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O Desamarrar de Miss Leigh – Diane Gaston
O Desamarrar de Miss Leigh Diane Gaston
Ray, Cle, Bet, Lu, Sudy
O Desamarrar de Miss Leigh – Diane Gaston
Sinopse Desfigurado em batalha contra as forças de Napoleão, o Capitão Graham Veall tornou-se um recluso, passando meses sozinho em sua propriedade e aparecendo mascarado em público. No entanto, Graham está determinado a não abrir mão dos prazeres da vida para sempre… Especialmente o deleite do toque de uma mulher. Ele dificilmente esperava que a virginal Senhorita Margaret Leigh respondesse ao seu anúncio de companhia feminina, achando que ele procurava uma dama de companhia. Ainda assim, a filha do vigário empobrecido é uma tentação surpreendente que ele não pode ignorar. Sua proposta? Que ela viva com ele por dois meses como sua amante em troca de apoiá-la e a seu irmão pelo resto de suas vidas. Mas Margaret tem um segredo. Graham uma vez salvou sua vida quando criança e ela sonhou com ele desde então. Enquanto ele desperta seu desejo, ela almeja aliviar suas feridas internas – entretanto, apenas dois meses com seu herói danificado podem não ser o suficiente…
O Desamarrar de Miss Leigh – Diane Gaston
Nota do Autor Há algo sobre um herói que se sente muito machucado para ser amado que sempre toca meu coração. Tal herói precisa de uma heroína que veja o homem abaixo da superfície. Não é isso que todos nós queremos? Sermos amados pela pessoa que somos na nossa essência? Espero que você goste – O desamarrar de Miss Leigh – minha homenagem ousada para O Fantasma da Ópera e todas as histórias da Bela e a Fera. Este conto está ligado a minha história – Justine e o Nobre Visconde – na antologia Os Diamantes de Welbourne Manor. Para Patty Suchy, que sempre me disse que eu adoraria o filme O Fantasma da Ópera. Ela estava tão certa!
O Desamarrar de Miss Leigh – Diane Gaston
Capítulo 1 Londres, junho de 1812 Mil lanternas ardiam nos olmos, colunatas, fontes, cascatas e pórticos, enquanto multidões de todos os tipos compunham esta noite de baile de máscaras em Vauxhall Gardens. Em meio a essa maravilha, o coração de Margaret Leigh bateu mais forte. Ela estava aqui para encontrar um cavalheiro, um homem que pagaria por sua companhia. — Tem certeza de que deseja fazer isso, Maggie? — A testa de seu primo estava franzida. — Não é de todo adequado. Ela inclinou-lhe um olhar divertido. — Você falando de decoro. Henry tinha sido o flagelo da família. Filho de um professor e sobrinho de um vigário, Henry correu para se juntar a uma companhia de teatro, quando sua barba tinha apenas começado a crescer. Agora, havia pouca família restante para condená-lo, apenas Margaret e seu irmão mais novo. Henry balançou a cabeça e acenou com a mão. — Para o diabo com a respeitabilidade, de qualquer maneira. A vida é demasiado curta para não buscar prazer onde pudermos. Margaret soltou um suspiro nervoso. — Bem, eu não posso me permitir prazer ou decoro no momento. Henry apertou os lábios em simpatia. Vestindo chifres na cabeça e calça e casaco verdes justos, sua expressão não parecia nada além de cômica. Margaret abafou uma risada. Henry estava vestido como Puck em uma fantasia do Covent Garden Theater, onde ele executava peças pequenas. Para Margaret, ele havia emprestado um traje de fada, um vestido rosa pálido, as saias feitas em tantas camadas de seda que ela parecia flutuar enquanto andava. Era com certeza o vestido mais bonito que ela já tinha usado. O Desamarrar de Miss Leigh – Diane Gaston
— Aqui estamos. — Henry parou nos camarotes de jantar ao longo da South Walk. Margaret, a filha de um vigário empobrecido, e seu primo Henry, um ator sem renome, seriam convidados do Duque de Manning. Para as festividades, o duque havia alugado vários camarotes, decorados com flores e grinaldas de sedas coloridas. Os camarotes já pareciam cheios de pessoas. A maioria dos cavalheiros usavam capas negras1, mas as mulheres usavam uma variedade de trajes, desde rústicos vestidos de leiteiras até elaborados trajes de princesas egípcias. O cavalheiro havia combinado que o encontro com Margaret ocorresse entre os amigos do duque. Margaret deu a Henry um sorriso triste. — Se nossos pais pudessem nos ver agora. Seu primo riu. — Eu os imagino rolando coletivamente em seus túmulos. Quase posso ouvir seu pai. — Ele fez um gesto dramático como se estivesse pregando num púlpito — “… Eu vos escrevi para não fazer companhia, se algum homem, que se chama irmão, for um fornicário…” Lágrimas picaram os olhos de Margaret. — Você soa como ele. Henry ficou sério. — Meu talento para a imitação. O pai de Margaret tinha morrido de uma apoplexia súbita, não mais que dois meses antes e a dor ainda a superava em momentos imprevistos. Ele tinha sido o último dessa geração. Eles eram órfãos agora, pensou Margaret. O olhar solidário de Henry voltou, mas ele rapidamente sorriu e apertou-lhe no braço. — Ouso dizer que seu pai iria considerar o Duque de Manning uma companhia imprópria para você. — Assim como seu amigo. — O cavalheiro que ela deveria conhecer.
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No original “black dominoes”, um traje semelhante a uma capa, geralmente associado a bailes de máscaras. O Desamarrar de Miss Leigh – Diane Gaston
O notório Duque de Manning fugiu com a esposa do conde de Linwall, viveu com ela e gerou vários filhos – a Miscelânea de Fitzmanning, era assim que os fofoqueiros da sociedade os chamavam. No camarote do jantar, o duque e sua dama eram fáceis de reconhecer, saudando seus convidados, ambos vestidos com perucas brancas e brocados coloridos que estavam na moda décadas atrás. Margaret se voltou para Henry. — Para um homem e uma mulher vivendo em pecado, eles se parecem muito felizes. — Eles parecem de fato. — Henry apertou seu braço e deu um passo adiante. — As recompensas da falta de decoro. Eles mostraram o seu convite para o lacaio posicionado na entrada para os camarotes. Quando ele os admitiu, Margaret examinou os cavalheiros de vestimenta preta. O dele seria forrado em vermelho, ele escreveu para ela. Ela não vislumbrou vermelho. As palavras em seu anúncio no The Times voltaram para ela:
Buscando uma senhora educada de nascimento distinto para companheirismo. Cavalheiro afortunado oferece uma compensação generosa. Margaret tinha respondido o anúncio. Ela respondeu a cada anúncio de acompanhantes ou governantas, as profissões mais comuns para uma mulher de sua posição. Nenhum produziu quaisquer resultados. Quando o cavalheiro mencionado no anúncio enviou um lacaio com uma resposta por escrito, as esperanças de Margaret aumentaram. E foram imediatamente frustradas. A companhia que o cavalheiro procurava era de natureza completamente diferente. Ele procurava uma amante. Por trás de sua resposta espirituosa, havia uma sensação de solidão dolorida. Margaret escreveu de volta para ele, embora fosse altamente impróprio fazê-lo. Ela enviou uma recusa educada. Ele escreveu de volta. Ele escrevia para ela repetidas vezes, cartas charmosas de persuasão persistentes, palavras espirituosas e solidão desesperadora. Todas às vezes, ela O Desamarrar de Miss Leigh – Diane Gaston
recusava, mas logo o maior prazer de seu dia era ver o lacaio chegar à porta com a carta, agora diária, e depois ler seu conteúdo. Eventualmente, o cavalheiro propôs um encontro para o qual ele pagaria vinte libras. Ele sugeriu este baile de máscaras em Vauxhall como o local. Vinte libras eram quase tanto quanto ela poderia ganhar em um ano como dama de companhia ou governanta. Ela precisava do dinheiro desesperadamente. Seu primo levou-a a uma mesa de bebidas. Ela pegou um cálice de clarete na esperança de que isso acalmaria seus nervos. — Vai ser uma aventura — disse Henry. — Uma aventura — repetiu baixinho, engolindo e pegando outro cálice. — Meu Deus — exclamou seu primo. — É Daphne Blane. Daphne Blane era a queridinha dos palcos de Londres, a mais procurada protagonista e uma que muitas vezes foi vista no braço de um dos pares. — Como você pode dizer? — Margaret viu apenas uma mulher em um traje grego, com uma máscara de ouro que cobria a maior parte de seu rosto. — Não há como confundi-la. — Henry pousou o copo. — Devo saudá-la. Ela vai ficar impressionada por eu ser um dos convidados do duque. Sem Henry a seu lado, a coragem de Margaret havia sumido. Ela deveria fugir, correr pela Grand Walk até onde os barcos esperavam para transportar os convidados para o outro lado do rio, entrar em uma carruagem de aluguel e voltar para a Henrietta Street. Em vez disso, ela tomou outro gole de clarete e procurou um canto para ficar. Uma jovem mulher vestida como uma pastora caminhou até ela. — Eu conheço você? Deus não permita que alguém a conhecesse aqui, senão ela nunca teria vindo. A jovem mulher mascarada fez uma careta. — Oh, querida, isso soou rude, não foi? É apenas que você está perto da minha idade, eu acho, e se você for uma das minhas amigas, eu deveria ter bastante vergonha de não saber. O Desamarrar de Miss Leigh – Diane Gaston
Margaret sorriu. — Estou certa que você não me conhece. Eu sou a senhorita Leigh. A mulher ofereceu a mão. — Sou Justine Savard, filha do duque. Savard não era o sobrenome do duque, nem de Lady Linwall. Senhorita Savard era filha do duque com outra mulher? Seu pai rolaria em seu túmulo. Senhorita Savard devolveu o sorriso. — Você está aqui com alguém? — Estou com o meu primo. — Margaret inclinou a cabeça na direção de Henry. — Ele é o Puck. — Ele é seu primo? Queria saber quem estava falando com a Senhorita Blane. — Aparentemente, Henry não era o único a reconhecer a famosa atriz. A Senhorita Savard olhou ao redor de novo, então se conteve e voltou-se para Margaret. — Temo que meus modos tenham ido embora — ela parecia apologética. — Eu estou esperando alguém. — Ela corou. — Meu amado. Margaret não sabia o que dizer a esta óbvia confiança. — Espero que ele chegue em breve. — Oh, eu também — Senhorita Savard olhou em volta mais uma vez. — Mais convidados estão chegando. Amigos de papai. Ele e Lady Caroline convidaram a todos, eu acho. É uma vergonha que o seu melhor amigo não pôde comparecer. Papa e Barão Veall eram colegas de escola tempos atrás. — Barão Veall. — O sangue sumiu do rosto de Margaret. — Você o conhece? — Não, eu não. — Margaret disse muito acentuadamente.
O Desamarrar de Miss Leigh – Diane Gaston
O vicariato de seu pai tinha sido em terras de propriedade do Barão Veall, e houve um ano em que o barão e sua família passaram o verão lá. Margaret só tinha encontrado o filho mais novo. Por um momento. Ela nunca tinha esquecido dele. Senhorita Savard tagarelou. — Bem, o barão recusou o convite, mas é a mais estranha coisa, seu filho não o fez. — Seu filho? — Margaret apertou a haste de seu cálice. — Seu filho mais novo, o capitão. As pernas de Margaret tremeram. — Eu queria saber por que ele aceitou. Meu pai não quis me dizer, mas eu tive a nítida impressão de que havia alguma negociação, algo clandestino e eu amo um mistério, desde que eu posso resolvê-lo. — Ela olhou pensativa. — Talvez tenha algo a ver com lesões do capitão Veall. Ele foi ferido terrivelmente na Batalha de Fuentes de Oñoro um ano atrás. Margaret sabia muito bem disso. Ela vasculhou as listas de feridos e mortos na esperança de não encontrar seu nome. — Ele tem sido um pouco recluso desde então. Meu pai visitou ele uma vez, mas o capitão se recusou a vê-lo. Curioso que, de repente ele está participando desta festa. — Senhorita Savard agarrou o braço de Margaret. — Oh, meu Deus. Ali está ele. Não o capitão Veall. O meu amado. Eu o reconheceria, não importa o disfarce dele. O homem que capturou sua atenção usava uma capa simples preta e aos olhos de Margaret parecia indistinguível dos outros. — Ele não é bonito, meu Sr. Kinney? — Ela deu a Margaret um olhar suplicante. — Você vai me perdoar se eu te abandonar? Estou tão ansiosa para vêlo. — Fique à vontade. Senhorita Savard correu para o lado do homem. Margaret ergueu o cálice aos lábios e procurou entre os convidados, tanto esperando e temendo ver o Capitão Veall. O Desamarrar de Miss Leigh – Diane Gaston
Ela era uma garotinha com cabelo em tranças e dentes da frente faltando. Ele era alguns anos mais velho. Ela nem lhe dera o nome. Ele nunca a reconheceria agora, mesmo sem sua máscara, mas ela desejava muito descobrir o homem que ele se tornara. Margaret terminou seu segundo cálice de clarete e tentou determinar qual dos homens de capa negra poderia ser o capitão Veall. Ela caminhou de volta para a mesa de bebidas para outro clarete. A orquestra começou a tocar no Grove. Atrás dela, a voz profunda de um homem falou. — Senhorita Leigh? Ela congelou, em seguida virou-se. Ela tinha quase esquecido porque viera. O cavalheiro era alto, tão alto que ele encheu sua visão. Sua capa, como seu cabelo, era tão negra como a noite, mas ele virou o tecido para mostrar seu forro vermelho. Sua máscara, ao contrário de qualquer um dos outros, cobria um lado de seu rosto, e não apenas a metade superior. Ela se sentiu roubada de respiração. — Eu sou a Senhorita Leigh. Seus olhos, de um azul surpreendente, avaliaram ela. — Eu sou o cavalheiro com quem se correspondeu. — Sir. — Ela fez uma reverência. Através do buraco dos olhos de sua máscara, Margaret podia ver uma cicatriz vermelha irritada que o tecido não cobria inteiramente. Tampouco cobria a inclinação de um lado de sua boca. A máscara incomum era para cobrir suas cicatrizes, ela percebeu. Ela baixou os olhos. — Como devo chamá-lo? — Ele apenas assinou suas cartas como: um cavalheiro. — Chame-me de Graham. Seu olhar voou de volta para seu rosto. Os olhos. Lembrou-se de seus olhos azuis. O Desamarrar de Miss Leigh – Diane Gaston
Naquele dia, há muito tempo na floresta, quando Bob e Hughy Newell jogaram paus e pedras contra uma menina pequena demais para fugir deles, um garoto com aqueles olhos azuis tinham vindo em seu socorro. Graham Veall tinha sido seu primeiro, ou melhor, seu único herói. — Será que você caminharia comigo, Senhorita Leigh? — Sua voz parecia ressoar no fundo de sua alma. Isso a sacudiu. — Você não deseja ficar na festa? — Eu só vim por você. — Ele apertou uma bolsa na mão dela. Seu pagamento. Ela engoliu em seco. Ele queria deixá-la saber que ela já havia cumprido a barganha deles. Ela poderia recusar o seu pedido se quisesse. Mas ela queria estar com ele. Ele era Graham Veall. — O prazer é meu, senhor — ela murmurou. Seus olhos vincaram nos cantos. — Graham. — Graham. — Ela repetiu em voz mais forte. Levou-a através dos pórticos, longe das multidões de pessoas, longe da música. Eles andaram em um caminho de cascalho em direção as árvores com menos lanternas, e onde sombras apareciam à frente. Qualquer receio que Margaret sentia sobre esta reunião tinha desaparecido. Este era Graham Veall caminhando ao seu lado. Ela segurou o braço dele e saboreou o calor de sua pele sob a túnica de seda. — Eu pensei que era muito provável que você não viesse, Senhorita Leigh. — Sua voz soava enferrujada pelo desuso. — Eu precisava do dinheiro. — Não adiantava fingir o contrário, pensou. Passou pela sua mente lhe dizer de sua conexão anterior, mas ela era muito orgulhosa para revelar o quão mal seu pai a havia assegurado. Sua expressão se tornou simpática. O Desamarrar de Miss Leigh – Diane Gaston
— Você está tão necessitada de dinheiro? Ela levantou a bolsa. — Isso vai pagar para manter o meu irmão mais novo na escola mais de um ano. — Ela não podia suportar pensar além disso. — É para o seu irmão? — Graham pareceu surpreso. — Quantos anos têm ele? — Quatorze. — Sua escolaridade é tão importante? — Ele parecia incrédulo. Educação era a alegria de Andrew; era tudo o que ele queria, mesmo antes de Andrew ter idade suficiente, sua sede de aprendizagem tinha sido evidente. Eles tinham sido uma família de estudiosos, de modo que o talento de Andrew não foi surpreendente. Seu avô e o pai de Henry tinham sido professores. Os pais de Margaret tinham administrado um pequeno internato em sua casa para complementar a vida da igreja de seu pai. Ela e Andrew sempre tinham sido cercados por livros, lições e aprendizagem. Até que sua mãe morreu de gripe e seu pai não podia mais gerir os alunos internos sozinho. Ele usou cada centavo para enviar Andrew para uma boa escola, e Margaret nunca tinha invejado a despesa. — Meu irmão tem uma mente que implora para a educação. Agora eu posso fornecer para ele. — Ela apertou a bolsa. Graham tocou em seu braço e o calor de seu toque irradiava através dela. — Eu apenas fiquei surpreso que o dinheiro não era para si mesma. Ela voltou um olhar firme. — A escolaridade do Andrew é mais importante. Ele inclinou a cabeça, como se a examinando de novo. Enfiando a mão dela no seu antebraço novamente, ele continuou o passeio. Os caminhos agora eram muito mais escuros e, dos recessos profundos dos arbustos, ouviam-se sons de murmúrios e risos. Desde que os Newell a haviam perseguido, Margaret odiava andar pela floresta, mas com Graham ela ficaria feliz em caminhar até o eremita que habitava os lugares mais distantes dos Jardins. — Diga-me mais sobre o seu irmão — pediu ele. O Desamarrar de Miss Leigh – Diane Gaston
Ela obedeceu, falando do amor pela física de Andrew, de química e de todas as coisas mecânicas. Graham perguntou e pareceu ouvir suas respostas. Margaret quase poderia iludir a si mesma que ele a estava cortejando, em vez de ser um homem que tinha pagado por sua companhia. Por ele ser Graham, ela desejou que ele fosse seu pretendente. Enquanto caminhavam, dois homens saíram dos arbustos e ela tropeçou no caminho à frente deles. Margaret pulou para trás, soltando um grito. Graham passou os braços em volta dela e puxou-a para as árvores, sua capa preta protegendo ambos. Os dois jovens profundamente bêbados, cambalearam, falando em voz alta e aparentemente nunca os notando. Ainda assim, Margaret tremia sob o abraço de Graham. — Eu não permitiria que nenhum dano viesse até você. — Ele sussurrou em seu ouvido. Seu tremor não veio de sentir-se novamente como aquela menininha agarrada ao garoto que a resgatou, mas de uma consciência aguda de que ele não era mais um garoto. Ele era um homem, com necessidades de um homem, e estava disposto a pagar para que essas necessidades fossem atendidas. Seus braços pareciam maravilhosos ao redor dela, seus fortes músculos a segurando com uma confiança tão reconfortante. Seu corpo estava pressionado contra o dele, e parecia que todo o seu poder e força estavam se fundindo a ela. Sua respiração se acelerou, e uma sensação de calor a atravessou. Ela sentiu fome por mais, embora não soubesse exatamente o que a deixou faminta. Ela só sabia que este momento não deveria nunca acabar ou ela certamente pereceria. Infelizmente ele a soltou, mas lentamente, como se estivesse tão relutante quanto ela em romper o abraço. Ainda segurando seus braços com seus dedos fortes, ele olhou para ela, seus olhos azuis brilhando sob a luz fraca, implorando por algo que ela queria desesperadamente dar a ele, mas não sabia exatamente o que era que ele desejava. Ele abaixou a cabeça e a excitação de Margaret cresceu. Ela se levantou nas pontas dos pés. Os sons de mais foliões chegaram perto. Ele novamente a envolveu em sua capa. — Vamos caminhar de volta para os camarotes. — Ele murmurou. Sua decepção foi esmagadora. Eles caminharam em silêncio, e Margaret procurou em sua mente uma pergunta que ela poderia fazer a ele, uma pergunta que não fosse: Por que você me soltou? O Desamarrar de Miss Leigh – Diane Gaston
— Por que você anunciou por uma amante? — Ela perguntou. Ela o sentiu endurecer. — Não é óbvio? Óbvio? Era inconcebível que esse homem viril não poderia ter qualquer mulher que quisesse. Ele era alto, bem formado, e sombriamente bonito, como qualquer herói em um romance de Minerva Press. Que mulher não procuraria sua cama? — Não, não é óbvio. O caminho estava ficando mais claro, embora os arredores ainda parecessem desbotados de cor. Apenas seus olhos permaneciam nitidamente azuis. E doloridos. Ele parou e fez um gesto para sua máscara. — Estou desfigurado. — Porque isso importaria? — Ela estendeu a mão para sua máscara. Ele agarrou a mão dela e empurrou-a de lado. — Não remova! Ela se afastou, alarmada por sua violência. Ele abaixou-se em um banco próximo e afundou a cabeça entre as mãos. Margaret sentou-se ao lado dele e colocou a bolsa no colo. Ela puxou uma das mãos dele para as suas. — Sinto muito. Ele se endireitou, mas desviou o rosto. Era a infelicidade dele pela qual lamentava. Sentia muito por sua vergonha em relação a sua aparência e pela sua tola ousada. Ele olhou para longe dela novamente. — Eu não deveria ter vindo. — Ele pegou a bolsa e deu uma risada seca. — Pelo menos você tem o dinheiro. — E vai ser bem gasto. — Ela gentilmente apertou a mão dele. — Em seu irmão. O Desamarrar de Miss Leigh – Diane Gaston
Ela sorriu. — Em meu irmão. Ele examinou o rosto tão intensamente, era como se seu olhar permeasse cada parte dela. — O que mais você quer? Ela piscou. — O quê mais? Seu olhar não vacilou. — Se você pudesse ter o desejo do seu coração, quero dizer. O que você iria escolher? O coração dela batia forte. Algumas esperanças eram melhores quando abandonadas, como a esperança de que ele voltaria a colocar os braços em volta dela. Ela disse ao invés: — Gostaria de enviar meu irmão para Cambridge. Ele riu. Ela sentiu-se ferida. — É absurdo, eu concordo. Uma acompanhante ou governanta nunca poderia pagar Cambridge. — Não é por isso que eu ri. Eu esperava que você fosse querer uma casa ou uma carruagem ou joias. — Ele pegou seu olhar novamente. — Será que não há alguém para ajudar o seu irmão? — Ninguém. — Ela deu um sorriso pálido. — Há apenas meu primo, mas ele quase não ganha o suficiente para manter-se. Ele é um ator. Eu vou ficar na pensão onde ele mora, até a atriz, em cujo quarto estou, retornar. — Daqui alguns dias. — Talvez você tenha visto meu primo. Ele está vestido de Puck. — Eu o vi — ele respondeu distraidamente. Ele ficou em silêncio por um longo tempo antes de perfurá-la com outro olhar atento. — Senhorita Leigh, vou enviar o seu irmão para Cambridge. O Desamarrar de Miss Leigh – Diane Gaston
Ela piscou. — Por que você faria isso? Ele encolheu os ombros. — Porque eu tenho a riqueza para fazê-lo. Ela não o entendia. Ele desviou o olhar e a olhou de volta. — Eu farei. Eu pagarei por Cambridge, mas também pagarei a você. Uma anuidade para a vida, se… Ela segurou a respiração. Seus olhos penetraram nela. — Se você concordar com a minha proposta original. Tudo ao redor dela estava embaçado. — Para ser sua amante? — Por, pelo menos, dois meses — acrescentou. — Cambridge, uma anuidade, então você nunca terá que ser uma dama de companhia. Tudo isso por dois meses da sua vida. Ela ficou boquiaberta. — Eu vivo muito recluso. Ninguém vai saber onde você passou esses dois meses. Eu te dou minha palavra. Não te incomodarei mais depois. Você nem vai saber quem eu sou. Ninguém vai saber. Sua reputação será imaculada. Ela deveria ter perdido todo o senso, Margaret pensou, porque não era sua reputação no que ela pensava. Ela só pensava em quão curto espaço de tempo dois meses poderiam ser, e no quanto já lhe devia. Ele salvou a vida dela naquele dia, quando Bob e Hughy foram levados com suas travessuras. Eles a haviam derrubado no chão, seu riso maníaco quando suas pedras e paus a atingiram repetidamente. Graham tinha corrido em seu socorro. Ele tinha lutado com eles. Ele a salvou e manteve-se o herói de seu coração desde então.
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— Eu vou fazer isso — ela sussurrou, pensando agora em seus braços em volta dela e na sensação do corpo dele contra o dela. Ela fez sua voz mais forte. — Eu serei sua amante.
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Capítulo 2
Três dias mais tarde, Graham Veall puxou os punhos da camisa e tentou não olhar para sua imagem no espelho. — Covarde — disse ele em voz alta. Ele forçou seu olhar para cima. Mesmo com a máscara no lugar, ele parecia uma abominação. Ele fechou os olhos com força e novamente ouviu os sons da batalha, o barulho dos cascos dos cavalos, o barulho das espadas. Novamente ele sentiu o odor pungente de pólvora, do suor dos soldados, de sangue derramado. Mais uma vez ele viu os olhos selvagens do francês, os dentes arreganhados e a visão da espada reluzente logo antes de cortar seu rosto. Respirando com dificuldade, Graham abriu os olhos e pressionou sua palma contra sua bochecha mascarada. A máscara era feita de seda, habilmente talhada e costurada para caber confortavelmente contra a sua pele e cobria tudo, exceto um vislumbre da carnificina da espada do francês. Graham apertou os lábios. Abaixo das escadas uma mulher esperava, uma mulher que qualquer homem honrado mandaria de volta a Londres. Qualquer homem honrado iria esquecer esta ideia insana, impulsiva, que o dominara em uma tarde solitária. Mas ele não iria mandá-la para casa. Ele poderia ter sido roubado de um rosto, mas ele estaria condenado se renunciasse a todos os prazeres da vida por causa disso. Ele queria companhia. Ele queria conversa. Ele queria ouvir uma mulher rir, cheirar o cabelo dela, sentir suas pernas nuas em volta do seu corpo. Ele queria o prazer de mergulhar em seu corpo, de sentir a sua libertação, de derramar sua semente dentro dela. Mesmo que ele tivesse que pagar por isso.
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A Senhorita Leigh era mais do que ele tinha a esperança de ousar. Ela certamente possuía todo o charme que suas cartas tinham prometido. Idade suficiente, obviamente inteligente, ela parecia ter mais sobre o que conversar ao invés da fofoca da sociedade no The Morning Post. Ele sabia pouca coisa dela, exceto que os olhos sob a máscara eram um marrom quente e seus lábios um convite completo. Ela não tinha aproveitado a chance para tomar o seu dinheiro e, em sua opinião, sua hesitação mostrou um discernimento que lhe deu crédito. Mas ela também não tinha esquivado quando ele expôs a atração que garantiu seu acordo. Um irmão mais novo na necessidade. Admirável, de fato. Só esta tentação teria sido suficiente para garantir seu acordo, ele teria apostado, mas acrescentar a anuidade apaziguava sua consciência. O mínimo que ele poderia oferecer a uma jovem mulher respeitável era uma renda confortável para a vida. Ele poderia muito bem pagar tanto Cambridge e uma anuidade. Enquanto ainda na guerra, Graham herdara uma grande quantia de um tio que ganhara uma fortuna na Companhia das Índias Orientais. Ao contrário da maioria dos filhos mais novos, o desejo de Graham de comprar uma comissão no exército de Sua Majestade não tinha sido feito por razões financeiras, mas pela vaidosa noção de que seu país precisava que ele vencesse Napoleão. Bem, ele deveria deixar a vitória a Lorde Wellington agora. Tudo que Graham tinha feito era perder metade de seu rosto e todo o seu futuro idílico. Ele girou para longe do espelho e saiu de seu quarto, desceu as escadas para a sala de estar, onde ele manteve a Senhorita Leigh esperando por quase meia hora. Através da porta entreaberta, ele a viu olhando para fora da janela, as mãos cruzadas na frente dela. Ele entrou. Ela virou-se e fez uma reverência. — Sir — ela disse, com voz sem fôlego. — É Graham — ele corrigiu, permanecendo próximo da porta.
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A luz da janela iluminava metade do rosto, deixando metade na sombra. Uma zombaria da natureza cruel, sem dúvida, da imagem que ele tinha acabado de ver no espelho. Sem máscara ela era mais bonita do que ele tinha imaginado. Seus olhos eram grandes para seu rosto e seu nariz forte. Ambos pareciam perfeitamente equilibrados por aqueles lábios rosados exuberantes. Gostava que seu cabelo fosse da cor de noz-moscada e que ela era mais alta do que a maioria das mulheres que ele conhecia. Como seria ter em sua cama uma mulher tão alta quanto ela? Ele soltou um suspiro. Amaldiçoava-se por ter tais pensamentos poucos momentos após se reencontrarem. Mesmo uma mulher, cuja companhia ele comprou, merecia melhor. Ele olhou ao redor da sala. — Coombs não trouxe-lhe chá? — Coombs. Ele foi o homem que me trouxe suas cartas. — Ela olhou para ele. — Ele ofereceu chá. Recusei. Graham deu um passo adiante e fez um gesto para a área perto da lareira — Sente, Senhorita Leigh. Ela obedientemente atravessou a sala e sentou-se no sofá, deixando espaço suficiente para ele se sentar ao lado dela, se ele assim o escolhesse. Ele quase sorriu. Não, ela não era tímida, mas ele sentiu que ela não estava inteiramente à vontade, não importava o quanto ela desejasse que ele pensasse assim. Ele caminhou até um armário. — Você prefere algo mais forte do que o chá? Xerez, talvez? Sua boca tensa pareceu relaxar. — Sim, obrigada. Xerez será muito bom. Graham lhe serviu xerez e um conhaque para si mesmo. Entregando-lhe o copo, ele escolheu a cadeira próxima. Ela tomou um gole. — Eu não esperava que você estivesse vestindo sua máscara.
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Por reflexo, ele tocou. — Você temia que eu lhe causa-se horror? Uma pequena linha apareceu entre os olhos. — Eu pensei que a máscara fosse apenas para o baile de máscaras. Ele girou o copo de conhaque. — Estou em um baile de máscaras perpétuo. — Tomando seu conteúdo, ele nivelou seu olhar para ela. — A máscara permanece. Ela acenou com os dedos em um gesto de despreocupação e com mais calma tomou um gole de bebida. — Esta casa parece bastante confortável. Era um chalé de caça a uma curta distância à cavalo de Londres, emprestado do Duque de Manning com a promessa de que Sua Graça nunca o visitasse. Sua Graça só tinha quebrado a promessa uma vez, e Graham imaginou que seu pai tinha enviado seu amigo para verificar o seu bem-estar. — É apropriado. — Ele se levantou e serviu-se de mais conhaque. — Você já viu o seu quarto? Ela balançou a cabeça. — Coombs me deu um momento para refrescar-me em meu quarto e, em seguida, mostrou-me esta sala. Ele tomou seu segundo copo de conhaque e estendeu a mão para ela. — Venha. Eu vou lhe dar um tour. Ela colocou a mão nua na sua, pele contra pele, e seu corpo queimou em resposta. Por Deus, ele estava desesperado por uma mulher. Ele sentiu vontade de devastá-la no tapete da sala de visitas. Seus olhos se encontraram por um momento, e ele imaginou que ela tivesse lido seus pensamentos. — Eu vou te mostrar a biblioteca primeiro. — Ele forçou a voz através de uma garganta repentinamente contraída. — Eu adicionei alguns livros que pensei que você poderia desfrutar. O Desamarrar de Miss LEIGH – Diane Gaston
Suas sobrancelhas subiram. — Você fez? Que tipo de livros? Ele encolheu os ombros. — Romances principalmente. A Menina Irlandesa Selvagem, Um Conto de Juventude, Autocontrole. Seus cílios tremularam, e diversão puxou aqueles adoráveis lábios úmidos. — Oh, querido, por onde devo começar? Com A Menina Irlandesa Selvagem? Talvez não com Autocontrole. Ele franziu a testa. — Eu não quis dizer nenhuma mensagem. Os títulos foram recomendados para mim como aqueles que uma senhora pode desfrutar. Seu sorriso vacilou. — Eu estava apenas brincando. Eles entraram na biblioteca, e ele apontou as novas edições. Ela correu o dedo ao longo de uma das prateleiras. — Se eu terminar os romances, mergulharei na The Gentleman’s Magazine ou na The Sportsman’s Dictionary. Desta vez, ele reconheceu seu humor. — Temo que esta seja uma residência bastante masculina. — Ele apontou para a porta. — Permita-me mostrar-lhe a sala de estar. Há um pianoforte lá, o que pode ter apelo mais feminino. Após uma espiada na sala de estar, ele mostrou a sala de jantar e levou-a até a cozinha. Quando se aproximaram, ele ouviu o barulho de panelas e frigideiras. — Você trouxe uma criada com você? Ela riu.
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— Eu não tenho criada. — Sra. Coombs estará disponível para você, então. Ela é ao mesmo tempo cozinheira e empregada doméstica, de modo que as nossas refeições serão simples. Ela e Coombs são os únicos criados da casa, e os seus quartos estão neste nível. — Em outras palavras, eles teriam muita privacidade acima das escadas. — Estou acostumada a refeições simples — ela respondeu. — E a cuidar de mim mesma. Sra. Coombs, ocupada preparando o jantar, cumprimentou a Senhorita Leigh em um tom amigável. — Eu vou estar ao seu serviço, madame. Graham apreciava a tolerância da Sra. Coombs em relação ao seu plano incomum. Ele a conhecia há anos e esperava que ela tivesse uma visão diferente do decoro de um típico empregado londrino. Ele explicou à senhorita Leigh: — Eles estão comigo desde os tempos do exército. Margaret deu à mulher mais velha um olhar respeitoso. — Muito valente de você, Sra. Coombs. — Foi uma aventura, isso eu vou admitir — ela respondeu. De fato, Sra. Coombs tinha visto coisas que nenhuma mulher deveria ver, incluindo um homem com metade de seu rosto cortado. — Eu vou te mostrar escadas acima — disse ele. Graham ofereceu o braço e acompanhou a Srta. Leigh de volta ao corredor e subiu outro lance de escada até os quartos. Havia quatro, e alguns quartos no sótão acima daqueles. Mostrou-lhe os dois aposentos menores em primeiro lugar, antes de conduzi-la para o quarto conectado com o seu. Ele parou em sua porta. — Você já viu o seu quarto. Espero que seja do seu agrado. Ela olhou em seus olhos.
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— É perfeitamente confortável. — Seu olhar deslocou-se para a porta ao lado. Ele se aproximou e abriu-a. — Este é o quarto que eu uso. Ela apenas balançou a cabeça. Seus olhares conectados em um momento que se estendeu por muito tempo, um momento que o deixou com muito tempo para ter pensamentos carnais, como a forma que ele poderia arrastá-la para seu quarto e exortá-la a cumprir a parte implícita da barganha. Mas se cama tivesse sido tudo que ele queria, ele poderia ter comprado uma mulher para tantas noites quanto ele quisesse. No entanto, ele sempre tinha achado a ideia de ir a um bordel desagradável, ele desejava muito mais do que mera liberação física. Graham olhou para a porta de seu quarto. — Devo deixá-la até a hora do jantar? — Deixar-me? — Ela parecia surpresa. — Aqui? Ele abaixou sua testa. — Bem, não aqui se você não quiser. Você pode ir para qualquer cômodo que desejar. Ela desviou o olhar, como se em pensamento, então o enfrentou novamente, olhando diretamente em seus olhos. —
Então
eu
gostaria
de
ver
o
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seu
quarto
de
dormir.
Capítulo 3
O coração de Margaret bateu em um ritmo alarmante, embora ela não tivesse vontade de deixar transparecer. — Seu quarto de dormir é o único cômodo que eu não vi. Ele abriu a porta e estendeu a mão para ela entrar. Ela cruzou na frente dele, e aquele lampejo de consciência que ela sentiu em Vauxhall varreu através dela, alimentando sua excitação. Seu quarto era limpo e arrumado, com alguns itens pessoais em vista. Parecia tão triste. Seus olhos fixaram na cama, tão bem feita que parecia como se ele nunca tivesse dormido nela. — É o quarto menos interessante na casa — observou ele. Seu tom auto-depreciativo causou-lhe dor. — Talvez isso me interesse. Vou gastar tempo com você aqui, não vou? — As palavras dela o surpreenderam, e ela finalmente entendeu seu primo. Renunciar ao decoro e fazer o que se desejava era libertador. — Esse é o nosso negócio, se eu entendi corretamente. Ele encostou-se no batente da porta, com os braços cruzados sobre o peito. — Você entendeu perfeitamente. Obrigou-se a apoiar na cama, onde ela colocou os dedos em torno do pilar de mogno e inclinou o rosto contra a madeira de lei. — Tenho pensado muito nisso, senhor. Ele caminhou em direção a ela. — Chame-me de Graham. Ela piscou e desviou o olhar. — Eu pareço ter dificuldade em usar o seu nome. — Ela sempre pensava nele como Graham, desde que ela era uma garotinha. Falar o nome dele agora dava a sensação de revelar quem ela era. O Desamarrar de Miss LEIGH – Diane Gaston
Seus olhos penetraram quando ele chegou mais perto, tão perto que seu cheiro a cercava, todo o sabão e bergamota. — Ajudaria se eu te chamasse Margaret? Ela tinha assinado seu nome em suas cartas, Senhorita Margaret Leigh. O nome dela em seus lábios parecia íntimo. — Eu gostaria disso. Seu olhar se desviou de seu rosto para a cama. Ela agarrou o pilar da cama mais apertado. — Eu não sinto muito por minha decisão… Graham. Eu não tenho nenhuma expectativa de casamento na minha situação, então, esta pode ser a minha única oportunidade para… — Ela ainda não era tão ousada para as palavras virem com facilidade. — Para ir à cama de um homem. Ele deu um passo para trás. — Sua única oportunidade? Ela sentiu seu rosto corar e baixou a cabeça. — Bem, eu sou filha de um vigário e… Sua voz se levantou. — Filha de um vigário? Seu olhar voou de volta para seu rosto. Ela havia revelado demais? Será que ele lembrou que o vigário de verão tinha sido o reverendo Leigh? — Ele morreu, então não há nenhuma preocupação. Ele correu a mão pelo cabelo. — Bom Deus. Filha de um vigário e uma virgem. Sua testa se franziu. — O que você achou que eu era? Ele balançou sua cabeça. — Eu não achava que você fosse desprovida de experiência. Eu não esperava que a filha virginal de um vigário fosse aceitar a minha proposta. Ela sentiu o rosto queimar. O Desamarrar de Miss LEIGH – Diane Gaston
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— Por que isso importa para você? Seus olhos brilharam. — Você acha que eu gostaria de deflorar a filha de um vigário? Ele poderia ter rasgado o uniforme acadêmico de Andrew de seu corpo, mas ainda pior, ele frustrou suas esperanças, seus sonhos românticos. Ela colocou as mãos nos quadris. — Eu não tenho ideia de quem você deseja deflorar, mas se você tivesse esses requisitos específicos, deveria listar em seu anúncio. — Ela fingiu ler. — Buscando uma senhora educada de nascimento distinto para companheirismo. Nada de virgens ou filhas de vigários. — Muito engraçado. — Seu rosto, a metade do que ela podia ver, estava vermelho e sua voz estava com raiva. — Isso muda tudo. Ela avançou para ele. — Por quê? Por que isso muda tudo? Eu não sou ainda a mulher que iria partilhar a sua cama para que o irmão possa ter um futuro brilhante? Como ser uma virgem e filha de um vigário me mudou? Ele se inclinou para ela, seu rosto a algumas polegadas do dela. Mesmo na emoção do momento, ela vislumbrou a cicatriz visível de uma lacuna na sua máscara e até mesmo através de sua fúria, seu coração balançou. Ela queria acalmar o rosto ferido. Ela queria esbofeteá-lo por outro lado. Ela estava tremendo de raiva, mas muito viva. Com uma liberação audível de ar, ele se afastou e virou as costas para ela. Ela pressionou os dedos contra sua têmpora. — Peço apenas que eu possa passar a noite. — A emoção foi drenada de sua voz. — O quarto na pensão de meu primo não está mais disponível para mim. Devo fazer outros arranjos. — Ela já tinha enviado o dinheiro dado a ela em Vauxhall para a escola de Andrew. Ela tinha poucas preciosas moedas sobrando. Ele virou-se para encará-la. — Você acha que eu iria lançá-la na rua? — Você anunciou por uma amante, não é? — Ela olhou para ele. — Como eu sei o que mais você pode fazer? O Desamarrar de Miss LEIGH – Diane Gaston
Ele deu um passo ameaçador para frente, mas ela manteve sua posição. Pelo menos ela não o deixaria ver o quão desolada ela se sentia. Ele estava tão perto que ela sentiu o calor de sua respiração no rosto. Ele colocou os dedos na pele macia de seu pescoço, acariciando com seu polegar. — Um teste, Margaret. — Sua voz caiu para um sussurro. Ele lentamente trouxe seus lábios nos dela em um beijo suave, em seguida, então seus braços a envolveram e o beijo se aprofundou em algo mais, algo inesperado. Os lábios dela se separaram em surpresa e ele aproveitou. Ela sentiu a língua dele contra a dela e de repente ela foi esmagada contra ele, suas mãos agora em seus quadris pressionando-a. Ela passou os braços ao redor do pescoço dele e deslizou os dedos pelos cabelos. Ela nunca pensou que um beijo pudesse ser assim, que consumisse, tão glorioso. Ele firmou sua postura e segurou-a ainda mais perto. Suas mãos se moviam sobre as costas dela, cintura e, desenfreadamente, seu traseiro. Ela suspirou. Seus dedos tocaram em seu cabelo e acariciaram seu pescoço. Seus lábios se separaram e depois ele a beijou novamente tão avidamente. Ela não queria que ele parasse este beijo. Ela colocou as mãos em ambos os lados de seu rosto para segurá-lo lá. Ele empurrou-a para longe, parecendo tão alarmado quanto ela. — Eu machuquei você? — Ela perguntou. Ele estava respirando com dificuldade. — Eu não gosto de ser tocado no meu rosto. — Ele deu mais um passo para longe dela. — Você não precisa trocar-se para o jantar, a menos que você deseje. A mudança de assunto foi chocante. — Devo ficar para o jantar? Seus olhos azuis pareciam penetrar dentro dela novamente. — Para o jantar e muito mais. Você me convenceu de que este arranjo pode realmente atender a nós dois. Sua irritação fugiu. — O beijo foi o teste? — Sim. — Seu olhar era quente. O Desamarrar de Miss LEIGH – Diane Gaston
O jantar foi um evento agradável, mais agradável do que qualquer refeição que Graham poderia recordar desde que ele voltou de Portugal. Aqueles primeiros jantares com sua família foram de olhares de pena. Eles tinham quase o enlouquecido. Apesar do seu comportamento abominável de antes, Margaret conversou com facilidade, com aparentemente muito menos desconforto do que ele próprio. Ela mostrou uma mente curiosa e corajosa. Ela perguntou se ele tinha ido à guerra em Portugal, um modo indireto de perguntar como ele tinha sido ferido, sem dúvida. Ninguém mais tinha ousado perguntar sobre Portugal. Ele evitou falar da batalha, confinando seu discurso sobre o povo, a terra, a arquitetura. Antes que ele percebesse, Coombs tinha trazido pratos de morangos e creme para a sobremesa. Quando Coombs voltou para remover os últimos pratos, Graham lhe disse: — Vamos tomar um chá na sala de estar. — Ele se levantou, mas olhou para Margaret. — Se isso lhe agrada. — Claro. — Ela tomou a mão que ele estendeu para ela.
O calor de sua pele ameaçou desencadear a paixão que ele tão cuidadosamente manteve à distância. O céu estava apenas começando a desaparecer no anoitecer. Sozinho, ele poderia ter-se sentado na biblioteca com uma garrafa de conhaque à espera da escuridão cair, mas ele não poderia simplesmente beber até a hora de deitar, enquanto ela observava. Eles entraram na sala onde o sofá e cadeiras foram tão comodamente colocados que os joelhos podiam se tocar. Ela escolheu o sofá; Graham, uma cadeira. Ele não confiava em si mesmo ao seu lado. Coombs entrou com a bandeja de chá, e quando ele saiu, Margaret serviuos. Ela entregou a Graham uma xícara. — Há quanto tempo você está nessa casa? Ele passou cerca de três meses na propriedade da família, primeiro febril e na cama, depois conduzido à distração por sua mãe e irmãs bajulando ele, e seu O Desamarrar de Miss LEIGH – Diane Gaston
pai e irmão trabalhando para animá-lo. Nenhum deles tinha sido capaz de olhar na cara dele, mesmo que ele mantivesse sua desfiguração coberta. — Cerca de nove meses. — Ele respondeu. — Nove meses! — Seus olhos se arregalaram. — Isso é muito tempo. Você tem estado sozinho todo esse tempo? — Com Coombs e sua esposa. Ela balançou a cabeça em descrença. — Isso é muito tempo para permanecer em tal solidão. Ele deu um sorriso irônico.
— Daí a minha eclosão da trama para solicitar companheirismo. Ela assentiu com a cabeça. — Eu bem vejo agora. Você estava solitário. Sua risada era melancólica. — Isso é envolvê-lo em um pacote bonito. — Ele tomou um gole de chá e procurou por algo além de sua solidão para discutir. — As cartas que recebi foram interessantes. Ela baixou os olhos, mostrando cílios longos e grossos. — Eu fui a única a pensar que você estava procurando companhia para uma dama? — A única pessoa. — Dela também tinha sido a única carta que não tinha sido abertamente dirigida tanto para sedução quanto para remuneração, a única carta que despertou seu interesse. Ela olhou pensativa. Ele olhou para ela. — Eu não pude resistir a esclarecer o assunto para você. Para minha surpresa, você escreveu novamente. O Desamarrar de Miss LEIGH – Diane Gaston
Simpatia parecia passar através de seus olhos, foi tão rápido que ele estava incerto que tivesse visto. Ele terminou seu chá e ansiou por conhaque. — Temo que suas recusas só aumentaram minha determinação.
Ela sorriu. — Até que você descobriu o que iria me vencer. Ele desviou o olhar. Ele havia explorado o seu espírito altruísta. Ela se inclinou para frente e colocou a mão em seu joelho. — Não fique zangado. Como eu disse antes, eu não me arrependo de minha decisão. Seu toque despertou pensamentos de compartilhar sua cama e as delícias que eles poderiam criar debaixo das cobertas. Ela colocou a mão em seu colo. — Mesmo uma solteirona deseja experimentar a vida. — Uma solteirona? — Parecia o termo errado para descrevê-la, especialmente quando seu corpo doía por ela. Ela corou. — Eu tenho vinte e três anos e não tenho perspectivas de casamento. Como eu disse, isso pode ser minha única chance. Graham inclinou um olhar para ela. — Tem certeza de que é filha de um vigário? Ela riu.
— Sim. Temo que eu seja. — Há algo nisso que não faz sentido. — Mera curiosidade não explicava, nem sacrifício por um irmão. O Desamarrar de Miss LEIGH – Diane Gaston
Ela olhou para seu chá. Havia algo que ela não estava dizendo a ele, tinha certeza disso. — Devo tocar piano para você? — Ela perguntou. — Só se você quiser. — Ele pensou em pressioná-la por toda a verdade. Ele, no entanto, não tinha intenção de se explicar para ela. Ele não iria dizer-lhe que ele era o filho mais novo de Barão Veall, nem como fora em seu regimento, nem como seu rosto tinha sido cortado, nem como ele quase morreu de febre. Melhor eles não realmente conhecerem um ao outro. Melhor que este interlúdio seja como um sonho, que se desvanece após despertar. Ela limpou a garganta. — Devo ler para você? — Não. — Sua mente não poderia acompanhar um livro. Ela desviou o olhar e olhou novamente. — Será que você deseja jogar cartas? — Não, por favor. — Ele não podia concentrar-se em cartas. Sua mente estava cheia de pensamentos da cama dela. Ela desviou o olhar novamente e tomou um gole de chá. O silêncio entre eles se estendeu. Obrigou-se a falar. — Perdoe-me. — Ele não poderia dizer-lhe o que o consumia, o pensamento de despi-la, de passar suas mãos ao longo de sua pele nua, de mergulhar dentro dela e, finalmente sentir a liberação. — Não estou acostumado a me divertir. Ela olhou para ele. — O que você fazia durante a noite quando estava sozinho? Além de beber? Ele queria dizer. — Eu, às vezes, saía para passear. Isto é, quando ficava escuro. — Você anda no escuro? — Seus lindos olhos castanhos se arregalaram. O Desamarrar de Miss LEIGH – Diane Gaston
Ele franziu a testa. — Eu não saio à luz do dia. — Por medo de que você será visto? — Ela largou a xícara de chá. — Isso é um absurdo, Graham. Não é uma lesão que você tem, nada mais? Não pode ser tão terrível que você tem que se esconder no escuro. — Eu não vou falar sobre a minha lesão — disse ele com os dentes cerrados. — Estou convencida de que você deveria falar sobre isso, Graham — ela falou seriamente. — Você alterou toda a sua vida em torno dela. — Em caso de necessidade — ele estalou. — Não presuma aconselhar-me sobre o que você não sabe nada. Seus olhos estavam cheios de preocupação. — Eu quero saber disso, Graham — ela disse em uma voz calma. Ele endureceu. — Você quer que eu tire minha máscara. Ela assentiu com a cabeça. — De que outra forma vou entender? — Eu não preciso de sua compreensão — ele rugiu. — Eu não vou mostrarlhe o monstro debaixo da máscara. Não haverá exibição de horror aqui, e se você pretende insistir sobre este assunto, pode retornar a Londres na parte da manhã. — Ele se levantou. — Toque o pianoforte. Leia. Faça como quiser. Estou me retirando para a noite. Graham saiu da sala sem olhar para trás. Ele não foi para seu quarto, no entanto. Em vez disso, ele caminhou até a porta dos fundos do chalé e saiu para o ar fresco da noite. Não estava escuro o suficiente, mas ele quase não se importava com quem o via. Exceto pela jovem de pé na janela da sala de estar assistindo sua retirada.
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Capítulo 4
Graham caminhou até que voltou a si. Naquele momento, a noite tinha caído e apenas uma pequena parte da lua iluminava o seu caminho de volta para o chalé. Sua desfiguração o diferenciava das outras pessoas. Ele sabia disso, mas não deveria ter desabafado em Margaret. Ela nunca ouvira os suspiros de horror quando as pessoas viram o rosto dele. Ela nunca viu o desgosto em seus rostos e como eles rapidamente se afastaram. Graham não podia suportar que Margaret se afastasse. Ele gemeu. Este seu plano para aliviar a tristeza de sua vida não passava de uma manipulação sórdida. Ele a queria na cama e descobriu o que oferecer que ela não podia recusar. Quão desonroso dele. Cerrou a mandíbula, resolveu dar a Margaret os fundos para Cambridge e a anuidade, depois libertá-la. Tal altruísmo não melhorou o mau humor enquanto caminhava de volta para casa e subia as escadas até seu quarto. Ele fechou a porta, tirou o casaco, os sapatos e as meias. Coombs tinha arrumado a cama e deixou uma lâmpada acesa. Graham vislumbrou sua imagem no espelho, enquanto desamarrava os cordões de sua máscara e puxou-a para que ele pudesse jogar água fria no rosto. Ele tinha acabado de colocar a toalha para baixo quando a porta se abriu. Batendo a mão sobre suas cicatrizes, ele se virou. Margaret estava na porta que ligava os dois quartos, parecendo um anjo em sua camisola de musselina branca com o cabelo solto sobre os ombros. Ele se afastou dela e agarrou sua máscara. Enquanto se atrapalhava com os cadarços, ouviu o farfalhar de suas saias e sentiu os dedos dela tomando os cardaços e amarrando-os.. — Eu posicionei corretamente? — Ela perguntou. Ele ajustou. — Sim. — Ele se virou para ela de forma mais lenta. — Você não tem que vir. Não vou exigir nada de você, Margaret. Ela olhou para ele. O Desamarrar de Miss LEIGH – Diane Gaston
— Eu tinha de pedir desculpas mais uma vez. — Ela levantou os dedos para sua máscara, mas baixou-os novamente. — É direito seu se esconder sob sua máscara, se quiser. Ele verificou os cardaços para ter certeza de que eles estavam bem apertados. Ela lambeu os lábios, e ele sentiu puro desejo por ela mais uma vez. Deve ter sido preciso uma grande dose de ousadia para a filha virginal de um vigário concordar em ir para cama de um estranho desfigurado. — Eu vim aqui para te fazer feliz — disse ela. — Não para causar-lhe angústia. — O rápido subir e descer de seu peito, por outro lado, sugeria que ela não estava tão calma quanto parecia. Ela tocou o pano da manga da camisa dele, e ele sentiu como se ela tivesse acariciando sua pele. — Não podemos simplesmente… continuar? Ele olhou para os lábios convidativos. — Você tem certeza disso? — Sim — ela suspirou. — Você sabe como cuidar de si mesma? Para impedir uma criança? — Ele não iria agravar o custo a ela, criando esta complicação. Ela abaixou a cabeça. — As atrizes na pensão do meu primo me ensinaram o que fazer. Ele ainda hesitou. Ela deu um passo para trás e desatou as fitas de sua camisola. Ela empurrou o tecido branco sobre os ombros e deixou a camisola deslizar pelo seu corpo até o chão. Seu olhar vagou sobre ela, lentamente e saboreando. Sua pele brilhava como luz de velas na seda. Desde os seios luxuosamente cheios até a cintura estreita e as pernas longas e magras, ela lembrou Graham da pintura que ele tinha visto em Florença quando estava em seu Grand Tour. Vênus subindo do mar.2 Ele olhou para o rosto dela, e seus olhos imploraram. — Eu te agrado, Graham? — Você me agrada — disse ele, sua voz tão baixa que ele esperava que ela tivesse ouvido. 2 Venus Rising from the Sea. O Desamarrar de Miss LEIGH – Diane Gaston
Seus olhos escureceram, e ela deu um passo adiante para desfazer os botões de sua camisa e levantá-la sobre sua cabeça. Seus olhos brilharam de dor quando ela viu as marcas no peito, mais da obra do francês. — Como você pode ver — disse asperamente — eu não sou agradável. Ela olhou-o nos olhos. — Você deve ter sido terrivelmente ferido. Ele tocou sua bochecha não marcada. — Não o suficiente para me matar. Ele tinha muitas vezes amaldiçoado o destino que o poupou, mas neste momento ele estava feliz por estar vivo, estar com ela. Levantou-a em seus braços e a levou para a cama, seus músculos tremendo, não com o esforço, mas com uma luta pela contenção. Ele a deitou cuidadosamente sobre a cama e subiu ao seu lado. — Eu vou ser gentil com você, Margaret. Eu prometo. Ela sorriu e penteou os cabelos dele com os dedos. — Você disse que não permitiria que nenhum dano viesse para mim. Suas palavras em Vauxhall. — Eu quis dizer isso. Ele puxou-a para si, beijando-a com toda a necessidade que estava dentro dele. Ela derreteu contra ele, colocando os braços ao redor dele, segurando-o contra si. A mão dele deslizou por suas costas e sua pele era tão suave e perfeita como ele tinha previsto. Sua excitação pressionou dolorosamente contra suas calças. Ele estendeu a mão para desabotoá-las. Ela o ajudou a retirá-las. Ele a viu olhar para seu órgão masculino, tão duro de desejo, ele se sentia como se fosse explodir. Ela não hesitou, e isso o deixou inexplicavelmente orgulhoso dela. Ela tinha mais coragem do que ele. Ela teve a coragem de entrar em seu quarto. Ele estava determinado a levá-la lentamente, para fazer com que esta primeira vez fosse um prazer para ela, não dor. — Isso é novo para mim — ela sussurrou. O Desamarrar de Miss LEIGH – Diane Gaston
— Você faz parecer novo para mim também — ele murmurou de volta. Seus lábios capturaram os dela novamente. Ele acariciou-lhe suavemente com as pontas dos dedos, temendo que o contato com a mão inteira pudesse afrouxar os vínculos que mantinha apertado sobre sua paixão. Ela engasgou enquanto seus dedos exploraram os seios, e gentilmente os esfregou sobre os mamilos. Em seguida, seus dedos deslizaram para baixo para entre as pernas. — Vou deixá-la pronta — ele murmurou para ela. — Sim — ela respondeu, com a voz grossa. Ela estava quente e úmida por seu toque, e seus dedos facilmente entraram dentro dela. Um gemido baixo escapou de seus lábios, e ela arqueou as costas, mas nunca se afastou. Houve um pensamento em sua cabeça que lhe disse para simplesmente montá-la e buscar sua libertação, mas ele lutou contra isso e ficou focado em dar prazer a ela, determinou que ela não lamentasse a decisão que tinha feito para chegar a ele. Margaret engasgou com as sensações de seus dedos. Ela sabia muito pouco de amor, ela nunca tinha imaginado que um homem poderia tocá-la assim e darlhe este prazer requintado. As sensações cresceram mais intensas, não dolorosas, mas algo semelhante a exigente. Ela apertou sua mão, acalmando-o. — Espere, Graham. Ele retirou os dedos. — Eu machuquei você? Ela balançou a cabeça. — Não machucou. Não exatamente. Eu não sei como explicar. Ele a abraçou. — Não precisa explicar. Ela desejou que pudesse colocar em palavras, mas era tudo tão novo, tão profundo. Uma coisa ela sabia, ela precisava de seus braços em torno dela neste momento, precisava se acalmar, para assimilar a experiência. O Desamarrar de Miss LEIGH – Diane Gaston
— Você deseja parar? — Perguntou. Ela poderia dizer que ele estava tentando manter seu tom leve. — Não, não pare. — Ela pensou que poderia morrer se ela não tivesse o desejo que estava crescendo dentro dela aplacado. Ele estava deitado de lado, a parte mascarada de seu rosto pressionado contra a roupa de cama. Ela quase podia imaginar como ele poderia ter aparecido sem a lesão. Uma aparência jovial com a sombra de uma barba no rosto. Ela levantou um dedo, tocando seu rosto até o queixo, cuidando para não tocar a máscara, para que ele não ficasse com raiva de novo. Ela explorou os contornos de seus músculos com dedos ansiosos. Ela deslizou sua mão sobre seus ombros e no peito, emocionada com a sensação de sua mão no pelo áspero de seu peito. As cicatrizes sob seus os dedos a fizeram querer chorar. A batalha deveria ter sido uma coisa terrível para marcar seu corpo assim. Ela sentiu os músculos dele tensos enquanto ela traçava as cicatrizes. Ela não queria a angústia dele. Ela moveu a mão mais abaixo, perguntando se ela ousaria tocar a parte masculina dele. Ela ousou. Ele gemeu quando seus dedos se fecharam em torno dele. As atrizes haviam explicado como o membro de um homem endurece quando o desejo florescia. Margaret sentiu uma onda de poder sabendo que ela tinha causado sua excitação. A mão dele se fechou entorno da dela e ela sentiu como se tivesse dado outro passo em falso, mas ele disse: — Minha vez agora. Ele tocou o corpo dela como ela tocou o seu, desta vez acariciando-a com um toque firme, não meras pontas dos dedos. Ele a colocou de costas e subiu em cima dela, ambas as mãos apertando seus seios.
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Uma sensação nova percorreu o ápice de suas pernas e ela ouviu um grito urgente escapar de seus lábios. A necessidade que ela não entendia muito bem ficou mais forte. Então ele fez algo igualmente maravilhoso. Ele colocou seus lábios sobre o mamilo e provou com a língua quente. As costas dela se arquearam e ela enterrou os dedos na pele dele. Ela não tinha ideia que um homem iria querer fazer tal coisa, nem querer tocá-la tão intimamente. Ela queria gritar de alegria, tão feliz que ela tinha dado a si mesma essa chance de ser amada por Graham, mesmo que apenas temporariamente. A memória de seu toque com a língua ia durar por toda a vida. — Eu acho que é a hora, Margaret.
Ela também se lembraria do som de seu nome em seus lábios. — Sim. — Ela quase riu, mais do que pronta para o maior mistério de todos. Ele gentilmente abriu as pernas dela. Com uma mistura de medo e necessidade, ela se forçou a relaxar. Ele começou a enfiar-se dentro dela, parando de repente para sussurrar em seu ouvido: — Isto pode dar-lhe um pouco de dor. Ele empurrou, um impulso forte que fez parecer que algo rasgou dentro dela. Ela sentiu uma dor aguda e gritou. Ele a segurou em seus braços. — Sinto muito. Ela o impediu de sair, pressionando as mãos contra suas nádegas. — Não pare. Parecia toda a permissão que ele precisava. Ele começou um ritmo com que seu corpo parecia já estar familiarizado, encontrando seu impulso, crescendo sua excitação, até que ela não podia pensar. Ela estava perdida na sensação, no prazer, na deliciosa necessidade. Ela ouviu suas respirações excitadas, sentiu seus corpos em movimento, um contra o outro. Ela o viu acima dela, como que perdido no mesmo momento que ela. Eles se juntaram. Eles foram um, compartilhando a necessidade e a sensação e prazer. Foi emocionante. Foi inesquecível.
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Mais e mais rápido eles se moveram, até que algo mudou para ambos; ela podia sentir. Prazer explodiu através dela, ondas e ondas de prazer que a invadiu. Seus músculos tensos, e ela percebeu que ele tinha derramado sua semente. Descendo da intensidade daquele momento compartilhado, Margaret lembrou de uma pena que flutua para a terra, lenta e lânguida. Graham deslizou dela. A ruptura de sua união foi chocante, uma perda a partir do qual ela não podia imaginar se recuperando. Lágrimas espontâneas escorriam pelo seu rosto. Ele levantou-se sobre um cotovelo. — Por Deus, eu te machuquei. Ela balançou a cabeça. Como poderia explicar para ele, tudo o que ela sentia, tudo o que parecia agora alterado dentro dela? — Eu não estou ferida. Longe disso. — Ela apertou os olhos fechados por um momento, antes de olhar de volta para ele, tão bonito, mesmo que parcialmente coberto. — Eu não esperava me sentir assim. Ela já não era apenas Margaret, porque ele era agora uma parte dela. Dois se tornado um. Ele tirou uma mecha de cabelo do rosto dela. — Eu juro que vou torná-lo melhor para você da próxima vez. Ela se aconchegou ao lado dele, colocando a cabeça em seu coração. — Você não pode fazer melhor. Ele a abraçou com força. — Não haverá dor, eu sei disso. Não haverá dor novamente.
A dor tinha sido fugaz. Ela marcou o momento da mudança nela. Ela foi alterada para sempre, para sempre uma parte dele. — Foi apenas um pouco. Ele acariciou seus cabelos novamente, e parecia tão preocupado que ela procurou uma maneira de assegurar-lhe que a preocupação era equivocada. O Desamarrar de Miss LEIGH – Diane Gaston
Ele se levantou da cama e foi até a cômoda onde estavam seu lavatório e jarro. Ele derramou um pouco de água limpa em um pano e trouxe-o para ela. — A roupa pode ser lavada — disse ele. — Haverá outras novas manhãs. Ela apertou sua mão e puxou-o de volta para cama de modo que ela estava debaixo dele novamente. — Não me traga muita realidade — ela sussurrou. — Eu não quero que nada estrague este lindo sonho. Ela estendeu a mão para beijá-lo, e logo o sonho estava vivo de novo e as mudanças dentro dela foram gravadas ainda mais profundamente.
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Capítulo 5
O sonho durou pela manhã e ao longo dos próximos dias e semanas. Margaret tentou não pensar que ele viria ao fim quando os dois meses terminassem. Suas noites estavam cheias de amor. Margaret não tinha acreditado que alguma coisa poderia trazer mais prazer e felicidade do que o primeiro momento que dividiram na cama, mas a cada noite, Graham provou que ela estava errada. Ele era um amante generoso, este herói de sua infância, este homem que ela adorava. Suas horas do dia foram um idílio de outro tipo, que consistia em longas conversas, de ler para o outro, jogar jogos selvagens de piquet, ou cantar as músicas mais bobas que poderiam pensar, enquanto ela tocava o pianoforte. Eles tiveram longas caminhadas. Ela até persuadiu-o a ir ao sol e ar fresco. Eles caminharam pelo jardim e na área arborizada das proximidades. As raras pessoas que encontraram enfrentaram a aparência de Graham, provavelmente ouvindo de seus ferimentos e máscara e não sendo surpreendido por eles. Ele não era tão assustador quanto pensava; Margaret ficou satisfeita por estar certa sobre isso. Uma rachadura na frágil concha de sua existência onírica, ocorreu quando o advogado de Graham, apareceu com os papéis que constituíam um fundo para pagar as despesas de seu irmão para Cambridge e sua anuidade. Ela engasgou com a quantia que Graham lhe dera. Ela seria capaz de viver confortavelmente onde quisesse. Nem o fundo nem a anuidade podiam ser rescindidos, mesmo que Graham mudasse de ideia. A educação de Andrew e seu futuro estavam seguros.
Ver os papéis, no entanto, lembrou Margaret que o negócio que tinha feito com Graham foi por um período de dois meses. E o fim se aproximava rapidamente. O pensamento a colocou na tristeza o dia inteiro, e ela não podia explicar seu humor a Graham. Na manhã após o advogado ter vindo, Margaret acordou de madrugada com um estômago muito instável. Não querendo despertar Graham, ela saiu da cama, envolveu-se com um manto, e fez seu caminho até a cozinha, onde a infatigável O Desamarrar de Miss LEIGH – Diane Gaston
Sra. Coombs já estava ocupada preparando café da manhã. Os cheiros, geralmente intoxicante, a deram vontade de vomitar. — Você acordou cedo, senhorita. — Sra. Coombs disse alegremente. — Você pode verificar se estou com febre? — Perguntou Margaret. — Eu me sinto mal. Sra. Coombs colocou a palma da mão contra a testa de Margaret e depois contra o pescoço dela. — Sem febre. O que está incomodando você? — Sinto-me enjoada. As sobrancelhas da Sra. Coombs se ergueram. — Verdade? — Ela abaixou-as novamente para espiar Margaret. — Diga-me, senhorita. Quando foi a última vez que seus ciclos vieram? A boca de Margaret caiu aberta na compreensão súbita. — Antes de vir aqui. — Eu suspeitava disso. — A mulher cruzou os braços sobre o peito. — Eu diria que você não está doente. Ela piscou. — Eu não estou doente. — O calor se espalhou por toda ela, e ela apertou a mão na barriga. — Estou grávida. — Meu palpite — disse a Sra. Coombs. Margaret abraçou a ideia em torno de si mesma. — Uma criança — ela sussurrou. Ela balançou a cabeça. — Não, é impossível. Eu fui ensinada como preveni-la. Sra. Coombs nivelou um olhar para ela. — Não há nenhuma prevenção de um bebê que quer nascer. — Uma criança — ela sussurrou novamente. O filho de Graham. O que poderia ser mais maravilhoso? Ver uma criança crescer. Uma criança para amar, para ajudar contra a solidão desolada de perder Graham. O Desamarrar de Miss LEIGH – Diane Gaston
Sra. Coombs cortou-lhe uma fatia de pão. — Aqui. Coma isso. Ela ajuda a ter algo em seu estômago. Mastigue lentamente. Margaret mastigou muito lentamente. — Eu me sinto melhor — disse ela quando ela terminou o pão. Na verdade, sentia-se alegre. — Muito obrigada. Sra. Coombs assentiu com satisfação e voltou ao seu trabalho. Margaret fez uma pausa antes de sair pela porta. — Sra. Coombs, não diga para Graham nada disso. A mulher mais velha olhou para cima. — Eu não guardo segredos dele. Margaret foi até ela. — Por favor, eu te imploro. Não diga uma palavra a ele. É a minha notícia para contar. — Ou não contar. Sra. Coombs colocou as mãos nos quadris. — Muito bem. Eu não direi uma palavra. — Ela balançou o dedo para Margaret. — Mas se ele me perguntar, eu não vou mentir para ele. — Isso é o suficiente. — Margaret deu à mulher um abraço. Obrigada. — Ela começou a ir outra vez para a porta. Sra. Coombs chamou por ela. — Eu vou deixar uma lata de biscoitos em seu quarto. Margaret sorriu. — Você é um anjo. Manter o segredo não era tão fácil para Margaret como ela supunha que seria. Ela tentou esconder seu mal-estar, e sua enorme preocupação com o fato de que o filho de Graham estava crescendo dentro dela. Ela estava mais quieta, e a mudança tirou um pouco da facilidade entre ela e Graham. O Desamarrar de Miss LEIGH – Diane Gaston
Naquela manhã, Margaret tinha lutado contra as náuseas quando Graham a procurou para fazer amor com ela como ele tinha feito tantas manhãs antes. Ele parou abruptamente. — O que é isso, Margaret? Ela sentou-se. — Eu não sei o que você quer dizer. — Não se faça de inocente comigo. — Ele vestiu sua camisa. — Alguma coisa mudou. Ela agarrou a mão dele e segurou-a contra seu rosto. — Nada mudou, Graham. Eu apenas me senti um pouco indisposta esta manhã, e não quis incomodá-lo. — Indisposta? — Ele tocou sua testa. — Não febril — disse ela. — Indisposta. Ele deu a ela um olhar atento. — Você já se sentiu mal nos últimos dias? Ela não conseguia encará-lo. — Um pouco. — Então por que não me disse antes? — Eu não queria estragar as coisas. Ele tirou a mão. — E esconder melhoraria as coisas? A criança não tinha sido parte do acordo que ele tinha feito com ela. Ela tinha medo de dizer-lhe isso. — Graham, eu senti um pouco enjoada no estômago. Eu presumo que é algo que eu comi. Ele olhou para ela. O Desamarrar de Miss LEIGH – Diane Gaston
— Enjoada no estômago. Obrigou-se a voltar seu olhar. — Não é nada. Ele lhe deu um olhar cético e virou-se para se vestir. Ela observou-o retirar a sua máscara, de costas, com cuidado em relação a ela e o espelho, que estava inclinado para que o seu reflexo não mostrasse nada. Depois de se lavar e barbear, a máscara voltou ao lugar e ele colocou suas roupas, ao mesmo tempo evitando olhar para ela ou falar com ela. Margaret conteve a respiração quando uma onda de náusea a atingiu. No momento, tudo o que podia pensar era em sua lata de biscoitos. Ela encontrou sua camisola e atravessou o cômodo até seu quarto e a cama que ela nunca usou. E sua lata de biscoitos. Ele apareceu em sua porta. — Eu estarei lá embaixo, na sala de jantar. Ela rapidamente escondeu a lata. — Você pode amarrar meu espartilho antes? — Era a única parte de vestir que era incapaz de fazer por conta própria, e tinha sido parte de seu ritual matutino ele ajudá-la. Ao contrário de outros dias, ele não entrou em seu quarto. Em vez disso, ele permaneceu na porta, enquanto ela apressadamente colocava uma roupa limpa. Ela posicionou a roupa, em seguida, se aproximou e apresentou-lhe as costas. Quando ele executou esta tarefa antes, tinha sido adorável, era um momento íntimo entre eles. Não hoje. Suas mãos eram eficientes em apertar os cadarços, mas não houve carícias persistentes, não houve palavras murmuradas em seu ouvido. Ela sentiu os dedos amarrando os cadarços em um laço e ele apenas afastou-se e foi embora. Ela apoiou-se no batente da porta quando outra onda de náusea tomou conta dela, e um medo crescente de que o fim do idílio já havia chegado.
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Graham sentou-se à mesa com ela, observando-a mordiscar um pedaço de torrada. Seu apetite não era melhor do que o dela, mas isso só o convenceu de que as coisas realmente haviam mudado entre eles. Apenas duas semanas faltavam dos dois meses que tinham acordado. Ele tinha a esperança de pedir a ela para ficar mais tempo, mas agora ele se perguntou se ele tinha sido cego para como as coisas estavam entre eles. Agora, ele sentiu que ela poderia a qualquer momento perguntar se poderia partir mais cedo. Ele não podia suportar o silêncio entre eles. — Eu tenho assuntos a tratar na biblioteca. Ele não esperou pela resposta dela, saiu da sala de jantar para a biblioteca, onde ele puxou as cortinas para bloquear a luz. Ele encontrou uma garrafa de conhaque e um copo, sentou-se atrás da mesa no escuro. Ele havia terminado metade da garrafa antes da porta se abrir. A silhueta dela estava no vão da porta. — O que é isso, Graham? Você está sentado no escuro? — Ela marchou até a janela e abriu as cortinas. A luz do sol que tinha bloqueado veio à tona como um exército triunfante. Ela se virou para ele e viu a garrafa. — Você está bebendo? É apenas nove e meia da manhã. Ele levantou o copo. — No escuro, pode ser qualquer hora. Ela caminhou até a mesa e pegou a garrafa, medindo quão pouco permaneceu. — Isso é absurdo. Você está sucumbindo a uma crise de depressão só porque eu me senti um pouco mal esta manhã. Ele desafiadoramente drenou o conteúdo do seu copo. — Não vire o jogo. Você é a única alterada, Margaret. Você tem agido diferente desde que o dinheiro que eu prometi a você entrou em seu controle. Seu queixo se ergueu. O Desamarrar de Miss LEIGH – Diane Gaston
— O dinheiro? Você acha que eu mudei por causa do dinheiro? Ele deixou seus olhos perfuraram os dela. — Possivelmente. Eu não posso desfazê-lo agora. O dinheiro é seu. Ela devolveu o olhar com uma expressão ferida que foi bastante eficaz. — Oh, Graham. — Ela afastou-se dele, caminhou de volta para a janela e olhou para o jardim, onde ela havia lhe ensinado que não precisava se esconder na escuridão. Ela se virou para ele. — Eu admito que ao ler os papéis me recordei que eu receberia dinheiro e que… o nosso tempo juntos estava acabando. — Seu braço varreu a extensão da janela quase do chão ao teto. — Foi um pouco como abrir as cortinas. Ele trouxe o mundo exterior de volta, a realidade. Eu não gostei muito de ser lembrada disso. O dinheiro em si não foi à causa. Ele serviu mais conhaque, não porque ele queria, mas porque ele precisava ser anestesiado. — Se não foi o dinheiro, então o que mudou você? Ela virou-se novamente. — Você está escondendo algo de mim, Margaret. Estou convencido disso. Ela olhou por cima do ombro para ele. — Você é o único que tem permissão de se esconder, Graham? Ele deu uma risada seca. — Eu? Eu tenho sido honesto com você desde o início. Você foi honesta comigo? Ela virou-se para ele. — Honesto? Possivelmente. Mas você tem escondido a si mesmo de mim da mesma forma. Eu não devo saber quem você é. Eu não estou autorizada a ver como você é. Ele ficou de pé. — Voltamos para o assunto do meu rosto de novo, não é? Eu deveria ter sabido. Você não ficará satisfeita até me desmascarar. Ela respirou fundo, como se tentando reunir coragem. O Desamarrar de Miss LEIGH – Diane Gaston
— Eu vou fazer outro negócio com você. Revele-se para mim, e eu lhe direi o que tenho mantido escondido. Ele encontrou o olhar dela e segurou-a, como um gato olhando para outro antes de atacar com suas garras. Seria seu direito vê-lo como ele realmente era. Ela finalmente entenderia as escolhas que ele fez. Não haveria nenhuma chance de que ela ficaria, mas ele sempre soube disso. Sem qualquer aviso, ele tirou a máscara.
Ouviu-a ofegar. Viu que seus olhos se arregalaram. Mas ela não vacilou. Ela não se afastou. Em vez disso, ela caminhou para mais perto dele, tão perto que eles estavam a polegadas de distância. Ela levantou a mão e tocou as cicatrizes irregulares que cruzavam seu rosto. Com o dedo, ela traçou a cicatriz que causou a inclinação de seu olho e aquela que puxou o canto da boca. Obrigou-se a suportar seu toque. A luz do sol era brilhante o suficiente para iluminar cada detalhe. Nada disso foi escondido dela agora. Ele se preparou para as banalidades. Não é tão ruim, Graham. Talvez as cicatrizes diminuam, Graham. Ela ficou em silêncio. Finalmente, ela deu um passo atrás. Ele percebeu que ainda estava segurando a máscara em seu punho. Ele levantou-a para colocá-lo de volta no lugar. Ela agarrou sua mão. — Deixe sem, Graham. Sente-se comigo. — Ela o levou até o sofá, também banhado pelo sol. Ele não se importava que a luz fizesse sua pele brilhar, e seu cabelo, amarrado com uma fita, brilhasse como ouro, mas essa mesma luz revelava o monstro que ele tinha se tornado. Ela ainda não desviou o olhar dele quando ela se sentou com ele. Ela continuou a segurar sua mão. O Desamarrar de Miss LEIGH – Diane Gaston
— Agora os meus segredos — ela sussurrou. Ela contou uma história de sua infância, de ser perseguida pela floresta por dois meninos, de cair e ser atacada com paus e pedras até que outro menino veio em seu socorro. — Por Deus — disse ele. — Eu lembro. Fui eu. Fiz meu pai se assegurar de que os garotos fosse severamente castigados. — Ele olhou para ela. — Você era aquela garotinha. Ela assentiu com a cabeça. — Eu precisava de você naquele dia, e você precisava de mim quando nos encontramos em Vauxhall. É por isso que concordei com sua proposta. — Você sabia que era eu o tempo todo? Alguém te colocou nisso? O duque? — Ele não podia tolerar. Se assemelhava demais a pena. Ela apertou sua mão. — De modo nenhum. Eu descobri por acaso que o capitão Veall também seria um convidado da festa. Quando você me deu seu primeiro nome, eu sabia que você era Graham Veall. Ele franziu a testa e desviou o olhar. — Não se preocupe. — Disse ela. — Vou manter a nossa associação em segredo como se eu nunca tivesse te conhecido. Eu te dou minha palavra. Ele sentou-se e esfregou a testa. Ela sabia o tempo todo quem ele era. Seus olhos se abriram e ele se inclinou em direção a ela. — Este não é o motivo de você se afastar de mim. Você sabia isso desde o início. Ela desviou o olhar. Ele tomou seu queixo em sua mão e fez encará-lo. — Você está escondendo alguma coisa. Lágrimas brilhavam em seus olhos castanhos, fazendo-os parecer ainda mais luminosos.
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— Oh, Graham — ela engasgou. — Eu acho que poderia estar carregando uma criança. Ele a olhou boquiaberto, o discurso falhando nele. Isso ele não esperava. Uma criança. Seu filho, crescendo dentro dela. — Eu… eu não sei ao certo, então eu não queria te dizer. Você não deve se preocupar, embora, porque você deu-me mais do que o suficiente para sustentar uma criança. E estou feliz com isso. — Uma lágrima rolou pelo seu rosto. — Muito feliz. Ela estava grávida dele. Ela respirou estremecendo. — Eu fiz o que foi ensinado para impedi-lo, porém não funcionou. Mas estou contente. Isso provavelmente vai ser a minha única chance de ter um bebê, mas eu não preciso sobrecarregá-lo com nada disso. — Sobrecarregar-me? — Ele conseguiu proferir. — Eu não sou esse tipo de monstro, Margaret. — Eu sei que você não quer um filho. Mas eu quero tanto um. É um presente. Ele raspou a mão pelo cabelo. — Bom Deus. Eu não queria andar lá fora durante o dia. Ou remover minha máscara. Eu fiz essas coisas. — Ele pegou o rosto dela com as duas mãos. — Eu não queria uma mulher para amar, apenas uma mulher para fazer amor, mas você mudou tudo. — Eu não entendo. Ele a soltou e olhou para longe, cobrindo suas cicatrizes com a mão. — Não adianta. Não há nenhuma chance. Eu não posso ser um marido. Um pai. Que mulher iria querer olhar para este rosto pelo resto de sua vida? — Ele apontou para suas cicatrizes. — Eu assustaria meus próprios filhos. Ela olhou para ele. — Graham, o que você está me dizendo? Ele olhou em cima dela. O Desamarrar de Miss LEIGH – Diane Gaston
— Eu estou dizendo que se eu não fosse uma monstruosidade, uma exibição de esquisitices, se eu tivesse te conhecido antes, eu me casaria com você e me consideraria o mais afortunado dos homens. Eu iria adorar qualquer criança que você concebesse. Ela ficou boquiaberta. — Você está propondo casamento, Graham? Ele virou-se. — Como posso propor casamento para você? Ela riu suavemente. — Coloque um anúncio, Buscando a filha virginal de um vigário para casamento. Cavalheiro de bom caráter oferece felicidade e uma grande dose de prazer. Ela tocou o lado mutilado de seu rosto e trouxe seus lábios nos dele.
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Epílogo
Londres, Fevereiro, 1818
Graham chegou à porta de sua casa na cidade de Londres, sacudindo a chuva de sua capa. Coombs o ajudou com a roupa e tomou seu chapéu e luvas. — Obrigado, Coombs. — Graham subiu as escadas. Ao aproximar-se do degrau mais alto, ele tirou a máscara. — Alguém em casa? — Papai! — Veio um grito animado. Uma menina com cabelo cor de noz-moscada e olhos castanhos correu para o corredor. Atrás dela vinha um menino de olhos azuis ainda em casaco curto. — Papai — ele gritou, imitando o tom exato de sua irmã. Graham se abaixou para pegá-los em seus braços, essas crianças perfeitas. Sua filha jogou os braços ao redor de seu pescoço e beijou sua bochecha, a cheia de cicatrizes. — Eu senti tanto sua falta, papai! — Ela gritou. — Eu senti sua falta também — disse o filho. Ele riu.
— Eu senti mais ainda. — Ele beijou-os em seus pequenos rostos. Ainda segurando-os, ele olhou para a porta da sala de estar. Sua esposa estava lá. Mesmo depois de quase seis anos, a beleza de Margaret ainda lhe tirava o fôlego. Carregando seus filhos, ele caminhou até ela e se inclinou para um beijo longo e demorado, que o fez desejar que fosse hora das crianças serem colocadas na cama. Com seus lábios deixando os dela, ela sussurrou: O Desamarrar de Miss LEIGH – Diane Gaston
— Eu senti a sua falta ainda mais. Ele sorriu, mas sabia que ela estava errada. Tudo o que vale a pena possuir estava aqui em seus braços agora. A esposa dele. O filho dele. Sua filha. Esta era a própria vida. E ele quase perdeu tudo.
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