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DON VALENTINO OS MAFIOSOS — LIVRO 2 STEPHÂNIA DE CASTRO Copyright © 2019 Stephânia de Castro Capa: Lobo Design Diagramação: Lobo Design Revisão: Margareth Antequera Don Valentino – Os Mafiosos – Livro 2 1. Romance Contemporâneo 2. Literatura Brasileira Edição digital. Criado no Brasil. 1ª edição / 2019. Esta obra segue as Regras ao Novo Acordo Ortográfico REGISTRADA E PATENTEADA NO REGISTRO DE OBRAS ___________________________________________ Todos os direitos reservados Está é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos descritos, são produtos de imaginação do autor. Qualquer semelhança com nomes datas e acontecimentos reais é mera coincidência. São proibidos o armazenamento e/ou a reprodução de qualquer parte dessa obra, através de quaisquer meios — tangível ou intangível — sem o consentimento escrito da autora. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela lei nº 9.610./98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.
Bom primeiramente quero agradecer o carinho de todas leitoras que estão mega-ansiosas por esse lançamento. Vamos lá, Mafiosas... Não leiam este livro se ainda não leram de Chanel para Valentino – Os Mafiosos – Livro 1. Aquele com a mulher linda na capa. Por quê??? Porque em Don Valentino se dá o desfecho do livro 1, então pode ser que não entenderá muito o que está acontecendo. A série Os mafiosos os livros 1 e 2 foram escritos no ano 2018, algumas pessoas haviam lido pelo Wattpad, mas quando resolvi publicar meus livros na Amazon eu os retirei e procurei melhorá-los. Então tem capítulos inéditos e muitas informações que foram necessárias acrescentá-las. Espero que gostem, pois logo virá Luca Valentino e para quem não sabe,
costumo dar uma palinha nos epílogos do que vai acontecer e, como Bella e Giovani são os pioneiros, eles ainda aparecerão muito até o final. Não coloco extensão do livro e sim do próximo no qual será o livro 3. Os próximos livros da série serão volumes únicos. Por fim, quando terminar de ler não esqueça de deixar suas estrelinhas e sua boa avaliação. Obrigada e espero que nosso Don: humano, egoísta, mandão e possessivo te mostre que nem todo homem poderoso vive no pedestal.
Dedico este livro ao meu marido e filha por seu apoio incondicional. Aos meus pais e irmão. E a todas leitoras que me seguem apoiando o meu trabalho
A primeira pergunta que me fiz ao receber esta obra foi qual seria o meu aprendizado? E ao terminar a leitura confirmo que, minhas expectativas foram superadas. Stephânia de Castro tem o dom de entre as linhas escritas nos despertar sentimentos antagônicos. As relações intensas, perpetuam, sejam elas de amor ou ódio. Homens poderosos erram e amam. Meninas se tornam mulheres espetaculares e dominantes. Sim, claro. E esta obra nos mostra que o tempo é amigo e conselheiro. Após quatro anos de separação de um casal completamente envolvido de corpo e alma, Giovani Valentino e Bella Dellatore, um casal nada comum, que
tiveram suas vidas entrelaçadas pelo destino, fez com que Bella amadurecesse e reconhecesse a sua capacidade. E mostrou ao Don Valentino, chefe da máfia, que homens poderosos falham e precisam serem salvos. Teremos enfim, o seu desfecho. E após, concluir essa leitura posso afirmar que quando se vive um amor em sua total plenitude ele não é destruído, quer seja pelo tempo ou até mesmo a morte. Que você desfrute deste enredo envolvente e, sinta-se assim como eu, um personagem ativo nesta trama. Boa leitura! Elisângela Eliseu Beta e Leitora
Dois anos depois do adeus
As lembranças me estapeavam e golpeavam de maneira intensa... Saber que afastei a única mulher que amei me deixou frio para amar alguém novamente. Hoje, depois de dois anos daquele dia, em que ela me salvou, ainda sinto-a tão presente e viva na minha vida, mas sei que só lembranças poderão me alimentar para a sobrevivência, pois minha vida se tornou mecânica, virei uma máquina de trabalho e tenho tentado suprir esta carência emocional em cima do meu crescimento profissional. Antes, fui um fraco em não enfrentar tudo e a todos para ficar com a Bella, eu tinha o poder e poderia fazer o que eu queria, mas me deixei levar pelo medo de algo maior acontecer. Agora ela se foi, fez e aconteceu, sendo implacável com sua sagacidade, mostrando-me que quando queremos algo precisamos lutar a qualquer custo e, eu medroso e fraco não usei de minha posição de liderança que tinha. Bella era simplesmente uma caixinha de surpresas e imprevisível. Julguei e subestimei-a de forma machista, achando que ela era minha propriedade e no fim, ela me mostrou que ninguém é de ninguém e que muito
menos era minha propriedade. Esse pensamento me causava dor, machucava, cortava-me por dentro, dilacerando tudo, pois era um fato que eu não teria mais de volta minha Chapeuzinho Vermelho. Passaram-se dois anos sem ouvir o som da sua voz e de sua risada contagiante, de senti-la nua com seu corpo moldando ao meu, dos seus gemidos em meu ouvido e de suas unhas arranhando minha pele ao gozar intensamente. Eram lembranças que me deixavam vivo e ao mesmo tempo me matavam. O maior desalento em forma de punição que eu poderia ter. E estar aqui no apartamento, mostrava-me o quanto tudo era real. Deparar-me com a cama king size com os lençóis de puro algodão egípcio esticado e vazia, provava que o momento era um martírio que eu mesmo causei em minha vida. Respirei fundo e fechei os olhos lembrando dela, da forma como seus iluminados e longos cabelos castanho-escuros se espalhavam pelo travesseiro, enrolada nua no tecido caro de fios penteados; era dessa maneira que Bella ficava, após, transarmos e eu me deleitava em vê-la exausta depois de fodermos até o limite de cada um. Senti o ar me faltar para poder expirar todos os sentimentos de perda para fora, sei que era necessário o que estava fazendo e abri os olhos mais uma vez só para constatar que ela não estava mais ali e eu não a teria mais de volta. Olhei para a ruiva baixinha atrás de mim com sua prancheta anotando os detalhes do apartamento. — Senhor Valentino tem certeza de que quer vendê-lo? Esse apartamento
é uma joia no coração de Manhattan, talvez o senhor nunca mais encontre um imóvel tão bom com essas qualificações por aqui. — assenti temendo me arrepender de não manter a única evidência concreta de que Bella esteve um dia entranhada em minha vida. Tomado pela coragem sem ficar analisando os prós e contras, disse com convicção: — Sim, tenho certeza. Pode colocá-lo à venda e não quero saber quem será o comprador. — Fui até o closet recolhendo o Chanel preto, dentro da capa que o protegia e, deixei-o pendido em meu braço, saí o mais depressa de onde eu e Bella tínhamos algo só nosso. Arrasado por estar ciente de que eu não soube dar realmente o valor que ela merecia. *** Dentro do meu Mercedes Mclaren preto olhei o vestido no banco ao lado e sei que jamais o passado retornaria; muitas coisas foram ditas e não tinha mais como voltar no tempo e desfazer o que foi feito, na época, fiz o que achava que deveria fazer e hoje vi que errei muito e agora tenho que simplesmente conviver com as minhas malditas escolhas e meus demônios. Não a tratei como deveria ter tratado, Bella era só uma menina de 19 anos e eu dezessete anos mais velho que ela, poderia ao menos ter me colocado em seu lugar.
Tive esperança que ela fosse estar na reunião em Nápoles, mas ao invés de ir, foi o Tony a representando, imaginei que poderíamos conversar em paz e talvez eu pudesse explicar tudo que aconteceu: minhas motivações; ter seu perdão e tentar reconquistá-la, mas vi que nada disso seria mais possível e vender o apartamento estava fazendo parte de seguir o caminho adiante, talvez um dia nos encontrássemos e quem sabe conversaríamos sobre o passado. As notícias que tinha sobre ela eram poucas, quem mais tinha contato com ela era Raf, Bella havia pedido a ele que preferia lidar com assuntos relacionados ao seu clã através dele, com isso ela deixou bem explícito que não me queria mais em sua vida e pela primeira vez resolvi aceitar e acatar sua vontade, respeitando o meu amor por ela. Sei que mandar flores em todas as datas comemorativas não surtia efeito algum, Bella me ignorava completamente, tirando-me fora de tudo em sua vida. Até criei um perfil em uma rede social somente para saber dela e acompanhar sua vida; algumas outras notícias eram através das migalhas que Rafaello compartilhava comigo e infelizmente tinha que me contentar com isso, ou fora isso não era nada. Eu era obcecado por cada informação que eu conseguia ter e isso não estava me fazendo bem. Então, foi nesse momento em que resolvi tocar minha vida, passei dois anos sozinho sem nenhuma mulher, minha satisfação se dava por lembranças dela, enquanto me masturbava para aplacar a tensão por não ter ninguém, preferi assim, a ter que machucar alguém dando esperanças, depois de Bella prometi a mim mesmo ser um homem melhor
e quando eu me relacionasse com alguém eu não machucaria a pessoa com quem estivesse, mesmo achando que nunca mais amaria alguém como ainda a amo. Tinha acabado de completar 38 anos e um dia eu deveria começar minha família, segurei-me por dois anos, tentado não ir todos os dias atrás dela, para realmente viver o que um dia eu propus e, foi assim que esperei nesses quarenta e oito meses, mas me enganei em achar que o tempo curaria a ferida que causei nela. E se ao menos nos falássemos eu poderia tentar dissuadi-la, mas Nápoles só provou para mim que ela não voltaria atrás de sua decisão. *** — Em menos de seis horas o apartamento foi vendido, Giovani. — Raf entrava na minha sala desabotoando os dois botões do seu terno cinza-claro e se sentando na cadeira a minha frente. Pousei a caneta sobre o documento que estava analisando e olhei para ele, já me arrependendo de desfazer de algo que foi um presente meu para ela e, que tinha tudo dela impregnado ainda naquele lugar. Fechei os olhos e passei a mão pelos cabelos desalinhando os fios. — A corretora me disse que era uma pena me desfazer e que seria rapidamente vendido, e assim foi. — Minha voz era pesarosa e esse sentimento que me sufocava, ele tinha um significado: “Nunca mais vou tê-la de volta” — Irmão, não se martirize, nesses dois anos você mudou, desfazer do
passado e não pensar mais nele vai te fazer bem, Bella está tocando a vida dela e não fala no seu nome há muito tempo, talvez devesse fazer o mesmo, ela, na semana passada estava em um encontro; saia e se dê outra oportunidade. Engoli em seco pensando que nesses dois anos trabalhei e me doei completamente para minha família, para meus irmãos e para a organização, trabalhando quase todos os dias até mais tarde e não vivi, estagnei minha vida no dia em que ela me tirou das mãos do inimigo e me disse “adeus”. — Eu não consigo esquecê-la. — Mas trate, Giovani, Bella é orgulhosa e já mostrou que não volta atrás e a deixe em paz, tinha que ter sido assim desde o começo, a única coisa boa disso tudo é que não devemos mais nada ao desgraçado do Donttino e você se livrou da Júlia. Eu dei tempo para ela pensar e me iludi em acreditar que agindo assim teria ao menos mais uma oportunidade. Conversei com Raf confirmando, quando ele já deixava minha sala, que jantaria em seu apartamento e de Alícia mais tarde. E mesmo tendo piedade de mim fiquei feliz por ele estar começando a construir sua família com a amiga da Bella, era para estarmos assim e quem sabe casados com nosso primeiro filho já. Precisava tirá-la da minha vida e seguir em frente.
Cinco anos que Raf e Alícia estavam juntos
Não sei como concordei com essa loucura de Rafaello casar-se com Alícia em Los Angeles, depois de cinco anos que começaram a relação, estavam há dois anos morando juntos em Nova Iorque, mas minha cunhada bateu o pé de que queria se casar de véu e grinalda, antes que o bebê nascesse. Ela estava grávida de seis meses. Eu estava feliz por eles. Nesses dois anos, depois que vendi o apartamento, entendi que era preciso seguir em frente e foquei mais em mim, comecei a buscar novos rumos para minha vida; pratiquei esportes radicais, voltei a treinar todos os dias e
depois que o apartamento foi comprado, no mesmo dia que mandei colocá-lo à venda, comecei a entender que eu precisava viver, mas eu ainda a amava, meu coração disparava freneticamente a uma simples menção de seu nome, ainda acordava no meio das noites suado e com um tesão do caralho ao lembrar de nossos momentos, de como ela se contorcia e mordia os lábios ao gozar e quando me olhava e sorria ao notar que foi flagrada, como sentia falta da sua risada inebriante. Era uma saudade consumidora que me deixava inerte a outras mulheres e, quando a via ou tinha conhecimento que estava em alguma revista eu comprava e relia diversas vezes o que comentavam sobre minha linda mafiosa. Bella virou um tipo de celebridade do mundo business, mesmo de longe fazia questão de acompanhar sua trajetória, foi a forma que encontrei de ainda conseguir ter um pouco dela na minha vida. Sentia-me orgulhoso por ela, mesmo que todos os dias eu me lamentasse por não a ter mais em minha vida, aprendi amar Bella de uma maneira que, se ela estivesse feliz eu também estaria. Pelo jeito Bella se tornou midas, eu acompanhava por revistas de fofocas e programas de celebridades, ela colocou os esquemas da família em um status de alto nível, não era mais dona de casas de prostituições, suas casas noturnas ainda tinham prostitutas, mas daquelas que usam somente o clube noturno, eram sofisticadas e quem tomava conta era o Tony, imaginei que ela não queria seu nome envolvido com alguma atividade que a deixasse em desprestígio. Além dos
negócios familiares ela havia se tornando empresária musical, comprou uma gravadora falida e a transformou em uma das mais bem colocadas na Califórnia, com novos artistas, sendo hoje uma das grandes do meio, mês passado minha chapeuzinho vermelho, minha rainha, esteve na entrega do Grammy ao lado de sua artista indicada, fiz questão de assistir pela tevê. Seu nome foi citado como empresária do ano, tendo destaque como uma das mulheres mais ricas do estado, para nós foi ótimo, porque parte disso vinha para a Camorra. Descobri através de entradas, que os Donttinos estavam devolvendo todo o dinheiro que desviei. Ela não só me libertou, mas tirou o risco que poderia colocar toda minha família a perder sua credibilidade. Ela me deu oportunidade de viver, como queria que ela estivesse vivendo aqui comigo, mas entendi que ela nunca seria minha sombra, se até o irmão cedeu porque sabia da estrela interna dela, eu jamais cobriria o seu sol. Vê-la brilhar me deixava feliz, mesmo que a saudade fosse algo que me sufocava em alguns momentos; refreie meus pensamentos de que poderia ir até ela e convencê-la que ela ainda era minha, mas tudo se foi quando há um ano vi o anuncio do seu namoro com Harry Smith, o herdeiro queridinho de Las Vegas, e entendi que era realmente o fim, apagando a única faísca sobrevivente em meu coração e reconheci que não tinha mais esperanças em vê-la sorrir ao lado dele. Então, resolvi também que era hora de deixar outra pessoa entrar. Algum tempo estava saindo com uma médica que conheci em uma das noites no Le Bordon, alguém fora de nosso meio e algo bem tranquilo; Mellaine
era linda, morena de estatura mediana, com olhos âmbar e da idade dos seus trinta e poucos anos. Estávamos saindo sem compromisso de relacionamento sério e me sentia bem com a companhia dela; quando Raf e Alícia me pediram para ser seu padrinho de casamento e que a festa seria em Los Angeles, exatamente no quintal da mansão de Bella, em Malibu, eu me senti miserável em chegar lá sozinho e novamente com o pensamento de orgulho ferido. Primeiro quando fiquei sabendo do namoro dela com o bilionário, e agora por chegar lá sozinho e vê-la com outra pessoa, resolvi pedir Mellaine em namoro e assumirmos nossa relação, por impulso a convidei para me acompanhar ao casamento do meu irmão, mas me arrependi de ter feito o convite e ter assumido com ela publicamente ao saber há duas semanas que seria par de Bella no casamento e que a mesma aceitou numa boa o fato de ter que ser minha acompanhante e passar algum tempo ao meu lado. Vi a oportunidade de ficar ao seu lado e poder falar com ela, escorrendo por entre meus dedos ao ter que levar Mellaine comigo, mas era tarde e eu agora mais uma vez tive minha oportunidade afundando em águas turvas. Como não tinha como voltar atrás, o melhor a fazer seria disfarçar a atração irrefreável pela minha ex, fingindo que nada aconteceu um dia e esconder todo o sentimento que jamais se foi. Antes de irmos pedi a todos que não mencionasse meu passado com Bella para Mellaine, ela era uma mulher incrível e não queria criar uma situação
constrangedora por causa do meu amor do passado, presente e futuro, e tentando achar uma solução para não cometer uma grande loucura fiquei como uma criança vendo as fotos de Bella com o namoradinho, somente para sentir raiva e não fazer nada de que eu pudesse me arrepender ou machucar alguém. Se não aconteceu nesses quatro anos longe um do outro não seria agora que aconteceria. Tivemos duas oportunidades em Nápoles. Uma ela não foi e mandou o irmão no lugar, na outra me escondi em casa e mandei Raf no meu lugar. Mas dessa vez teríamos que nos rever e ainda por cima dar os braços como se fossemos velhos amigos. Fechei os olhos tentando ser forte diante desse sentimento intenso que me corroía, dia após dia, e que se negava a ir embora. Desejei que pudéssemos ter vivido tudo diferente do que foi, quem sabe estaríamos juntos e seríamos nós dois nos casando agora. Precisava me blindar deste amor avassalador e consumidor agindo naturalmente em sua presença, provando a todos que Bella Dellatore e Giovani Valentino poderiam ficar dentro do mesmo ambiente sem se afetarem, sendo apenas bons amigos. Olhei para Mellaine e sorri. A bela mulher de cabelos castanhos anelados me devolveu um singelo sorriso transpassando tranquilidade. Estávamos viajando para Los Angeles, sentado à sua frente no jatinho da família Valentino.
Ficamos nos olhando e ela marcou a página da revista que estava lendo. Algum assunto interessante, pois, estava algum tempo já com sua atenção presa nas páginas do magazine. Era estranho depois de um bom tempo estar com uma pessoa que se sentisse ligado a você de alguma forma, o sexo era bom, não espetacular, mas depois de dois anos sem uma mulher, eu sai com algumas, afinal eu era bem viril e gostava de foder, e ficar no cinco contra um não estava sendo bom para minha masculinidade e Mellaine me supria de alguma forma, não intenso como foi com Bella, na época virgem e com meses ficou melhor na cama do que eu poderia pensar. Luca interrompeu nosso contato visual vindo com seu tom debochado falando algo sobre a festa de casamento. — Raf é sortudo, a festa vai ser na mansão dos Dellatore em Malibu, o pai de Alícia trabalha para Bella e ela fez questão de bancar toda a festa. Espero ter algumas famosas por lá. Ainda para meu martírio pessoal fiquei sabendo dentro do avião que ficaríamos hospedados na casa de Bella, Raf havia me dito que nossa hospedagem estava sobre controle, eu deveria ter desconfiado do sorriso que me deu quando disse. Alícia estava temendo que eu não aparecesse por causa de Bella, todos sabiam que minha fuga de a ver é por não ter esquecido do que tivemos e nada a ver com um sentimento de menosprezo. Rafaello estava em Los Angeles fazia uma semana, devido aos
preparativos do casamento, mamma estava descansando na cama da aeronave; faziam apenas nove meses que papá nos havia deixado depois de uma infecção renal que generalizou por todo seu corpo, víamos o quanto ela estava abalada e, o que a fez ficar um pouco animada foi o fato de Alícia engravidar e dar a ela o tão sonhado neto que pedia a nós. Nos revezamos para distraí-la, fazendo programas e passeios com ela. — Quem será que vai estar nesse casamento? — Tirando-me de tais pensamentos Luca ainda fomentava ao fato de ansiar por convidados célebres presente no casamento, parecendo um garoto iludido. — Se eu fosse você não ficava contando com isso. O fato de ser Bella a patrocinar o casamento, não diz que ela colocará celebridades como convidados. — Marco debruçava no descanso de braço da poltrona a frente e olhava para trás, onde estávamos sentados. — Cara, ela tem muito dinheiro e uma festinha assim não fará nem cócegas nos cofres dela, até porque falei com Raf e ele disse que a festa está sendo preparada para umas trezentas pessoas. — Eu não sei, mas se contando do bom gosto de Bella vai ser lindo e pare de ficar pensando que vai sair com alguma cantora ou atriz, se contente com a que te der moral, Luca. — Marco fazia questão de degradar Luca em brincadeiras, debochando dele. — Quem é Bella? — Mellaine me perguntou mais baixo quando só prestava atenção na conversa dos meus irmãos tentando não me afetar pela
simples menção do nome dela. Pensei no que responder sem mostrar algo que revelasse nosso passado intenso. — Bella foi uma das únicas mulheres a assumir um clã da Camorra. Com 19 anos. Ela é considerada a primeira-dama entre os mais velhos. Eles dizem que se eu bobear ela me passa e toma minha cadeira. Mas ela é leal, pode não parecer. — Tentei resumi-la com carinho, mas como tive vontade de falar em alto bom tom que Bella Dellatore era: a mulher mais linda, mais gostosa, mais fogosa que já tive e sem contar de como eu sou de quatro por ela ainda. — Bella é linda isso sim, com todo respeito, Mellaine, mas a mulher mais linda que vi na face da terra. — Luca entrou no assunto despertando a atenção curiosa de Mellaine, porém, minha nova namorada não se sentiu afetada e isso que eu gostava nela, era bem esclarecida e não se intimidava com outras mulheres perto de mim. Diferente da histérica da Júlia, que por sinal apareceu dois anos depois, grávida de um italiano da casa dela. — Bella é linda sim, além da sua beleza estonteante ela tem uma personalidade marcante, está atualmente namorando um dos herdeiros de Las Vegas. — Marco como era muito analítico e atento a tudo percebeu minha tensão e entrou no meio da conversa adicionando alguns fatos a mais sobre Bella na curiosidade de Mellaine. — Essa aí não deve se preocupar com dinheiro. — Mellaine comentou achando interessante.
— Não, nenhum pouco, o clã dela para nós é tão importante quanto o meu. Agora ela é empresária da indústria musical, sem contar que comanda todo o esquema de jogatina da Califórnia e suas casas noturnas é frequentada por figurões de todo o país. — Completei tentando não transparecer meu carinho por Bella. — Por acaso estamos falando de Bella Dellatore? — Uma ruga brotou na testa de Mellaine arqueando uma de suas sobrancelhas ainda curiosa pelo assunto Bella. — Sim, a própria. — respondi e no mesmo instante ela desdobrou a revista virando com a capa no meu campo de visão e na mesma hora vi Bella estampando a primeira página vestida igual a uma modelo da Vogue. Essa eu ainda não tinha visto. Fiquei olhando a foto a minha frente em como o vestido preto modelava no seu corpo escultural, ela estava de lado encostada a uma vidraça, os cabelos que tanto eu amava estavam curtos pouco acima do ombro, dando a ela um ar de sofisticação, ainda mais linda do que era. Fiquei encantado e triste ao mesmo tempo por ter cortado seus lindos cabelos. Como eu amava a maneira com que eles caiam sobre seus seios empinados e redondos quando estava nua, deixando o mamilo sair por entre as mechas. Respirei fundo afastando esse tipo de pensamento que começava a dar vazão a outros virem juntos e com eles meu tesão explícito com meu pau já enrijecendo.
— Estava lendo sobre ela. O pai foi assassinado, não foi? — Tentei sorrir me sentindo desconfortável. Quando comprava as revistas em que ela estava, gostava de ver sozinho para relembrar e pensar em tudo que vivemos, os momentos bons. — Sim. E nós que cuidamos dela. Não é Giovani? — Luca se intrometeu de novo e deu ênfase ao me perguntar. Depois falaria com meu irmão mais novo; logo Mellaine desconfiaria de algo e não queria que fosse desagradável e pesasse os dias em que ficássemos hospedados lá. — Agimos conforme devíamos agir com qualquer um. — Encerrei o assunto. A comissária de bordo começou a servir nosso almoço, mas Mellaine ainda estava curiosa para saber mais sobre Bella. — Ela ainda é muito nova, aqui na revista diz que ela está com 24 anos. — Coloquei um pedaço de peixe na boca e mastiguei lentamente evitando prosseguir o assunto. — Juro que queria muito conhecer uma celebridade — Começamos a rir com o comentário inusitado de Luca. — Você não cresce, Luca? — Marco perguntou. — Não passou da idade de ter sonhos com mulheres famosas. — Eu não! Se a vida é feita para viver, e eu gosto de mulheres famosas. Por que não sonhar? Já peguei algumas modelos, não famosas, mas que deve ser
gostoso sair com uma dessas cantoras, dizem que são taradas e safadinhas. — Você é muito iludido meu irmão, se acha que você é para o bico delas. — Marco o provocou. — Porra! — Luca falou alto comendo e mexendo em seu celular. Ele levantou a tela nos mostrando Raf, Alícia e Bella com uma dessas cantoras do momento almoçando em um refinado restaurante à beira mar. — É disso que eu falo, viver assim. — Você é um idiota iludido, Luca. — Marco ao seu lado tirou o celular da mão dele olhando melhor para a foto. — Nenhuma delas daria moral para você. — Olha quem fala, o cara das tiazonas. — Pelo menos não tomo fora igual a você. — Os dois irmãos sempre se provocavam e Marco como mais velho que Luca fazia questão de espezinhá-lo, sempre debochando. — Claro as mais novas te acham velho. — Mas tenho o pau mais gostoso. — Marco disse em voz baixa provocando-o — Quer dizer o menor. — Repreendi-os por respeito a Mellaine que estava achando engraçado o debate desbocado dos dois. — Parou a brincadeira. — Luca era um meninão ainda, o caçula. Mais duas horas de voo fomos informados pela comissária. Aproveitei e fechei os olhos para descansar. Aquela semana foi corrida. Assim como Bella
foquei em trazer mudanças boas para as minhas empresas e novas diretrizes para a Camorra.
Quatro anos será que foi realmente suficiente para colocar Giovani longe de tudo e do meu coração? Eu mesma agora não tinha mais a certeza do que tudo isso significava; no mês anterior quando convidei a família Valentino para se hospedarem na minha casa nos dias do casamento de Raf com Alícia eu tinha certeza de que ele não exercia mais nada sobre mim. O que fiz? Não deveria ter agido por impulso, coisa que não faço há muitos anos, mas meu coração enganoso e falho agiu sozinho, contrariando a frieza que eu demonstrava ao ouvir o nome Giovani Salvatore Valentino quando o mencionavam próximo a mim.
Dei a seguinte desculpa para minha falha: “Você só quer mostrar a ele que superou, que a menina idiota de antes não existe mais”. Que nada, eu ainda sentia os saltos atléticos que meu coração dava ao ouvir a simples menção do seu nome. E sempre era Alícia me colocando a par de como ele estava, eu fingia não me importar, mas cada notícia me dava vontade de implorar para saber tudo dele nos mínimos detalhes. Ela me disse diversas vezes que ele estava sozinho e eu achava maravilhoso, isso era por mero e simples capricho de saber que ele não tinha ninguém, esse fato me deixava muito satisfeita, mas a história inverteu quando eu os convidei e foi uma facada no meu peito ao ouvir seu irmão perguntar se não teria problema de ele trazer a namorada, concordei e tentei não deixar minha expressão acusar de que me senti afetada, não só afetada, mas arrasada em saber que uma nova mulher estava compartilhando com ele coisas das quais ele me prometeu e não cumpriu. Foram dias de terror para quem estava perto, descontei em todos até Russel vir até mim e me falar tudo que eu precisava e me colocando na realidade de que eu o deixei e de que fiz escolhas. Mesmo que eu tenha escolhido em seguir minha vida, sem ele, não teve só um dia nesses mais de 1.600 dias que eu não o desejei como o desejava, eu o amava, e tudo que vivemos fez com que eu ficasse estragada para qualquer relacionamento, nunca mais consegui me envolver com ninguém, não sentia atração por outros homens, poderia até achar bonito, sair e dar uns beijos, mas nada, não passava de apenas um encontro. Eu fui dele e ainda sou, irrefutavelmente.
Por brio eu jamais o deixaria entrar novamente em minha vida e depois me deixar com a bagunça toda para arrumar, como no passado; antes era iludida com meu primeiro e único amor e achava que tudo daria certo no final, mas hoje estava mais velha e sabia que nada seria como Alice no País das Maravilhas. Minha sorte foi que nas duas vezes que era para nos encontrarmos em Nápoles não deu certo. Da última mandei Tony no meu lugar, fugindo que nem uma menininha medrosa, mas ninguém precisava saber do quanto Giovani ainda me afetava, noite e mais noites ainda lembro dos seus toques, da intensidade dos seus beijos quando agressivamente me tomava como sua. Tive que me contentar com as lembranças e um consolo comprado em um sex shop, a virilidade dele me deixou viciada no prazer que só encontrei com ele. Talvez um dia eu conseguisse prosseguir igual ao que ele estava fazendo, não que eu tivesse esperanças de que voltaríamos um dia, meu orgulho ainda fazia questão de me lembrar das suas palavras naquela noite. Quando Don Valentino pai faleceu, fui às escondidas fazer uma visita a Dona Ana Valentino. Eu evitava qualquer encontro, mas esse seria impossível, porque era casamento da minha melhor amiga e justo com o irmão dele e para piorar a minha situação seria madrinha de par junto com ele. Sei que a escolha de Alícia e Rafaello foi proposital, mas como negar um pedido deles, meus amigos queridos, além de que, se eu negasse estaria declarando abertamente que eu ainda me sentia estremecida pelo Lobo Mau além de decretar a falência do meu amor próprio.
Dias de expectativa, e hoje, o então finalmente dia em que o clã Valentino estaria na minha casa chegou, deixando-me mais agitada que o de costume, sem conseguir me concentrar em coisas banais; tive medo e receios e a todo custo buscava achar o ponto de equilíbrio do meu juízo normal, mas ao contrário a cada minuto que alcançava o momento eu perdia qualquer confiança que um dia tive em mim. Eu era muito nova e hoje com 24 anos me julguei estar preparada, mas nada estava sendo como eu pensava, afinal eu o amei desde o dia que deixei que ele me possuísse em um local público, escondidos apenas por uma cortina de veludo carmesim e máscaras escondendo nossas identidades. Eu tentei de todas as formas tê-lo para mim, mas não foi o suficiente e naquela noite em Nápoles estive a ponto de jogar tudo para o alto e retomar para nossa vida, ele me fazendo de sua amante e eu aceitando suas migalhas. Tinha que ser diferente, nesses anos eu busquei fechar a ferida aberta e hoje não doía mais, sim... ainda tinha o orgulho ferido, mas nada se comparava com o amor que ardia por ele em meu peito. Esperava que fosse ser mais fácil vestir minha máscara e aceitar que hoje somos apenas meros conhecidos; ele estava acompanhado e eu também estaria e com toda essa bagunça na minha cabeça acabei me esquecendo de Harry: meu lindo, atraente e cobiçado namorado. Um tanto exótico, mas era minha carcaça contra meus sentimentos aprisionados pelo atual Don Valentino. Ele também estaria me acompanhando e talvez isso tornasse tudo mais
fácil para passar ao seu lado esse fim de semana; o único fato que me interessou em tudo isso era a namorada dele não ser igual a sua ex-noiva, aquela psicótica social. Ao que me disseram ela se chamava Mellaine, era médica, bonita, discreta e um tanto tranquila, e pelo visto toda a família aprovava a nova namorada do mafioso chefe. Despeito foi algo que até hoje era desconhecido para mim, mas senti por ela ser tão querida por todos assim e tão rapidamente, enquanto esperava que fosse eu a estar em seu lugar. O que fazer? Mostrar que o superei e dei a volta por cima. Como? “Bella você precisa mostrar a todo custo que o superou” Essa frase estava sendo o mantra diário, cheguei a repetir em voz alta tentando dissipar minhas inseguranças. Cheguei a ficar à frente do grande espelho que havia no banheiro perto da minha sala e tentava achar aonde eu estava. Hoje eu era Bella Dellatore, chefe da minha casa e uma mulher que venceu os desafios de se tornar a mulher mais jovem a assumir um posto dentro de uma integração da máfia e de galgar como empresária bem-sucedida. Se conquistei tudo que quis em tão pouco tempo, Don Valentino não conseguiria me desestabilizar por amá-lo, era só eu não o deixar saber disso. Estava ao extremo da sanidade mental e, por fim na busca desesperada de
passar logo por tudo e, seguir em frente. Comecei a organizar minha mesa para ir almoçar no momento em que meu telefone tocou me assustando e tirando-me da minha regrada concentração. Era Harry, meu namorado. Além de atributos atrativos era de uma beleza sem igual, um quase deus grego, alto, olhos claros às vezes um verde outras horas azul. Atendi o telefone posicionando a tela na minha frente para realizar a vídeo chamada. — Oi, lindo! — Ele mandou um beijinho exagerando no biquinho. — Maravilhosa! Como está? — Estou bem e você, querido? O que manda, bonitão? — Bem também, preciso de um favor enorme. — Éramos muito amigos acima de tudo. Daqueles que é pau para toda obra. E foi assim que nossa amizade se tornou alvo de um relacionamento pela mídia. — Se estiver meu alcance. — Sempre está! O que Bella Dellatore não consegue? — Fale então logo, meu lindo. — Preciso de seu apoio neste fim de semana. — Sem chances. — Bella!!! — Não tem como, Harry. Os Valentinos estão chegando. Quem precisa
de você sou eu. E era para você já estar aqui. — Argumentei e enfatizei a importância dele aqui, ele já havia ressaltado que quando eu e Giovani estivessem em um mesmo ambiente ele queria estar junto, até porque Harry era um dos únicos que sabia de tudo, tintim por tintim. Fiz voz chorosa, totalmente apelativa. — Não acredito! — Sua voz saiu mais afeminada do que o habitual. — Sim, preciso de você aqui hoje ainda, Harry. E não faça a lesa nesse momento e não some, pois, juro que te encontro e faço picadinho de você. — Nossa, estou até com medo de suas ameaças, mafiosa. Que horas devo estar aí? — Mas James vai ficar furioso. — Harry com seu sorriso tentador e atraente faria qualquer mulher se matar por ele, o problema era esse, ele não gostava de mulher, era completamente apaixonado pelo cirurgião plástico James Corfield, outro belo homem, um colírio, de arrancar os ares dos pulmões. Nós ficamos amigos quando fui a Las Vegas fazer uma consultoria com ele e desde lá tenho sido sua “namoradinha” abafando o caso dele com James. A família ainda era arcaica em relação a conceitos sobre relacionamentos homossexuais e esperava que Harry desse muitos netos e um casamento que toda mídia se mataria para cobrir o enlace, mas ele era avesso a qualquer estereótipo arquitetado por sua tradicional família, temíamos que talvez pela ignorância do bilionário Tencis Smith ele perdesse sua herança se não fizesse o que o pai queria.
E como sua amiga eu abafava qualquer especulação sobre seu relacionamento com o médico, sendo sua namorada de aparências. Não conseguia entender o medo que Harry tinha do pai, eu mesma o incentivei por diversas vezes a assumir seu relacionamento e ligar um “não estou nem aí” em letras garrafais a todos, e que não se importasse com a mídia, no início falariam e logo o deixariam em paz. Mas como não era da minha vida que se tratava, eu como uma leal amiga fazia de tudo para ajudar no que fosse preciso e ele vivesse sua vida como bem queria. — Harry, sem essa. E problema dele, sempre estou socorrendo os dois, agora preciso de você mostrando que é um macho alfa que me domina. — Ele gargalhou, pois, quando contei que ele viria acompanhado de uma namorada, Harry me incentivou a mostrar a ele tudo que perdeu e com isso mostrar que outro homem dominou Bella Dellatore. — Boneca, jamais dominaria você, com esse seu jeito de dominatrix... impossível, Queen Be. Já disse que você é louca de não se atirar no Capo gostosão. — Começamos a rir. Harry com suas sacadas sarcásticas era meu alento até no dia que eu mostrei uma foto de Giovani, em uma rede social. O filha da mãe estava sentado sobre uma moto esportiva e com os braços cruzados na altura do peito, com uma camiseta de mangas curtas aparentando mais tatuagens do que tinha e marcando as musculaturas de seu bíceps, além da posição de uma perna no chão, com a calça agarrada na coxa e a outra escondida pela perspectiva da posição da foto,
usava óculos escuros e com uma novidade, está usando cavanhaque. Deliciei-me com a visão e fiquei por um bom tempo olhando para aquela foto antes de dormir, fechando os olhos e sentindo como gostava quando me tocava procurando o centro das minhas pernas, ou mesmo quando apertava minhas coxas dizendo o quanto estava com tesão. Foi tudo tão intenso, que hoje vivo assim, de lembranças, alimentandome delas como um suprimento para eu lembrar de tudo que vivemos e continuar vivendo. Sei que muitas vezes ele foi um verdadeiro cretino me usando, mas não escolhemos quem amar, sei que meu coração era burro e sofredor, além de teimoso, ele não queria se livrar do Lobo Mau, ou melhor, ainda não estava preparado para deixá-lo sair. Queria poder viver e continuar, talvez, amar novamente outra pessoa, precisava buscar e ser forte e deixar meu Capo Infernal, deliciosamente tentador, seguir a vida dele. — Harry, eu preciso muito de você, não sei se conseguirei enfrentá-lo sozinha. Nunca te implorei nada, mas hoje eu te peço por tudo que é mais sagrado, eu não posso parecer que fiquei quatro anos sem conseguir tocar minha vida. — dizer isso, era lembrar que ele estava vindo com a namorada e esfregar na minha cara que realmente eu não passei de nada na vida dele e que ele seguiu a sua vida. Esperava por ele vir atrás de mim depois do fadado casamento com a
louca, mas não veio, também naquela época eu não daria o braço a torcer, e provavelmente nem hoje, mas nesses últimos anos eu o perdoei e ainda o vejo como meu lindo Lobo Mau. — O.k.! O.k., mafiosa. Estou indo já, viu, minha soberana. — Sorri satisfeita para a tela do celular ganhando dele uma piscada que me arrancou risos. Estava tão preocupada com a forma que passaria uma impressão de que Giovani não era mais nada na minha vida do que meras lembranças casuais, que não percebi quando Raf e Alícia entraram em minha sala. Ao perceber os dois a minha frente sorri mais ainda para a tela do telefone, como se eu fosse apaixonada por Harry, eu era louca por ele, mas como amiga. — Amor, estou com saudades, vem logo. — Antes que ele brincasse com algo estragando nosso disfarce, continuei a frase. — Alícia e Raf chegaram aqui vou desligar. Não se atrasa. — Desliguei o celular depois de enviar um beijo como se eu fosse a mulher mais apaixonada por Harry. Terminei de arrumar minhas coisas e os levei para almoçar à beira mar, em um restaurante de frutos do mar, com estrelas Michelin. Tentando impressionar. Aguardávamos uma cantora para almoçar conosco também, costumava a fazer esse vínculo íntimo quando queria fechar algum contrato lucrativo. E com essa nova cantora que eu estava trabalhando precisei unir o útil ao agradável, era assim que eu agia quando queria alguém importante na gravadora, portava-me e
mostrava o quanto eles eram importantes e intimidava-os de maneira informal para quando eu tentasse eles com o contrato eu conseguisse facilmente. Estava nesse projeto há mais de um ano e queria muito que desse certo. De moda para uma empresária! Quem diria?! Minha outra paixão era meu clã e fazia tudo para que ele fosse exemplo dentro da organização. Subestimando-me a cada conquista, me mostrando que eu era capaz de ir além do que minhas condições naturais não me permitiam. Logo minha convidada ilustre chegou e eu apresentei-a a eles. Almoçamos e conversei com ela um pouco sobre negócios, gostava de fazer amizades com eles antes de fechar. Estávamos há meses tendo esses almoços de “amigas” e logo eu daria um xeque-mate nela. No meio do almoço Raf me surpreendeu querendo tirar uma foto conosco, bancando literalmente o tiete ao confessar que era fã da cantora pop ao meu lado e, assim que terminamos o almoço nos despedimos e avisei-os que os encontraria mais tarde em minha casa para o jantar. Considerei ir para casa e recepcionar os Valentinos, mas estava muito nervosa com as mãos geladas suando frio, uma ansiedade que me destoava de quem eu era, deixando-me aparentemente perdida sem saber como agir, precisava de um tempo sozinha para tentar me recuperar e me trancar dentro da minha armadura e erguer as muralhas na minha frente, pois o momento que eu o veria novamente estava a iminência de acontecer. Para aonde que a Bella que construí foi parar?
Conversei com Russel essa semana sobre isso, mas nenhum de seus conselhos nesse momento estavam surtindo efeito, eu estava prestes a ter uma síncope de excesso de falta de confiança. — Como um homem pode desestabilizar tanto uma mulher assim? — perguntei para minha imagem no espelho, analisando o vestido preto com aplicações de cristais preto que experimentava em uma das lojas mais caras da Rodeo Drive. — Não sei, mas confesso que meu ex me deixa vulnerável quando o vejo. — A vendedora achou que eu estava falando com ela, enquanto me trazia mais um vestido para experimentar. Olhei para o reflexo posicionado atrás de mim e sorri ao perceber que eu, assim como todas mulheres, também me sentia fraca perante a um amor inacabado. — A senhorita é perfeita, deveria usar esse preto que está vestindo. Um Gaultier sempre será um... — Gaultier! — Completei a frase emblemática de um merchandising do estilista famoso, queridinho das celebridades de Los Angeles. Rimos e após algumas poucas horas dentro da loja a vendedora arrancou de mim uma pequena fortuna em vestidos, outras roupas e sapatos. E dentro do carro eu percebia o quanto estava desequilibrada emocionalmente a ponto de gastar sem limites, por mero momento de escape. Não voltei naquela tarde para o escritório e pedi a minha assistente que
reorganizasse minha agenda para a segunda-feira, prometi à Alícia que neste fim de semana eu ficaria por conta do casamento, e como ainda havia algumas pendências, eu trabalharia de dentro de casa na sexta-feira. Fiz mais algumas incursões em mais lojas e já não aguentava comprar mais nada e nem precisava de tudo aquilo, mas me distrai e me fez por um momento relaxar e esquecer de que hoje à noite eu estaria frente a frente com o amor da minha vida; o homem que me ensinou o que era prazer, o que era gozar e sentir o sangue se aquecer com simples frases sacanas em seu ouvido. Dei-me conta que estava mais tarde que imaginava ser, ao sair da última loja de roupas íntimas, a que mais me desestabilizou, pois, cada peça ousada que experimentava eu imaginava estar usando para Giovani, lembrando-me do quanto ele gostava de quando eu usava algo mais sensual e o fazia tirar peça por peça com a boca, e depois de como transávamos deliciosamente. Nunca mais tive esse tipo de prazer, algo que vai além do gozo de uma banal foda. Agora com o tempo se esgotando e verificando as mensagens no meu telefone vi que somente havia a de Alícia e mais nenhuma e não sei por que algo me deixou aflita com a ausência de Harry, ele não havia dado notícias a tarde toda. Será que viria em meu auxílio? Ele era minha esperança de me manter de pé diante da presença imponente de Giovani. Digitei rapidamente a mensagem sentada no banco de trás do carro. — Harry eu te mato se você não aparecer hoje ainda. — Logo ele
respondeu. — Calma, já estou aqui. E adivinha só??? Perto do seu Capo gostosão. Que homem da porra é esse? Largo James facilmente por ele. — Você é inacreditável! Em vez estar aí mostrando o namorado vigoroso fica babando em cima dele. — Fazer o quê? O danado tem uma força atrativa imensa, agora sei por que virou uma freira nesses anos, pela cara dele deve ter te pego de jeito, gata. — Sem comentários, Harry. E me fala... a namorada é bonita — Ah! Sem gracinha... Bonitinha... Sou mais você, você bate de mil a zero nela, Queen B. — Você diz isso porque é meu amigo. Seja sincero! — E qual o dia que não fui, Bella? Sabe muito bem qual minha opinião. E dá para vir logo, senão eu vou catar ele para mim e deixar vocês duas chupando dedo. rsrsrs — Nem dê a louca, por favor. Eu te decepo a cabeça se fizer algo contra... e lembra-se de sua virilidade de macho alfa nessas horas. Rsrsrs. Estou a caminho, chego em meia hora, beijos! — Tchau, mafiosa. — Finalizamos a mensagem e me senti melhor por saber que não estaria ali sozinha. Não demorou mais de trinta minutos e eu estava saindo da aeronave, preferi ir de Los Angeles a Malibu de helicóptero para ir mais rápido, agora com
Harry em casa eu me sentia mais confiante em chegar logo. Assim que coloquei os pés na areia tirei meus sapatos de saltos, costumávamos aterrissar em um espaço que estendia da casa a orla. Sempre sonhei em morar em Malibu, na beirada da praia, com a extensão da casa até a praia pouco particular, os mais vistos eram artistas vizinhos que residiam aos lados na mesma faixa de areia que a minha casa ficava. Ali era meu refúgio, o imóvel foi distribuído em mil e trezentos metros quadrados, amplamente do jeito que eu gostava, com vidraças enormes com vista para o mar, inteira branca com móveis sofisticados, ali era meu lugar preferido, sentiame em paz e protegida, era o único lugar que eu conseguia descansar e desligar do mundo a minha volta. Tirei os sapatos e estiquei movimentando meus pés sentindo a fina areia branca entranhar entre o vão dos meus dedos, fechei os olhos buscando aquela paz e sentindo o gostoso vento marítimo batendo em minha face, revoltando meus cabelos, agora curtos e bem práticos de se arrumar. Estava pronta e senti que poderia vencer mais essa. Caminhei atravessando a faixa de areia até o grande deque com a piscina de borda infinita, as grandes vidraças revelavam o grupo na sala da minha casa, espalhados pelos sofás, estavam distraído e não reparam que eu estava chegando, seria bem melhor assim. A porta lateral pela qual eu entraria estava aberta, não tendo osbstáculo algum para uma possível fuga covarde de minha parte.
Ergui a cabeça e respirei fundo buscando parar de tremer, mas foi impossível não sentir o aperto no estômago ao saber que estávamos a metros de distância e em segundos estaríamos no mesmo cômodo. — Boa noite! — Cumprimentei-os tentando não demonstrar minha voz trêmula ao parar na porta ficando visível a todos presentes, inclusive para Giovani. Respirei fundo ao sentir os olhares se voltando a mim, inclusive o peso do seu olhar fez a diferença, era como se me olhasse mais a fundo tentando sondar minha alma. E foi com um imã, atraindo o meu; foi intenso e abrasador, e sorrimos ao mesmo tempo e parece que tudo ao redor desapareceu e só estava eu e ele ali, faltou-me o ar. — Olha só quem chegou, minha regina. — A voz de Harry já próximo, abraçando-me, tirou-me do transe que estava, não somente a mim, mas ele também se dispersou. O meu namorado de faz de contas simplesmente abusou do exibicionismo ao me chamar de regina e me beijar no pescoço, passando a todos ali uma intimidade a mais. Olhei-o acusadoramente, como se eu quisesse matá-lo, não pelo fato de demonstrações de afetos, mas sim, por ele me chamar justamente da mesma forma que Giovani. Sei que Harry provocaria e faria seu papel melhor que um ganhador do Oscar. E foi exatamente o efeito que causou, ele provocou Don Valentino de
uma forma que na mesma hora o homem franziu a testa, arqueando uma de suas sobrancelhas e desmanchando o sorriso. Agora era tarde para eu voltar atrás e pedir para Harry não demonstrar que éramos um casal lindo e apaixonado, eu mesma pedi que ele se mostrasse mais que meloso, um perfeito amante. Sorrindo, tentando aparentar o combinado me aproximei com a boca perto de seu ouvido e sussurrei: — Eu te mato hoje, Harry. — Mas o filho da mãe, ainda mantinha seu papel sabendo o quanto estava se saindo bem. Estava consciente que Harry estava tentando provocá-lo e pensando bem, até que não era dos males o pior. E eu queria assim, provar a todos que eu segui em frente. Sendo totalmente dissimulada aconcheguei meu corpo ao de Harry como se estivesse feliz em estar perto dele, como uma namorada apaixonada se porta. Harry me apertou e eu espremi um comentário baixo e entredentes. — Agora já deu, pode me soltar. — Que saudades estava de você, linda! — Ele disfarçou me soltando e sorrindo em direção a todos e a única coisa que eu poderia fazer era sorrir junto com ele. — Eu também estava. — Aproveitando do momento Harry beijou minha face olhando descaradamente para Giovani e exibindo o sorriso de vitorioso que os Smiths sabiam muito bem como fazer. Nossos olhares ainda cruzavam, Giovani buscando algo e eu querendo
esconder o que ainda sentia por ele. — Quanto tempo, Bella. — Mantive o sorriso ao ver Luca se aproximando de braços abertos para me abraçar, envolvi-me em seu gesto e devolvi a ele o carinho. — Luca! — Ainda é a mulher mais linda que conheço. — ele me disse ao se afastar e me olhar de cima a baixo. — E você também está lindo. Como sempre. — Devolvia a gentileza na mesma proporção. Em seguida foi Marco que ainda era o mesmo homem; alto, de olhos verdes garrafa, bem vestido e extremamente sensual, um verdadeiro Apolo. — Você está maravilhosa como sempre. — Ele me apertou ao me abraçar demonstrando o afeto, eu havia visto Marco quando fui ver a senhora Valentino em seu luto e conversamos um pouco, nada muito invasivo sobre o passado, coisas atuais. Dei um tapinha em seu ombro me soltando de seu abraço e automaticamente meus olhos foram atraídos ao homem que vinha em minha direção, o ar nesse momento ficou rarefeito e todos os terminais neurais de meu corpo reagiram liberando uma descarga exorbitante de adrenalina, deixando-me com os batimentos arrítmicos, a respiração irregular e com a proximidade dele só piorou esse estado fisiológico. Em minha ótica tudo se passava em câmera lenta, como se ao nosso redor
fosse um borrão de um mundo externo ao nosso ali. Frente a frente, centímetros um do outro tive um flash branco, cegando meu raciocínio me deixando sem saber como agir, se estendia a mão ou se me agarrava a ele. No seu quase casamento com a louca desvairada foi tão simples e fácil estar em sua presença, naquela época era tudo muito recente e ainda estava com muita raiva e machucada, mas hoje eu não sabia como definir o que era toda aquela situação de olhos nos olhos, respirações pausadas e pesadas, formigamentos nas mãos, aquela sensação de êmbolo, revolta no estômago e, como se tudo voltasse ao tempo certo, sentia seu corpo tocar ao meu, causandome frisson, deixando-me trêmula o suficiente para poder desmoronar a qualquer momento e, mesmo que separados por roupas eu podia sentir o calor da sua pele na minha, lembranças das quais estavam mais vivas neste momento. Reagi a ele com a mesma intensidade que seus braços se fechavam a minha volta, ficando corpo a corpo, com meu rosto em seus ombros, sentindo o movimento do seu peito subir e descer junto com seus batimentos cardíacos e fui afetada por seu cheiro Fougére, levemente almiscarado; tentava respirar e apurar mais seu perfume masculino para simplesmente lembrar dele mais ainda, quando estiver longe de mim. — Oi! — Sua voz saiu baixa e ainda me abrigava entre seus braços como se jamais fosse me soltar e no meu âmago queria permanecer ali. — Oi! — Quase minha voz não saiu e comprovei o quanto estava
impactada por este momento. — Como está? — Ele riu amargamente. — Bem pelo jeito. Afastei a cabeça para olhá-lo nos olhos e fui pega contemplando seus lábios e por um momento somente o fitei percorrendo meus olhos da sua boca até seus lindos olhos castanhos com rajadas de verde, algo âmbar, nunca sei, são mutáveis. — Estou bem e você? — respondi afetada por sua presença viril e imponente, digna de um verdadeiro chefe; sua voz grave e rouca fizera os pelos da minha nuca se eriçarem, admirando seu jeito de me olhar e sorrir, logo após de colocar somente a ponta da língua no lábio inferior, como sempre fizera. Ainda era ele ali, meu Lobo Mau, só que mais velho e mais belo. — O corte de cabelo ficou bom em você. — Ele referiu ao meu novo visual e sorri com o elogio, extasiando-me, elevando meu ego. Onde nos perdemos? Ou melhor, aonde foi que no fim não achei mais esse Giovani sedutor que me fez amá-lo loucamente até hoje? Não o cara mandão, mas o que te seduz somente com a forma de depositar o olhar em você e te faz se submeter a uma submissão incontrolável pelo prazer que lhe proporciona. Mordi meus lábios formigando e se eu quisesse provar mais uma vez de sua boca era só virar o rosto mais um pouco, porém eu precisava recobrar a sobriedade e lembrar que uma vez saí estilhaçada e que o motivo de estar alienada nesse momento era meu coração burro que o queria mais que a própria
vida. Seja forte Bella e resista, Giovani Valentino é poderoso e te machucará novamente, não se engane. Recobrei de mim algo que imaginei ter fugido e escapado para o mais profundo da minha alma. — Também gostei de como está de cavanhaque, combinou muito bem com você. — Tentei aparentar o mais normal possível e com o silêncio sepulcral a nossa volta percebi que estávamos tempo demais abraçados e com as mãos espalmei em seus bíceps e forcei para me afastar, sustentando nosso olhar íntimo, como se revivêssemos o que tivemos apenas nos olhando. Acho que Giovani entendeu e me soltou, nos tirando daquela órbita em que pensamos estar somente nós dois e, assim pude ver que alguém mais atrás nos olhava atentamente. Era ela, não tive dúvidas quando a olhei e vi uma bela mulher, na casa dos quase quarenta anos, não lhe dava mais que isso, ela sorria agradavelmente e de maneira cordial tentei retribuir. Fiquei observando-a vir até mim e gentilmente se apresentar, assustando-me com o abraço informal. De início eu tinha meus receios em pensar que poderia ser mais uma Julia, mas vê-la pessoalmente e estar ali na sua presença entendi que ela era diferente e o porquê de a família tê-la aprovado para estar ao lado dele. Uma ponta de ciúmes percorreu por todo meu corpo, ainda tinha sentimentos de posse e constatei somente naquele momento quando percebi que
ela poderia fazê-lo feliz; quando me informaram sobre a namorada achei que deveria não ser nada elegante e educada, alguém mais ao estilo da ex, uma transtornada e não uma simpática mulher. Aparentemente estava enganada. Lembro-me de que Júlia nunca fez questão de aparentar animosidade com ninguém, mas Mellaine mostrou em seu portar que não tinha recalque por nenhuma mulher na frente de Giovani. Eu precisava adotar essa postura e mostrar que era superior a qualquer um dos dois: ele, por eu amá-lo e querer manter assim como estávamos nesse tempo e ela, por não me afetar como mulher, a mulher dele no momento. — Seja bem-vinda a minha casa e a Malibu. — Afastei-me dando-lhe boas-vindas; mesmo ela sendo diferente da ex eu não queria começar a gostar dela, afinal, ela estava com Giovani, ocupando um lugar no qual eu queria estar. — Espero que goste daqui. — Obrigada, já estou gostando de tudo. — Ela ainda era mais gentil do que eu pensava. — Sua casa e você são lindas. — Aparentemente forcei ainda mais os lábios ao sorrir, sentindo o gosto colérico do despeito em minha garganta. Mesmo não estando com ele, eu senti ciúmes e ela como uma rival, não poderia negar que a sentia como uma concorrente. Ela se agarrou ao braço de Giovani e sorriu para ele, como se estivesse passando por uma aprovação.
— Obrigada. — Balancei a cabeça e mudei meu olhar ao redor esperando mais alguém para cumprimentar. — E mamma Valentino? — Sei que ela tinha vindo, ela não perderia a festa de casamento de seu filho. Por mais que os anos passaram eu ainda me ressentia com ela, apenas cumpria meramente um papel de fachada, jamais me esqueceria dela me pedir para ficar longe do seu primogênito e o pior foi quando fui vê-la, pediu-me para que eu desse uma nova oportunidade ao filho dela. Como se eu fosse uma simples marionete em seu jogo de superproteção materna, mas creio que ela entendeu, pois deixei bem claro que eu havia seguido minha vida. — Está com Dona Ninna, as duas foram para Bell Air. — Giovani respondeu minha pergunta. Concordei sem emitir nenhum som, somente com o gesto de cabeça e fui para o lado de Alícia que sorria ao ver que tudo estava saindo bem, ela havia me dito sobre seu receio e eu tentei tranquilizá-la de que nada sairia fora do padrão; alisei sua barriga e respondi com movimentos labiais um: “De nada” para seu obrigada.
Tentei disfarçar o que vivi ali ao tê-la em meus braços, mesmo que por meros minutos, foi como se algo mais intenso e mais poderoso tomasse meu corpo por inteiro, relembrando de quem Bella foi e é, em minha vida. Era como física, prótons se atraindo pelos elétrons, uma atração que nos puxava para irmos ao encontro um do outro, na verdade, senti sua presença quando vi sua silhueta passando por trás das vidraças, era como se atraísse a mim como um veneno, daqueles que atrai o animal para a armadilha, no meu caso, Bella era como uma flor seduzindo a abelha com seu doce aroma, um perfume inesquecível e com o mais delicioso néctar a ser colhido.
Ela entrou em sua casa como a rainha que era, atraindo a todos para sua presença marcante, como a luz na escuridão, iluminando aonde chegava. Sempre foi assim por onde passava, ela atraía para si tudo e a todos com seu carisma e seu jeito extrovertido. Bella era uma menina cheia de manhas, mas sempre se deu bem com todos a sua volta e cativava-os a ponto de tê-los à sua mercê, por quantas vezes fiz suas vontades sem querer, ela conseguia o que queria e isso a fazia ser especial, mas para mim particularmente, era mais que especial, era com quem eu queria estar. Seu olhar no meu assim que me encontrou era como se ela buscasse algo, afinal, foram quatro anos entre nós dois, um tempo no qual presumo que as feridas cicatrizaram ou eu não estaria aqui, não por mim, mas por ela. Sei que a machuquei e ela não merecia tudo o que passou, era apenas uma jovem sonhadora e eu experiente me aproveitei que ainda acreditava em contos de fadas para tê-la para mim, sendo um completo egoísta. Eu tive opções e escolhi uma das quais eu poderia perdê-la e a perdi, sem ter a chance de consertar tudo. Sorri em resposta ao vê-la diferente na minha frente, eu sentia que ela era outra Bella, uma nova mulher, madura, mais segura de si, que ainda me deixava inerte e arrebatado pelo desejo alucinante, assim como no dia em que a vi entrar no meu escritório, não só naquele dia, mas sim na noite do baile, em que me encantei por sua marcante sagacidade, com um corpo desejável, ao menos, tínhamos uma história de encontros e desencontros para relembrar.
Pois é! Só poderia relembrar e nada mais, ela nunca deu a entender, nesses anos, que eu poderia vir atrás e nos acertar, deixou-me e foi clara ao dizer “Adeus”. Tocou sua vida, seguindo em frente, com aquele cara cheio de si, vaidoso e que se achava a sensação do momento; ele estava lá grudado nela a recebendo com toques e abraços e ainda por cima chamando-a como eu a chamava: “Regina!” Ela era minha rainha e não a dele! Ciúmes era pouco que eu sentia ao ver os dois se abraçando ternamente. Queria achar motivos para eu ir até ela e arrancá-la dos braços dele, mas eu não tinha nenhum direito e muito menos poderia exigir algo dela. Respirei longamente seu delicioso perfume sofisticado, cítrico com um toque floral, nada doce e sim, impressionante como a mulher que exalava ele. Fomos tomados por um momento inesperado, pois eu mesmo fiz planos de como reagiria a ela quando a visse na minha frente e como seria necessário nos portar como reles amigos e nada mais. Queria fazer como fazia antes e tomála de volta para mim sem pensar no que aconteceria depois, mas nada seria do jeito que foi, eu a quebrei e não sei como ela está hoje, não era uma estranha, pois meu corpo a reconhecia. — Bom... — Raf pigarreou chamando a atenção para si e se dirigiu para o centro da sala. — Eu e Alícia estávamos conversando sobre nosso primeiro filho, logo virão mais. — Rimos. — Minha vida, venha até aqui comigo, pois
quero que você também fale um pouco. Minha cunhada caminhou exalando felicidade até meu irmão. Quantas vezes senti inveja do que os dois viviam, queria eu estar no lugar deles com Bella. Tudo poderia ter sido diferente, mas o culpado por ser assim agora era eu e mais ninguém. Viveria os dias remoendo toda a mazela de não a ter mais. Alícia se agarrou ao braço de Raf e se continha querendo falar algo em especial e fiquei observando, mas divagando no quanto queria ser eu a ter Bella ao meu lado e, poder escorregar as mãos em sua barriga já de seis meses abrigando nosso primeiro filho. Quem disse nunca sentir inveja não sabe o que é cometer erros e ter que conviver com a culpa sem saber como consertar. — Bella e Giovani, gostaria que você dois viessem até nós. ― Achei estranho o pedido e olhei na direção de Bella e novamente cruzamos nossos olhares, não estávamos esperando por mais nada nesse momento, já sabíamos que faríamos par na cerimônia, mas agora o que viria??? Levantei e me uni ao lado de Rafaello com Bella ao lado de Alícia. ― Eu e Alícia ficamos pensando no quanto somos agraciados por ter nossa família assim sempre perto, Bella é mais que da família. — Raf olhou para Bella e sorriu, conhecendo-o como eu conheço sei que ele estava rodeando para falar algo. — Assim como Giovani, temos você como nossa irmã. — Olhei para o lado temendo por alguma novidade, algo de bom não viria, pois, ele estava de
fato preparando o terreno para soltar uma bomba. Sei que meu irmão não falaria nada do passado, ele mais que ninguém sabia o quanto esse assunto era muito delicado entre nós, ainda mais com várias pessoas em volta. — Raf está rodeando para falar. — Luca disparou e dessa vez sua intromissão foi boa, acabou relaxando o momento. — Sim eu quero falar, Luca. Na verdade, queremos fazer um pedido. Minha cunhada e Rafaello olharam de mim para a Bella antes de tornarem a falar. — Queríamos que vocês dois fossem os padrinhos do nosso bebê. — Alícia tomou coragem e disparou o convite sem entremeios. — Eu e Alícia achamos que vocês dois seriam as pessoas mais apropriadas para apadrinhar o nosso bebê — Sorri feliz pelo convite e olhei para Bella que ainda estava estática sem demonstrar alguma emoção. O restante da sala estava quieta e esperando por nossas respostas. — Claro! — falei sem pensar, seria uma honra, além de ser uma oportunidade de poder estar perto de Bella mais vezes. Notei o quanto ela estava impactada e ainda não havia respondido. — Bella! — Alícia disse seu nome, chamando a sua atenção. — Vai ser madrinha do meu bebê, não vai? — Lógico que sim. — Ela sorriu e desfez a expressão misteriosa relaxando novamente. O que será que se passou nessa sua cabecinha? Ela continua linda e com
suas incógnitas. Fiquei olhando-a, aturdido em sua expressão, nos detalhes e da forma como sorria. Eu a amava demais, achava tudo perfeito nela. Estava hipnotizado como sempre por ela. E a voz do namoradinho extravasou mais que o normal me tirando daquele estado de admiração. O cara já estava me dando nos nervos, de início impliquei com ele; poderia ser todo bacana o playboizinho que eu não estava nem aí, não gostava dele e não fui com seu jeito. E tudo isso porque ele tinha o que eu mais queria na minha vida: Bella Dellatore. Ele já se tornava babaca com seu jeito de sempre querer ser o centro das atenções e agora ele propunha um brinde capturando a atenção dela para ele, o que me deixava irritado. Tentei manter a discrição, até porque Mellaine não merecia que eu ficasse descaradamente babando em outra mulher, mesmo que a mulher em si fosse a minha diabinha chapeuzinho vermelho. E a contragosto juntei-me mais ao lado de Raf e peguei a taça que serviam. O brinde foi feito antes de jantarmos e durante todo o momento em que estávamos sentados na grande mesa, peguei-me olhando em sua direção, Bella na outra ponta da mesa e eu ao seu oposto; diversas vezes coincidiu de encontrar o seu olhar, mas logo ela disfarçava, voltando a sua atenção ao namoradinho engomadinho. O qual estava se achando o namorado do ano e o rei do pedaço. Ele a tocava, acariciava sua pele, escorregando as pontas dos dedos por sua face até sua boca, deixando-me puto ao vê-la sorrir apaixonada para ele.
Confesso que a comida descia em bolos pela minha garganta, eu sorvia da água como se fosse alguém largado no deserto. Não sei se foi uma boa ideia assistir toda sua felicidade descaradamente assim na minha cara. E em minutos cheguei a pensar que ainda existia algo entre nós dois, da forma como foi nosso reencontro com vários vórtices de sentimentos e fragmentos da química explícita que temos, mas pelo visto foi meramente uma ilusão por minha parte, Bella estava feliz ao lado do galanzinho. Tentei mostrar naturalidade quando senti Mellaine tocar-me com as mãos. — Está tudo bem? — ela disse perguntou, sendo a mais discreta possível. Uma das coisas que eu gostava nela, sua discrição, talvez seja por isso que acabei assumindo o namoro e, também sei que ela não faria escândalos se algo saísse do padrão. Mellaine era simplesmente uma mulher fantástica e de princípios; humilde, bonita, elegante, educada e sabia se portar em quaisquer circunstâncias. Sua postura cívica mostrava o quanto estava preparada para um relacionamento maduro. E do mesmo modo como ela me tratava a tratei respondendo que estava tudo bem e peguei sua mão levando-a até minha boca e beijei o torso em sinal de carinho, mas não contava que estava sendo vigiado pelos olhos de um castanho vivo do outro lado da mesa; Flagrei no exato momento que Bella me olhava e percebi que seu semblante estava sério. Será que ela estava sentindo-se afetada igual a mim?
Se estivesse seria bom para ela provar do que estou sentindo ao ver outro homem tocar no que é meu. Sim! Bella ainda era minha e isso jamais alguém me tiraria. Ela poderia casar e ter filhos que ainda assim continuaria sendo minha posse, pois eu a amo ainda loucamente e se ela assim quiser eu farei todas suas vontades, como agora: Deixando-a esfregar na minha cara que ela seguiu sua vida. A amo a ponto de ter que suportar esse relacionamento meloso diante dos meus olhos. Amá-la livre assim foi algo que aprendi em quatro anos, mas não era inerte ao fato de que ainda temos algo inacabado. Eu a respeitava acima desse amor louco e desvairado. Não só aprendi a amá-la assim, mas também que amor é respeitar o limite do outro. Bella certamente era a toxina e o antídoto que circulava simultaneamente em minhas veias, sem chances de sair, e constatei este fato quando a vi hoje à noite entrando pela porta, vestindo um dos seus estilistas famosos certamente, toda de preto e branco, uma verdadeira rainha. Mí regina! Repousei a mão de Mellaine na mesa fingindo não ter flagrado o olhar investigativo de Bella. — Estou cansado, há dias temos trabalhado muito. — respondi tentando disfarçar meu real desconforto. O jantar terminou de maneira agradável e ainda ficamos um pouco conversando na sala da enorme casa. Quando chegamos passamos boa parte do tempo conhecendo o imóvel, cômodo por cômodo, o namorado de Bella fez
questão de mostrar até seu quarto e me senti no inferno ao reparar nas malas dele no canto. Pelo visto eles desfrutavam de uma intimidade e me senti um miserável ao imaginar Bella se contorcendo de prazer embaixo de outro homem. Mas infelizmente eu não poderia ser impassível em pensar que ela: gostosa, fogosa e ativa fosse adotar a castidade. Estava sendo provado de todas as formas possíveis. Estava sendo tudo muito real e como se a “ficha caísse” eu me vi por minutos observando suas fotos, grandes retratos dela em uma sessão fotográfica, pelo visto foram tiradas exclusivamente para ela, os quadros com seu rosto ficavam dispostos no corredor que dava acesso aos quartos, e hoje, não que eu estivesse contando passei por eles mais de quatro vezes e em todas passadas eu me pegava admirando-a, redescobrindo os detalhes que o tempo estava levando embora. Eu precisava sugar tudo que podia nesses dias que ficasse aqui, sei que minha abstinência seria dolorosa, mas eu precisava absorver e deixar minhas entranhas abastecida de doses altas de Bella Dellatore, não sei quando seria a próxima vez que poderia ter mais dela. Ainda mais agora, com as formas que seu corpo ganhou, seu cabelo curto. Estava linda, mesmo eu preferindo-o comprido e quando a vi não me segurei e a elogiei, só me contive em dizer que eu a amava e de como eu precisava dela. Minha memória recobrou de lembranças quando a abracei e pude reviver
a sensação de tê-la entre meus braços e de como seu corpo se encaixava perfeitamente ao meu. Tive dúvidas nesse momento se eu deveria abraçá-la ou se segurava só em sua mão, mas não me contive e fui engolfado pela emoção e atordoado pelo seu delicioso cheiro. Aproveitei a oportunidade e não me arrependo nenhum pouco de poder estar próximo dela. Além de que, Bella não me repeliu e isso era um bom sinal de que as coisas entre nós tiveram seu tempo de cura. Poderia ainda existir a ferida, mas ela estava fechada. Precisava pensar no quanto foi bom ouvir sua voz serena devolvendo-me um elogio e me surpreendi com a forma natural que lidava comigo, tanto que me deixou sem reação, esquecendo-me que Mellaine estava bem atrás de mim. Outra surpresa, as duas se cumprimentaram civilizadamente e Bella deixou bem claro o quanto amadureceu, e na mulher encantadora que se tornou. Um a um começamos deixar a sala e dirigirmos aos quartos em que estávamos. Estava sendo difícil dormir depois que eu e Mellaine estávamos conversando e do nada ela me disse: “Estou apaixonada por você! Te amo Giovani!”. Não esperava por isso e cumprindo minha promessa não consegui declarar o mesmo, até por que eu não a amava. Jurei a mim mesmo que só diria a uma mulher este sentimento se realmente fosse amor o que sentisse. Sei que ela ficou chateada, porém não demonstrou e disse não se importar com o fato de não ter uma resposta minha.
E ainda sem conseguir pregar os olhos levantei da cama e fui procurar a cozinha, precisava de algo para beber. Sei que perambular por aí de madrugada na casa dos outros é falta de educação, mas me sentia sufocado naquele quarto e precisava espairecer um pouco, só não contava que a sensação de ânsia aumentaria ao me deparar com a porta entreaberta e Bella acordada. Parei diante da porta e fiquei observando-a. Ali deveria ser seu escritório; o cômodo estava com meia-luz, fornecida pela luminária sobre a mesa e Bella estava escondida atrás de óculos de grau e da tela do computador, pelo visto ela estava trabalhando e tomado pela coragem resolvi entrar, sei que poderíamos ter nosso primeiro impasse ali, mas precisava arriscar e ter esses pequenos e rápidos momentos com ela a sós. A meio corpo coloquei somente o rosto para dentro da sala e bati levemente na porta. — Já não está na hora de dormir? — Peguei-a desprevenida. Bella assustou com minha aparição levando as mãos no peito e respirando profundamente. — Que susto! — Sua voz era terna. — Desculpa, é que passei por aqui e vi você. Posso entrar? — Antes que me respondesse desencostei da porta e me coloquei de corpo inteiro dentro do cômodo. — Pode. — Ela educadamente falou me indicando a cadeira a sua frente.
Notei pelo reflexo dos óculos, enquanto eu sentava a sua frente que ela estava com planilhas abertas e as fechou assim que ficamos frente a frente. — Me desculpe andar assim por sua casa no meio da noite. — Ainda era muito formal nosso comportamento, tinha receios de ser invasivo e ela se afugentar de mim. Éramos como dois estranhos se conhecendo e não me importei que fosse assim, eu queria o que ela pudesse me oferecer. — Estou a procura da cozinha, preciso de algo para beber e acabei me perdendo pelo caminho. — Ela acomodou-se melhor na cadeira presidencial de couro preto e notei o quanto estava à vontade, de shorts curto e camiseta. Lembrei-me no mesmo instante que era assim que ela ficava quando dividíamos o apartamento do Central Park. — Sem problemas! — Ela tirou os óculos colocando-os em cima da mesa. — Usa óculos agora? — Precisava saber o que havia mudado nesses quatro anos. — São para descanso. — Sem esperar dela acabei recebendo seu lindo sorriso. Como senti falta dessa sedução que me enlaça com apenas seu jeito travesso de sorrir. — Sua casa é linda. — Levantei-me notando que as janelas atrás de Bella davam para o mar, uma bela vista. — Ainda gosta de belas paisagens.
Ela girou a cadeira e ficou me encarando e não imagino o por que de ela passar segundos em silêncio apenas me observando para então ainda calada olhar na direção do mar. — Sim, ver a natureza em sua essência me acalma, fazem meus momentos de tensão irem embora com um piscar de olhos. — Bella demonstrava as mudanças dos anos no jeito de se portar, sendo comedida em suas palavras. Por impulso fui para seu lado e sentei-me na borda da sua mesa. — Muito trabalho? — notei que assim como eu, Bella estava tentando passar que não se sentia abalada por essa química evidente entre nós dois. — Um pouco. Preciso adiantar algumas coisas para amanhã e ficar um pouco mais tranquila. — Ela cruzou os braços na altura dos seios e ao me olhar involuntariamente percebi a ponta da sua língua escorregando pelo seu lábio inferior. Conhecendo Bella sei que jamais ela ousaria induzir com gestos, mas fui atiçado pelo desejo de ir até ela e beijá-la e cheguei a imaginar como faria, mas meu senso de sobrevivência foi ativado e me refreou, evitando que eu cometesse uma sandice e colocasse-a novamente distante de mim. Engoli em seco e mudei o assunto. — E como está a gravadora? Li sobre as subidas e das ações delas que já valem bem. — Busquei por assuntos neutros para poder permanecer ali conversando, olhando e apreciando-a. — Está indo bem. Sou uma das poucas mulheres na indústria
fonográfica, ainda tenho muitos obstáculos pela frente, mas estou apostando em uns nomes novos, talvez emplaquem ano que vem. Mas nada de concreto ainda. — Você vai se sair bem. Como diz Luca: “Bella a Midas” — Ela riu com meu comentário e eu devolvi o sorriso. — Está com sede, não é? — Ela mudou de assunto, achei que era para me cortar. — Sim! — Vamos, eu te levo. — Ela desligou a tela e levantou pegando uma taça vazia que estava sobre a mesa, não me movi e pude sentir o calor que emanava de seu corpo quando passou na minha frente sorrindo e pedindo para eu acompanhá-la. A cozinha era como os demais cômodos da casa, sofisticada, espaçosa, com utensílios e eletrodomésticos modernos. Ela ficou parada na porta e me deu passagem educadamente. — Ainda tenho insônia. — Olhei pasmado ao ver que ela se referiu ao passado. — Imagino, achei que tinha passado. Eu lembro das suas noites agitadas. — Mas hoje vejo por um lado bom, porque aí foco no trabalho, as minhas maiores ideias surgem de madrugada. — Ela foi até uma grande ilha e deixou sua taça sobre ela e depois abriu uma espécie de adega climatizada que ficava entre duas grandes geladeiras. Da climatizadora ela retirou uma garrafa de vinho e levou até a bancada.
— Sinta-se à vontade, mí casa su casa. — Ri com o comentário descontraído dela, enquanto ela habilidosamente abria o vinho. — Veja o que quer, tem água, cerveja e o que quiser beber na geladeira da esquerda. — Ela encheu a taça pegando-a junto com a garrafa e saindo da cozinha, mesmo sem ser convidado eu a segui, mas não voltamos ao escritório, ela atravessou a sala e caminhou para fora da casa, que dava em um deque de madeira com iluminação exterior na lateral, no centro havia uma piscina com espreguiçadeiras dispostas ao redor e terminava no banco de areia, era ainda mais espetacular a vista desse lugar. Bella parou de costas para mim e fiquei contemplando o modo despojado com que segurava a garrafa, na outra mão estava a taça que agora ela encostava nos lábios e sorvia do líquido tinto. Não sei por quanto tempo Bella ficou olhando ao longe em direção ao mar e eu não conseguia me mover, hipnotizado, petrificado, absorvendo o máximo de sua presença. Resolvi quebrar o silêncio ficando ao seu lado. — Entendi porque tem insônia, com uma vista assim até eu teria. — São poucos os prazeres que tenho hoje. — Ela não desviava seu olhar da miragem. Nada do que imaginei foi igual a este momento, eu tinha certeza agora mais do que nunca que eu e Bella ainda tínhamos coisas a serem resolvidas, sua voz era triste e mostrou-me a quão solitária parecia ser sua vida. — Posso? — Estiquei a mão e pedi por um pouco de vinho da sua taça. — Ah! Sim! — Bella se virou e me entregou a taça deixando seus dedos
roçarem os meus quando peguei da sua mão. Bebi encarando-a, tentando achar uma resposta para este momento. — Estou feliz agora. — Saiu no automático, mas não era isso que eu queria dizer a ela. — É, eu gostei dela. — Do que ela estava falando? Eu me referia ao fato de estar ali em sua presença, deliciando-me ao vê-la tão de perto depois de tantos anos longe. — Mellaine? — Tirando a taça da minha mão e bebendo mais um pouco, demorando com os lábios na borda do fino cristal e inundados pelo tinto da bebida. — Sim. Ela parece ser uma boa moça. — Ela é sim. — Não tinha mais o que falar e eu não queria falar da minha vida pessoal com ela, pois não me sentia à vontade para tal. — Fico feliz por estar feliz. — Respondeu friamente e sorriu, insistindo em agir como se nada a incomodasse. Naquele momento eu tive a certeza que nunca a entenderia. Uma hora ela era doce e em outras ela era fria. De fato, eu desconhecia alguns fatores dessa nova Bella ao meu lado; seu modo de agir poderia ter mudado, mas ainda existia uma forte atração entre nós dois, era notável o quanto nosso passado ainda era presente. Controlava-me para não a puxar por sua cintura delgada e envolvê-la com meus braços, prendendo a mim e arrancar dela quatro anos de sua ausência. Contudo era melhor eu ser cauteloso, até porque, Bella era uma verdadeira
caixinha de surpresas e me deixava em dúvidas como agir em sua presença, — O casamento vai ser ali. — Ela mudava de assuntos sendo evasiva e contida, poderia apostar todas minhas fichas que eu estava atormentando-a assim como ela estava fazendo comigo. Acompanhei seu indicador e olhei para onde ela apontava, contando-me aonde seria a cerimônia do casamento. — A recepção se dará ao redor. Espero que seja inesquecível para Alícia e Raf. — Esse seria seu casamento perfeito? — Quando dei por mim já estava querendo saber de mais. — Como assim? — Vai ser assim quando se casar? — O que estava acontecendo comigo? Já não conseguia agir com cautela e mostrava minha necessidade por querer saber mais de sua vida. — Não. Eu não vou me casar. — Por quê? — Não tem um porquê. Só não quero me casar. — Mas Harry não quer? — Aproveitava enquanto ela não se distanciava. — Eu e Harry estamos felizes do jeito que está. Não acho que um casamento vá aumentar ou diminuir nossa felicidade. Ela me respondeu dando as costas e achei que fosse me deixar sozinho, mas Bella caminhou até em uma das espreguiçadeiras e se deitou. Acompanhei e
me acomodei ao seu lado, posicionando-me para ficar olhando para ela. Continuamos a conversa! — Mas você é nova ainda, ainda tem uns anos para pensar. Já eu, preciso me casar rápido e ter filhos. — Vai me convidar de novo? — Ela se deitou com a cabeça em cima do braço se virando e ficamos frente a frente um com o outro. — Claro! Por que não a convidaria? — Porque estraguei seu último casamento. — Comecei a rir da ironia. De fato, Bella não só estragou, ela acabou com tudo, mostrando o que ela seria capaz para alcançar os seus objetivos. Mas na verdade, Bella me libertou de uma infeliz vida, dando-me de presente a liberdade o que seria ainda melhor se nesse presente ela tivesse vindo junto como minha esposa e mãe dos meus filhos. Nesses anos me peguei diversas vezes pensando no quanto eu queria formar minha família com ela. — Você sabe que não estragou nada, só poderia ter sido diferente. E obrigado pelo presente! — A família cuida da família. — Você e suas frases emblemáticas que terminam em grande estilo. — Ela começou a rir. — De onde tirou isso? — Você é Bella Dellatore. A mulher mais incrível que passou na minha vida. — Ela ficou calada e me arrependi no mesmo momento que falei. Porque
não queria voltar em um assunto que poderia gerar um conflito entre nós de novo. — Russell foi papai. — Ela mudou de assunto e me senti agradecido por ela não ter saído dali como faria se fosse antigamente. — Eles tiveram um menino e chama Brian. Sou madrinha. — Parece que gostam de você como madrinha. Fico feliz por ele. Por onde ele anda? Ainda está com você? — Sim, Russel nunca me abandonaria. Ele cuida dos jogos. Precisei organizar os meus homens de mais confiança. Tony cuida das casas noturnas. — E você da gravadora. — Ainda controlo tudo, mas fico, hoje, mais por conta da gravadora. E é nas madrugadas em que organizo toda contabilidade. Ainda não confio em ninguém para poder fazer esse serviço, sei que não é meu papel, mas gosto de controlar tudo sob meus olhos. — A dama de ferro. — Rimos com minha brincadeira. — E, também estou assumindo uma empreitada nova... Estou organizando uma fundação para viúvas, mães solteiras e crianças carentes. Quero fazer fundos para ajudá-los. Estamos começando pelos da minha casa, já cadastramos quem está sob nossa proteção e quero ampliar futuramente. E claro conto com meu Don. — Inferno! Ao escutá-la dizer “meu Don” perdi os pensamentos coerentes que se formavam, acabei esquecendo de tudo que ela dizia e me prendi no término da sua frase. Ao me referir mais intimamente
acabei ficando excitado e apertei as coxas tentando reprimir o tesão aparente. Por isso eu ainda a amava, ela conseguia em poucos minutos me deixar desesperado para tê-la e senti-la por completo. Respirei fundo tentando me conter e tentei focar novamente na conversa. — Conto com seu dinheiro! Gargalhei da forma como me pedia, eu seria capaz de colocar o mundo aos seus pés, caso ela voltasse para mim ou mencionasse isso. — Não ria, estou falando sério. — Não estou rindo de você, estou achando engraçado sua sutileza ao me pedir dinheiro. — O que foi? Não vou lhe deixar pobre se é isso que tem medo. — Não estou dizendo isso, Bella. Jamais negaria um pedido a você, mesmo que isso me levasse à ruína. — Arrependi-me de ter falado o final assim que terminei a frase; vi o quanto ela ficou tensa e desviou o olhar de mim. Esperei para ver sua reação e se haveria a necessidade de pedir desculpas pelo comentário, mas fiquei absorto ao ver o líquido tinto manchar seus deliciosos lábios. — Você a cada dia que passa se torna mais incrível. Além de tudo que faz, ainda faz obras de caridade. — Tentei dosar a tensão do momento, pedindo para beber mais um pouco de seu vinho, compartilhando a taça junto com ela. Sorvi de um longo gole e devolvi a bebida para ela. — Precisamos olhar por aqueles que não tem. Somos um clã rico, porém
quando fiz a contagem e cadastrei todos, alguns estavam em dívidas e desprotegidos. O que fiz foi só mostrar que estariam seguros. Agora quero ajudar a quem não tem nada. — Seus lábios marcavam a borda do fino cristal, enquanto ela bebericava mais um pouco de vinho. — Está certa. Farei a doação e mais... Farei um leilão em Nova Iorque para sua filantropia. — Não consultei meu conselho para prometer a ela, pois se fosse necessário eu desviaria um bom fundo só para vê-la feliz e satisfeita, além de que, esse seria um bom motivo para eu me reaproximar. — Sabia que eu poderia contar com você. — Ela me agraciou com um lindo sorriso me fazendo perder em pensamentos, adorando como estávamos ali. Mesmo que fossem algumas migalhas do que ela poderia me dar. — Sempre estarei aqui para você. — Olha que vou te cobrar. — Conhecendo-a como conheço, ela jogava seu jogo sensual que me atraía como uma presa na armadilha. E pouco me preocupava em ser sua presa, eu esperei por muito tempo e não faria questão alguma se Bella me usasse em seus propósitos. — Ficarei esperando sua cobrança e sua visita também. — Pisquei dando a entender que eu jogava em duplo sentido mesmo. — E você como está após a morte do seu pai? — Parecendo uma enguia Bella mudou novamente de assunto. Quando começávamos a entrar em um caminho que afunilava, até falar sobre nós, ela descaradamente mudava de assunto.
— Estou bem, minha maior preocupação é minha mãe. — Quando estive, após, o enterro eu a senti muito abatida. — Como assim ela foi ver minha mãe e eu não fiquei sabendo de nada? Como ninguém me avisou que Bella estava em Nova Iorque e ainda na minha casa? — Não sabia que tinha ido ver minha mãe. — Foi uma visita bem rápida. Fui e voltei no mesmo dia, passei a tarde com ela e Marco. — Marco aquele filha da puta não mencionou sobre isso. — Mas agora ela está bem. — O que você acha que vai ser o bebê de Alícia e Raf? — Já estava a ponto de questionar por que ela me evitava assim a todo custo quando novamente ela mudou o assunto. — Não faço ideia, só sei que vou amar muito. — respondi ainda frustrado em saber que ela esteve tão perto e que fui enganado pela minha própria família. — Eu também vou. — observei-a tombar o último gole da taça e se levantar. — Vou dormir. Até amanhã. — Ela me deixou sozinho e entrou para o interior da casa. — Boa noite, Bella. Nos vemos amanhã. Como queria que passássemos mais tempo, aquele pouco de hoje para mim foi muito do que tive em quatro anos, não que eu me contentasse com isso, mas tive mais do que esperaria. E em vez de sentir raiva por ela ter um namorado eu a desejei mais,
ainda a queria até mais do que antes. Eu queria Bella Dellatore de novo em minha vida, cama e na minha alma em tempo integral. Consternado, fiquei ali sentindo a brisa marítima tocar em meu rosto e feliz por conseguir conversar sem nos atacar. Era uma vitória diante das outras mais que eu teria... Pois, naquele momento prometi a mim que bastaria somente uma oportunidade e eu a teria de volta para mim e, não hesitaria poupar ninguém, a perdi na primeira vez, na segunda eu nunca mais a perderia.
Deixando a garrafa e a taça de vinho jogadas por qualquer canto da casa, apressei-me em voltar para meu quarto, Harry precisava saber do que tinha acabado de acontecer no deque. Não dormíamos juntos, somente dessa vez precisaríamos dividir o quarto para aparentarmos um real casal. Sentia-me uma adolescente com aquele frio na barriga, aquela vontade de contar logo para alguém a novidade. Jamais pensei que poderia me sentir viva assim, mas Giovani despertava esse misto de sentimentos em mim. Nunca neguei a mim mesma que eu o amava com todas minhas forças, só sei que não devo me envolver com ele, uma vez bastou para eu saber e aprender que nosso relacionamento foi tóxico o suficiente para me quebrar inteira e hoje eu estou
restaurada e reestruturada, mas ainda não me julgo capaz de conseguir sobreviver a ele. Em nossa conversa tentei por várias vezes mudar os assuntos, mas todos levavam a “nós” e eu evitei, era perigoso demais tornar isso em evidência. O que tínhamos teve um fim, não o que eu desejaria, mas teve que ser assim... Aprendi que escolhas são feitas e preços são pagos, assim como eu, Giovani tem que entender que o que temos hoje é o preço das nossas atitudes e não me isento das minhas, mas as deles teve um peso maior e ainda sinto o peso de sua fala de quatro anos atrás, quando jogou na minha cara que eu era sua puta. E foi preciso esses anos afastada para eu conseguir estar com ele em uma sala e não querer cuspir toda minha mágoa em cima dele. De uma coisa eu tinha certeza, Giovani nunca mais teria conhecimento do que eu pensava a respeito de tudo. Mas eu gostei do que aconteceu e tive uma vontade imensa de me atirar em seus braços e saborear do seu gostoso beijo devorador e possessivo, desfrutar do movimento engolfante de sua boca apossando da minha e de como eu me excitava pelo simples fato de sentir seu gosto nas minhas papilas gustativas. Quando entrei no quarto vi o lindo homem na minha cama e desejei estar vendo Giovani esparramado nela, mas nada disso aconteceria e era bom eu ser essa boba, alimentando fantasias do que uma esperta com o coração estilhaçado. — Pode acordar! — Subi na cama já chamando por Harry ao chacoalhálo para que acordasse mais rápido.
Ainda de olhos fechados Harry reclamou. — Diva, me deixa dormir por favor. — Choramingou. — Não. Preciso falar com você, quase que fiz uma loucura agora. Acorda, amanhã você dorme. — Já me sentava ao seu lado puxando o lençol, descobrindo-o. — Você não dorme, não? — Ele foi abrindo os olhos e me procurando. — Não. E nesse momento preciso conversar, desabafar a, quase, loucura que fiz. — Fale, Queen B. — Harry se agarrava ao travesseiro me dando as costas, sei que ele faria isso e fingiria que estaria me escutando. — Você não vai dormir! — Eu precisava desabafar ou explodiria. — Estava conversando com Giovani agora no deque, só eu e ele, sozinhos. E eu quase me humilhei me atirando nele. — Mentira? — Parece que liguei o botão on nele, pois o mesmo deu um pulo sentando-se na cama. — Me conta tudo, sua louca! — Ele agitado dava tapinhas no colchão... e nem parecia que há minutos ele estava pedindo para eu deixá-lo dormir. — Claro que, não! Eu estava no escritório trabalhando e de repente ele apareceu lá dizendo que estava perdido. — Mentira dele. — Harry me interrompeu. — Tenho certeza que esse homem estava te vigiando. — Não sei! Só sei que ele me disse que queria beber água. Conversamos
um pouco e quase ali mesmo disse que eu o amava, mas disfarcei e o levei até a cozinha, não sei o que deu em mim, acabei pegando uma garrafa de Chatêau Mouton Rothschild e fui para o deque com ele, ali ficamos conversando até a última gota da garrafa. — Abraçada ao travesseiro eu confidenciava meus sentimentos mais puros e íntimos. Hoje, eu e Harry nos tornamos tão amigos a ponto de sabermos os segredos mais escondidos de cada um. Há um bom tempo eu deixei de contar as coisas para Alícia, tinha meus receios sobre ela falar com Raf revelando de como eu me sentia em relação ao seu irmão. Além de confidentes éramos cúmplices um do outro. — E você fez o quê? — Nada, só conversamos. Mas eu o amo ainda da mesma maneira que há quatro anos, como queria abraçá-lo, tocar em seu rosto, sentir seus braços me apertando. Ele não parece ser o mesmo e isso me deixou tão confusa. Ele não se impôs como fazia comigo, estava mais controlado. — E o que conversaram? — Falamos sobre a paisagem, sobre trabalho, sobre conquistas. Falei sobre meus planos para a fundação e ele prometeu que vai ajudar com fundos. E o pior me disse que precisava se casar quando eu mencionei sobre o casamento de Raf e Alícia e falou que vai me convidar. — Ouvi-lo falar que precisa ter sua família e me doeu. Não sei o que acontecia comigo, eu não o queria em minha vida, mas não quero que ele tenha sua vida longe de mim. — Como assim, B.? Ele vai se casar de novo? — Senti uma pontada
dolorosa e amarga ao pensar que Mellaine seria a esposa de Giovani, ao menos tudo indicava que sim. Ele passou quatro anos sem ter um relacionamento sério e agora aparece com ela, de certo, ele a escolheu para ser sua esposa. E dessa vez eu não poderei me intrometer como fiz na última vez. — Ele disse que está feliz. Elogiei a namorada e perguntei se me convidaria de novo para o casamento dele. — Abracei mais forte o travesseiro me sentindo miserável e invejosa por Mellaine estar tendo o que um dia eu poderia ter tido. Respirei profundamente buscando o ar que começava a me faltar com esses pensamentos de pesar. — Aí, minha amiga. — Harry me abraçou em conforto por tudo que estava acontecendo. Passou quatro anos sem que um dia sequer eu não amasse Don Valentino com minha alma. E a realidade hoje me esbofeteava, mostrando que a vida continua. Ele continuou e eu precisava continuar. E esquecer da sua fala quando ele disse que ainda tínhamos muitas coisas para resolver. — Dessa vez eu não tenho como impedir. Mas se ele estiver feliz eu estarei também. — senti-me medíocre ao perceber que eu perdi o que nunca foi meu. — Bella, você não pode deixar se abater assim, nem sabe se vão casar mesmo. — Ele disse que já está mais velho e precisa se casar e ter filhos. — Procurei conforto em seu colo e pude sentir o afago de suas mãos em meus
cabelos. — Ei! Não seja pessimista assim, ele pode não dar certo com ela. Você nem sabe se realmente tem um casamento vindo, eles não anunciaram nada. Pare com esses pensamentos. — Para ele ter assumido esse relacionamento perante a família é porque ele tem planos futuros com ela. — E de novo reconheci que eu não era importante assim e aquela sensação de quando descobri que ele e Júlia se casariam me tomou com força novamente — Por que você não fala tudo para ele? Confessa o que sente e abre o jogo! — Falar o quê? — Levantei a cabeça e olhei para Harry tentando entender o que e como me abrir se eu não havia esquecido tudo que aconteceu no passado. “Não sentir dor pelo que aconteceu é diferente de apagar tudo o que foi feito.” — Que você o ama. Que todos esses anos você não teve ninguém. O que foi um grande desperdício. Você é linda e fica aí querendo ser só de um homem que vive a vida dele, e não teve coragem para te procurar nesses quatro anos. Serei seu amigo como sempre fomos e apoiarei qualquer atitude sua, mas minha humilde opinião: Giovani nunca te mereceu, você é a mulher mais incrível que eu conheço, você sabe que se eu não fosse homossexual seríamos um casal há tempos. É linda, poderosa, rica, educada, elegante dentre mais adjetivos
inumeráveis Bella, mas acho que você precisa esquecer esse homem, ou, vá atrás e quebre a cara do que ficar aqui vivendo de passagens e momentos banais como esse do deque. — Você está certo. — Reconheci o quanto estava sendo miserável a ponto de imaginar e fantasiar algo que não existia mais, ou melhor, nunca existiu. — E mais... Ele ainda sente algo por você. Quem viu como ele te olhou quando chegou a casa percebeu muito bem que esse homem a deseja, os olhos dele brilhavam, ele te come com o olhar, na verdade, ele te devora. — Vivi e morei com ele seis meses, o que Giovani sente é posse, ainda mais porque o deixei. Ele sempre gostou de controlar tudo e a todos. — Mesmo eu achando que ele não te merece continuo a ter certeza de que ele ainda é apaixonado por você, pelo simples fato de que você não se curvou a ele. — Não, você está equivocado. — Ele não conhecia Giovani como eu. E se meu lobo mau disse que ele precisa se casar é porque já tem em mente que isso aconteça em sua vida em breve. — Não estou, Linda. Conheço esse mundo melhor que você, duas vezes. — Ele gesticulou com os dedos mostrando-me o dois. — Sem contar que você é linda e aquela médica sonsa não chega nem na sua altura, Baby. — Amava esse positivismo em Harry e sorri pela forma como ele lidava com as coisas tão naturalmente e simples.
— Não sei se consigo esquecer tudo que ele me disse um dia. Não me dói, mas ainda me pego pensando naquela noite em Nápoles. — Bella, perdoe aquele homem, porque ele é pura testosterona, e minha amiga você precisa urgentemente transar. Se não vai virar uma freira. — Começamos a rir. — Um consolo de látex não é nada comparado com uma boa foda e uma pica de verdade. De fato, não sei se conseguiria deixar um homem me tocar da maneira que Giovani me possuía. E realmente eu precisava urgentemente transar com um homem que não fosse meu brinquedo. Mas me abrir com Giovani era me deixar vulnerável e talvez isso não fosse uma boa ideia. — Não posso me envolver com ele sem sair machucada. Fiquei feliz por termos hoje dado um passo amistoso, mas só. — Ai que raiva de você. Que teimosa. — Ele deu um tapa na perna. — Agora vamos dormir, porque se não vai se abrir com esse homem gostoso da porra vamos precisar deixá-lo muito puto por ver a regina dele mostrar que seguiu em frente. — Obrigada! E sabia que te amo, né? — Não sei não, mas eu te amo, deixei James chateado para estar aqui e causar na cara do mafioso por você. Agora vamos dormir e você trata de ficar com essa bunda linda bem longe de mim. Não faz meu tipo. — Você também não faz o meu. — Entrei na brincadeira com ele. — Eu sei qual é o seu tipo sua, safada. É um capo de quase um e noventa
de altura, com músculos e aquela cara de Mafioso do mal e que deve ter um pau gigante. — Ele enfatizava as qualidades de Giovani. Rimos e virei de bunda para ele adormecendo agarrada ao travesseiro, pensando no meu senhor lobo mau. *** Acordei com Harry já vestido de bermuda e camisa polo. Todo imponente deixando qualquer mulher de quatro por ele. — Bom dia, Diva. Vamos acordar mafiosa, colocar um look arrasador e mostrar quem é que manda no coração do Capo. Ainda estava com o raciocínio lento e as palavras dele entravam rapidamente não me deixando processar tudo que estava acontecendo. — Esqueci que você acorda elétrico. — Minha voz era de muito sono ainda. Hoje, sexta-feira, eu precisava ainda dar uns telefonemas e ficar por conta dos meus hóspedes. Amanhã seria o casamento e hoje tinha o jantar de ensaio. Sentei-me espreguiçando. Ficamos meia hora decidindo o que usar, deixando-me ser levada pelo plano de Harry, de atormentar Giovani de todas as formas que eu pudesse. Vesti um conjunto de linho azul claro, era um cropped com uma saia de cós alto e sandálias baixa e quando saímos do quarto dei de cara com Giovani e Mellaine no corredor aparentando ser um casal feliz até o momento que ele vislumbrou Harry saindo do quarto atrás de mim e me abraçando pela cintura.
Educadamente sorri e fiquei arrebatada ao notar em como meu lobo mau estava vestido, casual, de bermuda branca e uma camiseta azul marinho, marcando sua musculatura. Ele não me deu um bom dia animoso e passou por mim e Harry sem conversar Fiquei parada observando os dois se afastarem. — Bella, que homem é esse, que preenche um metro quadrado só com seu olhar? Se você não fosse minha amiga eu investiria nele. — Harry me tirou do transe, após ser nocauteada pela presença viril de Giovani. — E James? — Minha filha, você acha que James seria páreo para esse homem? Mas nunquinha. Agora você precisa arrasar e mostrar para aquela sonsa da médica que quem manda no coração do bonitão é você. — Harry tirou da minha mão o chapéu Panamá cor clara e colocou na minha cabeça. — Não sei o que faria sem você aqui esse fim de semana ao meu lado. Obrigada! Abracei-o. — Levanta a cabeça e mostra quem é a poderosa Bella Dellatore e não se intimide por causa de uma mulherzinha simples, você é luz minha linda. — Ele segurou em meu braço e saímos do corredor em direção para tomar o café. Quando eu e Harry nos juntamos ao restante já reunidos na mesa montada no deque percebi que meu namorado de brincadeirinha não estava blefando quando disse que o provocaria, ele desempenhava um papel exímio
como meu namorado e abusadamente ele exagerava quando via Giovani fechar a fisionomia quando me tocava com mais intimidade. Aí que Harry o provocava mais e conhecendo-o como conhecia sei que já estava bem irritado e dando más respostas. Marco foi o alvo dele já bem cedo. Tentando amenizar o clima perguntei à Mellaine. — Dormiram bem? — Sim. Fazia algumas noites que não dormia por causa dos plantões. Gio, disse que dormi que nem um anjo. — Sorri mostrando cordialidade, mas com vontade de arrancar aquele sorrisinho de mulher satisfeita do rosto dela. Olhei para Giovani procurando ver sua reação, mas ele não respondeu e sorriu quando Mellaine referiu o que ele achava. Comecei a reparar mais nela com raiva e despeito. Não queria ter esse sentimento, queria mesmo mostrar que eu superei Giovani Salvatore Valentino. — Bella, a primeira-dama da Camorra. — Luca chegou e por trás me deu um beijo na bochecha. — Bom dia, bonitão! — Entreguei minha mão para que ele beijasse o dorso dela. — Porque chamam Bella de primeira-dama? — Alícia muito aérea não se tocou que usavam isso, não por eu ser a chefe de um clã, mas pelo fato dos membros desejarem que eu fosse a esposa de Giovani. Mas Raf, prudente e usando de sua sagacidade respondeu antes que
alguém entendesse e associasse-nos relacionando o nosso passado. — Porque minha princesa, Bella é a mulher de mais importância dentro da Camorra. — Mas primeira-dama não é para a esposa do chefe de tudo? Igual quando uma mulher é casada com o presidente de um país? — Eu senti um desconforto e quando olhei para ele vi que compartilhávamos do mesmo incômodo. — Amor, neste caso é pela importância da Bella para nossa família. — Sabendo do por que me senti desconfortável e Raf tentava fazer Alícia entender e parar de falar. E vi que eu poderia mudar o foco do assunto. — Ali, você vai querer se arrumar aqui ou em Los Angeles? — perguntei disfarçando e encerrando o assunto delicado. — Amiga, lógico que em Los Angeles na Rodeo Drive, não é todos os dias que você se casa na mansão de Bella Dellatore. — Ela nunca escondeu como gostava de ostentar. Ainda bem que Raf era bem rico. — Eu vou precisar resolver algumas coisas, mas vocês fiquem à vontade. — informei após tomar o café. — Amiga, você me prometeu que ficaria conosco no dia de hoje. Lembra? — Alícia me fez prometer que eu não trabalharia, ela e Raf me pediram para eu ficar ali com eles. E como éramos amigas desde a infância, acabei prometendo, mas eu ainda tinha algumas pendências urgentes a serem resolvidas.
— Eu vou, só preciso resolver algumas coisas, bem rápidas. E antes de você ir se arrumar eu venho ficar um pouco com vocês. — Não prometa nada para uma grávida que não for cumprir. — Juro, Ali. Que volto rapidinho. — Já estava deixando a mesa quando ouvi a voz grave e imponente de Giovani me chamar. Sem hesitar parei e olhei-o, dando-lhe atenção. — Tive umas ideias sobre aquele assunto em que conversamos se depois puder, gostaria muito de discuti-las com você. — O ar me faltou e engoli em seco confirmando seu pedido com a cabeça. Minha voz travou no meio da garganta e quando consegui falar ela saiu rachada e fraca. — Estarei no escritório se quiser pode ir até lá depois do café. — Harry percebendo como me senti ali segurou minha mão e piscou, mas eu entendi qual era o significado daquele gesto, porém Giovani lançando um olhar ameaçador olhou para meu amigo. — Daqui a pouco eu irei. — Vocês não param de trabalhar, não? — Luca perguntou. — Não tem como. Bem que eu queria umas férias. — respondi antes de sair. Deixando-os na mesa. Estava no telefone quando ele surgiu na porta e ficou encostado no portal, igual ele fazia quando me observava sem que eu percebesse sua presença. Assim que o notei indiquei com a mão para entrar.
— Tony, eu não quero, pode dizer que do jeito que eles estão querendo não tem acordo e que eu vou voltar a cobrar o mesmo pelo ponto de apoio. — Discutia com Tony sobre pontos comerciais em Santa Mônica. — Não estou sendo obstinada, só não nos convém alugar por esse preço, temos despesas. Pergunte se ele quer receber minha visita? Porque se eu tiver que sair de Malibu para ir a Santa Mônica as coisas não vão ser mais negociáveis. Vamos encerrar e faça como eu disse. E que horas você vem? Traga por favor a mamãe e a senhora Valentino. Beijos. Também te amo, grandão. Desliguei o telefone e já entrava outra ligação da gravadora. — Oi, Norma. — Sorri para ele e ganhei o seu. Tampei a base do telefone e gesticulando meus lábios sussurrando um pedido de desculpas e que aguardasse mais um pouco — Hoje não comparecerei na gravadora, estou com hóspedes para o casamento da minha amiga que havia lhe falado, faça o favor, remarque para semana que vem e me ligue só em casos de extrema urgência. Já deixei em minha mesa o planejamento da minha agenda para semana que vem também. Tenha um excelente fim de semana. — Desliguei o telefone e espreguicei respirando fundo. — Para quem queria ser a rainha da moda. — Ele riu lembrando dos meus sonhos. — Hoje, a empresária implacável. — E quem disse que ainda não gosto de moda? — Balancei os ombros descontraidamente. — Mas confesso que tem hora que quero sumir, ir para uma
praia deserta e não ouvir o telefone tocando. — Mas quando se é indispensável não dá. — Ele rebateu minha afirmação. — Como você consegue? Porque eu quero muito tirar umas férias e não consigo me afastar um dia inteiro daqui. — É um segredo meu. — Ele me olhou intensamente e dividimos a tensão sexual novamente, seus olhos me diziam o quanto era perigoso entrar nesse jogo, mas no momento eu não pensei em nada e me deixei ser levada pela ânsia de querer mais dele. Fui tomada por uma sensação poderosa que me deixava quente, quase entrando em combustão. Era ciente do fascínio que ele exercia sobre mim e não me importava de sentir, comecei a ficar cega e esquecer a realidade em que vivíamos. — Nossa! Como você é mau. A voz do bem começava a implorar para eu não ir por esse caminho, mas infelizmente a voz da luxúria já tomava o controle da situação. — Mas com você eu divido esse segredo. Está bem? — Meu salvador. — Entrei no seu jogo. Talvez pudéssemos ser amigos e dividir o passado sem ser tocado. — Mas ainda continuo, mau. — Juntei as mãos apoiando os cotovelos apoiando o queixo e fiquei olhando para ele. — Não tenho mais medo de Lobos Maus.
O que eu acabei de fazer? Bella retome seu estado de juízo antes que seja tarde. — Ainda tem o mesmo olhar. — Destrancamos a porta de volta ao passado e tive a certeza que agora não teria mais volta e eu sairia destroçada novamente. Mas Harry tinha razão eu precisava saber o que viria a seguir e, não me trancar para viver de lembranças. Titubeei e recuei, mesmo curiosa para saber o medo tomou a frente. — E qual sua ideia? — Mudei de assunto e recostei na cadeira modelo presidencial. Ele ainda me olhava, tentando me acuar e me render. Giovani era esperto e, também recuou, não por medo, mas por prudência. — Queria falar com você a respeito da sua instituição, ontem não consegui dormir e fiquei pensando em como ajudá-la mais, resolvi que além dos fundos que darei, também podemos abrir uma base legal para a instituição com você como presidente. — Pisquei várias vezes não acreditando a forma como e ele me pegou de surpresa me oferecendo a presidência de uma instituição dentro da Camorra. Fiquei sem reações e feliz. — Me deixou sem palavras agora. — respondi e quando me sentei mais à frente colocando as mãos na mesa fui pega novamente de surpresa com ele alcançando minha mão e a segurando, fixando seu olhar no meu. Tentei puxar minha mão tirando-a, mas Giovani a segurou mais forte, impossibilitando.
— O que você acha, Bella? — Seu polegar esfregava a lateral da minha mão. Aquele gesto me deixou sem ar, precisei respirar fundo várias vezes, seu olhar me prendeu me tornando cativa naquele momento. — Seria uma honra poder estar com você nesse projeto. — Sem responder ainda eu puxei mais forte minha mão e ele soltou. — Não sei, é um projeto incrível e seria muito bom Giovani, mas eu precisaria ir mais vezes a Nova Iorque e talvez não conseguisse devido as minhas coisas aqui. — Já estava atordoada só com seu simples toque e tomando o máximo de cuidado respondi. — Eu seria o vice-presidente e quando você não pudesse estar lá eu estaria por você. Uma parceria entre nós dois. Giovani estava imprevisível e o que de fato ele queria!? O que ele estava me oferecendo? Eu o amava e ter ele ali na minha frente colocando-se a minha disposição fazia com que eu fosse fraca e não quisesse mais ser racional. O que eu deveria fazer? E movida pelo impulso e pela emoção resolvi que o deixaria entrar na minha vida, nem que fosse para ser meu amigo e provavelmente a sua madrinha em breve, pois eu o conhecia e sei o quanto ele ousaria me mostrar que superou quando eu o deixei. — Eu aceito. — Russel me mataria, ele dizia constantemente que minha fraqueza e ruína era Giovani. E que se algum dia eu o deixasse entrar novamente que, deveria tomar cuidado e não deixar ser levada por ele.
E hoje eu não era mais a Bella de cinco anos atrás; era uma mulher com duras marcas que ele causou. Com feridas cicatrizadas, mas ainda existente.
Pedi que Russel viesse ainda antes do almoço eu precisava muito falar com ele. Quando contei a ele o que Giovani me propôs ele me alertou só de uma coisa: “Não deixar que isso me aprisione nele novamente.” Ele acha que depois de muito anos Don Valentino havia mudado. E que todos merecem uma nova chance, deu ênfase no temor dele em relação a eu sair ferida igual das outras vezes. Abracei-o, e agradeci mais uma vez por cuidar tão bem de mim. Ele não quis ficar para almoçar. Passou pela área da piscina e cumprimentou os Valentinos. E ficou por pouco tempo conversando com
Giovani mais afastado, acho que falavam de mim porque eles olharam várias vezes para onde eu estava. Fiquei conversando um pouco com Alícia e logo após o almoço ela e Mellaine foram com meu motorista para Los Angeles. Ficando eu e os homens na casa. Estava deitada em uma das espreguiçadeiras com Harry frente a frente, conversando em voz baixa. — Ele não para de olhar para você. Se eu fosse você o agarrava antes da sonsa voltar. — Você está louco. — sussurrei. — Posso atrapalhar o casalzinho? — Marco se sentou na beirada entre mim e Harry. — Lógico que pode. — respondi, enquanto Harry o secava com o olhar. — Você não presta mesmo. — Assustei com o comentário de Marco. Ele vendo minha reação começou a rir. — Sério, Bella. Que vocês dois são namorados? — Somos. — Engasguei. — Já vamos comemorar dois anos. — Harry se adiantou. — Porque não parece. — Marco era do tipo muito astuto e observador, poucas coisas passavam despercebidas por ele, além de lindo e másculo ele possuía inteligência e conseguia avaliar situações achando respostas e soluções em questão de minutos. — Você não parou um momento de olhar os meus irmãos. Vocês estão dando muito na cara que isso aqui é uma farsa. — Não conseguia acreditar que ele estava sacando o que estava acontecendo ali, ou
melhor, no meu plano bem clichê. Estaquei a boca aberta ainda aturdida com sua perspicácia — Bella, Giovani só não percebeu porque está tentando te impressionar e mostrar que ele mudou. Mas estão dando muito na cara que vocês dois não passam de um namoro de fachada. — Sério? — Ainda tentando disfarçar olhei para Harry fuzilando-o, eu sabia que ele daria na cara que não éramos namorados. — Diva, eu avisei que seria arriscado e que poderiam achar estranho nós dois. — Olhei repreendendo-o. Eu o mataria, ainda mais agora se exibindo. — Está vendo, eu acertei. — Marco piscou sorrindo com seu acerto no meio do alvo, no caso, descobrindo a minha farsa. — Mas não é isso que está pensando. — Comecei a me justificar tentando amenizar minha vergonha, pois não passaria batido as deduções que Marco agora formaria com relação a essa situação e uma delas seria que eu ainda era loucamente apaixonada por seu irmão, tanto que fui a ponto de fingir namorar Harry na frente do clã Valentino inteiro, uma coisa era eu ajudá-lo com sua família outra é esfregar na cara de Giovani que ele não foi o único homem na minha vida. — Deixe-me te explicar, não é bem assim. Respirei fundo sentando e cruzando os braços observando quem estava perto para não ouvir a conversa. — Harry é gay e filho único. A família dele não aceitaria essa condição de sua sexualidade, então para fazer o gosto da família eu e ele temos um
namoro de fachada há quase dois anos. Assim o pai não o deserda. — Bella! — Harry chamou a minha atenção. — Marco é de confiança. Ele não falará nada a ninguém — afirmei já em olhar de súplica para Marco concordar e guardar o segredo. Falávamos baixo. — Fique tranquilo, amigão. Não vou falar nada. E outra coisa, Bella, eu não achei nada. — Ah! Sei que não. — Ele riu mostrando sua dentição perfeita em um sorriso espetacular. — Ai! Agora eu morro com o sorriso do deus grego aí. — Harry não se conteve mostrou seu lado afeminado revirando os olhos e levando a mão no coração, exagerando no exibicionismo. — Para! Se recomponha. — Dei um tapa nele. Olhei em direção aos outros três para ver se eles não estavam olhando me certificando que ninguém mais ouvia nossa conversa. — Agora, que você não vale nada Bella, eu afirmo… Giovani está louco de ciúmes por dentro. O conheço bem, ele ainda morre por sua causa e está se controlando ao máximo para provar a você que ele mudou, pedindo uma chance. — Tentei mostrar imparcialidade com a análise dele, controlando a minha respiração que queria sair em disparada ao saber de que ainda Giovani sentia algo por mim. Escutei me sentindo feliz por essa revelação, mas jamais eu poderia me
abrir em relação ao que meu coração ainda nutria por seu irmão. — Bella! — Escutei Luca me chamar e olhei em sua direção. — Você poderia liberar nossa entrada em uma de suas casas noturnas e umas meninas para nós hoje à noite, depois do jantar de casamento? Temos que fazer a despedida de Raf. — Já falei que não, Luca! — Raf saiu já dizendo que não queria. Vieram os três para mais perto. Sentando-se em volta de nós. — Deixa de ser estraga prazeres. Tony me disse que as meninas de Bella são lindas e que muitas nem são americanas. — Já falei que não. Não quero deixar Alícia nervosa. — Por mim, se Raf permitir podem ir. Só me falem e eu aviso Russel ou Tony que irão. — Não vi problema algum. — Eu vou. Se ele não quiser eu vou. — Luca estava obstinado em ir. — Vai você sozinho, Luca. — Marco começou a contrariar o mais novo dos Valentino, alfinetando-o como sempre fazia, praticamente todos os dias os dois tinham ainda esse comportamento de se alfinetarem. — Começou já seu fodedor de mulheres casadas? — Prefiro as casadas que não me dão trabalho. E não preciso de prostituta para meu pau levantar, igual a você. — Ei! Vamos respeitar a Bella. — Giovani pediu para pararem. — Bella tem a boca mais suja que todos aqui. — Luca se defendia. — Mas ela é uma dama e merece nosso respeito. E ainda está na frente
do namorado. — Acho que Harry estava tendo um orgasmo múltiplo por estar no meio de muitos machos alfas. Olhei para ele tentando chamar a sua atenção para não dar na cara. — Obrigada, Giovani. — Agradeci educadamente, mesmo não me importando com essa rixa entre irmãos. — Viraram amiguinhos? Moraram até juntos e agora ficam aí bancando essa politicagem cretina. Fala sério, se deixasse passavam o dia fodendo. Hipócritas! — Luca contrariado se voltou para o irmão mais velho criando uma situação desconfortável. — E por que não posso ser amigo dela? — Giovani adotou sua postura firme e levantou ficando frente a frente com Luca, intimidando-o com seu tamanho e poderio. Sentindo-me completamente desconfortável por ter minha vida agora como motivo deles se atacarem, levantei-me e me coloquei entre os dois. — Luca, gosto muito de você, mas acho que minha vida e meu passado é algo que não lhe devo satisfações. Se sou amiga hoje de seu irmão é um problema meu. — Irritei-me com a imaturidade dele e cortei o assunto. — Bem feito. Luca não sabe quando é a hora de calar a boca. — Raf se manifestou também e Giovani me olhava como se esperasse que eu falasse algo mais. — Desculpa, Bella. Não tenho nada a ver com a vida de vocês. — Luca baixou a cabeça em sinal de reconhecimento de sua atitude impulsiva. Um tanto
envergonhado. Precisei me impor e não deixar que virasse novamente a “puta do Capo” — Se você quiser ir a um dos clubes terá acesso livre a tudo. Agora não ultrapasse mais seu limite comigo. — Luca, vem comigo. — Giovani o chamou e o levou para um canto distante. Sabemos que Luca já os colocaram e algumas situações perigosas. Não sei o que Giovani falou, mas Luca acatou e saiu da área externa sozinho entrando na casa. Ao retornar até nós, com aquele clima tenso senti seu olhar de constrangimento. — Desculpa, Harry. Isso foi há cinco anos. — Ele tentou se explicar com meu falso namorado. — Tranquilo, cara, Bella já me contou sobre seu passado. E não me incomodo. — Harry até então quieto só escutando falou tão másculo que achei até que ele virou heterossexual de novo. O peso do olhar de Giovani me deixou desconcertada, ele falava com seus olhos me relembrando de tudo que nós tivemos, nada passageiro, algo intenso e consumidor, era como o fogo que consumia em segundos por onde passava. Comecei a me sentir compelida a sair correndo dali. O local mesmo que aberto estava me sufocando e eu precisava de espaço neste momento. Fui ingênua em pensar que não falaríamos mais a fundo sobre nosso passado.
Respirei fundo desviando o olhar de Giovani procurando pelo meu autocontrole. Não era comum eu me sentir acuada como estava me sentindo. — Preciso começar a me trocar e checar se está tudo certo para o jantar. Me deem licença. — Deixei-os e entrei para o interior da casa. Não estava me afugentando como uma medrosa, precisava na verdade, de espaço para conseguir me equilibrar novamente. O comentário de Luca só provou a mim que sempre falariam algo relacionado a mim e Giovani quando estivéssemos no mesmo ambiente. Em vez de ir para o meu quarto, fui até a cozinha ver como estava os preparativos e conversar com a cerimonialista se estava tudo dentro das conformidades. Depois de uma hora averiguando os detalhes subi para meu quarto a fim de descansar e me trocar.
Depois do assunto de hoje à tarde, procurei não ficar muito perto dela. Vi que ela não gosta que falem sobre nosso passado. Entendi que um assunto assim mal resolvido um dia teria que ser falado, porém, não agora. Mas quando esse dia não chegasse eu queria o pouco que ela poderia me oferecer e já me contentava tê-la por perto, mesmo querendo a todo momento estar sentindo seu perfume, contemplando seu sorriso, beijando sua boca e tendo-a em meus braços. Precisava conquistar dela a confiança de novo, sei que a machuquei e agora tive consciência que trazer Mellanie não foi a ideia mais sensata; há um mês não achei que seria possível estar em um lugar onde Bella estaria com o namorado, mas me equivoquei. Já estava saindo com Mellaine algum tempo, era um relacionamento bacana sem cobranças e depois de Júlia só tive noitadas nada mais. Porque quem eu sempre quis foi a Bella. Assim com ela, não me demorei muito ali, o clima não ficou suave depois que Bella nos deixou e como vi em seus olhos também me senti miserável com toda essa situação. Resolvi ir para o quarto e descansar um pouco e ao deitar-me na cama me
larguei colocando os braços atrás da cabeça. Não estava sendo saudável estar aqui, a proximidade só me fazia querê-la mais, e não mentiria em dizer que não a superei, pois eu ainda não tinha deixado Bella sair da minha vida. Fechei os olhos e comecei a lembrar de como éramos, de como transávamos deliciosamente. De como eu gostava de sentir o calor térmico de sua pele em contato com a minha, deslizando e misturando nosso suor, da feminilidade exibida pelo corpo torneado de curvas exuberantes, era perfeita com seus seios proporcionalmente empinados, com a base arredondada e imaginando-a nua lembrei de como a curvatura da cintura afunilava e depois alargava em sua bunda redonda, parecendo a forma de um coração quando estava de quatro e eu posicionado atrás todo enterrado nela. Era torturante saber o quanto era maravilhoso nosso sexo e não poder desfrutar dessa intimidade. Estava excitado com as imagens em minha mente e não me contive ao apertar meu pau com as mãos imaginando estar dentro dela de novo, arremetendo e sentindo a musculatura da sua bocetinha apertada me estrangular. Gemi e me levantei indo para o banheiro. Ao sentir a água cair em meu corpo sonhei acordado com Bella ali nua e gostosa me enlaçando e me comendo com sua vagina encharcada e acabou que, vivenciar esse desejo me fez ficar mais excitado ainda e sem pestanejar me masturbei mais uma vez pensando no quanto ela exercia uma enorme volúpia em minha libido.
Esgotado psicologicamente e ferrado sexualmente terminei de tomar banho e deitei adormecendo um pouco até no horário em que Mellaine chegou. Minha namorada me acordou me beijando ternamente e me posicionou do horário e que estávamos quase nos atrasando. A elogiei pela forma como estava arrumada e bonita, após vê-la e saí a seu pedido quando me informou que ainda precisava terminar alguns retoques da maquiagem. Ainda com meus pensamentos em Bella a deixei e fui andar pela propriedade e encontrando com um dos funcionários fui informado que o jantar seria servido em um salão. Segui para o local indicado constatando mais uma vez o tamanho exagerado da casa e ao chegar na entrada me deparei com ela de costas para a entrada, vestindo um lindo vestido preto com um decote generoso quase chegando no contorno de quadril, mostrando seus dois furinhos, as covinhas de sua coluna que eu tanto amava. O contorno da abertura era com detalhes em pérolas. Os cabelos penteados e alinhados estavam para trás. Bella exalava por todos seus poros sofisticação e feminilidade. O vestido justo moldava suas curvas proporcionais, o fim se agarrava ao meio da suas belas coxas torneadas e morenas. Não me contive ao vê-la majestosamente e muito gostosa vestida na minha frente e me aproximei. — Como sempre perfeito tudo que você faz. — Chamei a sua atenção para mim e ela virou em minha direção sorrindo.
— Eles merecem. — Caminhei até ela embasbacado, admirando-a e pensando no quanto eu a amava ainda. Como eu desejava chegar e puxá-la para mim e arrancar dela um longo beijo apaixonado. — Raf e Alícia. Nunca imaginei que se casariam. — Eu sempre soube que sim. Os pais de Ali já devem estar chegando. — Mas está lindo, o casamento deve ficar mais ainda. — Estava ali que nem um bobo iludido a elogiando, ela merecia ser exaltada e se eu pudesse canonizava-a só para poder admirá-la sem temer que fosse flagrado olhando-a embevecido. Bella aproximou ficando tão próximo a mim que não tive reação quando ela segurou em minha gravata e ajeitou, intimamente como se ela avançasse uma casa no tabuleiro desse jogo sedutor em que me envolvia, dando-me a oportunidade de jogar novamente os dados. — O nó da sua gravata está torto. — Bella estava tão próximo que se eu quisesse beijá-la era tombar minha cabeça para frente e abocanhar sua boca pintada de vermelho. — Você está linda. Como sempre! — Não pensei e simplesmente falei o que sentia naquele momento, elogiando-a pela enésima vez desde que cheguei aqui. Eu era doido por essa mulher e estava a ponto de cometer uma sandice absurda para tê-la logo. Ela sorriu e dando um tapinha no meu ombro e um passo atrás.
— E você também não está nada mal. Aliás, sua dama também está linda. — Ela olhou por cima do meu ombro, indicando que Mellaine estava parada atrás de nós e assim como ela direcionei meu olhar para onde minha namorada estava. Senti a tensão se instalar ali e para dissipar a má impressão e a proximidade em que eu Bella estávamos fui até ela e selei seus lábios. Não queria demonstrar nenhum afeto a outra mulher na frente de Bella, quero mostrar que mudei, mas neste momento foi mais que necessário. Importava-me com que ela poderia pensar e quem sabe Bella poderia desfrutar do amargo que eu sentia quando via o galã popstar tocá-la. — Mellaine você está linda. — Bella se juntava a nós. — Você que está deslumbrante. — Mellaine devolveu o elogio. —Na verdade, sempre está, acho que você acorda já pronta para qualquer evento. — Bella muito educada agradeceu e se afastou de nós para receber os convidados que estavam chegando. Sentamo-nos em uma mesa preparada para a família Valentino e Bella acabou se sentando junto com minha mãe, a sua e Harry. De vez em quando arriscava olhar em sua direção e a via sorrir conversando com outras pessoas, estava despojada e descontraída e no decorrer ela percorria em outras mesas sendo uma exímia anfitriã. Raf e Alícia se enamoravam felizes e após o jantar Bella pegou o microfone chamando a atenção para si. — Obrigada a todos os presentes por virem. — Sua voz ecoou pelo salão.
— Eu sou Bella, madrinha desse lindo casal aqui na minha frente. — ela apontou para Raf e Alícia. — Um casal que amo e que posso dizer que sou a responsável por terem se conhecido. — Ela tirou riso dos dois e do restante dos convidados. — Desejo a vocês, Raf e Ali, que sejam muito felizes e que me sinto muito honrada por me escolherem como madrinha do bebê de vocês. Bella terminou e foi abraçá-los e achei que deveria também falar algo. Assim que me aproximei a vi sorrir me encorajando e entregando o microfone em minhas mãos. — Meu querido irmão, amigo e conselheiro. Hoje me lembrei de como foi que ficaram juntos. Alícia vestida de coelhinho e você de pirata em uma festa de Hallowen em Nova Iorque, aliás vários aqui estavam bem engraçados. — Olhei diretamente para Bella para ver se eu via algum resquício em sua expressão das lembranças da nossa primeira noite juntos. Mas ela desviou o olhar em direção a Mellaine e entendi o recado subjetivo: de que a vida continua. Eu estava tentando e ainda envolto ao falar dos noivos continuei. — Mas fico feliz por poder ver sua felicidade e, também fazer das palavras de Bella as minhas, que também é uma honra ser padrinho do bebê. Meu primeiro sobrinho. — Depois que terminei vieram alguns amigos e familiares desejando a mesma felicidade que desejávamos a eles. O restante da noite transcorreu tranquilamente e ao fim quando os convidados foram embora, reunimos todos nós em uma única mesa e ficamos
conversando. — Já que não vou a um dos clubes da Bella então vamos nos embebedar por aqui. — Luca ainda revoltado pela sua fadada noite sentou trazendo um balde de gelo com garrafas de champagne, entregando uma taça a cada um e serviu, menos para Alícia. — Luca hoje vai ser o garçom. — Marco que também não perdia a oportunidade de implicar com Luca começou a provocá-lo. — Menos o seu. Não me importo de servir minha linda Bella. — Ele se sentou do lado próximo de Bella e Harry, sei que estava tentando agradá-la e consertar a bobeira que fez hoje mais cedo. Brindamos novamente a Alícia e Raf. — Giovani, que história foi essa de lembrar da festa de Hallowen? Até da fantasia deles, cara. Você está velho mesmo. Isso é coisa de gente que está envelhecendo ficar lembrando do passado. — Rimos descontraidamente. — Pelo menos tenho ainda uma boa memória. — disse tentando me defender do momento nostálgico. — Eu não lembro do que você estava vestido, Giovani! — Marco entrou no meio da conversa. — Bella estava de chapeuzinho vermelho. — Luca mencionou sem perceber novamente que a colocava em uma situação constrangedora. A observei corar e tentar sorrir, mas seu olhar estava longe e tive certeza de que comigo ali a sua frente ela teve a mesma lembrança que eu.
— Nossa! Eu nem lembrava. — Ela tentou disfarçar e Harry ao lado mostrando interesse na conversa. — Eu me lembro de tudo. — falei olhando fixamente para ela, tentando mostrar em meu olhar o quanto ainda tê-la em minha vida era importante. Bella desviou o olhar para o insuportável do seu namorado. — Minha linda, precisamos ir de Chapeuzinho Vermelho e Lobo Mau esse ano. — Harry brincou com ela e sem ter alguma resposta Bella evitou me olhar neste momento. Esse cara começava a me irritar profundamente. Como assim Lobo Mau? Será que ela contou tudo mesmo para ele. — Então... — Ela sorriu sem graça para ele. — O que acham que vai ser o bebê deles? Ela mudou de assunto e Luca voltou nele. — Bella parece que você quer mudar de assunto? Não foi nesse dia que você jogou um copo de bebida na cara da Júlia? — Não me lembro. Faz tanto tempo. Mas posso me lembrar de jogar um na sua. — Aí estava ela, com suas respostas duras. E pelo jeito com a sua paciência no limite. — Credo, Bella. — Luca quando mais velho você fica, mas chato tem ficado. — O clima começava a pesar.
— LUCA!!! — falei mais duro com ele, entendendo e calou-se. — Me perdoem, mas vou me retirar, preciso descansar amanhã será um dia bem cheio. Vamos, querido? — Ela chamou Harry para subir já se levantando e estendendo sua mão para ele.
Fiquei observando-a se retirar com a certeza de que o assunto sobre o nosso passado também a afetava. E Luca estava passando dos limites. Ficamos mais um pouco e quando fomos nos deitar fiquei curioso para saber se ela estava novamente no quarto ao lado ou no escritório como na noite passada. Mas Mellaine me puxou pela mão sorrindo. Naquele momento me arrependi de ter assumido com ela há um mês. Poderia estar aqui e não ter que me segurar para ir atrás de Bella e pouco me importava se ela estava com o playboy do namoradinho dela. Hoje eu penso que se eu tiver uma nova oportunidade eu não vou pensar
duas vezes de aproveitá-la. Antes tinha Júlia com aquela maldita apólice que me aprisionou durante anos e perdi Bella, mas agora se ela sentir ainda o mesmo que eu, nem Mellaine e nem Harry serão problema para ficarmos juntos. Deitei-me na cama e não quis nada com Mellaine, se fosse em outra época eu não pensaria duas vezes, mas a mulher dos meus desejos era Bella Dellatore e eu queria só ela. Mellaine e eu conversamos de várias coisas e logo adormecemos. *** Acordei sozinho na cama com o sol já invadindo o quarto, procurei por Mellaine e não a vi, arrumei-me e desci para tomar café e na mesa só estava Bella e Alícia. Perguntei pelo os outros ao me aproximar delas e fui informado que saíram para um passeio de barco. Havia acordado um pouco mais tarde que o habitual. — Bom dia! — Cumprimentei-as e sentei-me entre elas na mesa de café Elas me devolveram o cumprimento e logo Alícia nos deixou a sós para ir com a equipe de profissionais que havia chegado para começar a prepará-la. — Dormiu bem? — Bella quebrou o silêncio, após o nosso breve bom dia. — Dormi, acho que até demais. Aqui é o paraíso! — respondi encostando na cadeira para observá-la melhor. — Nunca que me acostumaria a Nova Iorque. — Eu tinha esperanças que ficasse.
— Por quê? — Ela me pegou de surpresa, sempre se esvaindo de qualquer coisa que relacionasse ao nosso passado e agora me perguntava querendo uma resposta para o que eu queria tanto dela. — Porque imaginei que ficaria comigo. — Ela levou a xícara de café nos lábios sorvendo um pouco da bebida. — Você sempre me subestimou achando que eu seria sua segunda opção. — Ela foi direta, pegando-me desprevenido com sua resposta. — Você nunca foi minha segunda opção. — Rezei para que ninguém chegasse e interrompesse nossa conversa. O que será que aconteceu com ela para hoje ser tão direta? Definitivamente eu desconhecia a mulher a minha frente. Sempre uma caixinha de surpresas. E eu ansiava por essa conversa já algum tempo. — Mas também nunca fui a primeira. — Seu comentário foi ácido e sua expressão deixou claro o quanto ela ainda se ressentia. Tentei alcançar a mão dela, mas ela retirou rapidamente. — Sem me tocar. O.k.? — Ela adotara uma postura protetiva e eu precisava respeitá-la — Bella. Por favor, há quatro anos espero o momento para te falar tudo e conversarmos. Me dê essa chance. — Giovani, sua chance se foi há quatro anos, naquela noite em Nápoles. Acho melhor continuarmos da mesma maneira que estamos, só estou permitindo que toquemos no assunto do passado porque precisamos deixar bem claro as
coisas entre nós. Se vamos ter uma instituição juntos não quero misturar qualquer coisa que já tivemos um dia. Você tocou sua vida eu toquei a minha. Ao contrário do que pensa eu não o traí, só fui atrás para você não controlar mais minha vida e parar de me deixar sempre como sua segunda opção. E você me deixou isso bem claro. — Não é assim como pensa. — Tentei me justificar lembrando de como tudo aconteceu, aquele olhar de decepção comigo me pesava durante todos esses anos. — Eu não penso mais. Já pensei, mas hoje não penso e nunca mais um homem vai me chamar de puttana. — Suas palavras estavam carregadas de raiva e tristeza, além de sua expressão fria e distante. Seus olhos não tinham o mesmo brilho desses dias. — Eu não devia ter falado aquilo para você. Mas eu precisava te afastar de mim. Ficando com você naquele momento não só a colocava em risco, mas a mim também e jamais poderia viver sabendo que aconteceu algo com você por minha causa. — As palavras não são como ioiôs, elas não voltam depois de lançadas. — Me perdoa? — Pulei para a cadeira que estava ao lado dela para ficar mais próximo. Tentando minimizar essa situação, sei que seria difícil tê-la de novo, mas eu precisava do perdão dela e não carregar a culpa por a ter pedido. — Não tem um dia sequer que eu não penso como magoei você. A mulher que mais gostei na minha vida, que me deu um dos maiores presentes que eu pude
ter. Sei que julguei sua lealdade e eu preciso do seu perdão, Bella. — Deitei a cabeça em seu colo antes que ela saísse e se afastasse me sentindo completamente inútil diante do poderoso sentimento de perdê-la que eu tinha. — Você já teve meu perdão, mas isso não significa que vamos continuar de onde paramos. No dia de seu casamento com a Júlia foi um ponto final em nós. Hoje só existe eu com minha vida e você com a sua. — Voltei a sentar, notando que tentar impor ou tentar forçar era ter quatro anos novamente entre nós. E eu queria viver com ela. Precisava quebrar esse muro, essa resistência. Não aceitaria um não, eu poderia fingir, mas lutaria com todas as minhas forças. — Se não for para ser assim, nem começaremos a ter um relacionamento profissional. — Por quê? — Porque é assim que deve ser. — Eu ainda gosto de você. E muito! — Que bom. Porque assim você vai respeitar minha vontade. — Bella, agora é tudo diferente. — Giovani, não. Não tem nada de diferente. Eu sou dona da minha vida para fazer o que eu bem entender e você também. — Eu sinto muito por ter sido do jeito que foi, mas você me tirou do inferno e me devolveu minha vida. E eu ainda te desejo até mais que antes. —
Eu olhava cada detalhe dela e sentia falta de tocá-la, de estar com ela e ter seu sorriso só para mim. Vivia em um inferno constante sem sua presença esfuziante na minha vida. — Se contente com minha amizade porque é só o que eu posso te oferecer. — Ela era dura, e não seria fácil de convencê-la que eu a amava, mas eu precisava e naquele momento decidi que ela seria minha para o resto dos meus dias. E não importa o tempo que fosse eu não a forçaria. Daria a ela o espaço necessário para poder trazê-la de volta para mim. — Antes eu tê-la como minha amiga do que você sumir por mais quatro anos. Mas saiba que não é da mesma forma que eu quero você. Eu não te vejo como minha amiga. Eu te vejo como a minha Bella de antes. — Aquela menina morreu. Você a matou. — Sua afirmação teve um impacto maior do que eu esperava. Ela poderia até dizer que aquela Bella de outrora não estava mais ali, mas eu tinha certeza que sim, era só seu modo defensivo. — Não diga isso. Eu pensei em nós dois. — Vamos encerrar este assunto por que não vai levar a lugar algum. — Só preciso que me perdoe. — Eu já disse que te perdoei. Se não tivesse te perdoado não tinha me colocado cara a cara com o velho Donttino. Acho que aí prova que sou mais leal que a Júlia. — Ela repetia minhas falas ao contrário daquela noite em Nápoles. — Você sempre foi. Não tenho dúvidas disso hoje.
— Então, temos um acordo? Que seremos apenas bons amigos? — Sim, mas não é o que eu quero, então não me culpe por ainda te desejar e querer te deitar em uma cama e me fartar de você. — Outra coisa, Giovani. Mandar flores não vai adiantar em nada, então por favor não precisa de exageros. Engoli em seco, eu sei que flores era algo cafajeste de se fazer em pedido de desculpas, mas na verdade, eu usava esse subterfúgio para mostrar a ela que eu estava esperando-a. — Não me force a nada nunca mais. — Eu entendi que seremos somente amigos, Bella. — Assim será melhor para todos. — Ela voltou a tomar o café dela como se nunca tivéssemos tido aquela conversa, que do nada surgiu e do nada se encerrou. Assim era ela: misteriosa e a cada segundo me surpreendendo.
Pensei muito a noite toda, nas indiretas de Luca, porque de brincadeira que não poderia chamar. Se eu fosse entrar nessa teria que deixarmos as coisas às claras entre mim e o Giovani. De uma coisa eu tinha certeza, de que eu e ele não poderíamos ter nunca mais um envolvimento amoroso. Eu o amei desde o baile de máscaras, há cinco anos, mas me machucar nunca mais. Assim estava bom. Precisávamos de um limite entre nós dois para que as coisas funcionassem bem. Assim que eu tivesse a oportunidade eu não pensaria duas vezes em falar com ele. Também porque eu queria evitar mais situações constrangedoras como a de ontem. Harry sempre me salvando tirou todos da casa para um passeio,
deixando-me, Alícia e Giovani, que por coincidência não desceu para tomar café junto com os outros. E achei melhor ainda quando nos encontramos na mesa de café e Alícia foi se arrumar com a equipe que havia chegado. Puxei um assunto trivial até que vi a deixa, quando disse a ele que não me acostumaria a morar em Nova Iorque, mostrando que eu ainda lembrava do nosso passado e como previsto ele entrou e se abriu. Eu queria dizer tudo ao contrário do que disse para ele, por que eu o amava, mas para a boa saúde do meu coração ter Giovani na minha vida é só como um grande amigo mesmo, e na lembrança de que ele foi meu grande amor um dia. Em nossa conversa vi em seus olhos tristeza e arrependimentos. Mas o que está feito, feito está. Após, colocar minhas condições ele aceitou com certa relutância. E assim terminamos nossa conversa e eu prometendo a mim mesma que aquele homem de olhar intrigante e voz imponente que estava ali na minha frente não era para mim, nunca mais. Mesmo que sua presença fosse o bálsamo para minha alma que há muito tempo chora por ele. Ele é o veneno e o antídoto. E nesse momento eu me envolvia na minha bolha mentindo que eu não o queria, mas meu coração lutava ferozmente ao declarar que o queria ainda mais que antes. Tinha que ser racional e controlada. Estava prestes a me jogar em cima dele e declarar o quanto eu o amava e
que eu era somente dele. Mas foi necessário ter sido assim e encerrarmos nossa história com essa conversa. Sem nos machucar e ainda poder alimentar o carinho entre nós dois. *** Terminei de tomar meu café e ele ao meu lado com cara de mau humor; queria rir, estava perfeito, com sua virilidade exalando por todos seus poros e, também eu gostava de vê-lo duro e imponente. Era assim que eu o trazia para minhas fantasias de Lobo Mau. — Quer dar uma volta pela praia? — perguntei tentando amenizar o momento e também por que agora com limites postos entre nós dois eu poderia desfrutar só um pouquinho de sua companhia. — Você tem um sério problema. Sabia? — Ele escrutinou seu olhar quando cruzou os braços na altura do peito. — Eu? — Tentei parecer mais divertida. — Sim, você! Mulher, você me diz que não quer nada comigo e me chama para passear na praia, sabendo dos meus sentimentos por você. — Ele não mostrava nenhum traço de simpatia naquele momento. — E o que tem? Você não pode uma vez na vida se contentar com uma amizade? Ou acha que todas as mulheres que você conversa, você precisa fodêlas? — O imitei, fazendo os mesmos gestos que o seu. — Não preciso foder todas as mulheres, mas sinceramente você eu tenho uma grande necessidade não de foder e sim fazer amor por várias horas. — Se
Giovani soubesse que ainda mexia comigo, revirava-me, desconcertava-me a simples menção de falar do seu desejo por mim, ele me faria novamente cativa dele, mas eu tinha que manter minha estrutura e dizer não, até aos meus desejos mais íntimos e devassos ao saber o quanto era prazeroso tê-lo entre minhas pernas arremetendo duro e forte. Respirei fundo me controlando para brecar o lado que implorava por ele. — Acho que você não me entendeu. Não foi? — Entendi muito bem e vou respeitar. Só não me obrigue a não sentir nada por você e não te desejar a cada minuto da minha vida. — Acho que podemos conviver assim muito bem. Mas não precisamos ser como estranhos. — disse a ele. ... mentirosa, mentirosa, mentirosa... Nunca que você poderá viver tranquilamente sendo amiguinha do Lobo Mau. — Você é incrível e ainda é a mulher mais bonita que se deitou na minha cama. Giovani não se dava por vencido e insistia ainda, tentando jogar suas cantadinhas, mas dessas eu conseguia sair delas muito bem. — Nossa! Fiquei impressionada agora, Giovani. Tem coisas que não mudam mesmo, não é? Acho que pulamos dessa fase. E sabemos que não vai acontecer mais nada entre nós dois. Somente negócios e uma amizade. O perigo me rondava com o nome de Giovani Salvatore Valentino, ele não desistiria fácil,
— Você acha que eu me interesso em ser seu amigo e você ficar falando daquele cara, o Harry? — O que tem ele? — Mostrei certa irritação. — Fala sério, Bella. Aquele cara não combina com você. O cara é mais feminino que você. — Mas pense o que quiser, ele é tão macho quanto você na cama. — Agora eu seria mandada para o inferno numa viagem só. Eu mataria Harry por ele ficar encarando e mostrando do que realmente gosta. — Você fala isso para não dar o braço a torcer. — Como ainda continua o mesmo convencido. — Balancei a cabeça em desaprovação. — Não sou, mí regina. Sou realista. — Quem escolhe meus namorados sou eu. Ao contrário, eu gosto de Mellaine. Acho que ela seria uma boa senhora Valentino. É educada e não uma louca como a outra. — Tem certeza do que fala? — Ele me pressionava mentalmente. — Olha que dessa vez você não tem como se intrometer. Então tem certeza do que fala, Bella? — Ele reforçou a pergunta novamente. — Qualquer um te salvaria daquela descompensada. Mas esqueci que você gostava dela. E me traia com ela. Afinal não sei quem era a traída ali. Se era ela ou eu. Mas não me importa mais. Tenho projetos maiores. Meu futuro é bem maior que o meu passado.
— Aí, agora está a Bella Dellatore com suas frases impactantes que machucam qualquer homem. Mas não me respondeu ainda. Posso casar com Mellaine? — Lógico. E você faça o que quiser da sua vida. Não sou eu quem decido isso. — Eu não poderia responder a verdade, que eu sentia vontade de arrancar a cabeça de Mellaine quando eu a via pendurada nele. — Vou encarar como um “não”. O.k.? — Encare como quiser, o importante é que eu sei o que é. — Está bem. Serei seu amiguinho, mas não quero saber de sua vida pessoal com o playboyzinho afeminado. — Muito bem assim. Eu já não tenho o mesmo problema que você. — Ainda bem, assim posso te convidar para me ajudar a comprar uma linda lingerie para Mellaine usar para mim. — Stronzo!!! — Ele conseguia me irritar como sempre. — Está vendo, você ainda sente algo, só de ver sua carinha de raiva. — Respirei fundo. — Qual é? Você tem 40 anos e ainda tem essas atitudes? — falava em relação a ele me provocar e irritando como sempre fez. — Só com você. Eu ainda sou louco por você. Eu também sou! Ouvi a voz da insensatez zunindo no meu ouvido e minha língua comichar para declarar a ele.
— Tchau, Giovani, vou caminhar sozinha. — Levantei-me da mesa e sua enorme mão segurou meu pulso. Senti queimar minha pele com aquele simples toque, que me levou a imaginá-lo me tocando por completo. Escorregando suas vigorosas mãos grandes e firmes por meu corpo, apertando-me e me fazendo sua. Olhei para sua mão e depois para seu rosto. Minha boca secou de vontade de beijá-lo e ainda saber se seria tão bom como era no passado. — Eu vou com você. — ele levantou ainda me segurando. — Por favor. — Olhei para sua mão e ele entendeu me soltando. — Nós não precisamos mais ficar remoendo o passado, Giovani. Podemos seguir como fizemos todos esses anos. Eu preciso de você para meus projetos. Não vou negar que eu te amei um dia e há pouco esse sentimento morreu, mas não quero mais me machucar. Prometi a mim mesma e você deve paz para minha vida. — Ele engoliu em seco e tocou meu rosto carinhosamente. — Me perdoa, carinho? Não há um dia sequer na minha vida que não me arrependa do mal que fiz a você. Mas eu vou deixar você viver e se o pouco que posso ter de você é sua amizade eu me contentarei. — Eu queria era mais dele, sempre quis. Será que eu me contentarei só com isso que eu pedia a ele? *** Caminhamos boa parte da praia em silêncio. Conversamos mais sobre o que eu pensava para nossos projetos. O assunto passado ficou no deque na mesa
de café.
Estávamos todos sentados à beira mar no bangalô preparado para os noivos e a família, o fim de tarde, com o céu tingindo de laranja e o sol se pondo atrás das ondas do belo mar da Califórnia. Uma imagem digna de ser retratada e admirada. Malibu favoreceu todo o momento envolto ao romantismo e ao amor que o casamento nos proporcionou. E eu não parava de pensar na sensação que me queimava quando, no momento que Alícia e Raf proferiam seus votos eu encontrei seu olhar preso ao meu. Estávamos de braços dados naquele momento e até agora sinto a sensação de pressão onde seu braço segurava o meu. Giovani me olhava tão intenso que me fazia sentir como se existisse somente nós dois naquele momento ali, eu senti inveja, por mais que eu negasse
eu o desejava e queria ser sua mulher para toda vida, quatro anos não foram suficientes para esquecê-lo, talvez não existisse anos computáveis para tirá-lo de dentro de mim. Seu cheiro masculino amadeirado me deixava atordoada, era delicioso a forma como a fragrância fougére assentava em sua pele. Era a combinação perfeita e como se eu voltasse ao passado senti compelida a roçar meus dedos em seu pulso naquele momento, foi torturante me segurar e refrear essa vontade absurda. Já estava ciente dos sentimentos de Giovani por mim, exatamente iguais aos meus, mas uma vez bastou para saber que era perigoso, potente e viciante ser sua. Quando deixei aquele apartamento e meu Chanel para trás, deixe também meu coração naquele lugar e hoje onde achei que um dia preencheria com outro nome estava marcas que eu não poderia me dar ao luxo de esquecer e cair na tentação de obedecer ao meu coração. Presa ainda em pensamentos insanos me deixei ser levada pelos meus sentimentos e cedi a Giovani uma dança, mesmo sob olhares julgadores de toda a família que sabia o que aconteceu no passado, mas dei a mim a desculpa que era devido a sermos um casal de padrinhos. Sei que estava abusando da sobriedade como se fosse um ex-viciado, sendo tentado com a droga em suas mãos. Giovani entendeu o quanto aquela dança estava sendo intensa em nossos sentimentos e manteve-se calado assim como eu.
Aproveitamos e nos sentimos, essa seria a forma mais íntima que tivemos em quatro anos. O balanço lento e seu cheiro mais intenso me colocava à beira de cometer novamente a loucura de voltar para seus braços, sua cama, sua vida e me deixar ser levada a me submeter qualquer coisa que quisesse de mim. Ainda bem que a música acabou e meu bom senso retornou ao me afastar para bem longe dele. Recorri ao meu socorro mais presente e fui para o lado de Harry. O dia de hoje estava sendo uma verdadeira prova de fogo e foi pior quando Dona Ana Valentino pediu para Harry se retirar e ficamos somente eu e ela. Parece que seus filhos entenderam o olhar da poderosa mamma e nos deixaram a sós na mesa. — Bella, minha querida, queria muito falar com você e até o momento não encontrei o melhor e como irei embora amanhã pela manhã não vejo motivos para adiarmos mais. Olhei-a sem entender o quanto seria importante ela querer ter uma conversa séria comigo. — Pois não, dona Ana! — Acomodei-me na cadeira a fim de ficar virada para ela. Percebi o quanto intimista estava a situação quando ela segurou minha mão entre as suas. — Queria pedir que desce uma segunda oportunidade ao meu filho, não sabe o quanto é doloroso ver o sofrimento dele, ele é apaixonado por você e eu
como mãe estou vendo tudo e não posso me calar diante deste fato. Eu fiquei olhando fixo para a italiana bem vestida e elegante a minha frente. Mamma Valentino me deixou consternada com tamanha audácia. Quem a entenderia? Anos atrás me pediu que deixasse seu filho em paz como se eu fosse a pessoa que o prejudicasse e agora ela me implora por uma segunda chance ao filho dela. Se eu quisesse ficar com Giovani seria por mim e não porque agora ela acha que eu deva ficar. Engoli em seco antes de respondê-la procurando pelas palavras certas. — Me perdoa, mas acho que já se passou muito anos e eu estou comprometida assim como seu filho. — Menina, ele é louco por você, Mellaine está sendo um enfeite e capricho masculino, isso tudo é para não dar o braço a torcer que você seguiu em frente e está comprometida com um belo homem. — Dona Ana, acho que a senhora não me entendeu. Eu sou comprometida e pretendo continuar com Harry e se a senhora agora me der licença. — Levantei incrédula com tamanha falta de tato, um dia me pedindo que eu saísse, como se fosse um vício prejudicial e no outro implorando para que eu fique com seu filho. — Eu entendo, e sinto muito que eu ajudei que se afastassem, mas Giovani precisava ter a cabeça no lugar ou o irmão pagaria caro por isso. Olhei por cima dos ombros em direção a ela e preferi manter-me em
silêncio e sair de perto. No dia em que Ana Valentino segurou em meu braço e assoprou em meu ouvido para eu ficar longe e deixar o filho dela em paz, eu fiz. Foram como adagas me cortando. Ela nunca me quis com Giovani e agora ela me pede ao contrário. Não dei oportunidade para ela continuar e deixei-a ali e fui atrás de Harry e o encontrei próximo ao bartender com Marco. E agora estou aqui sentada vendo a interação dos convidados e dos noivos me corroendo de inveja. E em como nos outros dias encontro constantemente o olhar instigante, dominante e atraente de Giovani me encarando, algumas vezes carrancudo ao ver Harry ao meu lado. Giovani estava lindo dentro do terno de corte italiano de cor clara, os cabelos alinhados todos para trás e os primeiros botões da camisa aberto revelando os traços finais de uma tatuagem e os pelos escuros que espalhavam pela musculatura de seu peito. Por um minuto fui arremetida ao passado e me vi deslizando minhas mãos em seu peito, contornando seu tórax definido; de olhos fechados e só percebi que estava sonhando acordada quando Harry chamou me cutucando. — Bella, pelo amor de Deus, você está devaneando acordada. Olhei assustada para ele por cima do ombro ainda perdida e confusa. — Você está encarando Giovani e sorrindo ao mesmo tempo que nem uma boba.
— Estou dando tanto na cara? — Está sim! Eu precisava que esse fim de semana terminasse logo ou eu não me responsabilizaria pelos meus atos. Tinha que ficar o mais distante possível de Giovani.
O casamento foi lindo e emocionante, ver Raf e Alícia era como ver água e óleo dentro de um copo. Diferentes, mas perfeitos um para o outro, formando um lindo casal. Ela nesses anos mudou um pouco, não era mais a mesma ambiciosa e doidinha. Estava mais mulher e linda na gestação. Como invejei quando a vi com o bebê no colo, queria ser eu a estar ali no lugar dela e de preferência com um filho de Giovani. Depois do casamento fui mais duas vezes rapidamente em Nova Iorque tratar de assuntos profissionais e em todas elas eu fazia questão de ser breve,
algo que eu não ficasse muito em contato com Giovani, mas hoje estava ali para conhecer meu afilhado, James, nome do pai de Alícia e não teria como fazer isso rapidamente, acabou que seu nascimento coincidiu há poucos dias antes de uma importante reunião que eu teria com o poderoso chefão. Agora estávamos mais próximos, algo que eu relutava internamente, mas estava sendo necessário, devido a instituição que ganhava força. Mas naquele momento dentro do quarto da maternidade; com aquele pacotinho embrulhado no meu colo e aquele rostinho angelical, seus olhos de um azul intenso com a cabelera escura me fizeram esquecer do tempo e espaço em que eu estava e não percebi quando Giovani chegou e se aproximou sorrateiramente, falando baixinho, ficando bem colado as minhas costas com seu rosto ultrapassando a linha do meu ombro. — Ele é lindo! Igual aos Valentinos. — Senti sua voz bem próxima ao meu ouvido me arrepiando, deixando-me amolecida com seu poderoso timbre forte e dominante. Sua respiração pesada me deixava consciente do quanto eu me afetava com essa proximidade. — Não vou deixar meu afilhado muito perto de você. Vai ensiná-lo a ser muito convencido. — Sua risada rouca era baixa e ao mesmo tempo sensual, até para aquele momento. — Ele é lindo demais, estou completamente apaixonada. Esse é o homem da minha vida, acho. — Olhei com os olhos marejados para Raf, Alícia e Giovani e o trio riu da forma como deixei explícito meu amor por aquela criatura em meus braços.
— Acho mesmo que você está perdidamente apaixonada por ele. — Raf veio para perto pegando o bebê do meu colo para levar até Alícia, o menino já estava faminto e começava a resmungar pedindo pelo peito da mãe. Fiquei no canto observando a cena materna com vontade de chorar vendo que eu poderia estar ali, machucada, mas estar ali vivendo aquela felicidade dos dois. — Chegou que horas? — Giovani se aproximou e falou baixo. — Há uma hora mais ou menos. Assim que Raf me ligou deixei algumas coisas para resolverem para mim e vim. Nunca senti um desespero a ponto de deixar tudo e sair correndo. — Sorri ainda emocionada com o fato de me sentir importante na vida de alguém como eu seria para meu afilhado. Giovani aproximou levando suas mãos em minha face e suavemente com as costas enxugou o canto dos meus olhos lacrimejados. — O que um pedacinho de gente não fez com Bella Dellatore? Até chorar está chorando. — Sorri. Estava feliz por eles e triste por mim. — Vamos tomar um café? — Vamos. — Precisava comer algo, devido a ligação de urgência de Raf acabou que não comi nada desde o café e já era fim de tarde. Caminhamos até a lanchonete falando de James. — Cadê sua mãe? — perguntei sobre mamma Valentino, estranhando por ela ainda não estar ali. — Marco e Luca foram buscá-la. — Ele pegou dois cafés enquanto me sentava em uma mesinha para dois.
— Obrigada. — Agradeci quando ele me entregou. — Vai ficar quantos dias desta vez? — Eu sempre vinha um ou dois dias no máximo, mas desta vez, como teria uma reunião com ele na próxima semana e, hoje já era sexta-feira passaria o fim de semana ali. Precisava descansar minha cabeça um pouco. Queria amanhã turistar por Nova Iorque. — Vou ficar, acho, que até quarta-feira, após nossa reunião. — Lembrei-o do nosso compromisso. — Sim, e tenho boas notícias. Podemos adiantar bastante coisa da instituição. Achei a casa perfeita, acho que você vai gostar. — De início ele não estava muito animado, mas acho que o projeto que apresentei fez ele tomar paixão. Tanto que nos falávamos quase todos os dias por telefone, às vezes já era tarde da noite e ficávamos horas falando sobre os projetos. Não tocamos mais no assunto de nós. — Que maravilha. Como já estamos em outubro pensei em fazermos um baile de Ação de Graças para arrecadarmos fundos. Eu trouxe nomes, e tudo. Até um local em vista. — Você tem que parar um pouco. Trabalha demais. — Nesse momento chega próximo de nós vestida de branco Mellaine. Olhei-a e dediquei-lhe um sorriso cordial, e fiquei observando a morena se encurvar e selar os lábios dele. Virei o rosto disfarçando minha raiva e constrangimento. Tudo ao mesmo tempo. Não sei, mas Giovani aparentou ficar sem graça com a atitude dela.
Ela o pegou desprevenido e eu o conhecia muito bem quando ele se sentia em uma situação delicada. Ele vincava a testa e dava um meio sorriso. — Oi, amor! — Ela limpou o canto da boca de Giovani com a ponta do indicador a mancha de batom que ela deixou ao beijá-lo. Após a cena do namoro perfeito ela me olhou e sorriu ficando em pé ao lado da mesa exibindo seu sorriso de mulher bem apaixonada. — Oi, Bella! — Oi, Mellaine. Como está? — Ela abaixou e me cumprimentou com beijinho no rosto e retribui de forma educada, porém estava feliz por não ter nenhum lugar para ela sentar ali ao nosso lado. — Estou bem. Acabei de passar pelo quarto e Raf me disse que estariam aqui. — Sim, a Bella chegou agora e não tinha comido nada. A acompanhei para aproveitar e falar um pouco sobre o projeto da instituição. — Mordi a bochecha reprimindo meu sentimento de ódio por Giovani ficar se explicando a ela. Sorri concordando, mas por dentro eu tinha uma enorme vontade grudar no pescoço dessa sonsa. Harry havia me dito que ela é uma pessoa extremamente maldosa e que não gostou da forma como ela e Luca estavam no passeio de barco. Meu amigo pediu que eu ficasse atenta a ela. E como uma boa mafiosa fiz um relatório dela, não encontrando nada que a desabonasse, mas ficar em vigilância nunca é
demais. — Como vem tão rápido, tem que aproveitarem mesmo qualquer momento. Sempre fica só um dia. — Mantive o sorriso falso no rosto; mal ela sabia que eu iria ficar quase uma semana ali. E com toda certeza eu teria atenção dele só para mim. — Quer tomar um café? — Ofereci educadamente torcendo para ela não aceitar. — Não, obrigada. Preciso voltar para a emergência. Só dei uma fugidinha. — Ela novamente o beijou na minha frente e saiu e Giovani ainda estava mostrava-se constrangido. — Não sabia que ela trabalhava aqui. Para mim ela atendia em um consultório. — Mellaine é plantonista da Clínica Médica. Ela está de plantão até domingo à noite. Depois folga domingo até terça-feira e volta na quarta-feira de manhã. — Ele estava me passando o itinerário da vida dela, por quê? Queria que ela se explodisse em milhões de pedacinhos. — Não sei se eu daria conta de ser médica, eles trabalham muito. — Você trabalha tanto quanto. — Mas mesmo assim. Harry chega na segunda-feira e fica até na terçafeira. — Fiz de propósito, precisava ligar para Harry e fazê-lo vir até Nova Iorque. Jamais ficaria por baixo e vendo-a desfilar ao lado dele dentro da sede da Camorra.
Mordi o lábio segurando o riso vendo a cara de desagrado de Giovani ao ouvir que Harry viria me encontrar em Nova Iorque. — Domingo vai almoçar em casa conosco? — Ele mudou de assunto e fingi que não havia percebido o quanto ele mudou seu humor. Eu o conhecia bem para saber que ainda conseguia atingir seu ego inflamado. — Ah! Acho que sim. Acho que ainda não tive nenhum convite... Claro que vou. — Terminei de beber meu café. — Vou combinar com Marco de tomarmos algo hoje e colocar o papo em dia. Se quiser vir nos acompanhar... — Claro que vou. — ele respondeu sem hesitar. — Vamos subir, quero ver meu afilhado novamente. — O que você quiser. Estou à sua disposição. — Ignorei a fala cafajeste e fui pagar meu café, mas fui informada que Giovani já havia pago. — Você é irritante. — Eu sei, e gosto de irritar você mais ainda. — Ele piscou e ficou com sua mão parada no ar, como se fosse me tocar, mas por prudência ele acabou enfiando-as no bolso da calça. Retornamos para o quarto conversando novamente sobre os projetos dos quais estávamos compactuando junto. Evitei tocar em assuntos delicados. Giovani abriu a porta para que eu entrasse primeiro me dando o vislumbre da família Valentino toda dentro do quarto.
— Bella, minha linda menina. — Mamma Valentino veio me abraçar assim que entramos. Fiquei parada e retribui o abraço cordialmente. Ainda não me sentia a vontade com ela, depois da nossa última conversa. — Oi, como a senhora está? — Hoje estou feliz, até que enfim sou avó. Achei que Giovani me daria. Mas ele se recusa a ser pai se não for para casar com você. — A velha insistia com essa história e pelo visto não pouparia nenhum comentário a cerca dela querer que eu desse uma segunda chance ao seu filho e não importava se estas situações fossem me deixar constrangida. Disfarçando sorri a contragosto e olhei para o lado evitando os olhares de todos e principalmente ter que ver o sorriso malicioso que Giovani certamente exibiria para mim. Essa mulher é uma incógnita... Um dia ela pede para eu deixar o filho dela em paz e hoje escancaradamente me pedia para casar com o mesmo e lhe dar netos. Confesso que eu queria, mas não me daria esse luxo e depois sair machucada. — Mas logo Mellaine vai lhe dar um netinho. Respirei fundo, infeliz com meu comentário. — Agora não é mais mamma Valentino é a nonna Valentino. — Bella é incrível como você se esquiva em não querer fazer parte da nossa família. — Marco com seu jeito convicto de deus másculo aproximou e
me abraçou. — Mas quem disse que eu não faço parte? — Olhei para ele sorrindo e para os outros. — Sou madrinha de James Valentino, agora para sempre terão que me aturar. — Fui compelida e atraída pelo olhar sexual que Giovani me encarava, seus olhos me escrutinavam parecendo que estava lendo todo meu interior. Desviei o olhar e tentei não o olhar pelo restante da tarde, mas era impossível o diabo Valentino me magnetizava de tal maneira que quando me dava conta já estava encarando-o, e o pior: o desejando.
Vislumbrar Bella ali segurando meu sobrinho no colo me fez a desejar mais ainda. Invejei a felicidade de meu irmão naquele momento, o sorriso não desmanchava e olhar para aquele pacotinho nos braços dele, Bella me fez querer isso para minha vida. Já estava ficando mais velho e logo precisaria constituir minha família, e assim eu desejava que fosse, o único problema era a mulher que escolhi: Bella não queria voltar para mim. Mamma insistia constantemente que eu deveria ir atrás de Bella, no início ela não era a favor, mas depois de uns anos fazia questão de frisar que a
primeira-dama da Camorra deveria ser Bella Dellatore, a mulher mais bem preparada. Mal ela sabe que esse título já pertence a minha pequena. Tomamos café e a presença de Mellaine me constrangeu quando ela chegou repentinamente me pegando desprevenido tanto com sua presença quanto ao beijo na frente de Bella. A minha sorte é que as duas se portavam muito bem socialmente e aquela tensão que eu tinha quando era com Júlia não existia mais. Depois do café retornamos ao quarto e a tarde passou com todos pressionando Bella a me dar mais uma chance; imagino o quanto ela deve estar irritada com isso, ela sempre deixou bem claro que não retomaríamos o passado. Estava ao telefone quando a ouvi dizendo que estava indo embora e rapidamente desliguei a ligação e me aproximei dela. — Vou te levar embora. — Obrigada! — Ela não fez nenhuma objeção e nos despedimos de todos. Queria aproveitar todos os momentos possíveis que eu poderia para estar perto dela. Sei que me comportava como um adolescente apaixonado, mas eram as migalhas que minhas escolhas me davam e eu não poderia perdê-las, ou era o pouco ou nada. Meu telefone tocou me tomando parte do caminho e logo estaria deixando-a sem ter aproveitado mais da sua companhia. Minha sorte é que estaríamos novamente juntos a noite e me perdi em pensamentos quando reparei
o local aonde o carro estacionava e não consegui acreditar no que via. O destino me pregava cada peça quando se tratava de Bella Dellatore. Na mesma hora não tive dúvidas que a compradora do apartamento do Central Park havia sido Bella e sem hesitar saí do carro junto com ela desligando o celular, interrompendo minha ligação, não poderia deixar de questioná-la. Apontei a mão para o edifício ainda incrédulo com este fato. — Sério, Bella? Porque não pediu, eu tinha dado ele para você. — Ela deu de ombros. — E eu queria algo só meu, além de que, sou apaixonada pela vista dele para o Central Park. Quem sabe um dia eu deixo você entrar e ver a redecoração que fiz. Particularmente ficou ótima. Agora quero subir se me der licença, preciso de um bom banho de banheira e fazer umas ligações. Respirei fundo sentindo uma chama de esperança se acender dentro de mim, talvez Bella ainda me amasse. Ainda compartilhamos aquela tensão sexual e sei que há uma grande possibilidade de existir algum sentimento entre nós. Agindo por prudência não questionei mais, essa pequena atitude sua já demonstrava muito mais que eu estava esperando nessa sua visita. — Claro! Te pego aqui às 8h. — Feliz a puxei e apertei sua cintura fina dando um longo beijo em sua bochecha, mesmo com sua relutância em se afastar rapidamente. No meu tempo a soltei e fixei o olhar prendendo seus olhos cor de avelã
nos meus. — Não se preocupe, eu não vou te morder. — Tchau, Giovani. — Ela revirou os olhos e me deu as costas e como um moleque com seu primeiro amor fiquei vendo seu rebolado, analisando todo seu corpo escultural até sumir nas portas do edifício. Voltei para o banco detrás do carro e fiz todo o caminho até em casa analisando a situação. Pensando em como Bella não poderia sentir mais nada se ela comprou nosso apartamento, querendo ou não, ele era uma evidência do nosso passado. E esse papo de vista bonita não me convencia. Fechei os olhos e fiquei relembrando de nós dois naquele lugar e imagens dela nua dentro da banheira vieram intensamente me deixando excitado. Ainda lembrava da sensação que me causava quando eu estava completamente dentro dela. Gemi baixo querendo de novo ter seu corpo sob o meu e suas pernas emboladas na minha cintura, deixando-me afundar dentro de sua bocetinha apertada. Apertei por cima da calça minha ereção amaldiçoando-a por me deixar nesse estado de tesão, louco por ela. Eu precisava mais uma vez na vida senti-la por completo. *** Pontualmente cheguei na entrada do edifício às 8h, como o combinado, não queria perder sequer um minuto de sua presença, ainda mais agora que sei o
quanto nosso passado significava para ela. — Cara, você está dando na cara demais. — Marco me repreendia. — O que, Marco? — Que você é doido nela. — E qual o problema? Eu sou doido nela mesmo. Se eu tiver uma única oportunidade eu não vou hesitar em revirar o mundo para tê-la e dessa vez não vou permitir que ela fuja de mim. — Tome cuidado meu irmão. — Vá para trás, Marco. Saí em meu carro, hoje não queria seguranças e nem motorista, queria aproveitar e ter Bella ao meu lado, mais próxima de mim. Fiquei esperando encostado no carro e logo a vi saindo pelas portas giratórias, vestida com vestido preto justo ao seu corpo e com uma jaqueta toda cheia de pedras, estava deslumbrante como sempre, mas o que mais me chamou a atenção foi seus lábios pintados de vermelho. Sua boca era uma das coisas que mais me chamava atenção, era bem desenhado os traços de seus lábios e quando sorria parecia ter uma boca maior. E cada vez que olhava para ela era como se eu a visse pela primeira vez e sentiame cada vez mais apaixonado. Quatro anos não foram capazes de diminuir em nada e sim aumentar meu amor e desejo por Bella. — Está linda. — Elogiei-a olhando dos pés à cabeça quando chegou
próximo. — Obrigada! E o senhor também está bem bonitão. — Hoje Bella levava com mais naturalidade. Brincava, sensualizava e deixava as coisas entre nós dois mais suaves e fluídas, e eu a respeitava, até porque, eu não queria me distanciar mais de sua vida. Apesar da pouca idade, Bella era uma das pessoas mais sagazes e inteligentes com quem já cruzei nesta vida. Meu pai dizia que Bella Dellatore era mais mafiosa que muitos homens; que nem seu pai era tão capaz igual a ela. Observei a maneira como o vestido subiu e marcou suas coxas ao sentar e quase me esqueci de fechar a porta. — Oi, Bella! — Estava entrando no carro quando Marco a cumprimentou e ela virou para trás. — Estão lindos, nada de me deixarem sozinha esta noite. — Sentando de lado para mim ela sorriu e piscou, deixando-me abobalhado e sem entendê-la, mas nem queria entender essa incógnita linda ao meu lado. Estava era esquecendo de tudo a minha volta e me concentrando só nela. — Desde quando dirige. Achei que era mais adepto de sua limusine. — Muitas coisas você não sabe sobre mim, pequena. — Nossa quanta mudança, estou gostando de ver essa transformação Don Valentino. Essa mulher ferraria comigo, eu a amava demais. Será que existe um homem que é tão apaixonado por uma mulher assim?
Eu precisava tê-la de novo. E a teria... Bella foi e é minha! O telefone dela começou a tocar pelo facetime. Era o idiota do namorado. Ela atendeu e nos mostrou. — Oi, amor. Como está? — Ela falava com ele no viva voz. — Estou bem, minha regina. O bebê é lindo, adorei a foto que você me mandou. Está indo aonde? — Estamos indo beber algo. Você vem na segunda-feira que horas? — Linda, eu não vou poder ir. Preciso me reunir com dois investidores que ficaram aqui no César Palace. Mas encontraremos na quinta-feira para um almoço antes da minha viagem para Londres. — Sentirei saudades, querido. — Um sentimento de raiva se apossou de mim ao ouvi-la toda dengosa com esse cara... Nunca fui de sentir raiva de alguém que nunca me fez nada, diretamente ou indiretamente a mim, mas esse Harry não me descia nem um pouco. — Eu também. Se cuida aí. — Pode deixar até quinta-feira. — Ainda bem que esse cara não viria para cá esses dias. Já é difícil ficar com Bella a sós e eu aproveitar tudo que ela pode me oferecer, agora ter que ficar bancando o amigo e vendo-a de amores com o namoradinho afeminado dela era demais. Assim que desligou Marco dava gargalhadas dentro do carro. — Que foi, Marco? — Olhei pelo retrovisor.
— Nada, só sua cara que denuncia. — Não começa, Marco. — Bella entrou no meio da conversa. — Bella esse cara é muito estranho. — falei, porque eu não aguentava vê-lo ser todo mole. — Já disse que ele é muito mais homem que vocês. Vamos deixar Harry em paz. — Na boa, Bella. O que você viu nesse cara? — Marco perguntou para ela dando risada. — Eu gosto dele. Ele é meu amigo, uma excelente companhia. — Eu sou seu amigo e uma excelente companhia e você não dorme na minha cama. — Não pude perder a deixa. — Vocês dois podem parar, eu gosto dele e pronto. É simples, não tem um porquê. Começamos a questioná-la sobre o namoradinho intragável dela até chegarmos na Le Bordon. E agindo com cavalheirismo saí do carro antes dela e abri a porta para que saísse do carro fazendo questão de ajudá-la ao segurar em sua mão. — Ficou muito bom, gostei da fachada renovada. — Ela sorriu para mim aprovando a reforma que havia feito. — Acho que essa será a primeira vez que vou aproveitar uma noite inteira sem você me arrancar contra vontade daqui. — Sem se afetar senti seu braço se enroscando ao meu e ela também agia da mesma forma com Marco e assim entramos os três na boate.
Estávamos nós três sentados em uma mesa localizada em um dos camarotes suspenso. Fiquei observando como tudo ali havia mudado para melhor. Giovani havia mencionado que reformulou e fez algumas mudanças e de fato ficou incrível. — O que vai beber? — Entendi o gesto dele como uma gentileza e pedi o mesmo que eles, nesses anos algo que aprendi foi a beber uma boa bebida destilada forte, então independente do que eles bebessem eu aguentaria e Marco mais que depressa pediu para que trouxessem uma garrafa de Herradura Selección Suprema, uma tequila fora do comum e eu como uma californiana autêntica não poderia deixar de apreciar a bebida mexicana. Em particular era deliciosa a escolha, suas notas fortes de carvalho adicionada a avelã, baunilha e canela conferiam o sabor diferenciado ao ser degustado. — Não é forte para Bella? — Giovani exibia sempre seu protecionismo e bastou meu olhar para ele entender que quem decidia por minhas escolhas era somente eu mesma. O bartender executivo que ficava à disposição do privativo dos Valentinos trouxe uma bandeja com o limão cortado e os pequenos copos de dose com a borda empanada no sal, e a garrafa ao centro. Fomos servidos e antes
de bebermos erguemos e brindamos a nós virando de uma vez só o líquido todo dentro da boca. O toque seco amadeirado desceu cortante e afogueado, acabei fazendo uma careta e os dois zombaram de mim. Não fiz a contagem do quanto já tinha bebido, sei que estava mais solta do que eu me permitia quando Giovani me convidou para dançar, não vi maldade alguma e aceitei. Mas avisei que queria dançar na pista e não ali, lá seria mais seguro, afinal, eu estaria rodeada de mais pessoas e ele não tentaria nada contra minha vontade. — Não precisa ter medo de ficar sozinha comigo, Bella. Já disse que não vou fazer nada do que você não queira. — Eu gosto do calor humano, só isso. — Tentei suavizar o momento, sei que Giovani se referia a todas às vezes que eu me esgueirava fugindo e não o deixava se aproximar. Ele sorriu e segurou minha mão, levando-me em direção a pista de dança. Vê-lo ali descontraído me fez esquecer de tudo e relaxar em sua presença. E foi como se jamais tivemos algo, eu me divertia em ver seu sorriso, o modo desconjuntado como dançava, parecendo um robô de molas. E sem perceber me vi encostando minhas costas em seu corpo e embalando a dança, nos esfregando; não sei o que estava acontecendo comigo, mas eu sentia necessidade de deixar Giovani tão perto, eu queria estar próxima; seu braço rodeou minha cintura me trazendo mais para ele, encaixando-me, com sua mão
pressionava minha barriga, tombei a cabeça para trás e senti seu nariz escorregar por todo meu pescoço me arrepiando. Nossos corpos moviam de acordo com a batida sensual da música. E era notável o quanto ele estava excitado, sentia o volume pressionado contra minha bunda. Naquele momento eu já não tinha forças e nem queria pará-lo, queria continuar sentindo seu toque e o roçar dos seus lábios na minha pele. — Eu te adoro! — Giovani sussurrou e depois mordiscou meu lóbulo me torturando. Por imprudência eu o deixei se aproximar e precisava afastá-lo. Virei e fiquei de frente e antes que Giovani se curvasse totalmente para tentar alcançar minha boca eu afastei sorrindo. — Preciso beber algo. — Sem esperar por sua reação o deixei e retornei para área privativa, fugindo dele. Estava ficando perigoso demais essa aproximação e ainda sã eu precisava barrar a mim, antes que amanhã eu me arrependesse de dar mais esse passo. Pedi ao bartender algo mais fraco que a tequila e quando fui servida estava ainda nervosa ao perceber Giovani parado ao meu lado como no passado, quando ele ia dar seu bote em mim. Virei a bebida toda de uma vez e evitei olhá-lo, mas foi inevitável a forma como sua presença viril me fazia esquecer de todos ao meu redor, a atração era forte o suficiente para me fazer encará-lo e ver seus olhos refletirem o mesmo desejo que compartilhamos anos atrás, tudo voltava à tona e muito latente naquele momento.
— Gostei do que fez aqui. — Respirei fundo mudando o assunto tentando suavizar o momento, ou melhor, tentar dissuadir a atração sexual que emanava de nós dois. — Você já disse isso, Bella. — Mordi o lábio sentindo sua presença crescer e eu me acuar. Cadê a Bella que coordena sua própria vida e não teme mais ninguém? Giovani se aproximou me encurralando até eu cair sentada em um sofá que ficava ao fundo da área privativa. — Você está muito perto. — Tentei fugir quando se aproximou sentandose muito próximo de mim. — Por quê? Tem medo de mim? — Giovani tentava aproximar e eu o barrava com as mãos. — De você? Lógico que não. — Ele fazia tentativas frustradas. — Para! — Eu só quero sentir seu perfume. Não posso? Quem sabe eu compro para Mellaine. — Não pode. E não vai dar um perfume igual ao meu a sua namorada. — Por que, não? — Porque, não! — Está com ciúmes. — Ele começou a zombar de mim. O diabo Valentino sabia que estava conseguindo me desestabilizar e continuava a insistir sua aproximação, enquanto discutíamos uma banalidade, como: ele querer comprar um perfume igual ao meu para Mellaine.
— Não estou. Só não quero outra mulher usando meu perfume. — Então deixa eu senti-lo em você. — Não! Você não tem limites. — Bella, somos amigos e você pode muito bem deixar eu sentir seu perfume. — Sorvi mais um pouco da bebida como se ela fosse me ajudar a sair desse embolo que entrei ao deixar Giovani me abraçar na pista de dança. Já havia bebido mais que o de costume quando minha sinceridade começou a ficar aflorada. — Você está se aproveitando de mim. — Ele riu. — Não estou, não. Mas eu queria muito aproveitar de você. Desistindo de ficar muito próximo Giovani viu meu copo vazio e pediu que me trouxessem mais um drinque. Estávamos sozinhos e não estava vendo Marco por perto. — Sabia que Harry está fazendo o projeto para uma nova reforma nas minhas casas de jogos? — Sem sentindo comecei a falar de Harry, estava desesperada para não me denunciar e me declarar para ele, mas estava sendo inevitável não admirá-lo e ficar observando como sua língua deslizava deliciosamente por seus lábios, já estava enxergando em câmera lenta esse movimento, eu queria ir até lá e fazer com a minha língua esse desenho, contornando sua boca. — Bella não quero saber do seu namoradinho afeminado. — Não desviei quando seus dedos tocaram minha boca me silenciando.
Meu íntimo implorou para ele me calar de outra maneira e fiquei olhando para sua boca desejando ser ela para me fazer ficar quieta. — Está com ciúmes, lobo mau?
Senti que minha pele estava mais molhada, como se eu estivesse em uma espreguiçadeira dormindo sob o sol. Sentia-me suada e estranha. Tentei abrir meus olhos, mas a enxaqueca me cegava, não me lembro de muita coisa, lembro de beber tequila e me arrependi ao sentir as pontadas de dor na cabeça anunciando uma grande ressaca. Como será que cheguei a casa? Começando a pensar nas piores teorias prometi a mim mesma que nunca mais beberia daquela forma. Extravasei ultrapassando meus limites e tudo isso para eu poder estar perto de Giovani sem me deixar ser levada pelos meus
sentimentos. Mesmo a claridade atrapalhando forcei para abrir os olhos e abraçada no travesseiro vislumbrei primeiramente minha mão esquerda e me assustei com o que vi. Sem entender e ao mesmo tempo tendo vagas lembrança da noite eu contemplei o enorme diamante e a aliança na minha mão. Olhei mais de perto tentando me lembrar de onde ele apareceu e fui tomada pelo maior temor que eu tinha na minha vida. Literalmente apertei meu rosto contra o travesseiro e gritei sufocando minha loucura. — Bom dia, senhora Valentino. Entrei em um estado catatônico ao ouvir a voz de Giovani sussurrando próximo a mim e distribuindo beijos no meu ombro. Bella Dellatore, você se superou na loucura dessa vez. Não conseguia me mexer, estava congelada até para raciocinar e me questionar o que eu havia feito. — Já está quase na hora do almoço, minha linda esposa. Não era possível que eu estava ouvindo, só poderia estar sonhando aqueles sonhos hiper-realistas com Giovani me chamando de Sra. Valentino. Acho que fiquei em coma por um tempo e Giovani casou comigo nesse tempo, como se fosse no filme da Bela Adormecida. Inconformada pensei em voz alta.
— Eu estou em um pesadelo, só pode? — falei desesperadamente ainda com o rosto enterrado no travesseiro. — Você está em um sonho e quando acordar nada disso estará acontecendo, Bella. Ainda sem saber se estava sonhando ou vivendo realmente tudo isso inspirei e expirei profundamente, procurando dentro de mim uma melhor forma de compreender os fatos. Abri os olhos com esforço e encontrei Giovani de lado me olhando. — Estou tendo um pesadelo. — Tornei a fechar os olhos. — Credo, Bella. Assim você me ofende. — Sua voz mostrou ressentimento com o meu comentário. Abri os olhos novamente e encontrei os dele me fitando seriamente. O que eu fiz? Qual foi minha loucura dessa vez? Dormir de novo com Giovani não só era um erro, era fazer um reset e ligar um foda-se para tudo que eu construí nesses anos. Olhei em volta percebendo que não estava em um lugar conhecido. Era exorbitantemente, grande, luxuoso, excêntrico e diferente, nenhum dos locais que estive antes. — Onde estou e o que você está fazendo aqui? Eu me recusava olhá-lo, estava tomada pela culpa, pelo remorso de ter caído novamente na conversa mole dele. — Amor, o que parece que estou fazendo aqui? Passando a primeira manhã de casado com minha esposa. — Como se alguém tivesse descarregado
em mim um choque de realidade me sentei na cama enrolada no lençol. Minha cabeça latejava mais ainda. Como assim esposa? O que eu fiz? — Para com essa brincadeira, Giovani. — disse secamente, ainda não me conformando no que ele falava. — Não estou brincando. Hoje você é Bella Valentino. Minha esposa. — Olhei do teto para minha mão, onde o grande brilhante e a aliança confirmavam o que ele falava. — Aonde estamos? — Em Vegas. — Las Vegas? — Dei um pulo levantando da cama. Desesperada olhei para ele. Se estamos em Vegas é porque eu fiz uma grande loucura mesmo. Era bem maior que pensei e procurando me lembrar de algo que comprovasse tudo isso fechei os olhos. E como se as peças de um grande quebra-cabeça fossem se encaixando fui me lembrando do que havia de fato acontecido; desde o momento em que o chamei de Lobo Mau até sairmos da Le Bordon e entrarmos em um jato fretado de última hora. De um borrão as lembranças da noite passada tornavam-se nítida agora deixando de ser apenas flashes. Vislumbrei os relances:
Do momento em que ele me puxou para seu colo e começou a chorar dizendo que me amava mais que a própria vida e que morreria tentando. Do beijo ousado que trocamos ainda na boate. Do pedido de casamento e eu dizendo “sim”, desde que nos casássemos antes de amanhecer. Desde a saída até a chegada em Las Vegas, do vestido branco que agora estava jogado no canto do quarto, da capela com o Elvis e a voz dele ecoando me chamando de esposa. Minha cabeça girava e comecei a massagear as têmporas tentando aliviar a dor aguda. Fui tomada pelo medo e desespero ao lembrar de tudo e de que eu me casei com Giovani de madrugada em Vegas. — Giovani, o que fizemos? — Olhei para trás. Não me conformando ainda e encontrei seu olhar fixo em mim. — Nos casamos. — ele disse com a maior naturalidade e calma. Dessa vez eu fui longe, nada comparado quando perdi minha virgindade com ele naquele baile há cinco anos. Ser esposa de Giovani ia além das minhas expectativas nesse momento, eu não estava preparada. — Bella, fica calma, meu amor! — Calma? — Respirei fundo tentando me controlar. Como ficar calma?
— Não percebe no que está acontecendo, Giovani? Você me pede ainda para ficar calma, as coisas não funcionam assim. — Funcionam como, Bella? — Seu tom ainda era mais tranquilo que o meu, mas começava a demonstrar um certo receio. E me acompanhando Giovani se sentou na minha frente e segurou meu rosto. — Bella, meu amor. Não fica assim. Parece que tudo que falamos a noite já não vale de mais nada. — Eu estava me lembrando de tudo que falei para ele, mas não estava em meu estado racional para ter tomado essa atitude. Com Giovani foi assim desde o início, sempre agi imprudentemente e impensadamente e agora para piorar eu fiz a pior delas: casei-me com ele. Senti-me perdida. As lembranças se tornavam mais nítidas: De nós dois dentro de um jato fretado de urgência e o desespero de Giovani para que chegássemos antes das seis horas. As confissões do quanto eu o amava e que ainda não o havia esquecido. Como fui patética! Abri de novo meu coração para ele. — Eu não consigo entender como fui me deixar ser levada por você de novo. — Bella, para de falar essas coisas. Entrei em desespero e comecei a chorar, rapidamente fui amparada pelos seus braços envoltos a mim me consolando.
— O que eu fiz? Eu estava muito embriagada. Não me conformava como agi desvairadamente, sendo fraca e falha. — Eu amo você, Bella. Estava entrando em desespero que nem suas declarações me consolavam. — Podemos anular esse casamento. — disse convicta. Giovani me soltou e segurou firme meu queixo. — Você só pode estar brincando com a minha cara, Bella! — Ele se irritou com o que eu disse. — Você me fez atravessar o país inteiro em uma madrugada para fazer um capricho seu e agora você diz que quer anular o casamento. Mas que porra, Bella. — Giovani olha o que fizemos. Você não faz ideia do que acabamos de fazer. — Sabe o que fiz: Foi te amar cincos anos e ter uma única oportunidade. Eu disse que não desperdiçaria. Eu já não conseguia reagir diante da confusão em que me meti. — Você me disse que aceitaria ser minha esposa se eu me casasse com você antes do dia nascer e assim eu fiz. Agora você é minha mulher e não vou assinar nenhuma porra de anulação. Nesse momento seu telefone começou a tocar e foi a deixa para eu sair de perto dele quando foi atender. Precisava achar uma solução para essa bagunça em que me meti. No meu íntimo me sentia satisfeita por ter conseguido o que eu queria,
mas por outro lado eu estava oferecendo meu coração para um sacrifício mortal. Deixei a cama sob o olhar supervisionado dele e entrei no banheiro indo direto para o chuveiro; precisava pensar no que fazer e tomada pelo desespero encostei a testa no revestimento frio e deixei a água quente cair sobre a cabeça perdendo totalmente a noção do tempo. Tornando sua presença notável Giovani entrou do boxe ficando atrás de mim, o mesmo começou a massagear meus ombros tensos e doloridos com meu nervosismo. — Bella, por favor me escute. Eu te amo muito e sei que já te machuquei, mas eu prometo que nunca mais vou te magoar e quero que saiba que independente da forma como foi, estou muito feliz e realizado. — Suas palavras eram de um tom sincero, mas eu ainda tinha receios e não conseguia acreditar. Como pude me colocar nessa situação quebrando minhas próprias promessas. Esse amor não era sadio, já fui quebrada uma vez. Que garantia eu teria que desta vez seria diferente? — Você não percebeu o que fizemos? — Virei-me ficando de frente e bem próxima a ele. Seu olhar suplicava que eu não mudasse o que foi feito e neste momento os meus dois lados começavam a batalhar: Um me orientando a viver o amor e o outro me chamava pela razão de que estar com Giovani não era a coisa mais sensata a se fazer. — O que percebi é que estou bem onde eu sempre quis estar, com a
mulher que eu amo e casado com ela. — Com o olhar preso ao meu Giovani respondeu convicto, demonstrando segurança em suas palavras. — Eu te amo, Bella. Será que pode escutar e acreditar pelo menos desta vez? Desta vez não terá mais Júlia, Mellaine ou qualquer outra mulher. Eu escolhi você. Agora só depende de mim e, de você, fazermos isso dar certo. Você disse que me amava e eu também te amo, por que não tentarmos mais uma vez? Prometo que se não dermos certo por nossa causa eu a deixo livre e nunca mais vou te procurar, mas nos dê essa oportunidade. Vamos ser felizes. Nós nos casamos e nos amamos, quero que seja a mãe dos meus filhos, quero experimentar aquela felicidade que vi em meu irmão ontem e, tenho a certeza de que só você poderá realizar. Ainda era um misto de incertezas e medo, suas palavras eram firmes e decisivas. Eu também queria ser dele, viver com ele e ter tudo dele, mas ainda não me sentia segura, eram marcas profundas demais para serem esquecidas em uma noite só. — É lindo tudo que me disse, mas Giovani as coisas entre nós sempre foram conturbadas e continuam sendo, temos nossas vidas e cada um está em uma ponta do país. Como pode dar certo? Não vou abandonar minha vida em Los Angeles e me mudar para Nova Iorque. E você também não faria isso. — Ele segurou meu rosto e beijou meus lábios tentando me acalmar. Na verdade, ele me deixava mais agitada internamente. Sentir o gosto de seu beijo quente era o êxtase que ativava o foda-se
tudo. Sei que estava no meio da maior bagunça que criei e por um momento meu cérebro parou e congelou qualquer pensamento coerente me fazendo ir por outro caminho, o caminho em que eu me entregava e rendida deixava sua boca apossar vigorosamente da minha. Não conseguia negar mais que eu queria muito essa boca todos os dias da minha vida. Giovani afastou e continuou a me olhar ternamente, tentando me passar segurança. — Não se preocupe, revezaremos entre as duas cidades, eu darei um jeito de sempre estar perto de você. Não vou deixar que nada nos impeça. Por favor, me deixe pelo menos tentar te fazer feliz? — Suas mãos desceram e segurou meu pescoço e se encurvou sugando meus lábios para dentro da sua boca e esgotada me entreguei, subjugada e vencida. Mais uma vez o carcamano conseguiu de mim o que queria. Derrotada e com orgulho escoando, junto com a água pelo ralo, enlacei seu pescoço com minhas mãos e me entreguei para viver novamente a montanha-russa de nome Valentino. Giovani com sua virilidade me pressionou deslizando suas mãos pelo meu corpo até chegar na popa da minha bunda para me erguer e me pegar em seu colo. Estava ligada no automático e como se fosse de praxe eu circundava-o com minhas pernas me prendendo nele. Não desgrudávamos da boca um do
outro e os seus lábios escorregaram na minha pele aquecida pelo rastro de sua saliva misturada a água que caía entre nossos corpos. Eu me abria deixando meu mafioso seguir em frente e agir pelo instinto primitivo da paixão que sempre compartilhamos. Seus dentes me castigavam no ombro e a deliciosa excitação latejava a espera de que ele se apossasse de mim completamente. — Eu te amo, carinho. Não faz ideia como queria que esse momento se realizasse, não sabe o quanto esperei e agora quero que ele seja lento e hoje eu sou seu e você é minha sem empecilhos. Escutava atentamente suas palavras começando a sentir a esperança que eu poderia ser feliz com o homem da minha vida. E em retribuição eu avancei e o beijei como se dependesse dele minha sobrevivência. Tranquei minha razão decidindo ser feliz ao seu lado e se me machucasse eu cataria os cacos e seguiria novamente em frente como fiz da outra vez. Até o momento, ainda não conseguia matar a saudade de sua boca e se pudesse passaria o dia todo beijando-o. Uma manhã não seria suficiente para aplacar os quatro anos da sua ausência impregnada em meu corpo. — Vamos para a cama, quero beijar cada centímetro do seu corpo, eu preciso estar dentro de você, foram muitos anos sem senti-la. Eu preciso de você, minha vida. — Assenti e sem se enxugar Giovani me carregou para o quarto, saímos do banheiro molhando todo o piso até a cama. Cuidadosamente e carinhosamente ele me colocou no centro da enorme cama deitando-se em cima
de mim e foi se aconchegando com sua pelve entre minhas pernas que automaticamente abriram-se enroscando nas dele. Sem pressa seus lábios buscavam o meu e o amor fluía em minhas veias novamente, tirando-me da inércia e da escuridão que foi minha vida sem seu toque. Momentos como estes sempre nos tornaram um só e agora era para valer. Finalmente ele conseguiu o que sempre quis, meu orgulho já não valia mais nada. E como ele mesmo disse: não tinha mais ninguém a felicidade só dependia de nós dois e hoje eu não precisaria me esconder. Eu me tornei a Sra. Valentino, a mulher do dono da porra toda. Não mais a amante puttana. Rendida eu correspondia cada toque incitando-o a fazer mais quando minhas unhas deslizavam a lateral do seu braço musculoso arrepiando-o. Giovani contraia-se diante da minha carícia e gemia entre nossos lábios. — Bella, meu amor, estou tentando me controlar para ser inesquecível, quero que apague da sua memória qualquer homem que esteve, depois de mim, com esse momento e tudo que deixamos no passado. Engoli em seco, achando graça... Será que eu deveria confessar a ele que nunca teve ninguém tão íntimo assim? Sempre fui só dele desde a primeira vez. Meu corpo não reagiu a nenhum homem em todo esse tempo. Tornei a buscar sua boca a procura da sua língua enfiada dentro da
minha. — Como senti falta dessa boca. Eu te amo! — sussurrava sem descolar seus lábios dos meus. Sentia o quanto suas declarações eram sinceras. Giovani nunca havia se aberto a ponto de virar o mundo para me ter. Eu ainda achava que poderia ser por mera possessão e obsessão, mas que se foda tudo. Eu quero ser do meu Don Valentino. Suas mãos buscavam tatear toda minha pele e sua boca escorregava pelo meu corpo passeando com seus lábios úmidos e a ponta da língua trilhava o caminho até meus seios que formigavam antecipando seu toque. Meu corpo era sua propriedade e ele comandava os controles dele como um perfeito maquinista. Foram muitos dias que minha pele clamava por querer o peso de sua mão e não me contive ao arquear meu corpo entregando meus seios ao seu alcance. Gemi sem pudor ao sentir sua boca sugando para dentro meu mamilo, sendo retorcido entre seus dentes. — Como amo esses seios. Deliciosa! — Estava embevecida e entregue ao momento que não conseguia formar uma frase para explicar o que sentia, tamanha era minha excitação, ainda mais quando sentia seu pau exageradamente duro roçar minha vagina lambuzada. Agindo por instinto entranhei minha mão entre nossos corpos e busquei por seu pênis e deslizei lentamente, envolvendo-o e abraçando-o com meus
dedos, sentindo as veias grossas e dilatadas. Fechei os olhos deliciando ao sentir a rigorosidade do membro rijo. — Diaba! Assim eu não vou conseguir me controlar, amor... Quero você mais que tudo. Olhei com paixão vidrada em seu olhar. — Não se controle! — ordenei e em resposta tive sua obediência ao deixar a cabeça do seu pau roçar a entrada encharcada. — Gostosa demais, como sempre pronta para mim. — Sua fala entrecortada demonstrava o quanto aquele momento estava sendo único. Apoiei nos cotovelos para assistir a cena dele introduzir-se todo dentro de mim e como se Giovani lesse meus pensamentos ele fez lentamente, absorvendo de mim qualquer resquício de dúvidas de que eu ainda tinha sobre se render a ele de maneira completa. Lentamente seu pau adentrava mais dentro de mim e eu o sentia tão firme, pressionando meu interior com seu tamanho, engolfava-o e, assistir a tudo, deixava-me desesperada para que ele se movimentasse e se esfregasse em mim. Não me contive e gemi junto com Giovani quando me preencheu por inteiro jogando minha cabeça para trás. Seus fortes braços me puxaram e me colocaram em seu colo ainda enterrado dentro de mim. — Ainda tem dúvida que foi feita para mim, Bella Dellatore, ou melhor, Bella Valentino? — não respondi e fechei os olhos quando sua mão se uniu ao
seu pênis em minha vagina me estimulando com movimentos vigorosos, friccionando e apertando meu clitóris. Minha perna apoiava na cama para conseguir me movimentar e Giovani assumia o controle me segurando pela cintura, mas eu necessitava de mais e deixei meu corpo próximo ao seu, colando meus seios em seu peito e alcançando sua boca, o movimento se tornou sincronizado de nossos lábios e nossos corpos unidos e estimulados ao limite do prazer. A sensação plena de tê-lo dentro de mim era como se eu estivesse preenchida Durante cinco anos eu o desejei todos os dias, lembrando de cada momento nosso. Era como se nunca tivéssemos nos separado; meu corpo correspondia involuntariamente a cada gesto seu. — Você me paga, mí amore. Vou querer ter você todas as horas para recuperar os cinco anos que me deixou sem você. Ainda continua com a mesma com bocetinha apertada, macia e quente e que agora é só minha para o resto de nossas vidas. — Giovani terminou de falar e quando fui responder a ele, seus lábios não permitiram e me calaram ao sugar os meus para dentro da sua boca faminta. Estava sentada e abraçada junto ao seu corpo, era meu bálsamo e capturou meus lábios mordendo-os. Ainda dentro de mim sem movimentar, remexi o quadril em pedido a ele. — O que você quer, bebê? — Seu olhar era hipnotizante, atraía-me como
uma presa indefesa. Eu queria que ele me fodesse do jeito que fazia, fazendo-me sua. — Vamos lá, sua diaba, fala-me o que você quer? — Giovani possessivamente apertou minha cintura me impedindo de movimentar se enterrando todo dentro de mim. Gemi e mordi os lábios para conter meu louco tesão. — Quero que me foda. Por favor, Don Valentino. — Choraminguei quando senti seu pau pulsar apertando meu interior. — Não quero foder você hoje. Quero te amar, Bella! Minha chapeuzinho vermelho! — Incitando-me busquei por sua boca. Nunca o vi romântico assim e esse seu lado me dava esperanças que desta vez poderia ser diferente, mas não deixava ainda de me sentir insegura. — Quero que este momento seja inesquecível como você é na minha vida. Estava tão perdida no turbilhão emocional, tinha tantas coisas para falar que me perdia entre o gozo que se aproximava e o amor que reascendia poderosamente dentro de mim. Era diferente a maneira como dessa vez tudo estava acontecendo. Sentia-me insegura sobre acreditar, mas algo dentro de mim queria abandonar os estigmas do orgulho e me lançar de corpo e alma. Giovani lentamente me tombou para trás com suas mãos ainda nas minhas costas e lentamente deslizou deixando minha pele formigando com o
jeito carinhoso do seu toque. Ainda posicionado entre minhas pernas novamente introduziu em mim quando remexi os quadris implorando para ser retomada por ele. Seu quadril ondulou lentamente de acordo com o movimento de nossos lábios e se tornava intenso à medida em que os tremores tomavam nossos corpos e, quando senti o forte puxão dentro do meu ventre eu sábia que jamais conseguiria me afastar novamente dele. Eu precisava disso e há um bom tempo não me sentia viva. Esqueci de quem eu era e me lembrei do sentimento puro e verdadeiro que sempre senti por Giovani. Seu peso sobre o meu corpo, as estocadas vigorosas, as mordidas na minha boca, suas chupadas na minha pele me jogaram na roda de prazer e gemi me entregando ao gozo junto com suas últimas investidas e logo estávamos arfando, recuperando da poderosa sensação de satisfação que nos fartava naquele momento. Ficamos por um tempo em silêncio, só com o barulho de nossas respirações. E jogado sobre meu corpo fechei os olhos e comecei a tomar as rédeas da minha consciência. Estava ferrada em pensar que não teria consequências de estar com o lobo mau novamente. — Eu te amo, Sra. Valentino. — Sua voz grave e pesada era baixa e terna.
Prendi-me em seu olhar quando apoiei nos cotovelos e fiquei olhando-o intensamente . Queria poder gritar e dizer que também eu o amava, mas estava com medo de que tudo isso me machucasse de novo. Giovani compreendeu e não se ressentiu, ao contrário, se retirou de dentro de mim e se deitou ao meu lado me trazendo para seus braços e em silêncio fiquei com a cabeça em seu peito musculoso. — Tudo ao seu tempo, carinho. — Passei meu braço por seu abdome e me aconcheguei mais. Queria falar tanta coisa e a única que eu dizia para mim mesma era a fala dele: “Agora só depende de nós dois”
Noite anterior
Estava voltando no tempo com Bella ali colada em mim, minha mão espalmada em sua barriga plana, apertando-a contra minha ereção. Não poderia negar o quanto seu cheiro, sua proximidade me deixava em estado crítico, ainda mais com ela se movendo e remexendo sua bunda redonda espremida na minha pelve. Era demais. Sua entrega sempre foi impensada, sei que ela não agia pela razão e não
controlava mais seus instintos e eu agradecia a santa Tequila. Em sã consciência jamais estaríamos aqui colados nos esfregando literalmente, a música até ajudava, mas não era só uma dança, era a união da química iminente que nos atraía um para o outro. Bella exercia um fascínio descomunal sobre mim. Eu a amava e antes não fiz nada para que ela ficasse, mas agora seria diferente e eu a tomaria se a mesma me desse uma sequer brecha. Estava com quarenta anos e eu precisava dela para me sentir um homem completo. Quase a beijei quando acabou a música e seu rosto ainda estava de lado a um movimento meu, mas a danada era escorregadia e saiu não me dando a oportunidade de beijá-la. Ela voltou para a área privativa e pediu algo para beber e quando dei por mim estava encurralando-a quase colocando tudo a perder e por um lapso me afastei e sentei ao seu lado, recompondo, mas a perdi no exato momento em que Bella começou a falar do namoradinho e me irritei. Não queria ficar ouvindo dela que outro cara era mais importante, tinha que ser eu. Talvez eu tivesse me precipitado e cego para não ver que eu não tinha mais espaço na vida dela, porém quando me perguntou me chamando pelo apelido sensual dado por ela em nossa primeira vez eu tive certeza que ainda havia algo entre nós. — Se eu disser que estou sim com ciúmes da Chapeuzinho Vermelho, o que vai fazer? Não pensei e agi novamente ao avançar mais, ficando bem próximo e a
trouxe para meu colo sobre seus protestos. — Quieta! — Eu te odeio! — Bella tentava sair do meu colo, mas quanto mais remexia, mais eu a apertava mantendo-a sentada sobre minhas coxas. — O que eu te fiz para me odiar? — Me deixa sair, Giovani. — Não. Agora vamos conversar. — ordenei! — Você é mandão demais. — Não contive e gargalhei. — Por isso que me odeia? — Não! — Então por que me odeia? — Novamente estava excitado e ereto e demonstrei quando a apertei e remexi sob seu quadril. Ela demorava para responder. — Responde, Bella! — Não quero. — Apertei a cintura e subi uma das mãos até seu pescoço e forcei sua nuca até próximo do meu rosto. — Não quer me responder por que não é verdade que me odeia. — Ela segurou em meus ombros tentando sair de perto. — Agora você vai ficar quietinha aqui no meu colo. — Está vendo por que te odeio. Você acha que manda em tudo e em todos. — É só por isso que me odeia? Então o restante você odeia também? —
Alcancei sua boca e mordisquei seu lábio inferior. — Me solta. — Não! — Você é um cretino que gosta de ter todas as mulheres aos seus pés para você depois controlar e dispensá-las. — Você está enganada, bebê. Eu não dispensei você, quem me dispensou foi você. — Não estou, não. — Eu só gosto de ter aos meus pés as virgens, que eu fui o primeiro. Você é minha. Tenho certeza que em quatro anos nunca ninguém te tocou como eu, nem aquele seu namoradinho babaca. — Você é um arrogante! Está vendo, como se acha demais. — Soltei sua nuca e ela afastou, mas mantive minhas mãos em sua cintura fina e ondulada. Não responderia na mesma frequência que ela. — Eu te amo, Bella! — Seu rosto não expressava o que pensava e não me importava. Só queria que ficasse ciente do quanto eu a amava. Essas disputas de ego com ela sempre foram uma faísca para ativar minha libido e fazê-la submeter a mim, mas Bella mudou e nenhum homem a conseguiria se fosse por esse caminho, e eu não iria. — Me dê uma única chance é o que te peço. E vou te provar que nunca mais vou te machucar. Quero te amar por todos os dias da minha vida. — Não sei, estou cansada de ser segunda opção na sua vida. Primeiro foi
Júlia, sua dívida e agora Mellaine. — Sua resposta foi imediata. — Você nunca vai ser minha segunda opção, me deixa te provar. — Tentei beijá-la, mas Bella virou o rosto. — Eu vou me arrepender amanhã se eu disser “sim”. Porque mais uma vez eu vou ter que catar os cacos que você vai deixar. — Bella, meu amor. Olha para mim! — Segurei as laterais do seu rosto e olhei-a bem nos olhos. — Desta vez vai ser diferente, me dê uma única oportunidade. — Giovani, não consigo acreditar que me pede isso estando compromissado com outra mulher, que inclusive levou dentro da minha casa. — Você queria o quê? Ver você esfregar seu namorado perfeitinho na minha cara? Mellaine não é nada perto de você na minha vida. Bella mordia os lábios e comprimia todo seu maxilar. — Fica comigo. EU AMO VOCÊ! — Reafirmei e expressei meu sentimento com firmeza. Não esperava com sua atitude de me beijar e correspondi segurando sua cabeça, entranhando meus dedos em meio aos fios do seu cabelo, colando minha boca na sua. Seu olhar ao afastar brilhava, com lábios entreabertos, muito convidativo a continuarmos o beijo, mas eu me embevecia e me perdia no seu gosto ainda dentro da minha boca. — Você é linda, como eu amo você. Casa comigo, seja minha mulher e
mãe dos meus filhos? Acho que a assustei e pelo visto a embriaguez passou. — Bella, eu te amo. Você é a mulher da minha vida. Eu tenho 40 anos, você acha que eu não sei o que quero. Quero viver com você aquilo que Raf está vivendo. Quero ter uma família com você. — Senti novamente a rejeição ali presente. Bella não aceitaria e se afastaria de mim. Prometi todos os dias a mim que se eu tivesse sequer uma única oportunidade eu não desperdiçaria, mas acho que a usei na hora errada. — Você passou dos limites, Giovani. Não confio em você para ficarmos juntos, imagina me casando com você. — Engoli em seco, sentindo me inútil. No tempo que ficamos juntos não fui o cara mais sincero que ela merecia e só me dei conta que eu fui um verdadeiro filha da puta quando ela me deixou e reavaliei aonde tinha errado com ela. E sua sinceridade provava que ainda as marcas do passado ainda estavam presentes. — Deixa para lá, Bella. Esquece o que eu disse. Vi que você não quer nada. Eu respeito sua vontade. — Tentei tirá-la do meu colo, mas ela permaneceu onde estava, também não fiz força nenhuma, eu a queria de qualquer jeito, até com as migalhas que poderia me oferecer. — Ei! Calma. Está vendo? Com você ou é do seu jeito ou é nada. Eu não sou mais àquela menina medrosa que você manipulava, Giovani. Será que você não consegue perceber que não vai ter de mim o que você quiser sem que eu consinta. As coisas não vão ser só do jeito que você quer. Entendeu?
— Quem disse que está sendo do meu jeito. Só a pedi em casamento. Você que não entendeu. Quero você para o resto da minha vida. É bem simples de você entender. O que eu quero e tenho certeza que você também quer. Me responda se você não me quer ainda? Se você disser “não” eu vou parar de ficar tentando algo com você. — Ela ficou parada sem me responder mordendo o canto da boca. — Vai, Bella, me responde. Não seja covarde. — Eu gosto de você, Giovani. Mas já me machucou muito, tenho medo de me machucar de novo. — Voltei a segurar o seu rosto. — Dessa vez só depende de nós dois. E eu não vou te machucar nunca mais. — Meu telefone tocou e eu tirei do bolso e vi que era Mellaine, costumávamos a nos falar de madrugada quando ela estava de plantão. Amaldiçoei em voz alta. Agora era o que faltava, Bella ficaria uma fera. — Atende sua namorada. — ela disse seca, levantando-se para sair do meu colo. Mas a puxei fazendo voltar. — Ainda não terminamos nossa conversa. Não estou preocupado com ela e, sim como nós dois iremos ficar. — Tomei a atitude de desligar o celular e guardei o aparelho no bolso. — Depende de você agora, Bella. — Eu vou acabar me arrependendo amanhã. Vamos passar a noite e amanhã você vai correr com desculpas e mentiras para a Mellaine. E novamente me tratando como uma puttana. — Você sabe que nunca foi, eu disse uma vez porque eu precisava te
manter longe de mim e você orgulhosa não me deixaria chegar perto. Não sabe o quanto me arrependo por ter te falado isso e jamais conseguirei apagar da minha mente a maneira como me olhou. Continuei a falar. — Não quero ser um arrependimento pela manhã. Quero amanhã estar te amando como sempre te amei. Quero você ao meu lado para sempre e não quero saber de Mellaine. Quero você! — Uma vez foi assim e quem me garantira que não vai ser novamente? — Me peça qualquer garantia que eu te dou. — Para ficar com Bella eu daria minha vida se fosse necessário. — Eu me caso com você só se for hoje. — Fui tomado pela surpresa, esperava que ela me pedisse qualquer coisa menos que nos casássemos ainda hoje. — Você está brincando comigo? Aonde vou me casar com você hoje? — Não sei, só caso com você se for hoje. — Eu achei que ela estava brincando, mas ela não estava, estava séria. Bella saiu do meu colo e deu de ombros. — Você não é o dono da porra toda? Faça acontecer. Minha garantia que amanhã não vai ser como antes é essa. Fiquei olhando e me admirei mais ainda com ela, ali parada na minha frente, exigindo de mim como uma rainha. E não me senti nenhum pouco afetado ao vê-la exigir o que a deixava
segura. Se casar com ela ainda hoje fosse o preço a pagar para tê-la ao meu lado, eu não hesitaria acordar o clero do Vaticano para me casar ainda hoje com ela. Não perderia essa oportunidade, afinal, não seria uma má ideia, amanhã quando recobrasse da bebedeira Bella seria minha esposa e não teria como fugir mais. — Você quer a garantia, eu te darei. Até às 7h da manhã você será Bella Valentino, a minha mulher. — Tem que ser hoje. — Reafirmou sua ordem. Levantei ficando a sua frente e a beijei com desespero, pronto para dar a ela o que eu mais queria. *** Deixamos a Le Bordon; Bella segurando minha mão e eu ao telefone revirando Nova Iorque atrás de alguém que liberasse uma autorização de casamento e um padre, foi quando um segurança ao meu lado, um dos que me escoltavam até o carro, me disse: — Senhor, case em Las Vegas. É o único lugar no país que vai conseguir, além de que o casamento no estado de Nevada não poderá ser anulado. Tudo estava muito agitado dentro de mim e estava difícil organizar e processar as informações, e sem pensar liguei para Andrea e pedi que a mesma ligasse ao aeroporto e pedisse um jato fretado de urgência, até preparar o da
minha família demoraria e eu estava correndo contra o tempo. Se Bella queria se casar até amanhã cedo, para se sentir segura eu daria isso a minha chapeuzinho vermelho. Minha felicidade dependia daquele sorriso em seus lábios, da certeza de que ela estaria feliz ao meu lado. Segurei em sua mão e nos conduzi até o carro. *** O avião decolou exatamente a meia-noite e quinze minutos. Fomos informados pelo piloto e comissária que nosso tempo de voo seria de aproximadamente quatro horas e meia. Sentada a minha frente Bella olhava pela janela, pensativa. — Bella! — A chamei e tive sua atenção instantaneamente. — Você não está brincando comigo? — Tenho cara de quem está brincando? — ela disse firme. — Amanhã não terá arrependimentos? — Aí eu já não posso te assegurar. Mas estarei casada com você. E vou honrar os votos que eu fizer. — Estamos atravessando o país para eu ter você. — Eu disse que me caso com você só se for hoje. — Alcancei sua mão e a puxei trazendo-a para meu colo.
— Eu te amo. Prometo que não vai se arrepender. — Você tem até o amanhecer não esqueça. — Ela sorriu ainda duvidando do que eu estava fazendo. Parecendo aquela menina por qual me apaixonei há cinco anos. — Até às 7h da manhã você será Bella Valentino. As horas passaram rapidamente, bebemos mais um pouco e conversamos mais e tentei tranquilizá-la de que tudo daria certo. Bella ainda insistia em beber mais e eu tentei levá-la para os fundos do avião e matar a saudade que eu estava de seu corpo. Ela insistia que só aconteceria algo mais, depois que nos casássemos. Em alguns momentos eu sentia que Bella não estava levando a sério, pois exigiu até o vestido de noiva, claro que dificultando tudo para mim, mas estava disposto a ir à lua e se assim ela queria, assim teria o tal vestido. Providenciei através do celular. Las Vegas de fato é a cidade que não dorme e em poucos minutos já estava mostrando por fotos enviadas os modelos. — Mas você não pode ver o vestido da noiva. — disse tomando de minha mão o aparelho e eu tomei dela a taça do champagne. Ela usava o tom de zombaria como se nada fosse acontecer. — Escolha e envie para o número do remetente. Se minha futura esposa quer... Ela terá seu vestido. — Quero um brilhante e uma aliança. — Se exigindo mais coisas ela achava que eu desistiria estava enganada. Sempre gostei de brincar nesse seu jogo.
— E você terá, mí regina. Bella ficou entretida mais um tempo com o celular na mão e quando estávamos para chegar veio para meu lado e sentou entregando-me o aparelho. — Pronto, Sr. Valentino. Posso? — ela apontou para taça no suporte e eu permiti que ela retornasse a bebericar a bebida. — Assim que sairmos do avião iremos direto para a capela. — Aonde estamos indo? — Las Vegas. Você não disse que só casaria se fosse hoje. Então você vai ser minha esposa em menos de duas horas. Às 7h você não será mais uma Dellatore e sim uma Valentino, a minha esposa. — Ela jogou a cabeça para trás. — Se de fato conseguir mesmo, amanhã vou querer me matar. — Mas eu não vou deixar. Agora você vai até o fim comigo Tudo estava correndo bem. Após, nos liberarem da aterrissagem já tinha um carro nos aguardando. Nele tinham duas pessoas nos esperando com o anel, o vestido de Bella e uma roupa para mim. Hoje eu entendi porque Vegas é a cidade que nunca dorme. Além do capricho excêntrico também estava desembolsando uma boa quantia para realizar sua vontade. Foi tudo muito rápido e o casal que nos assessorava nos deixou exatamente prontos às 6h30min. E exatamente quinze minutos depois eu estava de pé ao lado de Elvis Presley, na pequena capela ornamentada com extravagantes quadros do astro e
com poucas fileiras de bancos. O altar era simples, com vasos de flores artificiais enfeitando a espécie de um púlpito e ali estavam minha licença e a de Bella, junto com a certidão que declararia legalmente nós dois como marido e mulher. Observava tudo atentamente e me perdi quando a vi no longo branco simples de tecidos leves cobrir seu corpo e um véu jogado em sua cabeça, cobrindo seus cabelos. Bella caminhava segurando um buquê de flores em tons de rosa pelo corredor com o tapete verde. Seu olhar era preso ao meu e esqueci de tudo e de onde estava, concentrando-me na linda mulher que vinha até mim, insegura, mas sorridente. Em todos meus sonhos jamais poderia imaginar que seria perfeita a forma como eu me daria a Bella e ela se entregaria a mim. Eu a amava de todas as maneiras possíveis minha chapeuzinho vermelho, minha esposa. Passou quatro anos e eu esperaria mais outros anos só para viver este momento com ela. Ela se aproximava e seus olhos estavam vermelhos e cheios de lágrimas. Não esperei que me encontrasse no fim da pequena capela, fui ao seu encontro no meio do caminho; ali sozinhos com os meus seguranças de testemunhas eu busquei pela minha mulher, a que eu desejava mais que a própria vida. — Te amo muito, Bella Dellatore! — Ela sorriu e não esperava por sua
confissão. — Não mais que eu. Te amo, Giovani Valentino! Aproximei meu corpo do seu e a abracei, buscando por seus lábios oferecidos a mim. Eu a beijei reafirmando que nos amávamos. — Os noivos poderiam deixar o beijo para o final. — Fomos interrompidos pelo padre vestido de Elvis que nos aguardava para celebrar o rito do casamento. Não demoramos mais que meia hora e cumprindo sua exigência poucos minutos antes das 7h da manhã Bella se tornava uma Valentino. O que sentia não era nada comparado aos sentimentos de felicidade. Queria poder gritar a todos pulmões que Bella era minha. — Feliz agora, senhor mandão? — Quebrando o silêncio Bella me perguntou e sorrindo a trouxe para bem perto de mim no banco de trás da limusine alugada. — Você não faz ideia do quanto eu estou, esposa. — Bella se aninhou em meus braços e se rendeu ao cansaço. Não me importei, agora teríamos todo o tempo do mundo e quando chegamos no hotel a carreguei em meus braços adormecida até a suíte presidencial do Cesar Pallace. Bella dormia profundamente e não quis acordá-la, eu mesmo a despi e me deitei ao seu lado na cama e adormeci um pouco, mas me sentia tão extasiado que meu sono estava leve e percebi poucas horas depois que ela havia acordado.
Não me chateou a forma como lidou, sei que estava embriagada na noite passada e que a razão falaria mais forte, depois que a bebedice passasse, mas nada mudava o fato de que agora estávamos casados e não tinha como voltar atrás. Agora era ter paciência e reafirmar o quanto eu a amava.
Passei a mão do lado da cama e encontrei o lugar onde era para Bella estar, vazio. Abri os olhos e estava sozinho ali na cama. Aonde será que ela estava? Dei um pulo saindo da cama rapidamente e fui procurá-la pela enorme suíte em que estávamos hospedados. Fui até o corredor e pouco me importava se estava só de cueca boxer, não a encontrei nem ela e muito menos meus seguranças. Procurei pelo celular e o encontrei dentro do bolso da calça jogada no
chão. A ausência de Bella já começava a afetar os nervos. Aonde será que ela se meteu? No automático e desesperado disquei o número de discagem rápida para meu segurança e não me importei com as notificações de chamadas não atendidas e mensagens não lidas, minha maior preocupação agora era achá-la e saber o que aconteceu. Bella não podia me deixar e fugir de mim. Achei que quando acordássemos poderíamos aproveitar mais um do outro sem os temores que ela teve pela manhã. Eu me sentia inseguro, angustiado e o medo estava me tomando. Não poderia perder Bella logo agora que consegui infiltrar em sua fortaleza. Ouvi a voz grave do outro lado da linha. — Bom dia! Jhony, onde está Bella? — Disparei a pergunta desesperado. — Senhor, ela está no restaurante conversando com um homem já faz algum tempo. Estou ao longe vigiando-a como me pediu. — Por um segundo senti um alívio em saber que Bella ainda estava no hotel, talvez esteja dando uma volta, era tudo muito bagunçado e conflitante o que acabamos de fazer. Porém, não esperava ouvir que minha esposa se encontrava na presença de outro homem. Ao telefone vestia minha roupa me sentindo com raiva e aflito. Quem seria esse cara com quem ela estava?
Olhei para o vestido de noiva jogado, onde nossas roupas estavam. Quando nos vestimos para o casamento pedi que trouxessem nossas coisas para cá. — Por que não me avisou? — questionei-o. — A Srta. Dellatore disse que só estava descendo para comer algo e quando o senhor acordasse era para avisar que logo ela voltaria. — Senhora Valentino. — corrigi-o. — Desculpa, senhor a senhora Valentino. — Terminei de me vestir o mais depressa que pude e como um louco desesperado deixei o quarto e saí para me encontrar com ela e quem fosse esse homem. Pensamentos absurdos tomavam minha mente inundando de sentimentos de possessão e de ciúmes. Bella era minha. Minha esposa e não me contentava que estivesse com outra pessoa mesmo que a conversa fosse sobre negócios. Quando a encontrasse eu falaria com ela sobre me avisar, mas um tanto bobo me sentia em saber que, na verdade, estava com medo de ela me deixar de novo. O elevador parecia descer em câmera lenta e eu aqui desesperado para chegar até ela. Quando saí do elevador fui em direção ao restaurante do hotel e parei na entrada quando a vi de longe com seu rosto entre as mãos dele; do namorado idiota, daquele playboy aparecido. Ele falava com ela com carinho. Será que Bella se arrependeu e ele muito apaixonado a ajudaria anular o casamento?
Movi-me apressadamente até a mesa e não fui notado imediatamente pelos dois. Pigarreie chamando a atenção e mostrando que o bom humor de horas atrás, agora era algo como fúria e uma vontade enorme de arrancar Bella de lá e quebrar o panaca ao meio. Harry ainda fazia carinhos em Bella quando ela me viu e me olhou assustada com os olhos cheios de lágrimas. Puxei a cadeira e me sentei na beirada e apoiei os cotovelos no tampo da mesa. — Você conta ou eu conto para ele, Bella? — Capturei seu olhar e fixei o meu no seu. Será que Bella havia contado ao namorado que há pouco estava na cama comigo. Com seu marido? Acho que não, porque ganhei dela o seu olhar reprovando-me, mas pouco me importava não faria papel de idiota na frente dos dois. Ainda mais com eles nessa patifaria de troca de carinhos. — Giovani. — chamou-me pelo nome com sua voz em tom controlado e baixo, irritando-me com sua frieza. — Você conta ou eu conto, Bella? — Repeti a pergunta sem paciência alguma. — Contar o que, Bella? — Harry estava com a mão da Bella entre as suas, consolando-a e quase partir para cima ao ver o idiota beijar o dorso da mão
dela. — Solta da mão dela. — Fiquei de pé pronto para avançar para cima dele ultrapassando por cima da mesa. — Vai Bella, conta para ele. — Giovani, por favor sem exageros. — Percebi que ela estava tensa e fingi não me importar, só queria tirá-la dali e que me explicasse o que estava acontecendo e porque até agora não falou nada para esse merdinha. — Exagero? Acordo e você não está no quarto e fico sabendo que está de abraços e beijinhos com seu namoradinho depois de se casar comigo. — Não me contive e fiz questão de falar o que estava acontecendo, agora se ela não queria contar, teria que se explicar. — Ahhhh!!! Bella você não me contou por quê? Então, era isso que era urgente? — O cara era metido a intrometido e se meteu no meio da nossa conversa. Bella demonstrava sua insatisfação com minha atitude, mas que se fodesse, estava muito puto. Olhei de um para o outro e Bella se recostara e cruzara os braços. — Bella... — O cara estava todo alinhado de terno claro. Um perfeito engomadinho. — Espere, Harry. — Bella o interrompeu descruzando o braço e impedindo que ele prosseguisse de falar com a mão. Estava furiosa pela maneira como seu semblante contraía. — Sério, Giovani, que você já vai começar?
— Então conte ou eu vou contar. — afirmei de novo. Esperei e nada dela se manifestar. — Bella se casou comigo algumas horas atrás. Então você está com as mãos na minha esposa. — O cara olhava de mim para ela e começou a sorrir caindo em risos e batendo palmas. Não se contendo ele abraçou-a atiçando minha ira. — Mas que notícia maravilhosa. — ele disse animadamente com a voz afinando e melosa, parecendo um gato miando. Mas que porra estava acontecendo? Sem entender quase fui para cima e parei quando ele tornou a falar. — Nossa que notícia maravilhosa, minha amiga. — Fiquei sem entender e olhei para Bella que revirava os olhos demonstrando estar furiosa comigo. — Até que enfim se acertaram. Não via hora que isso acontecesse. — Ele tornava abraçá-la, por fim não aguentei e explodi. — Mas que porra está acontecendo aqui? — Aumentei o tom da voz exigindo uma explicação. O que esse cara era, chamou a Bella de amiga, mas paga de namorado dela. — Querido. Não tem porra nenhuma. Estou é feliz por vocês. — E não só com palavras Harry expressou sua felicidade, mas também com gestos que me irritou no exato momento que o vi a abraçando e beijando seu rosto. — Saí de perto dela. — Avancei por cima da mesa alcançando Harry
pelo colarinho da camisa. Chacoalhei-o desalinhando seu cabelo penteado e amarrotando sua camisa. Harry segurou meu pulso pedindo por calma e Bella se colocou em nosso meio, impedindo que eu o tirasse dali e o esmurrasse. — Giovani, pelo menos uma vez, poderia não querer controlar tudo. Eu e ele somos só amigos. Harry tem namorado. — Sua voz era desesperada, tentava fazer com que eu o soltasse. E sem entender escutando os ecos da voz de Bella de que eram amigos eu o soltei. Harry ajeitava a camisa e Bella o ajudava lançando a mim olhares ameaçadores de quem não havia gostado da conduta que tomei. Harry tem um namorado? O cara é gay então. Pensei e olhei-o me sentindo envergonhado. Mas quem poderia pensar que os dois eram apenas amigos? — Você é? — Olhei para ele e o mesmo sorriu. — Gosto de homem, querido. Bella só me ajuda afastando a mídia de cima de mim, para meu pai não me deserdar. Sou o filho único gay da família de homens alfas, bonitões e reprodutores. — Senti-me aliviado, foi como tirar uma venda, como a julguei mal, primeiro achei que ela me abandonaria e depois que estava ali se lamentando com o namoradinho que é gay. Sentei-me na cadeira do lado e a puxei abraçando-a, sentindo seu perfume e me preenchendo de novo da
segurança de ser feliz. — Desculpa, carinho. Eu fiquei louco quando não te achei no quarto. — Eu estava embriagada, mas lembro de tudo que falei e lhe dei minha palavra, Giovani, mas agora para de se portar assim. Concordei e beijei o topo da sua cabeça. Harry ao lado fungava entre o choro, emocionado. — Me desculpem, é que estou muito feliz que vocês dois se acertaram. E ainda casados. — Ele tirou um lenço do bolso e secou as lágrimas que escorriam por seu rosto. Bella se mantinha quieta entre meus braços e tê-la assim era um refrigério que me acalmava. Ficamos um pouco mais e almoçamos por ali antes de voltarmos para Nova Iorque. Os dois relataram em detalhes como faziam e como Bella ajudava Harry afastando os paparazzi. Demonstravam uma grande amizade e um enorme afeto um pelo outro, e depois de ficar sabendo de tudo, vê-los trocando carinho não me afetava e muito menos me causava ciúme. O que me deixava aliviado em saber que Bella não tinha ninguém e que não havia outro homem em sua vida. Senti-me satisfeito e realizado, era assim que eu sempre quis: Bella sendo sempre minha. Declarei abertamente o quanto sentia ciúme dela e que permitiria somente Harry estar por perto.
Passamos mais um tempo na presença dele antes de irmos embora. O trajeto do hotel ao aeroporto, Bella manteve-se calada, queria puxar assunto e perguntar o que estava acontecendo, mas preferi deixá-la quieta. E quando estávamos dentro do avião pronto para decolar para voltar para Nova Iorque, Bella se manifestou ao me pedir que fossemos um pouco em Los Angeles. — Por quê? — Porque eu quero e nem tudo se resume ao que você quer. — Sua postura era fria e distante e isso me deixava apreensivo, aprendi nesses anos a não a subestimar. Eu precisava ir com mais calma ou poderia perdê-la de novo. — Ei, calma, carinho! Se não quiser falar não tem problema, só perguntei. — Giovani, vamos ponderar algumas coisas aqui. Primeiro, eu tenho uma vida além de você e tenho uma família também, que precisa saber por mim e não por terceiros. E eu quero falar com Russel. — Russel? — Estranhei, o que Russel agora se meteria em nossa vida. — Sim, Russel. Não precisamos ficar em Los Angeles eu só quero falar com ele, e vou pedir para Tony e mamãe irem para Nova Iorque amanhã. Mesmo curioso com seu pedido querendo saber o porquê eu concordei sem mais perguntas. — Faremos como você quiser. Mas não me trate assim. —Aproximeime, estávamos um de frente ao outro. Sentei-me na beirada da poltrona e deixei
suas pernas entre as minhas, inclinei a frente e a puxei pela mão trazendo seu corpo um pouco mais para frente, procurei por sua boca e selei seus lábios. Mesmo distante eu me mantive perto provando a ela que dessa vez seria diferente, que não a questionaria e respeitaria seu espaço. — Eu te amo, carinho. Minha vida. — Acariciei seu rosto, sentindo a temperatura agradável da sua pele macia, sedosa e alva. O tempo de voo até Los Angeles foi de aproximadamente uma hora e quando chegamos, Russel já estava à espera da aeronave e quando permitido o mesmo entrou. Ele me olhou e maneou a cabeça, um tanto constrangido, creio pelo fato que ele abandonou meu clã, trocando-me por Bella, mas isso não me causava ressentimentos. O importante era que ele a defendia e a protegia com a própria vida. E isso bastava para ter o meu perdão.
— Don Valentino, queria conversar com o senhor. — Assim que Russel saiu de dentro do avião me encontrou no pé da escada esperando para retomar ao lado de Bella. Olhei-o e afirmei com a cabeça. — Claro, Russel. — Cruzei os braços e fiquei aguardando o que queria falar comigo. — Senhor, com todo respeito. Peço que não a force, se Bella sentir acuada o senhor a perderá como nas outras vezes. Confesso que conseguiu o que sempre quis, mas não a use como a usou um dia. Bella é uma menina boa, assim como minha Deborah foi e não merece sofrer mais.
Respirei fundo e esbocei um meio-sorriso. Agora tudo se encaixava, Russel adotou Bella no lugar de sua filha. Lembro-me quando tudo aconteceu com Deborah, apaixonou-se por um cara comprometido que a envolveu no mundo das drogas e depois a largou grávida e viciada. Deborah não aguentou e entrou em depressão e mais tarde se suicidou. Eu tinha pouco mais que 25 anos quando tudo aconteceu e foi a única vez que vi Russel perder a cabeça e a compostura. — Russel, nunca entendi sua traição por mim até neste momento aqui, mas fica tranquilo que você mais que ninguém sabe o quanto eu a amo. Eu mudei e quero redimir tudo de ruim que fiz à Bella. Prometo que ela não vai sofrer e se for necessário morrer por ela, eu vou. Minha felicidade depende dela. — Ela está se sentindo acuada e com medo hoje. Eu sempre estarei aqui se ela precisar e em suas decisões. — Eu sei de sua lealdade. — Ofereceu-me sua mão e eu apertei. Ainda sentia um enorme afeto por Russel, foi ele o “pai” que me ensinou tudo. Ele me treinou, ensinou-me como ser firme e não me deixar intimidar por ninguém. Nós nos despedimos e retornei para dentro do avião encontrando Bella encolhida em uma das poltronas abraçada ao joelho. Precisava ser mais paciente para não a perder, ser mais tolerante e não exigir muito. Seria necessário ter cautela. Ao me notar Bella sorriu sem graça e ficou me olhando. Seu olhar me puxava e como guia me levou até ela.
Quando me sentei ao seu lado deixei minha mão sobre o apoio e fiquei feliz ao ver a sua iniciativa em segurá-la. — Agora podemos ir. — Bella disse e dissipou a expressão preocupada que tinha antes. Não a questionei e nem perguntei o que falaram aqui dentro, compreendi que Russel era um ponto de apoio, um dia queria ser eu esse recurso em sua vida. Assim compartilharíamos de uma cumplicidade maior, mas tudo a seu tempo. O importante era ela estar ali ao meu lado como minha mulher. — Sim, minha linda esposa. — Peguei sua mão e beijei a palma. — Fique tranquila vai dar tudo certo. — Ela consentiu com a cabeça e se acomodou em mim. Assim que estávamos no ar a chamei para que ela se deitasse e descansasse um pouco. Juntei-me e a abracei e ali adormecemos até Nova Iorque, mal dormimos à noite, somente um pouco pela manhã. Bella deveria estar exausta, tanto que não acordou quando chegamos e feliz a carreguei até o carro despertando-a ao colocá-la no banco detrás. — Chegamos a casa? — Ela ainda sonolenta me perguntou me deixando mais apaixonado ainda quando se referiu a casa como já sendo nosso lar. — Quase. — Sorri e me juntei ao seu lado dentro do carro.
Senti como se eu não tivesse mais o controle da minha vida. O que eu fui fazer? Como pude ser tão imprudente e me casar assim com Giovani? Eu o olhava e me sentia feliz, preenchida, confirmando o que sempre senti, o quanto eu o amava e isso me deixava com sensações à flor da pele; nada se comparava ao que estava vivendo. Quebrei promessas ao deixar que Giovani encostasse em mim, julgava a mim como forte em resistir, mas não, minha fraqueza sempre foi ele. E agora o que seria? Ainda era estranho olhá-lo e dizer, meu marido. Se isso tivesse acontecido há quatro anos talvez fosse mais fácil, eu ainda era iludida e caía como uma bobinha em suas conversas, porém, eu mudei e ele também, não éramos mais os mesmo de antigamente. Poderia sim dar certo e não tendo como voltar atrás, permitiria que mais uma vez Giovani entrasse em minha vida e se apossasse do meu amor. Chegamos a Nova Iorque por volta de 8h da noite e já estávamos no apartamento, no nosso apartamento, eu acordada pensando na grande loucura e ele adormecido ao meu lado. Estávamos cansados, adormecemos depois de tomar um banho relaxante.
Nós nos banhamos juntos, tratamos de assuntos que exigiam urgência, como contaríamos a todos e por isso disse a Tony e mamãe que viessem amanhã para Nova Iorque, seria durante o almoço na casa dos Valentinos. Onde todos estarão reunidos. Comentamos sobre nossas vidas e o que me encantava era sua gentileza ao não me forçar nada e nem se opor a mim. Olhei para o lado e dizia a mim mesma que eu não conseguiria ir embora desta vez se assim fosse o caso. Eu o amava, curvei-me toda insegura e beijei sua face levemente. Tornei a me sentar encostando no respaldar da cama e fechei os olhos, lembrando do momento em que entramos no apartamento. Quando chegamos, ele me pegou no colo e disse que era dever do marido entrar em casa com a esposa no colo pela primeira vez. Decidimos ficar no apartamento até resolvermos como ficariam nossas agendas. Ali sempre foi nosso e quando ele decidiu vender fui e comprei porque na verdade eu queria uma memória minha e dele. Agora se tornou de fato nossa casa. Algumas coisas na decoração eu mudei, assim como nós também mudamos e muito. Mesmo com seus 40 anos, Giovani ainda continuava com seus traços másculos fortes, estava mais musculoso, com mais tatuagens, espalhadas pelo seu torso e ainda mantinha o porte atlético, alguns fios de cabelo brancos apareciam.
Notava-o mais paciente. Na cama também mudou, ficou melhor ainda e assim que chegamos não nos controlamos. Giovani me despiu, assim que me colocou de pé no chão e eu correspondi já excitada por poder me render ao prazer e aos seus toques. Era perito em me deixar alucinada e desesperada por ele. Sua voz provocava-me com palavras sacanas, lembrando-me de como éramos na cama, da forma como fomos feitos um para o outro e agora acrescentava um: “eu te amo” ao término de cada frase. Gostava de tocar seu corpo e deslizar meu dedo por todos seus músculos peitorais. E não o suficiente, senti-lo com as mãos, tracei com meus lábios e com a ponta língua cada músculo do seu peito e não me contive ao mordiscar seu mamilo, assim como fazia comigo. Escorreguei e ajoelhei-me aos seus pés, mantive meu olhar preso ao seu quando baixei sua cueca e deixe que seu pênis ereto pulasse para fora. Impulsionada levei as duas mãos e segurei sua ereção entre elas e com a ponta do dedo segui o traçado da grossa veia até a glande grande, rosada e melada. Minha língua formigou e atendendo minha libido desesperada eu lambio com a ponta da língua dos seus testículos até o líquido viscoso que expelia, circundei toda a cabeça e abocanhei levando-a toda para dentro travando com os lábios, comprimindo-os, fui sugando e tirando. Mesmo em dúvidas, receios e medos eu o desejava e me fartava do que estávamos compartilhando.
— Porra, Bella! — Giovani fechou os olhos suspirando. — Que boca mais gostosa, gulosa. O único homem que tive foi Giovani e tudo nele era perfeito para mim, aprendi agradá-lo quando moramos juntos e com isso a fazer o que me agradava, e ter seu pau entre meus lábios era uma delas. Segurei em suas coxas e deixe minha boca deslizar e sair melando-o mais. Suas mãos seguravam a lateral da minha cabeça e forçava mais para dentro, fazendo-me engasgar algumas vezes com o tamanho. — Carinho, vem aqui! — Ajudando-me a subir Giovani arrancava minha roupa com desespero e impacientemente, despindo-me por inteira. Suas mãos buscavam pontos por meu corpo me excitando. Era urgente a forma como nós necessitávamos um do outro. Saciávamos nos fartando de nossos corpos e dessa vez não demorou muito para ter Giovani enterrado dentro de mim, comigo debruçada no encosto do sofá e ele atrás, abrindo minhas nádegas com a mão e arremetendo rapidamente. Eu gostava desse sexo mais duro e primitivo. Encurvava-me para trás encostando minhas costas no seu peito, oferecendo minha boca enquanto seu pau estocava me abrindo ferozmente. — Deliciosa, gostosa. Continua tão apertada. É maravilhosa demais — sussurrou e mordiscou o lóbulo da minha orelha. Gemi sentindo seus lábios na minha pele. — Giovani, quero mais.
— Seu pedido é uma ordem, carinho. — Sua mão forte me empurrou de volta com a barriga no encosto do sofá e Giovani introduzia com mais rigorosidade me levando a gozar e sentir-me molhar e melar a nós dois. — Amore mío, mexe nas minhas bolas. — Encurvei-me passando meu braço por baixo até alcançar e brincar com elas entre meus dedos, atendendo ao seu pedido. Seu pau expandiu, empurrando a parede da minha vagina, gozando, se esgotando com os últimos movimentos. *** Sei que jamais alguém me tocaria como ele e, percebendo que eu estava acordada Giovani abriu os olhos lentamente e sorriu, vagueando com sua mão ao procurar-me para me abraçar. — Estava com medo de não a encontrar aqui quando acordasse. — Sua voz era grave e rouca, um pouco sonolenta. — Por que não estaria aqui? — Sorri e escorreguei me aconchegando dentro do seu braço, sentindo sua respiração no meu ombro e pescoço. — Você é surpreendente em tudo. — Mas estou aqui. — Me prometa que se alguma coisa acontecer vamos conversar e nos acertar, não sei se consigo viver mais quatro anos sem te ver, sem ter você. Eu também não conseguiria, ainda mais agora que perdi todo meu
orgulho. Conversamos e prometemos que sempre conversaríamos sobre nossos problemas e nunca fugiríamos antes de tentar resolvê-los. Revelei todos meus medos e aflições e Giovani compreendeu minhas fraquezas e anseios. Nos organizamos de um modo para sempre estarmos juntos e ficarmos poucos dias longe um do outro, pelo menos agora no começo. Segunda-feira cuidaríamos de cruzarmos nossas agendas e nos programarmos. — Te amo, minha esposa linda! — Já tinha perdido as contas de quantas vezes Giovani expressou o quanto me amava, não só com palavras, mas como carinhos e atitudes. Russel era sensato e analisava as coisas de outro ponto de vista e afirmou que Giovani havia mudado e para cometer tal sandice só poderia mesmo amar muito uma pessoa e talvez ele estivesse certo e por que não dar uma nova oportunidade e viver o amor com o homem da minha vida. — Estou com fome. — falei para ele depois que minha barriga reclamou. — Eu também, carinho. Vamos pedir algo ou você prefere sair para comer? — Não sei. — Apoiei no cotovelo e fiquei de lado olhando-o. — Quer sair para comer algo? — Não. Ainda estou um pouco cansada. — Então vamos pedir. Pizza ou comida japonesa? — Uma pizza seria uma boa ideia. — Ele esticou o braço alcançando o
celular na beirada da mesa de cabeceira e em minutos fez o pedido. — Pronto, senhora Valentino, logo matará sua fome. — Colocou o celular de volta no mesmo lugar. — Vou tomar um banho antes de comermos. — Saí de cima dele e caminhei até o banheiro e mal liguei o chuveiro e ele já estava atrás de mim com seu olhar preso no meu corpo. — Não resisto a você, bebê. Posso? — concordei sabendo que na verdade eu não tomaria banho, seu sorriso me prometia mais momentos de intenso prazer e sensações. — Te amo, mí regina. — Quando dei conta já estava com ele dentro de mim e eu com minhas pernas em sua volta. Sua boca presa a minha, e a cada investida ele mordiscava meu lábio inferior. Gozamos novamente juntos, seus dentes marcavam meu ombro e ainda abraçados deixamos a água morna cair sobre nós. — Vou te dar um banho! — Deixei que ele fizesse o que quisesse, afinal eu era irremediavelmente dele. Estava tudo perfeito a não ser por um pequeno detalhe. — Quando vai falar com Mellaine? — Peguei-o de surpresa com a pergunta enquanto comíamos na bancada da cozinha. Giovani calmamente terminou de mastigar o pedaço da pizza em sua boca e bebeu uma boa golada da cerveja. — Amanhã à noite. Não posso falar com ela por telefone não seria justo. — Em partes tinha razão, não era o certo acabar por telefone, mas só de pensar
os dois juntos e a sós já me causava certa preocupação. Não sei o que fiz e Giovani percebeu minha apreensão. — Não se preocupe com nada. Somos casados, marido e mulher agora. E isso é de verdade, Bella. — Ele pegou a garrafa e tomou mais um gole. — Só não acho certo dispensá-la por telefone. Se quiser vir junto pode vir. — Mesmo querendo ir, seria constrangedor demais e optei por não. — Não vou, não. Pode ir, só por favor nada de jantarzinho para dar um fora nela. — Giovani achou engraçado e riu. — Você é incrível. Sou seu, não precisa ter ciúmes de mim. — Não acho certo, só isso. Giovani contornou a bancada e me virou se posicionando entre minhas pernas. — Me amava e ficava me renegando. Eu sabia que um dia seria minha de novo. Eu sabia que me amava e era ciumenta. E ainda pagava com um namorado de fachada me deixando com ciúmes. — Você mereceu, merecia muito mais. — Sorri, quando suas mãos subiam por minhas coxas levantando a barra da camiseta. — Está sem calcinha. — Umedeci os lábios e concordei com a cabeça observando seus dedos encontrarem o “v” entre minhas pernas. Seu indicador escorregou por cima dos grandes lábios descendo até a entrada já melada, excitada. Com Giovani bastava sentir seu toque, ver seu olhar inflamar e
intensificar a cor, para saber que tanto quanto eu quanto ele estava excitado. Cruzei as pernas atrás em sua bunda e o trouxe para mais perto. — Diabinha. Ainda é gulosa e deliciosa. — Se curvou sobre mim quase me deitando no balcão. O banco em que estava sentada ficava exatamente na mesma altura de sua pelve e, por cima do tecido de algodão da cueca boxer eu sentia seu pênis pulsar ao encontro da minha vagina. Seus lábios eram ferozes e chupava meu pescoço enquanto sua mão sustentava meu pescoço deixando-me presa ao seu corpo. — Vou te foder aqui, esposa deliciosa. — sussurrou e gemeu no meu ouvido, excitando-me mais do que eu estava. Minhas coxas melavam com o líquido que escorria de mim. Sua boca alcançava a minha e me beijava enroscando sua língua na minha. Giovani tirava a cueca e pronto para me foder, ali mesmo, com volúpia seu celular começou a tocar, nos tirando do clima fazendo-nos prestar atenção no barulho estridente produzido pela campainha do aparelho. — Que hora para ligarem. — Ele encostou a testa no meu ombro e suspirou reclamando. — Vá atender, às vezes é algo importante. — Ele praguejou quem quer que fosse por estar ligando. Aproveitei que foi até o quarto pegar o celular e me endireitei na cadeira e voltei a comer mais um pedaço de pizza, poderíamos depois retomar o que estávamos fazendo.
Eu fiquei observando seu jeito viril de andar com o telefone no ouvido vindo em minha direção, pedindo-me para ser tratado na boca. — Marco, estou bem. Bem até mais que possa se imaginar. — Ele colocou o celular no viva voz ao lado da caixa da pizza para que eu pudesse escutar o que o irmão falava. — Pela sua voz de bobo deve estar com a Bella. Você não vale nada. — Tome cuidado com o que você vai falar porque ela está escutando. — Oi, Marco! — Entrei na conversa dos dois. — Boa noite, Srta. Dellatore. — Ele usava de um tom divertido. Sei o que deveria estar pensando e amanhã serei motivo de suas piadinhas bobas. — Não é Dellatore é Valentino. — Giovani o corrigiu. — Como assim? — Marco perguntou sem entender. — Amanhã te explico. Avise a mamma que a família Dellatore vai almoçar conosco. E que eu não vou dormir mais em casa. — Ele desligou sem despedir do irmão. Giovani se posicionou atrás de mim e começou a espalhar beijos na minha nuca e suas mãos invadiram por debaixo da camiseta buscando meus seios. Seus dedos brincavam com meus mamilos e novamente começava a ficar irracional. — Aonde estávamos, esposa? — não respondi e tombei a cabeça em seu ombro quando uma de suas mãos alcançou minha vagina e massageou-a abrindo os grandes lábios com os dedos.
— Que boceta mais gostosa. Já disse que amo sua bocetinha? — Pedi que me beijasse incitando meu rosto para alcançar o seu. Seu indicador escorregava todo lambuzado e ele trazia-o até minha boca para eu chupar seu dedo. — Sente seu gosto, gostosa. — Eu o obedecia, essa possessão ainda era uma forte potência em favor da minha libido. Já estava desesperada querendo ter seu pau todo dentro de mim e quando me virei, querendo-o entre minhas coxas o telefone tornou a tocar. — Mas que porra! — sua fala era dura e frustrada. Giovani olhou o visor e fechou a cara. — Não vai atender? — perguntei no exato momento que eu olhei para ver quem era e ele virou a tela, impedindo-me de visualizar. — Não! Depois retorno à ligação. — Era Mellaine, tive certeza ao vê-lo mudar de comportamento e esfriar na mesma hora. — É ela? — ele concordou e encostou a cabeça no meu peito. Fiquei irritada com a negativa dele não a atender. O que tem de mais falar com ela na minha frente se amanhã mesmo ele terminaria com ela? Não consegui entender por que do nervosismo e da mudança de comportamento. Questionei-o: — Por que não quer atendê-la na minha frente? Até tento entender sobre
você conversar com ela pessoalmente, mas agora evitar atender as ligações dela quando estou por perto. Do que você tem medo, Giovani? — Desvencilhei dos seus braços e empurrei-o para longe e saí. Peguei a taça de vinho e fui para o sofá e sentei longe dele. Fiquei olhando-o e esperando por sua justificativa. Giovani se mantinha de costas com os braços flexionados sobre o balcão marcando suas costas musculosas.
Quando pensava e contemplava Bella ali nos meus braços depois de tanto tempo longe, sentia-me completo e realizado. Amei aquela menina impulsiva desde o dia que a vi vestida de preto, com suas curvas acentuadas, bem moldadas e fartas. Seus olhos brilhavam intensamente atrás daquela máscara que cobria quase todo seu rosto. Bella sempre se mostrou ser diferente das outras mulheres, mesmo quando ainda era uma recém-garota se tornando mulher. Talvez meu fascínio se dava a essa sua essência de menina/mulher, sedutora, linda e muito gostosa. Hoje seu corpo era diferente, era bem mais modelado e um pouco mais magra. Mas ainda assim perfeita.
Hoje foi nosso primeiro dia de marido e mulher, e eu estava esperançoso que dessa vez daríamos certo e nada, nem ninguém se meteria entre nós. Conversamos e assim como eu Bella temia por algumas coisas, mas tentei provar a ela que tudo seria diferente. Nosso único empecilho era vivermos e termos vidas profissionais em polos opostos no país. Logo a convenceria deixar Los Angeles e se mudar para cá, mas não era o momento certo. Quando fosse o momento eu abordaria esse assunto e no momento cometer mais algumas loucuras por ela não seria nada comparado como foi a dessa noite, onde eu atravessei o país inteiro só para casar com ela. Tinha que ser ela. Bella era perfeita em todos os aspectos. Éramos da mesma família, ela era uma mulher gostosa, forte, poderosa e inteligente, um pacote completo. E o principal, eu a amava mais que minha vida. Meu único lamento foi não a ter comigo nesses últimos quatro anos. Estávamos comendo pizza quando percebi que por baixo da camiseta de algodão, Bella estava sem calcinha e para mim foi um gatilho apertado para ficar duro. Fui até ela e me coloquei no meio das suas pernas, a incitei e quando estava pronto para fodê-la meu telefone tocou, era Marco e fui breve não dando muitos detalhes do que aconteceu. E quando retomamos aos toques ousados, novamente meu celular tocou e dessa vez era Mellaine e me senti constrangido em atendê-la na frente de Bella, sei que não tinha nada a ver, mas não queria que Bella tivesse que me ver mentindo ou algo do tipo para então amanhã eu ter uma conversa séria com Mellaine e dispensá-la.
O que temia aconteceu, Bella não gostou da minha atitude e foi para longe de mim e Mellaine insistia nas chamadas atrapalhando o momento perfeito com a mulher perfeita. Apoiei no balcão da cozinha ficando de costas para a sala pensando em como conduzir as coisas, desde ontem eu não falava com ninguém e muito menos com Mellaine. Resolvi não atender e explicar novamente meus motivos a minha esposa. Sentei-me no sofá ao seu lado, pegando seus pés e colocando em cima das minhas coxas e comecei a massageá-los; — Carinho, quero que entenda que amanhã eu vou conversar com ela, não é certo, simplesmente falar por telefone. — Eu tentei explicar, o desgosto ainda estava estampado em sua fisionomia. — Sem problemas, Giovani! — Bella mostrava polidez como de costume e senti que isso poderia causar uma tensão entre nós dois no primeiro dia. Dividido a tomar uma atitude ou agradá-la eu via meu celular acender a tela com as mensagens que chegavam. — Ela está mandando mensagens? — Assenti com a cabeça, mentir para Bella não seria uma boa. Não era boba e tentar falar algo do contrário seria bem pior. — Sim! — respondi secamente. — Vai ver o que ela quer. — Engoli em seco. Opor-me a Bella me colocaria um passo atrás do que demos hoje. Li a mensagem de Mellaine me perguntando aonde estava e que queria
muito falar comigo. — Acho melhor eu ligar. — Bella sorriu desgostosa. Disquei o número de Mellaine e ela demorou um pouco para atender. — Oi, lindo. — A voz de Mellaine era baixa e calma. — Oi! Recebi suas mensagens agora. — Tentei não mostrar afeto e causar um conflito no meu primeiro dia de casado. — Aonde esteve que sumiu desde ontem? Nem seus irmãos sabem de você. — Pensei em como responder. — Saí da cidade e fui resolver algumas coisas e quando voltei descansei. — Eu olhava para Bella a minha frente e ela desviava o olhar para o lado. — Ah sim, quais problemas? — Mellaine não era muito de exigir respostas, mas também não era boba ao ponto de não imaginar que eu poderia estar traindo-a. — Assuntos pessoais. E como você está? — Precisava desviar o assunto sem que começasse a me interrogar. Ainda para todos os efeitos estávamos juntos, não havia contado a ninguém sobre o casamento. — Hum! Espero que tenha resolvido. — Está tudo perfeito agora! — Tentei mostrar imparcialidade ao respondê-la. — Você está estranho, Giovani. Está acontecendo algo que quer me falar? — Pronto! Agora estávamos diante de uma situação que eu poderia
resolver ainda hoje, mas queria falar pessoalmente e não ser o cara fraco por mulheres que fui no passado. Por outro lado, sob meu olhar estava Bella sentada com cara de poucos amigos. Já a conhecia e sei o quanto era tinhosa e obstinada, não aceitaria qualquer desculpa que eu desse e não mentiria também a ela, só queria resolver pessoalmente. Uma vez escondi Bella em minha vida e a perdi, agora que a tenho de volta jamais cometeria o mesmo erro. Além de que não era justo com Mellaine, que acima de minha paixão por Bella era uma ótima pessoa. — Podemos conversar amanhã pessoalmente? — Achei que a ligação tinha caído, por segundos a linha ficou em silêncio. — É ela? — Mellaine me perguntou e agora quem permaneceu calado um pouco foi eu. Procurei uma maneira mais adequada para falar e Bella vendo todo meu desconforto me deixou na sala e foi para o quarto. — Não entendi. — Giovani, é por causa dela que você sumiu o dia todo e agora está agindo assim? — Ela quem? — Tentei me fazer de desentendido. Sei que ela se referia a Bella, uma vez ela deu a entender que sabia sobre meu passado com Bella. Talvez não seja a melhor maneira de falar tudo, mas sim o momento exato. Não esconderia nada e jamais manteria dois relacionamentos, igual no passado.
— Giovani, somos dois adultos, não finja que não sabe do que estou falando. Sei que saiu com Marco e Bella ontem, não sou idiota. Sei quando um homem é deslumbrado por outra mulher. Vi como olhava para ela no casamento do seu irmão, vejo como fica eufórico quando ela vem para Nova Iorque, e sei que tiveram algo no passado. Agora só me fala se está assim hoje por causa dela? — Respirei fundo procurando pelas palavras exatas e já que insistia em ter essa conversa eu teria, mesmo não querendo que fosse por telefone. — Mellaine, vamos conversar amanhã pessoalmente. — insisti. — Giovani, vamos falar agora, não tem por que ficarmos adiando. Só quero saber o que ela tem que eu não tenho? — Por favor, Mellaine. — Me responda! Ela está aí do seu lado, é por isso? — Com a voz de choro aumentou o tom dela. — Eu me casei com ela esta madrugada em Las Vegas. — Soltei a notícia e esperei a reação, estava demorando e cheguei a cogitar que a mesma havia desligado o telefone. — Mellaine? — Ainda estou aqui, só estou digerindo a notícia. Por que ela? — Percebi que chorava, a voz saia nasalada e fanha. — Eu namorei com Bella há cinco anos, quando ela tinha 19 anos, chegamos a morar juntos aqui em Nova Iorque. Ficamos sem nos ver e nos falar durante quatro anos. — Tentei resumir e ser o mais breve possível. — E depois de quatro anos você resolve se casar com ela, e não se
importando com quem você está no momento? — Eu me importo com você. — Não me faça rir, Giovani. Você vai e casa com ela, pelo visto você dois já tinham combinado tudo isso? E ainda por cima nas minhas costas, Giovani. — Não foi assim. Decidimos que íamos nos casar ontem. — O que é pior. Estamos há quase um ano juntos, e quatro meses atrás você me assumiu temeroso, e com ela você decidi numa noite que quer casar e casa com ela assim. Pelo que entendi você atravessou o país para tudo isso. Você é mais cretino do que eu podia imaginar, Giovani. Eu deveria ter imaginado e seguido meus instintos quando você me levou na casa dela e eu vendo as brincadeiras os olhares dos dois. Você me traindo todos esses meses. — Ela estava chorando. — Não! Não te traí. — Eu não sabia nem o que falar para tentar acalmar a situação. — Como não? O que está fazendo agora? Para mim é mais que traição. É crueldade, a menos de dois dias estávamos na cama nos dando bem e hoje você vem e despeja em mim que se casou com alguém do seu passado e ainda por cima vem me dizer que não me traiu. Você é um desgraçado, egoísta que só ama a si mesmo. Em pensar que eu estava te amando. Sinto nojo de você, Giovani. Se fosse em outra circunstância eu até desejaria que fossem felizes, mas do fundo do meu coração desejo infelicidade para vocês, porque ninguém é feliz em cima da infelicidade de outra pessoa. E eu desejo que vocês dois
sofram. — Mellaine, por favor, não torne as coisas difíceis, vamos conversar pessoalmente. Estou indo aí no hospital. — Sentia-me mal com tudo isso, aquela felicidade que eu senti até minutos atrás em estar com a mulher que eu amo agora me deixava triste por estar fazendo isso com Mellaine. — Não quero falar nunca mais com você. — Ela desligou o telefone. Não poderia deixá-la pensando tudo isso de mim e chateada, precisava explicar meu amor por Bella e mostrar o quanto eu sentia muito por essa situação. Voltei ao quarto e Bella mexendo no celular me olhou, sei que ela escutou tudo, mas era muito discreta. Me deu um lindo sorrido me convidando para ficar ao seu lado, mas me sentia péssimo e precisava pelo menos amenizar a situação pesada. — Desculpa, amor, mas eu vou sair. Preciso falar com Mellaine. — Bella colocou o celular ao seu lado e cruzou os braços fechando o cenho, vincando sua testa. Fechei os olhos ciente de que não seria tão fácil assim agora com ela. — Eu entendi direito? Você já não falou tudo para ela, agora quer ir lá consolá-la? Respirei fundo procurando uma solução. — Eu preciso ir. — Comecei a me vestir sem dar mais explicações. — Você não muda. Você age do jeito que quer e quando perde não aceita um não. Se você sair e for encontrá-la, vai ser um “adeus” e não volto mais, nem
daqui a quatro anos. Então pensa o que você quer, porque dessa vez eu não vou voltar atrás de qualquer decisão que eu tomar. — Eu amo Bella demais, mas eu não posso magoar as pessoas assim, sem me redimir. — Que porra, Bella. Ela não é a Júlia. — Passei a mão pelo cabelo. — Eu sei que não é, mas você é o mesmo Giovani de cinco anos atrás. — Você que está sendo igual a Júlia, ameaçando-me se eu sair você vai embora. — Vai embora daqui! — Acho que peguei pesado. Bella se levantou e caminhou até a porta do quarto e ficou de braços cruzados. — Sai daqui agora e nunca mais apareça na minha frente. — Bella, por favor. — Passei a mão pelos cabelos percebendo a burrada que cometi ao agir por impulso e compará-la com Júlia. Precisava tentar acalmá-la e não a instigar mais ainda. Vi minha vida sendo fadada novamente a lamentos depois do que disse segundos atrás. — Vai embora! Já é a segunda vez que você me compara com aquela descompensada. Vai se ferrar, Giovani. Vai atrás da sua namoradinha. Não sei para que ter feito o que você fez se sempre vai me jogar em segunda opção. Vai atrás dela igual você ia atrás da Júlia. E me deixa em paz. — Bella! — Sai da minha frente. Eu não quero ver você mais. — Aquela cena dela
parada me mandando ir embora me causou uma enorme dor. Senti meu peito se apertar de remorso e sei que se eu saísse seria o fim e jamais eu teria outra oportunidade. Não queria perder Bella e Mellaine agora não significava nada, meu temor era voltado para a mulher parada a minha frente na porta com a expressão fria e inexpressiva. — Por favor, vamos conversar. Eu não vou sair daqui. — Ela continuava parada na porta. Abaixou a cabeça e mordia os lábios tentando se segurar. — Nós não vamos conversar mais nada. Eu achei que tinha mudado, mas não deu vinte quatro horas e você já está sendo o Giovani egocêntrico que pensa só no seu próprio umbigo. — Aproximei-me e mesmo sob seus protestos eu a abracei, sentindo-me miserável e desesperado com a possibilidade de perdê-la de novo. — Eu te amo! — Ela relutava para sair, mas eu a mantinha ali presa entre meus braços. — Você não é a Júlia. E tem razão. Não tem porque eu ir querer conversar com Mellaine mais. — Me solta. — Não, você é minha e, agora, minha esposa. Não vai ser tão simples se livrar de mim. Conduzi até a cama e a coloquei sentada na beirada, ajoelhei na sua frente.
— Eu te amo. Me perdoa? Sou um desgraçado que ferra tudo, me perdoa, carinho. Só estava sentindo pena de Mellaine, ela não representa mais nada, é só você que eu quero. É a mulher da minha vida e se for preciso passarei a noite toda de joelhos implorando pelo seu perdão.
Jurei para mim mesma há cinco anos que nenhum homem me faria de boba, ainda mais Giovani Salvatore Valentino. Mas anos passaram e eu estava ali ainda o amando de corpo De corpo e alma. Era meu imã, que me atraía estando a quilômetros de distância, mas eu não poderia mais pensar com o coração e sim com a razão. Há três meses eu consegui levá-lo e colocá-lo bem no lugar que deveria ficar. Bastou estarmos juntos bebendo como amigos e dançando para eu cair de novo na tentação Valentino, não só cair, aprisionei-me a ele.
Olhava o anel na minha mão direita. Duvidar de que ele me amava eu não duvidava, tanto que atravessou o país em horas só para se casar comigo. O problema estava em nós, não passou vinte e quatro horas e já estávamos discutindo. E tudo por conta de outra mulher. Odiava quando ele se sentia comovido e com remorso das suas atitudes e não perdi tempo em mandá-lo sair dali, antes agora do que tarde. Caminhei firme até a porta e mandei que saísse. Desesperado parou a minha frente vestido de calça com o cós aberto e sem camisa. Seus olhos refletiam o desespero quando disse que não o queria mais. Ele me olhava e eu evitava olhá-lo, não queria desabar ali na frente dele. Sentia-me um idiota, deixei que ele entrasse e fizesse o mesmo que fazia e ainda me comparar com a ex. Pedi que saísse, mas se manteve de pé a minha frente e rodeou-me com seus braços e me conduziu até a cama, colocando-me sentada e se ajoelhando entre minhas pernas. Precisava manter uma postura e ter autoridade para dizer tchau e me mandar sem demonstrar o quanto meu coração já começava a doer com a possibilidade de não o ter mais. — Giovani, que esta seja a última vez que me comparou com Júlia ou qualquer mulher que passou por sua vida. Não seja ridículo a ponto de ir atrás de Mellaine depois que disse pelo telefone que você a traiu. Eu sou mulher e sei bem do que falo. Você disse nas entrelinhas para ela que só a tinha para suprir
minha presença. Então, pulemos a parte do remorso. Uma das coisas mais importante a partir de agora que você, acima de qualquer coisa, tem que se importar no que eu vou pensar, assim como eu tenho que me importar com o que você acha. Eu estava embriagada sim, para eu ter a coragem de me casar com você, por que em sã consciência eu prometi a mim mesma que nunca mais eu estaria com você numa cama. — Ele sorriu sentindo se envaidecido com a minha confissão. — Mas lembro-me que fiz um voto e eu sou uma Dellatore e não vou quebrar meus votos porque você se sente amolecido com a dor das suas ex. Então, vamos pontuar bem como vai ser, por que eu não vou tolerar esse tipo de atitude vinda de você. Não sou mais a mesma Bella de cinco anos atrás, a menina se foi. — Ele me pressionou com seu corpo e assumiu uma postura séria. — Bella, eu não tenho medo de você. Estou com você e fiz o que fiz é porque te amo, mas não sou seu capacho e muito menos submisso. Bella era a mulher da minha vida, mas não mandaria em mim como seu capacho. — Se eu aceitar ser fiel ao nosso relacionamento é porque não desejo outra mulher além de você, e não por que você quer. Eu errei sim lá atrás, mas agora eu pretendo ser diferente. Fiquei com pena de Mellaine e não tem nada a ver com sentimentos. Não tente me dar ordens, porque eu não vou aceitar esse tipo de coisa entre nós. Não fiz voto de tolo, então... Você vai ter que me aguentar até o fim, mí amore. Eu não vou embora e muito menos você. — Ele segurou meu queixo apertando e me beijou possessivamente. — Se você fugir
como nas outras vezes eu vou te caçar por um bom preço, se uma coisa nesses cincos anos que aprendi é que você é imprevisível. — Ele tornou a me beijar e de início senti raiva desse seu ar possessivo de macho alfa quando queria assumir o controle de tudo, mas eu o amava e já que estávamos nessa agora era só nos ajeitar e vivermos felizes. Quanto mais eu relutava em aceitar a invasão da sua língua, mais ele forçava e assumia aquele Giovani que sempre quis ter o poder sobre mim. Nesse impasse acabei perdendo e aceitei a sua possessão sobre meu corpo, tornandome cativa daquele sentimento em que lutei por anos afinco para tirar de mim. Senti seu peso me arrastando para o centro da cama. Enlacei seu pescoço com as mãos em seus cabelos. A necessidade um pelo outro era mútua quando ele arrancava de mim a camiseta e me deixava nua sobre os lençóis bagunçados. Seu olhar percorria por cada parte do meu corpo como se tivesse inspecionando o que era dele. Aquele olhar me levou de volta no tempo naquela noite que eu jamais imaginaria que o italiano que me tomava seria o amor da minha vida. — O que foi? O lobo mau não gosta do que vê? — Lembrava de cada detalhe e de tudo que vivemos. E essa foi pergunta que selou meu destino na vida de Giovani. — Pelo contrário, chapeuzinho vermelho. Sempre gostei do que vi em você. — Fomos ao encontro um do outro unindo nossas bocas como nossos corpos. Eu não sei como era estar com outro homem, e, também tinha certeza
que nem queria. Seu toque me fazia choramingar por senti-lo com urgência. Sentei-me em seu colo e busquei por sua língua e a enrosquei na minha. — Eu te amo muito, tinha que ser você para ser minha. — Se declarava com seus lábios grudados aos meus. E por um momento a briga fora esquecida e deu vazão para a paixão. — Eu também te amo, Giovani Valentino. — Descolei da possessão de seus lábios e o fitei no exato momento em que declarava que eu também o amava. Esquecemos ali do nosso impasse. — Você é perfeita, tudo em você é perfeito. — Sua mão possessiva e parruda me puxou pelo cabelo trazendo minha boca para perto da sua. Mordeu-me e depois chupou minha língua tragando para sua cavidade bucal. — Você é minha! Ajudei-o a tirar minha blusa por cima, passando-a pela cabeça e assim que estava nua novamente abracei-o roçando os bicos dos meus seios em seu tórax corpulento. — Me toque! — Pedi Seus hábeis dedos percorreram minha pelve até o monte pubiano, abrindo e esfregando sobre o ponto chave da minha excitação. Gemi chamando por seu nome, enquanto eu rebolava em seu colo,
esfregando-me, pressionando sua rigidez, e deixando-me louca para engoli-lo por completo, minha vagina pulsava e molhava pronta para ser completamente possuída. — Isso, geme meu nome. Quando eu estiver dentro de você quero que me diga a quem você pertence. — Giovani segurou seu pau ereto, envolto por grossas veias dilatadas e esfregou a ponta da ereção por toda minha vagina, estimulando meu clitóris e roçando a entrada encharcada, deixando-me à beira da loucura por senti-lo mais profundamente. — Por que me tortura assim? — perguntei. Estava beirando a loucura e insanidade do desejo desesperador. Ter Giovani por completo era meu sonho, era minha maior insanidade. Eu o amava e ser dele no mais primitivo prazer me tornava uma mulher completa. Não sei como ser de outro homem, o amor que sempre senti por ele chegava à obsessão de tê-lo só para mim e, impediu-me de que outro me tocasse. Nesses anos, todos os homens com que saí chegava na hora da transa eu fazia comparações com ele e acabava perdendo completamente o interesse. Por um tempo amaldiçoei o Capo endemoniado do meu marido por ter me viciado somente em seu corpo como uma droga potente e eu uma viciada carente e abstenta. — Por que não sabe o tesão que me deixa ao vê-la desesperada para ter meu pau enterrado dentro dessa bocetinha apertada. Está tão molhada e pronta! — Mal terminou de falar e eu sentei, deixando-o me penetrar de uma vez,
enterrando-o por completo, abrindo-me e acomodando-o dentro de mim. Respirávamos, nos tocávamos, nos remexíamos sincronizadamente. Sentindo, apreciando e se deliciando. Suas mãos me auxiliavam a ditar um ritmo frequente e acelerado. — Que rebolada maravilhosa. É muito gostosa, minha esposa. Suas palavras eram estímulos e me fazia sentir poderosa montada em seu colo. Uma onda me engoliu me tragando para um lugar diferente ao sentir o orgasmo tomar meu copo por inteiro me deixando sensível e arrepiada. Giovani me levava ao ápice do prazer e ainda me movimentei leve, mole e impactada até os jatos de seu gozo cessarem. Incapacitada de me movimentar, sentido ainda o fim do orgasmo passar encostei minha cabeça na curva do seu pescoço e o abracei, sentindo o suor dos nossos corpos se misturarem. Seus braços me rodeavam, amparando-me trazendo segurança e paz. Talvez esse momento tenha sido tão intenso que não me lembro de ter sentindo tão arrebatada por ele e acabei confessando com a voz embargada: — Nunca estive com outro homem além de você. — No término da minha confissão tinha certeza que Giovani sorria. Sei o quanto era possessivo e arrogante quando se achava dono de algo e pouco me importei se isso o deixaria mais prepotente em achar que eu era sua propriedade. Segui a voz do meu coração dando pouca importância se nesses quatro
anos ele teve mais pessoas, o que importava é que sempre fui exclusiva de um único homem. — Você sempre foi minha, só não dava o braço a torcer, Sra. Valentino. — Imaginei que responderia assim, mas agora era diferente eu era mesmo dele em todos os aspectos da minha vida. Era sua esposa legalmente e carnalmente. Envaideci-me ao ouvir o título que agora possuía e sorri satisfeita como nunca.
Era madrugada quando me levantei para beber água e só senti a falta do seu corpo quando estava na sala gelada, não estava muito frio, ainda era meados de outubro, mas na madrugada esfriava um pouco e me arrependi de não ter ligado o aquecimento. Percorri os armários procurando o copo, tudo ali havia mudado. Não era mais o mesmo de quando há cinco anos comprei para ela. Bella só o melhorou mais, marcando cada canto do imóvel com seu bom gosto e identidade única. Conversamos também sobre mantermos aqui por um tempo, tínhamos o mesmo ponto de vista que um casal precisa de uma casa para quando os filhos vierem e assim que encontrássemos algo que nos identificasse, compraríamos.
Eu queria algo espaçoso para ver minha família crescer e confesso que cada vez que gozei dentro de Bella desejei que ela engravidasse. Eu a amava a ponto de sonhar com ela carregando meus filhos, me completando como homem. E com esses pensamentos procurei por meu charuto no bolso da jaqueta e fui para a sacada, nunca parei para perguntar se o fato de que eu fumasse a incomodaria e por fim não quis deixar o cheiro forte dos Partagas impregnar o ambiente da sala. De cueca e com a pele arrepiada com a temperatura baixa, fiquei tragando e pensando no quanto eu sofri com sua ausência e agora chegou ao fim. Ela estava do meu lado e era minha mulher, minha amante e minha companheira. As coisas e nossas vidas logo funcionariam melhor, era questão só de tempo. Vagueava entre esses pensamentos fixo em Bella que não notei sua presença encostada na parede vestindo a mesma camiseta de mais cedo. Vislumbrei sua silhueta por cima dos ombros e sorri mostrando que eu havia percebido que estava presente ali me observando. — Não sabia que agora tem o hábito de fumar? — Sua voz saiu sussurrada e baixa, levemente sedutora. Virei-me segurando o charuto entre os dedos e percorri seu corpo de cima a baixo com olhos, notando seus mamilos eriçados marcando no tecido de algodão branco. — Se importa? — Fui em sua direção e quando cheguei próximo, ela
jogou a cabeça para frente abrindo os lábios pedindo um trago. Dei a ela, posicionando em seus lábios e observando como era sexy a forma como puxava o ar tabaqueado para dentro da sua boca e depois jogava a cabeça para o alto e soltava a fumava. Mexeu com minha libido essa cena e senti o sangue descer e inflar as veias do meu pau. — Não. É que nunca soube desse seu vício. — Ela sorriu de volta. — Também não sabia que tinha este hábito. — Traguei olhando fixamente para seus lindos olhos castanhos. — Não tenho, poucas são as vezes que fumo. Mas aprecio o gosto do tabaco de um bom Partagas. — Você é a culpada, sabia? — Ela levou a mão no coração encenando dramaticamente. — Eu? — Sim, quando me presenteou em Nápoles. Experimentei e gostei, eles foram meus companheiros nas madrugadas que eu pensava em como seria diferente se você tivesse ficado comigo depois do meu quase casamento. Joguei fora o charuto e voltei para perto dela, ficando em sua frente segurando sua cintura, enquanto parte de suas costas ainda estava encostada na parede. — Entendi. E no que então o senhor, meu esposo, pensava? — Segredo. — Sorri aproximando-me dos seus lábios entreabertos.
— Achei que casais não tinham segredos. — Bella estava mais relaxada e ao que aparentava era de que não havíamos discutido mais cedo. O clima tenso já não estava nos pairando mais. — E não tem, mas se eu te contar vou querer executá-lo. — Pensando bem. Acho melhor não, vai que você quer me matar. — Selei seus lábios sentindo-me fascinado, embevecido e mais apaixonado ainda por ela. Era desconhecido o poderio que sua presença me causava, hipnotizandome. — Só se for de tanto de dar prazer. — Busquei a lateral do seu pescoço e abocanhei sua pele cheirosa. Bella contraiu seu corpo, arrepiando-se inteira. — Hum!!! Então me conte esse segredo o mais rápido possível. — Agarrei-a pela cintura e a trouxe para mais perto sentindo seus mamilos eriçados através do tecido da camiseta. — Você é gostosa de mais, meu amor. Quatro anos foi muito tempo sem você. — Com as costas da mão esfreguei seus seios. — Você é insaciável. — Ela riu e alcançou minha boca selando meus lábios, sugando meu lábio inferior. — Aí que você se engana. Você me deixa louco. — Esfreguei meu pau ereto, duro e dolorido de tesão. Apertei-a e a peguei no colo pressionando-a contra a parede. Suas pernas entrelaçadas nas minhas costas, deixava-me com mais
contato com sua boceta lisa, toda depilada e rosada. A lubrificação que escorria dela melava meu abdome. — Depois fala que eu sou “o insaciável” do relacionamento. Acho que é ao contrário, você que é muito gulosa. — Não nego, você é minha gula e gana. — Fui literalmente atacado por sua boca, de lábios bem desenhados, macios e quentes. Correspondia a ela na mesma intensidade e caminhei até nosso quarto carregando-a e colocando-a na cama. Não nos desgrudamos um momento sequer. Era intenso a forma como o corpo de Bella moldava ao meu, conseguia sentir o contrair da parede uterina, esmagando meu pau todo dentro dela. Eu me movimentava e ela remexia pedindo por mais. Ia com calma, estar sentindo-a quente, macia e apertada me deixava a ponto de gozar como um adolescente. O barulho de nossas lubrificações misturadas me deixava insano. Vislumbrava a forma como eu me encaixava dentro dela e de como eu entrava e saía, era perfeito o ato. Seu corpo esguio era meu deleite me fazia perder a razão. Ainda mais agora, ciente de que só foi e seria só meu. O sexo, a libido de Bella era exclusivamente meu e era perfeito. Era como se tivesse sido formada e feita sob medida para mim. E isso a tornava ainda mais especial. Linda, desejável e só minha.
Embevecido, contemplando sua beleza, entrega e rendição total me movimentei com mais intensidade quando senti sua vulva se apertar e aquecer todo meu pênis, pronta para o orgasmo, e da mesma forma me preparei, enlouquecido, pronto para esporrar todo dentro dela e esgotar até a última gota do meu sêmen. — Ah... meu Don não consigo esperar mais, eu preciso... — Bella não completou o final da frase e cravou suas unhas em minhas costas gemendo e chamando por mim, levando-me junto a compartilhar seus tremores e arrepios na mesma intensidade em meu corpo. A beijei languidamente, empobrecido de forças depois que gozei dentro dela até me esgotar por completo. Após nossas fodas intensas e maravilhosas nessa madrugada nos enroscamos um no outro, dependentes e viciados. Adormecemos já com o céu pintado de um azul acinzentado, com rajadas de laranja e fomos despertos horas depois com o barulho insistente do telefone, nos avisando que estavam a nossa procura. Despertei primeiro que Bella. Abri os olhos e contemplei seu corpo delicioso enroscado no meu. Sorri feliz com a minha nova realidade ali com ela, completando-me como deveria ter sido antes. Tentei não a acordar ao me esticar e ver quem tanto ligava. Era Marco. Com certeza queria nos avisar que estávamos atrasados e
antes que ele retornasse insistentemente acariciei seu cabelo, sentindo seu delicioso perfume sofisticado. Desvencilhei e me dobrei beijando seu belo rosto de traços delicados e simétricos. — Dorminhoca, acorda que já está quase na hora do almoço. — sussurrei e tive a visão mais perfeita que tanto senti saudades, daqueles momentos quando Bella sorria ainda sem abrir os olhos, mostrando-se sonolenta ao acordar. — Bom dia, lobo mau! — Ainda mantinha os olhos fechados e se esticava como uma gata dengosa se alongando. Queria beijá-la e lambê-la até criar calos na minha língua como se a banhasse como os gatos fazem. — Acho que estou sonhando. — disse contemplando meu sonho perfeito e real. — Eu sou real e sua! — Envaideci-me com sua confissão logo ao acordar e vê-la abrir os olhos lentamente com seus longos cílios cheios e pretos. Curvei-me sobre seu corpo, sustentando-me pelo cotovelo para alcançar seus lábios inchados de tantas mordidas que dei neles nessa noite. O castiguei sem dó, matando a saudade de sua boca. Nós nos beijamos e fomos interrompidos pelo som do toque do celular dela agora. Deitei-me de costas frustrado, estava novamente excitado e querendo-a, mas sei do nosso compromisso e talvez se começássemos a transar novamente não sairíamos do quarto, além de que: Bella havia confessado que só houve eu
na sua vida, então deveria estar dolorida. — Oi, grandão. Vocês já estão na casa dos Valentinos? — Fiquei escutando e estudando a fim de identificar com quem falava. Creio que era o irmão, Tony Dellatore. — Daqui a pouco estarei aí. Beijos também te amo. — Senti ciúmes ao ouvi-la dizer que amava outro homem, mesmo que esse fosse seu irmão. — Era Tony? — perguntei desgostoso e ela percebeu ao sorrir para mim, tocando-me carinhosamente com as pontas do dedo no rosto, brincando nos pelos do meu cavanhaque. — Era ele, sim. — respondeu tranquilamente. — Queria ficar o dia inteiro nesta cama com você. — declarei. — Eu também! — Mexia a cabeça conforme espalhava seu toque pela minha face. — Te amo! — — Estou com medo. — disse temerosa e senti sua angústia no tom de sua voz. Imaginei que o medo devesse ao fato que contaríamos nossa pequena arte a família logo mais. Nosso passado foi muito conturbado, cheio de mágoas e mentiras, mas prometi a mim mesmo, como homem, e chefe de sua casa que jamais a faria sofrer ou a machucaria com qualquer coisa. Bella hoje era a pessoa mais importante na minha vida.
Sei que não reprovariam, afinal todo sabiam o quanto eu a amava e era doido por ela. — Poderíamos ficar aqui mesmo e desligar o telefone e ninguém nos acharia. — Insegura sugeriu, mas eu jamais deixaria algo atingi-la e a protegeria com minha vida se necessário. Chocaríamos a todos com a notícia, principalmente minha mãe com seu desejo de me acompanhar no corredor de uma igreja quando eu me casasse. — Tenho programas melhores para nós dois. — A ponta da sua unha comprida pintada de vermelho deslizava contornando meus músculos abdominais. Incitando minha luxúria por ela. Mas precisávamos dar a notícia e não nos manter escondido entre quatro paredes. Queria que todos soubessem que Bella era minha esposa e que era o homem mais feliz naquele momento. — Safadinha! Eu também queria. Mas agora precisamos contar à família. Todos vão celebrar com a notícia, não precisa ter medo, estarei ao seu lado. Contemplei o brilho dos seus olhos correspondendo ao evidente sentimento mútuo que sentíamos um pelo outro. — Uma pena, porque queria ganhar um banho dado por você. — Agarrada ao lençol, cobrindo a frente do seu corpo, Bella se levantou e caminhou em direção ao banheiro me dando o vislumbre do seu corpo descoberto atrás; de suas curvas e covinhas nas costas e da sua bunda empinada e redonda.
— Diaba! — Escutei sua risada contagiante. Fiquei sentado na beirada da cama de banho tomado e trocado esperando Bella ficar pronta, sei que enrolava um pouco, demonstrando que estava com medo. A esperava e me distraía com as fotos da cerimônia em Las Vegas. Os únicos registros que teríamos daquele dia. Mesmo que poucos, jamais esqueceria de cada detalhe e de como foi importante e significativo para mim. Levantei a cabeça e a encontrei vestida casualmente de jeans e uma blusa de mangas compridas azul-clara, com os cabelos alinhados e escovados. — Eu te amo, Bella Valentino. — declarei sentindo-me encantado com sua beleza. — Eu também te amo, Giovani Valentino. — ela me disse aproximandose. Não conseguia piscar, totalmente enfeitiçado e apaixonado.
Eu não conseguia achar sentindo para nada naquele momento. Meus pés não tinham coordenação motora para sair do carro, meus movimentos bloqueados pela tensão e anseio que sentia. Meu coração batia desgovernadamente, nem as palavras de encorajamento de Giovani me faziam sair daquele estado cataplético que o medo me causava. Nunca senti antes medo igual. O que estava acontecendo comigo? Covarde e medrosa ao enfrentar todos, principalmente minha família, o estigma de puttana do Capo ainda permeava meus pensamentos conflitantes. Nenhuma mulher, nem orgulho aceitaria o que Giovani fez comigo no passado,
da maneira como brincou. Sei que agora era diferente, era sua esposa legalmente, mas isso não mudava e nem abrandava o fato que causaria indignação na minha família. Enfrentar dona Nina e Tony, deixava-me acovardada. O olhar travesso de Giovani era diferente do meu, estava tranquilo, era como se fosse um menino feliz com o presente que acabará de ganhar, queria eu estar me sentindo assim. Angustiada rejeitei sua mão que estava estendida diante do meu rosto, esperando para me ajudar a sair do Audi RS5 Cabriolet vermelho. — Bella sei o quanto deve estar com medo, mas estarei do seu lado. — Tentava me passar segurança e no fundo eu queria me sentir segura. Segurei em sua mão com a minha suando frio. — Calma, carinho, você não está indo para morrer. — Você que pensa, até parece que não sei da fama de dona Ana Valentino. — Mudei a real razão para desculpas do meu pavor. — Sua mãe uma vez me fez prometer que eu o deixaria em paz. — confessei parte do acontecido no dia em que Giovani casaria com Júlia, só não mencionei o pedido ao contrário da mãe dele no casamento de Raf e Alícia. — Minha mãe não manda em minha vida. — disse em tom autoritário. — Eu amo você e não sabe a felicidade que eu estou sentindo em te chamar de minha esposa. — Seus braços fortes e másculos me abraçaram acalentando e tentando me fazer sentir segura.
Ergui o rosto e ofereci minha boca, tentando me distrair da aflição que sentia. E sem se importar com a agitação dos homens que rodeavam a casa, Giovani me beijou e me espremeu contra seu corpo apaixonadamente. — Vamos! — Giovani se afastou e segurou em minha mão levando aos seus lábios e me conduziu pela entrada e jardim da casa até a enorme porta. Tentando me acalmar fui olhando os detalhes da construção de tijolos e detalhes em madeira. A casa era grande e exuberante, aos que não sabiam certamente sugestionavam que ali deveria morar alguém abastado. Parados na porta, escutamos o falatório de vozes em timbres altos e potentes, riam de algum comentário que não escutamos. Giovani antes de girar a maçaneta e empurrar a porta sorriu e ainda temerosa devolvi um sorriso que quem está com sua autoconfiança abaixo de zero. Segui-o, escondendo-me atrás, receosa. Caminhamos até um cômodo na lateral onde estava reunido os Valentinos envoltos a silhueta loira de Alícia com James no colo e ao canto minha mãe e Tony, ainda com a fisionomia de que não estavam entendendo mais nada e o porquê estavam ali. — Boa tarde, família. — Giovani falou alto chamando a atenção para si. Dona Ana Valentino deixou a cozinha e veio para onde estávamos. A italiana, de estatura mediana e cabelos pintados de castanhos, bem alinhados em um coque vinha em nossa direção gesticulando com as mãos repreendendo o filho mais velho.
— Giovani, você quer matar sua mãe de tanta preocupação? — Fiquei observando acuada o dramatismo e sua encenação. — Calma, mamma. — Como um filho obediente e carinhoso, Giovani aproximou-se da mãe soltando-se da minha mão e beijou os dois lados do rosto da italiana. Carinhosamente a mãe dele segurava em seu rosto e mostrava-se superprotetora ao encher os olhos de lágrimas afirmando sua preocupação. — Cheguei, não precisa morrer. E deixe de ser dramática, sua saúde é de ferro. — Como pode sumir por dois dias e não dar nenhum telefonema para avisar que está tudo bem a essa velha aqui? — Ele a abraçou demonstrando não só carinho, mas um grande respeito. — Estou bem e vivo. — Senti seu olhar por cima dos ombros largos e parrudos de Giovani em minha direção. Ana Valentino percebeu que eu era o motivo do sumiço de seu filho e para constatar sua afirmação ela sorriu ao deixálo e vir me abraçar. Fiquei congelada e temerosa, pedindo silenciosamente para que ela não desse o alarde antes que eu conversasse com minha mãe e meu irmão. — Agora sei por que sumiu o fim de semana todo. — Seus olhos fugiram dos meus e pararam-nos de Giovani que sorria, demonstrando sua alegria. Ela me abraçou, trazendo-me para dentro dos seus braços, aconchegando-me, acolhendo-me ternamente.
— Estava rezando para Nossa Senhora de Nazaré que vocês se acertassem. — disse baixo próximo do meu ouvido impedindo que alguém escutasse o que dizia. — Está perdoado por deixar essa velha aqui preocupada. Agora sei que foi por uma boa causa. Respirei fundo, sentindo meu ar preso entre a glote e a faringe. Queria correr dali e me senti pior ainda quando encontrei o olhar inquisitório de Tony, ele não disse nada com a boca, mas sua feição já o denunciava e afirmava que não estava gostando do que estava acontecendo. Senti como se levasse um soco na boca do estômago me deixando sem qualquer reação humana. Minha mãe, sempre muito sagaz e discreta percebeu o que estava acontecendo e no mesmo instante caminhou até mim e me abraçou ao chegar perto. Cumprimentando secamente Giovani, o que não era segredo a ninguém: Que dona Nina não era fã do Capo. — Bella, está tudo bem? — ela me perguntou quase em um sussurro. — Mãe, preciso falar com você e Tony em particular. — Afastei-me dela e olhei-a fixamente. — Como foi de viagem? — Bem, querida. — Ela sorriu, mostrando-se cordial, porém eu conhecia esse sorriso que sempre dizia o quanto não estava contente com algo ao seu redor. Os demais nos olhavam, tentando disfarçar que não estavam entendendo nada, enquanto na verdade era mais do que visível que eu e Giovani estava
assumindo um namoro publicamente. Contudo ainda não poderiam imaginar que não estávamos ali como namorados e sim como marido e mulher. Insegura cumprimentei a todos e brinquei com James ao aproximar de Alícia. — O que está acontecendo, Bella? — Minha amiga sabia que algo havia acontecido, mas preferi gesticular com expressão e com a cabeça que não era nada demais. Segurei na mão de minha mãe ao aproximar de Tony e olhei para Giovani que não desgrudava os olhos de mim sequer um segundo. O mesmo se aproximou e em baixo tom pedi: — Preciso de um lugar em particular para conversar com Tony e mamãe. — Venha comigo. — Pedi licença a todos que estavam ali, Luca, Marco, Raf, Alícia com o bebê e dona Ana Valentino. Saímos do cômodo e o seguimos por um longo corredor cheio de fotos deles, desde bebês até adultos, um verdadeiro mausoléu de imagens da família Valentino. Entramos em um cômodo amplo, espaçoso e bem masculino com grandes prateleiras e várias estantes de livros, havia uma mesa com uma cadeira presidencial de couro marrom, e os demais móveis seguiam essa linha rústica e viril. Era o escritório do falecido capo. Pedi educadamente a Giovani que nos deixassem a sós e imagino que se
sentiu frustrado, mas eu precisava conversar com eles e mostrar o quanto seria importante, na verdade, tive receios que Tony ou minha mãe se opusesse e acabasse ofendendo Giovani sobre algumas coisas do passado. Sei que fariam isso por amor a mim. — Que está acontecendo, Bella? — Mal Giovani fechou a porta Tony impacientemente me perguntou. Não sabia por onde começar. Minha mãe se acomodou em uma das poltronas e ficou me olhando intrigada. Respirei fundo criando coragem para começar a resumir o que aconteceu. — Tony, preciso que vocês me escutem primeiro antes de tirarem conclusões precipitadas. — Bella, o que você fez? E por que estamos aqui? É ele de novo? — suas perguntas não me davam tempo para encontrar as palavras certas para responder sem criar uma situação estranha entre nós. Preferi responder sua última pergunta, pois Giovani era o motivo de estarem aqui. — Sim! É ele. — Mordi o canto da boca, pronta para continuar quando a voz de minha mãe se destoou primeiro. — Minha filha... — Tony a interrompeu. — Não acredito que você vai cair na dele de novo, Bella. — Seu tom de voz era alto e firme, demonstrando sua insatisfação.
— Tony, não é bem assim. — Tentei um contra-argumento. — Então é como? — Tony encostou e cruzou os braços na altura do peito, deixando a malha vermelha se ajustar a sua musculatura, esperando minha resposta. Seu olhar era duro e fazia peso na minha consciência. Quando tudo aconteceu Tony me fez prometer que nunca mais Giovani me ludibriaria e cairia como uma tola na conversa dele. — Não vou cair na dele. — respondi diretamente. Olhei para minha mãe buscando um ponto de apoio. — Minha filha, eu sei por que nos trouxe aqui. E sei o quanto ainda é apaixonada por esse homem, mas pense bem, Bella. Você só saiu machucada quando esteve com ele. A voz terna e controlada de minha mãe me deixava um pouco mais confortável. — Você está cometendo novamente a mesma burrice. Ele tem namorada, sabia. Vai te tratar como a puta dele de novo, Bella — Porém, Tony ainda se mantinha irritado e parecendo ainda não aceitar. Massageei as têmporas. Não poderia cobrar uma animosidade do meu irmão, sei que estava se portando assim para me proteger. — Os dois terminaram. — Olhei para ele e tentei sorrir. — Bella, não se engane, Giovani já fez uma vez você sofrer, ele vai fazer
de novo. Meu irmão mostrava-se completamente indignado e eu não poderia tirar sua razão. Ele surtaria quando contasse que nos casamos já que não estava aceitando numa boa o fato de estar junto com Giovani como namorado. — Nos casamos ontem. — disse de uma vez e busquei todo o ar de dentro dos meus pulmões para conseguir me manter de pé diante da consternação que os dois me olhavam. — Que palhaçada é essa, Bella? — Tony vociferou mais alto. Notei o travar de sua mandíbula, contraindo os músculos do seu rosto. — Não é palhaçada, Tony. Me casei com Giovani ontem de madrugada em Las Vegas. E não me julguem, por favor. Preciso do apoio de vocês. — Tentei recorrer, apelando para a psicologia do apoio familiar. — Você não vê a loucura que fez? — Aumentou o tom de voz, indignado. Tony começou cerrou os punhos batendo no móvel próximo a ele. — Mãe, fala alguma coisa à sua filha desvairada. — Ele recorria à minha mãe e passou a evitar olhar para mim. — Não tenho nada que falar. Sua irmã é maior, avisei-a há cinco anos, e se machucou. O que posso dizer hoje para você, Bella, é que vocês dois não pensam, pelo menos agora não é mais a amante dele. Só lamento porque não criei filha para se casar às escondidas como se estivessem fugindo ou devendo a
alguém. — disse e calou-se, mostrando sua postura séria e cautelosa. — Não foi às escondidas, foi por impulso. E grandão, fiquem feliz por mim. — Tentei me explicar e implorar para que não me julgassem. Fui para perto de Tony e peguei suas mãos entrando em seu campo de visão. Fixei em seu olhar buscando a cumplicidade de irmãos que sempre tínhamos um pelo o outro. — Eu o amo. Não teve um dia sequer da minha vida que não o amei. Preciso viver o que sinto, senão morrerei sem ter vivido meu grande amor. Agora vai ser diferente, não vou deixar que me machuque. Prometo! — Minha voz estava embargada assim como o choro preso na minha garganta. Passou-se alguns minutos em silêncio profundo; meus olhos imploravam por seu apoio e quando achei que não o convenceria fui puxada para seu abraço. — Tenho medo de ver você sofrer de novo, como sofreu daquela vez. — Senti seus lábios no topo da minha cabeça e compreendi que estava somente querendo me proteger. Em seguida minha mãe rodeou a mim e ao Tony nos abraçando, mostrando que éramos uma família e poderíamos contar uns com os outros. Conversamos mais, expliquei-me e eles entenderam o quanto eu amava Giovani e precisava desse amor também. Contei a forma como tudo aconteceu e de como ele se esforçou para que eu fosse sua esposa. Talvez mostrar a eles que Giovani estava disposto a provar que mudou, pudesse abrandar a péssima
imagem que ele tinha diante da minha família. Estávamos ainda próximos de mãos dadas quando bateram na porta e Giovani anunciou que nos aguardavam na mesa para o almoço. — E como foi? Está tudo bem? — Assenti quando ficamos sozinhos no escritório de seu pai. Sentia-me uma pouco mais leve, aliviada e em recompensa pela tensão, Giovani me beijou brevemente antes de nos juntar a todos. Estava sentado ao lado direito de Giovani que encabeçava a grande mesa de mármore travertino, a minha frente sua mãe e nos assentos restante a minha família e os Valentinos. Já havíamos feito uma oração de agradecimento, um rito de exigência de dona Ana, quando Giovani se levantou e pediu que todos ficassem atento ao que ia falar. E novamente me senti aturdia e temerosa. — Eu e Bella estamos juntos. — ele anunciou sem rodeios. — Isso estava na cara quando chegou aqui. — Raf acrescentou o comentário. — E, também informar a todos que estou indo embora de casa. Nada apavorante, porém senti a indignação de dona Ana ao engasgar-se com o pão italiano. — Como assim, Giovani? Não aceito que saia de casa sem ter sua família. Seu pai não aceitaria. Vocês dois namorarem eu aceito, mas não vou
permitir que saia de casa antes de se casarem. Era absurdo a maneira arcaica como pontuava e negava a saída do filho de casa. — Mas quem disse que não estou saindo para construir minha vida. Ela foi novamente argumentar e Giovani pediu que o deixasse concluir a notícia. Eu observava tudo quieta e atenta. — Eu me casei com Bella ontem. Hoje Bella é uma Valentino. — O choque foi absoluto e todos os olhares se pousaram em mim. — Como assim, você dá uma notícia dessas para sua mãe? Como assim casados? — A italiana a minha frente ainda não conseguia acreditar e assimilar o que o filho declarava. — Mamma, eu e Bella nos casamos ontem. Não tem como ser mais explícito. De certo pensavam que era mais uma brincadeira de Giovani, até meu silêncio confirmar que era sério e real. — Sério, Giovani? — Raf perguntou ainda expressando-se incredulamente. — Sim, meu irmão. Até que enfim estamos juntos. — Giovani respondiao alegre. — Cara, vocês são doidos, quando foi isso? — Marco foi o segundo a se manifestar, olhei para a mãe de Giovani e ela parecia ter visto um fantasma de
tão estática e branca que ficou. — Eu desconfiei que algo sexta à noite aconteceria entre vocês dois. Mas se casar jamais!? — Fomos até Las Vegas na madrugada de ontem. — Giovani segurou minha mão sobre a mesa e curvou-se para beijar em cima do anel que me deu. — Te amo! — sussurrou ao se declarar diante dos outros, prendendo-me em seu olhar e fazendo-me esquecer de onde estávamos e quem estava ao nosso redor. Absortos olhando um nos olhos do outro, pronto para nos beijar diante de todos. Mas fomos despertos pelo choro e soluços compulsivos de sua mãe. — Eu não acredito que fez isso comigo. Não pude ver meu primogênito casar. — Direcionei meu olhar em direção a italiana que lamentava encenando um ato dramático desnecessário. Giovani mostrou-se se importar com o estado da mãe e soltou-se de minha mão para ir até ela e ajoelhar ao seu lado. — Mamma, você mais do que ninguém sabe o quanto amo Bella. Que ela é a mulher da minha vida — Olhou para mim e piscou ao sorrir, mostrando o quanto eu era importante para ele. — Precisava aproveitar a oportunidade e o momento em que Bella aceitava a se casar comigo. Não poderia esperar sequer nenhum momento a mais, precisei agir e se não fosse dessa maneira hoje eu não estaria aqui me sentindo completo, feliz e realizado com a mulher da minha vida. — Senti-me emocionada e envaidecida com a declaração que fazia diante de sua família. Compreendendo o valor de tudo para o seu filho, a matriarca dos
Valentinos acariciou o rosto do filho e sorriu assentindo. Senti que um peso saía de cima das minhas costas ainda mais quando gesticulou que eu fosse até ela e sem hesitar obedeci. — Hoje vê-los juntos, será uma grande alegria. Meu filho te ama muito. Cuide dele. — dizia-me sorrindo, emocionada ao segurar minha mão. Retribui o sorriso e me levando em seu drama quase chorei. Porém, o momento emocionante foi quebrado pela voz de Luca. — Cara, você não vale nada. — Todos rimos achando que sairia mais uma de suas piadinhas. — Como teve a coragem de fazer isso com a Mellaine? Bella sempre intromete na nossa família quando você está bem. — Não só a mim que o seu comentário e sua posição assustaram. Nos deixou sem entender o porquê estava indo contra o irmão. — Luca! Pare de falar. — Giovani ordenou tomando uma postura séria. — Você não vale nada, afinal vocês se merecem. Bella sempre querendo interferir nos relacionamentos dele. Júlia era uma louca, mas Mellaine não merecia essa safadeza de vocês dois. — Mostrava-se completamente revoltado e eu o olhava tentando compreender o porquê de estar consternado dessa maneira. — Já mandei parar de falar. — Giovani o cortava e olhou para mim pedindo que eu sentasse e não me manifestasse caso eu quisesse falar algo. — Qual é? Vai negar que foram dois ferrados, egoístas que não se importam com ninguém? — Luca não obedecia a ordem dada por Giovani e continuava a bater de frente.
— Sempre essa daí, ela sempre entra para atrapalhar a todos, uma vez puta sempre puta. Foi tudo muito rápido e não foi Giovani que partiu para cima de Luca e sim meu irmão. Causando um furor ao redor, as vozes aumentaram o tom e Raf e Marco já entravam na frente de Luca e Giovani para barrá-los. Luca, não se acovardou e continuou a falar, mas agora se dirigindo diretamente a mim. — Não vai falar nada, toda poderosa? Vocês dois são dois filhos da puta que não se importam com ninguém além de vocês. Júlia poderia ser uma destrambelhada, mas gostava de Giovani e Mellaine é uma mulher incrível que não merecia ser tratada como descarte por sua causa, uma putinha que se acha poderosa. Fiquei em choque diante das afirmações carregadas de ódio e humilhação que ele proferia para mim. Mantive-me olhando em seus olhos, encarando-o da mesma forma como fazia comigo, quando Tony o alcançou e o empurrou, sendo novamente barrados pelos irmãos. — Você meça suas palavras para falar da minha irmã, seu invejoso de merda. — A sua irmã é sim uma safada, sempre foi a puttana de Giovani e agora ela ferrou com a vida de Mellaine que não merecia. — Giovani se desvencilhou de Raf e conseguiu alcançar Luca segurando em seu pescoço.
Tudo acontecia rápido demais e estava impossível raciocinar e cheguei a levantar para ir até Giovani pedindo por calma. — Eu já mandei você calar a boca. — Com raiva e irado disse Giovani, ainda com as mãos enforcando o irmão, sendo controlado pelos irmãos. Minha mãe segurava Tony e afastava-o para o canto do cômodo. Dona Ana Valentina chorava e implorava para o filho mais velho soltar o filho mais novo, os apelos não eram suficientes para abrandar a ira descomunal de Giovani. — Nunca mais fale assim de Bella. Tony não satisfeito aproximou levantando os braços mostrando que não faria nada somente queria falar. — Você que não vale nada, Luca. Sempre envergonhou sua família, não se esqueça que seu irmão precisou desviar dinheiro da Camorra, durante anos, por sua causa. Teve que se vender porque você é um covarde que implorou para a mamãe tirar você das enrascadas que se metia. Você é uma vergonha. Sempre se escondendo atrás das barras das saias da sua mãe como um maricas, fraco e frouxo. Luca após ouvir tudo que Tony disse ainda quis mostrar-se valente ao tentar se soltar do pulso em seu pescoço e partir para cima de Tony. — A mulher a quem você se refere como puttana foi a que livrou o fracasso do seu irmão, que se vendeu para livrar você. E se ela quisesse meter uma bala na sua cara ninguém aqui poderia falar nada, nem mesmo seu irmão.
Se contente seu bostinha ela hoje é sua chefe. — Giovani, por favor meu filho solte seu irmão. — Em meio ao alvoroço a mãe clamava em prol do outro filho. — Saia daqui mãe. — ordenou Giovani. — Por favor. — Ela ainda suplicava. — Já mandei sair daqui. — O tom de voz dele era pesado e a mãe entendeu que não adiantaria de nada seus apelos. — Giovani, meu irmão... — Raf tentava chamar a atenção, mas Giovani ainda mantinha o olhar fixo no rosto de Luca, controlando a pressão que sua mão fechava no pescoço do irmão. — Peça desculpas a Bella agora. — ordenou. — Não tenho que pedir nenhuma desculpa. — Eu não estou pedindo, eu estou mandando. — Mellaine não merecia isso. — Não estou pedindo permissão de ninguém, quem manda nessa família sou eu. E se não pode se redimir e se desculpar com a minha esposa é melhor que não participe mais de nenhum momento com a família. Fui pega desprevenida quando Giovani o arremessou violentamente o irmão em direção a mesa assustando não só a mim, mas Alícia e o bebê em seu colo. — Saia daqui agora, antes que eu te expulse dessa casa. Humilhado Luca lançava olhares de ódio a mim, porém não teve
coragem de continuar a me ofender e enfrentar o irmão. — Não quero te ver na empresa, não quero te ver na minha frente, enquanto não for homem suficiente e se desculpar com Bella... Antes que terminasse de falar escutamos um barulho de algo caindo, um estrondo, um baque e todos desviando a atenção para o que poderia ter acontecido e Marco foi rapidamente e voltou agitado nos avisando que a mãe havia desmaiado. Os filhos saíram em direção, até mesmo Luca foi junto. Não esperei e fui atrás, preocupada com o clima que indiretamente eu estava envolvida. Fiquei da soleira da porta observando os quatro erguerem a mãe do chão e colocá-la no sofá. Estávamos em uma outra sala, mais íntima da casa. Ela despertava aos choros e preocupados pediam para ela se acalmar. — Giovani, não faz assim com seu irmão por favor. — Ela clamava ao filho tocando-o no rosto. — Mamma, depois conversamos. — Eu lhe imploro... — Ela continuava, insistia para ver se o filho mais velho, a autoridade da família cedia ao seu pedido. — Mamma, não preciso da piedade deles. — Luca intrometeu-se como se ainda estivesse na posição de vítima. — Luca, já mandei sair daqui. — Faça que seu irmão manda, meu filhinho. — Ela tocava o rosto do
filho mais novo e entendi que o problema de Luca fora a mãe que o mimava e passava a mão na sua cabeça. Obedecendo-a ele passou por mim sob o olhar fulminante de Giovani, fingi que não o via e me mantive encostada observando a cena, concluindo como dona Ana Valentino era manipuladora e capaz de simular um desmaio para ter seu pedido atendido. Voltei para perto de Tony e minha mãe sentindo-me péssima, minha vontade era de sair daquele lugar e nunca mais retornar diante da humilhação que passei. Mas sei que seria muita coisa para hoje e não queria aumentar a tensão em Giovani. O clima amenizou quando Marco e Raf acompanharam a mãe para retornarmos ao almoço e Giovani fingir que nada tinha acontecido e pedir um brinde a nós dois. — Quero que fique claro, que Bella é a mulher que eu escolhi para ser minha esposa e mãe dos meus filhos, não aceitarei que ninguém a ofenda mais. — Ao concluir Giovani olhou para mãe ordenando que ela não interferisse mais e acatasse sua ordem. Terminamos o almoço e após, ficamos por um tempo na área externa, conversando, até Giovani me deixar sozinha para falar com minha mãe e o Tony. Sentei-me na sombra e fiquei olhando os canteiros de rosas bem alinhados pensando em tudo, buscando por respostas sobre o comportamento de Luca, quando minha sogra se aproximou e sentou-se ao meu lado
— Bella! — Olhei-a quando ouvi meu nome. Sei que estava sem graça e desconfortável com o que aconteceu, pois eu me sentia assim. — Queria te pedir desculpas por hoje. Luca sempre agiu assim se portando não como um homem, mas como um moleque. Estou constrangida com a forma como foi tratada. Você sempre foi a mulher da vida do meu filho, lamento que só tenham se permitido a viverem esse amor agora. — Eu compreendia, mas não diminuía o fato do filho dela ter me ofendido. — Fique tranquila, dona Ana. — Sorri tentando amenizar seu olhar de culpa. — Luca passou dos limites comigo. Na minha casa ele teve atitudes parecidas e eu não sou e nunca fui a puttana do seu filho. Quem deixou Giovani a primeira vez foi eu. Então a senhora como boa mãe que é, deveria falar com seu filho que a vida adulta chegou e que se me ofender mais uma vez terá consequências, a senhora passando mal ou não. — Seu olhar ficou petrificado, sua fisionomia estática. Talvez Ana Valentino esperasse que eu fosse abaixar minha cabeça e ter compaixão do seu filho mimado e imaturo, mas estava equivocada se pensava assim. Se até para Giovani eu nunca abaixei quem dirá para ele. — Eu compreendo. — Olhei para o lado, mostrando o quanto eu não estava me sentindo agradável. — Mas quero que não me afaste de você. Eu estou muito feliz por você estar com meu filho e sei que fará dele um homem realizado.
— Eu o amo e não afastarei a senhora, sei que não tem culpa das atitudes infantis de Luca, mas só deixei claro que nem a senhora e nem Giovani serão motivos para eu não revidar da próxima vez. Não tocamos mais no assunto e sei que ela se esforçou para me agradar o restante da tarde. Alícia se juntou a nós e fiquei um pouco com James no colo, sentindo que logo seria eu a estar com meu bebê e de Giovani nos braços. — Logo será o nosso. — Sorri ao sentir sua voz grave em meu ouvido me tirando daquele estado fantasioso. Encontrei seus olhos e seu sorriso me fez esquecer da tensão e da chateação que eu sentia. Tony e mamãe se despediram alegando que tinham compromissos amanhã em Los Angeles e não poderiam ficar mais. Despedi-me afirmando que assim que eu voltasse conversaríamos melhor e pedi que não se preocupassem. “— Bella, fica tranquila. Hoje vi que Giovani vai ser capaz de passar por cima da família por sua causa. O que me deixa mais em paz.” Disse Tony ao me abraçar quando foi embora. Não nos demoramos muito e fomos embora pouco depois da minha família.
Caminhamos no final de domingo pelo Central Park de mãos dadas e conversamos bastante sobre o comportamento de Luca quando jantávamos em uma Cantina Italiana. Chegamos à conclusão que o irmão só queria ser o centro das atenções como sempre. Sonho, ou não, eu estava realizando meu desejo de estar ali com Giovani, sendo a senhora Salvatore Valentino. Agora eu pertencia legalmente e irrefutavelmente a ele, meu senhor mandão, meu Lobo Mau. Era diferente agora, a maneira como nos respeitávamos, nos tratávamos sem ordens, sem controle, mostrava o quanto poderia dar certo e me agarrei a
essa perspectiva de que éramos outras pessoas, mas que o amor era o mesmo. Talvez fosse melhor ter acontecido assim mesmo, com essa distância de anos entre nós, para nos ensinar o quanto era doentio a forma como vivíamos antes, com aquele redemoinho de altos e baixos, com aquela tensão e Júlia em nosso meio cobrando uma apólice. Éramos um novo Giovani e Bella, ainda nos amando intensamente mesmo com a loucura do casamento. Agora é manter o pé no chão e agir cautelosamente ao tentar nos encaixar um na vida do outro. Para isso precisaríamos ser abertos e confiar um no outro, sem receios, mesmo eu ainda tendo minhas mazelas do passado. Apaguei a luminária; coloquei o livro que estava lendo na cabeceira e me aninhei em seu corpo adormecido sentindo me feliz por estar com ele novamente. *** Ainda era bem mais cedo que o alarme programado paras às 7h e Giovani estava ainda dormindo profundamente. Sem que percebesse levantei com cuidado e alcancei minha camiseta jogada ao lado da cama. Giovani arrancou-a de mim ontem à noite negando-se a dormir ao meu lado se não estivesse nua. Dizia a mim insinuando o quanto ele me acordaria a noite.
Desde aquela manhã em Las Vegas transamos muito, e minha libido por ele só aumentava, era ele me tocar para me sentir pronta. Estava um pouco assada e dolorida; não estava acostumada a uma atividade sexual intensa, nesses quatro anos era meu masturbador ao menos uma vez por semana e só, agora com Giovani foram muitas seguidas não era de se esperar que eu fosse ficar assim. Eu me vesti e fui para a cozinha preparar um café e trabalhar um pouco. Estava acostumada a uma vida agitada e odiava ficar na cama até mais tarde, a não ser que eu não tivesse dormido. Em Malibu costumava correr na praia ainda com os primeiros raios de sol, sentia-me muito ativa e a falta da minha rotina me deixava sem saber o que fazer. Analisei algumas entradas do movimento do fim de semana, fiz algumas anotações, respondi alguns e-mails até dar o horário para ligar para minha secretária. Quando a chamei por vídeo estava sentada no balcão da cozinha com o notebook aberto. — Bom dia, Norma? — A moça loira bronzeada de coque e óculos de grau apareceu na tela. — Bom dia, Srta. Dellatore. — Ninguém sabia ainda do casamento, além dos mais chegados. Era preciso descrição, até porque eu e Giovani não fizemos um pacto pré-nupcial e ainda tinha toda a burocracia da Camorra que precisaríamos resolver. — Como foi seu fim de semana? — Não gostava de intimidade, mas
costumava querer saber dos funcionários mais próximos como estavam suas vidas. — Foi muito bom, senhorita. — Norma era discreta e muito astuta, era por isso que eu a mantinha como minha assessora e secretária em tudo que eu fazia. — Que bom! Norma, por favor me envie os relatórios e verifique se os advogados redigiram o contrato das novas contratações e também das renovações da gravadora. Preciso urgentemente que peça a um deles que me ligue, para um assunto pessoal. E providencie meus documentos novos. Irei enviar a certidão com meu novo nome. — A fisionomia da moça era de espanto; não entendendo nada. Enviei por e-mail a foto da certidão de casamento e a peguei sendo surpreendida ao constar a novidade e o Valentino em meu sobrenome. — Meus parabéns, senhori... senhora. — Sorri cordialmente sem dar muito detalhes e não dando ênfase ao casamento. — Também preciso que peça uma reunião em Nápoles. — Eu deveria esperar isso por parte de Giovani, mas comecei a antecipar tudo. Precisávamos formalizar a união dos clãs, porque assim era comum quando chefes de clãs se casavam haver tal notificação. Distraída passando ordens e assuntos para Norma não notei Giovani nas minhas costas me abraçando e beijando meu ombro, deixando, minha secretária constrangida.
— Bom dia, Norma. — Sua voz era grave e ainda um pouco sonolenta. — Bom dia, senhor Valentino. — Norma, daqui a pouco eu a chamo de novo, precisamos refazer minha agenda. Desliguei a vídeo chamada e me virei para ele sorrindo. Sentindo-me bem e completa. — Bom dia, senhor Valentino. — Ele abaixou e mordeu a curva do meu pescoço. Contraí o corpo ao seu toque me arrepiando inteira. — Bom dia, sra. Valentino. Já está trabalhando logo cedo? Você está em lua de mel, não sabia? — Desde quando podemos nos dar a esse luxo, esqueceu que casamos sem um planejamento? — Meu plano sempre foi você. — Ele me pressionava contra a borda do balcão. — E tenho mais planos que quero fazer com você agora. — Senti sua ereção nas minhas coxas ao esfregar-se em mim. Já na expectativa de tê-lo tombei a cabeça para trás apoiei os cotovelos na borda do balcão dando-lhe livre acesso ao meu corpo. — Então mostre-me. — Sua boca se fechou em meu queixo mordiscando-o. — Deliciosa. Ainda mais quando adivinha meus planos. — Ele me puxou e eu envolvi-o com minhas pernas e deixei que me levasse até o sofá.
— Não precisava adivinhar quando se quer a mesma coisa. — Falei maliciosamente quando Giovani me colocava no sofá, ajoelhando-se entre minhas coxas. Suas mãos rolaram a camiseta para cima até me livrar delas e começaram a serpentear meu corpo, incendiando minha pele. Eram hábeis e viris, apalpavame, acariciava-me marcando o território que já era seu. Todo seu corpo se apoderava do meu sem escrúpulos e eu gostava, entregava-me sem reservas e todo aquele pânico cheio de receios do passado, estava sendo esquecido. Eu o amava e sei o quanto fui enganada e ludibriada por Don Valentino, mas eu pertencia a ele irrefutavelmente. — Amo, sou louco nesse corpo, nessa boceta quente e molhada, sou desesperado por você. Eu a esperaria se fosse preciso mais quatro anos. Sua declaração me envaidecia e sentia que era sincero, Tony mesmo disse que havia algo diferente em Giovani. — E aquela conversa de que estava passando do tempo de casar-se? Já estava até me convidando para o seu casamento... — Já nu, ajoelhado entre minhas pernas abertas e com sua mão brincando em meu clitóris ficou exibindo seu sorriso cafajeste e presunçoso. — Eu sabia que me casaria com você, só estimulei seu ciúme. — Não fiquei enciumada. Você é muito convencido. — Eu imagino que não teve mesmo. — Sua risada foi alta e debochada.
Na verdade, não fiquei com ciúme, fiquei foi louca de raiva quando ele mencionou que se casaria. Suas atitudes antes em Malibu me davam margem a pensar que eu o perderia de vez e que nosso passado seria esquecido. Todos os anos pensei e esperei que Giovani fizesse alguma loucura para me ter, mas nada. Só recebia dele flores em datas como meu aniversário, no Halloween e no dia dos namorados. O que me deixava com ódio dele. Sempre o esperei. — Bella! De uma coisa eu tenho toda a certeza do mundo é que perdemos quatro anos de nossas vidas e eu não quero desperdiçar um segundo mais sem ter você comigo. Eu errei muito e quero consertar todo sofrimento que fiz um dia você passar. Você é minha vida! Sua declaração foi mais que necessária para me fazer encontrar com seu corpo e amá-lo fisicamente. Seu corpo se encaixava ao meu, tocando-me, suas mãos escorregavam em meus seios e seu pênis invadia-me, levando-me ao limite da sanidade e me jogava ao extremo do prazer. — Eu te amo! — declarei em voz alta gozando junto a ele, se espremendo todo dentro de mim até os últimos espasmos. Lânguidos nos olhamos e não me contive ao sentir a emoção tomar-me quando acariciei seu rosto suado. — Bella, você é minha vida eu a amo mais que a mim mesmo. Obrigado por nunca ter sido de outro homem nesses anos, sofria dia após dia imaginando
que alguém a tocaria, a minha imaculada chapeuzinho. Só você é capaz de me fazer feliz! Sorri dando força aos seus instintos possessivos. Mas como não sorrir diante da troca de paixão e amor que estávamos tendo? Como não o amar, se tudo em mim era dele? — Foi só você! E será só você! Trocamos mais carícias, declarações e promessas. Tomamos banho junto fazendo planos para o futuro e decidimos adiantarmos nossa agenda e tirar ao menos uma semana em algum lugar para ficarmos sozinhos. — Precisa ir trabalhar, bonitão. — Enlacei minha mão em sua nuca ao sentir sua presença e seu torso nu nas minhas costas. Estava terminando de pentear meus cabelos quando me abraçou por trás e deixou seu nariz escorregar na curva do meu pescoço. — Não. Vou desmarcar tudo, quero ficar aqui com você. — Se ficar aqui, vai acumular mais trabalho e eu vou embora na quartafeira à noite queria muito que você viesse e ficássemos até segunda-feira em Los Angeles. — Trocamos o olhar através da nossa imagem projetada no espelho. — Vou tentar, carinho, mas me beija só mais um pouquinho. — Não resisti ao seu pedido e me virei, colando meu corpo ao seu e busquei sua boca
sugando seus lábios e deixando que Giovani conduzisse a dança entre nossas línguas.
Já passavam das 4h da tarde. A todo momento eu olhava as notificações em meu celular buscando por mensagens de Bella. Liguei ao menos umas três vezes e me senti incapacitado quando não consegui sair para pegá-la e almoçarmos juntos. Pedi muitas desculpas e senti que isso não a chateou. Bella havia mudado era mais compreensiva e entendi seu acesso de raiva,
no sábado, quando disse que sairia para falar com Mellaine, eu não gostaria que ela fizesse o mesmo se estivesse em meu lugar e mais... Eu não a perderia mesmo que para isso outra pessoa saísse machucada. Eu a amava e não a perderia mais. Fui fraco uma vez em não tomar os riscos para tê-la ao meu lado, mas agora eu incendiaria toda Nova Iorque contra quem quer que fosse só para não deixar Bella sair da minha vida. Antes eu era um egocêntrico que achava que o mundo girava ao meu redor e fui um idiota em pensar que Bella se submeteria ao que eu queria. Hoje estou aonde sempre quis estar e, não permitirei que ninguém ou algo estrague a felicidade de tê-la novamente em minha vida e agora como minha esposa. Pedi mais cedo para Andrea organizar minha agenda e pesquisar um roteiro paradisíaco para mim e Bella descansarmos e curtirmos um ao outro por alguns dias. Não poderia ficar muito tempo fora, Raf ficaria uns dias afastado por causa do nascimento de James e agora minha agenda ficaria muito apertada com essas idas e vindas a Los Angeles, mas eu tiraria esses dias e curtiria recuperando o tempo perdido. Contemplava a imagem do céu em seu entardecer, com sol ainda alto e frio nessa tarde de outono. Minhas mãos descansavam dentro dos bolsos da calça do terno de alfaiataria italiana.
Pensei e relembrei, como eram as coisas, como tudo era imprevisível. Há uma semana eu buscava pretextos e assuntos só para ter motivo para ligar para Bella. E agora eu a tinha me esperando para jantar, como minha esposa e depois transaríamos e dormiríamos nus, com nossos corpos aquecendo um ao outro, completamente enroscados. Fechei os olhos e lembrei de como foi vê-la caminhar naquele curto corredor daquela capela em Vegas. Do seu sorriso travesso ainda de menina, vindo em minha direção. Da forma como disse “sim”, um pouco acanhada, ao declarar seu desejo de se tornar minha esposa. Tudo perfeito para o momento. Não mudaria nada ao agarrar a única oportunidade que eu tive e fazer dela minha salvação e redenção. Tive esperanças quando não me casei com Júlia, que ficaríamos juntos e nada foi comparado a dor excruciante que carreguei ao ler seu “adeus” nas entrelinhas daquela mensagem. Quis ir atrás, mas entendi que precisava partir dela para ficarmos juntos, não por orgulho, mas por dá-la a opção de reger como seria nossa vida. Só não contava que Bella seria um poço de orgulho e não daria o braço a torcer. Tentei todos esses anos mostrá-la que eu estava aqui, esperando e pronto para dar tudo o que merecia, como uma rainha. Enviava em datas especiais um buquê de rosas vermelhas, mas em todas as vezes não tinha nenhuma reposta. Não sabia o que era sofrer, sentir que o mundo se tornava preto e branco,
perdendo todo seu colorido até perdê-la. Nesses anos tentei me abster de outro relacionamento, mantendo-me livre para ela. Porém, deixei que meu machismo e orgulho falasse mais alto e acabei me comprometendo, somente pensando em afetá-la. Nada que me aprisionasse. Foi egoísta agir assim, sou ciente dos meus atos, mas Bella é a mulher da minha vida e faria tudo ou até mais só para tê-la novamente e quando sexta-feira à noite dançamos naquela pista, com os corpos em movimento, embalando sensualmente o ritmo, esquecendo por poucos minutos que tivemos um passado conturbado, fiz-me a promessa de que eu a teria novamente e se fosse necessário eu me arrastaria aos seus pés. Agradeço aos céus por tudo que aconteceu neste fim de semana e a forma como nossa história deu esse passo a mais. Estava sendo diferente, a minha menina impulsiva agora era uma mulher completa e me completava, mesmo com nossa diferença de idade sendo dezessete anos. Éramos perfeitos juntos. E não era Bella que me pertencia, era eu que pertencia a ela. — Olha só, a cara de bobo apaixonado que está. — Não havia percebido a presença de Rafaello nas minhas costas me surpreendendo. — Oi, irmão. — Virei ainda sorrindo. Estava mesmo apaixonado, na verdade, sempre estive. — Esse sorriso e bom humor se deve a um nome: Bella Dellatore. — Ele
se sentou na cadeira a frente da minha mesa jogando os braços atrás da nuca. Acompanhei-o e me sentei em minha cadeira presidencial. Deixando o corpo mais afastado da grande mesa. — Agora é Bella Valentino. — Corrigi-o. Reparei que estava vestido de jeans e camisa esportiva de gola. — O que aconteceu para vir aqui? Não ficaria essa semana em casa com Alícia e James? — Sim, mas mamma me colocou para fora, disse que estou apavorando Alícia com o bebê. Fiquei sem um lugar para ir, resolvi dar um pulo por aqui e conversar um pouco com você. Acredita que a velha disse que não vai deixar Alícia e o bebê voltarem para casa mais. Dona Ana está parecendo um cão de guarda. — Rimos. — Que bom! Pelo menos ela não vai ficar na minha cabeça, reclamando por eu ter me casado e não ter avisado. — Ela está surtando por causa disso, reclamou até depois que saiu. — Imagino, dona Ana não é fácil, mas faria tudo novamente se fosse necessário. — E Bella, como está? — Nos falamos algumas horas atrás. Estou evitando ligar toda hora, não quero ser pegajoso. — Você mudou, caro irmão. — Raf exibia a fisionomia de incrédulo. — Não está controlando-a.
— Não quero que se sinta sufocada, mesmo que eu queira estar com ela a todo momento. Por mim não trabalharia hoje e ficaria ao seu lado, mas precisei adiantar e reprogramar toda minha agenda para poder ir para Los Angeles quarta-feira à noite. Devo ficar uns cinco dias por lá. Ainda não mencionei minha viagem, precisava ainda decidir com Bella para onde iríamos. — Fico muito feliz por vocês. Bella sempre foi apaixonada por você e, você por ela. Ainda bem que o tempo deu um jeitinho de ficarem juntos depois de tudo. Mas que loucura foi essa, Gio? — Sentei-me na ponta da mesa e olhei para frente relembrando. — Foi muita mesma. Mas quando a pedi em casamento na sexta-feira à noite e ela me disse que só casaria comigo se fosse naquele dia eu não pensei em mais nada. Bella achou que eu não me agarraria a única oportunidade de tê-la e não a deixar mais ir embora. Aproveitei que estava embriagada, agindo por sua impulsividade. Joguei-me um pouco para trás tombando a cadeira, relaxando. — Sei que depois de sexta-feira as coisas entre nós tinham avançaria um pouco, mas demoraria a chegar ao ponto de tê-la como minha esposa, por isso me agarrei a oportunidade que me dava, com medo de que no outro dia ela sóbria me dispensasse. — Você não muda meu irmão. — Fiz e agi com astúcia, no outro dia de manhã ela surtou. Cogitou até
uma anulação... — E como sempre abrandou a fera. — Raf riu. — Sim. E agora nada e nem ninguém pode tirar o fato que Bella é minha esposa legalmente. Eu a amo muito. Sentia-me unido a Bella de uma forma especial, não só por um papel, mas através de nossas almas. — E o namorado dela? — Harry é gay, era só fachada deles. — Raf riu mais ainda. — Cara, isso eu sabia. Bella e ele eram estranhos e Alícia já havia mencionado que uma vez ele se hospedou na casa de Bella com um amigo. — E por que não me alertou? — Porque era cômico ver sua cara de afetado e idiota, quando ele estava perto dela. Acho que fiz papel de idiota, e o pior que meu irmão tiraria o maior sarro de mim se eu contasse a cena no hotel. — Quase bati nele. Encontrei os dois conversando no sábado e ele todo carinhoso para cima dela. Mas ele confessou quando disse que havíamos casados. De início não entendi, mas Bella me contou tudo. — Queria estar lá para ver sua cara. — Raf gargalhava quase engasgando. — E Mellaine, quando vai contar? Relembrei de como foi tenso e de como quase perdi Bella ao agir por
impulso e pena de Mellaine. — Já conversamos. E não foi nada agradável. — Como assim? — Ela não parava de ligar, insistindo com mensagens até Bella notar e me mandar resolver as coisas. Queria ter falado pessoalmente, não fiz certo com ela. Querendo ou não, estávamos em um relacionamento, mas ela insistia e acabou me questionando, dizendo que estava na cara que Bella estava entre nós dois. — Passei as mãos pelo cabelo, sentindo-me desconfortável ao lembrar a forma como foi. — Chorou e me deu pena, até cogitei em ir até ela e conversarmos pessoalmente, mas Bella surtou e disse que, se eu fosse era para não voltar mais e acabou que em nome do amor que sinto por ela eu não fui. — Eu até imagino e entendo. Bella pode ter cedido dessa vez, mas não facilitara nada com você. — Eu sei, estou muito feliz e não quero que nada estrague esse momento. Nunca imaginei que poderia sentir tanta felicidade ao lado dela. Já não vejo a hora de buscá-la, mal me concentrei hoje. — Você vai sentir-se mais feliz quando tiverem os seus filhos. Disso eu tinha certeza. De madrugada quando acordei fiquei olhando o corpo de Bella e imaginando se poderia já estar grávida e de como ficaria mais linda quando a barriga estivesse grande. — Não vejo a hora. Quero ser pai em breve ainda mais tendo Bella como
a mãe dos meus filhos. — É emocionante, indescritível. E falando em filhos já quero voltar para perto deles. Resolvi adiantar e contar sobre meu plano de me afastar alguns dias e combinamos que ele retornaria para que eu pudesse viajar com Bella. Antes que saísse entreguei a ele o extrato das despesas que desembolsei para ter minha chapeuzinho vermelho de volta. — Giovani, você é louco? — Ele levantou o papel e apontou o total com o indicador. — Duzentos e cinquenta mil dólares? — concordei com a cabeça e contornei a mesa sentando na ponta. — Sim. E...? — Raf olhava a fatura item por item. — Um anel de cento e oitenta mil? — Ele enfatizava os zeros a direita. — Vegas! — disse com tranquilidade. — Tudo muito alto, ainda mais por ter sido de última hora, e Bella mereceu cada centavo gasto naquela noite. Gastaria até mais se fosse necessário. Paramos de falar ao escutar a batida na porta e Andrea pedindo licença para entrar, trazendo Bella atrás. Esquecendo de todos ali e desesperado para sentir seu perfume e o calor de seu corpo fui em sua direção. — Já estava morrendo de saudades. — Segurei seu rosto entre minhas mãos e beijei carinhosamente sua boca. Selei seus lábios várias vezes.
— Não sabe o quanto não via hora de ir embora. Ela estava tímida e ainda receosa com os olhares de Raf e Andrea em nós dois. Sem tirar os olhos dos seus rocei com a ponta do polegar seu rosto. rocei sua bochecha com o polegar. — Mí regina! — Não que falasse nada e sem me importar com a plateia a beijei de novo. — Oi. Também estava sentindo sua falta. — sussurrou nos meus lábios e nos afastamos quando Bella virou ainda constrangida para cumprimentar Raf e Andrea. Posicionei-me atrás de seu corpo e abracei sua cintura, colocando-nos de frente aos dois. — Andrea, esqueci de pedir que entre em contato com a secretária da Bella e sincronize as nossas agendas. Vocês duas estarão encarregadas de fazer com que eu e a Sra. Valentino passemos o maior tempo juntos. — O senhor se casou? — Andrea ainda não acreditava, levando a mão na boca para expressar sua surpresa. — Sim, nos casamos. — Beijei a lateral do rosto de Bella. — Aí que felicidade, senhor. — A moça começava a querer chorar com os olhos todo marejados. — Meus parabéns! — Ela expressava sua euforia. — Andrea, agora pegue um café para nós, quero só terminar de conversar com Raf e já vou embora.
A secretária nos deixou, retornando com o café em uma bandeja. Nós três conversamos um pouco e sem querer Raf por descuido deixou Bella ver a fatura dos nossos gastos com o casamento e foi um grande impasse com ela se oferecendo para ajudar custear os gastos, jamais eu permitira que ela fizesse tal coisa. — Aonde quer jantar? Sei que não conhecia muitos lugares bons aqui em Manhattan, mas por cavalheirismo deixei que escolhesse. — Não sei, leva-me a um lugar que goste e que esteja acostumada. — Antes de entrarmos no carro prensei suas costas na lataria com meu corpo, sentindo suas curvas esguias contra meu corpo, a beijei com volúpia aproveitando que estávamos sozinhos. Escorreguei meus lábios por seu pescoço e Bella inclinava a cabeça para trás me dando mais espaço para beijar sua pele. Minhas mãos percorreram até as coxas desnudas e ultrapassaram a barra do vestido, deslizei e subi até conseguir palpar a popa da sua bunda redonda. Em resposta sua coxa comprimia meu pau já excitado e apertado dentro da calça. — Adorei a surpresa de vir aqui hoje me encontrar. — Tornei e chupar seu lábio para dentro da minha boca, apoderando em seguida da sua língua. Ao acariciar suas nádegas percebi que estava com uma pequena calcinha, atiçando minha imaginação ao pensar em como ela se perdia em suas curvas. — Porra Bella, assim eu não vou me controlar. — A diabinha sabia o
quanto eu gostava de vê-la em uma lingerie sexy. O quanto minha libido aumentava. Afastei-a e ajeitei a barra do seu vestido de corte reto branco, cobrindo suas coxas torneadas e bronzeadas. — Vamos sair logo daqui, senão vou querer mais de você e pretendo ser romântico e levar minha esposa para jantar antes. — Ela sorriu mordendo o lábio, provocando-me. Seu olhar era travesso. — E se eu preferir pular o jantar e ser sua sobremesa? — Bella você não colabora, quero levá-la para jantar primeiro e depois prometo que mostrarei o quanto você é minha sobremesa favorita, mí regina. — Selei seus lábios e afastei para abrir a porta do carro. A levaria para um dos meus restaurantes prediletos. No caminho até o restaurante deixei minha mão repousando sobre sua perna e em alguns momentos eu segurava sua mão e trazia até minha boca. À medida em que me declarava a ela eu a sentia mais relaxada. Já escutava o doce som das suas risadas contagiantes. Era como se nada entre nós fora interrompido. Acredito que Bella esteja deixando o passado para trás e como eu queria que ele não fosse mais uma sombra entre nós e, que pudéssemos viver o hoje e planejar nosso futuro. Brindamos e jantamos frutos do mar. Bebemos vinho branco e descobri que Bella era uma amante da bebida.
Algumas informações eram novas para mim. A noite estava perfeita, e tê-la ali comigo era mais que perfeito, era extraordinário, mas quando pensava que nada poderia interromper esse momento maravilhoso eis que ouço aquela voz bem próxima de nós, exatamente a nossa frente, colocando a bolsa de mão sobre nossa mesa. Sua voz melodiosa hoje me causava pavor e não conseguia me conformar que só faltava ela aparecer para deixar Bella irritada e talvez descontar em mim. Meu momento de paz estava com segundos contados pelo jeito.
Quis fazer uma surpresa e fui até o Giovani hoje no escritório. De lá seguimos para um restaurante francês, o mesmo que ele me fazia fazer reservas para jantar com a psicopata da sua ex. Fingi que não me lembrava e deixei quieto, afinal, ele pediu para que eu escolhesse e acabei deixando a escolha a seu critério. Fazer o quê? Passado é passado. Dentro de mim eu tinha certeza que ele não havia se lembrado desse detalhe, e eu muito menos o lembraria. Naquele momento eu estava me importando com o sentimento que me
transbordava e me tomava ferozmente. Cada olhar seu para mim fazia meu coração bater aceleradamente enchendo-o de mais amor. Eu o amava loucamente e Giovani fazia questão de falar, mostrar e provar que era na mesma intensidade e que estávamos na mesma frequência. Ainda era tudo muito incerto e impulsivo, estávamos casados há apenas três dias e nada poderia garantir que daqui um mês estaríamos vivendo assim. A única certeza que eu tinha é que estava acontecendo diferente de como foi da outra vez, agora eu tinha um enorme brilhante e uma aliança no meu dedo e não tinha mais o Dellatore no meu nome e sim o seu Valentino. Pensei nele o dia todo, sentindo-me uma esfomeada, querendo mais de sua presença e, pensando em agradá-lo coloquei uma minúscula calcinha de renda e passei em uma loja para comprar ligas e meias, o mesmo estava curioso para saber o que eu tinha dentro da sacola. Havia tempos que não me preocupava usar algo mais sensual, mas sabendo de sua predileção por uma ousada lingerie resolvi vestir essa noite. O jantar estava maravilhoso, conversamos, rimos, fiz várias confissões e arranquei dele seus gostos e desejos e tudo o que mudou em nós, mas fui tomada por uma grande surpresa quando eu ouvi aquela voz tão perto de nós. Fiquei estática desejando que não fosse real a imagem que brotava na minha mente ao olhar para o alto e ver seus cabelos loiros e sua silhueta de modelo. Olhei para Giovani que parecia mais ter visto um fantasma do que a ex.
Ele me olhava aterrorizado e negava com a cabeça. — Eu nunca mais a vi, juro! — Giovani já se justificava e pelo modo como agia acreditei que de fato suas palavras fossem verdadeiras. — Olha só... Quem eu vejo por aqui... Sua voz melodiosa me causava ânsia. De todas as pessoas no mundo quem eu menos esperava ver era Júlia. A encarnação do próprio satã. — O canalha com sua puta. Era de esperar que menos dias estariam juntos. — Não reagi e contemplei seu rosto com finas linhas de expressão marcando sua testa. Ainda era elegante e bonita. A medi, olhando desde seus pés até seu rosto contraído. Julia estava vestida de azul e com saltos pretos, o cabelo alinhado e curtos, como os meus, e estavam atrás da orelha. Limpei a garganta e resolvi de primeiro momento ignorá-la, como sempre fiz. Vê-la ali não era uma boa, alimentava o meu desejo psicopata de enforcá-la. Ainda não havia esquecido de quando quase fui violentada por causa das suas insanidades e amor doentio por Giovani. — Os dois não valem nada. Eu sabia que era uma puta quando Giovani era meu noivo. — Júlia! — Giovani chamou-a pelo nome com a voz imponente.
— Não começa seu desgraçado de merda. Hoje nem você e nem ninguém vai fazer eu me calar e falar tudo que quero para essa puttana. Respirei fundo e revirei os olhos. — Então, fale logo e vai embora, por favor. — disse sem paciência pegando a taça e bebericando um longo gole. Giovani não desviava seu olhar de mim. Inacreditável que logo hoje tínhamos que a encontrar. Será que eu e Giovani não viveríamos em paz? — Vocês dois não têm vergonha na cara? Destruíram minha vida e agora ficam aí desfilando de casalzinho apaixonado. — E você não tem um pingo de amor próprio por sinal. — Levantei-me ficando na mesma altura que ela. — Você tomou ele de mim. — Júlia, nos poupe das suas descompensações. Vá procurar uma ajuda médica para curar sua loucura. — Tentei me controlar e evitar uma cena maior, além de que lembrei do ditado: “o circo só pega fogo quando damos confiança ao palhaço”. — Você estragou meu casamento. — Sua voz era raivosa e nos acusava. — Já chega, Júlia. — Giovani pediu que ela parasse. — Deixa, amor. — Peguei na mão de Giovani, provocando-a. — Ela é louca. — Eu sou louca? — Ela começou a alterar o tom de voz chamando a
atenção das mesas mais próximas. — Sim, louca. — Virei de lado soltando da mão de Giovani como se eu fosse avançar para cima dela. — Seu pai o chantageou por nove anos. Você e aquele velho maldito só teve uma parte do próprio veneno. Não se esqueça que mesmo seu pai estando morto a promissória de que você nunca viria atrás de mim continua. Então nos faça o favor, pega sua insignificância e vá embora, está ficando feio para você. Giovani nunca te amou, era conveniente para ele. Agora sou a puta dele sim — Aproximei e sussurrei: — A puta que goza no pau dele e o faz gemer chamando o meu nome. — Empurrei-a levemente e sorri. — Outra coisa que sou dele e você não. A esposa! — Fiz questão de mostrar-lhe a grande pedra preciosa e a aliança que Giovani me deu. Sentei e retornei a comer como se ela não estivesse ali parada como se fosse dois de paus. Olhei para ele e sorri, mostrando que eu não estava dando a mínima para ela. — Puta de quinta categoria é o que você é. — Minha paciência se esgotou e não pensei duas vezes ao me levantar e esbofeteá-la, deixando o sinal vermelho marcado no seu rosto alvo. — Bella! — Giovani levantou-se rapidamente me impedindo de avançar sobre a Júlia ao me abraçar. — Carinho, por favor! — Respirei fundo e relaxei entre seus braços. Por ter sido amante de Giovani paguei um preço alto, que até hoje sou
cobrada e estereotipada. Frustrada afastei seus braços e virei as costas. — Giovani, você não vai falar nada? — Como no passado Júlia pedia a intervenção dele em defendê-la. Cruzei meu olhar com o de Giovani esperando que ele tomasse uma postura que há anos esperava. — Falar o quê? Não devo satisfações da minha vida para você, não tenho que te defender, terminamos há quatro anos, Júlia. Hoje sou livre. Não! Não sou livre, tenho minha esposa e é para ela que tenho que prestar contas do que faço. Se puder nos dar licença, gostaríamos de terminar nosso jantar em paz. — A reação de Júlia foi inesperada ao pegar o copo de gim e tacar todo o líquido nele. — Vocês vão ainda pagar caro pelo mal que me fizeram. O garçom estava preparado e veio em direção a Giovani, ajudando-o a enxugar a bebida que escorria por seu rosto. Desconcertada me sentei sem olhar para as mesas vizinhas que observavam a confusão. — Vamos embora, por favor! — Pedi. Estava constrangida demais para ficar ali. — Bella! — No momento eu não queria falar e o ignorei. Ele não teve culpa hoje. Eu estava mesmo era revoltada por mais uma vez ter sido humilhada e comparada como se eu fosse uma prostituta. — Carinho, por favor não deixe que ela estrague nossa noite. — Tentei sorrir, mas não me animei e assim que a conta chegou e Giovani a pagou sai
daquele restaurante sob olhares curiosos. Fiquei quieta boa parte do caminho até que não aguentei. — Deveria ter deixado Júlia morrer com aquele contrato. Estou cansada de ser rotulada quando se trata de você. Não percebi que havia parado o carro e segurou meu rosto entre suas mãos. — Você é incrível. Não é nada do que ela e Luca dissera. Você é a mulher da minha vida e vou te provar isso todos os dias. — Será mesmo que foi uma boa nos casarmos? — Tinha minhas dúvidas quando algum fato ou alguém do passado vinha lembrar-me de como éramos complicados. — Bella, para com isso. Júlia é uma descompensada, você nunca me tirou dela. Se não fosse por ela estaríamos juntos há mais tempo. — Giovani não gosto que me acusem de ter estragado seu casamento e muito menos que me chamem de puta. — Eu sei carinho, mas não deixe isso nos afetar, passei o dia todo relembrando e fazendo planos para nós dois. Seus lábios me acalmaram ao me beijar lentamente e apaixonadamente. Durante o percurso até o apartamento tentei não pensar mais no ocorrido. Mudamos de assunto e deixei claro que não aceitaria mais esses vexames. Giovani sentia o clima tenso e tentava amenizar, conseguindo, ao me informar que já tinha alguns roteiros de viagem e opções para aonde poderíamos
ir. Por um momento acabei me esquecendo e tentei não mais pensar e tocar no assunto daquela doida. Estávamos dentro do elevador quando ele interrompeu o silêncio. — Pensei que poderíamos ir para algum lugar paradisíaco, eu gostaria de relaxar com você em um lugar aonde ninguém nos perturbasse. — Já tem algum em mente? — perguntei ainda receosa. — Sim, Polinésia Francesa. Vou gostar muito de te foder naquelas águas claras. — Ele sorriu maliciosamente com o canto da boca. — Não é uma má proposta. — Rebati e sorri. — A não ser que queira que eu te coma na Europa com a vista para Torre Eiffel. — Duas boas propostas para se analisar. — Ele me prensava, encurralando-me contra a parede de espelhos do elevador. — Mas escolhe aonde quer ir, qualquer lugar no mundo vai ser especial por estar com você. — Está muito romântico Don Valentino. — Não gosta que eu seja romântico, Sra. Valentino? Sorri e torci os lábios, em tom de brincadeira. — Danadinha, você gosta que eu seja rude. Que te foda com força. — Encurvava a cabeça para buscar por minha boca. — Na verdade, eu gosto de qualquer jeito, desde que seja com você.
— Vejo que o bom humor retornou. — Mordiscou minha boca e dengosamente reclamei me esfregando em seu corpo viril. Sempre fomos assim: o toque, o carinho, o desejo despertava em nós a libido incontrolável. Não esperamos entrar e ir para o quarto, dessa vez nem as roupas tiramos para transarmos selvagemente sob o aparador do corredor, onde estavam algumas fotos minhas, agora caídas e porta-retratos quebrados pelo chão. Foi tudo tão impensado e gostoso que aliviamos a tensão dessa maneira, liberando o orgasmo ao mesmo tempo. Um no braço do outro. Após a explosão e a transa desesperada, Giovani me carregou até o banheiro e tomamos banho juntos. Exaustos depois de transarmos sob a água morna, antes de dormir me aninhei junto ao seu corpo e adormeci sentindo o afago em meus cabelos.
Fazia um mês em que minha vida estava agora como sempre quis. Feliz era um pequeno adjetivo do que realmente eu sentia. Eu e Bella não discutíamos mais, cada vez sentíamos mais apaixonados um pelo outro, permitindo esquecer tudo que se passou e, agora, há seis dias eu desfrutava deste paraíso com ela. Escolhemos nos afastar por uma semana e nosso destino foi a Polinésia Francesa, exatamente na ilha de Bora bora. Uma escolha incrível para marcar um momento só nosso. O local era perfeito, com suas águas cristalinas, com suas praias de areias brancas e coqueiros rodeando. Nos hospedamos em um resort que oferecia
bangalôs suspenso por palafitas sobre a água translúcida. Estávamos encantados com o local, um verdadeiro paraíso. O hotel nos oferecia conforto e privacidade com suas acomodações impecáveis. Estávamos em lua de mel, não nos preocupamos com telefonemas e problemas para serem resolvidos. Era somente nós dois. Ligamos ontem para nossas famílias a título de saberem como estavam, um telefonema breve. Prometemos que nesses oito dias seríamos um a prioridade do outro e por isso optamos por um lugar longe e que fosse mais que especial. Nossos dias se resumiam a conhecer um pouco mais do local, fazendo passeios de barco. Aliás, foi maravilhoso transar com Bella em alto-mar. Fizemos mergulho para ver a quantidade de corais que a ilha abrigava. E na noite passada participamos de um luau ao melhor estilo do Tahiti. Bella estava linda, vestida com um longo e esvoaçante vestido branco de algodão, havia uma flor amarela presa em sua orelha e sua pele estava mais bronzeada. Eu a esperava sentado em uma das banquetas do bar e quando a vi fiquei estático, ela caminhava graciosamente pela areia branca e fofa da praia, o tecido que cobria seu corpo esvoaçava com a brisa marítima. Estava vivendo dentro de um sonho e não queria nunca mais acordar dele. Era inexplicável o que sentia por ela, nada que eu conseguisse expressar em palavras.
Jantamos naquela noite assim como nas outras, na praia, a luz de velas e com tochas acesas ao nosso redor. Estava sendo especial e não me contive ao ajoelhar-me diante dela e declarar todo o amor que eu sentia, relatando e expressando como se fosse explodir de tanta felicidade. Compartilhávamos da mesma cumplicidade, do mesmo sentimento e do mesmo desejo. E naquela noite a levei para nosso bangalô e fizemos amor, não transamos e nem fodemos. Foi calmo, lento, apreciado, com toques e carícias gentis, nos amamos e sentimos a intensidade de se entregar de corpo e alma, adormecendo um nos braços do outro. *** Quando acordei encontrei o seu lado vazio, o lençol revirado e senti-me frio e solitário sem sua presença. Aonde Bella teria ido pela manhã? Fiz a mim essa pergunta ao levantar e não a achar ali. Talvez tenha ido até a área central do hotel e ao sair, para ir à sua procura a encontrei vestida com um minúsculo biquíni branco, em pé, observando a extensão das águas límpidas do pacífico. Ela não havia me reparado e sorrateiramente aproximei e a enlacei pela cintura, escorregando meu nariz por todo seu pescoço, sentindo seu delicioso cheiro de mulher, desejando-a, ao ver
todo seu corpo com a pele iluminada e bronzeada, o contorno da sua bunda empinada e os dois furinhos no meio das suas costas. — Bom dia, amor da minha vida! — Sei que sorriu e isso alimentava-me a querer mais e a me dar mais para ela. — Bom dia, meu grande amor! — Sua voz estava calma e terna. Não me contive e deixei que minha mão involuntariamente deslizasse por sua pele macia. — Estou com fome! — sussurrei e mordisquei o lóbulo de sua orelha, demorando com a boca. — Então, vamos tomar café. — Minha fome é de você. Quando mais a tenho mais a quero. Como isso é possível? — Parei com as mãos sobre suas mamas e afastei o tecido do biquíni para o lado e estimulei com beliscões seus mamilos. Bella gemeu e esfregou sua bunda no meu pau já ereto. Essa mulher me mantinha constantemente excitado e pouco saciado. Meu apetite por ela, era como um vício que cada vez mais eu precisava ingerir doses maiores da droga para me aliviar. — Me alimente! — Pedi e deixei uma mão escorregar até seu púbis e invadir sua calcinha buscando por seu clitóris inchado. — Seria um grande pecado deixá-lo passar fome. — Apertou minha mão contra sua vagina, depilada, lisa, deliciosamente e absurdamente molhada. Olhei para o lado a fim de ver se alguém estava nos vendo e como a pedido tínhamos
ficado no último bangalô, então estávamos a ermo. — Poderíamos entrar. Alguém pode nos ver aqui. — disse ressabiada. — Não me importo, estou louco para te comer aqui, ao ar livre sob o sol. — Você é louco! — Alcancei a entrada lubrificada da sua vagina e introduzi dois dedos. — Sou! Louco por você. — As pequenas e delicadas mãos de Bella alcançaram minha ereção, tirando-a para fora da bermuda. Fechei os olhos ao sentir o movimento de vai e vem que fazia em meu pau. Prendendo-o e espremendo dentro de sua mão fechada em torno dele. Havia um banco com almofadas para duas pessoas na lateral de trás e alucinado, morrendo de tesão a conduzi até ele. — Carinho, ajoelhe em cima do banco. — Como mandei, Bella subiu ajoelhando-se e segurando no respaldar. A danada sabia e queria tanto quanto eu foder ali correndo o risco de alguém nos ver. O que aumentava a excitação. Bella arrebitou a bunda e me livrei do short, ficando totalmente nu. Sua bunda era tão redonda e vendo-a por trás parecia um coração de ponta cabeça ao afunilar na cintura delgada. Afastei a calcinha do biquíni para o lado e contemplei sua bocetinha rosada, iluminada e lambuzada. Era perfeita e me acolhia muito bem. Masturbeime e a estimulava com os dedos, louco para senti-la me ajeitei colocando uma das pernas em cima do banco e me posicionei esfregando a cabeça do meu pau
no seu clitóris. Escorregava-o sentindo sua excitação. — Por favor! — ela choramingou. — O que foi, gostosa? — Me fode logo. — disse impaciente. — Não! Só se pedir com carinho. — Brinquei. — Por favor, meu amor, meu homem, meu macho... — Ri e luxuriado arremeti, invadindo-a com tudo. Fiquei parado sentindo seus músculos contraírem me esmagando. Segurando em sua cintura encurvei-me e distribui leves mordidas em seus ombros. Bella remexia o quadril pedindo para que eu me movimentasse dentro dela. Investi duramente, sentindo meu saco bater em suas coxas melando-o todo com sua lubrificação. Arremetia sentindo o deslizar na quentura de sua gostosa boceta. Ondulei e encurvado alcancei seu seio e fechei a mão sobre ele e o apalpei. Bella se remexia e rebolava, torturando-me, estava tão duro e louco para gozar que movimentei com mais pressa e força, desesperado para ter mais dela, segurei-a junto do meu corpo e ainda enterrado dentro do seu me virei e caí sentado com ela de costas para mim com suas pernas arreganhadas se posicionando ao lado das minhas coxas. Nos ajeitamos e Bella começou a descer
e subir me engolindo por inteiro, sentando-se. Eu a ajudava a não perder o ritmo segurando em sua cintura com uma mão e com a outra alcancei seu clitóris esfregando-o com força e não demorou muito para senti-la esquentar, e molhar mais a cabeça do meu pau, contraindo sua vagina. A sensação plena me fez gozar na mesma intensidade que seu corpo reproduzia. Os tremores cessaram e Bella ainda comigo dentro desabou em meu colo, colando suas costas em meu peito suado. Estava ainda mais calor depois dessa foda. — Carinho, desse jeito não vou conseguir passar um dia sequer sem você. — Sua cabeça tombou em meu ombro e virou o rosto deixando sua boca rente a minha. Beijei-a, curtindo ainda seu delicioso corpo à mercê das minhas mãos.
O tempo passou depressa e como desejava voltar naqueles dias em Bora Bora com Giovani, foram dias inesquecíveis, momentos que jamais um dia pensei em viver com ele. Estávamos há três meses casados, tentávamos ao máximo conciliar nosso tempo e tentar ficar juntos mais vezes. No início intercalávamos a cada cinco dias em Nova Iorque e Los Angeles, mas nesse último mês não conseguimos, e começamos a intercalar por semanas. Decidimos no momento não pensar em nada, mas estava mais apaixonada ainda e disposta a me sacrificar e ficar mais tempo em Nova Iorque com ele. Russel e Tony estavam sobrecarregados e esse era o fato principal que me impedia ainda de fazer isso. Precisava ainda reger meu posto e zelar por aqueles que acreditam em
mim, não poderia desapontá-los e assim disse para Giovani que soube entender. Aliás, com tudo ele estava sendo compreensivo, até pelo fato de ainda não estar grávida. Mês passado procurei uma médica para saber o motivo de eu não ainda não estar, a mesma me disse que ainda era cedo, que fazia apenas dois meses que estava casada e que toda essa agitação e estresse poderia estar prejudicando. Além da minha ansiedade e de Giovani que nessas últimas semanas expressava a todo momento o quanto queria ser pai. Até achei que estava grávida, mas fiquei triste, chateada quando vi o pequeno borrão de sangue no fundo da calcinha. Como estava em Malibu e Giovani em Nova Iorque resolvi não contar, sei o quanto estava tão ansioso como eu para que eu tivesse com a menstruação atrasada e já sentindo os sintomas. Minha mãe conversou comigo e pediu que ainda não pensássemos em filhos até ver como seria os primeiros seis meses de casados, mas minha vontade e desejo por ser mãe, de um filho de Don Valentino, só aumentava e resolvi ignorar seus conselhos. Resolvi não pensar mais, talvez toda essa tensão de ela falando na minha cabeça e minha ansiedade por querer engravidar estava atrapalhando. Focaria agora e a hora certa chegaria. Dois meses depois...
Estava no meu restaurante predileto de frutos do mar, com a vista de um longo deque para o mar. Eu olhava impaciente para Harry que estava em uma longa discussão com James ao telefone; gesticulava para ele informando-o que eu estava com fome e o tempo escasso e por fim depois de longos minutos o mesmo desligou o telefone. — Desculpa, Be. Mas eu James andamos brigando muito e estou achando que estamos no fim. — Sua voz além de nasalada era dengosa. — Harry, acho que essa relação de vocês estão se tornando tóxica cada vez mais. Deveria pensar no que é melhor para você. Talvez seja a hora de darem um tempo, sei lá. — Terminei de falar e levei o garfo com boa porção de risoto de lula à boca e ao mastigar senti meu estômago revirar e não se agradar do que estava comendo. Repousei o talher no prato e dei uma longa golada na água, limpando meu paladar, talvez fosse o vinho branco que amargou as papilas gustativas. Tentei novamente comer e me senti pior ainda, tendo vontade de vomitar ali. — O que está acontecendo, Bella? — Harry me perguntou preocupado. — Nada, só acho que estou com uma intoxicação alimentar. E não estou me sentindo bem. — Bella, você não está grávida? — Parei para pensar e imediatamente neguei com a cabeça. Há um mês eu não pensava mais na bendita gravidez quando chegou o
comunicado que eu e Giovani deveríamos nos apresentar no conselho em Nápoles, o que aconteceria em dois dias. Amanhã encontraria com ele aqui para viajarmos. Mas não me preocupei e, após Harry cogitar eu me peguei parada ali na sua frente fazendo cálculos e tentando lembrar quando foi a última vez que menstruei e me dei conta que havia dois meses. Antes estava tão ansiosa que meu relógio biológico funcionava me decepcionando e agora dois meses depois eu não havia nem me dado conta. Encostei na cadeira levando as mãos no rosto e comecei a chorar, feliz com a grande possibilidade de realmente estar grávida. Não queria pensar que não estivesse, eu queria muito completar e preencher minha vida com um filho de Giovani. — Pode ser, Harry! — disse esperançosa. Ansiosa para saber se realmente estava não terminei de comer e ainda com o estômago embrulhando pedi ao Harry que me acompanhasse até uma farmácia. Já estava em cima do horário para uma reunião e ir até um laboratório levaria mais tempo e eu não poderia esperar para confirmar minhas suspeitas. *** Comprei logo cinco testes de diferentes marcas. Precisava realizar todos caso um desse negativo, e como a esperança é a última que morre eu teria mais
quatro testes para tirar a prova se realmente não estava. Depois dos últimos meses eu criava expectativas e eu tinha certeza que menstruei há dois meses e lá no fundo eu sentia que dessa vez eu poderia estar. No caminho até a gravadora eu bebi muita água e Harry ao meu lado estava tão nervoso quanto eu, tanto que ao entrar e passar pelas secretárias me esqueci de cumprimentá-las. Mais que depressa fui para o banheiro que havia na minha sala e me tranquei. Dois, três, quatro minutos e nada de chegar os cinco minutos. Eu encavara a porta com medo de me chatear ao não ver os sinais de positivo e nem os dois almejados risquinhos. Temerosa deixei os testes sobre a base da pia e saí, juntando-me ao Harry. — E aí? — ele perguntou tão ansioso quanto eu. — Não sei! — Dei de ombros. — Estou com medo! — Sua doida! — Deu um tapa em minha perna e foi até o banheiro e gritou lá de dentro. Enchi-me de esperança com sua reação eufórica e comecei a chorar ao vê-lo sair do banheiro segurando os testes em forma de leque na mão. — Temos um Donzinho a caminho, Queen Be. Eu sorria parecendo que o canto dos meus lábios estouraria, tamanha era minha felicidade e involuntariamente, sendo clichê, levei minhas mãos no baixo ventre e acariciei olhando para minha barriga imaginando meu bebê ali dentro. Harry dava pulos de alegria e aquele momento mágico foi interrompido
pela entrada de Norma me avisando que estava atrasada para a próxima reunião. — Obrigada, Norma. Avisa que já estou indo. — informei, sendo direta para que a mesma saísse logo dali. Enxuguei as lágrimas com a ponta dos dedos. — Vai ligar para o Capo gostosão agora e contar que ele vai ser papai? Ainda estava processando a notícia de que seria mãe que não parei para pensar como contaria ao Giovani a boa notícia. Talvez fosse melhor esperá-lo chegar amanhã à noite e preparar algo especial para contar a novidade. Eu estava grávida do homem que um dia me tomou sem saber quem eu era, que me fez chorar muito quando optou por se casar com a outra e que agora era meu marido. E eu o amava muito! *** Cheguei a casa e pedi que minha governanta preparasse algo leve, depois do enjoo que senti no almoço eu queria comer algo que não me fizesse passar mal. Hoje o dia na gravadora foi conturbado e depois de descobrir que estava grávida eu mal consegui me concentrar. Precisava tomar um banho e comer algo, agora era mais que essencial que me cuidasse por causa do bebê. Estava saindo do banho quando o telefone tocou. Era Giovani, hoje não
conseguimos nos falar no meio do dia, sei que estava corrido para ele também devido a nossa viagem a Nápoles depois de amanhã. — Olá, meu amor. — Estou com saudades. — Sua voz era de alguém cansado. — Eu estou também. — respondi carinhosamente. — Como foi seu dia? Tive alguns problemas e não consegui te ligar antes. — Aqui também foi bastante corrido. — Queria contar a novidade assim que ouvi sua voz, mas estava me segurando. — Aonde está? — Em casa, acabei de tomar banho. — Que delícia, eu queria estar aí e tomar banho com você. Sorri e me sentei na cama ainda enrolada com a toalha presa na axila. — Só de pensar no seu cheiro, após o banho já estou excitado. — Amanhã mataremos essa excitação. — Sei que se eu desse corda acabaríamos nos masturbando falando sacanagens um ao outro pelo telefone. — Quero te foder inteirinha. Quero meter nessa sua bunda gostosa. Em Bora Bora, Giovani conseguiu me convencer a fazer sexo anal, ainda um tabu para mim e no dia em que resolvi atender seu pedido foi na noite que antecedia nossa volta. Estava muito excitada, após ele me comer e fazer gozar várias vezes, e quanto mais ele me tocava mais excitada eu ficava e foi quando ele me pediu sussurrando e resolvi tentar. Giovani tem o pênis grosso, não
exageradamente grande, mas sua circunferência era acima do normal e quando começou a introduzir senti dor, algo ruim e me arrependi imediatamente, mas deixei que continuasse e quando estava completamente com seu pau todo dentro da minha bunda ele ficou parado alguns minutos e a dor aguda passou, e movimentou-se lentamente me masturbando e introduzindo seus dedos na minha vagina, confesso que de início achei que morreria de dor, mas conforme eu era estimulada e excitada eu gostava e acabei tendo um dos melhores orgasmo da minha vida. Agora era comum e quase em todas as vezes eu pedia para ele foder atrás. — Eu também quero! — Vai se tocar agora pensando na forma como gosto de foder sua bocetinha e seu cuzinho? — Não me contive e deixei minha mão escorregar entre os grandes lábios e abri as pernas. Toquei-me imaginando e lembrando da sensação de ter seu pênis me invadindo. — Só se você se masturbar, segurando seu pau delicioso. Estou doida para chupá-lo. — Sorri satisfeita com o gemido rouco do outro lado da linha. — Carinho, se eu disser que quando mencionou ter saído do banho eu já estava me masturbando pensando no quanto é gostosa. — Então se masturbe pensando que vai esporrar na minha cara e eu vou lamber até a última gota. — Eu me tocava e aumentava a fricção sobre meu clitóris, foi rápido e intenso quando gemi fechando os olhos, sentindo-me arrepiada e meu ventre todo contrair.
— Porra! — Giovani emitia sons guturais e eu sabia que ele estava gozando também. Respirei fundo ainda amolecida com a intensidade que tive o orgasmo. Depois de mais uma vez fazer sexo por telefone conversamos de coisas corriqueiras, sobre a viagem e o que esperar, mas em nenhum momento contei sobre a novidade, resolvi que seria pessoalmente. *** O dia seguinte transcorreu ainda mais agitado e já estava quase dando a hora de Giovani chegar quando decidi ir a uma loja de bebê comprar algo que simbolizasse e que eu pudesse presenteá-lo com a notícia. Guardei um dos testes e na loja escolhi um par de sapatinhos brancos simples, não sabíamos o que o bebê seria, então comprei algo com uma cor neutra. Pedi que a atendente o embrulhasse e colocasse junto o teste. Ela sorriu e me parabenizou. Senti-me nesse momento como mãe e sua devida importância nesse papel. Daria a ele ainda hoje, mas depois, quando fossemos dormir, esperaria o momento em que ficássemos a sós. Dona Ana, minha sogra viria junto e viajaria conosco. Minha mãe e Tony também estariam presentes, pensamos em passar um momento familiar, Raf ficaria no lugar de Giovani e Russel em meu lugar.
*** — Boa noite, carinho. — O carro estacionou na garagem da enorme casa onde eu morava em Malibu, e para me recepcionar Giovani abriu a porta me ajudando a sair do veículo diretamente para seus braços. Nós nos beijamos cheios de saudades. — Estava com tantas saudades. — disse ao desgrudar de sua boca. — Também estava. Venha precisamos conversar, mas antes preparei um banho para você. Giovani, quando vinha me esperava sempre muito carinhoso e receptivo. Às vezes mandava preparar um jantar romântico em casa e em uma das vezes organizou um jantar literalmente à beira mar, assim como foi em Bora Bora. Entramos em casa abraçados sendo conduzida diretamente para meu quarto e despida pelo meu marido. Ele havia preparado um banho de banheira com sais e pétalas de rosas. — Confesso que está me surpreendo muito com seu lado romântico. Por baixo dessa sua cara de cafajeste safado existe um lorde. — Abracei-o e mordisquei seu queixo enquanto suas mãos seguravam as laterais do meu rosto e selava meus lábios. — Eu disse que te provaria dia após dia o quanto te amo. Sorri, feliz, muito apaixonada e sendo correspondida.
Na verdade, o banho não foi para mim, sentei-me na banheira no meio das pernas dele e encostei minhas costas em seu peito, suas mãos habilidosas massageavam meus ombros, tirando-me toda a tensão do dia. — Luca também vai para Nápoles. — Estava relaxada quando me contou que levaria o irmão junto. Sei que Giovani era muito família, mas eu não consegui ainda digerir a humilhação que passei naquele almoço. Fiquei parada esperando que continuasse e qual desculpa daria para mais uma vez aceitar a imaturidade e a impulsividade do irmão. — Me pediu perdão disse que está arrependido do que falou e quer se desculpar com você também, mamma implorou que eu o perdoasse e deixasse-o conviver de novo nos programas de família, ainda mais porque está namorando e quer nos apresentar sua namorada. Mesmo com os movimentos relaxantes de sua mão eu agora não conseguia entender como eram tão falhos com Luca, mimando-o até hoje e aceitando suas péssimas atitudes. — Carinho! — Tentei esboçar um meio sorriso, não estava satisfeita. Giovani tentou olhar nos meus olhos, mas eu o evitei. — Bella, por favor é meu irmão. Temos que ter fé que ele está mesmo arrependido. Luca me prometeu que nunca mais fará nada para te atacar. Fiquei por segundos em silêncio decidindo o que falar. — Giovani, só não concordo com a forma como ele manipula e você acaba cedendo aos caprichos da sua mãe. Como pode ser tão inocente.
— Eles são minha família. — ele disse seco e levemente irritado. Levantei-me da banheira e deixei-o sozinho. Secava-me e enrolava a toalha no meu corpo quando Giovani me questionou: — Aonde vai? Espera aí! — Eles são sua família. — Repeti sua fala. — E eu pelo jeito não sou nada, como sempre. — Chateada não esperei para ouvir o que falaria. Estava me trocando quando Giovani veio atrás de mim, ficando parado na entrada do closet. — Bella, hoje você é uma das pessoas mais importantes para mim, então não fala besteiras. — Não quero discutir com você. — Terminei de me trocar e passei por ele, deixando-o sozinho novamente. Não fiquei no quarto e não sei se viria atrás de mim, mas fui para a cozinha precisava comer algo, afinal, eu não poderia mais pensar só em mim agora, estar grávida não é simplesmente realizar-se como mulher é ter responsabilidades e no momento nem Giovani nem ninguém me tiraria do privilégio de cuidar da minha gestação. Estava sentada apoiada na ilha e comendo um lanche quando Giovani entrou na cozinha. — Precisamos conversar e não vai me deixar sozinho de novo. — Se posicionou ao meu lado e mostrando indiferença eu o olhei.
Fiquei chateada com o modo que o irmão faz e acontece e Giovani acha que um pedido de desculpas apaga tudo. — Já disse que não quero discutir e muito menos me aborrecer. — Você é muito mimada. As coisas não funcionam assim. Senti meus olhos arderem e me segurei para não chorar ali na sua frente. — Que porra, Bella. — O prato sobre a bancada balançou quando fechou o punho e bateu no mármore esbarrando na louça. Respirei fundo controlando a vontade de deixar as lágrimas rolarem. — Quer saber, não quer conversar não conversa. Venho fazendo de tudo para te agradar e tudo tem que ser do seu jeito, nunca cede em nada. Olhei e encontrei sua fisionomia fechada, com a testa vincada, mostrando o quanto estava irritado comigo. Apertei os dentes me segurando. Era para ser diferente nossa noite. Era para estarmos comemorando a notícia e não estar aqui discutindo. Eu não daria o braço a torcer... Ele ficou lá me olhando e quanto terminei de comer coloquei o prato na pia e antes de sair perguntei: — Vai ficar aí, eu vou me deitar. Não esperei por sua resposta e fui para o quarto, mas sei que estava logo atrás, suas pisadas eram firmes. Acomodei-me e afofei os travesseiros e deitei, dando as costas. Não contive a força maior do choro e tentei não fazer barulho ao chorar.
— Bella! — chamou-me com o tom da voz controlado e baixo. — Carinho! — Senti seu peso debruçar sobre mim tentando ver meu rosto. Escondi a face no travesseiro impedindo que me visse chorando. Suas mãos me puxaram, virando e me posicionando sob seu corpo. — Por que está chorando? — Engoli o choro e funguei tentando conter as lágrimas. Balancei a cabeça, indicando que não era nada. — Carinho, não fica assim, eu te amo tanto e não me importo de mimála. É um prazer para mim, só peço que compreenda o quanto nesse momento deixar minha mãe se sentir bem é importante. E eu disse ao Luca que se ele faltar com o respeito com você eu o banirei da família. Escutar o quanto tentava ser amável nesse momento me deixava com mais vontade chorar. — Não chora, por favor. Não gosto de vê-la triste assim, vamos passar um fim de semana incrível, quero levá-la aos lugares que gosto em Nápoles. Giovani secou minhas lágrimas e voltou a deitar de costas e me puxou para deixar a cabeça repousada em seu tórax. — Quero te levar para almoçar vendo o mar no melhor restaurante de toda Itália. Aconcheguei-me abraçando-o e adormeci.
Após o clima tenso da noite passada agora de manhã, Bella estava mais amigável, não tocamos mais no assunto da discussão e entendi que essa era a forma como lidava para esquecer. Respeitei sua maneira e não queria brigar, eu a amava e discutir com ela não me fazia bem. Por duas vezes ontem fiquei falando sozinho e isso me causava medo de perdê-la, mas também não poderia ceder sempre e deixá-la mal-acostumada achando que sempre eu cederia aos seus caprichos. A entendia e sei que aceitar um simples pedido de desculpas depois que Luca fez, não era tão fácil assim. Por isso quando a vi chorar não me contive e
baixei a guarda, cedendo de novo. Agora estávamos voando para Nápoles. Há mais de um mês fomos convocados a prestar esclarecimentos pela informal união e discutir o futuro do clã Dellatore, sei que isso também estava deixando Bella sobrecarregada e apreensiva. Andei conversando com alguns membros do conselho e fazer a fusão dos Dellatores com os Valentinos seria a melhor opção, assim eu traria Bella para o meu lado e não ficaria nos vendo em dias intercalados. O problema seria Bella concordar e não surtar comigo por promover essa situação. Pedi aos conselheiros que não mencionasse que essa ideia partira de mim ou meu casamento estaria em risco. Conhecia muito bem a esposa indomável que tinha e em qualquer menção dela se sentir controlada por mim causaria a terceira grande guerra mundial. Beijei o alto da sua cabeça repousada em meu ombro, estava dormindo, minha mãe e a dela conversavam nas primeiras poltronas e o irmão, estava lendo. A aconcheguei melhor, abraçando-a quando se remexeu. — Já chegamos? — ela me perguntou ainda de olhos fechados. — Ainda não, carinho. — Seu braço rodeou minha cintura e adormeceu novamente. Fechei os olhos pensando em como ela reagiria quando soubesse quem
era a nova namorada de Luca. Fui informado desse pequeno detalhe quando estávamos entrando no avião e mamma segurou em meu braço e pediu que eu não fizesse nada, eu estava bem resolvido e sabia quem era a mulher da minha vida, e Mellaine não representava mais nada, o problema seria com Bella e já imaginava como reagiria, o que me deixava ansioso e temeroso. Estava torcendo que o avião deles chegasse antes, para me dar tempo e contar antes que a visse. Sei que se sentiria traída e me acusaria de estar aceitando e ser conivente. Tê-la era viver com esse risco de ainda pagar o preço do passado, sei que ainda era recente e mesmo que deixasse sempre as claras que eu a amava ainda tinha a velha insegurança que a tornava arisca com tudo. Não percebi quando acordou e ficou me olhando, estava tão preocupado e pensativo que estava de olhos fechados. — Acho que estamos chegando. — ela afirmou me fazendo abrir os olhos imediatamente ao escutar sua voz. — Ainda não me passaram a posição de voo, carinho. Bella ergueu seu rosto e não resisti ao ter sua boca tão próxima e a beijei ainda receoso com a possibilidade de me rejeitar, por causa da nossa discussão de ontem à noite, mas foi puramente um medo bobo, já que me correspondeu na mesma intensidade. — Te amo tanto. — Não cansava de dizer isso a ela, era como se eu quisesse firmar mais que minhas ações, provando que eu havia mudado para tê-
la comigo. Escorreguei as pontas dos dedos contornando seus traços faciais. *** Chegamos ao entardecer no Castelo Dittorini. Bella e eu adentramos de mãos dadas, com os dedos entrelaçados. Estávamos rindo de Tony e seus casos perdidos, das mulheres se jogando aos seus pés. Porém, não consegui reagir e fiquei parado quando estávamos no hall de entrada e Luca descia as escadas de mãos dadas com Mellaine. — Tenho uma surpresa para você essa noite. — Estávamos de pé, abraçados esperando nossas mães no hall e Bella de costas para a escadaria. — O que está aprontando sua diabinha? — Mordi sua boca brincando. Fingi não ter os visto. — Acho que vai gostar... Não, você vai amar. — Ainda bem que estávamos começando a esquecer o episódio de ontem, mas isso era por pouco tempo, ainda era vago saber qual seria sua reação e temi por uma explosão quando Luca nos chamou. Olhei na direção da voz, mantendo Bella em meus braços de costas para eles.
Respirei fundo já pensando em como remediar a confusão que aconteceria ali, não tive tempo e nem encontrei um melhor momento para contar ainda que Luca e Mellaine estavam namorando e sei que Bella surtaria achando que eu tinha algo ainda com minha ex. Sei que era difícil compreender uma coincidência dessas. Esfreguei com a mão todo meu rosto quando Bella virou ficando de frente com os dois notando quem era a acompanhante de Luca. — O que ela faz aqui? — Já previa a pergunta e agora era hora de tentar apaziguar a tempestade que viria. — Calma! — A conduzi, quase a arrastando para subirmos e conversarmos a sós. — Calma, porra nenhuma, Giovani. — Ela puxou o braço se soltando das minhas mãos. — Amor, por favor. — Ficamos parados frente a frente no primeiro degrau da escadaria que nos levaria até a ala oeste, onde eram nossos aposentos enquanto estivéssemos ali. — Nada de amor, por favor. O que ela faz aqui? — Bella aumentava o tom de voz. — Luca pediu para trazê-la. E por favor, a... Bella vamos conversar lá em cima. — O que eu perdi que você esqueceu de me contar, Giovani? — Respirei
fundo e já esperava que seria assim. E sei que só estava começando mais um impasse entre nós dois. Queria que Bella compreendesse o quanto estava me esforçando para me doar a todos, inclusive a minha mãe que ainda virava e mexia sentia e sofria o luto por meu pai. — Vamos conversar lá em cima. — Olhei para o alto e em direção aonde queria que ela fosse comigo e antes que eu pudesse tocá-la Bella subiu me dando as costas, ignorando não só a mim, mas os dois que se aproximavam de nós. — Me de licença, vocês dois. — Tentei ser educado antes de subir e ir atrás dela. Subi os degraus de dois em dois, já apressado para tentar amenizar a situação. — Bella! — chamei-a quando estava adentrando no quarto e quase levei uma porta no rosto quando a alcancei. Abri a porta mais forte e entrei no quarto fechando-a nas minhas costas. Bella estava parada de braços cruzados próximo a porta que dava acesso para a sacada. — Luca pediu para trazê-la e como estão namorando não vi mal nenhum. — Você acha mesmo que sou idiota? Em acreditar nessa desculpa. Não acredito que você virá com essa para cima de mim. — Seus olhos mostravam o quanto estava desconfiada tirando conclusões precipitadas.
Suas deduções não poderiam ser boas e eu precisava acabar com essas dúvidas antes que fosse tarde. — Bella, pelo amor de Deus me escute. — Tentei me aproximar, mas ela se esquivou de mim quando tentei encostar em seu braço. — Não é possível que ainda acha que caio nas suas palavras. — Sua voz era chorosa e vi o quanto estava magoada. — Ei! Calma, não é isso que você está pensando. Eu te amo! — A encurralei contra a parede. — Não tenho nada a ver com isso e não vou te trair, eu quero você. Calma. — Você poderia ter falado, não. Até quando vai mimar o Luca? — Estava certa eu poderia ter falado não e ter evitado todo esse desconforto. Suas mãos espalmaram no meu peito e empurravam, tentando me afastar. — Ela não deveria estar aqui, é o fim de semana da nossa família, mas esqueci a felicidade de Luca é acima da minha. O que dizia para me atacar não era verdade, às vezes Bella conseguia ser obstinada a ponto de não querer compreender que existiam pessoas a nossa volta que precisavam também de nós. — Você está equivocada. Sua felicidade é acima de qualquer um deles lá fora, mas minha mãe não está bem e me preocupo com ela, será que pelo menos uma vez na vida você pode ceder para ajudar alguém que está precisando. — Desde quando sua mãe precisa que Mellaine fique desfilando na minha cara?
— Desde quando você não é o centro do universo e não consegue se garantir. — Quando vi já tinha falado e a fiz chorar. Desde ontem Bella estava emotiva, eu nunca havia visto esse seu lado mais sensível. — Vai se foder! — Seu indicador chegou bem próximo do meu rosto e ficou apontado para mim. Fiz uma grande burrada e Bella conseguiu se desvencilhar, saindo de perto de mim. Fiquei lá parado com as mãos espalmadas na parede e cabeça baixa. — Me desculpe! — falei sem conseguir olhá-la. Sei o quanto a chateie, agora, com o meu comentário e fui para próximo dela de novo. — Carinho, não faz isso comigo. — Chega Giovani, deu para mim. Eu não posso fazer isso. Assustei! O que ela estava querendo dizer? — Bella, espero só que compreenda que minha mãe não está bem e eu não vi mal realizar um desejo dela, assim como não me importo de realizar todos os seus. Desesperei-me quando segurei seus braços e apertei. — Me solta! Eu não quero mais! Você acha que eu não consigo me garantir então vá atrás de suas ex.
Abracei-a sentindo medo e me doendo ouvi-la que não me quer mais. Prendia seu corpo ao meu. — Bella, por favor. Se quiser coloco os dois naquele avião e os mando de volta. Me perdoa, eu falei sem pensar. Minha voz saiu trêmula. — Seu irmão me ofendeu, me humilhou diante de você por causa dela e agora quer que eu aceite tudo numa boa. Você quis agradar sua mãe, que pelo visto não se preocupou nenhum pouco com seu casamento e comigo. Me desculpe, mas o egoísmo dela supera o bom senso. Bella tinha razão e o pior é que eu queria deixar todos felizes e acabei descontentando a mais importante de todos. — Me perdoa. Eu te amo e não sei se consigo viver sem você. — Queria voltar no tempo e ter sido firme com minha mãe e ter negado seu pedido, mas vê-la triste e depressiva me motivou a querer vê-la bem e alegre. O clima em casa estava pesado e deixar Luca voltar a conviver a deixou melhor, mas imaginei que Bella não se importaria com ele, sei que haveria um pequeno estresse por causa de Mellaine, porém não poderia achar que tomaria uma proporção maior, que me deixasse desesperado com o fato de que poderia perdêla. — Desde ontem você não se controla e diz coisas que estão me machucando. — Me perdoa! — implorava.
— Seu irmão ultimamente tem passado dos limites e o que dão a ele é um castigo de pré-escola e logo o tiram por bom comportamento. — Juro a você, carinho que não vi mal nenhum, os dois estão namorando. — Mas não me consultou se eu queria que ela viesse. Pois, eu não queria. Me dá muita raiva quando toma as decisões e acha que eu vou aceitar numa boa. Já disse que a Bella bobinha que aceitava tudo por amor, MORREU! — O que você disser eu faço, só não me deixe. E não vamos brigar por causa de uma mulher que não significa nada para mim. — Sentia o pavor me tomar intensamente. — Ela significou um dia, ia me deixar sozinha com um dia de casados para tentar consolá-la, por a ter traído. Você pode ter esquecido eu não. — Por favor! Esquece isso. Você não é assim de ter essas atitudes de ciúme. — Eu não gostei e continuo não gostando se quer saber. Você conseguiu estragar tudo e me deixe sozinha não quero falar com você. Soltei-a, deixando-a se afastar de mim e subir na cama deitando me dando as costas. Sem saber o que fazer rodeie o quarto por minutos, procurando uma solução cabível. Bella estava irredutível, porém eu não poderia me mostrar fraco e deixar que o que ela dissesse fosse lei ou uma regra. Já deixei bem claro o quanto a
amava e se toda vez que discutíssemos eu cedesse com medo de que me deixasse eu estaria mostrando fraqueza e isso se tornaria recorrente dando a ela um ponto fraco meu. — Sabe Bella, já disse o quanto te amo e tenho te provado isso todos os dias; faz cinco meses que estamos casados e parece que para você não significou nada. — Se não vai sair eu saio. — Pelo visto estava mais difícil e irredutível de fazê-la enxergar que Mellaine e Luca não eram nada perante o que ela era para mim. Lembrei-me das palavras de Russel: “Quando Bella estiver se sentindo acuada ela vai se isolar para pensar.” Talvez precisasse deixá-la um pouco a sós.
No fundo eu queria voltar lá no quarto e fazê-la entender o quanto eu era apaixonado por ela, eu até compreendia que não estivesse gostado e, em muitas vezes eu passava por cima do que pensava para ver o bem comum prevalecer na família, deixando todos bem. Tentei mostrar o quanto me importo com todos da nossa família. Talvez eu tenha sido mole ao consentir a um capricho de minha mãe, mas gostaria que Bella entendesse que eu não tinha olhos para nenhuma mulher. Nesse tempo tentei passar segurança a ela de todas as formas, mas vejo que não foi o suficiente. Jamais imaginei que permitir Luca e Mellaine aqui causasse todo esse
desconforto. — Giovani, cadê Bella? — Estava no terraço fumando e olhando a vista para o mar Tirreno; não vi quando mamma aproximou-se atraindo a minha atenção. — Está no quarto. — Não estava muito para dar satisfações do que aconteceu. — Luca disse que Bella não os cumprimentou quando vocês chegaram, poderia falar com sua esposa para ao menos desculpar seu irmão e tentar incluílo. — Olhei por cima dos ombros ao vê-la se aproximando e pedindo para que eu continuasse com o empasse entre mim e Bella. E o que me pedia era a mesma coisa que assinar o meu divórcio. E eu não estava disposto a me sacrificar de novo por Luca. — A senhora se importa tanto assim com Luca e pouco comigo. — Giovani, meu filho. Por que diz isso? Me importo com vocês dois. — Tenho minhas dúvidas. Eu fiz um agrado a senhora e agora desagrado minha esposa. — Bella é mimada. — Ela não é mimada. Luca a humilhou a destratou embaixo do seu teto e para a senhora só importa que seu caçulinha fique feliz. Minha mãe segurou em meu braço. — Não diga isso meu filho, eu me importo com você e quero vê-lo feliz. — Pois é, agora nesse momento Bella está lá em cima querendo a
separação. — Ela não fará isso meu filho. Sorri desgostoso. — Não tenha tanta certeza. O problema não é Luca e sim Mellaine. — Vou conversar com ela. — Segurei em seu braço, impedindo-a. — Não é uma boa ideia. Deixe-a um pouco a sós. E por favor, mãe, controle Luca porque eu não vou mais me sacrificar por ele e muito menos perder a Bella. Já fazia mais de uma hora que discutimos e tudo estava incerto, meu coração se apertava angustiado. Viver nessa expectativa de que tudo vai se resolver era agoniante. Voltei ao quarto e estava vazio. Bella não estava ali e procurando-a percorri meus olhos por todo o cômodo e encontrei uma caixa mediana branca com um laçarote vermelho sob a cama. Com o coração apertado aproximei do presente e temi ser mais um dos seus “adeus”. Sentei-me na beirada da cama pegando a caixa desfazendo o laço e quando abri fui surpreendido por um presente inesperado que me encheu de alegria e esperança. Senti-me completo e preenchido, como se algo me tomasse e me arremetesse aos céus. Sorri olhando para o conteúdo ainda não acreditando no que via. Meus olhos se encherem de lágrimas e as mesmas transbordaram, escorrendo pelo meu
rosto. Funguei e enxuguei o choro com as costas da mão. Bella estava grávida e sem pensar larguei a caixa sobre a cama e saí para procurá-la. Precisava encontrá-la agora mais que depressa, queria beijá-la e abraçála. E se fosse preciso me arrastaria implorando seu perdão. Eu seria pai de um filho com Bella. Ansioso para olhar em seus olhos e beijar sua barriga percorri várias alas do castelo e já estava afoito por não a achar e imaginei que poderia estar em um único lugar que não cogitei: No quarto com sua mãe. E acertei quando bati na porta e minha sogra abriu. Pude ver ao longe Bella deitada na cama, de lado, com as costas viradas para a porta. — Queria falar com Bella. Ela está? — Nina assentiu e sorriu me encorajando, talvez ela soubesse da notícia e seu sorriso significava seu apoio. Entrei e ela saiu, deixando-me a sós com sua filha. Aproximei da cama e me sentei próximo ao corpo de Bella e cuidadosamente, com medo de ser repudiado toquei em seu cabelo. — Carinho! — chamei-a. Ela mantinha-se ainda na mesma posição e escutei o choro fino e quase silencioso. — Bella, olhe para mim. Preciso muito falar com você. Não podemos brigar agora.
Lentamente Bella virou e ficou me olhando com seus olhos inchados e vermelhos por causa do choro. — Você é a melhor parte da minha vida e se soubesse o quanto me deixa desesperado quando diz que não me quer. Vou errar mais vezes e o que importa é em que todas às vezes eu vou dizer que te amo e o quanto sou o homem mais feliz. Obrigado! Não esperava por seus braços pedir por mim. Ainda precisava dizer de como estava me sentindo quando a abracei e a aninhei em meus braços. — Eu a amo e não tiro sua razão, mas não me puna por querer ser um bom filho, um bom marido e agora por querer ser um bom pai para nosso bebê. Beijei sua testa, devotando-a. — Não vai me deixar mais, ainda mais agora que teremos nosso filho. Minhas lágrimas se misturaram as dela quando trouxe seu rosto para perto do meu e selei seus lábios deixando minha mão repousar em seu baixo ventre aonde imaginei que estaria o bebê. Depois de trocarmos carícias implorei pelo seu perdão e não estava ligando para que pensasse que eu era um fraco por me derreter e me submeter a minha linda esposa grávida. — Está cansada? — perguntei, tentando ser o mais gentil de todos os homens. Bella balançou a cabeça confirmando e eu a apeguei no colo levando-a de volta para nosso quarto.
— Não quero que faça esforços e vou mimá-la muito, se possível colocarei o mundo aos seus pés. Carreguei Bella por todo o corredor até o quarto em que estávamos e a depositei no chão ao lado da cama assim que chegamos. — Preciso tomar um banho e estou com fome. — Daqui por diante eu precisava pensar que ela e o bebê agora seriam minhas prioridades e assim que pudesse conversaria com Luca e deixaria bem claro que se ele aprontasse alguma coisa que atingisse Bella indiretamente eu o baniria da família. Minha esposa e filho agora eram mais importantes que qualquer um. — Tome um banho que vou descer e pedir que tragam algo para você e daqui a pouco estarei aqui. Segurei seu rosto entre minhas mãos e encostei os lábios na sua testa e beijei, ajoelhando-me aos seus pés em seguida e beijando sua barriga. Ouvi a voz de Tony, Luca, Mellaine e Marco em uma sala próximo as escadas de acesso ao andar de cima. Antes que eu pedisse que preparassem e levassem algo para Bella, fui até a sala e sem olhar para os demais mandei que Luca me acompanhasse. — O que foi, Gio? — Estávamos afastados da sala, e prensei-o contra a parede no corredor. Intimidando-o — Não sei o que está querendo fazer e nem o que se passa na sua cabeça desajuizada, mas não quero que chateie Bella, se comporte como homem e para
de ficar se lamentando e vitimizando para a mamma. Parece um bebê chorão. — Sua esposa é muito dramática. Segurei firme em seu pescoço, sufocando-o. — Seja grato ao menos uma vez na vida. Sacrifiquei nove anos da minha vida e a perdi uma vez, se eu a perder de novo esquecerei que é meu irmão e o farei pagar caro. E tenha mais respeito por ela, Bella é sua chefe. Ainda somos uma hierarquia que você tem que saber respeitar e daqui por diante é o que espero de você. — Aliviei a compressão das minhas mãos e vi a marca vermelha que ficou. Ainda me mantive a sua frente, enquanto ele esfregava o local aonde apertei. — Estamos entendidos? — Aguardei sua resposta. — Sim, Don Valentino. — ignorei seu tom debochado e assenti. — Pode ir! Eu amava meus irmãos, mas como homem eu precisava zelar pela minha família que agora se tornava maior. Minha mãe era outra que precisaria de limites. Assim que pedi ao mordomo que preparasse algo para Bella fazer sua refeição voltei para o quarto, ansioso para ficar ao seu lado e poder curtir esse momento tão esperado.
Depois da calorosa discussão corri para minha mãe, não sei o que sentia, mas precisava do seu colo nesse momento. Ainda não tinha contado a ninguém sobre a novidade, esperava que fosse diferente, na minha cabeça eu já tinha mentalizado de como contaria a Giovani. E antes de sair do quarto deixei a caixa que preparei para dar-lhe a notícia sobre a cama. Fui até o quarto de minha mãe e acho que a assustei quando me viu aos prantos ali em sua porta. Sem entender, sua mão fechou em meu pulso e me puxou para dentro do quarto fechando a porta atrás de mim. — Bella o que aconteceu? — Seus olhos me fitavam assustados e sua voz era preocupada. — Eu discuti com Giovani e disse que não o quero mais. — Ainda segurando meu pulso me conduziu até a cama e se sentou, acolhendo-me em seu colo. Deitei a cabeça sobre suas coxas e senti quando afagava meu cabelo tentando acalmar meu choro. — O que aconteceu para discutirem, minha filha? — Você não viu quem está aí? — Sim. E imagino que não tenha gostado. — Não, eu não gostei.
— Ana comentou comigo sobre o pedido que fez a Giovani. — Ele não pensa se eu gostei ou não. — Bella, não tenha essas atitudes, mostre-se superior, você sabe que Giovani a ama e aprendi a vê-lo com outros olhos desde que se casaram. Ele faz de tudo para agradar-lhe. — Estou grávida. — Eu sei! — Senti seus lábios alcançarem minha bochecha. — Uma mãe sempre sabe o que está acontecendo com o filho e ultimamente sinto-a mais dengosa e emotiva, já suspeitava. Nunca entenderia essas coisas paranormais que toda mãe tem. — Agora você precisa pensar que não está sozinha e que seu filho tem um pai. Eu e Giussepe sempre tentamos ser exemplo de pais a você e ao seu irmão para quando tivessem seus filhos e vocês pudessem ter uma referência. Entendo Ana, nunca gostei que você e Tony brigassem e criassem um clima insustentável entre a família. Agora que é mãe tente entendê-la. — Ana mima demais Luca e passa a mão na cabeça dele sempre. — Não cabe a você julgá-la, Bella. Você agora vai ser mãe, será que gostaria de ver um de seus filhos excluídos. O choro parava na minha garganta e minha cabeça doía. — Ela poderia ter tido respeito por mim, mãe, mas não, ela pediu que trouxesse a ex de Giovani junto. Tornei a chorar copiosamente.
— Mas a esposa grávida de Giovani é você. Ele já sabe? — Não, não consegui contar, discutimos antes. — Esse homem vai te idolatrar, ele já te colocou no pedestal da vida dele. Tente mostrar-se superior e se portar como uma verdadeira primeira-dama, a mulher do Don de sua casa. Ana perderá o controle sobre a consciência do filho, no momento em que ele souber que vai ser pai. — Será? — Tinha minhas dúvidas e me sentia mais insegura do que nunca nesse momento. — Tenho certeza. Giovani quer ser pai e está na crise da idade de que está ficando mais velho. Você por outro lado sempre vai ser o troféu dele, a esposa nova e linda. Agora a mãe do tão esperado herdeiro dos Valentinos. Você pode ser o cérebro da casa dos Dellatores, mas ainda não compreendeu que carrega o rei da cúpula na barriga. — Eu o amo tanto que quando vi Mellaine ali eu não contive o ódio. — Seja inteligente como sempre demonstrou ser ao desbancar até ele quando assumiu a cadeira de Capo do seu pai como a primeira mulher se tornar uma Don. Concordei conseguindo me controlar um pouco, mas ainda me doía a maneira como Giovani preteriu a conceder um caprichoso egoísta de sua e irmão do que pensar em como eu me sentiria. — Em relação a Mellaine, ela está ali por mero despeito, Bella. Não conseguiu o irmão poderoso e está tentando o irmão mais novo. Você vai
precisar ficar atenta e se controlar, um homem não consegue aguentar muito tempo crises de ciúme. — Eu sei mãe, não quero me tornar uma Júlia na vida dele. — Então controle-se mesmo que queira a cabeça dela a prêmio. Sentei-me e abracei-a. Eu precisava dela nesse momento e sei o quanto minha mãe enxergava além. — Vou atrás dele. — Não! Espere, também não ceda, deixe que ele venha até você. Aí você conta a novidade. Assenti concordando e acatando seu conselho. — Se ele voltou no quarto a essa hora deve estar sabendo. — Então espere, logo ele estará aqui, procurando-a. — E se ele não vier. — Meus olhos já ardiam novamente ao pensar nessa possibilidade. Às vezes Giovani era tão obstinado quanto eu e não assumia que estava errado. — Ele virá. Agora descanse. Deitei-me de lado em sua cama me aconchegando, tentava controlar meu choro. O tempo passava e ele não vinha, já estava quase levantando dali e indo eu atrás dele quando bateram na porta. Respirei fundo tentando controlar a pressão no alto do meu estômago e
me mantive de costas para a entrada do quarto. Escutei sua voz perguntando se estava ali e logo senti sua presença ao sentar-se atrás de mim e não brigaria mais, agiria com cautela assim como os conselhos dados por minha mãe. Respirei fundo ao sentir seu toque que tanto amava e virei, quando vi seus olhos inundados de lágrimas tive duas certezas, de que ele achou a caixa com o teste e de que minha mãe estava certa. Por um momento fiquei olhando em seus olhos e me emocionei junto. Estendi os braços e pedi por ele, sei que agia dissimuladamente, mas era um misto de sentimentos, emoções e pensamentos. Queria que este momento fosse de outra maneira, queria entregar eu mesma a caixa e ver sua reação, mas nada saiu como planejado, agora agiria diferente. O tom da sua voz e suas promessas eram diferentes, agora que ele sabia que eu carregava seu filho. Mesmo chateada passei por cima dos meus sentimentos, pensando em tudo que minha mãe disse sobre ser referência a um filho e eu seria para o meu bebê. Giovani me carregou até o quarto e me deixou sozinha para mandarem trazer algo para eu comer e enquanto isso fui tomar um banho me vestindo com um camisola de renda preta, bem justa ao corpo e sexy, o agradaria essa noite, mostrando que eu poderia ser superior ao egoísmo de sua mãe, não que me agradasse, mas precisava mostrar que eu era insubstituível em sua vida, ainda mais agora que eu carregava o próximo Don Valentino.
Quando Giovani retornou ao quarto senti o forte cheiro de tabaco e imaginei que estivesse fumando, senti-me um pouco enjoada e ele percebeu ao aproximar de mim, torci o nariz e virei o rosto. Achei que fosse se ressentir, mas pelo contrário, saiu rindo e entrou no banheiro. — Agora não vai se enjoar com meu cheiro. — disse ao sair do banheiro enrolado com a toalha na cintura, de barba feita e cabelos penteados para trás. Senti desejo ao vê-lo, másculo se exibindo na minha frente. Retirei a coberta e engatinhei sobre a cama até a beirada e o chamei com a mão. — Linda e gostosa. — disse ao se aproximar e encurvar para me beijar. Alcancei a toalha e a soltei deixando cair no chão envolto aos seus pés. — Carinho, você não pode. — Repreendeu-me com preocupações. — Quem disse? — Não sei o que aconteceu, mas minha libido triplicou no exato momento que contemplei seu corpo musculoso e viril cheirando a sabonete. Agarrei em seu pescoço e forcei-o a subir na cama enquanto eu voltava para o meio do colchão. — Não vai machucar o bebê? — Desde quando você se tornou medroso? — Ri contra seus lábios. Acomodei-me e deitei me alongando dengosamente. — Temo por vocês dois agora. — Não tema, nada vai acontecer com ele, está bem protegido.
Segurei em sua mão e encaminhei-a até onde localizava-se meu útero e a forcei descer mais e mostrar que estava sem calcinha e muito excitada. — Assim você fode comigo. — Quero que me foda. — Apertei o gatilho para deixá-lo excitado e notei que estava duro. — Você é uma diaba, me tem de todas as formas e está muito gostosa nessa camisola, mas quero beijar seu corpo todo. — Ajudei-o a me despir e ficar nua sentindo sua mão passear por minha pele incendiando-a. Rimos quando sua mão percorreu meu corpo e parou sobre meu ventre. — Desculpa o papai, campeão, mas agora eu preciso muito brincar com a mamãe e não vou te machucar. Excitei-me mais ainda e queria-o logo. — Está me fazendo esperar muito. — reclamei dengosamente. — Não pode deixar uma grávida com vontades. — E eu não quero e não vou. — Abri as pernas e deixe-o acomodar entre elas. Arfei e ergui meus quadris ao sentir a ponta do seu pênis roçar e melar na minha lubrificação. Fechei os olhos sentindo cada centímetro seu entrar em mim e me preencher. Seu corpo cobriu o meu e começou a movimentar lentamente, controlando-se. Imagino que tendo cuidado para que nada acontecesse ao bebê. Giovani estava sendo cuidadoso e me beijava enquanto seu quadril
ondulava me dando prazer. — Meu Don. — Chamei-o e ele parou de movimentar. — Meus seios estão sensíveis, por favor sugue-os. — Pedi e vi em seu rosto o sorriso malicioso. — Com todo prazer, primeira-dama. — Fechei os olhos ao sentir seu hálito quente e a umidade de sua boca sugar meus seios. De fato, estavam mais sensíveis do que o costume, e junto com suas investidas me levaram a comprimir-me apertando-o ao gozar. Logo em seguida senti seu líquido inundar meu interior e escorrer junto quando se retirou de mim. — Te amo! — Selou minha boca com seus lábios. — Eu também! — Acariciei sua face muito próxima da minha. — Não vamos mais discutir, vamos viver e cuidar da nossa família: Eu, você e o bebê agora. Seus olhos me mostraram sua rendição por completo assim como minha mãe disse que seria.
Dormimos nus e o calor do seu corpo me aqueceu por toda a noite. Seu braço ao meu redor trazia conforto e segurança. Abri os olhos com a claridade invadindo as frestas da cortina branca e iluminando o quarto. Fiquei imóvel, mas meu estômago não colaborou para que eu ficasse ali sentindo o delicioso calor do corpo de Giovani. O enjoo veio com tudo e subiu para minha garganta me dando o tempo de levantar correndo aos tropeços e chegar ao banheiro, alcançando o vaso sanitário e vomitando tudo que havia comido na noite anterior.
Enfraquecida, após, alguns minutos sentei no chão e não percebi que ele me observava no momento em que quase colocava-me toda para fora. — Está bem? — Agora sim. É horrível. — Segurei em sua mão estendida para me ajudar e me dirigi até a pia para lavar o rosto e escovar os dentes. Giovani se posicionou atrás de mim e afagou meus ombros depositando beijos carinhosos na minha nuca enquanto eu escovava os dentes. — É incrível como há dois dias eu estava comendo de tudo e não estava me sentindo mal assim. — Ontem você ficou nervosa isso também deve ter ajudado. Enxuguei o rosto. — Você precisa se alimentar com coisas leves, se quiser podemos ir ao hospital local. — Não acho que vai ser preciso. — Virei ficando de frente para ele, entre seu corpo e a borda de mármore da pia. — Bella, não seja teimosa, se passar mal e não se sentir bem vamos ao médico aqui mesmo. — Não se preocupe, marquei com a médica já na terça-feira. Vai querer ir junto? — perguntei deslizando o polegar em sua testa vincada, desfazendo a tensão. — Claro que vou. Vou ligar mais tarde para Andrea e avisá-la de que precisará remarcar meus compromissos até quarta-feira.
— Aí na consulta conversamos sobre os enjoos. — Sorri e beijei a ponta do seu nariz. — Carinho, sobre ontem eu quero... — Não deixei que concluísse e interrompi-o. — Vamos deixar quieto e não tocar mais nesse assunto. Vou te ajudar e tentar aceitar seu irmão com a namoradinha dele. — Engolindo meu orgulho fiz como minha mãe havia me orientado e sei que se Giovani ficasse se explicando muito eu reagiria batendo de frente. Precisava ser cautelosa. — Vamos descer e tomar café, a grávida mais linda não pode ficar sem comer muito tempo e, também temos a reunião daqui algumas horas, vai ser antes do almoço. Depois poderemos passear e eu ficar grudado em sua barriga, beijando e falando com nosso menino. Ri dando um tapa de brincadeira em seu ombro. — Quem disse que vai ser um menino? Pode ser que seja uma menina. — Não importa o que seja, carinho. Vou amar do mesmo jeito, mas tenho certeza de que será um menino. Mesmo ressentida, tranquei-me para o que realmente estava sentido, além do que, o culpado nem tanto era ele e sim sua mãe, ardilosa como uma cobra. Já me vesti preparada para a reunião. Tive que mudar duas vezes de roupa por implicância de Giovani achar que estava apertada.
Pronta, com um vestido verde mais justo ao meu corpo e sapatos altos pretos descemos para tomar café junto com todos reunidos. Ele queria contar a novidade a todos agora pela manhã. Pedi que não, não queria compartilhar na frente da ex-dele, mas acabei cedendo diante da sua euforia em anunciar que seria pai. — Bom dia a todos. — Giovani cumprimentou em geral, todos já reunidos em seus lugares à mesa. E estava todo cavalheiro a me ajudar a sentarme e depois encabeçar a mesa. Estava ao seu lado e vi que Mellaine o olhava fixamente, senti o gosto da raiva e do ciúme na minha boca. Hoje eu entendi o que Júlia sentia quando alguém o encarava com desejo. — Estou nervosa. — Aproximei e cochichei. — Não fique, mí regina. — Segurou e beijou carinhosamente o dorso da minha mão. — Vejo que se entenderam. Dormiu bem, nora? — Minha sogra sorriu e retribuí o sorriso desagradavelmente. — Sim, dormimos muito bem, ainda mais agora... — Não me contive e respondi em tom provocativo. — Tenho uma notícia maravilhosa que preciso compartilhar com todos. — Giovani sentiu que entre mim e a mãe estava faltando empatia, interviu. — Giovani, pelo amor de Deus e Nossa Senhora das Graças não venha dar uma notícia como quando casou às escondidas.
Observava e analisava o quanto Ana Valentino era dissimulada, dramática e gostava de controlar os filhos ainda, como se fossem moleques. — Calma, mamma. Não vou infartá-la. — Espero, não aguentarei se surpreendida de novo daquela maneira. Revirei os olhos e vi a fisionomia de minha mãe pedindo em silêncio para eu me controlar. — Vou ser pai, Bella está grávida. Fiz questão de olhar a cara de espanto da velha ao escutar o anúncio da minha gravidez, sei que no fundo ela estava enciumada de que agora eu era a mulher mais importante na vida do seu primogênito. Seu sorriso amarelo não me enganava. — Que felicidade, serei avó novamente. Ah... Bella obrigada por fazer esta velha feliz. Ana Valentino se levantou e foi ao filho e começou a chorar beijando o alto de sua cabeça e depois veio me abraçar. Não senti que foi sincero, já estava implicando com ela por ter feito Giovani esquecer a afronta de Luca e ainda ter o disparate de pedir para que ele trouxesse a ex e, agora atual namorada do filho caçula. Eu a abracei a contragosto, mantendo as aparências. — Nina nós vamos ser avós. — Sim, Ana. — Agora ela foi até minha mãe mantendo a mesma pose de matriarca feliz.
Tony e Marco chegaram no momento em que recebíamos felicidades pela notícia e no embalo os dois me mimaram e me abraçavam eufóricos. — Parabéns, Bella. Deve ser ótimo saber que será mãe. — No exato momento em que ouvi a voz de Mellaine procurei o olhar de Giovani que estava preso em mim. Tenso e apreensivo. — Obrigada. — respondi secamente. — Se precisar de algo, posso ajudá-la a encontrar um bom obstetra em Nova Iorque. — assenti e virei o rosto. — E Giovani sabe que pode contar comigo, pegue meu número com ele. Engoli em seco, sua voz era melosa e controlada. Sei que estava querendo bancar a boa moça, mas entendi qual seria seu jogo. — Ainda tem meu número, não é Gio? — Segurei a respiração tentando me controlar. — Sim, tenho. Obrigado Mellaine. — Fiquei encarando-o enquanto respondia educadamente. Luca sem graça nos cumprimentou e tornou a ficar de chamego com a namorada, que em vários momentos a peguei olhando em direção a Giovani, por fim não aguentei ao vê-lo disfarçar que notou que ela o encarava. — Me deem licença. — Deixei a mesa sem nenhuma explicação e não esperei para ouvir o chamado de Giovani. Vi que eu teria que ter mais sangue frio que eu pensei e, ainda por cima conseguir controlar o que estava bem abaixo dos meus olhos.
— Bella, espera! — Giovani me chamava apertando os passos para me alcançar. Ignorei-o e continuei a andar para sair na área externa e fui barrada quando sua mão segurou em meu braço me impedindo. — O que aconteceu, agora? — Eu não tenho estômago para ver sua ex ficar te encarando. — Para com isso, não tem nada a ver. — Ah... Não tem? Vi o modo como ficou desconfortável ao flagrá-la olhando para você. Soltei-me e cruzei os braços na altura do peito. — Não é porque não quero falar sobre nossa discussão de ontem que vou aceitar que ela fique se jogando em cima de você. — Aumentei o tom de voz e Giovani olhou por cima dos ombros para ver se alguém estava perto. — Fale baixo, Bella. E para com isso, ela hoje é minha cunhada, namorada do meu irmão. — Sim... O trouxa do seu irmão e você pensam assim, mas pelo visto ela não. — Acho que está vendo coisas aonde não existem. — Você que se engana ou está fingindo que não percebeu. — Não estou fingindo nada, só não quero ficar implicando com coisas que não vão chegar a lugar algum. E vamos começar a discutir de novo? — Quer saber, deixe-me. — Tornei a andar, mas fui agarrada pela
cintura chocando contra seu corpo. — Me solta! — Não! — sussurrou em meu ouvido. — Te amo, te amo e te amo. Quero só você. Já disse: me peça que eu te dou o que quiser. — Mordiscou o lóbulo da minha orelha me arrepiando. — Me deixa em paz. Outra coisa, por que tem o número dela ainda? Sente saudades de conversar com ela? Acho que Giovani perdeu a paciência e me soltou mudando sua postura comigo. — Que saco, Bella. Você é muito difícil. Faz dois dias que você só discute e procura pretextos para brigarmos. Está impossível conseguir agradá-la. Balancei a cabeça e não falei mais nada, sai deixando-o sozinho. Sei o quanto estava sendo imatura, mas eu não conseguia pensar que pudesse ser trocada ou Giovani ter mais alguém, eram situações que me causavam uma dor dilacerante. *** — O que foi aquilo? Giovani me questionou ao sentar ao meu lado na mesa de reuniões pouco depois que cheguei. Quando o deixei sozinho minutos atrás eu vim direto para a reunião e no momento não estava querendo muito me explicar.
Se estava com ciúmes dele? Estava me correndo. — Não quero conversar com você sobre o que aconteceu aqui. O.k.? — Voltei a olhar para os membros que terminavam de chegar, evitando seu olhar. A pauta da reunião foi para analisar a veracidade do nosso casamento. Ouvimos sermão do grande conselho, mesmo Giovani presidindo-o, deveria termos prestado contas antes. Pediram certidão de casamento, e redigiram o pacto pré-nupcial, que me desfavorecia muito, aliás em quase tudo. Pela legislação camorriana eu deveria passar o controle e unificar meu clã aos Valentino. Tentei argumentar, pedindo para mantermos separado, mostrei prós e contras caso a fusão se concretasse. Mal olhava para o lado, não querendo enfrentar o seu olhar, mas sabia o quanto eu estava o irritando, mas nada do que eu falava faziam mudar de opiniões, pareciam estar certos que o melhor era deixar sob o controle de Giovani. Eles se opunham medievalmente e arcaicamente. Suas doutrinas me excluíam de tudo e me deixavam simplesmente como o troféu a ser exibido. Argumentei e contra argumentei a todo contexto arbitrário que impunham. Não me dava por vencida e vê-lo ali sem falar nada, somente olhando eu gladiar com os leões me dava muita raiva. E passando por cima de mim como se tudo que falei fosse banal começaram a votação.
Ainda me tinham como uma cabeça votante e sendo vencida quase unanimemente votei por mim. Giovani me olhou assustado. Eu rebatia todo o conselho e não aceitaria assim sem brigar. Não deixaria que fundissem a cadeira que meu pai sustentou bravamente ser entregue aos Valentinos só porque havia me casado com Giovani. Eles exigiam de mim o papel de boa dama e companheira, não mais uma igual. Tiravam de mim algo que lutei para conseguir: O respeito. — Eu não aceito. — dizia e repetia diante da imposição do velho conselho da Camorra. — Minha cara! Isso não é uma questão de escolha. É assim que funciona quando se casa, você e seu marido são um. — Um ancião do conselho foi incisivo ao me dizer que eu não teria direito de escolher. — Mas eu não aceito, elevei o Clã dos Dellatores para um dos mais importantes. Por que não sou digna de continuar depois que eu tiver filhos? Não consigo entender, porque terei que deixar Giovani responder e tomar conta de tudo. Não sou uma inválida. — Eu levantei e apoiei as mãos na mesa. Ignorei-o. Já estava sozinha nesta guerra e pedir auxílio a ele era me humilhar — Já disse, menina! Não é uma escolha sua, a Camorra funciona assim a mais de oitenta anos. Você poderia ser o Capo que as coisas seriam assim. — Agora foi a hora de olhar para Giovani, e baixar a cabeça e pedir por sua ajuda e
apoio, mas estava de costas virado para a grande vidraça massageando as têmporas. Sem ter no que me apoiar abaixei a cabeça esperando por seu voto. — Don Valentino, o senhor está de acordo com os termos do pacto prénupcial do seu casamento. E sobre a fusão dos clãs? — O mesmo homem que falava comigo perguntou a ele. — Estou de acordo com todos. — Quando nos olhamos senti tanta raiva dele e balancei a cabeça negando-o, desviei meu olhar do dele e decepcionada assinei a ata da reunião, o pacto pré-nupcial e saí sem me despedir de ninguém. O que fiz? Andei pelos corredores me lamentando. Tudo foi em vão, no final tive que dar tudo a ele. Agora sim eu teria que viver sob seu domínio. Apertei os passos ao ouvir passadas próximo a mim, imaginando ser ele. E era, senti me puxando e me segurando. — Ei espera! — Abaixei a cabeça, não queria olhá-lo, minha vontade era de estapeá-lo. Giovani não se manifestou porque ele era o único que se beneficiava comigo. Voltaria a viver com a possessão dele. — Me deixa em paz! — Ele não me soltou. — Bella, as coisas aqui funcionam assim. O que você quer que eu faça? Eu tenho a última palavra, mas não posso ir contra uma casa inteira para fazer seu capricho. Como assim, meu capricho? Ser independente, não ter que responder as suas escolhas é ter caprichos.
— Você continua o mesmo idiota. — Virei tirando meu braço do seu domínio. — Você conseguiu o que sempre quis, me deixar sem ter atitudes e você controlando tudo de novo. — Do que você está falando? — Seu tom era firme, porém não acusador. — Você sempre quis controlar minha vida, agora parece que é direito seu. Daqui a pouco vou ficar presa em um apartamento e vai estar tudo bem quando tem outras amantes. — Você não está dizendo coisa com coisa, Bella. E por favor vamos sair daqui, não quero que ninguém veja você neste estado. — Que estado? — Levantei a voz. Agora ele agia como arrogante soberbo. — Estou muito bem para quem acabou de saber que perdeu tudo pelo que lutou. — Você não perdeu nada, você só pensa em si mesma. Você não viu que hoje você é primeira-dama da Camorra. Você pode fazer o que bem entender. Eu não vou tirar nada seu. — Ele se aproximou e quando senti o seu cheiro de perto, o tecido do seu terno em meu rosto eu comecei a chorar. Buscando o consolo. O que eu faria agora, grávida e com a vida toda controlada?
Às vezes me controlava com Bella, tem certas atitudes dela que não me agradava. Entendo que ela sempre foi assim e se eu a quero tenho que saber lidar com o que eu não gosto, mas falta de educação tem limites. Vivi nove anos com Júlia que faziam escândalos atrás de escândalos por causa de ciúme, não quero viver assim. Já dei provas à Bella que eu a quero e mesmo assim estou em descrédito. Se ela achou que eu fosse correr atrás dela, depois de sua grosseria, estava totalmente enganada, iríamos conversar sobre esse temperamento. Quando cheguei à sala de reunião e a vi sentada na cadeira ao lado da minha. Aproximei depois que sentei e perguntei o porquê da sua atitude tendo sua postura fria e controlada como resposta. Até entendi que ali não era o
momento adequado, mas assim que terminasse e tivéssemos a sós conversaríamos. Bella me evitou durante toda a reunião, fugindo de me encarar. Sei o quanto deveria estar irritada conforme as coisas saíam do seu controle. E talvez por egoísmo eu não me posicionaria a seu favor. Temia que Bella um dia pudesse me deixar se ainda tivesse um exército de homens e muito dinheiro para bater de frente comigo, era a coisa certa a se fazer, deixar que controlasse o menos possível. Além de que, ela é minha esposa e a qualquer espirro seu um dos meus homens a obedeceria. Eu agora, mais que nunca, precisava me sentir seguro com ela e o bebê próximo a mim. — Eu não vou tirar nada de você. É só um papel. — Beijei o topo da sua cabeça. — Vamos para o quarto trocar de roupa. Vou te levar para almoçar no centro. — Ela ainda chorava e tentei entender a importância do que acabava de acontecer. Vê-la ali, corroeu-me de remorso e pena. Eu temia por viver sem ela e talvez tenha exagerado no pedido que fiz ao conselho de votarem contra. Peguei seu rosto entre minhas mãos. — Não chore, carinho. — Limpei as grossas lágrimas com o polegar. — Não chore por favor!
Ela assentiu e peguei na sua mão e caminhamos em silêncio até o quarto. Mal entrarmos Bella foi retirando os sapatos esfregando um pé no outro e caminhou para a cama, buscando conforto no travesseiro ao deitar-se e agarrá-lo. — Está arrependida? — perguntei a ela, pois eu estava muito arrependido ao ver o quanto ficou triste. — Não sei no que pensar, Giovani. — Sua voz era chorosa. — Não vou deixar se arrepender. Eu te amo! — Posicionei-me mais alto e acariciei seu rosto. — Vamos ter um bebê juntos e quero ser feliz com vocês. Entendi naquele momento a importância de tudo que estava se passando. Bella virou e ficou embaixo de mim e aproximei beijando o rastro de lágrimas por seu rosto. — Não chore, carinho. E saber que fui eu a causar tudo aquilo com meu pedido impensado. Pedi ao conselho para que ficassem contra qualquer imposição de Bella em relação a fusão, não pensei que resultaria em ver sua tristeza. Ainda não tinha uma gravidez entre nós, quando pedi que me apoiassem, era tudo incerto e eu tinha muito medo de que Bella me deixasse. Fui egoísta. — Juro que não vou tirar nada de você. — ela concordou com a cabeça. Precisava dar algo a ela agora que a confortasse e tudo isso amenizasse. Ainda mais por estar grávida e muito sensível. — Vamos dar uma volta e almoçar no centro. — Eu a convidei.
— Sim! — Aceitou ainda desanimada. Fiquei observando-a se arrumar, era inexplicável como eu a amava. Não sei se era possível sentir um amor tão desesperador por causa de outra pessoa. Cheguei a um tempo pensar que era o fim mesmo, mas hoje eu não a deixaria sair de perto de mim nunca mais. Bella pediu para conversar com a mãe antes de irmos almoçar enquanto pedia para preparem um carro e a esperava ao lado de fora do Castelo quando Luca e Mellaine aproximaram perguntando onde eu estava indo. Informei-os que estava indo levar Bella para passear um pouco e almoçar e estranhei o pedido de Mellaine a Luca para irem juntos. Senti-me no meio da encruzilhada sem saber o que responder. Bella certamente não gostaria e como dizer não sem ser mal-educado. — Está gostando de Nápoles, Mellaine? — não respondi e tentei mudar de assunto. — Ainda não conheço a ilha, mas o castelo é fantástico. Nunca imaginei que você fosse tão mafioso assim. — Não viu nada Mel, Giovani tem o voto de minerva e pode fazer o que bem entender, inclusive banir qualquer pessoa. — Luca ultimamente passava dos limites e ainda precisava muito aprender a não dizer tudo o que pensava. — Não é bem assim. Luca está exagerando. Dei um passo atrás me assustando quando Mellaine aproximou e me deu um beijo no rosto.
— Falei para Luca que estou muito feliz que você e Bella estejam bem e pelo bebê a caminho. Agradeci e como imã fui atraído para a pessoa atrás de mim. Era Bella e pelo visto não gostou nada do que viu, mesmo que não tenha tido nada demais. — Achei que íamos só você e eu? — ela assumiu um tom arrogante ao se posicionar ao meu lado. Estávamos em um momento delicado e as atitudes infantis dela me irritavam fazendo com que eu perdesse o controle. Eu tentava entendê-la, mas estava difícil manter a postura quando tudo pendia para um caminho em que nós brigaríamos e ela não ajudava, ainda mais quando se portava com falta de educação e arrogância. — Não! Luca e Mellaine nos acompanharam. — disse irritado, não por ver que estava sentindo ciúme, mas por chegar ao nível de ser prepotente. — Bella, se for incomodar nós ficaremos aqui mesmo. — Mellaine falou e olhou sorrindo para Luca. — Não nos incomodará. — Antes que Bella pudesse responder algo que me desagradaria eu respondi por nós dois. Olhei pelo canto dos olhos e vi que não estava nenhum pouco satisfeita. — Vão vocês, Giovani, estou indisposta, vim aqui para avisar que não quero mais ir. — respirei fundo tentando me controlar. Bella precisava entender que ela era a mulher da minha vida que não queria mais nenhuma, queria só ela e que não havia motivos de se portar assim e
ter ciúme sem fundamento. — Bella, por que isso agora? — Isso o quê? Estou cansada e quero descansar, vão vocês e divirtam-se. — Sem esperar minha resposta se afastou e entrou novamente no castelo. — Vão vocês depois eu vou. — Joguei as chaves do carro na mão de Luca e saí apressado para ir atrás dela. — Bella, espere. — falei alto para ela escutar. Ela parou e me esperou alcançá-la. — O que está acontecendo? — Parei na sua frente. — Não está acontecendo nada. — Está sim. Você se irrita com a presença de Mellaine. Ela está com Luca. Será que é demais para você perceber isso? Não precisa sentir ciúme e a tratar mal. — Ela revirou os olhos, eu odiava quando se fazia de cínica. — Ele pode até estar com ela, mas ela não está com ele. E Giovani se veio atrás de mim para sair em defesa da sua ex, volte para lá e vá almoçar com eles. — Tudo bem, se quiser me encontrar sabe aonde estarei e com quem estarei. — Fui baixo e vi que a atingi. — Pode ficar tranquilo que não vou atrapalhar seu almoço. — Assumiu sua postura séria e fria quando me deu as costas e seguiu em direção a escadaria que dava no andar da ala oeste. Seguia, olhando-a até perdê-la de vista. Não iria trás dela.
Bella tinha que entender que nem tudo era como ela queria. Eu a amo demais, mas não vou ficar bancando o mole. Virei as costas e fui para o lado oposto, a deixaria pensar que fui com eles. Já tinha passado a hora do almoço quando voltei ao quarto e encontrei as malas fechadas, meu coração disparou quando não a achei no quarto. Vasculhei com os olhos e percebi a porta da sacada aberta; ao me aproximar vi sua silhueta encostada no parapeito. Estava vestida de calças e um casaco, arrumada como se fosse viajar. — O que você está fazendo? — Fiquei parado na porta com os braços cruzados na altura do peito olhando-a. — Estou esperando aprontarem o avião para ir embora. — ela respondeu sem se virar. — Que porra, Bella! — Perdi a paciência. — Você não consegue entender. — Não! Não consigo e nem quero! Quero ir embora. Mamãe e Tony vão voltar com vocês. — Aproximei e abracei-a por trás. — Você não vai a lugar nenhum. — Senti o medo de perdê-la por todos os meus poros e a apertei os braços a sua volta com mais força. — Me solta! Você pode ser o dono de tudo que conquistei agora, mas não é o meu dono. — Ela voltou a ser a Bella fria e calculista.
Eu queria amarrá-la, mas lidar com essa Bella era mais complicado que eu pensava. Bater de frente com ela nesse estado não estava sendo a melhor situação. — Por que isso agora? — Bella ficou imóvel ainda dentro do meu abraço. — Porque você nunca vai mudar. Sempre querendo ser o político com tudo. Mellaine só está com seu irmão para ficar próximo a você. Ela quer me afrontar e Luca já mostrou que está cego por ela. E você? Você é um idiota que não consegue enxergar nada a sua volta. Forçou meus braços para longe e eu cedi. — Quero ter uma gravidez tranquila e desde que descobri só tenho passado desgosto com você. Depois que vim para cá sozinha decidi que você pode ficar com tudo, mas que quero ficar sozinha para ter meu filho em paz. — Assustei com o que estava dizendo. Era meu filho também e jamais eu a deixaria sozinha. — Você não está dizendo coisa com coisa, Bella. Jamais eu vou permitir que tenha meu filho longe de mim. Eu desejei vê-lo em seus braços no hospital, quando contemplei você com o bebê de Raf e agora não permitirei que vá embora assim. — Mas eu não quero mais ficar com você. — Os olhos dela estavam marejados, pronta para chorar. — Você está dizendo isso da boca para fora. — Eu também sentia a
mesma vontade que ela: de chorar. Não imaginava mais minha vida sem ela. — Eu me dei para você por completa de novo, Giovani, e o que você fez? Me deixou como segunda opção novamente. Sempre vai ter sua mãe, uma Júlia, uma Mellaine, um irmão, ou algo que eu precise ficar em segundo plano. — Do que ela estava falando? Jamais seria meu segundo plano. — Você está louca! Nunca será minha segunda opção. Você é o amor da minha vida, não fala uma coisa dessas. — O medo que tomou conta de mim foi maior que minha razão e pouco me importei se antes eu estava irritado com ela. O simples fato mencionado de que saíria da minha vida me fez sentir desespero, falta de ar e uma dor aguda no estômago. Segurei seu rosto forte. — Você não vai me deixar. Eu te amo. — Peguei-a no colo e levei-a até a cama. — Vou embora junto, se assim que você quer. Deixei-a ali e comecei a fechar minhas malas.
Giovani conseguiu me tirar do sério junto com Luca e Mellaine. Será que era cego que não conseguia enxergar o que estava acontecendo? Ou se fazia de idiota? Ele não veio atrás, quando dei as costas. E me senti fraca, indefesa com minha autoestima no fundo. Será que ele não compreendia que se fosse qualquer outra mulher com o irmão eu não teria mais a mesma atitude? Agora era a ex-dele, a mulher que dispensou por minha causa. Sei que ela queria nos desestabilizar e estava acontecendo e o que me irritava mais era essa maneira política que Giovani usava para apaziguar os ânimos.
Estava toda inchada, tinha passado praticamente três dias chorando e minha cabeça estava explodindo de dor, mas estava com medo de tomar algum medicamento e prejudicar o bebê. Joguei-me na cama e fiquei olhando o teto por uma hora. Foi quando resolvi que arrumaria minhas malas e voltaria para Los Angeles com ou sem Giovani. Não hesitaria se fosse necessário separar-me dele. Desejei a paz e há três dias vivia em um turbilhão de sentimentos de altos e baixos. Ora com momentos maravilhosos e outros o odiando por suas atitudes. Terminei de guardar minhas coisas e não tinha mais nada que fazer ali, a péssima reunião já tinha acontecido mesmo. E passado três horas com tudo arrumado eu fui para a sacada esperar que me informassem que o avião estaria pronto para mim. Quando Giovani resolveu aparecer já estava trocada e com as malas todas fechadas. Pronta para despachá-las. Sei que estava ali, escutei quando entrou no quarto, era questão de segundos para notar que estava aqui fora. E ao me achar começou a me questionar até vir e me abraçar, prendendo-me como se eu fosse sua prisioneira, escutei sua conversa mole, mas nada tirava de mim que nesse momento eu queria e necessitava urgentemente do aconchego da minha casa. Giovani não aceitou que eu estivesse o deixando e me carregou para dentro me colocando sentada na cama. Era notável seu desespero ao pegar suas coisas e jogar dentro da sua
mala. Eu iria embora de qualquer jeito. Ele ficou parado à minha frente com a mão estendida para mim. — Vamos? — Sua voz era um apelo do qual eu não estava me importando mais. Tudo já estava planejado em minha mente, deixaria as coisas como estão até o momento certo. Peguei em sua mão e deixamos o quarto em silêncio, na entrada encontramos com nossas mães que olharam preocupadas e nos interrogaram. Giovani saiu a frente e inventou uma desculpa. — Tivemos um problema em Los Angeles e vamos voltar. Esperamos vocês lá na segunda. — Abracei minha mãe e disse que depois explicaria tudo e pedi que não deixasse Tony preocupado. E em seguida fomos interceptados por Luca e Mellaine. O que eu menos queria era vê-los, por isso virei o rosto. — Aonde estão indo, Gio? — Luca perguntou curioso. — Estamos voltando para Los Angeles. — Fiquei observando para ver se Giovani olharia para Mellaine. — Nossa, mas por quê? — Que vontade de responder, mas não daria o gosto a ela e Giovani deu a mesma resposta que deu as nossas mães sem olhá-la. Ele pegou minha mão me olhando e beijou a palma. — Vamos, mí regina! — Segurou em minha mão e me guiou, me auxiliando a entrar no carro.
O tempo todo segurou em minha mão, apertando-a. — Quero ficar com você aonde for. Não vamos deixar nos abater por causa dessas coisas mais. — Olhei-o ainda sem sorrir querendo sentir-me segura e feliz como estava me sentindo antes de tudo acontecer. Queria acreditar que seria possível tudo aquilo que ele dizia. O que queria mesmo era voltar no tempo e estar feliz com ele, perder meu clã era pequeno perto de ter outra mulher rondando minha felicidade. No passado eu senti na pele como foi deixá-lo para outra pessoa. Precisava sentir segurança de que nada e nem ninguém não se colocaria entre nós e hoje eu tinha minhas dúvidas.
Bella estava alheia a tudo que eu falava, sei que a coloquei no modo segurança, e agora todo cuidado era pouco. Era nesses momentos que me afastava de sua vida, da primeira vez foi um ano a outra foram quatro anos e dessa vez se ela o fizesse seria para sempre e eu não estava preparado para deixá-la sair da minha vida. Sua mão na minha me dava a sensação de que tudo ficaria bem. Precisaria tomar atitudes e pedir ao Luca que evitasse estar com a minha ex em locais onde Bella estivesse, afinal, além de ser minha esposa, ela estava grávida. Ainda estava o clima tenso entre nós, passamos horas sem nos falar e só senti que tudo podia melhorar quando já estávamos sobrevoando o Atlântico. — Está com fome? — Quebrei o silêncio que havia entre nós. — Sim, não almocei. — Como assim? Ela estava até agora sem comer nada? — Bella! Você não pode ficar tanto tempo sem se alimentar. — Chamei a atenção pelo fato da gravidez. — Não estava com fome e meu estômago estava enjoado. — Chamei a comissária e pedi que servisse o jantar para nós. — Mas não pode, carinho, você tem que se preocupar com o bebê. —
Puxei-a para sentar-se em meu colo, ela não fez objeção, o que me deixou mais tranquilo. A posicionei sobre minhas coxas. — Meu amor, não vamos mais discutir e nem brigar, eu quero só você e nosso bebê. — Voltei no assunto, precisava ter a certeza de que tudo ficaria bem. — Giovani, eu não quero mais falar sobre isso. A única coisa que peço que, se tiver consideração por mim evite me deixar no mesmo lugar onde mulheres vão ficar em cima de você. Por mais que você não acredite em mim eu vi como ela te olha e isso não me faz bem. Com a sensibilidade aguçada Bella estava uma manteiga derretida, chorando por qualquer motivo. — Não chore, mí regina. Eu vou falar com Luca. — Segurei em seu pescoço conduzindo-o para mais perto. Capturei seu beijo, era um bálsamo para mim. Ainda não tinha certeza de que ficaria tudo em paz, mas eu me esforçaria. — Quero ficar essa semana em Los Angeles com você. Posso? — Esperava por sua resposta. — Se você quiser! — Claro que eu quero. Quero estar com você na primeira consulta e saber como nosso bebê está. — Levei a mão em sua barriga e acariciei. — Eu te amo, mais que a mim mesmo, Bella. — Ficamos nos olhando por um momento
sem falar nada. Fomos interrompidos pela comissária com nosso jantar. Ela montou a mesa entre nós e jantamos. Fiquei observando-a comer, pedindo silenciosamente que ela não me deixasse, mesmo eu controlando suas coisas eu sei que se ela quiser me deixar daria um jeito.
Chegamos já estava amanhecendo em Los Angeles, Bella assim que jantou adormeceu e eu coloquei-a na cama e me deitei atrás dela. A comissária me chamou para irmos para as poltronas e acordei-a para que pudéssemos tomar nosso lugar para o avião pousar. Ainda sonolenta aparentava estar mais calma. — Bom dia, sra. Valentino. — Bom dia, marido. — Desde a tensão de ontem foi o primeiro sorriso que dedicou a mim. Pelo visto estava de bom humor. Assim que pousamos já embarcamos no helicóptero que nos levou até Malibu.
Quando chegamos no banco de areia e descemos da aeronave vi aquela paisagem de tirar o fôlego, do azul e a imensidão do mar. O amanhecer ali era algo surreal e entendi porque Bella gostar tanto daquela casa. — Como é lindo o amanhecer aqui. — falei admirado. — Eu prefiro o pôr do sol. É mais lindo ainda. — Segurei a mão dela e adentramos a casa ainda silenciosa seguindo direto para o quarto. — Preciso tomar um banho. — Informou-me e não me convidou como sempre fazia. Preferi não pressioná-la. — Se precisar estarei aqui é só me chamar. — Ela deu um breve sorriso e sumiu para dentro do banheiro. Quando voltou eu estava só de cueca e deitado na cama. Estava mais linda, de cabelos molhados dentro do roupão branco. Fiquei observando-a vir sentar no pé da cama de frente para mim. — Quero conversar com você. — O tom não era pesado, mas ainda a sentia bem introvertida. — Não quero discutir com você, carinho. — Mas quem disse que eu quero discutir? Quero pontuar umas coisas que estive pensando. — Então, vamos conversar. — Sorri diminuindo o nervosismo e o frio da barriga que não passavam desde ontem. Sentei-me e fiquei encostado no respaldar da cama. — Sabe Giovani, agora não é como da outra vez, que só tínhamos um
sentimento no meio. Confesso que ontem se você não voltasse antes que eu fosse embora, você não me veria mais e eu brigaria por uma anulação judicial do casamento. Só que agora não posso mais pensar só em mim temos uma criança vindo, e ela não pediu para vir. É uma consequência só minha e sua, uma responsabilidade. Muitos casais se separam e os filhos crescem sendo divididos. De momento não é o que quero, cresci com meus pais vivendo sob o mesmo teto, e é assim que desejo que seja na vida do meu bebê. — Nosso. — A corrigi. Não estava gostando como a conversa estava seguindo. — Sei que precisamos nos adequar um ao outro e, também sei que não tenho o direito de exigir quem entra e quem sai da casa da sua família, mas eu não gostaria de estar no mesmo lugar que a sua ex. Queria que se colocasse no meu lugar. Se fosse ao contrário como você se sentiria? Com um ex-meu toda hora me tocando, jogando olhares e sorrisos? — Esperei ela concluir e me posicionar da forma como eu pensava. Notei o quanto estava sendo sensata. É claro que eu não gostaria de ver nenhum homem de sorrisos e toques nela. Ainda mais um ex. Mas não era isso que estava acontecendo: Mellaine agora era minha cunhada e eu respeitava meu irmão ao ponto de não comentar o passado que tivemos, seria como se nós não tivéssemos nos envolvido. Bella esperava pela minha reação.
Balancei negativamente a cabeça. — Não gostaria. — Entendi aonde queria chegar, mas seria difícil e sei que deixei bem claro a minha mãe sobre não me envolver nos caprichos de Luca. Dona Ana estava ciente sobre meu posicionamento e de como eu não arriscaria perder Bella. — Carinho, eu não tenho como controlar a entrada e saída de Mellaine da casa de minha mãe, Luca ainda mora lá. — Então eu acho que deveria ficar no apartamento nos dias que eu não estou com você em Nova Iorque. Se mudar de vez para lá. — Se você assim preferir eu fico. Não quero brigar com você, quero muito viver o resto da minha vida ao seu lado. — Tentei aproximar, mas ela me parou pedindo distância ainda. — Não quero ter contato com Mellaine e Luca, sei que é seu irmão, mas ainda não esqueci do que me disse naquele dia. — Não guarde esse tipo de sentimento, meu amor. — Tentei amenizar a situação. — Eu não quero, é um direito meu e espero que respeite. — Bella, eu não vou deixar de ver minha mãe. E se ela estiver lá? — Só peço que evite ao máximo. Isso se você estiver disposto a fazer para que tudo dê certo entre nós. — Claro que estou. Estou aqui com você, não estou? — Tem outras coisas que quero falar com você. — Assenti.
— Vamos parar de brigar e discutir, por favor. Ainda é sábado, quero curtir o fim de semana com você. — Você acha que eu estou feliz com tudo isso? Não estou, Giovani, mas precisamos deixar as claras, estou cansada de surpresas como essa do fim de semana. Quero ter paz e me sentir segura. — Tudo bem, carinho. Se assim ela queria, assim seria. — A gravadora não entra no espólio do clã Dellatore, por isso é minha e ainda pretendo controlá-la. E assim que o bebê nascer vou ficar mais em Nova Iorque, mas ainda continuarei com ela e com a fundação. Não quero você me controlando em tudo. Eu preciso me sentir que nunca vai ser como antes. — Isso não seria um problema se fosse a solução, eu queria Bella ao meu lado e não importaria como. — Isso não será um problema, eu quero é você, dinheiro, e nem as posses não me importam. — E a última coisa. Se eu sonhar ou descobrir algo que você me machuque, nunca mais verá a mim e nem ao bebê. — Essa última nunca aconteceria, porque eu só tinha desejo e paixão por ela. — Fiquei tranquila, não quero outra mulher além de você. Eu sempre a quis e agora que tenho não farei nada que me faça te perder. — Engatinhei até ela e a puxei para cima de mim, segurei firme no seu queixo, precisava olhar em seus olhos. — Eu te amo, mais que a mim mesmo. Eu quero só você, não quero
só isso, quero formar uma família com você. Quero mais que um bebê. — Aproximei sentindo sua respiração. — Acredite em mim, por favor! — Sem que respondesse eu a beijei, mostrando o quanto eu precisava dela na minha vida. Depois da conversa que tivemos, voltamos a descansar um pouco. Passamos o dia bem, andamos pela praia, conversamos e eu falei da ideia de uma casa, deixando-a bem animada. Combinamos que assim que fosse a Nova Iorque começaríamos a visitar alguns imóveis, tudo com muita calma. E que no período da gestação diminuiria o ritmo de trabalho. Como havíamos planejado liguei para Andrea e pedi que desmarcasse qualquer compromisso que tivesse até na quarta-feira. Ficaria e acompanharia Bella na primeira consulta e já me sentia ansioso por saber mais como meu filho estava. Este momento se tornava único e inesquecível. Estava tudo bem até Russel aparecer e me deixar ressabiado, os dois ficaram por quase duas horas trancados dentro do escritório e meu sentido aguçado me dizia que alguma coisa estava acontecendo e Bella planejando algo que eu não poderia saber. Assim que saíram convidei-o a se juntar a nós, para comer algo, mas ele negou e foi embora sem muitas conversas comigo. Senti curiosidade em saber, mas se ela não queria se abrir, eu não a forçaria, primeiro eu precisava conquistar sua confiança e o restante viria com o tempo e haveria um momento que eu tornaria seu confidente também.
Senti inveja dessa amizade e cumplicidade que os dois tinham. O restante da noite transcorreu muito bem, jantamos e fizemos coisas que ainda não havíamos feito como um casal, como assistir a um filme. Bella adormeceu no meio, sem contar que reclamou por ser um filme policial. Naquela noite não houve aquela explosão de paixão, aquele sexo luxurioso, nada sacana, aliás não tivemos nenhum tipo de relação e eu respeitei quando ela disse que estava exausta. Não a forcei e adormecemos abraçados até no outro dia. O domingo começou melhor quando acordei com Bella selando meus lábios e me dando bom dia com uma bandeja de café da manhã e ali ficamos boa parte da manhã: Conversando, fazendo planos e uma extensa lista de nomes. Brinquei e conversei com sua barriga diversas vezes, era como se não tivesse acontecido nenhuma discussão ou briga entre nós dois. Próximo ao horário do almoço cogitei a possibilidade de sairmos e almoçar fora, em algum restaurante que eu ainda não conhecia. Conheci a tão famosa praia de Santa Mônica, os locais aonde havia uma predominância da cultura hispânica. Los Angeles de fato tinha seu charme Holliwoodiano. Bella me levou para conhecer a calçada da fama e alguns lugares que eu desconhecia. Adorei o clima da cidade e concordei com ela que morar ali era maravilhoso. Sem dúvidas estar ao lado de Bella era incrível, uma companhia maravilhosa e a noite fomos para Bell Air receber minha sogra, ela optou por
voltarem através de um voo comercial com Tony e para minha surpresa minha mãe estava junto. O que me deixou feliz, pois ela precisava se distrair um pouco, e a oportunidade de ela passear e esquecer o luto a faria muito bem. Quando voltamos para Malibu Bella me surpreendeu ao colocar uma lingerie e ligas brancas, bem sensual, mas não fui esfomeado, pelo contrário apreciei cada pedaço do seu corpo, beijando-a, acariciando-a e fazendo amor lentamente, curtindo cada sensação que apoderava de nós, escutando o som que nossos corpos se chocando produzia, a amei e me fartei dizendo que eu a amava e o quanto eu a desejava.
Já era segunda-feira de manhã quando deixei Giovani em Malibu e fui para o escritório da gravadora, precisava resolver coisas urgentes e pedi a ele que viesse me buscar para almoçarmos juntos. Quando Russel esteve em casa no sábado combinamos de nos reunir com Tony e colocá-lo a par de como as coisas seriam agora. Mal deixei minhas coisas sobre a mesa e Tony entrou na minha sala sorrindo, todo radiante em seu terno cinza, de algum estilista famoso. — Bom dia, gravidinha linda. — Levantei-me e fui até ele. Abracei-o buscando a segurança e a cumplicidade fraternal que sempre tivemos
— Por que veio embora na sexta-feira? — Eu ainda não tive tempo de contar tudo que tinha acontecido e por isso pedi que viesse bem cedo. Nós nos acomodamos e comecei a explicar o que aconteceu em Nápoles relacionado ao futuro do nosso clã. — Aconteceram algumas coisas e eu não quero falar sobre isso agora. Tem assuntos mais importantes que precisamos tratar e agir. — disse séria apoiando os cotovelos sobre o tampo de vidro da mesa. — Tudo bem, principessa. Fale-me o que há de tão urgente para ter me tirado da cama logo cedo. — Estamos novamente sob o controle de Giovani. O conselho exigiu que nossa união não fosse só sentimental, mas que unificássemos tudo que envolvesse nós dois. Me tirando de todas decisões do clã. — Como assim? Eles não podem fazer isso, Bella! — Uma ruga se fixou na testa de Tony, e pelo visto sua consternação foi igual a minha, ao tomar ciência da exigência arcaica do velho clã. — A única vantagem é que tenho voz de opinar dentro da Camorra, mas sempre estarei abaixo dele. Eles fizeram um pacto pré-nupcial, o qual eu deveria ter feito antes de casar. Nele consta os direitos e deveres. — Tony ficou tenso. — Bella, mas tudo que você conquistou agora vai ter que entregar assim de mão beijada. — Sim e não! Conversei com Giovani e deixei bem claro que não quero ser controlada e prefiro que deixe as coisas como estão. Tive conversando com
Russel e ele teve algumas ideias que coloca nossa família de novo no controle absoluto do nosso clã, sem a interferência dos Valentinos. Quando você me passou seu direito da cadeira não te excluía de ser meu sucessor caso eu falecesse ou abdicasse e através disso nós temos essa brecha. Como o documento e ata do clã não foi ativada, pois a papelada só chega hoje com Marco para ser arquivada no contador eu ainda tenho algumas horas para te devolver e nesse momento Russel como meu representante legal dentro da Camorra está em Nova Iorque para realizar a minha saída e protocolar sua reintegração como o Capo e chefe do clã Dellatore. O contrato de reintegração estava inativo, segui a orientação de Russel quando eu assumi, na época não entendi o propósito, mas hoje vejo que foi válido. E como é um contrato inativo a data é mais antiga que da unificação, e se ativarmos ele vai invalidar tudo. — Giovani, não vai gostar nada disso. Ele se sentirá traído. — Eu sei que isso causaria mais uma discussão, mas não estava me importando. O importante agora era resguardar o que foi de meu pai. — Não posso deixar tudo que papai conquistou ir assim de mão beijada para a família de Giovani. — Mas você agora é uma Valentino. — Mas sou uma Dellatore antes de mais nada. — Bella, minha irmã. Você se arrisca muito, Giovani, não é um homem que vai aceitar de novo perder para você. Tenho medo de ele te machucar. — Agora é diferente, eu carrego um filho e sou a esposa dele. Ontem
deixei bem claro que, se ele me magoar de novo eu sumiria. — Minha irmã, fico preocupado com você. — Seu tom era preocupado. — Fica tranquilo, tudo está sob controle e se prepara que logo você vai assumir esta cadeira e comandará como um príncipe. — Não almejava isso. — Eu sei, mas preciso que você assuma o controle de tudo e Russel vai estar sempre aqui do seu lado. Nós nos levantamos e fomos em direção um do outro. Seu abraço me fazia sentir protegida e amparada. Sei que, se tudo desse errado Tony seria a primeira pessoa a estar ao meu lado. — Tem certeza? — disse Tony com a voz grave e baixa. — Tenho sim. E agora eu também preciso pensar no bebê, vou vender a gravadora e fazer aplicações caso um dia eu precise. — Mas Bella! — Ele segurou em meus ombros, afastando-me para olhar em meus olhos. — Você está abrindo mão do seu sonho. — Tony, meu sonho hoje é meu filho e meu casamento, nesse momento preciso agir e deixar tudo organizado. — Estarei sempre aqui e entendo. — Ele sorriu triste e eu tentei animálo. — Pensa pelo lado bom. Agora sou oficialmente a primeira-dama da Camorra. E você vai ser titio do próximo Capo. — Ele alisou minha barriga, esfregando a mão.
— Vou amar muito ser tio. Conversamos mais algumas coisas e dispersamos do assunto até tudo estar efetivado. Depois que Tony me deixou trabalhei em coisas que estavam programadas e não vi a hora passar, só me dei conta que estava na hora do almoço quando Norma bateu à porta acompanhando Giovani. Ficamos sozinhos e ele estava lindo vestido esportivamente, sem formalidades, de calças jeans e camisa polo. Particularmente vê-lo de terno era a pólvora, mas ver a manga da camisa agarrar-se em seus músculos era o pavio, excitava-me. — Vim buscar minha esposa linda e meu filho para almoçarem. — Joguei-me em seus braços e pedi para que me beijasse. Eu suguei seus lábios, sentindo-me esfomeada por ele. — O que está acontecendo? — ele perguntou rindo da maneira como me agarrava a ele. — Nada, só senti muito desejo em beijá-lo e — Sorri ao me afastar dele para pegar minha bolsa. — Vamos. Almoçamos em Bell Air junto com nossas mães, foi tranquilo e Ana Valentino mostrava-se empolgada com a notícia de ser avó novamente. Minha mãe mantinha sua postura elegante e reservada como sempre. Estava na sala e Giovani ao telefone quando minha sogra pediu para falar
comigo em particular, assustando-me. Levei-a para dar uma volta na área externa da casa e paramos próximo a piscina em uma mesa, sentando uma de frente para outra. — Bella, minha querida. Você sabe que prezo muito pela felicidade dos meus quatro filhos, não é? — Concordei com a cabeça e me mantive calada, esperando-a. — Também sei o que está acontecendo, entendo você e não gostaria de nenhuma ex de meu falecido marido, rondando nossas vidas. Falei com Luca e ele entendeu que a prioridade agora da família é a felicidade de Giovani, que se resume a você. Sei que no dia do casamento há quatro anos pedi que deixasse meu filho em paz. Você sempre foi o ponto fraco dele, o homem mais velho apaixonado pela jovem. Sei que Giovani reviraria o mundo para tê-la e foi o que fez, foi paciente e esperou o melhor momento, naquela época você atrapalharia, mas depois vi que era a mulher apropriada para ser esposa dele, mesmo sendo bem mais nova. Você não é só uma mulher bonita, você é uma grande mulher, capaz de conquistar o mundo, se quiser e, hoje sou muito feliz e grata por ter dado uma segunda chance ao meu primogênito. — Dona Ana... — Tentei dizer que não precisava se explicar, não queria mais falar nesse assunto e tinha certeza de onde ela queria chegar: Novamente defender o “bebezinho” da mamãe. Mas ela pediu para continuar. — Se hoje você sair da vida do meu filho e vê-lo sofrer jamais me perdoarei e prometo a você que Mellaine não vai atrapalhar vocês, já conversei
com Luca e o fiz entender que no momento a nossa prioridade é ver e promover a felicidade do Giovani. Sei que uma mulher traída é capaz de tudo, de até se passar por apaixonada por outra pessoa. — Seu sorriso tentava passar confiança, mas ainda tinha meus receios. — Não precisa me prometer nada, queria que me entendesse, vou respeitar o fato de Luca ser seu filho e ter o mesmo direito de levar a namorada na sua casa, porém não vou aceitar Giovani tendo que ser forçado a estar junto com eles. Estou perdendo muita coisa por causa do seu filho e não perderei minha dignidade. — Nem eu quero isso, minha nora. Quero vê-los felizes ainda mais agora que nascerá a primeira mulher Valentino. — Assenti e sorri. Encerrando a conversa, sem mais. Levantei-me ao ver Giovani me procurando. — Se me der licença, eu preciso voltar para a gravadora. — Ela olhou por cima dos ombros na mesma direção que eu olhava e viu seu filho lá à minha espera. — Bella. — Segurou minha mão quando fui passar por ela. — Serei sua cúmplice e estarei aqui para o que precisar. — Obrigada. — Expressei mais um sorriso e a deixei, indo ao encontro de Giovani. O caminho de Bell Air até a gravadora não era longe, porém o movimento fazia ser um pouco demorado, mais ou menos meia hora.
E assim que Giovani me deixou na entrada da gravadora me despedi, e fui tomada pelo sentimento de culpa quando o mesmo saiu do carro e me abraçou. — Não sabe o quanto te amo e quero muito que saiba que morreria por você se fosse preciso. — Retribui beijando-o e lembrando de que logo mais eu o estaria traindo, por agir pelas suas costas. Era preciso, só assim não perderia nada do que conquistei: Minha independência dele.
Estava quase na minha sala quando o celular tocou e era Russel. Atendi imediatamente, sentindo-me ansiosa por notícias de que tudo ocorrerá bem. — Boa tarde, Russel! — Boa tarde, tenho boas notícias! Respirei aliviada. — Eles aceitaram o contrato? — Sim e já ativaram, Tony é o novo Capo, novo Don Dellatore. Passei por Norma e sinalizei para que me acompanhasse. — Encontrei com Marco quase agora. Ele ficou intrigado com minha
presença aqui e me questionou sobre estar em Nova Iorque. — E o que respondeu a ele? — perguntei curiosa e temerosa. De todos os Valentinos, Marco era o mais astuto e sagaz. — Respondi que estava a serviços seus. Justificar muito levantaria mais curiosidades dele. — Russel agia com mais esperteza de qualquer um e se ele agiu assim é porque sabe o que estava fazendo. — Sei que não vai demorar e Giovani vai saber. — Don Valentino tem o voto final, não se esqueça. Use a gravidez e diga que quer um tempo para ele e o bebê por isso fez assim. Não o convencerá, mas evitará uma briga maior. — Sim, farei isso. — Sempre escutava seus conselhos. — Direi a ele que não quero dividir nossa vida mais entre Los Angeles e Nova Iorque, creio que isso ajudará. Obrigada! — Não precisa agradecer, sempre serei leal a você, minha menina. Desliguei o telefone com vontade de chorar e olhei para Norma a minha frente e tentei sorrir, sentindo-me péssima por agir assim, no fundo sentia que estava traindo a confiança de Giovani. — Norma peça que Tony venha até aqui. — Sim, senhora. — Ela se retirou e me sentei em minha cadeira não conseguindo pensar em nada. Não queria ter tido esta atitude, mas não poderia deixá-los controlarem o que meu pai conquistou.
Sentia-me dividida. Entre amá-lo loucamente e ser uma Dellatore, ainda não me sentia uma Valentino e muito menos a esposa do “dono da porra toda”. Passado uma hora, Tony apareceu e eu o informei que ele era o novo Capo do nosso clã. — Minha irmã eu lamento tanto que você tenha que fazer isso para nos proteger. — Não se lamente, Tony. Eu fiz coisas no impulso e agora preciso arcar com as consequências, mas jamais permitirei deixar para eles tudo que papai conquistou, é seu, é dos Dellatores e tem que continuar assim. “Quem mata primeiro é rei, Tony” Proferi a ele a mesma frase que um dia Russel me disse e desde esse dia eu não pensava duas vezes quando era para sair na frente e fazer o que tivesse que ser feito para nada e, nem ninguém, nos atingir. — Que ironia. Você hoje é uma Valentino. — Respirei profundamente e sorri. — Sim, mas não vou deixarei nada que seja dos Dellatores para eles. Somos o clã mais rico que eles têm dentro da sua divisão e vai continuar assim em memória de papai. — Mas e a gravadora sempre foi seu sonho? — Ela não faz parte do nosso espólio, quando a comprei coloquei em meu nome, comprei com meu dinheiro da herança. Giovani jamais terá algum
poder sobre ela. — Venda-a e aplique esse dinheiro em rendimentos mensais. Para caso precisar. Engoli em seco, era o mesmo conselho que Russel havia me dado quando conversamos a primeira vez. — Se precisar se separar de Giovani um dia você terá algo, ele não vai facilitar dessa vez e eu fiquei sabendo que passaram o fim de semana discutindo. Ouvi a conversa de Luca e dona Ana. Ela pediu ao filho para não aguçar a ira de Giovani, que o mesmo já deixou claro que se for necessário, por sua causa, que ele se virará até contra a família. — Se Giovani me fizer algo eu vou desaparecer. — Confessei. — Minha irmã, então faça rendimentos e sempre estarei aqui se precisar. Pois, sei que desta vez Giovani não vai simplesmente aceitar e cruzar os braços. Não temos mais nada contra eles. — Eu o amo Tony, e quero muito que dê certo. — Só seja prevenida como sempre foi. Se destaque e mostre a rainha que é. — Eu sei, Bella. Mas precisamos nos prevenir e poderá sempre contar comigo. Abracei-o e agora para concretizar tudo só precisava de uma coisa: Abrir um contrato pedindo meu desligamento do Clã Dellatore para ser a esposa de Don Valentino. Quando fiquei sozinha sentei e deitei a cabeça no vidro da mesa, pegando
meu celular, sentindo-me péssima ao deixar tudo que conquistei para trás. Sentia um misto de emoções avessas ao que tive quando assumi e fui dona do meu próprio nariz. Algo ainda me prendia na minha velha vida e eu precisava me desprender dele e assumir o que eu era agora: Uma Valentino e não mais Bella Dellatore. Disquei o número do administrador com pesar depois desse passo eu seria exclusivamente uma Valentino. Não bastava eu abdicar minha cadeira, eu tinha que me desligar do Clã Dellatore, era assim que a máfia funcionava, mesmo eu ter assinado o pacto de união. — Boa tarde, quero inserir e ativar um contrato. — A pessoa que atendeu já perguntou o que eu desejava. — Meu código 10982345. — Boa tarde, Sra. Valentino. — Parece que o mundo mafioso já sabia quem eu era. — Qual contrato deseja inserir e o motivo? — Desligamento do clã Dellatore, e o motivo: Me casei com Don Valentino, agora pertenço ao clã Valentino. — respondi com toda convicção. — Sim sra. Valentino — Será que a cada frase que ela dizia poderia não ficar repetindo quem eu sou? — Sua Senha. — De Chanel para Valentino. — Seu contrato de número 10982345, está ativado a partir de duas horas, cinquenta e quatro minutos e dois segundos do dia 24 de fevereiro do presente ano. Para ativação deste contrato iremos informar o recebedor. Obrigada e tenha uma excelente tarde, senhora Valentino. —
Desligamos o telefone juntas. — Está feito. — disse a mim mesma ao colocar o celular sobre a mesa, sentindo dores na cabeça e por trás dos olhos, uma enxaqueca. Tirei os sapatos e fui até o sofá de couro preto, ele ficava na lateral e o mantinha para quando uma banda e seus assessores, produtores vinham para longas reuniões. Precisava ficar sozinha e quieta para que essa dor aguda fosse embora logo. Acordei com Giovani me chamando, já eram 6h. Sua voz chamava por mim e mal abri os olhos e o vi. — Carinho, acorda. Está tudo bem? — Ele parecia preocupado ao estar agachado próximo ao meu rosto. — Esta sim! — Minha voz ainda era rouca. — Senti dor de cabeça e me deitei aqui, acabei que adormeci. — Ele acariciou meu cabelo. — Dia difícil, muitas mudanças? — Ele se sentou no pequeno espaço que sobrou do sofá. — Não muito. Foi tranquilo, nada demais. — Sorri. Mas nada tinha sido tranquilo e tinha tudo demais. Eu agi nas suas costas e ele não poderia executar nossa unificação por completo. De uma maneira eu me sentia traidora e algo dentro de mim pedia para abrir o jogo e falar tudo que fiz. — Vamos para casa, comprei um presente para você. — Levei minha
mão na lateral do seu rosto e fiquei em silêncio me decidindo quando eu contaria tudo. Respirei fundo. — Vamos. — Levantei procurando por meus sapatos. Ajeitei a roupa desamarrotando o tecido da saia com as mãos. Fui pegar minhas coisas, mas ele antecipou e tirou das minhas mãos sorrindo e carinhosamente. — Grávida não pode ficar carregando peso. — Sem exageros, ainda posso carregar minha bolsa. — Pisquei. — Eu carrego, você é minha esposa e mãe do meu filho, eu tenho que ser um lorde para vocês. — Ele aproximou procurando por meus lábios. Entreguei-me, pois decidi que era necessário aproveitar a cada momento, não sabia o que seria quando descobrisse o que fiz.
Tem certeza disso, Marco? — falava com Marco ao telefone, que me ligou para contar informações sobre os passos que Bella dava, não no sentindo de ir, mas sim de tudo que fazia. — Encontrei com Russel e achei muito estranho e fui procurar saber o que ele estava fazendo ali no contador. Bella ativou um contrato feito há cinco anos quando assumiu o clã. Ela passou a cadeira a Tony. — Marco explicava do que se tratava. — Ela não pode fazer isso, Marco. O pacto pré-nupcial me dá direito a tudo que é dela e a unificação dos nossos clãs. — Inconformado contestei. — Pior que o contrato é mais antigo que a data do casamento. Ele estava inativo, ela só ativou. Vale o contrato que estava já registrado. E o pior que foi antes de ativar o pacto pré-nupcial de vocês dois. — Ela agiu nas minhas costas de novo. — Fiquei encostado na vidraça da casa e olhava para o mar se estendendo a minha frente. — Giovani conversa primeiro, talvez Bella teve seus motivos. — Eu sei qual foi realmente os motivos dela. Desde o início Bella não queria a unificação e o acatou sob muito custo e agora vinha e me mostrava que ela faria as coisas
do seu jeito. Passando-me o recado de que eu não a controlaria. Senti-me traído e insatisfeito. Desliguei o telefone pensando no que falar e como falar, Bella precisava começar a entender que nem tudo é da sua maneira. Quando a buscasse me manteria normal, como se eu não soubesse de nada, mesmo querendo questioná-la. Cheguei à agravadora e entrei passando por sua secretária, a mesma me informou que Bella se sentiu indisposta e cancelou todos os compromissos da tarde. Mal esperei ela terminar de falar e fui ver como estava. Entrei em sua sala a procurando e a vi adormecida no sofá. Aproximei e abaixei próximo ao seu rosto e carinhosamente a chamei. A raiva que eu estava foi substituída pela preocupação em saber que não estava bem em vê-la ali adormecida. E nada que me dizia me deixou tranquilo, na verdade, não conseguia acreditar que estava bem. Eu sabia que algo tinha acontecido, só não sei se foi por causa do que fez ou se estava se sentindo mal por causa da gravidez. Perguntei em duplo sentindo para ver sua reação, mas Bella permaneceu como estava. Agiu como se não tivesse feito nada e confesso que me senti frustrado, ainda no fundo esperava que fosse me contar assim que nos víssemos, mas ficou imparcial. Ajudei-a com suas coisas e manteria as aparências até chegarmos em casa.
— Está melhor? — perguntei enquanto dirigia com uma mão e a outra segurava a dela sobre minha coxa. — Mais ou menos, acho que um pouco enjoada. — Chegando a casa, vou pedir que preparem algo bem leve para você e te dar um banho o que acha? — Olhei de relance para o lado. — Um convite irrecusável. — Ela sorriu fechando os olhos e deitando a cabeça para trás. — Bella? — Abriu os olhos. — Estou bem! — Amanhã vamos perguntar para a médica sobre esse mal-estar, se é normal. — Sim, parece que eu não sentia nada até descobrir que estava grávida, agora sinto vontade de chorar a todo momento, tenho enjoos e hoje me senti sonolenta e sem vontade alguma para nada. — Amanhã vamos perguntar tudo a ela. — Sim. Saiu com sua mãe hoje à tarde? — Ela mudou de assunto e nada ainda de falar o que eu queria saber. — Sim, levei-a para andar em Beverly Hills, ela comprou um presente para o bebê, mas disse que só vai dar depois que soubermos qual o sexo, e afirmou que vai ser uma menina. Não acho que vai ser, tenho certeza de que vai ser um menino, meu sucessor. E você acha que vai ser o quê? — Ainda não tenho um palpite formado. Mas quero que venha com
saúde. — Bella estava desanimada e quieta. Paramos o carro na garagem da casa, corri contornando o carro para abrir a portar e ajudá-la a sair. Sem que esperasse peguei-a no colo e entrei na casa carregando-a. Coloquei-a no chão assim que fechei a porta do nosso quarto. Tirei a bolsa da sua mão e a levei para cama. Hoje eu a mimaria, mesmo estando ressabiado com ela. Mas eu a amava muito e as vezes esquecia de tudo em nome desse sentimento que me arrebatava. Como o prometido a despi peça por peça e a conduzi para o banheiro. Enquanto a banheira enchia, despi-me e esperei até estar cheia e me sentei atrás dela. Acomodando-a entre minhas pernas e sua cabeça jogada no meu ombro, dando-me o vislumbre dos seus seios, um pouco mais arredondados. Fiquei excitado, porém, eu ainda estava ressabiado com o que tinha feito, martelava na minha cabeça querendo realmente saber o porquê de ter feito. E não consegui esperá-la me contar, precisava de respostas imediatamente. — Bella, não tem nada que queira dividir comigo? — Ela abriu os olhos e ficou olhando para o teto. — Aconteceu alguma coisa? — Por que está fazendo esse tipo de pergunta? — Por nada, só acho que aconteceu algo e você não quer me contar. Acho que está me escondendo algo. — Bella se afastou e ficou de costas para mim, ainda calada. — O que eu poderia estar escondendo de você, Giovani? — disse ainda
sem me olhar. — Sobre o motivo pelo qual Russel está em Nova Iorque e Tony ser o novo Capo. — Fui direto, mostrando que já estava sabendo. Cruzei os braços enquanto ela virava e me encarava. — Você acha que eu não ia ficar sabendo? Eu sou o Capo! Assim como você, não sou mais o mesmo de anos atrás, aprendi que sempre preciso estar a frente e não ser pego de surpresa. Ser cauteloso e isso foi você que me ensinou. Agora quero saber por que ativou esse contrato e também sei que se desligou do clã Dellatore. — Seu peito subia e descia em uma respiração pausada. Notei seu nervosismo pelo modo como me olhava e mordia o canto da boca. — Não tem um por quê. Só devolvi o que sempre foi de direito de Tony, não seria justo unificar e ele não ter sido, o que deveria ter sido, desde a morte de meu pai. — Fiquei observando e pensando em cada palavra que ela falava. Por uma maneira justa ela estava certa, mas ainda assim deveria ter falado comigo. Fiquei calado e continuei a olhá-la não convencido de sua resposta. — Quero ter mais tempo para ficar com você em Nova Iorque. Ela sorriu já deixando as lágrimas descer em seu rosto. — E quando me contaria? — Mesmo vendo-a emocionalmente abalada me mantive sério, não poderia mostrar que o fato de a ter mais livre como queria, tivesse um peso a seu favor.
— Não sabia, não sabia como reagiria. — Não vou dizer a você que estou feliz e muito menos satisfeito Bella, você deveria ter conversado comigo antes, não acho que agindo pelas minhas costas você fez o certo. — Giovani... — A interrompi. — Sinto-me decepcionado, eu não imaginei que fosse agir assim nas minhas costas, sei que não queria ver seu clã unificado ao meu. E também, não vejo o por que, mas aceitei. Agora saber que você me traiu e não conversou comigo me deixou muito triste. Amá-la não diminuía o fato de sua traição. — Você não confia em mim, acha a todo momento que eu prenderei você. Não sei o que te faz pensar assim. Estou me sentindo traído, Bella. — Me perdoa. — Bella abaixou a cabeça. Seu pedido me surpreendeu, Bella nunca me pediu desculpas ou perdão por suas atitudes. Fui pego de surpresa me desbancando. — O que eu posso fazer para não se sentir assim? Achei que gostaria de saber que vou ter mais tempo para vocês dois. — Ela sorriu e eu não consegui manter a postura séria. — Não me esconda mais nada, somos um casal e daqui para frente sou eu, você e nosso filho. — Aproximei e a trouxe para cima de mim pela sua nuca, subi as mãos pelos seus seios e contornei todo seu pescoço trazendo-a ainda para
mais perto. Beijei sua boca macia, mordiscando seus lábios, sendo correspondido com seu corpo colando-se ao meu, vindo sentar-se em meu colo posicionando seus joelhos ao lado do meu quadril. Segurei, espalmando a mão no meio das suas costas, trazendo-a mais para mim. Bella ergueu-se um pouco deixando seus seios rente aos meus lábios, oferecendo-os a mim. Abocanhei um e olhei para o alto encontrando seus olhos castanhos, amadeirados e vivos me olhando, seus lábios entreabertos, ofegava e fechou os olhos quando os chupei com mais volúpia. Segurei seu outro seio palpando-o levemente, deixando-o espremido entre meus dedos, circundei o mamilo com a ponta da língua perdendo o mamilo entre meus dentes. Já estava muito duro. Bella tinha o dom de me excitar em segundos. E pelo visto nossa conversa acabaria comigo dentro dela, mas não me importei com mais nada, quando escorregou seu corpo, sentando e encaixando sua boceta quente, gostosa em cima do meu pau. — Eu te amo e quero ficar ao seu lado. Também vou vender a gravadora. — sussurrou a informação no meu ouvido ao me ter todo dentro dela. E depois de saber que a teria como queria, não estava nem aí para o que aconteceu, tê-la ao meu lado todos os dias valeria toda a Camorra, mas não poderia deixá-la saber ou me teria em suas mãos. Depois de amar cada pedaço do seu corpo, terminei de dar o banho que tinha prometido mais cedo.
Jantamos no quarto, pedi que preparassem algo leve para Bella e a senti mais relaxada depois que conversamos e colocamos tudo às claras. Nunca me importei em ter seu clã, importava-me em tê-la só para mim.
Sentindo no meio da noite o peso do seu braço me prendendo ao seu corpo me fez sentir remorso da maneira como agi, a culpa e seu olhar inquisitório ainda me fazia pensar no quanto fui ardilosa, egoísta e traiçoeira, mas não poderia deixá-lo conduzir tudo como sempre quis, eu me tornei sua no momento que nos casamos e ainda mais agora carregando seu primogênito. Nós nos tornamos uma família e, a família não traí, ela sempre protege um ao outro. Será que conseguiria me sentir confiável em poder partilhar esse elo de cumplicidade com ele? Giovani não confiava em mim, não me disse explicitamente, mas sua
atitude de estar na retaguarda dizia isso. Não sinto que esteja tudo bem, mesmo ele me dizendo que estava enquanto jantávamos, acho que dizia isso pelo fato da gravidez e eu não me chatear com isso. — O que está pensando que não consegue dormir? — Ouvi sua voz rouca e sonolenta atrás de mim. — Estou sem sono! Acho que ansiosa. — Senti seu beijo nos fios do meu cabelo. — Que cheiro delicioso que você tem. — Respirou profundamente. — Adoro seu perfume. — Sorri. — Você precisa descansar, tente dormir mais um pouco, carinho. — Olhei para o relógio na mesa de cabeceira e marcava ainda 3h da madrugada. — Bem que eu queria mesmo dormir, mas não consigo. — Quer conversar? Ou podemos fazer algo melhor. — Acho que hoje foi a primeira vez que não queria transar com Giovani, tive essa certeza assim que ele insinuou. — Podemos conversar. — Tem certeza? — Ele se aproximou colando mais nas minhas costas esfregando sua ereção. Não sei o que estava acontecendo comigo naquele momento. Estava cheia de dúvidas, um pouco de consciência pesada em estar escondendo as coisas dele, mas com Giovani sempre vinha um probleminha, que se transformava em problemão e depois em feridas que demoravam para
cicatrizar. — Sim. Acho que nossa conversa de ontem ainda não teve um fim. — Sobre o contrato? — Sim. Achei que ficaria irritado. — Até fiquei, não pelo fato de você não querer dividir o controle do seu clã comigo, e sim pela forma como você agiu nas minhas costas, Bella. Você tem que entender que eu não quero ser um coadjuvante na sua vida. Fiz o que fiz no passado, mas sempre a quis. Confesso que muitas vezes fiquei dividido pelo fato de estar com Júlia por muitos anos. E, também tinha o fato da dívida, que sempre me impediu de assumir e reclamá-la como minha. Eu a amo desde o dia que você se entregou a mim, chapeuzinho vermelho. Estou feliz ao seu lado, por saber que ainda deu tempo de viver esse amor com você. — Senti ondas de arrepios com o toque dos seus lábios no meu ombro. — Por que você foi embora da primeira vez? — sua pergunta me pegou de surpresa, as lembranças ainda eram muito vivas na minha mente. — No dia anterior eu vi uma conversa sua com Júlia, percebi que eu estava sobrando ali. As mensagens carinhosas que você trocava com ela, por mais que negasse, ainda tinha um certo sentimento pela louca. Eu queria mais e você não poderia me dar. — confessei minha maior motivação em deixá-lo há cinco anos. — Me desculpa por tudo que você passou, era só uma menina e sua atitude só me fez te querer mais. E por que só agora me deixou voltar?
— Ainda não sei, tive várias motivações: Uma é porque jamais me controlaria de novo, outra: foi vê-lo com Mellaine, despertou um sentimento de posse e por último a mais importante é porque estava bêbada. — Ele começou a rir quando terminei de falar. — Você estava muito bêbada, carinho. Sei que era minha única oportunidade de fazer você casar comigo. Sei que um dia ficaríamos juntos, mas você estava tão vulnerável naquele dia que eu vi a melhor oportunidade. Acho que acertei. Hoje estou muito feliz, ter a minha família e realizar essa vontade com você tem sido uma experiência incrível. Confesso que nesses anos todos eu pensei em vir atrás, senti-me com raiva e amor ao mesmo tempo. Raiva por ter agido nas minhas costas e amor por sentir a sua falta. Você sempre foi muito mulher para sua idade, é isso que me encanta em você, puxou muito a sua mãe: É reservada e comedida na frente dos outros, a não ser em Nápoles. — Fiquei quieta pensando em sua declaração. Feliz. Eu o amava muito e estar ali da maneira como estávamos era realizar meu sonho secreto. — Eu senti muita raiva de você no começo. Pelas promessas quebradas, senti-me usada por tudo que aconteceu, não conseguia esquecer daquela noite em Nápoles. No início, minha motivação para tudo era a mágoa que eu sentia. No dia do seu casamento só fui porque queria ver sua reação de ficar sozinho e abandonado, mas com o passar dos anos isso foi ficando pequeno perto do que eu era, e vi que você como qualquer pessoa merecia uma segunda chance, se
você não tomasse uma iniciativa eu jamais iria. Ainda tenho o mesmo medo de sair machucada como um dia saí. — Senti suas mãos fortes me virarem e se posicionarem sobre meu corpo. Acostumada com a penumbra vislumbrei o brilho dos seus olhos. — Bella, eu não vou mais te machucar, entenda o que estamos vivendo. Não tem Júlia, não tem Mellaine, tem nós, eu e você. Não tenha medo, você carrega o fruto do nosso amor. Jamais quero te fazer sofrer. — Seu peso aumentou conforme abaixava buscando meus lábios, entreabri a boca sentindo sua língua invadir em busca da minha língua, se enroscando e tragando-a. — Eu te amo. Dá para você entender isso? — Balancei a cabeça concordando. Novamente ele se deitou nas minhas costas se colando mais a mim. Sentia o calor da sua pele na minha. Adormeci pensando em tudo que me disse.
Já fazia alguns minutos que eu esperava no consultório da médica, ela e Bella estavam em uma outra sala anexa a que eu estava, primeiro a examinaria e só me chamaria assim que fosse fazer a ultrassonografia, fiquei observando os diplomas pregados na parede, a vasta coleção de livros de ginecologia e obstetrícia. Uma escultura de uma mulher sem rosto, somente com os seios e uma avantajada barriga de grávida me chamou a atenção e por minutos a olhei, pensando em como o corpo da mulher mudava tanto para abrigar um bebê. Estava absorto analisando o molde gestacional a minha frente que não percebi quando a assistente da doutora me chamou. — Sr. Valentino? — Senti seu toque no meu ombro, assustando-me. — Vou levar o senhor para a ultrassonografia. — Desculpa, estava pensativo que não ouvi me chamar. — Levantei-me sorrindo e a acompanhei até uma sala ao lado interligada a principal e vi Bella deitada em uma maca com a barriga exposta, o abdome reto agora tinha uma leve ondulação próxima ao umbigo, ali estava meu filho. Sentei-me na cadeira onde me indicaram, ao lado dela e segurei sua mão beijando-a ternamente no dorso. — A doutora já está vindo. — Informou Bella com os lábios esticados
em um lindo sorriso. Estava nervoso e ao mesmo tempo feliz. — Vamos lá ver como esse bebê está? — disse a médica ao entrar e nos informar antes de sentar em frente ao aparelho e próximo da maca passando um gel e espalhando com uma haste do aparelho, por onde projetaria a imagem para vermos. A minha frente, fixada na parede tinha uma enorme tela de TV e a médica nos informou que conseguiríamos ver o bebê por ali. Fiquei estático e senti algo surreal me preencher quando ouvi os batimentos rápidos e fortes do meu filho. Aquele som reproduzia-se nas minhas veias, percorrendo todo meu corpo, se instalando em mim ao chegar no meu coração que estava agitado igualmente ao dele. Foi o primeiro contato que tivemos e meus olhos não conseguiam desgrudar do borrão na tela, o som mais lindo, a melodia mais perfeita foi escutar o coração dele bater. — Temos um bebê já com nove semanas. — Aquele sinal de poucas semanas não tinha forma específica, mas era meu, era metade de mim, um pedacinho do meu coração batendo fora do meu corpo. Extasiado e anestesiado olhei para a mulher responsável, tanto quanto eu, por esse momento único e inexplicável. Suas lágrimas desciam por seu rosto silenciosas e seu sorriso tinha som, o som do nosso bebê. — Dá para saber o que vai ser? — perguntei curioso.
— Ainda não, sr. Valentino. Creio que mais uns dois meses já saberemos o que vai ser, mas por enquanto somente posso dizer que o feto está saudável. — respondeu. Ela terminou o exame e nos deixou a sós, para que Bella pudesse se arrumar e limpar. A médica nos aguardava em sua sala, a mesma em que fiquei por um tempo esperando. — Não sei explicar o que estou sentindo. — disse enquanto ajudava Bella se arrumar. — Obrigado, carinho. Sou o homem mais feliz do mundo. — Abracei-a e segurei entre meus braços procurando olhar em seus olhos e ver o quanto brilhavam. Selei seus lábios e sua testa. — Sra. Valentino, está aqui a receita com algumas vitaminas. Vamos nos ver pelo menos uma vez por mês. Preciso que faça esses exames. Como é sua alimentação? — perguntou a doutora ao retornarmos para a sala de consultas. — Boa. — Só não tem os horários regrados. — Intrometi no meio da conversa e ganhei um olhar ameaçador de Bella. — É sim, carinho. Você não tem muitos horários. — De agora em diante, tente comer de 3 em 3 horas. — Bella deixou sua teimosia de lado e concordou com a médica sem questioná-la. — Doutora! Bella se sentiu mal ontem, é normal? — Mais uma vez eu
me metia no meio das duas. — Mal como? — ela perguntou e deixei Bella responder. — Senti uma fraqueza, tenho sentido alguns enjoos. — E chora bastante. — Completei as informações. — Se emocionar facilmente, é normal, no fim da gestação será maior este estado emocional frágil; enjoos também são normais até o fim do primeiro trimestre e sonolência algumas mulheres têm mais que as outras. Isso tudo se deve a grande descarga hormonal que seu corpo está recebendo e tudo que está acontecendo com você é normal. Fique tranquila, se tiver muito enjoo vou receitar mais esse medicamento aqui. Após terminar as anotações e cuidados na receita a doutora nos entregou e eu apressadamente peguei o papel antes de Bella. — Tente até a décima quinta semana não fazer exercícios físicos muito grande. Curta sua gestação, e diminua seu ritmo de trabalho. — Está vendo. Você deve ficar mais quietinha comigo em Nova Iorque. — Bella me olhava como se fosse me matar, mas estava tão feliz que fingi não perceber seu olhar. Deixamos a clínica de mão dadas. Irradiávamos felicidades. Bella pediu para comer algo e fomos a uma cafeteria próxima a gravadora. — Carinho, ontem disse que vai vender a gravadora. — Havia ficado
intrigado com que me disse, quando estávamos na banheira ontem à noite. — Sim. — ela concordou e enfiou um pedaço de torta de coco na boca. Aguardei e, também provei de minha escolha, uma torta de limão. — A gravadora não entra no espólio da minha família. Ela é minha e vou vendê-la. Quando casamos e não estávamos prevenindo sabíamos que era questão de tempo para eu engravidar. E acho que minha prioridade no momento é ele e você, então resolvi vender e aplicar todo o dinheiro da venda. — O que está fazendo por nós é a maior demonstração de amor que poderia me dar. Não precisava se preocupar com mais nada. — Alcancei seus dedos em cima da mesa e segurei-os com os meus. — Vou fazer rendimentos mensais. Não quero precisar de dinheiro seu. Quero trabalhar em nossa instituição. — O que você quiser, carinho. Quero te fazer feliz. — Você tem me feito. Vou me mudar para Nova Iorque e assumirei minhas funções ao seu lado. — Bella era de fato surpreendente, quando achava que ia tomar uma decisão ela vem e mostra que vai ser o oposto. — Assim que vender eu me mudarei. — concordei em tudo. Sua decisão me passava segurança de que sempre estaria ao meu lado. Talvez tudo começasse a ser diferente e seríamos completos.
Seis meses depois...
Nesses meses vivi um casamento maravilhoso, hoje pela manhã observava Bella tentar se vestir com aquele barrigão. Ela estava radiante, a grávida mais linda que já vi, os cabelos estavam mais cumpridos, pouco abaixo dos ombros. Não engordou muito, ainda mantinha a cintura afinada e eu a amava cada vez mais. Foram meses até a venda da gravadora e a reforma da casa que compramos, um achado dentro de Nova Iorque. Deixei que Bella escolhesse tudo a seu gosto e ontem terminamos de ajeitar as coisas no quarto da bebê. Esperava que minha menina fosse igual a mãe: linda, delicada e de uma
personalidade ímpar. Na família, Any, era a criança mais aguardada, seria a primeira mulher Valentino por nascença. Quando fizemos a ultrassonografia 4D e a médica de Bella disse que seria uma menina eu me senti completamente diferente e com medo. Fazendo-me pensar em como eu a protegeria de todos, de sua delicadeza e da forma como eu a esconderia do mundo para ninguém a machucar. Levei minutos para entender que eu Giovani Salvatore Valentino seria pai de uma menina. Bella e a doutora me chamavam, mas eu só tinha pensamentos de proteção e resguardo por ela. Não aceitaria que ninguém se aproveitasse dela e riram de mim quando me perguntaram o que eu estava pensando e contei as duas que pensava nela já grandinha com seus namorados. Ciúme e o sentimento de superproteção afloraram e intensificaram ainda mais quando contei a todos que a primeira Valentino mulher estava a caminho. Marco e Raf não pouparam brincadeiras. “Quero ver Giovani levando para a baladinha ou recebendo o namoradinho em casa. Vai deixá-la ir em um baile de máscaras?” E claro que não a deixaria à mercê de abutres que rondassem minha filha. As brincadeiras pararam quando Bella pediu aos dois que não fizessem mais, alegando que eu me tornava rabugento e mal-humorado, mas na verdade eu sentia desespero em pensar que algum homem um dia faria minha filha sofrer. “Giovani pelo amor de Deus, a menina nem nasceu e você está sofrendo
com coisas que vão acontecer só daqui há dezoito anos?” Bella me perguntava e eu não respondia, ela não se sentia igual a mim. Any era a pedra mais preciosa, o cristal mais fino, o metal mais nobre que poderia existir. Era a minha filha, o meu bebê tão aguardado. E todos esses dias, durante esses meses eu falava todas as manhãs e as noites antes de dormir com ela. Era meu momento de pai e em resposta sentia seus movimentos, ondulando a barriga de Bella de um lado para o outro. Dizia o quanto a amava e minha felicidade por estar vindo. As vezes o momento se tornava familiar e Bella interagia em nossas conversas. Não me arrependia de nada o único arrependimento era de não ter ido atrás de Bella há cinco anos e ter a trazido a força. Parece que o passado agora não nos atormentava mais. Nós mudamos e nossas vidas também. Hoje sonhávamos e agíamos juntos, como casal e cúmplices. Sem dúvidas esse ano comemorei o aniversário mais intenso e significativo de toda minha vida. Tinha a mulher mais linda e que eu amava ao meu lado e carregava minha filha, a minha princesinha. Comemoramos nosso aniversário de casamento e, também o de Bella. Nós nos completávamos e ainda éramos muito ativos sexualmente, o apetite dela aumentou e muitas vezes me deixava apreensivo com a forma que me pedia e exigia de mim. E, também me assustava.
Em um desses dias me ligou e me fez atravessar toda Manhattan desesperado, achando que tinha acontecido algo, na verdade, quando cheguei a casa, a vi nua com meias sete oitavos brancas, com uma fita e um laço amarrados na cabeça me esperando. Fiquei bravo quando vi que estava tudo bem. E se justificando Bella veio até mim ajoelhando aos meus pés e começou a deslizar a ponta do indicador pelo cós da minha calça, me deixando excitado, tirando meu pau para fora ao descer o zíper da calça que ainda vestia. Fechei os olhos ao sentir sua boca escorregar, engolindo-o, sugando e lambendo a cabeça. Sua língua circundava-o e me chupou até eu não aguentar mais e esporrar dentro da sua boca dando o que me pedia. Os desejos de grávida de Bella eram incomuns, se estendia a sexo e mais sexo. Em uma das consultas a deixei constrangida ao mencionar o quanto sua libido estava exacerbada e descobri que o ato sexual era excelente ao bebê, a prática aumentava o fluxo sanguíneo na placenta e oxigenava melhor e com isso não tive medo e, a qualquer ligação sua no meio do dia eu sabia o que queria, e logo corria para atendê-la. Confesso que desenvolvi uma tara gigantesca ao vê-la de barriga grande e nem quando me visitava no escritório, à tarde, nós perdoávamos. Em uma dessas suas visitinhas propositais quase fomos pegos por Raf quando entrou em minha sala pelo anexo. “Vocês não cansam não?” — perguntou Raf consternando e constrangido
ao ver nosso desconforto enquanto Bella limpava o batom vermelho espalhado no rosto e eu fechava os botões na camisa. Estávamos vivendo bem, a não ser pelas discussões banais de nome: Mellaine. Hoje eu conseguia ver o quanto Bella tinha razão quando afirmava o fato de ela estar enganando Luca. Algumas vezes Mellaine fazia insinuações bem explícitas ao falar algo comigo, comecei a perceber que arrumava pretextos para sempre ficarmos sozinhos em um cômodo, ainda fazia provocações sutis à Bella e quando conversei com ela explicando o quanto isso estava atrapalhando e pedi que parasse, Mellaine deixou claro a mim que não pararia: “A traída fui eu, da mesma maneira que sua esposa não me suporta eu não a suporto. Agora sou sua cunhada aguente isso, vai me ver sempre por aqui.” Nunca contei para Bella, mas tentei diminuir as visitas a casa da minha mãe, evitando topar com Mellaine por lá, mas hoje seria impossível, era aniversário de mamma e estar no mesmo lugar que minha ex seria inevitável. Bella se arrumava enquanto eu a esperava. Já havia colocado seis vestidos que contei, mas com todos dava um jeito de colocar algum defeito e o tirava. — Carinho, estava maravilhosa com o preto. — disse mais alto para que me escutasse. — Mentiroso! — E lá vinha ela com mais um modelo pedindo minha aprovação. Bella estava vestida de branco, um vestido de um ombro só com detalhes,
era justo e salientava sua barriga redonda de oito meses e seus seios maiores e redondos. Em toda a gestação havia engordado muito pouco, o essencial para Any. Estava linda, sua cintura ainda era fina e o vestido estava expondo mais as curvas gestacionais. — Ficou linda. — disse, a elogiando mais uma vez. — Tem certeza, estou imensa e nada me serve. — reclamava. — Não diga isso, é a grávida mais linda que existe. — Parou e me deu as costas indicando para eu fechar o zíper, subi lentamente o zíper, contemplando a curvatura da sua bunda, empinada e redonda. Assim que fechei dei levemente um tapinha em uma das nádegas. — Muito gostosa. Quando passar trinta dias que Any nascer vou te foder em todos os lugares. — Sabe que não pode me deixar com vontades. — Bella deu um passo para trás e se esfregou descaradamente em mim. — É que eu não resisto a você. — Rimos e ela afastou tornando a entrar atrás das portas espelhadas do closet. Voltei a sentar na cama imaginando que fosse trocar de novo o vestido. — Não me diga que vai tirar o vestido. Está magnífica. — Não, fui pegar os sapatos. — Bella apareceu com sapatos de salto de um tom de marrom claro quase bege. — Carinho, a doutora pediu que evitasse os saltos. — Lembrei-a das recomendações da médica em sua última consulta.
— Amor, não ficarei o dia todo em cima deles. E se meus pés incharem eu os tiro. Assenti mesmo ainda discordando, mas não entraria em um embate com ela por causa disso. Chegamos mais cedo na casa onde nasci, fui criado e morava até pouco tempo. Sentia falta do falatório à noite, do cheiro da comida e de minha mãe. Depois que Bella se mudou totalmente para Nova Iorque nunca mais tive um tempo a sós com Ana Valentino para conversamos. Não que eu precisasse disso, estar com minha esposa grávida era essencial para minha vida, mas sentia saudades de casa ainda. Quando minha mãe nos viu entrar veio rapidamente nos recepcionar e principalmente falar com a barriga de Bella. Não existia mais os filhos, o neto e nem as outras noras, era Any. Dona Ana não faz segredo a ninguém que está ansiosa e maravilhada por ser avó de uma menina, todos sempre souberam que Luca só veio na tentativa de que queria uma menina. O sonho de minha mãe era ter uma filha e agora o sonho se projetou na neta. — Oi, principessa da vovó. Vovó não vê a hora de você chegar. — Ela acariciava e colocava o ouvido próximo a barriga. E não é que Any correspondia a sua voz, remexia e mexia sem parar, o que a deixava envaidecida e criava ciúmes em Alícia com James. Bella era paparicada ao extremo por ela e nunca imaginaria que minha mãe brigaria ao defender minha esposa quando Raf a questionou e disse que
Alícia estava reclamando sobre o tratamento exagerado que dava a uma nora e desfazia da outra. “Rafaello, Alícia está enciumada e recalcada por causa de uma bobeira, eu sempre a tratei bem, mas agora é a vez de Bella ter um bebê e merece minha atenção. Vocês deviam estar felizes como eu, com a chegada da primeira Valentino de nascença.” Por fim ninguém mais a questionava. Parabenizamos e demos nosso presente a ela. Um conjunto de brilhantes e no cartão escrevemos: “De: Any Valentino/ Para: Vovó Ana” Vimos sua emoção e recebemos seus abraços ao agradecer. Quando chegamos à sala, Bella entrou na frente e eu atrás, pude ver o sorriso e a falsa simpatia de Mellaine. Eram nesses momentos que me sentia tenso: quando tínhamos que cumprimentar a todos. Bella cumprimentava secamente Mellaine, e a mesma fazia questão de abraçar, deixando minha esposa irritada. Procurei sentar longe e evitar minha ex ao máximo. Será que Luca não via o quanto ela estava usando-o? Na hora em que o almoço seria servido me sentei na cabeceira da mesa, após acomodar Bella a minha direita, e mais uma vez tentando criar uma situação insustentável Mellaine sentou ao meu lado esquerdo. Vi como estava cada dia sendo mais ousada e isso me incomodava, não queria brigas com Bella por causa disso e assim que retornássemos de viagem eu conversaria com Luca e
daria um basta. — Giovani, quero ir a Nápoles com você. — disse Luca. Essa semana seria a reunião de posse de Tony, prometi que concederia a liderança ao seu irmão, vi o esforço que Bella fez para estar aqui comigo, abrindo mão de seus sonhos e eu faria de tudo para recompensá-la. — Tudo bem, Luca. Raf e Marco ficarão, Bella também não vai, a doutora recomendou que não viajasse mais. — respondi à Luca. — Caso precisar, pode me ligar, Bella. — Com o tom sarcástico Mellaine se ofereceu para ajudar na minha ausência. — Obrigada, Mellaine. — Bela agradeceu sendo educada, mas com a fisionomia de poucos amigos. — Bella está com 36 semanas pretendo ficar um dia só. Não quero me manter muito afastado. Chegarei pouco antes da reunião e virei embora após o baile de posse, então se quiser ir. Luca assentiu e ficamos de nos falar depois para planejar os detalhes. O almoço foi tranquilo e me senti em paz quando Bella ignorou completamente a presença de Mellaine, ao ficar conversando com Alícia. Durante o almoço Raf anunciou a nova gravidez de minha cunhada, deixando todos mais alegres e mamma mais eufórica ainda. “Em caso de algum apocalipse Raf e Alícia povoarão o mundo novamente.” Luca caçoou e caímos todos na gargalhada com seu comentário.
Após o almoço e uma tarde agradável voltamos para casa exaustos.
Os dias estavam passando muito rápido, fazia alguns meses que havia me mudado de vez para Nova Iorque e hoje acordei com um pressentimento muito ruim. Sentindo-me ansiosa, com aquela sensação de que algo de grave aconteceria. Giovani havia viajado na noite passada e talvez fosse a sua ausência, depois de meses acostumada com sua presença constante, ou coisas de grávidas mesmo. Afinal, estava com 36 semanas, quase no final da gestação, mais duas semanas e Any poderia vir a qualquer momento. Queria muito ter ido junto, seria a posse oficial de Tony e, Giovani havia me prometido que não se colocaria contra no Conselho, mas por recomendações
médicas a doutora achou melhor eu me manter quieta em casa e mesmo com duas semanas antes de completar as 38 semanas o parto poderia antecipar, talvez essa ansiedade fosse por estar sozinha em casa e com a possibilidade iminente da bebê nascer. O dia e as horas não passavam. Harry depois de sumir por meses me ligou, estava nas Maldivas com um novo namorado. Ele e James estavam desgastados e eu mesma aconselhei que dessem um tempo, e agora lá estava ele, sorrindo e feliz com seu novo affair. Disse-me que quando voltar de viagem e Any tiver nascido que virá conhecer a sobrinha postiça. Mostrei a ele como ficou a decoração do quarto dela e ficamos rindo ao relembrar que até pouco tempo eu estava fugindo do Capo, repelindo-o de todas as formas e hoje estava aqui, grávida e feliz. Nós nos despedimos logo depois e cansada subi para o quarto a fim de descansar um pouco. Sentada na cama peguei duas caixas organizadora e comecei a colocar o papel com o nome de Any em suas lembranças do nascimento. Fiquei tão absorta que lembrei como foi o momento que escolhemos o nome: Giovani queria algo italiano, como Ana, Maria, Giovana, mas eu ainda queria algo pequeno e que fosse tão dela e chegamos a conclusão que deveria ser com A, a primeira letra do alfabeto, simbolizando a primeira e acabamos americanizando o Ana para Any, não queria que fosse o mesmo nome de minha sogra, a primeira Valentino mulher tinha que ter sua exclusividade. E fui tirada das lembranças com o som
do telefone e notei que começava a anoitecer. Havia deixado o celular no móvel ao canto do quarto, onde tinha fotos minhas e de Giovani recém-tiradas. Meio estabanada me levantei da cama e fui até o aparelho e vi que era ele me ligando. Atendi a videochamada. — Mí regina. — Sorri quando seu rosto apareceu na tela do celular. — Oi, meu amor. — Como está? Como foi seu dia? — Estou bem. Só não dormi bem. — Eu também não. Estou sentindo sua falta. Também estava. — Também senti. Nunca pensei que fosse sentir esse tipo de saudade e desejando que volte logo. — Alguém o chamou e fiquei olhando a tela enquanto um de seus homens chegava e falava algo em seu ouvido. — Desculpe, carinho. — Sorri. — Voltarei só amanhã a tarde. — Mas me disse que saíria logo depois do Baile. — questionei-o. — Sim, amor, mas como não descansei quero descansar, só será algumas horas de diferença. — suspirei resignada, não gostando dessa mudança. — Bella, não faz essa carinha. Minha vida, eu te amo e não vejo a hora de voltar e não sair mais do seu lado. — Entendi. — disse vago, descontente ainda. Não me fez sentir bem e novamente aquela ansiedade voltou, deixando-
me apreensiva. — E como foi a reunião e Tony? — Tentei mudar de assunto. — Foi tranquilo, não tinha muito o que questionar. — Já vai descer para o baile? — Giovani estava arrumado de smoking preto, com os cabelos penteados para trás e o cavanhaque muito bem desenhado. Fechei os olhos imaginando o perfume que deveria estar usando, aquela mistura deliciosa de madeira seca com toque cítrico. — O que está pensando? — Sorria. — Em nada, do quanto queria que estivesse aqui, senti-me muito sozinha hoje. — confessei. — Amanhã no fim de tarde estarei aí e não vou desgrudar de vocês duas. — Novamente o chamaram. — Carinho, preciso ir. Concordei e mandei um beijo movimentando os lábios. — Te amo! — Também! Desligamos e senti vontade de chorar e aquele sentimento ruim e desgastante só aumentando. Em pé, parada no centro do enorme quarto e descalça no assoalho de madeira em mogno massageie a barriga, deslizando a mão por toda ela ao sentir os movimentos desesperados da bebê. — Calminha aí, menininha, o papai amanhã estará aqui com a gente. Voltei para as lembrancinhas e quando terminei já passava das 10 h da
noite e estava escuro quando resolvi preparar a banheira e tentar relaxar um pouco em meio a sais de banho e água morna, talvez meu sono essa noite fosse melhor. Estava dentro da banheira algum tempo, ouvindo música clássica, não que eu fosse adepta ao clássico. Havia lido há alguns meses que esse tipo de som era excelente aos bebês e tudo que lia e achava relevante eu praticava e fazia. Encostei a cabeça na borda da banheira e deixei o som tocar no silêncio do ambiente com velas acesas, mas um barulho inesperado me tirou do momento de calmaria que tentava proporcionar à Any. Meu celular anunciava avisos de mensagens e preocupada com a possibilidade de estar acontecendo algo eu o alcancei e desbloqueie a tela abrindo nas mídias que recebia. Engoli em seco, ao passar as cinco fotos que recebi, uma a uma eu retornava e não conseguia acreditar no que via. Sentei-me com a água batendo no meio da minha barriga dura e petrificada, igualmente a mim: estática e sem reação. O gosto amargo subia do meu esôfago para a boca. Eu não conseguia acreditar no que via. Só poderia ser alguma brincadeira de muito mau gosto. Comecei a chorar e ainda sem forças consegui me levantar e deixar a banheira espalhando água por todo o banheiro. Corri ao vaso e comecei a vomitar no mesmo momento que meu celular tocava e era Tony. Atendi chorando com a voz toda embargada.
— Tony, o que está acontecendo? — Bella se acalme por favor. — Que fotos são aquelas? — Eu as recebi agora, foi um dos meus homens que o flagrou. Me perdoa. — Tem certeza de que é ele? — Eu precisava que fosse um grande engano, meu peito parecia que explodiria a qualquer momento. A dor foi aguda e me fazia sentir falta de ar. Eu passava as costas da mão no choro, meus olhos ardiam, minha cabeça doía e eu me sentia mal, precisava sentar e acabei indo encostada para o quarto, apenas enrolada pela toalha branca. — Bella, me perdoa, tenho certeza de que é ele e eu sei que está para a bebê nascer, mas você precisava saber, não quero que seja enganada. Não o respondi e soltei o telefone ao meu lado ao sentar na cama e colocar a mão na boca e sufocar meus gritos de desespero. As fotos eram de Giovani e Mellaine, em um vestido longo azul-escuro, ela estava com as mãos em seu rosto e o beijava, espremendo-o com seu corpo. Ele segurava seus braços. As cinco fotos eram de zoom diferentes, até a mais próxima que estava explicitamente mostrando as bocas dos dois unidas. A voz de Tony ecoava chamando por meu nome. Eu não conseguia pensar e na tentativa de reagir a dor da traição eu
peguei de novo o celular respondendo-o. — Tony não diga a ninguém que me ligou. — O que vai fazer Bella? — Mostrava-se nervoso também. — Logo saberá. Desliguei sem me despedir e gritei desesperada. Não conseguia acreditar que Giovani estava fazendo isso, traindo-me. Estávamos vivendo bem, a todo momento dizia me amar e agora descubro que estava me traindo com sua ex da pior maneira. Por isso chegaria mais tarde amanhã, passariam a noite juntos. Aquele medo que sempre senti eu havia o abandonado, sentia-me segura, mas fui iludida por ele mais uma vez, só que dessa vez eu não estava sozinha, eu tinha Any, nossa filha. Giovani só provou a mim que ainda é um egocêntrico, um cafajeste, um egoísta que só se importava com ele mesmo, não respeitou nem a própria filha que disse amar e estar feliz pela sua chegada. Foram longos os minutos em que chorei e tentava tirar essa dor de dentro do peito. Precisava fazer algo e sair dali o mais rápido possível, não queria ficar naquela casa. Peguei meu celular e procure o número da única pessoa que poderia me ajudar e socorrer nesse momento. — Martina, me desculpe, preciso falar com Russel. Ele está? — Acho
que a acordei, quando disse alô sua voz era de sono. — Bella? — Sim. — Ouvi a voz de Russel ao fundo perguntando quem era. — É ela. E parece que está chorando. — Martina respondeu a ele. — O que aconteceu? — Russel rapidamente atendeu o telefone e me perguntou. Ouvir sua voz só me fez chorar mais. Meu socorro e auxílio, sei que poderia contar com ele para qualquer coisa. — Preciso muito de você! — Me conte o que aconteceu, minha filha.
Era fim de tarde quando o carro atravessou os portões brancos da casa onde eu e Bella começamos a formar nossa família. Desci do carro ansioso para vê-la, sentir seu perfume de flores, aquele que usava durante o dia, nada muito exagerado. Com a gravidez Bella ficou mais delicada em seus gostos, alguns perfumes a fazia ficar enjoada. Abri as portas e chamei por seu nome, mas não tive respostas e subi os degraus de dois em dois da escada que levava ao andar de cima. Caminhei pelo longo corredor olhando suas fotos e ansioso para ver seu sorriso e beijá-la. Ficar quase dois dias longe dela me encheu de saudades. Não quis ligar e fazer uma surpresa, desde ontem não nos falávamos e hoje pela manhã quando liguei ela não atendeu, de certo estava ocupada e como
estava vindo embora não me preocupei de ligar de novo. Quando entrei em nosso quarto não a vi. De certo saiu para fazer alguma coisa ou estava no quarto de Any arrumando algum detalhe, um outro fato que em nossa convivência eu descobri: Ela era extremamente perfeccionista e minimalista. Bella também não estava no quarto de nossa filha, mas algo estranho me chamou a atenção e encontrei um pé de um sapatinho caído pelo chão e quando peguei notei a porta do closet daquele quarto aberto e a luz acesa ao aproximar me deparei com ele quase vazio e as gavetas abertas remexidas. Desesperado saí correndo para fora descendo as escadas chamando pela mulher que contratamos recentemente para trabalhar em casa. — Sra. Roberts! A senhora de meia idade apareceu em seu uniforme azul vindo da cozinha. — Sr. Valentino? — Antes de me ver ela perguntou. Terminei de descer as escadas e caminhei em direção a som da sua voz. — Cadê a Bella? — Nesse momento eu já me sentia a ponto de ter algo. Será que algo havia acontecido e Bella foi para a maternidade? Não seria o possível, ela ou alguém teria me avisado. Fui tomado por um medo passado. — Senhor quando cheguei pela manhã a senhora não estava em casa. Achei que estava dormindo, mas a cama não estava desfeita e notei uma bagunça
em seu closet. Dei as costas e corri para cima, para o nosso quarto. Precisava confirmar minhas suspeitas e quando entrei no nosso closet suas gavetas estavam remexidas da mesma maneira como no de Any. Nervoso peguei o celular e liguei para o de Bella, mas ele dava como desligado o que não me atentei foi a notificação de mensagem que recebi com seu nome. E não pude acreditar que novamente estava acontecendo quando li “adeus” abaixo da foto. Caí sentado na cama e tombei a cabeça entre as mãos. Gritei e urrei tentando tirar a dor que me tomava e arrebatava por inteiro. Agoniado não ouvi Luca me chamar, só o vi quando entrava em meu quarto e avançava para cima de mim ao desferir-me um soco no rosto. — SEU DESGRAÇADO! — Fui arremessado para trás na cama e me levantei, após, para me defender. Aquela vagabunda aprontou e foi muito bem aprontado dessa vez. — Giovani, você não vale nada. — Nós nos atracamos ao me esquivar de mais um soco no rosto. Eu o empurrei com meu corpo chocando-o contra a parede. Medimos força e consegui imobilizá-lo no chão quase o enforcando. — Calma aí, o que pensa que está fazendo? — perguntei ofegante ao segurar.
— Você é um desgraçado. Não se importa com ninguém, nem com sua esposa grávida. Você teve Bella, como sempre a quis e não se contentou em dispensar Mellaine e agora que ela estava seguindo sua vida você foi atrás dela de novo. — Mellaine é uma louca, eu não fiz nada. — Luca se debatia, tentando se soltar. Sei que me machucou, sentia pouco abaixo do olho arder e doer. — Como não, Bella me enviou a foto de vocês dois se beijando. Não pensou nem na sua filha. Você não vale nada. Sinto tanto por ter acusado Bella enquanto quem nunca valeu nada aqui foi você. — Eu não beijei Mellaine, ela que me encurralou e me agarrou. — Me solta. — ele pediu e eu o soltei. Luca levantou e se afastou ajeitando a roupa e a gola da sua camisa. — Ainda tem coragem de negar, você é um verdadeiro filho da puta sacana, não pensou nem na sua mulher grávida quem dirá no seu irmão. — Eu não traí Bella e muito menos você. — gritei, tentando me explicar. Não era possível que acreditariam naquela foto. Mellaine me encurralou a noite inteira e já estava ficando de saco cheio. Fiquei puto quando estava esperando Luca no jato e ele chegou com ela. Sei que não daria boa coisa, mas jamais pensei que ela me agarraria e por azar alguém ter tirado a foto. E ainda mandarem para Bella. Estava indo dormir quando Mellaine me seguiu e ficou me acusando e se insinuou ao tentar me beijar.
Deveriam ter tirado a foto quando a empurrei e disse que ficasse longe de mim, ela veria um lado que poucos viram, mas agora não adiantaria nada, Bella foi embora cumprindo sua promessa feita quando descobrimos sobre a gravidez. Arrependido de não ter dado um basta em Mellaine antes, afastei-me passando a mão pelos cabelos desalinhando-os. — Eu não a beijei, Luca. Eu sou desesperado pela Bella. — Senti minha voz embargar com o choro que não impedi que saísse. — Não acredito em você. Você toca em tudo e estraga, só sabe ferrar com as pessoas a sua volta. Ainda bem que Bella te deixou, assim vai conviver para o resto de sua vida com suas traições e decisões. Não esperou que eu me defendesse e me deu as costas saindo da minha casa. Senti-me indo ao inferno e dessa vez foi bem pior. Pois ela não voltaria e levou minha filha junto. O inchaço que ganhei e o machucado não eram nada perto da dor que eu sentia, meu coração doía, era física e não só emocional. Pedi a morte! Encontrei os olhos assustados da Sra. Roberts na porta do quarto. — Sr. Valentino! — Está tudo bem, me deixa sozinho. — ordenei. Peguei o telefone e liguei para Raf.
Ainda era muito cedo quando estava sentada de óculos escuros, cabelos presos e um vestido simples, nada muito extravagante para não chamar a atenção. Meus olhos ardiam e estavam muito inchados. Passei durante uma hora revirando as gavetas pegando coisas minhas e de Any e jogando dentro das malas. Quando todo o Conselho resolveu a favor da unificação eu sabia que isso me deixaria vulnerável e estar sob a vigília constante de Giovani, mas consegui criar uma segunda opção caso eu quisesse fugir e como sempre, Russel deixava tudo planejado e antecipado para caso algo desse errado. Sempre tive receio de que alguma coisa aconteceria, o passado sempre esteve ali. Após a venda da gravadora quando estava para me mudar para Nova Iorque, Russel me entregou um envelope, contendo toda documentação para caso eu precisasse me esconder por um tempo. Tinha um novo documento, como carteira de habilitação, passaporte todos com o nome de Ângela Madison e um celular antigo. Estava tão bem guardado que imaginei nunca precisar e agora era
essencial. Eu disse que não aceitaria que Giovani me magoasse uma segunda vez. Dessa vez ele foi longe demais, traiu-me e me quebrou por inteira. Eu precisava estar bem longe para conseguir me colar e proporcionar paz a minha filha. Quando liguei e contei a Russel, o mesmo desligou e mandou que eu pegasse o outro aparelho que havia me dado dentro do envelope. E nos falamos por ele, Russel me explicou que era um celular que não estava grampeado e provavelmente ninguém saberia da existência, assim como o dele. “— Bella assim que chegar no aeroporto em Mineápolis e me ligar desse aparelho, precisará jogá-lo fora. Ninguém vai conseguir rastreá-la. Entregue seu celular para quem for te buscar, ele estará aí dentro de uma hora e meia. No dia seguinte ele enviará uma mensagem a Don Valentino do aeroporto, caso Giovani peça o rastreio do seu telefone, meu amigo tentará colocá-lo com alguém que vá para outro país, despistando do seu verdadeiro destino. Pegue o máximo de dinheiro em espécie que conseguir levar, já irei providenciar uma boa quantia também, e no seu destino quem a receberá em Little Falls será Sara minha irmã, ela estará lhe esperando na cidade vizinha e vocês seguiram para a casa dela, ficará lá. Tem certeza que quer fazer isso, Bella?” Disse sim, convicta, quando me perguntou se era isso que queria e seguindo suas instruções consegui deixar a casa sem ser vista, tinham poucos
homens fazendo minha segurança naquela noite e sem que percebesse Russel mandou um carro com um de seus amigos para me tirar de lá. Conforme sua orientação desliguei as câmeras de segurança. Despistaria o meu destino final até Boston e de lá iria para Massachusetts de avião. Embarquei ainda de madrugada em um trem que saia de Nova Iorque com destino a Boston. Deixei meu celular e documentos com a pessoa de confiança mandada pelo o homem mais leal a mim. Segundo Albert, Russel salvou sua família de ser exterminada pela máfia há muitos anos e por isso o devia e sempre o serviria. Ele era já mais senhor, provavelmente na idade de uns cinquentas e poucos anos. Eu não poderia confiar em ninguém, mas se Russel confiava nele certamente era alguém seguro. Albert foi prestativo e só saiu de perto de mim quando o trem estava para partir. — Boa sorte, menina. Que sua bebê venha com muita saúde o agradeci antes dele ir e pedi que enviasse uma mensagem do meu celular para Giovani e outra para seu irmão, mostrei o que queria que escrevesse, a foto e os números para enviar. Despedi e entrei no trem, viajando por quatro horas até chegar em Boston. Com ajuda de carregadores consegui pegar um táxi até o aeroporto e de lá eu partiria deixando Bella Dellatore ou Valentino para trás para me tornar Ângela Madson.
A única coisa que provaria que eu era Bella Valentino seria a certidão de nascimento verdadeira quando Any nascesse. Russel se encarregaria de providenciar com a mesma pessoa que fez meus documentos. Estava indo embora, carregando ainda aquela dor, mas com a coragem de recomeçar e ser forte pela minha filha.
Os dias se arrastaram, tudo igual e nenhum sinal de Bella. Rastreamos seu celular e os sinais, contratei os melhores homens para seguir o seu rastro através da geolocalização e conseguimos em horas achar seu paradeiro indo para Londres, mas quando conseguimos contato não era Bella, fomos despistados para não a achar. Era um marco zero. Luca conseguiu envenenar todos contra mim, a única que acreditava em minha inocência era mamma, os demais e meus irmãos se voltaram contra. Estava sozinho, Marco e Raf só falavam coisas referentes a empresa e quando eu tentava conversar e falar minha versão os mesmos me deixavam sozinho.
E se não bastasse no dia seguinte na minha sala assim que cheguei já me esperavam Nina e Tony, furiosos me questionando e exigindo notícias do paradeiro dela, por fim quase perdi a paciência ao gritar e dizer a eles que eu também estava desesperado por notícias de Bella, mas sei que faziam isso por pura encenação a comando de Russel. Aquela raposa velha. Se alguém conseguia sumir com alguém sem deixar rastros esse seria ele e era a única pessoa que Bella recorreria. Mas antes de convocá-lo a vir me prestar declarações, interroguei os homens que guardavam minha casa naquela noite, mas nenhum viu nada de estranho. Bella desligou as câmeras, foi a última imagem que tive quando a vi entrar no quartinho reservado para os monitores da casa, pelo vídeo parecia estar muito abalada, mas depois não tive mais nenhuma imagem da casa. Com tudo isso aumentava mais minhas suspeitas de que tinha o dedo de Russel. Mandei que viesse até mim e em obediência ele veio, eu o convoquei através de nossas leis, mas ele jamais falaria mediante a qualquer tortura. Questionei e fiz perguntas, o mesmo se negou quando eu o acusava de ter ajudado Bella. Sua postura fria me deixava furioso e por desespero cheguei a enfiar o cano de uma arma em sua testa, e mesmo assim ele negava saber algo sobre aonde ela estaria.
Dispensei-o depois de horas e várias tentativas para ele falar, todas em vão. Porém, mandei que o vigiassem vinte e quatro horas por dia e que grampeassem o celular de todos os Dellatores, empregados, de Russel e Martina. E dias, semanas passavam e nada de Bella, já fazia quatro semanas desde que sumiu. Acreditava que Any deveria ter nascido e esses pensamentos me atordoavam, perturbavam-me, corriam-me e estava me destruindo aos poucos. Era tudo muito vago, só suposições. Eu ainda a acharia nem que se levasse toda minha vida. Na primeira semana abri um contrato com recompensa, mas logo desativei. Isso só levantaria mais alarde e Bella se esconderia mais, precisava agir muito quieto, a espreita, só assim um dia eu a acharia. Uma das primeiras coisas que fiz também foi rastrear transações bancárias no dinheiro de Bella, mas quando me dei conta ela havia levado muito dinheiro, o cofre de nossa casa estava só com as joias dela. E na noite do seu sumiço ela fez uma alta transferência para conta de Tony, mais um fato que me deixava a entender que eles sabiam sobre seu esconderijo. Comecei a vigiar qualquer movimentação ou sinal diferente que faziam. E naquela tarde o assistente de TI da empresa me trouxe um relatório, de uma movimentação dos rendimentos das aplicações da conta de Bella para Russel e dele para Tony. O que deixava a entender que para o dinheiro chegar até ela percorria um longo caminho. Pedi que rastreasse o dinheiro, mas eles se davam com o saque de Martina e pelo visto eles a envolveram também.
Começava a sentir raiva, por tudo que estava acontecendo, a dor e a saudade só aumentava, eu não a trai e estava pagando um preço muito caro. Revirei o país todo a sua procura. Não conseguia me focar mais, só tinha um propósito em achá-las. A esse tempo Any já deveria ter nascido e eu não pude estar lá, não pude ver minha filha chorar o sopro da vida. Queria saber como era seu rostinho, se era cabeludinha, se era perfeita, qual a cor dos seus olhos. Bella não tinha o direito de fazer isso comigo e me privar desse momento. Resolvi que era o momento de uma visita ao meu velho e antigo segurança. Chamei Andrea e pedi que preparassem meu avião, informei-a que estava indo para Los Angeles e que avisasse Raf.
Com quarenta semanas Any resolveu que seria a hora de vir. Quando senti ontem à noite as dores em casa comecei a cronometrar e avisei a Sara que estava entrando em trabalho de parto. A mesma mais que depressa veio até mim para me levar ao hospital local de Little Falls. A irmã e o cunhado de Russel estavam me ajudando ao máximo, faziam de tudo por mim, foram eles que me trouxeram hoje pela manhã, não quis vir no meio da madrugada conforme o curso de pré-parto que fiz em Nova Iorque eu sabia que ainda não era a hora e só resolvi vir assim que as contrações estavam espaçadas a cada vinte minutos. E há quatro horas eu estava aqui, sentindo as piores dores que um ser humano poderia sentir. Eu me agarrava na grade lateral
da cama e fazia força e quando cessavam eu descansava, preparando-me para daqui alguns minutos e nesse intervalo me permitia pensar em Giovani. Fazia um mês que eu o tinha deixado. Ainda era muito intenso os acontecimentos recentes e sempre despertava em mim a dor da traição, sei que era o papel dele estar agora aqui, mas não aguentaria vê-lo e saber que me deixou em casa para desfilar com aquela mediquinha em Nápoles. O que fez dessa vez não tinha meu perdão, antes eu não passava da sua amante, que se achava a namorada, mas hoje eu era sua esposa e não merecia passar por isso, estando grávida. Estava sozinha, não tive ninguém para segurar minha mão e eu sentia muita raiva por estar passando isso tudo sem ninguém, dependendo da caridade das enfermeiras que revezavam para ver como eu estava e ficar alguns minutos comigo. Elas eram anjos, incentivavam-me dizendo o quanto eu era uma guerreira, uma vencedora e com essas palavras eu me agarrava e continuava a lutar para trazer Any, a minha Any, ao mundo. Desejei que minha mãe estivesse ali. Eram momentos de altos e baixos, de incertezas, de inseguranças e se Dona Nina estivesse aqui comigo tudo seria diferente, ela teria o conselho certo para a hora certa. Gritei. Cada contração eu sentia mais dores, e quando menos esperei uma equipe estava entrando no quarto me preparando, dizendo a mim, após me examinar que
Any estava pronta para nascer. Sorri e fui invadida por uma força interna desconhecida. Fiz mais força e quando achei que não conseguiria senti que ela saía de mim e com os olhos embaçados do choro eu a vi e fui deitando lentamente na cama quando a trouxeram e colocando-a em meus braços, ainda presa em mim pelo cordão. Fui tomada por um amor, um sentimento de plenitude indescritível. Senti-la em meu tato, vê-la e escutar seu choro foi o presente mais lindo que já ganhei. — Srta. Ângela, coloque a bebê para mamar. — Não me atentei ao que a enfermeira dizia. Ela repetiu e eu ainda estava abobalhada sorri concordando. Desajeitadamente posicionei Any em meus braços na altura do meu seio e sua pequenina boca fechou em torno do meu mamilo e começou sugar como se fosse algo corriqueiro. Era impressionante a sensação da sua boquinha tão pequenininha movimentando e sugando seu alimento. Respirei fundo tentando me lembrar de tudo que aprendi e comecei a chorar. Minha felicidade expandia de dentro do meu coração nesse momento. — Ângela! Ângela! — Olhei para o médico após ele me chamar duas vezes. — Parabéns, é uma meninona. Como ela vai ser chamar?
— Any Va... Madson. — Minha voz saiu embargada e quase mencionei o sobrenome Valentino tamanha era minha distração com esse momento mágico e especial. Depois que amamentei Any eles a levaram para sua primeira pesagem e terminaram de organizar meu quarto. Estava já em pé horas depois do parto, com alguns pontos no períneo, mas nada que me impossibilitasse de sentar e ficar debruçada no bercinho apaixonada por minha bebê. — Boa noite, mamãe. — Olhei em direção a porta e a meio corpo estava Sara entrando lentamente. — Boa noite. — Sorri ao olhá-la ao se aproximar de Any. — Ela é linda e quanto cabelinho. — Estou completamente apaixonada, Sara. — Que Jesus te proteja, Any Valentino. — disse a mulher sussurrando. Nós nos olhamos a menção do nome e o peso que tem ele, e jamais poderia ser pronunciado na frente de outros que não soubesse sobre nós. — E você, está bem? — ela me perguntou. — Estou sim. — Me perdoa, tentei sair mais cedo hoje e não consegui. — Fique tranquila. Terei alta amanhã, o médico disse que seria na parte da tarde, chamarei um táxi, pedi a Holly. — Holly foi uma das enfermeiras que conhecia, a mais prestativa, ela a todo momento que podia, fugia e vinha ver
como eu estava. Segundo em uma das nossas conversas hoje rapidamente me contou que foi mãe solteira e sabia o quanto estava sendo difícil para mim. E ela não poderia mensurar como estava. Todos esses meses projetei esse dia com Giovani ao meu lado comemorando e nos emocionando, mas nada saiu como sonhei. — Amanhã a tarde estarei de folga, venho te buscar. — Não tenho como agradecer tudo que está fazendo por mim. Ainda estava muito emotiva, carente e qualquer gesto ou afeto que me davam eu me emocionava. — Sara, sem te dar mais trabalhos gostaria que desse um jeito de chegar essa foto a minha mãe. Fale com Russel ele saberá como. — Peguei o celular e mostrei a foto minha e de Any assim que nasceu e outra já de banho tomado mamando em mim. No momento que recebi um celular novo, era assim que eu conseguia saber de alguma coisa ainda, mas não mantinha contato com ninguém. Russel fez muitas recomendações sobre o uso do telefone em ligações para qualquer um que fosse. O dinheiro que precisava passava por tantas contas e quando feito para a conta de Sara era feito sempre de cidades diferentes ao redor de Los Angeles, depois ela sacava e me entregava, não vinha um valor alto, evitando levantar suspeitas. Não usava cartão, tudo que comprava era com dinheiro vivo. — Bella, não sei como faremos, todos os celulares estão sendo rastreados e com escutas. Não se esqueça você é a esposa de um Capo. Giovani está te
procurando pelo país todo. — Mande por e-mail à Martina. — Dei uma ideia. — Pode ser. — Se minha mãe receber uma mensagem de Martina ninguém vai desconfiar. — Tudo bem. — Transferi a foto para ela. — Obrigada. Sara! — chamei-a tirando a atenção que ela dedicava a bebê. Pedi também que trocasse a fechadura de minha casa. Com o dinheiro que retirei do cofre de Giovani eu consegui comprar uma casa. Fazia duas semanas que estava morando sozinha, Sara insistia que era perigoso para mim, mas eu precisava ficar em um canto só meu, mal saía de casa, o pouco era para ir ao mercado e voltava. A casa era um pequeno sobrado de dois quartos, banheiro, sala, cozinha e um pequeno jardim na frente, nada chamativo. Ainda precisava de algumas coisas. Não tinha sofá, e algumas coisas básicas, mas como dependia dos outros para ir até a cidade do lado eu esperaria assim que Any fizesse um mês. E o que eu achasse na cidade compraria por ali mesmo. Sara pedira algumas coisas pela internet, mas não podíamos fazer uma compra enorme. Então aos poucos eu me adequava, o que fiz questão de estar tudo pronto para a chegada da bebê era o quartinho e meu quarto. Não o decorei como havia preparado na minha casa e de Giovani, era simples e modesto, assim seria nossa vida daqui para frente.
— Entregaram uns cobertores hoje, Roland me avisou. — Desculpe estar amolando vocês. — Segurei em suas mãos. — Não está nos amolando. O que precisar estarei aqui. — Eu também... — Não percebemos que Holly estava entrando. — Essa é Holly, Sara. Sara, Holly. — Apresentei-as. — Falei com Ângela que ela ganhou uma amiga e o que precisar estarei aqui. — Obrigada, Holly. — Tornei a agradecê-la. — Não vai ficar sozinha, acaba de ganhar uma nova amiga. — Está vendo B... Ângelaa — Sara quase me chamou pelo meu nome, mas conseguiu disfarçar — Você não está mais sozinha. Um pouco depois sozinha, Any começou a chorar, se esticando e abrindo sua boquinha em um O. A peguei tentando acalmá-la e a amamentei. A filha de Giovani já mostrava que puxou ao pai e só se aquietava quando faziam o que queria.
Esperamos do lado de fora, dentro do carro, na porta de uma das casas de jogos dos Dellatore. Meus homens já sabiam o que fariam assim que ele saísse e como se nos esperasse me assustei com a batida no vidro do lado oposto e sua face próxima ao vidro. — Boa noite, Don Valentino, o senhor quer falar comigo? — Sua voz estava abafada por causa do vidro fechado. Aquela raposa velha e astuta sabia muito bem o motivo da minha presença ali, era só ele facilitar tudo e me entregar o paradeiro dela. Simples assim. Abri a porta para que ele entrasse, o aguardei me afastando da porta
enquanto ele tragava o fim do seu cigarro e o jogava fora. — Quero sim, Russel. — Eu já disse que não sei aonde Bella está. Se é isso que quer saber. — Poderia nos poupar de dar trabalho aos meus homens. Você é o único que sabe aonde ela está, e não adianta negar. E torturá-lo enfiando um cano na sua garganta não o fará falar, então vim apelar pela dor de um pai, preciso saber da minha filha. Não era totalmente a verdade, queria saber de Bella também, eu já estava me acostumando nesse pico de raiva e amor que vivia constantemente todos os dias desde que sumiu. Quando a encontrasse eu exigiria uma explicação e se ela ousasse sumir novamente eu tiraria Any dela. Estava disposto ir até o fim do mundo para achar minha bebê e minha esposa, mesmo eu estando com raiva dela. Bella foi uma vítima das armações de Mellaine, só errou em não me esperar e esclarecermos tudo. Simplesmente virou um fantasma e sumiu. — Senhor já disse que não sei e não faço ideia. Bella saberia que viria atrás de mim para saber aonde estava. Acha mesmo que a Sra. Valentino seria tão tola assim? — Irritava-me sua postura fria e imparcial. Sua fisionomia não deixava transparecer seus sentimentos e mesmo afirmando que não sabia eu tinha certeza de que ele era o responsável por ter tirado Bella naquela noite de Nova Iorque. Mudei minha postura, precisava vasculhar sua casa, talvez Bella esteja
escondida lá. Hoje em dia é muito fácil fazer um parto em casa. Criava as teorias mais mirabolantes para tentar achar seu rastro. — E Martina como está? Poderei vê-la? — Mudei de assunto, precisava de uma desculpa para ver se minhas suspeitas eram certas. — Claro que pode. Ela deve estar me esperando para jantar. Será uma honra tê-lo em nossa mesa Don Valentino. Ordenei que levassem a mim e Russel até sua casa. Ao entrar na espaçosa casa tinha esperança que Bella poderia estar lá. Martina me recebeu com alegria de sempre. Martina era secretária de meu pai quando se envolveram, logo se casaram, a conheço muito tempo. O tempo que fiquei lá eles agiram normalmente e quando fui ao banheiro no segundo andar da casa aproveitei para olhar os cômodos, rapidamente abri portas, ficando a meio corpo para olhar o interior de cada um, havia me equivocado e não havia sequer um sinal de Bella por ali. Retornava para a sala de jantar quando vi dois aparelhos sob o aparador, um era de modelo recente e o outro não era tão novo, olhando para os lados, certificando-me não estar sendo vigiado peguei o mais antigo dos dois e enfiei dentro da calça. Nunca havia roubado nada, mas por desespero essa seria a primeira vez. Depois que retornei não me demorei muito e logo dei uma desculpa para ir embora e, assim que entrei no carro tirei o celular que roubei do bolso e comecei a mexer e procurar por números, mas não tinha nada.
— O senhor quer que eu o leve em mais algum lugar. — perguntou o motorista. — Para o aeroporto, vou retornar para Nova Iorque. Coloquei o celular ao meu lado no banco e fiquei olhando para a cidade do pecado, pensando em como Bella conseguiu sumir dessa maneira. Não conseguia sair do zero, não tinha nenhum avanço. Estava quase perdendo a esperança de achá-la e o pior, não poder saber notícias de Any. Respirei fundo e tornei a pegar o celular e mexer. Olhei novamente os números na agenda tentando identificar qualquer uma das chamadas realizadas, olhei também nas mensagens de texto e aplicativos de redes sociais, mas nenhum tinha nada de relevante e não sei por que, talvez curiosidade comecei a olhar na galeria de fotos e soquei o banco do carro quando eu vi duas fotos. Urrei sentindo o calor voltar ao meu corpo pelas minhas veias, descabelei todo meu cabelo. Um misto de felicidade e euforia me tomava. Meus homens ali presentes me olharam assustados, mas naquele momento o que menos queria dar satisfações, queria observar as fotos com mais cautela. As vi, Bella com o olhar cansado, o rosto inchado e ao lado em seus braços estava minha filha. Eram lindas, mãe e filha, as duas mulheres da minha vida. Na outra foto era Any mamando. Minha filha nasceu e não estive lá...
Bella me pagaria caro por ter me privado desse momento. Não tive culpa em relação a Mellaine, fui tão vítima quanto ela. Durante todo o voo de volta para Nova Iorque eu vidrei na foto, vendo como era linda minha filha. Sentido o desejo avassalador de segurá-la em meus braços e sendo privado por sua mãe. A amava, mas nesse momento eu sentia ódio por não ter me dado a oportunidade de explicar e esclarecer as coisas, sumiu e tirou tudo de mim. Passei a noite em claro olhando as duas fotos, voltava cada hora em uma. Imaginei que deveria ser do dia que nasceu e procurei por detalhes desde algo que me informasse aonde poderiam estar, um nome, uma placa, mas nada a única coisa de informação era o nome de Any na pulseira de identificação, mas não dava para ver o sobrenome. Bella não usava sua aliança. Tocava na tela do celular contornando com a ponta do dedo o rostinho redondo de Any, seus cabelinhos pretos. Parecia uma bonequinha, branquinha e perfeita. Meu peito transbordava de amor. Quando cheguei ainda era muito cedo e fui até onde morava com Bella e, nostalgicamente fui ao quarto de Any e fiquei imaginando deitada dormindo no seu berço. Chorei como um menino e deixei a casa com uma garrafa de uísque na
mão e bebi até chegar a hora de ir trabalhar. Não me importei se estava todo amarrotado queria chegar logo e tentar buscar mais pistas de onde foram enviadas essas fotos. Entrei no elevador no térreo e encontrei com Raf. Meus irmãos ainda me ignoravam, acreditaram naquela mentira louca, mas me senti melhor quando ele me cumprimentou. — E aí, Gio? Não respondi e maneie a cabeça. — Parece que não dormiu. — Puxou assunto comigo. — Não nenhum pouco. Não sei o que é isso há dias. Estive ontem em Los Angeles. — Teve notícia dela? — Não. — falei desanimado. — Mas sei como Any é. — Retirei o celular de Martina do bolso e mostrei a foto em que as duas estavam, mãe e filha. — Que menina linda! Quando foi? — Não fazia ideia, e era o que eu mais queria saber. — Não sei, não olhei. Roubei o celular ontem e por acaso descobri a foto no arquivo. — Você está ficando louco. Roubou o celular de Russel? — Não, foi de Martina. Russel é muito esperto para manter contato com Bella pelo próprio celular. Mas só tem essas fotos que me dá uma referência e
mais nada. — disse desanimado, porém com um fato novo: Sabia como minha filha era e que nasceu. — Estou desesperado Raf, não tive nada com Mellaine, ela é louca. — Calma, irmão. Conversei com a mamma, ela e Alícia acham também que ela estava usando Luca para poder se vingar de você e Bella, mas agora não dá para consertar o que aconteceu, você precisa achá-las. — Encostei cansado, tombando o corpo para o lado e apoiando a cabeça no espelho do elevador. Senti Raf afagando meu ombro em forma de consolo. — Não sei mais por onde procurar, ela sumiu sem deixar qualquer rastro. — Senti o choro preso na garganta. — Tem horas que sinto muita raiva de Bella, mas a saudade delas é maior que tudo. Queria poder matar Mellaine pelo que ela fez. Tenho uma filha e não posso segurá-la. — Desmoronei, segurei até quando deu, rendi-me ao desespero e a tristeza. Raf entendeu o momento e resolveu travar o elevador para que ninguém entrasse e me visse daquela maneira. — Tem horas que me falta o ar. É como se não existisse nem dia e nem noite, eu só queria poder falar, explicar-me e trazê-las de volta. — Me dê esse celular, quem sabe eu consiga algo, você não está conseguindo pensar direito, precisa descansar. Tome um banho e se deite no anexo. Segui seus conselhos e pedi que Andrea desmarcasse meus compromissos. Entrei no anexo, que tínhamos na minha sala, tomei um banho
demorado, deixando a água quente cair sobre minhas costas. De cueca boxer me deitei na cama e adormeci, exausto e vencido pelo desespero. *** Passaram-se quatro meses desde o sumiço de Bella. A única coisa que eu tinha delas e, sabia, era o nascimento de Any. Passava noites e dias imaginando como estariam. E agora mais do que nunca precisava saber sobre o paradeiro delas. O celular foi bloqueado no outro dia, a minha sorte foi Raf ter salvo a foto antes de não conseguirmos mais mexer no aparelho. Passamos a rastrear mais a família Dellatore, homens e funcionários. Toda a Camorra sabia que eu buscava por elas. Não tinha certeza se estavam no país ou fora dele. Eu me perguntava todos os dias e a todo momento aonde estavam, era uma dor alucinante. Era pior do que se estivessem mortas, sei que estavam vivas, mas não sabia aonde estavam. Olhava-me no espelho, agora mais magro e com olheiras profundas. Raf depois de me acudir tomou sua posição ao meu lado junto com Marco, logo Luca também se desculpou e disse que acreditava na armação de sua namorada. Novamente minha família tomava partido ao meu lado, ao menos isso, eu os tinha para me amparar e não sentia vergonha alguma como em alguns
momentos eu chorava quando mencionava o nome das duas. Minha mãe, mostrava-se mais forte que eu; falava palavras de consolo, chegou a ligar desesperada a Nina e implorou para informarem aonde estariam as duas, mas foi em vão, minha sogra se mantinha como Russel, negando. Harry foi outro que ligou atrás de notícias e quando revelei a ele o que aconteceu ficou tão arrasado quanto eu. Seria Natal daqui dois dias e não me conformava que mais uma data importante eu estaria longe da minha menina. — Meu filho, você vai achá-las e resolverão as coisas. — Minha mãe me pegou de surpresa quando entrou em meu quarto. — Um dia eu sei que vou, mas agora acho que Bella está muito atenta e não vai dar pistas de aonde estará. — Desanimado voltei a me olhar no espelho. Resolvi ficar na casa de mamma. Não queria viver na minha, seria como me matar mais rapidamente. — Não se sinta desanimado, meu filho. Estamos aqui para te apoiar. Bella é filha da máfia, está no sangue dela pensar em tudo. Você errou em não falar que Mellaine foi com Luca e ela errou em não esperar para se resolverem. Agora quem paga pelos erros de vocês é minha neta, que não a conheço. — Senti pesar na voz de minha mãe. Beijei sua testa e a deixei. Ainda trabalhava, mas na verdade eu me arrastava para o escritório na esperança de algumas notícias que me levassem até elas.
Carregava Any de um lado para o outro, desesperada sem saber mais o que fazer, desde a madrugada ela tinha picos de febre, cedia e voltava e não melhorava em nada. Fomos ao pediatra pela manhã e ele me disse que era só um resfriado e possivelmente uma infecção de garganta, mas nada alarmante, não para ele, para mim era como se fosse algo de muito grave, afinal, era com a pessoa mais importante da minha vida. Nunca imaginei sentir um amor, louco, alucinado e infinito por alguém, o que sentia pela minha bebezinha transcendia qualquer limite da razão, era imensurável, e vê-la em meus braços amuada, molinha e sem querer mamar me fazia sentir incapaz. Queria trocar de lugar e ser eu a passar por isso. Comecei a
chorar, sentindo-me sozinha e sem ninguém para dividir comigo essa dor. Já estava incomodando muito Holly e Sara, e isso me causava constrangimento. Queria minha mãe por perto, ela com certeza saberia o que fazer e não pensei que poderia ter alguma consequência quando liguei para ela, aquelas horas, tarde da noite. — Alô! — Sua voz era sonolenta. — Mãe! — Bella? — Fiquei muda por um momento, fazia quatro meses que eu não falava com ninguém de casa, só trocávamos notícias através de Martina e Sara, foi o modo que Russel pensou não aparentar nada de estranho, sua irmã e esposa, eram amigas e o bate-papo das duas não chamaria tanta atenção, mas me desesperei quando não pensei e liguei para minha mãe. — Como queria que estivesse aqui comigo. Vou desligar assim ninguém vai me rastrear... Dê um beijo em Tony, estou com saudades de todos. Te amo. — Mais que depressa recobrei o juízo e desliguei sem esperar ela se despedir. Foram exatamente vinte e nove segundos quando olhei no visor piscando com o número de casa e o tempo da chamada indicando bem abaixo a duração. Não sei por que agi por impulso, foram quatro meses que decidi que nunca mais homem nenhum brincaria e me machucaria. Eu teria alguém mais importante para eu me importar e Giovani nem ninguém merecia que eu me submetesse a uma traição. Any precisava crescer em um local seguro e de paz.
E pensando na minha filha abaixei meu orgulho, a boa educação e liguei para Holly pedindo por ajuda. Minha nova amiga não demorou muito a chegar e assim que tocou a campainha corri para atendê-la, me deixando mais tranquila por saber que alguém com experiência me ajudaria. Eu e Holly desde o nascimento de Any nos tornamos bastante amigas, ela compartilhou um pouco da sua história e entendia o que eu estava passando: sozinha, longe de casa e com um bebê recém-nascido. Contei que havia sido traída e abandonada, menti em metades. Ela era curiosa e perguntava sobre minha família, sobre o pai de Any e acabei dizendo mais mentiras ao dizer sobre ser ajudada por um irmão e que não queria contato com meu ex, depois do que fez, e isso era uma verdade: Não queria ter contato com Giovani nunca mais. — Como Any está? — Holly me perguntou ao entrar e tirar gorro, luvas e o casaco grosso, deixando-os sobre o encosto do sofá. — Está ainda com febre, não sei mais o que fazer para que abaixe. Aproximei do cesto no centro da pequena sala e com cuidado tirei Any e a acomodei em meus braços. Holly aproximou-se também e tocou sua testa com os lábios. — Vamos dar outro banho nela, Ângela. — concordei e entreguei Any a ela. — Vou preparar o banho. — disse subindo para o andar de cima a sua frente.
— Vamos colocar uma tampa de álcool na água, vai ajudar a diminuir a febre. — Estou muito preocupada. — disse enquanto pegava as coisas e as levava para o banheiro. — Não se preocupe, é assim mesmo, mas depois desse banho e você amamentar, ela vai ficar boazinha. — disse convicta, me tranquilizando. — Tomara, estava entrando em desespero. Fiquei observando a destreza e a forma como Holly segurava e dava banho em Any, ela não chorava, ainda estava quietinha e assim que terminou a trocou e pude pegá-la no colo e amamentá-la. Sua boquinha se abriu e toda aquela tensão que sentia veio em forma de choro, comecei chorar quando a senti sugar firme meu seio cheio e já vazando leite. — Calma, Ângela! — Holly tentou me acalmar. Dei um breve sorriso balançando a cabeça, dizendo que ficaria. Ficamos só eu e Any no quarto por um tempo e quando percebi que não mamaria mais a coloquei de pé entre minhas mãos e encostei seu corpinho no ombro para que pudesse arrotar. — Filhinha amada fique bem, mamãe está preocupada. — Conversei com ela como se pudesse me entender. Quando voltei a deitá-la em meus braços notei que a febre havia cedido e a deitei no centro da minha cama, deixando-a segura por almofadas ao seu redor. Um pouco mais aliviada peguei o aparelho da babá eletrônica e desci até
a cozinha onde Holly estava preparando algo muito cheiroso para comer, havia uma garrafa de vinho aberta e uma taça cheia com o líquido. — Obrigada Holly, por tudo. Não sei o que seria de mim sem você e Sara. Proferir em voz alta esse sentimento de gratidão me emocionava, pois se ela soubesse tudo que deixei para trás: Uma vida coberta de luxos, empregados e uma família. Joguei tudo para o alto para esquecer a dor e o único homem que amei. Uma traição sempre tem duas alternativas: Ou você aceita e finge não ter visto, ou você tira tudo da sua vida e recomeça do zero. E eu escolhi a segunda alternativa, tinha a pessoa mais importante comigo e isso deveria bastar. Todo esse tempo Giovani me enganava, agora sei o porquê deixava Luca desfilasse com ela embaixo do meu nariz, só para mantê-la sobre suas rédeas e seus olhos. Algo nojento para cunhados, mesmo que no passado tivessem sido namorados não deixava de ser repugnante a meu ver. Ainda me doía a traição, em relembrar daquelas fotos, dos dois se beijando pouco depois de ele dizer e repetir o quanto me amava. Sei que um dia eu conseguiria não sentir tanta dor assim mais, mas enquanto esse dia não chegasse eu ainda lembro do quanto meu coração sangra pelo amor machucado que sentia. — Ângela? — Vi o vulto das mãos de Holly na frente dos meus olhos, acho que deixei me levar pensando no desgraçado daquele Capo que me
destroçou, e não percebi que falava comigo. — Desculpa! — Sorri aproximando do fogão para ver o que de tão bom estava fazendo, pelo menos o cheiro estava maravilhoso. Não sabia fazer nada ainda, aprendi poucas coisas nesses últimos meses. — Que cheiro maravilhoso. — Senti meu estômago reclamar de fome. Com Any doentinha eu não consegui pensar em mim. — Fiz um macarrão com bastante molho. — Fechei os olhos sorrindo me maravilhando com a ideia. — Você é um anjo na minha vida. — Só sou o que queria que tivessem feito por mim quando estive na sua situação. Foi bem pior na minha, não tinha dinheiro e muitas vezes eu dividia meu almoço para comer à noite. — Seus relatos dos momentos difíceis que passou me comovia, como queria fazer algo por ela. Ajudá-la a ter sua casa própria ou trocar seu carro por um novo, mas movimentar uma quantia maior do que o normal levantaria suspeitas e conseguiriam me achar. Viver como uma foragida não era fácil, mas a escolha foi minha e agora era começar a recomeçar e logo as coisas estariam mais tranquilas, quem sabe Russel daria um jeito para eu conseguir ver Tony e mamãe. Já corria o risco de me acharem caso ainda estivessem rastreando os telefones da minha família. Aprendi com Russel que menos de trinta segundos não tinha problema, mesmo assim eu ainda me ressentia comigo mesmo por ser impulsiva.
Comi e ri muito com Holly, agradeci-a por estar ali diversas vezes e quando fiquei sozinha novamente subi para ver como Any estava, nesse meio tempo a febre cedeu de vez e a posicionei ao meu lado na cama e fiquei observando como era linda, com sua cabeleira escura, o formato redondo do seu rosto, a boquinha vermelha parecendo um coração, era tão pequena e indefesa. Sei que um dia Giovani me acharia, por isso quando ela nasceu Russel providenciou uma certidão e documentos como o nome de Any Valentino como minha alternativa e para não me causar problemas judiciais. Continuei a observá-la e levemente com as pontas acariciei seu rosto e sua bochecha. Era muito parecida com Giovani, o tom de pele o formato dos lábios e quando sorria o mesmo vinco que formava na testa de um, formava na do outro. Era um retrato fiel do pai, tanto físico quanto psicológico, só tinha puxado a mim na cor dos cabelos. *** Dois dias depois Acordei com aquele som fino e baixo que logo se tornou alto, era Any chorando, ela se esticava e abria os bracinhos ao alto e seus olhinhos avelã/esverdeado todo molhado. Era linda de qualquer jeito, até quando chorava
por comida. Sorri e a peguei, observando-a fungar cessando seu choro só por estar no meu colo e como Holly havia feito fiz também, encostei meus lábios em sua testa e não a senti mais com febre, deixando-me muito aliviada e se estava chorando era um bom sinal de que estava começando a melhorar. Sentei-me, acomodando os travesseiros nas minhas costas e abaixei a alça da camisola deixando um dos meus seios todo para fora, a danada sabia e com a cabeça já buscava sugando todo o mamilo para dentro da sua boquinha. — Quanta fome, menininha! Sua mãozinha ficava repousada sobre meu peito e eu me sentia mais embasbacada ainda quando via sua boquinha movimentar sugando o leite. Acariciava sua cabecinha e naquele momento sublime eu não me importava de ficar um bom tempo amamentando-a, na verdade eu amava, e ser mãe foi o preenchimento de muitas lacunas vazias da minha vida. Nem tudo o dinheiro poderia comprar e tê-la ali em meus braços, segura e amada não tinha preço. Mesmo incompleta eu tentava me apegar neste grande amor. Não poderia negar que ainda sentia falta de Giovani, eu era perturbadoramente apaixonada por ele, mas não conseguia perdoá-lo. Não foi só uma traição, foi a quebra da confiança, da cumplicidade e pensar que mais uma vez ele omitiu que ela estaria presente. Eram coisinhas que não se encaixavam, que não faziam sentindo algum, mas foi real.
Sentia saudades dos momentos em que eu acreditava estar vivendo meu sonho de menina. Meu lindo marido, minha casa, minha família e ser mãe, porém nem tudo era como queríamos e Giovani quebrou o cristal por duas vezes e quando resolvi ir embora foi pela certeza de ele nunca mais conseguir colocar os olhos em mim e, viver todos os dias em um conflito intenso de discussão, não era o que queria para minha filha. Any foi tão esperada que um dia ela saberia, mas quando esse dia não chegasse eu seria tudo para ela, e o pai seria uma sombra e uma simples pessoa de sua vida. Faria de tudo para que ela fosse feliz e não se machucasse. E no dia que eu voltasse ou me achassem, torcia para Giovani estar com outra pessoa e, nos deixar em paz. Deixaria para Any decidir se queria a presença do pai em sua vida. Não poderia me iludir que conseguiria viver uma vida inteira sem ser questionada por ela quando fosse mais velha. Precisava pensar e mostrar o quanto a amei e que foi necessário vivermos longe para não sermos machucadas pelo pai dela. *** Tinha esquecido de fechar a cortina ontem à noite e agora a claridade do dia fechado invadia meu quarto me acordando. Havia se passado dois dias desde que Any não tivera mais febre, os
medicamentos que o pediatra orientou a dar estavam fazendo efeito. Olhei-a e vi que ainda estava adormecida encolhidinha com sua manta. Esse seria o primeiro Natal de Any e queria muito que ao menos tivéssemos uma árvore, não podia ser muito grande, a sala não comportaria e pedi à Sara que providenciasse uma para nós duas. Ela trouxe ontem no fim de tarde, mas não tive tempo de montar, estava limpando a casa, ainda estava me acostumando a essas tarefas, futuramente poderia contratar alguém para me ajudar, mas enquanto não contratava, estava me virando e bem. E hoje para a véspera de Natal queria tudo arrumado. Levantei e me enrolei no cobertor e fui até a janela contemplar o jardim todo de neve. Observei a vizinhança calma, vendo o vizinho jogar sal na neve da entrada de sua garagem. Essa casa foi amor à primeira vista, era tudo que eu precisava no momento, discreta e pequena. Não procurei muito quando a vi, tive certeza que ela seria perfeita e acabei quitando-a com o dinheiro que Russel havia me mandado e com o que tirei do cofre de Giovani, acabei ficando com uma pequena quantia só para emergências. Para as despesas mensais vinha através da conta de Sara, ainda demoraria para que me enviassem uma quantia grande para eu guardar de novo. Só retiraria para comprar um carro, usava o de Sara quando precisava ir ao supermercado como faria hoje quando viesse aqui agora pela manhã. Não gostava de incomodá-la e por isso pegava emprestado o menos possível e, acabava até, algumas vezes aceitando que Holly me levasse.
Desci para a cozinha carregando comigo a outra parte da babá eletrônica como segurança de poder escutar quando Any chorasse. Preparei o café e fiz uma lista do que precisava comprar e não demorou muito para escutar o choro pedindo por mim e ainda sem comer nada subi para vê-la. — Bom dia, principessa. — disse ao chegar do seu lado e pegá-la. — Não precisa chorar mais, assim que mamar vou te trocar e esperar tia Sara. — A acalmei e coloquei em meu peito. — Não tenha pressa de crescer, porque eu não tenho pressa. — Sorri com ela ali sendo tão minha. Terminei de amamentá-la e troquei sua fralda levando-a comigo para baixo. Posicionei sua cadeirinha na frente da TV na sala e deixei no canal para bebês, tocava musiquinhas e prendia a sua atenção, sei que ainda era muito novinha, mas só assim eu conseguia fazer as coisas. Quando vi na loja essa cadeirinha com cores e mobiles a comprei imediatamente, ela prometia estimular o bebê. Sentei-me próximo e fui retirando das caixas os enfeites e o pinheiro sintético. Algum dia faria uma enorme árvore de Natal assim como papai fazia quando eu e Tony éramos pequenos. Estava terminando de colocar os enfeites quando escutei o motor do carro de Sara desligar. Ela entrou pela porta do fundo. — Bom dia, Bella. — Bom dia, Sara. Fiz café. — falei mais alto para que escutasse. — A
cafeteira está ligada. Coloquei os últimos enfeites e me juntei a ela na cozinha, pegando outra xícara de café, aprendi com Sara a tomar café e me viciar na bebida. Nós nos tornamos muito amigas. — Sua mãe me mandou mensagem. — ela disse ao sentar em uma das banquetas altas e apoiar os cotovelos no balcão e assoprar o café fumegante. — O que ela disse? — Devo ter deixado eles preocupados, não devia ter ligado. Foi algo impulsivo e impensado. Não havia contado nem a Sara, sei que escutaria maior sermão, afinal eles também estavam fazendo de tudo para me manter escondida. — Que ficou preocupada depois que ligou há dois dias. — Encarou-me levantando uma sobrancelha. — Fez arte né, senhorita? Deveria ter me contado. Respirei fundo e balancei a cabeça. — Fiquei desesperada com a febre de Any e senti tanta falta dela, queria mesmo só escutar a voz e desliguei antes de completar trinta segundos. — Bella, você sabe o quanto se arriscou, não sabemos se ainda estão sendo vigiados e a forma como Giovani os observa. Você deveria ter me ligado, eu tinha vindo na mesma hora. — Não quero ficar incomodando. Você e Roland, já têm feito muito por mim. Sinto-me constrangida. — Não incomoda, minha querida. — Ela veio e me abraçou, retribuí o
abraço. — Sei que sente falta deles, mas tome cuidado, não sabemos hoje como estão sendo vigiados. Martina mandou uma mensagem de Russel para você. Ele disse que assim que possível você vai poder vê-los. Emocionei-me. — Obrigada, por tudo que tem feito por mim e por Any. Vocês todos. — Ela se afastou sorrindo. Alcancei o guardanapo de papel e enxuguei as lágrimas. — E Any melhorou? — ela perguntou mudando o assunto. — Melhorou, ontem e hoje não teve mais febre. — Que bom, fico mais tranquila, deve ter sido somente um resfriado como o pediatra mencionou. Vi que montou árvore de Natal. — Olhamos para o pinheiro adornado no canto da sala. Deixamos a cozinha e fomos até a sala e Sara pegou Any no colo e começou a bajulá-la — É o primeiro Natal de Any, queria pelo menos ter uma árvore, já que ficaremos somente nós duas aqui hoje. — Bella, você sabe que não precisa ser assim. Vamos com a gente. — Ela havia me convidado para acompanhá-los a um jantar na casa de uns amigos, mas eu não queria sair, estava frio e não queria que Any pegasse friagem. — Obrigada, Sara, mas prefiro ficar aqui. Não quero sair no frio com ela. — Sara entendeu minha opção. Pedi que ficasse um pouco com Any para que eu pudesse ir até o
supermercado próximo dali. Não podia demorar muito e precisa comprar algumas coisas. Vesti-me bem agasalhada, estava muito frio, coloquei calça, botas, luvas e um gorro. Estava fechando a porta e caminhei até o carro estacionando na entrada da pequena garagem e algo me chamou a atenção. Havia um carro todo preto com os vidros na mesma intensidade do breu da cor do veículo estacionado duas casas depois da minha do outro lado da rua, aparentando ter alguém dentro. Senti-me gelada, não por causa do frio, mas algum pressentimento. Olhei na direção por um minuto. Talvez não tivesse nada a ver com o temor de Giovani ter me descoberto, poderia ser coisa da minha cabeça. Seria difícil, e tentando não criar paranoias entrei no carro e fiz questão de passar devagar tentando ver se tinha alguém dentro do carro, mas não consegui ver nada. Faria as compras e voltaria o mais rápido possível. E quando voltei, após uma hora o carro ainda estava ali, estacionando do mesmo jeito, poderia ser alguém recebendo visitas para o Natal. Precisava tirar essas bobeiras da minha cabeça e mesmo assim retirei as sacolas do porta-malas olhando por cima do ombro. Tinha algo de errado e me apressei para entrar em casa, ainda mais quando coloquei a chave para destrancar a porta e ela não estava trancada. — Sara! — Já entrei chamando seu nome, mas não a vi na sala. O medo que me invadiu naquele momento só senti uma vez na vida.
Quatro meses sem saber o que é viver. Como uma pessoa consegue sobreviver assim? Um dia sua vida está perfeita e, no outro é o verdadeiro inferno, sem ter passado pelo purgatório. Cada dia que passava me sentia mais cansado e desanimado, perdendo já as esperanças de achá-las. Nas últimas semanas pressionei o irmão de Bella, tinha certeza de que sabiam aonde estariam e quando tivemos um embate frente a frente cuspiu tudo na minha cara, dizendo que havia sido ele o responsável por Bella saber da traição. Garanti e tentei explicar que aquilo não havia passado de um mal-entendido e que eu jamais trairia a irmã dele, tive que chamar Luca para
confirmar. Quando tudo aconteceu, todos me viraram as costas e aos poucos as verdades foram aparecendo primeiro Raf ao escutar minha mãe e Alícia me deu um voto de confiança e depois Marco confirmou a minha versão como verdadeira. Ele estava saindo com uma amiga de Mellaine, e a mesma contou que a amiga agarrou Giovani, só não tinha sido ela a enviar a foto para Bella, mas o que eu dizia nada parecia surtir efeito e minha palavra não tinha um peso para eles. Tony fez questão de me acusar de sempre fazer a irmã dele sofrer e agora obrigá-la a se esconder. Por fim perdi a paciência e o prensei na parede segurando pela gola da camisa, mas Raf me afastou. Estava perdendo o controle da situação. Do que adiantava ser poderoso e controlar tudo se o mais importante eu não tinha e quando tive escapuliu por entre os vãos dos meus dedos. Meus homens reviraram todas as possibilidades que achávamos onde Bella poderia estar se escondendo, mas quem arquitetou tudo fora Russel e, aquela raposa velha sabia muito bem como antecipar qualquer passo. E amanhã seria véspera de Natal. O primeiro Natal da minha filha e eu nem a conhecia. Bella me pagaria caro por ter ido longe assim. Será que não se importava que Any tinha um pai? Eu me coloquei em pé, jogando os papéis em cima da minha mesa, nada
me prendia a concentração por muito tempo. Coloquei as mãos no bolso e fui para a vidraça e fiquei olhando Manhattan e seus arranha-céus. Pensando na possibilidade de Bella estar bem embaixo do meu nariz e eu não conseguir ter, sequer um sinal seu de vida. — Sr. Valentino! — Andrea entrava na minha sala acompanhando o rapaz que estava trabalhando como um de nossos técnicos de TI, um hacker. — Pois, não? — Virei-me ainda não querendo receber a visita de ninguém, mas ver o rapaz ali na minha frente com papéis em mãos me animou, talvez teria algo de novo. — Achei uma coisa que me deixou intrigado, talvez o senhor gostaria de saber. Gesticulei com a mão para que se aproximasse. — Com licença, estarei na minha mesa, senhor caso precise de mais alguma coisa. — Obrigado, Andrea. — Agradeci sem olhar para minha secretária já pegando os papéis da mão do técnico. Era uma lista de telefones que conseguimos rastrear quando grampeamos os telefones de todos os Dellatores e os mais próximos de Bella. — Sr. Valentino, um telefone me chamou muita atenção. Ontem por voltas da uma hora da madrugada a Sra. Dellatore recebeu um telefonema e não conseguimos rastreá-lo, teve uma duração de vinte e nove segundos. — Respirei me enchendo de esperança.
Bella era esperta e provavelmente havia sido instruída que não conseguiríamos rastrear sua localização se não completasse trinta segundos. — É um número novo, não consegui rastreá-lo, mas descobri que está registrado no nome de Roland Steech, residente de Little Falls no Condado de Morrison em Minnesota. — Mas Nina poderia estar recebendo uma ligação por engano. — Quando me disse que o proprietário da linha era um homem eu me senti sugado de novo para o fundo do buraco. — Mas hoje passei procurando por ligações dessa região nas linhas dos Dellatores e de Russel, cruzando os dados e não achei nada, porém já estava desistindo quando achei um telefone não de Steech, mas um número de Little Falls. — Tornei a me encher de esperanças e sentir-me quente e vivo. — Martina tem mantido contato constante com uma mulher chamada Sara Hakim, elas conversam sobre coisas triviais, em muitas vezes trocam receitas de bolo, em todas falam sobre a cereja e a cerejinha, pede para repassar a receita com as colegas, falavam sobre o médico. Creio que estavam usando códigos para se comunicarem. Parece que um quebra-cabeça estava finalmente se encaixando. — Em uma das minhas peculiaridades, pesquisei e sei que Sara Hakim é judia. — O TI falava e eu começava a juntar tudo. — Hakim significa “O médico”. BINGO!
— Elas falavam de Russel, ele tem o apelido de Médico. O pai era judeu veio com eles na época do holocausto. — mencionei um pouco do histórico de Russel, algumas das informações que eu sabia sobre ele. — Sara é sua irmã. — Aquele desgraçado. — Senhor... Senhor! — Perdido nas minhas conclusões não o escutei e me dei conta que me chamava, pois, o rapaz resolveu encostar a mão no meu ombro, chamando minha atenção. — Desculpa. — Achei que tivesse só isso, mas o que veio depois foi melhor. Foi a “CEREJA e a CEREJINHA” do bolo. — Hakim é o nome de solteira de Sara, ela hoje se chama Sara Steech. — Bella está em Little Falls. — afirmei com muita convicção. — Creio que sim, senhor e analisando as conversas descobri que a Sra. Valentino é a cereja e sua filha eles tratam por cerejinha. — Obrigado. — Feliz e sentindo a euforia me tomar por completo puxei o técnico e o abracei. — Serei eternamente grato. Conte comigo para o que precisar. Soltei-o e fui até o telefone em cima da minha mesa. — Andrea peça para fretar um avião particular irei para o Minnesota o mais rápido possível. — Fechei os olhos pensando que agora era horas até eu achá-las.
Em duas horas tudo foi preparado, avisei Rafaello e pedi que não comentasse com ninguém, precisava de o máximo de discrição, fretamos um avião evitando assim descobrirem que eu estava saindo de Nova Iorque, caso Russel tivesse algum informante de dentro do meu clã. Aquele homem era uma cobra e agora eu não poderia perder essa oportunidade. Pousaríamos de madrugada em Mineápolis a maior cidade mais próxima com aeroporto e, lá estaria um carro esperando para me levar a Little Falls. Frank, o rapaz do TI conseguiu os endereços de Sara e eu tinha certeza que ela me levaria até Bella, algo dentro de mim falava que desta vez estava na pista certa. E essas cinco horas estavam sendo as mais longas da minha vida. Bebia, enchendo-me e anestesiando olhando na foto em meu celular. — Papai está chegando! — dizia em voz alta como se Any, ali naquela foto quando nasceu, pudesse me escutar. Estava acompanhado por quatro homens, não sabíamos o que estava nos esperando, poderia Bella estar sendo protegida por algum homem do clã de sua família. Tudo era muito improvável e incerto, mas era muito convicto o sentimento que desta vez eu estava tão próximo delas. Pousamos já nas primeiras horas da véspera de Natal, estava nevando, não era de esperar o frio aqui ser mais intenso, estávamos quase na divisa do Canadá. Traguei meu charuto e o joguei fora quando desci do avião e entrei no
carro. — Vamos para Little Falls e ficaremos na cola de Sara, Bella está com ela. Se a virem não hesitem em segurá-la, mas preciso que sejam o mais discretos possível. — Sim, senhor. — concordaram em uníssono os quatros. *** Chegamos em Little Falls ainda de madrugada, paramos em uma loja de conveniência e ficamos ali até dar umas 6h da manhã. Ficaria na cola de Sara aonde quer que ela fosse, se ainda me lembro Sara tinha cabelos escuros, sobrancelhas grossas e o nariz um pouco grande para seu rosto, os olhos eram do mesmo verde de Russel, Sara era uma das secretárias da empresa de fachada, ela era responsável por controlar as saídas e viagens dos caminhões que faziam a coleta do lixo de toda Nova Iorque, mas quando Deborah se suicidou ela quis sair ao ver Russel se acabar na bebida. Eu era ainda novo e estava aprendendo algumas coisas com ele e por isso sei da história. Depois dessa época nunca mais vi Sara. Estacionamos duas casas antes do endereço que tínhamos e já não estava aguentando mais esperar quando às 9h vi Sara abrir a garagem e entrar em seu carro. — É ela patrão? — Um dos meus homens me perguntou.
— Parece, faz anos que não a vejo. — disse em dúvida, mas seria uma grande coincidência não ser. — Siga e tome cuidado para não ser descoberto. Seguimos não a perdendo de vista por poucos minutos, não foi muito longe e logo estacionou na entrada da garagem de um sobrado branco, bonitinho, pequeno, com um canteiro e um jardim pequeno também, nada muito chamativo e ideal para aparentar normalidade. A mulher desceu do carro e contornou a casa entrando pelos fundos. Como fizemos antes paramos duas casas antes e ficamos observando. Já estávamos por mais uma hora esperando e foi quando a porta da frente abriu e de lá saiu ela. Congelei ao vê-la no jeans justo, de blusas grossas luvas e um gorro. O cabelo saía por um furo nele. Ela trancava a porta da casa e agia com naturalidade e eu ainda não conseguia acreditar que depois de quatro meses eu estava tão perto, a poucos metros, tão próximo que me assustei. A reconheceria a quilômetros de distância. Faltou-me o ar, meu coração disparou freneticamente e um frio percorreu por todo meu corpo, naquele momento esqueci toda raiva que estava sentindo, nas últimas semanas eu a culpava por estarmos vivendo assim, mas no meio da noite acordava sentindo falta do seu corpo esguio enroscado ao meu, da sua risada e da sua presença na minha vida. Meu corpo clamava pelo dela, em sonhos a sentia tão viva e só me dava
conta que não estava ali quando acordava suado. Com os sentimentos misturados e sensíveis eu não conseguia desviar meu olhar ao observá-la. — Abaixa senhor, ela está olhando para cá, acho que nos percebeu. — Reagi automaticamente escorregando no banco para não deixar Bella nos ver. Quando voltamos a sentar novamente o carro não estava mais na vaga e não conseguiríamos segui-la, por outro lado não vi Sara e nem sinal da minha filha, certamente as duas ficaram na casa. Por um lado, poderia ser bom não ter levado Any, poderia ir até lá e pegar minha filha e sumir, igual fez comigo, mas não seria tão cruel a este ponto de fazer sem ela saber. Eu a pegaria de surpresa e avisaria que estava ali para buscar minha filha independentemente do que dissesse. Esperei por mais uns minutos e saí do carro sob os protestos dos meus homens que queriam averiguar a área, mas eu queria acabar com essa ansiedade que me consumiu e ainda consumia. Atravessei a rua e caminhei pela calçada e o caminho de pedrinhas que levava até a entrada. Toquei a campainha e esperava para alguém atender quando me estiquei e tentei ver algo pela janela bay window, mas não consegui visualizar nada. Impacientemente toquei novamente e não demorou muito para Sara atender a porta com minha filha nos braços. — Como está, Sara? — Sorri ao ver sua fisionomia de espanto. — Não esperavam por mim! — Sara ainda tinha seus traços marcantes de como eu me
lembrava dela. Ela ficou assustada e boquiaberta, na minha frente. Dei um passo a frente, impondo que me deixasse entrar e com os olhos fixo no bebê em seus braços. Aproximei fazendo Sara recuar para trás. — Don Valentino! — Sua voz saiu travada. — Quero minha filha. — Quando disse já estava retirando Any adormecida de seus braços. A retirei da mulher a minha frente que não se opôs a dar minha filha e desajeitadamente a peguei e aninhei em meus braços mal a sentindo de tão leve que era. Any se remexeu, mas não acordou e ressonou profundamente. Meu mundo parou de girar neste exato momento, seu cheiro de bebê me tragou e me hipnotizou e o amor me inundou me levando de volta a margem segura. Era linda, tinha cabelos escuros como os da mãe, seu rosto redondo com as maçãs rosada, sua boca vermelha parecia um coração e não me contive ao me encurvar e alcançar sua pele e beijá-la. O que senti em tê-la era algo inexplicável e inexpressável, um amor avassalador, grande e poderoso, era a minha filha e eu a segurava pela primeira vez. Fui tomado por sentimentos ambivalentes de proteção, cuidado, zelo e de que nunca mais ninguém a tiraria de perto de mim, principalmente Bella. Tinha direitos tanto quanto ela e, se fosse preciso eu moveria o mundo ao inferno, para nunca mais deixar que me privassem de poder ter em meus braços a pessoa mais importante da minha vida.
Bastou eu olhá-la e segurá-la por segundos para entender o que um pai sente. Esse dia se tornava o mais importante da minha vida já que fui privado do momento do seu nascimento. — Papai veio te buscar. — Meus olhos se encheram de lágrimas. Foram quatro meses que procurei por Bella e nesse momento eu senti ódio dela, nunca havia me sentindo assim em relação a ela, mas com Any ali eu vi o quanto me tirou, roubou-me, privou-me e isso eu não a perdoaria. Eu era o pai não merecia ter passado por tanta dor e tristeza injustamente. Fui um verdadeiro sacana no passado, um egoísta, mas dessa vez eu não tinha culpa e paguei caro. Eu levaria Any embora comigo e isso era um fato. — Subam e peguem as coisas dela, vou levar ela embora. — disse decidido sem desviar meus olhos da bebê ao dar a ordem a um dos meus homens. — Senhor pelo amor de Deus! — Desesperada Sara segurou meu braço e me olhou suplicando. — É minha filha e tenho o direito de levá-la comigo. —Desvencilhei-me entrando mais para o interior da casa, parando atrás do sofá na pequena sala. — Ao menos espera Bella voltar. — ela pediu e ainda me decidia se Bella merecia consideração pelo que me fez. — O que faço senhor? — Jardel me perguntou. — Arrume as coisas de Any. — Não mudei minha decisão. — Sara feche
a porta. A mulher me obedeceu e estava segurando o choro. Caminhei contornando o sofá e me sentei ainda com Any em meu colo. — Você é perfeita, esperei tanto para tê-la em meus braços. Sua mãe não tinha o direito de nos afastar. — dizia para Any como se ela pudesse me entender. — Por favor, eu lhe imploro que ao menos espere por Bella, senhor. — Levantei a cabeça e não lhe respondi. Ainda me decidia se esperaria por ela ou sairia daqui com a menina sem dar satisfações, mas resolvi que não agiria como fez, sumindo não deixando notícias. — Any estava doentinha, precisa da mãe. — Nesse momento Sara começou a chorar de medo, desesperada. — Vocês a esconderam de mim. Acha mesmo que devo pensar em Bella? — Sentia-me frio, nunca me senti distante e ausente de misericórdias. Olhei novamente para Any imaginando o que se passava com ela, tão indefesa e dependente. Vestia um macacão cinza com desenhos de macaquinhas com chupetas na boca. Sorri ao reparar em seus detalhes, de como era tão minha, metade de tudo que eu tinha estava ali nela. Poderia passar o dia todo nessa posição que eu não me cansaria. — Senhor, só encontrei essas duas malas pequenas e peguei o que coube.
Jardel estava em pé no último degrau segurando em cada mão as coisas de Any. — Não se preocupe, comprarei tudo que precisar quando chegar em Nova Iorque. O barulho do carro estacionando na porta me chamou a atenção, era Bella retornando e reagi diferente do que queria. Fiquei ansioso ao perceber que estava prestes a rever a mulher da minha vida. — Sara pegue Any e suba com Jardel para o quarto dela. — Ordenei e os dois me obedeceram, deixando-me sozinho na sala. Era um cômodo bem mobiliado, pequeno, mas as coisas todas proporcionais no lugar certo e no canto estava uma árvore de Natal montada e uma pequena caixa embaixo. Olhei cada canto do lugar e imaginei que a casa toda fosse assim, discreta e com bom gosto, algo característico de Bella, ser atenta aos detalhes e minimalista. Bella era a mulher que me levava do céu ao inferno em segundos. Esperei e me ajeitei na poltrona ao lado da árvore, assim que entrasse não me veria de cara.
Senti sua presença nas minhas costas e fui golpeada pelo medo. Aquela sensação de que alguém está atrás de você e espera para te pegar de surpresa era tão real que não conseguia me virar, mantendo-me de costas para a porta. O andar de baixo estava tão quieto que poderia dizer que escutava sua respiração pesada e minha maior preocupação não seria com a minha vida e sim com Any. Não me importaria de morrer se ela ficasse sã e salva. Imaginei ser algum dos homens de Giovani, mas não era. Era ele em carne e osso. E o vi me encarando ao me virar e vê-lo sentado, ameaçadoramente com os dedos nos lábios pedindo silêncio, levantando-se e vindo na minha direção.
Engoli em seco com meu coração disparado, sua fisionomia era diferente do que me lembrava e nunca o vi me olhar intenso assim. Seus lábios comprimidos em uma linha e o vinco formado no meio da sua testa. Espreitava o olhar e parou centímetros de mim. — Achou que poderia se esconder de mim? — Senti medo da forma como eu o via na minha frente. Um dia me disseram que eu ainda não tinha visto o pior lado de Giovani e hoje eu comprovava essa afirmação. Ele estava mais magro, com olheiras profundas ao redor dos olhos e de barba. — Não vai me dizer nada? — Seu tamanho se impunha a mim e amedrontada eu dava passos atrás. Nunca havia me sentido assim em sua presença, com medo e acuada. Não conseguia pensar ou responder a ele. Imaginei que poderia nos encontrar, mas não tão rápido como estava sendo e ainda não tinha planejado como seria quando este momento chegasse, fiquei dois dias focada em Any e a febre, que não pensei. — É Bella, te achei e vou levar minha filha embora. Até o momento eu não tive reação nenhuma, mas o que me disse despertou em mim o instinto de proteção e sem falar nada sai correndo em direção as escadas indo até onde Any poderia estar. Giovani não tiraria minha filha de mim.
Alcancei a escada, mas senti seu braço rodear minha cintura e me pegar no colo, tirando-me do chão. Tentei me soltar, mas Giovani era bem mais forte que eu e tentava soltar suas mãos. — Me solta! — Não, você não vai a lugar nenhum. — Você não vai levar minha filha. — Desesperada com essa possibilidade eu lutava e mexia minhas pernas tentando sair de seus braços. Precisava segurar Any em meus braços e não deixar que ninguém se aproximasse. — Aí que você se engana, carinho. — Você é um desgraçado. — gritei já chorando. Giovani virou e me colocou no chão e ficou entre mim e a escada, me impedindo de subir. Olhava para cima e não continha o choro ao pensar que ele tiraria Any de mim. — Você tem muitas explicações a me dar. — Seus passos a frente me encurralavam e fui obrigada a andar de costas. — Não preciso lhe dar nenhuma, você não merece nenhuma se quer saber. Tentei investir contra ele e esmurrei seu peito, lembrando de como foi e por que agi assim: Fugindo! — Eu te odeio!
A perspectiva que tinha ao vê-la entrar me fez lembrar do quanto eu a amava, de como sua presença e seu perfume me atraía, mexendo com todo meu corpo e minha mente. Desde quando a conhecia naquela noite até hoje se passaram quase sete anos e ainda assim eu sentia-me tragado por sua beleza e pela intensidade de como meu corpo reagia. Quando segurei Any, minutos atrás eu odiei Bella por me deixar fora da vida delas, mas agora tão próximo eu sentia-me cativo da química explosiva que sempre me subestimou e me puxou até ela. Seu olhar em mim era amedrontado ao me ver ali a sua frente. Pedi silêncio e fui em sua direção, questionei e a pressionei, mas não tinha respostas e quando disse que levaria Any embora Bella mostrou que brigaria pela filha ao correr. Segurei-a, agarrando-a pela cintura, trazendo seu corpo junto ao meu, pegando-a no colo e não a soltei quando se debatia e por mais que eu quisesse puni-la por tudo eu me vi a desejando, amando seu corpo e decidi que ela também voltaria para Nova Iorque comigo. Precisávamos conversar e provar que não tinha culpa de nada. A coloquei no chão e não reagi quando esmurrou meu peito chorando
dizendo que me odiava. — Não me odeia. — disse ao segurar seus pulsos parando com seu ataque. — Odeio sim, com todas minhas forças. — Vi seu olhar, os cílios pesados, molhados e grudados me dizer o quanto estava ressentida. — Eu não traí você. — Desgraçado, mentiroso. — Enfurecida mexia seus braços tentando me atingir. Prensei-a com o corpo levando-a até a parede. — Eu não traí você. Será que pode acreditar? — Não, eu tenho nojo de você. — QUE PORRA! EU NÃO TRAÍ VOCÊ COM MELLAINE, AQUELA LOUCA ME AGARROU. — Perdi o controle e agi por impulso ao segurar sua mandíbula e apertar com o polegar e o indicador, forçando-a olhar para mim e não me contive ao tentar beijá-la, mas a diabinha me mordeu e reagi largando-a. Levei a ponta do dedo na parte onde me mordeu no lábio inferior. — NUNCA MAIS VOCÊ VAI ENCOSTAR EM MIM! — Berrou. — Bella, eu não traí você, aquela louca me agarrou. — Abrandei a voz, se batesse de frente agora as coisas só piorariam. — Eu vi a foto e você ainda nega. Continua o mesmo cretino mentiroso de sempre. — Eu já te falei que não te traí. — Aproximei de novo encurralando-a. — Eu não acredito em você mais. Já me ofendeu, quebrou promessas,
mentiu, não uma vez, mas várias e não me venha exigir que eu acredite nessa sua patifaria. — QUE ÓDIO BELLA! — Soquei a parede bem próximo do seu rosto e vi que a assustei quando se encolheu acuada. — Calma não vou fazer nada contra você. — Virei de costas, passando a mão pelo cabelo, desalinhando-o. Eu não traí Bella, era inocente e mesmo assim pagava pelo preço do nosso passado conturbado. Voltei a olhá-la e ainda estava quieta, aparentando medo. — Você não sabe como estou me arrastando depois que foi embora. Não como, não durmo e dia após dia procurava por vocês duas desesperadamente. Eu sei que não fui o homem certo no início, mas passei quatro anos tentando melhorar e provar a você que mudei e nesse tempo depois que casamos eu te dei provas o quanto te amo e mesmo assim, ainda prefere acreditar em uma foto tirada por alguém do seu irmão, ele deveria ter tirado no momento em que eu a empurrava e saía. — Nada do que você dizer vai me convencer, não sou mais a idiota que acreditava em você. Imaginei que tinha mudado, mas me iludi, você nunca vai mudar. Você não sabe levar um não e quer tudo para você. Mellaine virou o proibido para você assim que apareceu ao lado do seu irmão. — VOCÊ ESTÁ LOUCA. EU TE AMO! — Perdi a paciência, tive culpa no início, mas agora não mais e Bella não acreditar me enchia de raiva. Acho que meu grito acordou Any, ouvimos seu choro vindo do andar de
cima e antes que eu fosse na frente Bella correu e subiu as escadas antes de mim, indo direto para o quarto onde estavam Sara, Any e meu segurança. Fiquei parado na soleira da porta vendo-a pegar nossa filha com cuidado e acalmá-la com sua voz. — Shiii! Calma, mamãe está aqui. — Foi impressionante e mais que emocionante vê-las ali, cúmplices e tão dependentes uma da outra. Bella passou por mim saindo do quarto indo para o outro cômodo. Fui atrás e fechei a porta as minhas costas e fiquei observando-as. A forma como habilidosamente se despia das roupas grossas de frio e deixava o cabelo solto, mais compridos e soltava um lado do suttien e oferecia o seio à Any que já o abocanhava e sugava-o. — O que ela tinha? — perguntei ainda impactado com a linda imagem de mãe e filha. A imagem que projetei diversas vezes. Entendi a importância e mudei meus planos naquele momento ao ver a dedicação e o cuidado que Bella tinha; a delicadeza com que acariciava a bochecha rosada de nossa filha e o olhar totalmente rendido, o mesmo que vi na primeira ultrassonografia.
Ter Giovani tão próximo de novo era reviver intensamente toda mágoa que me causou, despertando o passado. Assim que saiu do quarto me deixando a sós com Any, desabei a chorar. Sentindo-me incapaz e fraca ao deparar com a realidade de que eu o amava tanto. Como era possível negar que não a beijou? Eu vi! As fotos mostravam ele segurando os braços dela próximos ao seu ombro e Mellaine encurvada rodeando seu pescoço e as bocas unidas. Senti a dor, a faca sendo cravada de novo e não conseguia acreditar que tudo poderia passar de um engano, as imagens eram tão reais. Um fato, preso na minha memória no qual passei quatro meses acreditando. Precisava parar de pensar e não perder meu foco, meu objetivo, meu motivo de viver: Any. Olhava para ela com sua mãozinha afagando meu seio e sua boquinha movimentando, mamando. — Seu pai apareceu para bagunçar tudo de novo. — disse amargurada me sentindo medíocre por amá-lo e me submeter a nós duas a essa situação.
Das duas opções eu tive e escolhi viver longe de Giovani por questão de uma boa sanidade mental. Não poderia sequer cogitar a possibilidade de estar perto sem nos comprometer e deixar esse redemoinho que éramos atrapalhar hoje. Queria ter paz e poder proporcionar um ambiente saudável a nossa filha. Criaria coragem para mandá-lo embora e brigar por Any, tinha condições e igualdade para conseguir. E faria isso assim que cuidasse dela e assim que adormecesse de novo. Ajeitei-a com cuidado na cama e me deitei ao seu lado reunindo a coragem para tirá-lo de uma vez por todas da minha vida. Deixaria bem claro que eu não o queria mais. E passei boa parte do dia ali, preparando-me e pensando em como fazer. Nesse tempo Any acordou duas vezes e como dependia somente de mim a amamentei, troquei-a e a fiz dormir. Agradecendo por ela ser uma bebê boazinha. Sei que dessa vez eu não poderia fugir e, também nem queria mais, só fiz isso na época porque eu precisava me desligar de tudo e me preparar para trazer Any a vida em paz, mas agora eu teria minha vida sem me esconder. Começaria do zero e Giovani teria que aceitar, ele não é meu dono e deixaria bem claro que eu não permitiria que ele tirasse minha filha de mim e que sua possessão não me faria voltar e ser infeliz. Sei que ao dizer isso estava sendo ingrata, o tempo depois que nos casamos até a maldita foto atrapalhar tudo, eu era feliz, sentia-me realizada e completa. Estava deitada quando a porta do quarto abriu e era ele. Atenta fiquei
olhando para ele e seu olhar era fixo e penetrante, desviei o olhar e voltei a observar o sono de Any. — Venha comer! — Não entendi como um pedido e sim como mais uma de suas ordens. — Não, obrigada! — Ainda não estava preparada para mandá-lo embora e assim que eu deixasse o conforto e a segurança do quarto eu não teria saída e precisaria dizer tudo que queria e impor o que eu faria. E se fosse necessário abriria uma guerra contra seu autoritarismo e a forma como disse que levaria Any embora. — Bella, deixe de ser teimosa. Você tem que se alimentar, está amamentando. — Ele tentava se impor. — Vá se ferrar, Giovani. — Devolvi no mesmo tom de voz. — Você vai por bem ou por mal. — Quando veio a minha direção eu sabia que me pegaria no colo a força por isso rodeie Any com meu corpo, perderia fácil com ele em uma luta de forças e ela seria minha defesa. De uma coisa tinha certeza que Giovani não faria nada que pudesse atingir sua filha. E deu certo, parou mais próximo e não fez nada. — Qual é, Bella? — Eu já disse que não quero. Será que poderia entender que E-U N-Ã-O Q-U-E-R-O! — disse firme já bem irritada. — Você é uma péssima mãe. Se preocupa só com você, nossa filha se alimenta em você e, você faz questão de contrariar em não se alimentar. — Só
escutei que eu era uma péssima mãe, o restante foi um tanto de palavras desconexas em meu cérebro. Levantei-me e fui para cima dele. — Quem você pensa que é? Para me avaliar como ser uma mãe. Estou aqui quatro meses sozinha, eu cuido muito bem de Any sem precisar de você. — Conforme minha ira crescia eu aproximava dele e ele se mantinha no mesmo lugar, sem recuar. — Esteve sozinha, porque resolveu que só você tem o direito sobre ela. É minha filha também, é egoísta e só pensa em si mesma. Também tenho os mesmos direitos que você, e eu quero o melhor para ela. Sei que está com raiva de mim, mas eu sou inocente. E se você queria me fazer sofrer, parabéns, conseguiu. — Ele debochadamente bateu palmas na frente do meu rosto. — Mal durmo desde que sumiu, não como, não tenho vontade de viver... E tudo porque você não esperou para saber a verdade de mim e foi logo achando que poderia me afastar e me privar da minha filha. Não sabe o que fez... não tem ideia do que sofri sem saber notícias, se havia nascido, não sei o dia do nascimento dela e tudo por sua teimosia e mania de achar que só quem sofre é você. — Se ele sofreu foi porque me traiu e não pensou em como eu ficaria vendo aquela foto. Eu o queria bem longe de mim. Para tentar esquecer o amor que ainda sinto e ter certeza de que nunca mais sairia quebrada por ter o deixado entrar na minha vida. — Hoje voltei a viver quando segurei Any pela primeira vez e uma coisa
eu deixo bem claro: Nunca mais vai afastar minha filha de mim, irei ao inferno e a tirarei de você. — Giovani tentava me intimidar. — Ninguém tira o filho da mãe, nem você nem ninguém vai tirar a minha filha de mim. — Não me deixei intimidar e lutaria por Any de todas as formas. — Está vendo você só importa com você, não pensa nos outros... Não sabe ser amada e acreditar que as pessoas mudam. Se julga melhor que todo mundo dizendo que mudou, mas para mim continua a mesma cega de antes... que só acredita no que acha. — Suas palavras me golpearam com força e me doeu ouvi-las. Precisava não o ter por perto. Não poderia viver nessa montanha-russa de quero estar em seus braços, mas não quero sofrer a ter que aceitar suas traições. — Quero me separar de você. — disse sem pensar, agindo pela emoção e a dor da traição. — Pode falar o que quiser eu não acredito mais em você. — Sua expressão era raivosa. — Está aqui fazendo essa cena porque eu disse não e nem tudo se resume a você e seu ego inflado. Não aceita um não, não aceitou o meu uma vez e fez o que fez, não aceitou Mellaine tocar a vida e esfregar na sua cara e agora está aqui não aceitando que eu não o quero mais. Volta para sua medicazinha e nos deixe em paz. — Empurrei-o tentando afastá-lo de mim, mas suas mãos fecharam em meus punhos e nos olhamos, prendendo-nos. — Por que não aceita que eu a beijei? Não quero ela, quero você. — disse em tom mais calmo, diferente da sua expressão dura. — Não é a questão de aceitar, Giovani. Eu vi, recebi as fotos, e o que não
entende que agora isso não tem mais problema, só serviu para eu ver que sempre vai me magoar. — Sabe de uma coisa, Bella? Não vou tentar mais te falar o que aconteceu, você que não quer acreditar. Agora seja uma boa mãe e coma alguma coisa. — Fiquei com tanta raiva com ele novamente me julgando a não ser uma boa mãe e reagi estapeando seu rosto. Ainda me segurava quando ficou tão próximo e ameaçadoramente chegou a roçar seus lábios nos meus. — Nunca mais levante a mão para mim. — Tentou me beijar e eu recuei a cabeça conseguindo desviar e virar o rosto para o lado. — Quer saber... — Soltou-me e encurvou-se me agarrando pelas coxas e jogou-me sobre seu ombro. — Não vai por bem, vai por mal. Debati socando suas costas. — Giovani me coloca no chão. — Não, você vai comer nem que eu precise forçá-la a comer algo. Minha filha é mais importante, ainda comigo nos ombros entrou na cozinha e me colocou no chão. — Agora coma. — ordenou! — Babaca! — Ele gargalhou debochadamente. Ignorei-o e olhei ao redor procurando por Sara. — E Sara? — Já foi embora, é véspera de Natal. As pessoas têm vida também,
Bella. — Eu achei que ela ficaria aqui. — disse sentindo o cheiro do café recém-preparado e o bolo sobre o balcão. — Ela fez bolo e se foi. Não vai falar que está com medo de mim? — Sorriu diabolicamente, tentando me desestabilizar. — Não tenho medo de você, Giovani. Só não o quero mais perto de mim. — Mas tenho uma ótima notícia para você, mí regina. Eu vou ficar bem aqui. — debochou. Não poderia esperar menos dele. — Aqui é minha casa e escolho quem eu quero para ficar aqui e tenho uma notícia. — Imitei o seu tom debochado. — Você não vai ficar aqui e outra coisa, não sou sua rainha, querido. — Sou seu marido, o que é seu é meu. Tenho um pacto pré-nupcial com você, esqueceu? — Tinha certeza que se ele pudesse ele me grudaria pelo pescoço. Esse impasse me lembrava nossas brigas e disputas de quando começamos. — Não, não esqueci, mas aqui não estou como Bella. Portanto não sou sua esposa mais. — Vi-o pressionando o maxilar de raiva. Sorri vitoriosa em pelo menos nesse round. — Mas vou ficar e passar o Natal com a “nossa” filha, carinho. — Giovani passou por mim indo até a pia e fez questão de encostar em mim, se
esfregando, pressionando-me contra o balcão. Empurrei-o com a mão para longe de mim e ele ficou rindo. — Stronzo! Você quer é infernizar minha vida. — Ao passar de volta ele passou e com a mão deslizou pelas minhas costas me irritando. Impetuosamente alcancei a faca sobre a bancada e virei apontado para ele. — Não encosta em mim! — Falei alto e rendido levantou as mãos para o alto em sinal de derrota. — Ei, calma! — Vi seu olhar para a faca e me recobrando a sanidade coloquei-a no balcão ao lado do bolo. — Não precisamos partir para a agressão, carinho. — Vá se foder, Giovani. — Que boca mais linda e suja que você tem. Estava com saudades! — Ele se aproximou ficando colado a mim, pressionando-me contra a bancada. Meu coração acelerou com sua presença tão perto. — Eu vou foder você de todas as maneiras que eu puder. — Revirei os olhos segurando a respiração, empurrando-o com as mãos. — Sai de perto de mim ou eu pego aquela faca e te esfaqueio inteiro. — Blefei e me irritei mais ainda com sua risada debochada. — Não teria coragem de matar seu marido, o único homem que tocou seu corpo. — Não me teste. Para quem pensou que passaria o primeiro Natal da filha em paz, pensou errado.
— Sabe de uma coisa... — Fui interrompida pelo som da campainha e não consegui terminar de falar. Nós nos afastamos e olhamos em direção a sala. — Você fica bem quietinho aqui. — Pedi. Não sabia quem poderia ser. Sara não era, ela tinha a chave. — Está esperando alguém que não pode me ver? — Olhei ameaçadoramente não dando moral para sua pergunta possessiva. O deixei na cozinha e fui atender a porta. Era Holly. A vi pelo olho mágico da porta bem no momento mais inoportuno para aparecer.
— Oi, Holly. — disse sem graça sem abrir a porta toda, com medo que visse Giovani lá dentro despertando além da sua curiosidade. — Oi, Ângela. — Acho que acabei despertando sua desconfiança me mantendo ainda na soleira da porta a tratando como um entregador de pizzas, sem convidá-la para entrar. Não queria também que Giovani a visse e começasse a fazer perguntas das quais me colocaria em uma situação constrangedora. Típico do que faria para me irritar. — Não vai me deixar entrar. — Sem saber como agir e acuada, acabei dando passagem a ela. Holly entrou e foi tirando as pesadas roupas de frio deixando no
respaldar da sala, se sentindo à vontade. — Ângela, vim buscá-las para irmos na casa do doutor Jim, ele faz questão da sua presença no jantar de véspera de Natal. — Engoli em seco. Holly falava alto, era uma excelente pessoa, mas era um pouco exagerada e fácil de ser notada por sua presença alegre. Respirei fundo olhando ressabiada em direção a cozinha, com receio de Giovani estar escutando e fazer um escândalo possessivo e acabar revelando que eu não era Ângela Madson e sim Bella Valentino. — Ele não para de perguntar de você, fica dizendo o quanto é bonita e guerreira por ser mãe solteira. Acho que está interessado em você. — Meu coração parou e voltou a bater rapidamente. Indiferente do momento incerto em que estávamos vivendo de uma coisa eu tinha certeza: Era a possessão e o ciúme de Giovani. E tive certeza de que escutou tudo quando apareceu, confortavelmente, mostrando que não era um simples visitante. Holly ficou com a boca aberta ao vê-lo, e não escondeu o quanto ele a deixou encantada. Em seus 41 anos Giovani ainda era lindo, atlético, viril e muito charmoso e usava disso muito bem quando queria. Exatamente neste momento quando a cumprimentou. — Olá! — Quando percebi ele já estava do meu lado esticando a mão para ela e piscando.
Senti raiva e possessão. — Olá! Prazer, Holly. — Com a voz melosa Holly não se contentou só com um aperto de mãos e aproximou-se, se jogando para cumprimentá-lo no rosto e o cretino aproveitou do efeito que essa cena estava causando e a abraçou também. — Giovani Salvatore Valentino. — Aproveitei que estava ao meu lado e discretamente o belisquei. — Ei! Calma! — falou rindo para mim, após piscar sabendo que eu não estava gostando. Estávamos tão perto que foi inevitável não sentir seu perfume Afougére delicioso, atordoando-me e causando reações em meu corpo. Precisava sair de perto. — Quem é doutor Jim? — ele perguntou interessado e seria minha sentença de morte, sendo mais um motivo para me atazanar. Meus temores se concretizaram. — É o pediatra de Any, que está apaixonado por Ângela. — Holly ainda o olhava encantada e sem disfarçar que estava interessada nele respondeu. — Ele faz questão que eu as leve no jantar de hoje à noite. — Mordi o lábio inferior e olhei para o lado, fingindo que não era comigo. — Pediatra de Any? — perguntou entonando e me olhando friamente. Sei que imaginaria e criaria coisas que não existiam só para me manipular a perdoá-lo agora.
Por que Holly tinha que aparecer logo agora e ainda por cima com esse convite? — Sara fez bolo, aceita Holly? — Ela encantada pela presença imponente de Giovani foi com ele até a cozinha. Parei próximo vendo como ele exercia sua virilidade e charme em cima de outra mulher, deixando-me desconfortável. — Vou lá em cima ver como Any está e pegar a babá. — Giovani se adiantou e segurou meu braço passando por mim. — Pode deixar que eu vou. — Saiu nos deixando na cozinha. Holly rapidamente olhando para onde ele sumiu de vista veio perto de mim. — Quem é esse homem? Seu jeito de falar e de olhar já me levou ao paraíso. — Não deu tempo de inventar uma desculpa e Giovani já estava de volta à cozinha. — Está dormindo como um anjo. — Mostrou-se alegre com o vídeo monitor da babá na mão. — E ela melhorou, Ângela? — Vi-o franzir o cenho. — Por quê? Ela não estava bem? — Ele intrometeu antes que eu pudesse responder à pergunta de Holly. — Ângela não te falou? Any estava resfriada e teve muita febre. — Não, ÂNGELA, não me falou nada. — Seu olhar me fuzilou. — Não tive tempo de falar, Giovani chegou agora a pouco. — Tentava
falar mais calma o possível. — E minha querida amiga, avise ao doutor Jim que não vou. Não quero expor Any a baixas temperaturas. — Dentro de casa tínhamos o aquecedor que esquentava toda a casa. — Agradeça-o por mim. — Ele vai ficar arrasado. Não para de falar em você. — Esse assunto estava me deixando desconcertada diante do olhar furioso de Giovani. — Peça desculpas e quando eu, no retorno, levar Any peço desculpas pessoalmente. — Tentava mostrar o máximo de formalidade e educação. — E Ângela! Nunca me disse nada de Giovani. Ele é o seu irmão que te ajuda? — Respirei aliviada, por ela me dar a brecha para fazer da vida dele um inferno também. — É! É sim! — Olhei para ele sorrindo. Agora você me paga Giovani. — Então, por que não me acompanha ao jantar hoje, Giovani? É só de amigos do hospital. — Ela segurou no braço dele e eu fiquei olhando. Sei que se ele fosse eu sentiria mais ainda meu coração despedaçar, mas também seria um jeito de tirá-lo da minha casa e me dar paz. — É um ótimo convite. — Arrependi-me na mesma hora quando ele gostou da ideia. — Mas acabei de chegar, estou cansado e vim ficar com Be... Ângela e Any, não vou deixá-las sozinhas. — Não sei se estava aliviada por não ter aceitado ou se com raiva por ficar próximo de mim me trazendo lembranças das quais quero esquecer. — Uma pena. Mas vai ficar muito tempo? — Holly, era mãe solteira e
sempre que podia tentava se encaixar em um encontro romântico com algum homem “solteiro” por aí. — Vai depender! Pelo jeito, sim. Quase me mudando para cá. — Revirei os olhos com a diversão da sua voz ao insinuar que ficaria. — Acho melhor eu ir, então. — Holly foi até o sofá pegando suas coisas e a acompanhei até a porta. — Feliz Natal minha amiga e fala mais de mim para seu irmão. — Ela sorriu em direção a Giovani parado na porta da cozinha e eu olhei por cima dos ombros vendo-o tão descarado se insinuando para Holly bem na minha frente. Se queria me causar ciúmes, me causou, mas não daria o braço a torcer eu ainda o queria bem longe da minha vida. — Feliz Natal, Giovani! — Feliz Natal, Holly! Fechei a porta e fiquei olhando sentindo muita raiva dessa animosidade entre os dois e, Giovani pouco se importando com a garrafa de cerveja na mão sentando-se no sofá de frente para a TV. Fingi não estar vendo, assim que eu cuidasse de Any, minha prioridade, continuaria o assunto e o mandaria embora. — Vou acordar Any para dar um banho nela. — Franzi o cenho não entendendo por que estava dando satisfações do que fazia. — Doutor Jim? — Parei no pé da escada com a pergunta. — Não começa. — Ele veio atrás de mim.
Isso significava que começaríamos a discutir por coisas que não existiam. — Quem é ele, Bella? Ou melhor, Ângela? Pelo visto você tem muitas coisas para me explicar, sua mentirosa. — Tentei absorver sem respondê-lo e continuei a subir as escadas. — Você saiu com ele? — Não respondi e entrei no quarto. — Posso aceitar esse silêncio seu como um sim. — Parei próximo ao berço. — Entenda como quiser. Não te devo satisfações. — Com cuidado aproximei o rosto de Any e beijei sua pele branquinha e macia pegando-a no colo. Ainda sonolenta ela se espreguiçava no meu colo. — Acorda, bebê. Vamos tomar banho. — Saí com ela indo para o outro quarto e com Giovani no meu encalço, questionando-me as mesmas perguntas. — Você já estava arrumando outro para colocar no meu lugar? — Ele ficou encostado no batente da porta enquanto eu colocava Any no berço, separei as coisas para vesti-la depois do banho. Peguei-a novamente e junto com as coisas fui para o banheiro e com ela no colo me desdobrava para conseguir montar a banheira e enchê-la; reparando na minha dificuldade sem que eu pedisse veio e tirou Any do meu colo e pude terminar de ajeitar o banho. — Ela é linda. — disse ao se aproximar de mim e posicionar-se ao meu lado, observando eu dar banho na bebê. — É sim. — Não tinha muita experiência, mas já conseguia me sair melhor do que antes e sem dificuldades terminei de dar o banho e a vesti,
deixando limpa e cheirosa. — Por que estava doente? — O pediatra disse que era só um resfriado com começo de uma infecção de garganta, mas agora está melhor. — afirmei ao encerrar a resposta. Ofereci para ele pegar enquanto eu penteava a cabeleira com a escova macia. A mesma que compramos quando fizemos o enxoval dela. Exprimi os sentimentos, segurando-os para me manter firme, mas ninguém sabia o quanto imaginei essa cena: Nós dois cuidando juntos de nossa filha. Desviei meu olhar e o evitando. Peguei Any do seu colo e saí no banheiro deixando-o para trás. Era tudo muito diferente. Daqui para frente sempre teríamos algo mais que aquela paixão avassaladora, tínhamos uma criança que nos ligava para o resto de nossa vida. Desci as escadas, ainda não tinha comido nada e logo teria que amamentar novamente. — Posso ficar um pouco com ela? — Estava na cozinha quando chegou ao meu lado e estendeu o braço. Não tive como negar o pedido, na verdade não consegui. — Preciso tomar um banho, consegue ficar com ela? Logo vai querer mamar. — perguntei. — Lógico que consigo. Sou o herói dela. — Entreguei-a e
desajeitadamente Giovani a tomou na curva de seu braço e Any reclamou. — Ela não gosta de ficar assim. – Ajudei-o deixando-a bem acomodada em seus braços e sorri com a situação achando tão lindo essa interação. — Obrigado! Você me deu o melhor presente. — Giovani disse baixo e com a voz rouca. Senti-me com a boca seca e me faltou palavras para dizê-lo que sentia a mesma gratidão por ele em relação a ter me dado Any. — Principessa, vamos deixar sua mãe tomar um bom banho, não gostamos dela fedidinha. — Deixei-os e subi para tomar um banho e quando me vi no reflexo do espelho percebi o quanto estava negligente comigo mesmo. A camiseta toda larga, descabelada, meus cabelos não viam uma hidratação e um corte há meses, minhas unhas uma de cada tamanho e as cutículas enormes. Senti-me um lixo. No banheiro, embaixo do chuveiro deixei toda tensão daquele dia se esvair de mim, lamentando-me por ter deixado Giovani entrar de novo em minha vida. Se não fosse por causa da sua traição eu não estaria aqui sozinha sofrendo.
Com o pequeno momento que tivemos dentro do banheiro, juntos nós três senti esperança e toda raiva e ressentimento que sentia de Bella me fez deixar para trás quaisquer estímulos de fazê-la pagar na mesma moeda. Procurei pensar nesses sentimentos novos que experimentava estando com as duas. A esperança de que tudo ainda ficaria bem renasceu. Bella não aceitaria fácil, mas assim que eu provasse que era inocente me perdoaria e poderíamos viver em paz novamente. Sei que me ama ainda, por várias vezes hoje vi como me olhava. Eu não fiquei quatro anos esperando em vão. Atravessei um país inteiro para estar com ela e não abriria mão sem lutar.
Cheguei a pensar que quando a visse eu me ressentisse por me fazer sofrer, mas vê-la mais cheinha, com os seios ainda fartos sem suas maquiagens, unhas mal feitas e o cabelo desalinhado ainda me ascendia e me fazia a querer mais que tudo. Bella era minha mulher no sentido total do prenome possessivo. Eu ainda a levaria de volta para nossa casa e retomaríamos nossas vidas. Precisávamos pontuar algumas coisas antes de nos acertarmos e ficaria aqui em Little Falls o tempo que fosse necessário. Descobri que adotou outro nome e isso implicaria na certidão de nascimento de Any, havia coisas que ainda precisavam ser esclarecidas, mas deixaria para mais tarde, quando estivéssemos a sós. Também a questionaria sobre o tal pediatra. Será que saiu com ele? O cara estava interessado nela segundo Holly e confesso que não gostei de saber disso. Não percebi que Any dormiu em meus braços quando meu telefone tocava alto. Alcancei-o mais que depressa para não a acordar. O número era o de casa, deveria ser minha mãe. — Alô! — Atendi em um sussurro. — Gio, onde você está? Raf disse que teve uma pista de onde Bella poderia estar. — Era Marco. — Achei ela. — disse com felicidade.
— Ele disse que não havia nada de concreto e estávamos aqui preocupados sem notícias suas. — Elas estão e Little Falls em Minessota. Agora estou com Any dormindo no meu colo. — Vejo que está feliz. — E estou, muito. Não existe sentimento para explicar o que sinto quando a vejo. Ela é perfeita. —Mamma vai ficar feliz. — Diga que mais tarde quando ela estiver acordada eu ligo para ela. — Olhei para baixo e comecei a ficar nervoso, Any enrugou toda a testa e começou a chorar. — Marco, depois ligo, preciso levar Any até Bella. — Desliguei o celular sem despedir e foi como um alarme, Bella já estava atrás de mim para pegar a bebê. Levantei-me e entreguei-a e Bella sentou ao meu lado e com cuidado levou o seio até a boca de Any. Fiquei olhando como se sentisse dor. — O que foi? — Bella me questionou. — Dói? — Não, só no início. Quando ela nasceu. — ela respondeu naturalmente. — Preciso tomar um banho. — disse sentindo o cansaço bater. — Achei que ia embora. — Comecei a rir. — Já disse que vim para ficar, vou ficar onde minha filha está. — Ela
ficou com uma expressão de irritada. — Aqui não tem espaço para você. — Dei de ombros e ri. — Onde conseguiu essas roupas? — Perguntou-me. — Sara trouxe. Pedi a ela que comprasse algumas coisas que ia precisar, você não gostaria que eu ficasse de terno o tempo todo, né? — Por mim poderia ir embora, aqui é pequeno. — Estou me sentindo muito confortável, já até mandei meus homens voltarem para casa. Vou até tomar banho. — Voltei a aproximar dela para beijar seu rosto, mas me repelindo afastou. — Já disse para não me tocar. — Saí rindo. Bella despertava muitas coisas em mim, fazendo-me ser completo. Deixei as duas ali na sala e fui tomar um banho, quando voltei Bella estava na cozinha e Any estava na frente da TV ligada em um programa colorido e cheio de bichos dançando, dava pequenos gritos de alegria e balançava as perninhas movimentando a cadeirinha. Analisei enquanto tomava banho sobre aquela dor, desespero e ansiedade ter ido embora e tudo por causa desse pedacinho de gente. Sentei-me no chão ao lado e tive sua atenção capturada quando dei a ponta do indicador para segurar. — Principessa, papai está tão feliz de estar aqui com você. Como queria ter estado aqui antes. Você é a pessoa mais importante da minha vida e... — Beijei sua testa e abriu sua boquinha sem dentes ainda em um sorriso e gritou. —
Sua mãe também. — Completei a frase sussurrando. — Espera aí gatinha. — Tirei meu dedo dentre sua minúscula mão e alcancei meu telefone. Todos os Valentinos deveriam estar reunidos esperando essa ligação. — Giovani, meu filho. — Minha mãe atendeu no lugar de Raf. — Oi, mamma. — Minha mãe já estava chorando. — Cadê minha neta? — Virei a câmera e mostrei Any. — Olhem a primeira Valentino. — Minha mãe mostrava aos meus irmãos e falava orgulhosa. Emocionada enxugou as lágrimas com a mão, a sua volta para minha família que se amontoava um em cima do outro para ver. — É sua cara meu filho. Vou achar uma foto para te mostrar. Está feliz? — ela me perguntou e minha resposta estava estampada na minha tranquilidade e paz. — Claro, mamma. Não poderia ter a melhor noite de Natal se não estivesse aqui. — Quando vai trazê-la de volta? — Olhei para a cozinha e vi Bella ainda de costas sem dar muita importância, mas tinha certeza que estava escutando. — Ainda não sei. — Sentindo que daqui para frente a conversa não poderia ser boa, despedi deles desejando um Feliz Natal. Não se sabe, vai que minha mãe comece a atacar Bella sobre o que fez era melhor encerrar a ligação mesmo sobre protestos de dona Ana.
Voltei a segurar sua mãozinha até pegar no sono. Se pudesse escolher a melhor noite de Natal seria com certeza essa, mesmo com Bella ainda achando que eu a traí. Estar ali com elas me preenchia novamente como homem e pai. Tive a oportunidade de conhecê-la e saber como era estar perto e segurar minha filha. Fiquei encostado no batente da porta, observando Bella mexer alguma coisa no fogão. Dando-me a imagem perfeita de suas curvas e me fazendo viajar em pensamentos, mas só um deles nesse momento me fazia ser o certo. Bella é minha esposa e mãe da minha filha e seria somente ela em minha vida. — Está fazendo o quê? — Olhou por cima dos ombros em minha direção — Comida, uma macarronada. — Desencostei e me sentei na banqueta no lado oposto dela. — Olha só, desde quando cozinha? — perguntei intrigado, nunca vi Bella perto de uma panela, para mim não sabia nem cortar um pão. — Desde quando resolvi mudar minha vida e não o ter nela. — disse rispidamente e colocou um prato a minha frente e me entregando uma cerveja aberta. Ignorei o que disse. — Achei que me deixaria passar fome. — Não na noite de Natal. — Ela se sentava a minha frente e depois de quatro meses eu jantava em sua presença.
— Então não vai me mandar mais embora. Sou bem-vindo. — disse ainda mastigando uma garfada do delicioso macarrão. Peguei a cerveja e me levantei, brindando no ar. — Não se empolgue. Você vai embora. — disse ela levantando a sua mão e me imitando. — Bella, eu não vou a lugar nenhum sem Any, você já me privou muito. Mas hoje não quero mais falar sobre isso. É noite de Natal. — Coloquei mais uma garfada de comida na boca. Jantamos mais em silêncio e eu a encarava. — Isso é bom, viu! — disse elogiando-a. — O molho é desses prontos. Nada demais. — Ri. — Do que está rindo? — Você cozinhar estava bom demais para ser verdade. — Estou aprendendo. — Ela deu de ombros e eu desejei mais a minha Bella, minha caixinha de surpresas. Terminamos de jantar e eu a ajudei deixando tudo organizado. Pendurava o pano na cozinha, enquanto Bella apagava as luzes para subir. Parei entre a sala, a escada e a cozinha e a observei arrumar o sofá, certamente para mim, mas não seria bem assim. — Boa noite. — Deixei-a passar por mim dando passagem para subir e fiquei um tempo olhando do sofá para o alto da escada e não pensei em mais
nada e agi por impulso em ir atrás dela. Ela estava no banheiro e seu quarto vazio. Entrei nele e me deitei na cama cruzando os braços atrás da cabeça. — Você não vai dormir aqui. — ela disse quando entrou no quarto e se assustou comigo em sua cama. — Vou sim e juntinho de você, carinho. — Ela balançou a cabeça negativamente e saiu me deixando sozinho. Continuei como estava, se quisesse dormir na cama dormiria ao meu lado. Eu precisava ter seu corpo enroscado no meu, foram noites e mais noites sem conseguir dormir sentindo sua falta. Fechei os olhos respirando fundo e não notei quando adormeci. Acabei acordando de madrugada preocupado, pensando que Bella poderia fugir de novo. Levantei-me rapidamente e fui procurar. A encontrei na sala adormecida no sofá com a babá eletrônica nos braços. Fiquei com pena, não deveria ter tentado fazê-la dormir na mesma cama comigo, estava amamentando e precisava mais de conforto do que eu. Pensei em carregá-la, mas assim que eu encostasse a mão nela acordaria e entraríamos de novo em combate. Peguei as cobertas e a cobri tirando o aparelho dos seus braços. Parei quando remexeu virando para o outro lado. Andei pela pequena casa e por último fui ao quarto de Any, fiquei velando seu sono até ela começar a resmungar e eu ouvi os passos de Bella subindo a escada. Voltei ao quarto, deixaria as duas sozinhas para o momento
mãe e filha.
Não era possível que Giovani ia ficaria mesmo, não poderia esperar menos dele. Amanhã conversaríamos e diria que eu não quero mais, que deu, mas tudo numa boa. Eu o amava, porém, não dávamos mais certo. Não queria viver em constante alerta de uma ex sua, essas loucas sempre aparecerem em sua vida e revirar a nossa. Deitei-me no sofá e fiquei olhando o visor da babá eletrônica; analisando toda essa situação. De como nos achou em menos de dois dias, de como estava magro e aquela barba horrorosa, grande. Será mesmo que sofreu? Ainda tinha minhas dúvidas, mesmo batendo o pé ao afirmar que não
havia me traído. E se fosse verdade o que dizia? “Não Bella! Pode parar de pensar que Giovani pode ser inocente.” — Acusou minha razão. Quando chegou, fiquei com bastante medo, estava furioso e achei mesmo que tiraria Any de mim, dizia com tanta firmeza que a levaria embora. O que o fez mudar? Comecei a me fazer várias perguntas sem resposta. E eu precisava amanhã cedo ter a minha de que ele não ficaria mais em minha vida. Não quero mais nenhuma ex-louca atormentando minha paz, eu preciso dela para viver exclusivamente me dedicando a nossa filha. Fugir novamente estava fora de cogitação, recomeçar tudo de novo não me animava nenhum pouco. Ficaria em Little Falls mesmo, aqui seria um excelente lugar para Any crescer feliz. Esforcei para dormir e não ficar pensando em coisas das quais não me fariam mudar de ideia e precisava descansar, daqui a pouco Any acordaria aos berros querendo mamar. *** Acordei aturdia com o barulho do choro forte e alto, certamente deveria estar com muita fome. Levantei-me rapidamente e olhei para a coberta não me lembrando de ter trazido algo para me cobrir antes, Giovani com certeza deveria
ter me coberto enquanto dormia. Subi angustiada por escutar seu choro — Oh, meu amor! Não chore, mamãe está aqui. — Peguei-a e tentei acalmá-la. — Você é muito comilona. — Ainda resmungou até abocanhar meu seio e sugar avidamente, esgotando meus dois seios. Era prazeroso este momento e fiquei grata quando mamou e dormiu de novo. Estava tão cansada que queria e precisava dormir um pouco mais. Saí tentando fazer o menor silêncio possível e fechei a porta dando de cara com ele me esperando na porta do meu quarto. — Não seja teimosa, vem deitar. — Ele estava sem camisa só de calças de moletom. Cruzava os braços na altura do peito. — Não insiste. Amanhã conversaremos, tenho mais três horas de sono e estou querendo aproveitá-las até o último minuto. — Estava no primeiro degrau da escada. — Deite-se então na cama, eu fico no sofá. — Ele passou por mim e desceu sem falar nada. Não pensei duas vezes em entrar no meu quarto e deitar na minha cama. O seu cheiro estava lá, senti falta dos momentos felizes que vivemos, mas agora era tarde, eu não confiava nele e nunca mais me colocaria em suas mãos de novo. *** Desci as escadas com Any no colo pela manhã e fiquei olhando para
Giovani encolhido no sofá, seu peito subindo e descendo. Ainda mantinha o porte atlético e quantas vezes o lambi todo em nossas taras sexuais, e seu corpo era a minha predileta, gostava de como suas veias altas marcavam seu braço e mão, das suas coxas firmes e de sua máscula. Deixava-me alucinada e quando dei por mim estava excitada só de olhá-lo. Irritei-me comigo mesmo por desejá-lo tanto assim que evitei olhar e acabei deixando Any na cadeirinha próximo. Liguei a TV deixando-os na sala e fui para cozinha, tinha algo que queria ter feito desde ontem e agora descoberta por Giovani não precisaria mais me privar disso. — Mãe! — Liguei para ela e senti tanto alívio ao ouvir sua voz. — Bella? — A voz era de surpresa. — Sim! — Minha filha, por que está ligando, aconteceu algo? Ele te fez alguma coisa? Aonde você estão? — Enchia-me de perguntas e pelo visto já estava sabendo que Giovani nos achou. — Mãe, estamos bem, e Giovani não fez nada comigo. Ainda estou em Little Falls — Comecei a chorar. — Não chore, Bella! — Ela também se emocionava do outro lado da linha. — E Any, como está? — Desde que fugi não tivemos um contato maior, a não ser pela ligação de umas noites atrás. — Está bem agora, mas esteve resfriada e com febre. E Feliz Natal!
— Feliz Natal para você, minha amada filha. — Sorri. — Estou com tantas saudades, por isso te liguei naquele dia. — Russel nos contou ontem depois que Sara o avisou. — Sim, ele apareceu aqui em Little Falls. Está aqui e disse que não vai embora. — Bella, sempre te avisei que se envolver com Giovani era te trazer mágoas. Desde o início ele mostrou que só se preocupa consigo mesmo, eu até achei que tinha mudado nesses últimos meses. Ele nos procurou para conversar e explicou que não a traiu, brigou com seu irmão, estava muito abatido. — Essas duas últimas frases tiveram mais efeito em mim do que eu poderia pensar. Por que fazia tanta questão de se defender? — Mãe, eu não sei o que fazer e o que pensar. — Você o ama? — Sim! Mas... — Olhei para trás ouvindo barulho vindo da sala imaginando ser ele acordando. — Depois continuamos essa conversa, mãe. Acho que ele acordou. Está tudo bem, agora poderá vir conhecer sua neta, ela é linda e não puxou nada de mim. — Rimos. — Mais tarde mando fotos. — Está bem, querida. Pense bem, sei que eu nunca fui a fã número 1 dele, mas é o pai da sua filha, o chefe de nossa casa. — Te amo, mãe! — Bom dia! — Ele entrou na cozinha com cara de sono vestindo a parte de cima do moletom. — Any está dormindo na cadeirinha.
— Bom dia! Aonde conseguiu essas roupas? — perguntei estranhando-o já estar todo muito à vontade. — Disse a você que pedi à Sara que comprasse qualquer coisa que pudesse ficar mais à vontade. Precisarei de mais coisas. — Entreguei uma xícara de café e fui para o lado oposto, atrás do balcão. Fiquei assoprando o líquido fervente. — Obrigado! Com quem estava no telefone? — Bebi um pouco do café antes de responder. — Com minha mãe. — respondi. — Como conheceu aquela moça? — Estreitei o olhar achando estranho o interesse. Acho que leu meus pensamentos, porque respondeu se justificando. — Não estou interessado nela. E Feliz Natal! — Feliz Natal! — Coloquei a xícara no balcão pensando em responder ou ignorar. — Holly foi uma das doula que me ajudou no parto de Any. Ela se compadeceu comigo por estar sozinha naquele momento. Aí, desde então, nos tornamos amigas. — Sara não esteve com você? — Ele aparentou tristeza com aquele assunto. — Não! Ela estava trabalhando, Any nasceu no período da tarde. — Queria ter estado lá. — Bebi mais um gole do café e observando seu olhar em mim.
— Sara é muito boa para mim. — Mudei de assunto. — Ela é irmã de Russel. — Sim, eu sei. — Ela trabalhou para meu pai ainda nova, mas depois da morte de Deborah e, Russel se afundar no vício ela quis sair. — Eu sei dessa história. Sara me disse que Russel vê em mim Deborah, por isso faz de tudo para que eu sempre fique bem. Eu perdi meu pai e ele sua filha. — Estava quase torturando-o para ter notícias suas. Até roubei o celular de Martina. Foi assim que consegui a foto do dia que Any nasceu. — Definitivamente você não é normal, Giovani. — Senti pena ao ver o quanto foi longe a ponto de roubar um celular. — O que faria se fosse você? Estava desesperado. — Deu de ombros bebendo mais café. — Não trairia minha esposa. — Não sei por que disse isso, não era o que queria falar. Mostrar minhas fraquezas neste momento era deixar Giovani sobressair e conseguir de mim o que queria. — Eu não te traí. Será que não pode me dar o crédito da dúvida? — Isso não é mais relevante. — Se não é, por que não podemos resolver e voltarmos para casa? — O fato de você ter ido para Nápoles com sua médica não é mais
relevante. Você mais uma vez escolheu outra mulher. Fique com ela e me deixa em paz. — BELLA! — Sinalizei com a mão para ele falar mais baixo. — Vai acordá-la. — Bella, eu não escolhi outra mulher. Por céus, mulher. Eu não te traí com a Mellaine. — Cruzei os braços. Essa história não me convencia. — Por que não me contou que ela estava lá com vocês e viajaram juntos? — Ele apoiou as mãos no balcão e baixou a cabeça. — Porque você surtaria e como estava grávida eu não queria deixá-la nervosa. — Isso não é desculpa. Você quebrou sua promessa quando disse que se afastaria dela. Ela na casa da sua mãe eu entendo, mas a deixou ir para satisfazer mais um capricho do seu irmão. Você tem que aceitar as consequências das suas escolhas. Abandonei meus sonhos para lutar por você, para ficar ao seu lado. Você jamais vai saber o que isso significa. — Fiquei assustada quando levantou a cabeça e o vi com os olhos cheios de lágrimas. — Por favor, acredite em mim. Você não tem noção do quanto eu estou sofrendo. Eu juro que não beijei Mellaine. — Ele aproximou e eu me afastei tomando distância. — Bella, eu amo você com todas minhas forças. Eu era o homem mais feliz, por que eu jogaria fora minha felicidade assim tão fácil assim?
— Giovani, você mentiu, escondeu coisas de mim. Não é tão simples assim. Não quero mais ficar com você. Quero viver em paz e cuidar de Any. — Saí da cozinha antes que eu desabasse na frente dele, mas não adiantou nada ele veio atrás de mim me encurralando próximo a escada. — Não vou embora, sem antes lutar e te provar que eu sou inocente. Reconheço que está certa que eu poderia dizer a Luca que ela não iria. Errei com você, mas não vou pagar por aquele maldito beijo. — Procurei sair me afastando de costas. Encostei na parede sem saída. Giovani estava mais próximo e quando se aproximou mais virei o rosto impedindo que me beijasse. Sua insistência era grande e não se dando por derrotado beijou a curva do meu pescoço, arrepiandome inteira. Espalmei a mão no seu peitoral e o empurrei, sem muito êxito. — Não, Giovani. Eu não quero mais. Sempre vai ter uma Mellaine, uma Júlia ou os mimos do seu irmão. Você é o Capo, mas se comporta como um subordinado. — Ele se afastou e foi para o centro da pequena sala. — Você está certa! O que tenho que fazer para tê-la de volta? Quer que eu mande matar Mellaine? Quer que ferre com a vida dela? Quer que eu bane Luca? — Andei alguns passos ficando no seu campo de visão. — Já bati de frente com muita gente. Somos muito diferentes, Bella. Tem coisas que eu prefiro lidar com o afastamento. — Esse é o problema, você fala que vai se afastar, mas chega na hora não cumpre. Aguentei por um ano as pessoas falando nas minhas costas que eu era
sua amante, a puttana. Você dizia que afastaria de Júlia aos poucos, mas não, você ficou mais próximo. Você me comparava a ela, usava-me como sua amante mesmo. Eu fui viver o que você não queria me oferecer. Se torna chefe do Clã Dellatore era a única maneira de você ter deixado eu e Tony em paz. Eu, a idiota, quando achou que seria diferente, fez o quê? Se casou com você no mesmo dia e no outro você estava querendo ir atrás da médica para consolá-la, permitia que ela te tocasse na minha frente e você me pedia calma, hoje eu entendo porque Júlia ficou daquele jeito possessiva, porque você não está nem aí com ninguém só para si mesmo. — O que eu não queria que acontecesse, acabou acontecendo, comecei a chorar. — Eu te odeio Giovani, por ter feito eu desistir dos meus sonhos para tentar uma família com você. — Ficou me olhando sem dizer uma palavra ou rebater o que eu disse. Peguei Any que acabou acordando e subi para o quarto deixando-o ali no meio da sala.
Por que as coisas têm que ser assim? Bella despejou em mim toda sua mágoa de anos, eu não conseguia pensar no que fazer. Sentei-me no sofá e lamentei que tudo no fim chegou a esse ponto. Nunca quis que se sentisse uma segunda escolha na minha vida, eu a priorizei várias vezes, quando assumi a liderança, meu pai sempre me dizia que em muitas coisas eu pagaria um preço muito caro. Será que minha vida sentimental teria um preço alto a ser cobrado? Pelo visto sim. Fiquei algum tempo sentado com os cotovelos apoiados no joelho
segurando minha cabeça. Eu sempre amei aquela menina, de língua afiada, de um gênio indomável, e quando tomava atitudes era implacável. Ela era incrível e agora a perdi, não só ela, mas a minha filha também, jamais tiraria Any de Bella, teria que conviver sem as duas na minha vida, vendo-as quando desse. Dei-me por vencido, não forçaria mais nada, se eu forçasse era bem capaz de ter que vasculhar o país inteiro novamente atrás delas, era melhor ter as migalhas do que nada. Resolvi ir embora amanhã, a deixaria em paz e só pediria para sermos amigos, precisávamos disso devido a Any que não tinha culpa de nada. Liguei para Andrea e para meus homens e pedi que viessem me buscar amanhã.
Cuidei de Any quase a manhã toda no andar de cima, quis evitá-lo ao máximo, não adiantaria de nada termos novamente essas conversas que não chegava em nenhum lugar, lembrar do que aconteceu doía muito. Tranquei a porta e chorei em silêncio por tudo. Ainda o amava, mas mesmo assim ainda era pouco para ter a certeza de que nunca mais me machucaria. Descansei um pouco e deixei Any no berço antes de descer. — Sara trouxe comida. — Informou-me e levei a mão no peito assustada por ter me pegado desprevenida. Não havia percebido sua presença ali. — Já vou descer. — Olhei para trás e disse com um sussurro para não acordar Any. — Te espero! — Virou e desceu, sua fisionomia era tensa, ele pressionava o maxilar e só fazia assim quando estava para tomar uma grande decisão. Desci logo em seguida e Giovani já estava sentado me esperando para almoçar, sentei-me de frente com ele e sem mencionar nada comecei a me servir
do que Sara havia trazido. Comemos em absoluto silêncio e assim que terminamos peguei meu prato e o dele e fui em direção a pia, deixando-os dentro, comecei a organizar as coisas e voltei para lavar a louça que sujamos. Ele ainda estava sentado, ficando de costas para mim. — Amanhã cedo vou embora, mas precisamos conversar antes. — Antes de concordar fiquei parada brigando internamente comigo, parte de mim queria ir junto e a outra lutava para ficar numa distância segura dele. — Já estou terminando aqui. — Ele esperou que eu terminasse calado. — Quer conversar aqui ou na sala? — perguntei quando terminei de limpar e organizar tudo. — Vamos para sala. — Giovani me esperou passar e foi logo atrás de mim, sentamo-nos cada um numa ponta do sofá, um de frente ao outro. — Preciso que me escute e não me interrompa. Por que quero resolver as coisas entre nós, sem mais discussões. — Fiquei calada esperando-o prosseguir com a conversa. — Amanhã de manhã vou embora. Não vou te obrigar e nem a forçar a nada. Queria muito tê-las em todos os momentos da minha vida. Você e Any são as pessoas mais importantes para mim. Vou embora, Bella, para não ter que fugir mais. Já serei privado de tê-la na minha vida como minha mulher, por favor não me prive de ser pai de Any, eu virei sempre que puder ficar com ela, preciso disso para continuar a viver. — Emocionei-me ao ver as palavras calmas e serenas que dizia, mostrando um outro Giovani. Jamais tiraria Any dele, se fugi foi por mágoa, medo, dor e raiva, mas me
pedindo dessa maneira eu não teria coragem de privá-lo — Pode ficar aqui, ou Los Angeles, ou na nossa casa em Nova Iorque, aonde achar melhor, mas não suma mais. Se um dia você me quiser eu irei esperar. Não quero te pressionar a nada. — Por impulso aproximei e peguei em sua mão, não aguentei e comecei a chorar. — Podemos ser amigos e pais da Any. — Concluiu. — Obrigada, por entender que eu preciso disso. Que preciso a cada minuto da minha vida saber que posso contar com você sem pressões. Podemos fazer dar certo assim, e prometo que não vou sumir. — Ele levantou e pediu que eu levantasse. — Posso te abraçar? — Balancei com a cabeça confirmando. Senti seus braços fechando em torno de mim e retribui o abraço ficando com a cabeça encostada em seu peito. Senti seu beijo no topo da minha cabeça e ficamos assim por minutos em silêncio. Essa atitude que teve só me fez amá-lo ainda mais. Afastei e Giovani me deu espaço sem forçar nada. — Me deixe ajudar com as despesas, não precisa fazer tudo sozinha. — Não bancaria a durona agora, ainda mais quando fez algo que jamais eu poderia esperar de Giovani Salvatore Valentino, aceitar que perdeu. Tornei a sentar e ele também. — Quero ficar aqui. Acho uma cidadezinha tranquila, será bom para Any. — disse minha ideia e ele confirmou.
— Precisara de uma casa maior, aonde vou ficar quando vier? — Sim, providenciaremos um lugar maior. — Virei sempre que puder. — Será sempre bem-vindo. — Obrigado! Minha mãe vai querer vir logo já sabe, não é?! — A minha também. — Rimos e senti um alívio tão grande, com o coração leve, não me sentia tão bem assim fazia tempos, estava livre para não precisar me esconder mais. Segurei-me para não me jogar em seus braços. Ainda e seria o grande amor da minha vida. — Precisará o mais rápido possível de uma casa maior. — Começarei a procurar amanhã. — Ele alcançou minha mão e levou até seus lábios e beijou. — Sempre uma rainha. Tenho certeza que Any tem a melhor mãe. Obrigado por ter me dado esse presente que é a nossa filha. — Fechei os olhos lembrando dos detalhes que achava que Any era parecida com ele. Quando franzia a testa, os dedos da mão, o gênio possessivo. Ri. — O que foi? — ele me perguntou curioso. — Pensando no quanto Any é mais parecida com você do que comigo. — Ela é minha vida. — A minha também. — Voltei a sentar e fiquei olhando para ele. —
Sério que roubou o celular de Martina? — Sim! Estava desesperado procurando por vocês, mas só achei uma foto no arquivo, logo Russel deu um jeito de bloquear o acesso. — Comecei a rir. — Aquele cara não tinha que trabalhar para a máfia, tinha que ser agente da CIA. — Ele é um bom amigo. E como me achou? — Um dos técnicos de TI achou uma ligação estranha para sua mãe e começou a cruzar informações até chegar em Sara e não tive dúvidas que aquela Raposa Velha estava te escondendo aqui. — Dei um tapa de leve em seu ombro. — Não chame Russel de Raposa Velha. — Ele riu e pousou sua mão cobrindo a minha e a manteve em seu ombro. — Eu ainda te amo muito! — Engoli em seco e sorri querendo dizer o mesmo. Encerramos nossa conversa da melhor forma possível e jamais esperaria tamanha compreensão por sua parte. Deixei-o mais calmo ao avisar que Russel tinha documentos de Any com o sobrenome Valentino e ele como pai. O dia foi calmo, permiti que Any e Giovani ficassem mais juntos e não teve mais suas brincadeiras e nem seus assédios. Comemos pizza a noite e no outro dia pela manhã a tropa dele estava ali para buscá-lo. Senti um desejo enorme de juntar minhas coisas e correr atrás dele no meio da rua, igual nos filmes, mas não poderia ceder facilmente. Seria melhor para os dois sermos amigos do que um casal que discuti por tudo.
Assim que saiu senti-me vazia, olhei para Any e sorri. — Agora é só nós duas de novo, papai foi embora, mas logo voltará. — Passei o dia melancólica, e a melancolia tinha um nome: Giovani. Eu me acostumaria que daqui para frente seria assim, eu tendo só dele o que deixei ficar. Minhas escolhas, minhas consequências. Aproveitei para ligar para Russel, Tony e Harry. Conversei muito com Russel, agradeci-o por tudo, disse que estava com saudades e pude sentir que estava sorrindo. Entre os assuntos que colocávamos em dia ele afirmou que acreditava na inocência de Giovani, mas que concordava com a minha decisão e o elogiou ao mencionar o quanto a decisão de Giovani também foi sensata. Discuti amigavelmente com Harry e nos despedimos com a promessa de que só estaria vindo ao fim do mundo por minha causa. Tony e eu falamos mais de trabalho do que de nós, foram os telefonemas que me alegraram um pouco. Agora era preciso procurar uma casa maior, logo receberia visitas e ali não teria espaço. Falaria com Roland para me ajudar, foi ele que conseguiu essa. No fim de noite Holly passou em casa, como havia pedido na mensagem que enviei a ela. Não era justo deixá-la sem saber de toda a verdade, sempre fora uma amiga presente e prestativa.
Primeira pergunta que me fez quando abri a porta e a deixei entrar. — Onde está seu irmão? — perguntou deixando suas coisas no sofá. — Foi embora hoje de manhã. Vamos para a cozinha, preciso te contar algumas coisas e abrir o jogo. — falei séria. — Nossa, Ângela, assim você está me assustando. — Mesmo temente por suas conclusões e me achar uma tremenda mentirosa eu contaria tudo a ela. Servi a ela uma xícara de chá e outra para mim. — Não me chamo Ângela. — Ela olhou assustada. — Desculpa, mas não me chamo Ângela, me chamo Bella. Bella Valentino. — Giovani e eu não tocamos no assunto de divórcio ainda. — Por quê? — Ela estava assustada. — Aquele que viu aqui é meu marido, Giovani. Estava grávida de oito meses quando recebi uma foto dele com uma ex se beijando em Nápoles. Resolvi sumir. — Só isso? — Ela queria mais detalhes e não se conformaria com menos. — É uma longa história. — contei desde o início, do baile de máscaras até eu receber a foto de Mellaine. — Giovani hoje comanda muitas empresas, é um homem poderoso. — E com todo respeito, Ang... Bella. Ele é lindo! Nossa eu estava crente que sairia com ele. — Rimos. — Doutor Jim que ficará decepcionado. E você não vai embora, já que ele te achou? — Eu o amo muito, mas não! Vai ser melhor assim.
— Sua doida, o homem vasculhou o país a sua procura e você não vai embora. — Não! — falei rindo. Muito convicta. — Tentamos duas vezes e não demos certo. Quem sabe se for assim, de mais certo. Any precisa do pai por perto e não dos pais quase se matando. — Conversamos até tarde, tive que abrir minha vida para ela, só a poupei de alguns detalhes, como pertencermos a alta cúpula da máfia. Contei sobre a gravadora, e fez questão de pesquisar Bella Dellatore no Google. A cada notícia de revista em que eu saía ela me mostrava surpresa. — Você namorou um herdeiro de Cassino em Las Vegas. — Fiquei tentada a contar sobre Harry, mas esse não era um segredo meu e sim do meu amigo. — Sim, por quase dois anos. — Você é milionária e mora nessa casinha aqui. Olha, Ang... Bella, logo me acostumo. Virei sua fã. Jamais imaginária que fosse ter uma amiga milionária um dia. Uma que ainda que conta que foi traída em Nápoles. — Divertia-me com ela sendo tão espontânea. E não quis ser pretensiosa corrigindo-a sobre meu estado financeiro que acrescentava mais casas decimais do que diziam. Afinal hoje eu era somente Bella Valentino de Little Falls.
Quatro meses depois...
Acordei exausta, fui dormir muito tarde. Eu e Sara ficamos trabalhando nos últimos detalhes do batizado de Any. Acho que não só pelo batizado, mas por tudo que aconteceu nesses últimos meses. Mudança de casa que não foi fácil. Agora o serviço aumentou, apesar que Giovani sugeriu que tivesse alguém para me ajudar em tempo integral, dizia que deveríamos priorizar Any, e de fato concordei, pois, tinha razão. Acabamos contratando Hanna, uma linda mocinha de pouco mais de 18 anos para cuidar de Any e dona Mercedes para me ajudar com a casa.
Giovani vinha quase todos fins de semana. Depois do Natal nunca mais tocamos no assunto sobre nós, nos tornamos pais e parceiros. Nossas vidas foram se encaixando bem. A casa que compramos era bem maior, mais espaçosa e com quartos extras para a nossa família, que uma vez outra aparecia para visitar. Acostumei-me sempre ter um deles comigo. Na última vez quem me surpreendeu foi Luca, todo envergonhado atrás de Giovani. Conversamos por algumas horas a sós e na maioria das vezes defendia a inocência do irmão mais velho. Contou-me que Mellaine não prestava e que estava perdidamente apaixonado por ela ainda e reafirmou o quanto Giovani não teve culpa em nada. Resolvi esquecer o passado e perdoar Luca por tudo que fez e disse, afinal Any ficou apaixonada pelo tio e foi recíproco. Entendi a jogada de Giovani, trazia sempre um de sua família para ajudar a salvar sua reputação e confesso que cada vez mais eu acreditava que não teve realmente culpa de nada, mas não mudaria a forma como estávamos vivendo. Sempre acreditei no tempo como o melhor remédio para tudo. Não abri os olhos ainda cansada e com muito sono, mas fui obrigada quando a maçaneta do quarto mexeu e a porta abriu e, Giovani entrou com Any no colo. — Bom dia, mamãe, tem uma mocinha aqui que está irritada. — Estava nascendo os dentinhos de Any e há dias estava enjoada. Estendi a mão e ela se jogou para meu lado, se acalmando ao estar perto de mim. — Traidora, você só quer saber da sua mãe. — Brincou.
Mostrou ser um excelente pai. Nos fins de semana tínhamos uma cumplicidade incrível quando o assunto era Any. — Obrigada, Giovani. Estava exausta. — Agradeci-o por ter cuidado de Any esses dois dias até a noite quando ela resmungava. — Imagina, Bella. Só estou por perto nos fins de semana, é mais que justo. — Mesmo com essa animosidade, ainda pegava-o olhando para mim como no início, e mal ele sabia que muitas noites acordava suada tendo sonhos eróticos, relembrando como o sexo entre nós era excepcional. Luca na tentativa de reatar eu e seu irmão me contou que Giovani nunca mais saiu com ninguém, que voltou a morar junto na casa da mãe e que sua vida resumia a trabalho, casa e nos fins de semana Little Falls. Optei por ignorar e não me iludir, mas no fundinho eu estava feliz por não ter ninguém ocupando meu lugar na cama do meu Don. — Não quero te apavorar, mas precisamos estar em menos de duas horas na igreja. — disse calmamente. Levantei-me apressadamente da cama com Any no colo. — Nossa, mas então eu dormi muito. Vou pedir para Hanna dar um banho e trocá-la. Raf e Alícia, já chegaram? — Os únicos que não quiseram ficar em casa por causa das crianças, preferindo ficar no hotel. — Desesperei-me com o tanto de coisa que tinha ainda para deixar pronto para o almoço de batizado. — Também vou começar me arrumar. — Você sabe se os doces chegaram? — Comecei ficar aflita.
Quando tivemos a ideia de fazer uma festa, após o batizado não imaginei que teria tanto trabalho a se fazer, mas foi necessário, já que todos estariam aqui. — Bella, relaxa. Está muito tensa. Devolva-me Any, vou procurar por Hanna. — Any se jogava agora para o colo do pai, não se decidindo com quem queria ficar. Assim que fiquei sozinha corri para tomar banho e me aprontar a tempo. Vesti-me como antigamente, Giovani tinha trazido mais coisas minhas que ficaram em nossa casa em Nova Iorque. Como era um momento de paz e religioso optei por usar um dos meus estilistas famosos em um vestido branco. Coloquei sapatos alto, claros em um tom pastel, dei um pouco de volume aos meus cabelos, que estavam um pouco mais compridos, fazia tempos que não me vestia assim. Depois que Any nasceu adotei um estilo mais prático e básico. Também coloquei um par de brincos de brilhantes que ganhei de Giovani quando anunciamos minha gravidez e comemoramos. Deparei-me ao sair do quarto com ele arrumando o cabelo na frente do espelho que havia no corredor de acesso aos quartos. Assim como eu, adotou o tom claro em suas roupas, a calça caqui se ajustava bem em suas coxas e a camisa branca o deixava mais tentador e me peguei olhando por mais tempo que gostaria, vendo o quanto ainda era sedutor e quando me viu olhando fixamente para ele sorriu ao perceber o fascínio que ainda exercia em mim. Encarou-me e aproximou.
Inalei seu perfume e senti todas minhas papilas gustativas salivarem, deixando-me sedenta. — Como estou? — Descaradamente me medindo dos pés à cabeça me perguntou. — Está muito bem. Gostei da combinação. — Tentei ser imparcial, mas na verdade eu estava era excitada em vê-lo másculo e abusadoramente sexy. — Também está muito bem. — Agradeci e me virei para descer as escadas precisando sair correndo de perto dele. Esse efeito viril que me causava não era um bom sinal, estava há muito tempo sem sexo e isso facilitaria com que eu caísse de novo em sua teia, prendendo-me. Em uma dessas noites acabei confessando à Holly que Giovani foi o único homem com quem transei. Era inacreditável como a paixão que sempre senti refletia em mim de modo negativo quando se tratava de me relacionar com outro homem. E ela riu muito quando contei que eu me masturbava somente e depois desses papos tornei a me explorar mais. As escondidas acabei aceitando o convite do Dr. Jim e sai para jantar, mas não consegui quando o mesmo foi me deixar em casa e tentou me beijar, mas não senti nada e passei a evitá-lo ao máximo. Acho que Giovani desconfiou quando recebi flores do médico. Não me perguntou e nem quis saber de quem eram, porém passou o dia me dando respostas curtas e duras, fingindo por várias vezes não me escutar falando, e
passou a ir comigo em todas as consultas de Any, se programava para estar aqui quando tivesse que ir na rotina médica. — Você está linda, Bella. — Marco comentou quando cheguei à sala onde todos nos esperavam. — E você também, Gio. Um casal perfeito. — concluiu quando seu irmão ficou ao meu lado. — E você precisa urgentemente se casar. — falei descontraindo e mudando de assunto. — Não minha eterna cunhada. Serei o eterno solteiro das mulheres. — respondeu com todo seu charme. — Ele só fala isso porque está ficando velho e as novinhas não o quer mais. — Luca brincou. — Está com inveja que sou mais experiente e elas preferem a mim. Não tenho culpa se todas me querem. — Os dois sempre se cutucando. — Vamos parar com esse assunto, tem criança chegando na sala. — Giovani cortou a brincadeira quando Any vinha no colo de Hanna. Escolhi um vestido bem leve, branco com algumas pérolas pregadas no corpo do vestido. Fiz uma combinação parecida com a minha para ela. — Deixem-me pegar a princesa da família. — Ana Valentino saiu na frente de todos e pegou Any, agradando-a, elogiando-a e mimando-a. O olhar de Alícia era perceptível e via o quanto sentia-se enciumada e incomodada com o fato de Any ser a primeira Valentino de nascença. E por
causa desse ciúme bobo ela se afastou de mim, a mãe de Giovani não escondia de ninguém o fato de que tinha uma paixão imensa pela neta e chegou a mencionar: “Alícia tem um ciúme bobo, vejo os meninos quase todos os dias e Any só a vejo de vez em quando.” Evitei me posicionar e não criar uma situação insustentável, mas sabia o quanto Alícia era ciumenta, foi assim até em nossa amizade, quem dirá agora quando não consegue o posto de exclusiva. E se ela preferiu se afastar quem seria eu para lamentar, não só afastou, mas mudou muito, deixou de ser a menina sonhadora de Los Angeles para se tornar uma mulher mais soberba. Deixei-os por um momento e fui ver se estava tudo dentro dos conformes, havia contratado em Mineápolis uma equipe para servir o almoço e fazer a decoração no quintal de casa. — Vamos! — chamei todos para irmos para a igreja. E os que estavam ali foram se levantando e encaminhando-se para os carros estacionados na frente da casa. Eu iria no mesmo carro que minha mãe, dona Ana e Giovani. Em uma de suas visitas chegou com o SUV vermelho dizendo que era por causa de Any, mas depois confessou que queria me dar de presente. Eu aceitei, parei de querer sempre ser eu sozinha a resolver tudo. As avós entraram no banco de trás e eu fui na frente com ele. — Bella, passe um batom, está pálida. — disse em tom de ordem. Dona Nina tinha esse defeito, quando não achava algo bom em mim
falava e sempre completava colocando algum tipo de defeito. E não contente ofereceu o batom a mim já aberto, pronto para eu passar. — Use-o, combina com você a cor. — Vermelho? — Parece que eu não queria nada que chamasse muita atenção. — Você tem uma boca linda, deve usar algo que a ressalte ainda mais. — Evitando criar um embate por causa de um batom desci o espelho do quebra-sol e comecei a espalhar o batom sobre meus lábios e notei pelo canto dos olhos que Giovani me encarava fixamente e quando terminei observei-o engolir lentamente movimentando a glote. Entreguei o batom a minha mãe e ele voltou a olhar para frente dirigir. *** O batizado foi na igreja central, Little Falls, não era grande e tinha apenas algumas pessoas mais próximas a mim, Sara e Roland, Holly e seu filho. O padre não foi cansativo e foi breve ao ver Any ficar irritada e incomodada quando banhou sua cabecinha com a água. Giovani a segurava e eu o ajudava. Havíamos contratado um fotografo particular para registrar os momentos e as festividades de nossa filha. E acabamos tendo que pousar para as fotos como se fossemos um real casal. Aparentemente éramos, mas só por aparências.
O dia todo passei olhando-a, desejando-a e querendo-a. Nesses meses estava sendo paciente, mas cada final de semana eu me via quase agarrando-a. Bella havia recuperado o corpo e voltou a ser cuidar, era uma nova mulher. Ser mãe a fez muito bem e nós estávamos bem, não como deveria ser, e isso era um bom passo, passei a trazer sempre alguém da minha família comigo, precisava provar minha inocência e mostrar o quanto eu estava disposto a tudo por elas. Viajar todo fim de semana era cansativo fisicamente, mas me pegava contando os dias quando estava indo embora para Nova Iorque, ainda tinha o anseio de levá-las de uma vez por todas embora dali. Não gostava de deixá-las sozinha a semana inteira, ainda mais quando desconfiei das intenções do médico em cima de Bella. Não gostei quando recebeu flores ou mesmo quando vamos a consulta de Any e o doutorzinho alegria fica jogando cantadinhas baratas. Senti-me melhor quando ele ficou sabendo sobre Bella não ser Ângela e apresentei-me como o pai de Any e marido de Bella, deixando-o surpreso e sem graça. Nunca fui de deixar ninguém crescer em cima do que é meu, ainda mais se tratando da minha mulher e da minha filha.
Já era início da noite quando todos começaram a ir embora. Giovani ficaria mais dois dias, cismou agora que era seu dever estar em todas consultas de Any. Holly acha que fazia isso para mostrar ao Dr. Jim que eu era dele e o mesmo diz que não consegue entender essa relação que tenho com o pai da minha filha. Algo bem complicado de se resumir em poucas linhas e palavras. Sempre fomos assim: intensos, apaixonados, possessivos e obstinados. Sei que compartilhávamos ainda da mesma atração, mas nos refreávamos e era o melhor a ser feito. E particularmente hoje estava sendo a pior tentação e fomos provocados de todos os jeitos possíveis, com as brincadeiras e indiretas de nossas famílias,
menos Tony, os dois haviam se estranhado e o clima ainda era delicado, por parte de Giovani sei que estava se esforçando, mas conhecia o irmão que tinha e quando ainda ficava ressabiado. Mas no fim tudo deu certo e agora estávamos só nós três em casa. — Precisa de ajuda? — Ele surgiu descalço na porta de fora com a camisa aberta até no meio do peito tatuado e torneado. — Any, dormiu? — Voltei a recolher os pratos para colocá-los na lavalouça. — Dormiu. Mamou uma mamadeira inteira. — Quando Any completou seis meses passei a dar a fórmula de leite. Veio ao meu lado tirando os pratos da minha mão e ficou segurando para que eu pudesse colocar o restante na pilha. — Queria ter dado um banho nela antes de dormir, mas logo acordará e farei isso. Após recolher todos os pratos Giovani levou-os para dentro e eu comecei a pegar algumas coisas ainda jogados pelo quintal. Cansada ao terminar me sentei em uma cadeira e estiquei o pé na outra e tombei a cabeça para trás. — Está cansada? — perguntou ao voltar no quintal e tirou meus pés da cadeira, sentou e os colocou sobre suas coxas. Fiz a menção de tirar, mas impediu ao segurar. — Muito. — respondi tensa quando começou a massagear meus pés. Não queria ter esse tipo de contato com ele, ainda mais hoje que passei o dia todo desejando-o e o conhecia a ponto de saber que estava procurando uma
pequena brecha para acabarmos na cama. Sentei retirando os pés de suas mãos. — Quer uma taça de vinho? — Balancei a cabeça rindo. — Não quero, Giovani. Sei muito bem o que está querendo. — Cruzei os braços e fiquei olhando-o. — Não sabe não, minha querida. — Te conheço muito bem. Temos uma filha juntos, não se esqueça disso. — Bella, eu não estou cumprindo com o que propus? — Sim. — Então? — Ele cruzou os braços. — Deixa para lá. — Eu falei que respeitaria isso em você. Mas é difícil em certas horas. — Comecei a rir. — Eu falei. — Ele riu também. — Estou sem uma mulher há oito meses. Estou quase virando um padre. — Só arrumar uma namorada. — Arrependi na mesma hora de ter falado. — Acho que vou pensar no assunto. — E você e o doutor Jim? — Olhou-me intensamente esperando que eu confessasse meu encontro. — Não tem eu e o doutor Jim. Só existe eu e Any. — Pisquei e sorri. — Fui excluído facilmente. — Não, o que eu quis dizer que não estou interessada em um
relacionamento. Pode acreditar, sou bem mais antiquada que pensa. Ainda temos um papel entre nós. — Entendi, mas se for por isso eu facilito para você. Aí fica com o caminho livre para o doutorzinho sorrisos. — Senti um leve deboche na sua voz e não me contive e ri diante do apelido que Giovani deu ao pediatra de Any. — Você está entendendo tudo errado. Eu não quero me relacionar no momento, só isso. — Você é lésbica? — Você é doido. Claro que não! Pergunte a você se sou lésbica. — Ele começou a rir. — Bebeu demais hoje? — É divertido ver sua cara de espanto. Sei que você não é lésbica e se fosse seria um grande desperdício. Você é incrível na cama. — Levantei fechando o cenho, tentando parecer fria. — Acho melhor pararmos com essa conversa por aqui. — Desculpa. É que sinto sua falta. É difícil de me controlar. — Mas se controle, porque não vamos ter mais nada além do que temos, Giovani. — Deixei-o sozinho e entrei lamentando por ainda amá-lo e não conseguir colocar ninguém em minha vida. Sei que uma hora ou outra ele tocaria nesse assunto, só não esperava que fosse hoje. Estava lindo, passou o dia de camisa branca e calça cáqui. Os músculos ficavam marcados no tecido me deixando com vontade de tocá-los. Por diversas vezes eu me surpreendi olhando e desejando-o. Precisava tomar um banho,
apagar esse fogo que crescia em mim. Dentro do quarto enquanto tirava a roupa o ouvi entrar no dele e bater à porta. Falava com alguém. Será que no telefone? Descobri que do meu quarto conseguia ouvir algumas coisas, era só colar a orelha na parede e o fiz mais que depressa, sendo curiosa, mas não consegui escutar nada, falava baixo. Quando Any acordou eu já estava de banho tomado e com roupas mais confortáveis. Dei banho nela e deixei que ficasse um pouco na banheira brincando com a água. Nós duas ali brincávamos e eu imitava os bichinhos de plásticos que coloquei para brincar. Era um momento único, ela sorria e gargalhava. Não notei Giovani gravando nós duas com o celular, ficou quieto e quando vi olhei sorrindo. — Não, por favor. — Escondi o rosto envergonhada. — Foi lindo. Escutei lá do quarto e não podia perder a oportunidade de guardar esse momento. — Ele parou de gravar e me ajudou com Any. A menina havia acordado elétrica, estava crescendo e passava mais tempo acordada. Queria brincar e nos arrastamos até a sala para dar atenção a ela. Quando finalmente dormiu estávamos exaustos, coloquei-a com tanto cuidado no berço e saímos do seu quarto nas pontas dos pés, ultimamente qualquer barulho a acordava. Fechei a porta e senti seus braços me envolverem e
até pensei em me afastar, mas no fim de um dia exaustivo como foi o de hoje eu não tinha forças físicas e nem psicológicas e, também me sentir confortável e segura um pouco, não faria mal a nenhum de nós dois. — Estou exausto, Bella. — Eu também. Acostumei-me com Hanna aqui todas horas, estou desacostumada. — Quero você. Não vou conseguir. — Fiquei tensa, sua voz rouca me fez ficar em modo alerta. — Não vamos complicar as coisas, está bom desse jeito. — disse olhando em seus olhos. — Não está, Bella. Estou sozinho desde que me deixou, nem as lembranças suas me satisfazem mais. — Eu também estava. Sonhei por várias vezes com seus toques, carícias, com seu corpo sob o meu. Eu precisava resisti-lo. Mas como? Engoli em seco, lembrando de como éramos bons no sexo. — Por favor, Giovani. — Choraminguei. — Eu que te peço, por favor, Bella. — Não esperou uma resposta e suas mãos já deslizaram pelo meu pescoço levantando meu cabelo e sua boca escorregando pela minha pele, queimando, incendiando e impensadamente gemi ao me arrepiar toda. Meu corpo reagiu antes que eu pudesse pensar. — Você também quer. — disse contra meus lábios, roçando os seus por
meu rosto. Giovani me empurrou e chocamos na parede. — Eu preciso de você, carinho, não faz ideia do quanto sinto falta do se cheiro, do seu gosto. — Seus sussurros me varriam e tragava-me, riscando e retirando qualquer resquício de sanidade mental ainda existente em mim. Sua voz pesada e sensual não me deixava pensar. Seu poder sedutor me alucinava. Até objetei quando sua boca cobriu a minha e sua língua invadia e reconhecia se apossando da minha. Amanhã entraríamos em uma guerra se eu permitisse, não queria viver no estado de alerta constante estando com Giovani, por outro lado meu corpo clamava por ele para sentir-se vivo. Tentei falar, mas seu beijo devorador me silenciou e não me rendi, mas quando vi estava com os dedos entre seus cabelos deixando minha língua se enroscar na sua invasão possessiva. Tentei afastá-lo recobrando meu juízo. — Não faça isso. — pediu. — E amanhã como vai ser? — Senti sua respiração quando repousou carinhosamente sua testa na minha. — Do jeito que você quiser. Só hoje, Bella. Amanhã voltaremos como estávamos. Mas me deixe tê-la, eu preciso tanto e sei que você também. Juro! Sem pressões. — Seria só dessa vez e mais nada. Voltaríamos amanhã a ser como estava sendo nesses últimos meses.
Se ele não se lembrasse eu daria um jeito de lembrá-lo. Entreabri os lábios dando carta branca e novamente seus braços me rodearam deixando meu corpo junto ao seu, assim como sua boca na minha. Pressionava sua pelve, se esfregando descaradamente ao me mostrar o quanto estava excitado. Suas mãos deixaram minhas costas escorregando até minha bunda apertando as nádegas. — No meu quarto ou no seu? — perguntou e antes que eu respondesse mordiscava meus lábios e chupava-os. — Em qualquer um dos dois. — disse. Poderia ser ali mesmo que já não me importava e pela forma esfomeada que estávamos um pelo outro talvez nem no quarto chegaríamos. Pegou-me no colo e enlacei minhas pernas abraçando-o, entramos em seu quarto. A urgência era tanta que Giovani me atirou na cama e cada um arrancava sua roupa tamanho era a carência e a necessidade. Seu corpo viril e nu cobriu o meu e espontaneamente abri minhas pernas acomodando-o entre elas, minhas coxas apertavam seu quadril e me encurvei oferecendo-me aos seus lábios molhados e quentes. Suas mãos tocavam-me com firmeza e segurando meus seios os sugou me olhando descaradamente. — Não sabe a falta que sinto de sentir cada pedaço do seu corpo. — dizia, envaidecendo-me com sua declaração.
Fui tocá-lo, mas sua mão aprisionou as minhas no alto da minha cabeça me impedindo. Choraminguei e fui calada ao ser beijada e tomada possessivamente quando me penetrou de uma vez. Estava tão molhada que seu pau me invadiu escorregando para dentro de mim em uma estocada vigorosa. O diabo Valentino do meu marido sabia muito como eu gostava de ser fodida, comida por ele e não escondia sua vitória ao sorrir maliciosamente. Como não podia tocá-lo eu abocanhava sua pele e a sentia nos meus lábios quando não estava possuído pelos seus abafando o som dos nossos corpos que regozijavam de prazer. Cada estocada vigorosa me deixava a ponto de me perder e até esquecer de quem eu era, completamente fora de mim desvairadamente, demente e delirante. — Hoje você é minha de novo, te amo tanto. — declarou. Pedia por mais e seu corpo me dava, castigando-me de prazer. — Não vou aguentar por muito tempo. — disse com a voz embargada. Seu pau engrossava e eu o apertava querendo mais, sentindo-o todo dentro de mim. Bombeou, mais e mais vezes e me perdi ao arquear meu quadril me rendendo a suas investidas, sentindo meu interior em frenesi com arrepios e tremores por todo o corpo. Gozava quando Giovani ondulou seu quadril investindo e gozando junto comigo.
Urrava e me chamava, nos beijávamos entre gemidos e ânsias não saciadas. Soltou minhas mãos e as desci por suas costas musculosa relembrando o quanto eu gostava desse contato. Ainda nos beijávamos e trocávamos os últimos momentos do prazer incrível que proporcionamos um ao outro. Nossa respiração ainda era pesada quando nos afastamos ficando um ao lado do outro olhando para o teto. — O que foi isso? Acho que nunca senti tão intenso como foi hoje. — disse virando e espalhando beijos por meu ombro. Nada se comparou ao saber que jamais e conseguiria sentir a intensidade dessa paixão com qualquer outra pessoa e me sentindo impotente, uma completa inválida me levantei desvencilhando da sua mão e comecei a pegar as minhas peças de roupas espalhada pelo chão. Eu sabia o que deveria ser feito. — Aonde você vai? — perguntou. Giovani me olhava apoiado nos cotovelos com a expressão de não estar entendendo mais nada. — Vou para meu quarto! Não vai acontecer mais. — disse convicta dando-lhe as costas. — Bella, mas que porra! — Não fiquei esperando para ouvi-lo, se eu não o deixasse naquele momento jamais eu conseguiria sair de perto dele de novo e precisava reerguer o muro para me sentir segura. Sangrei e fui ao inferno por
várias vezes quando não me senti segura e me machuquei ao permitir que Giovani se tornasse meu dono e eu precisava mostrar a ele o quanto eu necessitava de segurança.
Acordei já me sentindo completamente arrependida da forma como deixei o quarto de Giovani na madrugada depois de transarmos sem pensar em nada, mas tudo com ele era impensado, impulsivo completamente perigoso, agia sem saber dos riscos e das consequências e agora precisava ter a prudência que não tive antes, se a tivesse tido no passado não estaríamos aqui nessa situação viciante e doentia. Pois era dessa forma que eu me sentia: doente e uma viciada nessa relação. Eu o procuraria logo agora pela manhã e conversaria com ele, abrindo e expondo os fatos, sem nos comprometer, mantendo nossa postura e continuar como estávamos, afinal, tínhamos Any e não poderíamos complicar as coisas agora, ela precisava do pai tanto quanto de mim e não poderia ser afetada pelas
nossas loucuras. Sentia-me confusa por desejá-lo tanto e ser barrada pela razão, mas nunca mais me deixaria ser levada por impulso e carência como foi na noite passada. Tomei um banho, arrumei-me e fui ver Any e Hanna já estava com ela. — Bom dia, Hanna. — Peguei Any do colo dela e a beijei. — Bom dia, Sra. Valentino. — Sorri desgostosa por saber o quanto ainda me pesava ser a esposa de Giovani e não me sentir segura para ser realmente sua esposa por inteiro novamente. Deixei as duas, após uns minutos após informar como seria o dia e desci encontrando Giovani na mesa tomando café com o jornal aberto. Sentei-me ao seu lado e não sei se percebeu minha presença ou fingiu não reparar, ainda mantinha o jornal a sua frente tampando seu campo de visão. — Bom dia! — Cumprimentei-o normal. — Bom dia! — respondeu-me secamente. Engoli em seco e me servi de um pouco de café revendo minha decisão de conversar sobre tudo o que aconteceu. Sei que não estava de bom ânimo, eu conhecia quando estava mal-humorado. Respirei fundo e comecei a tomar café. Sem olhar para mim dobrou o jornal colocando-o ao lado da sua xícara, pegou-a e bebeu todo o líquido que estava dentro. Era ciente do por que estava agindo com desprezo por mim assim essa
manhã. — Podemos conversar depois do café. — Apoiei os cotovelos na mesa olhando para ele. — Não quero conversar, Bella. Deixe-me em paz. — Assustei com o tom e a forma rude como me respondeu. — Ei! Giovani, não precisa ser assim. — Retruquei. — É mesmo? — Ele recostou na cadeira cruzando os braços na altura do peito, fuzilando-me com o olhar. — Não sei o que te falar, mas estava dando certo. Podemos ficar do jeito que estávamos antes de ontem. — O.k., Bella! Já conversamos. Agora não quero falar mais nesse assunto. Encerre isso, porque para mim está tudo encerrado. — Sei que não estava tudo bem, Giovani nunca falou comigo dessa maneira. Ainda não tinha visto esse seu lado frio e sombrio, resolvi esperar e deixar sua ira diminuir e voltaria a falar nesse assunto. — Bella, quando digo que não quero falar mais nesse assunto é porque não falaremos mais disso. — Abaixei a cabeça me sentindo uma idiota por ter criado toda essa situação insustentável e ruim entre nós dois, estava indo tudo bem; estávamos nos dando bem e criando Any juntos. Não como um casal juntos, mas pais juntos. E eu fodi com tudo abrindo as pernas para ele na noite passada. — E Any, como vai ficar? — Mal consegui falar com medo de me
responder o que não queria ouvir. — Ela é minha filha e vai continuar como estava, só não espere que eu seja seu coleguinha mais, virei vê-la como estava fazendo. Ela é meu mundo, você nem ninguém vai privar isso de mim e não ouse fugir, se for preciso ir ao inferno para te caçar e tirar Any de você eu vou. — Eu não farei mais isso, mas não precisa me tratar assim. — Estava assustada com o tom duro como falava comigo. — A tratarei como minha ex-mulher e mãe da minha filha. Era assim que eu deveria ter te tratado quando me abandonou. Agora, Bella, não vamos estragar o dia e já disse que assunto encerrado. — Se retirou da mesa me deixando sozinha com o pior dos meus pesadelos, que aconteceu ali ao vivo e em cores. Afastei o prato e a xícara e deitei a cabeça na mesa, lamentando minhas escolhas de ontem à noite. Ele não era assim, um dia me aconselharam a não estimular o seu pior e eu não escutei e acabei fazendo exatamente o contrário. Tentei deixá-lo quieto e o evitei ao máximo o dia todo e agi da mesma maneira à noite. *** Acordamos e preparei tudo para a consulta de rotina mensal de Any, fomos em silêncio e hoje nem um “bom dia” recebi quando me sentei a mesa no café. E como havia me dito com Any não mudou em nada, brincava e continuava sendo um pai extremamente amoroso.
Após, a consulta me pediu secamente que eu o deixasse no pequeno aeroporto de Little Falls para pegar o helicóptero que o levaria a Mineápolis para pegar o voo para Nova Iorque. Foi a única troca de palavras que tivemos nas últimas vinte e quatro horas. E só despediu de Any e me ignorou ao me dar as costas sem me dizer tchau. Seu silêncio estava me machucando muito mais, mas tinha esperanças que na sua próxima visita os ânimos tivessem mais tranquilos e ele voltava a ser o Giovani, amigo e parceiro que estava sendo. Mas nada foi como eu pensava, nas quatro visitas seguintes vinha no sábado de manhã passava maior parte do tempo com Any e ia embora no domingo logo após o almoço. Trocávamos cordialidades como: Bom dia, boa tarde e boa noite, ou quando Any precisava de algo, nada mais que isso. Contei para Holly o que aconteceu e a mesma disse com todas letras que eu era uma tola de perder um homem apaixonado desses. Comecei a avaliar o que eu estava fazendo com minha vida, em um dos fins de semana resolvi ir para Los Angeles rever minha família e amigos, quando liguei para Giovani para avisá-lo que viajaria para casa de minha mãe quem atendeu o telefone foi Andrea, a coitada não sábia como falar comigo, passei o recado que poderia nos encontrar em Los Angeles se quisesse. Porém, sua resposta veio rapidamente na forma de uma mensagem de texto curta e fria. “O.k.”. Não dizendo que sim nem que não e fiquei com medo de perguntar se nos encontraria, a resposta veio na forma da sua ausência. E acabei recebendo uma mensagem sua avisando que
veria Any no próximo fim de semana me deixando intrigada com a demora por uma manifestação sua. Aproveitei a viagem para rever Russel e Martina e meu afilhado, tiramos um tempo para conversar e me abri com meu velho amigo e protetor. Pedi conselhos do que deveria fazer para consertar toda essa bagunça e o mesmo me pediu para não se envolver dessa vez, mas o que eu fizesse ele estaria aqui para me apoiar e me proteger. Entendi perfeitamente e me vi sozinha nesse dilema. Não estava feliz como as coisas estavam acontecendo. Eu amava Giovani e agora com suas atitudes distantes comecei a duvidar se ele também ainda me amava. Mais um mês passou e as coisas não melhoravam, eu sentia um Giovani cada vez mais frio e distante a cada visita. Já tinham se passado dois meses, desde aquela noite, quando me toquei que algo estranho estava acontecendo comigo e de frente ao espelho eu descobri que estava grávida novamente, há nove semanas eu não menstruava e notei meus seios inchados e doloridos, a discreta ondulação em meu abdome. O que menos pensei que poderia acontecer um dia aconteceu. Estava de novo grávida. Já começava a pensar que as coisas poderiam melhorar entre nós dois e para confirmar me troquei e desci até a sala, aonde Any e Giovani estavam. — Giovani preciso ir à farmácia poderia ficar sozinho com Any? Gesticulou que sim, ainda frio e distante comigo.
Não demorei e de volta fui direto para o banheiro do meu quarto e estava aguardando os malditos e demorados cinco minutos. Era só a confirmação palpável, eu tinha certeza que estava grávida e logo apareceu o sinal de positivo no visor do teste. Respirei fundo e pensei: Agora é colocar a cabeça para pensar em como vai comunicar ao seu Don Valentino que novamente ele vai ser pai, se ele está com ódio mortal de você. Talvez essa gravidez pudesse diminuir a tensão entre nós dois. — Bella, poderia vir aqui, Any está chorando. — O escutei falar atrás da porta fechada do quarto me chamando. Joguei o teste no lixo e fui até eles. Não era nada demais, Any estava um pouco enjoada e com sono, a fiz dormir e quando fui até a sala para conversar não o encontrei. Resolvi deixar para conversar quando estivesse indo embora amanhã. Apaguei as luzes da casa e fui dormir, mas não conseguia parar de pensar que seria mãe novamente e as coisas agora poderiam voltar a ser como eram. Revirei a noite toda na cama e quando amanheceu não consegui ficar deitada, levantei-me na esperança de que hoje tudo mudasse, mas o dia passou como os outros e quando estava para ir embora Giovani me chamou: — Bella, será que podemos conversar? Preciso te contar uma coisa. — Estava na cozinha quando me chamou e fomos para a sala. Seu tom de voz foi diferente, estava tranquilo e calmo.
— Eu também preciso te contar uma coisa. — disse e agradeci aos céus por preparar o momento ideal para eu dar a notícia da gravidez. — Então fale! — disse me pendido para contar antes dele. Sorri sentindo-me muito nervosa e travada para dar a notícia de mais um filho. Acho que ainda não estava preparada. — Conte você primeiro. — pedi e ele não insistiu. — Estou saindo com uma pessoa. — Acho que tomei um soco na boca do estômago, perdi o chão. Senti-me enjoada no mesmo momento saindo da órbita normal, ficando com os pensamentos lerdos e com a voz dele ecoando: Estou saindo com uma pessoa. Precisava sair dali ou iria chorar na frente dele. Como assim? Outra pessoa! Éramos casados ainda. Comecei a brigar comigo internamente pelo lado da razão e da emoção. Eu o deixei, mas ele é meu marido ainda. Você não o quis mais. Você está grávida e o ama. — Bella! Bella! — Escutei sua voz ao fundo me chamar. Pisquei várias vezes achando que estava dentro do meu pior pesadelo. — Está tudo bem? — Balancei a cabeça afirmando. — Está tudo bem para você eu continuar a vir ver Any? — Sim! — Daqui para frente fiquei monossilábica. — O que queria me contar? — Pensei e repensei e não contei, inventei
uma outra coisa. — Nada demais. — disse sem saber como agir, perdida e arrasada. — Disse que precisava me contar uma coisa. — Ah! Que estava querendo ir com Any agora no verão para Los Angeles. — disse a primeira coisa que me veio a cabeça. — Sem problemas, devo ir a Nápoles no verão, preciso resolver umas situações burocráticas, lá. — Com a boca seca e com muita vontade de vomitar sorri meio desanimada. Assim que foi embora corri para o banheiro e vomitei o que tinha comido, fiquei sentada no chão do banheiro chorando, sentindo-me uma covarde por sempre fugir, nunca enfrentar e consertar sem me afastar.
Que raiva de Bella. Como era complicada e teimosa. Ela foi mais além do que eu pensava, teve a coragem de transarmos, virar as costas e sair. Até agora fui paciente, amoroso, daqui para frente as coisas seriam como eu queria. Assim comecei já no dia após ficarmos juntos. Era torturante amar alguém e não ser correspondido com a mesa intensidade. Eu mudei, esperei, provei o quanto eu amava e estava sendo sincero, mas nada do que fazia era suficiente para pagar meus erros.
Ela me pediu para não a obrigar e deixá-la ter decisões: Eu deixei! Ela me pediu que eu mal fosse na casa da minha mãe: Eu fiz o que queria! Eu a defendi! Ela me pediu por segurança: Eu dei a ela. Ela me pediu um amigo e um pai: Eu fui tudo isso! O que mais queria de mim? Amor? Eu não sabia mais como demonstrar o quanto a amava. Bella precisava tomar do próprio veneno. Quem sabe assim cairia em si e veria o que está diante dos seus olhos. Os meses seguintes a tratei na geladeira, mal conversávamos e eu morrendo de tesão por ela, a cada vez que a via e sentia o perfume maravilhoso era torturante, ainda mais depois da nossa última vez, da intensidade que foi. Precisava manter a cabeça no meu foco, errei muito com ela, mas ela também errou e talvez assim reconhecesse que não só eu precisava de perdão, mas ela também. Fiquei oito meses e contínuo ainda sem ninguém e cada vez que vou ela não demonstra nenhum sinal de arrependimento por ter me deixado naquela noite. Agi conforme o conselho de Russel: Um dia o senhor as achará e seja calmo, amoroso, paciente e compreensivo e se não der certo toque sua vida, ela vai cair em si e vai atrás, mas não havia dado certo estava cansado.
Bella continuava na sua bolha. Na última vez que estive em Little Falls notei que havia engordado um pouco, os seios mais cheios e o quadril estavam mais redondos e mesmo assim continuava linda, e eu completamente apaixonado por ela. Foram nove semanas me controlando para não a encostar na parede e exigir que tomasse uma atitude fazendo-a enxergar o óbvio: Que eu era louco e alucinado por ela. Marco entrou na minha sala me tirando dos devaneios que tinha com Bella. — Bom dia, Padre. — Fui apelidado pelos meus irmãos de padre, eles achavam que estava sem sexo desde quando Bella deixou Nova Iorque, não contei para ninguém o que aconteceu no dia do batizado entre nós. — O que você quer, Marco? — Voltei a organizar uns papéis e assiná-los antes de viajar para Little Falls. — Nada, queria saber se você vai ver Any nesse fim de semana? — Estou indo daqui a pouco. — E Bella? Já conversaram sobre voltarem? — Imagina, está bem longe disso acontecer. — Precisava desabafar com alguém o que eu estava fazendo e se passando entre nós dois. Resolvi contar a Marco tudo o que aconteceu. — Achei que ignorando-a fosse ceder, mas nada. Bella é a mulher mais difícil que já passou na minha vida. Tem horas que sinto que vai vir e pedir perdão, reconhecer também que errou, mas no mesmo
instante ela se fecha e me trata igual. Não sei o que fazer mais. — Por que não diz que está saindo com outra pessoa. — Está louco? Aí que a perco de uma vez por todas. — Se estão assim, caro irmão. Ela não vai fazer nada, mas se realmente te amar vai lutar por vocês dois de novo. — Até que Marco tinha uma lógica em tudo isso. Armei o esquema que falaria bem na hora que estivesse indo embora, que estava com outra pessoa e veria a sua reação, deixando-a para pensar até a próxima visita. — E não vá semana que vem vê-las, comece a deixar no ar que está se divertindo e que ela está sozinha. — E se não se importar. — Ignore-a e não vá até que peça, ela vai acabar pedindo, dizendo que é por Any, mas no fundo será por ela e se ainda bancar a durona mande os papéis do divórcio. — Claro que não, Bella é imprevisível. — Por isso mesmo. Sei do que estou falando. — De todos Marco era o mais habilidoso em fazer uma mulher se rastejar por sua causa. Ao longo dos anos aprendemos que ele não era visto com muitas mulheres por que era fascinado em conquistar. Decidi arriscar e se no fim desse tudo errado conviveria com minhas tentativas e sem arrependimentos, pois, eu tentei de tudo para ficar com ela.
Nosso fim de semana foi igual aos outros e no fim a chamei para falar e fui surpreendido quando sorriu e disse que também tinha algo importante a me dizer, mas minha ansiedade foi mais forte e falei que tinha outra pessoa sem escutar o que queria me contar primeiro. Sua reação foi inesperada e Bella ficou pálida e não me disse mais nada, deixando-me confuso sem saber se tinha dado certo. Agora era fazer como Marco disse, dar distância o máximo possível. No próximo fim de semana mandei uma mensagem dizendo que não iria. Tive a resposta só com um “O.k.”. Fiquei repensando se daria mesmo certo seguir os conselhos de Marco, ou eu poderia fazer como sempre fiz. Passei o fim de semana olhando a filmagem das duas, como sentia falta delas. Mesmo não falando muito com Bella nesses dois meses só de saber que estava próxima já me deixava calmo. Ignorei-a por dois meses depois que menti sobre estar saindo com alguém e nada dela. Quando resolvi que acabaria com esse teatro e a faria cair em si recebo sua mensagem dizendo que estaria em Los Angeles. Fiquei extremamente irritado e não respondi. Agora será que eu ainda continuava a escutar Marco e pedisse o divórcio? Na segunda-feira bem cedo eu decidiria o que fazer.
Conformei-me e percebi que Giovani estava tocando sua vida, sei que seria questão de tempo para me questionar a barriga quando viesse ver Any e seria quando contaria. Nessa gravidez minha barriga estava maior e mais aparente. Quando fui fazer a ultrassonografia preferi não saber o sexo, senti-me novamente sozinha naquele momento desejando-o ter ali para poder segurar sua mão, mas não me intrometeria em sua vida se já estava seguindo em frente. Seria mais tranquilo assim, seria novamente uma mãe sozinha e tentei me tranquilizar e aproveitar. Giovani não vinha fazia dois meses e não me preocupei também saber o porquê, de certo a nova namorada não estava muito de acordo desses fins de semana na casa da ex. Essas minhas suposições me deixavam triste, porém
era ciente de que eu saí daquele quarto e se estava nesse pé foi tudo e exclusivamente por minha culpa. *** Era terça-feira de manhã e estávamos, eu, Hanna e Any brincando no chão da sala quando a campainha tocou. Como não estava esperando ninguém achei estranho e fui atender a porta me surpreendendo com a mulher ali em pé; elegante de vestido preto corte reto, sapatos altos e óculos escuros. Confesso que jamais pensaria que Eleanora estaria na minha porta; sempre suspeitei que tinha um caso com Giovani, mas na verdade era com Marco o caso abafado de anos, os dois trabalhavam juntos em algumas coisas. Tentei disfarçar a barriga de quatro meses quando olhou atentamente, examinando-me. — Oi, Bella! Posso entrar? — Assenti e permiti que entrasse. Sua presença ali em Little Falls muito me intrigou. — Oi, estou surpresa. Aconteceu algo? — perguntei já acomodando-a na sala de casa. — Giovani pediu que eu viesse aqui trazer uns papéis para você assinar. — Antes que prosseguisse pedi a Hanna que levasse Any para o andar de cima. — Mas aconteceu algo? — Ela não me respondeu e eu a peguei olhando diretamente para minha barriga.
— Você está grávida, Bella? — Respirei fundo, ela certamente contaria a Giovani e eu estragaria a vida dele com outra pessoa, voltando à estaca zero. — Por favor não fale nada a ele. Eu ainda não contei. — Ela ficou me analisando. — Por quê? — Como? — Por que não contou a ele? Ele é o pai? — Sim. Não contei por que ele está refazendo sua vida com outra pessoa e não quero que uma gravidez atrapalhe esse recomeço. — Ela sorriu misteriosamente. — Por que não conversam? Você sabe por que eu estou aqui? — Imagino. — No fundo eu sabia o porquê. Giovani a mandou porque não teve coragem de me falar que quer o divórcio. — Estou com os papéis do divórcio. — Senti meus olhos encherem de lágrimas e arderem. — Mas não vou entregar, Bella. Vocês dois precisam ter uma conversa sobre sua gravidez. Eu também não vou falar nada. Esse é um assunto que cabe a vocês dois. Ela se recostou no sofá ficando mais à vontade. — Eu não acredito que Giovani me fez vir até o fim do mundo para ficar sabendo que vai ser pai de novo. — Achei um comentário bem estranho e peculiar, mas preferi ficar quieta. Tentei manter a postura diante dela, e mais cedo ou mais tarde era
previsível que Giovani me pediria o divórcio. E sentindo-me miserável me mantive de pé mesmo querendo desabar. Qual homem aguenta viver se conformando com as escolhas da ex? Eleanora não me deixou ver os papéis e insistiu por diversas vezes que deveria contar a Giovani o mais rápido possível. Recusou a recolher minha assinatura quando lhe disse que se assim ele queria eu não colocaria empecilhos. Enrolou e acabou indo embora com os malditos papéis do divórcio, após almoçar e me fez prometer que falaria logo com ele. E se mesmo assim fosse de nossa vontade que ela traria novamente os papéis. Concordei e quando foi embora desabei. Passei horas na dúvida de ligar e contar tudo, mas com isso eu estragaria seu recomeço e não era justo. Por outro lado, eu me sentia fraca ao saber que estava perdendo-o. Esperaria quando aparecesse e se viesse logo para contar tudo, afinal ele era o pai e devia saber que estava vindo mais um bebê.
— Você não deu os papéis para ela por quê? — disse irritado, com os ânimos à flor da pele. Eleanora demorou dois dias para me dar notícias e agora aparece aqui dizendo que não deu os papéis para Bella assinar. Deixando-me totalmente no escuro. — Não! Não dei e acho que devem sentar e conversar. — Se justificou. — Bella é teimosa e não adianta mais conversarmos ela precisa aprender que suas atitudes têm consequências. — Deveria conversar e imagino que há muita coisa para ser falada entre vocês. — Não entendia o apelo que fazia em favor de Bella. — Não vou, já disse. Preciso ter a certeza de que é realmente isso que ela quer. E está do lado dela, Eleanora? — Estava extremamente insuportável. — Sabe de uma coisa Giovani, não vou ficar no meio dessa sua loucura, ela acha que você tem alguém, mas está nítido que ainda o ama. Para que esse teatro? — Não quero discutir meus meios, eu sei que estou fazendo. — Fui direto, as coisas agora seriam do meu jeito. — Então arrume outro advogado para ficar nesse seu joguinho com sua
esposa. — Ela levantou me deixando sozinho. Resolvi que deixaria passar meu aniversário que seria no próximo fim de semana e depois viajaria para Little Falls e eu mesmo levaria os papéis e veria como reagiria com meus próprios olhos, só assim eu teria certeza de que tentei e lutei por Bella e quem não quis foi ela.
Contei a Holly no dia após a visita da advogada com os papéis. — Bella, para de ser durona. Se você o ama vá atrás dele, mulher. Arranca ele de qualquer uma que estiver no seu lugar. Você é mãe dos filhos dele. Eu sempre disse que aquele homem te ama e só está mostrando que também pode viver, já que não o quer e quem vai perder e sofrer o resto da vida vai ser você. — Entendi sua dureza e ao mesmo tempo me mostrando o que eu estava perdendo ao me manter obstinada. Holly ainda ficava falando e me fazendo imaginar outra mulher dentro da minha casa, na minha cama e na minha posição, bancando a mãe dos meus filhos nas férias. E não só me doeu, mas feriu meu ego e a dor de perdê-lo para sempre foi maior, nada comparado ao das outras vezes. E isso me fez ver o quanto fui egoísta quando se tratava de me resguardar. — Esse fim de semana vai ser o seu aniversário, pensei que viria ficar com Any, mas fiquei sabendo que haverá uma festa e com certeza ele estará com a nova namorada. — Contei a informação vinda de minha mãe. — Enquanto a medrosa aqui vai deixar uma mulher desconhecida apoderar do que é seu. Vá e seja o presente de aniversário do seu marido. — Não sei, tenho medo. Quando vim para cá estava muito abalada, até
acredito que foi armação daquela médica, por isso permiti que ele ficasse. — No fundo, Bella, você sempre soube que ele era inocente no lance do beijo. — Holly tinha razão, sempre soube que Giovani era inocente só não quis acreditar que havia mudado e se tornado fiel a mim. Fiquei pensando em tudo que conversamos depois que saiu e tomei minha decisão. Não viveria o resto da minha vida com arrependimentos. Ele havia mudado e eu não acreditei que fosse possível que fizesse por mim quando anos atrás não havia feito. Giovani mudou e merecia uma segunda chance, não a falsa chance que dei quando nos casamos, mas uma chance real. Fui injusta e egoísta todo esse tempo, não dando a oportunidade que tanto me pedia. Agora seria minha vez de correr atrás ou eu o perderia de vez, assim que Giovani resolvesse me deixar realmente ele o faria, e me provou isso nesses quatro meses de sua ausência. Além de que, estava morta de saudades de estar perto, sentindo seu perfume amadeirado após o banho, sua risada grossa e desajeitada. E mesmo que só me desse um “bom dia e um boa noite” me sentia em paz, pois estava aqui com a gente. Resolvi abandonar o medo e no outro dia pela manhã liguei para Tony primeiro e depois para Harry. — O que a rainha da máfia resolveu dar o ar da graça? — Harry
atendeu o telefone em tom de deboche. Nesses quatro meses evitei um pouco todos, não queria contar a ninguém ainda sobre a gravidez, as poucas que sabiam eram as que trabalhavam em casa, Sara, Roland, minha mãe e Holly. — É assim que me atende? — Brinquei — Você sumiu, não manda mais notícias e não responde as minhas mensagens. — disse ressentindo. — Me perdoa? Harry ficou mudo por segundos e logo gargalhou. — Bella me pedindo perdão? Depois dessa como não a perdoar, Be!? — Quer ir em uma festa com muitos machos alfas com dosagens extras de testosteronas? — Aticei-o — Aonde é o paraíso? Esse lugar existe? — Claro! Uma festa que vai acontecer em Manhattan esse fim de semana. Quer me acompanhar. — Você não vale nada mulher, depois de quatro meses dá o ar da graça e me chama para aprontar. Tenho certeza de que coisa boa não está vindo por aí. — Giovani quer o divórcio, já está com outra namorada. — disse pesarosa. — Outra louca? E Be, por que ir atrás desse homem se quando ele se jogava aos seus pés você não o quis? — Por que eu o amo e estou grávida de novo.
— Meu Santíssimo. Que babado mafiosa. — Preciso tentar salvar meu casamento e preciso muito de você. — Conte comigo, mas vou por causa da testosterona extra, você me abandonou por quatro meses. Harry me ajudaria a entrar nesta festa e não ser vista por Giovani, tinha um detalhe importante e irônico, a comemoração seria um baile de máscaras e pensei no quanto me colocaria em vantagem. Desembarcamos em Nova Iorque no sábado bem cedo. Trouxe Hanna e Any comigo, elas ficariam no apartamento em Manhattan no momento da festa, combinei com Hanna caso Giovani quisesse ver Any por vídeo ligação que ela evitasse ao máximo e mostrasse uma foto dela dormindo. Não poderia deixá-lo saber que estava presente. Tony nos esperava. — Oi, pimenta. E esse barrigão? — Tony se assuntou quando me viu, ainda não sabia da novidade e sorri ao virar de lado brincando com a barriga. — Você vai ser titio de novo. — Ele me abraçou e me parabenizou, mas ao se afastar olhou intrigado. — Mas quem é o pai? — Quem será Tony? — Não acredito, agora entendo por que dessa loucura. E fui surpreendida ainda no saguão do aeroporto quando tive meus olhos tampados por uma mão de homem. Segurei firme e sorri.
— Harry? — Não. — disse engrossando a voz. Se não era Harry então quem seria? A pessoa na qual se passava pelo misterioso, brincando comigo, tirou as mãos dos meus olhos e me virou sorrindo. — Marco! — disse ao ser surpreendida e ver quem era. — E aí cara. — Cumprimentou meu irmão e beijou Any adormecida no colo de Hanna. Abraçou-me. — Não acreditei quando a vi saindo da plataforma. Giovani não disse que vinha para Nova Iorque. — É... — Pega de surpresa não pensei em uma desculpa e antes de responder ele se afastou olhando diretamente para minha barriga assustado. — Bella... — Antes que me fizesse mais perguntas sorri. — Parabéns você vai ser titio de novo. — Sem graça mantive o sorriso amarelo. De todas pessoas no mundo tinha que encontrar logo de manhã no aeroporto. — Giovani não está sabendo ainda? — Não, por isso estou aqui, eu vou contar para ele. — disse apressadamente pronta para implorar. — Tudo bem, Bella. Não falarei que a vi. — Marco era genial e tinha
suas sacadas rápidas quando necessitava ser discreto. — Obrigada. Juro que vou contar. — Ele vai surtar. — Fiquei mais assustada ainda. Acho que transpareci o medo que estava sentindo. — Não vim para atrapalhar a vida dele. — Fica calma, Giovani está bem e mais um bebê na família será uma grande alegria, mamma vai vibrar. Marco nos informou que estava ali para buscar a família de um importante membro da Camorra, segundo ele Giovani fez muitas recomendações do quanto a presença deles era importante na noite de hoje. Insegura olhei para Tony ao ver Marco nos deixar e ir até um trio: uma mulher mais velha, um homem de uns trinta anos e uma mulher loira, linda e bem vestida. — Bella não tire conclusões precipitadas. — Se for a namorada dele? — perguntei com medo. Afinal a loira era linda e parecia uma modelo, já eu, estava de novo enorme de gorda. — Para com essa bobeira. Vamos embora. Tony nos levou para o apartamento e como tinha pouco tempo precisei sair assim que cheguei, deixei Any com Hanna e fui procurar algo para vestir. E mesmo com medo seguiria conforme havia planejado, mesmo se a namorada fosse a loira esbelta.
Já havia ligado umas dez vezes pedindo a videochamada para o celular de Hanna, mas não tinha resposta, deixando-me apreensivo. Não era de costume não ter um retorno rápido e o dia todo não ter notícias da minha filha era estranho. Será que Bella estava me punindo por ter mandado Eleanora levar os papéis do divórcio ou fugiu de novo? Arrependi-me de ter escutado Marco e soquei a parede. Hoje estava fazendo 42 anos e quando será que viveria em paz? Ou estava vivendo as pragas rogadas por Júlia e Mellaine, e não conseguiria ser feliz com Bella. Queria deixar tudo e todos esperando hoje e ir
para Little Falls só para me certificar que as duas estavam em casa. Essa noite seria insossa sem elas ao meu lado. Minha esposa e filha eram mais importantes do que toda essa comemoração, e ainda estava me decidindo se jogaria tudo para o alto e correria atrás dos amores da minha vida, quando recebi um vídeo curto de Any toda esparramada com os bracinhos e perninhas dormindo de barriga para cima. Respirei aliviado e respondi a mensagem de Hanna me pedindo desculpas, relatando que passaram o dia na casa de Sara e havia esquecido o celular. Resolvi que assim que acabasse a festa eu viajaria para Little Falls não conseguiria esperar mais tempo e precisava resolver com Bella. — Vim te buscar aniversariante. — Marco estava todo de preto e estava com uma máscara igual ao Zorro. — Estou pronto. — disse desanimado. — Que desanimo é esse meu irmão? — Vou de madrugada para Little Falls, não aguento mais esperar. Estou no mesmo impasse de um ano atrás com Bella e o pior, distante da minha filha. Preciso convencer aquela teimosa de que a amo e que ela só vai ser feliz se for comigo e nossa filha. — Fica assim não. — Marco me abraçou me dando tapinhas nas costas. — Acredite que ainda pode se surpreender com Bella. — Do que está falando? Como Bella me surpreenderia? — Só acredite e agora vamos, quero muito aproveitar a noite ao lado da
belíssima Leah Cattaneo. Luca e Marco me levaram até o local da festa e confesso que vesti aquela máscara sem vontade alguma de comemorar a vida, já que a minha estava nessa situação. Desde que entrei recebi cumprimentos, encontrei com mamma, Raf e Alícia, eles me abraçaram felizes, como queria estar me sentindo feliz assim como eles. E por um momento me permiti relaxar ao conversar, distraindo-me. Eu me sentia solitário e vazio. Conversei e tentei sorrir, mantendo a pose de ser o dono da porra toda, mas nunca fui, poderia ter um título que me conferia tudo isso, mas que realmente era a dona de tudo era ela, Bella e pensando nela olhei ao redor do salão observando as pessoas, foi quando a vi. Não acreditei, pensei ser uma miragem e uma alucinação. Era só o que faltava alucinar, vê-la achando que era real e quando fixei meu olhar para comprovar se de fato era real ou uma visão vi Tony ao seu lado. O mesmo me viu olhando na direção deles e disse algo no ouvido dela, fazendo-a olhar na minha direção. Bella sorriu, estava com sua boca pintada de vermelho, seus cabelos estavam soltos e ondulados, e era tão viva e real, meu corpo reagiu e sem pensar deixei todos ali e fui em sua direção, mas fui barrado por Leah, atrasando-me e sem dar-lhe atenção olhei para aonde Bella estava e a não vi mais, desesperei-me e percebi que estava ficando louco, Bella não poderia estar aqui, Any estava dormindo em casa e jamais a deixaria com alguém em Little Falls e viria para
Nova Iorque. Beirando a loucura pedi licença a Leah, a mesma insistia em conversar e contar os feitos de como estava ajudando o pai e o irmãos nos negócios e pouco me importava. Senti alguém esbarrar em mim e me deparei com Harry. — Oi, Giovani. — Cumprimentou-me o melhor amigo de Bella. — Cadê ela? — perguntei imaginando que ela estaria ali com ele. Balançou a cabeça sem entender. — Ela quem? — Harry olhou a loira com cara de poucos amigos e acho que imaginou que ela estava junto comigo. Ele contaria a Bella. Arrependendo-me de ter blefado, agora me enrolava mais ainda na minha própria teia de mentiras e jogos. — Desculpe-me, não vi que estava acompanhado. — Tentei impedir que Harry se fosse, mas foi em vão e novamente Leah tornou a ficar falando. Será que não percebia que se fosse alguns anos atrás até daria toda atenção a ela, mas hoje eu só tinha coração e olhos a uma mulher. Depois de ela sacar o quanto estava sendo enfadonha me deixou sair e fui para o bar afim de pegar outra dose de bebida e fugir daquele lugar que a vi sorrindo em um canto olhando a pista de dança. Tive certeza que era ela, não conseguia desviar o olhar do seu rosto. Deixei o bartender com o copo no ar e não peguei para ir até onde estava. Parei no meio do caminho coçando os olhos e me certificando que era
Bella mesmo, ali em carne e osso. E como se sentisse e seguisse o perfume caro que inalava me aproximei por trás com o coração aos saltos, sentindo-me um adolescente apaixonado. Que surpresa maravilhosa e se veio até aqui é porque ainda havia esperanças para nós. — O que faz a mais linda de todas mulheres aqui? Colei meu corpo no seu e encurvei para falar em seu ouvido. Maravilhado e esfuziante aguardei sua resposta. — Esperando um certo cavalheiro vim nos socorrer? — Ela sorriu. Era a minha chapeuzinho vermelho, a minha Bella, a minha esposa e a mãe da minha filha. — E se eu for esse cavalheiro? — Usei do mesmo artifício de quando nos conhecemos, o jogo da sedução. — Se você diz que é. Quem somos nós para contrariá-lo. — Ela recuou colando sua bunda em mim e remexeu. — Sua diaba, está vestindo um Chanel? — Esfreguei meu nariz por seu pescoço, aspirando seu cheiro maravilhoso. — Não! Estamos vestindo um Valentino em sua homenagem. Sorri não me contendo de tanta felicidade. Tinha certeza de que tudo daria certo e ficaríamos juntos. — Não brinca comigo. Não faz ideia de como posso ser mau. Segurou minhas mãos e a trouxe para sua frente e as deslizou, guiando-as
até seu abdome contornando-o. Senti o volume e o formato arredondado. Fiquei paralisado em choque com o que sentia e imaginava. Eu a virei e vi o brilho como que me olhava. — Ainda acho que você é meu Lobo Mau. — disse sorrindo. Varri com os olhos em seu corpo e não me contive ao ver sua barriga já saliente. Fiz contas rápidas, calculando desde quando foi a nossa última vez, confirmando que Bella estava grávida de novo de quase cinco meses e eu seria pai de novo. Agora tudo se encaixava. A insistência de Eleanora para conversarmos antes de mostrar os papéis à Bella e Marco hoje eufórico me dizendo que eu ficaria surpreso. Sorri extasiado e emocionado. E que surpresa magnífica era essa ... — Eu t... — Bella repousou o indicador nos meus lábios e calando. — Eu preciso falar. — disse, mas não deixei, precisava dizer o quanto a amava. — Bella eu te amo muito. — Alcancei sua nuca com uma mão e a puxei. — Por favor, não me abandone, sei que jamais abandonaria seus filhos, mas eu preciso muito de você. Jamais a abandonaria, mesmo que fosse só a mãe dos meus filhos. Primeiramente era a mulher da minha vida e pela segunda vez me fazia ser o homem mais feliz.
— Não chora, carinho. — Enxuguei os cantos dos seus olhos. — Não me deixa. Me dê uma única chance de te fazer feliz. Sei que errei muito com você e sempre assumiu a culpa de tudo no nosso relacionamento, quero recomeçar e não posso esperar quatro anos para viver ao seu lado. — Não era possível amar mais do que eu a amava, mas me surpreendia e me deixava mais apaixonado ainda. Selei seus lábios. Se Bella quisesse parar de falar e não falar mais nada eu ainda a queria, até mais que antes. — Sei que está com outra pessoa, mas ainda acho que posso fazer você mais feliz que qualquer outra mulher. Isso se ainda me amar. Eu só tenho esse bilhete de aposta e aposto em nós dois. — Bella tremia e seus olhos me diziam tantas coisas entre elas o medo que estava sentindo e jamais permitiria se sentir mais assim. — Eu não só a amo; sou louco, desesperado, apaixonado em você. A vi sorrindo aliviada e vi o quanto aquela menina/mulher de seis anos atrás ainda estava ali. Segurei seu rosto entre minhas mãos e sorri. Agora seria eu a confessar o quanto a amava. — Bella Valentino se em mil vezes fosse preciso escolher alguém, pode ter certeza que a escolheria mil e uma vezes. Te amo mais que a mim mesmo. Sorriu e ofereceu seus lábios.
Eu a beijei ternamente, trazendo seu corpo para perto de mim, sentindo seu contato tão próximo e tão real. — Diz que não vai me largar. — disse ainda insegura. — Nunca. Você é minha para sempre. — Mas e a pessoa com quem está, não é outra doida, não né? Eu não aguento mais Giovani. — Vi seu nervosismo e comecei a rir depois que selei seus lábios. — Depois que casamos nunca tive outra mulher a não ser você. Só disse para tentar te causar ciúmes e você parar de ser teimosa. Quando me contaria sobre a gravidez? — perguntei me ajoelhando e beijando o local onde meu segundo filho estava. — Eu tentei, mas você disse que estava saindo com outra pessoa e aí não conseguia achar uma oportunidade. — E o que fez essa cabecinha obstinada mudar de ideia. — Percebi que poderia perdê-lo para sempre. Tive medo. — Te amo e não vai me perder. — Eu sou sua e farei o que você quiser. — Você fará sim, só que não vai ser aqui. — Pisquei e tornei a beijá-la. — Eu vou amar fazer o que quiser. Não me importei o quanto as pessoas deveriam estar olhando, era meu momento, meu aniversário e sem dúvida o melhor presente em dose dupla que ganhava. E eu a beijava com desespero, matando a saudade.
— Giovani! Giovani! Paramos de nos beijar e sem ainda olhar para quem me chamava me prendi em seu olhar. — Te amo muito. — disse. — Eu também. — Giovani, você quer matar sua mãe do coração? — O que foi mamma? — Bella ficou a minha frente e eu a abracei deixando minhas mãos sobre nosso segundo bebê. — Não me digam que não vão voltar eu não tenho estrutura para ter outro neto longe. Olhei para Bella e a mesma sorriu travessamente. — Sou o último a saber. — Não meu Don. Marco que fofocou. Marco estava ao lado de minha mãe e se fez de vítima. — Credo, Bella. Não foi assim. A velha estava querendo vir matar Giovani por estar te traindo e eu tive que pará-la e dizer que era você e que estava grávida. — Justificou Marco. — E cadê minha principessa? Não a vi. — Mamma perguntou por Any. — Está no apartamento com Hanna. — respondeu Bella. Minha mãe nos abraçou e não poderia ter sido tão perfeito e maravilhoso meu aniversário de 42 anos. Não desgrudei dela um só minuto e não demorou muito pedi para irmos
embora, queria ficar a sós em nossa casa. Levei-a para nossa casa, de onde nunca deveria ter saído, há mantive ativa como se todos os dias ainda vivêssemos ali, tudo estava impecável conforme havia deixado. Queria levá-la para nosso quarto no colo, mas Bella não deixou, ficando com medo de que eu a deixasse cair. — Mas posso fazer algo melhor. — disse ela ao virar e pedir para eu descer o zíper do seu vestido. Fiz questão de beijar cada pedacinho da sua pele que ficava visível. — O que vai fazer? — perguntei já excitado com várias ideias passando na cabeça. — Eu te mostro lá em cima... — Deixou o vestido cair aos meus pés revelando a minúscula calcinha preta e um persex de renda preto em uma das coxas. Achando tudo tão fantásticos e deliciosamente tentador a segui deixandoa me guiar. Obedeci e me despi, pedindo para que me sentasse na cama. Ainda de saltos vermelhos caminhou retirando a calcinha vindo até mim e se sentou sobre meus quadris e se esfregou, rebolando sobre meu pau excitado com sua bocetinha molhada. — Se não tivesse grávida estaria perdida comigo, gostosa. — Segurei firme em suas nádegas e Bella não sabia o quanto eu gostava desse seu lado
sedutor, deixava-me muito duro quase cinco meses sem ninguém, ou melhor, sem ela. — Me fode Don Valentino? Não deixe uma mulher grávida com vontades. — Seu desejo é uma ordem, mí regina. — disse ajeitando meu pau, roçando sua glande, lambuzando-o em sua lubrificação. Abria seus grandes lábios e esfregava a cabeça em seu clitóris. Estava muito molhada e não me contive ao posicionar deixando só a ponta dentro da sua boceta quente. — Desce. — ordenei. — Sim, meu Don. — Bella desceu lentamente sobre meu pau, engolindoo todo até a base, deixando somente as bolas para fora. Ficou paradinha contraindo toda sua musculatura. A danada sabia o quanto eu gostava de sentir seus apertos com a vagina. — PORRA! — Não me contive ao expressar em urros o meu tesão. — Te amo tanto, chapeuzinho vermelho. — Eu também, te amo. — Sou todo seu. — Segurei em sua cintura e ajudei-a subir e descer. Bella parecia uma verdadeira amazona ao me montar, seus peitos estavam maiores, lindos e redondos, sua pele sedosa e seu cheiro inebriante me deixava alucinado. Gostava de vê-la me colocar todo dentro dela e como havia tempos que não a sentia, estava a ponto de gozar quando rebolava e gemia toda
empinada. Quente e molhada eu delirava com suas subidas e descidas mais rápidas ou quanto só se sentava e esfregava, não conseguia pensar no que era melhor. A única certeza que tinha foi puxá-la e deixar sua bunda para o alto e movimentarme, estocando mais rápido, beijando-a. Bella estava gozando, sabia por que sua boceta ficava mais quente e mais molhada quando gozava deixando a cabeça do meu pau mais sensível e eu a acompanhava em seguida esgotando e estocando até sair tudo de mim, esporrando dentro, sentindo-a encher. Ainda arfava contra meus lábios e eu a ajudava apoiar para não deitar e apertar a barriga. Quando saiu de mim estávamos molhados e com a respiração pesada. Pedi que se deitasse ao meu lado queria abraçá-la e depois de quase um ano sentiria seu corpo enroscado no meu por uma noite inteira. — Sentia saudades. — disse, tendo-a dentro dos meus braços, com suas costas colada ao meu peito. — Eu também. Te amo e não pretendo mais sair daqui. — Assim espero. — Posso voltar para cá? — Não! — Mordisquei seu ombro. — Deve! — Precisamos muito de você. — Bella, nunca fuja de mim sem antes conversarmos. Você vai acabar comigo se fizer isso de novo.
— Eu prometo. — E nunca mais saia da cama depois de fazermos amor. — Sim, Don Valentino. Tudo que você quiser. Bella adormeceu em meus braços e não consegui fechar meus olhos com medo de acordar e tudo isso não passar de um sonho. Era meu tudo e não conseguiria viver em paz sem poder todos os dias olhar em seus olhos e dizer o quanto eu a amava. E vencido pelo cansaço adormeci agarrado ao corpo feminino que tanto desejava.
Acordei sentindo seu perfume e junto o calor emanando do seu corpo. Acreditei que não era um sonho e nem que estava louco, Bella realmente estava ali comigo e daqui para frente tudo seria diferente, a rainha da minha vida, da minha casa estava de volta. Beijei a curvatura do seu pescoço e escorreguei meus lábios até seu ouvido. — Bom dia, minha Bella. — Não conseguia conter a euforia que sentia. Era inexplicável a emoção e os sentimentos de: amor, carinho, cumplicidade, desejo, felicidade e gratidão que se espalhavam, brigando para me tomar por inteiro.
— Bom dia, Don Valentino. — Ela sem restrições acariciou meu rosto. — Eu te amo muito, Giovani. — Eu também, carinho. — Contemplei seu sorriso, como seus lábios tinha um traçado lindo a covinha de seu queixo perfeita, o nariz fino e proporcional. Era linda! — O que está pensando? — perguntou. Apoiei no cotovelo. — Em muitas coisas, como você é linda, como sou sortudo por tê-la e que dessa vez vai ser um menino. — Acariciei sua barriga senti o tremor na palma da mão. — Está mexendo, outro que vai me abandonar por causa do pai. — Bella disse o que sentia, mas eu sentia com maior intensidade, pois eu era louco nela e na felicidade que me proporcionava de novo. — Não gostaria de saber o sexo do bebê, só na hora. O que acha? — Você que sabe. — O que Bella decidisse eu apoiaria. Éramos uma família: eu ela e nossos dois filhos agora. — Quando fiz a ultrassonografia semana passada não quis saber antes de te contar e agora que estou aqui com você prefiro ainda não saber. — Vai ser uma surpresa, mas tenho certeza que vai ser um menino. — Se for tomara que seja parecido com você também. — Afagou meu rosto e virei a cabeça para beijar sua mão. — Vai voltar mesmo? — perguntei.
— Se você quiser e deixar. — Aqui é sua casa e você faz o que quiser e sem dúvidas eu quero muito que volte, quero dormir todos os dias assim com você. Ficamos até mais tarde na cama sob os protestos de Bella. Estava preocupada com Any, mas para tranquilizá-la, mandei que buscassem nossa filha. Como se nada tivesse acontecido eu e Bella resolvemos não voltar aos assuntos do passado e seguir daqui para frente e se fosse para relembrar seria só dos momentos felizes. Deixei a empresa uma semana aos cuidados de Raf e Marco para poder ajeitar a mudança de Bella de volta para casa. Nossos dias eram os mais felizes, adaptamos o que vivemos em Little Falls ali em Nova Iorque, e no fim da noite terminávamos nus na cama dormindo abraçados. Os meses passaram rápido e chegou a hora do bebê nascer, Bella optou pelo parto natural em casa. Passamos os últimos meses procurando os melhores para estar com ela nesse momento. E foi no meio de uma noite nevando que fomos pegos de surpresa quando senti aquele líquido molhando toda nossa cama, acordei assustado. Bella se mantinha serena nem parecia que estava entrando em trabalho de parto. Nosso quarto virou uma maternidade e profissionais entravam e saiam. Nossa banheira seria o local aonde Bella daria à luz. E dessa vez eu jurei estar ali. Estava nervoso, e ficava analisando tudo do canto do quarto. Ainda não
haviam a levado para a banheira, segundo a obstetra ainda levaria algumas horas até o bebê nascer, não tinha dilatado ainda. Cada hora fazia alguma coisa para ajudar aliviar as dores e cada grito e caretas eu me desesperava ao vê-la daquele jeito. As tais doulas colocaram Bella sobre uma bola e massageavam suas costas. — Vamos, papai é sua vez. — ordenou a mulher grande ao meu lado me assustando. Ensinaram-me e sentei atrás em um banco e eu deslizava a mão por todas suas costas até chegar na curvatura da sua bunda. Bella estava com um top preto e não usava calcinha. — Está doendo, carinho. — perguntei. — Claro que sim, ou você acha que é fácil passar uma criança por sua vagina. — respondeu-me irritada. — Calma, logo nascerá e tudo vai passar. — Tentava consolá-la com palavras, mas sabia que se pudesse Bella arrancaria minha cabeça. Cronometravam as contrações e já era quase 9h da manhã quando a médica deitou Bella na cama e fez o toque constatando que o bebê estava pronto para nascer. — Vamos mamãe, chegou a hora. Ajudei Bella entrar na enorme banheira de nossa suíte, mediam a temperatura da água e a rodeavam preparando-a.
Queria poder fazer algo ao vê-la vermelha e suada, lutando para trazer nosso bebê. A idolatrei por ser tão corajosa. — Vamos, Bella, o bebê já está vindo. — Posicionadas, a médica, Dra. Elis, pedia para Bella fazer força e incentivava nos minutos em a contração passava e se sentia cansada e desanimada. — Eu não vou aguentar. — Chorando ela dizia ao fazer força e não conseguir. — Amor, falta pouco. — Aproximei da borda da banheira e segurei em sua mão. — Eu não vou aguentar, Giovani. — Ela chorava muito, e como eu queria fazer algo para que não sentisse tanta dor assim. — Você aguenta, amor. — Tentava incentivá-la, mas via o quanto estava cansada. — É a pessoa mais teimosa sei que vai conseguir, amor. — Cala a boca Giovani, eu te odeio. Vai embora daqui. — A dor era grande que agora falava coisas desconexas, brigava comigo e me mandava embora, mas eu sabia que era da boca para fora. — Calma, carinho, ficar nervosa não vai ajudar. — Sai daqui... — Ela gritou e quando me pus em pé para sair Bella começou a chorar relaxando depois das contrações. Não queria deixá-la mais nervosa do que estava. — Aonde você vai? — perguntou-me.
— Você me mandou sair, carinho. — Não sai, não. Não me deixa sozinha eu te amo muito. — As enfermeiras e doulas achavam lindo a forma como demonstrávamos o quanto nos amávamos. — Sr. Valentino acho que vai ajudar um pouco se sentar atrás e colocar a Bella em seu colo para ajudá-la. — Eu? — Olhei assustado. — Sim o senhor, a maioria dos pais faz isso. Sentei atrás e segui as orientações de como fazer e ficamos ainda por meia hora, quando Bella descansava das contrações deitava a cabeça no meu ombro. Eu sentia por ela, e ficava apreensivo com a demora e quando achei que seria apenas mais uma sessão de contrações a obstetra ajudava, tirando o bebê de dento. — Nasceu. — gritei entusiasmado e não me contive ao chorar junto com Bella, ao ver nosso menino chorar forte. Fui tomado por uma sensação semelhante a de segurar Any pela primeira vez, eu sentia todos meus músculos tremerem de emoção. — E é um menino! Os presentes emocionados riram do meu entusiasmo. O menino era forte e ainda preso pelo cordão colocaram no seio para mamar. Tive vontade de rodear os dois e aconchegá-los em meio dos meus braços.
— Parabéns papai e mamãe, que menino lindo. — disse a médica. Ainda com Bella na minha frente quieta, admirando o filho falei em seu ouvido: — Obrigado por mais esse presente maravilhoso. Ele é lindo. Te amo tanto, mí regina. Ajudaram-me a sair e me convidaram a cortar o cordão, levando-me a emocionar mais uma vez. Quando Any nasceu eu não estava presente, mas Bella não poderia ter me recompensando melhor do que fui. Foi mágico, algo inexplicável, uma sensação indescritível que foi ver minha esposa lutar para meu filho nascer. Terminaram de ajeitar tudo e tiraram Bella da banheira a levando para a cama. Aproximei ajeitando seus cabelos, tirando-os da testa suada. — Você a mulher mais especial, mais completa e não sabe como estou e, sou feliz, com você, carinho. E oferecendo os lábios eu os beijei. — Como vamos chamá-lo? — Giovani Salvatore Valentino Segundo. Quero que seja sua miniatura em tudo. Porque te amo tanto, meu Lobo Mau. — Tornei a beijá-la emocionado com a surpresa. Após me trocar a deixei sob os cuidados da equipe para ficar ao seu lado em tempo integral. Nunca mais se sentiria sozinha.
Agora precisava dar a notícia para a família. Quando começou o trabalho de parto às 2h da madrugada acordei minha sogra avisando que o bebê estava para nascer. Tony e ela vieram para cá e chegaram há pouco se reunindo junto com os Valentinos todos ansiosos na sala. — Giovani está vindo. — Luca gritou quando me viu descendo as escadas, mas não em contive ao terminar de descer. — É um menino. Todos se abraçavam emocionados, não tanto quanto eu. Ainda sentia a intensidade daquele momento nos pelos arrepiados da nuca, nas batidas frenéticas do meu coração e do amor que transbordava de mim. *** Para um homem que sempre teve tudo eu percebi que não tinha nada antes de Bella. Fui fraco, agi como um adolescente, não vi soluções, errei e a perdi, mas esperei e aprendi que nem todo poder te deixa intocável. Mesmo sendo um Capo eu fui um homem em primeiro lugar. Com minhas falhas e acertos eu amei aquela menina de língua afiada no corpo de uma mulher. Sedutora, inteligente e sagaz, com seu jeitinho levado e travesso e hoje a amo até mais, com seu jeito guerreira, com sua teimosia, com suas manias de perfeccionismo e minimalismo.
Ainda não sou perfeito, mas todos os dias tento ser melhor para Bella, Any e Giovani e serei assim para os outros que vierem. FIM!!!
Viagem para Malibu — Casamento Raf e Alícia — Cala boca e me beija. — O banheiro era estreito, mas fodê-la ali era excitante e perigoso, em pleno alto-mar, no iate alugado cheio de amigos e familiares. — Xiii, fala baixinho doutora que vou te foder até implorar. Eu a virei de costas e pressionei seu rosto no espelho. Suas mãos apoiavam na pequena bancada da pia. — Na hora que estiver com sua boceta comendo meu pau você vai ver quem é que te fode gostoso, sua vagabunda gostosa da porra. — Disse colocando o preservativo acomodando entre suas nádegas e afastando a calcinha do maiô branco para o lado, deixando a bocetinha rosada, lisa e depilada a minha vista.
Segurei meu pau em uma mão e com os dedos da outra mão escorreguei entre os grandes lábios melados e levei sua lubrificação até seu cuzinho e enfiando dois dedos, no mesmo momento que introduzi e arremeti meu pau todo dentro dela. Mellaine gemeu e empinou mais sua bunda. — Isso, empina a bundinha, piranha. — A olhava em seu reflexo no espelho, seus olhos vidrados em mim, seus lábios entre abertos e eu estocando muito gostoso na boceta da minha cunhada. A vagabunda não se contentava em trepar só com meu irmão, mas hoje veio cheia de indiretas para cima de mim e não me contive ao trazê-la para cá e fodê-la. Estimulava o ânus de Mellaine com dois dedos enquanto meu pau a sentia por dentro. — Que delícia, me fode mais forte. — pediu. — Gosta de apanhar cachorra. — Segurei seu cabelo puxando-a contra meu corpo e alcancei sua boca, mordendo-a. — Ainda quero comer esse cuzinho apertado. — disse sussurrando em seu ouvido, metendo e esfregando o dedo no seu clitóris, fazendo a gozar. — Já disse para ser baixinho. Xiii! — Pedi ao escutar seus gemidos mais altos. Era gostosa demais. Mellaine, pelo que sei estava namorando com Giovani fazia exatamente um mês, mas duvido que meu irmão esteja assim tão a fim dela, desde que
chegou aqui e encontrou seu antigo amor, Bella Dellatore, só soube ficar babando atrás dela e a trouxa da namorada não reparou. Pensando bem a doutora não era tão trouxa assim, a danada tinha um rabo bem gostoso e a bocetinha bem cremosinha e gostava de ser fodida com muita sacanagem. — Aproveita a oportunidade. — ela me disse e ri abafado com medo de descobrirem nós dois aqui embaixo. — Só tem a cara de santinha, mas é uma putinha muito gostosa. — disse ao retirar meu pau e tirar a camisinha. — Chupa ele. Segurei e esperei vê-la ajoelhada para bater meu pau em seu rosto delicado. A safada segurou e apertou descendo a língua até nas minhas bolas e as sugou me masturbando. Fechei os olhos e segurei a camiseta branca com azul náutico para não a atrapalhar. Mellaine o lambia como se fosse uma gata lambendo o próprio corpo, com delicadeza e com prazer. Brincou como se meu cacete fosse seu brinquedinho e claro gostei muito, uma boquinha educada que sabia muito bem fazer um delicioso boquete. Ela o chupou, mamou e engolia-o todo com maestria. Que mulher era essa que Giovani não quis transar? Fazia um oral como ninguém! — Vou socar nessa boca comportada. — Segurei em sua cabeça e como
se estive penetrando sua boceta arremeti dentro da sua boca, fechada, espremendo-me. A vi engasgar duas vezes e senti o gozo vir a ponta quando suas mãos palpavam meu saco. — Engole tudo... — disse gemendo e ordenei, segurando meu pau ereto ainda com os lábios de Mellaine ao redor. Com minhas mãos tomei o controle e me masturbei jorrando dentro de sua boca. Para uma rapidinha foi perfeita, imagina se pudesse pegá-la o dia todo numa cama como seria?! Ajudei-a se arrumar, ajeitando o fundo do maiô no lugar demorando com o dedo na entrada da sua vagina ainda melada me tentando. — Luca, por favor não conte a ninguém, eu fiz uma loucura. Seu irmão não me perdoaria. — A senti com remorso, mas não estava nem aí para ela e claro que não falaria nada para Giovani, a ferrada era ela e não eu. — Fica tranquila cunhadinha, se precisar estarei ao seu dispor. Luca Valentino – Os Mafiosos / Livro 3
Primeiramente quero agradecer a Deus, por permitir que pessoas boas chegassem até mim, como a revisora deste livro, Margareth Antequera, que no “corredor da Bienal” me adotou para trabalhar comigo no momento em que estava tão indecisa e precisando de apoio. Quando comecei há um ano não tinha noção que estaria indo tão longe nessa caminhada e nem de como prosseguir, aprendi com várias pessoas, coisas que levarei para o resto da minha vida como experiências. Tive boas e ruins, mas prefiro levar as boas e aprender com a ruins. Sou grata pelas leitoras que a cada livro vem crescendo e se envolvendo apaixonadamente com meus livros. Obrigada ao meu marido e filha, que não me canso de agradecer, por me apoiarem e serem compreensivos quando mais preciso de foco para escrever. Quero também agradecer a minha beta Elisangela Eliseu, minha primeira
leitora e acabou se tornando uma pessoa indispensável com suas teorias mais doidas que conheço. Ao meu grupo Mafiosas pelo carinho e pela espera tão grande pelo nosso Don Valentino e as Administradoras que têm me ajudado com tanto empenho. E, também a você, uma pessoa muito especial que acabou de ler. #gratidãosempre
Mineira, com 35 anos é mãe de uma menina, a incrível Maria Eliza, casada e feliz com Mauricio, Stephânia tem se dedicado mais a criação de seus livros, após ter lançado “Duque por contrato” em maio de 2019, tendo uma maravilhosa repercussão, chegando ao primeiro lugar da Amazon. Sua paixão pela leitura se deu através de sua mãe e tia, com os famosos romances de banca Júlia e Sabrina. Apaixonada por Harry Potter ela se viu encantada pelos romances e até hoje se julga uma leitora voraz. De personalidade forte, diz gostar de criar personagens fora do que todo mundo espera que deve ser e tem apostado nessa diversidade. Atualmente fechou contrato com a Editora Ponto Literário — PL para uma série de Romance de Época e um Romance contemporâneo. Mas seus projetos não param por aí, ainda
tem a continuações de suas séries. Como ela diz: Ainda é um sonho pequeno do tamanho do grão de arroz, mas que pode se tornar maior que a plantação. Se quiser conhecer mais um pouco sobre a autora acompanhe suas redes sociais. Face: Stephânia de Castro IG:@stephaniadecastroautora Wattpad: @stephaniadecastro www.stephaniadecastro.com.br