4. Antibioticoterapia - Humberto

6 Pages • 2,091 Words • PDF • 334 KB
Uploaded at 2021-09-24 10:10

This document was submitted by our user and they confirm that they have the consent to share it. Assuming that you are writer or own the copyright of this document, report to us by using this DMCA report button.


Antibioticoterapia – Humberto Larissa Rocha – 4º Semestre TERAPÊUTICA • Antibióticos (ou antimicrobianos = antibióticos e antifúngicos) • Anti-inflamatórios (AINES e corticoides) • Analgésicos, ansiolíticos e anti-sépticos ALEXSANDER FLEMING, 1928 • Descoberta do antibiótico através da Penicilina ANTIBIÓTICOS • Cavidade oral, 900 espécies diferentes • Placa dental, 100 bilhões de bactérias • “Substâncias químicas, obtidas de microrganismos vivos ou por meio de processos semi-sintéticos, que tem a propriedade de inibir o crescimento de microrganismos patogênicos e, eventualmente, destruí-los” (Andrade, 2006) • São auxiliares na terapêutica das infecções (bactericida ou bacteriostático) CLASSIFICAÇÃO 1) AÇÃO BIOLÓGICA: - Bactericidas: destrói a célula bacteriana; Penicilina, por exemplo, que entra no interior da célula e destrói a parede celular da célula - Bacteriostáticos: inibem o crescimento bacteriano, sem destruí-los; azitromicina, por exemplo 2) ESPECTRO DE AÇÃO: - Contra Gram-positivos (penicilinas, macrolídeos, licosaminas) - Contra Gram-negativos (aminoglicosídeos, floxacinas) - Contra Gram-positivos e Gram-negativos (ampicilina, amoxicilina, cefalosporina) - Contra bactérias anaeróbias (penicilina, lincosaminas, metronidazol) - Contra fungos (nistatina, cetoconazol) * Angina de Ludwig: Gram-positivos e Gram-negativos + anaeróbias 3) MECANISMO DE AÇÃO: - Parede celular e cápsula - Divisão binária, sem meiose - Ausência de mitocôndrias - Ausência de núcleos individualizados com membrana celular - Ação: - Parede celular (penicilina, cefalosporina; bactericidas) - Síntese das proteínas (lincosaminas, macrolídeos; bacteriostáticos) - Síntese dos ácidos nucleicos (metronidazol, rifamicinas; bactericidas) - Membrana citoplasmática (antifúngicos) - Toxicidade seletiva: quanto maior a toxicidade seletiva, mais o antibiótico atuará na organela da célula bacteriana do que na da célula humana, e assim, melhor será melhor o antibiótico; os antifúngicos são os que possuem menor toxicidade seletiva 4) RESISTÊNCIA BACTERIANA: - Duração da terapia - Uso indiscriminado e errôneo - França (91-92): 25% das crianças do estudo tomaram antibióticos com infecções virais - Mecanismo de resistência: - Produção de enzimas inativadoras (ex: beta-lactamases) - Interferência com a entrada da droga na bactéria - Alteração do receptor

PENICILINA • Beta-lactâmicos (cefalosporinas também possuem o anel beta-lactâmico) • Inibem a síntese da parede celular • Bactericida, espectro de ação amplo • Menos tóxicos, 5 a 10% da população é alérgica (essa porcentagem tende a aumentar devido o uso indiscriminado) • 1ª opção em odontologia • PENICILINA V (FENOXIMETILPENICILINA) - Espectro de ação reduzido - Semi-sintética - Comprimidos 500.000 U (unidades internacionais), que equivale a 325 mg • AMOXICILINA - Espectro de ação semelhante as penicilinas V - Não atuam contra as espécies produtoras de beta-lactamases - Espectro de ação aumentado quando associado ao Clavulanato de potássio (melhor associar com Metronidazol, pois mata aeróbias + anaeróbias) CEFALOSPORINAS • Atuam na parede celular • Bactericidas • Mais amplo que as penicilinas • Nefrotóxicas e colite pseudomembranosa • 10 a 15% dos alérgicos a penicilina também podem apresentar alergia às cefalosporinas • Cefalexina MACROLÍDEOS • Inibem a síntese proteica • Bacteriostáticos • Similar às penicilinas • Icterícia colestática • Azitromicina, eritromicina, claritromicina LINCOSAMINAS • Sempre a última opção • Inibem a síntese proteica • Bacteriostáticos e bactericidas • Similar as penicilinas (atuam sobre bactérias que produzem penicilinases, bacilos anaeróbios Gram-negativos) • Diarreia (10 a 15%) e colite pseudomembranosa • Lincomicina METRONIDAZOL • Com exceção da Periodontia, não pode ser utilizado sozinho na Odontologia, uma vez que só combate bactérias anaeróbias • É o único que atua no DNA da célula ESCOLHA DOS ANTIBIÓTICOS • Antibiótico de primeira escolha: PENICILINA (Penicilina V, Ampicilina ou Amoxicilina*) - Possuem anel beta-lactâmico, o responsável por causar alergias em muitos pacientes - Ampicilina: era muito prescrita, mas muitas bactérias já são resistentes à ela; além disso, são semi-sintéticas e sua dosagem é muito fracionada - Amoxicilina: é uma “Ampicilina melhorada”, sendo mais poderosa, conseguindo matar mais bactérias do que a Ampicilina; é bem absolvida no trato gastrointestinal; possui a meia vida plasmática mais longa entre as penicilinas citadas (dosagem menos fracionada) • Quando o paciente possuir alergia à Penicilina: MACROLÍDEOS (Azitromicina*, Eritromicina ou Claritromicina) - Azitromicina: preço acessível e meia vida mais longa - Eritromicina: já existe resistência; muito indicada em Odontopediatria • Quando alergia aos Macrolídeos: CEFALEXINA - A Cefalexina também possui anel beta-lactâmico, podendo também causar alergia - Nem todo paciente alérgico à Penicilina será alérgico à Cefalexina (apenas 1 em cada 4 é), no entanto, o melhor é não prescrever

• Quando alergia à Cefalexina: LINCOSAMINA • Última escolha: METRONIDAZOL - É o último antibiótico de escolha é o Metronidazol, pois possui pouco espectro de ação (anaeróbios) • Em caso de resistência: - 1º: Amoxicilina - 2º: Amoxicilina + Metronidazol: aumento do espectro - 3º: Clindamicina: no entanto, muito efeito colateral - 4º (se não houver na farmácia): Cefalexina - Se o caso é muito severo: a primeira escolha será Amoxicilina + Clavulanato de K CAUSAS DE INSUCESSO • Escolha inadequada do antibiótico • Falha no cálculo da dosagem • Antibiótico que não consegue penetrar no sítio (se houver pus: drenar e apenas após receitar) • Antagonismo entre antibióticos (não pode associar bactericida e bacteriostático) CONTROVÉRSIAS • Interação com contraceptivos orais: a Rifampicina é o único comprovado cientificamente, no entanto, melhor orientar mesmo assim em relação a qualquer antibiótico e pedir para que o paciente assine o Termo de Consentimento • Tempo de tratamento (3, 4, 5 dias): a remissão dos sinais e sintomas é o que determina o tempo de antibioticoterapia, assim, interrompe-se a administração quando as defesas do paciente reassumirem o controle da infecção (obs: na UNISUL = macrolídeos por 5 dias e todos os outros por 7 dias); a duração da terapia antibiótica deve ser a menor possível • Profilaxia antibiótica: endocardite, diabetes, diálise, imunocomprometidos PROFILAXIA ANTIBIÓTICA • Endocardite: - Endocardite bacteriana prévia - Valvas cardíacas proteicas - Condutos pulmonares constituídos cirurgicamente - Doenças cardíacas congênitas cianóticas (transposição de grandes artérias) - Mal formações cardíacas congênitas - PROTOCOLO TERAPÊUTICO: 2 g de AMOXICILINA (30/60 minutos antes do procedimento) Alérgicos: Clindamicina (600 mg), Azitromicina (500 mg) ou Cefalexina (2 g) à 30/60 min antes ANTI-INFLAMATÓRIOS • Quanto maior for a agressão, mais inflamação existirá • Todo procedimento gera uma inflamação, seja ela desejada ou exagerada • Os anti-inflamatórios evitam a inflamação exagerada • Não prescrever quando o procedimento for simples • Como ocorre a inflamação: ao cortar o tecido, células são cortadas e consequentemente, suas membranas citoplasmáticas, liberando fosfolipídeos; instáveis, os fosfolipídeos sofrem ação da enzima fosfolipase, sendo transformados em ácido aracdônico; intável, o ácido aracdônico sofre ação da COX 1 e da COX 2, que formarão prostaglandinas, atraindo inúmeras células e aumentando a permeabilidade dos vasos • Os anti-inflamatórios inibem as enzimas (COX 1 e 2 e fosfolipase) • Nenhum anti-inflamatório inibe 100%, pois a inflamação é algo desejada (o que não é desejada é a inflamação exacerbada) • AINES: anti-inflamatório não esteroidal; sem hormônio; mais seguro e mais utilizado, atua na COX 1 e COX 2 (no meio da inflamação) • AIES: anti-inflamatório esteroidal; com hormônio; atua na fosfolipase (no início da inflamação) MECANISMO DE AÇÃO DOS AINES COX 1

Prostaglandina

Ácido aracdônico

Medeiam dor, inflamação e febre Proteção da mucosa gástrica (do ácido clorídrico)

COX 2

Prostaglandina Hemostasia



ANTI-INFLAMATÓRIOS ESPECÍFICOS • Atuam apenas na COX 2 • Podem causar trombos • O paciente sente dores estomacais (a dor não diminui se injetável, pois a ação dos anti-inflamatórios são sistêmicas) • Nimesulida (atua mais na COX 2, no entanto, é hepatotóxica e já foi proibida em muitos lugares) Ação farmacológica Nome genérico Tipo de receita Inibidores não seletivos Aspirina, Indometacina, Ibuprofeno, Comum (COX 1 e COX 2) Diclofenaco, Peroxicam, Cetorolaco Inibidores seletivos Nimesulida e Meloxicam Comum (preferencialmente COX) Inibidores seletivos (COX 2) Celecoxib (Cebebra), Eteroxibe (60 e 90 g 2 vias apenas) e Lumiracoxibe (proibido no Brasil) CONSIDERAÇÕES • A ação anti-inflamatória dos específicos da COX 2 não é superior aos inibidores da COX 1 e COX 2 • O uso dos inibidores deve ser considerado somente para pacientes com risco de sangramento gastrintestinal • Deve-se usar a menor dose efetiva pelo menor tempo de tratamento (48/72h) DURAÇÃO DO TRATAMENTO • Ápice do edema pós-cirúrgico: 36 h • Uso: máximo 48 a 72 h (não receitar um anti-inflamatório por mais de 3 dias, pois o pico de inflamação ocorre de 24 a 48 h, não necessitando assim, mais do que 72 h) • Pré-operatório: 1 h (prevenção de edema pós traumático) à melhor utilizar um AIES! AIES • Sintetizado há 60 anos: cortisona • Indicado para dose única em pré-operatório • De importância para a Odontologia: Dexametasona (Decadron) e Betametasona (Celestone) • Indicado para dose única em pré-operatório; caso queira usar no pós-cirúrgico, no máximo 3 dias • Vantagens: - Não produzem efeitos adversos significativos - Não interferem nos mecanismos de hemostasia (ação anti-agregante plaquetária) - Seguros: gestantes, hipertensos, diabéticos, nefropatas, hepatopatas; é mais seguro do que os AINES - Relação custo-benefício • Precaução e contraindicação: - Doenças fúngicas - Herpes simples ocular - Doenças psicóticas - Tuberculose - Alergia - Supressão do eixo H-H-A (hipófise-hipotálamo-adrenal) • Ação: inibição das fosfolipase A2, diminuindo a disponibilidade do ácido aracdônico • Efeitos indesejáveis: apenas ocorrem quando tomadas por muito tempo - Hiperglicemia - Afinamento da pele - Supressão do eixo H-H-A - Insônia, euforia - Aumento da pressão intra-ocular - Redução da massa muscular - Retenção de sódio e água Observação: o anti-inflamatório diminui a dor ao diminuir as inflamações, diminuindo edemas que pressionam nervos nociceptores (assim, o anti-inflamatório possui ação analgésica). Exemplo: Ibuprofeno e Diclofenaco

ANALGÉSICOS • O analgésico vai até as terminações nervosas nociceptores e as dessensibilizam ao bloquear a entrada de cálcio nos mesmos NÃO OPIOIDES • Analgésico de ação periférica (SNP) • Mais utilizados • Paracetamol e Dipirona • AAS também pode ter ação analgésica • Dipirona: risco de agranulocitose atribuível é de 1 por milhão, utilizando-a por 7 dias; não descrever quando há qualquer alteração hematológica ou alergia DOR PARACETAMOL DIPIRONA Leve 500 mg ou 750 mg 500 mg Moderada 1000 mg 1000 mg Intensa Codeína 7,5 mg + Paracetamol 500 mg Codeína 30 mg + Paracetamol 500 mg (Tylex) OPIOIDES • Analgésico de ação central (SNC) • Codeína: utilizados em associação com o Paracetamol (Tylex); teoricamente dilui-se os efeitos adversos dos dois analgésicos • Tramadol: potência analgésica 5 vezes menor que a morfina; náuseas, vômitos, secura da boca, dor de cabeça, tontura e sonolência (10% dos pacientes) ANSIOLÍTICOS • Benzodiazepínicos: facilitam a ação do GABA (ácido gama-aminobutírico, neurotransmissor inibitório do SNC) • Mais indicados na Odontologia: Midazolam, Triazolam e Aprazolam • Contra-indicações: - Gestantes (primeiro trimestre e final da gestação) - Portadores de glaucoma - Miastenia grave - Hipersensibilidade aos benzodiazepínicos - Insuficiência respiratória grave - Apneia do sono - Dependentes de drogas depressoras do SNC (como a maconha) • Vantagens: - Reduzem o fluxo salivar - Relaxamento da musculatura esquelética - Mantém a pressão arterial e a glicemia em níveis aceitáveis - Induz amnésia anterógrada, propriamente com Midazolam • Efeitos adversos: - Sonolência, propriamente o Midazolam - Efeitos paradoxais (contraditórios), ou seja, ao invés de sedação, apresenta excitação, irritabilidade, agitação (idosos e crianças) - Podem diminuir o volume de ar corrente a frequência (precaução em pacientes com doenças respiratórias) ANTISSÉPTICOS

PRESCRIÇÃO MEDICAMENTOSA • Documento legal • Multiprofissional - Prescritor: médico, cirurgião-dentista, médico veterinário - Dispensador: farmacêutico - Administrador: enfermeiro • Paciente, familiar e/ou cuidador RECOMENDAÇÕES DA PRESCRIÇÃO • Usar o DCB (Denominação Comum Brasileira) • Definir a forma e concentração farmacêutica • Quantidade total de medicamentos em função da dose e duração do tratamento • Modo de usar: dose de cada vez, via de administração (via oral ou uso oral, mais utilizados em odontologia), intervalo e tempo de tratamento • Evitar siglas • Orientações gerais de administração e cuidados gerais sobre uso, armazenamento, interações... NORMAS GERAIS • Escrito a tinta, letra de forma, clara, por extenso e legível, sem rasuras, observando nomenclatura e sistemas de peso e medidas (digitação) • Nome e endereço do paciente • Não usar abreviaturas • Receituário específico quando medicamentos controlados • Data e assinatura do profissional, endereço e número de registro profissional • Carimbo • Receituário comum: analgésicos não opioides, anti-inflamatórios não específicos, antibióticos (2 vias) e antissépticos • Receituário de controle especial: analgésicos opioides, anti-inflamatórios específicos e antibióticos; possui informações do comprador e do fornecedor • Notificação de receita B: benzodiazepínicos (para o paciente, pode prescrever um receituário comum); fica na farmácia Profissional Endereço Paciente Endereço do paciente Via oral: Diclofenaco de sódio (50 mg) ________ 9 comprimidos Tome 1 comprimido, de 8 em 8 horas, durante 3 dias Dipirona (500 mg) _________________ 9 comprimidos Tome 1 comprimido, 3 vezes ao dia, durante 3 dias Uso oral: Clorexidina (0,12%) ______________________ 100 mL Bocheche levemente, de 12 em 12 horas, durante 7 dias Tubarão, 10/05/2009 Carimbo + assinatura
4. Antibioticoterapia - Humberto

Related documents

6 Pages • 2,091 Words • PDF • 334 KB

9 Pages • 1,975 Words • PDF • 1.3 MB

14 Pages • 4,410 Words • PDF • 786 KB

8 Pages • 1,618 Words • PDF • 760.3 KB

87 Pages • 28,461 Words • PDF • 345.8 KB

8 Pages • 1,237 Words • PDF • 1.3 MB

80 Pages • 40,170 Words • PDF • 23 MB

4 Pages • 2,035 Words • PDF • 97.9 KB

4 Pages • 2,044 Words • PDF • 778.2 KB

13 Pages • 4,220 Words • PDF • 202.3 KB

8 Pages • 4,087 Words • PDF • 623.1 KB

164 Pages • 24,004 Words • PDF • 2.8 MB