabeça que não sabíamos que estava faltando. Eu concordo. — Quando Raven apareceu em nossa casa de grupo, sabíamos tanto sobre ela quanto o resto deles, pouco ou nada, mas o suficiente. Ela não fazia parte de nós ainda, então não nos importamos com sua amizade com Bishop, mas assim que as coisas mudaram, dissemos a ele para ficar longe. O filho da puta obedeceu. Ele a fez lutar em nosso ringue, ajudou-a a fugir de nós quando ela sentiu que tinha que nos proteger, permitiu que ela se metesse em problemas e não nos contou. Nós poderíamos tê-la perdido, e teria custado a cabeça dele se tivéssemos. — Isso é muito arriscado para um cara como ele, — Mac facilita. — Veio de mãos vazias, não tinha nada além do que ganhou com o seu nome. Eu sei o que ele está tentando dizer, e entendo.

Bishop mostrou lealdade à Raven, o mesmo que fez conosco desde o dia em que pôs os pés em nosso terreno, e devo respeitá-lo por isso. Por ajudar um de nós quando ela precisava, por tê-la de volta quando não estávamos lá para fazer, sem perguntas, sem consequências muito grandes. Mas eu não posso. Para ser sincero, eu não odeio o filho da puta. Não posso mentir e dizer que não pensei que ele manteria minha cunhada segura, porque eu pensei. Mas não era seu lugar, era meu. Maddoc estava fodido, Cap estava preso e tudo o que restava era eu. E então ele interferiu novamente, me irritou e agora eu quero irritá-lo, e que melhor maneira de fazer isso do que brincar com a irmã que ele acha que está fora de alcance? Ninguém está fora do meu alcance. Estou sendo uma vadia? Não sei ou não me importo. Irmã por irmã faz sentido para mim. Talvez isso seja distorcido, talvez eu seja distorcido, mas nunca afirmei ser o sensato, esse é Captain. Maddoc é o alfa zangado, e eu sou o maldito selvagem. A bomba-relógio. Imprevisível e, reconhecidamente, confuso.

Eu vejo as coisas um pouco diferente, através de uma névoa de raiva na maioria das vezes, e sim, guardo rancor como um campeão. Mas gostaria que alguém viesse até mim, dizer-me como diabos eu devo respeitar alguém que se arriscaria assim, por uma garota que ele mal conhece, mas abandona a porra da própria irmã sem pestanejar? Eu sei melhor do que ninguém que o sangue não conta, eu e meus irmãos não compartilhamos nenhum, mas Bass a ama. É por isso que ele a mandou embora, para protegê-la dos grandes lobos malvados, certo? Da escuridão, ele disse que ela cairia, e afirma que não é para ela? O inútil nem mesmo teve a coragem de dizer a ela diretamente que ele fez essa escolha. Que foi ele quem sentiu que era melhor para ela. Foda-se ele. Ele quer entrar na minha família, inserir-se onde não é desejado. Touché, filho da puta. Considere-me inserido. Brielle vai me conhecer e ela vai me conhecer muito bem. — Não vamos ficar esperando aqui o dia todo, vamos? — Ele sorri.

— Não, meu homem. — Meus olhos deslizam para as portas duplas vermelhas pelas quais Brielle desapareceu. — Não vamos.

C OM

UMA GARRAFA DE ÁGUA NA MÃO ,

sigo o fluxo de alunos

para o pátio, apenas para meus pés travarem momentos depois. É possível ter pesadelos durante o dia... quando você está bem acordada? A visão na minha frente grita sim, sim, é possível. Royce está de pé no centro da quadra de basquete, passando uma bola entre seus pés frouxamente plantados com facilidade, ombros fortes, mas de uma forma descuidada, cabeça inclinada para trás e para o lado um pouco – arrogante e despreocupado. Assertivo. Um alfa inquestionável.

Eu sigo sua linha de visão para o grupo de cinco caras que estão mais perto do lado esquerdo do arco, todos com uma pergunta diferente escrita em seus rostos, e meu estômago se revira. Esses caras, eles não são qualquer um da escola. Eles são os cinco titulares do time, e Royce deve ter entrado direto no meio do jogo, reivindicado a bola como sua, e eles não estão felizes com isso. Eu olho de volta para Royce. Ele está enfrentando um grupo de homens de fora, em uma escola na qual ele não tem influência, uma escola onde ninguém sabe a repercussão que vem de simplesmente olhar errado para um Brayshaw, muito menos enfrentar um. Ainda assim, Royce não mostra nenhum sinal de preocupação. Coloco meus óculos enquanto me aproximo da multidão, sussurros agora flutuando no ar fedorento de esterco. É um monte de “Quem é esse?”, “Ele é novo?” e “Olhe para essas tatuagens”. — Droga, ele é gostoso, — diz a garota ao meu lado, dando uma cotovelada em sua amiga. — Olhe para aqueles lábios. Eu sei, certo? Um lobo no corpo de um deus. Um deus em seu próprio sentido.

Uma anomalia. Deve ser horrível ser tão enigmático e agora que o conheci, falei com ele, sei que o mistério não está apenas por fora, mas tecido por dentro. Ele poderia tentar o seu melhor, e se ele for humano como o resto de nós, ele pode ter um ou dois momentos e, ainda assim, ele seria incapaz de se perder no meio da multidão. Como a Estrela do Norte no céu de uma noite escura, ele queima muito brilhante para se esconder. Como isso deve ser exaustivo. Eu, no entanto, posso me misturar com o melhor deles. Ou talvez seja o pior deles, já que os belos e turbulentos nunca poderiam. Meus olhos deslizam pelo asfalto antigo quando Mac aparece do outro lado dele, fazendo o seu melhor para deslizar no meio da multidão. Ele dá uma pequena inclinada com o queixo quase imperceptível e, embora Royce não faça nenhum movimento para olhar em sua direção, meu palpite é que ele percebeu. Ele inclina a cabeça, provocando, e os caras à sua frente mordem com força, finalmente acordando. — Dê-me a bola. — Isso vem de Micah, um cara que tive na aula de inglês nos últimos anos, que pode ser a única pessoa decente nesta escola, mesmo que ele só fale comigo

quando é necessário na aula, mas tenho a sensação de que ele não é tão ruim sob sua armadura de expectativa. Micah dá passos lentos para a frente e seus amigos decidem segui-lo. Meu coração martela no meu peito enquanto olho para Royce, e o que encontro faz com que ele bata ainda mais forte. Royce não mostra nenhum sinal de cautela ou qualquer tipo de reconhecimento de uma mudança em torno dele, embora todos nós estamos aqui e testemunhamos Micah dar o primeiro passo. Quer dizer, o primeiro depois do roubo da bola de Royce e da depreciação flagrante. Ele nem pisca com o avanço do segundo passo. Não, ele mantém seu modo de menino arrogante forte, completamente imperturbável pelos montes de músculos que se aproximam dele. Eu lanço um rápido olhar para Mac, que parece ter me encontrado no meio da multidão, e olho intencionalmente de Royce e vice-versa. Você vai ajudá-lo ou o quê? O cara maluco sorri, cruza os braços e se concentra em seu amigo que claramente não tem senso de autopreservação.

De repente, Royce para de cruzar a bola, agora girando-a entre os dedos indicadores, as palmas se espalhando segundos depois, os cotovelos bem abertos. — Venha e pegue, menino bonito, — ele antagoniza Micah. — Vou até pegar leve com você. — Foda-se, — o cara atrás de Micah cospe. — Somos campeões distritais. — Fodão, — Royce zomba, mas passa por cima de sua cabeça. Eles não sabem que os lobos Brayshaw são campeões estaduais reinantes. Na verdade, eles sabem, mas não sabem que há um parado na frente deles. O sorriso malicioso de Royce é lento, e então sua parte superior do corpo fica relaxada. Ele se curva na cintura, dobrando-se ligeiramente enquanto balança as mãos, a bola solta dentro delas, da direita para a esquerda. Os caras entendem seu movimento, ficando em suas posições, e Royce concorda. Ele voa para frente, driblando e cortando para a direita, apenas para girar para a esquerda e pular, fazendo a cesta com facilidade. Ele ri, lambendo os lábios enquanto ajusta o jeans. Um dos outros caras agarra a bola, olhando para trás para Micah, que está com os punhos e sobrancelhas franzidas.

— Vamos lá. — Royce quase empurra o peito contra o dele. — Primeiro de três. A princípio, parece que Micah está pronto para mandá-lo embora, mas então ele olha para o amigo, que passa a bola para ele. — Um a um? — Micah tenta confirmar. — Vê como as coisas mudaram rápido aqui? — Royce sorri. — Eu consigo um de você e seu grupo fraco de cinco, na sua escola, e mesmo assim, a tocha está na minha mão. — É melhor você tomar cuidado, idiota. Você não sabe nada sobre nós. Royce ri e eu prendo a respiração. Tenho certeza que ele está se divertindo com isso. Os sussurros começam, ficando cada vez mais altos. Royce e Mac percebem, seus olhos se fixam na quadra enquanto Mac cuidadosamente se aproxima, mas quando Royce dá um puxão quase imperceptível com o queixo, ele faz uma pausa, seu pé bem na borda da linha pintada de branco no asfalto. Ele está perto o suficiente para passar rápido se necessário, mas não tão perto para chamar a atenção para sua presença. Nesse momento, o motivo da atenção adicional passa pela multidão.

Franky Briggs, o atleta de dois esportes, filho do chefe de polícia, e a pior pessoa possível para se intensificar agora. E o namorado da minha prima que vive para me criticar. Royce o sente e olha por cima do ombro. Micah ri, preparado para o novo cara se dobrar e correr ao ver o aluno estrela de mais de um metro e oitenta e dois, mais amado, mas eles não saberiam que um rei em formação estaria na frente dele, e não do tipo real. Um líder selvagem de mais de um metro e oitenta com um talento especial para problemas, e enquanto Franky tem aquele único centímetro sobre ele, Royce permanece tão alto e confiante quanto as nuvens, cheias e descontroladas, acima de todos nós. Uma pena para Franky, sua cabeça está lá em cima com ele, então ele não percebe a facilidade com que Royce fica de pé. Franky para alguns metros atrás dele e bate palmas. Micah sorri em seguida e joga a bola, com a intenção de fazer um arco bom e limpo sobre a cabeça de Royce para Franky, mas Royce salta com a facilidade de um profissional, acertando-a do ar. A bola sai voando. Eu sei, assim que ele acerta, onde está indo, e eu tento me espremer, para me perder ou me esconder nas massas,

mas todos estão se movendo tão perto de mim agora que eu não consigo, e depois de alguns quiques baixos, a bola rola mais perto, parando a poucos centímetros dos meus pés. Se Royce me viu antes, não deixou transparecer, mas, com certeza, ele deixa agora, Franky também. Bem, isso é uma merda. Royce vira seu corpo inteiro, agora me encarando de frente, e um sorriso lento e malicioso aparece. Ele levanta as mãos preguiçosamente. — Me passe a bola, pequena. Meu pescoço esquenta e eu meio que quero dar um soco nele, mas para evitar uma situação potencialmente pior, eu me movo para a bola. É claro que antes que eu possa tentar agarrá-la, Franky está lá chutando-a para longe. Ele dá um passo à frente, bloqueando-me completamente de Royce, e encara seu nariz com um olhar pesado. — Pequena? — Ele sibila com nojo. — O lixo trouxe mais lixo para lhe fazer companhia? — Isso realmente incomodaria você, não é? — No momento em que sai da minha boca, quase desejo poder voltar atrás. Quase.

Os olhos de Franky endurecem mais, mas não vou ficar aqui enquanto ele faz o papel de locutor em um esforço para me derrubar. Não vai funcionar e ele sabe disso, que é o que o move em primeiro lugar, mas isso não o impedirá de tentar. Ou me encurralando quando estou sozinha e ele sabe que ninguém está olhando. Eu me viro, pronta para ir embora, mas Franky estende a mão, agarrando meu braço e me puxa em sua direção. O mais leve dos solavancos passa pelo meu peito, e eu me viro, pronta para acertá-lo, mas no tempo que levo para girar em direção a ele, ele já está cedendo diante de mim. A mão que estava presa ao meu braço cai rapidamente, os joelhos de Franky batendo no chão com uma forte trituração. — Porra! — Ele grita com um rosnado baixo. As pessoas começam a gritar e ofegar ao nosso redor, e conforme a multidão continua a crescer e mais barulhenta, a cabeça de Franky aparece. No mesmo segundo, um novo conjunto de braços envolve minha cintura e sou puxada para longe com uma força suave. — Ei, o que... — Garota, é melhor você torcer para que não seja o namorado que você mencionou, — é sussurrado em meu ouvido, e quando olho para trás, é Mac que encontro, mas ele

não está olhando para mim. Ele olha para a frente, uma expressão tensa desenhando linhas ao longo de sua testa. Eu me concentro para frente enquanto Royce planta seu pé de volta no chão, e quando seu olhar se fixa no meu, eu puxo uma golfada de ar. Tão negro como uma noite de inverno, seus olhos penetram nos meus, frios e escuros, sem nenhum sinal de vida à vista. Um monstro na luz. Este é o Royce Brayshaw de que me falaram. Aquele que se transforma em um piscar de olhos. O playboy arrogante se foi e em seu lugar está um desastre assustador esperando para acontecer. Não há como parar o que vem a seguir. Ou, pelo menos, é o que ouço. Royce o deixa ficar de pé, até mesmo se afasta para darlhe espaço para fazê-lo, e quando Franky levanta se balançando, Royce firma os pés e leva o golpe bem na mandíbula. O corpo de Royce não vacila com o impacto, mas sua cabeça balança ligeiramente.

Franky ri, punhos erguidos e pronto para entrar novamente, mas quando a risada sombria de Royce é o que se segue, eles abaixam um pouquinho. Royce olha para o lado, cuspindo sangue pelo canto da boca, e quando ele se vira, é com todo o corpo, sua mão direita entrando com uma velocidade tão rápida que não há preparação. Ele acerta Franky bem na têmpora. Franky tropeça e volta balançando, mas Royce se inclina. Ele escapa como um maníaco experiente e, ao se endireitar, faz isso levantando o corpo de cento e quatro quilos de Franky do chão, tudo para jogá-lo de volta contra ele. Sua cabeça bate com um golpe forte, fazendo com que todos ao nosso redor entrem em pânico e meus músculos se transformem em pedra. Os olhos de Franky rolam para trás e minhas têmporas começam a latejar. Alguns tentam avançar, mas um olhar de Royce e eles congelam. Eles estão vendo isso, sua indiferença completa e total. Ele levanta o polegar, enxugando o lábio cortado enquanto seus olhos se movem na minha direção.

Royce bate o sapato contra as costelas de Franky, seu peito subindo e descendo com raiva enquanto ele me observa com os olhos vazios. — Este é o seu homem? Ele não tem que verbalizar a ameaça, seu tom rouco é embalado e atado com uma fita eu te desafio a mentir, uma que ele poderia enrolar em volta da minha garganta e me estrangular se eu tentar. Eu balanço minha cabeça em negativa, focada na veia em seu pescoço enquanto ela lateja fortemente sob sua pele bronzeada, a provocação das tatuagens lá, e com cada salto de seu pulso, o meu aumenta. Meu irmão constantemente me lembra de como devo temer todos os que têm o nome Brayshaw, mas estando aqui, olhando nos olhos sombrios de um, não sinto nada. Nem mesmo uma insinuação. O oposto, na verdade, já que a pulsação em minhas têmporas parece diminuir. Isso me faz uma idiota? Meus músculos afrouxam, Mac me segura seguindo o exemplo. Eu balancei minha cabeça negativamente novamente, e desta vez mais confiante do que antes. Franky pega isso e solta um riso áspero.

— O homem de Brielle? — Ele provoca, propositalmente alto para seus colegas. — Você deve ser novo. Ninguém aqui tocaria nisso. Franky começa a se levantar, mas a grande mão de Royce pousa em seu ombro e, com o que parece nenhum esforço, empurra-o de volta para baixo. Cabeça após cabeça salta de mim para eles, e eu sei que suas mentes estão girando. Eu posso adivinhar a pergunta na ponta da língua. Como eu, o caso de caridade fora do local, poderia saber dele, um deus imundo na carne? Royce não liga para eles, entretanto, ele usa o momento para colocar suas habilidades em prática. Ele me estuda, considerando o que eu disse sobre um namorado, minha resposta sobre o idiota no chão, a resposta e a pergunta de Franky e de alguma forma encontra a verdade dentro de tudo isso. E não apenas minha verdade, mas a de Franky também. Não tenho namorado, mas Franky quer de mim o que um namorado pode conseguir, mesmo que ele nunca admita e provavelmente tome apenas em segredo. Nós dois sabemos que nunca vou dar a ele o que ele quer, então ele recebe de Ciara. É triste, mas é verdade.

Royce levanta um joelho, acertando a espinha de Franky e seus ombros se curvam com um rosnado baixo. Royce passa por ele com facilidade e com uma confiança que poucos possuem ao virar as costas para o garoto que ele acabou de fazer de idiota, completa confiança de que seu amigo cuidará dele caso seus sentidos falhem. Ele desliza bem na minha frente. Como se ele pudesse ver além das lentes impenetráveis dos meus óculos, seus olhos se fixam nos meus, gritando brinque comigo, mas não sou burra e não é ele que fica preso a essas pessoas no dia a dia. O incêndio nas palavras de Franky alguns minutos atrás foi uma indicação do que eu já sei – Royce não estará aqui para sempre e logo terei que responder ao líder no chão. Devo ficar parada muito tempo porque a decisão foi tirada de mim. Atrás de mim, os braços de Mac caem, apenas para Royce substituí-los pela frente. Royce está de pé em toda a sua altura, então suas mãos mal alcançam a alça do cinto da minha calça, mas isso não o impede de enrolar os dedos médios de sua mão esquerda em um enquanto a direita chega ao meu pescoço. Não tenho ideia de por que o deixei.

Eu deveria esmagar sua traqueia, enfiar um dedo entre suas costelas... alguma coisa. Eu não faço. Eu também não respiro, oficialmente uma peça do tabuleiro em seu joguinho de humilhação. — Isso mesmo, meu homem. Eu sou novo para ela, — ele zomba de Franky, fazendo questão de inclinar um pouco a cabeça, sua atenção fixada em mim. — Mas não por muito tempo, não é, pequena? Ele torce os pulsos, arrastando os nós dos dedos ao longo da minha clavícula, e não para até que as pontas dos dedos encontrem a pele avermelhada onde Franky me agarrou. É quando eu saio disso. Eu puxo meu braço para longe dele, inclinando meu corpo o mais longe possível e ele franze a testa, seus dentes cerrados. Antes que ele tenha a chance de fazer o que diabos vem depois de tudo isso, uma voz realmente irritante e desagradável está gritando de algum lugar à minha direita. — Você está falando sério?! Aqui vamos nós...

Meus ombros caem, uma exalação pesada escapando e Royce me libera, mudando em direção à voz desagradável que rompe a multidão. Ciara empurra as pessoas até que ela está no centro da bagunça que Royce criou. Seu queixo cai quando ela vê Franky no chão. Supondo que isso tenha algo a ver com nossa pequena manhã estranha, ela se vira até me encontrar no meio da multidão. Ela avança, e a cada passo mais perto que ela cresce, Royce dá um também, mas não para frente. Ele se move para o lado, sombreando meu corpo com o seu como um grande guarda-costas ruim faria com seu pequeno patrono fraco, mas ele não é necessário nem querido aqui, então eu me movo como ele faz e então ela está bem na minha frente. — Que diabos, Brielle?! — Ela grita, olhando para Royce quando ele se inclina sobre Franky, que finalmente fica de pé. — O quê, você o trouxe aqui para tentar se exibir? — Porque esse é o meu estilo. — Por que mais? — Ciara, relaxa... — Não me diga para relaxar! Diga ao seu amiguinho para sair daqui, — ela me corta. — Por que você não o conhece melhor do que eu, certo?

Seus olhos se estreitam e ela empurra meu peito. — Faça isso, Brielle. — Saia da minha frente, — eu digo a ela calmamente. — O que você vai fazer sobre isso, prima? — Ela provoca. Minha mandíbula flexiona e um brilho doentio de satisfação brilha em seus olhos. Ela sabe que estou sob uma rédea curta, uma que prendi na minha própria coleira, porque nenhuma alma neste lugar vale a pena cair na escuridão. Uma risada zombeteira segue sua pequena provocação, e então suas mãos sobem para tirar meus óculos do meu rosto. Então eu bato em sua mão, seus olhos se arregalam e ela tropeça em um grupo de pessoas atrás dela. Tão rápido quanto ela está fora do meu espaço, Mac a segura pelo pulso. As pessoas olham com os olhos arregalados e tropeçam, pois isso não é algo que eles viram antes. Posso ouvir seus suspiros internos. A pequena Brielle Bishop agarrou-se ao caixão? Ciara rosna, ficando vermelha de vergonha, mas dá uma boa olhada em meus olhos inchados e rapidamente encontra seu caminho para vencer.

— Ah, olhe para você. — Ela finge fazer beicinho com um brilho vil nos olhos. — Toda inchada e vermelha. Acho que você chorou até dormir de novo na noite passada, hein? — Ela sorri, fazendo o seu melhor para me pintar como fraca e inútil, quando ela sabe que a verdade por trás está longe de sua provocação infantil. Ela também sabe que não vou contestar e, em vez disso, vou deixar essas pessoas acreditarem no que quiserem. Vadia. Eu me curvo, pegando meus óculos, mas descubro que Micah já os pegou e está dobrado no joelho a alguns metros de distância, estendendo-os para mim. Com uma contração agradecida de meus lábios, pego a moldura barata e me endireito. Dou um pequeno encolher de ombros para Ciara e me forço para o nível dela, mesmo que seja um lugar horrível para se estar. — Você não saberia, já que você estava na cama de Greg. Uma risada baixa se espalha pelo pátio e seus olhos se arregalam. Eu imediatamente me sinto como lixo, mas eu preciso acabar com isso. Franky fica de pé, seus olhos encontrando os meus brevemente antes de desviar o olhar.

— Vamos, — ele diz a ninguém, ainda a todos. Ciara balança a cabeça, sacudindo-se no aperto de Mac e quando ele percebe que ela está apenas tentando se afastar, ele a deixa. Ela empurra o peito de Franky, e felizmente a campainha toca, encerrando o pesadelo do meio-dia. Enquanto a multidão ao nosso redor dá passos lentos para garantir que não perca nada suculento, eu faço o oposto. Eu giro e saio correndo tão rápido quanto meu tornozelo dolorido permite na direção oposta. Eu dou um passo inteiro antes de Royce cair na linha ao meu lado. — A segurança do campus ou o diretor estarão aqui a qualquer segundo, como eles não estavam no início de seu confronto de chefão, eu nem sei. — Foda-se eles. — Ele desliza em meu caminho, impedindo minha fuga. Eu paro de andar. — Isso é fácil para alguém que não vem aqui, — digo a ele enquanto viro minha cabeça, mas ele agarra meu queixo, trazendo-a de volta. Ele observa cada centímetro da pele vermelha inchada em volta dos meus olhos.

Ele me estuda por um longo e enervante momento e, lentamente, pequenas rugas se formam ao longo de sua testa, mas então ele pisca. Com um único movimento de suas pálpebras, seu humor muda e um sorriso lento aparece em sua boca. — Eu estava apostando no marrom. Apesar de estar um pouco constrangida e muito irritada, uma pequena risada escapa. Eu deslizo meus óculos de volta, mas ele rapidamente os coloca na minha cabeça. — Sim, bem. — Eu reviro meus olhos de brincadeira. — Sou muito boa em decepcionar as pessoas. — Quem disse que fiquei desapontado? Eu cruzo meus braços, lutando contra um sorriso enquanto balanço minha cabeça. — Você não acha que deveria ir agora, ou você não começou problemas suficientes para alimentar sua alma rebelde? — Baby. — Ele se aproxima. — Você não sabe nada sobre minha alma, e se você chama isso de problema, seu mundinho aqui deve ser tão coxo quanto parece. — Se você não é fã deste mundinho. — Eu dou um pequeno encolher de ombros. — Volte para o seu próprio. Ele olha em silêncio, mas há uma pergunta flutuando em seus olhos escuros, uma que ele se recusa a fazer.

Ele não se move, então acrescento: — Sério, você deveria ir, pelo menos fora do campus. — Apressando-me, pequena Bishop? — Ele repreende. — Não sou fã de rapidinhas. Eu franzi a testa. — Se frases como essas são o que as garotas com quem você passa o tempo acham fofas ou até mesmo um pouco atraentes, então me sinto mal por você. — Oh sim, e por que isso? — Porque isso significaria que você não sabe nada sobre esforço real, e isso é uma pena. Alguém com o mundo nas pontas dos dedos deve ser muito mais do que um saco de piadas e punhos pesados. A forma como ele me olha é intensa, é como se tentasse ver dentro da minha cabeça, mas o que é pior, é como se pudesse. Como se ele estivesse percebendo todas as coisas que eu gostaria que ele não percebesse. As coisas sobre as quais não falo ou compartilho. Não que eu tenha pessoas fazendo fila que se importam em saber. Não que eu permita que alguém fique perto o suficiente. Seus olhos se estreitam ainda mais, e eu vou passar por ele, mas ele desliza comigo.

Um suspiro pesado me escapa e eu balanço minha cabeça. — Eu preciso ir. Tenho aula, — enfatizo, sabendo o custo – literalmente – do atraso e da necessidade de me afastar dele. Rápido. Seu brilho está tão pesado agora, tão calculista que mal consigo ver o castanho de seus olhos. Ele não tira seu foco de mim enquanto puxa uma pilha enrolada de notas de vinte do bolso e a segura. Eu olho para ele. — Para que é isso? Ele agarra minha mão, dá um tapa para dentro e se afasta. — Royce... — Leve isso para a sala dos professores, — ele me corta em um tom vazio de emoção enquanto olha para mim por cima do ombro. — Pode querer ser rápida com isso. A sala dos professores? — Para quê?! Minha

pergunta

fica

sem

resposta

enquanto

ele

desaparece. A curiosidade é a única razão pela qual me viro e faço meu

caminho

para

o

corredor

principal,

que

fica

completamente do outro lado da escola de onde fica minha próxima aula.

O ibuprofeno será o melhor amigo do meu pé esta noite. Eu entro e George me vê imediatamente, correndo. Meus ombros caem. Ótimo! Então o idiota armou para mim para ter problemas? — George, eu... Eu o quê? O que posso dizer? O cara que entrou no campus e ficou todo Damon Salvatore, começou a gritar nas pessoas por minha causa, é um estranho para mim? Não tenho chance de dizer nada, no entanto. George chega antes de mim. — Srta. Bishop. — Ele sorri, seus olhos caindo para o dinheiro na minha mão. — Para mim? Meu olhar cai para o chumaço de Ben Franklins 10 . — Uh... Eu desliguei quando um forte estrondo soou contra a grande porta de metal da sala dos professores.

10 Polímata estadunidense. Figura cujo rosto é usado para estampar as cédulas de dinheiro nos Estados Unidos.

George pega o dinheiro, então eu o entrego, e ele rapidamente o enfia no bolso. Puxando as chaves do cinto, ele desliza uma na fechadura e sorri. — Você pode querer começar a se afastar agora, Sra. Bishop. A reunião da equipe deu errado. — Ele ri. Eu aceno, fazendo lentamente o que ele diz, e então o clique

da

fechadura

soa,

professor

após

professor

se

acumulando, pesadas reclamações saindo de seus lábios. — Uau. Como diabos vocês ficaram trancados aí? — George pergunta, encontrando meus olhos uma última vez para uma pequena piscadela. O que... ele os trancou dentro? Eu me viro, movendo-me rapidamente em direção à minha próxima aula, mas à medida que me aproximo, percebo que Royce tinha tudo coberto desde o início, e não para seu benefício. Para o meu. Quer dizer, de uma forma estranha e confusa que também permitiu que ele fizesse o que queria, chamar a atenção e fazer uma leitura da minha realidade. Uma risada sobe pela minha garganta. Uma risada boa e verdadeira. Não é alto nem borbulhante, mas permite um pouco de luz dentro.

Eu deveria temer a sensação aérea que me evitou por tanto tempo, mas em vez disso, eu a seguro. Porque enquanto o sol e a lua iluminam nossas vidas com um único olhar, sentir essa luz é raro, e algo que não pode ser roubado de você antes que deveria. Porque um sentimento vem de dentro, não de fora.

A ZUL . Não, não é azul, verde-azulado. Porra, não verde-azulado... Um pouco mais profundo, uma mistura de ambos, mas nítido e claro com um centro gelado. Turquesa. Mas o que aconteceu com os olhos inchados e por que sua prima vadia a chamava assim? Ela parecia uma pequena tarefa simples, mas então ela empurrou a prima diretamente. Não esperava isso da baixinha. — Você está bem aí? Minha cabeça vira em direção a Mac e ele ri. — Dia dos sonhos? — Mano, vai se foder.

Ele ri mais forte, balançando a cabeça. — Sério, o que foi? Eu lambo meus lábios, olhando para frente. Eu não falo merda nenhuma com ninguém além dos meus irmãos ou Raven, mas somos apenas nós aqui, então foda-se, certo? — A garota que apareceu lá? Ele concorda. — Essa é a prima dela. Notou como ela se parece muito mais com Bishop do que qualquer um, pálida ‘pra’ caralho, cabelo escuro, problema com o mundo? — Eu percebi. — Ele move seu corpo para me encarar melhor, totalmente ciente de que há muito mais vindo. — Alguns dias antes de Bass se mudar para a casa de grupo, Brielle foi enviada para cá, o que significa que ela não fazia mais parte do nosso mundo. Uma semana depois, ele veio pedir o arquivo dela, oferecendo-se para trabalhar de graça nos primeiros dois anos em nosso mundo se o entregássemos e o deixássemos se livrar disso. — Esperto do lado dele. — Ele concorda. — Deixe-a de fora, espere e depois pergunte, sabendo que não faria diferença para vocês naquele ponto. Eu me inclino para trás. — Exatamente. E isso não aconteceu. No que nos diz respeito, fizemos a nossa parte, a garota estava decidida a ter uma vida melhor do que a que

tinha, então demos a ele o que ele queria. Poderíamos até ter respeitado a lealdade do idiota com sua irmã por sua disposição de receber menos, se isso significasse fazer o que ele pensava ser certo para ela, mantê-la segura e longe, ou seja o que for. — E você ainda pagou ao cara porque queria que ele se esforçasse. — Ele concorda. Exatamente. Mac

entende,

ele

está

subindo

em

Brayshaw

e

aprendendo os prós e contras, a força de nossa atração no círculo ao nosso redor. Eu coloco tudo para fora, já que ele será nosso homem principal em breve, mesmo que ele ainda não saiba. — O que há sobre nossos arquivos? — Eu balancei minha cabeça. — Eles não são cópias. Eles vêm direto da porra dos servidores do condado, excluídos do registro no segundo em que tocam nossas mãos. Visitas a hospitais, boletins policiais, coisas escolares. Poof, e essa merda não existe, nunca aconteceu. Ele me estuda, lentamente recuando contra a porta. — E quando os arquivos dos Bishop chegaram a vocês, vocês eram apenas calouros, então aceitaram a palavra do seu pai depois de dar uma olhada rápida lá dentro. Vocês não leram.

Eu concordo. — Li apenas um, um relatório sobre as acusações de agressão contra Bass para ter uma ideia de como suas mãos eram boas. — Você veio aqui sem ter ideia de quem era essa garota ou do que ela era. — Nada além de um nome e endereço, meu cara, e essa merda custou uma tonelada para colocar minhas mãos, então quando eu cheguei aqui, vi a prima sósia, disse fodidamente é ela, foda-se o negócio. — Eu levanto uma sobrancelha. — Eu quase consegui, mano. Se a prima dela não aparece, eu o teria feito. — Não, cara. — Ele balança a cabeça. — Você teria descoberto. Talvez. Não é muito Brayshaw da minha parte tirar conclusões precipitadas sem provas. Meus irmãos gritariam comigo. Ou eles tentariam. Raven definitivamente faria, e então talvez, com Brielle por foder comigo, se ela não estivesse grávida do filho do meu irmão. Talvez mesmo assim.

Um pequeno sorriso encontra meus lábios com isso, mas mesmo o pensamento da minha família não apaga a merda nadando na minha cabeça. Mac vê isso. — Não é isso que está em sua mente. — Meu amigo me conhece. — Ponha isso em mim, cara. Eu lambo meus lábios, olhando pela janela. — Bass nos pediu para mandá-la aqui porque ele disse que era o que era melhor para ela na época, que sua família aqui a amava. Queria ela. Que ela teria mais aqui, uma vida. Um futuro para construir, como estávamos oferecendo a ele. — Eu me viro para o Mac. — É isso que você sente? Como eu sabia que ele faria, Mac balança a cabeça negativamente. Quando decidi que estava indo nessa direção, meu único pensamento claro era chegar aqui e brincar com a irmã mais nova do filho da puta que me irritava, para provocá-la ou testála um pouco. Depois disso, eu iria embora, e com uma história picante para compartilhar com o idiota na próxima vez que o visse. Mas então o que deveria ser o nosso pequeno encontro sujo se transformou em um agarre e corra, e foda-se, cara. Eu não sei.

Meus instintos estão provocando o gatilho, gritando que algo não está certo. A prima dela e todas as coisas que ela disse, a escola... A facilidade em torno dela enquanto estava em um carro com um estranho. Como não estava em lugar nenhum dentro da escola. — Você vai ficar. — Ele me olha, mas não fez uma pergunta e uma resposta não é necessária. Pego um baseado do porta-luvas e relaxo no assento. — Com sede? — Mac pergunta. Eu sorrio, levantando o baseado. — Prestes a estar. Mac ri, liga o carro e vamos embora. Eu ligo o isqueiro, puxo até a ponta e sopro até que está batendo bem, a fumaça saindo dos meus lábios. Brielle Bishop. Muito pequena. Mal-humorada. Em um maldito passeio, porra.

EXATAMENTE

QUANDO

pensei que o pesadelo estava

chegando ao fim com o glorioso som do último sinal da escola perfurando meus ouvidos, lembro-me de como todos os livros de Goosebumps 11 que já li terminavam, com a percepção de que o problema não havia realmente desaparecido, mas, ainda assim, muito à espreita, como o bad boy tatuado logo à frente, por exemplo. Ele se inclina contra o carro com os braços cruzados sobre o peito, olhando diretamente para mim. Solto um suspiro pesado e continuo mancando para frente. A cada passo mais perto que eu cresço, o queixo de Royce levanta. Eu paro a poucos metros dele. — Você ainda está aqui. — E você está muito animada com isso. Uma risada baixa me deixa, e eu desvio um olhar rápido, mas sou puxada de volta quando seus braços caem.

11 Série de livros de terror, escrito por R. L. Stine.

— Você mentiu para mim, — diz ele enquanto empurra o meio-fio, estendendo a mão para puxar cegamente a porta traseira. — Agora você me deve. — Eu não vou dormir com você. — A recusa voa de mim antes que eu perceba que está chegando. A mão de Royce para na maçaneta, minhas palavras o congelando por uma fração de segundo. Uma vez que ele sai dessa, ele vem em minha direção, a confiança gotejando a cada passo, e ele não para até que ele esteja a poucos passos de distância. Ele lambe os lábios. — Isso é um desafio? Eu sufoco uma risada, balançando minha cabeça enquanto coloco algum espaço entre nós. — Definitivamente não, mas vale a pena mencionar. Ele me examina por um momento. — Entre no carro, pequena Bishop. — Se eu não fizer? Ele ri, mas é zombeteiro e curto. — Engraçado. Você é engraçada. A pequena distância que criei? Ele a apaga, fechando-se sobre mim com um olhar de advertência. — Veja, eu estou dizendo para você, eu estava sendo legal sobre isso...

— Uma ordem é sua ideia de educado, entendi. Continue. Seu rosto endurece mais e seus olhos brilham com outra coisa, uma pergunta ponderada que ele não tem intenção de compartilhar, mas quer a resposta mesmo assim. — Você pode recusar o quanto quiser, espertinha, mas saiba que de qualquer forma sua bunda vai parar no carro. Você sobe ou eu a pego e a coloco, mas você pode querer evitar isso, já que seu garoto tem seus pequenos atletas para vigiá-la. Eu fico tensa apesar de tudo, mas não olho e respondo honestamente. — Eu não me importo com eles. — Bom. — Ele inclina a cabeça. — Nem eu. Agora entre. — Você é sempre tão mandão? — Sim. Minha perna salta enquanto eu considero o que ele disse antes. — O que você quer dizer com eu devo a você, devo o quê? — Duas verdades para cada mentira. — Vou mentir de novo. — Não. — Ele sacode meu cabelo, seus olhos se fixando nos meus. — Você não vai. A certeza em seu tom rico e rouco fez crescer um malestar na boca do meu estômago. — Você não me conhece.

— Tem certeza? Eu tenho? Talvez ele seja a pessoa que estacionou no final da minha rua, observando-me nas últimas semanas. Meu irmão disse que eles são os únicos que meio que sabiam onde eu acabei. Duvido que ele admitisse se eu perguntasse, no entanto. Eu corro minha língua ao longo da parte de trás dos meus dentes, uma pequena carranca puxando meus lábios enquanto eu considero o que fazer e, no final, estou revirando os olhos, contornando-o e deslizando para dentro do maldito carro. E o que, você sabe, Royce desliza ao meu lado. Nem ele nem Mac conversam muito no caminho, então me sento tão silenciosamente quanto eles até perceber que estamos parando em um dos dois hotéis desta cidade. Uma forte tensão puxa meus músculos e coloco minhas mãos nos assentos gastos. — É, não. Não vou entrar aí com vocês dois. Eles riem, mas não dizem nada, ambos descendo e se encontrando perto da traseira do carro. Eu começo a suar. Eles estão planejando minha morte? Confirmando onde largar o corpo?

Levando de volta para Brayshaw, onde ninguém se atreveria a procurá-lo? A tensão ameaça aumentar enquanto tento ler seus lábios, mas não consigo. Isso pode rapidamente se tornar algo muito ruim para mim se eu não ficar calma, mas então Mac passa as chaves para Royce quando ele se aproxima de outro carro pequeno estacionado ao nosso lado, e com aquele movimento, sou capaz de me ajustar. Ele abre a porta do motorista, então decido que é seguro sair e espiar. — Então você vai direto para a escola, descobrir o que está acontecendo? — Royce pergunta a ele, olhando em minha direção rapidamente quando fecho a porta. — Nenhum de nós estará de volta ao campus até que eu esteja em casa. Meus irmãos estão em lua de mel até eu voltar. Mac ri. — Assim que eu chegar em casa, estou lá. Vou descobrir o que deixa a escola no limite, checarei ao longo do dia. — Obrigado, cara, agora vá para casa com sua garota, coloque-a na cama. Mac sorri. — Ela vai apenas ficar acordada quando eu chegar lá. — E ela não esteve transando por alguns dias, — Royce brinca. — Eu acredito em você.

Mac ri, levantando o punho para encontrar o de Royce. — Até mais, mano. — Ele inclina o queixo, olhando para mim com um sorriso malicioso e uma saudação baixa. — Até mais, Bishop. Eu aperto meus lábios juntos, oferecendo um pequeno aceno, e então nós o vemos ir embora. Quando olho para trás, encontro a atenção de Royce em mim, onde permanece por vários segundos. Estudando. Medindo. Curioso? Ele desvia o olhar, deslizando direto para o banco do motorista, então eu caminho para o do passageiro. Alguns minutos na estrada, ele para no estacionamento de um mercado e desabotoa o cinto de segurança, então eu saio com ele. Enquanto entramos, ele segue atrás, lotando meu espaço no segundo que abro a porta de vidro para as bebidas geladas. Seus peitorais são praticamente iguais às minhas omoplatas, a fivela de seu cinto raspando suavemente na alta curva das minhas costas enquanto ele me pressiona para frente. Ele me prende lá, arrastando-se para mais perto até que ele esteja tão perto, eu tenho que trazer minha mão para

agarrar as prateleiras de plástico frio para me impedir de cair contra as prateleiras. Em contraste com o ar frio soprando contra minha frente, sua respiração quente queima ao longo da pele atrás da minha orelha, e inclino meu queixo apenas o suficiente para encontrar seus olhos. — Você está tentando me seduzir na geladeira de um minimercado que cheira a água de esfregão reutilizada? — Vamos, pequena Bishop, você é mais esperta do que isso. — Ele se inclina, seu sorriso malicioso. — Se eu quisesse te seduzir, você já estaria no meu quarto de hotel. Antes que eu possa piscar, o ar frio envolve minhas costas, o calor de seu corpo tendo desaparecido, mas pode apostar que ele pode ouvir minha risada para onde quer que ele tenha fugido. Eu sorrio para mim mesma. Cara, ele está seriamente no nível profissional. É exagerado e desnecessário, mas também é uma lufada de ar fresco, que o afrouxa um pouco. Com um aceno de cabeça, pego minha bebida, circulando os fundos da loja em busca do meu café da manhã e vou até o caixa.

Quando eu viro no corredor, Royce vira do outro lado, nós dois já comendo nosso item de escolha – um donut coberto de chocolate com granulado. Seus olhos se estreitam, caindo para o Yoo-hoo 12 em minha mão esquerda quando vejo o que está debaixo de seu braço. — Você não precisa pegar as mesmas coisas que eu, — ele me repreende como uma criança. — Vou comprar o que você quiser. Meus olhos se arregalam. — Oh, eu copiei você? Boa tentativa. O quê, você está com medo de mostrar sua comida preferida? Ele me encara. — Esta é a minha comida preferida. Dou de ombros, mordendo um pequeno pedaço do glacê de chocolate antes que ele caia e coloco minha bebida no balcão. — Bem, a minha também, e antes que você se convença do contrário, saiba que posso pagar por uma refeição de três dólares. Ele está cheio de suspeitas enquanto abaixa sua bebida ao lado da minha na bancada, e com mais força do que o necessário. Ele ignora o que eu disse sobre pagar, joga uma nota de vinte e vai embora.

12 Marca americana de bebida de chocolate.

Ele não fala uma vez no carro e, antes que eu perceba, estamos parando na casa da minha tia. Ele estaciona o carro, pega o telefone e começa a apertar botões. Hesito, levando meu tempo enrolando minha mochila em meus braços enquanto espero por algum tipo de insight 13 sobre por que hoje aconteceu, mas ele não tira o rosto de sua tela, então eu saio e fecho a porta atrás de mim. Meus pés mal cruzaram o meio-fio quando ele está se afastando. Não sei por que ele se incomodou em estar lá depois da escola e insistiu que eu fosse com ele quando tudo que ele fez foi silenciosamente me trazer de volta para cá, mas isso realmente importa? Eu mantenho minha cabeça erguida enquanto ando até o quintal e coloco minha bolsa na grama. Do outro lado da casa, pego a pequena cesta de leite e a trago, estendendo o cobertor enfiado dentro dela, e viro a coisa de cabeça para baixo. Permito-me cinco minutos para relaxar e desfrutar do meu Yoo-hoo e das últimas mordidas do meu donut, e então começo a trabalhar.

13 Compreensão repentina de um problema.

Pego meus livros e começo o dever de casa, sentindo-me culpada por desejar que a luz desaparecesse, mas pronta para ser capaz de subir na cama e olhar para as estrelas.

EU CAIO na cama elástica da suposta suíte e apoio meu telefone na Bíblia que encontrei na gaveta. Assim que coloco direito, meu telefone toca. Eu sorrio, atendendo a chamada de vídeo da minha família. Raven é o primeiro rosto a aparecer na tela, o cabelo preto amarrado na cabeça e o casaco largo cobrindo seu corpo inteiro. — Ponyboy! — Ela sorri. — RaeRae, eu já estou com saudades da sua bunda. Ela ri, colocando de volta o que deve ser o laptop na mesa de centro. — Também. Espere, deixe-me abrir mais espaço. Eu aceno, estendendo a mão para pegar minha sacola de comida e deixá-la cair na minha frente. Alguns segundos se passam, e então Captain cai no sofá, Victoria empoleira-se no apoio de braço ao lado dele.

— VicVee, — eu a chamo, escovando meu dedo ao longo do meu lábio. — Tem um pouco de esperma seco aí, — provoco. — Foda-se. — Ela ri, limpando-o. — Zoey insistiu em me alimentar com um pedaço de seu macarrão. — Onde está minha sobrinha? Cap olha além da câmera com um sorriso. — Ela está vindo. — RaeRae, onde você foi? Onde está Maddoc? — Estou aqui! — Ela volta para a tela, caindo ao lado de Captain. — Maddoc está pegando um refrigerante na casa da piscina porque seu pai tem uma merda boa lá. — Você quer dizer que Maddoc substituiu tudo por merda sem cafeína de novo, esperando que você tentasse? — Exatamente. — Ela ri. Eu sorrio. — Deixe-me ver meu bebê. — Pare de falar que é seu bebê, idiota! — Maddoc grita ao longe. Tanto eu quanto Cap rimos, nossos olhos grudados em Raven enquanto ela estica os braços o máximo que pode, puxando a barra do moletom para cima para mostrar sua barriga perfeitamente redonda. Sim, estive com ela há alguns dias, mas não quero perder nada disso. — Como diabos tem uma pessoa aí, RaeRae?

Eu fico olhando para sua barriga. Algumas semanas atrás, tive uma surpresa na forma de um envelope, e dentro dele estava o sexo oficial do bebê de Maddoc e Raven. O sexo que eles próprios nem sabem. Foi um presente que ela me deu, que eles me deram, um presente que eu nunca poderia retribuir ou igualar. Eu sei que é porque ela queria que eu tivesse algo em que me agarrar, e foi muito bom. Agora tudo o que preciso fazer é comprar um presentinho que sirva, então estou preparado para quando aquele bebezinho encontrar a mamãe e o papai. E a nós. Raven sorri, sabendo que estou pensando no que ela espera, mas não ousa perguntar. Ela cai de volta na almofada, Maddoc finalmente ao lado dela. — E aí? — Ele acena com o queixo, o canto da boca levantando, seus olhos rastreando cada centímetro de mim que ele pode ver. — Essa merda é estranha ‘pra’ caralho. Eu aceno, meu sorriso pequeno. Isso é. Faz apenas alguns dias, mas é um longo tempo do caralho para nós. Com exceção de algumas situações fodidas ao longo do ano passado, estamos sempre juntos a esta hora do dia, então não estarmos, é uma merda. Não é normal estarmos separados.

Vivemos e respiramos um pelo outro, um com o outro. Não precisamos de palavras para falar, não precisamos de ação para entender. Somos

como

trigêmeos,

conectados

muito

mais

profundamente do que a maioria. Falamos sem palavras, entendemos com ação. Nós respiramos um pelo outro. Somos três idiotas que não poderiam ser mais diferentes, mas, de alguma forma, ainda somos os mesmos. Somos uma equipe com um império pronto e esperando por nós. Eu zombo, pensando no que Brielle nos chamou – Os Três Mosqueteiros. Acho que funciona de certa forma, embora nosso trio tenha crescido para cinco. Eu sou o estranho agora. O que sobrou. — Royce... — Raven relaxa. Meus olhos se fixam nos dela, e preocupação traz rugas em sua testa. Ela se aproxima da tela, franzindo a testa. — Você está bem? — Muito bem, se estou me julgando. Lá vai você, desvie como um filho da puta.

Ela ri, mas todos nós sabemos o que ela quer chegar. — E aí? Como está a lua de mel agora que você está praticamente na porra de um continente de distância, na ala dos fundos da casa? Vejo que você ainda pode se sentar e ficar de pé tão bem quanto sua barriga permitir, o Madman não deve estar... — Vou te foder, irmão, — Maddoc me interrompe com um olhar feroz. — Mas estou tão longe. — Eu sorrio. Ele ri, ignorando-me enquanto toma um gole de uma garrafa de água. — Estamos bem, Ponyboy. — Raven sorri. — Bons dias, tardes... noites. — Isto é o que eu gosto de ouvir. Ela ri, seus olhos movendo-se para Maddoc quando ele estende a mão e eu sei o que está por vir. E aí está ela, porra. Cachos loiros ondulantes puxados para cima, pequenas mechas emoldurando seu rosto e um sorriso megawatt apontado diretamente para mim. — Tio Bro! — Nossa princesa grita, inclinando-se o mais perto possível da tela. — Zoey Bear! Eu sinto sua falta!

— Eu sinto sua falta! — Ela ri. — Tio D disse que você quer que eu assista desenhos animados com ele amanhã porque você não está em casa. — Tio D é um menti... — Ok, — Cap me corta com um olhar feroz e eu luto contra um sorriso. Podemos ser uns idiotas fodidos, mas estamos tentando ensinar nossa sobrinha, a filhinha de Cap, nosso modo de vida, e uma das maiores peças para mantê-la tão certa quanto conseguimos é nossa regra de não mentir. Não importa o quão grande seja o problema, o quão fodido imaginemos o resultado da verdade, é isso que damos. Sempre. Claro, isso é pequeno e quase irrelevante no que diz respeito à desonestidade – meu irmão tentando competir pelo posto de tio principal comigo – mas, para uma criança, uma mentira é uma mentira. Então eu sorrio para minha sobrinha, acenando com a cabeça e, caramba, ela retribui. Maddoc ri para si mesmo e eu o empurro quando Zoey olha para seu pai enquanto ele se levanta e desaparece de vista. — Então, o que há no menu hoje à noite? Risadas leves os deixam, e todos olham para Raven.

Tento afastar a sugestão de reclusão que isso traz. Quer dizer, porra, fui eu que vim aqui sem eles quando eles teriam entrado no carro comigo sem fazer perguntas se eu tivesse pedido. Ainda assim, aquela sensação desagradável de peixe fora da porra da água se arrasta. Raven percebe, estreitando os olhos, mas evito contato visual. — Bem, pedimos comida chinesa a pedido da senhora grávida, — Victoria brinca. — Mas ela disse que tinha gosto de merda, — Maddoc resmunga. — Juro por Deus, tudo o que ela quer comer é Doritos com molho picante e doces. Eu rio, fazendo uma nota mental para estocar um monte de merda ruim para ela quando eu chegar em casa. Cap volta, colocando um prato na frente de Zoey, e ela desce para comer. — O que é isso? — Frango frito. E adivinha o que ele fritou nisso? — Victoria levanta uma sobrancelha brincalhona. — Doritos esmagados. Eu sorrio e Maddoc balança a cabeça para sua garota, pegando dois pratos de Captain e então eles estão todos na tela novamente, comida na mão.

Maddoc acena com o queixo para minha bolsa, então eu a abro e pego um sanduíche de três pontas. — Não há muito o que escolher por aqui, mas eles têm churrasco suficiente para durar a vida toda. Todos os três acenam levemente. Eu sei que eles querem perguntar onde '‘aqui’' é, mas eles não perguntam. Eles sabem que direi a verdade se o fizerem, mas o fato de eu não ter oferecido significa que ainda não estou com vontade de compartilhar, e eles não vão pressionar a menos que sintam necessidade. Em vez disso, Cap pergunta: — Mac já saiu? — Sim, — eu digo com a boca cheia. — Ele estará lá pela manhã. Meus irmãos acenam com a cabeça, mas não Raven. — Você está bem sem ele? — Ela me observa de perto. — Eu sou um garoto grande, RaeRae, — provoco. Ela larga o garfo com um clique que ecoa pelo alto-falante. — Não é disso que estou falando e você sabe disso. Você está sozinho. Longe de nós. — Eu estou bem. — Diz o cara que odeia andar no banco de trás sozinho.

Uma tosse sufocada disfarçada de risada enche o quarto com cheiro de mofo e eu me mexo na cama. — De verdade, estou bem. A preocupação junta as sobrancelhas, mas ela desvia o olhar, sabendo que estou aqui e eles estão lá e não há nada mudando até que eu decida que há. Eu amo sua bunda por fazer uma pausa para expressar sua preocupação – ela me entende perfeitamente. Captain muda o clima para algo mais leve, e nós trocamos besteiras

pelo

resto

do

jantar,

desligando

depois

de

concordarmos em ligar no mesmo horário amanhã, e a cada duas noites até que estejamos todos de volta onde deveríamos estar. Quando tínhamos sete anos, nosso pai nos deu fichas destinadas a nos ligar fisicamente, quando estávamos emocionalmente desde o primeiro dia. Ele deu a Maddoc uma chave, soqueiras de bronze para Captain e a mim uma corrente de ouro branco vestindo o brasão da família. Cada

uma

tinha

seu

próprio

significado

ligado

diretamente a quem ele via em nossos olhos, e a minha é uma apresentação da força de nossa família como um todo. Aos sete, eu era menor que meus irmãos, mais magro, mas não mais fraco. Eu tinha três metros de altura em minha mente quando estava com menos da metade disso. Lembro que

nosso pai me disse que eu andava com a coluna reta e os ombros fortes, cabeça erguida e orgulhoso. Ele me deu a corrente que então pendia baixa sobre meu abdômen, e disse que o brasão era meu para usar com orgulho, como um soldado com suas placas, como um general faz com suas medalhas. Ele disse que representou a luta que nossa família teve. A luta que ele sabia que eu nunca iria embora ou me encolheria. Aos sete anos, talvez até mais jovem, nosso pai viu uma força que ainda não conhecíamos, mas na qual acreditávamos. Mas agora sabemos. Eu puxo a corrente de debaixo da minha camisa, lendo sobre a inscrição nas costas, a mesma inspiração gravada em cada um dos nossos itens. Há alguns anos, tatuei as palavras no meu corpo, para que, se algum dia eu perdesse esse colar, elas ainda estivessem comigo, lembrando-me do que eu nunca poderia esquecer. A família é mais profunda do que o sangue. Uma declaração ousada e corajosa que é a mais verdadeira que já ouvi. Nós entendemos o poder dessas palavras quando crianças e as consideramos ainda mais importante agora. Aqueles que mais amamos, não compartilhamos nada menos do que nossos corações, mentes e vidas com eles.

Algo como jantares juntos pode parecer trivial para quem está de fora, mas é muito mais para nós. Comer juntos é uma tradição que não estamos dispostos a quebrar, e apenas algumas vezes, desde recentemente, quando nosso mundo foi fodido e nunca mais quero fazer isso de novo. É algo que prometemos um ao outro enquanto crescíamos, que não importa o quão fodido nosso mundo possa estar às vezes, não importa o quão selvagem, os problemas que enfrentamos, seja o drama da cidade ou o nosso, a última refeição do dia nós devemos passar juntos. No final do dia, é uma boa maneira de refrescar nossas memórias, caso nos esqueçamos – pelo menos, sempre teremos um ao outro. Família por escolha. Um lembrete de que sangramos como todo mundo, mesmo que nosso mundo nos diferencie dos outros de nossa idade. Acho que a piadinha mafiosa de Brielle foi meio certa. Empurro minha comida de lado, deitando-me na cama de merda e nos travesseiros planos, olhando para o teto. Mafiosos e mosqueteiros. A menina pensa que é educada quando se trata do nosso mundo. Estou pensando que não.

Mas, por que diabos estou pensando na pirralha para começar? Talvez eu precise ir para casa. Assim como eu penso, uma necessidade nauseante de uma multidão se arrasta, gritando para eu fazer meu caminho em direção aos outros, a sensação sufocante de como estou sentado sozinho nesta caixa de uma sala pesando a seguir, mas eu forço aquela vadia de volta. Eu apenas disse que estava bem, e estou. Eu me trouxe até aqui. Disse a Mac para me deixar aqui. Eu estou bem. Eu estou bem. Eu rastreio a moldura da coroa no teto, tentando me concentrar na pintura sobreposta e cantos lascados, mas meus olhos se voltam para o relógio, e então para a chave de prata ao lado dele. Foda-se. Eu me levanto, coloco um moletom preto e saio pela porta. Não sei para onde estou indo, mas não posso ficar sentado em uma sala trancada cheia de silêncio estridente, então pulo no carro fraco e saio. Quando percebo para onde estou indo, já estou lá. Estacionado bem em frente à casa da tia de Brielle.

A casa está escura, então estou pronto para continuar, mas então vejo um respingo de prata. Que porra é essa? Eu pulo para fora e levo minha bunda ao quintal, e com certeza, lá está ela, caída sobre uma daquelas coisas empilhadas no fundo de cada supermercado, ainda em seu uniforme escolar. Meus músculos flexionam quando me aproximo, mas não demoro muito para perceber que ela está respirando, e a frustração segue. Irritação irracional acende em meu intestino. — Acorde. A cabeça de Brielle aparece, seu cabelo cobrindo metade do rosto enquanto ela sacode a parte superior do corpo da esquerda para a direita. Em uma porra de um frenesi, ela tira os fios de prata do rosto, fechando os olhos com força o máximo possível. — Vamos, vamos, vamos, — ela sussurra, suas mãos subindo para protegê-la, seus dedos batendo suavemente em suas pálpebras. — Odeio acabar isso para você, pequena Bishop, mas se você está tentando acordar... você não está dormindo. Cada músculo em seu minúsculo corpo bloqueia, seus dedos se espalhando apenas o suficiente para permitir que ela encontre meu olhar através da abertura.

Seus ombros caem com as mãos como se eu não fosse a causa

de

sua

pequena

viagem

agora,

uma

carranca

rapidamente seguindo. — O que você está fazendo aqui? — Ela sibila. — Que porra você está fazendo aqui fora? — Eu me agacho ao lado dela, meus cotovelos nos joelhos. Seus dedos sobem para cobrir seu bocejo. — Que horas são? Minha mandíbula aperta. — Por que você está fora, na porra da escuridão, sozinha? Agora ela me encara. — Pare de responder minhas perguntas com uma pergunta. — Pare de fazer perguntas e responda às minhas. — Oh meu Deus. — Ela balança a cabeça com um bufo. — O que diabos você está fazendo dormindo na porra de uma caixa do lado de fora às nove da noite? Aí. Eu dei a ela a hora. Considere-me fodidamente gentil. — Eu estava... — Ela para, avistando seus livros ao lado dela, e é como se uma pequena lâmpada acendesse. — Eu estava fazendo lição de casa. — Ela balança a cabeça, tentando se convencer. — Acho que adormeci.

Eu me concentro na pilha de coisas ao lado dela. — Certo. — Eu lambo meus lábios, meus olhos nos dela. — Você terminou o seu trabalho, juntou tudo como um bom aluno faria, fez tudo certo e limpo e esqueceu de se levantar e entrar? Uma ruga se forma ao longo de sua testa. — Eu estava procurando a Ursa Minor14? Minha cabeça puxa para trás. — Ursa o quê? — Olhando as estrelas? Lentamente, uma das minhas sobrancelhas se levanta. — Isso é uma pergunta? Ela aperta a boca para o lado. Eu olho para a casa, nenhuma luz deixada acesa até onde eu posso dizer. Eu me coloco de pé. — Levante-se. — Royce. Pego suas coisas da grama, coloco em sua bolsa e olho para ela, ainda sentada no chão em estilo indiano. — Levanta.

14 Constelação.

— Estou bem aqui, obrigada, — ela diz, mas seus lábios estão tensos. — Em cinco, vou levá-la para aquela casa. Ela zomba, mas quanto mais ela olha para mim, mais inquieta ela fica. Eu sabia que algo estava errado aqui. Vou dar a ela uma chance de me dizer o que é. — Por que você está aqui? Ela se concentra em sua bolsa na minha mão. Eu a jogo por cima do ombro, curvo-me e pego sua bunda. Seus olhos estão arregalados e fixos em mim, deixando-a sem escolha a não ser segurar com força. — Um. — Royce... — Dois. — Não... — Cinco. Estou subindo os degraus, minha mão plantada na maçaneta quando a dela voa para cobrir a minha, o calor de sua palma me congelando no local. Meus olhos cortam para os dela.

Os músculos do meu estômago se dobram e meus braços enrijecem ao redor dela. Ela me encara, os olhos turquesa escuro e torturado, implorando silenciosamente para eu deixar para lá, virar e descer de volta. Essa garota, ela não me conhece. Eu não a conheço. Então, como posso saber o que ela quer? E ainda mais pervertido, como ela sabe que eu sei? Ela prova afastando

a mão, o ar frio

da noite

substituindo-a enquanto a brisa passa pelos meus dedos. Eu solto a maldita maçaneta, mas não os olhos dela. Eu os seguro com uma carranca pesada enquanto faço meu caminho pela grama, evitando o local de onde a agarrei, e não paro até chegarmos ao carro. Eu deixo suas pernas caírem, abaixando seus pés no chão e chego perto dela para puxar a porta. Algo está na ponta da língua, uma tentativa de argumentar, talvez, mas em vez disso, ela o solta, desliza para o assento e olha para a frente. Eu a fecho, dando passos lentos como a merda ao redor do carro também... eu nem sei por que, porra. Mas com certeza parece necessário.

Só isso deveria me fazer chutar sua bunda para fora do carro. Em vez disso, deslizo para dentro e nos levo para o primeiro lugar que encontro que ainda está aberto – um pequeno restaurante urbano. Já estamos aqui há vinte minutos e, nos últimos quinze, ela fingiu não estar me observando de seu canto da cabine enquanto eu estava propositalmente ignorando o fato de que ela estava, diretamente focada em minhas batatas fritas e milk-shake de chocolate. Seu suspiro dramático e forte tapa da colher na mesa fazem o que ela quer, no entanto. Eu viro minha cabeça em direção a ela. — O que? — Você não vai me perguntar por que eu estava lá fora? — Não. — Por que não? — Porque eu já sei. — Ok... — Ela torce seu corpo para encarar o meu. — Então, por que eu estava? — Não. — Eu balancei minha cabeça. — Eu não estou brincando com sua besteira, apenas esperando até eu pegar sua bunda e deixá-la no meio-fio.

— Se essa é a verdade, por que se preocupar em aparecer em primeiro lugar? Minhas sobrancelhas se juntam, percebendo que não sei a resposta para isso. O que eu sei é que me senti inquieto, a necessidade de sair e respirar era sufocante do caralho, então foi o que eu fiz. Não é nada para isso. Quando eu não respondo, seus olhos caem para o canudo. Depois de alguns segundos silenciosos, ela diz: — Você não faria isso. — Não faria o quê? — Deixar-me no meio-fio. Limpo meu rosto de toda expressão, minha parede disparando mais alto, e com isso vem um pouco de uma mordida. — Não finja que me conhece. — Não mostre seus cartões tão rapidamente. — Garota... — Brielle. — Ela inclina o queixo. A raiva transpira sob minha pele, aquecendo-me de dentro para fora.

Eu inclino minha cabeça, mas antes de dizer uma palavra maldita, ela levanta as sobrancelhas como uma pirralha, inclina-se para o meu espaço e pega uma batata frita do meu prato, colocando-a na boca. — Não há nada de errado em querer ter certeza de que estou segura, — diz ela. — Eu não dou a mínima para o que você está ou não está, — eu cuspo. Ela está torcendo meus malditos nervos. Brielle revira os olhos, pegando seu milk-shake. — Ok, vou reformular, para que possamos fingir que você está impassível e descuidado quando claramente não está, o que acha? Eu brilho. — Parece que você quer ficar aqui. Ela ri, mas mantém sua merda espertinha. — Não há nada de errado em você não gostar da ideia de uma garota estar em uma situação perigosa. Como isso foi... melhor? — Se dormir ao ar livre é uma situação perigosa e você está ciente disso, por que fazer isso? — Se andar em um campus onde as pessoas não sabem que filho da puta fodão você é, é perigoso, por que fazer isso? — Ela zomba. Eu lambo meus lábios, esmagando o sorriso que está tentado a se mostrar. — Não há nada de perigoso nisso.

— Brigar com um punhado de caras e o cara que é basicamente o seu pequeno ídolo – ou não pequeno, — ela se corrige. — Franky é realmente muito gigante e musculoso e outras coisas e... — Ela ri de repente, interrompendo-se. — O quê? Eu brilho. — Eu não disse merda nenhuma. Ela puxa os lábios, diversão lavando sobre ela, e isso me irrita. — Você não disse nada, — ela concorda. — Mas seu rosto fez toda aquela coisa de ‘Estou irritado’, garoto zangado. — Estou irritado. Você fala demais. — E você me trouxe a este restaurante, afastou-nos de absolutamente todos, para quê? — Ela rouba outra batata frita, passando-a no sorvete antes de mordê-la. — Comer? — Não entenda mal, — eu digo lentamente. — Estamos aqui apenas para matar o tempo até que você tenha permissão para entrar na casa em que mora, mas se você preferir dormir no chão, diga a porra da palavra e voltaremos, porra. Seu corpo enrijece, seu foco cai para a guloseima fria na frente dela. Ela pega a colher, mexendo levemente o malte espesso. — Eu não disse que não podia entrar. — Você entrou em pânico quando fui para a maçaneta da porta.

Ela abre a boca, mas a fecha, seu olhar deslizando para o meu e cheio de inquietação. — Diga-me o porquê. Ela mantém a boca bem fechada, mas então levanta um único ombro, seus olhos saltando entre os meus. — Porque que outra escolha nós temos, Royce Brayshaw, além de fazer o que devemos para sobreviver? — Você tem que dormir fora para sobreviver? — Tenho que evitar situações ruins para sobreviver, mas vou nos salvar tanto na ida e na volta e reiterar: sem crime, lembra? As pessoas são idiotas, mas palavras são palavras. — Ela encolhe os ombros. — É perfeitamente seguro dormir em qualquer lugar aqui. Sem crime, lembra? Meus olhos se estreitam, e eu quero perguntar a ela o que ela quis dizer com a primeira parte de sua declaração, mas vou com algo mais simples. — Há crime por toda parte. Ela pensa por um segundo e diz: — Isso é justo, mas não é o tipo a que você está acostumado. — Como você saberia, pequena Bishop? — Eu me inclino para frente. — Se o irmão mais velho esconde tanto do nosso mundo quanto o filho da puta deveria, como você fez com que ele fizesse, então como você sabe que tipo de merda eu vejo? Ela planta um braço na mesa e o outro na parte de trás da cabine, encontrando alguns centímetros meus para frente

com alguns dos seus. — Você ficaria surpreso com o que pode encontrar na internet. — Então você nos persegue? — Não você. — Seus olhos nublam de desejo, mas ela pisca para longe. — Minha casa. A confusão nada na minha cabeça enquanto eu a estudo. — Diga-me, — ela diz, seu tom cansado, mas não com a necessidade de dormir. — Você esconde coisas de seus irmãos? Meus músculos estremecem com a menção da minha família. — Não. — Então eles sabem que você está aqui? Meus lábios se pressionam e um pequeno sorriso a encontra, mas não é um sorriso vitorioso e triunfante. A garota quase sai miserável. — Foi o que pensei, você é a ovelha negra. Você não mentiu para eles, mas você quebra as regras até que façam sentido a seu favor, meio que anda na linha até o limite, sempre pulando antes de ter a chance de cair. — Ela deita a cabeça no punho enquanto me encara. — Eu também sou assim. A ovelha negra, com certeza, mas as regras... Eu não as quebro exatamente. Eu faço o que devo fazer na maior parte, com a escola e em casa e tudo mais, mas... — Ela se interrompe com uma carranca e desvia o olhar. — Você vai pensar que sou tola.

— Eu já penso. Uma risada rápida a deixa, o canto de seus lábios levantando e quase quebrando os meus, mas eu não permito, em vez disso, deixo-me afundar mais no assento. Eu mantenho essa merda tão simples quanto é. — Por que você se importa com o que eu penso? Seu olhar tem um toque de reserva, mas ela decide continuar. — Gosto de girar as coisas em minha própria mente, de acreditar que as escolhas feitas por mim são feitas a meu favor. Dessa forma, é um pouco menos do que a verdade. Mentiras fodem tudo. Ela tem que saber disso. Certo? Eu me sento mais reto. — Se você está mentindo para si mesma, em quem você pode confiar? Ela se vira para frente, voltando-se para olhar para a escuridão fora da janela ao lado dela. — Ninguém. — Ela respira fundo, lentamente trazendo seus olhos de volta aos meus. — Nenhuma alma. Algo se agita sob minhas costelas, mas não tenho certeza do que fazer com isso. Ninguém. Ela não pode confiar em ninguém.

Nem nela mesma. — As pessoas são uma droga, mas as cidades pequenas são ainda piores, — acrescenta ela com um sorriso resignado. — Tudo o que essas pessoas fazem é sussurrar sobre como sou sortuda e como preciso aproveitar as novas oportunidades que supostamente tenho aqui – trabalhar mais, fazer mais, me envolver. — Ela revira os olhos. — Mas é uma porcaria. Eles realmente não querem isso. Eles só querem se sentir melhor quando passam por mim na rua e olham para o outro lado. Vai ser melhor para ela, posso ouvir as palavras de Bass alto e claro. Mas isso é? Ela parece miserável e, pior, aceita isso. — Não sou ingrata, agradeço ter um lugar para ir. — Ela decide compartilhar mais, e eu fico preso, esperando seu raciocínio e irritado com minha necessidade interna de saber. — E claro que eu quero mais da vida, mas não aqui, e não a vida que as pessoas olham para mim e acreditam que eu deveria ter. Eles veem essa jovem garota enganada com tiques estranhos e pensamentos silenciosos e bum, de repente todos eles sabem exatamente quem eu deveria ser. — Seus olhos encontraram os meus. — Por que eu deveria ser essa santa que os outros esperam de mim para ter um futuro do qual eu possa me orgulhar, ser feliz? E se eu quiser ser diferente? E, mais do que isso, e se eu for?

Sua última palavra a deixa em um sussurro inseguro. A veia na minha mandíbula começa a latejar, forçandome a cerrar os dentes para detê-la. Eu lambo meus lábios, minha pergunta é um som áspero. — Diferente como? — Apesar do que vivi, não sou uma pessoa cruel, — diz ela, mais para si mesma do que para mim. — E estou feliz com isso, mas... Mas o que? Sua cabeça cai. Vamos, garota. Mas o que... — Mas fui criada com um monte de coisas ruins. — Seus olhos se erguem para os meus. — Então, posso ser eu mesma sem pelo menos uma parte? Minha pulsação acelera quando me concentro em Brielle. No vazio de seu olhar. Na verdade, em suas palavras. Nela. Na minha visão periférica, eu observo como seus braços ficam arrepiados, mas ela não quebra o contato visual, e eu também não consigo, então eu luto por uma maneira de cortar a névoa que se forma na minha mente, as perguntas para as

quais, de repente, quero respostas e a possibilidade de quais podem ser essas respostas, mas ela me adianta. — Veja. — Ela engole. — É Franky. Eu olho feio, girando em meu assento, mas o lugar está tão morto quanto estava quando entramos, nada além de alguns casais que pareciam caminhoneiros sentados no lado oposto. Eu balanço para trás, mas enquanto faço minha carranca vira. Ela tem meu canudo entre seus lábios rosados e está bebendo meu milk-shake quando o dela está meio cheio bem na frente dela. Brielle ri, o chocolate derramando em seu queixo enquanto ela o enxuga com um sorriso. — Você ainda tinha chantilly. Eu já comi todo o meu. Eu não digo nada, preso olhando para a coisinha ao meu lado. Ela volta a roubar minhas batatas fritas como se fossem dela e as mergulha em seu copo. Digo a mim mesmo para pegar nossa merda e sair daqui, que as perguntas que flutuam em minha mente não me dizem respeito, mas isso não acontece. Em vez disso, coloco a porra das coisas no meio de nós e faço a mesma coisa.

EU

COLOCO

minhas mãos sob o pequeno secador de ar e

me viro para me olhar no espelho. Meu uniforme está amassado e tem algumas manchas de grama que preciso lavar antes de deitar na cama esta noite, mas, pelo menos, o inchaço ao redor dos meus olhos diminuiu um pouco. Eu me inclino sobre o balcão para inspecionar o branco dos meus olhos. Estão um pouco vermelhos, mas estão melhores do que quando acordei esta manhã. É um bom sinal. Meu cabelo está uma bagunça desordenada com a brisa, então eu rapidamente corro meus dedos por ele e o amarro frouxamente, mais do que pronta para cair na cama e ciente de que vai demorar um pouco antes que eu seja capaz. Eu empurro a porta do banheiro, pulando quando quase colido com Royce. Ele se encosta na parede a apenas alguns centímetros da porta, com os braços cruzados sobre o peito.

— O que você está fazendo? — Eu rio levemente. Ele não diz nada e não desvia o olhar quando a porta do banheiro masculino se abre, um grupo de quatro caras sai. O banheiro masculino que está localizado em frente ao feminino, ambos escondidos em um pequeno corredor e fora da vista da área de jantar – fora da vista de onde deixei Royce sentado. Cada um dos caras desacelera quando nos vê, eu ainda meio na porta, Royce aparentemente me mantendo presa lá. Travis, um cara da escola, me reconhece, seus olhos claros movendo-se para Royce quando ele para de andar completamente. — Você está bem, Brielle? — Ele pergunta, seu olhar mudando para o meu. Royce está deslizando na minha frente antes que eu possa piscar, quanto mais responder. Ele está deslizando lentamente para a frente, e não tenho certeza se Travis percebeu ou não, mas está dando passos cautelosos para trás, seus amigos já estão atrás dele. Tenho certeza de que Royce não sabe que o cara não está perguntando porque se importa. Travis está simplesmente sendo intrometido e esperando por algo que ele possa usar para me atacar mais tarde. — Ela está bem? — Royce dá uma risada arrogante.

Nem um segundo depois, minha mão é engolida por sua mão grande. Sou puxada, girada e colocada diante dele, minhas costas pressionadas em sua frente. Ele nos faz passar pelos caras, esperando o momento perfeito para ser um idiota, e olha por cima do ombro. — Oh, ela está bem, menino bonito, — ele diz presunçosamente. — Acredite em mim. Oh meu Deus! Eu travo meus pés no lugar, fazendo com que seu peito bata ligeiramente nas minhas omoplatas. Quando eu inclino minha cabeça para trás para olhar para ele, um sorriso arrogante é o que eu encontro. Eu me afasto de suas garras, e ele está preso na estupidez, totalmente confuso com a minha necessidade de uma fuga rápida, ou ele decide me deixar ir na frente enquanto eu de alguma forma consigo abrir meu caminho para sair. Claro, não antes de Travis e seus amigos darem uma boa risada. Fantástico. O barulho alto de madeira contra madeira me deixa saber que não estou mais sozinha, mas não dou a ele a satisfação de me virar.

— Continue se afastando de mim, e vou começar a pensar que você está procurando uma reação, — Royce fala, oficialmente seguindo atrás de mim agora. — Isso é porque você é um narcisista! — Oh, a baixinha é louca, — ele zomba. — Isso vai ser bom. Eu reviro meus olhos, puxando a maçaneta da porta do carro, mas ela está trancada. Com um bufo, giro nos calcanhares e olho para ele. Ele simplesmente fica lá, a um metro e meio de distância, e espera. Depois de um olhar fixo de vinte segundos, eu jogo meus braços. — O que há de errado com você? — O que há de errado com você, porra? — Ele joga de volta. — Que tal tudo que você acabou de fazer. — O que, você queria um shake de baunilha? — Ele levanta uma sobrancelha impetuosa. — Eu não gosto de baunilha. — Nem eu, — diz ele em voz alta.

Eu viro meus olhos para o céu. — Eu juro, você é como... uma pizza pocket15. Quente do lado de fora, então você começa a comer, mas se não acertar na hora certa, você descobre que está frio no meio. Sua cabeça puxa para trás e ele pisca com força. — O quê? Eu rosno e tento novamente. — Você não faz sentido! — Não vejo o problema aqui. Sou quente e você quer dar uma mordida. — Não é o que eu estava dizendo. Ele estende os braços. — Ok, Tiny Tina16, o que você está dizendo? — É como se você fizesse as coisas sem saber por que as faz, mas quando você para e percebe seus movimentos, você se convence de que a razão por trás disso é a pior possível que sua mente distorcida pode inventar, quando tenho certeza de que a decência é escondida sob todos aqueles ganhos. Em algum lugar bem no fundo. Bem, bem no fundo. Ele lambe os lábios através de sua carranca dupla. — Quão profundo?

15 Similar a um calzone, que é basicamente uma pizza recheada e dobrada ao meio antes de ir ao forno; uma pizza fechada. 16 Personagem psicótica de treze anos de idade no jogo Boderlands 2.

Meus braços batem contra minhas coxas, e não posso evitar a risada que sai de mim. Ele literalmente não consegue se conter, coitado. E eu aqui pensando que era mestre em evitar emoções. Quando eu olho para longe dele, minha diversão desaparece, perdendo-me na noite ao nosso redor, então eu encontro a estrela mais brilhante que posso e a seguro enquanto o deixo entrar em minha preocupação. — Não quero dar às pessoas aqui outra razão para sussurrar sobre mim. — Fodam-se eles. — Porque é simples assim. — Isto é. — Não. Não é. Não para pessoas normais em mundos normais. — Eu olho para ele. — O povo desta cidade nasceu aqui, frequentou a mesma escola a vida toda, vive nas mesmas ruas. Entrar em um lugar fechado como este não foi exatamente fácil, e eu não tinha ninguém comigo para passar por isso. Você está agitando as coisas para mim novamente. As feições de Royce se contraem. — Bishop deveria tê-los colocado em seus lugares há muito tempo e nada disso seria um problema. — Mas ele não está aqui para fazer isso, está? — Eu levanto uma sobrancelha. — Agora, amanhã na escola, assim que esses caras tiverem a chance, eles vão falar sobre e o resto

virá para mim com seus jeans nos tornozelos porque você decidiu me jogar como uma de suas BrayGirls. Ele fica tenso. Eu fico tensa. Oh, merda. Royce fica parado, em seguida, levanta a mão para arrastá-la pelo rosto enquanto desvia o olhar. Meus olhos permanecem fixos nele e quando ele retorna, é com uma ponta calculada de sua cabeça. Ele anda em minha direção com passos lentos e deliberados até que está perto o suficiente para plantar as mãos na janela ao lado dos meus ombros. Seu alcance é longo, então ainda há algum espaço entre nós, mas no novo ângulo, seu rosto está um pouco mais no meu nível e, de repente, estou olhando diretamente para seus olhos castanhos sem fundo enquanto ele pergunta o que quer saber. — O que você sabe sobre ser uma BrayGirl? Abro a boca para responder, mas ele fala novamente antes que eu seja capaz. — Seja franca comigo, pequena Bishop, — ele avisa. — Sem besteira. Certo, tudo bem.

Exponho o que aprendi. — Eu sei que é como as pessoas chamam as garotas que passam as noites com você ou seus irmãos, ou qualquer pessoa que ganhou o nome de Brayshaw. — Manhãs, tardes, não somos exigentes na hora do dia, pequena. — Ele está com raiva e muito focado. — Continue. — É uma garota que está bloqueada. Intocável para todos, observada por todos para impedi-la de fazer coisas que Bray não gostaria ou que não deveria. Basicamente, ela está envolta em plástico bolha, apenas para ser desfeita por seu homem. — Homem temporário, — ele dispara. — Certo. — Eu balanço minha cabeça com desdém. — Porque ela é boa o suficiente para sua cama, mas não para seu coração. Sua mandíbula aperta. — Você é o tipo? — Você nunca vai saber, — eu atiro de volta, mantendo o contato visual por alguns segundos apenas para me virar no próximo. Eu fico olhando para a escuridão que nos cerca. — Você pode destrancar a porta agora? — Por que eu deveria? — Seus sapatos deslizam pelo cascalho sob nossos pés, seu corpo cada vez mais perto. — Você age como se tivesse um lugar para ir. — Eu tenho. — Eu me viro para ele com uma cara séria. — Já passa das dez.

Ele para um momento, passando a língua pelo lábio superior. — Então esse é o número mágico, hein? — Ele pergunta, a frustração retardando suas palavras. Eu encolho os ombros, prendendo meus cabelos soltos atrás das orelhas. — Você vai me dar uma carona ou não? Os músculos de seus antebraços flexionam perto do meu rosto, mas eu não olho. Eu mantenho meus olhos nos dele e, finalmente, uma por uma, suas mãos caem para os lados. — Sim, pequena Bishop. — Ele estende a mão, abrindo a porta que ele deve ter destrancado sem que eu percebesse. — Eu vou. Ele começa a andar ao redor do capô, e meu corpo gira com ele, mantendo contato visual até que ele se senta no banco do motorista. Eu limpo minhas mãos na minha bunda e deslizo para dentro. Royce olha para frente, uma carranca pesada gravada ao longo de sua testa, sua perna esquerda quicando. Ele põe o carro em movimento, rola meio pé para a frente, apenas para pisar forte no freio. Ele joga de volta no estacionamento e pula. Não consigo virar a cabeça rápido o suficiente para seguir, apenas

notando

o

borrão

de

uma

desaparecendo pela porta da lanchonete.

camiseta

preta

Eu caio no meu assento, examinando as janelas do lugar, incapaz de ver além do meu próprio reflexo brilhando de volta. Um minuto no máximo passa, e então ele está saindo, deslizando de volta e saindo do estacionamento. Não é até que estamos estacionados fora da minha casa que a cabeça de Royce muda na minha direção, mas seu olhar está bloqueado na minha porta da frente. — Sua prima vai começar uma merda para você, não é? Eu concordo. — Provavelmente, sim. — Ela é uma vadia. — Definitivamente. — Eu ri. — Ela tem seus motivos, então tanto faz. — Não dê desculpas para pessoas ruins e arrogantes que tratam você como uma merda. Minha cabeça se vira em direção a ele e fico surpresa com a gravidade de sua expressão. A frustração enche minhas costelas, apertando-as. — Você não a conhece. Você não tem o direito de julgá-la. — E você não tem nenhuma razão para defendê-la. — Ele pisca. — Ninguém deveria chegar até você desse jeito e pensar que é seu direito, motivos idiotas ou não.

— Imagine como você se sentiria se alguém caísse na sua porta um dia e sua vida mudasse da noite para o dia. Literalmente. Algo pisca em seus olhos, mas ele desvia o olhar para esconder. — Eu posso lidar com ela, — eu asseguro quando não tenho certeza se é necessário. — Não existe tal coisa como lidar com o ciúme. — Ciara, está com ciúmes de mim? — Eu rio, preparandome para sair. — Isso é um não. — Não foi uma pergunta. O aborrecimento pica minha garganta, mas não me permito limpá-lo. Ele não tem ideia do que está dizendo. Ciara não tem ciúme de mim, ela não tem motivo para ter. Ela é linda, tem amigos que se preocupam com ela, uma casa que ela ama, uma cidade na qual ela pode construir um futuro. Uma vida. Objetivo. Todas as coisas que não tenho.

— Não finja que você não percebe, — ele acusa. — Ficar de boba não é atraente. — E presumir que me importo com o que você acha ser atraente é arrogante. — Não quer dizer que não seja verdade. — Ele encolhe os ombros sem se desculpar. — O idiota na quadra... — O nome dele é Franky. Ele me estuda por um longo e silencioso momento antes de dizer: — O idiota quer você e ela odeia isso. Essa merda era óbvia. — Ah, sim, ela está meio triste com isso. — Eu inclino minha cabeça como uma idiota. — Tão triste, na verdade, ela puxou o pau de um estranho aleatório em sua boca cinco minutos inteiros depois de acordar hoje. — Eu olho intensamente. — Estranho, certo? Royce me olha boquiaberto e, em seguida, uma risada alta o deixa. Ele se inclina contra a porta, mudando totalmente seu corpo para me encarar. — Bem, foda-me, pequena Bishop. — Ele limpa a boca com um sorriso. — Não esperava que a grande palavra com P fosse seu substantivo preferido. — Não esperava que você soubesse o que era um substantivo, então estamos quites.

Ele sorri. — Diga de novo, ela chupou meu pau. Abro a boca, mas fecho rapidamente com uma risada baixa, balançando a cabeça. Eu diria que ela mais tentou chupar seu pau, mas tanto faz. Outra risada profunda o deixa e eu juro, desta vez meu peito fica quente. Royce toma um gole rápido de seu leite com chocolate, sua atenção voltando para mim. — Eu teria jurado que você era o tipo de garota que diz '‘pênis’'. — Sim, bem, acho que sou cheia de surpresas, — eu brinco. Quando eu olho para ele, ele lambe os lábios, seu olhar flutuando em direção à escola. A brincadeira desaparece. O silêncio recém-descoberto é enervante e dura vários minutos. — Por que eles não têm medo do seu irmão? — Ele pergunta de repente. Não consegui evitar que a dor se manifestasse enquanto tentava, e Royce não perdeu isso. A realização fez seu rosto cair e uma inquietação tomou conta do meu estômago.

Eu encolho os ombros contra o assento. — Eles teriam que saber que ele existe para temê-lo. Eu olho para minha casa, para a lasca de uma luz espreitando de uma cortina quebrada. — Não tenho permissão para falar sobre a minha vida antes deste lugar, sobre porque ou como vim parar aqui. Já se passaram quase quatro anos e nenhuma vez consegui falar com alguém sobre ele. Até hoje, com você. — Eu olho para trás para Royce, que está de costas, mas tem seus olhos fixos nos meus. — Eu não posso ser eu, e não posso falar sobre mim... quão bagunçado é isso? Um pensamento pesado e não compartilhado sombreia seus olhos castanhos, uma tensão espessa agora escrita em sua testa. — Eu preciso que você se lembre do que eu disse, Brielle. — Seus olhos encontram os meus, uma seriedade pesada de repente tecida dentro deles. — Deixe aqueles idiotas pensarem o que quiserem. Não lute contra isso, tente mudar ou se esconder disso. Eles vão te julgar de qualquer maneira. Eu procuro em seu rosto por um sinal de bobagem ensaiada ou agenda oculta, apenas para aparecer. Talvez eu esteja quebrada ou com a cabeça bagunçada, mas quase desejo que o diabo dentro de mim se mostre – não tenho certeza do que fazer com um flerte honesto e cabeça quente com um cinto solto e intenções obscuras.

Também não sou burra o suficiente para assumir que essas intenções não são motivadas por nada além da destruição. Independentemente disso, suas palavras da noite passada voltam, então eu as sussurro entre nós. Algo como: — Fodam-se eles. O canto de seus lábios se contrai, mas ele olha para frente. Um estrondo atrai nossa atenção para a casa, um forte e gritado '‘porra’' seguindo, e meus ombros caem. Eu não quero sair, mas eu nem pertenço a este carro. Eu me viro para Royce. — Essa é sua tia? Eu suspiro. — Sim. Estou surpresa que ela esteja acordada. A essa hora ela normalmente já se retirou ou está capotada. Acho que é por isso que ela me faz chegar tarde, para que ela não tenha que olhar nos mesmos olhos que assombram seus próprios pesadelos. Eu olho para Royce e embora sua raiva pareça ter se aprofundado, ele não precisa perguntar o que quero dizer, a resposta é tão óbvia. Antes de meu pai se tornar um pai mau, ele era um irmão mau. — O que você faz quando está lá dentro? — Ele pergunta.

— Cozinhar, limpar, consertar o que precisa ser consertado, às vezes convencer minha prima a perder o controle, mesmo que seja um dia em que quero jogá-la por cima. — Por que você se preocupa com ela? — Porque isso é o que é certo. — Eu dou um pequeno sorriso. — Que signo é você? — Signo? — Seu signo do zodíaco. Ele franze a testa. — Peixes. Um sorriso aparece em meus lábios e eu olho para longe. — Agora tudo faz sentido. Quando eu olho para trás, ele me olha com curiosidade, e com um movimento lento, quase relutante, Royce se estica para empurrar minha porta aberta. Impulsos de menino, modos de homem. Eu saio, esperando o som do motor suave rugir atrás de mim, mas ele fica parado até que estou na varanda abrindo a porta da frente. Com minha mão na borda da madeira gasta, meu corpo meio dobrado para dentro, eu sigo o pequeno carro branco enquanto ele se distancia, apertando os olhos para as luzes de freio quando ele para no local exato onde Mac estava

estacionado quando Royce me levantou do chão e nos levou para o banco de trás no início desta manhã. O carro continua parado ali, sem deixar dúvidas em minha mente de que o cara sentado no banco do motorista está de olho em mim a quatrocentos metros na estrada, esperando que eu me feche lá dentro. Ainda assim, fico lá mais alguns minutos. De alguma forma, sei que, assim que entrar em casa, ele irá embora, e não apenas esta noite, mas desta cidade. E eu estou certa. Não foi tão ruim conhecê-lo, Royce Brayshaw. Até nunca mais.

A viagem sozinho para casa é uma merda, tão longa que eu não quero fazer novamente, mas muito fodidamente necessária. De cara, minha pequena viagem me deu zero de satisfação, mas em vez disso fodeu minha cabeça de uma forma que não esperava. Eu deveria estar assobiando, porra, mas em vez disso estou me xingando, irritado com a merda que talvez não devesse. Minha mente está brincando, meus pensamentos são uma bagunça caótica, e toda vez que eu acho que posso afogálos, eles me dão o dedo médio e flutuam de volta para a maldita superfície. Tirando sarro de mim. Gritando para eu fazer algo que sei que é muito idiota e está fadado a ser um erro. Mas preciso de um minuto de merda. Eu preciso respirar com meus irmãos ao meu lado porque, maldição.

Que porra é essa, cara? Graças a Deus estou em casa agora, será fácil escapar de mim aqui. Com esse pensamento, entro na propriedade Brayshaw com um suspiro pesado de alívio. Eu passo direto pelas casas de grupo para meninas e meninos na entrada, diminuindo a velocidade quando chego à parte de trás e vejo Maybell abrindo a porta do pátio traseiro. Ela é a velha esperta que está na família Brayshaw desde sempre, muito antes de nos tornarmos parte dela. Ela começou como empregada doméstica, mas rapidamente conquistou o respeito que merece e tem sido leal ao nome de nossa família desde o dia em que entrou nela. Eu, pelo menos, acredito plenamente que ela é algum tipo de vidente. A mulher sabe tudo, sente ainda mais, mas deixa a nossa mente trabalhar quando necessário. Ela fala sobre questões ou preocupações apenas quando suspeita da necessidade. Ela também foi quem criou meus irmãos e eu, quando meu pai estava aqui... e quando ele não estava. Nós a amamos como imagino que um filho amaria sua mãe – ao máximo que podermos. Eu sabia que ela estaria esperando meu retorno seguro. Ela está sempre esperando.

Eu coloco o carro no estacionamento e rapidamente corro até ela antes que ela alcance os degraus.

— VAMOS, SRTA. M AYBELL , — eu provoco. — Não se aflija. Ela dá uma pequena zombaria, mas sorri apesar disso. — E não vá pensar que você é grande demais para uma gritaria agora. Eu rio, parando um passo abaixo dela e ela levanta as mãos enrugadas para dar um tapinha no meu rosto. — Rapaz, — ela diz suavemente, seus olhos profundos e escuros procurando os meus. Nem um segundo depois, um pequeno suspiro a deixa e ela dá um passo para trás. — Você encontrou o que procurava, — ela diz. Eu não disse a ninguém para onde estava indo ou por quê, mas como eu disse... vidente. — Eu encontrei. Estava... abaixo da minha expectativa. — Eu sorrio da minha própria piada, e dane-se se ela não ri como se entendesse muito bem.

Ela provavelmente entende. — Tenha cuidado, garoto, — ela avisa com suavidade. — As expectativas são para tolos, e você está longe de ser um deles. Eu estendo a mão, dando um leve aperto em sua mão, e ela oferece um sorriso conhecedor, preocupação trabalhando em seus olhos. — Sua mente está pesada, garoto. — Ela inclina a cabeça. — Você vai ouvir? Meus lábios apertam juntos, e ela acena com a cabeça, apertando-me de volta. — Faça o que você deve. Agora vá em frente. Vá para casa. Beijo sua testa, correndo de volta para o carro, e tenho quase certeza de que ela não entra até que o para-choque deste carro quebrado esteja fora de vista. Eu continuo descendo a estrada de terra, através das árvores altas que nosso pai plantou quando éramos crianças como uma forma adicional de armadura – você não pode tocar no que você não pode ver – e assim que passo pela última fileira, a mansão Brayshaw entra em vista. Minha casa desde que eu tinha apenas alguns meses. Minha casa até o dia da minha morte. É grande, bonita e sagrada para o nosso nome.

A calçada larga e sinuosa permite uma visão completa da piscina e da casa da piscina, um pequeno vislumbre à direita, na parte de trás, e leva você direto para a varanda. Meu telefone toca assim que paro, o nome de Mac iluminando a tela. — E aí, irmão? — Eu respondo. — Você está em casa mais rápido do que o esperado. — Me olhando na câmera, filho da puta? — O que posso dizer, senti falta do meu companheiro de cama, — ele brinca. — Vi você passando pela escola. — Falando nisso, como está sua garota, ela precisa de uma mão extra? — Eu fodo com ele, mas meu garoto apenas ri. — Alguma história para compartilhar? Uma risada zombada me deixa. — Mano. Não me faça começar, porra. Ele ri na linha, mas rapidamente me põe a par do drama da escola. Há um boato sobre uma luta que está por vir, mas nenhuma palavra sobre quem ou por que ainda, o que significa que temos garotos ricos em pânico.

Você pensaria que idiotas mimados com dinheiro para queimar iriam se rebelar com ordem, mas não aqui. Eles desejam a merda. Nos desejam, ponto final. Eles dependem da nossa palavra, esperam que lhes digamos que se preocupem ou andem como nada. De qualquer forma, seja o que for que esteja sussurrando para as pessoas, logo aparecerá e estaremos lá para cuidar disso quando isso acontecer. Mac termina a ligação e no tempo perfeito, também, porque quando eu olho para cima e para fora do para-brisa da minha casa, é uma varanda cheia que encontro. Maddoc está na grade, Raven bem ao lado dele, Cap e Victoria à sua esquerda, e a pequena Zoey já dois degraus abaixo. Eles estão sorrindo para mim. Esperando por mim. Droga, se não é uma visão que se instala.

TERMINAMOS nosso jantar e vamos para a sala de estar para falar merda. Cap e Maddoc estão rindo de algo que Zoey

diz enquanto Victoria finge falar com ela em um telefone de brinquedo. Eu olho para Raven e ela bate seu cotovelo no meu, um pequeno sorriso em seus lábios. Meio segundo se passa e seu suspiro vem a seguir. Estou ali com o conforto se infiltrando. A segurança. O alívio que vem com ter alguém ao seu lado, não importa o que seja. Temos sorte. Nem todo mundo tem um lugar seguro. Tenho certeza de que Brielle não tem. E aí está. Foda-se. — Fale comigo, Ponyboy. — Raven se vira para mim, provando mais uma vez que pode sentir quando as coisas estão erradas. Ambos os nossos olhos seguem Maddoc quando ele se levanta, caindo de joelhos a alguns metros de distância. Ele e Cap começam a jogar uma pequena bola para frente e para trás, tentando se manter longe de Zoey. Eu sorrio para minha sobrinha, dando um rápido olhar para Victoria quando ela se junta a nós no sofá. — Você já se perguntou o que acontece com as crianças que não vêm aos

nossos lares? Ou aqueles que estragam tudo e são forçados a abandoná-lo? Quando nenhuma delas diz uma palavra, eu olho para elas. Raven me observa com olhos firmes. — Não. Eu nunca. — Eu também. — Até agora. — Todos vêm de casas construídas, é por isso que precisam de um novo lugar para começar, certo? Por que seus arquivos acabam aqui? — Eu faço uma pausa. — E se alguns deles forem de uma pilha de merda para outra? Ela acena com a cabeça, ela e Victoria totalmente focadas em mim, cada uma com expressões curiosas. A merda aqui é arriscada e perigosa na maioria das vezes. Nós sabemos disso. Sempre há um novo problema surgindo após o último, uma vítima de algum tipo, mas nosso povo é tratado como igual até que estrague tudo, não há abuso, e não permitimos ódio sem sentido. Quando descobrimos sobre qualquer um desses tipos de coisas, aqueles que o fizeram se deparam com uma forma mais difícil. No fim, a merda é muito boa por aqui, meio que meio complicada, uma encruzilhada. Pode ser bom para qualquer um que o queira o suficiente. Não pode?

Raven inclina a cabeça, um brilho perceptivo em seus olhos claros. — Royce? Eu olho de Victoria para Raven, duas garotas que vieram de lugares feios, queriam mais, e encontraram tudo bem aqui. — E se nós fodemos tudo e entendemos algo errado? As meninas trocam olhares, lentamente trazendo seu foco de volta para mim, mas a conversa é reprimida quando a mãozinha de Zoey encontra a minha. — Va-mos, tio Bro! Esteja na minha equipe. — Ela dá um empurrão forte com a cabeça e eu a sigo enquanto ela me puxa. — Vamos vencer esses meninos! Todos nós rimos, e então passamos a próxima hora brincando de manter distância, recusando-nos a encerrar a noite até que Raven esteja desmaiada no colo de Maddoc e Cap esteja tirando Zoey adormecida de um pufe. Não faz muito tempo que costumávamos ficar apenas nós três acordados até tarde juntos, especialmente porque Maddoc quase nunca dormia antes de Raven, e então, quando ela apareceu, suas noites eram agitadas. Não que eles não estivessem ali conosco quase todas as noites,

mas

antes

de

ficarem

muito

cansados,

eles

desapareciam – que casal não quer passar algumas horas sem dormir sozinho na cama?

Eu e o Cap duraríamos mais um pouco, assistindo a filmes e outras coisas, mas isso também mudou, como deveria. Eu não estou e nunca ficarei bravo por eles passarem tempo com suas garotas, e Cap tem duas para equilibrar seu tempo. Merda, às vezes vou para o meu quarto quando fica tarde para que eles não se sintam mal e fiquem por perto de mim. Eu sei que eles fazem às vezes. Eles nunca, porra, nunca me quereriam fora da mistura e eu os amo por isso, mas eles merecem seu tempo sozinhos. Agora, porém, sentado em meu quarto às duas da manhã, os outros desmaiaram no quarto deles... Não tenho certeza se admitiria, mas estou coçando sob a pele. Esse será para sempre meu novo normal? Meus irmãos com suas garotas e eu sozinho? Desconfiado. Desapegado e desinteressado. Uma foda passageira na melhor das hipóteses, não que eu seja rápido, mas os laços são cortados quando a porta se fecha atrás de mim. É assim que eu gosto.

Não é? Bom e fácil, impensado. Descuidado. Sem menina? Meu telefone toca na cama ao meu lado e a irritação aquece minha pele. É quando as ligações e mensagens de texto sempre chegam, depois de escurecer, quando sou útil. Com um suspiro, eu atendo e, enquanto leio o nome na tela, uma carranca toma conta. Pequena Bishop. A suspeita se forma na boca do meu estômago, e parece muito com decepção, o que me irrita ‘pra’ caralho. Eu zombo de mim mesmo. Eu deveria saber. Eu tenho que admitir, ela quase me enganou, agindo de forma tão comum e genuína e merda, ou tão comum quanto uma espécie de garota estranha que foi roubada de... tudo que pode controlar. Mas uma mensagem no meio da noite? Por favor, porra.

Eu acho que ela não é diferente de qualquer outra garota, afinal, mas querendo seduzi-la com uma conversa sobre travesseiro tarde da noite, provavelmente esperando que eu já não tivesse saído de sua cidade e me oferecesse para trazê-la ao meu hotel pelo que ela realmente quer, mas escondeu-se bem. Ela agiu sem afetação, como se eu não fosse o tipo dela ou algo assim. Sim, tudo bem. Eu sou o tipo de todo mundo e aqui ela está provando isso. Isso é uma boa merda, no entanto. Eu aceno para mim mesmo. Muito bom. Agora que a cortina caiu, posso esquecer todo o resto. Eu rolo, virando meu travesseiro no processo e fecho meus olhos. Eu me viro por mais uma hora antes que a curiosidade me coma por dentro e force minha mão. Eu pego meu telefone. Vamos ver quão rápido e inofensivo a pequena Bishop desapareceu,

permitindo

que

suas

verdadeiras

cores

ressoassem agora que ela percebeu sua oportunidade de pegar um Bray. Abro o texto e leio. Meu rosto cai, meu telefone bem ali com ele. Porra. Eu olho para o teto. Merda. Eu me viro, rosnando em meu travesseiro enquanto algo que se parece muito com uma frustração emocionante agita meu intestino. Eu ignoro essa merda, mas não posso ignorar o resto. Eu pulo, pego meu telefone e mando uma mensagem para Mac, minha cabeça caindo para trás depois que está bem e enviado. Eu acho que está tudo resolvido.

EU

CORRO

para o primeiro período com um minuto de

sobra, um iogurte meio comido escondido ao meu lado, e me jogo no meu lugar, Micah já está sentado ao meu lado. Micah acena com o queixo em boas-vindas, mas se concentra em seu telefone enquanto tento recuperar o fôlego. A campainha toca nem um segundo depois e o professor não perde tempo conferindo a lista de presença. Enquanto ele faz isso, meu telefone começa a vibrar no bolso da frente da minha mochila. Eu coloco o iogurte na mesa e o retiro, meus olhos congelando na tela quando vejo o nome piscando nela. Que diabos? Eu o seguro na palma da mão, olhando para ele até que pare de tocar, e então ele toca novamente. Micah ri ao meu lado, mas o som é de diversão chocada, o tipo de risada que te deixa quando você testemunha uma decisão errada e a pessoa que a toma está inconsciente. Meus olhos voam para ele e se estreitam enquanto eu coloco cegamente a coisa na minha mesa. Micah sorri. — Movimento ruim, garota. — Com licença... — eu cortei quando a porta se abriu com um estrondo.

Todos os olhos voam para a frente da sala e oh. Meu. Deus! O choque, frio e rápido, se espalha por mim ao ritmo de uma estrela cadente, roubando meus pensamentos. Minha respiração. Minha habilidade de me mover. Tudo o que posso fazer é olhar para o diabinho tatuado... que, mate-me agora, está vindo direto para mim. Vestido com um capuz totalmente preto e jeans desbotados da moda, Royce chama a atenção com seus passos lentos e misteriosos, escurecendo a sala bem iluminada com sua presença sozinho e criando um frio no ar que deixa o professor congelado tão sólido quanto o resto de nós. E estamos todos congelados. Presos. Encarando. Ele para bem na minha frente, e nem um pio me escapa quando ele puxa, gira e reposiciona a cadeira de plástico barata em que estou sentada. Royce segura meus olhos, vagarosamente levando os seus até a tela do meu telefone que está virada para cima na mesa ao nosso lado e nas costas. Suas mãos grandes descem, agarrando as bordas da minha cadeira perto da parte superior das minhas coxas, e ele se inclina até que estejamos no nível dos olhos.

Suas sobrancelhas estão mergulhadas tão baixo, suas pálpebras repousam contra seus cílios, e seu cabelo castanho espesso, embora desbotado e limpo do lado, é uma confusão selvagem de fios indomados na parte superior, e quase rastejando em sua visão. Seu queixo está um pouco abaixado, a cabeça inclinada alguns centímetros para a direita. Ele está totalmente sombrio e descontente. — Pequena Bishop. — Sua voz é uma mistura firme de entediado e impetuoso. — Royce. — Eu balancei minha cabeça. — O que... — Eu te dei uma regra. Eu empalideci. — Regra. Regra? — Eu te disse quando eu ligo, você atende, e adivinha? — Ele se aproxima um pouco mais. — Você não respondeu. Eu fico boquiaberta para ele, e então uma risada não tão silenciosa escapa, minha mão subindo para cobri-la enquanto eu olho com os olhos arregalados para o cara na minha frente. A loucura é que ele não está brincando, e minha risada está longe de ser divertida para ele. E então me lembro que estou na aula.

O professor está em aula. Ele está na minha maldita classe! Lanço um olhar ao redor da sala, para o professor na frente dela, e como se eu o tivesse acordado de seu estado congelado, o Sr. Lin dá um pulo para frente. — Jovem, o que você pensa que está fazendo? — Ele pergunta. — Conversando, — Royce responde, e minha bochecha queima com seu olhar. O Sr. Lin interrompe seu avanço. — Bem, isso terá que esperar até mais tarde. Quando Royce não se move ou mostra qualquer sinal de escuta, eu o encaro novamente. — Royce, — eu assobio. O Sr. Lin dirige-se ao telefone da classe. — Você precisa sair da minha aula. Os olhos de Royce queimam nos meus e ele balança a cabeça. — Sim, você está certo. Eu preciso. Ele solta minha cadeira e empurra até sua altura avassaladora. Respiro um suspiro de alívio... que dura três segundos inteiros, no quarto, Royce está atrás de mim, inclina-se e levanta minha cadeira do chão... comigo ainda nela.

Um leve grito me deixa, mas eu rapidamente o interrompo porque não há absolutamente nada que eu possa fazer sobre isso... nada além de segurar minha preciosa vida. Uma vez que estamos no corredor e fazemos a curva, ele me coloca no chão apenas para me agarrar pela mão, puxarme para cima e sair pelas portas duplas. Eu tropeço para acompanhar seus passos rápidos, mas ele garante que eu não perca o equilíbrio, e então estamos parados na frente de um carro luxuoso, a porta traseira escancarada e esperando alguém entrar. Ele me solta e se vira para mim, mas antes que ele possa dizer qualquer coisa, Micah está ao nosso lado, entregando-lhe minha mochila. — Isso é tudo? — Ele pega sem olhar. Micah acena com a cabeça. — Ela não tem um armário. Eu franzo a testa entre os dois, meu rosto tenso de confusão. Eles não iam lutar dois dias atrás?! Royce acena com a cabeça e Micah desaparece tão rápido quanto ele chegou. Somos apenas nós dois novamente.

Ele se aproxima, agarra meu pulso e o levanta entre nós, inspecionando a pequena tira de gaze enrolada em minha palma. — Eu contra um vaso quebrado, — sinto a necessidade de explicar. — O vaso meio que ganhou. Seus dedos flexionam contra a minha pele, perto dos resíduos de supercola que eu não consegui tirar, e aqueles olhos escuros se voltam para os meus.

ELE

ME SOLTA ,

jogando minha mochila no assento de

couro preto. — Entra. Eu aperto meu estômago, dando uma rápida olhada no motorista no banco da frente. — Por quê? — Porque você quer. Meus olhos voam para os dele, e sua cabeça cai para trás preguiçosamente, quase ousando desafiar sua declaração, mas de alguma forma confiante de que não o farei. Porque eu quero. Eu quero?

As perguntas batem pesadamente em minha mente, mas são uma bagunça confusa de pensamentos meio estimulados. Minha boca se abre, mas não sai nada. Eu olho dentro do espaço mal iluminado e volto para ele. E então eu deslizo para dentro. Não é até que estamos puxando para cima em uma pista de pouso, onde Mac está fora de um pequeno avião com a escada aberta e esperando, que eu lembro que eu sou a oprimida, trancada em um carro com o opressor. Minha cabeça se vira para Royce, que me observa atentamente. Minha mente dispara enquanto olho para o estranho na minha frente, para um cara sobre o qual fui avisada e, por algum motivo, minha cabeça decide concordar quando nenhuma pergunta foi feita. A satisfação passa por ele, mas vai embora assim que ele pisca e lentamente, ele sai, ajudando-me bem atrás dele. Os olhos de Royce se movem entre os meus. — Espero que você esteja pronta, pequena Bishop. Eu engulo o nó na minha garganta. — Pronta para o que... exatamente? Ele olha para o avião que tem seu sobrenome impresso em letras grandes e orgulhosas na lateral com os olhos abertos e uma resposta que rouba minha voz. — Para voltar para casa.

Uma respiração áspera e rápida desliza pelos meus lábios e minha palma voa para o meu estômago, em uma tentativa de resolver as cambalhotas que estão fortes dentro dela. Casa. Como em Brayshaw. Acho que vou vomitar.

PASSEI as últimas vinte e quatro horas indo e voltando comigo mesmo, mas se eu for sincero, eu sabia antes mesmo de chegar em casa que a veria novamente e por quê – para trazê-la para casa comigo. Como falei com as meninas sobre, não sei o que aconteceu com nenhuma das pessoas que não trouxemos para nossas casas de grupo, mas sei o que aconteceu com esta, então vou consertar o que foi fodido. Foi com a palavra de um punk que acreditava saber o que era melhor para ela que mandamos a garota embora, mas agora eu sei que o seu irmão estava errado. Todo esse tempo ela poderia ter uma equipe atrás dela, um irmão na porta ao lado, uma vida para viver, mas em vez disso ela estava sozinha no escuro quando era da escuridão que ele queria protegê-la. Uma forma diferente de escuridão, com certeza, mas ainda assim. A garota estava presa a uma tia que odiava a simples visão dela. Ela era uma pequena Srta. Conserta-Tudo, tinha uma prima que a tratava como uma

merda, em uma cidade de onde ela não queria nada porque ela sabia que eles nunca a aceitariam. Ele entenderia tudo isso se passasse dez minutos lá, e é exatamente por isso que eu sei que ele não passou. Se ele fosse inteligente, perceberia que a deixou sem nada. Nada além de uma pequena mente curiosa. Quem melhor para abrir para ela do que eu? Isso funcionou perfeitamente, realmente. Estou dando a ela uma chance de uma vida que foi tirada dela e posso usá-la para irritar Bass enquanto faço isso, tudo em um movimento. Um sorriso encontra meus lábios. Vou dar à garota o oposto de tudo o que Bass queria para sua irmãzinha, fazê-la perceber exatamente por que o irmão mais velho a queria muito, muito longe... assim que ela perceber que foi ele quem mandou. No final, será tudo culpa de Bishop. Ele escolheu mandá-la para longe quando deveria ter colocado algum tempo nela, ensiná-la a comer e cuspir em idiotas como eu. E ele poderia ter feito com facilidade. Ela tem fogo, é fácil ver, mas ninguém o alimenta. Para minha sorte, ele não fez isso, e agora posso pegar meu bolo e comê-lo também.

Mac me tira do meu pensamento quando se senta à minha frente, olhando para o pequeno corredor onde Brielle está demorando um segundo para respirar. — Então ela concordou. — Ele mantém sua voz baixa. Pego uma garrafa de Crown17 do bolso central entre os assentos, oferecendo a ele um shot enquanto sirvo o meu. — Ela não recusou. Ele levanta uma sobrancelha, pegando o pequeno copo e levando-o aos lábios. — Se ela tivesse? Eu rio, mantendo meu olhar no dele enquanto alcanço o console novamente, levanto e coloco um terceiro copo. Ele sorri, balança a cabeça e bebe a sua em um longo gole. Eu me sento e giro o meu, meu foco grudado no líquido âmbar. Se eu tivesse que adivinhar, diria que ela entendeu. Ela viria, queira ela ou não. Mas não estou convencido de que ela não queira...

17 Marca de Whisky.

PUTA

MERDA ,

eu não deveria estar aqui.

Eu deveria ligar para meu irmão. Definitivamente, não devo ligar para meu irmão. Quero dizer, ele vai descobrir logo – a viagem de avião dura apenas uma hora e meia. Se Bass soubesse como é realmente viver com minha tia, não tenho dúvidas de que ele teria encontrado uma maneira de voltar por mim, mas eu nunca disse uma palavra porque não queria que ele desistisse da chance que teve. Pode até ser que os Brays não me queriam, a irmãzinha insignificante na época, mas eles o queriam, e ele merecia uma chance no inferno e mais depois de nos libertar da nossa. Devo minha vida a ele e provavelmente nunca poderei retribuir tudo o que ele fez por mim, mas esta pode ser minha chance de ganhar a minha própria. Eu seria uma tola se não aceitasse. Se tudo der certo, Bass conseguirá manter a vida que ama, economizar o dinheiro que ganha e eu trarei meu irmão de volta.

Essa pode ser a única razão pela qual pisei neste avião. Corro as pontas dos dedos ao longo das bancadas de mármore frias e pego uma uva que está pendurada em um cacho perfeitamente dobrado na borda de um vaso de cristal que eu realmente espero que esteja colado no lugar. Eu me viro, encostada no balcão, meus olhos pousando nos assentos brancos com nervuras. Nunca estive em um avião, e agora estou em um avião particular chique com um cara que eu nunca deveria conhecer. Que

deveria

deixar

a

cidadezinha

da

minha

tia

acreditando que minha prima era eu e nunca mais olhar para trás. Eu suspiro, correndo minhas mãos pelo meu rosto e no meu cabelo, agarrando-o frouxamente apenas para deixá-lo cair de volta no lugar. Deus, isso está tão longe de como tudo isso deveria acontecer. Royce apareceu na terça de manhã e ainda naquela noite, ele foi embora. Acordei na quarta-feira preparada para começar todo o processo de ‘esquecer o Bray’. Mas então eu fui para a escola, e quem por acaso apareceu no mesmo exato momento que eu?

Travis. Eu me preparei para seu insulto, mas ele nunca veio. Na verdade, quando ele me notou, ele forçou seus olhos a passarem por ele. Seus olhos negros, e dessa forma, a noite anterior fez sentido. Royce correu de volta para a lanchonete para ter certeza de que seu pequeno show não seria compartilhado, porque ele não queria que eu tivesse que lidar com o que eu disse a ele que aconteceria. Depois disso, passei a maior parte do dia analisando demais tudo o que aconteceu quando ele esteve aqui. Como ele ficou chateado quando Franky colocou as mãos em mim, como minha prima agindo como uma idiota o incomodava, seu pequeno surto por eu estar do lado de fora à noite sozinha e como ele mais tarde minimizou. Um sorriso encontra meus lábios. Essa pode ter sido minha parte favorita, junto com tudo o que se seguiu. Tive que falar com alguém naquela noite, falar de verdade e sobre coisas que ninguém se importa em ouvir de mim. Talvez eu tenha dado muito, mas não me importo. Foi bom e Royce... eu sabia que ele me ouviu. Realmente me ouviu. Estava tudo ali, em seus olhos sombrios.

Eu decidi, como eu finjo que o mal da minha vida tem um propósito, Royce finge que é esse cavalheiro Casanova, mas no meu curto tempo com ele, eu reconheci a verdade. Royce Brayshaw tem coração. Pode estar revestido de doces tóxicos, mas está lá. Mais tarde naquela noite, depois que a escuridão veio, a névoa seguiu e roubou as estrelas de vista, então tudo o que restava era eu. Eu estava sentada na grama com a mente correndo que tentei limpar, mas a cada pensamento enterrado vinha outro, todos seguidos por uma sensação de compulsão. Senti uma necessidade e agi de acordo enviando uma mensagem de texto para um cara que eu não tinha negócios. Royce não respondeu, é claro, mas eu não enviei por conta de uma resposta. Eu mandei porque queria. Porque parecia certo. Eu puxo meu telefone do bolso e leio a mensagem novamente. Eu: Obrigada pelo que você fez. Travis não disse uma palavra. Pode parecer bobo, agradecer a ele quando toda a situação foi culpa dele por abrir sua própria boca arrogante em primeiro lugar, mas eu não me importo. Boca.

Arrogante. Eee agora estou pensando em seu pau na garganta da minha prima. — Você está bem aí? Eu pulo, meu telefone caindo no chão e Mac ri, pega-o e me entrega, escolhendo se apoiar no armário à minha frente. — Então. — Ele inclina a cabeça. — Então, essa coisa está realmente indo para onde ele diz, ou você está me jogando no oceano em algum lugar? Ele sorri. — Está indo para onde ele diz. Eu aceno, e então me ocorre. Meus olhos se arregalam. — Oh, meu Deus. E todas as minhas coisas? Minha tia? — Está sendo providenciado. Micah está carregando enquanto falamos. É cerca de dez horas de carro, então ele vai chegar hoje à noite. Minha cabeça puxa para trás. — Micah? Mac concorda. — Ele sempre foi legal com você, certo? Nunca fez merda nenhuma? — Quero dizer... sim. Ele foi bom o suficiente. Mac concorda. — Ele vai ficar na casa dos meninos, você vai ficar nas meninas. Bem, isso é inesperado.

Mac acena com a cabeça em direção à mesa onde uma grande

bandeja

de

prata,

completa

com

uma

tampa

combinando, está. É algo que você veria em uma cozinha gourmet... ou em um filme de terror com uma cabeça decepada enfiada bem embaixo dela. — Pegue alguma coisa, venha se sentar. E então ele se foi. Eu levanto a tampa e um sorriso aparece no meu rosto. Uma dúzia de donuts polvilhados e um pacote ainda embrulhado de Yoo-hoos, mas ao lado deles, uma pequena caixa turquesa. Eu corro meus dedos ao longo da borda externa, lendo a nota rabiscada bem no topo. Sua prima é uma cadela e seus dias de conserto acabaram. Hora de voar. Uma risada baixa me deixa, e eu abro para encontrar um par de óculos de sol dentro. Eu fico olhando para eles por um longo momento e, em seguida, finalmente tiro-os da caixa e coloco-os sobre meus olhos. — Caimento perfeito. Eu giro para encontrar Royce encostado no lugar que eu estava, com os braços cruzados sobre o peito, os olhos em mim.

O ajuste perfeito. Eu respiro fundo. Vamos torcer para que eu também seja.

— UM

JATO .

— Maddoc se levanta na borda da piscina,

— Um jato fodão. Ele lambe os lábios, me avaliando. — Você comprou um jato... para chegar a uma garota? Eu vejo o que ele está tentando fazer, filho da puta. — Não. — Eu sorrio. — Comprei um jato porque queria. Precisamos de férias e, caso algo aconteça quando tirarmos uma, uma maneira de voltar rápido. — E no caso de você precisar chegar até essa garota rápido. Eu olho feio e meus dois irmãos idiotas sorriem. — Então Raven estava certa. — Maddoc olha de sua esposa para mim. — O seu traseiro solitário te fodeu. Eu salpico sua bunda, mas me viro para minha sobrinha quando suas sapatilhas aquáticas batem em mim.

Ela está deitada de costas, com pequenos óculos escuros em forma de estrela, os pés pendurados na beirada da boia em formato de rosquinha – comprei isso para ela, muito obrigado. Eu sacudo a coisa levemente e, em seguida, roubo-a para beijar sua bochecha. — O que você acha, Zoey Bear? Diga ao seu papai que você quer ir de avião. — E voar bem alto no céu? — Ela sorri, com as mãos na cabeça. — Muito no céu. Ela chuta para poder descer e nadar até Captain. — Papai, eu quero voar! Ele ri, levantando-a. — Oh, você vai voar bem, está pronta? Ela grita, sorrindo quando ele a joga para cima e um pé para fora, nadando rapidamente para onde ela pousou. Eu sigo Raven enquanto ela nada até Maddoc. Ele coloca as pernas para fora para que ela possa se agarrar e flutuar na frente dele. Ela inclina a cabeça, e eu sei que ela está se lembrando de nossa conversa da noite passada. — Quem é esta... longe de ser uma garota aleatória?

Victoria olha de Raven para mim. — E quando vamos conhecê-la? — Não, não. — Eu me encontro deslizando para trás. — Não entendam mal, idiotas. — Eu rio. — Isto é um negócio. — Você percebe que quando se trata de você, '‘negócios’' significa algo completamente diferente? — Captain ergue uma sobrancelha loira. — Claro que sim. — Eu ri. — E ela é o meu. As meninas escondem sorrisos e eu franzo a testa. Meu rosto cai e eu levanto minhas mãos. — Eu quero dizer, para lidar com isso. — Uh-huh. — Victoria ri. — O que eu quero saber é quem veio com ela. — Cap ajuda Zoey a subir em uma jangada, virando-se para nós. — Nós conhecemos você, irmão, e de jeito nenhum você fugiu para onde quer que ela estava, voltou de mãos vazias, mesmo que fosse por menos de um dia, e deixou a garota para trás sem supervisão. — Exatamente, — interrompe Maddoc. — Diga-nos quem ele é e em que ele é bom. Eu sorrio, amando a maneira como nos entendemos. Sem animosidade, sem surpresa, apenas procurando um breve resumo para ficar por dentro.

Meus irmãos confiam em meu julgamento. Sempre. — O nome dele é Micah. Ele é um filho da puta alto e firme que joga bola. Conseguiu um padrasto implorando para despachá-lo no dia em que ele fizesse dezoito anos e uma mãe que só queria agradar seu novo marido. Ele não era o chefe da escola, então está acostumado a ser subordinado a alguém. Pouca agressão nele, mas isso funcionará a nosso favor nos armazéns e no The Wolves Den, agora que está funcionando perfeitamente. Eu sabia que Micah seria aquele que eu acertaria se necessário no segundo em que o levasse para sua bola. Ele foi o primeiro a dar um passo à frente, mas foi suave o suficiente e manteve distância, examinou a área e foi inteligente o suficiente para parar e esperar, ciente de que não tinha ideia de quem era o idiota na sua frente ou o que ele faria. Ele não ia meio empinado para se exibir para seus amigos. Ele deu ao estranho, a mim, respeito porque é o que um filho da puta inteligente faz. É como diz o velho ditado de Bray... Não subestime o que você não sabe, e assim que souber, rasgue-o em pedaços ou tire a porra do chapéu. — Ele deve estar rolando por aí esta noite.

— Espere. — Raven está cheia de suspeitas. — Então ele não voou com vocês? — Não. Ele está dirigindo com toda a merda. Uma risada jorra dela e ela balança a cabeça de brincadeira. — Você agiu como um homem das cavernas, não foi? — Eu posso tê-la levantado do chão, mas não a joguei por cima do ombro. — Eu zombo, mas um sorriso se abre. — Ela estava sentada em uma cadeira, então eu peguei também. Minha família ri. — Oh, cara. — Victoria sorri. — Gostaria de ver a expressão no rosto dela. Sim, foi muito divertido. — Então ela está em casa agora? — Raven sai da piscina, Maddoc atrás dela, caso sua barriga a derrube. — Sim. — O que acontece se ela disser seu nome? — Raven me observa de perto. — Se ela entrar lá e anunciar que sou a razão por trás disso, ela nunca vai sobreviver aqui. As mãos de Raven encontram a toalha de Maddoc estendida sobre seus ombros, e ela acena levemente com a

cabeça, um sorriso malicioso escondido em seus lábios. — Estou tentando descobrir se você quer ou não. — Bem, uh... você pode querer descobrir isso muito rapidamente. — Victoria aperta os olhos para passar por mim. — Porque eu vejo a nova garota quebrando sua primeira regra. Eu me viro, a tensão instantânea endurece minhas veias. Uma faixa de fundo prateado e preto é tudo o que você consegue distinguir, mas é mais do que suficiente para saber que é ela. Ela está subindo a calçada em direção à mansão, talvez a uns seis metros da varanda e se dirige diretamente para lá. — Royce, — Maddoc diz, mas já estou me movendo. — Eu sei, irmão. Isso é perto o suficiente.

EU

LEVO

minha bunda subindo os passos curtos, apenas

para congelar quando um grito familiar atingiu meus ouvidos. — Isso é longe o suficiente! — Royce chama. Eu me viro, procurando, e o localizo à direita. Eu faço meu caminho de volta para baixo e me movo em direção a ele, mas meus pés me carregam apenas alguns centímetros extras antes de pararem completamente. Acho que eles também querem um lugar no show. Royce vem em minha direção com passos longos e resistentes, ombros altos e retos e uma ponta do queixo raivosa. Ele de alguma forma se depara. Despreocupado e desequilibrado. Seus músculos delgados, tensos e visíveis sem flexionar, apenas se retesam mais a cada passo, a arte decorada ao longo das bordas afiadas de seu corpo movendo-se com eles e forçando minha atenção para os desenhos intrincados. Eles se retorcem, curvam-se e se enrolam de um lado a outro de seus braços, colorindo a parte superior do tórax e parte do pescoço, deixando você se perguntando o que significam, onde mais poderiam estar. Como um corpo do pescoço para baixo é capaz de sair zangado e controlado, quanto mais qualquer coisa por conta própria, não sei, mas o dele é igualmente ambos. Royce Brayshaw, um selvagem devasso.

Um Brayshaw sem camisa, a oitava maravilha do mundo. Uma visão que todos deveriam ver pelo menos uma vez na vida. Ele para a alguns metros de distância, seu tom monótono. — Você mente para mim, pequena Bishop? Eu paro meu próprio avanço. — O que você quer dizer? — Você disse que seguiu as regras, como um bom pequeno robô, e aqui estamos nós uma segunda vez. — Eu deveria entender a mensagem oculta em seu insulto? Porque não entendo. — A primeira coisa que Maybell faz quando chega uma pessoa nova em casa é estabelecer as regras. — Bem, então, uau ela. — Eu levanto um ombro. — Ela fez o trabalho dela, dê a ela um bônus. Ele estreita o olhar. — Então você sabe muito bem, porra, ninguém tem permissão para voltar aqui. Maybell é muito boa em fazer vocês obedecerem, e ela não hesitará em te expulsar quando você não o fizer, sendo primeiro dia ou não. — Ele cruza os braços. — Vou ajudar se for preciso. Ninguém tem permissão... Ohhhh. Isso mesmo, ouvi dizer que a casa deles é o santuário.

Em parte, é por isso que as casas de grupo ficam bem na entrada da área, para mantê-los o mais longe possível, mas ainda perto o suficiente para controlar. Espere, então por que ela... — Por que ela o quê? Meus olhos voltam para os dele e para o canto de sua dobra. — Termine seu pensamento. Eu deslizo meus dedos ao longo da minha têmpora, deslizando-os ainda mais no meu cabelo e ele segue o movimento. — Por quê? Você não vai acreditar em mim. — Me teste. Eu não. Seu olhar voa para o meu rapidamente e, depois de um momento, fica mais pesado, mas desta vez há uma pitada de ceticismo que ele tenta esconder. — Ela mandou você aqui. Eu

encolho

os

ombros,

respondendo

sem

jogá-la

completamente sob as botas de um Brayshaw. Espere. Talvez ela queira que eu seja expulsa? Os ombros de Royce parecem afrouxar, e ele passa a língua pelos lábios.

Ele olha por cima do ombro e lembro que vim aqui por um motivo. — Então você terminou? Porque é a minha vez. Sua cabeça gira rapidamente e, conhecendo-o, ele está prestes a explodir, então eu falo antes que ele possa. — Você realmente insistiu que eu tivesse meu próprio quarto quando, literalmente, todas as outras pessoas naquela casa dividiam com uma ou duas outras pessoas? Ele pisca para mim. E então ele pisca novamente. — Você está falando sério? — Ele amplia sua postura. — Você está reclamando agora? — Bem, eu não voltei aqui para dizer oi. Seus olhos se estreitam, seu queixo inclinado um pouco. — Tem certeza? — Quer dizer, achei que te veria mais tarde ou, você sabe, eventualmente, mas não, e estamos fora do caminho. — Eu coloco um dedo sobre meu ombro, apontando para algum lugar atrás de mim. — Essas meninas são minhas parceiras, posso sentir isso, e aí vou eu, morando aqui só por causa do meu irmão, e bum. Tratamento especial, simples assim? Eu não quero isso. Isso parece irritá-lo. Ele se aproxima. — Se eu fosse equilibrar você com seu irmão, teria sido o galpão para você, pequena Bishop, então não precisa agradecer.

— Não finja que meu irmão não é tudo que sua família pediu que ele fosse e muito mais. Sua mandíbula flexiona e desloca mais. — Deixe-me esclarecer uma coisa para você, certo? — Por favor, faça. Com base na maneira como seus olhos parecem brilhar, ele não queria uma resposta, mas continua falando mesmo assim. — Você está em seu próprio quarto, porque é onde eu quero você. Porque lá, naquele quarto, eu posso chegar até você quando eu quiser, porra. — Quando você quiser? — Quando. — Ele dá mais um passo em meu espaço, e meu estômago se revira para baixo e rápido. — Você não é uma garota de grupo como elas. Eu não vim para o seu resgate, eu contratei você. Você é uma empregada. Minha empregada, pequena, então esteja pronta para trabalhar, para pular, para buscar, quando eu mandar, e antes que me pergunte por quê, a resposta é porque você entrou naquele carro. Você veio para minha cidade. Agora aqui está você, ao meu alcance. Isso te torna minha para controlar. Ele está praticamente bufando e xingando, todo zangado e irritado e tentando intimidar. Eu faço o meu melhor para permitir que ele acredite que sua dramatização de garoto irado foi eficaz, mas não posso esconder o modo como isso me atinge.

Meu sorriso é instantâneo, minha mão voando para agarrar seu braço. — Espera, sério? As feições de Royce se contraem, seu foco movendo-se rapidamente da minha mão para o meu rosto. — Espera o quê? Eu aperto. — Eu sou realmente sua empregada? Quer dizer, eu trabalho aqui agora? Você não apenas me mudou... você precisa de mim? Royce fica parado por um momento, imóvel. Sua mão se afasta da minha, voando para frente antes que eu veja, e ele empurra meus óculos na minha cabeça. O olhar está testando, medindo e, muito lentamente, suas feições se suavizam. Eu deixo cair minha mão para o meu lado, e ele lambe os lábios olhando para fora, apenas para voltar. Ele abaixa meus óculos e começa a andar para trás. Sua mandíbula se aperta apenas para se soltar quando ele diz: — Volte. Espere por suas coisas. Durma. Esteja pronta quando Maybell disser para você estar pronta. — Te verei de manhã? Seus olhos se estreitam. — E importa se você me ver? Eu balanço minha cabeça, apertando minha boca para o lado para não sorrir.

Ele não diz nada, vira-se e está prestes a me deixar parada aqui, mas então percebo algo e dou um salto para frente. — Espere! Royce faz uma pausa, mas apenas olha para trás com a cabeça. — Se você pensou que eu só voltaria aqui para dizer oi, por que você não poderia simplesmente... — Dou de ombros levemente. — Sabe, dizer oi de volta? Suas feições se contraem. Alguns segundos silenciosos se passam e, quando ele fala, há uma hesitação em seu tom que não existia antes. — Regras, pequena Bishop. Regras. Certo. Eu odeio regras. Seus olhos se movem entre os meus mais uma vez, e então ele se vira e vai embora. No segundo que ele o faz, eu pego meu telefone para verificar a hora. Ainda não são seis horas. Um sorriso encontra meus lábios e ligo para meu irmão.

— Irmã. — Irmão. — Eu sorrio, meus olhos viajam pela mansão mais uma vez, caindo na janela quando vejo a figura de um homem na sombra – seu pai, Rolland Brayshaw. O expresidiário e ex-chefe de Brayshaw me observa. Eu faço meu caminho em direção a casa de grupo. — Tudo certo? — Há alguma confusão, então ele volta mais claro. — Você geralmente não liga a esta hora do dia. — Sim, está tudo bem. — Muito melhor. A antecipação faz meus músculos do estômago se contraírem. — Ei, então... onde você está agora? — Estou... trabalhando, — ele hesita. Meus ombros caem. — Então você não está em casa? — Agora não, não. — Sua voz está mais baixa do que antes, e uma longa pausa se segue. — Por que você pergunta? Porque eu quero te surpreender. — Sem motivo. — Eu sorrio. Quase fico triste, mas não permito que isso assuma o controle. Não estou mais a centenas de quilômetros de distância. Sempre há mais tarde, talvez até esta noite? — Eu vou te ver em breve, irmã. Eu prometo. As coisas estão apenas...

— Está tudo bem, — eu o interrompi rapidamente. Seu tom abatido estava escorregando e não há mais necessidade disso. — Você vai me ver em breve. Mais cedo do que você imagina. Há uma comoção ao fundo e a linha fica muda, outra conversa é interrompida, mas isso acaba logo. Não há mais segredos exigidos, não há mais tempo perdido. Ele pode compartilhar seu mundo comigo, porque agora é o meu também. Estou aqui, irmão. Literalmente. Antes que eu possa guardar meu telefone, uma mensagem chega. Bass: Sinto muito. Eu te ligo de volta em breve. Bass: Eu te amo, irmãzinha. Nunca mude quem você é. Nunca mude quem você é. Algo está acontecendo com ele, ele esteve mais fora do que o normal nos últimos dois meses. Atendendo apenas metade das minhas ligações, ligando-me ainda menos e falando como se o fim do mundo estivesse se aproximando dele, mas essas palavras específicas parecem afundar mais do que quaisquer outras que ele disse, como se ele me visse claramente quando parece que eu não me vejo.

Com um último olhar por cima do ombro, encontro o foco de Royce apontado para cá, uma toalha agora enrolada em seu pescoço. Ele não desvia o olhar, mas eu sim. Volto para casa com passos lentos e forçados, um único pensamento me atormentando por todo o caminho. E se eu precisar de mudança?

SEUS

OLHOS ,

tão turquesa e cansados quanto da última

vez que os vi. Seu comportamento, tão inofensivo, mas determinado quanto eu decidi que ela é. Sua abordagem para toda a situação... frustrante como o inferno.

Tentei irritá-la, exigir algo de uma garota desesperada para se livrar das expectativas e, em vez de lutar comigo, ela ficou animada. Riu. Sorriu porra? Procurei por um sinal de sarcasmo e quase fiquei irritado quando parei, mas tenho certeza absoluta de que se tivesse encontrado, ainda estaria furioso com isso. É ruim de qualquer forma. Maddoc dá um passo ao meu lado, seu olhar focado onde o meu está, na garota que acabou de pisar entre as árvores, em seu caminho de volta para a casa de grupo que ela agora chamará de lar. Ela devia estar conversando com o irmão agora. Você disse a ele que está aqui, pequena Bishop? Minha

testa

franze

e,

finalmente,

quando

Brielle

praticamente sumiu de vista, Maddoc e eu nos encaramos. — Quem é ela? — Ele pergunta, e com razão. Ela chegou perto de sua casa, sua mulher e filho por nascer. Nossa sobrinha. Eu encontro seus olhos, mas mantenho os de Raven.

— Brielle Bishop. — Bishop, — Raven repete. — Como em... — Como em seu menino Bass? Sua irmãzinha. — Eu... — Ela balança a cabeça. — Não esperava por isso. Victoria ri, se juntando a nós, e eu e Cap olhamos para Zoey sentada na espreguiçadeira, seu pequeno braço inteiro desaparecendo em um saco de charque. Cap se vira para mim. — Srta. Maybell a mandou aqui, não foi? — Ela não admitiu, — digo a eles. — Não negou, também. — Ela não queria delatá-la, — Raven percebe. — Por que ela se importaria? — Parece um movimento leal, — Victoria diz e eu a encaro com um olhar feroz. — Não comece sua merda. Ela ri, pulando nas costas de Captain. — Apenas dizendo. — Bem, não diga e não tente pegar essa garota... não vai funcionar. — Por que não? — Victoria se pergunta. — Apenas confie em mim, a garota está desligada.

— Desligada como? — Raven cai na cadeira ao lado de Zoey, aceitando o pedaço de carne seca meio mastigada que ela oferece para ela. — Desligada por que ela come batatas fritas sem um garfo ou desligada por que ela cortou o seu pau fora em seu sono e te convenceu mais tarde que ela fez isso porque ela te ama? — Que porra é essa, RaeRae? — Eu rio, mas um pequeno estremecimento dispara pelo meu corpo e seguro meu pau traumatizado. — Vamos, Ponyboy, nos dê algo, — Raven pressiona. — Que porra você quer que eu diga? — Eu levanto minhas mãos com uma risada. — Ela ri quando deveria estar com medo, brinca quando deveria estar brava e... — Então ela é à prova de Royce? — Victoria me interrompe, fazendo Raven rir. — Garota, pare de brincar! — Eu grito, recuando para escapar de ser enjaulado entre Bonnie e Bonnie18. — Tudo que eu disse é que ela está desligada. Conheçam-na, conversem com ela, assustem-na ‘pra’ caralho, eu não me importo, então decidam por vocês mesmos. — Nessa nota... eu digo que nos divertimos um pouco. — Raven balança as sobrancelhas. Eu rio, pegando meu telefone da cadeira quando toca.

18 Referência ao casal de criminosos Bonnie e Clyde.

Eu atendo e coloco no meu ouvido. — Fale comigo, MacMoney? — Temos um problema, — ele dispara. Minha pulsação acelera, meus músculos do ombro se alongam. Meus irmãos percebem e se aproximam com expressões tensas. Coloquei a chamada no viva voz. — Fale conosco. — Aquele boato que estava girando em torno de uma luta? — Ele lidera. — Aconteceu. Meu sangue aquece instantaneamente. — Quem? — Maddoc pergunta. — Treinador Von. Nós olhamos um para o outro. — Sério? — Sim. Ele conseguiu apanhar e apanhar bem, dois de seus jogadores o encontraram no campo de beisebol. O novo placar também foi quebrado, mas isso saiu fora das câmeras. Vou mandar as fotos agora, era claramente a porra de um taco e há garrafas quebradas de Mickey’s 19 aqui também. Até a porra de um limão.

19 Marca de licor de malte norte-americano, também conhecido no país como cerveja com altíssimo teor alcoólico.

— Droga, mano. — Isso não é tudo... — Ele para. — Vamos, Mac. — Captain encara. — Ele disse que não sabe quem era, que não o viu chegando, mas eu já puxei e assisti na câmera. Raven franze a testa. — Ele mentiu. — Você não pode ver o rosto do cara, mas pode vê-los discutindo por um minuto antes que comecem a bater nele. — Então ele não apenas viu a pessoa, ele a conhece. Por que mentir? Ele suspira. — Não sei ainda. — Há uma razão. — Victoria começa a andar e todos nós olhamos para ela. O que acontece com Victoria é que ela é uma pequena caçadora de segredos, vê o que os outros não veem, termina o quebra-cabeça quando tem apenas metade das peças... na maioria das vezes. Mac acrescenta: — Sim, como se houvesse uma razão pela qual o treinador Von não revidou. Nossos olhos voam um entre o outro. — Nem mesmo um único golpe? — Não.

— Filho da puta. A mandíbula de Maddoc se contrai. — Ele sabia que descobriríamos e iríamos procurar. — E pararíamos na primeira pessoa com um machucado. Quem quer que seja, tem algo contra o cara. — Foda-se, — Mac assobia. A tensão aperta meu peito. — O que é isso? — A trava do contêiner do equipamento foi cortada. Parece que falta algumas coisas, mas preciso acender as luzes para ter certeza. — Alguém é corajoso ‘pra’ caralho. — Quase ousado demais, — Victoria se pergunta em voz alta, olhando para nós. — Eles foram atrás do treinador, do placar e do equipamento? Ele diz que não sabe quem foi, mas não revidou e alguém teve o cuidado de não estar à vista da câmera, mas deixou garrafas de cerveja para trás? — Estamos perdendo algo... Ela concorda. — Se foi um taco que foi usado para quebrar o placar, mas não no treinador, então precisamos começar com alguém da equipe. Arremessador ou lançador estrela, talvez? Maddoc concorda. — Sorte nossa, é a mesma pessoa, porra.

Raven se inclina para trás. — Dê uma olhada nele amanhã, convide-o para a festa amanhã à noite. Todos acenam com a cabeça e lá estamos nós. Traremos um rato para a caça aos ratos.

MICAH sobe os degraus da casa das meninas bem quando um grupo delas sai pela porta. Elas param ao vê-lo, mas ele não está acostumado com esse tipo de garota. Elas não sorriem ou ficam boquiabertas com o filho da puta de boa aparência, elas passam por ele e seguem pela estrada. Raven e Victoria riem do olhar ofendido em seu rosto, mas nós apenas balançamos nossas cabeças. Ele aprenderá rápido o suficiente. Haverá muitas garotas do fundo fiduciário da escola que cairão ao vê-lo, mas não serão essas. Ontem à noite, Mac nos avisou quando Micah chegou, então eu, meus irmãos e as meninas viemos para conhecê-lo enquanto lhe dava sua primeira tarefa. Um plano que estou prestes a cancelar quando a garota é a última a sair de casa e seu sorriso vai direto para Micah, é calado, mas está lá. Quando ele se inclina para dar-lhe um

abraço, ela aceita, uma pasta de papel manilha familiar pendurada em sua mão – sua papelada Brayshaw High. Eu me mexo na cadeira, observando. Aborrecido com a forma como me sinto tão aborrecido. E de quê? Foda-se se eu sei! Raven se inclina tanto quanto sua barriga permite, apoiando os antebraços no painel. — Essa menina é a irmã mais nova de Bass Bishop? As palavras de sabedoria bem interpretadas de Maybell voltam. As expectativas são para tolos, e você está longe de ser um deles. — Não é o que você esperava? Na minha visão periférica, Raven balança a cabeça. — Longe disso. Acho que imaginei alguém alta e desonesta como uma modelo, como ele. Isso me dá algo divertido em que me concentrar, e olho para Maddoc com um sorriso, esperando sua reação, mas tudo o que ele dá é um estrondo exalado, fazendo sua mulher rir. — Cara, eu mataria por um idiota como esse, — Victoria reflete, trazendo minha atenção de volta para Brielle.

— O mesmo, — concorda Raven. — Como está tão... cheio? Minha cabeça volta para a varanda enquanto os dois descem as escadas, a mão dele na base das costas dela, como se ela precisasse ser conduzida. Ela não precisa. Um desejo inesperado de tirar Micah dos degraus segue, mas eu empurro essa merda de volta, deixando a irritação tomar seu lugar. Devo rosnar alto quando Raven se vira para mim. Ela sorri. — Você está bem aí atrás, Ponyboy? — Não finja que você não percebeu. Bunda é a sua perdição. A menina estava vestindo um uniforme escolar adequado para uma pessoa de quarenta anos toda vez que eu a via, menos ontem quando ela usava um par de moletons folgados e uma camiseta – viagem de carro, roupas confortáveis – mas como Raven disse, eu posso localizar um belo traseiro a uma milha de distância, encontrar aquela merda sob qualquer tipo de material conhecido pelo homem, grosso ou fino. Então, como eu disse. Eu vi. Tenho que admitir, ela tem mais do que eu percebi. Quadris também.

Não que eu me importe. A cada passo que Brielle dá, seu sorriso se espalha mais. — Olha para ela. — Captain a observa. — Ela nem está nervosa. — Ela está bem longe de estar nervosa. Animada, talvez até contente. — Victoria inclina a cabeça para segui-la enquanto ela passa pela frente do SUV e segue em direção a Mac que fica na beira do meio-fio, esperando por eles. — Te disse. Desligada. — Essa garota sabe alguma coisa sobre nós, cara, ou ela está ficando cega? — Cap olha na minha direção brevemente. — Acho que veremos. — Pobre garota. — Raven se recosta. — Ela não tem ideia do que está por vir. Nem a porra de uma pista. As risadas e as conversas morrem enquanto nos dirigimos para a escola. Temos uma bagunça para limpar e hoje é o dia da configuração.

ONTEM

À NOITE ,

depois que Mac e Micah colocaram todas

as minhas malas no meu quarto, Mac nos levou para um hambúrguer tarde da noite para nos informar sobre seu mais novo problema e repassar algumas coisas que ele disse que precisávamos saber – coisas que são esperadas e o que nos dará uma passagem só de ida no subsolo. Ok, então ele não usou esse termo, mas acho que é apropriado. As pessoas aqui desaparecem, mas ninguém fala sobre isso. Assim como não devemos falar sobre nada que seja compartilhado conosco, participamos, vemos, descobrimos ou até falhamos. Basicamente, somos como a CIA, mas na verdade não somos, mais como rebeldes desonestos. Ou eles são. Eu não. Eu sou “tudo o que Royce me diz para ser” palavras que Mac disse desajeitadamente em nome de seu melhor amigo.

Decidi que ele é o Manny Rae 20 do Tony Montana de Royce, mas uma versão que não morre no final nas mãos de seu melhor amigo. Ok, talvez seja uma comparação muito ruim, mas está bem. Ele é importante, é tudo o que sei. — Tudo bem, é todo seu, companheiro. — Mac passa um conjunto de chaves para Micah. Chaves de seu carro agora, seu bônus por se juntar à equipe. Nós olhamos para encontrar um Denali preto. Idênticos aos que os Brayshaws dirigem. Micah franze a testa para Mac, mas Mac apenas concorda. — O GPS já está configurado para levar você de volta à escola, — ele compartilha. — Siga-o e não se atrase. Você vai chamar a atenção por ser novo e não queremos fazer um show. Nós acenamos e trocamos de carros. Micah está sorrindo de orelha a orelha e continua assobiando enquanto verifica os dispositivos no painel.

20 Personagens fictícios do filme Scarface.

Ele olha para mim com um sorriso. — Que tal algumas panquecas? Eu vi um McDonald's do outro lado da ponte quando estava vindo? — Mac nos disse para não nos atrasarmos. — Temos meia hora, e olhe. — Ele aperta botões no sistema de navegação. — Diz que faltam seis minutos. — Quando eu hesito, ele cutuca meu ombro com um sorriso. — Vamos. Novo lugar, nova vida. É apenas uma panqueca. Eu ri. — Já comi... mas acho que posso pegar um chocolate quente? Ele ri. — Aqui vamos nós. Como disse Micah, estamos lá em seis minutos e nos afastando depois de três. Ele olha para mim com um sorriso que diminui quando ele olha para frente. — É estranho estar em um carro assim comigo? Eu expiro. — Mais ou menos, mas surpreendentemente não tão ruim quanto eu pensei que seria quando Mac sugeriu na noite passada. Eu olho para Micah e nós dois rimos. — Ei, então, — eu pisei levemente, bagunçando meu telefone na palma da minha mão. — Você conheceu todo mundo na casa dos meninos?

Micah encolhe os ombros. — Eu conheci um casal. Eu acho que alguns chegaram tarde, alguns estão em trabalhos e outras coisas. Voltam em uma semana ou algo assim. — Ele franze a testa. — Por que, você não conhece nenhuma das garotas? — Não, sim, eu conheci. Todas aqueles que estavam interessados em colocar os olhos na nova garota de qualquer maneira, o resto ficou em seus quartos. — Micah ri. — Eu só estava... pensando... — Sobre meu irmão. Começamos a rolar pela ponte, mas, ao fazê-lo, um carro nos bloqueia e Micah é forçado a pisar no freio. Meu corpo voa para frente, mas o cinto de segurança me segura. Infelizmente, não a minha bebida, e então todo o meu peito queima com chocolate quente. Eu suspiro, puxando-o, e Micah se vira para mim com os olhos arregalados. — Merda! — Ele joga o carro no estacionamento e se vira para mim, mas quando minha cabeça levanta, eu percebo que o carro que nos cortou parou. Eu bati em seu braço, franzindo a testa para frente. — Micah... — Eu sei, deixe-me ajudar. Eu... — Não. Micah... olhe.

Seus olhos saltam para os meus, em seguida, saltam para fora da janela da frente. O carro rola para trás, em nossa direção. Micah fica tenso. — Que porra é essa? — Vai. Ele não se move. — Micah, vá. — O carro para a centímetros de nós. Micah rapidamente joga o carro ao contrário, mas quando a câmera retrovisor do painel aparece na tela, uma maldição em voz baixa o deixa. E essa merda está certa. Outro carro está atrás de nós. — Estamos bloqueados. Como se superando sua surpresa inicial, Micah coloca o carro em movimento, seus olhos fixos na estrada. — Não por muito tempo. Ele avança lentamente, seu para-choque provocando o carro à nossa frente, mas aquele carro, ele dá ré, com os pneus cantando. Então, Micah joga para trás e bate em um atrás de nós. O da frente volta, batendo contra nós bem quando um terceiro carro, muito maior, voa ao nosso lado.

Eu grito quando ele tira o espelho, chegando o mais perto que pode. Meu coração começa a bater forte no meu peito e tento respirar através das batidas. Micah atira, dirigindo o carro atrás de nós, em seguida, voa para frente em uma pequena curva, efetivamente conduzindo uma pequena batida entre os dois carros dianteiros e conseguimos escapar, mas em segundos, todos os três estão atrás de nós. — Merda, — eu assobio, a pressão em minhas têmporas dobrando. Eu jogo meu cinto de segurança e Micah corta os olhos arregalados em minha direção. — Que diabos? — Ele grita, agarrando meu braço quando faz uma curva fechada. — Sente-se e aperte o cinto. Se batermos, você está fora da janela. — Há três carros para o nosso, Micah! — Eu grito, jogando-me no banco de trás. — Estamos sendo presos de novo. Eu alcanço a terceira linha, minha mão disparando para agarrar as alças no topo quando Micah desvia novamente. Com uma mão, arranco o tapume e voilà! Kit rodoviário de emergência.

Eu cavo através dele, minha mão encontrando um pedaço de metal frio assim que o carro para de repente. Eu voo, batendo minhas costas no painel lateral, um pé de cabra agora na minha mão. — Você está bem?! — Micah grita. — Sim. — Eu arranco a ferramenta, meus olhos arregalados quando olho pela porta dos fundos. — Ah, merda. Micah, eles abriram a porta. — Aqui também. Porra! Eu me viro e, com certeza, duas pessoas com máscaras no rosto descem do carro da frente, os motoristas dos carros atrás de nós fazendo e usando o mesmo. Minha visão começa a embaçar, mas eu luto contra ela e giro, segurando uma das armas para Micah. Ele agarra, olhando de mim rapidamente e de volta. Lentamente, eles dão a volta no carro, um de cada lado de nossas portas, um em cada uma das portas traseiras. Eles batem violentamente nas janelas. Micah tenta pisar no acelerador e voar para a frente, mas o carro à nossa frente deve ter outra pessoa dentro, porque eles sentiram e aceleraram ao mesmo tempo. O cara ao lado de sua porta salta para trás, e Micah suspira. Dando uma olhada rápida para mim.

— Sente-se no banco do motorista, Brielle. Dê o fora daqui. — O que... Ele abre a porta e pula para fora. Ele levanta a arma, indo direto para o cara, mas se esquece de cuidar das costas, é rapidamente enrolado e jogado no chão. — Merda! Eu pulo sobre o assento, trancando a porta enquanto outro está batendo as mãos contra ela, rasgando a maçaneta. A cabeça do cara se inclina como a aberração de The Purge 21 , e ele bate a mão na janela, mas então seu braço desaparece atrás de suas costas e eu pisco rapidamente, meu pulso muito irregular para parar o fluxo de sangue para meu cérebro. Sua mão voa e por reflexo, eu recuo. Mas essa mão não segura uma arma ou faca ou o que quer que eu tenha pensado na minha cabeça. Ele contém uma chave. Eu inalo, e então a fechadura se abre.

21 Filme Uma Noite de Anarquia.

A porta é escancarada e ele dispara para frente, mas eu levanto o pé-de-cabra do meu colo e o empurro para frente o mais forte que posso, enfiando-o no pescoço da pessoa. E essa pessoa? Ele ri. Tudo em mim congela e derrete, e eu arranco a máscara de sua cabeça. — Você está me zoando? — Sai como um sussurro áspero. Os outros três caminham, cada um tirando suas máscaras. Eles sorriem largamente, os olhos se arrastando e, embora eu não consiga ver seus tons, posso ver suas figuras e sei quem são. Pisco várias vezes, longo e forte, e quando minhas pálpebras abrem novamente, as coisas estão um pouco mais claras. Eu fico olhando para os olhos sombrios na minha frente, sinto o aperto forte que envolve meus dedos para empurrar o pé de cabra para baixo, e um sorriso que puxa os lábios a centímetros dos meus. Um quarto carro derrapa ao nosso lado e, na minha visão periférica, vejo quando a porta é aberta, uma quinta pessoa saindo.

E então respirações quentes encontram minha pele, logo acima da minha clavícula, e as palavras diabolicamente proferidas sussurradas enviam um arrepio pela minha espinha. — Bem-vindos a Brayshaw. Puta. Merda.

EU

NÃO TENHO

certeza de quanto tempo eu fico olhando

para os olhos chocolate diante de mim, mas então seus lábios levantam, e as formas ao meu redor recuperam sua clareza. Meus olhos voam de uma figura para a outra como um fliperama, esperando para ver mais de cada uma, mas ao mesmo tempo, ansiosos para ver mais da próxima. Os infames garotos Brayshaw e o resto de sua família olham diretamente para mim, uma expressão diferente em cada um de seus rostos, mas eu faço o meu melhor para me concentrar em um de cada vez Os meninos são tão fáceis de distinguir, cada um com características distintas.

Maddoc, que está ali com o rosto em branco, tem cabelos grossos e escuros e pele cor de caramelo que o denuncia instantaneamente. Ele é exatamente um deus grego vivo. Um zangado, assustadoramente sem emoção. Pelo que descobri, ele é o único a observar. Não o líder, já que todos são considerados iguais, mas há algo nele que merece cautela extra e cuidado meticuloso. Captain fica ao lado dele e oferece uma leve ponta do queixo e um pequeno sorriso. Ele é tão alto quanto Royce e Maddoc, mas com ombros mais largos, pele de cor cremosa e cabelo loiro – o contraste mais óbvio de seus irmãos adotivos. Ele tem aquela vibração totalmente americana, mas ficar cego à primeira vista é perder a confiança em sua postura ampla, a tensão em seus ombros – ele é bonito, mas perigoso. Uma linda garota com cabelo dourado que encontra seus quadris está com o cotovelo apoiado no ombro do Captain, mas eu não tenho certeza de quem ela é. Sua BrayGirl, talvez? Uma risada rápida vem da esquerda e minha cabeça vira para esse lado. Minha respiração fica presa na minha garganta enquanto meus olhos pousam em Raven Carver. Ou, devo dizer Raven Brayshaw. Cabelo comprido e escuro, tinta preta e brilhante, ela inclina a cabeça com um sorriso.

A herdeira de todo o império Brayshaw que ninguém sabia que existia até que apareceu na porta do lar em que moro agora, se o que descobri for verdade. Um produto de estupro em uma guerra entre as famílias fundadoras desta cidade, criada por uma mãe vil, uma prostituta em sua verdadeira forma, totalmente um desastre de lixo de trailer, e abusada quando criança. No entanto, aqui está ela. Forte. Corajosa. Inspiradora. Muito, muito grávida. — Essa. — Ela balança a cabeça. — É Victoria, e minha irmã. E sim, BrayGirl do Captain. — Cadela. — Victoria chama minha atenção com um sorriso. — Eu sou dele agora, amanhã, sempre... e você. — Ela acena com um sorriso, seus olhos caindo para o pé de cabra na mão de Royce, lentamente voltando para mim. — Começamos bem. Os olhos de Royce caem para a minha camiseta e ele franze a testa. — Você está bem? Eu olho para baixo com um aceno de cabeça. — Sim, está... estou bem. — Dói, mas só um pouco agora.

— Bom. — Ele olha para Micah enquanto ele se aproxima de nós. — Nunca atravesse esta ponte. Graven Prep está deste lado, e não mexemos com eles. Eles estão por conta própria e, enquanto eles ficarem fora do nosso caminho, vamos deixá-los assim. — Ele se vira para Micah novamente. — Você realmente não achou que íamos deixar você dirigir por aí em um carro como o nosso, não é? — Bem, eu definitivamente não achei que você fosse destruir em um passeio perfeitamente foda também. — Micah ri. — Isso é justo. — Royce sorri, joga para ele um molho de chaves e, lentamente, eles recuam, entram no carro e vão embora. Simples assim. Eu? Eu permaneço congelada no assento em que me deixaram. A pressão em torno dos meus olhos se foi, mas agora fica pesada contra o meu peito enquanto um sentimento de orgulho floresce dentro dele. Eu sigo o SUV preto enquanto ele se afasta, carregando a família que ganhou a lealdade do meu irmão como ele fez com a deles, os adolescentes que vivem como homens adultos em um mundo como nenhum outro, cheio de caos e desonestidade e... liberdade.

A família Bass passou a acreditar e deu tudo de si na esperança de ganhar um lugar ao lado dele. Sim, eles tiraram meu irmão de mim sem pausa ou consideração pela garota que estavam deixando para trás, ou mais, expulsando sozinha, mas não posso dizer que não entendo por que ou que estou zangada com isso. Doeu? Claro que sim. Meu irmão era a única pessoa em meu mundo de quem eu podia contar. Só estávamos seguros, longe da casa em que nascemos e crescemos por menos de vinte e quatro horas quando eles vieram atrás dele, e não vinte e quatro depois disso, eu estava a caminho da casa da minha tia, sem ele. Como eu disse, porém, eu entendo, e por mais que seja chato ficar sem ele, sou grata por eles e pelo que deram a ele. Se alguém merecia uma chance em um mundo que significava algo, era ele. Eu estava bem em saber que ele estava bem. Só espero não fazer papel de boba agora que tenho a chance de me juntar a ele. Eu não vou.

— O QUE VOCÊ ESTÁ PROCURANDO, Ponyboy? — Uma maneira de dizer a Maddoc que você está carregando meu filho. Raven ri enquanto eu me abaixo para evitar a palma da mão aberta de Maddoc. — Sério, o que foi? — Ela se inclina para trás na cadeira, com as mãos na barriga grande. Estendo a mão, colocando minha mão ao lado da dela, meus olhos ainda examinando a sala. — Ela não está aqui, estou me perguntando se ela está enrolada em um canto em algum lugar. Raven inclina a cabeça. — Você quer que ela esteja? Eu olho para ela com uma sobrancelha levantada. — Se eu quisesse que ela estivesse, ela estaria. Victoria dá de ombros. — As pessoas não têm razão para se sentirem ameaçadas por ela, então ela deve ficar bem.

— Exatamente. — Raven acena com a cabeça. — Ela é apenas uma garota da casa de grupo... até que você faça algo diferente para ela. — O que nunca vai acontecer. — Eu olho profundamente. Raven sorri. — Uh-huh. — Olha isso. — Captain ganha nossa atenção. Enoch Cameron, o arremessador estrela da Brayshaw High, está sentado de pernas abertas em uma mesa perto da saída dos fundos, conversando com Giana Fritz, uma garota da equipe de tênis. Ele estende a mão, sacudindo o cabelo dela perto dos ombros, e ela se inclina um pouco mais perto. — Seja claro, seu filho da puta, — eu pondero. — Sua garota está apenas sentada em uma mesa. Nós olhamos para Taylor Simms, a garota que ele estava segurando desde o primeiro ano. — Bem na hora, — Maddoc fala baixo, e o resto de nós olha para a porta. O treinador Von passa direto, lábio cortado, o olho roxo e, com certeza, com algumas costelas fraturadas sob sua camisa social bem passada.

Victoria se inclina para a frente em sua cadeira, estudando a linguagem corporal deles enquanto procuramos uma placa que diz ‘jogo sujo’. O que você percebe, enquanto Enoch não olha em sua direção, o filho da puta se senta em sua cadeira. Seus olhos voam para Taylor, que se encolhe na cadeira, escondendo o rosto atrás do telefone. Nenhum deles olha para o treinador. Maddoc se inclina para trás. — Foi ele. — Sim. Estamos perdendo alguma coisa. — Cap concorda. — Eles estão assim por conta dela. — Mas sou só eu... — Victoria aperta os olhos. — Ou Taylor parece que está prestes a entrar em colapso com a água a qualquer momento agora? E ela entra em colapso. — Olhando para aquele cara, parece que ele está procurando um novo sabor. Victoria a olha, balançando a cabeça. — Precisamos olhar para ela um pouco mais profundamente. Ninguém discute. Victoria geralmente está certa quando se trata desse tipo de coisa, mas até descobrirmos mais, é o que é.

Meus olhos mudam para Enoch quando ele se levanta. Ele diz algo para Giana que a faz assentir antes que ele se afaste. Merda. Eu me volto para Captain. — Sim, deixe-me levar Zoey no domingo. Ele franze a testa. — Você sabe que pode vir conosco. Sempre. Eu sorrio. Foda-me, adoro ouvir isso, não que eu precise. Eles nunca jogam na minha cara, nunca tentam fugir sozinhos. Podemos ter adições ao nosso trio, mas não muda sobre o quão unidos somos. Eles me conhecem e estão totalmente cientes de que dou a mínima para seus relacionamentos. Na verdade, eles chutariam minha bunda se soubessem que eu não tenho planos nos dias em que eles saem, mas eu aceitaria se descobrissem porque quero que tenham o tempo que merecem com suas garotas, sempre. Eu amo meus irmãos tanto quanto eu sei, mas o amor que eles recebem de suas metades iguais não é algo que eu possa igualar. Não é um que eu já interrompi também.

— Eu sei, irmão. — Eu concordo. — Mas eu a quero para mim. Eu tenho que ganhar alguns pontos, já que o tio Dick aqui fica escondendo trens de pelúcia no quarto dela. Captain franze a testa para Maddoc. O olhar de Maddoc acerta meu caminho e ele joga uma tampa de garrafa em mim. — Você disse nada mais de bichinhos de pelúcia, — Cap o chama. Sento-me, sorrindo com Raven e Victoria enquanto Maddoc faz o seu melhor para justificar a necessidade de Zoey por qualquer coisa que ela queira. E mais. O que nenhum deles sabe é que aluguei todo o Workshop Build-A-Bear22 para a princesa no domingo à noite. Eu sorrio pensando nisso, um sorriso que se alarga quando Katie Kline desliza para cima com uma camada pesada de brilho labial e um piscar longo e lento. A mesa volta para suas próprias conversas enquanto eu me concentro em Katie. — Você fugiu de mim muito rápido na outra noite, — diz ela com um pequeno sorriso.

22 Empresa norte-americana que vende ursos de pelúcia, e outros animais e personagens.

Eu a abandonei e ela ainda voltou. Vou recompensá-la por isso, mesmo que essa pequena parada seja tão proposital quanto o vazamento de fitas de sexo de celebridades. Mas é legal, vou fazer seu joguinho de mostrar e dizer, seu objetivo: deixa eu te mostrar com quem eu joguei, agora vá dizer a todos os seus amigos. Eu chuto minha perna. Sem nunca querer passar um convite, ela abaixa a bunda na minha coxa esquerda. — Vamos, Katie K. — Eu inclino minha cabeça ligeiramente. — Não fale como se você esperasse que eu ficasse. Ela traz a parte superior de seu corpo para mais perto do meu. — Não vai doer esperar que você faça. — Deveria. — Eu sorrio, apertando sua coxa. — Deveria doer muito. Katie ri, balançando o joelho para frente e para trás. Eu olho para Raven para ver se ela percebeu a subida de sua saia, mas seu foco está no outro lado do refeitório. Eu conheço esse rosto e olho a sala. Eu não encontro nada que daria à garota um motivo para endurecer. — RaeRae. Minha chamada lenta e firme de seu nome fez a cabeça de Maddoc girar em sua direção com preocupação.

Seus olhos se voltam para os dele primeiro, movendo-se rapidamente para os meus apenas para balançar de volta para onde estavam. — Novo sabor, você disse? Só quando um grupo de calouros com bandejas nas mãos começa a andar novamente, é que vejo o que ela tem – cabelo prateado curto parado bem na frente de um morto lançador andando. A porra do Enoch Cameron a bloqueia de mim. O único vislumbre que recebo é uma meia dose de brilho provocando na borda de um ombro exposto que não estava exposto antes. Enoch desliza para trás dela então, e pelo leve ângulo que eu tenho, parece que ele está agarrando seu braço. Ele definitivamente está dizendo algo. Falando com ela. Bem perto da porra da orelha dela, como eu estava apenas algumas horas atrás quando percebi que ela cheira a luz do sol e vinho tinto perverso. O doce com uma mordida que se segue. Eu coloquei minhas mãos na parte externa das coxas de Katie, pronto para mover sua bunda e ficar de pé, mas então Mac está lá. Ele bate com a mão forte na nuca de Enoch em um bom e velho gesto amigável que diz ‘para trás, filho da puta’ e usa o movimento para virar seu corpo de lado. Longe de Brielle. O

potencial – e muito provável – foda-se, e Mac agora enfrentando um ao outro. Mac sorri cuspindo algo e Enoch sorri de volta, levantando o punho para lhe dar apoio. Aqui está, meu homem. Jogue-o bem, leve-o onde precisamos dele esta noite. Mac vagarosamente passa entre os dois, e então dispensa Enoch completamente, voltando-se para Brielle. Ela está de óculos escuros agora, mas sorri para ele com facilidade. Ele diz algo, e ela ri, suas mãos deslizando em seu cabelo. — E aí vem Chloe, — Victoria canta. Com a menção de sua amiga, Katie puxa o rosto de seu telefone, procurando a ex-abelha-rainha e o mel de Mac. Chloe apareceu como um general, confiante e impecável como sempre, e uma porra de um gigante em comparação com Brielle. Ela facilmente tem uns trinta centímetros a mais, e isso sem incluir os quinze centímetros adicionados por seus Valentinos também. Raven e Victoria riem quando Chloe planta sua bunda ao lado de seu homem, seu movimento inicial sendo ela deslizar um ombro na frente de Mac, seu pequeno show de território sobre seu homem.

Brielle não se encolhe, fica nervosa ou zangada. A garota sorri para ela. Lanço olhares rápidos para Raven e Victoria, que se sentam com olhos curiosos e questionadores. Eu lhes disse. Desligada. Brielle

estende

a

mão

e,

assim,

Chloe

sorri

brilhantemente. Como Victoria disse, ela não adia ameaças. Ela é gentil. — Você já a conheceu? — Katie nos lembra que ela ainda está aqui, como se sua bunda ossuda não estivesse apunhalando o músculo da minha coxa mais e mais a cada segundo. Todos os olhos se voltam para ela. Ela se contorce, incapaz de controlar toda a nossa atenção de uma vez. Ela tenta disfarçar o nervosismo em seu tom, mas não consegue. — Ela é a garota mais nova da casa de grupo, certo? — Esses são os únicos novos alunos que aceitamos. Ela sabe disso. Todo mundo sabe. Existem apenas dois cenários para os alunos que vão para Brayshaw High – as crianças legadas, aqueles cuja mãe ou pai ou algum outro membro da família esteve aqui e

sustentou a cidade com orgulho, e aqueles que permitimos em caráter experimental. Esses são os meninos e meninas adolescentes negligenciados ou abusados ou totalmente fodidos que nunca tiveram uma chance, mas merecem uma. Como a chance que Brielle deveria ter depois de ser libertada de sua família fodida, mas nunca teve. Uma sensação desagradável de culpa se infiltra, puxando minhas costelas e me forçando a esticar meu torso. Ela perdeu muito tempo. — Ela está na minha aula de cálculo avançado. — Katie tenta encobrir sua pergunta inútil. — Inteligente ‘pra’ caramba, eu acho. — Por que você diz isso? — Bem, para começar, ela é júnior e estuda cálculo. — Ela bebe seu smoothie23. — Isso, e eu ouvi o treinador Von dizer que ela poderia ajudar a corrigir as notas da escola sempre que quisesse. Eu me forço a não reagir, parecendo entediado e olho para os meus irmãos. Agora, isso é uma merda interessante. Convidar a nova garota depois da aula tão rapidamente, com o rosto recém-fodido e tudo?

23 Bebida de fruta fresca com leite, iogurte ou sorvete.

— Talvez ela faça meu dever de casa. — Raven joga com calma, mudando a conversa para zonas mais seguras. Katie está cheia de olhos estrelados enquanto ela encara sua rainha. — Não acho que haja alguém aqui que não faria tudo o que você pedisse. Raven desvia o olhar. Ela não pediria a ninguém para fazer merda por ela. Qualquer um que sabe alguma coisa sobre ela sabe disso. Meu telefone vibra no bolso e eu o procuro. MacMoney: Micah está prestes a agarrá-la. Eu travos os olhos com ele do outro lado da sala, e quando eu não dou nenhum sinal para ele intervir, ele agarra sua garota, os dois desaparecendo enquanto Micah se aproxima. O braço dele desliza por cima do ombro dela e ela o deixa lá, permitindo que ele a conduza pelo refeitório, direto para onde a maioria dos caras da casa relaxam junto com alguns outros que não moram em nossa propriedade, mas malham nos armazéns. Ela sorri e acena junto com o grupo, rindo de algo enquanto empurra o braço de Micah de cima dela. Um deles empurra uma cadeira e ela não hesita em se sentar. Ela coloca os cotovelos sobre a mesa e se junta à conversa com facilidade.

Os olhos de Captain se estreitam. — Eles nunca são tão amigáveis assim tão rápido. — Eles têm medo do irmão dela, — brinca Raven. Portanto, não apenas uma garota da casa de grupo. Uma protegida pelo nome de seu irmão. — Espere, quem é o irmão dela? — Katie se inclina para frente, um brilho de fofoca em seu olhar. Maddoc olha para mim e eu aceno, deslizando meus olhos para Katie. Eu bato em sua bunda e os músculos de suas pernas se contraem. Ela faz uma pausa, mas sabe melhor e se retira do meu colo. Ela se afasta e eu me inclino para frente, deixando cair meus antebraços sobre a mesa. — Se ela estivesse em sua classe, teria visto seu sobrenome e ela saberia quem era seu irmão, — diz Raven. Minhas feições se suavizam e eu me inclino para trás na cadeira. Isso só pode significar uma coisa. — Eles não sabem. Os olhos de Cap se estreitam e ele adivinha: — Maybell. — Ela deve ter colocado ela. Mas, por quê?

Raven olha para o grupo com curiosidade. — Então, eles não sabem que Bishop é o irmão dela. Ela está aqui há quanto tempo, três horas, e eles já gostam dela? — Quero dizer... olhe para ela, pessoal. — Victoria balança a cabeça, uma suavidade tomando conta de seu rosto enquanto ela faz o que faz de melhor, lendo palavras que não existem. — Ela não é como nós éramos, distante e descontente, com raiva. — Ela faz uma pausa. — Pense em como ela estava esta manhã quando a assustamos ‘pra’ caralho. Ela não se assustou nem ficou sem graça, ela olhou para a gente como... sei lá, mas havia uma gentileza nela e não de forma medrosa. E então agora, ela caminhou até um grupo de punks e bandidos rudes, machucados, tatuados e com piercings, sem hesitação e com um sorriso. Um sorriso verdadeiro. Nenhum julgamento em seu tom, nenhum desconforto ou tensão que eles possam sentir. Ela é suave, calma e não percebe. As pessoas são atraídas por isso, mesmo que não saibam o que fazer com isso. Eles só... querem estar perto. — Ela olha para Captain. — Zoey gostaria dela. Ele sorri, apertando sua coxa. A boca do meu estômago se contrai, dobra, mas eu me afasto. Isso não é nada além de conversa fiada. Sem utilidade. Uma perda de tempo, porra.

A mesa sacode quando eu pulo e risos baixos flutuam das meninas. — Faltam dez minutos, vamos fazer algumas jogadas. — Precisa desabafar, irmão? — Maddoc dá um sorriso afetado. Eu o viro. — Você sabe que eles não seriam tão amigáveis se soubessem que ela está conosco. — Raven levanta uma sobrancelha. — Ela não está conosco. Ela trabalha para nós, assim como algumas dezenas de outras pessoas. Maddoc fica de pé, ajudando Raven a ficar ao meu lado. Ele coloca a mão no meu ombro. — Seus dedos estão parecendo brancos, irmão. — Seu olho está prestes a ficar preto, irmão. Ele inclina a cabeça. — Você sabe que estou morrendo de vontade de treinar. Eu aceno, levando-nos em direção à porta dos fundos. — Ok, filho da puta. Eu e você, luvas amanhã. Os outros riem atrás dele, e seguro a porta aberta para eles passarem, mas antes de sair, dou uma olhada rápida para Brielle.

Quando minha atenção pousa nela, sua cabeça move, e eu sei que ela me viu, mesmo que eu não possa ver seus olhos atrás das armações. Eu paro, esperando. E esperando. E ela se vira, rindo de algo que o cara em frente a ela diz. Tensão que puxa muito como a raiva envolve meus ombros, mas eu a rolo e sigo para a quadra. Assim que deixo cair minha mochila, meu telefone toca na minha mão e eu olho para a tela. Minha pulsação acelera quando vejo seu nome. É irritante ‘pra’ caralho. Deveria estar chateado, reprimido ou algo assim, porque essa merda é doida. Pequena Bishop: Eu tentei, mas foi estranho. Meu lábio se contorce, mas eu forço uma carranca rapidamente. Eu: não sei do que você está falando. Pequena Bishop: claro que você sabe. Espertinha. Pequena Bishop: Eu digo oi para o carteiro quando o vejo. Eu não vou passar por você e não dizer oi.

Eu: então estou em condições de igualdade a um carteiro? Agradável. Como uma cotovelada um jogo de bola de rua, a confusão bate forte em minhas costelas. Por que eu enviei isso?! Pequena Bishop: você DEFINITIVAMENTE não está no mesmo nível do carteiro. Está certo. Eu não estou. Pequena Bishop: Ele diz oi primeiro... UMA RISADA DEBOCHADA ESCAPA. Essa garota, eu juro. Pequena Bishop: Sim, este é o seu aviso justo. Vou dizer oi quando te ver porque quero, mas não vou ser extravagante. Prometo. Ninguém jamais vai presumir que falamos uma palavra um com o outro. Essa última linha não deveria me irritar. Na verdade, tenho certeza de que deveria fazer o oposto, mas como eu disse, devo estar irritado hoje. A irritação aquece meus membros. Estranho.

Apenas mais uma pessoa no corredor, não conectada a nós, não protegida por nós, mas observada por outros funcionários da Bray, como um dos seus. Os funcionários de Bray gostam daqueles que ela está conversando no refeitório, aquele sorriso e riso dela porque eles conhecem uma garota honesta quando encontram uma, identificam uma alma abatida quando cruzam uma e absorvem a luz quando ela está ao alcance. Ela está ao seu alcance. E foda-me, a menina tem muita luz. — Royce. Eu olho para meu irmão. Maddoc rola a bola de basquete entre os dedos, olhando para mim. Toco meu telefone na palma da mão e seu olhar se estreita. Olho para Captain e depois para as garotas que conversam na mesa de piquenique a menos de um metro de distância. Com um aceno de cabeça, coloco meu telefone no bolso e bato palmas, pedindo a bola.

Maddoc passa na minha direção, e eu driblo lentamente para frente, mas meu pé mal passa pela linha de falta. Eu abandono a coisa e giro na porra dos meus calcanhares. Na minha visão periférica, as cabeças das meninas viram, seguindo-me. Eu abro a porta do refeitório, sabendo que ela vai bater contra a parede, apenas para voar para trás e bater ainda mais forte no batente. A merda é alta e chama a atenção de todos ao redor. Todos, exceto a coisa de cabelo prateado no canto. Ela continua a olhar para a frente, sua risada ondulando pela sala, ofuscando cada som e me irritando. Jonah, um dos meninos do nosso terreno, está sentado na frente dela, seus olhos saltando para os meus enquanto eu deslizo para mais perto. Os que estão ao redor estão esperando, observando. Prendendo suas malditas respirações. Eles fingem não estar, mas estão. Cada um deles. Brielle finalmente percebe que a atenção da mesa passou por cima de sua cabeça e olha por cima do ombro. O ar na sala muda, cada um ficando duro enquanto espera por sacos enrugados. Mas ela não.

Brielle não fica tensa, não fica paralisada nem se sobressalta, não dá um sorriso afetado ou se inclina para a frente para expor o peito para mim, não tropeça nem tenta apimentar nem um pouco. Sem medo, sem se exibir. A garota gira em sua cadeira e sorri, amplo e acolhedor, porra. Satisfeita, e não de uma forma presunçosa e sábia. Caramba, se não é preciso esforço para não interromper meus próprios passos de menino punk. Há uma batida pesada em minhas palmas, adrenalina inesperada disparando por mim e fazendo meus membros ficarem pesados. Cansado. É quase o suficiente para eu ir embora. Que porra está acontecendo aqui? O cotovelo de Brielle está apoiado, então ela deita a cabeça no punho fechado. Com um grande esforço, eu forço meus olhos dos dela, olho através da mesa e aceno para os caras. Alguns levantam os punhos e eu os encontro com os meus. Esses são os idiotas que nos protegem e nós temos seus contracheques. Há respeito, lealdade, e isso vale para os dois lados.

Eles não sabem que Brielle está fora dos limites. Porra de Cristo. Eu olho para Brielle. Seu sorriso se aprofunda. Um peso cai sobre meu peito, bem no centro da minha corrente pendurada, meu brasão de família. Fora dos limites? — Quais são as novidades, cara? — Micah sorri, pisando ao meu lado. Eu empurro meu queixo, sem me preocupar em olhar em sua direção. Posso querer dar uma olhada nele se o fizer, e não me importo em saber por quê. — Não muitas. Só vim pegar uma coisa. Seus olhos brilham com diversão, e o turquesa brilha, lembrando-me das águas do Panamá, onde nosso pai nos levou em nossas últimas férias em família há mais de uma década, antes que a merda aqui batesse no ventilador e continuasse girando. — Qualquer coisa, cara. — Micah acena com a cabeça, com fome de agradar, para provar a si mesmo. — Me diga o que você precisa. Eu olho em sua direção e ele se mexe, ereto, orgulhoso, como um soldado enfrentando seu general.

É uma boa maneira de ser, um ótimo sinal do caralho do cara novo, mas eu não estou aqui para ele. Eu olho para Brielle. A mesa olha para Brielle. E Brielle, ela ri. Não preciso dizer para ela se levantar, ela faz isso sozinha e só então eu dou uma boa olhada nela. Como não percebi esta manhã, não sei. Talvez porque eu estivesse ocupado colocando um pouco de medo nela. Talvez seja porque qualquer medo que ela possa ter sentido desapareceu no segundo que seus olhos encontraram os meus. Cortei os pensamentos rapidamente, concentrando-me nas sandálias de tiras e nos dedos dos pés pintados de rosa plantados a dois passos dos meus e sigo o caminho das pernas bronzeadas e tonificadas. As coxas grossas abraçadas com força por um shortinho branco que fica um pouco baixo nos quadris largos. Um top verde largo com o logotipo de uma loja de pranchas no canto direito que não combina com sua parte inferior. Ela se mexe para pegar sua mochila ao lado de seus pés, e aquele pequeno pedaço de pele entre o cinto e a blusa se alarga, oferecendo com ele um vislumbre do que está por baixo. Um tom diferente de prata reflete a luz, mas fica escondido tão rápido quanto foi exposto.

Isso é... um piercing? Estou tentado a levantar a barra de sua blusa e dar uma olhada melhor, mas quando meus olhos cortam para a esquerda, encontrando Micah que acabou de descobrir, ou está se perguntando, a mesma coisa, e ele não está desviando o olhar, decido contra isso. — Obrigada por me deixar sentar com você. — Ela está focada em Micah, então se vira para a mesa com um pequeno aceno. — Vejo vocês em breve, tenho certeza. Estou preparado para conduzi-la para onde a quero, mas Brielle não fica parada esperando orientação. Ela nem espera por um sinal meu. Ela desliza com um sorriso e, de alguma forma, sou eu, seguindo-a para fora. Assim que estamos parados no ar quente lá fora, e não há dezenas de malditos ouvidos nos cercando, eu deslizo na frente dela, parando seus passos. Ela sorri, mas vacila quando percebe que não estou. Estou irritado. Por quê? Quem sabe, porra! Mas eu estou.

Então encontro algo para discutir. — Você já parece confortável ‘pra’ caralho. Sua boca aperta para o lado. — Achei legal da parte do Micah me apresentar a algumas pessoas que ele já conheceu. — De um pequeno solitário manco a repentinamente precisando de uma gangue ao seu redor, e tudo isso em meio dia de trabalho. Brielle balança a cabeça e desvia o olhar. — Sim, Royce, é exatamente isso. — Não finja que não é, ninguém gosta de uma farsa. Uma pequena explosão de raiva faz seu peito subir. — E ninguém gosta de um cara que é um idiota em um esforço para abafar seus próprios problemas internos. Minha mandíbula flexiona, minha voz obscura. Avisando. — Cuidado, menina. Essa garota, ou ela não percebe, ou não se importa. Ela entra no meu espaço. — Cresça, garotinho. Eu empurro em direção a ela. — Eu juro por Deus... — Se algo que eu fiz te incomoda, diga, — ela me interrompe com um grito suave. — Ou, melhor ainda, rosne, já que essa parece ser sua maneira favorita de se comunicar. — Você está me irritando.

— Estou tendo a sensação de que você está sempre irritado. — Uma risada azeda escapa dela, mas uma sobriedade rapidamente toma seu lugar. — Se há algo que você quer que eu saiba, apenas me diga. Algo que você quer que eu pare de fazer ou faça mais, soletre para mim. Algo que você precise de mim ou para mim, peça. Eu darei a você se eu puder, e se eu não puder, vou tentar encontrar um jeito. Algo envolve minha parte superior do corpo, apertando. Puxando. Eu juro que há uma rachadura. Eu não gosto disso Ela fará o que puder, tanto quanto puder, por mim. Porque foi para isso que eu a contratei, certo? O que um bom funcionário faria? Meus pulmões se enchem de ar. Certo? Os braços de Brielle caem para o lado. — Tudo o que eu quero é ser o que você esperava no minuto em que decidiu que eu valia a pena para este lugar, — ela sussurra com propósito. — Mas não posso ser se você não me ajudar a descobrir o que é. Eu empurro meu peito para fora, minha tentativa de esticar o peso crescendo e crescendo.

E crescendo, porra. Ela quer ser o que eu quero que ela seja. O que eu quiser que ela seja. Eu quero que ela fique melhor do que ela estava porque ela deveria estar. Eu quero que ela seja tudo que seu irmão não é. Eu quero que ela faça todas as coisas que ele odiava. Veja todas as coisas das quais ele tentou protegê-la. A dor e a raiva, o perigo e a resolução. Eu a quero no meio de problemas e forçada a lutar para sair. Eu quero que ela seja nada do que ela é e se torne tudo que ela não é. É por isso que a trouxe aqui, para transformá-la, para dar a ela mais e usá-la para irritar seu irmão? Não é? Para criar algo novo para a irmã mais nova de Bass Bishop. Para eliminar a suavidade, enterrar o brilho e conduzi-la para a escuridão?

Para

apagar

tudo

o

que

ela

é

e

reescrevê-la

completamente. CERTO?! Não percebo que estou prendendo a respiração até que uma mão dura pousa no meu ombro. Encontro o olhar de Maddoc e ele abaixa o queixo. Sai dessa, irmão, é isso que ele está dizendo. Com a ajuda dele, sim. Eu forço meus músculos para soltar e empurro uma risada pelos meus lábios. Pego a bola que ele oferece e começo a andar para trás, Brielle me estudando de perto. — Isso... — Eu paro, planto meus pés e lanço para uma bola de três pontos, lentamente virando para trás, não parando até que eu esteja diretamente na frente dela. — Foi uma das coisas mais patéticas que já ouvi. Seus olhos se movem entre os meus. — Eu duvido muito disso. — Você não deveria. — E você deveria ir, — ela diz suavemente. — Sua BrayGirl está esperando. BrayGirl? Eu olho enquanto ela faz o mesmo.

Katie K está parada perto das portas duplas que levam ao vestiário vazio, fingindo não escutar. Ela está longe de ser minha, apenas alguém com quem gostava de brincar, mas não digo isso a ela. Eu lambo meus lábios. — Você estava errada, você sabe. — Nos encontramos nos olhos. — Você disse que uma BrayGirl é boa o suficiente para a nossa cama, mas não para o nosso coração. Não tenho certeza se ela percebeu, mas ela deu um passo para trás antes de falar. — Então você poderia amar uma garota que se entregaria a você quando você ainda não mereceu? — Não. Sua carranca é tão rápida quanto a minha resposta, mas não dura muito. Ela entende o que estou dizendo. Não apenas o coração de um Brayshaw está fora dos limites para as garotas com quem eles dormem, mas suas camas também. Com isso, eu vou embora, pego Katie K e dou o fora daí. Eu deveria ter percebido naquele momento que Brielle Bishop seria um problema para mim. Mas eu não percebi.

EU ANDO através do campo de futebol e para fora da porta traseira em vez de sair na frente. Não tenho ideia se Royce ou Micah ou qualquer uma das outras garotas da casa estará esperando por mim ou não, mas não é provável. Um fato que é provado quando meia hora passa, e eu não recebo chamadas ou mensagens de texto perguntando para onde diabos eu fui. Eu sempre poderia dizer que fiquei depois para ajudar meu professor, mas se eles perguntassem a ele sobre isso, eu duvido que ele mentisse por uma aluna que ele nem conhece. Não que eles perguntem ou que eu tenha um motivo para mentir. Eu sou tecnicamente uma peça livre aqui até ser chamada pelo criador do jogo, também conhecido como Royce Brayshaw e sua atitude instável.

Essa é a lógica que uso quando entro no ônibus municipal e faço o trajeto de quarenta e cinco minutos até os limites da cidade. É a linha onde Brayshaw termina e o mundo real começa. Logo atrás desse bairro estão pomares de amendoeiras e pequenos vinhedos de propriedade privada. Essas se estendem por quilômetros e no final delas fica uma rodovia. Ela também tem quilômetros de extensão até a próxima cidade verdadeira, e a razão exata pela qual essa é capaz de funcionar dessa forma. Bem, isso e o dinheiro fluindo por ela. Dinheiro é poder. Mas o dinheiro nem sempre é bom. As pessoas nunca adivinhariam, mas eu e meu irmão? Não éramos pobres. Não éramos nem um pouco acima dos ricos de Brayshaw, mas não éramos pobres. Nós passamos fome? Sim, mas como punição. Ter coisas menos extravagantes e repetir roupas como campeões? Oh sim, mas novamente. Punição. Éramos pálidos, frágeis e silenciosos, como eles queriam.

Meu irmão ainda é um cara de poucas palavras, mas está longe de ser frágil, embora esconda isso bem. Ele construiu força, mas ele construiu como ele queria – enganosamente. Se nosso pai lhe ensinou alguma coisa, foi como esconder o que ele não queria que os outros vissem. Não sou tão ruim nisso também, mas no que diz respeito à força, ainda estou tentando descobrir onde está a minha. Não posso matar exatamente com bondade. Isso era uma das coisas que meu pai mais odiava em mim. Ele disse que eu usava meu coração na manga e um dia ele seria quebrado, se ele não o quebrasse primeiro. O que ele não entendeu é que eu era do jeito que era, porque ele era do jeito que era. Não era uma fraqueza; era uma escolha. Meu coração estava em minha manga para que meu irmão soubesse que eu ainda tinha amor para dar, e admito, uma maneira de irritar nossos pais. Eu precisava mostrar a eles que não era amarga e quebrada, como eles queriam. Eu via mais profundamente, compreendia jovens, eles não eram normais ou bons ou mesmo decentes, e eu sabia que não seria nada como eles. Dou a meu irmão uma grande quantidade de crédito por isso. Ele e eu, apesar de tudo isso, tínhamos nos amado. E só

isso foi o suficiente para suportar o amanhã que sabíamos que viria para sempre. Falando no meu irmão, onde ele está? Pego meu telefone, mas estamos muito perto, tenho que me concentrar, então o coloco de volta na minha bolsa. Sento-me na beira do assento do ônibus de plástico e feltro, olhando pela janela. A cada parada feita, nós nos aproximamos. Eu levanto minha mão para puxar o arame que cobre as janelas que permite ao motorista saber para fazer a próxima parada, mas quando minha mão o envolve, eu me envergonho. Meus dedos repousam na corda de puxar resfriada, e então alguém a puxa para baixo. Eu acho que está resolvido. Estamos fazendo a próxima parada. Eu poderia facilmente não descer, mas vim até aqui. Saio do ônibus, descendo minha antiga rua pela primeira vez em quatro anos. Uma rua que, no dia em que finalmente saí, disse a mim mesma que nunca mais pisaria novamente. Nunca veria ou pensaria a respeito. Isso durou apenas alguns meses. É como diz o ditado, você quer o que não pode ter, apenas deformado.

Eu não queria ver minha casa, mas sendo mandada embora, incapaz de fazer, eu queria a chance de ficar do outro lado da rua e olhar para ela. Pensei nisso mil vezes e, a cada vez, Bass estava ao meu lado. Toda a situação e conversa passaram pela minha cabeça. Nós esperaríamos aqui, do outro lado da rua até que a sala de estar ficasse muito enfumaçada e nosso pai precisasse de ar fresco para soprar seu tabaco de pinho. Ele apareceria na varanda e congelaria, vendo-nos ali, na luz, durante o verão, para todos os vizinhos verem. O que ele diria. O que diríamos de volta. O que nosso pai tentaria fazer e como o impediríamos. Como eu sentaria ao volante do Cutlass do meu irmão e pisaria fundo no acelerador, pintaria a garagem marrom de vermelho, se ele sangrasse da mesma forma que nós. Não, isso está errado, ele não sangra. Eu e Bass sangramos por dentro, onde ninguém pode ver. A dor se transforma em pena, e nunca quisemos nada disso, então não demonstramos nada. Participamos da educação física com dores nas costelas e rostos inexpressivos, porque mostrar desconforto significava

levantar questões, e levantar questões significava levantar os punhos de nosso pai. O silêncio era melhor. Os segredos eram necessários. A confiança era inexistente. Não confiamos em nosso pai para não nos matar, e em nossa mãe para nos salvar. Nem mesmo confiávamos em nós mesmos, o que significava que não podíamos confiar um no outro. Não porque pensamos que faríamos mal um ao outro, mas porque faríamos qualquer coisa um pelo outro. Qualquer coisa. Sempre. Não importa o que. As pessoas dizem o tempo todo que morreriam por alguém que amam, em um piscar de olhos, elas geralmente seguem com a declaração, mas a maioria nunca será confrontada com uma situação em que teriam que realmente enfrentar isso. É fácil dizer eu morreria por você em um momento de emoção exagerada ou em uma tentativa de provar seu amor ou lealdade. Mas eles morreriam?

Se você olhasse para o cano de uma Glock24 customizada com corpo de aço quando a trava de segurança estivesse desligada, eles pisariam na frente dela? Provavelmente não. — Você está bem? Meu cotovelo levanta, voando ao redor com meu corpo, mas o cara pula para trás antes que eu acerte sua mandíbula. Suas mãos se levantam e ele dá um passo cuidadoso para trás. — Ei, sinto muito. Não queria assustar você, mas saímos do ônibus quase cinco minutos atrás, e você está lá olhando para a placa de pare desde então. Eu volto para a placa de pare que eu não tinha ideia que estava olhando. Meu pai bateu minha cabeça contra isso uma vez. Bass me ensinou a andar de bicicleta. Minha mãe apareceu fingindo estar orgulhosa e ele a seguiu. Eu caí e ele se aproximou. Uma coisa paternal perfeita para fazer, certo? Levante sua garotinha do chão quando ela cair contra ele. Ele levantou, minha bicicleta também. Ele até me ajudou a tirar o capacete, enquanto Bass observava com cautela, com um pedido de desculpas nos olhos. E então, quando 24 Arma semi-automática.

atravessamos a rua, meu pai fingiu ter trombado comigo. Minha cabeça – por acaso – bateu direto na haste de metal, deixando um grande hematoma no centro. Para

qualquer

pessoa

ao redor, foi um

acidente

inofensivo. Eu também poderia ter pensado assim, se ele não tivesse tido tempo para sussurrar: — Agora você sabe como será a próxima vez que você cair. — Ele jogou meu capacete no lixo naquela noite. O cara limpa a garganta e eu pisco para fora da memória. Eu digo a primeira coisa que vem à mente. — Eu não gosto deste sinal de pare. Ele ri, seus olhos rapidamente me observando. — Sim, eu não sou um fã daquele sinal de render a passagem no próximo quarteirão, — ele brinca. — Você vai nessa direção? — Ele aponta para a frente. Eu concordo. — Bem, eu era um escoteiro, e os escoteiros são obrigados a ajudar as pessoas a atravessar a rua. — Pessoas velhas. Ele sorri. — Eu esperava que você não soubesse disso. Uma risada leve me deixa, e nós dois nos aproximamos do meio-fio.

Ele não é esquisito, não tenta segurar meu braço ou mão, ou qualquer coisa, e ele não se deixa ficar atrás de mim para verificar minha bunda. Atravessamos a rua lado a lado. Não falamos enquanto passamos pelas primeiras casas, mas quando chegamos ao meio-fio do próximo quarteirão, ele se vira para mim. Eu olho de seu cabelo loiro para seus olhos claros. Ele inclina a cabeça. — Você não parece ansiosa para chegar aonde quer que vá. — Eu não estou. Ele acena com a cabeça, desvia o olhar e se vira com uma ligeira inclinação de cabeça. — Há um caminhão de taco algumas ruas atrás. — Ele aponta na direção de onde viemos. — Eu poderia comer. Sim. — Eu poderia comer, também. Ele sorri e seguimos na direção que ele sugeriu. Pedimos burritos e nos sentamos frente a frente em uma mesa de piquenique. — Então. — Ele me encara. — Então. — Eu rio levemente. — Espero não ter impedido você de alguma coisa. — De forma alguma, é para onde eu estava indo.

Minhas sobrancelhas se erguem e eu sorrio. — Mas você estava caminhando na direção oposta. Ele abre a boca, mas depois ri. — É, não. Só quero dizer que estava planejando ter azia esta tarde. Percebi que pode muito bem ser agora em vez de mais tarde. Uma risada baixa me deixa. — Então, para onde você estava indo? — Oh, uh, eu perdi minha parada, mas e você? Você parecia conhecer a área. — O que te faz pensar que eu não moro aqui? — Eu teria visto na minha caminhada para casa antes, se você morasse. — Eu pensei que você tinha perdido sua parada? — Eu provoco. Ele franze a testa, mas uma risada rápida o deixa. — Sim, não, eu... — Ele é interrompido pelo toque do meu telefone. Eu o puxo para olhar para a tela, vendo o nome de Royce piscando nela. — Você pode atender isso, — diz o cara. Meus olhos saltam encontrando os dele na minha tela, eles levantam e um sorriso rápido se forma em seus lábios. — Confie em mim, eu preciso, — eu brinco, mesmo que ele não saiba.

Atendo a chamada, desço do assento e dou alguns passos para longe. — Ei. — Você não está em casa, na escola, ou em qualquer lugar no meio. Isso deixa um lugar, pequena Bishop. Ok, certo. Como ele esperava... — Sua mãe não está mais aí. Eu congelo. — O lixo sai assim que somos informados disso. Sem exceções. — Ela está... — eu paro. — Onde ela está? — Onde você está? Meus olhos cortaram para... merda, ele ao menos me disse seu nome? Espere. Eu giro. — Onde você está? Ele fica em silêncio, então mudo a chamada, mas mantenho-a no ouvido enquanto me viro para a mesa com um pequeno sorriso. — Eu tenho que ir. Há um leve beliscão nas bordas de seus olhos, mas quando ele pisca, desaparece e então nosso pedido é chamado.

Ele balança a cabeça, segurando um dedo e corre para pegá-lo, rapidamente me entregando o meu, mas ele não o deixa ir. — Qual o seu nome? Oh sim! Nomes. — Eu sou Brielle. Ele acena com a cabeça, um sorriso lentamente se formando. — Você é Brielle. Eu sou August. — Você tem cinco segundos para me dizer onde está. — A voz de Royce enche meu ouvido. — Prazer em conhecê-lo, talvez eu te veja por aí. — Você irá. Eu paro, mas aceno e saio correndo. Tiro o telefone do mudo e suspiro. — Vou cruzar a décima primeira na J. — Estou na décima passando a I. Meus olhos se arregalam e volto para a rua. Com certeza, um SUV preto brilhante está virando a esquina. Ele rola até parar na minha frente. Não consigo ver através do para-brisa, mas ainda assim caminho até a porta do passageiro e entro. Royce olha de mim para o burrito em minha mão e rola para frente. Ele entra no estacionamento do caminhão de tacos e sai.

Ele anda devagar, observando as pessoas ao redor, mas August não é uma delas. Não sei para onde ele foi, mas de alguma forma já se foi. Royce vai até a janela, falando com o homem atrás dela por vários segundos, e ele não volta para o carro até que um burrito esteja em suas mãos. Seu rosto é severo, os olhos duros, mas ele desliza um par de óculos escuros de lentes pretas sobre eles. Ele nos leva de volta para a propriedade Brayshaw sem dizer uma palavra, parando em frente à casa de grupo, então eu saio e entro. Vou direto para o meu quarto, tranco a porta e entro no banheiro para lavar as mãos. Quando eu volto, eu congelo. Royce está na metade da minha janela. Ele não diz nada, age como se fosse um comportamento normal e cai no tapete. Ele começa a comer, então eu caio bem ao lado dele e faço a mesma coisa. Demora várias mordidas antes de falar e quando ele fala, não é uma pergunta que eu esperava. — Qual é o seu? — Meu o quê?

— O seu signo, seja qual for. — Seus olhos se voltam para os meus. — Você me perguntou o meu. Qual é o seu? Eu sorrio, provavelmente um pouco largo demais. — Eu sou de Câncer. Ele balança a cabeça, mas não comenta novamente, em vez disso muda de direção, como eu deveria ter esperado. — Se você está entediada, precisa encontrar algo para preencher seu tempo. Quando eu olho para ele, ele vira apenas os olhos na minha direção. — Você não pode sair assim. Aqui não. Não quando temos coisas no ar. — Há algo que não está acontecendo? — Não. — Sua expressão é firme e depois de um segundo, ele desvia os olhos. — Micah disse que alguns dos rapazes da casa estão trabalhando, como se tivessem sido enviados a algum lugar por alguns dias, mas voltarão. — Meu estômago aperta. — Isso é normal? A suspeita aguça seu olhar. — Às vezes. Por quê? — Ainda há muitas pessoas para eu conhecer. — Não é mentira. Eu me ocupo com outra mordida.

— Você não precisa conhecer ninguém, — ele responde. — Se ou quando isso mudar, você vai. — Então vai mudar porque eu quero. Ele me olha por um longo momento e então se levanta. Royce sobe de volta para a luz do dia, gira e se inclina. Ele planta os antebraços na moldura e enfia a cabeça para dentro. — Temos merda acontecendo esta noite. Esteja na porta às dez. Eu aperto meus lábios juntos com um sorriso. — Dez? O playboy arrogante inclina a cabeça. — Achei que era apropriado. Eu rio uma risada. — Onde estamos indo? Seu queixo levanta enquanto ele lambe os lábios e se afasta. — Para '‘conhecer’' pessoas, Tink25. — Tink. — Eu inclino meus antebraços no parapeito da janela. — Isso não é nem original. O canto de seus lábios se levanta. — Tem certeza disso? Abro a boca, mas o brilho em seus olhos me faz fechá-los. Eu gosto dele assim. Enquanto ele se afasta, percebo que não é verdade.

2525

Pequena fada do desenho animado da Disney, aqui chamada de Sininho..

Acho que gosto de todos os tons dele. Opa.

O

CALOR DO PRÉ - VERÃO SE APODEROU

de nós aqui e parece

que a pequena Bishop está pronta para isso. Ela está vestindo um short preto com rasgos na frente, a pele levemente bronzeada aparecendo através dos retalhos. Sua blusa branca está enfiada profundamente na cintura e se estende por todo o pescoço, a gola envolvendo toda a volta, macia, mas segura, como mãos habilidosas seriam na cama. Como as minhas seriam. Quando ela se vira para fechar a porta, temos uma visão traseira, uma visão traseira completa. Sua camisa é totalmente aberta, de suas omoplatas até o topo de seus quadris. Eu gemo. — Eu deveria ter sido mais específico sobre o que Micah foi autorizado a trazer dela. Meus irmãos riem e eu me viro para Raven quando sua cabeça gira para cá.

— Não existe um par de calças, shorts ou mesmo um vestido longo estilo Maybell que poderia esconder essa bunda. — Raven ri. — Você não está mentindo, RaeRae. Gostaria que você estivesse. Brielle começa a caminhar em nossa direção, mas bem quando estou prestes a abrir a porta de trás, ela passa, e todos os nossos olhos a seguem enquanto ela pula para Micah, que está pulando para fora da varanda lateral da casa dos meninos. Ele sorri, estendendo os braços e ela rindo, colocando seu corpo em miniatura embaixo de um. Todas as cabeças voam em minha direção, mas não olho para elas. — Pare, — eu exijo. — Eu já disse uma vez, não é assim. — Não é assim, mas você puxou a bunda dela para fora do refeitório hoje... e você está apertando a maçaneta da porta, — Raven diz, a evidência de seu sorriso esgueirando-se em suas palavras. — Mas não é assim, Raven, — Victoria brinca. Eu empurro a porra da coisa aberta e saio, minha família idiota rindo atrás de mim.

— VOCÊ

ESTÁ PRONTA PARA ISSO ?

— Micah pergunta,

sorrindo para mim. — Oh, sim. — Eu rio, praticamente saltando em antecipação. — Sempre me perguntei como seria lá fora. Mac nos ligou um pouco antes para nos dizer que estávamos indo para os armazéns esta noite, que é o lugar que meu irmão dirigiu nos últimos anos. Tentei encontrar algumas informações sobre isso ao longo dos anos, mas eles fazem um bom trabalho em mantê-lo fora das mídias sociais. Micah sorri e então sua cabeça levanta. — E aí cara? Eu me viro para encontrar Royce contornando o capô do SUV preto. Ele veste um jeans preto simples e uma camisa preta sem mangas, como o melhor de tudo, suas tatuagens são os acessórios perfeitos.

Como sempre, uma pitada de prata aparece por baixo do preto, uma corrente que ele nunca puxa para a frente e no centro, mas parece usar sempre. Royce está totalmente no modo alfa esta noite – olhos, roupas e cabelo escuros. Disposição sombria. Estou começando a pensar que é apenas ele e a força que ele coloca no universo puramente pela respiração. — Hora de ir. — Seu comando é simplesmente declarado, seu olhar se movendo de mim para Micah. — Pronto, cara. — Micah acena com a cabeça, fazendo o seu caminho para o banco do motorista de seu carro. Eu sigo, mas Royce desliza na minha frente com uma expressão vazia e eu recuo. — O que você está fazendo? — Seu tom é firme. — Preparando para sair? Seus olhos se estreitam ligeiramente e eu o estudo. — Nós conversamos sobre isso. — Eu balancei minha cabeça. — Fazer pedidos, ser transparente e tudo mais. Sua carranca se aprofunda. — Eu disse para você estar pronta às dez. Que parte disso fez você pensar que não iria comigo?

— O fato de que você e seus irmãos irem juntos, — eu respondo instantaneamente. — Adicione como eles não me conhecem, e como não houve confiança estabelecida entre qualquer um de nós, parecia exatamente o que você gostaria que eu fizesse. Seus lábios pressionam em uma linha firme, sua mandíbula apertando ligeiramente. — Essa não é a maneira certa de pensar? — Eu pergunto, de repente insegura. Achei que estava abordando isso como deveria, com seus costumes em mente. A família é mais profunda do que o sangue, a confiança deve ser conquistada, não dada, e toda dança que vem com isso, mas talvez eu esteja errada? Micah para ao nosso lado então, e com os lábios apertados, Royce abre a porta do passageiro com um puxão forte. Quando eu não me movo, um suspiro exasperado o deixa. — Entre na porra do carro, Bishop. Eu sorrio e faço o que ele diz, mas antes que ele feche, ele coloca a cabeça dentro. — Você não sai até eu mandar. — Ele olha para Micah, sua expressão agora plana. — Siga-nos através do portão, mas não nos bloqueie lá dentro.

— Você quem manda, chefe. — Micah acena com a cabeça. — Sim, chefe, vejo você lá. Os olhos de Royce se voltam para mim e, enquanto se estreitam, o canto de sua boca se contrai. — Dez minutos de carro, não nos perca, porra. Ele bate a porta, desliza para dentro do SUV e então estamos ambos avançando. Tudo

o

que

posso

pensar

enquanto

saímos

da

propriedade é finalmente. Depois de quase quatro longos anos, está acontecendo. Vou entrar no lugar onde meu irmão vive. Meus nervos, eles não são do tipo perigoso esta noite. Eles não aumentam minha pulsação, mas nadam em meu estômago, cintilando como as estrelas acima

de

nós,

impulsionados pela excitação que fica cada vez mais selvagem conforme os minutos passam. Antes que eu perceba, estamos rastejando

por

uma

rua

deserta,

entrando

em

um

estacionamento de terra e contornando algumas fileiras de carros aleatórios até que estamos alinhados com uma seção ligeiramente escondida e muito grande de paredes de ferro. Nunca chegamos a um ponto final, pois no momento em que estamos no local exato que eles pretendiam que estivéssemos, essas '‘paredes’' se transformam em portas e se abrem. Segundos depois, estamos presos dentro deles, as

risadas e gritos de dezenas e dezenas são ouvidos através das janelas finas do novo carro de Micah. Além do SUV dos meninos, o carro de Micah é o único outro deste lado dos portões. Ele desliga o motor e, quando o faz, pego a maçaneta. Micah atira um braço na minha frente e meus olhos voam para os dele. — De jeito nenhum, garota. — Ele franze a testa. — Você ouviu o homem. Fique aqui até ele mandar sair. Eu caio contra o assento, mas Micah mantém a mão no lugar. — Eu não vou fugir. — E não vou arriscar, caso você decida. Nós dois rimos e então a porta é aberta. Royce olha para a mão de Micah, esticada no meu peito, e seus olhos deslizam em sua direção. — Fora, — ele comanda. Micah não hesita, mas enquanto eu solto meu cinto de segurança e tento fazer o mesmo, Royce se agacha, equilibrando-se sobre os joelhos dobrados. Estamos no nível dos olhos agora e ele me estuda antes de dizer: — Existem diferentes níveis de pessoas em nossa

folha de pagamento, nem todo mundo é igual em termos de cargos. Você descobrirá isso rapidamente. Você quer ganhar um lugar aqui, descobrir em que você é boa, nos mostrar como podemos nos beneficiar com você ou você não vale nada. — Se você pensasse que eu não tinha valor, não teria me trazido aqui. — Se você acha que sabe por que eu te trouxe aqui, você está enganada, — ele retruca. Eu dou uma sacudida lenta de minha cabeça e sua carranca desliza. — Se você acha que me importo com a semântica, está enganado. — Eu encolho os ombros. — Estou em casa e é isso que importa. Eu saio, forçando-o a se levantar, e olho em seus olhos fortemente desenhados. — Eu pensei que você e eu poderíamos ser amigos. Eu meio que pensei que já estávamos sendo, para ser honesta, mas se você quiser me manter neste nível de empurrar e puxar, deixe claro que não somos e não seremos, tudo bem. Sou mais do que capaz de ser tudo o que você precisa que eu seja, mas se decidir que pode ter espaço para mais uma pessoa, você sabe, para não odiar, não vou fingir que não gostaria disso. — Eu coloco minhas mãos nos bolsos. — Não tenho vergonha de admitir que preciso de um amigo. Já faz um tempo desde que eu tive um.

Eu vou passar por ele, mas ele desliza no meu espaço novamente. Ele fala com um tom um pouco áspero ambíguo. — Eu sei que você pediu à Maybell para esconder seu sobrenome, mas ele vai sair, e então todos vão querer ser seus amigos. Nove entre dez deles será a coisa mais fodidamente distante do real. Você diz que não é ingênua, mas me daria sua amizade tão facilmente? Você vai dar a eles o mesmo? Eu balanço minha cabeça e seus olhos se estreitam. É como se ele estivesse tentando se convencer a não pedir, mas ele o faz mesmo assim. — Por quê? — Eu não confio neles. Uma forte tensão puxa sua testa, seus olhos saltando entre os meus. — Você está dizendo que confia em mim? Não sei por que, mas... — Sim. Ele engole, desviando o olhar apenas para voltar, sua expressão agora vazia. Ele se inclina, trazendo seu rosto para mais perto do meu para mudar no último segundo, seus lábios agora no nível do meu ouvido para que ele possa sussurrar sua reprovação. — Isso, bem aí... é o seu primeiro erro.

Ele desliza pelas minhas costas, desaparecendo em segundos. Seu ato de desaparecimento faz com que as portas do SUV se abram e, de repente, quatro pares de olhos pousam em mim. As meninas descem, os meninos logo atrás delas. Victoria fala primeiro, e com um sorriso vívido. — O que vocês dizem, rapazes, ela não é perfeitamente confiante? Ela olha para os outros com uma sobrancelha levantada e eles acenam com a cabeça. Raven pisca enquanto Maddoc dá um passo mais perto de mim. — Brielle Bishop. — Ele inclina a cabeça. — Como está seu jogo de pôquer? Eu sorrio. Aqui vamos nós.

É

SURREAL ,

como

um

filme,

quando

a

multidão

literalmente se parte, deixando um amplo caminho para seus reis e rainhas deslizarem com facilidade, e fazer isso sem nenhuma hostilidade saindo de qualquer um deles é algo a ser notado. Todas essas pessoas estão felizes por estar aqui e reconhecem que não lhes faz mal nenhum dar aos donos e dirigentes deste lugar o respeito que devem e o espaço de que precisam para se estabelecerem. Isso é raro. Motivador. Assim como a crueza deste lugar. Esses caras são mais ricos do que Wall Street 26 . Você pensaria que eles precisariam do maior e mais brilhante da

26 Rua em que se localiza a bolsa de valores de New York.

vida, mas este lugar está longe de ser a fantasia de um garoto rico. É o paraíso do punk. Valente e idiota. É tudo que meu irmão ama. Paredes de ferro, três, talvez quatro vezes a minha altura envolvem ao redor, em uma forma oval gigante, enormes folhas de metal incompatíveis tecidas entre elas, prendendo o mundo externo e deixando nada além do que foi criado dentro dele – um poço de escuridão e sujeira. A energia é selvagem, espirituosa e atraente, e isso é apenas o exterior. O canto direito é para onde estamos indo, em direção a uma gigantesca porta de aço do chão ao teto que fica a centímetros de distância e é guardada por um cara enorme com as tranças mais horríveis que eu já vi. Um cara cujos olhos acabaram de pousar em mim, mas rapidamente pula ao longo do grupo. Sua mão se levanta, descendo sobre a coisa duas vezes, e ela se abre instantaneamente. Ele desliza para o lado e Raven passa, Maddoc atrás dela, Captain e Victoria logo atrás deles, eu na cola. Eu não entro direto como eles, no entanto.

Meus passos lentos na porta, e puxo uma golfada de ar. Meus membros formigam de ansiedade, esfriando meu corpo apenas para minha pele aquecer um segundo depois, enquanto eu examino cada centímetro do lugar. Preto, branco e azul Royal são as cores que compõem o ambiente. Há uma cabeça de lobo gigante pintada no meio da parede maior, alguns jogos de cartas acontecendo em um canto – sendo um deles pôquer – várias TVs passando destaques esportivos penduradas em várias áreas, com pequenas mesas e sofás estrategicamente colocados ao redor. Um longo bar alinha a parte de trás, totalmente abastecido e iluminado por luzes LED. Vejo Chloe e Mac e minha curiosidade é oficialmente aguçada quando ele a leva para trás, e os dois desaparecem completamente atrás de uma longa cortina preta no canto direito da frente. Eu observo a sala mais uma vez, e meu peito se expande com outra respiração profunda. A iluminação está baixa, a música alta e o ar está pintado de suor e fumaça, com promiscuidade. Um refúgio áspero e excitante. Um pequeno sorriso aparece em meus lábios enquanto eu alcanço, agarrando a borda da porta, e me movo ligeiramente para olhar para fora.

Este lugar, é ouro. Um refúgio escondido para pessoas como eu, aqueles de nós ansiosos pela liberdade não tão facilmente encontrada, um mundo subterrâneo projetado para apagar aquele em que vivemos, mesmo que por pouco tempo. Uma fuga para colorir nossos mundos mais brilhantes. É escuro e barulhento, lotado e um pouco assustador, mas é... Deus, é... — Viva? Eu olho por cima do ombro para encontrar Royce parado ali, com a bebida na mão e quase vazia. Eu aceno, um pequeno sorriso em meus lábios. Minha atenção volta para a multidão, estabelecendo-se em um grupo alguns metros à frente. Eles estão dançando sob a luz das estrelas em pequenos tops bonitos e rasgados, enquanto as pessoas a alguns espaços de distância se encostam nas caixas bebendo e rindo, divertindo-se em calças esportivas e camisetas regatas. Eu examino a multidão quando Royce empurra minhas costas, falando perto do meu ouvido. — Os caras do canto, segundo grupo, — ele começa. — Olhe de perto. Eu paro de procurar e faço o que ele diz, minha consciência aumentando quanto mais eu os estudo.

A tensão molda suas testas e mantém seus ombros tensos. Eu me estico um pouco mais alto quando não um, mas dois levantam ao mesmo tempo, mas é a maneira como um agarra o gargalo de uma garrafa de Corona que faz meus dedos do pé se enroscarem em meus sapatos. Os caras mal conseguem empurrar até sua altura máxima quando outro grupo se separa da multidão, indo direto para eles, mas antes que possam se aproximar dos outros, uma terceira equipe entra, cada um envolto em preto da camisa ao sapato. Não há discussão, não há gritos, nem mesmo uma tentativa de explicação. A garrafa é colocada no chão, todas as bocas estão trancadas e fechadas, e cada uma delas, do primeiro ao último grupo, faz uma linha reta de volta pelo caminho por onde entramos. — O que acabou de acontecer? — Eu olho para cima e por cima do ombro para Royce. — Eles são tão burros quanto inteligentes. — Ele encolhe os ombros, terminando o último gole de bebida em seu copo. — Um dos dois veio aqui à procura do outro e ousou começar a merda. O outro quase não teve escolha a não ser se defender, mas quando nossos caras apareceram, eles se lembraram de onde estão e o que aconteceria se eles fodessem tudo aqui.

— Então, seu povo também tem respeito? — Eu pergunto. — Todos eles são nosso povo. — Mas os caras que terminaram tudo, não mexem com eles quando vocês não estão por perto? — Às vezes, mas esses são os idiotas. — O que acontece com eles? Royce sorri. — Alimentado para o gigante. Uma risada da minha esquerda chama minha atenção e me viro para encontrar o cara que estava guardando a porta, inclinando-se para fora dela. — Oi. Ele sorri, olhando de Royce para mim. — Oi. — Eu sou Brielle. — Eu sei. — Ele ri, empurrando a porta, e eu tenho que torcer meu pescoço vários centímetros mais. — Eu sou Andre. — Você é o gigante, Andre? Ele ri mais alto, cruzando os braços enquanto vira o corpo para nos encarar mais. — Você me diz. — Seus olhos caem sobre meu corpo em uma leitura lenta. — Eu sou um gigante, mamãe? Eu rio e a sombra de Royce fica maior ao meu redor.

— Quero dizer, todo mundo é praticamente um gigante comparado a mim, então realmente você não poderia ser mais do que a média, e eu não saberia ao certo. — Droga, garota. — Andre finge estar magoado, os olhos arregalados de humor. — Como uma coisinha como você me faz sentir do tamanho de uma moeda? Eu viro uma sobrancelha levantada para Royce, que me observa de perto. — Sim, ouvi dizer que sou ruim para o ego. Royce zomba, mas seus lábios estão puxados para o lado um pouquinho. Eu olho para trás em direção a Andre, e seus olhos se movem de Royce, fixando-se em mim. Naquele instante, sua linguagem corporal muda. Ele endireita a coluna, dando um breve aceno de cabeça. — Eu era o homem principal do seu irmão, os Brays são meus meninos. Você precisa de algo, é aqui que eu estarei, me entendeu? Eu me aproximo. — Você conhece meu irmão? Ele ri. — Não há uma alma aqui que não conheça, garota, mas não se preocupe. Eu sei que não devo compartilhar isso até que seja descoberto. A respiração de Royce atinge meu ouvido no próximo segundo, e de repente Andre se vira, agora focado e apontado

para frente. Ele desliza de volta para o modo de guarda, nossa conversa acabou. — Um dos nove ou um entre dez? — Royce pergunta. Nove em cada dez são falsos... Eu giro para encará-lo, seguindo seus passos para trás no prédio. — Você não vai me dizer, vai? Ele estende as mãos. — Você quer confiar em um cara porque outra pessoa mandou ou você quer uma prova de que você pode? — Ele não estaria parado na porta se você não confiasse nele. — Você está certa. Ele não estaria, — ele diz, levando-me para o bar e sinalizando para dois de alguma coisa. Ele gira, de costas para a bebida, braços estendidos, cotovelos na bancada. Ele olha para mim. — Talvez ele tenha um problema com seu irmão, uma conta a acertar, um ponto a provar. Talvez ele nunca tenha pensado em impor isso a ele, mas colocar os olhos em você agora despertou seu interesse. — Talvez sim. — Eu balanço minhas sobrancelhas. Sua carranca é instantânea, e eu rio, subindo na banqueta.

Eu examino a sala rapidamente, uma ponta de decepção se infiltrando antes de dar toda a minha atenção a Royce novamente. — Me dê algum crédito, — digo a ele. — Eu entendi isso, estou aqui há um dia, mas não estou sentada aqui fingindo saber como funciona o seu mundo, mas quero aprender. Eu quero que você me ensine tudo o que você é capaz de ensinar. Suas feições se contraem, mas ele desvia o olhar quando o barman coloca duas bebidas. Royce empurra uma na minha direção, mas eu empurro de volta. Eu sorrio para o cara, mas seu rosto permanece sem emoção. — Você tem apenas... uma cerveja gelada? Ele acena com a cabeça, caminha alguns metros e volta com uma Shock Top27 na mão, abre o topo e a entrega com uma piscadela. — Obrigada. — Eu sorrio, me viro para um Royce carrancudo e tomo um gole rápido. — E já que estou disposta a aprender com você, você precisa estar disposto a aprender sobre mim. — Talvez eu não queira aprender sobre você.

27 Cerveja de trigo de estilo belga temperada, marca norte-americana.

— Um bom chefe gostaria de saber um pouco sobre o novo contratado. — Posso odiar o que eu encontrar. — Então você odeia o que encontra. — Eu rio levemente. — Quem se importa? Pelo menos você saberia com certeza. Seu olhar se estreita como se ele esperasse uma resposta diferente. Ele fica quieto por vários segundos. Quando ele decide fazer sua pergunta, é em um tom neutro. — Por que você se importa se eu te conheço ou não? Eu

levanto

um

ombro,

de

repente

um

pouco

desconfortável sob seu brilho cavernoso. — Quero dizer... doeria? Sua língua escorrega para umedecer os lábios e ele puxa um pouco o traseiro. Ele se mexe até que seu corpo esteja totalmente de costas para o meu, bebe sua bebida e se levanta. Ele se afasta, mas não antes de eu ouvir um sussurro murmurado: — Pode ser.

OS

ARMAZÉNS PODEM SER

um lugar foda para se estar, o

lugar perfeito para relaxar e escapar dos idiotas que tentam se espremer onde não ganharam, especialmente desde a reforma. Isso ou é o completo oposto. Pode ser uma porra de pesadelo, um poço de aspirantes a Bray e perseguidores de clube – dependendo de com quem você vai, quem você deixa entrar e onde você sai. Andre faz um bom trabalho, decide quem entra e quem não entra, e na maior parte, são apenas aqueles que trabalham para nós e alguns extras aqui e ali. Hoje à noite, aqui dentro nós temos uma mistura sólida de pessoas, metade da folha de pagamento de Brayshaw e a outra metade de alunos da Brayshaw High, porém, do lado de fora, é uma porra de um poço aleatório. As pessoas que se escondem na cidade, mas não a desrespeitam, pessoas que dirigem coisas, as pessoas correndo de coisas. Fodidos e futuros senadores estaduais. Aqui, ninguém é mais que o outro. Aqui, eles são iguais ou estão fora.

Raven dá um passo ao meu lado. — Então, irmã mais nova de Bass Bishop. — Ela testa as palavras na língua, os olhos se movendo para Brielle do outro lado da sala. Ela se senta à mesa de pôquer, cartas em uma das mãos e cerveja na outra. Eu concordo. — Irmã mais nova de Bass Bishop. Raven faz o possível para lê-la. — Ela está olhando ao redor a noite toda. — Eu sei. — Eu viro minha cabeça para Brielle com um aceno de cabeça. — Não tenho certeza do porquê ainda. Nós encontramos os olhares um do outro apenas para olhar para trás. Brielle põe sua cerveja na mesa, virando-se para rir de algo que a estrela da porra da noite diz do assento à sua esquerda. Ela responde, e Enoch se inclina para sussurrar algo perto de seu ouvido. Filho da puta idiota. Meus olhos levantam então, encontrando Micah um espaço

atrás

dela,

e

imediatamente. Sem hesitação. Bom.

ele

pega

a

deixa,

movendo-se

Ele se inclina para frente, indo de um lado a outro da mesa para dizer o que está acontecendo com alguém, chamando a atenção para sua mão direita, fazendo todos rirem como o filho da puta que ele é, tudo enquanto sua mão esquerda patina rapidamente no pescoço longo de uma garrafa – ela teve que sair e trocar seu copo. Micah é rápido, habilidoso e recua em segundos. Raven conhece esse tipo de merda muito bem e reconhece a jogada instantaneamente, se aproximando. Termino minha bebida, meus olhos penetrantes e fixos em Brielle. Ela se vira para frente novamente, sorrindo para o idiota ao lado dela, sua mão cegamente alcançando a cerveja que ela deixou fora de alcance e fora de vista por no máximo dez, quinze segundos. Ela envolve a mão em torno da garrafa, e foda-me, meu sangue bombeia pesado em expectativa pela qual não tenho o que esperar. Meus olhos estão grudados nos dedos de Brielle enquanto eles apertam o vidro, minha consciência aumentando, picando minha pele quando ela o leva à boca. Por uma fração de segundo, o copo resfriado fica encostado em seus lábios, mas então os olhos de Brielle caem para a garrafa, e ela não hesita em colocá-la no chão perto de seus pés.

Raven olha para mim enquanto uma risada baixa me deixa, e eu encontro seus olhos. Eu empurro para levantar, levantando uma cerveja do balde de gelo que eu coloquei atrás do bar. — Royce, o que você vai fazer com ela? — As perguntas de Raven não têm nada a ver com o agora, e tudo a ver com o fato de que Brielle está aqui. Então, eu digo a ela. — Vou fazer a coisa mais distante do que o irmão mais velho queria, — digo a ela. — Vou jogá-la no fundo do poço. — Eu abro o topo com os dentes, deslizando a tampa estriada ao longo da palma da mão, antes de jogá-la para ela. Ela pega com facilidade, me avaliando. — Jogue-a no fundo do poço... e observe-a afundar. — Não, RaeRae. — Eu giro, caminhando para trás para que eu possa manter nossos olhares travados, um pequeno sorriso puxando meus lábios. — Eu vou ensiná-la a nadar. Eu me viro, indo até Brielle. A garota sabe que estou chegando, mas ela não olha para cima até que minha mão esquerda esteja plantada na mesa ao lado de seu cotovelo, meu corpo inclinado sobre o dela. Ela sorri quando coloco uma nova garrafa de cerveja diretamente na frente dela, mas aquele sorriso se transforma

em uma pequena carranca quando eu levanto sua garrafa de cerveja aposentada do chão e a levo aos meus lábios. Eu bato de volta, colocando o copo vazio ao lado dela enquanto me curvo de joelhos para nos colocar cara a cara. Ela me observa de perto, confusão girando em seus olhos loucos e frios. Eu puxo meus lábios, revelando a minúscula cápsula de pílula entre meus dentes, e sussurro: — Boa menina. Seus olhos se arregalam quando eu abro, o pó interno derramando na minha língua, um pequeno respingo de sua cerveja nova para engolir. Micah sabe que deve observar o jogador de beisebol, meus irmãos sabem que deve cuidar de todos eles, então me levanto com facilidade, atravesso a sala para tomar minha própria bebida e deslizo para trás da sala com cortinas de cetim à direita para me juntar a MacMoney e sua namorada. Ela não entrou em pânico esta manhã quando a tiramos da estrada, pensou rápido e encontrou uma arma para se defender. Ela não bebeu da garrafa que deixou sozinha, ciente de que tudo poderia acontecer em qualquer lugar. É para dizer que a pequena Bishop começou bem. Agora é hora da festa, porra.

Maddoc vem me buscar quando as lutas estão definidas para começar e no momento perfeito ‘pra’ caralho. Meu corpo está começando a esquentar, então ou eu transformo o lugar em um clube de strip ou encontro outra coisa para focar. Ele olha por cima do meu ombro. — A garota, ela está sentada com a gente? — Não, não. — Eu bato no meu peito, e minha palma decide achatar lá. — Não é assim. Isto é um negócio. — Assim como ela vai cuidar do seu negócio? — Raven brinca. — Não, RaeRae, ela não vai. — Tem certeza? — Raven sorri. — Porque você está se esfregando totalmente agora. — E eu vou encontrar alguém para me ajudar com isso mais tarde. Ela não.

— É uma cadeira de merda, irmão. — Maddoc franze a testa. — Sim ou não? — Eu disse não, idiota, e não é apenas uma cadeira e vocês idiotas sabem disso. Ele sorri, puxando Raven em seu peito e colocando os braços sobre seus ombros. Depois que Raven engravidou, Maddoc colocou assentos de concreto acima da multidão na borda do círculo principal, bloqueados e protegidos da multidão regular que ainda tem permissão para entrar no ringue, mas não ao longo da linha de seis cadeiras para sempre reservadas para nós. Está certo. Seis. Como em quatro para meus irmãos chicoteados por xoxotas e suas rainhas, e duas sobraram para mim e quem eu quiser no outro. Eu não quero ninguém nele. Sou um solitário, um menino perdido. Eu tenho meus irmãos e RaeRae, VicVee, também. A pequena Zo e logo mais outro pequeno para brincar. Pequeno. Brielle é pequena, porra.

Muito pequena e igual a Tink. — Royce. — Hã? — Eu olho para Maddoc quando ele estala. — Pare de esfregar sua perna. Eu olho para baixo, minhas mãos nos meus lados e com certeza... esfregando. Eu afasto minhas mãos, passando-as pelo meu cabelo, e um sorriso aparece. — Porra. — Maddoc balança a cabeça com uma risada. — Você está rolando, porra. Quer que eu encontre o Mac? — Não, irmão, de onde você acha que eu vim? Ele está olhando, onde quer que esteja agora, e era apenas meio comprimido, eu não queria foder a garota se ela fosse burra o suficiente para beber. Eu estou tranquilo. Vou afogar isso com alguns socos rápidos de qualquer maneira. — Então, não para os assentos? Eu concordo. — Vou levar Brielle até a parede, ou algo assim. — Me levar para onde? Eu me viro, Cap, Victoria e Brielle agora parados atrás de mim.

Meu sorriso se espalha quando tenho que olhar para baixo para ver Brielle. Eu sou uma maldita besta comparada. Espere, ela fez uma pergunta. — Lá fora, eu vou levar você para fora. Espere, — eu faço uma pausa. — Você tem medo do escuro? Porque se você tiver, eu e meus irmãos somos bons em distrair... — Cale-se. — Raven ri. Eu sorrio, e Brielle franze a testa entre nós. — Não, não importa. Eu sei que você não tem medo do escuro. — Eu não percebi que deslizei para mais perto até que o tecido de sua camisa aquece meus dedos. — Você dorme com ele, não é mesmo, pequena Bishop? Ela espreme os lábios para o lado. — Está certo. — De que outra forma você dorme? Ela estende a mão para dar um tapinha no meu peito, e meu pulso salta sob sua palma como um idiota na puberdade, minha mão voando para mantê-la lá, pressionando-a com mais firmeza contra mim. Droga, essa merda é quente. Ela ri, balançando a cabeça levemente. — Quer saber de que outra forma eu durmo, Playboy?

— Conte-me tudo sobre isso, Tink. Ela levanta o queixo para se aproximar, mas ela é tão pequena que ainda está longe. — Sozinha. As risadas da minha família nos envolvem e Brielle sorri. Meu foco cai para encontrar lábios molhados e brilhantes, mas não apenas lábios molhados. Grossos e cheios, rosa pêssego com saliências marcantes e um beicinho pedindo para ser mordido. De onde eles vieram? Melhor ainda, para onde estão dispostos a ir? Espere, o quê? Eu aperto meus olhos fechados e empurro para trás, sacudindo-me para fora de... qualquer porra em que estou. Eu preciso dessa luta. Brielle inclina a cabeça. — Presumo que a pílula com a qual você tentou me matar está fazendo efeito? — Não matar, apenas chutar você um pouco para que você aprenda. — Eu sorrio, e sua boca abre e ela ri. — Vai passar rápido. São necessários duas para correr bem. Ela vira os olhos para o teto. — Claro que sim. Brielle dá um passo para trás, olhando para os outros.

Nenhum de nós perde a maneira como Maddoc a observa, os outros também, mas eles ficam mais tranquilos quando Maddoc quer que sua bunda saiba onde ela está – no limbo da porra até que ele saiba o que ela está fazendo. É bom, ela precisa sentir aquela divisão entre nós e ela, porque é grande. — Tudo bem, vamos para as caixas, — digo a ele. Maddoc concorda. — Nós nos encontraremos aqui após a luta. Antes que eu pudesse responder, Brielle dá um passo em direção a Maddoc, sem saber como Raven se move com ela, grávida e tudo. — Espera, luta? — Ela pergunta. Raven sorri agora. — Juntas enroladas, mas sem luvas, sem equipamento. Apenas suor e sangue, como animais. Brielle começa a balançar a cabeça, abrindo a boca ao se virar para olhar para mim, mas então sua expressão fica frouxa. — Ok, — diz ela. — Não, não. — Agora sou eu quem balança a cabeça e dou um passo em sua direção. — Não faça isso. Ela franze a testa. — Fazer o quê?

Ela sabe o que estou dizendo, mas já que ela quer se fazer de boba, eu coloco tudo para ela. — Não feche a boca quando você tem algo a dizer. Não recue quando você tem uma opinião e não deixe o que outra pessoa pensa, gosta ou quer ter qualquer influência sobre o que você faz, entendeu? Seu pescoço fica vermelho, um pequeno fogo iluminando seus olhos. — Eu pensei que você queria bons soldadinhos que entrassem na linha? — Ela ousa. A irritação queima sob minha pele e eu me aproximo, curvando-me para chegar mais em seu rosto. — Você não é um soldado, pequena Bishop. Você é muito mole, mas vamos endurecê-la com o tempo. Não tenho certeza se você vai chegar lá, porém, se você não consegue nem mesmo compartilhar o que aparece nessa sua cabecinha bonita. — Eu posso falar o que penso muito bem e não preciso de nenhum treinamento para fazer isso. — Então, por que morder sua língua, pequena? Ela pisa em mim, inclinando a cabeça com as duas sobrancelhas levantadas. — Porque há uma diferença em recuar e escolher não ser desrespeitoso. — Chama-se fraqueza. Medo de reação. — Isso se chama não ser um idiota, e que tipo de idiota privilegiado você é para pensar que eu tenho que compartilhar

uma única coisa que acontece na minha linda cabecinha com você ou qualquer outra pessoa? — Isso, — eu estalo, um sorriso lento seguindo. — É mais parecido. Seus olhos voam para os meus, segurando, e uma pequena risada a deixa. — Então o que é, Playboy, você quer que eu brinque de cordeiro ou leão? Meus músculos flexionam sob minha camisa. — Que tal meu cordeiro, no mundo do leão? Espere, o quê? Estou prestes a retirar isso, apagar a linha do universo, mas então ela não consegue esconder o sorriso. Ela desvia o olhar. — Você é impossível. E meio bipolar. — Não, — eu arrasto. — Eu sou muito acessível, como um pedaço de bolo. — Talvez eu odeie o acessível e bolo. — Talvez você esteja mentindo. Ela ri. — Acho que vamos desfrutar dessa devassa, Playboy, — Raven diz, chamando a atenção de todos para ela. — Eu meio que gosto das preliminares de vocês.

Maddoc balança a cabeça com um sorriso malicioso enquanto Brielle parece pronta para ir embora. Ou pedir desculpas. Ou talvez negar. Espere, ela disse preliminares? Raven se vira para ela. — Mas, de verdade, você não quer assistir as lutas? — Não consigo ver as pessoas sendo... espancadas, — Brielle admite com uma hesitação que me faz parar. — Fica feio, — Raven é honesta. — Mas é parado antes que qualquer dano real seja causado. — Você não pode ter certeza disso. — O tom de Brielle é claro, sua voz forte. Eu espero responder a ela, mas nunca chega, uma linha de pensamento completamente diferente deslizando para dentro. Aqui está, Tink. Os olhos de Raven se estreitam no início, mas ela aprecia alguém que fala o que pensa e sorri em seguida. — Acho que não podemos, podemos? Brielle oferece a ela um pequeno sorriso, a tensão revestindo seus olhos e escondendo algo mais profundo atrás deles enquanto ela se vira para mim.

— Se importa se eu ficar aqui dentro? — Ela pergunta. Pergunta. Depois de todo o empurrão agora, ela está fazendo o que eu queria, reconhecendo que sou a porra do porteiro e pedindo permissão. Não fugindo, nem exigindo, nem me dizendo o que ela vai ou não fazer. Não lutando, mas mostrando um toque de obediência, o que perseguimos há anos. Pelo que meu irmão lutou ferozmente e selvagem com Raven apenas para compartilhar no final. O que Captain criou no quarto quando sua mulher não se mexeu. Não que essa merda seja igual, ela não é minha como elas são deles. Ela é um trabalho, eu sou seu chefe e ela está pedindo minha permissão, como deveria. Eu deveria estar beijando minha própria bunda por causa da boa merda, certo? Eu nem mesmo tive que lutar com ela por isso. Então, por que diabos estou irritado, pronto para rasgar com ela?

Eu não. Eu mantenho meu rosto em branco, encolho meus ombros e faço um sinal para o barman, sem me preocupar em lhe dar outro olhar. — Foda-se se eu me importo. Eu sei que ela não desvia o olhar. Eu a sinto seguindo meu movimento enquanto pego a meia garrafa do barman, em vez do único copo na bandeja. Eu tomo um gole e caminho em direção à porta. — Faça o que quiser, pequena Bishop, — eu a ignoro. — Mas não se esqueça de que Micah é sua carona, esteja pronta para ir quando ele estiver ou ficará presa. — Eu estarei. — Ela fala nas minhas costas. Não digo mais nada, em vez disso conduzo o grupo para fora do prédio e para os nossos lugares. Subimos e nos preparamos para uma luta, mas não antes de eu puxar meu telefone para enviar uma mensagem de texto a Micah com a direção de uma única palavra. Eu: saia. Raven ri do meu lado, balançando a cabeça. — Ah, Ponyboy. Isso vai ficar interessante. Curiosamente irritante.

JÁ passa das duas quando finalmente saio do banheiro com meu robe enrolado em volta de mim, e estou mais do que surpresa quando encontro Maybell sentada na beira da minha cama. Eu estremeço. — Eu te acordei? Tentei ficar quieta. Ela me dispensa com uma risada baixa. — Não, criança. Eu estava checando as camas. — Ela me olha. — Não conseguiu dormir? — Não. Tentei ligar para meu irmão, mas acho que ele está ocupado fazendo... seja o que for que ele faça, então decidi pintar minhas unhas e tomar banho enquanto espero por uma ligação de volta. — Eu encolho os ombros. — Sem sorte ainda. Uma ligeira carranca marca sua testa, mas ela sorri através disso. — Tenho certeza que ele vai ligar, criança. — Ela desvia o olhar, mas volta e muda de marcha. — Eu queria te agradecer. Dou um passo mais para dentro da sala. — Pelo quê?

— Eu ouvi que você convidou minha nova garota esta noite. — Eu pensei que era a nova garota? — Eu provoco. Ela ri. — Não, criança, você é a nova... bem, não importa. — Ela pisca. — Valine veio algumas semanas atrás e ela é difícil. — Sim, eu meio que entendi quando, em vez de sim ou não, recebi um ‘F-se’. Maybell sorri. — Mas passos de bebê são melhores do que nenhum passo, hein? Eu concordo. — Os outros, eles não a entendem muito bem, — ela compartilha. — Tentar entender é o problema. — Eu rio e ela se junta a nós. — As pessoas não gostam de perguntas, eu descobri isso há muito tempo, então você meio que tem que... sair, conversar sobre nada. Não que eu saiba mais sobre isso, mas funcionava quando eu era criança. — Eu encolho os ombros. — Às vezes, tudo o que eles precisam é de alguém com quem olhar para a areia. — Isso está totalmente certo. — Ela balança a cabeça, uma busca suave em seus olhos que desperta algo dentro de mim. — Acho que você se sairá bem aqui.

Eu tento forçar meu sorriso para longe, mas ela o pega e uma risada baixa a deixa enquanto ela se levanta e se move em direção à porta apenas para parar e se virar. — Acho que uma pessoa perdida pode ter entrado pela sua janela esta noite. Minha confusão deve ser evidente quando ela aponta para algo brilhante sentado sob o parapeito da janela. Eu olho para ela. Ela levanta uma sobrancelha escura. — A janela trava, se você decidir que pode querer. Meu pescoço aquece e eu aceno. — Entendi. Ela ri. — Acho que devo dizer a você que isso não vai impedir o menino se você fizer isso, ele simplesmente entrará pela porta e causará um rebuliço. Eu rio, sem duvidar de suas palavras. Com uma piscadela, ela sai, fechando minha porta atrás dela, e eu não perco tempo me movendo em direção à janela. Eu levanto a pequena sacola e coloco-a no assento em que foi colocada. Olho para fora, para a noite, e quase juro que vejo uma silhueta do tamanho de Royce bem no fundo dos pomares, mas não posso dizer com certeza.

Eu espio dentro da sacola e uma risada rápida sai de mim. Um pedaço de bolo estúpido. Eu procuro na escuridão mais uma vez, e você sabe o que... a silhueta se foi. Este bolo também está indo.

ELA ESTÁ REGANDO os tomates quando eu me esgueiro por trás dela, beliscando-a pelos quadris. Ela se vira com um grito leve, a mangueira apontada diretamente para o meu peito. — Porra! — Eu pulo para trás. Os olhos de Brielle se arregalam. — Oh meu Deus, eu... — Ela para, mas então seus ombros começam a tremer, e ela não consegue mais segurar. Ela ri alto, curvando-se um pouco para trás e tudo mais, uma mão subindo para cobrir a boca enquanto a outra levanta, borrifando-me com a porra da mangueira novamente no acidente e a garota apenas ri mais forte. Já estou encharcado quando corro para frente para pegar a merda da mão dela e atiro no chão, mas ela continua rindo.

— Desculpe, — ela sufoca sua diversão, limpando a garganta enquanto ela fica tão alta quanto Mighty Mouse28 é capaz. — Eu sinto muito. — Estou encharcado. — Foi mal. — Ela sorri. — Pelo menos é só água. — Oh, apenas água. — Eu levanto uma sobrancelha, curvando-me para agarrar a coisa. Espero que ela corra, me avise, ou, pelo menos, diga algo sobre como sua maquiagem e cabelo estão feitos e não estrague tudo – é, mas ela não faz. Brielle sorri. — Vá em frente, homem da chuva. Está quente aqui. Eu franzo a testa, jogando a coisa de volta no chão. — De que adianta se isso não te irrita? — Talvez seja psicologia reversa. — Talvez não. Ela ri, aproximando-se. — Sim, talvez não. Eu olho ao redor, localizando algumas das outras garotas no lado oposto do quintal puxando ervas daninhas. — Você não tem que fazer tarefas domésticas, então por que você faz? — Para mantê-lo igual.

28 Personagem de desenho animado infantil.

Eu franzir a testa. — Não é igual, eu te disse isso. — Está tudo bem, vai ajudar a manter a paz na casa. — Ela encolhe os ombros. — Jogando a carta da nobre, hein? — Oh, sim. — Ela revira os olhos de brincadeira. — Em seguida, noivado com um príncipe. Eu zombo, e quando ela se abaixa, pegando dois pequenos pedaços de lixo, eu me inclino sobre ela para desligar a mangueira. — Não, um príncipe não resolveria. Ela se levanta, sorrindo para as mãos enquanto tira as luvas de jardinagem. — Oh, você acha que não? — Eu sei que não. Ela sorri. — Então diga. — Um príncipe persegue o poder, mas não tem comando próprio, esperando eternamente pela sua hora de liderar. Muito inocente para ser brutal, muito decente para ser um idiota. Ele é fraco até ser forçado a fazer um movimento real. Bom coração, porque ele nunca ficou no escuro. Ela franze a testa. — Você não acha que eu seria o suficiente? Eu chego para frente, sacudindo seu cabelo e seus olhos vêm até os meus.

— Diga-me, pequena Bishop, o que um príncipe que nunca viu a escuridão... vai fazer com uma garota que viveu a maior parte de sua vida na escuridão? Ela abre a boca, mas a fecha, um olhar que não reconheço. — Você acha que eu preciso de mais, — ela diz calmamente. Um aviso refreado ecoa em meu cérebro, me forçando a dar um passo para trás. — Você está colocando palavras na minha boca. Não. O brilho suave em seu olhar ainda está muito presente, mas ela vai para a brincadeira. — Bem, vamos então, Sr. Miyagi29, explique para mim. Não se segure, lembra? — Você conhece o ditado, Tink. Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço. — Que saída fácil, — ela reflete com um sorriso. Depois de um segundo, ela limpa a garganta. — Então, estou quase terminando o dia. Eu e Micah estávamos pensando em verificar as coisas, encontrar um poço ou algo em algum lugar. Quer vir? O aborrecimento bate em mim, apagando os últimos minutos. — Se eu quero ir com você e Micah?

29 Personagem fictício mestre de karatê no filme Karate Kid.

Seus olhos se estreitam, mas ela concorda. Eu lambo meus lábios de repente secos, agarrando minha camisa perto do meu peito e puxando o material molhado para longe da minha pele. — Quando você planejou isso? — No caminho para casa ontem à noite, — ela me diz, olhando por cima do ombro rapidamente enquanto joga as luvas sujas em um saco de lixo. — Então você vai correr pela cidade com o Micah o dia todo, hein? Ela olha na minha direção, deslizando a ponta dos dedos ao longo da têmpora, uma expressão curiosa no rosto. — E Valine. — Valine. Ela concorda. — Alta, bronzeada, cabelo castanho cacheado, — ela explica o básico como se eu não soubesse quem mora em nossas casas coletivas e precisasse de um lembrete. — A Srta. Maybell disse que é a hora mais difícil para ela. Acho que ela é difícil de lidar, não se dá bem com as meninas, mas eu a ensinei a fazer omeletes hoje e ela não tentou me queimar com a frigideira. — Foi assim que você decidiu que ela não era uma assassina em série? Brielle ri. — Acho que ela precisa de alguns minutos grátis de diversão descuidada, eu sei que preciso.

— Essa é estúpida. Ela me estuda e começa a andar de costas para a casa. — Certo, bem, você se diverte fazendo o que quer que as pessoas não-estúpidas façam, e talvez eu te veja mais tarde. — Cara, pequena Bishop, você está com um pouco de sorte, não é? — Voa da minha boca antes que ela possa dar um passo adiante. — Já tenho amigos, planos e uma espinha dorsal. Ela me olha boquiaberta. — Você está falando sério agora? — Você está? — Eu estalo. Sua cabeça recua. — Sinto muito, — ela arrasta, inclinando a cabeça como uma criança. — Eu deveria me sentir mal agora, porque isso é uma merda. Passei quatro anos estudando, sentada no escuro, consertando coisas que outras pessoas quebraram, tudo isso enquanto não tinha escolha a não ser ir para uma escola que eu odiava, em uma cidade que me odiava. Então, se você está tentando me culpar por querer passar algumas horas com alguém da minha idade, que não olha para mim e presume que sabe quem eu sou, e faz algo divertido e simples, não. Não vai funcionar. — Tem certeza? — Eu ando em direção à varanda e a chamo como um idiota. — Porque você parece que está prestes a chorar.

Ela joga as mãos para cima com um pequeno rosnado e bate sua bunda dois degraus abaixo, trazendo-nos ao nível dos olhos, cara a cara. Nossas bocas perigosamente fechadas e ambas curvadas com carranca. — Quer saber, tudo bem, — ela força os dentes cerrados. — Me chame de mentirosa porque agora eu me sinto culpada, mas apenas porque por uma fração de segundo claramente desperdiçado eu pensei que talvez tivesse ferido seus sentimentos por não perguntar a você primeiro. Mas isso é idiota da minha parte, porque foi você quem disse que não estou aqui para ser sua amiga. — Você se esqueceu de onde eu disse não confie naqueles que querem ser seus amigos? — Bem, bom para mim, Valine não está interessada. Eu estou me forçando muito a ela, porque às vezes é isso que ajuda as pessoas. Ela está sozinha em sua mente, como eu estou há anos. Me processe por não querer que alguém lide com o que eu tenho lidado. — Pequena Srta. Conserta-Tudo, hein? — Eu não quero consertar ninguém, e não é como se estivéssemos indo fazer tatuagens de flores iguais ou escovar o cabelo uma da outra. Só quero oferecer minha companhia para alguém que possa realmente querer, mesmo que ela diga o contrário. Talvez eu queira.

Espere, não. Não. Não... Eu nos coloco de volta no caminho certo. — E Micah? Como ele se encaixa nisso? — Eu fui para a escola com ele por anos, Royce. Eu o conheço bem. — Bem, — eu repito. — Que tipo de bem, pequena Bishop? — Eu me aproximo até que meu sapato não tenha mais espaço contra o degrau. — Você sabe que tipo de cobertura ele gosta na pizza, ou será que você conhece a cara que ele faz quando goza? Espero que ela grite, negue ou saia correndo para chorar, mas ela não faz nada disso. Em vez disso, ela me chama. — Não fique aqui e aja como se não tivesse perguntado tudo isso a ele quando o contratou, e não, — ela morde. — Ele não me disse isso. Eu sabia que estava sendo vigiada, e dois mais dois, são quatro. Vigiando-a? — O que você quer dizer com vigiando você? Ela suspira. — Não há razão para negar agora.

Não estou negando merda nenhuma. Ele estava olhando para ela, mas por um maldito dia para se certificar de que nenhuma besteira viesse em seu caminho por minha causa. Talvez seu irmão tenha alguém vagamente cuidando dela, afinal?

Uma buzina toca do outro lado do quintal, e ambos olhamos para encontrar Micah pulando, nada além de um calção de banho. Pequeno filho da puta em forma. Ele sorri, levantando a mão como se dissesse a ela que eles vão embora em cinco minutos, oferecendo-me uma ponta do queixo antes de desaparecer ao lado da casa dos meninos. Os meus olhos e de Brielle se voltam para os olhos do outro. — Melhor ir, pequena Bishop. — Eu deslizo alguns passos para trás, lutando contra a irritação que rasteja na minha pele. — Tem gente esperando por você. Em um piscar de olhos, suas feições se suavizam, e ela está descendo a varanda.

— É isso, — ela sussurra. Outro degrau. Ela me golpeia com um olhar de realização. De compreensão, e meus músculos começam a se contrair. — Não há ninguém em casa, não é? — Ela pergunta baixinho, encostando o ombro no velho poste. — Seus irmãos, as meninas... — Ela faz uma pausa, inclinando levemente a cabeça. — Eles saíram hoje? Eu zombo, balançando a cabeça enquanto me viro para ir embora, uma torção pesada nas minhas costelas. Aborrecimento. É isso que é. Ela é irritante ‘pra’ caralho e fora da linha e... — Royce, — ela chama e de uma maneira muito carinhosa. De uma maneira que ela entende. De uma maneira que ela me entende. Eu paro de andar, dizendo a mim mesmo para não olhar para trás, mas faço isso de qualquer maneira. Um pequeno sorriso é o que encontro.

— Eu queria pedir a você para me mostrar a cidade hoje, mas achei que você fosse rir ou, você sabe. — Ela encolhe os ombros. — Me dizer para dar o fora. Droga, se eu não cerro os dentes para evitar que meus lábios se contraiam. — Talvez isso me faça parecer idiota, mas é a verdade, — ela admite. — Eu te disse, não deixe o medo te impedir de nada. Nunca. — Eu olho de seu cabelo prateado para seus olhos turquesa. — Da próxima vez que você quiser me perguntar algo, faça. — Eu nunca disse que estava com medo. — Seu corpo balança ligeiramente enquanto seus olhos se movem entre os meus. — Mas eu vou, e talvez da próxima vez que você quiser me trazer bolo... você vai ficar tempo suficiente para eu dizer obrigada. Agradecer-me, como ela fez naquela mensagem de texto na noite depois que eu a deixei, quando ela percebeu que eu falei com idiota, que teria falado sobre a garota solitária que eu encontrei no escuro em minha viagem solitária tarde da noite. Uma mensagem de texto que eu pensei, com certeza, era ela dizendo que queria algo, o cão de caça interior saindo como faz com qualquer outra garota que chega perto de mim e do que é meu. Mas não era nada disso, e recebi um tapa na cara

com

um

tipo

diferente

de

confusão,

uma

confusão

desconhecida. Ela me agradeceu. Não foi escrito com insinuações desnecessárias ou frases que poderiam ser interpretadas como impertinentes ou agradáveis, deixando para eu decifrar suas verdadeiras intenções. Foi simples, honesto e realmente inesperado. A garota me agradeceu por consertar meu próprio erro, e isso me fez sentir um idiota, porque, caramba, eu sou o pedaço de merda que não poderia dizer, com certeza, que foi para o benefício dela. Gosto de pensar que sim, porque a alternativa me irrita e não faz sentido, porra. O que eu me importaria se as pessoas pensassem que ela era fácil e fizessem uma jogada por ela, certo? Eu não me importava. Não. Eu não. Ela é minha doce vingança, nada mais. Ela é pequena, mas eu me pergunto o quão doce ela é? Não.

Foda-se, cara... eu tenho que ir. Eu encontro seus olhos mais uma vez, e a porra da garota dá um pequeno sorriso lateral. — Obrigada pelo bolo, Royce Brayshaw. Certo, bolo, ela disse. Eu levanto um ombro, alisando minha camisa com a mão esquerda. — Não sei do que você está falando, Brielle Bishop. — Certo. — Ela concorda. Meu telefone toca no meu bolso, então eu o uso como desculpa para me afastar dela. — E aí, Captain? — Estávamos certos, Enoch está envolvido. Eu paro no meio do caminho. — Encontramos provas? Há uma confusão e então eu ouço Cap gritar: — Zo, não coloque as mãos na gaiola, ou você vai virar carne de macaco. Eu rio. — Aquela garota moraria no zoológico se você permitir. — Sim, eu sei. — Ele ri. — Aqui, fale com a Bela, Zoey quer que eu alimente essas merdas de coisas. Victoria entra na linha um segundo depois. — Ei. — VicVee, como você encontrou essas provas?

— Enoch se ferrou na noite passada, como esperávamos. — Graças a Deus, ele apareceu. — Eles sempre fazem isso. — Então, o que aconteceu, você o ouviu derramar sua merda ou o quê? — Mm, não exatamente eu. — Ela ri. — Mas vamos deixar essa explicação para depois. Primeiro, adivinhe qual foi o pedido dele? Eu sorrio, pensando nos cacos de Mac verde encontrados por todo o campo. — Mickey’s com limão. — A noite toda, — ela canta. — Maddoc conversou com Will atrás do bar e deu uma olhada nos pedidos. Ele disse que nunca fez o reabasteceu de Mickey’s e Enoch foi o primeiro a fazer esse pedido. — Porque tem gosto de mijo quente. Eu nem sabia que tínhamos essa bebida. — Isso é o que Captain disse, mas voltando a falar sobre o assunto. Então Enoch está se recuperando com a garota no refeitório e se aproximando da carne fresca, também conhecida como Brielle, à vista ontem? Eu franzi a testa. — Parece que ele está se recuperando do coração partido.

— Então, a namorada de longa data, Taylor Simms, agora é a ex-namorada. —Eu digo lentamente. — Nós achamos que ela fodeu com o treinador? — Faz mais sentido. — Um namorado com raiva. — Sim. — Ela o repassa. — Enoch Cameron, sentindo-se mal por si mesmo, como deveria, leva uma caixa com doze Mickey's com limão para o campo para beber suas mágoas, fica muito bêbado e acaba com tudo com um taco. — Destrói o placar, e o quê? O treinador aparece no meio disso? — Ou ele chamou seu treinador, uma vez amado, para enganá-lo e fazê-lo ir lá, punindo-o por tocar o que não era dele? — Então, por que nos roubar e por que o treinador Von mente e diz que não sabe como aconteceu? As temporadas acabaram e Enoch é um veterano, não é como se ele tivesse perdido seu jogador titular. — E por que as lágrimas de Taylor? Eu concordo. — Portanto, há mais, mas sabemos o suficiente para saber que Enoch é culpado de alguma coisa. — Exatamente. Ele com certeza quebrou o placar, mas o resto ainda está no ar. — Ela suspira. — Você ligará para Maddoc?

— Sim. — OK. Tchau. Ela desliga e eu ligo para Maddoc. Ele atende no primeiro toque, e eu repasso tudo com ele. — Quebre dois dedos da mão esquerda de Enoch, — ele diz instantaneamente. — Ele arremessa corretamente. — Eu sei, mas é uma porra de um aviso sólido. Você não fode com a nossa merda, e, com certeza, não põe pânico na nossa escola. As pessoas pensam que um estranho entrou em nosso campus, isso foi de propósito. Ele deveria saber melhor que isso. — Ele deveria ter vindo até nós se houvesse um maldito problema. — Esse é o problema. Ele fez tudo errado. Ele sabe que essa merda não é permitida e seremos forçados a lidar com isso. — Vamos dar a ele uma pequena lição de rebatidas? — Você quem sabe disso, mas vamos deixá-lo pensar que está livre por um minuto para que possamos pegá-lo desprevenido. — Maddoc ri. — Essa é a melhor maneira de jogar, irmão. — Eu ri. — Sim, divirta-se comprando fraldas.

Maddoc zomba. — Eu vou, idiota, e Raven disse que já que você não veio conosco hoje, você fará sua lasanha esta noite. Eu sorrio. — Qualquer coisa pelo meu bebê. — Eu vou te foder. Eu rio, meus olhos deslizando pelo quintal quando Micah aparece novamente. Eu franzo a testa. — Tenho que ir, irmão. Tenho planos para arruinar. Eu desligo a linha, batendo meu telefone contra minha perna, e penso, foda-se. Sábados

são

os

melhores

dias

para

festejar

e,

obviamente, ainda tenho muita tensão para liberar. A noite passada não foi suficiente. Envio duas mensagens de texto enquanto caminho de volta para minha casa, a primeira para Micah e a segunda para Brielle. Eu: esteja pronto para sair em dez minutos. Eu vou te buscar. Eu: esteja pronta às dez. Mac irá buscá-la. Eu sorrio. Desculpe, pequena Bishop, mas considere seus planos cancelados.

Vou levar Micah para o dia e colocar vocês dois para trabalhar esta noite.

— TENTE

ESTE .

— Valine me entrega uma bola de

chocolate coberta com pó branco. Eu coloco na minha boca e engasgo, rapidamente cuspindo. Ela sorri, balançando a cabeça em falsa decepção. — Você é uma covarde. — Não, você está apenas tentando me matar, — eu provoco. — O que é isso? Baunilha com sabor de Chile? — Algo assim, sim. — Ela joga o resto no lixo e pula para cima. — Tudo bem, estou fora. Tive contato humano suficiente por um dia. Estou pronta para enganar algumas pessoas ou algo assim. Eu rio e levanto com ela. — OK.

Tenho quase certeza de que Royce esperava que eu ficasse chateada por ele ter assumido o controle da minha tarde, como tenho certeza de que ele acredita que fez, mas, honestamente, nem me importo. Eu ainda tinha Valine, mesmo que fosse preciso algum suborno para fazê-la sair comigo no final. — Portanto, não olhe. — Ela enfia a mão na bolsa, tirando um pouco de ChapStick 30 . — Mas o estranho perto dos banheiros continua olhando para cá. — O que o torna um estranho? Sua mão para em seus lábios. — Ele está parado do lado de fora do banheiro masculino, espiando duas garotas em um banco do parque. Pego um pedaço de lixo do chão para poder virar e jogálo fora. Valine zomba. — Realmente sutil, garota. Lembre-me de nunca fazer o reconhecimento com você. — Cale-se. — Eu olho e aperto os olhos. — Espere, eu conheço aquele cara. — Ugh, — ela resmunga. — Claro que você conhece. Bem, estou indo. Vejo você em casa mais tarde esta noite. Eu aceno e começo a andar para frente.

30 Marca de protetor labial.

Seus olhos levantam, mudando para este lado, mas quando ele percebe que estou indo para ele, eles se arregalam. Ele rapidamente se endireita e abre um pequeno sorriso. — Ei, Brielle, certo? Eu ri. — Sim, August, certo? — Eu provoco. Nós dois sabemos que ele não esqueceu, mas foi pego olhando. Ele dá um sorriso tímido, olhando para Valine. — Garota nova? Eu inclino minha cabeça. — Então você mora por aqui? Seus olhos se fixam nos meus. — Sim, eu moro. Na verdade, acabei de voltar, então estou meio fora de sintonia com as coisas. Preciso me recuperar, me reunir, sabe? Eu concordo. — Bem, é para haver uma festa hoje à noite, você deveria vir. Você pode me dar seu número e eu posso enviar o endereço? Ele esfrega os lábios. — Com quem você vai? — Oh, estou trabalhando na verdade, — digo a ele e uma leve carranca se forma acima de suas sobrancelhas. — Mas eu estarei lá, e tenho certeza que alguns outros que você talvez conheça estarão se você for daqui. Você foi para o Brayshaw High?

Uma risada baixa o deixa e ele olha por cima do meu ombro. — Talvez da próxima vez, mas vejo você em breve. — Ele começa a andar para trás, depois gira e corta atrás do prédio. Alguns segundos depois, uma buzina toca e meu nome é chamado. Eu me viro e encontro Chloe no meio-fio, olhando para cá. Eu corro, sorrindo para seu pequeno conversível. — Garota, se o seu homem soubesse que você estava aqui assim, ele daria uma surra nessa bunda. — Ela ri. — Mas talvez seja isso que você goste, hein? Eu balancei minha cabeça. — Não é meu homem, confie em mim. — Mas é disso que você gosta? Eu rio e ela acena para eu entrar. — Mac deve buscá-la em algumas horas, certo? — Sim, isso é o que Royce disse. Você se importa? Sua cabeça vira na minha direção e ela sorri. — Garota, se você soubesse o quanto sou bom em compartilhar. Alguns minutos se passam e então ela está parando na frente da casa de grupo.

Eu saio, mas algo me faz voltar para perguntar: — Ei, você conhece um cara chamado August? — August? — Ela inclina a cabeça. — Isso seria um não. Por quê? — Eu o encontrei duas vezes desde que cheguei aqui. Ele disse que acabou de voltar. Ela acena com a cabeça, estreitando os olhos. — Huh, tenha cuidado, talvez perguntar ao Royce? — Ela faz uma pausa e então nós duas rimos porque não é como se eu fosse perguntar. Eu entro e antes que eu perceba, estou subindo na caminhonete de Mac e indo para a festa. Excitação nada em meu abdômen quando chegamos e, quinze minutos depois, já se foi. Eu estava animada para ‘trabalhar’, mas agora estarei animada quando for a hora de ir para casa. Com um bufo, jogo os copos de plástico no lixo e tiro uma nova pilha, colocando-os ao lado da série de garrafas meio vazias. Quando Royce disse ‘trabalho’ eu pensei... Eu não sei o que eu pensei, mas eu definitivamente não esperava que fosse a limpeza de estudantes Brayshaw meio bêbado, meio sóbrio, seminus. No entanto, aqui estou, fazendo exatamente isso. Sim, assustando-me.

Mac passa pela porta de tela com uma garrafa de cerveja vazia e a levanta, então eu abro a sacola na minha mão e ele a joga dentro. — Obrigado. — Ele inclina seus quadris contra o balcão perto de mim, olhando para cima quando sua namorada, Chloe, entra atrás dele. Ela fica entre as pernas dele e encosta as costas em seu peito. — Ei. — Ela sorri, seus olhos percorrendo minha roupa em aprovação. É apenas um macacão preto simples sem alças que fica no meio da coxa, mas é bonito e divertido e algo que eu tenho há tanto tempo, mas nunca tive um lugar para usá-lo. — Ei. — Você sabe que ele está fodendo com você, certo? — Ela inclina a cabeça, contando-me um segredo que deveria ser óbvio. — Ele tem uma equipe de limpeza. Eles cuidam de tudo antes, durante e depois. — Então por que estou fazendo isso? Ela sorri. — Eu não sei, por que você está? — Ele disse... — Eu me cortei. Ele disse ‘mantenha-o limpo’ e seguiu com um cortante ‘encontre um jeito’.

Eu olho para a lata de lixo que acabei de encher e que de alguma forma já está vazia, um saco novo já está dentro dela e o pequeno respingo que vi na parede já foi embora. Eu abaixo meu braço, a sacola meio cheia na minha mão descansando perto dos meus pés enquanto eu examino a cozinha. Na mesa redonda, vários rapazes jogam uma partida de King's Cup, bebendo com base nas cartas que puxam, enquanto algumas garotas riem e conversam atrás deles. Uma explosão de excitação flui da sala de estar na forma de assobios e aplausos rápidos, então eu me inclino ligeiramente para ver melhor. Um cara puxa a camisa e começa a girar sobre a cabeça, apenas para jogá-la em uma garota que está sentada no sofá não muito longe dele. A garota cora, inclinando um pouco a cabeça e eu sorrio para mim mesma. Tão bonitinha. Alguns outros dançam ao redor dele, fazendo barulho e curtindo a noite. Um raspar de madeira contra madeira atrai minha atenção de volta neste caminho, assim como uma garota com cabelo castanho decide se juntar a um dos caras em sua cadeira.

Ela monta nele, ignorando completamente os outros jogadores na mesa de jogo. Cada um deles observa seu recreio público, exceto um. Ele a observa de perto, seu aperto na garrafa na frente dele com força. A consciência pinica na minha pele quando a garrafa que agarra a perna do cara começa a saltar, mas minha cabeça se levanta quando um jato de vermelho chama minha atenção. De volta à sala de estar, um cara de cabelos escuros vestindo uma camisa dos Bulls encara o rosto de um cara sem camisa e a garota tímida, ainda segurando aquela camiseta descartada, se senta em pânico. O cara sem camisa sorri, mas quando ele é empurrado para trás alguns espaços, um olhar sério assume e ele dá um passo para frente novamente. Eu olho entre os dois prestes a brigar pela garota da camisa e os três brincando um com o outro na mesa da cozinha – a nova conexão e a última, eu decido. A mão do cara da dança de colo começa a desaparecer sob a saia da garota e na sala de estar o cara sem camisa e o cara de camisa estão batendo no peito. — Mantenha-o limpo, — sussurro para mim mesma. Eu olho para Mac e Chloe, e Mac pisca, oferecendo um aceno sutil.

Eu deixo cair o saco no chão e giro, pegando uma garrafa do balde de gelo e meia bandeja de shots de gelatina do balcão e vou para a mesa. Eu

sorrio,

caminhando

até

o

grupo

de

garotas

conversando com um pouco de nervosismo. No início, elas franzem a testa quando interrompo a conversa, mas quando percebem o que estou segurando, eles gritam em uma empolgação bêbada e todas pegam um, efetivamente ganhando a atenção da amiga perdida. Ela levanta a cabeça do pescoço do cara, os olhos avermelhados e as bochechas coradas para combinar. Levanto a bandeja com uma das mãos e a alcanço com a outra, o gargalo da garrafa de cerveja entre meus dedos. Ela sorri, estende a mão e me deixa puxá-la para cima. Eu sutilmente a giro e passo a bandeja e então sou esquecida, mas vou até o ex, troco sua garrafa vazia pela nova e pisco. Ele sorri, mas deixa cair o sorriso no peito para escondêlo. Eu dou um tapinha em suas costas e rapidamente faço meu caminho para a sala. Eu ofereço um sorriso de desculpas para a garota do sofá e quando eu alcanço a camisa que ela está segurando, ela solta.

O cara vestido grita algo sobre “ficar longe da irmã dele” e quando ele faz isso, ele se afasta um pouco. Provavelmente para voltar ainda mais forte, mais agressivo, mas eu pego seu deslize como meu caminho para dentro e coloco minhas mãos na cintura do cara sem camisa, empurrando-o para trás. No início, seus olhos se estreitam e suas mãos começam a descer para me empurrar para longe, mas eu inclino minha cabeça, levantando minhas sobrancelhas e ele congela. Isso dura apenas um segundo e então ele se força a relaxar, envolve seus braços em volta de mim preguiçosamente e sua cabeça levanta. Ele lambe os lábios com um sorriso malicioso e encolhe os ombros. — O quê? Você pensou que eu estava me despindo para isso? —Ele aponta para a ‘irmã’ e balança a cabeça. — Não. Eu tenho uma mulher para brincar esta noite. Faço uma nota mental para encontrar a garota mais tarde e explicar. Eu giro em seus braços e suas mãos caem em meus quadris. O cara de camiseta olha furioso, mas parece aceitar nossa farsa. Ele balança a cabeça, pega a garrafa que deve ter deixado cair no chão, lança um olhar severo para sua irmã e recua, juntando-se ao grupo – ele mantém sua irmã à vista. Meus olhos piscam para a cozinha rapidamente.

Chloe sorri largamente, mas Mac, seus olhos estão arregalados, e não de surpresa, mas de outra coisa. Ele balança a cabeça, mas o cara nas minhas costas encontra meu ouvido e eu olho para ele. — Obrigado, — ele sussurra. Eu aceno com um pequeno sorriso e empurro minha cabeça em direção à porta dos fundos. — Provavelmente deveríamos seguir esse caminho um pouco, deixá-lo se acalmar? Uma risada baixa e bêbada escapa dele. — Sim, você está certa. Ele agarra minha mão, saúda o irmão e me puxa para trás. — Ei, Jenson. O cara para na porta, então deve ser ele. Nós olhamos e Mac se aproximou. Ele fica lá, o rosto em branco. — Pode não querer sair daí. Jenson ri e saímos pela porta. Ele me solta enquanto passamos o último degrau da varanda e se vira para mim com um sorriso. E então ele leva um soco na mandíbula. Eu pulo para trás, meus olhos saltando.

— Oh meu Deus, Royce! — Eu atiro para frente, mas então mãos estão em volta da minha cintura e as palavras chegam aos meus ouvidos. A voz de Mac está calma. — Disse a ele para não sair. — Mac, que diabos?! Suas palavras estão mais próximas, mais abafadas. — Pare de falar. Sua voz só vai piorar as coisas. — Minha voz? — Eu balancei minha cabeça. — Como? — Calma, confie em mim, — ele sibila de volta. Eu me concentro para frente quando uma risada profunda, meio áspera e nem um pouco engraçada deixa Royce. Royce começa a contornar todo assustador e parecido com o Coringa, enquanto Jenson, como Mac o chamou, pula para cima, punhos cerrados e prontos, mas ele percebe que é Royce. Suas mãos se erguem no ar e ele dá um passo para trás instantaneamente. — E aí, cara... Ele está preso pela garganta. As veias do antebraço de Royce saltam com força e seu aperto fica mais apertado.

Os olhos de Jenson voam para os meus em acusação, e eu murmuro, ‘Sinto muito’, mas assim que a última palavra se forma em meus lábios, Royce se vira, pegando-a também. Ele ri, mas é malicioso e então ele joga o cara de um metro e oitenta de lado como uma boneca de pano e vem direto para mim. Os braços de Mac caem e somos apenas nós. Ele me encara. Eu encaro. Ele abre a boca e eu grito. — O que diabos há de errado com você?! Seus lábios se fecham. O quintal fica silencioso, tão silencioso. Um fogo se forma nos olhos de Royce, mas eles estão tão vermelhos, ele está tão perdido esta noite que poderia facilmente passar despercebido. A mim não, porque eles estão olhando fixamente para o meu. Raiva e grande frustração, mas para quem é? Eu ou ele? Não tenho certeza se ele sabe. Ele fala, mas só para mim. — Por que ele estava tocando em você?

Minha cabeça puxa para trás, minha boca se abre, mas leva um segundo para as palavras encontrarem o caminho para fora. — Você está falando sério? — Brielle. Meus braços se erguem junto com meus ombros. — Porque eu era sua diversão. Uma risada suja o deixa e ele se aproxima, lambendo os lábios. — Você não era, não vai ser, você não é nada dele. — Eu quis dizer... Espere, o quê? Eu olho para ele e explico lentamente. — Você disse para mantê-lo limpo, para encontrar uma maneira. Isso foi o que eu fiz. — Então é assim que você joga, hein? — Ele entra sorrateiramente, as mãos cobrindo o local exato que Jenson estava. Ele aperta e eu inalo. — Gosta de usar este corpo para fazer o que precisa ser feito? Para obter o que precisa? Não. Isso nunca, mas repito o que já disse. O que ele disse primeiro. — Encontre um caminho. Seu aperto aumenta e então ele está me levando de volta, conduzindo como ele quer até que estamos rodeados pela

escuridão. Ainda assim, ele segue em frente, levando-me para trás. O vento da noite de verão assobia por entre as árvores, soprando meu cabelo no rosto, enviando um arrepio na espinha e obstruindo minha visão. Dele. Do luar. Eu vou empurrá-lo para trás, mas ele o faz primeiro, seu dedo mindinho patinando ao longo da pele macia e sensível das minhas têmporas. Eu fico tensa quando ele fica mais perto da minha cicatriz, mas ele não mergulha mais fundo no meu cabelo. — Eu pedi a você para mantê-lo limpo, — ele diz, seus olhos sombrios fixos nos meus. — Que parte disso a fez pensar que tocar em outra pessoa era permitido? Outra pessoa. Outra pessoa? — Eu não entendo. Uma risada debochada o deixa, e ele desce o olhar para o meu pescoço. — Sim, você não entenderia. — Me teste. Ele desliza os dedos por baixo da alça da minha blusa e os desliza para baixo até onde a ponta encontra o bojo do meu sutiã e puxa. Eu dou um tapa em sua mão e seu olhar se fixa no meu.

Ele chega no meu rosto, e eu não percebo que estava deslizando para trás até que minhas omoplatas encontram uma cerca de arame. Seus braços se estendem ao nosso lado, e ele se inclina. — Isso significa que você não está aqui para se prostituir. — Desculpe?! — Tento pular para frente, mas ele é uma parede de peso, bloqueando-me. — Afaste-se de mim. — Não quero. — Ele franze a testa, uma de suas mãos descendo para patinar ao longo dos meus dedos. — Por que você o deixou segurar sua mão? Eu engulo, mas respondo, — Se isso te irrita, então foi muito bom que você não estava lá dentro quando estávamos. Cutucar um lobo não é inteligente, mas enjaular um cervo também não é. Posso ser ‘nova’ aqui, mas isso não significa que serei um alvo imóvel. Ele pressiona ainda mais perto, tão perto que meu peito não tem espaço para inflar com a minha inspiração pesada. — Que porra isso quer dizer? — Isso significa que eu sei como é a inclinação de seus músculos antes de desaparecerem em seu jeans. Oh meu Deus! Por que eu disse isso?! Como se ele se importasse...

Um grunhido o deixa, e ele estica os braços, inclinandose para trás apenas para voltar novamente. Ok, então ele não gosta que mexam nas coisas dele. Quero dizer empregados. Anotado. Definitivamente, não vou mencionar os braços de Jenson em volta de mim e me puxando. Seus olhos brilham e ele se afasta, correndo em direção à casa. Mac aparece de repente, sua cabeça indo de seu amigo para mim e de volta enquanto ele entra na linha. — Você não fez isso. — Ele me encara. — Fiz o quê? Ele estende o braço. — Provocá-lo. — Provocá-lo? — Eu empurro. — Você está brincando? Ele está agindo como uma pessoa louca, instável e confusa! — Ele não está agindo, ele é exatamente todas essas coisas, Brielle. O que você disse a ele? — Nada. — Não de verdade. Ele me encara. — Você falou em voz alta de novo, não foi? — Eu...

Ooooh. Opa. — Porra. — Mac gira e corre ao redor da casa, então eu o sigo. Chegamos lá bem quando Royce está abrindo a porta do que deve ser a caminhonete de Jenson. Ele o agarra pelo colarinho da camisa que ele deve ter acabado de vestir e o arranca do assento. Eu suspiro. Alguém ri ao meu lado. Eu olho para encontrar Chloe sorrindo com seu telefone na mão. Ela aperta alguns botões, cruza os braços e sorri para o caos. Ela olha para mim. — Oh, querida, se acostume com isso, registre até mesmo. Isso resulta em alguns bons pensamentos depois do expediente, se é que você me entende. Eu encontro seus olhos e ela pisca. — Seu menino tem resistência, muita, muita resistência. E desde que você chegou? — Ela ri com um sorriso. — Ele está praticamente exalando testosterona, de tão reprimido. Sim, não vou tocar em nada disso.

Corro para mais perto da calçada enquanto Royce agarra o cara pelo pescoço e o levanta do chão. Ele diz algo, mas ninguém mais consegue ouvir, e então Jenson levanta a mão e, sabe o que, ele aponta para mim. Royce se vira. Uma risada alta e cruel o deixa e então a cabeça de Jenson encontra o espelho lateral. Ele e seu espelho caem no chão. Royce não está satisfeito e passa por cima dele, mas eu cansei disso. Eu atiro para frente. Mac tenta me agarrar, mas eu corro para a esquerda rapidamente e evito-o, pego uma garrafa abandonada da grama e a empurro contra o capô. Os olhos selvagens de Royce se erguem, seus lábios se curvando. Eles piscam quando sou eu que ele encontra. — Pare. Ele olha para mim através dos cílios grossos. — Dê o fora daqui. — Não. Eu disse pare. — Pequena, eu vou te separar...

— Então faça. Isso não é com ele. — Eu explico: — Ele e outro cara estavam prestes a brigar na sala de estar lá. Eu estava ajudando. — Ajudando. Deixando as pessoas tocarem em você. Tocando em alguém. Isso não é ajudar, isso são preliminares. A raiva queima minha pele e eu me aproximo. — Você é um idiota e ele só estava jogando para acalmar a situação. Você disse... — Eu não me importo com o que eu disse! — Seu grito é apressado e furioso. — Ouça o que diabos estou dizendo agora ou você vai embora. — Seu peito arfa e ele pisa por cima do corpo esquecido de Jenson, deslizando em direção ao meu. — Você não vai tocar em ninguém, e ninguém se atreve a tocar em você, porra. Você entendeu? Eu cerro meus dentes e olho para longe. Foi isso que eu pedi, não é? Para ele me dizer o que ele espera, o que ele quer que eu faça e o que não faça. Então, eu não discuto. Eu me viro e encontro seus olhos com força decidida nos meus. Não vou ser expulsa deste lugar, especialmente não ainda. Meu irmão disse que vem para casa amanhã e, quando chegar aqui, vai descobrir que eu também estou.

— Ok, Playboy. Ninguém me toca. Eu não toco em ninguém. Seu peito sobe e desce rapidamente e com movimentos assustadoramente lentos, ele lambe os lábios e fecha a pequena distância entre nós. Seus olhos deslizam entre os meus, seu hálito quente de canela e aroma de álcool espalhando-se pela minha pele. Meu corpo começa a esquentar, mas desta vez por um motivo totalmente diferente. Ele está olhando para mim como um menino quebrado, como se eu o tivesse machucado e ele não entende como isso é possível. Isso faz dois de nós. Royce chega ainda mais perto, seu polegar encontrando e pressionando no oco da minha garganta. Ele pressiona um pouco mais forte, uma necessidade de ser mais áspero se contorcendo contra mim, mas é com uma leve pressão que ele desliza mais alto, até levantar meu queixo. Meu coração bate mais rápido quando encontro seu olhar confuso. O sangue dos nós de seus dedos arrebentados salpica silenciosamente contra minha clavícula, chocando a pele e criando espinhos ao redor.

— Você quer brincar, Tink, brinque, — ele murmura com força. — Pegue. Exija. — Seus olhos escurecem e ele se inclina para frente, pressionando a curva esquerda de seus lábios na minha orelha, deslizando-os levemente, como se precisasse pressioná-los contra mim, mas ele se recusa. — Exija... e receba, minha pequena Tink. Os pneus cantam contra a estrada ao longe, seguindo-se o fim dos freios. Royce passa por mim, e meu corpo inteiro encontra a necessidade de seguir sua fuga, girando com o dele enquanto ele foge, levando o ar dos meus pulmões com ele. Bem ali, no centro da rua, estão Maddoc e Captain, expressões vazias em ambos os rostos, um SUV preto sólido parado atrás deles. A porta dos fundos se abre e Raven sai. Seus olhos voam de Royce para mim e se estreitam. Ele dá um passo até ela e depois de um curto olhar, ela finalmente desliza de volta para dentro, seguida por Royce. Ele não fecha a porta e quando olho para Maddoc, ele abaixa o queixo em expectativa. Eu não percebo que estou avançando até que eu o alcance. — Entre. — Ele me encara.

— Não acho que seja uma boa ideia. Ele está com raiva de mim. — Não foi um pedido. — O comando é curto e preciso. Seus olhos mudam para os meus, e enquanto eles estão transbordando de um aviso inebriante, não há raiva lá. Espaço para discussão? Definitivamente não, mas sem raiva. Ele se vira para a frente e só então olho para trás. A casa e o quintal devem estar completamente vazios agora, já que todos os jovens estão espalhados pela frente assistindo ao show. Não há um único que não esteja olhando para mim. Para Maddoc. Para o carro atrás de nós e de volta para mim. Micah rompe a multidão então, a tensão alinhando suas feições, e por um segundo estou aliviada. Maddoc deve sentir isso, porque ele balança a cabeça, e no mesmo exato segundo, um irmão me diz não sem usar uma palavra, outro envolve seus dedos nos meus, pendurados frouxamente ao meu lado. Eu olho para baixo, seguindo o antebraço tatuado até que meus olhos encontrem um par de olhos castanhos nublados. Royce está meio pendurado para fora da porta, segurando-se em mim. Ele puxa e, por algum motivo, mesmo que ele seja um imbecil gigante agora, eu deixo.

Subo ao lado do playboy bêbado, tentando ignorar como seu controle sobre mim fica mais forte, mais possessivo, a cada segundo que passa, e fingindo que seus lábios não estão roçando levemente contra o lado do meu pescoço. Eles estão, mas toda vez que eles encontram minha pele completamente, eles desaparecem, levando o ar de meus pulmões com eles. Não sei o que significa ou que ele se lembrará disso amanhã. Não sei por que ele disse o que disse, fez o que fez ou se isso importa. E eu não sei por que, quando a noite basicamente foi uma merda, a emoção me queima até o âmago. Eu sei que é imprudente. Mas não tenho certeza se posso controlar isso. Eu também não tenho certeza se quero.

— PAPAI ,

OLHE !

— Zo corre à minha frente, quase

tropeçando em si mesma ao tentar carregar um urso panda gigante que é uns trinta centímetros maior do que ela. Captain vem virando a esquina com um sorriso, seus passos diminuindo quando ele a vê, o panda, a nova mochila de pinguim de pelúcia que ela está usando e os dois ursos pretos em minhas mãos. Seus olhos saltam para os meus e ele franze a testa, mas quando ele cai de joelhos na frente de sua menina, é com um sorriso. — Tio Bro me levou para várias coisas, veja! — Ela sorri, jogando-o nos braços de Cap e corre para mim, agarra os ursos e corre de volta. Ela pula nos braços de Cap, sabendo que ele a pegará, e empurra os dois ursos pretos vestidos de bailarina e jogador de basquete na cara dele. Eu rio, limpando minha boca na tentativa de esconder, e o sorriso de Cap não diminui até que Zoey está correndo na esquina para mostrar à Victoria.

Ele pula e dá um soco no meu ombro. Eu rio. — Ei, Madman está jogando sujo. Tive que parecer ele. Eu sou o favorito dela. Ele ri. — Tudo bem, mas não mais animais. Logo não seremos capazes de encontrá-la em sua cama, ela estará coberta. — Tudo bem. — Eu sorrio. — Eu vou guardar isso. — Eu levanto a pequena caixa de presente ao meu lado. O sorriso de Cap se alarga e ele se aproxima. — O que há aí? O filho da puta sabe que é para o bebê Bray que logo chegará. — Não, uh. Isso é para eu saber. Eu sou o especial. — Eu sorrio e ele ri. Deixo sua bunda lá rindo. No segundo que eu tenho a caixa enfiada no meu armário, meu telefone toca. — E aí, MacMoney? — Eu respondo. — Sua garota está na piscina. Eu congelo, apertando meu telefone. — Eu não tenho uma garota.

— Tudo certo. — Eu ouço seu sorriso idiota. — Brielle pulou a cerca, ela está na piscina. — Na escola? — Sim. Os sensores dispararam, é assim que eu sei. — Como diabos ela, de todas as pessoas, conseguiu fazer seu caminho até aquela cerca, é três vezes maior do que ela. Mac ri. — Certo. Você quer que eu vá tirá-la? Já estou descendo as escadas e saindo pela porta da frente. — Eu faço isso. — Sim... imaginei que sim. — Foda-se. Mas, sim, mantenha seu telefone com você caso eu precise de reforços. — Oh, com certeza cara, garotas de cabelo prateado de um metro e meio podem ser perigosas. — Ele ri. — Certifiquese de desligar as câmeras se houver necessidade. Eu gemo e desligo. Ele brinca, mas ‘pra’ valer... ela pode ser. Para mim. Saí meio engasgado ontem à noite. Eu mando uma mensagem para Captain para que ele saiba que eu saí, para que Zoey não vá procurar por mim e

deixe Maddoc saber que perderei a primeira parte do filme que ele queria assistir esta noite. Estou entrando no estacionamento da escola minutos depois. Eu poderia facilmente estacionar na propriedade, dirigir até a parte de trás e evitar uma caminhada, chegar lá mais cedo. Acho que vou me esgueirar até ela.

EU

EMPURRO O TAPUME ,

deslizando de uma ponta a outra

antes de respirar. Eu saio o mais fundo que posso alcançar, deixando cair minha cabeça para trás. Eu sorrio para as estrelas, zoneando a Ursa Minor, mas não me atrapalho o resto do céu noturno. As estrelas, elas são claras e brilhantes, iluminando o céu escuro e dando esperança para aqueles de nós que buscam mais, procurando por um sinal do que está lá fora.

Fecho os olhos e respiro fundo, engasgando um segundo depois, quando minha tranquilidade é interrompida. — Que porra você está fazendo? Eu suspiro e me viro, procurando na noite pelo único Royce Brayshaw. Ele desliza pelo portão, deslizando para cima em um par de jeans preto e uma camiseta cinza sem mangas, tatuagens exibidas com orgulho, não que ele pense nisso. Sua arte de escolha não é para o bem dos outros, mas para si mesmo. Um dia ele está enfeitado, parecendo um jogador de polo e no outro, está no centro do palco em um show de hip-hop lotado. Ele poderia até subir em uma Harley e se encaixar no mais difícil dos clubes de motoqueiros. Ele é a perfeição universal. Ele inclina a cabeça e lembro que ele fez uma pergunta. O que eu estou fazendo? — Nadando. — Eu mergulho até que a água esteja logo abaixo dos meus lábios. — Você vai contar? Ele zomba e se aproxima, seu rosto agora meio iluminado pela luz. — Contar a quem, eu? — Ele zomba. — Ninguém mais vai te causar problemas.

Eu reviro meus olhos e me viro, sorrindo com a resistência dos meus dedos espalhados sob a água. Eu o enfrento novamente. — Então eu estou? — Você está o quê? — Em apuros. Ele me estuda por um longo momento, e então ele está chutando os sapatos, puxando a camisa pela cabeça e deixando cair o jeans. Ele dá um passo em direção à água, o brilho da lua refletindo e irradiando da corrente que ele deixa enrolada em seu pescoço, permitindo-me vê-la pela primeira vez. Não que ele perceba. Não é muito grossa, atinge logo abaixo de seus peitorais e dela pende um círculo perfeito, um amuleto em forma de crista que não consigo distinguir. Sua mão sobe, esfregando ao longo de seu estômago e meus olhos voam para o local, para sua pele bronzeada e acetinada que desaparece na seda de sua boxer. Eu engulo. — Você está com seu pênis. Ele sorri. — Meias! — Eu grito. Oh meu Deus, o que há de errado comigo?! — Suas meias. Você está com suas meias.

Ele me ignora e vai até os trampolins. Ele sobe até a plataforma mais alta e, com facilidade e precisão, mergulha direto. Uma sacudida emocionante dispara por mim e eu rio, cruzando o ar vazio de volta até o topo e, em seguida, afundando, procurando por ele nas profundezas da água. Ele nada na minha direção e, quando começa a subir, eu também faço o mesmo. Meu sorriso desaparece lentamente enquanto eu olho para ele, seus olhos saltando entre os meus. — Você gosta de nadar. — Ele decide. — Eu amo a água. — Eu deslizo um pouco para trás e ele nada. — Nós não saíamos durante o verão quando éramos pequenos, então eu nunca aprendi a parte inteira da natação. Triste para alguém de Câncer, certo? Água deveria ser o meu elemento. Uma sombra desliza sobre seus olhos. — Isso é para salvá-la magicamente de um afogamento? Eu rio. — Não. — Então, por que você pularia na piscina, no escuro, sozinha, se não sabe nadar? — Eu não saio do lado raso. Eu apenas me afasto do lado onde posso alcançar e deslizo de um canto a outro.

— Você não sabe nadar. Eu me viro, chuto a beirada e começo o nado cachorrinho, mas meu corpo começa a afundar, então deixo meus pés voltarem para o fundo. Rindo, eu me viro para ele. — Eu posso nadar cachorrinho, Playboy. Mais ou menos. Um sorriso aparece em seus lábios e ele está agora na parte rasa comigo. — Isso é patético, até o nado cachorrinho da minha sobrinha é mais forte do que isso. Eu sorrio. O rosto de Royce relaxa, percebendo que ele, mais uma vez, saiu de trás da armadura que ele construiu tão forte em torno dele, e desta vez, o que escapou foi sobre algo, alguém, muito mais precioso em sua vida. Ele se vira, desaparecendo sob a água. Uma sobrinha. Ele tem uma sobrinha. Quero perguntar mais, mas quando Royce aparece, está bem na minha frente. Ele se eleva sobre mim, um aviso pesado em seu olhar trêmulo. — Esqueça o que eu disse, você entendeu? Mencione-a e eu... — Eu entendi, — eu o interrompo em um sussurro, e seu rosto endurece, suas narinas dilatam enquanto ele olha para mim. Eu dou um pequeno sorriso.

— Você não tem que fazer tudo isso, me ameaçar e avisar toda vez que tivermos uma conversa. Isso só vai me levar a não querer mais. — O que faz você pensar que eu me importo? Eu posso sentir que você se importa, mesmo que você não queira... Eu não digo isso. Eu encolho os ombros e deslizo de volta na água. — Quero dizer, você está na água comigo agora. Parece que você pode não odiar ficar perto de mim, mesmo que fique bravo, pelo menos uma vez, toda vez que estamos perto um do outro. — Isso é porque você me irrita. — Você se irrita. Ele me encara e eu rio. Eu me viro, aproximando-me da parede, onde a água sobe na metade do meu estômago. Os olhos de Royce caem para o meu top triangular e graças a Deus pelos maiôs acolchoados. — Vamos, Playboy. Lentamente, seus olhos se erguem para os meus. — Me ensina a nadar?

Ele me encara por um longo momento. — Vou ter que tocar em você. Uma risada borbulha de dentro de mim. — Isso é um problema para você? — Será para você. Eu inclino minha cabeça de brincadeira. — Oh sim, como assim? Ele zomba, um pequeno puxão tocando em seus lábios enquanto seu corpo de repente perde toda a sua tensão. Ele caminha para frente tão rápido quanto a água permite e sorri. — É claro que você nunca foi tocada por um Bray. Oh, ele tem piadas. Ok. Eu planto meus pés contra a parede, agarro a borda, viro para olhar para ele e sorrio de volta. — Eu nunca fui tocada. Eu começo, prendendo a respiração por mais tempo do que deveria enquanto deslizo pela água. Quando eu apareço, é com um suspiro alto. Eu olho para Royce. Ele ainda não moveu seu corpo, mas seus olhos seguiram. Eu não posso vê-los daqui, a lua agora em suas costas, mas eu sei que eles estão em mim. Sem dizer uma palavra, ele sai, pega suas roupas.

Ele vai embora. Dez minutos depois, Mac está passando pelo portão, oferecendo-me uma carona de volta para casa. Sua ‘oferta’ soa muito como uma exigência, então eu aceito e, dez minutos depois, estou entrando no chuveiro em meu quarto. Não me lembro de ter caído no sono, mas a próxima coisa que sei é que acordei com o som do meu telefone tocando. Franzo a testa ao ver que é Ciara quem está ligando, mas atendo rapidamente e levo ao ouvido. — Ei. Soluços soam do outro lado e eu empurro minha cabeceira. — Ciara? — Ei, — ela sussurra. Eu franzi a testa. — O que está errado? — Minha mãe, — ela diz baixinho, como se precisasse sussurrar. — Ela é um pedaço de merda. — O que aconteceu? — Você saiu. Abro a boca, mas não sai nada, então espero que ela fale. — Quando soube que você foi carregada para fora da escola, fui para casa para... você sabe, ver se você estava bem

ou algo assim. — Ela limpa a garganta e meus lábios se contraem. — Quando eu cheguei lá, Micah estava saindo com todas as suas merdas, o que é estranho ‘pra’ caralho. — Uma risada baixa a deixa. — Sim, nem me fale, — murmuro. — Franky meio que teve um ataque sobre isso também, a propósito. Ele está convencido de que vocês dois deviam trepar antes disso... — Ela para. Eu largo minha cabeça contra a cabeceira da cama. Eu odeio isso por ela. Ela fica quieta por alguns segundos antes de adicionar. — Um cara apareceu em casa mais ou menos uma hora depois que Micah saiu. — Que cara? — Eu não sei quem ele era, mas ele tinha um sorriso e um

bolo

de

chocolate,

então

ela

o

deixou

entrar.

Imediatamente ele começou a fazer a ela todas essas perguntas sobre você e seu irmão. Eu me sento — Tipo o quê? — Se ela falou com ele antes de você partir, se ele soube que você partiu. Minha mãe ficou chateada, ela imaginou que você contou às pessoas sobre sua vida antes de nós, sobre o irmão dela, mas eu simplesmente presumi que ele era amigo de Bass ou algo assim, sabe?

— Então o que aconteceu? — Eu nem sei, — ela começa a chorar, a culpa pesada em seu tom. — Ela começou a gritar com o cara e eu só... fui embora e não voltei mais. Eu a deixei em casa com algum aspirante careta com um penteado maldito. — Ela faz uma pausa. — Eu simplesmente não conseguia lidar. Estou tão cansada dessa merda, Brielle. Eu aceno, puxando meus joelhos para cima e envolvendo meu braço em torno deles. — Eu sei. — Eu também. — Então, onde está sua mãe agora? — Sentada na sala 104 com tubos no braço. — Ela limpa a garganta. — Ela vai ficar bem, eu acho. Meus olhos se arregalam. — Ela está no hospital? — Vai fazer bem a ela ficar limpa por alguns dias, algo sobre muito Valium31. — Ela zomba. — Eu nem sabia que ela estava misturando comprimidos com sua bebida. Minhas sobrancelhas puxam. Misturando comprimidos com álcool... Não. Não pode ser. Por que Royce mandaria alguém para minha casa atrás de Micah?

31 Relaxante muscular.

Ele não precisaria, certo? Eu preciso falar com meu irmão. Onde diabos está meu irmão? — Você está bem onde está, Brielle? — Ela sussurra. Eu concordo. — Sim. Eu estou. — Bom, — ela engole. — Isso é bom. Não volte aqui, ok? Ela sabe que eu não planejo, mas isso a ajuda a sentir que tem algum tipo de controle sobre sua vida. Então eu a deixo ficar com isso. — Ok, Ciara, — eu respiro na linha, e então ela fica muda. Paro por um momento e tento ligar para meu irmão, mas não obtenho resposta. Novamente. Então eu me levanto e me arrumo para a escola, as palavras de Ciara pesam em minha mente. Quem veio para a casa da minha tia e que diabos ele queria?

QUANDO

ENTRO

na sala de estar, vejo Maybell no

sofá. — Todo mundo se foi? — Você não apareceu, então achei que você gostaria de tirar um dia. — Maybell se levanta, vindo até mim. — Eu estava conversando com minha prima e tentei falar com meu irmão, mas ele não atende há dias. Não é típico dele. Eu paro, esperando que ela dê algumas dicas sobre por que ele não o faria, mas ela não o faz, e ei, talvez ela não saiba das coisas que os meninos mandam sua equipe cuidar. — Você pode ficar, se precisar, criança. — Os olhos de Maybell examinam o inchaço vermelho emoldurando os meus olhos. Eu ofereço um pequeno encolher de ombros apertado. — Se eu faltasse toda vez que isso acontecesse, eu teria reprovado há muito tempo. Haverá uma próxima vez, e depois outra, até... bem. Até que não haja, — eu digo a ela, embora eu tenha a sensação de que ela está totalmente ciente. Ela respira fundo, um aceno lento seguindo: — Sabe, às vezes ter meus meninos ao seu lado torna o mundo ao seu redor muito escuro. — Seu sorriso é lento e real. — Mas de vez em quando aparece alguém que percebe que o mundo ao seu redor não tem luz... quando não tem. Algo

dentro

de

perfeitamente escolhidas.

mim

torce

com

suas

palavras

Um mundo de trevas. É isso que estou arriscando por estar aqui. Se ela sabe disso, ela não verbaliza, mas dá um tapinha na minha bochecha. — Você vai se lembrar de algo para mim? — Ela pergunta, falando antes que eu possa responder. — Eu preciso que você lembre o que parece ser o fim, é sempre o começo. Meus garotos são durões, mas eu sei há algum tempo que invadir a alma de alguém provaria ser a batalha mais difícil até agora. Então, apenas... lembre-se dessas palavras, sim, criança? Eu engulo, aceno com a cabeça, e ela faz o mesmo, deixando-me sozinha na sala. Com uma respiração profunda, saio pela porta da frente e me encontro com um SUV cheio de Brayshaws. Instantaneamente, os olhos de Royce encontram os meus e se estreitam. — Você está aqui. — Eu sabia que você sairia, eventualmente. — Ele observa minha pele inchada, mas não comenta. Ele empurra a porta traseira, abrindo-a para mim. Quando eu não corro para frente, ele dá um sorriso arrogante.

Ele acha que estou nervosa, talvez até me questionando sobre o motivo de ele estar aqui, mas ele está errado. Não sei por que ele está aqui, mas tenho certeza que é porque ele me puxou do refeitório na hora do almoço no meu primeiro dia, e depois teve ele causando uma cena em sua própria festa. Não que eu esteja reclamando. Eu puxo minha mochila um pouco mais alto no meu ombro e sorrio. Suas sobrancelhas franzem e eu olho além dele para encontrar um sorriso no rosto de Captain. Eu pulo descendo os degraus em direção a Royce, deslizando direto para o assento. Estendo a mão para agarrar a alça, e ele me encara como se eu fosse uma criatura com a qual ele não tem certeza do que fazer. Fecho a porta e admito que sinto um frio na barriga quando olho ao redor do veículo. Cap girou no banco do motorista, sorrindo para mim enquanto Raven me olha atentamente do banco da frente. Victoria está ao meu lado e pisca enquanto Maddoc mantém seu sorriso para si mesmo e sai pela porta. Royce dá a volta e Maddoc empurra o assento para frente, mas não faz nenhum outro movimento.

— Foda-se de verdade? — Royce o encara. Maddoc ri. — Minha garota está no banco da frente para lhe dar mais espaço, vou ter que estar atrás dela. — Filho da puta, por favor. Aposto que sua bunda está atrás dela todas as noites, porra, desde que sua barriga está estourando na frente. Raven ri, alimentando o fogo de Royce. — A menos que ela ouça Ginuwine 32 repetidamente, praticando para um rodeio. — Ele sorri. Maddoc finge que está prestes a boxear seu irmão, e as mãos de Royce voam com a mesma rapidez. Eles saltam uma ou duas vezes, fazendo todos rirem. É fofo, como eles são brincalhões. Eu sinto falta dessa diversão fácil com meu irmão. É Royce quem cede, empurra Maddoc e sobe no banco de trás com um sorriso que se transforma em uma carranca no segundo em que todos entramos e as portas se fecham. Captain começa a dirigir agora e eu me viro para encarar Royce. Ele olha pela janela lateral, seu sorriso fácil agora uma carranca plana.

32 Cantor de R&B.

Ele deve ver minha cabeça girar com sua visão periférica, porque ele olha para mim, inclinando a cabeça para trás. — O que está errado? Juro que ele fica tenso, embora esconda bem, e sei que as cabeças das garotas se viraram para cá, mas não olho. Eu fico olhando para o menino atrás. O menor dos vincos emoldura seus olhos quando tenho certeza de que ele tenta parecer vazio e sombrio. — Absolutamente nada. — Mentirosa. Silêncio. Uma batida longa e assustadora disso. Royce lambe os lábios e desvia o olhar. Eu olho para frente. — De quem é esse SUV? Raven me estuda. — É do Pacman, por quê? Pacman deve ser Captain, considerando que a mão dela caiu em seu ombro quando ela disse isso. Ele encontra meus olhos no espelho. — Você é meticuloso com o seu carro? Ele balança a cabeça lentamente, seu sorriso voltando para a estrada. — Vá em frente, Bishop

Awe, olhe. Ele entendeu. Eu solto o sinto e subo na fileira de trás, sentando-me bem ao lado de Royce e prendo novamente meu cinto de segurança. Eu olho para cima, encontrando a carranca de Royce, e passo por ele. Ele rastreia minha mão sobre seu ombro e passa por seu pescoço. Pego seu cinto de segurança, puxo sobre seu corpo e o coloco no lugar. Eu sorrio. — Playboys devem sempre terminar as coisas, certo? Seu sorriso lateral é tão largo que faz seus lábios se abrirem, ele mostra uma ponta de seus dentes brancos perfeitos, mas ele se vira para frente, não querendo dar para mim completamente. Sua mão se levanta para ajudar a limpála e ele chuta a perna um pouco mais longe. É a reação perfeita, na verdade, porque ele está se acomodando mais no assento, sua carranca oficialmente virada de cabeça para baixo. Objetivo alcançado. Uma risada rouca desliza de Raven no banco da frente, e quando eu olho para frente, ela encontra meus olhos. Ela acena com a cabeça e olha para frente.

Mais tarde naquela manhã, quando eu entro na minha classe do segundo período, a professora me entrega uma cédula da escola de verão, a primeira classe listada para começar daqui a seis semanas, com a marca de seleção marcada e circulada em vermelho? Natação. Eu sorrio, um calor inesperado floresce em meu peito, assino onde a seção destacada me diz para fazer e devolvo. Eu faço meu caminho para o meu assento, um suspiro escapando quando eu o pego. A luz de que Maybell estava falando, uma lasca dela brilha, e não pela primeira vez, e tem tudo a ver com o teimoso e corajoso Brayshaw. Obrigada, Playboy.

B RIELLE contorna o canto da sala de estar e entra na cozinha, semicerrando os olhos quando me vê do lado de fora da porta de tela. Espero que ela me alcance, abra a porta e saia, mas ela não o faz. Ela envolve a mão em torno da moldura e coloca a cabeça para fora, o resto dela ainda enfiado dentro. — O que você está fazendo aqui? O que estou fazendo aqui? É com isso que ela vem até mim? De verdade? Meu rosto deve me denunciar, porque ela ri e desliza o resto do caminho para a varanda. — Eu só quis dizer que não esperava ver você depois da escola. Quer dizer, eu não esperava ver você esta manhã também, depois que você me abandonou na piscina na noite passada e... — Entendi.

Ela ri de novo e foda-se, cara. Eu não deveria estar aqui. Por que estou aqui? Eu não percebo que estou andando para trás até que, de repente, ela está no nível dos olhos. Ela está sem maquiagem hoje, e não há nenhum sinal de inchaço no rosto, o que é bom. Gosto de seu rosto assim, claro e suave. Nada além dela. Eu meio que gosto dela. Espere, não. Não gosto dela como ela, mas eu gosto dela. Quer dizer, ela é o que eu gosto. Espera! Não. Quero dizer, ela é legal, como não irritante. Ela é um pé no saco, mas não o tipo que eu quero atropelar quando tiver 22 anos. Do tipo que eu quero fazer coisas safadas. UAU. Irmão... se acalma. — Aonde você vai? — Ela pergunta. Meus olhos voam até os dela.

Virgem. — O quê? Ela luta contra um sorriso, e eu percebo que estou de pé no chão em um par novo da Nike Throwbacks. Sério? Agora estou a um metro dos degraus da varanda? Foda-se isso. Eu sacudo meus ombros e faço uma nota mental para perguntar a Maybell sobre aquele limpador de sapatos que ela usa. — Vista uma roupa. Eu vou esperar. Suas sobrancelhas se erguem. — Como jeans? — Como um maiô. — Agora? — Eu disse que vou esperar. — Eu franzo a testa, viro-me e volto para o meu passeio. A garota ri ao voltar para casa. Ela está afivelando o cinto no banco do passageiro e estamos saindo da propriedade em cinco minutos. — Então, para onde vamos? — Ela tira um frasco de loção da bolsa e esguicha um pouco na mão. — Você verá quando chegarmos lá.

Na minha visão periférica, suas palmas se achatam contra as coxas e começam a esfregar. Eu aperto o volante um pouco mais forte, meu pau se contorcendo em meu calção. Porra, cara, quantos anos eu tenho, doze?! Ela está passando loção. E? Quem se importa! Não estou nem olhando, tocando ou esfregando e o cachorro-quente estampado na minha virilha está prestes a virar um cachorro gigante. — Royce. Minha cabeça vira na direção dela. Ela inclina a dela. — Você está bem? Eu rapidamente me concentro na estrada. — Hã. Sim. Eu estou bem. Ótimo. Guarde essa merda, certo? — Eu empurro meu queixo em direção a ela. Ela aperta os olhos e olha para as mãos. — Oh, sim, desculpe. Eu deveria ter perguntado. — A resposta sempre será não. Ela não diz nada por vários minutos, em vez disso, fica olhando pela janela. Quando estamos em uma velha estrada de terra, ela olha na minha direção. — Este parece um lugar requintado para se livrar de um corpo.

Eu zombo. — Há um pequeno poço de água aqui atrás, alguns bancos de areia e penhascos e essas merdas. — Dou uma olhada rápida para ela e mantenho o caminho estreito. — A entrada fica do outro lado, mas é por aqui que Maybell nos trazia quando éramos crianças. — Por que não a entrada? — Ninguém poderia nos ver aqui. — Eu franzo a testa para a estrada. Quando éramos jovens, éramos durões, mas éramos apenas meninos. Éramos inteligentes, mas nem sempre mais espertos do que homens adultos com planos. Como precaução adicional, ficávamos escondidos na maior parte do tempo. Tínhamos um ao outro, não tínhamos falta de nada na vida, mas não éramos livres para vagar. O mundo ao nosso redor não era seguro, fatos que entendemos agora mais do que nunca. Bastou um irmão se apaixonar e arriscar tudo, o outro levando um tiro e eu, bem, eu simplesmente aproveitei tudo, entrei para foder quem precisava foder e segui meu caminho alegre. Antes de sermos uns filhos da puta selvagens, éramos meninos corajosos. Lugares como este eram a nossa fuga, mesmo que ainda fôssemos apenas nós três.

Não sei por que a estou trazendo aqui, e por aqui. Meu pé encontra o freio e estou pronto para parar, dar ré e voltar, mas então olho para Brielle. Ela soltou o cinto de segurança e está com os ombros e o rosto para fora da janela. Quando ela percebe que paramos, ela se mexe, seu cabelo prateado brilhante grudando no gloss que ela deve ter passado nos lábios quando ela olha por cima do ombro. Direto para mim. Meu estômago embrulha e me pergunto se esqueci de comer. E então eu me lembro... eu comi bastante. Uma carranca pesada se forma e preocupação se infiltra em seus olhos turquesa malucos e incomuns. Eu me viro para frente, tiro meu pé do freio e foda-se. Eu sigo em frente até estarmos na margem larga e plana, estaciono e pulo fora. Eu não espero por ela, em vez disso, pulo ao longo das rochas menores. Uma vez que estou em superfície plana, tiro os sapatos e pulo em outra rocha. Eu continuo até chegar ao ponto mais alto.

Não demora muito para ela fazer seu caminho até mim, mas ela para em uma pedra abaixo. Eu não tenho que olhar para saber que ela está se deliciando com tudo. Ela ama a água, e este lugar oferece uma vista incrível. Sopé33 de todos os tamanhos compõem o lugar, grandes pedras misturadas dentro deles. Algumas das encostas se estendem de modo longo e largo, enrolam e curvam em torno das

margens,

enquanto

outras

cortam

completamente,

deixando um tiro direto na água fresca e limpa da montanha. Há mais bosques escondidos neste lugar do que em qualquer outro por aqui. Você poderia vir aqui, andar por aí nos dias mais movimentados e ainda encontrar sua própria pequena enseada escondida. — Isso é tão legal. — Ela examina a área até onde pode ver. Eu aceno, apontando para o pico mais à esquerda. — Assim que as aulas acabarem, a equipe de natação começará a organizar passeios de rafting 34 que sairão de lá e levarão cerca de quatro horas rio abaixo. Ela concorda. — Acho que o meu irmão foi convidado uma vez, lembro-me dele falar algo, mas... também nunca aprendeu a nadar. Era algo que deveríamos fazer juntos.

33 Parte inferior da encosta. 34 É um desporto de aventura, que é basicamente descer corredeiras em um bote inflável em equipe.

Eu estudo seu perfil e o olhar sombrio que aparece nele. Eu preciso fazer isso ir embora. — Venha aqui em cima. — Eu bato meu pé ao longo do topo da rocha. Ela olha para mim. — Aí em cima? Eu sorrio. — Você está com medo, Bishop? Ela zomba de uma risada, mas concorda. — Mais ou menos, sim. — Ela olha para o lado, para a queda de seis metros nas águas profundas e escuras abaixo de nós. — E se eu cair? — E se eu dissesse que não vou te deixar? Seus olhos voam para os meus e ela abre a boca para falar, mas depois abaixa o sorriso para seus pés. Ela lambe os lábios, espiando por entre os longos cílios. Sem dizer uma palavra, ela se aproxima, estendendo a mão para pegar a minha. Eu não sei o que diabos é, mas algo que mexe, como o nervosismo, constrói atrás das minhas costelas, torcendo e apertando, porra. Mas não são nervos. Não estou nervoso. Mas o que eu estou?

Eu caio de bunda e corro em direção a ela, pego sua mão estendida e roubo a outra. Seu peito infla quando eu uno nossos dedos em vez de puxar suas palmas abertas. — Escale-me, Tink. — Escalar você? — Ela diz inexpressiva. Eu sorrio. — Como sua árvore sexy favorita. Uma risada explode dela, mas ela rapidamente engole, respira fundo e sobe. Ela largou os sapatos onde eu fiz, então ela levanta as pernas o mais alto que pode, usando a base dos meus pés como um degrau. Seu joelho esquerdo desce então, primeiro pressionando o músculo da minha coxa, mas quando ela levanta o direito, o outro desliza ao longo do tecido do meu short, alargando suas pernas. Para evitar que ela arranhe os joelhos na superfície da rocha, rapidamente tiro as mãos dela, inclino-me para trás para que ela não caia e deslizo as palmas por baixo. O movimento a força a se inclinar para frente. Suas mãos pousam em meus ombros, seu peito pressionando no meu, seus shorts de algodão bem na porra do meu pau faminto. Ela

se

mexe,

tentando

escalar

mais

alto

talvez,

esperançosamente, mas nenhuma dessas coisas acontece.

O que acontece é que eu me contorço contra ela e fodase, ela sente isso. Sua cabeça está caída perto da minha orelha, e o suspiro que sai dela quando ela me sente sacudir contra sua boceta, faz-me apertar meus músculos. Ela não joga na posição como qualquer outra garota que eu já conheci faria, mas pressiona o joelho na minha palma com mais firmeza para obter o equilíbrio. Ela rapidamente se levanta. Brielle sorri para mim, parada sobre mim toda orgulhosa e arrogante. Ela subiu a rocha, com um metro e meio dela, e está muito feliz com isso, mesmo que tenha precisado de ajuda para fazer isso acontecer no final. — Um aviso para ser justo, pequena Bishop. Ela olha para mim, confusão desenhando vincos ao longo de sua testa. — Mova-se ou estarei à procura desses shorts. Sua boca se abre e ela pula com uma risada, mas se transforma em um suspiro quando ela olha ao redor, capaz de ver além do bloqueio das árvores perto da rocha mais baixa. — Uau. Eu aceno e fico de pé, olhando na mesma direção.

— Como se chama esse lugar? — Ela imagina. — Balsa do Cavaleiro. Ela olha por cima, seus cílios tremulando em movimentos de zombaria. — Você é um cavaleiro? — Eu sou um soldado, um cavaleiro, um maldito bandido. — Eu encolho os ombros. Sua cabeça se inclina e ela puxa os lábios para lutar contra um sorriso. — O quê? Ela levanta um ombro, seus olhos acompanhando sua mão enquanto ela a segue ao longo de um galho de árvore pendurado. — Imaginei que você fosse dizer algo como eu sou um rei, pequena Bishop. — Se eu tivesse, sua bunda inteligente jogaria de volta algo como apenas em seus sonhos, Playboy. Ela ri. — Você quer ser rei? Você sabe, o tipo de rei do seu mundo? — Não. — Eu olho ao redor, sem olhar para nada. — Não o tipo que você está pensando, de qualquer maneira. — E o que é que estou pensando? — Ela se aproxima. Eu franzo a testa para as colinas diante de nós. — A mesma merda que todo mundo.

Coisas em que eles são levados a acreditar por minhas próprias mãos. Baseado na pessoa que criei e criei bem. Ela acena com a cabeça, deslizando na minha frente e espera que eu encontre seus olhos. — E o que é isso? Eu olho, correndo minha língua ao longo da parte de trás dos meus dentes. Todo mundo pensa isso, não há razão para manter minha boca fechada sobre isso, certo? Então, eu não mantenho. — Que eu quero ou preciso ser o chefe, no comando ou importante, todos os olhos em mim na linha de frente vistos. Seus lábios se contraem. — E você não quer? Eu balanço minha cabeça. — Então, se é isso que eu e todo mundo presumimos, como você disse, o que você quer dizer com você quer ser um rei, mas não do tipo que nós estamos pensando? Quando eu não abro minha boca, seu tom cai. — Que tipo de rei você quer ser, Royce Brayshaw? Não. Não. Ela se afasta, percebendo que não tem onde perguntar. Que eu não tenho motivo para responder, e então ela dá mais um passo para longe e não gosto da distância.

A separação. Então foda-se. Eu deslizo para perto, fechando a lacuna que ela colocou entre nós e olho para ela. — Você quer saber que tipo de rei eu quero ser? Tudo bem, eu vou te dizer, e então vou te arruinar se você correr e contar a outra pessoa. Me entendeu? Juro por Deus que ela quer rir, mas luta contra a merda de urgência e balança a cabeça em vez disso. Eu desço, ficando um pouco na altura de seu rosto e coloco tudo para fora. Eu dou a ela o que os outros não veem ou entendem. O que nunca admiti para ninguém, mas sei que meus irmãos compreendem. E deveriam, eles próprios já se tornaram seu tipo de rei. — Eu quero ser o cara que uma garota fecha os olhos à noite e vê. Aquele em que ela acorda pensando por que quer me foder ou foder comigo, brigar comigo. E não porque ela queira ganhar algo ou provar algo, mas porque sou tudo o que ela pode ver e ela se sente cega sem mim, mesmo que às vezes desejasse que não o fizesse. Eu quero ser sua luz e escuridão e, sim, às vezes seu pesadelo de merda. A porra de um rei aos seus olhos e ela seria todas essas coisas de volta, uma rainha aos meus. Minha. Minha respiração está saindo mais rápida do que o esperado, e estou tentado a fodê-la, para ela se esquecer de

que eu disse isso. A tensão envolve meus ombros, e eu flexiono os nervos do meu pescoço, esperando a risada, a reação, a porra do jogo sujo para iluminar seus olhos selvagens e hipnóticos. Eu não recebo nada disso. Essa garota... essa porra de garota, cara. Ela sorri, e sem um pingo de zombaria. É puro e verdadeiro e... foda-me, é lindo. Ela é maravilhosa. Linda. Ela inclina a cabeça e meu pulso acelera, uma suavidade em seus olhos para a qual eu não estava preparado e não tenho certeza se a quero ver me olhando. Nada de bom pode vir dela olhando para mim assim. Como se ela me visse. Como se ela entendesse. Como se ela esperasse algum dia, em algum lugar encontrar as mesmas coisas? Como ela espera que ela tenha? Eu engulo. O canto de seus lábios se levanta, e ela faz o que sabe que preciso.

Ela adiciona um pouco de diversão em seu tom terno. — Isso é quase fofo. — Oh, ela vai ter que ser fofa. — Eu sigo sua liderança. — Eu sou um homem fofo. Brielle ri e eu recuo. Lá vamos nós, de volta em águas seguras. Falando em água... — Vamos. — Pego sua mão e a puxo para frente. Eu me viro para ela, meu sorriso largo e tortuoso. Sua cabeça puxa para trás lentamente, com cautela e com razão. — O que...? — Vamos pular. Seus olhos não podiam ficar mais arregalados. — Oh inferno, não... E então ela grita, porque ela está em meus braços e estamos no limite.

A CONTECE

TÃO RÁPIDO

que não tenho tempo para discutir

ou me preparar, então agarro o pescoço de Royce, enterro meu rosto nele e aponto os dedos dos pés. Batemos na água com um barulho que ecoa em meus ouvidos embaixo d'água. Os braços de Royce caem ao meu redor no segundo em que estamos submersos, rapidamente agarrando uma das minhas mãos, e juntos voltamos à superfície. Eu suspiro, uma risada ‘puta merda’ voando de mim enquanto um arrepio percorre meu corpo e ele não espera um segundo, puxando-me enquanto eu respingo água nele com minha mão livre. Ele sorri e, a menos de um metro e meio, consegue alcançar o chão. Eu tento, mas minha cabeça afunda e ele me puxa para mais perto. Ele ri, suas mãos encontrando meus quadris enquanto ele nos leva um pouco mais, e assim que minhas pontas dos pés sentem o chão mole sob eles, eu aceno. Ele para. Eu estendo a mão, batendo em seu peito, e ele sorri, pegando meu pulso e me puxando para frente.

Eu rio, meus dedos subconscientemente enrolando em torno da corrente pendurada em seu pescoço, e seu sorriso começa a diminuir, uma expressão muito mais perigosa o cobre. Meu estômago afunda. É como se ele estivesse alimentando um fogo que eu não sabia que tinha construído. Ou talvez ele o tenha construído. Como posso sentir calor por todo o corpo quando estou submersa até os ombros em água fria? Meu cabelo cai no meu rosto e eu dou boas-vindas a isso. Esconda-me. Esconda minha verdade, mesmo de mim. Não quero saber o que significa esse sentimento. A atenção de Royce cai para a mecha de cabelo presa na minha bochecha, e seus dedos se contraem em meus pulsos. Ele quer afastar isso, mas eu não posso deixar. Ele não pode me tocar. Agora não. Não com as duas mãos. Não quando meu corpo está fervendo como o coquetel favorito de uma bruxa, arrepiado e fermentando, transbordando com coisas perversas. Eu inclino minha cabeça para trás como uma forma de escapar daqueles olhos escuros e assustadores por um

momento, curvando-me até que a água alcance as raízes ao longo da minha testa e dou uma leve sacudida para ter certeza de que está completamente encharcada. Eu o levanto lentamente para que ela escorra para trás e para fora do meu rosto. Quando me viro para frente novamente, os olhos de Royce estão fixos no meu pescoço. Quando eu engulo, sua mandíbula flexiona e seus olhos alcançam os meus. Bravo. Frustrado. Caótico? Ele nos vira, colocando-me mais perto da margem, e liberta minha mão de sua corrente enquanto ele se afasta de mim. Ele sai e sobe a pequena colina. Quando ele volta, ele joga algumas pranchas de bodyboard35 no chão, seu telefone está em sua mão. Com movimentos agudos e bruscos, seus dedos batem na tela. Ele emite um bipe e com aquele som, ou qualquer que seja o som emitido, o alívio relaxa seus ombros. Ele coloca o telefone em uma pedra, puxa sua camisa suja e o joga bem ao lado dele. Abdômen. Maravilhoso. Sua corrente não foi encontrada em lugar nenhum.

35 Esporte praticado na superfície das ondas do mar em que o surfista usa sua prancha bodyboard para deslizar pela crista, face ou curva de uma onda em direção à areia.

Eu não me permito me perder no corpo tenso na minha frente ou na peça especial de prata envolta em torno dele. Em vez disso, pergunto: — Você está bem? Ele acena com a cabeça, focando em todos os lugares, menos em mim, e encolhe os ombros. — Estou entediado, preciso de um entretenimento de verdade. Minhas mãos congelam sob a água e pisco com força. — Você está brincando? Esses olhos escuros finalmente voltam para os meus e, quando o fazem, ficam distantes. Sombrio. Entediado, como ele disse que estava. — Por que eu brincaria? Eu não poderia esconder a risada seca que explode de mim se eu tentasse, não que eu me importasse. Mergulhei na água para acalmar meus nervos. Respire fundo, Brielle. Ele é assim. Enquanto penso, algo no fundo da minha mente grita que não é verdade, que o cara que acabou de aparecer é o Royce que ele finge ser, aquele que ele quer que o mundo veja, conheça e tenha medo. Eu vejo mais. Eu me levanto, faço meu caminho até a terra plana e saio da água. Eu não olho para ele, mas percebo que com cada passo meu para frente, ele se move na direção oposta. Eu escovo meu

cabelo com os dedos e o despenteio para que não fique preso na minha cabeça e garantindo que meu couro cabeludo esteja coberto. — Você está pronto para voltar, então? — Não. A festa está chegando aqui. Eu congelo, virando-me para ele. — Aqui. Ele me observa de perto. — OK. — Meus olhos mudam entre os dele. — Vamos dirigir para o outro lado, então? Ele inclina a cabeça. — E o qual seria o objetivo disso? — Você disse que é aqui que vem para evitar ser visto, seu pequeno esconderijo. Você realmente quer trazer pessoas aqui? Sua risada rouca dói quando eu desejo que não, sua mão subindo para descansar contra suas costelas, mas isso é só aparência. Não há humor a ser encontrado. Seu tom é vil, assim como a expressão em seus olhos quando ele os passa por cima de mim. — Você acha que eu a levaria a algum lugar que estava guardando para mim, a um lugar sagrado que queria me esconder do mundo? — Outra risada suja. — Não, pequena. Este lugar serviu ao seu propósito quando éramos jovens. Não há mais nada de especial ou sagrado nisso.

Idiota. Eu aceno, forçando-me a manter seu olhar intenso e endurecido. Como se eu estivesse sentada pensando que ele estava compartilhando algum pedaço de sua alma comigo ao me trazer aqui. Eu não fiz. Estou feliz que ele fez? Sim, completamente. Mas, verdade seja dita, eu nem havia parado o suficiente para explicar nossa pequena viagem até aqui, estava muito ocupada apreciando a paisagem e, sim, curtindo sua companhia. Tenho certeza que teria feito isso mais tarde, mas ainda não tinha. Eu não odeio estar perto dele, mesmo que talvez devesse, já que todas as nossas interações são praticamente as mesmas e se repetem. Ele ri, eu rio, ele fica puto e vai embora. Ele está bravo, eu faço uma piada, ele ri e depois vai embora. É assim que acontece, então eu acho que era para eu esperar isso. Quente e frio. Doce e azedo. Imprevisível com mudanças de humor obstinadas – você tem que torcer para que ele seja quente por dentro quando ele está quente por fora. Provavelmente, ele não está.

Uma maldita pizza pocket. Dane-se seu pequeno complexo de Peixes. Eu sorrio, e nem é falso porque, de novo, dane-se ele. Não vou deixá-lo estragar meu dia. Eu permiti que muitas pessoas fizessem isso por muito tempo. — Parece bom, Playboy. Aposto que vai ser divertido. Suas sobrancelhas saltam para o centro, seu olhar estreitando e caindo para minhas mãos quando encontram a bainha da minha camisa. Eles vão e voltam entre meus olhos e minha camisa enquanto eu a levanto sobre minha cabeça. Mas uma vez que meu rosto está coberto, eu giro, de costas para ele. — O que você está fazendo? — Sua pergunta é entregue com uma pontada afiada. Eu balanço meus quadris enquanto tiro meu short e penduro minhas roupas em um galho de árvore próximo para secar antes de entrar na água. — O que você se importa com o que estou fazendo, Playboy? — Eu não olho para trás, observando o pequeno banco de areia que tem cerca de dez metros de profundidade na água. — Eu sou chata e seu entretenimento está a caminho. Eu agarro uma das pequenas pranchas de bodyboard que ele jogou no chão, passo o mais longe que posso, mas perto o suficiente para ainda conseguir algum impulso para empurrar

com meus pés, meu estômago apoiado no dispositivo flutuante, e remo meu caminho através enquanto espero não cair e me afogar. Vou ficar lá até que a ‘festa’ dele chegue, e então vou me divertir muito. Sem ele.

ELA É INSUPORTÁVEL. E irritante. E a coisa mais quente aqui. Eu gemo para mim mesmo, arranco as garras de Katie K do meu peito e caminho até a beira da água, olhando diretamente para onde metade do grupo migrou, direto para ela. Como uma manada de touros selvagens, aquele biquíni vermelho os puxou para dentro. Pobres

idiotas,

ricos

imbecis,

forasteiros

que

encontraram seu caminho para o local – todos eles pairam ao redor

dela,

seu

sorriso

os

aproximando,

sua

risada

descontraída roubando as deles. Ela é suave e enigmática, um tornado do caralho, sugando você em seu caminho e mantendo você lá, girando e circulando. Sufocando. Uma prisioneira de uma energia que ela não tem noção que possui.

A parte mais irritante, não são só os caras, mas as garotas também. Eu deveria ser capaz de relaxar sabendo que elas vão examiná-la, empurrá-la, falar dela para chamar a atenção que ela está recebendo, mas elas não estão. Elas brincam com ela, bebem com ela, sorriem bem ao lado dela e é por causa de toda aquela ‘atenção’ que ela está recebendo? Ela não tem a mínima ideia. Ela não vê, não busca ou sente. A garota está simplesmente se divertindo. Há uma agitação estranha no meu peito, mas antes que eu possa decidir o que é, outra reação inesperada e irritante pula para a frente. Raiva, mas não do tipo que gosto ou a que estou acostumado. O tipo que me irrita e me faz querer girar na porra dos pés descalços da minha bunda – que de alguma forma estão enterrados sob a superfície da água quando um segundo atrás eles estavam em terra seca – e dar o fora. Foda-se. Perdido, de preferência em uma boceta quente, para ser honesto. Isso geralmente funciona, apagando tudo ao meu redor por uma hora e quinze minutos inteiros. Sexo é isso, certo? Controle da mente, um apagador de pensamentos.

Sim, eu poderia usar isso agora. Jonah dá um passo atrás de Brielle, e ele não é um filho da puta alto, então ele não tem que se curvar muito para que seus lábios encontrem seu ouvido. Tudo o que ele diz a faz rir e olhar por cima do ombro. Suas mãos encontram os ombros dela, agarrando, e ela o deixa, porra. Um ombro desliza na minha frente e sou levemente golpeado, meus olhos voando direto para encontrar Maddoc. Ele tem uma expressão vazia. — Irmão. Não aqui, é muito perigoso. Água. Penhascos. Não pode acontecer. — Você acha que eu me importo? Ele não diz nada porque sabe que não. Abro a boca para falar, mas rapidamente a fecho. Risos,

calmos

e

gentis,

penetram

meus

ouvidos,

apunhalando meus tímpanos e me deixando louco. É dela e está se aproximando. Água espirra, vozes se aproximando, e eu sei que ela está voltando para este lado e não está sozinha. Ela deveria estar sozinha. Ela está sozinha, meu cérebro grita, mas minha mente não se importa e quer mantê-la assim.

Solitária. Perdida. Sem amigos. Com um calendário sempre aberto para só eu preencher. Sinto um choque no meu peito, uma explosão de pânico. Preencher com o quê? Ódio? Feiura? Trevas? — Royce. — Preocupação, alarme, é isso que está entrelaçado no tom de Raven quando ela chama meu nome. Eu não respondo. Meus pés me levam para trás e, quando chego ao plano mais alto da colina, ela também chega, com Jonah ao seu lado. Jonah faz um gesto em direção à pedra grande, aquela que eu ajudei a levantar, segurei-a e a tirei dela. Minha pulsação bate contra minhas têmporas e só fica mais selvagem, mais difícil quando ela simplesmente não acena e estende a mão para ele liderar o caminho. Jonah caminha para a pedra, mas Brielle, ela para, e olha dela... para mim.

Ela me encara, esperando. E é assim que a deixo. Sua hesitação diz muito, e meus ouvidos já estão zumbindo, não aguento mais. Nada disso. Nada dela. Algo está errado comigo e preciso descobrir o que é. Preciso parar esses choques estranhos, os pensamentos indesejáveis e as dores aleatórias que continuam chegando. Sim, eu preciso descobrir essa merda, e neste instante, porque eu não aguento. Em vez disso, encontro uma garrafa e, no segundo em que o motor é desligado e eu estaciono em frente à minha casa, eu me afogo nessa merda.

DEMOS A Enoch tempo suficiente para respirar e, pelo que pudemos dizer, ele andou por aí sem a porra de uma preocupação. Ele não tem ideia de que suspeitamos dele, o que é burro como a merda da parte dele. Neste minuto, o idiota está no acampamento de escoteiros, então estamos prestes a pegar uma carona para Micah e tirá-lo da estrada no caminho de volta. Quando ele o fizer, estaremos lá esperando. Cap toma o assento do motorista, Maddoc força Raven para o passageiro, e o resto de nós entramos atrás, acenando para Zoey quando ela e meu pai saem da garagem à nossa frente. Lá vamos nós, porra. Andre para no estacionamento de terra ao mesmo tempo que nós, e todos nós saímos ao mesmo tempo. — Posso puxar o portão de volta, deixá-lo entrar? — Ele chama por cima do capuz.

— Estamos bem, cara. Vamos abri-lo para que possamos escapar quando Micah chegar. Ele assente e corre para o portão quando um terceiro conjunto de pneus atinge o cascalho. Andre olha e franze a testa. — Ei, chefe. — Ele olha para mim especificamente. — Eu preciso que você me diga quem passa por aqui e quem não. Eu olho por cima do ombro enquanto Micah estaciona, meus olhos instantaneamente puxados para o banco do passageiro. Que porra? Estou na porta dele no segundo que seu sapato atinge o chão e o empurro para trás. Seus braços voam, mas ele espera que eu fale. — Vamos ter um problema, Micah? — O quê? Não. — Ele balança a cabeça, mas rapidamente percebe do que estou falando, ou mais, de quem. — Ela simplesmente saltou para dentro, cara. Eu disse a ela que tinha que cancelar e ela não queria sair. Cancelar. Cancelar o quê? Eu o puxo apenas para jogá-lo de volta.

— Ela pesa vinte e três quilos, — eu rosno. — Se ela não ouvir, você levanta e joga a bunda dela para fora. Brielle desce do carro e o contorna. — Para ser honesto, — ele fala, seus olhos piscando de onde minha família está me observando. — Eu estava indo... e então pensei melhor. Minha família se atreve a rir, mas para quando eu os acerto com um olhar. Eu me concentro em Micah. — Indo para o quê? — Você sabe, puxá-la para fora. — Ele gesticula em direção a ela. — Mas em casa, quando Franky a agarrou pelo braço, você o alimentou com a própria bunda. Pensei que talvez ela não devesse ser tocada. Meus dedos flexionam com uma necessidade repentina de concordar, porque, foda-me... O pensamento de mãos sobre ela me deixa vermelho. Isso é um maldito problema. E inesperado. E não faz parte do plano. Eu não a trouxe aqui para mim. Também não a trouxe aqui para que mais ninguém a tivesse.

Eu balanço minha cabeça, empurrando-o para longe. Ele tropeça, esperando que eu enfrente Brielle antes de caminhar para ficar ao lado de Andre. Brielle esfrega os lábios. — Você nem sempre tem que colocar as mãos nas pessoas. — Você nem sempre tem que me obrigar. Ela move seus cílios em direção ao céu, balançando a cabeça. — Por que você está aqui? — Eu trabalho para você. — Eu não liguei para você. Seus olhos se estreitam. — Talvez eu tivesse expectativas. — Não, você está se sentindo mal porque foi dispensada ontem. — Isso é bom. Continue pensando assim. — Ela inclina a cabeça como uma pirralha. — Isso significa que minha cara de pôquer está melhorando. — Eu vi sua cara de pôquer nos armazéns. É uma merda. — Foi bom o suficiente para fazer Enoch Cameron abrir seu coração para mim e admitir que tinha uma namorada traidora. — Ela levanta uma sobrancelha. — Ou devo dizer exnamorada.

Minha carranca é instantânea e eu corro para frente. — Espere, o que? Eu olho para meus irmãos, ambos parados casualmente perto do capô do SUV, focados em nós. — Oh, que pena, — ela murmura. — Você pensou que eu acabei na mesa, na cadeira ao lado do cara que você e sua família estrategicamente convidaram naquela noite, por acidente? — Como diabos... — Eu sabia bisbilhotar? — Ela interrompe com uma risada,

sem

se

preocupar

em

obter

permissão

para

compartilhar. — Seu irmão, você pode perguntar qual. Ele me disse para ser amigável com uma garrafa verde, mas para manter minhas mãos longe de mim. Eu sei que isso significa ir caçar. — Eu sei qual deles, e isso foi estúpido. Perigoso. — Meu coração bate forte no meu peito. — Você nunca deve caçar sem proteção. Proteção. Eu nunca fui tocada. Porra. — Oh, eu tinha proteção, — ela brinca, com um olhar astuto. — Veja, havia um lobo que me acompanhou durante

toda a noite, e pelo que eu recolhi, seus dentes são realmente afiados. Meu abdômen aperta sob minha camisa. Sim, eu a observei. Eu constantemente a observo. Eu não posso parar, porra. É irritante e porque eu tive que sair ontem depois que estraguei o dia, trazendo outras pessoas para o lugar. Porque, frustrado ou não, eu não conseguia tirar meus olhos dela. Brielle lutou contra um sorriso. — Talvez eu seja boa no pôquer afinal, hein, Playboy? Meus olhos deslizam entre os dela e aquele sorriso que ela tentou enterrar se liberta. Eu lambo meus lábios. — Talvez. — Só há uma maneira de descobrir, — ela conduz. — Useme, Royce Brayshaw. O calor se espalha pela minha virilha a um ritmo que eu nunca poderia lutar, mas não permito que assuma a tarefa em mãos. Eu a estudo por um longo momento, olhando dela para Micah, para minha família. Eles a deixam em minhas mãos.

— Ok, pequena Bishop. — Eu me estico, puxando seu cabelo para fora da pequena presilha e arrastando as mechas prateadas enquanto elas caem, provocando a pele de seu pescoço e ombros. Ela endireita a coluna, esperando. — Entre, escolha o seu veneno. Ela dá um passo à frente, alinhando-se com Micah e Andre e eu me contenho, voltando-me para minha família. Eu olho para Victoria. — Foi isso que você quis dizer quando disse que deixaria a explicação para depois? Ela sorri. — Sim. Eu olho para Maddoc. Ele encolhe os ombros. — Ela estava lá, fazia sentido usála. Eu zombo. — Você acabou de pensar nisso com base no discurso dela? Um sorriso aparece em seus lábios, mas ele não diz nada. Começamos a entrar e Raven fica na fila ao meu lado, apoia seu antebraço no meu ombro e diz: — Falando em usála... Seus olhos caem para o shortinho vermelho de Brielle, no alto de sua cintura e delicado e fodidamente elástico na parte de trás.

Eu rio, giro e sussurro uma palavra. — Virgem. Os sorrisos em todos os seus rostos caem, um harmonizado ‘oh, merda’ seguindo. Eu me viro e faço meu caminho até os outros, uma coisa brincando em minha mente. Essa merda está certa. Virgens e eu? Nós não nos damos bem. Eu não sou um cara bom, eu sei disso, e me foder agora é conseguir o que elas querem no dia seguinte, mas não dura. Não existe ‘se as coisas azedarem ou derem errado’, é quando dão, e adivinha qual é a primeira coisa que elas vão querer de volta, mas nunca mais voltarão? Aquele V-card piscando. Cara mau ou não, a primeira vez de uma garota não é aquela que ela deveria se arrepender. Não posso fazer nada sobre as outras vezes, não sou um santo, mas posso pelo menos me recusar a arruinar a única memória que elas não conseguem apagar. Mas isso é perfeito.

Ela está aqui para irritar seu irmão, para se meter em alguns problemas e se despojar do bem a que todos a forçaram. É isso aí. Uma vozinha irritante no fundo, estou falando muito, muito no fundo, da minha mente me chama de mentiroso. Eu digo para se foder.

EU

NÃO TINHA

ideia do que estava pedindo quando disse

para me usar, e ainda não faço. Mas, ao atravessar o portão que parece um ferro-velho e entrar em uma pequena passagem confinada de sujeira e lonas com cães latindo à distância, não estou convencida de que ele não trouxe Micah aqui para algum tipo de ritual de gangue subterrâneo que eu acabei de me lançar para dentro.

Respiro lenta e continuamente quando o corredor termina e seguro o ar enquanto nos enrolamos em uma clareira aberta de rottweilers36 e pedras. Quando eu passo gaguejando, Royce ri, deslizando as mãos nos bolsos com facilidade. Nenhum dos cães chega mais perto, mas eles continuam a latir até que André os chama para ‘silenciar’. Ele os joga fora um por um, e então os grandes e velhos animais abanam o rabo e trotam como meninos amáveis. Nós quatro seguimos em frente, uma gangue de Brayshaws apenas alguns passos atrás, e rapidamente podemos ver o espaço escondido. O quintal é aberto e se estende por quilômetros, árvores ciprestes de uma ponta a outra, formando completamente o quadrado gigante. Visto de fora, parece uma espécie de ferrovelho antigo, mas é limpo e organizado, nem um sinal de lixo a ser encontrado. Há um enorme edifício de ferro à esquerda com longas janelas no topo, ‘Brayshaw’ pintado grande e orgulhoso ao longo da porta. Eu olho para Royce. — O jato?

36 Raça de cães.

Ele não olha na minha direção, em vez disso, desce a pista de pouso. — Quando trouxemos você aqui, entramos e saímos por aí. Você não poderia ver nada disso de lá. — Isso foi proposital? Seus olhos deslizam em minha direção. — O que você acha? Claro que foi. Eu sigo sua mão enquanto ele aponta para a direita. — A primeira linha está fora dos limites, a segunda é onde você olhará. Viro para encontrar duas linhas paralelas, a primeira uma linha de, pelo menos, três dúzias de veículos, marcas e modelos de todos os tipos – caminhonetes, jipes, SUVs e até um carro fúnebre – com um tema comum de preto sobre preto. Tinta

preta,

bordas

e

janelas

quase

totalmente

escurecidas. Se alguém estivesse sentado em qualquer um deles neste momento, você nunca saberia. A segunda linha é uma mistura de mais e de nenhum estilo particular. Há de tudo, desde o conserto de um garoto pobre até a crise de meia-idade de um homem rico, prata, azul e marrom, o primeiro sendo o conhecido carro branco que ele dirigia quando apareceu na casa da minha tia.

Damos alguns passos mais perto e Royce acena com a cabeça para a pequena casa na frente à direita. — Estamos verificando o hangar e depois entrando. Encontre uma carona e seja rápida. Lembre-se do número na frente e nos encontre lá dentro. Andre o puxará quando terminarmos, e então diremos a você para onde você está levando. Ele não espera por uma resposta, levando sua família até onde o jato está e então somos apenas eu e dezenas de carros sem placa, carros que provavelmente viram mais do que um pesadelo poderia me mostrar. Eu começo a descer o corredor, mas só consigo passar pelos primeiros veículos quando minha atenção é atraída para um armazenado bem atrás deles. Encostado no portão dos fundos, enfiado em um canto com uma lona preguiçosamente jogada sobre ele, está à frente amassada de um Cutlass 1972. Eu reconheceria o vermelho enferrujado em qualquer lugar. Meus pés me levam direto a ele, e tropeço nas pedras, caindo diante do para-choque esmagado. A placa do carro está suspensa por um fio de um único parafuso quebrado e raspa o chão abaixo dela. Estendo a mão para tocar as letras personalizadas, e elas caem com a face para baixo, escondendo as palavras que li milhares de vezes.

Eu o pego, meus joelhos tremem enquanto agarro o material de microfibra que esconde o resto do carro e o puxo de volta. Fica preso a algo em algum lugar, mas não importa. Eu posso ver o suficiente. O lado do passageiro está esmagado, o pneu dianteiro completamente

dobrado

por

baixo.

O

para-brisa

está

quebrado, mas está preso perto da parte inferior, a metade superior empurrada para dentro e estilhaçada, pendurada dentro do carro. Eu corro para a porta do lado do motorista, um rosnado pesado me deixando quando puxo a maçaneta. Eu levanto meu pé, plantando-o na porta traseira para aumentar a força, puxando e balançando a coisa até que finalmente se abre. Mergulhando rapidamente para dentro, corro minhas mãos sobre o couro frio que ele deve ter refeito sem eu saber, mas não é isso que faz meus pulmões se fecharem ou minha cabeça ficar tonta. Sangue. Em toda parte. Nos assentos, na porta e no para-brisa quebrado. Do lado do motorista e do passageiro, os airbags pendurados e rasgados.

Eu começo a hiperventilar, tentando pegar meu telefone no bolso e discar para meu irmão, mas depois de dois toques vai direto para o correio de voz. — Merda. Eu tento novamente, minha mão batendo furiosamente contra meu joelho. — Vamos, Bass. Onde diabos você está? Atenda o telefone. Desta vez nem mesmo toca, e um rosnado baixo me deixa. — O que você está fazendo? Eu grito, rapidamente alcançando a porta e puxando-a fechada, trancando-a apenas alguns segundos antes da mão de Royce bater contra a maçaneta externa, e eu pulo por cima do assento para a parte de trás. — Desbloqueie-o. — A voz de Royce é calma, controlada. — Agora. Lancei um rápido olhar por cima do ombro, para sua família, que olha para o carro ao invés da garota louca escondida nele. — Não há nenhuma maneira no inferno. — Eu olho de volta para Royce. Todo o rosto de Royce endurece quando suas mãos agarram o topo e ele se inclina para roubar meu foco. — Vou estourar essa porra de janela o resto do caminho, e todas as outras nessa coisa. Saia.

— Saia de perto de mim. Ele bate no metal velho com a base do punho e eu sacudo. — Engraçado ‘pra’ caralho, garota. — Seus olhos se estreitam ligeiramente, rapidamente passando para minhas pernas. — Você está sangrando. Não se mexa, porra. Com passos pesados e raivosos, ele dá a volta, mas rapidamente tranco a porta lateral e suas mãos pousam na janela. — Onde está meu irmão?! — Eu grito, mal reconhecendo minha própria voz. — Este é o carro dele. Tem sangue. Ele não estava no armazém quando nós estávamos, ele não esteve em casa desde que cheguei aqui, ele não atende minhas ligações. Onde ele está?! O corpo de Royce se endireita, suas mãos caindo para os lados enquanto ele me olha. Meu pulso começa a bater forte contra minhas têmporas e tento me acalmar, para diminuir o sangue que corre ferozmente pelo meu corpo, mas não consigo me concentrar em nada além do desconhecido. — Onde ele está?! — Eu grito, a pressão na minha cabeça dobrando. Merda, eu aperto meus olhos fechados, e quando eles abrem novamente o rosto de Royce está um pouco confuso,

minha visão ameaça me abandonar, mas eu ainda posso ver. E a carranca de Royce, tomou uma forma inteiramente nova. — Royce. — Raven dá um passo à frente, mas ela tem dificuldade em desviar o olhar do carro e suas mãos caem sobre a barriga do bebê. Royce lambe os lábios, sem se preocupar em se virar para os outros. — Vai. Vamos pegar o filho da puta esta noite. Ai meu Deus, descobri o segredo deles e agora ele vai me matar! Micah se aproxima. — Brie... — Não me faça cortar a porra do seu pau, Micah. — Royce interrompe ele com um olhar, um que tem Micah baixando os olhos e correndo para longe, Andre em seus calcanhares. Sua família é a próxima. Somos apenas nós agora. — Quer conversar, abra a porta, — ele diz. — Por que, para que você possa adicionar meu sangue a isso, não há necessidade de uma equipe de limpeza se estiver tudo misturado na última bagunça, certo? — Considere isso como um não. — Ele se vira e vai embora.

Eu me inclino para frente, agarrando-me ao assento para manter meus olhos nele. Royce abre o porta-malas do veículo preto mais próximo a ele e, em segundos, ele está voltando com um bastão pendurado em sua mão. Ele o balança em um círculo, inclinando a cabeça para mim, e meu coração dispara enquanto aperto o couro o mais forte que posso. — Você decide, pequena Bishop. Como vamos fazer isso? Eu tateio ao longo da borda do assento, meus dedos encontrando algo frio e duro, e eu estico um pouquinho para envolver minha palma em torno disso. — O vidro vai voar para mim. — Eu sei. — Você não iria... — Tem certeza? — Ele desce o taco para uma batida forte contra o capô e eu pulo – só consigo ver sombras dele agora, preto e branco, e movimentos rápidos. — Estou pensando que não, já que você sente a necessidade de se trancar aí. Movimento fraco, aliás. Uma garota esperta teria fugido, mas uma corajosa teria agarrado o pé de cabra que você está tentando alcançar — merda — e o levado para as janelas da casa enquanto ainda estávamos lá dentro. — Eu não sou fraca.

— Então me pergunte. Perguntar a ele? Certo, tudo bem. — Você machucou meu irmão? — Não. — Ele sorri como se fosse uma piada de mau gosto. — Meus irmãos não me deixaram. — Espere, o que? O que você quer dizer? — Abra a porta. — Por que eu deveria acreditar em você? Eu sigo sua sombra ao redor da lateral do carro e ele se agacha para nos colocar no nível dos olhos. Pisco várias vezes, respirando fundo e quando abro os olhos, os dele estão bem ali. Ele me encara. — Você não deveria. Eu realmente não deveria. Seria ingênuo pensar que eu poderia acreditar que o conheço, mesmo que um pouco, quando ele é tão bom em se esconder. O mundo ao seu redor vê o que ele quer, mas não posso deixar de pensar que vejo mais. A mudança em seus olhos, o pensamento por trás deles.

É difícil dizer com certeza, mas algo me diz que ele pode estar ciente disso. Se ele estiver, ele odeia, e se ele estiver, isso me tornaria perigosa. Mais uma razão para se livrar de mim, não é? Ele está certo, eu não deveria acreditar nele. Eu desbloqueio de qualquer maneira. Royce não perde tempo a abrindo e mergulhando dentro com movimentos bruscos e raivosos, mas é com mãos suaves e um aperto suave que ele pega meu corpo em seus braços e me levanta.

ESTOU

LONGE

de estar quebrada e machucada, mas

quando Royce me carrega e me coloca na beira do porta-malas ainda aberto do SUV de onde puxou o bastão, não discuto. Ele joga a arma de madeira para o lado, rapidamente arrancando um kit de primeiros socorros. Eu mantenho minha boca fechada enquanto ele faz isso, concentrando-me em diminuir minha frequência cardíaca para que a pressão na minha cabeça diminua e deixe minha visão em paz. Sua carranca sobe até a minha e ele se atreve a me encarar, mas seus olhos não combinam com seu toque. Suas mãos são lentas e suaves no que diz respeito à pegada, mas das pontas dos dedos à base da palma da mão são evidências texturizadas de seus anos de basquete e, mais, uma aspereza calma do trabalho duro aplicado. O cuidado com que ele envolve a mão na parte de trás das minhas panturrilhas, girando e virando para inspecionar os

pequenos cortes é inesperado. É como se ele fosse quase cauteloso, com medo de enfiar os cacos de vidro mais fundo, talvez? Não consigo imaginar que ele já colocou as mãos em alguém com moderação, seja por dor ou prazer. Royce está longe de ser controlado, mas quando ele te toca... é com um propósito. Para testar ou provocar, assustar ou deixar cicatriz, desejar ou alertar. Pelo que descobri no tempo que passamos juntos, entender a intenção pode ser complicado. Ele não dá nada livremente, mas se você olhar bem de perto, ele está lá, escondido sob cílios grossos e olhos profundos e escuros. Olhos que se erguem para encontrar os meus. Nem cinco segundos depois, uma picada aguda me faz pular, e quando ele olha para baixo, eu também. Um minúsculo pedaço de vidro fino está entre suas pontas dos dedos, e ele se curva, encontrando outro. Ele olha para cima e eu aceno com a cabeça, esmagando meus lábios enquanto ele puxa para fora também. Enquanto tira o terceiro, ele pergunta: — Por que você faz isso com os olhos?

Eu fico tensa e seus olhos se fixam nos meus. — Fazer o que? — Pisca como uma louca, aperta-os bem, dá tapinhas nas pálpebras como fez quando te encontrei lá fora na casa da sua tia? Ele percebe? Eu olho para baixo, estremecendo quando ele vai para outro caco de vidro. — Minha visão... — Quanto devo compartilhar? — Às vezes fica nebulosa, dobra, mas sempre volta.



Por

enquanto,

até

que

os

nervos

cedam

completamente e tudo o que restar é a escuridão. Suas feições endurecem enquanto ele olha para os cortes nas minhas pernas, e eu sei que ele quer perguntar mais, mas ele muda de assunto. — Com que frequência você e Bishop conversam? Eu suspiro. — Costumávamos conversar quase todos os dias, pelo menos, mas nos últimos meses, tem sido muito menos. — Ele disse por quê? — Não. — Eu odeio como minha voz abaixa. — O que ele disse da última vez que você falou? — Isso não é da sua conta. Ele franze a testa. — Você quer conversar ou não, porra?

Eu tento puxar minha perna de seu aperto, mas ele aperta, segurando-me lá. Leva um segundo para que nenhum de nós ceda para ele finalmente zombar e voltar a me consertar. — Quando ele bateu com o carro? Royce hesita e então diz: — Meses atrás. — Meses atrás. Uau. — Embora a dor em meu peito seja real, eu não demonstro, mas não poderia esconder a amargura que se infiltra em minhas próximas palavras se eu tentasse. — Deve ser relacionado a Brayshaw. Seus olhos cortam para os meus. — Não aja como se não soubesse mais do que deveria. — Não insinue que meu irmão é a razão por trás disso. Ele não é. Ele solta minha perna de seu aperto. — Você é muito protetora de alguém que a deixou para trás. — Como se ele tivesse escolha. A carranca de Royce se aprofunda quando ele aperta a mandíbula, mas ele não diz nada quando é tão óbvio que ele quer. Eu empurro mais minhas mãos. — Eu amo como você fica me dizendo para dizer o que eu quero, mas você se contém sempre que pode.

— Confie em mim, há uma diferença. — Diga-me o que aconteceu. — Não. — Por que não? — Eu estalo. — Você claramente tem um problema com meu irmão. Com o que você se importa? — É um negócio... — Negócio Brayshaw? — Eu digo ao mesmo tempo, cortando sua última palavra. — Não é por isso que você me trouxe aqui, para que eu possa aprender mais? Eu não passei no seu pequeno teste de drogas? Ajudei sua família com Enoch? Você não ia me usar hoje? — Cuidado. — Por que estou aqui, Royce?! — Eu disse para ter cuidado. — Seu tom é um negro gelado que me faz morder a língua. — Quer saber o que aconteceu? — Ele desiste. — Seu irmão quase teve seu traseiro pendurado e pendurado firme. A única razão pela qual ele ainda está respirando é porque ele ficou com Raven e a protegeu quando não estávamos ao seu alcance para fazê-lo. Porque não estávamos ao alcance, porque o filho da puta foi pelas nossas costas para ajudar onde ela precisava. Traição? Tudo o que meu irmão falava era sobre lealdade. Honestidade.

Eu engulo, uma náusea nadando em meu estômago. Eu mal consigo pronunciar minhas próximas palavras. — Ele virou as costas para vocês? A mandíbula de Royce flexiona e balança a cabeça. — Cada grama de sua lealdade estava enraizada em nosso terreno, em nosso nome, e então Raven apareceu. Ela se tornou sua amiga antes que qualquer um de nós soubesse que ela era parte de nós, então quando a notícia de que ela tinha sangue Brayshaw, escondida por dezoito anos apenas para voltar como um estrondo, ele já estava dentro. Sua lealdade mudou para ela. Meus ombros caem e eu viro meu corpo para encará-lo melhor. — Isso foi errado da parte dele? Seus olhos cortam para os meus e ele me libera. — Foi errado fazer e ser o que diabos ela precisava dele? Não. Não foi. Nem um pouco. Royce fala com raiva desenfreada, mas o menino está bem ao meu lado, e seus relatos são claros. Seu batimento cardíaco está pesado como sua mente, seus punhos apertados, mas tremendo, sua respiração profunda e áspera, mas dolorida. A raiva é apenas a camada externa, frontal e central para que todos observem e temam, enquanto algo muito mais profundo sufoca atrás dela. Posso garantir que não devo entender a diferença.

Ele sangra por dentro também. Seu olhar é um guarda, uma peça impenetrável de armadura que o serve bem. Ele não tem razão para questionar sua proteção mais praticada, mas a dor reconhece a dor. — Não foi errado da parte dele... mas parecia que sim. Ele range os dentes e desvia o olhar. — Diga-me o que aconteceu. Ele zomba, lambendo os lábios enquanto se concentra no céu. — Eu nem mesmo conheço você, porra. Ele diz isso, mas seu tom conta uma história diferente. Ele diz que não me conhece, mas sente que sim, e talvez isso o assuste um pouco. Então, eu provoco. — Com certeza conhece. Você tem me observado, lembra? Ele mantém sua cabeça voltada para frente, mas preguiçosamente desliza seu olhar para o meu. — Também tirei fotos Polaroids, — brinca. — Oh, eu não duvido. — Eu rio levemente, e ele deixa uma sugestão de um sorriso aparecer em seus lábios. — Uma coisa que meu irmão me disse foi que nada nunca está enterrado ou inacessível, nada está fora dos limites e ninguém pode fazer absolutamente nada para te impedir. — Eu ou minha família?

— Eu pensei que ele se referia a todos vocês. — Eu levanto um ombro. — Mas agora estou me perguntando se ele quis dizer você. Ele me olha por um longo momento e depois volta sua atenção para a placa dobrada ao meu lado. Ele se inclina, pega e a bate na palma da mão livre. Eu estudo seu perfil, a tensão dobrando em seus olhos. Ele quer conversar, uma conversa verdadeira, mas não tem certeza... e ele odeia. Como eu, ele não tem ninguém em quem confiar, nem mesmo com nada real ou improvisado. A dor reconhece a dor. Estendo a mão, passando minha mão ao longo da poeira das letras estampadas em azul e ele a estende, revelando o que está por baixo. — Mau por um hábito. — Ele me encara. Eu aceno, traçando o número quatro com meu dedo médio, e decido que a vulnerabilidade só é justa quando vem de ambos os ângulos. Eu também não falo com as pessoas, mas falar com ele de alguma forma parece certo. — Foi o presente que minha mãe doente deu a seu filho engessado um dia depois de implorar que ele mentisse para os médicos quando, pela primeira vez, ele não poderia ser

‘consertado’ com o tempo, uma dose forçada de Jack37 e um punhado de ibuprofeno. A carranca de Royce se aprofunda, mas ele não desvia o olhar da minha mão. — Sua mãe estava doente? Eu suspiro, encostado na janela. — Na cabeça. Desta vez, ele olha na minha direção e eu ofereço um sorriso tenso. — Quero dizer, ela tinha que estar, certo? Tento esconder a tristeza interior que a pergunta irracional traz, mas se o olhar sombrio repentino e inesperado em seus olhos significa alguma coisa, eu falhei. Uma forte tensão cai sobre sua testa e seu peito se infla com uma inspiração profunda. — Diga-me o que aconteceu, — ele imita minhas palavras. Eu estendo minha mão e, relutantemente, ele coloca a placa nela. Eu fico olhando para as letras em negrito, o número quatro carimbado e nosso sobrenome. 4 Bishop. — Eu estava sentada no pátio de trás, admirando o céu e tentando reconhecer uma nova constelação de estrelas que estava estudando quando ouvi o carro do meu pai estacionar 37 Jack Daniel’s; marca de uísque norte-americano.

na garagem. Eu pulei o mais rápido que pude e corri para o meu quarto antes mesmo que ele conseguisse abrir a porta da frente. Sua norma era vasculhar a cozinha primeiro, observar os destaques do Warriors 38 , e havia esperança de que ele desmaiasse no processo, mas nem três minutos depois que o trinco da porta sacudiu a casa, suas botas estavam subindo as escadas. Ele foi direto para Bass, — eu me lembro. — Eu abri minha porta o mais rápido que pude e corri para ele, mas minha mãe voou de seu quarto no segundo que ela me ouviu sair do meu e me agarrou pela cintura. Ela me segurou, então eu gritei – algo que eu nunca fiz – e ela puxou meu cabelo para isso. Mas Bass... — Ele disse para você ficar quieta. — Sem falar uma única palavra. — Eu concordo. — Ele encontrou meus olhos por uma fração de segundo, e eu quase engoli minha língua. — Arranhei a marca Califórnia impressa em vermelho na parte superior da placa e balancei para frente. — Minha mãe estava de joelhos ao lado do meu irmão quando meu pai terminou com ele, mas não para chorar e segurar seu filho. Ela estava chorando, mas suas lágrimas eram de medo do que aconteceria com meu pai, com ela. Ela sentou-se e implorou a Bass, e só quando ele concordou em mentir quando questionado, ela permitiu que eu o ajudasse a entrar no carro para que pudéssemos levá-lo ao hospital. Tive que pegar uma pá velha da garagem para me equilibrar. — Eu zombo,

38 Equipe americana de basquete profissional.

balançando minha cabeça. — Ela nem me ajudou a colocá-lo de pé. Eu me viro para Royce, que ainda não desviou o olhar. — Bass disse ao pessoal do hospital que caiu de uma colina andando de bicicleta quando, na verdade, meu pai o arrastou pela janela do quarto e o rolou do telhado para a longa cama

de

seu

estúpido

El

Camino.



Eu

engulo,

compartilhando a última, talvez até pior, parte. — Tudo porque Bass tinha deixado a porta dos fundos aberta. A tensão alinha o rosto de Royce enquanto ele junta as peças. — De dia ou de noite, não tínhamos permissão para sair no verão e nunca podíamos deixar as portas abertas e correr o risco de os vizinhos ouvirem o que acontecia dentro de nossas paredes. — Verão, — ele arrasta. — A estação do ano favorita do meu pai. — Sem escola. Ele está entendendo. — Sem escola, sem razão para restrições... sem maiôs que revelariam os segredos de nossa família. Seus olhos deslizam entre os meus. — Bass, ele disse que aquela noite não foi sua culpa.

Eu suspiro, olhando para o carro estúpido que minha mãe comprou para ele. — Oh sim, mas nós dois sabemos que foi. Eu poderia jurar que fechei e tranquei a porta, mas estava com tanta pressa de chegar lá sem ser pega, acho que só... esqueci. Bass disse que tudo aconteceu como deveria, porque lhe deu o carro. Minha boca se contorce. — Ele sempre me contava histórias de como um dia seria a nossa saída de lá. Ele tinha apenas 12 anos quando isso aconteceu, nem mesmo conseguia dirigir aquela maldita coisa ainda. — Eu rio, mas morre rapidamente. — Levei um tempo para entender por que ela deu a uma criança um carro que ele não podia dirigir, mas então percebi que não era nada além de outra maneira perversa de nos mostrar que éramos impotentes. Tipo... aqui está o seu carro, mas vou segurar as chaves enquanto você sonha com uma saída que nunca vai chegar. Eu franzo a testa. — Bass estava de volta ao hospital com a mandíbula quebrada uma semana depois. — Eu lambo meus lábios, olhando de volta para Royce. — As mentiras vieram mais fáceis depois disso. — Sim? — Seus olhos se estreitam em suspeita. — Qual foi o incentivo? Eu sabia que ele entendia.

— Vamos, Playboy. — Eu corro minha língua ao longo dos meus dentes. — Não vamos fingir que há mais de uma resposta para essa pergunta. Eu puxo minhas pernas para cima, envolvendo meus braços em torno delas apenas para estremecer. Com movimentos bruscos, Royce desliza mais perto, curvando-se um pouco para ver melhor. — Eu preciso tirar isso. — Ele inclina minha perna direita antes de verificar rapidamente minha esquerda novamente. Ele cai de joelhos na minha frente, engancha minha panturrilha sobre o ombro, sua cabeça agora posicionada entre as minhas pernas, e apenas um centímetro antes de minhas rótulas. Esta é uma daquelas raras ocasiões em que gostaria de ter pernas mais longas porque, meu Deus! Ele está um pouco longe da minha virilha. — Pare. Meus olhos voam para os dele, mas ele continua focado nos pequenos pedaços de vidro brilhando à luz do sol. — Parar o que? Isso o fez olhar para cima. — Cada músculo do seu corpo ficou rígido naquele momento. Não posso fazer isso direito se você não consegue relaxar, se não consegue relaxar sozinha,

então talvez eu não tenha outra escolha a não ser mergulhar minha cabeça e ajudá-la. Minhas mãos levantam para dar um tapa no meu rosto e eu largo meu corpo todo o caminho para trás no assento dobrado. — Oh meu Deus, eu me odeio. Eu juro que seu sorriso está claro em suas palavras. — Você vai relaxar ou não? — Sim, sim. — Respiro fundo e faço o meu melhor para me acalmar com o único solteiro de Brayshaw entre as minhas pernas. — Você parou de respirar. Ugh! Consigo relaxar o suficiente para ele tirar alguns, e então ele se estica para pegar um lenço com álcool do kit de primeiros socorros que tirou antes. Ele esfrega contra o local que acabou de limpar – a pele macia da parte interna da minha coxa. Ele abaixa a cabeça, soprando ao longo da área para ajudar a secar. Eu respiro e prendo. Eu sei que ele os sente, os arrepios quando sobem, e não apenas onde seu hálito quente chegou ou onde sua mão firme os toca, mas em todos os lugares. Por toda parte.

Da raiz às pontas, meu corpo me entrega. O olhar de Royce alcança o meu, e ou o sol se desloca acima de nós naquele exato momento, ou o castanho de seus olhos se aprofunda diante de mim. Seu polegar flutua ao longo do local recém-limpo em movimentos lentos para a frente e para trás, na mais leve das varreduras. É como se ele mal tocasse a pele, talvez nem mesmo, seu toque é tão leve. Eu poderia imaginar. — Isso dói? — Ele raspa. — Parece que está doendo? Ele faz uma pausa, mas apenas por uma fração de segundo, e então uma risada baixa o deixa. Ele me solta e eu reviro meus olhos para mim mesma, colocando meu cabelo atrás das orelhas. Eu me abanaria com minhas mãos se não fosse completamente humilhante, e não por diversão também, mas porque eu estou realmente suando agora. — Foi minha culpa, foi constrangedor. Ele ri, ficando de pé. — Não, tudo parte dos meus superpoderes.

Eu balanço minha cabeça com um sorriso, mas ele se suaviza enquanto ele me observa de perto, indecisão em seus olhos. Uma respiração lenta o deixa enquanto ele desvia o olhar. — Nosso mundo está uma bagunça, — ele diz enquanto guarda o bastão e o kit de primeiros socorros. — É perigoso e está sempre mudando. Bem quando as coisas começam a se acalmar, uma onda de novas besteiras chega e rola a partir daí. — Acha que isso vai parar? — Nem uma maldita chance. — Ele balança a cabeça. — Noventa e sete por cento das pessoas querem poder, dinheiro e os três por cento que não querem? Eles são os idiotas loucos com os quais você tem que cuidar, porque eles estão vindo atrás de sua alma, seu sangue, toda a porra de seu mundo, e por nenhuma outra razão a não ser dizer que eles roubaram de você se tiverem sucesso. — Pessoas sem nada a perder. — As pessoas que estão bem em perder. Eu engulo e tento novamente. — Diga-me o que aconteceu. Royce faz uma pausa por um segundo e estende a mão para pegar o bastão mais uma vez.

Ele se vira para mim e o estende, então eu envolvo minhas mãos em torno do punho. Ele caminha em direção ao carro quebrado do meu irmão, e eu sigo seu exemplo. Royce dá a volta por trás dele, rasgando a lona completamente. Um

olhar

perdido

cobre

seu

rosto

enquanto

ele

inspeciona o carro da janela traseira para a do passageiro. Ele planta os pés lá e olha para dentro. — Minha família estava lidando com alguma merda de Jerry Springer por um minuto, membros da família fodidos, linhagens conectadas e coisas que você nunca acreditaria. Golpe após golpe até que tudo começou a desmoronar. Seu irmão nos irritou, mas no final das contas, nós confiamos nele mais do que em qualquer pessoa, então, quando a única pessoa que significava tanto para cada um de nós quanto nós significávamos um para o outro precisava de um olho extra, ele era o único quem poderia fazer isso. Eu engulo. Raven. Ele coloca a mão no batente da porta, inclinando-se para olhar para dentro com uma carranca tensa. — Eu e Maddoc íamos

ver

nossa

sobrinha

quando

Captain

estava...

impossibilitado. Viramos a esquina e encontramos dois carros no meio da estrada, um que não reconhecemos e outro que

vimos um milhão de vezes. Fumaça e pequenas chamas, e o corpo de uma garota no chão foi tudo o que pudemos ver. Eu passo ao redor do lado do motorista, ouvindo enquanto eu também me concentro no carro. — Saímos com o carro ainda ligado e corremos. Bishop segurou esse idiota pelo pescoço, uma faca para ele. Devo suspirar quando seus olhos se fixaram nos meus brevemente. — Então nós vimos Raven caindo contra o carro – a garota no chão não era ela. Ela estava branca como a porra de um fantasma, prestes a cair de bunda. Ela chamou Bass, e ele não hesitou, largou o cara instantaneamente. Ele deixou as costas cegas e foi até ela, sem mais nem menos. Eu respiro fundo. — Estávamos correndo bem quando o filho da puta se levantou. Era um cara em quem confiávamos não muito antes disso. Nosso amigo, amigo dele. — Quem era? Ele hesita e então diz: — O nome dele era Leo, ele era uma vadia loira, o tiro mais certeiro que já vimos. Na mente de Leo, Raven ocupou o lugar que queria, mas ele era muito burro para perceber que não era um lugar que sabíamos que seria preenchido. Bass já estava na frente dele, mas eles eram legais, então quando Bass foi repentinamente chamado, Leo ficou

ainda mais amargo. Ele estava fodendo antes disso, mas obviamente, isso assumiu o controle de sua mente fraca, o suficiente para tentar tirar a nossa própria. Jesus. Eu engulo. — Então o que aconteceu quando Leo se levantou? — Ele correu para as costas de Bass, um pedaço de vidro quebrado em suas mãos. Maddoc foi atrás de Raven. — E você ajudou meu irmão. Seus olhos se fixam nos meus. — Não deveria ter. Ele deveria ter ligado quando ela pediu para levá-la a algum lugar. — Mas ele não fez isso, e você ainda o protegeu. Royce olha para os airbags quebrados. — Ele a tinha protegido, e não apenas daquela vez. — Ele estava apaixonado por ela? — Não, acho que não, mas só ele poderia dizer com certeza. — Ele faz uma pausa e diz: — Os dois vieram de uma situação complicada, então ele a entendeu e ela o entendeu. — Onde está Leo agora? Ele me olha. — Pergunte ao seu irmão. Tentei fazer Bass deixar o local do acidente conosco, mas ele se recusou, disse que sabia exatamente para onde levar Leo para afogá-lo. — Afogá-lo... meu irmão não sabia nadar.

Ele encolhe os ombros. — Talvez Leo também não. Eu suspiro, olhando ao longo do carro. — Meu irmão. Ele não está aqui, está? —

Não,



ele

responde

instantaneamente,

me

observando de perto. — Você o fez sair? Ele olha por um longo momento difícil e então balança a cabeça. Não. Ele não o fez sair. Ele escolheu ir embora e não me contou. Ele sentiu que não podia? Meu peito começa a doer enquanto estou na frente de um carro que estou esperando encontrar estacionado em frente à casa da minha tia nos últimos quatro anos. Bass disse que estava trabalhando para melhorar nossas vidas, e talvez ele esteja, mas que irmã de merda eu tenho sido para fazer nada além de esperar sua mão segurar a minha. Tenho estado sentada ociosa, esperando meu irmão mais velho ligar e me dizer que é hora, que seríamos uma família novamente e construiríamos uma nova vida em algum lugar longe de tudo. Recomeçar.

Por que eu deveria ser sua responsabilidade? Por que ele teria que moer sua bunda por alguém além de si mesmo? Talvez ele não queira mais o peso adicional que uma irmãzinha traz? Ele não pediu a vida bagunçada que tínhamos e já me salvou uma vez, muitas vezes se eu contar todos os dias e noites em que ele levou as surras por mim. Dou um passo para trás, olhando para o Cutlass, flashes do dia em que ele finalmente recebeu as chaves, ainda muito jovem, mas capaz de alcançar os pedais para dirigi-lo, voltando, e com ele, a dor dos golpes que se seguiram aumentando em número. Eu nunca disse a meu irmão como toda vez que ele saía para uma viagem de uma noite furiosa, mãos mais furiosas desciam sobre mim. Ele precisava de sua fuga, e eu estava bem em ser o saco de pancadas que permitia isso. Eu era mais jovem, mais magra e mais fraca, menor ao redor, mas por alguns minutos, eu o estava protegendo. Ou foi isso que me convenci. Raiva nada em meu estômago, enrijecendo meus músculos enquanto a pressão aumenta atrás dos meus olhos.

Meu pai me disse que se eu quisesse que parasse, diria ao meu irmão para ficar em casa. Menti para meu pai e disse que implorava a Bass, muitas vezes, mas ele não me ouvia, tudo para que meu pai pensasse que Bass não se importava tanto quanto nosso pai pensava que ele se importava. Se eu realmente tivesse pedido, Bass teria ficado sem hesitar, vendido o carro e escondido o dinheiro, de modo que a vontade de pular atrás do volante nunca existiu. Meu pai teria então usado o conhecimento para nos ferir de uma maneira diferente. Bass indo atrás de mim, eu indo atrás dele. Minhas mãos começam a suar. Sinto muito, irmão. É hora de você viver sua vida sem se preocupar com a minha. Eu levanto o bastão sobre a minha cabeça, derrubando-o com todas as minhas forças, e o para-brisa se estilhaça no resto do caminho, quebrando e caindo nos bancos dianteiros do carro. Eu o levanto de novo, levando para os de trás. Eu balanço e balanço, da direita para a esquerda, da esquerda para a direita, até que, finalmente, eles também estouram. Eu rosno e resmungo, o bastão entre minhas mãos trêmulas erguido no ar quando de repente Royce está nas

minhas costas. Ele usa seus quadris para me pressionar para frente até que meu corpo esteja pressionado contra o carro. Suas mãos começam na curva do meu cotovelo, avisandome que eles estão vindo, e deslizam de lá, não parando até que seus dedos estejam bem abertos ao longo dos meus. Ele envolve as palmas das mãos sobre minhas mãos e pressiona ainda mais perto. Entendi, é o que imagino que ele sussurraria se sentisse necessidade de falar, mas seu corpo o faz por ele, forte, firme e imóvel. Eu deixo ir. Meus braços caem como um peso morto, mas com os seus erguidos do jeito que estão, do jeito que os meus estavam, os meus só podem cair para trás, sobre nossas cabeças. Meus cotovelos descansam sobre seu peito perto de seus ombros, meus pulsos descansando perfeitamente na curva de seu pescoço, nossa altura é tão diferente. Quando ele não os força para baixo, faço um movimento arriscado. Dou a ele todo o meu peso, esperando que ele aceite e fecho meus olhos quando a escuridão toma conta deles. Ele o faz sem hesitação. Meu coração bate descontroladamente no peito e tento acalmá-lo, mas cada respiração sai mais agitada do que a anterior, mais irregular.

Os braços de Royce caem para trás, seus dedos encontrando e enlaçando os meus na base de seu pescoço. Ele os dobra ali. Eu o seguro, mas, realmente, é ele quem está me segurando. Eu viro minha cabeça para a esquerda e inclino um pouco para cima para que minha bochecha descanse perto da batida de seu coração e me concentre no ritmo. Eu o respiro, misturo-me a ele, nossos batimentos cardíacos em sincronia. — Lento e constante, — ele raspa. Profundo e completo. Suas mãos soltam as minhas, e quando as minhas não caem, ele envolve seus longos dedos em volta do meu pulso e puxa. Meus olhos se abrem e leva vários segundos para a névoa se dissipar, e então eles encontram os dele. Ele me observa por um longo momento, e nas minhas costas, seu peito sobe um pouco mais cheio, desce um pouco mais rápido. De repente, suas mãos estão em meus quadris e eu me viro, seu corpo pressionando contra o meu enquanto suas feições ficam cada vez mais tensas, os músculos do meu estômago fazendo o mesmo.

Seus dedos se contraem contra minha pele, pressionando com mais firmeza e puxando algumas cordas inesperadas para baixo em meu abdômen. Não é assim que parece, Brielle. Não se engane. Não caia. Ele desliza para mais perto, sua mão direita subindo, sua junta desliza pelo meu esterno, meu pescoço, até que esteja descansando sob meu queixo. Ele inclina minha cabeça para trás e começa a abaixar. Seus olhos estão duros e focados em minha boca e eu me esqueço de respirar. De piscar. De pensar. Meus lábios se abrem. Um gemido baixo o deixa. De repente, o peso de suas mãos, o calor de sua respiração e a pressão de seu corpo desaparecem. Como se tivesse morrido de fome, eu respiro fundo uma golfada desesperada de ar e seus olhos se desviam. — Vamos lá, — diz ele, uma leve tensão em sua voz. — Vamos colocar isso de volta.

Eu aceno, limpando minha garganta, e com passos mais lentos, eu sigo atrás dele, dando um passo para o lado enquanto ele se inclina na parte de trás do SUV. — Então. — Eu engulo, mudando-nos de volta para o território adequado. — Você mantém um taco em todos esses carros? — Não. — Ele encolhe os ombros e quando se vira para mim é com uma cara séria. —Mantemos três. Eu balancei minha cabeça com um sorriso. — Veja, três mosqueteiros... um por todos. Não é isso que significa, mas funciona. Uma risada leve o deixa, e com movimentos mais lentos do que o normal, nós dois saímos pelo caminho por onde entramos. Felizmente, a cada passo dado, o peso dos últimos minutos diminui. Quando saímos da frente, há um SUV vazio esperando. Só quando paramos na frente da casa de grupo de meninas é que ele se vira para mim. — Você esperava que ele estivesse aqui, é por isso que veio sem lutar. Eu concordo. Ele me avalia. — O que agora?

Eu largo meu sorriso no meu colo e empurro a porta, mas ele se estica, puxando-a para fechá-la. Quando me viro, seu rosto está bem ali. Bem no meu. — Você vai ficar ou não? — Seu tom é zangado, mas seus olhos... são algo completamente diferente. Meu estômago afunda. Ele quer que eu fique, posso sentir, mas ele não sabe como dizer. — Como se você me desse a opção, — eu sussurro com uma sugestão de sorriso. Seus músculos da mandíbula flexionam, seus olhos caindo na minha boca. — Como se você precisasse de uma. — Eu não preciso. Seu olhar se volta para o meu, e assim, o ar ao redor dele fica brincalhão. Eu sabia. Ele sorri, uma risada baixa deixando-o enquanto ele muda a marcha do SUV. — Eu sei. Esse sorriso? Torna-se um sorriso malicioso e do pior tipo. Do tipo que você senta e fica pensando por horas e horas, porque pode significar uma de tantas coisas.

No entanto, não é isso que me atormenta com o passar do dia, mas a verdade por trás da minha resposta. Eu quero ficar, e não por mais ninguém desta vez. Por mim.

N ÃO

SEI

como sabia que ela estaria me esperando, mas

quando saio da mansão, lá está ela. Sentada na varanda com olhos suaves e um sorriso conhecedor, Maybell dá um tapinha no espaço ao lado dela, então não hesito em descer. — Você sabia que ela pensava que ele estava aqui, não é? Ela acena com a cabeça, olhando para as árvores. — Ela era orgulhosa demais para estar em casa, garoto. Eu vi a saudade em seus lindos olhos, — ela disse calmamente. — Ela estava perdendo alguma coisa e ela acha que ele é a única coisa.

Olhamos um para o outro e eu levanto uma sobrancelha escura. — Acha que é? — Sim, garoto. Acha, — ela diz, seu tom severo. — A meu ver, o que aquela garota precisa é o que ela ainda não percebeu que quer, já que é algo totalmente diferente, mas ela está chegando lá, mais e mais a cada dia. — Ela bate o ombro no meu. — Eu sei que você vai ajudá-la a descobrir. Eu olho para longe, olhando para as pedras na garagem. — Como exatamente eu devo fazer isso? — Não consigo me impedir de perguntar, mesmo se eu quisesse. Maybell se levanta e olha para mim. — Sendo você, enquanto ela está ocupada sendo ela. Eu franzo a testa e ela ri. — Confie em mim, garoto. — Ela sorri e vai embora.

O

PEQUENO

surto de Brielle mandou tudo para a merda

hoje mais cedo, mas estamos acostumados com as coisas saindo do curso, então descansamos e nos recuperamos e aqui estamos nós, a segunda rodada apenas algumas horas depois. O plano sempre foi ser esperto com esse cara, pegá-lo sozinho para que pudéssemos fazer o que fosse necessário para arrancar a verdade dele, especialmente porque estamos jogando o jogo da espera na outra metade deste problema. Posso ser imprudente e selvagem, mas isso é porque não dou a mínima. Eu sou totalmente capaz de ser cuidadoso e suave quando tenho que ser. Mais ou menos. Quer dizer, estou bebendo uma garrafa de água agora, mas quando Brielle entra na sala, uma garrafa de uísque começa a soar bem ‘pra’ caralho. O sangue corre quente em minhas veias e exige uma revisão longa e lenta obrigatória da coisinha animada de um metro e meio.

Calças pretas justas que chegam acima do umbigo, escondendo o piercing que eu consegui um melhor – não bom o suficiente – olhar quando ela tirou a blusa na água, e me fazendo querer saber o que está lá ainda mais. Sua camisa chega até o final da calça e é de um vermelho sólido, do mesmo tom exato que seus lábios estão pintados esta noite. Brilhante e carnudo. Falando em carnudo, essa bunda. Foda-me. Essa. Bunda. Perfeitinha e redonda. Como ela ajustou a coisa naquele biquíni? Ela se mexe, olhando ao redor da sala, esticando o pescoço esguio para ver além de onde seu corpo permite. Ela é tão pequena que eu poderia erguer sua bunda – literalmente. Sim, eu poderia conseguir isso bem alto, e bem contra a parede, alto o suficiente para colocar sua doce boceta no nível da minha boca. Eu começaria com minha língua, deslizaria para fora e entre suas pernas, liberaria seu clitóris de seus lábios e o chuparia entre os meus. Eu a morderia, mas só um pouco. Sim, ela gostaria disso. Sei que sim.

Eu gemo, esticando minha perna e só então percebo que mãos escorregaram sobre minha coxa, avançando em direção ao meu pau. Eu pisco, vendo uma pilha de cabelo loiro inclinado perto do meu rosto, um ombro que é muito largo para ser o da minha garotinha no meu espaço. Maddoc pega meu olhar de sua cadeira embaixo de Raven e olha incisivamente para minha mão, agarrada com força no braço da cadeira. Eu o solto, ao invés disso, dobro-o nas costas de Grace enquanto ela se senta em um cooler à minha direita. Grace. Sim, esse é o nome dessa garota, mas não sei por que ela está aqui. Ninguém a convidou para se sentar. Grace olha por cima do ombro, sorrindo para mim, e coloca o copo no colo. — Você sabe que estou disposta a sair daqui, se você estiver. Uma risada me deixa e minha cabeça cai para o lado. — Você me daria o que tem sem me fazer merecer? Eu fico tenso. Que porra eu acabei de dizer? Sua expressão imita meus pensamentos íntimos, mas ela tenta rir disso. — Eu diria que é bem merecido.

Certo. Por causa do meu nome e do direito de se gabar que vem junto com ele. Elas querem isso. Sim, elas. Porque ela é apenas uma de muitas, e eu sou o cara que deixou claro que é uma coisa fácil de realizar. Quer foder um Brayshaw? Vá para aquele fodido com tatuagens que você nunca poderia entender e uma mente que você nunca poderia viver dentro, uma alma que você nunca poderia alcançar. Um e pronto. Você não precisa conhecê-lo, não precisa nem gostar dele, e o idiota nem liga, ele é tão desapegado. — Ei, Brielle. — A voz de Captain está alta, puxando-me dos meus pensamentos e me forçando a entrar agora. Brielle está bem na nossa frente. Ela acena para Captain, diz oi para Raven e Victoria e se vira para mim. — Ei. — Ela sorri e os músculos da minha coxa se contraem. Eu inclino meu queixo, levando minha água aos meus lábios. — Oi. — Grace se inclina para mais perto de mim, e espero por um sinal de Brielle. Você a quer longe de mim?

A porra da Brielle sorri para ela – sem torcer a boca amarga e ciumenta ou olhar calculado em seus olhos. Nada além de um sorriso maldito, um sorriso genuíno. — Grace, certo? Acho que você está na minha aula de inglês, — diz ela. Meus olhos cortaram para Maddoc. Grace fica em silêncio no início e depois se inclina para frente. — Oh, meu Deus, sim! Você convenceu o professor a nos permitir usar nossos cadernos para a redação final! Ela ri com um encolher de ombros. — Eu casualmente o lembrei de que as pontuações de sua turma menos do que interessada refletiria nele como professor e poderia não parecer tão bom durante o tempo de aumento e revisão. — Garota, você salvou minha bunda de perder meu cartão de crédito. — Grace ri. — Ei, você quer beber alguma coisa, eu poderia te dar um refil? Brielle abre a boca, mas depois a fecha, olhando por cima do ombro. Não consigo ver atrás dela, mas quando ela olha para trás, a inquietação reveste seus olhos e seus dedos deslizam por seu cabelo brilhante e metálico, deslizando-o perto de sua têmpora como ela gosta de fazer quando está pensando, insegura. Nervosa. Por que você está nervosa, pequena? Eu não tenho que pensar muito, uma bebida é oferecida na frente dela segundos depois. Um copo.

Um copo, copo, tipo com uma tampa aberta, bebida já dentro dele, um copo sozinho vermelho, copo. Das mãos de alguém que não sou eu. O rosto de Jonah aparece e tenho certeza que vou reorganizá-lo esta noite. Quando o sorriso dela se eleva para encontrar o dele, tenho certeza disso. Foda-se ele. Foda-se ela também. Seus olhos voltam para Grace. — Parece que tenho um, mas podemos pegar um para você? Grace ri, levanta-se e não olha para trás. Elas vão embora. Raven espera que eles estejam fora do alcance da voz antes de começar a provocar. — Oh, cara. Como se sente, Ponyboy? Eu resmungo, chutando para trás na minha cadeira e virando minha garrafa de água. — Muito mole, para ser honesto. — Eu sorrio, virando-me para ela. — Quer verificar? Ela sorri, balançando a cabeça e Maddoc me mostra o dedo do meio. — Você perdeu direto um pedaço de bunda para o mais novo e mais legal da cidade.

— Você não está mentindo, RaeRae. — Eu me coloco de pé. Os olhos da minha família saltam para os meus. — O que você está fazendo, irmão? — Maddoc me observa de perto. — Me distraindo. Quando chegar a hora, nós negociamos e damos o fora daqui. — Sim, e quando o fizermos, levaremos Brielle conosco? Eu sorrio o mais largo que posso. — Não, mano. Ela não está conosco. Ela fica. — E Jonah? — Ele pressiona, sabendo muito bem o que está fazendo. Forçando-me a encarar, sentir isso, a porra da gasolina que escorre pela minha garganta e espera pelo fósforo para me incendiar. Está chegando. Eu sei disso. Eles percebem isso. Eu odeio isso. — Se ela for sua. — Ele abaixa o queixo. — Deixe-os saberem.

Eu engasgo com uma risada, esfregando meu peito e caminho para trás, para longe deles. — Sim. — Outra risada, mas esta, vazia. — E quem vai dizer a ela, hein? — Risada. Dor. Por que eu disse isso? Eu me afasto e trago aquela pequena curva falsa de lábio de volta, embora eu saiba que nenhum deles engana. — Ela não é minha, Madman. Ela não é nada para mim. — Ela está atrás de você. — Os olhos de Raven se apertam e eu me viro. Brielle está parada ali, uma garrafa de cerveja fechada na mão e uma garrafa de água na outra. Com um sorriso de boca fechada, ela balança a água para mim, uma névoa escurecendo a cor de seus olhos, como se ela me dissesse ‘acontece às vezes’, mas isso é diferente. Isso machucou. Minhas palavras doeram, baby? Ela pisca e ainda está lá. Eu não gosto disso. Eu quero vê-los brilhantes e amplos. Vivos. Estimulados. Ela empurra a água em minha direção. — Você acabou com a que tinha, pensei que poderia querer outra.

Eu posso querer você. Porra. Virgem! Eu pego dela, deslizo para mais perto e envolvo minha mão em torno da que está segurando a garrafa de cerveja. Eu a levo à boca e tiro a tampa com os dentes. O canto de sua boca carnuda provocando você para sentir o gosto de lábios tortos se contrai enquanto seu peito infla e isso me irrita. Não sei por quê, mas irrita. — Obrigada, — ela diz baixinho. — Saia de perto de mim. — Meu rosto endurece e eu passo por ela, aperto meus olhos fechados e quando eles abrem, é com um estalo agudo. Uma porra de um tique selvagem e eu sei que não vou ser bom para meus irmãos, não para o plano seguro. Então, foda-se. Objetivo final, certo? Isso é tudo que precisamos? O diabo ouve minhas súplicas – o homem do momento desliza pela porta. Eu giro para encarar meus irmãos e viro meus olhos em direção à entrada.

A festa está aqui. Eles olham e eu me viro, ereto e orgulhoso, colocando um sorriso de playboy de merda, porque isso é tudo que eu sou, certo? Eu bato a mão em seu ombro. — E aí, Enoch? Que tal um shot? Ele sorri e me segue até a cozinha. Filho da puta estúpido.

SE O PLANO QUE MAC , Maddoc e Captain passaram comigo e Micah esta tarde ainda é o que eles estavam seguindo, as coisas estão longe do curso. Mac disse que nos mandaria uma mensagem se as coisas mudassem, mas ele não fez. Tudo o que deveríamos fazer era aparecer esta noite, ficar por ali, ouvir o que poderia ser dito ou receber olhares de

suspeita. Basicamente, devemos nos misturar como vigias enquanto eles faziam essa coisa de Brayshaw e baixavam o martelo. Nada do que nos foi dito corresponde ao que está acontecendo agora. O plano desta noite não envolvia qualquer suspeita de álcool. Na verdade, disseram-nos para segurar uma bebida nas mãos, jogá-la depois de trinta minutos, quando ninguém estava olhando, e pegar outra. Sem consumir nenhum, Royce ainda está de pé no balcão da cozinha, servindo shot após shot, tomando shot após shot, Enoch, Jenson e Mac ao seu lado. A voz de Royce está ficando mais alta, seus tapas nos ombros e empurrões ‘brincalhões’, cada vez mais fortes. Um suspiro pesado é liberado ao meu lado e procuro e encontro Raven. — Ele está começando uma briga. — Sim. — Ela aperta os lábios. — Ele está. — Seus olhos encontram os meus, de uma cor cinza louca, e focados. — É o que ele faz quando sua cabeça está pesada demais para ele aguentar. Percebi. Isto é minha culpa.

Se eu não surtasse hoje por causa do carro do meu irmão, nem estaríamos aqui agora. Tudo teria sido resolvido e eu teria ajudado. Não sei por que não percebi antes, mas é por minha conta. Eu tenho que ser a única a consertar isso. Virando, encontro os olhos de Raven. A carranca de Raven, tentando ler meus pensamentos. — Se nos movermos, — ela diz. — Ele vai começar a bater no cara, sem hesitação, sem chance de outro resultado. Você se move... — Seus lábios puxam para um lado. — Minha sombra se move comigo. Ela concorda. — Ele não tomou um único shot desde que você está aqui falando comigo. A realização aquece meu estômago como se eu fosse a única injetando bebidas com quarenta por cento de teor alcoólico. — Porque ele está focado. Ela sorri. — Bêbado de novo ou não, ele pode se controlar quando precisar. Ele quer saber do que estamos falando e sabe que tudo gira em torno dele. Ele está te observando. Ele continuará observando você, assim como você continuará observando-o. Eu olho em sua direção e seus olhos estreitam na garrafa que ele derrama. Sim, ele me vê.

Não importa o que aconteça, ele assistirá. Talvez seja isso que ele quer. Maddoc se aproxima então, seus braços envolvendo Raven e puxando-a contra ele. — Posso pegar suas chaves emprestadas? — Perguntolhe. — Eu não dirigi. — Ele me estuda. — Mas você tem um conjunto de chaves. — Eu seguro seu olhar. — Eu as ouvi no seu bolso quando ela pressionou a bunda dela em você. Raven ri. — Todos eles mantêm as chaves com eles, para o caso de precisarmos de uma fuga rápida. Maddoc enfia as mãos no bolso e as estende, mas antes que eu possa segurá-las, ele fecha o punho. — Por que você quer? — Eu tenho uma ideia. — Eu não vi suas ideias ainda. Pode ser uma merda. — Não é. — Eu deveria acreditar em você, por quê? Eu encolho os ombros, um sorriso brincando em meus lábios. — Acho que você vai ter que confiar em mim.

Ele zomba, e nós dois sabemos que não estamos lá. Também sabemos que não importa porque os Brayshaws podem girar qualquer coisa, então se eu estragar tudo, eles limparão. Eu não vou estragar tudo. É realmente simples. Pego as chaves, coloco-as no bolso, pego meu telefone e ligo para Micah. Ele atende no primeiro toque, — Ei. — Apenas responda. — O quê? Eu entro na cozinha com meu telefone no ouvido. — Você tem certeza? — Uh, Brielle? — Micah se arrasta. Jenson sorri para mim quando eu entro, acenando com o queixo em olá, então eu aceno, mas rapidamente olho para longe e abro a porta da geladeira. — Taylor Simms. A cabeça de Enoch se vira na minha direção, mas ele a esconde tomando um gole de sua bebida. — Ela está aí agora? — Eu continuo com minha conversa falsa. Royce parou de se mover, olhando para sua bebida agora.

— Espere, deixe-me sair, está muito barulhento aqui. Fecho a geladeira e giro. — Sim, eu vou te dizer o que ela me disse. Um segundo. Sigo para a frente, destranco rapidamente o SUV de Captain e coloco as chaves na ignição. — Garota, o que diabos você está fazendo? — Micah pergunta através da linha, seu tom inquieto. Eu pulo para fora e empurro a porta quase totalmente fechada e me movo para ficar perto do lado do motorista traseiro. — Você consegue me ver? — Eu sussurro. — Frente à esquerda, — ele me diz onde encontrá-lo. Eu olho, localizando seu contorno na borda do portão traseiro. Ele acena com a cabeça e então a porta da frente se abre. Eu giro quando isso acontece, sabendo que Enoch está me seguindo e quem virá em seguida. — Sim, então Taylor disse que ela vai sair com você na próxima semana. Isso é verdade? — Eu casualmente mudo de pé, confirmando que Enoch está aqui, fingindo verificar algo em seu telefone.

Eu espero até que ele esteja um pouco mais perto e solto o meu, puxando meu calcanhar para cima para que quique no meu joelho. — Porcaria! — Aqui! — Enoch salta para frente instantaneamente, não vendo nada além de oportunidade enquanto rapidamente enfia o dele de volta no bolso. Ele sorri, já se curvando. — Deixa-me ajudar. Ele quer dizer deixe-me fingir que ajudo a todos para que eu possa ver o nome ou o número de quem está na tela quando eu atender. Ele fica de joelhos, com as mãos plantadas no chão enquanto enfia a parte superior do corpo embaixo do carro, esticando-se para alcançar o meu telefone. Eu corro para frente, abro a porta do SUV e pulo no banco do motorista. Eu pressiono o freio e coloco a coisa em ponto morto, a ligeira inclinação da calçada enviando-a rolando para trás, bem sobre a mão esquerda do lançador inicial da Brayshaw High. Seu grito é alto, em pânico, e meu coração pula na minha garganta. Eu coloco em movimento, pronta para libertá-lo, mas uma mão desce no meu ombro e eu me viro. Captain.

Ele puxa meus dedos da alavanca do câmbio, balançando a cabeça lentamente. Eu olho na direção da casa para encontrar Mac bloqueando a porta da frente, Micah guardando o portão dos fundos, e no espelho retrovisor, Maddoc. Que significa... Eu pulo para fora, girando rapidamente. O corpo de Enoch está enrolado, sua cabeça baixa. Sua mão livre formou um punho cerrado e ele a prendeu entre os dentes em um esforço para silenciar seus próprios gritos de dor. Royce está agachado ao lado dele, um sorriso torto e criminoso no lugar. Ele ri baixo e maldoso. — Bem, porra, bem, Cameron. Você olharia para isso? E pensar, nós íamos quebrar apenas três dedos, e minha garota aqui pegou você por quatro, talvez até alguns ossos um pouco mais baixos, hein? Lágrimas caem de Enoch, sua mandíbula tremendo. Eu deixo cair meus olhos para o chão aos meus pés, mas então os dedos de Captain estão deslizando sob meu queixo e puxando-o para cima, forçando-me a enfrentar a cena pela qual sou responsável. — Vamos, garota. Você é parte disso, — ele sussurra. Eu aceno e fico mais ereta.

Eu sou parte disso. — Inferno de um acidente, sim, Enoch? — Royce o agarra pelo cabelo, puxando sua cabeça para trás. — Aleatório como o placar quebrado, não é? A baba cai de sua boca, seus dentes cerrados com força para lutar contra a dor. Enoch concorda. — Isso mesmo, e o seu velho ficará feliz em doar para a escola? Substituir os itens que alguém roubou, certo? Outro aceno de cabeça. Royce se aproxima, sussurrando algo no ouvido de Enoch antes de empurrar sua cabeça para baixo. Royce fica de pé, seus olhos encontrando os meus quando ele se planta na minha frente. — Isso foi imprudente e poderia facilmente ter virado para você. Eu concordo. — Eu sei, mas sabia que você me alcançaria antes que pudesse. Ele encara pesado, duro, e sua mão passa para esfregar sua boca, mas ele não diz nada. Ele vai embora. Captain o agarra pelo braço em sua fuga, mas Royce se solta e desaparece dentro de casa.

Maddoc o observa ir, abaixando os olhos para mim quando ele está fora de vista. — Ele está certo, isso não era infalível. — Alguma coisa é? — Você libertaria a mão dele sem ter certeza de que estávamos perto o suficiente para impedi-lo caso ele viesse atrás de você. — Ele fez o que fez com o coração partido. Ele não tinha razão para vir atrás de mim. — Ele está se profissionalizando, Brielle. — Maddoc franze a testa. — Se ele entrasse em pânico o suficiente depois de ter sua mão esmagada, ele simplesmente poderia. — Ele olha para Raven e de volta para mim. — Eu não pensei sobre isso. — Eu sei. Royce sabe. É por isso que ele está chateado. Se você se machucar, é por causa dele. — Não... — Sim, — Captain interrompe. Maddoc olha de Captain para mim. — Foi um raciocínio rápido e uma boa jogada, mas vá de A à Z antes de tomar decisões. — Seus olhos não estão zangados, mas são firmes. Eu aceno e ele acena para Micah. — Leve-a para trás, — ele diz a ele.

A mão de Micah encontra minha parte inferior das costas e Maddoc dá um tapa para longe com um olhar feroz. — Levea para trás sem tocá-la. Relutantemente, sigo Micah para o quintal. As luzes do SUV atravessam as tábuas da cerca apenas segundos depois de fecharmos atrás dele. Entramos no quintal, optando por nos encostar em um aparelho de ar condicionado em vez de sentar-se no convés principal. — Deixe-me pegar uma bebida para você? — Micah me olha. Eu aceno, respiro fundo e olho ao redor. Esta casa pertence aos meninos. Como não aceitam pessoas em sua casa na propriedade de Brayshaw, eles fizeram o que os meninos ricos fazem e compraram outra, ou foi o que Micah me disse. Pelo que eu sei, não é nada mais do que um bloco de festa, junto com tudo o que seus corações desejam. Tenho certeza de que é onde Royce... joga. Eu me viro, olhando para a escuridão atrás de mim, olhando para a Estrela do Norte39.

39 Constelação.

Micah se aproxima então. — Você já passou a noite olhando para a Estrela do Norte e se perguntou quantas vezes ela ajudou a encontrar o caminho? Micah sorri. — Não, Brielle. Não posso dizer que sim, cresci em uma cidade cheia de neblina, com cocô de cavalo na calçada e corridas de saco aos domingos. Eu rio e olho para ele. Ele segura minha bebida e só quando levanto a mão para envolvê-la na garrafa é que percebo que estão tremendo. Micah e eu travamos os olhos ao mesmo tempo, e ele dá um sorriso triste, aproximando-se. Ele pega a garrafa, colocando-a ao nosso lado, e puxa minhas mãos até sua boca. Ele sopra um hálito quente em minhas palmas, envolvendo-as nas suas e eu fecho meus olhos. A próxima coisa que eu sei é que minhas costas estão batendo na borda da estrutura de metal da unidade de arcondicionado, e Micah leva um soco forte, sólido e bêbado. De Royce. O quintal fica em silêncio enquanto Micah levanta as mãos e se afasta. O olhar furioso de Royce varre meu caminho.

E eu? Eu paro de respirar e espero, porque com base no olhar enlouquecido em seus olhos... é isso.

NÃO CONSIGO

SENTIR

minhas pernas.

Não consigo sentir a porra das minhas pernas, mas de alguma forma estou me aproximando. Meus membros doem, minha cabeça está pronta para explodir e minha mente... está em todo lugar. Eu a odeio, ela não escuta. Eu gosto dela, ela me desafia. Não suporto vê-la, ela me distrai. Eu não posso funcionar quando ela está fora de vista, ela é tudo que eu quero ver.

Eu rosno para mim mesmo e entro em seu espaço enquanto rugas pesadas emolduram seu rosto. — O que foi que eu disse, Brielle? — Não consigo ouvir minha própria voz, meu sangue está bombeando muito alto. Muito ferozmente, mas ela deve. Ela balança a cabeça. Eu bato a mão no metal ao seu lado, e ela me encara. — Eu disse que ninguém te toca. Eu disse que você não toca em ninguém. Qual a porra da parte disso você é muito cabeça-devento para entender? Seus dentes se fecham e ela se segura, mas apenas por uma fração de segundo. — Foda-se. — Não. — Eu passo meus olhos sobre ela. — Você é toda virgenzinha. Isso não vai acontecer. Seu peito infla, talvez ela tenha engasgado, não posso ter certeza. Minhas feições endurecem, mas as dela... as dela amolecem e estou prestes a enlouquecer. Por que ela não fica com raiva? Luta comigo? Forçar-me a sair? Brielle balança a cabeça, uma quebra irregular em sua voz. — Você não tem que fazer tudo isso. — Tudo o quê?

— Ir para o modo idiota completo. Bater no seu amigo. Atirar em mim. Minha garganta fica áspera, mas eu empurro. — Você age como se pensasse que eu era diferente. Ela puxa os lábios, inclinando a cabeça, e acho que ela se aproxima. Ou talvez seja eu. — Não diferente. — Ela estende a mão, colocando a mão no meu peito, descobrindo a prova do meu estado maníaco. — Mais. Ela o pressiona com uma delicadeza que eu nunca conheci, mas acerta como um martelo, roubando o ar de meus pulmões e me deixando sufocando. Dolorido. Mais. Mais do que raiva e imprudência, mais do que impulso e foda. Não. Eu não sou mais. — Eu vi isso, — ela promete, sua habilidade de me ler me fodendo ainda mais. — Esta é apenas uma parte de você, — ela continua. — E não é nem mesmo uma parte ruim, apenas mais... dominante. Eu engulo, afasto a mão dela e dou um passo para trás.

Meu olhar é pesado, zangado e direcionado a ela. — Você acha que viu alguma parte de mim que outros não viram? Que eu me abri mais para você do que para todas as garotas que estou me preparando para foder? Porque se for esse o caso, pequena Bishop, você é tão patética quanto eu esperava que fosse. Estou fodidamente aquecido, queimando, gritando por dentro e não sei por quê. Não sei o que é ou como fazer parar. Eu preciso parar. Brielle balança a cabeça e, quando se vira, percebo o brilho que cobre seus olhos. Escondendo meu tom favorito de turquesa, embaçando a cor mais perfeita que já vi, no par de olhos mais perfeito que já vi. Já encarei. Encontrado na porra dos meus sonhos. Amaldiçoado em meus pesadelos. Uma lágrima escorre de seus olhos e Brielle sai correndo, correndo pela lateral da casa, em direção ao portão que a ajudará a escapar. Ajudá-la a fugir de mim. Em meus pesadelos, quando a amaldiçoo, ela nunca foge. Ela fica, sorri e entende. Estou quebrado. Ela está me quebrando.

Minhas mãos mergulham em meu cabelo e puxam. — Porra! Eu sigo em frente, corro atrás dela e a pego pela camisa. Eu a puxo de volta, empurrando-a contra a casa e um grito baixo sai de seus lábios, mas ela o interrompe. Engole tudo e encontra meus olhos com os dela. — O que você quer de mim? — Ela sussurra, desesperada por uma resposta que não posso dar. Meu aperto aumenta, esticando e rasgando o tecido de sua blusa com raiva, mantendo-a aqui. Comigo. Não vá. Uma dor inesperada e desconhecida bate fundo do meu peito e minha carranca se aprofunda. Que raio foi isso? Meus dedos se movem por conta própria, deslizando em seu queixo e travando no lugar quando sua cabeça se inclina um pouquinho. Esta garota, depois da minha merda esta noite, hoje, todos os dias, ela não se afasta.

Ela se inclina ao meu toque, as bordas de seus olhos suavizando, seu desconforto desaparecendo na escuridão que nos cerca. Eu fiz isso, consolei-a com meu toque. Eu, o Bray descartável. Eu a acalmei. Outra picada indesejada dispara em meu estômago, e porra! Por que isso me faz querer machucá-la? Quando ela pisca, a umidade que estava crescendo em seus olhos cai, e minha junta voa para pegá-la. Eu a levo à boca, esfregando suas lágrimas em meus lábios, provando um pequeno pedaço dela. Grande erro do caralho. Eu a encurralo, total e completamente, e o pequeno pedaço de fio que sobrou, aquele enrolado em volta da minha sanidade, aquele que está afinando e dividindo cabelo por maldito cabelo desde o dia em que ela assumiu o controle da minha mente... se encaixa. Se divide em dois fodidos e tudo o que resta é ela. Eu. E ganância. Eu bato minha boca na dela e ela engasga, mas nem um segundo de hesitação vem dela.

Ela se abre para mim. Minha língua dirige para dentro, ansiosa para explorar cada pedaço dela. Desesperado por mais. Faminto por isso. Posso desmaiar, porra, a necessidade é muito forte. Uma necessidade de se aproximar. Para beijar mais. Para provar mais. Ter mais. Pegue mais, porra. Seu peito incha então, bem contra o meu, e é demais. Sufocante. Esmagador. Que porra estou fazendo? Eu me afasto, coloco alguma distância entre nós e forço a mais nua e vazia das expressões enquanto vejo a maravilha dela morrer. Ela me entende, então ela sabe o que está por vir e sua mão levanta para o peito em preparação.

— O que eu quero de você? — Eu grito, meus olhos duros, os dela tensos e emaranhados, ainda mais quando eu lentamente deslizo para longe. — Absolutamente nada. Aí está. A dor que ela não consegue esconder. É justo que ela sinta quando eu sinto. Quem é ela para me fazer sofrer? Ninguém. Isso é quem ela é.

COM

BANHO RECENTE,

mente confusa e emocionalmente

exausta, saio do banheiro. Não coloco o pé no tapete quando uma mão bate na minha boca, pressionando-me de volta contra a parede. A súbita onda de pânico deixou minha visão embaçada, mas depois de um longo e forte piscar, ela voltou. O pânico fez minha frequência cardíaca subir, mas rapidamente me concentro no rosto familiar enfiado no meu. Royce está na minha frente, corpo pressionado contra o meu, o álcool cobrindo sua respiração e embaçando seus olhos castanhos. Olhos que ficam mais escuros quanto mais ele olha. Sua mão desliza pela parede perto do meu quadril, e então envolve minha coxa esquerda. Em um movimento rápido, ele se abaixa e me levanta, pressionando-me contra a parede com seus quadris.

Eu fecho minhas pernas em torno de suas costas, meu robe caindo ligeiramente aberto em torno das minhas pernas, e ele geme, correndo os dedos ao longo da pele macia ali. Ele aperta, crescendo contra mim, endurecendo, apunhalando meu estômago e criando calor dentro dele. Seus braços sobem, dedos deslizando ao longo do meu pescoço e garganta. — Pequena, — ele murmura, e seus olhos se fixam nos meus. Angústia, absoluta e completa, me encara de volta. Eu quero tirar isso, sempre. O foco de Royce cai em meus lábios, um brilho hostil escrito por ele e amarrando dentro de mim. Sua língua desliza para umedecer os lábios e, quando faço o mesmo, todos os músculos de seu corpo bloqueiam. Ele luta contra seu desejo, e luta bem. Mas eu não quero que ele faça isso, e ele veio aqui por um motivo. Porque assim como me senti esta noite, seu beijo de raiva não foi suficiente. Nós precisamos de mais. Precisamos de verdade.

Quero que ele me beije de novo, que me devore. Eu quero que ele me quebre. Vai valer a pena. Então, ouso puxar sua corrente de baixo de sua camisa, meus dedos deslizando ao longo do item caro. Ele imediatamente dá um tapa na minha mão, mas há uma sensação de admiração em seus olhos quase implorando para que eu o empurre mais. Para pegar o que eu quero. Exija e receba, ele me disse uma vez. Então, quando seus olhos caem para a prata em volta do pescoço e seguram, eu tento muito lentamente de novo. Eu deslizo meus dedos por trás dele, permitindo que repouse na minha palma, e leio a inscrição gravada nele, o lema de sua família. Minha palma se fecha em torno da crista, a força das palavras agora travada em meu punho. Meu aperto é forte e seu peito se expande. Eu a puxo em minha direção, eu o puxo em minha direção. Peito contra peito, minhas pernas enroladas apertadas em torno de seus quadris, eu pressiono para baixo, minha bunda encontrando a cabeça de seu pau inchado. E meu Deus... ele responde.

Sua respiração fica irregular, sua mão empurrando meu cabelo, e então o mundo para de girar. O sol encontra a lua. E minha alma, envolve a dele. Royce leva meus lábios em um beijo profundo, diabólico e estimulante. Não há raiva nisso desta vez. É uma necessidade pura, emocionante e assustadora de nos afogarmos um no outro. É inebriante. Ele é intoxicante. A boca de Royce se molda à minha, sua língua varrendo em arranhões gananciosos e famintos. Ele geme, grunhe e rosna contra a minha boca, pressionando seu corpo no meu e quando ele desce um pouco mais, seu pau esfrega bem ao longo do meu centro. Eu suspiro, meus olhos se fecham, minha cabeça cai para trás, e ele mergulha, chupando e mordendo meu pescoço. Um som estranho e exótico escapa dos meus lábios e ele rasga de volta, olha-me nos olhos e então bate seus lábios nos meus novamente.

Seu beijo é duro, áspero e tão bom, mas depois de alguns momentos, algo muda. Seu aperto afrouxa, seus lábios ficando relaxados. Royce me beija lento, preguiçoso e demoradamente. E de alguma forma, esse beijo é mais do que os anteriores. É honesto. É um pedido de desculpas. Somos nós. É ele. É mais. Quando ele se afasta, ele descansa a cabeça na curva do meu pescoço e meus dedos sobem para deslizar ao longo da lateral de sua cabeça. — Minha pequena Tink, — ele murmura. — Ajude-me a voar... Um formigamento insaciável percorre meu estômago enquanto ele se aproxima. — Ajude-me a voar, porque esse menino perdido está caindo, pequena... — Ele se acalma, seu aperto aumenta. Esses formigamentos se transformam em fogos de artifício. Ele está descendo...

Ele está caindo. Meu pulso bate descontroladamente em meus ouvidos, a antecipação do que isso poderia significar e o medo do que provavelmente virá em seguida enviando um arrepio pelo meu corpo aquecido. O que ele diria se soubesse que caí no chão há muito tempo? Ele cantarola contra a minha pele, sua língua me sacudindo lá, e eu o sinto sorrir contra mim. Lentamente, ele deixa minhas pernas caírem, suas mãos subindo para segurar meu rosto e manter meus olhos nos dele. Ele me encara por um longo momento e então se inclina, seus lábios pressionando o canto dos meus. Ele não solta ou recua, mas um estrangulado, sussurrado, e talvez até inconsciente, — O que você está fazendo comigo — segue. Minha respiração fica presa na garganta e não respondo. Eu não acho que devo. E então ele se foi. Vou para a cama sem ter ideia do que o amanhã trará, mas sabendo de uma coisa com certeza. Royce Brayshaw tem a habilidade de alimentar minha alma... ou se banquetear com isso. E eu?

Devo estar tão doente quanto minha mãe... porque tenho quase certeza de que o deixaria fazer as duas coisas.

S ANTO

CHUPÃO !

Eu fico boquiaberta no espelho, empurrando meu cabelo de lado e me inclino mais perto. É grande, como o tamanho de uma maldita bola de beisebol! Como?! Ele ficou lá apenas por alguns segundos, certo? Mas ele tem habilidades, Brielle. Eu viro minha cabeça mais. Ok, talvez não do tamanho de uma bola de beisebol, mas definitivamente uma bola de golfe. Começa mais atrás no meu pescoço e mais alto, quase na linha do cabelo, e desce como um J levantado, direto para o ponto doce que ele encontrou. Meu núcleo aquece com o pensamento da noite passada, com o gosto de seus lábios, a força por trás deles.

Ele estava todo ali, dando-me uma amostra do que ele pode fazer comigo, e eu aceitei de bom grado, implorei por dentro, não que eu fosse contra a implorar por fora. Estou começando a perceber, porém, que Royce só consegue trabalhar o que sua mente permite. Ninguém pode ditar seu próximo movimento por ele, talvez nem mesmo ele na metade do tempo. Tentar forçar algo em

Royce

bagunça

sua

mente

e

leva

à

frustração.

Aborrecimento. E é aí que as palavras sujas e teimosas se seguem. Ele é como uma criança nesse aspecto, sem saber o que está acontecendo com ele, então ele age, mas não para chamar a atenção. Na verdade, é o oposto. — Oh, você acha que me vê? — Dispara um míssil, direto para a jugular — Bem, que tal agora? Você viu isso chegando? É a única maneira de ele saber como evitar o que tem medo de deixar entrar. Possibilidade. Esperança. Amor? Ele tem medo de sentir. Com medo de se machucar, porque acredita que é tudo o que se segue. Então, ele passa

seu tempo com garotas lindas que não deseja conhecer, que também não desejam conhecê-lo, e diz a si mesmo que está tudo bem com isso. Ele não está. Eu vejo quando ele olha para sua cunhada, Victoria e seus irmãos. Ele anseia pelo que eles têm, mas não acredita que possa ter também. Este mundo às vezes pode parecer manso, mas sempre há mais coisas acontecendo sob a superfície esperando para serem eliminadas. O passado dos meninos é apenas um exemplo disso. Royce conhece a escuridão, a dor que ela pode trazer e as montanhas inacessíveis que se erguem das cinzas. A dor reconhece a dor. Eu corro meus dedos sobre a marca vermelho-púrpura que ele deixou para eu encontrar esta manhã, sabendo que eu repetiria como veio a ser. É escuro e zangado, como ele. O canto da minha boca se levanta e eu deslizo meus dedos do chupão para meus lábios. Eu traço sobre eles com a ponta do meu dedo médio. Acho que ainda estão um pouco inchados. Bruto.

Eu olho em meus olhos, para o turquesa dentro deles, para a sugestão de vermelho embaçando as bordas, mas não me importo. A luz ainda brilhará. Minha mão sobe para o meu cabelo, inconscientemente procurando minha cicatriz, mas eu a vejo no espelho e a forço de volta para baixo. Dou um passo para trás, sorrindo para a garota no espelho, e uma umidade inesperada enche meus olhos, porque pela primeira vez, a garota que sorri de volta? Eu acredito nela.

EU

AJUDO

com o café da manhã em casa, mas pulo as

tarefas, já que Maybell continua a me lembrar que não é meu trabalho ajudar. Eu me sinto mal com isso, mas não o suficiente para ficar para trás desta vez. Eu ando até a rua principal da cidade, pego um donut na loja de donuts que Raven me falou e passo algum tempo verificando as lojas.

Quando criança, não me lembro de nunca ter vindo para a cidade. Nossos pais nos mantiveram na periferia, longe das pessoas, então é tudo novo para mim. As lojas são locais menores e independentes. Não há nada comercial

ou

convencional

aqui,

nem

mesmo

os

supermercados. Eles são todos de propriedade e nome de uma família, se eu tivesse que adivinhar. Membros da comunidade Brayshaw que entendem as regras e querem fazer parte delas, seguindo as gerações anteriores. Eu atravesso o parque e entro no mercado localizado ao lado para pegar o que vim buscar. Assim que o tiver, volto para a casa. — Brielle? — Meu nome é chamado. Eu me viro, curvando-me para ver pela janela aberta, e o cara dentro dela tira os óculos, puxando o chapéu para cima para mostrar o cabelo loiro. — August, ei. Como está indo? Ele acena com um sorriso. — Nada mal. Deixe-me te dar uma carona. Eu paro, meus olhos caindo para uma pilha de guloseimas no banco do passageiro. — Eu estou bem, obrigada, além disso, parece que você tem alguns planos sérios de se empanturrar. Eu odiaria impedir você de todo aquele chocolate. Seus olhos vão para baixo, e uma risada dura o deixa. — Um presente para um amigo.

— Legal. — Eu sorrio. — Entre, eu posso te ajudar. Dar uma carona para onde você for. — Ele destranca a porta, esperando. Eu balancei minha cabeça. — Agradeço, mas estou curtindo muito o sol. E ei, belo carro. Não há mais ônibus para você, hein? — Gola alta, hein? — Seus olhos caem para o meu top em um olhar aguçado, mas ele sorri um pouco. Eu rio, o calor subindo pelo meu pescoço, não que ele possa ver. — Pelo menos é sem mangas. Eu sinto que finalmente entendi por que essa camisa existe. Ele acena com a cabeça, os cantos de seus olhos se contraem, mas ele sorri através disso. — Você pode estar no caminho certo. — Ele olha para frente, batucando no volante algumas vezes antes de se virar para mim. — Tem certeza que não quer uma carona? Eu concordo. — Ok. — Ele baixa os olhos para a bolsa em minha mão. — Bem, eu devo ir. Não consigo segurar o tráfego. Eu rio. Não há um único carro atrás dele. — Faça isso. Ele levanta dois dedos. — Vejo você por aí, Bishop. Eu concordo. — Sim, vejo você por aí. Com isso, volto para a casa.

Enfio os dois sanduíches no freezer, embrulho a caixa com um sorriso e sigo para a mansão Brayshaw. Não estou exatamente nervosa para vê-lo depois de ontem à noite, mas estou um pouco insegura e muito boa para quebrar um gelo. Então, com esse pensamento em mente, eu escorrego das árvores, ao redor da parte de trás dos SUVs e coloco o item embrulhado em prata brilhante no banco da varanda, rapidamente fugindo. Meu plano é encontrar Valine e convencê-la a assistir a um filme comigo, mas quando desço a última escada, os dois pés agora no chão, a porta se abre atrás de mim. Várias vozes enchem o ar... e simultaneamente são cortadas. Minhas costas queimam sabendo que eles estão olhando, e não sabendo se eles estão com raiva por estar tão perto de sua casa. Penso em fingir que não os ouço, mas tão rápido quanto a porta se abre, uma voz suave e doce grita para eles ‘se apressarem’, e então o som de passos leves está batendo contra a madeira. — Zoey, espere! — Victoria grita, mas é tarde demais. A pequena sombra de Zoey cai sobre meus pés. Eu me viro e lá está ela, oscilando na beira do último degrau, talvez três longe de mim, Victoria agora ao seu lado,

seus braços meio jogados na frente dela, protegendo-a enquanto a segura de volta. Minhas costelas ficam tensas, a carga no ar é poderosa, mesmo com uns bons trinta metros entre ela e eu. Os pelos dos meus braços se arrepiam ligeiramente, e não posso lutar contra a leve elevação dos meus lábios. Victoria é uma mãe, a pequena ao seu lado todo o seu mundo. Amada e protegida, como toda criança deve ser. Aposto que ela não tem medo do que eu possa fazer, acreditando totalmente em Royce e nas escolhas que ele faz, mas como eu disse... ela é uma mãe, e sua filha supera tudo. Eu permito que meus olhos voltem para Zoey, e meu sorriso cresce livremente. — Oi. — Ela me observa com curiosidade. — Oi. — Tio Bro disse que a amiga dele está vindo hoje. Você é amiga dele? — Ela se vira, correndo de volta antes que eu possa responder. Meus olhos a seguem, direto para Royce. Ele se curva, pronto para ela quando ela se joga em seus braços.

— Tio Bro, essa é sua amiga? — Zoey sorri, colocando a cabeça no ombro de Royce. — Eu gosto do cabelo dela. Ela é tão fofa, sua pronúncia ainda não é muito clara. Ele beija sua cabeça, seus olhos quentes – do tipo bom – e em mim. — Sim, Zoey Bear. Essa é minha amiga, e ela está com prooooblema. Um zing afiado desce pelas minhas costas, o calor subindo para minhas bochechas. A cabeça de Zoey aparece e ela engasga. — O que você fez? — A mais fofa e minúscula carranca toma conta de seu rosto. Eu rio, notando que os outros também riem, mesmo que tentem esconder. — Olhe para essa fuça maldosa, Zo. — Captain sorri, mudando para tirá-la de seu irmão. Ele beija sua têmpora, balançando-a levemente. — Seja legal. Seu rosto cai e ela chuta para ser colocada no chão. Captain hesita, olhando para Royce. Eles têm uma conversa silenciosa que leva a Captain, muito, muito lentamente, colocando sua filha de volta no chão. Ela corre até mim, Victoria descendo as escadas atrás dela.

Eu me curvo, aproximando-me e ela deixa cair o queixo sobre o peito, seus lindos olhos verde-azulados se erguendo e tristes. — Papai disse que eu fui má, — ela sussurra ou tenta. É alto o suficiente para que todos possam ouvir. — Eu machuquei seu coração? Com suas palavras, meu coração meio que doeu, mas é mais um tipo de dor honesta. Ela é tão doce? Eu balancei minha cabeça. — Não, doce menina, você não machucou meu coração, mas é muito gentil de sua parte perguntar. Ela sorri, olha para seu pai, que tem a mais gentil das expressões apontadas diretamente para ela. Ele dá um pequeno aceno orgulhoso, e seus olhos se iluminam quando ela se vira para mim. — Meu nome é Zoey... mas não devo dizer às pessoas meu sobrenome. Captain suspira, Royce ri, e eu puxo meus lábios para esconder meu sorriso. — Adivinha o quê, Zoey? — Eu finjo sussurrar. — Meu nome é Brielle e também não digo meu sobrenome às pessoas. Ela sorri, levantando a mão para cobrir os lábios como se agora compartilhássemos o maior segredo do mundo. Eu rio e olho para trás.

Todos os olhos em mim. Merda. — Bem, Zoey. — Eu olho de volta para ela. — Foi um prazer conhecê-la, mas devo voltar antes que a Srta. Maybell venha procurar. — Mas o zoológico. — Seu sorriso cai e ela se afasta de mim. — Rora, o zoológico. Uma pequena carranca se forma quando é Victoria que dá um passo à frente em ‘Rora’. Victoria a pega, e elas baixam suas testas uma na outra ao mesmo tempo. — Estamos indo, ZoZo. — Seus olhos piscam em minha direção. — Tio Bro esqueceu de contar à amiga, só isso. Vamos colocar o cinto de segurança, ok? Zoey sorri e as duas vão para o SUV de Captain. Eu olho para os outros e é Maddoc quem descobre e levanta o item embrulhado no ar com uma sobrancelha escura levantada. Constrangedor. — É... apenas divertido. Royce olha de mim para ele com um sorriso curioso, arranca-o de seu irmão e o sacode. — O que é isso? Constrangedor, isso sim!

— Abra. — Ou você sabe, não. Ele abre, e meu coração estúpido bate mais forte quando um sorriso lento se espalha por seus lábios. Ele ri, mas seus olhos caem rápido, e eu sei que ele está pensando em suas travessuras bipolares nos últimos dias. Eu não o culpo por isso. Eu sei que é simplesmente ele, mas ainda assim. É engraçado e prova que meu ponto não foi só conversa maluca. Ele balança a caixa de pizza pocket vazia no ar, joga-a para trás e desce as escadas de dois em dois. Ele se coloca bem na minha frente. — Pequena Bishop. — Playboy. — Eu sou a porra de uma pizza pocket. Eu rio, e seus olhos percorrem meu rosto. — Mas quando você está quente... — eu provoco. Sua língua toca o canto levantado de seus lábios e se aproxima. — Pule na minha carona, vamos ao zoológico. — Não vai me perguntar se tenho planos, ou mesmo se quero ir? Sua carranca é instantânea e eu rio. — Estou brincando.

— Não importaria se você não tivesse. — Ele olha para minha camisa. — Você é minha hoje. Com um toque de arrogância, ele sorri e passa por mim. Tudo o que posso pensar é... que tal amanhã?

PASSAMOS pelos pássaros exóticos, macacos e pela sala das borboletas quando Zoey decide que está pronta para brincar no parquinho, então nos dirigimos para o centro do lugar, onde fica uma grande zona de jogos aberta. Todo o parque tem o tema animal. O escorregador é a girafa curvada para comer, o disco giratório no centro é uma carapaça de tartaruga e barras de macaco que, bem, não são macacos, mas projetadas para se parecer com bambu e palha e ter pequenos macacos de pedra nas bordas. Zoey, porém, desceu cada escorregador exatamente uma vez e ficou sentada na frente do jardim, observando os zeladores plantarem uma fileira totalmente nova não muito longe de onde ela está, Victoria atrás dela, passando os dedos pelo cabelo dela. Nenhuma delas ainda desviou o olhar. — A coisa mais fofa que você já viu, certo? — Royce olha para mim.

Eu sorrio, balançando a cabeça. — Ela chama você de tio Bro? Seu sorriso fica maior com isso, uma suavidade em seus olhos que é nova para mim. É calmo e gentil. Eu gostaria de ver isso com mais frequência. — Tio D é Maddoc, eu sou o tio Bro, RaeRae é... bem, RaeRae. — Ele ri. — Ela imitou meu apelido para Raven e acostumou. Eu sorrio, olho para Victoria e Zoey novamente e me pergunto: — E a mãe dela, ela a chama de Rora? A gentileza se foi em um flash, e seus olhos se fixam nos meus. Eles estão cautelosos e inseguros, mas então ele pisca, suas feições suaves e ele toma uma decisão. Fosse o que fosse, ele não é forçado a compartilhar. Captain surge do nada e o faz primeiro. — Victoria não é sua mãe biológica, — ele compartilha enquanto as observa, uma ternura em seu tom que não pode ser descrita, é tão crua. Tão real. Royce põe a mão em seu ombro e vai embora, mas mantenho meu foco em Captain. Não é sua mãe biológica?

— A mãe dela se foi, não está morta, mas ela poderia muito bem-estar. Ela nunca quis Zoey, e talvez um dia eu acho que ela vai se arrepender de suas escolhas. Será tarde demais quando, ou se, ela o fizer. — Seus olhos se voltam para os meus. — Zoey é muito parecida com a gente, leal demais. Honesta. Ela ainda não percebeu por que não está perto de ninguém para ouvir a palavra mãe, não temos mães, mas ela vai ver em breve, com Raven, e quem sabe o que virá depois. Mas é apenas uma palavra. — Ele balança a cabeça ferozmente. — Aquela garota bem ali. — Ele fala de Victoria. — Ela é a razão de Zoey ter nascido. Espero que ele pare por aí, mas Captain se abre um pouco mais. — Não importa como ela a chame, o que aquela menina sente é o amor de uma mãe. Victoria é sua mãe, em todos os aspectos importantes e muito mais. — Captain olha na minha direção. O canto da minha boca levanta e minhas narinas dilatam para que eu não rasgue na frente dele. — Ela tem muita sorte. — Tenho sorte, — ele responde instantaneamente. — Temos sorte. Ela é apenas uma criança, obtendo o que toda criança deveria. Não deveria haver sorte nisso. — O desânimo em seu tom é facilmente decifrado.

— E ainda existem lugares como Brayshaw e a casa de grupo Brayshaw. Porque mesmo que nenhuma criança deva ser criada com ódio, raiva ou dor... nós somos. — Eu não percebi que estava sussurrando até a última palavra sair e eu forçar uma risada. Eu fico, mas Captain não me deixa passar. Eu olho para cima e ele dá um pequeno sorriso. — Você já passou por alguma merda, mais do que eu sei, mas você não está endurecida ou amarga. — Ele balança a cabeça, perplexidade verdadeira e honesta clara em seu tom. — Como? — Se você está preocupado, sua garotinha vai crescer e... — Eu não estou, — ele me corta. — Eu sei que ela vai ficar bem, melhor do que isso. Eu quero saber sobre você. Como você é... você? Carinhosa e gentil. Boa. Meus lábios apertam em um sorriso tenso enquanto meus ombros levantam e seguram. — Eu tinha um irmão que me amava, que eu também amava. Ele me disse que nossa vida não era sobre o que a vida era, que teríamos mais. Eu não acho que ele acreditou, mas eu acreditei nele, e quando as coisas estavam escuras, suas palavras me iluminaram, — eu compartilho. — Isso não é tudo, — ele adivinha.

Hesito

no

início,

mas

depois

decido

que

quero

compartilhar. Ele se importa o suficiente para perguntar, então isso é alguma coisa. — Teria sido fácil cair na feiura que nos rodeava, e às vezes levou um monte de autoconvencimento para lembrar as promessas do meu irmão, mas viver com o que fizemos, fez o mundo em torno de mim muito mais claro. Bastou um olhar ou uma conversa nervosa sem importância com as crianças na escola ou em qualquer outro lugar para saber que eles viviam com a escuridão também. — Eu olho para fora. — Seus olhos estavam um pouco mortos e percebi que eles não tinham um irmão como o meu, alguém para lhes dar esperança... uma Estrela do Norte para acreditar, para... buscar orientação quando se sentissem perdidos. — Então você deu uma a eles. — Compreensão, talvez um pouco de compreensão, traz rugas em sua testa. — Você era forte para estranhos. Você os ajudou a ver que há mais. Você era a esperança para as almas perdidas. Uma agitação inesperada cresce sob minhas costelas, e encontro o olhar de Captain novamente. — Eu tentei. — Meus lábios se contraem em um sorriso unilateral. — Eram apenas palavras, um sorriso ou alguém para sentar na hora do almoço e brincar no recreio. — E a ideia de mais, a possibilidade de esperança não perdida. Você deu a eles algo que eles poderiam alcançar no

escuro se tudo o que tivessem fossem eles mesmos e o céu acima deles. Isso é muito, Brielle. — Não era realmente, — eu digo baixinho. — Mas era tudo o que eu tinha a oferecer. Captain acena com a cabeça, sua expressão tensa, um sentimento mais rico passando por ele, um que eu não tenho ideia de como ler, é tão profundo. — Eu sei que você poderia ser feliz aqui. E você? — Isso é tudo que eu queria. A preocupação junta suas sobrancelhas e ele se aproxima. — Queria? Eu abro minha boca, mas a fecho. Por que eu disse queria? Eu não quero isso? Eu quero mais? O rosto de Captain fica sério. — Eu posso ver o que está acontecendo, Brielle. Todos nós podemos. A tensão cresce no meu estômago, procurando um lugar na superfície como as flores no jardim diante de nós. — O quanto disso? Seus olhos cortaram o lugar onde Maddoc e Royce estão esperando em uma longa fila em uma lanchonete.

— Ele não é fácil de lidar. — O tom de Captain é firme, mas a preocupação pesa em suas palavras. — Ele é a pessoa mais forte que conheço. A mais corajosa, mais ousada, mas ele... não é fácil de lidar. Ele fode tudo quando sente. Eu me mexo no assento, meus olhos deslizando para Raven, que está sentada a apenas um espaço de distância, focada em nós. Eu olho de volta para Captain. — Por que você está me contando isso? — Porque haverá um momento em que você precisará se lembrar disso. Não é isso que tenho feito? Não que ele esteja ciente. Ou talvez ele esteja. Sem segredos entre eles, certo? — Você parece tão certo, Captain. — Isso é porque eu estou. — Sua resposta é instantânea. — Preciso que você entenda que o que parece o fim é sempre o começo. É onde ele tem que ser empurrado para trás, ou ele vai se perder. Ele me encara. Maybell disse a mesma coisa, mas ao ouvir de Captain, as palavras de alguma forma atingiram com mais força.

Quando eu finalmente forço um aceno de cabeça, ele acena de volta e vai embora. Minha cabeça cai no encosto de ferro do banco e eu olho para o céu, rastreando a pequena linha de nuvens e me concentro nas sombras ao redor delas, mas mesmo respirar as cores não está funcionando agora, como sempre. Raven deve sentir porque ela foge para o espaço ao meu lado. — Você sabe que Captain está certo. Royce é difícil. Muito difícil. O resto fica enterrado. — Ela se move em minha direção. — Quando cheguei aqui, estraguei o mundo deles, virei-o de cabeça para baixo, tudo sem ter ideia do que estava fazendo. Eu sorrio para seu estômago e suas mãos descem para cobrir onde meus olhos tocaram. — Tenho a sensação de que eles descreveriam sua chegada de maneira muito diferente. — Isso é porque eles não são normais. — Ela ri, mas rapidamente muda o foco. — Não vou entrar em detalhes, ele pode te contar tudo sobre isso outra hora, mas basicamente tudo virou uma merda e rápido. Victoria não estava conosco ainda. Eu e Cap ficamos presos em um hotel tentando encontrar uma maneira de sair da bagunça em que estávamos, mas não havia uma resposta que pudéssemos dar, então a coisa continuou e continuou. Maddoc... ele foi embora. — Seus olhos encontraram os meus. — Não pense menos dele, a situação estava fodida e você não tem ideia do que ele teve que

se sentar e tentar aceitar. Ele não queria ir embora... ele tinha que ir. Quase não ouço o que ela está dizendo, estou muito focada no que está por trás de suas palavras. Raven e Captain, eles foram detidos. Victoria não estava na foto, e Maddoc, ele tinha ido... Royce estava sozinho ou era assim que se sentia. — Exatamente. Nossos olhos se encontram, e uma solenidade cobre os dela. — Foi quando meu irmão estava te ajudando? Ela concorda. Jesus. Ele realmente se sentiu... deixado para trás, cada pedacinho do garoto perdido. — Esses meninos são muito parecidos, mas Royce... — Ela para. — Você o ama. Ela concorda. — Eu amo todos os três, mas eu os amo de forma diferente. Meu relacionamento com cada um está muito longe do outro, mas no final eu morreria por eles da mesma forma. E então eles me odiariam por isso.

Há aquela frase de novo, mas acredito vindo dela. Ela olha para onde Maddoc e Royce estão esperando seu pedido. — Royce, não estou brincando com você, é delicado, mas ele nunca deixa ninguém chegar perto o suficiente para saber disso. Está mascarado por sua raiva e brincadeiras. Ele quer amar, mas não é capaz de amar levianamente. Não está em sua natureza. Ele é explosivo e sabe disso, mas você também sabe disso. Respiro fundo e ela se vira para mim. — Ele vai amar mais ferozmente do que qualquer um poderia, mais profundo do que a maioria pensaria ser possível, mas as chances são de que ele vai te quebrar no processo. Você pode lidar com isso? Eu engulo, balançando minha cabeça. — Estou longe de ser o suficiente para ele, e não digo isso por auto piedade. Digo isso porque entendo a realidade ao meu redor. Não tenho medo de dizer que o quero, mas sei que não sou uma garota que ele amaria. Não é o tipo de amor que ele procura. O amor consumidor que ele raivosamente compartilhou que ele deseja. A rainha que se encaixa em seu conto de fadas negro. Raven baixa os olhos para a grama, um leve sorriso em seus lábios enquanto ela desliza para a beira do banco com um estremecimento. Ela se levanta, seus lindos olhos claros encontrando os meus. — É exatamente por isso que ele vai.

Com as mãos em concha na parte inferior da barriga, ela se afasta. A cada passo que ela avança, minha respiração acelera, a possibilidade do que ela está dizendo floresce em meu peito, mas é uma picada ácida, não um arrepio de borboletas. Amar Royce Brayshaw seria tão fácil, e ouso dizer que estou quase lá, mas ser amada por Royce Brayshaw... essa é uma história totalmente diferente. Não demora muito, estamos arrumando as coisas e indo para o estacionamento. Captain e Victoria dão um passo à frente, ajudando Zoey a entrar, e Royce escolhe aquele momento para jogar o braço em volta do meu ombro. Eu olho para cima, encontrando seus olhos já em mim, e ele para nós dois no lugar. Meus lábios formigam com a memória, e sua língua aparece para molhar os seus. — Lembra de quando eu disse que você estava com problemas? — Ele ruge. Eu concordo. — Bom, por que essa camisa? Escondendo minha marca em sua pele? — Ele levanta uma sobrancelha, levando seus lábios ao meu ouvido. — Vou rasgá-la em pedaços... enquanto ainda está em seu corpo.

Meu núcleo aquece, meus lábios se separam. — E vou usar meus dentes para fazer isso. — Ele se aproxima. — Apenas espere. Eu estou... — Oh foda-se... pessoal? — A voz de Raven corta o ar. Royce se desmancha. Captain sai do banco da frente enquanto Victoria dá a volta na lateral. Maddoc empurra o cabelo dela, segurando seu queixo e trazendo seus olhos para os dele. — Não estamos fazendo a reserva, — ela sibila. Sua outra mão chega ao rosto dela, mantendo-a imóvel. — O que é, baby? Seu rosto se contrai e ela concorda. — Isso é exatamente o que é. Maddoc franze a testa e, de repente, seus olhos caem no chão. Uma pequena poça de líquido se acumula ao redor de seus sapatos. Os meninos congelam, cada um deles. Presos como pedra. Sem piscar. Imóveis. Respirando em dúvida. Eu olho para Victoria.

Ela franze a testa de um para o outro, e um suspiro a deixa. Ela olha na minha direção. — Você dirige? — Sim. — Bom. — Ela fecha a porta de Zoey. — Porque essa merda vai ficar interessante em três, dois... De repente, os meninos saíram do estado de choque, cada um gritando exatamente a mesma coisa no mesmo exato momento. — Puta merda! A porra do bebê! E então Maddoc desmaia.

B EBÊ . O bebê está chegando. Puta merda. — Royce! Minha cabeça vira para a esquerda para encontrar Victoria jogando as mãos para cima em mim, Raven olhando para Maddoc no chão, e Cap congelado com a mão na maçaneta da porta. — Captain não está se movendo, — ela diz. Juro que ela está falando em câmera lenta. E quando ficou nebuloso? — Eu preciso que você pegue Maddoc... Ela corta quando de repente Brielle está despejando uma garrafa de água na cabeça dele. Ele voa como um demônio possuído, olhos selvagens e enlouquecidos, mãos em punhos. Ele se eleva sobre ela.

— Bem, funcionou. — Victoria sorri. Brielle luta contra uma risada e aponta para trás dele. Ele se vira e Raven levanta uma sobrancelha, estendendo a mão para ele. Ele corre para ela, os nós dos dedos encontrando seu queixo. — Snow? — Você está pronto para isso, Big Man? — Ela grasna, e foda-me, o sorriso do meu irmão. Nunca vi nada assim. Eu olho para Brielle, que também viu, e seus olhos caem no chão antes de me encontrar. Ela pisca, e como se o puxão de seus lábios estivesse conectado a um cordão amarrado em volta dos meus órgãos, tudo dentro de mim fica mais apertado, os cantos de sua boca levantando muito alto. Para a minha família. Compartilhando nosso momento. Eu saio do meu transe com Tink quando a respiração pesada e ofegante de Raven enche o ar. Raven dá uma pequena risada, suas mãos caindo sobre o estômago, os cantos dos olhos um pouco tensos. Ela sabe que cada um de nós está pronto para bombardeá-la com perguntas e nos leva a melhor. — Estou bem. Está bem. Respire.

Acho que o último foi para Maddoc, mas minha bunda precisava do lembrete. — Nós precisamos ir. — Victoria se aproxima, desliza a mão no meu bolso e puxa minhas chaves. Ela as joga para Brielle. — Raven está com você. Eu não quero assustar Zoey. — Por que Zoey ficaria assustada? — Maddoc dá um passo em direção à Victoria, mas rapidamente volta para Raven, então eu a pressiono em vez disso. — Por que ela estaria com medo, o que você quer dizer? Victoria olha boquiaberta para nós dois. — Gente, ela pode sentir dor. Ela pode até gritar. Prepare-se para isso. O rosto do meu irmão empalidece e ele balança a cabeça. — Não. Brielle e Victoria riem. — Sim. Agora a coloque no carro, precisamos ir para o hospital. — Não consigo sentir minhas pernas. — Eu não consigo sentir a porra do meu corpo, — Maddoc raspa. — Ok, bem, posso sentir um monte de merda esquisita acontecendo no meu, então talvez possamos fazer isso no caminho? — Raven solta rápido, um zumbido baixo seguindo. — Baby. — Maddoc estende a mão para tocá-la, mas suas mãos sobem.

— O carro. — Ela concorda. — Agora. Ele agarra a mão de sua garota e eu deslizo atrás deles para supervisionar. Antes que ela pudesse entrar, ela se curvou com um gemido de luta. Os olhos de Maddoc encontraram os meus. Eles estão tensos de preocupação, medo e todas as outras merdas que meu irmão nunca mostra. Eu agarro seu ombro e então Cap está ao nosso lado. Ficamos ali, cercando-a e, finalmente, ela se levantou novamente. Raven se vira, encontrando cada um de nossos olhos e, foda-me, as lágrimas enchem os dela. Ela começa a rir, balançando a cabeça. — Não faça essa merda comigo, meus hormônios estão fodidos. — Ela sorri. — Apenas... entrem, certo? Maddoc desliza primeiro, estendendo a mão para ela. Ela coloca a mão na dele e Cap estende os braços, ajudando-a a subir e entrar no carro. Ele sobe ao lado dela, e só me lembro de me mover quando uma mão suave e gentil desliza na minha. Eu olho da conexão calorosa e calmante para a garota responsável por isso, e quando ela puxa, eu a sigo. Ela deve ter

aberto a porta, porque a próxima coisa que eu sei é que estou no banco da frente, olhando para Brielle atrás do volante do meu carro e gostando da aparência. Estamos na estrada em segundos. Minutos de viagem, a respiração de Raven fica mais profunda, pequenos suspiros e gemidos baixos seguindo. Sua cabeça continua caindo para trás no assento, apenas para ela se inclinar para frente no assento seguinte. É a viagem mais longa e estressante que me lembro de ter feito. — Seu pai já está aqui, — Brielle menciona enquanto entramos no estacionamento. — Victoria deve ter ligado para ele. Ela dirige bem na frente, parando onde nosso pai está parado com olhos arregalados e preocupados. Ele corre e abre a porta. Ele dá uma segunda olhada em Brielle ao vê-la atrás do volante, mas rapidamente se concentra no resto de nós. — Raven. Você está bem? Raven balança a cabeça e ele solta um suspiro áspero. — Zoey? — Ele olha para Captain. — Papa! — Zo chama imediatamente. Ele se vira para vê-la correndo, Victoria atrás dela. A partir daí, tudo acontece rapidamente.

Corremos para o elevador privado. Eu sorrio quando Maddoc começa a bater nas portas, tentando apressá-los e nos levar para a ala Brayshaw, e rio quando ele se depara com um carrinho de laboratório, batendo a coisa fora do caminho em sua pressa para levar Raven para o posto de enfermagem. As mulheres nos pedem para ficar do lado de fora enquanto eles a acomodam. Desta vez, é Raven que ri e depois olha para a senhora que enfia algumas agulhas em seu braço. Nós não saímos. Agora aqui estamos nós, andando por um grande quarto enquanto Raven está sentada amarrada a uma cama, olhando para a parede em frente a ela. Ela não está realmente amarrada, mas há fios e tubos de merda colocados em lugares que não consigo ver, então... amarrada. — Em circunstâncias diferentes, ela ser amarrada a uma cama pode ser meio divertido, hein, Madman? A cabeça de Maddoc vira na minha direção, e leva um segundo, mas seus ombros caem, uma risada leve o deixando. Ele segue ao redor da sala, e a rigidez em que caímos começa a diminuir. — Foda-se, cara. Posso precisar de uma enfermeira. — Maddoc sorri de mim para Captain. — Acho que tive um ataque cardíaco. — Eu acho que preciso de um pouco de oxigênio, parece que meus pulmões entraram em colapso.

Eles riem. Captain se aproxima de Raven, colocando a mão em sua barriga. Ela olha para ele com um sorriso. — Você está bem, Captain? Ele acena com a cabeça, olhando para o estômago dela. — Você não precisa ficar aqui dentro se for demais, — ela diz a ele o que ele já sabe, e provavelmente sabendo sua resposta antes mesmo de ela chegar. Ele balança a cabeça, sem tirar o foco nem uma vez da barriga dela. — Eu não consegui fazer parte de tudo isso com Zo, não perderei nada disso. — Sua boca se contorce e ele olha para Maddoc. — O bebê está se movendo. As mãos de Maddoc caem para o outro lado. Victoria agarra meu ombro e aperta e eu bato meu joelho no dela. Cap olha para Victoria e de volta para Raven. — Podemos deixar Zoey entrar por um minuto? Acho que ela está preocupada com algo errado, talvez deixá-la ver que você está bem? — Não pergunte, Captain. — Raven inclina a cabeça. — Ela quer entrar, você a traz. — Meu pai deve ter estado pairando na porta, esperando as palavras virem, porque segundos depois, Zoey enfia sua cabecinha para dentro.

Ela empurra os cachos loiros de seu rosto e caminha em direção a Maddoc, que está pairando sobre Raven, pairando legitimamente. — Venha aqui, Zo. — Ele a levanta, colocando-a bem ao lado de Raven na cama. Ela olha para Raven, colocando a mão na barriga e seus lindos olhinhos se apertam. — A sensação é diferente? — Raven pergunta a ela. Zoey acena com a cabeça, seguindo com a mesma pergunta que ela fez desde o primeiro dia que ela entendeu que havia um bebê dentro do estômago de Raven. — O bebê está dormindo, RaeRae? Os lábios de Raven apertam com força e ela encolhe os ombros. — Eu não sei, Zo. — Sua voz está tensa, lutando para esconder a dor de sua sobrinha e de nós. — Você acha que o bebê está dormindo? Zoey balança a cabeça. — Hum, Rora disse que o bebê está pronto para vir nos ver hoje. — Acho que Rora está certa. — O nariz de Raven começa a ficar vermelho e ela olha para Maddoc. Ele a encara, suas feições tensas enquanto ele encosta sua testa na dela, sua mão vindo para segurá-la firme. Puta merda.

Os outros finalmente saberão o que sei há semanas. O sexo do bebê. Eu mantive o segredo forte, mas hoje ele será revelado e eu mal posso esperar para ver o rosto do meu irmão quando seu filho nascer. Esta é a última vez que serão apenas os dois. Raven e Maddoc. Que sensação de merda deve ser. Uma parte legítima dele está vindo para mudar nosso mundo mais uma vez. A mão de Raven dispara para agarrar o pulso de Maddoc e, de repente, nós nos levantamos. — Ei, Zoey Bear, — eu chamo e me aproximo. — Quer ir dizer ao papai, que RaeRae e tio D estão bem? — Sim! — Ela grita e pula para baixo. Pego a mão dela e, juntos, todos nós entramos na sala de espera para dar aos futuros pais seus últimos minutos como dupla. Brielle está sentada ao lado de Maybell na sala de espera, meu pai bem em frente a elas. Eles ficam de pé. — Ela está bem? — Meu pai pergunta. — Maddoc? — Sim. — Eu aceno, sorrindo através de um suspiro. — É louco, mas eles estão bem.

Ele acena com os nervos e se vira para sua cadeira, entregando-me a caixa de presente que pegou do meu armário. — Você olhou dentro? — Não. Eu estreito meus olhos. Ele ri e se vira para Zoey. — Quer ir com o papai encontrar algo para beber? — E doces para o tio Bro? — Ela se ilumina. Ele ri, agarra a mão dela e eles vão embora. Maybell, Captain e Victoria os seguem pelo curto corredor até a pequena lanchonete. Brielle pega sua bolsa do assento e me entrega minhas chaves. — Obrigada por hoje. Eu me diverti. Sua família é incrível e Zoey, ela é muito fofa. — Espera. — Victoria surge do nada. — Você está indo? Os lábios de Brielle se erguem ligeiramente e ela assente. — Sim, eu acho que deveria. — Você deveria ficar. Eu poderia usar sua ajuda. Ela se aproxima, uma risada baixa saindo dela. — Quem sabe o que vai acontecer aqui quando Raven chegar mais longe e a dor inabalável entrar em ação. Vou

precisar de todas as mãos no convés. Zoey gosta de você. Royce confia em você. — Ela concorda. — Fique. Royce confia em você. Os olhos de Brielle encontram os meus, mas rapidamente voltam para Victoria. — Eu preciso estar aí contanto que Raven me deixe, mas Zoey poderia usar alguém para brincar aqui, desse jeito se Rolland quiser aparecer algumas vezes enquanto esperamos, ele pode? E Maybell, ela pode ter que correr e verificar as meninas em casa e voltar. Alguma coisa. Meu pai se aproxima então, estendendo a mão para Brielle. — Brielle Bishop, é muito bom conhecê-la depois de todos esses anos. — Você também, senhor. — Ela aperta a mão dele, mas rapidamente se vira para mim, insegura. Ela se aproxima. — Devo ir ou... — Ela pediu que você ajudasse. — Meus olhos se movem entre os dela, uma forte sensação de expectativa agitando em meu peito. — Você me diz, você quer ajudar? Brincar com minha sobrinha? Tornar o dia de hoje mais fácil para mim? Para mim? — Para nós. Seus lábios se contraem, um olhar conhecedor naqueles olhos metálicos. — Quero dizer, você pode precisar de alguém

para trazer um de vocês de volta à vida novamente na próxima vez que alguém desmaiar. — Ela brinca com um encolher de ombros. Victoria e eu rimos, mas meu pai levanta uma sobrancelha escura. — Devíamos voltar para dentro. — Captain agarra a mão de Victoria, a outra pousando no meu ombro. — Brielle, dê a ela tudo o que ela quiser para mantê-la feliz. Se ela tentar forçar um doce em você, você não precisa comê-lo. Victoria ri, mas ele mal sabe, minha garota adora alguns doces. Brielle sorri, seus olhos pousando nos meus, as bochechas crescendo em um tom perfeito de rosa inesperado quando eu chego tão perto que seu peito repousa na minha camisa. Eu empurro seu cabelo sobre o ombro e ela inala. — Você estará aqui quando eu sair. — Isso não soou como uma pergunta, — ela disse calmamente. — Sim. Eu sei. — Eu rastreio suas feições, encontrando seus olhos. — Esteja aqui quando eu sair. Sua risada é baixa e leve, Victoria faz o mesmo nas minhas costas, e então sou conduzido para longe.

N ÓS

NOS JUNTAMOS

aos outros no quarto do hospital,

esperando o mais novo Brayshaw conhecer o mundo. É quase uma da manhã quando os médicos entregam notícias de pesadelo. Os batimentos cardíacos do bebê estão caindo, e Raven precisa de uma cesariana de emergência, que Maddoc não pode entrar porque não havia tempo para se preparar. Dizer que fiquei surpreso quando ele não gritou e berrou e conseguiu o que queria é um eufemismo, mas ele a deixou ir como um homem, forçado a confiar que os médicos farão o certo por todo o seu maldito mundo. A enfermeira percebeu que planejávamos ficar do lado de fora das portas pelas quais ela foi empurrada o tempo todo, então não demorou muito para que três cadeiras fossem movidas na frente dela. Então aqui estamos nós sentados, juntos, gritando silenciosamente enquanto o medo começa a puxar nossos corações e mentes.

Os joelhos de Maddoc balançam, mas o resto dele está imóvel, o queixo colado ao peito, os olhos congelados abertos e sem piscar. Captain não se moveu, nem suas mãos ou pés, nem sua carranca, que está trancada nas portas duplas a menos de um metro de nós. E eu? Estou pirando, mas já puxei toda a paciência que tenho, que não é muita, e tenho segurado a vontade de brincar com isso ou fugir, de socar merda ou arranjar uma briga, de dar uma dúzia de tiros para entorpecer minhas emoções, como eu faço quando elas atingem um pico alto demais para eu aguentar. Simplesmente me sento aqui ao lado de meus irmãos e espero que nossa família cresça. Vinte e cinco

minutos torturantes se passam e,

finalmente, a enfermeira põe a cabeça para fora. — Sr. Brayshaw. Maddoc se lança e estamos bem ali com ele. Ela sorri brilhantemente. — Tudo correu perfeitamente, — diz ela, e nossas mãos se lançam para firmar nosso irmão quando seus joelhos cedem.

— Sim? — Ele pergunta, ficando sozinho agora e dando passos lentos e subconscientes em direção às suas peças perdidas. Ela concorda. — Estamos costurando-a agora. — Costurando? — Ele raspa. A enfermeira o fixa com um olhar gentil. — Ela não sentiu nada, querido, eu prometo. Ela está começando a acordar agora, mas o bebê está pronto para você, se você estiver pronto. As mãos de Maddoc disparam, agarrando as mangas de nossos moletons. — Sim? — Sim. — Ela ri com um sorriso. — E quanto à Raven? Ela já segurou o bebê? — Ele pergunta. — Ainda não, mas como eu disse, ela está acordando agora. Você gostaria de entrar, ver seu filho juntos pela primeira vez? Uma respiração entrecortada o deixa e quando eu olho, sua mandíbula está apertada, os olhos embaçados. Ele dá um aceno brusco e nos solta. Ele olha de mim para o Cap. — Vá, irmão, — Cap sussurra. — Estaremos bem aqui esperando. Maddoc desaparece atrás das portas duplas, e nem quinze minutos depois, elas se abrem novamente.

Uma cama é empurrada, Raven está sentada dentro dela, um pequeno cobertor semelhante a um casulo suavemente dobrado em seus braços, um travesseiro por baixo, Maddoc ao seu lado. Algo se apodera de mim, se instala em mim. Nunca na minha vida vi aquela cara do meu irmão e nem consigo explicar. É como se pela primeira vez, ele está inteiro. Completo. Que sensação deve ser essa. Victoria corre pelo corredor então, suas mãos voando até a boca, e Raven solta uma risada sufocada. Os olhos de Raven encontram os meus e eu me aproximo. Mais perto dela, meu irmão e seu bebê. Os pequenos passos de Zoey soam atrás de mim e eu não posso deixar de girar em direção a ela, todos os outros fazendo o mesmo. Ninguém quer perder o momento em que ela conhece seu primo pela primeira vez. Nós olhamos e ela desacelera o passo, subindo com as mãos sobre a boca, seus chinelos de orelha de cachorro balançando ao redor, meu pai e Victoria atrás dela, Maybell atrás deles.

Pego o pequeno presente da caixa, ajoelhando-me na frente de Zoey. Ela relutantemente tira os olhos dos braços de Raven e encontra os meus. Eu coloco um lobo de pelúcia rosa nas mãos de Zoey com uma piscadela. Ela sorri, acena com a cabeça e olha para o pai. Captain se curva, levanta-a e a segura ao lado de Raven. Zoey olha para Raven. — O bebê não está dormindo, RaeRae. — Não, ZoZo. — Raven engole. — O bebê está bem acordado. Os olhos de Raven encontram os meus. — Então, diganos, tio Bro. A ultrassonografia estava certa? Eu me aproximo, olhando para o bebezinho perfeito em seus braços, e sufoco a emoção que ameaça escapar. Eu puxo um segundo lobo de pelúcia da caixa e o coloco contra seu braço. Ela inala uma respiração entrecortada e eu me inclino, beijando sua têmpora. Eu respiro através de um sorriso.

— Sim, estava certo, — eu sussurro, segurando seus olhos. — Você fez bem, RaeRae. Ele é perfeito. Zoey se inclina, oficialmente fazendo cada um de nós perder a calma quando ela sussurra para seu primo bebê pela primeira vez: — Eu te amo, melhor amigo. Muito, muito mesmo.

N INGUÉM

QUERIA

deixar o hospital e nós praticamente

recusamos até que Maybell ameaçou seu vodu em nós. No final, concordamos em ir para casa pelo resto da noite e avisar que estaríamos de volta assim que nossos olhos se abrissem. Ela tinha razão, eles precisavam de seu tempo, Cap precisava colocar sua filhinha em uma cama de verdade e não na pequena cama que trouxeram para ela, mesmo que ela estivesse animada para se deitar nela. Ele e suas garotas saíram um pouco antes de mim. Eles irão para casa, colocar a filha na cama e, em seguida, subir juntos em uma. Maddoc ficará com sua esposa e filho recém-nascido, como deveria. E eu? — Royce? Não percebi que diminuí a velocidade do carro até que Brielle gritou meu nome do banco do passageiro.

Um carro buzina atrás de nós e isso me irrita. Eu pisei no acelerador, apenas para pisar no freio com mais força, e a buzina tocou novamente. Brielle salta para frente com um pequeno grito, franzindo a testa enquanto meu sorriso lento se espalha. — Royce? Eu alcanço a parte de trás, pego um bastão e abro a porta. Brielle salta sobre o console central, agarrando-me pelo braço. — O que você está fazendo? — Ele está sendo um idiota. — Porque você pisou fundo no freio, e como sabe que é ele? — Não sei, mas estou prestes a descobrir. — Isso é o que você quer fazer agora, lutar? Machucar pessoas? — Ela dispara. — Você só passou um dia incrível com sua família, esperou toda a noite como uma criança com um bilhete dourado Wonka 40 , morrendo com entusiasmo para conhecer o seu sobrinho, e é assim que você deseja terminar a noite? — E você se importa por quê? Você está indo para um quarto vazio, como sempre. Eu vou para casa e o que... me sentar lá?

40 Referência ao bilhete dourado do filme A Fantástica Fábrica de Chocolate.

— São três da manhã, Royce, — ela sussurra. — Vá para casa, suba na cama e adormeça. Eu zombo com uma risada, balançando minha cabeça, mas nada é engraçado do caralho. Nada é engraçado. Estou sozinho. Estritamente solo. O Brayshaw restante. Eu a deixo e começa oficialmente, só eu. As noites silenciosas que gritam alto em minha mente. O medo se espalha em minhas veias, aquecendo e pesando meu corpo. — Eu quero me foder. — Novidade, Playboy, você está. Minha cabeça vira em sua direção, olhos zangados... até eu ver os dela. Os dela estão sorrindo. Perceptivos. — É verdade, você comprou um lobo rosa e azul para que ninguém soubesse com certeza o que o bebê era quando espiasse. E adivinha. Todos eles espiaram. Eles me disseram, — ela brinca. — Tão fodido. Minha carranca começa a desaparecer e, antes que eu possa impedir, uma risada baixa me deixa.

Eu fecho minha porta e jogo minha cabeça contra o encosto de cabeça. — Você acabou de dizer fodido. Brielle sorri e eu a deixo levar o bastão. — Dirija, playboy, antes que eles saiam e batam na sua janela e eu tenha que encontrar outra maneira de puxar você para dentro. — Talvez eu deva ficar onde estou então. Ela ri e eu coloco o carro em movimento, indo para a casa de grupo.

N ÓS

ROLAMOS ATÉ PARAR

e Royce suspira, olhando para

mim. Eu não digo nada, mas espero que ele diga, e não demora muito. — Você me engana, — ele compartilha. Um pequeno sorriso se contrai em meus lábios. — Sim?

— Sim. — Sua voz está pesada, rouca. — Você me faz rir quando eu quero destruir a merda. Você me faz sentir coisas que não tenho certeza se deveria. A articulação do dedo de Royce sobe, arrastando preguiçosamente ao longo do meu queixo. — Que tipo de coisas, pequena? Meu olhar voa até o dele, e o calor dele é demais. Meu estômago ganha vida com um milhão de agitações. Ele sorri, mas é fraco, algo muito mais profundo brincando em seus olhos. — Você tem cobertores em sua caminhonete? — Eu me pego sussurrando. Ele me encara, seu tom baixo. — Por quê? — Nós poderíamos colocá-los lá fora, observar as estrelas... Sua mão sobe para empurrar meu cabelo para trás. — Você quer passar a noite comigo, Tink? Acho que quero passar todas as minhas noites com você. Eu

não

digo

isso.

Em

vez

disso,

eu

respondo

simplesmente. — Sim. Ele respira fundo e então estamos avançando novamente. — Tenho uma ideia melhor.

É tudo o que ele diz, e não me interessa perguntar qual é a ideia. Estou totalmente dentro de qualquer maneira. Em mais de uma maneira. Royce continua em frente, contornando a parte de trás da propriedade, um lugar que ainda não vi. Escondido atrás da mansão está uma cama elástica gigante com uma grande rede enrolada em torno dela. É no centro de um campo aberto à esquerda do jardim de flores transbordante e da casa da piscina. — Apresentamos isso para Zoey há cerca de uma semana, mas eu não acho que ela se importaria de nos emprestar esta noite. — Ele sorri, seus olhos mudando para os meus. — Você está bem com isso? Eu aceno, porque não tenho certeza de como minha voz soaria. Ele me trouxe para sua casa, onde ninguém é permitido. Ok, claro, eu voltei aqui sozinha duas vezes e esta não é bem a casa, mas eu conheço esse menino, e esta é tanto a casa dele quanto qualquer coisa dentro daquela mansão. Não que entrar na casa dele não fosse parecer, não sei, mais? Porque seria, mas isso. Isso é mais do que eu esperava. — Há um zíper onde fica a escadinha, suba e eu já volto.

Eu aceno e vou direto para a cama elástica. No momento em que entro, as luzes se acendem. Correndo ao longo das barras na parte inferior e aparando ao longo da ponta da rede, luzes brancas suaves brilham, iluminando a área. E então mudam para rosa, e depois para azul, verde e roxo. Eu sorrio, girando enquanto espero a próxima cor aparecer. Royce está de volta tão rápido quanto ele desaparece, grandes cobertores fofos em suas mãos. Ele os empurra e eu pego um, colocando-o no fundo. Percebo que há mais dois, um para ele, um para mim, talvez, mas deixo esses de lado e caio de costas. Royce sobe, um saco de doces e duas garrafas de água na mão. — Estamos sem Yoo-hoos. — A farsa, — eu suspiro de brincadeira. Nós nos deitamos, e depois de alguns minutos, nós dois soltamos um longo suspiro. — É calmante, não é? O céu. — É escuro. Eu sorrio. — Existem tantas cores.

— É um poço de escuridão, como a minha alma, — brinca. Eu ri. — Se for esse o caso, vamos olhar mais de perto, descobrir o que você não pode ver. — Eu empurro minha cabeça em direção a dele, minhas mãos levantando acima de nós para apontar os vários tons. — Neste ponto mais escuro, você não pode ver muitas estrelas, mas você pode ver o azulescuro profundo... — Escuridão. Eu sorrio. — O azul que ocupa este espaço. — Raiva. Eu sorrio para a noite. — Ok, tudo bem, mas aqui. — Eu corro minha mão para a esquerda. — Essa escuridão, ou raiva, se mistura com o azul Royal que chamaremos de lealdade. Em seguida, um tom violeta profundo, devoção. — Eu faço um aceno com meus dedos. — E então você chega aqui, um pouco antes das bordas das estrelas que permitem a parte mais inocente, uma suavidade. Um azul bebê quase gentil. Ternura, talvez? A mão de Royce sobe para envolver a minha e nossos olhos se encontram. Ele segura meu olhar. — Não se esqueça da prata. Eu engulo. — Prata?

Ele acena lentamente. — Está aí também. Em tudo, em todos os lugares. Em todos os lugares. Jesus. — Milhares e milhares de especificações de prata, muitas para serem esquecidas. — Seus olhos caem em meus lábios. — Muitas para deixar de fora ou deixar ir. As estrelas. As sombras de sua alma. Prata. — Vê? — Eu respiro. — Há muito mais do que escuridão. Um leve sorriso cai sobre ele e ele encara o céu novamente. Meros minutos se passam e ele já está adormecendo... com a mão na minha. É em momentos como este, quando as luzes se apagam ou quando ele pensa que ninguém pode ver, que seu coração se abre. No final do dia, ele é apenas um menino solitário que não entende como pode ter tanto, irmãos e mais que o amam, que estão lá para ele quando e se alguma vez ele precisar, não importa o que aconteça, ainda assim, à noite, depois de escurecer, ele sofre.

Como um menino solitário. Como um menino perdido. Eu poderia tirar essa dor, se ele permitisse. Afinal, solidão reconhece solidão.

N ÃO

TENHO

certeza de quanto tempo passou quando

acordo com frio, mas antes que eu possa me inclinar e pegar um cobertor, um cai sobre mim e, em seguida, um corpo grande, forte e quente pressiona o meu. O braço de Royce envolve em torno de mim, segurandome lá, então eu me afasto mais, acomodando-me mais contra ele e quando o faço, sinto sua necessidade pressionando contra a minha bunda. Ele é duro e grande e, enquanto meu corpo treme, não sinto mais frio. Estou com calor. Puxando uma respiração profunda, eu pressiono mais nele, e seu rosto se enterra no meu pescoço em um instante. — Você não quer fazer isso, pequena.

— Sim, eu realmente quero. Ele ri, mas eu faço de novo, e aquela risada se torna um gemido baixo. Sua mão se achata na minha barriga. — Não sou tão forte quanto você parece pensar que sou. — Você é mais forte do que imagina, mas não precisa ser agora. — Foda-se, — ele rosna. — Cuidado. — Estou cansada de ser cuidadosa. Eu quero ser... — Má. — Ele beija meu queixo. — Atrevida. — Outro beijo. — Safada? — Livre. Valorizada. — Minha respiração está acelerando agora. — Quero saber o que é ser desejada. — Não, espere, isso não está certo... — Eu quero que você me mostre como é isso. — Se eu tocar em você, posso ficar viciado. Por favor, fique viciado. Seu ombro fica tenso e, em seguida, treme em uma risada silenciosa. Eu rolo minha bunda nele novamente e um assobio agudo aquece meu ouvido. Serve como um raio, enviando uma onda de choque pela minha espinha.

A mão de Royce se abaixa. Completamente plana contra meu estômago, ele desliza sobre o V do meu jeans enquanto morde minha orelha. Um gemido baixo escapa, mas eu o enterro no cobertor. — Ouça-me, Tink. — Ele beija diretamente sobre a minha pulsação pesada lá. — Eu preciso saber cada porra de coisa que você gosta e não gosta. O que é bom e o que é melhor. Você pensa algo em sua cabeça, deixe sair. — Eu sinto seu sorriso contra minha pele. — Não que você seja muito boa em esconder seus pensamentos. Eu sorrio. — Entendi. Royce? — Hm? — Toque-me, — exijo instantaneamente. — E não por cima do meu jeans. O botão da minha calça é aberto sem hesitação, mas as pontas dos dedos param na borda da minha calcinha. Seu peito forte infla nas minhas costas e então ele desliza para dentro. O calor de sua mão sozinha, a aspereza de sua pele, faz meus músculos se contraírem. — Diga-me a verdade, — ele sussurra na noite. — Você realmente nunca foi tocada? — Minhas mãos contam?

Ele geme. — Nem um pouco, — ele murmura enquanto dois dedos deslizam para baixo, deslizando entre a minha fenda e deslizando ao longo do meu clitóris. Eu empurro, e sua exalação inebriante segue. — Você se tocou desde que chegou aqui? — Talvez. — Isso é um sim. — Ele raspou os dentes na minha orelha. — E você pensou em mim, não é? Quando você se masturbou? Meu “sim” é um gemido baixo e ele responde com uma mordida. — E antes de mim? — Seus lábios roçando a borda do meu ombro exposto. — Em quem você pensaria? Eu fecho meus olhos, esperando por mais. — Apenas a sensação. Ele flexiona contra mim, aumentando seu aperto. — Porra, boa resposta, pequena, agora coloque sua perna esquerda sobre a minha. Eu faço o que ele diz, e a ideia dessa posição faz meus dedos se curvarem. — Eu pensei em você também, — ele admite. — Quando meu pau estava em minhas mãos, inchado e dolorido. — Ele pressiona contra mim. — Eu toquei sua voz viciante na minha

cabeça, imaginei seu corpinho nu deitado sob o meu, sua boceta... — Ele desliza a ponta do dedo dentro, e seus músculos ficam tensos. — Foda-se, — ele murmura. — Me sugando. — Eu aperto em torno dele, e ele sussurra: — Desse jeito. Eu agarro seu antebraço quando ele puxa, minhas costas arqueando, e ele termina a preparação. Dois de seus dedos longos e fortes pressionam dentro de mim. A pressão e o cheiro dele, o calor de sua respiração na minha pele, é o suficiente para me fazer gozar, mas eu quero mais. Muito mais. Então eu digo a ele, e sua resposta é épica. Seus dentes mordem o tecido da minha camisa, seus dedos livres enrolando dentro dela na base do meu pescoço, e como ele prometeu antes, ele arranca a coisa do meu corpo. O ar frio da noite pica minha pele, meus seios ameaçando saltar do meu sutiã, e meu corpo não tem ideia do que fazer. Está disparando em todos os nervos – quente e frio, selvagem e desejado. Estou consumida por ele e cada movimento seu.

Os dedos de Royce param, mas não se retraem enquanto sua boca cai para o oco do meu pescoço. Ele abre um caminho pelo meu esterno, dominando meu corpo apenas com os lábios. Sua boca volta para cima, mordendo a marca que ele me deu antes, e ele rosna, moendo em mim enquanto seus dedos começam a deslizar para dentro e para fora com uma velocidade impressionante. Seu polegar estende para rolar em torno do meu clitóris, e o fogo no meu núcleo aumenta, levando-me centímetro a centímetro infundido por Royce. Minhas pernas ficam retas, rígidas como uma tábua, e gemo no ar. Royce se afasta então, e meu corpo chora em protesto. Eu olho por cima do ombro, mas encontro seus lábios ansiosos, duros e pressionando. Eu puxo meu corpo livre, rolo e subo nele. Eu o monto com minhas roupas, mas ele ainda encontra uma maneira de enfiar a mão de volta no meu jeans. Ele esfrega meu clitóris com pressão perfeitamente aplicada, vibrando seus dedos contra mim, e eu congelo acima dele, mordendo seu lábio e choramingando em sua boca. Quando meu corpo começa a tremer, sua mão livre vem ao redor, pressionando-me contra seu pau e sentindo o quão duro ele está por mim, isso basta. Eu gozo e não é curto e rápido.

Está explodindo e roubando o fôlego e, oh meu Deus, Royce está embaixo de mim. Com os olhos tão negros como uma floresta noturna escaldada, ele não ousa desviar o olhar. Eu poderia mordê-lo com mais força se ele tentasse. Eu agarro seu cabelo e sua mão sai da minha calça jeans, agarrando minha bunda, e eu começo a esfregar nele. Um mergulho pesado se forma entre sua sobrancelha e quando eu faço um círculo, aqueles lábios de sua parte, ele range de volta. Suas mãos sobem para o meu ombro e ele me puxa para baixo. Nós nos beijamos com uma harmonia tão selvagem que dói no fundo do meu peito. Não quero parar, mas sei que isso pode não ser suficiente para ele, e me recuso a terminar esta noite sem ganhar seu orgasmo, algo dele que desejo há semanas. Está além de querer que ele saiba que posso fazê-lo se sentir bem. Eu preciso que ele saiba que eu posso. Posso dar a ele tudo que ele precisa, mesmo que ele tenha que me mostrar como fazer isso primeiro, e algo me diz que ele estará mais do que disposto. Então eu levanto, deslizando minhas mãos em seu short de basquete, e ele não protesta.

Ele me deixa pegá-lo na palma da mão e, quando me afasto dele, ele me segue com olhos escuros como cetim preto. Eu assisti pornografia, vi filmes obscenos. Sei como fazer sexo oral, ou sei o suficiente para saber como começar. — Me diga o que você gosta. Ele bate a cabeça de volta no cobertor, apenas para levantá-la novamente com um rosnado. — Você coloca essa boca em mim, é minha. Meu coração martela no meu peito. Suas

palavras

são

atraentes

e

se

enterram

profundamente em meus ossos. Pode parecer patético, mas tudo que eu sempre quis é ser querida de verdade, e que Royce seja essa pessoa é mais do que eu poderia pedir. Ele é mais do que eu poderia pedir. Eu mergulho minha cabeça e sua mão dispara, envolvendo suavemente em volta do meu pescoço e levando meus olhos aos dele. Eles são firmes e encapuzados como um falcão. — Estou longe de jogar, porra. Última chance. Toque meu pau, você é minha. — Então pare de falar, Playboy. Deixe-me tornar isso oficial.

Sua mandíbula se contrai, aqueles olhos procurando os meus, e um breve aceno de cabeça segue. Sua mão no meu pescoço se espalha, enrolando-se ao lado do meu rosto, e enquanto ele não me guia para baixo, ele a deixa lá enquanto eu me abaixo. Meus lábios encontram a cabeça de seu pênis, e eu saboreio o cetim macio de sua pele contra a minha boca, deslizando para frente e para trás sobre a ponta, e respirações difíceis fazem suas narinas dilatarem. Eu corro minha língua ao longo da parte inferior, torcendo e testando sua reação. Seus ombros puxam para frente, seu núcleo se curvando, então eu considero isso um bom sinal. Molho os lábios e coloco a cabeça na boca, mas não paro por aí. Eu deslizo para baixo o mais longe que posso e chupo minhas bochechas, escorregando de volta para a ponta e mergulho novamente. Repito isso várias vezes, rolando e deslizando minha língua ao longo dele enquanto continuo e sua cabeça bate para trás. — Foda-me, essa boca. Eu sabia que era feita para mim, — ele gagueja. — Assim. Bem assim. Eu faço o que ele pede e, depois de um ou dois minutos, ele começa a bombear na minha boca. Lento no início, depois um pouco mais rápido. Seu corpo se enrola, suas mãos

agarrando meu rosto e bem quando ele está prestes a gozar, ele me arranca seu corpo, uma mão voando para seu pau para ajudá-lo no resto do caminho, permitindo que derrame por todo o meu estômago. Seus polegares espalharam, arrastando seu esperma e circulando em torno dos diamantes dos meus piercings microdermal em meus quadris. Seus olhos se erguem para os meus, e então ele está segurando minha nuca. Sua boca pousa com força na minha e ele geme nela. Chupando minha língua e se contorcendo enquanto ele curte seu pós-clímax. Nós nos beijamos até que sua respiração se acalme, e então ele tira a camisa, usando-a para limpar a bagunça. Ele a joga de lado, puxa-me para ele, sua junta arrastando-se sobre o chupão no meu pescoço. — Isso aqui, preciso que as pessoas vejam, Tink. — Seus lábios roçam os meus. — Deixe-os ver. Deixe que vejam sua marca na minha pele. Estou com muito medo de fazer uma pausa e pensar além desta noite, então eu coloco todo o meu foco neste momento. Ele me beija de novo, mais lento, mais suave, e meu peito aperta quando ele sussurra: — Para que conste, no que me diz respeito, você já era minha, e pequena... saiba que sou seu. Eu nem me lembro de ter caído no sono, mas devemos ter, porque a próxima coisa que eu sei é que estou acordando ao lado dele.

RAVEN

TEM

que ficar no hospital por mais um dia por

causa da cesariana de emergência. Quando o médico entrou e disse isso a ela, ele disse mais dois dias, mas a garota recusou e usou Maybell como desculpa, não que ela precisasse de uma – ela disse que tinha uma enfermeira e um grupo em casa e não precisava estar aqui tanto tempo. O doutor não podia discutir, então ele passou para a próxima informação, mencionando que Raven deveria se abster de ‘relações sexuais’ por seis semanas – algo que ambos sabiam,

mas

fingiam

que

nunca

aconteceria.

Maddoc

argumentou que ela não empurrou um bebê para fora e nós rimos muito às custas dele. Ele decidiu não debater o ponto com o médico e deu à Raven um olhar que dizia que isso não aconteceria, um olhar que ela deu a ele de volta. Ele é um sorrateiro de merda, porém, deu a ela um presente que ele disse que demorou muito nos vinte minutos

que ela levou para tomar banho – eu tive que assistir o homenzinho dormir em seu pequeno cubo de plástico enquanto ele escapava. Eu fui uma babá boa – ele nem mesmo acordou. Desconfio que Maddoc me dirá como seu ‘presente’ funcionou, mas eu acho que significa que eles estão esperando que seis semanas depois de tudo, vai lhes dar tanto tempo para curar. Agora, estamos todos de volta à sala, Zoey está sentada em uma cadeira que a enfermeira trouxe especificamente para ela, olhando para seu melhor amigo. Nós faltamos à escola e acabamos de receber nosso almoço quando os olhos de Raven deslizam para mim e param. Raven estremece enquanto empurra para cima na cama do hospital, coloca o bebê em seu ombro, segurando sua cabecinha perto da dela, e Maddoc se inclina para beijar seu cabelo. — Você não estava sozinho na noite passada. Eu não digo nada, mas guardo minha comida, lavo minhas mãos na pia e vou até ela. Com um pequeno sorriso, ela me entrega meu sobrinho. Ele é menor do que uma bola de futebol, perfeito em todos os sentidos. Sento-me no lugar oposto a Maddoc e o embalo em meus braços como Maybell me mostrou, certificando-me de que sua

cabeça esteja perfeitamente encaixada na dobra do meu cotovelo. Passo a mão em sua cabeça cheia de cabelos escuros, pretos como um corvo, assim como sua mãe. Ele começa a se mexer, um pequeno grito escapando de seus lábios e eu congelo. Os outros riem, mas Raven rapidamente me passa uma chupeta de círculo esquisita, nada parecida com as que eles trouxeram para casa quando foram comprar um caminhão de merda. Ela a leva até sua boca, mas eu assumo, e o rapaz se acomoda. Seus cílios escuros vibram e meu peito aquece. Seus olhos têm quase o mesmo tom de verde que os de Maddoc, talvez um pouco mais claros. Ele é a mistura perfeita dos dois. — Ei, irmãozinho, — eu sussurro. — Você bebeu leite ontem à noite e não deu uma boa olhada em mim. Eu sou seu tio favorito. Risos leves enchem a sala, mas eu os ignoro. Este é o meu tempo e do homenzinho. — Seu pai vai tentar te ensinar a beber, mas quando ele não estiver olhando, venha até mim. Ele tem a dose perfeita, mas tudo sobre se embebedar sou eu, cara. Ele faz um pequeno som e meu sorriso se alarga.

— Sim, você sabe do que estou falando, não é? — Pego sua mão, sentindo seus dedos minúsculos, e eles se fecham ao meu redor. — Eu e Zoey Bear, vamos mostrar a você todo tipo de coisa, não é, Zo? — Eu olho ao redor, sentindo seus olhos em nós dois e um largo sorriso assume seus lábios. Eu balanço minha cabeça e ela corre para nós, então eu a coloco em meus joelhos. — Ele é tão fofo. — Zoey sorri para ele, acenando com a mão, mas seus olhos já estão fechando. Ela se inclina e beija sua testa. — Eu te amo, meu melhor amigo. — Ela deita a cabeça no meu ombro e boceja, seu tempo de soneca oficialmente se aproximando. — Sua vez, tio Bro. Eu me inclino, beijando sua têmpora direita. — Eu te amo, Phoenix Brayshaw.

DE esta.

TODAS AS

manhãs para meu irmão ligar, ele escolheu

Era

pouco

depois

das

sete

e

meia,

quando

eu

normalmente estaria no meu ônibus para a escola, mas esta manhã, às sete e meia, eu não estava em um ônibus ou em uma cidade aonde fosse forçada. Eu não estava com uma família que realmente não me queria lá ou em uma escola onde as crianças não sabiam o que pensar sobre a menininha esquisita e triste que veio com uma careca e olhos inchados. Esta manhã, eu estava envolta em um casulo de braços tatuados, cercada por músculos longos e magros, e segura com um conforto que eu não tinha certeza se existia. Não tive notícias do meu irmão, o que foi quase assustador, mas saber que ele não estava aqui tornou tudo um pouco mais fácil. Acho que ele não respondeu, porque toda vez que o faz, ele é forçado a mentir, ou mais, esconder a verdade. Tenho esperado por sua ligação por tantos motivos... e ignorei. Eu já estava acordada, respirando o ar da manhã e deixando meus olhos vagarem pelas partes da propriedade que eu podia ver de onde estávamos. Meu telefone vibrou ao meu lado e eu ignorei. Eu quase iria tão longe a ponto de dizer que estava com raiva que sua ligação veio quando aconteceu, interrompendo minha manhã, mas eu tive que me levantar, voltar para casa para me arrumar de qualquer maneira. Achei que os Brays não estariam na escola hoje e eu estava certa. Eu até vi Mac e Chloe

saindo na hora do almoço e imaginei que eles iriam ver o mais novo membro da família Brayshaw. Quando o sinal da escola toca, estou pronta para isso e pego meu telefone para ligar de volta para o meu irmão. Surpresa, surpresa, ele responde ao primeiro toque. — Eu estava a cinco segundos de pular em um avião. Acho difícil rir quando normalmente o faria. — Talvez eu deva ignorar suas ligações com mais frequência, como você têm ignorando as minhas. Ele está quieto, um suspiro tecido em suas palavras. — Isso não é justo, B. Você sabe que eu estaria com você se pudesse. Eu aceno, fechando os olhos com força e digo a mim mesma que ele está sendo honesto quando está ficando mais difícil de acreditar. Eu não deveria perguntar o que se segue, mas não consigo me conter. — Esses Brays estão mantendo você ocupado, irmão mais velho? Ele limpa a garganta, um áspero e hesitante — Sim, B, eles estão — seguindo. Quando meus olhos ficam nublados, finjo que a mentira não caiu tão facilmente.

— Liguei para você há sete horas, — ele diz a seguir. — Você não respondeu. Por que não? — Desculpe, eu estava ocupada, e então, você sabe, escola. — Eu puxo uma pétala de uma das roseiras gigantes que enquadram a lateral da escola e a esfrego entre meus dedos. — Ocupada às sete da manhã? — Seu tom é cheio de suspeitas. O barulho adicionado na linha me permite saber que ele não está mais sozinho e nossos dois minutos de tempo entre irmãos estão prestes a acabar, então antes que ele possa me interromper, dizer que ele tem que ir fazer... seja lá o que diabos ele está fazendo onde quer que ele esteja, eu o acerto. — Eu tenho que ir, Bass. — Eu deixei a pétala vermelha cair no chão. — Talvez falemos em breve. — Brielle? Eu abaixo minha cabeça, meu peito doendo. Eu entendo a preocupação em seu tom, a tristeza. Eu sinto isso também, a desconexão. Nunca me permiti ficar chateada com meu irmão. Ele é meu melhor amigo. Minha única família. Meu único amigo. Ou ele era.

Tenho novos amigos agora, pelo menos um casal. E eu tenho Royce, mas meu irmão? Eu sinto que estou perdendo-o, e não estou bem com isso. Ele sempre foi tudo para mim. Eu não poderia viver comigo mesma se permitisse que uma barreira se formasse entre nós. Também não sei como consertar, mas o que sei é que faria qualquer coisa por ele, custe o que custar. Sempre, como ele fez por mim. É quem somos, os Bishop bastardos. — Brielle! Eu me viro para encontrar Micah no meio-fio, Valine no banco da frente e Jonah no banco de trás. Ele sorri, acenando com a cabeça para mim. — Vamos, garota! — Brielle? — Bass entra na linha. Eu quase esqueci que ainda estava nela. Há tanta comoção em torno dele agora que mal consigo ouvi-lo de qualquer maneira. — Eu tenho que ir, — eu repito. — Meus amigos estão esperando por mim. — Isso... isso é bom, B. Divirta-se, mas tenha cuidado. Alguma merda estranha está acontecendo, então me avise se sentir alguma coisa errada, ok? — Há uma pitada de incerteza em seu tom agora, e por algum motivo traz a umidade de volta aos meus olhos.

— Eu irei... Espera. — Toco meu ouvido esquerdo para ouvi-lo melhor. — Ciara disse. — Eu faço uma pausa. Merda, certo. Eu minto. — Ela disse que tem visto um carro estacionado ultimamente. Por acaso você enviou alguém para, você sabe, me observar? — Não, — ele diz rápido. — Eu não enviei. Eu disse que os Brayshaws podem enviar alguém em sua direção. Apenas fique longe. Siga o plano. Minha boca se abre, mas eu rapidamente fecho e aperto meus olhos bem fechados. — Sim, irmão. Vou seguir o plano. É preciso muito esforço para desligar a linha, mas eu o faço, e caminho até Micah. Ele empurra a porta antes mesmo que eu chegue, e sorri amplamente. — Estamos de folga esta noite, Mac deu permissão para Valine derrubar o The Wolves Den conosco. — Os armazéns? Ele concorda. — Sim. Meu telefone apita e eu olho para a tela para encontrar uma mensagem de texto do meu irmão. Bass: Eu te amo, B. Trarei você para casa em breve. Eu já estou aqui, irmão... onde diabos você está? Eu respiro fundo, desligo meu telefone e o coloco na minha mochila.

— Então, o que foi, garota? Você está dentro? Eu estou dentro? Para uma festa em um dia de semana? A escola acaba em nove dias para o verão, então dane-se. Eu pulo no carro. Quatro horas, dois shots e metade do terceiro depois, estou me sentindo bem, dançando e curtindo o forte cheiro de más decisões e preliminares adolescentes. Valine sorri, puxando seu copo até os lábios e sussurra: — Chegando. Micah e Jonah escorregam e começam a dançar ao nosso redor. Jonah mais perto de mim, Micah perto dela. Eu realmente nunca dancei na frente de ninguém antes, principalmente no meu quarto ou durante a limpeza, mas isso é viciante. Libertador. Eu deixei meu corpo liderar, talvez o álcool um pouco também, e é bom. Não estou esperando o tempo passar porque sou forçada a isso, não preciso me perguntar que bagunça me espera quando eu chegar em casa. Estou aqui, curtindo o agora, e tudo porque escolhi estar. Estar aqui esta noite. Para morar nesta cidade.

Para trabalhar para esta família. Para me apaixonar por um de seus membros? Bem, isso foi acidental. As mãos de Jonah alcançam para mim, mas Micah se interpõe entre nós antes que elas possam pousar, rindo enquanto ele empurra Jonah em direção à Valine. — Troca de parceiro? — Eu levanto uma sobrancelha. Ele pisca, aproxima-se e levanta os braços, eles me circulam, mas não seguram e eu mantenho o ritmo com ele, balançando e rangendo o ar enquanto ele faz. — Mais como garantir que seus braços não sejam arrancados das órbitas. Eu rio e dou um pequeno giro. Micah segue minha liderança, fingindo me mergulhar sem realmente me tocar, efetivamente jogando junto. — Você é muito bom nisso, — provoco. Ele sorri. — E se eu te dissesse que costumava praticar a valsa quando era mais jovem porque pensava que era assim que os bailes do ginásio seriam? Uma risada borbulha de dentro de mim. — Aposto que você ficou terrivelmente chateado quando chegou lá e percebeu que era dança de rua. Ele ri, mas suaviza. — Você nunca foi a nenhum dos bailes do colégio.

Eu encolho os ombros. — Eu não me enturmava muito bem — Olhe para você, garota, você está bem enturmada. — É a diferença de onde eu estava e de onde pertencia. — Eu balancei minha cabeça. Eu reviro os olhos divertidamente para não soar tão teatral. — Além disso, ninguém falava comigo, não que eu facilitasse ou desse algum esforço. — Eu falei com você, — Micah aponta. — Eu sempre falei com você. — Você estava em, pelo menos, duas das minhas aulas todos os anos, meu parceiro de redação em inglês para dois. Você meio que tinha que falar. Ele concorda, mas há algo mais em seus olhos, uma emoção que não consigo ler. Ele levanta um ombro. — Eu teria falado com você mesmo se não estivesse, — ele admite. — Em suas aulas, quero dizer. Eu poderia facilmente apontar como ele não fez isso, mas não vejo razão. É o que é e está acabado. Um sorriso encontra meus lábios. — Estou feliz por nós... — Aí está, pequena Bishop. — As palavras ditas em algum lugar à distância são um grunhido inebriante, um comentário direto do que está por vir. Micah dá três passos para trás quando nos viramos para olhar para o cara que acabou de entrar.

Vestido de preto da cabeça aos pés, Royce desliza mais para dentro com um movimento semelhante a câmera lenta. Sua calça jeans, cara e perfeitamente ajustada, está encostada em seus sapatos pretos e ele veste uma camisa social impecável, as mangas arregaçadas para descansar na curva de seu cotovelo, tatuagens brilhando na luz fraca. O branco de seus olhos é quase inexistente enquanto ele se aproxima com a aura de uma cobra. Sua abordagem é silenciosa. — Sorria para o filho da puta. — Seus lábios se curvam no que deveria ser um sorriso, mas está longe, longe disso. — Aproxime-se, deixe-o ver o que meu pau fez com essa sua boquinha imunda. Meu estômago esvazia e eu não consigo nem me forçar a olhar para Micah. A culpa deixa meu pescoço vermelho, e não tem nada a ver com estar aqui, mas tudo a ver com o nosso pequeno momento pessoal pós-escurecimento. — O que você está fazendo? — Eu? — Ele desliza para frente com uma risada desagradável, agora pairando sobre mim, prendendo-me – um animal selvagem e sua presa. O governante e o extraviado. A veia em sua mandíbula tinge de raiva. — O que você está jogando, Brielle?

Ele me encara através dos cílios escuros e ligados, mas quanto mais eu olho para eles, mais eu vejo. A raiva é para todos os outros, mas o medo é para mim. Ou mais, por minha causa... e invisível para todos menos para mim. Meus

olhos

passam

rapidamente

por

seu

corpo

novamente, suas roupas bonitas, cabelo recém-lavado. Ele estava pronto para comemorar, e não com qualquer um. Comigo. Então eu ignoro suas palavras sujas e olhar furioso e faço meu caminho até ele. Ele não luta comigo, mas é fácil ver que seus instintos o mandam, aqueles que ele luta por dentro, tenho certeza disso. Mas não por muito tempo. Eu envolvo meus braços em torno de sua cintura e ele me encara, seu corpo tremendo ligeiramente, a raiva crescendo para fora, mas ele não consegue esconder a longa expiração – eu sinto isso contra meu peito. Eu levanto meu queixo, então lentamente inclino minha cabeça, expondo meu pescoço como se o oferecesse como uma refeição para um vampiro faminto.

Seus olhos caem para a marca de raiva que ele escureceu na noite passada e seu peito bate contra o meu. — Eles veem, — eu sussurro, lembrando-o do que ele pediu para mim na noite passada. Para mostrar a eles, eles sendo todos. Lentamente, seus músculos afrouxam. — Eles veem, mas eles sabem quem a colocou lá? Eu encolho os ombros, provocando-o com meu sorriso, sabendo o quanto ele adora morder. E ele morde. Seus braços se lançam avidamente ao meu redor, levantando-me do chão, e minhas pernas o envolvem. Seus olhos perfuraram os meus com uma demanda silenciosa, uma que vou encontrar com prazer. Eu pressiono meus lábios nos dele, bem ali no meio da sala, e ele rosna em agradecimento, beijando-me de volta com a mesma força para que todos possam ver. Quando nos afastamos, ele sorri, e então Mac está ao nosso lado, oferecendo a nós dois um shot. Royce ri e me abaixa, acenando para que eu pegue. Então eu faço.

EU

SOU UM BASTARDO .

Eu sei isso.

Eu agi como um idiota, como sempre, mas minha garota... ela entendeu de onde veio – uma mente fodida de um cara que está desesperado por tudo que ela pode me dar, mas admito – lamentavelmente – com medo das consequências que ele sabe que virão, não que isso seja uma desculpa. Não é. Ela merece coisa melhor, eu sei disso. Mas Brielle, ela não usa isso contra mim. Ela é gentil quando os outros não são, perdoa quando não deveria, porque ela é leve e não pode evitar brilhar sobre todos. Ela sempre entende o que eu quero e o que preciso, quando preciso e por quê. É foda ter que lidar com minhas besteiras, mas ela o faz com calma. Agora, ela ri com Chloe do outro lado da sala, mas quando seus olhos patinam para cá, encontrando os meus nela, ela interrompe a conversa e se dirige para onde estou sentado em um sofá.

Ela desliza entre minhas pernas, olhando-me. Eu corro meus dedos ao longo de seu pescoço e para baixo em seu esterno, meus olhos passando rapidamente para os dela quando arrepios seguem. Ela suspira, e isso me aquece profundamente. Foda-se Bass e as merdas anteriores, foda-se tudo. Tudo que eu quero é isso. Ela. De manhã e à noite, de hora em hora. Eu disse a ela que ficaria viciado, e eu estava no primeiro gosto... se não fosse antes disso. Com certeza, porra. Os lábios de Brielle pairam sobre os meus. — Você tem um sobrinho. Como ele está? Foda-me, eu tenho. Minha família cresceu ontem à noite. Meu mundo inteiro cresceu ontem à noite... Eu empurro seu cabelo sobre o ombro e ela sorri. — Ele é perfeito, como eu sabia que seria. Eu a puxo para frente até que sua boca esteja alinhada com a minha.

— Fique comigo novamente esta noite. Ela me beija, mas se afasta muito rápido, um sorriso lento crescendo. — Veremos. — Veremos. — Eu franzi a testa. — Nós vamos ver? Tink, juro por Deus... Seus lábios esmagam os meus e terminamos de conversar, porra. Não muito depois disso, levo minha baby para casa. Quando saímos da minha carona, eu a agarrei e ela me agarrou, beijando-me enquanto a carregava pela propriedade, através do portão aberto da piscina, e nos levava direto para a água. Ela engasga, o frio uma surpresa, mas seu aperto nunca vacila, e nem seus olhos. Eu arrasto minhas mãos ao longo de suas costelas e aperto, inalando sua expiração, e nos coloco um pouco mais fundo na água. — Deite-se, em minhas mãos, — eu solto. Ela não pergunta por que, fazendo como eu disse, seu corpo reto como uma placa e leve em minhas palmas. Eu mantenho minhas mãos pressionadas contra sua parte superior das coxas e parte inferior das costas.

— Feche os olhos, relaxe os músculos e respire fundo, pequena. Firme. Ela o faz, seu peito subindo diante de mim e é preciso um grande esforço para não correr minhas mãos sobre seus seios. — Deixe ir tudo de dentro para fora, e apenas... respire. — Lentamente, eu removo minhas mãos, permanecendo perto dela por vários momentos antes de lentamente me afastar. A água ondula com minha retração e seus olhos se abrem. Eu levanto minhas mãos para o alto, para que ela não perca o foco enquanto me procura, e seus lábios se curvam suavemente. Com a visão, meus pulmões se esvaziam. Posso ser a porra de um navio afundando, não posso negar, mas se eu afundar, ela não terá que se afogar comigo. E agora ela não vai. Essa garota é corajosa. Ela não tem medo de ser vulnerável, não dá a mínima para o que as pessoas pensam dela. Ela não quer nada mais do que simplesmente... ser. A verdade é que eu gostaria de ser como ela. Eu não sou.

Sou quem o mundo exterior espera que eu seja. Jovem, rico e privilegiado e tudo o que essas três palavras sem valor implicam. Como eu disse, posso me afogar em uma pessoa que eu mesmo criei, mas minha baby, ela não vai. Ela vai flutuar. Um dia aprender a nadar. E então essa garota, ela vai voar bem acima de mim, porque ela é muito mais do que eu jamais poderia ser. No entanto, aqui está ela, sorrindo para as estrelas na minha piscina, na minha propriedade, ao meu alcance. Ela é perfeita E ela é minha.

SEUS

LÁBIOS ,

Deus, eu os amo. Tão suave, mas áspero,

completo e comandante, magistralmente proposital como é seu toque.

Royce deve ter me enfeitiçado porque não sei como aconteceu ou se alguém nos viu, mas quando meus olhos se abrem e a névoa luxuriosa se levanta um pouco, percebo que não estamos mais na piscina, mas subindo escadas. Escadas dentro da mansão Brayshaw. Royce se afasta, seu olhar ansioso, batimento cardíaco irregular, mas seu aperto... tenso. Para o menino que não mostra ao mundo quem ele realmente é, isso é enorme. Difícil, mesmo que ele não diga as palavras em voz alta. Ele me trouxe para sua casa, para seu espaço seguro, o único lugar onde ele pode estar livre para sorrir e rir de verdade, para amar, brincar e respirar. Seus passos lentos quando alcançamos o topo da escada e eu deslizo minha mão ao longo de sua bochecha, em seu cabelo, segurando-o. Seus olhos se fecham, um sopro forte sopra em meus lábios, enviando um arrepio pela minha espinha. — Você pode se virar e ir embora agora e eu prometo a você, meus sentimentos não serão feridos. — Eu deslizo minha outra mão para cima e a coloco totalmente. Sua pulsação bate contra meus dedos, suas sobrancelhas se afundam.

Eu ofereço a ele um pequeno sorriso e aceno com a cabeça em encorajamento. — Vire-se, Royce. Leve-me para fora. Sua testa cai na minha e ele faz uma pausa. Alguns segundos se passam e, em seguida, seus olhos saltam, uma mão me deixando, a torção de um botão acendendo os nervos no meu estômago. Com cada passo na sala que ele dá, seus músculos relaxam, sua confiança voltando e fortalecendo seu controle, seu olhar, seu ser. As rugas ao longo de seu rosto se foram e, em seu lugar, há uma leve sugestão de certeza. Ele agarra meus quadris, então eu permito que minhas pernas caiam em torno dele, e assim que meus pés tocam o chão, suas mãos estão puxando minha camisa suja sobre minha cabeça. Ele a deixa cair onde estamos e seus dedos deslizam para o botão do meu short, desabotoando-o. Suas mãos deslizam ao longo da cintura e ele o empurra para baixo. O shorts cai sobre meus pés, e não hesito em sair dele. As pontas de seus polegares encontram os piercings em meus quadris e um gemido baixo o deixa enquanto ele flutua através da prata embutida, curvando-se para a minha bunda a partir daí.

Ele aperta e um suspiro agudo escapa de mim, meu peito caindo no dele e meu sutiã é desabotoado um momento depois. Seus olhos encontram e seguram os meus enquanto ele abaixa a cabeça, usando o queixo para empurrar as alças no meu ombro e movendo-se para fazer o mesmo com o outro. O ventilador acima de nós sopra silencioso e frio, atingindo o local úmido que ficou para trás e fazendo com que um arrepio se espalhe por mim. A mão de Royce se esgueira entre nossos corpos, e ele puxa meu sutiã entre nós, meus seios agora nus contra sua camisa. Ele engole, lambendo os lábios enquanto seus dedos patinam ao longo das minhas costelas, enganchando na barra da minha calcinha. — Eu tiro isso, estou deslizando nela. — Eu posso te vencer se você não fizer isso. Sua risada é baixa, mas interrompida quando seu punho embrulha o algodão fino, esticando-o enquanto ele trabalha com o último pedaço de sua reserva. E então ele as rasga, rasga os lados, e eles caem no chão em uma bagunça em pedaços. Estou nua contra ele. Sua boca cai na minha, beijando e beliscando e chupando meu lábio inferior até que, mais uma vez, sua testa cai para frente. — Deite-se na minha cama, baby, deixe-me olhar para você.

Há um forte puxão entre as minhas pernas e meus mamilos aumentam, ficando duros e firmes para ele. Eu fico na ponta dos pés, puxo sua cabeça para baixo e aperto minha boca na dele. Royce me beija de volta com tanto vigor que mal posso suportar. Ele é tão cru e primitivo. Perfeito. Eu não posso acreditar que isso seja eu, nós. Sinto que estou prestes a explodir e ele mal me tocou, mas há algo sobre estar nua e em suas mãos que me deixa vacilante. Estou à beira de uma insanidade viciante, decisões perversas e provações que mudam minha vida. E estou pronta para isso. Se Royce estiver comigo, estou pronta para isso. Eu me afasto dele, empurro contra seu peito para forçálo a um espaço de distância e abaixo minha bunda nua em seu edredom. Eu fujo até que minhas palmas alcancem seu travesseiro e caio em minhas costas. Eu não me encolho ou me protejo. Eu fico lá, nua para ele, corpo e alma. Mas ele ainda não olhou. Seus olhos, eles seguram os meus, e então ele se levanta, em toda a sua altura e bem na beira de sua cama gigante.

Em uma leitura lenta e completa, seus olhos me examinam centímetro por centímetro, os músculos de sua mandíbula

flexionando

quando

alcançam

meu

centro

depilado. Calafrios passam por mim, trazendo arrepios à superfície quando sua língua escorrega para molhar o canto da boca. Seus olhos se fixam nos meus, uma sensação crua de posse nadando dentro deles. — Esta é a minha cama, Tink. Meu quarto, — ele raspa. — Você fica muito bem nele. — Quer saber como me sinto nele? Ele acena com a cabeça, os músculos de seus braços flexionando. — Solitária Uma risada rápida explode dele e eu sorrio, acomodandome mais no travesseiro. — Tire a roupa para mim. Sua cabeça cai ligeiramente para trás, seus dentes puxando a parte mais rechonchuda de seu lábio inferior. — O que você vai fazer enquanto estou fazendo isso? — O que você quiser.

Ele geme, sua mão caindo para a protuberância em sua calça jeans e apertando, os olhos baixando para a parte mais necessitada de mim. Ele não tem que dizer isso, a maneira como ele se agarra, a mudança em sua respiração, diz tudo. Eu puxo meu joelho ligeiramente para cima, deslizando a lateral da minha mão ao longo do meu esterno no mais tímido dos toques, mais como um arranhão, para avisar meu corpo do que está por vir, e só descer a partir daí. Eu deslizo minha mão na minha barriga, circulando lentamente meus piercings, e quando meus dedos alcançam minha boceta nua, eles param, deslizando levemente para frente e para trás. Sua boca está aberta, os olhos escuros, e quando ele percebe que parei, eles aparecem nos meus com um clarão de raiva. Eu levanto uma sobrancelha e luto contra um sorriso. Ele inclina a cabeça, levantando uma para trás, e não perde tempo desabotoando a camisa e tirando-a dos ombros, sua pele bronzeada e tatuada agitando ainda mais calor dentro de mim. Eu abaixo meus dedos no meu clitóris e pressiono para baixo com dois dedos, girando e adicionando mais e mais pressão, a visão de seu peito nu, abdômen forte e flexionado e tinta fazendo maravilhas.

Eu lambo meus lábios e suas mãos caem em suas calças, desafivelando e abrindo o zíper com um ritmo deliberado de caracol, mas estou aqui para isso. É uma preparação perfeita para o grande prêmio. Sua calça jeans desaparece, a ponta de seu pênis se esforçando para se livrar de sua cueca. Ele está duro e pronto e eu estou molhada e necessitada. Eu deslizo minhas mãos mais longe, abro mais minhas pernas, e o vejo arrastar meus dedos enquanto eles desaparecem dentro de mim. Ele geme e então sua boxer se foi. Tudo o que resta na minha frente é ele, grosso e sólido. Dolorido. Minha outra mão desce para se juntar à diversão, e eu lentamente bombeio para dentro e para fora de mim enquanto meus dedos livres esfregam e pressionam contra meu clitóris. Os músculos do meu estômago se contraem, meus olhos se voltam para seu pau, e quando ele balança no ar, minha boceta aperta. Seu joelho sobe, plantando no colchão e eu suspiro, giro mais rápido, coloco meus dedos mais fundo. Outro joelho e estou ofegante, e então ele está subindo pelo meu corpo, seus lábios deslizando ao longo da minha

perna, beijando minha coxa até que ele gentilmente morda meus dedos. Minhas mãos voam para cima, agarrando sua cabeça, e sua língua toma o lugar. Achei que ficaria nervosa ou envergonhada, mas não sou nenhuma dessas coisas. A última coisa que quero fazer é me esconder dele, perder tudo que esta noite tem a oferecer. Eu empurro para cima nele. — Faça-me gozar, — eu ofego. Ele não me nega. Ele rosna e suga, lambe e puxa, e então seus lábios se fecham ao redor do meu clitóris e ele gira sua língua, sugando ao mesmo tempo. Minhas pernas começam a tremer. Ele agarra minhas coxas e desliza para a minha bunda. Ele aperta, rolando meus quadris como se eu estivesse montando nele, e um fogo líquido se constrói dentro de mim. — Droga, eu... — eu gemo. — Eu preciso... oh meu Deus aí mesmo, — eu suspiro, minha cabeça afundando no travesseiro, minhas costas voando para fora da cama e agora estou balançando meus quadris. Perseguindo. Meu corpo estremece, mas ele não desiste, sua língua quente continua a dançar ao longo de mim e eu não consigo segurar. Eu choro no ar, e ele rosna contra mim.

Eu agarro seu rosto, enganchando minhas pernas ao redor de seus quadris, e puxo. Ele voa, como eu queria, e bate sua boca na minha, seu pau pressionando meu clitóris ainda latejante e deslizando contra ele. Eu me sinto em seus lábios e serve como um afrodisíaco, aquecendo-me até o âmago e me deixando doendo por mais. — Eu vou te levar agora, — ele promete. — Enquanto você está pingando para mim. Ouça-me, baby, uma vez que eu deslize, já era. O arrependimento não permite refazer. Minhas pernas se abrem em resposta e eu me abaixo, segurando seu pau na palma da minha mão. Ele geme, seus olhos se fechando, e eu me movo, posicionando-o na minha entrada. Rugas puxam sua testa. — Eu não sou pequeno, baby. Isto vai doer. — Então faça ser uma dor boa. Ele geme, contraindo-se na palma da minha mão, e então ele puxa para cima, entrelaçando nossos dedos enquanto ele começa a conectar nossos corpos. Ele está nu, não permitindo nada entre nós e é exatamente como eu o quero. Cru. Não ocultado.

Ele empurra devagar, escorregando um pouquinho para trás a cada estocada curta. Meus músculos se contraem e ele abaixa seus lábios nos meus, beijando-me lentamente, e eu envolvo meus braços em torno dele, implorando por mais. Ele me dá em uma longa e lenta viagem. Eu estremeço e ele pressiona seus quadris em mim, beliscando meu mamilo enquanto sua língua assume minha boca. Ele começa a se mover para dentro e para fora e, a princípio, dói, mas conforme seu ritmo muda, sua respiração fica cada vez mais difícil, meu corpo o recebe. A dor desaparece e tudo o que resta somos nós. — Lá vamos nós, pequena. Você está aberta para mim agora. — Um pequeno sorriso curva seus lábios e ele se senta, seus joelhos ligeiramente separados enquanto ele me segura pelo quadril, esfregando-me nele enquanto ele puxa para dentro e para fora de mim. — Agora, traga essas pernas para cima, bem firmes. — Ele geme, liberando uma das minhas mãos para que ele possa segurar seu corpo para uma posição melhor. Eu faço o que ele pede, e oh meu Deus! Ele está mais profundo.

Suas palmas ásperas deslizam ao longo do meu estômago, quase alcançando minha garganta e me segurando para que minhas costas permaneçam planas no colchão. Seus dedos se espalharam, mordendo minha pele e eu gemo, apertando em torno dele. — Belisque esses mamilos para mim, certo? — Ele murmura, sua cabeça caindo para trás enquanto ele bombeia mais rápido, mas quando eu faço o que ele diz, um gemido chorado me deixa com a cabeça estalada para trás. — Ela gosta de um pouco de dor, — ele murmura, flexionando dentro de mim, e eu o aperto de volta. Suas mãos caem de volta para meus quadris e ele fica mais selvagem, mais faminto e eu posso estar machucando meus mamilos por puxar com tanta força, mas, Deus, eu não posso parar. Minha respiração acelera, meus olhos se fecham, e eu os puxo e torço. O nariz de Royce está me empurrando para fora do caminho segundos depois e ele morde, enviando-me em uma pirueta. Eu aperto meus braços em volta do seu pescoço e ele cai para frente, seu peso sobre mim enquanto ele bombeia com golpes completos e longos.

Eu começo a tremer e ele geme, beliscando meu pescoço, beijando minha garganta e então seus lábios comandam os meus. — Beije-me enquanto goza, Tink. Eu faço e ele se contorce comigo, o prazer perfeito e explosivo. Quando ele começa a descer, seus olhos encontram os meus, tão ternos que meu peito fica apertado. Minutos se passam de nós simplesmente olhando um para o outro, e então estou do meu lado ao lado dele, em sua cama. Sob suas cobertas. Minhas mãos deslizam ao longo do material grosso e caro de seu edredom. — Preto sobre preto. Eu poderia ter adivinhado isso. — Como minha alma. — Seus lábios percorrem minha clavícula. Eu sorrio para a noite. — Como seus olhos enquanto você me fode. — Mm, — ele geme. — Você disse foda de novo. Eu rio e sua cabeça levanta. — Eu não fodi você, a propósito, — ele me diz. — Eu roubei você.

Minhas sobrancelhas saltam provocativamente. — Me roubou? — Sim. Você não pertence mais a você. Minha garganta fica grossa enquanto olho para o garoto ao meu lado. — Isso está certo? Ele concorda. — Você pertence a mim e não há nada que você possa fazer para mudar isso. Meu sangue corre quente, meu peito aperta. — Acho que estou bem com isso. — Não importaria se você não estivesse. Eu rio, minha cabeça caindo para o lado e ele sorri, rastejando em cima de mim. Seus lábios patinam ao longo da minha garganta, e quando ele alcança minha boca, ele sorri, uma suavidade em seu olhar que ele ainda não compartilhou, mas não pode ou opta por não esconder. Sua mão trilha sobre meu peito e ele sorri quando meus mamilos endurecem para ele. — Deite-se, menina. Deixe-me mostrar o que você faz comigo. Há tanto que quero dizer a ele agora, mas nada disso seria o suficiente para transmitir o que estou sentindo, então, em vez de tentar, faço o que ele deseja e ele faz o que diz. Duas vezes.

ROYCE

ATENDEU ALGUMAS LIGAÇÕES ,

saiu da cama por

tempo suficiente para trazer comida, mas, fora isso, não saímos. Agora, é um pouco depois das nove da manhã, e trinta horas depois, estou escapando do quarto de Royce e descendo as escadas. Eu quase chego até a porta quando uma garganta pigarreia, fazendo com que meus músculos travem em mim. Minha cabeça vira em direção ao som e de repente tenho uma necessidade desesperada de desaparecer. Não um, não dois, mas todos os Brays estão espalhados pela cozinha. Raven e Maddoc estão encostados no balcão, xícaras de café nas mãos. Captain envolve Victoria enquanto ela mexe algo no fogão. Zoey está sentada no bar, segurando um pequeno lobo rosa e depois Rolland, o pai dos meninos. Ele está sentado ao lado de Zoey, seu novo neto em seus braços.

Eles devem ter acabado de chegar em casa, e aqui estou eu... matando a manhã deles. — Bem. — Meus ombros caem. — Isso é embaraçoso. Raven é a primeira a rir, e então risadas baixas seguem ao redor da sala. Meu rosto pode estar vermelho brilhante agora, não que eu saiba. Estou muito mortificada para dizer. Maddoc se estica até Raven, puxando outra caneca de café do armário e a estende para mim. — Oh... não, eu... apenas não. — Eu balanço minha cabeça, giro em meus calcanhares e grito, minha mão voando para o meu peito. Royce sorri na minha frente. — Assustada? — Morrendo por dentro, — eu assobio, mas não em um sussurro. Eu sei que ele só falaria mais alto, então eu os deixei ouvir e outra rodada de risadas se seguiu. — Bom. Da próxima vez, você não tentará se esgueirar. — Eu não estava me esgueirando. Eu estava, você sabe, saindo silenciosamente. — Esgueirando-se. — Ele se aproxima e, bom Deus, ele está sem camisa e, oh, olhe, meu sutiã está na minha mão. Enfio debaixo da minha camisa – mais risadas.

Royce cruza os braços. — Então, você não entendeu quando eu disse ‘próxima vez’? — O que... — Eu inclino minha cabeça. — Sim, eu entendi... Sua cabeça puxa para trás, uma expressão de pura confusão em seu rosto. Tenho certeza de que ouvi um ‘oh garoto’ abafado que só pode vir de seu pai. — E nada? — Ele cruza os braços. Uma risada borbulha de dentro de mim. — Você realmente acha que eu estaria aqui se não tivesse certeza de que isso não acabaria aqui? — Sim. Desta vez, estou rindo com sua família e seu brilho se lança contra eles. Eu respiro fundo e fecho a pequena lacuna entre nós. Ele olha para mim por baixo do nariz, uma pequena carranca no lugar, mas uma vez que meu corpo está perto do dele, ele não consegue se conter e seus braços me envolvem. — Você está adoravelmente errado, Playboy. Seu aperto aumenta, eu luto contra o suspiro que tenta escapar.

— E você é irritantemente ingênua se pensa que está saindo por aquela porta agora, então sossegue essa bunda, Tink, e se prepare para o café da manhã de Brayshaw. — Ele me solta e entra na cozinha. Quando eu olho para trás, todos seguiram em frente, ninguém está olhando e todos estão seguindo sua rotina normal. Alcançando um além do outro, saindo do caminho do outro. Um pega o leite, o outro o pão, o outro uma panela. Raven serve o café e Victoria tira os talheres. Quando me atrevo a chegar mais perto, é Raven que gira em minha direção com uma sobrancelha levantada e uma piscadela oculta. — Café? — Chocolate quente? Seu sorriso é largo e instantâneo, seus olhos apertados e outra coisa que não consigo notar. Eles movem para Royce, para o copo colocado no balcão que deve ter sido para ele, algo quente e fumegante já dentro dele, e deixa cair aquele que Maddoc puxou para mim diretamente ao lado dele, um baixo e murmurado, — perfeito — segue. — Sente-se, Brielle. — Rolland sorri suavemente. — Espero que goste de crepes. — É a primeira vez que faço isso, então, se eles forem ruins, minta para mim. — Cap sorri.

— Oooh, papai! — As pequenas mãos de Zoey chegam à boca. — Você quer que ela diga uma mentira? Isso não é honesto! Isso é ruim. A boca de Cap se abre, mas ele olha para Victoria em busca de ajuda, e ela entra com facilidade. — ZoZo, lembra como eu costumava comer todos os doces que você queria dividir comigo, mesmo que os doces não sejam meus favoritos? — Ela sorri para a filha. Zoey balança a cabeça, afastando seus cachos loiros dos olhos. — Hum, por que você queria ser gentil? Me fazer feliz? — Exatamente. — Os olhos de Victoria brilham. — É a primeira vez que o papai está tentando algo novo e ele precisa de incentivo, então, em vez de dizer algo que pudesse deixá-lo triste, encontraríamos uma maneira de dizer algo que o faria sorrir e não se sentir tão mal se não gostássemos deles. Entendeu? Zoey balança a cabeça e se vira para Rolland. — Papai, é bom quando você corta meus morangos pequenos, embora eu seja grande e goste de segurá-los e mordê-los. A boca de Rolland cai aberta, e então a sala explode em risadas. Eu sorrio com a cena, e hesitantemente sento ao lado de Rolland, sorrindo para o bebê Phoenix em seu macacão listrado de basquete.

— Entendi, Zo. — Rolland beija a cabeça dela. — Papai não vai mais cortar seus morangos. Zoey sorri, chutando e olhando para Captain, que pisca para ela. — Ok, aqui vai nada. — Captain suspira. — Tenho certeza que eles serão ótimos. — Eu viro em sua direção. — O único truque real é ter certeza de que eles estão uniformemente finos. Todos os olhos se voltaram para mim. Eu olho ao redor da sala, mas me concentro em Cap enquanto seu sorriso cresce. — Você sabe fazer crepes? — Ele já está enxugando as mãos em uma toalha e se afastando do fogão. — Eu... quero dizer, sim. Eu era uma espécie de empregada doméstica e chefe da casa nos últimos dois anos. Ele se inclina sobre o balcão, joga a espátula e a pega na extremidade oposta, empurrando-a na minha direção. Eu olho para Royce, que sorri de seu irmão para mim. Bem, dane-se. Eu pulo, meu sutiã ainda enfiado sob a minha blusa, e preparo o café da manhã não para um Bray, mas para todos.

— ENTÃO

ELA COZINHA

e tem um talento para plantas. —

Victoria se senta ao meu lado, dando a ela uma visão perfeita de Brielle e Zoey no jardim. Eu solto uma risada debochada. — Ela tem tudo, VicVee. Victoria acena, lentamente balançando sua cabeça para a minha e esperando que eu olhe para cima. — Ela tem? — Ela levanta uma sobrancelha. Eu me afasto, sorrindo para Zoey quando ela puxa o cabelo de Brielle para trás e tenta furar uma flor murcha que cortaram do caule. Eu sei o que Victoria está perguntando. Eu sou dela? Se Brielle tem tudo, isso significa que ela me tem? Isso é mesmo uma pergunta do caralho? Ela mexeu com os cantos da minha alma adormecida.

Eu lambo meus lábios, encontrando os olhos castanhos de Victoria. — É estranho se eu não consigo me lembrar quando ela não tinha? Victoria sorri, balançando a cabeça. — Nem um pouco. Raven se junta a nós com meu sobrinho em seus braços, e Victoria pula para segurá-lo para que ela possa se acomodar no assento confortável. Ela estremece, mas assim que se acomoda, alcança o filho novamente. Brielle ri ao longe, e o som ecoa pelo meu corpo, envolvendo meus ossos. Nós três avistamos Captain caminhando até elas, e ele aponta para a cama elástica. Zoey sorri, joga sua pequena pá e corre, mas Brielle, ela deixa cair um sorriso oculto na grama, seus olhos espiando e acertando os meus por um segredo rápido e compartilhado. Sim, baby, estou pensando nisso também. Lentamente, hesitante, ela se vira, seguindo os dois até o brinquedo gigante, e a cada passo que ela dá, meus pulmões se contraem. Um pequeno sorriso enfeita seus lábios perfeitos e, com um pequeno salto, ela se junta a meu irmão e minha sobrinha dentro da rede, pulando e tentando enterrar uma bola no pequeno aro preso ao topo. Ela falha, mas ainda ri.

Ela é linda ‘pra’ caralho. E perfeita. Feliz. Posso mantê-la assim? Vou me matar tentando. Ela olha para Brielle. — Eu gosto dela. Ela é... — Irmã mais nova de Bass Bishop? Raven balança a cabeça com uma zombaria brincalhona. — Não tem nada a ver com isso e você sabe disso, mas é difícil de explicar. É como... — Raven para, em busca das palavras certas. — A existência dela é reconfortante? — Victoria tenta e os olhos de Raven deslizam para ela. — Não me sinto nervosa quando ela está por perto, preocupada ou com necessidade de cuidar de mim, cuidar do que eu digo. — Ambas olham para mim. — Como isso é possível quando ainda estamos começando a conhecê-la? Isso nos torna tolos? Eu balanço minha cabeça, meu olhar voltando para a garota da hora, da noite, da porra do século. — Não, porque essa é a mesma merda que eu notei no dia em que a conheci. Eu pensei que estava sendo enganado, e ainda mais depois do segundo dia, mas eu sei com certeza, essa é ela. Ela é macia, mas não de um jeito fraco. Gentil, mas não enganando. Generosa, mas não por influência. — Eu suspiro, meu corpo

relaxando no assento. — Leal, mas sem ódio, confiante, mas não cega. Respirando com facilidade pelo que pode ser a primeira vez em muito tempo para a garota que permitimos ser mandada embora. Que saiu e foi esquecida. Ela não é alguém que deveria ser esquecido. — Ela tem um coração puro, apesar do lugar fodido de onde veio. — Raven franze a testa atrás dela, mas há uma calma na forma como seus lábios se curvam. — Sim. — Victoria acena na minha periferia. — Tudo isso. Ela é... — Mais forte do que nós, — Raven termina sua frase. — Mas de uma maneira diferente da nossa. Eu olho de Raven e Victoria, que compartilham um olhar entre si. A voz de Brielle me chama, e quando eu travo meu olhar no dela, tudo desaparece. Ela sorri e minha placa torácica racha. — Venha aqui. Zoey disse que o tio Bro pode me ensinar a enterrar. Eu não hesito ou a faço perguntar duas vezes. Eu fico de pé e vou direto para ela. Cap sabe o que está acontecendo e gira, cortando seu sorriso malicioso em direção à piscina.

Ele distrai Zoey por tempo suficiente para eu deslizar minha mão no cabelo mais sedoso e brilhante, enganchar meus dedos nas mini presilhas do cinto e abaixar meus lábios para um par dos mais macios, felpudos e queridos. Queridos. Aqueles que foram enrolados em volta do meu pau, bonitos e fodidamente apertados. Eu planejei devastá-la rápido, mas não é o que acontece. No segundo que meus lábios tocam os dela, eu a beijo suave e lentamente, mas termino rápido, e quando ela sorri contra a minha boca, eu perco meu maldito fôlego. Meu estômago se contrai, aperta. Menina, você é minha. Uma risada baixa a deixa e meus olhos se abrem para encontrar os dela. Ela se inclina para mim e segura a bola do nosso lado. — O que você acha, Playboy? Ensine-me? — Eu tenho uma ideia melhor. Deixe o pequeno mestre mostrar a você como isso é feito. — Eu a rodeio, agarro Zoey pelo quadril e a giro no ar. Sem pensar duas vezes, Zo dobra os joelhos pequenos, pronta para dar um salto em altura e torce os quadris, cruza os braços atrás da cabeça e afunda a bola, agarrando-se à

borda de plástico com um sorriso. Eu a seguro lá até que ela solte, e então a puxo para mim. Zoey ri e dá um high-five, sorrindo radiante para Brielle. Suas mãos saem um pouco atrevida. — Boom! Todos riem e Brielle se curva. Zo chuta para ser colocada no chão e corre direto para Brielle. — Hum, meu pai disse que Rora precisa se mudar para o quarto dele porque você vai precisar do dela em breve. Meus olhos voam para Captain quando ele começa a explodir de rir, e um baixo e amaldiçoado ‘Jesus’ deixa Victoria. Captain

sorri,

agarrando

sua

filha.



Zo,

nós

conversamos sobre isso. Não deixamos escapar tudo o que ouvimos quando fingimos estar dormindo, lembra? — Mas eu gosto dela e Rora disse que não. — Zoey faz beicinho. Eu sorrio para Victoria. — Você dorme lá todas as noites. Por que manter um quarto? — Veja, ele quer um quarto para sua garota. — Cap estende a mão. — Uau, ei... — Nem comece, — Victoria avisa. — Por que não, talvez devêssemos ouvir o que eles pensam? — Captain levanta uma sobrancelha.

— Você, com certeza, deveria ouvir meus pensamentos. — Raven ri. Victoria se vira. — Você recue, senhorita, vou socar alguém na cara para evitar falar. — Eu disse que sentia muito. — Raven sorri. — E por que estamos trazendo notícias antigas? Eu olho para Brielle e seus lábios estão contraídos, lutando contra um sorriso. — Oh, eu sei! — Zoey grita, saltando na cama elástica e atraindo nossos olhos de volta para ela. Ela olha de mim para Brielle. — Você pode compartilhar o quarto com o tio Bro e quando ele me tirar do meu quarto para assistir filmes na hora de dormir, você pode vir conosco! O olhar de Captain voa para mim e eu arregalo os olhos. — Zo, você está expondo segredos, garota. Os olhos de Zoey se arregalam, mas em vez de recuar ou fingir que está brincando, a garota que é muito esperta para seu próprio bem e totalmente incapaz de contar uma mentira, escorrega da rede e corre para a casa da piscina, gritando por seu papai todo o caminho. Brielle limpa a garganta com um pequeno sorriso. — Eu devo ir. — Ela coloca um dedo sobre o ombro, caminhando para trás em direção à abertura da rede. — Maybell provavelmente está curiosa para onde eu desapareci.

Quando todos esses três idiotas riem, Brielle olha deles para mim. É Cap quem coloca as mãos em seu ombro para um tapinha gentil e provocando ‘boa sorte com isso’. Idiota. Mas, de verdade, ela é engraçada. E indo a lugar nenhum, o que ela percebe bem rápido. Algumas horas mais tarde, Mac está subindo correndo a garagem e vindo em nossa direção. Meus irmãos e eu nos levantamos. — O que está errado? — É Taylor Simms. — Ele olha entre nós. — Ela tentou se matar. Puta merda.

PASSA

DAS

oito da manhã quando Taylor finalmente está

acordada e coerente, de acordo com o médico. Mac, Brielle e eu esperamos aqui embaixo a maior parte da noite, mas os outros estão apenas entrando na sala de espera. — Zoey está com o papai? Cap concorda. — E Raven. Queríamos tomar o café da manhã com ela antes de virmos aqui, sem saber quanto tempo ficaríamos fora. — Isso é bom. — Eu olho para Maddoc. — Ela e Phoenix estão bem, cara. Eu não vou a lugar nenhum, — ele responde minha pergunta não feita e recusa a ordem que ele sabia que eu daria depois dela. — Repasse para nós de novo. Mac esfrega a mão no rosto, exausto. — Ela tomou alguns comprimidos, engoliu-os com meio litro do melhor uísque de seu pai. Ela ligou para Enoch e ele sabia que algo estava errado. Ele ligou para o 911 e foi para lá.

Passo a nota para ele e ele lê em voz alta. — Tentei me perdoar pelo que fiz, mas como posso fazer isso se nem me lembro do que fiz em primeiro lugar? Ele diz que

matei

seu

sonho,

mas

por

que

faria

isso

se

compartilhamos o mesmo sonho? — Ele suspira, olhando para cima. — Por que isso está amassado? — Enoch sabia onde ela mantinha seu diário. Ele pegou, rasgou a página e deu para Mac. — Droga, — Victoria sussurra. — Então, estava faltando alguma coisa. — Onde está Enoch agora? — Cap pergunta. — Eu tenho Micah e Jenson mantendo-o trancado em uma sala no final do corredor. Não queria que ele explodisse de novo. — E Taylor? — Victoria pergunta, levantando Phoenix dos braços de Raven. Eu aceno, olhando para Cap. — Pedimos que a trouxessem até a ala Bray para que ela não fosse incomodada por pessoas da escola e para que pudéssemos falar com ela sem ninguém por perto quando ela estivesse pronta para isso. — Eu não acho que ela vai falar com vocês. — Vem de Brielle, e todos os nossos olhos se voltam para ela. — Deixeme ir até ela.

Minhas sobrancelhas apontam para o centro. — Isso não vai acontecer. — Pode ser sua única opção. — Ela oferece um pequeno sorriso. — Você a deixará nervosa e ela esquecerá coisas ou se conterá. Vocês são intimidantes, eu não. — Sim, você é. Você me assusta ‘pra’ caralho. Ela ri, uma suavidade em seus olhos. Ao redor da sala, minha família olha entre nós dois, e eu sei que a mudança é clara. Eles veem. — Confie em mim, — ela sussurra. — Eu sou... meio boa com essas coisas. Captain dá um passo à frente. — Ela está certa. Calma e carinho não é nossa área. — Ele aponta um olhar suave para Brielle, que atinge o fundo do meu peito. — Isso é perfeito para ela. Maddoc fecha a cara. — Não se esqueça que você acabou de atropelar a porra da mão do cara dela. Ela deve odiar você. Brielle olha em sua direção, o canto da boca se erguendo um pouco. — Mas ele sabe que é melhor não dizer quem fez isso, certo? Maddoc dá um sorriso afetado. — Está certa. Apenas tendo certeza de que você percebeu isso antes de entrar e pedir desculpas no segundo em que ela olhar para você. — Ele me encara, mas é brincalhão. — Parece algo que você faria.

Brielle ri. — Eu provavelmente teria pensado sobre isso, sim. Maddoc olha para mim e ergue o queixo. Minha garota, minha decisão. Eu franzo a testa para Brielle. — O que você vai dizer a ela? Brielle se levanta e dá de ombros lentamente. — Nada. Vou me sentar com ela e, em seguida, deixá-la dizer o que ela precisa me dizer. Ela pega o bilhete e Captain não hesita em entregá-lo a ela. — Eu não entendo. Ela se aproxima de mim e dá um tapinha no meu peito com uma pitada de provocação. — Você não precisa. Você só precisa confiar em mim quando digo que vai funcionar. Ela tenta passar, mas eu agarro seu pulso, puxo-a de volta para mim, levanto seu queixo. — Eu confio. — Eu sei. — Ela sorri, se solta e sai. Eu a sigo com meus olhos e, quando olho para trás, todos estão focados em mim. — Negócios, hein, Royce? — Victoria provoca. Eu a viro com um sorriso.

Foda-se os negócios. Essa é a minha baby..

ENQUANTO

EU CAMINHO ATÉ

a porta que Taylor está atrás,

eu descubro quem devem ser seus pais parados na frente dela se abraçando. Eu considero ir embora e dar-lhes mais tempo, mas o homem me vê quando seus olhos lacrimejantes se abrem. Ele afrouxa seu controle sobre a mulher, e os dois se voltam para mim. — Sr. e a Sra. Simms? — Eu acho. Eles acenam com a cabeça. — Eu sou Brielle, vou para a escola com Taylor. Sua mãe começa a chorar. — Sentimo-nos como fracassados.

Eu aceno, colocando minha mão em seu braço. — Algumas pessoas são muito boas em se esconder. Eu era. Eu não explico o que escondi, pois a situação é muito diferente, mas como eu esperava, uma pequena faísca de luz em seus olhos. Ver-me parada aqui dá a ela algum tipo de esperança quando ela se sente tão perdida. — Ela não vai falar com a gente. — A mulher agarra o marido. — Ela nem nos quer na sala. Meus lábios puxam para o lado e eu aponto por cima do ombro. — Há uma pequena cafeteria no corredor, é específica para este andar, então você não encontrará ninguém que aceite talvez um Brayshaw ou dois, e eles não vão incomodar você. Eles entendem, mas o medo os faz se agarrarem com mais força. — Por favor, confie em mim. Depois de um segundo, seus pais acenam com a cabeça, e a maneira como sua mãe agarra meus ombros enquanto ela passa é lindamente comovente. Com uma respiração profunda, eu deslizo para dentro da sala. Taylor nem mesmo abre os olhos. — Por favor, mãe. Agora não, — ela murmura. — Eles foram buscar um café.

Suas pálpebras se abrem e ela franze a testa. — Brielle? Eu aceno, caminhando mais para dentro da sala e me sentando a alguns metros de distância. — Você sabe meu nome. — Todo mundo sabe seu nome depois da pequena reivindicação de Royce na escola. — Sim, isso foi... — Doce no que diz respeito a ele, — ela me corta, seu tom baixo e cansado. Uma risada baixa me deixa. — Sim, acho que você está certa. Seu sorriso é triste e ela desvia o olhar. — Por que você está aqui? Eu nem te conheço, e não estou com vontade de falar. Eu aceno, pegando o controle remoto e me sento. — Eu sei. Eu clico na TV, pulo para um programa de culinária e abaixo o volume. Ficamos sentadas ali, observando em silêncio enquanto uma pilha de vegetais se transforma em uma refeição inteira. Cerca de quinze minutos depois, ela suspira em sua cama de hospital. — Ele me odeia, — ela sussurra.

Eu olho para ela e espero. — Estávamos noivos, eu e Enoch. — Lágrimas se acumulam em seus olhos. — Não contamos a ninguém, nem mesmo aos nossos pais, porque não queríamos preocupá-los. Eles têm

todas essas

visões para

nós, algumas nós

compartilhamos, mas a nossa principal era apenas... nós. Já alugamos uma casa nos arredores de Oakland, ele treinava durante o dia, eu ia para a escola e tínhamos nossas noites juntos. — Suas últimas palavras quebram em um choro completo e ela se afasta de mim, então eu me concentro na TV. Vários minutos depois, ela conta: — Eu estraguei tudo. Ele está ferido, se rebelando. Acho que ele dormiu com Giana Fritz para se vingar de mim por... — Seus olhos encontram os meus. — Éramos virgens quando nos conhecemos e devíamos ser apenas um do outro. Isso é o que queríamos. Eu puxo o papel do bolso da frente e caminho até a cama dela, lentamente me abaixando no colchão perto do pé. Ela o encara, seus lábios tremendo. — Por favor, diga que ele não viu isso. — Ele viu, — eu digo a ela suavemente. — Ele estava preocupado e sabia sobre o seu diário. Ele o pegou depois que os paramédicos levaram você embora. — Eu provavelmente pareço uma vadia egoísta, fazendo tudo sobre mim. — Suas lágrimas caem com raiva. — Ninguém deveria ter visto isso.

— Mas ele não é qualquer um. — Não, — ela sussurra. — Ele não é. — Ela funga, enrolando o cobertor entre os dedos. — Eu não estava... quer dizer, eu não tentei me matar, — ela jura. — Tudo só... doía e eu queria que isso fosse embora por um tempo. Tão estúpido. — Seus olhos voam para o teto, as lágrimas caindo por sua bochecha. — Ninguém vai acreditar nisso, mas é a verdade. — Eles podem, — eu digo baixinho, sabendo que não posso garantir algo que pode não ser verdade. Leva vários minutos, mas ela compartilha o que está segurando. — A briga com o treinador Von? Não foi Enoch. Tento segurar minha carranca, porque se isso for verdade, é novidade para todos nós. — Eu sabia que algo estava por vir, porque ele quebrou o placar, mas não tocou no técnico. Ele não consegue nem olhar para ele, muito menos estar no mesmo lugar que ele. Ele era seu mentor e eu era sua noiva. Você pode imaginar a dor de um golpe tão baixo, porque eu não posso. — Ela desvia o olhar. — Eu sou uma vagabunda. — Como você sabe se não se lembra? — Eu relaxo, fazendo uma pergunta aberta, já que ela nos levou a isso. — Porque Enoch me mostrou a foto. Eu me aproximo. — Qual foto?

— Uma de mim no escritório do treinador Von. Estávamos sentados em seu sofá... e meu vestido estava no chão ao lado dele. — Você não se lembra de ter sido fotografada? — Eu nem me lembro de ter me despido, — ela sussurra com um aceno de cabeça. — Eu sou tímida, Brielle. Autoconsciente. Levei muito tempo para deixar ir e ser... desinibida com Enoch, e eu o amo. Isso não faz sentido. Um minuto eu estava ajudando o treinador a dar as notas na avaliação da escola, e a próxima coisa que eu sei, meus olhos estavam abrindo. Eu estava dormindo no sofá e ele estava onde eu me lembro, atrás de sua mesa e me provocando por adormecer. Minhas sobrancelhas franzem. — Notas de avaliação? Ela concorda. — Ajudei-o algumas vezes na semana anterior, mas depois não voltei mais. Foi na manhã seguinte que Enoch terminou comigo. — Seus olhos encontraram os meus. — Eu fui para a casa de Enoch depois que deixei a escola naquela noite. — Ela começa a chorar novamente. — Eu fiz sexo com meu homem, e aparentemente apenas algumas horas depois de fazer sexo com seu mentor. Eu corro em direção a ela, envolvendo-a em um abraço e ela me deixa, agarrando meus braços e chorando em meu peito. Isso está errado, mas não posso dizer isso a ela ainda.

Precisamos de provas, especialmente quando a verdade vai acalmar sua mente, enquanto por sua vez prejudicará sua alma. Ela chora por vários minutos e, quando se afasta, olha para mim com um pequeno sorriso. — Você vai encontrar minha mãe e meu pai? Lágrimas crescem em meus olhos e eu aceno. Garanto que estão do lado de fora, esperando o momento em que sua filhinha os receberá e, quando saio... acho que estou certa. Mas eles não estão sozinhos. Royce também está lá. Nós os mandamos para dentro, e o olhar de gratidão iluminando seus rostos é algo que nunca esquecerei. Conto tudo o que ela me contou e, quando termino, recorro a Royce para a parte mais difícil. — Tem que ser eu. Seu brilho é nítido e instantâneo. — O que tem que ser você? — Para obter a prova. Sua cabeça inclina ligeiramente e então seus olhos se arregalam e uma risada curta e vazia escapa dele. — Não. Foda-se o filho da puta, não.

Eu me aproximo dele e ele estica os ombros largamente, mas quanto mais ele olha, mais ele relaxa. Um suspiro rosnado o deixa, e ele levanta as mãos para envolvê-las em volta do meu pescoço, seus polegares sob meu queixo e o inclina para cima. — Ele pediu para você dar nota aos trabalhos depois da escola, no seu primeiro dia aqui. Não é uma pergunta, ele ouviu de alguém, mas não significava nada então. Suas pontas dos dedos mordem minha pele com um pouco mais de força. — Ele não vai suspeitar de você, vai? Eu balanço minha cabeça negativamente. — E você estará lá antes que algo de ruim aconteça. Sua boca se abaixa para a minha, e ele me beija, punindome pela ideia com uma beliscada gentil no meu lábio inferior. — Você consegue, Tink. Diga-nos o que fazer. Eu aceno, mas por dentro, meu intestino torce com preocupação. Eu sei que sou a única de nós que pode fazer isso. Ele verá Victoria chegando a um quilômetro de distância, Raven também, não que ela seja capaz agora de qualquer maneira. O risco de eu fazer isso é alto, mas, como eu disse, Royce estará lá, sabendo disso, deve manter meu pulso sob controle, manter meu fluxo sanguíneo estável e minha visão forte. Vai ficar tudo bem.

Sim. Vai ficar tudo bem. Repito essa linha pelas próximas horas e, então, antes que perceba, estou entrando em Brayshaw High. Respire profundamente... e expire. Vou enviar uma mensagem de texto para Royce mais uma vez, mas antes que eu possa sequer ter uma única palavra digitada, uma vem dele. Royce: Estou assistindo. Vai. EU

OLHO

para o canto direito, onde Mac me disse que a

câmera estaria, e dou um sorriso tenso. Minhas mãos começam a suar, então coloco meu telefone no bolso de trás e limpo as palmas das mãos no meu short jeans enquanto entro no corredor principal. O sinal da escola tocou quinze minutos atrás, e Mac disse que o treinador Von ainda está dentro de sua sala. Então, com minha cabeça erguida e minha mochila por cima do ombro, eu me aproximo da porta da sala de aula, batendo levemente com os nós dos dedos. Sua cabeça aparece instantaneamente, e ele sorri largamente enquanto se levanta de sua cadeira. — Brielle, oi. Senti sua falta na aula hoje. Eu agarro a alça da minha bolsa com força enquanto ele se aproxima. — Eu tenho uma justificativa. Ele concorda. — Está tudo bem, eu confio em você.

Continue sorrindo. — Eu tenho algum tempo livre hoje, se você precisar de alguma ajuda. Ele me olha por um momento, e então um sorriso lento se forma em seus lábios. Ele está na minha frente mais rápido do que o esperado, sua resposta é um murmúrio baixo e arrepiante, — Sempre. A pressão cai no meu peito, mas eu respiro através dela. Royce está bem aqui. Ele está observando. Ele puxa a porta da fechadura e faz um gesto para que eu entre. — Por favor, entre. Sua mão começa a abaixar no meu ombro, então eu rapidamente deslizo por ele e entro na sala. Não importa o quanto eu tente me convencer a me acalmar, meu cérebro não ouve. Acabei de me trancar sozinha em uma sala com um homem que não conheço. A sociedade me diz que devo estar segura em sua presença, que ele é um educador, um superior, mas o mundo ao meu redor avisa que não há espaço para confiança cega. O homem diante de mim é capaz de mais do que qualquer um poderia imaginar, e estou aqui para expô-lo a isso. Eu sou a isca.

Eu puxo meu telefone do bolso de trás, segurando-o na palma da mão por precaução, mas ele é gentilmente puxado da minha mão no mesmo segundo. Eu me viro. — Senhor... — Desculpe, nenhum telefone fora durante a correção. Isso poderia distrai-la, — ele me interrompe, passa por mim e o coloca do outro lado da mesa. Eu quero argumentar que não vai, mas eu não quero bagunçar isso. Todo mundo depende de mim, e Taylor merece entender o que aconteceu com ela, Enoch também, por falar nisso. — E, por favor. — Ele se vira para mim. — Me chame de treinador. — Ele sorri, sua mão deslizando para dentro da gaveta de sua mesa. — Todos os meus alunos favoritos me chamam assim, e todos os meus alunos favoritos também... ganham um desses. — Ele estende um quadrado perfeitamente embrulhado com um sorriso ansioso demais. — O que é isso? — Um presente. — Ele sorri. — Todas as garotas adoram chocolate, certo? Quando eu hesito, ele o segura mais longe. — Vamos lá, ninguém nunca recusou um presente. É isso aí. Um presente.

Se eu não aceitar, ele pode ficar desconfiado. Se eu não pegar, tudo isso é um desperdício. Eu estendo a mão e ele o coloca na minha palma. — Vá em frente, experimente alguns. Vou pegar esses papéis para você, ok? — Ele concorda. Eu sorrio, colocando minha bolsa no chão e o sigo em direção ao fundo do vidro. Ele entra em um depósito de canto e eu rapidamente rasgo o invólucro de plástico e quebro um pequeno pedaço. Sem nenhum outro lugar para colocá-lo, coloco-o no bolso da frente e, quando ele se vira, ajo como se o puxasse dos lábios. Quando ele volta, ele arregaça as mangas com um sorriso malicioso, com as mãos completamente vazias. O que quer que ele tenha feito lá agora, não teve nada a ver com pegar papéis. — Você deveria se sentar, Brielle. Ficar confortável. — Só assim, seu sorriso se foi, seus olhos afiados... e vagando pelo meu corpo. Eu dei uma rápida olhada no relógio. Royce disse que estouraria na marca de nove minutos. Já faz oito. Minha mente começa a correr, vários cenários se desenrolando em minha mente de como isso está prestes a acontecer, mas assim que meu sorriso cresce e eu me sento como ele pediu, o relógio passa das doze.

A porta não foi aberta. Para piorar as coisas, o treinador Von se joga no assento ao meu lado, incentivando-me a morder o brownie na palma da minha mão. Eu engulo, enrolando os dedos dos pés nos sapatos para tentar manter a calma, mas conheço meu corpo e sei que não adianta. Eu levo um pequeno pedaço à minha boca para acalmálo, minha frequência cardíaca acelera instantaneamente. Eu sei o que vem a seguir e, droga, não tenho certeza se posso impedir. Onde diabos você está, Royce?

— DOIS MINUTOS , VAMOS LÁ. — Enfio meu telefone no bolso e, de repente, eu, Mac, Micah e Captain saímos do carro de Micah. Subimos correndo os degraus de trás da escola e vamos empurrar o portão, nosso impulso nos levando para trás quando o empurramos e ele não se move. Meu estômago cai, o alarme ameaça enviar vômito pela minha garganta. — Que porra é essa! — Eu o puxo. Eles o puxam. Nada acontece, porra. Dou alguns passos para trás, corro e escalo a merda, os outros atrás de mim. Minha camisa fica presa no metal afiado, rasgando um pouco quando eu caio e corro para frente, mas quando alcançamos as portas duplas, essas malditas coisas estão trancadas também.

Escolhemos a parte de trás por um motivo – seus alunos não

têm

permissão

para

sair

dessa

maneira,

não

levantaríamos sobrancelhas, mas nada deveria ser bloqueado assim. Nunca. — Você está brincando comigo?! — Captain grita, já correndo para a frente, Micah e Mac em seu encalço, mas Mac derrapa, perdendo o equilíbrio, e se vira para mim quando percebe que não me mexi. — Royce, — ele se encaixa. Eu balanço minha cabeça e empurro para a direita, o oposto deles. — Isso não está certo. Vá com o Cap. Ele não discute, e eu saio, pulando a cerca do jardim e correndo pela faixa verde. O portão e a porta estavam trancados, aposto que a porra da sala de aula também está, e estou disposto a apostar que o filho da puta não se atreveria a abri-los sozinho, o que significa que eles terão que invadir. Ele saberá que é a porra de um homem morto, e os mortos fogem. Ele terá uma opção naquele ponto e apenas uma opção. Eu preciso estar nesse lugar, porque eu vou ser um maldito condenado se o filho de uma cadela fugir. Não de mim.

As pessoas me veem correndo, mas nada registra, tudo que ouço é sua voz suave me chamando, perguntando-se onde estou e por que não estou lá como disse a ela que estaria. Eu fiquei lá, bem na frente dela, olhei em seus olhos e ela confiou na minha palavra. Eu a trouxe para esta merda, disse que ela poderia lidar com isso. Que ela era forte o suficiente. Ela tem habilidades de sobrevivência – ela encontrou algo para se proteger quando pensou que estava sendo atacada naquela manhã na ponte. Ela está ciente – não bebeu cegamente a cerveja que ela havia deixado sozinha, sem saber que coloquei um comprimido dentro dela, mas cautelosa apenas no caso. Ela é ousada e rápida – montou um plano sozinha e cuidou de Enoch sem ajuda. Ela é inteligente – sabia o que era necessário para Taylor e como lidar com ela com cuidado. Ela é corajosa – disposta a entrar na cova de um leão hoje... confiando que eu estaria lá. Eu deveria estar lá e trinta segundos antes prometido. Não importa o que, porra, eu deveria estar. Achei que ficar para trás, ficar fora de vista para não levantarmos questões era o movimento suave, aquele que

manteria sua guarda baixa – todo mundo sabe quando chegamos, a carga no ar muda, e ele teria sentido isso. Eu sou um pedaço de merda. Eu estraguei tudo. Eu destruo. Então, vou destruir, porra. Vou começar com o rosto do treinador Von... e depois passar para algo muito mais difícil. Mais devastador. Eu me recuso a pintar seu mundo de preto quando ela apenas começou a ver as sombras do sol de verão. É com esse pensamento que eu explodi, correndo em um círculo curvo para ganhar impulso. Eu não desacelero, penso ou paro. Eu jogo meu braço para cima, meu corpo para frente e estalo a porra da janela. Eu pego seus olhos arregalados uma fração de segundo antes de passar pelo vidro, e é tudo que me lembro, porque naquele mesmo momento, os meus são atraídos para uma Brielle congelada, segurando o braço de sua cadeira, seus olhos apertados e, rapidamente piscando, e em mim. Ela pula e corre para mim, mas ela esbarra em uma mesa e tropeça um pouco, segurando-se na cadeira.

Eu brevemente registro a voz lenta e cautelosa de Mac do outro lado da porta, pedindo-me para abri-la para ele e os outros. Eu não abro. Percebo que a camisa do treinador Von está desabotoada, o cinto desabotoado e tudo ao meu redor fica preto. Ouço gritos fracos, podem até ser meus, mas não posso dizer com certeza. E agora, eu não poderia me importar menos, porque Brielle está segura, mas esse filho da puta ainda está respirando, e eu não estou bem com isso. Eu avanço para ele.

OS

OLHOS DE

ROYCE

PISCAM ,

a escuridão tomando conta,

e é como se ele deixasse seu corpo completamente.

Ele está furioso, mas seu rosto está assustadoramente em branco enquanto sua mão dispara para agarrar o ombro do treinador Von, a outra batendo em seu estômago e tirando o ar de seus pulmões. O treinador Von geme, mas não se encolhe e começa a se endireitar. — Nós estávamos apenas... A palma da mão de Royce sobe rapidamente, colocando a parte de trás de sua cabeça e puxando-a para baixo. Seu joelho bate em suas costelas, fazendo-o cambalear na direção oposta. Gotas de suor se formam ao longo do meu pescoço quando o treinador Von rosna com raiva e começa a enfiar a mão no bolso de trás. Eu me arremesso para frente, mas braços me envolvem, impedindo meu avanço. Acho que grito. Não me lembro de mais ninguém entrando, mas quando olho por cima do ombro, encontro os olhos de Captain. Os meus arregalam, alívio misturado com medo nadando em meu núcleo. — Captain, por favor. Pegue-o e vamos embora. — Não vai acontecer. — Sua expressão contém um pedido de desculpas, mas seu aperto é forte e seguro. — Não há como pará-lo agora. Droga!

Meu peito bate forte, a pressão ameaçando fechar minha garganta e encontrar minhas têmporas. Royce envolve a gravata do treinador Von em volta do pescoço e puxa, arrastando-o na ponta dos pés antes de girálo e jogá-lo na parede atrás dele. Ele não o deixa recuperar o fôlego, mas o levanta e o joga em cima da mesa, suas costas batendo no monitor do computador. O treinador Von grita, tentando fugir, mas Royce pula para a mesa. A pulsação de Royce lateja em seu pescoço, as veias em seus braços salientes, batendo fortemente, combinando com o ritmo do meu. Ele balança o pé, chutando o homem bem no queixo, o estalo do osso ecoando pela sala, e a luz começa a diminuir. O treinador Von geme, bate na parede e desliza para baixo, com o corpo cedendo, mas o idiota se atreve a deixar sua posição. — Você é um idiota se pensa que sou o único que a quer, — ele ofega em um murmúrio baixo, engolindo e engasgando com seu próprio sangue. — Que não há ninguém mais lá fora esperando, observando. Royce grita como um louco e pula bem na frente dele, grita e o coloca de pé, forçando-o a se levantar para que ele possa chegar em seu rosto. O sangue escorre pelo rosto do treinador, seus olhos quase fechados pelo inchaço. Royce dá uma cabeçada nele, liberando-o enquanto o acerta e ele desce novamente

— Oh, meu Deus. — Eu luto para me libertar, tudo ao meu redor agora sem cor e começando a se turvar. — Captain, por favor, deixe-me ir. Ele vai matá-lo. — Eu sei, — sua voz é um sussurro gentil. Ele desiste e começa a implorar, implorando por perdão que cai em ouvidos surdos. Royce gira, pega uma cadeira e a joga contra a parede. Ele se curva, pegando um pedaço de madeira quebrado que pode usar como bastão e o balança entre a palma da mão. Eu começo a chorar, olho ao redor e vejo Maddoc agora parado perto da entrada, seus olhos em Royce. Uma pitada de inquietação está escrita ao longo de sua testa, mas ele rapidamente a apaga quando percebe que eu peguei. Ele balança a cabeça negativamente e eu rosno, torcendo e virando minhas mãos, mas não chego a lugar nenhum. Isto é mau. Isso só vai piorar. A tensão marca minha testa, uma forte pulsação tomando conta não só da minha cabeça, mas de todo o meu corpo. Tento respirar fundo, mas não adianta nada. Eu pisco e pisco novamente, mas a cada vez, minha visão fica mais embaçada. O sangue bombeando ferozmente e a frequência cardíaca elevada, é isso que devo evitar. Estresse e ansiedade, exatamente as coisas de que este mundo é feito.

Royce grita alguma coisa para o treinador Von. Não consigo ouvir, mas vejo a decisão do treinador Von antes de ser tomada, ele está pronto para seu último esforço, aquele que o matará, aqui mesmo nesta sala de aula. O homem coloca um pedaço de vidro na palma da mão. Ele ainda não lutou, mas agora sabe que é sua vida ou a de Royce. Todo mundo também vê. O aperto de Captain se contrai, seu corpo fica rígido atrás de mim, e a sombra de Maddoc desliza para dentro da sala. Royce também, porque seu corpo inteiro relaxa, pronto. Quase excitado. Sabemos que ele merece um destino muito pior, mas este não é o lugar para colocar o último prego no caixão, é um preparo para ele, com certeza, mas o fim não pode ser aqui, onde os alunos poderiam muito bem estar assistindo de fora a janela quebrada. Captain rapidamente me vira, correndo em direção à porta e me empurra para Micah, que de repente aparece lá e se vira de volta. Eu finjo ir com facilidade, mas escapo, deslizando em meus pés e disparando ao redor do outro lado de Captain. Os olhos de Maddoc se arregalam e ele se lança sobre mim, mas eu também já estou muito longe dele. Mac voa para mim, os olhos arregalados em pânico, mas estamos no mesmo tempo e estou dois passos à frente.

Tenho a intenção de abordá-los de lado, fazer com que os olhos de Royce caiam sobre mim para trazê-lo de volta à vida, mas a dois passos de distância, minha condição assume o controle de mim. Minha visão fica turva, escurece e depois desaparece. Nem um segundo depois, meu pé desliza para o lado errado e eu caio em algo duro, chicoteando para trás e batendo nas minhas costas um segundo depois, meu crânio quicando com força contra o chão. Dói, dói, mas só por um segundo e então... nada.

EU ENGASGO com a água quando ela derrama sobre minha boca e peito, tossindo e cuspindo enquanto viro meu corpo, mas um grito baixo desliza pelos meus lábios e me força a voltar para baixo. Minhas palmas se achatam, encontrando algo duro e frio. Eu estou no chão? Eu preciso abrir meus olhos. Eu respiro fundo e uma forte pulsação gira em minha cabeça, deixando-me tonta.

Abro os olhos, mas não há nada. Eu tento de novo. E de novo. Não. Não, não, não. Minhas mãos voam para cima, movendo-se sobre minhas pálpebras e eu pisco, sentindo meus cílios passarem pela minha pele rapidamente. Eles estão abertos. Um choro agudo escapa. — Não. Mãos agarram as minhas, movendo-as do meu rosto, mas eu afasto o toque da pessoa e aperto meus olhos fechados. Minhas palmas plantam ao meu lado e eu corro para trás até que bato em algo quente e sólido. — Brielle, pare. Captain. — Apenas respire, — ele continua. — Diga-nos que você está bem. — Eu não consigo... eu... — Eu engulo. Pendurando minha cabeça e cobrindo meus olhos. Um assobio segue quando toco meu rosto, e a umidade cobre meus dedos. É quente. Sangue?

— Oh, meu Deus! — Tento me levantar, mas sou pressionada. — Pegue o carro, agora! — Isso vem de Maddoc, mas com quem ele está falando não deve se mover rápido o suficiente, porque gritou de novo e três vezes mais alto. — Eu disse agora! O chão vibra sob meu corpo e a umidade enche meus olhos, atinge minhas bochechas e encharca minhas mãos completamente. — Brielle, olhe para mim. Deixe-me ver. Pisco freneticamente em minhas palmas, respiro longa e profundamente e levanto a cabeça. Meus olhos estão abertos, mas não consigo ver. A escuridão é tudo o que existe. Meus gritos são silenciosos e não têm nada a ver com a dor na parte de trás da minha cabeça ou a queimadura ao longo da minha têmpora, a picada no meu peito, mas tudo a ver com a minha visão roubada. Este é o maior tempo que permaneceu preto. Normalmente são curtos períodos de tempo, quinze ou quarenta e cinco segundos, tempo suficiente para eu entrar em pânico ainda mais, piorar as coisas e então me forçar a um estado mais calmo. Sempre funciona.

Por que não está funcionando?! — Por que o que não está funcionando? Eu congelo. — Minha... eu... — Eu fecho minhas pálpebras um último, longo minuto, deixando-as assim por cinco respirações completas, e quando eu as abro novamente, a sala volta à vista. Não é nada além de uma silhueta sombreada, mas posso ver. Eu vejo Royce impotente caído contra a parede, Maddoc segurando-o seu corpo mole em seus braços. Sua cabeça está jogada para trás contra a parede, os lábios entreabertos e as sobrancelhas contraídas. Com uma nuvem negra em torno dele, ele força seu olhar para o meu e mantém. Uma respiração estremecida pressiona seus lábios, seus olhos apertando com força. E então ele vai embora. De alguma forma, com nada além de um mundo de escuridão e cinza na minha frente, suas cores de partida são cada vez mais escuras. Meus membros ficam muito pesados para segurar, uma onda repentina de exaustão me dominando. — Eu acho que vou vomitar, — eu suspiro, minha cabeça girando, meu corpo começando a suar.

As vozes ao meu redor ficam abafadas e meus olhos se fecham. — Ela está desmaiando de novo, — é gritado. A escuridão vence.

N ÃO

ME LEMBRO DE TER SAÍDO

da escola, mas, de repente,

estou no meio de um quarto de hospital, e tudo dentro de mim é profundo e escuro e trágico ‘pra’ caralho. Tento lavar a realização do momento, mas está se infiltrando, provocando-me, zombando das partes de mim que acreditavam que eu poderia fazer o certo e reafirmando que não sou nada além de um idiota imprudente que permanecerá assim para sempre. Não importa o quanto eu desejasse ser ruim, mais Brielle afirma que vê. O fato é que não sou mais. Eu preciso parar de tentar ser e abraçar quem eu sou. Eu sou um idiota, estou arruinado. Eu quebro. Minha meta para hoje, acima de tudo, era manter Brielle segura. Aquele era o número um, e saiu pela janela no segundo em que passei por ela.

Eu não conseguia me controlar e, para ser honesto, nem tentei. Eu queria foder o homem o máximo possível. Ele merecia uma surra e mais. Um bom homem teria querido proteger sua garota de ver isso. Um homem decente teria, pelo menos, se importado. Eu não fiz nada e olhe para onde isso levou. Eu fui lá para proteger minha garota do perigo, e eu sou o filho da puta que acabou machucando-a. Eu bati nela. Acertei-a na têmpora quando eu enrolei minha mão para trás, e meu deus... ela caiu. Brielle caiu de costas no chão, ficou inconsciente e tudo o que fiz foi ficar ali parado e morrer por dentro. Não me deixei cair ao lado dela, chorar por ela, não a ajudei. Eu estava congelado, imóvel. O que isso diz sobre mim? Minha cabeça levanta sozinha, encontrando os olhos de um monstro no espelho na parede, e a pessoa que está olhando de volta não consegue se encarar.

Ele é fraco, sufocante, com as palmas das mãos pintadas de vermelho ao longo de seu pescoço, e combinando com o tom manchado em suas mãos, braços e roupas. As minhas roupas. Eu queria que fosse meu, agrupado aos meus pés e permitindo que eu me afogasse nele, porque eu, com certeza, não mereço estar aqui agora. Então, eu me afasto, no corredor onde minha família está com olhos arregalados e preocupados, mas eu não paro ao lado deles, e eles não ousam tentar me impedir. Mas ela sim. Meu nome é sussurrado por trás, e é uma música que queima minha alma. É a voz mais suave e gentil, a calma que não possuo, mas desesperadamente preciso, anseio e desejo. Eu sinto isso puxando minhas entranhas, permitindo que o mínimo de ar entre na minha garganta, revivendo meus pulmões. Dando vida a um zumbi de merda. Minha mente se recusa, mas meu corpo gira, encarando o caminho de onde acabei de sair. Meu peito desaba, fica oco. Lágrimas descem.

Minha pequena, minha baby, porra. Ela está parada na porta, encostada nela para se apoiar porque não estou oferecendo nada a ela. Ela estende a mão para mim... mas eu não alcanço de volta. Eu me viro e dou a ela o meu. Horas devem passar, porque a próxima coisa que meus olhos estão se abrindo é o anoitecer. Eu sei que estou sentado na porra do chão, segurando o gargalo da garrafa, então fodase, eu levo a merda aos meus lábios, mas nada sai. Eu olho para a coisa salpicada de ouro. Quem bebeu tudo? Eu jogo para o lado, meu braço cai com ele, e caio contra a árvore, mas a coisa se move, me jogando de costas. Árvore em movimento. Eu rio e tento empurrar para cima, mas meus braços não estão segurando, então é o chão. Eu fico olhando para as estrelas, e quando encontro a Ursa Minor, a porra da Ursa Minor de que ela falou, minha caixa torácica racha. Bem aberta. Ou é assim que parece. Depois de nossa noite na cama elástica, percebi algo que deveria ter feito muito antes disso – ela ama o céu e tudo o que

ele contém. Então, quando ela foi embora, eu procurei algumas merdas e descobri como localizar as coisas que ela procura no escuro. Eu precisava saber mais sobre o que ela amava e por quê. Eles se parecem com o que vem nos kits de tintura de Páscoa que Maybell costumava comprar para nós depois de estarem bons e usados, com formato horrível e torto no cabo. Não sei o que significam ou representam, mas aposto que ela sabe. Eu ia roubá-la, tirá-la de volta à noite para que pudéssemos encontrar esses filhos da puta, e então sentar e ficar olhando para ela enquanto ela me contava tudo sobre eles. Eu me pergunto o que ela está fazendo agora? Olhando para as estrelas? Sorrindo com os tons de azul? Chorando em seu travesseiro? Há um aperto no estômago e sobe para a garganta, criando uma tensão forte. Preocupação. Medo. Duas coisas que Brays não deveriam sentir, mas talvez eu seja o elo mais fraco.

O tolo fraudulento entre almas superiores. Destinado ao fracasso. A cair. Estou caindo. Para o esquecimento. Minha garganta se fecha e eu aperto minha mandíbula. Minha cabeça lateja tanto que fico tonto, mas a dor ainda está lá, e eu não a quero. Não aguento. É intenso e insuportável ‘pra’ caralho. Eu sou uma vadia fraca. Um pedaço de merda. Prendo meu sapato na bolsa aos meus pés e puxo para cima. Eu procuro no saco plástico preto e retiro uma nova garrafa. Se eu ficar bêbado o suficiente, talvez eu esqueça esses pequenos fatos desagradáveis. Eu me pergunto quanto custaria para me convencer de que não estou apaixonado pela garota que tenho que deixar ir? Que eu não a amava desde antes de perceber.

Que afastar minha baby não vai me foder? Destruir-me? Porra, me quebrar? Porque vai.

A SSIM

QUE CHEGO EM CASA ,

é tarde, mas não consigo

dormir, e quando o sol nasce e entra pela janela, minha cabeça lateja mais forte, minha mente fica louca. Quando cheguei aqui, estava zonza e a cada dia minha felicidade aumentava, mas esta manhã tudo o que sinto é cansaço e insegurança. De volta à casa da minha tia, era fácil controlar minhas emoções, limitar os impulsos e reações internas do meu corpo. A maneira simples de fazer isso era simplesmente não se envolver. As pessoas lá facilitaram, queriam que eu ficasse sozinha. Quando minha tia começou a esperar que eu fosse sua empregada doméstica, meu sangue fervia a cada esfregada

da esponja, a cada varredura do esfregão, mas rapidamente percebi que não havia motivo para ficar com raiva e eu estava apenas me machucando. Eu tinha que fazer isso, então colocaria um pouco de música e limparia em paz. Desde o dia em que aterrissei aqui, disse a mim mesma que tudo o que queria era sair, mas esses últimos oito ou nove meses me mataram. Eu não queria apenas sair, eu precisava sair. Eu precisava do meu irmão. Uma conexão. Uma pessoa, era tudo que eu queria. Uma pessoa para quem eu poderia acordar e sorrir, que sorria para mim, realmente feliz em me ver. Eu precisava ver a felicidade, catalogá-la, caso chegasse um momento que eu não pudesse ver de jeito nenhum. Não no caso, quando. A inquietação que veio com a espera pelo dia em que Bass apareceria começou a me consumir. Foi quando percebi que o inchaço voltou e era bem mais frequente. Mesmo assim, tudo o que pude fazer foi sentar-me em silêncio e imaginar o que teria quando tivesse partido. Uma vida onde pudesse ser feliz e livre, ter amigos e, acima de tudo, meu irmão. Eu seria como o estêncil de parede

cafona encontrado na sala de estar da minha tia e viveria, riria e amaria. Agora estou aqui, vivendo, rindo... Eu engulo. Amando. Acho que esqueci por que cortei a possibilidade de conexões em primeiro lugar, mas me lembro bem agora. Não consigo controlar minhas emoções quando outras pessoas estão em minha vida, e elas viram em primeira mão, que responsabilidade eu posso ser, e agora sou forçada a me perguntar se posso lidar com o mundo do qual fui tirada, mas agora vivo no meio dele. Se esta vida, este lugar, vale uma vida inteira de trevas em um mundo já escuro. Eu me fiz essa pergunta pelo menos uma dúzia de vezes desde o acidente de ontem, e a cada... vez... que eu faço, um par

de

olhos

castanhos

assombrados,

viciantes

e

infecciosamente vivos aparecem em minha mente, e os meus fecham, uma voz profunda e rouca respondendo com as mesmas oito palavras... Nunca deixe o medo te deter, menina. Nunca. Então, como ele diria, foda-se. Tudo é uma merda, então o que mais pode doer?

Minha mente grita muito, mas eu ignoro. Eu não deveria.

— N ÃO

ACHO

que devíamos estar aqui.

— Cale a boca, Valine. — Cadela! — Ela se encaixa, mas quando eu começo a rir, ela me empurra de brincadeira. — Você pode estar certa, provavelmente não deveríamos, mas você já deixou isso impedi-la? Porque eu deixei, e adivinhe. — Eu paro, olhando para ela. — Eu superei. Eu preciso falar com ele e precisa ser agora. Seu sorriso é lento. — Já era hora, porra. Aqui. Vou te dar um empurrão. — Ela corre para o portão, se curva e espera. — Não entraremos sorrateiramente. Entraremos direto pela porta. Seus olhos se estreitam. — Como? Eu suspiro, olhando o lugar. — Tenho a sensação de que eles vão me deixar passar. — E não é uma boa sensação.

Royce se afastou de mim, e isso só pode significar uma coisa – ele se culpa pelo que aconteceu comigo, e isso é minha culpa. Eu deveria ter contado a ele mais sobre minha condição para que ele entendesse, mas eu estava com medo que ele me expulsasse, e agora aqui estamos. O menino com o mais doce coração escondido, que não quer nada mais do que encontrar seu final épico, fez a única coisa que sua mente não aguenta, a única coisa que o faz perder a pouco calma que possui, como eu vi no primeiro dia, quando Franky agarrou meu braço – ele bateu em uma garota. Ele me bateu, pelo menos é assim que ele vê. Preciso falar com ele, explicar o que ele não viu. Eu preciso que ele me escute. Chegamos ao portão da frente e, como eu pensava, passamos direto sem problemas, mas quando alcançamos as portas do The Wolves Den, Andre desliza mais na frente da porta. — Sério? — Meus ombros caem. — Eu pensei que você fosse um gigante amigável no que me dizia respeito? — Tenho que saber qual é o seu plano antes de eu deixar você entrar aí, garota. Um Brayshaw quebrado não é bonito, e preciso pedir reforços se você estiver aqui para enfiar a lâmina mais fundo.

— Vamos, Andre. Você me conhece bem o suficiente agora. Você acha que eu colocaria sal em uma ferida? Seus olhos se movem entre os meus e ele sorri. — Não, você acalmaria a dor, mas eu vou te dizer, isso não vai acontecer da maneira que você trabalhou nessa cabecinha bonita. Nosso garoto, ele está em outro nível esta noite. — Obrigado pelo aviso, agora me faça um favor e me diga onde meu homem está. — Vamos, garota, você conhece seu garoto melhor do que isso. — Ele se afasta e lá está ele, bem no meio da sala, uma comitiva já ao seu redor. — Frente e centro. Sendo o que eles esperam. Ele me viu imediatamente, como se estivesse esperando que eu entrasse pelas portas. — Bem, bem. — Ele aceita uma nova garrafa aberta de uma garota que eu nunca vi, chutando a perna dele para que ela se sentasse onde não pertence a ela. —

Olha

quem

apareceu.



Sua

cabeça

cai

preguiçosamente. — Não finja que você não sabia que eu estava vindo, — eu o chamo. — Essa é a única razão pela qual você estalou os dedos e permitiu a entrada do bando de cisnes. Ele voa do assento, a garota caindo no chão, mas ele não para para ajudá-la.

Ele vem em minha direção, seu peito estufado, mas seus ombros estão tensos. E ele está com raiva. Com tanta raiva. É o medo que está causando isso, e ele não tem ideia do que fazer com isso. Ele se inclina, seus lábios se curvando, mas, meu Deus, seu corpo treme. É leve, quase imperceptível, mas está lá e cria uma picada dentro de mim. Ele está doendo por dentro, e está vibrando em seu próprio ser e, por algum motivo, este menino na minha frente sente a necessidade de esconder isso. De se esconder. Esconder-se de si mesmo atrás dessas pessoas que nunca poderiam amá-lo de verdade porque não o conhecem como eu. Ele é uma fraude em sua própria pele. Ele vai fazer isso doer. Posso ver em seus olhos solitários e quebrados de menino. Acho que é aqui que tudo desmorona. Dizem que nada dura para sempre, mas esse ditado é uma mentira, porque a dor dura. A dor dura a vida toda.

Aí vem a minha.

— EU

NÃO SEI

por que você está aqui quando você não é

querida ou permitida, — eu forço. — Saia. Seus ombros caem, mas ela mantém aquela pequena elevação de sua boca no lugar. — Eu não posso. Não até você falar comigo. — Não tenho nada a lhe dizer. Se eu tivesse, eu teria ligado para você. E eu não liguei. — Eu me forço um passo para trás. Maldição, ela está perto. Muito perto. Não perto o suficiente. Antes que eu perceba, estou tentando alcançá-la, mas me afasto desleixadamente, rosnando enquanto me afasto dela. —

Eu disse vá. Garotas da casa em grupo não são permitidas aqui. — Que bom que estou longe de ser uma dessas. — Não mais. — Eu cuspi no chão, olhando por cima do ombro. — Você é tão inútil aqui quanto era de onde veio. Eles não tinham uso para você, nem eu. Porra, me mate. Minhas entranhas queimam como se alguém tivesse atirado em mim com uma seringa cheia de seu melhor veneno, mas, ainda assim, eu acrescento: — Volte para sua tia, você não é mais desejada aqui. — Mal consigo pronunciar as últimas palavras antes de ser forçado a engolir o vômito que começa a subir. Minhas veias queimam, minha garganta está fechando, mas não é nada comparado com a lâmina dentada cortando meu torso com suas próximas palavras. — Sua mão causou algum dano. Minha palma voa para minhas costelas, segurando-as no lugar, lutando contra a picada, acalmando a dor. Eu planto a porra dos meus pés, endureço minha mandíbula trêmula e me forço a girar, para enfrentar meu demônio de frente – a marca na têmpora esquerda da minha garota. Meus ombros caem, a fraqueza em mim se mostrando para a única garota para quem eu gostaria de ser forte.

— B... — Eu só disse isso para chamar sua atenção, — ela diz rápido. — Eu... perdi minha visão. Suas palavras não fazem sentido para mim, e as minhas são uma mentira dura. — Isso significa algo para mim? — Estou tentando dizer que não foi sua culpa. Estou ficando cega, Royce. Eu apaguei, — ela sussurra, e minha mente grita, minha cabeça girando, lutando para entender além do álcool nadando em minhas veias. Ela está mentindo, então vou desistir? Não posso ceder, especialmente se isso for verdade. Bass disse que ela cairia na escuridão do nosso mundo. Ele quis dizer isso literalmente e eu era muito idiota para perceber isso? Será que ela realmente perderá sua capacidade de ver quando passou os últimos quatro anos sem ver nada? Quatro anos perdidos. Seu espírito escurecendo com sua visão. Ela se aproxima, e sua proximidade queima tanto quanto a distância. — Não foi sua culpa, — ela afirma. — Mas a dor que se seguiu quando eu vi você ir embora, isso foi. Porque eu sou um pedaço de merda. E estou prestes a me tornar um ainda maior.

Eu solto outra risada rançosa e esta quase me bate na minha bunda. — Você diz essa merda, conta suas pequenas mentiras, como eu deveria me importar. Novidade. Eu não me importo. Não sobre como você se sente, não sobre o que você está passando, não sobre você. Mentira, mentira, porra de mentira. O silêncio, frio e escuro, ameaça nos engolir. Eu deveria deixar, mas não sei como. Digo a mim mesmo para ir embora, mas meus pés se recusam a se mover, então foda-se. Eu fico na cara dela. — Eu deveria te levar aqui, agora, te dar um presentinho de despedida para que eu possa mandá-la embora. Nós dois sabemos que não tenho que gostar de você para foder. — Não, — ela sussurra, sua mão subindo para tocar meu peito, mas eu me afasto. — Você não tem, mas você teria que me amar para tirar minha virgindade como você fez, porque Royce Brayshaw não toca em virgens de outra forma. Tento falar, estalar de volta, mas minha garganta está oficialmente entupida. Minha Brielle. Minha baby. Ela nunca pode ser minha. Eu vou destrui-la. A prova é a marca vermelha raivosa olhando para mim.

— Me chame de idiota, — eu sussurro odiosamente. — Porque que erro de novato aquilo foi. Agora olhe para você, parada aqui esperando mais, como se você fosse especial. Como se você não fosse apenas um corpo para brincar, para eu foder no segundo que eu decidisse que queria... e você deu, não deu? Bem quando eu disse vá, assim como o resto delas. Ela passa a língua nos dentes, desviando os olhos para esconder sua dor brevemente, apenas para trazê-los de volta. A agonia pura queima minhas entranhas, derrete minhas defesas e ameaça engolir minha determinação. Quero dizer a ela que não a fodi, que adoro seu corpo, quero tratá-lo como uma porra de um templo, trazê-la o mais perto possível das estrelas, sabendo o quanto ela ama vê-las. Como eu quero nos colocar em chamas, uma e outra e outra vez. E então fazer de novo, mas não posso dizer nada disso, porque sou ruim para ela. Ruim, ponto final. Todo mundo sabe disso, então ela também deve saber, certo? Perceba que as garotas me prendem porque querem me foder, porque eu sou o idiota descartável que pode fazer com que elas se sintam bem por uma ou duas noites, mas é isso. Elas mantêm Cap. Elas querem Maddoc, elas se contentam comigo. Ninguém quer me manter.

O imbecil. O cara mau com más intenções. Faça o que você faz de melhor, Royce. Empurre, mas é melhor você empurrar com força, porque se ela vier até você, acabou. Resolvido. E muito egoísta. — Vamos, pequena Bishop. Não fique aí parecendo tão indefesa. Você tinha que saber o que estava acontecendo aqui. Nós conversamos sobre como se fazer de tola faz você parecer. Seu peito começa a subir e descer em curtas respirações, seus pulmões se recusando a compartilhar o mesmo ar que eu, o bastardo que a machucou. Quem a está machucando agora. — Eu sei o que você está fazendo, — ela murmura. — E você pode beijar minha bunda se acha que isso vai funcionar, mas vá em frente, Playboy. Quebre-me se você tem coragem. Seus grandes olhos turquesa segurando os meus e esperando que mais bile suba e saia. Eu me forço a não desviar o olhar, não recuar. — Eu precisava pegar o treinador Von em flagrante. — Meu ombro levanta, mas mal sinto o movimento. — Ele mereceu depois de tudo

com

Enoch

e

sua

garota,

as

garotas

que

ele

provavelmente machucou antes dela. Demorou mais do que eu pensava, mas você finalmente fez algo útil, entrou de cara.

Quero dizer, vamos lá, você está tão desesperada para se sentir querida que até se ofereceu para o pequeno papel sujo. A porra de uma faca, direto no coração. Seu rosto cede, um bufo agudo passando por suas narinas. — Royce, — Captain se encaixa. Eu o ignoro, franzindo a testa para ela, mas não estou realmente olhando para ela, não posso. Eu me concentro na minha visão periférica. — Você não era nada além de uma peça do jogo, uma que eu tive que rastrear, trazer e moldar na pequena parte perfeita. E funcionou. Por que você acha que eu testei você primeiro? — Eu forço uma risada suja, dando boas-vindas ao gosto podre na minha garganta. — Por que você acha que eu coloquei ecstasy em sua bebida na primeira noite aqui? Para ver quanto trabalho eu tive que fazer para cegar você. Eu estava atirando no sentido figurado, mas cara, talvez eu seja melhor do que pensei, sim, já que você ‘perdeu a visão’? — Falo o mais zombeteiro que consigo reunir, inclino a cabeça e desejo que uma porra de espada o corte do meu corpo. — Mas deu muito trabalho, não deu? Captain empurra meu peito, tentando me afastar, mas eu empurro sua mão e ele balança a cabeça, incapaz de olhar para Brielle.

— Você é um idiota. — Ela grasna, a incerteza em seu olhar. — Eu sei. — E este será meu maior show. Um pesadelo para menores de idade, para nunca ser esquecido, uma visão pela qual serei para sempre assombrado. Ela pisca, mas nada de novo brilha como ela faz e isso me parte em dois, mas ela não corre, não se move um centímetro. Ela fica parada, olhando diretamente para mim. Eu preciso dela fora antes de eu quebrar. — Sinto muito pelo que aconteceu com você, nunca deveria ter acontecido. — As únicas palavras verdadeiras que saem essa noite. — Mas eu não vou ficar aqui e fingir que tenho mais alguma utilidade para você. Já aceitei tudo o que você tem a oferecer. Usei você como eu planejei. Apagou o halo pendurado acima da sua cabeça e substituiu por alguns chifres, mas era o que você queria, certo? Para ser má? Para fazer parte das trevas do nosso mundo. — Eu ando para trás, retomando meu lugar no sofá, Katie de um lado, Giana do outro. Eu encolho os ombros. — Você não tem mais nada que eu queira, então vá em frente, pequena Bishop, — eu resmungo, não reconhecendo minha própria voz. — Saia daqui antes que você seja mordida. Estou tentando comemorar, e você está matando o clima.

— Eu não terminei de falar com você, — ela continua, sua voz tão baixa que quase sinto falta, sua esperança quase morta em minhas mãos. Micah dá um passo para cima, agarrando seu braço suavemente e eu voo do meu assento, empurro-o para trás e mergulho em seu rosto. Eu rosno o desafio final; um que eu sei que a fará sair. — Você realmente quer que outra pessoa leve uma surra por sua causa? Meu

coração

estala,

vergonha

e

autocensura

apunhalando minha pele, a lâmina dentada, enrolada em arame e torcida com o impacto. Como ouso usar o que ela me contou sobre o que aconteceu com seu irmão contra ela. Seu lábio treme, mas ela luta. — Como você ousa dizer isso para mim. As cordas do meu pescoço se esticam e cerro os dentes. — Você é patética por pensar que eu não faria isso. — E você é um bastardo que tem medo de se mostrar porquê, e se as pessoas não te amarem quando você as ama? — Ela empurra meu peito. — Bem, foda-se essas pessoas e foda-se você também por ser covarde demais para ficar aqui e fazer o que realmente quer, porque sei que não é isso, mas acho que você quer aprender da maneira mais difícil. — Ela

começa a recuar. — Observe eu me afastar de você desta vez, Royce, e não espere que eu seja aquela que anda de volta. Ela se vira e sai, arrancando meu coração e levando-o com ela. Fodendo-me ainda mais, meu irmão vai embora com ela.

— B RIELLE ,

ESPERE !

Eu continuo correndo para a saída, mas Captain me alcança, entrando gentilmente na minha frente. — Por favor, apenas... — Fique longe dela. Eu pulo, girando e procurando na escuridão, e lá está ele, rastejando com passos lentos e raivosos, uma sombra escura caindo sobre seus olhos enquanto ele se aproxima. Ele não lança um olhar para Captain, mas dá um passo bem na minha frente. Os eventos da noite, os últimos dias e tudo o que há no meio vêm se quebrando ao meu redor ao vê-lo. Lágrimas enchem meus olhos, obstruindo minha visão, e eu caio nele. Seus braços me envolvem instantaneamente, puxandome para mais perto, e eu começo a chorar completamente.

Ele agarra minha nuca suavemente e sussurra: — Eu peguei você, irmãzinha. Eu agarro a jaqueta do meu irmão, e ele me segura com mais força. Ele me balança como fazia quando éramos crianças, quando ele vinha me confortar depois de um episódio de nosso pai. Eu odeio que é assim que ele está me vendo pela primeira vez em tanto tempo – fraca e necessitada. — Diga a seu irmão que ele é um homem morto, — Bass rosna. — Foda-se, — Captain murmura, sua presença cada vez mais próxima. — Ameace meu irmão de novo, Bishop. Você sabe o que vai acontecer. — Pare, — eu sussurro, puxando-me para fora. Eu me viro para Captain e seus olhos se suavizam, entendendo instantaneamente. Ele concorda. — Vou levar Valine para casa. Meus lábios se contraem e eu me viro para ela, mas ela joga as mãos para cima e o segue, sem precisar de uma explicação.

Captain intervém mais uma vez, com a voz um sussurro desesperado: — Lembre-se do que conversamos no zoológico, Brielle. Eu olho para meus pés e ele se afasta. Nervosamente, giro de volta para meu irmão, e ele acena com a cabeça, então eu o sigo em direção à borda do portão, mas ele fica para trás, dizendo olá para as pessoas que o avistam em seu caminho no meio da multidão. Uma vez fora, ele me encara. — Olhe para você, B, — ele murmura, correndo a língua ao longo dos lábios e desviando o olhar quando seus olhos brilham. — Pequena, mas... não. Eu rio e ele estende a mão, então deslizo minha mão na dele. — Você está linda, B. Um pequeno sorriso encontra meus lábios e eu olho para cima. — Você é mais alto do que eu me lembrava. Ele nos leva mais longe em direção ao carro que ele deve ter dirigido. É bom, melhor do que qualquer coisa que eu esperava que ele pudesse pagar. Um clássico, como ele sempre quis. Um Mustang Fastback 1969, o carro exato que ele havia colado na parede do quarto desde que me lembro. Não tenho

que me perguntar se é dele ou algo que ele pegou emprestado para fazer a viagem, a placa o denúncia. BISHOP2. Algo se apodera de mim e as lágrimas voltam rápido. — Sim, — ele murmura. — Eu devo estar com a cabeça fodida para reutilizar qualquer coisa que aqueles idiotas fizeram, mas eu não pude, então eu usei direito. Sei que quatro Bishop eram sua maneira de dar um presente, mas nunca houve quatro de nós. — Seus olhos deslizam para os meus, meu doce e protetor irmão. — Sempre houve apenas dois. Só eu e você, B. Mais lágrimas estúpidas escorregam quando um silêncio pesado cai sobre nós, e é devastador como essa sensação é desconfortável. Para preenchê-lo, entramos em seu carro e ele começa a descer a estrada. Leva vários minutos para ele finalmente falar. — O que diabos aconteceu, Brielle? Como você veio parar aqui? Eu encolho os ombros e respondo simplesmente. — Royce veio para a cidade, como você disse que faria, e depois voltou e me levou para casa com ele. — Por que você não me contou? — Por que você não me disse que saiu deste lugar? — Eu rebato em um sussurro. — Vim aqui pensando que você estaria aqui comigo.

— E quando você percebeu que eu não estava, você deveria ter vindo até mim. — Assim que percebi que você se foi, não precisei correr até você, Bass. A preocupação aperta seus olhos. — Tem certeza? Olhe para você. Você está bem? Eu engulo. — Sim, eu estou bem. Foi um acidente. Eu... desmaiei. Ele estremece e eu fico tensa. — O que você quer dizer, está acontecendo de novo? Desvio o olhar, culpa que não deveria sentir me rasgando. — Porra, isso nunca parou, — ele murmura. — Mas ficou pior aqui, não é? — Ele adivinha. — Estou bem, Bass. — Você não parece bem, Brielle. Eu sei como é a destruição que o caminho de um Bray deixa para trás, — Bass dispara. — Algo acontece e de repente você significa nada, se é que alguma vez significávamos alguma coisa em primeiro lugar. — Esta noite foi apenas... uma noite ruim. — Sempre haverá noites ruins. Eles não param. Eles só pioram. É isso que você quer?

— Este não é quem ele é. Ele está chateado consigo mesmo. Ele para em um semáforo, olhando para mim. — E isso é uma desculpa?! — Qual é a sua?! — Eu me pego gritando, ficando na defensiva pela vida que estou construindo aqui e das pessoas que vivem nela. O rosto do meu irmão cai. — Brielle... — Qual é a sua desculpa, Bass?! — Você nunca deveria vir aqui, — ele diz em vez disso. — Eu disse para você mentir. Para ser você e ficar longe e você ficaria bem! — Por que ser eu?! — Eu grito, virando no meu banco para encará-lo de frente. — Por que ele nunca poderia amar uma garota como eu?! Por que eu não valho a pena?! Bem, adivinhe, Bass, não foi para ele que menti. Foi para você! Sua cabeça puxa para trás. Eu mantenho minha carranca no lugar. — Você me perguntou se ele caiu no seu plano, e eu disse que sim. Eu disse sim porque era verdade. Você me disse para ser eu, para garantir que Ciara estivesse por perto quando eu estivesse, para que ele nos visse e se apaixonasse pela mentira, e ele o fez. Ele deu uma olhada para ela e, como você disse que faria, decidiu que ela era eu. Bass Bishop é alto, lindo, sósia.

— Brielle. — Ele balança a cabeça, mas não o deixo dizer mais nada. — O que eu não disse a você, foi como ela me revelou nem quinze minutos depois, então eu segui seu pequeno plano. Eu fiz exatamente o que você disse, como sempre faço. — Eu jogo minhas mãos, deixando-as cair no meu colo com um tapa. — Eu era eu, total e completamente, e você sabe, ele não me odiava por isso. Ele não me jogou fora por ser eu, como você fez. Ele empalidece. — Sim, Bass, eu sei. — Eu brilho. — Sei agora que foi você quem tomou a decisão por mim. Você me mandou embora, nos separou. Não eles. Você. Seus olhos endurecem, voando por cima do meu ombro. — Ele te disse isso? — Quer saber, não ele não fez, mas ele deveria ter dito. Eu dei a ele um monte de merda por isso e nenhuma vez ele jogou isso na minha cara quando ele poderia ter feito isso tantas vezes, e você sabe por quê? — Eu pergunto, mas não permito que ele responda. — Porque ele sabia o quanto você significava para mim e que quebraria meu coração descobrir a verdade antes que eu estivesse pronta para isso. — Ele manipulou você. — Não, — eu estalo. — Ele não fez. Mas obrigada por me deixar saber o quão instável você acha que eu sou.

— Não acho que você seja instável. — Ele balança a cabeça. — Mas você é jovem. Você... — Eu não sou jovem, — eu interrompi com uma risada baixa. — Bass, eu vivi a vida de um adulto desde que estava na escola primária, assim como você. Nunca fui criança e você sabe disso. Nenhum de nós teve essa honra. — Você ainda é minha irmã. — Seu joelho salta e ele desvia o olhar. — E você não vai ficar aqui, Brielle. Sinto muito, mas você não vai. Eu empurro contra o assento. — Bem, eu sinto muito, porque não é sua escolha. Você não pode fazer isso, se lembrar de mim quando for conveniente e aparecer quando eu finalmente não sinto que estou esperando por você. — Falaremos sobre isso no hotel. — Não. Sua cabeça vira em minha direção e ele me encara. — Me leve para casa. — Brielle... — Eu disse me leve para casa. — Eu fico olhando para a frente, uma dormência inesperada rastejando sobre mim. Ele quer discutir, mas com uma maldição baixa, ele segue nessa direção.

Só quando estou saindo do carro, preparando-me para bater a porta, ele sussurra: — Esta não é sua casa. Eu bato a coisa o mais forte que posso. Não acredito que estou esperando há tanto tempo para ver meu irmão cara a cara. Para abraçá-lo e rir com ele e o nosso reencontro é assim. Dane-se esta noite! Foda-se Royce Brayshaw e foda-se meu irmão. Vou ficar chapada com minha amiga porque posso, e então vou desmaiar e torcer para que amanhã seja um dia melhor.

MINHA

ESPERANÇA FOI À MERDA .

O dia seguinte foi tão ruim quanto o anterior, e hoje é uma merda tanto, mas não posso mais me esconder no meu quarto. Meu irmão me ligou sem parar, apareceu meia dúzia de vezes e eu o rejeitei todas as vezes.

Não estou pronta para lidar com ele ainda quando todo o resto está tão fodido. A realidade que o rodeia é o fato de que vai embora e quando o fizer... vai sair sozinho ou com acompanhante? Não consigo pensar nisso agora, então estou fazendo o possível para não pensar em nada, sentada em um banco do parque, segurando o baseado que Valine passa para mim. — Você está uma merda. — Ela joga o cabelo por cima do ombro, as unhas pontudas se encaixando enquanto o faz. Eu luto contra uma tosse, sorrindo enquanto solto uma longa linha de fumaça, arrastando-a até que desapareça no ar. — Sim, eu poderia usar uma escova. — E talvez um pouco de delineador. Eu rio, batendo meu ombro no dela. — Aqui, pegue seu baseado de volta. — Vadia, você acha que eu posso enrolar mais de meio grama de uma vez? Negativo. Eu cortei meus olhos em sua direção. — Posso perguntar como você ganha dinheiro? — Posso perguntar por que você usa uma máscara de gelo para dormir? — Ela levanta uma sobrancelha de formato perfeito. — Pré-soco do seu homem, é isso? — Ela brinca para aliviar o clima.

Uma risada debochada me deixa e eu olho para longe. Touché. Meus músculos finalmente se acalmaram o suficiente para permitir uma longa expiração. — Legal, certo? Deixar essa merda te acalmar? — Ela solta uma nuvem de fumaça, puxando outra e segurando-a. — Minha mãe costumava dizer que é o Xanax41 de uma menina de rua. — Ela acena com a cabeça, olhando para a cidade. — Faz sentido, eu acho. Eu não insisto no comentário da mãe, eu sei que isso só vai fazer com que ela pule e me enlouqueça ao sair, então vou com algo totalmente diferente. — Você sabia que eu não fumava há um ano antes da ontem à noite? — Eu não fumo há nove meses. Nossas cabeças cortaram nossos ombros para encontrar Raven subindo. Seus olhos estão em Valine. — Eu preciso roubar sua amiga. Valine se inclina para frente, inclinando a cabeça. — Eu não sei, eu meio que não estou odiando-a agora.

41 Medicamento para ansiedade.

— Eu meio que não me importo. — Raven puxa um malote do bolso e a segura entre dois dedos. Valine sorri e fica de pé. — Eu meio que gosto de você. — Ela vai embora. Raven a observa ir, e então seus olhos voltam para os meus. — Isso está no porta-luvas desde antes de eu engravidar. Está seco ‘pra’ caralho, mas ela não vai descobrir até terminarmos de conversar. Uma risada baixa me deixa. — Eu não acho que ela vai se importar. Raven acena com a cabeça e se aproxima. — Meninas quebradas nunca se importam. Maconha é maconha. Uma fuga é uma fuga. — Ela fala por experiência própria. Raven fica perto do banco e olha para as caixas de plantio. — Eu me sentaria se não doesse tanto para me levantar. — Como você está se sentindo? — Eu puxo meus lábios para o lado. Ela zomba de uma risada. — Como eu estava depois que fui esfaqueada. Minha cabeça vira em direção a ela. — Longa história. — Ela ri. Uma que meu irmão provavelmente conhece.

— E o bebê, como ele está? Ela sorri largamente desta vez, desviando o olhar. — Com um pai e tios como os dele? Garantido para ser único. — Ela ri. — Estou quase apavorada, mas por enquanto? Ele é minúsculo e perfeito. Eu encontro seus olhos e seus lábios se contraem. — Ele tem um nome lindo e adequado. — Eu não tive a chance de dizer isso a ela. — Raven e Phoenix42. — E o lobo. — Ela sorri. — Estou apenas esperando aquela primeira pessoa fazer uma piada para que eu possa bater em seus dentes, — ela brinca. — Não há mais bebê aqui, mesmo que ainda pareça com isso. Nós duas rimos, mas a dela para rapidamente e ela fica sombria. Uma grande dose de tensão começa a nos envolver, ficando cada vez mais forte quanto mais nos encaramos. Ela aperta os olhos. — Eu ouvi o que aconteceu. — Achei que você teria. Ela acena com a cabeça e, em seguida, muda seu corpo inteiro em minha direção. — Você já pensou em ir embora. Não é uma pergunta, então não respondo.

42 Corvo e fênix – tradução.

— Não faça isso, Brielle. — Ela não está comandando, mas implorando com cautela, a dor em seu tom clara como o dia. — Se você for, ele vai te encontrar e te trazer de volta de qualquer maneira. Portanto, não faça isso. — Então talvez eu devesse. — Eu me sento. Sua carranca é instantânea. — Você está falando sério? Você realmente se afastaria dele? — Oh, isso seria eu me afastando? — Meus olhos se arregalam. — Não seja tão cega como se você não visse por que ele está fazendo isso. Sua escolha de palavras é desencadeada e eu pulo do banco, olhando para ela. — Foda-se, Raven. O clique de uma porta soa atrás de mim, mas eu não olho, nem mesmo quando Raven levanta a mão para impedir o avanço do observador. Nenhuma vez ela tirou seu olhar firme do meu. Perguntas surgem em seus olhos, mas ela não as faz, em vez disso, abaixa a mão ao lado do corpo. Sei que ela não está com raiva de mim, que está simplesmente preocupada com Royce, e a última coisa que quero fazer é arranjar uma briga com ela quando já estou lutando com gente suficiente. Suas defesas caem. — Eu preciso de sua ajuda, Brielle.

Uma mistura de emoções se agita dentro de mim e eu engulo. A dor cobre suas feições, a razão óbvia. Royce. — Ele está fodido, — ela confirma os sussurros do meu coração com um outro quebrado. — E pela primeira vez, não podemos ajudá-lo. Claro. Uma sensação horrível de autopiedade se insinua antes que eu possa bloqueá-la. — Então você vem até mim como último recurso. — Não como último, Brielle. Primeiro. Único. — Ela dá um passo em minha direção. — Eu nunca o vi assim, e nós passamos por algumas merdas. Não é preciso muito para reconhecer a dor no coração de um Brayshaw. — Ela olha para trás, e dou uma rápida olhada por cima do ombro para encontrar Maddoc de pé na porta de trás de um Denali preto ocioso. — Esses meninos se autodestroem. Um desastre por dentro e quando chegar a hora do lado de fora? — Seus olhos voltam para os meus e ela balança a cabeça. — Nós precisamos da sua ajuda. Eu olho para Maddoc, e ele dá um único passo à frente, baixando o queixo para mim. Eu volto para Raven.

— Eu entendo, sério. — Pego minha bolsa do banco. — E eu sei que você entende exatamente porque eu não vou. É como você disse, ele só virá me buscar quando eu partir. Então, talvez eu devesse ir? — Eu levanto um ombro. — Meu irmão está a apenas uma ligação de distância. Seus olhos se estreitam e assim, ela sai.

— SEU

AUTO SABOTADOR IDIOTA !

Eu gemo, abrindo meus olhos quando a cama elástica balança embaixo de mim. Raven está de pé sobre mim, o brilho pesado e os olhos aquecidos. — Quantas vezes você acha que pode empurrar uma garota antes que ela caia? — Mac já me disse que o idiota está aqui agora, RaeRae. — Minhas mãos levantam. — Está quase acabando.

Seus olhos se arregalam. — Oh, meu Deus. Você ligou para ele. — Ela balança a cabeça — Royce, o que diabos há de errado com você? — Qual é a porra do grande negócio? Seu braço voa. — Ela está indo embora com ele, porra! — Estou dando a ela o que ela queria desde o início. Novidade, RaeRae. Não sou eu. Ela zomba, com a palma da mão batendo na testa. — Você é realmente um idiota. Meus lábios se erguem. — Nunca disse que não era. Pelo menos você vê agora. — Não brinque com seus jogos de palavras, eles não funcionam comigo e você sabe disso, e eu te conheço. Ela vai embora e você vai quebrar e queimar. Muito. — Estou bem com isso. — Bem, nós não. — Ela pisca. — Algo fode com um de nós e todos nós fodemos. Não faça isso. — Diz a garota que explodiu nosso mundo, e mais de uma vez. — Você não aprendeu com isso?! — Ela quase grita, jogando um telefone na minha cabeça. — Foda-se, RaeRae! — Eu me empurro para cima, esfregando meu crânio.

— Você é um idiota. Levante-se. Tire sua cabeça da bunda! — Eu falhei com ela! — Eu grito, caindo para trás contra a rede. — Eu fodidamente falhei com ela quando eu nem mesmo a conhecia, Raven. Se isso não for um sinal claro, de que vou continuar fazendo, como já fiz várias vezes, não sei o que é. Suas feições se contraem. — Você está falando sobre mandá-la para a casa de sua tia? Royce, não foi por você. — Não foi? — Eu defendo. — Pegamos pessoas em situações de merda e ajudamos, oferecemos mais, mas o que acontece com quem não consegue? Ou aqueles como Brielle, que nem tem chance? Nós a mandamos embora porque confiamos que seria melhor para ela, e sim, ela não levou uma surra da tia como fez com os pais, mas não foi bom ‘pra’ caralho. — Eu aponto para a frente da casa. — Aquela garota não teve ninguém, por quase quatro malditos anos, nenhuma alma em quem confiar ou um corpo em que se agarrar. Ela estava sozinha, em sua casa, no escuro, em sua porra de mente. Sem amigos, sem família, exceto um irmão que estava aqui, protegendo a minha enquanto ninguém estava por perto para protegê-la. — Uma risada sem humor passa pelos meus lábios. — Quão fodido é isso? Raven oferece um sorriso tenso e um pequeno encolher de ombros. — Você já pensou que talvez ela fosse forte o suficiente para lidar com tudo isso sozinha? Que ela não

precisava de uma mão para segurá-la, que ela poderia fazer isso sozinha até que fosse hora de ela... cair nos braços para os quais foi feita? — O quê, os meus? — Eu zombo e isso queima minha garganta. — Por favor. Ela é tudo o que sou, tudo o que não sou e muito mais. Eu nunca poderia ser o suficiente para merecer alguém como ela, e me recuso a roubar a porra da luz dela. — Você é um idiota do caralho. Eu viro minha cabeça para encontrar Maddoc parado lá, e ele está puto. Fumando e quase espumando pela boca. Ele segura meu olhar. — Você é a razão de termos o que temos, — ele responde com raiva, aproximando-se. — Você acreditou em Raven primeiro, nos levou a pensar em nos abrir para alguém novo. Você viu algo em Victoria que nos recusamos até que você nos convencesse a olhar mais profundamente. Quando nós quebramos, você avança com uma garrafa e quebra conosco. Você não julga, não empurra e não corre, porra. Se houvesse algo nesta vida que eu não pudesse dar à Raven, não poderia viver com isso, mas você é mais forte do que eu, irmão. Se sua garota de verdade perder a visão, você encontrará uma maneira de fazê-la ver. Ninguém mais será capaz de dar isso a ela. Você não é a ruína dela, Royce, você é a única fodida recuperação dela.

— Pense nisso, Ponyboy, — sussurra Raven. — Você não chega perto das pessoas, nem ela. Ela esteve sozinha e você se sente sozinho mesmo quando não está. Talvez seja porque, no fundo, você sente que falta algo, algo que não podemos lhe dar. — Ela encolhe os ombros. — Talvez esse algo seja ela. — Eu disse para você parar de tentar se convencer de algo de que nenhum de nós, incluindo Brielle, jamais se convencerá. Não achei que uma única alma merecesse ser amada por você, Royce Brayshaw, mas agora é tão óbvio que é ela. Eu sei que ela nunca vai querer nada em sua vida, ela nunca vai temer uma alma, e ela nunca vai olhar para trás com arrependimento, — ela sussurra. — Agora levante sua bunda e vá falar com aquela garota antes que Bass faça algo estúpido pelo qual seremos forçados a chutar sua bunda, como amarrála e jogá-la em seu carro. Minha garganta começa a entupir. — E se ela decidir que quer ir com ele? — Então você desnuda sua alma quebrada de menino para ela e a convence do contrário. Se isso não funcionar, nós fazemos a amarração. — Ela levanta um ombro. — Nossa cidade, nossas regras, certo? Eu olho para meu irmão, que acena para Cap a vários metros de distância, mantendo os olhos nos dois que ainda devem estar perto da varanda e nós dobrados aqui no canto. Ele inclina o queixo. Eu olho para Raven e estendo minha mão.

Não permito que ela segure meu peso, sei que ela ainda está dolorida, mas seu aperto é firme no meu. Ela sorri. — Vá em frente, Ponyboy. Mostre a ela do que você é feito. — Confie em mim, RaeRae, — eu sussurro. — Ela sabe. Os olhos de Raven se fixam nos meus e então nós três rimos. Saímos e vou em direção à frente da casa. Pronta ou não, baby. Aqui vou eu, porra.

C OM

MINHAS CHAVES

na mão, eu corro para fora da porta

da frente, e o sol me pune por todo o álcool em que estou me afogado, chocando e embaçando minha visão. Eu aperto os olhos, levantando a mão para bloquear os raios de verão para uma visão mais clara, e foda-me, sou atingido por todas as emoções de uma vez, meus pensamentos e visão voltando com uma vingança. Brielle está a poucos metros de distância, encostada no meu carro, toda linda e perfeita, sem maquiagem e com o cabelo preso para trás. Algo cru e profundo queima meu estômago, torcendo e girando. Nunca na minha vida eu toquei uma garota de forma prejudicial. Eu faço tudo que posso para proteger as pessoas de merdas como essa, para machucar idiotas que machucam outras pessoas, especialmente meninas, mulheres.

Desta vez, eu fui o idiota. É a minha vez de machucar e caramba, se eu não estou sofrendo com a dor que causei a ela, mas não é o suficiente. Eu mereço muito pior, e Brielle... Foda-se, cara, Brielle. Conheci muitas pessoas, e é raro encontrar alguém que seja honesto e leal. Para encontrar alguém que seja tão bom e gentil? Sem julgar e apenas... mais do que você sabia que existia? Essa merda é inédita. Ela merece a porra do mundo. Um sorrisinho triste curva aqueles lábios dela e serve como uma flecha de cupido em meu peito, mas a mais mortal. Aquela com a ponta vermelha, coberta de veneno que corrói seus órgãos. Pequena... porra. Desço as escadas correndo e vou direto para ela. Seu sorriso é suave e conhecedor, e ela se afasta. — Demorou o suficiente. — Diga-me que você não está tentando ir embora. — Eu não estou tentando ir embora, — ela sussurra. — Mas você precisava de um pequeno empurrão para ficar à frente no jogo.

Eu corro para frente, envolvendo meu braço em volta de seu ombro, minha mão livre chegando até a marca em sua têmpora. — Eu sinto muito, porra. Eu não quis... eu não posso acreditar... — Eu sei. — Ela agarra meu pulso, puxando-o até a boca para beijar a borda da minha tatuagem ali. Eu mergulho, levantando-a pela bunda, segurando seu corpo minúsculo em meus braços. Como se ela tivesse que estar bem aqui, nas minhas mãos, suas pernas não precisam ser guiadas, seus braços não precisam de orientação, ambos se envolvendo em volta de mim para uma melhor compreensão. Um aperto mais forte. Um aperto ganancioso do caralho. Enquanto eu a encaro, sou dominado pela merda que causei, e meu queixo cai no meu peito, mas minha baby, ela não permite. Ela faz o que eu faço com ela, usando os nós dos dedos para forçar meus olhos nos dela. — Sim, — ela sussurra. — Você foi um idiota completo comigo e na frente de todos. Minhas costelas doem e eu a aperto com mais força. — Não acredito que fiz isso com você. — Minha mão volta para o hematoma em seu rosto. — Eu nunca quis te machucar, e a merda que eu disse para você. — Minha voz falha. — Eu sinto muito, porra, baby.

— Eu sei, — ela murmura. — Eu sou um bastardo. — E estou ficando cega. Meus olhos voam para os dela, meus órgãos apreendem. — Baby... — Eu balanço minha cabeça, tudo dentro de mim doendo pela linda garota em meus braços. Ela oferece um pequeno sorriso, mas não faz nada. Ela me disse isso outra noite, meu irmão confirmou em suas palavras anteriores, mas eu não permiti que ela explicasse, me recusei a ouvir o que ela estava tentando me dizer, bloqueei-a quando ela estava sendo vulnerável e compartilhando seu mais bem guardado segredo em uma sala cheia de idiotas. Eu estava muito ocupado tentando expulsá-la, como um idiota que se convenceu de que o que tínhamos não era muito forte para tal movimento, porra Isto é. Muito mais forte. Parado aqui, nunca estive tão desesperado ou apavorado para entender algo antes. Preciso saber tudo, então espero que ela me dê mais.

As pontas dos dedos dela encontram meu peito. — Deslize sua mão em meu cabelo, onde eu digo, e me diga o que você sente. Eu gentilmente a giro, colocando-a no capô na minha frente, mas ela mantém suas pernas travadas firmemente em volta do meu torso. Meu aperto flexiona contra ela, mas minha necessidade de saber por que ela pediu me faz fazer exatamente o que ela queria. Meus dedos, porém, encontram o local com que a marquei primeiro, e ela tenta não recuar, mas falha e meu coração dá um salto com ela. — Baby... — Deslize sua mão mais para trás. — Ela acena em encorajamento. Eu faço, meu corpo tremendo com mais do que eu posso nomear quando as pontas dos meus dedos patinam pela pele ligeiramente levantada. Eu movo seu cabelo para o lado, e ela inclina a cabeça, permitindo-me ver melhor a cicatriz. Está em um pequeno ângulo e mede cerca de sete centímetros. Não é muito largo e não é tão elevado, mas está lá. — Diga-me o que aconteceu, — murmuro.

— Meu pai tentou me matar e eu tentei deixar, — ela admite. Meus olhos deslizam para os dela e meu corpo cai no dela. — Se Bass não tivesse chegado em casa nessa hora, ele teria. Meu irmão pulou na minha frente. A bala atingiu o lado da minha cabeça e se cravou no músculo de seu ombro. Ele caiu para trás e meu pai avançou. Ele me atingiu com o cano, três vezes é tudo de que me lembro, mas me disseram que foram cinco. Eu cerro os dentes, flexionando minha mandíbula enquanto olho para a coisa mais perfeita que já vi, já toquei. Estive na porra da presença. Ferida por um homem em quem ela deveria confiar. Por um homem que deveria amá-la. E por mim, um homem que a ama. Porra. — Ele quebrou meu crânio. Fiquei no hospital por algumas semanas, não pude ver nada nos primeiros nove dias, — ela admite. — Eu tenho danos no nervo óptico e isso nunca vai

embora.

Causa

cegueira

em

alguns

momentos.

Aprendemos que quando minha ansiedade está alta, ou fico preocupada, assustada ou emocionalmente sobrecarregada, isso acontece. Meu sangue bombeia muito rápido, inflamando os olhos, e eu perco a clareza... ou a visão completamente.

— Lá na casa da sua tia, quando te encontrei dormindo do lado de fora, você pirou quando acordou... — Eu me lembro. Ela acena com a cabeça, seus olhos suavizando. — Quando abri os olhos, tudo o que vi foi escuridão e pensei que minha visão havia sumido. Não percebi que adormeci lá. — Ela agarra minhas bochechas. Todo o piscar pesado, a vermelhidão, o inchaço... — Royce, na escola, eu vi você perdendo o controle e comecei a entrar em pânico. Seus irmãos tentaram me afastar, eles sabiam o que podia acontecer, mas eu não dei ouvidos. Tudo o que vi foi você se perdendo. Fiquei livre e tentei impedilo antes que as coisas piorassem. — Ela faz uma pausa, rugas profundas emoldurando seu rosto. — Eu perdi a visão e tropecei. Baby, você não balançou e me bateu, — ela sussurra. — Eu caí para frente e bem quando você jogou sua mão para trás. Eu caí nisso. Minha respiração sai em um ofegante bufo. — Você estava enlouquecido e com raiva, tudo que você entendeu foi que sua mão se virou e me viu cair no chão, mas não foi sua culpa. Eu caí. — Lágrimas enchem seus olhos e eu quero enxugá-las. Eu nunca os quero nublados de mim, mudados ou... Ok, eu sou um idiota egoísta.

Eu quero que seus olhos caiam sobre mim, sorriam para mim,

olhem

para

mim,

mesmo

que

isso

signifique

absolutamente nada e ninguém mais. Se houver apenas uma pessoa no mundo que ela possa ver, preciso que seja eu. Eu engulo, caindo minha cabeça na dela, e ela respira fundo. — Fui para o meu lugar hoje, o lugar que levei você, perto da água, — digo a ela. — Havia pessoas lá. Seus lábios se contraem e ela espera. — Eu menti para você, — eu digo. — Eu sei que já passamos daquele dia, mas preciso que você saiba que foi especial para mim, mas eu surtei, entrei em pânico como uma cadela quando percebi que dei a você um pedaço de mim que nunca

dei

a

ninguém,

que

eu

a

deixei

entrar

sem

consentimento. Então, convidei pessoas lá para tentar enterrálo, para minimizar o que você faz comigo, e agora está arruinado. Meus olhos se abrem, travando nos dela, e coloco seu rosto em minhas mãos. — Isso é o que eu faço com coisas especiais, eu as estrago. Quebrada e com dor, ela sussurra, — Royce... — Não me deixe arruinar você. Eu não sou bom. Seu olhar é preocupado, mas claro e seguro.

— Eu não sou e você sabe disso. — Eu sigo sobre sua bochecha e meu corpo aquece. Uma longa pausa silenciosa se estende entre nós, e meu dedo encontra o seu caminho sob sua mandíbula, trazendo aqueles olhos de volta para mim, onde eles pertencem. Eu inclino minha cabeça, deslizando meu polegar ao longo de seu lábio inferior. Ela suspira, inclinando-se ao meu toque com uma piscada longa e gentil, e meus músculos se contraem com emoções que não consigo nomear, mas não estou com raiva. Não agora. Quero sentir tudo o que ela pode fazer comigo. Eu preciso. Ela se aproxima e meu pulso aumenta. — Eu te disse no dia em que te conheci, Playboy. — Sua voz é um murmúrio baixo, seu queixo levantado e lábios tão perto quanto ela pode pegá-los. — Estou farta do bem e não quero calma. Eu quero um furacão. Preciso de um pesadelo e de alguém para segurar minha mão na escuridão que se segue. Eu quero realidade crua e uma bagunça catastrófica porque essa é a vida real. Preciso de algo real e honesto, difícil de viver e tão verdadeiro que dói pensar. Eu quero a dor que vem com algo tão profundo que eu sangro quando você é aquele que se corta. — Baby. — Eu nem reconheço minha voz. É mais profunda do que o normal, ferida, fodidamente petrificada e

pronta. Carente. Seu peito está inflando, seus ombros se endireitam e minha garotinha chega mais perto. — Você estava certo antes e sabe disso. — Ela me encara, em minha alma, e sussurra: — Não é o príncipe que eu escolheria. Foda-me, se essas não são as palavras mágicas. Palavras que eu precisava, mas não precisava, porque, como ela disse, eu estava certo, e soube quando disse a ela. Ela repete as palavras que eu falei com ela uma vez com uma risadinha trêmula, mas segura. — Você está longe de ser decente e um idiota total. Eu

a

seguro

o

mais

perto

possível,

uma

ânsia

incontrolável disparando todos os meus nervos e absorvendo todo o álcool que sobrou dentro de mim. Estou sóbrio como uma pedra e olhando para a alma que está ligada à minha. — Confie em mim, Tink. Eu sei. Ela traz sua boca mais perto da minha, bem contra meus lábios. — Faça as pazes comigo, — ela respira. Eu tomo seus lábios como meus. Porque eles são. E ela também. Toda fodidamente minha.

Depois de um momento, ela se afasta com um sorriso malicioso. — Entendeu agora? — Entendi o quê, baby? — Você não pode me afastar. Estou dentro de você e você sabe disso. — Sua voz abaixa e com isso, minha garganta balança. — Você não poderia me tirar mesmo se tentasse. — Eu nunca vou tentar novamente. Sei que nada é tão limpo e claro, que não existe bom sem um pouco de mal, não existe amor sem dor de cabeça, e estou ciente de que o amor só brota das raízes da dor, mas isso não significa que seja fodido. A solidão é o que trouxe Brielle aqui, a dor é o que a atraiu e a saudade é o que nos uniu. A necessidade reconhece a necessidade. Ela e eu, precisamos um do outro. Mas o universo decide que ainda não estamos limpos, que há outra montanha para escalar, uma onda gigantesca para surfar antes que possamos respirar, e que vem na forma do rugido do motor de um Mustang Fastback 1969. Eu pego sua mão e a puxo para a varanda, um pedido de desculpas em meus olhos. É quando ela ouve o dela estreita. — Isso é...

— Meninos serão meninos, pequena. — Royce. — Fique atrás. — Isso é necessário? — É inevitável. Seu brilho é penetrante e voa por cima do meu ombro, e então meu pai surge do nada, envolve-a e a carrega para dentro. Com uma respiração profunda, eu aceno com a cabeça e giro, bem quando o velho Mustang surge rapidamente, parando a menos de cinco centímetros de minhas canelas. Aqui vamos nós.

B ASS

ESTÁ

fora do carro e na minha cara em quatro

segundos e jogando uma pilha de papéis na minha cara. — Você tem uma mensagem para mim, Brayshaw? Estou aqui. Sirva. Eu ignoro sua besteira, estendo meus braços, e o filho da puta não hesita como qualquer outra pessoa neste lugar faz.

Não, ele agarra sua oportunidade, acertando-me bem no queixo. Eu acolho isso, sabendo muito bem que eu mereço, mas ele está longe de ser inocente também, então ele terá o seu da mesma forma. Eu cuspo, lambo meus lábios e sorrio para o idiota. Cabelo preto azeviche e jaqueta para combinar, ele é muito alto. Ousado. — Bass Bishop, porra. — Eu chego mais perto e seus punhos cerram mais apertados ao lado do corpo. — Bem-vindo de volta, filho da puta. Meu gancho de direita voa para frente, enviando-o contra o capô de sua bela bunda atrás dele, mas não antes de seu pé chutar, derrubando-me na minha bunda ao mesmo tempo. Eu rolo e fico de pé quando ele o faz, deslizando para me conectar com seu intestino quando ele me pega nas costelas. Nós dois tossimos, mas nenhum desacelera. Golpe após golpe, mantemos o mesmo ritmo, trocamos golpes e rasgamos a pele. O sangue escorre pelos meus lábios enquanto o dele flui acima de seu olho esquerdo. Vamos buscar mais, mas eu troco a merda sabendo que poderíamos ir a noite toda, e quando nos cansássemos, seria ao mesmo tempo. Eu sei.

Eu treinei o filho da puta. Eu bato em suas costelas, primeiro à direita, desviando de seu golpe no queixo, e o acerto à esquerda em seguida. Ele se permite um único segundo para respirar, e eu uso esse segundo para dobrar a parte superior do meu corpo para trás, girar e girar em torno dele, envolvendo-o em uma chave de braço. Seu próximo movimento é me dar todo o seu peso, mas eu jogo nós dois na porra do chão antes que ele possa e deslizo minha bunda para trás até que a porta do lado do passageiro encontre minhas costas, oferecendo mais equilíbrio. Bass rosna, com as mãos travadas nos meus braços, suas pernas lutando pelo domínio que ele não vai conseguir. Mas então meu cabelo é puxado de cima e minha cabeça dispara para encontrar a maldita Barbie Malibu pendurada meio para fora da janela. — Que porra?! — Eu grito, batendo minha cabeça contra a porta para me soltar, mas ela cava suas garras mais fundo. — Eu disse para ficar na porra do banco! — Bass grita. — Eu estou no banco porra, você não disse nada sobre a janela. — A garota sorri e seu rosnado se transforma em um gemido. — Ei, desova de Pamela Anderson, tire suas mãos de mim ou você terá problemas.

— Oh. — Ela finge fazer beicinho. — Eu tenho muitos deles, o que é mais um? — Que tal um que termine com uma faca no seu lado? Nossas cabeças se movem em direção à varanda para encontrar Raven, Victoria, Maddoc e Cap todos parados lá. Raven abre sua faca, passando-a ao longo de seu dedo indicador, seus olhos saltando para cima. — Já faz um tempo desde que eu tenho que usar este bebê. Dê-me uma razão para isso. Uma risada rouca e zombeteira deixa a garota, mas Bass a interrompe rapidamente. — Pare com isso, garota rica. Solte a vadia. Eu aumento o meu aperto, cavando meu joelho em sua espinha e ele estremece, tentando alcançar de volta. Ele

consegue

escapar,

e

então

estamos

rolando

novamente. Ficamos de pé em um salto, seu aperto em minha gola esticada, até que ele tenha minha corrente presa em seu punho. O filho da puta encontra meus olhos, e um fogo arde nos meus. Ele sabe melhor do que tocar...

Ele o arranca, meu brasão de família voando em algum lugar à esquerda, então eu coloco seu traseiro para fora. Ele cai para trás, batendo com força nas pedras sob seus pés, e eu pulo em cima. Eu sirvo a ele outro golpe forte na mandíbula e sua mão sobe para agarrar meu pescoço, apertando, e minhas vias aéreas fecham. Mas eu pisquei para o idiota, desejando inconsciência. É justo eu perder também, certo? Como ela fez? Eu o deixo ir, permito que sua outra mão voe e me agarre com mais força. O mundo ao meu redor começa a girar, e quando um sorriso começa a se abrir em meus lábios enquanto o cinza toma conta, seus olhos se estreitam. O bastardo vê o que eu quero e me joga de lado em vez disso, se recusando a dar para mim. Eu tusso, sufocando por ar, e ele ofega, ficando de pé enquanto eu faço. — Vocês terminaram agora? Nossos olhos voam para a varanda para encontrar Brielle parada lá. É Bass quem fala primeiro. — Você está na casa dele... — Ele para, empurrando até sua altura máxima, e nós dois escorregamos para mais perto. — Eu sei o que este lugar

significa para eles, para ele. Se você está dentro desta casa, então você está... — Suas feições se contraem. Ela dá um pequeno sorriso. — Dentro do coração dele? Foda-me, meu peito bate pesado. Seus tiques de mandíbula, a tensão em seu rosto dobrando. — Brielle, — ele rebate. Seus olhos encontram os meus e eu tenho que agarrar a grade da varanda para me manter de pé. Pequena... Os olhos de Brielle se suavizam, uma pequena curva nos lábios. Não percebo que cheguei mais perto até que sou empurrado para o lado e Bass desliza entre nós. Ele sobe correndo os degraus, agarra-a pelo braço e a puxa. Eu perco minha merda, corro para frente, arranco o braço de seu corpo e gentilmente a cutuco de volta. Meus irmãos se colocam diante dela, e os olhos de Bass se arregalam. — Você está falando sério? — Ele grita. — Você quer protegê-la de mim? Essa é a porra da minha irmã! A mão de Brielle pousa no braço de Captain e seus olhos encontram os meus.

Não dou nenhum sinal, então, quando ela dá um passo em volta dele, ele a deixa. Ela dá um passo mais perto, em minha direção, e meu estômago se contorce quando ela passa por ele. — Bass, por favor. Não faça isso. — Sério? — É gritado atrás de nós e todos os olhos se voltam para lá. Barbie está sentada na beira da porta, os braços cruzados sobre o capô. — Nós dirigimos dez horas fodidas durante a noite para chegar até você, então você o ignora por dias, e essa é a primeira merda que você diz quando ele dá uma bronca em seu nome? — Cale-se! — Bass grita. Você pode ver o rolar de olhos dela daqui. — O quê, você sabe que está pensando a mesma coisa! Ele se vira. — Eu disse... — Sim, sim, — ela o interrompe, caindo para trás no assento e fechando a janela. Brielle inclina a cabeça, semicerrando os olhos para o carro, para a garota. — Quem é aquela? — Não faça isso. — Ele a encara. — Entra no carro, Brielle. Agora. Meu coração para.

Ela não pode ir embora. Eu preciso dela aqui, nós precisamos dela aqui. Como se pudesse ouvir meus pensamentos íntimos, ele diz a ela: — Você não pertence a este lugar, Brielle. Vamos. — Você é um idiota se acha que isso é verdade. — E você não sabe nada, — ele força os dentes cerrados. — Fique fora disso. — Eu sei que você não foi vê-la, que você não tem ninguém cuidando dela. Que você a largou no caralho e correu e ela estava miserável antes de nós. Ele

corre

para

mim,

pressionando

sua

testa

ensanguentada contra a minha. — Cuidado. — Não, filho da puta. — Estou ficando chateado com minhas próprias palavras, com o que ela passou. — Cuidado, você. Você pode não estar mais sob nosso controle, idiota, mas não se esqueça de onde está. Eu poderia atropelar você com aquele seu doce carro, e não há nada que você pudesse fazer sobre isso. — Eu vou... Eu encontro seu passo à frente com um dos meus. — Você vai o quê? — Pare! — Brielle grita, descendo as escadas e enfrentando nós dois. Ela franze a testa de mim para ele. Ela

parece pronta para dizer algo, para gritar, mas quanto mais ela fica lá, olhando para ele, a realidade desliza de volta para onde pertence, na frente e no centro do caralho. Este é seu irmão, sua família. A única pessoa no mundo que ela sentia que podia – pode – depender. Seu lugar seguro. E ela está com saudades dele, ela me disse isso. O que eu deveria fazer? Fazê-la escolher entre eu e ele? Um ou outro? Não estamos mais no mesmo lugar, então como ela pode ter nós dois? Se ela for embora, vou desmoronar. Isso vai me quebrar. Maldição, talvez eu tenha que segui-la. Mas minha família... — Pare de pensar no que você quer, Brielle, e pense no que é melhor para você. — Bass olha para ela. Quase me sinto mal pelo idiota depois disso, porque essas são as palavras erradas para dizer para a garota que só fez o que seu irmão mais velho pediu dela. Brielle desce os degraus, os olhos tensos, a inquietação pesada neles, mas é forte e está pronta para fazê-lo entender.

Então eu recuo e a deixo assumir a liderança.

— VOCÊ realmente vai ficar aqui e fingir que sabe o que é melhor para mim? — Eu pergunto, mas não por uma resposta. — Você não tem ideia de como minha vida tem sido desde o dia em que fui mandada embora, e agora sei que todo aquele tempo você mentiu para mim sobre a única coisa na minha vida que eu odiava mais do que nossos pais. — Minha voz morre e as feições do meu irmão ficam tensas. — Você sabe o que era isso? Royce está mais perto agora, longe demais para tocar, mas perto o suficiente para sentir. Meu apoio silencioso. Meus pulmões se expandem. — Não ser capaz de estar com você, forçada, ou assim pensei, a estar separada de você. — Uma risada baixa me deixa. — Você foi tudo que eu sempre tive, Bass. Você não sentiu como se metade de você estivesse faltando quando estávamos separados como eu? Você está

realmente feliz vivendo esta vida pródiga em outro lugar? Uma vida que eu nem sei sobre, onde você tem um carro luxuoso e dirige por aí com a Miss América no banco da frente? Quer dizer, eu não sou nada para você? Ele chega mais perto, seus olhos implorando. — Eu fiz tudo isso por nós dois. Eu vim aqui sozinho, mandei você lá, parti, encontrei um lugar para criar uma vida de merda totalmente nova para nós. Eu balanço minha cabeça. — Você pode dizer isso a si mesmo quando for forçado a pensar sobre isso, mas não é verdade. Se você me entendesse, saberia que não precisava de tudo isso. Tudo que eu precisava era do meu irmão. Bass engole, um ‘precisava’ quase inaudível escapando dele. Minhas costas queimam com a presença de Royce. Ele está ainda mais perto agora. — Sim. Precisava. — Eu concordo. — Não preciso mais de você, — admito para mim mesma e para ele. — Eu te amo e quero ver e falar mais com você, como antes, mas não preciso de você como preciso dele. Ele lambe os lábios, um olhar estrangulado. — Você está indo comigo, Brielle. Meus músculos se contraem enquanto eu encaro meu irmão. — Não. Eu não estou.

— E veja o que você ganhou por estar aqui. — Isso não é justo. — Nunca é, Brielle! — Ele enfatiza. — Nunca é. Nunca será. A raiva nada em meu intestino. Eu não grito, mas sou firme. — Talvez você deva voltar para o que quer que seja que você descobriu que se tornou mais importante para você do que eu, e eu farei o mesmo. Meu irmão, seu rosto fica sem graça, chocado e ele recua como se eu tivesse lhe dado um tapa e talvez seja errado, mas estou feliz. Ele deveria sentir isso. — Pela primeira vez na minha vida, eu tenho algo que eu não tenho que deixar ir como eu tive que deixar você. Tenho a chance de ficar e lutar pelo que quero. Não me peça para não fazer isso. Você não vai gostar do que vem depois. Bass o encara pesado e, de repente, sai disparado, agarrando Royce pelo colarinho e acertando seu rosto. — Você não está jogando seus malditos jogos com a minha irmã. Desta vez, Maddoc rapidamente pula nos degraus e se joga entre eles. Seus peitos batem, mas Bass não empurra. A voz de Maddoc é baixa e clara, uma calma arrepiante. — Toque em meu irmão novamente e eu rolarei seu carro colina abaixo com a loira ainda dentro.

— Vocês dois precisam respirar por um minuto, porra. — Cap dá um passo à frente, olhando de Bass para Royce. Royce balança a cabeça. — Vou encontrar a porra do meu colar que esse idiota roubou. Ele sai da varanda, seus irmãos o seguem, e eu me viro para meu irmão, mas a garota dentro do lindo veículo preto brilhante me olha nos olhos. Ela pisca, voltando a se concentrar em seu telefone no próximo segundo. — Você deveria ver se ela quer sair? — Não, — Bass responde instantaneamente, franzindo a testa. — Ela pode ficar lá. — Isso é meio rude. — Acredite em mim, ela poderia tirar um pequeno empurrão de seu pedestal Prada, — ele resmunga, mas um suspiro pesado segue. Ele me lança um olhar interrogativo, uma pergunta que ele não precisa fazer. Eu aceno, e ele arrasta as mãos pelo rosto, um baixo e amaldiçoado ‘porra’ seguindo. Raven desce as escadas, agora de pé com meu irmão, seu amigo. — Que porra você está fazendo, Bishop? — Essa é minha irmã, Carver. — Bass franze a testa. O olhar de Raven se estreita. — É Brayshaw, e você pode querer se lembrar disso.

Seus lábios se contraem, uma suavidade tomando conta dele, e ela ri baixinho. — Parabéns, Brayshaw. — Meu irmão sorri para ela. — Aposto que ele é tão bonito e forte quanto a mãe. Ela olha para ele, uma nuvem cobrindo seus olhos. — Obrigada por tudo que você fez por mim e muito mais, — ela murmura. — Mas foda-se pelo que você está fazendo agora. Brielle é família. Ela fica. Ela entra na casa, a porta se fecha atrás dela e meu irmão ri levemente, mas é engolido quando ele encontra meu olhar. — Você não pertence a este lugar, você o ouviu dizer isso também, e sinto muito, mas é verdade. Você não pertence. — Como você pode ficar aí e dizer isso com tanta certeza? — A raiva me envolve, mas a decepção pesa sobre minhas palavras. — A última vez que você me viu, você viu claramente uma garotinha fraca, frágil e delicada, mas essa não é quem eu sou. Você mal me conhece mais, Bass. — Eu começo a subir os degraus para trás. — E ultimamente, eu percebi, que eu... eu não te conheço de jeito nenhum. Seus ombros caem com suas feições, mas eu não fico lá esperando o que quer que esteja pesando nele. Nosso relacionamento prejudicado é culpa dele, não minha. — Ei, que merda é essa? Viramos para encontrar Maddoc levantando os papéis do chão, os que Bass jogou.

Como se sua memória estivesse funcionando, ele faz o seu caminho até lá, arrancando alguns do chão e os empurrando no peito de Royce. — Pergunte ao seu irmão, porra. Ele foi recebido com um rosnado e um leve empurrão. Royce olha para os papéis enquanto eu caminho até lá. — Que porra é essa? — Ele os folheia, seus olhos se voltando para Bass. — Isso não fui eu. Bass estreita os olhos. — Não? Ele vai até a parte de trás do carro e abre o porta-malas, acenando com a cabeça em direção a ele. — Isso também? Ele não acredita nele. Damos uma volta e todo o baú está cheio das mesmas folhas de papel. — Meu carro estava transbordando com essa merda esta manhã. Pego a folha do calendário, o logotipo da Brayshaw High estampado no topo. — Todos são de julho. — Captain franze a testa. — E tem o vigésimo terceiro circulado. — Maddoc olha para meu irmão. — Por quê? — Achei que fosse uma mensagem distorcida. — Ele olha para Royce. — Vinte e três de julho é meu aniversário.

— E o primeiro dia de Leão. Não percebo que todos estão congelados ao meu redor até que olho para cima e ao redor e todos os olhos estão estreitos, arregalados ou preocupados. — O que? — Maddoc pergunta lentamente. — Vinte e três de julho. — Eu olho entre eles. — Eu sou de Câncer. No dia 23, os signos mudam e Leão (Leo) assume o reinado... por que todos estão me olhando assim? Maddoc passa por nós, correndo pela varanda e desaparece dentro da casa. Eu olho para os outros. — O que está errado? — Lembra-se do cara de quem falei, que se chocou com Raven e seu irmão, destruindo o carro dele? — O nome dele era Leo. — Meus olhos se arregalam e eu olho para meu irmão. Royce e Captain trocam olhares privados. — Minha equipe, eles disseram que pensaram ter visto alguém olhando... — Ele parou, olhando para mim. — Você estava aqui quando conversamos, não estava? Merda. Eu olho para Royce e ele estreita os olhos, aproximandose.

— Tink? Eu abro minha boca, mas a fecho. — Conversei com a Ciara e ela disse que alguém veio até a casa depois que eu saí. — Quem? — Seus olhos escuros brilham. Eu encolho os ombros. — Ela não sabia. Tudo o que ela disse foi que ele estava fazendo perguntas e trouxe bolo de chocolate... — Eu congelo. — Puta merda. — Dou um passo em direção a Royce e suas mãos encontram meus quadris, trazendo-me para ele. Meu irmão nos encara e desvia o olhar. — Treinador Von. Royce, ele usou brownie de chocolate como forma de fazer com que Taylor e eu tomássemos o Valium. A pessoa que foi na minha casa trouxe bolo de chocolate e minha tia acabou no hospital. Tinha que ser esse cara, Leo. Captain olha de mim para Royce. — A merda com Enoch não começou até que você a trouxe e dobrou quando ela chegou. O treinador Von disse que não era o único a observála, alguém a queria. Talvez ele tenha sido levado a ela. Bass se vira, as mãos cruzando sobre a cabeça. — Porra! — O que você fez, Bishop? — Royce rosna, liberando-me e me empurrando para o lado. — O que eu fiz? Que porra você fez?! Olhe para o rosto da minha irmã!

A discussão começa novamente, as acusações voam ao redor, e eles se enfrentam novamente. Captain

desliza

entre

eles

e

agora

estão

todos

empurrando. — Pessoal! — Eles me ignoram. Ninguém, no entanto, pode ignorar o barulho dos freios, uma grande nuvem de crepúsculo que voa na calçada enquanto Mac passa por ela. Sua porta é aberta e ele pula para o lado. — As quadras da escola estão pegando fogo, o alarme não disparou. — Foda-se, — Royce rebate, lançando um olhar de advertência para o meu irmão antes que ele corra para frente. Eu corro com ele e ele se vira. — Não. — Ele me interrompe. Eu brilho. — Se você não me deixar entrar com você, vou entrar no do meu irmão. Royce rosna, envolve seus braços em volta de mim e me puxa para ele. — Isso é baixo, baby. Muito baixo. — Ele me beija forte e rápido. — Entre. Cap

corre

para

dentro

enquanto

saímos

estacionamento em direção à escola. Conforme chegamos, a fumaça é facilmente detectada.

do

Royce salta, Mac com ele, e então meu irmão chega e sai também. — Por favor, chame os bombeiros. Bass e Mac balançam a cabeça e, de repente, avançam. Royce para a alguns metros de distância. — Fique no carro. Meu irmão lança um olhar por cima do ombro que diz a mesma coisa, mas não é para mim. É para a loira em seu banco da frente. Assim que eles estão fora de vista, nós duas empurramos nossas portas e saímos, olhando para a nuvem escura de fumaça vindo dos fundos da escola. Ela caminha ao meu lado, virando-se para mim com um sorriso. — Brielle Bishop, em carne e osso. — Ela passa os olhos por mim. — Você não se parece com o cordeirinho indefeso que ele fez de você. Eu franzo a testa, meu coração batendo forte, mas respiro fundo para acalmá-lo. — Não quero ser rude, mas não quero falar com você agora. Eu nem sei quem você é. O canto dos olhos dela se enruga ligeiramente. — Sério? Isso a surpreende?

Ela olha para frente. — Hã. — Ela balança a cabeça, volta para o carro e entra. Ela coloca os fones de ouvido e fecha os olhos. Bem, ok então. Eu corro minhas mãos pelo meu cabelo e caminho para o lado da caminhonete de Mac que ela não pode ver, inclino-me contra ela e respiro. Que dia foi. Que mês se passou. Nunca pretendi que acontecesse nada do que aconteceu desde que cheguei aqui, mas não posso dizer que estou chateada com nada disso, porque isso me levou a algo que eu não poderia imaginar se tentasse. Com isso dito, eu odeio ter gritado com meu irmão como eu fiz. Eu o fiz se sentir uma merda e não era isso que eu queria, mas preciso que ele entenda o que encontrei aqui – mais do que jamais sonhei. Amigos, uma vida, um amante. Objetivo. Eu não tinha nenhuma dessas coisas antes deste lugar e não poderia deixá-las para trás, mesmo que Royce não fizesse parte da equação. Ele faz, graças a Deus, mas se não fosse, eu ainda gostaria de ficar por mim.

Preciso que meu irmão fique feliz por mim porque seu apoio significa muito para mim. Eu o amo e sei que toda a sua reação vem do mesmo lugar, seu amor por mim. Um carro passa atrás do Mac, o para-choque dianteiro vermelho se mostrando primeiro. Lentamente, eu saio para olhar dentro dele. Eu respiro um suspiro de alívio quando August empurra a porta e fica na beira dela. — August, ei. Ele sorri. — Como vai, Bishop? Eu sorrio, mas congelo. Bishop? Eu nunca disse a ele meu sobrenome. Agora que penso nisso, não é a primeira vez que ele me chama assim. A última vez que o vi, quando de repente ele estava no meio-fio enquanto eu caminhava, ele disse isso também. Quando ele me ofereceu uma carona e eu... Puta merda. As ‘guloseimas de chocolate’ do banco da frente, ele disse que eram para um amigo. Um certo treinador, aposto? Dou um passo para trás e ele dá um passo comigo.

O sol reflete a luz de algo dourado, e olho para o colar em seu pescoço. Um leão. Eu forço minha voz a ficar calma. — Deixe-me adivinhar, seu signo do zodíaco? Ele sorri, seus olhos se estreitando. — Rei da floresta. Flashes de sangue no carro destruído do meu irmão voam pelo meu cérebro. Agosto é o mês mais longo do leão. De fogo. Do Leo. Nossos olhos se encontram e, pela primeira vez, vejo a dica maliciosa por trás dos dele, uma que não devo notar e fingir que não. Eu sorrio e ele ri, sombrio e tortuosamente. Merda.

MAC JOGA o extintor de incêndio para o lado, e damos um passo para trás, olhando a pilha de lixo meio queimado no meio do asfalto, cada rede ainda em chamas em torno das bordas, nem um indício de faíscas em qualquer lugar perto dos edifícios ou qualquer outra coisa que pudesse pegar fogo. — Isso é quase pior do que se a escola estivesse pegando fogo, — diz Mac depois de um momento. — É um tapa na cara, porra. — Eu suspiro, olhando para Bass. Mac aperta a mão no meu ombro enquanto ele passa. — Vou verificar a cerca dos fundos, só para garantir. Eu aceno, sem desviar o olhar de Bishop. Ele se moveu alguns metros para baixo, o pânico compensou uma vez que chegamos aqui e a merda ainda estava

de





ele

sempre

foi

sólido

para

andar,

independentemente de onde estávamos indo. Apesar de sua

vontade de me enterrar vivo, ele ainda estava totalmente envolvido. Bastardo dos Brayshaw no fundo, mesmo que ele esteja atrás de seu próprio império agora. Ele fica ali, esfregando a nuca enquanto olha para as estrelas. Ele está pensando em Brielle, aposto, e está ferrado da cabeça, sem saber o que fazer. Querendo fazer o que é certo, sem dúvida, mas a resposta não é tão clara quanto ele esperava. — Fale com o homem, irmão. Coloque as cartas na mesa. Deixe-o ver. Minhas

costelas

se

contraem,

minhas

feições

se

contraem. — Ver o que, irmão? Cap agarra meu braço, vira-me e coloca as mãos nos meus ombros. — Você acha que Phoenix não vai precisar de provas do que há dentro de alguém quando Zoey entregar seu coração? Você acha que ele não vai queimar a casa para encontrá-la? Meu estômago aquece, meu pulso chuta e um pequeno sorriso se forma. — Vamos, Captain. Ele é um Brayshaw. Ele vai deixar o mundo em chamas. Cap ri, mas me encara com um olhar fixo. — Diga em voz alta, irmão. Torne isso real. Pegue o que é seu. Ela quer você, e Bass? Ele precisa de você, mesmo que ainda não tenha percebido.

Eu puxo uma respiração profunda e dolorida de ar e aceno. — Entendi você, Captain. Eu me viro e me aproximo de Bishop. Ele me vê pela visão periférica e puxa a um cigarro do bolso até a boca. Deixo-o acender a coisa, espero que ele trague e, ao fazer isso, sua cabeça cai para trás com um suspiro. — Ela é frágil, cara. Você vai destrui-la. — Você acha que eu não sei disso? — Eu rio, mas não há nada engraçado. — Que eu não a avisei, lutei contra isso na porra do caminho? Porque eu fiz. Você pode perguntar a ela sobre isso e você odiará as merdas que ela vai compartilhar. Eu empurrei, e empurrei de novo, e aquela garota frágil, ela não quis ouvir. Não aceitou. Estou lhe dizendo, Bishop, ela é mais forte do que você imagina, mais forte do que eu jamais poderia ter pensado, e não como eu, não com os punhos ou o corpo. Com a porra do espírito dela. E mente. E tudo mais. Ele desvia o olhar, se estabiliza e quando seus olhos voltam, eles estão endurecidos. — Eu quero levá-la comigo. — Bem, você está muito atrasado e muito mau, — eu grito. — Onde você esteve nos últimos quatro anos? Você tem alguma porra de ideia do que ela tem passado? Ele se mexe, encarando-me totalmente e ficando com raiva de novo. — Não me questione quando se trata de minha irmã. Eu a amo mais do que tudo. Mais do que ninguém!

— Não mais que eu! — Eu bato no meu peito. Foda-se, cara. Foda-se isso. Eu me arremesso para frente e seus olhos estreitam ainda mais. — Eu a amo mais do que qualquer pessoa jamais amou uma alma. Tanto que eu nem mesmo possuo mais a minha. Ela possui. Ela disse que está dentro de mim e estava certa. Cada fodido osso do meu corpo dói por ela. Não tenho medo de admitir mais que não serei nada, porra nenhuma, sem ela. Eu venero aquela garota. — Fodidamente engraçado do cara tentando afastá-la, — ele ferve. Eu fico na cara dele e foda-se se a verdade mais profunda não vem à tona como vômito. — Tudo o que ela sempre quis em sua vida é sua família de volta, a porra da única pessoa que a protegeu por toda sua vida, que ficou com ela. O irmão pelo qual ela levou surras – sim, isso aconteceu, e você nem sabia, porra – o irmão pelo qual ela faria qualquer coisa se pedisse, e você vai perguntar, Bishop. Você vai perguntar, e no final, ela pode simplesmente ir, porque você é quem ela está esperando. Você é a porra da família dela. — Eu engulo, dando passos lentos para trás. — Eu não era nada além de um substituto.

Ele pragueja baixinho, então força seu olhar para o meu. — Diga-me, Brayshaw, você pularia na frente de uma bala por ela? — E teria certeza de que parou em mim. Ele

empalidece,

apertando

os

lábios,

as

narinas

dilatadas. — Ela te disse. — Sobre o carro, sobre a bala e a vida que você prometeu e nunca cumpriu. — Seus olhos se estreitam. — Ela não via assim, não até que encontrou o seu Cutlass quebrado e percebeu que você nem estava aqui. Essa é a única razão pela qual ela veio aqui, a propósito. Ela não fez isso para desobedecer ou porque eu a forcei. Não teve nada a ver comigo. Ela veio atrás de você. Ele zomba, mas está quebrado. — Sim, e por que ela ficou depois disso, hein? Por que não me ligou, não me confrontou? — Eu estou apostando que ela fez, idiota. Talvez não seja para chamar a sua atenção, mas eu sei que ela ligou, porra. Ele range o queixo. — Não é óbvio? É porque ela te ama e tem medo do que você possa dizer. Porque ela gosta daqui e se assustou ao perceber que poderia ser feliz em um lugar onde você não existia. Ela viu pela primeira vez que tudo o que sabia não era tudo o que havia. Ela tinha mais a oferecer, mais a ganhar.

Ele engole. — Ela deveria viver uma vida saudável e feliz. Uma vida normal de merda. — Ela é metade de você, cara. — Eu encolho os ombros e seus olhos cortam para os meus. — Ela não é normal do caralho. Ela foi feita para mais. Ele passa as mãos pelo rosto. — Porra, cara, — ele geme. — Sério? — Seus braços caem para o lado. — Isso é real? Ele se aproxima, plantando seus pés diretamente na minha frente, e me encara. — Você a ama, completamente? Até a porra do seu traseiro dark? O suficiente para desistir de todo o resto, de cada um? — Não vejo mais nada. Eu te disse, não há mais nada dentro de mim que seja meu. Eu sou feito dela e nada mais. — Eu respiro fundo, mas nunca atinge meus pulmões. — Mas eu não a farei escolher entre mim e sua família. Eu a quero feliz, e ela vai ficar ressentida comigo mais tarde se eu fizer isso. Eu não posso viver com isso. — Então, você colocará a segurança dela acima de tudo, acima do que você quer, e a deixará ir quando for a hora de partirmos, se ela lhe pedir? — Ele me olha. É como se ele tivesse me batido no peito com uma tábua. Meu corpo, eu caio para trás, batendo em uma mesa de piquenique atrás de mim.

É preciso algum esforço, e minha cabeça não levanta, mas meus olhos sim, fixos nos dele. Minha visão fica embaçada, os músculos da minha mandíbula flexionam. Minha pequena. Minha minúscula Tink. Não engasgo com nada, meus olhos ficam turvos e balanço a cabeça. — Não. Eu não vou deixá-la ir. Eu não posso. — Porra, se ela decidir ir embora, isso me dá apenas uma opção. Eu olho para meu irmão a alguns metros de distância e minhas feições ficam tensas. — Não terei escolha a não ser ir com ela. Bass dá um pulo para trás, uma respiração quebrada sai dele e ele se vira, as mãos subindo para se dobrar sobre o cabelo. — Maldito seja, Brayshaw. — Sua cabeça cai, sua resposta resistente dirigida para o céu. — Você tinha que ir e se apaixonar por minha irmã. Eu respiro um pouco mais fácil. Ele está entendendo – essa merda é real. Ele geme, se endireita e me encara. — Por mais que eu odeie admitir, eu conheço você. Eu sei como você trabalha e conheço a sua força. — Ele lambe os lábios. — Se há alguém

neste mundo de merda que pode proteger minha irmã como eu, melhor do que eu, é você. Meu coração martela sob minhas costelas, com tanta força que ele deve ouvir. — Eu disse que não a farei escolher. — Não se iluda, cara. Ela já fez isso, — ele diz calmamente. — Eu não pedi permissão a ela, eu disse que ela iria comigo, e minha irmã recusou categoricamente. Ela se recusou a deixar você. O peso de mil libras cai e levanta sobre mim, afunda meu estômago apenas para alimentar minha alma. — Eu a amo ‘pra’ caralho. Eu nunca vou parar. — Sim, cara, — ele resmunga. — Estou entendendo. Eu olho para Captain, para Maddoc que apareceu de repente, com a expressão tensa que ele usa. O medo que sinto, a dor que deixo entrar, a possibilidade do amanhã e todas as emoções entre eles também fluem. Eu sinto, eles sentem. Eles querem isso para mim, para nós. O laço final. A calma para nossas tempestades. Nenhum de nós tem, a pureza que ela traz. A força que ela vai dar e não só para mim, mas todos nós.

Somos as cinco pontas da estrela e ela é o círculo que nos selará. — Vá buscar sua garota, irmão. — Maddoc engole em seco, inclinando o queixo. Eu olho para Bass e o cara estende a junta, então fodame, eu levanto a minha para a dele. — Ainda acho que você é uma vadia, mas posso deixar você vir ao meu casamento. — Eu sorrio. Bass dá uma risada, mas se transforma em um gemido. — Não comece sua besteira de ‘Brayshaws começa cedo’, cara. É o primeiro dia. — Para você. Ela tem sido minha por um tempinho. Ele me mostra uma risada. Captain se aproxima de Bass, com uma expressão dura no rosto. Meu irmão, ele cuida de Brielle. Ele acredita no lugar dela aqui, e suas palavras provam isso. — Você está errado em pensar que ela não pertence. — Cap é direto com Bass, alto e seguro. — Temos poder, temos esquemas, temos conhecimento, o que não temos são corações gentis. Ela tem. Ela nos cercará e todos seremos melhores líderes por causa disso. Por causa dela.

Os olhos de Bishop brilham e ele dá um aceno duro e curto, virando-se para mim. — Que porra você está esperando, Brayshaw? Não faça minha irmã esperar como eu. Deixe-a saber que estamos bem, nós dois sabemos o que isso significa para ela. Eu giro em meus calcanhares e arremesso para frente, mas algo me faz parar e girar de volta. Bishop ri e, caramba, é profundo. — Você realmente está fodido. Ele sabe tão bem quanto eu por que parei – é a expressão nos olhos da minha garota que sei que vou receber se o irmão dela se aproximar de mim. Se ele der a ela o que ela não precisa, mas deseja desesperadamente, mesmo que ela ainda não tenha dito. Sua bênção. Eu sorrio. — Eu não estou bravo com isso. Ele balança a cabeça e alinha-se ao meu lado. Meus irmãos saem pelo portão traseiro onde Maddoc estacionou, e nós dois voltamos para a frente. Não temos que dizer que vamos nos preocupar com essa merda mais tarde. Está combinado sem uma palavra. Damos uma volta pela lateral da escola, diminuindo a velocidade quanto mais nos aproximamos, quando Brielle não é vista facilmente pelas janelas do carro de Mac. — Royce...

— Talvez ela esteja deitada. Nós nos aproximamos dele, abrimos as portas, mas está vazio. Bass gira para o carro e sua Barbie se senta no banco, saindo. — Onde ela está? — Onde está quem? — Ela sorri. — Foda-se isso. Vamos voltar, agarrá-la no caminho. — Sim, isso não vai funcionar. — Ela inclina a cabeça. — Ela não andou. Bass a enche. — Do que você está falando? Ela balança a cabeça com um sorriso malicioso. — Eu estava navegando pelo Instagram e perdi serviços, então pulei e andei um pouco, dentro da extensão de um metro e meio, para não ter um aneurisma. — Continue falando, — ele exige. — Imagine minha surpresa quando vi a garota da hora deslizando para a noite com um cavaleiro diferente. — Ela olha para a lua com uma expressão zombeteira. — Ah, a ironia, certo? — Vá direto ao ponto, garota. — Oh, um menino bravo, legal. — Ela inclina a cabeça.

— Corta isso, — Bass dispara. — Onde ela foi? — Saltou em um carro. — Que merda de carro? Ela sorri. — Eu poderia te mostrar. Eu a apressei, mas Bass não me deixa chegar muito perto. Ela ri, seus olhos deslizando para os dele. — Ah, calma garoto, — ela sussurra como uma pirralha privilegiada. — Primeiro, preciso da sua palavra de que você... Bass cala a boca batendo seus lábios nos dela, e seus olhos se arregalam. — Quieta, garota rica, — ele murmura contra seus lábios, roubando o telefone de sua mão. Eu olho entre os dois, para ela, presa lá congelada, boca entreaberta, mão para cima, embora seu telefone não esteja mais nela. Eu rio e seus olhos se fixam nos meus, seu rosto suavizando e voltando para a Barbie mal-intencionada. — Droga, Bishop, a garota tem um pau Brayshaw para você. Ele zomba. — Sim, tente convencê-la disso, — ele murmura, olhando para ela. — Senha? Ela pisca, estendendo a mão. — Vou colocá-la.

Ele puxa de volta. — Senha. Ela aperta os lábios, desviando o olhar quando os olhos dele se estreitam e ele se aproxima dela. — Não temos tempo para essa besteira do colégio. Seus lábios se curvam na minha direção, mas seu olhar cai quando Bass pressiona contra ela. — Faz um tempo que não mudo... — Senha, — ele se encaixa. Ela levanta a cabeça, roubando a si mesma. — D-O... — M? — Ele rosna. Ela limpa a garganta, balançando a cabeça. — E adicione um S. — Quem é Dom? Bass a encara e ela foge, deixando o telefone na mão dele. O que quer que tenha acontecido é esquecido, enquanto ele puxa a foto. Seu rosto fica branco. — Filho da puta. Eu o arranco dele, aproximando-se do carro e do homem morto ao lado dele. Leo.

— ELA nunca iria embora com um estranho. Ela tinha que conhecê-lo ou pensar que sim. Ele caminhou até ela e se apresentou como alguém diferente. Alguma coisa. — Ele deve ter seguido ela até aqui. — Bass balança a cabeça. — Pense nisso, alguém teve que trancar os portões e aquela porta que te mantinha fora da escola por alguns minutos extras. O treinador Von não poderia fazer isso e estar lá ao mesmo tempo. — Ele sabia que ela desmaiaria, — eu percebo, as sobrancelhas levantadas. — Ele sabe tudo sobre ela. Ele a observou, a seguiu e então eu apareci naquela cidade e o tirei do curso, mas o filho da puta sabia que eu nunca me afastaria dela. Ele apostou nisso e começou a merda aqui, depois a seguiu de volta. — E ele sabia que você estragaria tudo e que você me ligaria para levá-la embora quando o fizesse. — Bass o encara, balançando a cabeça. — Filho da puta, — ele rosna.

É por isso que não permitimos que as pessoas entrem em nosso grupo principal, essa merda acontece quando as coisas azedam. Bass fecha os olhos. — Eu a mandei para a casa da minha tia para mantê-la longe disso, e isso não importava, porque eu ainda estava nisso, porra. Todos os que estão ligados a alguém em mundos como este estão em risco. — Ele encontra meu olhar, atingido por uma realização própria. — As pessoas que amamos ficam mais seguras conosco do que longe. Ele começa a andar e de repente congela. — Bishop. — Eu corro em direção a ele. — Ele nos trouxe aqui, sabendo que ela estaria conosco, mas não muito perto. Que a manteríamos por perto apenas no caso. — Ele começa a andar, depois começa a correr e sou forçado a segui-lo. — Bass! — Ele está fazendo isso por minha causa. Eu sei para onde ele a levou. Eu fico ao lado dele, correndo em seu ritmo. — Eu pensei que tinha acabado com ele, — Bass admite. — Se ele a machucar, vou matá-lo. — Ele a tocou. — Eu aperto meu telefone na minha mão. — Ele já está morto.

A única maneira de ele ir a algum lugar é em um saco para cadáveres. Bass derrapa ao redor do prédio, parando bruscamente a meia quadra de distância da piscina e meus músculos se contraem. — Não... Seus olhos encontraram os meus, um tormento pesado nos dele. Não preciso perguntar se ele tem certeza, porque seu grito estridente preenche o céu noturno, ecoa pelo meu corpo e bumerangue contra minha garganta. Não! Nós aceleramos, chegando a uma parada brusca quando olhamos para o cano de um rifle M16 antigo do outro lado da cerca. — Nossa, como o poder mudou. — Leo sorri. — Como você está, Brayshaw? — Royce! Bass! Erguemos os olhos e encontramos Brielle parada na beira do trampolim flexível, as mãos perto do corpo com medo, os pulsos amarrados. — Está tudo bem, baby! Respire. — Não minta para ela! — Leo late. — Diga a ela a verdade. É aqui que ela morre.

— Você está morto, porra! — Eu rujo. Nós saltamos, agarrando o topo da cerca, mas então ele acerta o gatilho, vários tiros ressoando alto, fragmentos da cerca se quebrando e cravando em nossa pele. Caímos

de

volta

no

cimento.

Brielle

grita,

mas

rapidamente rolamos para cima, avistando o buraco agora a meio metro de onde estamos. Leo sorri. — Papai era um atirador de elite, foi aí que ele pegou suas mãos pesadas. A única coisa útil que ele me deu? — Seu rosto vira, raiva na frente e no centro. — Um tiro perfeito, mas você já sabia disso. — Abaixe a arma, Leo, e eu vou deixar você morrer rapidamente. — Cale a boca. — Ele aponta para Brielle em advertência. — Afaste-se da cerca. Eu sei que você consegue pular, Brayshaw, mas você acha que pode chegar naquela vadia antes que eu coloque uma bala em você? — Ele olha para Brielle. — Leo, vamos. Sinto muito. Deixe minha irmã fora disso, cara! — Bass grita, seu aperto tão forte nas ligações de metal o sangue escorre por suas mãos. Um de seus sapatos sobe, dobrando-se na lateral. Leo fixa os olhos em Bass e dispara três tiros em direção à Brielle, mantendo os olhos em nós.

O pânico se espalha por nossos corpos e olhamos para cima enquanto ela grita. Ele atirou perfeitamente na placa, a um metro dela. — Pule, — ele exige dela. — Brielle, ignore-o! — Bass grita. Sua arma aponta para nós e ele repete. — Eu disse para pular! Eu olho para ela, balanço minha cabeça, mas quando ele atira algumas vezes em nosso caminho novamente, forçandonos a cair no chão, ela não hesita. Ela pula, porra. A água espirra no cimento, seu corpo voltando à superfície com o impulso, mas então ela começa a afundar, balançando o máximo que seus pulsos amarrados permitem. Seu corpo, sua adrenalina, está muito alta. Ela se sacode descontroladamente na piscina. Eu me pressiono contra a cerca quando ela começa a gritar por socorro, gritando e sufocando com água. O que... — Porra, ajude-a! — Bass grita, quase grita, tentando escalar mais uma vez, e desta vez, o tiro de Leo está mais perto, errou intencionalmente, mas mais perto.

Um estilhaço de metal corta a bochecha de Bass, mas ele não recua. Eu nem tenho certeza se ele está ciente disso. Minha mente dispara, os olhos grudados em Brielle, na água enquanto borbulha na superfície. — Brielle! — Eu grito, o pânico crescendo em minhas entranhas. — Baby, re... —

Lembra

desta

piscina,

Bishop?



Leo

grita,

interrompendo-me. — Lembra sua pequena história de como éramos um e o mesmo, crianças trancadas dentro de nós porque as marcas das mãos de nossos pais estavam impressas em nós, como você tentou entrar na minha cabeça, se relacionar comigo? Como você compartilhou isso, como eu, você e sua irmã nunca aprenderam a nadar. Como você me jogou lá dentro, me viu afogar apenas para me puxar para fora no último segundo e me jogar de novo? E de novo? — Ele ferve. Minhas sobrancelhas levantam e eu rapidamente percebo o que está acontecendo aqui. Bass, ele está completamente apavorado, a dois segundos de ser destruído – ele está prestes a pular essa porra de cerca e fazer tudo o que pode para salvá-la, o psicopata que segura a arma que se dane. Brielle começa a afundar e um zing estridente dispara pelo meu corpo. Eu balancei minha cabeça. Isso não está certo.

Lembro-me da história de Brielle, sobre a água, como eles nunca aprenderam. Como ela e Bass conversaram sobre os dois aprendendo a nadar e a tristeza que ela ouviu em sua voz. A dor. Deve ter sido na noite em que ele quase matou Leo com uma arma que ele percebeu que poderia ser facilmente usada contra ele mesmo – água. Mas não Brielle. Não minha garota. Porque minha baby, eu a ensinei a flutuar. Ele me agarra, puxando-me para ele. — Seu idiota mentiroso. — Os lábios de Bass se curvam, seu corpo tremendo. — Você disse que a amava e olhe para você... — Confie em mim, — eu imploro. Ele estremece no meu aperto, mas eu o puxo com força. — Porra, confie em mim, porra! — Eu sibilo com os dentes cerrados. Lágrimas enchem seus olhos. — Ela está... — Fingindo. Suas sobrancelhas se juntam, suas narinas dilatam enquanto ele se vira, olhando. — Ela está fingindo, cara, — eu sussurro.

Certo? É isso que ela está fazendo? Eu olho para ela, para seu corpo sem vida enquanto flutua ao longo da superfície. — Royce, — ele resmunga. Meu peito dói e eu agarro a cerca, a noite ao meu redor negando ar aos meus pulmões. Eu não engasgo com nada. Eu estava errado? Ela entrou em pânico? Esqueceu? Seu corpo. Não se move. Eu bato na cerca e nada. A risada de Leo ressoa ao longe, o apelo desesperado de Bass, e meus joelhos batem contra o concreto. Seu cabelo está espalhado ao lado dela, seu torso mais alto do que seus braços e pernas, e eu acho que sua cabeça está inclinada apenas o suficiente para escapar por entre os lábios, mas não posso ter certeza. Minha mente diz para confiar nela, que ela é corajosa e inteligente e uma lutadora em seu próprio caminho, mas meu coração dificilmente aguenta.

— Bem, isso foi meio anticlímax. — Leo inclina a cabeça. Ele caminha até o canto mais distante da piscina, o mais longe de nós, e permite que a arma fique baixa na alça, o peso carregando-a para suas costas. Ele pega um longo mastro de piscina, uma rede gigante presa na ponta. Ele caminha em direção ao outro lado do fundo do poço e a desliza na água, aproximando-se dela e minhas mãos encontram os elos de metal novamente. — Vamos ver se ela está bem e se foi, hein? Lentamente, eu me levanto, Bass bem ao meu lado. Meu intestino aperta. Bass balança a cabeça, pronto para dizer foda-se e escalar a cerca. — Não podemos superar antes que ele a alcance. Não podemos superar antes que ele alcance a arma também. Eu engulo, lambendo meus lábios. Eu sei. Já pensei nisso e só há uma resposta. — Ele não pode atirar em nós dois, Bishop. Na minha visão periférica, sua cabeça vira na minha direção, mas eu não olho. — Ele só tem mais uma chance. — Eu forço meus lábios. Eu. Tem que ser eu.

Se eu pular, ele se concentrará em mim, usando o que não tenho certeza se ele percebeu seu último tiro em mim, e ela pode ficar em segurança enquanto Bass tira sua bunda. Tem que ser eu. Deve ser para isso que fui feito, porque nunca me aproximei de ninguém além dela, porque fui feito para este momento, nascido para isso. Eu nasci para amar Brielle Bishop, então, no final, eu estaria aqui para salvá-la, para devolver o que ela perdeu – sua família. A vida dela. Eu nasci para morrer por ela, e isso é algo que não hesitarei em fazer. Algo que farei com orgulho, por ela. Então, eu respiro fundo e faço uma maldita oração silenciosa para qualquer um que possa ouvir. Desejo que meu pai e Maybell deem um passo à frente, porque meus irmãos vão precisar deles mais do que nunca depois desta noite. Desejo para minha linda sobrinha e meu sobrinho que nunca vou conhecer... que eles nunca questionem meu amor por eles. Que Raven e Victoria, não chorem por mim, porque isso vai dividir seus homens em dois.

Eu desejo que meus... meus irmãos não me odeiem por isso, mesmo que eu saiba que eles podem, pelo menos por um tempo. Espero que me perdoem e nunca me esqueçam, que saibam o quanto dói deixá-los. Que minha garota, um dia, ela vai entender a escolha que fiz esta noite e por que tive que fazer isso. Que nenhum deles sinta a dor da minha perda, mas lembre-se do bem, se houver bem para ficar para trás. Que eu amo todos eles com tudo que sou. Uma respiração afiada escapa, uma risada nervosa e petrificada seguindo, mas eu a forço para longe. Brayshaws, não temos medo, não recuamos e nos recusamos a perder. E se há uma coisa que este mundo não pode perder, é uma alma como a de Brielle Bishop. Seria uma porra de um lugar mais escuro sem ela. Mas eu? Eu posso. Eles podem. Eles ficarão bem.

Minha visão fica nublada, minhas bochechas ficando úmidas. — Diga à sua irmã que a amarei. Sempre. Eu escalo a porra da cerca, caindo de pé segundos depois, e quando meus olhos levantam, meu pé direito plantando um único passo à frente do meu esquerdo, eles travam no de Leo. Ele sorri largo, orgulhoso, a arma já na mão. Agora é com Bass. Leo se prepara com um sorriso. — Eu sempre soube que você era o idiota dos três. Ele puxa o gatilho, disparando seu último e restante tiro. E meu corpo atinge o chão. Adeus, pequena.

UM TIRO ABAFADO soa acima da água quando aperto minha mão em torno do mastro. Eu viro com um suspiro alto e agudo. Leo está de pé com os olhos arregalados, a arma pendurada nas mãos. — Brielle! — É gritado na escuridão, e reconheço a voz do meu irmão, está mais perto agora, mas não consigo desviar o olhar. — Surpreso? — Eu resmungo, lentamente deslizando minha outra mão sobre o mastro. Leo franze a testa. — Sabe, você me enganou com a coisa de August/Leo. Você me pegou. Mas me trazer aqui? Não é preciso muito para perceber, agora que eu sei, por que meu irmão foi deixado para cuidar de você. — Eu inclino minha cabeça para o lado. — Diga-me, você sabe o que os leoninos temem? — Tento ficar calma para não afundar, para não desmaiar, como ainda não

desmaiei, não sei, mas sei que está chegando, a cor já se foi. — Eles temem ser ignorados, negligenciados... esquecidos. — Cale a boca! — Ele enrijece, suas narinas dilatam-se. — Você sabe o que os leões temem? — Eu lentamente nado para mais perto dele. — Eu falei para calar a boca! — Vamos, é fácil. — Garota, eu vou... — Ser um humano. Sua mandíbula se contrai e então as luzes acima de nós acendem. Sua cabeça inclina para trás e ele aperta os olhos, incapaz de ver além da quadra em que nos trancou dentro. A loira do carro do meu irmão me chama a atenção na beira da cerca, onde o quadro de luz está localizado, e algo em mim se instala, a sugestão de incerteza desaparecendo completamente quando passos seguem. Leo se vira para encontrar Maddoc e Captain lá. Ele pula para a esquerda, mas mais vêm do outro lado. Sua cabeça vira para a direita para encontrar Micah, Mac e Andre, mas eles estão todos do lado de fora do portão e nós estamos aqui. A arma aponta para mim.

Eu pego um aperto sólido na barra, meus dedos dos pés escovando a parede da piscina agora. — Quem vai se lembrar de você depois desta noite, Leo? Ele rosna, agora na beira da piscina. Com todas as minhas forças, eu puxo o mastro que ele ainda está segurando, e ele cai na piscina, e desta vez, não haverá ninguém para ajudá-lo a escalar. Eu rapidamente dou o pontapé inicial, lançando-me através da água para que não haja possibilidade de ele me alcançar, mas o pequeno alívio é de curta duração, porque então eu ouço seus gritos estridentes. Eu me viro, apenas na metade do caminho para a borda, e meu corpo para. Royce está deitado no chão. Seus irmãos correndo para o seu lado. Acontece em câmera lenta, eles caem de joelhos ao lado dele, seus olhos se arregalando, lágrimas instantâneas e gritos profundos se seguem, mas é quando a expressão miserável do meu irmão encontra a minha que eu me dobro. Sua mandíbula se aperta e seu queixo cai sobre o peito. Ouço um grito alto, e acho que é meu, os gritos também, mas, de repente, tudo dentro de mim está entorpecido, então não posso ter certeza.

Eu nem consigo respirar. E com a minha próxima piscada, não posso mais ver. A escuridão toma conta, e então a água. Começo a afundar e não me importo em encontrar o caminho para a superfície. Não se seus olhos não estiverem esperando por mim. Não se eu não puder mais buscar seu toque, ouvir sua voz ou sentir as profundezas de seu coração. Não se ele nunca mais me alcançar e me puxar para seus braços abertos e desejosos. Não se seu amor for embora. Enquanto eu afundo e a escuridão toma conta, seus olhos aparecem atrás dos meus. De repente, está tudo certo, porque ele está bem aqui. Ele está comigo. Você morre, eu morro, baby. É isso que digo a ele. E esta noite, sob a lua de verão, nós nos deitamos, na cidade em que nascemos, cercados pelas pessoas que amamos...

Deixamos ir a mágoa, a dor e o sofrimento, e fazemos isso juntos. Amo você, Royce Brayshaw. Sempre.

POSSO CONTAR em uma mão quantas vezes chorei na vida, e hoje, olhando para o lindo rosto da minha irmãzinha, é a quarta vez. Quando penso em nossas vidas, a dor que vivemos, a escuridão que vimos, o resultado final, por mais que doa admitir, era inevitável, mas o caminho em direção a isso, eu nunca teria imaginado. Toda a minha vida, tudo que eu sempre quis foi proteger minha irmã, para ter certeza de que ela entendia o quão importante ela era para mim, como um bom irmão faria, mas de alguma forma, com esses pensamentos constantemente guardados no fundo da minha mente, eu abandonei a bola. E é aqui que me trouxe. Para o adeus. Eu falhei com ela em mais maneiras do que posso contar, falhei comigo mesmo, e nunca vou esquecer isso. Nunca, jamais, eu me perdoarei por isso.

Mas vou ser melhor com isso. Por causa disso. A memória do que aconteceu aqui nunca vai me deixar, e os pesadelos só vão piorar, mas vou encontrar conforto em saber que minha irmãzinha não está sozinha. Que ela será amada, não importa onde ela esteja. Que ela estará segura e sem medo. Que ninguém pode machucá-la novamente. E se eles tentassem, eles teriam uma parede de merda para atravessar para fazer isso. Porque minha irmãzinha... ela não é Bishop. Ela é Brayshaw. Por completo, porra.

EU

LEVANTO

minha mão para o rosto machucado e

arrebentado de meu irmão, e as lágrimas que ele lutou muito para manter presas no lugar escorrem livremente, as minhas seguindo. — Irmãos mais velhos não devem chorar. — Irmãs mais novas não deveriam morrer. — Eles me trouxeram de volta. — Minha voz é um sussurro áspero, coberto por uma pesada camada de emoção transbordante, mas minha tentativa de provocar, de aliviar o humor muito sombrio, funciona um pouco. Sua carranca se aprofunda, mas seus lábios se contraem. — Sim e porra, obrigado por isso. — Ele segue o hematoma na minha bochecha até a minha têmpora. — O que você fez foi imprudente. Minha boca puxa para o lado e eu aceno. — Eu sei. Nós dois sabemos que não posso me desculpar por isso, porque não sinto muito.

Seu rosto cai e meus pulmões doem, mas não tem nada a ver com meus ferimentos, e tudo a ver com o que sei que está por vir. — Você precisa sair. Seus olhos se fixam nos meus. — Eu não vou, — ele promete. — Se você disser que precisa de mim, eu não irei. — Mas... Ele suspira, seu rosto se contraindo enquanto ele balança a cabeça. — Mas você já disse que não, e por mais difícil que seja admitir, eu acredito em você. Inclino minha cabeça para espiar por cima do ombro e encontro os olhos não de um, mas de quatro Brayshaws. Uma risada baixa me deixa, e quando eu estremeço, todos estremecem comigo. Minha mão cai para agarrar a do meu irmão e eu olho nos olhos da pessoa que me ensinou como amar e como buscar mais. — Sempre vou precisar de você, Bass. Não importa quem eu tenha... — Eu engulo. — Ou quem eu perco. Vou sempre precisar do meu irmão, mas isso não significa que você tem que estar aqui para estar aqui, — eu sussurro. — Você pode ir para casa sem culpa e continuar trabalhando na felicidade que está perseguindo, mas ainda não descobriu. Sua mandíbula flexiona. — Você tem certeza?

— Sim, tenho certeza, — eu prometo. — Você está sentado ao meu lado há quatro dias. Não consigo imaginar que o novo mundo que você encontrou possa funcionar sem problemas sem você nele. Seus lábios se chocam e ele levanta uma sobrancelha escura e provocante. — Você não tem ideia. — Eu me oponho a essa afirmação. Olhamos para a porta para encontrar a loira com quem ele entrou, e ele suspira. Ela entra na sala, e Victoria e Raven ficam de pé, fazendo seu sorriso crescer, mas quando seus olhos encontram os meus, ele se suaviza. Ela passa a língua pelos dentes, engolindo. — Para registro, por cordeirinho indefeso, eu quis dizer preocupar irmão mais velho. As sobrancelhas de Bass puxam, mas ele não se vira para olhar para ela. Ela lambe os lábios. — Então sim. Vejo você por aí, ou espero que não. Sem ofensa, estou apenas meio que... tentando sacudir um vagabundo. Bass revira os olhos e eu olho dele para ela. — Sem ofensa, — eu digo de volta. — Mas você realmente não parece o tipo dele. Ela dá um sorriso de boca fechada e inala. — Sim, também tentei essa linha, uma ou dez vezes.

Ela gira sobre os sapatos, indo em direção à porta, mas quando ela vai empurrá-la, ela se abre sozinha e um baixo, sussurrado, ‘oh, merda’ a deixa. Rolland entra, um homem que não conheço ao seu lado, mas os Brays parecem conhecê-lo à medida que se levantam com sua entrada. O homem olha para meu irmão, mas Bass não dá a mínima para ele. — Leve para fora, — Bass diz sem se afastar de mim. — Agora. Não há um momento de pausa, eles seguem o comando do meu irmão. — Essa sua nova vida deve ser bem interessante. Um pequeno sorriso cresce em meu rosto, e Bass estende a mão para segurar minha bochecha. — Estarei de volta antes do final do verão para ver você, — garante ele, com um tom dolorido. — Acha que poderia ensinar seu irmão como boiar? Minha garganta fica mais grossa e mais lágrimas caem. — Sim. Ele ri levemente, inclinando-se para beijar minha testa e sussurra: — Adeus, irmãzinha.

Ele se levanta e se afasta, ele faz uma pausa, estreitando os olhos e diz: — Quando eu ligar, atenda. Um escárnio baixo e rouco aquece a sala, seguido por uma provocação, — Boa sorte com essa merda, Bishop. Uma risada baixa se segue, e meu irmão acena com a cabeça, olha ao redor e sai. Ao fazê-lo, não sinto tristeza ou mágoa, nem um indício do abandono que costumava enterrar, porque desta vez, quando ele se afasta, sei que poderia ir com ele e que ele ficaria feliz em abrir a porta para mim. Desta vez, estou bem com seu adeus. Desta vez, eu escolhi ficar para trás, porque quando eu olho para a minha direita, nos olhos escuros e amorosos que esperam pelos meus, eu sei que estou olhando para tudo neste mundo que eu poderia querer... e muito mais. Maldito Royce Brayshaw.

QUANDO

EU ERA JOVEM ,

achava que sabia como seria

minha vida. Eu seria forte, ousado e livre. Selvagem e indomado e nada poderia me parar, me mudar, me ver. Eu me esconderia atrás de uma máscara que criei para proteger a única coisa que não queria que ninguém tocasse – o órgão pulsando dentro do meu peito. Eu sabia o que o amor fazia e não queria nada disso. O amor era um ladrão. Ele roubava seus bons sentidos e gerava fraqueza dentro de sua mente. Isso criava dúvida e ciúme e o deixava completamente louco. Isso é o que eu conhecia do amor. Eu não sabia nada. Nunca fui forte, ousado ou livre, não de verdade.

Quando criança, eu estava trancado em minha própria mente, temendo o que viria – um dia em que perderia meus irmãos para alguém ou algo. Eu não era nada além de um menino perdido, e minha Tink voou para reescrever tudo que eu pensava que sabia sobre força e liberdade. Ela me salvou de mim, amando cada parte elevada de mim. O amor me deixou louco, tirou de mim, me mudou, mas não para pior. Para o melhor. Brielle, ela é minha força, de onde virá minha bravura, e somente quando ela estiver comigo, estarei livre. Livre de medo, perda ou dor, de arrependimento. Amar Brielle Bishop é respirar fundo e plenamente, ser amado por ela é algo profundo demais para explicar. Ela sorri, estendendo a mão para correr os dedos ao longo da minha ferida em cura. — Seus olhos estão contando uma história... você está pensando. Eu abaixo, correndo meus lábios ao longo dos dela apenas para me afastar. — Em você. Sempre você. — Sim, e dessa vez, hein?

— Captain me contou o que você fez, por Enoch e Taylor. — Eu traço meus dedos ao longo de seu pescoço. — Você os ajudou a encontrar o caminho de volta um para o outro. — Eles mereciam. Eles se amam, e nada do que aconteceu foi culpa deles. — Sempre a luz na escuridão, — eu sussurro, a emoção engrossando meu tom enquanto eu olho para ela. — Você teve que ir e me superar, hein, no meu momento de cavaleiro branco? Ela ri, mas a transição para um suspiro. Ela puxa meu rosto para o dela, fechando os olhos. — Nós morremos juntos. — E nós fomos trazidos de volta juntos. — Bem ao lado um do outro. Somos zumbis agora? — Ela sussurra com uma risada, seus braços preguiçosamente envolvendo meu pescoço. — Não, talvez super-heróis. — Sim, eu acho que é melhor. Basicamente, nascer de novo significa que temos novos aniversários? — Oh, porra, sim, Tink. Mas não novos, dois. — Eu sorrio. — Estou lucrando com os duplos. — Você faria, — ela brinca, suas pernas se abrindo para mim.

Eu fico bem entre elas, pairando sobre ela. — Menina, — eu sussurro. — Eu tenho outra regra para você. — Vamos ouvir, Playboy. — Me ame para sempre, — eu murmuro, uma dor profunda em meu corpo, uma forte necessidade por ela agora, por ela amanhã, por ela todos os dias depois disso. — Deixeme amar você para sempre. Não me deixe, sempre me queira e nunca pare de lutar comigo. Aqueles olhos, aqueles com os quais eu sonhei por meses, desejava, ansiava porra, ficam tão quentes e cheios que eu mal posso suportar. Quase tenho que desviar o olhar, mas não o faço. Eu preciso disso dela. — São muitas regras, — ela diz suavemente. — Isso não é uma resposta. Ela ri, me cutuca para o lado, então eu lentamente nos viro, e ela gentilmente sobe em mim. Meu pulso bate forte sob minha pele, e sua mão sobe para cobrir meu coração, sentindo-o bater contra ela, por ela. — Eu sei que você está preocupado, mais agora do que antes, eu aposto. Eu sei que deitado na cama do hospital ao meu lado, você se perguntou pelo menos uma vez se isso estava

certo. Você ainda se preocupa em tirar de mim, por estar comigo, mas você quer saber a verdade? — Ela entrelaça sua mão livre com a minha, levantando-a sobre seu coração batendo forte. — Sempre, — eu murmuro, ansiedade subindo pela minha garganta. Ela fecha os olhos e respira fundo e um pequeno sorriso se forma ao longo dos lábios perfeitos dela. Quando ela não se move depois de vários segundos, eu deslizo meus dedos ao longo da linha de sua calcinha. — O que você está fazendo, baby? Esse sorriso se alarga. — Estou olhando em seus olhos, o marrom profundo que muda de dourado para cacau e para o céu noturno. Minhas sobrancelhas puxam e, em seguida, seus cílios levantam e ela sorri. — Você disse que queria ser o cara que uma garota vê quando fecha os olhos à noite... Minha respiração fica presa na minha garganta enquanto eu olho para ela. — Bem, estou bem acordada, Playboy. São dez da manhã, e adivinha? — Ela sussurra, as lágrimas enchendo seus olhos.

Meus músculos se contraem a ponto de doer, mas do tipo bom. — Baby... — Eu vejo você, Royce. Cada vez que fecho meus olhos, cada vez que a escuridão se aproxima, aí está você. — Sua voz falha. — Você não é a escuridão da qual não posso escapar, você é a luz que sempre seguirei. Sem você, minha visão não significa nada, porque você é a única coisa que eu quero ver. Meus dentes se apertam, mas não faz nada para impedir as emoções de se mostrarem para a garota acima de mim e eu nem me importo, porra, porque posso confiar a ela com elas. Totalmente. Completamente. Eu me empurro para cima e a puxo para mais perto, seu sorriso atingindo meus lábios enquanto eu os devoro. Ela ri, suspira e então minha baby geme. Baixo, longo e ganancioso. Seus braços me envolvem, em um aperto mortal que eu sempre quero sentir. Essa garota, essa vida... são mais do que eu mereço, e nunca vou me esquecer disso. — Royce? — Ela ronrona bem no meu ouvido, sua mão deslizando entre nós. Sua cabeça se inclina para trás, seus

olhos escurecendo a cada segundo, batendo nos meus. — Foda-me devagar. Eu gemo, levanto-a e a deslizo para baixo no meu pau em um movimento completo e rápido. Ela engasga na minha boca, sua cabeça caindo para trás e eu mergulho direto, beijando, lambendo e chupando seu pescoço. Meu pescoço. Ela rola os quadris como uma campeã, dançando no meu pau como uma bailarina e encontro cada movimento seu com mais. Sempre mais. Nós transamos em câmera lenta, ao ritmo de nossa própria canção de silêncio. A necessidade em nossos corações. Eu puxo sua camisa de seu corpo, jogando-a para o lado, e ela deixa seus joelhos deslizarem mais para dentro do colchão. Esta, esta é a posição feita para nós. Ela está bem aqui, no meu colo, cavalgando-me como a porra de um cavalo. Minhas mãos deslizam ao redor dela, segurando suas nádegas e apertando. Sua boceta – minha boceta – aperta em torno de mim, então eu faço isso de novo e ela pressiona em minhas mãos, seu clitóris agora esfregando mais forte contra a minha pele e foda-me, ela está ficando mais apertada.

Seus olhos se fecham, sua cabeça caindo no meu ombro, então tento algo que tenho a sensação de que minha garota vai gostar. Eu deslizo meu dedo médio pela fenda de sua bunda, e bato no buraco que reivindicarei e tomarei em breve. Ela grita alto e necessitada e sua cabeça se levanta, olhos selvagens. Meu sorriso é lento, sua necessidade é clara. — Faça isso, — ela murmura. — Vai ser apertado. — Eu disse para fazer isso. — Seu pequeno brilho tem minhas bolas puxadas para cima, meu pau empurrando mais longe e ela dá um gemido desesperado de boca fechada. Eu

pressiono

meus

lábios

nos

dela,

beijando-a

avidamente e sussurro contra eles: — Você conseguiu. Eu deslizo meu dedo para baixo, cobrindo-o com seus sucos gotejantes na base do meu pau e me movo de volta. Ela cavalga mais forte, mais rápido e quando ela desce, meu dedo está esperando. Eu entro e ela morde meu lábio, tremendo, tremendo ‘pra’ caralho. Sua boceta vibra de dentro para fora, mas ela não senta lá e cavalga o que está batendo nela. Ela me cavalga mais.

Pressiona para mais. Implora por mais. — Mais rápido, — ela ofega. — Você disse devagar. Ela me encara, suas mãos chegando ao meu pescoço e enfia a língua na minha boca, moendo e quicando e eu, poooorra. Eu uso minha outra mão para envolver seu corpo minúsculo e cuidadosamente deito, seu peito descendo para o meu. Há uma picada, mas não me importo. Eu empurrei dentro dela, beliscando sua bunda com meus dedos livres e movendo suavemente o que estava dentro dela. Ela fica louca. Ela está ofegante, voando para cima e para baixo no meu pau e eu a encontro, batendo de volta com mais e mais força, e então ela grita, alto e longo e direto no meu ouvido. Zumbe dentro de mim, através de todos os nervos e eu gozo com ela. Dentro dela. Onde cada pedaço de mim já vive.

Seu corpo fica mole sobre mim, e ela ri na minha pele, mordendo e batendo em mim. — Oh meu Deus. — Oh, seu Royce. Ela ri, seu queixo plantado no meu peito. Eu movo o cabelo preso em sua testa e ela sorri. — Aquilo foi... — Exatamente porque minha família planejou uma viagem de três dias, quilômetros e quilômetros de distância, no segundo que o médico nos liberou. Ela ri e, em seguida, inclina a cabeça com um olhar tímido. — Você quer dizer que não podemos ser livres assim o tempo todo? Meus músculos travam e eu a puxo de volta para vê-la completamente. O tempo todo. O tempo todo, porra? Oh, foda-me, baby. Sim. Já tinha planejado, pensado, mas ainda não tinha mencionado. Eu não queria pressioná-la. Pela primeira vez, eu não exigiria, mas seguiria em frente, tinha que ser assim

depois do que acabamos de passar – eu não apenas morri por ela, mas ela queria morrer se me perdesse. Isso não é normal, isso é uma merda poderosa e reconhecidamente fodida. Mas é a nossa merda fodida. E não somos normais. Somos Brayshaw. Eu e minha baby. — O que? — Ela provoca. — Você pensou que eu ia esperar você perguntar? — Ela desenha círculos no meu peito. — Maybell já arrumou minhas coisas, Playboy. Elas estão na varanda agora. Estou aqui hoje e não tenho planos de partir amanhã. — Ela desliza pelo meu peito, seus mamilos endurecem e fazem cócegas ao longo da minha pele. — Você está preso a mim, mas vou precisar de uma garantia de muito mais disso ou posso mudar minha... Ela grita, cortando no meio da frase quando eu faço cócegas em seus lados. — Confie em mim, Tink. Haverá muito mais. — Eu beijo seus lábios, deslizando os meus sobre eles. — Mesmo que eu tenha que comprar uma mordaça para você. Ela ri alto, sua testa caindo na minha.

Pela milionésima vez hoje, ela suspira, e é a razão pela qual meu coração bate forte. — Eu te amo, Brielle Bishop. Mais do que as estrelas amam a escuridão, e você me ama também. — Mais do que você jamais saberá, — ela sussurra. — Eu poderia perder minha visão durante a noite e ainda teria mais do que poderia pedir de você. Se ossos quebrassem com a profundidade das palavras faladas, os meus estariam em pedaços abaixo dela. Minha maldita rainha. Eu disse que nunca quis ser um rei, e falei sério, mas fodame se não me sinto como um agora. — Você está nos meus olhos, — ela respira, e minhas feições se contraem. Lentamente, ela começa a moer seu ponto doce sobre mim. — Você é o único rei que governa e consome em minha vida. Da minha vida. — Maldita honestidade. — Eu grito, rosno e gemo. E então eu a viro de costas, deslizo para dentro e seguro lá. Ela engasga, sorri e puxa meus lábios nos dela. Minha porra de garota. Minha.

— Feche os olhos, menina, — sussurro um comando gentil. — Deixe-me mostrar como o toque é muito mais poderoso do que a visão jamais poderia ser. Seu gemido ronrona em minhas veias, roubando minha sanidade enquanto estou prestes a roubar a dela.

É

QUASE

meio-dia quando finalmente saímos do chuveiro

e descemos as escadas. Estamos nus e famintos e, normalmente, haveria alguma fruta recém-cortada sobrando do lanche de Zoey ou sobras de qualquer coisa que Cap preparou no café da manhã, mas não há nada rápido para pegar. Eu olho em volta e percebo o quão silenciosa a casa está sem todos. Pego Brielle olhando para mim e ela dá um sorriso suave antes de olhar para o relógio. — Quer sair? — Eu digo e ela desliza para mais perto, envolvendo os braços em volta de mim, e meus dedos deslizam em seu cabelo. — Vamos a um drive-thru e depois pegar algo para cozinhar para o jantar FaceTime de hoje à noite com meus irmãos?

Ela levanta o queixo, então eu dou a ela o que ela quer, encontrando seus lábios com os meus. — Ou poderíamos jantar com eles, — ela diz baixinho, com conhecimento de causa. — Quão rápido o Mac pode obter o jato abastecido? Essa garota, ela me leva ao cerne, e ela deveria, é feito dela. Eu atiro em linha reta, meu telefone já na palma da minha mão. — Trinta minutos, no máximo. Ela ri, inclinando a cabeça. — Vai fazer uma mala enquanto eu pego a minha na varanda? Eu a agarro, beijo e, em seguida, colocamos nossas bundas em marcha.

Z OEY

ESTÁ CORRENDO EM FRENTE ,

colocando os pés na

água quando rastejamos ao redor da casa de praia. Conforme a onda aumenta, vejo Cap se aproximar dela, mesmo que a água não chegue até seus tornozelos de onde ela está. Brielle ri do meu lado e me empurra para frente. Meus olhos encontram os dela, e ela balança a cabeça, cutucando-me novamente. — Vá em frente, tio Bro. Não vejo Maddoc brincando na água. Eu diria que há alguns pontos importantes como tio a serem marcados agora. — Eu te amo, porra, — eu rosno e corro para frente. Meus irmãos ficam surpresos, me percebendo chegando e, primeiro, é confusão, depois sorrisos que assumem. Eu alcanço minha sobrinha, jogo-a no ar, e quando ela pousa em minhas mãos com uma risada, suas mãozinhas envolvem meu pescoço. Corremos para o oceano aberto com gritos correspondentes de excitação.

— Está frio! — Ela grita com um sorriso, e eu planto um beijo molhado em sua bochecha. — É, hein? — Eu sorrio, abraçando-a com força. Seus olhos se arregalam e ela chuta as pernas. — Papai, oh não! Eu giro para encontrar Maddoc e Captain correndo para cá, meu pai agora pendurado entre seus braços. Eles estão rindo e gritando, e não param de descer com ele. Quando eles aparecem, eles vêm em minha direção com grandes sorrisos. Eles mudam, parando silenciosamente ao meu lado. Meu pai sacode o cabelo com um sorriso, uma forte dose de orgulho nublando seus olhos quando sua mão agarra meu ombro. Ele me aperta bem, rouba a neta e vão em busca de conchas. Meus irmãos e eu trocamos olhares, mas ninguém fala nada, todos respiramos um pouco mais leves agora que estamos juntos. Eu sabia que eles também estavam sentindo o peso das últimas semanas. Estes são momentos em que mais precisamos uns dos outros.

É sempre assim e sempre será. Não gostamos de estar separados e não temos razão para estar. Somos irmãos. Melhores amigos. Nossas meninas podem ser nossas outras, melhores, mais do que as metades necessárias para nossas almas, mas para sermos completamente inteiros, é disso que precisamos. Um ao outro, pelo menos para simplesmente ficar aqui, assim. Nós três um ao lado do outro. Os reis para nossas rainhas. Os meninos de Brayshaw. Eu olho para Brielle, de pé à esquerda de Raven, Victoria sorrindo para elas de seu assento na areia. Minha garota levanta meu sobrinho nos braços e o abraça com força contra o peito, seus olhos encontrando os meus do outro lado da água. É então que faço uma promessa silenciosa, uma que ela entende se seu sorriso me diz alguma coisa. Ela sabe e confia que se sua visão escurecer, vou colocar fogo na porra da alma dela.

A chama ficará tão grande, tão brilhante, tudo dentro dela vai queimar mais forte do que o sol poderia brilhar, então as estrelas poderão guiar. Eu serei sua luz. E ela será meu tudo. Ela ainda não sabe, mas sua prima, Ciara, está a caminho da cidade. Descobri que, quando Brielle foi embora, sua tia enlouqueceu quando seus dias de pagamento pararam de chegar, e Ciara foi forçada a lidar com as consequências. Ela não me disse, mas eu podia sentir que minha baby amava sua prima, mesmo que ela fosse uma idiota com ela na maior parte do tempo, então eu me certifiquei de que alguém estava cuidando dela. Percebendo meus pensamentos, Captain pergunta: — Maybell arrumou o quarto para a prima? Eu aceno, sem tirar meus olhos de nossas meninas. — Sim, ela vai compartilhar com a garota louca, Valine. Talvez as duas aprendam a relaxar. Rimos, sabendo que não é provável. Brielle diz algo para as meninas, e então ela se abaixa em uma cadeira enquanto Raven e Victoria vêm até nós, com sorrisos calorosos em seus rostos.

Elas sentiram a mesma perda que meus irmãos sentiram sem mim aqui, sem nós aqui, e estão felizes por estarmos completos novamente. Vejo tudo muito mais claro agora, nosso propósito. E não apenas nós três, mas todos nós como uma unidade. Nossas garotas e seus papéis ao nosso lado, o poder que mantêm por conta própria, é incomparável. E Brielle, ela era o elo que faltava. Ela é a atração, o veneno em que os outros não podem esperar para se afogar. Victoria, ela é o prefácio, a descobridora. Ela vê o que os outros não conseguem. Raven, ela é o fim do jogo. O forte empurrão até a borda. Juntas, elas podem permanecer como uma equipe com forças inquebráveis e papéis iguais, e isso sem nós. Conosco? Agora, essa é uma história totalmente diferente. Nossa família nunca foi mais forte. E essa força só vai crescer com o tempo. Falando em crescer...

— Então. — Bato palmas e me viro para Maddoc e Captain, para Raven e Victoria. — Quantas vezes eu tenho que entrar nela para colocar um mini-eu lá dentro? Eles ficam boquiabertos para mim e, de repente, nós três começamos a rir e meu corpo relaxa. É isso. É aqui que está.

PHOENIX

E

Z OEY estão dormindo há uma hora, seu

pequeno berço colocado ao lado de sua cama – ela não se deitaria sem ele ao seu lado – e Rolland acaba de anunciar que ele terminou o dia também, então são apenas seis de nós. Os meninos estão sentados ao redor da pequena fogueira no final do deck, esperando que voltemos com bebidas e lanches nas mãos. Eu giro, pegando uma caixa da minha bolsa no balcão, e quando me viro, encontro a mão estendida de Raven.

Eu olho dela para a minha e nós duas rimos. Com um suspiro pesado, ela pousou a caixa que estava prestes a me dar, olhando para o mesmo chocolate quente que estava em minhas mãos. Ela sorri, se vira e volta a pegar o que quer que Maddoc tenha pedido. Só depois que eu tenho a água quente derramada em duas canecas, e estou rasgando os pacotes de cacau, meu olhar se fixa no dela. — Você sabia que viríamos. Victoria sorri em sua caneca, olhando entre nós duas e Raven ri, virando-se para mim com um encolher de ombros. Ela suspira com um sorriso. — Sim, eu sabia. — Como? Ela se aproxima, tira as xícaras das minhas mãos e me dá um choque ao me abraçar, suas palavras atingindo meu ouvido. — Porque você é absolutamente perfeita para ele, Brielle. Para nós e este lugar. — Ela se afasta. — Obrigada por... amá-lo como ninguém mais poderia. Por empurrar para trás quando ele empurrou bem e com força. — Você não tem que me agradecer por nada disso. Ela sorri, pega suas xícaras e caminha na minha frente. — Eu sei, agora vamos. Nossos meninos estão esperando.

Ela sai e Victoria dá um passo na minha frente, mas sua boca congela aberta quando uma vozinha doce e sonolenta soa do quarto. — Mamãe, estou com sede, — Zoey chama. Cada músculo do corpo de Victoria fica mole e ela estende a mão, permitindo-me estabilizá-la, sustentá-la. Seus olhos estão arregalados e fixos nos meus, lágrimas instantâneas escorrendo pelo seu rosto. — Eu... você ouviu isso? — Ela se atreve a sussurrar, engolindo em seco e com medo de desviar o olhar. — Mamãe... — a filha chama novamente. Ela aperta com mais força, e meus olhos ficam nublados. — Sim, — eu sussurro. — Eu ouvi. Ela engasga com uma risada, vira-se para pegar uma garrafa de água e olha para mim. Eu sorrio, estendo a mão e enxugo suas lágrimas e ela acena com a cabeça. Ela vai dar à sua filha o que ela precisa. Fico olhando até ela desaparecer e, em seguida, pego as canecas do balcão, mas antes que possa girar com elas, um batimento cardíaco que corresponde ao meu, que conhece o meu, bate nas minhas costas.

Seus lábios enterram-se no meu pescoço enquanto ele me segura por trás. — Pequena. — Garotão. Ele cantarola. — Isso pode ser divertido. Eu rio levemente, girando em seus braços e ele levanta o dedo, agora coberto de chantilly. Ele desliza entre meus lábios, levando-os aos seus no próximo movimento. Eu sorrio. — Eu trouxe a calda de chocolate também. Ele geme, puxando-me para mais perto. — Minha doce baby, — ele sussurra. — Eu quero você. — Você me tem, e você me terá esta noite, mas primeiro... — Cacau e doce? Eu ri. — E uma noite sob as estrelas com sua família. Ele deixa cair sua testa na minha, sua mão subindo para subconscientemente traçar minha cicatriz como ele faz pelo menos quatro a cinco vezes por dia agora. — Sob nossas estrelas com nossa família. Nossa. Meu peito sobe e desce rapidamente, um sorriso lento encontrando meus lábios, porque ele está certo e eu sinto isso. A aceitação.

O cuidado. O amor. O que antes eram cinco, agora são seis. O círculo agora está cheio. Até os pequeninos crescerem... então quem sabe o que vai acontecer. Mas agora não é hora de pensar nisso. Agora é a hora de aproveitar o que temos... assentos na primeira fila para ver os meninos de Brayshaw High crescerem e se tornarem os homens da mansão Brayshaw. — Eu te amo, Tink. — E eu te amo. Eu fico olhando para o meu homem. Meu mundo será pintado de preto e antes do que deveria, mas posso dizer agora com total honestidade que estou bem com isso, porque Royce Brayshaw será minha luz. Minha noite. Meu tudo. Ele é meu tipo de rei.

SEIS

MESES SE PASSARAM

desde o dia em que Royce e eu

voltamos do hospital, e o início de quase todas as noites parecia exatamente o mesmo. Royce me leva para a varanda que ele construiu do lado de fora da janela do nosso quarto, e nós deitamos no grande sofá redondo ou sentamos nas cadeiras King e Queen que ele se recusou a deixar passar, colocadas ao lado dela, olhando para as estrelas. Duas das quais agora pertencem a nós. Meu baby comprou minha própria estrela e chamou-a de Tink. Claro, ele disse que eu não poderia estar em qualquer lugar que ele não estivesse, então ele comprou uma para si e chamou-a de Garoto Perdido. Ele diz que voaremos para sempre juntos... entre tantas outras coisas sujas. Esta noite, porém, estou além de nervosa, pois uma surpresa está a caminho, pela qual estou mais ansiosa do que qualquer coisa antes.

Sempre soube que um dia o bom viria, mas nunca esperei me sentir tão ansiosa pelos dias que se seguiriam. Tenho dezoito anos, me formei cedo e vou começar a faculdade no outono como caloura no segundo semestre, estudar aconselhamento de jovens e ser a primeira Brayshaw a ir para a faculdade. Porém, tenho quase certeza de que os outros estão perto de decidir se juntar a mim, especialmente porque os meninos teriam a chance de jogar basquete novamente. Eles têm feito tantas perguntas e ficam mais curiosos a cada dia, todos menos Raven. Ela odiava a escola e está mais do que feliz em casa com Phoenix e com o trabalho que ela está fazendo com as crianças mais rápidas em nosso estado – mesmo que não seja algo que ela fale. É tão louco como minha vida mudou tanto, tão rapidamente. Tenho uma família que cuida de mim e estará para sempre aqui para ajudar no segundo que eu precisar. Tenho um homem a quem amo, que me ama, e só falta uma coisa na vida, algo que só eu posso dar a ele. Depois desta noite, ele terá tudo. Não é incomum que a família se junte a nós em nossa varanda, então ele não tem ideia do que está por vir. Agora, Maddoc e Raven estão sentados no sofá, Victoria e Captain encostam-se na borda, e Phoenix está rastejando em torno de seus pés, Zoey seguindo cada movimento seu. Rolland

está empoleirado contra a porta atrás de nós, e Royce não sabe disso, mas Maybell está na grama bem abaixo de nós, esperando. Em exatamente dois minutos, ela vai lançar duas dúzias de balões que vão viajar por aqui com a ajuda da brisa da noite e revelar meu maior segredo. Zoey está agora com três anos, e Captain já decidiu mantê-la em casa mais um ano para que Phoenix e ela fiquem em anos escolares próximos. Maddoc diz que está trabalhando em outro guarda-costas para Zoey – tenho certeza de que ele já fez isso, mas ainda não foi anunciado e eu sei por quê. Para seu irmão. Depois

desta

noite,

tenho

certeza

que

eles

vão

compartilhar conosco, porque esta noite, Royce vai descobrir que ele vai ser pai. Se alguém me perguntasse há um ano se eu queria ter filhos,

a

resposta

teria

sido

um

sólido

sim,

seguido

rapidamente com ‘em dez anos ou mais’. Senti que precisava de um tempo para viver antes de poder cuidar de outra pessoa, especialmente porque passei tantos anos evitando a vida. Mas então Royce aconteceu, e este lugar e eu percebi que eu poderia fazer isso, e mais, que eu queria. Eu queria ser para alguém o que meu irmão era para mim, assim como tentei ser para os outros enquanto crescia.

Como espero ser para muitos mais quando terminar a escola e como tento ser agora para as meninas que vêm para casa – a luz em suas trevas, como Royce gosta de dizer. Eu quero ser mãe, então não houve dúvida quando Royce compartilhou o que ele queria para seus filhos – um vínculo com a família tão forte quanto o que ele compartilha com a dele – e me perguntou se eu estava pronta. Quando se trata dele e de qualquer coisa que ele queira ou precise, a resposta sempre será um sim rápido e instantâneo. Eu sempre quero dar a ele tudo de mim, como ele se dá o mesmo. Não sabíamos quanto tempo levaria ou quão rápido poderia acontecer, mas ele teria ficado bem se demorasse uma eternidade. Ele ficou feliz em saber que estávamos na mesma página, aderindo ao estilo Brayshaw das últimas décadas e começando jovens para que pudéssemos ser fortes para sempre por eles, até que crescessem e assumissem o controle, tornando-se fortes por si próprios e o que então será deles no mundo. Eu não sabia o que esperar além do óbvio que vi, então Raven e Victoria perceberam primeiro, e quando insistiram em me levar ao médico, nós três fomos juntas. Esse dia foi cheio de surpresas. Como esta noite será.

Porque meu homem não está apenas conseguindo o que quer, ele está recebendo o dobro. Royce se levanta então, caindo no chão ao lado de sua sobrinha e sobrinho. Zoey sobe em seu colo enquanto ele estende a mão para Phoenix, que se levanta sobre os joelhos vacilantes, seu sorrisinho pegajoso largo e mostrando os dois dentes que aparecem no fundo. — Olha, Zoey Bear. Você vê aquela estrela, a grande e brilhante? — Ele sussurra. — Eu vejo isso. — Ela sorri, deixando cair a cabeça em seu ombro. — Sim, é. Se você ficar com medo, você encontra aquela idiota e pensa em todos os lugares brilhantes que ela pode levar, certo? — Eu tenho você, tio Bro. O resto de nós ri, e os olhos de Royce encontram os meus com uma piscadela. Eu não posso esconder a emoção nos meus e os dele estreitam, desconfiado, mas então o pequeno suspiro de Zoey o atrai de volta para ela e eu estou segura... por mais alguns segundos. Zoey pula e corre para o corrimão, segurando-o com força. Ela sorri largamente e aponta. — Balões!

Meu estômago vira quando vejo as sobrancelhas de Royce franzirem. Ele ergue Phoenix em seus braços e fica de pé, movendose para a borda e à direita quando eles alcançam o nível dos olhos. Azul bebê e rosa, pezinhos estampados nas laterais e pequenas luzes dentro deles para garantir que as marcas não sejam perdidas. Maddoc rouba seu filho enquanto Royce gira, aqueles olhos colidindo com os meus. — Menina? — Ele murmura, a mão no corrimão apertando. — Ou menino... O ar deixa seus pulmões com uma risada pesada e quebrada. Eu me levanto e ele se dirige para mim, mas, atrás de nós, Rolland dá um passo à frente, duas pequenas bolas de basquete nas mãos e Royce congela. Seus olhos se movem dos itens, para mim e de volta. — O que... — ele olha para Raven com um sorriso. — Ele engravidou você de novo? Ela ri, mas não confirma. — Isso não é para nós.

Confuso, ele olha para Cap, seu sorriso se alargando. — Sim, irmão? Cap sorri, envolvendo os braços em volta de Victoria enquanto balança a cabeça. O rosto de Royce cai, sua cabeça virando em minha direção e eu conheço esse olhar. Minha pele esquenta, ferve e sua família ri, todos eles saindo daqui, Rolland colocando as bolas de basquete nas cadeiras agora vazias. Royce corre para mim, agarra meu rosto em suas mãos e o ergue em sua direção. — Diga, — seu comando é trêmulo, mas forte. — Estou grávida, — eu sussurro instantaneamente. — De gêmeos. Ele bate sua boca na minha, possuindo-me com seus lábios como ele faz todas as manhãs, durante todo o dia e todas as noites. Ele me beija forte, mas suave, lento, mas devastador, e então estamos em nossa cama, as paredes agora à prova de som para que meu homem possa ser para sempre seu eu selvagem e indomado. Ele tira minhas roupas em segundos, meu corpo exposto apenas para seus olhos.

Ele beija meu pescoço, esterno e não para até chegar ao meu estômago. Suas palmas se achatam ali, espalhando-se amplamente enquanto seus dedos deslizam sobre meus piercings. — Nós fomos feitos para isso. Para dois, — ele sussurra. — Éramos duas almas perdidas e solitárias, morremos juntos, como dois, e voltamos como dois, mais fortes do que antes. Algo frio encontra meu estômago e eu olho para suas mãos, onde um colar agora está pendurado. Não é delicado, mas uma prata trançada grossa para combinar com seu único mais fino, e não há nenhum coração pendurado nela, mas um círculo perfeito, idêntico ao que está pendurado em seu pescoço. Ele estende a mão para mim, então eu deslizo minha mão na dele e ele me puxa para uma posição sentada. Ele o coloca na minha palma, abrindo-o para me mostrar o interior, os lados direito e esquerdo vazios. — Comprei isso para você meses atrás. Eu nem tinha certeza de que você gostaria, ou por que no segundo em que vi eu precisava ter. Passei horas, malditos dias até, deixei meus irmãos malucos pedindo ajuda e tentando descobrir o que colocar dentro, mas nada parecia o suficiente, e agora eu sei por quê. Seus olhos castanhos encontram os meus. — Foi feito para eles. Para gêmeos. — Uma risada baixa o deixa e ele

engole, sua mão livre pousada no meu abdômen. Ele se inclina, fechando os olhos enquanto sua testa cai no meu umbigo. — Gêmeos. — Ele fala, mas não para mim. — Nem mesmo enquanto vocês crescerem fortes o suficiente para encontrarem o mundo, vocês estarão sozinhos. Meu peito incha. Meu garoto solitário e perdido. Agora encontrado, completo e tem exatamente o que ele precisava para manter a paz dentro de seu coração – a afirmação de que não importa o que aconteça, nenhuma parte dele jamais se sentirá sozinha. Nem mesmo no útero. Seus olhos encontraram os meus. Meu homem louco e impaciente. Meu Brayshaw áspero e pronto. O olhar em seus olhos diz que ele está prestes a me servir duro, depois com ternura, e estou tão pronta para isso, mas ele me surpreende quando levanta a cabeça com um sorriso arrogante. — Eu sabia que meu esperma seria o mais forte. Eu rio e ele engole com os lábios, mas no segundo que tento desfazer sua calça jeans, ele se afasta, procurando freneticamente por seu telefone e as chaves. — O que você está fazendo? — Eu o sigo com um sorriso.

— Desculpe, Tink, não há tempo para o torpor do sexo. Coloque as roupas novamente. Eu rio. — Por que não, para onde vamos? Seu sorriso é malicioso, e ele joga uma mochila na cama. — Isso requer uma visita cara a cara. Meus olhos se estreitam e seu sorriso fica mais largo. — Royce... — Levante. Agora. Tenho que contar aos outros. — Royce! — Eu grito, e ele se vira. Ele corre para mim, rapidamente atingindo meu rosto, inclinando-o contra o dele. — Não fique maluca, pequena, — ele me diz, lutando contra um sorriso. — Não quero vendá-la de novo. Eu zombo rindo. — Mentiroso. Seus olhos suavizam, seu polegar subindo para roçar ao longo da minha têmpora. Fizemos quatro visitas a um especialista na costa leste, o melhor dos melhores, de acordo com Rolland, que foi procurar no segundo em que soube que eu tinha dano no nervo óptico. O especialista confirmou para Royce o que eu já sabia, não havia como consertar o que eu tinha, não fugir do inevitável, mas ele disse que eu tinha mais tempo com minha

visão do que o esperado, o que era bom. E melhor ainda, o médico compartilhou que pode haver uma maneira de prolongar com remédios experimentais, então depois dos bebês faremos o que pudermos para tentar. — Você não torturou meu irmão o suficiente da última vez que ele esteve aqui? — Não. Eu quero mijar em um corte fresco agora. — Ele me puxa para mais perto. — Deixe-me. Ele agarra meu pulso, levando-o aos lábios antes de virálo para olhar meu anel. Ele está se lembrando do dia em que me enganou para me casar com ele. Saí com um de seus moletons e um par de leggings pronta para o que deveria ser a noite de cinema para encontrar toda a família, meu irmão incluído, sentado na grama na beira do jardim de Zoey, Royce e um padre maluco a trinta centímetros na frente deles. Fiquei chocada e então me casei. Não vamos esquecer como quase desmaiei quando Royce colocou o anel no meu dedo, e não qualquer anel, mas um de ouro branco personalizado. Um de prata. Espalhadas de um lado para o outro estão duas estrelas que quase se encontram no meio, uma ligeiramente elevada

sobre a outra, cada uma com pequenos diamantes em seu caminho, projetados para se parecerem com estrelas cadentes no céu. É perfeito, mais significativo do que qualquer outra pessoa poderia entender. Éramos almas solitárias, flutuando no céu escuro e, como estrelas cadentes, caímos. E um no outro. Posso não fazer sentido em termos lógicos, mas o sentimento por trás disso faz no que diz respeito a nós. Então, sim. Sou uma estudante universitária de dezoito anos casada e grávida e não poderia estar mais feliz com isso. Mas, espere... Eu me afasto, estudando Royce. — Como você sabe onde encontrar Bass? Ele ainda não me disse onde está. — Vamos agora, Tink. Eu sei como encontrar um homem. Suspeito, eu estreito meus olhos. — Como? — Siga o gato, e isso levará ao idiota, — ele sorri orgulhoso. Uma risada me deixa. — Então, a loira cujo nome eu nem sei?

— A loira, — ele confirma. — Agora, chega de falar. Vamos. Bass precisa ouvir, pessoalmente, como sou o homem mais viril de todos nós, não que estejamos surpresos. Com uma risada, fazemos exatamente isso, e não apenas eu e Royce. A maldita família inteira. Exatamente como deveria ser.

Quatro anos na Brayshaw High, aprendendo quem éramos, tudo para o que fomos feitos e descobrindo muito mais ao longo do caminho... e nem mesmo chegamos ao palco. Não conseguimos respirar aquele ar de realização, ou saudar a merda do adeus enquanto íamos do jeans para calças, de camisetas para botões. De meninos para homens. Mas estamos aqui hoje, e em nossos melhores ternos preto sobre preto, subindo no palco construído bem no meio do campo de futebol. Quando nos disseram que a cerimônia seria no campo, tivemos um ataque, exigimos que fosse nas quadras, mas no final,

o

campo

fez

mais sentido

e

não

somos

mais

completamente impossíveis. Então aqui estamos nós, esperando. Nome após nome é chamado e, finalmente, é a nossa vez.

Seu nome é falado no microfone e ela sobe os degraus, com a pegada branca pintada na bochecha, rabo de cavalo no alto da cabeça com um laço de bunda grande no meio. A primeira e única princesa Brayshaw. Zoey se aproxima com um sorriso, e todas as nossas besteiras vão embora. Ela estende a mão para o pai e Captain não hesita em pegá-la. O outra sai e eu corro na frente de Maddoc para agarrá-la primeiro, sua risada baixa não perdida - nem a piscadela que Zoey dá para ele. Juntos, nós a conduzimos pelo palco enquanto o locutor compartilha seus sonhos com a multidão. Paramos onde fomos instruídos ouvindo as risadas baixas

de

nossas

esposas

na

primeira

fileira

das

arquibancadas. Estamos cientes de que Zoey é a única escoltada por três pessoas, quanto mais três homens. Nós também não damos a mínima. E é assim que ela queria. Bem, mais ou menos. Éramos nós ou uma matilha de lobos totalmente diferente, todos mais barulhentos, mais jovens, muito mais

desagradáveis e vinte vezes mais territoriais – nem mesmo pensamos que essa merda fosse possível. Ainda assim, lá estão eles, debruçados sobre o portão com sorrisos escuros e forte aviso em seus olhos, todos os tons familiares de verde, marrom e azul – os olhos de seus pais. Os olhos de Brayshaws. O futuro deste lugar. Zoey suspira, falando através de seu sorriso. — Tio D, pensei que você disse que os trancaria no porão durante a noite? Maddoc suspira. — Eu fiz. Para que você acha que são esses sorrisos? Eu rio e ela furtivamente cutuca seu cotovelo em meu estômago. Uma caixa é levada ao pódio, e então os braços de Zoey se apertam em torno dos nossos quando a locutora chama o vencedor do rei do baile. Eu encontro os olhos de Cap sobre a cabeça de Zoey e nós dois olhamos para a criança que dá um passo à frente. Alto, cabelo escuro, sorriso de garoto punk e olhos que vagueiam por aqui, pousando na minha sobrinha.

A perna de Zoey começa a balançar, e ela inclina a cabeça em seu pai enquanto eles estão prontos para chamar o nome da rainha do baile. O nome de nossa menina é chamado e gritos altos enchem o ar, o mais alto vindo dos selvagens que ela finge estar com raiva de ver, mas esse é o primeiro lugar para onde seus olhos vão, onde seu sorriso cai - sobre sua família. Um sorriso que começa a desaparecer quando ela se aproxima do papel rotulado como rei. Zoey deu um colar de doces. Eu posso sentir seus nervos, todos nós podemos e nos pegamos prendendo a respiração enquanto ela se aproxima. O filho da puta, ele não a ajuda, não inclina a cabeça ou se abaixa. Ele a força a ficar na ponta dos pés, olhando para ela de frente enquanto ela coloca a coisa sobre ele, ignorando seus olhos por completo. Enquanto ela dá um passo para trás, onde eles mandam, o menino se vira para pegar um buquê de rosas e, ao fazer isso, o ar muda. O peito de Zoey infla, seus lábios se comprimindo. Eu olho para a cerca e, enquanto penso, Phoenix percebeu também e já escalou a coisa. Ele agora está diante do palco.

Alto e largo, a cabeça inclinada para trás como o filho da puta arrogante que ele é. Como seus papais. Eu sorrio, mas quando Brielle encontra meus olhos nas arquibancadas, eu limpo. O menino se vira e estende as flores para Zoey, mas quando ela tenta pegá-las, a mão dele se abre, permitindo que elas caiam de propósito. Mas esses bebês nunca caem no chão. Phoenix já está lá, pegando-as e com um sorriso que ele colocou apenas para ela quando todos sabemos que ele quer arrancar a cabeça do cara fora. Ele as passa para sua prima. Seu sorriso é agradecido, e então presunçoso quando ela encara o idiota ao lado dela, mais três Brayshaws de alguma forma já atrás dela. O cara sabe que não tem chance, mas eu reconheço o olhar dela. No dele. E eu quero matá-lo por isso. Cap também deve, porque ele dá um passo à frente, mas Victoria se levanta na arquibancada e ele congela.

Maddoc e eu lutamos contra as risadas, e o Captain nos lança um olhar rápido. — Está acontecendo, não é? — Captain resmunga. — Olhe para aqueles meninos. — Eu sorrio. — Nada está acontecendo se eles tiverem uma palavra a dizer. Maddoc zomba. — Sim, mas olhe para o garoto. Nós fazemos e, simultaneamente, nossos músculos ficam rígidos. O corajoso filho da puta sorri para a equipe que está enfrentando ele. Zoey empurra as flores de volta em suas mãos e se vira para nós. Captain sorri suavemente para sua única filha. Ela corre, abraçando-o com força, e atrás dela, outra pessoa se aproxima. Captain fica rígido e os olhos confusos de Zoey se erguem para os dele. Cap olha para nós, para nossos meninos que parecem prontos para matar um metro atrás... a criança com um desejo de morte atrás dela. Zoey olha por cima do ombro, lentamente deixando seu pai ir e se vira.

Suas bochechas ficam rosadas, suas mãos se dobram na frente dela enquanto o garoto puxa uma dúzia de rosas frescas de suas costas. Rosas roxas. A cor favorita da minha sobrinha. Ela sorri, mas então seus olhos se levantam por cima do ombro, encontrando o primeiro idiota, um com a coroa de rei de plástico inclinada para o lado na cabeça. Ele observa Zoey com uma expressão vazia, esperando para ver o que ela fará a seguir. Mas se ele a conhecesse, ele saberia, e talvez esse seja o problema, ele conhece, então ele sabe o que está por vir. O sorriso de Zoey, brilhante e contagiante, alcançando seus olhos bondosos e carinhosos. Ela gentilmente pega as flores, um suave ‘obrigada’ seguindo. O cara, ele sorri, acena com a cabeça... e então ele é derrubado no chão, mas não pelos nossos meninos. Pelo primeiro. Que porra é essa?

Todos nós estamos andando de um lado para o outro no maldito ginásio, esperando que nossos demônios surjam... e princesa... para trazerem suas bundinhas aqui. — Ok, não vamos liderar com o que diabos. — Victoria levanta as palmas das mãos, e então todos os olhos voam para os meus. — O quê, eu? — Eu jogo meus braços para cima. — Fale com seu marido, é ele quem está arrancando o cabelo aí! Cap se vira, alisa o cabelo e aponta para Brielle. — Isto é culpa sua! — Minha culpa? — Ela ri, fazendo o possível para esconder o sorriso. — Sim! Você a ensinou a fazer maquiagem. — Isso foi há um ano e foi maquiagem que sua esposa comprou para ela. — Ela sorri. Victoria engasga, se virando para afastar Brielle. — Cadela! Minha baby apenas ri mais forte, deslizando a mão em volta da minha cintura.

— Eu realmente tenho que fingir que estou chateado com os meninos? — Raven joga fora então, um largo sorriso em seu rosto. — Porque eu não sou. Você viu Phoenix? Ele passou por cima da cerca com um salto, nosso pequeno alfa protetor. — Sim, levou apenas alguns segundos para os outros três se juntarem a ele. — Quatro alfas com saltos loucos. — Eu sorrio. — Isso é um pesadelo filho da puta. Nós rimos, mas então a matilha de lobos irrompe pela porta, fazendo mais barulho do que nós seis jamais poderíamos. — Você vai voltar lá! — Phoenix grita. — De jeito nenhum! — Ela estala de volta, e então ela está lotada, seus ombros caindo. — Sim, você vai, — diz ele com firmeza. Lágrimas enchem seus olhos e os meninos desviam o olhar, incapazes de lidar com a visão. Zoey balança a cabeça. — Estou muito envergonhada. — Foda-se eles, você não fez nada de errado. Champ dá um passo à frente então. — O que eu quero saber é o que diabos foi isso? Sim, nossos filhos, eles têm bocas fodidas.

Mas seus corações são fortes, suas mentes afiadas e sua moral... quero dizer, eles têm alguma. Zoey respira fundo, voltando-se para Champ. — Não comece. — Qual é o problema de King? — Ele empurra. Zoey olha para ele, incapaz de dizer uma mentira. — Vamos, Zo. Fale. — Eu não sei ele... ele é... — Ele está sempre observando você, — oferece Phoenix. — Estou sempre avisando isso. Por que você acha que eu queria caminhar com você? E sobre— Cara das flores roxas? — Captain acrescenta e, finalmente, eles se lembram de que fomos nós que os chamamos aqui, Meus filhos, eles sorriem e se aproximam, beijando sua mãe na têmpora, ambos compartilhando minha altura e elevando-se sobre ela. Eles acenam com o queixo para mim, como se tivessem crescido demais para abraçar seus pais. Eles não são e me dão um abraço de boa noite todas as noites, porra, seus tios e tias também. — Você conhece aquele garoto, — Cap continua quando Zoey está na frente dele. — Ele comprou sua cor favorita para você.

Cap espera. Zoey acena com um pequeno sorriso no rosto. — Ele está na minha aula de sparring. — King está na sua classe de sparring, — acrescenta o mais novo de Maddoc. Ela se vira. — Eu sei. — Esse garoto King gosta de você? — Victoria pergunta com um sorriso. — Ele é maravilhoso. — Mamãe! — Zoey sibila sabendo que seus primos a estão observando de perto. — Eu digo que flores roxas o derrotou. — Raven acena com a cabeça. — Oh meu Deus. — Zoey passa a mão no rosto. Victoria ri. — O que? Estamos apenas dizendo. Não finja que você não percebeu. — Você não está ajudando. — Cap olha para sua esposa. As bochechas de Zoey queimam e seus primos ficam boquiabertos. — Você é de verdade? — Alguns deles gritam ao mesmo tempo. — Aquele cara? — Champ balança a cabeça. — Knight não é melhor! — Phoenix grita.

— Um rei e um cavaleiro, soa como um casamento e tanto real. — Raven sorri. Uma risada baixa explode de Zoey, mas ela balança a cabeça. — Sim, não há confronto acontecendo, — diz Champ. — Nunca. Sempre. A cabeça de Zoey se inclina para trás e ela encara seu primo. — Não que eu esteja dizendo que seja, mas se houvesse, você não teria voz! Ele ri alto e eu olho para Maddoc. Eu era uma merda? Sua sobrancelha levantada significa sim. — Vamos parar isso. — Phoenix caminha até sua prima e seus ombros relaxam um pouco. — King mostrou sua bunda lá fora, e vamos lidar com ele. — Quando ela tenta interpretar, ele balança a cabeça e ela se segura. — Temos que fazer isso, e você sabe disso, mas não se trata dele. Você ganhou essa coroa, você ensaiou com seu time por semanas e há uma dança no intervalo acontecendo em menos de cinco minutos, da qual você fará parte. Vovô está lá fora esperando para ver você fazer suas coisas. Você está indo lá, e você vai matá-lo. E quando você terminar, estaremos lá esperando. Você quer ir? Nós iremos.

— Você vai perder o final do jogo? — Ela sorri suavemente. — Foda-se o futebol. — Ele sorri. — Nós viemos por você. Sempre. Ela ri, e quando Champ avança para envolvê-la em seus braços, ela o deixa guiá-la para fora, os outros ao seu lado. Todos por um e um por todos, como minha baby costumava provocar. Vemos isso mais do que nunca com nossos filhos. E nós? Somos esquecidos na academia. Nossos filhos, crescendo pra caralho. — Então, eles perceberam que ela entrando naquele campo, tremendo e explodindo e tudo isso, só vai deixar aqueles garotos ainda mais loucos, certo? — Raven pergunta enquanto eles desaparecem. Eu e meus irmãos olhamos para ela, e ela e as meninas riem. — Venha, vamos. Não queremos perder o que acontece a seguir. Não. Nós com certeza não.

Não acredito que chegamos ao fim!!! Quem descobriu Royce pela primeira vez com este livro pode não saber disso, mas estou neste mundo há quase dois anos!!! Eu vivi e respirei todas as coisas de Brayshaw e escrever THE END em um mundo que literalmente mudou minha vida foi TÃO difícil! Eu chorei. Várias vezes. Estressada mais do que nunca. Alguns podem ter notado o pequeno ajuste na linha do tempo do sneak peek anterior no livro do Captain (o início de Break Me não foi mais quatro meses antes do HEA do Cap), e se você fez, acredite que foi feito para o benefício geral da história. Tinha que acontecer e estou muito feliz com essa decisão. Estou muito orgulhosa do livro de Royce e Brielle, e espero que você também! Só quero dizer que sou muito grata a todos que reservaram um tempo para ler este livro, e a qualquer outro meu que você tenha lido também! Eu sabia desde o início que Royce seria o último e que ele me daria mais problemas, e cara, eu estava certa. Eu escrevi, reescrevi, apaguei e virei este livro de pernas para o ar para mostrar a história de Royce do jeito que ele estava contando na minha cabeça. Foi difícil, meu

maior desafio até agora e estou extremamente orgulhosa do resultado final. Mais uma vez, espero que tenham gostado!!

Há tantos a quem agradecer neste processo! Aos meus leitores, obrigada! Você é literalmente o que me mantém empurrando quando as coisas ficam difíceis! Sou muito grata por você e espero que me acompanhe em minha próxima aventura... ele realmente vai AQUECER as páginas! Melissa Teo. Minha PA e B principal! Você sempre vai acima e eu sou muito grata por isso! Você é a única razão pela qual as coisas são feitas e eu estaria perdida sem toda a sua ajuda. Serena e Veronica, amo vocês meninas e estou muito feliz por ter vocês no meu time. Ellie. Obrigada por trabalhar em um cronograma tão apertado e ir além! Lisa! Muito obrigada por ser uma amiga incrível e sempre estar presente quando necessário. Danielle, minha publicitária! As pessoas não percebem o quanto você faz para que esse processo incrível aconteça. Obrigada por tudo isso e muito mais! EQUIPE DE RUA! MENINAS !!! Vocês sempre gritam dos telhados. Obrigada por ser uma equipe tão trabalhadora e,

acima de tudo, obrigada por tornar nossos grupos um lugar tão divertido e agradável para se estar! Stefanie e Kelli! Agradeço a vocês dedicarem seu tempo, principalmente durante toda a loucura agora, para ler e me ajudar neste processo! Sarah Grim Sentz! Aconteceu com o primeiro livro da série, e é apenas apropriado que tenha acontecido com o último. Você foi além de incrível e útil. Posso dizer com 1000% de certeza que este livro não seria o que é sem a sua ajuda! OBRIGADA! Para minhas equipes de revisão, obrigada por querer fazer parte desta viagem louca comigo e por passar as noites com minhas palavras! Bloggers e Bookstagrammers, obrigada por participar e ajudar a espalhar a palavra! Espero que você tenha gostado da história de Royce e Brielle e esteja aqui para saber o que está por vir!
Brayshaw 05 - Break Me

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