@perigosasnacionais Lewis Tyler - Soraia Ramos_5005877317

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Lewis não é um jovem comum. Seus olhos tem a missão de mostrar o mais profundo da sua alma, havia algo neles intrigante e secreto, a tonalidade preta apenas reforçava esse mistério vivente dentro deles. A dança, não apenas para ele, mas para todos que faz parte do grupo é um grande refúgio, os carrega além do universo visualmente visto por todos. O que Lewis não sabia é que a PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS dança que tanto ama o ligaria a uma garota como Violeta, sua vida não foi a mesma desde que colocou seus olhos naquela garota, a conexão que eles tinham ultrapassava o visível em um ritmo mágico. Mas, se a vida fosse justa, não se chamaria vida, tudo que está bom uma hora precisa ser testado. O amor desses dois jovens irá suportar todas as dificuldades que está por vir? O que seus olhos dizem sobre você?

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Prólogo Capítulo 1 Capítulo 2 Capítulo 3 Capítulo 4 Capítulo 5 Capítulo 6 Capítulo 7 Capítulo 8 PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS Capítulo 9 Capítulo 10 Capítulo 11 Capítulo 12 Capítulo 13 Capítulo 14 Capítulo 15 Capítulo 16 Capítulo 17 Capítulo 18 Capítulo 19 Capítulo 20 Capítulo 21 Capítulo 22 Epílogo

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Por sempre me manter firme e tomar o controle da minha vida agradeço a Deus. Sem meus pais e amigos, nada teria sentido. Aos meus amigos Deborah e Rodrigo que me acompanham e apoiam sempre, a Binha, Cleidy e Luma que sempre opinaram e me suportam a cada página que mando. Acrescento também Rafaella, Beatriz, Raika e Larissa que me alegram e me motivam.

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Tu, ontem Na dança Que cansa Voavas Co'as faces Em rosas Formosas De vivo Lascivo Carmim, Na valsa Tão falsa Corrias, Fugias, Ardente, Contente, Tranquila; Serena, Sem pena De mim! Casimiro de Abreu (A valsa)

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Eles entraram rapidamente para dentro do carro, estava começando cair um forte temporal. A neblina havia se espalhado rapidamente dificultando a visão, então, Lewis ia o mais devagar possível, mas ao perceber que faltavam alguns segundos para o sinal ficar vermelho, acelerou o carro um pouco mais, ainda dava tempo, pensou consigo mesmo. Quando olhou para Violeta, sentiu uma paz inexplicável, também sentiu uma tremenda dor em seu corpo e em sua cabeça. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS Em frações de segundos, Violeta foi lançada para frente e o airbag a protegeu do impacto, a voz dele falhou ao tentar gritar e suas forças foram todas sugadas, seria aquele momento um adeus por tê-la feito tão mal? Ele queria dizer que a amava, não podia ir sem falar, porém a dor ficava mais intensa a cada volta que aquele maldito carro dava, quando parou as voltas, sentiu algo quente e escuro molhar seu rosto. Ele estava agitado, sentia seu coração acelerar como se fosse explodir a qualquer momento. Rapidamente notou que da testa de Violeta saia um pouco de sangue e uma enorme preocupação tomou conta dele, ela estava ferida, de alguma forma deveria ajudar, mas seu corpo não obedecia aos seus comandos. Ela estava com as mãos na cabeça, estava tonta e parecia estar se recuperando da pancada. Ele tentou pegar seu celular, mas foi em vão seus movimentos novamente não obedeceram, estava tudo girando quando ele sentiu uma pequena mão em seu rosto, e com grande dificuldade abriu os olhos que pesavam bastante novamente, cobertos por algo quente e úmido. Violeta chorava e movia os lábios, mas a voz estava distante, tudo estava vago. Ele queria pedir para ela ficar calma, mas PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS como? Sua voz tomou vontades próprias e nada em seu corpo o obedecia mais. Ela o sacudia e a dor aumentava ainda mais e mais, sua cabeça doía muito, como se estivesse quebrada. Queria falar com ela, porém a única coisa que saiu de sua boca foi um sorriso cansado e um baixo e forçado eu te amo, depois disso, tudo se tornou escuridão.

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"Os encontros mais importantes já foram PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS combinados pelas almas antes mesmo que os corpos se vejam...” (Paulo Coelho)

Em uma cidade interiorana do estado de Goiás, próxima ao Distrito Federal, chamada Formosa, vive Violeta Benzotti, uma jovem apaixonada pela dança. Todos os ritmos lhe marcavam muito, procurava está sempre aprendendo um pouco de cada um deles. Sempre dedicada desde pequena a essa paixão, principalmente ao balé, uma categoria que havia lhe rendido muitos troféus e medalhas pelo passar de seus anos, mas, estava disposta a aprender sobre todas as modalidades. Ela tinha um grande sonho de integrar um grupo que sua amiga Mariana fazia parte, era um grupo muito requisitado, que já estava por muitos anos no mercado criando vários talentosos bailarinos. O grupo estava se reerguendo após anos sem ganhar uma única competição e para sua alegria iria ter uma seleção no auditório da prefeitura de sua cidade dentro de algumas semanas, e sua amiga a incentivou até que ela decidiu participar, era seu sonho e também de sua PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS família que sempre a apoiou. Passaram-se algumas semanas após a seleção e nada de sair o resultado e isso estava a deixando inquieta. Somente após um mês o resultado saiu, Violeta correu para a tela do computador ansiosa e para sua decepção inicial eram apenas duas vagas e mais de 100 pessoas haviam se inscrito na disputa. Seus olhos percorreram toda tela e viu o nome de um garoto, Ítalo Santos, e mais abaixo havia outro nome que a deixou eufórica. — Mãe! Pai! Venham aqui! — gritou com a voz embargada pelo choro, quando os dois chegaram até o quarto, estavam assustados, pensando que algo estivesse acontecendo. Ela pulou entre os dois e os abraçou. — Eu consegui passar na seleção, eu sou a mais nova integrante do grupo. — os três começaram a pular de alegria por todo quarto. — Precisamos comemorar. Que tal uma bela pizza? — Laura perguntou ao marido e a filha. — Vamos. — Respondeu os dois em uníssono. A felicidade de seus pais era visível, PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS transbordava pelos olhos deles. Laura era uma empresária de cosméticos e Camilo seu marido e pai de violeta um grande perfumista, tinha uma das maiores fábricas artesanais do estado, todos perfumes e cosméticos eram elaborados por ele mesmo. Os dois formavam um belo casal em todas as áreas, pessoal, profissional e de muita fé. — Quando você irá? — Camilo perguntou colocando um pedaço de pizza na boca. — Amanhã à tarde! Preciso me instalar, já há eventos programados. A Mari disse que o líder deles é muito comprometido e gosta de tudo muito bem feito. — ela estava contente ao ver o sorriso de orgulho transbordar no rosto de seus pais. — Rápido assim? — perguntou Laura fazendo um rostinho triste. — Vocês vão ficar todos instalados em um mesmo lugar? — perguntou preocupada e Violeta sorriu. — Não que isso seja de tudo algo ruim, só estou um pouco receosa. — Sim mãe! Irei ficar na companhia, que também é a casa do dono e líder do grupo, o Jeremias. Lá ficam todos os participantes, em quartos separados. Mari falou que é em um lugar calmo, sem bagunça nenhuma. — falou se PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS imaginando lá, estava com grandes expectativas. — Que alívio! É tão bom que seja aqui pertinho, assim podemos estar sempre que possível com você. — Camilo beijou a testa de violeta e depois os lábios de sua esposa. — Vamos registrar esse momento. — abraçou os seus pais e pediu para que uma moça ao lado registrasse com uma foto dos três aquele momento feliz e único. Ela sentia falta de um irmão, sua mãe havia ganhado um bebê alguns anos antes de seu nascimento, mas, ele acabou falecendo logo depois que nasceu. Todos evitavam falar sobre o assunto, Laura não acreditava em sua morte tão repentina, para ela não era possível ter acontecido aquilo, ele era saudável durante a gestação e quando nasceu era forte e não havia com o que se preocupar sobre sua saúde. Ela sempre acreditou que alguém havia roubado seu filho, não havia possibilidades de uma morte tão prematura. Uma mãe sabe o que se passa com seus filhos, enquanto eles viverem, dentro de seu peito haverá uma ligação incomum com um grande sexto sentido lhe cutucando. — Vamos embora! Já está tarde e PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS acordaremos cedo amanhã para comprar algumas coisas para você levar, só por precaução. — sorriu. — Não poderemos levar você, mas, estaremos lá antes que a senhorita pense em nos esquecer. — Laura brincou com a filha que sorriu com o coração apertado. — Vocês sabem que seria impossível me esquecer de vocês, nem um minutinho sequer. Eu amo vocês dois! — abraçou-os, beijou a bochecha de cada um e entraram no carro, felizes e animados. — Amanhã teremos uma reunião com um grupo chamado Hammal, são três irmãos de origem árabe, se conseguir fechar o negócio com eles, estarei mais seguro em relação aos cosméticos e ganharemos mais visibilidade dentro do mercado. — disse Camilo já chegando a casa. Ele havia produzido três perfumes especiais em homenagem aos seus três grandes amores, mas, apenas dois estavam com os homenageados. Os nomes deles eram: Laura, Violeta e Vinicius. Apenas o último ainda não havia sido entregue, pois o dono não estava mais presente. Camilo disse que iria jogar fora, pois não fazia sentido guardar algo que nunca poderia ser entregue, mesmo que PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS isso lhe machucasse, era o melhor a se fazer, não aguentava mais ver sua esposa sofrer. O perfume Laura era doce com toques cítricos, feito especialmente para a mulher marcante que sua esposa era. O perfume Violeta era suave com toques leves de âmbar retratando a doçura e leveza que ela carregava desde seu nascimento e o perfume Vinicius possuía uma mistura de lavanda com amadeirado e toda vez que Laura ia até o antigo quartinho trancado no final do corredor, o perfume invadia toda casa causando uma enorme nostalgia, ainda era possível sentir o cheiro, mesmo nunca tendo sido utilizado permanecia lá. O dia amanheceu e Violeta acordou empolgada, alegrando a casa com voltas e mais voltas, ela amava dançar, principalmente a dança contemporânea onde ela podia expressar todo seu sentimento. Ela acordou os pais, tomaram o café da manhã juntos e saíram, foram em algumas lojas comprar coisas novas para ela levar. Compraram duas toalhas, uma de rosto e uma para o corpo. — Mãe! Não precisa de tudo isso. — o exagero de seus pais a fez rir, eles sempre eram muito preocupados, cuidadosos e amorosos. — Eu PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS já tenho tudo isso! — repreendeu-os. — Vamos comprar mais algumas coisas! Leve tudo novo, assim dura mais tempo. — Camilo era muito precavido, assim que terminou de falar, puxou as duas para uma loja aleatória. Compraram até mesmo um salto, algo que ela quase nunca usava, havia alguns pares novos em casa que apenas enfeitavam a estante. Compraram também alguns pares de meias, meia calça, shorts de tecido de malha, dois collants e uma polaina, o que ela mais precisaria. Passando por uma loja, que parecia um brechó, o pai de Violeta entrou rapidamente e voltou alguns segundos depois segurando um embrulho. — Somente abra quando tiver um encontro, mas, com alguém especial! — ele sorriu, ela não tinha tempo para encontros, se dedicava muito à dança e Laura olhou para seu marido encantada. — Sei que vai reclamar e dizer que não tem interesse, apenas guarde. — Não acredito nisso papai! Estarei focada para vencer as competições e não terei mesmo tempo para me encontrar com ninguém! — sorriu vermelha e guardou o embrulho em uma sacola, PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS mesmo colocando na cabeça que não teria tempo para encontros. Seu pai sempre tinha uma pontada de razão no que falava. — Nunca se sabe! — Camilo deu-lhe um beijo na testa afirmando o pensamento dela sobre ele sempre ter razão. Voltaram para casa, almoçaram um pouco mais cedo para levá-la até a rodoviária. Quando chegaram lá, os três estavam com os olhos brilhando e se despediram com grande dificuldade. Violeta entrou para o ônibus, sentou ao lado da janela para acenar para seus pais. Sentiu vontade de descer e ficar, mas era seu sonho e o deles também, teria que aguentar a saudade e tudo mais pela frente. Assim que o ônibus entrou na rodovia ela colocou os fones e "give me love - Ed Sheeran" ecoou em seus fones. Distraiu-se olhando para fora, quando o celular parou a música e começa a vibrar alertando uma ligação desconhecida. — Alô? — atende tentando ainda reconhecer o número. — Alô! Violeta? — uma voz masculina muito bonita toma conta da sua mente e ela se esqueceu de responder. — Alô? Esse número é da PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS Violeta? — ela acorda de seu transe. — Sim, é a Violeta! — consegue responder depois de certo tempo mergulhada no som de sua voz. — Quem é? — a voz não era familiar. — Aqui é o Lewis Tyler! — o nome diferente a fez ficar curiosa. — Eu irei buscar você assim que chegar. Estarei próximo à parada dos ônibus, caso não me encontre é só ligar e permanecer perto do ônibus que eu irei até você. Tudo bem ser assim? — sua voz era firme e até amigável. — Está tudo ótimo. — ela sorriu meio boba, mas, logo desfez se sentindo uma completa idiota. — Que horas você chegará? — sua voz era estranhamente calma e desconcertante. — Acredito que em 40 minutos, não sei ao certo. — sua voz falhou e seus pensamentos estavam a traindo tentando imaginar a pessoa que estava do outro lado do telefone. Foco violeta! Pensou consigo mesma. — Estarei te esperando! — agora sua voz estava estranhamente rouca. — Até já! — se despediu e ela apenas sentiu que não queria desligar, mas como já havia repetido várias vezes PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS para si própria, precisava manter o foco. — Até já! — ela respondeu suspirando involuntariamente, decepcionada em ter que desligar. Ao terminar com as despedidas, desligaram o celular. Era estranho como a voz daquele desconhecido fez seu coração acelerar, seria a razão do seu pai começando a fazer sentido? Balançou os pensamentos e voltou a escutar suas músicas. Os minutos iam passando e cada vez mais perto ela estava de seu destino e também da voz que a intimidou e de seu dono que estava rondando seus pensamentos. O sinal ficou fechado por segundos que mais pareciam uma eternidade e quando se deu conta já estavam estacionando na rodoviária, então seu coração começou a bater um pouco mais forte que o normal, estava descontrolado, pior que batidas de bateria em um show de rock pesado. Todos começaram a se organizar para descer e ela acabou ficando por último, estava com uma mala média e outra pequena que atrapalharia sua descida. Ela desceu e ficou esperando o motorista pegar sua mala grande, para não dizer extremamente grade, exagero de sua mãe. Estava demorando bastante PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS para encontrarem sua mala, todos pegaram as suas, e ela ficou impaciente. — Moço? Você já encontrou a minha mala? — perguntou com delicadeza ao senhor à sua frente. — Sim, acabei de encontrá-la. — apontou para a mala ao fundo do porta-malas. — É esta? — apontou. — Sim, é ela. — disse aliviada. Ele desceu sua mala e a entregou para ela. Violeta esbarra em alguém ao se virar, que por sinal era bem alto, pois sua cabeça bateu em seu peito, não estava acostumada com tumultos. — Me desculpa, eu estava... — Violeta se calou ao ver o olhar marcante que o jovem carregava em seu rosto, aquele belo par de olhos pretos, tão negros quanto o ébano e brilhantes como o sol, se não estivesse tão apressada com certeza se manteria ali olhando para ele. — Distraída? — perguntou completando sua frase e abriu um sorriso maroto e espontâneo, mas não demorou muito para ele ficar sério, o que de certa maneira foi estranho. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS Ela então se lembrou de que alguém esperava por ela, em algum ponto daquela rodoviária e precisava se apressar. — Me desculpa novamente, preciso ir, estão me esperando. — saiu apressadamente, puxando suas malas toda desajeitada. Procurou com o olhar alguém que aparentasse estar esperando por ela, mas não viu ninguém. Continuou andando sem rumo por alguns minutos, até que sentiu uma mão segurar seu braço esquerdo, ela fechou seus olhos e torceu para não ser assaltada. — Abra os olhos, não vou te machucar! — ao abrir os olhos foi surpreendida pelos olhos negros de alguns minutos atrás. — Como você sai como uma louca por aí assim? Pretendia ir para onde? Eu não disse que estaria te esperando? — ainda estava sério, ela prendeu sua respiração encantada com a sua beleza e ele acabou dando um meio sorriso. — Então você é o... — foi interrompida pelo dono da bela voz. — Sim, sou o Lewis Tyler! — sorriu quando ela fez careta ao escutar seu nome, por ser PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS diferente, sabia que ela teria dificuldades com a pronúncia. — Eu não fazia ideia que era você, mil desculpas. — sua boca fez um biquinho engraçado e Lewis fixou os olhos a envergonhando. — Claro que não irei te desculpar. Eu fiquei atrás de você pela multidão evitando que você atropelasse alguém com suas malas. — ela mordeu os lábios se sentindo envergonhada e ele esboçou um meio sorriso. — Vamos? — perguntou quebrando o clima, suas pernas estavam pulsando de dor. — Vamos sim, meu carro esta logo ali à frente. — assim que terminou a frase pegou as duas malas maiores e saiu puxando elas, deixando Violeta apenas com a menor. Eles andavam fazia alguns minutos, e o logo ali à frente se tornou umas quadras à frente. — Nossa! Acho que você não tem noção de distância, estamos caminhando faz alguns minutos e não chegamos ainda. — Violeta estava ofegante e estressada e acabou soltando uma gargalhada nervosa que de início assustou Lewis. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — Na verdade eu havia me esquecido onde estacionei o carro. — coçou a cabeça. — Não quis falar, achei que estava perto, mas agora eu o encontrei. — sorriu fazendo um arco com os lábios, sem que os dentes aparecessem. Pressionou o botão e desativou o alarme do carro. Ele abriu a porta do carro colocando a pequena maleta de mão no banco traseiro e Violeta foi até o bagageiro para colocar suas malas maiores. Estava tentando abrir, mas estava travado, Lewis observava a situação, então pressionou o botão para abri-lo e quando se abriu Violeta acabou caindo sobre as malas. — Caramba! Por que você não me avisou que ele abre sozinho? — sua expressão assustada o divertiu e pela primeira vez ele começou a rir e encostou-se ao carro com a mão sobre a barriga. — Você é uma graça! Tão atrapalhada e distraída, como tem equilíbrio para dançar? — olhava voltando a esconder o sorriso enquanto estendia a mão para ajudá-la. — A dança é o meu equilíbrio! — ela falou seriamente enquanto segurava a mão estendida para se levantar. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — Vamos! Antes que o Jeremias chegue e não te encontre lá, é bem capaz dele achar que te sequestrei. — deu um pequeno sorriso forçado. — E se ele surtar coloca todas as autoridades atrás de nós. — abriu a porta do carona para ela entrar. — Você está bem? Se arrependeu de ter vindo? — perguntou ligando o carro. — Ainda dá tempo de desistir e voltar para casa. — falou ao ver ela calada e pensativa, a sua voz era suave, porém vazia. Violeta se assustou com o que escutou, ele havia decifrado seu olhar, parecia ter lido seu pensamento. Olhou rapidamente para ele tentando entender o que havia de errado nele, a cada momento ele a intrigava ainda mais. — Eu não vou desistir, nunca desisto! Não cheguei até aqui para correr do que sempre busquei, é apenas saudade. — ela abaixou o olhar irritada com a pergunta dele. — Eu te entendo. — falou sério acordando ela do transe. — Há quanto tempo você participa do grupo? — olhando para ele, Violeta sentiu uma grande mudança em sua expressão, em nenhum momento PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS ele estava aparentemente feliz, sempre sério e fechado, então ficou observando as calçadas e as pessoas andando por elas sem esperar uma resposta para a sua pergunta. — Desde a fundação, praticamente nasci dentro do estúdio. — sua expressão séria e vazia continuou no rosto, mas ao menos respondeu sua pergunta. — Hum! — foi a única coisa que ela conseguiu dizer, depois se encolheu no banco.

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"Há mais perigo em teus olhos do que em vinte espadas!" (William Shakespeare)

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PERIGOSAS NACIONAIS Durante todo caminho eles permaneceram calados, até o momento em que o estômago de Violeta resolve se manifestar com um alto ruído, Lewis olhou para ela assustado e permaneceu olhando hora para a estrada e para ela, a deixando envergonhada. — Por que está me olhando? — ficou séria e incomodada com o olhar firme e fixo dele. — Para uma pessoa do seu tamanho, o barulho que seu estômago faz é enorme. — ele deu um meio sorriso que o deixou ainda mais lindo, mas não deixava de ser um grande chato. — Não sou pequena, tenho 1,65 de altura, você que é muito alto. — resmungou sentindo seu estômago doer mostrando que estava realmente faminta. Os dois seguiram a viagem sem se olharem muito para evitar contatos, Lewis mantinha seus olhos virados em sua direção quando ela não estava olhando, achando engraçada a forma que ela havia lhe trago paz e uma estranha sensação de conforto. Alguns minutos se passaram e quando perceberam já estavam estacionando em frente a uma linda casa, que deveria ser uma das maiores daquela PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS quadra, deveria ter no mínimo seis quartos de tão grande, era possível ver uma praça algumas ruas acima e no fim da rua também havia uma sorveteria. Possuía uma aparência aconchegante e bem jovem, assim como descrita por Mariana muitas vezes, mas algo que ela nunca contou foi sobre o jovem que estava ali ao seu lado, não era possível que ele havia passado por despercebido por Mariana se praticamente nasceu na companhia. — UAU! — ela gesticulava as mãos feito uma criança ao chegar a uma sorveteria, impressionada com a variedade de sabores. — Aqui é muito lindo, melhor que a descrição da Mariana, é muito grande. Enorme! — era uma casa, com um pequeno andar atrás, o espaço era muito bem decorado, com uma fachada incrível, parecia feita por um grande arquiteto. — Sim, ela é linda, foi feita por um grande arquiteto. — mais uma vez ele pareceu adivinhar seu pensamento. — Bem vinda ao lar, bem vinda ao nosso refúgio. — mesmo sério tentava demonstrar alegria em recebê-la. — Vamos entrar, todos estão muito ansiosos para te conhecer. — pegou as malas dela e foi em direção à porta, PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS seguido por ela. Quando entraram, Violeta se surpreendeu com a recepção que prepararam, dentro daquela enorme sala havia em torno de 15 pessoas ou mais, dentre eles, ela notou uma garota de cabelos loiros se aproximando de Lewis com a cara fechada, parecia muito antipática. Assim que ela o abraçou, Lewis se afastou de imediato, estava sério e Violeta notou que gostava dele com o meio sorriso de horas atrás, pois quando ficava sério, algo aterrorizante vinha em sua mente, como se ele fosse um assassino nas horas vagas. Riu consigo mesma ao ter esse pensamento idiota. Ao olhar para onde a mulher mal encarada se encontrava percebeu que ela continuava grudada nele e não entendeu porque aquilo a incomodava, parecia está o sufocando. Enquanto todos a abraçavam, seus olhos ficaram grudados nos de Lewis involuntariamente, ele se soltou das mãos da garota e veio em sua direção, ela sentiu suas pernas vacilarem, ficou se perguntando se ele havia notado seu olhar vidrado nele. Ele possuía uma beleza misteriosa, um olhar marcante que a prendia facilmente, seu tom de pele mediano era a combinação perfeita para aqueles olhos. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — Venha! Vou te apresentar para... — antes que ele terminasse a frase alguém pulou em Violeta a fazendo desmoronar com força no chão, Lewis se assustou e com preocupação se aproximou um pouco mais para ajuda-la. — AMIGA! — O ser que a derrubou no chão era Mariana, sua amiga que gritou abraçada a ela no chão, estava muito feliz com a sua chegada. — Mari, você quase me quebrou, como quer que eu dance com as costelas quebradas? — sussurrou com a mão na barriga, notou os olhos de Lewis preocupados sobre ela, parecia tenso, apenas gargalhou fazendo com que ele desviasse o olhar, não sabia o porquê, mas, se importava, ainda mais quando ele a olhava preocupado, a sensação de ter conhecido ele antes era surreal, pareciam ter uma conexão de séculos. Elas se levantaram e continuaram abraçadas, depois Lewis apresentou-a para todos que estavam ali, um a um. Ela foi bem recepcionada por seus colegas, menos pela garota que fazia questão de ficar grudada em Lewis e de rosto amarrado sequer falou o nome, apenas olhava com impaciência, era linda, possuía um rosto angelical e olhos azuis PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS vibrantes, diferente da maioria que tinham olhos castanhos e de Lewis que tinha olhos extremamente pretos, mas, sua educação não possuía a mesma beleza. Violeta estava com os pensamentos distantes, quando Mariana a puxou até um estúdio, era impressionante, ficava no sobrado, o espaço todo era para ele, era lindo, de chão amadeirado, espelhos por todos os lados, o teto parecia uma escultura em gesso, as barras ficavam nas duas paredes ao meio e em uma grande parede grafitada próxima ao banheiro, haviam alguns armários, cada um com os nomes de cada integrante, incluindo o de Violeta e o de Ítalo, com certeza ali era o lugar mais aconchegante de toda casa. Mariana tornou puxá-la pelo braço, agora para o quarto em que ela iria ficar, estava muito animada com tudo aquilo, era uma novidade agradável, todos os quartos ficavam no andar de baixo, a ala masculina do lado direito e a feminina do lado esquerdo, sempre mantendo os limites. — Aqui é o nosso quarto você vai ficar comigo e com a Amanda. — Mariana disse apontando para uma linda garota negra, de cabelos PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS escuros e lisos, parecia ter sido pintada com tinta a óleo de tão linda. Ela estava deitada em sua cama perto da porta com um sorriso tímido e amigável, com um aceno cumprimentou Violeta. — Seja bem vinda! — sua voz era calma, ela se levantou e abraçou Violeta. — Obrigada! — disse empolgada. — Será um prazer dividir quarto com vocês, acredito que nos tornaremos grandes amigas. — a garota concordou com um movimento rápido de cabeça. — Lett? Venha aqui, quero te apresentar uma pessoa, o Ricardo. — Mariana gritou já ao lado de fora do quarto. — Ele é uma pessoa que estou conhecendo. — Calma Mari, você está indo muito rápido eu acabei de chegar, ainda teremos muitos dias. — tentava acompanhar sua amiga alguns centímetros menor que ela, de corpo recheado de curvas, bumbum e seios avantajados, com cabelos loiros claros naturais e cacheados, era linda e não havia ninguém para provar o contrário. Seus olhos eram de cor mel e revelava de longe sua personalidade. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — Ei! Calma, pare de me puxar! — Violeta estava rindo até cruzar com a garota que tanto a encarava desde que chegou. — Quem é ela? — apontou discretamente para a garota que agora estava de costas. — Ela se chama Pamella, quase sempre está com a Luana na cola. — apontou para uma garota baixa ao lado de Pamella. — Ela é uma das melhores bailarinas aqui da companhia, sempre tenta se destacar, e até onde sei ela é namorada do Lewis, faz um bom tempo que ela está aqui. — nesse momento ao escutar que ela namorava Lewis, Violeta sentiu o coração disparar. — Na verdade, eu acho que é ex, não sei! Ele a ignora bastante, quase ninguém sabe sobre sua vida pessoal. O Lewis sempre foi muito fechado, porém, ultimamente ele está ainda pior até com o Jeremias ele tem discutido. — a curiosidade era tamanha, mas, se conteve aquilo não era de sua conta, não tinha nada haver com isso. Gostava da paz que sua vida possuía, não queria problemas logo agora que havia conseguido alcançar o início de seus sonhos, na testa desse garoto estava escrito PROBLEMA com letra PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS maiúscula e em negrito. Apesar de tudo, ele conseguiu deixar uma formiguinha da curiosidade andando dentro da cabeça dela. — Acho que ela não gostou muito da minha chegada, me olha com desdém e sequer me cumprimentou. — disse intrigada. — Não se preocupe você não está sendo privilegiada, ela não gosta de ninguém. Agora venha! — puxou Violeta pelos braços mais uma vez. — Ela é obcecada pelo Lewis, talvez ela se sentiu ameaçada com a sua chegada. — falou enquanto a conduzia por um corredor. As duas entraram rindo em uma sala que parecia um mini cinema, lá eles assistiam filmes, faziam reuniões, etc... Assim que entraram a primeira pessoa que os olhos de Violeta encontraram foi Lewis conversando distraidamente com o Ítalo e um garoto que ela não havia visto entre os outros quando chegou. Mariana apresentou Ricardo para ela, um cara entediante, ficaram conversando um pouco e logo já mostrou sua desaprovação por ele, não conseguia ver nenhum sinal de interesse da parte dele. Lewis olhava sério de longe, parecia saber exatamente o efeito que eles PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS tinham e o quão intensos eram. — Quem é ele? — Violeta perguntou se referindo ao rapaz que sorria próximo a Lewis. — Me parece tão familiar, será que já o vi antes? — não desviou seus olhos deles estudando seus pensamentos anteriores, mas não se lembrou de onde. Pensou está louca e sorriu, com Lewis foi a mesma sensação. — Ele se chama Augusto. Tão lindo, não é? — Mariana falava com brilho nos olhos e um sorriso de orelha a orelha. — Ele está há muito tempo aqui senhorita brilho nos olhos? — sorriu ao ver Mariana suspirando pelo garoto à frente. — A senhora me apresentou o Ricardo por qual motivo? — Ele sempre fez parte do grupo, saiu e voltou faz seis meses. — despertou de sua transe e ficou olhando para Violeta, pensativa e fez uma pergunta. — O que você achou do Ricardo? Faz duas semanas que estamos nos conhecendo. — Não gostei dele. — falou sinceramente. — Gosto mais dele. — ergueu as sobrancelhas em desafio e sorriu. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — Para! — ficou envergonhada. — Como assim não gostou Lett? — estava confusa, era difícil ela não gostar de alguém. — Não sei te explicar, ele é estranho, não vejo vocês dois juntos, não há química. Desculpa, mas... Foi interrompida por Lewis que surge com o garoto sorridente, fazendo Mariana suspirar nervosa, ele era ainda mais bonito de perto, seu sorriso era acolhedor, diferente de Lewis que mantinha sua boca cerrada, e os olhos firmes e duros. — Oi meninas! Quero apresentar o meu amigo, ele estava no supermercado quando chegamos. Meu irmão, Augusto Florença. Mariana já o conhece. — Mariana ficou vermelha e riu timidamente deixando Violeta intrigada com tal comentário. — E Augusto, essa é Violeta nossa recém-chegada. — eles ficaram se olhando, além de familiar, ele era lindo, cabelos cor de mel, olhos castanhos, pele em um tom médio claro e sorriso meigo. — Prazer conhecê-lo Augusto. — ela estendeu a mão empolgada e sorriram juntos. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — Prazer em te conhecer Violeta, ouvimos sobre você a semana toda desde que o Jeremias falou o resultado, Mariana não conseguiu se segurar. — ele olhava para ela com carinho, era agradável está ali, mas, logo desviou o olhar para onde Mariana estava e deu um pequeno sorriso. — Como já deve saber, essa é a Mariana, porém, peço que voltem mais tarde, pois no momento ela está perdida no planeta dos macacos. Quando ela retornar, sei que terá muito que falar. — Lewis falou e eles acabaram rindo a fazendo enrubescer. Violeta olhava Lewis sorrindo abobalhada e ele fixou o olhar nela com um meio sorriso fazendo ela se esquecer como se respira, aqueles olhos carregavam um poder enorme sobre os seus. Augusto e Violeta conversavam como se já se conhecessem há anos, sorriam e falavam sobre futuros sonhos, lugares que almejavam ir através da dança. — Nós temos alguns passos da coreografia que estamos montando. Você quer dá uma olhada? — disse sério, porém carregava um esboço de sorriso em seus lábios. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — Acho melhor não, estou um pouco cansada da viagem, quero me sentar. — falou um pouco grosseira e os olhos negros de Lewis ficaram ainda mais duros. Augusto e Mariana se assustaram, mas preferiram ficar calados. Os dois ficaram se olhando por breves segundos que pareciam eternos no meio daquele silêncio, estavam conectados por um cordão invisível. Violeta dava respiradas entrecortadas, seu coração estava batendo muito forte, mas, ela decidiu que não ia se aproximar dele, ele certamente era um problema e ela precisava focar na dança se quisesse se destacar e alcançar seus objetivos. Lewis desviou o olhar e saiu seguido por Augusto que se despediu das duas com um meio sorriso e uma piscadela. Mariana a olhou com reprovação, Violeta revirou os olhos e saiu deixando-a para trás. — Me espere Violeta Benzotti Lacerda! — ela então parou ao escutar seu nome sendo pronunciado por completo, seus olhos de um castanho claro brilhavam, seus cabelos eram médios e ondulados com contrastes avermelhados, sua pela era amendoada, tinha um corpo magro PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS com músculos definidos, que ficavam ainda mais visíveis quando ela ficava enrijecida. — O que foi? — continuou olhando para frente ereta. — Não adianta fechar a cara, te conheço muito bem, sei até quando respira diferente. — se colocou de frente para Violeta examinando-a. — O que foi aquilo? Agiu de forma grosseira com uma pessoa, você não é assim e não minta, eu te conheço. — falou olhando com a mão em sua cintura e com a cabeça levemente erguida para o alto e Violeta sorriu. — Está rindo de que? Não estou rindo, estou séria, olhe para este rosto zangado. — fez uma careta e acabou rindo. — Você quando está brava parece um pinscher. — caíram na gargalhada. — Baixinha e rechonchuda. — riu. — Não adianta mudar o assunto, não vou esquecer até que me responda. — continuou parada esperando uma resposta. — Você não vai desistir né? — perguntou mesmo sabendo a resposta. — Claro que não! — disse séria. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — Apenas não quero me envolver em confusão, você sabe como lutei para estar aqui, como você mesma disse. Terá uma competição em breve, não posso me distrair. — sorriu calorosamente, sabia que suas palavras não convenceriam tão fácil. — Ele tem o nome de confusão e eu sinto que tudo isso são os céus conspirando a favor do meu pai. — disse por fim com um sorriso cansado, e sem ouvir o que Mariana iria falar saiu passando por algumas portas, até encontrar uma que levava para um jardim, muito bem cuidado. Viu um banquinho de madeira pintado de branco, cercado de plantas abaixo de um pé de manga e se sentou nele. Ficou olhando encantada para o céu que agora já estava com um tom escuro e pontinhos brilhantes começavam a surgir por ele, nesse momento sentiu falta de seus pais, eles sempre olhavam o céu juntos, sua mãe sempre a observava dançar na varanda ao entardecer lhe dando motivação e mostrando o orgulho que sentia. Algumas lágrimas brotaram e saíram rolando pelo seu rosto sem piedade deixando-a sem ar, não era assim tão fácil ficar longe deles. Parecia simples, mas não era fácil sair da casa dos pais e ir morar PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS com pessoas desconhecidas. — O que você tem? — a voz que surgiu atrás dela a assustou, foi pega de surpresa e de olhos encharcados. — Augusto? O que você faz aqui? — limpava as lágrimas esperando a resposta dele. — Vi você vindo nessa direção e quis ver o que estava acontecendo, espero que não seja nada demais já que seus olhos estão vermelhos. — ele ia andou vagarosamente até parar de frente para ela e vê-la claramente. — Você deve está me achando uma idiota, mal cheguei e já estou jogada em um canto chorando. — sorriu e abaixou a cabeça. — Claro que não acho isso. — ele se abaixou e levantou sua cabeça com as mãos e fez com que ela o olhasse. — Você tem todo direito de chorar, deve ser difícil ficar longe de casa, te entendo, serão dias de lutas, dores, tristezas e também de doces vitórias. — sua voz era meiga e muito calorosa fazendo seu coração se encher de carinho. — Sente-se aqui. — ela bateu no espaço vago ao seu lado. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — Claro! — se sentou no banco e continuou olhando-a. — Me conte, por que está assim? — ela balançou a cabeça positivamente. — Então conte mocinha. — puxou a cabeça dela para seu ombro, ela se assustou de início, mas sentiu uma enorme paz logo em seguida, uma boa sensação de estar em casa. — Estou com saudade de casa, sempre nesse horário eu dançava uma música para minha mãe e meu pai, eles ficavam tão alegres, sem eles aqui tenho medo de não conseguir, eles sempre me apoiam com bons conselhos. Mal cheguei e já estou assim. — ela soluçou e deixou algumas lágrimas caírem. — É sempre assim no começo, mas você vai se acostumar não se julgue. Logo você vai se acostumar, ainda mais com pessoas maravilhosas como eu aqui para lhe auxiliar. — arrancou um sorriso dela e também sorriu. — O Jeremias é um excelente profissional, não apenas um líder há algo paterno nele. Ficaram ali em silêncio por um bom tempo, aquele gesto confortou muito Violeta, sabia que ele estava certo e precisava se conformar a vida às PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS vezes exige algumas medidas, algumas escolhas e ela havia feito a sua, mesmo que chorasse não poderia desistir, era sua paixão e seus pais haviam investido muito para que ela pudesse está lá. — Ei? Fica calma! Mesmo longe sei que eles estão aqui. — ele apontou para seu peito. — Vão ser seu apoio sempre, temos o celular, você vai poder falar com eles a todo o momento. — olhou-a com carinho e ficou em silêncio. — O que houve? Falei algo errado? — estranhou seu silêncio repentino. — Você também sente falta de seus pais? De sua família? — sua pergunta saiu de forma inocente, focou seus olhos nos dele e ele abaixou o olhar após a pergunta. — Me desculpa eu não queria... — foi interrompida. — Não, está tudo bem, eu sinto muita falta e entendo como se sente. — sorriu e olhou alguma coisa em seu celular. — Vamos! O Jeremias já deve ter chegado. — Vamos! — se levantou animada. Os dois entraram de braços dados, parecendo duas crianças após fazerem algo errado, estavam rindo quando se depararam com a expressão séria e PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS os olhos escuros de Lewis e o sorriso enorme de Jeremias ao vê-la. — Vejo que os dois já estão se dando muito bem, estou gostando de ver, essas amizades que determinam a união do grupo e nos proporcionará vitórias. — disse apontando para Ítalo e Violeta os novatos do grupo. — Sejam bem vindos! Estava ansioso pela chegada de vocês, pude ver apenas aquela pequena apresentação e para ser sincero, foi incrível. — deu um abraço em Violeta, em Ítalo e bagunçou o cabelo de Augusto. — Obrigada capitão! — Violeta ironizou e Jeremias soltou uma gargalhada esganiçada, já estava completamente confortável ali após a conversa com Augusto. — Nossa! Você rindo é horrível, melhor ficar sério. — Augusto brincou e Jeremias deu-lhe um peteleco e riu na careta que ele fez. Augusto se sentou no sofá e Violeta fez o mesmo, estava tentando ao máximo mantê-la bem, queria que ela se sentisse acolhida. Ficou calado, olhando fixamente para onde Mariana conversava com Ricardo, estava sério diferente do garoto sorridente apresentado no início. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — Está apaixonado é? — Violeta o provocou e riu em seguida, não sabia que a resposta que viria em seguida seria tão séria. — Só acho que ela está perdendo tempo com um cara como ele. — suspirou e voltou a observar. — Ela é linda, divertida, alegre e mandona na maioria das vezes. — desviou o olhar para Violeta. — Sabe quando estávamos lá fora? Aquela pergunta que você me fez? — Violeta se lembrou do momento em que falavam de família, mas, se sentiu uma invasora o fazendo falar sobre algo tão pessoal, sendo que eles se conheceram há poucos minutos e confiança não é algo que se distribui gratuitamente. — Sim, se não quiser falar, tudo bem. — estava um pouco incomodada por ter feito a pergunta, ela sempre fazia perguntas que se arrependeria depois. — Não! Acho que será bom te falar, expulsar algumas palavras às vezes faz bem. — balançou a cabeça em negação e logo colocou um sorriso no rosto. — Bem, eu não tenho família, aliás, a minha família é o Lewis, o Jeremias e todos que estão na companhia. Sou adotado, minha "mãe"... — disse PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS com desdém. —... Ela só me adotou para prender meu pai, um homem doce e cuidadoso, ele era dono de uma pequena empresa de alimentos que estava prestes a ganhar visibilidade com as empresas maiores. — seu olhar ficou distante, o assunto parecia o abalar. — Não precisa continuar, em outro momento falamos. — passou a mão em seus cabelos mostrando compreensão, imaginou como deveria ser doloroso aquele assunto para ele, se ela o fizesse continuar que tipo de ser humano seria? Não queria invadir um espaço tão delicado, ela também possuía assuntos sensíveis. — Obrigada. — beijou-lhe as mãos com agradecimento. — E você? — sorriu e ela não entendeu aquela pergunta, ou fingia não entender. — E eu o que? — arqueou as sobrancelhas fingindo não entender mais uma vez. — Já está apaixonada pelo Lewis? — afundou a cabeça no colo dela e respirou fundo relaxando quando ela afagou seus cabelos, que pareciam plumas de tão macios. — Os seus olhares com os deles mostram mais do que vocês imaginam, quem está por fora ver bem melhor. Não há pecado se PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS apaixonar á primeira vista. Há pecado em esconder que aconteceu uma grande química entre vocês. — A Mariana é realmente incrível, ela é tão decidida. — mudou o assunto, não queria fala sobre Lewis. — Não mude o assunto. — fez cara feia. — Eu vi os olhares que vocês trocam, da lua é possível ver. — sorriu provocando-a. — Não estou mudando o assunto e não estou apaixonada por ninguém, nem pretendo está, estou focada nas competições. — explicou mesmo sabendo que o jovem misterioso havia mexido com ela e que Augusto estava certo sobre o que falava. — Você parece interessada. — sorriu maliciosamente e Violeta arregalou os olhos. — Para com isso, ele tem namorada. — fechou a boca dele com as mãos, queria evitar que o assunto se espalhasse. — Está bem, parei. Mas saiba que ele é completamente solteiro, sozinho, disponível, a espera de um grande amor, a sua espera — falou entre as mãos dela e os dois caíram na gargalhada. Ela tirou as mãos e ele beijou-lhe a testa e se PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS assustou ao escutar uma tosse atrás deles. — Lew meu irmão, que susto! — falou gargalhando com a mão em seu peito e Violeta olhou assustada com medo dele ter escutado o que eles estavam falando. — Estava fazendo algo de errado Guto? — sua expressão vazia e fria estava presente, mesmo assim Augusto sorria carinhosamente para ele, como se não o afetasse com o jeito frio dele. — Não! Apenas estava conversando com esta garota chata que não larga do meu pé. — bagunçou os cabelos dela e saiu deixando os dois sozinhos. — Ele é um menino ainda. — ela falou tentando quebrar o clima tenso que estava presente ali. — Ele é divertido, essa maneira que ele leva a vida é encantadora. — sua expressão suavizou, pela primeira vez conseguiu detectar carinho na voz dele e ele deu um breve sorriso de lado, mas, logo o retirou e voltou para sua escuridão. Era exatamente isso que mexia com ela, o mistério que ele tinha exalando de seu corpo. Os dois ficaram se olhando por minutos incontáveis, ele era lindo quando dava um meio PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS sorriso, ela então ficava imaginando como ele seria com um sorriso completo em seu roto, com certeza bem melhor que quando estava sério. Os olhos dele eram misteriosos, porém, conseguiam ser doces e gentis, tudo que o envolvia era sempre um mistério, muito difícil encontrar respostas em seus olhos e no mesmo momento conseguiam ser solidários e carinhosos. Perderam a noção dos minutos, até que Pamella aparece o abraçando por trás e novamente a expressão dele se endurece incomodado com a presença dela. — Estava te procurando, você disse que ia voltar lá para o quarto e sumiu. — falava olhando para Violeta que saiu vermelha por está trocando olhares com ele momentos antes. Lewis fez menção de ir atrás dela, mas, foi impedido por Pamella. — Aonde você pensa que vai? Eu acho melhor você se afastar dela. — disse em tom de ameaça. — Nós não temos mais nada. Não sou propriedade sua. — ele se soltou e foi na direção de Violeta que conversava com Mariana. Só que Jeremias entrou com um mini carro, chamando a atenção de todos e atrapalhando Lewis que parecia incomodado com o que havia acabado PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS de acontecer. Jeremias estava radiante e todos riam, apesar dos momentos em que ele puxava a orelha de todos ele era muito engraçado. Violeta gargalhava com aquela novidade, era divertido e ela começou a se sentir em casa, mais liberta e à vontade. Ela havia ligado para sua mãe, conversaram bastante e agora estava mais leve, eles sabiam sempre o que fazer ou falar para deixa-la bem. — Quero todos os porquinhos indo para o banho e depois venham para o jantar, depois teremos um ensaio para familiarizar nossos novos integrantes. Beijos no coração de cada um. — saiu manobrando o pequeno veículo, enfatizando sua última frase, riram e depois todos começaram a correr para os quartos, todos os dias eles brigavam pelo banheiro. — Vamos Lett? Você precisa de um banho urgente. — Mariana fez careta e as duas riram. — Quem chegar por último limpa o banheiro. — foi em direção ao quarto correndo e Violeta simplesmente aceitou o fato de que sobraria para ela de toda forma. Para a sorte das duas, Amanda já havia PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS tomado banho, então Mariana entrou rapidamente para o banheiro, só restava Violeta para tomar um bom banho quente e lavar todo cansaço e o banheiro. Nesse tempo, longo tempo que Mariana ficou dentro do banheiro, Violeta não conseguia tirar a imagem de Lewis da cabeça, os olhos e a sua voz firme. Depois de horas, Mariana resolve sair, abrindo espaço para que Violeta pudesse entrar e 15 minutos depois ela sai lentamente. Abriu sua mala que ainda não havia sido desfeita, pegou seu collant preto, um short de malha preto e uma camiseta branca folgada o bastante para lhe dar conforto. Deixou seus cabelos cheio de ondas molhado, passou seu perfume e puxou bastante o aroma para se lembrar de seu pai. Saiu apressadamente rumo à sala, sem observar o que poderia acontecer ao correr por um local onde muitas pessoas habitam. Acabou esbarrando com Lewis que estava parado no corredor perto da parede arrumando um quadro, terminaram no chão, com Violeta debruçada por cima dele. — Caramba, sua cabeça acertou a minha. — falou segurando ela pela cintura. — Que cabeça PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS grande, quase quebrou a minha. — bufou. — Ai! Desculpa! — se levantou com a ajuda dele e depois o levantou. — Eu juro que não vi, desculpa mesmo. — passava a mão pela cabeça dele preocupada e depois deu um peteleco. — Minha cabeça não é grande, foi o impacto da nossa batida. — fez um bico engraçado e ele se segurou para não rir. — Aí! — passou a mão no lugar em que Violeta havia acertado com seus dedos pequenos, mas, fortes. — Como consegue ser tão desengonçada? — dessa vez sua risada mostrou todos seus dentes, uma risada que fez o coração de Violeta perder os compassos, ela ficou enrubescida, não sabia que ele poderia possuir um sorriso tão lindo e desconcertante. Ele puxou o ar para dentro de seu peito com força e fechou os olhos. — Que cheiro é esse? É muito bom. — parecia embriagado com o cheiro. — É o perfume que meu pai fez para mim. — estendeu o pulso para que ele sentisse o cheiro melhor. — É bom? As melhores homenagens dele vem através dessas fragrâncias, onde ele consegue arrancar não só a essência dos ingredientes como PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS das pessoas. — ouvi-la falando daquela forma prendeu toda a atenção dele. — É simplesmente maravilhoso, seu pai é um artista, um perfume suave e uma filha linda, combinação perfeita e perigosa. — suspirou e fixou as suas duas jabuticabas nela deixando-a sem jeito. — Perigosa por quê? — buscava entender o uso daquela palavra — O coração de quem sente seu perfume e admira sua beleza pode acabar parando. Isso seria uma fatalidade, espero que o meu suporte por muito tempo. — mesmo com o rosto franzido deixou um sorriso marcar seu rosto naquele momento, não sabia o que estava fazendo, quando deu por si as palavras já haviam escapado, estava tentando provoca-la e acabou falando mais do que devia. — Vamos jantar, estão nos esperando e pelo jeito falta apenas nós dois. — virou as costas e saiu na frente um pouco confuso com as próprias palavras assim como Violeta estava. Entraram na sala onde ficava uma enorme mesa com muitas cadeiras, com certeza foi feita especialmente para aquele grande grupo. Todos ficaram olhando os dois desconfiados, Lewis então PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS se juntou a Augusto e Violeta sentou-se ao lado de Mariana que estava distraída ao celular, aquele contato que eles estavam tendo não era bom, precisava se policiar. Sentada ao lado de Mariana, ela se virou de frente para ter uma visão ampla e colocou suas mãos na cintura, avaliando a expressão despreocupada dela. — Por que não me esperou? — semicerrou os olhos, para a garota cínica que estava olhando para ela fingindo não entender o que ela estava falando. — Você demorou muito, eu estou com fome. — fez cara feia e Violeta acabou rindo com a frase que foi dita. — Você ficou quase duas hora e eu quem demorei? — fez a pergunta sem esperar por respostas. Ficou olhando para o nada, pensando em como Lewis conseguia confundi-la, uma hora doce, gentil e em outro momento grosso, misterioso e sério. Nunca conseguiria acompanhar aquela mudança e também não pretendia, não fazia ideia de como pensava tanto nele, não fazia sequer 24 horas que haviam se conhecido, só podia ser o destino a fazendo pagar sua língua. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS Se levantou e foi até o jardim para ligar para sua mãe novamente, depois do terceiro toque, a voz dela surge com um alô amoroso que fez seu coração se encher de saudades de casa. Nos primeiros dias teria que ligar inúmeras vezes para eles, assim, aos poucos a ideia de que havia crescido começaria a se encaixar em sua cabeça. — Oi mamãe! — sua voz soou emocionada. — Oi minha filha, está tudo bem? Sua voz está tão triste, aconteceu algo né? — o carinho pela filha era evidente em sua voz, assim como a preocupação. — Ah mamãe, aqui é ótimo, as pessoas são maravilhosas, só que estou sentindo falta de casa, saudade de vocês, nós nunca ficamos longe um do outro. Tenho medo de não conseguir. — fez-se um silêncio por breves segundos, Laura talvez estivesse buscando palavras confortantes como sempre fazia. — Você se lembra de quando te levei a primeira vez para a aula de balé com a professora Suzi? Você estava tão empolgada, até chegar lá e eu voltar para casa. — Violeta sorriu ao se lembrar da cena. — Você chorou bastante aquele dia, não queria ficar lá, então eu te busquei e em casa, PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS quando estava mais calma você se arrependeu de não ter ficado, pois suas coleguinhas aprenderiam mais coisas que você. Pediu para ir novamente, te levei no dia seguinte, você fez seu melhor e se tornou destaque no grupo. — os olhos dela ficaram encharcados com a lembrança e com as palavras de sua mãe. — Eu me lembro, quando chegamos em casa fiquei aflita, pensava que não era capaz, mas senti que deveria tentar, mesmo que eu falhasse. — as cenas vinham em suas lembranças e não eram más, eram ótimas. — E você tentou, eu mal deixava você na porta e já se despedia, para não se atrasar. — Laura sorriu. — E agora você tem medo de não conseguir? Você nunca desistiu de nada, sempre foi até o fim, persista em seus sonhos meu amor, nós estamos aqui e logo vamos ir te ver. — o incentivo de sua mãe era tudo que ela precisava ouvir naquele momento. — Eu não vou desistir isso aqui é apenas o começo dos meus sonhos. — as duas ficaram conversando por alguns minutos. Violeta contou sobre Lewis, sua mãe sorriu alto e chamou Camilo PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS para contar sobre o interesse de sua filha, rapidamente ela mudou o assunto e contou sobre seu novo amigo. Augusto. — Ele é um garoto maravilhoso mãe, cuida de mim, sempre carinhoso e paciente. — em sua voz havia carinho ao falar dele. — Queremos conhecer ele e persista, queremos ver suas medalhas. — Camilo gritou antes de desligar o celular. Violeta decidiu voltar logo, pois todos já estavam à mesa, um pouco constrangida pela demora, seguiu para lá novamente, quando chegou todos olharam para ela, restava apenas um lugar entre Augusto e Lewis, ela se moveu vacilante até o assento, todos sorriam amigavelmente, menos Pamella e Luana que faziam questão de olhar para ela com desdém, visivelmente irritadas com a presença dela. Uma mulher diferente estava à mesa, muito bonita, pela marrom, cabelos castanhos até a altura dos quadris, olhos cor de mel, quase verdes, pareciam uma mistura e tinha um sorriso doce, era a esposa de Jeremias, Caterine. Ela arrumou a mesa, e antes de começarem a se servir, Jeremias fez a oração, como já era de costume e ela notou PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS em uma de suas aberturas de olhos para espiar que Lewis não fechou os olhos, mas, aguardou até o término da oração respeitosamente. O jantar foi servido, tudo muito simples, saudável e saboroso, ao colocar um pouco de brócolis para Violeta, Caterine sorriu e lhe cumprimentou. — Seja bem vinda, fiquei sabendo pela Mariana que você é uma ótima bailarina. — seu sorriso era sincero. — O Jeremias te elogiou muito também. Para o que precisar, estarei aqui, serei sua melhor amiga ou uma mãe. — Violeta deixou o maior de seus sorrisos em seu rosto, ficou feliz com a aproximação dela, aos poucos ia se sentindo locada, como se já pertencesse a companhia por muito tempo. — Você demorou em? Eu já estava para te buscar, estava morrendo de fome. — Augusto falou de boca cheia e recebeu um soco no ombro. — Enquanto não estiverem todos sentados à mesa, ninguém come. — justificou sua reclamação. — Eu estava conversando com minha mãe, agora estou bem melhor, ela me acalmou. — seus olhos estavam fixos nos deles, buscando talvez entender essa amizade que estava crescendo entre PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS eles. — Que bom! — ele falou um pouco triste e ela entendeu e logo desviou o foco do assunto. — Agora tenho vocês. Minha segunda família. Meus dois irmãos. — apontou para Mariana e para ele sorrindo. Mariana estava distraída quando olhou para frente e notou uma cena engraçada, ela não acreditava no que estava vendo, Augusto e Violeta conversavam de boca cheia, mas, se batiam quando viam o outro cometendo a gafe. — Mari? Me passa a jarra de suco por favor? — pediu com um enorme sorriso. — Eu pego! — Pamella se ofereceu e com um sorriso cínico estendeu a jarra na direção de Violeta que sorria contente pelo gesto agradável e repentino dela, alguma coisa dentro dela pedia para que não confiasse, mas, precisava acreditar, pelo bem da sua carreira. Faltava uma pequena distância, alguns poucos centímetros, quando Violeta estende suas mãos para pegar e Pamella soltou a jarra antes que ela pudesse pegar. A jarra se quebrou molhando PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS Violeta por completo, e um dos cacos acabou fazendo um corte no punho esquerdo de Violeta. Todos olhavam pasmados, sabiam do que ela era capaz, mas nunca imaginaram que ela faria aquilo. — Nossa! Como sou desastrada, me desculpe, pensei que já havia pegado. — fingiu espanto e culpa em suas palavras, enquanto pelos seus olhos saiam faíscas de alegria. Não havia percebido que seu ato havia a machucado. — Está tudo bem. — Violeta segurou o nó em sua garganta, tranquilamente saiu sem terminar seu jantar e foi para o quarto, estava constrangida com o que aconteceu, mesmo não sendo sua culpa, seu punho doía e sangrava bastante. Não quis que nenhum deles ajudassem alegando está bem. — PAMELLA! — Jeremias lhe repreendeu. — Trate de buscar um pano para limpar essa bagunça. — ela fingiu está triste e se levantou parando ao lado de Lewis. — Pobre moça! — sua voz era irônica. — Tão desastrada, não vai durar muito tempo por aqui já que não tem competência para me superar. — deu uma breve risada. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — Fica longe dela. — falou nervoso e se levantou, quando ela tentou impedir. — Não torne as coisas mais difíceis, você não era assim, o que lhe deu para machucar as pessoas. — encarou-a. — Onde você está indo? — aquela frase já havia se tornado um hábito, ela apertou o braço dele irritada, depois notou algumas gotas de sangue e entendeu porque todos ficaram irritados. — Para bem longe de você. — saiu rumo aos quartos, deixando ela sozinha e todos olhavam desaprovando sua atitude, até mesmo Luana olhou para ela com reprovação. Todos se levantaram e deixaram-na sozinha para limpar a sujeira. Violeta foi diretamente para o banheiro e ficou sentada no chão, olhando para o nada pensativa. Ela sabia que ia ser difícil, mas não ia desistir, prometeu para sua mãe e seu pai. Tomou um banho demorado dos pés até a cabeça após chorar por alguns minutos. Lewis estava passando e viu a porta aberta, entrou na esperança de se desculpar, porém, não havia ninguém no quarto, decidiu procurá-la no jardim, talvez ela estivesse tomando um ar fresco. Deu meia volta, quando a porta do banheiro se abriu e ela saiu com um pijama amarelo PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS e o rosto vermelho, entregando que ela havia chorado. — O que você está fazendo aqui? — sua voz estava rouca e trêmula. — Fiquei preocupado e vim ver se está tudo bem. — seus olhos estavam fixos nela, avaliando cada expressão, cada detalhe, estava realmente preocupado com ela. — Estou bem, agora saia, por favor. — apontou em direção à porta. — Você está machucada, me deixa ver isso. — se aproximou para pegar seu pulso e analisar. — Eu já disse que estou bem, agora saia daqui. — suspirou irritada. — Você não quer que eu vá. — afirmou sério. — E mesmo que você me mande sair outra vez gritando, batendo, eu não irei sair. — Ele continuou sério perto do batente da porta, mantinha os olhos concentrados nela, não sabia o que estava fazendo, muito menos o que seu coração estava sentindo, mas, sempre foi muito impulsivo para abrir a mão naquele momento. Ela olhou para ele com aqueles grandes olhos PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS marejados, sem nenhuma expressão, parecia cansada e ele se aproximou colocando as duas mãos sobre seu rosto. As lágrimas já rolavam, mal havia começado e tudo estava lhe deixando triste. — É melhor você ir. — seu olhar era triste. — Não quero ter que tomar outro banho. — olhava para seus pés, evitando qualquer contato que fosse com seus olhos. Sua boca proferia aquelas palavras, mas, seu coração gritava para que ele continuasse ali, mesmo que em silêncio, apenas devolvendo a estabilidade que ele havia tirado de seus pés. — Você não quer que eu vá, sua boca diz uma coisa, mas, seus olhos dizem outra. — sua mão fazia carinho em seu rosto vermelho. Ela fechou os olhos e apenas sentiu, parecia ter perdido todo aquele peso anterior naquele momento. Ele abraçou-a e foi envolvido pelos braços involuntários dela, que descansou a cabeça em seu peito e ele respirou fundo, sabia que era culpado por aquilo de certa forma, tentaria se afastar dela depois, mas, naquele momento seria seu conforto e cuidaria de sua ferida. Ela se soltou do abraço e se deitou na cama, sentia muita dor de cabeça, assim que se deitou PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS sussurrou que precisava descansar, não queria ficar doente por coisas tolas. — Fique quieta ai, vou avisar o Jeremias e pegar algo para que coma, um remédio e alguma coisa para passar nessa ferida. — foi em busca de Jeremias que para sua sorte estava sozinho na cozinha terminando uma ligação. — Oi, a Violeta não vai poder participar do ensaio hoje. — disse sério. — O que houve? — ficou preocupado. — Quer leva-la até o hospital? A ferida foi grave? — Estava preocupado. — Ela não está se sentindo bem, ficou deitada. — Jeremias olhou para ele desconfiado notando uma breve diferença nele. — O que foi? — não entendeu aquele olhar firme nele. — Lew, por acaso, você está interessado nessa garota? — ainda havia desconfiança em sua voz, tentava encontrar explicações para aquela preocupação dele. — Você nunca se importou com as pessoas a ponto de cuidar delas e agora está assim com ela. — Não! — disse assustado e sua voz saiu alta PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS e grave. — Na verdade, não sei. Nunca me senti assim, de certa forma é algo novo, me sinto deslocado, pois, eu estou cuidando de uma ferida que eu mesmo fiz. — respondeu sinceramente, essa era uma de suas qualidades que Jeremias mais admirava. — Apenas sinto vontade de ficar perto dela e continuar sentindo esse conforto, ela acalma esse furacão que existe aqui dentro. — Jeremias sorriu ao escutar aquilo. — Apenas tome cuidado, você já tem cicatrizes profundas, não faça ela ter também. Agora ande logo, vá ver se ela está bem e leve um remédio. — deu dois tapinhas leves em seu ombro e saiu. Lewis preparou um sanduíche leve, pegou um copo de suco e um pedaço do pudim de leite para Violeta e levou. Assim que chegou ela estava dormindo, tão inocente, tão vulnerável, ele sentiu vontade de protegê-la, até mesmo dele. De seu passado. Do seu presente e até mesmo do seu futuro incerto. Se sentou na cama de Mariana e ficou esperando ela acordar, com os olhos fixos nela, tentava entender o que havia de especial naquela criatura chorona que dormia a sua frente. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS Enquanto pensava fez o curativo rapidamente e voltou para a cama de Mariana. Ela tinha algo que prendia toda atenção dele, uma doçura e ao mesmo tempo uma fera indomável dentro dela diferente de todas mulheres que já teve contato antes. Ela abriu os olhos e ficou olhando para ele que tinha um esboço de sorriso no rosto que foi logo desmanchado ao perceber que ela estava acordada. — Você ainda está aqui? — se alongando perguntou o óbvio. — Eu disse que ia ficar. — estendeu a bandeja para ela. — Aproveitei para trazer esse lanche, já que não jantou. — sorriu e deu-lhe também o remédio e ela lhe olhou fixamente sorrindo. — O que foi? — ficou curioso com o sorriso que ela havia dado. — Seu sorriso. — pegou a bandeja. — É lindo! Prefiro ele, quando você está sério me deixa assustada. — mordeu um pedaço do sanduíche e notou que ele olhava fixamente para ela. — Prometo sorrir mais. — sorriu e olhou com carinho para ela. — Obrigada por ter cuidado de mim e não ter PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS ido embora quando pedi que fosse. — agradeceu depois de ter dado mais uma mordida no sanduíche. — Farei mil vezes mais, quantas vezes for preciso. — Violeta sentiu seu coração bater descompassado com aquelas palavras. Ela terminou de comer e ficou um pouco incomodada por está sozinha com ele, se alguém entrasse ali poderia acabar confundindo as coisas. — Acho melhor você ir, logo terão pessoas procurando por você, acho que por hoje já foi o bastante as dores de cabeça. — ela sorriu, mas, ele não fez o mesmo, ficou sério olhando para ela. — Estou brincando, volte a sorrir. — tentou reverter. — Está tudo bem. Melhor eu ir mesmo, você já está melhor e o dia foi longo hoje. — se encaminhou para a porta. — Espere! — Violeta falou e se arrependeu logo em seguida, agir pela emoção às vezes era perigoso. Lewis parou obedecendo ao comando da voz dela antes de colocar os pés para fora do quarto e olhou para ela que se levantava arrependida. — Obrigada novamente. — foi até ele e mais uma vez por impulso, lhe abraçou e beijou seu rosto, PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS deixando ele sem reação. — Não precisa agradecer. — pegou a bandeja e saiu sorrindo nervoso, nunca imaginaria acontecer tal ato. Augusto e Mariana entraram no quarto procurando por Violeta, estavam preocupados por ela não ter aparecido no ensaio. Viram-na girando pelo quarto com um enorme sorriso no rosto, desconfiados se aproximaram. — Por que você não foi ao ensaio? — Mariana perguntou preocupada. — Exatamente. Por que você não foi? — Augusto repetiu dando ênfase a pergunta, parecia uma sombra atrás de Mariana, segurando sua mão. — E o que é isso? — apontou para as mãos dos dois que estavam juntas e eles soltaram rapidamente. — Não é nada. — Mariana falou tímida. — Distração, estávamos preocupados com você e nem percebemos. — Augusto sorriu nervoso. — Vocês dois vão me contar agora mesmo o PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS que está acontecendo. — ela falou assustada e os dois sorriram. — Sente-se. — Mariana pediu, mas ela continuou em pé. — Bem... — ela gaguejou. — Nós estamos namorando. — Augusto falou rapidamente. — UFA! — respirou fundo. — Me sinto bem mais aliviado agora. — ele sorriu. — Oi? — se sentou. — Como assim? Mariana? — estava pasma, sabia que eles se gostavam, mas não que estavam juntos. — É uma longa história, então vamos resumir. — Augusto olhou para Mariana esperando ela falar. — Eu e o Augusto estávamos juntos há alguns meses, só que acabamos brigando por coisa boba. A Luana gostava dele e eu me deixei levar pelas provocações, com um toque de infantilidade não busquei explicações e terminei o que mal havia começado. Estava tentando me afastar e decidi conhecer o Ricardo, nada demais, agora, com a sua chegada e a amizade de vocês dois, decidimos que é melhor estarmos juntos. — olhou encantada para Augusto e Violeta ficou de boca aberta. — Vocês me surpreenderam. — Fez uma PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS pausa. — OK, vejo vocês dois como se fosse meu irmão namorando minha melhor amiga. — fez careta feia. — Eu sou a madrinha, tá entendido? — sorriram e se abraçaram. Era uma amizade linda que estava se fortalecendo ainda mais ali, os três comemoravam e conversavam coisas aleatórias, pareciam não se importarem com as horas. Assim a noite correu e Lewis se mantinha fixo no pensamento de Violeta, era como tomar um gole de álcool e esperar que aquele líquido não lhe consumisse o corpo, não lhe roubasse o juízo.

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Também acho uma delícia quando você esquece os olhos em cima dos meus. (Chico Buarque) PERIGOSAS ACHERON

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Depois de guardar a bandeja, Lewis retornou para seu quarto, não conseguia parar de pensar em Violeta, ele estava se sentindo como um pássaro que mesmo com as asas quebradas se preparava para um grande voo, era uma nova sensação, gostosa e doce. Era engraçado que ela tinha chegado naquele mesmo dia, mas parecia conhecêla há anos. — Querido Lewis... — uma voz que ele sentia repulsa ecoou pelo corredor. — O que você quer Pamella? — a expressão feliz de minutos antes desapareceu, parecia uma brincadeira do destino, toda vez que ele estava feliz, algo ruim acontecia e o destruía. — Calma meu amor! — Se aproximou e ele recuou dois passos. — você está feliz com a novata, não é? — sorriu quase que diabolicamente. — Mas, você foi feito para mim. Somos perfeitamente iguais. — ele se surpreendeu com o nível de maluquice dela, não acreditava que ela havia chegado até aquele ponto. — Você é louca? Eu já falei que não quero você, gostei, mas acabou! — ele saiu deixando ela PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS sozinha, estava muito irritado com essa intromissão a todo o momento por parte dela. — Você vai se arrepender, eu vou te ter de volta. — os olhos dela ficaram encharcados, ele então voltou e ficou de frente para ela, pegou suas mãos e suspirou fundo para ser direto e não grosso. — Você nunca me teve e sabe disso muito bem, éramos adolescentes, nunca foi amor, era apenas algo carnal, bem mais uma amizade que um romance. — soltou as mãos dela e voltou para seu caminho anterior. — Eu estou grávida Lewis. — ele ficou imóvel e se virou olhando desconfiado para ela. — Você entendeu? — insistiu, mas ele estava tentando acreditar que aquilo que ela havia falado era apenas mais uma de suas loucuras. —Como assim grávida? Sempre nos prevenimos, você sempre tomou remédio e me dizia está tudo bem quando te perguntava, faz mais de dois meses que não temos nenhuma relação. — ele colocou a mão na cabeça assustado, se fosse realmente verdade, os dois teriam uma baita responsabilidade para assumir e ele não sabia se estava preparado para isso, muito menos ela. — PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS Isso está errado, não pode ser, você esta mentindo? Você não mentiria sobre algo tão sério, mentiria? — sua voz era grave e distante, aquela notícia estava dando voltas em sua cabeça e em seu estômago. — Não estou! Você não notou nada de diferente? Minhas roupas sempre largas? Nada que mostre minha barriga? — levantou a blusa e sua barriga havia adquirido uma forma arredondada. — Estou grávida de três meses. — era verdade o que ela dizia e isso o deixou ainda mais assustado, a ideia de ser pai justo agora que havia encontrado alguém pela qual estava disposto a lutar. — Não é possível, não, não, não. Por que só me contou agora? Só por que ela chegou? — apontou para o quarto em que Violeta estava. — É melhor conversarmos amanhã, quando eu digerir isso tudo direito para vermos o que podemos fazer. — Saiu com as mãos na cabeça sem escutar o que ela ainda iria falar. Abriu a porta do quarto e para sua sorte Henrique e Augusto ainda não estavam lá, chutou o sofá e esmurrou o travesseiro para tentar aliviar sua frustração, não acreditava que estava acontecendo PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS aquilo com ele, sentou-se no chão e sentiu a confusão circular em sua cabeça, não acreditava ainda, parecia ser apenas uma brincadeira de mau gosto. Ele queria ser pai, mas não assim de repente. Não seria fácil e teria de abrir mão de muitas coisas e uma delas era Violeta. Alguns segundos depois de sua chegada, Augusto entra e se depara com ele jogado no chão olhando para o nada. Sempre que o encontrou daquela forma, coisas ruins estavam acontecendo e aconteceria. — Lew, o que foi irmão? — o ouviu respirar fundo, parecia buscar forças para falar alguma coisa. — Você está me deixando preocupado, me conte, por favor, o que está acontecendo? — sua voz estava firme e impaciente. — A Pamella está grávida e o filho é meu Guto, MEU! — ele olhava para frente, ainda perdido nas próprias palavras. — Não é possível. — Augusto abriu a boca surpreso e se sentou ao lado dele, não sabia muito bem o que falar, aquele assunto não era tão fácil de resolver. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — Para piorar só falta o que? — perguntou olhando fundo nos olhos de Augusto. — A Violeta descobrir. — Lewis deixou a cabeça cair sobre os joelhos. — O que vai fazer? — perguntou preocupado. — Valeu! Grande ajuda. — levantou a cabeça. — Não é como se eles fossem um material descartável onde eu utilizei e agora posso jogar fora, agora eu terei que arcar com as consequências e não deixa-la sozinha nessa. — respirou fundo mais uma vez, puxando o máximo de ar que podia. — Sabe, eu não consigo acreditar que esse filho é meu. Mas, se ela está grávida de três meses e nós ficamos pela última vez três meses atrás? O filho só pode ser meu. — balançou a cabeça tentando afastar os pensamentos, estava muito confuso e Jeremias iria mata-lo. — Calma, vai dormir e reserve um tempo para pensar melhor em tudo isso depois. Você já está fazendo de novo. — Augusto ficou sério e Lewis olhou para ele mordendo o lábio inferior. — Está se culpando. — Lewis suspirou e mudou o assunto. — Antes de me deitar, quero falar com a Violeta. — se levantou. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — Fala o que? — Augusto de levantou também. — Eu não sei caramba! Essa garota chegou hoje e já está me deixando assim, quero falar a todo o momento com ela, a risada dela me atrai, até senti ciúmes de você. — revelou. — Eu sei que você está com a Mariana, mas, não sei dizer o que ela me causou. — falava sem parar e acabou dando um sorriso. — Ela é tão doce e decidida, me traz o melhor lado que tenho, me arranca sorrisos, ela é desengonçada e eu tenho vontade de está perto para impedir que algo a machuque, mas, eu não tenho esse privilégio. —suspirou. — Mas, ao mesmo tempo tenho medo de que eu mesmo a machuque, como agora com a Pamella grávida, ela nem vai me olhar mais, eu sei que ela vai se afastar muito mais e não vou poder protestar quando ela se for. — bateu com os punhos fechados na parede. — Talvez, seja até melhor assim. — seu olhar ficou duro. — Eu não mereço ser feliz, sempre foi assim, nos meus momentos mais felizes sempre acontecia alguma desgraça. — era triste escutar a maneira que ele falava. — Lewis, quem é você? — Augusto estava PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS assustado com tudo aquilo que ele acabava de revelar, era outro que estava ali, com um tom romântico e quase enlouquecendo por uma mulher, algo que nunca ele havia visto antes. — Nem eu sei, não tem nem 24 horas que ela chegou aqui e já fez isso tudo comigo. — os dois ficaram se olhando e Augusto deu dois tapinhas em seu ombro. — Tome um banho e tente dormir um pouco, amanhã você toma todas suas decisões, de cabeça fria e da forma correta. — puxou-o para o banheiro e entregou uma toalha para ele. — Está bem, vai ser melhor. — ele trancou a porta e Augusto se deitou na cama para espera-lo, não poderia deixa-lo sozinho depois disso tudo, sabia como a vida dele vem sido difícil, sem moleza alguma e os dois sempre se apoiaram. Mariana e Violeta estavam conversando quando Amanda entra acompanhada por Henrique. — Ele vai dormir aqui comigo hoje, tudo bem? — ela perguntou sorrindo tímida acompanhada por um rapaz muito bonito e que assim como ela aparentava ser tímido. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — Tudo bem. — Violeta respondeu e os quatro sorriram. — Nós vamos sair para comer algo, vocês querem algo? — ela perguntou educadamente. — Não, obrigada! Estamos satisfeitas, divirtam-se. — desejou Mariana. — Até mais tarde então. — saíram abraçados. — Que casal bonitinho. — Mariana falou suspirando. — Verdade. — concordou pensativa. — O que houve? — percebeu o tom de voz distante dela. — Nada Mari. — omitiu seus pensamentos pensando que dessa vez escaparia do julgamento dela. — Só ansiosa. — olhava para o teto. — Ansiosa? Sei. Fala logo, te conheço há milênios Lett. — olhava a amiga suspirante que fitava o teto como uma lunática. — Tá bom. É o Lewis. — disse por fim depois de se dar por vencida. — O que ele fez? — tentou entender antes de começar a sessão de tortura que ela planejava fazer PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS com ele. — Acho que está tendo algo aqui... — apontou para o coração e fechou os olhos por alguns segundos. —... Que é conectado a ele, quando o vejo meu sorriso é automático, sinto vontade de abraçá-lo, tem algo nele, os olhos, o sorriso difícil, alguma dessas coisas ou tudo talvez, me encantou, ele fica rondando meus pensamentos. Mas, aquela garota com certeza vai infernizar minha vida se eu me aproximar dele. — deitou no colo da amiga. — O que faço? Quero viver bem nesse lugar. — Acho que você deve investir, o amor enfrenta obstáculos. Para ficar com o Augusto eu tive que aturar a Luana. — Mariana sorriu. — Não deixe coisas tolas interferirem no que está queimando dentro de seu peito. — beijou o rosto da amiga. — Ah Mari, te amo sabia? — Mariana beijou sua testa e logo em seguida se deitou ao lado dela para que pudessem aproveitar aquele momento. As duas conversaram até às 02h00min da madrugada, quando Amanda e Henrique chegaram. Eles se deitaram e logo pegaram no sono, diferente de Violeta que se remexia na cama incomodada PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS com algo que nem mesmo ela sabia o que era. Seu coração ardia, parecia está queimando. — Estou agoniada, vou tomar um ar fresco. — era outono e a brisa era fria, apagando o calor que fazia durante toda tarde. — Quer algo? — se levantou, colocou uma meia e calçou suas pantufas de coelhinho branco. Na verdade, estavam mais para coelhinho encardido. — Quero sim. — ela abriu os olhos. — Chame o Augusto para vir aqui, estou com preguiça de sair da cama agora. — sorriu e continuou deitada de bruços. — Mas, ele já deve está dormindo a essa hora. — falou assustada com o pedido dela, ir ao quarto de garotos a tal hora da noite. —Tenho certeza que não, ele esta esperando eu ir busca-lo, mas estou com muita preguiça e como você vai passar perto, por favor, chame ele para sua querida amiga. — ela mostrou os dentes e Violeta saiu rindo. Violeta andava vagarosamente pelo corredor, de um lado eram os dormitórios femininos e do outro os masculinos. Eram próximos, porém, PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS sempre houve harmonia, Jeremias não proibia o contato entre os casais que se formavam desde que não prejudicassem o desenvolvimento da companhia. O quarto que Lewis e Augusto ficavam era no final do corredor, totalmente ao lado oposto do jardim, para onde ela estava indo. Bateu duas vezes na porta e ninguém saiu, ela então se virou para voltar e a porta se abriu vagarosamente, a pessoa que abriu parecia está apenas espiando pela beirada da porta, tentando descobrir quem estava ali àquela hora. — Mariana? — era Augusto e sua voz estava preocupada, como se algo estivesse acontecendo. — Não Guto, sou eu, Violeta. — ela voltou observando atentamente cada expressão dele. — Oi Lett, cadê a Mariana? — seus olhos brilhavam de maneira estranha e ele estava agitado, mas tentava mostrar o contrário. — O que está acontecendo? Por que você está assustado? — ela se aproximou da porta curiosa e preocupada. — Não é nada. Pode falar o que veio fazer aqui, tenho que tomar banho agora. — ele impediu PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS sua passagem, estava agindo de maneira estranha e isso deixava Violeta ainda mais curiosa. — Saia da frente Augusto! — falou nervosa, porém, ele não saiu. Ela insistiu até ele ceder e abrir passagem para sua entrada, ela odiava ficar curiosa sobre algo. Não havia ninguém no quarto, a cama de Lewis estava vazia e a luz do banheiro estava acesa. Alguém estava lá e pelos sons emitidos, estava se sentindo mal, e seu coração ficou apertado. — O que ele tem? — Violeta saiu correndo para o banheiro e parou de súbito ao vê-lo ajoelhado perto do vaso, vomitando e com seus cabelos encharcados de suor, era uma cena horrível de se ver. — Vai embora! — Lewis não olhou para ela. — Eu te falei para não deixar ninguém entrar Augusto. Principalmente ela. — sua voz era quase um sussurro, estava fraco devido aos vômitos. — Saia daqui, eu já falei que não quero que me veja assim. — ele tentava esconder o rosto e logo em seguida vomitou novamente, Violeta não o escutou, pegou uma toalha que estava pendurada na porta e se ajoelhou ao seu lado, limpando o suor de seu rosto e Augusto entrou para ajudá-la. Mesmo sem PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS saber o que estava acontecendo, sabia que deveria continuar ali. — Ele está ardendo em febre. — Violeta passou a mão sobre a testa dele e ficou preocupada. — Me ajude a tirar a camiseta dele, está muito molhada. — ele não permitiu a retirada de sua camisa e Augusto também pediu para deixar por conta dele. — Pronto! Agora vamos levá-lo para a cama, vou tentar fazer com que a febre dele abaixe. — Disse depois que Augusto sozinho trocou a camiseta por uma seca. Augusto o pegou em seus braços com pouca dificuldade, Lewis parecia um boneco jogado em suas costas. — Pode ir! Eu cuido dele, a Mariana está te esperando, avise para ela porque demorou e que vou ficar aqui até que ele melhore. — ele concordou de olhos baixos e saiu. Lewis gemia, estava sentido muita dor, com febre e soava bastante, ela ficou preocupada e se levantou para chamar ajuda. Não poderia deixá-lo daquela forma, totalmente desconfortável. — Aonde você vai? — sussurrou segurando o braço dela levemente, apenas impedindo que ela se afastasse. — Vou chamar alguém para levá-lo ao PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS hospital, você não está bem e eu estou ficando preocupada. — suspirou. — Eu não estou suportando te ver assim. — deixou escapar. — Não, por favor! Apenas fica aqui comigo, vai passar, fica aqui, não me deixa sozinho. — suas mãos estavam trêmulas e frias. — Está bem, eu ficarei, mas se você continuar assim eu irei. — mesmo preocupada se abaixou e enxugou o rosto dele, depois foi até o banheiro e torceu a toalha. Com ela úmida tirou o restante do suor de seu rosto e pescoço. Não fazia ideia do que realmente faria, apenas ficaria ali ao lado dele. Ele apresentava está estável, parecia ter dormindo, sua respiração era leve e tranquila. Ela saiu vagarosamente e foi até a cozinha, abriu a geladeira, pegou um copo de água e preparou um sanduíche para ele comer assim que acordasse para restabelecer suas forças. Voltou para o quarto e se sentou em uma poltrona preta que ficava ao lado da cama, próxima a ele. Olhou ele por minutos, talvez uma hora, ou mais, ela não fazia ideia de quanto tempo ficou lá observando os traços do rosto dele, eram traços doces e fortes, mantinha sua face rígida mesmo quando dormia, os seus cabelos pretos PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS ondulados, sua boca era de um rosa queimado, o queixo um pouco afilado, seu corpo era magro com músculos à mostra. Era com certeza um dos homens mais lindos que já havia conhecido, apesar de sua forma dura de agir, ele era um ótimo menino. Haviam alguns cortes intrigantes em sua barriga, notou quando a blusa se levantou, mas ao olhar de perto notou que eram cicatrizes de queimaduras e parecia haver mais delas, ela ficou curiosa e com a ponta dos dedos, lentamente tocou e percebeu que eram queloides, algo difícil de sair do corpo, deveria ter sido uma criança muito levada. Suspirou tentando imaginar o que poderia ter causado aquilo, porém, não era da sua conta, era melhor parar de tentar sempre descobrir coisas que eram ligadas a ele. Seus olhos começaram a traí-la, estavam lutando, passeando pelo corpo de Lewis, percebendo que havia mistério em tudo que se ligava a ele. Mas, que aquele mistério tornava tudo mais difícil, não deixava a mente dela em paz, assim como seus olhos negros e que olhos marcantes, tinham a capacidade de congelar seu PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS coração e de aquecê-lo, poderes que ele nem sabia que possuía. — Ei? — a voz baixinha e sonolenta a assustou. — O que você está sentindo? Onde? — se aproximou o suficiente para que seus rostos ficassem bem próximos, estava bem preocupada. — Bem aqui. — segurou a mão dela e levou até seu peito, a fazendo sentir os batimentos rápidos de seu coração. — Você quer algum remédio? — Violeta ainda não havia entendido ao que ele se referia. — Não, ele já está aqui. — passou a mão no rosto dela deixando ela assustada. — Não entendi. — tentava manter os olhos abertos, mas o sono estava a dominando, deixando seu raciocínio lento. — Você é o meu remédio Violeta. — Ele acariciava o rosto dela, não tinha como disfarçar mais o quanto ela lhe fazia bem, precisou apenas de olhá-la para sentir que seu coração nunca mais seria o mesmo. — Pode ser cedo, mas você é a mulher da minha vida. Nunca tive tanta certeza de algo. — PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS O coração dela acelerou com aquelas palavras. — Não me pergunte como, nem queira explicação. Eu realmente não sei você simplesmente não sai da minha cabeça desde que botei os olhos em você. — Não fala isso. — olhou assustada e bocejou sentindo o coração batendo forte e sem destino. — Por que não? Você não sentiu nada? — ele perguntou tentando se levantar e ela o impediu. — Pelo seu olhar, consigo ver que você também sentiu a mesma coisa que senti quando te vi. — Violeta mesmo com sono ainda entendia claramente cada palavra dita, não conseguia entender como ele a lia tão bem. — Sim, eu senti, mas ainda é cedo, o coração às vezes brinca conosco. — se sentou perto dele na beira da cama, não queria que ele interpretasse nenhuma de suas respostas de má forma. — Na verdade, não sei bem o que dizer. — Você está cansada, deite aqui. — se afastou dando espaço para ela se deitar e ela acabou se aninhando o mais longe possível. — É uma pergunta até tola, mas você crer em Deus? —seu tom era levemente sério e se aproximou um pouco mais para sentir o cheiro que ela exalava de seu PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS corpo. — Claro que sim, com todas minhas forças. — parecia intrigada com a pergunta. — Você não? — seus olhos se fechavam pesadamente e ela os abriam relutantes. — Reforcei a minha fé quando vi você. — depositou um beijo na testa dela que se assustou com o gesto e ficou olhando-a. — Espero que ele perdoe tudo que já disse como um tolo, por todo esse tempo de julgamento desnecessário. — os olhos de Violeta ficaram cheios de compaixão pelo homem encolhido ao seu lado. — Só tenho medo... — bocejou e sua respiração ofegante se controlou sinalizando que ela havia dormido. — Eu também tenho muito medo, tudo é novo. Mas se eu não tentar agora, talvez mais tarde eu me arrependa. — fechou os olhos e caiu nós braços de Morpheus. Os dois dormiram juntos, pareciam se conhecer a anos, era como se o corpo reconhecesse as digitais, como se ele soubesse que os dois sentiam a mesma coisa. Eles tinham ligação até no PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS olhar e por mais que eles achassem cedo para que estivessem apaixonados um pelo outro, mal sabiam que o amor é misterioso, não tem um manual, ninguém sabe como ele começa, o que se sabe até aqui é que tudo começou quando ela atendeu aquele celular e a voz dele ecoou em seu ouvido fazendo o coração dela acelerar e se concretizou quando ela o viu sorrindo com aqueles olhos pretos brilhando sobre si e refletiu ali, o que ela mais corria por todos seus 20 anos, o amor, o amar alguém.

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Como são sábios aqueles que se entregam às loucuras do amor! (Jo. Cooke) PERIGOSAS ACHERON

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Amanheceu e ao abrir os olhos Lewis teve certeza que seus sonhos eram reais, deitada ao seu lado com a respiração leve estava ela, Violeta, tão doce. Beijou delicadamente o rosto dela e a chamou para se levantar. Ela não queria, estava sonolenta. — Acorda. — ele sorria e mexia em seus cabelos. — Já são 07h30min da manhã e até às 8 horas temos que estar de pé. — os olhos dela se abriram e se fixaram nos dele, fazendo-o prender a respiração. — Bom dia! — ela se levantou e beijou a pontinha do nariz dele e ele soltou a respiração. — Bom dia! — o coração dele parecia estar andando em uma montanha-russa de tanta alegria. — Vá se trocar antes que venham buscar você. — falou se referindo a Augusto e Mariana. — Até já! — ela saiu radiante. Ele foi fazer suas higienes matinais, parecia mais disposto. Assim que Augusto entrou notou a alegria do seu companheiro de quarto. Parou na entrada do quarto para poder observar a disposição dele. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — Que alegria é essa? — Lewis o abraçou com um sorriso que mal cabia em seu rosto. — Eu não sei Guto, mas obrigada por ter cuidado de mim ontem, se não fosse você e a Violeta nem sei o que seria de mim. — estava carinhoso e sorria abertamente, diferente de seu “normal” — Não agradeça! Você sempre fez o mesmo por mim, não seria justo, você é meu irmão. — devolveu o abraço. — Já estou descendo, vou ajudar Caterine hoje na cozinha com a Violeta e a Amélia, não demore a descer. Despediram-se e Lewis foi se vestir, precisava se controlar estava muito empolgado, nunca havia sentido isso. Passou um pouco de perfume dançando pelo quarto, ele dominava os ritmos mais dançantes e fortes com muita astúcia, ele era completamente fundido à dança. Ele se aventuraram em muitos ritmos, a música era sua pulsação, nasceu com a dança em si. Todos já estavam à mesa, só faltava ele. O grupo esperavam impacientes e famintos, ele chegou tão diferente que todos o olhavam assustados até Bom dia saiu de sua boca. Os PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS cabelos estavam penteados e o seu rosto estava mais vibrante, causando uma surpresa em todos. — Agora finalmente estamos todos aqui, iremos agradecer. — Jeremias olhou nervoso para Lewis. — Já que o Lewis chegou atrasado, ele irá fazer a oração hoje. — Tentou punir o jovem rebelde pelo atraso, pois sabia bem que ele iria se negar, mas era preciso chamar a atenção dele para seus atrasos. — Mas uma oração de verdade para todos acompanharem. — disse sério e intrigado com o sorriso no rosto dele. — Claro vamos orar! — se levantou e Jeremias o olhou desconfiado, ele nunca aceitou fazer a oração. Quando ele terminou a oração, se sentou e todos fizeram a mesma coisa, se sentou sorrindo, Caterine olhou para o marido e ele tinha os olhos brilhantes com algumas lágrimas, emocionado com a ação diferente de Lewis, nunca viu ele daquela maneira. Assim que terminaram o café, seguiram todos para o estúdio. Estavam ansiosos para iniciar as novas coreografias e participarem das competições. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — Lewis, espere um pouco. — Jeremias o chamou. — Eu preciso falar com você. O que está acontecendo? — olhou intrigado para o jovem que estava parado ao seu lado. — Como assim? — Tentou entender o espanto de Jeremias. — Eu nunca vi você assim desde que a sua mãe morreu, você deixou de crer em orações, até mesmo em Deus. — quase sussurrou. — Seu sorriso era sempre forçado e agora você está simplesmente... Feliz. — sorriu empolgado com aquelas boas mudanças. — Aprendi que não posso culpar ninguém pelo que me aconteceu, ficar reclamando não irá mudar nada. — sorriu e respirou aliviado. — Acho que você está apaixonado. — acariciou o cabelo dele. — Estou tio. — Jeremias se assustou ao escutar a palavra sair da boca de Lewis. — O amor transforma as pessoas, mas a mudança só vem de dentro de nós mesmos. Eu escolhi mudar, antes que seja tarde. — suspirou. — Você me chamou de tio? — sorriu e não PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS conseguia controlar a emoção. — Me dê um abraço meu sobrinho. — o abraçou com força. — Eu estou tão feliz. — dava para ver no rosto dos dois como eles estavam felizes. Violeta olhava intrigada para os dois após escutar Lewis chamar o Jeremias de tio. Sabia que tudo que o cercava era um novo mistério a ser desvendado. — Ele vai te explicando aos poucos. — Augusto percebeu que ela ainda estava pensativa. — O Jeremias é irmão da mãe dele. — se aproximou dela. — Ele é um bom garoto, apenas precisa ganhar confiança, ele ainda não consegue confiar em ninguém, o que ele tem guardado em seu peito talvez não seja bem aceito e ele ainda tenha medo de jogar na mesa. — a abraçou pelos ombros e saiu conduzindo ela para o estúdio. Pamella estava sentada em um cantinho calada, parecia sentir dor. Violeta não se aguentou e foi até ela para ver o que estava acontecendo, a cor dela estava opaca. — O que está acontecendo? — ela se abaixou próxima a ela — O que você tem? — levantou o rosto dela. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — Estou me sentindo um pouco mal. — ela falava com dificuldade. — O que você tem? — sua preocupação era evidente. Quando olhou para baixo, notou que ela sangrava e se desesperou. — Alguém? Socorro! Preciso de ajuda. — ela tentava pegar Pamella em seus braços, mas ela era muito pesada e estava quase desmaiando. Lewis escutou os gritos por ajuda de Violeta e foi correndo. Augusto que estava ao lado dele, também correu para ver o que estava a acontecendo, quando viram como Pamella estava, pararam assustados e sem pensar duas vezes, Lewis pegou-a no colo e correu para o carro acompanhado de Augusto e Jeremias. Violeta ficou parada na entrada do estúdio acompanhada por Mariana. As duas ficaram lá e limparam o estúdio onde se sujou com o sangue. Todos voltaram assim que Pamella saiu. Caterine, Lewis e Augusto a acompanharam. Jeremias retornou e pediu para que todos ensaiassem uma música que ele havia preparado para que acrescentassem coreografias. Todos estavam preocupados e a música parecia não está animando eles, mas ficaram por no mínimo PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS duas horas ensaiando. Acabou o ensaio e todos foram tomar banho, cada um foi para um lado, Violeta continuou lá, dançando sem parar. Descansou apenas por uns 30 minutos e depois foi até uma geladeira que havia lá, tomou um copo de água e colocou uma música aleatória para tocar, era uma música que ela não estava identificando a princípio muito bem devido ao cansaço, até que uma nota lembrar era "give me love - Ed Sheeran" sua música preferida, ela gostou e começou a dançar colocar o que sentia naquele momento em que escutava. Ela se entregou, montou uma série de coreografias e as repetiu várias vezes sem notar que já estava ficando escuro. Ficou sentada por mais um breve momento pensativa, Lewis entrou e ficou olhando para ela. — O que houve? A Pamella está bem? — se levantou e foi até ele. — Dança comigo? — ele pediu ignorando sua pergunta. — Como assim Lewis? — se assustou, parecia não acreditar em seu pedido. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — Só dança comigo, por favor! — colocou o indicador em seus lábios silenciando-a e ela balançou a cabeça positivamente. — Vou colocar a música. Te peço que sinta ela, cada nota dela em seu corpo. — ele estava preocupado, não parecia nem o Lewis sério, muito menos o Lewis sorridente e alegre, ele estava sem emoção. Foi até o computador e colocou uma música que ela conhecia bem "Stay - Rihanna". Ele veio até ela. Começou com um movimento delicado, e em um impulso a puxou para um abraço que parecia desesperado, logo se soltou girando pelo salão, a partir desse momento, ela foi capaz de sentir a música, se entregando e o acompanhando em cada movimento, os dois pareciam está ligados, a letra era forte e fazia Violeta olhar buscando entender o que o fez escolher aquela música. Lewis a movimentava junto a seu corpo e se entregava para ela, ele tentava confiar, a tocava como se ele precisasse sentir sua pele, como sentia a música. Perto de acabar, ele parou ofegante e colocou a testa sobre a dela, juntou suas mãos olhando para ela com a respiração totalmente descontrolada pelos movimentos, Violeta se afastou abraçando o próprio corpo e ele tentou abraça-la, mas ela o PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS empurra e retomam a dança até a música parar e eles estarem ainda mais ofegantes, com uma mistura de emoções. Lewis prende ela entre seu corpo e a parede, como se quisesse se unir a ela, tornando-os apenas um. Era estranho está embriagada por um turbo de sentimentos e não conseguir compreender o que se passava de verdade. — Consigo ouvir sua respiração tão ofegante quanto a minha, sinto a vibração de seu corpo, nossa conexão na dança é tão visível quanto a nossa conexão de olhares. — ele inspirava e respirava calmamente tentando controlar sua respiração. Ela não conseguia falar, estava anestesiada pelos olhos negros dele a intimidando. Ficou nervosa com o contato das mãos quentes dele em sua pele fria, estava lhe causando arrepios, pareciam estar infiltrando-se pelos seus poros e correndo pelas suas veias, era como está em constante adrenalina. Ele tocou os lábios dela com os dedos, desenhava seu formato com eles, admirava cada detalhe dela com encanto, parecia está olhando para algo raro que logo iria sumir de sua frente e por isso aproveitava aqueles momento PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS para gravar tudo em sua cabeça. Violeta não se conteve e lhe beijou, fazendo até mesmo ele se assustar com a ação. Foi um beijo com necessidades, com carinho e reciprocidade, um beijo que estava marcando os dois naquele momento e para sempre. Quando o beijo parou ambos permaneceram em silêncio por breves minutos, estavam ainda digerindo aqueles últimos acontecimentos. — Meu Deus! O que eu fiz? — ela sorria nervosa com o ocorrido, estava constrangida com sua atitude. — Nós nos beijamos. — deixou claro na frase que ele também quis aquele beijo. — Se arrependeu? — acariciou o rosto dela ainda mantendo ela pressionada contra seu corpo. — Não! — nesse momento sentiu uma grande necessidade de abraçá-lo, sentindo um alívio assim que os braços dele circulou seu corpo, mostrando que a conexão não era apenas enquanto dançavam, havia conforto e parecia ter encontrado lá segurança para se desarmar de tudo que carregava em suas costas. Após o jantar alguns dos dançarinos se PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS reuniram na sala para conversarem e descansar um pouco, já o restante foram se deitar. Jeremias e Caterine conversavam empolgados sobre alguns serviços que eles fariam no fim de semana. Estavam a todo vapor, não paravam um segundo sequer, dentro de alguns dias eles não teriam mais tantas liberdades para sair ou ter algum lazer. — Lewis? Vamos naquela sorveteria aqui perto? As meninas vão adorar. — Augusto estava quase implorando, era louco por sorvete, e Lewis acabou sorrindo. — A gordinha passou o dia todo em meu pé querendo ir até lá. — se referiu a Mariana, ela odiava quando ele usava esse apelido em público, mas sempre acabava rindo. — Vamos sim, hoje a noite está um pouco abafada. — olhou para Violeta sorrindo como um tolo. — Sorvete agora cairá muito bem, vamos logo! — Violeta estava empolgada assim como Augusto. Os quatro saíram depois de avisar Jeremias. A sorveteria era perto, então eles foram à pé, conversando e rindo de Mariana e Augusto, que faziam graças o tempo todo, os dois separados eram PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS engraçados e juntos comandavam todo o circo. Andavam de mãos dadas apaixonados e felizes. Violeta ficou feliz pelo que via, sua amiga merecia ser feliz e ter alguém que suporte suas loucuras, apesar de que com Augusto não tinha como separar qual era pior. Ela olhava para Lewis carinhosamente com um sorriso tímido, estavam lado a lado, andavam com os ombros encostados, temendo dar as mãos naquele momento. Ele era o primeiro garoto que em seus 20 anos sentiu vontade de tê-lo por perto, que fazia o seu coração explodir em emoções. Era tudo novo aquilo que estava acontecendo, mas ela queria arriscar, a vida não era um jogo de tabuleiro ou de azar, então certamente valeria a pena tentar. Ela beijou apenas uma vez e não foi nada comparado ao sabor e emoções que o dele causou nela. Se sentaram em uma mesa próxima à entrada e esperaram o cardápio. Violeta Como sempre desengonçada derrubou os guardanapos no chão e ficou encolhida na cadeira envergonhada enquanto Lewis os recolhiam do chão. Cada um pediu o que queriam e tomaram o sorvete tranquilamente, desfrutando a presença um do outro, nesse tempo a mãe de Violeta ligou avisando que ela e o Camilo PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS iriam estar lá no fim de semana, ela ficou feliz com a notícia, estava com saudades deles. — Estava maravilhoso. — Mariana sorriu contente depois de devorar dois tipos de sorvete. — Acho que vou levar um potinho para tomar amanhã, já alimentei minha leoa hoje, não preciso mais me preocupar. — Augusto falou de boca cheia e todos gargalharam e Mariana o esbofeteou. — É sério, está fazendo calor, sorvete de madrugada é um ótimo refresco. — sorriu e saiu dançando para buscar o que iria levar para casa. Terminaram e Augusto juntamente com Lewis pagaram a conta, depois de brigarem com Mariana e Violeta que queriam dividir. — A próxima conta será de vocês duas. — Augusto falou segurando a sacola com o pote que havia pegado para levar. — Mas preparem o bolso e o estômago, iremos a um rodízio de pizza. — Augusto como sempre se mostrava animado e literalmente faminto. — Combinado! — as duas falaram em uníssono. Depois saíram os quatro de volta para casa, PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS mas no meio do caminho Augusto e Mariana pararam em uma praça há poucos metros de casa. Lewis e Violeta se sentaram em um banquinho, ficaram calados perto um do outro apenas aproveitando aquele momento. — Eu gostei daqui! — Violeta falou olhando de um lado para o outro. Firmou os olhos no céu e notou como as estrelas brilhavam e lembrou-se de seu pai mais uma vez e sorriu como sempre ele tinha razão. — Eu gosto de você! — sorriu um pouco cabisbaixo. — Sua companhia é maravilhosa. — Eu também gosto de você. — seus olhos revelavam o seu íntimo, a paixão que estava ardendo dentro de seu peito e a entrega. O rosto de Lewis estava ilegível. — O que houve? Falei algo demais? — percebeu que ele estava um pouco diferente, não estava sorrindo como mais cedo. — Não! Só estou cansado. — beijou a testa dela e depois seus lábios. — Me prometa uma coisa? — Fixou os olhos nos dela. — Pode falar. — ficou preocupada. — Não se afaste de mim. Sei que é um pedido PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS inusitado de quem você acabou de conhecer. — beijou suas mãos e forçou um sorriso para ela. — Mesmo que chegue a me odiar, te peço, não se afaste. — era um pedido muito estranho, que fez ela ficar intrigada. — E por que eu me afastaria? — sorriu ingenuamente. — Estou amando te conhecer. É só você sorrir. — com os dedos indicadores puxou os cantos de seus lábios o fazendo sorrir com aquilo. Olharam para o céu procurando as maiores estrelas e se divertiam com as caretas que Violeta fazia ao discordar dele. Ela o conhecia apenas há dois dias e sentia que ele sempre esteve em sua vida. Ele possuía certos mistérios, uma escuridão que ia além da cor de seus olhos, mas ela poderia esperar ele confiar nela. Augusto chamou os dois para irem embora, e agora Lewis mantinha suas mãos dadas com as de Violeta e Augusto olhou intrigado para Lewis que abaixou a cabeça para esconder um pouco o meio sorriso que se fundiu com sua tristeza. Se despediram ao chegarem em casa e cada um foi para o seu quarto apaixonados e extasiados por terem saído juntos. — Espere Lew! O que foi aquilo mano? — PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS Augusto o chamou assim que entraram no quarto. — Você está brincando com ela? — estava nervoso. — Eu gosto dela e eu sei que após hoje, não terei mais essa aproximação, por favor, não me julgue. — abaixou a cabeça. — Mesmo que eu tenha pedido ela para ficar, mesmo que ela tenha prometido, não posso impedir que ela se vá. Você me conhece melhor que ninguém, sabe que nunca fiquei assim, nunca gostei de ninguém e ela me traz paz, me faz acreditar no melhor que tenho aqui dentro. — apontou para seu peito com a dor explícita em seu rosto. — Nunca vou te julgar. Só acredito que seria melhor você contar tudo para ela logo, pela sua própria boca. Não brinca com os sentimentos dela, hoje você acabou plantando mais sementes no coração dela e no seu. — abraçou o amigo que estava inconsolável. — Você não irá perder ela. Acredite! Você mais que ninguém sabe que tudo é uma fase. Mas, para que tudo se resolva você precisa ser sincero e não esconder tantas coisas dela. Lewis concordou com a cabeça e foi se deitar PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS pensativo e apaixonado pela garota desengonçada que apareceu para mudar por completo a sua vida. Augusto tinha tanta razão quanto tinha fome, ele não podia mentir para ela sobre o que estava acontecendo. Uma hora ou outra ela iria descobrir e se fosse pela boca dele talvez fosse melhor. Seu coração estava confuso, mil coisas estavam ali o perturbando.

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Se o amor é fantasia, eu me encontro ultimamente em pleno carnaval. (Toquinho e Mutinho) PERIGOSAS ACHERON

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Violeta foi a primeira de todos a acordar, já se passava das sete da manhã, ela queria correr um pouco antes do café da manhã, precisava voltar a se exercitar cedo, era o melhor horário. Passou pela cozinha e avisou Caterine que iria correr. Quando estava chegando ao portão, Jeremias chegou com Pamella e ela foi até eles. Pensou que devido ao que ocorreu poderiam se tornar amigas e viverem bem. — Oi! Bom dia! Ela está melhor? — demonstrou preocupação e também sua ingenuidade, sempre era muito preocupada com as pessoas. — Bom dia! Está sim, só precisa de um pouco de repouso. — após responder, abriu a porta do carro e ajudou Pamella a descer. Violeta observou e buscou ajudar no que podia. — O que houve? Hemorragia? — ela perguntou depois de terem tirado ela de dentro do carro vagarosamente. Jeremias voltou ao carro para pegar algumas compras e os pertences de Pamella. — Eu estou grávida. — Violeta se assustou ao PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS escutar aquilo. — O bebê e eu corremos riscos de vida, não posso me estressar com coisas bobas, ou irei perder o bebê. — parecia ser mais uma indireta que uma informação. — Realmente é muito perigoso, melhor repousar e não se esforçar muito. — ela sentiu seu corpo ficar fraco após receber a notícia. Muitas coisas lhe passaram pela cabeça. — Já sabe os meses de sua gestação? — perguntou tentando disfarçar seu susto e Jeremias olhou para as duas, não estava gostando daquela situação. Pamella se sentou em uma poltrona delicadamente aparentando está com dor. — 3 meses. — passou a mão na barriga assim que Jeremias entrou para chamar Caterine. A cada momento a situação estava ficando ainda mais desagradável. — Ah! — foi a única palavra que ela conseguiu falar. — Eu sei que deve está se perguntando quem é o pai, acredito que todos irão perguntar. — sorriu. — Não que te interesse, mas o pai é o Lewis. Nós estamos tão felizes com a vinda desse bebê. Apesar de que nos últimos dias ele tem se afastado e me PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS evitado, como se estivesse me traindo, nem sei se serei capaz de aguentar uma frustração dessas. — disparou contra a pobre Violeta. — Caso aconteça algo com o bebê, não vou perdoar ele nunca. — jogou as palavras como se fossem canivetes, seu rosto estava vermelho. Violeta saiu sem falar mais nada, sentiu que a qualquer momento suas forças iriam acabar e cairia lá mesmo, estava envergonhada e magoada com a situação. Saiu rumo à praça em que estavam na noite anterior e se sentou para recuperar as forças, ela não acreditava que Lewis havia lhe feito de boba, respirou fundo e foi correr, esqueceu até o horário do café da manhã, circulou por várias quadras perdida em seus pensamentos. Sem notar, acabou se afastando muito e se perdeu, quando se deparou com uma loja e parou para se abastecer de água. Aproveitou para perguntar ao vendedor se ela estava muito longe da companhia de dança Elis. Tudo estava fugindo do seu controle e ela não gostava disso, sempre gostou de ter controle sobre tudo que lhe rodeava. — Não muito. — ele ficou olhando admirado com sua beleza. — Você andou bastante. A PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS companhia fica em um condomínio, aqui já é um ponto comercial, somente lojas. Pelo que vejo já está cansada e com a cabeça longe. — observava ela. Era muito gentil e atencioso. — Sim! Estou muito cansada e já devo ter perdido a cabeça, pois para ter parado aqui. — se sentou em uma cadeira e não acreditava que mais uma coisa ruim aconteceu para piorar seu dia. Tudo que estava ligado ao Lewis era complicado e isso era ridículo, devia ter se assustado com essa ligação tão rápida que tiveram, era proibido e isso acabou fazendo as coisas ficarem ainda mais fora de rumo. — Você está bem moça? — o rapaz se aproximou preocupado, mantendo uma certa distância. — Sim, só não acredito que estou tão longe de casa. — se sentiu frustrada. — Não trouxe o celular, nem sei que horas são. — seu estômago roncou. Estava faminta mais não conseguia voltar para casa e nem havia levado dinheiro. — Você está com fome? — olhou preocupado. — Você tomou café da manhã? — Não! Pensei que iria voltar rapidamente e PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS acabei andando por horas e nem percebi. — suspirou fundo. — Já são 11h15min da manhã. — ela olhou assustada para ele, a essa hora todos estavam loucos atrás dela. — Calma! Se você esperar o horário do almoço eu a levo, é meu caminho para casa, moro no mesmo condomínio, duas quadras antes. — o coração dela se aliviou. — Prazer, meu nome é Nicolas. Esqueci de me apresentar, e qual é o seu nome? — ele era muito simpático, Violeta nesse momento conseguiu notar que ele possuía cabelos encaracolados que pareciam parafusos pretos, olhos castanhos, pele dourada pelo sol, nariz empinado e afilado, seus lábios eram carnudos, resumindo era um homem muito atraente. — Meu nome é Violeta! — apertou a mão dele em sinal de gratidão por ter sido tão atencioso e se importado por sua situação. — Você quer comer algo? — perguntou atenciosamente. — Não! Eu só quero ir para casa, tenho ensaio mais tarde e hoje espero dar o meu melhor. — falava empolgada se esquecendo por instantes o grande problema em que havia se metido e que PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS deveria se livrar. — Você é bailarina? Eu posso ver você dançar? Amo música e dança. — pediu encantado. — Sou sim! Claro que pode, hoje iremos ensaiar pela noite irá começar às 18:00 horas e jantaremos um pouco mais tarde. — parecia íntima dele, riam e conversavam sobre muitos assuntos. Ela descobriu que ele era dono da loja de roupas masculinas, tinha 28 anos e era solteiro. Conversaram tanto que logo chegou o horário do almoço e eles se encaminharam para o carro. Ele abriu a porta para que ela entrasse no carro como um cavalheiro e seguiram conversando ainda mais, ela se simpatizou com ele, seria bom se tornar amiga dele, não conhecer ninguém naquele lugar era aterrorizante, não tinha para onde fugir quando os problemas estavam apertando sua garganta. Assim que eles chegaram a frente à companhia, ela desceu do carro, mas antes trocaram de número para manterem contato. Quando entrou, Lewis estava em pé preocupado discando algum número no celular. Mariana e Augusto andavam de um lado para o outro, quando a viram correram até ela, Lewis que estava do outro lado da sala aliviou sua PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS expressão preocupada e esboçou um sorriso. — Onde você estava? Nós já estávamos ligando para a polícia, desde as 07h00min horas da manhã que você saiu e não voltou, andei todos os quarteirões possíveis e não te encontrei. — Augusto a abraçou e Mariana fez o mesmo, aliviados por encontra-la. — Eu me perdi, foi apenas isso, fui parar longe daqui. — ela olhou para Lewis que se aproximava. — Mas um vendedor muito gentil me trouxe até aqui. Se não fosse por ele estaria até agora perdida. — ele parou bruscamente franzindo o cenho. — Vendedor? Como você se perdeu? — ficou olhando para ela. Havia preocupação em seus olhos e ela não conseguia encara-lo por muito tempo. Ainda estava entalado em sua garganta o que Pamella disse. — Sim, o Nicolas. Me perdi porque estava distraída e fiquei caminhando sem perceber para onde ia, quando quis voltar já não me lembrava o caminho mais e ele com toda a sua gentileza me trouxe aqui. — ela estava respondendo, porém, não era por ele e sim por Augusto e Mariana. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — Ele poderia ser um louco, ter te sequestrado e só Deus sabe o que mais. Eu fiquei muito preocupado. — veio até ela para abraçá-la e ela se desviou deixando ele confuso e sem graça. — Peço desculpas, não irá acontecer novamente. Agora irei tomar um banho e comer alguma coisa, estou faminta. — saiu rapidamente para o quarto deixando Lewis confuso na sala. — Não fica assim irmão. — Augusto o abraçou. — Aposto que ela está assim porque ficou assustada em se perder, você sabe como é ruim essa sensação. — Ela deve está de mal humor. — Mariana completou, ele suspirou e concordou. — Violeta sempre fica assim quando se chateia. Depois do banho tomado e de ter se alimentado, Violeta ficou dentro do quarto. Mesmo preocupado, Jeremias esperou ela almoçar para perguntar o que havia acontecido, ela foi sincera, omitindo apenas que a sua distração havia sido pelo que Pamella havia falado mais cedo. Mexeu um pouco em seu celular, ligou para sua mãe e ficaram uma hora falando sobre o negócio que Laura e Camilo fecharam com o grupo árabe Hammal e PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS sobre a competição que iria classificar três grupos para a semifinal no Rio de Janeiro, eles estavam empolgados e não paravam de falar sobre o assunto. Era motivador escutar o que seus pais pensavam e o quanto torciam por seus sonhos e sucesso. Ela estava ansiosa para poder competir. Violeta foi para o jardim, queria olhar direito as plantas, lá era um lugar perfeito para pensar, ensaiar coreografias e fugir do mundo. Ele era todo gramado, sentou-se um pouco lá e ao olhar para o troco de um pé de manga notou algo gravado lá "Elis & Michel" com um coração cercando os nomes, ela ficou tentando imaginar quem eram eles. Por que o nome da companhia era Elis? Parecia uma boa história, mais tarde iria perguntar para Jeremias, deveriam ser conhecidos dele. Molhou algumas plantas, arrancou folhas podres e deixou o jardim ainda melhor que antes, ele era lindo, mas parecia não ter visto cuidados faziam meses. — Agora irei dançar algo para vocês. — ela falava para as plantas como se elas fossem sua plateia e o chão gramado seu palco. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS Ela tirou as sandálias e iniciou uma série de rodopios por todos os lados. Sorria e dramatizava com os sons que vinham em sua cabeça, sentia seu corpo formigar e então se entregava, parecia ter em sua carne sons impregnados. Entardeceu. Violeta continuava a dançar, mesmo com o corpo cansado, estar se movimentando parecia uma libertação de qualquer pensamento triste parecia não perceber que as horas estavam se passando. Sempre que ela dançava o mundo parava para lhe assistir. — Que linda! — surge Nicolas acompanhado por Augusto e Lewis que estava com a cara mais amarrada que espartilho nos séculos passados. — Oi Nicolas! — correu descalça até ele e o abraçou. Lewis saiu deixando eles lá. Augusto não queria deixá-los a sós, mas foi atrás de Lewis, sabia que quando ele estava nervoso seria impossível controla-lo. Augusto tentava alcançar Lewis, mas ele parecia uma máquina que em pouco tempo exterminaria alguém, andava rapidamente, era visível seu estresse. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — Calma aí. — segurou o braço dele. — Lew você não pode ser um pouquinho mais calmo? Ela só está conversando com ele, é um novo amigo. — respirou fundo, sabia como seria difícil convencer ele. — Ela está me tratando mal desde que voltou para cá, como pode uma pessoa está carinhosa em um dia e no outro está me ignorando, me evitando? E agora tem um cara a cercando, que a faz ficar alegre ao vê-lo. — sua voz era triste apesar de seu rosto está sério. — O pior que nem posso cobrar coisa alguma, não tenho sido correto com ela. — refletiu. — É preciso paciência! Aguarde o momento certo para conversar com ela, alguma coisa deve ter acontecido para ela estar assim. — sorriu para ele tentando amenizar e seguiram para o estúdio. Violeta estava alegre pela visita do seu novo amigo, somente assim ela ficaria longe de Lewis por algum tempo, era inútil lutar contra o coração, mas era necessário para o bem de sua carreira. — Vou a meu quarto vestir meu collant e depois vamos para o estúdio. Espero que você goste. — ela olhava com o coração acelerado, pois PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS ele não parava de olhá-la. — Você parece tímida, o que está acontecendo? — ele sorriu vendo as bochechas dela ficarem coradas. — É que você fica me olhando sem parar, eu só queria te falar... — foi interrompida por Nicolas. — Falar que não quer confundir as coisas. Você é afim daquele cara que quase me engoliu com os olhos e blá blá blá... — os olhos dela quase soltaram das órbitas. — Como você sabia que era isso? — estava pasma. — Me desculpe! Está tão óbvio assim? — disse envergonhada com a situação. — Existem certas coisas que se lê no rosto. — ele sorriu e apertou a bochecha dela. — Vá logo se vestir, quero ver você dançar. — sorriu fazendo uma ruga em sua testa ficar visível. Ela foi correndo em direção ao quarto quando virou o corredor, acabou batendo de frente com alguém. — Me desculpa! — se levantou sem olhar diretamente para a pessoa que ela havia trombado, estava envergonhada pelo seu jeito desastrado. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — Mil desculpas você deve! — Lewis falou sério. — O que está acontecendo? — suspirou. — Ah é você! -o coração acelerou e ela sentiu que seu corpo desmancharia como açúcar em água. — Quanta felicidade. — ironizou friamente. — Estou com pressa! — tentou desviar em vão. — Está com pressa para ver seu amiguinho? Ou é um namoradinho? — falava friamente causando espanto em Violeta. — Foi por isso que sumiu a manhã toda? Me deixando preocupado pensando nas piores coisas possíveis? — sua voz era cruel e dolorosa. — Eu já estava prestes a chamar a polícia, corpo de bombeiros e sabe lá Deus mais o quê, estava muito preocupado. — ele estava triste apesar de haver um tom frio na sua voz. — Ele não é meu namoradinho, é apenas um amigo. — engoliu o nó que estava preso em sua garganta dificultando a passagem do ar. — Ele não te olha como amiga droga! — esbravejou. — Ele te olha com desejo e te ver perto dele me deixa incomodado, me sinto inseguro. — PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS estava ofegante. — Você está com ciúmes, por isso vê maldade em tudo. — falou seriamente. — Agora eu vou vestir uma roupa para o ensaio. — tentou novamente passar, mas não conseguiu. — Saia da frente! — não conseguia olhar para ele. — Por que você está assim? Ontem você me adorava e hoje nem olha em meus olhos. — ela manteve os olhos baixos. — Olhe para mim, seja sincera com seus sentimentos, você não me odeia e eu sei que não! Seu beijo foi doce, recíproco. Você mudou por quê? Por ele? — havia tristeza no seu olhar e em sua voz. — Eu não consigo acreditar. — Ser sincera com meus sentimentos? — ela não conseguia se segurar mais. — Você é sincero com seus sentimentos? Eu já sei de tudo! — ela falou ofegante sentindo seu coração saltar loucamente em seu peito. Lewis sentiu seu coração vacilar entre uma batida e outra, por momentos, foi como se ele tivesse parado e algumas dúvidas surgiram, ficava cada vez mais nervoso, ela não poderia ter descoberto algo tão íntimo, sua cor parecia ter sido tirada do corpo tornando-o pálido. Seu corpo PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS esfriou fazendo suas pernas ficarem trêmulas e tantas coisas passaram como um filme em sua cabeça estava com sua boca seca, ainda não estava pronto para falar sobre. — Quem te contou? — tentava manter-se firme. — A Pâmela me contou tudo hoje. — os olhos dela ficaram tristes o deixando tenso e sem entender nada do que ela estava falando. — O que ela falou para você? — irritou-se ao pensar o que ela havia contado e também ficou aliviado por não ter sido o que ele estava pensando. — Ela contou que está grávida de um filho seu, que ela e o bebê correm riscos de vida. Que vocês estavam muito bem até que você mudou e que parece está a traindo. — lançava as frases com tristeza e repulsa. — Ah! O melhor de tudo é que se acontecer algo com ela ou com o bebê eu vou me sentir culpada. — a tristeza que estampava o olhar dela fazia Lewis se desarmar de toda seriedade. — Não é da forma que ela está falando! — segurou as duas mãos dela junto ao seu peito, fazendo com que ela sentisse o seu coração PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS acelerado. — Faz três meses que não tenho nada com ela, acredite em mim. Eu soube apenas ontem que ela está grávida. Eu tenho culpa? Desde que nós nos conhecemos a Pamella me ver como sua posse, não acredite fielmente em tudo que ela fala. Eu não acredito que ela está fazendo isso comigo. — ele sorriu com os olhos brilhando e o coração dela bateu ainda mais rápido. — Com você eu sinto que o mundo é mais bonito, que eu posso sorrir e tentar trazer uma boa versão de mim, que nem mesmo eu sabia que existia aqui dentro. — seu olhar era como uma joia negra que brilhava ao falar sobre ela. — Ai está você! — uma voz surgiu atrás de Lewis. — Está tudo bem Violeta? Você demorou, pensei que tinha acontecido algo. — era Nicolas parado com as mãos nos bolsos. Ele olhava desconfiado para as duas pessoas que estavam paradas a sua frente. — Está tudo bem. — forçou um sorriso. — Só estava avisando o Lewis para não se esquecer dos ensaios e de ir ver como a Pamella está. Espere-me somente mais alguns minutos, não demorarei dessa vez. — soltou suas mãos das de Lewis e deixou os PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS dois sozinhos enquanto corria para o quarto. Ficaram os dois olhando um para o outro. Nicolas tinha um olhar meigo, roupas da moda e alinhada. Lewis estava parado com sua maneira tosca, olhar frio, roupas largadas e amarrotadas. Depois de minutos, quando os dois pensaram em abrir a boca, Violeta já estava de volta, terminando por fim toda aquela tensão. — Vamos! Obrigada por fazer companhia a ele Lewis. — chamou Nicolas e saiu tentando fingir que nada havia acontecido quando na verdade, seu coração estava gritando, mas sua postura não deveria ser diferente estava ali por uma única razão, competir pela companhia e ganhar. Assim que os três chegaram ao estúdio, todos ali presente os olhavam intrigados com a expressão que cada um tinha nos rostos. Não era difícil perceber. — Vamos começar! Faltam duas horas para o jantar. — Jeremias estava nervoso. — Quero ver primeiramente o individual, e depois em dupla. — seu tão sério fez com que todos se calassem e prestassem atenção nele. — E para deixar claro, quem irá formar as duplas sou eu mesmo, a PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS competição está bem próxima não queremos passar vergonha. Queremos? — ele sempre era muito crítico quanto ao grupo, fazia alguns anos que eles não estavam ganhando nenhuma competição. — Não! — todos responderam em uníssono. — Ótimo! Então todos preparem algo para que eu veja individualmente. — se sentou em uma cadeira almofadada de frente para todos. — Comece Lewis. — ele se encaminhou para o centro do estúdio olhando para Jeremias sério. Não estava num bom dia para provocações e não queria ser estúpido. — Qual a música? — perguntou ao garoto que o olhava com os olhos opacos. Entendeu naquele segundo que deveria manter a provocação para outro lado, conhecia muito bem o que aqueles olhos queriam dizer. — Coloque uma que não tenha letra, apenas com batidas fortes. Por favor! — respirou fundo e esperou a música começar. Com seu olhar penetrante e gélido ele olhava para o novo amigo de Violeta que estava próximo a ela, e assim que as batidas da música se iniciaram, PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS ele começou a se movimentar com todo o ódio que estava sentindo naquele momento, não queria ser movido sempre pela amargura, porém sempre acabava envolto no mesmo ritmo. As batidas ecoaram pelo enorme salão e o corpo de Lewis se envolveu no ritmo dançando com toda sua irá, naquele momento era apenas ele e seus próprios pensamentos, havia mais que uma conexão de amor pela dança, era a mais pura essência vinda de seu interior. Seus braços eram ágeis assim como seus pés, estavam em uma sintonia perfeita. Violeta achou curioso, nunca viu alguém dançando daquele jeito, com essa destreza e nem com a intensidade que ele dançava. Lewis era maravilhoso ao dançar havia sentimento, entrega, por mais que fosse ódio, havia sinceridade na sua expressão. Quando a música parou todos aplaudiram encantados com o pequeno show que ele fez, mostrando toda sua habilidade e paixão. Agradeceu e olhou firme para Violeta que então se lembrou da noite anterior em que dançaram juntos naquele mesmo lugar. Se apresentaram um a um, todos possuíam algo diferente do outro e Lewis olhava cada detalhe PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS minuciosamente com seu olhar de líder, teve algumas ideias que depois iria passar para Jeremias que era o capitão de toda equipe. Há muito tempo Jeremias buscava entregar sua posição para que Lewis tomasse a frente daquele projeto, mas ele nunca quis apesar de toda a sua liderança. — Adorei as apresentações, porém somos um grupo. Deveriam ser assim também em grupo, passar o que sentem juntos com os outros integrantes, não apenas individualmente. — ele se levantou e foi até o meio deles olhando cada um, até mesmo para Nicolas que estava sentado em uma cadeira observando. — Faltam apenas 24 dias para a apresentação que pode ou não nos levar para a semifinal. Vão se empenhar ou preferem voltar para casa? — precisava ser duro naquele momento e acordar seu grupo. Observou cada um que estava ali escutando ele, queria deixar claro que aquilo não era uma brincadeira. Juntou as sobrancelhas e olhou firmemente buscando indícios de que haviam entendido. — Eu quero mais de vocês! Formarei duplas para que vocês ensaiem durante essa semana algo PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS novo e apresentem para todos. Vamos montar uma nova coreografia com mais conexão, com um pouco de cada, já que cada um tem um estilo distinto do outro. -disse firme. Todos concordaram, era o melhor para o grupo. Com Pamella afastada por causa da gravidez de risco as duplas estavam certas. Ele formou as duplas, todos respiraram fundo, principalmente Violeta que teria que formar dupla com Lewis. — Não quero ouvir reclamações. — disse quando viu Violeta fazer cara feia e abrir a boca para protestar. Assim que acabou o ensaio e eles foram se arrumar para o jantar, Violeta apresentou Nicolas para Augusto e Mariana. Ele ficou com os dois enquanto ela tomava banho e se arrumava, era muito educado e egocêntrico ficava sempre falando de si mesmo ou de suas lojas herdadas após a morte de seu avô paterno. Augusto estava entediado e bocejava a todo o momento, não aguentava mais escutar os papos sem finalidade daquele homem. — Augusto? — Lewis chamou na entrada da sala. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — Ainda bem que você me chamou, não aguentava mais aquele cara falando de si, não gostei dele, estava pensando em pedir ele para calar a boca. — olhou em direção ao jovem falante. — Ele parece ter outros interesses com Lett. Já viu como ele a olha? Parece que vai engoli-la. A Lett não deve sair com esse cara, não me parece ser tão bom quanto se apresenta. — estava enciumado e preocupado. — Também percebi, mas a Violeta não quer mais saber de mim Guto, a Pamella encheu a cabeça dela com suas loucuras e agora está usando os riscos da gravidez para afastar ela. Vou falar com a Pamella mais tarde. — parecia estar exausto. — Eu não sei mais o que faço, não quero estressar ela, mas também não quero perder a oportunidade que tive de conhecer a Violeta. — mesmo com todos seus segredos, a sinceridade era o que havia de mais bonito nele. — Calma! Lembra: é só mais uma fase, dias melhores virão! — Augusto não era como as outras pessoas, sua amizade com Lewis era uma das coisas mais bonitas que existia. Assim que Augusto terminou a frase Violeta PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS reapareceu, ficou alguns minutos conversando com o novo amigo e em seguida foi convidada a sair, ela demorou responder, mas acabou aceitando. — Estou vendo que os dias só vão melhorar viu. — abaixou a cabeça e foi para o jardim. Nicolas abriu a porta do carro, sempre com seu jeito cavalheiro e com um enorme sorriso. Levou-a em um restaurante italiano, parecia ser bem frequentado e caro. Em poucos momentos sentada naquele local, Violeta começou a se sentir incomodada. — Acho melhor irmos a uma lanchonete, aqui parece ser muito caro e eu não gostei muito desse lugar. Não estou vestida de maneira apropriada. — olhou para suas roupas largadas, cabelos molhados com maquiagem leve e um tênis preto meio desbotado. — Você está tão linda. — deu um lindo sorriso de compreensão e ela ficou ainda mais envergonhada. — Eu não ligo para o que você veste. — disse sério. — Eu a trouxe para jantar comigo e conversar um pouco mais, quero conhecer você melhor. Se você quiser eu peço para que fechem o restaurante apenas para nós dois. — o PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS que para muitas mulheres seria uma frase típica de um homem romântico, para ela era apenas uma frase de um homem que adora se aparecer. Por fim ela concordou e a noite seguiu perfeita, até mais do que ela havia imaginado, ele era um perfeito cavalheiro, sempre sorridente e a respeitava muito. Por minutos foi possível esquecer o rapaz problemático e cheio de irritação, aquele mesmo rapaz que aqueceu o seu coração e a deu liberdade para dançar livremente, transmitindo amor junto a cada melodia. Também se lembrou de que prometeu não se afastar dele, mas como ficar perto? Era uma luta olhar para ele e não sentir vontade de abraçá-lo. Seus pensamentos a traía, assim como seu coração, mas ele iria ser pai, tinha que estar com a Pamella. Era um momento frágil e ela sabia como era importante um apoio. Enquanto entravam no carro, ela pensava consigo "Serão apenas 7 dias, montando coreografias e logo vamos nos separar”. Pensou que seria melhor ser apenas uma amiga, somente assim ela não quebraria a promessa de nunca se afastar dele, ela odiava quebrar promessas. Para as peças pregadas existe sempre um meio de sair ileso, PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS seja rodopiando na chuva ou sapateando no sol quente. — Violeta? — Nicolas chamou. — Chegamos! — ele sorria para ela encantado. — Eu tenho que falar isso, eu te olhei a noite inteira. Você é linda, simpática e divertida. — acariciou o rosto dela. — Obrigada! Melhor eu entrar, já está tarde. Amanhã irei isso ensaiar bastante, em menos de um mês iremos competir e eu quero ir bem. — justificou e abriu a porta, deixou um beijo em sua bochecha antes de sair constrangida com a situação. Ela não se sentia confortável ainda para se relacionar, não enquanto Lewis estivesse em sua mente. Lewis passa pela sala rapidamente, desatento e nervoso. Passou direto para o corredor que levava-o para seu quarto, estava longe do mundo real quando acabou batendo de frente com Henrique. — Está tudo bem Lew? — perguntou preocupado com ele notando seu nervosismo. — Está sim Henrique, só estou muito cansado. Fale para o Augusto não se preocupar se não me PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS encontrar no quarto, vou estar fora hoje à noite toda. — foi em direção ao seu quarto e pegou algumas coisas no guarda-roupa, colocou em uma mochila pequena e voltou rapidamente para não ser flagrado por Jeremias. Acabou se esbarrando agora com Violeta que olhou preocupada. Sem proferir uma palavra seguiu cabisbaixo tentando esconder a mochila ao passar por ela, mesmo sabendo que não adiantaria nada. Ela abriu a boca para falar algo, mas ele não a olhou, deveria estar com raiva, “é melhor assim” pensou consigo mesma, mas seu coração falava o contrário, sentia vontade de ir atrás dele, pensou duas vezes e seguiu para seu quarto, ela queria descansar porque o dia seguinte seria corrido. Já se passavam das 23h00min então ela entrou vagarosamente no quarto para evitar que todos acordassem. A luz acendeu a fazendo fechar os olhos com a claridade abruptamente. — O que está acontecendo? — ela pergunta abrindo os olhos vagarosamente tentando identificar quem estava entrando em seu quarto daquela forma. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — Cadê o Lewis? — Augusto pergunta preocupado. — Não sei, não estava com ele. — sentiu o seu coração subir pela garganta. — Ele estava agora a pouco saindo com uma mochila na mão, mas não me falou nada. — seu coração já estava para sair de seu corpo. — Como assim? Não me fala que vocês dois estão brincando comigo? — ele sorriu, mas a preocupação estava transparente. — Ele está escondido no banheiro? — ele abre a porta procurando Lewis, mas não o encontrou. — Porque você está assim? — ela não entendia a preocupação de Augusto. — Ele já é um adulto. — arqueou a sobrancelha. — Você não entenderia, vem Mariana! Vamos atrás dele. — ele pegou Mariana pelas mãos, ela aparentava estar preocupada e aflita. Augusto não parecia ser o tipo de homem que se estressava fácil e por coisas fúteis. — Eu vou também, vocês estão me assustando. — quando ela começou a andar para segui-los foi interrompida. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — Não! — Mariana falou séria tentando fazer a amiga entender. — Melhor você ficar Lett. — respirou fundo e piscou os dois olhos como se implorasse para ela não insisti. Seguiram deixando ela. Violeta permaneceu na porta do quarto de boca aberta, parada sem fazer ideia do que poderia estar acontecendo, eles pareciam irritados com ela ou talvez estivessem nervosos com algo que estivesse acontecendo ou estivesse prestes a acontecer. Se jogou na cama inquieta com seus pensamentos, preocupada com algo que nem mesmo ela sabia do que se tratava, seu coração doía. Augusto e Mariana rodaram toda cidade, por lugares que ele poderia estar e nada de encontrá-lo. Voltaram para casa, iriam tentar falar com Jeremias e já sabiam que ele iria ficar desesperado, Lewis era como um filho para ele. Entraram pensativos sobre bater na porta do quarto ou esperar mais um pouco até ver se ele aparecia. — Eu não sei se devo chamar ele. — Augusto estava ansioso, passava a mão em sua cabeça compulsivamente. — Se ele não aparecer eu vou ficar louco Mari. — seus olhos estavam lacrimejando. — Ele pode ter 24 anos, mas age PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS infantilmente. — Calma! Ele vai aparecer. — confortou-o. — Vamos chamar. Ele precisa saber que o louco do sobrinho dele saiu sem rumo a essa hora da noite e a pé. O Lewis é muito importante para ele. — Mariana tentava manter a calma. — Oi? O que fazem aqui? — Henrique perguntou olhando um pouco sonolento e assustado com todo aquele movimento. — Ah! Augusto? O Lewis me pediu para te avisar que não vai dormir aqui hoje, que volta amanhã de manhã. Era para ter te falado antes, mas você não apareceu no quarto. — Augusto levantou o olhar assim que ele terminou a frase. — Ele disse para onde foi? — Mariana falou rapidamente. — Não! — respirou fundo lutando contra o sono e voltou para o quarto em seguida. — Caramba, eu vou bater muito naquele irresponsável! — Augusto se levantou e seguiu até o quarto de Jeremias que ficava para o lado oposto de seus quartos, era próximo à cozinha. Ao chegarem perto, ficaram receosos. Não PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS faziam ideia de como falar com ele. — Eu acho melhor não bater. — sussurrou para Mariana já voltando para trás nas pontas dos pés. A porta se abre e Catarine aparece olhando para eles assustada. — Oi Cacá? — fala envergonhado. — O que está acontecendo? — perguntou ainda sonolenta. — Vocês sussurram demais. — brincou. — Cadê o Jeremias? — Mariana pergunta tensa. — Estou aqui. — sua voz sonolenta ecoou para fora e ele surge logo atrás de sua esposa. — Por que não estão dormindo ainda? Amanhã cedo teremos ensaio. — olhou o relógio em seu pulso. — Já se passam das 00h00min horas. Aconteceu alguma coisa? — estava desconfiado. — Então... — Augusto vacilou. — É sobre Lewis. — ao falar o nome, Jeremias mudou sua expressão sonolenta para preocupação total. — O que tem o Lewis? — passou para frente PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS de Catarine em alerta. — Cadê ele Augusto? — sua respiração parecia ofegar mais que o normal. — Desde que a Violeta saiu com aquele amigo dela, ele também desapareceu. Ele havia saído no carro. Quando Violeta chegou, ele já estava em casa, mas de saída novamente com uma mochila, só que agora a pé. — Mariana que estava bem mais calma que Augusto explicou tudo para Jeremias. — Lembrei quando ele fugiu aquela vez, quando era pequeno e fez todos ficarem preocupados. Procuramos por toda parte da cidade, quando o encontramos acabamos caindo na gargalhada, ele estava dentro do banheiro dormindo, e sequer procuramos na ponta de nosso nariz. — Catarine tentou quebrar o clima tenso. — Só que agora ele não tem mais 6 anos, ele tem 24 anos. Você sabe que ele só faz isso quando quer ficar sozinho e o resultado nunca é bom. — passou a mão em seus cabelos. — Eu tenho medo, não sei onde ele está é isso me preocupa. Vocês foram à casa de minha mãe? — Augusto balançou a cabeça positivamente. — Ele não voltaria para aquele lugar, voltaria? — sua preocupação voltou ainda mais forte que antes. — Pensar nele sofrendo PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS e recaindo em sua própria dor me machuca. — Jeremias estava preocupado. Jeremias pegou a chave do carro, sem trocar de roupa, saiu com Caterine e Augusto para procurá-lo em outros locais. Mariana preferiu ficar para ver como Violeta estava, já que mais cedo acabaram sendo um pouco rudes com ela. Chegando ao quarto, Mariana se depara com Violeta debruçada sobre a cama pensativa e triste, respirou fundo e continuou andando até a cama em que ela estava. — Oi Mari! — ela se levantou e se sentou na cama, segurando uma almofada contra seu peito, abraçava-a como se fosse se unir a ela. — Oi Lett! — se aproximou, notando o nervosismo dela. — Me desculpa por mais cedo? Por ter sido tão grossa contigo. O Augusto estava tão preocupado com o Lewis que eu acabei ficando nervosa, todas as vezes que ele sumiu assim, acabou acontecendo algo. — se sentou próxima a ela, pegou suas mãos, forçando ela a soltar a almofada. — Está tudo bem, eu não sei o que está acontecendo, mas entendo! Todos estão PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS preocupados, pode ser sério, só fiquei um pouco assustada. — abraçou Mariana com seu coração batendo fortemente. — Ele está bem? — perguntou ainda abraçada a ela. — Nós não o encontramos. — suspirou fundo e Violeta se afastou para olhar nos olhos de sua amiga, implorando para que tivesse escutado errado o que ela disse. Ela continuava sem entender o que estava acontecendo e nem entendia a sua preocupação. — Como assim? Vocês não fazem ideia de onde ele esteja? Ai meu Deus! — se desesperou fazendo seu coração palpitar e seu corpo tremer. — E se tiver acontecido algo com ele? Se ele tiver se machucado gravemente? MARIANA! Preciso ir atrás dele. — fez menção de se levantar, mas foi impedida. — Calma Lett! Ele deve esta bem, não pense o pior. Ele sempre se virou muito bem, não vai ser agora que vai ser diferente. — tentou acalmá-la. — Vamos dormir o Jeremias já foi procurá-lo com Caterine e o Guto, logo eles voltarão juntos, você indo atrás dele só vai preocupar ainda mais. Ele deve está de cabeça cheia em algum lugar, ele PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS sempre sai para pensar. — Não vou conseguir dormir. — ela se deitou na cama e Mariana se aninhou ao lado dela. — Só fica calma, ele deve está bem, ele vai estar de volta amanhã, você vai ver. — ficou mexendo no cabelo de Violeta até que ela fechou os olhos e dormiu. Jeremias procurou por todos os becos possíveis, hospitais, cadeias, até mesmo chegou a ir a um necrotério, mas nem sinal de Lewis por esses lugares. Ele agradeceu por não ter o encontrado lá, e também se desesperou, sabia que havia acontecido algo, ele jamais brincaria dessa maneira, por mais que ele saísse tarde, estivesse com raiva de algo, ele ia direto para a casa de sua avó Lúcia, mãe de Jeremias. Voltaram para casa e já se passavam das 04h30min da manhã, estavam todos cansados, pensando nas piores hipóteses, mesmo tentando ser positivo, Jeremias acreditava que o pior teria acontecido, não era possível ele ter desaparecido assim, não havia outro lugar para ele ir. Sentados no sofá, Augusto e Caterine tentavam acalmar Jeremias que andava de um lado para o outro distante da realidade, fazendo voltas e voltas PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS em sua mente e pela casa, procurando lugares onde ele poderia ir, mas nada lhe vinha a mente, e para onde ele poderia ter ido, eles já haviam procurado. — Não é possível! Ele sumiu do nada? Ele não faria isso, por mais irresponsável que ele tenha sido, ele mudou. —seus olhos estavam repletos de angústia e sua esposa o olhava inquieta. — Calma meu amor! — Caterine se levantou e abraçou o homem que tentava manter-se firme. — Vamos aguardar um pouquinho mais. — era difícil mantê-lo calmo. O telefone de Jeremias toca fazendo-o se assustar. Se soltou do abraço de Catarine rapidamente e correu até o aparelho, atendeu e depois de algumas palavras ditas do outro lado ele ficou pálido, mal terminou a ligação, não proferiu uma palavra e saiu em disparada rumo ao seu carro que estava estacionado em frente a sua casa e foi o mais rápido que podia sem explicar o que estava acontecendo. Catarine e Augusto estavam aflitos, imaginando uma série de coisas possíveis e impossíveis. Chegaram à casa de Lúcia, mãe de Jeremias que os aguardava no portão com o rosto preocupado, foi guiando eles até o quarto em que se PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS encontrava Lewis. Todos os três se assustaram quando o viram. Ele tinha seus olhos arroxeados, um corte profundo acima da sobrancelha esquerda, que estava sangrando bastante e gemia de dor. Augusto e Jeremias não pensaram duas vezes e o conduziram até o carro, levando-o ainda sobre protestos o mais rápido que podiam até o hospital mais próximo e ficaram lá esperando por atendimento, as horas corriam e depois de 50 minutos, graças a insistência de Caterine, um médico encaminhou ele para a sala de raios-X, enquanto Jeremias preenchia algumas fichas. As horas se passavam rapidamente. Já havia amanhecido, eram por volta das 06h15min da manhã quando o médico que o atendeu, retornou com sorriso cansado no rosto, mostrando o peso de seu trabalho. — Vocês são a família do jovem Lewis? — mostrava algumas rugas em seu rosto, mantinha um sorriso encantador, feliz com muitos resultados e triste com muitos outros. — Somos sim Doutor. — Catarine se levantou rapidamente. — Como ele está? PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — Ele está bem, com alguns cortes na sobrancelha, alguns roxos no rosto, alguns hematomas pelo corpo, mas nada que não melhore em alguns dias. — Respirou fundo. — Vocês já podem ir vê-lo. Logo irá receber alta. — pela última vez deu seu sorriso exausto e saiu desaparecendo pelo enorme corredor branco. — Jeremias, enquanto vocês dois entram para vê-lo, vou para casa garantir que Pamella não receba a notícia da pior maneira possível, ela está grávida e não pode se assustar. — Augusto foi para casa e os dois entraram.

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Será que você vai saber o quanto penso em você com o meu coração? (Renato Russo)

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PERIGOSAS NACIONAIS Violeta acordou com uma tremenda dor de cabeça, olhou para o lado e Mariana estava deitada ao seu lado, se levantou devagar para não acordála, pegou uma cartela de analgésico em sua carteira e foi para a cozinha tomar, quando esbarrou com Augusto. — Oi Violeta? — ele sorriu um tanto sem graça lembrando-se de como foi grosso. — Oi! — ficou olhando-o fixamente. — Desculpa! Sei que com a forma que agi contigo ontem não foi uma maneira correta. Eu estava muito preocupado com o Lew. — suspirou envergonhado. — Como ele está? — preocupada perguntou para ele. — Ele agora está no hospital, medicado, ainda não sabemos o que aconteceu de fato. Mas assim que ele acordar sei que ele irá contar tudo para o Jeremias. — ele falava sem parar, percebeu que ela não havia entendido, voltou tudo pelo começo e repetiu bem mais calmo. — Vou pegar uma roupa para ele e voltar com o carro do Jeremias, eles precisam descansar, ficaram a madrugada toda PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS acordados. — Eu vou com você! — sem esperar resposta alguma saiu, vestiu rapidamente uma calça jeans e uma camiseta branca aleatória, calçou o primeiro tênis preto que apareceu em sua frente e desceu. Ficou esperando encostada no carro, ansiosa, queria chegar lá, ver Lewis, abraçar o mais forte possível e falar sobre o que sentia que seus sentimentos cresciam cada vez mais dentro do peito dela. — Vamos? — Augusto sorriu com carinho e a abraçou. — Me desculpa por ter sido rude, de verdade. — beijou-lhe o topo da cabeça. — Você é maravilhoso, meu cunhado. — acabou usando o termo por causa de Mariana estar se relacionando com ele. — Se eu não lhe desculpasse de qualquer maneira teria que te suportar 24 horas por dia. — os dois riram e seguiram o caminho. Passavam das 07h00min quando Lewis acordou com muita sede e tonto, eram os efeitos que os remédios aplicados causavam e aos poucos ele foi recuperando a lucidez. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — Ai! — colocou a mão em cima de seu estômago com o cenho franzido. — Se levante devagar. — a voz de Catarine era suave e confortante. — Eu quero saber o que aconteceu Lewis. — Jeremias tinha um olhar calmo e carinhoso, mesmo passando inúmeras besteiras em sua cabeça do que poderia ter o deixado daquela forma. — Tio, eu decidi ir dormi com a vovó, não é tão longe, não chega a três quilômetros. — Jeremias concordou colocando toda sua atenção para escutar. — Quando já estava na metade do caminho dois homens que passaram de moto, voltaram em minha direção. Eu apressei os passos, mas o que estava atrás mirou uma arma em minha cabeça. — estava sério e pensativo. — Me fez virar de costas para ele e ajoelhar, eu entreguei a mochila com todos os meus pertences, o celular e a carteira, mas os dois começaram a me chutar, me agrediram e eu sequer resisti. — a maçã de seu rosto estava com um grande inchaço e com alguns roxos envoltos num tom amarelado, havia verdade e dor em sua voz. — Ah Lewis... — Jeremias suspirou e o PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS abraçou. — Eu fiquei tão preocupado, não saberia lidar com algo pior, nunca mais faça isso. Por que demorou chegar à casa de sua avó? — Com os chutes e socos acabei perdendo a consciência e desmaiando, creio que eles pensaram que haviam me matado e me jogaram em um trecho com um grande matagal, acordei desorientado algumas horas depois, mas não sabia direito onde estava. Andei sem rumo, até que vi luzes e encontrei a estrada e fui para a casa da vovó. — ele fechou os olhos visivelmente sentindo fortes dores. — O importante é que você está aqui. — beijou a bochecha de seu sobrinho. — Falta pouco para a competição. — estava preocupado. — Não se preocupe com isso agora, você vai está bem, vai se recuperar a tempo de competir. — Catarine beijou a testa dele e sorriu passando toda sua tranquilidade para ele. Aquele casal era tudo o que lhe tinha sobrado na vida. — Agora vou ir à recepção ver se o Augusto chegou, precisamos ir para casa vestir uma roupa decente e descansar um pouco. — Jeremias se PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS despediu e eles saíram sorrindo ao lembrarem que estavam com roupas de dormir ainda. Lewis ficou pensativo, analisando tudo o que estava acontecendo em sua vida nos últimos dias, mergulhado em seus pensamentos, seus problemas e em sua tristeza. — Lew? — Augusto entrou e viu-o olhando para o nada calado e triste. — Ei? O médico disse que você terá alta até o fim da tarde. Melhore essa cara emburrada. — mesmo falando de forma empolgada e alegre, Lewis permaneceu triste e desanimado. — Eu estou fome! Compra alguma coisa para eu comer? — ficou olhando para a janela. — Claro que sim irmão! O que você quer que eu compre? — respirou fundo vendo um Lewis baixo astral e desanimado. Lembrou que Violeta aguardava lá fora, talvez ela o alegrasse. — Qualquer coisa comestível, eles me deram um café horrível. — apontou para uma bandeja que tinha iogurte e granola, coisas que ele detestava. — Volto em alguns minutos. — saiu e aproveitou para falar com Violeta. — Oi? — ela PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS estava ansiosa batendo a ponta do sapato sem parar na quina da parede. — Oi! — aguardou ele falar algo. — Você pode entrar, ele está um pouco irritado e triste, acho que você pode acalmá-lo. — beijou-lhe a testa e seguiu para encontrar uma lanchonete próxima de lá. Violeta abriu a porta lentamente, viu que ele estava distraído olhando fixamente para a janela, aparentava está pensativo e preocupado. — Ainda bem que você chegou Guto. — olhou respirando fundo e prendendo a respiração em seguida assim que visualizou Violeta. — Oi? — ela ficou parada na porta nervosa. — O que você está fazendo aqui? — perguntou grosseiramente deixando ela tensa. — Eu vim ver como você está! — não acreditou que ele estava perguntando aquilo para ela. — Estava preocupada, quando soube vim com o Augusto. — se aproximou e sentou em uma poltrona próxima a cama. — Não precisava ter vindo, eu não pedi para PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS que viesse até aqui. Estou bem, pode ir embora agora. — sua voz soava cortante aos ouvidos dela. — Eu... Eu... — tentou engolir o nó preso em sua garganta, mal consegui pronunciar uma palavra, sentiu as pernas ficarem trêmulas e todo seu sangue fugiu do corpo deixando ela travada na poltrona e acuada. — Você não entendeu? — ele falava grosseiramente quase gritando. — Eu quero que você vá embora. — virou as costas e fingiu que ela não estava ali. — Tudo bem! — falou sentindo um nó ainda maior se formar em sua garganta, caminhou até a porta ainda em choque pela forma que foi tratada, parando de súbito assim que chegou até ela. — Melhor sermos mesmo amigos, cultivar sentimentos em plantação ruim só nos fará colher frutos podres. — Lewis se virou para falar com ela, mas já não havia ninguém lá. — Vai ser melhor assim. — se encolheu na cama. — Um dia talvez eu consiga explicar tudo e ficar com você. — fechou os olhos e passou a mão em seu rosto impedindo que as lágrimas rolassem. — Um dia vamos semear nossas sementes e PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS colheremos frutos em fartura. — Prontinho! — Augusto entra. — Cadê a Violeta? — olhou o rosto triste de Lewis. — Deve está lá fora. — respirou fundo. — O que aconteceu aqui? — deixou a sacola na cômoda. — Ela não está lá fora e ela não conhece aqui. — saiu correndo em busca de Violeta. Foi diretamente para fora e para seu alívio encontrou-a sentada na calçada ao lado do hospital abraçada aos joelhos. — Ei? O que houve? — ele se abaixou e sentou-se ao lado dela. — Nada de interessante. — forçou um sorriso. — Se importa se eu for embora? Não estou me sentindo bem. — parecia constrangida. — Não! Claro que não me importo, vou chamar um táxi. — antes de ligar para o número discado em seu celular, ficaram alguns minutos se olhando. — Você é tão linda. Não sei explicar esse afeto que sinto por você. — puxou a cabeça dela e depositou um beijo em sua testa. — Eu também sinto um carinho muito especial por você. — o abraçou e deixou algumas PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS lágrimas escorrerem pelo seu rosto. — O que foi? Pode falar comigo, você sabe disso, não sabe? — ergueu o queixo dela com suas mãos. — Não sei te explicar, mas quando cheguei aqui, eu acabei me encantando com o Lewis, tudo isso em poucos dias, estava tudo bem, até ontem de manhã a Pamella me falar sobre a gravidez e me confundir. — coçou a cabeça. — Ela me falou que eles estavam muito bem juntos e pelo que parece eu estraguei o relacionamento deles, que ela está mal por minha culpa. E o pior de tudo é que o Lewis está agindo estranho, muito grosso. — balançou a cabeça para esquecer como ele a tratou. — Não pense nisso por agora, tudo bem? A Pamella e o Lewis não tinham nada a mais de três meses, ela fez isso para provocar e conseguiu. — a expressão do rosto dele era séria, mas depois de alguns segundos se aliviou. — À noite quero te levar em um lugar, quero que conheça e ame como eu e todos os outros amamos. — os olhos dele brilhavam. — Onde? — ficou curiosa, a ansiedade já estava batendo à porta. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — Mais tarde você irá saber! — pegou o celular e ligou para o táxi, falou o local em que estava e desligou. — Por sorte ele está por perto, se alimente bem, durma e guarde bastante energia para a noite, hoje será um verdadeiro show. — sorria feito um menino. — Estou tão curiosa, você está falando desse lugar tão empolgado. Vou ficar preparada. — um táxi parou em frente ao hospital. — Acho que o táxi chegou, vamos! Chegarei com o Lewis às 19h30min e sairemos até 21h00min. — explicou para ela que já entrava no carro. — Fique bem, por favor? — sorriu carinhosamente. — Vou ficar. Falarei com ele quando estiver mais calmo. — jogou um beijo para ele no vento e o carro saiu deixando para trás Lewis, ainda mais distante dela. Aquilo era novo, não sabia de nada em relação a tudo que estava acontecendo, apenas sabia que não abandonaria seu sonho de se tornar uma grande bailarina.

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O coração tem razões que a própria razão desconhece. (Blaise Pascal)

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O dia se passou vagarosamente, parecia estar brincando com Violeta, ela queria conversar melhor com Lewis, ele não podia se afastar. Ela sabia que havia se precipitado, mas quem nunca? Violeta estava focada na disputa, só que toda essa história a deixou confusa e desestabilizada. Estava muito ansiosa, então ajudou com o almoço, cuidou do jardim, ensaiou alguns passos da coreografia que Jeremias acrescentou e que pareciam ser difíceis, eram rápidos e mais impactantes, não eram como a dança contemporânea ou clássica. Acabou descobrindo que Caterine era bailarina, mas havia parado porque teve uma contusão séria em seu joelho direito e sentia muita dor ao dançar. Porém ainda dançava muito bem, Catarine mostrou as coreografias com Jeremias, mostrando que havia química entre os dois não apenas como marido e mulher. Mariana fez Violeta ir a uma sorveteria quase do outro lado da cidade a pé apenas para comprar um pote de um sorvete com o sabor de quatro leites que Augusto amava. Compraram também alguns pães e uma torta de limão que ao comerem as duas PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS agradeceram por não se arrepender da viagem até lá, estava muito saborosa. O resto do dia passou de maneira tranquila, sem pressa. Jeremias saiu para buscar Lewis e Augusto e demoraram bastante, então todos foram se arrumar para irem ao misterioso lugar que Augusto iria levá-la junto com os demais. Depois de tanta demora, Jeremias chega apenas com Augusto. — Cadê o Lewis? — Violeta se preocupou. — Ele ainda está mal? — Ele pediu para ficar na casa da avó. — Jeremias tinha uma expressão mais aliviada. — Ele está bem! — apertou o seu ombro. — Ele só precisa de um tempo, muitas coisas estão acontecendo e ele está confuso. — Augusto falou abraçando Mariana que se aproximou dele desferindo um estalado beijo em sua bochecha. — Vamos então? — Mariana falou mudando o assunto. — Claro! Apenas vou tomar um banho. — Augusto correu para o quarto deixando as duas na sala. — Não fica assim Lett! — Mariana viu os PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS olhos de Violeta brilhar. — Ele foi grosso comigo e agora ele não quis vir para cá, não estou entendendo nada. Alguma coisa está acontecendo. — ela se sentou no sofá, ficou calada e pensativa. Augusto retorna animado, sempre com seu jeito divertido e menino. Somente assim o ânimo deles aumentaria. — Vamos! O restante do pessoal já está lá, só faltamos nós. — pegou a mão de Mariana e a de Violeta, saiu puxando elas para fora. Esperaram o táxi chegar, ele demorou por volta de 50 minutos. Quando ele chegou, os três entraram rapidamente no banco de trás. Violeta e Mariana estavam vestidas praticamente iguais, mudava apenas a cor do short, que Violeta estava usando preto. Todos estariam parecidos, pelo que Augusto falou era para identificação. O lugar em que o táxi estacionou, revelava um espaço aberto a alguns metros, estava cheio de pessoas, todas dançando alegremente, as músicas que estavam tocando, eram diferentes do que Violeta estava acostumada a dançar, mas eram desafiadoras. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — Os ritmos aqui são bem fortes. — ela olhou assustada para Augusto e Mariana que pareciam empolgados. — Isso mesmo! Hoje você irá conhecer o outro lado e, te garanto que vai adorar a experiência. — ele seguiu rumo ao aglomerado de pessoas e ela seguiu-os. O som era diferente, mas mexia com Violeta, ela sentia cada batida como uma corrente elétrica percorrendo pelo seu corpo. Todos que estavam lá dançavam de maneira vibrante, com movimentos intensos e ela gravava cada movimento, cada passo que ela ainda não havia visto. Um pouco mais à frente, havia um grupo dançando no meio da multidão, todos os aplaudiam e gritavam como loucos, assim que se aproximaram, o restante do grupo apareceu se juntando a eles. Divertiam-se com as músicas tocadas, por todos os lados era possível ver grupos, eles estavam vestidos de maneiras similares uns aos outros. Perto de onde estava vendendo bebidas, estava um grupo em que todos mantinham suas expressões sérias e roupas de um tom roxo escuro. — Quem são eles? — Violeta perguntou PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS curiosa sobre eles. — São os Blackheads. — Augusto falou respirando fundo. — Nossos adversários, não apenas na dança. O líder deles é o ex-namorado da Caterine, mulher de nosso líder. Sempre dá confusão por causa das piadinhas de mau gosto dele. — Augusto apontou para um homem alto, cabelos castanhos que parecia ser muito arrogante. — E aquele baixo, forte e loiro, já teve uma briga séria com Lewis, sentimos um pouco de medo do que pode acontecer com eles quando se encontrarem novamente. — o loiro a quem ele se referia estava olhando, justamente quando Violeta estava o olhando e a encarou. Começou uma música agitada e Violeta começou a dançar um pouco contida, não era um ritmo que ela dominava. O grupo Blackheads foi para a pista e não paravam de olhar na direção onde estava Violeta. — Hum! — uma mulher de cabelos pretos se aproximou analisando-a. — Nova integrante? Mais uma para perder. — a forma que a mulher falava fazia Violeta sentir náuseas com sua voz fina e aguda. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — Acho que você está se sobressaindo. — Violeta sorriu ao ser desafiada e todos olharam espantados para ela. — Na teoria é fácil, vamos colocar em prática. — Não apenas seus colegas como o grupo adversário olharam impressionados e assustados. — Você acha mesmo que com esse seu jeitinho clássico de dançarina de "ballet"... — ironizou. —... Você irá ganhar de nosso grupo? — sorriu e saiu para o meio. — Você e eu. Agora! — desafiou-a — Quer passar vergonha? Quem disse que só danço balé? Ele é minha preferência, não é o único que pratico. — sorriu. — Então vamos. Você e eu! — Violeta odiava ser desafiada. — Você tem certeza? — Mariana foi até Violeta e sussurrou em seu ouvido. — Nunca tive tanta certeza. — respirou fundo e se concentrou, precisava acreditar ainda mais em seu potencial, em seu talento, a dança fazia parte de seu instinto, ela não escolheu a dança, mas foi escolhida. — Então... — Mariana se afastou. — PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS ARRASA AMIGA! — gritou já ao lado de Augusto que olhava não muito satisfeito. — Vai ficar parada aí? Mostre o que sabe. — desafiou Violeta mais uma vez. Violeta sorria com o sangue fervendo em suas veias, ela sabia que seria um desafio e tanto, mas daria o seu melhor. Uma música começou a ecoar por todo espaço, os ritmos eram frenéticos, Violeta então respirou fundo mais uma vez e começou a se mover um pouco tímida ainda e alguns dos Blackheads murmuravam entre si e sorriam. — Só isso que consegue mostrar de bom? — a mulher sem que Violeta tivesse tempo para respostas, se lançou de cabeça e com entrega a música, as batidas fortes complementavam seus movimentos rápidos e precisos. Violeta estava um pouco incomodada, não poderia perder para aquela mulher. Então se lembrou das aulas de acrobacias em que sempre foi muito boa. Teve uma ideia, juntaria o útil ao agradável. Sorrindo começou a dar alguns saltos, logo em seguida se entregou como se a música houvesse se transformado em sangue e circulasse por toda parte do seu corpo aquecendo-a e dando PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS vida a movimentos que ela nunca havia tentado antes, sua flexibilidade e equilíbrio era impressionante, seus passos precisos se tornavam em saltos que assustaram a todos. Quando ela deu por si, a música estava acabando e todos olhavam para ela de olhos arregalados, em especial Jeremias que estava parado ao lado de Catarine extasiado com o domínio que ela acabou de mostrar para todos. Bem ao fundo ela conseguiu ver um rápido vulto de quem poderia ser Lewis se afastando acompanhado de Augusto. — Desse teu lado eu não sabia! — Jeremias se aproximou empolgado. — Estou muito impressionado. — sorria contente ao ver o trunfo que tinha em seu grupo. — Vocês também vieram. — ela sorriu espantada com a presença deles. — Sempre que possível estamos aqui para analisar de perto cada um. — sorriu para ela. — E hoje me surpreendi. — abraçou-a e foi cumprimentar os outros. Ela se afastou para procurar Augusto, sabia PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS que ele estava com Lewis, mesmo que rapidamente, ela havia visto os dois saírem juntos. Passou pelo bar montado de forma grosseira ao lado da entrada e quando estava chegando ao portão seu braço foi agarrado por uma mão fina, que puxou ela para trás com muita força. — Você não sabe com quem está brincando pirralha! — a mulher de alguns minutos atrás estava parada olhando para ela com fúria nos olhos. — Acho que não me conhece, vou me apresentar para que nunca se esqueça. Me chamo Katrina, a mulher que irá te derrotar. — levantou a mão para lhe desferir um tapa, mas uma outra pessoa entrou na frente. — O que você pensa que está fazendo? — Ítalo segura a mão de Katrina. — Não encoste um dedo ela! — estava furioso. — Só podia ser você, o cara que abriu mão do grupo vencedor para fazer parte de um grupo careta, de PERDEDORES. — gritou histérica. — Basta! — falou sério. — Saia daqui! Deixe ela em paz. Veremos quem é perdedor quando estivermos disputando a vaga para a semifinal. — sua voz saiu mais alta do que ele gostaria, estava PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS muito nervoso para se controlar. Ítalo pegou o braço de Violeta e a conduziu de volta para o meio da multidão. — Você está bem? — perguntou vendo ela encolhida. — Ela é bastante impulsiva. — colocou as mãos sobre os ombros dela, fazendo-a relaxar. — De onde vocês se conhecem? — Violeta parecia curiosa sobre os dois. Ítalo parecia ser um rapaz muito centrado e pensar nele envolvido com pessoas parecidas com Katrina. — Nós éramos amigos, eu fiquei alguns meses no Blackheads e saí após discordar dos planos do líder. — suspirou. — Mas hoje estou aqui, em um grupo que tem enormes diferenças. Com um líder que não planeja derrotar os outros grupos, mas vencer aos nossos próprios desafios. — sorriu. — Que bom que veio para este grupo. — relaxou e sorriu. — Para onde você estava indo? Vou te escoltar até lá. — sorriu. Ele era um bom garoto. — Estava procurando o Augusto. Mas acho que ele saiu para algum lugar. — suspirou. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — Não! Ele está conversando com o Lewis perto dos banheiros. — O coração de Violeta disparou, então era ele mesmo. Não falou nada, apenas seguiu para onde possivelmente eles estavam. Ítalo a seguiu. Lá estavam eles, onde ele disse que havia os visto, pareciam preocupados. Augusto tinha as mãos em sua cabeça e Lewis estava sentado com uma roupa toda preta, totalmente mergulhado em uma escuridão que conseguia ser mais negra que seus olhos. Quando eles avistaram-na, se levantaram, Augusto foi até ela e Lewis saiu mancando para outro lado. — O que houve? — Augusto estava preocupado. — Apenas pensei que poderia falar com o Lewis, mas ele está me evitando. — sorriu constrangida. — Vamos voltar para a pista de dança, vamos apresentar o grupo para todos, o Jeremias mudou o nome do grupo, hoje teremos uma entrada triunfal. — sorria como menino esperançoso. — Além daquela entrada que você já mostrou mais cedo é claro. — Augusto disse orgulhoso. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — Então vamos logo! — Ítalo estava empolgado. Os três retornaram para onde estavam os outros aguardando. Jeremias pegou seu megafone inseparável e começou a falar, não teve um que não prestasse atenção. — Boa noite! Acredito que todos aqui já me conheçam, mas para quem não me conhece eu sou o Jeremias, dono da companhia de dança Elis. — ele sorriu enquanto as pessoas aplaudiam. — Hoje, após anos, resolvi fazer algo que nunca imaginei que faria, irei renomear o grupo. — enquanto ele completava seu discurso Violeta olhava confusa para Augusto. — Como assim? Mas o nome Elis não era importante para ele? — buscava entender, não sabia o que ela representava, mas se seu nome estava lá ela era muito importante. — Espere e irá entender. — isso foi apenas o que Augusto falou. — Vamos logo ao ponto, o nome do grupo hoje passa a ser... — fez uma breve pausa e prosseguiu. —... Sunflower. Antes que perguntem o porquê, irei responder, para que a essência da fundadora Elis não se perca, ela amava o jardim PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS assim como a dança e, sua flor preferida era o girassol. — queria ser o mais breve que podia ser, havia muito mais que apenas uma mudança repentina de nome. — Então com vocês o grupo Sunflower! — aplaudiu empolgado. Eles sorriam, ficaram felizes com essa nova mudança, era um sinal de que muitas coisas iriam começar a tomar um rumo diferente e bom. Começaram a dançar a música ensaiada naquela semana, precisavam expor seus passos e conquistar os territórios. Violeta dançava incompleta, faltava Lewis. Tudo estava indo muito bem, eram passos razoáveis, alguns giros, era algo contemporâneo fundido ao moderno. Estava lindo, mas faltava um toque a mais. Algumas pessoas observavam caladas, o grupo que tanto os odiavam não paravam de cochichar e dar risinhos sobre a apresentação. A música começou a ter batidas bem mais fortes e, Lewis entra dançando, surpreendendo a todos, fazendo seus passos tão intensos quanto ele, o grupo começou a vibrar, era notório o quanto ele tinha respeito entre eles, alguns faziam passos parecidos, até mesmo inovaram, fazendo os olhos se fixarem incrédulos, era uma grande novidade. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS Violeta teve uma ideia, já que Lewis não se aproximava dela, ela mesma iria se aproximar, ele não poderia fazer feio diante de tantas pessoas que estavam ali observando a apresentação. Com alguns saltos muito bem estudados ela se aproximou e falou alto, mesmo com a música sobressaindo o som de sua voz. — Por que você está me evitando? — ele parecia não acreditar, ela estava seguindo seus passos, simplesmente seguia seus passos que pareciam difíceis antes. — O que você pensa que está fazendo? — estava assustado com a ousadia dela, mesmo com o capuz da blusa cobrindo seu rosto, era possível ver que ele olhava para ela. O olho direito dele estava arroxeado e inchado, nem mesmo isso o deixava feio. — Dança comigo ou irei falar até que se atrapalhe e passe vergonha na frente de todas essas pessoas. — nem ela própria sabia de onde estava vindo toda aquela segurança. Talvez, pela primeira vez ela se arriscava em alguma coisa fora da sua zona de conforto e a adrenalina criava uma nova expectativa sobre tudo que ela quis até aquele PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS momento. Antes que ela pudesse repensar sua proposta ele já estava puxando ela para si, o som envolvente ecoava pelo espaço, a música estava nas partes finais, naquelas partes onde o coração vibra com o calor que a música causa no coração, que te faz esquecer até mesmo onde se encontra. Lewis se movimentava com fúria, passando para ela toda energia acumulada em seu corpo, se tornaram apenas um, com grande compatibilidade. Tudo estava de improviso, mas pareciam muito bem calculado, os braços e pés dos dois eram extremamente ágeis, se movimentavam em perfeita harmonia. Violeta sentia que eu corpo estava ligado ao dele a cada melodia, os sons faziam seus corpos estarem em uma constante troca de energias. A música acabou. Todos pararam e olharam para eles que estavam ofegantes, olhando um para o outro como se tudo ao redor tivesse sumido. O capuz caiu mostrando o rosto de Lewis, os olhos negros dele continuavam imersos na escuridão, duros, mas ao mesmo tempo estavam incendiados pela conexão que os dois conseguiam ter de forma mágica toda vez que dançavam juntos. Pararam PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS ofegantes, se olharam e ainda continuavam presente entre eles as faíscas, quem estava olhando conseguia sentir o clima. Lewis se afastou abruptamente de Violeta. Todos comentavam sobre o show, maravilhados. Era raro ver duplas que se completavam tão bem. — Lewis espera! — Violeta andou apressadamente para alcançá-lo, mas ele não deu ouvidos ao seu chamado e desapareceu entre as pessoas. Respirou fundo tentando não ficar louca. Voltou para trás com a raiva lhe consumindo os pensamentos. Pensava consigo enquanto voltava que não iria correr atrás de um cara como ele, grosso e insensível. Ela não sabia de absolutamente nada sobre ele, a cada momento ele mostrava-se diferente, duas versões em uma só pessoa. Não era fácil tentar entender o porquê dele se afastar, porém tudo começava a fazer sentido. Andava rapidamente tentando afastar os pensamentos, ele não merecia a preocupação dela. Discou o número de Nicolas e implorou para que ele atendesse. Mal sabia o que estava fazendo, não conseguia pensar só queria afastar os PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS pensamentos repetitivos. — Oi? — uma voz rouca atende e ela olha no relógio, notando que já se passavam das 00h00min. — Desculpa o horário, é que eu gostaria de saber se teria como você me buscar? Eu gostaria muito de dar uma volta. — sua garganta estava fechada, nenhum ar passava, as lágrimas insistiam em querer descer e entregar sua frustração. — Que isso? Eu falei que poderia me ligar a qualquer momento, não foi? — ele disse docemente. — O que aconteceu? Só vou me arrumar. — sua voz era preocupada. Antes que ela pudesse responder o celular foi retirado de sua mão, com esse ato acabou se assustando, com certeza estava sendo assaltada. — Não vai ser preciso vir buscá-la. Ela já tem companhia para ir embora. — Lewis olhava nervoso para Violeta que tentava pegar o celular. — Obrigada e TCHAU. — desligou o celular. — Por que você fez isso idiota? — tomou o celular da mão de Lewis e saiu batendo os pés. — Você acha que é quem para se intrometer em minha vida? — suspirava enquanto marchava a procura de PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS alguém conhecido. — Me espere! —ordenou. — NÃO SOU SUA SUBMISSA. — ela gritou nervosa e Lewis acabou se assustando, ela sempre era muito calma e aquele seu lado era uma grande novidade. — Você não é assim. — Lewis viu uma mulher com a autodefesa atingindo o máximo. — Para de me confundir, não tem nem uma semana que te conheci e você já está tentando me enlouquecer. — seu nervosismo era visível. — Eu sou como? Você não me conhece, não tenho paciência para suas mudanças de humor, apenas me deixe em paz. — ela só queria estar sozinha. — Vamos! — falou franzindo o cenho. Saiu na frente pensativo, ela resistiu por um momento, mas acabou cedendo. Os outros já haviam ido para casa e pelo jeito a deixaram para trás. Até o carro nenhum dos dois proferiu nenhuma palavra. O restante do grupo já haviam se organizado, alguns foram embora com Jeremias e outros de táxi. Mariana ligou preocupada para Violeta e ficou bem mais tranquila ao saber que ela PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS estava acompanhada por Lewis, avisou que Augusto pediu para que o amigo procurasse a garota e a levasse para casa em segurança. O silêncio parecia sufocante demais, tornava o estúdio longe e tornava o clima entre os dois tenso e vazio. Assim que o carro parou, Violeta respirou fundo e se soltou do cinto de segurança. Suspirou duas vezes antes de colocar a mão na porta. Abriu rapidamente e saiu sem falar nada. — Calma! — Lewis correu e parou de frente para ela. — Não saia assim, por favor! — suspirou. — Fala logo Lewis, preciso entrar, teremos que trabalhar esse final de semana para arrecadar fundos para o uniforme e eu quero está descansada. — colocou a mão sobre a cabeça buscando paciência. Sem falar nada ele se aproximou. Olhou profundamente dentro dos olhos dela, causando um impacto entre seus olhares, havia algo a mais naqueles olhos difícil de decifrar. Em silêncio, se encostou o máximo, a fazendo encostar-se à lateral do carro. — Eu não confio naquele tal de Nicolas, por PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS favor... — suspirou. — Pare de vê-lo, não se envolva. — seu corpo estava colado no dela fazendo com que a sua respiração falhasse com o contato. — Está com ciúmes? Eu me envolvo com quem eu quiser. Sou dona de mim, não preciso de conselhos seu, um cara que não consegue nem ser verdadeiro, quantos ‘eu’ você tem? — sorriu com deboche. — Confiar? Quem é você para falar em confiança? Você não confia em ninguém, acredito que nem em você mesmo. — respirava ofegante com a aproximação dele. — Ele é carinhoso, se preocupa comigo, me trata bem e não tem uma namorada grávida. — jogava as indiretas sem rodeios ou piedade. Aqueles olhos negros estavam causando um tremendo alvoroço em seu coração e a cada frase mais duros eles ficavam. Ele parecia conhecer cada célula de seu corpo, a analisava como se fosse algo especialmente querido, mantendo os ritmos de respiração os mais parecidos possíveis. — Realmente! Tenho que concordar. — suspirou. — Só cuidado! — aquela voz rouca era uma maneira de castiga-la, a respiração tocando-lhe PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS o rosto deixava seu juízo ainda mais longe da realidade. — Não preciso de seus cuidados, cuide da Pamella e do bebê, eles que são de sua conta. — tentou se desvencilhar, mas seu corpo traía ela ansiando pelo toque daquele homem que em uma hora parecia carregar a culpa de todo o mundo nas costas e em outro momento parecia ter sérios problemas. Lewis se abaixou para encara-la mais de perto, estava tão próximo que dava para sentir seu hálito morno bater em seu rosto causando-lhe arrepios. Fechou os olhos pensando que ele iria beija-la, já estava preparada para gritar, mesmo que esse fosse seu desejo não permitiria tal ato. Mas ele apenas depositou um beijo em sua testa, suave e demorado que deixou Violeta espantada. Ele sabia bem onde tocar, sabia bem o que fazer para mexer ainda mais com seu coração. Suspirou uma última vez pesadamente e entrou dentro do carro novamente sem olhar para trás ou fazer qualquer menção de ficar. — Você não vai entrar? — Violeta tentava fingir indiferença, mas estava também preocupada PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS sobre ele. — Se cuida! — foi apenas o que ele disse enquanto dava partida em seu carro. Violeta entrou, estava pensativa. Tudo que ela queria naquele momento era descansar e esquecer por alguns minutos que Lewis existia ou que a competição se aproximava, apenas dormir e literalmente apagar. Acabou se lembrando de que seus pais estariam com eles no final de semana, que de certa forma seria bom tê-los lá. Havia uma paz enorme em seus pais até difícil de explicar, todos que estivessem por perto seriam capazes de sentir a enorme alegria. Distraída como sempre acabou esbarrando em algo ou alguém que ela julgou ser uma parede. — Ai droga! — falou ao cair no chão como uma manga podre. — Você está bem? — era Ítalo com uma aparência terrível de quem havia chorado muito. — Estou sim. — sorriu timidamente omitindo seus contratempos. — Já você parece que não está com uma noite muito boa. — comprimiu os lábios. — Só estou me sentindo um pouco mal. — ele PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS segurava algumas lágrimas. — Venha, vamos conversar! — conduziu-o até o banquinho (que se tornou tão querido para ela) e segurou sua mão entre as suas. — Pode começar quando quiser, acredito que desabafar vai te fazer se sentir melhor. — era bom que ele pudesse desabafar ajudando ela a tirar o foco do que aconteceu anteriormente. — Você me transmite uma confiança tão mágica. — sorriu com algumas lágrimas percorrendo seu rosto. — É sobre minha família... — mais um que possuía um relacionamento frágil. Ele deu uma breve pausa e Violeta respeitou esse tempo que ele precisou para retomar seu fôlego. Parecia engasgado e frustrado, as palavras estavam presas em sua garganta sem previsões de saída. —... Quando era mais novo, minha mãe adotiva me tratava tão bem, como se eu fosse um bonequinho, sempre tive tudo que eu queria e o que não precisava. Os meus pais, acabaram se separando quando completei 15 anos, foi aí que a minha mãe acabou revelando algumas coisas inusitadas. — suas lágrimas caiam sinceramente. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — Não sei se consigo contar o que aconteceu, preciso muito me descobrir e entender tudo o que vem acontecendo, é uma situação muito complicada. — sacudiu a cabeça. — Se quiser parar eu vou entender, talvez seja melhor você não remoer. — o coração dela estava apertado, sentia que algo estava errado. Na verdade, ela queria muito que ele contasse o restante da história para ela, mas não se pode forçar uma pessoa a falar sobre seus traumas. Ítalo apenas sacudiu a cabeça positivamente, mostrando que estava tomando fôlego e que logo tiraria as palavras de sua garganta. Permaneceram sentados olhando para o céu e observando o quão extenso ele é e, o quanto de história tinha para contar, por isso ela acreditava fielmente que cada ser humano possuía uma galáxia dentro de si, com inúmeras estrelas não lidas e muitos mundos sem serem descobertos, mas essas galáxias não podem ser invadidas, muitos dos mundos que existiam ali poderiam explodir e destruir toda aquela estrutura e quando tentassem recuperar todo conteúdo seria muito tarde. — Eu preciso desabafar antes de dormir, esse peso PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS está me dando insônia por anos. — vê-lo daquela maneira tão vulnerável era doloroso. — Ela acabou nos contando que por amor a meu pai ela havia convencido a minha mãe biológica a me entregar a ela. Mas ela estava tão descontrolada que ninguém conseguiu saber qual era a real verdade. Ela se jogou na frente de um carro assim que meu pai saiu com as malas. — aquela história parecia torturante. — No fim eu descobri que ela não me amava, ela era obcecada pelo meu pai, que eu fui um trunfo para manter ele ao lado dela, ele queria muito ter um filho homem. — limpou as lágrimas que passavam pela sua bochecha lentamente.

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— E hoje? Qual sua idade? Você ficou com quem? — estava preocupada. — Eu passei a viver com meu pai, que sempre foi muito carinhoso, a esposa dele também me trata como um filho, eles tiveram uma linda menina, minha irmãzinha. A Clara de 8 anos. Eu tenho 24 anos. — parece que em meio a tanta coisa ruim que lhe aconteceu, a irmãzinha era sua alegria. — O que seu pai acha dessa história toda? — estava curiosa. — Acredita que ela me roubou na maternidade. Mas são questões ainda desconhecidas, nem mesmo ele consegue entender. — o coração dela mais uma vez se apertou, balançou a cabeça e pensou “é apenas uma coincidência, ele faleceu, minha mãe fala tanto que começo a acreditar que o Vinicius está vivo”. — Em qual maternidade? — perguntou com um nó na garganta. — Em um hospital aqui mesmo no Distrito Federal. Não me recordo o nome apenas sei que ele parou de funcionar faz algum tempo. — Violeta o olhava detalhadamente. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS Nesse ritmo a conversa se finalizou. Ítalo se sentindo melhor e Violeta se sentindo confusa. As coisas para ela só haviam se complicado desde que deixou sua casa, estava tudo uma grande loucura.

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"A vida é um caos aleatório, ordenada pelo tempo." (Inacio Lucena) PERIGOSAS ACHERON

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Uma semana se passou em um piscar de olhos. Lewis não apareceu mais desde que decidiu ficar na casa de sua avó, a única notícia que chegava para eles é que ele estava se recuperando. Os pais de Violeta chegaram ao sábado pelo meio do dia. Se tornaram a alegria de toda a casa. — Nossa! Que lugar lindo. — Laura estava impressionada assim como Violeta quando chegou. — Sejam bem vindos! É a primeira vez que pais de alguém do nosso grupo nos visitam. — Catarine disse muito receptiva. — Venham! Vou mostrar para vocês onde irão dormir. — ela os conduzia rumo ao quarto. Não desgrudavam de Violeta. Uma parte do grupo estava em casa, receberam muito bem Laura e Camilo, ficaram empolgados com a alegria que eles trouxeram. Pamella e Luana viviam trancadas no quarto, não foram dar um 'oi' sequer. Augusto e Jeremias foram visitar Lewis, iriam conversar sobre a competição que se aproximava. Ítalo chegou uma hora depois deles, Camilo se encantou com o rapaz, disse que quando era mais novo se parecia bastante com ele, PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS forte, cabelos escuros e levemente ondulados. Até mesmo a personalidade deles eram similares, ficaram conversando por bastante tempo. Violeta olhou para a mãe abismada, mas a expressão de sua mãe continuava a mesma, apenas sorrindo tranquila. — O Ítalo é um garoto lindo né? — Violeta falou tentando descobrir o que sua mãe pensava. — Sim. É o garoto que chamou a sua atenção? — arqueou a sobrancelha fazendo Violeta se assustar duas vezes, uma por sua mãe não ver que o Ítalo tinha extremos indícios de ser seu filho perdido e a outra por ela pensar que eles poderiam ter alguma coisa, nem de longe ele possuía as descrições feitas sobre Lewis a sua mãe. — Credo mãe! — sem querer acabou falando mais alto que seu normal e ao notar abaixou a voz envergonhada. — Não, ele não é o Lewis. — falou um pouco mais baixo. — A senhora não notou nada no Ítalo? — estava abismada — Não! — Laura agora tinha as duas sobrancelhas juntas em sinal de dúvida. — Ele é gay? — arregalou os olhos. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — NÃO MÃE! — a repreendeu, Ítalo e Camilo olharam assustados. — Chega um pouco mais perto. — queria sussurrar para que eles não pensassem que ela era louca. — Por que você está tão misteriosa? — Laura estava tentando entender todo aquele suspense de sua filha. — Mãe? O Ítalo foi adotado quando era um bebê, ele nasceu no mesmo hospital que a senhora ganhou o Vinicius. — Laura olhava para ela pensativa e de cenho franzindo. — A madrasta dele antes de se matar, acabou falando que o roubou. Não acha muita coincidência? — seu coração estava batendo forte e começava a suspeitar que estava enlouquecendo. — Ele não é o Vinicius. — sua mãe falou convicta e ela se assustou. — A senhora quase nos fez enlouquecer, falando que ele foi roubado da maternidade e agora que tem uma pessoa com a mesma história, me diz que ele não é o Vinicius? — falou indignada sem notar que estava agindo grosseiramente. — Eu reconheceria meu filho e ele não é o PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS meu Vinicius. — deu de costas e saiu rumo à cozinha para conversar com Catarine e Mariana. Violeta estava confusa com a situação, pensando que talvez esse assunto de que a morte de seu irmão foi forjada estava os deixando loucos, a sua mãe estava obcecada pelo assunto e não queria aceitar a morte dele. Como eles iriam trabalhar na parte da noite em uma festa, optou por descansar o fim da tarde. Dormiu por horas e foi acordada por sua mãe. — Acorda! Já são 16h00min da tarde, vocês irão sair às 18h00min. Muito cuidado, essas festas grandes são cheias de pessoas mal intencionadas. — sua mãe era muito preocupada. — Tudo bem mãe! — cortou o assunto. — Vou me arrumar logo e comer algo, o Augusto já chegou? — queria ter notícias sobre Lewis Tyler. — Quem é Augusto? — sua mãe parecia está desligada de tudo. — Não conheci nenhum. — foi até a mala de Violeta e colocou o frasco de perfume novo. — Seu pai pediu para te entregar esse novo frasco, ele gosta de prevenir, até demais. — disse olhando os dois frascos que ela ainda possuía. — Agora vá se arrumar e venha comer alguma coisa. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — aquela sensação de está em casa era tão boa, lhe dava mais forças. Sua mãe saiu e ela aproveitou para tomar um banho demorado, tirando toda energia ruim que poderia está acumulada sobre ela, sorriu com a hipótese de um banho de sal grosso, apesar de não acreditar muito. Mariana entra cantando dentro do quarto, estava animada, trouxe com ela os uniformes, deixou o de Violeta em sua cama, o de Amanda na dela e se sentou na poltrona para esperar Violeta sair do banho. Depois de longos minutos Violeta sai do banheiro totalmente distraída, se assustando ao ver Mariana. — Que susto que você me deu Mari. — colocou a mão em seu peito e notou que estava completamente nua. — Olhe para lá. — falou enquanto procurava sua toalha e Mariana ria da situação. As horas passaram rapidamente, quando notaram já era hora de ir trabalhar. Se despediram de Camilo e Laura muito contentes, seria bom, aquela noite iriam conseguir o dinheiro do uniforme que usariam na competição, Jeremias deixou claro desde o inicio que para obter sucesso PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS precisariam trabalhar, não seria tão fácil. Catarine avisou que Augusto e Jeremias estariam os aguardando. Pamella desceu apenas para reclamar, pegar comida e voltar para o quarto, sua barriga havia crescido bastante nos últimos dias. Eles se dividiram para irem, estavam animados, porém, ainda não sabia o que lhes aguardavam. Ao chegarem a casa, que na verdade era uma mansão, se reuniram na porta do fundo e encontraram Jeremias, Augusto e Lewis vestidos com os trajes, todos estavam bem diferentes do normal, já que diariamente usavam roupas despojadas e agora estavam todos padronizados. Lewis resmungava bastante encolhido ao lado de Jeremias. — Muito bem! Agora entraremos e tem duas pessoas que precisamos nos aproximar. — Jeremias estava vibrante. Para conseguir aquele trabalho para todos eles, não foi fácil, teve que utilizar todos para que pagassem por metade, mas já era o suficiente. — Um se chama Tales Ribeiro, ele é um grande empresário no ramo das artes e a grande senhora Clara Nunes, ela foi uma grande dançarina nos anos 80. — dada as instruções entraram rapidamente. Duas horas de festa se passaram e nada de PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS conseguirem sequer se aproximar deles. Violeta não parava de olhar para Lewis, tentava desviar os olhos, mas era maior que ela. Ele mantinha seu rosto indiferente a todo o momento, não havia sentimento em seus olhos, parecia um robô apenas cumprindo tarefas. Respirou fundo e deu meia volta para buscar mais petiscos, sua bandeja caiu no chão ao seu corpo se chocar com o de outra pessoa. Para sua sorte a bandeja estava vazia e não havia ninguém olhando. — Mil desculpas! — disse para a senhora de cabelos grisalhos que sorria amigavelmente. — Eu sou muito desastrada, se machucou? — com o pano que carregava em seu antebraço tentava limpar alguma migalha que poderia ter caído sobre o vestido da mulher. Se tivesse a sujado estaria encrencada. — Calma! Não se preocupe você não me sujou, nem me machucou. — sorriu confortando ela. — O que uma jovenzinha linda como você faz trabalhando de garçonete? Com sua postura parece uma bailarina, mas a atenção é de um porco faminto. — gargalhou e Violeta a seguiu. — Na verdade, sou uma bailarina sim e minha PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS atenção estava um pouco longe. — olhou para trás tentando avistar Lewis. — Estou trabalhando juntamente com meu grupo, somos os Sunflowers, precisamos do dinheiro para nosso uniforme. — ela falou docemente. — Você ai mocinha! — outro garçom a chamou. — Volte rápido ao trabalho, algumas pessoas estão a procura de petiscos. — disse nervoso o trabalho havia aumentado. — Me perdoe mais uma vez, terei a atenção redobrada. — sorriu e ganhou um sorriso aberto de volta. Saiu o mais rápido possível para a cozinha, precisava abastecer a bandeja. Voltou e retomou o trabalho, seus pés estavam doloridos, pareciam ter sido pisoteados por elefantes. As pessoas eram as clássicas "nariz empinado", faziam caras de nojo ao comer, faziam caras de nojo ao olhar para outras pessoas, faziam caras de nojo por tudo. Mas nem todas as pessoas que as pessoas que estavam naquele ambiente eram insuportáveis, algumas sorriam e até agradeciam. Já eram 02h20min da madrugada e eles continuavam circulando com as bandejas, era visível o cansaço deles. Violeta estava PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS faminta, não teve tempo para comer nada. — Coma! — Lewis colocou um sanduíche sobre a bandeja e saiu para continuar os serviços. Ela sorriu consigo mesma enquanto devorava o sanduíche. Estava com energia suficiente para aguentar até às 04h30min da manhã. Depois de tanto trabalhar, a mesma senhora de horas atrás que ela havia esbarrado se aproxima dela com um grande sorriso. — Oi? Qual é o seu nome? — perguntou simpática e Violeta parou o que estava fazendo para atendê-la. — Prazer, um nome é Violeta! — disse surpresa. — Prazer Violeta meu nome é Clara Nunes! — a boca de Violeta se abriu em um 'O' não acreditava no que estava acontecendo. A senhora lhe pediu que a apresentasse para o líder dela, gostaria de conversar e apresentar seu filho, Tales Ribeiro. Violeta estava muito empolgada, não estava acreditando em tudo aquilo. Sem pensar muito correu até Jeremias contente. — Jeremias? — chamou enquanto ele recolhia PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS alguns copos que estavam sobre as mesas. — Tem alguém querendo falar contigo. — estava sorridente. — Só um minuto, preciso recolher esses copos. — falou distraído, não percebeu que havia alguém atrás de Violeta. — Jeremias? Não acredito que é você. — Clara falou ao o reconhecer. Os dois ficaram se olhando e se abraçaram. — Que alegria te ver, quanto tempo não te vejo. Desde aquele ano que você dançou com a Catarine na Itália. — sorriram com as lembranças que eram boas. — Verdade, faz bastante tempo. 13 anos. — Violeta abriu a boca, estava impactada que Jeremias e Caroline estivessem juntos a tanto tempo. Violeta escutava tudo muito atenta. Lewis se aproximou curioso, Clara arqueou a sobrancelha espantada. Parecia ter visto um fantasma, seus olhos marejaram. — Ele é o filho da Elis? — observava Lewis, encantada com ele. — Como você se parece com seu pai, mas também carrega fortes traços de sua PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS mãe, seus olhos com certeza foram herdados dela, são tão marcantes e carregam uma profundidade de sentimentos inquestionável. — passou a mão fina e enrugada em seu rosto, estava emocionada. — Sua mãe foi a minha melhor aluna, quando... — parou repentinamente como se alguma lembrança passou pela sua cabeça. — Prazer em conhecê-la. — forçou um sorriso para a adorável senhora. Eles conversavam entre si enquanto Violeta tentava digerir aquelas informações que havia escutado. A voz que domina sua mente não parava de fazer perguntas, era um reboliço de dúvidas e inúmeros caminhos formados. "O Lewis é filho da bailarina que o estúdio carrega o nome?” “Por isso ele nasceu naquela companhia? Ele é filho da dona do estúdio” "Aquele nome gravado no tronco da árvore são de seus pais..." "Mas o que aconteceu com eles? O Jeremias é irmão dela?" — Violeta? — Jeremias a chamava. — Acorda! Já estamos finalizando e logo poderá PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS descansar. A Clara estava falando contigo. — sorriu como sempre muito amigável. — Me desculpem eu estou muito cansada. — seus olhos procuraram por Lewis, mas ele já havia saído. — Poderia repetir, por favor? — estava envergonhada. — Estava falando que só em te olhar é possível ver que é talentosa, tem postura de bailarina. Gostaria muito de ver uma apresentação de todos. — encontrar Jeremias lhe deixou ainda mais animada sobre o grupo. — Jeremias? — Violeta falou como se pedisse permissão. — O que? — olhou assustado e depois entendeu. — Ah! Claro que sim, será um prazer ter sua companhia. — estava orgulhoso daquela conquista. — Então, na próxima semana, estaremos o Tales e eu em seu estúdio. Eu acredito que vocês são maravilhosos, tem ao lado de vocês o Jeremias, o filho de uma das maiores bailarinas que já conheci e pude orientar e uma jovem tão amável. — disse animada. — Vocês ainda não conseguiram PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS patrocinadores? — perguntou preocupada. — Infelizmente ainda não. A maioria das pessoas já patrocinam os outros grupos. Como estamos reerguendo o grupo novamente, nem todas as pessoas confiam em investir em nosso trabalho. — Jeremias suspirou pesadamente. — Então não se preocupe, acaba de conseguir dois. — Tales apareceu atrás de sua mãe, era um homem de quase 40 anos, alto e muito elegante. — A mamãe e eu iremos ajudar vocês, quando dona Clara Nunes aposta em alguém, pode ter certeza que já são vitoriosos. — aquele dia ficaria marcado para sempre, a sorte estava novamente ao lado de Jeremias. Depois das notícias boas, as horas passaram rapidamente, organizaram tudo, lavaram e receberam o dinheiro. Já era o suficiente para pagarem o começo dos uniformes. Todos se dividiram, alguns foram com Lewis, outros com Jeremias. Chegaram muito cansados, foram direto para seus quartos, precisariam recuperar as energias para treinarem as coreografias. Acordaram às 12h00min do outro dia, cansados e com olheiras. Camilo, Laura e Caterine saíram cedo para comprar PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS novos produtos para o almoço, mas antes prepararam um forte café da manhã para eles. — NOSSA! Que delícia. — Augusto correu para pegar uma fatia de bolo de milho. — Com certeza foi minha mãe quem fez. — Violeta disse orgulhosa. — Quero conhecer ela, que bolo maravilhoso. — ele falava de boca cheia, sendo repreendido por Mariana. Pela primeira vez em três dias, Violeta vê Pamella descendo para se juntar a eles, seu rosto estava inchado, grandes olheiras marcavam seu rosto, seu corpo magro agora deixava muito visível sua barriga arredondada sobre o tecido. Sebastian puxou a cadeira e colocou uma almofada para que suas costas ficassem confortáveis. Ele era muito atencioso, não abria mão de fazer favores a ela, deveria ter um amor não correspondido. Comeram e voltaram para seus quartos. Lewis já havia recuperado suas forças, então permaneceu no sofá, como chegou muito cansado, ele decidiu que seria melhor não ir àquela hora para sua avó. O silêncio dele era aterrorizante estava mergulhado PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS numa escuridão propriamente dele. Violeta decidiu que seria mais fácil ignorar ele também, ficar bem afastada, nem sua amizade compensava naquele momento, entendia bem onde era seu lugar. Uma hora depois Camilo, Laura e Caterine chegam, com várias sacolas e sorridentes. — Você eu ainda não conheço, mas pelos olhos brilhantes eu acredito que possa ser o Lewis. — sorriu e ele retribuiu sem entender. — Sim, sou eu mesmo. Laura? — tentou adivinhar. — Sim, mãe da Violeta! E esse aqui é o Camilo pai dela. — se cumprimentaram com um aperto de mão seguido de abraços inesperados, Lewis estava assustado com aquela recepção. Os dois iriam embora após o almoço, haviam muitos serviços para a semana, era preciso adiantar, assim continuavam sendo uma empresa com grande eficiência. Por volta das 15h00min o almoço estava pronto para ser servido. Jeremias e Catarine foram de quarto em quarto para chamá-los, Augusto parecia uma pedra, estava jogado sobre a cama com os braços jogados sobre o rosto, foi um sacrifício acordar ele, graças a Camilo que fez cócegas, PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS método que ele usava para acordar Violeta para ir à escola ele acordou resmungando. Todos estavam sentados à mesa esperando Augusto que parecia estar preso dentro do banheiro. Lewis foi chamá-lo e retornou sorrindo, dizendo que ele estava dormindo no chão do banheiro. Dez minutos depois aparece ele, sem camisa e de cabelos molhados. — Me desculpem pela demora. — disse bocejando, ele era mesmo uma graça. — Acabei dormindo... — seus olhos encontraram os de Laura, sentiu seu corpo formigar e seu coração palpitar. O que havia com seu coração? Por que batia tão forte? Não conseguia entender todo aquele alarde em seu corpo. — Vamos fazer a oração de costume e comer, estou faminto. — Jeremias sugeriu e todos fecharam seus olhos, Laura e Augusto se estudavam como se tentassem gravar cada traço. Queriam na verdade descobri de onde vinha à familiaridade daqueles traços. A oração por fim acabou e todos estavam se servindo, mas para os dois o tempo parecia devagar, o coração dos deles estavam acelerados, PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS Augusto sentia uma grande vontade de abraça-la, era incrível aquela sensação de já a conhecer. Pela primeira vez Augusto estava sem apetite. — Mãe? — Violeta chamou tirando ela do transe. — O Augusto amou o bolo de milho. — sorriu e acariciou a mão do garoto que olhava fixo para Laura. — Augusto? V parecia estar em outra dimensão. — Ele é o augusto que você tanto fala? — Sim mãe, olha ele aqui! — abraçou-o e Laura sentiu seus pêlos do seu corpo se erguerem em um grande arrepio. — Meu amigo e companheiro. Ciumento, protetor e me dá muitas broncas, mas me ama. — sorriu satisfeita. — Não teria como ele não amar. — sussurrou as palavras. Camilo colocou algumas cenouras ao vapor para Laura e batatas. Começou a entender o que estava acontecendo com aquela repentina mudança de sua esposa ao olhar para Augusto que agora mantinha seus olhos fixos em seu prato vazio.

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"E de surpresa em surpresa, o inesperado. E quando o inesperado lhe sorri, como não lhe sorrir de volta?" (Camila Custodio)

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PERIGOSAS NACIONAIS Finalizado o almoço, Camilo e Laura se organizaram, já estava na hora de irem embora. Se despediram de todos, um a um, como se fossem todos eles os seus próprios filhos. Quando foi a vez de se despedir de Augusto, Laura o abraçou muito forte, uma sensação boa passou pelo seu corpo e ela percebeu que ele também sentia o mesmo, pois retribuiu na mesma intensidade. Era aconchegante, aquele corpo já esteve em seu colo e disso ela tinha real certeza. — Se cuida! — passou a mão pelos cabelos dele com o coração apertado, sentia vontade de ficar. — Volte logo! — ele sorriu e ela o abraçou mais uma vez. — A Violeta tem a melhor mãe do mundo, me senti muito bem em conhecê-la. — tudo nele lhe causava arrepios, até sua voz parecia estar em seus pensamentos há bastante tempo. Camilo sorrindo se aproximou após o término do abraço dos dois e empolgado abraçou Augusto o levantando do chão e soltou-o imediatamente assustado, mas continuava sorrindo. — Vamos, precisamos adiantar muitas coisas ainda hoje. — ele disse e saiu praticamente PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS arrastando Laura. Seguiram uma viagem tranquila, mas os dois estavam estranhos dentro do carro, pareciam assustados, como se escondessem algum segredo. Foram em um silêncio mortal, somente após entrarem em casa que conseguiram proferir algumas palavras. Cada um seguiu para um lugar, Laura foi para o banheiro se lavar e Camilo foi para seu estúdio de experimentos, estava pensativo. Horas depois Laura entra e se senta ao lado de seu marido, seu rosto estava com um brilho jamais visto antes, um meio sorriso encantador dominava seus lábios. O mesmo sorriso que fez Camilo se apaixonar pela sua esposa, o mesmo sorriso que estava no rosto todas as vezes que planejavam suas vidas juntos. — Só te vi reluzir assim em três momentos... — Camilo disse sorridente. —... Quando nos casamos. Quando você engravidou pela primeira vez há 24 anos do nosso Vinicius e dois anos depois quando você descobriu que estava grávida novamente da nossa Violeta. — afagou os cabelos dela. — Eu sei que irá dizer que estou louca e que PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS provavelmente me levará por conta própria para fazer os acompanhamentos psiquiátricos. — ela não disse tentando o culpar pelos anos que passou em clínicas, mas tentando explicar que o que ela falaria não teria explicação, era um mistério que só poderia ser obra de Deus. — Mas eu sito que estou grávida novamente do nosso Vinicius. — estava emocionada. — Acredito que durante todos esses anos que praticamente te obriguei a ir ao psiquiatra e ao psicólogo, quem realmente deveria ter ido, era eu. Com você! — escutar aquilo de seu marido não era algo comum, ela o olhou sem entender. — Tentei te ajudar da forma errada. Acredito que não fiz meu papel de marido direito, eu me sinto um incompetente. — se levantou com as mãos sobre a cabeça. Laura estava assustada, não sabia o que estava acontecendo e nem o que fazer, então o abraçou. — Não fala isso! — ordenou. — Você sempre foi e sempre será o melhor marido que eu poderia ter escolhido. V Camilo se soltou do abraço de sua esposa. — Eu vi a marca naquele garoto. — falou PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS ofegante. — Qual marca? — se aproximou dele. — Sabe essa marca que meu pai tinha na barriga e que eu herdei dele? Que por anos brincamos que apenas os primogênitos e homens herdariam? — mostrou uma grande marca ao lado direito de sua barriga, de coloração escura, parecia uma pequena árvore. — Sim, uma grande coincidência. — sorriu ao se lembrar de seu sogro. — Seu pai contava a história da mancha, dizendo que todo primogênito da família teria essa mancha, assim como o seu sobrinho Carlos tem. — acrescentou. — Isso não é coincidência, isso é uma herança. TODO primogênito ou primogênita a tem. — Laura começava a pensar que ele estava ficando louco. — O Vinicius com certeza teria a mancha. — sorriu. — Eu não estou entendendo aonde você quer chegar. — se sentou na poltrona. — Você sentiu alguma coisa diferente enquanto estávamos lá? — cada vez mais o clima ficava tenso e a garganta de Laura estava seca. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — Camilo... — foi interrompida rapidamente. — Responda Laura. — pediu. — Bem... — vacilou com as palavras. —... Eu senti algo bom quando vi o Augusto, ele parecia ter um imã, o sorriso dele, a forma de olhar, tudo nele me parecia muito familiar. Por um momento eu acreditei que ele era aquele pequeno bebê de cabelos dourados que peguei em meus braços. — as lágrimas teimaram em cair. — O Augusto tem a mesma marca que a família carrega. — falou como se tentasse acreditar no que ele mesmo falava. — Eu acho que estou ficando louco. — se ajoelhou e deixou algumas lágrimas caírem enquanto Laura tentava digerir o que ele havia acabado de falar. — Quando fui me despedi dele, a blusa acabou se levantando e eu a vi. — afirmou. Laura se levantou apressadamente e Camilo a seguiu. Ela foi diretamente para o quarto, pegou sua mala e colocou algumas peças de imediato. — O que você vai fazer? — olhava para a mulher perplexa arrumando a mala. — Eu vou voltar para lá, vou descobrir sobre PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS ele. Não me enganei dessa vez e eu sinto. — não era fácil acreditar naquilo. — No mesmo lugar que a Violeta? Deus é maravilhoso. Eu sabia que ele não iria me desamparar. — sorriu e ficou feliz por nunca ter perdido as esperanças. — Laura é melhor irmos com calma, podemos assustar ele. — refletiu. — Ir com calma e perder mais 24 anos da minha vida sem ele? 24 anos sem tocar, sentir o cheiro e aceitar que ele morreu, quando eu sentia dentro do meu coração que ele estava vivo. O cordão umbilical não liga uma mãe ao filho à toa. — finalizou a mala. — Se o que eu imagino se confirmar, perdi as melhores fases do meu filho. — estava chateada. — Então eu também irei. Vou cancelar todos os compromissos dessa semana. — pegou a outra mala e arrumou tranquilamente. — Amanhã cedo sairemos daqui. Mas antes eu irei pegar o frasco de perfume que eu havia feito para quando ele chegasse da maternidade e mesmo após ter tido a notícia de que ele havia morrido, ainda fui capaz de imaginá-lo jovem e sua forma de ser, criei esse outro em segredo apenas para manter ele vivo em PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS meu coração. — estava empolgado. — Eu pensei que você havia jogado fora. — estava emocionada. — Não jogaria nada que me lembrasse de meu filho fora. — se chateou. Depois disso os dois não se aguentavam de ansiedade. Fechavam os olhos e abriam várias vezes, até que acabaram cochilando, isso mesmo, cochilando, acordaram as 04h00min da manhã. Pegaram tudo que precisavam e saíram, não avisariam a Violeta, seria uma surpresa, ela iria fazer muitas perguntas se contassem antes assim como faria depois de toda maneira. A ansiedade não passava, quanto mais perto eles estavam, mais ela ficava forte. Antes de tudo, passaram pelo supermercado para comprar algumas coisinhas para o café da manhã. No meio do caminho quando estavam quase chegando ligaram para Jeremias e Catarine atendeu, ficou muito feliz ao saber que eles estavam de volta, ela gostava da companhia deles. Eram 07h00min da manhã quando chegaram, o café ainda não estava pronto, então Laura e Camilo se juntaram a Catarine com os ingredientes PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS que trouxeram e foram preparar um café especial. Quando no relógio marcou 08h00min metade do grupo estava se organizando na mesa e como sempre faltavam apenas 3 pessoas, Mariana, Violeta e Augusto. As reações deles ao ver Laura e Camilo sentados á mesa foram distintas, Augusto sorria como criança a aguardar um doce, Violeta estava assustada e Mariana tentava entender o que estava acontecendo. — Mamãe? Papai? — Violeta esperava uma explicação com o cenho franzido preocupada. — SURPRESA! — falaram em uníssono. — Que bom ver vocês de novo. — Augusto correu para abraçar os dois. Todo mundo olhava para eles como se algo estivesse errado, ao fundo Luana e outra moça acabaram comentando baixinho que Camilo se parecia com Augusto. Todos estavam muito bem acolhidos em seus assentos, apenas Lewis não estava, na noite anterior ele retornou para a casa de sua avó. Eles comeram bastante, estava tudo muito delicioso. Ao final de tudo, Violeta arrastou seus pais para conversar em particular no estúdio. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — Podem me contar a verdade agora. — disse desconfiada. — Que verdade? Apenas pensamos em passar um pouquinho mais de tempo com vocês, todos são muito acolhedores. — Laura disfarçou. — Verdade! Ótimo está aqui, reunidos. — Camilo complementou. — Di-re-to ao pon-to. — ela disse pausadamente. — Encontramos seu irmão. — Camilo contou rapidamente, por pouco ela não entende. — O Ítalo? —seus olhos marejaram. — Não! — Laura arqueou a sobrancelha. — Então era por isso que me fez aquelas perguntas sobre ele. — abriu a boca. — Por que seria ele? — Camilo ainda tentava entender. Violeta explicou com detalhes tudo que ele havia lhe falado. Suas suspeitas não estavam totalmente erradas, poderiam está errados sobre augusto também. — Que horrível. — Camilo abaixou o olhar. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — Ele não é o seu irmão. — suspirou. — Não me diga que vocês pensam que é o Lewis? — arregalou seus olhos. — Não Violeta minha filha. É o Augusto. Ele tem a mesma marca na barriga, que parece uma árvore, assim como todo primogênito da família tem. — Camilo comemorava apreensivo. — Augusto? — essa foi à única palavra que ela conseguiu falar depois de chorar bastante.

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A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida. (Vinicius de Moraes) PERIGOSAS ACHERON

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Violeta passou o restante da tarde olhando Augusto. Agora que tudo fazia sentido, o amor pela dança, sua aparência tão conhecida, ele era canhoto assim como ela e sua mãe, amava brócolis, não eram meras coincidências, apesar de simples representavam bastante. Lembrou-se do que ele havia começado a contar sobre sua história assim que chegou e cada vez mais o enigma ia se desvendando. Seus pais decidiram ver os ensaios, estavam empolgados com relação a tudo e essa quase certeza de Augusto ser o filho deles os deixavam ainda mais animados. Começou às 18h00min, Violeta mal conseguia se concentrar devido à vontade de abraçar ele com força e falar o quanto ela queria um irmão era imensa, mas não podia se precipitar esse ato certamente o assustaria. Lewis chegou quase uma hora depois, continuava fechado em seu canto, se limitando a conversar apenas com Augusto e Jeremias. De certa maneira, isso preocupava e aliviava Violeta, não poderia deixar essa onda de problemas afetarem ela também, isso não é amor, nem poderia ser. Os dias eram poucos e amor levava tempo, o amor também é brando, calmo, mas o que ela não conseguia PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS entender é que o amor tem seus estágios, nem sempre anda em linha reta. — Como vocês sabem está se aproximando a competição, sabem também o quanto ela é importante para a companhia. — Jeremias começou a falar. — O local do evento, será em São Paulo, ou seja, temos que ter mais esforços ainda, semana que vem a Clara virá ver a coreografia e até hoje, nenhuma dupla me apresentou nada. — repreendeu-os. Todos ficaram se olhando, não haviam se dedicado o máximo, Jeremias estava chateado, apostava tanto naquele grupo. — Como vocês esperam ganhar essa competição e ir para a final? — parecia um general. — Tem que haver união, se em duplas vocês não conseguiram me entregar uma coreografia, imagina como vai ser em grupo? — estava visivelmente irritado. — Nos dê apenas essa semana? — Lewis falou firmemente de onde estava. — Ao invés de dupla podemos formar três grupos com seis pessoas, até a sexta-feira cada um entrega uma coreografia e, no fim de semana podemos tentar PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS fazer uma união entre elas e formar apenas uma para apresentar para a clara. — se dirigiu ao centro, havia firmeza em sua voz, naquele momento quem falava era um Lewis líder, decidido e competitivo. Jeremias gostava daquela posição assumida, a garra que ele tinha era capaz de influenciar todos os outros. — Boa ideia Lewis. — Jeremias aplaudiu feliz com a iniciativa dele. — Até sexta galera, ou irei tirar o nome do grupo da competição. — era o único meio de fazer com que eles acordarem. Se reuniram e pela primeira vez em uma semana Lewis se dirigiu a Violeta, mas, é claro que era da maneira mais profissional possível. Todos pediram para que os dois ficassem no mesmo grupo devido à apresentação deles no Walldance. Augusto logo se candidatou juntamente com Mariana a estar no mesmo grupo que eles dois e de brinde colocou Amanda e Henrique, comentou rindo para Laura que seriam todos casais naquele grupo, assim a coreografia teria mais química. — Você acha que a Violeta e o Lewis são um casal? Eles quase não se falam. — Laura observava como os dois estavam afastados. — Da maneira PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS que ela me falou sobre ele, imaginei que estariam namorando em breve. — franziu o cenho. — Eles se gostam, mas uma é orgulhosa e o outro esquentado. — balançou a cabeça negativamente. — Estão colocando tropeços em cada passo que dão rumo ao outro. — Espero que ela use aquele vestido logo, paguei tão caro. — Camilo brincou. Os três riram e continuaram conversando por um bom tempo. Violeta observou de longe como ele se encaixava perfeitamente entre eles dois, vendo aquela imagem, seu coração se aqueceu, sentiu que agora sua família estava completa, não haviam contras, ele era mesmo seu irmão que tanto insistiu dizendo estar morto. — Augusto? Onde está sua mãe? — Laura perguntou tentando disfarçar sua agitação. — Eu não tenho mãe. — disse triste, mas mantendo seu sorriso. — Não sei se a Violeta te contou essa história, mas ela tem um irmão mais velho, que hoje teria 24 anos. — a vontade de falar tudo de uma vez era imensa, mas tinha que se segurar, não queria PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS assustar ele. — Ela nunca me disse isso. — o coração dele se apertou. — Ele morreu? — se comoveu. — Você quer conhecer a história do Vinicius? — sorriu e ele acenou com a cabeça positivamente. Violeta se aproximou para ouvir o que eles conversavam e se sentou ao lado de Augusto. — Há 24 anos eu engravidei, sempre foi meu sonho ser mãe, quando descobrimos que seria um menino, logo colocamos o nome de Vinicius, achamos o nome muito lindo. Carreguei-o com todo meu amor. — passou a mão pela sua barriga, parecia ainda sentir a sensação. — Em 15 de junho de 1994, às 17h15min da tarde ele nasceu, muito saudável, um menino lindo, cabelos dourados, bochechas enormes e rosadas. Segurei ele em meus braços o mais forte possível, mas uma enfermeira o pegou para limpar. Depois de 20 minutos me trouxe ele com a roupinha que eu havia escolhido e o Camilo todo feliz tirou uma foto. Outra enfermeira baixinha, cabelos pretos e curtos, o tomou de meus braços duas horas depois, falou que era preciso levá-lo para fazer alguns exames, ela não parava de falar que o marido dela era louco para ter filhos, PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS mas ela não podia ter. — seus olhos estavam marejados, assim como o de todos que escutavam, sim, todos! Enquanto ela contava a triste história de sua maternidade todos se aproximaram. -Então, o que aconteceu depois? — Sebastian perguntou de olhos marejados, muito comovido a história era linda e triste. — Ela voltou 3 horas depois, dizendo que meu bebê havia morrido, disse que ele estava com anemia profunda e algo nos pulmões... — tentava lembrar o nome. — Pneumonia. — Camilo falou sem desviar os olhos de Augusto. — Que história triste. — Catarine não parava de chorar e Jeremias a consolava. — O hospital não me deu muita informação, o atestado de óbito veio com outra causa de morte, disse que foi uma parada cardiorrespiratória. — parou por alguns minutos, parecia estar procurando palavras que descrevessem sua dor. — O pior ainda estava por vir, somente quase cinco dias após a morte, a mesma enfermeira que atendia pelo nome de Lourdes... — Augusto apertou seu lábio inferior PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS entre o polegar e o indicador ao escutar o nome da mulher e juntar com características dadas sentiu um calafrio. —... Me aparece dizendo que não poderia abrir o caixãozinho, as causas foram descobertas naqueles dias e já estava num estado crítico. Não pude ver o corpinho do meu filho pela última vez. — ao levantar seu olhar encharcado de lágrimas se deparou com um Augusto extremamente machucado e sua vontade era de ir até ele e o abraçar forte. — O mais importante ela não falou. — Camilo complementou. — Laura nunca acreditou nessa história, durante esses 24 anos de angústia, não teve um ano que ela não comemorou o aniversário dele, dizendo que ele estava vivo em algum lugar. — abraçou a esposa que estava muito comovida. — Meu coração de mãe não mente, sentia que meu filho estava vivo, eu ainda sinto o coração dele bater dentro de mim, como se ainda continuássemos ligados. — a voz dela era cuidadosa. — Lourdes? — Augusto falou alto e todos olharam intrigados para ele. — 15 de junho de 1994? — as perguntas soavam muito dolorosas. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS Augusto se levantou e saiu correndo rumo ao seu quarto, Lewis o seguiu sem entender o que se passava com ele, estava preocupado. Aquele garoto estava muito abalado e era raro vê-lo assim. — Ei Guto? O que houve? — perguntou quando conseguiu alcançá-lo. — Você está me assustando. — ver seu amigo daquela forma o maltratou. — Sabe aquele menininho? — chorava inconsolável. — Aquele menininho sou eu Lewis. — mostrou a foto de um bebê igualmente ao que Laura havia descrito. — Ai meu Deus! — Lewis segurou a foto entre as mãos. Augusto pegou a foto, seus documentos mais um papel de dentro de sua carteira e voltou para o estúdio. — Está tudo bem Augusto? — Jeremias estava preocupado, sempre o viam sorrindo e a forma que ele ficou deixou todos que estavam presentes ali preocupados. — Esse bebê te recorda alguém? — Augusto entregou a foto para Laura e todos olhavam PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS buscando entender tudo aquilo. — Olhem essa data de nascimento em minha identidade. — ele tentava acreditar que aquilo era tudo coincidência, para no final não se frustrar. — Com certeza esse bebê é o mesmo que me levaram há 24 anos. — tirou uma foto de sua bolsa. — Apesar de estar em idades diferentes é possível ver a semelhança com a Violeta. — colocou a foto dos dois juntos e depois pegou outra foto. — Essa foi a foto que o Camilo tirou assim que ele nasceu. — eram claras as vertigens. — Eu não acredito nisso cara. — Augusto falava limpando as lágrimas e todos olhavam cada vez mais perdidos naquela história, pareciam estar em uma montanha russa. — Essa é a mulher a quem se referia? — mostrou uma foto dela com o homem que carinhosamente teve como pai. — Ela mesma. — tomou a foto de suas mãos. — Foi essa mulher que tirou a minha alegria de viver, que levou um pedaço meu embora. — olhava fixamente para o jovem ajoelhado a sua frente, de olhos vermelhos, não esperou muito e se abraçaram, todos que estavam ali choravam, menos Lewis, que seguia de cabeça baixa, pelo contrário PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS de todos, ele parecia feliz com todo aquele encontro/reencontro. Sempre torceu para que seu amigo conseguisse descobrir sua origem e ter esse resultado bom no fim de tudo era como ganhar o paraíso. — O Camilo tem uma marca que lembra uma árvore na barriga, o pai dele também tinha e sempre dizia que todo primogênito da família teria essa mancha. — Laura falou e Camilo levantou sua camiseta um pouco tímido. — Eu também tenho. — levantou a camiseta mostrando sua mancha similar a que Camilo carregava. Augusto andava atrás de Lewis sorrindo como um bobo, não parava de tagarelar um só segundo. Aquela novidade era tudo o que ele esperou por anos. — Lew, eu tenho um pai e uma mãe. — balançava em suas mãos dois pequenos frascos de perfumes que Camilo lhe entregou. — Você viu? Eles me tratam tão bem, olha o que ele me entregou? Ele já havia preparado perfumes para fases da minha vida, com meu verdadeiro nome. — parecia um tolo perdido em um mundo totalmente PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS novo. — Guto? — Lewis falou sério e parou fazendo Augusto parar também para escutá-lo. — Pode não parecer, mas você não imagina como estou feliz, saber que você agora tem uma família de verdade. — sorriu. — A sua família também é minha família de verdade Lew. Se não fosse a vovó para me acolher depois de tudo, hoje eu não estaria vivo, você é meu irmão. — abraçou-o agradecendo. — Você é minha família, nada mudou. Lembra? Juntos sempre. — se abraçaram contentes. Quando Augusto tinha 9 anos, seu pai adotivo foi assassinado por Lourdes. Ele foi cruelmente empurrado escada abaixo, enquanto o pobre garoto assistia tudo do sofá da sala. Ela descobriu que toda herança que o empresário havia guardado até aquele momento estava no nome de Augusto. Tramou inúmeras maneiras de conseguir que o maldito dinheiro fosse todo para ela. E como os direitos sobre Augusto era legalmente seu, teve ideias mirabolantes. Logo após ter cometido tamanha atrocidade, ela tentou matar o pequeno garoto que com grande dificuldade correu para a PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS casa de seu amigo de infância, sendo acolhido por Elis, que acabou o acolhendo, deixando-o com a sua mãe como companhia, que cuidou dele muito bem, até hoje era sua vó do coração. — Que nada, você fez o mesmo por mim. — sorriu com carinho para Augusto que o olhava de forma recíproca, eram dois jovens com um passado perturbado, mas com uma amizade incrível. — Sabe o que eu estava pensando? — sorriu empolgado para Lewis. — Não! Lá vem você com esses pensamentos. Fala logo! — sorriu. — Se eu sou irmão da Violeta, você então será meu cunhado. — balançava a cabeça concordando com o próprio pensamento. — Caramba Lew, você é meu cunhado/irmão. — gargalhou. — Eu sabia que você ia falar algo parecido. Vamos logo, precisamos resolver pendências sobre a coreografia. V ia começar a andar quando Augusto o impediu, agora sério. — Antes eu já me preocupava muito com ela, agora, sabendo que ela é minha irmã eu a protegerei mil vezes mais. Você é meu irmão, uma PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS das pessoas que mais amo na vida, mas não a machuque. — seu pedido era muito sincero. — Eu amo os dois e não quero que nada mal aconteça. — estava preocupado. — Não se preocupe Guto. Só preciso de um tempo. Preciso falar toda verdade para ela, antes que ela descubra por terceiros. — era a primeira vez que Lewis baixava a guarda para alguém, Augusto parecia ter um controle sobre ele. — Mas por enquanto vamos focar apenas na competição. — Ela vai entender. — sorriu. — Como ela é minha irmã ela vai entender. — brincou e frisou na palavra minha irmã. — Vamos arrasar nessa competição, ganhar e ir para a semifinal. — não havia outra pessoa mais empolgada que ele. — Você é o único que me entende. Minha vida está de pernas para o ar, eu tento resolver um lado e acaba trincando o outro. — passou as mãos em seu rosto. — Vamos ensaiar e depois ir tomar sorvete que vai dar tudo certo. — para Augusto tudo se resolvia com sorvete e Lewis teve de sorrir com a boa energia que seu amigo transmitia. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS Os dois foram para o estúdio onde Violeta, Mariana, Amanda e Henrique esperavam os dois. — Lett? Então você é minha cunhada agora? —Mari perguntou impressionada. — Tudo indica que sim. — sorriu, estava tão feliz que transbordava. — Estou tão feliz. É tão estranho que até agora não acredito, Deus encaminhou tudo de forma tão perfeita, depois que fizerem o teste de DNA vou ficar ainda mais tranquila. Não há dúvidas de que ele é meu irmão. — ainda havia toda burocracia para se resolver acerca do nome e sobrenome dele. — Então ele não irá mais se chamar Augusto? — franziu o cenho, seria estranho ter de chama-lo por outro nome agora. — Minha mãe disse que ele só mudaria o sobrenome para Benzotti, mas ele insistiu para colocar o Vinicius. — sorriu ao se lembrar dele assustado pedindo para colocarem o nome em sua certidão. — Ele pediu para se chamar Augusto Vinicius. — ele era mesmo uma doçura de garoto, ter ele como seu irmão seria uma dádiva. — Nossa! Uma combinação perfeita. — PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS Mariana sempre iria achar tudo que se ligasse ele perfeito. — Em tão pouco tempo tantas coisas estão acontecendo, eu estou assustada. Espero que surpresas como esta aconteçam, mas que venham aos poucos, porque está vindo tão depressa que estou assustada. — suspirou e olhou fundo nos olhos de Mariana. — Primeiro eu consigo passar no teste para compor o mesmo grupo que você. Assim que chego, meus pensamentos já são tomados por um garoto de olhos pretos. Em menos de uma semana estamos loucamente envolvidos, depois ele descobre que será pai e acabamos nos distanciando. Agora eu descubro que a pessoa que eu adorei e namora minha melhor amiga é meu irmão. — aquilo tudo estava deixando ela louca. Durante todo o ensaio Violeta dançou com Augusto, Henrique com Mariana e Lewis com Amanda. Ela não queria se aproximar, estava muito confusa para isso. Acabaram desenvolvendo alguns passos interessantes que poderiam ser acrescentados. Trocaram mais uma vez, Violeta estava com Henrique agora, já estava pensando na próxima hora em que teria que dançar com Lewis. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS Quando terminaram, o seu celular tocou para seu alívio. — Desculpem vou atender. — se afastou um pouco apenas para que não escutassem o que iria falar. Demorou um pouco conversando, Lewis percebeu que ela não queria dançar com ele. Suspirou e tentou ao máximo ficar tranquilo. — Galera! Finalizado por hoje. — uma nuvem negra pousou em sua cabeça, ele estava completamente fechado, nem Augusto conseguiu conversar com ele. Estava irritado consigo mesmo, tudo na sua vida estava desabando e ele precisava tomar uma posição. Violeta desligou o telefone e foi à procura de seus pais. Encontrou-os parados no jardim conversando com Lewis e Jeremias, se aproximou e ao olhar diretamente para os olhos perdidamente pretos, tomou um susto, pareciam duros e irados, ele pediu desculpas e saiu. — Pai! Mãe! Eu vou sair um pouquinho com um amigo, o Nicolas. Tudo bem? Jeremias? — também pediu a permissão de Jeremias. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — Ainda não conhecemos esse Nicolas. — Laura falou desconfiada, já gostava o bastante de Lewis para apoiá-la com um garoto que nunca viu. — Ele é um ótimo rapaz, vou apresentar assim que ele chegar. — sorriu. — Vou me arrumar, ele já deve está quase chegando. — saiu rumo ao seu quarto para se arrumar. Laura e Camilo se olharam de forma cúmplice e foram em busca de Augusto. — Guto? — Camilo o chamou quase em um sussurro. — Oi? — respondeu também sussurrando e Camilo o chamou para se aproximar. — Aconteceu alguma coisa pai? — era novo aquilo para ele, mas ele estava adorando usar aquela palavra e Camilo se assustou ao escutar, aquela palavra soou como mel. — Venha cá! Precisamos te fazer umas perguntas sobre uma pessoa. — continuou sussurrando e Augusto concordou o seguindo. Eles foram em silêncio, com a coluna levemente abaixada como se estivessem escondendo algo, olhando para todos os cantos. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — Aqui está ele meu bem. — ainda sussurrando ele puxou Augusto para sua frente. — O que vocês estão aprontando? — também sussurrou, estava encurvado assim como Camilo. — Olha, não tem como negar que vocês dois são pai e filho. — Laura gargalhou. -Por que diabos vocês dois estão sussurrando? — não parava de rir. — Ele estava sussurrando primeiro. — Augusto retomou a sua postura, apontando para Camilo que também se endireitou e os três acabaram rindo da situação. — Vamos às perguntas. — Laura formava as perguntas em sua cabeça. — Meu filho quem é Nicolas? — suspirou. — É um tremendo babaca egocêntrico... — Augusto desabafou. -... Não confio nele, me parece um anjo em pele de cordeiro. O Lewis também não gosta dele, mas a Violeta não ver maldade. — suspirou preocupado. — Ela costuma sair sozinha com ele? — Camilo já não parecia tão satisfeito com o que escutava. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — Eles só saíram duas vezes, ela elogiou bastante, disse que ele é educado e gentil. — revirou os olhos, parecia está aprendendo a técnica muito bem com Mariana. — Ele a convidou para sair hoje. Devo me preocupar? — Laura demonstrava sua preocupação de mãe. — Eu particularmente não gosto dele. Mas, talvez não tenha problema, eles já saíram antes e ela adorou. — ele sabia que se Lewis soubesse ficaria ainda mais estressado. — Vamos esperar ele lá na frente, quero ver a cara desse sujeito. — Camilo não estava tão contente com esse rapaz. Os três partiram para a sala de estar e se depararam com um jovem muito bem vestido sentado no sofá, Lewis estava sentado no outro o encarando, se não fosse um momento delicado Augusto com certeza iria rir, Lewis estava parecendo um mercenário. Assim que ele viu os três se levantou com um enorme sorriso. — Se ela colocar o vestido que eu dei, vou ter um ataque do miocárdio, anotem ai. — Camilo PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS disse entre os dentes. — Olá Nicolas! — Augusto se aproximou para pegar em sua mão. — Oi Augusto, tudo bem? — tentou ser gentil, mas não ligava muito para ele, estava mais estranho que de costume, estava desconfiado. — Estou sim. Deixa eu te apresentar o meu pai e minha mãe. — ele não desviava os olhos do rapaz a sua frente, Violeta sendo sua irmã biológica te dava direito de interferir caso seus pais não aprovassem. — Laura e Camilo, também pais da Violeta, ou seja, ela é minha IR-MÃ. — mostrou um lado ciumento e protetor que nem ele conhecia. — Olá! — acenou para o casal que olhava de forma desconfiada para ele. — Um prazer conhecer vocês. — além de estar nervoso, agora estava ansioso, queria sair dali. — Vai levar ela para onde? — Camilo perguntou sem meias voltas. — Em um restaurante aqui perto. — Nicolas retomou sua postura firme. — Voltam a que horas? — as interrogações continuaram. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — PAPAI! — Violeta o repreendeu ao chegar a sala. — Pare de assustar ele. — franziu o cenho. — Augusto? Não o incentive. — bufou. Ela viu que Lewis se mantinha imóvel no sofá, estava com fones de ouvido e seus pés com o allstar preto inseparável jogados na mesinha de centro. Ainda estava com os olhos nublados, com raios faiscando por eles, mesmo escondidos pela sombra do boné ainda era possível ver. Mesmo seus pais discordando ela acabou os convencendo e saiu com Nicolas, estava com uma saia jeans escura, uma blusa de alcinha simples e um tênis como de costume. Gostava de andar confortável, sem rótulos, apenas da forma que gostava. Violeta e Nicolas foram para um restaurante próximo, parecia ser caro, não fazia muito o seu estilo, era um restaurante de comida japonesa e ela odiava peixe cru, odiava alga marinha. Se passavam das 20h00min e eles estavam começando o 'jantar'. Nicolas estava desconfiado e parecia olhar para todos cantos como se procurasse algo ou alguém. — Nossa! Como é bom. — ele falou enquanto colocava um pedaço de salmão na boca e Violeta olhava para aquilo abismada, até aquele momento PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS ela só havia comido um pouco do yakisoba. — Tome um. — colocou um pedaço de sushi em sua boca, Violeta sentiu seu estômago embrulhar, mas para não fazer feio, acabou engolindo. — Hum! Que delicioso. — ela mentiu, não estava gostando daquele jantar nenhum pouquinho. — Não sei como esse povo ralé gosta de comer aquelas comidas nojentas, cachorro quente, sanduíche, mal sabem como é a higienização. — e mais uma vez ele começou a fazer um show de mimo. Mas, dessa vez ele mostrou um lado diferente. — É. — foi só o que disse até o fim do jantar para evitar conflitos e ir embora para casa. Após terminarem, ou melhor, ele terminar sua refeição, pediu uma garrafa de vinho e bebeu um pouco mais do que o permitido. Violeta sentia-se um pouco desconfortável, queria ir para casa o mais rápido possível. — Acho melhor eu pegar um táxi, assim você poderá ir diretamente para casa, você bebeu um pouco demais. — pegou sua bolsa e saiu para procurar um táxi. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — Eu estou sóbrio, vamos que eu irei levá-la. — pegou firme em seu braço fazendo-a se assustar. — Eu decidi ir de táxi. — falou séria. — Não sei nem o que vim fazer aqui, não gosto de comida japonesa. Pensei que seria divertido como da última vez. — tentou se soltar da mão firme que apertava seu punho. — E quem disse que foi divertido da primeira vez? — gargalhou. — Hoje vai ser divertido. — falou enquanto puxava ela para dentro de seu carro. — Quem é você? — perguntou com medo, aquele era um Nicolas totalmente diferente do que ela havia conhecido. — Você não era assim. — ficava assustada a cada passo que ele dava arrastando ela. — Esse sou eu, acha mesmo que eu iria te levar para lugares caros por que sou romântico? Você é hilária Violeta. Agora entra logo nesse carro, sem gritar. — aquilo era nojento, ela sentia vontade de vomitar, como podia ser tão tola. — Para com isso. — seus olhos ficaram vermelhos. — Me solta e eu vou embora, por favor! — pediu com medo, devia ter escutado quando seu PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS pai falou, quando Augusto falou e principalmente quando Lewis falou que não confiava nele. Ela sentiu uma vontade enorme de ver aqueles olhos negros ali, mesmo que a julgando. Se sentia tão frágil, ele acabou conseguindo jogá-la dentro do carro mesmo com os protestos e chutes dela, machucando sua perna, que acabou se cortando em um metal que estava pendurado no porta luvas. Tentou abrir a porta, mas ele já havia entrado pelo outro lado impedindo sua saída, seu coração estava fraco, cada vez mais fraco, sentia que a qualquer momento iria apagar. O lugar em que o carro estava estacionado era escuro, não havia sinal de um ser vivo passando por ali que pudesse a socorrer. Ele se aproximou com aquele bafo horrível de álcool, tentava beijar sua boca, mas ela desviava, segurou seu rosto fortemente com as duas mãos machucando sua mandíbula, colocou sua boca quase grudada na sua com a intenção de seduzir, mas nesse momento ela já chorava de olhos fechados, com medo dele. Ele continuou a tortura e encostou sua boca na dela, Violeta mordeu a boca dele. Aproveitou o momento de dor dele para PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS correr, mas só foi o tempo de abrir a porta, sua perna doía bastante pelo corte próximo ao joelho, então acabou caindo ao se enganchar no cinto de segurança, ele saiu rapidamente do carro e a segurou pelo braço muito nervoso. Se não fosse aquele cinto ela teria voltado para o restaurante. — Olha o que você fez com a minha boca sua vag... — antes de terminar a frase alguma coisa acertou seu rosto em cheio. Violeta ainda não sabia de quem se tratava, pois sua visão estava limitada devido às lágrimas que caíam descontroladas, a única coisa que via, era alguém de blusa de frio e capuz preto. Quando olhou para baixo notou um allstar preto e seu coração sentiu uma paz imensurável. O homem que a salvou pegou Nicolas pela blusa e o colocou perto de seu carro, ele estava bêbado e tonto devido ao soco. Falou algumas palavras que ela não conseguiu identificar. — Venha! — a pegou em seus braços, apertou contra seu corpo como se tentasse guardar ela dentro de si, proteger de tudo que pudesse machucar ela. Ela permaneceu em silêncio, apenas sentindo PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS o perfume amadeirado entrar em suas narinas e lhe dar uma sensação de alívio. Chegaram ao seu carro e ele a colocou no banco do passageiro. — Lew? — falou de olhos marejados enquanto ele se ajeitava no banco do motorista. — Fala! — suas respostas eram secas e monótonas, ele estava de cenho franzido e sua mão em punhos firmes. — Me desculpe. — chorava lembrando o aviso que ele havia dado a ela. — Vou te levar para casa. — a voz dele saia dura, estava nervoso. — Por favor! Eu não quero ir. Não quero que meus pais e nenhum dos outros me vejam assim. — implorava. — Tudo bem. — pela primeira vez sua voz saiu menos rígida. Ele ligou o carro e saiu em direção a algum lugar. Lugar que Violeta iria sem contestar confiava nele o suficiente, sabia que ele jamais faria mal a ela. Em pouco tempo estavam parando em uma casa bonita, com muitas plantas em sua volta. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — Essa é a casa da sua avó? — perguntou enquanto descia. — Sim. Vamos entrar! — seguia devagar por um corredor que os levou até uma porta nos fundos da casa. Era um quarto, provavelmente o de Lewis, era confortável, o cheiro de baunilha invadia o lugar, havia um frescor enorme, mal parecia um quarto que dormia alguém. — Vista essas roupas. São bem mais confortáveis. — havia uma rigidez não apenas em sua voz, mas também em seu corpo. Antes que ela pudesse responder, ele saiu. Percebeu que ele estava fazendo uma ligação e parecia ser para Augusto. Respirou fundo e entrou para o banheiro, as roupas que estavam em suas mãos eram do próprio, ainda estava impregnado o cheiro dele, um short que com certeza ele usava para dormir, pois acabou ficando levemente colado em seu corpo e uma camiseta larga cinza. Se vestiu rapidamente, estava cansada daquele dia, queria deitar naquela cama e dormir, tentar esquecer aquela maldita noite. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — Se precisar de alguma coisa estarei ao lado de fora. — entrou com um cobertor novo e uma jarra de água. Quando terminou de colocar o cobertor na cama e a jarra na cômoda o estômago de Violeta fez um grande barulho. — Você está com fome? — perguntou preocupado. — Não! — mentiu. — Vou preparar algo para você comer. — se virou para sair, mas Violeta segurou seu braço. — Como você me encontrou lá? — ele não a respondia, continuava de costas. — Me responde Lewis? Como você me encontrou? — insistiu. Ele se virou para olhar fundo em seus olhos, já sabia o efeito que os dele tinham sobre os dela. — Você acha que eu deixaria você sair sozinha com aquele cara? — perguntou nervoso. — Desde a primeira vez que vocês saíram juntos eu os acompanhei, eu estava morrendo de medo de que ele tentasse te fazer algum mal. Você é tão idiota. — sorriu sombrio. — Se tivesse te acontecido algo... — seus músculos ficaram tensionados e uma veia surgiu em sua testa. — Eu sei que eu deveria ter te escutado. — PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS abraçou-o e o corpo dele relaxou os músculos. — Isso nunca mais irá se repetir. — encaixou sua cabeça no peito dele. — Eu agradeceria, não posso ficar atrás de você 24 horas por dia, não posso me dividir em 4 metades. — tentava circular seus braços me volta dela um pouco sem jeito. Era incrível como ela se encaixava em seus braços, incrível como ela mexia com ele. Percebeu que Violeta estava dormindo aos poucos naquele abraço. Se curvou para deita-la na cama. Ela agarrou o pescoço dele. — Você é o único que pode me tocar. — disse embriagada de sono. — Eu sou extremamente apaixonada por você. Mesmo quando você muda repentinamente de humor, ou quando se afasta meu coração insiste em gostar de você. — aquela confissão acabou mudando o rumo de muitas coisas.

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Nada jamais continua, Tudo vai recomeçar! (Mario Quintana)

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PERIGOSAS NACIONAIS Amanheceu tranquilamente, estava tudo calmo. Ao abrir os olhos, a primeira imagem que preenche a visão de Violeta é Lewis deitado ao seu lado, com os braços envoltos em sua cintura. Um Lewis sereno, tranquilo e puro. Ela aproveitou aquele momento para olhar cada detalhe de seu rosto, ele realmente era lindo, cada traço seu era perfeito, até seus defeitos complementavam quem ele era. Ela não conseguia tirar os olhos dele, sabia que talvez mais tarde, não seria essa sua visão de Lewis, nunca se sabe como ele estará depois. Se mexeu um pouco incomodada com a posição, ele era muito pesado. — Bom dia! — abriu um sorriso enorme ainda de olhos fechados. — Como está sua perna? — Bom dia! — estava abobalhada, quando ela pensava que ele não poderia ficar mais bonito, suas expectativas eram quebradas. — Está bem melhor, obrigada pelos cuidados. — agradeceu sem tirar os olhos dele. — Vou lhe preparar um café. — sua voz era calma, o que ela via era diferente, não haviam vestígios de névoas da noite passada. Abriu os olhos e a encarava, a escuridão que PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS eles carregavam eram de outro mundo, tão perfeita, brilhavam de uma forma única. Aquele momento poderia ser congelado, os dois deitados de frente um para o outro, se olhando com paixão. — Seus olhos são tão lindos. — Violeta não desviava o olhar, se sentia grudada ali. — Você é tão linda, eu poderia passar o dia todo te olhando. — acariciou seu rosto com seus dedos. Ficaram mais alguns minutos se olhando, mas era hora de voltar à realidade, hora de pegar pesado com as apresentações. Tomaram um café rapidamente que a avó de Lewis fez, ela estava apaixonada por Violeta, não parava de perguntar coisas sobre ela. Quando chegaram novamente até a companhia, Laura e Camilo estavam sentados na varanda acompanhados de Mariana e Augusto. — Até que fim vocês chegaram. — já se passavam das 08h30min da manhã, Augusto foi até eles e olhava preocupado para Violeta analisando se estava ferida e viu seu joelho machucado. — O que foi isso? — apontou. — Acabei machucando em alguma coisa ao PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS sair do carro ontem. — Violeta omitiu. — A partir de hoje você não me saia mais com essa espécie de homem. — colocou a mão no rosto aliviado. — Obrigada por já está exercendo seu papel de irmão mais velho tão bem. — o abraçou deixando-o sem graça. — Você merece uns puxões de orelha. — Camilo surgiu atrás deles. — Obrigado Lewis por ter cuidado dela. — agradeceu. Permaneceram ali conversando por um bom tempo, enquanto isso, Lewis subiu até o quarto de Pamella para ver como ela estava com o bebê. Apesar de estar assustado, ele estava feliz, ser pai era um grande sonho para ele. Sempre quis ter uma filha, com certeza colocaria o nome dela de Amy, achava um belo nome e tinha um grande significado. — Oi Pamella? — colocou a cabeça para dentro do quarto. — Como você está? — Oi Lewis! Entra. — estava com uma expressão enorme de cansaço, seu corpo estava inchado. — A Luana acabou de sair, teria como PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS você pegar aquele copo de água e a maçã? — se movimentou dolorosamente. — Não faça tanto esforço. Está sentindo muita dor? — ficou preocupado. — Você me amou? — seu olhar era triste. — Não vamos entrar nesse assunto agora, você está frágil. — concertou o travesseiro para ela se sentar. — Por favor! Eu já notei como você olha para a Violeta. — sorriu cansada. — Eu gostei muito de você Pamella, você sabe que é importante, ainda mais agora que carrega um filho meu. — acariciou a barriga dela. — Você sabe que nunca foi amor, sempre me teve como uma conquista. — não falava a julgando, havia piedade em sua voz. — Promete não me abandonar? — pediu. — Nós sempre fomos amigos, você me ajudou muito quando minha mãe morreu. — era outra Pamella, sensível e cansada. — Se te tive como algum troféu me perdoe. — estava exausta. — Não irei te abandonar. — deu um meio sorriso e acariciou mais uma vez a enorme barriga PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS dela. Ficaram sentados durante horas conversando, há muito tempo ele não viu ela assim, calma, na dela. Conversaram sobre supostos nomes, sorriam e imaginavam as características. Lewis notou que era necessário estar com ela naquele momento, não queria magoar Violeta, mas a saúde de seu filho naquele momento era o mais importante. Luana ajudou Pamella a se vestir, se mostrou uma grande amiga desde que Pamella descobriu a gravidez de risco. Lewis ia levá-la ao médico, para fazer exames de rotina, talvez desse para ver o sexo. Estavam indo vagarosamente, com calma para que ela não fizesse esforços exagerados. Sebastian estava sentado no sofá, ao vê-la se levantou e ofereceu ajuda, Lewis aceitou, teria que ir buscar a bolsa dela e pegar alguns papéis com Jeremias, precisava tirara 2° via de seus documentos roubados. — Pegou tudo? — Pamella perguntou com a voz cansada. — Sim. Acredito que já podemos ir. — com a ajuda de Sebastian a colocou sentada no banco do carona. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS Estava dando a volta para entrar no carro quando Violeta apareceu sorridente, ele lutou para não retribuir e entrou sério no carro. Violeta olhou intrigada, mas já sabia que ele estaria com outro humor quando estivessem cercados por outras pessoas. — Oi Sebastian! — Violeta o cumprimentou com um enorme sorriso. — A Pamella está bem? — estava preocupada com a saúde dela, ela quase não saia do quarto mais. Apenas para alguns exercícios. — Está cansada, mas acredito que agora estará melhor, o Lewis vai cuidar dela. — aquela frase revirou os pensamentos de Violeta. — Ele tem que cuidar, o filho que ela está carregando também é dele. — suspirou e quebrou as expectativas que havia construído sobre a noite anterior. — Você gosta dela não é? — se referiu a Pamella. — Sim! Mas já é algo do passado, agora ela tem o Lewis, não precisa da minha pessoa. — disse inocentemente. — Por que diz isso com tanta convicção? — PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS perguntou ao notar que ele afirmava sempre a frase "ela tem o Lewis". — Eu escutei Violeta, ele prometeu que irá ficar e cuidar deles dois. — sorriu nervoso. — Entendi. — falou segurando o nó na garganta. Sebastian saiu cabisbaixo, deixando Violeta ali, pensando na confusão que estava em seu peito. — Maninha! — Augusto deu um beijo estalado nela. — Que carinha é essa? — franziu o cenho. — Nada não. — forçou um meio sorriso. — Pensa que engana quem? — disse sério. — O que o Lew fez agora? — ele acertou no centro do alvo. — Ele está com a Pamella. — sorriu. — O certo a se fazer, cuidar do filho deles. — abraçou seu irmão. — Vamos tomar um sorvete, cadê o papai e a mamãe? — precisava sair para esquecer todas aquelas coisas que vinham acontecendo nos últimos dias. — Estão com a Mariana lá no jardim. — PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS saíram abraçados em busca dos pais. — Já que tiraram folga essa semana, que tal irmos agora tomar um sorvete? — Violeta sugeriu. — Ebaaa! — Camilo e Laura falaram juntos, era compreensível o porquê da felicidade deles. — Estamos esperando o que? — Mariana disse empolgada. Eles estavam felizes, finalmente estavam completos e, poderiam fazer programas de família juntos, poderiam passar o natal juntos, tudo estava tão perfeito. Agora ela precisava focar na competição, assim como sempre foi séria com seus objetivos. A semana passou rapidamente, muitos ensaios, Violeta trocou de grupo e mal via Lewis, aquilo funcionou muito bem, montaram uma coreografia maravilhosa, que no domingo, a maioria dos passos de seu grupo havia entrado para a coreografia principal. Estava tudo indo muito bem, nada de surpresas voltaram a acontecer pela semana. Laura e Camilo voltaram para casa e deixaram os dois filhos resmungando para trás. Em uma plena segunda-feira de manhã lá PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS estavam Clara e Tales a esperando todo grupo se reunir para se apresentarem, faltava pouco agora para a competição. — Oi Clara! Oi Tales! Sejam bem vindos. — Catarine os recepcionou. — Eu quem estou agradecida de está aqui. — sempre muito atenciosa. — Estou ansioso pela apresentação. — Tales sorriu empolgado. Tudo estava pronto, todos em suas respectivas ordens. O som embalou aquela manhã, passos sincronizados e com firmeza, eles conseguiram criar passos de extrema precisão para que todos conseguissem seguir o ritmo. A música era ousada, os integrantes muito competitivos e mostraram suas garras da forma correta e positiva, Clara e Tales tinham sorrisos enormes em seus rostos. — E aí? O que acharam? — Jeremias perguntou ansioso. — Jeremias... — Clara deu uma pausa sufocante. — Se a Elis estivesse viva, com certeza esse grupo seria o orgulho dela, assim como hoje me orgulhei em ver vocês se apresentarem. Vocês PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS tem tudo para ganhar essa competição. — aquele elogio fez todos ali vibrarem. — E você Tales? — Jeremias estava um pouco preocupado, a expressão dele era indiferente, difícil discernir o que ele pensava apesar de ter sorrido bastante, ele era muito perfeccionista. — Vocês estão extremamente preparados e com certeza eu apoiarei. — sorriu mostrando sua imensa admiração. Todos pulavam alegres, mal esperavam que isso fosse acontecer, agora era continuar trabalhando pesado e esperar o grande dia de competir. Depois todos se dividiram pela casa para esperar o almoço, estavam muito empolgados, não conseguiam se manter quietos. — Oi Violeta! — Ítalo chegou de surpresa tentando assustar ela. — Oi Ítalo! — sorriu para ele amigavelmente. — Encontrei meu pai biológico. — falou um pouco sem jeito. — Que ótimo Ítalo! Quando? Como o encontrou? — estava feliz por ouvir aquilo. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — Acredite ou não, mas o meu pai adotivo é o meu pai biológico. — suspirou. -A mulher que cuidou de mim, na verdade era minha madrasta, sou fruto de uma traição. — disse triste. — Não fala isso! — repreendeu-o. — Minha mãe biológica morreu no meu parto, então por amar muito o meu pai, ela me pegou para cuidar, me tratava como um príncipe. Meu pai pensou ter sido realmente adotado, sem imaginar que a mulher com quem ele teve um caso acabou engravidando de um filho dele. E quando ele quis se separar aconteceu tudo aquilo que você já sabe. — seu olhar estava distante. — Não fique assim! Eu sei que é muito triste isso. — Violeta tentava o consolar. — Mas dentro dessa tristeza toda eu tive uma grande alegria, meu pai tem me tratado tão bem, parece ter descoberto a fonte da alegria novamente. — sorria muito feliz. Os dois ficaram conversando por horas, ambos contentes com os desfechos que suas vidas tiveram. Agora tudo começava a ir pelo caminho certo, Violeta estava bem melhor em relação a Lewis, PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS quase não se encontravam, ela evitava o máximo possível, sabia que ver ele era como encostar-se a um fio descascado.

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A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida. (Vinicius de Moraes)

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PERIGOSAS NACIONAIS O mês se passou com um piscar de olhos. Nada novo aconteceu, na verdade, nada empolgante. Lewis não desgrudava de Pamella, não dirigia nenhuma palavra a Violeta. Ela sofria calada, toda vez que via os dois juntos, parecia que seu coração iria explodir. Não deveria está triste, ele estava com sua família e essa era a coisa certa a se fazer. Ele foi o único cara que conseguiu abalar suas estruturas, que fez seu coração se aquecer e que também o quebrou em inúmeros pedacinhos. Augusto parecia ter acordado com muita energia acumulada, não parava de dançar um funk que teria uma participação especial na apresentação, um pouco de ritmo brasileiro para temperar, não poderia faltar. Embarcaram em uma sexta-feira à noite, precisariam estar no local da apresentação pela manhã. Apesar de toda sua vontade para ganhar a competição, Violeta estava abatida, andava ensaiando até tarde da noite e evitava qualquer contato possível com Lewis. Ela se dedicou ao máximo, aprendendo ritmos que até mesmo ela duvidava aprender. Chegaram de madrugada no hotel que ficariam instalados, Clara havia preparado tudo, parecia um sonho. Se dividiram em PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS grupos, haviam 4 quartos disponíveis, como Catarine ficou em casa com Pamella, a divisão foi exata, todos dormiram muito bem, aliás, nem todos, Violeta estava sentindo seu corpo muito fraco, dores a perturbaram pelo resto da madrugada. — Violeta? Você está bem? — Raquel perguntou para ela preocupada. — Estou sim, não se preocupe é apenas ansiedade. — mentiu. — Isso não me parece ansiedade Violeta. — Vitória se aproximou. — Coma essa barra de cereal e durma um pouco mais, daqui sete horas começarão as eliminatórias. Descanse, ou quer perder? — Vitória desafiou-a. — Tudo bem eu vou descansar, estou um pouco cansada mesmo. — comeu a barra de cereal, percebeu que ganhou bem mais energia, aproveitou o quarto vazio e se deitou para descansar. Acordou algum tempo depois, se sentia pior que antes e para piorar seu nariz estava sangrando. Sentiu uma enorme tontura ao se levantar, se apoiou na cama, tudo isso estava acontecendo porque não se alimentou direito a semana toda, PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS ficou acordada até tarde, sua irresponsabilidade iria prejudicar o grupo e isso não poderia acontecer. A coreografia precisava dela, já havia sido montada com o plano de ter alguns de seus passos acrobáticos. Pegou mais um pedaço da barra de cereal que Vitória havia lhe dado, mas de nada funcionou. — Violeta? — Mariana entrou procurando a amiga. — Oi Mari. — tentou deixar a voz firme para que ela não percebesse o seu estado. — Você está bem? Ainda não se arrumou? — se sentou ao lado dela na cama. — Você está tão gelada! — colocou a mão sobre a testa de Violeta. — Realmente está muito gelada. — O que houve? — perguntou preocupada. — Acho que foi o ar condicionado. Estava tão gelado e eu não consegui desligar. — se levantou e foi para o banheiro, não queria dar explicações, sabia que se falasse o que realmente estava sentindo, logo Jeremias iria saber. — Que ar-condicionado? Não está ligado. — percebeu que ela estava mentindo. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — Vou me arrumar e te encontro lá embaixo em 1 hora. — falou se fingindo empolgada. — Tudo bem, qualquer coisa me liga que venho correndo. — saiu e deixou Violeta ali, mergulhada em seu caos. Permaneceu debaixo do chuveiro por no mínimo 30 minutos, se esfregou bastante tentando tirar aquela dor, aquela fraqueza momentânea e o cansaço que estava pesando sobre seus ombros. Se enxugou, vestiu o uniforme e passou uma leve camada de maquiagem para disfarçar suas olheiras profundas. Antes de sair e encarar as pessoas lá fora, se olhou mais uma vez no espelho e repetiu duas vezes a frase: — Você trabalhou duro para isso, você merece ir para a final. Desceu pelas escadas para o térreo, precisava se movimentar. Não havia almoçado, precisava pegar pelo menos uma fruta para se abastecer. Quando pensou em dar meia volta para buscar algo para comer, Ítalo e Jorge apareceram e a puxaram para a van que os esperavam lá fora, os dois estavam muito empolgados. Todos estavam lindos, uniformizados de branco com um tom vinho quase roxo. O corpo dela implorava por descanso e algo PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS para comer, mas ela precisava focar na competição, prometeu que ganhariam, eles mereciam, trabalharam duro e cada esforço foi necessário. Ela foi em silêncio, todos conversavam animados, Augusto olhava para ela sério, como seu irmão e mais velho, ele se preocupava muito, cuidava o máximo que podia, não queria que nada mal acontecesse com ela. Notava levemente que algo não estava bem. — Violeta? Você está bem? Seu rosto aparenta cansado. — Jeremias perguntou antes de Augusto. — Tem se alimentado direito? Dormiu bem por esses dias? Tenho lhe visto muito focada na competição. — observou. — Estou ótima, só estou muito ansiosa. — sorriu mostrando todos os dentes. — Não minta. — Augusto a repreendeu. — Não estou mentindo! Eu estou muito bem, agora vamos logo. — disparou na frente. Quando estavam todos saindo do hotel, sentiram falta de Lewis. Augusto ligou para ele que chegou alguns minutos depois calado, assim que seu olhar pousou sobre Violeta, percebeu que havia PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS algo errado e, não parava de encarar. Já se aproximavam da van quando um homem alto, pele bronzeada e cabelos até a altura do maxilar cacheados apareceu. — Como assim? Você não me avisou que estaria em uma competição. — todos olharam para trás quando o homem gritou. — Tio? — Violeta correu até o homem e o abraçou, ele era irmão de Laura, deveria ter no máximo 35 anos. — André? — Jeremias sorrindo foi até ele. — Jeremias meu irmão! Quanto tempo! — logo após abraçar a sobrinha, abraçou o amigo que há muito tempo não via. — Vocês se conhecem? — Violeta mais uma vez estava se surpreendendo. — Sim! O Jeremias e eu estudamos juntos nos três últimos anos do colegial e após ficamos dois anos na Argentina fazendo cursos de dança. — continuava grudado em Jeremias. — Que saudade de tu. Faz mais de 10 anos que não nos vemos você continua o mesmo. — sorriu feliz ao descobrir que ele era tio de dois de PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS seus bailarinos tão talentosos. Augusto se aproximou para entender quem era o homem que deixou Violeta e Jeremias tão feliz. Nesse meio tempo de observação, Mariana, com seu jeito destrambelhado de sempre se lançou contra o homem, também estava feliz em vê-lo pelo jeito. — Você é o Augusto? — foi caminhando lentamente até o garoto curioso parado à sua frente. — Venha aqui dar um abraço apertado no seu tio, quando soube que você estava vivo quase não me controlei. — abriu os braços e também um sorriso. Aquele momento foi uma grande festa, Augusto descobriu como era amado por sua família, que agora estava completo, que apenas surpresas boas aconteceriam daquele momento para frente. Seguiram cantarolando, felizes com todo aquele momento, tudo começava a caminhar bem novamente para o estúdio deles. André aproveitou a carona, as companhias e a oportunidade de estar com seus sobrinhos e um velho amigo. Chegaram ao Teatro Municipal, ainda se perguntavam como conseguiram fazer o evento lá, havia uma enorme burocracia, mas, por fim tudo deu certo e lá PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS estavam eles, quase se apresentando e mostrando para todos a garra e talento que eles tem. Violeta estava encantada, era um lugar muito bonito. Andava distraída, observando os detalhes, se imaginando em uma apresentação de Ballet clássico, com muitas pessoas sentadas ali para prestigiar seu trabalho, quando visualizou alguém de longe que parecia muito familiar, foi se aproximando vagarosamente. — Isaque? — falou o nome de um antigo melhor amigo de escola, torcia para que respondesse, senão seria um enorme mico caso não fosse ele. — Oi? — o jovem se virou para olhar quem o chamava. — Violeta? — arregalou os olhos espantado e feliz. — O que você faz aqui? — as surpresas pareciam não acabarem, muitos encontros, desencontros e muitas merdas também. — Estou aqui para assistir a apresentação da minha irmã, torcer por ela. — continuava o mesmo garoto educado e sorridente. — E você o que faz aqui? Irá se apresentar? — sorria alegremente. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS Isaque era de sua idade, 22 anos, um sorriso extremamente doce, olhos pequenos e azuis, quando eles ainda estudavam juntos, ele era bem menor que ela, agora parecia ter tomado fermento, estava enorme. — Sim, aquele é o meu grupo. — apontou justamente no momento em que Lewis estava olhando, de forma inusitada, seu rosto não estava muito sério, parecia curioso, mas, quando notou que ela também o olhava, disfarçou conversando com Sebastian. — Nossa, são muitos, estou ansioso para te ver apresentar. — lhe deu um sorriso enorme e de expectativa. — Espero que goste, bem, nos encontramos por ai, vou me juntar ao meu grupo. — sentiu uma tontura enorme, se apoiou nele para não cair. — O que houve? — a segurava pelos braços preocupado. — Só finge que está me abraçando. — se pendurou no pescoço dele e resolveu que iria ficar assim até que voltasse ao normal. — Só estou um pouco tonta, acredito que seja devido ao voo e pela PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS ansiedade. — Você não está bem. — disse sério enquanto apertava ela forte contra seu corpo com medo que ela caísse ao chão. — Não sou nenhum médico, mas vejo que está pálida, tem se alimentado direito? Dormido bem? — ele disparou perguntas. — Sim, não se preocupe, estou apenas com um pequeno mal estar e ansiedade, quero muito ganhar essa competição. — encostou sua cabeça no ombro dele, estava tão confortável que sentiu uma vontade grande de dormir. — Você está mentindo. — fez cafuné em seu cabelo e ela estava ficando cada vez mais aconchegada ali. — Descanse por mais alguns minutos. — sugeriu. — Violeta? — Lewis estava atrás dela. — É melhor se juntar ao grupo, em pouco tempo iremos nos apresentar. — seu rosto estava sério, seus olhos negros estavam extremamente duros sobre o rapaz que ainda a segurava pelos ombros, mas a voz dele era mansa. — Já estou indo. — disse cansada e ele retornou para junto dos outros observando PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS desconfiado. — Você não pode se apresentar assim. — suspirou. — Quer que eu fale com eles sobre isso? Não é possível que ninguém tenha notado. — era visível sua preocupação. — Por favor? Isso aqui é meu sonho, se eu não participar, vou ficar ainda mais doente. — implorava para ele. — Violeta? — suspirou fundo. — Vejo que aquela menininha teimosa ainda mora ai dentro. Eu vou ficar te olhando daqui, se eu ver que não tem como você participar eu vou fazer os juízes pararem a competição. — disse sério. — Ainda é um amigo protetor, pena que foi embora e nunca mais me procurou. — o abraçou novamente. — Eu não vou mais desaparecer. Sempre me lembrei de você, por muito tempo, mas tenho estado ocupado trabalhando desde que o meu pai adoeceu. — agora ela entendia ainda mais sua preocupação sobre não estar bem. — Foi muito bom te encontrar aqui. — apertou ela novamente muito forte, ele nunca imaginaria encontrar seu PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS primeiro amor ali.

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Não espere por uma crise para descobrir o que é importante em sua vida. (Platão) PERIGOSAS ACHERON

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Isaque permanecia olhando para Violeta, estava preocupado sobre a sua saúde, não era possível ninguém ter notado que ela não estava bem. Alguns grupos começaram suas apresentações, todos eram muito bons, suas apresentações eram fortíssimas. Quando o 7° grupo estava finalizando a apresentação, o grupo mais egocêntrico entra no palco, Blackheads, com os narizes empinados e rostos debochados. A apresentação deles estava incrível, tudo muito bem organizado, pareciam voar enquanto saltavam e rodopiavam. Eles precisavam ficar entre os 10 melhores grupos. Violeta sentia seu corpo mole e fraco, mas, quando viu a apresentação do grupo rival sentiu uma força inexplicável invadir seu corpo que a deixou determinada a vencer. Faltava pouco para as apresentações finais e eles estavam na penúltima posição, Lewis não tirava os olhos de Violeta, percebeu que havia algo errado desde que saíram do hotel, mas ela não queria escutá-lo. — Agora com vocês... — um homem que apresentava o espetáculo iniciou o seu discurso. — um grupo novo, que veio diretamente da capital do país, Sunflowers. — ficou empolgado, novo era PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS apenas a formação, mas, o grupo sempre existiu. A energia já estava transbordando pelo corpo deles, a cada passo, um 'tum' forte ecoava dentro deles, naquele momento deveriam usar isso ao seu favor, pensar que esse era o ritmo que os conduziriam, era preciso foco e ainda mais determinação, todos que estavam ali eram muito bons e competitivos. As primeiras batidas começaram a ecoar conforme as batidas de seus corações, logo mais as batidas ficaram descompassadas e o corpo deles seguiam o ritmo como se pertencessem àquelas notas. Era preciso sorrir, interpretar com sentimento cada passo e, Lewis assumiu a frente com seus passos tão fortes, pareciam que a qualquer momento afundariam o chão, seu modo de dançar era tão solto e único, assim como seus olhos. De longe Violeta avistou Isaque sorrindo e encantado com a apresentação. Todos olhavam curiosos para o rapaz que assumiu a frente, entregue a dança, estavam energizados com o poder que ele tinha com o olhar, seus olhos pareciam complementar a agilidade de seus pés e corpo. Estava chegando o momento em que ela teria que se aproximar dele e arriscar sentir o calor de sua pele, a conexão de ritmo quando se PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS juntavam para dançar. A música parou e todos pensaram que a música iria acabar, mas de repente as luzes se acendem e a música retorna com mais impacto e, é nessa hora que Violeta corre com determinação até Lewis e salta sobre ele, unindo os corpos que estavam em fervor, num ritmo explosivo, ele a segurava firme, a cada movimento, uma espécie de corrente magnética circulava pelos seus corpos, era impossível não sentir o impacto que os dois causavam quando estavam dançando juntos. E nesse fervor todo, a música acabou deixando todos irradiados, os aplausos vieram em seguida, todos olhavam admirados, a apresentação estava incrível, mas haviam outros que se apresentaram tão bem quanto eles. — Parabéns! Como sempre, me deixaram muito orgulhosos. — Jeremias correu até eles enquanto desciam as escadas. — Estou chocado, Violeta dançando outros estilos? Vocês estavam incríveis, com certeza vocês conseguirão chegar até a final. — André falava alegre e orgulhoso. Violeta se sentia ofegante, parecia ter corrido PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS por horas sem parar. Isaque se aproximou e ela controlou sua respiração. Ficaram conversando enquanto o último grupo se apresentava, ele não parava de elogiar ela, falando do quanto o grupo era incrível. Lewis não conseguia se concentrar em mais nada, muito menos disfarçar sua frustração e irritação ao ver eles dois juntos, conversando tão amigavelmente, mas ele precisava se concentrar, ela merecia ser feliz, acreditava que com ele, jamais ela teria uma vida normal, confortável e feliz. Se sentia egoísta, estava abrindo mão da escolha dela por querer a ver feliz e agora estava infeliz com isso. Chegou o momento de sair os resultados, já estava anoitecendo, parecia que os minutos agora passavam devagar só para castigar. Violeta voltou para perto de seu grupo e se agarrou em Augusto e Mariana, estava aflita e também porque estava sentindo-se esgotada, sabia que a qualquer hora iria desligar, mas deveria aguentar até descobrir se haviam passado. Começaram a escolher os grupos um a um, já haviam escolhido três, em 2° lugar ficaram os Blackheads, ainda haviam sete vagas, cada vez que chamavam um grupo, o coração deles faltava sair pela boca ou até mesmo parar de PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS apreensão. Estavam todos de mãos dadas, ainda haviam 3 vagas e o nome deles ainda não haviam aparecido. — O oitavo grupo selecionado para a competição final é... — aquele maldito suspense, eles odiavam isso, até o mais saudável dos saudáveis enfartaria de ansiedade. —... Os S.A. — o grupo mencionado saiu saltitando pelo palco tomando sua posição. Eles estavam ansiosos, por mais que só houvesse duas vagas, era preciso manter a fé, Violeta já perdia as esperanças e seu corpo começava a ceder. — Em nono lugar fica um grupo que veio de longe, com garra e determinação. — as batidas começaram a falhar, seus corações não se deixavam controlar mais. — Vem aqui para cima, Sunflowers. — escutar aquele nome ecoando pelo teatro foi como se aliviar após segurar muito tempo o xixi. Correram para o palco, mas assim que subiram o último degrau escutaram um som estranho, como se algo tivesse caído, Lewis olha para trás e se depara com Violeta caída no chão. Não pensou PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS duas vezes e pulou do último degrau para o chão, ela estava de bruços, parecia inconsciente. Seu coração parecia ter sido esmagado, deveria ter conversado com ela mais cedo ao ver que ela não estaria bem, mas seu ciúme foi maior, o orgulho falou mais alto, pegou-a em seus braços e correu para fora enquanto ligavam para a ambulância, Isaque estava atrás dele muito preocupado. — A ambulância vai demorar chegar, precisamos de um carro. — Mariana estava desesperada. — Venha, meu carro está estacionado aqui perto. — Isaque chamou e mesmo enciumado, Lewis não pensou duas vezes e correu com o frágil corpo de Violeta em seus braços. — Jeremias, ligue para minha mãe e avise, vou ir com eles, avisarei pelo celular do Lewis onde estamos, para que você possa nos encontrar. — correu e se ajeitou no banco do carona, olhou para trás e encontrou um Lewis desesperado. — Calma Lewis! — tentava ter firmeza. Isaque dirigiu o mais rápido e cautelosamente possível, havia um hospital próximo, assim que chegaram, um enfermeiro ajudou-os a levá-la para PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS o pronto socorro. Depois desse momento, eles tiveram que ficar na recepção a espera de notícias. Lewis não parava quieto um só segundo, a cada minuto ele ia até a recepcionista perguntar se já havia notícias. — Ei! Calma! — Isaque segurou os ombros dele, se assustou com o desespero. — Senta um pouquinho, senão quem vai acabar passando mal é você. — a forma gentil do rapaz desconcertou Lewis. — Eu sei. — abaixou a cabeça e se jogou na poltrona. — Eu sou o culpado, vi que ela não estava bem, mas ao invés de perguntar, apenas ignorei. — se culpava. — A culpa é de todos nós. — Isaque completou. — Eu notei que ela estava se sentindo mal, disse que falaria para vocês, mas ela me fez prometer que ficaria calado, que se ela não competisse iria ficar pior. — suspirou fundo e se sentou próximo a Lewis. Sua maneira delicada fez o coração de Lewis se contorcesse. Um médico surgiu segurando uma prancheta, parecia ser novo, mas seu rosto estava muito sério. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — Vocês que estão acompanhando a Violeta Benzotti? — perguntou de mau humor. — Sim. Sou o irmão dela. — Augusto se levantou e os outros o acompanharam. — Vocês notaram que ela não estava se alimentando direito? Bebendo água? Dormindo? — parecia assustado. — Como assim? — Mariana perguntou também assustada. — A paciente teve um ataque de hipoglicemia. — todos olhavam para ele sem entender do que se tratava. — Bem, hipoglicemia é a queda do açúcar no sangue, muito comum em pessoas diabéticas, mas existem outros fatores que levam a isso, no caso dela foram exercícios físicos exagerados e falta de se alimentar, se ela não desmaia, talvez estivesse morta agora. — todos arregalaram os olhos assustados com a gravidade do caso. — Mas como ela está agora? — Lewis perguntou preocupado. — Está recebendo soro e os devidos cuidados, ela também estava desidratada, só receberá alta amanhã, após estar recuperada. — aliviou a PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS expressão carrancuda. — Prestem mais atenção, ela correu um grande perigo. — repreendeu-os. Ao terminar, saiu para atender outros pacientes. Eles se sentaram bem mais aliviados e se sentindo culpados, principalmente Lewis que já sabia que metade da culpa era especificamente dele. Isaque permaneceu com eles, estava sendo muito gentil. — Você gosta muito dela né? — falou com Lewis que o olhou intrigado. — Como assim? — franziu o cenho. — Todos em torno de vocês dois já notaram que são apaixonados um pelo outro, só vocês dois que ainda não perceberam? — falava naturalmente, assustando ele. — Quando era mais jovem, que estudávamos juntos, eu era apaixonado por ela, foi meu primeiro amor. Mas, ela sempre disse que iria encontrar alguém especial, que amaria a dança como ela, que seriam um só ao dançar. — a cada palavra dita pelo jovem a sua frente, mas o coração dele disparava, somente agora ele entendeu o abraço, a aproximação dos dois. — Hum! — aquele murmúrio, era mais para PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS limpar o nó em sua garganta do que desdenhar. — Ela foi seu primeiro amor ou, ainda é? — jogou verde. — Se você não cuidar dela meu rapaz... — sorriu despreocupado. —... Eu assumirei daqui a responsabilidade por tudo que envolve ela. — ele era gentil, mas também sabia tocar fundo na ferida. Lewis entendeu naquele momento que a perderia para ele, e com certeza não se sentiria mal, ele era um cara tão especial, mas não poderia apenas deixar ela ir. — Não será preciso. — suspirou engasgado com as palavras que acabou de escutar. — Amigos? — estendeu as mãos. — Amigos! — pela primeira vez em toda sua vida, Lewis sentiu que aquilo não era uma competição, Violeta não era um objeto, era uma linda mulher a ser conquistada.

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Eu amo você, menina... Amo você... (Tim Maia)

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PERIGOSAS NACIONAIS Lewis se manteve acordado por toda madrugada, não conseguia aceitar que alguém ficasse com ela além dele, pelo menos não até que ele tentasse fazê-la feliz. Não era preciso ninguém falar que metade da culpa de tudo aquilo que estava acontecendo era dele, por seu orgulho bobo, ele já sabia muito bem, havia sido imaturo e somente agia por impulso. Ele olhava com amor a mulher que estava deitada ali, que ele quase perdeu, mas que não ia deixar isso acontecer novamente. A noite estava quente, bem típico do Rio de Janeiro, o corpo delicado e fraco de Violeta estava com gotas de suor e, ele saiu em busca de um pano para poder enxugar. Encontrou uma enfermeira muito educada parada ali perto e ela carinhosamente encontrou uma toalha limpa para que ele pudesse enxugar o suor que estava em seu rosto e corpo. Apesar de seus olhos estarem pesados, ele permaneceu ao lado dela. Enquanto limpava o suor dela, lágrimas caiam silenciosamente por seu rosto, nem ele entendia o que estava acontecendo, fazia quase 10 anos desde a última vez que chorou e foi por ter perdido alguém, sua amada mãe. As horas passavam e nada dela acordar, ele estava preocupado, mas deve ser assim mesmo, PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS fazia dias que ela não pregava o olho. Seus olhos estavam ardendo, mas enquanto ela não estivesse acordada, ele não iria dormir, acabou cochilando a beira da cama, com um pano úmido que havia usado para tirar o suor do corpo dela. — Lewis? Acorda! — uma voz suave o chamou e ele abriu os olhos lentamente, estava muito cansado. — Violeta? Você está bem? Quer que eu chame um médico? — colocou a mão sobre os ombros dela e na testa, preocupado. — Não precisa, você está dormindo aí desde que horas? — olhava para ele comovida. — Acredito que não tenha nem uma hora. — estava muito sonolento. — Deite-se aqui! — pediu para que ele se deitasse ao lado dela, mas ele olhou desconfiado. — Anda logo! Antes que eu mude de ideia. — ela tinha noção de que estava agindo grosseiramente, mas ele precisava. — Está bom, só um pouquinho. — se deitou ao lado dela. Não demorou muito até que ele pegasse no PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS sono, parecia um anjo, ela fazia cafuné em seu cabelo e sorria para si mesma, apesar de saber porque ele estava ali, ela não poderia deixar de aproveitar a única oportunidade que teria de ficar perto. Ela dormiu mexendo no cabelo dele, Lewis parecia uma criança, deitado sobre os peitos de Violeta e ela dobrada sobre sua cabeça. Jeremias entrou acompanhado pelo médico que atendeu ela, não aguentaram e riram da cena que encontraram ali no quarto. Esperaram eles acordarem, sabiam que ambos estavam cansados. — Me desculpa. — Lewis se levantou da cama assustado. — Eu me deitei para descansar e dormi até agora. — pensou que levaria uma enorme bronca. — Está tudo bem! Vá se alimentar e abastecer suas forças. — o médico sugeriu. — Não! Está tudo bem, ela já pode ir? — Violeta olhou para ele com seu coração batendo a mil, ele estava de olhos levemente inchados, do seu choro silencioso pela noite. — Pode sim! Só espero que a mocinha se cuide, isso é muito perigoso. — repreendeu-a e depois receitou algumas vitaminas. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS Saíram do hospital diretamente para a van, todos aguardavam ela preocupados. Augusto abraçou a irmã, olhou para Lewis e sorriu, sabia o quanto ele estava sofrendo, havia mais que uma luta pessoa, era um grande conflito, um medo velado de seriedade. Durante toda viagem Lewis foi ao lado dela, apoiando sua cabeça em seu peito, seus cuidados estavam enormes e, a maioria olhava encantado, achavam os dois um belo casal, até Luana acabou reconhecendo que eles dois nasceram um para o outro. Chegaram cansados, já era tarde da noite, Violeta foi diretamente para seu quarto após escutar uma grande bronca de Laura e Camilo. — Obrigada por cuidar de mim. — Violeta falou quando Lewis deixou-a na porta de seu quarto. Se virou para entrar logo em seu quarto, não queria o ver indo embora. — Me perdoa! — seus olhos ficaram encharcados, ela não sabia o que fazer então o abraçou. — Eu não sei o que faço mais, minha vida tá tão confusa, a única coisa que está certa é você e nem isso eu consigo fazer direito. — a cada palavra que ele dizia, mais desesperada ela ficava. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — Lewis... — ela respirou fundo. —... Não precisa se desculpar. — beijou seu rosto. — Eu quero ficar com você. — segurou o rosto dela entre as mãos. — Meu coração está destruído, te ver daquela forma? Ver que eu poderia te perder? Só me mostrou o quanto eu preciso de você. — era a primeira vez que ela o via daquela forma, frágil. — Eu também preciso de você! Muito Lewis, mas você sabe que vai ser difícil, a Pamella está passando por uma gravidez delicada. — o abraçou com força. — Eu posso resolver não se preocupe. Não vamos nos separar mais, por favor! — ele quase implorava. — Eu preciso te contar algumas coisas sobre a minha vida, não posso esperar mais. — precisa, naquele momento, sem esperas. — Amanhã nós iremos a algum lugar sossegado e você poderá me contar tudo. — sugeriu tentando imaginar quais segredos ele poderia ter. — Amanhã, sem falta! Irei te levar em um lugar muito importante. — beijou a testa dela e saiu. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS Os dois notaram o quanto estavam apaixonados, seguiram cada um para seu quarto, na expectativa de se verem amanhã. Antes de chegar ao seu quarto, Lewis deu meia volta e decidiu passar em dois lugares antes, primeiro iria conversar com o Jeremias e depois iria ver como Pamella e o bebê estavam. — Tio? — bateu na porta do quarto. Jeremias sai de roupão, seus olhos estavam preocupados, sempre que acordavam ele a essa hora era porque alguma coisa estava acontecendo. — O que houve? — o tocava analisando seu corpo para ver se estava tudo bem. — Não estou machucado, só gostaria de falar algo, sei que você é o único que pode me entender. -— aquelas palavras amoleceram o coração de Jeremias, era raro ver ele tão carinhoso. — Sabe que estou aqui para todo e qualquer momento, tu é como um filho para mim. — passou os braços pelo pescoço dele e saíram. — Antes de ir ao jardim, vamos passar na Pamella, quero ver como ela está. — foram juntos e sorrindo. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS Chegando lá escutaram uma voz masculina falando alto. — Eu quem vou assumir esse bebê, eu sou o pai, não o Lewis. — era a voz de Sebastian, ele estava muito exaltado. Lewis e Jeremias entram, ela está sentada chorando enquanto ele está próximo à porta do banheiro de olhos vermelho. A situação estava extremamente estranha. — O que está acontecendo aqui? — Lewis pergunta nervoso. — Você está assustando ela, enlouqueceu? — olhava o estado de Pamella preocupado. — Ainda bem que você chegou mano. — Sebastian chegou perto de Lewis com os olhos vermelhos e começou a chorar sendo acolhido por ele que não entendia nada. — O que está acontecendo? Ela não pode ficar nervosa Sebastian. — Jeremias tentava acalmar ambos. — Sebastian fica calmo e me fala o que está acontecendo. — seu coração estava quase explodindo, não era possível aquilo que ele acabava PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS de falar. Tudo estaria desmoronando dessa maneira? — Ah Lewis! Ela mentiu para nós, ela está grávida, mas o filho não é seu. — aquela notícia o acertou como flecha. — Agora que descobri ela queria que eu mentisse, queria Lewis que eu te enganasse. — parecia sufocado. — Vocês dois já estavam separados quando aconteceu algo entre ela e eu, aquela noite? Você estava bêbado, não foi com você que ela ficou, foi comigo. — aquelas revelações estavam acertando em cheio Lewis. — Eu não acredito que você fez isso comigo Pamella. — respirou fundo, comovido com aquela situação. — Me perdoa! Eu sempre te amei, Lewis nunca quis te enganar, eu fiquei desesperada. — suplicava. — Você só ama a si mesma. — Sebastian chegou perto dela. — Você queria estragar a vida dele, por pura vaidade e me privar de ter contato com meu filho. — havia indignação em suas palavras. — E pensar que eu morreria para ter seu amor. Você me enoja. — saiu e Luana chegou assustada. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — O que está acontecendo aqui? — perguntou a Lewis, estava assustada com aquele tumulto. — Pergunte a sua amiga, ela vai saber te contar tudo direitinho. — saiu cabisbaixo seguido por Jeremias. Foram para o jardim, Lewis estava pasmo com a situação. As surpresas estavam vindo como meteoros, batendo com força nos peitos dele, deixando-o sem ar a cada batida. — Você está bem? Podemos conversar amanhã. — passou a mão sobre os cabelos pretos dele. — Não tio! Estou bem, quero falar agora. — respirou fundo e continuou. Se não falasse naquele momento era capaz de morrer engasgado durante a noite. — Vou te escutar. — a cumplicidade que eles haviam adquirido era incrível. — Decidi contar toda história da minha vida para a Violeta, eu amo ela, nunca senti que deveria me libertar dessa prisão como agora. — sorria abertamente. — Eu quero te dizer que sou grato por ter me acolhido depois que minha mãe morreu, por PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS ter assumido uma grande responsabilidade, sim, grande tio, nem adianta enrolar! Você me adotou, me quis quando todos viraram as costas, um garoto problemático e que nunca conseguia se socializar. Eu vou mudar e ser um cara diferente e amadurecer. — Jeremias chorava ao escutar Lewis, ele não acreditava. Ele não precisava mudar, já era outro homem. — Eu te amo muito! — era a primeira vez que ele dizia aquilo. — Eu te amo muito Lewis, desde que você nasceu eu era muito apegado a sua mãe. — Era muito emotivo e as lembranças apenas aumentavam suas lágrimas. — Eu estou muito feliz Lewis, você já pode assumir a liderança, está mais que amadurecido e eu poderei ter uma pausa para a Catarine, ela quer muito ter um filho. — desabafou. — Eu não sei! — abaixou a cabeça. — Você sabe sim, irei ficar uns dias na casa da mamãe e, você assume a partir de agora. — estava aliviado, queria fazer aquilo a muito tempo. Ali começava uma nova fase na vida de Lewis, muitas coisas estavam preparadas, talvez predestinadas a acontecer. E restava apenas a ele decidir o que faria. PERIGOSAS ACHERON

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— E se não der certo? — A gente vai tentando até acertar. (PS. Eu Te Amo) PERIGOSAS ACHERON

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Lewis acordou totalmente para baixo e, Sebastian estava sentado na sala, olhos inchados e muito calado, os dois se olharam e se cumprimentaram. — Como você está? — Sebastian pergunta timidamente. — Me perdoe pelo que causei ontem, estava muito nervoso. — um bom garoto que teve seu coração fisgado por alguém que não saberia o amar. — Estou melhor irmão. — ainda de pé, passou as mãos na cabeça dele. — Não se preocupe você me libertou de uma prisão, nós dois estávamos sendo enganados. — sorriu sem mostrar os dentes e Sebastian acompanhou. Pamella estava no quarto totalmente desgastada, sozinha, pois Luana havia saído, só voltaria ao fim de semana, estava com os pais. Seus olhos estavam roxos e inchados, havia chorado a noite toda, não desceu para comer e Violeta ficou preocupada. Ninguém também havia levado o almoço no quarto dela. Pegou uma bandeja e colocou uma coisa de cada, não sabia o que ela gostava. Bateu na porta do quarto, mas não houve PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS resposta alguma, então a abriu vagarosamente e viu ela deitada, estava com o cobertor jogado em cima do corpo, lá fora estava um enorme calor. — Pamella? — se aproximou. — É você Violeta? — sua voz saiu em um gemido. — O que você está sentindo? — deixou a bandeja na cômoda e correu até a cama. — Meu Deus! Você está muito gelada. — ela estava suada e com a temperatura de seu corpo baixa. — Eu não sei, sinto meu corpo formigar, como se houvessem agulhas por ele. Me ajuda! Mesmo sendo uma pessoa tão má contigo, sempre é você quem está aqui para me salvar. — ela chorava. — Eu não quero perder meu bebê, ele é a única família que tenho. — chorava enquanto segurava firme a mão dela. — Eu vou chamar ajuda, fica calma. — passou a mão em sua testa tirando alguns cabelos grudados da testa de Pamella. — Não! Só fica aqui até passar. — ainda segurava firme nas mãos dela. — O Lewis precisa saber que você e o bebê PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS não estão bem. — ainda não sabia do ocorrido. — Vejo que ainda não sabe. — disse triste. — O Lewis não é o pai do bebê, é o Sebastian. — chorou ainda mais. — Fica calma! Vou abrir as janelas e te colocar em um banho quente, vai te ajudar, eu espero! — estava muito preocupada, pela primeira vez as duas estavam se dando bem, apesar da situação ruim. Ela abriu a janela, tirou o cobertor que a cobria e lhe ajudou a se levantar vagarosamente, a confiança que Pamella estava depositando nela era enorme. Ajudou ela tirar a roupa e a se lavar, estava muito comovida com o estado que Pamella se encontrava, não era mais aquela mulher implicante. Após ajudar ela a se vestir, a deixou sentada na cama e desceu para preparar algo para ela comer. — Oi? -Lewis a viu correndo para a cozinha. — Mais tarde vamos sair, tudo bem? — ele sorria. — Hoje não vai ter como. — o sorriso se desfez por inteiro. — Tenho que cuidar de algumas coisas. — foi até ele, beijou sua bochecha e retornou para a cozinha e preparou uma canja de PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS galinha, esperava que estivesse saborosa. Passou o restante do dia ao lado de Pamella, conversando, ajudando a ir ao banheiro, levou o jantar ao quarto e, tentava deixar ela máximo que podia alegre. Colocou sua cabeça sobre a barriga dela e conversava. — Você tem que cuidar da mamãe. — colocou a mão na barriga enquanto escutava ele se mexer e sorriu. — Isso! Você me entende né? Sua mãe está mal, mas a tia Lett promete cuidar muito bem dos dois, trate de se comportar bem. — permaneceu ali. — Obrigada Violeta! — disse emocionada. — Me perdoa por tudo? Eu me sinto ainda mais péssima quando lembro que tentei te separar do Lewis. Ele é muito apaixonado por ti. — fungou, parecia aliviada por falar aquilo. — Só me deixa ser sua amiga. — disse ainda com a cabeça encostada na barriga dela, sorrindo quando o bebê se mexeu. — Isso mesmo! Eu serei amiga da sua mamãe. — acariciou a barriga dela. — Eu nem sei se mereço ser sua amiga Violeta, agora entendo porque o Lew se encantou, aliás, porque todo mundo está apaixonado por você. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — sorriu pela primeira vez surpreendendo Violeta. Conversaram amigavelmente por várias horas, pareciam tão próximas e entrosadas que a dor de Pamella havia sumido e ela não notou. Mariana estava igual louca procurando por ela, a encontrou horas depois quando estava entrando vagarosamente no quarto para pegar seu pijama, iria dormir com Pamella. — ONDE CARALHOS VOCÊ ESTAVA LETT? — gritou assustando-a. — Você me assustou praga! Precisa gritar? — Amanda não estava no quarto, deve que estava com Henrique. — PRECISA! Onde você estava? Eu já estava prestes a acionar as forças armadas, a Polícia Civil, Federal, Militar, Interpol e sei lá mais o que. Nunca mais suma, procurei em todos os lugares possíveis que tu poderia estar. — falava sem parar. — O Augusto já estava ficando louco pensando que você estava mal novamente, se não é o Lewis para notificar seu aparecimento fantasma na cozinha teríamos ido te procurar na rua. — respirou fundo tomando o fôlego após o término do discurso. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — Beleza! Agora eu posso explicar? — sorriu ao ver Mariana fazer bico. — Eu estava com a Pamella. — Com quem? Acredito que escutei Pamella, você estava com ela? — estava pasma. — Sim, estamos nos dando muito bem. — falava com expectativa. — Acredito que seja o sono que está bagunçando minha mente, estou escutando algumas coisas estranhas da sua boca. — Mariana não conseguia acreditar. — Você escutou muito bem, ela está mudada Mari. Vou dormir com ela hoje, durante todo o dia ela se sentiu mal. — pegou alguns pertences para levar. — Ela não é confiável. — repreendeu. — Ela tentou te separar do Lewis. — relembrou. — Não me importa, ela precisa de ajuda e eu não irei abandonar os dois. — no momento certo todos saberiam que o bebê não era do Lewis, não cabia a ela falar sobre algo tão delicado. Saiu sem olhar para trás, não era preciso ninguém lembrar o que ela havia feito, Violeta não PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS se importava, era melhor estar perto dela, conhecendo um lado divertido e carinhoso que ela pensava não existir em Pamella. Dormiu na mesma cama que ela, com a barriga enorme colada em suas costas, parecia aliviar as dores, de certa forma o bebê parecia ter gostado dela. A noite passou de forma calma, nada de Pamella se sentir mal, estava abraçada com Violeta, estava tranquila e aliviada. Lewis foi até o quarto de Violeta, mas apenas encontrou Mariana abraçada com Augusto. — Onde a Violeta está? — assustou os dois. — Ela está sumida desde ontem, fiquei preocupado. — continuou parado olhando para os dois. — Como que você entra assim no quarto alheio? — Augusto perguntou se cobrindo. — Esse quarto em primeiro lugar nem te pertence. — arqueou a sobrancelha. — Guto? — aproximou seu rosto sorrindo. — Não é novidade nenhuma te ver pelado. — gargalhou. — Agora onde está ela? — esperava respostas. — Está com a Pamella. — Mariana disse bocejando. — O que? — franziu o cenho e saiu a procura PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS dela. Chegando a porta do quarto ficou um pouco receoso de bater, então, abriu lentamente para ver o que estava acontecendo dentro do quarto, e a cena que ele viu fez seu corpo liberar qualquer tensão que estava sobre ele. Pamella dormia abraçada com Violeta, as duas pareciam duas grandes amigas. Lewis sorriu e foi para a cozinha. Encontrou Sebastian parado na sala novamente, calado e de olhos inchados. — Você está bem Sebastian? — se aproximou. — Estou. — disse roboticamente. — Só um mal estar. — Na verdade o nome disso é Pamella. — sentou-se ao lado dele. — Você gosta dela? — perguntou o fazendo olhar abismado e logo ficar pensativo. — Gosto há muito tempo dela, agora que sei que o bebê é meu? Minha maior vontade é estar com ela, cuidar, fazer tudo o que um pai faz pelo seu filho. — era fácil notar o carinho que ele já havia cultivado pelo pequeno ser que estava sendo PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS gerado. — Não sei se nós seremos felizes juntos, mas quero assumir minhas responsabilidades. — ele era um cara realmente bacana. — Se você acha que é o que realmente quer, tenta estar mais perto, demonstrar carinho, dar força, ela está passando por um momento difícil. — ele sabia muito bem que Pamella era uma mulher forte, mas aquilo tudo era muito novo. — Eu fui um idiota com minha atitude em relação a ela, a culpando por erros que também são meus não foi legal. — reconhecia sua boa parcela de culpa. — Eu vou tentar me aproximar, ainda estou muito chateado com ela. — era impossível pedir para ele esquecer. — Mas, também reconheço que agi mal, não fui solidário. Pamella acordou faminta e muito disposta, parecia outra pessoa naquela manhã. Violeta acordou preocupada, pensou que ela estivesse se sentido mal. Algo novo nasceu junto com o sol naquela manhã, Pamella estava totalmente diferente. — Você está bem? — perguntou preocupada enquanto se levantava da cama. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — Eu estou muito bem Violeta, muito obrigada por ter dormido aqui. — sorria e isso alegrou o dia dela. — Sabe eu quero pedir mais uma vez desculpa por tudo que lhe causei, principalmente ao tentar te separar do Lew por puro capricho meu, quando na verdade o homem que eu gosto é o Sebastian. — aquela revelação chocou-a. — Não apenas por ele ser o pai do meu bebê, mas por inúmeros fatores. — estava feliz. — Eu apenas vinha tentando esconder isso de mim mesma. Eu sempre vi o Lewis como o garoto fechado e sem amigos, então eu precisava ter ele, como se fosse uma aposta comigo mesma, um desafio que eu queria muito vencer. — a ver falando a verdade era a coisa mais impressionante, até a luz em seu rosto era vibrante naquela manhã. — Eu não me importo, pare de se desculpar, estou amando a chance que está me dando de te conhecer melhor. — sorriu. Elas estavam iniciando uma grande amizade, uma nova Pamella estava finalmente se apresentando. Conversavam sobre coisas jamais imaginadas antes e riam de coisas tolas. Foram para a cozinha, andando um pouco mais rápido, PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS precisava se mover, senão enlouqueceria parada ali apenas com dor e engordando. Quando as duas chegaram à mesa, todos olharam para elas, pareciam surpresos já que Pamella estava acompanhada de alguém que ela não gostava antes. Mesmo tentando entender o que acontecia, todos sorriram, era bom ver a Pamella mais acesa, com uma cor legal no rosto. Sebastian não parava de passar pelo corredor que levava até a porta do quarto de Pamella, estava louco para entrar, mas a vergonha estava um pouco maior, ele queria um jogo limpo desta vez, onde pudesse estar presente em todos os momentos da gravidez, acompanhar todas as fases de seu filho. Continuou andando de um lado para o outro testando milhões de formas para entrar e o que falaria. — Sebastian? — Pamella perguntou enquanto saia do quarto. — Por que está andando de um lado para o outro? — franziu o cenho. — Eu... — procurava uma boa desculpa. —... Bem, estou procurando o Jeremias. — a desculpa não foi tão boa assim. — Procurando o Jeremias aqui? — sorriu. — Não seria mais fácil encontrá-lo indo para o outro PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS lado? — apontou para a outra direção. — É verdade! Eu estou distraído, vou procurar ele. — estava saindo, mas seu coração estava quase explodindo, não poderia ir. — Pamella? — chamou enquanto retornava. — Oi! — sorriu e aquilo era estranho, a leveza da voz dela, um sorriso iluminado. — Quando você irá, é... — apontou para a barriga dela um pouco sem jeito. — Ao médico? — arqueou as sobrancelhas. — Sim, ao médico. — sorriu sem jeito. — Semana que vem, na quarta-feira. — ela sabia que ele seria um excelente pai. Ainda se mantinha recuada, mas queria se aproximar dele. — Eu posso ir? — estava olhando para a barriga dela com um enorme carinho. — Claro que você pode! Nós vamos adorar. — usou o plural, deixando ele ainda mais empolgado. — Você está com fome? — parecia um garoto de 14 anos e não um homem de 26, estava todo sem jeito ao falar com ela. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — Sim, estou faminta, morrendo de vontade de tomar sorvete com banana e chantilly. — disse empolgada. — E também quero um cheeseburger com muita maionese com alho. — acrescentou deixando Sebastian abismado. — Você tem certeza? — perguntou assustado. — Absoluta, vamos? — quase implorava. — Se arrume e mais tarde eu vou te levar. — sorriu ao ver a alegria dela. — Eu até pularia se não estivesse tão pesada. — brincou e retornou ao seu quarto. Mariana e Augusto estavam procurando um serviço, estavam empolgados. A tarde estava chuvosa, deixando um clima agradável e preguiçoso. — Como sabem, tirarei alguns dias de férias, então, de agora para frente o Lewis assume a liderança. — quando Jeremias falou não teve quem discordasse, sabiam muito bem a capacidade que ele tinha em comandar um grupo e criar coreografias, estava em suas veias. — A próxima competição vai ser acirrada, devem montar uma coreografia inovadora, que irá causar uma grande PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS surpresa. A Clara estará com vocês o mês de outubro todo, avaliando de perto o desempenho de todos. Os meses estão passando, dezembro já se aproxima, vamos ganhar essa competição. — sorria enquanto um por um lhe dava um abraço de agradecimento. — Amanhã começaremos. — Lewis sorriu e todos fizeram cara feia para ele. — Animem-se, teremos muitas novidades. — estava empolgado certamente estava com alguma carta na manga. Todos se despediram de Jeremias e Catarine, eram uma única família. Já se passavam das 17h40min da tarde quando Sebastian foi até o quarto de Pamella averiguar se ainda estava tudo bem para eles saírem. Abriu a porta o mais devagar possível e encontrou-a conversando sozinha olhando para a enorme barriga. — Você viu como seu papai gosta de nós dois? Espero que queira ficar com a mamãe e cuidar de você, mas mesmo que ele não queira, ele tem todo esse direito, sei que ele jamais nos deixaria desprotegidos. — acariciava com um grande amor. — Agora eu tenho uma família. Agora eu posso ser apenas eu. Você está dando PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS para a mamãe uma nova chance de ser feliz. — sorria enquanto falava com o pequeno ser que habitava ali, aquela cena estava derretendo Sebastian. Ele se levantou o mais rápido que pôde, foi se arrumar para levar seus dois amores para comer fora, era tudo que ele queria e, começava tudo a se resolver. Pamella estava nervosa, parecia ter apenas 14 anos e se apaixonando pela primeira vez. Violeta estava indo encontra-la quando foi impedida por Lewis. — Podemos sair hoje? — perguntou ansioso. — Pode ser ao fim de semana? Prometi a Mari que iria ensaiar junto com ela e com o Guto. — ele engoliu em seco e sorriu. — Tudo bem! — ele resolveu deixar seu segredo guardado a sete chaves. — Vou ensaiar também. — sentiu seu coração triste, queria contar para ela o que estava acontecendo, mas não era culpa dela, haveria um dia a oportunidade. — Que legal! Vem ensaiar conosco? — sorriu e tentou se aproximar em vão. — Não! — disse sério, precisava pensar. — PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS Estou saindo, só retorno ao fim da noite. — sua voz estava triste, não dura e agressiva. Não esperou ela falar absolutamente nada e saiu sem olhar para trás. Violeta sabia que havia sido idiota ao recusar, mas ela já havia prometido para Augusto que iria ensaiar com eles. — Cadê o Lewis? — Augusto perguntou. — Ele estava com você agora a pouco. — estranhou. — Ele saiu. — suspirou. — Acredito que esteja chateado por eu não ter saído com ele. — comprimiu os lábios. — Mas ele te chamou para sair com que objetivo? — Augusto já começava a entender. — Não foi sobre algo relacionado a vida dele, foi? — sabia que era exatamente isso, conhecia o suficiente sobre ele para entender até seus passos. — Sim! — franziu o cenho e Mariana olhava para os dois tentando entender o que estava acontecendo ali. — Eu preciso encontrar ele agora. — com o corpo trêmulo correu deixando Violeta e Mariana sem entender nada. Augusto foi seguido por Mariana e Violeta de PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS longe, ele corria como se precisasse chegar a algum lugar com urgência. Ele virava várias curvas, parecia desesperado, tudo que ligava a Lewis, sempre estava o deixava preocupado. Chegaram a uma espécie de galpão abandonado, apesar de não entender o que levaram eles ali, Violeta e Mariana começaram a escutar barulhos, pareciam pisadas fortes em latas, uma música agressiva ecoava por toda extensão daquele lugar. Entraram ainda seguindo silenciosamente Augusto, pararam quando ele também parou e avistaram Lewis sem camisa, com inúmeras cicatrizes em seu corpo. Ah! Ele dançava com ódio, parecia possuído por aquela música extremamente dolorosa e pesada. Falava sobre dor, apesar de está em inglês era notável. — Lew! — Augusto gritou enquanto ele dava alguns saltos perigosos sobre latas que poderiam machucar. — Me escuta irmão, para de se machucar por esse passado, não foi sua culpa. — quase implorava. — Vai embora. — gritou quase sem fôlego, nesse momento não era possível entender se por causa dos saltos ou pelo nó em sua garganta. Violeta estava assustada, tinha medo do que PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS poderia acontecer se ele caísse dali. O lugar em que ele estava era uma espécie de sobrado, totalmente destruído com o tempo. Mesmo com a presença de Augusto ali, ele não se importou em descer, continuou dançando, parecia trancado ali, era uma dança diferente, elas nunca viram nada igual, dolorosa, intensa e impactante. Seus olhos pretos ficaram assustadores, o ritmo não acabava e, quanto mais forte a batida, mas o seu allstar preto se chocava com força ao chão e sobre as latas. Augusto permanecia sentado ali, como se aguardasse toda aquela ira passar para que pudesse levar seu amigo de volta para casa. O que os seus olhos dizem sobre você? Os de Lewis não foram apenas feitos para que ele enxergasse, mas para que as pessoas o enxergasse através deles. — Lewis? — Violeta gritou. — Eu já sei de tudo. Hoje não quis sair com você, por medo de não conseguir te apoiar, mas vejo que o que fiz foi exatamente o que eu temia. — os olhos dela marejavam. Ele continuou a dançar, seu rosto estava vermelho, parecia segurar qualquer sentimento que não fosse ódio. Desligou-se do que havia ao seu PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS redor, não queria pensar em nada além do que já estava guardado dentro de seu próprio eu. — Desce daí. — ela se aproximou. — Me desculpa por não ter sido mais compreensiva, eu estava em choque ainda. — se aproximou e ao ver que ele não lhe daria a mínima, começou a subir as gastas e perigosas escadas. — Violeta desce daí. — Augusto gritou e Lewis olhou para o lado. Vendo que ela poderia cair se subisse até ele, correu até lá e desceram juntos, por mais que o ódio fosse grande naquele momento, seu amor por ela conseguia ser ainda maior. Não! O amor dela não o estava curando, mas a necessidade de sair daquela caixinha o fez acordar, se não se livrasse daquelas imundas lembranças, talvez nunca poderia viver, apenas definhar enquanto suportava seu corpo sobre suas pernas. — Me conta tudo. — abraçou ele carinhosamente, desmontando toda armadura que ele havia construído. — Não se sufoque mais.

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O que não provoca minha morte faz com que eu fique mais forte. (Friedrich Nietzsche)

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PERIGOSAS NACIONAIS Lewis se sentou no chão daquele lugar em silêncio absoluto, ainda precisava deixar aquele sentimento ir embora, os demais seguiu o gesto e também se sentaram no chão. Esperaram ele falar alguma coisa, estavam todos ansiosos e Mariana estava muito curiosa. — Lewis? — Violeta o chamou colocando as duas mãos em seu rosto. — Sabe esse espaço? — olhava perdido para todos os lados. Observava carinhosamente e as duas balançaram a cabeça positivamente, Augusto permaneceu um pouco mais afastado, sabia aquela história de cor, havia presenciado tudo de perto. — Era a minha casa, aqui vivi quase 14 anos. — seus olhos ficaram vermelhos, parecia que a qualquer momento ele desabaria em choro. — Por anos foi meu lar, depois se tornou meu inferno. — Sua casa? — Violeta perguntou olhando ao redor e vendo apenas ruínas. — Sim. — fungou. — Eu morei aqui com meu pai e minha mãe até os 8 anos. — pensou por alguns minutos antes de prosseguir. — Meu pai era americano, Michel Davies Turner, era dançarino e foi assim que os dois se conheceram, em uma PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS viagem dela para Óregon, estado em que ele nasceu. — parecia uma boa época, ele lembrava com amor de seu pai e sua mãe, agora fazia todo sentido seu nome diferente. — O amor dos dois pela dança era de uma maneira surreal, ganharam muitos concursos. Em uma disputa dois jurados italianos chamaram os dois de vero amore, pela enorme conexão deles e o nome pegou naquela época. A minha chegada só uniu os dois ainda mais. — sorriu. Violeta olhava para ele se lembrando de quando dançaram juntos pela primeira vez na Walldance. — O que houve com seus pais? — Mariana parecia uma grande telespectadora de novela mexicana. — Uma pneumonia acabou matando o meu pai. — engoliu em seco, parecia está segurando um nó enorme. — Dois anos depois minha mãe acabou conhecendo um cara que parecia enviado pelos céus, me tratava bem, tratava ela como uma rainha, mas conforme o tempo começou a se passar ele mostrou outro homem. — respirou fundo. — Lew, não precisa continuar. Isso te PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS machuca. — Augusto estava preocupado. — Eu preciso contar. — respirou algumas vezes recuperando o fôlego que estava contido pelo nó. — Ele começou a me queimar com o cigarro, me machucar com coisas cortantes, batia em minha mãe, a proibiu de dançar e do tio Jeremias nos ver. Minha mãe tentou se separar duas vezes, mas por medo de que algo me acontecesse ela ficava calada e presa. — mais uma vez ele estava se culpando. — Ele saia para beber e nos deixavam trancados naquele pequeno porão usado para guardar os materiais de limpeza. — mostrou um lugar pequeno abaixo das escadas. — Ficávamos os dois abraçados, nos cuidávamos. Nesse tempo nem para a escola eu ia mais, meu corpo estava todo machucado, mas minha alma? Ah! Essa estava morta. — sorriu sem emoção alguma. — Ninguém denunciou? — Mariana estava perplexa. — Denunciar? Como? Minha mãe vivia nas mãos dele, mesmo que denunciasse, ela iria mentir para me proteger. E foi assim que os anos começaram a se passar. Aos 12 anos eu comecei a segurar seu braço, não queria mais ver ela sofrendo PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS de dor. Eram 2 anos de tortura, parecia sentir prazer em nos fazer sofrer. — Lewis não conseguia olhar para ninguém. — Eu já estava de saco cheio de tudo aquilo, a mesma rotina. Meu corpo, minha alma, meu coração, pareciam todos mortos. Minha mãe vivia roxa, era tão linda e, ele acabou com a vida dela de todas as formas. — as lágrimas rolaram sem piedade deixando até Augusto assustado. Augusto se aproximou e abraçou-o, sabia que falar sobre aquilo era como morrer. Violeta estava segurando as lágrimas, ver seu grande amor daquela forma era muito doloroso, ela sabia o que havia ocorrido, mas não o quanto ele sofreu. — Eu sempre o desafiava, assim consegui que por dois anos ele não tocasse mais em minha mãe. Apesar do meu corpo está cada vez mais mutilado, mais forças eu ganhava, até que em uma tarde ensolarada ele saiu para beber e voltou a noite muito violento, quebrou alguns copos perto de onde minha mãe estava e sacou uma arma de sua cintura, ele ria loucamente, mirou em minha cabeça, disse que me mataria para que nada mais ligasse minha mãe ao meu pai. Ele tinha ódio de um homem que PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS diferente dele, cuidou muito bem da minha mãe e por uma desgraça não continuou a cuidar. — ficou em silêncio pensativo, a dor que estava em seu peito iria o sufocar a qualquer momento. — Eu não sabia que você havia sofrido tanto. — as lágrimas de Violeta agora caiam pesadamente, ela imaginou toda situação e seu peito doía, estava comovida com o sofrimento que os dois enfrentaram. — O pior de tudo não foi o meu sofrimento, mas o de minha mãe, sofreu por ter perdido o marido que tanto amava, sofreu por encontrar um canalha como o Gilberto e por mim. — Mariana derramava algumas lágrimas silenciosas enquanto escutava ele. — Ele continuou com a arma apontada em minha direção e, minha mãe pulou em minha frente ao ver ele disparar. As balas que eram para mim, a acertaram, uma em seu peito e outra em seu maxilar. Me lembro muito bem, ela caiu em meus braços sorrindo e disse bem baixinho "Lew meu bebê, perdoa a mamãe? Agora eu posso descansar, encontrar o seu pai, mas não posso te proteger", aquelas foram as últimas palavras dela. — quem estava escutando não conseguia segurar as PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS lágrimas, ainda mais quando viam o estado que Lewis se encontrava. Abraçado agora por Violeta, ele se aconchegou nos braços dela e aproveitou aquele momento para se recuperar das malditas lembranças. Já recuperado, afastou Violeta para poder terminar a história. — Ele se ajoelhou ao chão e deixou a arma cair, sem pensar duas vezes, cegamente corri até onde a arma estava e sem falar qualquer palavra, atirei mesmo sem saber, atirei até que não restasse uma bala ali. — colocou a mão sobre seus ouvidos como se os barulhos que ecoaram aquele dia houvesse retornado. — É como se a culpa me tornasse prisioneiro da minha própria escuridão. Cada vez que me olho no espelho, me desafio a acreditar que tudo aquilo foi em legítima defesa, mas eu queria aquilo, era maior que eu... — suas lágrimas eram pesadas. —... Meu ódio fez aquilo, meu medo, minha insegurança, minha dor, o desespero de ficar sozinho, eu só pensava em disparar aquela arma por mais inúmeras vezes, até que todas as lembranças fossem apagadas. — aqueles olhos, benditos e que viram tantas dores, PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS como conseguia se manter em pé? Sua força era incompreendida até mesmo por ele. Violeta olhava para ele engasgada com tudo que havia escutado e com seu coração completamente machucado, era difícil vê-lo daquela forma tão vulnerável, tão acuado e ferido. — O Jeremias te buscou? — Mariana perguntou com a voz falhando, Augusto estava ao lado dela e de olhos grudados em Lewis, sua amizade com ele era intensa, viveram juntos toda essa desgraça. Estava ali para segurar toda estrutura se o mundo dele cair. — Eu fiquei lá, abraçado aos meus joelhos. — voltou ao maldito dia. — Um dos vizinhos ligou para a polícia após escutar o barulho dos tiros e, rapidamente eles chegaram, mal perguntaram o que havia acontecido, um deles me chutou e acabei machucando minha boca, eles sequer perguntaram o que havia acontecido, apenas deduziram que eu era um adolescente de 14 anos revoltado com a mãe e com o padrasto. Minutos depois o tio Jeremias chegou, quando ele viu tudo aquilo, desabou, mal conseguiu me ver, estava desesperado, quando se lembrou de mim, e eu já estava sendo levado para PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS um abrigo de menores infratores. — quando pensavam que a história ia melhorar, pior ela ficava. — Passei um ano lá, acusado de matar minha própria mãe e o canalha, mesmo eu sendo sincero, eles não acreditavam, o tio estava de fora procurando meios de me tirar daquele inferno. Eu apanhava todos os dias, foi a partir daí que perdi todas as esperanças, me tranquei para esse mundo, criei o meu próprio, eu quem mandava nele, eu controlava, era frio e decidia tudo. Me sentia culpado por tudo que aconteceu e de certa forma eu realmente fui o culpado. — soltou um gemido de dor. — Não meu amor! Não foi sua culpa, você precisou fazer isso, não se envenene com a culpa. — os olhos dele ficaram mais amendoados, não estavam tão duros como antes, ganharam uma tonalidade cremosa, aquele desabafo parecia estar fazendo ele se libertar de um monstro que vivia na escuridão de seus olhos e na amargura de seu peito. — Como conseguiu sair de lá? — Mariana participava de cada detalhe, sabia que ele era um excelente rapaz. — Um ano depois que o tio voltou aqui, se PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS lembrou das câmeras que talvez ainda funcionassem. E para total sorte estavam intactas, mostraram tudo que estava acontecendo por esses anos, todas as surras que ele dava em minha mãe, as vezes que ele me cortou e me queimou. — passou a mão pela barriga marcada, pareciam doer apesar de cicatrizadas. — Viram que não matei minha mãe, apenas paguei pelo que fiz e o advogado contratado conseguiu me tirar, assim eu ficaria na guarda do meu tio e ele se responsabilizaria pelo menino atormentado. — a história triste teve fim e uma nova começou a ser escrita. — Hoje tudo faz sentido... — Mariana diz mergulhada em lágrimas sendo acolhida por Augusto. — Eu soube antes de irmos para o Rio de Janeiro sobre o que aconteceu, após entrar no quarto do Jeremias e ver o jornal antigo com essa manchete. — Violeta limpava as lágrimas dele. — Eu fiquei com medo de invadir seu espaço, de que você estivesse se sentido forçado a me contar tudo para ficar comigo. — suspirou. — Eu errei com você, ainda mais quando senti medo do que PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS escutaria. — Foi graças ao que vi em você que eu consegui me libertar de todas essas correntes, me questionar o que estava fazendo ao me esconder atrás de amarguras. — beijou a testa dela e o descanso de não ter nenhum segredo o suavizou a mente.

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Liderança é ação, e não posição. (Donald McGannon)

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PERIGOSAS NACIONAIS Após revelar para Violeta e Mariana o seu sufocante segredo, Lewis retorna com eles ao estúdio, precisavam fazer o jantar, mas como estavam querendo algo prático e rápido, optaram por uma pizza. Todos estavam empolgados, saber que estariam a poucos passos de vencer uma grande competição e ter um grande reconhecimento para a companhia era divino. — Antes de vocês comerem, quero dizer algo que me deixou muito feliz. — Lewis sorria animado. — Acabo de receber a notícia de que a final do concurso será na Walldance. — com a notícia todos vibraram felizes. A notícia de que seria em um lugar tão importante para eles fez com que ficassem ainda mais confiantes. Precisavam ensaiar com muita garra e vontade, teriam que dar o melhor deles três vezes mais. Comeram o suficiente para acordarem cedo e dispostos, queriam saber as novidades que Lewis estava trazendo consigo. — Vem comigo! — Lewis puxou Violeta enquanto todos se organizavam para irem dormir. — Todos já estão indo dormir. — sussurrou enquanto ele a conduzia para fora. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — Eu sou o líder agora. — parou e bateu em seu peito. — Por isso que deveria ser o exemplo para eles. — bateu forte no peito dele e sorriu com a careta que ele fez. Lewis estava mais leve, estava livre dos pesos que o faziam infeliz. Assim como ele prometeu no primeiro dia em que ela chegou, de sempre tentar sorrir, agora ele poderia cumprir. Estavam chegando ao jardim, o mês de setembro era um pouco frio, chovia em algumas noites e aquela estava apenas úmida. Próximo ao banco havia um cobertor estendido no chão com quatro almofadas e uma caixa vermelha ao lado, estava tudo muito especial, ela mal acreditava que ele havia preparado tudo aquilo. — Você quem preparou tudo isso? — olhava apaixonada em cada detalhe. — Sim, pesquisei de forma minuciosa cada detalhe sobre hoje, se iria chover, se haveria estrelas no céu. — foi até ela e abraçou-a. — Graças a você hoje eu posso respirar aliviado, apesar de ter ficado feliz com ideia de ser pai, me sinto aliviado agora. — beijou o topo da cabeça PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS dela. — Por quê? — perguntou aconchegada em seu peito. — Pois agora eu posso investir na mulher que eu amei desde o momento que meus olhos encontraram os dela. — o coração deles estava em uma explosão de ritmos, pareciam seguir os mesmos passos. — Eu nunca imaginei recuperar minha alegria de viver, minha vontade de me entregar completo a algo. — ouvir aquelas palavras mexeu muito com Violeta. — Eu também nunca pensei que me encontraria na perdição de seus olhos. — se soltou do abraço para olhar para ele. — Estou tão feliz! Encontrei meu irmão que eu sequer sabia que estava vivo, encontrei o amor da minha vida, conseguimos passar para a final do concurso e a coisa mais difícil de todas, me tornei amiga da Pamella. — os dois sorriram. — Eu preciso de você, nós dois juntos somos como minha mãe e meu pai, temos uma conexão inacreditável. — parecia orgulhoso ao falar. — Eu vou estar sempre ao seu lado. — PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS depositou um beijo próximo a sua boca. — Sei que o importante é dar o nosso melhor, mas eu adoraria ganhar a competição. — sorriu. — Eu também! Mas para isso precisamos ousar, fazer algo que nunca tentamos e que talvez ninguém nunca apresentou a eles. Tive uma ideia que talvez muitos vão achar maluquice, mas que vai fazer toda diferença. — a forma que ele falava, escondia uma grande expectativa por traz. — O que é? — Violeta estava muito curiosa. — Amanhã. — foi a única coisa que ele falou. — Está bem! — se deu por vencida. Ele segurou a mão dela e a conduziu até o cobertor, sentaram-se um ao lado do outro, tudo começava a se ajeitar assim como Violeta nos braços de Lewis. Parecia um sonho toda aquela paz, pela primeira vez desde que chegou ela respirou profundamente e nenhuma notícia caiu sobre eles. — Eu tenho algo para você. — Lewis sorriu tirando seu allstar preto e colocando de lado, era sua marca registrada. — O que? — perguntou curiosa enquanto ele PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS pegava a caixa vermelha aveludada. — Eu sei não vai ser fácil lidar comigo, muito menos serei o cara mais fofo e romântico que você merece, igual ao Isaque. — como sempre, não podia faltar uma pitada de ciúmes. — Lew? — repreendeu-o. — Ele era meu melhor amigo. — sorriu. — Eu sei, melhor amigo. — fez bico. — Para de drama e me mostra logo o que tem ai dentro. — sua curiosidade estava chegando ao máximo, a caixa era linda. — Interesseira! — continuava fingindo está magoado. — Meu maior interesse é em você, bobo! — delicadamente depositou um beijo em seus lábios. — Então abra! — entregou ansioso, queria ver a reação dela ao ver o que havia lá dentro. Violeta abriu rapidamente, quando tirou a tampa ficou sem reação alguma, seus olhos ficaram vermelhos, Lewis ficou preocupado, não sabia se ela havia gostado, ainda estava calada. — O que aconteceu? — perguntou enquanto PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS limpava as lágrimas que escorriam pelo rosto dela. — Eu te deixei triste? — estava muito preocupado. — Triste? Você me deixou impressionada, sem palavras. — olhava carinhosamente. — Então tira de dentro da caixa, ainda tem mais uma surpresa. — parecia um garoto empolgado em mostrar alguma traquinagem que fez. Violeta tirou de dentro da caixa uma sapatilha de ponta preta com as letras de seu nome bordada nelas, as duas estavam presas em alguma coisa, ela estava desfazendo o laço quando encontrou duas alianças pratas amarradas. — Aceita namorar comigo? — Lewis colocou a mão no rosto dela e acariciou enquanto ela fechava os olhos para inalar todas aquelas palavras. — Eu sei que a cor talvez não seja a sua preferida, mas eu pensei que além de especial, deveria ter algo relacionado a nós dois. As alianças estão amarradas pelo nosso amor a dança. — ficou olhando para ela na expectativa de uma resposta. — Claro que eu aceito. — sua voz quase não saia de tanta emoção. — Olha o meu estado, meu PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS coração não vai aguentar. — estendeu a mão para que ele colocasse o anel simbolizando o compromisso que estavam assumindo a partir dali. — Seu coração tem que aguentar, ainda há muitas coisas para vivermos juntos. — sorriu e estendeu também a sua mão para ela colocar o anel em seu dedo. Os dois ficaram ali, deitados olhando para o céu coberto de estrelas. Agora que tudo estava tranquilo, apenas precisavam investir na coreografia, acreditar no comando de Lewis e trabalharem em grupo. O dia se iniciou animado, todos estavam com uma enorme expectativa, menos Augusto que estava resmungando em um canto do sofá, queria dormir mais um pouco, porém precisavam começar os ensaios. — Fico feliz em ver todos acordados e animados. — olhou para Augusto. — Bem, nem todos estão animados, mas irão ficar assim que chegarmos lá. — todos olharam assustados. — Como assim lá? — alguém lá do fundo gritou. — Isso aí! Não serão aqui os ensaios, iremos a PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS um lugar. — fez um grande mistério. — Eu quero ir. — Pamella parecia mais leve, depois que se libertou de suas obsessões, sentia-se mais alegre e participativa. — Que ótimo! Então vamos todos. — Violeta foi até Pamella que segurou sua mão, todos olhavam abismados com a mudança dela. — E para onde vamos mesmo? — sorriu. — Será surpresa. — Lewis se virou para Pamella. — Consegue andar cerca de 2 quilômetros? — estava preocupado. — Consigo sim. — olhou para Sebastian buscando aprovação e ele sorriu, estaria ao lado dela para poder auxiliar, até mesmo a levar em seus braços. Depois de algumas instruções de Lewis, todos saíram empolgados e curiosos, ele sempre era tão misterioso. Andaram por alguns incontáveis minutos até chegar a um local aberto, pelo formato, aquele lugar deveria ser uma quadra de esportes, mas como já dito, deveria. O espaço estava vazio, todos se olhavam com um ponto de interrogação, não faziam a menor ideia do que poderia ter os PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS levado até ali. Lewis com sua pose de líder se colocou de frente para eles, observava cada um, dois integrantes fizeram cara feia olhando ao redor, pareciam entediados, eram acostumados a está em estúdios, longe do sol quente. — Aqui será nosso estúdio quatro vezes por semana. — sorriu. — Primeira coisa a contar para vocês é que haverá grandes mudanças no grupo. — todos se olharam assustados e curiosos. — Você irá tirar alguém? — Raquel perguntou. — Não! De forma alguma, pelo contrário, teremos mais membros. — olharam para ele mais uma vez sem entender nada. — Eles estão chegando. Vão se aquecendo, teremos mudanças também em nossos ritmos. Se queremos algo novo, vamos ter que sair da zona de conforto. — a todo o momento uma surpresa era pronunciada por ele e todos olhavam abismados. — Você hoje acordou animado para nos surpreender em. — Augusto olhou fazendo careta ainda chateado por ter acordado tão cedo. Eles estavam se aquecendo, um apoiando o PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS outro, sorrindo, brincando e com uma curiosidade enorme. Lewis sumiu por alguns minutos e voltou com um grupo de quase 10 pessoas, eles se vestiam com roupas legais e largas, chamavam a atenção e marcavam presença por onde pisavam. — Quero apresentar a vocês os novos integrantes do Sunflower. — eles todos olhavam alegres, era a primeira vez em um grupo grande. — O QUE ESSA MULHER ESTÁ FAZENDO AQUI? — Mariana gritou lá do fundo. — EU NÃO ACREDITO NISSO LEW. SE ELA ENTRAR EU SAIO. — com seu 1,55 (ela aumentava os 5 centímetros) foi pisando firme até onde uma garota de cabelos curtos e vermelhos estava. — Não acredito que essa nanica está no grupo. — a mulher se pronunciou. — Eu vou quebrar a sua cara. — Augusto correu e segurou o pequeno ser que se debatia como um animal louco para pegar sua presa. — QUIETA! — Lewis teve que gritar para que ela ficasse sossegada. — Alguém pode me explicar o que está acontecendo aqui? — agora PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS todos entenderam porque ele era o líder, graças a sua firmeza e pelo respeito que ele tinha entre todos. — A Iara estudava conosco no ensino fundamental antes de vir para cá, ela machucou muito a Mari, colou alguns chicletes no cabelo dela enquanto usava o termo pixaim, a trancava no banheiro, uma vez tentou jogá-la do alto das escadas, falando que ela pingaria como uma bola por ser gordinha. — Violeta suspirou após explicar calmamente. Mariana olhava mortalmente para a garota, pelo seu comportamento, todos sabiam que ela poderia estourar a qualquer momento. A garota provocava de longe, todos sabiam que se elas ficassem juntas alguma coisa iria acontecer. — Vai ser da seguinte forma. — chamou a atenção das duas. — As duas ficam ou, nenhuma. — Lewis olhava firmemente. — Tudo bem. — Mariana se deu por vencida, seu sonho era maior que uma rivalidade de infância. — Ok. — Iara também se deu por vencida. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — Apertem as mãos e quero que se comprometam a não por em risco o desenvolvimento do grupo por brigas passadas. — seus olhos jabuticabas olharam fixamente para elas, esperando que elas entendessem a tamanha importância de um grupo amigável e unido. — Claro! Eu quero muito vencer aquela competição. — Mariana estendeu sua mão direita e ficou a espera da contribuição da garota. — Iara? — um homem que parecia ser seu namorado a repreendeu. — Está bem! Vamos tentar. Me desculpa pelo que fiz no passado. — apertou a mão que lhe estava estendida. As duas sorriram amigavelmente selando uma tentativa de não colocarem o grupo em uma desordem por puro capricho. Um a um se apresentaram, eles eram gentis e muito amistosos, logo se entrosaram com os demais. — Sejam bem-vindos! — Lewis sorriu. —A maioria dos que já integravam o grupo dançavam balé clássico e contemporâneo e poucos circulavam em outros ritmos. Decidi que iremos fazer uma PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS mistura entre ritmos, uma junção, assim poderemos ousar e mostrar algo novo para todos. — estava empolgado, aquela aposta com certeza era tudo ou nada. — Como assim misturas de ritmos? — Violeta tentava entender o que ele estava tentando fazer. — Os nossos novos membros são dançarinos de Hip Hop, conheci eles há dois anos, mas nunca havia pensado em chamá-los para dançar com o grupo devido o estilo principal ser voltado ao balé. Agora, precisamos colocar em papel o que pode ser feito, o que cada um consegue dançar, essas mudanças vão trazer uma nova cara ao nosso grupo. Um dos maiores investimentos que pretendo fazer são nas acrobacias. — falava de forma mágica, conseguia dar esperanças e colocar esperança no coração de cada um. Passaram a manhã toda mostrando o que sabiam fazer, eles estavam empolgados, até Pamella arriscou alguns passinhos leves, sentia falta de dançar. Após o almoço, voltaram todos novamente para a quadra, mas dessa vez Lewis apareceu com algumas coisas diferentes, uma bola de basquete, um sapato específico de sapateado e PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS alguns lenços. Como estavam todos curiosos, ele iniciou com a bola, quis mostrar um passo onde eles trariam a cultura do futebol, Lewis se sentiu inspirado e queria utilizar passos que havia observado ao assistir alguns jogos. Para a surpresa de todos, Lewis colocou o sapato e começou a sapatear, mas não era qualquer música, era um ritmo diferente, envolvente como sempre, todos imitavam seus passos e riam como crianças na lama. Ao fim de toda aquela maravilhosa apresentação, todos aplaudiram, era totalmente diferente do que estavam acostumados a verem, ele sorria como nunca, chegava a arrancar sorrisos sinceros com o seu espontaneamente doce. — Por último explicarei a função desses lenços. — formou os pares e entregou um para cada. — Um usará a venda enquanto o outro conduzirá a dança. — vendou Violeta e a conduziu até o centro deles para demonstrar. — Olhem bem! O maior medo de Lewis era que Violeta não confiasse nele, assim poderia resultar em um desastre. Mas para sua surpresa, ela se entregou sem pensar, naquele momento mostrou o quanto ela o amava, seguiam todos os seus passos. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — Agora eu gostaria que todos vocês tentassem. Essa dinâmica é para que vocês aprendam a ter confiança, se entreguem a dança como se fosse o próprio vento. — puxou o quanto pode do ar e depois soltou sorrindo. Violeta estava ao seu lado, não parava de olhar seu rosto delicado, seus traços sensíveis e suaves. Naquele momento ele se deu conta de como era sortudo, ter ela como namorada era um grande privilégio. — Eu preciso parar de te olhar. — sussurrou em seu ouvido. — Por quê? — Violeta olhou assustada, pensou que mais uma vez ele fugiria dela. — Pois toda vez que te olho, eu me apaixono um pouco mais. Cada vez que te olho, sinto que eu poderia explodir a qualquer momento de tão forte que são as batidas de meu coração. Eu te amo Lett! — ainda sussurrando disse uma frase que fez o corpo dela vibrar em milhões de emoções. — Ah Lewis! Eu te amo tanto. — sem se importar com nada nem ninguém, com todo amor que sentia por ele, depositou um beijo demorado PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS em seus lábios, agora ela tinha certeza de que ele era o homem para toda sua vida. — Depois que esse mês torturante passar eu quero que conheça um lugar. — segurava o rosto dela entre suas mãos. — Que lugar? Estou ansiosa. — abraçou-o. — Você vai amar, apenas isso que posso te dizer. —sorria glorioso. — Você é sempre tão misterioso. — bufou e depois sorriu. Continuaram ali abraçados por um momento e depois retornaram felizes para os treinos. Tudo estava muito bem, um misto de emoções e a felicidade predominava. Mas, a felicidade é um caminho cheio de curvas, nunca se sabe o que poderá acontecer em uma delas...

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Meu amor por você terminará no mesmo dia em que o amor de Deus por você tiver fim. (Max Lucado) PERIGOSAS ACHERON

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O mês se passou tranquilo, dias calmos, com visitas de Laura e Camilo, um bom desenvolvimento de cada um integrante. Mariana e Augusto encontraram um serviço durante a noite, numa pizzaria, estavam querendo economizar para o futuro. Lewis e Violeta cada vez mais estavam apaixonados, assim como Pamella e Sebastian que estavam se resolvendo e descobrindo uma enorme cumplicidade, a barriga dela estava ainda maior, já estava em seu sexto mês de gravidez e ainda não haviam conseguido ver o sexo do bebê. Jeremias ligava para dar algumas notícias de dois em dois dias, estavam felizes, ele estava muito animado com aquele momento único para os dois, onde poderiam discutir sobre interesses pessoais. Lewis aguardava em seu carro ansioso a volta de seu tio, ele chegaria a qualquer momento, então ele foi o buscar no aeroporto. Os dois estavam bronzeados, sorridentes e muito felizes, o maior sonho deles era um dia serem pais, mas por conta do estúdio e algumas complicações que Catarine teve, era difícil conseguir. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — Lewis! — os dois falaram em uníssono e abraçaram o jovem sorridente que estava os esperando. — Que bom que vocês chegaram. — sua ansiedade era tamanha que transbordava pelo seu corpo. — Você está bem? — perguntou Jeremias preocupado. — Você veio nos buscar e agora está ansioso. — olhou desconfiado. — Estou ótimo! Vocês irão para a casa da vovó? — eles sorriram, notaram que havia muitas novidades para eles. — Sim! Então vamos, estou ansioso para saber o que está te deixando assim. — sorria feliz em ver a alegria estampada no rosto de seu sobrinho. Foram o percurso todo conversando sobre a viagem, em alguns momentos até a casa de sua mãe Jeremias olhava emocionado para Lewis, era raro ver ele tão feliz desde que toda aquela desgraça aconteceu. Ele contou sobre os novos integrantes, como eles eram maravilhosos, como os veteranos reagiram a tudo aquilo, conversava sem parar sobre PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS suas ideias, contou também sobre Violeta e ele, como estavam se resolvendo e como ela estava se dando bem com Pamella. Chegaram a casa de dona Lúcia, ela estava sorridente a espera deles. Por ser quase meio de outubro, Clara iria começar a ir a todos os ensaios, dezembro já se aproximava, Jeremias estava preocupado, tinha medo dela não gostar dessa mistura que Lewis havia programado, confiava nele, mas temia. Depois do almoço se reuniram debaixo de um pé de manga igual ao que havia no estúdio com cadeiras de ferro e apreciavam o vento fresco. — Estou curioso! Pode começar a contar o que você estava ansioso para me dizer. — Jeremias se sentou ao lado dele para escutar nitidamente. — Também gostaria muito de saber o que deixou você assim, tão animado. — Catarine era mais que a mulher de seu tio, era sua cúmplice de Lewis, sempre defendendo ele, mesmo quando todos duvidaram de sua sanidade, os dois eram como pai e mãe para ele. — Irei começar então, gostaria de dizer que há algum tempo venho pensando em como ser útil, fiz inúmeros planos e nenhum deles funcionaram, PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS então, após procurar alguns novos membros competentes, descobri uma pequena escolinha de dança, eles não tem nenhuma condição de terem equipamentos bons, uniformes, nem participar das competições, vivem nas periferias aqui do DF. — Respirou fundo sentindo em suas costas o peso da responsabilidade que estava assumindo. — Decidi reformar a antiga casa de meus pais e, construir após a final da competição um estúdio de dança para essas crianças e adolescentes, tentar tirar eles das drogas e prostituição, há muitos que só precisam de uma chance, assim como eu. — os olhos dele brilhavam, Jeremias e Catarine se olharam não apenas espantados, mas também orgulhosos do garoto que agora assumia um papel grandioso de homem. — Lewis... — sua voz saiu embargada. —... Se eu conseguisse sentir mais alegria, acredito que estaria morto a essa hora, você cresceu meu sobrinho, amadureceu e se tornou um homem digno de aplausos. — não disfarçou a enorme satisfação que sentia. — Vocês concordam então? — estava iluminado com aquela expectativa, nunca seus PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS olhos foram tão vivos em meio ao preto deles. — Claro! Teremos que arquitetar toda estrutura, tudo o que for necessário. Para te ver sorrir e feliz Lew, sou capaz de tudo, você sabe disso. — recebeu um abraço amoroso e apertado de Lewis, os dois sempre foram amigos e, hoje essa relação se multiplicou. Lewis passou à tarde com eles, escrevendo planos, fazendo um desenho mal feito de como ele imaginava sua escolinha, a cada ideia ele parecia uma criança extremamente empolgada com uma tarefa de casa. Aproveitou também para mostrar os passos que já haviam criado para a coreografia e, em meio a tudo isso conseguiram criar mais alguns, era mágico estarem tão felizes, até a avó dele, dona Lúcia arriscou alguns passos vagarosos. Quando ele foi para casa já se passavam das 21h00min, aproveitou bastante sua família. Ao chegar foi recebido por um enorme sorriso de Violeta e por um abraço, descobriu naquele momento onde era sua casa, no conforto dos braços da mulher que tanto amava. — Senti sua falta! — disse aninhada em seus braços. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — Eu também. — sorriu cheirando seus cabelos. — Seu cheiro é tão bom, tudo em você é incrivelmente bom. —apertou-a ainda mais em seus braços. Convidou ela a se sentar no sofá, queria contar sobre seu projeto para a escola de dança, gostaria de saber o que ela pensa sobre tudo aquilo. A reação dela foi a melhor possível, começou a colocar algumas ideias na mesa, estava tão empolgada que ela mal conseguia ficar sentada. — Você é incrível! Eu sempre soube o quão maravilhoso você era, cada dia você me surpreende mais, me mostra que é ao seu lado que quero passar o resto da minha vida. Obrigada por ter ficado ao meu lado. — Violeta não conseguia esconder o orgulho de o ver saindo de sua zona de conforto para ajudar outras pessoas. — Eu escolheria estar ao seu lado em quantas vidas eu tivesse, não é difícil te amar, o mais difícil é te tirar da mente e do coração. — colocou a mão dela sobre seu peito e era possível ouvir as batidas cada vez mais forte. — Estou louca para saber aonde irá me levar. — ela não havia esquecido, ele sorriu e beijou sua PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS testa. — No sábado eu irei te levar, calma! Você irá amar, só voltaremos no domingo. — ela ficou ainda mais curiosa, porém, preferiu esperar, confiava nele. Os dias pareciam correr e, a ansiedade deles só aumentava cada vez mais, estavam dispostos a vencer e ganhar o reconhecimento tão merecido. Lewis decidiu dar uma trégua no fim de semana, para que eles saiam e se divirtam, ele também queria aproveitar, ter um tempo apenas para Violeta e ele. Avisou a todos que os dois iriam sair e que voltariam na manhã seguinte prontos para voltar aos treinos com muita garra e todos olharam dando sorrisos desconfiados fazendo Violeta e ele ficarem vermelhos. — Ei vocês! — os repreendeu. — Vão caçar o que fazer e até amanhã. —saiu puxando Violeta. — Estou ansiosa, quero muito chegar logo até o local. —colocou o cinto e Lewis olhou para ela ternamente. — Então lá vamos nós! Hoje teremos quase todo um dia para nós, chegaremos quase 19h00min PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS e nós vamos nos divertir, tudo será perfeito, eu prometo! — segurou a mão dela carinhosamente. Os planos eram os melhores, Lewis ansioso como era, fez um cronograma de tudo que iriam fazer. Pararam duas vezes para que ela pudesse fazer xixi, o lugar para onde estariam indo não era na cidade, era muito afastado, parecia mais uma espécie de fazenda. Ao chegarem ao espaço, os olhos de Violeta transbordavam alegria, sorria como uma criança ao chegar a um parque, desceu do carro saltitante, tudo era gramado, haviam animais em alguns cercados e também solto por todos os lados, era um hotel fazenda. — Que lugar lindo Lew! — abriu um sorriso enorme. — Obrigada! — abraçou-o e depositou um beijo em seus lábios. — Esse é o melhor pagamento que um homem pode ter, a felicidade da sua mulher. — ele estava sendo incrivelmente maravilhoso. — Você é incrível. — se abraçaram e seguiram para a recepção. Lewis ficou envergonhado, acabou pedindo dois quartos, mas Violeta sorrindo disse que era PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS apenas um. — Qual o problema em dormimos juntos? Já fizemos isso antes. — sorria com o rosto envergonhado dele. — Nenhum! — recordou a cena em suas lembranças da mulher embriagada de sono deitada sobre o seu peito. — Então vamos para o quarto! — grudou em seu pescoço sorrindo e, ele pegou-a em seu colo. O lugar era perfeito, o quarto muito aconchegante e possuía um cheiro surreal de lavanda, os lençóis tinham cheiros de limpeza e isso era muito agradável. — Nosso primeiro programa começa as 21h00min em ponto. — Lewis terminou de vestir uma blusa gola polo azul, diferente das suas roupas diárias, estava totalmente praiano, solto e colorido, em seus pés também não estava o allstar inseparável, mas sim um chinelo branco, ela nunca havia visto ele tão desligado do preto. — Te aguardo lá fora! Vista uma roupa leve. — saiu dançando de uma forma engraçada e Violeta não aguentou segurar o riso. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS Por sorte ela havia levado um vestido florido que batia até a altura de seus joelhos, solto e com um leve rodado, esperava que aquilo estivesse condizente ao programa que teriam. Saiu e para sua surpresa haviam algumas velas formando um caminho até onde Lewis estava sentado aguardando ela. Haviam frutas, um jantar preparado em uma mesa afastada com um buquê de margaridas, ela olhava fascinada, acreditava não merecer tudo aquilo. — Você não existe, como consegue ser tão incrível? — a cada momento ele conseguia deixar um pouco mais de amor em seu coração. — Você merece ainda mais que isso. Prometi te fazer feliz, não pouparei esforços para ver seus olhos brilharem e ter sorrisos de felicidade em seu rosto. — Eu já sou feliz em te ter, de ver seu sorriso com mais frequência, sua bondade, amor e infinitas coisas que é impossível falar em apenas uma frase. — se sentou ao lado dele para admirar o brilho intenso das estrelas. — Não me deixe nunca, por favor! — olhou fundo nos olhos dela, aquele pedido era doloroso, PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS não uma jura de amor comum. — Nunca! Não consigo ver a minha vida desligada da sua. — se abraçaram, pareciam juras de amantes, mas era ainda maior. Aproveitaram bastante aquela refeição, depois se deitaram na grama para admirar aquele tapete estrelado que era o céu escuro cheio de pontinhos brilhantes. Ficaram ali por incontáveis minutos, talvez horas, a companhia um do outro era tão gostosa que mal viam o tempo passando. Se deitaram de lado, de uma forma que pudessem se olhar, o coração deles estavam em uma batida única de "tum-tum", se pudessem ver além das batidas e olhares, nada que o pensamento crie seria capaz de descrever o sentimento que eles sentiam. Em um súbito, Lewis a puxou para cima de si, o beijo se iniciou intenso, mais que o comum, estava misturado entre o amor e o desejo, a respiração ofegante colocava ainda mais faíscas. — Ai meu pai! Me desculpa, fica ai que eu fico aqui. — se virou de costas tentando retomar o controle de seu corpo. — O que houve? — Violeta perguntou ainda ofegante. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — Não vai dar certo! É melhor você ficar com o quarto, eu me viro aqui fora em uma daquelas redes. — se levantou rapidamente deixando ela para trás. Sorrindo com o desespero dele, Violeta o seguiu até onde estavam posicionadas as redes. Ele estava deitado, sua respiração ofegante e seu olhar perdido. Ela pulou na rede, sentando por cima de sua barriga assustando-o, tentava o beijar, mas ele desviava a todo custo. Violeta sorria enquanto o provocava. — Desça! Está passando da hora de você dormir. — segurou em sua cintura para tentar descê-la, mas acabaram se desequilibrando e caindo ao chão. Lewis estava por cima olhando para o rosto risonho de Violeta, seu corpo ainda estava eletrizado, qualquer toque ou até mesmo olhar era como uma descarga elétrica por suas células. A respiração descontrolada de ambos, o hálito quente de Lewis tocando o rosto dela, era impossível controlar o que estavam sentindo naquele momento, era incontrolável a atração. — Por favor! Entra para o quarto. — Lewis PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS pediu mais uma vez e se levantou do chão levando ela junto. Ela não falava nada, apenas olhava para ele. Segurou o rosto dele entre suas pequenas mãos e começou um beijo lento, que se intensificou e se tornou uma necessidade, era avassalador o que sentiam um pelo outro e ao mesmo tempo doce. As mãos de Lewis desceu para sua cintura a trazendo para cima, Violeta por sua vez, prendeu as pernas em torno de seu quadril. — Eu quero isso. — sussurrou em seu ouvido causando-lhe arrepios e sem pensar duas vezes, com ela ainda em seu colo seguiu para o quarto. Era tudo mágico, os toques, os beijos, a sensação de pertencer a alguém mesmo sendo totalmente livre para ir. Violeta distribuiu beijos por todas as cicatrizes que haviam no corpo de Lewis, fazendo com que ele deixasse escapar leves gemidos, não eram mais de dor, mas de cura. A pele de cor bronze dele causava arrepios em Violeta, assim como a pele macia dela lhe tirava um pouco mais do juízo. A combinação entre eles era grande, não era apenas na dança a conexão extrema, tudo que os ligavam PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS era intenso. Corpos que se envolveram em uma nova mistura, perigosa e envolvente, não foi preciso música, o som do coração se fundiu ao da respiração e fez todo trabalho sonoplasta. A lua e as estrelas se fizeram testemunhas e iluminavam um grande amor naquela noite. A brisa calma envolvendo corpos em uma dança única e agitada. Respiração ofegante. Sorrisos bobos em meio a um beijo. Dois que para toda vida se tornaram apenas um. Um clímax. Por fim, corpos cansados e unidos, se entregando agora aos braços de Morpheus. O galo cantou às 06h00min da manhã, acordando Violeta que ao olhar para o lado, a tela mais bem pintada por Deus estava deitado bem ali ao seu lado, com um sono tranquilo e uma doçura em sua face. Seu coração estava transbordando amor, cada detalhe notado por ela, uma gota de amor era acrescentada nesse mar que se chama coração. Se levantou com bastante cuidado para não acordá-lo, se vestiu com o mesmo vestido da noite anterior e foi em busca do café da manhã, queria preparar algo especial, ele merecia. Por não saber o que ele gostava, pegou um pouquinho de cada coisa rapidamente, queria está no quarto antes que ele acordasse. No caminho que levava até o PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS quarto, colheu algumas frutas maduras que haviam ali para fazer uma salada de frutas frescas, não se aguentava de felicidade. Preparou tudo em uma mesa que ficava na varanda, o clima estava totalmente mudado, havia um leve ar frio, o ar estava agradável. Se sentou na cama, olhando mais uma vez para aquela expressão tranquila dele, era até pecado acorda-lo. Com um beijo em seu rosto, Lewis acordou com o maior sorriso do mundo, era impossível não ver sua felicidade, com seus olhos redondos encarou a mulher que estava debruçada sobre ele, com sua mão direita tirou uma madeixa que cobria o rosto dela enquanto a esquerda a puxava para um abraço. — Ah Lew! Vá escovar esses dentes, que bafo! — Violeta sorriu com a careta estranha que se formou em seu rosto. — Que insulto! Um príncipe como eu não tem bafo, já acordo com um hálito fresco de hortelã. — fingiu estar magoado. — Claro, príncipe, um bafo de hortelã. — gargalhou. — Irei escovar porque eu quero, mas para sua PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS informação eu não tenho bafo. — se levantou e foi andando até o banheiro graciosamente como um príncipe e Violeta não parava de sorrir. Era bom conhecer esse lado divertido dele. Ele não demorou muito, retornou de cara fechada, fazendo pose por todo percurso e Violeta ainda deitada na cama não parava de rir, essa lado engraçado dele ela nunca havia visto antes e estava amando. Os dois eram um casal apaixonado, que se descobriam a cada momento, detalhes que acrescentaram ainda mais vontade de estarem juntos. — Surpresa! — Violeta tirou as mãos que cobriam os olhos de Lewis. — UAU! Que delícia! Essa salada de frutas está me convidando. — ela sorriu com aquele comentário. — Fui eu quem a preparei. — disse empolgada. — Então deve está maravilhoso. — beijou-a. Se deliciaram com o café da manhã, aproveitaram cada minuto juntos, pois, teriam que voltar a tarde para a realidade e focar novamente na PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS competição. Antes de irem embora, caminharam pela fazenda, andaram a cavalo, passearam de mãos dadas pelo lago que ficava próximo e ficaram observando os patinhos nadando alegremente em bando por lá. Quando no relógio marcou 17h00min arrumaram suas coisas e partiram rumo à casa. Quando chegaram, quase não havia ninguém, todos ainda estavam aproveitando a folga, estavam apenas Sebastian e Pamella assistindo algo na TV, pareciam felizes, aquilo alegrou o coração de Lewis, ela merecia ser feliz, e com ele isso jamais poderia acontecer. Se cumprimentaram e ficaram conversando por horas sobre a competição, estavam empolgados, queriam vencer, era uma meta que com muito esforço e foco, seria rapidamente alcançada. Em plena segunda-feira, Clara e Tales chegaram às 07h00min em ponto, e como de costume Augusto estava lá encolhido no sofá, com um bico que quase tomava conta de todo o estúdio, ele odiava acordar cedo. Apesar de estar ajudando o grupo, Clara fez careta ao ver os novos integrantes, não apenas pela maravilhosa quantidade de melanina que eles carregavam em suas peles, ou pelos clássicos cabelos encaracolados, mas pelo PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS estilo largado, tatuagens que em muitos cobriam boa parte do corpo. Vendo aquilo, Lewis começou a ficar incomodado, mas antes que ele pudesse falar algo, ela começou as perguntas sobre o acréscimo de pessoas. — Quem são eles? Não tinham eles na última vez que estive com o grupo. — se sentou na cadeira esperando explicação. — Eles são a nossa ousadia, nossa novidade. — aquilo soou como uma indireta ao que ela havia pedido. — Então me mostrem o que eles podem oferecer de novo. — Tales diferente de sua mãe parecia empolgado. — Claro, será uma honra! — Lewis sorriu de lado e ao seus olhos esbarrarem com os de Violeta sentiu a aprovação dela com um sorriso. O som ecoou pelo salão, apresentaram algumas partes da apresentação, havia muitas delas que seriam surpresas na apresentação. Clara que antes parecia não se importar com o que eles mostrariam, terminou com a boca aberta, estava ficando tudo muito bom, com o ingresso dos PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS jovens, tudo ficou ainda melhor, eles colocaram um brilho diferente a toda dança. — E então Clara? Aprovados? — arqueou as sobrancelhas. — Estarei acompanhando cada detalhe até o final desse mês. — saiu sem dizer o que achou. — Eu amei tudo. — Tales estava encantado e sorria orgulhoso. — E ela também. — sussurrou e correu para alcançar sua mãe. Os dias estavam se passando e em todos eles Clara acompanhava de perto os ensaios. Ela ficou impressionada com a liderança de Lewis, seu punho firme, sua dedicação e cumplicidade que movia o grupo. Em pouco tempo já estava encantada com os novatos. Aos finais de semana, ele estava trabalhando na construção da escola de dança, ainda não estava pronta e a previsão de finalização era para janeiro do próximo ano. Ele estava empolgado, parecia namorar o espaço, conseguiu alguns patrocínios para a construção e para sua surpresa, um grupo de garotos se juntaram para pedirem dinheiro no sinal, estavam loucos para que ficasse logo tudo pronto para o início das aulas, Lewis notou como ele precisava se dedicar a PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS eles, porque estavam se dedicando em ajudar. Como ainda não havia um espaço bem planejado ainda, Lewis ensaiava com eles na rua mesmo. Sebastian e Pamella descobriram o sexo do bebê, seria um lindo menino, os dois não se seguravam de tanta emoção, brigavam todos os dias com a escolha do nome, entravam sempre em contrito, era bem capaz da criança nascer e eles ainda estarem escolhendo um. Novembro chegou com toda força. Jeremias os visitavam de 15 em 15 dias, estava encantado com tudo que seu sobrinho estava fazendo, a liderança do Sunflower, a construção da escola e seu relacionamento apaixonado com Violeta. Laura e Camilo decidiram que iriam em um fim de semana e em outro descansariam, não perdiam um momento sequer ao lado de Augusto, resgatavam os anos que ficaram longe, claro que também iam por Violeta, os quatro viviam em uma grande harmonia. O mês que se iniciou também trouxe um grande susto, Pamella começou a se sentir mal ao meio do mês, quando completou seu oitavo mês da gestação. Apesar do enorme susto, tudo ocorreu bem, um garoto lindo, pequeno com algumas PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS dobrinhas e poucos cabelos veio ao mundo. Violeta não parava de chorar, nos últimos dias ela estava muito emotiva, muito grudada em Pamella. Mariana estava com ciúmes no início, mas conforme foi conhecendo a nova Pamella, acabou se encantando com ela também, aguardava na recepção juntamente com todos os outros em prantos, estava ansiosa para ver a criança que seria o mascote do grupo. — Ele é lindo demais pessoal! — Sebastian aparece lá fora falando sobre seu pequeno que havia acabado de nascer, não poupava os detalhes. Eles entraram ansiosos em trio. Saiam encantados e apaixonados. Violeta e Lewis foram os últimos a verem o bebê. — Ele é tão lindo! — Violeta não parava de chorar. — Vocês ainda não nos falaram o nome. — Lewis sorria para a criança que dormia tranquilamente nos braços de Violeta. — O nome dele é Oto, pois ele é próspero. — Pamella estava muito abatida, sua gravidez não foi fácil desde o início, mas ela estava derramando PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS amores pelo seu filho. Sebastian não desgrudava dela, os dois haviam firmado um compromisso e se casariam após o nascimento do bebê, agora poderiam construir uma família e ter responsabilidades. Quando já estavam em casa, Violeta após comer um pedaço de pão com presunto correu para o banheiro e colocou tudo para fora, estava enjoada, de certo estava com um mal estar, desde que Pamella foi hospitalizada não havia comido direito. Nada que um bom analgésico não melhorasse. Os dias estavam se passando de forma lenta, estava no ritmo deles, assim, teriam tempo para se esforçarem e conseguirem se sair bem na final. O último ensaio foi no Walldance, queriam sentir a conexão, a energia que havia ali e para a surpresa deles os Blackhead estavam lá. — Ora, ora, ora! Olha quem encontramos aqui, senão são os perdedores. — Fábio, líder deles provocou. — Vocês não tem chance alguma nessa competição, por que não saem logo? Ficaram em último lugar na seleção. Deveriam se sentir envergonhados e não participarem. — o homem PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS loiro que Lewis tanto odiava começou a falar asneira. — Olha só! Que engraçado né galera, ficamos em último lugar, mas estamos no mesmo lugar que vocês na competição. Não importa a sua posição, mas, a sua dedicação, nunca somos bons o bastante, então é preciso ter cuidados. Se for para ser assim, uma guerra, então já estendemos nossa bandeira branca, a dança é uma competição limpa, se vence por méritos. — Lewis não se intimidou e Fábio veio até ele. — Você não perde por esperar garoto. Seu tio Jeremias era desafiador, mas você, não passa de um pirralho sem experiência. — aquelas palavras deixaram Lewis nervoso. — Olha esse seu grupo, até favelados você colocou neles. Irão perder feio. — Deu as costas. — VEREMOS! — Lewis gritou. — O melhor da festa é a surpresa! — seus olhos escuros brilhavam desafiantes. — Nos vemos no fim de semana Fábio. — acenou provocando.

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Nas grandes batalhas da vida, o primeiro passo para a vitória é o desejo de vencer. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS (Mahatma Gandhi)

Faltava apenas 1 dia para a competição, todos estavam ansiosos, não se aguentavam de ansiedade, estavam convictos que venceriam. Violeta estava melhor que no mês anterior, novembro foi um mês difícil, chorava por qualquer coisa, sentia cólica, vivia cansada, muita náusea e vomitou algumas vezes, mas dezembro chegou a deixando mais animada, diferente do anterior em que ela estava irritada o tempo todo com Lewis, nesse mês que se iniciou, não saia de perto, estava mais carinhosa que o normal, colocava as mãos dele em sua barriga para aliviar as cólicas e isso foi uma receita infalível para a melhora. — Você estava querendo me enforcar antes e agora só dorme se eu estiver, você está bem? — sorriu olhando para ela encolhida enquanto seu braço circulava em torno de sua barriga. — Seus seios estão enormes, não eram desse tamanho. — colocou as mãos neles e apertou, em resposta a tal gesto, Violeta lhe deu um tapa. —Está doendo, tira a mão, acho que minha PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS menstruação está chegando. — bufou e tornou a colocar o braço dele em sua volta. — Vamos dormir logo, amanhã teremos muito trabalho. — Nossa! Que louca! Não sabe se me dá amor ou se me bate. — disse fazendo bico e aninhando ela em seu corpo. Acordaram cedo, Clara queria falar com eles antes de iniciar as preparações. Quando chegaram até a sala, ela já os aguardavam, havia algumas sacolas nos sofás. Tales sorria como um menino bobo, exalava orgulho, durante os dias em que foi ver os ensaios com sua mãe não poupava elogios para o grupo. Todos ficaram calados olhando para ela, estavam à espera dos demais que apesar de fazer parte do grupo moravam em suas casas. Assim que eles chegaram se juntaram aos outros e esperavam ansiosos o que ela tanto queria. — Estamos todos aqui. — Lewis se posicionou à frente intrigado com todo aquele suspense. — Tenho uma surpresa para todos vocês. — entregou uma sacola para cada um deles. — Não falei antes pois queria que vocês se sentissem queridos por mim, que me lembrei de vocês, sei PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS que não fui muito receptiva com os novos integrantes, mas eu assumo que me apaixonei por todos, cada um consegue ser único de uma forma impressionante. — sorriu envergonhada em assumir aquilo. — Agora abram as sacolas. — incentivou-os. Quando abriram, ficaram encantados, uma nova blusa havia sido criada especialmente para eles, preta com detalhes em cinza, todos gostaram, era descolado, carregava o nome do grupo nas costas e um girassol como se estivesse grafitado no peito esquerdo. Agradeceram a ela um a um, não paravam de comentar sobre como a apresentação se destacaria ainda mais com um look tão bonito e que carrega muito da personalidade deles. Todos pareciam relaxados, menos Lewis, ele andava de um lado para o outro, estava preocupado com o que poderia acontecer, sentia uma sensação estranha sobre aquele dia. Lá fora o dia ficou escuro, nuvens carregadas de água preparadas para desabar se formavam no céu. Já se aproximava a hora de competir, a casa toda estava uma correria, bagunçada e barulhenta, era até difícil andar pelos corredores. Lewis PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS procurava Violeta, mas ela parecia ter sido consumida pela bagunça e aglomerado de pessoas. A encontrou tempos depois encolhida em um canto emburrada, se não fosse os cabelos grandes ele juraria ser o Augusto. — O que o meu amor tem? Por que está emburrada? — sorria e em troca ela se agarrou em seu pescoço. — Eu estou com fome. — ela estava praticamente chorando. — Ei! Não precisa ficar assim. -sorriu apesar de estar achando ela estranha. — Vou buscar alguma coisa na cozinha, me espere aqui! — foi correndo até a cozinha e preparou o que era mais prático, um sanduíche com presunto e queijo. Pegou um copo do suco de laranja que estava na geladeira e voltou correndo para onde ela ainda estava emburrada, assim que o viu chegando com algo para comer abriu um imenso sorriso. Devorou tudo em questão de segundos, engasgando duas vezes no decorrer, parecia faminta. Tomou em quatro goles todo o suco que estava no copo, diferente de segundos atrás, agora estava animada e mais uma vez Lewis olhou assustado para ela. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — Você está menstruada? — disse sem nenhuma censura. — Não! -franziu o cenho. — Só estava com fome. — sorriu e o abraçou. — Serei rápido, leve uma roupa reserva, após a competição iremos jantar. — beijou a testa dela e saiu sem esperar recusas. Violeta se lembrou do vestido que seu pai havia comprado para que ela usasse em seu primeiro encontro, não havia se lembrado, mas agora poderia usar, já que ele era o homem da sua vida e não haveria nenhum outro amor para usar. Todos já estavam arrumados e prontos para ir, Clara havia preparado uma van para os levarem, Lewis decidiu ir de carro, havia um compromisso com Violeta depois e queria ir dirigindo. O tempo estava nublado, seria bom que houvesse uma tenda onde eles iriam dançar para não atrapalhar. Ao chegarem lá, mal se aguentavam de tanta expectativa, tudo estava lindo, brilhando em um clima natalino, enquanto alguns confetes coloria o chão. Haviam montado uma estrutura caso chovesse, não queriam perder o dinheiro investido, muito menos perder o aglomerado de pessoas e a PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS imprensa que iria cobrir todo o evento. Os 10 grupos finalistas estavam lá, faltava menos de uma hora para começar o grande desafio, vencer o concurso e levar o troféu para casa, o primeiro daquela formação, o primeiro de muitos outros. Jeremias estava na plateia, incomodado com alguma coisa, uma sensação que algo estava errado atribulava seu coração, então achou melhor procurar o grupo e ver se estava tudo bem. Deixou Catarine em uma das cadeiras juntamente com Camilo e Laura e foi em busca deles, passava por uma espécie de camarim quando escutou uma voz muito conhecida, era Fábio conversando com uma mulher que ele havia visto apenas uma vez, mas que sabia muito bem quem era ela, uma das organizadoras do evento. Então resolveu gravar, se ele estava no meio, boa coisa poderia saber que não era. — Nós pagamos muito caro, encontramos o melhor patrocinador desse evento para que o grupo do Jeremias não ganhe. — estava nervoso. — Eu não posso mais modificar as escolhas deles, na primeira vez, os jurados desconfiaram, perguntaram por que eles não ficaram em primeiro PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS lugar se tiveram os melhores votos. — aparentava estar com medo. — Exigiram uma votação para que todos vejam, a sorte foi apenas que o presidente disse que continuaria no método eletrônico. — Jeremias escutava tudo boquiaberto, não acreditava que em todas competições ele estava fazendo isso, agora entendia o porquê do grupo está sempre em últimos lugares nos anos anteriores, mas agora tudo iria mudar. — Não me importa, se vira. — estava sendo muito rude. — Eu te mato. Invessti muito caro em tudo isso aqui. — ameaçou a mulher. Jeremias parou a gravação e saiu à procura do grupo. Os encontrou fazendo uma oração conjunta, estavam unidos, diferente das últimas vezes, onde todos estavam afastados, apenas esperando o momento de entrar no palco, dançar e sair de lá. A liderança de seu sobrinho pareceu ter movimentado o grupo, ter formado novas pessoas. Fechou os seus olhos e seguia mentalmente a oração que Lewis fazia em alto e bom som, agradecendo e pedindo proteção, ele finalizou-a. — Amém. — gritaram em uníssono como um grito de guerra. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — Vocês me emocionam, fico feliz em ver como amadureceram como amadureceram. — sorria e todos se aproximaram dele. — Desejo a vocês muita força, que vocês consigam ultrapassar todas as barreiras que criam para que vocês não consigam. — colocou a mão estendida e falou por fim. — VENÇAM! — gritou convicto e todos colocaram suas mãos sobre a dele. — VENCEREMOS! — mais uma vez como se fossem apenas um gritaram. Continuaram reunidos em um cantinho afastado, queriam ter alguns minutos sozinhos antes de irem para o palco, queriam se concentrar na vitória. O preço foi pago em quase três meses de ensaios focados, companheirismo, amizade e muita fé. Os grupos começaram a se apresentar e todos estavam indo muito bem, alguns estavam se apresentando praticamente da mesma forma que a apresentação anterior. — Este dia está muito estranho! — Lewis disse de repente para Augusto. — O clima lá fora é de frio, mas aqui está quente e abafado. — estava arrepiado. — Estamos focados na vitória, mas é como se fôssemos perder. — sua cabeça estava PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS pulsando. — Estou aqui agora, mas é como se amanhã não fosse mais está. — respirou fundo sentindo o coração apertado. — Pare com isso Lew, é apenas um dia estranho como muitos outros que passamos. Vamos vencer e comemorar muito. — sorriu abraçando e aliviando a fadiga do amigo. A expectativa estava entrando por suas veias e consumindo todo o corpo, a agitação tomou conta de todos. Faltavam poucos grupos para que o deles entrassem em palco, os Blackheads se apresentaram muito bem, estavam muito determinados, pareciam ver a vitória bem a frente deles. Todos foram muito bem, eles teriam que superar a si mesmos, dar o melhor que podiam e vencer essa batalha. Jeremias estava ansioso e não parava quieto um minuto. — A última apresentação da noite fica por conta do grupo Sunflower. E que vença o melhor. — disse o locutor ao convocar eles. Após se iniciar a primeira batida da música, também se iniciou uma dança leve, mas com muito sentido, era uma mistura de contemporâneo com balé clássico, Violeta conduzia a dança. Lewis ainda não estava no palco, aguardava o momento PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS certo para apresentar a eles a mistura de ritmos, provar que o leve, ardente e vibrante poderiam se unir. A música havia sido formada pelo membro recém-chegado, Jorge, um belo negro de 1,90 com cabelos cacheados e olhos castanhos, ele havia chamado a atenção de todas as garotas solteiras no grupo e de outros também. Um toque de 'tic-tac' ecoou enquanto os que antes estavam no palco se abaixavam ao chão como se estivessem sendo desligados. Em um 'BUM' Lewis vem andando pelo meio do palco com um capuz cobrindo seu rosto, a melodia que ecoou era forte, pareciam estrondos de bombas sendo estouradas, armas disparando. O corpo dele freneticamente obedecia aos sons, parecia ligado a cada nota. Aos poucos alguns que faltavam subirem ao palco estavam lá, entraram como se fossem soldados, os que estavam deitados, se levantaram e sincronicamente seguiam o ritmo. A plateia estava prestando atenção, todos calados, até Jeremias olhava assustado, não se lembrava daquela parte nos ensaios. Aos poucos eles foram agitando os que estavam assistindo, as músicas se encaixavam e um novo ritmo entrava, conduzindo um deles ao meio. Quando todos começaram a sapatear em um só PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS som, gritos ecoaram da plateia, era tudo muito novo, a apresentação estava diferente de todos outros, era inovadora. Pamella estava na torcida, segurava em seus braços o pequeno Oto que já parecia acostumado com todo aquele barulho. Todos estavam assustados e encantados com aquela apresentação, era impossível ficar parado, a música era envolvente, animada e mágica. A música acabou. As respirações estavam ofegantes. Um silêncio assustador. Corações que fazem 'Tum-tum tumtum' como se fossem correr para fora do corpo. De repente uma explosão de palmas seguidas por gritos e assobios toma conta de todo espaço, era impossível não pular de alegria naquele momento. Desceram do palco animados, todos que estava ali por perto e até mesmo de outros grupos abraçaram eles, elogiando a performance. Apesar do alívio da apresentação, agora era a hora da tensão, onde teriam que esperar por uma decisão dos jurados, apesar de terem sido bons, haviam outros grupos e muitos deles foram muito bem. O locutor falava sobre os patrocinadores do evento, já que estava sendo televisionado, não poderia faltar o bom Merchant. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS Antes de revelar os primeiros, segundos e terceiros lugares, os jurados queriam falar um pouco sobre as apresentações em geral, elogiaram bastante todos os dez grupos presentes ali, disseram pontos positivos e negativos, mas como fazia parte do regulamento, não poderiam expor a quem aquele elogio ou crítica se referia. Violeta estava distraída conversando com seus pais e Lewis quando seu tio André apareceu. — Como vocês foram incríveis. — abraçouos. — Eu me sinto honrado em ter dois sobrinhos fazendo parte de um grupo tão maravilhoso, com uma pessoa incrível como o Jeremias. — avistou de longe ele e Catarine conversando. — Que bom que está aqui, pensei que não teria como ver a apresentação, me disse que não chegaria a tempo. — estava abraçada ao seu tio. — Você é o meu tio favorito. — sorriu. — Eu sou o seu único tio. — revirou os olhos e todos sorriram. Conversavam animados, a expectativa era enorme. Após um longo suspense, um envelope é entregue ao apresentador do concurso. As mãos de todos estavam dadas, permaneciam unidos, não PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS havia sido fácil chegar ali após anos sem ganhar um troféu. — Então, deixando o suspense de lado, agora iremos revelar quem será o vencedor. — leu o nome que estava no papel e franziu o cenho, parecia em dúvidas. — Quem venceu o concurso foi o grupo... — leu novamente, parecia não acreditar. —... Blackheads. — eles subiram ao palco vitoriosos, comemoravam e olhavam para os outros com superioridade. — Acho que eles não ganharam. — a voz de Jeremias sobressaiu os gritos. — Quero mostrar algo. — olhava diretamente para Fábio. Foi até o notebook posicionado em uma mesa ao fundo e conectou seu celular a ele, o vídeo que havia gravado horas antes apareceu na tela para que todos vissem a farsa que o grupo era, usavam estratégias horríveis para vencer as competições por anos, mas agora haviam sido desmascarados. Fábio correu até o palco com um imenso ódio, tomou o microfone das mãos de Jeremias para tentar resolver com outras mentiras, a grave mentira que havia sido descoberta. — Esse cara é um louco, eu jamais faria isso. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS Ele não se contenta em perder e fica procurando motivos, isso tudo é inventado. — tentava enganar. — Acredito que o único falso aqui seja você Fábio, que vergonha, burlando os resultados. — um dos juízes se pronunciou. — Seu grupo está desclassificado e para resolver o problema, nós iremos falar novamente qual o time que ganhou essa competição. — se sentou e esperou os colegas resolverem. Após um longo tempo conversando, eles se viraram todos para frente e observavam os grupos, o apresentador do evento pegou um envelope oferecido por eles, ali dentro estava o nome do vencedor, naquele pedaço de papel estava um pouco do sonho de cada um. Ele abriu e sorriu, parecia satisfeito com o grupo que estava ali. — O grupo que está aqui nesse papel, mereceu ter o nome nele. — dizia empolgado. — Venham aqui em cima buscar o troféu, SUNFLOWER. — sorriu ao ver eles assustados. Ele gritou o grupo que estavam parados em seus respectivos lugares imóveis, pareciam não acreditar, apenas quando o nome foi repetido que eles se moveram ainda atônitos. Jeremias os PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS aguardavam com um imenso sorriso. Ao chegarem lá em cima que a ficha caiu, Laura, Camilo, André, Catarine e Pamella com o pequeno Oto comemoravam na plateia. Uma grande felicidade irradiou o ambiente, depois de receberem um cheque e o troféu de primeiro lugar, se reuniram para agradecer e comemorarem. — Eu não acredito que ganhamos. — Mariana falava abraçada a Violeta. — Eu estou pasma, nós ganhamos a final. — Violeta estava muito feliz, era sua primeira vez em um grupo, sua primeira vez em uma final e sua primeira vez vencendo um campeonato. — Eu gostaria de me reunir com vocês. — Jeremias olhava orgulhoso para eles. — Como você descobriu toda aquela farsa do Fábio? — Augusto perguntou. — Estava procurando vocês, estava sentindo algo estranho e os encontrei em um camarim conversando, achei estranho e decidi gravar. — sorriu. A sensação estranha ainda não havia passado e ele não entendia o que poderia ser. — Nossa! Se não fosse por você teríamos PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS perdido. — Lewis disse abraçando-o. Eles se reuniram em um espaço aberto que ficava perto do palco, Jeremias segurava o troféu em suas mãos, todos aguardavam ansiosos, queriam saber o que ele iria falar. — Vocês sabem que dediquei minha vida toda a esse grupo, hoje, sinto que estou realizado, após anos de luta tentando reerguer o grupo, hoje somos vitoriosos, graças a Deus, a vocês e ao Lewis. — apontou para seu sobrinho que o olhou espantado. — Lew, eu nunca imaginaria que você se sairia tão bem como líder, hoje eu vejo que você está preparado. Me mostrou um lado ainda mais bonito, sua bondade, persistência e por ter feito todo o grupo ficar unido. — estava emocionado, assim como todo o restante do grupo. — Só nós sabemos as barras que tivemos que segurar, como foi difícil continuar com a companhia e hoje vejo que a melhor coisa que fiz foi não abrir mão de lá, através de tudo isso eu ganhei vocês. Era incrível como eles se sentiam em casa quando estavam juntos, não eram mais trio ou quarteto, literalmente era um grupo, todos se respeitavam e aprenderam a tolerar a opinião dos PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS outros. — Gostaria de aproveitar que estamos todos reunidos e dizer que seria uma honra ter vocês comigo na escola de dança. Fazer com que as crianças possam ter o prazer de conhecer a dança, desfrutar um dia do mesmo sonho que nós e vencer. — Lewis falava com grande amor sobre o seu projeto, por mais difícil que fosse manter, ele trabalharia pesado e conseguiria. Todos se abraçaram e pulavam... Mas, o mesmo céu que é azul, uma hora escurece, tirando a alegria do sol e trazendo o opaco das nuvens escuras. As mesmas flores que estão vivas, com cores nítidas e desabrochando, acabam murchando e morrendo, tudo é questão de tempo, lugar e momento. Nunca se sabe o que acontecerá após um sorriso aberto ou uma lágrima de tristeza.

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A vida é um contrato de risco e que não há caminhos sem acidentes. (Augusto Cury)

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PERIGOSAS NACIONAIS Depois de tanta comemoração e emoção, Lewis e Violeta foram vestir outra roupa, estavam ansiosos. Ao abrir o embrulho que seu pai lhe deu para seu primeiro encontro, que acabou não usando, se surpreendeu com um vestido marrom quase vinho com detalhes de flores brancas nas barras, era lindo, seu cumprimento ia até a altura de seu joelho, para complementar calçou um salto preto, soltou os cabelos e passou apenas um batom vermelho fechado. — UAU! — Augusto, Lewis e Camilo falaram juntos impressionados. — Gostaram? — perguntou dando uma volta. — Eu sabia que ficaria lindo. — seu pai falou observando-a. — Só ficou apertadinho aqui na barriga né? Você está mais gordinha. — disse analisando ela. — Sim! Estou com 6 quilos a mais. — disse se vangloriando de ter conseguido um pouco mais de peso em anos. — Me vejo melhor agora. — sorria e sua mãe olhava para ela desconfiada. — Vamos conversar mais tarde. — Laura disse franzindo o cenho, parecia está com alguma PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS dúvida. — Tudo bem mamãe. — beijou a testa de Laura. — Olha rapaz, cuide bem de minha filhota! — fez uma observação que mais parecia uma ameaça. — Aceitei o namoro, mas veja lá em. — piscou um olho como se estivessem tramando algo e sorriu abraçando Lewis. — Pode deixar sogrão, cuidarei muito bem dela. — sorria olhando para Violeta a sua frente. Os dois saíram felizes, teriam mais um momento juntos, sem os outros por perto. Apesar de dormirem praticamente todos os dias juntos, por causa das dores que Violeta estava sentindo e que apenas perto dele melhorava, eles quase não saiam, estavam se dedicando ao máximo para a competição e para a escola de dança. Estavam indo vagarosamente, o tempo estava com uma forte neblina e era muito perigoso. Chegaram ao restaurante, era muito bonito, haviam poucas pessoas, todas de cara emburrada. Lewis estava incomodado, não parecia estar bem naquele lugar de pessoas engravatadas e de mau humor, onde estavam sentadas mexendo em seus celulares sem PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS contato com a pessoa em sua frente. — Você tem certeza que quer comer aqui? — Violeta parou a frente dele que olhou para ela sem entender a pergunta. — Vamos para outro lugar, você não se sente bem aqui e eu também gosto de lugares calmos. — se aproximou dele. — Mas eu queria te trazer para jantar em um lugar legal. — olhava para ela triste. — O melhor lugar é onde você possa está comigo. Seja em um restaurante de luxo ou em uma lanchonete de esquina, eu sempre vou está feliz. — olhava radiante para ele, felicidade era a melhor palavra para descrever o que sentiam naquele momento. Ele olhou para ela e tirou a jaqueta preta, ficando apenas com a camiseta branca que estava por baixo. Puxou ela pela mão direita e correram para uma barraquinha de fast-food que ficava em uma praça próxima. — Você foi, é e sempre será a melhor escolha da minha vida. Se eu pudesse voltar ao dia em que te conheci, assim que meu coração estivesse acelerado, eu te beijaria, sem ligar para o mundo ou PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS se me acharia um louco. Hoje eu sou completamente louco por você. — colocou a cabeça dela sobre seu peito, beijou-lhe a testa e sorria enquanto ela terminava seu lanche. — Eu te amo! Obrigada por confiar e me permitir te conhecer tão bem. — sorriu apaixonada pelos olhos jabuticabas que fitavam ela. O celular de Lewis toca assustando os dois. — Alô? — Lewis sorria como um tolo. — Onde vocês estão Lewis? Estou preocupado! — Era Jeremias, sua voz era tensa, e acabou se aliviando ao escutar a voz de seu sobrinho. — Estamos terminando de comer e estamos indo embora. — estava muito feliz, antes que Jeremias pudesse desligar gritou. — EU TE AMO TIO! Não faz ideia de como sou grato por ter cuidado tão bem de um garoto problemático como eu, meu pai. — o coração de seu tio pelo outro lado da linha quase saltava do peito, ele queria chorar e não entendia. O dia não começou tão bem e continuava abafado e com algo estranho nele. — Por que está dizendo isso? — fungou. — PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS Eu também te amo muito Lew, meu filho. Eu quem sou grato por ter você sempre ao meu lado. — parecia emocionado com aquela confissão de seu garoto. — Estou dizendo porque eu estou feliz, acho que deveria te dizer mais vezes o quanto sou grato, o quanto te amo, não quero que um dia seja tarde e eu me arrependa. — sorriu, aquelas palavras soavam mais com uma despedida que apenas como um simples agradecimento. — Estamos indo para casa, chegar aí quero aquele abraço bem forte, não sou mais um garoto de 10 anos, mas confesso que seu abraço é um dos meus lugares mais seguros para mim. — olhou para Violeta que estava encantada com aquela série de confissão dele. — Venham com cuidado! Está formando um temporal e a neblina atrapalha um pouco. Estamos todos aqui esperando vocês dois, voltem logo. — estavam os esperando para comemorar a vitória. — Estaremos aí em alguns minutos, nos aguardem. — se despediu e desligou o telefone. Ele beijou Violeta e foram até o vendedor pagar os lanches. Ficaram um pouquinho debaixo da tenda, esperando a chuva passar ou pelo menos PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS diminuir, estava forte, mas logo ficou calma o suficiente para que eles chegassem até o carro. Eles entraram rapidamente para dentro do carro, estava começando cair um forte temporal. A neblina havia se espalhado rapidamente dificultando a visão, então, Lewis ia o mais devagar possível, mas ao perceber que faltavam alguns segundos para o sinal ficar vermelho, acelerou o carro um pouco mais, ainda dava tempo, pensou consigo mesmo. Quando olhou para Violeta, sentiu uma paz inexplicável, também sentiu uma tremenda dor em seu corpo e em sua cabeça. Em frações de segundos, Violeta foi lançada para frente e o airbag a protegeu do impacto, a voz dele falhou ao tentar gritar e suas forças foram todas sugadas, seria aquele momento um adeus por tê-la feito tão mal? Ele queria dizer que a amava, não podia ir sem falar, porém a dor ficava mais intensa a cada volta que aquele maldito carro dava, quando parou as voltas, sentiu algo quente e escuro molhar seu rosto. Ele estava agitado, sentia seu coração acelerar como se fosse explodir a qualquer momento. Rapidamente notou que da testa de Violeta saia um PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS pouco de sangue e uma enorme preocupação tomou conta dele, ela estava ferida, de alguma forma deveria ajudar, mas seu corpo não obedecia aos seus comandos. Ela estava com as mãos na cabeça, estava tonta e parecia estar se recuperando da pancada. Ele tentou pegar seu celular, mas foi em vão seus movimentos novamente não obedeceram, estava tudo girando quando ele sentiu uma pequena mão em seu rosto, e com grande dificuldade abriu os olhos que pesavam bastante novamente, cobertos por algo quente e úmido. Violeta chorava e movia os lábios, mas a voz estava distante, tudo estava vago. Ele queria pedir para ela ficar calma, mas como? Sua voz tomou vontades próprias e nada em seu corpo o obedecia mais. Ela o sacudia e a dor aumentava ainda mais e mais, sua cabeça doía muito, como se estivesse quebrada. Queria falar com ela, porém a única coisa que saiu de sua boca foi um sorriso cansado e um baixo e forçado eu te amo, depois disso, tudo se tornou escuridão.

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Nada é tão bom como o amor, nem tão verdadeiro como o sofrimento. (Alfred de Musset) PERIGOSAS ACHERON

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O corpo de Lewis estava desacordado ao lado de Violeta, curiosos se aproximavam para ver o que estava acontecendo. A batida havia acertado em cheio o lado em que ele estava por um caminhão. Seu corpo estava preso pelas latarias do carro, sua cabeça estava pendida para frente, encostada drasticamente no volante. — SOCORRO! ALGUÉM AJUDA ELE. — Violeta gritava tentando tirar o cinto, mas sua cabeça estava doendo. Ver o corpo dele largado e praticamente sem vida a desesperou. — Você tem que ficar quieta moça! O socorro já está a caminho. — uma pessoa desconhecida tentava acalma-la. — EU NÃO POSSO! AJUDA ELE POR FAVOR, ELE NÃO ESTÁ ACORDADO. — gritava desesperada, o cinto parecia está travado e não se soltaria tão fácil. Ela chamava o nome dele, mas ele não respondia, sua respiração era lenta, estava quase parando. Quando chegaram os enfermeiros, ela não se aguentava de ansiedade, primeiro a tiraram com PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS muito cuidado e logo após os bombeiros estavam tentando tirar Lewis das ferragens. Estavam levando ela para longe, seu corpo todo doía, pelas voltas e por ter batido sua cabeça com força no vidro da porta. — Eu preciso ir com ele. — se levantou da maca. — Você está machucada, acho melhor se deitar, ele será levado para o mesmo hospital. — uma enfermeira que cuidava de seus ferimentos a segurou. — Eu vou com ele. — disse chorando. Vendo que não conseguiria fazer ela se deitar, vagarosamente a conduziu para o veículo em que estavam preparando o jovem que agora estava imobilizado e quase sem vida. Assim que a viatura cheia de aparelhos se colocou em movimento o celular de Violeta toca. — Violeta? Por que o Lewis não atende o celular? — Jeremias pergunta preocupado com a demora, sem obter respostas com a respiração ofegante de Violeta sua preocupação atinge o limite. — Violeta? O que aconteceu? Onde vocês PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS estão? — ele entra em desespero. — Jeremias? — Ela o chamou com um nó muito grande em sua garganta. — Meu coração dói tanto, mais que o meu corpo, eu não vou conseguir viver sem ele se algo acontecer. — parecia anestesiada, seus batimentos estavam tão fortes que era possível ver o movimento em seu corpo. — MEU DEUS! O QUE ACONTECEU? — ele gritava, mas ela não conseguia falar nada, sua cabeça dava voltas, parecia está em um pesadelo distante de despertar. — Alô? Sou o socorrista, ela não está conseguindo falar, está em choque. Eles sofreram um acidente, o rapaz está sendo levado às pressas para o hospital. — passou as informações, respondendo todas as perguntas do homem desesperado do outro lado do telefone. Violeta permanecia olhando para o amor da sua vida, que horas antes estava tão animado, feliz e agora ali, sem nenhuma reação. Chegaram ao hospital, precisavam passar pelo público antes de levá-lo para o particular que Jeremias havia falado pelo celular. Fizeram PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS algumas avaliações nela, foi tudo muito rápido, ela parecia fora de si, as lágrimas escorriam em seu rosto dolorosamente. Sentada em uma cadeira, em um quarto cheio de outras pessoas feridas, olhando fixamente para a parede ela esperava uma resposta, positiva de preferência, onde falariam para ela que tudo aquilo havia sido um simples pesadelo. Os minutos se passavam cruelmente e nada de alguém aparecer com notícias. A mesma enfermeira que fez seus curativos retornou para que ela fosse vista por um médico, sem mandar em seu corpo saiu puxada, parecia leve como um balão que a qualquer momento poderia estourar. Assim que chegou a sala que o médico aguardava, viu sua mãe sentada em uma das cadeiras com os olhos molhados de lágrimas. — Sente-se. — o médico olhava com compaixão para ela. — Lett! Minha filha que bom que você está viva. — sua mãe abraçou-a fortemente. — Viva? — olhou com os olhos inchados para sua mãe. — Estou morta por dentro, eu não tenho mais nenhuma alegria. — as palavras saíram como facas afiadas, seu rosto estava sem emoção alguma. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS Seu olho estava arroxeado devido a pancada. — Não diz isso. — sua mãe não conseguiu controlar as lágrimas. — Ele vai ficar bem. — tentava colocar esperança no coração de sua filha. — Acredito que você deverá ser forte, por três pessoas. — o médico falou calmamente chamando a atenção dela. — Sente-se! Precisamos conversar. — apontou para a cadeira que estava a sua frente. — Três pessoas? — engoliu secamente. — Aconteceu alguma coisa com mais alguém? — sua preocupação transpareceu. — Não! Sente-se minha filha, ele precisa falar com você. — ela se sentou olhando desconfiada. — O que está acontecendo? — fungou. — Esse momento é um pouco delicado, mas você precisa se preocupar com você. — Violeta franziu o cenho ao escutar ele falar aquilo enquanto seu namorado estava em algum lugar daquele hospital quase morto. — Faz dois meses que seu corpo guarda algo que precisa de cuidados. — aquele suspense estava matando ela. — Estou doente? Não me importo. Já estou morrendo sem notícias do Lewis. — sua cabeça PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS doía. — Não! Você não está doente! Está carregando uma vida dentro de seu ventre. — aquelas palavras a deixaram ainda mais em choque. — Você está grávida! — afirmou. — Apesar do acidente, do cinto apertando sua barriga, está tudo muito bem com o bebê. Agradeça a Deus, você poderia ter perdido essa criança. — as palavras pareciam está soltas no ar. Violeta parecia está vendo uma novela, pelo lado de fora de seu corpo, observando tudo em terceira pessoa. Agora tudo fazia sentido, as dores, o cansaço, mudanças de humor, peitos inchados, sua menstruação atrasada. Passou a mão pela barriga, estava assustada com aquele tanto de informações caindo sobre ela. Saiu do consultório acompanhada por sua mãe, foram aguardar junto com os outros agora que ela já estava sendo liberada. — Violeta... — Mariana correu até ela e parou bruscamente ao ver o estado em que ela se encontrava. —... Não suporto te ver triste. — abraçou-a. De longe ela avista Jeremias sentado em uma PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS cadeira completamente desolado, seu corpo perdeu as forças e ela desabou no chão batendo com toda força. Augusto a segurou no colo e uma enfermeira veio até ela, verificou sua pressão que estava absurdamente baixa, mas aos poucos estava se recuperando. — Papai! — ela falou ao ver Camilo se aproximando com Jeremias. — Jeremias eu sinto muito. — não conseguia olha-lo. — Você não é culpada. — se curvou sobre ela com o rosto pálido. — Me entregaram isso aqui quando cheguei no local do acidente. — suas lágrimas molhavam a caixinha média em suas mãos. Ao abrir seu coração por um instante se esqueceu de bater. Era uma aliança com uma carta e um sapatinho de crochê branco. Ela colocou tudo dentro da caixa novamente ainda sem coragem para ler. — Leia quando se sentir confortável. — a abraçou e foi para os braços de Catarine. Amanheceu e nada de respostas, todos que aguardavam lá estavam com olheiras, os corpos PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS estavam cansados, mas doía bem mais esperar respostas sobre o que havia acontecido com Lewis. 13h00min da tarde e nada ainda, isso estava desesperador. — Coma! Você precisa se alimentar direito. — Jeremias apareceu com uma marmita, olhava para ela como se fosse uma joia. — Cuide bem dessa criança. — passou a mão em sua barriga enquanto segurava as lágrimas. Se sentou e comeu mesmo sem vontade, ainda estava com um nó enorme na garganta, sufocada com o rumo que sua vida havia levado. Com uma roupa confortável e limpa, ficou lá esperando aparecer uma pessoa que fosse para tirar a angústia do peito deles, quando pensou em ir atrás de alguém um médico surge com uma expressão cansada perguntando por familiares do paciente Lewis Tyler. — Somos nós. — Jeremias tomou a frente. — Bem, me acompanhe até minha sala, o assunto é um pouco delicado para falar aqui. — falou deixando eles ainda mais preocupados. Violeta os seguiu com as pernas tremendo e o coração acelerado. — Meu nome é Armando PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS Monteiro e sou neurologista, fiquei responsável pelo caso do Lewis Tyler, as notícias poderiam ser melhores, mas a batida foi extremamente forte, a cabeça dele se chocou muitas vezes durante as voltas que o carro deu sobre o volante e o teto. — suspirou forte. — O impacto foi grande, precisamos levar ele a um hospital com mais condições, estou assinando a permissão para a transferência que me pediram, caso ele fique mais um dia aqui não terá chance alguma. — Jeremias e Violeta escutavam calados, estavam abalados com a notícia. — Eu não acredito. — Jeremias se curvou cansado para frente. — O choque entre os veículos foi muito intenso, isso provocou um traumatismo crânioencefálico. — quando tudo parecia ruim, tinha como ficar pior. — O que é isso Doutor? — Violeta arregalou os olhos assustada. — É uma disfunção cerebral causada por uma força externa, geralmente por um golpe violento na cabeça, que no caso dele já expliquei anteriormente, foram os choques entre o volante e o teto do carro. — eles olhavam para o médico PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS desolados, enquanto era apresentado um raio-X. — Por ser grave... — mais uma notícia ruim vinha. —... Precisamos mantê-lo em coma, talvez leve apenas alguns dias, meses, anos ou nunca mais. Me perdoem, juro que não gostaria de está falando dessa forma, mas preciso dizer o que realmente está acontecendo. Ele é novo e pratica exercícios, isso conta muito a favor dele. Ele já é vencedor só de ter conseguido chegar aqui, com a gravidade do impacto ele poderia ter morrido imediatamente. — terminou de falar e respirou fundo. — Quando podemos transferi-lo? Não quero aguardar nem mais um minuto. — Jeremias se levantou. — Hoje mesmo, só preciso de sua assinatura. — mostrou o papel, Jeremias leu tudo com atenção, não queria correr o risco de estar assinando a sentença de morte de seu sobrinho. Com aquele atropelamento de notícias ruins, Violeta se encolheu em um cantinho escondido no hospital, sua cabeça parecia está sendo pressionada por algo, pensar em perder Lewis amargava sua boca. Pegou a caixinha inseparável e abriu com suas delicadas mãos trêmulas. Augusto a encontrou PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS e se sentou ao seu lado, viu que ela não estava bem. — Você tem certeza que quer ler? — perguntou preocupado e ela balançou a cabeça sem conseguir dizer nada, lágrimas escorriam pelo seu rosto. — Eu leio. — mesmo engasgado com a dor, precisava ser forte para ajudar sua irmã e seu irmão de coração, agora também cunhado. Pegou a caixa preta das mãos dela e respirou fundo, encostou a cabeça dela em seu ombro e abriu a carta. — “Sei que é estranho, mas, eu acredito que você esteja grávida, pesquisei seus sintomas no google e eles afirmaram, antes da gravidez, que você estava com constipação, descartei essa ideia. — Augusto sorriu enquanto algumas lágrimas desciam. — Agora deixando a brincadeira de lado, mesmo que não esteja realmente grávida e que seja coisa da minha cabeça, gostaria de te pedir em casamento, quero ter meu futuro ligado ao seu, quero me prender a você, mesmo sendo livre para voar. A essa hora você já deve ter aceitado o meu pedido (acredito que sim) e eu estarei muito feliz comemorando. Seu pai e sua mãe já estão cientes de tudo, foram meus PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS principais cúmplices, espero que eles não me matem ao saber que não nos prevenimos e que deduzo que esteja grávida. Eu te amo! Agora só falta marcar o dia em que diremos um alto 'sim' e dançaremos felizes." — as últimas palavras quase saiu em um sussurro. Olhou para sua irmã e seu coração se despedaçou, ela estava chorando, quase sem fôlego, não estava sendo fácil para ela, ter um bebê crescendo em seu corpo e o pai deitado em uma cama de hospital sem previsões de melhoras. Ficaram ali abraçados, um cuidando do outro, precisavam ficar firmes e lutar para que ele sobrevivesse. A transferência de Lewis foi um sucesso, uma equipe médica estava esperando ele, todos muito cuidadosos, apesar de um deles ter o rosto fechado e duro. Os dias iam se passando e nada de melhoras, continuava lá, imóvel, diferente do garoto agitado de dias atrás. O natal estava chegando, não havia sentindo algum comemorar. Violeta praticamente morava no hospital, todos se sentiam de mãos atadas ao vê-la sofrendo, olhos fundos e arroxeados, além da profunda tristeza, PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS estava carregando um bebê que apenas quietava a noite com a mão de Lewis que agora era fria e magra. Os médicos não paravam um segundo, aplicavam medicamentos, verificavam os aparelhos e levava ele para fazer exames sempre. Jeremias ficava horas sozinho com ele no quarto, olhando para Lewis quieto na cama, respirando com a ajuda de aparelhos, aqueles tubos que pareciam incomodar. Quando o natal se passou, eles tiveram um susto, Violeta havia acabado de ir ao banho e Augusto estava sentado em uma poltrona ao lado da cama quando os aparelhos começaram a fazer um 'piiii' eterno. Ele gritava os médicos desesperado, que vieram correndo com um desfibrilador, a cena foi horrível, o desespero de Jeremias que entrou ao ver a movimentação e o choque de Violeta ao ver o corpo de Lewis receber as descargas elétricas. Mas, ele conseguiu voltar, o som de seu coração batendo normalmente ecoou pela sala, trazendo alívio e acalmando o coração de todos os presentes. Faltava apenas um dia para o novo ano começar, todos estavam tristes e sem expectativa de comemorações. Os seus alunos, foram visitá-lo, estavam todos tristes, eram cinco PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS crianças entre 10 e 14 anos, três meninos e três meninas, eles prometeram para ele que iriam continuar juntando todo o dinheiro que conseguiam no sinal vendendo as balas, para que quando ele acordasse já tivessem dinheiro o bastante para terminar a construção. Ele também recebeu a visita de Clara e Tales, os dois seguravam as lágrimas, era impossível vê-lo naquele estado e não se emocionar. — Violeta! Sei que é um momento muito frágil, mas eu gostaria de convidá-la para que se apresente daqui dois meses em uma competição solo, de dança contemporânea. — Clara se preparou para escutar um 'não', mas a resposta que venho a seguir deixou ela feliz. — Eu aceito! — disse sem hesitar. — Você sabe que eu estou grávida, não sei se me aceitariam na competição. — segurava a mão gélida de Lewis. — Não terá essa restrição. Estou muito grata, acredito em seu potencial. — saiu acompanhada por Caterine. — Como assim você irá participar? — Augusto perguntou assustado. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — Você está grávida, não acha muito arriscado. — Jeremias cuidava muito bem dela, conversava sempre com Lewis sobre o bebê que ela carregava. — Eu irei participar. Com o dinheiro iremos continuar a reforma da escola, para quando ele acordar. — sua esperança era inacreditável, mesmo tendo escutado de dois neurologistas que talvez ele nunca acordasse. O novo ano chegou, dois meses se passaram e Lewis continuava em seu profundo sono. Violeta aguardava ansiosa na sala da médica Emile, já estava com quatro meses. Estava curiosa sobre o sexo, ela contava tudo para Lewis, apesar de não saber se ele escutava, continuava contando, estava mais esperançosa, não se deixaria abater. — Veio sozinha? — a médica perguntou, ela sempre vinha acompanhada por sua mãe ou Mariana. — Na verdade tem acompanhante sim, mas são seis acompanhantes. — sorriu envergonhada. — E nenhum deles irá embora, já me falaram antes de entrar. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — Vamos fazer o possível para que caibam todos eles aqui dentro. — a doutora sorria. Um a um foram entrando, apesar de pequeno o espaço, todos couberam lá. Estavam todos com uma imensa expectativa, apenas Augusto queria menino, todos os outros falavam que era menina. A barriga de Violeta estava começando a ficar enorme. — Vocês apostaram? — a médica perguntou enquanto todos olhavam ansiosos. — O Augusto apostou. — Mariana disse sorrindo com a cara dele fechada. — Quem aqui queria menino? — perguntou sorrindo. — Eu, fui eu quem disse que seria. — Augusto disse empolgado. — Então lamento informar que perdeu a aposta, será uma linda menina. — todos gargalharam enquanto ele emburrava decepcionado. — Parabéns mamãe. — parabenizou. Escutaram o coraçãozinho batendo mais uma vez, as batidas eram fortes e rápidas. Todos PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS estavam emocionados, sabiam o quanto Lewis gostaria de estar ali. Acabou a consulta, mas todos ainda estavam emocionados, acariciavam a bola redonda que estava formada em sua barriga. Jeremias ficou de levá-la para a apresentação, enquanto os outros iriam para lá, ela queria primeiro passar no hospital para ver Lewis. — Vou deixar você as sós com ele enquanto converso com o médico. — saiu a procura de um dos doutores responsáveis. — Oi meu amor! — segurou a mão direita dele entre as suas enquanto se sentava na poltrona que ficava ao lado. — Hoje eu descobri o sexo do nosso bebê. — colocou a mão dele sobre sua barriga. — Será uma menina! Quando você acordar poderá escolher o nome. Eu tenho esperança em sua melhora, sei que você jamais nos abandonaria. — sorria esperançosa. Chegou mais perto dele, o mais próximo possível de seu ouvido. — Sabe quando você acorda em um dia comum como todos os outros e sente que algo bom irá acontecer? Que Deus planejou minuciosamente alguma coisa que não há como impedir? E foi PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS assim quando peguei aquele ônibus e te vi pela primeira vez, senti cada pedaço do meu corpo se render aos seus olhos pretos. Cada dia que se passava, era ainda mais impossível negar que eu estava apaixonada. Eu tentei fugir, me limitei e isso me aproximava ainda mais, os sentimentos se tornaram um vulcão prestes a explodir a qualquer momento. — mesmo tentando controlar sua emoção, não conseguiu segurar as lágrimas. — Mesmo sem saber, plantamos nossa semente e hoje um pedacinho nosso germina aqui dentro. — passava a mão dele sobre a sua barriga e o bebê chutou fortemente, deixando o clima ainda mais emocionante. — Agora estou indo me apresentar, espero que fique bem, a Catarine vai ficar com você até eu voltar. — beijou os lábios pálidos e saiu em busca de Jeremias. Encontrou-o na entrada do hospital, parecia aflito. — Estou pronta! — olhava desconfiada. — Vamos? Estou ansioso para ver sua apresentação. — fingiu empolgação. Saíram dali com alguma coisa séria acontecendo, mas que Jeremias estava escondendo. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS Foram o caminho todo em um silêncio gritante, Violeta encarava-o tentando analisar cada expressão que fazia para descobrir o que ele escondia. Chegaram ao local em que seria a competição, haviam muitas pessoas, todas corriam de um lado para o outro, faltavam poucos segundos para começar. Entrou para o camarim, muitas garotas olhavam para ela com desaprovação e cochichavam, muitas sorriam dela, mas se lembrou que não poderia dar ouvidos, ou iria perder. Ninguém sabia a música que dançaria, ensaiava no quarto do hospital por noites. As apresentações já haviam começado, ela estava com uma grande expectativa, apenas ela estava grávida, todos olhariam torto para ela, mas agora não importava, estava disposta a vencer, não estava limitada, com a gravidez e a situação em que Lewis se encontrava ela aprendeu o controle, paciência e a segurança. Sua vez chegou, vestia um short preto, um top preto e sua sapatilha preta que ganhou de Lewis ao iniciarem o namoro. Para a surpresa de Augusto que esperava ansioso a entrada de sua irmã, um som ouvido por tempos durante as crises de Lewis ecoou no salão. Violeta havia escolhido uma música do grupo Imagine Dragons, Believer, assim PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS como representou a dor e a crença de Lewis, agora representavam as suas emoções. Seu corpo se movimentava com a mesma agilidade, a barriga não a limitou, sua entrega tirou suspiros de muitos que estavam ali presentes. Com passos firmes e delicados começava a explodir o sentimento que estava guardado em seu peito no refrão. Imaginando Lewis ali, esqueceu-se onde estava, apenas mergulhou no ritmo. Muitos enxugavam as lágrimas que escapavam involuntariamente, a dança dela era de uma mulher entregue a um misto de emoções, amor, medo e saudade. Ao fim da apresentação toda a plateia se levantou e ela se ajoelhou ali, chorando, preocupados com ela, Augusto e Camilo correram até ela, Jeremias chorava encolhido em um canto, Mariana e Laura o consolavam sem entender o que acontecia. Após tomar um copo de água, Violeta se acalmou, precisava esperar o resultado que sairia depois das três últimas apresentações. Camilo permaneceu com ela, enquanto Augusto ia ver o que acontecia com Jeremias. Chamaram todos os que se apresentaram novamente ao palco, de lá ela avistou Clara ao lado PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS de Jeremias que chorava em seu ombro inconsolável, ela olhava assustada, todo seu corpo tremia. Não saber o que estava acontecendo era frustrante, se sentia acuada. Augusto estava de olhos vermelhos, assim como Mariana e Laura, mas tentavam se manter sorrindo e dando força a ela. Enquanto anunciavam os terceiros e segundos lugares, ela continuava observando o estado que Jeremias se encontrava, aquilo estava deixando ela louca. — Agora anunciarei o primeiro lugar. — fez um breve suspense. — Venha pegar seu prêmio, Violeta Benzotti. — esperou-a ir até lá, mas ela estava distante. — Violeta Benzotti. — chamou fazendo-a despertar e ir automaticamente até ele. Após receber o prêmio seguiu roboticamente até Augusto que pulava comemorando, mas seus olhos mostravam outra coisa. — Jeremias? — antes mesmo de escutar a resposta sua pressão subiu e seu coração acelerou, lágrimas rolavam. — O que está acontecendo? — sua voz saiu em um sussurro. — Me perdoe! — Jeremias não conseguia controlar a tristeza. — Você estava tão empolgada PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS em participar. — puxou o fôlego como se fosse a última vez que faria aquilo. — Minha vida está acabada, eu não tenho mais forças para viver. — ele se ajoelhou cansado no chão e ela se lançou no chão e o abraçou. — Me diz que você não autorizou. — olhava fixamente nos olhos dele, quase implorando. Queria que ele falasse que era uma grande mentira. — JEREMIAS? ME FALA QUE VOCÊ NÃO AUTORIZOU. — segurava a gola de sua camisa. — Se até o fim de semana ele não reagir, eles vão desligar os aparelhos. — num sussurro disse. — NÃO! — se levantou com dificuldade. — Papai? Me leva para o hospital agora. — estava desesperada. Seus pais a levaram até lá, assim que entrou encontrou o neurologista responsável pelo caso dele, estava parado no pátio fumando, ele deveria ter no máximo uns 40 anos, mas com o uso excessivo de cigarros e seu mau humor, aparentava ter mais de 50 anos. Ela parou de frente para ele, seus olhos estavam completamente inchados, sua voz quase não saia mais com tanta angústia em seu peito. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — Vocês não irão desligar os aparelhos. — encontrou forças para falar. — Eu lamento muito minha querida, mas não podemos mantê-lo vivo mais, faz dois meses e ele não teve um singelo sinal sequer. — deu mais um trago no cigarro enquanto falava de forma indiferente, como se a vida de Lewis não valesse nada para ele. — Você não me entendeu, não estou perguntando os motivos, estou afirmando que não irão desligar. — estava muito nervosa. — Se acalma Violeta, você está carregando um bebê. — seu pai estava preocupado. — Escuta seu pai mocinha, ele não é o primeiro, nem será o último. Se ele acordar do coma até o fim de semana, eu esqueço que um dia fui médico. — olhava para o cigarro. — Nem por milagre ele volta. — se levantou, jogou o cigarro fora e entrou para o hospital. Agora ao lado de Lewis, Violeta se sentia mais tranquila, não sairia um minuto sequer, conversou sobre coisas boas. Ela fazia massagens por todo corpo dele, esquentava suas mãos gélidas, PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS arrumava os cabelos pretos que estavam crescendo novamente, o lugar da cirurgia já estava quase cicatrizado. Mesmo com tudo isso ele não esboçava nenhuma reação, mesmo após isso, as esperanças dela não morria. — Você precisa sair um pouco daqui. — Laura disse ao ver sua filha deprimida dentro daquele quarto. Ela e Camilo haviam dado um tempo nos negócios para apoiar seus filhos. — Não! Para que? Para chegar aqui e eles terem desligado os aparelhos? — olheiras profundas cercavam os olhos dela. — O Jeremias está de cama, mal consegue se levantar ou comer. — Augusto disse tristonho. — Olha o que eu fiz para ele. — Camilo retirou um frasco preto pequeno do bolso. — Queria entregar para ele naquela noite, ele se tornou um filho para mim, pelos cuidados com você e com o Augusto. — olhava para o rapaz deitado carinhosamente. — Ele fez me fez um também. — Mariana tentou sorrir. — Acho que isso significa que também me tornei uma filha. — abraçou-o. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — Você sempre foi desde pequena. — Violeta acrescentou olhando para ela. — Me deixe passar um pouquinho nele. — pegou o frasco, passou sobre os pulsos frios e sobre o pescoço pálido, depois sugou a essência para dentro e seu pai conseguiu trazer a alegria novamente, lembrou-se dele acordado dançando, do sorriso largo e dos olhos pretos dele sobre ela. — O Jeremias chegou. — André entrou no quarto preparando eles para receber o homem abatido. Quando ele entrou no quarto apoiado por Sebastian e Catarine o coração de Violeta ficou ainda mais machucado. Ele não conseguia olhar para ela, se sentia culpado. — Me perdoa Violeta. — mais uma vez ele estava pedindo desculpas. — Você não tem culpa alguma, não aconteceu nada. — o abraçou e mudou o assunto, não queria deixar o clima do quarto negativo. — Precisamos tentar reverter o que aquele médico me disse. — sussurrou e os olhos dela eram suplicantes. — Vou ver o que posso fazer. Mas antes me PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS deixem sozinho com ele, preciso disso. — pediu e todos obedeceram. Se passavam das 17h15min, o clima estava parado, apenas um vento muito vagaroso passava de vez em quando pela janela. Sentado na poltrona ele olhava seu sobrinho ali, prestes a completar 25 anos e deitado em uma cama, mal sabiam se ele estaria vivo até o dia seguinte. — Se eu pudesse trocar de lugar com você Lewis, eu trocaria. Se eu pudesse te proteger, te protegeria para sempre. Você não faz ideia de como estou destruído, eu quem estava tentando correr da possibilidade de você um dia partir, acabei assinando o papel que te levará de mim. — era desesperador pensar em tudo aquilo. — Perdi sua mãe de forma cruel e agora estou te perdendo da pior forma, não sei se existe dor maior. — ficou ali conversando com ele. — Se não for por mim ou pela Violeta, que seja pela sua filha, ela vai precisar muito de um pai presente. — suplicava. Ficou mais de uma hora conversando com ele, precisava desabafar, estava adoecendo e pelo embalo, não levaria muito tempo até que seu corpo não suportasse mais. Pela primeira vez, talvez pelos PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS médicos souberem que seria a última vez em que estariam juntos com ele enquanto estivesse respirando deixou todos ficarem. Dormiram todos espalhados pelo quarto. Violeta de hora em hora ia ao banheiro, estava sentindo cólica, se sentou em um pequeno espaço a beira da cama e colocou a mão de Lewis debaixo de sua blusa, foi como uma cura, naquele momento parou de doer, sabia o efeito que ele tinha em seu corpo mesmo desacordado. O dia amanheceu e como sempre, Violeta estava caindo de sono, não conseguia dormir com cólica e preocupação. Pamella lhe preparou uma surpresa, apareceu com o pequeno Oto e um excelente café da manhã, ela evitava olhar Lewis ali deitado, então conversava olhando sempre para Violeta. — Como vai a nossa menininha? — acariciou a barriga dela. — Vai muito bem, está crescendo muito rápido, me deixando noites acordada, faminta e ansiosa. — apesar de está conversando tranquilamente, dentro de seu peito Violeta estava angustiada. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS Conversaram por muito tempo, sabiam o que poderia acontecer mais tarde, mas não iriam desistir. Jeremias estava dormindo em um quarto ao lado, e as enfermeiras estavam o medicando, estava desidratado e desnutrido. Após o almoço Violeta acabou cochilando, estava muito cansada. Estava em um sonho bom, onde ela andava com Lewis em um pátio florido e encontrava o banquinho do estúdio, nele estava uma garotinha de cabelos pretos e olhos tão negros quanto os dele, quando foi despertada por um som que vinha pelo lado de fora do hospital. Correu para a janela, queria ver do que se tratava, ficou emocionada ao ver todos do grupo e as crianças que esperavam ansiosas a volta do professor, parados ali. Começaram a dançar, Augusto com o megafone de Jeremias gritou "estamos te esperando" e ela sorria, com certeza aquilo era um dos maiores motivos para que ele voltasse, enquanto estava sorrindo, sentiu uma movimentação estranha atrás de si, para seu desespero eram enfermeiros tentando reanimar o paciente que estava tendo uma parada cardíaca, mais uma vez o corpo agora magro de Lewis era lançado para cima na esperança de voltar a vida, ela olhava tudo sem executar uma ação ou exibir uma PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS emoção, seu corpo começava a vacilar enquanto assistia aquilo tudo, Jeremias apareceu correndo e arregalou os olhos ao ver os 'bips' do monitor da UTI zerarem. Violeta em desespero se ajoelhou e começou a orar, lá fora a música parou, a dança cessou e todos lá também se ajoelharam. O 'bip' continuou ensurdecedor em linha reta. Não era aquele o momento ainda, seria? Não era egoísmo, algumas vezes nada é como nós planejamos, apenas segue sem um grande propósito. O que fariam após a ida dele? Seria fácil esquecer o olhar vibrante ou o sorriso marcante? Violeta se agarrou a fé, a única coisa que poderia fazer era pedir que Deus lhe desse uma chance, ainda havia coisas que eles não puderam viver, ainda tinham um laço forte crescendo dentro dela. O som não voltava ao normal, ainda continuava em um grito eterno de dor, um grito de quem pede desculpas por ter que levar embora alguém tão importante. O Doutor Renato Silva continuava com a mesma cara de mau humor. Desligaram o desfibrilador. Jeremias se ajoelhou. As nuvens ficaram escuras e chorosas. Os batimentos de quem PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS ali estava começaram a acelerar com a proporção que a tempestade se agitava. Ninguém se levantou, continuaram ali. Enfermeiros derramavam lágrimas, mesmo tendo sido treinados para aquilo, era tamanha a emoção e a comoção. Cuidaram tão bem dele, não acreditavam que ele iria partir. A esperança é algo que como erva daninha, mesmo arrancada friamente ainda torna a brotar. — NÃO! — Violeta gritou desesperada sem forças para se levantar do chão, quem estivesse lá fora havia escutado o seu grito de dor. Com o ar quase fugindo de seu corpo ela se arrastou até uma distância média do corpo dele, não tinha forças para olhá-lo, não conseguia deixar ele partir, naquele momento apenas seu egoísmo predominava, não aceitava que ele teria que ir, não naquele momento, não depois de tudo que enfrentaram para que estivessem juntos. As suas orações se intensificaram, apenas pedia um milagre, ainda não era a hora de se conformar com a despedida. Um barulho surgiu no quarto. Uma respiração pesada e os 'bips' voltaram ao normal. Violeta olhava assustada para a cama onde o corpo de Lewis estava. O médico Renato estava olhando PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS aquela cena impactado. Jeremias se levantou e não conseguiu segurar a emoção, era Lewis de volta a vida, seus olhos pretos estavam novamente iluminados. — A... A...my. — uma palavra quase inaudível e sufocada passou pela máscara de oxigênio trazendo não apenas ele de volta, mas também a alegria de todos que o aguardavam voltar.

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Cada final feliz é apenas um novo começo. (Gossip Girl)

Nem tudo que parecia ter acabado realmente PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS estava terminado, Lewis era a prova de que milagres realmente acontecem. Desde sempre sua vida foi uma luta, uma grande superação. O médico Renato, assustado com tudo aquilo se aproximou de Violeta que não parava de olhar os olhos pretos que se moviam lentamente, tentando se acostumar com o ambiente e com a claridade. — Sabe, pela primeira vez desde que me tornei médico eu sou surpreendido dessa forma. — seu rosto agora estava maravilhado. — Por inúmeras vezes eu tive que dar a triste notícia da morte dos meus pacientes e ele me mostrou que eu estava errado o tempo todo. Você é uma mulher determinada. Acho que terei que me aposentar um pouco mais cedo. — aquilo era uma prova de que cumpriria a promessa, seus olhos estavam vermelhos, estava emocionado com o que havia ocorrido naquela U.T.I. — Não acredito que tenha que deixar, acho melhor que fique e que possa ajudar outras famílias, dar atenção a elas e não matar as esperanças delas. — foi o mais séria possível, ele balançou a cabeça positivamente e saiu da sala. — Antes de ser médico seja o ser humano Renato, seja PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS sincero, mas acredite que tudo vai ser resolvido. Tudo era uma grande festa, agora eles tinham motivos para comemorar. A recuperação não seria fácil, mas ele parecia focado em ficar bem o mais rápido possível. Eles ainda tentavam decifrar a palavra que ele balbuciou ao acordar. Sua visão e sua memória pelo incrível que pareça não haviam sido afetadas, ele sorria o tempo todo para Violeta, quando via Jeremias tentava conversar, mas ainda era muito cedo e precisava de acompanhamento para desenvolver seus sentidos novamente. Seu braço esquerdo quase não se movimentava, o direito conseguia realizar algumas funções com muita precisão. Foi removido da U.T.I para um quarto normal, os médicos ficavam sempre em observação, colocavam música e ele estava progredindo muito. Os médicos perceberam que ele ficava muito animado ao ver Violeta dançando, então ela sempre dançava sorrindo, com a barriga enorme em seu corpo pequeno. Mais dois meses passaram rapidamente e ele já conseguia mover os braços muito bem, até mesmo começou a ir com Violeta em todas as consultas, faltavam apenas 3 meses PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS para a chegada da filha deles, ele estava empolgado, ficava ansioso para falar, mas seu cérebro parecia ter reiniciado tudo, era como se fosse uma criança novamente, aprendendo a andar e aprendendo a falar. Faltavam apenas 4 dias para o aniversário dele, estavam preparando uma festa surpresa para ele na escola de dança que já estava pronta só esperando pela sua volta, também seria o dia em que deixaria o hospital e apenas continuaria com as fisioterapias. Quando chegou o dia de ir embora, ele estava muito irritado, tentava conversar, mas as palavras saiam emboladas, na maioria do tempo preferia ficar calado, mas era só ver Violeta que ele se iluminava. Adorava deitar sobre a barriga dela, escutar as batidas do coração das duas mulheres de sua vida e sentir os chutes. — A... Am... Am.. — estava cansado, era difícil tentar pronunciar as palavras, suas cordas vocais doíam. — Não se esforce mais do que pode. — Violeta falou enquanto o banhava, ele olhava para ela triste e visivelmente estressado. — Aos poucos você conseguirá conversar sem dificuldades, você escutou o doutor Alan falando, ele nunca viu PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS ninguém se recuperar tão rápido. — beijou primeiro sua testa e depois os lábios agora novamente vermelhos. Enquanto penteava os cabelos pretos de Lewis, sentiu os braços dele envolverem sua cintura, não eram preciso palavras, aquele contato caloroso dizia tudo. Estava pronto para sair de lá, apesar da sua rotina não está voltando ao normal, já era incrivelmente grato por está vivo. Jeremias aguardava eles ansioso, depois do grande susto que passaram com a quase perda dele, mesmo cansados não deixavam de sorrir. Violeta vendou Lewis, que sorria sem saber do que se tratava, conduziu a cadeira de rodas pela linda entrada com plantas. Se posicionou, esperou alguns segundos e tirou a venda, todos estavam na frente da escola, segurando um bolo e balões em formato de coração. Ele estava emocionado, olhava tudo minuciosamente, encantado e feliz por eles não terem abandonado o projeto social que ele tanto se dedicou. Todos desejaram felicidades para ele, presentearam e cantarolavam um desafinado parabéns para você. Por fim, chegou a vez de Violeta entregar seu presente, com a ajuda de Augusto, conduziu ele para uma área não PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS reconhecida por ele, ficava na parte de trás, era diferente da parte frontal, possuía um jardim. Havia um elevador, a curiosidade aumentava dentro dele. Augusto saiu e ficaram apenas os dois lá. — Tenho uma surpresa! Vou ter que te vendar novamente. — colocou a venda enquanto o elevador subia. Ela empurrava a cadeira cautelosamente, era muito cuidadosa com ele. Depois de alguns minutos empurrando a cadeira, parou-a e tirou a venda que escondia a surpresa. Eles estavam em uma sala mobiliada, pintada de cores alegres, com algumas fotos. — Quero te mostrar algo antes de começar a explicar o que significa tudo isso. — empurrou a cadeira até um corredor que guardava 3 portas. Colocou a cadeira de frente para a porta e abriu-a lentamente, revelando um quarto branco com detalhes neutros. Havia um berço amarelado, um pequeno guarda roupa de marfim, duas poltronas e algumas roupinhas. Ele parecia uma criança se divertindo, a primeira coisa que ele avistou foi o sapatinho branco de crochê que ele iria dar para ela, mas que por conta da tragédia que PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS lhe aconteceu não pode. Violeta foi até o guarda roupa e pegou-o e colocou sobre as mãos dele. — Quando iniciamos nosso namoro, você me presenteou com uma sapatilha preta. — sorriu e se agachou perto dele. — Hoje eu decidi fazer diferente... — pegou uma caixa preta que estava em uma gaveta do guarda roupa. —... Quer se casar comigo? — tirou um allstar semelhante ao que ele havia perdido no acidente. Ele balançou a cabeça positivamente inúmeras vezes, puxando-a para seu colo para um abraço, era uma sensação maravilhosa, sentia vontade de gritar, mas sua voz continuava sem vestígios de quando ficaria cem por cento. Ela pegou as alianças que ele havia comprado para o noivado e ambos colocaram. — Eu sempre soube que você acordaria e que voltaria para nós. Sei que parece muito egoísmo da minha parte, mas se você morresse, eu perderia minha sanidade. — falou no ouvido dele. Mostrou toda a casa para ele, que sorria e concordava com tudo, ela percebia como as limitações o deixava irritado, principalmente quando gostaria de falar algo ou tentar ir sozinho a PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS um lugar. O quarto deles tinham tons azulados, deixando-o divertido e iluminado, Lewis aprovou com um grande sorriso. O grupo tinha mais um desafio pela frente, em menos de 3 meses teriam um concurso de dança, para a grande surpresa deles, a final seria internacional, se passassem por essa dentre os 4 lugares vencedores, teriam a chance de competir na Argentina. Os tratamentos para Lewis estava intenso e sua evolução estava sendo muito boa, apesar do comprometimento em sua fala, ele já conseguia falar algumas frases soltas, como pedir água, falar eu te amo. Já conseguia andar com a ajuda de muletas, para muitos não significava nada, mas para eles era motivo de comemoração, tudo isso era um impulso para que ele continuasse lutando. O dia da competição chegou, para a alegria de todos, Lewis conseguiu ir sozinho com o apoio das muletas, Violeta estava nos últimos momentos de sua gestação, até o fim do mês de julho eles teriam o grande prazer de ter o amor de suas vidas em seus braços. Todos brigavam descrevendo a menina, que ainda não possuía um nome, todos que Violeta falava Lewis discordava, então ela pediu para ele escrever, mas ele se chateava por não conseguir PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS falar e emburrava no quarto, estavam morando juntos, era diferente, mas eles estavam achando um máximo toda aquela novidade. — Violeta! — Laura a repreendeu assim que viu ela entrando. — Não começa mamãe, eu não perderia por nada a apresentação deles. — fez bico e correu para encontrar uma cadeira para eles se sentarem. Haviam muitos grupos, todos pareciam sagazes, não estavam ali para perder. Clara e Tales chegaram animados, cumprimentaram todos e sentaram pedindo desculpas pelo atraso, por sorte chegaram antes que eles se apresentassem. Violeta estava incomodada na cadeira, se mexia o tempo todo, Lewis não parava de olhar. Pegou a mão dela e foram juntos até um banheiro que estava ali perto, com palavras emboladas, mas que dava para entender ele perguntou se estava tudo bem, ela disse que sim, que era apenas dores por está sentada por muito tempo. — Amy! — ele disse claramente e Violeta o olhava sem entender. — O que você disse? — seus olhos brilhavam. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — O n..nom.. nome dela, Amy! — apontou para a barriga e ela olhava feliz por ele está conseguindo falar as palavras mais audíveis. — Sign...nifica, aquela que é amada! Por nós! — Violeta estava tão surpresa com o que ele estava falando que durante sua felicidade, em um pulo acabou estourando a bolsa. — Ai meu Deus! — passou a mão pelo líquido que escorria pelas suas pernas. — O que diabos é isso? — quase gritava. — Ai! — colocou a mão sobre a barriga. — Nossa filha! Cadê minha mãe? Jeremias? AUGUSTO? — Gritou o último nome desesperada. Lewis estava assustado, não sabia o que fazer, num súbito largou as muletas e escorando na parede foi até a entrada do salão onde todos estavam, nem ele sabia de onde havia tirado forças, sorriu ao ver que conseguia dominar seus movimentos, mas se lembrou de que Violeta estava sentindo dores. De longe viu Laura aplaudindo a apresentação do grupo que estava no palco, determinado, começou a andar até ela, alguns passos saíam desengonçados. — Você está conseguindo andar. — Jeremias PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS levantou sorrindo. — Me segue. — cansado pelo esforço, deu meia volta e Jeremias o seguiu. — Ai meu pai! Por que ela está sentada no chão molhado? — Jeremias desesperou-se e saiu correndo enquanto Lewis estendia as mãos para que ela se levantasse. — Laura a Violeta está com a roupa molhada e eu não sei o que é aquilo. — disse assustado enquanto Laura corria para fora. A apresentação do grupo ainda estava acontecendo, apenas Catarine e Camilo ficaram, não queriam assustar eles que estavam tão focados. Estavam quase chegando ao hospital quando lembraram que precisavam dos documentos, da bolsa que ainda nem estava preparada, deram meia volta com Violeta gemendo no banco de trás sendo socorrida por Lewis e Laura. — Respiração de gatinho filha. — Laura não se aguentou quando percebeu que Lewis respirava da mesma forma, estava nervoso. Laura e Jeremias correram na frente, precisavam preparar tudo e encontrar os documentos. Lewis tentava acalmar ela que estava PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS soando, muito nervosa. Ela começou a chorar e ele entrou em desespero. — O q.. que foi? — arregalou os olhos preocupado. — Está doendo tanto, parece dor de barriga, quero ir ao banheiro urgente. — sem esperar respostas saiu do carro e como se fosse um pinguim começou a andar e Lewis a seguiu tropeçando em seus pés. — AAAAAH! — se agachou e Lewis começou a ficar nervoso. — O que e..eu faço? — se agachou ao lado dela. — Me leve logo para o hospital ou nossa filha irá nascer aqui mesmo na grama. — trincou os dentes e segurou o colarinho dele. -— ou chamar sua mãe. — quando ele pensou em se levantar ela deu outro grito. — Fica! Vai ser melhor. — mudou de ideia. Ele começou a massagear onde doía, enquanto ela estava agachada beijava a sua testa. Começou a sussurrar para a criança que estava desesperada para nascer, a dor continuava, mas agora estava suportável. Quase uma hora depois surge Jeremias PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS com uma enorme bolsa jogada nas costas, outra nas mãos e Laura correndo atrás. — Vamos logo, não queremos que nossa neta nasça aqui. — Jeremias parecia mais nervoso que todos. Entraram novamente no carro e foi o mais rápido possível para o hospital. Chegando lá já foi direto para a sala, Lewis estava tão nervoso não sabia se acompanhava ou se sentava. — Venha! — Violeta grudou no braço dele. — Eu não entro nessa sala se não estiverem os três. — exigiu. Apesar das regras serem apenas uma pessoa na sala, evitaram deixar a paciente ainda mais nervosa, apenas pediu para que colocassem os trajes necessários para entrar na sala. A tensão estava grande na sala, estavam com medo de que ela não conseguisse de forma natural e que fosse preciso fazer uma cesariana com urgência, mas quando menos esperaram uma criança chorona nasceu, fazendo todos dilatarem os olhos de amor. A enfermeira colocou a pequena criatura nos braços de Violeta e Lewis se abaixou apaixonado. PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS — Ela é linda. — beijou a testa de Violeta que derramava algumas lágrimas de felicidade. — Olhando para ela agora, sinto que meu coração vai estourar a qualquer momento, não consigo explicar. — Jeremias sorria. Aquele momento único poderia não ter acontecido, mas estavam ali, fotografados no tempo, uma família incrível começando a se formar. — Amy! — Lewis beijou a testa de sua menininha. — Eu não sei explicar, meu coração parece está prestes a explodir. — Jeremias falou enquanto olhava para sua sobrinha/neta. — Estou tão feliz! — comemorava. — Hoje sinto a mesma sensação do dia em que te peguei no meu colo pela primeira vez. — Laura estava emocionada. Agora no quarto, Violeta e Amy recebiam visitas, todos encantados. Pamella e Oto marcaram presença nessa visita, ele não queria sair de perto dela, foi embora chorando apaixonado pela pequenina. Os sapatinhos brancos dados por Lewis estavam nos pezinhos de Amy que descansava PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS tranquilamente nos braços do pai que faltava evaporar de tão derretido que estava. Ficaram em segundo lugar, disputariam a final e tudo estava se resolvendo. — Vocês já perceberam que tudo acontece nas competições? Violeta passando mal, Lewis sofre acidente, Violeta ganha a Amy. Vocês ainda vão nos matar. — Mariana falava tentando tomar a garotinha dos braços de seu pai. Os dias estavam voando, eles sabiam que seria difícil a disputa final na Argentina e assim foi, ficaram em 2° lugar, Violeta e Lewis comemoraram do lado de cá, com a pequena seria difícil fazerem a viagem, estavam se dedicando a ela. Lewis estava cada vez melhor, apesar de ter algumas sequelas como, dedos da mão com platina, mas ele era um grande milagre, se superando, ultrapassando as limitações que lhe foram impostas e mostrando que com fé tudo é possível. A escola de dança começou a funcionar, estava lotada, as inscrições estavam fechadas, mas sempre apareciam alguns que Lewis tentava encaixar. Sebastian e Pamella se mudaram com Oto para Michigan, era uma ótima oportunidade de trabalho, PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS já que ele era formado em contabilidade e seu pai morava em Nova Iorque com sua madrasta, prometeram voltar no casamento de Violeta e Lewis. Chegou o tão sonhado dia, decidiram se casar um ano depois, se casariam em uma cerimônia simples, no jardim da escola de dança que também era o lar deles. Com quase 2 aninhos, a pequena Amy estava cada vez mais parecida com o seu pai, olhos pretos como os dele, cabelos escuros e uma personalidade fortíssima, enquanto Mariana tentava arrumar seu cabelo, ela sacudia a cabeça nervosa. Catarine e Jeremias adotaram um casal de irmãos, as crianças tinham entre 9 e 7 anos, Regina e Marcelo, doces e apaixonadas pelos dois, chamavam Lewis de irmão mais velho. Mariana e Augusto conseguiram comprar uma casa, estavam felizes e em breve também se casariam. Camilo e Laura babavam na netinha que chamavam eles o tempo todo, criaram perfumes, cremes de pele e outras várias loções ampliando os negócios e fizeram para Amy, assim como para Violeta, um para sua infância e outro para sua adolescência e juventude. Pamella e Sebastian vieram como PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS prometido, Oto veio e não desgrudava de Amy, andavam de mãos dadas para onde quer que fossem, ele parecia seu guardião, os cachos loiros do garoto roubava toda cena, dançava como louco quando escutava alguma música, os dois entraram com as alianças, não se separavam por nada. Algumas histórias não nasceram para finais, elas precisam continua,,,

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Jeremias se tornou o auxiliar de Lewis, recolhendo jovens das ruas e aplicando a dança na vida deles. Após bons tempos de tratamento Lewis voltou a dançar muito bem, não havia limites para ele. Não era fácil lidar com todas aquelas pessoas, novos jovens vieram, novas propostas e o Sunflower continuava ativo, mas agora com novos integrantes. Os integrantes anteriores seguiram suas carreiras solo, alguns abriram mão e foram em PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS busca de novos espaços no mercado. Luana voltou para seu estado, Rio Grande do Sul, depois que Pamella se mudou para Michigan resolveu ajudar seus pais na fazenda que tinham. Augusto e Mariana se casaram, não havia outra opção. Continuaram com a dança, ajudando Lewis e Jeremias com os projetos. Amanda e Henrique conseguiram uma bolsa para estudarem dança contemporânea em Londres e estavam felizes, sempre que podiam mantinham contato. A fábrica de cosméticos de Camilo e Laura não parava de receber encomendas, ficou requisitada devido a fama de colocar a essência mais verdadeira de cada pessoa dentro dos frascos. Não paravam de paparicar a neta, era uma novidade boa, assim como a mais recente de que Mariana logo estaria dando a luz a uma garotinha, estavam todos felizes, mais uma criança para alegrar a casa. Quando ela nasceu, Amy estava prestes a completar três anos de idade, nomearam ela de Marisa. Todas as férias eram uma alegria, Sebastian e Pamella vinham com Oto, um garoto doce e educado, possuía características predominantes do pai e os cabelos da mãe. Era um grande protetor de PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS Amy, eram inseparáveis, mas pela mudança de país novamente eles se viam raras vezes, dessa vez, Sebastian acabou indo parar na França, era um grande administrador e investidor, apostava todas as suas fichas no grupo de dança de Lewis, grupo que também era seu. — Então galera, hoje nós vamos aprender algo importante, como se tornar um bom grupo. — Lewis organizava eles para que pudesse ensinar alguns valores. — Papai! — entra uma garotinha correndo dentro do estúdio seguida por sua mãe. — Eu também quero participar. — Me desculpem, não consigo manter ela quieta, puxou ao pai dela. — todos gargalharam. — Essa é a minha Amy, Amy Turner Benzotti. — disse orgulhoso.

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Table of Contents Prólogo Capítulo 1 Capítulo 2 Capítulo 3 Capítulo 4 Capítulo 5 Capítulo 6 Capítulo 7 Capítulo 8 Capítulo 9 Capítulo 10 Capítulo 11 Capítulo 12 Capítulo 13 Capítulo 14 Capítulo 15 Capítulo 16 Capítulo 17 Capítulo 18 Capítulo 19 Capítulo 20 Capítulo 21 PERIGOSAS ACHERON

PERIGOSAS NACIONAIS Capítulo 22 Epílogo

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