Doces Prazeres - Os Irmãos Kelly - Livro 1 - Crista McHugh

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Table of Contents Title Page Capítulo Um Capítulo Dois Capítulo Três Capítulo Quatro Capítulo Cinco Capítulo Seis Capítulo Sete Capítulo Oito Capítulo Nove Capítulo Dez Capítulo Onze Capítulo Doze Capítulo Treze Capítulo Quatorze Capítulo Quinze Capítulo Dezesseis

Doces Prazeres

de

Crista McHugh Nunca, jamais, misture negócios com prazer... Lia Mantovani criou um dos restaurantes mais badalados na Magnificent Mile de Chicago, mas tudo isso pode desaparecer se o contrato de aluguel que ela tem com a Imóveis Kelly for cancelado. Tendo sido privada dos seus sonhos anteriormente, ela fará todo o possível para manter o seu restaurante. Seu destino depende dos caprichos do charmoso, porém frustrante Adam Kelly. Adam passou anos tentando convencer o mundialmente famoso chef Amadeus Schlittler a abrir um restaurante em Chicago, mas ele deseja o excelente ponto onde Lia está estabelecida. Os negócios sempre estiveram em primeiro lugar... até o momento em que Adam a conhece e as faíscas voam. Quando as coisas ficam quentes fora da cozinha, no entanto, ambos correm o risco de se queimarem. Aviso: Contém um herói que sempre consegue o que quer; uma heroína que é tão boa preparando um gamberi quanto usando um taco de beisebol; mães intrometidas e casamenteiras; e um cão de montanha dos Pirinéus com uma tendência a derrubar a heroína.

Recomendado para aqueles que gostam de: Romances contemporâneos e sexy; Machos alfa; Histórias de inimigos que se tornam amantes; Heróis bilionários; Heroínas autossuficientes; Cachorros grandes e babões; Descrições de pratos de dar água na boca.

Capítulo Um “Da próxima vez, você poderia pedir a minha permissão antes de leiloar os meus serviços, por favor?” O sermão de Lia foi cortado quando um cervo apareceu na sua frente, forçando-a a frear. “Claro, querida.” Sua mãe continuou a tricotar calmamente no banco do passageiro. “É que eu fiquei surpresa com o lance da Maureen. Ela é uma alma tão generosa. Mas qualquer mulher que tenha criado sete bons meninos só poderia ter uma natureza generosa.” Lia revirou os olhos e testou o acelerador. A verdadeira razão de sua mãe ter insistido que ela preparasse uma refeição para a Sra. Kelly e a sua família havia acabado de ficar clara. As chances eram de 10 para 1 de que os meninos Kelly fossem todos solteiros interessantes. “Isto não é mais um dos seus planos de cupido, não é?” “Claro que não.” Ponto, ponto, laço. “Você é uma mulher linda e inteligente, que é perfeitamente capaz de encontrar alguém sozinha.” Apesar de as palavras parecerem de apoio, o tom na voz dela perguntava, “Então, por que eu ainda não sou avó?”. “Mãe, nós já discutimos isso antes. Fazer o restaurante deslanchar é a minha prioridade número um no momento. Eu não tenho tempo para sair com ninguém.” “E agora que ele está com uma fila de espera de um mês, você pode focar em outra coisa.” Lia apertou os dentes, e isso não teve nada a ver com o buraco escondido na estrada que sacudiu o seu pequeno sedan de quatro portas. “Não, isso significa que eu tenho que trabalhar ainda mais para garantir que as pessoas continuem voltando.” “Você é quem sabe.” Sua mãe levantou o que estava tricotando até a luz, examinando os pontos antes de desfazer a última linha com um suspiro pesado. “Eu só quero que você seja feliz.” “Eu sou feliz.” Pelo último ano e meio, o La Arietta havia sido seu mestre e amante, consumindo todos os aspectos da sua vida. Mas o seu trabalho duro havia valido a pena. Agora, ele era o restaurante mais popular da Magnificent Mile, cheio no almoço e no jantar todos os dias. Os seus talentos culinários haviam lhe garantido um lugar na capa da última edição da revista Food and Wine como uma das melhores novas chefs da América. Para ela, a sua vida profissional era um conto de fadas que havia se tornado realidade. A sua vida pessoal, no entanto... bem, ela praticamente não existia, e ela duvidava que qualquer um dos bons filhos da Sra. Kelly seria suficiente para fazê-la se afastar da sua paixão. Ela fez mais uma curva na estrada, apenas para ver mais árvores. As instruções da sua mãe haviam sido vagas, dizendo-lhe apenas para ir até o Lago Geneva e dobrar à direita. “Quanto mais, mãe?” “Só mais um pouquinho.” As agulhas de tricô retomaram o seu clique constante. “A casa do lago de Maureen é tão diferente e aconchegante — o lugar perfeito para um belo jantar de família. E ela ligou hoje de manhã apenas para dizer o quanto ela está feliz por você concordar em vir até aqui.” Pesadelos sobre a tentativa de preparar uma refeição de quatro pratos em uma cabana rústica inundaram a mente de Lia. Ela segurou o volante e se perguntou por que diabos ela havia concordado com isso.

As árvores finalmente sumiram, revelando uma enorme casa no estilo artesanal que parecia ter sido projetada por Frank Lloyd Wright. O queixo de Lia caiu. “Diferente e aconchegante?” “Sim, querida. Você precisa ver a casa dela em Highland Park.” Então, a Sra. Maureen Kelly tinha dinheiro. Muito dinheiro. E Lia só podia imaginar quanto ela deve ter pago no leilão de caridade. O que a fez se perguntar como a sua mãe de classe média havia conhecido aquela senhora. “Você disse que a Sra. Kelly vai à igreja com você?” Sua mãe assentiu e guardou o tricô. “Ela também faz parte do meu clube de bridge.” Lia franziu o rosto ao estacionar o carro na entrada da garagem curvada. Ela não sabia que a mãe jogava bridge. Que outros segredos ela estava escondendo? “Olá, Emilia”, disse uma mulher loira e alta na porta da casa. “Que bom que você e a sua filha puderam vir hoje.” Uma bola de pelos brancos passou correndo pela mulher. Lia mal teve tempo de segurar a porta antes que ele pulasse nela, empurrando-a de volta para dentro do carro. Algumas cheiradas altas soaram em seus ouvidos antes que uma série de beijos molhados de cachorro lambuzassem o seu rosto. “Jasper, menino mau! Volte aqui.” Jasper deu mais uma lambida no rosto de Lia antes de obedecer a sua dona e voltar para a varanda. Ela limpou a baba do rosto. Quando ela pensava no fato de que faziam mais de quatro anos desde a última vez que um macho a levantou do chão e a beijou, não era isso que ela tinha em mente. “Ele é sempre tão amigável com estranhos?” Com mérito, a Sra. Kelly parecia genuinamente constrangida pelo comportamento do seu cão. “Não. Ele costuma ser tão bem comportado.” “Deve ser só comigo, então.” Lia abriu o porta-luvas e pegou o gel antisséptico que ela usava depois de fazer aquelas paradas inevitáveis em postos de gasolina. Era de pêssego, seu aroma favorito, e combinava com o sabonete líquido e o óleo que ela usava todas as manhãs. Depois de esfregá-lo em todos os lugares onde Jasper a havia lambido, ela tentou sair do carro pela segunda vez e conhecer a anfitriã. Maureen Kelly parecia uma daquelas mulheres para as quais o tempo havia parado — provavelmente graças ao Botox. Ela devia ter a idade da mãe de Lia, mas apenas as suas mãos davam alguma indicação da sua idade real. Todo o resto parecia pertencer a alguma modelo de quarenta e poucos anos do último catálogo da L.L. Bean. Ela sorriu agradavelmente enquanto segurava a coleira de Jasper. “É ótimo conhecer você finalmente, Lia. A sua mãe está sempre falando do quanto tem orgulho de você.” Lia soltou a respiração que estava prendendo. Até agora, Maureen Kelly não parecia ser uma esnobe, apesar da sua riqueza óbvia. “É ótimo conhecer você finalmente também.” “Eu realmente agradeço vocês por terem vindo até aqui para o jantar. O meu filho está em casa por uma semana, antes de ir para o Afeganistão, e eu realmente queria fazer algo especial para ele.” E na mesma hora, todo o ressentimento que ela havia sentido por ter que dirigir por duas horas até o norte de Chicago desapareceu. “Não é problema algum”, ela respondeu, enquanto tirava a caixa térmica de 75 litros do porta-malas.

“Ah, não se machuque. Deixe que o meu filho pegue isso.” Maureen se virou, ainda segurando a coleira de Jasper firmemente, e disse: “Caleb, você poderia vir aqui e ajudar as amigas da sua mãe?” Logo depois, um homem apareceu na varanda. Ele era mais ou menos uma cabeça mais alto do que Maureen, seu cabelo castanho curto cortado no estilo militar padrão. Ele deu um beijo no rosto da mãe antes de descer as escadas correndo até o carro de Lia. O sol da tarde cintilou nos seus olhos azuis brilhantes quando ele piscou e pegou a caixa térmica. “Deixe-me pegar isso para você.” Ok, então, talvez a mamãe estivesse certa a respeito dos Kelly, Lia decidiu depois de ver os músculos flexionarem sob a camiseta de Caleb. Se os outros fossem como ele, eles ganhariam um dez quando o assunto fosse beleza. Mas ela não estava ali para olhar para eles. O jantar não iria se preparar sozinho. Ela pegou as sacolas restantes do porta-malas e seguiu Caleb até a casa. “Eu gostaria que todos os meus meninos estivessem aqui para o jantar,” — disse Maureen atrás dela, “mas todos são adultos e moram sozinhos.” “Sim, sim, mãe, nós todos somos filhos terríveis por termos saído de casa e não termos lhe dado nenhum neto para nos substituir até agora” — Caleb respondeu da cozinha. Lia reprimiu um sorriso. Parecia que a sua mãe não era a única que insinuava que os seus filhos precisavam casar e começar a reproduzir. Ela dividiu um sorriso conspiratório com Caleb, quando ele olhou para ela por sobre o ombro. Qualquer medo que ela tinha a respeito de cozinhar em um fogão de acampamento desapareceu quando ela entrou na cozinha dos Kelly. A luz do sol entrava pela parede de janelas que davam para o lago Genebra. Os balcões de granito e os azulejos de pedra ajudavam a manter a atmosfera natural da casa de campo, em equilíbrio com os eletrodomésticos de inox modernos. “A cozinha é linda, Sra. Kelly.” “Por favor, me chame de Maureen.” Ela entrou na cozinha, sem Jasper. “Eu espero que nós tenhamos tudo o que você precisa.” Tudo e um pouco mais. Esta era realmente uma cozinha de chef, que ela mal podia esperar para testar. “Ela é perfeita.” “Então, vamos deixar você começar.” Ela encaminhou o filho para fora da cozinha, deixando Lia sozinha para desempacotar. **** Adam Kelly batia seus dedos no volante enquanto esperava que Bates atendesse o telefone. Assim que ouviu o clique, ele perguntou, “Alguma notícia da negociação com Schlittler?” “É domingo, Sr. Kelly”, Bates respondeu em seu sempre educado sotaque inglês. “Não acontece muita coisa no mundo dos negócios no fim de semana.” “Para mim, acontece.” Seu Volvo C70 bateu em um buraco, dando origem a uma lista de xingamentos sobre como a sua mãe deveria tê-lo tapado há anos. “Eu tenho investidores esperando por notícias, e eu quero fechar isso o mais rápido possível.” “Eu verifiquei os seus imóveis no centro. Você tem um contrato de aluguel vencendo em

alguns meses no topo do seu prédio da Michigan Avenue, mas —” “Perfeito.” O ponto na Magnificent Mile daria a Amadeus Schlittler a exposição que ele exigia. “Nós vamos dar a notícia para o locatário amanhã de manhã.” O carro entrou em outro buraco e ele soltou mais uma lista de xingamentos. “Indo para a casa do lago da sua mãe, Sr. Kelly?” Bates perguntou, mesmo que já soubesse a resposta. “Sim. Ela está lá com Caleb e fez chantagem emocional para que eu fosse a um jantar especial que ela ganhou em um leilão de caridade.” “A sua mãe sempre foi tão filantrópica.” E felizmente, as suas doações ajudaram a diminuir os impostos anuais da empresa. “Sendo assim, eu vou deixar você desfrutar da companhia dela.” Bates desligou antes que Adam tivesse a chance de fazer outra pergunta. Ele parou na frente da casa dos seus pais e verificou seus e-mails mais uma vez, esperando ver uma mensagem do aclamado chef austríaco aceitando a sua proposta de abrir um restaurante em Chicago. Até que ele soubesse com certeza que o acordo estava fechado, ele continuaria tomando antiácidos como se fossem M&Ms. Infelizmente, ele havia perdido o sinal 4G a mais ou menos 30 quilômetros atrás. Ele jogou o telefone no banco do passageiro e saiu do carro. Quanto mais rápido o jantar acabasse, melhor para ele. Um latido grave o saudou da varanda. Jasper, o cão da montanha da sua mãe, levantou a cabeça e balançou o rabo como boas-vindas. Adam parou para acariciar o pelo grosso do cão. “Você está se comportando, garoto?” Jasper latiu em resposta e pulou, correndo pela porta, assim que Adam a abriu. Ele tentou segurar o cão, mas os seus dedos mal tocaram na coleira antes que Jasper se soltasse. Jasper correu direto para a cozinha, escorregando ao fazer a curva. Adam correu atrás dele. Uma panela de metal soou na cozinha, seguida de um grito agudo. Ele andou mais rápido, seus pulmões apertados, seu maxilar cerrado. O maldito cachorro vai matar alguém um dia desses. Ele parou quando chegou até a cozinha, seu medo evaporando e se transformando em riso. Jasper estava de pé, com as patas dianteiras nos ombros de uma mulher pequena que estava pressionada contra o balcão, sua língua lambendo tão rápido quanto o seu rabo balançava. Ela tentou afastar o cão de mais de 50 quilos. “Já chega, Jasper.” Ele conseguiu colocar um braço entre eles. “Sinto muito por isso. Eu —” A voz dele vacilou quando ele viu o rosto dela. Olhos tão verdes não podiam ser naturais. “Tudo bem” — disse ela com um sorriso. “Aparentemente, Jasper gostou um pouco demais de mim.” Adam não podia culpá-lo. A mulher tinha lábios que dariam inveja em Angelina Jolie. Eles se abriram, a alegria tranquila do sorriso dela transformando-se em um convite sensual que ele seria louco de recusar. Ele se aproximou dela. Foi então que Jasper decidiu pular. As patas do cão conectaram-se com as costas dele; a força total do peso de Jasper empurrou Adam para cima da mulher. Ele se apoiou no balcão para protegê-la, mas o suave “hum” que saiu do peito dela o informou que ele não havia tido o

sucesso que esperava. “Desculpe, novamente.” “Não, está tudo bem. Eu —” Agora era a vez dela de sofrer uma perda da voz. O corpo dela ficou imobilizado embaixo do dele. Os centros escuros dos olhos dela cresceram, intensificando o círculo verde ao redor deles. A respiração quente e rápida de Jasper inundou a nuca dele, mas Adam não se importou. Naquele momento, sua atenção estava focada na estranha na cozinha da sua mãe. As suas curvas suaves se apertavam contra ele, enviando todo o sangue para o seu pênis, como uma onda terrivelmente agradável. Faziam meses desde que qualquer mulher o tinha excitado desta forma, e nenhuma o havia feito tão rápido quanto essa donzela em perigo. Se eles estivessem sozinhos em seu apartamento, ele a pegaria nos braços agora mesmo e a carregaria para o quarto onde ele iria saborear toda a beleza excitante dela em particular. Em vez disso, ele estava na casa do lago da sua mãe, ficando encharcado com a baba do cachorro dela enquanto a sua família assistia esta situação constrangedora da porta da cozinha. “Jasper, menino mau!” — disse sua mãe no mesmo tom que ela havia usado com Adam e seus irmãos quando eles eram crianças. O tom teve o mesmo efeito no cachorro que tinha nele, e os dois afastaram-se. Adam segurou a coleira de Jasper antes que ele pudesse atacar a pobre mulher novamente. “Agora, eu sei por que você estava na varanda,” — disse ele para o cão. “Quantas vezes eu lhe disse para não pular nas pessoas?” — resmungou sua mãe, a raiva sumindo das suas palavras com cada movimento do seu dedo. Claro, era Adam que queria pular na convidada da sua mãe alguns segundos antes. Talvez, o cachorro estivesse certo, afinal. “Adam, por favor, leve-o para fora antes que ele machuque mais a pobre Lia.” Lia. Então, esse era o nome da mulher. Ela se endireitou, um leve tremor nas suas mãos enquanto arrumava os cachos castanho-dourados que haviam caído sobre o seu rosto durante a situação. O rosado das suas bochechas intensificou-se. “Eu estou bem, Sra. Kelly. Só estou um pouco assustada.” Ela olhou para ele novamente, o calor em seu olhar confirmando a suspeita dele de que ela havia ficado tão afetada pelo contato entre eles quanto ele. Então, ela se virou e começou a recolher os legumes picados que haviam se espalhado pelo balcão. “Vamos lá, seu cãozinho gigante.” Foram necessárias várias puxadas antes que Jasper obedecesse e saísse da cozinha com o rabo entre as pernas. Depois de ter levado o cão para fora com segurança, dois dos seus irmãos mais novos o surpreenderam no corredor. “Nada mal, não é?” Dan perguntou. “É, a mamãe pode ter acertado na loteria desta vez” — Caleb adicionou. Adam os empurrou. “Do que vocês dois estão falando?” “Como se não fosse óbvio.” O riso acompanhou as palavras de Caleb. “Sinto muito, Adam, mas eu acho que Lia não está no menu.” “Seja justo.” Dan cruzou os braços, tentando parecer sério, mas o brilho em seus olhos não tinha nada de sério. “Eu acho que o Adam não tem nenhuma chance, com Jasper pronto para pular na Lia sempre que chega perto dela.” “É verdade. O Adam perdeu a prática com as garotas.”

“Vamos verificar o que o dado mágico tem a dizer. Você precisa de pelo menos um sete para competir com Jasper.” Dan tirou o pedaço de plástico vermelho com 20 lados do bolso, onde ele o guardava desde quando eram meninos, e o rolou no chão. “Opa. Um cinco. Poucas chances de você se dar bem hoje à noite.” “Tudo bem, meninos. Divirtam-se às minhas custas.” Ele olhou para a sala onde a sua mãe conversava com outra mulher com os mesmos lábios fartos da mulher na cozinha. “Deixe-me adivinhar — Lia é a filha de uma das amigas da mamãe.” “Bingo” — Caleb respondeu. “Eu estou tentando entender como elas conseguiram armar essa. De alguma forma, mamãe ganhou-a em um leilão.” “E claro, o que poderia ser melhor para que nós a víssemos como uma esposa em potencial do que ficarmos encantados com os seus talentos culinários?” — Dan adicionou. Adam esfregou a nuca. Como o mais velho, ele havia sido vítima de várias armações românticas da mãe. Ele apontou o dedão para a cozinha. “Ela está por dentro do plano?” “Não.” — Caleb riu. “Na verdade, eu fiquei com a impressão de que ela está no mesmo barco que nós.” Pelo menos, ele não precisaria se preocupar com a possibilidade de Lia ser uma debutante oportunista que estava interessada na fortuna da família Kelly. Não que todas as mulheres que a sua mãe havia apresentado a ele fossem assim. Mas todas tinham o casamento como objetivo. Lia seria diferente? “O que vocês acharam dela?” Ele observou os irmãos para identificar qualquer fagulha de interesse. Era uma regra implícita dos irmãos Kelly que nenhum deles daria em cima de uma garota que um deles queria. Dan encolheu os ombros. “Ela é legal, mas eu estou ocupado demais tentando sobreviver à residência para sair com alguém, principalmente quando existe uma emergência cheia de enfermeiras gostosas com quem eu posso me envolver.” “Caleb?” “De jeito nenhum. Você já viu a Kourtney?” Ele levantou o seu celular para mostrar a foto de uma mulher com cabelos oxigenados e peitos tão grandes que Adam se perguntou se ela conseguia caminhar reto. As sobrancelhas de Dan franziram enquanto ele estudava aquelas mesmas características impressionantes. “Eles são falsos.” “Quem se importa?” Caleb pegou o telefone de volta e guardou-o no bolso. “Eu só estou feliz por ela ter concordado em se mudar para Utah comigo.” Pela primeira vez, Adam ouviu um tom ansioso na voz do irmão. “As coisas estão sérias com essa?” “Possivelmente.” “A mamãe já a conheceu?” As pontas das orelhas de Caleb ficaram vermelhas e ele se recusou a olhar Adam nos olhos. “Hum, sim.” Dan aproximou-se e sussurrou “As coisas não foram bem”. Adam suspirou. Quando eram mais jovens, ele sempre sabia o que estava acontecendo na

vida dos seus irmãos. Por que ele não sabia disso? “Quando isso aconteceu?” “Há dois meses, quando a mamãe veio até a Flórida.” Caleb passou os dedos pelo cabelo ralo. “Kourtney tentou impressioná-la, mas mamãe não facilitou as coisas para ela.” Com base na foto que Caleb havia acabado de mostrar, ele pôde imaginar a conversa entre a sua mãe da alta sociedade e um mulher que parecia ter ganho o papel principal em um filme pornô. “Se você quiser que eu tente suavizar as coisas —” Caleb o silenciou ao levantar a mão. “Não se preocupe com isso, Adam. Eu já cuidei de tudo. Você tem o suficiente com que se preocupar na empresa.” A empresa que nenhum dos seus irmãos queria administrar. O pai deles havia feito uma fortuna com imóveis em Chicago, mas apenas Adam havia mostrado algum interesse em assumir os negócios quando ele morreu, há seis anos. O restante dos seus irmãos perseguiu seus próprios interesses, deixando-o sozinho para carregar o fardo. Era o que era esperado dele, e o papel de irmão mais velho não era fácil de superar. “Mas se você precisar de ajuda ou conselhos, você sabe onde me encontrar.” “Valeu, mano.” Caleb bateu no punho de Adam e deu-lhe um meio abraço. “Mas, só para você saber, eu não estou pensando em propor casamento ou qualquer coisa do tipo até eu voltar de Bagram. Eu preciso me concentrar lá, não ficar respondendo e-mails sobre frescuras de casamento.” “Bom plano.” Adam deu-lhe um tapinha nas costas e seguiu os irmãos até a sala de jantar com vista para o lago. Lia estava colocando uma bandeja no centro da mesa. “Ah, vocês chegaram na hora certa. Eu estava prestes a chamar todo mundo para os aperitivos.” Aquela onda incontrolável de calor inundou-o enquanto ela circulava a mesa, ajustando os pratos e talheres. O balanço suave dos seus quadris fazia os dedos dele coçarem para acariciar as suas curvas, segurar aquele traseiro empinado e pequeno e sentir o seu corpo contra o dele novamente. “Você não vai comer conosco, Lia?” A mãe dele entrou na sala e se sentou na ponta da mesa. Foi então que ele notou que a mesa estava posta para apenas cinco em vez de seis. Lia parou na porta que dava para a cozinha. “Desculpe, Sra. Kelly, mas eu preciso continuar a cozinhar se quiser servir cada prato na hora certa.” “Não se preocupe, Maureen”, disse a mãe de Lia, sentando na frente da mãe dele. “Eu vou garantir que ela faça um intervalo e sente conosco por alguns minutos.” Adam, no entanto, ficou feliz em saber que Lia passaria a maior parte da noite na cozinha. Ele não iria conseguir comer nada se tivesse uma ereção contínua durante a janta inteira. Ele sentou ao lado da mãe e investigou a bandeja retangular que Lia havia colocado no centro da mesa. Fileiras de bruschetta, azeitonas, frios fatiados finamente e outros petiscos italianos preenchendo-a de um lado ao outro. Ele a levantou para que a sua mãe pudesse escolher o que queria antes que ele colocasse alguns itens em seu prato. “O que são aquelas coisas fritas?” Dan perguntou quando a bandeja chegou até ele. “Morangas” — a mãe de Lia respondeu. “É uma entrada popular na Itália.” Imagens de um jantar pesado e cheio de massas passaram pela mente de Adam, mas a

primeira mordida de bruschetta o surpreendeu. Era fresco e com um sabor de alho, e um toque sólido de tempero no fim. Certamente não era o típico prato italiano que ele havia experimentado antes. “Gostou, Adam?” — sua mãe perguntou com um sorriso. “Lia é uma das melhores chefs de Chicago.” Apesar do fato de esta ser mais uma das suas armações para apresentá-lo para uma “boa garota”, talvez a refeição em si seria prazerosa. Ele pegou outro pedaço de bruschetta antes que os irmãos pegassem todos. “Muito bom.” Ao experimentar cada item na bandeja, ele percebeu que Lia havia preparado um prato tradicional italiano e adicionado algo diferente. O melão enrolado em prosciutto escondia um palito de pepino dentro, e as azeitonas estavam banhadas em óleo cítrico. “Isto é fabuloso. Em qual restaurante ela trabalha?” “No La Arietta” — a mãe dela respondeu. Havia algo de familiar naquele nome. Talvez, um dos amigos dele houvesse comentado sobre ele no passado, mas ele estava definitivamente entrando na lista de lugares para levar um cliente quando quisesse impressioná-lo. A bandeja se esvaziou mais rápido do que ele esperava, deixando a sua boca salivando por mais. Era a desculpa perfeita para ir até a cozinha e saber mais sobre a chef. Ele pegou a bandeja e se levantou. “Eu vou ver se ela tem mais.” Mas, no momento em que ele colocou os olhos nela, sua língua ficou pesada e desajeitada. A frustração subiu pelas suas costas. Ele havia saído com modelos, conhecido políticos renomados, socializado-se com a elite de Chicago por anos e nenhum deles havia comprometido a sua confiança. No entanto, aqui estava ele, lutando para encontrar uma maneira de dizer à Lia que havia gostado da comida dela. Ela estava de costas para ele enquanto mexia algo em uma panela, seus quadris balançando como se ela estivesse dançando e não cozinhando. Ela havia feito um rabo-de-cavalo no cabelo, mas alguns cachos rebeldes haviam conseguido se soltar na sua nuca. A camisa que ela estava usando mais cedo estava amarrada na sua cintura, a blusa que havia estado por baixo dela permitiu que ele visse melhor a sua pele suave e beijada pelo sol. Ela cantarolava enquanto trabalhava, cada mexida da sua colher liberava os aromas de alho e ervas frescas no ar. Ela se virou e congelou quando o viu. “Algum problema?” A bandeja ficou pesada nas mãos dele, lembrando-o da razão pela qual ele havia ido até lá. “Eu queria saber se você tinha mais.” Ela riu e levou a sua panela até o balcão central. “Se você comer muito antipasti, não vai ter espaço para a prima.” Em algum lugar da sua mente, ele lembrou que o prato prima na Itália geralmente envolvia massas. Mas o prato que ela estava preparando agora parecia com arroz. Ele se aproximou para examiná-lo. “E este é o prato?” Ela confirmou. “Orzo con verdure estive arrosto.” “Em português?”

“Orzo com legumes de verão assados.” Ela colocou uma porção de orzo com pedaços de moranga, abobrinha, corações de alcachofra, aspargos, tomates e cogumelos em cada prato antes de oferecer uma colher a ele. “Quer experimentar?” “Desde que não tenha camarões.” “A mamãe comentou que alguns de vocês não eram fãs de camarão. Não se preocupe — o prato é totalmente vegetariano.” Uma harmonia de sabores vibrou em sua língua quando ele provou. O manjericão fresco, o parmesão rico, o limão acre e o suave azeite de oliva equilibravam um ao outro e o deixaram querendo pegar uma colher e limpar a panela. Ela o observou com expectativa, seu sorriso confiante instigando-o a experimentar mais do que a comida que ela preparava. Ele se afastou antes de perder o controle sobre si mesmo. “Está muito bom.” “Eu sei.” Ela colocou a panela na pia e regou um pouco de azeite de oliva sobre cada prato de orzo. “É um dos meus pratos mais populares.” Ele a observou limpar as bordas de cada prato antes de complementar a massa com algumas lascas de parmesão e um ramo de manjericão. “Você fez algum curso de culinária?” “Eu passei três anos na Itália, aprendendo com as minhas tias primeiro, antes de finalmente ter a coragem de me matricular em um curso lá.” “E é isso que você sempre quis fazer?” “Nem sempre, mas quando eu descobri a minha paixão, nunca consegui deixá-la de lado.” Ela olhou para ele com um sorriso largo. “Você já se sentiu assim por algo, foi pego totalmente de surpresa e não percebeu o quão envolvido você estava até que isso o consumiu por inteiro?” Antes de hoje, ele poderia ter dito que o seu trabalho o consumia, mas ele não mantinha a sua atenção e o fazia perder o fôlego, como Lia fazia. Sua pulsação se acelerou, não por estresse, mas pela excitação e a antecipação, enquanto ela falava da sua paixão. Se ele pudesse ter um décimo daquela paixão... Ele estreitou o espaço entre eles, como se fossem dois pólos opostos de um ímã, a força grande demais para que ele pudesse resistir. “Eu acho que faço uma ideia do que você está falando.” Ela lambeu os lábios, um ato de sedução que ele havia visto dezenas de mulheres praticarem na sua presença, mas com Lia, aquilo parecia ter sido inconsciente. “É?” Deus me ajude, ela tem alguma noção do que está fazendo? Ele estava próximo o suficiente agora para sentir o leve perfume de pêssegos que exalava da sua pele. O pênis dele latejou. Ele não havia ficado tão excitado com uma garota desde o ensino médio. Ele apertou os dedos contra as palmas das mãos para não agir como um homem das cavernas e beijá-la ali mesmo. Uma explosão alta de risos veio da sala de jantar, como se os seus irmãos pudessem ver a situação dele através da porta de madeira. O seu desejo se extinguiu, ele deu um passo para trás, terrivelmente ciente da expressão confusa na boca dela enquanto ela o observava. “Deixeme ajudá-la a levar o próximo prato.” Ela piscou várias vezes antes de murmurar um “obrigado” abafado e pegar três dos pratos. Ele pegou os outros dois e a seguiu até a sala de jantar, colocando um na frente da sua mãe antes de colocar o outro na frente da sua cadeira. A sua mente estava confusa, como se ele

tivesse bebido demais, apesar de não ter tocado em uma gota de álcool. O suor descia pela sua nuca. Enquanto Lia estivesse na cozinha, ele precisava ficar fora de lá. “Você está bem, Adam?” — Dan perguntou, com uma sobrancelha levantada. “Sim” — ele respondeu, sacudindo o guardanapo e o colocando no colo. “Tudo ótimo.”

Capítulo Dois Lia apertou as palmas das mãos contra as bochechas para refrescá-las. Que diabos havia acabado de acontecer? Em um momento, Adam parecia estar dando em cima dela e então — BAM! — ele estava recuando como se tivesse acabado de descobrir que ela tinha a peste. Ela tirou os peitos de frango que havia preparado da geladeira e bateu neles com o martelo. Não importava que ela já tivesse os deixado na espessura que precisava para a receita — ela só queria bater em algo. Ainda mais frustrante havia sido a reação dela. Normalmente, ela teria considerado aquela aproximação de um homem como uma invasão do seu espaço. Em vez disso, ela teve que controlar o impulso de colocar os braços ao redor do pescoço dele e puxar os lábios dele para os dela. “É só porque ele é um homem bonito e não transo a mais tempo do que quero admitir.” — ela murmurou enquanto empanava os peitos de frango e os colocava na frigideira quente. “Eu não tenho tempo para me envolver com ninguém, muito menos com ele.” Claro, ele podia saciar a vontade dela e acabar com o assunto… Nem comece. Adam Kelly estava na categoria dos super sexy, com aqueles olhos azuis penetrantes e cabelo escuro, mas a experiência a havia ensinado que homens como ele eram incapazes de serem fiéis a uma mulher, e ela não tinha interesse nenhum em ser a outra mulher. Ela preferia se concentrar no jantar e não permitir que ele a distraia. Quinze minutos depois, ela havia servido o próximo prato e estava pronta para levá-los aos Kellys. Depois disso, ela só precisava preparar o dolce e guardar as coisas. Fim. Terminado. Longe de Adam Kelly e de volta em casa, onde ela poderia sonhar com o prato do dia de amanhã no La Arietta. A sua força de vontade desmoronou quando ela sentiu os olhos dele nela. Ele seguia todos os seus movimentos, enquanto ela colocava o secondo na frente dos irmãos dele e retirava os seus pratos do prima. Quando ela finalmente chegou a ele, o seu estômago estava gelado. “Isto parece delicioso”, disse ele, mas não estava olhando para a comida. A pele dela queimava. “E é”, ela conseguiu dizer antes que as suas mãos começassem a tremer. “Deixe que eu pego.” Ele esticou o braço e pegou o prato, suas mãos roçando nas delas e dobrando a intensidade do calor pulsante no ventre dela. Ela engoliu o gemido, soltando o prato como se tivesse sido atingida por uma descarga elétrica. “Não deixe o Adam assustar você” — disse Caleb do outro lado da mesa. “Ele sempre consegue o que quer e não tem medo de pegar o que quer.” Sempre consegue o que quer, huh? Ele a seguiria até a cozinha e a agarraria? Ele continuava a observando, talvez esperando algum tipo de convite da parte dela. Se ela o fizesse... Não, não comece. Nem sequer alimente a fantasia. Ela seria uma profissional e trataria isso como se a família Kelly estivesse em seu restaurante. Ela limpou as mãos no seu avental como se quisesse remover a memória do toque dele. “Eu

espero que vocês gostem. Deixem espaço para a sobremesa.” “Eu definitivamente vou deixar.” Ai meu Deus, a forma como ele disse aquilo quase a fez querer se oferecer como sobremesa. Ele continuaria a ter aquele tom rouco e grave na voz quando estivesse provando a pele dela? Ela fugiu para a cozinha o mais rápido possível. **** A culpa fez o peito de Adam se apertar quando Lia correu para a cozinha. Ele não queria assustá-la. Talvez, ele tivesse interpretado mal os sinais dela. Talvez, ela fosse algum tipo de solteirona reclusa que ficava aterrorizada quando um homem a tocava. A ideia mal afetava a forte atração que ele sentia toda vez que ela entrava na sala. “Eu não sei o que deu na Lia hoje”, disse a mãe dela. “Ela costuma ser tão amigável, sempre pronta para participar da conversa.” “O fato de Adam ter arrancado o prato dele das mãos dela não deve ter ajudado”, Caleb respondeu. “Muito educado, mano.” “Eu só estava tentando ajudar. Parecia que as mãos dela estavam cheias demais.” E ela estava prestes a derrubar tudo em mim. “Talvez você devesse se desculpar com ela.” A mãe dele disse as palavras com um sorriso doce, mas o tom era o mesmo que ela usava quando sugeria que ele fosse para o quarto dele e pensasse sobre qualquer traquinagem que ele tivesse feito quando criança. Ele olhou para a porta da cozinha como se ela fosse um portal para o inferno, um lugar de tormento eterno. “Eu vou dar alguns minutos para que ela se acalme. Além disso, eu quero comer enquanto a comida ainda está quente.” Mais uma vez, o prato de Lia o surpreendeu. Era um peito de frango fino empanado, mas ela o havia coberto com rúcula, tomates cereja e um molho refrescante de mostarda com limão. A combinação de sabores e texturas produziu a mesma harmonia que ele havia começado a esperar dela. Ele o devorou, capturando as últimas gotas de molho com o pão quente que estava na mesa. “Eu tenho certeza de que Lia adoraria saber que você gostou da refeição”, disse a mãe dele antes que ele tivesse terminado de mastigar. Em outras palavras, o tempo dele havia acabado, e se ele não conseguisse inventar alguma desculpa, ele teria que ir direto para a cozinha. “Sim, mãe.” Ele se levantou e se esticou, fazendo tudo o que podia para adiar a inevitável tortura que o aguardava do outro lado da porta. Ele podia agir como adulto e ignorar a fome que o consumia. Desde que ele não olhasse para ela, não permitisse pensar nas maravilhas das suas curvas, não se perguntasse sobre o sabor dos seus lábios, ele estaria bem. Afinal, ela era apenas uma das amigas da mãe dele. Ele abriu a porta e espiou dentro da cozinha. Lia estava na frente do balcão central, derramando um molho rosa forte sobre pequenas tigelas de sorvete laranja. Quando terminou, ela colocou um pouco do molho no dedo, pronta para lambê-lo com a ponta da língua. Droga, ela não sabia que não deveria fazer isto na frente de um homem? “Você não consegue resistir a sua própria comida?”

Ela pulou, olhos arregalados, o molho espalhando-se pelos cantos daquela boca sensual. “Eu só queria ter certeza de que os sabores haviam tido tempo suficiente para se misturarem.” “Sei.” Ele se aproximou dela lentamente, cada passo um exercício de controle. “E?” Ela se afastou até bater no balcão oposto. “E o quê?” “Eles se misturaram?” Ele estava na frente dela agora, desesperadamente lutando contra a vontade de provar o molho nos lábios dela. A língua dela apareceu novamente, removendo um pouco do molho. “Eu acho que sim.” Antes que ele percebesse o que estava acontecendo, o dedão dele estava na bochecha dela, limpando o que ela não havia conseguido alcançar. Ela ficou sem fôlego quando o dedo percorreu a beirada do lábio inferior dela. Ele era tão macio, tão carnudo. Praticamente implorava para ser mordido quando ele a beijasse. Em vez disso, ele retirou a mão e provou o que estava no seu dedão. Framboesa, com um toque de rum e menta. “Eu concordo.” A tensão se aliviou nos ombros dela. “Eu o combinei com sorvete de melão.” Isso mesmo—foque na comida, não nela. “Combinação interessante, mas eu não esperaria nada menos de você.” O elogio veio naturalmente. O estômago dele relaxou. Pronto. Ele podia conversar com ela sem ser perturbado por pensamentos sexuais a cada três segundos. “Eu espero que a sua família goste também.” “Eu tenho certeza de que eles gostarão.” Apesar da tranquilidade dele, ela continuava apertada contra o balcão, lembrando-o da razão pela qual ele havia entrado na cozinha. “Eu queria me desculpar se fiz algo que deixou você desconfortável esta noite.” “Eu acho que é como o seu irmão disse — você está acostumado a ter tudo o que quer.” A voz dela tinha um tom desafiador. “Mas eu deveria esperar isso de alguém como você.” “Alguém como eu?” Ele cruzou os braços, se recusando a se mover até chegar ao fundo daquilo. “E o que isso quer dizer, exatamente?” “Exatamente isso. Você é rico, bonito.” O ego dele se estufou, até que ela adicionou, “Eu aposto que você achou que eu faria tudo para ter a sua atenção.” “O quê?” Ela passou por ele e colocou ramos de menta nas tigelas. “Vamos encarar os fatos, Adam. Nós dois fomos atraídos aqui porque as nossas mães acham que sabem o que é melhor para nós, quando é óbvio que nós somos pessoas muito diferentes.” A rejeição dela doeu, deixando-o desesperado para defender o seu orgulho. “Talvez, mas você sabe que, às vezes, duas coisas muito diferentes funcionam juntas.” Ele pegou três tigelas e levantou-as para provar a sua teoria. Ela o encarou com uma aspereza que ele desejou ter visto antes. “Você está dizendo que me acha atraente?” “Eu acho que isso está bastante óbvio.” Se não estivesse, ele ficaria feliz em provar isto a ela. Um tom rico de rosa tingiu o rosto dela. “Você certamente tem um jeito estranho de demonstrar isso.” “É difícil quando a minha mãe, meus irmãos e Jasper ficam interrompendo.”

Isso a fez rir. Os olhos dela brilharam, depois se desviaram dos dele. Ela puxou um cacho para trás da orelha. “Será que existe algum lugar para irmos onde não precisaremos nos preocupar com interrupções?” O pênis dele pulsou e a sua boca secou. Esse era o convite que ele estava esperando? Ele tentou pensar em algum lugar para onde eles pudessem ir antes de se decidir pelo barco. “Gostaria de me encontrar no cais em alguns minutos para um passeio ao pôr-do-sol?” “Claro, desde que a minha mãe não esteja com pressa para voltar para Chicago.” “Eu duvido disso — ela e a minha mãe tem conversado sobre estratégias de bridge a noite toda.” Ele levou a sobremesa para a sala de jantar com um passo acelerado. Ao fim da noite, ele finalmente entenderia a sua estranha reação à Lia e, talvez, poderia satisfazer a sua curiosidade de qual seria a sensação de ter os lábios dela embaixo dos dele. “Tudo bem, querido?” — a mãe dele perguntou. “Tudo ótimo, mãe. Eu me ofereci para levar Lia para passear de barco por esta parte do lago.” Ele se virou para os irmãos e adicionou, silenciosamente, sozinho. Dan assentiu. “Boa ideia. Eu vou ter que ir embora daqui a pouco mesmo. Estão me chamando.” Ele levantou o seu pager como se quisesse reforçar o que havia dito, mas era mais provável que ele quisesse voltar para alguma das enfermeiras de quem gostava no momento. “E eu preciso ligar para Kourtney”, disse Caleb, causando uma careta quase imperceptível da sua mãe. Adam definitivamente precisava descobrir o que havia acontecido na Flórida antes que o seu irmão fosse para o Afeganistão, mas isso podia esperar. Agora, a coisa mais próxima a um encontro que ele havia tido nos últimos seis meses estava esperando por ele no barco. **** Lia andou na ponta dos pés pelo cais, com medo de que algum som mais alto fizesse Jasper correr atrás dela novamente. Mas ao chegar mais perto do barco, um sussurro de dúvida ecoou na sua mente. Que diabos eu estou fazendo aqui? Eu vou até lá, sozinha, com um homem atraente que provavelmente vai me fazer querer jogar as minhas calcinhas na água em uma questão de segundos. Em sua defesa, no entanto, Adam havia sido um gentleman... até agora. Talvez, tudo o que ele queria era conversar. Então, por que isso a desapontava tanto? O sol estava baixo no horizonte, pintando as nuvens de rosa e laranja e transformando a água em fogo. Se Adam queria levá-la para apreciar o pôr-so-sol, o passeio seria curto. A noite estava chegando, o que significava que ela teria que desviar dos cervos naquela estrada de terra em escuridão total para voltar para casa. Isto é uma má ideia. Eu devia ir agora, antes que — Ela se virou e esbarrou em Adam. O cheiro de sabonete se misturando com o leve traço de colônia de rosas da pele dele preenchendo as narinas dela e transformando as suas entranhas em gelatina. Por que ela não havia notado o perfume dele antes?

Ele colocou as mãos nos ombros dela, firmando-a. “Você está bem?” Ela conseguiu acenar, mesmo que o seu coração estivesse batendo na sua garganta. “Então, por que você parece estar apavorada?” “Eu... hmm....” Qualquer coisa, menos a verdade. “Eu estou preocupada com a possibilidade de Jasper vir atrás de mim de novo.” Adam riu e caminhou com ela pelo cais. “Ele não machucaria uma mosca. Além disso, eu o prendi na varanda, então você não precisa se preocupar com nada.” Se ele soubesse. “Quando você disse barco, eu não estava esperando um pequeno iate” — disse ela quando eles pararam na frente da lancha moderna de 10 metros. Ele encolheu os ombros, como se fosse uma canoa e madeira, e a ajudou a entrar. “Não é a coisa mais impressionante no lago, mas tem um pequeno galé, se você quiser uma taça de vinho.” Ela entrou no pequeno quarto na parte de baixo. O “galé” tinha um frigobar — cheio de cerveja, vinho e refrigerante—, um micro-ondas e um cooktop com duas bocas. Não era muito, mas era o suficiente para passar um dia no lago. Claro que ela não havia deixado de perceber a pequena cama em um canto na parte da frente da cabine. Quantas mulheres haviam dado passeios ao pôr-do-sol e acabaram embaixo das cobertas? O barco balançou de um lado para o outro e o motor ganhou vida. Ela serviu uma taça de chardonnay para os dois e voltou para o deque, sentando ao lado de Adam. “Você sai com ele frequentemente?” Ele balançou a cabeça. “Meus irmãos o usam mais do que eu. Fazia dois anos que eu não entrava aqui.” Então, esqueça a ideia de entrar para debaixo das cobertas. O barco deslizava pela água a uma velocidade calma, enquanto Adam apontava algumas das casas vizinhas e pontos de referência. As estrelas estavam brilhando acima deles quando ele deu meia volta e começou a fazer o caminho de volta para a casa. “Me desculpe por parecer um guia de turismo.” “Não se desculpe. É um ótimo passeio.” Ela não sabia se era o vinho ou o fato de que ela havia passado meia hora com ele sem a tensão sexual que eles haviam sentido antes, mas ela havia finalmente ficado confortável com Adam Kelly. Ele olhou para a água em sua frente. “Então, você está saindo com alguém?” “Não. Eu estou ocupada demais com o meu restaurante. Estou lá todas as noites, o que não me deixa tempo para namorar.” Meu Deus, isso realmente soou tão patético quanto eu acho que soou? “Eu entendo completamente. O trabalho me mantém bastante ocupado também.” Pelo menos, eu não sou a única obcecada com trabalho a ponto de não ter uma vida social. “Que tipo de trabalho você faz?” “Eu administro alguns imóveis que o meu pai construiu. Quando ele morreu, eu tive que assumir a função dele.” “E era isso que você queria fazer?”

Ele encolheu os ombros novamente. “Eu sou o mais velho. Era o que esperavam que eu fizesse.” “E daí? A minha mãe esperava que eu me casasse depois de terminar a faculdade e já tivesse lhe dado meia dúzia de netos, mas você pode ver que eu não fiz isso. Qual é a sua desculpa?” A luz do luar brilhou nos dentes brancos dele quando sorriu. “Ok, você me pegou. Eu gosto dos negócios. É sempre um desafio pegar o que o meu pai deixou e transformar isso em algo melhor. Por exemplo, eu estou tentando convencer Amadeus Schlittler a abrir um restaurante em um dos meus prédios no centro.” Os olhos dela se arregalaram. “O Amadeus Schlittler?” “O próprio.” Ela assoviou baixo. “Se você conseguir convencê-lo, vai fazer um ótimo negócio. Eu ouvi falar que o restaurante dele em Nova York está lotado por um ano.” “Bingo. E isso irá ajudar a aumentar a receita das outras empresas no prédio, o que irá me permitir aumentar o aluguel delas, o que vai aumentar o meu lucro.” “Parece que você tem tudo planejado. Você seria um tolo em deixar esta oportunidade passar.” “Bem, ainda não há nada confirmado. Eu tenho um lugar que pode ser ideal para ele, mas existem algumas questões que eu preciso resolver antes.” “Eu espero que tudo vá conforme o planejado.” Uma rajada de vento cruzou o lago, atravessando o tecido fino da blusa dela e arrepiando a sua pele. Ela tremeu e cruzou os braços sobre o peito. Adam desligou os motores. “Deixe-me pegar um cobertor para você.” Ele voltou do galé alguns minutos depois e a cobriu com uma colcha de flanela. “Eu tinha esquecido como as noites podem ser frias na água, mesmo com a chegada do verão.” Ela se cobriu ainda mais com a colcha. “Obrigado.” Ele se ajoelhou na frente dela e esfregou os seus braços, seus movimentos ficando cada vez mais lentos. Ele parou e olhou para ela. “Sabe, eu ainda não consegui o que eu queria esta noite.” Ela se preparou para o grande discurso que envolveria um pedido por sexo, mas, em vez disso, Adam simplesmente se aproximou e tocou os lábios dela com os dele em um beijo extremamente suave. Uma onda de calor a inundou, começando na boca e descendo para as pontas dos seus dedos. Ela se esqueceu do frio durante aqueles poucos segundos. “Agora, eu consegui o que queria”, disse ele, com sua voz rouca e contida. “E isso era tudo o que você queria?” As palavras saíram antes que ela percebesse o que estava dizendo, mas o beijo dele a deixou querendo mais. Ela queria os lábios dele nos dela novamente, seus braços ao redor dela, seu corpo contra o dela enquanto ele a beijava, até que ela ficasse tonta de tanto prender a respiração. “Eu não queria ter esperanças demais.” “Eu agradeço por isso.” Ela passou os dedos pelo cabelo dele e o puxou para si até que os seus lábios se tocaram novamente. Desta vez, não havia nada doce e hesitante no beijo. Ela abriu a boca prontamente para ele

quando a sua língua cruzou a abertura, e o segurou enquanto ele fazia sua cabeça girar, como ela queria. A colcha caiu dos ombros dela, seguida pela sua camisa, deixando-a com a blusa de alcinha fina que ela usava por baixo. As mãos dele espantaram o frio que ameaçava a pele nua dela, acariciando seus braços, seus ombros. Os lábios dele continuaram, criando uma trilha de calor pelo seu pescoço e peito. Uma das alças caiu do ombro dela, seguida por uma puxada que o deu acesso ao seio dela. Ele passou seu dedão pelo bico rijo, provocando-o por um segundo antes de colocá-lo na boca. Um gemido saiu da boca dela enquanto Adam alternava entre usar os dentes e a língua no pedaço sensível de carne. Ela deslizou para fora da cadeira e sentou no colo dele, apertando o corpo contra o dele. A elevação rija do pênis dele embaixo dos jeans a agradava e a atormentava. Ela se esfregou contra ele, incentivando-o a continuar. “Meu Deus, Lia.” Ele segurou os quadris dela e a fez parar. Seus lábios abandonaram o seio e devoraram a sua boca mais uma vez, até que os dois estivessem sem fôlego. “Você tem um sabor ainda mais delicioso do que eu imaginava.” “Então, não pare”, ela pediu antes que perdesse a coragem. Talvez, ela não tivesse tempo para um namoro, mas não iria recusar o que poderia ser o melhor sexo da sua vida, se as preliminares fossem alguma indicação. A camiseta dele foi tirada em um instante, seguida pela blusa dela. O pelo áspero no peito dele arranhou os seus mamilos já sensíveis. O seu sexo vibrava cada vez que a língua dele dançava ao redor da dela, cada vez que as mãos dele desciam pelas suas costas, cada vez que ele esfregava a sua ereção nela. Se ela não tivesse cuidado, iria gozar antes que ele a penetrasse. Os dedos dele se prenderam à cintura dos jeans dela. Seus beijos se aceleraram, revelando que o desejo dele era tão desesperado quanto o dela. Ele se esticou para pegar a colcha atrás dela e cobrir as suas costas nuas antes de levá-la até o deque. Então, com o que deveria ser uma habilidade bem praticada, ele abriu os jeans dela e colocou a mão em suas calcinhas. Ela gemeu o nome dele quando ele encontrou o seu clitóris, sem poder dizer qualquer outra coisa em seu transe de desejo. Ele variou a pressão das estocadas, deslizando do pequeno botão até os recessos mais profundos do seu sexo. Cada movimento a deixava mais perto do limite, do ponto de alívio. Mas, em vez de um orgasmo enlouquecedor, ela teve a luz cegante de um refletor no rosto, seguido por uma voz saindo de um megafone que dizia: “Alguém a bordo?” Adam xingou e cobriu o peito nu dela com a colcha, movendo-se entre ela e a luz de busca do barco da polícia. “Estamos bem, Bob. Só parei um pouco o barco.” Lia só queria virar vapor, ali mesmo no deque. Se ela e Adam fossem um par de adolescentes excitados, serem pegos pela polícia não seria tão constrangedor. Mas eles eram adultos, e a polícia provavelmente viu mais do que o suficiente enquanto ela se contorcia seminua embaixo de Adam alguns minutos antes. “Só queria confirmar, Adam” — disse Bob, o policial, desta vez sem o megafone. “Diga oi para a sua mãe por mim.” “Sem problemas.” Adam bateu continência enquanto o barco da polícia afastava-se deles.

Assim que estavam novamente no escuro, ele sentou ao lado dela e passou os dedos pelo cabelo para ajeitá-lo. “Bem, isso foi embaraçoso.” “Para dizer o mínimo.” Qualquer desejo que ela sentiu havia desaparecido. Ela procurou pelas suas roupas no deque. “Talvez, nós devêssemos voltar.” Adam pegou a blusa e a camisa dela. “Tome, vista-as antes que Bob volte.” Ela estava totalmente vestida em menos de um minuto, a colcha em torno dela mais uma vez. Adam ligou o motor novamente e guiou o barco de volta para a casa da sua mãe em silêncio. A decepção cresceu dentro dela. Se os policiais não tivessem aparecido, os corpos dos dois estariam entrelaçados e sentindo o êxtase pós-coito agora. Em vez disso, ele se recusava a olhar para ela, deixando-a com mais perguntas do que nunca. Ele estava realmente interessado nela? Ou apenas queria transar? Se ela soubesse o que ele sentia por ela, talvez pudesse decidir o que queria fazer agora. O barco desacelerou ao chegar ao cais. Adam passou por ela e amarrou o barco ao ancoradouro. Quando ela tentou sair, ele a bloqueou. “Eu sinto muito por Bob ter nos interrompido daquele jeito.” “Acontece” — disse ela, ansiosa pelo fim daquela noite. Ele segurou o queixo dela para forçá-la a olhar para ele. “O que eu quis dizer é que eu me diverti, e que gostaria de ver você de novo.” “Eu achei que você estava ocupado demais para namorar.” “Eu estou, mas posso arranjar tempo para você se você arranjar tempo para mim.” Ele soltou o queixo dela e a puxou para um abraço. “Quer dizer, se você quiser me ver de novo.” Como ela poderia dizer não quando o seu corpo já estava desejando fazer coisas sacanas com o dele? “Eu acho que posso arranjar tempo para você.” “Era exatamente isso que eu queria ouvir.” Ele deu um sorriso arrogante antes de baixar os lábios para tocar os dela mais uma vez. Lia riu sem querer. Adam aparentemente sempre conseguia o que queria, e ela estava em suas mãos. Claro que, se aquelas mãos continuassem o que haviam começado no barco, ela iria se divertir enquanto aquilo durasse. Dois latidos graves vieram da casa, e um lampejo branco passou correndo pelo cais na direção deles. Os músculos de Lia retesaram, se preparando para o impacto de Jasper. “Não, não!” Adam ficou na frente dela para protegê-la do cão da montanha. “Desça, garoto!” Mas Jasper se recusou a ouvir. Ele os atacou. Lia caiu para trás. Seus pés saíram do chão. Então, a água fria do lago a envolveu.

Capítulo Três Adam batia o dedo na parte de trás do seu iPad enquanto Bates navegava pela Michigan Avenue. A noite passada havia sido um desastre de proporções épicas, mas depois de ter tirado Lia do lago, ela ainda estava disposta a lhe dar o seu número de telefone. Ela até o colocou no telefone dele, para que ele não o perdesse. Não que ele o perderia. Ele nunca havia conhecido nenhuma mulher que o excitasse como ela. Um beijo e ele já era. “Eu sinto muito pelo tráfego, Sr. Kelly. Nós devemos estar chegando em alguns minutos.” “Leve o tempo que precisar, Bates. Eu estou pensando em outras coisas.” Como quando ligaria para Lia. Por mais que ele desejasse terminar o que eles haviam começado na noite passada, ele não queria parecer um tarado qualquer, apenas interessado em sexo. Claro que ele queria sexo. Mas ele também gostava da companhia dela o suficiente para reservar tempo em sua agenda lotada para ela, e isso significava muito. E ele queria reservar tempo para ela — quase tanto quanto queria que Amadeus Schlittler abrisse um restaurante no prédio dele. “O espaço que eu mencionei ontem já está ocupado por um restaurante, então o Sr. Schlittler não terá nenhuma dificuldade em adaptá-lo para as suas necessidades.” “É bom saber.” E melhor ainda era o fato de que Bates já havia visitado o local para ele e organizado todos os detalhes. “Você disse que o locatário tinha apenas mais dois meses de contrato?” “Sim, senhor. Ela está alugando o espaço depois que a doceria foi forçada a fechar, e pediu para renovar o contrato. Mesmo que você não vá renovar, eu tenho certeza de que ela irá agradecer por você dar a notícia pessoalmente.” “Se eu não vou renovar o contrato de aluguel dela, eu acho que ela vai querer saber o porquê.” Ele se mexeu no banco. Confrontos sempre o deixavam nervoso, mas ele havia aprendido com o passar dos anos que era melhor dar más notícias pessoalmente e depois direcionar os locatários para a sua equipe, para resolver os problemas que possam surgir. Era complicado inicialmente, mas quase sempre resultava em algo bom. “Qual é mesmo o nome dela?” “Srta. Mantovani.” Ele se mexeu no banco novamente. O nome italiano trouxe mais lembranças de Lia e das coisas sacanas que ela havia sussurrado naquele idioma enquanto a língua dele circundava o doce mamilo dela. O pênis dele enrijeceu e ele pegou o telefone, se perguntando quanto tempo precisaria passar antes que ele considerasse seguro ligar para ela. Bates entrou na garagem no subsolo do prédio e digitou o seu código de entrada. Adam arrumou a gravata e tirou Lia da cabeça. Ele não precisava chegar na reunião com uma barraca armada nas calças. Um elevador levou-os da garagem até o lobby. Este era o último prédio que o seu pai havia encomendado, mas ele morreu quatro meses antes que ele estivesse terminado. Mesmo assim, Adam via pequenas partes do seu pai no prédio, desde o piso de mármore ao mogno rico da mesa da recepcionista. Mas já que este era o primeiro imóvel que Adam havia completado

como dono do negócio da família, ele havia adicionado o seu próprio estilo a ele, como as esculturas de vidro Chihuly penduradas no teto do lobby três andares acima. Se ele pudesse escolher, deixaria os detalhes do dia a dia da empresa para Bates, para que pudesse focar em criar novos imóveis e renovar os antigos com novas ideias. Bates apertou o botão do elevador para que eles subissem ao topo da torre. A vista espetacular apenas melhoraria os pratos de Amadeus. Em outras palavras, ela era perfeita. Ele olhou para Bates e tentou ler algo na expressão estóica do homem. “O chef Schlittler pareceu feliz quando você mencionou este espaço para ele?” “Sim, senhor, mas ele ainda quer visitá-lo pessoalmente semana que vem.” Então, com uma puxada de gola não característica, Bates adicionou, “Sr. Kelly, você tem certeza de que quer despejar a locatária atual? A Srta. Mantovani já criou um ótimo restaurante aqui, e ela o tornou um dos locais mais reservados na cidade em tão pouco tempo.” “Ela não é Amadeus Schlittler.” O elevador parou e as portas se abriram para deixá-los entrar. Enquanto o elevador subia, Bates continuou, “Talvez seja mais inteligente investir nos talentos locais do que trazer alguém famoso.” “Um famoso irá gerar mais interesse e, consequentemente, mais dinheiro do que uma pessoa desconhecida.” Ele fechou o pulso. “São negócios, Bates. Não deixe as coisas irem para o lado pessoal. Eu já me decidi e nada vai mudar isso.” “Claro, senhor. Eu apenas estou fazendo uma sugestão.” O elevador parou e as portas se abriram em uma entrada que o lembrou de uma vila na Toscana, até nas rachaduras do gesso. Não era algo que Amadeus iria gostar, com base na decoração dos seus outros restaurantes. A mente de Adam começou imediatamente a calcular o custo de removê-las. Ao observar as paredes, ele viu uma capa da revista Food and Wine do mês passado em uma moldura, falando sobre os novos chefs mais badalados da América. E bem no centro da foto, estava um peito de frango empanado com salada de rúcula por cima. O estômago dele congelou. “Qual é o nome deste restaurante mesmo?” “La Arietta,” Bates respondeu. A boca dele secou e as suas palmas ficaram úmidas. Merda! “Venha, Sr. Kelly.” Bates abriu a porta que dava para o salão. “Eu imagino que a Srta. Mantovani gostaria de saber as notícias antes do almoço.” Os garçons e garçonetes no restaurante ficaram paralisados quando ele e Bates entraram no salão. Um homem magro com cabelos pretos cheios de gel e um terno cinza aproximou-se deles. “Ah, Sr. Bates, é ótimo vê-lo novamente.” Se o tom levemente feminino das palavras do homem não fossem o suficiente para que Adam tivesse uma ideia da sexualidade do homem, o lápis de olho certamente seria. “É bom ver você também, Dax. Eu espero que seja uma boa hora para a Srta. Mantovani.” “Por favor” — disse Dax bufando e mexendo os quadris. “A garota nunca sai daqui. Eu vou chamá-la para você.” Assim que Dax desapareceu na cozinha, Bates limpou a garganta. “Dax é o maître’” — disse

ele como se isso explicasse tudo. Adam rezou silenciosamente para qualquer divindade que estivesse escutando, implorando para que isto fosse só um pesadelo, que este não fosse o restaurante de Lia. Os deuses não estavam do seu lado. A chef que saiu da cozinha tinha os mesmos cachos castanho-dourados, os mesmos olhos verdes reluzentes, os mesmos lábios sensuais que a mulher com quem ele quase transou na noite anterior. O sorriso dela sumiu quando ela o viu. “Adam, o que você está fazendo aqui?” Merda, merda, merda, merda! O olhar de Bates se alternou entre eles. “Vocês se conhecem?” “Nós nos conhecemos ontem na casa de campo da mãe dele.” Adam tentou formar palavras coerentes, mas a sua mente ainda estava cheia de palavras de baixo calão. Como alguém como Lia conseguiu um dos melhores pontos comerciais de Chicago? Quando ele permaneceu em silêncio, Bates interveio. “O Sr. Kelly queria conversar com você sobre o seu contrato de aluguel.” Os cantos da boca dela tremeram em um sorriso nervoso. “Eu estou pronta para assinar a renovação quando vocês quiserem. Como vocês já devem saber, as coisas estão indo muito bem por aqui.” Era hora de acabar com a agonia o mais rápido possível. “Eu não vou renovar o seu contrato.” Pronto. Ele falou. Agora, ele estava pronto para ser condenado ao inferno e sofrer qualquer punição que lhe aguardasse. A cor sumiu do rosto de Lia. “Não vai renovar o meu contrato?” O seu lábio inferior tremeu. “Por quê?” Ele precisou de toda a sua força de vontade para não abraçá-la e confortá-la, mas ele precisava manter o controle se queria que o seu plano desse certo. “Amadeus Schlittler quer abrir o restaurante dele aqui.” A descrença dela transformou-se em raiva que ela mal conseguia conter. O tom trêmulo da voz dela revelou a sua dificuldade em conter a vontade de gritar com ele. “Você está me despejando por ele?” “Você mesma disse ontem à noite — eu seria um idiota se deixasse esta oportunidade passar.” A emoção crua das palavras dele o surpreendeu. Ele soou como um cretino. As narinas dela se abriram e a parte debaixo do seu olho tremeu, mas ela permaneceu rigidamente paralisada. A sua boca se abriu e fechou várias vezes. Finalmente, ela disse: “Bem, eu ainda tenho dois meses de contrato, não vou sair antes disso.” Lia se virou e marchou de volta para a cozinha, suas costas e braços totalmente retos. O seu maître extravagante deu vários passos para trás antes de segui-la. O restante da equipe o encarou como se ele tivesse acabado de chutar a muleta de alguém. A temperatura do salão pareceu aumentar em 10 graus acima do que ele considerava tolerável. “Vamos embora, Bates.” “Sim, Sr. Kelly.” Ele esperou até que eles estivessem em segurança dentro do elevador antes

de dizer, “Eu imagino que o senhor não soubesse que ela era sua locatária.” “Não tinha a mínima ideia. Eu não me lembro de ter visto o nome dela no contrato.” Se ele soubesse disso, teria ficado o mais longe possível dela ontem à noite. A regra número um era nunca misturar negócios com prazer, e ele já havia mais do que quebrado esta regra. “Era um subcontrato, senhor. E você ainda tem certeza de que quer despejá-la em favor do Sr. Schlittler?” A dúvida o invadiu, fazendo-o pausar por um segundo. “O que está feito, está feito, Bates. Fechar com Schlittler depende de ele ter aquele espaço. Ele é o chef que os meus investidores querem e não há nada que eu possa fazer a este respeito.” Bates limpou a garganta novamente. “É uma pena, senhor. A Srta. Mantovani provou ser uma locatária ideal.” E ela beija muito bem, mas isso não mudava as coisas. “Por favor, informe o Sr. Schlittler que o espaço será dele no dia primeiro do mês que vem.” **** Lia passou direto pela cozinha e entrou no seu escritório. Seus pulmões ardiam, e o seu peito arfava em uma velocidade fora do normal. Um soluço estava preso em sua garganta. Que diabos havia acabado de acontecer? Julie, sua sous chef, entrou. A preocupação substituiu o seu sorriso alegre de sempre. “Dax, querido, traga uma dose de grappa para Lia.” Lia abriu a boca para dizer a Julie que isso não era necessário, mas o que saiu foi “Aquele desgraçado maldito!” “Oh-oh, é melhor trazer duas doses de grappa.” Julie entrou e fechou a porta atrás de si. “Acalme-se, querida e me conte o que está acontecendo.” Lia se recostou na cadeira e apertou as palmas contra os olhos. “Eu não acredito que quase dormi com ele.” “Uh, parece que eu cheguei na hora de ouvir os detalhes mais interessantes.” Dax colocou os dois copos na mesa. “Vocês estão falando do Sr. Alto, Bonito e Sensual?” Julie bateu nele com a parte de trás da mão. “Isto é sério. Agora, comece do começo, Lia.” “Vocês sabem que a minha mãe leiloou uma refeição preparada por mim no evento de caridade do mês passado, não sabem? Bem, a ganhadora foi a mãe de Adam.” “E Adam é aquele espécime sexy de terno?” Dax praticamente babou. “Então, a sobremesa ganhou um significado totalmente novo? Não que eu culpe você.” “Depois do jantar, ele me levou para andar de barco, e...” Por mais furiosa que ela estivesse com ele, o seu sexo ainda vibrava quando ela lembrava dele na noite passada. “Bem, uma coisa levou à outra.” Julie se sentou na mesa e fez o primeiro comentário. “Você disse que quase dormiu com ele — o que a impediu de ir aos finalmente?” “Um policial com um holofote.” Lia pegou o copo e bebeu a bebida amarga em um gole. Combinava com o estado de espírito dela. “Eu não ficaria surpresa se ele estivesse tentando me seduzir para que eu não ficasse tão transtornada quando ele lançasse a bomba.”

“Do ponto de vista masculino, você entendeu tudo ao contrário. Você solta a bomba primeiro, depois oferece o sexo de consolação.” Dax empurrou o segundo copo de grappa na direção dela. “Mas vamos ver pelo lado bom — você ainda tem uma carta na manga.” Lia tomou um gole, deixando a forte grappa queimar até chegar ao seu estômago e acalmar a sua raiva. “O que você quer dizer? Você ouviu — ele vai me trocar pelo Amadeus Schlittler.” “Sim, mas você tem a única coisa que Amadeus Schlittler não tem.” Dax colocou o braço sobre os ombros dela e a abraçou. “Bom, três coisas, se você contar os peitos.” Julie fez um biquinho como se tivesse acabado de morder um limão. “Você não disse isso.” “Ah, eu disse sim.” Dax estalou os dedos na frente do rosto de Julie. “Se Lia quer ficar com esse lugar, ela precisa ir até o Sr. Terno e usar o que tem.” Lia bateu o copo na mesa. “Eu não vou descer até esse nível. Se Adam quer fechar o La Arietta e me despejar, tudo bem. Mas eu não vou dormir com ele para ficar com este ponto.” “Eu durmo com ele” — Dax se ofereceu. “Eu não finjo que tenho alguma moral quando o assunto é homens sexy.” “Você é muito galinha.” Julie deu um empurrão amigável em Dax. “Mas falando sério, você já pensou em usar os seus truques de sedução femininos a seu favor? Quer dizer, ele parecia estar a fim de você na noite passada, não é?” Lia concordou, a ironia dos eventos da noite passada debochando dela. “Ele até pediu o meu telefone.” “Então, talvez, quando ele ligar, você conte para ele o quanto o restaurante significa para você. Traga-o para o seu lado. Flerte, se precisar.” “Chupe o pau dele, se precisar” — disse Dax com um sorriso largo, ganhando mais um tapa de Julie. Lia massageou as têmporas. “Eu amo o La Arietta, mas não vou apelar para a prostituição para mantê-lo. Além disso, Adam é um homem de negócios. Eu só conseguirei mudar a opinião dele mostrando que eu posso aumentar mais os lucros dele do que Amadeus Schlittler.” “E se você precisar de ajuda com os fundos dele, é só me chamar.” Dax a abraçou de novo, ficando sério. “Oh, querida, eu sinto muito que você tenha que lidar com isso. O que eu posso fazer para ajudar?” Lia se levantou e arrumou a sua jaqueta de chef. “Certifique-se de que nós estejamos lotados todas as noites. Se ele ver uma fila na porta, saberá que nós estamos tendo lucros.” Julie pulou da mesa. “E o que eu posso fazer?” “Me ajude a criar alguns pratos novos que farão todo mundo comentar.” Ela abriu a porta do escritório e viu os cozinheiros trabalhando na preparação dos pratos do dia. “Talvez, nós pudéssemos até entrar em contato com um dos telejornais locais e fazer uma demonstração de culinária.” “Ou talvez você possa falar com a imprensa e deixar as pessoas irritadas contando que estamos sendo forçados a fechar” — sugeriu Julie. Ela olhou para a sua cozinha, seu olhar indo de uma ponta a outra. Esta era a sua casa, seu sonho, seu verdadeiro amor. Até onde ela estaria preparada para ir para mantê-la? Um nó subiu

à sua garganta. “Se eu tiver que fazer isso, eu farei. Mas por enquanto, vamos tentar ser civilizados.”

Capítulo Quatro Lia colocou pequenos ramos de manjericão na frigideira enquanto adicionava o molho de vinho branco e azeite de oliva ao linguine. O serviço do jantar da quinta-feira à noite estava a todo vapor e ela queria garantir que todos os detalhes estivessem perfeitos. “O linguado está pronto?” ela perguntou a Julie. “Saindo do grill agora.” Lia colocou a massa em um prato limpo, esperou que Julie adicionasse o peixe e depois regou com o restante do molho. Mais alguns galhos de manjericão para complementar, uma limpeza rápida da borda do prato e ele estava pronto para servir. “Eu preciso de alguém rapidinho.” Um membro da sua equipe de serviço pegou o prato e desapareceu no salão. Dax apareceu antes de a porta fechar. “Você não vai acreditar em quem apareceu e pediu por uma mesa sem reserva.” Lia jogou a panela suja na pia e pegou uma limpa. “Eu não tenho tempo para adivinhar nada.” “Ah, mas eu acho que você vai gostar disso.” Ele a arrastou até a janela que dava para o salão e apontou para um casal sentado em uma mesa de canto. Lia não reconheceu a mulher, mas não havia dúvidas de que o homem era Adam Kelly. Eles estavam sentados um ao lado do outro, suas cabeças inclinadas e concentradas na conversa. “Ele trouxe uma garota aqui?” “É muita coragem” — disse Julie por cima do ombro enquanto preparava mais uma rodada de vinaigrette. “Por que você deu uma mesa para eles, Dax?” “Porque nós tinhamos um cancelamento de última hora.” Ele as empurrou para longe da porta quando um garçom se aproximou. “Vocês duas não entendem? Esta é a chance de Lia de impressioná-lo com os seus pratos e de fazê-lo parecer um completo cretino na frente da garota, quando ela souber que ele vai fechar o restaurante. É brilhante!” Ou eu posso simplesmente ir até lá e bater na cabeça dele com esta frigideira. A ideia era mais tentadora do que ela queria admitir. Ela girou a frigideira na mão e pesou as consequências das suas ações. Infelizmente, o plano de Dax era melhor. “Ok, tudo bem, deixe-o comer. Na verdade, eu vou preparar uma surpresa especial para ele e para a sua acompanhante. Luis, assuma a estação de massas.” Dax voltou para o salão enquanto Julie seguia Lia até uma estação de trabalho pequena. “O que você tem em mente?” Lia levantou dois camarões grandes. “Eu estou sabendo que o Sr. Kelly não gosta muito de camarão. Talvez seja a hora de eu mudar a opinião dele.” **** “Então, o que você achou deste lugar até agora, Vanessa?” Adam perguntou enquanto o

garçom limpava a mesa após a entrada. Ela limpou os cantos da boca com um guardanapo antes de responder no seu sotaque britânico chique: “Eu descreveria como ousado e criativo.” “Me diga o que você achou de verdade.” Toda a pretensão caiu por terra, e a crítica de comida ao lado dele relaxou e voltou a ser a garota de Ipswich de quem ele havia se tornado amigo anos atrás, em Oxford. “É bom demais, é isso que eu acho. Eu quase preciso de um cigarro depois daquele risoto orgásmico. Onde você descobriu este lugar? Ele deveria ser uma parada obrigatória para comer em Chicago.” Adam se mexeu na cadeira. Se ele conseguisse sobreviver a esta conversa sem admitir que estava prestes a fechar o La Arietta, ele teria que sair e comprar um bilhete de loteria. “Este prédio é meu, lembra?” “Bem, foi uma ideia brilhante abrir este lugar.” Ela procurou o batom e um espelho em sua bolsa. “Faça tudo o que puder para manter a dona aqui, porque ela vai ser uma estrela quando eu escrever sobre este lugar.” Ele entrelaçou as mãos e xingou em voz baixa. “Na verdade, Amadeus Schlittler vai abrir um restaurante aqui em breve.” Vanessa ficou paralisada, seu batom pairando sobre os seus lábios. “Por favor, me diga que você está brincando.” Antes que ele tivesse uma chance de responder, dois garçons vieram com o prato de carne. Vanessa, sendo a fanática por comida que era, havia pedido cinco entradas diferentes, para que eles pudessem provar todas. Adam garantiu que o Frango Milano de Lia fosse um deles. Vanessa guardou o batom e colocou o guardanapo de volta no colo, mas o seu olhar estava no mesmo lugar. “Adam?” Ele enfiou o garfo no filé mignon e o cortou, sua faca deslizando pela carne macia como se fosse manteiga. “Você precisa provar o frango.” “Adam?” A voz dela se transformou em um rugido selvagem, aquele que ela reservava sempre que alguém ficava entre ela e a sua comida. Como ela conseguia manter a forma era incrível para ele. “Posso lhe servir mais um copo de vinho?” Ela tirou a garrafa da mão dele. “Que porra você acha que está fazendo?” Ele largou os talheres no prato e se recostou na cadeira. A batalha havia sido perdida. “Ele é uma atração maior do que a dona atual. Se eu conseguir que ele venha para cá, vou poder aumentar o aluguel das outras empresas neste prédio.” “Amadeus Schlittler é um completo idiota que perdeu a sua criatividade culinária décadas atrás. Eu não entraria em um dos restaurantes dele mesmo que fosse o último lugar no mundo que servisse comida quente.” Ela esvaziou a garrafa no seu copo e tomou um longo gole. “Você é uma droga de um imbecil se acha que as coisas vão ser melhores se você fechar este lugar por ele.” Ele fechou os olhos e respirou fundo. Vanessa havia acabado de confirmar a dúvida que o havia perturbado a semana toda. “Então, o que você sugere que eu faça?” “Mande o Schlittler para o inferno e se case com esta deusa.” Ela comeu um pedaço do

Frango Milano e gemeu de puro êxtase que provavelmente nenhum dos seus amantes havia extraído dela. “Eu estou falando sério.” Se ela soubesse como estava perto de tocar na ferida. Ele havia perdido as contas de quantas vezes pegou o telefone e olhou para o número que Lia tinha adicionado a ele no domingo. O problema era que ele não sabia o que dizer se ela atendesse a ligação. E nada tinha a ver com negócios. “Eu acho que é um pouco tarde demais para isso. Ela me odeia.” “De onde você tirou essa ideia?” uma voz familiar disse atrás dele. Ele se virou e viu Lia parada ali, segurando um pequeno prato nas mãos. A língua dele se enrolou dentro da boca como a de um universitário bêbado. Felizmente, Vanessa o salvou. Ela estendeu a mão para Lia, seu sotaque de volta. “Você deve ser o gênio por trás de cada prato delicioso que comemos esta noite.” “Eu sou. Obrigada.” Lia apertou a mão de Vanessa, mas permaneceu fria e distante. Seus olhos se desviaram para Adam quando ela adicionou: “Eu estou muito feliz em saber que vocês estão gostando da refeição.” Ele não deixou de perceber a mensagem sutil por trás das palavras dela. Se ela queria que ele soubesse da qualidade da culinária dela, ela havia conseguido isso neste fim de semana. O salão lotado havia confirmado o talento dela. “E o que temos aqui?” Vanessa perguntou, apontando para o prato nas mãos de Lia. “É um novo prato no qual eu tenho trabalhado. Eu pensei em deixar vocês provarem e me dizerem o que acham.” Ela colocou o prato com os dois cata-ventos dourados na frente dele e esperou. Vanessa não perdeu tempo e experimentou, elogiando-o com outro dos seus gemidos de gata. “Oh meu Deus, Adam, você precisa experimentar isto.” Lia cruzou os braços e levantou o queixo, desafiando-o a comer. Ele pegou o garfo, seus olhos fixos nela, e o enfiou no outro cata-vento. A parte de fora fez um barulho, o que significava que ele havia sido frito, mas a parte de dentro estava macia e quente. Ele comeu um pedaço. O recheio rico e pastoso era uma mistura de ricota cremosa, alho assado e um toque de algo doce que ele não conseguiu identificar. Agora ele sabia por que Vanessa havia recompensado o prato com um dos seus famosos gemidos. Era fabuloso. Ele devorou o resto em três garfadas. “Gostou?” Lia perguntou com um sorriso. Ele limpou a boca com o guardanapo. “Sim, é ótimo. Mas você já sabia disso.” O sorriso dela se alargou. “E agora, você também sabe. Boa noite.” Ela se virou para ir embora, mas Vanessa a interrompeu. “Um momento, por favor. Qual é o nome desta delícia?” Lia olhou diretamente para ele e disse, “Lasagne fritti con gamberi e aragosta.” Ela voltou para a cozinha antes que ele tivesse a chance de pedir para que ela traduzisse. Vanessa atacou a próxima entrada. “Absolutamente brilhante.” Ele tomou um gole de vinho para aliviar a coceira em sua garganta e parabenizou a si mesmo por ter superado uma situação constrangedora. “As coisas foram bem.” “Sim, se você esquecer-se da parte em que ela parecia querer fazer espetinho de mim.” Ela

voltou para o frango e deu mais uma mordida. “Por que eu tenho a impressão de que existe algo mais entre vocês do que você está me contando?” A nuca dele coçou. “Porque existe.” “Vai falando.” Vanessa mastigou e esperou, faca e garfo na mão. “É meio como uma comédia de erros.” “Deixe-me adivinhar—você transou com ela e não sabia que ela era uma das suas locatárias.” Agora, a coceira havia se movido para o meio das suas costas. Ele se esfregou na cadeira. “Não exatamente, mas quase isso.” “Quase o quê? Quase porque você quase transou com ela? Ou quase porque você não sabia quem ela era?” “Ambos.” A faca e o garfo caíram no prato de Vanessa, fazendo barulho. “Você se meteu em uma enrascada daquelas, não é?” Ela cruzou os braços sobre a mesa. “Agora, o que você vai fazer a respeito?” Ele apertou os dedos contra as palmas para não enfiar as unhas nas coxas, elas coçavam demais. Ser julgado por uma das suas amigas mais antigas enquanto vestia um terno de lã não era nada confortável. “O que eu posso fazer? Eu não posso misturar negócios com prazer.” “Não seja maluco. Você sabe tanto quanto eu que você nunca foi do tipo que respeita as regras.” “Isso era antes, agora é diferente.” Ele se mexia de um lado para o outro, aliviando a queimação na parte inferior das suas costas. “Eu duvido que ela queira qualquer coisa comigo, a não ser que eu prometa que vou deixá-la ficar com o restaurante.” “E isso seria algo ruim? Pense, Adam. Você ainda teria uma chef fantástica trabalhando aqui, e estaria transando com uma garota muito melhor do que você merece.” “E como eu iria saber que ela não estaria me usando para conseguir o que queria?” A coceira estava começando a ficar quase intolerável agora. Ele passou as unhas pelo braço, rezando que ela acabasse logo. Vanessa franziu as sobrancelhas. “Você está bem?” “Não, me sinto como se um exército de formigas estivesse me jantando.” Suor se formava na sua testa. Se aquilo não parasse logo, ele arriscava tirar todas as suas roupas para ter algum alívio. “A única vez que eu me senti assim foi quando eu fiquei com urticária depois de comer camarão.” Os olhos dela se arregalaram e ela suspirou. “Eu não sabia que você era alérgico a camarão.” Ele pausou enquanto Vanessa mexia na bolsa novamente. “Do que você está falando?” “Gamberi é camarão em italiano. O prato que ela preparou para nós — era lasanha frita com camarão e lagosta.” “Deixe-me ver o seu espelho.” Ela o entregou a ele, e ele viu o seu reflexo sob a luz fraca. Seus lábios já estavam inchando, e bolotas vermelhas se espalhavam pelo seu rosto e pescoço. “Aquela maldita —” “Não dê chilique. Até eu não sabia que você era alérgico a camarões, e eu conheço você há

anos. Eu duvido que ela tenha lhe dado o prato de propósito.” Vanessa deu a ele uma pequena pílula branca. “Agora, tome isso antes que a sua garganta inche e você pare de respirar.” Ele engoliu a pílula e tirou várias notas de cem dólares da carteira — mais do que o suficiente para cobrir a conta e deixar uma boa gorjeta para o garçom. “Eu preciso pegar a EpiPen no meu porta-luvas.” “Concordo plenamente. Você está ficando todo inchado.” Ela colocou o guardanapo de lado e suspirou melancolicamente. “É uma pena ter que deixar toda essa comida deliciosa para trás.” Adam se levantou e afrouxou o colarinho. “Eu trago você de novo.” “Então, eu acho que isso significa que você não vai fechar este lugar.” Ela riu e levantou da cadeira, enganchando o braço no dele. “Esta é a melhor notícia que eu tive a noite inteira.” Ele concordaria com qualquer coisa se isto significasse que ele pararia de coçar. Ele rezou que Vanessa estivesse certa e que Lia não tinha feito aquilo por vingança. **** Lia examinou a pilha de recibos presos por um clipe e digitou os números na sua planilha. As vendas de hoje haviam sido mais altas do que o normal, mas nem todas as mesas haviam pedido cinco entradas como Adam e a sua acompanhante haviam feito. Ela fechou a mão, odiando cada pontada de ciúme que a invadia quando pensava nos dois juntos. Era óbvio que eles estavam juntos há muito tempo, pela maneira como eles comiam um do prato do outro e de como eles saíram com os braços entrelaçados. O único consolo veio em saber que Adam não era diferente de Trey, e ela estava melhor sem um filho da mãe traidor como ele. Pelo menos, ela havia provado a sua qualidade a ele. Ele até elogiou o seu prato com camarões na frente da garota. Ela clicou na planilha e examinou os números. Talvez, se ela oferecesse pagar o dobro ou até o triplo do seu aluguel atual, ele a deixaria ficar. Isto significaria que ela teria que ficar morando com a mãe por mais um tempo, mas valeria a pena para ficar com o La Arietta. Ela jogou os recibos na mesa e se recostou na cadeira. Independente da solução que ela sugerisse, no fim das contas, Adam ainda havia escolhido Amadeus Schlittler e não ela. Felizmente, a sugestão de Dax sobre dormir com ele estava fora de questão, especialmente agora que ela sabia que ele já tinha uma namorada. Ela havia ficado tentada a contar para a linda britânica tudo sobre o comportamento de Adam no barco naquele fim de semana, mas pensou melhor. A última coisa que ela precisava era causar uma cena no seu restaurante. Um barulho veio do outro lado da cozinha, e Lia prendeu a respiração. Todo mundo havia ido embora a mais de meia hora atrás, e ela havia trancado as portas. Ela pegou o taco de beisebol que ela havia escondido embaixo da mesa para situações como esta, e espiou pela porta entreaberta. Uma sombra se moveu pela cozinha escura, esbarrando na estação de trabalho de metal onde as saladas eram preparadas. Um resmungo baixo preencheu o silêncio. Ela segurou o taco com mais força. O seu escritório não só era o único lugar iluminado no

restaurante, mas também era onde o cofre estava. Quem estava lá fora seria atraído para lá. A sombra chegou mais perto. Era um homem, com um pouco mais de 1,80 m, estrutura média. Ela guardou isso na memória para que pudesse dar uma descrição para a polícia se ele fugisse. Claro que ela teria que sobreviver à sua primeira tacada primeiro. Ela levantou o taco até o ombro e esperou. A porta se abriu e ela atacou como Sammy Sosa tentando acertar uma bola rápida. O taco se conectou com o tórax do homem, fazendo-o cair de joelhos. Ela seguiu a pancada com mais uma, que o derrubou no chão. “Isto é para você aprender a não invadir o meu restaurante.” Mas em vez de algum menino usando uma máscara de esqui, o invasor usava um terno escuro. O taco caiu das mãos dela e uma lista de xingamentos em italiano explodiram da boca dela. “Que diabos você está fazendo aqui?” Adam gemeu e deitou de lado, deixando uma poça de sangue no chão ao seu lado. “Da última vez que eu olhei, eu ainda era o dono deste prédio. Além do mais, a sua porta da frente estava destrancada.” Mais algumas palavras de baixo calão voaram dos lábios dela quando ela passou por ele e foi pegar um guardanapo e um saco de gelo. Ele havia conseguido ficar sentado quando ela voltou. “Deixe-me ver.” Ele a empurrou. “Você já fez estragos suficientes.” Ela acendeu as luzes e observou melhor os ferimentos. O nariz dele estava sangrando e seus olhos estavam inchados. Uma vermelhidão empolada cobria o seu rosto e mãos. “Eu assumo a culpa pelo seu nariz, mas é só isso.” Ele se levantou lentamente, gemendo com cada movimento, mas ainda recusando a ajuda dela. “O seu gamberi é responsável pela urticária.” Merda! Se ela soubesse que ele era alérgico a camarão, nunca teria servido-os a ele. O desejo dela de impressioná-lo com os seus talentos culinários havia falhado em proporções épicas. Ele tirou o guardanapo da mão dela e mancou até uma das estações, se apoiando nela enquanto tentava parar o fluxo de sangue vindo das suas narinas. “Por que você tem um taco de beisebol no seu escritório?” “Eu costumo ficar aqui sozinha até tarde da noite. Ele é mais seguro do que uma arma.” “Especialmente com uma tacada como a sua.” Ele apertou a ponta do nariz e chiou. “Eu acho que você o quebrou.” “Eu duvido muito. Agora, pare de choramingar e coloque gelo nele.” Ela deu um suspiro de alívio quando viu que o nariz dele ainda tinha o seu perfil perfeitamente reto. “Então, de volta à minha pergunta original — o que você está fazendo aqui?” Ele apertou o saco de gelo sobre o nariz, abafando as palavras. “Eu queria saber por que você me serviu algo com camarão.” “Eu não sabia que você era alérgico a camarão. Eu só achei que você não gostava deles, e eu queria provar a você que podia criar um prato com eles que até você amaria.” A cabeça dela latejava, como se ela tivesse recebido a tacada. Em vez de melhorar as coisas, ela as piorou

ainda mais. “Sinto muito pela urticária.” Ele abaixou o saco de gelo o suficiente para revelar um olho vermelho. “Mas não pela agressão.” Qualquer simpatia que ela estivesse começando a sentir por ele caiu por terra quando uma nova onda de indignação subiu pela sua coluna. “Como eu ia saber que era você? Você podia ter, pelo menos, anunciado a sua presença ou algo do gênero. Você sabe, tipo ‘Olá, eu não sou um ladrão invadindo o seu restaurante para roubar e estuprar você.’ E da última vez que eu olhei, o meu nome ainda está no subcontrato, o que não lhe dá permissão de ir e vir quando quiser.” “Entendi, mesmo que a sua porta da frente estivesse aberta.” Ele ajustou o saco de gelo para que ele cobrisse os seus olhos novamente. “Se eu tiver coragem de vir aqui depois do fechamento de novo, vou usar roupas acolchoadas.” “Ah, vamos lá, não me diga que você nunca saiu ferido de vez em quando, quando era criança. Eu sei que você tem seis irmãos.” “Sim, mas eu sou o mais velho, o que quer dizer que eu sempre era maior do que eles.” Ele pausou antes de adicionar, “Pelo menos, até começarmos o ensino médio.” Ela cobriu a boca para abafar uma risada que surgiu quando ela imaginou os seis irmãos dele se juntando para derrubá-lo. A raiva dela evaporou. Ela baixou a beirada do saco de gelo e olhou nos olhos dele. “Da próxima vez, eu prometo não bater com tanta força se souber que é você”, ela provocou. Os cantos dos olhos dele se enrugaram. “Não com tanta força, né?” Ela riu e concordou, soltando o saco de plástico frio e cuidando do sangue que ele havia deixado no chão. Depois de enxugá-lo com algumas toalhas de papel, ela borrifou a área com alvejante. “Então, o que a sua garota achou da noite?” “Você está falando de Vanessa?” “Era esse o nome dela?” Ela esfregou o piso com ainda mais vontade, fazendo questão de limpar até a última gota de sangue. “Vanessa não é minha namorada.” “Exato, porque você está ocupado demais para namorar.” E ocupado demais convencendo Amadeus Schlittler a assumir o meu restaurante. A toalha de papel que ela estava usando se desintegrou completamente. “Eu estou.” Ele jogou o saco de gelo na pia. “Vanessa é uma velha amiga e crítica gastronômica do London Times. Ela estava fazendo compras em New York no começo da semana, então eu a convidei para vir aqui hoje para ver o que ela iria achar do La Arietta.” Lia ficou paralisada. Uma crítica gastronômica de Londres? “Ela gostou?” “A mulher não conseguia parar de elogiar a sua comida por todo o caminho até o aeroporto.” A respiração que ela estava segurando saiu. Ela se sentou sobre os joelhos e absorveu a notícia. “Que pena que nós vamos ser forçados a fechar no fim do mês que vem.” “Droga, Lia.” Adam andava em círculos na frente dela. “Você não vai facilitar as coisas, não é?” “Não fui eu quem trouxe uma crítica gastronômica para jantar.”

Ele se abaixou na frente dela e olhou para o cimento entre os ladrilhos. “Eu estou em uma situação muito desconfortável, e talvez precise mudar os meus planos.” O coração dela se alegrou. “Então, você vai renovar o meu contrato?” “Eu não disse isso.” Ele levantou a cabeça rapidamente e olhou para ela como se aqueles olhos azuis penetrantes pudessem fazê-la ceder. “Eu ainda quero que Schlittler abra um restaurante em um dos meus imóveis em Chicago, e nada vai mudar isso. No entanto, se houver outro local que atenda às necessidades dele, eu vou deixar você ficar.” “Oh, obrigada!” Lia o abraçou, derrubando-o de costas. A respiração dele saiu como um grunhido, lembrando-a dos ferimentos que ela havia causado. Ela se levantou sozinha. “Oh, desculpe.” Apesar de fazer uma careta, ele a puxou de volta para ele. O coração dele batia loucamente sob as mãos dela. Ele retirou o cabelo dela do seu rosto e perguntou suavemente, “Você é sempre tão dura com os homens?” Cada alarme no seu corpo disparou, dizendo a ela para se afastar de Adam agora, mas ela continuou a diminuir a distância entre eles. “Apenas os que me enlouquecem.” “Sorte minha.” Ele a guiou naqueles últimos centímetros, até que os seus lábios se tocassem. O beijo foi lento, sensual, controlado. Em outras palavras, diferente daqueles que eles haviam compartilhado no barco, mas tendo o mesmo efeito inebriante nela. Ele afastou seus lábios dos dela. “Eu odeio ter que parar, mas o chão da cozinha não é muito romântico.” Ela se levantou, seu rosto pegando fogo. O que Adam Kelly tinha que a fazia perder todo o bom senso que ela tinha? Ela sorriu nervosamente para ele. “Sim, eu acho que é um pouco duro e frio.” Ele se levantou e alisou as rugas invisíveis no seu terno imaculado. “Então, o La Arietta tem alguma noite fraca?” De volta aos negócios. Provavelmente era melhor assim, já que ela se transformava em uma bola de hormônios enlouquecidos cada vez que ele a tocava. “Na verdade, não. Nós estivemos lotados todas as noites pelos últimos três meses.” “Você tem alguma noite livre?” “Eu não gosto de ficar longe daqui.” Uma mancha na estação de trabalho de inox chamou a sua atenção. “Eu fico preocupada que alguma coisa vá sair errado se eu não supervisionar cada detalhe.” Ele começou a rir, mas acabou cobrindo o seu nariz com as mãos. “E eu achei que eu era controlador.” “O La Arietta é tudo o que eu tenho, e eu sou a responsável pelo seu sucesso.” “Mas você precisa de uma folga de vez em quando.” “Oh, não, não.” Havia uma mancha de gordura na lateral do fogão, implorando para ser limpa. Ela borrifou o alvejante nela e esfregou. “Se eu me ausentar por um segundo, a bagunça se instala.” Adam segurou o cotovelo dela e a afastou do fogão. “Então, você não tem ninguém em quem possa confiar aqui?”

O calor do toque dele subiu pelo braço dela, relaxando os músculos do ombro dela e fazendo-a querer se aconchegar nos braços dele. Ela olhou para o fogão para se certificar de que a mancha de gordura havia sumido. “Bem, talvez eu possa confiar em Julie, minha sous chef, por algumas horas.” “O que me traz de volta à minha pergunta inicial — qual noite seria melhor para você tirar uma folga?” A planilha dela com as listagens das vendas e lucros do dia voltou à sua mente. “Eu acho que domingo é o dia mais fraco para os negócios.” “Bom, porque eu gostaria de levar você para sair no domingo.” A sua pulsação acelerou. “Você quer dizer, para um encontro?” Ele inclinou a cabeça para o lado e franziu as sobrancelhas. “Bem, talvez, não exatamente um encontro. Talvez, apenas uma chance de passar algum tempo sozinho com você e conhecêla melhor.” Ela riu e se inclinou sobre ele. “Como em um encontro.” “Eu não tenho tempo para namorar.” “Nem eu.” Ela sentiu o cheiro dele e fechou os olhos. Por mais que amasse o La Arietta, a ideia de passar um tempo sozinha com Adam a tentava o suficiente para dizer: “Domingo está ótimo para mim.” “Está ótimo para mim também.” A voz dele soou grave e faminta. Ele passou os dedos pelo rosto dela, segurando o seu maxilar e levantando o seu rosto. Por um momento, ele parecia pronto para beijá-la de novo. Então, ele a soltou e deu um passo para trás. “Eu ligo para combinar a hora e o lugar.” O estômago dela se revirou, mas ela não sabia se era de excitação ou nervosismo. Talvez uma combinação de ambos. Ele parou na porta que dava para o salão de jantar escuro. “Eu prometo anunciar a minha presença se decidir visitar você depois do expediente, então deixe o taco no escritório.” Ela riu novamente, desta vez sem o nervosismo. “Eu prometo deixá-lo embaixo da mesa se souber que é você.” “É bom ouvir isso.” O sorriso dele transformou-se em algo mais ansioso e sério. “Até domingo.”

Capítulo Cinco “Eu preciso de um conselho.” Adam contraiu o rosto ao dizer as palavras. Como o mais velho, ele sempre havia sido aquele que dava conselhos para os seus irmãos quando eles precisavam. Agora, ele estava no telefone, falando com o seu irmão mais novo, tentando não parecer totalmente patético. “E você veio me pedir?” Gideon perguntou. “Deve ser alguma coisa bem ruim para você descer tanto na hierarquia.” Gideon podia ser velho o suficiente para beber legalmente, mas ele era o mais parecido com Adam em termos de temperamento. Além disso, era útil que o seu irmão mais novo tivesse uma reputação de deixar as mulheres suspirando, graças aos seus filmes. “Eu tenho um encontro no domingo à noite —” “Você tem um encontro?” A descrença dominava a voz do irmão. “O senhor ‘eu estou ocupado demais salvando a Imóveis Kelly da falência para ter tempo para uma mulher?’” “Eu não sou tão chato assim,” Adam retrucou, mesmo que a sua voz interna estivesse chamando-o de mentiroso. “E a empresa nunca esteve perto da falência.” “Não dá para saber quando você não para de falar sobre despesas aumentando e lucros diminuindo e a economia em recessão. Me deixa feliz em ter um emprego independente da economia.” “É, eu acabei de ver o quanto aquele estúdio estava disposto a pagar para que você andasse sem camisa pelo set por duas horas.” “Ei, eu sou mais do que um rostinho bonito. É um papel sério, finalmente, e eu estou ansioso pelo desafio.” Gideon mudou de assunto rapidamente. “Então, vamos voltar para o suposto encontro?” “Eu conheci uma mulher, e ela finalmente concordou em sair comigo—” “Finalmente concordou?” O riso encheu o ar. “Você deve ter perdido o jeito com as moças por passar tanto tempo no escritório se teve que convencer uma mulher a sair com você.” “Dá para você me deixar terminar sem me interromper?” Adam se levantou da cadeira e caminhou até as janelas do seu escritório. O centro de Chicago parecia tão calmo de cima, tão diferente da confusão e nervosismo que revirava o seu estômago. “Eu admito, faz tempo que não saio com ninguém e preciso de ajuda para impressioná-la.” “E o nome da família Kelly não é impressionante o suficiente?” “Não para ela. É mais fácil que ele me prejudique.” Gideon assoviou baixo. “O que você fez?” “Eu não quero falar no assunto.” “Foi você que ligou pedindo conselhos.” Adam parou e passou a mão pelo cabelo. “Ok, eu desisto. O momento não é ideal, mas a....” A química? As fagulhas? A forma como ela invadiu os pensamentos dele por dias depois de vê-la? “A atração com certeza está lá.” “Por favor, diga que ela é mais atraente do que aquela Barbie oxigenada e cheia de silicone por quem Caleb está babando.”

Aqueles lábios generosos e olhos verdes sedutores invadiram a sua mente, e as suas calças ficaram desconfortavelmente apertadas. “Muito mais bonita.” “E ela está interessada em um velho como você?” Se a resposta dela ao beijo dele fosse alguma indicação, a resposta era sim. A forma como ela se moveu sobre ele no chão da cozinha na noite passada o fez querer arrancar as roupas dos dois e terminar o que eles haviam começado no fim de semana. “Tenho certeza disso. Felizmente, eu ainda tenho alguns dentes sobrando na boca, sendo o velho que sou.” Outra risada de Gideon. “Então, por que você precisa da minha ajuda?” “Porque houve alguns probleminhas nas últimas vezes que eu a encontrei, e eu acho que depois do terceiro strike, eu estou fora. Por isso, eu quero que o nosso primeiro encontro oficial seja perfeito.” “Por que não planejar uma noite na cidade? Leve-a para um jantar chique e para a ópera ou alguma coisa do tipo.” Adam pegou uma caneta e anotou a ideia da ópera. Pelo menos, Lia conseguiria entender as letras, algo que as outras garotas com quem ele saiu não conseguiram. “Bom, mas eu quero fazer alguma coisa melhor do que o restaurante. Esse assunto é meio sensível no momento.” “Agora eu fiquei curioso. O que esta mulher tem que está fazendo você querer fazer algo especial?” A pergunta de Gideon o deixou sem palavras por um momento. Ele sentou na cadeira e esfregou o queixo. Ele havia saído com muitas mulheres, teve alguns casos dos quais se arrependeu depois, e até sofreu desilusões algumas vezes no ensino médio e na faculdade. Mas ele nunca havia sentido a atração, a fome, a pura necessidade que o invadia quando ele estava perto de Lia. A boca dele secou quando ele disse em voz baixa, “Vamos dizer que eu quero ver até onde as coisas irão com ela.” “Droga, você está louquinho por ela. Você ainda não começou a escolher os nomes dos seus futuros filhos ou algo assim, não é?” “É só um encontro, não um pedido de casamento. Além disso, eu não sei se quero ter filhos.” “Diz o homem que dirige um Volvo”, brincou Gideon. “Pelo menos, me diga o nome dela.” Que mal poderia vir disso? “Lia.” “Aquela que mamãe comprou para você no leilão?” E começa um novo nível de constrangimento que com certeza seria seguido de meses de provocação dos seus irmãos. “Não foi isso que aconteceu.” “Não de acordo com o Caleb. Ele disse que você não conseguia tirar as mãos dela, e que Bob, da patrulha do lago parou no outro dia para se desculpar por ter assustado você e a moça que estava com você no barco da mamãe.” Adam passou o dedo pelo colarinho. Ótimo. Nesse momento, todo mundo no Lago Genebra provavelmente já sabia como a sua quase transa havia terminado em um fracasso épico. “Nós podemos voltar para você me ajudando a impressioná-la, por favor?” “Parece que vocês dois só precisam de um lugar reservado. Por que não pular a parte do

cortejo e convidá-la para ir ao seu apartamento?” “Isso pode parecer um pouco ousado demais.” “E o que aconteceu no barco não foi?” Os sons de uma briga seguidos por vozes abafadas interromperam a conversa. Então Sarah, a assistente de Gideon entrou na discussão com a sua atitude honesta até demais. “Adam, eu não acredito que você está pedindo conselhos para o Romeu aqui, então me deixe lhe dar uma dica para que ele possa voltar para o set onde todo mundo está esperando por ele pelos últimos cinco minutos. Todas as mulheres querem ser conquistadas. Se você está querendo só uma transa rápida, então siga o conselho do seu irmão e a leve para a ópera. Se você quer algo mais, tente saber mais sobre os interesses dela para poder compartilhar deles. Isso ajuda?” “Talvez.” Lia havia dito que cozinhar era a sua paixão. Se ele pudesse mostrar que estava interessado na mesma coisa preparando um jantar para ela... “Hora de fazer um curso rápido de culinária.” “Quanto tempo você tem antes do grande encontro?” “Domingo.” “Então, eu sugiro que você assista a Food Network 24 horas por dia.” Mais alguns cochichos se seguiram antes que Sarah falasse de novo. “Eu vou pedir para o Gideon ligar para você depois que terminar as filmagens do dia.” Então, ela desligou o telefone. Adam colocou o telefone na mesa e passou os dedos pelo cabelo. Ele tinha mais uma chance com Lia e esperava não estar sendo audacioso demais com esta ideia. **** “Você tem um minuto?” Lia pulou na cadeira antes de se virar para cobrir a tela do computador. Ela havia estado tão concentrada em um artigo sobre o que os homens gostam durante o sexo que não tinha ouvido Julie se aproximar do escritório. “Hum, claro.” Julie espiou a tela, um meio sorriso em seus lábios. “‘Como Enlouquecer um Homem na Cama, huh? Eu imagino que isso não tenha nada a ver com você ter me pedido para assumir a cozinha por duas segundas-feiras seguidas?” O rosto dela queimava, mas ela se forçou a sorrir. “Talvez.” “Deixe-me adivinhar—o terno ligou depois de adorar o jantar que você preparou para ele e a sua acompanhante ontem à noite e convidou você para sair?” Julie cruzou os braços e se encostou no batente da porta. “Ela não era namorada dele. Era uma crítica gastronômica de Londres.” Lia apertou o botão de desligar no computador antes que Julie pudesse ler mais. “E ele passou aqui ontem à noite depois do expediente e me convidou para sair.” “E você vai seguir o conselho de Dax e seduzi-lo para manter o seu contrato?” “Meu Deus, não.” “Então, por que você está lendo as dicas da Cosmo?” “Porque...ah, merda.” Ela se recostou na cadeira. “Eu nunca deveria ter concordado com

esse encontro porque, não importa o que aconteça, sempre vai haver o contrato de aluguel.” “Sim, esse é o problema de misturar negócios com prazer.” Julie puxou uma cadeira de jantar do corredor e sentou. “Mesmo que o encontro tenha um final feliz, ele vai ficar se perguntando se você está dormindo com ele para salvar o restaurante.” “Eu nunca faria algo assim.” “Eu sei disso. Você sabe disso. Mas ele sabe?” Havia sido fácil demais sucumbir ao beijo dele na noite passada. Se eles não estivessem na cozinha, ela provavelmente teria ficado nua e completamente satisfeita. E quem vai saber se eles não acabariam na mesma situação no domingo? “Alguma chance de você dizer que está doente no domingo para me dar uma desculpa para sair dessa com classe?” O sorriso de Julie se alargou, mas ela balançou a cabeça. “Eu estou ansiosa para ficar no comando, quase tanto quanto você está ansiosa por uma noite de aeróbica no colchão.” “Droga.” Ela soltou o cabelo e passou os dedos por ele, deixando a tarefa acalmar os seus nervos frágeis. “Tudo bem. Eu sou uma adulta. Eu posso jantar com Adam Kelly sem deixar as coisas fugirem do controle. Então, não haverá razão para que ele pense que eu estou trocando sexo pelo contrato.” “Bom plano.” Julie levantou da cadeira e a levou com ela. “Claro que, se uma coisa levar à outra, tente mordiscar a orelha dele. Eu ainda não conheci um cara que não virasse geleia com isso. Mas aquela coisa de passar as unhas nas costas deles? Exagero total.” Lia esperou até ficar sozinha novamente para ligar o monitor. Talvez, ela estivesse entendendo tudo aquilo errado. Talvez, tudo o que ele queria era jantar e conversar. Talvez, fosse ela que não conseguia controlar os seus hormônios perto dele e estava imaginando coisas. Mas uma coisa era certa — ela deixaria claro para Adam que não iria usar o sexo como pagamento pelo La Arietta.

Capítulo Seis “Eu não vou dormir com você para ficar com o meu restaurante”, disse Lia com um só fôlego, antes que perdesse a coragem. Adam levantou uma sobrancelha. “É bom saber que nós concordamos nesse assunto.” Ele abriu a porta e a conduziu para dentro do seu apartamento na Lakeshore Drive. “Apesar de eu achar que isto é meio precipitado, não é?” Merda! A ideia de se virar e correr de volta para o elevador parecia cada vez melhor. Ela baixou o olhar e entrou o suficiente para que ele pudesse fechar a porta atrás dela. “Desculpe, Adam. É que quando você me convidou para vir à sua casa, a primeira coisa que me veio à mente foi —” “Que eu tentaria forçar você a transar comigo usando o seu restaurante como pretexto?” Ele ficou parado perto da porta, sua mão ainda na maçaneta. Sua boca fechada em uma linha firme. “Vejo que você já formou uma opinião favorável de mim.” “Não, não é isso, é que —” Ela levantou as mãos no ar. “Eu não sei o que você está pensando. Quer dizer, se eu achasse que você só queria sexo, eu não teria concordado em jantar com você, mas eu —” Um som vindo da cozinha parou a diarreia verbal dela. Ela inspirou o ar e sentiu os cheiros de cominho fumegando e pimenta preta queimada. “Você está preparando o jantar?” “Ah, merda, está queimando.” Adam passou correndo por ela na direção da cozinha e virou o bife que estava cozinhando no grill. Ele o apertou com a pinça. “Você acha que vai ficar bom?” Ela parou ao lado dele e inspecionou a carne. Seja lá qual fosse a pasta que ele havia usado, ela parecia um pouco chamuscada, mas tudo embaixo parecia bom. “Eu acho que ainda dá para comer.” “Passou uma maratona do Bobby Flay na Food Network ontem e, por alguma razão, eu fiquei com a impressão de que poderia me tornar um superchef assistindo.” Ela riu e pegou a pinça das mãos dele, movendo o bife para a beira do grill, onde o calor era menos intenso. “Você já cozinhou antes?” “Só macarrão com queijo instantâneo.” Ele pegou as pinças de volta com um sorriso travesso, empurrando-a com o quadril. “Eu sou um homem. Grelhar animais mortos é parte do meu DNA.” “Então, não me deixe ficar entre você e toda essa informação secreta codificada no seu cromossomo Y”, ela disse, ainda rindo, o início conturbado da noite se tornando uma memória distante. “Então, por que você decidiu encarar o grill quando nós podíamos ter ido jantar fora?” “Impressionar você é razão suficiente?” Ele mexeu o bife com a pinça, sem desviar o olhar dele. “Eu achei que seria bom você ter alguém cozinhando para você desta vez.” Um fogo se acendeu perto do coração dela e se espalhou rapidamente pelo seu peito. “É muita gentileza sua.” Ela olhou para os ingredientes espalhados pelo balcão. “E ambicioso.”

“Você esqueceu que eu sempre consigo tudo o que eu quero?” O sorriso dela refletiu o dele. Se este fosse o único lado de Adam que ela conhecesse, se apaixonar por ele seria simples. Ele era inteligente, engraçado, incrivelmente sexy—tudo aquilo que faria qualquer mulher cair dos seus saltos para agarrá-lo como se fosse uma oferta de Black Friday. Se ela pudesse esquecer-se do fato de que ele tinha o futuro do La Arietta nas mãos. “Posso ajudar com alguma coisa?” Ela começou a limpar as migalhas do balcão. Ele se afastou do grill e a afastou da bagunça. “Sim, você pode escolher uma garrafa de vinho para acompanhar o jantar.” “E o que está no menu esta noite?” ela perguntou, mesmo que tivesse uma boa noção, com base nos restos de coentro e salsa que havia acabado de limpar. “Bife de fraldinha com molho chimichurri, legumes assados e purê de batatas.” “Parece delicioso.” Ela examinou a cozinha e viu que o forno estava ligado e que uma panela com vapor saindo por baixo da tampa fervia no fogão. Tudo parecia estar sob controle. “Onde está o vinho?” Ele apontou para a cristaleira perto de uma mesa grande de madeira na sala ao lado. “Escolha o que quiser.” O queixo de Lia caiu quando ela examinou o que havia na adega; Adam tinha um gosto excelente para vinhos. Caros, mas muito bons. Ela escolheu um Malbec argentino e o abriu na cozinha. Ele tinha sabor de amoras, seguido por toques de pimenta preta ao fim. “Perfeito.” Adam tomou um gole da taça que ela o ofereceu e aprovou o vinho com a cabeça. “Boa escolha.” “Eu acredito que sei alguma coisa sobre combinar vinhos com o jantar.” Ela se acomodou no banco alto do outro lado do grill. “Tudo está com um cheiro delicioso.” Ele sorriu com apenas um toque da sua confiança normal. “Obrigado. O jantar vai estar pronto em alguns minutos. Por que você não dá uma olhada no apartamento?” Uma dispensa, mas uma que ela entendia perfeitamente. Ela sempre ficava nervosa quando alguém a observava cozinhando. O apartamento de alto nível de Adam tinha um estilo amplo, com a cozinha, a sala de estar e a de jantar fluindo de uma para a outra. Uma pequena sacada tinha uma vista para o lago, e o tráfego na Lakeshore Drive brilhava como estrelas. O piso era de madeira clara, contrastando com os armários cor de cereja na cozinha e os sofás marrom-escuros na sala de estar. A decoração era uma mistura de moderno e masculino. Elegante, mas relaxada o suficiente para que ela pudesse imaginar Adam e seus irmãos assistindo a um jogo dos Bears da TV de tela plana de 60 polegadas. Em outras palavras, perfeita para um solteirão de sucesso. Ela passou os dedos pelo sofá de couro macio e percebeu surpresa que poderia ficar confortável ali. Ponha a cabeça no lugar, Lia. Ele convidou você para jantar, não para morar com ele. O cheiro de algo queimando chegou até a sala de estar. Lia se virou para ver fumaça negra saindo de uma panela no fogão.

Adam xingou e a tirou do fogo com as próprias mãos, chiando e sacudindo os dedos um segundo depois. “Coloque os dedos na água fria.” Lia pegou os pegadores e levantou a tampa. O odor enjoativo de batatas queimadas encheu a cozinha. “A água evaporou,” ela explicou enquanto levava a panela para a pia. “Droga.” Os ombros dele caíram enquanto observava o desastre na panela. “E eu querendo impressionar você.” Ela recostou a cabeça no ombro dele. “A perda não foi total. Nós ainda temos o bife e os legumes, não é?” “É, eu acho que sim.” Ele sacudiu a água das mãos, que, felizmente, não tinham bolhas. “Eu tinha feito um planejamento estratégico para que tudo ficasse pronto ao mesmo tempo.” “A primeira regra de cozinhar é que nada sai conforme o planejado.” Ela colocou a panela embaixo da torneira e verificou os legumes assando no forno. “Você tem farinha de milho?” “Se tiver, vai estar na despensa.” Ele apontou para o armário alto e estreito no fundo da cozinha. Depois de um minuto de procura, ela encontrou o que estava procurando. “Onde estão as suas panelas?” “Ao lado do fogão.” Ele voltou para o grill, observando-a o tempo todo. “O que você está fazendo?” “Vou fazer um pouco de polenta.” **** Quinze minutos depois, a tristeza momentânea de Adam havia sumido. Ele desembrulhou o pedaço de fraldinha do papel alumínio que Lia o havia instruído a usar e o dividiu em duas porções. “O bife está pronto.” Lia levou dois pratos com um purê laranja neles. “A polenta com pimentão vermelho assado também está pronta. Agora, coloque o bife em cima dela assim, e adicione o chimichurri.” Enquanto ele fazia isto, ela tirou a forma com os pimentões, as cebolas, os cogumelos e as cenouras do forno. O aroma o fez salivar. Pelo menos, eu não estraguei esse prato. Ela colocou os legumes nos pratos e se afastou com um sorriso. “Voilà! A janta está pronta.” Não era como Bobby Flay havia apresentado o prato, mas ainda parecia gostoso. Ele levou os pratos para a mesa. “E agora, nós comemos.” Lia o seguiu com o vinho e serviu uma taça para cada um antes de sentar ao lado dele. “Obrigado por cozinhar.” “Não me agradeça até experimentar.” Mas a primeira mordida afastou qualquer dúvida que permanecesse. O bife estava macio e suculento e a polenta que Lia havia feito complementava os temperos e o chimichurri perfeitamente. “Nada mal.” Ela concordou com a cabeça enquanto mastigava. “Nada mal mesmo. Quer trabalhar para mim?” Ele riu e pegou a taça de vinho. “Sorte de principiante.” “Mesmo assim, é um início fantástico.”

Ele pausou com a taça nos lábios. Apesar do problema com as batatas queimadas, o plano de criar uma boa impressão no seu primeiro encontro com ela havia ido bem melhor do que ele imaginava. “Obrigado. Isso significa muito, vindo de você.” Os olhos dela pareciam ser de um verde mais suave do que antes, mais como grama nova na primavera do que esmeraldas. Ela o encarou por cima da borda da sua taça enquanto tomou um gole, e todos os pensamentos sobre a refeição na frente dele desapareceram. Havia coisas muito mais tentadoras para provar—como os lábios dela. Mas então, ele se lembrou das primeiras palavras que ela pronunciou quando chegou e afastou aqueles pensamentos da sua mente. Por mais que ele a quisesse, ele não queria cruzar aquele limite, a não ser que ela iniciasse. Ele cortou o bife enquanto ela fazia perguntas a ele sobre como era crescer em uma casa com seis irmãos. Ele as respondeu, compartilhando histórias de algumas das suas travessuras e ganhando algumas risadas como recompensa. Porém, somente quando terminaram de comer, ele percebeu que a conversa toda havia sido sobre ele. Ele não havia descoberto nada sobre Lia, mas ainda havia tempo para corrigir a situação. “Você comentou na semana passada que nem sempre quis ser uma chef. O que você fazia antes?” Ela se engasgou com o vinho e cobriu a boca com o guardanapo, fazendo-o desejar não ter feito a pergunta. Lia limpou a garganta. “Eu, hum, tenho um diploma em Administração.” Ele não esperava aquela resposta inicialmente, mas quanto mais pensava no sucesso dela com o La Arietta, mais aquilo fazia sentido. “De onde?” Ela rolou uma cenoura pelo prato com o garfo. “De Harvard.” Foi então que ele percebeu que havia apenas começado a conhecer a misteriosa e complicada Lia Mantovani. “E como isso a levou a cozinhar?” Ela mexeu na polenta, dando uma garfada antes de baixar o garfo. “Eu realmente não quero entediar você com —” “Eu disse que queria conhecer você melhor, lembra? Foi por isso que eu queria jantar com você, e não porque eu estava esperando conseguir levar você para a cama.” As palavras dele tiveram o efeito que ele queria, e algumas rachaduras apareceram na armadura dela. “Meu pai morreu quando eu era criança, então, a minha mãe teve que trabalhar em dois empregos para nos sustentar e garantir que eu tivesse uma boa escola, roupas decentes e que ela pudesse guardar algum dinheiro para a faculdade. Você entende?” Ele assentiu, com medo de que, se ele dissesse algo, ela se fecharia novamente. “Então, quando eu estava pensando em uma carreira, decidi que fazer um MBA seria uma boa escolha para ter um futuro sólido e talvez, recompensá-la por tudo o que ela sacrificou por mim. Eu trabalhei duro, entrei no programa de MBA de Harvard, me formei com honras.” A história dela chegou ao fim e, quando ela não continuou, ele disse, suavemente, “Continue.” “Eu conheci um homem quando estava em Harvard. George Augustus Hamilton, III, também conhecido como Trey. Um daqueles caras nascidos em berço de ouro que nunca precisaram se esforçar para nada.” Ela não olhou para ele enquanto falava, mas as pontas das

orelhas dele ficaram quentes. “Nós ficamos noivos antes de nos formarmos e compramos uma casinha em Connecticut.” A voz dela falhou, e ela passou o dedo pela taça de vinho. “Trey vinha de família rica, e queria que eu fosse como a sua mãe e irmãs. Uma socialite. E eu fui burra o suficiente para achar que esse tipo de vida iria me satisfazer. Então, eu fiquei em casa e trabalhei como voluntária, saía para almoçar com as vizinhas enquanto ele trabalhava em uma corretora em Manhattan.” Ele não precisava ouvir como a história acabava. Ele já havia ouvido a dor por trás das palavras dela. “Algumas semanas antes de nos casarmos, eu fiquei sabendo da verdade. Ele queria me manter na minha jaula enquanto ele tinha casos na cidade.” Os dedos dela se encolheram. “Depois disso, eu jurei que ninguém me impediria de fazer o que eu queria fazer. Eu vendi o meu anel de noivado e usei o dinheiro para ir para a Itália. Foi lá que eu descobri a minha verdadeira paixão.” Ela levantou os olhos para olhar para ele, o medo e a incerteza brilhando das suas profundezas de jade. Agora, ele entendia por que ela estava tão ligada ao seu restaurante. E ele era o filho da mãe ameaçando tirá-lo dela. Adam baixou o garfo, com o estômago embrulhado demais para aproveitar a comida. “Eu espero que Amadeus goste de um dos meus outros imóveis.” “Eu também.” Ela esticou o braço e cobriu a mão dele com a sua. “Eu sei que coloquei você em uma posição complicada, e eu agradeço por você estar tentando encontrar uma solução que seja boa para nós dois.” Se ela fosse qualquer outra mulher, ele esperaria que ela usasse a pena que ele sentia dela para conseguir o que queria, mas não havia nada de falso ou manipulador em Lia. E ele respeitava isso. Ele virou a mão dela para cima e examinou a sua palma. Havia calos e cicatrizes de queimaduras que ela deve ter tido na cozinha, mas elas combinavam com a personalidade dela perfeitamente. Lia era uma pessoa que havia trabalhado duro para chegar onde estava, muito diferente das garotinhas mimadas e ricas que ele havia conhecido a vida inteira. E talvez, isso explicasse parte da sua atração por ela. Ele entrelaçou seus dedos nos dela. “Ele foi um idiota por tratar você daquele jeito, por não perceber o tesouro que você é.” Os lábios dela se abriram, o inferior tremendo levemente. “Obrigada”, ela sussurrou antes de soltar a mão da dele e pegar seu garfo. **** Lia não sabia o que dizer. Pelos últimos quatro anos, ela havia se concentrado totalmente no trabalho, ignorando o evento que havia iniciado a sua jornada de autodescobrimento. E então, do nada, ela conta tudo para Adam, um homem que ela mal conhecia, e o contou coisas que apenas a mãe dela sabia. Estranhamente, no entanto, ela confiava nele. Mas assim que um peso havia deixado os seus ombros, um novo recaiu sobre ela. Ela não

havia esperado que ele reagisse da forma que reagiu. Por aqueles poucos momentos doces em que ele segurou a sua mão, ela havia se esquecido do restaurante, de Trey e de tudo mais que a havia mantido acordada à noite. O seu corpo relaxou com o calor que se espalhou por ela. No entanto, quando ele a chamou de tesouro, o seu coração pulou e aquele calor suave se transformou em um calor desconfortável que fez a sua respiração se acelerar e seu corpo desejar que ele a tocasse de outras formas. Não havia nenhuma dúvida — ela estava fora, em outro nível, quando o assunto era Adam Kelly. Lia olhou para o pouco que havia em seu prato, seu apetite por comida havia sumido. O breve momento de intimidade deles havia se tornado estranho, um sinal de que ela provavelmente deveria ir embora. Ela pegou os dois pratos sem perguntar se ele havia terminado e foi direto para a cozinha. “Eu vou lavar os pratos.” A água correndo na pia acalmou os nervos abalados dela. Havia paz aqui no seu reino. A cozinha havia sido o seu lugar de refúgio sempre que ela tinha problemas, e tarefas mundanas como lavar pratos ou cortar legumes sempre haviam permitido que a sua mente se afastasse das suas preocupações. Até agora. Adam se aproximou dela e fechou a torneira. Ele puxou as mãos dela para longe do sabão. “Eu posso lavar os pratos depois.” Ela o deixou virá-la para ele, observando a forma como ele segurou as suas mãos molhadas, como se fossem delicadas e preciosas para ele. A sua pulsação dobrou de velocidade, e um tremor leve chegou até o seu lábio inferior. “Eu disse algo que a deixou desconfortável, e sinto muito,” ele disse ao pousar as mãos dela no peito dele, cobrindo-as com as dele. “Não, não é isso. Eu só estou me sentindo um pouco...” Confusa? Insegura? Com medo de reconhecer que posso estar me apaixonando por você? “Sobrecarregada.” “Isso era a última coisa que eu queria, Lia.” Sua respiração cobriu a testa dela enquanto falava, puxando-a para cada vez mais perto dele. “Eu só queria expressar a minha admiração.” Ela deu o último passo para fechar o espaço entre eles. Seu corpo cedeu ao abraço dele, suas mãos ainda sobre o seu coração. O tempo parou enquanto ela inspirava e expirava o cheiro dele, ainda sem conseguir resolver suas emoções conflitantes. A sua mente a avisou que ela apenas seria magoada por ele, que ele não era diferente de Trey. Mas, com cada respiro, estes pensamentos ficavam cada vez mais distantes. Ela encontrou uma nova paz nas linhas sólidas do corpo dele, no toque firme das suas mãos enquanto ele as passava pelas suas costas, no batimento estável do seu coração. Este podia facilmente ser o seu novo lar. “Por mais que eu esteja gostando disto, eu vou ter que soltar você em breve.” Ele levantou o queixo dela, a fome nos seus olhos quase palpável enquanto ele pressionava seus lábios na testa dela. Ele passou o dedão pelos seus lábios, enviando ondas geladas para os recessos mais profundos do seu estômago. “Eu sou só um homem, afinal, e você é uma mulher linda e muito tentadora.”

Ele estava se controlando, reprimindo o desejo que obviamente sentia por ela. Os alarmes soaram na mente dela novamente, avisando que ela se afastasse lentamente enquanto ainda podia, mas o seu corpo se recusou a ouvir. Ela queria Adam. Ela precisava sentir os lábios dele nos dela mais uma vez, vê-lo adorando-a como o tesouro que ele achava que ela era. Sim, ela estaria cruzando os limites, mas ela preferia desfrutar de uma noite nos seus braços do que se arrepender por deixar o medo a impedir. Mantendo o corpo pressionado contra o dele, ela levantou as mãos e baixou os lábios dele até os dela.

Capítulo Sete Adam respirou fundo, seus músculos tensionando quando ela o beijou. Um traço de dúvida cruzou a mente de Lia. Ela havia interpretado mal os sinais dele? Ela havia ido longe demais? Então, um gemido de derrota soou quando ele expirou, e a sua resistência se extinguiu. A sua língua invadiu a boca dela, se entrelaçando com a dela em uma dança sedutora. As suas mãos estavam em tudo — no cabelo dela, nas suas costas, nos seus quadris. Quando elas finalmente pararam no traseiro dela, ele a puxou contra a prova rija do seu desejo. Eu deveria parar agora, antes de me machucar. Dizer é fácil, quando os beijos dele ficavam mais profundos, mais famintos, mais como os dela. A pressão cada vez maior das mãos dele contra o seu traseiro a imploravam para deixá-lo dar o próximo passo. Antes que ela percebesse o que estava acontecendo, ela havia pulado nos braços dele e entrelaçado as suas pernas ao redor da sua cintura. Quando chegaram ao quarto, ela havia tirado a camisa dele e a sua própria. Os dois caíram na cama, seus lábios unidos aos dele enquanto a necessidade insaciável a consumia. Seu sutiã voou em uma questão de segundos, seguido pelas suas calças e calcinhas. O brim áspero dos jeans dele roçavam contra a pele macia da parte interna das coxas dela, atormentando-a de várias maneiras. Ela tateou, tentando encontrar o botão, o zíper, qualquer coisa que pudesse libertá-lo da prisão das suas roupas. Ele afastou seus lábios dos dela e ficou de quatro sobre ela, seu peito arfando ao encará-la. “Meu Deus, Lia, você é tão linda,” ele disse com um sussurro rouco, antes de abrir um caminho de beijos pela sua garganta, até os seus peitos. Ele mordeu um dos mamilos dela. Ela sacudiu os quadris com a deliciosa sensação, movimentando-se no ritmo de cada mordiscada, cada chupada, cada toque da língua. O peso dele se acomodou sobre ela, controlando seus movimentos até que a necessidade crescente dentro dela se libertasse com um grito de frustração. “Chega, por favor, Adam.” Ele levantou a cabeça. “Você quer que eu pare?” ele perguntou, mesmo que tudo nele afizesse implorar para deixá-lo continuar. “Não, eu só quero você dentro de mim antes que algo nos interrompa desta vez.” Ele riu antes de beijar a ponta do nariz dela. “Não se preocupe, Lia. A minha intenção é garantir que você saia daqui extremamente satisfeita.” “Prove.” Ela segurou o rosto dele entre as mãos, mantendo seus lábios ocupados enquanto ela empurrava os jeans dele para baixo com os pés. Ele riu novamente quando ela removeu as cuecas dele, chutando-as com os jeans dele para algum lugar perto do pé da cama. O pênis dele, agora livre, roçava contra a parte externa do sexo dela. Os cantos dos seus olhos queimavam com o desejo intenso crescendo dentro dela. Ela nunca havia desejado, nunca havia precisado de um homem com tanta intensidade. Os seus quadris protestavam contra o peso dele agora, freneticamente tentando se libertar e encontrar o ângulo perfeito, no qual ele a preencheria. Adam levantou o braço e bateu a mão no criado-mudo. O som a assustou por um momento,

antes que o seu corpo voltasse a ondular ritmicamente, anunciando que ela estava mais do que pronta para ele. “Espere”, Adam disse com um gemido baixo. Uma gaveta se abriu, seguida pelo barulho de uma embalagem de alumínio. Ele levantou o corpo de cima do dela para colocar a camisinha no pênis totalmente ereto. “Agora, nós podemos continuar.” Assim que as palavras saíram da sua boca, ele deslizou para dentro dela com tanta força que o coração dela saltou. Quatro anos de celibato haviam tido um impacto no seu corpo. O pênis dele esticava as suas paredes com um prazer-dor ardente que tirou o seu fôlego. Ela afundou os dedos nos ombros dele e esperou que a dor passasse. “Desculpe.” Adam permaneceu parado, dando pequenos beijos suaves no rosto dela. “Eu vou tentar ser mais gentil.” Mas com a mesma rapidez que chegou, a dor sumiu, deixando um vazio para trás que exigia um substituto. “Não seja,” ela gemeu. Apesar do pedido dela, ele se moveu lentamente a princípio, controlando o ritmo de cada estocada enquanto a sua boca mantinha a dela ocupada. Para frente e para trás ele se moveu, seus quadris posicionados no ângulo perfeito para alcançar o ponto sensível dela. Os seus dedos do pé se curvaram com a deliciosa fricção. Sua respiração se acelerou, antecipando a próxima estocada. Seus quadris subiram no ritmo, para que ele penetrasse cada vez mais profundamente. Com o passar dos minutos, a velocidade dele se acelerou. Um lugar profundo nela se apertava, pulsava, tomava o controle. Palavras incoerentes caíam da sua boca. A única coisa que ela reconhecia era o nome dele. Ela o murmurou continuamente, implorando para que ele continuasse, que a levasse ao limite. “Por favor, Lia.” A voz dele era grave, aflita ao implorar a ela. “Por favor, goze para mim.” Ela tentou freneticamente segurá-lo, para evitar cair cegamente do precipício no qual estava, mas os seus esforços foram inúteis. Ela já estava perdida. Ela fechou os olhos e o abraçou com força, inspirando uma última vez antes de se render à explosão dentro dela. **** Adam cerrou os dentes e tentou lutar contra a pressão crescente que começou nas suas bolas e chegou até a cabeça do seu pênis; ele não tinha ideia do que os murmúrios em italiano de Lia significavam, mas ele imaginou que ela estava perto de gozar. Ele acelerou o ritmo, desejando desesperadamente sentir o mesmo prazer que, ele sabia, o aguardava. Segundos depois que ele a pediu para gozar, o corpo dela ficou tenso. Suas coxas se apertaram contra a cintura dele, seus quadris se levantaram da cama. Seus dedos se apertaram contra as costas dele. Ela lutava para respirar, lutando contra ele, se recusando a desistir até que finalmente estourou. Seu grito de prazer sinalizou que ele havia alcançado o seu objetivo. O sexo dela se apertava nele, pulsando com uma ferocidade que ele não podia resistir. Com uma estocada final, ele se rendeu. Êxtase puro corria por suas veias, mais potente do que o melhor conhaque, afogando-o em ondas de prazer. E mesmo assim, ele continuou a empurrar, a se mover dentro dela, a

querer que as sensações durassem o máximo possível. Finalmente, tudo se tornou demais. Ele caiu, seu corpo tremendo e cansado. Lia tremia embaixo dele. Seus murmúrios, distantes no começo, se tornaram mais claros quando a mente dele voltou a funcionar normalmente depois do orgasmo. Ele se apoiou nos cotovelos e se viu rindo. Os olhos de Lia se abriram. “O que é tão engraçado?” ela perguntou. “Eu acho que preciso fazer umas aulas de italiano se quiser entender o que você diz quando goza.” Ele rolou para fora da cama para jogar a camisinha fora, tentando ignorar os pensamentos ciumentos dela dizendo aquelas mesmas palavras para algum ex-amante. Ele queria que aquelas palavras, independentes do seu significado, fossem para ele e só para ele. “Eu —” ela começou antes de parar, com um suspiro profundo. “Desde que me mudei para a Itália, o meu cérebro ficou programado para pensar em italiano. Eu até sonho em italiano.” Ele voltou para a cama, puxando as cobertas para cima deles, e se deitou de lado. “Seja lá o que você estava dizendo, foi bem sexy.” Ela rolou na cama e riu, puxando as cobertas para cima dos seios, em um momento inesperado de timidez. “Eu acho que perdi o controle de mim mesma.” “Nunca se desculpe por isso.” Ele retirou o cabelo da testa dela e a beijou ali. “Pelo menos, não no quarto.” Os ombros dela relaxaram, mas o seu sorriso sumiu lentamente enquanto ela o observava, ficando mais sóbria. “Eu estava falando sério quando cheguei aqui hoje.” Ele se lembrou da sua declaração apressada de que ela se recusava a dormir com ele para ficar com o restaurante. A mão dele parou. Por que ela estava falando disso agora? Os eventos da noite passaram pela sua mente, pausando no momento em que ele a avisou que teria que soltá-la em breve. Ele queria que ela soubesse que, por mais que ele a desejasse, ele não iria insistir no assunto de levar as coisas para o próximo nível. Não, foi ela que iniciou as coisas. Ela havia o beijado, mesmo depois de ele ter avisado que não conseguiria resistir se ela o fizesse. E agora, era ela quem estava lembrando-o que o que eles haviam acabado de viver podia ter segundas intenções. Ele observou o rosto dela, tentando detectar sinais de manipulação, sorrisos de orgulho. Em vez disso, ele viu apenas medo e incerteza. As suas dúvidas sumiram. Fosse o que fosse que a havia feito tomar a iniciativa, não havia sido premeditado. “Eu sei”, ele disse, finalmente. Os cantos da boca dela se curvaram. “Obrigada.” “Não, sou eu quem deveria estar agradecendo.” O corpo dele ainda vibrava de prazer. Seus olhos se enchiam com a linda mulher na cama. Ele tinha que ser o filho da mãe mais sortudo do mundo naquele momento. “Parece que você não esperava que nós fôssemos acabar aqui.” Ela se aproximou dele, lançando um olhar sedutor através dos cílios que combinava com o tom de flerte na sua voz. “Eu pensei que você sempre conseguia o que queria.” “Eu acho que esta foi a primeira vez que eu tive dúvidas”, ele provocou. Ele passou o dedo pelo maxilar dela, sua confiança abalada quando ele alcançou o seu queixo. Uma estranha pressão encheu o seu peito ao olhar dentro daqueles olhos verdes

profundos. Ele podia se apaixonar por Lia agora mesmo se não tivesse cuidado, e misturar negócios com prazer podia ser perigoso. Muito perigoso. Ela mordeu o lábio inferior, como se pudesse ver a confusão crescendo dentro dele. Eles estavam jogando um jogo delicado, que envolvia suas cabeças e corações, e eles haviam acabado de colocar todas as suas fichas na mesa. O toque de um telefone celular quebrou o silêncio. Lia se afastou, puxando as cobertas até os ombros. Adam fechou os olhos, rezando para que não fosse quem ele achava que era. Os acordes familiares de “Bad to the Bone” soaram pelo quarto mais uma vez, e Adam xingou em voz baixa. Aquele era o toque para Frank, e Frank só ligava por uma razão. “Desculpe, mas eu preciso atender.” Ele colocou os jeans e esperou até que estivesse na sala de estar para pegar o telefone do bolso e responder: “É bom que seja importante, Frank.” “Eu incomodaria você se não fosse?” seu irmão mais novo perguntou. “Eu estou com um probleminha, e eu realmente preciso da sua ajuda.” Adam desabou no sofá e apertou a palma contra a têmpora. O que havia começado como uma noite dos sonhos estava se tornando em pesadelo rapidamente. “O que você fez desta vez?” O sexto dos sete irmãos Kelly, Frank era o único que havia herdado os cabelos ruivos da avó e o seu temperamento irlandês. Claro que isto também significava que ele conseguia usar o charme irlandês quando queria, como agora. “Eu estava em um clube, cuidando da minha vida, quando dois caras me abordaram e começaram a me incomodar por flertar com uma das garotas.” Adam resmungou. Ele perdeu a conta de quantas vezes havia ouvido aquela história. “E deixe-me adivinhar — uma coisa levou à outra, não é?” “Ei, eles começaram.” Um resmungo de defesa surgiu na voz de Frank. Ele era profissional em usar a sua raiva para penetrar linhas de ataque e para jogar quarterbacks no gramado, mas, infelizmente, Frank tinha o péssimo hábito de levar a sua agressividade para fora do campo. “Qual foi o estrago que você causou desta vez?” Seu irmão pausou. “Hum, é um pouquinho mais complicado desta vez.” Merda! “O que aconteceu?” Outra pausa. Isto não podia ser bom. “Eu preciso que você pague a minha fiança.” Adam pulou do sofá com mais um xingamento. “Por que você está preso?” “Eles estão tentando me acusar de agressão, mas foi tudo em defesa própria.” Ele percorreu a sala, calculando mentalmente quanto Frank custaria a ele desta vez. Fiança, um advogado, danos. Seu irmão provavelmente precisaria de muito trabalho de RP para limpar a sua imagem, se isto já tivesse vazado para a imprensa. “Você precisa pensar antes de dar um soco, Frank, ou nenhum time vai querer você.” “Bobagem, Adam. Eu joguei no Pro Bowl quando era amador. Além disso, você vai me tirar dessa, não é? Então, não há nada para se preocupar.” Adam fechou a mão, formando um punho. O que ele não daria para sacudir o irmão pelo telefone até que ele tomasse juízo. “Você tem o nome de algum fiador em Atlanta?” “Eu achei que você podia encontrar um para mim.” A voz de Frank virou um sussurro. “E

por favor, corra. Eu não gosto de como alguns destes caras estão me olhando, se você me entende.” “Eu estou pensando em deixar você aí até a sua audiência.” “Ah, vamos lá, Adam. Você não deixaria o seu irmãozinho ser violado sexualmente por estes pervertidos, não é?” “Eu não sei — isso o ensinaria a ficar longe dos problemas no futuro?” “Eu estou dizendo, sou inocente. Juro por Deus.” Inocente nunca foi uma palavra que ele associaria com Frank. A porta do quarto rangeu, impedindo-o de dar a bronca que seu irmão merecia. Lia apareceu na porta, vestida. “Eu cuido de você em um segundo”, ele disse, sem tirar os olhos dela. Quanto ela teria ouvido? “Por quê? Não me diga que você está com alguma gostosa ou algo do tipo. Eu te conheço, Sr. Muito Ocupado Para Pegar Qualquer Coisa Com Peitos.” Ele queria mandar Frank tomar no cú, mas a presença de Lia o fez morder a língua. “Eu falo com você mais tarde”, ele disse, se esforçando para manter a voz calma, e finalizou a chamada. Ele jogou o telefone no sofá e foi até ela. “Desculpe por isso, Lia. Eu —” Ela o interrompeu, cobrindo sua boca com os dedos. “Não é preciso se desculpar. Eu entendo.” Ele baixou a mão dela, mantendo-a na sua. “Entende?” “Sim.” “Não era assim que eu queria que a noite terminasse.” Ela sorriu melancolicamente. “Nem eu, mas parece que o seu irmão precisa de você, e eu preciso de descanso antes de voltar para o restaurante amanhã.” Ele fez uma anotação mental para garantir que Amadeus Schlittler visse todos os imóveis possíveis antes de mostrar o espaço de Lia a ele. “Você precisa de uma carona?” Ela balançou a cabeça. “Eu vou ficar bem.” Ela atravessou a sala e pegou o telefone dele, colocando-o nas suas mãos. “Cuide do seu irmão, e não se preocupe comigo.” Ele a pegou antes que ela se virasse e a puxou para os seus braços. A sua intenção era lhe dar um beijo de despedida simples, mas se viu querendo levá-la de volta para a cama rapidamente. Lia empurrou o peito dele, terminando o beijo finalmente. Ela se afastou dele com um sorriso alegre que dizia que ela gostaria de continuar uma outra hora. Quando a porta se fechou atrás dela, um arrepio passou pela sua pele e sacudiu o seu ser. Ela havia ido, e ele já sentia a sua falta. Ele olhou para o seu telefone, xingando o irmão por estragar o que poderia ter sido a melhor noite da sua vida. Mas quando ele começou a procurar por números de telefone na internet, ele também percebeu que provavelmente era melhor que Lia tivesse ido embora como foi. Ele estava ficando envolvido emocionalmente demais, e até que decidisse o que fazer com Schlittler, ele precisava manter a cabeça fria e seu coração fechado.

Capítulo Oito Lia dançava ao entrar na cozinha do La Arietta. Tudo iria ficar bem. Amadeus Schlittler iria abrir o seu restaurante em outro lugar e então, ela e Adam poderiam esperar ansiosos por muitas outras noites nos braços um do outro quando tudo estivesse resolvido. Era o melhor de dois mundos. “Estou vendo que alguém está de bom humor esta manhã”, Julie disse com uma piscada de olho. “Então, você se divertiu ontem à noite?” “Diversão, uma ova”, Dax disse por detrás dela, empurrando-a para o escritório e fechando a porta atrás de Julie quando ela os seguiu. “Ela está praticamente brilhando, o que significa apenas uma coisa — a garota transou.” “Dax!” Suas bochechas queimavam, e ela olhou ansiosamente para a porta bloqueada pelo seu maître e a sous chef. “Ah, vamos lá, não negue.” Ele agitou as sobrancelhas. “E conte todos os detalhes picantes.” “Ok, isso já é um pouco demais.” Julie cutucou Dax, mas não se moveu na direção da porta. “Mas as coisas foram bem, não é?” Eles não a deixariam ir até que ela contasse tudo como uma adolescente em uma festa de pijama. “Ok. Sim, eu me diverti com Adam, mas isso é tudo o que vocês vão ouvir de mim.” Dax trocou olhares com Julie. “Ah, sim, ela foi aos finalmente. Vá pagando, amiga.” Julie resmungou ao colocar a mão no bolso e tirar uma nota de 20. A boca de Lia se abriu. “Vocês dois apostaram que eu dormiria com ele?” “Pode apostar.” Dax esticou a nota várias vezes para desamassá-la. “Julie achou que você fosse esperar até saber que ele não iria despejar você, mas eu dei uma boa olhada no Sr. Gostoso, e eu sabia que você não ia conseguir resistir às investidas dele.” Ela tentou pensar em uma resposta ríspida, mas as palavras não surgiram. O seu rosto deveria estar tão vermelho quanto um tomate. Ela os empurrou para sair, encontrando a voz novamente ao voltar para os domínios onde ela mandava sem questionamentos — a cozinha. “Podem parar de especular sobre a minha vida pessoal e voltem ao trabalho. Nós temos uma hora antes de abrir para o almoço, e eu não quero saber de desculpas.” Ambos voltaram correndo para as suas estações de trabalho — Julie para a máquina de fazer massa e Dax para o salão do restaurante. Lia se escondeu dentro do freezer e deixou o ar gelado cobrir as suas bochechas coradas enquanto ela procurava por algo que pudesse usar no especial de hoje. A provocação deles havia tocado em um ponto sensível. Por mais que ela tivesse gostado da sua noite com Adam, sempre haveria aquela dúvida de que um dos dois havia seduzido o outro subconscientemente para conseguir o que queria. Eu só preciso confiar que Adam irá cumprir com a palavra. A sua mente dizia que ela podia, mas seu coração ainda suspeitava demais para confiar em qualquer homem completamente. Afinal, ela havia confiado em Trey, e as coisas não terminaram bem. Ela saiu do freezer com vários pés de aspargo nas mãos, já criando uma lista mental de

outros ingredientes que precisava para tornar o legume o ingrediente principal de um risoto. Um segundo depois da abertura do restaurante, Dax entrou correndo na cozinha. “Lia, você precisa vir aqui agora”, ele sussurrou. Ela o seguiu rapidamente até o salão e parou de repente. Um homem que se parecia com Rutger Hauer depois de uma transformação do Queer Eye estava parado ao lado da bancada do maître, seus braços cruzados enquanto massageava o queixo. “Não, eu estou totalmente certo”, ele disse com um forte sotaque austríaco, “tudo isso tem que sair. Tudo mesmo. Eca!” Ele juntou os ombros como se tivesse mergulhado os dedos em gosma verde. O Sr. Bates escreveu algo em um bloco de notas e acenou com a cabeça. “Sim, Sr. Schlittler. Vamos seguir para a próxima sala?” Amadeus Schlittler desfilou até o salão principal como as supermodelos faziam na passarela, com o balanço dos quadris incluso. “Meu Deus, isto é simplesmente horrível. Tudo tem que ir também. O visual rústico é simplesmente passé. Eu quero que o mármore preto continue até aqui, e espelhos nesta parede para refletir as luzes da cidade.” Os dentes de Lia se apertaram. Ela começou a contar até dez antes de perder a calma, chegando até oito antes de alcançá-los. “Eu posso lhe ajudar com alguma coisa, Sr. Bates?” Antes que ele pudesse responder, Amadeus interrompeu. “Nada disso é da sua conta, mocinha. Volte para a cozinha e continue a lavar panelas.” A pressão sanguínea dela explodiu, sua pulsação latejando em sua cabeça. “Eu sou a dona e chef executiva do La Arietta, e eu exijo saber o que você está fazendo aqui.” Amadeus revirou os olhos e deu o seu melhor suspiro no estilo ‘patricinha’. “Sr. Bates, você poderia lidar com ela, por favor? Eu não tenho muito tempo para decidir o que quero fazer com este lugar, e eu prefiro focar as minhas energias criativas em algo melhor do que essa lombada.” Ele deu meia volta e balançou uma das cadeiras em uma mesa próxima, enrugando o nariz. O Sr. Bates limpou a garganta. “Srta. Mantovani, como você sabe, o Sr. Kelly ainda planeja alugar este espaço para o Sr. Schlittler quando o seu contrato vencer, por isso estamos aqui —” “Não, você não entendeu”, ela interrompeu, balançando a cabeça como se tudo aquilo fosse apenas um pesadelo. “Adam disse que mostraria outros imóveis para o Sr. Schlittler.” “Que história é essa sobre outros imóveis?” Amadeus correu até eles. “O Sr. Kelly e eu temos um acordo. Eu quero este espaço e nada menos. Eu mereço este lugar.” Lia deu graças a Deus por ter deixado as suas facas na cozinha. Ela fechou as mãos, seus braços presos ao lado do corpo para não arrancar os dentes do outro chef com um soco. “E o que o faz pensar que eu não mereço ficar aqui?” “Ah, por favor”, ele respondeu com um gesto de desprezo. “Você é só uma qualquer. Eu sou Amadeus Schlittler, um dos maiores gênios culinários de todos os tempos. Os meus restaurantes tem mais estrelas do que você jamais irá sonhar em ver na sua vida. Por que o Sr. Kelly ficaria com você quando pode me ter?” Os insultos a atingiram como um tapa na cara. Por que Adam a deixaria ficar com o lugar quando podia ter Schlittler? E agora que ele havia conseguido o que queria dela no quarto, por que ele cumpriria a sua palavra de convencer o chef diva a abrir o seu restaurante em outro

lugar? Os olhos dela queimavam, mas ela se recusou a demonstrar qualquer sinal da fraqueza que crescia dentro dela. Ela levantou o queixo e disse, em uma voz fria: “Talvez, Sr. Schlittler, mas até o fim do mês, é o meu nome que está naquele contrato, por isso, tire o seu traseiro egocêntrico do meu restaurante.” Os olhos de Schlittler se arregalaram como se ela fosse a primeira pessoa a falar daquele jeito com ele. Então, eles se apertaram em uma careta. “Por enquanto. Aproveite enquanto pode, garotinha, porque, no dia primeiro, tudo isso será meu.” Ele estalou os dedos e se virou. “Vamos, Sr. Bates. Eu posso continuar a lhe repassar todas as minhas exigências no caminho de volta para o escritório do Sr. Kelly.” Lia manteve seus músculos contraídos, olhando para a entrada por muito tempo depois de os homens terem saído. Ela não desabou até Dax pousar a mão no seu ombro. “Ah, querida.” Lágrimas gordas e quentes rolaram dos seus olhos e caíram em sua jaqueta branca e lisa de chef. Ela havia sido uma tola em acreditar em Adam. Ele sempre conseguia o que queria, e isto não era uma exceção. E ela havia sido estúpida o suficiente para cair na lábia dele. Um tesouro? Claro. Julie colocou um copo em sua mão e um braço em torno dos seus ombros. Dax ficou de guarda na frente delas enquanto voltavam rapidamente para a segurança do escritório de Lia. “Tome um gole de grappa e desabafe” — a sua sous chef aconselhou. Mas não era tão simples. Ela havia sido convencida a acreditar que Adam realmente se importava com ela quando, na verdade, ele estava planejando destruir o restaurante dela para abrir espaço para aquele pedaço de strudel convencido. Ela havia aberto o coração para ele, e ele a havia traído de uma forma muito pior do que Trey jamais havia feito. Ele havia lhe dado esperança e depois, a destruído. Tudo estava acabado agora. Lia colocou o copo na mesa e deixou o primeiro de uma série de soluços silenciosos agitarem o seu corpo. **** Adam pulou da cama, seu coração batendo com força ao olhar para os números no seu rádiorelógio: 16:17. Uma olhada para o sol de fim de tarde entrando pela janela apenas confirmou que o aparelho estava correto. Ele correu até o banheiro para checar o seu reflexo e não gostou de ver a barba que sombreava as suas bochechas. Ele poderia pular o banho para poupar tempo, mas não poderia sair de casa sem se barbear. Ele pegou o barbeador do carregador e começou a passá-lo pelo rosto enquanto pegava um terno limpo do closet. Com as bochechas limpas, ele colocou o telefone em viva-voz e ligou para o número de Bates. “Sim, Sr. Kelly?” “Por favor, me diga que você mostrou os meus outros imóveis para o Sr. Schlittler”, disse Adam enquanto pulava para dentro das calças. “Não, senhor. Eu achei que você havia decidido que o imóvel da Michigan Avenue seria o melhor local para ele.”

Adam xingou e enfiou o braço na manga de uma camisa limpa. “Isso foi semana passada. Eu queria mostrar outros lugares antes daquele.” “Sinto muito, senhor, mas se você não me diz estas coisas, como eu vou saber?” Ele havia chegado ao meio dos botões da camisa quando percebeu que havia abotoado errado. “Eu sei. A culpa é minha — eu estava planejando levar Schlittler lá e tentar convencêlo pessoalmente de que os outros locais eram bons.” “Ah, entendo. Isso explica por que a Srta. Mantovani pareceu tão surpresa conosco hoje.” Adam ficou paralisado, sua pulsação acelerada ameaçando sufocá-lo. Merda, merda, merda! “Por favor, me diga que você não levou o Schlittler no La Arietta hoje.” “Já que o senhor não estava disponível esta manhã, eu decidi mostrar o imóvel ao Sr. Schlittler antes que ele ficasse, hum, mais impaciente.” Ele se atirou na cama, sua mente paralisada. Ele havia estado em situações ruins antes, mas nada neste nível. Se ele tinha alguma esperança de ter um relacionamento com Lia, podia dar adeus a ela agora. Ela provavelmente não queria falar com ele novamente, muito menos confiar nele. “Sr. Kelly, você ainda está aí?” “Sim, Bates, só estou tentando pensar na melhor forma de resolver tudo isso.” Ele passou os dedos pelo cabelo. “É minha culpa por não aparecer na empresa hoje de manhã. Eu fiquei acordado até tarde cuidando de alguns problemas pessoais, e não ouvi o alarme.” “Uma pena, senhor.” Ele se levantou e deu a volta na cama, suas mãos entrelaçadas por trás da cabeça. “Schlittler ainda está na cidade?” “Até amanhã de manhã, senhor. Ele está hospedado no Waldorf Astoria. Eu fiz reservas para ele no Alinea hoje à noite, às 20h.” Adam agradeceu aos céus por ter um assistente como Bates. “Por favor, ligue para o Alinea e certifique-se de que eles têm espaço para que eu jante com ele. Eu vou tentar vender algumas das vantagens das outras propriedades e convencê-lo a dar uma olhada nelas semana que vem.” “Muito bem, senhor. E a Srta. Mantovani?” Ele parou. Lia era uma situação muito mais complicada. “Eu vou conversar com ela hoje à noite, depois de falar com Schlittler.” Porque se eu não conseguir convencê-lo a olhar os outros imóveis, vou ter que dar as más notícias a ela em pessoa. “Obrigado, senhor.” O alívio na voz de Bates apenas piorava a sua inquietação. O que havia acontecido entre Lia e Schlittler naquela manhã era provavelmente muito pior do que ele havia deixado transparecer. “Eu vou ligar para o Alinea agora.” Adam sentou-se na beira da cama, sua gravata presa em seus dedos. Em menos de 24 horas, tudo que estava dando certo em sua vida tinha desmoronado ao seu redor. Ele estava em uma encruzilhada. A noite passada havia concretizado os seus sentimentos por Lia, mas ele conseguiria dizer não para ela quando o assunto era negócios?

Capítulo Nove Os números na tela estavam embaçados. Independentemente do quanto Lia tentava focar nela, as lágrimas continuavam ameaçando a rolar. De alguma forma, ela havia conseguido se recompor o suficiente para trabalhar. Mas agora que ela estava sozinha no escritório, a agonia da traição de Adam assumiu o controle dos seus pensamentos o tempo todo. Você deveria ter usado o sexo para chantageá-lo. Ela tirou aquele pensamento renegado da mente e esfregou os olhos com as mãos. Por mais que ela quisesse ficar com o seu restaurante, ela se recusava a perder a sua integridade. Ela havia dormido com Adam na noite passada porque estava atraída por ele. Era uma pena que ele estivesse planejando ferrá-la em mais de um sentido. E mesmo assim, ele parecia tão sincero quando tentou ajudar o irmão a sair da encrenca em que tinha se metido. Lia parou de digitar e descansou o rosto nas mãos. Por mais que ela quisesse vê-lo como o vilão, ela não conseguia. Muitos pequenos detalhes como esse lhe davam uma ideia de quão complicado Adam Kelly era. Homem de negócios sem escrúpulos, mas um irmão e filho amoroso. E não podemos esquecer o seu talento como amante. Trey nunca a havia feito gozar com tanta força em todos os anos em que estiveram juntos. Um gemido de derrota subiu por sua garganta. Ela não deveria ter aceitado o convite dele para jantar enquanto o futuro da sua carreira estivesse em jogo. “Olá, Lia?” um homem chamou do salão principal. Falando no diabo. Ela olhou para o taco de beisebol embaixo da sua mesa. Ela conseguiria fingir que não tinha o ouvido chamar? Um barulho alto encheu a cozinha escura, impedindo-a de usar essa desculpa. Ela tateou pela parede ao lado do seu escritório e ligou as luzes. “Só para você saber, o interruptor está ao lado da porta. Caso você queira vir perturbar o Schlittler no meio da noite como você faz comigo.” Então, ela bateu a porta do escritório. Se ele quisesse incomodá-la, ela havia lhe dado um aviso claro. Claro que Adam sempre conseguia o que queria, e hoje não era uma exceção. Ele nem se deu ao trabalho de bater antes de abrir a porta. “Lia, nós precisamos conversar.” Ela continuou a digitar os números dos recibos na sua mão, com um pouco mais de força do que necessário. “Schlittler já veio hoje de manhã para ditar os seus planos para a decoração, então, você pode se poupar desta conversa.” “Foi o que eu ouvi, e eu peço desculpas por isso.” “Desculpas?” Ela se virou para ele, suas lágrimas substituídas por fúria mal contida. “Eu acho que pode ser um pouco tarde para isso.” Ele cruzou os braços e se apoiou no batente da porta, bloqueando a fuga dela. “Uma desculpa nunca vem tarde, especialmente quando houve um grande mal entendido.” “Sim, houve um grande mal entendido.” Ela o empurrou para fora do caminho e começou a

juntar a pilha de tigelas de metal que ele havia derrubado quando entrou. “Eu entendi você mal quando você disse que tentaria convencer Schlittler a abrir o restaurante dele em outro lugar.” Ele pegou as tigelas da mão dela e a segurou na frente dele, suas mãos quentes nos braços dela. Ele não precisou usar força — apenas o seu toque enfraquecia as suas defesas e fazia as suas pernas tremerem. Os lábios dele se apertaram em uma linha fina. “Então, você só se importa com o seu restaurante? É isso?” A acusação na voz dele doeu. “Você pode me chamar do que quiser, Adam, mas eu não sou uma prostituta. Eu falei sério ontem à noite. Eu só não esperava que você fizesse isso tão rápido depois de conseguir o que queria de mim.” Ela se soltou das mãos dele e continuou a limpar a cozinha. “Se você acha que eu fiz algumas promessas vazias só para levar você para a cama, então, me explique por que eu senti a necessidade de passar as últimas quatro horas tentando convencer Schlittler a ver outros imóveis semana que vem.” Ela ficou paralisada, sem saber se podia confiar em seus ouvidos. “Culpa?” — disse ela , em um tom agudo. “Droga, Lia, você me irrita tanto, eu me sinto como se estivesse preso em uma daquelas rodas de hamsters — sempre correndo, mas nunca chegando em lugar nenhum.” Ele soltou a gravata e a tirou da gola. “Eu dormi demais esta manhã, e esqueci de falar com Bates sobre o meu plano. Ele nunca deveria ter trazido Schlittler aqui.” “Mas ele trouxe.” O queixo dela tremeu ao lembrar-se das palavras duras do chef. “E é por isso que eu vim aqui me desculpar. Bates me informou que ele foi extremamente rude.” Adam se inclinou sobre um pote deixado na estação de sobremesas, tirou o plástico que o cobria e cheirou. “Este é o mesmo molho de framboesa que você fez semana passada?” Lia xingou em voz baixa. “Eu não posso confiar em ninguém aqui para guardar as coisas direito.” Ela pegou o pote das mãos dele, o metal frio acalmando as suas preocupações de que ele tivesse sido deixado fora da geladeira por tempo demais. Adam a fez parar e pegou o pote de volta. “Eu ia usar isto.” “Para fazer o quê?” “Isto.” Ele colocou o dedo no molho. O coração dela se acelerou ao ver que ele havia acabado de estragar todo o molho, mas a reclamação nunca deixou a sua boca, depois que Adam passou o molho pela parte mais cheia do seu lábio inferior. Ele se inclinou para frente e a beijou, sugando gentilmente o molho da sua boca antes de se afastar. “Delicioso”, sussurrou ele antes de repetir as ações mais uma vez. “Claro que você é doce o suficiente sem o molho de framboesa.” Não caia nos jogos dele. Não se deixe ser seduzida pela sua — Ela respirou profundamente enquanto ele passava o molho no lóbulo da sua orelha e a mordiscava. “Isto não vai funcionar.” Ele respondeu ao seu protesto fraco com um mero “uh-huh” antes de continuar a passar o dedo coberto de molho pelo seu pescoço, seguido rapidamente pela ponta da língua dele. Um arrepio de prazer correu da cabeça dela para a parte mais profunda do seu ventre. Ela

não o resistiu quando ele a encostou na mesa de metal onde todas as sobremesas eram servidas. Ela não o impediu quando ele removeu a jaqueta de chef pesada dela e a jogou do outro lado da cozinha. E ela não gritou em protesto quando ele continuou a espalhar molho de framboesa na sua pele exposta e o removeu com uma combinação terrivelmente sensual de lambidas e mordidas. Adam havia abaixado as alças da blusa dela até os ombros quando parou. Seu dedão roçou no seio dela, e ele sorriu maliciosamente. “Você quer que eu pare?” Ela balançou a cabeça, já sabendo o que estava por vir se os dedos dele estavam sendo sinceros. “Eu vou ter que jogar o molho fora de qualquer jeito.” “Então, eu vou usar tanto quanto precisar.” Como ela esperava, ele abaixou a sua blusa para expôr o seu seio e esfregou o molho rosa nele. O que ela não esperava que ele fizesse era colocá-la em cima da mesa enquanto colocava o seu mamilo na boca. O metal frio e duro contrastava com a textura quente e aveludada da língua dele, enquanto ela girava ao redor do bico dolorido. Ela gemeu e curvou as costas, cedendo a ele. Quando ele alcançou o ponto onde a dor se misturava com prazer, ele passou para o outro seio e repetiu a mesma coreografia estonteante de lambidas e mordidas que a deixaram tensa e desejosa quando ele terminou. Em qualquer outra situação, a ideia de transar na cozinha teria a horrorizado, mas Adam havia a deixado pronta para tirar a roupa e qualquer traço restante de controle que ela ainda tinha. Ela o queria ainda mais do que na noite passada. Ela precisava dele. A pulsação em seu sexo se intensificou quando ela tirou as calças e calcinhas com uma puxada rápida. O molho de framboesa havia chegado aos seus tornozelos, seus joelhos, suas coxas, cada vez mais perto da parte do seu corpo que exigia alívio. E Adam sabia disso. Quanto mais perto ele chegava do sexo dela, mais lentos e deliberados seus movimentos se tornavam. O que havia sido uma linha de molho rosa com alguns centímetros de comprimento, agora viajava pelo comprimento inteiro da coxa dela. O que havia sido um toque rápido da língua dele ou uma mordidinha travessa, havia se tornado uma lambida longa que fazia a pele dela queimar. Ela gemeu e disse o nome dele, implorando para que ele parasse de provocá-la. Finalmente, ele se ajoelhou na frente dela e colocou as suas pernas sobre os seus ombros. Sua respiração fazia cócegas na pele sensível dela, enquanto sussurrava: “Tão linda e tão deliciosa.” O molho de framboesa frio fazia pouco para aliviar o desejo ardente dela, mas felizmente, a língua dele encontrou o caminho até onde ela era mais necessária. Ela vibrou sobre a pele extremamente sensível do seu clitóris, ficando cada vez mais tenso ao levá-la para perto do precipício, apenas para recuar ao mudar o ritmo da sua língua. Ela se afastou do pequeno nó e explorou o sexo dela com toques longos e lânguidos. Adam repetiu o jogo uma vez após a outra, levando cada vez menos tempo entre as duas danças. Ela passou os dedos pelo cabelo dele, segurando-o perto dela, implorando que ele não parasse até que ela finalmente desmoronou. Ela caiu sobre a mesa, seus quadris se movendo contra a boca dele. A sua língua continuava a girar pela carne dela com cada onda pulante do

seu orgasmo, prolongando-o até que ela estivesse sem fôlego e saciada. Ela não tinha ideia de quanto tempo ficou deitada na mesa, mas o metal frio a lembrou que ela estava nua. Adam colocou os braços em torno dela e a ajudou a levantar, segurando-a contra o peito e acariciando o seu cabelo enquanto a sua pulsação voltava ao normal. Minutos se passaram antes que ela percebesse que ele ainda estava totalmente vestido. “Você não vai terminar.” “Eu adoraria” — ele respondeu, a saliência rija em suas calças roçando nela — “mas eu não tenho uma camisinha comigo agora. Você tem?” Ela balançou a cabeça, uma onda de timidez a dominando. Ela se afastou dele e cruzou os braços sobre o peito. “Não, eu não sou o tipo de garota que imagina que irá transar na cozinha.” “Sim, há aquele problema irritante de misturar negócios com prazer.” Ele mergulhou o dedo no molho mais uma vez e o espalhou pela boca inchada dela. “Neste caso, eu estou mais do que disposto a fazer uma exceção.” Ela o deixou beijá-la mais uma vez, se perguntando sobre qual regra ele estava disposto a fazer uma exceção. Ela recebeu a sua resposta quando ele terminou o beijo e disse com uma voz grave: “É melhor eu parar antes que as coisas fujam do controle. Eu não iria querer que você achasse que eu estou seduzindo você para que você esqueça o que aconteceu hoje.” “Eu pensei que fosse um pedido de desculpas.” Ela esperou até que a esperança acendesse os olhos dele antes de lhe dar um sorriso lento e tranquilo. “E neste caso, eu acho que posso perdoar este mal entendido.” “E por isso, eu estou extremamente agradecido.” Ele enterrou o rosto no pescoço dela, deixando uma trilha de beijos pela sua pele até chegar à sua orelha. “Claro que eu ficaria ainda mais agradecido se você viesse para casa comigo esta noite, para que possamos terminar isto em um ambiente mais confortável.” O corpo dela já estava dizendo sim, sim, sim, mas ela hesitou, para pesar as consequências da sua resposta. Quanto mais tempo ela passava nos braços de Adam, mais envolvido o seu coração ficava. Ela ainda sentiria o mesmo por ele se perdesse o seu restaurante? Ou ela só estava se preparando para ser magoada no fim? Ela examinou o rosto dele, vendo cada vez menos do homem de negócios sem sentimentos que havia ido ao restaurante dela na semana passada com a notícia de que ele não renovaria o seu contrato de aluguel. Em vez disso, ela viu o homem que havia feito o seu coração pulsar e o seu corpo desejar. O homem por quem ela estava se apaixonando rapidamente. Ela passou os dedos pelo rosto dele e respirou fundo. Ela teria que confiar nele como as coisas que ela mais amava e esperar ter feito a escolha certa. “Vamos para a sua casa.”

Capítulo Dez “Não é comum para o senhor voltar atrás em uma proposta.” Bates entregou uma pasta para Adam. Dentro dela, uma única folha de papel listava a análise de custo do seu plano original em comparação com a sua nova ideia. Ele teria que assumir a perda, mas se isso era necessário para vender a proposta para os seus investidores, ele o faria. Adam fechou a pasta com força e continuou a caminhar pelo corredor até a sala de reuniões. Figuras sombrias se moviam por trás das janelas de vidro fosco como inimigos ocultos. O seu pulso acelerou. Ele estava entrando no campo de batalha de uma forma que nunca havia feito antes. Normalmente, ele entrava tentando vender uma ideia na qual ele acreditava com fervor aos seus investidores. Agora, ele estava pedindo a eles para concordarem com um novo plano depois de conseguir que eles concordassem com o antigo. Ele não sabia se seria melhor ser humilde ou continuar com a sua atitude confiante de sempre. Fosse como fosse, ele teria que admitir eventualmente que havia cometido um erro, e isso fazia os músculos das suas costas se contraírem. Bates limpou a garganta. “Falando nisso, o senhor viu a ótima matéria sobre o La Arietta no London Times deste fim de semana?” “Não, não vi.” “O senhor deveria ler, Sr. Kelly. A Srta. Kingsley tinha apenas elogios para as habilidades da Srta. Mantovani. Eu tomei a liberdade de imprimi-la para o senhor.” Ele apontou para a pasta. Adam sorriu e agradeceu aos céus pelo seu pai ter contratado Bates anos atrás. Aquela matéria seria mais uma ferramenta em seu arsenal durante a batalha, e se ela ajudasse, Bates ganharia um belo bônus. O seu assistente parou vários passos antes da entrada da sala de reuniões. “Eu lhe desejo sorte, senhor.” “Obrigado, Bates.” Eu vou precisar. Adam ajustou a gravata, alisou o casaco e acalmou os nervos. Em um pouco mais de duas semanas, ele havia mudado completamente de ideia a respeito da sua decisão de qual restaurante seria melhor para o ponto na Magnificent Mile. Agora, ele precisava garantir que os outros aceitassem esta mudança. Ele abriu a porta e entrou na sala de reuniões com a cabeça erguida. “Boa tarde, senhores. Obrigado por virem hoje.” “Estamos felizes por ter uma chance de conversar com você” — respondeu Raymond Vilowski, um membro do Conselho da Cidade de Chicago e parceiro de negócios antigo — “especialmente depois de ouvir as notícias perturbadoras que o Sr. Schlittler nos deu.” Adam olhou ao seu redor e se viu olhando nos olhos frios e azuis de Amadeus Schlittler. Merda! “Olá, Sr. Kelly”, disse o chef com uma ondulação dos dedos. “Eu espero que o senhor não se importe com a minha presença aqui hoje. Afinal, vocês estão aqui para discutir a localização do meu restaurante, aquele no qual você convenceu todos estes homens a investir o seu

dinheiro, não é?” O maxilar de Adam se contraiu, reprimindo todas as palavras de baixo calão que ele queria gritar para Schlittler durante a última semana. Em vez disso, Adam o encarou enquanto sentava na ponta da mesa. “Não, eu não me importo” — disse ele em uma voz controlada. “Ótimo.” Schlittler se levantou da cadeira e rodeou os homens na mesa com passos lentos e longos, como um rei decidindo como lidar com um grupo de traidores que havia acabado de capturar. “Como eu estava lhe dizendo, o Sr. Kelly me atraiu com a possibilidade de abrir o meu novo restaurante no último andar do seu prédio na Michigan Avenue. Naturalmente, eu espero apenas o melhor, e mesmo que aquele imóvel mal corresponda às minhas expectativas, ele tentou me convencer a considerar vários...” Ele pausou, esfregando os dedos como se tivesse acabado de tocar algo sujo. “... pontos menos interessantes.” Todos os homens se viraram para Adam, com olhos questionadores. Mas foi Ray quem finalmente os deu voz. “Eu achei que você já tinha tudo planejado, Adam. Você disse que iria despejar a locatária atual quando o contrato de aluguel tivesse acabado, liberando o espaço para o chef Amadeus.” “Essa era a minha intenção, mas parece que a locatária atual, chef Lia Mantovani, está se tornando um nome bastante conhecido.” Ele abriu a pasta e encontrou o artigo que Bates havia tão inteligentemente inserido ali para ele. “Esta semana, ela recebeu críticas incríveis de uma crítica gastronômica do London Times.” Ele repassou o artigo para Ray primeiro, seguido pela matéria na Food and Wine indicando Lia como uma das novas chefs mais quentes da América. Ele esperou até que os pedaços de papel circulassem pela sala. Schlittler fingiu polir suas unhas no suéter enquanto os homens os liam, sua expressão de irritação dizendo muito, mesmo que ele permanecesse em silêncio. Os artigos haviam quase chegado de volta a Adam quando Ray falou. “Tudo isso é bom, mas ela não está no mesmo nível do chef Amadeus.” “Obrigado, Sr. Vilowski.” Schlittler lançou um sorriso irônico do tipo “eu te disse” para Adam. “Talvez ainda não, mas ela é um talento local.” Alguns dos homens acenaram com a cabeça, e Adam viu a mesa se virando lentamente a seu favor. “Isso me fez pensar — por que destruir o que ela construiu em menos de um ano para abrir espaço para alguém de fora? Chicago sempre teve uma herança italiana orgulhosa, e ela está levando esta herança a outro nível.” “Adam está levantando uma questão interessante, Ray” — disse Thomas Blakely, do lado oposto da mesa. Como um dos amigos mais antigos do seu pai, Tom havia servido como a voz da razão em mais de uma ocasião quando a família Kelly estava decidindo onde investir o seu dinheiro. “Em uma economia na qual as pequenas empresas estão sofrendo, existe mais pressão do público votante para ter o apoio do governo e cuidar das empresas locais.” Ray se mexeu na cadeira. “Mas como Adam disse quando nos convenceu a apoiar este empreendimento, o apelo do restaurante do chef Amadeus ajudaria todas as empresas do prédio.” “Talvez, mas você vai concorrer à reeleição ano que vem, não é? Como você acha que os seus oponentes iriam usar o fato de você estar disposto a forçar uma garota local a fechar o seu

estabelecimento em favor de um estrangeiro?” Tom colocou os cotovelos na mesa e entrelaçou as mãos enquanto esperava que Ray respondesse à sua pergunta. Ray aceitou o desafio e se inclinou para frente, copiando a postura de Tom. “Mas eu não sou a única pessoa nesta mesa.” “Ray está certo” — disse Adam, esperando trazer a vantagem da conversa de volta para a sua direção. “Todos vocês concordaram em investir dinheiro no restaurante do Sr. Schlittler, e se ele decidir não ficar no último minuto, eu não responsabilizarei nenhum de vocês pelos contratos assinados anteriormente.” “Mas por que você está o fazendo se mudar?” Ray perguntou. “Por que não mudar o La Arietta? Então, você poderá ter o melhor de dois mundos.” “Se eu fizer o La Arietta se mudar, isto irá gerar um gasto considerável para a chef Lia e para nós. Sem falar que isso exigiria que ela fechasse o seu restaurante durante a mudança.” Adam se recostou na cadeira, esperando que o movimento encorajasse os outros a ver isso como uma discussão finalizada. “Eu passei os últimos dois dias mostrando todos os imóveis comerciais de alto nível que eu tenho ao Sr. Schlittler, incluindo o no Lincoln Park, e ele se recusa a considerar qualquer um deles.” Agora, todas as cabeças se viraram para o chef, que revirou os olhos. “Aparentemente, você tem uma definição diferente do que é alto nível aqui em Chicago. Eu sou Beverly Hills. Eu sou a Quinta Avenida. Eu não sou Lincoln Park.” “Você também é a Las Vegas Strip, então não vá listando onde os seus outros restaurantes ficam para nos impressionar.” Adam tamborilou os dedos no braço da sua cadeira. “Você quer estar onde o dinheiro está, e estou mais do que disposto a colocar você lá.” “Só não está disposto a me deixar ficar com o ponto que você havia me prometido.” “Me parece que Adam fez um monte de promessas que não está mais disposto a cumprir.” Ray afastou-se da mesa. “Se é isso mesmo, eu preciso lembrá-lo que todos nós assinamos aquele contrato para encorajar o chef Amadeus a abrir seu restaurante no prédio da Michigan Avenue.” Adam assentiu. “Eu entendo, Ray, mas eu também queria informar a vocês o que eu descobri neste processo e pedir a vocês todos para considerar a minha nova proposta.” “A hora de apresentar estas informações deveria ter sido antes de você prometer aquele ponto ao chef Amadeus, não depois.” Ray se levantou e olhou para os outros homens. “Eu não sei nada sobre esta chef Lia sem-lá-quem, e francamente, eu não me importo. Quando nós temos alguém do calibre do chef Amadeus disponível, eu aposto o meu dinheiro nele.” Ele se virou para Adam. “Eu vou lhe dar até sexta-feira para decidir o que você realmente quer.” “Finalmente alguém com bom senso.” Schlittler deu a volta na mesa e enganchou o braço no de Ray. “Vamos conversar sobre alguns dos itens do menu que eu estou criando para o meu restaurante de Chicago. Os outros seguirão.” Eles saíram da sala de reuniões, deixando Adam e outros três investidores em silêncio. “Vocês todos pensam da mesma forma?” — ele perguntou. Tom apertou a ponta do nariz ao olhar para o teto. Os outros dois homens olhavam para as

suas pernas. Depois de um minuto, Tom disse: “Você nos trouxe algumas informações sobre as quais precisamos pensar, Adam.” “Eu sei, mas eu não queria continuar com esse plano depois de ter descoberto estas informações.” “Sobre a chef Lia?” “E sobre o chef Schlittler.” Agora que o cretino arrogante havia ido embora, Adam podia ao menos falar abertamente sobre ele. “Como vocês podem ver, ele é muito exigente e difícil. Mesmo com a fama que tem, eu estou começando a me perguntar se ele não vai se tornar um grande problema.” “O que isso quer dizer?” — um dos outros homens perguntou. “Eu vou lhe enviar a lista de exigências que ele já fez a respeito do imóvel na Michigan Avenue por e-mail. Eu já prevejo mais exigências como estas no futuro, o que quer dizer que nós vamos ter que continuar financiando-as. Homens como Amadeus Schlittler não são baratos.” Os outros homens concordaram. “Parece que Ray já nos deu um prazo” — disse Tom — “então, eu estou disposto a esperar até para ver se nós conseguimos pensar na melhor solução para isso.” “E como eu disse antes, eu não vou responsabilizar vocês pelos contratos se decidir que é melhor para a empresa não dar o imóvel da Michigan Avenue para Schlittler.” Adam se levantou e apertou as mãos dos outros homens. “Obrigado novamente por virem. Eu vou lhes repassar aquelas informações ainda hoje, e eu recomendo que vocês conheçam o tesouro que nós já temos no imóvel.” Os outros homens saíram, mas Tom permaneceu na cadeira. A idade podia ter enrugado o seu rosto e deixado os seus cabelos brancos, mas apenas havia aguçado a inteligência nos olhos do homem. “Eu tenho a suspeita de que você está escondendo alguma coisa, Adam.” Adam pegou os papéis e os colocou na pasta, ignorando a onda de desconforto que percorria a sua coluna. “Eu lhe disse tudo que é relevante de uma perspectiva comercial.” “Mas você deixou a perspectiva pessoal de fora.” “Eu não sei do que você está falando.” “Vamos lá, Adam, eu tenho sido amigo dos seus pais desde antes de você ser uma faísca nos olhos deles, e Maureen me contou tudo sobre como ela apresentou você a Lia alguns fins de semana atrás na casa do lago.” “Eu estou feliz por ter feito isso. Se não tivesse, eu jamais teria descoberto a chef maravilhosa que ela é.” Ou a amante apaixonada que ela foi. Lia havia passado três noites da semana passada nos braços dele, tornando as noites em que ela não estava com ele uma forma de agonia que ficava cada vez mais difícil de suportar com cada dia que passava. Traços do cheiro dela cobriam o travesseiro dele. Memórias da sua risada ecoavam na sala de estar vazia dele. E a paz que ele sentia ao lado dela, completamente exausto depois de fazê-la gritar o seu nome durante o êxtase, voltava durante o dia. Ele estava transformando o seu apartamento em um lugar para o qual ele desejava voltar, mas apenas se ela estivesse lá para recebê-lo quando chegasse.

Tom o observou sem dizer nada. O homem provavelmente entendeu o que estava por trás daquilo, mas ao menos teve a decência de não falar mais nada sobre o assunto. “Nós precisamos jantar quando a sua mãe voltar de Vancouver” — disse ele ao levantar. “Eu concordo.” A sua mãe havia viajado naquela manhã para cuidar do seu irmão, depois de Ben sofrer uma lesão séria no joelho dois dias atrás. “A cirurgia era hoje, então ela deve estar em casa daqui a uma semana ou duas.” Ele se levantou e apertou a mão de Tom. “Obrigado por ser a voz da razão.” “Não me agradeça ainda. Ray poderá fazer você cumprir o contrato original. Ele tem contatos suficientes na cidade para tornar as coisas difíceis para você e para Lia.” “Eu sei.” Ele só podia esperar que as coisas não chegassem a isso. Ele queria os restaurantes de Lia e de Schlittler — a questão era, qual dos dois ele queria mais? “Então, eu lhe dou um conselho. Lembra de Robert Cully?” Adam confirmou, se perguntando para onde a conversa estava indo. Seu pai havia contratado o detetive particular várias vezes na última década, geralmente para conseguir informações sobre casos de suspeita de fraude. Ele olhos para os arquivos, depois para Tom. “Você acha que eu deveria contratá-lo para alguma coisa?” “Você não chega longe na política de Chicago sem sujar as mãos.” Ele piscou e saiu da sala de reuniões, dando a Adam a faísca de esperança que ele precisava para sair desta enrascada.

Capítulo Onze Lia cantarolava uma aria de uma das óperas de Verdi ao jogar um pouco de tortellini em um molho de gorgonzola com prosciutto e ervilhas. A última entrada da noite estava prestes a ser servida, deixando-a um passo mais perto do fim da noite. Ela havia contado a mesma história à sua mãe sobre ficar trabalhando até mais tarde de novo — o que significava não me espere acordada — para que ela pudesse passar no apartamento de Adam esta noite. Era mais fácil do que explicar que ela estava dormindo com alguém que conhecia a menos de um mês. Claro que, se o La Arietta fosse forçado a fechar no fim do mês, ela teria que encontrar uma desculpa diferente. Isso se ela continuasse a sair com Adam. Por mais que ela gostasse da sua companhia, as coisas estavam definitivamente mais complicadas agora que eles haviam se tornado amantes. Eles nunca falavam sobre o contrato de aluguel quando estavam juntos, mas ele nunca estava longe da mente dela quando o deixava. Ela preservava o seu coração, com medo de que o relacionamento terminasse quando ela não tivesse mais o seu restaurante. Mas cada noite na cama dele apenas tornava mais difícil deixá-lo com o nascer do sol. Ela estava feliz com ele, infeliz sem ele, e constantemente tensa quando a hora de vê-lo novamente se aproximava. Dax entrou na cozinha. “Eu precisei impedir que o Sr. Gostoso de Terno entrasse aqui como se fosse dono do lugar.” “Ele é dono do lugar” —respondeu Lia com um sorriso. “Mas obrigada. Ele não costuma vir aqui no horário comercial.” “O que significa que ele veio aqui depois do expediente, eu imagino?” Dax a seguiu quando ela foi até o salão do restaurante. “Ele veio para a sobremesa?” O calor subiu para o rosto de Lia como um raio. “Isso não é da sua conta.” Adam estava parado ao lado da bancada do maître, esperando por ela com um sorriso que permanecia educado, mas com um olhar sutil que já anunciava as coisas sacanas que ele queria fazer com ela. Ele se balançava para frente e para trás, com as mãos nos bolsos. “Eu disse que ela viria até você, Sr. Kelly.” Dax assumiu a sua posição atrás da bancada e lançou uma piscadela de olho maliciosa para ela. Felizmente, não havia ninguém por perto para ouvir a insinuação na voz dele. Lia agarrou o braço de Adam e o levou para o canto perto por elevadores. “Você chegou cedo esta noite.” “Eu precisava ver você.” A pulsação dela acelerou. Talvez, ele tivesse alguma boa notícia sobre o contrato. “Por quê?” Adam abriu a boca, mas a fechou rapidamente quando um casal de clientes saiu do restaurante e apertou o botão do elevador. “Você tem algum lugar onde possamos conversar em particular?” “Meu escritório.” “Algum outro lugar?” O fogo nos olhos dele disse a ela que conversar era a última coisa que ele queria. O sexo dela vibrou ao pensar no que estava a sua espera aquela noite, e a sua respiração se

acelerou. “Isto não pode esperar até depois do expediente?” Ele balançou a cabeça e a puxou para as escadas. Eles desceram três lances de escadas rapidamente, parando apenas para Adam digitar um código e abrir a porta que levava para um corredor cheio de escritórios vazios. Assim que a porta se fechou por detrás deles, os seus lábios estavam nos dela, famintos e exigentes. Qualquer grito de protesto dela havia se transformado em um gemido de prazer. Ele a empurrou contra a parede, seu corpo contra o dela enquanto ele tirava as suas roupas. “Eu preciso de você agora, Lia.” **** Eu sou como um viciado, louco pela próxima dose. Ou pelo menos, esta era a analogia mais próxima que Adam conseguiu pensar enquanto tentava abrir o zíper das calças. Ele havia ido para casa depois da reunião e tentado pensar em uma solução que agradasse a todos, mas sempre que a sua mente voltava para Lia, uma nova onda de desejo o consumia. Ela havia estado no seu apartamento apenas quatro vezes, mas já havia deixado a sua marca ali. A garrafa de vinho cheia até a metade na cozinha. O guardanapo extra amassado na mesa de jantar. A revista na mesa de centro aberta em um artigo sobre os vinhedos do Vale Napa. O travesseiro ao lado do seu com um cheiro suave da loção de pêssego que ela mantinha na mesinha ao lado da cama. Todos aqueles lembretes que o faziam sentir falta dela. Ele havia ido ao restaurante com a intenção de convidá-la para ir ao seu apartamento, assistir um filme e relaxar antes de ir para a cama, talvez até tocar no assunto de possivelmente mudar o restaurante dela para outro ponto, caso Schlittler e Ray se recusassem a mudar de ideia. Mas, ao chegar lá, outra coisa o dominou, uma sede ardente por ela que precisava ser satisfeita antes que ele perdesse o controle totalmente. Uma necessidade básica que agora o fazia beijá-la como um homem faminto, enquanto abaixava as suas calcinhas por um traseiro que se encaixava perfeitamente nas suas mãos. Ela gemeu e se esfregou nele, o movimento a libertando das suas roupas e massageando o pênis já rijo dele. Faíscas de uma dor ardente subiram pela coluna dele. Se ele não a penetrasse logo... “Espere,” ela disse, o afastando dela. “Nós não temos uma camisinha.” Ele pegou a sua carteira e retirou a camisinha que havia posto ali algumas manhãs atrás. “Eu aprendi a estar preparado com você.” O alívio suavizou a tensão no rosto dela. Ela o segurou pela camisa e o puxou de volta para ela, assumindo o controle dos beijos com uma paixão que o deixou sem fôlego. Ela o queria tanto quanto ele a queria, e ele havia estabelecido um novo recorde para ficar com o visual certo para a ocasião. Só foi preciso dar o sinal sutil de segurar o traseiro dela para que ela pulasse nos seus braços e entrelaçasse as pernas na cintura dele. Ele não perdeu tempo e deslizou para dentro daquele local quente e macio no qual ele se encaixava tão perfeitamente. Um suspiro de satisfação encheu o corredor vazio, mas ele não tinha ideia se ele havia vindo dela ou dele.

Em algum momento durante a comoção, ela havia conseguido tirar o casaco dele, deixandoo apenas de camisa, enquanto ele balançava os quadris para frente e para trás, penetrando seu pênis nela sem parar, como um louco. Cada estocada era puro êxtase. Cada grito de paixão que vinha dos lábios dela era mais doce do que qualquer música que ele já havia ouvido. Cada passada das unhas dela pelas suas costas o fazia seguir em frente como o chicote de um cocheiro. “Mais, Adam, mais.” Lia deslizava contra a parede, seus olhos semi-abertos, sua respiração tão rápida quanto a dele. Seu corpo preso em torno dele, desde os seus braços e pernas às paredes estreitas do seu sexo. O corpo dele se contraía em resposta ao dela, suas bolas subindo, aumentando a pressão crescente na base da sua lança. Ele lutou para reprimi-la, para garantir que ela desfrutasse da mesma explosão de prazer que, ele sabia, o esperava, apesar da natureza frenética da transa. “Oh, Deus, Lia, eu não consigo, eu não consigo —” As palavras morreram na sua boca quando um rosno gutural as substituiu. Ele se enterrou nela uma última vez antes de se render ao orgasmo. Mas aquela última estocada era tudo o que ela precisava para se juntar a ele do outro lado. O grito mais alto dela se juntou ao dele, seu sexo contraindo-se e relaxando no mesmo ritmo das ondas de alívio que rolavam pelo pênis dele. As pernas dele tremiam com a intensidade de tudo aquilo, e eles deslizaram até o chão juntos. Minutos se passaram com a pulsação dele correndo pelo seu corpo como uma banda marcial celebrando uma vitória. Suor se acumulava na sua nuca, molhando os seus cabelos onde os dedos dela acariciavam os fios. Ele respirou fundo e sentiu o cheiro de pêssego, sexo, e outra nota que era inegavelmente Lia. “Eu —” ela começou antes de cair em uma risada nervosa. “Eu nunca senti nada assim.” Ele levantou a cabeça de onde ela estava, sobre o cabelo dela, e encostou a testa na dela. “Nem eu.” A sua confissão a fez rir novamente, com menos nervosismo desta vez. “Esta sempre foi uma das minhas fantasias, mas foi muito melhor do que eu poderia ter imaginado.” Ela tirou as palavras da boca dele. Ele a puxou para perto dele, aconchegando a cabeça dela sob o seu queixo. “Eu espero que você me desculpe por ser tão rude. Eu estou percebendo que estou tendo dificuldades em controlar o meu desejo por você.” “Eu teria parado você se não sentisse a mesma coisa.” Que estranha ironia do destino a havia trazido para a vida dele desta forma? Ah, claro, a sua mãe. Mas desta vez, talvez a sua mãe soubesse o que estava fazendo ao forçar os dois a se conhecerem. Uma rajada de ar frio da ventilação acima deles o lembrou que eles estavam sentados no meio de um corredor, sem calças. Ele beijou o topo da cabeça dela e a soltou. “Talvez, nós devêssemos nos vestir.” Ela concordou, seu lábio inferior se projetando para frente. “Eu acho que você está certo. Eu preciso começar o fechamento.” “Talvez, eu devesse ficar por aqui até você terminar.” Seu pênis deu sinais de vida,

endurecendo novamente com a ideia de fazer amor com ela mais uma vez. “Nós podemos voltar para o meu apartamento quando você tiver terminado.” Ela riu e passou o dedo pela sua lança. “Do jeito que nós estamos indo, você vai estar pronto de novo quando chegarmos nas escadas. E eu vou ficar totalmente distraída porque só vou pensar em quando vou poder ter você dentro de mim de novo.” Ele ficou onde estava enquanto ela se levantou e vestiu a roupa de baixo e as calças. Algo nas palavras dela o incomodou. A química sexual deles era inegável. Mas havia algo mais entre eles? Eles tinham o suficiente em comum fora do quarto para transformar este caso em um relacionamento duradouro? A noite em que ele preparou o jantar veio à sua mente enquanto ele vestia as calças. Sim, eles haviam conseguido conversar, gostar da companhia um do outro antes das coisas acabarem no quarto. E por mais que ele gostasse de se enrolar nos lençóis com ela, agora, ele se viu querendo algo diferente. “Lia, você gostaria de ir almoçar comigo amanhã?” Ela ficou paralisada, como se ele tivesse acabado de pedir a ela para pular dentro do Lago Michigan no meio de uma nevasca. “Você quer dizer, assim?” “Não, eu quero dizer você e eu, vestidos, fazendo uma refeição juntos.” Os lábios dela se abriram por alguns segundos, sua expressão surpresa, antes que o tom prático voltasse à sua voz. “Por mais que eu fosse adorar almoçar com você, eu não posso. Eu tenho que lidar com o almoço aqui.” “Você não pode escapar por um dia?” Ele a puxou para os seus braços mais uma vez, dando vários beijos no seu rosto. “É só por algumas horas, e eu prometo trazer você a tempo de se preparar para o jantar.” Ela o empurrou sem muita vontade, e riu quando ele continuou a plantar beijos em suas bochechas. “Você não desiste até conseguir o que quer, não é?” “Agora você sabe por que eu sempre consigo o que quero.” “Tudo bem, mas isso significa que eu não posso ir para casa com você hoje. Eu tenho que preparar tudo para o almoço sem mim.” “Eu farei este sacrifício.” Afinal, ele já havia saciado a sua vontade alguns momentos antes e limpado a névoa de desejo da sua mente. “Você pode me encontrar às 11h?” “Onde?” Ele levou apenas um segundo para pensar em um lugar onde ele sabia que conseguiria manter as mãos longe dela. “Na casa da minha mãe em Highland Park.”

Capítulo Doze Lia verificou o endereço que Adam deu a ela novamente. Sim, esta era a casa certa. Ou mansão, para ser mais específico. Quando a sua mãe disse que a casa do lago parecia mais uma cabana em comparação com a casa de Maureen Kelly em Highland Park, ela não estava brincando. Ela sentiu um peso no estômago ao chegar à entrada circular, suas palmas manchando o volante de suor. Quando ela tocou a campainha, suas mãos se recusavam a parar de tremer. Ela checou o visual no vidro, caso tivesse algum borrão de batom na boca ou fiapo na camisa. Adam e a sua família eram parte da elite de Chicago, mesmo que não valorizassem isso, e ela estava fora do seu mundo. Ela se preparou para ver a bola de pelo branco babando quando a porta se abriu, mas viu apenas Adam. “Onde está o Jasper?” “Não se preocupe com ele. Eu cuidei desse problema.” Ele pegou a mão dela e a levou para dentro, pausando apenas para plantar um beijo rápido nos seus lábios. “É só eu e você hoje.” O estômago dela começou a relaxar quando ela olhou para a grande escadaria de madeira de cerejeira esculpida. “A sua mãe não está aqui?” “Não, ela está em Vancouver cuidando do meu irmão, Ben.” As mãos dela finalmente sossegaram. Mesmo naquela mansão, ela ainda podia sentir o alívio de não precisar fingir ser algo que não era na frente de ninguém. “Qual deles é ele?” “Venha aqui e eu vou lhe mostrar.” Ele a levou para uma sala lateral. Painéis de vidro da Tiffany emolduravam as grandes janelas que davam para as flores em botão no jardim e o gramado imaculado abaixo delas. Um par de poltronas bem estofadas Queen Anne ficavam em cada lado de uma lareira grande o suficiente para que ela entrasse dentro. Uma mesa quadrada feita de madeira escura e pesada com um painel de couro se destacava ao lado, com dois baralhos de cartas convidando alguém a jogá-las. No geral, a decoração a lembrava do apartamento de Adam — cara e elegante, mas confortável e convidativa. Porta-retratos cobriam o topo da lareira, pequenos em comparação com a foto de família na parede acima dela. Um homem que se parecia muito com Adam estava sentado ao lado de uma versão dos anos 80 de Maureen, cercado por sete meninos. O mais jovem parecia ter apenas alguns meses de idade quando a foto foi tirada. Ela reprimiu uma risada quando notou as duas linhas pratas sobre os dentes de Adam. Ele a viu olhando para a foto e tossiu discretamente. “É, eu já disse à mamãe que é hora de atualizar a foto da família — talvez com uma em que eu não esteja usando aparelho — mas ela não me ouve.” Ele pegou um dos porta-retratos menores. “Esta foi tirada no último Natal.” Uma fila de sete homens sorria para ela, seus braços nos ombros uns dos outros. A cor dos seus cabelos ia do preto ao vermelho aceso, e as suas alturas variavam em até 15 centímetros de um para o outro. Seus olhos eram todos azuis, mesmo que dois deles tivessem olhos de um azul mais cinzento do que o azul brilhante e penetrante dos olhos de Adam. Mas todos tinham os mesmos sorrisos, o mesmo queixo, as mesmas dobras ao redor dos olhos. Em outras

palavras, não havia como negar que eles eram irmãos. O coração dela se apertou um pouco mais ao olhar para a foto. Ela nunca havia tido um irmão ou irmã e sempre quis ser parte de uma família grande. Foi apenas quando ela se mudou para a Itália e conviveu com os primos que ela conseguiu realizar este desejo. Adam correu o dedo pela fileira, começando com o homem ao seu lado. “Este é Ben, Caleb, Dan, Ethan, Frank e Gideon.” Cada um dos irmãos Kelly agora tinha um nome e um rosto, apesar de alguns dos homens que ela não conhecia parecerem vagamente familiares. “O que todos eles fazem?” “Ben é goleiro no Vancouver — ou pelo menos era até arrebentar o joelho na semana passada. A temporada acabou para ele, mas parece que ele está achando que a sua carreira também acabou.” O rosto dele ficou sério, seus lábios apertados em uma linha reta. “Eu estou esperando até que os analgésicos que ele está tomando percam o efeito antes de tentar botar juízo na cabeça dele.” O humor dele suavizou ao adicionar: “Quer dizer, se a mamãe já não fez isso. “Caleb, que você conheceu na casa do lago, é piloto na Força Aérea. Dan está terminando a residência de cirurgia. Ethan,” disse ele, apontando para o homem com cabelos pretos e lisos que chegavam aos ombros, com traços de tatuagens aparecendo por baixo das roupas, “está em uma banda.” Ela pegou o porta-retrato e o estudou de perto. “Ele não é o vocalista dos Ravinia’s Rejects?” Adam confirmou como se eles fossem alguma banda local de garagem e não um grupo de rock com milhões de discos vendidos e conhecido no mundo inteiro. Ele continuou, apontando para o homem ruivo que parecia ser feito de puro músculo. “Frank é um linebacker em Atlanta e Gideon é ator.” Ela reconheceu o irmão mais novo como um dos galãs mais populares do momento, e isto tinha tanto a ver com o seu talento quanto com o seu status como um dos homens mais sexy de Hollywood. Os dedos dela caíram para fora da moldura. Cada um deles havia feito algo extraordinário, fazendo-a se sentir mais insignificante com cada segundo que passava. “Você tem uma família muito bem-sucedida. A sua mãe deve ter muito orgulho.” Ele encolheu os ombros e colocou o porta-retrato de volta sobre a lareira. “Nossos pais sempre nos incentivaram a fazer o que amávamos. Eu acho que você, mais do que a maioria das pessoas, deve saber como é importante trabalhar naquilo que você mais ama.” “Sim, eu sei.” Ela havia sido cuidadosa ao não falar sobre o contrato de aluguel nas últimas duas semanas, mas era em momentos como esse que ela sentia o peso da questão. Parte dela queria dizer que ela adoraria continuar a trabalhar no que amava, mas aquilo significava que ela teria que perguntar a ele sobre a sua decisão de deixá-la ficar com o restaurante. Ela já havia começado a procurar outros pontos que estivessem na sua faixa de preço, mas nenhum chegava perto do que ela tinha no momento. Ela voltou a olhar para a foto, focando em Ben. “Não seja duro demais com o seu irmão quando falar com ele. Eu entendo como pode ser desanimador ter que encarar a possibilidade

de não poder mais fazer o que se ama.” Adam a olhou nos olhos por um momento, depois desviou o olhar. “Você quer ver o resto da casa?” “Vamos conhecer o segundo andar ou o primeiro?” Ele parou, sua mão no batente da porta que dava para o corredor. “Como é?” A sua mãe sempre havia lhe dito para morder a língua. Esta era uma das vezes que ela desejou ter seguido aquele conselho. “Eu sei como as coisas ficam quando nós estamos sozinhos juntos, e como nós já realizamos a fantasia da ‘rapidinha em um lugar onde alguém pode nos surpreender’, eu estava me perguntando se você havia me convidado para vir aqui e realizar a fantasia de transar na cama dos seus pais ou seja lá o que você tinha em mente.” Ele se aproximou dela lentamente, uma sobrancelha levantada. “Não, é o completo oposto.” Ela não havia percebido que estava prendendo a respiração até exalar com força. “Diferente da maioria dos adolescentes, transar em qualquer lugar onde os meus pais pudessem me pegar nunca foi uma fantasia minha. Mesmo que eu saiba que a minha mãe está em Vancouver, eu ainda me preocupo com a possibilidade dela aparecer, então sexo é a última coisa na minha mente no momento.” Ele parou e entrelaçou os dedos nos dela. “Eu convidei você para vir aqui pela razão que eu lhe dei ontem à noite. Nós dois, totalmente vestidos, fazendo uma refeição juntos.” O calor da mão dele subiu pelo seu braço e parou no seu peito, espantando as suas dúvidas. “Eu gostaria disso.” “Eu também, até preparei um piquenique.” Ele a levou para a cozinha branca e cavernosa que combinava perfeitamente com o estilo vitoriano da casa. “O dia está tão bonito, eu acho que nós podíamos aproveitar o sol.” “Parece ótimo.” Ela não conseguia lembrar-se da última vez em que havia tido a chance de se esticar sob o sol e deixá-lo penetrar a sua pele. O dia de primavera estava quente o suficiente para ser confortável, mas a brisa suave impedia as coisas de ficarem quentes demais. Adam pegou a cesta e o cobertor em um dos balcões e gesticulou para que ela o seguisse até a rua. Eles caminharam por meio da trilha tortuosa que cortava o jardim. O ar estava cheio do aroma doce das rosas e gardênias, seus botões perfumados acenando enquanto passavam. Era o lugar ideal para fazer um piquenique, mas Adam continuou até a grama macia mais a frente, finalmente parando sob os galhos de um carvalho que devia ter sido plantado quando a casa foi construída. “Aqui está bom para você?” — ele perguntou, esticando o cobertor. Ela concordou e se sentou ao lado do cobertor. “O que temos no menu?” “Eu aposto que você gostou de fazer essa pergunta, para variar” — disse ele com um sorriso. “Nós temos uma seleção de sanduíches gourmet.” Ele os tirou da cesta, um por um. “Peru e gouda. Presunto e queijo suíço. Carne e cheddar. E por último, mas não menos importante, o clássico manteiga de amendoim e geleia.” Era em momentos como esse que ela se esquecia que ele era um homem de negócios de sucesso que provavelmente valia milhões. Adam podia ter nascido em berço de ouro, mas também agia como um homem comum quando tirava o terno. “O quê? Nada de caviar e

champanhe?” “Não, mas eu tenho batatas fritas, picles e a sempre refrescante Coca-Cola.” Ele levantou uma garrafa de refrigerante como se fosse uma garrafa de Dom Pérignon. Ela não conseguiu reprimir o sorriso. “Impressionante.” “Eu aprendi a minha lição quando se trata de cozinhar.” Ele abriu a garrafa e a entregou a ela. “Opte pelo simples.” “Simples é bom de vez em quando.” Ela pegou o sanduíche de peru e o desembrulhou. “Além disso, tudo isso ainda exigiu tempo e planejamento.” “Sim, até uma ida ao supermercado local.” Ele pegou uma caixa rosa e um livro. “Para a sobremesa, nós temos cupcakes e poesia.” “Agora eu sei que você se esmerou.” Ela pegou o livro e leu a lombada. “John Donne?” “Um dos meus poetas favoritos. Eu me tornei fã dele quando estava em Oxford.” “E quando foi isso?” — ela perguntou antes de dar uma mordida no sanduíche. “Na faculdade. Foi lá que eu conheci Vanessa, a mulher que eu levei ao La Arietta.” O alimento ficou preso na sua garganta enquanto ela tentava engolir, e a sensação incômoda de ciúmes subiu pela sua coluna. “É?” “Sim, ela morava no meu prédio. Não deixe o sotaque britânico chique dela enganar você — ela é filha de um mecânico e de uma professora — mas ela tem sido uma boa amiga todos estes anos.” Ele abriu o livro e puxou um pedaço de papel de dentro dele. “Na verdade, ela escreveu isso sobre o seu restaurante.” A primeira coisa que ela notou foi “The Times.” A segunda coisa que ela percebeu ao examinar a crítica foi que Vanessa havia adorado a comida. “Isto é maravilhoso.” Ela queria soar entusiasmada, mas a sua voz soou vazia. Do que adiantava esta crítica positiva se ela seria forçada a fechar as portas em pouco mais de uma semana? Adam deve ter ouvido a hesitação nela, porque baixou o papel o suficiente para olhar nos olhos dela. “Eu lhe disse que faria o possível para que você ficasse com o restaurante, e estou trabalhando nisso.” Uma dúzia de perguntas surgiram na mente dela. O que ele estava fazendo? Ele havia mostrado algum dos outros imóveis ao Schlittler? O que o chef havia achado deles? Quando ela podia esperar uma resposta? Mas ela apertou os lábios firmemente, sem fazer nenhuma delas. Ela já havia cometido uma gafe verbal hoje. Ela não queria insultar Adam de novo. Aqueles olhos azuis dele não desviaram dos dela. “Você quer dizer alguma coisa. Eu sei.” “Sim, mas eu não vou dizer.” “Uma das coisas que me impressiona em você é o fato de você fazer tanta questão de manter os nossos negócios separados do nosso prazer. A maioria das mulheres que eu conheço não teria problemas em tentar conseguir o que queriam de mim, mas você permaneceu relativamente quieta.” Ela soltou o papel, absorvendo o elogio mais um segundo antes de responder. “Você sabe como eu me sinto a respeito. Eu não preciso ser uma chata. Além disso, eu gosto da sua companhia, negócios à parte.” “Eu nunca duvidei disso.” Ele segurou o rosto dela e deu um beijo comportado nos seus

lábios, se afastando poucos centímetros ao terminar, para que os seus narizes ainda se tocassem. “Você me colocou em uma situação complicada, sabe.” Ela levou as mãos aos braços dele. “Sinto muito, Adam.” “Não, não se desculpe.” Ele se afastou e brincou com as batatas fritas, sem comê-las. “Antes de conhecer você, eu sabia o que queria e não tinha nenhum problema em seguir em frente até conseguir isso. Mas com você...” As sobrancelhas dele se juntaram e ele esfregou as mãos nos seus jeans. “Eu estou aprendendo do jeito mais difícil que ceder não é fácil.” A pulsação dela se acelerou. “Então, por que você não seguiu em frente desta vez?” “Eu achei que era óbvio.” Ele a encarou, o calor nos seus olhos azuis deixando-a excitada e se sentindo com roupas demais. “Eu vi o quanto você ama a sua paixão, Lia, e se eu pudesse ter só 10% dessa paixão, eu seria um homem muito feliz.” Um novo tipo de calor a invadiu, algo que superava o calor do desejo e a deixava muito mais satisfeita do que o orgasmo mais poderoso. O fato de ele gostar dela o suficiente para mudar seus planos para que ela fosse feliz fez o seu coração pular tão desajeitadamente quanto a sua língua por várias batidas. E apesar de parecer uma resposta pequena demais, ela conseguiu dizer obrigado. “Não me agradeça ainda. Eu ainda tenho algumas coisas para resolver antes de dizer com segurança que o aluguel é seu, mas eu estou fazendo o possível.” Ele pegou o livro e se deitou, transformando a ponta do cobertor em um travesseiro improvisado. “Posso entretê-la com alguns dos sonetos de Donne?” Ela se aconchegou ao lado dele, deitando a cabeça no seu peito. A posição havia se tornado quase natural para ela agora, um lar nos braços dele. Ela se preocupava com a possibilidade de se apaixonar por Adam, mas agora não era mais possível negar o fato. Com cada dia que se passava, ele ganhava mais do seu coração e a deixava cada vez mais vulnerável a sofrer uma desilusão. Mas por enquanto, ela iria aproveitar cada momento que tinha com ele. A batida constante do coração dele estava em sincronia com o ritmo das palavras que ele lia em voz alta. “Vá e pegue uma estrela cadente...” **** Adam pausou depois de terminar de ler “O Tolo Triplo” e olhou para Lia. Ela havia caído no sono ao lado dele, seus cílios negros projetando sombras profundas na sua bochecha. A luz do sol que passava pelas folhas acima deles brilhava no cabelo dela como ouro líquido. Ele passou os dedos pelos fios acetinados, guardando cada sensação na memória. Seu pai havia dito a ele anos atrás para encontrar uma mulher com quem pudesse desfrutar de momentos de sossego. Inicialmente, ele havia rido da ideia. Mas com o tempo, ele começou a ver a sabedoria nas palavras do pai. Ele havia tido relacionamentos nos quais o sexo havia sido incrível, mas só isso. Depois, houve os relacionamentos nos quais o silêncio desconfortável dominava, um sinal claro de que era hora de terminar. Ele nunca havia estado com uma mulher que o deixasse totalmente satisfeito vendo-a dormir, até agora. Era isto que ele queria esta tarde — a confirmação de que ele podia desfrutar de momentos de sossego com Lia.

Ele fechou os olhos e tentou imaginar um futuro com ela, no qual o rosto dela seria o último que ele veria todas as noites e o primeiro que ele veria todas as manhãs. Era muito fácil visualizar. Ele poderia ficar atrás dela todas as noites enquanto cozinhasse, seus braços em torno da cintura dela para que ele pudesse se mover no ritmo dos seus quadris enquanto ela os agitava no ritmo da sua colher. Ela o deixaria provar as suas criações, e ele a recompensaria com um beijo. Eles dividiriam um cobertor no sofá enquanto assistissem filmes. E depois, ele a levaria para a cama e faria amor com ela até que os dois caíssem, exaustos. As imagens inundavam a sua mente em um ritmo frenético. Ele podia se ver recebendo convidados no apartamento para um jantar. Ele podia vê-los cochilando em uma rede no Havaí. Então, as imagens começaram a ir em uma direção desconhecida que acelerou a sua pulsação. Ele podia ver a barriga dela grande e redonda com o bebê deles, podia vê-la segurando o bebê, cercada por várias crianças, ambos tão felizes quanto os seus pais haviam sido. Ele abriu os olhos rapidamente. Sua respiração ficou ofegante, como se ele tivesse acabado de dar uma volta na pista de corrida. Quando ele pensava em um futuro com Lia, nunca havia esperado que as coisas fossem naquela direção. Casamento? Filhos? Mas, ao olhar novamente para ela, uma paz tomou conta dela, acalmando o seu coração acelerado e desacelerando a sua respiração. Sim, ele podia imaginar este tipo de vida com ela. Ela havia tornado tão fácil para ele se apaixonar completamente por ela. Ele só esperava que a questão do restaurante não destruísse as suas chances de ter aquele futuro. Ela se mexeu durante o sono, e ele olhou para o relógio. Duas da tarde. Hora de acordá-la para que ela pudesse chegar no La Arietta a tempo do serviço de jantar. “Lia” — ele sussurrou — “é hora de ir.” Os cílios dela se agitaram, revelando o verde profundo do seu olhar sonolento quando ela olhou para ele. Um sorriso sonolento se espalhou pelos seus lábios. “Ti amo” ela disse na voz arrastada de quem ainda dorme. Ele tocou o seu rosto. “E o que isso significa?” As pupilas dela reduziram de tamanho, apagando os últimos traços de sono do seu olhar, e as suas sobrancelhas se juntaram para criar uma única linha acima do seu nariz. “Hã?” “Deixe para lá.” Ele levantou o queixo dela para beijar seus lábios. “Você estava falando dormindo.” Ela se sentou e se espreguiçou. “Sinto muito, eu não pretendia cair no sono.” “Não se desculpe. É bom saber que nós conseguimos dormir um ao lado do outro sem termos arrancado nossas roupas antes.” Ela riu, uma onda de rosa profundo inundando suas bochechas. “Eu concordo.” Ao observá-la, imagens dos dois juntos no futuro apareciam em sua frente, distraindo-o do presente. Ele esfregou os olhos para se livrar das visões. “Eu sinto muito informá-la que já passaram das duas.” O sorriso caiu dos lábios dela. “O que significa que eu tenho que ir.” Ele rastejou até ela, rindo ao dizer: “Claro que você podia folgar pelo resto do dia.” “Desculpe, mas o meu nome não é Ferris Bueller, e eu não posso curtir a vida adoidada.”

Ela lhe deu um empurrão amigável e se levantou. Ele a seguiu, jogando tudo dentro da cesta antes de ir. “Nós devíamos fazer isso de novo uma hora dessas.” Os ombros dela se contraíram e seus olhos se arregalaram. Seu olhar subiu e desceu pelo rosto dele antes de relaxar com um aceno da cabeça. “Sim, devíamos.” Ela pegou o cobertor das mãos dele e o jogou sobre o seu braço. A casa estava seca e fresca depois do calor úmido da tarde, mas solitária e vazia. Ele havia crescido ali e não conseguia lembrar-se de um momento no qual ele e seus irmãos não estivessem correndo pela casa. Mesmo depois de todos terem crescido e se mudado, ainda havia Jasper galopando de quarto em quarto, atrás da sua mãe ou de qualquer visita que aparecesse. Para que servia uma casa grande se não havia ninguém para enchê-la? Eles estavam na porta antes de perceberem. Lia parou, sua mão na porta, e se inclinou para tocar o rosto dele com os lábios. “Obrigado por uma linda tarde, Adam.” O olhar que ela lançou para ele ao ir embora deixou claro que ela esperava vê-lo novamente em breve. Enquanto ela dirigia para longe, ele tirou o telefone do bolso e encontrou o aplicativo tradutor. Ele o colocou de italiano para português e repetiu as palavras que ela havia dito mais cedo. “Ti amo.” “Eu te amo,” uma voz computadorizada feminina respondeu. O sangue fugiu da sua cabeça e os ossos derreteram em suas pernas. Ele se sentou nas escadas. Ela o amava. E ele não podia mais negar que havia se apaixonado por ela também. Mas até que ele resolvesse o problema do restaurante, eles não tinham nenhuma chance. Ele olhou para o telefone, paralisado pelo medo em vez da indecisão. Ele sabia qual caminho precisava escolher, e temia o que estava por vir.

Capítulo Treze Lia limpou o suor da testa depois de adicionar os toques finais a outro pedido, e observou enquanto ele era levado para o salão. O pedaço dobrado de papel com a crítica do London Times se esfregava na sua coxa, por meio do tecido das suas calças. Ela colocou a mão no bolso, segurando mais uma vez para se certificar de que ele era real. Tudo naquela tarde havia sido parte de um sonho perfeito que havia se acabado no momento em que Adam a lembrou que era hora de vir trabalhar. Suas mãos haviam tremido durante a viagem inteira. A sua intuição dizia que ele manteria a promessa de deixar o La Arietta ficar ali, mas o sussurro de uma dúvida dançava pelos cantos da sua mente, sempre perguntando: “e se...” E se Adam escolhesse Schlittler em vez dela? Ela ainda iria querer ficar com ele? E se ele a deixasse ficar com o restaurante por enquanto, apenas para pedir a ela para desistir dele quando o seu relacionamento progredisse, para que ela se tornasse a esposa socialite que alguém como ele merecia? A possibilidade de ficar presa em uma jaula novamente a assustava mais do que ela gostaria de admitir. E o que era pior, o fato de ela realmente ter considerado a possibilidade de aceitar isso para ficar com ele arrepiava a essência de quem ela era. Adam entendia o amor que ela tinha por cozinhar, sua paixão pelo restaurante. Se ele realmente gostasse dela, nunca a pediria para desistir disso. Julie usou uma pausa no serviço para ficar ao lado dela. “Então, como foram as coisas hoje?” Lia havia estado tão determinada a se jogar no seu trabalho que havia trabalhado sem parar desde o momento em que entrou na cozinha. “Foram... bem.” Era engraçado como ela podia condensar todos os pensamentos confusos que rolavam pelo seu subconsciente em uma palavrinha. “Bem? Ou bem-bem?” Julie levantou as sobrancelhas sugestivamente. “Só bem. Nada de sacanagem.” A sua sous chef deu um suspiro dramático. “E eu esperando ouvir tudo sobre os seus prazeres vespertinos.” Lia riu e bateu o quadril no de Julie. “Foi só um piquenique no jardim, doce e romântico.” “Diferente de ontem à noite, quando você sumiu com ele e voltou com o cabelo todo bagunçado.” A mão de Lia voou para o seu cabelo, como se ainda estivesse bagunçado. Ela o alisou e tentou permanecer calma. “Eu não faço ideia do que você está falando.” “Ah, admita, Lia. Dax e eu sabemos o que vocês estão fazendo.” Felizmente, Julie tinha bom senso suficiente para não divulgar para a cozinha inteira o que ela realmente quis dizer. Restaurantes são piores do que escolas quando se trata de boatos. “Sim, nós estamos saindo, e eu lhe agradeço por concordar em abrir hoje para que eu pudesse almoçar com ele.” “Sem problemas.” Julie começou a se distanciar, mas parou e adicionou: “Sabe, eu estou

muito feliz por você ter achado alguém que a faz sorrir.” “Sorrir?” “Sim. Neste último ano, você esteve aqui todos os dias em que abrimos, trabalhando tanto para transformar este lugar em um sucesso, mas você nunca realmente brilhou até começar a sair com ele, se você me entende.” Ela entendia até demais. Ela havia curado o seu coração com a culinária, mas ele havia permanecido vazio até ela encontrar alguém para abri-lo novamente. Uma nova rodada de pedidos entrou, destruindo a possibilidade de ela refletir sobre esta descoberta. A noite passou com ondas de pedidos e entradas, pratos principais e sobremesas. Antes que ela percebesse, era hora de fechar. Ela estava delegando tarefas à equipe quando viu Adam recostado na parede do seu escritório. Ela se afastou do alvoroço da cozinha e o puxou para dentro. “Como você chegou aqui?” “Entrada de funcionários.” Ele apontou para a porta dos fundos que levava a outra escadaria e à importantíssima saída de lixo. “Dax parecia pronto para me atacar quando eu tentei entrar na cozinha pelo salão ontem à noite.” Ela riu. “Dax quer atacar você, mas não do jeito que você está falando.” “Que pena, porque eu já tenho dona.” Ele a puxou para os seus braços e a deu um beijo que a deixou sem fôlego e querendo levá-lo para as escadas, para repetir a noite anterior. O som de alguém limpando a garganta deu um fim ao beijo antes que as coisas fugissem do controle. Julie estava parada na porta com uma prancheta e um sorriso convencido. “Você está se tornando um rosto familiar por aqui, Adam.” “Você acreditaria se eu dissesse que estou apaixonado pela comida?” “Quem culparia você?” O seu sorriso se alargou enquanto ela escrevia algo na prancheta. “Eu terminei de delegar as tarefas de fechamento, Lia. Por que você não sai mais cedo uma vez na vida?” “Eu acho que essa é uma ideia fantástica, você não acha?” Adam esticou o braço e colocou a mão firmemente no traseiro dela. “Julie parece estar com tudo sob controle.” Era uma conspiração. Ele devem ter combinado algo para convencê-la a ir para casa com ele uma hora antes do normal. E o plano deles estava funcionando. Ela espiou as anotações de Julie. “Não se esqueça de colocar todos os recibos no cofre.” “Sem problemas” — respondeu ela com um sinal de confirmação eficiente. “E confira se toda a comida está armazenada corretamente.” “Ok.” “E—” Adam a interrompeu segurando suas mãos e colocando-as no seu peito. “Lia, eu acho que a Julie conhece a rotina da noite a essa altura.” Ela havia confiado em Julie na abertura do restaurante hoje, assim como havia confiado em Julie para fechar para ela naquelas raras noites em que ela cedia o controle do La Arietta para a sua sous chef. Esta noite não seria diferente, mas ela ainda sentia como se estivesse abandonando um filho de certa forma. Quanto mais Adam exigia o seu tempo, menos ela podia dedicar aos seus negócios.

Mas esta noite, ela estava disposta a deixar de lado o seu nervosismo habitual e curtir a sua nova paixão — Adam. “O navio é seu, capitã” — ela disse a Julie quando relaxou nos braços de Adam. “Oba!” Julie pulou no ar e correu para a cozinha. Lia ouviu atenciosamente enquanto a sua sous chef continuava a rotina de fechamento exatamente como ela fazia normalmente. Adam guiou o seu queixo de volta para ele. “Viu? Não há nada com que se preocupar.” “Você está certo.” Ela abriu sua jaqueta de chef e a trocou pela jaqueta de jeans que havia vestido para vir trabalhar. “Existe alguma razão para você ter vindo aqui hoje?” “Sim, mas eu vou lhe contar mais tarde. Agora, eu só quero levar você para casa.” Ele se inclinou sobre ela, sua respiração mordiscando a orelha dela enquanto a sua voz ficava mais baixa. “Quando chegarmos lá, eu vou tirar toda a sua roupa e explorar cada centímetro do seu corpo, da cabeça aos dedos dos pés.” Ele pausou, puxando os quadris dela para si, para que a prova da sua excitação roçasse contra ela. “Com muitas paradas intermitentes no caminho.” A excitação dele era tão contagiosa que ela estava pronta para deixá-lo começar a sua exploração ali mesmo. A sua pele vibrava de antecipação. “Então, vamos indo.” A viagem até o apartamento dele foi curta o suficiente para que ela conseguisse manter as suas mãos longe dele. Todo o controle desapareceu assim que eles entraram no elevador. Ela o beijou da mesma forma rápida e frenética que havia feito na noite passada. Esta noite, era ela quem precisava dele. Ela que ficou tentada em apertar o botão de emergência no elevador e ter o que queria antes de chegar à porta da frente dele. O som que anunciava que eles haviam chegado ao andar dele fez renascer o autocontrole que ela ainda tinha. Ela se afastou, dando a ele o seu sorriso mais sedutor. “Paciência” — disse ele, abrindo a porta do apartamento. “Eu estava falando sério quando disse que iria fazer amor com você com muita calma esta noite.” Fazer amor? Ela mal teve tempo para compreender o significado daquelas palavras antes que 50 quilos de pelo branco a derrubassem no chão. A combinação de cheiradas e lambidas teria sido suficiente para desencadear um ataque de pânico na maioria das pessoas, mas Lia colocou as mãos entre ela e o cão da montanha e riu. “Tem que haver alguma maneira menos agressiva de você me receber, Jasper.” “Desculpe, Lia” — Adam resmungou, puxando a coleira do cão. “Eu me esqueci que ele parece gostar um pouco demais de você.” Ela se sentou e limpou a baba do cão do rosto. “Sou só eu?” “Infelizmente.” Ele arrastou Jasper de volta para o apartamento. “Eu ajudaria você a se levantar, mas as minhas mãos estão ocupadas no momento.” “Eu estou bem.” Ela se levantou e entrou, acariciando as orelhas de Jasper enquanto passava. Uma grande caixa que não havia estado lá algumas noites atrás ocupava um canto da sala de jantar. “Babá de cachorro?” “É, a minha mãe está viajando, e nós não conseguimos alguém para ficar com ele na última hora.” Ele puxou o cão para mais perto da sua caixa de transporte. “Por que você não vai para o quarto enquanto eu cuido desta ameaça para você?”

“Meu herói”, ela brincou e jogou um beijo para ele. Do outro lado da porta, ela ouviu Adam ameaçando-o em tom de brincadeira com o acampamento de treinamento para cães, cercado de um monte de poodles barulhentos. Jasper respondeu com um latido agudo. O brilho da tela do notebook dele era a única luz no quarto. Ela parou na escrivaninha dele para ligar o abajur e permaneceu ali quando viu o seu próprio nome na tela. Ela tentou se afastar do e-mail mordaz que alguém chamado Raymond havia enviado para Adam, mas seus olhos continuaram a examiná-lo, linha por linha. Ele estava ameaçando processar Adam se ela ficasse com o ponto em vez de Schlittler, chamando-o de um tolo que estava pensando apenas com o pênis. As bochechas dela queimaram ao continuar a ler, até que as letras ficaram embaçadas na frente dela. Então, ela fechou os olhos e se afastou até bater na cama. Ela havia visto o suficiente para saber que o seu relacionamento com Adam estava criando inimigos. A sua mãe sempre a avisou que bisbilhotar nunca era uma boa ideia. Mais uma vez, ela desejou ter seguido o conselho da mãe. O peso deste novo conhecimento a pressionava, forçando seus joelhos e a derrubando na beirada do colchão. Ela havia sido egoísta de não considerar as consequências que Adam teria que enfrentar por perder o restaurante de Schlittler. Mas se ele oferecesse o contrato de aluguel a ela, ela seria capaz de aceitá-lo agora que sabia dos novos problemas que estava criando para ele? Por mais que ela quisesse ficar com o La Arietta, valeria a pena, sabendo que ela arrastaria Adam para um processo que poderia destruir a empresa da sua família? O som da maçaneta virando a afastou dos seus pensamentos. Ela se forçou a sorrir. A última coisa que Adam precisava agora era saber que ela havia lido um e-mail particular. “Eu juro, se Jasper não fosse um cachorro, eu teria que puni-lo por pular em você.” Ele fechou o notebook ao passar pela escrivaninha e a puxou da cama para os seus braços. “Agora, onde nós estávamos?” As preocupações dela evaporaram quando o beijo dele a levou para um mundo diferente, sem contratos de aluguel e processos judiciais. Neste mundo, havia apenas os dois e a promessa de uma noite de êxtase. Ela se rendeu a esta promessa e aos seus toques com a mesma disposição. Uma por uma, ele removeu cada camada de roupas até ambos ficarem nus nos braços um do outro. Adam a deitou gentilmente nos travesseiros. Ele se posicionou sobre ela, seus olhos abertos como se estivessem olhando para a mulher mais linda do mundo, e não para ela. As suas mãos traçavam as curvas do corpo dela. “Onde você quer que eu comece?” “Onde você quiser.” “Então, eu vou começar aqui.” Ele se sentou sobre os joelhos e passou o dedo pelas pernas dela. Quando chegou aos dedos dos pés, ele levantou o pé dela e o levou até a boca. Lia sempre imaginou que seria estranho que um homem chupasse os seus dedos dos pés — ou, no mínimo, desconfortável — mas Adam transformou aquilo em uma experiência sensual deliciosa. Seu sexo ficou tenso enquanto ela o observava dando atenção especial a cada pequena saliência, girando a língua em torno delas e fazendo-a desejar que ele estivesse dando aquela atenção ao seu clitóris.

Ele terminou com os dedos e partiu para os seus pés, dando beijos na sola e nos calcanhares, depois na parte interna dos seus tornozelos. Seus lábios continuavam a subir pelas suas panturrilhas, como ele havia feito naquela noite com o molho de framboesa, mas com menos lambidas desta vez. Em vez disso, as suas mãos massageavam os músculos dela, seguidas pela passagem suave dos seus lábios. Ele subiu mais, finalmente chegando ao lugar que ansiava pelo seu toque. Ele passou o dedo pela entrada. Os quadris dela se elevaram como resposta, suas coxas se abrindo para ele. Os dedos dela apertaram o travesseiro. Seu corpo queria que ele acabasse com as preliminares e seguisse para a atração principal da noite, mas ela conseguiu controlar os seus desejos por tempo suficiente para deixá-lo terminar. Um canto da boca dele se ergueu enquanto ele a observava. “Não se preocupe, Lia. Eu vou garantir que você goze muitas vezes.” Ele baixou a cabeça e repetiu os mesmos movimentos de sucção e giro no seu clitóris que havia usado nos seus dedos. A pressão dentro dela crescia cada vez mais com cada toque da sua língua. Antes que ela pudesse parar a explosão dentro dela, ela estava curvando as costas e gritando o nome dele. Mas, em vez de parar, tendo a satisfação de tê-la feito gozar, ele continuou, prolongando o seu orgasmo o quanto pôde até que ela estivesse fraca e trêmula embaixo dele. Adam apertou os lábios contra o volume macio abaixo do umbigo dela. “Gostou?” Se ela abrisse a boca, tinha certeza de que apenas murmúrios incompreensíveis sairiam, então, ela apenas acenou com a cabeça. A jornada dele continuava, suas mãos acariciando os quadris dela, a curva das suas costas, sua cintura, sempre seguidas dos seus lábios. Quando ele se aproximou dos seus seios, ela havia se recuperado o suficiente para demonstrar a ele o quanto estava gostando da atenção com uma série de gemidos e suspiros. Ela correu os dedos pelas costas musculosas dele, pausando para cravar as unhas na sua pele quando ele mordeu o seu mamilo e enviou uma onda aguda de prazer para os recessos mais profundos da pélvis dela. Quando ele chegou aos lábios dela, o seu corpo estava exigindo alívio. Seus quadris se moviam contra ele, buscando a lança firme que ela queria dentro dela. E ainda assim, ele continuou provocando-a. O peso dele caiu sobre ela, prendendo-a no colchão. Seus dedos se entrelaçaram nos dela, levantando-os acima da sua cabeça. Seu pênis rígido tocava a coxa dela, a centímetros de distância da abertura do seu sexo. A boca dele engoliu os gritos de protesto dela com um beijo suave e lento. Finalmente, os lábios dele chegaram à testa dela, e ele deu um sorriso de lado. “Agora, eu estou pronto para fazer amor com você do jeito certo.” Ele rolou de cima dela o suficiente para colocar a camisinha. Depois, ele deslizou para dentro dela com a mesma lentidão agonizante que havia usado até aquele momento. Na noite passada, eles haviam corrido para o clímax. Esta noite, ele parecia determinado a levar todo o tempo do mundo. Ele acelerou o ritmo, deslizando para dentro e para fora dela com um controle que ela gostaria de ter. Em vez de uma série de estocadas firmes, elas eram longas e lânguidas. Cada

uma causava a deliciosa fricção que fez a respiração dela se acelerar e o seu estômago se apertar. “Eu adoro ver você gostando de mim.” Ele levantou os quadris e os abaixou, alcançando os recessos mais profundos do sexo dela. “Eu adoro ver o seu rosto se iluminar quando você goza. Eu adoro ouvir os pequenos sons de prazer que você faz quando eu penetro você.” As palavras dele eram um afrodisíaco tão potente quanto o seu toque. A pulsação dela se acelerou, e ela o segurou com mais força, em preparação para o prazer enlouquecedor que a esperava quando ela gozasse. “Eu adoro saber que você quer fazer amor comigo assim” — ela sussurrou. O corpo dele tremeu contra o dela, e a sua voz refletiu o quanto ele se esforçava para manter o controle. “Oh, Lia, eu quero que todas as noites sejam assim — só você e eu.” “Eu também quero isso.” A resposta dela pareceu acabar com o controle que ele havia tido toda a noite. Os seus movimentos ficaram mais rápidos, mais erráticos. Ele agitava os quadris, mudando o ângulo da penetração para alcançar o ponto que a levaria além do limite. Ela apertou os braços em torno dele, sem fôlego, apertando os dentes ao tentar adiar o inevitável. Mas não adiantou. O orgasmo cresceu dentro dela e explodiu com uma força arrasadora. “Tão linda, Lia.” O ritmo de Adam se acelerou, finalmente procurando o seu próprio alívio. “Tão linda quando você goza.” Então, as suas palavras transformaram-se em um gemido baixo, e ele parou. Seu maxilar relaxou. Um olhar de êxtase cobria o seu rosto. “Meu Deus, Lia”, ele disse em um sussurro rouco antes de cair sobre ela. Ela o segurou enquanto o seu corpo tremia com as últimas ondas de prazer, acariciando os seus cabelos e se perguntando quando ela havia ficado completamente apaixonada por Adam Kelly. **** Um toque tão leve quanto o de asas de anjo trouxe Adam de volta do abismo do êxtase. Ele inalou o perfume de Lia, as doces notas de pêssegos revivendo seus músculos cansados. Por mais que ele gostasse de gozar dentro dela, eram os momentos tranquilos nos seus braços depois do gozo que ele mais desejava. Ele se apoiou sobre os cotovelos e absorveu a luz no rosto dela, tentando encontrar as palavras certas para expressar a confusão de emoções em seu peito. “Satisfeito?” — ela perguntou. “Por enquanto.” Ele rolou para o lado, levando-a com ele para que eles deitassem juntos da mesma forma que haviam feito naquela tarde. Os cabelos macios dela cobriam o braço dele, e a sua perna cobria a coxa dele. Perfeito. As coisas não podiam ficar mais perfeitas. No entanto, havia algo mais que ele queria dizer a ela. Seu olhar se desviou para o notebook fechado na sua escrivaninha e o e-mail irritado que ele havia recebido de Ray depois que Adam disse a ele que iria renovar o contrato de aluguel de Lia. Dúvidas haviam o incomodado durante toda a viagem do seu apartamento até o La Arietta. Ele havia feito a escolha certa? Dar

a Lia o que ela queria valeria o risco de ser processado e perder o capital de investimento que Ray representava? Mas quando ele a viu em ação, sua mente se tranquilizou. Lia estava no seu elemento na cozinha. Suas bochechas brilhavam de entusiasmo ao preparar um prato após o outro, seus olhos seguindo cada prato que saía da cozinha como uma mãe orgulhosa. Ele havia ficado no fundo da cozinha por quase meia hora antes de ela finalmente notá-lo, mas o que ele havia visto tranquilizou qualquer dúvida que ainda existisse em sua mente. Ele não podia dar a lua a ela, mas podia lhe dar a coisa que ela amava mais do que qualquer outra. Adam havia planejado contar a ela esta noite, mas ele estava com medo de arruinar o momento se abordasse o assunto agora. Em vez disso, ele focou em sincronizar o subir e baixar do peito dele com o dela. “Eu morreria feliz agora.” Ela colocou o braço em torno do peito dele e o abraçou. “Eu também.” O coração dele se apertou ainda mais. Lia havia se tornado o que ele mais desejava na vida. “Eu quero passar todas as noites assim, Lia, com você deitada ao meu lado.” Ela levantou a cabeça do peito dele, seus lábios entreabertos e suas sobrancelhas unidas. Ela examinou o rosto dele enquanto seus dedos trilhavam o seu peito, finalmente parando sobre o seu coração. Um pequeno sorriso surgiu. “E você sempre consegue o que quer.” “Sim, desde que você esteja disposta a ficar aqui.” A ruga reapareceu sobre o nariz dela. O que ele havia dito que a deixou preocupada? Antes que ele pudesse perguntar, seu telefone tocou. Desta vez, no entanto, era o toque de Bates. O que o faria ligar tão tarde? Um segundo toque interrompeu o silêncio e Lia pulou. Os dois telefones continuaram a tocar, um ecoando o outro, exigindo a atenção deles até que Adam pegou o dele e foi até a sala de estar. “O que houve, Bates?” O telefone de Lia também parou de tocar, seguido pelo som abafado da sua voz, quando ela atendeu. “Sr. Kelly, houve um incêndio no prédio da Michigan Avenue.”

Capítulo Quatorze Uma camada de suor surgiu sobre a pele dele. “Onde no prédio?” “No último andar, pelo que me disseram.” Merda! La Arietta. Ele respirou fundo e prendeu a respiração, rezando para que Bates estivesse errado. “Eu estou indo para lá, para ver se consigo entrar e avaliar os danos.” “Eu encontro você lá.” Ele desligou e ficou parado do lado de fora do quarto, tentando ouvir Lia. Quando nenhum som veio do quarto, ele empurrou a porta gentilmente para abri-la. Lia estava sentada na beira da cama, o telefone em suas mãos. Linhas molhadas corriam pelo seu rosto pálido. Ela olhava para frente como uma estátua, deixando suas lágrimas caírem. Uma sensação aterradora de impotência o preencheu. Se ele tivesse uma varinha mágica, o feitiço que ele lançaria a impediria de saber a verdade sobre o incêndio. Em vez disso, ele aceitou o papel de ser a pessoa na qual ela podia depender neste momento de dificuldade. Ele encontrou as roupas dela e as colocou ao seu lado. “Lia, vamos nos vestir e ir ver os danos.” Os ombros dela balançaram, levemente no início, mas se transformando rapidamente em um soluço que agitou todo o seu corpo. Ele sentou ao lado dela e a segurou até que a sua tristeza inicial passasse e o fluxo de suas lágrimas quentes cessasse. “Nós vamos resolver isto juntos, Lia” — ele sussurrou. “Eu prometo.” Ela levantou a cabeça fungando e secou o rosto com a mão. “Você está certo, Adam. Chorar não vai resolver nada.” Ela vestiu as calcinhas. “Vamos lá ver o que restou.” A calma na voz dela camuflava os seus ombros caídos, o esforço indiferente que ela fazia ao vestir suas roupas. Ela desceu pelo elevador com os braços ao redor da cintura, abraçando a si mesma e distante dele. Seu rosto permaneceu sem emoção durante a viagem até o restaurante e quando viu as luzes vermelhas piscantes que os receberam quando eles chegaram. Depois de explicarem ao bombeiro que eram os donos, eles obtiveram permissão para entrar na garagem do prédio e ir até o último andar. O cheiro ácido de fumaça encheu as narinas dele quando eles se aproximaram do La Arietta. Um suspiro escapou dos lábios dela quando as portas do elevador se abriram. O fogo podia não ter consumido o restaurante inteiro, mas o dano era suficiente para chamar aquilo de perda total. Manchas de fumaça escureciam o teto do lobby, e gesso úmido pingava das paredes. Além deles, os restos queimados de mesas e cadeiras pareciam esqueletos medonhos no fundo do salão do restaurante, perto da porta da cozinha. Bates se aproximou deles, seu olhar desviando para Lia antes de falar. “Não foi tão ruim quanto eu imaginei inicialmente.” Se Lia ouviu aquelas palavras, ela não demonstrou isso. Bates balançou a cabeça rapidamente, indicando que havia algo que ele queria dizer em particular. Adam apertou a mão dela. “Você vai ficar bem aqui por alguns minutos?” Ela confirmou, seu olhar ainda fixo à sua frente. “Eu não quero perturbar ainda mais a Srta. Mantovani.” Bates o levou até o coração do salão antes vibrante, parando na linha negra no chão que marcava o limite das chamas perto da porta

da cozinha. “Pelo que eu posso entender, o fogo começou na cozinha, perto da fritadeira. O inspetor já está investigando a causa.” Como se esperasse a sua deixa, um homem surgiu da cozinha, conversando com um dos bombeiros. Ele fazia algumas anotações na sua prancheta e acenou com a cabeça antes de se aproximar deles. “Você é o Sr. Kelly?” Adam confirmou. “O prédio está seguro?” “Você não conseguiria subir se ele não estivesse.” O inspetor fez mais algumas anotações. “Eu vou dar uma olhada nos andares abaixo antes de dar um parecer final sobre se é seguro para as pessoas voltarem ao trabalho ou não.” “Eu vou chamar a equipe de controle de danos e eles estarão aqui de manhã” — Bates adicionou. Adam esperou que o inspetor respondesse a pergunta que o estava incomodando, mas quando ele não deu a informação, Adam perguntou: “Alguma pista sobre a causa?” “Parece que foi uma tomada com defeito acima da fritadeira.” Ele levantou uma bola de fios e plástico queimados e retorcidos. “Algumas faíscas daquilo e o óleo deve ter acendido como pólvora. Incêndio de gordura clássico.” “Estou feliz pelos bombeiros terem conseguido contê-lo tão rapidamente.” “É, eu também. Torna o meu trabalho mais fácil.” Ele largou as provas em um saco plástico e o selou. “Agora, vamos dar uma olhada lá embaixo.” “Bates, vá com ele. Eu vou ficar aqui com Lia.” Os dois homens desapareceram nas escadas, e Adam encarou a tarefa nefasta de consolar a mulher que ele amava. **** Lia deu alguns passos e parou, seu queixo tremendo enquanto ela absorvia todo o acontecido. Tudo estava arruinado. Tudo pelo qual ela trabalhou de coração e alma pelo último ano estava encharcado e cheirando à fumaça. Cada centavo que ela havia investido no La Arietta havia queimado, deixando-a com nada. Um flash de luz a atraiu, e ela atravessou o lobby até onde a edição emoldurada da Food and Wine estava pendurada na parede, ainda seca por trás do painel de vidro. Ela a pegou e a abraçou. Mesmo que ela nunca reconstruísse o La Arietta, ela tinha provas de que ele havia sido real, que ela havia criado algo maravilhoso e especial e... Seus pensamentos cessaram com um soluço silencioso. Não importava o que ele havia sido. Tudo estava acabado agora. Um par de mãos quentes pousaram em seus ombros. “Tudo vai ficar bem, Lia” — disse Adam com uma voz suave preparada para acalmá-la. “Nós podemos reconstruir.” “Não, não podemos.” Uma nova onda de lágrimas ameaçava transbordar. “Eu não tenho o dinheiro. A minha apólice contra incêndios mal vai cobrir os reparos necessários para deixar as coisas em condições de uso. Não vai repor os móveis ou os equipamentos ou a perda de receita.” Ele a segurou nos braços e tentou acalmá-la. “Não se preocupe com o dinheiro.”

Uma faísca de fúria se acendeu dentro do peito dela, se espalhando tão rápido quanto o incêndio no restaurante. “Isso é fácil para alguém como você dizer. Você nunca teve que se preocupar com se sustentar ou como você vai conseguir dinheiro suficiente para se mudar do apartamento da sua mãe enquanto mantém a sua empresa funcionando.” “Então, o que você quer que eu diga?” perguntou ele, seus braços caindo para os lados. “Eu não sei” — ela admitiu, abraçando a revista emoldurada com mais força. “Se você me oferecer um empréstimo para abrir o La Arietta, eu vou me sentir em débito com você para sempre. Seria como se você fosse dono de uma parte da minha alma.” “Então, você está dizendo que prefere deixar tudo para trás?” Ele colocou o dedo embaixo do queixo dela, aumentando a pressão até que ela finalmente olhasse para ele. “Ouça — eu vou cuidar de tudo — os reparos, as inspeções, a papelada. Você pode ir morar comigo e nunca ter que se preocupar com nada de novo.” O estômago dela se apertou. Ele estava se oferecendo para controlar tudo e a levar para a casa dele. A pulsação dela explodia em suas têmporas, e a sua boca secou. Era a história da jaula novamente. Ele queria trancá-la e mantê-la longe da única coisa que podia separá-los. Felizmente, o Sr. Bates a poupou de ter que dizer não a ele. “Sr. Kelly, talvez, você deva descer e dar uma olhada antes que possamos definir um plano de ação.” A garganta dela se apertou como se alguém tivesse colocado uma corda em seu pescoço. Ela havia ouvido o inspetor. A gordura havia causado todo aquele estrago. Era culpa dela por não estar ali e garantir que tudo estava em ordem antes de ir embora. Se ela tivesse estado ali, talvez tivesse conseguido extinguir o fogo antes que ele se espalhasse. Agora, ela havia destruído não só o seu restaurante, mas as empresas próximas no prédio de Adam. Adam passou o dedão pelos lábios dela. “Pense na minha oferta.” Ela não precisava pensar nela. Ela já tinha a resposta, mas era covarde demais para dizer qual era naquele momento. Ela ficou parada ali enquanto ele seguia o Sr. Bates até as escadas, elaborando o melhor plano. Ela não podia ressuscitar o La Arietta sozinha, e ela não podia se tornar uma mulher dependente. Cada batida do seu coração confirmava o inevitável, aumentando a dor em seu peito. Ela não tinha futuro com um homem como Adam Kelly. Agora era a hora de sair da vida dele para sempre, antes que o seu corpo assumisse o controle do seu bom senso e ela se rendesse ao toque dele. Ela apertou o botão do elevador e chamou um taxi para ir até o apartamento da sua mãe, carregando apenas as memórias de alguns sonhos despedaçados com ela.

Capítulo Quinze Adam digitou o número de Lia mais uma vez. Como havia acontecido todas as vezes em que ele havia tentado ligar nos últimos dois dias, a ligação foi direto para a caixa de mensagens. Ele não havia tido nenhuma notícia dela desde o incêndio, com exceção de uma mensagem de texto avisando que ela havia ido para a casa da mãe, seguido por um e-mail que ele havia recebido a menos de uma hora atrás, informando-o que ele podia dar o imóvel para Amadeus Schlittler. “Droga, mulher! Por que você está sendo tão teimosa?” O silêncio dela não apenas o magoava — ele rasgava o seu coração como alguma tortura sádica que doía sempre que ele pensava nela. Ele havia sugerido que ela se mudasse para o apartamento dele e que o deixasse cuidar de tudo que a preocupava. Na verdade, aquilo havia sido o mais próximo que ele havia chegado de pedi-la em casamento. Talvez, tivesse sido melhor ter feito o pedido. Ele abriu o e-mail novamente e deixou as palavras dela espetarem a sua pele como dezenas de pequenos punhais. Caro Adam, Já que os estragos no La Arietta irão exigir muito tempo e dinheiro para consertar, eu acho que será melhor para você oferecer o espaço ao Amadeus Schlittler e se esquecer de mim. Sinceramente, Lia Mantovani Ele bateu o teclado na mesa com a frustração. Talvez, ele tivesse errado ao achar que ela realmente gostava dele. Talvez, tudo tivesse sido um jogo para seduzi-lo e convencê-lo a deixá-la ficar com o restaurante, e agora que não podia pagar pelo restaurante, ela não queria mais nada com ele. Mas quando ele se lembrou da forma como ela havia dito que o amava naquela voz sonolenta há alguns dias, ele soube que ela não estava fingindo. Ela o amava tanto quanto ele a amava. Ele só precisava descobrir o que a fez fugir. Uma batida forte veio da porta. Bates entrou carregando duas pastas. “Sr. Kelly, o Sr. Volowski tem sido um pouco, hum, insistente em saber qual é a sua decisão sobre o imóvel da Michigan Avenue. Eu tomei a liberdade de redigir dois contratos de aluguel diferentes — um para o Sr. Schlittler e um para a Srta. Mantovani.” Bates colocou cada pasta sobre a mesa e abriu-as para expor os documentos. Era hora de tomar uma decisão. Ele leu superficialmente o contrato proposto para Schlittler, depois o de Lia. Ele parou quando viu o valor mensal do aluguel no contrato dela. “Isto está certo?” — ele perguntou, apontando para o número que era um quarto do valor que ele cobraria normalmente. Bates colocou seus óculos de leitura e examinou o valor. “Sim, senhor. Esta é a quantia no subcontrato dela.” “Quem autorizou?” O assistente dele folheou o contrato até chegar ao original. Na última página, os laços delicados da assinatura da mãe de Adam preenchiam a linha do proprietário. Adam respirou profundamente e se recostou na cadeira. Ele deveria saber que havia uma última peça no quebra-cabeça que ele não havia considerado. “Eu acho que preciso conversar

com a proprietária antes de fazer qualquer coisa.” “E o que eu devo dizer ao Sr. Volowski quando ele ligar de novo?” Adam examinou o contrato de Schlittler, depois o de Lia. Ele havia prometido a ela que faria todo o possível para deixá-la ficar com o La Arietta. Se ele queria reconquistá-la, precisava começar provando que era um homem de palavra. Ele pegou o contrato de Schlittler e rasgou-o ao meio. “Diga ao Sr. Volowski que o chef Amadeus e eu não conseguimos chegar a um acordo.” Bates levantou uma sobrancelha, mas pegou os papéis rasgados sem perguntar o porquê. Um sorriso fraco curvou os seus lábios. “Tudo bem, senhor. Eu vou marcar um almoço com a sua mãe quando ela voltar de Chicago na terça-feira.” “Obrigado.” Ele fechou a pasta com os contratos de Lia e deu um tapinha na capa. Era um começo, mas ele podia ir um passo mais longe. “E você poderia encontrar as fotos que tirou do La Arietta antes do incêndio e mostrá-las ao empreiteiro? Eu quero tudo como estava antes.” “Imediatamente, Sr. Kelly.” Bates acenou a cabeça, adicionando, antes que a porta se fechasse atrás dele, “Por falar nisso, Robert Curry ligou e pediu para marcar uma reunião com você. Disse que encontrou o que você estava procurando.” Adam estalou os dedos. Hora de dar o golpe duplo, especialmente se a mensagem misteriosa de Curry significasse que ele havia encontrado algo comprometedor sobre Ray. Ele pegou o telefone e ligou para Curry. “Fiquei sabendo que você quer marcar uma reunião?” O detetive particular riu. “Eu investiguei como você pediu, e você não vai acreditar na sujeira que eu encontrei.” Ele riu. “Tão ruim assim, é?” “Pior.” Ele examinou o relógio em sua mesa. Quinze horas. Normalmente, ele estaria contando os minutos até ver Lia a esta altura do dia, mas agora, ele estava louco para saber o que Curry havia descoberto e como ele poderia usar isto contra Ray. “Quando você pode estar aqui?” “Eu estou a algumas quadras de distância do seu escritório.” “Que coincidência — eu tenho um horário livre na minha agenda agora mesmo. Vou pedir para o Bates deixá-lo entrar quando você chegar.” “Vejo você daqui a pouco.” A ligação terminou, mas não o entusiasmo de Adam. Ele chamou Bates pelo interfone. “Não avise Ray da minha decisão. Eu vou dar a notícia pessoalmente depois de conversar com o Sr. Curry.” “Tudo bem, senhor.” Pelo menos, havia algo a seu favor. Adam olhou para o e-mail na tela mais uma vez. Se ela não iria atender as ligações dele, ele esperava que ela lesse os seus e-mails. Ele clicou na seta de responder e começou a digitar. Negócios primeiro, e assim que tudo estivesse resolvido, ele esperava poder voltar ao prazer de tê-la nos braços novamente. **** O telefone vibrou no colo dela de novo. Ela olhou para o número e o silenciou. “É ele de novo, não é?” sua mãe perguntou ao pegar a saída para o aeroporto O’Hare.

“Que diferença faz?” Ela havia terminado com ele, da mesma forma como tirava um curativo com uma só puxada. Sim, doía, mas a dor acabaria mais rápido do que se ela puxasse devagar. “Talvez ele tenha algo para lhe dizer.” Ela olhou pela janela para as asas dos aviões alinhados nos terminais. “Ele disse o suficiente para que eu percebesse que ele não é diferente de Trey.” “Bobagem. Nenhum filho de Maureen Kelly seria como aquele cretino arrogante. Ela os criou melhor, assim como eu criei você melhor do que isso.” Lia fechou os olhos e contou até dez antes que o seu temperamento saísse de controle e fizesse a sua mãe dar meia volta e voltar para o apartamento. “Eu já lhe disse — eu só quero um pouco de espaço para decidir o que vou fazer agora.” “Não, você está fugindo dos seus problemas, e eu tenho vergonha de você.” “Mãe, por favor, só me deixe lidar com isso.” “Mas você não está lidando com nada. Você deveria estar no seu restaurante começando as reformas, não pegando um avião para choramingar com a minha prima na Itália.” Lia apertou as têmporas com os dedos. “Não é tão simples. Para começar, o espaço não é mais meu. O meu contrato acaba hoje.” “É o que você acha.” Ela apontou para o telefone de Lia, desviando para a pista ao lado e sendo repreendida pela buzina de alguém. “Talvez, isso seja o que o Adam está tentando lhe dizer a manhã inteira, mas você é pessimista demais para atender e ouvir o que ele tem a dizer.” “Não, a questão não é essa.” Ela respirou fundo, sabendo que a sua confissão provavelmente iria render um tapa na cabeça... e provavelmente faria a sua mãe sair da estrada em um acesso de raiva. “Eu desisti do espaço.” “O quê?” Os pneus traseiros do sedan 1992 da sua mãe cantaram, e o volante parecia um daqueles brinquedos de parque de diversões que giravam para a frente e para trás sem controle. Lia se protegeu do painel e rezou para que chegasse até o terminal viva. O carro se agitou de um lado para o outro até que a sua mãe encontrasse o centro da pista novamente. Seus lábios formaram uma linha fina, e as suas sobrancelhas eriçadas falavam mais duramente da sua decepção do que qualquer sermão poderia. “Há alguma coisa que você não está me dizendo, não é?” “Sim, mãe.” “Você não está grávida, está?” O queixo de Lia caiu. “Que tipo de acusação é essa?” “Por qual outra razão você desistiria do que mais ama se não soubesse que estava esperando um bebê?” A raiva no seu rosto transformou-se na possibilidade excitante de se tornar avó. “Por que eu não pensei nisso antes?” “Continue sonhando, mãe. Não há nenhum bebê.” Como confirmado pelo lembrete mensal de que ela havia desperdiçado mais um óvulo esta manhã. Alguém disse que confessar fazia bem para a alma, então, já que ela estava se abrindo com a mãe, ela continuou: “Alguém está ameaçando processar Adam se ele renovar o meu contrato de aluguel.”

“E você acha que ele não é homem o suficiente para defender você, é isso?” “Não, eu —” O que Adam teria feito se o La Arietta não tivesse pegado fogo? Ele teria renovado o contrato dela e lidado com as consequências sem dizer nada a ela? Ele teria cedido à pressão? Ela olhou para o telefone, se perguntando se devia se dar ao trabalho de perguntar a ele. “Jules já está procurando outros imóveis para mim e, quando eu voltar, vou decidir sobre qual será o próximo passo para o La Arietta.” O carro parou ao lado da companhia aérea. O olhar dela voou do telefone para o balcão de passagens e voltou. Ela fechou os olhos e pediu uma resposta. Em vez disso, tudo o que ela ouviu foi Adam dizendo que ela podia se mudar para a casa dele e nunca ter que se preocupar com nada. Se ela acreditasse em sinais, esse estaria a alertando de que ele não sabia quem ela era de verdade. Ela desligou o telefone e o colocou na bolsa. “Tchau, mãe.” Ela se inclinou para dar um abraço e um beijo rápido de despedida na mãe. “Eu ligo quando chegar na Carolina.” Sua mãe ficou sentada no banco do motorista, seus braços cruzados. “A vida é sua, Lia.” O que significava que ela achava que Lia estava cometendo um grande erro. Lia saiu do carro e pegou a mala do banco de trás. “Sim, a vida é minha e eu estou tomando a melhor decisão que posso no momento.” Seu peito doeu quando ela reconheceu que isto significava desistir de Adam. “É o melhor para nós dois” — ela sussurrou antes de bater a porta.

Capítulo Dezesseis “Boa tarde, querido.” A mãe dele se aproximou, cercando-o com uma nuvem de Chanel No. 5, e beijou a sua testa. “É bom ver você de novo. Como está o Jasper?” “Triste a semana toda.” Exatamente como eu. Ele esperou até que a mãe sentasse do lado oposto da mesa na pequena cafeteria francesa que ela adorava. “Eu vou levá-lo para casa esta noite.” “Muito obrigado por cuidar dele no último minuto. Você sabe como eu detesto ter que deixá-lo no canil.” “Você mima aquele cachorro mais do que mimou qualquer um de nós.” “É porque todos os meus garotos cresceram, foram embora e não me deram nenhum neto para preencher o vazio.” Adam resmungou internamente. Não esta história de novo. Em vez disso, ele pegou a pasta com o contrato de aluguel de Lia. “Eu encontrei algo bem interessante enquanto você estava viajando.” A mãe dele pegou seus óculos de leitura da Kate Spade e leu o contrato superficialmente. “Ah, isso. Eu estava me perguntando quando você iria se decidir. Você já contou a novidade para Lia?” “Vou contar, se conseguir entrar em contato com ela.” Ele pegou o contrato anterior e o folheou até a última página com a assinatura da sua mãe. “Eu queria saber mais sobre a negociação que você fez com ela.” Ela tirou os óculos e tomou um gole do vinho que ele havia pedido para ela. “Você sabe que eu e Emilia somos boas amigas. Quando ela comentou no ano passado que a sua filha queria abrir um restaurante mas estava com dificuldades de encontrar um local, eu achei que seria interessante oferecer o espaço a ela.” Pequenos alarmes soaram na mente dele. A sua mãe raramente se envolvia nos negócios da família, a não ser que tivesse segundas intenções. “Por um quarto do valor normal?” “Agora você está exagerando.” Ela apertou os olhos para ver a quantia do contrato original. “Sim, eu concordo que há um desconto, mas era um subcontrato. Eu achei que era um valor que ela podia pagar no início, e nós não estávamos ganhando nada desde que aquele clube quebrou o contrato conosco.” “Por que você não me perguntou sobre o assunto?” Ele cruzou os braços e focou o olhar nela. Ela sorriu docemente, nem um pouco intimidada pela postura dele. “Adam, querido, você pode ter assumido os negócios depois que o seu pai morreu, mas eu ainda sou a dona legal.” Ela levantou a taça até os lábios, seu sorriso cada vez mais largo. Seu maxilar ficou tenso. Ele não tinha nenhuma resposta para aquele argumento. “E se eu tivesse cancelado o contrato dela em favor do Schlittler?” “Eu teria intervindo e vetado a sua decisão. Afinal, eu sou a dona, e você é basicamente o meu administrador de imóveis.” A mãe dele havia passado tantos anos cuidando da família e fazendo o papel de socialite que

ele havia se esquecido de que havia uma mulher verdadeiramente inteligente por trás do verniz, uma mulher que havia se formado como advogada e estava fazendo estágio em um dos escritórios de advocacia mais importantes de Chicago quando conheceu o pai dele. Talvez fosse por isso que ele nunca conseguia ganhar uma discussão com ela. O garçom interrompeu a conversa dos dois para anotar os pedidos. A sua mãe fez o dela sem sequer olhar para o menu, enquanto ele balbuciava que iria querer o prato do dia — um tipo de crepe com presunto e queijo. Ele realmente não se importava com o que comer. Nada daquilo se comparava com a comida de Lia. Assim que o garçom foi embora, sua mãe tocou na pasta. “Eu presumo que você vai renovar o contrato dela, afinal. O que o fez mudar de ideia?” A pergunta dela parecia inocente, mas o tom da sua voz combinado com a luz sagaz em seus olhos o atingiram como um soco no estômago. O último mês havia sido uma grande armação orquestrada pela sua mãe. Ele respirou fundo, prendeu a respiração até que a sua raiva diminuísse, e expirou lentamente antes de perguntar: “Deixe-me adivinhar — você não a ganhou em um leilão de caridade.” “Eu não sei do que você está falando.” Sua mãe checou o próprio reflexo na colher, alisando o cabelo como se um daqueles fios meticulosamente penteados tivesse saído do lugar. “Aquele jantar na casa do lago — você o organizou.” Ela não disse nada, mas o canto da sua boca se levantou levemente. Ele fechou a mão em um pulso. “E eu imagino que Lia sabia de tudo também?” “Não, não, não.” Um olhar de pânico passou pelo rosto da sua mãe. “Lia foi tão inocente quanto você, querido. Emilia e eu achamos que podíamos criar uma situação em que a filha dela seria apresentada a vários dos meus filhos e nós veríamos se surgiriam faíscas.” Faíscas era pouco. Era mais um incêndio de grandes proporções. “E onde o aluguel dela se encaixa em tudo isso?” “Bem, eu estava esperando que, depois que você a conhecesse e provasse da culinária dela, você pensaria duas vezes antes de fechar o restaurante.” Ela largou a colher, empurrando-a até que ficasse perfeitamente alinhada com os outros talheres na mesa. “Mas quando eu vi a química entre vocês dois quando se conheceram, bem, eu...” “É meio difícil ter química com alguém puxando um cachorro enorme e peludo para longe dela.” Sua mãe escondeu o riso por trás da mão. “Eu sabia que, se o Jasper a amasse, um dos meus garotos também a amaria.” Uma dor cresceu no seu peito, ficando cada vez mais intensa com cada batida do seu coração até forçá-lo a fechar os olhos. E quando fechou, ele viu o rosto de Lia depois de fazer amor com ela naquela última noite. Sim, a sua mãe estava certa. Um dos seus garotos havia se apaixonado por ela. Ela o observava com a cabeça inclinada para o lado, uma sobrancelha arqueada como se estivesse esperando pela confissão dele quando abrisse os olhos. “Eu odeio desapontar você, mamãe, mas não tenha grandes esperanças. Lia está se recusando a atender as minhas ligações no momento.”

Os lábios dela se abriram e seus olhos se arregalaram. “O que você fez?” “Por que você acha que eu fiz alguma coisa?” A dor no seu peito virou fogo. “Foi ela quem desapareceu na noite do incêndio e não falou comigo desde então, a não ser para me mandar um e-mail dizendo para ceder o espaço ao Schlittler. Eu não tenho ideia de onde ela está, o que está fazendo, como está lidando com a perda ou o que eu posso ter feito para fazê-la agir assim. Eu não tive nada, a não ser silêncio.” “Bem, as coisas não podem ficar assim.” Ela pegou seu telefone celular e digitou um número. “Olá, Emilia, como você está?” Uma pausa, seguida por acenos da cabeça. “É engraçado você falar disso. Eu estou almoçando com Adam agora mesmo. Ele está com muitas saudades de Lia.” O fato de ter que depender da mãe para conseguir as informações que ele precisava era irritante, mas se isso significasse que ele poderia encontrar Lia e conseguir algumas respostas, ele sofreria o pequeno momento de humilhação que perturbava a sua mente. A conversa continuou por mais um minuto com mais sons de confirmação antes que a sua mãe pegasse uma caneta na bolsa. “Ok, qual é o endereço?” Ela anotou algo na pasta e a devolveu para Adam, com um sorriso triunfante no rosto. Todas as palavras pareciam ser parte de um idioma estrangeiro, com exceção da última. Itália. “Oh, ele fez isso?” Sua mãe lhe lançou um olhar acusatório que ele não havia visto desde quando ela recebeu uma ligação do diretor da escola dele depois que ele organizou e executou um trote nos calouros. “Não, eu não vou dizer nada sobre isso. Ele é adulto o suficiente para entender isso sozinho.” Merda. Sua mãe sabia de algo que tornaria a vida dele infinitamente mais fácil, e ela não iria contar a ele. Talvez, ele fosse capaz de fazê-la contar depois que ela desligasse o telefone. Claro que ela já sabia o que ele estava pensando e mudou de assunto. “Sabe, eu descobri uma nova estratégia que podemos usar da próxima vez que jogarmos com Judy e Karl.” Ah, claro, fale sobre bridge enquanto eu estou na beira da cadeira tentando descobrir o que você sabe. Obrigado, mãe. Ela continuou a falar sobre saltos reversos e vantagens de trunfos até que o garçom colocou a salada na sua frente. “Nós precisamos nos encontrar no fim desta semana e experimentar. Bom, o meu almoço chegou. Tenho que ir agora.” Ela pausou, ouvindo o que a mãe de Lia dizia, balançando a cabeça. “Não, não diga a ela. Ela é tão teimosa quanto Adam, e nós já fizemos mais do que o suficiente.” Ela desligou o telefone e o colocou na bolsa. “Isto parece delicioso.” Nem tanto. A salada na frente dele permaneceu intocada. “O que você descobriu, mãe?” “Exatamente o que eu mostrei a você.” Ela apontou para o endereço na pasta com o garfo. “Se você quer encontrar Lia, ela está lá.” “E a mãe dela disse alguma coisa sobre o porquê de Lia não retornar as minhas ligações e ter ido para a Itália?” A sua mãe parou de mastigar. Uma breve demonstração da sua luta interna passou pelo seu rosto, desde a piscada dos olhos até a dificuldade em engolir. “Eu não quero interferir na sua

vida pessoal.” “É tarde demais para isso. Foi você quem achou que seria uma ótima ideia dar uma de cupido.” Ele se inclinou para frente, seus cotovelos na mesa de uma forma que o faria ser repreendido quando pequeno. “Eu quero consertar as coisas com ela, e ajudaria saber contra o que eu estou lutando antes de pegar o próximo avião para a Itália.” “Então, você vai atrás dela?” Ele olhou para a pasta e depois para a mãe. O mais fácil seria deixá-la ir, reconhecer que os dois amavam as suas carreiras demais para ficarem realmente confortáveis um com o outro enquanto o restaurante dela ficasse no prédio dele. Mas não era isso que ele queria, não agora. E se isso significava ir até ela de joelhos e implorar por perdão por qualquer coisa que ele tenha feito inconscientemente, ele faria isso. “Sim.” Sua mãe quase pulou de alegria por alguns segundos antes de ficar séria. “A Lia lhe contou sobre quando ela foi à Itália pela primeira vez há quatro anos?” “Ela disse que o seu noivo a traiu, e ela queria começar do zero.” Ele se esforçou para entender o que aquilo tinha a ver com eles. “Eu não fiz isso.” “Eu sei que não, mas você precisa entender que Lia é muito orgulhosa e muito determinada em não ficar na posição de depender de alguém. Ela se esforçou tanto para ter o restaurante que ficaria perdida se fosse forçada a desistir dele.” “E eu não quero que ela desista dele. Eu até autorizei que as reformas fossem feitas para que ele ficasse exatamente como era antes do incêndio.” “Então, talvez, você precise dizer isso a ela.” Ela empurrou a pasta na direção dele. “Eu devo pedir ao Bates para comprar a sua passagem enquanto você faz as malas?” Ele guardou a pasta com os contratos na sua maleta, antes de fazer uma anotação mental para ir até o prédio e tirar fotos das reformas até o momento. “Parece uma boa ideia.” “Excelente. Agora, eu preciso da sua ajuda para lidar com o Ben.” Sua mãe começou uma nova conversa sobre como ela estava preocupada com o seu irmão, mas ele mal ouviu. Seus pensamentos estavam ocupados com a chef de olhos verdes do outro lado do mundo. Amanhã, naquela mesma hora, ele estaria na Itália. E, com alguma sorte, teria Lia nos braços novamente.

Capítulo Dezessete “Chega, Carolina.” Lia tirou a jarra cheia de flocos de pimenta vermelha das mãos da prima da sua mãe. “Você não quer que os hóspedes mordam uma bola de fogo.” “Mas eu gosto apimentado.” Carolina pegou mais uma pitada da jarra aberta e jogou sobre a mistura de frango moído e ricota que seria o recheio do ravioli que elas estavam preparando. “Lembre-se, a cozinha é minha.” Como se ela pudesse se esquecer. Carolina mandava na sua enorme cozinha como uma rainha em um pequeno vilarejo. Aqui, ela era a professora e Lia era a aluna. Mas isso não significava que a aluna não podia fazer alguns ajustes aqui e ali. Carolina espiou por sobre o ombro de Lia para ver a folha de massa verde-clara saindo da prensa. “O que você colocou na massa?” “Um pouco de manjericão em pasta.”

A rainha levantou as mãos para o alto e resmungou uma lista de xingamentos em italiano, seguida de um monólogo super dramático sobre como as crianças não tem respeito pelos mais velhos e pela tradição. Mas isto não podia estar mais longe da verdade. Lia não tinha nada além de respeito pelos pratos tradicionais que a prima de sua mãe preparava. Foi ali que ela aprendeu a arte da culinária italiana. Foi ali que ela descobriu a sua paixão. E foi ali que ela encontrou consolo depois de sofrer mais uma série de baques na sua vida amorosa. Só que desta vez, ela não encontrou a fuga que procurava. Adam não saía da sua mente. Ela sentia falta do seu sorriso. Sentia falta do seu humor autodepreciativo. Sentia falta do toque dos seus lábios na pele dela. Sentia falta de dormir nos braços dele. E com cada dia que passava, ela começava a se perguntar se havia cometido um erro em ver as coisas em preto e branco. Havia uma chance de que ela pudesse ter as suas duas paixões — Adam e o La Arietta — mas o seu orgulho a impediu de ver as coisas claramente antes de ir embora. Agora, no mundo tranquilo da Itália, ela começou a ver possibilidades que nunca havia considerado, cenários nos quais ela podia ter tudo. E talvez, quando o La Arietta estivesse funcionando novamente em um outro local, ela poderia tentar começar de novo com Adam. Isso se já não fosse tarde demais. Nick, o filho mais novo de Carolina, desceu correndo pelas escadas. “O que você fez desta vez, Lia?” — ele perguntou piscando o olho antes de dar um beijo calmante na testa da mãe. “Só melhorei um pouco o menu desta noite.” Ela levantou a folha fina de massa para ele. “Eu não dei início à queda do Império Romano ou algo assim.” “Ela está sempre mudando alguma coisa.” Carolina apontou um dedo trêmulo para Lia. “Qualquer um acharia que ela está aqui para assumir o controle da minha cozinha.” A ideia era tentadora. Ela podia transformar o agriturismo da família em uma experiência gastronômica de nível internacional e se esquecer do La Arietta. Mas ela também sabia que nunca conseguiria assumir o controle da cozinha de Carolina enquanto a prima de sua mãe vivesse. E a Itália era distante demais do homem que ela amava. “A Lia é uma chef renomada, Mama. Ela só está tentando agradar os convidados com algo que, com certeza, será delicioso.” Ele passou por Lia e sussurrou para que a sua mãe não ouvisse, “Sem falar que tem sido mais sofisticado do que o que nós temos servido. Você precisa anotar algumas destas receitas para que eu possa continuar fazendo estes pratos depois que você for embora.” Ela não invejava Nick. Um pouco depois de ter chegado ali há quatro anos, Lia havia convencido a sua família a comprar um imóvel do século dezesseis e transformá-lo em um agriturismo, uma fazenda em funcionamento que também oferecia hospedagem aos visitantes. O irmão de Nick, Giovanni, ressuscitou as vinhas de Sangiovese e começou a produzir um vinho que já estava recebendo ótimas críticas dos degustadores. Nick assumiu a parte das acomodações, cuidando das necessidades dos hóspedes e garantindo que os quartos fossem reservados com bastante antecedência. Isto também envolvia acalmar a chef diva da fazenda.

“Eu vou escrever um diário para você” — ela disse e esticou a massa fresca na mesa firme de madeira. “Estamos prontos para o recheio, Carolina.” A prima de sua mãe carregava a tigela como um bebê, sem querer soltá-la. “Você promete que não vai fazer mais nenhuma mudança no jantar desta noite?” Lia cruzou os dedos nas costas para que apenas Nick pudesse vê-los. “Claro.” Ela apenas não iria contar à Carolina sobre a segurelha fresca e o estragão que ela adicionou à pasta que eles usariam no frango que iriam assar. Nick as aproximou, seus braços em torno dos seus ombros. “Eu sou o homem mais sortudo do mundo tendo duas cozinheiras tão talentosas trabalhando para mim.” O elogio dele acalmou os nervos alvoroçados da sua mãe, e Carolina começou a colocar colheres de recheio sobre a massa. Quando ela chegou ao fim da folha, Lia cobriu o recheio com outra folha de massa e juntou as duas camadas, removendo cuidadosamente o ar que podia fazê-los explodir durante o cozimento. Carolina baixou os olhos e balançou a cabeça em aprovação quando Lia terminou. “Sim, acho que vai ficar bom. O manjericão pode até equilibrar a pimenta.” Lia riu e passou um cortador de pizza pela folha de massa dividindo-a em quadrados individuais. Uma batalha por vez. Ela estava terminando a terceira porção de ravioli quando ouviu uma voz familiar perguntando em um italiano afetado, “Dov’è Lia?” O seu coração quase parou. Ela virou-se para as escadas que davam para o lobby do casarão a tempo de ver um par de sapatos pretos de couro engraxados surgir. Um segundo depois, ela viu Adam, vestido impecavelmente em um terno de alfaiataria que deixava os seus ombros mais largos do que nunca. Os seus olhares se encontraram. Ele parou a alguns passos da cozinha, olhando para ela como se não a tivesse visto em anos. A pulsação dela soava em seus ouvidos e as suas mãos ficaram moles de repente. Ela limpou-as no avental, totalmente ciente da plateia de parentes ao redor deles. “Adam, o que você está fazendo aqui?” “Eu —” A voz dele falhou, e ele se virou para pegar algo em sua maleta. “Eu queria falar com você sobre isto.” Ele segurava uma pasta, e algo desmoronou no peito dela. Ele estava ali por causa dos negócios, não por ela. Ela olhou para as mãos cobertas de farinha. “Me dê alguns minutos para me limpar, eu encontro você lá fora.” Ele concordou e subiu as escadas. Infelizmente, a família não o seguiu. As duas filhas de Carolina a seguiram até a pia. “Quem é ele?” — perguntou Sophia em italiano. “Sim, ele é bonito,” — Estella adicionou. “Se você não o quer, pode dar o meu número para ele?” “O americano está aqui para ver a Lia, não vocês, suas bobas.” Carolina mandou-as para fora e alcançou uma toalha limpa para Lia. “Lembre-se que o orgulho costuma fechar nossos olhos, nossos ouvidos e nossos corações. Não se esqueça de perguntar e de ouvir.” Lia pegou a toalha e secou as mãos, se perguntando o quanto a sua mãe havia comentado

com a prima enquanto Lia estava no avião. A sua respiração se acalmou e uma nova sensação de paz a cercou. Certamente, Adam não tinha vindo até ali só para entregar o cancelamento do contrato dela. “Grazie mille, Zia Carolina.” Ela deu os passos, um de cada vez, reforçando a sua coragem ao subir até o lobby. Nick estava tentando engatar uma conversa com Adam enquanto Sophia e Estella fingiam estar limpando, seus olhares negros fixos em Adam enquanto trabalhavam. Quando elas a viram, pararam e riram, entrando no quarto ao lado. Carolina subiu as escadas com passos pesados e se recostou na parede. Todos estavam a observando para ver o que aconteceria. Adam olhou para o público reunido ao redor deles. “Existe algum lugar onde possamos conversar em particular?” “Por aqui.” Ela o levou até a porta dos fundos e saiu para o curral, lançando um olhar para a sua família enquanto fechava a porta atrás dele. Se eles se atrevessem a segui-los, ela os daria um sermão que faria até Carolina corar. Três galinhas passaram correndo por Adam, fazendo-o parar. Ele levantou a maleta até os ombros, fora do alcance das aves. “Que tipo de lugar é este?” “Um agriturismo. Os animais são parte da coisa da fazenda.” Ela o levou até o celeiro e inspirou o ar antes de convidá-lo para entrar. O feno estava fresco e as vacas haviam estado no campo o dia inteiro. Nada que pudesse ofender as narinas de garoto rico da cidade grande de Adam. “Agora, sobre o que você quer falar comigo?” “Por que você foi embora sem me dizer nada?” Ele não perdeu tempo nenhum para ir direto ao ponto, mas ela ainda não estava pronta para lhe dar as respostas que queria. Ela pensou que podia esquecer ele, mas todas as noites desde o incêndio, ela não conseguiu dormir direito, desejando que ele estivesse lá para segurá-la em seus braços. A dor estava apenas começando a ficar mais fraca. Mas agora que ela o viu novamente, a dor voltou com força total, assim como a angústia, o desejo e a emoção que ela tinha medo de reconhecer. Fazer isto só aumentaria o peso da sua desilusão. Ela caminhou até uma das grandes colunas que suportavam o celeiro e se recostou nela, de costas para ele. “Eu não sabia que você era meu dono.” “Droga, Lia.” Ele se posicionou atrás dela mais rápido do que ela pôde perceber. “Que tipo de jogo você está fazendo? Lá estava eu tentando confortar você depois da sua perda, e você desaparece sem dizer nada.” Ela se virou, seu estômago agitado como o Lago Michigan em um dia de vento. “Foi você quem me disse para desistir do meu restaurante e ir morar com você.” As suas sobrancelhas se juntaram. “Não, eu não disse isso.” “Sim, você disse. E eu me lembro muito bem de você me dizendo para ir morar com você e deixá-lo cuidar de mim. Bem, eu tenho notícias para você, Adam. Eu não preciso que ninguém cuide de mim.” “Não foi nada disso que eu quis dizer.” Uma faísca de raiva brilhou nos seus olhos azuis escuros, e os seus ombros formaram uma linha firme. “Eu estava apenas tentando poupar você do peso de ter que lidar com os prejuízos do incêndio.” “Me forçando a desistir do restaurante.”

“Argh, eu não acredito que você tenha achado isso.” Ele se afastou dela e caminhou pelo celeiro várias vezes antes de lembrar-se da pasta em sua mão. “Só olhe isto.” Ela abriu a pasta e examinou a primeira página. Seu peito se apertou e uma chama quente se acendeu na boca do seu estômago. “Você está renovando o meu contrato?” “Sim.” “M-mas e o Schlittler e aquele homem que estava ameaçando processar você?” Os olhos dele se apertaram. “Como você sabe disso?” Ela deixou o contrato escorregar pelos seus dedos. Por mais que ela ainda quisesse o restaurante, ela não queria que Adam tivesse que lidar com as consequências. “Desculpe, Adam, eu não posso assinar isto.” Ele pegou os papéis e suspirou. “Vamos começar do começo, Lia. Parece que nós dois fomos vítimas de mais um mal-entendido e eu não vou embora até que as coisas fiquem bem claras. Vamos começar com isto. Eu quero renovar o seu contrato.” “Eu não quero causar nenhum problema para você.” Ela baixou os olhos, examinando a poeira cor de telha no chão. Se ele queria honestidade, então ela o devia isto, ao menos. “Eu vi o e-mail sobre o processo acidentalmente.” “E você estava disposta a desistir do seu restaurante por mim?” Um breve vislumbre de choque atravessou o rosto dele antes que ele pudesse se recompor. “Não se preocupe com Ray. Ele é só papo. Eu já cuidei deste assunto.” “Como?” “Vamos dizer que ele tem várias garotas de programa de alto nível na sua agenda telefônica e não quer que esta informação, ou qualquer outra coisa que o meu detetive particular descobriu sobre ele e que possa prejudicar a sua campanha para reeleição, vaze para a imprensa.” Ele balançou o contrato na frente dela novamente. “Agora que você já sabe disso, vai assinar o contrato?” “Eu —” Ela molhou os lábios, sua boca seca com a indecisão. “Por que você prefere a mim do que ao Schlittler?” “Além do fato de você ser uma chef incrível e ele ser um idiota?” Ele diminuiu o espaço entre eles. O contrato desapareceu dentro da pasta, que caiu no chão quando as mãos dele encontraram os quadris dela. “Vamos dizer que eu tenho uma quedinha por você.” A ereção enrijecendo dentro das calças dele era tudo, menos pequena. Ela colocou os braços ao redor do pescoço dele e se inclinou sobre ele. Seus lábios encontraram os dele com uma facilidade instintiva. O desejo inundava as suas veias enquanto o beijo ficava mais profundo, fazendo-a esquecer de todas as razões pelas quais eles não funcionariam como um casal. Tudo o que importava para ela era o aqui e o agora. Quando o beijo terminou, Adam perguntou em uma voz séria: “Por que você me deixou, Lia?” “Eu estava com medo.” Aquelas quatro palavras saíram da boca dela antes que ela pudesse pensar em uma resposta mais apropriada, mas elas resumiam a confusão de sentimentos que surgia sempre que ela estava perto dele. “Por quê?” Ele passou as mãos pelas costas dela lenta e continuamente enquanto esperava

pela sua resposta, sem desviar o olhar. Ela deu um suspiro trêmulo. “Quando eu ouvi você dizer que queria que eu fosse morar com você e que eu deixasse você tomar conta de tudo, tudo o que eu consegui pensar era na última vez em que eu me vi nessa situação. Eu sei que não me encaixo na ideia de esposa e dona de casa perfeita que você merece —” “Quem falou alguma coisa sobre você virar uma dona de casa?” Ele deu um beijo leve na ponta do nariz dela. “Quando eu convidei você para ir morar comigo, eu o fiz porque quero você na minha cama todas as noites. E quando eu me ofereci para garantir que você não precisasse se preocupar com nada, eu quis dizer que lidaria com os ajustes do seguro e a papelada e os alvarás e tudo mais que precisava ser feito para abrir o La Arietta de novo.” Ele a soltou por tempo suficiente para pegar o seu iPad e tocar em uma pasta. Imagens do restaurante em reformas encheram a tela. Uma por uma, ele as mostrou a ela. O gesso que havia sido arruinado pela água tinha sido retirado e substituído. As mesas e cadeiras queimadas haviam sido retiradas para dar lugar a assentos estofados com couro verdadeiro. Na cozinha, equipamentos de última geração brilhavam sob as luzes. O La Arietta era como uma fênix se levantando das cinzas, mais lindo do que havia sido antes. A última imagem era da placa que recebia as pessoas quando elas saíam do elevador. Embaixo dela, havia uma placa menor que dizia “Em reformas, mas reabrindo em breve.” Ela sentiu um aperto na garganta e seus olhos queimaram. Agora era a vez dela de perguntar por quê. “Porque eu quero que você viva a sua paixão.” Ele a beijou novamente, sua língua buscando a confirmação dos sentimentos dela com cada giro, cada toque tímido. “Eu amo você, Lia.” As lágrimas que ela estava lutando para conter transbordaram. “Eu também amo você, Adam.” Um sorriso encheu o rosto dele antes que ele a segurasse nos braços e cobrisse sua boca com a dele novamente. Todo o controle desapareceu. Era o corredor se repetindo. Beijos desesperados. Puxadas de roupa. Mãos em movimento que desejavam sentir carne. Desejo que superava o bom senso. As alças do vestido dela caíram dos seus ombros. Adam estava provando a pele recémexposta quando a porta do celeiro se abriu com um estrondo. Eles soltaram um ao outro da mesma forma que haviam feito naquela noite no barco, seminus e constrangidos. Giovanni estava parado na porta, com a boca aberta. Então, um sorriso matreiro curvou os seus lábios. “Como é aquela expressão americana? Rolar no feno?” Lia apertou seu rosto em chamas nas costas de Adam. A mãe dela certamente ficaria sabendo disso antes que a noite acabasse. Adam pegou a mão dela, dando um beijo modesto nela enquanto levantava a alça do vestido. “Talvez, nós devêssemos esperar até estarmos em um lugar onde não seremos interrompidos.” “Boa ideia. Você sabe como as famílias grandes podem ser.” “Sem dúvida.” Um brilho surgiu nos olhos dele, que falava de muitas noites sensuais enrolados nos lençóis. “Eu espero que você esteja disposta a aceitar o desafio.” Ela sorriu para ele, passando os dedos pelo seu cabelo para arrumá-lo. “Com certeza. Você

se tornou a minha nova paixão.” A respiração dele se acelerou. Um olhar de surpresa atravessou o seu rosto, seguido de uma emoção intensa que fez o seu coração inchar. “Então, eu farei todo o possível para manter essa paixão viva.” De mãos dadas, eles voltaram para o casarão, sem notar as pessoas ao seu redor. Amanhã, eles falariam de negócios. Amanhã, eles discutiriam as reformas no La Arietta e os termos do contrato. Amanhã, eles poderiam fazer planos de levar as coisas dela para o apartamento dele. Mas esta noite, eles desfrutariam dos prazeres simples um do outro sob a lua quente de verão.
Doces Prazeres - Os Irmãos Kelly - Livro 1 - Crista McHugh

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