Cut & Run 04-Dividir & Conquistar

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Disp. e Tradução: Rachael Revisora Inicial: Denise Revisora Final: Fernanda Formatação: Rachael Logo/Arte: Dyllan

Baltimore, Maryland, é uma cidade com um alarmante aumento de crimes. A violência cresce e obriga uma resposta diante da indignação pública, e todas as agências de aplicação da lei, incluindo o FBI, estão levando a culpa. Assim, uma das ideias do FBI para melhorar as relações públicas, seria incentivar e apoiar uma liga de softball municipal e workshops para os líderes comunitários. Mas esses novos compromissos significam apenas que os Agentes Especiais Ty Grady e Zane Garrett passarão mais tempo separados, quando estavam tão felizes explorando essa nova relação, que poderia ser mais do que apenas de parceiros dentro das normas. Em seguida, a mais recente onda de criminalidade explode - literalmente - em suas faces, jogando a cidade, o Bureau e a parceria volátil entre Ty e Zane, tanto dentro como fora do escritório, no caos. Eles ficam em apuros, tentando rastrear terroristas e assaltantes de banco no escuro, com poucas pistas, e a única maneira de alcançar a luz no fim do túnel requer que Ty e Zane fechem os olhos em confiança um no outro, até o final de fogo. 2

Para todos aqueles que continuam, mesmo quando podem ver a luz.

Revisoras comentam...

Denise: Esse livro já começa ‘quente’, com uma série de atentados em Baltimore; bombas e assaltos, entram no caminho dos deliciosos Ty e Zane. E como sempre, Ty acaba chamando atenção para si, e se torna um alvo. Zane em um desses atentados, fica seriamente ferido e Ty se afasta do caso para ajudar o seu parceiro e amante. É um livro lindo, e depois de Ty declarar seu amor de forma tão impactante no livro anterior, neste livro, Zane começa a se permitir colocar em palavras o que vem guardando e verbalizar o que sente por Ty. Rsss, E Ty, como já conhece o jeito de Zane, aguarda: “Ty sabia que seu parceiro teria que verificar a questão de todos os ângulos: analisar até a morte, ressuscitar, e em seguida, estudar o corpo morto e em estado de decomposição, para ver o resultado. Sim, pode ser que Zane leve uns quatro meses para decidir se ama alguém, e depois mais alguns meses para decidir se era uma boa ideia.” Ty espera, mesmo não sendo um exemplo de paciência! Mas, até quando? Conhecemos também a equipe Recon de Ty, os Sidewinder, gostei de conhecê-los, mas desenvolvi uma pequena aversão pelo Nick, só lendo para saber! Rsss Mas são todos muito leais e engraçados. E o Bronco de Ty... “Ele sabia que tinha lágrimas escorrendo pelo seu rosto, mas não se importava ... “ Leitura imperdível! E o final....Ai meu Deus!

Fernanda: Esse livro me fez rir, ficar angustiada, me emocionar – como todos os outros dessa série. Quando Zane admite finalmente que ama Ty, com um simples piscar de olhos de Ty... ai, nossa! Zane cuidando de Ty, Ty cuidando de Zane... Quando Ty diz a Zane: “Você tem a mim”, no momento mais vulnerável de Zane... e quando Ty vai embora dizendo: “Quer saber, pra mim chega!” fiquei de coração 3

partido! Mas é claro que eles não conseguem ficar longe um do outro por muito tempo. Quando Zane – finalmente – confessa seu amor... lindo! E nem vou começar a falar de Nick – não suporto esse cara! Não acreditei no final (louca pra contar rsrsrs). Cheguei a gritar. Sério.

Dividir e Conquistar: Em política e sociologia, consiste em ganhar o controle de um lugar através da fragmentação das maiores concentrações de poder, impedindo que se mantenham individualmente. O conceito refere-se a uma estratégia que tenta romper as estruturas de poder existentes e não deixar que grupos menores se juntem. Esta expressão é uma tradução da máxima latina, Divide et impera e foi usado como estratégia de guerra pelo imperador César.

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Capítulo 01 ESTIMULADOS pela música da propaganda da estação, as luzes se acenderam no set do noticiário televisivo, dando destaque a uma mulher negra e elegante, de rosto agradável, usando uma blusa branca e paletó verde, sentada atrás de uma bancada de jornalismo, sorrindo para um homem usando um terno cinza escuro e bem cortado. O logotipo da estação apareceu na tela. “Aqui é a WBAL TV 11 nóticias, e eu sou Jeff Barns.” “E eu sou Alicia Harrison; boa noite.” A câmera focou em Harrison, e passava uma foto de um carro de polícia pegando fogo por cima de seu ombro esquerdo. “Tumultos abalaram a cidade ontem à noite após os Ravens perderem para o Pittsburgh Steelers pela rodada da divisão no playoff. Foi o terceiro conflito desde a véspera do Ano Novo, e a violência continua crecendo; Andrea Gregg tem mais imagens sobre os acontecimentos.” Sons de sirenes, tiros pela noite e a queima de um carro da polícia. Nas imagens, as pessoas corriam, tiravam fotos e gritavam enquanto os bombeiros trabalhavam para apagar as chamas. As janelas das lojas foram quebradas, e havia vidro espalhados por toda parte. Apareceu a imagem de um adolescente chutando uma janela ao fundo. “Pela terceira vez em menos de um mês, os moradores de Baltimore acordaram com uma cidade em ruínas.” O som de cacos de vidro se quebrando e concreto acompanhava a troca de tiros. Um rapaz mais velho e careca estava quebrando os vidros frontais de uma loja. “Eles saquearam minha loja,” o homem, identificado pelos créditos nas imagens, Steve Vilnick, Proprietário, e disse ainda. “Esta é a segunda vez este mês, e não tenho certeza se vou abrir novamente.” 5

Neste ponto, a imagem de Gregg assumiu. “Até agora, ninguém foi seriamente ferido nos tumultos, mas o dano aos imóveis particulares e ao patrimônio público chega à casa dos milhões; a polícia diz que estão fazendo todo o possível para levar os responsáveis à justiça, mas os ânimos estão começando a se desgastar. Hoje os moradores da cidade mostraram sua frustração fazendo uma série de protestos em frente à sede da polícia”. Voltaram a mostrar as imagens, agora das manifestações em frente à fachada do distrito policial. “Eles estão fazendo a parte deles,” disse uma identificada como Jasmine Burke, Estudante. “Mas o que eles fizeram para impedir os tumultos? Nada! Estamos chegando a um ponto onde não se pode mais andar à noite sem passar no meio de um campo de batalha”. “Estamos pagando impostos para que?” Roy Monroe, balconista, disse. “Eles não realizaram nenhuma prisão, não têm nenhuma pista; um homem quebrou a loja que eu trabalho, que precisou ficar fechada por uma semana, e eu não vou ser reembolsado; por que ainda estamos pagando impostos?” “Estou preocupado; é claro que estou,” Bob Smitherman, Banqueiro, disse. “Os lugares que sempre foram seguros na cidade não são mais, e os eventos públicos? Depois do Ano Novo, eu evito ao máximo; há muitas pessoas com raiva e muito poucos agentes de polícia”. A imagem mudou para o chefe de polícia de Baltimore. “É claro que estamos fazendo tudo o que podemos para impedir os instigadores destes motins, mas precisamos da ajuda dos contribuintes de bem para ajudar a restaurar a paz e a segurança em nossa cidade. Não podemos ficar fortes quando nos dividimos.” Uma mulher jovem, usando um blazer azul claro apareceu na tela segurando um microfone. Embaixo da imagem se lia: Andrea Gregg, repórter da WBAL. Um número apareceu na parte inferior da imagem. “A polícia está pedindo informações ou fotos de manifestantes destruindo as propriedade, e podem ligar para esse número seguro abaixo da imagem. Você

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também pode enviar denuncias anônimas para www.baltimorepolice.org. Quem fala é Andrea Gregg, relatando para WBAL TV 11.”

***** O VAPOR de água quente escorria sobre os ombros do Agente Especial Zane Garrett, que esticou a cabeça e gemeu, enquanto rodava a cabeça para esticar os músculos tensos do pescoço. A ducha quente era um prazer após as duas horas de treino esta manhã, que havia culminado em outra luta de boxe áspera e dura com seu parceiro. Zane fechou os olhos, pôs a cabeça para trás para que a água penetrasse em seu cabelo, e deu um longo suspiro enquanto gozava da pressão da água batendo em seu corpo. Este ginásio era meio antigo, um recanto escondido no porão do escritório do FBI, no campo de Baltimore. Mas Zane preferia este ginásio ao novo centro de fitness mais equipado na cidade que alguns dos agentes

frequentavam.

Principalmente

porque

este

antigo

vestiário

tinha

chuveiros

maravilhosamente altos, e ele não tinha que se inclinar - um dos perigos de se ter quase dois metros de altura - além da meia parede entre os boxes, o que significava que, por vezes, podia cobiçar o corpo muito bonito de seu parceiro, sem correr o risco de ser pego. Alongando-se, Zane abriu os olhos, alternando sua atenção da água escorrendo pelo seu rosto, até o homem que não estava nem a um metro de distância, do outro lado da meia parede de azulejos. O Agente Especial Ty Grady estava com o rosto voltado para a água e as mãos estavam apoiadas na parede de azulejo à frente dele, os ombros curvados para frente e as costas arqueadas. Seu cabelo castanho escuro estava cortado mais curto do que o habitual, uma necessidade depois de ser clareado para o loiro platinado na última missão. A água escorria sobre seus músculos definidos, levando os restos do sabão de seu corpo, fazendo com que o ouro fosco de seu anel, com 7

o sinete do Corpo de Fuzileiros da Marinha, brilhasse. Relaxando assim no chuveiro, era uma das poucas vezes que Zane via seu parceiro imóvel, e era uma grande novidade quando se tratava de Ty Grady. Embora, se Ty permanecesse assim por mais de um minuto, Zane poderia colocar suas mãos sobre ele... Zane rosnou e abaixou a cabeça sob o jato de água, diminuindo a temperatura da água antes de pegar sua garrafa de sabonete líquido. Sua capacidade em manter a luxúria controlada no trabalho geralmente era melhor do que isso. Quando olhou para ele, depois de um exercício de respirações controladoras, encontrou Ty encostado na divisória entre eles, sorrindo para ele. Zane arqueou uma sobrancelha, perguntando, não pela primeira vez, se Ty podia ler sua mente. Ty o olhou de cima a baixo e, em seguida, olhou por cima do ombro dele, em direção dos outros chuveiros vazios. “Então, estava pensando...,” Ty disse a Zane casualmente. “Perigo, Will Robinson1“ Zane comentou, jogando uma quantidade de gel em uma mão e começou a se ensaboar. ”Não seja assim,” Ty disse a ele, sua voz soando magoada, mas mantendo o tom de malícia a que Zane estava bem acostumado. Zane bufou e entrou sob a água, olhando para Ty sem esticar o pescoço.”Você estava pensando,” ele solicitou com um pequeno sorriso. “Não, agora você vai ter que trabalhar por isso,” Ty respondeu com outro sorriso quando voltou para o seu próprio fluxo de água. Zane revirou os olhos e jogou sua toalha molhada sobre a divisa, sorrindo quando ouviu o splat molhado contra a pele de Ty. O sorriso de Ty era contagiante, se misturando com o som

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“Perigo, Will Robinson!” É uma frase de efeito da série de televisão americana dos anos 1960 “Perdidos no Espaço” interpretado pelo ator Dick Tufeld . O Robot (interpretado no corpo por Bob May ), agindo como um guardião substituto, quando o jovem Will Robinson (interpretado por Bill Mumy ) não tinha conhecimento de uma ameaça iminente. No uso diário, a frase avisa alguém que eles estão prestes a cometer um erro ou que eles estão esquecendo algo.

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relaxante da água passando pelos canos velhos, recompensou seu esforço. Zane sorriu, deixando a pequena centelha de calor espalhar em seu corpo, terminando de se enxaguar. Estava desligando a água quando ouviu o alarme estridente rompendo a paz reconfortante da água caindo. “Alarme de incêndio, é hora de ir,” Ty anunciou calmamente, desligou a água e pegou sua toalha na parede distante do chuveiro. Ele não se secou, apenas enrolou a toalha em torno de seus quadris e se dirigiu para a saída, como se não houvesse nada de anormal nisso. Zane fez uma careta enquanto cobria uma orelha. “Ty!” ele gritou quando pegou sua toalha e correu até o seu parceiro. Ele agarrou o braço de Ty quando o alcançou. “Você não pode sair assim, todo molhado e praticamente nu no meio do maldito janeiro!” Ele começou a puxar Ty de volta para seus armários, onde poderiam colocar seus calções, e pelo menos, pegar uma camiseta e tênis. “Passar frio é melhor do que pegar fogo,” Ty argumentou, embora deixasse Zane arrastálo de volta. “Não há nenhum fogo aqui embaixo.” “Você não sabe disso.” “A saída está a uns vinte metros de distância,” Zane disse, e rapidamente puxou Ty com dele. “Agora comece a se vestir e coloque os malditos tênis.” “Garrett, quando um alarme começa a soar, eu vou para uma saída!” Ty gritou infeliz. Ele não estava em pânico, é claro. Ty nunca entrava em pânico, a menos que estivesse preso no escuro ou não pudesse encontrar seu amado Bronco no estacionamento. Tirou a toalha de seu quadril, colocou um short, e deslizou os pés no tênis esportivo, mas desgastado. Então pegou no braço de Zane e o puxou em direção à saída, sem se importar com Zane tentando entrar em sua bermuda. “Tudo bem, caramba, apenas me dê um segundo!” Zane exclamou, agarrando sua camiseta e toalha depois de empurrar os pés nos tênis de corrida, resistindo ao puxão de Ty quando se inclinou para pegar uma camisa, antes de deixar seu parceiro de puxá-lo. 9

“Amarre seus tênis mais tarde, Lone Star; ou o edifício está realmente pegando fogo, ou é apenas um treinamento de merda, e estaremos atolados em papelada até os nossos dedos sangrarem se não sairmos a tempo,” Ty insistiu enquanto puxava Zane ao longo do corredor em direção à saída de emergência. Ty era notoriamente volúvel e poderia ser facilmente distraído, mas em casos de emergências, ele se concentrava em uma só coisa: sobrevivência. Não houve como lutar contra o aperto de ferro que tinha sobre o braço de Zane ou sua insistência de que estar seminu e fora do prédio era melhor do que qualquer outra alternativa. “E eu pensava que teríamos um pouco de liberdade, uma vez que estivéssemos nos chuveiros,” Zane reclamou, andando rapidamente no piso de concreto, saindo do porão, passando pela porta de emergência, que abria para o vento frio e amargo. O sol da manhã cegou Zane momentaneamente quando empurraram a porta da saída de emergência que dava para a calçada molhada na frente do edifício. A próxima coisa que percebeu, foi ver Ty se abaixando na frente dele, como se estivesse se protegendo contra um projétil, e Zane se virou instintivamente para verificar a ameaça. Um tapa chocante explodiu em seu rosto em forma de spray de água gelada através de sua pele corada pelo chuveiro. Outra pressão gelada imediata, agora em seu braço, outra na coxa enquanto outra algo mais batia nele, e mais água salpicada por cima de seu corpo no ar fresco e gelado enquanto gaguejava e enxugava os olhos com uma mão, quando outro projeto voador veio em direção ao seu rosto. Ele sentiu a breve sensação de borracha em seus dedos e, em seguida, outro snap doloroso como um elástico, então mais água. Zane virou em direção ao movimento ao seu lado esquerdo. Cinco batimentos cardíacos tinha passado. No momento em que Zane percebeu que tinha acabado de ser atingido por uma enxurrada de balões coloridos cheios de água, Ty estava de pé novamente, olhando para a multidão agitada sendo empurrado para trás, pelas barreiras salpicadas de neve na calçada em frente ao prédio do FBI. Mais manifestantes.

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Os manifestantes atiraram mais balões de outro lado da rua e Ty habilmente pegou um, embalando-o como se fosse uma bola de futebol e avançou. Ele recuou como se estivesse se preparando para atirá-lo de volta para a multidão. “Grady!” O Agente especial encarregado Dan McCoy gritou de algum lugar perto da entrada principal. Ombros de Ty caíram, fazendo-o parecer como um filhote de cachorro repreendido, que milagrosamente conseguiu evitar os balões de água, e deixou cair sua munição enquanto mais balões caiam em torno deles. Zane não estava tão calmo; rebateu o próximo balão jogado contra ele, e o jogou contra o concreto com força. A vento estava gelado contra a sua pele úmida, e sugou o ar de seus pulmões, Zane não conseguiu evitar o tremor, ainda sendo atingido pelos balões em sua pele. “Que diabos?” “Pare de reclamar, pelo menos estavam cheio de água e não algo pior,” Ty atirou de volta para Zane, com os dentes cerrados. Ele cruzou as mãos sobre o peito, estava usando uma camisa azul, com o texto em letras brancas: “Relaxe, eu sou hilariante.” E curvou os ombros quando se virou para olhar a estrutura de concreto atrás deles. “Maldição, não está pegando fogo!” Aqueles que estavam perto o suficiente para ouvir começaram a rir, incluindo alguns dos manifestantes em frente. Zane balançou a cabeça. Como diabos Ty conseguia se relacionar com as pessoas, se nem sequer tentava? Ele nunca deixaria de surpreender-lo. Outro balão navegou através do ar, pousando nos pés de um homem com um megafone que estava perto da entrada do prédio de escritórios. Ele começou a informar a multidão que qualquer ação adicional seria considerado um ataque à propriedade Federal e contra os Agentes Federais, e que prisões seriam feitas. Quando as palavras “incluindo força mortal” saiu de sua boca, a multidão começou a fazer mais barulho. Zane já tinha lido os relatórios, mas esta foi a primeira vez que tinha pessoalmente participado de um ataque. “Eu acho que eles sabem que não vamos prendê-los por assalto,” ele

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disse com um aceno de cabeça, enquanto observava a respiração praticamente cristalizar quando exalou, estava muito frio. Ty olhou ao redor da multidão, com o rosto inexpressivo. “Alguns já-jatos neles de-de-ve resol-ve-ver,” ele decidiu, os dentes batendo no frio. Zane bufou. “Nos balões, ou no meio da multidão?” Ele cruzou os braços, espelhando o seu parceiro, deu um passo para trás, e olhou para Ty. “Imagine a papelada.” “Garrett! Grady! Tragam suas bundas de volta para dentro!” McCoy gritou do outro lado do gramado. “Não vou assinar licença médica quando pegarem pneumonia!” “Você di-diz isso agora, mas eu n-não vou p-preencher quaisquer for-formulários!” Ty gritou de volta, a gagueira mais proeminente. Ele estava observando um dos agentes vestido com equipamentos anti-motim, armado especificamente com balas de borracha. Outra rajada de balões, amarelos, verdes, vermelhos e azuis com água gelada, navegou através do ar em direção a eles. Se Ty tivesse um rifle na mão ele poderia fazer um show impressionante com esses alvos voando e ainda poderia afastar essas pessoas rapidamente. Zane sabia que era exatamente o que Ty estava pensando. Ele também sabia que Ty não pensava muito sobre as consequências posteriores. Mesmo quando Ty levava em conta a reação pública de suas ações, ele raramente se importava. “Que se foda essa merda!” Zane rosnou e pegou Ty pelo braço quando ele tentava dar um passo na direção do homem da tropa de choque. Zane o trouxe de volta e começou a puxá-lo em direção ao prédio, descartando as pessoas assistindo e zombando deles. “Sabe a - aqueles f-formu f-formul-ários amarelos com o la-do picota-tado, e os azuis-s com as m-mesmas perguntas de q-quatorze anos, e os malditos de cor r-rosa que deixam seus dedos a-azuis,” Ty divagava enquanto seguia ao longo sem protestar, ele soava como Gaguinho. “Não me incomodaria de p-preencher todos se pudesse a-atirar em alguém agora”.

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“Desta vez estou com você, valeria a pena.” Outro agente pegou um cartão de identificação para eles, Zane abriu a porta lateral do prédio, e empurrou Ty para dentro, fechando a porta de aço atrás deles, e fez uma careta, porque o alarme ainda estava tocando. Ty jogou o braço sobre os ombros de Zane e o abraçou. Sua pele estava fria contra a de Zane. “Está fi-ficando feio,” ele disse, sem olhar para Zane. Zane sabia do que ele estava se referindo, a situação em geral e a agitação na cidade. Ele continuou falando, baixando a voz até que Zane não conseguia ouvi-lo com o alarme aos berros. ”Nós precisamos voltar para os chuveiros, para a água quente,” disse Zane estremecendo, e não de um jeito bom. “A equipe lá fora vai afastar os manifestantes, e você sabe que quem acionou o alarme de incêndio vai estar na merda.” Ty balançou a cabeça. Seus dedos se arrastando contra a pele de Zane, quando ele tirou o braço dos ombros dele. “Trabalho, trabalho, e mais, trabalho,” ele murmurou, balançando a cabeça. “Falei sério,” Zane disse quando o frio realmente começou a piorar. “Estou com muito frio.” Seus dedos estavam quase entorpecidos, enquanto tentava tirar pela cabeça sua camisa molhada. “Vou aquecê-lo mais tarde,” Ty prometeu, e era um pensamento agradável, mas não era útil no momento. Ty tinha uma forma de controlar os tremores e impedir que os dentes batessem. Ele uma vez disse a Zane que a melhor maneira de parar o tremor era relaxar o corpo, et voilà, não tremeria mais. Mas com Zane, nunca chegou a funcionar. Zane se virou e liderou o caminho de volta para seus armários, conseguiu tirar suas roupas molhadas, e se esfregou com uma toalha seca, tentando afastar o frio, e impedir que os ossos doessem. O alarme abruptamente foi cortado, mas o zumbido nos ouvidos de Zane ainda permanecia, impedindo de identificar qualquer som que Ty pudesse ter feito atrás dele. Em seguida, três dedos tocaram sua nuca, se arrastando para baixo em sua coluna, entre as omoplatas, 13

até a base das costas e do outro lado, com uma batidinha de mão, quando Ty passou por ele. “Oito horas antes de irmos, Lone Star; engula isso,” Ty disse, abrindo seu armário. Desta vez, o arrepio deslizando através da pele de Zane não tinha nada a ver com o frio e tudo a ver em encontrar paciência para passar o dia, até chegar a noite.

***** A LUZ piscando em seu telefone chamou a atenção de Zane, afastando sua atenção do relatório que estava tentando analisar. Ele sempre colocava seu telefone no modo silencioso quando estava no escritório, especialmente em dias como o de hoje - quando toda a equipe estava parecendo crianças de escola - sentadas em uma grande mesa, em formato um pouco parecido como a do Pentágono, trabalhando no caso dos conflitos na cidade. Ele estava sentado com Michelle Clancy, Scott Alston, Fred Perrimore e Harry Lassiter, que eram os outros membros de sua equipe, disponibilizados pelo Bureau. Mesmo assim, poderia ser uma chamada de um dos outros departamentos, um contato, ou outro agente. Então Zane deslizou o celular de cima de uma pilha de pastas e desbloqueou o teclado quando olhou para a tela. Era uma mensagem de texto. Franzindo um pouco a testa, Zane abriu a mensagem. Qual seria a etiqueta mais adequada, em seu local de trabalho, para jogar um computador pela janela? Abrir primeiro a janela2 ou apenas quebrar com tudo? Zane piscou e leu o texto novamente. Em seguida, se concentrou no número e percebeu quem enviou a mensagem. Ele suspirou e pôs o seu telefone de volta, voltando ao seu relatório. Não era uma mensagem que precisava de uma resposta. Seu parceiro não estava a mais de dez metros de distância, sentado à sua mesa, olhando para a tela de seu computador e batendo repetidamente na mesma tecla em seu teclado. Se Ty quisesse uma resposta de Zane, ele poderia 2

Trocadilho referente à palavra Window, que pode se referir ao sistema operacional ou, literalmente, à janela.

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simplesmente abrir a boca e falar. Quando Zane olhou para ele, viu que Ty estava sentado em sua cadeira, com a cabeça baixa em frente ao computador. Ele parou de digitar, e parecia apático e frustrado. O computador de Ty nunca funcionava como deveria; a equipe brincava dizendo que ele tinha pulsos eletromagnéticos, porque não importa o quanto digitasse, a máquina quase sempre ficava desarrumada. O computador, impressora, o aparelho de fax, às vezes até as torneiras automáticas nos banheiros nunca funcionavam corretamente com ele. Ele também odiava papelada e burocracia com paixão, o que tornava essa situação duplamente engraçada. Zane olhou para os arquivos espalhados pela mesa na frente dele. Ele poderia ficar sentado o dia perseguindo os detalhes, ele apelava para o seu cérebro analítico. Ty, no entanto, não pedia desculpas por estar entediado com a papelada. Ele era definitivamente um homem de ação. Zane normalmente tentava, pelo menos, mandá-lo para as missões externas, mas hoje não havia nada para jogar na frente dele. Com um último olhar para Ty, Zane voltou sua atenção para a transferência de dados de contas bancárias criminosas suspeitas, ligadas a uma série de sequestros. Minutos depois, a luz piscou em seu telefone novamente. Zane parou de escrever quando olhou para o telefone e, em seguida, através das mesas até Ty. Ele parecia imóvel, seu telefone não estava à vista, e não estava olhando para Zane, também não havia nem uma sombra de sorriso em seus lábios, como geralmente tinha quando tramava algo. Zane já tinha visto aquele sorriso muitas vezes para perder sequer uma sugestão dele. Ele pegou o telefone e viu a segunda mensagem de texto, mesmo número de telefone. Ele nunca chegou a colocar o nome de Ty na lista de contatos. Debateu-se se iria ler o texto ou não; ele não tinha certeza se era certo encorajar Ty, e distraí-lo no trabalho. Então, depois de um momento, Zane se sacudiu. Não havia nenhuma razão em ficar tão sério e tenso sobre isso. Ele ativou o telefone e leu a mensagem.

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As últimas 3 chamadas no meu celular são para pedido de apoio, pizza e sexo. Nessa ordem. Não posso me decidir sobre o que isso diz de mim. Zane quase esqueceu de reprimir seu sorriso. Na noite passada, Ty ligou para ele pedindo pizza, e que Zane devia buscá-la. Eles tinham a intenção de ver algum jogo de futebol na TV de tela grande de Ty, mas não estava passando nenhum jogo interessante o suficiente para manter a atenção de Ty por algum tempo. Após a pizza terminar, eles acabaram na frente da TV fazendo algo totalmente diferente que assisti-la. Zane fungou e tentou duramente não se remexer na cadeira com seu telefone, sem se comprometer ou olhar para o seu parceiro. Talvez ele devesse pegar o jantar hoje à noite também. Seu telefone se iluminou novamente quando Zane não tinha sequer pegado em sua caneta. Desta vez, olhou em volta das mesas em direção a sua equipe, tentando ver se alguém estava prestando a atenção no movimentação dele, antes de abrir a mensagem. Você sabe que eu tenho um pacote para mensagens de texto de graça, certo? Obviamente, ignorar Ty não iria funcionar. Zane largou seu telefone, determinado a dar o seu melhor. Simplesmente porque a luta iria divertir Ty, se estivesse sendo honesto consigo mesmo. E manter Ty distraído seria melhor para o resto da humanidade. O telefone se iluminou de novo, e Zane deu uma olhada breve em Ty; seu parceiro estava recostado na cadeira, com os pés ostensivamente apoiados em sua mesa, enquanto segurava seu telefone em suas mãos. Zane fez uma anotação, enquanto discretamente movia seu telefone entre os papéis espalhados à sua frente para que pudesse apertar o botão e ler a mensagem sem chamar a atenção. Responda ao questionário: Quantas letras há no alfabeto do governo? Mordendo a língua, Zane tentou decidir qual seria a resposta. Era quase 50% de chance de ser uma piada. Ele achava que Ty estava tentando quebrá-lo agora, para que pudesse reagir, talvez até rir. Olhando para seu parceiro com sua visão periférica, podia sentir Ty o observando, com a 16

cabeça um pouco inclinada, o suficiente para fazê-lo parecer predatório. Zane conhecia esse olhar muito bem. A maioria das pessoas que não conheciam Ty ficavam intimidadas com o brilho em seus olhos cor de avelã e a curva ligeiramente maliciosa em seus lábios carnudos. Mas Zane sabia que Ty só usava esse olhar quando estava se divertindo. Olhar que tornava seu rosto bem barbeado muito mais bonito, o que irritava Zane. Irritava e excitava. Só para provocá-lo, Zane ignorou a mensagem, e voltou a trabalhar nas análises, tentando se manter determinado em não reagir com a próxima tentativa de romper a sua calma, por parte de Ty. O telefone iluminou novamente, e desta vez Ty tinha voltado a sua atenção para o computador, quando Zane disfarçadamente olhou para ele. Zane se perguntava como no inferno Ty digitava tão rápido no pequeno teclado do telefone. Ele teria gostado de ter visto, se não tivesse que estragar o seu jogo. Ele esperou quase cinco minutos passar, até interromper uma discussão de ativos com Alston, antes de abrir a última mensagem de texto. Resposta: 19. O ET foi para casa em um UFO3 e o FBI foi atrás dele. Zane piscou várias vezes para a tela, tentando manter uma expressão séria, embora, com toda a certeza, merecia dar uma risada. Quem poderia imaginar, depois de todos esses anos de trabalho em campo, além de sua experiência no trabalho disfarçado, que estaria escondendo o seu joguinho de texto com Ty no escritório? Ele batia sua caneta na mesa, pensativo sobre essa razão, enquanto olhava para ele sem entender. Ele estava certamente distraído agora e suspeitava que Ty soubesse disso. Mas ambos estavam apreciando o jogo, embora Zane não fosse admitir. Ele não conseguia imaginar essa situação leve um ano atrás. Inferno, há seis meses. Mas Ty Grady estava trabalhando com o seu charme, conseguindo arrancar o espeto figurativo da bunda de Zane... O ícone com outra mensagem apareceu na tela seu telefone, indicando que tinha outra mensagem. Ele não tinha visto Ty se mover. Seria possível agendar estes textos com antecedência? 3

UFO (Unidentified Flying Object) é a sigla em inglês para OVNI (Objeto Voador Não Identificado).

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Isso levaria um pouco de premeditação, mas era exatamente o tipo de trama que Ty gostava. Zane se deslocou ao redor de sua pilha de pastas, deu um gole do café meio frio, e leu a mensagem. Você sabe que quer rir. Ponto para Zane Garrett. Ele olhou para cima lentamente, com o rosto composto, levantando uma sobrancelha. Ty estava observando. Ele piscou quando Zane encontrou seus olhos, mas não estava sorrindo totalmente, ainda. Ele usava aquele irritante sorriso, e em vez de responder, Zane fungou e voltou para o seu computador. Essa reação certamente incitaria ainda mais o seu parceiro. Além disso, Zane estava intrigado para ver o que Ty faria para fazer Zane rir, apesar de seu frio controle. Ele não teve que esperar muito tempo até o próxima texto. O telefone se iluminou e Zane foi capaz de pegar um vislumbre de Ty colocando seu telefone sobre a mesa. Zane deliberadamente esperou alguns minutos antes de virar sua cadeira, e mexer em alguns arquivos, para verificar a mensagem. Você já ouviu falar do cara do térreo que perdeu o braço esquerdo e a perna esquerda em um acidente? Ele está bem agora.4 Zane olhou para a pequena tela de seu celular, realmente levando um longo e difícil tempo antes de ser capaz de sacudir a cabeça e se afastar do telefone. Ele lentamente olhou para o resto da equipe, imaginando se alguém tinha reparado. Será que eles realmente prestavam tão pouca atenção? Ou será que não estavam surpresos vendo Ty enviar mensagens de texto para alguém, e eles simplesmente não associavam ao seu parceiro? Zane sabia que Ty recebia mensagens de texto cerca de meia dúzia de vezes por dia, e de várias pessoas em um dia normal, mas Ty raramente as verificava ou respondia quando estava trabalhando.

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É uma piada meio mórbida, no original em inglês ‘All Right’, na tradução livre: “Ele está todo direito agora”.

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Zane deliberadamente empurrou alguns arquivos em uma caixa e não olhou na direção de Ty. Ele virou a cadeira e deu a sua atenção a uma conversa entre Clancy e Perrimore, para chamar um juiz e pedir um mandado de busca, mas estava hiper consciente de seu parceiro. Ele ouviu o guincho da cadeira de Ty enquanto ele se movia. A cadeira de Ty sempre chiava porque ele não ficava parado sobre a coisa, sempre se movimentando e inquieto. Sua cadeira era constantemente quebrada e barulhenta, assim como seu computador. O telefone de Zane iluminou novamente, e o pegou com a mão direita, ao responder a uma pergunta de Clancy. Quando se virou, finalmente olhou para o telefone. Como você chama um macaco em um campo minado?Baboom.5 Ele teve que admitir: era engraçado. Desta vez, Zane teve que fechar os olhos para manter sua reação sob controle. Quando os abriu, deliberadamente virou o queixo e olhou diretamente para Ty, em um desafio aberto. Os pés de Ty ainda estavam apoiados na mesa, assim como o braço, seus dedos estrategicamente cobriram sua boca, enquanto a balançava silenciosamente. Ele estava observando Zane, e sua mão não conseguia cobrir as linhas do sorriso ao redor dos seus olhos, ou as covinhas que se formavam enquanto ele ria. Porra, Ty Grady era um homem de boa aparência, ainda mais quando estava relaxado e sorridente. Zane não sentia mais vontade de rir. Em vez disso, seus pensamentos se tornaram um pouco mais eróticos, pensando neste homem sentado a vários metros de distância, de boa aparência, com ou sem aquele terno. Zane puxou sua cadeira de rodinhas até sua mesa, apenas para abrigar o seu colo. Em seguida, ofereceu a Ty um sorriso angelical. Ty balançou a cabeça e mordeu o lábio para parar seu riso silencioso, embora as covinhas ainda estivessem lá enquanto sorria. Zane ficou olhando para ele por alguns momentos, pensando 5

É um trocadilho, baboom pode ser uma espécie de babuíno.

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sobre o quão incrível era assistir Ty sorrindo, e ver seus olhos se iluminarem, derretendo o exterior severo. Ty acenou com a mão para Zane em sinal de aparente rendição enquanto se virava em sua cadeira para encarar sua própria mesa de novo, ainda balançando a cabeça e rindo. Zane duvidava que fosse o fim de tudo e esperava outra mensagem de texto em poucos minutos, mas o agente especial Scott Alston escolheu aquele momento para se levantar. “Temos que nos encontrar com McCoy,” ele disse para Ty e Perrimore. ”Divirtam-se, meninos,” Clancy brincou enquanto bebia seu smoothie derretendo. Ty se levantou com uma quantidade razoável de resmungos e fanfarra, fazendo um show reunindo os seus arquivos, ajeitando o paletó e tirando a arma de sua gaveta para deslizá-la no coldre. Zane fechou um arquivo, e abriu outro, enquanto observava Ty discretamente. “Diga olá por mim,” disse, satisfeito. Ele sabia que a única coisa pior do que a papelada, na opinião de Ty, era um encontro multi-departamental, onde seria esperado que ele ficasse parado. “Não quebre nada jogando paciência,” Ty atirou de volta, enquanto os três se dirigiram em direção aos elevadores. Zane deixou surgir um leve sorriso em seus lábios, enquanto mexia com os dedos em seu telefone e observava Ty se afastando.

***** TY estava com olhos fechados, massageando a ponte de seu nariz, enquanto inclinava o cotovelo no braço da cadeira, caindo ligeiramente. Ele estava escutando. Muito atentamente, para o seu desgosto eterno. Mas ele podia ouvir com os olhos fechados. Ele tinha praticamente certeza de que ele, Alston, e Perrimore foram convocados para esta reunião por algum erro. Era um encontro para definir estratégias, como vinha acontecendo ao 20

longo dessa escalada de violência na cidade, em especial, um sórdido caso de incêndio criminoso, pois houve uma segunda explosão, que foi expressamente realizada para ferir ou matar os bombeiros. Todos estavam em pé de guerra, incluindo Ty. Haveria um memorial para os heróis mortos na próxima semana. Mas enquanto a escalada da violência poderia fazer parte do trabalho de Ty, o incêndio criminoso, certamente, não era. Em seguida, debateram sobre um assalto a banco que tinha o selo “trabalho profissional” no roubo. Não recebeu tanto destaque dos noticiários, pois o roubo foi realizado no mesmo dia da tragédia do incêndio criminoso. Algum figurão, não-sei-o-nome, do departamento de Crimes Financeiros, disse para procurar e analisar outros roubos semelhantes em estados vizinhos no fim de semana, pois algo assim tão organizado, provavelmente poderia ser executado em algum outro lugar e certamente seria executado novamente. Em breve. Trabalho no fim de semana. Impressionante. E assaltos a bancos também não estavam na lista de trabalho de Ty. Em seguida, a agenda mudou para a imagem negativa que o FBI estava recebendo na ruas, devido ao seu atraso em obter resultados, e várias pessoas do RP6 estavam querendo cortar o mal pela raiz. Nenhum desses assuntos tinha muita coisa a ver com Ty, então, ele ainda não sabia exatamente o motivo real de estar aqui. “Então,” o Agente Especial encarregado Dan McCoy estava dizendo, “Nós vamos dar-lhes o que eles querem para que saiam de nossas costas por um tempo. E Grady, da próxima vez que você e seu parceiro explodirem alguma coisa, pelo menos finja que está arrependido depois, entendeu?” “Sim, senhor,” Ty disse, abriu os olhos e deslocou-se para uma posição um pouco menos externamente miserável. Ele não estava arrependido, no entanto. Aquela máquina de fax tinha recebido o que merecia. E Zane tinha rido muito. 6

RP – Relações Públicas.

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Havia apenas trinta minutos restantes para encerrar o dia de trabalho, e, em seguida, estaria livre para fazer piruetas no estacionamento. Ele olhou para Alston, que fez outra pergunta, e em seguida, o bolso da calça de Ty vibrou. Na verdade, se firmou em seu assento antes que pudesse se conter, e de forma rápida se aprumou e colocou os cotovelos sobre a mesa para encobrir a sua reação. “Alguma coisa a acrescentar?” Perguntou McCoy. “Nada construtivo,” Ty admitiu com um sorriso inocente. McCoy revirou os olhos, balançou a cabeça, e continuou descrevendo o plano para tornar o Bureau mais “amigável”. Ty recostou-se novamente e tirou o telefone do bolso lentamente. O manteve debaixo da mesa enquanto abria caixa de mensagens de texto. Ty estava quase surpreso ao ver que era de Zane e não outro amigo suspeito de costume. Baby Seal7 entra em um clube. Ele apertou os lábios com força e olhou para McCoy, retornando rapidamente a sua resposta a Zane. Você não deve levar bebês focas ao clube. Bastardo. Nem se passou um minuto quando seu celular vibrou em sua mão. Ele rapidamente o colocou para o modo silencioso para que ninguém pudesse ouvir as vibrações, e então olhou a nova mensagem. O Coelho Energizer foi preso. Carregado com bateria8. Os lábios de Ty se contraíram enquanto escrevia uma resposta rápida. Será que ele está sendo mantido por uma ‘Duracell’? Ele voltou sua atenção para McCoy na hora certa. McCoy deslizou um arquivo sobre a mesa em direção a ele, e Ty o abriu enquanto massageava sua têmpora esquerda.

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Seal pode ser traduzido como uma foca em Inglês ou a sigla SEAL: Força de Operações Especiais da Marinha dos Estados Unidos. É um trocadilho de Zane, ele pode estar se referindo a um filhote de foca ou a um SEAL da Marinha. Tradução Livre: O bebê foca/Seal entra em um clube. 8 Trocadilho com a palavra Charged – que pode significar carregado (com bateria, eletricidade, etc.) ou acusado.

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Era uma proposta para organizar um grande evento entre os órgãos governamentais e de serviço municipal, quanto possível, para a organização de um campeonato de softball e, em seguida, abrir os jogos para o público em geral. Ty bufou divertido. “Você poderia fazer a bola rolar e contribuir com esse plano?” Perguntou McCoy. Ty balançou a cabeça lentamente e, em seguida, olhou para McCoy. “Eu conheço um cara que conhece um cara,” ele falou com um sorriso fácil. “Imaginava que você pudesse conhecer,” disse McCoy, parecendo satisfeito consigo mesmo. Então era esse o motivo de Ty estar aqui, porque ele jogava no time do Bureau desde que tinha sido transferido para Baltimore e conhecia quase todos. Essa era a parte dele, porque todos sabiam que Ty não dava a mínima para a opinião pública e não tinha nada a ver com os assaltos a bancos ou incêndios. McCoy se virou para o cara dos Crimes Financeiros que ainda não tinha um nome, mas que tinha um inferno de um monte de opiniões, e Ty sorrateiramente verificou seu telefone novamente. O ícone de mensagem piscava, e abriu o telefone para lê-lo. Dois amendoins entram em um bar. Um deles era salgado9. Ty olhou para a tela por um momento antes de olhar para cima e lamber o canto de sua boca para não sorrir. Por que diabos Zane não podia ter feito isso quando Ty estava entediado, e não sentado em uma reunião importante? Ele estava provavelmente lá fora pesquisando piadas no google. “Grady, o que você acha?” Perguntou McCoy. Ty olhou para o seu superior por uma fração de segundos, indeciso, sabendo muito bem que não tinha absolutamente nenhuma ideia do que foi solicitado. “Eu acho que essa ideia é uma merda,” ele finalmente respondeu com confiança. “Importa-se de esclarecer?” McCoy lhe perguntou ironicamente. 9

Trocadilho: No original, One was a salted – salted significa salgado, porém soa como assalted - atacado.

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“Não inteiramente,” respondeu Ty, sua voz não tão estável. “Ok, pelo menos nós estamos todos de acordo nesse ponto,” McCoy respondeu, pegando um pedaço de papel que provavelmente delineava outra proposta do RP e jogou-a por cima do ombro. Ty lentamente soltou a respiração que estava segurando e começou a digitar uma resposta a Zane. Vá se foder, Zane. Vá se foder. Com força. A resposta veio rapidamente. Zane tinha que estar sentado esperando pela resposta. Eu vou te dar um sanduíche de salame para o jantar. Com maionese extra. Ty olhou para cima e em volta da mesa, tentando desesperadamente se concentrar no que estavam dizendo enquanto digitava em seu telefone. As tentativas de Zane em ser sedutor eram ainda mais engraçadas do que suas piadas. O que vou arrumar aqui é uma demissão. Se você for para uma entrevista em uma empresa de carimbo, tente fazer uma boa impressão. Ty lutou para não revirar os olhos, e deu uma olhada por cima de seu telefone que ainda estava tentando esconder em seu colo. Ele se recusava a permitir que um dos trocadilhos ruins de Zane fosse a última palavra. Ele tinha que se concentrar por um momento para fazer uma busca em sua loja de piadas ruins e conseguir uma resposta apropriada. Ele odiava se afundar no nível de Zane, mas tinha que enfrentar trocadilho ruim com trocadilho.... Ele olhou para cima e passou os cinco minutos seguintes respondendo a perguntas e, pelo menos, tentando parecer envolvido na reunião. A ideia sobre a equipe de softball do FBI e da criação de torneios com outras equipes da cidade e do órgão estadual, que seria aberto ao público, parecia estar sendo o centro dos debates. E Ty havia se tornado o foco do planejamento, então ele tinha que prestar atenção.

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Ty acabou gostando do plano, de verdade. Ele não saberia dizer se iria funcionar, mas era uma proposta boa, colocar rostos humanos em uma grande integração. A desvantagem, como ele apontou, foi que eles poderiam ser acusados de estar deixando de atuar, se as pessoas começassem a perguntar o motivo de policiais e motoristas de ambulância estarem jogando softball enquanto a cidade estava sendo saqueada. Mas, inferno, eles já estavam levando fogo, por isso não podiam ser mais feridos. Ty fez algumas notas de pessoas com quem precisaria entrar em contato das outras agências para que pudessem definir o torneio, os campos na cidade, os agendamentos e os demais assuntos que ele realmente não tinha tempo para lidar, mas faria de qualquer maneira. Em seguida, a conversa seguiu em frente, e Ty recostou-se na cadeira. Ele olhou para McCoy, indiferente, enquanto sua mente começou a vagar novamente. Resolveu digitar sua resposta a Zane devagar, tentando passar a mensagem e prestar atenção ao mesmo tempo. Se um caçador pode disparar em um cervo com ambas as mãos, o que faz dele? Um bambidextrous10? Você já viu as águias capturarem as suas presas? Elas são realmente talonted11. Ty fechou os olhos. Os trocadilhos eram demais, e eram muito estúpidos para seu cérebro lidar com isso no final de um longo dia. Ele decidiu levantar a bandeira branca, viver e passar mais um dia; então recuou em sua cadeira e, lentamente, digitou uma última mensagem. Você ganhou. Farei qualquer coisa, mas faça isso parar. Por favor. Demorou um pouco, mas a resposta Zane finalmente apareceu. Prometa que vai gritar para mim esta noite. Ty olhou para o telefone por um longo momento; limpou a garganta e olhou para cima, McCoy estava olhando para ele com expectativa.

10 11

Junção das palavras Bambi com Ambidextrous (ambidestro) = Bambidextrous. Junção das palavras Talon (garra) com Talented (talentosa) = Talonted.

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Ty sorriu amplamente, o sorriso que dizia que ele sabia que tinha sido capturado e que McCoy deveria ficar feliz, pois Ty era tão bom em seu trabalho que ele realmente não seria punido. Certo? “Quer compartilhar?” McCoy perguntou secamente. Ty olhou para as outras pessoas ao redor da mesa e suspirou profundamente. Perrimore enfiou a mão no colo dele e pegou o telefone de sua mão. Ty não iria resistir, pois deixaria os outros ainda mais curiosos. Ele nunca esteve mais agradecido, pois raramente colocava nomes reais em sua lista de contatos. Perrimore leu a última mensagem de Zane em voz alta, as sobrancelhas se levantaram. “Quem é Lone Star?” ele perguntou com um sorriso enquanto olhava para o nome que Ty tinha armazenado em seu telefone. “Será que ela carrega um chicote?” “Todo mundo! Saiam daqui antes que meus olhos explodam!” McCoy ordenou, esfregando as têmporas com as palmas das suas mãos. Ty pegou seu telefone da mão de Perrimore e deu um tapa na cabeça dele, enquanto se levantaram para sair. Alston se arrastou atrás deles, rindo todo o caminho.

***** ZANE olhou por cima dos arquivos que estava empilhando quando ouviu a voz de Ty, baixa, irônica e um tanto hostil. Um sorriso breve, apareceu nos lábios de Zane. Ainda não tinha recebido uma resposta à sua última mensagem, um pouco menos de dez minutos atrás. “Ei, Garrett, você conheceu a mais recente aventura do Grady? Ela soa como uma verdadeira durona,” disse Alston, quando chegaram, rindo. “Provavelmente, tem a chave das algemas perfurada na língua dela.”

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Isso certamente não era o que Zane esperava ouvir quando voltou da reunião. Provavelmente significava que Ty havia sido capturado. Ele não parecia ter aquele olhar de ‘acabei sai do armário para os meus colegas de trabalho’, e Zane sabia que Ty apelidava todos os seus contatos de telefone, então, estava relativamente certo de que estavam bem. “Recebendo textos no trabalho de novo, parceiro?” Zane apontou olhando para Ty. “Bem, você conhece o meu tipo,” Ty respondeu com um sorriso açucarado quando passou pela mesa de Zane. “Sem nenhum auto-controle e com um monte de problemas mentais.” Ele parecia irritado, apesar de tudo. “Isso nunca pareceu incomodá-lo,” Zane respondeu, levantou e pegou o paletó nas costas da cadeira. Alston riu e saiu com um aceno, sem se preocupar em ficar por perto para ouvir a brincadeira toda que a equipe tinha se acostumado. Clancy e Lassiter tinham partido meia hora atrás, e Zane tinha visto Perrimore desviando em direção aos elevadores quando o grupo voltou da reunião. Portanto, quando Alston desapareceu no corredor, restaram apenas Zane e Ty trancando suas gavetas. Ty olhou para ele sombriamente, e Zane sorriu. Oh, ele iria pagar com uma noite de travessuras intensas. O olhar que Ty lhe dava, prometia muito. Ty olhou ao redor da sala quase vazia quando se aproximou de Zane. Ele segurava o telefone na mão, e o terno caído sobre seu braço. Ele deu um passo mais perto de Zane, os nós dos dedos roçando no estômago de Zane, com apenas o casaco entre eles. “Vou gritar para você, hein?” ele perguntou com a voz baixa, com os olhos quase verdes, olhando intensamente para Zane. “Desde que você receba o seu castigo,” disse Zane, se sentindo aquecer com o de escrutínio de Ty. “Mais um trocadilho, Garrett,” Ty advertiu enquanto levantava um dedo. “Só mais um e nós veremos quem vai ficar muito tempo em uma cama fria.” 27

Zane franziu a testa e xingou em voz baixa. “Bem, com você gritando,” lembrou. “Eu me ofereço para pegar o jantar.” “Jantar mais tarde. Minha casa. Traga roupas para o fim de semana. Só porque você ganhou, não quer dizer que tem que ser na sua casa.” Ty não disse outra palavra, apenas se virou e se dirigiu para o elevador, encolhendo os ombros, enquanto colocava seu paletó . Zane o observou se afastar, apreciando a vista. “Ponto para mim,” ele disse em voz baixa, antes de pegar seu telefone e as chaves para sair.

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Capítulo 02 PRECISAVA-SE de certa habilidade em malabarismos para segurar uma pequena mochila, um paletó, um grande saco de comida quente, e uma chave, especialmente quando você estava em uma pequena varanda de concreto; Zane apenas empurrou a porta com o pé. “Não atire, por favor,” ele gritou quando cruzou o batente da porta. A sala estava em silêncio e um pouco escura. Apenas uma luz estava acesa no andar de baixo, na cozinha, que ficava na parte de trás de casa de Ty. Havia mais uma luz acesa no andar de cima, e Zane podia ouvir Ty, falando com alguém. “Já vou!” Ty gritou, e sua voz caiu para um murmúrio baixo. Zane chutou a porta atrás de si e acendeu um interruptor de luz com o cotovelo. Ele atravessou a sala de estar, passando pela sala de jantar estreita e minúscula ao lado das escadas, até o bar rente a cozinha, onde deixou as bolsas. Os alimentos quentes ficaram sobre o balcão, a mochila ao lado, encostada na parede, e o paletó no encosto de uma cadeira, as chaves voltaram ao bolso. Enquanto imaginava com quem Ty estava falando, Zane se movia em torno do bar até a cozinha, para pegar os pratos e copos do armário. Conseguiu ouvir os passos pesados de Ty descendo as escadas atrás dele. Não era um bom sinal. Sempre que conseguia ouvir Ty se movimento era quando ele estava amuado e jogava seu peso ao redor. Caso contrário, Ty era sempre assustadoramente silencioso. “Não, assim está bom também,” Ty estava dizendo quando desceu as escadas, com a voz um pouco mais profissional do que normalmente utilizava ao telefone. “Obrigado, senhor, vamos manter contato,” ele disse rapidamente. Então, fechou seu telefone quando chegou ao último degrau. Ele abriu os braços e olhou incrédulo para Zane. “O que, sem sinal de sexo em neon piscando para alertar os vizinhos? Vídeos incriminatórios para enviar para a minha mãe?” 29

Zane olhou para ele de lado, tirando sanduíches e os complementos da bolsa. “Você já foi apanhado fazendo um inferno de muito pior do que ser pego com mensagens de texto em uma reunião,” ele respondeu suavemente. “Eu vou ter que parar de chamar você de Lone Star em voz alta,” Ty resmungou jogando o telefone por cima do ombro para a sala. Ele caiu no sofá com um único salto. “O que trouxe para o jantar?” Zane não tentou esconder o sorriso. O mau humor de Ty podia ser muito divertido se você não se deixasse entrar em uma viagem de culpa. “Submarinos Italianos; eu prometi salame.” “Estão quentes?” Ty perguntou, contornando o balcão e ficando ao lado de Zane, puxando o saco de comida para ele. “Sim, querido,” Zane disse, aplacando. “Eu pedi para que embrulhassem duplamente em papel laminado.” Ty estendeu a mão, jogando os braços contra o peito de Zane, agarrando a frente da camisa dele. Ele o empurrou para trás, até que Zane estivesse imprensado contra a geladeira. Em seguida, o segurou com seu antebraço e ouviu uma dúzia de garrafas de vidro se chocando ruidosamente dentro da geladeira com o impacto. “Então, vão permanecer quentes por mais tempo,” disse Ty, perto o suficiente para que suas palavras fossem sentidas contra a respiração que saia dos lábios de Zane. Por alguns selvagens segundos, Zane mal podia acreditar que tinha deixado Ty pegá-lo desprevenido. Em seguida, ele sentiu o cheiro familiar de Ty e o calor de sua pele, e a luxúria que havia surgido nos chuveiros pela manhã começou a ferver. “Sim,” ele sussurrou, o pulso vibrando quando colocou as mãos nos quadris de Ty. A pressão do braço de Ty diminuiu quando moveu a mão no peito de Zane, deslizando a palma da mão, e quando chegou ao pescoço de Zane, o apertou com força quando o beijou. Era fácil ceder contra Ty e tentar chegar mais perto dele. Zane queria aqueles beijos, e queria que Ty o tratasse sem delicadeza. Enquanto Ty foi incrivelmente sedutor durante o caso 30

secreto que tinha terminado algumas semanas atrás, brincando de ser um marido troféu exteriormente dócil em um navio de cruzeiro, fazendo um dedicado papel de submisso, Zane não poderia ficar mais excitado, mas ele ansiava que Ty assumisse o controle. Era intenso, e Ty fazia isso muito bem. Ele gemeu contra a boca de Ty só de pensar nisso. Foi por isso que ele alfinetou Ty durante toda a tarde. E funcionava quase todas as vezes: deixar Ty um pouco irritado com ele e soltar alguns comentários sugestivos para dar-lhe uma saída. Ty ainda estava o beijando, quando estendeu a mão para puxar o nó da gravata de Zane. “Eu não posso acreditar que você nem mesmo abriu um sorriso,” ele murmurou contra os lábios de Zane. “Babooms, cara; essa merda é engraçada.” Zane soltou uma risada sem fôlego. “Anos de prática,” ele murmurou enquanto perseguia os lábios de Ty com os seus. Ty arrancou com força a gravata dele e a jogou por cima do ombro, em seguida, estendeu a mão para a camisa de Zane. “Você esteve praticando as coisas erradas,” ele rosnou quando puxou com força a camisa. Zane ouviu o rip do material rasgando, e vários botões saíram voando. Ty não parecia estar incomodado. Isso só fez as calça de Zane ficarem mais apertadas. “O que eu deveria estar praticando?” ele instigou, e se inclinou para beliscar o lóbulo da orelha de Ty. Ty o empurrou de volta contra a geladeira, e os conteúdos se balançaram dentro dela novamente. Algo tombou e caiu ruidosamente. Então Ty o puxou novamente para a frente, pela cozinha estreita. Ele enganchou o pé atrás da perna de Zane e praticamente o atacou, os enviando ao chão. Ty usou seu peso contra Zane na madeira nua, e Zane engasgou por ar. Ele tinha os pulsos de Zane em suas mãos e o beijou novamente, ali mesmo no meio da cozinha, e Zane só conseguia sussurrar o nome de Ty, sempre que seus lábios se separaram.

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Os dedos de Zane se fecharam, enquanto Ty segurava seus pulsos contra qualquer tentativa de força que Zane pudesse fazer, mas ele estava bem e realmente preso, e gemia contra os lábios de Ty, sem palavras, implorando por mais, empurrando seus quadris contra seu amante. Ele poderia dizer que Ty tinha um plano quando começou isso, talvez concebido para torturar Zane, apenas um pouco - inferno, talvez muito. Mas, agora Ty parecia ter perdido um pouco do controle com ele. Ele afrouxou as mãos em torno dos pulsos de Zane e se moveu em cima sobre ele para empurrar os restos de sua camisa de lado e mergulhar em seu corpo, deslizando seus dedos ásperos contra a pele sensível de Zane. Zane gemeu feliz e se deslocou sob o toque Ty, quando ele pegou no cinto de fivela para soltá-lo. Ty moveu uma mão para tirar o cinto de Zane enquanto continuava a segurar o outro pulso de Zane contra o chão. “Porra, Zane,” ele resmungou, finalmente soltando o pulso de Zane, e se colocando entre as coxas dele. “Por que você está sempre vestindo tantas roupas?” “Oh, pelo amor de Cristo,” Zane murmurou, desabotoando as calças. “Agora eu deveria começar a me despir assim que eu entrar aqui?” Ele perguntou, se sentando o suficiente para puxar a camisa arruinada e tirar a camiseta fina sobre a cabeça, a jogando de lado. “Ou talvez eu fique apenas esperando você me dizer o que fazer sobre isso,” ele cutucou, e se inclinou para trás, em seus cotovelos, esperando que fosse jogar Ty de volta à ação. Zane estava duro e sua cueca estava visivelmente esticada. Ty era o responsável por isso, quando estava malditamente no comando. “Com o seu histórico, você chegará bancando o strippergram12, e eu provavelmente estarei no meio de um jantar de Ação de Graças, ou algo assim,” Ty resmungou. Ele se inclinou sobre Zane, colocando as mãos no chão, em cada lado do quadril dele. “Cale a boca,” acrescentou quase como uma reflexão tardia, seus lábios se movendo a apenas alguns centímetros de distância de

12

Uma visita surpresa em uma ocasião especial de um stripper que dá a alguém uma mensagem de amigos ou parentes dessa pessoa.

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Zane. Ele estava em suas mãos e joelhos novamente, ainda totalmente vestido, mesmo depois de reclamar sobre o estado insatisfatório de nudez de Zane, e olhou para ele com os olhos apertados. Zane retornou o olhar inocentemente. “O que foi? Eu tenho que fazer mais alguns trocadilhos?” “Você realmente não têm noção do quão perto está de não ser fodido, não é?” Ty perguntou sombriamente. Zane fechou a boca, e observou Ty de perto em busca de pistas. Ele não achava que tinha provocado muito, mas poderia ter calculado mal. “Foi o que eu pensei,” Ty rosnou, e beijou Zane novamente, deixando o corpo dele totalmente apoiado no chão, na madeira dura e quase não dando a ele a chance de respirar, enquanto praticamente o devorava. Algo dentro de Zane deu um grito miserável de agradecimento quando entrou em colapso sob o peso de Ty, sem se importar com seus ombros e cabeça batendo no chão duro. Ele já estava tonto e todas as suas terminações nervosas eram provocadas sempre que Ty o tocava. Zane ansiava por isso. Ele precisava dele como precisava de ar. Sua reação só estimulou Ty a continuar. Mãos ásperas percorriam o corpo de Zane. Seus quadris roçavam; dentes raspavam contra lábios, língua, bochecha, queixo e no pescoço de Zane. A barba de um dia de Ty, era quase dolorosa contra a pele de Zane, mas Ty raramente fazia isso com ele e Zane não iria objetar. Ele queria ser sobrecarregado; era um inferno de um passeio quando Ty colocava isso em sua cabeça, para realmente levá-los a um outro nível. Zane estremeceu quando percebeu que não parecia apenas mais uma relação sexual. Era mais, mais apaixonado, mais emocional, mais enérgico, mais desgastante... Naquele momento, não tinha mais certeza se era apenas sexo entre eles. Ele sabia que Ty o amava, e às vezes, podia sentir o quanto Ty queria. Zane gemeu e o agarrou. “Por favor,” ele respirou. Ty afastou-se dele e rapidamente arrancou sua camiseta sobre a cabeça, revelando a impressionante exibição de músculos com os quais Zane havia ficado tão familiarizado; ele jogou a camisa de lado, e voltou a deitar-se ao longo de Zane e o beijou avidamente, pele nua em contato com pele nua. 33

Zane passou os braços em torno de Ty, arrastando os dedos ao longo de sua coluna, antes de espalhar suas mãos e pressioná-las na parte de trás da calça de Ty. A mão de Ty encontrou seu caminho no cabelo Zane, um dos seus pontos favorito quando Ty queria deixar Zane em seu lugar. Sua língua lambia Zane, o beijo era forte e avassalador, e Zane sentia os músculos tensos de Ty se flexionando contra ele. Sentir todo aquele poder desenfreado e correndo livremente contra seu corpo, o fez tremer em necessidade mais uma vez, e ele se sentiu quase sufocado pelo calor. Era o paraíso absoluto. “Eu queria pelo menos ter subido as escadas,” Ty engasgou com o que, provavelmente, deveriam ser palavras sinceras, enquanto usava uma mão para empurrar as calças de moletom que usava. “Foda-me aqui,” Zane implorou com a voz rouca. O suspiro de Ty saiu duro. Ele estava obviamente pensando na possibilidade por um breve momento, porque parou de se mover. Em seguida, mordeu o lábio inferior de Zane, o lambendo e se aprofundando em outro beijo de tirar o fôlego. Zane podia sentir o quão duro Ty estava enquanto esfregava seus quadris, podia sentir a excitação e a necessidade percorrendo o corpo dele, cada músculo dele estava tenso. Zane queria senti-lo dentro dele, tanto que mal conseguia ficar parado. Cada vez mais ele sentia como se não pudesse respirar sem Ty. Ty afastou sua cabeça de repente, como se pudesse ter ouvido os pensamentos de Zane e se ofendido por eles. “Levante-se,” ele praticamente rosnou. Com a respiração ofegante, Zane estendeu a mão pedindo ajuda para se levantar. Ty se levantou quase imediatamente e estendeu a mão para segurar o antebraço de Zane e ajudá-lo. Ele puxou Zane para si e o beijou brutalmente, usando uma mão para empurrar as calças de Zane para baixo de seus quadris. Zane gemeu feliz contra a boca de Ty, enquanto usava os dedos dos pés para tirar seus sapatos e chutar sua calça enquanto deslizava a mão no rosto de Ty para encorajá-lo. Ele tinha o pensamento distante de que tinha feito um trabalho extraordinário com o 34

planejamento dessa sexta-feira. Ele seria arranhado, machucado, e teria a pele toda arranhada pela barba de Ty. Zane não estava nem aí. Ele tentou puxar Ty ainda mais para receber todo o ataque da boca de Ty. Ty o empurrou de volta até que Zane bateu contra o balcão, e ele não parou, afastando as pernas de Zane e se acomodando entre elas. Zane deixou Ty manobrá-lo, mais interessado em passar a mão em toda a pele superaquecida de Ty, sabendo que Ty não o deixaria cair. Zane confiava em Ty. Ele virou a cabeça, e o queixo recebeu mais beijos. Ele podia sentir seus lábios palpitantes, já inchados com os beijos devastadores de Ty. Era intenso e demorado, e Zane estava duramente pressionado contra o balcão, para lembrá-lo que era Ty que o mantinha preso. Ty varreu com uma mão o balcão, derrubando no chão tudo que estava em cima, fazendo barulho de bugigangas caindo, chaves, talheres, e os sanduíches. Ele impulsionou Zane para que sentasse no balcão, e Zane envolveu suas longas pernas em torno dos quadris de Ty, e apoiou seus cotovelos quando Ty se inclinou sobre ele. Ty parecia ter a intenção de subir em cima do balcão e trepar com ele até que ele perdesse os sentido, mas em vez disso ele levantou a cabeça de repente depois de deixar um rastro de lambidas e mordidas em Zane. “Você ouviu isso?” Ele perguntou inclinando a cabeça. “Huh?” Zane não ouviu porcaria nenhuma, apenas o sangue pulsando em seus ouvidos e a respiração áspera de Ty. Ty lhe deu um olhar severo, virando a cabeça como um cachorro tentando ouvir um barulho estranho. Em seguida, o som se aproximou do ouvido de Zane. Era uma risada, e ficava cada vez mais alta. Logo, reconheceu o cacarejar da bruxa má de O Mágico de Oz. “Caralho! Agora?” Ty se afastou, enquanto olhava para o sofá onde tinha jogado seu telefone.

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Zane fechou os olhos quando Ty se afastou, e em seguida, os abriu para ver o teto, passando as mãos pelos cabelos em frustração. Com um grunhido, ele bateu a palma da mão na bancada. “Droga, atenda essa maldita coisa para que possamos continuar.” “Você sabe quem é, né?” Ty perguntou ofegante. Zane sabia. Ele tinha ouvido esse toque uma abundância de vezes. Ele sempre sorria no escritório quando o toque telefônico de Ty para Dan McCoy tocava, o som da Bruxa Malvada fazia com que todos sorrisem no escritório. “É como se ele soubesse quando estou prestes a transar,” Ty começou a resmungar se soltando das pernas de Zane. Zane olhou para ele por alguns segundos enquanto a névoa de intensa excitação começava a passar, e, em seguida, gemeu de dor quando deixou seus braços deslizarem acima de suas costas no balcão. “Às vezes eu odeio o Mac,” ele murmurou. ”Concordo com você; e se ele nos chamar, eu poderia matá-lo,” Ty murmurou, e se afastou do balcão, depois de deslizar as mãos nas coxas de Zane, e se encaminhando para o sofá da sala. “Eu me pergunto quanto tempo teremos,” Zane ponderou. Se voltariam ao sexo ou um boquete ou se masturbariam ou - Deus me livre, ou nenhuma das opções - tudo dependeria do que McCoy tinha a dizer. “Filho da puta,” Ty concordou enfaticamente. Ele chegou até o telefone antes que ele parasse de tocar, e sua voz estava apenas um pouco mais rouca do que a usual. “Grady.” Zane olhou para o teto por mais alguns segundos antes de se sentar com cuidado e pular do balcão da cozinha. Ele bufou. No balcão da maldita cozinha. Eles nunca tinha experimentado isso antes, mas tinha certeza de que Ty estava gostando do resultado. Ele balançou a cabeça em descrença leve quando colocou os pés no chão e depois vestiu sua cueca. Ficou olhando para os sanduíches, a correspondência fechada, canetas, porta-chaves, e uma pilha de guardanapos de papel espalhados a esmo pelo chão e, em seguida, se agachou para resgatar o jantar quando ouviu Ty falar. 36

“Espere, o quê?” Ty perguntou com um tom severo evidente em sua voz. “Eu não recebi nenhum arquivo. Que mensageiro?” Zane pegou os sanduíches embrulhados e os colocou de volta ao balcão e olhou na direção de Ty antes de começar a recolher as roupas espalhadas. Quando pegou sua camisa, a ergueu para fazer um levantamento dos danos. Ty tinha praticamente destruído a camisa: vários dos botões se foram, e agora estavam sob seus pés, e as costuras nos ombros foram literalmente rasgadas. Ele obviamente estava com muita vontade de deixá-lo nu. Zane estremeceu e olhou para seu amante. Ty nem tinha chegado a tirar seu moletom, Zane se perguntava se ele o teria fodido com a maldita calça ainda em torno de suas coxas, se eles conseguissem chegar tão longe. Zane colocou as roupas em uma pilha e caminhou até Ty, se esgueirando atrás dele para envolver seus braços em torno de sua cintura, e depois acariciando sua nuca. Não havia razão para perder tempo, ele poderia passar seu tempo o tocando. Isso iria distraí-lo da possibilidade de que eles, ou ainda pior, apenas Ty, tivesse que sair, e a última possibilidade deixava o peito de Zane desconfortavelmente apertado. Ficava mais e mais doloroso não saber onde ele estava, ou se ele estava seguro ou quanto tempo ficaria desaparecido. Não ser capaz de dar cobertura a ele. Ty não tinha sido chamado para um desses tipos de trabalho há algum um tempo, não desde seu calvário com a família de Ty em West Virginia, mas Zane ainda esperava uma ligação aleatória. Zane suspeitava que Ty havia pedido a Burns para dar um tempo nesses serviços, mas nunca perguntou e nem planejava perguntar. Ainda segurava a respiração sempre que Ty atendia seu telefone, dia ou noite. Zane fechou os olhos e apoiou o queixo no ombro Ty. Ele roçou os lábios contra a pele quente do pescoço de Ty, e isso o fez pensar na bússola escondida em seu apartamento, na gaveta de suas camisetas. Ele ainda não tinha encontrado o momento certo para dar a Ty. Ty levou sua mão ao quadril de Zane. “Não estou entendendo,” Ty disse para McCoy com a voz preocupada. “Não, eu não estou sendo intencionalmente estúpido! Eu apenas não consigo entender por que nós temos que ir!” 37

Zane moveu a palma da mão sobre o estômago de Ty e começou a esfregar suavemente, tentando acalmá-lo. Afinal, era em parte sua culpa ter deixado Ty tão tenso. Ty se virou, franzindo os lábios em um gesto de shush dizendo a Zane para ficar quieto, e, em seguida, apertou o botão do alto-falante. A voz de seu chefe saiu do alto-falante e Dan McCoy estava com a voz bem irritada. “...Porque isto é o que o RP acha que é bom, e precisamos enviar agentes dos quais as pessoas vão gostar.” Zane franziu a testa e fez uma movimento com a boca com a palavra “gostar” a Ty com um olhar interrogativo. Ty ficou em silêncio por um momento, olhando para o telefone. “E nós somos os melhores que você tem?” ele perguntou, inexpressivo. McCoy riu. “As pessoas gostam de você Ty. Você é um cara engraçado, e você sabe como as mulheres reparam em Garrett.” Zane abriu a boca para protestar, mas Ty a cobriu com sua mão antes que soltasse algum ruído. “Com certeza,” Ty soltou sua mão, olhou para Zane e sorriu. “Se fizermos isso, o que é que vamos ganhar?” ”Vocês vão poder manter seus empregos, seu mercenário inútil,” McCoy respondeu sem qualquer verdadeiro calor. O rosto de Ty estava quase inexpressivo enquanto segurava o telefone entre eles. “Tudo bem.” Zane balançou a cabeça dando a Ty um olhar obstinado. Ele ainda não sabia o que diabos era tudo isso, mas tinha a sensação de que não iria gostar. Ty se afastou dele para que ele não pudesse tentar objetar novamente. “Olhe,” McCoy disse, “Garrett dá uma ótima palestra sobre cibernética e conexões criminosas. Eu já pude assistir, e nem senti a necessidade de atirar nele ou em mim. Com todos 38

esses crimes virtuais acontecendo ultimamente, é um tópico bem popular. E você tem suficiente senso de humor para falar sobre investigações sigilosas sem parecer mórbido ou assustador. Eu sei que o prazo é curto, mas, serão apenas uma série dessas coisas-” “Uma série inteira?” Ty interrompeu, sua voz ficando mais perigosa. “Você se lembra de quantas vezes você já disse que sou ruim para RP?” McCoy suspirou em desgosto. “Trinta e sete vezes, Mac.” “Você contou?” McCoy perguntou parecendo surpreso. “TOC13 latente,” Ty respondeu, sem vergonha, e Zane pressionou a boca no ombro Ty para abafar o riso que ameaçava sair. “Tudo bem, olha, o ponto é esse: vocês até podem parecer um tanto gentis e competentes, mas a verdadeira questão é que vocês são realmente bonitos, e no fundo é melhor ser um colírio para os olhos no jornal do que um zangão qualquer. Estejam lá às oito, com o melhor terno que tiverem; e passe as informações ao Garrett por mim, ok?” Ty grunhiu de indignação, o telefone iluminou em sua mão, e afastou o olhar dele. Zane podia ver a tela indicando que a chamada foi encerrada. “Bonitos,” Zane disse categoricamente. Geralmente era engraçado quando Ty brincava com ele sobre ser bonito, mas isso era demais. “Quando no inferno nos tornamos agentes de moda?” ”Oito horas da manhã de um sábado, Zane,” Ty disse entre dentes. “Este sábado? Amanhã, sábado? Temos de dar palestras em 12 horas? Nós não estamos preparados para isso! Eu não posso arrancar uma palestra de cibercrimes da minha bunda!” Ele podia, mas era o princípio da coisa. Ty assentiu e jogou o telefone no sofá. Ele olhou para Zane de cima a baixo e estreitou os olhos, com um sorriso lento se formando. “Mas, nós ainda temos essa noite,” ressaltou.

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Transtorno Obsessivo Compulsivo.

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Zane deixou passar o incômodo momentâneo. Eles poderiam trabalhar mais tarde. “Claro, você ainda quer a sobremesa antes do jantar?” “Você não é a sobremesa, Zane, você é o prato principal,” Ty o informou com o tom rouco de voz. “E você tem cerca de cinco segundos para escolher a superfície sobre a qual quer ser fodido, antes que eu faça isso por você.”

***** UMA coisa sobre trabalhar para o FBI era que, por vezes, o tempo passava e Ty achava que poderia estar andando em sentido contrário. Em outros momentos, Ty nem mesmo se dava conta que meses tinham se passado. Ele e Zane faziam seus trabalhos, incluindo serviços burocráticos, que se resumia em uma papelada tediosa e horrível; pesquisa, que Zane parecia gostar; ou fazer o acompanhamento ou dar perseguição de criminosos. Este último era mais o gosto de Ty. Infelizmente, trabalhar para o FBI consistia em 5 por cento de perseguição e acompanhamento, 90 por cento de papelada, e 5 por cento em levar esporro de seu superior, de um repórter, ou de uma enfermeira que insistia que seus malditos pontos iriam arrebentar, ou da sua mãe. Ty preferia atropelar um cara e enfrentá-lo no Inner Harbor14, do que ter que sentar a bunda e preencher formulários. Ele arruinou o terno, mas foi um inferno de um bom dia. As noites de Ty se passaram de quatro maneiras neste mês de janeiro, até meados de fevereiro: na maioria dos dia ia direto ao trabalho, o que significava nenhum momento com Zane longe do trabalho; Ty estava jogando e treinando para o torneio de softball, depois ia para casa tarde da noite para encontrar Zane, ou sofria com outra apresentação dos idiotas do RP; e, em 14

Lugar histórico em Baltimore.

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seguida, casa. Para Zane. Ty ainda não estava muito certo como se sentia com todas essas novas responsabilidades que estavam tomando muito de seu tempo livre, então apenas não pensava muito nisso, apenas seguia o fluxo. O tempo passava quase despercebido, e Ty saiu para se encontrar com o seu parceiro em uma sexta à noite, para jantarem, depois de uma palestra particularmente angustiante para um grupo de crianças do ensino médio, que apenas queriam saber se ele era solteiro e se já tinha matado alguém; e não estava preparado para a confusão caótica que tinha encontrado. Chegou a um de seus restaurantes favoritos para encontrar Zane esperando por ele no estacionamento. O estacionamento estava cheio até a borda e transbordando, tanto do lado de dentro, como nos arredores. Uma multidão de pessoas esperavam do lado de fora na noite fria de fevereiro, alguns segurando pequenas campainhas para alertá-los quando a sua mesa estivesse pronta, alguns segurando seus casacos e se abraçando com suas namoradas. Ty nem sequer foi capaz de encontrar um local para estacionar seu Bronco. Ele conduziu até ver Zane sentado em sua moto, Ty não podia acreditar que ele estava pilotando a maldita coisa neste inverno frio e seco, e foi recebido com um sorriso sarcástico. “Dia dos namorados,” era a explicação que Ty precisava. Ambos haviam se esquecido completamente desta data e o fim de semana do feriado. Eles só queriam ter um bom jantar tranquilo depois das semanas estressantes, onde mal puderam ver um ao outro. Eles ainda estavam rindo de si mesmos, enquanto Ty conduzia até a sua casa em North Ann Street. Que grande casal romântico eles eram, se esquecendo do dia dos namorados, e sendo surpreendidos pela multidão. “Teremos que nos contentar com o que tem na geladeira,” Ty disse a Zane, enquanto fechava a porta contra o inverno congelante de Baltimore.

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Zane parou de repente, a jaqueta de couro parcialmente tirada, e se virou. “Você acha melhor que eu vá até a Whole Foods15?” ele perguntou, e provavelmente falava sério. Ty não cozinhava muito, e ambos sabiam como ele mantinha sua cozinha abastecida. “Dê-me um pouco de crédito, hein?” Ty disse a ele, parecendo insultado. “Tenho algumas... coisas lá dentro.” Zane levantou uma sobrancelha. “Bacon, ovos, queijo, leite, carne do almoço, pão, Dr. Pepper16, Mike’s Hard Lemonade17 que você finge que não está lá, chocolate, batatas chips, massa de biscoito de chocolate...”. Ty tentou desesperadamente não sorrir, pressionando os lábios com força, apesar de saber que deixava suas covinhas aparecendo. Zane o conhecia bem demais. Exceto a massa de biscoito de chocolate. Zane tinha comprado que para si e deixou para o lanche. Ele sabia muito bem que Ty não ligava para chocolate, por isso seria seguro. “Tenho costeletas de porco, e há alguns legumes enlatados para emergência no porão,” disse a Zane com um sorriso travesso. “Ao lado da água mineral engarrafada e da munição contra zumbis”. “É bom saber que estamos preparados e não vamos morrer de fome contra ataques de zumbis,” Zane disse tirando o casaco, e o pendurando no gancho ao lado da porta, dando uma piscadela preguiçosa por cima do ombro para Ty. “Tão crítico,” Ty murmurou enquanto observava Zane com prazer. Desde o constrangimento do Ano Novo, eles caíram em uma rotina confortável, uma que Ty estava feliz em ficar. Ele literalmente mergulhou de cabeça, e disse a Zane que o amava. Zane nunca retribuiu as palavras, mas depois que retornaram do navio de cruzeiro, depois do Natal, Ty havia notado que Zane não tinha recolocado a sua aliança de seu primeiro casamento. Isso era o suficiente para ele.

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Empresa de produtos de alimentos estadunidense. Refrigerante gaseificado, com corante de caramelo. 17 Uma mistura de vodka, sabores naturais e água gaseificada. 16

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Esse simples gesto indicava algo grande. Ty sabia o quanto a esposa de Zane significava para ele, e o inferno que ele passou depois que ela morreu. Zane ainda usava o anel, mesmo após seis anos de sua morte. Ver o dedo anelar de Zane nu, aquecia Ty de uma forma que poucas coisas poderiam fazer. Ele nunca mencionou isso, e nunca conversaram sobre o que Ty disse naquela noite no navio. De qualquer maneira, era melhor manter tudo em segredo. Zane estava feliz e relaxado. Ty estava feliz e... Bem, ainda cheio de tiques, mas não eram por culpa de Zane. Eles estavam felizes. “Então, faça o jantar, e eu vou recompensá-lo com favores sexuais.” “Parece bom para mim”, disse Zane, esticando as costas e rolando os ombros para se alongar. “Algo que você queira?” Ty simplesmente sorriu. Zane certamente sabia que, por Ty, ele pularia o jantar. Zane riu. “Comida, Grady, comida; ou você não terá energia para o sexo mais tarde.” ”Bem, então, vá logo pra lá,” Ty grunhiu para ele, conduzindo-o através da casa. Em pouco tempo, ambos estavam em roupas casuais e a cozinha de Ty estava iluminada e quente com as atividades. Zane não cozinhava com freqüência, mas, geralmente emergia suas habilidades culinárias para uma comida rápida, geralmente no jantar, quando estavam muito cansados depois de um dia de trabalho para comer fora. Depois de fazer uma busca na geladeira de Ty, armários e despensa, preparou costeletas de porco assadas, feijão verde, um pedaço de pão asiago da padaria da rua de baixo, e agora estava fazendo purê de batatas. A partir do zero, o que agradava Ty. Parecia uma tarefa tão doméstica para seu parceiro durão. As costelas chiavam no fogão, e Zane estava cortando uma pilha de batatas em uma tábua de corte, fazendo a faca se mover com rapidez e eficácia em suas mãos. Uma panela de água fervia em uma terceira boca no fogão atrás dele. Ty devotadamente ficou afastado, principalmente porque seria apertado, ambos tentando se mover na estreita cozinha. Além disso não gostava de cozinhar – muitas noites no deserto ou na selva, depois de perder um jogo de Pedra, Papel, Tesoura e ser forçado a ir caçar o jantar para toda a 43

equipe Recon – e raramente tinha tempo para cozinhar, mesmo que quisesse. Em vez disso, pairava em torno do balcão, observando. Ocasionalmente Zane olhava para ele, aparentemente para verificar se ele ainda estava por perto. Ty apoiou os cotovelos no balcão e segurou seu queixo nas mãos, tentando impedir sua inquietação. Zane terminou a segunda batata e olhou para Ty, pegando mais batatas em suas mãos em forma de concha. “Você está bem?” Zane perguntou. “Está inquieto.” Ty riu e estendeu a mão. “Você já me conhece?” ele perguntou, brincando. Zane encolheu um ombro, deixando cuidadosamente as batatas caírem na panela com água fervendo.”Eu acho que estamos meio à toda velocidade desde que voltamos do cruzeiro, mas achava que você poderia ter relaxado um pouco mais, pelo menos. Seu cabelo cresceu, assim você não precisa ser mais reclamar sobre isso; as piadas de gato finalmente morreram no trabalho, e sei que você está desfrutando dos jogos de softball.” “É engraçado, você poderia vir há um dos jogos,” Ty respondeu dando um olhar cuidadoso ao seu parceiro. Eles estavam prestes a estrear a liga de softball que estavam organizando neste fim de semana, e se transformou em um grande espetáculo, levando muito tempo de Ty. Pelo menos, ele gostava. Zane pegou a faca e começou a cortar mais uma vez, com um leve sorriso nos lábios. “Ir, como “assistir,” ou ir, como “jogar”?” ele perguntou. “Eu posso assistir, mas, jogar, nem tanto; eu e esportes na escola?” Ele balançou a cabeça. “Eu sei que você estava muito ocupado dançando quadrilha,” Ty demorou, tentando não sorrir. Zane riu, e colocando mais batatas picadas de lado na tábua de corte com as costas de uma das mãos. “Isso também,” admitiu. Ele olhou para Ty. “Eu pensava em me juntar à equipe de qualquer maneira, você sabe.” Ty sorriu, mas com a testa franzida. “Por que? EU pensei que você não gostasse.” 44

“Eu não gosto de fazer papel de bobo em público,” Zane concordou, voltando a cortar. “Mas, entre esses seminários malditos do RP e você nos treinos, temos a sorte de ter um par de noites por semana para nós, antes de simplesmente cairmos na cama exaustos.” Ty acenou em acordo, franzindo os lábios. Era verdade. E irritante. “Você quer que eu saia?” A cabeça de Zane virou, seus olhos se arregalaram de surpresa. “Não, não, você está se divertindo muito. Apenas pensei que eu poderia aprender um pouco fazendo algo que ambos pudéssemos participar; mas, imaginei que, por enquanto, as reuniões de AA são mais importantes”. Os lábios de Ty se contraíram, e ele levantou uma sobrancelha enquanto olhava para Zane. Ele não tocava no assunto das reuniões de Zane no AA. Ele nunca tocava. “Vou levá-lo até a arena uma noite dessas,” ele ofereceu no lugar. O sorriso de Zane reapareceu. “Feito.” Ty cantarolava de braços cruzados observando as mãos de Zane se moverem. Depois de alguns momentos de silêncio, olhou para as próprias mãos, virando-as e franzindo a testa para a marcade alinaça desaparecendo no dedo onde o anel de casamento falso tinha estado. Ele havia cortado o anel no final, mas o manteve guardado. Ele o guardou no andar de cima em uma caixa, escondido, junto das outras coisas que guardava de outros casos. A linha fina iria desaparecer em breve. “Se eu concordasse em ir a um jogo com você, você sairia para dançar comigo?” Zane sugeriu, jogando mais batatas picadas na água. Ty olhou para cima e bufou para ele. “Eu não me importo em dançar, apenas os clubes me deixam nervoso, muitas maneiras de ser morto.” “E luzes estroboscópicas,” Zane acrescentou, lembrando o que, obviamente, Ty tinha dito quando o arrastou a um clube de dança no navio de cruzeiro. “Eu ainda cuido de suas costas,” ele disse, encontrando os olhos de Ty uniformemente. 45

Ty olhou para ele, sentindo um arrepio percorrer-lhe a espinha quando olhou nos olhos escuros de Zane. Era frustrante às vezes como com um único olhar de Zane Ty desejava jogar tudo pela janela. Mas, principalmente, era divertido. Ty deu a volta ao redor do balcão para roubar um beijo de Zane, mas foi interrompido quando a banda do rádio da polícia, que estava em um canto pouco usado da cozinha, estalava para a vida, a voz soando em pânico, pois pedia reforço e o esquadrão anti-bombas. “10-79!” Ty se endireitou olhando para o rádio. O sinal era fraco o suficiente para que só pegasse as chamadas de seu bairro, alertando-o para qualquer coisa na vizinhança, que pudesse ser capaz de ajudar. O rádio raramente era acionado. Zane apoiou a faca e pegou uma toalha, secando as mãos enquanto se virava para ouvir, com uma carranca no rosto. “10-79”, o rádio novamente brigava com a estática. “501 East Pratt Street.” Outra voz respondeu, também soando em pânico e sem fôlego. Essas pessoas não estavam respondendo as chamadas oficiais da polícia; deviam estar de folga. ”Jesus, é o aquário,” Ty disse a Zane. Ty se levantou e se afastou do balcão enquanto Zane apagava as bocas de gás. “Onde é isso? Dez, doze blocos?” Zane perguntou, e se encaminhou até o sofá, colocando seu coldre no ombro, em um movimento rápido e praticado durante muito tempo, deslizando sua arma no lugar. Ty assentiu correndo em direção ao vestiário ao lado da porta, até uma gaveta na pequena mesa, onde guardava suas armas. Ele se apressou a colocar o seu coldre no ombro, deixando as tiras entrelaçadas sempre que o colocava, sem se importar. Zane pegou as chaves e jaqueta de couro. “Nós vamos chegar mais rápido a pé nesse horário,” Ty disse a ele abrindo a porta da frente. 46

“Eu vou pilotar entre os carros e subir em calçadas, se tiver que fazer,” respondeu Zane. Ty ficou parado na porta da frente, momentaneamente indeciso. Ele ficaria feliz em montar nas costas de Zane, na armadilha mortal que era a sua Valkyrie, se realmente achasse que seria mais rápido pelo tráfego de sexta-feira à noite, em direção ao Inner Harbor. Poderia ser. “Você pilota, eu vou correr,” disse a Zane, completamente sincero em sua crença de que poderia chegar lá mais rápido. “Nos encontramos lá,” Zane disse enquanto se dirigia para a sua moto estacionada em frente à casa de Ty. Ty pegou seu crachá que estava sobre a mesa, passando o cordão de seda sobre sua cabeça, fechando a porta da frente e passando pelo alpendre até a calçada. Ele correu em direção a Fleet Street, enquanto Zane sunbia na moto e ligava o motor. Zane puxou o descanso da moto, e colocou seu capacete sem afivelá-lo. Ty o observou tecer o tráfego pesado e seguiu Zane durante a metade do caminho de um quarteirão, mas, em seguida, ele fez o que apenas um homem a pé poderia fazer, e moveu sua bunda sobre algumas cerca, correu entre dois prédios, utilizando a técnica de parkour18; não era apenas uma questão de chegar ao aquário em tempo para ajudar, agora que era uma questão de orgulho. Ele não deixaria uma maldita moto ganhar, mesmo que se matasse para fazê-lo.

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Parkour (por vezes abreviado como PK) é uma atividade cujo princípio é mover-se de um ponto a outro o mais rápido e eficientemente possível, usando principalmente as habilidades do corpo humano. Criado para ajudar a superar obstáculos de qualquer natureza no ambiente circundante — desde galhos e pedras até grades e paredes de concreto — e pode ser praticado em áreas rurais e urbanas. Homens que praticam parkour são reconhecidos como traceurs e mulheres como traceuses’.

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Capítulo 03 “ESTA é uma transmissão especial, WBAL TV 11. Eu sou Andrea Gregg.” “A ameaça de bomba falsa na noite passada deixou policiais que estavam de folga e voluntários lutando para evacuar um grupo de crianças do Aquário de Baltimore. O aquário estava aberto naquela noite para um tour especial de Sea Life Safari, um programa noturno de educação para as crianças no jardim de infância até o segundo grau. O programa era oferecido para crianças e tinha cerca de quarenta durante o passeio.” A imagem mudou para um homem mais velho, sombrio, com cabelos grisalhos, usando uma polo azul bordada com o logotipo do aquário. Os títulos na legenda da TV, mostrava que era um instrutor. “Estávamos tendo um grande momento,” ele disse. “As crianças estavam realmente gostando do passeio, estávamos espalhados por todo o aquário em pequenos grupos para dar-lhes mais atenção, mas acabou ficando mais difícil levá-los para fora sem entrarem em pânico. Não queríamos que entrassem em pânico.” “Como você ficou sabendo sobre a ameaça de bomba?” perguntou a voz do repórter. “Um guarda de segurança se aproximou e me disse que precisávamos levar as crianças para fora rapidamente e em silêncio. Ele não me disse o motivo, apenas que tínhamos que sair naquele momento. Agora, você tem que entender, são crianças pequenas e estavam espalhadas pelo aquário, e só haviam dois adultos para cada dez crianças, o que normalmente é um bom número,” respondeu o homem, começando a divagar. O repórter cortou. “Então, você ordenou a evacuação das instalações.” ”A segurança começou a evacuação,” ele disse, começando a parecer um pouco nervoso. “Fizemos o mais rápido que podíamos.”

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A imagem voltou para o lado de fora do aquário com o rosto da repórter Andrea. “A WBAL Notícias chegou após a saída das primeiras crianças que estavam sendo escoltadas para fora do prédio, logo depois do primeiro carro da polícia chegar.” O quadro mudou para uma cena noturna bem iluminada na área ao longo do porto. Por alguns segundos crianças saiam pelas portas, algumas pulando e cantando, algumas correndo, outras sendo arrastadas pelos instrutores que tentavam levá-las diretamente para fora da porta da frente. A repórter começou a narrar. Dois carros da segurança estavam estacionados no meio-fio com as luzes azuis piscando, e havia policiais uniformizados a uns cinquenta metros do cais, próximo ao museu, levando as crianças para longe do edifício. Ao mesmo tempo, o ronco de um motor abafava as vozes das crianças. “Como mostramos nas imagens, vários oficiais de folga chegaram ao local.” A imagem se abalou e começou a filmar um homem correndo em direção ao aquário, atravessando o emaranhado de arbustos cuidadosamente tratados entre os edifícios. Ele saltou sobre uma barreira, literalmente usando apenas uma mão para apoiá-lo, correndo lateralmente contra a parede, e em seguida, pulou novamente outro obstáculo, correndo graciosamente em direção à entrada do aquário, saltando sobre barreiras e muretas de concreto. O crachá pendurado em seu pescoço foi fácil de identificar, pois a noite estava bem iluminada com as luzes do porto. “Lá!” Alguém da equipe de jornalismo gritou e a câmera se moveu novamente. A motocicleta azul cobalto entrou em velocidade no Pier 3 da Pratt Street, ao longo da parede de concreto, até derrapar e parar ao lado de um poste de luz. O homem na moto, jogou o capacete no chão, que bateu no concreto, em sua pressa em descer da moto, e a câmera deu um zoom em um distintivo em sua cintura, antes que ele se deslocasse para a direita, seguindo o homem que corria. Mais policiais a paisana começaram a chegar, a maioria a pé, outros em carros, e a câmera saltou de um para o outro, voltando sempre para os dois que tinham chegado de forma tão espetacular, e se encontraram em meros segundos no centro do pátio com alguns outros policiais 49

e, em seguida, correram até a entrada do aquário. A equipe de filmagem permaneceu na porta da frente por um momento, antes de ter que sair, quando os policiais saiam carregando uma criança em cada braço. “Com a ajuda extra dos policiais, a evacuação terminou rapidamente; fomos informados de que a notícia se espalhou de boca em boca, pelos rádios dos policiais, embora os oficiais não sejam obrigados a carregar seuss seus rádios, se não estiverem de plantão”. “O esquadrão de bombas chegou quando a evacuação terminou e, depois de procurar no edifício, declarou que foi um alarme falso. Apesar disso, pais e funcionários ficaram com raiva por tal ameaça ter sido feita.” A câmera deu um zoom nos dois homens, o motociclista e o corredor Parkour quando saíram do aquário. Eles pareciam descontentes. O corredor começou a encolher os ombros, mas o piloto o parou por tempo o suficiente para alcançá-lo e corrigir a alça torcida em seu coldre. A imagem moveu rapidamente da repórter para o corredor: ele usava uma jaqueta de couro marrom, tênis Converse, e estava com uma carranca profunda em seu rosto em formato de coração, juntamente com uma barba de um dia. “Desculpe-me, senhor! WBAL 11 TV; você correu até aqui, senhor? De onde você veio?” Parecia que o homem evitaria a câmera, colocando o ombro em direção a ela e dando a lente um olhar desconfiado. Então, olhou para seu companheiro, cujo cabelo escuro ainda estava despenteado do capacete da motocicleta que tinha descartado. Eles compartilharam um encolher de ombros. “Pode nos dizer para qual agência trabalha e por que está aqui?” A repórter insistiu, empurrando o microfone na direção dele. O corredor suspirou profundamente e olhou para a repórter. Ainda estava meio sem fôlego quando falou. “Sou agente especial do Federal Bureau of Investigation; meu parceiro e eu ouvimos o chamado pelo rádio e viemos ajudar”. Suas palavras tinham um caráter definitivo, como se isso fosse tudo o que ia dizer. E começou a se virar. 50

“Esta ameaça está ligada às outras? O que as agências de aplicação da lei de Baltimore pretendem fazer para impedir que essas ameaças continuem?” A repórter perguntou apressadamente. O homem parou com essa última pergunta, com a cabeça para baixo, e a câmera foi brevemente preenchida com seus ombros largos e o rosto de seu parceiro, que estava olhando para a repórter sobre e ombro, com os olhos apertados. Em seguida, o agente se virou e olhou a repórter de cima a baixo antes de virar os olhos diretamente para a câmera. “As agencias de aplicação da lei em Baltimore vão chutar essas ameaças na bunda,” ele respondeu asperamente, com os olhos estranhamente coloridos, piscando com raiva. Ele apontou um longo dedo para a câmera, como se estivesse falando diretamente com o líder dos atentados na cidade de Baltimore. “Nós vamos pegar você.” Um pai que estava por perto aplaudiu, e vários outros pais, funcionários do aquário, e oficiais irromperam em aplausos espontâneos para o homem e seu parceiro, que não estava conseguindo esconder um sorriso, e o afastou com uma mão sobre um dos ombros dele. A Imagem voltou para o chefe de polícia de Baltimore. “É claro que vamos considerar esta ameaça a sério, se não mais, do que as outras,” ele disse com firmeza. “As crianças de Baltimore são o nosso maior tesouro, e nós estamos trabalhando em estreita colaboração com o FBI para encontrar o autor desta farsa hedionda.”

***** “‘Farsa hedionda’? Quem fala assim?” O Agente Especial Scott Alston reclamou.

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“Sempre tente evitar uma aliteração19,” disse Ty com uma expressão séria. Alston deu uma gargalhada. “Cale-se,” McCoy estalou apontando o dedo para Ty. O departamento inteiro se reuniu em um dos auditórios sobre o piso principal do escritório de campo no sábado de manhã. As pessoas ainda estavam chegando enquanto McCoy tornava a passar o vídeo com o noticiário gravado. Ele puxou seu cabelo quando Ty apareceu na câmera, e Ty se afundou ainda mais em sua cadeira escondendo o rosto por trás de sua mão e tentando parecer menor. Ele sabia que estava na merda dessa vez. Mas diria tudo novamente se tivesse a oportunidade. ”E você, Garrett! Você estava lá! Você deveria ter pensado melhor antes de deixar Grady falar com um repórter!” McCoy adicionou de onde estava no pequeno palco, claramente com a cabeça cheia de raiva, e soltando vapor. Ty ouviu Zane suspirar, e mais nada. Ele virou o queixo e viu que Zane estava imóvel, olhando para McCoy, com os lábios pressionados. Ty sabia que isso significava que seu parceiro queria dizer algo, mas deixou passar. Ty teria gostado de tê-lo ouvido. Não era sempre que Zane mostrava o seu temperamento. Para a surpresa de Ty, não foi Zane que finalmente falou. Não era nem mesmo alguém de sua equipe. Era uma voz no fundo do auditório. “Senhor, com todo o respeito, mas já era a hora de alguém dizer isso.” Um estrondo de acordo percorreu o auditório. “Não estamos recebendo nada além de merda da imprensa e das pessoas lá fora desde que começaram esses ataques,” O Agente Especial Fred Perrimore acrescentou, sua voz profunda facilmente ouvida pelo auditório. “Então, hoje eu dirijo, e ninguém jogou balões de água em meu

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Aliteração é uma figura de linguagem que consiste em repetir sons consonantais idênticos ou semelhantes no início de palavras de uma frase ou de versos de uma poesia para criar sonoridade. No original, HEINOUS HOAX, portanto, aliteração.

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carro. Eles ainda estão gritando que deveríamos estar fazendo alguma coisa, mas já é uma melhoria.” McCoy começou a esfregar a ponte de seu nariz, mantendo os olhos fechados. Ty pigarreou e sentou-se reto. Ele tendia a pensar que precisavam de alguém para chutar as bundas; entretanto, era algo politicamente incorreto dizê-lo em voz alta, e ele não era pago para tomar essas decisões. Ele era pago para chutar algumas bundas, mas de forma discreta. “Sinto muito, Mac,” ele ofereceu. “Eu não devia ter dito aquilo, mas... As coisas não podem ficar piores.” “Você se transformou em um alvo, Grady!” McCoy gritou, obviamente, no fim de sua paciência. Zane finalmente falou. “Não mais do que o resto de nós,” ele disse calmamente. “Se eles soubessem o seu nome, teria aparecido durante a transmissão.” “Tem alguma ideia de quantas chamadas nós recebemos, pedindo a identidade dos dois agentes do FBI que estavam no aquário? Pode ser difícil descobrir quem são, mas vão descobrir eventualmente; por agora, estão chamando você de o ‘Cavaleiro’ e ele de o ‘Corredor’.” “Original,” Alston observou sarcasticamente olhando para Ty. ”Cativante,” Ty respondeu com um aceno de cabeça. “Pensei que a repórter fosse desmaiar quando você montou naquela H.O.G20, Garrett. Mandou bem,” disse Perrimore dando um soco nos bíceps de Zane. “Deve fazer uma boa impressão com as mulheres.” Zane apenas revirou os olhos, suspirou e balançou a cabeça. Ty sorriu para ele antes que pudesse se conter. Perrimore não saber que era uma Honda Valkyrie, e não uma Harley,

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Harley Owers Group – HOG

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provavelmente irritou Zane ainda mais do que o comentário de que ele usava a sua moto para pegar mulheres. “Só mais uma palavra nessa linha de raciocínio e eu vou começar a demitir,” McCoy ameaçou. “Agora, vamos receber o palestrante do Departamento de Relações Públicas aqui para termos uma conversa; e podem agradecer tudo o que quiserem ao Agente Especial Grady depois que isso aqui terminar,” ele anunciou para o auditório, e em seguida se afastou do palco e convocou o palestrante convidado a prosseguir. O cara do RP começou a repetir a transmissão de notícias para eles. A imagem mostrava Ty e Zane no vídeo, Ty estava falando, com o dedo apontado para a câmera, e nesse momento, vários agentes irromperam em vivas, assobios e aplausos. Ty se afundou ainda mais na cadeira e cobriu o rosto novamente, para que McCoy não o pegasse sorrindo e o demitisse. Ele sentiu um empurrão em seu dedo do pé, por outro pé. Dando um olhar de soslaio, seu parceiro lhe deu uma piscadela divertida. Zane lhe tinha dito ontem à noite que concordava com o que Ty tinha dito e a mensagem final, apesar do fato de que McCoy iria explodir. A previsão de Zane aconteceu. Havia muita tensão esta tarde. “Agora, eu tenho que admitir que o Agente Especial Grady poderia ter sido mais diplomático em sua manifestação,” disse o representante do RP, mostrando uma imagem perfeitamente alinhada, com dentes brancos extra-brilhantes: “Eu tenho que admitir que essa imagem pode até nos ajudar; as pessoas têm exigido ação, e este vídeo, mostra alguma ação e um ato de grande coragem.” “Agora, é assim mesmo que eles devem se dirigir a nós,” disse Ty com um aceno satisfeito. ”Oh Jesus,” Alston murmurou.”E, para ser franco,” extra-brilhantes continuou, “Esse vídeo está correndo pelas agências e em todas as TVs, e é o grande hit do momento. Grady e Garrett, parecem com aquelas antigas duplas de agentes patifes da TV.” Zane se engasgou com o gole de café, dando início a uma nova rodada de risos.

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“Bem,” disse Alston, alto o suficiente para apenas Ty e Zane ouvirem, “McCoy disse que vocês dois eram bem bonitos.” Ty apertou a ponta de seu nariz. Alston continuou rindo, até mesmo quando virou a cabeça. “... E, nós estimamos que a opinião pública do FBI aumentou uns oito por cento depois da primeira transmissão,” extra-brilhantes continuou. “Ooh, então Garrett e Grady são estrelas sensuais da TV agora,” A Agente Especial Michelle Clancy apontou, e Zane se virou para ela, dizendo: “Essas percentagens não significa nada”. “Isso significa que o Agente Especial Garrett,” extra-brilhantes, disse com um sorriso bajulador, “Que devido ao súbito aumento na sua popularidade, você e seu parceiro de alto nível, ganharam mais três meses de trabalho para a comunidade”. “Oh! Filho da puta!” Ty deixou escapar com uma enxurrada de movimentos de sua mão e um dos pés, permitindo outra onda de risadas por toda a sala de conferências. “Mas eu não falei nada!” Zane se discordou. “Sua imagem de motociclista bad-boy falou por você, Agente Especial Garrett,” extrabrilhantes apontou. “Você deveria ter pensado nisso antes de permitir o zoom da câmera naquela incrível derrapagem pelo cais, pilotando uma moto.” “Sim, Garrett, da próxima vez tente não mostrar a sua gostosura,” Ty atirou, cruzou os braços e afundou em sua cadeira como uma criança de mau humor. Mais aulas, mais palestras de como lidar com as pessoas e ser bom para elas. Ele estava ficando louco. “Eu não vou ganhar nenhum crédito por correr a mesma distância, e chegar ao mesmo tempo que ele, de moto? Vamos lá!” Houve um breve coro propagado pelo auditório, de “awwwws,” seguido pela voz arrastada de Alston, “E por que é que vocês...”

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“Nós fazemos compras no mesmo supermercado,” Zane disse docemente, cortando qualquer teoria que Alston estivesse começando a querer formar e colocar para fora. ”Ty não compra comida de verdade,” Alston observou com uma careta e Ty acenou para ele. “Vamos voltar aos negócios,” extra-brilhantes insistiu, pegando uma pilha de manuais e os distribuindo. “Ainda temos tempo para dar uma revisão geral nas orientações da Agência, sobre as melhores ações de relacionamento ao público.” Ty gemeu por dentro. Ele esperava que o apoio repentino de seus colegas agentes, pudesse contribuir para impedir a leitura do manual de regulamentos pela próxima hora, e acabasse tudo com um puta-tapa. Ele duvidava disso.

***** ZANE estacionou perto da ambulância que estava parada ao lado do campo de futebol e saiu, deixando o motor da picape e o aquecedor ligado. Só deu alguns passos até chegar na ambulância, que estava com as portas traseiras abertas, onde Ty estava sentado parecendo terrivelmente abatido. Sua camisa de baseball azul e cinza estava ao seu lado, e tinha a palavra “Feds” escrita em letras cursivas no peito, e estava coberta de poeira vermelha. O número doze e o nome “Bulldog”, foram costurados na parte de trás, onde o sobrenome dele deveria estar. Ty ainda usava uma camisa Under Armour21 azul escura que, neste momento, estava por fora de sua calça de beisebol cinza, e que abraçava o peito de Ty. Quando Zane parou ao seu lado, ele virou a cabeça e deu um sorriso tímido a Zane. “Ei,” ele cumprimentou. Depois de olhar Ty de cima a baixo, Zane sorriu. “Como está se sentindo?” 21

Camisa de marca esportiva.

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“Já tive noites melhores.” As palavras de Ty foram lentas e cuidadosas. Então, ergueu a mão direita, mostrando uma bandagem atlética branca. Seu dedo mindinho estava quase irreconhecível; e segurava uma bolsa de gelo descartável na outra mão, pressionando-a em suas costelas. “Fui atropelado por um bombeiro.” Zane não poderia deixar de rir. Uma EMT22 embrulhado em um pesado casaco assentiu solenemente. “Estou chocado por ele conseguir lembrar”. “Fique quieta,” Ty grunhiu para ela. ”Ele já pode sair?” “Já fiz todo o possível por ele,” ela respondeu, dando um aceno de cabeça e um tapinha no ombro de Ty. “Vamos, sua carruagem chegou,” Zane disse em tom de brincadeira, dando um passo para trás, indicando a sua picape. “Você conseguiu anotar o número do caminhão?” “Que caminhão?” Ty perguntou, deslizando cuidadosamente da ambulância, andando em torno dele. Ele não estava inteiramente firme quando pisou no solo, suas chuteiras se arrastando na grama. Ele parecia estar se movendo no piloto automático, com Zane conduzindo-o até o banco do passageiro. Zane o ajudou a entrar, fechou a porta, deu a volta até o lado do motorista, e subiu na picape. “O caminhão do bombeiro”. “Ele não usou um caminhão,” Ty respondeu com toda a sinceridade. “Sua camisa dizia que ele é o Tank; fui levantado homem, o cara me pegou e me jogou no chão. Deram-me Vicodin,” disse a Zane com uma carranca profunda, não parecendo notar seus pensamentos saltitantes. “O que aconteceu com você? Têm algo quebrado?” Zane perguntou, estendendo a mão, tentando pegar a mão embrulhada de Ty.

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Paramédico.

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“Me disseram que estava machucada e fraturada; o dedo foi deslocado, talvez uma costela fraturada. Tentei ouvir, mas a EMT tinha esse... “. Ty levantou a mão perto de sua garganta, parecia procurar a palavra certa, não seus olhos castanhos estavam bastante desfocados. “Realmente, era decotado... Eu me distraí.” Zane apertou os lábios para esconder o sorriso. “E eles validaram o ponto! Eu estava fora da base. Eu segurei a bola. Bem, estava na minha luva, de qualquer maneira, mas a luva caiu; deveria valer pelo menos meio ponto.” “Isso é terrível,” Zane murmurou, olhando para a bagunça de bandagens na mão de Ty. “É terrível, Zane! Estávamos por um ponto na frente!” Zane riu, deslocando a picape no trânsito. “Coloque seu cinto de segurança,” ele lembrou. “Vamos levar uma boa meia hora até a sua casa”. Ty assentiu, se mexendo com dificuldade. “Você estava ocupado?” ”Não, está tudo bem,” disse Zane, olhando para Ty enquanto dirigia. “Eu estava trabalhando nos detalhes do caso; uma noite calma.” Ele não mencionou que estava apenas passando o tempo, esperando Ty chegar em casa e chamá-lo. A temporada de softball estava em pleno vapor agora. Zane gostaria de assistir aos jogos, mas tinha ficado preso depois dos últimos acontecimentos previstos pelo RP de Baltimore. Ele torceu o nariz. Era mais um compromisso de trabalho para mantê-lo afastado de Ty. Ele realmente se ressentia de não ser capaz de assistir Ty em ação. “Você pode ficar comigo?” Ty perguntou, franzindo a testa, preocupado. “É claro que eu posso.” “Eu não posso ficar sozinho com essa medicação em meu corpo,” Ty disse a ele, acenando um pequeno pacote de papel, que Zane assumiu conter comprimidos de algum tipo. Zane franziu a testa, sentindo uma pontada de preocupação. “Por que não? Além de todos os sintomas de cair-ficar-maluco.” As reações de Ty às drogas variavam de histericamente engraçadas, para assustadoramente horríveis, e Zane não iria correr nenhum risco. Ele odiava 58

assumir que gostava quando Ty estava drogado, pois isso deixava seu parceiro doente. Mas, Ty parecia um grande urso de pelúcia, quente, acolhedor, firme e doce. “Bem, às vezes eu... Posso parar de respirar,” Ty explicou de forma improvisada, enquanto olhava para fora da janela da picape. Zane ficou absolutamente frio e agarrou o volante com tanta força que seus dedos ficaram brancos. “O que?” ele perguntou, em um tom crescente, com acentuada surpresa. “Só um pouco, é como se meu corpo se esquecesse de que precisa de ar,” Ty mostrava a mesma atitude arrogante e despreocupada como lidava com todas as situações, e eventualmente, risco de vida se encontrava nessa categoria. “E, geralmente, não por muito tempo.” “Porra! Jesus Cristo! Ty, você não acha que essa infromação era algo que eu deveria saber?” Zane perguntou, a voz saindo dura de preocupação. “Mas eu lhe disse,” Ty disse com a voz magoada. “Você já tomou alguma coisa?” Zane respirou fundo e se obrigou a relaxar, mas seu pulso estava acelerado e batendo forte. “Bem, agora estou realmente feliz por você ter me chamado, porque os EpiPens23 estão espalhados por sua casa.” ”Desculpe,” Ty ofereceu sinceramente. Zane suspirou quando parou a picape no sinal vermelho e estendeu sua mão no ombro de Ty. Ele balançou a cabeça ligeiramente. Apenas a ideia de perder Ty bateu forte no peito de Zane. Quando chegaram à casa, ele foi procurar um ou dois desses injetores que Ty guardava, e manteve pelo menos um de fácil acesso em todos os momentos. As reações alérgicas de Ty eram estranhas quando aconteciam e imprevisíveis, e Zane precisava estar melhor preparado. “Vai ficar tudo bem, a paramédica quente me deu o seu número de telefone, caso eu precisasse de ajuda,” Ty continuou, a mão boa fracamente perseguindo a de Zane. “Ela joga na primeira base.” “Isso é bom.” 23

Antialérgico injetável.

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“Prefiro estar com você.” Zane se esforçou para disfarçar a preocupação. “É realmente bom ouvir isso de você; e aposto que nunca me diria isso se não estivesse drogado.” “Não, mesmo.” Ty disse alegremente; e olhou para Zane com um sorriso quase sereno. Zane se inclinou e capturou os lábios de Ty em um beijo terno e rápido antes de pisar no pedal do acelerador. “Devo dizer-lhe mais vezes,” Ty sussurrou, sem se mover de onde Zane o deixou, o lado de sua cabeça apoiada contra o assento. Zane olhou para fora do pára-brisa na rua movimentada enquanto dirigia. Depois de um longo silêncio, ele estendeu a mão para pegar na mão boa de Ty, e a levantou para dar beijos nos dedos manchados de sujeira. “Eu não iria me importar de ouvir isso mais vezes,” ele disse, as palavras saindo mais roucas do que esperava. Quando Ty não respondeu, Zane apertou sua mão delicadamente e a soltou, notando que o braço de Ty estava mole. Ele olhou para ver Ty caindo de lado, cochilando, com a respiração irregular, mas constante. Zane não poderia deixar de revirar os olhos e sorrir. Ele manteve a mão na coxa de Ty, e se concentrou em levá-los para casa.

***** Para entrar no complexo de beisebol, Pierce teria que arrombar a fechadura ou estacionar seu carro na rua, correndo o risco de receber uma multa, enquanto pulava a cerca. Ele conhecia histórias de crimes. Muitas pessoas já foram pegas porque estacionaram no lugar errado, na hora errada. Havia um carro no estacionamento, era um modelo Bronco antigo, da Ford, com vários adesivos vintage nas janelas. Pierce sabia a quem pertencia: era do Agente Federal que o tinha convocado no noticiário local. Pierce fez sua pesquisa. Ele mesmo sabia o nome do homem. Grady. Tyler Grady. 60

Pierce zombou quando lembrava do noticiário. O homem tinha coragem para falar merda, mesmo não tendo nenhuma pista. Mas, agora Pierce tinha planos para ele também. Ele não sabia por que o carro foi deixado para trás, mas iria resolver seu problema de ter que encontrar o endereço de Grady. Grady não era a sua única pesquisa. Ele também pesquisava em como arrombar fechaduras, e estava razoavelmente certo de que poderia fazê-lo. Os outros ficaram no carro enquanto ele concluía sua missão. Podia senti-los ficarem cada vez mais impacientes, através das janelas abertas, enquanto ele lutava com o conjunto de arrombamento que tinha comprado no eBay. Por fim, xingou e voltou para o SUV. “Eu vou conseguir,” ele disse a seus companheiros, e apontou para Ross e Hannah no banco traseiro. “Vocês dois fiquem no carro, e se alguém aparecer, apenas acendam um baseado e comecem a se agarrar, endentaram?” Não gostaram muito da ideia de serem deixados para trás, mas acenaram com a cabeça. Ele acenou para Graham, o último membro de seu pequeno grupo, para acompanhá-lo. Então, Pierce pegou outro equipamento na parte de trás do carro, entregou um dos sacos, e levou o outro, voltando ao estacionamento fechado, em frente ao primeiro campo de futebol, onde todos os jogos do campeonato municipal estavam acontecendo. Quando chegaram ao home plate24, Pierce cautelosamente pegou a bomba caseira do saco e a colocou ao lado dele no chão, sorrindo com uma pequena quantia de orgulho. “Nós vamos ter que enterrar?” Perguntou Graham. Mesmo no escuro, foi fácil ver em seu rosto, o seu olhar ácido.

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Home Plate.

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“Nós temos que escondê-la,” Pierce disse levianamente. Ele já tinha explicado tudo, e não havia a menor possibilidade de tornar a explicar, não aqui, no aberto, quando o tempo era essencial. Graham resmungou à medida que começava a trabalhar, cavando o home plate. No momento em que tinham um espaço grande o suficiente sob a placa, para que o dispositivo se encaixasse; ambos estavam cobertos de suor e com uma fina camada de poeira vermelha. Eles firmaram o dispositivo dentro do buraco, ambos se esforçando para deixá-lo o melhor possível. Tinha que ser perfeito, ou o interruptor de pressão no topo não iria se ativar, a menos que alguém estivesse em cima da placa. Era uma bomba potente. O suficiente para deixar uma cratera onde o home plate estava e matar todo mundo em um raio de dez metros, mesmo que estivesse enterrada, quando acionasse. Pierce percebeu tardiamente que não iria ser capaz de esconder todo o excesso de sujeira, franziu a testa e a enxugou. O ar estava frio contra sua pele, mas a adrenalina estava alta, lutando contra o frio amargo. Seu plano estava indo bem até agora, pois era muito esperto, e planejava tudo com muita antecedência. Depois que a explosão das primeiras bombas correu bem, ele teve que armar a farsa no aquário, o que foi bem fácil, pois pretendia verificar o tempo de resposta da cidade em uma emergência. “Comece colocando a sujeira extra no saco, vou colocar o interruptor,” ele ordenou. “Não podemos apenas espalhar pelo campo?” “São policiais, cara; só não irão perceber que colocamos mais quatro quilos de sujeira extra aqui na parte da manhã é se estiverem bêbados.” “Tudo bem,” Graham murmurou. “Anda logo, e se certifique de deixar a placa em linha reta; ainda temos mais uma coisa para fazer,” Pierce resmungou enquanto olhava o Bronco nas sombras, no estacionamento do parque. Ele iria mostrar ao Sr. Misterioso B. Tyler Grady o que era ganhar um chute no traseiro. 62

Capítulo 04 A PRIMEIRA coisa que Ty notou foi que estava quente. O ar que inalava, onde estava deitado, o que foi jogado em cima dele - incluindo um corpo pesado que estava contra o seu; tudo era bastante quente. Para adicionar, quando cautelosamente abriu o olho, estava claro e ensolarado, porque as cortinas estavam apenas meio fechadas. Sua cabeça parecia que estava cheia de algodão, e seus membros estavam pesados e não cooperativos. Ele gemeu e começou a empurrar os lençóis e o peso morto contra ele. Ele se moveu quase imediatamente e rolou para longe. “Você está bem?” Zane disse, a voz áspera de sono. “Quente,” Ty grunhiu acusador. Ele empurrou Zane novamente e estremeceu com a pressão sobre seu corpo dolorido. Zane se afastou, e o calor irradiando dele desapareceu. Ele também afastou o cobertor, deixando apenas um lençol de algodão fino sobre a parte inferior do corpo de Ty. Ty chutou com uma perna, se livrando do lençol, fechou os olhos e ergueu o queixo, sentindo o ar frio bater nele. “Melhor,” ele murmurou, embora seus ouvidos perecessem estar zumbindo, como se estivesse de ressaca. Zane se deslocou mais, se movendo no colchão. “Como você está se sentindo?” “Como se tivesse sido atingido por um caminhão,” Ty respondeu melancolicamente. “Na verdade, você disse que foi por um Tank.” A cama se moveu de novo, e Zane levantou do colchão. “Dolorido?” Ty abriu os olhos para acompanhar Zane ao redor do quarto. “Um pouco, sim,” admitiu. Ele tentou sentar-se lentamente, mas voltou para baixo com um gemido. “Muito, e parece que estou de ressaca.” 63

Zane parou ao seu lado. “O que posso fazer por você?” Ele estava observando Ty em clara preocupação. Ty acenou para ele e balançou a cabeça, em seguida, fez uma careta. Ele fechou os olhos e esfregou os dedos lentamente pela testa, massageando e tentando fazer com que a sensação de algodão fosse embora. Era raro se sentir assim, e nem sequer pensou em passar a mão no corpo de Zane, quando acordou ao lado dele. “Que horas são?” “Cerca de nove horas.” Ty sentou-se rapidamente, lamentando imediatamente, mesmo quando afastou o que restava dos lençóis, tentando sair da cama. “Vou chegar atrasado!” “Atrasado para o quê? É domingo de manhã,” disse Zane, dando um passo para trás, para sair do caminho de Ty. “O jogo! Ontem foi apenas a primeira rodada do estúpido torneio”. Ty deu um passo e parou de repente quando o quarto oscilou em torno dele. “Whoa”. Zane estava de repente lá, com as mãos sob os cotovelos de Ty, para ajudá-lo a recuperar o equilíbrio. “Você vai voltar a jogar depois de ter se machucado na noite passada?” Ele não queria soar tão incrédulo ou mesmo questionador. Mas queria ter certeza de que tinha entendido corretamente. Ty balançou a cabeça e piscou rapidamente, então se concentrou em Zane e balançou a cabeça, quando conseguiu se firmar. “Não estou muito machucado.” “Lembro-me de ouvir as palavras ‘costela fraturada’.” “Eles não vão me deixar ficar o tempo todo no campo, ou algo assim.” “Sua mão direita está machucada.” “Então eu vou jogar com a esquerda,” Ty falou teimosamente. Zane abaixou o queixo para tentar travar nos olhos Ty. “Não é com a dor que estou preocupado.” “O que foi?” 64

”Você está um pouco instável,” Zane apontou. “Mesmo se não jogar todo o tempo.” Ele se endireitou e deixou as mãos pousarem nos braços de Ty. “Mas, se você quiser ir, eu vou levá-lo.” Ty tinha que concordar que não estava em condições de conduzir naquele momento, mas se começasse a se movimentar e se conseguisse ficar acordado, iria ajudar. Ele não tinha certeza se um jogo de softball seria interessante para Zane. Ele sabia que o ceticismo era evidente em seus olhos, quanto assentiu. “Os jogos podem durar algumas horas.” “Eu gosto de assistir esportes, Ty”. Então Zane piscou e deu um leve sorriso. “Especialmente olhar os homens usando calças de uniforme.” Ty revirou os olhos e apontou para Zane enquanto se movia em direção à porta do quarto. “Não me cobice na frente dos meus colegas de trabalho e jogos,” alertou. Ele se virou e fez uma careta quando todo o seu corpo protestou. Ele gemeu e se encostou no batente da porta, encostando a cabeça por um momento. “Cristo, estou dolorido,” ele murmurou. “Se você tomar um Vicodin, você ficará seriamente louco,” disse Zane solícito. Ty fez uma careta e olhou para seu dedo, sua outra mão estava em suas costelas doloridas. “Ty, olhe para mim,” Zane pediu. Ty olhou para ele, obediente, incapaz de tirar a carranca de seu rosto. ”Se você está sofrendo, tome os comprimidos. Você não se estressa mais quando toma cerveja na frente de mim. Por que o estresse sobre isso?” Ele estava usando a lógica, e não queria soar chateado. “Você tem certeza?” Ty perguntou de qualquer maneira. Ele não queria acenar medicamentos prescritos no rosto de Zane. “Talvez eu possa simplesmente sentar e ficar observando o jogo, não é como se o mundo fosse acabar se eu não jogar, ou qualquer coisa assim.” “Como se isso fosse acontecer.” Zane balançou a cabeça enquanto ria. Ele pegou o jeans que jazia dobrado sobre a cômoda e caminhou até ficar na frente dele. Era o par favorito de Ty, roubado de sua última missão disfarçada. Eles se encaixavamm bem em Zane, seus quatro ou seis centímetros extra de altura, eram principalmente no torso, de qualquer maneira. Depois de um 65

sorriso, se inclinou para beijar o canto da boca de Ty. “Obrigado por se importar comigo, e se preocupar com isso; agora vá tomar a maldita pílula, ou metade, uma inteira poderá te derrubar. Elas estão no balcão do banheiro.” Ty murmurou enquanto se virava em direção ao banheiro. Se ele tomasse uma metade agora e outra metade em poucas horas, poderia conseguir jogar, e então passaria o resto do dia dormindo antes de ir trabalhar na segunda de manhã. Se ele não tomasse, poderia ser capaz de entregar o jogo, mas sua caixa torácica machucada já estava gritando apenas com o esforço de rolar para fora da cama. Ficou olhando para o pequeno pacote, indeciso por um longo momento antes de pegar as pílulas e jogá-las em sua mão. Ele pegou uma da pilha, jogou o resto de volta no pacote, e em seguida puxou a pílula para tentar quebrá-la ao meio. Ele amaldiçoou quando não conseguiu arrumar nada para dividi-la ao meio, como era suposto, pegou outra e tentou dividi-la também. Depois de tentar com cada uma das pílulas e não conseguir nada, rosnou baixinho e amaldiçoou. Seus dedos não estavam trabalhando como deveriam. Em vez de pedir a Zane para ajudá-lo, colocou um comprimido inteiro em sua boca e engoliu com um estremecimento ao sentir o gosto amargo. Um comprimido a cada seis horas, seria o mesmo que meio a cada três, certo? Na verdade não, mas teria que dar certo. Ele continuou a murmurar para si mesmo enquanto se apressava para se preparar para o jogo. Depois de mais alguns minutos, se juntou a Zane lá embaixo. “Precisa de ajuda?” Perguntou Zane. “Você acha que pode encontrar minhas chuteiras?” Ty pediu, abotoando a camisa cinza dos Feds, sentindo os dedos bem grossos. “Claro,” Zane disse amigavelmente, e se dirigiu para a porta da frente. Ty ainda estava colocando e ajustando a camisa Under Armour que usava por baixo, quando Zane trouxe suas chuteiras sujas para ele. Ty podia sentir aquela pílula começar a 66

trabalhar. Agora ele começou a questionar a sabedoria de tomá-la, e se perguntou se era tarde demais para colocá-la para fora. Geralmente, essas pílulas levavam mais tempo para acertá-lo. Zane o olhou de cima a baixo com um pequeno sorriso, gesticulando com um dedo para que Ty fizesse um círculo. “O que foi?” Ty franziu a testa em desconfiança, mas estendeu as mãos ao lado do corpo e virou em um círculo lento, conforme solicitado. Quando completou o movimento para enfrentar Zane novamente, ele viu Zane observando-o, mordendo o lábio inferior. “Bem, vai ser um excelente jogo,” Zane murmurou de onde estava. Ty bufou para ele e, inexplicavelmente, se encontrou corando sob o escrutínio de Zane. “Você é um idiota, Garrett,” ele murmurou enquanto se movia para pegar as chuteiras. “Assim disse o cara usando calças muito apertadas no traseiro,” Zane disse, meio rindo quando pegou sua carteira e as chaves. “Vamos lá, uma parada para comida e em seguida, campo de futebol.”

***** HAVIA um SUV parado perto da Frist Maryland Bank. Pierce olhou para o relógio. O primeiro jogo estava programado para começar em dez minutos. Como planejou direito, a explosão levaria, pelo menos, metade da multidão, e mais os jogadores. Ele sorriu. A maioria era policiais, além de bombeiros e paramédicos. Outros, como os espectadores, seriam apenas danos colaterais. Seria bem feito, uma lição por assistir os jogos dos porcos25 ou pagar por esse espetáculo. Além disso, as mortes excedentes seriam uma distração bem vinda para o assalto ao banco no outro lado da cidade. Ele esperava que alguém pisasse na placa durante o hino nacional. Seria um caos, pânico, desordem, tudo o que precedesse. 25

Gíria que se refere a policiais.

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Seria brilhante. Ele colocou na banda da rádio da polícia, esperando pelas chamadas inevitáveis de ambulâncias, carros de bombeiros e esquadrões de bombas. Ele só desejava que pudesse estar lá para vê-lo explodir.

***** HAVIA um grande número de veículos nos estacionamentos, ruas e áreas gramadas em torno do campo de jogo, o que surpreendeu Zane. Claro, era um torneio de softball em uma tarde de domingo, mas wow. Havia pessoas em todos os lugares, em vários estágios de roupas de inverno. O que o lembrava de uma feira de condado, com todos os fornecedores, para angariação de fundos. Ele quase esperava sentir o cheiro de churrasco, mas aqui não era o Texas. Estava em Baltimore, onde sentia o doce aroma das tortas fritas. “Onde você deixou o Bronco?” Zane perguntou. “No canto mais distante,” Ty respondeu imediatamente, apontando em direção à borda do estádio, onde havia várias árvores com galhos nus e finos pairando sobre os carros estacionados na grama. Zane tentou encontrar um espaço perto dele, mas acabou indo na direção oposta, para estacionar mais próximo do campo para que Ty não pudesse ter que andar muito. “Deixe-me adivinhar, está estacionado bem longe das bolas de falta.” Ty olhava o seu Ford carinhosamente. Zane nunca tinha visto nada de especial naquele antigo SUV, exceto pelo fato de que Ty a amava, e Ty estava confiante de que o veículo era um ela. O Bronco era um Ford modelo 88, verde, bem polido, e cada centímetro dele foi cuidadosamente bem tratado, com as peças todas originais. Pelo o que Zane ouviu do irmão de Ty, Deuce, Ty tinha o Bronco desde que estava no colégio. Ele o resgatou de um depósito de sucata e o reformou todo. O pára-brisa dianteiro estava marcado com os restos de antigos decalques, alguns deles mantendo 68

a forma dos suas antigas etiquetas, além do decalque da base da Marinha em Camp Lejeune. Havia mais decalques nas arestas das janelas traseiras e nas laterais. Zane nunca tinha parado para olhar para todos eles, mas achava que havia umas dezenas. Havia um adesivo branco, bem proeminente, no vidro traseiro que dizia “Semper Fidelis”, e abaixo a águia USMC, o globo e âncora. Havia vários decalques menores espalhados, indicando certos trechos da Appalachian Trail. Um quadrado amarelo com uma cobra enrolada familiar e as palavras: Não pise em mim. Um velho adesivo que já tinha visto dias melhores, que parecia a Zane uma estrela náutica. Havia um logotipo da Smith & Wesson. Em vários lugares, onde pudesse ver, um símbolo da flor de lis do New Orleans Saints, um dos Tomahawk Atlanta Braves, um desbotado Grateful Dead, com os dizeres: “Roubo de face”, e um M muito antigo, com um círculo sobre ele, e Zane sabia que era o símbolo do Ironman Triathlon. Um adesivo mais recente ostentava a escrita árabe estilizada, enunciando: “Infiel” com um rifle de assalto sendo usado como um I maiúsculo. Em contraste, na janela em frente, havia o símbolo do OM. E no centro de uma das janelas traseiras, havia um adesivo com um prisioneiro de guerra em preto POW / MIA26. O Bronco e os seus adesivos revelavam muito da vida de Ty, oferecendo vislumbres de seu coração e alma. Se Ty realmente queria expressar isso, não saberia dizer. Zane sabia que Ty já tinha viajado para muitos lugares com o carro, já até serviu como sua casa enquanto Ty estava passando por períodos de transição em sua vida. “Alguém ainda pode tentar acertar uma bola lá, principalmente as bolas de falta,” Ty reclamou. Zane desenhou um sorriso. “Isso seria horrível,” ele simpatizou. “Eu sei!” Ty exclamou com toda a sinceridade. Ele se inclinou para frente em seu assento, vasculhando a mochila, que estava chão, tirou as chuteiras que havia se recusado a colocar antes de entrar no carro.

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A sigla significa Prisioners of War Missing In Action (prisioneiros de guerra perdidos em ação).

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Zane deu de ombros, embora se divertisse com absoluta seriedade de Ty. “Se alguém jogasse uma bola de softball na minha Valkyrie, eu retribuiria a bolada.” “Jogando fica diferente; a bola pega velocidade com a tacada,” Ty explicou, abrindo a porta do lado do passageiro, tentando sair do carro sem desafivelar o cinto de segurança. Ele grunhiu quando o cinto apertou, em seguida, se atrapalhou brevemente para tirá-lo e soltá-lo, antes de sair da picape com os tênis e os equipamentos, desaparecendo de vista. “Estou bem,” Zane ouviu de Ty, que se afastava. “Ele está bem,” Zane murmurou pegando o boné e uma bola que estava no chão, pegou as chaves e saiu da picape também. Ele deu a volta até o lado do passageiro, meio que esperando ver Ty caído. Ele conseguiu se recompor, embora estivesse curvado, colocando seus pés em suas chuteiras. Sua bolsa com seu equipamento, estava sobre o ombro, a alça do bastão estava pendurada em suas costas. Ele estava amarrando seu sapato, e quando terminou, se levantou e deu a Zane um sorriso torto. Zane estendeu o boné azul do FBI. “Você vai precisar disso.” Ty o pegou e o pôs na cabeça. “Nunca usei esse boné em um jogo, é tipo uma máscara,” disse a Zane. Ele acenou com a cabeça em direção ao campo e começou a andar. “Você não precisa ficar, sabe; têm muitas câmeras de notícias por aqui.” Zane franziu a testa enquanto o seguia, verificando a imprensa. “Eu sei; você quer que eu vá?” ele perguntou timidamente. Ty poderia ser difícil de ler, e desde quando adicionou a declaração de amor dele no mix, lidar com ele era quase como navegar em um campo minado para Zane. Eles ainda não tinham tido a conversa, versus suas peculiaridades, e partilhar ainda não era uma habilidade forte para eles. Este era o cenário de Ty, e Zane não tinha certeza se era bem-vindo aqui. “Não,” Ty respondeu firme, se virou e olhou para Zane, em seguida, estendeu a mão e pegou o boné de novo, entregando-o a Zane, como se ele tivesse esquecido que tinha acabado de 70

colocá-lo. “Eu apenas não quero que você fique entediado. Coloque isso aqui, as pessoas vão saber que você é um dos bandidos.” “Um dos bandidos?” Zane riu, mas colocou o boné confortavelmente em sua cabeça. Tinha o cheiro de Ty, o que já valia a pena usá-lo. “Bem, as outras equipes gostam de nos odiar.” As chuteiras de Ty clicavam no concreto quando ele andava, e mesmo que Zane soubesse que ele tinha acabado de tomar a medicação, ele não parecia excessivamente descoordenado ou pateta. Eles passaram por uma multidão de fãs e vários outros times, incluindo o de aplicação local da lei, algumas companhias de seguros, e até o hospital da área disponibilizou um posto. Dobraram uma esquina e encontraram a equipe do FBI. Mais uma vez, Zane ficou surpreso com o número de pessoas envolvidas, especialmente aqui no frio, em meados de fevereiro. Ele tinha ouvido que Ty foi um dos principais responsáveis pela organização da liga, cobrando favores, oferecendo contatos, e se encontrando com vários líderes ao redor da cidade. Vendo o espetáculo agora, Zane percebeu o quão conectado era seu parceiro. Subitamente, eles foram atacados por alguns jovens repórteres empertigados com perguntas e suas respectivas câmeras. Ty apenas sorriu e acenou, dizendo-lhes: “Depois do jogo, ok?” “Jesus, você não estava brincando quando disse que isso tinha crescido,” Zane murmurou, se mantendo perto de Ty, como se fosse uma proteção contra a máfia. “Por que não tenho ouvido mais sobre esse evento?” ”Porque você trabalha para viver,” Ty respondeu, mexendo na gola de sua camisa Under Armour. Ele estava ficando cada vez mais inquieto enquanto andavam; no entanto, não era particularmente incomum para Zane ver Ty assim. Ele estava prestes a responder a provocação de Ty, quando alguém chamou a atenção dele. “Estávamos começando a nos perguntar se você viria, Grady. Você perdeu o hino nacional,” Scott Alston disse enquanto caminhava até eles. Ele estava usando o mesmo uniforme 71

de Ty, no entanto, a sua camiseta estava dentro da calça, seu cinto estava fechado e sua camisa no lugar. Zane tinha ouvido falar que todas as equipes tinham dado apelidos aos seus jogadores, o de Ty, era ‘Bulldog’. Alguns eram mais interessantes do que outros. De onde estava, Zane podia ver que o apelido de Alston era ‘Tinman’27. Tinha que haver uma história por trás desse apelido. Alston olhou para Zane e estendeu a mão, claramente surpreso ao vê-lo ali. “Não perdeu um grande negócio, a menos que você estivesse programado para cantar, certo? Garrett, é bom ver você.” “Obrigado,” Zane disse, apertando a mão de Alston. “Pensei em torcer para a equipe. Ele deveria cantar?” “Certo.” Alston balançou a cabeça lentamente e olhou entre eles atentamente. “Ele estava muito drogado para dirigir, não é mesmo?” “Grady? Drogado? Isso nunca acontecerá,” Zane respondeu, olhando dentro dos olhos de Alston, sem pestanejar. “Claro que não,” Alston disse com uma risada. Ele estendeu a mão e pegou na mão de Ty com a sua, olhando o curativo nos dedos dele. “Eu vejo que você usará uma luva na sua mão esquerda hoje. Quebrada ou apenas fraturada?” Ty deu um passo e puxou sua mão. “Sente-se no meu dedo e gire, Scott,” ele murmurou enquanto passava por ele, indo em direção a um grupo maior de jogadores. Alston riu bastante e olhou para Zane com uma sobrancelha levantada. Zane deu de ombros, impotente. “Ele disse que queria jogar.” “Ele sempre quer jogar,” Alston assegurou. “Isso é o que ele estava dizendo a noite passada quando nós o desenterramos do chão.” ”Estive lá,” Zane disse secamente. “Ty pode cantar?”

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Funileiro.

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Alston apenas riu, achando que Zane estava brincando, e Zane deixou pra lá, sentindo-se estúpido por não saber algo assim sobre seu parceiro. Seu amante. Ele olhou em volta, reconhecendo alguns outros membros da equipe e espectadores. “Vou ficar por perto, e relaxar.” Ele fez uma pausa, e depois olhou para onde Ty estava. “Eu poderia perguntar onde estão os paramédicos, apenas no caso dele precisar.” “Não se preocupe, uma delas tem tesão por Grady; ela vai cuidar dele se ele se machucar,” Alston disse a ele, se virou, acenando por cima do ombro. “Obrigado por trazê-lo!” Zane acenou para ele, e se virou para as arquibancadas agora que a equipe tinha se afastado. Estava quase cheia, mas pelo menos teria algum espaço para esticar as pernas se fosse cuidadoso. Ele tinha acabado de começar a andar na direção das arquibancadas quando ouviu o estalido de chuteiras atrás dele. Ty agarrou seu cotovelo para detê-lo; Zane parou e olhou o seu parceiro. Os olhos castanhos de Ty estavam brilhando à luz do sol, ele deu um sorriso torto, e afastou a mão do braço de Zane. “Obrigado por me trazer, Zane,” ele disse, dando um tapinha carinhoso na barriga de Zane, e então se virou e correu de volta para o banco de reservas do outro lado do campo, sem esperar a resposta de Zane. Zane ficou olhando para ele, preso ao chão, e não era a bunda de Ty, bem marcada naquelas calças, que tinha chamado a sua atenção. Não, foi o flash de luz nos olhos de Ty, que atingiu Zane direito em seu corpo, o deixando sem fôlego. Ele teve que tentar engolir duas vezes, e seu rosto estava quente no ar fresco. Ele piscou com força antes de perceber que estava com a boca aberta, e se forçou a voltar a caminhar até as arquibancadas. Essas pequenas ações ocasionais reforçavam e convenciam Zane de que Ty estava dizendo a verdade sobre o amor que sentia por ele. Esse sentimento rolava sobre Zane que sentiu uma onda de tontura. Zane fechou os olhos com força e os abriu, e Ty entrou em foco, do outro lado da cerca. Zane sabia, quase conscientemente, onde olhar.

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Uma jovem menina, provavelmente do primário, de repente entrou em sua linha de visão, subiu as arquibancadas com destreza, e sentou-se ao lado dele, como se ela desejasse estar lá. Ela deu-lhe um sorriso alegre. “Oi.” Zane deu outra olhada em Ty, antes de se fixar seu olhar nela. “Oi,” ele disse, um pouco surpreso. Ele não era o tipo de cara que as crianças se aproximavam. Era muito alto, seus ombros largos, musculoso, cabelos e olhos escuros, jaqueta de couro e botas pesadas, um tipo imponente. Mas, parecia que a menininha não se intimidava. “Eu sou Elaina,” ela disse, estendendo a sua mão pequena para apertar a dele. “Você é um amigo de Ty?” Sua mão engoliu a dela quando a segurou delicadamente. “Eu sou Zane; Ty é o meu parceiro. Prazer em conhecê-la, Elaina.” “Prazer em conhecê-lo!” ela disse com entusiasmo. Ela deu a volta na cerca de metal frio da arquibancada, para sentar-se exatamente ao lado dele, olhando para o campo como se fosse dela. “Mamãe me disse para encontrar alguém que tivesse FBI em suas roupas; então eu vi você falando com Ty, então eu sabia que seria seguro. Ele e mamãe costumavam sair,” disse a Zane com todo o tato de uma criança de oito anos de idade. Zane abafou uma risada enquanto a olhava, intrigado. “E quem é a mamãe?” “Ela joga na segunda base, é a número cinco.” Elaina apontou em direção ao campo, onde a equipe do FBI estava espalhada, começando a esquentar. A camisa cinco era uma morena atraente, atlética, bronzeada e sorridente. O apelido em seu uniforme era ‘Lefty’28, entretanto, ela estava jogando com a mão direita. Zane não tinha nenhuma dificuldade imaginando-a com Ty. “Você vem a todos os jogos?” Zane perguntou, optando por conversa fiada. “Oh, sim, nós somos a melhor equipe aqui,” a menina comentou orgulhosamente. “Bem, talvez tenha outra boa também; mas os bombeiros jogam sujo.”

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Canhota.

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“É claro,” Zane concordou. Ele se abaixou um pouco, quando uma mulher carregando uma bandeja de comida subiu as arquibancadas ao lado deles. “Eu vou ter que começar a marcar os pontos.” Zane avistou Ty em pé na frente dos bancos que ficavam no subterrâneo, se inclinou para colocar suas caneleiras, mas com os movimentos retardados, por conta de seus dedos com o curativo, o treinador acabou sentando na grama ao lado dele. Zane sorriu carinhosamente. Ty era tão metódico com algumas coisas. Usava o Kevlar religiosamente e se incomodava quando Zane não o usava em missão, porque Zane odiava usar o colete. Ty limpava a arma a cada dois dias, e às vezes nem era preciso. E cada laço, cinto e fivela de seu equipamento tinha que ser ajustado, Zane sempre corrigia o coldre de Ty primeiro, antes mesmo de ajustar o seu. Parecia que ele lidava com os seus itens de lazer e recreação da mesma maneira. Zane balançou a cabeça, mas não desviou o olhar. Ty Grady era um estudo de contrastes, e um ótimo quebra-cabeça, o qual Zane achava impossível resistir. Zane não achava certo Ty estar se preparando para pegar os lances. Ele definitivamente não deveria estar nessa posição, não com uma mão machucada. Mas Ty, obviamente, dava a impressão de que poderia jogar com a mão esquerda e pegar com a direita, em vez do contrário. Zane sabia que ele poderia disparar uma arma, atirar dardos, e jogá-lo em uma piscina, com as duas mãos. Zane já o tinha visto rabiscar apressadamente com as duas mãos, e você receberia o resultado final, não importando com que mão Ty usava. Talvez ele fosse verdadeiramente ambidestro. Outra pequena informação de Ty, e Zane estava um pouco envergonhado por não saber se era verdade. Ty ainda estava mexendo no protetor de peito, enquanto ele e Alston caminhavam até a home plate, para se reunir com os árbitros e a outra equipe de capitães. Zane não conseguia ouvilos, mas podia ver Ty e Alston resmungando um com o outro, enquanto Ty tentava e falhava várias vezes tentar ajustar a alça de proteção com a sua mão ferida. Finalmente, Alston estendeu a mão e tirou o capacete de Ty debaixo do braço, ajustando a correia de proteção dele, se inclinando 75

para ajustá-lo, enquanto os outros se reuniam no home plate tentando não rir. Zane balançou a cabeça enquanto observava. Mesmo Ty, sendo na maioria das vezes tão irascível, com certeza tinha um monte de amigos, pessoas que pareciam ver através da fachada que ele armava; a mesma que Zane tinha confundido quando conheceu Ty Grady. Todos os homens apertaram as mãos entre eles, na frente da posição do batedor; eles se aproximaram, chutando a terra vermelha na home plate branca e imaculada. Zane observava divertido, como Ty evitava cuidadosamente as linhas de giz branco e a home plate. A reunião durou alguns minutos, com certeza estavam discutindo as regras do jogo. Os homens afastavam a sujeira nas caixas com as suas chuteiras e alisavam as arestas irregulares de terra. Em seguida, eles se separaram e voltaram para os seus respectivos abrigos. Ty se esforçou para passar por cima das linhas de giz branco no campo, enquanto caminhavam, mas era difícil dizer se era para evitá-los ou porque a pílula estava fazendo efeito. Elaina inclinou-se para Zane. “Mamãe diz que Ty é muito supersticioso,” ela confidenciou em um sussurro. “Ele usa as mesmas meias em todos os jogos.” Zane virou o queixo para olhar para ela. “Será que ele as lava?” ele brincou. Ele tentou se lembrar se Ty tinha usado as mesmas meias que Zane tirara dele na noite passada. “Mamãe tentou lavar uma vez, mas ele resgatou a meia e fez ela prometer não lavar; ele se trancou no banheiro depois disso.” Zane riu e olhou para Ty. “Isso é bem a cara dele.” “Ele também me ensinou que você nunca deve bater com os bastões no banco, você nunca deve pisar nas linhas de giz ou na home plate antes do jogo começar, e apenas os tótós usam luvas de rebatedor.” Zane riu de novo. “Eu acho que ele saberia,” disse ele com um encolher de ombros. “Eu nunca joguei basebol; ou softball.” Elaina olhou para ele com desconfiança. “Porém, eu jogo futebol,” Zane ofereceu em uma tentativa conciliatória. 76

Ela encolheu os ombros com essa notícia e olhou para o campo animadamente enquanto a equipe do FBI entrava em campo com um punhado de aplausos, vaias e assobios da multidão. Zane se juntou as palmas quando a maioria dos jogadores correram para as suas posições, mas Ty e Alston, que estava lançando, andaram calmamente, como se tivessem todo o tempo do mundo. Ty estava com a cabeça para baixo, sua luva em uma mão e sua máscara na outra, e de alguma forma ele já estava como seu rosto e cabelo curto sujos. Não era fácil para ele carregar o volumoso equipamento, mas ele conseguiu manter a atitude de qualquer maneira. Os equipamentos se encaixavam bem em seu corpo, e isso só contribuia para a ilusão de que ele era maior do que realmente era. Zane sabia que na maioria dos jogos da liga de softball, o receptor não tinha que se preocupar em usar todo o equipamento. Mas este não era um jogo da liga de softball qualquer. Os lançadores jogavam overhand29 e jogavam com uma bola de beisebol do tamanho regulamentado. As mulheres envolvidas eram atletas, e não foram lá para brincar, e certamente não tinha ninguém bebendo cerveja no campo. Ty tinha enviado um texto a Zane em uma noite no início do mês, brincando que era Bizness srius30. Enquanto Ty se aproximava da home plate, mais ele olhava para as arquibancadas, seus olhos quase que imediatamente encontraram os de Zane. Zane sentiu o coração bater forte e acelerar, e teve de respirar, porque por um segundo, ele sentiu falta ar. Então, Ty deu aquele sorriso, as linhas aperecendo no canto de seus olhos, antes de dar uma piscada rápida. Ele abaixou a cabeça e deslizou sua máscara, dando as costas para a multidão, parando atrás da home plate. Zane engoliu em seco. Essa piscadela foi para ele. Zane teve uma súbita revelação, que atingiu Zane como um relâmpago de verão escaldante, cortando o frio de fevereiro no ar.

29 30

Arremesso por cima do ombro. Negócio sério.

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Ele queria Ty para ele, queria e precisava muito. Precisava dele como um companheiro, e não apenas no trabalho. Ansiava por ele como um amante, mais do que um dia precisou de heroína. Queria estar entrelaçado e conectado a ele, de tantas maneiras possíveis, que Zane não encontraria nenhuma maneira de se desembaraçar dele, e nem queria tentar. Ty disse que o amava, e Zane acreditou. E Zane também acreditava que não havia mais nada dentro dele, nem mesmo para amar Ty como ele merecia. Não era culpa de Ty. Havia tanta dor conectada ao passado de Zane, uma ligação persistente e tênue entre Zane e Becky, e seus anos de casados com a sua falecida esposa, que Zane tinha se fechado quando os sinais óbvios apareceram. Ele estava muito ocupado tentando se desapegar desse passado, e se perguntando se tinha o direito de agarrar o que estava bem na frente dele. Era importante para Zane entender quando o desejo por Ty havia se tornado necessidade, e quando a necessidade havia se trasformado em cuidado, e se fosse possível, o cuidado com ele se tornou ainda mais. Porque Ty merecia mais. Zane podia ver agora. O desejo que ele se preocupava tanto, não era um vício. Era algo mais doloroso. Tanto que Zane estava mudando toda a sua vida para ser digno dele, e não havia outra explicação possível. Ele amava Ty Grady com tudo o que havia dentro de seu coração, e, no final, tudo o que precisou para enxergar isso foi receber uma piscadela de Ty, para que Zane finalmente chegasse a um acordo consigo mesmo. Enquanto estava sentado lidando com a súbita percepção, o mundo continuou sem ele. Os jogadores continuavam a se aquecer. Alston estava se aquecendo, seguro de si, alimentando a imagem durona que a equipe dos Feds cultivava. Os torcedores nas arquibancadas ao redor dele continuavam a falar e a comer, havia muita agitação em vários lugares, e Elaina tagarelava ao seu lado.

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Ty estava falando com o árbitro, e sua linguagem corporal dizia claramente que estava brincando com o homem. Ele estava solto e à vontade, já tendo enfrentado o analgésico e a sua incapacidade natural de ficar quieto. Um momento mais tarde, ele se afastou do árbitro e se ajoelhou atrás da home plate quando o primeiro batedor do jogo se aproximava da caixa. Mas Ty em um piscar de olhos pediu tempo, levantando rapidamente a mão para chamar atenção, enquanto recuava. Um gemido coletivo percorreu ambas as equipes e a multidão. “Oh, pelo amor!” disse Elaina apoiando o queixo na mão. Zane afastou seus pensamentos e olhou para Elaina antes de virar os olhos para Ty. “O que foi?” “Ele faz isso a cada jogo,” Elaina reclamou. “Ele diz que a placa está torta!” Uma mulher sentada atrás deles riu. “Ele diz que é TOC latente.” Zane franziu a testa. Os ombros de Ty estavam retos e enrijecidos, um total contraste com o relaxamento solto que ele exibia apenas alguns minutos atrás. Isso não era TOC. Zane se inclinou para o lado para tentar obter um melhor olhar para o que estava acontecendo. Ty e o batedor estavam juntos, Ty apontava para a placa e o batedor assentia. O árbitro estava balançando a cabeça, segurando a máscara na mão e franzindo a testa. Ninguém imaginava o que estavam dizendo uns aos outros, mas o que Ty estava dizendo, sua postura era inflexível. Por fim, ele arrancou sua máscara e se ajoelhou sobre a placa, apontando para algo que Zane não conseguia ver. ”Essa não é a maldita liga principal, Grady! Não precisa ser perfeito!” alguém gritou do esconderijo subterrâneo. Zane se moveu nas arquibancadas de metal, enquanto observava. “Têm alguma coisa errada,” ele murmurou.

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O batedor se aproximou e tirou o bastão de seu ombro, apontando para a placa. Ty estendeu a mão e pegou na ponta do taco dele para impedi-lo de cutucar a placa, em seguida, se levantou e levantou as duas mãos, impaciente, como se estivesse implorando para ser ouvido. Ele se virou, fazendo uma varredura nas arquibancadas, os olhos encontrando os de Zane rapidamente. Zane reconheceu a expressão no rosto de seu parceiro e começou a se mover, antes mesmo de Ty caminhar para o recuo da cerca e acenar para ele. Ele encontrou com Ty na cerca, chegando a entrelaçar os dedos nos elos de ferro. “O que está errado?” “A placa estava torta,” disse Ty sob sua respiração. “E agora não está mais torta.” “Talvez alguém a tenha consertado?” Perguntou Zane. Ele não tinha nenhuma dúvida que Ty iria notar se algo estava de forma diferente do que o habitual. Ele só não sabia se era algo digno de parar o jogo. “Tenho reclamado sobre isso por semanas, e eles finalmente consertaram no meio da noite, ontem à noite?” Ty murmurou olhando para a multidão inquieta. Seus olhos se encontraram com os de Zane. Olhando para ele tão perto, era fácil ver o que os analgésicos estavam fazendo com ele. “Está muito alta.” A placa não era a única coisa que estava muito alta. Mas o que Ty estava dizendo fazia soar como se alguém tivesse colocado algo enterrado sob a placa. “Você realmente acha que temos problemas?” Zane perguntou em voz baixa. “Há uma abundância de policiais ao redor.” “É com isso que estou preocupado,” Ty disse a ele, e várias pessoas gritaram para eles em aborrecimento. Ty ignorou enquanto podia. “Você está com o seu telefone?” Zane o tirou do bolso de trás e ofereceu a ele. Eles lutaram quase comicamente para atravessar o celulat através da grade, enquanto a muldidão se tornava mais vocal com o seu descontentamento. ”Por que nós apenas não a ajustamos?” O rebatedor perguntou a Ty com curiosidade.

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Ty finalmente pegou o telefone através da grade e olhou por cima do ombro para o homem, enquanto abria o telefone de Zane. “Quem você está chamando?” o árbitro perguntou, obviamente perturbado. “O esquadrão anti-bombas,” Ty respondeu rispidamente. Os dedos de Zane se fecharam na grade. Ty não iria fazer uma piada sobre algo assim. “É melhor começar a dizer às pessoas para saírem daqui,” ele disse ao UMP31 calmamente. Ele apoiaria Ty, sem se importar com o quão chapado de analgésicos seu parceiro estava. “Existe um locutor de campo?” “Você está de gozação?” O árbitro disse incrédulo. Outros jogadores estavam começando a se aproximar, obviamente percebendo que algo estava errado, além da placa torta e o suposto TOC de Ty. Alston foi correndo até a placa, Ty deu um passo rápido e apontou para ele. “Pare!” ele gritou com urgência antes de Alston chegar ao home plate. O tom de sua voz fez o truque. Todos sabiam que Ty tinha um parafuso a menos, mas ele parecia realmente com medo. “Vou falar com o locutor,” o árbitro murmurou enquanto corria em direção à torre de madeira perto do banco. Zane observava silenciosamente Ty dando rapidamente informações no telefone, enquanto os jogadores em campo entravam nos abrigos para esperar. Zane olhou por cima do ombro para as arquibancadas. Muitas famílias e crianças estavam aqui. Seus olhos caíram sobre Elaina. Ela parecia incrivelmente pequena e inocente sentada lá. O barulho na tela gradeada chacoalhou perto de sua cabeça chamando sua atenção de volta para Ty. Os dedos de Ty seguraram a cerca, e ele olhou para as arquibancadas. “Faça-me um favor, Zane?” Ele sussurrou.

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Árbitro.

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Ty parecia realmente preocupado, o que não fazer muito bem para a paz de espírito de Zane. “Sim?” ”Pegue a criança e não a deixe fora de sua vista, ok?” Ty pediu, finalmente olhando para Zane. “Assim que as pessoas ouvirem a palavra bomba, eles vão entrar em pânico para se dispersarem.” Zane balançou a cabeça lentamente. Havia uma história em algum lugar relacionado ao comentário da menina: ‘ele e a mamãe costumavam sair’. Mas isso não importava. “Claro, vou cuidar dela; tenha cuidado.” Ty apenas balançou a cabeça e chegou até a tocar os dedos nos de Zane pela grade, antes de se virar. Ele pegou seu capacete, em seguida, correu para o banco de reservas, quando os altofalantes começaram a tocar. “Senhoras e senhores, neste momento pedimos que por favor se movam de forma ordenada em direção ao campo sul.” Zane deu alguns passos cuidadosos para trás, ainda observando Ty, antes de se virar em direção as arquibancadas para encontrar Elaina. Com apenas alguns passos, ele estava ao lado dela. “Vamos, Elaina,” ele disse, estendendo a mão. “E quanto a mamãe?” Elaina perguntou descendo as arquibancadas. “Ty vai buscá-la e o resto da equipe,” Zane disse pegando na mão dela, e começou a andar, quase imediatamente ajustando seus passos, para os dela mais curtos, pois suas pernas eram longas, comparadas a dela. Eles estavam quase em frente ao estacionamento quando a morena da segunda base os alcançou e pegou a outra mão de Elaina.”Você é o Garrett?” ela perguntou a Zane quase sem fôlego. “Sim, senhora,” Zane respondeu automaticamente. Ele olhou para Elaina e notou a forte semelhança. Cabelos castanho escuro, olhos grandes e tão castanhos que eram quase pretos. “Você deve ser a mamãe.” 82

Ela riu um pouco e assentiu com a cabeça. “Sou Shannon.” Entretanto, não ofereceu a mão, em vez disso, pegou Elaina no colo para que pudessem se mover mais rápido. “Isso é pra valer ou Ty está no fundo do poço?” Zane olhou para ela, surpreso. “Eu diria que é pra valer.” Ele apontou para o banco de reservas do outro lado do campo. A parte inferior era feita de tábuas de madeira, a parte superior tinha uma tampa com elos. “Deve ser um bom lugar para se agachar, estamos bem afastados.” ”Deus, estava esperando que ele apenas tivesse tomado muitos analgésicos,” disse a mulher sob sua respiração. Ela ajeitou a filha no quadril e apressou o passo. Zane ouviu sirenes à distância quando chegaram ao outro campo. Zane parou nos degraus para deixar Shannon entrar primeiro no esconderijo subterrâneo, e, em seguida, deixou várias outras pessoas passaram, oferecendo distraidamente um braço para ajudá-las a descer as escadas de concreto, procurando com os olhos por Ty, enquanto os caminhões de bombeiros chegavam no campo. Ele odiava estar aqui sem fazer nada. Ele finalmente o avistou, de pé ao lado do caminhão azul do esquadrão anti-bombas, conversando com um dos técnicos. Ele estava gesticulando de forma irregular, obviamente, argumentando com os técnicos. Finalmente, dois bombeiros vieram para participarem da conversa, e um deles começou a empurrar Ty para um dos abrigos. O bombeiro ao lado de Ty era enorme, um verdadeiro hulk, e apesar de Ty não parecer feliz com o arranjo, ele foi junto, sem agitação até que chegaram ao esconderijo subterrâneo, onde Zane estava. “Será que isso aqui pertence a você?” o bombeiro perguntou a Zane com uma voz profunda, segurando Ty pela gola da camisa, como se ele fosse um cão vadio. Zane levantou uma sobrancelha com o fraseado, mas acenou com a cabeça de qualquer maneira. “Você deveria se ertificar de que ele use uma etiqueta, eu acho,” ele respondeu, enquanto tentava julgar a condição de Ty. Ty revirou os olhos e deslocou seu maxilar em aborrecimento. “Eles não acreditam em mim,” Zane disse sob sua respiração. “Este é o Tank; ele atropela as pessoas.” 83

O bombeiro grande riu bastante e sacudiu a cabeça. Seus dentes alvos brilhavam contra a sua pele negra. “Tenho que dar com o ombro quando um grande mano está bloqueando a placa, você sabe disso.” “Sim, o ombro ta! Está mais para um pára-choque dianteiro,” Ty atirou de volta. Tank olhou para Zane. “Da última vez que eu o vi, não estou surpreso de que ele esteja assim.” “Pode ter certeza de que o derrubou,” Zane confirmou, pedindo a mão de Ty, “Eles estão verificando a placa?” Ty apertou os lábios com força e balançou a cabeça, olhando para o lado, como se soubesse que estava em apuros. Tank falou quando Ty não respondeu. “Ele disse que se eles não verificassem, ele iria fazer uma queixa no registro dizendo que ele mesmo colocou a bomba lá, então eles teriam que verificar agora.” Zane bufou. “Jesus, Ty,” ele murmurou, balançando a cabeça. “Havia marcas de ferramentas!” Ty insistiu. “Acalme-se, Bulldog,” Tank disse, se virou e deu um tapinha nas costas de Ty, com força o suficiente para mandá-lo para frente, tropeçando em Zane, que reagiu de forma automática e levantou os braços para segurá-lo. Ele ainda estava com o equipamento de apanhador quando Ty envolveu um braço em torno da cintura de Zane para manter o equilíbrio. Ficou claro a pílula estava finalmente levando o melhor dele. Seu corpo estava solto e relaxado, seus movimentos não tão controlado como de costume. Ty murmurou obstinadamente se virando para olhar para a cena atrás deles, seu corpo ainda roçando no de Zane, como se estivessem juntos. Ele, obviamente, estava certo sobre a ameaça. Mas era perfeitamente possível que tinha acabado de evacuar algumas centenas de pessoas em frente ao noticiário local porque estava alto. Zane suspirou e manteve o braço 84

discretamente em volta da cintura de Ty. A maioria de seus colegas de trabalho achariam que Zane estava segurando ele de qualquer maneira. Os técnicos do esquadrão de bomba tiraram um pequeno robô por uma rampa na parte de trás de seu caminhão, e um outro membro da equipe pegou um megafone para falar à multidão, enquanto o robô continua firme e em ritmo constante até o home plate. Além disso, era difícil ver o que estava acontecendo no campo. Ty limpou a garganta e virou a cabeça para olhar para Zane. Ele inclinou-se e falou em voz baixa. “Onde estão Shannon e Elaina? Estão seguras?” “Estão aqui em algum lugar,” Zane murmurou. Ele colocou a mão plana na parte inferior das costas de Ty, contra o tecido da camisa. “Você não me parece tão bem.” “Cale a boca,” Ty murmurou, se virou e olhou para o banco de reservas. Ele manteve uma das mãos no braço de Zane para manter-se estável. Zane suspirou e resistiu à vontade de colocar a testa contra a de Ty, em um lance de apoio e conforto. Esse definitivamente não era o lugar, ou o tempo, e não importava o quanto os instintos de Zane estivessem gritando para ele arrastar Ty daqui até um lugar seguro para que pudesse cuidar dele. Ele poderia lidar com os demais assuntos importantes amanhã. A voz soou no megafone, e Ty se assustou contra Zane antes de se virar para olhar para o campo, quando o locutor alertou as pessoas para ficar onde estavam e cobrir suas cabeças. “Tyler, venha aqui antes de cair!” Shannon gritou. Ela saiu e pegou a alça do protetor do peito de Ty. “O que você estava pensando quando tomou algo antes de vir até aqui?” “Eu estava pensando: ‘Nossa, minhas costelas estão mal’,” Ty respondeu quando tropeçou lateralmente. Zane o soltou quando Shannon assumiu o comando e levou Ty para dentro do banco. “Ele realmente queria estar aqui.” “Não conseguir o que quer não vai matá-lo,” Shannon informou a ambos. Ela empurrou o o peito de Ty, e ele caiu contra o banco de madeira marcado com um baque e um chocalho de seus 85

equipamentos de proteção. Ela apontou o dedo na cara dele e acenou. “É melhor que alguma coisa exploda lá fora,” alertou. “Mamãe, eu acho que você precisa de um time-out,” Elaina observou, sua jovem voz estava irônica e divertida. Ty apenas balançou a cabeça quando olhou para ela com os olhos arregalados. Foi meio engraçado, na verdade. Zane nunca tinha visto Ty agir assim em torno de uma mulher, exceto, talvez, a sua mãe. Normalmente, ele era todo charme e gracejos carismáticos. Zane teve que cobrir seu sorriso com uma mão e virar a cabeça. Quando o fez, ele viu a equipe do esquadrão antibombas movimentar-se, caminhando na direção deles, quando chegaram, se contorceram na cerca da grade para falar com Ty. “Hé definitivamente algo lá embaixo,” o homem disse em voz baixa. “Parece com um interruptor de pressão de algum tipo.” Ty virou a cabeça, e o homem continuou falando com ele em tons baixos por um momento, antes de se levantar abruptamente e correr de volta para seu caminhão. Zane desceu até o banco de reservas para ficar ao lado de Ty. “Tudo bem?” Ty olhou para ele e lambeu os lábios, inquieto. “Eles acham que é um interruptor de pressão,” Ty repetiu para as pessoas ao seu redor. “Um tipo de Bouncing Betty; o esquadrão da morte vai usar um daqueles robôs kamikazes, para acioná-la,” disse a Zane em voz mais baixa. Zane sentou-se ao lado dele. “Os jogos foram realizados aqui ontem, né? Portanto, colocaram a bomba durante a noite?” “Tinha que ser, eu estava praticamente deitado na maldita coisa na noite passada,” Ty murmurou. “E estava torta”. “Jesus, Grady,” alguém de perto, disse. “Eu nunca vou tirar sarro de suas superstições de novo.” “Eu disse que tocar no home plate antes do primeiro lance era má sorte,” Ty respondeu baixinho, olhando para longe de Zane enquanto falava. 86

Zane apoiou os cotovelos sobre os joelhos, enquanto ouvia o circo do esquadrão antibombas, bombeiros, câmeras de televisão, e os policiais que circundam o campo. Ele não queria pensar sobre o quão perto Ty tinha estado de ter mais lesões corporais. Ele poderia desejar que Ty estivesse no campo externo, mas ninguém mais iria perceber o problema com a placa. Ele suspirou e baixou a cabeça. O ombro de Ty roçou o dele, e Zane podia senti-lo vibrando com energia nervosa. “Estamos seguros aqui?” alguém perguntou. “Devemos ficar mais afastados?” “Nós estamos bem,” Ty assegurou-lhes secamente. “Pode explodir antes que seja desarmada, mas é seguro, por isso não receberemos qualquer estilhaços. A menos que arranque o braço do robô ou algo assim”. “Já vi isso acontecer,” disse uma voz desconhecida, no fundo do banco de reservas. “Besteira,” alguém respondeu com uma risada. “Deus, é pura verdade; o braço voou pelo ar e pousou como um dardo no gramado.” “Será que chegaria até nós se isso acontecesse?” perguntou uma voz preocupada. “O robô é feito para explodir, merda!” Ty respondeu com a voz irritada. “As peças de sua articulação não explodem,” ele retrucou. Na superfície, seu tom de voz dizia que estava falando com um civil nervoso, mas por baixo, Zane sabia que seu parceiro estava muito abalado. Zane endireitou-se e se inclinou para trás. Se afastar dali não seria um grande negócio, as pessoas estavam amontoados no banco de qualquer maneira, ele deslizou o suficiente no chão, para abraçar seus joelhos. “Todo mundo no chão!” alguém pediu de algum lugar atrás de Zane. As mãos de Ty buscaram imediatamente as de Zane, puxando-o para baixo, com todo mundo, na terra batida. Zane ficou no chão duro, de joelhos, deslocando seu peso para trás a tempo de evitar cair de rosto no chão. Ty puxou Shannon e sua filha mais perto e se encolheram todos juntos, passando sobre Zane e pressionando-o para baixo, na sujeira. Seu protetor de peito

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empurrava a lateral de Zane, enquanto ele tentava proteger todos os três da vinda da explosão que, supostamente, não iria alcançá-los. Sirenes soaram em frente ao estacionamento, e alguém gritou em um megafone informando que a área estava limpa. A cena tinha que ser mais fácil de manusear do que a maioria, considerando que todos que estavam lá, eram envolvidos com a segurança da cidade e conheciam os procedimentos de emergência de alguma forma. Inferno, metade deles provavelmente teriam sido chamados para a cena se estivessem de plantão. Foram longos e arrastados 10 segundos de puro silêncio, antes da explosão soar. Obviamente desarmá-la não foi muito bem. Zane fez uma careta. Foi muito, muito alto para uma bomba pequena caber no home plate. Uma lufada de sujeira e pequenos pedaços de lixo atravessaram o banco subterrâneo, se agitando sobre eles, Ty estava enrolado acima dele, de forma protetora, enquanto o ar flutuava com detritos. Ele esperou por um longo momento, seus dedos cavando nos ombro de Zane, enquanto o segurava, sua respiração era dura e afiada na orelha de Zane. Zane fechou os olhos, grato por Ty estar aqui ao lado dele, em vez de longe, no campo. Ele lentamente começou a sentarse. Ty se levantou quando sentiu Zane em movimento, e ele levantou a cabeça e olhou em volta para o levantamento dos danos. As pessoas ao redor deles estavam tossindo e arranhando o chão, todo mundo tentando se levantar ao mesmo tempo. Ty se levantou cambaleando e olhou por cima do muro e estendeu a mão para ajudar Zane ou Shannon levantar. “Oh, Deus!” ele disse, de repente, a mão caindo mole, quando levou seu rosto para mais perto da grade do abrigo. Zane ficou de pé ao lado dele e olhou para o campo com uma careta. “O que foi?” “Garrett,” Ty praticamente choramingou quando agarrou o ombro de Zane. “O Bronco!”

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O Bronco verde balançou quando o braço do robô bomba rolou lentamente fora do capô. O amassado deixado para trás era enorme, dando a nítida impressão de que a grade estava perfurada. “Ouch,” Zanesuspirou. “Minha picape,” Ty choramingou. “Oh, Ty,” Shannon disse simpaticamente quando levantou e olhou para o estacionamento. Alguém sentado no banco de reservas deu um assobio baixo, e vários outros agentes começaram a rir. “As peças de articulação não explodem, hein?” alguém perguntou em um tom provocante. “Minha picape,” Ty repetiu lamentavelmente. “Tenho certeza de que vai dar... Para dar uma encerada, cara,” um deles disse a Ty, em voz consoladora, mas só conseguindo vacilar quando o homem tentou não rir. “Em três anos, nada aterrou lá!” Ty gritou de repente, e as pessoas no banco começaram a rir. Zane se movia lentamente, decidindo ficar entre Ty e a saída do esconderijo subterrâneo, provavelmente com o humor dele, não seria uma má ideia. Com esse estado de espírito, Ty era susceptível de correr lá fora e colocar-se sobre a picape para protegê-la. Depois de dar outro olhar para Ty, Zane pegou seu antebraço. Apenas no caso de precisar. ”Quem pensa que essa merda é engraçada?” Ty gritou pra todo mundo. “Onde está a minha arma?” Perguntou com toda a seriedade. “Vai atirar em quem? No robô?” Zane perguntou com um suspiro. Ele viu um dos homens do esquadrão anti-bombas dar o sinal de tudo claro, e ele puxou o braço Ty. Os repórteres começaram a percorre a multidão, indo em direção da área isolada, enquanto as pessoas começaram a se mexer. “Venha, vamos verificar os danos.” Ty saiu do abrigo, indo na direção do Bronco, resmungando com raiva quando começou a soltar seu equipamento. 89

Zane correu atrás dele, esquivando-se das caneleiras e do protetor peitoral, que saltavam para o chão. “Eu não posso acreditar nisso, porra!” Ty exclamou. “Qual a probabilidade dessa merda acontecer, hein?” “Agente Especial Grady!” um repórter o chamou, e Zane se virou para vê-la correndo atrás deles, em um par impressionante de saltos. Ty se virou para ela e bateu suas mãos. “Sério?” Ele gritou com raiva. “É o seu carro, Agente Grady?” Ela gritou atrás dele, com o microfone, enquanto ela e seu camera man continuavam correndo na direção deles, tentando alcançá-los. Zane se perguntava como ela sabia o nome de Ty. Ty acenou para o Bronco, indicando com a mão. “Sim, é meu! Olhe para ele!” Ele deu mais um passo em direção ao Bronco franzindo a testa, olhando as chamas que saiam do capô. O som seguinte, foi um grito de metal e máquina, como se fosse um pedido de socorro mecânico, aterrorizado por ajuda, e o velho Bronco saltou no ar, o fogo e calor explodindo tudo ao redor, e quando atingiu o tanque de gás, houve outra explosão. O abalo da explosão derrubou Ty e Zane no chão, o calor passando sobre eles, com o que Zane teria jurado que era um gemido doloroso do veículo. O último suspiro do amado Bronco de Ty. Ty se levantou devagar, olhando com horror absoluto as chamas que lambiam os galhos das árvores acima. De repente, ele se levantou e começou a correr em direção aos destroços. Zane o agarrou, empurrando-o no chão. Zane não tinha dúvida que Ty iria tentar apagar as chamas, provavelmente, entrar em alguma chama gloriosa de fogo, tentando salvar a maldita coisa. “Ela está queimando, Zane!” Ty gritou, em pânico, a voz cheia de angústia, enquanto tentava se contorcer do alcance Zane.

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O som quebrou o coração de Zane. Ele teve que envolver os dois braços ao redor de seu parceiro e colocar todo o seu peso para tentar conter Ty, enquanto os bombeiros corriam até eles. “Ty, pare,” ele disse com firmeza. Ty ficou tenso como se fosse dar um bote de novo, mas, em seguida, ele relaxou sob Zane, como se alguém soltasse o ar de dentro dele. Ele não fez nenhum som, e parecia estar prendendo a respiração enquanto esticava o pescoço, olhando as chamas crepitantes e a coluna de fumaça negra. O cinegrafista derrapou até parar ao lado deles, filmando o Bronco queimando, filmando os bombeiros tentando conter as chamas com extintores, filmando Ty, que estava sob Zane, vendo sua amiga mais antiga queimar.

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Capítulo 05 ZANE desceu as escadas para a sala e parou, olhando ao redor até encontrar Shannon. Ela lhes deu uma carona para a casa de Ty, uma vez que a picape de Zane estava atrás da linha de segurança, no isolamento. Eles decidiram ficar na casa de Ty, longe das câmeras de televisão que pareciam amar atormentá-lo, onde ele poderia desmoronar em paz. Encontrou-a sentada em uma poltrona, com Elaina deitada no sofá, e Zane se moveu para se juntar a elas. “Como ele está?” Shannon perguntou com ar de dúvida. “Eu sei como ele se sentia sobre aquele carro.” Zane balançou a cabeça enquanto tirava seu pesado suéter antes de se sentar. “Ele ainda está em estado de choque, não está andando ou falando demais, ou qualquer outra coisa que eu esperaria dele, e eu não sei o que é melhor.” Ele olhou para o teto. “Ele deve estar no chuveiro agora.” “Esse silêncio e imobilidade não são um bom sinal,” Shannon avisou enquanto se endireitava e colocava as mãos sobre os joelhos. Ela se levantou e olhou para o teto. “Você quer uma cerveja? Eu acho que todos nós merecemos uma depois de hoje,” ela disse calmamente enquanto se dirigia para a cozinha. “Dr Pepper está bem,” disse Zane. “Eu estava pensando em sugerir algum alimento, eu quero manter um olho nele após a reação que ele tem com os analgésicos.” “Não é com os analgésicos que estou preocupada, ele fala sobre aquele carro como se fosse uma pessoa, e ele acaba de perder seu amigo mais antigo lá fora.” “Eu sei,” disse Zane severamente.

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”As pílulas só vão piorar a situação, quantas ele tomou, afinal?” Shannon perguntou, vasculhando na geladeira. Ela certamente se comportava como se já estivesse lá anteriormente. Zane teve que se esforçar para não perguntar por quanto tempo foi. Ele nunca tinha ouvido falar de Ty com ela, e ele nunca a tinha visto antes. Ela deixou a porta se fechar enquanto se movia em direção Zane com uma garrafa de cerveja e uma lata de refrigerante. “Eu não o vi tomar a pílula, e depois de como ee ficou na noite passada, e eu diria que ele tomou uma boa quantidade hoje, o que me faz pensar que eu deveria bater na cabeça dele,” Zane divagava, aceitando o Dr Pepper, e acenando em agradecimento, enquanto pensava sobre o quão doente Ty estaria amanhã. Shannon riu dele em silêncio e sentou-se em frente a ele. “Vocês dois são engraçados,” ela comentou com um aceno de cabeça. Zane piscou e focou nela, pensando sobre o que ele tinha acabado de dizer e se foi seguro. “Por que você diz isso?” “Quero dizer, não se sinta ofendido ou qualquer coisa,” ela disse rapidamente, mantendo a voz baixa enquanto Elaina roncava ao lado dela. “Você não aguenta simplesmente a merda dele, e vê-lo hoje, com ele, obviamente, dá para perceber que ele confia em você; e isso é... incomum, vêlo demonstrar muita emoção em torno de alguém.” Zane estudou-a por um longo momento, antes de relaxar na cadeira. “Bem, nós já passamos por muita coisa juntos.” “É, eu ouvi,” ela reconheceu com um aceno lento. Ela lambeu o lábio inferior e olhou para o tapete, tocando seu dedo em sua garrafa de cerveja, inquieta, como se estivesse sem ter o que dizer, parecendo decidir sobre um tópico novo e seguro. Zane resistiu à vontade de sorrir. Ela não era agente de campo; e era muito fácil de ler. “E o que você já ouviu?” ele perguntou, curioso sobre ela. “Estou supondo que você trabalha aqui no

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escritório de Baltimore, mas nunca vi você antes de hoje.” Ele deu-lhe um sorriso sincero. “Eu teria lembrado.” Ela bufou para ele e sorriu ironicamente. “Você não pode me encantar, agente Garrett,” alertou, apontando para cima, para onde podiam ouvir Ty se movimentar. “Eu fui batizada pelo fogo”. “Por favor, me chame de Zane,” ele pediu. Ele estava começando a ver por que Ty foi atraído por ela. Além de atraente, ela era inteligente e simples. Ela sorriu e balançou a cabeça, achando graça, em seguida, olhou para suas mãos enquanto brincava com o rótulo de sua cerveja. “Eu sou uma analista, com foco no Oriente Médio; foi como conheci Ty. Há uns dois anos eu precisava de um falante nativo para uma gravação, e alguém me indicou Ty para me ajudar”. Zane continuou a observá-la. “Elaina me disse que você e Ty costumavam sair.” Ele olhou para o teto novamente quando ouviu a água ligar no chuveiro no andar de cima. Ela limpou a garganta e assentiu com a cabeça, olhando para sua filha antes de olhar para Zane. “Estivemos juntos por alguns meses, nada muito sério, mas...”. Ela deu de ombros e balançou a cabeça, procurando as palavras certas. “É como uma fita adesiva em uma janela. Você sabe que vai desmoronar eventualmente, mas, pelo menos você pode fazer alguns padrões interessantes nesse meio tempo.” Zane riu suavemente. “É uma descrição meio estranha.” “Mas é adequada com Ty, não é? Não quero dizer isso como um insulto, ele era bom para mim, e ainda é. Nós nos separamos em bons termos. E ele foi como uma dádiva de Deus para Elaina, quando ela realmente precisava de alguém. Ele ainda faz um esforço para passar algum tempo com ela quando pode. Ele não é o tipo que você leva para casa para conhecer a sua mãe, mas ele é um bom rapaz,” ela afirmou, com uma risada autoconsciente. “Um dos melhores que já conheci.” Zane olhou para Elaina e pensou na família de Ty. “Não estou surpreso por ele passar um tempo com ela, ela é adorável.” 94

“Obrigado,” disse Shannon com um sorriso. A água desligou no andar de cima com um clank pesado, e ela olhou para cima, depois para Zane, e seu sorriso vacilou. Zane balançou a cabeça, querendo saber o que a tinha deixado ansiosa. Em seguida, ocorreu-lhe. Ela estava esperando por uma desculpa. “Ah, eu não moro longe, mas está bastante frio para ir a pé; eu posso chamar um táxi depois,” ele disse, insinuando ficar mais um tempo com Ty. Agora, veria se ela ia aceitar. Ela começou a sacudir a cabeça rapidamente. “Não, não há nenhuma necessidade para isso, eu posso te levar para casa. Eu só... ele realmente não deveria ficar sozinho esta noite; mas...”. Ela parou e prendeu a respiração por um instante antes de soltar em uma corrida irritada, quando riu de si mesma. “Quando ele está assim, todo lamentável e drogado como está, eu realmente não devia ficar perto dele,” ela admitiu corando furiosamente. “Você poderia, talvez ficar com ele?” Zane nem sequer tentou esconder o sorriso. Sim, ela era corajosa. “Bem, nesse caso, sim, você pode me deixar no estacionamento para pegar o meu carro, assim não ficaremos presos.” Ele deu de ombros e tomou um gole da lata meio vazia que estava na sua mão. “É claro,” ela concordou com gratidão. Eles podiam ouvir Ty se movimentando no andar de cima, o que era uma coisa muito boa, uma vez que ele estava praticamente catatônico anteriormente. Alguns momentos depois, ele começou a descer as escadas, caminhando descalço para a sala, com o cabelo ainda úmido e despenteado. Ele usava uma calça de moletom e uma fina T-shirt, e o que outrora estava escrito, já havia desaparecido, e ele ainda teve tempo para colocar novas ataduras nos dedos após o banho. Ele parecia horrível, como alguém que tinha acabado de assar seu cachorro em um espeto. Ele olhou para os dois timidamente, enquanto se juntava a eles, mas, em seguida, ele acenou com a mão, a cerveja na mão de Shannon e bufou. “Sinta-se em casa, querida,” ele brincou em voz baixa. Shannon xingou de volta para ele. “Pelo menos é cerveja de verade, e não Hard Lemonade.” 95

“Ele provavelmente tem isso também,” Zane comentou antes de drenar sua lata de refrigerante. Ele apontou para Ty. “Mas nada disso para você.” “O que há de errado com Hard Lemonade? “ Ty perguntou, claramente ofendido. Shannon riu enquanto levantava e colocava a garrafa sobre a mesa ao lado do sofá. “Você está bem?” Ty deu de ombros desconfortavelmente, obviamente, à procura de uma resposta que fosse um pouco honesta. Zane olhou entre os dois, decidindo que seria melhor ficar fora desta conversa. Ele teria sua própria versão com Ty mais tarde. “Bem,” Shannon murmurou, obviamente conhecendo Ty o suficiente para saber que ele não estava bem. Ela se aproximou e o abraçou com força. “Vou levar Zane de volta para pegar seu carro, ok? Ele vai ficar com você hoje à noite para se certificar de que você não vai se jogar da varanda.” Zane se levantou e se afastou, dando-lhes um pouco de espaço, querendo saber se Ty estava se sentindo tão estranho quanto ele. Zane nunca havia encontrado uma das antigas namoradas de Ty. Ele não tinha percebido que Ty tinha antigas namoradas. Ty apenas balançou a cabeça quando ela se afastou. Ele fez um esforço para dar-lhe um sorriso, mas seu coração, obviamente, estava mantendo uma fachada. Era interessante perceber que ele não parecia sentir a necessidade de se preocupar com ela. Shannon pegou sua bolsa no balcão da cozinha, e Ty olhou para Zane, encontrando seus olhos. Zane inclinou a cabeça de lado, levantando uma sobrancelha. Ty respondeu com um gesto de impotência que não era identificável, além de dizer que estava realmente desconfortável e, provavelmente, com o coração partido. Ty limpou a garganta e deu um passo para o sofá, onde Elaina ainda dormia tranquilamente, ele inclinou-se e a recolheu cuidadosamente em seus braços, antes de facilmente levantá-la. Ela murmurou sonolenta e se aconchegou em seu ombro.

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“Vamos levá-la para o carro,” ele disse, e Shannon o observou com um sorriso triste, enquanto Ty o levava para a porta. Ela olhou para Zane. “Pronto?” Zane assentiu, observando Ty de perto, e percebeu que tinha que confiar em Ty, o suficiente para levar a menina. Ao vê-lo com ela, tão cuidadoso, quase amoroso... Era um lado totalmente diferente de Ty, mesmo dos que Zane já tinha visto nele, e ele duvidava que nunca fosse ver todos os lados do homem que chamava de seu amante.

***** TY estava sentado em sua sala de estar com todas as luzes apagadas e as cortinas fechadas, olhando para os contornos dos móveis no escuro. Sua cabeça estava latejando, mas era mais de raiva e angústia do que da pílula que tinha tomado várias horas atrás. Não havia apenas alguém tentando matar os Feds, policiais, bombeiros, paramédicos e funcionários públicos, mas, eles estavam também colocando bombas em lugares públicos, onde qualquer um poderia tropeçar em cima delas. E eles tinham bombardeado o seu Bronco. Ty fechou os olhos enquanto uma onda de náusea passava por ele. Ele sabia que era bobagem ficar sentado no escuro lamentando por um veículo, mas ele não se importava. O Bronco era parte dele. Esteve presente em metade de sua vida. Foi salva de um depósito de sucata e reconstruída, cada pedaço dela com suas próprias mãos. O por que da bomba ter explodido, e ninguém se machucou, Ty acreditava firmemente que o Bronco tinha feito isso, e não importa o quão tolo soava. Ela foi uma companheira leal, e agora ela tinha feito o seu show. Se jogado na granada. Ele sabia que tinha lágrimas escorrendo pelo seu rosto, mas não se importava. 97

Ela merecia ser lamentada. A fechadura da porta da frente fazendo barulho, nem sequer o incomodou. Zane entrou, junto com um toque de luz solar e uma onda de ar frio, além de um farfalhar de plástico e papel. Ele fechou e trancou a porta atrás dele e parou no lugar. Provavelmente, deixando seus olhos se acostumarem com a escuridão. “Eu trouxe um pouco de almoço.” “Ugh,” Ty respondeu automaticamente, o pensamento de comida fazendo o seu protesto em seu estômago. “Sim, percebi que seria essa a sua reação.” A voz de Zane tinha um toque de diversão. “Então, eu tenho frango, purê de batatas e biscoitos, coisas simples para acalmar seu estômago.” Ele começou a se mover em direção ao balcão da cozinha. Ty engoliu em seco e o observou se afastar, tentando pensar em algo para dizer que não envolvessem alimentos, bombas, carros, mulheres, ou ficar ali sentado sozinho e no escuro, limpando as lágrimas do rosto. Ele observou Zane deixar um par de bolsas no bar, junto com suas chaves, carteira, e crachá. Depois de ligar a luz sob o microondas, ele tirou a sua jaqueta de couro pesada, e sua arma. Então se virou e se encostou no balcão, com as mãos nos bolsos, olhando para o seu parceiro. “O efeito do Vicodin passou?” “Oh, sim,” Ty respondeu, quando seu estômago se contorceu e seus nervos inexplicavelmente se agitaram. Ele não sabia por que estava nervoso. Inferno, ele ainda não tinha feito nada de errado dessa vez. Muito. Zane o observou por um longo momento antes de caminhar até ficar na frente dele. “Posso fazer alguma coisa por você?” Ele parecia honestamente preocupado. Ty olhou para ele e a dor em seu peito diminuiu um pouco. Ele deu um sorriso pálido e estendeu a mão para deslizar os dedos contra as costas da mão de Zane.

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Zane se agachou na frente dele, pegando sua mão e levantando-a para beijar os nós dos dedos dele. Ele suspirou. “Eu sinto muito, baby, odeio que você esteja sofrendo,” acrescentou em voz baixa. As palavras familiares bateram no peito de Ty, torcendo e apertando. Ele balançou a cabeça para se livrar da sensação de dor que o ataque e a subsequente perda, havia causado. Estendeu a mão para dar um tapinha na bochecha de Zane. “Estou bem, vou acordar de manhã pronto para a vingança, e tudo vai voltar ao normal.” O grunhido de Zane foi a sua resposta, e Ty não estava muito certo do que significava esse som, mas ele não fez nenhum comentário. Ele virou o rosto para beijar a palma de Ty, antes de deslocar o seu peso. “Pelo menos coma o purê de batatas para mim.” Ele puxou a mão de Ty suavemente. “Então nós vamos para a cama, assistir filmes e ficar preguiçosos o resto do dia.” “Tudo bem,” disse Ty enquanto se levantava. Ele conhecia Zane bem o suficiente para saber quando ele estava escondendo algo dele. Mas ele também sabia que Zane iria levar o seu próprio tempo e não antes, a não ser que Ty cavasse muito para isso. E ele não queria cavar. Ele só queria sentar, chorar e deixar o dia acabar. “Podemos simplesmente ignorar a comida e ir para a cama?” As linhas de expressão no rosto de Zane se suavizou visivelmente. “Ok, vou colocar a comida na geladeira, você vai subindo e vou levar um pouco de água.” Ty assentiu enquanto passava por Zane em direção aos degraus. Ele deixou sua mão deslizar no antebraço de Zane e em sua barriga enquanto saia da sala, e em seguida, abaixou a cabeça e subiu para o quarto escuro no segundo andar. Ele supunha que seria normal sentir-se como se algo estivesse errado depois de quase ser explodido e, em seguida, vendo a sua companheira mais velha e bem amada queimar, enquanto as pessoas ao seu redor filmavam. Sem mencionar o fato de que ele agora era oficialmente um alvo. Ele se tornou o garoto propaganda da merda que precisava ser explodida em Baltimore.

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Apenas alguns minutos depois ele ouviu os passos de Zane na escada e, em seguida, Zane apareceu na porta com uma pequena mochila na mão, a arma na outra, e duas garrafas de água na dobra do braço. A arma e as garrafas foram para a mesa de cabeceira, a mochila no chão ao lado da cômoda. Ele provavelmente tinha mais roupas escondidas no quarto de hospedes agora do que em seu próprio apartamento. Ty sempre quis saber se Zane iria se acovardar e acabar com isso. Ele sentou-se na cama franzindo a testa para os sapatos de Zane enquanto pensava sobre isso. Em seguida, o colchão afundou ao lado dele. “Pensando muito para alguém que estava arrasado com os analgésicos pela manhã.” Foi uma provocação suave. “Nunca me deixe tomar mais uma daquelas coisas.” Ele sabia que iria precisar tomar uma pela manhã, é claro. “Se é isso o que você quer, tudo bem; você pode ficar com o Tylenol e cerveja,” Zane respondeu. Ty estendeu a mão e deu um tapinha no joelho de Zane, deixando sua mão descansar lá, enquanto finalmente se forçou a olhar para cima e encontrar os olhos de Zane. “Obrigado por acreditar em mim hoje,” ele disse asperamente. “Ninguém mais acreditou.” “Eu confio em você,” Zane disse simplesmente. A mão de Ty o apertou por um momento, e então ele olhou para o lado e deixou os dedos deslizarem pelo joelho de Zane. ”Ty, eu...”. A voz de Zane sumiu, e ele respirou fundo antes de tentar novamente. “Que tal você se deitar? Parece que você está prestes a dormir sentado.” “Sim,” Ty concordou tranquilamente. Ele se deitou para trás e rolou para o meio da cama, afastando os lençóis e os chutando para o final da cama. “O que está em sua mente, Zane?” Zane se inclinou para trás, ficando de lado, quando se virou para olhar para Ty. Seus olhos diziam a Ty que ele não planejava responder. Ty deixou cair a mão de lado, deixando a palma de sua mão contra a pele de Zane, sob sua camisa. Zane lhe deu um meio sorriso por cima do ombro 100

antes de tirar a camisa sobre a cabeça, expondo sua cicatriz contra a luz da lâmpada no canto. Levantou-se, e tirou os seus sapatos e a calça jeans, e logo foi se rastejando na cama, ficando ao lado de Ty, apenas de cuecas. Ty estendeu a mão e a passou pelo antebraço de Zane até o peito, em seguida, virou-se e deslizou seu outro braço em volta dele, puxando-o para ficar mais perto, se ondulando contra ele, agradecido. Zane ficou ao lado dele, fechando os seus braços em volta de Ty, suspirando. Ty sentiu as palavras em sua língua, e, conscientemente, prendeu a respiração. Ele sabia que Zane ficava desconfortável com as palavras ‘eu te amo’, embora ele não soubesse exatamente o porquê. E não faria bem, para qualquer um deles, levantar a questão agora. Ty sabia que Zane o amava, à sua própria maneira. E Ty esperava que Zane soubesse que a única coisa que amava mais do que o seu Bronco, era ele.

***** Parecia que Ty estava acordado por um longo tempo, antes que sua mente realmente percebesse isso. Ele estava consciente de estar na cama. Ele estava ciente da luz solar da manhã batendo em seu rosto. Ele estava ciente que todo o seu corpo estava ferido, machucado e dolorido. Ele estava consciente de uma dor sólida em seu coração, que tinha a forma de um Ford Bronco verde. Ele simplesmente não conseguia convencer a si mesmo de se mover ou abrir os olhos. Mas, finalmente, ele virou a cabeça e abriu um olho, dando um gemido suave. Zane estava deitado de lado, ao lado dele, a mão estendida descansando no peito de Ty. Ele parecia relaxado e em sono profundo, mas Ty o conhecia bem. Zane ainda dormia levemente, embora as suas melhores noites fossem quando dormiram juntos. 101

Ty ainda permaneceu quieto e acordado por um longo tempo tentando juntar as coisas, tentando decidir o quão mal ele estava machucado. Ele sentia como se tivesse sido atropelado por um tanque. Mais de uma vez. Finalmente, teve que se mover. Ele engasgou de surpresa quando fez isso, não esperando a dor aguda em seu lado. Zane abriu os olhos, e se ele levantou sobre um cotovelo. “Cuidado, você está machucado como o inferno”. “Desculpe,” Ty engasgou quando tentou decidir qual o caminho a se mover. Porque depois que se ajeitasse, não iria se mover novamente. Nunca. “Precisa se levantar? Pode ser uma boa ideia, aposto que você está todo doído.” Ty grunhiu e acenou com a cabeça, se levantando com cuidado. Ele olhou para a gaze em seus dedos e fez uma careta quando se sentou totalmente. Zane ficou onde estava, observando em silêncio. Ele ainda estava quente e sonolento. “Desculpe ter acordado você,” Ty lamentou, logo que estava sentado. Zane deu de ombros e deslizou de volta para baixo, puxando o travesseiro contra o peito. “Tem algum Tylenol?” Ty perguntou com um estremecimento. Ele esfregou cautelosamente suas costelas. “Sim, mas eu não descartei o Vicodin, e se você quiser eu posso pegar,” Zane disse calmamente. Ty virou e olhou para Zane surpreso. Zane levantou uma sobrancelha, mas não disse mais nada. Ty lhe deu um grunhido e cuidadosamente voltou a deitar. Ele estendeu a mão boa, sem palavras e deslizou seus dedos nos de Zane, fechando os olhos. Zane permaneceu com a sua mão enrolada na de Ty, e depois de alguns minutos, respirou fundo e se sentou na cama. “Vou te dar alguma coisa, você não está nada bem.” Ty não discutiu. Ele já esteve muito pior do que isso, mas nos últimos anos, o seu lema era algo como: ‘por que dói quando não tem que doer?’ Ele abriu os olhos e observou Zane com apreço, mas não tentou sentar-se novamente. 102

Zane sorriu, aparentemente, nada surpreso com a falta de resposta. “Já volto.” Ele saiu do quarto, desaparecendo no corredor. Quando voltou, colocou o pequeno envelope no colo de Ty antes de pegar uma garrafa de água que estava na cabeceira, oferecendo a ele. Ty olhou para o pacote de Vicodin com desgosto quando aceitou a garrafa. “Acha que me machucaria mais se tomar mais de um?” ele perguntou incerto. “Você está pensando em sair? É segunda-feira, você sabe,” Zane disse. “Pode considerar, pelo menos ir para o trabalho, apesar de...”. Ele balançou a cabeça enquanto olhava as suas contusões. “Eu tenho que ir para o trabalho, vou ouvir todos os tipos de merda se não for.” Zane deu de ombros. “Sua escolha. Você pode ser forte, ir para o trabalho, e ficar infeliz durante todo o dia, ou você pode ficar aqui, relaxar, e lidar com as merda amanhã.” Ele começou a tirar as roupas do armário. “Provavelmente, você já está em todos os noticiários de qualquer maneira. De novo.” Ty suspirou e começou a tentar levantar da cama. “Quando você coloca dessa forma,” ele murmurou enquanto se levantava. Zane pegou sua mochila e jogou-a sobre a cama. Então parou e olhou para Ty. “Será que você, pelo menos, pode tomar o Tylenol? Porque você está uma merda e dói te ver assim.” Ty inclinou a cabeça e fez uma careta de novo. “Eu pareço tão ruim assim?” perguntou realmente preocupado. “Quero dizer, em relação às drogas, não às contusões.” Ele seria condenado se a notícia se espalhasse, de que ele estava de ressaca ou alto esta manhã, ainda mais depois da cena que ele fez ontem. Zane balançou a cabeça. “Não, você apenas parece que está realmente com alguma dor significativa; é claro que as pessoas que não o conhecem bem, podem achar que é o seu mal-humor habitual.” “Eu posso lidar com isso,” Ty disse com um aceno de cabeça satisfeito. Ele estremeceu quando Zane se afastou dele, indo até quarto de hóspedes, onde alguns ternos de Zane estavam 103

pendurados no armário. “Use o cinza,” ele gritou por impulso, esperando que Zane fosse agradálo. Ele amava quando Zane usava o terno de coloração mais escura, deixando seu corpo muito mais marcante. Zane poderia argumentar contra a ideia de ser bonito, mas ele estava errado. “Sim, tudo bem,” Zane falou de volta. Ty sorriu, e então suspirou quando olhou para os comprimidos em sua mão. Abriu o pacote, balançou os comprimidos em sua mão e os contemplou com azedume. Zane voltava pelo corredor logo que jogou uma pílula na boca a com alguns goles de água. “Acho que vou dirigir então,” Zane observou antes de entrar no banheiro. “Isso não é engraçado, Zane,” Ty atirou de volta para ele. “Não era para ser, Ty.” Eles se vestiram rapidamente. Ty deu a Zane uma de suas melhores gravatas para usar, porque a que Zane tinha deixado lá, foi usada em algum momento e mutilada além de reparo. Ty preferia o estilo de gravata mais estreita, e embora ficasse bom em Zane, as pessoas podiam notar que não era dele. Eles teriam que lidar com isso, no entanto; após todo o envolvimento do RP, o Bureau imprimiu um código de vestuário; gravatas se tornaram necessárias no escritório. Ty saiu para o corredor carregando seus sapatos debaixo de um braço, afastando o esparadrapo nos dedos. Ele puxou com cuidado para verificar as condições. As articulações estavam azuis e inchadas, e doía demais mover os dedos. Ele estava começando a suspeitar que não tinha fixado corretamente. Ele suspirou e recolocou a gaze. Ele teria que arrumar um kit de primeiros socorros, quando chegasse ao escritório. “O que você geralmente toma no café da manhã?” Ty perguntou a Zane em voz alta. Ele percebeu que Zane nunca tinha ficado pela manhã antes do trabalho. Durante a semana, ele se levantava mais cedo e voltava para o seu apartamento para se preparar para o trabalho, enquanto Ty saia para a sua corrida matinal, e, em seguida, eles se encontravam no escritório. Era uma sensação estranha, estar com Zane aqui; mas era muito agradável. 104

Zane apareceu na porta do quarto, tentando colocar a gravata. “Há uma padaria e delicatessen muito boa perto de casa, no caminho para o escritório; eu geralmente tomo um café lá, pelo menos.” Ele mexia com o nó e, em seguida, puxou as extremidades para soltá-la e começar de novo, quando se virou para voltar ao quarto. Ty se moveu em direção Zane e estendeu a mão para segurar seu ombro. Zane relaxou quando Ty chegou por trás dele para ajeitar a gravata. Ele já havia tentado antes, mas a única maneira que poderia ajeitar a gravata, era quando a estivesse usando. Ele amarrou o nó habilmente com os braços envolvidos em torno de Zane, e o calor de Zane permitiu que essa simples ação afundasse em seu peito. Quando terminou, colocou as mãos espalmadas sobre o peito de Zane e o abraçou, em seguida, afastou-se antes que o momento ficasse muito melado. “Vou precisar de comida ou vou ficar todo... estridente,” Ty disse a ele com uma careta enquanto se afastava. “Seria interessante que isso acontecesse no escritório,” Zane disse ironicamente. “Gostaria de ver isso acontecer.” Ty assentiu e murmurou em silêncio e se dirigiu para as escadas, até a sala de estar para colocar em seus sapatos. Ia ser um longo dia.

***** ZANE estacionou sua picape na calçada, ao lado de um SUV do governo. “Por que não fica aqui no carro? Já tem uma equipe trabalhando lá; não estarei sozinho.” Ty assentiu enquanto olhava para os uniformes do RP de Baltimore e os casacos do FBI na rua. Eles foram chamados para investigar um pacote suspeito de engradado, deixado em uma área 105

de compras na parte luxuosa do Inner Harbor. Os patrões e os funcionários estavam nas calçadas observando, pois a área entorno do edifício foi interditada, e foram evacuadas como medida de precaução, os repórteres estavam se acotovelando, tentando uma melhor posição. Havia um monte de jornalistas. ”Não precisa me dizer duas vezes,” ele murmurou. A sonolência provocada pelo Vicodin tinha passado rapidamente, deixando-o com dores e náuseas, absolutamente miserável, assim como Zane havia previsto. Zane soltou o cinto de segurança e ofereceu a Ty um meio sorriso. “Se acalme, voltarei em breve, vamos almoçar mais cedo e eu vou levá-lo para casa.” Ele saiu e fechou a porta, caminhando até um grupo de agentes enquanto colocava um casaco azul-marinho do FBI sobre sua cabeça. Ty estava pensando que deveria ter pedido para Zane colocar o colete mais cedo. Ele nunca usava a maldita coisa, a menos que Ty pedisse. Ty deslizou no assento do carro e colocou seus óculos escuros para ninguém notar se ele dormisse sentado. Seu estômago estava inquieto, sua cabeça ainda pulsava, e ele se sentia como se estivesse... Flutuando. Ele tinha certeza que havia outra palavra para essa sensação, mas essa era a mais próxima possível para começar a descrever o sentimento. Era totalmente desagradável. Ele provavelmente deveria ter feito uma ligação e ficado em casa. Pelo lado positivo, as costelas não pareciam como se estivessem prestes sair, então, poderia ser capaz de parar de tomar as malditas pílulas quando chegasse em casa. E Michelle Clancy tinha dado uma olhada em seu dedo naquela manhã, pegou sua mão, e puxou o dedo machucado, colocando-o no lugar antes que ele pudesse gritar por ajuda. Tinha doido como um filho da puta, mas agora a dor havia diminuído para um pulsar maçante. Achava que ficaria bem. Ele observou enquanto Zane entrava no complexo de compras com um grupo misto de agentes e policiais seguindo os cães farejadores, e depois ele olhou para o resto do edifício com paredes de vidro, tentando avaliar para que parte estavam indo e se perguntando por que estavam entrando junto com os técnicos do esquadrão anti-bomba. Algum detalhe de proteção, talvez? 106

Apoio para a evacuação? Se ele se lembrava corretamente, havia lojas de compras no segundo e terceiro andares. Já havia ido na praça de alimentação algumas vezes. Ty gemeu com o pensamento de comida e fechou os olhos. Ele deveria ter tomado o Tylenol e reclamado de dor durante todo o dia. Se ele começasse a vomitar, suas costelas iriam se machucar novamente. Ele soltou o cinto de segurança e caiu ainda mais em seu assento, praticamente deitando com as pernas estendidas no painel do motorista. Ele observava o edifício a toa, esperando que Zane voltasse e o levasse para casa, onde poderia chafurdar na miséria o resto do dia. Ele oscilou sonolento por algum tempo, em estado letárgico, mas seus olhos se abriram rapidamente quando as janelas no canto mais distante do terceiro andar explodiram, chamas lambendo para fora do prédio. Ty saiu da picape rapidamente, seus pés batendo no concreto antes de perceber o que estava fazendo. Ele e outros agentes, que estavam em frente ao prédio, correram em direção ao prédio enquanto as chamas recuavam nas janelas e os alarmes começaram a soar. Ty chegou primeiro às portas, e decolou em direção às escadas com vários outros em seus calcanhares. Ele subiu as escadas de dois em dois, e os outros agentes ficaram para trás, no momento em que encontaram o fogo no terceiro andar. Quando Ty empurrou a porta, deu de cara com uma fina névoa que os borrifadores pulverizavam sobre ele, a água trabalhando para apagar as chamas. A fumaça o sufocou; havia fogo e detritos espalhados no chão de mármore, que outrora brilhava, e marcas de queimaduras nas paredes já enegrecidas. “Garrett!” Ty gritou cobrindo sua boca e nariz com a manga, se movendo no espaço desordenado. “Os bombeiros estão a caminho,” um agente disse sem fôlego quando entrou pela porta atrás de Ty. “Quantos temos aqui?” Ty exigiu. 107

“Dez, pelo menos,” o homem continuou, “sem contar com o BPD32.” Ty começou a andar pelo corredor em ruínas, meio agachado e olhando para o teto, que estava com as telhas caindo. Ele ouviu um cão choramingar e seguiu o som. “Garrett!” ele chamou de novo antes de tossir. A fumaça estava densa contra o salão outrora claro, saindo pelas janelas estilhaçadas agindo como uma chaminé, fazendo os olhos arderem. Paredes inteiras de várias boutiques chiques foram destruídas, várias mercadorias estavam espalhadas pelo chão do prédio, parecia um grande globo de neve cinza virado e sacudido violentamente. O poder da explosão espalhava destruição por todo o caminho, desde as paredes exteriores até lugares que era impossível dizer se ainda havia pessoas escondidas. Então Ty encontrou dois agentes usando pesados casados, apoiando um ao outro, um mancava pesadamente lutando contra a confusão. Ty segurou um pelo ombro procurando lesões óbvias. Ele podia ver um braço quebrado em um deles; e o outro apenas parecia machucado e surrado. “Você está bem?” ele perguntou, erguendo a voz, sabendo que grandes explosões deixavam as pessoas quase surdas por conta do abalo. Um olhou para cima e balançou a cabeça, fazendo uma careta. “Duas vitrines depois,” ele disse com a voz rouca enquanto apontava. “Alguns de nossos caras estão caidos.” Ty viu a direção que o agente tinha apontado, movendo-se sobre os escombros com menos cuidado do que devia. Ele escalou um manequim terrivelmente queimado e derretido, e metade de um muro caído com roupas rasgadas jogadas de uma das lojas. Ao som de algo quebrando, olhou para baixo e encontrou um par, agora quebrado, de óculos aviador. Mais vidros das fachadas caídos no chão, como diamantes espalhados brilhando na chuva ainda caindo dos borrifadores. Atravessou um portão de metal desabado, o que levou preciosos segundos que não tinha, e, em seguida, se deparou com um grupo de agentes com vários

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Baltimore Police Department – Departamento de Polícia de Baltimore

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ferimentos, alguns piores que outros. Um cão debruçado sobre seu mestre, lamentando-se tristemente, como se estivesse tentando decidir se queria procurar ajuda ou ficar. Um agente se virou e acenou para Ty. “Precisamos de paramédicos,” o homem disse, sua voz era um murmúrio. Ele apontou para a mulher usando um colete do FBI. Ela fez uma careta, a fuligem em seu rosto, enfatizava o como ela estava pálida de dor, segurando sua perna quebrada, enquanto outro agente tentava imobilizá-la para conter o sangramento. Ty pegou seu telefone, embora fosse certo que os paramédicos já foram chamados e estavam logo atrás dele. Ele se moveu em direção a eles, fazendo a chamada de qualquer maneira. Por que não fez isso primeiro? Ou, pelo menos, disse a alguém para fazê-lo? Ele não estava pensando com clareza. “Quantos?” Ty perguntou ao homem que parecia um pouco melhor. “Quatro aqui embaixo, dois desaparecidos. Eles estavam na loja, verificando os quartos dos fundos”. O homem apontou para um par de agentes trabalhando freneticamente para afastar os detritos queimados, onde algumas paredes interiores tinha desmoronado. “Eles estavam próximos daquela parede,” ele disse, com temor claro em sua voz. Ty foi ajudar e acabou pedindo a um deles para sair, pois sua cabeça estava aberta e sangrando. Ty usou todo o seu treinamento e a sua formação para que não entrasse em pânico por não saber onde Zane estava. Ele sabia que, mais tarde, quando a adrenalina passasse, ficaria doente, não importaria o que acontecesse. Moveram pedaços de gesso e madeira queimada, atirando-as para o lado, enquanto procuravam ao redor. “Garrett!” Ty gritou novamente, procurando freneticamente, sem pensar onde pisava. Mais tarde, ele não iria nem se lembrar do tempo que passou procurando. Depois de mover algumas placas de gesso no chão, encontraram outro agente imóvel no chão, inconsciente e com terríveis queimaduras no rosto e nas mãos. Ele se ajoelhou e tocou seu

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pescoço e costas; em seguida, deixou o agente nos braços do outro, concordando que Ty continuasse a busca. Depois, entrou na loja em ruínas. Ty enfiou a cabeça dentro do buraco que tinham feito, mas não havia mais nada lá, apenas mais de blocos de gesso e cimento. “Porra,” Ty respirou, puxando o ar volta aos pulmões, procurando em volta desesperado. Do lado de fora, no saguão, onde havia entrado, ele podia ver dois bombeiros em suas roupas amarelas volumosas andando em sua direção. Teria passado pelo menos seis minutos, o que era o tempo de resposta padrão. Parecia que tinha sido muito mais tempo. Uma vida. Ty se virou e procurou ainda mais para dentro da loja cheia de fumaça e sombras inconstantes. “Garrett!” ele gritou, liderando o caminho. Estava escuro, todas as luzes estavam apagadas, e a maior parte da decoração não era identificável. Ele se abaixou sob um suporte caído, rastejando pelo tapete encharcado para chegar ao outro lado. Os escombros bloqueavam o seu caminho, e ele teve que se virar e empurrar. Ao se aproximar da parte de trás, a fumaça se dissipou, trazendo uma brisa fria do lado de fora. E então ele viu: uma mancha brilhante de vermelho contra uma parede cinza e carbonizada. Havia marcas de sangue em linhas verticais, como se alguém tivesse tentado limpá-lo na parede, e, uma porta de metal com marcas do queimaduras espessas, jazia em um ângulo entranho, bloqueando a passagem. Uma longa perna, que terminava com um sapato muito familiar, estava estendida ao lado da confusão de painéis e partículas estilhaçadas, onde costumava ser à entrada do escritório. “Zane,” Ty engasgou sentindo todo o sangue de seu corpo drenar. Moveu-se o mais rápido que pôde, afastando as peças leves de gesso e empurrando a porta de metal, que ainda estava quente sobre ele, para fora do caminho. Ty se ajoelhou ao lado dele. “Zane?” Ele sussurrou, sua voz vacilou quando passou a mão sobre o rosto de Zane. Ele não estava com cortes ou com queimaduras no corpo; a porta de metal o salvou da explosão. Um sapato estava queimado, mas até mesmo os laços ainda estavam intactos. Não 110

parecia muito ferido, exceto pela mancha de sangue berrante na parte de trás de sua cabeça, provavelmente causada pelo impacto ao cair no chão, derrubado pela porta que o havia protegido da explosão. Mas Zane não se movia, não se contorcia, não abriu os olhos quando Ty bateu de leve em seu rosto. Nada. O estômago de Ty revirou. Ele pressionou os dedos no pescoço de Zane, sentindo o pulso. Sua outra mão percorria o cabelo de Zane enquanto o verificava. O pulsação estava lá. Ty engasgou aliviado, se inclinou e apertou os lábios contra a testa de Zane, sem se importar com quem poderia ver; em seguida, ele procurou ao redor da loja, procurando ajuda. Ele sabia, sem sombra de dúvida, que não conseguiria tirar Zane do prédio sozinho. “Ei!” ele chamou quando viu um feixe de luz através da fumaça. “Homem caído!” ele gritou para o bombeiro desesperadamente. O bombeiro se aproximou, atravessando os escombros e limpando o caminho para o seu retorno, Ty o reconheceu apenas por seu tamanho. “Eu poderia beijá-lo, cara,” disse ao grande homem negro, que ele conhecia apenas por Tank. O homem entregou o machado para o outro bombeiro e ajoelhou-se do outro lado de Zane. “Não no primeiro encontro,” Tank respondeu. Ele verificou Zane rapidamente, em busca de lesões, então ergueu Zane e o colocou sobre os ombros largos, com um grunhido. “Você se feriu?” ele perguntou. Ty balançou a cabeça. “Então balance essas pernas, Bulldog, o prédio não está estável,” ele disse, levando Zane nos ombros, em meio à fumaça. Ty ficou ali, incapaz de se mover. Todo o seu corpo tremia enquanto os observava desaparecer. O outro bombeiro agarrou-lhe o braço. “Venha, temos que sair daqui,” ele disse. “O teto está começando a desabar.”

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Ty assentiu e forçou seus pés a se moverem. Ele seguiu o homem pelo caminho que Tank tinha cortado através da devastação. No momento em que saiu do prédio - sujo, meio cego, tossindo, e molhado - encontrou várias ambulâncias, e bombeiros que estavam tentando apagar o que sobrou das chamas. E muitas câmeras de televisão. Os repórteres viram quando ele saiu, e Ty podia ver que o reconheceram, quando limpou a fuligem de seu rosto. Eles começaram a gritar perguntas por sobre a barreira que havia sido criada às pressas. Ty os ignorou e continuou caminhando até o pessoal da triagem de emergência. “Ei,” Ty gritou para um jovem agente usando um blusão intocado, que estava olhando para o prédio. O garoto olhou para ele com os olhos arregalados, aparentemente reconhecendo-o. Ty tinha ganhado uma reputação com os novatos, não necessariamente por escrito, mas através do boca a boca. Estavam todos com muito medo dele para perceber que a maioria das histórias eram exageradas. No momento, Ty não se importava. “Para onde levaram os feridos?” Ele exigiu. “Uh, Eu..” “Onde!” Ty gritou com raiva. “UMMC33,” o garoto gaguejou. “Você dirige,” Ty disse a ele, apontado para o carro de Zane.

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University of Maryland Medical Center – Centro Médico da Universidade de Maryland.

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Capítulo 06 PARECEU que levou uma eternidade para cruzar o tráfego até a Universidade de Maryland Medical Center, mesmo que não tivesse nem mesmo um quilometro de distância do Inner Harbor. No caminho, Ty se manteve tenso e silencioso no banco ao lado do novato, que não conhecia e não dava a mínima para saber quem era. Quando chegaram, Ty disse laconicamente à criança para que voltasse para o escritório, e que ele iria pegar as chaves mais tarde. Apesar da boca aberta do novato, Ty correu para dentro da emergência sem olhar para trás. Ele estava no balcão de informações pedindo a localização e o status de Zane, quando ouviu uma voz familiar atrás dele. “Grady, estou contente de ver você.” McCoy estava atrás dele, parecendo sombrio e desgastado. Ty virou surpreso, mas não fez nenhum cumprimento formal ao seu superior, e nem seria exigido nada parecido dele. “Você já o viu, Mac? Ele está bem?” McCoy deslizou as mãos nos bolsos da calça e inclinou a cabeça para um lado antes de responder com a voz cansada, “Não sei nada ainda, só vim para cá assim que soube; onde você estava durante tudo isso?” “Eu estava no carro de Zane, passando mal depois de tomar um Vicodin esta manhã,” Ty respondeu imediatamente. Nem sequer passou por sua mente encobrir isso. A sobrancelha de McCoy levantou, mas não fez nenhum comentário. “Tenho seis agentes neste hospital, Grady; você vai ser capaz de trabalhar?” ele perguntou sem rodeios. Ty assentiu. McCoy apenas olhou para ele, sem quebrar o contato visual. “Vou fazer o que for necessário,” Ty insistiu com a voz rouca.

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McCoy balançou a cabeça lentamente. “Por agora, eu preciso que você vá para casa.” Ele levantou a mão quando Ty abriu a boca para negar. “Sério, parece que você acabou de ser cuspido da boca de um cão gigante e babado, e eu tenho de reunir um grupo para investigar o que aconteceu.” Ty olhou para si mesmo, consternado. Ele parecia tão ruim assim? “Mas eu posso ajudar.” “Não quando você é um alvo, e eu não posso me dar ao luxo de colocar uma equipe com você para protegê-lo, então eu quero que você fique fora do radar; essa pode ter sido uma segunda tentativa, pelo que sabemos.” Ele virou o queixo quando um agente tocou em seu cotovelo e murmurou em seu ouvido. McCoy voltou a olhar para Ty. “Tudo certo; estão esperando por você na Unidade de Trauma, no quinto andar. Dê um breve relatório do status, em seguida, vá para a sua maldita casa. Não fique sentado aqui com Garrett e faça você mesmo e ele um alvo, entendeu?” “Sim, senhor,” Ty respondeu com rebeldia. “Algo mais?” Ele queria se arremessar no elevador e chegar até lá o mais rápido possível, mas tinha que pelo menos fingir que ainda dava a mínima para o caso. “Vá em frente”, respondeu McCoy, acenando com a cabeça em direção ao elevador. Em seguida, ele começou a falar com o outro agente, que estava com uma braçada de pastas de arquivo. A mente de Ty zumbia durante toda a viagem até o elevador, imaginando todos os tipos de cenários sombrios que tentava ignorar. Ele mal tinha chegado ao posto da enfermaria quando ouviu seu nome novamente. “Agente Especial Grady?” Ty se virou e encontrou o médico que chamou o seu nome. Terror obstruiu a sua garganta. O médico era jovem, apesar de seu cabelo quase branco, e projetava um ar de conhecimento e experiência ao seu redor. “Sou o Dr. Jameson,” ele disse, estendendo a mão. “Um agente no térreo ligou informando que você estava subindo.” 114

Ty apertou sua mão automaticamente, sem se preocupar em tentar ser educado. “O Agente Especial Garrett colocou seu nome para contato de emergência. Será que ele tem família? Esposa ou filhos?” Jameson perguntou, sua voz caindo para um tom que, provavelmente, era para ser reconfortante. A boca de Ty estava completamente seca, e teve que lutar para engolir com força suficiente para soltar as palavras. “Ele tem família no Texas,” ele disse com a voz rouca. O médico concordou. “Seu parente mais próximo terá de ser notificado, é claro.” Ty olhou para o homem, tentando absorver o que ele estava querendo dizer quando sentiu a visão ameaçadora do túnel. Ele só não queria ter que atravessá-lo. Ele abriu a boca para responder, mas não conseguia formular as palavras. “Agente Especial Grady? Você está bem?” Jameson perguntou com preocupação. “Disseram-me que não estava ferido, pois seu parceiro vai precisar de alguém com ele até que sua família possa chegar.” Ty fechou os olhos e inclinou a cabeça, tentando manter o controle, pelo menos por um pouco mais de tempo. “Está dizendo que ele está vivo?” ele conseguiu soltar trêmulo. O queixo de Jameson caiu. Seria cômico em outras circunstâncias. “Eu sinto muito, pensei que você já tinha sido informado; o Agente Especial Garrett está em estado grave, mas estável.” Ty respirou fundo e fechou a mão em um punho, dizendo a si mesmo que estrangular o médico não iria ajudá-lo em nada, iria ganhar apenas um tempo na prisão. “Posso vê-lo?” ele perguntou com os dentes cerrados, olhando para o médico perigosamente. “É claro,” disse o médico imediatamente, aparentemente, percebendo o quão chateado Ty estava. “Por aqui.” Ele se virou e liderou o caminho, digitando um código de acesso em uma porta, conduzindo Ty através de um labirinto de baias, com franca iluminação. O médico parou na entrada de uma porta de vidro. “Você deve ter algum tempo, vamos levá-lo para uma tomografia computadorizada em breve.”

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Ty estava parado na porta, olhando uma cena por demais familiar. Eles iam ter que fazer um acordo sobre ficar fora dos hospitais por um tempo. Isso estava começando desgastar os seus nervos. “Obrigado,” ele se esforçou a agradecer ao médico, antes de entrar no quarto com luz indireta. ”Ele tem uma concussão,” Jameson disse. “Nós ainda não sabemos a seriedade; ele ainda não acordou, mas o inchaço dentro do crânio já está cedendo. Eu acho que ele vai ficar bem.” “Você acha um monte de coisas, Doutor,” Ty disse friamente, sem afastar o olhar da cama. “O que você sabe?” Jameson falou após uma pausa constrangedora. “O Agente Especial Garrett tem um inferno de uma cabeça dura,” ele disse com franqueza, “esperava encontrar várias fraturas no crânio, mas só encontrei hematomas e um couro cabeludo dividido, que nós costuramos; mas seu cérebro ficou abalado. Estamos nos concentrando em tentar reduzir o inchaço, e minha esperança é de não encontrar qualquer hemorragia interna; de qualquer maneira, não há nenhuma evidência disso. Mas não há como descartar a possibilidade de outras lesões ou coágulos sanguíneos. No geral? Seu parceiro é um homem de muita sorte.” Com isso, o médico assentiu desconfortavelmente quando Ty olhou para ele, e ele saiu. Ty o assistiu sair do quarto, então olhou de volta para Zane com uma guinada doentia em seu estômago. Ele aproximou-se da cama e se inclinou sobre ele, olhando-o de perto. “Nós já passamos por isso antes, Zane,” ele sussurrou ao seu parceiro. “Você precisa ser mais criativo com as experiências de quase-morte.” Não houve resposta. Zane estava absolutamente imóvel, apenas a subida e a descida pouco visível em seu peito, era notada sob o lençol de algodão fino. Ele estava ligado a três IVs diferentes, e sua cabeça estava envolta em gaze suficiente para fazer um turbante. Ty fungou e olhou novamente para o rosto de Zane. “Tudo bem, copycat; não fale comigo, então, mas eu não vou sair,” ele disse teimosamente, arrastando a cadeira pesada de um canto do 116

quarto e se sentando ao lado da cama. Ele cruzou os braços sobre o peito e resolveu ficar lá sentado até Zane acordar, as ordens de McCoy que se danassem. Ele ainda estava sentado ao lado da cama de Zane, quando dois enfermeiros chegaram quase uma hora depois, para levá-lo para fazer a tomografia computadorizada. Ty levantou-se, mas ficou ao lado, observando os enfermeiros prepararem a remoção de Zane. Ele sabia que não iriam deixá-lo ir junto, mesmo se mostrasse o seu distintivo. Ele cheirava a fumaça, e seu terno estava úmido, sujo e provavelmente arruinado. Todo o seu corpo doía, da cabeça aos pés, e ele não poderia distinguir qual de seus ferimentos viera de seu encontro em campo com Tank, e quais tinham vindo de sua busca desenfreada e temerária através dos escombros da explosão da bomba. Ele também notou, quando olhou para seu reflexo no recipiente de aço inoxidável para toalhas de papel, que seu rosto estava manchado de fumaça e sujeira. McCoy tinha razão: ele parecia o inferno. Não faria bem a Zane quando ele acordasse, encontrar Ty sentado ao lado dele com essa aparência. Ele limpou a garganta e tocou em um dos atendentes no braço para chamar sua atenção. “Se ele acordar, você pode dizer-lhe que o seu parceiro voltará logo?” ele pediu com a voz rouca. O enfermeiro o olhou de cima a baixo, e depois sorriu. “Claro que sim.” “Obrigado,” Ty murmurou enquanto dava a Zane mais uma olhada e, em seguida, saiu do hospital para chamar um táxi.

***** ”Foi ele!” Pierce gritou, os olhos brilhantes de emoção. Graham levantou uma sobrancelha, cada vez mais convencido de que seu amigo estava perdendo a sanidade. 117

“Quem era ele?” “Aquele agente imbecil do FBI, o do aquário! Ele me fez levá-lo para o hospital!” “O que ele fez, apontou uma arma para sua cabeça?” Ross perguntou secamente. “Não,” respondeu Pierce, soando mais animado do que com raiva. “Ele apenas apontou para mim e disse que eu iria dirigir, e não tive nenhuma resposta física para impedir, apenas fiz o que ele me disse para fazer! Foi incrível!” Graham franziu a testa. “Isso não me parece tão incrível.” Hannah revirou os olhos para todos eles. Ela estava começando a se cansar do jogo; Graham poderia dizer isso, a partir das constantes suspiros que ela emitia recentemente. Logo, ela estaria de volta com algum jogador de futebol da escola. ”O cara da TV do FBI é bem quente, ele poderia me mandar fazer qualquer coisa,” ela disse, contando as pilhas de dinheiro de seu último roubo. “Então, por que isso é excitante?” Graham perguntou, ignorando o seu comentário. Pierce sorriu maniacamente e tirou um par de chaves de seu bolso, jogando-as no alto e as erguendo em sua mão. “Porque ele deixou as chaves comigo.” “Isso foi meio idiota da parte dele, mas eu ainda não entendi.” “Ele é apenas a porra de um monstro, com uns dois metros de altura e um grande comedor de esteróides e bebês.” “Cara.” “Ele é o Moby Dick e eu sou o capitão Ahab,” Pierce continuou com prazer. “Terceiro ano AP Inglês,” Hannah resmungou. Graham franziu a testa. “Você terminou de ler esse livro 34?” “Não, por quê?” Pierce respondeu distraidamente. “Nenhuma razão.”

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O final é trágico para a tripulação.

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Pierce assentiu, parecendo presunçoso. “Vou matá-lo,” disse Pierce, enquanto seus olhos perdiam o foco. “Espere, o quê?” Hannah exclamou, soando tão alarmada como Graham estava. “Venha, nós temos trabalho a fazer,” disse Pierce para Ross, e os dois saíram juntos, saindo da cozinha de Graham. Graham e Hannah trocaram um olhar. Graham não tinha certeza de quando isso aconteceu, mas em algum lugar ao longo do caminho, os atentados tinham se tornado mais importantes para Pierce que os roubos. E agora ele queria matar alguém? Graham franziu a testa enquanto Hannah mordia o lábio, desviando o olhar. Nenhum deles tinha a coragem para contrariar Pierce, e ambos sabiam disso.

***** QUANDO Ty voltou ao hospital, menos de uma hora mais tarde, logo após a hora do almoço, ele se encaminhou imediatamente até o quinto andar, deu um soco no código que ele tinha visto o médico fazer para entrar e ter acesso à área segura, indo direto para a baia de Zane, esperando que ele já estivesse de volta da tomografia. A última vez que Ty tinha passado por essas malditas coisas só tinha levado cerca de dez minutos, ao todo. Quando Ty chegou, havia dois médicos com Zane, que não era o Dr. Jameson, além de uma enfermeira. Ele ficou para trás, praticamente vibrando com a necessidade de obter informações e ver como Zane estava. Então ele viu Zane virar lentamente a cabeça, em direção a um dos médicos, que estava falando com ele em voz baixa. Zane estava acordado.

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Ty prendeu a respiração e deu um passo para dentro do compartimento. A enfermeira deve ter visto o movimento com o canto do olho, porque ela virou-se para olhar para ele em alarme. O médico se virou também. “E você é ...?” Ty meramente pegou seu distintivo e o mostrou ao médico. Ele poderia ser um idiota intrometido também. O médico não estava impressionado. “A menos que você seja da família do Agente Especial Garrett, você não deve estar aqui, senhor; não fui informado de nenhuma atribuição para guarda.” “Recado dado,” Ty disse a ele em voz baixa. “Devo insistir...” “Ty?” Com a palavra suave de Zane, os médicos e enfermeira se voltaram para seu paciente. Ty se aproximou da cama, olhando para Zane com uma mistura de alívio e culpa. “Ei,” ele respondeu com a voz fraca. A mão de Zane se moveu e ele virou o queixo, e apenas piscou preguiçosamente, procurando dentro do compartimento com os olhos desfocados. “Você está bem? Você estava no carro,” ele disse. As palavras estavam tão emboladas, que Ty levou alguns segundos para decifrálas. “Sim,” Ty respondeu cuidadosamente estudando Zane. Ele conhecia aquele olhar. Levou um bom tempo para registrar, mas ele sabia agora. Era o mesmo olhar que a sua bisavó sempre dava quando ele era pequeno, o procurando com o olhar quando ouvia o som de sua voz. “Você não pode ver,” ele revelou. “Desculpe-me,” um dos médicos interrompido. “Agente Especial Garrett, este homem está autorizado a ficar com você? Você o conhece?”

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Zane piscou lentamente. “Ele é o meu parceiro,” ele disse, as palavras saindo um pouco mais claramente, embora ainda ofegante. “Diga a ele. Ele estava no carro.” “Diga-me, minha bunda. Ele não pode me ver,” Ty grunhiu ao médico, apontando para Zane de forma acusadora. O segundo médico falou. “Você está correto, Agente...?” “Grady,” Ty disse ao homem aborrecido. “Por que ele não pode enxergar?” “Ty,” Zane disse suavemente, o tom claro, pedindo que Ty se acalmasse, para deixar que os médicos se explicassem. O primeiro médico virou uma página na prancheta. “Como estávamos explicando ao Agente Garrett, havia um inchaço devido a pancada na cabeça; mesmo que a maior parte tenha abrandado, além da confirmação que não existe mais o sangramento interno, pensamos que havia o suficiente para formar alguns coágulos sanguíneos. Com os medicamentos adequados, e depois de alguns dias, vamos executar outra tomografia computadorizada para determinar a extensão dos danos.” “Os coágulos estão muito perto dos nervos ópticos, possivelmente, até mesmo dentro deles,” disse o segundo médico. “É por isso que ele não pode ver.” Ty olhou para eles, tentando decidir se ele tinha razão em bater em um ou ambos, entretanto, ele achava que não deveria. “Coágulos,” ele repetiu. “Portanto não é... permanente, certo? Pode ser corrigido?” “Escolhemos uma droga muito bem sucedida para dissolver os coágulos,” disse o primeiro médico. “Quando formos repetir a tomografia e realizar um exame de retina, iremos ter uma ideia melhor, mas eu diria que é apenas temporário e não haverá necessidade de cirurgia para correção.” Enquanto conversavam, a enfermeira estava mudando uma IV, e Zane nem sequer pestanejou quando pôs outro cateter. “Posso te dar alguma coisa, Sr. Garrett?” Ela perguntou. “Tem alguma dor?” 121

”Dor de cabeça, mas eu vou viver,” a voz de Zane era arrastada. “Bem, agente Garrett, tente descansar um pouco,” o primeiro médico disse. “Você pode achar que será mais fácil se apenas manter os olhos fechados; hesito cobri-los até que saibamos mais sobre a sua condição, estaremos de volta para avaliá-lo em poucas horas.” Com isso, os dois médicos acenaram para Ty e sairam. A enfermeira deslizou um cabo com um botão dentro do braço de Zane. “Se você precisar de alguma coisa, apenas toque nisso, eu virei correndo; meu nome é Bree.” Então, ela os deixou sozinhos. Ty ficou no lugar, sem saber o que fazer. Ele não podia combater a sensação de que tudo isso foi culpa dele de alguma forma. Se ele apenas fosse com eles.... “Pare com isso,” Zane murmurou. “O que foi?” Ty perguntou defensivamente. Zane virou o rosto para Ty. “Pare de se culpar; está bem? Você estava no carro,” ele repetiu pela terceira vez, a voz estava baixa e exausta. “Você realmente tem uma concussão, hein,” Ty murmurou. A cadeira pesada em que se sentou, havia sido colocado de volta em seu canto, então se sentou na ponta da cama. “Lamento muito,” ele ofereceu sem convicção. “Eu deveria estar lá com você.” Zane deslocou a mão até a coxa de Ty. “Ambos estaríamos aqui.” Seu tom de voz transmitia que seria uma coisa ruim. Ty não respondeu, apenas abaixou a cabeça e olhou para a mão de Zane. “Dói?” ele finalmente perguntou. Zane resmungou. “Dor de cabeça, mas eu vou viver.” Ty teria sorrido com a repetição absurda, mas ele sabia que Zane não ficaria bem depois de uma dura pancada na cabeça. Ele balançou a cabeça em silêncio, tardiamente lembrando que Zane não poderia vê-lo. “Você pode ver alguma coisa?” ele perguntou timidamente. “Sombras, nada?” 122

Zane ficou em silêncio por um longo momento, enquanto piscava os olhos mais e mais. “Nada,” ele sussurrou. Ty se abaixou e pegou a mão dele, apertando com força. McCoy tinha exigido que ele fosse para casa, mas o que ele faria lá? Por outro lado, Zane precisaria de cuidados e assistência médica, e Ty sabia, assim como ele mesmo quando esteve no hospital, que odiava ter pessoas com ele. “O que posso fazer?” Ele perguntou, sentindo-se impotente e inútil. Zane lambeu seu lábio inferior e abriu os olhos, procurando o rosto de Ty. “Não me deixe sozinho.” Sua voz realmente tremeu. Ty olhou para ele preocupado, e colocou a outra mão em cima da de Zane, segurando-o com ambas as mãos e deixando seus dedos deslizam para cima do braço dele. “Não irei a lugar nenhum,” ele prometeu. Zane assentiu; fazendo um movimento desconfortável. Ele fechou os olhos como se pudesse ajudar. “Estou um pouco agitado,” ele murmurou. Ty acariciou seu braço inutilmente. Ele não tinha ideias do que mais poderia fazer. “Teremos que encontrar uma terceira pessoa para cuidar de nós quando nos machucarmos,” Ty sugeriu. “Nós não somos bons nisso.” “Muito bom, essa é nova,” disse Zane com um huff macio. “Dor de cabeça.” “Ei, eu prefiro as minhas lesões improváveis nos dedos,” Ty respondeu enquanto corria o polegar ao longo do pulso de Zane. “E isso não é novo, é apenas mais épico do que o que eu fiz em Nova York.” Zane bufou e pareceu encolher-se em si mesmo com o silêncio prolongado. “Isso cansa,” ele finalmente murmurou. “Pense nisso como... Um treinamento especial para seus outros sentidos,” Ty instruiu, fingindo um tom alegre. Zane franziu a testa e respirou fundo. “Se eu pudesse vê-lo,” ele enunciou: “Gostaria de atirar em você.” 123

“Deve ser o meu dia de sorte, então,” Ty respondeu ironicamente. Zane abriu e fechou o punho entre as mãos de Ty, flexionando os dedos antes de deixá-los descansar, enrolando em torno do pulso de Ty. “E agora?” Ty abriu a boca para responder, tentando encontrar alguma piada engraçada, ou uma mentira suave. Mas no final, apenas fez alguns sons suaves antes de fechar a boca novamente e balançar a cabeça. “Eu não sei,” ele respondeu. “Eu acho que vamos apenas esperar.” ”Uau,” Zane murmurou cansado, com a cabeça pendendo de volta contra o travesseiro. “Você deve estar se cagando de medo, se isso é o melhor que você tem.” Ty apertou os lábios e olhou para Zane, impotente. Ele encontrou os olhos dele, sabendo que Zane não conseguia vê-lo. Ele estava feliz por ele, pois Zane não tinha necessidade de ver o seu medo. Se ele estava tão assustado, ele não poderia nem imaginar como Zane estava se sentindo.

***** Ficar completamente no escuro tinha tomado um significado totalmente novo. Não era apenas escuro; era escuro como breu, sem nenhum alívio, sem o cinza, nenhum indício de luz sob a porta, sem o brilho distante das estrelas no céu. Era o nada absoluto. Cada vez que Zane acordava de um cochilo, que não era um sono reparador, pois a enfermeira insistia em acordá-lo a cada quinze minutos, ficava mais difícil pensar, mas o seu primeiro pensamento sempre que abria os olhos, era se ele seria capaz de ver. Mas, em seguida, quando abria os olhos... Não via nada. Se não fosse capaz de ouvir algo no quarto do hospital, ele estaria totalmente apavorado agora. 124

Com um suspiro, se moveu um pouco na cama, com muito cuidado, não tendo certeza se aconteceria alguma coisa se se mexesse muito. Ele ouviu o suspiro de Ty de repente e sentiu um leve empurrão. “O que foi?” Ty perguntou com a voz rouca e sonolenta. Zane franziu a testa. “Ty? Você estava dormindo?” “Eu não tenho certeza,” Ty respondeu com uma voz que informava a Zane que ele estava definitivamente dormindo e ainda estava no processo de tentar se lembrar onde estava. Zane sentiu Ty passar de leve a mão contra o seu peito, como se quisesse ter certeza de que ele estava realmente lá e não estava sonhando. Ele levantou sua própria mão para cobrir a de Ty por um momento. “Parece que você estava,” Zane murmurou, e desviou os olhos para olhar ao redor, embora não houvesse nada para se ver. “Que horas são?” “Tarde,” Ty respondeu, com a voz soando como se ele houvesse se afastado. “Você pode... Você pode ver alguma coisa?” Ele perguntou timidamente. Zane se deslocou um pouco mais para o lado, ficando de frente para Ty, deixando seu rosto acomodado sobre o travesseiro. “Não,” ele sussurrou. Seus dedos se moveram um pouco sobre a mão de Ty. Embora ele nunca fosse um cara meloso, agora que não poderia ver, o simples fato de tocar era muito importante para o seu estado de espírito. Ele se perguntava por quanto tempo Ty toleraria isso. “Droga,” Ty suspirou. Ele apertou a mão de Zane e se afastou enquanto se levantava, assim como Zane sabia que ele faria. “Você precisa de alguma coisa?Vou procurar alguma cafeína, e talvez um pouco de comida de verdade.” Zane resistiu, mas balançou a cabeça ligeiramente. Doeu e o deixou enjoado. “Não, você ficou aqui o tempo todo?” “Sim,” Ty respondeu com surpresa na voz. Ele quase parecia ofendido que Zane tivesse perguntado. “Por quê?” 125

“Relaxe, ok?” Zane disse com um suspiro. “Achava que você tivesse ficado, o que significa que esteve por aqui por algum tempo sem ter uma pausa; quando você comeu pela última vez?” “No almoço,” Ty respondeu e se afastou completamente. “Quer que eu fi... Quer ver o médico e ver... Se consigo alguma comida?” ele murmurou, sua voz saia ondulada, fora do seu alcance. Zane imaginava que ele poderia estar procurando ao redor do quarto alguma coisa ou, eventualmente, um casaco. Ele poderia ter detectado algum farfalhar de tecido. “Sim,” Zane disse, engolindo a sugestão de medo que o atingiu o seu peito. Ele mordeu o lábio e se deslocou mais para o lado, puxando o travesseiro com força contra o peito, como fazia em casa. Porra, ele odiava isso. E odiava ainda mais estar com medo dessa situação. Ele fechou os olhos com força. “O que está errado?” Ty perguntou, sua voz se aproximou novamente. Zane lembrou-se que era um homem adulto que já tinha enfrentado todos os tipos de desafios perigosos e realmente assustadores em sua vida e tentou relaxar, com apenas um pouco de sucesso. Ele limpou a garganta. “Você vai voltar, né?” ele finalmente perguntou. Ele fez uma careta. Porra, ele soava como um maldito bebê. Houve silêncio como resposta, mas Zane ainda podia sentir a presença de Ty ao lado de sua cama. Finalmente, Ty se moveu, e o jeans da calça dele, raspou suavemente contra o seu corpo. Ele estendeu a mão e colocou a mão na testa de Zane. “Vai ficar tudo bem,” ele assegurou-lhe, e em seguida retirou sua mão. Um pouco da tensão se derreteu de seu corpo, o suficiente para que Zane pudesse respirar novamente. Ele acenou com a cabeça contra o travesseiro. “Vá em frente, vou estar aqui.” Não houve resposta, nenhum som de Ty se movendo, mas parecia que o calor tinha saído do quarto, então ele soube que Ty foi embora. A mandíbula de Zane apertou, e ele empurrou o rosto contra o travesseiro. Esta merda de ficar cego era mais fácil de lidar quando passava a maior parte do tempo inconsciente e incapaz de se concentrar. Com nada mais a fazer, começou a ouvir, fechando os olhos e realmente prestando atenção aos sons em volta do quarto. 126

***** DEPOIS do inferno claustrofóbico que era a praça de alimentação lotada do hospital, Ty encontrava-se abalado e despenteado enquanto voltava para os elevadores. Ele não deu nenhum sorriso, nenhum aceno quando as pessoas passavam por ele, mas a verdade, era que nem chegou a ver essas pessoas passando por ele. Ele manteve a cabeça baixa e uma careta no rosto enquanto se perguntava sobre o que precisava ser feito. Ele conversou com sua mãe por pelo menos meia hora enquanto esperava na fila do café tentando convencê-la de que ninguém havia morrido e que ele e Zane estavam com todas as suas partes intactas. Quando desligou, disse a si mesmo para apreciar o fato de que ela se importava, lembrar que era por amor, ficar feliz por que a sua mãe ainda está por aí. Zen, Ty, Zen. Então, o pensamento de que Zane tinha uma mãe lhe atingiu como um caminhão de galinhas, e em pânico, sentiu necessidade de sentar. Ele perdeu seu lugar na fila. Foda-se a fila. Ele estava listado como o contato de emergência de Zane, o que significava que a única notificação para a família seria feita por ele. A perspectiva de chamar os pais de Zane para dizerlhes que ele estava gravemente ferido: ‘E oh, a propósito, eu sou o parceiro de seu filho, mas eu o deixei entrar sozinho dentro de um prédio que explodiu, prazer em conhecê-los. Ele disse que gosta de pau?’ Ty fechou os olhos e balançou a cabeça, surpreso ao encontrar-se dentro do elevador. Ele tomou uma respiração profunda e soltou o ar cuidadosamente. Era apenas a falta de sono e, possivelmente, um pouco de trauma. Ficaria tudo bem. Zane ficaria bem. Tudo acabaria bem. “Tudo bem,” ele disse em voz baixa. Quando chegou ao quarto de Zane, ele estava quase bom novamente. 127

Então ele viu Zane, seu parceiro, seu amante deitado na cama, pálido e ainda, de alguma forma conseguindo parecer ainda mais frágil, apesar de ser um homem alto e musculoso; e o que era “bom” pulou da janela, em uma queda de três andares, se espatifando no asfalto. Ty parou na porta do quarto, se perguntando se deveria ficar ou sair, uma vez que Zane parecia estar dormindo. Foda-se ele tinha que sofrer, assim como Zane estava sofrendo. Ele se aproximou, deu uma olhada nas máquinas ao redor do quarto, e sentou-se cautelosamente na borda da cama. O canto da boca de Zane se inclinou para cima. “Old Spice,” ele murmurou. As palavras aqueceram o peito de Ty, mais do que estava disposto a admitir. Ele se inclinou mais perto e fungou ruidosamente em Zane. “Desespero?” Zane torceu o nariz. “Enxaguante bucal, é uma merda desagradável.” Ele se moveu para ficar mais próximo do toque de Ty. Havia um pequeno curativo branco contra a pele de Zane, onde o IV foi colocado no início do dia. Ty agarrou sua mão e apertou-a. “Você está melhor?” “Não estou tão dolorido,” Zane admitiu. “Eles tiraram todos os fios e me deram Ginger Ale; odeio Ginger Ale.” Ainda não havia muita força por trás de suas palavras, mas pelo menos era melhor que o maçante sim e não, e o ‘você estava no carro’ no início daquela tarde. Ty assentiu, sem saber o que dizer. Sua mente ainda estava correndo, igual as pernas de um pato chutando furiosamente sob a superfície de uma lagoa. Ele tinha certeza de que se Zane pudesse ver, ele teria mencionado isso agora. “Eu conversei com Ma agora; ela disse para te dar um Olá,” Ty tentou, ávido por um fio para se pendurar, antes de começar a sair dos trilhos novamente. Ele iria precisar tirar uma soneca quando chegasse em casa. “Eu poderia comer uma daquelas tortas agora,” Zane disse, visivelmente se iluminando, mesmo que seus olhos permanecessem sem brilho e em branco.

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”Eu tenho certeza de que ela está assando algumas furiosamente,” Ty murmurou. Ele olhou para a mão que ainda segurava na sua. “Você quer que eu ligue para os seus pais?” Por favor, diga que não, por favor, diga não, por favor, diga nã“Não,” Zane disse imediatamente. Graças. A. Deus! Ty pigarreou e continuou falando, apesar de seu alívio. “Você tem certeza? Parece que seja algo que talvez eles deveriam saber.” O nariz de Zane se enrugou, e ele franziu a testa antes de suspirar um momento depois. “Acho que eu poderia ligar para Annie, mas não para os meus pais; nós não... Nós não estamos realmente em contato.” Ty fez uma careta, mas não empurrou mais; mas, no entanto, não podia deixar de perguntar. “Quem diabos é Annie?” Zane sorriu e virou a cabeça no travesseiro. “Minha irmã mais nova.” “Ah... Vou ter que ligar pra ela? “ Ty perguntou, incapaz de manter o desprazer em sua voz. “Eu não faria isso com você,” Zane assegurou a ele, esfregando suavemente na coxa de Ty. Ele claramente pegou o tom de voz dele. “Mas ela sabe quem você é.” “Ela sabe que eu sou o parceiro que o deixou entrar sozinho dentro do prédio com bombas e que depois explodiu, e que você gosta de pau?” Ty perguntou, sem sequer pensar se tinha alguém ao redor, dentro do alcance auditivo. Os olhos de Zane se arregalaram comicamente, antes que ele piscasse várias vezes, balançando a cabeça. “Ela sabe que você é o meu parceiro, e que salvou a minha vida várias vezes,” ele corrigiu uniformemente. “E sim, ela sabe que eu mudei de time.” A mente de Ty corria, e finalmente chegou a uma parada, guinchando dolorosamente. “Espere, o quê?”

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“Nem preciso ver o seu rosto para saber que você está prestes a surtar.” Zane suspirou. “Ela sabe que somos parceiros de trabalho, isso é tudo. Eu não dou detalhes sobre a minha vida privada para ela ou qualquer um, mas ela sabe em termos gerais que, no passado, eu já dormi com homens e mulheres. Ok?” Ty fechou os olhos e apertou a ponte de seu nariz para afastar os esquilos tentando esculpir seu caminho para fora de seu cérebro. “Zane,” Ty gemeu um murmúrio. “Quando você vai sair deste lugar? Eu preciso dormir um pouco, porra, antes que você me deixe louco.” “Eu não sei,” foi a resposta calma. Ty olhou para Zane, realmente olhou para ele, seu rosto pálido, e a preocupação gravada em cada linha de expressão. Tinha passado um tempo desde que Zane tinha estado assim tão mal. Isso fez Ty perceber o quanto melhor ele tinha estado desde o Natal. Ele estendeu a mão e ajeitou o cabelo de Zane com as pontas dos dedos, não querendo fazer uma exibição pública de sua afeição, mas querendo confortar Zane de alguma forma. “Você quer que eu vá perguntar se você pode voltar para casa?” Zane deu um olhar estranho, com dor no rosto por um momento, antes de dar de ombros. “Eu não saberia o que fazer; não tenho certeza... de como poderei gerenciar.” “Você tem a mim.” Ty apertou os lábios com força, se sentindo corar. Ele abriu a boca para adicionar algum tipo de incentivo para isso, mas, supostamente depois de dizer para alguém que o ama e cair de joelhos, como Ty fez muitas vezes para Zane, você já passou de ter vergonha quando você parece mais como um cartão do Hallmark. O pequeno sorriso no rosto de Zane suavizou as linhas de preocupação. “Eu sei.” Ele esfregou os dedos sobre a calça de Ty. “Mas você tem que trabalhar, e jogar softball, e dormir,” enfatizou com um puxão suave. “Está dizendo que você não quer que eu fique com você?” Ty perguntou com a voz mais neutra que conseguiu. Não iria culpar Zane se ele não quisesse. Se as suas posições fossem invertidas, Ty iria afastar Zane em um piscar de olhos. E Ty sabia que ele não era o candidato ideal 130

para cuidar de alguém, seria um eufemismo impressionante. Mas ele queria estar lá para Zane de qualquer maneira. Ele queria que Zane soubesse que Ty estava lá por ele, não importa o quê. “Não, eu quero você comigo o tempo todo; mas sabemos muito bem que não iria funcionar.” Ty estava à beira de concordar, mas que merda, não iria funcionar. Eles atacariam a garganta um do outro... Apesar de ter sentido a falta de Zane nessas últimas semanas tão ocupadas. Ele olhou nos olhos cegos de Zane, e o impulso de perguntar foi muito mais forte, do que ser uma babá. “Você vai me dar uma chance?” ele implorou. A onda de emoções cruzando o rosto de Zane era indefinível; à primeira Ty pensou ter identificado surpresa, então felicidade, e depois, talvez esperança. “Sim,” respondeu Zane. “Bom,” Ty suspirou, e deu um tapinha no joelho de Zane. “Vou caçar um médico e ameaçá-lo até que ele permita que você vá para casa.” “Ele provavelmente vai concordar, ele não está muito feliz comigo,” Zane disse. ”Por que não?” Zane fechou os olhos e piscou várias vezes antes de abri-los. “Recusei o tratamento para a dor,” ele murmurou. Ty assentiu, esquecendo por um momento que Zane não podia vê-lo fazendo isso, então, acariciou a barriga dele. Ele não iria comentar sobre as drogas, assim como tinha parado de comentar sobre qualquer outra coisa que lembrava os vícios de Zane. Não valia a angústia. “Volto já,” ele murmurou, e saiu para encontrar algum médico desavisado para intimidar.

*****

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”AGENTE Garrett, como está se sentindo?” Perguntou a voz de um homem quando entrou no quarto. Mesmo que estivesse esperando por isso, Zane ainda se sentia tenso. Ele abriu os olhos por força do hábito e se sentou. “Muito bem, exceto...”. Ele acenou com a mão para algum lugar ao lado de sua cabeça. “Ainda sem visão?” a mesma voz perguntou com uma audível carranca. “Bem, é de se esperar; nós vamos iniciar o processo de alta, e você vai ser capaz de sair daqui,” ele disse, fazendo sons de papéis embaralhados. Zane fechou os olhos e agarrou o cobertor em um punho. Ele ainda não tinha tanta certeza se era uma boa ideia sair do hospital, mesmo que não quisesse estar aqui. ”A menos que haja um problema?” o médico perguntou, a voz cheia de preocupação. “Um problema?” A voz de Zane ficou um pouco alta e grossa no final. “Eu não posso ver!” O médico limpou a garganta. “Agente Garrett, é um efeito colateral temporário,” assegurou ele. “Agora que sabemos que não é uma lesão crítica, não haverá nenhuma razão para você ficar aqui, tenho certeza de que você vai ficar mais confortável em casa.” Zane engoliu em seco. “Em casa. Sozinho.” “Você está dizendo que quer permanecer no hospital?” o médico perguntou a ele com surpresa. “Não é realmente uma opção, Agente Garrett.” “Não, eu acho que não é,” Zane murmurou, deixando cair o queixo. “Vai levar cerca de uma hora,” o médico lhe disse, parecendo aliviado por não ter que falar com Zane mais do que o necessário. “Vamos arrumar a sua alta,” ele disse, e seus sapatos rangeram quando ele se virou. “Ei,” Zane disse abruptamente. “Há algo que eu deveria fazer enquanto estiver em casa?” Ele ouviu o médico parar e se virar. “Não esbarre nas coisas,” aconselhou o homem depois de um momento de reflexão. 132

“Sim, isso vai ser moleza,” Zane murmurou. “Descanse, relaxe e deixe alguém cuidar de você,” o médico disse sério. “A enfermeira estará de volta em breve,” acrescentou, então os passos ligeiramente sibilantes desapareceram. “Relaxar,” Zane disse, como se alguém estivesse ali, mas, não estava muito certo de que realmente não estivesse ninguém. “Ele disse que era para relaxar.” Ele gemeu e esfregou as mãos sobre o rosto. Com um suspiro, Zane puxou uma perna para cima e passou um braço em torno de seu joelho, se perguntando o que diabos ele ia fazer. Ele já tinha aceitado a ideia de não chamar Annie. Ele tinha certeza de que sua irmã iria ajudá-lo, se ele precisasse, mas não havia realmente nada para ela fazer. Não havia realmente qualquer coisa que alguém pudesse fazer. E isso era frustrante. Poucos minutos depois, escutou uma batida suave na porta de seu quarto. “Você quer Cheetos ou um Snickers?” Ty perguntou com um tom descontente. Zane virou seu queixo, logo que ouviu a batida. “Snickers,” ele disse, embora os Cheetos soassem uma boa pedida, mas Zane sabia que Ty lutaria por eles. Ele podia ouvir Ty desembrulhar a barra de chocolate enquanto se aproximava. “Estenda a sua mão,” Ty ordenou quando chegou ao lado da cama. Se movendo ligeiramente na cama, Zane fez isso, e estendeu a palma para cima. Ty colocou os Snickers na sua mão sem uma palavra, e, em seguida, Zane o sentiu se afastar e o ouviu se sentar em uma cadeira de algum tipo. As molas chiaram. Zane levantou o chocolate timidamente aos lábios, surpreso quando encontrou dificuldades para colocar na boca. Ele deu uma mordida e mastigou lentamente. “O médico passou aqui,” ele disse enquanto saboreava o chocolate. “Foi mais rápido do que eu esperava. E?” Ty perguntou ansiosamente. “Eles estão me mandando para casa.” “Isso é bom, certo?” Ty perguntou. “Quando podemos ir?” 133

“Ele disse uma hora.” Zane não tinha certeza sobre a resposta à primeira pergunta. A cadeira rangeu quando Ty se inclinou para frente. Sua voz estava perto quando ele falou. “Nós já conversamos sobre isso, você não quer ir para casa?” “Sim, eu quero ir para casa, eu odeio hospitais; é só...”. Zane franziu a testa. “Você gostaria de ver,” Ty completou o assunto com naturalidade. Zane assentiu e cuidadosamente deu outra mordida nos Snickers. “Nem sei o que diabos vou fazer comigo mesmo; vai ser um nível totalmente novo ficar olhando para quatro paredes.” “Bem,” Ty murmurou, pensativo. “Cara, merdas acontecem Zane, sabe? Nós vamos sair daqui e conseguir alguma comida de verdade.” Zane ficou em silencio por um momento e, em seguida, deu uma risadinha. “Bem vindo de volta.” “O que foi?” ”Você soou muito mais como a sua atitude normal, idiota e mal-humorada,” Zane explicou. “É reconfortante, na verdade.” E Zane sentir mais vontade de rir. “Sim, você será um ótimo pajem.” Ele foi surpreendido por uma pancada na ponta do nariz. Ele nem tinha sequer ouvido ou sentido o movimento de Ty. Ele levantou uma mão, em uma reação tardia. “Ei! Eu vi você usar um ferro de passar, isso foi malditamente impressionante.” “Marines sabem como usar um ferro, ou têm que se casar,” Ty aconselhou com a boca cheia de Cheetos. “O ferro de passar é menos perigoso.” Zane bufou e quase engoliu o pedaço de barra de chocolate em sua boca, sem mastigá-lo. “Isso foi realmente muito engraçado.” “Eu tento”.

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Capítulo 07 ZANE sentiu o táxi parar. Ele perdeu a noção das voltas e reviravoltas um tempo atrás, e não tinha nenhuma ideia se estavam em sua casa, ou na casa de Ty, ou em algum lugar completamente diferente. Ele já tinha decidido que não havia nenhuma maneira dele dizer as palavras: “Estamos Chegando?” Ty iria pirar. Assim, sentou-se calmamente, com o rosto virado para a janela, e o queixo para baixo. Ele estava vestindo as roupas do hospital; seu terno foi para o lixo. Ele sabia que não tinha sangrado, apesar das contusões em todos os lugares, por isso imaginou que não estivesse tão ruim. “Chegamos,” Ty disse a ele. A porta do lado de Ty abriu. “Aguente ai, vou buscá-lo,” ele disse antes de fechar a porta. Zane não se moveu, ele sabia que isso seria difícil, tentar se locomover, e ele certamente não teria como olhar para frente. Ele mal disse uma palavra por todo o caminho, só de pensar no que estaria enfrentando. E se ele não fosse capaz de ver novamente? Ele sabia que era cedo demais para começar a se preocupar e fazer algum planejamento, mas, foda-se tudo, ele estava lidando e endireitando um monte de merda na cabeça, e agora isso? A porta do seu lado abriu, e Ty pegou o seu cotovelo suavemente. “Cuidado com o meiofio, quando descer; vai chegar rápido,” ele murmurou, soando como se estivesse olhando para o chão enquanto falava. Zane deslizou no assento e colocou um pé para baixo. Ele podia sentir o declínio suave do meio-fio e deslocou o pé um pouco mais para frente antes de se levantar do assento. Ty o acompanhou até a calçada, deu-lhe um tapinha no ombro, em seguida tirou a mão do cotovelo dele. Zane ouviu Ty falar baixo com o taxista.

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Movendo-se cuidadosamente, Zane se afastou do carro e esperou. Ele podia dizer pelo cheiro familiar dos restaurantes italianos em Little Italy que estavam em sua casa. Ele também conhecia o caminho até a porta da frente, mas não sabia o quão longe estava da porta; e ainda havia os degraus, o corrimão, um banco e alguns pedaços de concreto quebrado na calçada, e se fosse o dia do lixeiro, poderia haver uma lata de lixo na calçada. Zane gemeu. Seu cérebro agredido tentou se focar em Ty. “Aqui,” Ty disse, surpreendendo Zane, e o afastando de seus pensamentos circulares. Ty pegou na mão de Zane e colocou algo nela. “Use isso,” ele instruiu enquanto segurava a mão de Zane, em torno de uma madeira curvada. Zane percebeu que era o guarda-chuva que mantinha ao lado da porta de entrada. Ele franziu a testa e fechou os dedos em torno do punho, movendo-o ligeiramente na frente dele. Não era uma bengala, mas iria impedi-lo de bater em alguma coisa a sua frente. “Boa ideia,” ele murmurou. “Eu sei,” Ty respondeu facilmente, com um sorriso evidente em sua voz. Ele pegou o cotovelo de Zane e o acompanhou. “Leve o tempo que precisar, mexa seus pés quando não estiver certo de onde pisar; se você hesitar ou se antecipar, pode ficar mais sujeito a tropeçar,” ele aconselhou. Zane fez uma careta. “Certo,” ele murmurou, respirou fundo e deu alguns passos. Ele podia sentir a superfície dura debaixo de seus pés, por isso sabia que estava no passeio. Embora estivesse se sentindo um completo idiota, ele balançou o guarda-chuva com cuidado na frente dele, de um lado a outro, e em torno de seus joelhos. Quando bateu em alguma coisa que soava metal, ele parou com surpresa, tentando se lembrar do que poderia ser. “Apenas a grade,” Ty disse ao seu lado. “Degraus,” ele acrescentou dando um aperto no cotovelo de Zane. Zane ainda fez uma pausa. “Até que ponto? O degrau é agora?”

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“Sim,” Ty respondeu secamente. “Dê um pequeno chute com os dedos dos pés para encontrá-lo.” Zane levantou o pé, e chutou, encontrando a frente do degrau, então colocou o pé sobre ele, um pouco surpreso quando funcionou. Ele repetiu o movimento mais duas vezes e parou. “Está tudo bem?” “Sim,” Ty respondeu, e soltou o braço Zane. Ouviu o som das chaves na porta, e a porta rangeu quando foi aberta. Ty pegou o braço dele de novo, mas não o puxou. “Vamos entrar,” ele instruiu. “Não arraste os pés, há um batente na porta.” “Você já fez isso antes, não fez?” Zane disse, seguindo as instruções e conseguindo entrar sem nenhum problema. “Quando eu era pequeno,” Ty respondeu com a voz mais suave. “Nós vamos usar o guarda-chuva até que eu possa encontrar algo melhor.” Zane franziu a testa de novo e colocou uma mão contra a parede que ele sabia que estava ao seu lado direito. “Ninguém na sua família é cego.” “A minha bisavó; ela morreu quando eu tinha quatorze anos.” Zane balançou a cabeça e começou a se mover, deixando sua mão deslizar ao longo da parede. Ele sabia que ainda tinha alguns metros até chegar a uma estante. Ele estava no corredor principal de sua casa, que levava até a cozinha na frente dele. Ele estava na sala de estar, as estantes estavam no corredor à direita, havia quatro portas no corredor: dois quartos, um armário e um banheiro. Ele não tinha muita mobília, então qual seria o problema? “Pelo menos eu sei onde estão as coisas na minha própria casa,” ele murmurou enquanto caminhava, tocando com a sua mão a madeira das prateleiras. “É essa a ideia,” Ty murmurou de algum lugar na frente dele. Zane deliberadamente fechou os olhos para visualizar o sofá e as cadeiras, e, em seguida, varreu o espaço na frente dele antes de dar dois passos cuidadosos e parar logo atrás do sofá. Ele

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arrastou seus dedos sobre ele, enquanto caminhava ao redor e, com um suspiro de alívio, se sentou. Ty deu um tapinha na cabeça dele logo que se sentou, como se ele fosse um cão que executou um truque corretamente. Sua voz era o único indicativo para saber onde ele estava. Ele não fazia qualquer outro ruído quando se movia. Sem pegadas, sem farfalhar de roupas, sem ossos batendo ou articulações rangendo. Nada. Sinistro. Ty Vintage. “Quer comer? Não é tão tarde,” Ty perguntou quando se afastou. “Sim,” Zane disse fervorosamente batendo levemente na mão de Ty. “Não havia nada de errado comigo e ainda queriam me alimentar com sopa e gelatina.” ”Gelatina é bom,” Ty argumentou da cozinha. “Não quando você está morrendo de fome,” Zane rebateu. Ele tirou os sapatos, certificando-se de empurrá-los com cuidado sob a velha mesa de café, antes de tirar as suas meias e apoiar as pernas para cima. Ele encostou a cabeça na parte de trás do sofá. Com os olhos fechados, ele quase podia imaginar que era uma tarde de domingo e estava sendo apenas preguiçoso, em vez de ser uma segunda-feira após ter passado pelo inferno. “Bem, o que você quer?” Ty perguntou em um tom meio aborrecido. Sua voz se moveu. Ele estava de pé na frente de Zane. Zane se contraiu em surpresa e seus olhos se abriram. “Cristo, Ty,” queixou-se. “O que foi?” Ty perguntou defensivamente. “Estou com fome!” “Ainda bem que estou mais calmo recentemente,” Zane disse a ele. “Pois se estivesse com a minha arma, eu teria sacado.” “Do que você está falando?” Zane balançou a cabeça e passou uma mão sobre o rosto. “Peça o prato fundo do Isabella’s, devem estar abertos.”

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Ty colocou um telefone na mão de Zane. “Aqui; preciso de ibuprofen,” ele disse enquanto sua voz foi sumindo. “No armário da cozinha ao lado da pia,” Zane disse distraidamente enquanto corria os dedos sobre as teclas, tentando descobrir como fazer isso. Era mais fácil com os olhos fechados, mesmo que não pudesse ver de qualquer maneira. Depois de duas tentativas abortadas, ele conseguiu o número que tinha memorizado no telefone e fez a encomenda para entrega. Ele podia ouvir Ty abrindo e fechando portas, e depois sacudindo o pote de ibuprofeno. Ele o ouviu abrir e fechar a geladeira. Então ele parou de fazer barulho novamente. Poucos segundos depois, Zane ouviu o pop e o silvo de uma bebida gaseificada sendo aberta a poucos metros de distância. Zane virou o rosto com o som. “Sabe, eu sabia que você poderia ser assustador, eu só não percebi o quão assustador do caralho pode ser. Não consigo ouvir você se movendo.” ”O que foi?” Ty perguntou no mesmo tom distraído, a voz um pouco confuso da que usou anteriormente. “Você quer uma bebida?” ele ofereceu tardiamente. “Vou esperar pela pizza. Você se move tão sorrateiramente, que não consigo ouvi-lo. Mesmo passos no tapete, e eu sei como ouvir essas coisas.” “Oh,” Ty disse envergonhado. “Desculpe.” “Está tudo bem, apenas confirma que você nem mesmo tem que pensar para fazer isso.” Zane inclinou a cabeça, virando uma orelha em direção a ele. “Você vai ficar até a pizza chegar?” “Pensei sobre isso, mas ainda incomoda ficar sentado,” Ty admitiu. “Ainda sofrendo muito com o confronto do jogo?” Zane franziu a testa. “Você não entrou no prédio e se machucou, não é?” “Não,” Ty respondeu enquanto se sentava. O sofá ao lado de Zane se afundou quando ele se ajeitou.

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Zane ainda estava com a testa franzida, ouvindo a voz de Ty cuidadosamente, mas não havia nada nenhuma pista. “Eu gostaria de saber o que aconteceu, em um momento estava andando pela loja, indo verificar o depósito, no próximo momento acordei no escuro total.” “Houve uma explosão,” Ty disse a ele. Ele resmungou pesadamente, e a próxima coisa que Zane sabia, era que a cabeça de Ty estava descansando em sua coxa. “Cerca de uma dúzia de agentes e policiais ficaram feridos; seis dos nossos estão no hospital. Nenhuma morte, até onde eu sei.” A carranca de Zane desapareceu, e ele moveu a mão para passar suavemente sobre a cabeça de Ty, acariciando levemente. “Você viu tudo do carro?” “Sim,” Ty respondeu suavemente. Ele se esticou, colocando sua bebida sobre a mesa, então se estabeleceu contra Zane novamente. “Você foi carregado por um bombeiro bem grande chamado Tank,” ele informou a Zane em diversão. “Tank?” “Esse é o cara que me atropelou.” “Ah, sim, o conheci no campo por alguns instantes.” Zane deslizou os dedos para baixo sobre a bochecha de Ty. “Tenho certeza que levará cerca de meia hora até a pizza chegar, por que você não tira um cochilo rápido?” “Você vai ficar bem?” Ty perguntou a ele, nem mesmo tentando argumentar. ”Vou ficar aqui mesmo,” Zane disse, sua mão passando pelo ombro de Ty, e depois seus dedos passaram novamente pelo seu cabelo. Ele sentiu o braço de Ty se movendo, e imaginou que Ty provavelmente colocou seu braço sobre os olhos, quando fazia quando estava desgastado. “Acorde-me se você precisar de alguma coisa,” Ty murmurou. “Ok,”

Zane

murmurou

enquanto

descansava

seu

pescoço

um

pouco

mais

confortavelmente ao longo do encosto do sofá e fechou os olhos. Ele sintonizou a sua respiração com a de Ty, sorrindo quando sentiu Ty dormindo, e depois de um minuto quieto, Zane

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cuidadosamente se moveu, e pegou o seu telefone celular, que uma enfermeira tinha pegado de seu terno inútil, e ativou o comando de voz. “Chamando Deuce Grady.” Você quis dizer “Chamando Deuce Grady”? “Sim...?” Discagem. Zane respirou fundo e tentou soltar o ar lentamente enquanto o telefone completava a chamada na outra extremidade, em algum lugar na Filadélfia. Ty nem mesmo se contorceu em seu colo. “Olá,” Deuce respondeu após o segundo toque. Não havia nada tenso ou cortado na forma como ele atendeu o telefone, apenas mais um traço de Deacon Grady, o que era descontroladamente ao contrário de seu irmão. “Oi, Deuce,” Zane continuou, muito feliz que sua voz soou parecendo normal. “Ei, Zane, como vão as coisas?” Deuce perguntou facilmente, e Zane ingeriu. “Não estão tão boas,” admitiu. “O que está errado?” Deuce exigiu, sua voz perdendo a qualidade descontraída e tornando-se mais urgente. “É Ty, ele está machucado? Você está ferido? Porque Ty não me ligou para me dizer? Ele está consciente? O que aconteceu?” Zane resistiu à vontade de rir enquanto gentilmente acariciava o cabelo de Ty. “Ty está bem, ele está dormindo; e desta vez não é ele que está ferido.” “Oh,” Deuce murmurou, não parecendo nada envergonhado sobre sua explosão. “Mas você está ferido? Você está bem? O que aconteceu?” ”Uma explosão surpresa aconteceu,” respondeu Zane. “Eu estou bem. Intacto. Não tenho membros amputados ou qualquer coisa assim,” ele tentou fazer piada.

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“Uma explosão surpresa,” Deuce repetiu lentamente. Parecia que estava escrevendo em algo. “Interessante,” ele respirou lentamente. “Ao contrário de uma explosão não surpresa; o que aconteceu exatamente com você ?” “Aparentemente, algumas peças em minha cabeça ficaram um pouco embaralhadas,” Zane disse, sem jeito. “Eu não posso ver.” “Você não pode ver o que?” “Nada, não vejo nada; estou cego.” Zane estava muito orgulhoso de que sua voz não tinha tremido ou quebrado quando admitiu sua condição em voz alta. “Você perdeu a sua visão,” Deuce resumiu em um tom clínico, sem um pingo de piedade ou pedido de desculpas. “É uma condição permanente?” ele pediu, mais com cuidado. Ele parecia estar oscilando entre o psiquiatra e o amigo enquanto falavam. Alguns segundos se passaram antes que Zane percebesse que não tinha respondido. “Eles não sabem,” ele murmurou, se lembrando de pedaços das conversas dos médicos. “Eu vejo.” Deuce ficou em silêncio por um longo momento. “Deixe-me perguntar uma coisa Zane, você está ligando porque precisa de um amigo ou porque precisa de um psiquiatra?” “Eu quero falar com você, Deuce, não com o Dr. Grady,” Zane disse, sabendo que parecia um pouco melancólico. “Eu sei que nós meio que borramos um pouco a linha ao longo do caminho.” “Então deixe-me dizer uma coisa cara, isso é uma merda!” Deuce falou com sentimento. Zane abriu um sorriso e colocou a mão sobre o peito de Ty para que ele pudesse sentir sua respiração subindo e descendo uniformemente. “É uma merda, cara.” “Você está com Ty, ou está sozinho?” “Estamos na minha casa; estou mais familiarizado com o espaço por aqui,” Zane disse. “Acabei de sair do hospital, e nem sei que horas são.”

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Deuce murmurou pensativo. “Ty lhe disse que a nossa bisavó Elsie era cega? Ela tinha um relógio que ao virar para cima, ela podia contar o tempo. Ty pode tê-lo ainda. Bom, mas isso foi há uns vinte anos. Acho que há um botão em seu telefone que vai informar isso, também.” “Nós não tivemos muita chance de conversar; estávamos um pouco distantes, por conta do trabalho; estou me sentindo... Afundando,” Zane disse lentamente. “O pânico está começando a se aproximar de mim, e estou tentando deixá-lo dormir um pouco.” “Eu posso imaginar,” Deuce disse simpaticamente. “E não vai fazer nenhum bem dizer-lhe para não entrar em pânico. “ Zane deu uma pequena sombra de sorriso. “Certo.” Ele piscou várias vezes, resistindo à vontade de esfregar os olhos ressecados. Os médicos haviam dito repetidamente que não ajudaria coçar e provavelmente iria ferir. Mas ele não tinha certeza de onde a sacola do hospital estava, e mesmo que soubesse, não iria acordar Ty para pegá-la. “Isso... Não seria bom,” ele disse, e sua voz definitivamente balançou. “O que posso fazer para ajudá-lo, Zane?” Deuce perguntou com uma voz suave. “Eu só... Nada me assusta muito, sabe?” Zane tentou explicar. “Mas isso...”. “Você não sabe lidar bem com a incerteza,” Deuce observou quase clinicamente. “Muitas pessoas não conseguem lidar; por que isso assusta você?” “Eu não posso trabalhar se continuar cego; o que eu vou fazer? Eu não posso suportar a ideia de alguém ter que-” Zane interrompeu antes que a sua voz se elevasse mais. Ele não queria ser um caso de caridade. Ele simplesmente não iria tolerar isso. “Cuidar de você?” Deuce terminou por ele. “São esses os únicos motivos? Seu trabalho e seu orgulho?” “Não,” Zane murmurou enquanto passava os dedos sobre o peito Ty. “Não são as únicas razões.” “Fale logo, Zane,” Deuce ordenou. “Coloque pra fora.”

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As palavras travaram na garganta de Zane. Ele estava conversando com o irmão de Ty, pelo amor de Deus. “Eu estou com medo,” ele sussurrou. “Tenho medo que as coisas sejam diferentes.” “Que coisas?” Perguntou Deuce. “Seu relacionamento?” “Oh sim,” Zane respondeu em uma corrida. ”Você acha que meu irmão vai lhe dar um pé na bunda porque você está cego,” Deuce supôs com a voz preocupada. Zane hesitou. “Não quero pensar nisso; pode ser...”. Ele segurou a palavra. “Desleal”. “Desleal,” Deuce repetiu curiosidade. “Com quem? Com Ty?” “Sim, Ty.” Zane fez uma carranca. “Quem mais seria?” Deuce murmurou pensativo. “Você, Zane,” ele continuou depois de uma pausa. “Eu?” Zane balançou a cabeça, depois respirou fundo e suspirou. “Não estou entendendo.” Deuce suspirou, e expirou ruidosamente. “Se há uma coisa que meu irmão mais velho me ensinou é que você tem que se preocupar com você primeiro; e não se preocupar tanto com o que ele vai fazer ou com o que ele vai pensar”. Zane suspirou. “Bem, até recentemente eu apenas cuidava de mim mesmo; então, estou acostumado com essa parte.” “Diga-me uma coisa, Zane,” Deuce disse em um tom malicioso. “Essa é realmente a coisa mais importante que está preocupado agora? A possibilidade de Ty deixar você?” Zane apertou os lábios com força. O tom de voz de Deuce era um pouco suspeita. Mas Deuce nunca foi cruel, mesmo gostando de brincar às vezes. Zane estava preocupado com tantas coisas, que nem poderia começar a classificá-las, mas Ty - e se ele ainda o quereria, mesmo depois de uma mudança tão radical – era uma das principais. Zane percebeu que era um reflexo do quanto a sua relação tinha se desenvolvido. As próximas palavras saíram antes dele pensar. “Ele disse que me ama.” 144

“Eu sei que ele o ama,” Deuce lhe assegurou com uma risada. “Estou surpreso que ele tenha dito, mas estou feliz por ele ter se declarado. Assim, mantendo isso em mente, vou perguntar de novo: essa é realmente a coisa mais importante com que você está preocupado?” Zane fechou os olhos, mesmo que isso não fizesse diferença na escuridão, e realmente considerou a questão. O que ele realmente tinha? Ty e seu trabalho. Se ele permanecer cego e acabar perdendo o emprego, tinha relativamente certeza de que poderia arrumar alguma coisa para fazer, de alguma forma. Mas se ele perdesse Ty, Zane não tinha certeza se iria se preocupar com mais alguma coisa. As pequenas pontadas de dor que sentia quando pegava Ty olhando para ele de uma forma especial, vinham com mais frequência agora, e isso estava começando a fazê-lo querer coisas que não tinha certeza de que poderia suportar. “Maldição,” ele xingou baixinho, esperando que Ty realmente estivesse dormindo. “Sim...?” “Bem, sendo assim, eu posso dizer que está tudo muito bem, então,” Deuce disse alegremente. “Quero dizer, na medida em que os problemas estão, Ty é muito teimoso para deixálo se ele te ama.” Zane soltou um gemido que refletia tanto a frustração como alívio. Ajudava muito ouvir isso. “Então, insistir em algo que pode dar em provavelmente nada; é tipo uma paranoia”. “Eu não chamaria de paranóia; mas... É como as suas rodas mentais giram. Quero dizer, ele tem dado qualquer indicação de que poderia estar pulando fora? O que ele tem feito?” “Ele tem sido ótimo, não que houvesse alguma coisa que ele pudesse fazer no hospital; mas ele não me deixou sozinho,” Zane disse. “Ele estava lá quando acordei, sentou-se comigo, arrumou os médicos para me darem alta, e está em minha casa agora; sempre ao meu lado, eu realmente não sei o que fazer comigo. Em teoria? É apenas temporário, eu poderia acordar bem amanhã, ou pode ser permanente; nenhum médico me disse algo definitivo, apenas, ‘temos que esperar e ver o que acontece’,” ele murmurou, “O que é uma situação bem cruel.”

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“Esperar e ver; faz você se perguntar o que dizer às pessoas surdas,” Deuce murmurou. “Oh Deus, isso foi horrível; esqueça que eu disse isso.” “Você sabe em quantos idiomas há algo sobre a palavra ‘ver’ ou ‘vista’?” Zane perguntou, deixando um pouco de impertinência em sua voz. Ele gemeu em voz alta para pontuar o seu aborrecimento. Ele podia ouvir Deuce tentando não rir. “Vou enlouquecer se tiver que ficar sentado aqui sem fazer nada,” Zane acrescentou. “Nem se passou um dia, e já estou impaciente; além da possibilidade de bater em uma parede.” “Então, faça alguma coisa,” Deuce sugeriu. “Quem colocou a bomba? Você pode planejar uma vingança ou algo assim? Você pode meditar sobre o caso?” “Estávamos investigando um pacote e uma denuncia suspeita,” Zane disse, pensando em sua carga de trabalho. “Embora eu não seja avesso a um pouco de integração, em relação aos casos, não é como se estivesse sendo atribuído aos Crimes Financeiros, rastreando falsificadores ou ladrões de arte, através de papelada; Criminal envolve mais trabalho braçal.” “Então... Por que havia uma bomba lá?” Deuce perguntou. Zane balançou a cabeça, tardiamente lembrando que tinha que falar. “Não tenho a menor ideia; não obtive nenhuma informação depois que sai do hospital, e tenho certeza que Ty vai descobrir o que puder no escritório.” “Não, Zane; quero dizer, por que havia uma bomba lá? Quem fez a denuncia? Era uma armadilha? Pense nisso, comece com uma teoria.” “Sim, está bem; posso fazer isso.” Ele balançou a cabeça. “Ei, Deuce?” “Sim?” Ele parecia divertido. “Por que você está surpreso?” Zane perguntou, sentindo uma imensa curiosidade. “Porque ele me disse ou porque ele se sente assim por mim?” “Eu sabia que ele estava apaixonado por você quando estávamos em West Virginia, Zane; estou surpreso por ele ter descoberto, e sim, estou surpreso como o inferno por ele ter lhe dito.”

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Zane mal se conteve sentado e de despejar Ty no chão. “Em West Virginia? Isso foi há quase quatro meses.” “E isso te surpreende?” “Deuce, se eu não tivesse ficado com tanto medo da porra da minha mente quando ele se declarou, eu teria desmaiado de choque,” Zane disse com uma certa quantidade de certeza. Deuce começou a rir baixinho. “E então, ele te empurrou sobre a borda de uma varanda ou algo assim; eu sei, foi muito romântico.” Ele começou a rir ainda mais. “Foi uma queda de três andares!” Zane rosnou em indignação. “Eu nem tive a chance de dizer alguma coisa porque os caras da segurança do navio estavam esperando por nós!” O riso parou, e a linha ficou em silêncio por um momento. “O que você não pode dizer naquela hora, mas que pode agora?” Deuce perguntou, a voz neutra. Zane literalmente estremeceu, piscando contra a quantidade de emoções que lhe abalaram em mesmo de dois minutos após a declaração. Ty havia dito ‘eu te amo’, antes de ser jogado de uma altura de quase três andares. Mas agora ele não estava se lembrando da queda de três andares. Ele estava sentindo os ecos de seu choque emocional mais recente, quando estava nas arquibancadas, em meio a um torneio de softball cheio de pessoas: A queda não viria. Já tinha acabado. Ele só teve que descobrir como encontrar as palavras em seus próprios termos. Palavras honestas. “Eu não sei,” saiu em um sussurro estrangulado. Deuce cantarolou novamente. “Talvez você deva usar parte do seu tempo livre para pensar sobre isso; porque eu sei que o meu irmão vai ficar com você através de qualquer coisa, inclusive se você ficar cego, mas eu não saberia dizer quanto tempo ele vai ficar se achar que é o único que está apaixonado.” Zane franziu a testa mas não tinha nada a responder, e ficaram em silêncio com a mente de Zane zumbindo em círculos por quase um minuto, antes de limpar a garganta e dizer. “Obrigado pela conversa, Deuce; realmente aprecio conversar com você.”

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“Qualquer hora, Zane, você sabe disso,” Deuce disse a ele com confiança. “Diga olá para o meu irmão, hein?” “Sim, eu direi,” Zane concordou, passando a palma da mão sobre a barriga de Ty. “Falo com você mais tarde.” Ele apertou o botão para encerrar a chamada por força do hábito, pois não precisa ver o telefone para saber onde estava. “Bem,” ele murmurou, “estou cheio de altos e baixos, não estou?” Ty grunhiu em resposta e rolou para o lado. Zane sorriu. Ele se sentia melhor, embora após esse último trecho de conversa, ele não tinha certeza se deveria.

***** QUANDO o telefone tocou, Zane se assustou e sentou rapidamente, com a sua mão esquerda alcançando de forma atrapalhada o seu telefone. Ele bateu em pele sólida e quente, e fez uma pequena pausa. Ele estava do lado errado da cama, e podia dizer pela agitação e o som da rua que não era o meio da noite. Ele ainda não podia ver, e a decepção e medo brotaram em sua garganta. ”Ow, Zane,” Ty grunhiu em um tom monótono, sua voz estava sonolenta quando Zane o apalpou. Ele empurrou a mão de Zane, e a cama afundou enquanto ele rolava. Zane ouviu Ty batendo a mão na mesa onde o celular tocava. “Grady,” ele grunhiu em resposta à chamada, e suspirou com irritação. “Agora?” ele perguntou para quem estava do outro lado da linha. “Bem, por que você não vem aqui obtê-lo de mim, como com todas as outras testemunhas?” ele perguntou com petulância. “Bem, estou na casa de Garrett.”

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Em seguida, encerrou a chamada e gemeu melancolicamente, rolando novamente. Zane o conhecia bem o suficiente para adivinhar que ele estava enterrando a cabeça debaixo do travesseiro em protesto. Zane suspirou e deitou-se, de frente para Ty, arrastando seu próprio travesseiro sob seu peito. “Trabalho?” ele murmurou, bem acordado agora, apesar do susto estar desaparecendo. “Mais ou menos,” Ty murmurou quando se levantou e, em seguida, saiu da cama, mal mexendo o colchão. “Eles querem uma declaração de uma testemunha,” ele disse, enquanto sua voz foi sumindo em direção ao corredor. “Eles estão enviando um carro.” Zane sentiu falta do calor do corpo de Ty imediatamente. Ele estendeu a mão para esfregar os dedos no lençol ainda quente. “Sobre a bomba no campo de baseball?” “Essa e a outra, e ainda tenho que encontrar aquele garoto maldito e pegar as chaves de volta.” “Não é como se eu precisasse delas,” Zane murmurou. “Você vai em breve,” Ty disse a ele, e o som de água começou a correr logo depois. Zane estava se encaminhando para o banheiro, mas seu telefone começou a tocar e o deteve. Ele foi em direção a mesa de cabeceira e respondeu com uma pitada de ansiedade. “Zane Garrett.” “Agente Especial Garrett, quem fala é Dolores do RP do Bureau.” “Sim?” Zane respondeu intrigado. “Nós recebemos um grande número de pedidos para palestras, e eu queria saber se você poderia fazer algumas.” ”Fazer algumas... Entrevistas? Sobre o quê?” Zane lentamente sentou-se na beira da cama. “Alguns dos líderes comunitários, que participaram das suas palestras recentemente, estão fazendo novas solicitações, e ainda temos também vários outros pedidos já que a imprensa, de alguma forma, conectou você com o episódio da bomba no aquário; você é uma celebridade agora,” ela disse alegremente. 149

Zane não sabia o que dizer. “Vou pensar sobre isso,” ele disse com voz a fraca. “Você ainda tem planos para dar a sua palestra para a comunidade no próximo sábado?” “Você sabe o que aconteceu comigo ontem?” Zane perguntou cuidadosamente. “Sim, e lamento muito,” ela disse, suavizando sua voz. “A SAIC disse que a escolha é sua sobre sábado; você pode me avisar até amanhã se vai ou não?” “Sim, está bem,” Zane disse, finalizou a chamada e colocou o telefone de volta na mesa de cabeceira; e foi quando ouviu a água se encerrar no banheiro. Zane ouviu Ty se movendo ao redor do quarto pouco tempo depois. “Você está bem?” Ty disse em voz baixa, muito mais perto de Zane, do que ele estava esperando. Ty deu um tapinha no ombro dele e se esgueirou ao seu lado. Zane estendeu os dedos a tempo de arrastá-los pela pele úmida das costas de Ty. “Sim.” Ty murmurou sua resposta, o som vindo do final da cama de Zane. “Você viu a minha gravata azul?” ele perguntou distraidamente. Zane riu antes que pudesse se impedir, e levantou-se, afastando-se da cama. “Ah... Talvez pendurada dentro do outro saco da lavanderia”. Eles já tinham se metido em suficientes confusões nos últimos meses, para que agora cada mantivesse um terno ou dois na casa do outro”. Ty resmungou e fez um barulho de desculpas. “Desculpe, me esqueci dessa coisa... De não poder ver.” ”Acho que você vai se acostumar com isso rapidamente,” Zane disse, enquanto tentava descobrir, pela audição, o que Ty estava fazendo. “Eles disseram quanto tempo levariam?” “Umas duas horas, o que significa, provavelmente, quatro.” Escutou o farfalhar de roupas e o cheiro ocasional de Old Spice, e Zane percebeu que Ty tinha colocado sua roupa, levantando a camisa ou o terno, quando colocou os braços nas mangas. “Você precisa de alguma coisa antes que eu saia?” Zane estendeu a mão para tocar a cômoda na frente dele. Ele poderia muito bem se vestir se Ty estava indo embora. “Não, acho que não.” 150

As mãos de Ty deslizaram de repente em Zane, movendo-se para abraçá-lo, com o peito de Ty pressionado contra suas costas. Ele estava completamente vestido e o material macio do terno Tom Ford de Ty era inconfundível. Zane podia sentir o nó da gravata, e a qualidade reveladora do material. “O terno azul,” Zane murmurou. O terno era bem ajustado, e abraçava seus ombros e corpo, em tecido de lã azul e seda overcheck, em um padrão de espinha de peixe, e com a lapela transpassada. Ty ficava incrível usando esse terno. Por mais que Ty gostasse de usar camisetas surradas e jeans desbotados, ele sabia quando ficar com uma boa aparência também. “Sim.” Ty respondeu, com os lábios se movendo contra o ombro de Zane. “É o seu favorito, você gosta do material; a calça veste bem, o terno tem um corte justo.” Zane ergueu as mãos até deslizar por cima das mangas do terno de Ty, alcançando o seu cotovelo. “Esse terno deixa seus olhos mais brilhantes,” ele disse sem pensar. “É mesmo?” Zane abaixou a cabeça, contente por Ty estar atrás dele e não olhando para o seu rosto. “Não acho que alguém no escritório esteja preocupado com o brilho dos meus olhos; exceto, talvez, a porra do cara do RP; mas, graças a você, tenho um bom motivo para usá-lo,” Ty adicionou maliciosamente. “Sim, bem,” Zane murmurou. Não era o tipo de conversa que geralmente tinha com Ty. “Eu estou me sentindo como um idiota agora.” Ty apertou-o com força. “Você parece muito bem para mim,” ele sussurrou, e, em seguida, suas mãos deslizaram pelas costas de Zane e ele se afastou. Zane engoliu em seco quando perdeu o contato com o calor do corpo de Ty, e teve de se agarrar em alguma coisa para dizer. Ty ia pensar que ele tinha perdido sua mente. “Acho que vou voltar para a cama por um tempo.” “Pode ser uma boa ideia.” a voz de Ty estava mais distante. “Durma um pouco, Garrett, e ligue para mim se você precisar de alguma coisa.”

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Zane ouviu a porta da frente ser fechada com firmeza e sentou-se com força na borda da cama. Sentia-se quente e com o maldito corpo formigamento por inteiro, e não era por qualquer coisa além do que, provavelmente, se qualificaria como cafonices adocicadas. Caindo de volta na cama, Zane rolou, e puxou o travesseiro de Ty para junto dele, e cobriu o rosto com os lençóis. Era hora de fazer uma séria reflexão; e imaginou que poderia ser mais agradável se ficasse o mais confortável possível para isso.

***** “OBRIGADO por vir, Grady; você não está ferido, certo?” Perguntou Scott Alston. “Como se você se importasse,” Ty resmungou de volta. “Vamos começar logo isso, ok?” “Não seja um babaca,” Alston rebateu. “Todos nós estamos preocupados com o Garrett, além dos ouros feridos também. Wilkinson ainda está no hospital com um fratura exposta na perna direita, além de outros três que ainda estão lá também.” Ty levantou ambas as mãos em sinal de rendição, fechando os olhos. “Sinto muito; desculpe.” Alston suspirou e sentou-se. “Sim, bem... Os últimos dias têm sido uma merda.” Ele folheou alguns papéis. “Tudo bem. Preciso vasculhar seu cérebro em relação a ambos os ataques, o campo e as lojas de boutiques.” “Nós conversamos sobre a aliteração, Scott,” Ty murmurou, sem nem mesmo conseguir produzir um sorriso. Alston olhou para ele, então ignorou as palavras. “Até agora, encontramos apenas quatro agentes que estavam em ambos os lugares quando aconteceram as explosões, e isso inclui você e Garrett.”

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“Quem são os outros dois?” Ty perguntou, se acomodando na cadeira em frente a Alston. Era desconfortável e muito baixa, forçando-o a olhar para o outro de baixo. Tática psicológica clássica para interrogar alguém e este se sentir inferior e desconfortável. Fodam-se estes Feds imbecis.... “Waller e Carmichael, ambos técnicos de tecnologia; eles estavam na rua, perto de você, certo?” Ty suspirou e assentiu. Ele passou a hora seguinte dizendo a Alston tudo o que fez, viu, sentiu, ouviu, e pensou em ambas as cenas, culminando em um discurso de dez minutos sobre o seu Bronco sendo derretido e quem diabos iria pagar para consertar a sua picape, que agora estava em um depósito técnico como prova, e quando diabos receberia o seu Bronco de volta exatamente?! Depois que Alston conseguiu acalmá-lo, Ty foi obrigado a continuar sentado na cadeira desconfortável por outros quinze minutos enquanto esperava Alston terminar de preparar os papéis para ele assinar. No momento em que o homem voltou, Ty estava novamente calmo, concentrando-se em sua respiração, expirando, invocando o mantra Om de merda na cabeça. “Ok, Grady,” Alston disse após Ty conseguir acabar com a tinta de duas canetas. “Tenho uma boa notícia e... bem, outra não; qual você quer primeiro?” “Scott, não me faça te machucar,” Ty murmurou desanimado. “Bem, terminamos aqui Ty, sem mais papelada,” disse Alston com simpatia. “Mas... você vai ficar de licença o resto da semana; ordem de Mac.” Ty olhou para ele, não realmente surpreso, mas ainda descontente por ter sido colocado no banco. Mas a quem estava enganando? Ele foi atropelado ao tentar impedir um bombeiro do tamanho de uma geladeira de marcar um ponto em um jogo de softball que era basicamente um show do RP; seu Bronco estava encostado em algum depósito de provas, e o seu parceiro havia passado por uma explosão e estava impotente em casa. Ty não queria se afastar dele quando precisava estar lá.

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“Sim, tudo bem,” ele murmurou, olhando para suas mãos e pegando o esparadrapo ao redor de seus dedos. “Não foi apenas você, Ty” disse Alston, soando surpreendentemente reconfortante. “Nós afastamos Waller e Carmichael, também, e, bem, você sabe sobre Garrett. Nós sabemos que você é um alvo, seu rosto está em todos os noticiários. Eles ainda estão passando aquele desafio que você lançou no ar, e aqueles bastardos foram atrás de seu Bronco. Agora precisamos descobrir se Garrett também é um alvo e nós queremos você fora do jogo. Também colocaremos uma equipe reduzida verificando você, apenas para garantir.” Ele suspirou. “Eu ligo assim que responder a algumas tonelada de perguntas, ok?” Ty apenas balançou a cabeça e se levantou. “Terminamos?” ele perguntou, cansado. “Ou espaeram que eu me submeta a um exame retal também?” “Vá embora. Você está parecendo bem acabado, até mesmo para os seus parâmetros,” disse Alston. “Belo terno, no entanto.” “Cale a boca.” Alston sorriu. “Vamos segurar as pontas por aqui. E nos mantenha informado sobre o estado de Garrett, ok?” “Tudo bem.” Ty virou e praticamente se arrastou em direção aos elevadores. Intelectualmente ele sabia por que estava sendo afastado, entretanto, não caia bem para ele. Ele não estava acostumado a ser enxotado para a segurança quando as coisas ficavam muito quentes. Disse a si mesmo para olhar para isso como um tempo muito necessário de folga do trabalho para ficar com o seu amante, mas mesmo assim sentia uma nota ácida. Ele tentou não pensar em Zane cego, e em quando, ou se iria voltar a enxergar. Disse a si mesmo para não pensar em nada enquanto se encaminhava em direção ao elevador. Zen, Ty, Zen.

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***** ZANE ouviu a chave na fechadura, e a porta chiou em voz alta quando foi aberta. “Querido! Estou em casa,” Ty gritou com a voz menos entusiasmada que o previsto. Seus olhos se fecharam contra a escuridão absoluta e Zane podia vê-lo: a porta de metal maltratada se abrindo e Ty entrando passando pela varanda, seu cabelo curto e espetado do frio que Zane podia sentir entrando pela porta, usando um sobretudo escuro de lã que ficava incrível com o terno azul, o coldre ao seu lado direito, e o crachá preso em seu cinto, que sempre aparecia quando Ty colocava sua mão em seu quadril esquerdo, em um gesto de leve irritação. A julgar pelo som de sua voz, Ty estava frustrado, o que significava que a gravata estaria torta - se ainda estivesse usando - já deveria estar sem o paleto, e talvez até mesmo as mangas da camisa deveriam estar arregaçadas. Ty tinha braços longos e musculosos, polvilhados com pelo escuro, e pulsos surpreendentemente finos. Zane mais de uma vez circundou sua mão em volta desses pulsos. Alguns dedos de Ty estavam meio tortos, por conta dos vários ferimentos, mas ainda assim ágeis. Ele se perguntava se Ty estava franzindo a testa, pois quando fazia isso apareciam duas linhas entre as sobrancelhas escuras, e seus brilhantes olhos cor de avelã geralmente ficavam um tanto sombrios, tendendo ao castanho ou verde escuro. Quando seus lábios cheios ficavam pressionados em uma linha firme, apareciam covinhas em seu rosto perpetuamente bronzeado. Zane tinha que se conter várias vezes no escritório, pois adorava olhar para a boca de Ty. Seu pulso acelerava quando Ty mastigava o seu lábio inferior enquanto pensava. “Garrett?” Ty disse em um tom de voz sem expressão. “Você ainda está aí?” Ele colocou a mão no peito de Zane, inclinando-se sobre o encosto do sofá para fazê-lo. Zane afastou sua imaginação com uma inspiração afiada. “Oh, desculpe,” ele disse, levantando uma mão para cobrir a de Ty. “Você está franzindo a testa?”

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“O que?! Agora eu estou - que raio de pergunta é essa?” Ty murmurou quando puxou a mão dele. Zane podia ouvi-lo ainda murmurando enquanto se afastava. “Você parece frustrado, o que aconteceu no escritório?” “Fui tirado do jogo,” Ty reclamou. “Não me disseram merda nenhuma, exceto que eu devia ir para casa até que tivessem certeza de que não somos alvos; além disso, teremos uma equipe de proteção nos seguindo.” Zane franziu a testa e se ajeitou melhor no sofá. Ty soava quase com raiva. “Ei, venha aqui,” ele pediu em voz baixa. Algo pesado, provavelmente o sobretudo de Ty, foi jogado na parte de trás do sofá, e depois disso, sentiu o peso de Ty no sofá ao lado dele, e logo a mão de Ty correu carinhosamente em seu cabelo, evitando cuidadosamente a pequena linha torta de pontos na parte de trás de sua cabeça. Zane relaxou e se inclinou em sua direção, encostando contra a coxa de Ty. Era reconfortante tê-lo tão perto, e se Zane precisava de alguma coisa agora, era paz de espírito. Ele virou a cabeça para pressionar sua bochecha contra a palma de Ty, e os lábios de Ty o tocaram suavemente. Apenas alguns segundos se passaram, antes de sentir a vibração do telefone de Ty contra o seu corpo, tocando e vibrando, mas Ty ignorou em favor do beijo. Esse simples momento aqueceu Zane, algo tão insignificante como Ty o escolhendo ao invés de uma ligação. Podia ser algo tolo e egoísta de se sentir, mas disposto a aceitar todo o bom karma no momento. Desejando estar mais próximo, deslizou uma mão levemente em torno do pescoço de Ty, voltando a beijar os lábios de seu amante. Ty voltou a se sentar depois que o telefone ficou mudo, passando a mão pelo cabelo de Zane enquanto se inclinava contra a beira do sofá. “Eles me deram o resto da semana de folga,” anunciou de repente. “Sou provavelmente um alvo. Querem que eu fique na minha, não vou voltar até segunda-feira.”

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“A probabilidade de sermos alvos é realmente muito pequena,” Zane murmurou, esfregando as costas de Ty com a mão. “Mesmo com a bomba no Bronco, pois era o único carro lá durante a noite. Havia apenas uma pequena chance de que alguém saber de quem era o carro. E o complexo de compras? Nós nem deveríamos estar lá; fomos enviados na última hora para ajudar. O mais provável é que queiram que você largue do cabelo deles35.” “Mac quase nem tem cabelo sobrando, já está quase sem nada,” Ty murmurou tristemente. “Eu tenho que verificar quem ligou,” acrescentou, e Zane podia senti-lo puxando seu telefone do bolso. Zane relaxou, mantendo as mãos sobre Ty apenas para manter a conexão. Apesar do incentivo da conversa que teve com Deuce, Zane ainda se sentia com esse lamentável sentimento de perda. Ty bufou quando viu a ligação, e posteriormente, Zane ouviu o telefone se fechando. “O que foi?” Zane perguntou. “É apenas meu amigo Nick,” Ty disse se inclinando contra Zane novamente. “Ele é um policial no final de um turno de dezoito horas, e está tentando ficar acordado enquanto me deixa louco.” “Então ele é o cara que você envia mensagens toda hora, durante o dia ou à noite?” Zane perguntou esfregando sua testa. A dor de cabeça furiosa que tinha sentido no hospital ainda pendurava como uma dor latente. “Na maior parte, sim; por que, isso te incomoda?” Ty perguntou com uma pitada de preocupação. Ele pegou na mão de Zane enquanto falava, seus dedos esfregando em um ponto na base do polegar de Zane, até que encontrou o ponto de pressão entre os dedos das mãos e apertou com força. Zane gemeu quando a dor de cabeça começou a suavizar. Se Ty sabia de uma coisa, era como usar e abusar de um ponto de pressão. “Não, não me incomoda”. Ele franziu o nariz de

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Expressão Get out of someone’s hair – Literalmente, largar do cabelo da pessoa. Significa parar de incomodar alguém.

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propósito. “Você não me enviou uma mensagem desde que foi pego com a sua namorada,” ele lamentou, mas depois arruinou tudo com uma risada. “Ainda lhe devo por isso,” Ty disse ironicamente. Ele aliviou o ponto de pressão, e a dor latejante na cabeça de Zane começou a diminuir, quase ao ponto de acabar. “Você está bem aqui ao meu lado, não há necessidade de enviar textos pra você.” “Ainda assim.” “Você quer ouvir algumas das porcarias que ele me envia? Então não vai mais precisar ficar com ciúmes.” Zane sorriu levemente. Suspeitava que Ty meio que gostava que ele pudesse estar com ciúmes. “Claro,” ele disse amavelmente, deslizando seu braço até Ty, para puxá-lo para si. Ty se moveu para alcançar o seu telefone, e Zane o ouviu abri-lo e procurar alguns textos para ler em voz alta. “Esse ele me enviou a caminho de casa: ‘No meu funeral, a sua missão vai ser se jogar no meu caixão e chorar.’ E o que ele acabou de me enviar, diz, ‘Alarme falso, ainda sou invencível.’ Não faço ideia do que ele estava fazendo para pensar que poderia morrer; o texto anterior diz: ‘Para referência futura: um papa bolinhas parece ser a melhor maneira de retirar glitter da barba’.” Zane riu. “Realmente, há alguma qualidade nessa conversa; Nick é um dos caras Recon? O que eu falei ao telefone em Nova York?” “O que você falou ao telefone?” Ty repetiu em confusão óbvia. “Oh! sim, aquele que ligou e me xingou por ter explodido. Sim, era o Nick. Ele era Recon, além de estar comigo praticamente desde o ônibus para Parris Island36.” “Então, vocês dois passaram muitas coisas juntos,” Zane murmurou, levantando a mão para esfregar a barriga de Ty por baixo da camisa macia que ele usava. Zane se perguntava de cor era. “Sim. Sanchez e eu tentamos convencê-lo a juntar-se ao Bureau conosco, mas ele foi teimoso e acabou voltando para o estado de origem dele; depois disso, meio que ficamos sem 36

Local de recrutamento dos Fuzileiros Navais desde 1915.

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contato por um tempo enquanto eu trabalhava disfarçado. Mas desde Nova York ele vem me ligando, ou enviando textos quase todos os dias.” “Então, ele não é daqui,” Zane concluiu. “Senão, você estaria indo a bares com ele.” Ty riu suavemente. “Você tem uma baixa uma opinião de mim, hein? Bares,” brincou com a voz quente quando se inclinou mais contra Zane. “Ele é de Boston.” Zane sorriu. “E ele já foi a bares procurar mulheres com você?” “Já fomos no passado.” Zane cutucou nas costelas de Ty suavemente. Ty se encolheu e apontou para ele. “Pare com isso,” ele sussurrou e Zane podia senti-lo esfregando as costelas como se tivesse sentido cócegas, mas lembrou-se tardiamente a colisão com Tank e as contusões sua caixa torácica. Zane deu um tapinha na coxa de Ty, como um pedido de desculpas. “Isso é ótimo, ainda em contato com um amigo do seu passado.” “Eu acho que você provavelmente vai odiá-lo,” Ty disse pensativamente, e então riu. “Como no tempo em que você me odiava.” “Isso já faz algum tempo,” Zane concordou. “Ele provavelmente me odiaria também.” Ty fez um barulho de desprezo e se levantou, dando um passo para longe do sofá. “Está com fome? Vou ficar inquieto se não encontrar algo para fazer.” “Eu poderia comer,” Zane respondeu, sentindo a ausência do calor do corpo de Ty se afastando, “Entretanto, não tenho nada muito interessante aqui.” “Você quer sair?” Ty sugeriu, mas Zane não conseguiu determinar a preferência dele. Zane sempre pensou que as emoções de Ty eram fáceis de ler. Mas, obviamente, todas essas pistas vinham acompanhadas de sua linguagem corporal. “Pode te fazer bem. Você escolhe e vou leválo.” “Que tal Chiapparelli’s? A comida é realmente boa.” “O restaurante italiano que você sempre vai?” Ty perguntou. 159

Zane assentiu. “Eles têm uma seleção muito boa, e você já comeu da comida deles. As pessoas são muito agradáveis, é um negócio familiar.” “E você já conhece o layout do lugar, pois você vai sempre lá, hein? Bem, para mim está bem, vamos comer.” Zane se levantou e ajeito os cabelos, meio sem jeito, após Ty passar por ele e bagunça-los. Ele cuidadosamente caminhou ao longo do sofá e em torno dele; em seguida, deu um passo até a estante ao longo da parede e tocou os livros, arrastando os dedos ao longo das prateleiras até chegar onde estava o prato em que deixou a sua carteira e as chaves. “Preciso de um casaco,” Ele disse. “Qual é a distância? Podemos caminhar?” Ty perguntou. “Vamos virar à direita na calçada de casa, atravessamos a rua, caminhando até o fim do bloco, e depois viramos à direita, e andamos até o final da quadra,” Zane apontou. “Está bem, vamos sair então,” Ty disse.

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Capítulo 08 “HÁ alguns degraus para entrar,” Zane disse quando pararam diante de uma porta de vidro laminado debaixo de um toldo azul, em frente a um prédio de tijolos vermelhos. “Quatro, talvez? Nunca parei para contar antes.” “Você não precisa me dizer, baby; posso vê-los,” Ty o lembrou suavemente. Ty abriu a porta e guiou Zane. Subiram os degraus devagar, e Ty lançou um olhar crítico em torno do restaurante. Ele nunca tinha estado lá, mas Zane estava sempre levando comida em sacos de papel e parecia apreciar. Era definitivamente um antigo edifício: com paredes de tijolos expostas, mas que eram mantidas intactas. Havia um tapete escuro, em tons de marrom e vermelho, do tipo floral ornamentado em estilo vintage italiano. Havia uma sala de jantar cheia de fregueses à frente deles e outra à direita. A mobília era de madeira pesada e escura, incluindo uma adega de vinhos e um balcão diretamente na frente deles, onde havia uma série de menus para viagem, cartões de visita, e uma tigela de balas. A sala de espera era muito pequena; talvez, apenas uma dúzia de pessoas pudessem ficar esperando nela, e ainda ficaria apertado. Mesmo as cinco pessoas que já estavam esperando, dificultava olhar ao redor. Uma mulher mais velha, pequena e de cabelos grisalhos, usando um uniforme preto, saiu da sala de jantar até onde estavam. “Boa noite, senhores, dois para o jantar?” Então Zane se virou para ela, e ela acrescentou: “Oh, Sr. Garrett, bom vê-lo novamente.” Ela tinha um forte sotaque. “Eu gostaria de poder dizer o mesmo, Leticia,” Zane murmurou com um aceno vago em seus olhos.

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Então ela começou a tagarelar rapidamente em um idioma que Ty reconhecia como sendo italiano. Isso o fez estremecer como um dos cães do experimento de Pavlov37, esperando ser atingido com uma bolsa de couro de avestruz. Zane deu de ombros em resposta, e ela deu meia volta e se virou para Ty. “Por aqui, por favor, me acompanhem. Eu tenho uma boa mesa para vocês,” ela disse, ignorando os outros que já estavam esperando. Ty deu um aceno, e em seguida se virou e franziu a testa para Zane. “Você fala italiano agora?” ele perguntou perigosamente, pois ainda era um tema delicado, mesmo quase três meses após o trabalho infiltrado no navio de cruzeiro, onde não saber falar italiano quase o matou. “Eu não tenho ideia do que ela disse,” Zane disse sob sua respiração. “Mas não soou como um elogio, não foi?” “Eu estava prestes a bater em você,” Ty resmungou, e manteve a mão no cotovelo de Zane enquanto a mulher os conduzia até uma mesa perto de uma ampla janela. Eles nem tiveram que contornar muitas mesas para alcançá-la. Ty olhou ao redor do salão de jantar e tirou o casaco. Era um lugar agradável, mas a comida tinha que ser espetacular para Zane comer aqui três vezes por semana. Ty preferia muito mais o seu pub; tinha caráter. Além de uma garrafa de Grand Marnier, que ficava em cima do bar. O One-Eyed Mike’s ficava apenas a quatro quadras de sua casa e quase no meio do caminho entre sua casa e a de Zane. Era menos elegante, mas muito mais confortável. Ele balançou a cabeça enquanto deslizava em um dos assentos.

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Um célebre médico russo do início do século 20, chamado Ivan Pavlov, treinou cachorros para que eles ficassem com água na boca sem que houvesse nenhuma comida por perto. A coisa funcionava assim: toda vez que os bichos eram alimentados, o médico tocava uma sineta. Com o tempo, os cães começaram a associar as badaladas à comida. E chegavam a babar famintos só de ouvir o sino, mesmo que o prato deles estivesse vazio. A idéia do médico russo era propor uma novidade científica: os reflexos condicionados. A idéia básica do condicionamento clássico consiste em que algumas respostas comportamentais são inatas em vez de aprendidas, enquanto que outras são reflexos condicionados, aprendidos através do emparelhamento com situações agradáveis ou aversivas simultâneas ou imediatamente posteriores. Daí a reação de Ty, ao ouvir a rajada de italiano: lembrar da surra de bolsa de avestruz que levou da socialite italiana agressiva no livro anterior – e estremecer de medo.

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Zane passou os dedos tentativamente pela mesa e acabou tocando na janela de vidro. “Ok, eu sei onde estou,” ele disse, parecendo satisfeito quando tirou o casaco. Leticia apareceu novamente colocando na mesa dois copos de água gelada, uma cesta do que parecia ser pão quente recém-assado, um pratinho de manteiga de verdade e dois grandes menus impressos em papel de alta gramatura. Depois de uma pausa, ela pegou o menu de Zane e deu um tapinha no ombro dele. “Ryan logo estará aqui,” ela anunciou antes de partir. “Bem, acho que é bastante óbvio que não posso ver, hein?” Zane comentou. Ty olhou por cima do menu. Ele estreitou os olhos e se inclinou para olhar Zane mais de perto; em seguida estendeu a mão lentamente e acenou na frente do rosto de Zane. Zane nem sequer piscou. “É... bastante óbvio,” ele disse em tom de desculpa. Ele suspirou e olhou para o menu novamente. Quando ele e seu irmão começaram a visitar sua bisavó, eles tinham se divertido vendando os olhos, tentando navegar por vários obstáculos, só para ver como a avó Griffin fazia isso. Mas havia uma diferença entre fechar os olhos e ser cego. Mesmo com uma venda nos olhos, ainda havia variações na luz que poderia dar-lhes sugestões a respeito de onde estavam e do que estava acontecendo. A escuridão completa da cegueira poderia ser uma coisa solitária e assustadora, e Zane estava levando isso muito bem, considerando sua situação. Ty voltou sua atenção para o menu cheio de pratos italianos e fez uma careta. “Você vem aqui três vezes na semana? Toda semana?” Os ombros de Zane se moveram. “É bem perto da minha casa, e eu adoro comida italiana. Tem uma abundância de opções se você não quiser comer o molho tradicional vermelho; às vezes eu só como a Salada Baltimore.” Ty olhou para ele com ar de dúvida. “Realmente não sei o que há de tão especial nesse...”. Ele parou quando viu um garçom se encaminhando para a mesa onde estavam.

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O homem estava usando roupa preta, assim como os outros, mas ele tinha uma forma impressionante. A camisa preta poderia muito bem ter sido pintada sobre os músculos bem definidos. Seus ombros eram largos, e seu corpo muito bem marcado. Ele tinha a pele bronzeada, e características faciais definidas; seu cabelo parecia ser escuro, pois estava cortado bem rente ao couro cabeludo. Ele parecia muito elegante. “Oh,” Ty murmurou abatido. “Hmm?” Zane perguntou mexendo com o guardanapo. Ty balançou a cabeça e apertou a ponte de seu nariz, tentando não rir. O garçom parou brevemente em outra mesa, em seguida correu até onde estavam. Seus lábios estavam puxados em uma expressão preocupada. “Zane,” o homem disse quando se aproximou. “Leticia me disse que algo havia acontecido.” Quando parou, colocou a mão no ombro de Zane. Ty ficou surpreso, Zane nem tentou se afastar do toque. “Pode-se dizer que sim,” ele respondeu e acenou com a mão em direção aos seus olhos. “Trabalho perigoso. Fui pego um pouco perto demais de uma explosão no complexo de compras,” acrescentou em uma explicação sucinta. Ty observava Zane e o belo garçom conversando, sabendo que tinha uma sobrancelha levantada e a boca aberta. Ele não podia evitar. “Isso é terrível!” o homem exclamou. “Você não consegue ver nada?” Zane balançou a cabeça. “Absolutamente nada, então, eu preciso de ajuda para me locomover.” Ele fez um gesto na direção de Ty. “Ryan, este é o meu parceiro, Ty Grady; Ty, este é Ryan Morelli.” “Oi,” Ty disse sem entusiasmo. “Bem vindo ao Chiapparelli’s,” Ryan disse com um sorriso agradável. “Obrigado por trazer Zane aqui; quando não posso vê-lo todos os dias, eu me pergunto se ele está sentado em sua casa morrendo de fome.” 164

“Puxa, obrigado,” Zane murmurou. “Nossa... Que... Legal,” Ty conseguiu dizer, limpou a garganta e pegou o guardanapo. Ryan riu e empurrou o ombro de Zane. “Eu já vi aquela cozinha, é uma farsa, a minha é muito melhor que a sua; agora, o que eu posso trazer para os senhores jantarem? Zane, hoje nós temos o nhoque,” ele disse, claramente tentando seduzi-lo. “Então, ou eu fico sentado em casa morrendo de fome ou venho comer aqui e passar uma hora extra na academia todas as noites para queimar as calorias,” Zane disse com tristeza. “Sim, o nhoque soa bem, e alguns provolones fritos para começar.” “Vou lhe trazer um pouco de chá gelado.” Ryan voltou sua atenção para Ty. “Posso lhe trazer uma bebida? Temos uma carta de vinhos e um bar totalmente abastecido, ficarei feliz em descrever qualquer coisa no menu para você.” Ty estava encarando Zane, e teve dificuldade em mascarar a expressão de seu rosto antes de olhar para o garçom. Ele sorriu e balançou a cabeça rigidamente. “Você tem Guinness?” “Sim, nós temos que atender aos clientes europeus também,” Ryan disse com um sorriso. “Uma cerveja, então?” Ty assentiu e disparou outro olhar para Zane, irritado, pois seu parceiro nem poderia vêlo. “Temos todos os tradicionais pratos italianos,” Ryan disse, apontando para o menu. “Nós também temos peixe fresco hoje, se for bom para você.” Zane riu baixinho e cobriu a boca com a mão, provavelmente para esconder um sorriso. Ty não era fã de peixes desde o trabalho no cruzeiro. Ty pigarreou e ofereceu ao garçom outro sorriso, que provavelmente parecia mais um rosnado. “Qualquer coisa com molho branco,” ele ordenou e entregou o homem o seu menu. “Podemos fazer, acompanhado com a nossa salada de casa, a não ser que prefira substituir?” Perguntou Ryan, e olhou brevemente para Zane.

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Ty mordeu os lábios e balançou a cabeça. Ele ofereceu ao homem outro sorriso forçado, e em seguida, voltou seu olhar mortal para Zane. “Ok, então,” Ryan continuou. “Voltarei logo com suas bebidas e aperitivos.” Ele deu um tapinha no ombro de Zane novamente. “Obrigado,” Zane disse, inclinando a cabeça para trás, para sorrir na direção de Ryan. Assim que Ryan se afastou, Ty apoiou os cotovelos na mesa e chutou a canela de Zane sob a toalha de linho branco. Zane grunhiu e esbarrou na mesa, balançando o copo de água gelada. “O que foi isso?” ele perguntou, com um olhar ofendido no rosto. “Você come aqui três vezes por semana,” Ty disse com os dentes cerrados. “Às vezes,” Zane disse, com a testa franzida. “E daí?” ”Então? Jersey Shore 38 é muito bonito,” Ty resmungou. “‘A minha cozinha é melhor que a sua’,” ele imitou baixinho enquanto estendia a mão para pegar o copo de água. Zane inclinou a cabeça de lado, pensativo. “Ele trouxe um pedido que fiz algumas semanas atrás quando liguei e, em seguida, acabei esquecendo de vir buscar porque estava falando com Freddy sobre um mandado de busca.” “Como ele é prestativo,” Ty disse secamente. Zane deu de ombros. “Ele é um cara legal. Acho que é porque eu tenho sido um bom cliente.” Ty continuou a encará-lo com maldade. E Zane continuava alheio, uma vez que ele não poderia vê-lo. Maldito. “Não foi essa a razão, e você tem sorte por eu sentir pena de você agora, ou iria chutar o seu traseiro,” ele murmurou, enquanto olhava para fora da janela. Zane parou de partir o pão que tinha nas mãos. “Por quê?”

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Jersey Shore foi um reality show produzido pela MTV norte-americana. O programa começou em meio a controvérsias, pois o uso da palavra “Guido/Guidette”, gíria associada a ítalo-americanos, sendo que os integrantes do grupo não eram residentes da região, um reduto de italianos nos EUA.

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Ty continuou a resmungar enquanto bebia um gole de sua água. Embora Zane não pudesse vê-lo, estavam sentados frente a frente, de modo que parecia que seu parceiro estava olhando diretamente para ele. Então Zane piscou algumas vezes. “Ok, só agora eu captei o comentário ‘bonito’”. “Está lento para absorver?” Ty desafiou. Uma expressão de malícia passou pelo rosto de Zane antes dele limpar a garganta e disfarçá-la. “Você provavelmente vai me chutar novamente se eu disser que o cenário aqui é tão bom quanto a comida?” “Zane,” Ty disse em advertência. Zane revirou os olhos e balançou a cabeça. “A comida é realmente muito boa,” ele insistiu. “É melhor que seja,” Ty advertiu. Ele olhou para Zane, investigando a sensação ondulando seu corpo. Não era como se suspeitasse de alguma coisa, porque ele conhecia Zane melhor do que isso. Mas a sensação de estar com ciúmes, não importa quão pequena fosse, era algo estranho para Ty. Ele quase gostava, pois tinha certeza que Zane ignorava completamente a atenção. ”Ele faz entregas, hein?” Ty disse a Zane calmamente. “Eu vou queimar cada pequeno saco marrom que encontrar em sua geladeira de agora em diante.” Zane apenas sorriu inocentemente. “Até mesmo o cheesecake?” Ty gostava do maldito cheesecake; é claro que vinha daqui. “Não me provoque, Stevie Wonder,” ele rosnou.

*****

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”Sim, eu entendo,” Graham sussurrou no telefone celular, tentando cobrir sua irritação. Pierce estava dando em seus nervos com todas as suas malditas ordens, e na opinião de Graham, ele estava levando essa merda muito a sério. Uma coisa era roubar dinheiro de grandes bancos. Os bancos estavam segurados. Ele não queria machucar ninguém. Mas as bombas eram reais agora e estavam ficando cada vez maiores e mais cruéis. Pierce gostava da destruição. Ele queria machucar as pessoas, especialmente os policiais. Ele queria fazer algum tipo de grande ato, e não era algo apenas para criar uma distração para manter os policiais distraídos. Ele estava deixando Graham e os outros nervosos. Ele não havia concordado com isso; ele só queria um dinheiro extra. “Esta vai ser uma das grandes cara! E vamos precisar de todas as mãos a bordo,” Pierce estava dizendo furtivamente. “A melhor maneira de expor a corrupção da sociedade, é dividi-la e mostrar a todos – a todos – com o que estamos lidando! Os porcos do governo porco...” Graham revirou os olhos. Quem falava assim? “Sim, sim, eu entendo; vamos estar lá, ok? Mas tenho que ir agora, ou vou ser demitido.” Ele desligou antes que Pierce pudesse retornar ao seu “ato” novamente. Ele espiou pela porta da cozinha e viu que a mesa três já estava limpa. Ele podia ver Ryan conversando com dois caras grandes que pareciam vagamente familiar. Graham tardiamente reconheceu um deles. Sr. Garrett. Não, Agente Garrett. Ele era um cara do governo, sempre sorridente e amigável, não fazia nenhum drama, e dava sempre generosas gorjetas. Ele parecia um cara decente para um Fed. Graham o olhou mais de perto, se perguntando por Garrett parecia tão estranho. Ele não estava exatamente olhando para Ryan enquanto falava com ele, nem estava olhando para o cara chateado de terno azul na frente dele. Ele parecia estar com o olhar perdido. Quando Ryan os deixou e entrou pela porta, ele parecia perturbado. Graham acenou para a mesa. “O que há de errado com ele?” 168

Ryan olhou para os dois homens. “Ele disse que era um dos agentes que foi pego na explosão nas lojas do porto, ele perdeu a visão.” Ele lhes deu um último olhar simpático e depois foi embora, para a cozinha, fazer o pedido. De repente Graham reconheceu-os: os dois agentes da televisão, dos quais Pierce queria se vingar. O outro homem era Grady, e Pierce ainda falava nele. Pego na explosão. Graham continuou olhando para o Agente Garrett. A explosão que armaram no shopping. A bomba que Pierce havia insistindo que precisava ser a maior e a melhor. Graham estava sentado ao lado de Hannah quando ela, relutantemente, forneceu a pista anônima que enviou os policiais e o FBI ao edifício. Ele tinha ajudado a atrair o Agent Garrett para o prédio. Por causa dele e seus amigos, um homem digno, um homem que conhecia, agora estava cego. Mais quantas pessoas como ele iriam se machucar? Ou morrer? O estomago de Graham se contraiu. Ele correu e subiu as escadas de dois em dois, tentando chegar ao banheiro antes de vomitar.

***** ZANE suspirou quando fechou a porta da frente e recostou-se nela. Por mais que o jantar no Chiapparelli’s tenha sido maravilhoso – como sempre era – ele permanecia tenso, mesmo no ambiente familiar, pois estava sempre consciente de que alguém poderia estar atrás dele a qualquer momento. Estar com Ty havia ajudado, mas Zane estava feliz por estar em casa. “Você pode colocar as sobras na geladeira?” Zane perguntou enquanto estendia o saco marrom e o recipiente de alumínio, abafando o riso que ameaçava escapar. Ty os arrebatou com um grunhido, e um momento depois Zane ouviu o saco cair no chão, e sem aviso ele foi jogado contra a porta atrás de si. Ty o manteve ali preso pelos ombros, dedos o segurando. Mas sentiu um leve toque em seus lábios, um suave contraste contra o tratamento 169

áspero. Zane prendeu a respiração, surpreso com a dicotomia, e imediatamente interessado em mais. Ty pressionou Zane, lambendo os lábios dele. “Eu acho que você deve encontrar um novo restaurante favorito,” ele murmurou antes de provocar o lábio inferior de Zane com os dentes. Zane engoliu em seco. “Mas eu gosto daquele.” Zane falou, colocando as mãos sobre os quadris de Ty, seus dedos deslizando sobre o tecido macio e fino da calças dele. “É disso que eu tenho medo,” Ty rosnou de brincadeira. Ele empurrou Zane contra a porta com mais força e forçou a língua entre os lábios de Zane, percorrendo com a língua o interior da sua boca. Imprensava-se contra Zane em uma exigência não dita. O calor percorreu o corpo de Zane e ele sentiu a necessidade urgente de implorar por mais. Ele vinha sendo manuseado com luvas de pelica há dois dias. Ele precisava de Ty em cima dele - quanto mais áspero, melhor. Quando suas bocas finalmente se separaram, ele deliberadamente inflamou as chamas. “Tenho muitas razões para continuar indo lá,” ele disse, sem fôlego. “Você está tentando me deixar com ciúmes?” Ty perguntou em voz baixa. O sotaque montanhês de Ty era quase um ronronar áspero. Zane soltou um suspiro quando sentiu seu corpo reagir à excitação que se espalhava. “Parece que você já está.” Ele pressionou os dedos de suas mãos onde descansavam, na cintura de Ty. Ty aproximou seu rosto do de Zane, fazendo com que seus lábios se movessem contra os dele quando falou, sua voz saindo como um rosnado. “Eu estou,” ele admitiu descaradamente, e Zane podia senti-lo sorrindo. Ty pode ter admitido a verdade, que realmente estava com ciúmes, mas ele também estava gostando. “Eu acho que você deve começar a gostar de frutos do mar em vez de comida italiana.” Zane abriu a boca para responder, mas um gemido trêmulo saiu em seu lugar. Ele teve que parar, tomar um fôlego e tentar de novo; puxou a camisa de Ty para fora de sua cintura 170

enquanto falava com ele. “Eu gosto de frutos do mar. Eles também têm lá,” ele falou devagar, movendo sua virilha contra a coxa de Ty. ”Droga, Zane,” Ty rosnou antes de beijá-lo novamente, sem se importar com os lábios macios capturados contra os dentes. Ele alcançou o cinto de Zane, e em seguida empurrou seu jeans para baixo de seus quadris. Ele forçou sua língua na boca faminta de Zane, pressionando e mantendo seus corpos juntos. O estomago de Zane se contraiu; ouvir e sentir Ty era um inferno de sensações afrodisíacas. E o fato de Ty estar se sentindo possessivo.... A cabeça de Zane girou com prazer, e tentou retribuir da mesma forma. Ty afastou-se dele apenas o tempo suficiente para tirar o paletó, arrancar sua camisa e passar a gravata por cima da cabeça. Zane podia sentir a pele nua de Ty sob as pontas dos dedos, suave e quente, se movendo sobre os músculos que conseguia traçar com os olhos fechados. Em seguida, Ty estava sobre ele novamente com as mãos em cima dele, puxando e arrancando as roupas de Zane, mordendo seus lábios, queixo e pescoço, chupando o lóbulo da orelha e rosnando, “Você é meu! Jersey Shore pode arrumar o seu próprio homem.” A excitação pegou Zane tão rapidamente que seus joelhos ficaram fracos, e ele caiu contra a porta com um gemido suave, com apenas o corpo de Ty para segurá-lo. “Baby,” ele engasgou, impotente. Ty finalmente conseguiu desabotoar a camisa de Zane, empurrando-a pelos braços, até deixá-la emaranhada em seus pulsos. Ele arrastou as mãos nos quadris de Zane, mergulhando seus dedos sob sua cueca, agarrando sua bunda possessivamente, e apertou com força quando empurrou sua virilha contra a de Zane, o beijando loucamente. Sob as mãos de Ty, Zane não podia fazer nada, apenas se contorcer contra a porta e tentar devolver os beijos o melhor que podia. Ele teve que lutar para tirar as mangas de sua camisa de suas mãos, pois Ty certamente não iria ajudálo. Quando finalmente se soltou, se agarrou em um dos ombros Ty para conseguir apoio. Ty moveu as mãos, os dedos cavando em carne macia quando empurrou a cueca de Zane para baixo. “Não faça nem um maldito movimento,” Ty rosnou contra seus lábios. E então ele se 171

foi, se afastando de Zane e desaparecendo em silêncio. Zane quase se desequilibrou quando perdeu sua firmeza, e encostou-se à porta, tentando evitar deslizar até o chão, onde estavam suas roupas. Ele sugou respirações profundas, tentando se acalmar um pouco. Seu pênis estava duro e dolorido, batendo rígido contra o seu abdômen, e quase se acariciou para tentar aliviar um pouco a pressão, mas as palavras de Ty ecoaram em seus ouvidos, e de jeito nenhum desobedeceria uma ordem como essa. Moveu-se o suficiente para chutar sua calça jeans e cuecas. Em algum lugar distante ouviu o som de gavetas se abrindo e fechando, e depois de alguns momentos Ty estava de volta. Quando tocou em Zane, era óbvio que tinha tirado o resto de suas roupas enquanto se movia. Eles estariam tropeçando no terno azul de Ty por todo o caminho até o quarto. Se eles chegassem tão longe. Quando Ty se encostou contra ele, era uma massa muscular completa, a pele lisa, e as mãos ásperas. Ele agarrou a parte de trás das coxas de Zane e puxou, afastando os pés de Zane da porta aluns centímetros e praticamente o tirando do chão. Isso fez com que Zane ficasse na mesma altura de Ty, e Ty esfregou o pênis duro contra o de Zane, enquanto lambia, chupava e mordiscava os lábios do outro homem. Zane agarrou os ombros de Ty e segurou firme. Ty estava quente e duro, e Zane precisava muito dele. “Baby, por favor,” Zane gemeu. “Ah, agora eu sou seu ‘baby’?” Ty perguntou com a voz rouca e tensa. “O que aconteceu sobre me deixar com ciúmes? Provocar o pobre Ty com o garçom gostoso?” Sua mão agarrou a bunda de Zane novamente e apertou com força; em seguida, ele puxou a parte de trás da coxa de Zane e dobrou os joelhos, abaixando-se o suficiente para colocar a perna esquerda de Zane sobre seu quadril. Zane jogou o peso para a perna direita, estendeu a mão para agarrar a maçaneta com a mão esquerda e enganchou seu outro braço sobre o ombro de Ty, precisando de algum tipo de alavancagem, enquanto Ty o tocava. “Preciso demais de você para provocar,” Zane falou entre suas respirações. “Não planejei fazer isso, realmente não planejei”.

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Ty murmurava incrédulo. Zane ouviu o pop distintivo da tampa do tubo de lubrificante e, em seguida a mão de Ty estava entre eles, passando o gel frio em seu próprio pênis e no de Zane. Ele jogou o tubo longe, e Zane o ouviu caindo em algum lugar no chão enquanto Ty envolvida a mão em torno de ambos os pênis, masturbando-os lentamente. Seus lábios se aproximaram do ouvido de Zane por um momento, antes de se mover. “Vou foder você até que se esqueça de seu próprio nome,” ele prometeu com uma voz estranhamente íntima. Ele puxou o lábio inferior de Zane e o mordiscou. Zane agarrou seu amante desesperadamente, enquanto a mão de Ty o apertava. Porra, ele precisava demais disso. “Por favor... Por favor, Ty”. ”Ninguém gosta de quem implora,” Ty sussurrou, e levantou ainda mais a perna de Zane, passando a mão escorregadia por trás. Seus dedos estavam quentes quando começou a massagear Zane, provocando-o cada vez mais, penetrando seu dedos profundamente e depois torcendo. Eles fodiam com frequência o suficiente para que não precisasse de muita preparação, às vezes nehuma, apenas o lubrificante; mas Ty estava fazendo isso agora porque queria provocá-lo, não porque Zane precisava. Zane engasgou com uma risada. “Você ama quando eu imploro.” Ty rosnou novamente, mordendo duramente os lábios de Zane enquanto se movia com velocidade e poder alarmantes. Ele enganchou seu braço sob a perna de Zane e o ergueu ainda mais, o afastando da porta, recebendo um suspiro de surpresa de Zane. Essa perna agora descansava na curva do braço de Ty, e o equilíbrio de Zane foi ameaçado quando Ty bateu Zane contra a porta, mantendo-o preso com o seu corpo e a força de seus braços. Suas mãos puxaram os quadris de Zane, o deixando levemente arqueado, e Zane podia sentir a cabeça do pênis rígido de Ty duro contra sua entrada. Um desejo selvagem e carente rasgou a garganta de Zane enquanto seus dedos arranhavam a pele de Ty. Ele teria dado qualquer coisa para ver o rosto de Ty neste exato momento. Ele poderia imaginar: olhos castanhos claros soltando faíscas, a testa franzida e os lábios 173

carnudos franzidos em concentração e propósito. A quantidade de força bruta primitiva e o violento desejo necessários para que Ty praticamente levantasse Zane e segurasse a maior parte de seu peso, era incrível. Ele empurrava Zane cada vez mais, gemendo e sugando o ar por entre os dentes, enquanto lutava para mantê-lo na posição. Levou algumas tentativas enquanto Ty se atrapalhava com seus beijos, mas quando a gravidade puxou o corpo de Zane para baixo, ele finalmente começou a penetrar Zane. Pelo ronronar que ecoou de ambos, Zane poderia dizer que Ty estava saboreando o deslizamento lento, e quando a cabeça de seu pênis empurrou o músculo tenso de Zane, ele começou outro ataque violento e explosivo em sua boca, enquanto dava um golpe duro de seus quadris. O grito do prazer doloroso de Zane foi abafado pelos beijos de Ty, e ele firmou seus dedos, tencionou sua perna tentando se segurar em Ty. Era desconfortável e precário, mas incrivelmente sensual. Zane pensou que poderia gozar a qualquer momento, sobre Ty e nele próprio, enquanto Ty estava apenas começando. Ele teria ficado constrangido se não quisesse tanto. ”Porra,” ele engasgou assim que seus lábios se separaram. “Oh merda... Ty”. Ty não respondeu, apenas enterrou seu rosto no pescoço de Zane enquanto metia nele, mais e mais. Ty ocasionalmente levantava Zane ainda mais; a sensação de ser erguido e, em seguida, puxado para baixo sobre o pênis de Ty era completamente diferente de tudo o que Zane já tinha experimentado antes. Ty ofegava fortemente com o esforço no ombro de Zane, como se ele quisesse simplesmente devorá-lo. Zane queria ser devorado. Ele se segurava enquanto o prazer o exauria, até que não se importava com nada além das mãos e dos dentes de Ty em sua pele, e de montar o pau de seu amante. Um rosnado baixo começou na garganta de Ty, e os impulsos em seus quadris começaram a fazer com que Zane batesse de forma irregular contra a porta. Ty reforçou seu domínio apertando seus braços em torno da perna e da bunda de Zane, e o levantou ainda mais, deixando Zane mal tocando o chão com a ponta dos dedos dos pés. Zane engasgou quando a pele quente de 174

suas costas bateu contra o metal frio da porta. O rosnado de Ty se tornou um torturado som brutal, enquanto ele fodia Zane dolorosamente, sem qualquer consideração com os seus corpos. Levou apenas mais alguns desses impulsos para arrancar um gemido quebrado de Zane, quando a tensão estalou dentro dele, alcançando seu clímax, gozando em jatos, seu sêmen manchando e escorrendo entre seus corpos. O corpo inteiro de Zane ficou tenso nos braços de Ty, completamente impotente. Tudo o que podia fazer era confiar em Ty para impedi-lo de cair, e prolongar o seu prazer, enquanto seu amante se movia dentro dele, prolongando o seu orgasmo. Depois de mais alguns gloriosos segundos, os movimentos de Ty fizeram seu corpo congelar e arquear. Ele ficou em silêncio enquanto gozava dentro Zane. Quando seu corpo relaxou, estava ofegante, a testa encostada no ombro de Zane. Sua pele estava molhada de suor e os seus braços e ombros tremiam enquanto se retirava de Zane, o colocando no chão. Mas as pernas de Zane estavam muito vacilantes para apoiá-lo, e ele se segurou em Ty quando começou a deslizar para baixo, até o carpete fino no chão. Ty bufou uma risada, e caíram no chão juntos, com Ty se sentando com um baque ao lado de Zane, de costas para a porta e ombros se tocando. Ele estava respirando com dificuldade por causa do esforço, ainda com falta de ar. Zane se inclinou de lado e colocou a cabeça contra o ombro de Ty. “Como é mesmo o meu nome?” ele murmurou, tudo ainda girando. Era realmente difícil parar de se sentir tonto quando não podia focar os seus olhos em alguma coisa para parar o movimento. Ty começou a rir, embora o som fosse exausto. “Isso vai te ensinar uma lição,” ele apontou, obviamente satisfeito consigo mesmo. Zane estendeu a mão para acariciar a coxa de Ty e, em seguida, colocou a mão espalmada na curva do cotovelo de Ty, logo abaixo de onde apoiava a cabeça. O braço de Ty serpenteou em torno de seus ombros, apertando-o com força. Ele deu um beijo na testa de Zane e, em seguida, enterrou o nariz no cabelo dele e respirou profundamente.

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“Você sabe que eu não me importo se você comer naquele maldito restaurante, né?” Ty murmurou, sua voz baixa e carinhosa, e estranhamente suave depois do que eles tinham acabado de fazer. Zane virou seu queixo, o suficiente para pressionar um beijo contra a clavícula de Ty, enquanto um calor agradável o preenchia. “Você sabe que eu nunca sequer olhei para ele, certo?” Ty ficou em silêncio por um longo momento. Por fim, ele virou a cabeça e disse: “É um momento adequado para uma piada cego, ou ainda é muito cedo?” Zane riu e cutucou as costelas de Ty. “Cretino.” Ty riu baixinho, o som quente e reconfortante, enquanto roçava o cabelo de Zane com o nariz. Quando o riso diminuiu, Zane percebeu que Ty estava prendendo a respiração, e algo como um ligeiro tremor no corpo de Ty fez Zane perceber que Ty queria falar novamente. Não era a primeira vez que Zane tinha notado isso, e de repente Zane percebeu o que Ty estava se segurando para dizer em momentos como este: Eu te amo. Zane fechou os olhos e beijou novamente o ombro de Ty, resistindo à vontade de rastejar parao colo dele e fazer o que fosse preciso para que Ty dissesse novamente. Ele queria ouvir de novo, apenas uma vez, depois de todas essas semanas, pois agora isso significava muito mais, agora que Zane tinha reconhecido o que sentia, agora que ele sabia o que era o peso dentro de seu peito. Agora que ele era capaz de acreditar que o que sentia por Ty era real e não apenas um resultado das circunstâncias e da proximidade. Agora era o momento que Zane precisava criar coragem, a coragem que ele não conseguia encontrar para dar esse passo final e deliberadamente cair. ”Você está bem?” Ty perguntou em voz baixa. “Eu machuquei você?” Zane, na verdade, não tinha certeza, mas balançou a cabeça de qualquer maneira. “Chão frio,” ele sussurrou enquanto tremia, e reconheceu a fonte dessa reação. Ele estava com medo. Pronto. Admitiu. Ele estava com medo, terrivelmente assustado, porque Ty o amava e Zane não 176

sabia como lidar com isso, pois não conseguia nem mesmo explicar como se sentia porque ele ainda estava cavando através do medo e da culpa sobre o passado e tentando alcançar o futuro que ele desesperadamente queria.... “Sim,” Ty concordou com satisfação. Seus dedos brincavam com o cabelo de Zane, seu corpo relaxado contra o dele. Ele parecia perfeitamente feliz em ficar simplesmente sentado e segurando Zane o resto da noite. Ele limpou a garganta e moveu o queixo para descansá-lo em cima da cabeça de Zane. “Nós nunca mais vamos achar o lubrificante,” ele murmurou com diversão irônica. “Podemos comprar mais,” Zane murmurou, e suas engrenagens ainda estavam girando enquanto tentava lidar com as dúvidas e incertezas desabando sobre ele. Em algum lugar sentiu uma pontada: amar alguém não deveria deixa-lo feliz? Ele amaldiçoou o seu hábito inato de analisar tudo até a morte e depois virou o rosto para o braço de Ty. “O que acha de irmos para a cama?” ele sugeriu calmamente. “Eu gostaria... “. E estremeceu novamente. O queixo de Ty se moveu novamente, e Zane tinha a impressão de que Ty estava olhando para ele. “Você gostaria de?” Zane mordeu o lábio por um momento antes de responder. “Realmente gostaria que você me abraçasse por um tempo,” ele sussurrou, e parecia estranho dizer isso assim, algo tão inócuo, mas com um valor significativo. “Não sei... você está todo suado,” Ty disse com desgosto simulado. Ele pressionou a boca e o nariz contra a bochecha de Zane e sorriu, tão perto que Zane podia sentir. Ele respirou fundo, rosnando quando expirou. “Você está com um cheiro bom, apesar de tudo.” O peso no peito de Zane aliviou um pouco com a resposta de Ty. Zane não tinha certeza do que esperava. Ele estendeu a mão para arrastar os dedos no peito e barriga de Ty, onde o gozo de Zane havia salpicado entre eles. “Poderíamos tomar um banho primeiro,” ele ofereceu. “Não precisamos de banho,” Ty murmurou. “Ainda...” Zane grunhiu curioso. 177

Ty sorriu contra seu rosto novamente; em seguida, puxou o braço e pôs-se em pé com um gemido. “Oh meu Deus,” ele lamentou. “Estou velho demais para isso.” “Ha!” Zane zombou do chão. “Bem, como um homem oito anos mais velho do que você, que acabou de ser fodido ao ponto de não ser capaz de se lembrar como respirar, eu discordo.” A mão de Ty encontrou a dele e o levantou. Ty deixou Zane a meros centímetros de distancia, apesar de ambos ainda estarem pegajosos, e o beijou castamente. “Você está reclamando?” Ty perguntou sério. “Nem um pouquinho,” Zane murmurou quando encontrou o seu equilíbrio físico. Ele inclinou-se nos braços de Ty, buscando o conforto que desejava, necessário para o seu equilíbrio emocional, que parecia nesse momento uma gangorra instável. “Ótimo, por que gastamos um monte de energia,” Ty disse em óbvia diversão. Ele deixou sua mão deslizar no braço de Zane, e segurou sua mão. “Venha, quero mantê-lo na cama tempo o suficiente para queimar toda essa massa que você comeu.”

***** GRAHAM estava na calçada, olhando com os olhos arregalados a porta. Que raio de briga esses caras tiveram? Ele segurava um envelope entre os dedos suados. Ele havia escrito rapidamente, pois queria seguir o Sr. Garrett e seu amigo, mas os perdeu quando saíram do restaurante, enquanto lavava pratos. Ele tinha entrado em pânico por um momento, e quase disse à Leticia que precisava ir atrás deles, mas depois ele escutou Ryan falando sobre fazer uma entrega ao Sr. Garrett e percebeu que deveriam ter o seu endereço nos registros de entrega. Acabou que a casa dele era a apenas uma quadra de distância, perto o suficiente, e ele poderia andar até lá no seu intervalo. Estava ansioso, trêmulo, mas determinado. 178

Graham tinha que dizer a alguém o que Pierce estava fazendo. Quem melhor do que um agente do FBI que não poderia ver o rosto dele para identificá-lo? Mas agora, aqui de pé, escutando o que soava como um grande som violento vindo do interior, Graham estava tendo dúvidas. A porta realmente sacudia, como se alguém batesse nela de forma irregular. Bem, o outro cara parecia muito irritado quando eles estavam no Chiapparelli’s. Graham engoliu em seco, preparou-se e segurou com firmeza a confissão em seu punho enquanto andava até a porta. Ele não iria bater porque de jeito nenhum ele interromperia a batalha épica que estava acontecendo lá dentro; então, alisou a carta com as mãos trêmulas e colocou-a debaixo da porta. O envelope ficou preso no batente de borracha e não entrava. Graham xingou a si mesmo e empurrou com mais força. O envelope dobrou, e ele parou. Outro estrondo e mais um baque forte contra a porta, seguido pelo o que soou como um grito de dor, que o fez saltar para trás e olhar para a porta com coração batendo na garganta. A carta não iria a lugar nenhum, mas ele com certeza iria. Ele virou-se e correu até a esquina e em torno do bloco de volta para o restaurante, onde estaria em segurança.

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Capítulo 09 ZANE se mexeu ao despertar. Ele estava quente, meio enrolado no lençol, mas faltava alguma coisa. Ele franziu a testa e estendeu a mão, pegando a colcha enrolada, antes tatear o lençol frio a seu lado. Zane se ergueu sobre um cotovelo quando começou a esfregar os olhos. Depois de um momento, parou o movimento. Não era como se fosse ajudar. Ele ainda não podia ver nada. Seu peito apertou dolorosamente. “Ty?” “Estou aqui,” Ty grunhiu de algum lugar perto da beirada da cama. Ele soou como se a sua cabeça estivesse para baixo, com a voz rouca. “Você está bem?” “Só um pouco... inquieto,” Ty respondeu, a voz sem a sua animação habitual, mesmo se ele tivesse acabado de acordar. “Não consegui dormir.” “Você pode sair para dar uma corrida,” Zane sugeriu. Às vezes, fazer Ty se mover parecia ajudar. “Estava pensando em ir para o escritório,” Ty rebateu, parecendo culpado. Zane franziu a testa. “Pensei que Mac tivesse dito para ficar em casa. Se ele o vir, vai dar aquele olhar em sua direção, como se tivesse mordido um limão ou como se alguém tivesse torcido o seu shorts.” “Esse olhar ele sempre me dá quando me vê,” Ty murmurou, quase em voz baixa. “Sinto muito, mas não consigo ficar sentado aqui, preciso encontrar alguém para intimidar, e me dizer o que está acontecendo.”

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Apenas um dia havia se passado. Zane balançou a cabeça e fez uma nota mental para estocar ideias brilhantes para distrair Ty da próxima vez que tivessem a sorte de passar fé... um tempo juntos e livres39. “Sim, está bem”, ele disse, empurrando o lençol de suas pernas. “Você quer vir?” Ty ofereceu meio incerto. “Posso encontrar Alston, e chantageá-lo para me dizer alguma coisa, não iria demorar muito.” “Acho que vou passar,” Zane murmurou. Ele não queria estar perto de alguém assim. Ainda não. “Chantagem?” “Uma longa história, e envolve um pato e uma lata de orégano.” “Não precisa me contar, por favor.” Zane sentiu a mão de Ty no braço dele, esfregando em um gesto de conforto. Ty estava sendo extraordinariamente tátil desde o hospital, compensando a falta de visão de Zane, tocandoo sempre que era capaz, como se de alguma forma ele soubesse o quanto ajudava. Zane fechou os olhos, grato por isso. Ele cobriu a mão de Ty e a apertou suavemente. Era fácil ter pensamentos sombrios estando preso no escuro, e o toque de Ty ajudava a resistir contra a escuridão. “Café da manhã primeiro?” “Claro, por que não,” Ty respondeu aclmamente. Zane sentiu um movimento na cama quando ele falou de novo, ele parecia estar se alongando. Zane teve um vislumbre mental do corpo tonificado de Ty nu na penumbra do quarto, e sentiu seu rosto aquecer, mal registrando as palavras quando Ty disse, “Vou me arrumar.” Ele ouviu quando Ty começou a se vestir, provavelmente pegando um de seus jeans e uma de suas inúmeras camisetas. Zane não ouviu quando ele se afastou do quarto, mas podia ouvi-lo se movendo em torno da cozinha, xingando no minúsculo espaço, conversando com as panelas e as frigideiras. Zane sorriu. Havia razões para passaram a maior parte de seu tempo juntos na casa de Ty.

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Concordaram no livro 2 em não falarem mais em tirarem férias para não dar azar.

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No momento em que se levantou e começou a se mover, Zane podia ouvir o bacon fritando e o cheiro de salsicha flutuando para fora da pequena cozinha, fazendo sua boca encher de água. Pode sentir o cheiro da torrada, e imaginava que Ty fosse fazer ovos mexidos. Ty não cozinhava muito, mas podia fazer um bom café da manhã. Zane fez uma parada no banheiro e, em seguida, sentou-se no bar que separava a cozinha da pequena área de estar. ”Você sabe o que eu percebi?” Ty perguntou, continuando a conversa que estava tendo com as panelas, como se Zane estivesse ali sentado desde o primeiro momento. “Não tenho um carro.” Zane abriu a boca para corrigi-lo, mas se conteve. Eles pegaram um táxi para casa do hospital, e o escritório havia enviado um carro para buscar Ty ontem. “Onde está o meu carro? Você não ia trazê-lo de volta ontem?” Eles haviam caminhado até o restaurante para jantar na noite passada; Zane presumiu que Ty tivesse deixado seu carro na garagem em Little Italy quando voltou do escritório. “Aquele novato que me levou até o hospital ficou com as chaves, ele ainda deve estar estacionado na garagem do escritório; mais outra razão para eu ir hoje.” “Talvez um dos caras possa vir buscá-lo?” “Já passa das nove, todos já devem estar lá. Inferno, vou pegar um táxi ou um ônibus ou algo assim.” Algo em sua voz estava estranha, e Zane meditava sobre isso enquanto esperava o café da manhã. Ty não soava rude ou apressado, nem parecia agitado ou preocupado. Ele estava à vontade, apesar da necessidade ir embora. O que deixava Zane um pouco nervoso, mas de um jeito bom. “Qual o problema?” Ty perguntou, aparentemente captando seus pensamentos. “Não é como se eu fosse ser atacado no ônibus.” Zane balançou a cabeça, ainda coinciliando o calor em seu peito com a ideia de que Ty poderia ser feliz aqui, apenas fazendo algo tão simples como o café da manhã. “Eu não tenho nenhuma ideia dos horários,” ele disse. 182

“Vou dar m jeito. Venha comer,” Ty disse, e Zane ouviu uma bandeja ser colocada na frente dele. “Será posso embarcar com uma arma no transporte público? Ou duas armas, nesse caso.” Zane deslizou para o banco do balcão na cozinha e teve uma ideia. “Você tem outra opção,” ele mencionou. “Oh, é mesmo? Você sabe que eu não posso fazer brotar asas da minha bunda e voar, certo?” Ty perguntou, com um sorriso em sua voz. Um sorriso puxou os lábios de Zane, e ele o deixou à mostra. Ele adorava provocá-lo, e este fato sempre irritava Ty. “A Valkyrie está lá atrá.” Ty tossiu e cuspiu, como se estivesse engasgado com um pedaço de comida. “De jeito nenhum!,” ele finalmente disse com dificuldade. “Prefiro andar.” Zane riu e ouviu o som do garfo de Ty pousando na bandeja. Foi ma maldade, mas ele amava cutucar Ty com a sua Valkyrie. Supôs que não deveria provocá-lo, pois sabia sobre Deuce e o acidente. Ty havia ensinado seu irmão mais novo a andar de moto, e a deixou com ele quando se juntou aos Marines. Deuce acabou sofrendo um acidente não muito tempo depois, arruinando sua perna e qualquer chance de seguir os passos de seu irmão. Mas Deuce parecia levar tudo na esportiva, assim, Zane realmente não via mal em provocar Ty sobre seu ódio absoluto em relação a todas as coisas com duas rodas. “Tudo bem,” ele disse depois mastigar vários bocados de ovos mexidos. “O Bureau não vai lhe reembolsar a tarifa de táxi,” ele lembrou, apenas para continuar a implicância. “Está tudo bem,” Ty lhe assegurou em uma voz excessivamente doce. “Vou pegar a sua carteira.” Zane sorriu. “Não tenho dinheiro; quando tive chance de passar no banco?” ele disse razoavelmente enquanto mastigava um pedaço de bacon. “Os táxis aceitam cartões de crédito,” Ty lembrou.

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Zane torceu o nariz. “Tudo bem,” ele disse com um suspiro. “Pode me dar geléia para assar em minha torrada?” Ele ouviu um frasco tilintar perto do balcão, e Ty estava resmungando. Nada compreensivel, mas, obviamente estava irritado agora. “Eu não ando em uma moto há uns 20 anos,” ele disse, mais para si mesmo do que para Zane. “Talvez não seja uma boa ideia, então,” Zane admiiu relutantemente. Ele já podia ver Ty em sua Valkyrie, e era uma visão deslumbrante. Mas esta não era ma situação “faça ou morra”, como fazer pega com um táxi de Nova York. Zane estremeceu quando momentaneamente sentiu seu estômago se retorcer apenas com a memória. Ty suspirou profundamente. “Eu acho que é uma opção melhor do que andar com o meu traseiro feliz pela cidade,” ele murmurou. Zane piscou e se endireitou. “O que?” “Pode me emprestar sua maldita moto para ir ao escritório?” Ty perguntou resignado. O queixo de Zane caiu. “Você não vai seriamente vai levar a Valkyrie.” “Eu poderia fazer uma ligação direta em um dos carros no estacionamento, mas, acho que eles não aceitariam de bom grado esse tipo de coisa por aqui,” Ty apontou. “Todos esses meses, todas as vezes que pedi para você andar comigo, e você finalmente vai andar na Valkyrie quando não posso vê-lo?” “Hey, a vida é uma cadela,” Ty disse a ele sem um pingo de simpatia. Ele estendeu a mão e acariciou o topo da cabeça de Zane. “Você quer mais?” “Mais o quê?” “Café da manhã”. “Não, obrigado,” Zane murmurou, sabendo que tinha um outro pedaço de pão e um pouco de bacon ainda para comer. “Só mais café, por favor.”

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Ty deslizou uma xícara cheia em direção a ele. “Se você não se importa, vou embora para que eu possa pegá-los de surpresa e derrubar o rebanho antes que eles possam se reagrupar,” ele disse com um certo prazer sádico. “Eu preciso do capacete, da jaqueta, e das chaves.” Zane suspirou. Sentia-se mais do que um pouco enganado. “O capacete está na moto, a jaqueta está onde quer que tenha caído ontem à noite.” Ty nem deu uma resposta quando se moveu para a sala. Em pouco tempo Zane podia ouvir o ranger do couro quando ele vestiu a jaqueta e a fechou. Zane desejava como o inferno poder ver Ty na moto. Seria uma ótima imagem para quando estivesse se masturbando. Ele podia sentir o cheiro do couro quando Ty chegou mais perto, ouvindo o seu movimento, verificando os bolsos. Não havia dúvida de que caberia; originalmente, a jaqueta havia sido de Ty. Ty ficou bem à sua frente dele e inclinou-se para beijá-lo brevemente. “Se você for bonzinho, vou fazer isso novamente quando você puder ver,” ele prometeu, e a sua voz tinha um toque de travessura. “Chaves?” Zane piscou. “Sério?” Ele sorriu, apesar da decepção. “Quão bom eu tenho que ser?” “Muito,” Ty sussurrou, apenas um fôlego. “Você pode começar por dar-me as chaves.” O coração de Zane deu algumas batidas quando a consciência rasgou através dele, então engoliu em seco quando colocou as duas mãos sobre o couro cobrindo o peito de Ty. “No prato na estante ao lado da porta.” ”Obrigado,” Ty murmurou com outro beijo provocativo. Em seguida, se afastou de novo, seus passos mal audíveis em seus tênis Converse e a jaqueta de couro rangendo. As chaves tilintaram quando ele as pegou. “Vou ligar quando terminar,” Ty disse a ele saindo pela porta dos fundos. “Mantenha seu telefone perto no caso de precisar de alguma coisa. Duas horas, no máximo,” ele adivinhou quando a porta se abriu. “Vou estar aqui,” disse Zane com ironia, e depois acrescentou: “Hey, Ty?” “Sim?” Ty respondeu que a porta aberta rangendo. Uma visão brilhou na mente de Zane, de como Ty deveria estar, de pé na porta aberta, usando uma calça jeans surrada, uma camisa e a 185

jaqueta de couro de Zane, olhando por cima do ombro para Zane em expectativa. Ele provavelmente tinha uma sobrancelha levantada. “Tenha cuidado; quero ter a chance de ver isso,” Zane respondeu facilmente. “Sim, sim, também te amo,” Ty se queixou levemente, deixando Zane chocado e em silêncio enquanto a porta se fechava atrás dele. Zane piscou várias vezes, e percebeu que sua boca estava aberta, soltou um longo suspiro lento, sentado ali, até que ouviu o ronco da Valkyrie despertar, calmo por um minuto ou dois, e depois rugindo à distância. Quando não pode ouvi-la mais, comeu o pão e o bacon frio automaticamente, absorto em pensamentos sobre o que Ty tinha dito com tanta naturalidade, quando ele próprio não tinha encontrado uma maneira de dizê-lo. Estava tão absorto em seus pensamentos que, quando alguém bateu na porta da frente, se aprumou com surpresa, empurrando os pratos, e a bandeja caiu no chão, jogando o suco de laranja em todo o balcão e chão. “Oh inferno,” Zane jurou, levantando-se e andando com cuidado. Suas mãos e braços estavam úmidos e pegajosos de suco, e ele podia sentir o líquido ser absorvido por sua camiseta e calça de moletom. Ele virou a cabeça em direção à porta na próxima batida, e então pensou ter ouvido seu nome. Depois de poupar um pensamento para o humor cruel do destino, Zane tirou a camiseta, usando-a para limpar as mãos e os braços enquanto caminhava timidamente até a porta, abrindo-a parcialmente, até sentir um tremor pelo vento de fevereiro. “Zane? É Ryan, do Chiapparelli’s.”

Zane piscou com a surpresa e abriu a porta um pouco mais, mas manteve-se por trás dela. De repente, ficou muito consciente de como estava despido, e não era apenas por causa da brisa fria manhã. “Ryan?” 186

“Oi, eu sei que é cedo, mas cheguei ao restaurante para iniciar os trabalho de preparação, e Leticia e eu começamos a conversar, e, também, porque você não cozinha ou não cozinha muito... de qualquer forma, fizemos um pacote de cuidados. Já que você está preso em casa e provavelmente não pode lidar com as panelas quentes e facas.” Zane levou alguns segundos para analisar tudo isso. “Um pacote de cuidados?” “Sim! Frios italianos, um pouco de pão fresco já cortado, uma panela de barro de minestrone, coisas fáceis. Ah! E cheesecake, é claro.” Zane bufou uma risada, realmente surpreso. “Uau, uh, tudo bem, isso é ótimo, obrigado.” Ele ouviu Ryan rir baixinho. “Você está corando.” “Deve ser o frio,” Zane disse rapidamente, arrastando a camisa pegajosa sobre o peito e escondendo o peito nu atrás da porta. “Você poderia me deixar entrar e fechar a porta,” Ryan sugeriu, com o riso reprimido muito claro em sua voz. “Pode ajudar a afastar o frio.” Zane fechou os olhos e fez uma oração rápida. Ele realmente, verdadeiramente, e sinceramente nunca tinha dado a Ryan Morelli um único pensamento, além dele ser um cara legal. Agora Zane esperava que estivesse certo. “Ah, certo, sim, me desculpe.” Ele limpou a garganta e deu um passo para trás, abrindo a porta. Ryan subiu os curtos degraus e passou por ele, com Zane fechando a porta com firmeza antes de se virar para enfrentar cegamente o apartamento. “Eu peguei as correspondências que estavam nos degraus também, vou colocar essas cartas... Ah, eu vejo; bem, isso explica tudo.” “Explica o que?” Perguntou Zane. “Por que você está corando. Tem café da manhã espalhado em todos os lugares; me dê um segundo e vou limpar para você.” Zane tentou protestar, mas Ryan emendou. “Isso não é um problema, na verdade, aqui...” Zane ouviu um farfalhar de tecido, em seguida, a torneira da pia abrindo e fechando. Ele se endireitou quando ouviu Ryan se aproximar. Então os dedos de Ryan tocaram o topo de sua 187

mão e Zane se retraiu com surpresa. O toque desapareceu e Zane ficou novamente consciente de estar meio vestido, com a camiseta amassada em sua mão. Quando Ryan falou, ele não estava nem mesmo a um braço de distância. “Desculpe, não quis te assustar. Aqui, você pode se limpar agora,” ele disse, deixando um pano de prato úmido na mão de Zane. “Obrigado,” Zane murmurou. “Não tem problema, Zane, realmente.” Passos voltaram para a cozinha, e Zane o seguiu, enquanto tentava limpar o suco de seus braços. “Então, onde está o seu parceiro?” Zane fez uma pausa de surpresa. “O que?” “O seu parceiro? Ty, não era o nome?” “Oh, sim, Ty,” Zane disse com um aceno de cabeça. “Ele está no trabalho.” “E deixou você por conta própria?” O tom de Ryan transmitiu uma ligeira desaprovação. Zane franziu a testa. “Não, ele está apenas fazendo uma verificação, não vai levar muito tempo.” “Foi bom conhecê-lo. Vocês devem ter turnos diferentes, já que ele nunca vai ao restaurante com você. E agora que você está ferido e ele ainda tem que trabalhar... você deve sentir falta dele.” Zane piscou várias vezes enquanto o que o homem dizia infiltrava em sua mente. “Ah, não, nós trabalhamos juntos; na verdade, ele é o meu parceiro no Bureau.” “Sério?” Zane podia ouvir a surpresa na voz de Ryan. “Huh... Eu não percebi... Você disse parceiro, e eu apenas presumi...”. Zane inclinou a cabeça de lado, virando o rosto para onde achava que Ryan estava. “Presumiu o quê?” perguntou com cuidado. “Desculpe.” Agora Ryan parecia envergonhado. “Vocês formam um casal bonito.”

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Zane estava perdido. Ryan tinha visto os dois em um jantar e tinha chegado a essa conclusão? Então riu com uma ligeira surpresa, e as palavras saíram facilmente, tanto quanto poderiam. “Não, você está certo, estamos... Juntos, não apenas no trabalho. A palavra “Parceiro” só me faz pensar no trabalho primeiro.” “Bem, com um homem daqueles, eu diria que deveria pensar em “Juntos” primeiro e em segundo “trabalho”.” Zane podia ouvir o sorriso nas palavras de Ryan. “É um bom conselho,” ele concordou. “Eu sei. Ok. Já está tudo limpo e tem comida na sua geladeira; há mais alguma coisa que possa fazer para ajudar?” Zane balançou a cabeça, ainda um pouco espantado. Ele teria que lembrar de contar a Ty sobre isso. Talvez ele desistisse de sua cruzada contra o Chiapparelli’s. “Obrigado por me ajudar com a bagunça.” “Sem problemas. E quando você precisar de mais comida, é só ligar; alguém vai trazer outro pacote ou Ty pode pegá-lo.” Ryan passou por ele, em direção à porta da frente. “Com sorte, essa situação não vai levar muito tempo,” Zane disse quando a porta se abriu. “Vamos manter nossos dedos cruzados. Oh, eu coloquei a sua correspondencia na ponta do balcão. Se cuide, Zane.” A porta se fechou antes de Zane dar outra resposta. Perplexo, ele sentou em um tamborete do bar, e em seguida, foi tateando curiosamente até o centro da mesa. Ocasionalmente recebia lixo publicitário e circulares deixadas debaixo da sua porta, e isso era o que a pilha amassada parecia. Alguns envelopes, um sem selo, alguns pedaços de folhas de papel dobradas em metades ou em três, algumas grandes folhas de papel brilhante com perfurações. Zane arrumou tudo em uma pilha de volta na mesa para Ty dar uma olhada depois. Agora ele precisava de um banho ou iria cheirar à fruta típica da Florida o resto do dia.

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***** ”O que você tem aí?” Ty perguntou quando entrou na sala de conferência onde Scott Alston estava sentado trabalhando sobre pilhas de papel. “Você não está no caso, Grady,” Alston respondeu sério. “Vá para casa.” “Já fui para casa.” “Sim, mas depois você voltou.” “Quem ganhou a aposta?” Ty perguntou, tirando dos ombras a jaqueta de couro de Zane. “Lassiter. Droga,” Alston murmurou. “Eu apostei quatro horas.” Ty bufou enquanto se sentava em frente ao homem para pegar o arquivo no qual ele estava trabalhando. Alston o puxou para longe, zombando dele, acenando com o arquivo fora do alcance de Ty em direção às suas roupas. “Vocês estão vestindo a roupa um do outro agora?” Alston perguntou ironicamente. “É uma longa história,” Ty murmurou e fez um gesto para a pasta. “Não,” Alston disse com firmeza. “Ordens do chefe, cara.” “O que?” Ty exigiu. “Eles te viram naquele noticiário, eles explodiram o seu carro, eles explodiram o seu parceiro; você não pode estar envolvido na investigação.” “Dê-me as informações ou vou começar a fazer uma cena.” “Como se isso fosse uma novidade,” Alston murmurou enquanto segurava o arquivo protetoramente contra o seu peito, pegando um telefone no centro da mesa de conferência. Ele o pegou e apertou um botão, em seguida disse em uma voz profunda, grave e irônica: “Eu preciso de apoio, sala de Reuniões 4.” Nem se passaram dez segundos quando Harry Lassiter e Fred Perrimore entraram na sala, olhando para Ty divertidos. 190

“Você precisa ir ver McCoy,” Alston disse em tom neutro. Ty apontou o dedo médio para Alston e acenou ameaçadoramente. “Da próxima vez que você explodir, não venha se lamentando para mim.” Alston sorriu torto para ele. “O jogo na próxima semana é às sete,” ele lembrou enquanto Ty saia do escritório. “Não se esqueça! Você vai precisar de uma carona!” ”Beije minha bunda, Alston,” Ty atirou por cima do ombro, se encaminhando para o agente especial encarregado do escritório. “Entre de uma vez, Grady; meu indicador de problemas começou a tocar no minuto que você pisou no prédio,” disse Dan McCoy antes que Ty sequer entrasse em seu escritório. Ele estava sentado atrás de sua mesa alisando a gravata. A mandíbula de Ty se contraiu quando engoliu a resposta que imediatamente veio à sua mente. Ele expirou lentamente pelo nariz, então calmamente perguntou: “Por quanto tempo vou ser mantido fora desse caso?” “Como disse, nós estamos considerando você um possível alvo,” McCoy disse em sua voz profunda e grave, repetindo o que Alston havia dito. “Você e Garrett estavam em ambos os locais durante os eventos. Agora, eu sei que pode ser apenas uma coincidência,” acrescentou, levantando a mão em um movimento. “Mas, até que saibamos com certeza, você está fora.” “Não estou pedindo para ser parte da investigação,” Ty apontou. “Eu só quero saber o que nós já encontramos. Não temos suspeitos? Foram feitas análises por um forense dos componentes? Têm a mesma assinatura?” “Não, mas o processo é o mesmo,” McCoy respondeu. “Olha, Grady, não há muito o que posso dizer; estamos colocamos toda a força disponível em ambas as cenas para apresentar relatórios em que possamos tentar reconstruir o que aconteceu. Mas existe muito pouco para se trabalhar. Mais dois bancos foram atingidos no mesmo dia, os nossos agentes estão desgastados além da conta.” “Mais dois bancos?” Ty perguntou, ficando alerta. “Não é tão estranho como parece.” 191

“Sim, obrigado, Kojak, já que ligou os pontos.” ”Se as bombas estão sendo armadas apenas como distrações para que os bancos possam ser roubados, então por que estou sendo considerado um alvo?” Ty pontuou. “Porque você é você – sempre um alvo.” “Isso me parece razoável,” Ty murmurou desconsolado. “Olha, você parece estar com a mão de obre esticada até ao limite com isso.” “Nós estamos.” ”Mais uma razão para me deixar fazer alguma coisa.” “A última vez que você trabalhou com uma bomba, acabou explodindo algo meio importante. E no último assalto a banco em que você trabalhou, ainda não tinha nem um fio de cabelo grisalho,” McCoy disse a ele. Ty franziu a testa e olhou para cima, como se pudesse ver seu próprio cabelo. “Eu tenho cabelos grisalhos?” McCoy riu dele. Ty rosnou em frustração e desviou o olhar. Ou ele era um amigo sendo franco, ou um superior evasivo. De qualquer maneira, não iria receber qualquer informação. Ele suspirou. “Tudo bem,” ele concordou com relutância. Ele iria encontrar outra maneira de obter algumas informações. Em vez disso, entrou com outro assunto relevante. “Eu preciso encontrar um novato que estava na segunda cena, ele me levou para o hospital, e em seguida, fugiu com as chaves do Garrett.” McCoy franziu a testa. “Um novato?” “Ele parecia ter cerca de quinze anos, não consigo lembrar o nome,” Ty admitiu, fechando os olhos para visualizar o nome no blusão que o garoto estava usando. “Reece, talvez? Reeves?” ele tentou. “Reeves?” Alston perguntou atrás dele.

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“Esse ai,” Ty disse a ele com um encolher de ombros quando se virou. Aparentemente, ele e os outros tinham-no seguido até o escritório de McCoy, para assistir a qualquer fogos de artifício que se seguiriam. “Ty,” Alston disse com uma careta. “A Agente Especial Lydia Reeves estava dentro do prédio quando a bomba explodiu, ela foi retirada antes de Garrett e estava muito machucada; ela ainda está na UTI do UMMC.” Ty olhou para ele, sem compreender o que ele disse no início. Em seguida, as implicações começaram a cair em cima dele com tanta força que ele cambaleou quase fisicamente. “Eles tinham um observador,” ele disse em voz baixa. “Eles tinham que colocar a bomba e encontrar alguma maneira de ver o resultado.” ”O cara pegou o colete dela para se aproximar?” Alston aventurou com uma careta. “Espera, você disse que estava com as chaves de Garrett? Onde está Garrett agora?” Ty já estava passando por ele, correndo para a escada. “Atrás de você!” Alston gritou, e Ty sabia que o homem estava chamando apoio para encontrá-lo na casa de Zane. Ele tirou seu próprio telefone e discou rápido enquanto corria pelas escadas até onde a odiada Valkyrie estava estacionada. O telefone tocou... Tocou... Sem nenhuma resposta, até cair no correio de voz, a voz de Zane séria e direta depois do sinal sonoro. Ty amaldiçoou quando ouviu o sinal e desconectou. Não era como se alguém tivesse que atacar Zane para machucá-lo. Tudo o que teriam que fazer era bater na porta, e tranquilamente colocar uma bomba na casa, já que Zane não conseguia ver quem estava lá, e o trabalho seria feito. Um vizinho com canja de galinha. Um entregador de flores. Zane nunca saberia. Ty empurrou a porta da escada e disparou através da plataforma de estacionamento. Ele sabia que deveria esperar por Alston e o apoio, mas também sabia que, no fundo, ele poderia chegar muito mais rápido em uma estúpida moto.

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***** ZANE inclinou-se contra a parede, o peso apoiado nos brços e a cabeça para baixo enquanto a água quente batia em seu pescoço e ombros, espirrando sobre suas costas. Ele inclinou a cabeça de lado, suspirando quando sentiu os músculos relaxarem. Ele tinha se livrado do cheiro de suco de laranja e o resíduo da polpa pegajosa, mas não estava nem perto de imaginr todos os possíveis cenários, ao dizer a Ty que Ryan lhe trouxera um pacote de cuidados. Se preocupar com isso não ajudava a dor de cabeça, que estava bem ruim hoje. O médico tinha dito que as teria. Zane apenas não esperava que fossem piorar. Ele gemeu e se virou para que a água batesse em suas costas. Em seguida, houve um som sob o barulho da água corrente, algo batendo na sala externa. Zane ficou tenso. Não tinha se passado duas horas para ser Ty. Talvez umapora h, mas certamente não duas. Ele franziu a testa e inclinou a cabeça para ouvir. Outro som seguiu o primeiro, uma porta sendo aberta a chutes, batendo contra um muro. A mão de Zane se enrolou em um punho. Ali estava ele, molhado, nu, desarmado, e cego... E poderia estar em um apuro real. Suas facas e armas estavam sobre a cômoda no quarto. Ele não podia fazer nada além de esperar. Ele não teve que esperar muito tempo. Depois de mais um momento tenso, a porta do banheiro se abriu, batendo contra a pia quando alguém deu dois passos pesados para o cômodo. “Zane?” Ty gritou sobre o barulho da água. Zane soltou um suspiro trêmulo, e seus ombros bateram de costas contra a parede de azulejo. “Sim?” Ty amaldiçoou baixinho enquanto outra voz de algum lugar no apartamento gritou: “Tudo limpo!” Seguido por uma réplica da mesma. “O que foi?” Zane perguntou, confuso. “Que diabos está acontecendo?” 194

“Por que diabos você não atende o telefone?” Ty exigiu. A cortina do chuveiro foi ruidosamente puxada, e o ar frio o agrediu. “Estava na porra do chuveiro,” Zane estalou. “O que está acontecendo?” Ty passou por ele e desligou a água. Zane podia ouvir o som de várias outras pessoas zanzando fora do banheiro. “Vista-se,” Ty murmurou, parecendo irritado e estressado, e sem dar nem um pouco de desculpas. Então ele se foi, e a porta do banheiro se fechou. Zane rosnou, saindo com cuidado do chuveiro, e depois colocou uma mão sobre o balcão. Não tinha levado ao banheiro nenhuma roupa. Com uma bufada, pegou uma das toalhas de banho extra-grandes e a envolveu em torno de sua cintura. “Ele deve ter uma boa razão para isso,” Zane disse baixinho enquanto passava a mão pelo cabelo molhado, deixando a água escorrer sobre seus ombros, e abriu a porta. Ele podia ouvir vozes na cozinha e na sala de estar. Um monte de vozes. Pelo menos umas quatro, sem incluir a de Ty. “Jesus Cristo, Grady, onde aprendeu a andar de moto desse jeito?” uma voz masculina dizia ofegante quando Zane passava no corredor. “West Virginia,” Ty murmurou sua resposta. “Não achei que tivesem calçadas em West Virginia.” Zane reconheceu a voz de Alston, tingida com diversão. “Você com certeza estava pilotando nas calçadas.” Zane parou na porta da sala de estar, uma mão segurando a toalha, e imediatamente estremeceu. Pela porta aberta, entrava um vento gélido de fevereiro pela casa. “E mais uma vez eu pergunto: o que diabos está acontecendo?” Ty pigarreou de algum lugar da cozinha. “Se lembra do novato que ficou com as chaves?” ele perguntou a Zane. Zane virou a cabeça às cegas em direção a voz de Ty. “Sim,” ele se aventurou.

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“Acontece que ele não era um Fed,” Ty murmurou. “Freddy, chame um chaveiro,” acrescentou enquanto se afastava de Zane, falando com alguém no quarto. Zane reconheceu Perrimore, pelo tom grave que falava ao telefone. Franzindo um pouco a testa, Zane se ligou naqueles pedaços de informações com os homens na sala, e balançou a cabeça. “Eu nunca soube que tinha tantos amigos.” “Você não tem,” alguém retrucou de volta ironicamente. Lassiter. Espertinho. Ótimo, praticamente toda a equipe estava aqui. Embora não tivesse ouvido Clancy ainda. “Gente, vamos fechar as portas, está muito frio.” Lá estava ela. Ótimo. Zane reprimiu um careta, e, em seguida, a porta foi fechada, cortando o vento. “Eu quero novas fechaduras nas portas na próxima hora, vamos varrer esse lugar em busca de dispositivos: escutas, bombas, tudo.” A voz de Ty ficava evidente durante as conversas eclodindo ao redor. “Eu quero o arquivo sobre a investigação, além de cada nome suspeito do caso,” Ty disse em voz mais baixa, obviamente falando com alguém em particular. “Você sabe que não posso fazer isso, Ty,” Alston respondeu sério. ”Você me deve, Scott,” Ty sussurrou. Houve silêncio como resposta. Finalmente, Alston murmurou alguma coisa, e Ty agradeceu com sinceridade. Então, Zane ouviu passos parando na frente dele. “Nós vamos para a minha casa,” Ty anunciou sem preâmbulos. “Até termos certeza que aqui é seguro.”

***** APÓS esbarrar em algo duro pela quinta vez, Zane suspirou e tentou visualizar o primeiro nível da casa de Ty novamente. Não tinha um layout complexo, sua forma era longa e 196

estreita, mas Zane teria que memorizar a sua volta, contando os passos, como tinha feito em seu próprio apartamento. E isso era frustrante. Ouviu um baque surdo no andar de cima e descontraiu. Ty estava lá em cima, ao invés de assistir o novo vexame de Zane. Pelo menos isso. Zane estendeu a mão para tocar o que estava na frente dele. Era a ponta da mesa, que estava junto ao braço do sofá contra a parede da sala estreita. Ele levou um momento para orientar-se, e então virou à esquerda e deu três passos, o que, em teoria, deveria deixá-lo perto da cadeira estofada, a mesma na qual costumava sentar-se quando ficava aqui. Quando estendeu a mão, os dedos encontraram o tecido macio, e amaldiçoou em voz baixa. Estava mais perto do que o esperado. Ele fez um ajustamento em seu mapa mental, mas antes que pudesse atacar em outra direção, pensou ter ouvido algo estranho perto dele, e permaneceu no lugar, tentando identificar o barulho. Ele ficou em silêncio por alguns instantes. Em seguida, uma mão tocou seu cotovelo. Zane se encolheu e respirou fundo mesmo que, uma fração de segundo depois, tivesse registrado que só poderia ser Ty. Um cheiro suave de Old Spice confirmou. “Desculpe!” Ty disse rapidamente recolhendo a mão. “Não queria assustá-lo,” ele murmurou enquanto sua mão se encaminhava até o cotovelo de Zane. “Você estava lá em cima há apenas... Uns 30 segundo atrás?” Zane perguntou surpreso. ”Sim, estava colocando as meias,” Ty respondeu com um encolher de ombros quase audível. “Meus pés estão frios, por que? Você precisa de algo?” “Não, só não consegui escutá-lo descendo.” Zane balançou a cabeça e cruzou os braços, e se conteve piscando contra a escuridão total. Seus olhos estavam secos e arranhados, e estendeu a mão para esfregá-los. A enfermeira disse que era porque o olho não recebia a luz para forçar a dilatação, de modo que seus olhos não iriam produzir lágrimas de proteção, como fariam normalmente.

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Ty afastou a mão dele de seu seus olhos. Ele sentiu Ty se aproximar, colocando sua mão calejada em seu rosto. “Não faça isso,” Ty repreendeu suavemente. “Você quer um pouco mais de colírio?” Zane assentiu, resistindo à vontade de pedir desculpas, como já tinha feito nas primeiras vinte vezes. “Sim, está na sacola do hospital,” ele disse, e a resignação o inundando novamente. Ty ficou em silêncio enquanto se afastava. Zane tinha que perguntar se era porque ele não sabia o que dizer agora que estava cego. Era possível que Ty sempre fosse relativamente calmo a maior parte do tempo e Zane nunca tivesse notado isso por causa dos surtos de atividade desenfreados e desmedidos. Disse a si mesmo que era mais uma coisa na qulal prestaria atenção quando voltasse a ver. Havia tantas coisa que, agora percebia, não dava a devida importância. Alguns momentos depois, Zane ouviu o farfalhar do saco, e, em seguida, Ty pressionou o colírio em sua mão. “Precisa de mais alguma coisa?” Zane sentiu o desejo infantil de pedir um beijo e abraço, mas seria um pouco demais, até mesmo para ele. Ele já estava se tornando um enorme peso para o tempo e a paciência de Ty. “Não, obrigado,” ele murmurou. “Só vou ficar um pouco aqui embaixo, se você tiver alguma coisa para fazer.” Ty fez um barulho frustrado. “Sabe o que, ficar sentado aqui se sentindo miserável, não vai te ajudar em nada,” ele disse abruptamente, pegando a mão de Zane e dando um pequeno puxão, guiando-o até o sofá sem a menor cerimônia, empurrando-o. “Sente-se aqui, volto logo.” ”O que...” Zane se interrompeu quando caiu sobre as almofadas. Não havia nenhum ponto em questionar Ty. Era um pouco refrescante, na verdade, e o ajudava com a depressão. Zane colocou algumas gotas em seus olhos, em seguida, recostou-se no canto do sofá e esperou, refletindo. Ele sabia que estava com um humor de merda, mas também estava inclinado a pensar que era justificado.

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De algum lugar na frente na casa escutou um clique, seguido por uma música suave flutuando, do que Zane achava que fosse a caixa bluetooth para iPod de Ty. Foi um presente de Deuce, algo que Ty raramente usava, e ficava em uma das prateleiras ao longo da parede de tijolos da sala de estar. O gosto musical de Ty era bem eclético, para dizer o mínimo. Poderia ouvir um classic rock e heavy metal no Bronco quando dirigiam em alguns dias, e em outros dias, uma música country descontraída. Quando malhava, ouvia geralmente músicas de clubes, algo para bombear adrenalina; mas em casa, ouvia música em raras ocasiões, e nessas raras vezes: folksy blues ou indie rock, por vezes algo como Rat Pack40. Zane nunca sabia o que esperar de sistema de som de Ty. Agora, a música era lenta e relaxada, com um tom agridoce. Então, abaixo da melodia, ouviu o som inconfundível da mesa de café sendo empurrada do tapete para longe do centro da sala. Ty pegou a mão dele e puxou. “Vem dançar comigo, Zane,” ele pediu em voz baixa. O estômago de Zane vibrou quando ficou de pé, com a mão dobranda na de Ty, após o puxão suave. Ele se perguntou se parecia tão surpreso quanto se sentia e qual seria a expressão no rosto de Ty agora. Ele deu alguns passos cautelosos com Ty pelo tapete, e a surpresa derreteu em seu corpo, com a profunda onda de prazer e êxtase inesperada em seus nervos. Ty riu quando puxou Zane contra si, e se atrapalharam sobre onde colocar as mãos e como segurar o outro. Sua respiração era quente contra o rosto de Zane, e pela primeira vez, Zane podia sentir a maneira que Ty se mantinha enquanto se preparava para dançar, confiante e forte. Ele tinha visto Ty dançando tango no cruzeiro, e quando dançaram no clube, tinha sido mais uma grande confusão de braços e corpos na pista. Esta seria sua primeira dança real. “Você guia, eu vou acompanhar,” Ty ofereceu. 40

Rat Pack é o apelido dado a um grupo de artistas populares muito ativo entre meados da década de 1950 e meados da década de 1960. Sua formação mais famosa foi composta por Frank Sinatra, Dean Martin, Sammy Davis Jr., Peter Lawford e Joey Bishop, que apareceram juntos em filmes e em apresentações nos palcos no começos dos anos 1960. Apesar de sua reputação de grupo masculino, o Rat Pack teve participações femininas, como as de Shirley MacLaine, Lauren Bacall (a quem se atribui a autoria do apelido), e Judy Garland.

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“Prefiro segui-lo,” Zane murmurou, absolutamente consciente do significado que essas palavras tinham agora. Ty pegou sua mão e apertou na dele, reposicionando-os, e seu outro braço passou em volta de Zane, até que estavam perto o suficiente para que Zane pudesse sentir os movimentos de Ty. Ele começou com passos lentos, fáceis, em um momento com pouco ritmo, mas logo seus passos coincidiram com a música, e não era apenas um arrastar sem graça. Isso, Zane poderia fazer sem pensar, com o corpo de Ty e a música guiando-o. Ele literalmente não tinha necessidade de ver alguma coisa. Passou a mão livre sobre o ombro de Ty e relaxou em seus braços, suas bochechas se tocando a cada passo. Ty virou o rosto para Zane, tocando seu nariz, lábios e beijando a bochecha dele; ele pegou a mão de Zane e as uniu, segurando-as contra o peito. Eles se balançavam suavemente com a música, mas Ty ocasionalmente aumentava o ritmo, virando Zane em um círculo mais rápido quando a música pedia. Então o ritmo diminuía, e seus passos ficavam mais lentos novamente, sempre próximo a Zane, mantendo suas bochechas unidas, em um gesto sensual, com a música os envolvendo. O pulso de Zane vibrava, e se entregou totalmente nas mãos de Ty, seguindo sua orientação capaz e flutuando sobre a música. Seu mau humor não teve nenhuma chance, e Zane podia até sentir um sorriso puxando seus lábios. Ele já havia imaginado esse momento, uma dança lenta com o seu amante, e não um tango chamativo ou corpos se contorcendo sob uma bola de discoteca; entretanto, nunca tinha sonhado que iria ter essa dança. E era, possivelmente, uma das coisas mais amorosas e mais eróticas que Ty tinha feito por ele. Não estavam barbeados, e o rosto de Ty arranhava o de Zane; mas os seus lábios estavam pressionados contra o canto da boca de Zane, e permaneceu assim. Não era exatamente um beijo. Seus movimentos eram relaxados e naturais, e a maneira como seu corpo se movia com a música, seria algo lindo de se ver. Era melhor sentir, no entanto. A música começou a desacelerar, ameaçando acabar com o momento. A mão de Zane apertou o ombro de Ty, sem ter um único pensamento consciente, e finalmente virou o rosto com 200

cuidado, roçando seus lábios. Ty devolveu o beijo, e não de forma hesitante. Eles reduziram os passos até pararem quando a música terminou, e Ty o beijou de novo, no meio da sala de estar. A próxima música começou, semelhante a primeira, um som que tocava a alma, introspectivo. Ty não seguiu o ritmo da música, escolheu manter seu corpo colado ao de Zane e beijá-lo em vez disso, e Zane não sentia nenhum desejo de se mover. Era um momento novo e frágil, intenso e ainda confortável. Talvez Ty tivesse escolhido a dança porque sabia o quanto Zane adorava dançar, e estivesse à procura de qualquer coisa que pudesse distrair seu parceiro irritadiço. Talvez ele quisesse fazer isso tanto quanto Zane. Seja qual fosse o caso, Zane não se importava. Ele cedeu ao desejo e, lentamente, se envolveu em torno de Ty. Ty permitiu que fizesse o que quisesse, entregando-se ao beijo, mesmo quando começaram a dançar de novo, e Zane se sentiu muito melhor, desde antes do acidente. Os beijos carinhosos acenderam um brilho dourado aconchegante dentro dele. Com seus lábios sobre os de Ty, seus olhos fechados e os braços de Ty ao seu redor, o mundo não perecia mais tão escuro e sombrio. Eles continuaram assim, se balançando languidamente de acordo a música, e quando seus lábios finalmente se separaram, Zane se ouviu sussurrar, “Eu te amo.” Ty bufou baixinho, como se as palavras fossem divertidas. Ele não parou o movimento oscilante de sua dança. “Você está sendo seduzido,” ele disse em uma voz quente, murmurando suas palavras contra os lábios de Zane. Zane deu um suspiro trêmulo, um tremor de choque ecoando através dele. Ele nem percebeu o que disse antes da resposta de Ty, e seu pulso acelerou quando registrou. Agora não sabia o que dizer, e se sentiu agitado, chocado com o que tinha deslizado de seus lábios. Ele não tinha certeza se estava aliviado ou decepcionado por Ty não ter levado a sério, o que podia sentir era a dor inflando em seu peito. “Seduzido?” ele conseguiu falar. Ty cantarolou e sorriu contra sua bochecha. “Eu já fui bom neste tipo de coisa uma vez.”

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Ondas de consciência atravessaram Zane, fazendo com que desse uma risada tranquila enquanto tentava manter o controle de si mesmo e afastar o pânico. “Você ainda é bom neste tipo de coisa; você poderia me dizer para fazer qualquer coisa agora, e eu tentaria.” Ty desacelerou seus movimentos até parar. Ele roçou os lábios sobre os de Zane, ainda segurando-o, como se estivessem dançando. Suas palavras foram sussurradas quando se separaram. “Então, quero apenas que você feche os olhos e dance comigo; hoje à noite, esqueça que você não consegue ver.” Zane obedeceu, e suas pálpebras se fecharam enquanto se concentrava em Ty, absorvendo a energia e o magnetismo de sua presença, tão forte que um zumbido quente percorreu Zane, instigando-o a liberar sua surpresa e preocupação, para simplesmente estar com Ty. Ty reajustou seus corpos, puxando-o bem perto, começando o lento balanço novamente. Ele começou a cantarolar junto com a música, e logo estava cantando baixinho perto da orelha de Zane. Zane nunca tinha ouvido Ty cantar. Ele tinha uma voz incrível, profunda e sentimental, com essa sugestão de um rosnado. Sua voz era impressionante, e fluía através Zane, seus corpos se fundindo com a dança, e Zane, irremediavelmente e sem conseguir se defender, se perdeu na voz e em Ty.

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Capítulo 10 Os pais de Graham estavam França nestes últimos dois meses, e ficariam por lá mais uma semana; assim, o grupo de Pierce vinha usando sua casa como base. Graham estava sentado à mesa da cozinha, uma perna balançando furiosamente enquanto navegava em seu laptop, pesquisando artigos e notícias. A cobertura da imprensa aumentava a cada dia, alimentando a confiança de Pierce. Como se fosse um carinho a mais em seu ego. Pierce parecia um general agora, dando ordens a todos. Ross parecia feliz o suficiente para continuar com a ditadura de Pierce, mas desde que descobriu sobre o Sr. Garrett, o grande plano mestre tinha perdido o seu brilho para Graham. Ele tinha certeza de que Hannah se sentia da mesma maneira. Toda vez que ele a observava, ela parecia mais e mais como um coelho assustado. “Então, Ross,” disse Pierce, do seu lugar na cabeceira da mesa, com o peito inchado em uma autoridade auto-assumida, “Você vai arranjar essas chaves para que possamos entrar no ginásio e plantar a bomba; vou pegar o último suprimento amanhã, então eu posso começar a construí-la. Esta bomba vai ser melhor ainda.” “Claro que sim, Pierce,” Ross concordou, anotando suas ordens no iPad dele. “Que ginásio?” Perguntou Hannah. “Não podemos simplesmente entrar na academia dos policiais; eles, tipo, ficam protegidas ou no subsolo, ou coisa assim?” “Entramos em seu campo de beisebol, não entramos? Enfim, não estamos em busca de apenas um ginásio policial; nós vamos plantá-la no Y41 em Druid Hill,” Pierce disse. ”No Y?” A voz de Hannah subiu. “Pensei que iríamos explodir lugares com policiais, e não que estávamos indo atrás de pessoas comuns; o shopping já foi ruim demais.” 41

Druid Hill Family Center – Centro Comunitário.

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“O shopping foi o nosso melhor sucesso! E foi porque havia civis lá. E a imprensa. Os porcos são mais propensos a foder as coisas se continuarmos chamando a porra da mídia para o caso,” Pierce estalou. “Além disso, o site diz que a academia está fechada para reforma; ninguém vai se machucar.” Hannah olhou para baixo, franzindo a testa levemente enquanto cutucava uma das sacolas do banco à sua frente. “Eles levantaram mais de um milhão de dólares para construir essa nova academia,” Pierce disse, parecendo muito satisfeito consigo mesmo e sem Graham saber o porquê. O Y é um centro comunitário de uso gratuito. Não era como se fosse explodir alguma loja de milhões de dólares. Não, as outras bombas já não fizeram suficiente danos? “Por que precisamos de uma bomba melhor?” Graham não pode deixar de perguntar. “As outras não fizeram danos suficientes?” “Não, não fizeram,” Pierce disse, sem rodeios. “Uma bomba é uma bomba, não é?” Hannah perguntou timidamente. “É só para mantêlos longe dos bancos.” Pierce bateu a mão na mesa, e Hannah se encolheu. “Precisa ser uma bomba melhor, porque eu disse que tem que ser assim.” O estômago de Graham começou a embrulhar. Ele esperava que o Sr. Garrett tivesse encontrado o envelope. Eles estavam indo bem no roubo de bancos. Era legal, algo muito foda de se praticar, e que se fodam os bancos de qualquer maneira. Não é como se eles nunca fizessem nada de bom para alguém. Ele vinha ouvido seu pai resmungando sobre o dinheiro que tinha perdido quando... Bem, Graham não entendia realmente essa parte, e metade dos problemas atuais tinha a ver mais com a política de qualquer outra coisa. No começo era divertido, todo mundo parecia pensar que era era algo grande e poderoso. Além disso, se eles conseguissem dinheiro suficiente, Graham poderia deixar seu trabalho no restaurante de seu pai, que estava tentando ensinar-lhe sobre a “responsabilidade fiscal”. 204

Mas Pierce estava ficando cada vez mais assustador; para ele, não era apenas mais sobre o dinheiro, e Graham não sabia quando, ou se, ele iria parar. Eles tiveram sorte que mais pessoas não se feriram no shopping. “Pierce, nós estamos realmente machucando as pessoas...” “Apenas os malditos policiais! “ Pierce gritou. “Então, qual será o nosso próximo movimento?” Ross perguntou, parecendo ansioso, enquanto ácido começava a avançar pelo esôfago de Graham. “Não nosso,” disse Pierce com um sorriso de satisfação. “De Hannah.” Hannah ficou totalmente pálida. “O que? Eu?” “Já é tempo de você fazer algo além das chamadas telefônicas,” Pierce ordenou. “Hora de ganhar a sua parte na bolada; você vai roubar o banco agora.” “M-mas não sei como!” Hannah lamentou, torcendo as mãos. “Engole essa, Hannah,” Pierce disse asperamente. “Se você quer dinheiro para que possa ficar longe de sua Madrasta Querida, vai fazer o que lhe digo, entendeu?” “Sim,” Hannah choramingou, derrotada. “Então, o que faremos enquanto Hannah assalta o banco?” Perguntou Ross. “Graham vai ficar com o carro nas proximidades para pegar Hannah quando ela sair, você e eu vamos cuidar daqueles dois porcos de merda que tentaram nos intimidar na TV,” disse Pierce com tanto gosto, que Graham teve que engolir em seco. “Você sabe quem eles são?” “O falastrão é Grady; não consigo encontrar seu endereço, mas vou segui-lo quando ele sair do escritório do FBI.” “Porque não cuidou dele quando colocou a bomba no carro naquela época?” Perguntou Ross.

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O rosto de Pierce ficou avermelhado. O cara deu o seu recado, e Graham tinha visto o tamanho do agente do FBI. Ele sabia exatamente por que Pierce não tinha cuidado dele. O Agente Grady arrancaria os braços de Pierce como um pit bull brincando com um gatinho. “Eu quero fazê-lo sofrer primeiro!” Pierce gritou. Ross levantou as mãos em um gesto apaziguador, e de repente Pierce ficou bem novamente. “Então Graham, você tem que encontrar um carro de fuga.” “Nós podemos usar aquela caminhonete, a do agente.” Ross sugeriu. “O Fed não vai precisar dela mesmo,” Pierce disse presunçosamente, tirando um molho de chaves e girando-a no dedo. “Não vou dirigir uma caminhonete que você roubou de um Fed!” Graham disse, sentindo seu estômago se revirar desagradavelmente. “Então é melhor você encontrar alguma coisa,” Pierce estalou. “Você não quer a caminhonete, então vou dirigi-la; já substitui a placa.” Graham desabou em sua cadeira sob a sensação de desgraça iminente que pairava no ar. Pierce levantou-se e inclinou-se, plantando as mãos em cima da bagunça de esquemas e mapas. “Vamos continuar, ninguém que não merece vai se machucar.” Ele estendeu a mão até o meio da mesa da cozinha, pegando o cofre de porquinho de cerâmica rosa que havia guardado no dia que começaram a planejar. “Nós vamos dividir esta cidade,” ele disse, sorrindo deliberadamente, soltando o porco rosa no mapa, e o quebrando bem no meio.

*****

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“Ty, você precisa de uma pausa,” Zane disse, enquanto caminhava lentamente para a sala de estar. Ele estava quase certo de que Ty estava na cozinha, do outro lado do bar. Conseguia ouvir as garrafas de vidro batendo, fazendo barulho na geladeira. Ainda nem chegara o fim de semana e Zane sabia que o papel de babá devia ser desgastante. Ty estava sendo tão bom quanto ouro nesses dois dias desde que se mudou para a casa dele, mas Zane sabia que não duraria muito tempo. Zane não queria que durasse, pois estava começando a assustá-lo. Ele quase teve vontade de comprar uma briga com Ty só para ouvi-lo reclamar e sair de uma vez da The Twilight Zone42. “O que foi?” Ty perguntou com a voz abafada, como se ele estivesse ajoelhado abaixo do nível do balcão da cozinha. Zane franziu a testa quando estendeu a mão à sua frente dele, certo de que deveria estar perto. “Eu disse que você precisa de uma pausa; o que você está fazendo? Parece que você se enfiou em um buraco.” Ele sentiu, mais do que ouviu, quando Ty parou rapidamente, bem na frente dele. “Nada.” Zane inclinou a cabeça de lado, tentando lembrar o que Ty mantinha nos armários sob o balcão. Ele não acreditou em Ty nem por um instante, mas como não pode ouvir nada acontecendo, deixaria passar. “Nada,” afirmou. “Esse é o problema, você precisa de uma pausa,” afirmou pela terceira vez. “Eu não estava fazendo nada,” Ty insistiu em sua voz mais inocente. Ficou mais desconfiado quando continuou. “Uma pausa para que?” Agora Zane tinha certeza que ele não queria saber o que Ty estava fazendo. “Um tempo em seus deveres de babá.”

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The Twilight Zone (Além da imaginação, no Brasil) foi uma antológica série de televisãoestadunidense, produzida por 5 temporadas na CBS, de 1959 a 1964.

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“Oh,” Ty disse com um bufo. “Por que você diz isso?Não ateei fogo em nada ultimamente.” Normalmente, Zane iria apenas dar o olhar para Ty, considerando se suas palavras eram apenas besteiras. Mas como não podia ver Ty, não conseguiria ler nenhuma expressão dele. “Mas você está com os fósforos na mão,” Zane disse com conhecimento de causa. Ty pigarreou. “O que você sugere então, que eu o deixe para trás, por conta própria, lidando com tudo de forma incompetente?” “Eu acho que posso me virar por um tempo,” Zane disse seriamente. “Saia, faça alguma coisa; você está vibrando como a sua mãe. Não que eu não aprecie o que está fazendo, mas eu posso ouvir você se contorcendo.” “Vibrando como a minha mãe?” Ty repetiu com especial ênfase nas palavras, insultado. Zane o ouviu jogar algo como papel pesado em cima do balcão. “Você é um idiota ingrato,” Ty disse lentamente. “Ty, não acho que poderia ser mais grato, apenas não quero que você fique ressentido por me ajudar.” “Você disse que eu vibro como a minha mãe!” ”Para mim, isso é um inferno de um elogio. Isso significa que você se importa o suficiente para ficar e cuidar de mim, mesmo quando isso o deixa louco,” Zane tentou explicar. Esta não era a reação que esperava de Ty. Ele tinha achado que Ty sairia como um tiro. Não de uma forma ruim, apenas como um-cavalo-xucro-solto-na-arena ou como um golden-retriever-querendo-sair. Ty bufou como um touro, e mesmo que Zane não pudesse vê-lo, instintivamente sabia que Ty estava com a cabeça baixa. “Bem, e você?” Ty rebateu, com a voz obstinada. “Você está sentindo a necessidade de sair pela janela também?” “Absolutamente. Mas o medo avassalador de uma queda livre é um impedimento bem real,” Zane respondeu, colocando as duas mãos no bar, mudando seu peso. “Então, posso ficar no

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iTunes no sofá agora, e você pode baixar um audiobook novo para mim; isso vai me entreter durante horas.” Ty murmurou, infeliz. “Não gosto da ideia de deixá-lo sozinho, e não é só porque você pode tropeçar um dedo no tapete, ou cair da escada.” “Você não tem tapetes.” “Esse não é o ponto.” “Nós temos que tentar algum dia,” Zane disse calmamente. “Por maior que seja o apelo, você não poderá estar a um grito de distância para sempre.” “Você está cansado de mim?” Ty falou no mesmo tom. “Não”. Zane tinha uma resposta mais florida, mas ele não queria que Ty desse uma gargalhada, isso não ajudaria com essa discussão. Seria um homem feliz se tivesse Ty dentro do alcance de um braço em todos os momentos. “Ok, então. Alguns dias de intervalo para que não matemos um ao outro, é isso o que está falando?” Ty perguntou e começou a se mover em torno do balcão. Zane não tinha realmente pensado em termos de dias. Ele queria apenas tirar Ty de casa por algumas de horas. Ele realmente não tinha ideia de como lidaria sozinho por dias, mas para evitar que Ty longe se desgastasse, ele passaria por isso. “Claro,” ele tentou responder com confiança. ”Não me sinto confortável com você sozinho, Zane,” Ty disse a ele com o tipo de honestidade pela qual a maioria das pessoas não gostava dele. “Então, me dê uma alternativa, ou matar um ao outro é o que teremos.” Zane virou quando Ty passou por ele, e manteve suas mãos para trás, agarrando a borda do bar. “Eu poderia contratar uma enfermeira para sentar aqui e ler para mim,” ele ofereceu, na esperança de uma risada. “Banho de esponja está vetado. Até eu tenho meus limites quanto ao que vou deixar você se safar,” Ty murmurou irritado. Ele poderia estar ou não brincando, mas era a segunda vez que 209

ele soava com ciúmes, desde da última semana, e Zane sentiu uma onda suave de surpresa. Ty continuou falando como se nunca tivessem tocado no assunto. “Nós poderíamos chamar reforços, talvez Deacon poderia ficar por alguns dias, para colocar a sua cabeça no lugar de novo.” “Eu gosto de Deuce, mas não preciso de um psiquiatra para isso; qualquer pessoa em sã consciência teria medo de estar nessa situação,” Zane apontou, tentando manter a calma, pois se ambos começassem a gritar, acabariam batendo as portas ou com uma foda furiosa, e não iria resolver o problema por mais tempo do que uma hora. Ele podia sentir Ty passeando ao redor da pequena sala de jantar, e a imagem de um tigre enjaulado veio à mente. “Então, que tal isso, Zane? Ou me dê uma alternativa viável ou pare com essa porra de me dizer que eu preciso de uma pausa!” Ty rosnou perigosamente, se movendo pela sala de estar. “Que tal se eu chamar a Shannon de volta? Ela se ofereceu para ficar com você, e Elaina...” Uma batida súbita na porta da frente o interrompeu e fez Zane dar um salto. “Segure esse pensamento,” Ty resmungou, e Zane o ouviu sacar uma arma de algum lugar e seguir para a porta.

***** Num momento solitário de otimismo, Ty se permitiu imaginar que fosse um dos agentes de campo que estavam mantendo a vigilância na porta, de pé na varanda da frente, tendo magicamente encontrado as chaves de Zane, explicando que tudo tinha sido um erro e que Zane estava seguro. Ele olhou pelo olho mágico e amaldiçoou enfaticamente quando viu quem realmente estava lá fora. Quatro homens, todos com mochilas idênticas, em vários estágios de desgaste, todos olhando para a rua, observando o sedan do FBI imperceptível para civis, que não deviam ser capazes de detectar, estacionado a uma quadra da porta de Ty.

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A Força de Fuzileiros Recon, Equipe Sidewinder. Todos os quatro. Assim que colocou os olhos sobre eles, ele sabia o por que de estarem ali. “Merda, merda, merda,” Ty murmurou, tirando o ferrolho e abrindo a porta. Todos se viraram para olhar para ele com um sorriso, mas ele já estava na porta com a boca aberta, pronto para oferecer um pedido de desculpas. Ele deve ter parecido mais surpreso do que pensava, porque Nick O’Flaherty revirou os olhos e gemeu. “Você esqueceu,” ele disse em tom de acusação. “Sim,” Ty admitiu imediatamente. Os outros três homens gemeram e começaram um breve comentário digno de qualquer galeria de amendoim 43. Ty olhou para Nick e deu de ombros, impotente. Nick era quase de sua altura, com o tom de cabelo louro escuro avermelhado e com as características de um robusto irlandês de Boston. Seus olhos eram de um verde brilhante e normalmente preenchido com o mesmo tipo de travessuras de Ty. Ele era a alma gêmea de Ty, em todos os sentidos da palavra. Eles compartilharam um assento no ônibus para Parris Island44 e serviram juntos nas fileiras. Nick era, para todos os efeitos, o melhor e o mais antigo amigo de Ty. “Tem sido um inferno de uma semana,” Ty tentou explicar. “Quem é?” Zane perguntou curiosamente atrás dele. Ty virou de lado para olhar para ele, dando os quatro homens na varanda uma visão clara do seu parceiro. “Uh... Pessoal, este é Zane Garrett, meu parceiro,” ele disse, enquanto tentava decidir a melhor forma de lidar com o excesso súbito de hóspedes, especialmente quando quatro deles

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Peanut Gallery: Uma galeria do amendoim é o público que incomoda com perguntas o artista performático. O termo originouse os dias do vaudeville como um apelido do mais barato (e ostensivamente o mais desordeiro) assentos no teatro; a refeição leve mais barata servida no teatro muitas vezes eram amendoins, que os patronos lançavam às vezes nos performistas no palco para mostrar a sua desaprovação. 44 Local de recrutamento do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos, localizada no estado norte-americano de Carolina do Sul, no Condado de Beaufort. É atualmente parte da cidade de Port Royal.

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ficariam irritados como o inferno. Ele olhou de volta para eles. “Parem de vadiagem na minha porta e coloquem seus traseiros aqui dentro.” Eles entraram obedientemente, e com seis grandes homens de pé na sala de estar, a casa de repente ficou muito pequena. Assim que Ty fechou a porta, ele fez um gesto para Zane novamente. “Ele perdeu a visão em uma explosão de há poucos dias, e vai ficar comigo até melhorar, ou até pegarmos o cara. Zane, esta é ... Minha equipe Recon.” “Ou o que resta dela, de qualquer forma; Equipe Sidewinder, ao seu serviço,” Nick ofereceu com uma pitada de orgulho. Zane ficou no lugar, ao pé da escada, com as mãos nos bolsos. “Uma visita surpresa de toda a sua equipe?” Sua voz soou baixa no apartamento, e Ty sabia que ele devoa estar se sentindo desconfortável. “Não é tecnicamente uma surpresa,” Nick respondeu antes que Ty pudesse abrir a boca. Ty pigarreou. “Eu esqueci”, ele disse novamente, para o benefício deles e de Zane. “Zane, este é Nick O’Flaherty, sotaque de Boston; Owen Johns, norte do estado de Nova York; Kelly Abbott, Colorado; e Digger, do fundo do pântano.” Seu nome era realmente Duruand Garrigou, mas como nenhum deles nunca foi capaz de pronunciar corretamente, para sua satisfação, ele acabou sendo o Digger desde que se juntou à equipe. Cada um ofereceu saudações murmuradas, olhando estranhamente para Ty enquanto faziam isso. Depois de um berve silêncio constrangedor, Zane falou. “Então, qual é o plano? O que você esqueceu?” ele perguntou a Ty. Ty prendeu a respiração, olhando de Zane para os outros quatro, desconfortável. Todos olharam para ele com expectativa. “Sinto muito.” Finalmente desabafou. “Tem sido uma semana difícil, ok? Eles explodiram o meu Bronco, em seguida explodiram o meu parceiro, e eu tenho estado um pouco distraído.” Kelly e Digger se entreolharam incisivamente. “Vingança.” Kelly decidiu. 212

“Sem dúvida,” concordou Digger. Ty deu um gemido de desgosto. “Ei, não se preocupe com isso,” Nick ofereceu facilmente, e olhou para Zane. “Nós planejamos explorar a mata e jogar paintball neste fim de semana,” explicou para o benefício de Zane. “Fazemos isso a cada poucos meses, e era a vez de Grady sediar.” ”Parece divertido,” Zane disse, com um pouco mais de energia em sua voz desta vez. Ele estava prestando atenção as vozes, porque virou a cabeça para Ty. “Você deveria ir.” “Nós já tivemos essa conversa, Garrett,” Ty disse em frustração. “Não vou deixá-lo sozinho até que peguem o homem-bomba”. “Isso soa bem pesado,” Nick comentou secamente. “Bem-vindo a minha merda de vida,” Ty estalou, e Nick simplesmente riu dele. “Não precisamos ir a lugar nenhum; se ficarmos perto de Grady, provavelmente iremos disparar com armas reais,” Kelly ofereceu se sentando no sofá atrás dele. Ele era o médico da Marinha, o oficial médico. Ele recebeu o mesmo treinamento dos outros, e mais alguns. Era magro e musculoso, com cabelos castanhos e olhos acesos, em uma cor que variava entre o azul e cinza. Era modesta e afável, mas era o único membro de sua equipe de seis homens invicto em duelos de lutas. Ele era o inferno sobre rodas, com ou sem uma arma. “Eu voei da porra de San Diego, e vou atirar em alguma coisa,” Owen anunciou irritado. “Escute,” Zane murmurou. “Eles mudaram as fechaduras na minha casa, posso ficar lá; sei como me virar melhor lá de qualquer maneira.” Ele estava soando sensato, na frente de testemunhas, e Ty queria estrangulá-lo por isso. “Você pode ficar com eles e dar uma passada lá de noite, se quiser.” Zane deu-lhe um fantasma de um sorriso. “Vou pedir para entregar o jantar.” “Vocês dois são alvos?” Perguntou Nick. “Não,” Ty respondeu secamente, ainda olhando para Zane. “Talvez,” Zane corrigiu.

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“É possível,” Ty concordou com relutância. “Olha, não posso deixar a cidade no momento, temos um homem-bomba com alvejando agentes, equipes de salvamento municipais e federais, e os bancos estão sendo roubados em todo o lugar na cidade, está uma loucura.” ”Veja se não é o Sr. Pessimismo,” Digger observou com um sorriso. Ele era um homem de boa aparência, sua pele era tão escura que eles nunca precisaram pintá-lo com óleo ou graxa em uma missão para escondê-lo no escuro. Seu sotaque tinha o acento da Louisiana, o que significava que, na metade do tempo ele não era coerente, e a na outra metade estava reclamando por não responderem às suas perguntas. “Podemos fazer algo para ajudar?” Nick ofereceu enquanto os demais se instalaram juntos no sofá. Essa cena lembrou a Ty os três macacos sábios, alinhados em uma fileira. Ele franziu a testa para eles com desconfiança. “Por favor, levem-no para fora de casa por pelo menos algumas horas e o façam queimar energia,” Zane disse imediatamente. “Eu posso ouvi-lo quicando, vão até o Fell’s Point45 ou algum ponto turístico próximo.” “Vou te empurrar dessas escadas, seu traidor,” Ty estalou. “Ok, então!” Nick disse com uma risada. Ele se adiantou e colocou o braço sobre os ombros de Ty como se fosse contê-lo. “Vamos cancelar o paintball e vadiar pela cidade por alguns dias; no caso de você precisar de nós,” ele disse a Ty. Os outros murmuraram em acordo. “Normalmente acabo com vergões de paintball em minhas nádegas de qualquer maneira,” Owen resmungou enquanto examinava suas unhas com uma careta. “Isso acontece porque você sempre se curva para beijar a minha bunda,” Kelly disse a ele de forma séria. Ty revirou os olhos. Nick falou acima da conversa deles, ignorando os comentário de onde estava sentado. “Garrett, por que você não janta com a gente? Nós realmente gostaríamos de conhecer o parceiro

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Bairro histórico, estabelecido em cerca de 1763, na região sudeste da cidade de Baltimore, em Maryland, ao longo da costa norte do porto de Baltimore.

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de Ty, especialmente por que já estão esse tempo todo juntos, e ele não te trocou nem bateu em você.” Zane sorriu pela primeira vez desde que os caras tinham entrado. “Bem, você está certo, em parte.” Ele deu de ombros. “Estou dentro, nós ainda não comemos.” “Ótimo!” Nick disse enquanto olhava para Ty triunfante. “Nós nunca conhecemos nenhum dos parceiros de Ty; estávamos começando a pensar que eles eram apenas um mito.”

***** O Greene Turtle Sports Bar & Grille atraia uma multidão durante a noite. Era um ponto de encontro popular em Fell’s Point, localizado ao longo da estrada de paralelepípedos que ladeava o porto. Suas mesas, no interior e no exterior, estavam sempre cheias e agitadas com uma mistura de moradores e turistas. Levou vários minutos de espera antes que a equipe pudesse conseguir uma mesa grande o suficiente para todos se acomodarem. Nick sabia que não era o ponto de encontro favorito de Ty. Ele sempre os levava a algumas ruas abaixo, em um buraco de bar chamado OneEyed Mike’s. Ele deve tê-los trazido aqui por consideração à cegueira de Zane. Nick observou como Ty caminhava com Zane, sempre perto, segurando seu cotovelo. Este Zane Garrett parecia confiar muito em Ty. Ele não havia questionado nenhuma das instruções de Ty, nenhuma vez, enquanto caminhavam as poucas quadras, pelo meio da multidão, até uma mesa perto das TV’s na parte de trás. Ty o deixou sentado no canto, onde as pessoas não iriam esbarrar nele, e colocou uma cadeira ao lado dele. Quando Ty finalmente se acomodou, olhou para Nick, e Nick deu-lhe um olhar interrogativo, acenando com a cabeça em direção a Zane. Ty deu de ombros, deixando deslizar por seus ombros a pergunta tácita da forma singular que só Ty conseguia. Nick ia ter que pegar seu velho amigo sozinho em breve e interrogá-lo. 215

Depois disso, ele sentou em uma cadeira ao lado de Ty, inclinando-se sobre ele para olhar para Zane. “Então, nos dê uma história,” disse a ambos. “Zane, precisamos de uma nova leva de contos embaraçosos de Grady.” Zane sorriu, embora seus olhos permanecessem para baixo. Ele colocou uma das mãos sobre a mesa à sua frente, fechando a mão ao redor da borda. “Bem, houve uma vez na Lavanderia chinesa...” “Não,” Ty interrompeu urgentemente. Ele ergueu a mão para chamar a garçonete, ordenando cinco bebidas, mantendo os cinco longos dedos erguidos, e, em seguida, girando o dedo indicador ao redor da mesa. Os olhos de Nick seguiram o movimento, e, em seguida, olhou para Ty. Ele parecia meio cansado, como se não estivesse apto para girar em direção ao teto, como o Ty Grady que Nick conhecia tão bem. “Somos seis homem,” interrompeu Owen. “Quem não vai beber?” “Esse seria eu,” Zane disse. ”Perdoe-me por dizer o óbvio, mas você não parece ser do tipo designado para ser o nosso motorista,” Kelly disse ironicamente. Ty cutucou o cotovelo de Nick, e quando Nick olhou para ele, Ty colocou o dedo polegar e indicador para fora, como se estivesse segurando um copo e o jogou na sua boca. Nick balançou a cabeça em compreensão. “Bebida é a última coisa que eu preciso agora,” Zane disse, quando se inclinou para trás em sua cadeira. Nick estalou a língua. Então, o parceiro de Ty era alcoólatra. Isso era desconfortável. Ele procurou dizer algo, acompanhando de perto os seus companheiros. Zane parecia lidar bem com o tema, mas os ombros de Ty ficaram tensos, e ele estava olhando para a mesa com devoção. Nick conhecia essa postura bem, tinha visto Ty assumi-la muitas vezes. Ele estava se preparando para defender um amigo. “Então,” Nick mudou de assunto “Lavanderia chinesa, hein?” 216

Zane bateu os nós dos dedos sobre a mesa. “Três rapazes e um cão andando em direção a Lavanderia do chinês,” ele começou, fraseado como uma piada. “Cara,” Ty interrompeu novamente. “Eu disse a eles antes de entrarmos: aquele cão estava me olhando engraçado!” Nick riu enquanto os outros acompanharam. Nick esperou até que Ty virou a cabeça para olhá-lo, encontrando seus olhos cor de avelã, em seguida, estendeu a mão e deu um tapinha no ombro dele em consolo. Apenas os dois e o homem que os interrogou, sabia por que Ty não era a favor de cães. Zane continuou com a história, fazendo uma boa narração, e recebendo risadas dos rapazes e um olhar sujo de Ty. Era engraçado como o inferno, e Nick poderia imaginar Ty e um cão, ambos terminando em um barril de espuma e brigando para ver quem poderia se sacudir primeiro. É claro que o cão tinha vencido. Digger começou outra longa história depois, e o riso continuou. Quando as bebidas foram entregues, a garçonete também trouxe uma Coca-Cola, e ela se moveu até colocá-la na frente de Zane. “Obrigado, querida,” Ty ofereceu. Ela piscou para ele e deixou sua mão descansar no braço de Zane antes de se afastar. Zane levantou a cabeça e mandou um sorriso nessa direção. Obviamente, eles vinham muito aqui. Nick observou Ty por mais um minuto. Ty raramente saia para beber com seus colegas de trabalho. Zane Garrett era, obviamente, um amigo bem próximo para isso acontecer. Zane pôs sua mão sobre a mesa e a moveu ligeiramente. Ele nem mesmo disse qualquer coisa, e enquanto Ty continuava conversando com Digger, ele moveu o copo de Coca-Cola até os dedos de Zane. O canto da boca de Zane arqueou-se quando pegou a bebida. Nick ficou surpreso ao descobrir que Ty e Zane o lembrava de Ty e... ele. Ele também ficou surpreso com o pico de ciúmes. Sabendo que poderia observar Zane sem ser visto, já que Ty estava ocupado, Nick observou-o por um tempo a mais; ele era um cara bonito, talvez uns cinco anos mais velho do que Ty e ele mesmo, talvez até mais. Ele estava com a cabeça inclinada de lado, com 217

a orelha na direção de Ty, e um pequeno sorriso brincando em seus lábios, enquanto Ty falava sobre algo que Zane não sabia, já que era uma antiga história de seus dias como Recon. Devia ser bom se sentir incluído, estando cego e meio perdido. Ele olhou para Ty e se perguntou se tinha passado o pânico de: ‘Poderia ter sido eu’. O Ty que ele conhecia não toleraria bem a escuridão, ou a impotência; enquanto Zane, apesar das aparências, parecia subjugado, mas com bastante bom humor. Pelo menos Nick esperava que fosse passageiro. Ele não podia imaginar Ty ficando com um parceiro tenso e mal humorado por muito tempo. Nick estava perdido em pensamentos quando percebeu que Ty tinha se inclinado na direção dele para lhe perguntar algo. Ele limpou a garganta, e olhou para Ty com os olhos arregalados. “O que foi?” “Você está bem?” Ty perguntou incrédulo. “Porque Owen esteve reclamando dos Sox por uns bons cinco minutos, e você nem o atacou ainda.” “Eu deixei a minha arma em casa,” Nick respondeu defensivamente. Ele colocou sua garrafa vazia na mesa e pegou a de Ty. Ty nem mesmo protestou, apenas levantou a mão para pedir mais uma rodada. “Somos a favor ou contra o Red Sox?” Zane perguntou curioso. Ele se inclinou em um cotovelo na mesa e se moveu para a frente, a cabeça ainda na direção de Ty. A rodada de vaias vieram dos outros, e Nick teve que fechar os olhos e acenar na direção de Zane. “O ensine.” “O é de Boston,” Ty explicou a Zane, apontando para Nick. “Lá, ou você é Red Sox ou morre, a menos que prove alguma filiação profunda e antiga com outro clube ou se fornecer uma razão para odiar o rebatedor designado. Ou chutar a bunda dele.” “É isso aí, baby,” Nick disse alegremente, saudando Ty com um punho fechado no ar. ”Entretanto, Owen é um fã dos Yankees, e ambos levam munições adicionais nas missões, por conta dos ‘acidentes’,” Ty continuou, usando os dedos para acentuar o sarcasmo.

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“Eu cresci assistindo os jogos em Arlington,” Zane disse, soando muito divertido. “Não existe afiliação mais profunda do que ser nascido e criado no Texas.” “Rangers, hein?” Nick disse, rolando a palavra ao redor, como se estivesse pensando sobre o assunto. “Claro, eles são bem inofensivos.” Owen esticou os ombros. Ty gemeu baixinho e ergueu a mão para detê-los. “Podemos evitar isso hoje à noite?” “Grady se tornou um pacifista,” Digger observou, claramente desapontado. “Ele acabou de perder suas bolas, isso é tudo,” Owen corrigiu. “Você não lembra que as está segurando para mim?” Ty perguntou-lhe, sem perder o ritmo. “Os Rangers estão realmente bem nesta temporada,” Zane disse. Ele estava olhando para cima, e embora seus olhos estivessem desfocados, ele tinha o olhar de alguém que estava deliberadamente alimentando o fogo. Nick gostava disso em um homem. “Deus, Zane, por favor,” Ty tentou, e Nick estendeu a mão e deslizou o braço em volta dos ombros de Ty, apertando o braço. Ele não iria começar uma briga induzida por beisebol no meio do jantar. De novo. Zane sorriu, e parecia real, não falso. Nick achava que Zane não podia ser um cara ruim, se ele gostava de arrancar uma reação de Ty, tanto quanto o resto da equipe. Mas Ty não reagia a ele de um jeito nervoso, da mesma forma que reagia com a equipe. Ele não rosnava ou colocava para fora a sua sagacidade ácida na qual, tanto Nick quanto ele, eram tão hábeis. Ele apenas olhava de lado para Zane e bufava, voltando para a sua garrafa de cerveja. Interessante. Depois de mais de quatro rodadas de cerveja, alguns aperitivos, várias histórias, e um monte de brigas amigáveis, Digger parou a bela garçonete para perguntar onde era o melhor lugar para deixar seus sapatos. “Oh Deus, aqui vamos nós,” Owen murmurou. 219

“O que está acontecendo?” Zane perguntou, dirigindo a pergunta na direção de Ty. Ty apenas balançou a cabeça. Ele estava recostado em seu banco, que estava encostado na parede atrás dele. Ele esfregou os olhos como se a cerveja estivesse fazendo um estrago em seu corpo, o que era incomum, de acordo com a vasta experiência Nick. Ele deveria estar realmente trabalhando duro, se não podia responder após meia dúzia de rodadas. Obviamente ele tinha esquecido que Zane não poderia vê-lo. “Eles não tem intenção de ir para casa hoje à noite, Zane,” Nick respondeu para ele. ”Qual o seu nome, bebê?” Digger perguntou a garçonete. Ela estava sorrindo, recebendo a atenção de uma mesa cheia de idiotas bêbados muito bem. “Caroline; será que precisamos de mais uma rodada, ou vamos terminar por hoje?” Ty fez um som de dor, logo que ela lhes disse seu nome, e Nick começou a sorrir. Zane virou a cabeça, aparentemente tentando acompanhar a conversa. “Qual dela é Caroline?” ele perguntou a Ty. “Aquela loira, que cheira a sândalo,” Ty respondeu e Zane assentiu. Ah sim! Eles vinham muito aqui. Nick deu uma cotovelada nas costelas de Ty, ele se dobrou e resmungou, colocando sua cerveja sobre a mesa; mas já estava sorrindo, então Nick sabia que iriam convencê-lo. Depois de seis cervejas, convencer Ty a cantar era fácil como comer uma torta. Depois de dez, fazê-lo parar era o problema. Do outro lado da mesa, Kelly e Owen já estavam fornecendo a melodia e o ritmo, tamborilando os dedos sobre a mesa. Caroline estreitou os olhos para eles, mas ainda estava sorrindo. “O que é tudo isso?” ela perguntou, desconfiada. ”Sinto muito,” Ty disse a ela, sorrindo, mesmo quando se desculpou. “Por favor, não nos proíba de vir aqui depois disso.” Nick chutou para trás seu banquinho e ficou diante Ty antes que pudesse detê-lo, e começou a cantar as primeiras linhas de “Sweet Caroline”, a canção de Fenway Park, que em Boston 220

era como se fosse o seu hino não oficial. Nick tinha uma boa voz, o suficiente para que as pessoas não reclamassem quando ele começou. Zane estava dividido entre rir e franzir a testa. “Ty...?” Ty olhou de soslaio para ele, mas não respondeu. Em vez disso, levantou sua garrafa de cerveja para cima, como se fosse brindar com a pobre garçonete que estava rindo, e se juntou a Nick, fazendo coro. O voz de Ty era pura e bela, e quando cantava, provocava arrepios de cima a baixo na espinha de Nick. Caroline corou lindamente e riu, olhando ao redor do bar com a mão sobre sua boca enquanto eles faziam sua serenata, e as conversas em torno deles se interromperam, quando as pessoas começaram a assistir, boquiabertas. E, em seguida, o inevitável aconteceu. Quase todo o bar se juntou ao coro. Mas nada poderia abafar a voz de Nick e a de Ty. Ele colocou o braço em torno de seu velho e querido amigo enquanto cantavam, tentando não pensar sobre o porquê de sentir um sentimento melancólico que estava se estabelecendo em seu peito.

***** Zane pegou uma camiseta e uma calça de moletom, antes de sentar na borda da cama. Era o quarto Ty, mas estava um pouco incerto se deveria permanecer lá ou dormir no futon no quarto do terceiro andar. Ty não tinha dito nada sobre os caras ficarem, mas eles eram seus amigos. Um convite para ficar era quase implícito. E Zane certamente sabia que não ficaria bem se alguém o visse dormindo na cama de Ty. Havia um número limitado de coisas que poderia explicar com a desculpa de “ajudar” o seu parceiro cego. Zane bufou e esfregou as mãos sobre o rosto. Ele caminhou lentamente em direção à porta do banheiro no patamar da escada, arrastando os dedos ao longo da parede. Seus pés estavam descalços no azulejo frio, provocando 221

um estremecimento, e Zane estava prestes a fechar a porta do banheiro quando ouviu a voz de Ty. Ele poderia ouvi-la em qualquer lugar. “Não posso acreditar que você me fez fazer aquilo,” ele estava dizendo, sua voz um gemido rouco e baixo, do tipo que vinha acompanhada com álcool em excesso ou quando Zane estava prestes a transar. “Nunca poder voltar lá novamente.” “E eu não posso acreditar que você ainda não canta, cara; que porra de desperdício!” Este era o sotaque de Boston. Nick. Quando Zane esteve perto dele, a voz de Nick não tinha estado ao nível de seu ouvido por pouco; levando isso em conta, Nick deveria ser mais baixo que os seus 1.98 metros, mas Zane não tinha mais nenhuma informação além dessa, além dos poucos detalhes que Ty compartilhou no curso da conversa. “Deixe-o em paz, O. Esse é o talento dele dado por Deus, ele pode desperdiçá-lo como quiser,” um dos outros disse. Kelly, talvez. Zane não tinha certeza de qual parte Owen e Kelly eram. Os acentos eram bem normais. “O taxi chegou,” anunciou Digger, as palavras quase imperceptíveis. Ele provavelmente estava em pé ao lado da janela, mas o sotaque profundo e forte de sua voz era o inconfundível Cajun. A resposta de Ty foi perdida pelos sons de movimentos e pela porta da frente reclamando quando foi aberta. Zane franziu a testa e saiu do banheiro, aproximando-se das escadas. Sim, bisbilhoteiros nunca ouviam nada de bom sobre si mesmos, mas Zane imaginava que estaria melhor sabendo em qual quarto iria dormir. Havia um monte de sons e movimentos, vozes dando adeus, vejo você mais tarde, quem vai pagar o táxi, e cale a boca dele antes que coloque a fita adesiva de sua língua até seu nariz. Bastante típico para o tipo de pessoas que Zane esperava como amigos de Ty. Depois que todos os sons terminaram e a porta se fechou, houve um momento de silêncio. Então Ty pigarreou. “Água? Cerveja?”

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“Sim, cerveja,” Nick respondeu, e ambos se encaminharam da base das escadas até a cozinha. Então Nick, aparentemente ficaria. Zane franziu a testa, novamente tentando decidir o que fazer. Escutar Ty conversar com um velho amigo enquanto sentado com eles era uma coisa, bisbilhotar no topo das escadas era outra. Ele não queria ser pego por Ty, nem no inferno, e isso foi o suficiente para Zane se mover em direção ao banheiro, embora relutante. “Você está acabado como o inferno, homem,” ele ouviu Nick dizer. E de alguma forma, seu tom de voz estava diferente longe dos outros. Mais sério e sincero, com menos provocação. Zane hesitou em chamá-lo de íntimo. Ty não respondeu à observação com uma observação espertinha ou tentou mudar de assunto. Apenas não respondeu verbalmente, e Zane não conseguiu ouvir. Zane estava na porta do banheiro, segurando o batente da porta, perguntando se Ty admitiria a Nick o que ele tentava negar a Zane, que estava exausto, com medo, estressado, e incerto. Ty finalmente apenas riu suavemente. “Você está conseguindo dormir?” Perguntou Nick. Era a mesma pergunta que Ty sempre fazia a Zane, quando já sabia a resposta. “Um pouco; sei que pareço um monte de merda requentada, cara, e me sinto assim também,” Ty respondeu, com a voz rouca, mas conseguindo parecer irreverente de qualquer maneira. “Está tudo bem; mas você não ficou porque Owen chuta quando dorme, ou para me perguntar sobre o meu sono.” “Não,” Nick admitiu prontamente. “Vocês dois funcionam bem juntos?” “Zane?” Ty perguntou e riu novamente. “Você não acharia isso, não é?” “Ele não parece ser o tipo que você geralmente mantém por perto. Ele meio que me lembra aquele cara do DOD, qual era o nome dele mesmo?” “Pike?” Ty respondeu, com incerteza em sua voz. “Esse mesmo. Tenso, estilo Ray-Ban, sempre segurando um arquivo.” 223

“Não, cara, Pike era um filho da puta intrometido; Zane é um bom cara, fantástico e eu confio nele.” “Bom,” Nick disse tão baixinho, que Zane quase não pode ouvi-lo. Ele ficou em silêncio por quase um minuto, em seguida, acrescentou: “Foi Pike aquele que nós penduramos sobre os trilhos?” Ty explodiu em gargalhadas, o som claro como um sino, quando chegou aos ouvidos de Zane. Nick gargalhava junto. “Oh Deus, aquilo foi engraçado,” Ty murmurou contente. “Os gritos.” “Quase fui junto com ele.” ”Mas valeu a pena,” Ty reconheceu. Houve outro longo silêncio, quase o suficiente para Zane recuar para o banheiro novamente. Mas, a próxima pergunta de Nick , aparentemente do nada, o fez parar. “Você ainda está sonhando?” Nick perguntou, sua voz ficou baixa e reverente, como o de um homem em uma igreja. Ou um homem com um segredo. Ty permaneceu em silêncio por vários segundos. “Na maior parte do tempo, é apenas o deserto,” ele finalmente respondeu, soando um tanto conturbado. “Mas não é ruim, estou apenas lá, sem saber qual caminho seguir, para que lado tenho que ir para ficar em segurança, a estrada que vai... E volta. Agora, eu acordo com o gosto de areia em vez de sangue; não são mais como costumavam ser.” Zane estava intimamente familiarizado com os resultados de alguns dos sonhos e pesadelos de Ty, e ele sabia que era sobre o deserto. Ele bufou baixinho. Ele nunca pediu para Ty dizer-lhe, e Ty nunca ofereceu. “Não saber qual caminho seguir,” descrevia sua própria situação muito bem agora. Perdido. Perdido no escuro em vez de areia. Talvez Ty realmente entendesse, só um pouquinho.

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Ele sabia que Ty e Nick eram próximos, muito próximos, cresceram no sangue, cerveja, suor e lágrimas; tudo isso era um clichê de alguma merda de Band of Brothers46, mas, realmente era verdade. Zane só queria saber se eles ainda eram tão próximos, e como era possível ele não saber sobre essa proximidade depois de praticamente viver no bolso de Ty por quase meio ano. “E quanto a você?” Ty perguntou. “Ainda sonha?” “De vez em quando,” Nick respondeu e parecia quase assombrado. “Eu ainda acordo gritando o seu nome, cara; só que você nunca volta.” “Mas eu voltei,” Ty respondeu calmamente. Zane ouviu o bufo de Nick. “Sonho com aquela mesa maldita.” “Eu também,” Ty admitiu, as palavras sussurradas, eram dolorosos e prolongadas. Movendo-se desconfortavelmente, Zane colocou sua bochecha contra a madeira do batente da porta. Alguma coisa tinha acontecido com eles, a Ty e Nick, algo parecido com Nova York e um serial killer, como acontecera com Ty e Zane. Algo horrível o suficiente para que a voz de Ty saísse assim quando falava sobre isso. O silêncio ficou pesado com o passado, e a mente de Zane se desviou em direção às suas memórias dolorosas, antes de Nick trazer sua atenção de volta. “Se fosse outro homem, cara, eu teria morrido lá,” Nick disse, sua voz estava áspera e exposta. “Nós dois teríamos,” Ty respondeu, com a voz calma novamente, um contraste gritante. “Isso foi lá atrás, Nick; estamos aqui.” Zane ouviu nós dos dedos batendo na mesa de madeira. “Vamos lá,” ele disse gentilmente, e Zane ouviu uma cadeira sendo empurrado para trás contra o piso de madeira. “Você pode ficar lá em cima, vou ficar com Garrett no quarto.”

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Minissérie de televisão que conta a história da Easy Company, integrante da 101ª Divisão Aerotransportada do Exército dos Estados Unidos, na Segunda Guerra Mundial.

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“Ei, Ty? Eu posso estar meio bêbado e ser irlandês, mas não sou estúpido,” Nick falou lentamente, deixando as palavras correrem para o outro quase de forma insolente. “Eu me lembro de como é estar no limite, e isso está em seus olhos.” Zane abriu os olhos, mesmo que fosse para completar a escuridão. Ele deveria entrar no quarto agora, enquanto tinha chance; deveria, pelo menos, fechar a porta do banheiro, deveria... mas no limite... de quê? “Fale comigo, Grady,” Nick pediu, e depois de um momento de silêncio, acrescentou: “Eu quero dizer, Jesus, depois do que nós passamos, se não puder conversar comigo, com quem vai falar?” “Não há nada de errado, O,” Ty insistiu, sua voz notavelmente calma e honesta. “Eu prometo.” “Ok,” Nick murmurou, cedendo e soando infeliz sobre o assunto. Zane podia ouvir Ty em movimento, com passos lentos e medidos, não muito tranquilos como quando estava sóbrio. “Boa noite,” Ty disse a Nick, o tom das palavras efetivamente dizendo “não me pergunte de novo.” Zane entrou no banheiro e fechou a porta, imaginando Ty subindo as escadas. Melhor sair do banheiro e ser informado onde dormir, em vez de escolher o lugar errado para ficar. Ele encostou-se à porta fechada, perguntando sobre o tom de voz de Ty. Ele suspirou, desejando que não tivesse ouvido. Na verdade, ele não tinha escutado nada inapropriado; tinha até ouvido Ty dizer algumas coisas muito boas sobre ele. Mas só levantou mais perguntas para as quais não poderia obter respostas. Balançando a cabeça, virou-se e reabriu a porta. O impacto com o corpo de Ty foi quase imediato. Ty bufou e passou os braços em torno de Zane para recuperar o equilíbrio. “Devagar, chefe,” Ty murmurou e Zane podia sentir um sorriso lá, mas havia também um tom persistente de desconforto ou aborrecimento. E um monte de cerveja em seu hálito. “Você vai subir?”

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“Eu... Não tinha certeza para onde ir,” Zane murmurou, sem saber se Nick estava lá ou não. As mãos de Ty cobriram o seu rosto, seus dedos pressionados contra a barba de cinco dias sem fazer. Ele podia sentir a respiração de Ty em seu pescoço quando sussurrou, “Eu sei que cheiro a cerveja, mas prefiro ter você na minha cama esta noite que o irlandes.” Zane estremeceu. Nada de Nick, então. “Você cheira como você, na maior parte,” ele disse. Ty beijou-o sem dizer uma palavra. Foi um beijo rápido, quase furtivo, mas não havia calor por trás dele; havia um fraco gosto amargo da cerveja nos lábios de Ty, mais do que Zane esperava. Os passos rangiam no piso ao longe, e Ty afastou-se dele e empurrou seus ombros, virando-o na direção do quarto. Um momento depois, Nick estava murmurando boa noite para ambos, quando passou pelas escadas do terceiro andar, e Ty fechou a porta de seu quarto atrás deles. “Não acha isso estranho?” Zane perguntou, mantendo a voz baixa. “Há apenas duas camas na casa; ele normalmente dorme comigo, os outros disputam os sofás; eu disse a ele que você precisava estar dentro de um braço de distância do banheiro, tem menos escadas aqui.” A mão de Ty encontrou seu caminho nas costas de Zane. “Você prefere que ele durma aqui e você fique lá em cima?” “Claro que não,” Zane disse baixinho. “É só... Ele é seu amigo e tudo mais, um fuzileiro naval. Eu não sabia se vocês... No passado... Ele sabe que você...”. Zane fez uma pausa para respirar. “Não importa, estou cansado e você está bêbado; é hora de dormir.” ”Você está perguntando se Nick e eu fodemos?” Ty perguntou, abrindo mão de todos os eufemismos suaves que poderia ter usado, indo direto ao ponto. Algo dentro de Zane enrolou sem jeito, e se encolheu, consciente de estar em silêncio por muito tempo. “Na verdade, não tinha chegado tão longe em minhas reflexões sobre ‘amigos nos bons e maus momentos’, poderíamos apenas dar a impressão que seríamos mais do que parceiros

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de trabalho.” Mas agora, ele também queria saber a resposta para a pergunta que Ty tinha mencionado. “Se você está desconfortável, eu posso dormir no sofá,” Ty ofereceu com a voz baixa e suave, assim como tinha sido depois que Zane perdeu a visão. Era o mesmo tom que usou com Nick, dizendo-lhe para permanecer no presente, em vez de ficar preso em seu trauma do passado. Zane nunca, conscientemente, tinha notado essa capacidade que Ty tinha de acalmar e tranquilizar com a sua voz, ou mesmo que vinha fazendo isso com ele durante toda a semana, até agora. Zane se lembrou abruptamente que Ty tinha uma licenciatura em psicologia, e se perguntou se ele estava realmente sendo manipulado. Embora Ty não tivesse que sequer tentar, não realmente. Zane franziu a testa. “Não. Não, não estou desconfortável.” Ele não tinha certeza de que poderia explicar bem o suficiente, para passar pelo filtro de cerveja, estresse e exaustão. “Ele não sabe sobre nós, certo? Só estou tentando ser cuidadoso.” “Ele não sabe,” Ty afirmou e Zane podia ouvir o farfalhar das roupas, enquanto Ty as tirava. Ele não respondeu a outra pergunta. Zane não sentia no direito de perguntar, embora soubesse que iria incomodá-lo agora. Ele respirou fundo, tirou a camiseta sobre a cabeça, que caiu no chão. Foi até a cama e entrou debaixo das cobertas, ficando com seu moletom. Um momento depois, Ty se arrastou ao lado dele, sua pele quente contra a de Zane, o cheiro do bar apenas fraco o suficiente para distrair em vez de nausear. Ty o puxou para perto e beijou-o com cuidado. “Ele nunca foi nada mais do que o meu melhor amigo, Zane,” ele sussurrou. “Pare de se preocupar.” Zane não percebeu que estava tenso até que relaxou com as palavras de Ty, e colocou sua testa contra a dele com outro suspiro. “Você me conhece muito bem, hein.” “Não tão bem quanto gostaria,” Ty respondeu, com a voz rouca. Ele beijou Zane novamente, deixando os lábios se arrastarem ao longo do rosto de Zane. Então, suspirou pesadamente e rolou de costas, seus movimentos inquietos e levemente embriagados. Zane deixou 228

que se espalhasse pela cama, sabendo que se tentasse segurá-lo neste estado só iria fazê-lo se contorcer mais. Ele estava bastante confiante que não havia nada que não diria a Ty, além de algumas poucas experiências de seu passado, que era melhor manter enterradas. Mas isso foi uma discussão que tiveram antes, e Zane não esperaria uma resposta; então se virou de lado, e puxou seu travesseiro contra seu peito. Um momento depois, Ty jogou um braço e uma perna por cima dele, aconchegando-se a ele, como Zane estava com seu travesseiro. Ele acariciou o rosto na nuca de Zane, pressionando seus quadris contra os ele. Zane poderia dizer, pela forma como Ty o tocava, do jeito que ele estava inquieto, que, se Nick não estivesse em casa, eles já estariam fodendo. A conscientização disso deixou seu corpo excitado como um relâmpago. Seria possível fazê-lo tranquilamente, especialmente com Ty bêbado? Ty fez um som de frustação, obviamente pensando na mesma linha. “Dê-lhe alguns minutos para dormir,” disse a Zane e sua mão deslizou para baixo do corpo dele, e fortes dedos seguraram o quadril de Zane, puxando-o contra ele. Zane fechou os olhos e sorriu, alcançando e pegando a mão de Ty na dele. “Está dizendo que seu amigo Recon, que está no andar de cima, dorme como um bebê?” Ty se levantou sobre um cotovelo, o joelho deslizando na parte interna da coxa de Zane. Zane podia sentir Ty endurecendo contra ele, e seu próprio corpo respondeu em conformidade. Era selvagem fazer sexo com Ty quando todos os seus sentidos estavam trabalhando; ainda mais quando tinha que contar com outros sentidos para compensar a sua incapacidade de ver, Zane descobriu que respondia mais rápido do que o habitual. Especialmente com o cheiro: o sabor inebriante de cerveja proibida, cigarros, Old Spice e o aroma natural de terra em camadas logo abaixo disso, tudo combinado com o cheiro de suor na pele de Ty, e cada vez que Zane sentia esse cheiro, a sensação atingia direto seu estômago.

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Ty se afastou e empurrou Zane sobre suas costas antes de se mover para cobri-lo, os músculos tensos e os dedos arrastando ao longo da pele de Zane. O som da respiração de Ty era lento e cuidadoso, era só o que Zane escutava. Zane exalava cuidadosamente. Porra, como queria Ty agora. Ele se perguntava se nunca iria obter o suficiente dele. As mãos de Ty seguraram o seu rosto. “Shh,” ele pediu em voz baixa, e em seguida, abaixou a cabeça e lambeu os lábios de Zane. Zane murmurou uma negativa e entreabriu os lábios, provocando Ty quando beliscou a língua dele. Ty se apoiou nos cotovelos e passou os dedos pelo cabelo de Zane, segurando sua cabeça enquanto o beijava avidamente. O gemido profundo na garganta de Zane o surpreendeu. “Vou ter que amordaçar você?” Ty perguntou com a voz rouca, quando começou a beijar a linha de mandíbula de Zane. “Vou ser mais silencioso do que a cama,” Zane murmurou, apontando para a cabeceira da cama contra a parede. Ele quase riu, quando de repente se lembrou da última vez que tinha feito algo parecido com Ty em seu quarto de infância na casa de seus pais, em Bluefield, West Virginia. Ty começou a fazer o seu caminho para baixo do corpo de Zane em vez de comentar, beijando e mordendo partes sensíveis. Zane ficou tenso por um momento, desejando poder ver. Droga, gostava de ver Ty fazendo isso! Ty empurrou seu moletom para baixo, lutando contra os lençóis no colchão ao fazê-lo. Zane instintivamente moveu suas mãos para deslizar-las no cabelo curto de Ty enquanto respirava, “Oh! Merda...” Ty murmurou alegremente, beijando o quadril de Zane, enquanto deslizava as mãos sob as coxas dele. Zane riu fracamente e estremeceu todo, só de pensar sobre o que estava por vir. Sem uma palavra de advertência, Ty abaixou a cabeça e tomou o pênis de Zane em sua boca, passando a língua ao redor da cabeça, chupando. Zane assobiou, seus quadris se movendo em direção ao calor úmido da boca de Ty. Seus dedos pegaram firmes no cabelo dele, por um momento, até que conseguisse relaxar. Quando Ty 230

começou a chupar, Zane chegou a choramingar. Ty murmurou novamente em resposta aos lamentáveis sons. Zane não, necessariamente, gostava mais de fazer sexo com Ty quando ele estava meio bêbado, mas definitivamente mudava o jogo. Ty ficava mais solto, mais apto a ser áspero e maltratá-lo, mais propenso a fazer coisas com Zane que ele teria que buscar no Google para saber como nomeá-las. Ele não conseguia formar nenhum pensamento coerente para sequer pensar em contestar esta noite, com hospedes em casa. Ty murmurou novamente, elevando-se sobre as suas mãos e joelhos, puxando Zane ainda mais para baixo da cama, em uma exposição de possessividade animalesca. Zane puxou um pouco os lençóis, e a primeira passada de mãos de Ty em seu corpo enviou uma explosão de puro desejo quente por ele. Zane engoliu com dificuldade, com rápidas respirações. Ele não tinha ideia do que esperar de seu amante, e percebeu que a incerteza o alimentava como fogo. Ótimo, outra tara que iria explorar com necessidade. Mas, caramba, ele queria isso. E o melhor, Ty queria isso, queria com ele, mesmo cego, e a alegria desta percepção era esmagadora. Ele estendeu a mão até o rosto de Ty, beijando tudo o que encontrava pela frente. Ty respondeu a seu desejo, e apoiou seu peso sobre uma mão, praticamente devorando Zane, enquanto deslizava a outra mão entre as pernas de Zane. Zane agarrou os ombros de Ty e gemia sob o ataque de sua boca pecaminosa. Seus quadris balançavam impotentemente, e engasgou quando sentiu o primeiro toque dos dedos de Ty. “Shhh,” Ty pediu, empurrando um dedo lubrificado dentro do corpo de Zane. Zane mordeu o lábio inferior e seus olhos rolaram para trás, enquanto soltava um bufo e depois relaxava, embora suas mãos estivessem crispadas nos lençóis. Ty beijou-o com mais força, enquanto enfiava seu dedo profundamente e o curvava dentro dele. Zane sufocou o grito em sua boca, e estremeceu enquanto Ty continuava investindo com seu dedo. Em seguida, estava se movendo sem pensar, se levantando contra o corpo de Ty, e sua mão 231

era insistente, pedindo fisicamente por mais. Ty cantarolou sua aprovação e continuou a mover seu dedo dentro de Zane. Logo, acrescentou outro e estava chupando a pele macia sob a orelha de Zane. Zane não conseguiu se impedir de arquear suas costas, enquanto o formigamento ficava intenso e ecoava em seu corpo, e soltava sons suaves de prazer e incentivo, completamente devasso e necessitado pela boca e as mãos de Ty. Um longo dedo se moveu novamente, e Zane abafou outro grito. “Ty... oh merda,” ele engasgou. ”Você quer isso?” Ty perguntou com a voz áspera e dura, enquanto Zane se contorcia embaixo dele. “Sim, merda, sim,” Zane implorou. Ty se moveu lentamente quando tirou os dedos e roubou outro beijo, muito mais lentamente. Zane suspirou longamente contra os lábios de Ty e levantou suas pernas, puxando-as para cima pelos joelhos. “Quero sentir você, baby,” ele sussurrou, sugando o lábio inferior de Ty entre os dentes, sem se preocupar com sua ações. Ty deu um rosnado baixo e obedeceu, empurrando contra Zane, se movendo dentro dele. Rangendo os dentes e mantendo os olhos fechados, Zane gemeu enquanto o pênis de Ty entrava nele, se sentindo cheio, chegando à beira da dor, e arqueou as costas contra ele, sugando uma respiração que o fez tremer todo. Ty se inclinou para beijá-lo, deixando seu corpo fornecer o atrito, deixando-o na borda, entre a dor e o prazer. O beijo lento o acalmou e fez o truque, descontraíndo Zane, e mesmo o balanço suave transformou a penetração afiada em um impulso de brilho e calor, florescendo em prazer. Ele gemeu silenciosamente enquanto tentava se mover contra Ty. Gentilmente, por enquanto. A fome ainda estava lá, apenas temporariamente aplacada pela dor transitória. Ty gemeu contra os lábios de Zane, e penetrou novamente contra ele, estremecendo enquanto o prazer percorria seus corpos. Ele murmurou e deslizou as mão sob o quadril de Zane para deixá-lo mais elevado.

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“Sim, sim, sim,” Zane assobiou, levando as mãos acima da cabeça para agarrar as barras da cama, enrolando os dedos por elas. Ty enterrou seu rosto contra o pescoço de Zane e começou a balançar os quadris de forma constante; seu pênis entrando e fazendo atrito com a quantidade de lubrificante que Ty tinha usado, respirando de boca aberta contra a pele de Zane. Zane exalava forte, e baixou um braço para enrolar em torno de Ty e mantê-lo perto enquanto se moviam juntos. Era quente, suave e alucinante, e a penetração era lenta, algo totalmente diferente de como geralmente faziam, metendo rápido e dando fortes estocadas. “Deus, isso é tão bom,” Ty murmurou, seus movimentos se tornando irregulares e quase torturados, a necessidade deles esticando o pouco controle que Zane ainda tinha. ”Tirou as palavras de minha boca,” Zane suspirou, levantando uma perna para envolvê-la sobre a coxa de Ty. Ele mordeu o próprio lábio quando sentiu a tensão em seu estômago ameaçando explodir. “Ty, não vou conseguir segurar,” ele sussurrou com a voz trêmula. “Faça isso,” Ty pediu, sem se importar se Nick iria ouvi-los ou se esquecendo da necessidade de manter o silêncio. “Oh inferno,” Zane gemeu, todo o seu corpo ficou tenso em um curto minuto, até que jogou a cabeça para trás, a mandíbula apertada para conter um grito afiado. Ele cerrou os dedos na colcha e se encolheu com cada jorro de sêmen contra barriga e o peito de Ty. Finalmente, não conseguiu conter um grito, que o sufocava de prazer sem sentido. “Zane,” Ty respirou suplicante quando empurrou com mais força contra ele. Enquanto seu corpo continuou a se contrair convulsivamente em torno de Ty, Zane moveu as duas mãos para apertar seu rosto, desejando que pudesse ver os olhos vidrados de Ty. “Baby,” ele murmurou antes de beijá-lo, como se não houvesse amanhã. Ty gemeu em sua boca, unhas cavando na parte de trás da coxa de Zane. “Vamos... me foda,” Zane ordenou contra o ouvido de Ty, entre respirações duras. “Deus,” Ty gemeu, estremecendo novamente, começando a impulsionar contra Zane impiedosamente. Sufocando um grito gutural, Zane se enrolou em volta dele, enquanto os 233

impulsos reverberavam através dele, alimentando o fogo ainda crepitante em seu corpo. Zane ouvia o som distante da cama batendo pesadamente contra a parede. Os tremores no corpo de Ty e os sons que escapavam de seus lábios informavam a Zane que Ty tinha chegado ao clímax. Zane se apertou ainda mais contra seu amante, seu peito ainda palpitante. Ele sabia que estaria sentindo os efeitos dos esforços de Ty por algum tempo amanhã. Apenas o pensamento fez seu pênis se contorcer em um apelo inútil por mais. Ty ofegava acima dele, as mãos apertando os quadris de Zane, quando vacilou fisicamente. Ele começou a se retirar de Zane lentamente, ofegando com o que tinha que ser superestimulação, beijando Zane durante todo momento. O rastro de seus lábios e dentes foi o suficiente para arrancar outro gemido de Zane. Era ao mesmo tempo prazeroso e doloroso. Seu suspiro cresceu em um longo gemido quando Ty deslizou para fora de seu corpo, deixando para trás um vazio dolorido. Ty se arrastou pelo corpo de Zane, beijando-o novamente, de forma lenta e lânguida, antes de se jogar ao seu lado com um gemido, repleto e suado. Ofegando, Zane fechou os olhos, sentindo como se tivesse perdido a cabeça enquanto as sensações erráticas continuavam a disparar através dele. “Por que não vai buscar uma toalha pra gente, hein?” Ty brincou na escuridão. Zane calmamente o silenciou, imerso no rescaldo de sua grande explosão. “Droga...” Qual foi a última vez que Ty transou assim com ele tão bem? Ele mordeu o lábio e apertou sua bochecha contra o lençol, relaxando e apenas respirando. Ainda o apavorava a forma que Ty poderia fazê-lo sentir, a forma precisa de deixá-lo ficar em um absoluto desespero. “Hmph.” Ty se moveu, balançando do colchão enquanto rolava na cama, no que tinha que ser um mau humor. O som descontente fez Zane sorrir. Sentou-se e deslizou pela cama até encontrar Ty, as mãos sobre ele para encontrá-lo. Zane se inclinou e beijou o canto da boca dele. “Melhor,” Ty ronronou quando virou a cabeça para ele. 234

Zane sorriu ironicamente e inclinou-se novamente, desta vez pressionando os lábios no canto do olho dele, e em seguida, se aninhando em sua testa. Com um suspiro, deitou e rolou de lado, e Ty o seguiu, se envolvendo em torno dele por trás, como se fosse uma coreografia ensaiada. Se eles continuassem assim por mais tempo, com seus corpos pressionados juntos, o cheiro de sexo permeando os lençóis, Zane sabia que estariam transando novamente. Não que estivesse reclamando. Mas ouviu o exalar satisfeito de Ty, e em poucos segundos a respiração dele se igualou, seu corpo relaxado, e caiu no sono com Zane cuidadosamente dobrado em seus braços. Antes de acabar dormindo também, Zane permaneceu uns minutos acordado, conscientemente saboreando o abraço de Ty, com o pensamento divertido de como ficaria mais do que feliz por estar ali nos braços dele, todas as noites.

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Capítulo 11 Ty estava sentado observado Nick e Digger discutirem sobre o alvo, com o queixo na mão inclinado sobre a mesa. Ele estava com um sorriso torto no rosto, sem perceber que estava fazendo isso. Este era o roteiro que geralmente seguiam. Sair, beber um pouco num lugar legal e respeitável, e em seguida, entrar em uma discussão sem sentido sobre algo estúpido que criaria o caos e a desordem em torno deles e, eventualmente, fazer com que fossem expulsos. Neste momento, o debate era se a ponta do dardo tinha atingido o verde ou o vermelho. É claro que o dardo tinha sido arrancado alguns minutos atrás, por isso era um argumento sem sentido, e ambos, Digger e Nick sabiam disso. Ambos estavam sorrindo, enquanto chamavam um ao outro de nome criativos e apontavam seus dardos no rosto um no outro. Ty sorriu ainda mais enquanto os observava. A garçonete tocou o seu ombro, depositando uma cesta cheia de asas quentes em cima da mesa. Ele olhou para ela e assentiu. “Obrigado,” ele murmurou. Ela sorriu e colocou a mão em seu ombro. “Vocês meninos precisam de mais alguma coisa?” ela perguntou, mantendo sua mão lá, enquanto se movia atrás dele. Ty arqueou uma sobrancelha enquanto olhava através da mesa para Owen e Kelly. Ambos responderam a garçonete com sacudidas de suas cabeças, murmurando “não, senhora,”. Ty balançou a cabeça e esticou o pescoço para olhar para ela. “Obrigado, querida, isso é tudo no momento,” ele disse suavemente. “Quando quiser, querido,” ela respondeu em tom de flerte. Ela sorriu enquanto deixava sua mão deslizar de seu ombro e se afastou. O toque era bom, e Ty apreciou a atenção; no entanto, ele não respondeu a ela, como teria feito há um ano atrás.

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Nick assobiou baixo quando puxou a cadeira e sentou-se com um baque ao lado Ty. “E você está esperando o que?” ele perguntou, enquanto Ty observava a pequena e bonita garçonete se afastar. Ty inclinou a cabeça para ela apreciativamente, enquanto ela se movia através do bar lotado, então suspirou e voltou a atenção para a mesa, apoiando os cotovelos no topo de madeira cheia de cicatrizes, alcançando uma vara de aipo do cesto de asas. “Eu acho que estou abrandando com a velhice,” disse-lhes ironicamente antes de triturar o aipo. Nick levantou uma sobrancelha incrédula quando se inclinou para ficar mais perto dele. Ty olhou para ele e desviou o olhar rapidamente, antes que o homem pudesse ler alguma coisa em seu rosto. Nick o conhecia muito bem, apesar de tudo. Ele sabia quando estava enrolando. “Conte logo,” Nick pediu com um largo sorriso. Ty olhou para ele, tentando julgar o seu estado de espírito. Esta era a oportunidade perfeita para dizer a Nick e aos outros a verdade. Ele esteve perto de confessar a seus melhores amigos dezenas de vezes ao longo dos anos, dizendo-lhes que era bi ou mesmo, à medida que envelhecia, estava começando a perceber que definitivamente preferia homens. O medo de ser exposto e expulso das forças armadas e, em seguida, simplesmente o medo de perdê-los, especialmente Nick, sempre o deteve. Mas a vida militar estava no passado, e se eles eram os homens que Ty pensava que eram, não ligariam; e Ty pensava que, já que conseguiu dizer a Zane o amava, podia fazer qualquer coisa. “Grady? O que você não está nos contando?” Nick perguntou em voz baixa. Ty fez uma careta. “Nunca fui bom em esconder muito de você,” ele disse, resignado. Nick riu, balançando a cabeça. Ty prendeu a respiração e olhou para os outros. “Garrett e eu...”. Ty colocou a palma da mão no queixo e se apoiou nele, olhando à mesa, nervoso, e depois olhou para Nick enquanto tentava desesperadamente não desistir. Os olhos verdes de Nick estavam sobre ele, observando-o com uma mistura de confusão e preocupação. “Nós somos um pouco mais do que parceiros.” 237

Nick balançou a cabeça, seu olhar tinha severas linhas de expressão. “Não estou entendendo, cara; o que isso significa?” A respiração de Ty ficou instável, virando a garrafa de cerveja nas mãos compulsivamente, enquanto tentava decidir dar qual resposta. “Você está dizendo que... Estão trabalhando na Black Ops agora?” Kelly perguntou. Ty falou bruscamente. “Como você sabe sobre isso?” “Sei sobre o quê?” Kelly respondeu com um piscar inócuo. “Ty, foco,” Nick murmurou. Ty balançou a cabeça e tentou engolir. Sua boca estava completamente seca. Kelly e Digger estavam rindo, achando que seu silêncio era parte do plano, em vez de estar passando mal de nervoso. Nick bufou. “Ty, vamos lá, estou muito tonto para ler sua mente esta noite.” Ty fechou os olhos e sorriu, simplesmente saltando no escuro, como sempre fazia. “Nós estamos fodendo,” ele disse francamente, e não se surpreendeu quando a admissão pública fez com que seu estômago embrulhasse, deixando seus nervos mais tensos. Ele olhou para os outros três, e em seguida, para Nick, quase sem fôlego enquanto esperava suas reações. Eles estavam olhando para ele, curiosos. “Você está me zoando? Porque não é engraçado.” Nick desabafou. Ty engoliu em seco e sua mandíbula se contraiu quando começou a sentir um pavor frio em seu peito. Se Nick não lidasse com isso muito bem, Ty não saberia o que fazer. Os outros seguiriam o exemplo de Nick. Ele balançou a cabeça minuciosamente. “Mortalmente sério,” ele murmurou, a voz apenas um pouco mais fria. “O que você... Você está dizendo que é gay?” Digger perguntou lentamente, como se estivesse tentando assimilar as informações que tinha recebido. Ty engoliu com dificuldade e molhou os lábios. Seu estômago estava agitado, como se realmente estivesse em queda livre. Ele se inclinou para frente. Não conseguia ler qualquer um 238

deles, e isso só deixou Ty mais do que um pouco preocupado. Ele acenou com a cabeça de qualquer maneira. “Sim, é o que estou dizendo.” Ele prendeu a respiração enquanto esperava a reação deles, que demorou um bom tempo. Nick observou Ty por um minuto inteiro antes de finalmente afastar seu olhar dele. “Bem,” ele disse lentamente, obviamente ainda pensando em como responder. “Estou um pouco surpreso,” ele finalmente soltou um riso desconfortável. Ele deu uma batida fraca em seu ombro, apontando com o polegar na direção de sua casa. “E ele é o melhor que você pode fazer?” ele perguntou com um sorriso, olhando de soslaio para Ty. Ty olhou para ele, chocado com a aceitação relativamente fácil. “Besteira,” Owen disse de repente. Ele não parecia surpreso, apenas com raiva. Ty baixou o queixo e olhou através da mesa na direção dele, esperando a reação que temia e esperava que pelo menos um deles teria. “Owen,” Nick disse com um leve sorriso. Ele estendeu a mão por cima da mesa. “O que é que isso importa, homem?” ele perguntou a ele, bem-humorado. “Isso é besteira,” Owen repetiu com um aceno de cabeça. “Não,” Ty disse calmamente. “Todos esses anos no campo e você sabia disso?” Owen perguntou com raiva. Ty inclinou a cabeça, estreitando os olhos para Owen sem dizer uma palavra. Nada do que dissesse ou comentasse, impediria a reação chateada de Owen. Ele ficou surpreso que Owen tivesse sido o único, na verdade. “Owen, cara, isso não é contagioso nem nada,” Kelly disse tranquilamente, enquanto se ajustava em sua cadeira. Ty olhou para ele com leve surpresa, então de volta para Owen quando o homem levantou-se de repente. “Você está nos dizendo que todos aqueles malditos anos em que você deveria estar cuidando da nossa retaguarda, você sabia que era bicha e não nos contou nada?” Owen rosnou. As cabeças começaram a se virar. 239

“Jesus Cristo,” Digger disse com raiva quando se levantou e agarrou o colarinho de Owen. “Qual é o seu problema, idiota? É de Grady que está falando!” Ty apenas suspirou e começou a esfregar um ponto de tensão na parte de trás do seu pescoço; tinha estado lá durante uma semana inteira agora. “Solte-o,” Nick disse a Digger calmamente. Digger se virou para olhar para ele com uma carranca, mas soltou a camisa de Owen, dando-lhe um pequeno empurrão apenas para se sentir melhor. “Vou dar o fora daqui, cara,” Owen rosnou, pegou o casaco nas costas da cadeira, que caiu no chão enquanto Owen virava as costas e saia do bar. Eles o observaram sair em silêncio atordoado. “Mas que otário,” Kelly finalmente disse com a voz chocada. “Não se preocupar com ele,” Nick disse para Ty suavemente. Ty deu um sorriso fraco e acenou com a cabeça. “Lidou com isso melhor do que pensei,” admitiu. “Cuzão do caralho,” Digger murmurou enquanto pegava a cadeira e a endireitava; em seguida, se sentou pesadamente, ainda olhando para a porta, onde Owen tinha desaparecido. “Esqueça isso,” Nick disse com autoridade. Ty olhou para ele, Nick sorriu e se inclinou em direção a ele. “Grady, nada do que você possa nos dizer depois de todo esse tempo, vai realmente me surpreender,” ele sussurrou sério, embora ainda estivesse sorrindo. Ele estendeu a mão para Ty, com a palma virada para o peito, da mesma maneira que tinha feito milhares de vezes anteriormente. Ty estendeu a mão e apertou a mão de Nick, segurando sua mão e cruzando os pulsos. Eles aproximaram seus rostos, em uma saudação antiga entre eles, quando se concentravam um no outro, para não levar um tiro durante uma missão. A voz de Nick era baixa e quente quando falou. “Eu posso ver o medo em seus olhos, mas não dou a mínima se você é gay, cara; e você me deve um pedido de desculpas por pensar que eu me importaria.” 240

Ty sentiu vontade de chorar de alívio, mas conseguiu apenas sorrir e balançou a cabeça com a audácia. “Você está certo,” admitiu em um sussurro. “Me desculpe por pensar que você poderia ser um idiota.” Nick deu um tapinha no ombro dele com sua garrafa de cerveja; em seguida, soltou sua mão e se inclinou para trás. Ele apoiou um pé em cima da cadeira que Owen havia desocupado e tomou um longo gole. “Então, quero dizer... realmente, ele é o melhor que você pode fazer?” ele perguntou de novo, provocando. Ty revirou os olhos e deu alguns goles de sua cerveja. “Eu o amo,” ele finalmente respondeu, indo direto ao ponto. Ele olhou para Nick e acenou com a cabeça, os lábios pressionados firmemente juntos. “Sério?” Nick perguntou em honesta surpresa. “Como, amor com-o-coração ou com-o-pau?” Ty bufou. “Para ser honesto, um pouco de ambos.” “Ele sabe, certo? Você disse que estão transando, por isso suponho que seja um relacionamento” Perguntou Kelly. “Sim, ele sabe.” Seu peito estava apertado, pois era um alívio poder falar sobre Zane com alguém além de Deuce. Ele mordeu o lábio e finalmente olhou Kelly nos olhos. “Mas?” Kelly perguntou. “Eu disse a ele que o amava após o último caso em que trabalhamos disfarçados,” Ty admitiu com um leve rubor. “Uau,” Nick forneceu. “Não consegui segurar.” “Mas?” Kelly repetiu com uma carranca mais profunda. “Quando disse a ele, ele não respondeu.” Seus três amigos deram-lhe um coro de ruídos doidos em resposta. “Porra, cara,” Digger praticamente gritou. “Vá pegar aquela garçonete para se sentir melhor!” 241

Ty riu alto e fechou os olhos, esfregando a testa com a palma da sua mão. “Idiota,” Digger resmungou desconsolado. “Pelo menos ele não disse obrigado,” Kelly apontou com ironia. Ty riu antes de levar a garrafa aos lábios e tomar um longo gole, aliviado. Tinha saído melhor do que jamais imaginou. “Então, ele não sente o mesmo?” Nick perguntou, confuso. ”Não,” Ty respondeu, balançando a cabeça. “Não, ele sente; só que ainda não tenho certeza de que ele sabe disso.” “Você não consegue fazer nada da maneira mais fácil, não é?” Kelly perguntou, rindo. “Aposto que a garçonete seria fácil,” Digger resmungou. Os outros começaram a rir e falar mais uma vez, afogando o silêncio. Mas Nick o observava, ainda franzindo a testa em confusão. Ty esperou algum comentário dele, inconscientemente prendendo a respiração. “Você o ama. Você acha que ele te ama, mas ele não te disse,” Nick finalmente colocou para fora. Ty deu de ombros e acenou com a cabeça. “E se você estiver errado?” “Então eu vou ter que jogar as coisas dele da minha varanda. Deve ser divertido.” Nick bufou, olhando para ele com admiração. “Como você vive a vida sem olhar para trás ou para a frente? Deus, eu invejo isso.” Ty apenas sorriu enigmaticamente para ele, pois não era a primeira vez que tinha ouvido isso. Não eram muitas as pessoas - nem mesmo Nick, que tinha o mesmo passado que ele, ou Zane, que acordava com seus pesadelos – que sabiam o quão difícil era para Ty se livrar do passado e do futuro e apenas viver o aqui e agora. “Então, já se passaram uns dois meses, e ele ainda não se decidiu se te ama, certo? Mas vocês ainda estão fodendo.”

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Ty só olhou para ele, tentando decidir se era esse o caso. Eles não conheciam o modo de Zane lidar com as situações. Ty sabia que seu parceiro tinha de olhar a questão de todos os ângulos, analisá-la até à morte, ressuscitá-la e, em seguida, estudar seu corpo morto e em decomposição para ver os resultados. Sim, Zane poderia levar uns quatro meses para decidir se ele amava alguém, e depois, mais alguns meses para decidir se era uma boa ideia. Ty não se incomodava de esperar. “Que canalha,” Nick murmurou enquanto levava a garrafa aos lábios, olhando para o bar com uma carranca perturbada. Ty não fez nenhum comentário, apenas se recostou na cadeira e colocou os pés em cima da cadeira ao lado de Nick, cruzando-as na altura dos tornozelos. Um pé balançava lentamente enquanto bebiam em silêncio. ”Então, você é o cara ou a garota?” Digger perguntou abruptamente. Ty latiu outra risada, quase espirrando cerveja pelo nariz. “Realmente não funciona dessa maneira,” ele conseguiu responder. “Então, como é que funciona?” Kelly perguntou em sua voz suave, divertida. Ty olhou para eles por um momento, surpreso que não só tivessem aceitado a notícia com bastante facilidade, mas pareciam estar mostrando interesse genuíno. Ele deu de ombros. “Nós ainda estamos lidando com a dinâmica,” ele disse vagamente. Ele nunca foi um cara de contar suas aventuras, independentemente de com quem estivesse, e eles sabiam disso. Eles não estavam perguntando sobre sexo. Eles estavam perguntando sobre a relação deles, e Ty ainda não tinha respostas. “Ele parece ser o tipo de cara que diz: ‘fique de joelhos, sua puta’,” Digger resmungou baixinho. Ty quase espirrou cerveja pelo nariz de novo. Ele tossiu e cuspiu enquanto Nick batia em suas costas repetidamente, gargalhando. Ty fechou os olhos e se sentiu corar, enquanto continuavam com a conversa. Será que o incomodava saberem que ele gostava de ficar de joelhos e 243

ser fodido até gritar? Um pouco. Ele sempre foi o tipo de cara pronto para qualquer ação, músculos no ponto, o cara que sabiam que podia atirar em qualquer coisa sem pestanejar. Será que, por ser gay, sua personalidade de durão seria prejudicada? Ty não sabia. Mas, em sua mente, seria, até certo ponto. Entretanto, era um problema dele. Ou um problema da sociedade. Ele balançou a cabeça, concentrando-se sobre o dilúvio de alívio que sentia. Não só foi um alívio que seus amigos mais próximos, em sua maioria, tivessem aceitado a notícia com graça e facilidade; ele também sentiu alívio por simplesmente ter-lhes dito. Até este ponto, as únicas pessoas que sabiam que era bissexual, e, atualmente favorável aos homens, era o seu irmão e qualquer homem que tivesse fodido. Era um grande alívio apenas dizer as palavras. Sair do armário, por assim dizer. A mão de Nick permaneceu no ombro de Ty, como se oferecendo apoio silenciosamente. Ty olhou para ele, encontrando seus olhos brevemente e balançando a cabeça em agradecimento. Como Nick sabia que havia sido difícil para ele dizer, Ty não imaginava. A conversa logo se voltou para dardos, cerveja, e uma bela garçonete que um deles tinha a intenção de pegar antes que a noite terminasse. Mas, apesar da fácil aceitação de três de seus amigos mais antigos, Ty não poderia afastar a dor da traição que sentiu quando Owen saiu por aquela porta. Machucou como Ty sabia que machucaria. A dor e o constrangimento foram duas razões para ele manter o seu segredo por tanto tempo, mesmo depois de ter sido dispensado do Corpo de Fuzileiros. Digger e Kelly levantaram para mais uma rodada de dardos, e Nick colocou sua cadeira mais perto de Ty, inclinando-se em direção a ele para falar em voz baixa. “Conte-me de Garrett,” ele pediu, apoiando os braços sobre a mesa. Ty deu de ombros, desconfortável. “Você o conheceu,” ele respondeu na defensiva. “Sim, mas eu tenho que dizer Ty, eu pensei que você tinha um gosto melhor,” Nick sussurrou sua desaprovação. “É melhor ele ser uma foda fenomenal.”

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Ty bufou uma risada e balançou a cabeça. Zane não tinha causado uma impressão nos meninos, principalmente porque estava calmo e cego, e tendo uma semana espetacular de merda. Mas eles não olharam para ele como um homem, puramente e de forma simples. Eles o haviam julgado como alguém que teria que cuidar de Ty. Eles o julgavam a partir dos olhos de um Recon. Homem comum contra Recon - eram dois tipos diferentes de categorias. Só porque Ty confiava implicitamente em Zane, não significa que eles fariam a mesma coisa, ou que confiariam um dia. “Ele é um cara legal,” Ty se encontrou dizendo. “Só teve um mês difícil.” “Sim, a coisa de ficar cego,” Nick disse duvidosamente. Ty olhou para ele e tentou dizer a si mesmo para não ficar na defensiva. Ele não era responsável pelo comportamento de Zane, nem era responsável pela forma como as outras pessoas pensavam dele. Ele se encontrou brincando com o anel de sinete USMC em seu dedo. ”Então deixe-me ver se entendi, você disse ao cara que o amava, e ele não deu nenhuma resposta?” Nick perguntou, ofendido, e percebeu que Ty estava mais inquieto. “Ele apenas... Ignorou?” “Praticamente,” Ty disse sob sua respiração. Ele tomou um gole de sua cerveja para cobrir a sua reação instintiva à memória. Ele não podia deixar de corar e estremecer. Ele tinha feito papel de bobo. Ele não tinha certeza se Zane estava apaixonado por ele quando disse isso. Ele apenas tinha certeza de que não iria obter uma resposta na mesma moeda. Na época, ele preferira que Zane apenas desse uma risada na cara dele, do que apenas deixar isso passar. Não foi até algumas semanas depois, que Ty percebeu que Zane ainda estava analisando, e seu cérebro estava processando uma resposta para recuperar o atraso, daquilo que o seu coração e as suas ações já estavam falando bem alto e em bom som. “Então você é apenas uma brincadeira para ele?” Nick perguntou curioso. “O que é isso? Você é um repórter?” Ty olhou para ele e balançou a cabeça. Zane nunca tinha feito nenhum segredo do fato de que ele estava na relação, pelo menos parcialmente, por 245

causa do sexo. No início, ambos estavam. “Deixe de ser intrometido, O’Flaherty,” ele o repreendeu, odiando que as perguntas o deixassem desconfortável. Murmurou baixinho. “Bastardo irlandês.” “Isso é um sim,” Nick bufou quando se aprumou na cadeira. “Será que é monogâmico de parte dele?” Ty lambeu os lábios e olhou para Nick novamente, perguntando-se o quanto o seu amigo realmente queria saber. “Sim; pelo menos eu espero que seja, porque nós não usamos preservativo há meses.” “Oh Deus, Ty,” Nick gemeu passando a mão pelo cabelo. Ty fechou os olhos e deixou cair a cabeça para trás com um suspiro, mas não pode deixar de sorrir. “Eu sei,” realmente, era um grande passo confiar tanto em alguém assim. Foi um passo para uma nova pessoa, um passo que Ty não se incomodou em dar. Mas sentado aqui com Nick, veio à tona o forte contraste das diferenças de antes, da pessoa que tinha sido, e a pessoa que era agora. Às vezes sentia falta do homem que foi há dez anos atrás. Ty era um fodão total. Mas isso era a única coisa boa que poderia ser dito do homem que foi. “Você está apenas rondando, esperando que ele se apaixone por você?” Nick perguntou, uma combinação de piedade e espanto em sua voz. Ty assentiu sem vergonha, girando o anel mais e mais em torno de seu dedo. Ele nem precisou pensar em sua resposta, mesmo que não fosse exatamente precisa. Zane já estava apaixonado. Ty estava apenas esperando que Zane executasse todas as suas análises, cenários e terminasse de processar os números. Nick deu um pequeno suspiro. “Bem, estou meio que feliz por você,” ele se esquivou, estendeu a mão e acariciou a cabeça de Ty por falta de coisa melhor para fazer, e os dois riram e brindaram com seus copos com o absurdo disso. Ty deu seu último gole de cerveja quando Nick falou novamente. “Você é aquele que fica por baixo gritando, não é?” perguntou a Ty com certeza. 246

Ty se engasgou com a cerveja que tinha bebido, cambaleou para fora de seu assento, e se inclinou sobre a mesa para cuspir a cerveja que estava na boca no chão, antes que subisse ao nariz. Nick estava rindo dele enquanto ele tossia e cuspia. Ele bateu na nuca de Ty e os dois começaram a rir ruidosamente. “Vou pegar outra cerveja,” Nick disse a ele, rindo enquanto se dirigia em direção ao bar. “Cristo,” Ty vaiou quando passou a mão sobre o rosto. Nick o conhecia muito bem. Um par de horas mais tarde, Nick estava bem na casa dos dois dígitos, e Digger e Kelly já estavam tropeçado em direção a um táxi e iam, eventualmente, matar Owen, se pudessem encontrá-lo. Ty estava mais devagar, principalmente porque queria ser capaz de chegar em casa, mas também porque, quanto mais Nick falava, mais irritado ele ficava. E Ty estava pensando que poderia ter que arrastá-lo para fora e amarrá-lo para mantê-lo longe de violência, antes que a noite terminasse. “Por que levou tanto tempo para me dizer?” Nick perguntou depois de dez minutos de discurso aleatório sobre os Red Sox, que quase causou uma briga com um cara que usava uma camisa dos Orioles. Ty olhou para ele com surpresa. Ele agora se sentia tolo em manter isso em segredo todos esses anos, mas ninguém poderia prever como um ente querido iria reagiria a uma surpresa dessas. Ele tentou pensar em uma maneira de colocá-lo em termos que Nick pudesse entender o quanto ardia. “Imagine se... Eu tivesse dito que era um fã no armário dos Yankees,” Ty disse a Nick com um sorriso. “Como você teria reagido?” “Que merda! Isso não é engraçado, Ty, você não está falando sério, certo? Você cresceu em Atlanta! Como você vai para o lado negro assim de repente!” Nick perguntou com verdadeiro horror. Ty riu. “Está vendo? Havia a possibilidade de você reagir dessa forma,” ele disse quando terminou a última cerveja que planejava beber esta noite. “Era uma perspectiva assustadora.” 247

Nick olhou para ele por um longo momento. “Mas você não é realmente um fã dos Yankees, certo?” ele perguntou com cuidado. Ty sorriu e balançou a cabeça. “Porra, cara,” Nick murmurou, e jogou para trás a garrafa, esvaziando-a e a colocando em cima da mesa entre eles, com um som barulhento. “Não me assuste assim.” Ty sorriu e apoiou a cabeça na mão. “Você não contou a ninguém, certo?” Nick perguntou de repente. Ty olhou para ele, só para encontrar Nick o olhando com tristeza. Ty balançou a cabeça. Nick bateu a mão na mesa, sacudindo as garrafas, fazendo com que balançassem e rolassem em direção à borda. Ty segurou uma, mas deixou outra cair no chão. Ela saltou ruidosamente e acabou se estilhaçando no chão. Nick não se incomodou, nem mesmo tentou ser discreto quando levantou. “Essa porra não está certa, Ty,” ele o criticou furiosamente. “Você não deve ter medo de dizer quem você é, ou por quem está apaixonado.” “O, acalme-se,” Ty pediu silêncio, se levantou e colocou uma mão no ombro de Nick. “Quer saber? Você lutou e quase morreu por seu país,” Nick continuou, destemido. “O que eles fizeram por nós lá fora? O que aconteceu conosco quando o helicóptero caiu e fom...” “Ok, vamos embora,” Ty disse com firmeza. Ele pegou a cerveja da mão de Nick e procurou sua carteira. ”Você captura assassinos todos os dias para ganhar a vida,” Nick continuou apontando seu dedo no rosto de Ty, e Ty resistiu ao desejo de tirar o dedo dele de seu rosto. “Se você tem que esconder quem você é de seus amigos mais próximos, então foda-se o mundo, cara; isso não é justo,” Nick cuspiu com um aceno de mão que quase se transformou em um tapa, quando Ty rapidamente se afastou.

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“Você está acabado, cara; quantas já bebeu?” Ty perguntou com um suspiro, estendendo a mão e segurando o cotovelo de Nick para firmá-lo. Ele colocou algumas notas sobre a mesa e acenou para a garçonete para que soubesse que estavam saindo. “E você sabe o que mais?” Nick continuou sem responder. Ty começou a levá-lo em direção à porta, seu braço em volta dele para guiá-lo. “Este cara, Garrett? Ele tem sorte em ter um cara como você como parceiro, mais ainda com você o amando; ele não pode cair em si e dizer o que sente? Não pode nem fingir para você? Bem, foda-se ele também!” Ty limpou a garganta e apertou sua mão no ombro de Nick, puxando-o mais perto, caso ele decidisse continuar resmungando cada vez mais alto. Eles não queriam problemas com fãs irados dos Orioles. “Eu acho que precisamos voltar para casa,” ele murmurou quando saíram da porta, sentindo o forte vento vindo do porto. Eles voltaram para a Fleet Street, amaldiçoando o frio. Mas era apenas uma caminhada de quatro quarteirões, e Ty não estava exatamente preocupado com os dois sendo assaltados. Ele enfiou as mãos nos bolsos e se esforçou para não pensar em nada enquanto ele e Nick caminhavam. Ele não estava certo do que o incomodava mais, que Owen tivesse ficado tão desgostoso e chateado porque estava apaixonado por um cara, ou com a sua conversa com Nick, que havia deixado o seu melhor amigo com toda essa raiva e preocupação sobre seu relacionamento com Zane. Nick não foi primeira pessoa a questioná-lo. Deuce também tinha manifestado repetidamente as suas preocupações: o que aconteceria quando um ou ambos se cansasse do outro, o que aconteceria quando alguém tivesse seu coração partido? Exceto que Deuce estava preocupado com o coração partido de Zane. Nick parecia achar que seria o de Ty, no final. Quando estavam passando pelo lado mais sombrio do edifício na Broadway Market, Nick parou de repente e pegou no ombro de Ty. “Ty,” ele disse urgente.

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Ty parou e olhou para ele com espanto, esperando mais divagações de bêbado. Ou, Deus me livre, outra quase-quebra de segurança nacional. Mas, apesar do falatório, os olhos verdes de Nick estavam claros e sua voz soava firme. Ty percebeu que ele não parecia um bêbado desleixado, afinal de contas. Não terrivelmente bêbado, de qualquer maneira. Mas Ty não conseguia decifrar o olhar em seu amigo. Havia tristeza, e raiva; e outra coisa que achava que nunca tinha visto. Anseio. “Eu queria que você tivesse confiado em mim com isso antes,” Nick murmurou para ele. “Se soubesse, todos esses anos... “. Ele abriu a boca para dizer mais; em seguida, fechou-a novamente com um suspiro de frustração; e antes que Ty pudesse registrar o que estava acontecendo, Nick já tinha pegado em seus ombros com as duas mãos e o beijou profundamente, ali mesmo na rua, no meio de Fell’s Point. Ty se debateu, segurando os cotovelos de Nick, por falta de um lugar melhor para colocar as mãos. Seu instinto natural era de puxá-lo para mais perto e aprofundar o beijo, mas, este era Nick! Talvez fosse o seu amigo mais antigo e querido, beijando-o sem uma pitada de advertência. A coisa mais desconcertante de tudo, foi que não era Zane pressionado contra ele e, independentemente, Ty se encontrou devolvendo o beijo timidamente quando Nick o abraçou com força e o empurrou contra a parede de tijolos atrás dele. Culpa e choque guerreavam pela prioridade, sobre o prazer de um beijo realmente incrível, mesmo nos breves segundos que levaram para terminar. Nick abruptamente se afastou dele, inalando bruscamente. Ty se encontrou encarando o homem, instável, apoiado na parede e incapaz de falar ou mesmo respirar. “Se você se cansar de esperar por ele cair em si, você sabe onde me encontrar,” Nick disse a ele sem fôlego. “Nick,” Ty sussurrou em suprema confusão.

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“Sinto muito, isso foi uma coisa terrível de se fazer,” Nick murmurou, abaixou a cabeça e começou a andar. Ty ficou olhando para ele por um momento antes de ir atrás dele. “Eu provavelmente deveria voltar para o hotel em vez de... Você sabe, ficar em casa com você,” Nick disse, logo quando Ty o alcançou. Ele estava andando até uma fila de táxis, que estavam esperando levar as pessoas para casa quando os bares fechassem. Um deles ligou as luzes e começou a rolar para frente. “O, espere,” Ty implorou quando pegou no cotovelo de Nick. Nick se virou e o puxou para perto, beijando-o novamente antes que Ty pudesse antecipar. Ele podia sentir seu corpo reagir, independente de querer ou não. Nick mergulhou na boca de Ty com um golpe de sua língua antes de se afastar violentamente. Nick o empurrou e estendeu a mão para impedir que Ty se aproximasse. “Deus... Nunca fomos bons em auto-controle.” Ele não olhava Ty nos olhos. “Apenas me deixe ir embora.” “Ok,” Ty concordou com a voz afetada. Nick estendeu a mão para abrir a porta do táxi quase com raiva. “OORAH47, Grady,” ele disse com um sorriso triste, antes de desaparecer no carro escuro. Ty foi deixado sozinho nas ruas enquanto as luzes traseiras do taxi desapareciam na noite.

***** TY tentou dizer a si mesmo que não precisava ir para casa encontrar Zane esta noite. Era cruel ter álcool em seu hálito perto de Zane, e já tinha feito isso uma vez esta semana. Suas outras opções seriam um hotel ou ficar na casa de Zane, mas Ty tinha bebido, por isso ele não poderia ir de carro, e não queria ter que pegar um táxi. Na verdade, ele não queria que Zane ouvisse a culpa 47

Grito de batalha usado pelos Fuzileiros.

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e confusão, e uma miríade de outras emoções, que Ty sabia que não iria ser capaz de manter fora de sua voz. Ele deveria apenas ligar para Zane e dizer que ele e os caras ficariam em um hotel para passar a noite, e fingir que nada tinha acontecido quando acordasse de ressaca. Mas sabia que não podia fazer isso. Quando chegou em casa, ainda estava em guerra consigo mesmo sobre se deveria dizer a Zane o que aconteceu esta noite. Ele tinha exposto, não só a si mesmo, mas a Zane também, sem realmente pensar sobre isso. E então houve o beijo. Não era como se Ty tivesse sido celibatário. Zane sabia que ele tinha experiência, e não era tímido em relação a sexo. Mas Ty nunca ficou com ninguém escondido de Zane, e uma vez que começaram sua relação, Ty não tinha ficado com ninguém mais. Ty sabia que tinha sido um simples beijo, mas não havia meio termo quando se tratava de sexo. Ou você trai ou não. Ele não acreditava que Zane estivesse transando com outra pessoa, mas apenas o pensamento fez Ty estremecer. Parecia tão improvável, uma vez que estavam juntos... Mas, realmente não estavam. Obstáculos e compromissos os separavam todos os dias: diferentes projetos no trabalho, a Liga de softball, as reuniões do AA, as corridas de Ty pela manhã e o levantamento de peso de Zane, várias e várias outras atividades fora de hora. Adicione o segredo deles, que era muito necessário para encobrir seu relacionamento, e era meio surpreendente que ainda estivessem juntos, apesar de tudo. Mas eles estavam, a cada noite que o trabalho permitia, apesar de tudo que tentava separá-los. Ty não sabia se Zane queria sua lealdade, mas ele a tinha assim mesmo. Semper Fi48. A verdadeira questão que Ty se viu as voltas, seria a reação de Zane quando lhe contasse sobre esta noite. Será que iria encarar como uma ameaça? Chantagem emocional? Ty não achava que seria assim, mas já tinha encontrado situações em que não podia prever a reação de Zane.

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Semper Fidelis - Latin para “sempre fiel”. Tema dos Fuzileiros.

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Estava escuro e silencioso na casa. Zane devia ter ido para a cama. Uma onda de alívio desesperado tomou conta de Ty, e em poucos minutos estava sentado na varanda com um charuto barato e um par de garrafas para ajudar a prolongar o zumbido e afastar o frio do inverno. Incontáveis minutos mais tarde, todo o seu corpo formigava agradavelmente, cortesia das bebidas e das cervejas que bebeu no bar. Ele estava suficientemente bêbado para que não tivesse que pensar muito sobre o que aconteceu esta noite, enquanto segurava o charuto barato em seus dedos, soprando ocasionalmente a fumaça em anéis na escuridão. Ele não gostava de fumar os bons quando estava bêbado. Parecia um desperdício. A porta atrás dele abriu, desviando a atenção de Ty, e fechou os olhos quando Zane saiu para a varanda. Seus nervos o agrediram novamente. “Ty?” Zane perguntou hesitante. “Sim, estou aqui,” ele respondeu de imediato, sem sequer admitir a ideia de não fazê-lo. Ele nunca tirou proveito de seu parceiro com a sua incapacidade de ver, mesmo para diversão e jogos. Ele não estava prestes a começar agora. Zane pisou na varanda. “Senti o cheiro do charuto; vocês tiveram uma boa noite?” Ty abaixou a cabeça quando outra onda de culpa, raiva, arrependimento e desejo percorriam seu corpo. Era uma mistura de emoções confusas, e não tinha certeza de como lidar com tudo isso, e o álcool não estava ajudando. Ele olhou para cima e deu outra tragada no charuto, segurando a fumaça perfumada e depois expirando pesadamente. A fumaça deslizou na frente dele. “Eu saí do armário hoje à noite,” disse a Zane em uma voz ligeiramente surpresa. Os olhos de Zane se arregalaram enquanto seu olhar sem foco se deslocava na direção de Ty. “O que?” “Contei a eles,” Ty disse com a mesma voz chocada quando olhou para Zane. “Sobre nós; tinha essa pequena e linda garçonete e...”. Ele balançou a cabeça e olhou para o lado, como se estivesse tentando descobrir como isso tinha acontecido. “Eu disse a eles que não estava interessado,” ele tentou explicar antes de colocar o charuto novamente nos lábios. Ele olhou para 253

baixo, com vergonha de ter que dizê-lo novamente. “Perguntaram sobre isso, e lhes disse que estava apaixonado.” Zane se mexeu desconfortavelmente enquanto deslizava as mãos nos bolsos. Ele não usava um casaco, apenas uma camisa fina de mangas compridas. “Como lidaram?” Ty balançou a cabeça, olhando para o charuto com um sentimento pesado que se instalou no fundo de seu peito. Ele não podia afastar de sua memória o olhar de nojo e raiva no rosto de Owen. “Owen saiu do bar,” ele respondeu com a voz rouca, empurrando esses sentimentos a distância, para analisar outro dia. “Aparentemente, ser gay me torna incapaz de cuidar de alguém em uma luta,” ele disse amargamente; os ombros de Zane enrijeceram, e ele franziu a testa profundamente, seus lábios se pressionando com força. Ty assentiu, ruborizou e desviou o olhar de Zane novamente. “Os outros levaram muito bem,” ele continuou, engolindo pesadamente. “Kelly estava... Muito interessado na logística de tudo.” Ele deu outra longa tragada. Ele não planejava contar a Zane o que os outros homens pensavam dele. Ele sabia que Zane não estava em sua melhor forma quando eles o conheceram. Ele sabia que não era o Zane real que tinham visto, o Zane que Ty amava. Ele fechou os olhos, o calor o percorrendo mais uma vez quando lembrou da forma como os lábios de Nick pressionaram os seus. O abraço se sentiu certo, de certa forma; mas, ao mesmo tempo se sentia tão errado beijar alguém que não fosse Zane. Mas, há dois anos, se Nick o tivesse beijado assim... Ty sacudiu a cabeça para afastar essa linha de pensamento. Ele poderia se torturar incessantemente com incertezas e dúvidas. Deveria contar a Zane o que tinha acontecido? Será que soaria como uma ameaça? Será que pareceria um ultimato de Ty? Diga-me que você me ama também, ou eu vou embora? Ty não queria pensar assim, e nunca faria isso. Mas não contar a Zane sobre o beijo era tão errado. Parecia... Traição. 254

“Nick me beijou,” ele deixou escapar quando Zane olhou para ele. Zane congelou totalmente, como fazia quando estava muito chateado... Ou muito irritado. Então, inclinou um pouco a cabeça, o movimento indicando que queria que Ty continuasse falando. Ty balançou a cabeça, ainda em ligeira descrença sobre o quanto estava relatando. Ele tinha certeza de que não seria capaz de fazê-lo se Zane pudesse vê-lo. “Nós estávamos voltando para casa, porque ele estava tipo... Achei que estivesse bêbado, mas...”. Ele parou e balançou a cabeça novamente, incapaz de encontrar os olhos cegos de Zane, suas bochechas coradas. “Em um minuto ele estava discursando sobre arriscar a sua vida pelo seu país e ser capaz de dizer a seus amigos a verdade, e no próximo ele estava olhando para mim... E me beijou,” ele divagou impotente, contando a história com uma variedade de movimentos de suas mãos, entorpecido, olhando para Zane. “E depois?” Zane perguntou baixinho. Ty olhou para o rosto em branco de Zane, imaginando a sua reação e emoções. Era como se estivesse apenas relatando mais uma noite na cidade para seu parceiro, em vez de dizer ao seu amante sobre um beijo compartilhado com outra pessoa. Ele sabia que era a reação normal de Zane se fechar assim ao ser devastado; mas, mesmo assim, ainda doía profundamente em Ty. Por que Zane ainda tinha que se esconder dele? Levou um longo e doloroso momento para empurrar a sensação de torção em seu estômago de volta para baixo. Em algum lugar lá fora, Nick O ‘Flaherty estava deitado em uma cama de hotel sozinho, se perguntando se tinha feito a coisa certa, esperando que Ty ligasse para ele, esperando que Ty não ligasse para ele e pensando no que poderia ter acontecido se tivessem dito um ao outro a verdade há oito anos atrás. Em algum lugar lá fora havia um homem com quem Ty não precisava manter sempre uma fachada de força; alguém com quem não teria que lutar dia a dia. Alguém que sempre lhe foi querido e respeitado. Alguém que não amava, mas certamente poderia foder até o nascer 255

do sol a cada noite e, sem dúvida, ser feliz o resto de sua vida, livre de angústia. Nick e Zane eram tão diferentes como o sol e a lua. Ty levou o charuto aos lábios e inalou lentamente, com os olhos perdendo o foco, enquanto olhava para as luzes da cidade. Ele não podia dizer a Zane o que Nick realmente disse, quando Ty se cansasse de esperar por Zane. Isso revelava muito sobre Ty e como ele conhecia seu parceiro, por quanto tempo ele esperaria. Zane deveria poder manter a ilusão de que ainda tinha segredos, certo? Ele olhou para Zane cautelosamente. Suas bochechas coradas, e uma onda de solidão inexplicável o percorreu. “Ele apenas disse que eu sabia onde encontrá-lo.” Quando Zane se encolheu, Ty teve um vislumbre de emoção piscando em seu rosto. Poderia ter sido dor, mas poderia facilmente ter sido raiva. Ou ciúme. Ou a própria imaginação bêbada de Ty. E isso não fez Ty se sentir melhor. “Vocês são amigos há muito tempo,” Zane disse finalmente, com a voz evasiva. Ty abaixou a cabeça, os olhos fechados enquanto fumava o charuto barato. Ele havia agonizado sobre se deveria contar e Zane não parecia se importar de um jeito ou de outro. Isso, ou ele estava escondendo muito bem suas emoções por trás dessa mesma máscara maldita, e qual era o objetivo? Será que nunca chegaria ao ponto onde ele poderia apenas estar com Ty e não esconder nada? “Sim, nós somos,” ele finalmente murmurou tristemente. Ty ficou onde estava, sentado no degrau com a cabeça abaixada, com medo de se mover ou abrir a boca de novo e falar ou dizer algo inapropriado. Ele tinha colocado tanto de si mesmo nessa relação nessas últimas semanas, e recebido tão pouco em troca. Menos de nada, realmente, uma vez que perdeu um velho amigo e ganhou uma infinidade de novos problemas. Quando Zane moveu seu peso e puxou a porta de tela para que pudesse voltar para dentro, deixando-o sozinho na varanda, Ty não pode deixá-lo ir. Droga, ele precisava de alguém que o segurasse apenas uma vez, alguém que o deixasse desabafar. 256

“Zane?” Ty disse com a voz trêmula, agonizante e miserável. Ele respirou fundo, tentando recuperar o controle de suas emoções. Uma coisa que ele sabia com certeza: iria ficar de joelhos e implorar que Zane não o deixasse sozinho esta noite. Ele soltou uma rajada de ar, e quando falou, sua voz era calma. “Eu sei que estou cheirando a cerveja barata e fumaça de charuto,” disse a Zane, enquanto olhava para a noite. “Mas eu só...”. Ele abaixou a cabeça e fechou os olhos, envergonhado, incapaz de terminar o pedido. Por um momento, houve silêncio, e, em seguida, o ranger e estalar da porta de tela. Os sapatos de Zane raspando sobre o concreto do alpendre. Ele ficou lá, esperando. “Você o quê?” ele perguntou, sua voz áspera no ar da noite. Ty virou a cabeça, a respiração presa. Um zumbido longe, e seu corpo começou a tremer, seus nervos e emoções, que geralmente eram ignorados ou evitados, estavam agitados. Podia sentir sua respiração desigual e difícil, e sabia que o seu coração estava batendo forte; e pensou que talvez Zane fosse capaz de sentir seu pulso acelerado se chegasse mais perto. Tantas vezes segurou a língua, com vergonha de se abrir para Zane. Tantas vezes havia escolhido ser o durão, aquele que supostamente não sentia nada, a rocha para as oscilações mais voláteis do humor de Zane. Isso funcionava para eles. Funcionava para ele. Agora parecia que o castelo de cartas estava desabando ao seu redor e estava tão cansado de se esconder, como estava vendo Zane fazê-lo. Ele fechou os olhos e deu um suspiro profundo e calmo; em seguida, se levantou e se virou para olhar o seu parceiro. “Eu realmente preciso de um amigo esta noite, Garrett,” ele disse a grosso modo, determinado a não quebrar, pelo menos por esta noite. Pelo menos até a visão de Zane voltar e eles poderem colocar este capítulo para trás. “Você acha que pode lidar com isso por mim?” Depois de um pausa no silêncio, Zane deu um passo para o lado, abriu a porta de tela, e estendeu a mão.

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***** Estavam deitados de conchinha, Zane atrás de Ty com o braço sobre ele, enquanto esperava que sua respiração abrandasse e seu pulso desacelerasse. Ty o tinha chocado esta noite. Assustado-o. Sair do armário para a sua equipe Recon – e, em seguida, admitir que estava apaixonado Zane não podia sequer imaginar a pressão que Ty tinha sofrido. E logo a seguir, admitir que estava apaixonado? Zane tinha certeza de que as coisas não correram tão bem quanto Ty tinha comentado. Eles eram seus melhores amigos; entretanto, ele manteve um segredo muito grande deles por um longo tempo, e o homem disse que amava um total estranho para eles. Não era a melhor situação. E Nick. Nick, que o convidou para jantar com o resto da equipe Recon. Nick, que era o melhor amigo de Ty desde o Boot Camp, que entendia o que Ty tinha vivido e como lidar com ele. Que tinha ouvido falar sobre Zane e fez o seu próprio lance para dar a Ty uma alternativa. Zane sabia o porquê. Enquanto apertava seus braços em torno de Ty e pressionava a testa no ombro dele, ele sabia o porquê. Zane desejou Ty desde o momento que o conheceu, e cada vez que o caos caía sobre eles a separação após o caso de Tri-State, a experiência de quase-morte nas montanhas, o perigo no navio de cruzeiro, e mesmo Ty dizendo a Zane que o amava – o afeto crescia ainda mais intensamente, apesar de todas as dúvidas, medo e fraqueza que Zane levava em consideração. Mas o afeto de Nick por Ty podia ser ainda mais forte. Zane não suportaria perder Ty agora. Ele o amava. Dolorosamente. Desesperadamente. Mas agora não era o momento para finalmente tirar a cabeça de sua bunda e admiti-lo, não depois do que Ty tinha dito hoje à noite. Ty acharia que era uma reação à pressão externa, não um

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sentimento honesto, de coração, e as palavras de Zane seriam desconsideradas como na primeira vez que tinha dito, em uma dança lenta nos braços de Ty. Com seus olhos cegos queimado, Zane achava seriamente que ia chorar.

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Capítulo 12 A manhã seguinte era um domingo, e Ty foi ao hotel dizer adeus a Nick e aos outros. Era hora deles irem embora, e apesar de Ty ter passado muito tempo com eles, havia muita coisa acontecendo para ele se sentir bem com eles na cidade. Sem mencionar as ramificações de sua confissão. Owen não falava com ele, evitando-o sob a desculpa de embalar suas roupas na última hora. Ty teve problemas em olhar Nick no olho, mas se obrigou a fazê-lo, reconhecendo a mesma falta de jeito em seu melhor amigo. “Ty,” Nick disse desconfortavelmente quando ficou ao lado de Ty. “Sinto muito, o que eu fiz foi uma merda egoísta, e desejava poder voltar atrás.” “Não se preocupe com isso,” Ty disse a ele, desejando que Nick apenas fingisse que nada tinha acontecido, como muitas das outras coisas sobre as quais eles nunca falaram. Nick balançou a cabeça. “Eu só...Eu só preciso... Te dizer, ok?” Ty assentiu com ansiedade, se perguntando o que poderia ser mais difícil para Nick dizer, além do que tinha acontecido na noite passada. “Eu te amei desde o dia em que você se sentou ao meu lado no ônibus para Parris Island,” Nick desabafou. Ty piscou para ele, incapaz de fazer qualquer outra coisa. “E queria lhe contar tudo quando terminamos nossa última missão; planejei tudo, todas as noites na minha cabeça.” Ty começou a falar, mas Nick o deteve. “Mas, então, o helicóptero caiu, e... O que aconteceu com a gente depois...” Ty fechou os olhos, e imediatamente foi agredido com as memórias reprimindas daquele momento; elas o acertaram como um golpe físico. Flashes de uma prisão, instrumentos de tortura,

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reboco caído de uma cela escura e um teto tão baixo que nem precisava ficar em pé para alcançálo. Nick parou de falar. Ty abriu os olhos e encontrou o mesmo olhar assombrado nos olhos de Nick, que ele podia sentir que escoava através de si mesmo. “Eu sempre serei seu amigo, Ty,” Nick praticamente engasgou. Eles se abraçaram, um tremor passando por ambos antes de se afastarem. O que haviam passado juntos, não havia nada que poderia quebrar esse vínculo. Também não havia nada que pudesse transformar esse vínculo em outra coisa, e nesse momento, ambos sabiam disso. Quando chegou a hora de pegarem o traslado para o aeroporto, todos apertaram as mãos e se abraçaram, Owen deu apenas um adeus seco, e Ty ficou com um sentimento de naufrágio na boca do estômago. Nada estava resolvido, mas Ty sabia que teria que lidar com isso mais tarde. Era apenas mais um ou três problemas pessoais que teria de empurrar para segundo plano por causa de seu trabalho. Zane parecia abatido e não tinha muito a dizer a Ty quando ele chegou em casa, e, pela primeira vez, Ty estava cansado demais para tentar alcançar a escuridão dele e puxá-lo para fora. Ele foi cedo para a cama, e caiu no sono antes de Zane encontrasse seu caminho sob o lençol, e se aconchegasse em volta dele. No dia seguinte ele voltou a trabalhar, algo que temia pela primeira vez desde o funeral de Jimmy Hathaway. “Grady, bem-vindo; espero que tenha ficado fora de problemas e do caminho da imprensa ao longo do fim de semana.” McCoy disse quando Ty parou em sua porta do escritório. Ty assentiu, tranquilo. Depois de uma semana ruim, que depois piorou ainda mais, ele não estava com disposição de ser espirituoso em uma manhã de segunda-feira.

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“Nós analisamos todas as provas que chegaram às nossas mãos, e tem uma montanha de papelada para preencher. Pedi a Clancy que deixasse alguma coisa em sua mesa. É um conteúdo emocionante para recebê-lo de volta, eu sei,” McCoy disse, com a voz apologética. “Temos outro encontro com o departamento de Crimes Financeiros esta tarde para fazer as ligações dos crimes combinados, e tenho uma consulta com uma equipe de contraterrorismo.” “Ótimo,” Ty disse sem entusiasmo. Ele estava achando difícil se concentrar ou se preocupar com o trabalho. Seu parceiro ainda estava de licença, e quanto mais o tempo passava, Ty começava a temer que a cegueira de Zane pudesse ser permanente. Em cima disso, Ty não gostava de estar na periferia de uma investigação que o envolvia diretamente. Era estressante ter seu destino nas mãos de alguém, por melhores que fossem em seus postos de trabalho. E, em seguida, Nick se declarou e o beijou, trazendo à tona coisas que só encontravam em seus pesadelos. Ty passou a mão pelo cabelo e virou a cabeça para a sua mesa. Talvez a papelada fosse realmente interessante para ele hoje. “Oi, Ty, Mac pediu para colocar alguns arquivos...Você está bem?” Michelle Clancy perguntou assim que ele se aproximou das mesas onde ela estava sentada com Perrimore, Alston, e Lassiter. “Sim,” ele respondeu com um breve aceno de cabeça. Sentou-se com um baque e deu à cadeira um momento difícil, então se inclinou para trás e esfregou seu rosto duramente. Clancy fez uma pausa em sua visão periférica, mas felizmente ela se sentou em sua mesa e começou a trabalhar em vez de continuar. “Mac me colocou como elo de ligação com os Crimes Financeiros, em vez chamá-los sempre no escritório,” disse ela. “Meus pêsames,” Ty resmungou. “Ele ainda está tentando manter você e Garrett fora dos holofotes; você sabe de Zane? Como ele está?” Clancy pediu em clara preocupação.

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“Ele está cego,” Ty respondeu com a voz quase cruel. Ele olhou para ela, não querendo ser desagradável, mas sabendo que seria se ela continuasse falando. Ele não precisava de um lembrete. Clancy encontrou seus olhos, seus lábios se apertaram com desagrado; mas de qualquer forma, sentiu o colapso iminente que emanava nos três metros de distância, ou apenas decidiu que apenas não queria saber. Ela voltou para a sua papelada sem outra palavra. Trabalharam em um silêncio pesado, as perguntas não ditas estavam penduradas solidamente no ar, além de terem um companheiro de equipe ausente. Umas boas duas horas depois, e Ty com as mesmas papeladas, quando a chamada entrou. “Tivemos outra detonação no Inner Harbor!” A voz de McCoy estalou através da sala silenciosa. “Ativar protocolo de resposta!” Duas equipes de agentes e outro pessoal de apoio, cerca de treze dos vinte no escritório representativo, entraram em erupção imediatamente com um propósito. Ty pegou seu paletó, colocando-o enquanto se dirigia para as escadas com todos os outros. O escritório não atendia respostas de emergência como esta, mas eles podiam. As vans no porão estavam abastecidas com armas táticas, e todas as coisas divertidas para matar pessoas. Eles entraram em três vans, indo para três bancos separadamente, que foram apontados como os alvos mais prováveis. Todos longe do Inner Harbor. Os assaltantes estavam tentando dividir as equipes e conquistar, como os aliados fizeram na Segunda Guerra Mundial, forçando a Alemanha a lutar em duas frentes. Qualquer mente militar sabia que uma guerra de duas frentes era quase impossível de vencer, e isso era o que as autoridades de Baltimore estavam fazendo. McCoy tinha concebido um plano de resposta própria. Ele tinha fornecido membros de sua equipe de Divisão Criminal, membros que não estavam envolvidos em qualquer situação de emergência a uma ameaça de bomba, para a cena de assalto a banco, e tinha formado forças-

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tarefas especiais em cooperação com a Força-Tarefa Conjunta de Terrorismo de Maryland, apoiado pela Divisão de Inteligencia de Baltimore. A resposta adequada para a próxima ameaça de bomba ainda seria colocada em prova, mas as equipas especiais constituíam uma mistura de agentes e policiais de diferentes agências, que responderia aos alvos pré-selecionados com base na informação de onde a bomba deveria estar. Eles tiveram informações sobre a bomba no caminho. Mais duas lojas foram feitas em pedaços, e várias com danos colaterais. Nenhum aviso, nenhuma evacuação. Lesões incontáveis, e todos prenderam a respiração com cada anúncio, esperando ouvir sobre vítimas. Ty fechou os olhos e baixou a cabeça. Ele prometeu a si mesmo e a todos em Baltimore que iria parar esses monstros, mas tudo o que fez foi se tornar um alvo, tornar Zane um alvo, incitando os terroristas, e aparentemente levando os ataques para o lado pessoal, deixando os badidos mais ousados. Ele não podia afastar a sensação de que este ataque estava em seus ombros. A van derrapou até parar, fazendo com que o agente que estava ao seu lado esbarrasse nele. Ninguém ligou; em vez disso, abriram a porta rapidamente e saíram para cercar a entrada do banco. Seguindo o plano predeterminado de ação, eles se espalharam para cobrir as duas entradas e verificar todos os veículos presentes, e um dos assistente do SAICs fez a chamada de dentro para informar o gerente antes que a equipe entrasse. A chamada não foi atendida. Era algum tipo de milagre, mas a equipe tinha encontrado o banco certo. Ty se ajoelhou perto de um carro de polícia, com um policial da cidade ao lado dele, concentrado em seu fone de ouvido para obter instruções. Houve uma súbita explosão, seguida de uma vibração, e Ty se virou, apontando a arma sobre o capô do carro para a entrada do banco. Um homem magro usando um capuz saiu do banco, fazendo uma mulher como refém na frente dele, a 264

arma apontada para sua cabeça. Os policiais que o cercavam gritaram, mas Ty estava ouvindo instruções em seu ouvido. “Amarelo, você tem um tiro?” “Negativo”. “Verde?” “Sem linha de visão.” “Vermelho?” “Nada limpo.” “Azul?” Ty fechou um olho, colocando seu alvo na mira. Olhou para o homem com o dedo no gatilho em seu escopo. Destravou. Alinhou o rifle, a linha de visão estava clara, confirmando o alvo. “Afirmativo,” ele murmurou sua resposta. “Atire.” Ty respirava com cuidado, tomando um momento para pedir perdão. Em seguida, apertou o gatilho. O corpo do homem encapuzado estalou para trás quando a bala atingiu o ombro de seu braço com a arma. Não havia perigo dele disparar com o dedo sobre a guarda, e eles queriam capturá-lo vivo. Um jato horrível de sangue pintou as portas de vidro atrás dele, e a bala impactou o vidro, fazendo um som oco nos vidros à prova de balas. O homem soltou um grito agudo quando caiu no concreto. O refém se soltou e correu, deixando os policiais e os agentes com a cena clara e limpa. Se o homem encapuzado levantasse a arma sequer um milímetro, Ty atiraria na cabeça dele. Mas a arma caiu no chão quando o homem rolou de costas, ainda uivando e agarrando seu ombro.

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Ty levantou a cabeça e viu quando os agentes e os oficiais da polícia cercaram o homem. O policial ao lado de Ty deu um tapinha em seu ombro. “Bom tiro, irmão.” Ty assentiu com a cabeça, e foi ver o homem que estava sendo arrastado para a linha de policiais, para ser interrogado e desmascarado. A chamada foi atendida imediatamente, e foram informados que não havia mais ninguém lá dentro; era apenas um assaltante. Certamente tudo isso não era apenas trabalho de um homem? Houve relatos de dois ou três em cada roubo, além das bombas para distrações; deveria ser um grupo de pelo menos umas quatro pessoas. Ty se aproximou da ambulância, a arma por cima do ombro enquanto as pessoas se separavam para deixá-lo passar. O homem estava em uma maca, chorando de dor, um grito tão feminino que soava quase como uma criança. A máscara foi arrancada para revelar seu rosto, e Ty olhou em choque. Era uma mulher. Não, uma menina, uma maldita criança, não mais que dezoito. E ela não estava lidando bem a lesão, estava chorando, com o rosto vermelho, dizendo repetidamente que doía, chamando pela mãe. “Pegue isso,” disse um policial da cidade, parando ao lado de Ty. Ele estava com a arma da menina na mão. “Não está carregada.” “O que diabos ela estava pensando?” o primeiro policial disse com nojo. Ty balançou a cabeça, sem palavras. Atirar em uma adolescente com um rifle não estava em sua lista de prioridades. Seu estômago enrolou, ameaçando colocar para fora seu almoço. “O tiro foi limpo,” o EMT anunciou. “Ela vai ficar bem, mas precisamos tirá-la daqui.” Eles levaram a suposta ladra de bancos para a ambulância com dois policiais ao lado para acompanhá-los. “Ei,” o assistente disse quando parou ao lado de Ty. “Foi um bom tiro, salvou a vida dela.” Ty assentiu, mas ainda teve que engolir a náusea. Ele deu um passo e se aproximou da maca. “Ei,” ele acenou aos paramédicos. Eles pararam, olhando para ele com expectativa. O 266

assistente do SAIC acenou para se aproximar. Ty se aproximou da maca e olhou para a menina. Seu rosto estava coberto de lágrimas, seu cabelo loiro estava despenteado e com manchas de sangue. “Você é aquele cara da TV,” ela gaguejou para ele, ainda soluçando. “Não, sou o cara que atirou em você,” Ty disse a ela, com a voz dura de raiva. “Você não deveria estar aqui,” ela chorou histericamente. “Você deveria estar em outro lugar!” Os paramédicos encerraram a conversa antes que Ty pudesse perguntar-lhe qualquer coisa, citando seus sinais vitais como perigoso demais para continuar com o stress. Eles a transportaram e Ty franziu a testa, tentando decidir que outro lugar ela imaginava que ele estivesse.

***** ”Eles pegaram a Hannah,” Graham disse para Pierce e Ross, logo que os dois rapazes entraram pela porta. “Eles atiraram nela, cara.” “Bom,” Pierce respondeu sucintamente. “O que?!” “Ela era um peso morto, cara; porque você acha que eu a mandei?” Graham olhou para seu ex-amigo, não acreditando nele. “E quanto aos agentes?” perguntou, o coração na garganta. Pierce apenas balançou a cabeça, sem intenção de explicar o que tinha acontecido. “Pierce! E sobre a baleia branca?” “Eu disse para esquecer, não vale a pena.” “Você disse que era a Moby Dick”. 267

“Sim, bem, agora ele é apenas um pau, e eu acabei com ele.” “Por quê?” Graham alfinetou. “Cara, deixe pra lá,” Ross resmungou, irritado. Pierce se virou para ele. “Nós não íamos mais atrás desses imbecis, estávamos observando o banco, ok? Moby Dick foi o que atirou em Hannah.” Graham franziu a testa quando Pierce saiu. Ele não estava entendendo. Pierce queria Hannah morta, mas estava chateado porque foi o Agente Grady quem atirou nela? Ele olhou para Ross esperando por algum tipo de explicação. “Pierce está com medo dele,” Ross murmurou. “Ele acha que errou e que ele não é o capitão Ahab, afinal de contas.” Graham olhou a porta onde Pierce tinha desaparecido. “Eu acho que ele estava certo da primeira vez.”

***** Ty andava pela sala de estar de Zane, fazendo oitos em torno da mesa de café e sofá, enquanto mantida um fluxo constante resmungos e maldições. Zane tinha saído. Apenas se foi. Ty tinha ido primeiro para a sua casa. Não havia nenhum sinal de luta, o que deixou Ty se sentindo um pouco melhor. Mas também não encontrou nenhuma nota, nenhum telefonema, nada para Ty saber onde Zane estava, com quem estava, ou se estava bem. Então, Ty tinha vindo para casa de Zane, tentou caminhar e imaginou se alguém o levou para pegar roupas ou algo assim. E mais uma vez, nada. Ty estava assustado e irritado. Não gostava de se preocupar assim. E não gostava de sentir esse terror, sabendo que Zane estava praticamente desamparado sem visão. E ele

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definitivamente não tinha como saber que crianças, adolescentes psicopatas mimados e estúpidos, estavam matando pessoas; ele tinha que avisar a Zane. Quando estava no estacionamento do banco, Ty tinha refletido sobre o que a menina falou, tentando decidir o que ela quis dizer quando falou que deveria estar em ‘outro lugar’. Seria apenas para divagar, se referindo à ‘bomba distração’? Mas onde estavam os outros três? O que tinham usado para distração? Tinha lhe ocorrido que eles poderiam ter a intenção de virem até ele, ou até Zane. Ele havia ligado, mas Zane não respondeu. Durante a tortuosa viagem em um sedan do Bureau até a sua casa, ele tentou dizer a si mesmo que Zane poderia estar novamente no chuveiro. Não tinha aliviado em seu peito a culpa que sentia cada vez que os olhos azuis da menina passavam por sua mente. Agora, já não estava mais preocupado que Zane pudesse ser levado. Mesmo cego, Zane teria feito uma bagunça, se alguém o tivesse atacado. Isso significava que tinha saído, sem considerar que Ty poderia ficar apavorado quando descobrisse que tinha saído. E isso era, possivelmente, o pior de tudo, depois de toda a porcaria que teve que aturar na última semana, depois de tudo o que deu, não tinha recebido nenhuma consideração ou uma simples nota antes de Zane sair pela porta. Ficou zanzando pela casa, cozinhando a cabeça há mais dez minutos e estava prestes a sair e fazer qualquer coisa quando ouviu vozes do lado de fora da porta e, em seguida, a fechadura sendo destrancada. Quando a porta se abriu, Ty já estava parado ao lado da porta, com a arma em punho. Só esperando alguém entrar. “Jesus!” O Agente Especial Fred Perrimore xingou quando caiu de joelhos, com uma mão indo para sua arma, e a outra levantada atrás dele, para impedir quem estava atrás, de cruzar o limiar. “O que foi?” 269

Zane. “Dê-me uma boa razão para não atirar em você,” Ty rosnou perigosamente para Perrimore. Olhos de Perrimore se arregalaram, e o branco se destacou contra a sua pele negra; ele olhou por cima do ombro até Zane, que estava franzindo a testa. Perrimore voltou os olhos para Ty, com as mãos para fora, na frente dele, em um gesto conciliatório. “Porque tenho influência no departamento de polícia?” ele tentou. Ty estreitou os olhos e baixou a arma, colocando-a no coldre lentamente. “Boa resposta,” ele ofereceu com um aceno de cabeça. Seus olhos se moveram para Zane. “Onde diabos você estava?” Zane levantou uma sobrancelha, estranhamente olhando diretamente para ele, mesmo que seus olhos estivessem desfocados. Ele puxou a camiseta suada visível sob a jaqueta de inverno casual. “Freddy me levou para o ginásio.” “Qual o problema, Perrimore? Você não poderia ter deixado um maldito bilhete?” Ty rosnou. Perrimore se levantou e recuou para fora da porta. “Garrett não mencionou nada sobre a necessidade de deixar um bilhete,” ele arriscou, olhando entre os dois parceiros. “Eu fiquei apenas duas horas fora de casa e você deveria estar no trabalho,” Zane apontou. “Sim, bem, não estou.” “E não é como se eu pudesse ter ido a algum lugar por conta própria.” ”Será que você não reparou que pode haver alguém tentando matá-lo?” Ty perguntou entre os dentes cerrados. Os olhos de Zane se estreitaram, o que poderia ter sido um clarão. Ele estendeu a mão e tocou no braço de Perrimore. “Obrigado pela carona.”

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Perrimore moveu seu peso nervosamente. “Sim, Garrett, quando quiser.” Ele olhou para Ty, que rosnou sem dizer uma palavra. “Ta, já estou indo,” Perrimore murmurou quando se virou e saiu. Zane estendeu a mão para tocar no batente da porta e entrou, se deslocando para fechar a porta atrás de si. Ele inclinou a cabeça, tentando ouvir alguma coisa. Ty estava olhando para ele, sabendo que deveria controlar o seu temperamento, mas não estava verdadeiramente disposto a fazê-lo. Ele chegou ao fim de sua corda. “Você vai dizer alguma coisa ou vai ficar apenas me olhando, furioso?” Zane perguntou. “Eu saí por algumas horas, estava com um amigo, um agente treinado, que carrega uma arma; a única maneira que poderia estar mais seguro teria sido ao seu lado.” Ty apertou os lábios com força e fechou os olhos, mas não ajudou muito. “Não me importo onde você vai ou com quem você está; não sou a sua maldita babá,” ele disse com firmeza. “Mas você tem que levar esta situação a sério! Você tem que estar onde diz que vai estar! Só porque você não pode ver, não significa que o resto do mundo chegou a um impasse também!” “Levar a sério essa situação,” Zane repetiu categoricamente. “Pegamos um deles hoje, você sabia disso?” “Levar essa porra a sério?” “Ainda não dá para dizer onde estão os outros ou de quem eles vão atrás depois!” Ty continuava reclamando, ambos falando um com o outro, sem realmente ouvir o que o outro dizia. Finalmente, Zane gritou acima da voz de Ty. “Será que você realmente ouviu a besteira que saiu de sua boca? Acredite em mim, eu sei realmente muito bem que o mundo está indo em frente sem mim!” ”E não se importa que eu tenha feito tudo para tentar ajudá-lo,” Ty disse com raiva. “Não pensou que o fato de você desaparecer iria me assustar?” Zane fez uma careta e esfregou sua testa. “Sim, claro que é importante, mas...”

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“Mas o que você quer é mais importante,” Ty terminou em desgosto. Zane balançou a cabeça. Ty olhou para Zane e sentiu o peso da semana desabar sobre ele. “Sabe de uma coisa, Zane? Pra mim chega,” ele disse com um aceno de mão. “Você quer se reconectar com o mundo, sair por conta própria em favor de sua independência, apenas vá em frente; mas sem mim,” ele grunhiu quando pegou o paletó na parte de trás do sofá e caminhou em direção à porta. “Que bicho se arrastou até sua bunda e morreu? Você está exagerando!” Zane protestou quando estendeu a mão, pegando no braço de Ty por pura sorte cega. Ty virou e atacou, o pegando sob o queixo. Zane foi pego de surpresa, perdeu o equilíbrio, e caiu contra as estantes, batendo com força suficiente para enviar vários livros para o chão, e logo caiu com um grunhido duro no tapete fino. Ty virou a cabeça para a porta, apertando o punho e resmungando. “Ty,” Zane disse fracamente. “Vá para o inferno,” Ty respondeu sem se virar, agarrou a maçaneta e abriu a porta da frente. “Ty,” Zane repetiu, com um tom de desespero em sua voz. “Eu acho que posso ver alguma coisa.” Ty parou e se virou para olhar para ele, franzindo a testa. O rosto de Zane estava transtornado, e estremecia de dor. Ele apertava a lateral de sua testa, piscando várias vezes. Ty inclinou a cabeça e o observou, esperando. Quando Zane olhou para cima, um de seus olhos estava totalmente injetado, mais vermelho do que branco. Ele continuava a piscar, como se estivesse diante de uma luz brilhante. “Filho da puta,” Ty murmurou, fechou a porta e caminhou passando por Zane, em direção à cozinha. ”Volte aqui, seu imbecil,” Zane entre dentes. “Essa porra dói!” “Estou chamando o médico,” Ty respondeu de volta. Ele pegou o telefone e bateu os números com raiva. Zane não rosnou de volta, apenas segurava a cabeça entre as mãos, parecendo 272

miserável. Ty guerreava com o instinto de proteger, que estava em marcha acelerada há uma semana, e a vontade de chutá-lo, enquanto o deixava por conta própria. Ele não iria apostar em qual instinto venceria. Depois de algum manejo, conseguiu colocar um dos médicos na linha, foi até Zane, e deixou o telefone na sua mão. “O doutor quer falar com você,” ele disse em voz baixa. “Bastardo,” Zane murmurou de onde estava sentado no chão, encostado nas prateleiras, cobrindo os olhos com uma mão e apoiando o braço no joelho para apoiá-lo. Ele se atrapalhou com o receptor. “Sim,” disse ao telefone, e depois de um momento, acrescentou: “Sim, tive um inferno de uma dor de cabeça todos os dias, até que eu fui para a academia.” Ty andava, ainda fumegando e incapaz de ficar parado. Aparentemente, o médico estava dando explicações sobre o que poderia estar acontecendo. “Então, isso é uma coisa boa?” Zane perguntou depois de ouvir. Ty podia sentir o olhar de Zane o seguindo, e depois de uma semana sem isso, Ty se sentiu desconfortável com esse gesto, o que o deixava mais irritado. “Ok,” Zane disse, seu tom inseguro ao desligar o telefone. “Vai viver?” Ty perguntou secamente quando pegou o telefone dele. Zane virou a cabeça devagar, como se estivesse com medo de ficar tonto. ”Sim, talvez você pudesse ter me batido mais cedo.” “Eu não podia estar mais de acordo.” Ele jogou o telefone no sofá enquanto se movia até a porta, sem dizer uma palavra. “Ty, espere,” Zane gritou, sua voz aflita. Ty respondeu batendo com a porta da frente. Ele achava que deveria ter se sentido um pouco culpado. Mas não se sentia.

***** 273

Zane se encaminhou até a sua casa, e chutou a porta atrás de si. Cinco horas. Cinco maltidas horas que ficou sentado no hospital, para passar apenas cinco minutos com o médico, fazer uma tomografia computadorizada de dez minutos, e em seguida, receber um tapinha na cabeça e ser mandado embora. E tudo o que foi capaz de pensar era sobre como ele tinha fodido Ty tão regiamente, pois não foi intencional. Ele tirou sua carteira e camisa, enquanto andava pela casa, indo até a sua cozinha de jeans e meias, com a intenção de pegar uma Coca-Cola e depois tomar um banho quente. Quando abriu a porta da geladeira e viu as caixas intactas e os sacos do Chiapparelli’s, seu instinto foi o de bater a porta, gritar, e jogar... Alguma coisa. Mas engoliu a raiva, e apesar de ter estado muito, muito perto, apenas pegou uma lata de refrigerante na prateleira, fechando a porta com cuidado. Ele não tinha sentido esta raiva em um longo tempo, e isso fez sua cabeça girar, seus olhos arderem, e, caramba, o seu coração doer. Zane deslizou sobre uma cadeira e pressionou a lata fria em sua bochecha, em seguida em sua testa, tentando obter algum alívio enquanto lutava contra a onda de emoções. Chateado e com raiva, obviamente. Uma boa dose de gratidão absolutamente patética e alegria frenética. Um lamento de dor, e uma ferida ainda mais profunda. O conflito estava prestes a fazer sua cabeça explodir. Com um suspiro, Zane soltou a Coca-Cola, e estava prestes a levantar-se quando viu a pequena pilha de correspondências esquecida do outro lado do bar. Ele estendeu a mão e pegou a pilha. Cupons. Um convite da igreja. Ofertas variadas de seguros. Um panfleto anunciando um lava-rápido de inauguração nas proximidades, outra anunciando um convite especial para um jantar à noite em um proeminente restaurantes italianos na área. Abriu o último envelope e encontrou apenas uma folha de papel com a escrita bagunçada. Mas era claramente o seu nome no topo.

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Zane silenciosamente leu as poucas linhas, e as emoções começaram a borbulhar novamente, ameaçando sufocá-lo. Sr. Garrett, Pierce Sutton é a razão de você estar cego. Ele tem o seu carro também. Você tem que detê-lo antes que ele mate alguém. Por favor.

***** Quatro dias se passaram desde que a adolescente havia sido baleado do lado de fora do banco, e ainda estava repercutindo. O público estava dividido em partes iguais, elogiando a dedicação do FBI em manter Baltimore segura, e crucificando o “monstro do gatilho” que havia dado o tiro. E a ironia do caso, era que esse monstro era o mesmo agente que havia se tornado um dos queridinhos da mídia, mas ninguém sabia disso. E estava desaparecido da ação, enviado para casa até que o caso estivesse encerrado, mas, ele continuava se empurrando no meio de todos os problemas, e Dan McCoy simplesmente não conseguia tê-lo mais por perto. McCoy sentia pena de Ty Grady. Normalmente, ele era como um gato: nem sempre pousava em seus pés, mas tinha a estranha habilidade de se torcer durante a queda e, pelo menos, cair de quatro; no entanto, não parecia que ele ganharia esta. Ele estava de quatro, tudo bem, mas McCoy não achava que fosse voluntário. Então McCoy o mandou embora, e enviava um agente diferente, várias vezes por dia para verificar se ele estava bem. Ainda tinha o fato dele não lidar com o tiroteio da menina também. Um agente informou que Ty tinha proferido a frase: “vocês garotos, saiam do meu gramado,” quando o novato tinha batido em sua porta. McCoy sabia que Ty ou estava brincando com eles para darem uma risadas ou ele estava realmente traumatizado. Verdade seja dita, era provavelmente uma combinação dos dois.

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Pelo lado positivo, Zane Garrett foi liberado para serviços leves pelo médico do Bureau ontem à tarde, e estava “oficialmente” de volta ao escritório. Ele havia ligado na noite do tiroteio, informando que encontrou uma carta que foi deixada em seu apartamento quando ainda estava cego, uma carta que lhes deu um nome. As impressões digitais não ajudaram; quem quer que tivesse usado o papel, não tinha ficha policial, então não havia como saber como o autor da carta tinha encontrado a casa de Zane. Isso ainda incomodava McCoy, bem como a equipe de Zane, que se ofereceram para continuar com a proteção dele. Teria dado muito trabalho manter Zane longe do escritório, com ordens médicas ou não, então McCoy aceitou Zane de volta - seu carro ainda estava MIA49 – e o deixou sentado, colocando suas habilidades cibernéticas para trabalhar em algumas fontes não tradicionais para obter mais informações, mantendo um olhar atento sobre ele. Descobriu-se que Pierce Sutton acabou por ser um jovem, e como o vento, não tinha qualquer endereço em seus registros escassos, ou nada que pudesse ser usado, e estava difícil de encontrá-lo. A busca continuava, assim como outros aspectos do inquérito, incluindo o que estava atualmente no topo da pilha da mesa de McCoy. McCoy apertou um botão para chamar Zane, abrindo um arquivo na frente dele. Teve uma resposta imediata. “Garrett”. “Venha até aqui,” McCoy grunhiu enquanto virava uma página. Ele não obteve uma resposta verbal, mas Zane estava em sua porta dentro de um minuto. Ele estava vestido casualmente, calça jeans preta e botas, saindo completamente da linha do código de vestimenta do escritório, e ainda parecia muito abatido, cabelos desalinhados e barba por fazer. McCoy ignorou a quebra no protocolo e acenou para Zane entrar em seu escritório. “Sente-se. Preciso de sua ajuda com algo.” Zane hesitou por um instante antes de entrar no escritório e sentar em uma das cadeiras. McCoy olhou para ele por um momento, em seguida, para baixo, para o arquivo espalhado em sua 49

Missing In Action – desaparecido em ação.

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mesa. O arquivo de Ty Grady. Estes dois eram como pára-raios, e ele não tinha certeza qual deles atraia mais tensão. “Você está bem, Zane?” Zane bufou baixinho. “Melhor.” McCoy assentiu, encarando Zane criticamente. Os olhos de Zane ainda estavam irritados o suficiente para que pudesse ver o vermelho a sete metros de distância, mas decidiu aceitar a resposta dele por agora. “Tem notícias de Grady?” Zane se endireitou na cadeira e fez contato visual. “Não, faz alguns dias.” “Nem eu; mas soube que ele não estava lidando muito bem com a situação. Seu telefone está desligado, e as mensagens estão indo para o correio de voz. Você soube que foi ele que dispaou aquele tiro no assalto ao banco, não é?” Zane ficou imóvel. Ele fazia isso por vezes, McCoy já tinha notado, porque era um contraste com os incessantes espasmos de Ty. “Não,” Zane respondeu, sua voz neutra. “Só ouvi que levaram uma pessoa em custódia.” McCoy balançou a cabeça e empurrou o arquivo. “Foi com um rifle sniper; um tiro impressionante, desarmou mas não a matou; ainda assim, ele não ficou bem em dar um tiro em uma criança, a partir do que os meus agentes estão me dizendo. De qualquer forma, não foi por isso que eu o trouxe aqui.” Ele virou o arquivo em torno de sua mesa. As páginas estavam cobertas com tinta preta, linhas e linhas de informação editada. “Ela?” Zane estava agora franzindo a testa profundamente. “Uma criança?” Ele olhou para o arquivo, e em seguida, para McCoy. McCoy olhou para ele com surpresa. “Você não sabia? Ela tem dezessete anos e tudo o que obtivemos dela é que há um líder não muito mais velho do que ela, e ela não sabe o por que ele tinha a intenção de ferir tantas pessoas; além disso, ela tem medo dele, e também deu a entender, quando ela estava sendo levada, que ele poderia ter algo contra você e Ty, porque vocês se tornaram as figuras que representavam a lei, por assim dizer. Estou surpreso que Grady não lhe 277

disse tudo isso. Assim que percebeu toda a extensão, ele foi corrrendo encontrá-lo, para se certificar que você não fosse um alvo colateral durante todo o caos.” Zane olhou para longe, em direção à janela de McCoy. Aos olhos de McCoy, ele parecia desconfortável, o que era incomum para o ultra controlado Zane Garrett. Mas ele teve uma semana de merda, e ficar cego balançaria a serenidade emocional de qualquer um. “Nós não conversamos muito,” Zane disse finalmente. “Ele tinha coisas para fazer, e eu tive que voltar para o UMMC.” McCoy balançou a cabeça, satisfeito com a resposta. Quem diabos poderia saber o que Ty estava pensando, afinal? Ele bateu com o dedo no arquivo. “Estou tentando ver se, no arquivo de Grady, tem qualquer coisa que possa conectá-lo ao garoto, mas como você pode ver, o seu arquivo é uma porcaria. Eu queria te perguntar se você sabe de qualquer coisa que possa ser relevante.” Zane olhou a papelada e a pilha de pastas espalhadas; em seguida, até McCoy. “Se esse é o arquivo de Grady, então não vou ser de muita ajuda.” A testa de McCoy franziu. “Você nunca viu o arquivo dele?” Zane balançou a cabeça ligeiramente, estremeceu, e parou o movimento com um toque em sua testa. “Não.” “Huh. Bem, você deve levar e lê-lo, Garrett; Grady é um maldito campo minado para se caminhar, sem ter nenhuma ideia do que está envolta,” McCoy grunhiu quando fechou o arquivo e o entregou a Zane. “Não há nada ai dentro que possa ajudar nesta investigação.” Zane olhou o arquivo em sua mão como se não soubesse o que fazer com ele, então o deixou levemente na borda da mesa de McCoy. “Então, há mais deles lá fora, e eles nos conhecem, Grady e eu; possivelmente sabem onde moramos; e é mais do que provável que queiram nos pegar especificamente,” ele resumiu, rosto estava sombrio. “Aposto que se antes não estavam, agora estão,” McCoy disse sem rodeios.

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Zane inclinou a cabeça de lado, com os olhos desfocados, enquanto pensava em algo. McCoy já tinha visto o homem reunir detalhes de arquivos de casos díspares, e levantar detalhes legítimos em investigações críticas. Perguntou-se o que Zane estava mastigando agora. “Onde está Grady?” Zane perguntou abruptamente. McCoy não conseguiu esconder sua surpresa e confusão. “Eu não sei, provavelmente em casa. Nós enviamos alguém a cada poucas horas para ficar de olho nele; a última equipe que tentou se aproximar, ele ameaçou de morte.” “Ele faria isso,” Zane murmurou, e se levantou. “Eu preciso entrar no ritmo dos casos, mas ainda vai levar um tempo,” ele disse, acenando com a mão a cabeça dele. “Dor de cabeça assassina.” McCoy assentiu, observando Zane com curiosidade. “Não force, vá para casa; vou mandar alguém dar uma olhada em você também.” Zane hesitou, aparentemente escolhendo as palavras antes de dizer: “Eu vou dar uma parada e ver Ty; tivemos uma semana infernal.” ”Pode ser uma boa ideia, talvez você possa aliviar a mente dele, foi um tiro limpo. Ninguém sabia que ela era uma criança.” “Ele fez o que tinha que fazer, o que era certo,” Zane disse calmamente. “Mas não significa que seja fácil.” Com isso, ele saiu da sala e, McCoy percebeu tardiamente, deixou para trás o arquivo pessoal de Ty. McCoy grunhiu enquanto franzia a testa para a pasta. Em sua opinião, Ty tinha mais em sua consciência do que o tiro que ele tinha dado há quatro dias. Muito mais. Ele estendeu a mão para o arquivo e o guardou no fundo da gaveta de sua escrivaninha, trancando-o.

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Capítulo 13 Enquanto estava do lado de fora da porta, Zane percebeu o quanto estava nervoso. Não estava com medo, não estava com raiva. Apenas nervoso. Ele não tinha visto ou ouvido notícias de Ty, desde o dia que voltou a ver. Quatro longos, solitários e miseráveis dias, que provaram a Zane o quão importante Ty era para ele. Toda noite, ficava deitado sozinho em uma cama fria, com uma lâmpada acesa, para que não ficasse no escuro; Zane tinha lutado para aceitar que, mesmo não intencionalmente, ele havia assustado Ty e precisava se desculpar. Ele pensou sobre a possibilidade de Ty não dar a ele outra chance, o que só tinha alimentado o medo irracional de Zane perdê-lo completamente. Zane tinha visto Ty facilmente perdoar e deixar algo passar, era um dos aspectos mais importantes da personalidade incomum de Ty. Mas Zane nunca tinha visto Ty ficar tão irritado a ponto de se afastar. Mesmo quando Zane tinha bebido no cruzeiro, Ty o arrastou para a piscina para que ficasse sóbrio, em vez de desistir dele. Então hoje, a notícia de Ty e a menina quase derrubou Zane quando percebeu exatamente com o que Ty tinha lidado naquele dia. Zane ficaria de joelhos e imploraria para voltar às boas graças de Ty, se fosse necessário. Mas, uma coisa de cada vez. Ele bateu com força na porta. Demorou um minuto antes da fechadura da porta girar. Quando Ty abriu a porta, ele não usava nada além de uma toalha, com riachos de água ainda escorrendo por seu peito e braços. “Garrett,” ele disse, surpreso. Com a visão de toda aquela pele gloriosa, o calor invadiu Zane tão rapidamente, que ele perdeu a noção do que havia planejado cuidadosamente dizer. Em vez disso, estendeu a mão, pegou Ty pela nuca e o puxou para perto, para que pudesse beijá-lo descaradamente.

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Ty se debateu e se esforçou para manter o equilíbrio. Zane percebeu que Ty estava com a arma na mão. Quando Zane recuou, olhou para a arma – que felizmente estava apontada para longe – em seguida para Ty por uma fração de segundo, antes de fazer o que veio fazer em primeiro lugar. Ele golpeou Ty. Ty cambaleou para trás, muito surpreso com ambos os ataques para se manter de pé. A arma foi deslizando pela madeira, e Ty acabou de costas no chão, com a toalha milagrosamente ainda envolta em torno de seus quadris. Zane ficou de pé perto da porta, tirou os seus Wayfarers50, e esperou um par de segundos, admirando a vista. “Não previu isso, não foi?” Ele perguntou, colocando as mãos nos quadris. Ty balançou a cabeça violentamente, como se estivesse tentando limpá-la, e se apoiou nos cotovelos. “Que diabos, Zane?” ele disse com a voz rouca, irritada. “Há um carro lá fora? As pessoas estão me olhando!” “É claro que não tem um carro, eu verifiquei; eles pararam de observá-lo após você ameaçá-los de morte,” Zane respondeu, dando um passo para dentro e chutando a porta para fechar. “Você – você passou todo esse tempo cuidando de mim, e então sumiu!” Zane acusou com um dedo apontado. “Você...!” “E você me deu um esporro e depois explodiu, e nem mesmo me deu a chance de pedir desculpas por ser um idiota,” Zane finalizou, sentindo a frustração começar a declinar. Estar com Ty fazia a diferença. “Mas, principalmente? Me bater enquanto eu ainda estava cego foi um golpe baixo, mesmo que eu merecesse.” Ele estendeu a mão para ajudar Ty a se levantar. Ty olhou para a mão e, em seguida, de volta para ele, incrédulo. “Isso deveria ser um pedido de desculpas? Deus, você é um babaca!” 50

O Ray-Ban Wayfarer é uma concepção de óculos fabricados pela Ray-Ban desde 1952. Desfrutaram de uma precoce popularidade na década de 1950 e 1960 e são, por vezes, citados como os óculos de sol mais vendidos da história.

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Zane olhou para ele, muito consciente do quão agradecido estava por poder ver o rosto de Ty novamente. Ele sonhava todas as noites com isso. “Não, não foi um pedido de desculpas.” Ele caiu de joelhos ao lado de Ty e tomou um respiração profunda. “Mas isso é: sinto muito por ter te assustado; não pensei sobre isso, e lamento que depois de todo esse tempo que você passou me apoiando, você tenha ficado decepcionado; e não sei como posso mudar isso, mas estou disposto a fazer o que for preciso para fazer as pazes com você.” Ty piscou, obviamente surpreso com o pedido de desculpas tão verdadeiro. Ele se ergueu, e se sentou, olhando severamente para Zane. “Isso foi melhor,” ele comentou com um breve aceno de cabeça. “Doeu?” “Ser atingido, bater em você, ou pedir desculpas?” Zane perguntou timidamente. Ty bufou e balançou a cabeça, olhando para fora da janela da frente. “Espero que todas tenham doido,” ele murmurou, descontente. Ele estendeu a mão e agarrou o ombro de Zane, usando-o para se levantar. “Como você chegou aqui? E por que você está aqui, além da urgente necessidade de me dar um sanduíche de dedos?” Ty perguntou, enquanto se afastava e caminhava pela casa, passando pela cozinha indo até a parte de trás. Sua voz estava baixa e controlada, quase desprovida de emoção. Isso significava que ele estava tentando esconder sua raiva ou mágoa. Tirando o fato de que Zane tinha acabado de aplicar um soco nele, se Ty ainda estava zangado com ele depois de quatro dias, Zane não tinha ideia do que podia fazer sobre isso. “Vim do escritório,” ele respondeu quando se aproximou dele. “Eu ouvi sobre o que aconteceu no banco.” Ty parou no balcão da cozinha, colocando as mãos sobre a bancada, ainda de costas para Zane. Ele estava tenso, os músculos das costas e ombros se contraindo enquanto segurava o balcão. A toalha estava perdendo a batalha contra a gravidade, e isso era uma distração para Zane, que estava decidido a ignorar. Por enquanto. Ele se aproximou lentamente, sem tentar abafar seus passos sobre a madeira, até que ficou a apenas uns centímetros atrás de Ty. Depois de um momento, estendeu as mãos para colocar 282

gentilmente em cada um dos ombros dele. Ele estava tenso como uma corda de arco sob os dedos de Zane. Dando tempo para Ty reagir, Zane lentamente deu o último passo para puxar Ty contra o seu peito e cuidadosamente fechar os braços em volta dele. Ele não tinha nada a dizer. Ele sabia que as palavras não ajudariam. Ty abaixou a cabeça, levantando uma mão para colocá-lo sobre a de Zane. A tensão nele começou a diminuir, e ele caiu contra Zane. Zane apertou seus braços e deu um beijo suave na orelha de Ty. “Eu estou aqui,” ele sussurrou. “Você levou um bom tempo,” Ty respondeu com a voz dura; virando a cabeça, seus lábios rasparam contra a bochecha de Zane. Dor espetou o peito de Zane. “Eu sinto muito,” ele respirou, apertando ainda mais seus braços. Ele queria perguntar por que Ty não tinha dito nada, por que não tinha ligado, mas eram perguntas estúpidas e não iriam fazer diferença agora. Ty tinha ido procurá-lo, e Zane não estava lá. Esse foi o pano de fundo. Ele precisava pensar em Ty agora, não em si mesmo. Ty balançou a cabeça, rejeitando o pedido de desculpas ou dizendo a Zane que não teria que pedir desculpas novamente. “Eu estou aqui agora,” Zane disse, tomando coragem no fato de que Ty não tinha empurrado. “Eles continuam colocando a foto dela no noticiário,” Ty disse em um ruído surdo. “Eu tive que desligar a TV, e desligar o telefone.” Por um momento, Zane ficou perdido, mas, em seguida, caiu em si. “Foi ruim?” ele perguntou em voz baixa, colocando o queixo sobre o ombro de Ty. “O tiro atravessou a articulação do ombro. Eu estava tentando me certificar que ela não puxaria o gatilho. Eles me disseram que o tiro destruiu as articulações – ela nunca mais vai usar aquele braço novamente.” “Mas ela está viva,” Zane apontou gentilmente. 283

Ty assentiu. Ele estava olhando para o balcão com devoção. Zane sentiu a tensão dele retornar. “O que diabos essas malditas crianças estão fazendo?” Zane balançou a cabeça, sabendo que Ty seria capaz de senti-lo. “Eu tentei ligar para você.” “Desliguei meu celular. Mac me expulsou, e o Sidewinder foi para casa,” Ty murmurou. Zane não perguntou se havia mais razões, além dos motivos que ele incluiu. “Temos uma linha de investigação para pegar o líder, e praticamente coincide com o esboço que tinha desenhado. Passamos os últimos dois dias tentando pegá-lo, ele não apareceu em nenhum dos lugares em seus registros, por isso não demos sorte, ainda; Mac disse que a menina tinha medo dele, ela não sabe por que ele queria machucar as pessoas.” Zane podia sentir Ty se enrolando como uma cobra prestes a atacar. Era dolorosamente óbvio que a raiva, a frustração, a culpa e, provavelmente, uma miríade de outras emoções vinha crescendo dentro dele nos últimos dias, possivelmente semanas. Ele levantou a cabeça e respirou devagar, descansando a cabeça contra o ombro de Zane, e a tensão inexplicavelmente diminuiu. Ele passou a mão sobre o rosto e se virou nos braços de Zane. “Não é típico de você engarrafar as coisas assim,” Zane disse, vendo os círculos escuros sob os olhos de Ty. Ty encontrou seu olhar em silêncio, e depois de um longo momento, serpenteou os braços em torno do pescoço de Zane, e o abraçou, enterrando seu rosto sob o queixo de Zane. Zane o manteve apertado, sentindo seus olhos arderem, mas determinado a não se mover até Ty estivesse pronto. Quando Ty finalmente falou, sua voz era abafada, com um toque irônico. “Desculpe-me eu ter enlouquecido com você.” Zane torceu o nariz. “Poderia ter sido pior; algo bom veio disso,” ele respondeu, abrindo os olhos, o alívio por ser capaz de ver ainda novo. “Você mereceu.” 284

“Não estou discutindo.” Ty levantou a cabeça para olhar para ele, finalmente o liberando e se encostou no balcão. Ele parecia gasto, física e emocionalmente. “Você está realmente melhor?” ele perguntou com preocupação sincera. “Os seus olhos?” Zane relaxou, embora estivesse preocupado com o estado de espírito de seu amante. “Ainda um pouco embaçado, mas quase de volta ao normal. O médico disse para não ficar surpreendido se houvesse um pouco mais de sangramento ou visão turva.” Ele deu de ombros quando levantou uma mão para tocar a bochecha de Ty. “Mais do que tudo, eu precisava vê-lo novamente,” ele sussurrou. Ty o recompensou pela honestidade com um sorriso melancólico. “Eu senti sua falta também. Imbecil,” ele complementou, o sorriso crescendo. ”Sim, eu mereço isso,” Zane murmurou enquanto acariciava seus dedos ao longo da maçã do rosto de Ty. “Eu posso ter deixado um hematoma aqui.” Ty revirou os olhos. “É claro que deixou.” Zane se inclinou e roçou os lábios suavemente sobre a bochecha abusada de Ty. Os olhos de Ty se fecharam, e Zane sentiu o arrepio percorrer seu corpo. “Assim é melhor,” Ty sussurrou, a voz foi áspera. “Você vai me deixar ficar?” Zane murmurou, passando os lábios na pele de Ty. “Não deixo você fazer nada, Zane,” Ty respondeu, em voz baixa e seca. Seus dedos deslizaram no cabelo de Zane. “Mas, eu realmente gostaria que você ficasse.” Zane inclinou a cabeça de lado. “Contanto que você queira.” A diversão brilhava nos olhos de Ty. “Você está praticamente se arrastando.” Zane murmurou em acordo. “Está funcionando?” “Estou achando estranhamente atraente,” Ty brincou. “O que posso fazer para ficar irresistivelmente atraente?”

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Ty olhou para cima como se estivesse refletindo sobre a questão. Então começou a sacudir a cabeça. “Não, muitas lembranças de trocadilhos horríveis.” Zane bufou, sentindo um pouco mais de tensão dispersar no ar com facilidade. Ele quase soltou uma resposta irreverente, mas em vez disso, disse, “Eu posso desistir deles se você quiser.” “Não, você não vai,” Ty disse com uma gargalhada. “Posso tentar,” Zane insistiu, baixando os braços para enrolá-los em torno da cintura de Ty. Ty revirou os olhos novamente, sorrindo agora e balançando a cabeça, exasperado. “Cristo, Zane, só me beije de uma vez.” Zane fez, grato, deixando-se levar pela possibilidade de Ty tê-lo perdoado. O perigo ainda pairava sobre suas cabeças, mas por agora, Zane estava com Ty em seus braços e não seria mandado embora ou deixado para trás. Ty parecia disposto a cooperar, devolvendo o beijo languidamente, enquanto suas mãos se moviam sob a jaqueta de Zane. Não durou quase tempo suficiente, antes dele se afastar e dar um tapinha no quadril de Zane. “Deixe-me dar um telefonema, ok?” Zane assentiu e o deixou se afastar, embora com relutância, enquanto Ty se afastava dele, dando a volta no balcão até um canto da cozinha onde mantinha seu carregador de telefone. Ele desconectou o telefone celular e fez a ligação, observando Zane enquanto esperava que atendessem. Era difícil de ler a expressão de Ty, e Zane sofreu um momento de incerteza, golpeado com a sensação de que ainda precisava pedir desculpas por alguma coisa. A conversa de Ty foi curta. “Ei, cara; preciso desmarcar com você hoje.” Ele olhou para baixo enquanto falava. “Não, tudo bem, eu só preciso cuidar de algo, e te encontro mais tarde, ok? Ok. Tchau.” Quando terminou a chamada, ligou o telefone de volta na tomada, então se inclinou sobre o balcão para olhar para Zane em expectativa. Zane resistiu ao impulso de se remexer. “Eu deveria estar pedindo desculpas... De novo?” 286

Ty balançou a cabeça. “Deuce,” ele explicou sem desviar o olhar. “Ele está na cidade por algum motivo de trabalho.” Embora Zane ficasse surpreso e satisfeito por saber que o irmão de Ty estava na cidade, ele não estava se importando naquele exato momento. “Não quero falar sobre o seu irmão,” ele conseguiu soltar, embora não de maneira uniforme. “Não?” Ty perguntou inocentemente. Finalmente, esse lampejo de malícia apareceu em seus olhos. Fiel à forma, ele estava gostando desses últimos momentos, uma forma de tortura para Zane, como se fosse uma vingança. Ele perdoava facilmente, mas não estava exatamente esquecendo. “Eu tenho o dia todo, Garrett; sobre o que você quer falar?” Zane sabia que estava sendo alfinetado. “Baby,” ele implorou. “Oh, você é lamentável. Está bem,” Ty murmurou, revirando os olhos enquanto caminhava ao redor do balcão. “Deixe-me colocar uma calça,” ele disse, e deu um tapinha no braço de Zane quando passou por ele, indo em direção às escadas. Zane o seguia de perto, chegando a arrancar a toalha enquanto subiam as escadas. “Você não precisa de calças,” Zane disse, começando a sorrir. “Na verdade, nem precisa disso.” Ty se virou para olhar para ele, nu na escada, imperturbável. Ele levantou uma sobrancelha, obviamente, tentando não sorrir. “É mesmo?” “É mesmo,” Zane assentiu, parando e passando a mão sobre a bunda lisa de Ty, acariciando-a e indicando com a cabeça o andar de cima. Ty bufou para ele teimosamente. “Bem, estou farto de marcas estranhas de móveis na minha bunda de qualquer maneira,” ele disse com um leve sorriso travesso. Ele virou-se e voltou a subir as escadas enquanto falava. “Ainda há pessoas que gostariam muito de nos matar, sabia; além dos colegas de trabalho aparecendo aleatoriamente para terem certeza de que estamos vivos.” Zane balançou a cabeça enquanto seguia Ty. “Neste momento, tudo o que me importa é você.” 287

Ty parou no topo da escada e se virou para olhar para ele. Ele ficou lá até que Zane estivesse apenas um degrau abaixo dele. “Você deveria tentar dizer coisas assim mais vezes.” Zane olhou para cima para encontrar seus olhos a sério. “Vou dizer.” Ty estendeu a mão para dar um puxão em seu cabelo; em seguida, virou-se e foi para o quarto. Zane tomou isso como aprovação e sorriu, seguindo-o sem parar, até que parou no limiar da porta. Inclinando-se lá, observou o fluxo ágil do corpo de seu amante, enquanto Ty puxava as cortinas da sacada e fechava as portas e, em seguida, se virava para Zane, no cômodo escurecido, usando aquele sorriso novamente. Zane imaginou que isso ou poderia predizer algo de bom para ele... Ou algo de muito bom. Dando um sorriso, se ajoelhou e começou a desamarrar uma de suas botas. Ty se moveu ao redor da cama, brincando com as cobertas, ajeitando a cabeceira. Ele não tinha nenhuma roupa para se livrar, e Zane se pegou assistindo em vez de se despir. Ele começou tirando uma bota e a jogou de lado, depois começou a tirar a outra. Talvez usasse mais os seus sapatos tradicionais e começasse a dirigir seu carro um pouco mais, uma vez que o pegasse de volta, em vez de andar em sua Valkyrie usando botas. Ele sabia que Ty aprovaria. Zane olhou para cima, e Ty levantou uma sobrancelha para ele. Ele estava de pé ao lado da cama, esperando pacientemente. Tão pacientemente, que parecia quase suspeito. Distraído ao observá-lo, Zane desacelerou enquanto tirava a outra bota e a jogava de lado no tapete. “O que foi?” Ty balançou a cabeça. “Apenas esperando por você, Natal.” Em vez de se levantar, Zane acenou para Ty. “Venha aqui,” A cama estava próxima – Ty poderia sentar ficar na altura certa; Zane estava de joelhos, e seria capaz de tocar e ver tudo o que queria. Se Ty cooperasse. Ty se moveu para ficar na frente dele e correu uma mão no cabelo de Zane carinhosamente. Zane sorriu e estendeu a mão para deslizar nas coxas de Ty. “Você tomou conta de mim por mais de uma semana, por que você apenas não me deixa observá-lo por um tempo?” 288

Ty inclinou a cabeça e olhou para Zane, perplexo. “Eu estava imaginando menos conversa e mais ser jogado na cama quando chegássemos aqui,” ele disse ironicamente, rodando uma mecha do cabelo de Zane em torno de seu dedo. “O que você tem em mente?” Zane decidiu que preferia mostrar do que contar. Ainda segurando as pernas de Ty, se inclinou para frente e lambeu uma longa faixa de pele da coxa de Ty, e depois, arrastou a língua ao longo da pele macia, muito próximo de seu pênis. Ty agarrou seu cabelo, e resfolegou suavemente quando seu corpo ficou tenso. Encorajado, Zane baixou a cabeça e repetiu o movimento do outro lado, desta vez se inclinando ainda mais entre as pernas de Ty, para sentir delicadamente seu cheiro. Ele ouviu Ty recuperar o fôlego, o que ajudou a reforçar os nervos que vibravam em seu estômago. Esta era a primeira vez que tentava fazer isso. Quando a mão de Ty apertou ainda mais seu cabelo, Zane poderia dizer que ele estava tentando desesperadamente ficar quieto. Zane tentou não sorrir. “Quer sentar-se?” ele perguntou observando o corpo de Ty, enquanto murmurava perto da ereção dele. Ty assentiu, mas não fez o movimento. “Eu prometo que não vou parar,” Zane disse, e se inclinou para trás, empurrando um pouco os quadris de Ty. A cama estava a apenas dois pequenos passos atrás dele. Ty deu um grande passo para trás e sentou-se pesadamente. Seu famoso sorriso estava muito longe. Zane pensou que poderia ter pego um vislumbre de preocupação nos olhos dele, mas era difícil dizer. Aparentemente, Ty – ou o seu corpo – estava aprovando a escolha das atenções de Zane: ele estava duro como uma pedra, e havia um ligeiro tremor em suas mãos. “Relaxe,” Zane disse quando ficou ajoelhado entre os joelhos de Ty. “Você não precisa fazer isso,” Ty sussurrou com um aceno de sua cabeça. Zane apoiou um braço sobre o joelho de Ty e encontrou seus olhos. “Eu quero,” ele disse simplesmente. E fez. Ele havia pensado sobre isso várias vezes, e praticamente tinha se transformado em uma espécie de desejo. Um desejo que deixava Zane duro sempre que pensava em fazer isso para Ty. Ele queria estar de joelhos para ele. 289

Ty se apoiou sobre os cotovelos, os olhos ainda fixos em Zane. Zane tomou cuidado para não quebrar o contato visual quando abaixou a cabeça, pegou Ty em sua mão, e lambeu ao redor da cabeça inchada do pênis dele, de forma lenta e deliberada. Seu estômago se apertou com um amontoado de nervos, necessidade, desejo e excitação. Ty prendeu a respiração e ergueu o queixo, os olhos se fechando. Zane podia sentir os músculos em suas coxas tensas enquanto tentava conter seus movimentos. Zane usou a mão livre para acariciar ao longo da perna dele, e depois até sua barriga, quando fechou a boca sobre o pênis, e sugou timidamente. Ty parecia muito maior quando estava entre os lábios de Zane. Era uma sensação estranha, a cabeça do pênis de Ty em sua língua. Mas gostava. Ele gostou da forma como enchia a sua boca e a forma como a pele era suave contra seus lábios. Estava até gostando do jeito que podia provar o sêmen de Ty vazando na ponta de sua língua. A mão de Ty deslizou em seu cabelo novamente, o punho apertado, mas não estava tentando afastar a cabeça de Zane. Foi reconfortante, e Zane estava decidido a descobrir o que podia e o que não podia lidar, o que ele gostava, e o mais importante, o que fazia Ty tremer sob suas mãos. Era quente e úmido, e a sensação de Ty se contorcendo em sua língua quase fez Zane se perder. Sentir as reações de Ty estava deixando Zane tão excitado que estava sofrendo, e se moveu um pouco de lado, para desabotoar sua calça jeans e obter algum alívio. Ty amaldiçoou baixinho, levantando seus quadris levemente enquanto se contorcia. Zane gemeu com a reação dele e agarrou a si mesmo quando moveu sua outra mão para se espalhar sobre a barriga de Ty, acompanhando os movimentos. “Porra, Zane,” Ty engasgou, com a voz tensa. Os músculos sob a palma de Zane estavam tensos, enquanto Ty se contorcia novamente. Ele poderia ter feito tudo o que podia para impedi-lo de mover os quadris, mas tornava-se óbvio que era uma batalha perdida. Zane tirou o pênis de Ty de sua boca e a limpou com as costas da mão. “Vá em frente e se mova, não vou deixar você me sufocar,” acrescentou, antes de envolver a mão em torno do eixo de Ty, usando a boca para cobrir a cabeça. Ele podia sentir o gosto de Ty ainda mais agora, aquele 290

tempero estranho em sua língua, e ele gemeu. Ele pensou que poderia gostar se sentir o gozo de Ty em sua boca, mas não era tão valente assim. Ainda. Ty ecoou seu gemido, um pouco mais desesperado. Ele estendeu a mão para agarrar Zane, os dedos arrastando contra o ombro de seu amante enquanto levantava seu quadril da cama. Zane levantou seus olhos para vê-lo, queria observá-lo, queria ver tudo acontecendo. Ty estava com a cabeça de volta na cama, com o queixo saliente para cima, os lábios entreabertos, enquanto gemia. Cada músculo em seu corpo estava tenso. Ele respirava asperamente e olhou para Zane quando o sentiu se mover. Ele estendeu a mão e apertou a palma da mão contra a bochecha de Zane. Zane virou o rosto na mão de Ty, esfregando, e depois de mais alguns momentos, deixou lentamente o pênis de Ty deslizar de sua boca e, em seguida, lambeu os lábios quando começou a bombear seu punho sobre o pênis de Ty, do jeito que ele gostava. Ty gemeu e agarrou o cabelo de Zane, puxando sua cabeça para trás enquanto se sentava. “Venha aqui,” ele disse, com a voz baixa e rouca. Zane o soltou e se levantou com um estremecimento do chão, e se arrastou com cuidado por cima de seu amante. Ty deslizou uma de suas mãos no corpo dele, sob a camisa para tirá-la, enquanto a outra mão calejada se arrastava na pele de Zane. Ele estava observando o rosto de Zane, os lábios que se separaram como se estivesse antecipando um beijo. Era mais do que Zane podia resistir. Ele se inclinou para beijar Ty devagar e cuidadosamente, apertando sua virilha contra a coxa musculosa dele. A pressão forçou outro gemido de Zane, e ele suspirou contra os lábios de Ty. Ty puxou a camisa dele, tentando tirá-la, mas relutante em quebrar o beijo. Ele rosnou em frustração. “Tire isso agora,” ele ordenou, e empurrou a calça jeans de Zane. “Eu lhe disse para parar de usar tantas roupas, maldição!”

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Zane bufou e se arrastou para fora da cama apenas o tempo suficiente para arrancar a camisa e empurrar sua calça jeans e cuecas para baixo. Em seguida, estava de volta sobre Ty, esfregando pele sua quente contra a dele. Ty se enrolou no corpo dele, o movimento de seus corpos eram tão familiares e naturais. Ele murmurava contra o beijo, premiando Zane com um suspiro grato. Zane gemeu alegremente. Era tão bom. Ele estava ficando cada vez mais acostumados com essa felicidade flutuante, e puro... contentamento se espalhava por ele sempre que estava perto de Ty – com sexo ou não. E cada toque deixava Zane muito mais determinado a nunca deixá-lo ir. “Baby,” ele respirou. “Eu preciso de você.” “Eu sei,” Ty murmurou, e beijou Zane com vontade enquanto uma mão se atrapalhava ao redor deles na cama, procurando aquele pequeno tubo de lubrificante que havia deixado ali mais cedo. Zane deu várias respirações lentas e profundas, tentando se acalmar. Ele não tinha certeza se tinha algum tempo ou quase nenhum, antes que perdesse o controle. Ele gemeu e colocou sua testa no ombro de Ty. Ty colocou seus braços em volta dele, e então começou a empurrá-lo de lado, deixando seus corpo colados um ao outro, enquanto murmurava algo incoerente. Zane se deixou conduzir e deitou no colchão ao lado dele, as pernas enroscadas com as de Ty. “Foda-se,” Zane gemeu quando seus membros se tocaram, e ele estava pronto para agarrar ambos ali mesmo e masturbá-los até que ele e Ty gozassem gritando. Ty passou seus dedos entre eles, deslizando pela pele, e logo depois agarrou o quadril de Zane, que respirou pesadamente. Ty jogou a perna por cima da coxa de Zane e flexionou o quadril. “Nós não vamos nem conseguir encontrar o lubrificante, não é?” Ty perguntou com a voz áspera, divertido, apertando o nariz contra Zane, deixando seus lábios se arrastarem. ”No segundo round,” Zane prometeu arrastando os dedos no peito de Ty, até apertar o pênis de seu amante. “Por favor,” ele implorou, engatando seus corpos.

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Ty gemeu contra os lábios dele e o beijou novamente. Ele pegou a nuca de Zane, e o trouxe mais perto. A outra mão deslizou entre seus corpos novamente, os dedos acariciando, e a palma deslizando para cima e para baixo, entre as pernas de Zane. Zane estremeceu quando tocou Ty da mesma forma, a eletricidade do toque de Ty corria como um espiral através dele, fazendo com que se contorcesse e ofegasse, endurecendo ainda mais, quase à beira do orgasmo. “Vamos lá, baby,” Ty murmurou, beijando-o às pressas, o masturbando mais forte. Um grito saiu da boca de Zane, antes que pudesse se impedir. O contato repentino do corpo duro de Ty contra seu pênis dolorido era demais para suportar, e Zane fechou os punhos contra as costas de Ty, e gritou sem palavras enquanto jorrava nas mãos dele. Ty continuou incansavelmente, acariciando, seus dedos se arrastando contra o abdômen de Zane. Zane mal registrou quando Ty o empurrou de costas, de tão entusiasmado que estava. Ele tentou beijá-lo também, mas estava tremendo muito, para manter suas mãos estáveis. Os dedos de Ty estavam em seu rosto novamente. Ele segurava a cabeça de Zane enquanto o beijava, mantendo-o sob seu corpo, seus beijos cada vez mais frenéticos e de tirar o fôlego. Zane foi arrastado para ele, se entregando totalmente a Ty, tonto com o seu orgasmo e superaquecido pela união de seus corpos. Levou algum tempo para Zane registrar que Ty estava falando entre os seus lábios frenéticos. O que ele estava dizendo, Zane não poderia decifrar, mas conseguiu entender as palavras “senti a sua falta” e “amor” entre elas, e de repente seus olhos arderam e seu peito se apertou. Sua garganta ficou sufocada, e Zane estendeu a mão para envolver seus braços em torno de Ty e puxá-lo para mais perto. Ty rosnou, e se esfregou contra Zane, usando a musculatura dura de Zane em busca de mais atrito. Ele deslizou as mãos sob os braços Zane, o ancorando contra o seu corpo, e agarrou os seus ombros novamente. Era uma posição que já tinham feito algumas vezes, e seus corpos se fundiam bem. É claro que, geralmente Ty estava enterrado até as bolas dentro de Zane neste ponto, e a sensação de seu pênis, em vez do roçar de sua virilha era emocionante e erótico, como se Ty o quisesse tão desesperadamente para se importar com a forma como ambos gozariam. Ty 293

mordeu o lábio inferior de Zane, enfiando a língua na boca dele, do mesmo jeito que provavelmente queria empurrar outra coisa dentro dele. Essa ação se infiltrou através da paixão e Zane se sentiu desejado, necessário e amado, e acabou soltando outro gemido. “Ty,” ele gemeu quando suas bocas se separaram. Ty abaixou a cabeça e apertou sua bochecha contra a de Zane, cessando os movimentos frenéticos por um momento enquanto o mundo se movia um pouco mais lentamente em torno deles. Então, Ty suspirou contra a orelha de Zane e se moveu sobre ele, seus corpos deslizando juntos. Zane tentou se concentrar no que Ty estava fazendo, mas ainda estava tonto e fraco. Ele conseguiu espalhar suas pernas, dando a Ty mais espaço entre elas. Ty virou a cabeça novamente, rindo sem fôlego. “Eu não duraria nem cinco segundos se fôssemos transar agora,” disse a Zane, tenso. “Eu entendo totalmente,” Zane disse com um meio sorriso. “Deixe-me ajudar, baby.” Ty se moveu para cima, e, em seguida, os rolou, puxando Zane com ele, até que ambos estavam de lado novamente. Zane estendeu a mão para pressionar as palmas das mãos no peito de Ty, sentindo o movimento de sua respiração. Ty jogou a perna sobre a Zane, se empurrando com força contra o corpo dele. “Sim,” Zane vaiou, agarrando a coxa de Ty e adicionando um pequeno empurrão em seus quadris. “Cristo, Zane,” Ty engasgou desesperadamente. Seus dedos foram até as costas de Zane, suas unhas curtas arranhando sua pele, enquanto procurava algum alívio. Ty nunca causava dor intencionalmente na cama, de forma que ele tinha que estar muito longe em seu prazer, para não ter noção do que estava fazendo. Zane fechou os olhos e estremeceu. A dor aguda se misturou com a excitação que ainda lambia em seu corpo. Ele sentiu que estava prestes a gozar, gemeu alto e agarrou Ty, tentando obter mais estímulos, mesmo que nada saísse dele. Desta vez, de qualquer maneira. Ty arqueou as costas, e o movimento de seu quadril se tornou mais irregular. Seu pênis deslizou contra o de Zane, duro e exigente. Ele puxou Zane mais perto, beijando-o, possessivo, os 294

dedos cavando e arranhando. Ele quebrou o beijo com um suspiro afiado e gemeu alto, o som quase desesperado, e Zane sentiu o jorro quente de sêmen se espalhando contra sua barriga. Zane beijou a mandíbula e a garganta de Ty silenciosamente, impressionado com o quão incrível eles eram juntos. Zane empurrou o rosto na pele suada na curva do pescoço de Ty e o segurou firme. Ty ainda estava respirando com dificuldade, arrepios correndo através de seu corpo, quando abraçou Zane. Eles ficaram abraçados pelo que pareceu ser um longo tempo, tempo suficiente para Ty normalizar sua respiração e para o ar fresco se tornar perceptível em sua pele nua. Finalmente, Ty se moveu apenas o suficiente para deslocar o braço em uma posição mais confortável e manter Zane mais perto. “O que motivou isso?” ele perguntou com a voz baixa. Zane não tinha certeza de que poderia vocalizar as palavras que estavam zunindo em sua mente como um Tilt-A-Whirl51. “Senti saudades,” ele soltou. Sussurrando, disse, “Medo de perder você.” Ty suspirou profundamente, seus ombros caindo enquanto seu aperto em Zane diminuía. “Estamos muito nus para discutir agora, mas, definitivamente teremos uma conversa sobre fornecer favores-sexuais-para-manter-meu-interesse,” ele murmurou. Suas palavras foram provocativas, mas o tom era decididamente menos alegre. “Não é apenas sobre me desculpar ou manter o seu interesse,” Zane tentou oferecer em sua defesa. “Eu já estava ficando tão excitado só com o pensamento de como seria chupar o seu pau que eu mal podia suportar mais.” Ty ficou em silêncio, e nem parecia que estava respirando enquanto refletia sobre o que Zane tinha dito. Depois de alguns momentos de tensão, soltou o ar que estava prendendo e riu. “Inferno, Zane, por que não me contou? Eu poderia ter te ajudado mais cedo.”

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Brinquedo de parque de diversões, do estilo Xícara Maluca.

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Zane torceu o nariz e deu de ombros levemente sob o peso de Ty. “Levei um tempo para trabalhar a ideia em minha cabeça; por alguma razão, é mais... Eu não sei, mas soa muito íntimo, eu acho; mais do que apenas transar.” Ty virou a cabeça, olhando para Zane, pensativo. Ele apenas acenou com a cabeça discretamente, e passou os dedos pelo cabelo dele. Parecia o momento para dizer o “eu te amo” novamente, e Zane suspeitava que era o que Ty queria dizer. Então, agora, ele apenas deixou as palavras para Zane. Era a hora. Já havia pensado nisso até a morte, tentou argumentar se estava certo ou errado, trabalhou para deixar o passado ir e viver no agora; mastigou sobre os seus medos e sobre ser digno de Ty. Zane engoliu em seco, respirando rápido para acabar com a descarga de adrenalina. Lutar ou fugir, ele pensou distante, seu pulso rugindo em seus ouvidos. “Você está bem?” Ty perguntou, lendo-o muito bem. Zane fechou os olhos por um segundo, então piscou e os abriu, e acenou com a cabeça, mas parou e deu um meio encolher de ombros. “Estou um pouco...Sobrecarregado,” ele murmurou. Ty estendeu a mão e passou os dedos levemente sobre o rosto de Zane, arrastando delicadamente ao redor dos olhos. “Você está conseguindo dormir?” ele perguntou severamente, como se já soubesse a resposta. Zane virou seu rosto na mão de Ty, buscando mais contato. Ty o conhecia muito bem, melhor do que Zane conhecia Ty. “Na verdade, não,” Zane admitiu. “Muito ansioso para relaxar, eu acho.” “Foi o que pensei,” Ty respondeu com um aceno lento. Ele se levantou, puxando seu braço sob Zane, e sentou-se. “Fique,” disse a Zane, se levantando e saindo do quarto. Zane deitou contra os travesseiros e fechou os olhos. Ele praticamente podia ouvir seu coração batendo, e estava batendo tão forte. Ele virou o rosto no travesseiro e respirou o cheiro familiar de Ty. Seus nervos ainda estavam agitados, e sabia que teria que lidar com o pânico em 296

breve. O alívio intenso do indulto momentâneo foi tingido com uma decepção estranha, e descobriu que queria compreender este momento e trazê-lo de volta, fazê-lo de forma diferente. Zane não abriu os olhos até sentir uma toalha sobre sua barriga. “Você tem esse olhar,” Ty observou à beira do cama, olhando para Zane com preocupação. Zane lutou contra o reflexo de limpar suas emoções de seu rosto e ofereceu um pequeno sorriso. “Eu?” Mas Ty não devolveu o sorriso. Sentou-se, e, em seguida, se estendeu ao lado de Zane na cama. “Parece que você está prestes a cut and run52,” ele observou de forma quase sem expressão. Desta vez, Zane reprimiu sua reação. “Fui eu quem veio aqui procurando por você, lembra?” Era quase impossível decifrar o que Ty estava pensando quando observava as reações de Zane, e Zane sentiu um momento de frustração por Ty conseguir bloqueá-lo tão facilmente. Ty sentou-se de repente, e se esticou até o pé da cama onde sempre mantinha uma colcha dobrada. Ele a sacudiu e se deitou com ela, puxando-a sobre eles; se virou para Zane e apoiou a cabeça no ombro dele. Sem saber o que fazer ou dizer, Zane simplesmente fechou os braços ao redor de Ty. Ele virou a cabeça e deu um beijo na cabeça de seu amante. De repente, havia todos os tipos de palavras que se aglomeraram em sua língua; entretanto, não conseguia expressar uma única palavra, muito menos as três que provariam que ele sabia que a melhor coisa que aconteceu com ele, em toda a sua vida, estava ali em seus braços.

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Como já vimos no primeiro livro, é uma gíria: cortar e escapar – desistir, fugir.

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Capítulo 14 “Esta é a WBAL TV, 11 News do canal 6, e eu sou Alicia Harrison. Boa noite.” Uma foto de uma mulher loira, jovem e muito atraente, com um corte de cabelo curto, aparecia sobre o ombro da repórter. “A Agente Aspecial do FBI Lydia Reeves de Baltimore, morreu aos vinte e sete anos de idade. Reeves foi um dos seis policiais feridos no primeiro bombardeio no complexo de lojas no Inner Harbor pouco mais de uma semana atrás. Depois de oito dias em coma no Maryland Medical Center na UTI, ela faleceu na noite passada, como resultado de seus ferimentos. Ela deixa um marido.” O imagem mudou para a de um homem de aparência sombria em um terno escuro. A legenda no vídeo indicava como sendo o Representante do FBI. “A Agente Reeves foi um belo exemplo para o FBI e de aplicação da lei,” disse o homem com um flash de dentes brancos e brilhantes. “Seu serviço para a cidade é inestimável, e ela fará muita falta.” A repórter reapareceu. “Reeves foi a terceira pessoa morta com a sequência ainda inexplicada de atentados que tem aterrorizado Baltimore. A polícia suspeita que um recente assalto a banco mal sucedido possa estar relacionado com os atentados.” A imagem mudou, exibindo agora o chefe da polícia de Baltimore. “Estamos seguindo todas as pistas, e a possibilidade dos bandidos estarem usando a técnica de dividir para conquistar não está descartada.” “Então a recente onda de assaltos a bancos e os atentados podem estar conectados?” perguntou a repórter. ”Nós não estamos descartando nada neste momento,” disse o chefe, repetindo com paciência já gasta. “Os planos de contingência para as situações de emergência permanecem os mesmos.” 298

“O que você quer dizer com táticas de dividir e conquistar?” “É bem simples,” disse o chefe de polícia. “Ao dividir a nossa atenção, eles podem praticar seus crimes com menos atenção de nossa parte.” O vídeo voltou para o estúdio. “Após esta tragédia mais recente, as autoridades estaduais e federais locais, anunciaram que todos os recursos disponíveis estão sendo desviados para encontrar a fonte dos atentados.” O representante do FBI apareceu novamente. “Nós estamos fazendo tudo o que pudermos para proteger todos os homens, mulheres e crianças de Baltimore, para impedir essa ameaça. Não descansaremos enquanto isso não acabar. Devemos isso a Baltimore, e devemos isso a Lydia Reeves.” A imagem final era a exibição de uma bandeira americana voando por cima do ombro do repórter. “O funeral da Agente do FBI, Lydia Reeves, será ao meio-dia de amanhã no Green Mount Cemetery, e será fechado ao público.”

***** Com um grunhido de frustração, Zane desfez o laço, que estava tentando dar pela terceira vez na gravata, e começou tudo de novo. Ele esteve um pouco desligado durante toda a manhã, e não se surpreendeu quando em vez de fazer a barba de dias e se livrar completamente dela, apenas deu uma aparada. Funerais faziam isso com as pessoas, mesmo quando você não era próximo do falecido. No seu caso, ressuscitava lembranças que desejava que ficassem enterradas, como as memórias de um funeral de outra mulher, em um dia atipicamente frio e úmido no Texas. O fato desta manhã ter amanhecido fria e sombria, com a iminência em potencial de granizo ou neve no ar,

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definitivamente não ajudava. O funeral de Lydia Reeves era em duas horas, e seria um dia incômodo, longo, e emocional. Zane estava divagando quando ouviu uma batida firme e saiu do banheiro pequeno, indo até a sala de estar. Ele pegou sua Glock que estava na estante antes de abrir a porta, pois ainda não tinham encontrado o autor da carta. Um fuzileiro naval estava na varanda. Usava um quepe branco com a borda preta e uma águia dourada no centro, junto da âncora e o globo. O uniforme era de gola alta, na cor azul meianoite com as bordas em vermelho, que se destacava contra a pele bronzeada e bem barbeada; os botões dourados eram redondos e fechavam a casaca frontalmente. Uma pilha de fitas pairava sobre o seu coração, e uma divisa vermelha, em cada um de seus braços, exibiam três chevrons53 em dourado, abaixo de duas marcas cardeais. Ele usava luvas brancas imaculadas que desapareciam nas mangas do casaco comprido. A jaqueta do uniforme se estendia até o quadril, que era transpassado por um cinto branco impecável, com uma fivela de ouro com a insígnia dos fuzileiros. A calça era azul marinho, que contrastava com uma faixa escarlate na lateral, na parte externa das pernas, e os sapatos pretos estavam brilhando. Zane encarou fixamente. Ty Grady vestido em tons de azul era uma visão gloriosa. “Nossa!” Zane disse em apreciação sincera. Ty inclinou a cabeça, um leve sorriso contraindo os lábios. “Bom dia,” ele ofereceu, os olhos percebendo o nó mutilado no pescoço de Zane.

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Chevron - padrão em forma de V usado como insígnia de posto militar ou policial, na manga do

uniforme.

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O olhar de Zane seguiu o dele, e com um acesso de raiva, arrancou a gravata de seu pescoço e deu um passo para trás, acenando para Ty entrar. “Precisa de ajuda?” Ty perguntou quando passou pela porta, fechando-a atrás de si. Ele tirou o quepe da cabeça e o enfiou debaixo de um braço, um movimento que Zane tinha visto muitas vezes antes, mas nunca tinha apreciado sua plenitude até agora. “Aparentemente,” Zane concordou trancando a porta. “Mas não com esta.” Ele queria voltar para o quarto e pegar outra gravata, mas ainda não conseguia afastar seu olhar. A última vez que Zane tinha visto um desses uniformes azuis, foi do noivo, no casamento de sua irmã. Ele sabia o suficiente sobre chevrons e divisas para classificar Ty como sargento, mas ele não tinha conhecimento sobre a fileira impressionante de fitas, além da fita roxa logo acima do coração, bem reconhecível na linha superior. Zane estendeu a mão com cautela, tocando levemente. Ty sorriu gentilmente, deixando-o tocá-la. “Altivas, não são?” ele disse ironicamente, e não tinha o som de quem ostentava. ”Não há medalhas?” Zane perguntou, pois sabia que a maioria das fitas tinha as suas medalhas correspondentes, embora os militares usassem uma ou outra, ou ambos. “Estão em casa, as fitas não tilintam.” Zane assentiu. “Parece bem arrumado, Marine,” ele cumprimentou com um pequeno sorriso. “Há alguma regra sobre beijar usando uniforme?” “Não que eu saiba,” Ty respondeu, sorrindo ainda mais. Zane riu e se inclinou para beijar Ty cuidadosamente, não querendo se agarrar nas fitas ou nos botões. Ele podia sentir Ty sorrindo contra seus lábios, e Ty o puxou para mais perto. Zane murmurou sua apreciação e passou os braços em torno de Ty frouxamente. A lã do casaco era suave sob os dedos de Zane, o bordado um pouco menos, mas os lábios de Ty ainda eram quentes e macios contra os dele. “Você também está muito bem,” Ty murmurou contra seus lábios.

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Zane o beijou ainda mais como agradecimento. Era apenas um belo terno, um que não usava muitas vezes, na cor preta intensa - a ponto de quase perecer com um azul meia-noite ou indigo, no brilho direito de luz - era mais adequado a determinadas ocasiões do que no trabalho. Ele escolheu uma camisa cinza e estava atrapalhado tentando colocar uma gravata na cor prata, mas discreta. Ty passou a mão sobre o peito de Zane e murmurou. “Eu sei qual gravata irá funcionar.” Ele entregou a Zane seu quepe e se afastou, indo para quarto de Zane. Zane girou o quepe em suas mãos, enquanto observava Ty se mover em sua sala. Ele caminhava de forma diferente, Zane observou. Mais empertigado, os ombros mais enquadrados, os passos mais comedidos, com uma gravidade que Ty normalmente descartava. Era mais do que uma mudança sutil, que estranhamente parecia se adequar a ele. Algumas pessoas nasceram para ser Marines. Ty era um delas. De repente, Zane foi atingido com o pensamento de que era uma tragédia Ty não estar mais na Marinha. A nota de melancolia que tinha notado nos olhos de Ty em uma ocasião fazia todo o sentido agora, e essa percepção se estabeleceu infeliz na boca de seu estômago. Ty era feliz nos fuzileiros navais. Ele devia sentir falta. Ty voltou um momento depois segurando uma gravata preta estreita com quadrados prata e linhas cinza escuro entre eles. Era uma das gravatas de Ty, e o canto da boca de Zane se curvou, porque ele provavelmente tinha dez ou doze diferentes gravatas na gaveta de Zane. Pelo menos uma vez por mês, uma era arruinada entre o trabalho e a falta de paciência de Ty no final de um dia longo de trabalho. “Ok,” ele concordou, estendendo uma mão. Ty balançou a cabeça, deslizando os dedos na seda cara da gravata. Ty não se vestia para impressionar todos os dias, mas quando o fazia, era para arrasar. Ele levantou a gravata e a envolveu em torno do pescoço de Zane, olhando-o nos olhos com um sorriso. “Vire-se. Vou amarrá-la.”

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Zane revirou os olhos, mas se virou conforme as instruções, ficando de frente para a bancada. Ele adorava quando Ty fazia isso. Ty deslizou as mãos sob os braços de Zane, pressionado contra as costas dele para colocar a gravata. Seus dedos foram rápidos e se moviam com destreza enquanto amarrava, e Zane podia sentir seu nariz e queixo se pressionando contra a parte de trás de seu ombro. Quando terminou de dar o nó, ele deu um passo para trás e virou Zane; então, alisou a gravata e a endireitou. Por fim, deu um aceno de satisfação. “Passei na inspeção?” Zane perguntou. “Agora vai passar,” Ty respondeu enquanto olhava Zane de cima a baixo. Ele pegou o seu quepe de Zane e o colocou debaixo de seu braço. “Você está pronto?” “Não,” Zane disse honestamente. “Mas, de qualquer maneira, está na hora de ir.” Ty acariciou sua bochecha com simpatia. O departamento inteiro estava de luto, e Zane foi a última pessoa a ver Reeves consciente na loja, pouco antes da bomba explodir. Zane ainda ficava abalado quando lembrava. O funeral ia ser um grande espetáculo público: os Agentes do Bureau junto de outras agências de aplicação da lei, era uma oportunidade irresistível para o RP – e como não havia nenhuma maneira de manter afastada a imprensa – câmeras por toda parte. Zane estava tentando não pensar muito sobre a possibilidade muito real de ser um alvo no funeral. “Vamos acabar logo com isso, então,” Ty murmurou. Seus olhos eram de um verde profundo, tendendo para o azul hoje, e apesar do uniforme fazer algo espetacular para o seu porte, o ar ao seu redor estava desgastado e no limite. Não pela primeira vez, Zane se encontrou preocupado com o bem-estar geral de Ty. Seu parceiro não estava bem, e Zane não sabia o que fazer para ajudá-lo. Ty se virou e dirigiu-se para a porta enquanto Zane colocava o paletó de lã pesada. Zane verificou novamente a carteira, o crachá, o telefone, e arma de fogo, e seguiu Ty para fora.

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***** O túmulo ficava sob um bosque de carvalhos gigantes. A sombra seria ótima no verão mas, por enquanto, os galhos nus estendiam os ramos para o céu totalmente nublado e cinza. Green Mount era um belo cemitério e de grande importância histórica, repleto de monumentos e mausoléus que davam um ar solene de beleza. Mesmo agora, no auge do inverno, a grama era verde, molhada e brilhava com o orvalho nos caminhos desiguais do calçamento cinza. Lápides e estátuas numerosas ficavam de vigília sobre os túmulos de mármore, incluindo as estrelas do rock que povoavam o cemitério; entretanto, nenhuma outra alma vivente estava presente. Os carregadores do caixão se moviam silenciosamente contra a multidão depois de colocarem cuidadosamente Lydia Reeves em seu destino, com uma bandeira adornando o caixão, e foi quando o sacerdote começou a falar. Zane observou que o homem tinha uma voz boa; ecoava perto do túmulo, ao lado da família sob o toldo verde, assim como alcançava a multidão que estava pé em pequenos grupos no meio das outras lápides e monumentos. Ele estimou que havia pelo menos uma centena de presentes, muitos do Bureau, amigos variados, e os familiares, que estavam reunidos próximos do túmulo para o serviço. A imprensa foi surpreendentemente atenciosa, sem se aproximar da família ou de quaisquer participantes; estavam próximos apenas um par de câmeras de vídeo digitais, executando silenciosamente o trabalho. O ministro não falou por muito tempo. Ele acenou para uma mulher que estava por perto, ela leu o vigésimo terceiro Salmo, e depois abaixaram a cabeça para a oração final. No amém, a gaita de foles, posicionada discretamente do outro lado da multidão, chiou à vida, e Zane não pode reprimir um arrepio quando começou o tradicional “Amazing Grace.” Dois soldados em uniformes de gala, agentes que Zane reconheceu do trabalho, se moveram para levantar e dobrar a bandeira americana.

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Um movimento de Ty chamou a atenção de Zane, e quando olhou para ele, uma emoção súbita e inesperada correu por ele. Ty havia se aproximado do caixão, seu corpo estava esticado em uma saudação elegante. Sua mandíbula estava apertada e seus olhos eram ilegíveis, olhando para a frente, a partir da sombra de seu quepe branco. Ele estava ereto, cada grama de seu corpo perfeito e rígido, as cores de seu uniforme, o branco, azul, vermelho, em um nítido contraste com o cinza desbotado do dia. Zane não achava que tinha visto nada mais incrível e comovente, do que a saudação silenciosa de Ty; e as gaitas tocando uma trilha sonora para a própria imagem da abnegação e lealdade. Os pensamentos de Zane foram inexplicavelmente para Elias Sanchez, um homem que nunca tinha encontrado, um membro da equipe de Ty, um Recon, que também se juntou ao Bureau. Sanchez morreu no cumprimento do dever, assassinado por um colega agente, que havia se transformado em um assassino em série. Sanchez teria tido um funeral como este, com a guarda de honra e a salva de tiros, com homens e mulheres em uniformes imaculados de pé em respeito silencioso pelos mortos. Como Ty estava agora. Quantas vezes Ty tinha feito isso, dar adeus a um camarada caído com esse uniforme? Zane baixou o olhar, dando ao seu parceiro um mínimo de privacidade. Ele não tinha necessidade de continuar olhando. A visão ficaria para sempre queimada em sua memória. Ele piscou quando um movimento chamou sua atenção à sua extrema direita. Ele havia estado sem visão por um tempo suficiente, para que as vezes exagerasse quando vislumbrava movimentos inesperados e rápidos; mas isso estava fora do lugar e, apressado, virou o queixo para olhar. Um jovem, adolescente como Zane suspeitava, com o cabelo louro cortado com estilo, estava abrindo caminho pela multidão, obviamente à procura de alguém em particular. A música encobria qualquer barulho que ele estivesse fazendo. O garoto parou para falar com uma mulher, que olhou em volta, e fez contato visual com Zane, e apontou diretamente para ele. Zane piscou quando o garoto foi direto para ele. Ele tinha quase certeza de que nunca tinha visto o jovem antes. 305

Zane ficou ciente de uma mudança na postura de Ty, como se ele percebesse o movimento de Zane, mas ele não se moveu, pois ainda estava saudando a bandeira, que estava sendo dobrada. Zane olhou para ele, e, em seguida, viu o garoto correndo na direção deles. Ele caminhou até Zane como se o conhecesse. Zane teve que se inclinar um pouco para ouvi-lo sobre a gaita de foles e as pessoas que tinham começado a cantar. “Você tem que tirar todos daqui, Pierce está louco,” disse o garoto, praticamente hiperventilando, “Ele está vindo com uma bomba.” Zane olhou bem sério para ele durante alguns instantes, em seguida, se virou para ver se Ty tinha ouvido. Ty encontrou seus olhos, abaixando a mão como se estivesse em câmera lenta, o corpo já tenso e as engrenagens vibrando, virando-se como se estivesse tentando decidir a melhor maneira de soar o alarme, sem causar um pânico em massa, e Zane não tinha certeza de que seria possível. “Você sabe onde ele está?” Zane perguntou ao rapaz. Se esse garoto conhecia Zane e tinha uma conexão com Pierce, a chance de isso ser sério era muito alta. “Não, eu saí um pouco antes dele; eu não podia deixá-lo fazer isso.” O garoto parecia prestes a romper em lágrimas. “Mas eu não podia detê-lo; eu estava com medo.” Zane agarrou seu ombro por um momento antes de se virar para Ty. “As famílias?” Zane mordeu, notando que os agentes se reuniram em torno deles, se concentraram no distúrbio. Ty se virou e sussurrou para o homem ao seu lado, em seguida, se moveu para falar com outro, tentando avisar ao redor rapidamente. Em seguida, um tumulto eclodiu no outro lado da multidão. “É ele,” disse o garoto, apontando, a voz alta com terror. Devido a sua altura, Zane conseguia acima de multidões melhor do que a maioria, e ele se concentrou em uma pessoa empurrando os civis reunidos pela família sob o toldo. Zane não esperou. 306

“Bomba! Abaixem-se!” ele gritou duramente, tentando se enfiar no meio da multidão, enquanto puxava a sua Glock, indo em direção ao jovem que foi reconhecido como Pierce Sutton. Suas palavras foram recebidas com estagnação completa. Por segundos cruciais, ninguém se moveu. Ninguém parecia compreender. Então o tempo avançou rapidamente, e o pânico e a compreensão caiu no meio da multidão, enquanto uma onda de agentes puxavam suas armas e as pessoas se jogavam no chão. Zane parou e levantou a arma. Pierce avançou em direção ao caixão, subiu no trilho lateral para arrebatar com força a Bandeira Americana com uma mão, ele a balançou ao redor, seu rosto se contorceu em um rosnado, antes de jogá-la no chão e pular do caixão, pisando em cima da bandeira com os dois pés. “Filho da puta!” Ty rosnou do lado de Zane. Zane viu sua chance quando Pierce deliberadamente enfiou a mão no casaco: os civis estavam no chão, o ministro se escondeu atrás de um carvalho nas proximidades, e ele teve alguns segundos para que o alvo ficasse nítido. Ele não foi o único que atingiu o alvo. Uma saraivada de balas rasgaram Pierce Sutton antes que ele pudesse dizer uma palavra, o seu corpo caiu balançando como um fantoche de cordas na terra. O tempo parou. O silêncio reinou novamente por vários segundos; em seguida, o quadro congelado quebrou. Os civis circulavam em confusão, os agentes do Bureau se espalharam ao redor do túmulo, fazendo a verificação de novas ameaças para a família reunida, a maioria deles estava chorando, com raiva. Um agente, desnecessariamente, verificou seu pulso. Zane parou ao lado do corpo do jovem que planejou assaltos a bancos no valor de centenas de milhares de dólares, deliberadamente promovendo má vontade e ódio na cidade, e causando dezenas de milhões de dólares em danos e propriedade destruída nos quatro atentados separados, que também resultaram em dezenas de feridos e três mortes. 307

Quando Lydia Reeves morreu, Pierce Sutton tinha se tornado um homem morto andando. Zane guardou a arma quando as pessoas começaram a se aproximar. A cacofonia que destruiu totalmente a paz tranquila do cemitério estava lhe dando dor de cabeça. Ele percebeu que perder a visão havia aguçado, por necessidade, sua audição, e agora estava pagando por isso. Crianças chorando, vozes nervosas e tagarelas, os veículos dos agentes de aplicação da lei chegando com as sirenes estridentes, os agentes do Bureau gritando armando o perímetro, e ainda por cima, um crescimento inesperado de trovoadas ecoando das nuvens turbulentas no céu. Ty parou ao lado dele; em seguida, abaixou-se para arrancar a bandeira de debaixo do garoto morto. “Cena do crime, Grady,” alguém lembrou sem fôlego. ”Não me importo,” Ty atirou de volta, salvando a bandeira. Zane estava apertando a ponte de seu nariz, tentando afastar a dor, quando ouviu um som irritante ritmado. Franzindo a testa, olhou em torno procurando um carrinho ou uma máquina nas proximidades. Ele não estava usando um relógio, mas podia ouvir um clique sincronizado ao longe. O peito de Zane apertou, e olhou para o corpo quando Ty resgatou a bandeira. Um flash de algo metálico estava coberto pelo casaco e chamou sua atenção, e um fio de terror puro queimou por ele, quando viu um mecanismo de tempo sem fio com uma pequena luz piscando em vermelho na mão sem vida de Pierce. Tempo. Zane podia ouvir contar. Ele caiu de joelhos, puxou o casaco para soltar a mão que segurava o timer, em seguida, às pressas revistou o corpo até que seus dedos bateram em algo duro, uma protuberância na cintura. Ele puxou a camisa grossa. Pela primeira vez, Zane não parou para considerar suas opções ou pensar sobre os cenários possíveis ou descobrir as porcentagens. Ele agarrou a bomba-relógio, arrancou a sua fita adesiva, e correu.

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Pessoas e lápides se tronaram uma pista de obstáculos enquanto Zane tentava se afastar do túmulo, tecendo seu caminho pela multidão reunida, empurrando alguns de lado, quase batendo em um monumento muito mais alto e largo do que ele, quanto se esquivou de uma criança pequena. A, talvez, trinta metros de distância, estava um mausoléu antigo, suas paredes de pedra pesadas e espessas, e esperava que fosse o suficiente para conter a explosão da bomba que estava em uma caixa, que segurava contra seu peito. Finalmente se libertou da multidão e, distantemente ciente de algumas pessoas chamando seu nome, passou pelas portas de um mausoléu, batendo com seu ombro na pressa. Ele praticamente deslizou para dentro no mármore já suavizado por quase dois séculos de tráfego de pedestres. Zane não sabia quanto tempo tinha. Mas percorreu o prédio profundamente sombreado, com criptas de mármore e estátuas, fazendo uma oração em agradecimento por ter, pelo menos, conseguido se afastar das famílias e crianças. Ele derrapou até parar em uma pequena sala na parte de trás do mausoléu. Sem qualquer tração, ele bateu dolorosamente em uma parede, mas empurrou a caixa atrás do último caixão de pedra e girou nos calcanhares, seu coração trovejando em seus ouvidos enquanto se atirava pela porta e corria. A luz cinza se infiltrando na porta dianteira acenou para ele, e estava a poucos metros da luz... Trinta metros, quando uma sombra colidiu contra ele, o enviando dolorosamente contra um sarcófago de mármore no chão. Ty grunhiu seu nome e levantou o dispositivo vermelho piscando; em seguida, começou a arrastar Zane pelo colarinho pelo chão de pedra lisa até que eles ficaram amontoados atrás de uma abóbada de pedra substancial. Ty tremia contra ele, a adrenalina, obviamente, o alimentando, e ele segurou o objeto que piscava. 0:01. 0:00.

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Zane cobriu a cabeça de Ty quando a explosão ecoou pelo mausoléu. Não foi uma cacofonia alta. Foi mais um baque profundo no peito e uma lufada de ar fétido das profundezas do mausoléu. O ar reverberou com a explosão; então tudo ficou em silêncio. Ty levantou a cabeça e olhou em volta. “Não foi tão ruim,” ele disse ofegante. Um estrondo profundo respondeu às suas palavras. Da parte de trás do mausoléu veio outra corrente de ar, inundando tudo ao redor e a estrutura tremeu e gemeu. Um escultura de pedra caiu no chão, seguida de outra. Em seguida, outra. Zane agarrou o braço de Ty e o puxou para baixo novamente, cobrindo suas cabeças enquanto a reverberação da bomba cobrava o seu preço; as pedras, esculturas e o teto, os atingiram com uma forte chuva de areia e pedaços irregulares de mármore. A luz se foi quando o antigo mausoléu naufragou e desabou em torno deles.

***** Ty manteve os olhos fechados por um longo tempo após o rugido ensurdecedor do colapso de pedras terminar. O silêncio era sufocante, os únicos sons eram provenientes da respiração dura de Zane e a queda ocasional dos filetes e rochas. Ty abriu os olhos e levantou a cabeça. Ele esperava pelo breu, ou pelo menos um anjo bonito com uma harpa dizendo que estava no lugar errado. Mas havia luz vindo de algum lugar, e a abóbada de pedra onde tinham se escondido, pelo menos tinha fornecido algum alívio das paredes de pedra que caíram, e que os cercavam. Ele olhou para o seu parceiro. “Você está bem?” Zane gemeu e se levantou, mas não havia muito espaço para se mover. Parte de uma parede de pedra havia caído bem ao lado dele, deslocada para o lado pela abóbada que os abrigou. Caso contrário, Zane poderia estar sob essa parede. “Sim, acho que sim.” 310

Ty deu-lhe um soco no estômago, incapaz de colocar mais força devido ao espaço confinado. “Idiota estúpido!” Zane grunhiu, assobiou de dor, e deu um tapa em sua mão. “Que diabos?!” “Exatamente! Que diabos?! Você vê uma bomba-relógio, e seu primeiro instinto é agarrá-la e correr com essa porra?” Uma avalanche miniatura de seixos e detritos rochosos deslizou pela prateleira de pedra acima deles. “Ou eu saía correndo ou tentava fazer com que uma centena de pessoas corressem,” Zane respondeu quando levantou a mão para proteger o rosto. Já havia uma fina linha escura de sangue escorrendo pelo seu rosto, de um corte abaixo do olho. Ty continuou a murmurar e amaldiçoar em voz baixa, tentando afastar seu corpo de Zane no espaço apertado. “Você é um idiota, sabe disso não é? Me assustou pra caralho, me fez correr, me deixou sujo. Eu perdi o meu quepe! E agora estou preso em uma cripta com um idiota.” “Eu sinto muito,” Zane murmurou. Ele até parecia sincero. Ty só conseguiu deslizar de cima dele e sentar-se nos escombros ao seu lado, as pernas puxadas contra seu peito. Ele teve de curvar os ombros e abaixar a cabeça. Ele ainda podia ouvir a rocha se movendo e gemendo sinistramente enquanto esperava. Uma coisa era óbvia: Zane nunca teria conseguido sair vivo se continuasse correndo em direção à porta. Toda a estrutura entrou em colapso e ruiu, as áreas onde as lajes de pedra dos tetos e as paredes tinham caído, estavam contra o sarcófagos de pedra nos cantos. “É foda, Garrett.” “Talvez mais tarde.” Ty olhou para a pesada pedra caindo em cima de ambos. Ele engoliu em seco quando reconheceu um pânico frio começando a se formar em seu intestino. A pedra estava muito perto, muito grossa. “Pode ser a nossa última chance,” ele respondeu, tentando soar irônico, mas saindo sem humor.

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Zane se moveu o suficiente para ficar de costas contra a parede, e encarou Ty. “Nós vamos sair daqui, muitas pessoas nos viram correndo, eles não nos tirar daqui.” Ty balançou a cabeça quando olhou para Zane na penumbra. Ele só conseguia distinguir o esboço de Zane, e ele estava a apenas três metros de distância. “O que você estava pensando?” “Eu estava pensando... em afastar a bomba das crianças.” Ty suspirou profundamente. Ele não podia reclamar com Zane para isso. Ele podia sentir a pedra roçar o topo de sua cabeça quando se sentou, e só conseguia esticar as pernas na frente dele. Se ele virasse para o outro lado, poderia ficar na posição horizontal, o que não seria muito útil para acalmá-lo. Ele podia sentir a pedra acima dele, sentir o toque da escuridão e a onda de pânico crescente. Seu peito se apertou, o que tornava difícil respirar, e seus dedos ainda tremiam da adrenalina de sua fuga precipitada através do cemitério, atrás de seu parceiro. Ele viu Zane decolar, a compreensão levando apenas alguns segundos para se instalar, e agarrou o dispositivo do garoto morto na mão, sabendo para o que era. Foi contando os segundos até que a bomba explodisse. Então, correu atrás de seu parceiro estúpido para que pudesse salvar a sua bunda, antes dele ser explodido. De novo. “Bem, e agora?” Zane enfiou a mão no bolso do paletó, tirou seu telefone celular, em seguida, amaldiçoou em voz baixa. “A tela está quebrada, talvez se nós...” Sem aviso, a pedra gemeu de novo, e Ty se empurrou de volta contra o abrigo, quando outra parede caiu na direção deles, se quebrando e enviando fragmentos de pedra em cascata através deles. Ty ouviu um ranger alto, e quando cuidadosamente abriu os olhos, era a completa escuridão. “Oh Deus!” Ty gemeu e o pânico começou a ondular. Ele não podia ficar em espaços fechados. Ele simplesmente não conseguia fazê-lo. O ar em seu pequeno espaço estava ficando mais quente. 312

“Ty.” A voz de Zane era baixa e foi seguida pelo toque de sua mão e um puxão firme que deixou Ty perto de seu parceiro, e depois de mais uma movimentação, Zane puxou Ty praticamente para o seu colo e contra o seu peito, em seguida, passou os braços ao redor dele com segurança. “Eu seguro você, baby. Estou aqui.” Ty lutou contra o afago. “Pare de me tocar, Zane,” ele chiou teimosamente. “Pare com isso,” disse Zane firmemente, embora seus braços afrouxassem o suficiente para Ty deslizá-los para baixo. “Pare com isso e feche os olhos; ouça a minha voz.” Ty colocou as duas mãos sobre o rosto e descansou a cabeça no colo de Zane. Sua respiração era superficial e irregular contra suas mãos. “Eu deveria ter apenas deixado você ser esmagado.” “Você nunca faria isso, baby, e nós dois sabemos disso.” A mão de Zane se deslocou até a cabeça de Ty, acariciando delicadamente. “Quem mais poderia fazer trocadilhos para você até a morte?” “Pelo menos, finalmente eu seria mais alto do que você.” “Eu pensei que você gostava de mim mais alto do que você.” Ty tentou responder, mas o pensamento de ser alto o suficiente para escovar a cabeça no teto enquanto sentado, fez seu estômago se revirar, e conseguiu apenas tomar um fôlego irregular. O pânico era afiado e avassalador, enchendo seus membros com uma sensação de formigamento enquanto suas entranhas se contorciam. “Ty.” A voz de Zane era afiada. “Fique comigo. Vamos lá. Fale.” “Cale-se. Se eu pudesse ir para qualquer lugar, eu o deixaria aqui em um segundo,” Ty conseguiu estrangular para fora. Ele estendeu a mão, horrorizado quando as pontas dos dedos deslizaram na pedra fria. Ele ficou preso em pequenos lugares escuros antes, e era por isso que tinha essa reação tão negativa agora. Mas o conhecimento real de que as paredes estavam se fechando, literalmente, e não apenas em sua mente, o fez querer chorar.

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Todo o tempo, os dedos de Zane acariciavam suavemente seu cabelo. “Eu sei o que é estar totalmente no escuro,” ele disse, a voz calma. “Mas não iria a nenhum lugar, mesmo se eu pudesse. Prefiro estar aqui com você, do que em qualquer outro lugar sozinho.” Ty estendeu a mão e agarrou a mão dele, tentando achar um fio para evitar que realmente entrasse em pânico. Ele iria machucá-los se perdesse o controle. Os dedos de Zane se enrolaram em torno dele em um aperto firme. “Posso te contar um segredo?” ele perguntou a Zane, a voz baixa e fraca. “Sim.” “Você já teve esses sentimentos em suas entranha? Quando você vê algo e simplesmente sabe?” Ty perguntou, sentindo-se estúpido, mas sem se importar. Ele sentiu Zane apertar sua mão. “Na primeira vez que te vi, depois que deixei te odiar, eu soube... Eu soube que nós iríamos morrer juntos. Eu podia sentir isso lá no fundo. Nunca senti isso antes.” Zane exalou pesadamente. “Só não é hoje, e também não vai ser amanhã. E não vai ser por um longo tempo, Ty Grady. Está me ouvindo? Um inferno de um longo tempo.” Ty assentiu. “Faça-me um favor?” Ele estendeu a mão e agarrou Zane de lado, no meio da escuridão. Ele se empurrou para cima, tentando chegar a Zane e levantar seu braço. “Segure o teto, ok?” Zane deixou Ty mover a sua mão para tocar a pedra, o que, inexplicavelmente, fez Ty se sentir um pouquinho melhor, mas ele manteve a outra ligada a Ty. Vários segundos de silêncio se passaram, quando Zane falou. “Na primeira vez que eu te vi, depois que deixei te odiar, eu soube,” ele disse, ecoando as palavras de Ty: “Eu soube que eu me apaixonaria por você.” Ty estremeceu todo, dividido entre o calor reconfortante das palavras de Zane e o terror frio das iminentes lesões por esmagamento. Ele não podia puxar o ar para falar. “Eu ri de mim mesmo,” Zane continuou, uma nota de súplica em sua voz, “E, em seguida, eu neguei, e então fiz tudo o que podia para provar a mim mesmo que estava errado, mas não funcionou.” 314

“Eu sei, Zane,” Ty sussurrou, embora tivesse que admitir que as palavras trouxeram um certo nível de alívio que não tinha achado ser necessário. ”Ty.” A voz de Zane era suave, e finalmente quebrou no curto suspiro de seu nome. “Eu amo você e estou com medo de perdê-lo; por favor, não me deixe sozinho no escuro.” Ty fechou os olhos, tentando empurrar para trás o peso das toneladas e toneladas de pedra que se sentavam precariamente acima deles. Ele sorriu fracamente com as palavras de Zane. “Foi realmente tão difícil de dizer?” ele tentou provocar, mas acabou soando desesperado. “Sim...” Zane respondeu, desesperado. “Jesus, Ty, venha aqui, por favor.” Apenas o pensamento de se mover fez Ty começar a tremer. Ele fechou os olhos com força e rangeu os dentes. Alcançou às cegas até Zane, sua mão passando nos ombros dele, e Zane fez o resto, movendo-se o suficiente para abraçá-lo no espaço apertado. Zane levantou uma mão até o rosto de Ty. “Você tem alguma ideia do quanto é corajoso?” Ele perguntou, a voz irregular e talvez até um pouco embargada. “Você pode me dizer quando eu não estiver à beira de um colapso nervoso, ok?” Ty solicitou fracamente, seu tremor deslizou através de seu corpo até Zane. “Conte-me sobre as fitas,” Zane pediu abruptamente, sua voz novamente calma e calmante. Ty sabia o que ele estava fazendo, tentando afastar a mente de Ty da desgraça iminente, de qualquer maneira que pudesse. Ele balançou a cabeça. “As duas de cima são a Estrela de Bronze e a outra é o Coração Púrpura,” ele começou, sem fôlego. “Estrela de Bronze?” Zane repetiu, parecendo surpreso. “A quarta maior medalha do país,” Ty desfiou desesperadamente, tentando se distrair da constatação de que não podia respirar. Ele estava prestes a ter um ataque de pânico completo. “Concedido a qualquer pessoa que, ao servir em qualquer posto nas Forças Armadas dos Estados Unidos, distingue si a mesmo por conquista ou serviço heróico ou meritório enquanto engajados em uma ação contra um inimigo dos Estados Unidos, em operações militares envolvendo conflito 315

com uma força estrangeira adversária, ou cumprindo com as forças estrangeiras amigáveis envolvidas em um conflito armado contra uma força armada de oposição em que os Estados Unidos não seja um partido beligerante.” ”Porra, Ty, você está recitando diretrizes militares?” Zane perguntou, parecendo impressionado e horrorizado. “Sim, cale a boca, está ajudando. Realização ou cumprimento do dever acima do que normalmente se espera é o suficiente para distinguir o indivíduo entre aqueles que exercem funções comparáveis e necessárias.” Zane bufou baixinho. “E o que você fez para conquistá-lo?” Ty respirou profundamente, o ar tremendo fora dele com a mesma rapidez. “Eu matei um monte de gente.” Zane ficou em silêncio por um momento, depois se deslocou contra Ty para segurá-lo com mais segurança. “Conte-me sobre o resto.” Ty balançou a cabeça e esticou os olhos para encontrar a luz. Quando apenas encontrou a escuridão, estendeu a mão para o teto. Se Zane não fosse segurá-lo, talvez ele pudesse. Ele tocou a pedra fria, e sentiu Zane levantar os braços para ajudar. “Vou segurar desse lado, se você segurar o seu,” Zane disse. “Não me venha com humor, Garrett. Basta segurar o teto para mim, ok?” Ty estalou, mas estava rindo de suas próprias palavras. “Sim, sargento!” Zane disse firme. Um estrondo profundo e um tremor nas pedras interrompeu a réplica afiada de Ty, e Zane o agarrou e o puxou para baixo, cobrindo suas cabeças quando as pedras começaram a se mover e a cair novamente. A gritaria do corte da rocha encheu os ouvidos de Ty, e assim, quando pensou que seu coração fosse parar, tudo à sua volta tremeu violentamente, e várias pedras grandes caíram por trás de Zane, derrubado tudo na direção oposta, dando-lhes um pouco mais de espaço e deixando luz opaca-cinza entrar. 316

Ty olhou para o eixo de luz, como se realmente pudesse usá-lo para retirá-los do inferno. Seus braços se apertaram em torno de Zane, os dedos cavando reflexivamente enquanto lutava contra o terror absoluto. Não era algo que realmente pudesse controlar; o medo da escuridão e de espaços fechados onde não podia ver, estava entranhado nele. Mesmo com esse feixe de luz e os braços de Zane em volta dele, não podia revidar o ataque de pânico iminente por muito mais tempo. Ele ficou surpreso que tivesse conseguido lutar por tanto tempo. Ele acreditava firmemente que era Zane contribuindo, dizendo as coisas certas no momento certo. Outra pedra caiu, depois outra, e quando o buraco ficou maior, Zane literalmente arrastou Ty sobre seu colo e o empurrou em direção à abertura. Vozes começaram a ecoar em torno deles, seus nomes saltando para fora da pedra, vozes de pessoas. Ty se agachou na abertura estreita, tentando lutar através da névoa de pânico e julgar se poderia fazê-lo. Ele achava que não podia, e se forçasse a pedra errada, o movimento poderia derrubar a coisa toda. Ele não tentou; em vez disso, chamou a equipe de resgate e voltou para a escuridão para se sentar com Zane. Sua mão tremia, mas estendeu a mão para Zane e a agarrou fortemente, e olhando nos olhos de seu amante, disse: “Você me pediu para não deixá-lo sozinho no escuro.” Zane não respondeu, mas puxou a mão de Ty e pressionou seus lábios suavemente nas juntas dos dedos dele.

***** “Vocês dois parecem uma merda.” Zane parou no limiar do escritório de Dan McCoy e fez uma careta quando Ty passou por ele. “Pior do que isso,” Zane discordou. A dor de cabeça ainda incomodava, seus olhos ainda

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estavam inchados e cheios de pó das partículas de rocha que caíram em seu rosto várias vezes, e ele podia sentir as contusões se acumulando. Melhor do que a alternativa. “Vocês estão bem?” McCoy perguntou, olhando entre os dois parceiros. Zane ainda usava seu terno em ruínas, agora quase cinzento da areia e terra no tecido, ostentando algumas costuras rasgadas, e vários arranhões vermelhos marcavam a lateral de seu rosto. O uniforme azul de Ty sofreu também, mas Ty tinha insistido em mudar de roupa imediatamente, mesmo que isso significasse usar shorts de corrida e uma camisa amassada em seu armário. Era uma camisa vermelho-escarlate, com uma pedra dançando, um pedaço de papel tremendo, e um par de tesouras em um círculo áspero; todas as figuras estavam empunhando armas, em ambas as mãos, e encarando uma a outra. Apesar de sua provação, Ty tinha conseguido sair parecendo um herói de ação no final do filme, o cabelo perfeitamente despenteado, uma delicada sujeira na face, e uma quantidade apropriada de terra para fazê-lo parecer robusto, em vez de um náufrago. Zane meio que queria odiá-lo. “Você já foi enterrado sob várias toneladas de pedra, Mac? Bem, eu já! Três vezes agora!” Ty estalou quando se sentou em uma das cadeiras na frente da mesa de McCoy. McCoy franziu a testa, mas não mordeu a isca, o que deixou Zane grato. Se eles pudessem passar por isso, ele e Ty poderiam sair daqui. “Tudo bem, Garrett, sente-se também; você já passou pelo interrogatório, então sabe que encontramos sua picape intacta; e vamos devolvê-la para você em poucos dias. Vá em frente e pegue um carro para o resto da semana, você pode conduzir para o seu parceiro, uma vez que o carro dele foi torrado.” “Sobre isso...”

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“Seu carro vai entrar no seguro do Bureau como uma propriedade pessoal, em acidente relacionado com o trabalho,” disse McCoy, falando direto com Ty. “Tenho certeza de que haverá todos os tipos de papelada para você.” Ty fez uma careta, mas não disse nada. Zane sabia que ele ainda estava de luto pelo Bronco valente. “Vou rever toda a investigação ainda esta semana para encerrarmos este caso,” McCoy anunciou, entregando a cada um deles uma pasta de arquivo. “Mas, enquanto isso, eu pensei que vocês gostariam de algumas respostas; seu nome era Walter Pierson Sutton, filho de Clarence e Mitzi Sutton,” McCoy começou. “Pai médico; mãe design de interiores.” “Crosta superior, hein?” Ty murmurou distraidamente enquanto lambia seu polegar e esfregava um ponto em seu braço, verificando para ver se era uma contusão ou sujeira. “Os Suttons vivem em Roland Park, muito dinheiro fluindo; Pierce frequentou a Escola Gilman.” Ele fez uma pausa para verificar se havia alguma compreensão. Zane ainda era novo em Baltimore e deu de ombros. “Mais dinheiro do que bom senso, uniformes com brasão, meias e colegiais,” Ty disse cansado. “É uma escola só de meninos,” McCoy especificou e Ty deu de ombros, como se isso não importasse. ”Foi onde Sutton conheceu Ross Tanger e, através programa eletivo de Gilman, conheceu Hannah Myles na Escola Bryn Mawr e Graham Lewis em Mount Saint Joseph,” explicou McCoy. “Então, basicamente, todos foram para a escola juntos; crianças brancas, com acesso ao dinheiro e nada para fazer,” Zane concluiu. “No alvo,” McCoy disse com um aceno de cabeça. “O Suttons davam para aquele garoto tudo o que ele queria. As outras crianças tinham razões para quererem o dinheiro, mas que não viessem de mamãe e papai. Nenhuma boa razão: A madrasta era opressiva, responsabilidades forçadas, tédio.” 319

“Então, o que deu de errado?” Zane perguntou, virando as páginas no arquivo. “Não há nenhuma maneira de realmente saber o que o motivava,” disse McCoy, parecendo frustrado quando se inclinou para trás na cadeira e arrastou as mãos pelo cabelo ralo. “O que nós descobrimos até agora é que ele tinha um fascínio recente com o anti-autoritarismo, a anarquia e a rebelião social deslocada. O diretor da Gilman disse que ele tinha uma atitude terrível com figuras de autoridade. E, embora ele não precisasse trabalhar, Pierce trabalhou em vários postos de trabalho em lugares no Inner Harbor, incluindo o aquário ao longo dos últimos dois anos.” “Fazer o reconhecimento,” Ty disse em voz baixa. O alarme falso no aquário de repente fez sentido. McCoy assentiu sobriamente. “Agora podemos enxergar como bases estabelecidas. Nós temos um mandado para seu material, computador e telefone, mas ele agora está fora de cena....” Ele deu de ombros. “O caso foi encerrado. Vai ser apenas pesquisa acadêmica.” “Ele era um garoto com raiva que só... Decidiu matar pessoas,” Zane disse, considerando difícil acreditar que isso pudesse acontecer, apesar dele mesmo quase ter morrido. “Os bancos não eram os alvos. Eles foram o desvio,” Ty murmurou tristemente. “Ele era um jovem desequilibrado,” McCoy disse. Sua exaustão estava clara nas linhas profundas e sombras em seu rosto. “Em seu perfil, Sutton queria um acerto de contas, o mundo precisava queimar e ser reconstruído. E as outras crianças já disseram aos interrogadores que ele se concentrou em Grady após o aquário. Chamando você de sua baleia branca.” “Isso... não faz sentido,” Ty murmurou. “Ele está falando sobre Moby Dick,” Zane disse. “Eu sei o que significa, Garrett!” Ty estalou. Zane deu de ombros e olhou para seu parceiro de soslaio, mas não revidou com o argumento que se aproximava. Ele fechou o arquivo e o deixou cair no colo, em seguida, estendeu a mão para esfregar a parte de trás do seu pescoço, enquanto gemia dolorosamente. 320

“E os outros?” Ty perguntou abruptamente. Zane suspeitava que ele queria saber sobre Hannah Myles. “Está claro a partir dos interrogatórios que Sutton se tornara cada vez mais instável ao longo do ano passado. Errático, com raiva, com ódio, mas ao mesmo tempo extravagante e selvagem. Eles não queriam que ele virasse seu temperamento contra eles; então, aceitaram seus planos,” McCoy concluiu. “O que o Procurador Distrital dos EUA vai fazer?” Zane perguntou em voz baixa, pensando no puro terror no rosto de Graham. “Ele provavelmente vai levar em conta as nossas recomendações,” McCoy disse. “Provavelmente, uma prisão de segurança mínima para Ross Tanger, uma prisão feminina de baixa segurança para Hannah Myles, e, possivelmente, apenas liberdade condicional para Graham Lewis, considerando a sua escolha em entregar Sutton e o fato de que ele não estava pessoalmente envolvido em quaisquer roubos.” “Então, acabou,” disse Zane lentamente. McCoy levantou um ombro. “Por enquanto. Desta vez.” “Eu vou ficar bêbado,” Ty afirmou, se levantando de sua cadeira. Zane também se levantou, colocando a pasta de arquivos embaixo do braço. “Você vem para o velório, Mac?” “Vou aparecer,” disse McCoy. “Pelo menos fazer uma aparição e depois me retirar e começar a beber. Vocês dois vão na frente. E você, Garrett, tome uma bebida também. Foi uma coisa idiota de se fazer, mas você é o herói do momento.” “Sim, ele é um maldito verdadeiro herói,” Ty resmungou enquanto caminhava para fora do escritório, mas Zane podia ouvir o tom de orgulho em sua voz. Então, Zane fez uma careta. “Não vou estar na TV novamente, não mesmo!” Ele disse, em puro temor.

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“Correndo para o final da linha,” confirmou McCoy. “Nós vamos ter uma conversa sobre a sua recente popularidade na próxima semana. Mas, por enquanto, vá em frente. Saia daqui. Vou ver vocês dois mais tarde.”

***** ”Eu vou pagar o primeiro gole de Garrett,” Perrimore anunciou quando Zane entrou no pub que o Bureau havia escolhido para a noite. “Ele merece.” Aplausos irromperam e Zane sentiu suas bochechas queimarem, e ficou feliz por não ter raspado a barba. Ele não tinha planejado ser um herói. “Ele é também o nosso DD54, então pague uma Coca-Cola,” Clancy respondeu, puxando Zane pelo cotovelo até a mesa, para se juntar ao resto da equipe. “Que inferno! Vou pagar qualquer bebida que Garrett queira, mesmo que isso signifique que eu não vá para casa,” disse Alston, brindando Zane com sua garrafa de cerveja. Zane tirou o casaco e sentou-se ao lado de Lassiter, que bateu em seus ombros amigavelmente. “Boa, Zane,” Lassiter disse sério, estendendo a mão. “Obrigada, Harry,” Zane respondeu quando apertou a mão estendida. “Onde está o seu parceiro, Garrett?” Perguntou Alston. “Foi para casa mudar de roupa,” Zane disse, franzindo a testa. “Eu imaginei que ele viria até aqui. Ele estava mais do que pronto para uma bebida depois desta tarde.” “Amém,” Perrimore adicionou quando colocou uma garrafa de vidro da mesma altura de uma coca-cola na frente de Zane.

54

Designated Driver – motorista designado.

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Zane sorriu em agradecimento. “Eles praticamente tiveram que algemá-lo a uma cadeira para mantê-lo parado tempo o suficiente para interrogar.” Todos que já haviam tentado manter Ty focado em algo no escritório durante mais de uma hora riram, e a mesa se dissolveu em um palavrório sem sentido. Eles falaram sobre o trabalho, principalmente, porque para um grupo de agentes do FBI, não havia muito mais, e porque todos conheciam e trabalharam com Lydia Reeves, de alguma forma. Mas, eles também falaram sobre softball, seus filhos, seus cônjuges, seus ex-namorados, os Ravens ganhando e os Orioles perdendo, sobre o cheiro estranho que havia emanado da sala de fornecimento do terceiro andar há uma semana, e qualquer outra coisa que enchesse o silêncio sociável. Eles estavam em sua segunda rodada quando Alston se endireitou e acenou para alguém que tinha acabado de entrar no bar lotado. Quando Zane se virou, ele viu Ty fazendo o seu caminho pelo salão em direção a eles. Ty sorriu e balançou a cabeça, passando pelas pessoas, deslizando a mão no braço de uma mulher quando passou por ela, dando um tapinha no ombro de alguém e sorrindo como se conhecesse o cara. Ele acenou com dois dedos ao bartender, que provavelmente o conhecia muito bem, uma vez que o pub ficava apenas uma ou duas quadras de sua casa; ele se aproximou da mesa e colocou os braços em volta de Alston e Clancy. “O que foi que eu perdi?” “Está duas rodadas atrasado, Grady,” Alston anunciou. “Por que você demorou tanto?” Clancy pediu, praticamente em cima das palavras de Alston. “E por que você não continua usando o uniforme?” Zane apenas observou seu parceiro, novamente sentindo uma onda de gratidão por ser capaz de ver. Ty era, como o clichê dizia, um colírio para os olhos, e Zane desejou que estivessem em qualquer outro lugar, menos em um bar lotado, com os seus amigos e colegas de trabalho. Ele engoliu em seco, sentindo o pulso acelerar enquanto os mesmos pensamentos que estavam correndo em círculos em sua cabeça nas últimas horas, começavam a circular de novo. 323

Ele disse a Ty que o amava, sem um se, sem um e, sem um mas. Não havia como voltar atrás agora, e Zane não retornaria, mesmo se tivesse a chance. Mas que droga, eles tinham que fazer algum tipo de moratória sobre as declarações importantes que faziam em situações de risco de vida. Ty deu-lhe o seu sorriso torto, bem característico, alheio ao olhar de Zane sobre ele, ou tentando ignorá-lo, como sempre fazia quando estavam juntos em uma multidão. “Eu tive que trocar de roupa e levar tudo para a limpeza a seco, antes que o cheiro de queimado se entranhasse,” Ty disse a eles, quando o bartender gritou seu nome. Ty se virou e foi em direção do bar para pegar as duas cervejas que havia pedido. Ele ficou ali no bar e bebeu uma garrafa de um gole só, enquanto os outros vaiavam. Ele bateu a garrafa vazia no bar, acenou para a menina descaradamente, e em seguida, trouxe sua outra garrafa para a mesa com ele. Ele sentou-se na borda da cadeira de Clancy, os dois usando um ao outro como encostos. O joelho de Ty roçava no de Zane, que se pegou olhando seu parceiro, e ficou feliz por estar bem escuro no interior do pub; apenas a luz colorida dos monitores de TV de LCD iluminavam as cervejas e seus rostos. Zane podia ver como Ty estava cansado em cada movimento que ele fazia, quando olhava fixamente para o nada e, em seguida, se mexia, ficando muito quieto. Ele havia passado por um espremedor emocional hoje, e toda a semana passada, certamente, não foi uma moleza. Zane estava ainda mais preocupado agora do que antes. Quando falaram brevemente antes de sair do escritório, Zane tinha honestamente pensado que Ty poderia cair no local, e ele até pensou em sugerir que simplesmente ignoressem o velório. Mas Ty tinha insistido que queria ir, então Zane tinha cedido. Eles ficariam até a festa diminuir; em seguida, Zane iria conduzir as pessoas para casa e levar Ty para casa com ele. Talvez agora, finalmente, fosse capaz de dormir uma noite em paz, sem temer o dia seguinte. Mais do que tudo, ele queria segurar Ty durante a noite e saber que ele estaria lá de manhã, são e salvo.

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“Nós achávamos que Mac o prenderia em algum lugar,” disse Alston. “E ficariam com Garrett algemado na mesa durante toda a noite para o interrogatório.” Ty levou sua garrafa à boca. Ele olhou de Alston para Zane e acenou com a cabeça, ainda bebendo. Depois, colocou a garrafa na mesa, estendeu a mão e deu um tapinha no joelho de Zane. “Meu parceiro fez todo o trabalho pesado. Eles não tinham muitas perguntas para mim, apenas o básico. Você gosta de arriscar a sua vida com o seu parceiro estúpido, você tem tendências suicidas, o que o escuro ainda faz com você? Mijar em si mesmo?” ”Oh, o de sempre, então,” Perrimore instigou. Zane nem tentou segurar a risada. “Freddy! Não o deixe todo irritado quando finalmente começa a relaxar.” Ty apenas lhe deu uma olhada e continuou bebendo sua cerveja, dando um sorriso decente. Toda a mesa riu, e Zane foi envolvido no sentimento de camaradagem incomum quando o grupo caiu em uma conversa informal novamente. A conversa foi interrompida quando um dos assistentes SAICs subiu em uma cadeira e gritou para que todos prestassem atenção. Todo o pub se acalmou, e Dan McCoy levantou-se, com a bebida na mão. “Ok, acho que todo mundo que estava por vir, já está aqui. Esse foi um inferno absoluto de um dia, mais para uns do que outros, e eu quero dizer como estou orgulhoso de todos vocês que ficaram no meio dessa bagunça. Teria sido muito fácil ceder quando o público estava tão ligado em nós e as bombas continuavam chegando. Mas tudo o que fizemos foi o nosso trabalho, mesmo quando sabíamos que não ganharíamos nada, apenas mais merda por causa disso.” McCoy ergueu a garrafa. “Para Lydia Reeves, que morreu no cumprimento do dever. Deus abençoe sua memória.” “É isso aí,” Alston disse, alto o suficiente para a mesa ouvir. Zane e os outros ecoaram o sentimento quando todos levantaram suas bebidas em um brinde ao companheiro caído.

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Alguns momentos de silêncio expectante depois, os pelos do braços de Zane subiram quando Ty começou a cantar as primeiras linhas de “Amazing Grace”. Quando chegou ao segundo verso, ninguém se juntou a ele, todos atordoados demais ou muito encantados com a sua voz para fazerem alguma coisa, além de ouvir enquanto pranteavam.

***** A luz solar brilhava em um amarelo amanteigado entre as cortinas abertas no quarto Zane. Seus olhos estavam um pouco abertos, e de forma sonolenta admirava a luz, quando uma imersão em uma alegria tranquila o encheu simplesmente porque consegui vê-lo. Ele ainda estava na cama, se espreguiçando por longos minutos, acordando lentamente e saboreando o momento. Por fim, bocejou e moveu os lençóis, sorrindo apesar da impressionante variedade de dores e hematomas por todo o corpo. Ty não adicionou nenhuma contusão nova na noite passada. Ambos estavam tão cansados que tudo o que fizeram foi se despirem e desmaiar na cama, onde Ty havia se refugiado nos braços de Zane, envolto em torno dele como um caracol, e o beijado suavemente, uma e outra vez entre seus sussurros gentis, palavras que seriam dolorosamente difíceis de se dizerem à luz do dia, até que eles adormeceram. Zane murmurou e rolou em suas costas, estendendo a mão até Ty e só encontrar os lençóis frios. Franzindo a testa, Zane sentou-se, se embolando e com o lençol em seu colo, viu um papel dobrado. Pegou o papel e o desdobrou, encontrando duas linhas curtas escritas em um bagunçado rabisco, que fez com que a manhã feliz de Zane desabasse em torno dele.

—Sinto muito, as paredes estão se fechando e eu preciso ir. Te amo. 326

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Cut & Run 04-Dividir & Conquistar

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