EM - VOLUME 6

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Livro do Professor

a u g Lín guesa u t r Po

Volume 6

Dados Internacionais para Catalogação na Publicação (CIP) (Maria Teresa A. Gonzati / CRB 9-1584 / Curitiba, PR, Brasil)

P693

Pivato, Andreia. Língua portuguesa : ensino médio / Andreia Pivato, Isabela Domingues, Rosalina Mariana Rathlew Soares ; reformulação dos originais de: Cláudia Miranda ... [ et al. ]. ; ilustrações Daniel Klein, Joice Cruz. – Curitiba : Positivo, 2015. v. 6 : il. Sistema Positivo de Ensino ISBN 978-85-467-0244-2 (Livro do aluno) ISBN 978-85-467-0245-9 (Livro do professor) 1. Língua portuguesa. 2. Ensino médio – Currículos. I. Domingues, Isabela. II. Soares, Rosalina Mariana Rathlew. III. Miranda, Cláudia. IV. Klein, Daniel. V. Cruz, Joice. VI. Título. CDD 373.33 © Editora Positivo Ltda., 2015

Presidente: Ruben Formighieri Diretor-Geral: Emerson Walter dos Santos Diretor Editorial: Joseph Razouk Junior Gerente Editorial: Júlio Röcker Neto Gerente de Arte e Iconografia: Cláudio Espósito Godoy Autoria: Andreia Pivato, Isabela Domingues e Rosalina Mariana Rathlew Soares; reformulação dos originais de: Cláudia Miranda, Andreia Garcia, Leila Barbosa, Marisa Timponi, Margareth Brandão e Tiago Torrent Supervisão Editorial: Jeferson Freitas Edição de Conteúdo: Enilda Pacheco (Coord.), Andrea Schimmelpfeng e Giórgia Hellou Edição de Texto: Tania Tatiane Cheremeta Revisão: Chisato Watanabe, Fernanda Marques Rodrigues e Mariana Bordignon Supervisão de Arte: Elvira Fogaça Cilka Edição de Arte: Joice Cristina da Cruz Projeto Gráfico: YAN Comunicação Ícones: ©Shutterstock/ericlefrancais, ©Shutterstock/Goritza, ©Shutterstock/Lightspring, ©Shutterstock/Chalermpol, ©Shutterstock/Macrovector, ©iStockphotos/kaczka, ©iStockphotos/artvea, ©Shutterstock/Anita Ponne e ©iStockphotos/PepitoPhotos Imagens de abertura: ©Shutterstock/Sergey Nivens e ©Shutterstock/zzveillust Editoração: Danielli Ferrari Cruz Ilustrações: Daniel Klein e Joice Cruz Pesquisa Iconográfica: Janine Perucci (Supervisão) e Carla Andrequetto Engenharia de Produto: Solange Szabelski Druszcz Produção Editora Positivo Ltda. Rua Major Heitor Guimarães, 174 – Seminário 80440-120 – Curitiba – PR Tel.: (0xx41) 3312-3500 Site: www.editorapositivo.com.br Impressão e acabamento Gráfica e Editora Posigraf Ltda. Rua Senador Accioly Filho, 431/500 – CIC 81310-000 – Curitiba – PR Tel.: (0xx41) 3212-5451 E-mail: [email protected] 2018 Contato [email protected] Todos os direitos reservados à Editora Positivo Ltda.

o i r á m u S Acesse o livro digital e conheça os objetos digitais e slides deste volume.

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Divulgação científica: a ciência mais acessível ................................ 4 LEITURA

Artigo de divulgação científica ....................................................................... 6 Resumo: síntese de ideias............................................................................... 14 PRODUÇÃO TEXTUAL

Resumo ......................................................................................................... 15 Exposição oral ................................................................................................ 17 ANÁLISE LINGUÍSTICA

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Correlação de tempos verbais ........................................................................ 19 Vozes verbais .................................................................................................. 22 Concordância verbal: casos gerais ................................................................... 28

Charge: a crítica em quadro ........................ 36 LEITURA

Charge ............................................................................................................ 38 Cartum ........................................................................................................... 42 PRODUÇÃO TEXTUAL

Carta de leitor: interação entre periódico e leitor ............................................ 44 ANÁLISE LINGUÍSTICA

Colocação pronominal .................................................................................... 48

: a c i f í t n e i c o ã ç Divulga l e v í s s e c a s i a a ciência m 167040236

©Shutterstock/Sergey Nivens

©Shutterstock/zzveillust

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Você já deve ter reparado quanto o universo das ciências extrapolou os limites de universidades e laboratórios e ganhou espaço no cotidiano em diferentes mídias. Conferências exibidas via internet, artigos publicados em jornais e revistas de maior alcance de público, livros de físicos teóricos alçados à categoria de best-sellers... tudo isso mostra a busca por aproximar a ciência do público não especializado.

Ponto de partida

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1. Você conhece programas, séries de TV ou livros que divulguem conhecimentos científicos? Como você se man-

tém informado sobre as novidades da ciência? 2. Há interesse das mídias em popularizar o conhecimento científico? Comente sua resposta.

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Objetivos da unidade: ƒ compreender a especificidade de artigos de divulgação científica; ƒ entender o que é e como se faz um resumo; ƒ compreender a correlação de tempos verbais; ƒ reconhecer as vozes verbais; ƒ aplicar a concordância adequada na voz passiva sintética; ƒ entender a concordância verbal e aplicá-la adequadamente.

Painel de leitura

2 Gabaritos comentados.

1. Analise estas capas de revista e, depois, converse com os colegas e o professor a respeito delas. Capa 2

a) Essas publicações são facilmente encontradas em revistarias e bancas de jornal. Qual dos dois títulos parece I. ter maior probabilidade de atrair o público adolescente? II. ser mais adequado para quem deseja informações mais aprofundadas? III. conter textos que exijam mais conhecimentos prévios do leitor?

©Editora Globo/Galileu

Editora Segmento/Scientific American

Capa 1

Apesar de as duas revistas apresentarem diferenças quanto ao público, ao tratamento da informação e aos aspectos gráficos e textuais, ambas difundem conhecimentos das áreas científicas.

IV. ter leitura mais fácil e ágil? V. ter linguagem mais informal? b) Qual dessas revistas você escolheria para ler? Por quê? Pessoal.

fica a dica 5

Artigo de divulgação científica Você se interessa por planetas, estrelas, galáxias? Quer saber como surgiram? O que aconteceu/acontece/acontecerá com eles e com a vida em nosso planeta? Quer saber como seria a vida na Terra se determinada espécie fosse extinta? Quer saber... bem, as perguntas são muitas. As respostas, ou pelo menos o que se sabe até este momento sobre o funcionamento do nosso planeta e do Universo, você encontra em artigos de divulgação científica – que, como o próprio nome sugere, difundem informações de natureza científica e tecnológica com o objetivo de aproximar o público do universo acadêmico. Envolvem, pois, o compartilhamento do saber relativo às ciências com o leitor. Esses textos apresentam um discurso científico, organizado com o propósito de validar a pesquisa e envolver o interlocutor, a fim de que este confie na veracidade das informações apresentadas. Para isso, em geral, empregam-se vocabulário técnico e linguagem objetiva. Mas, para além desses elementos, os autores dos artigos de divulgação científica devem considerar o destinatário desses textos e que informações lhe são necessárias para o entendimento do conteúdo abordado. Para compreender melhor as características de um artigo de divulgação científica, leia o texto a seguir. Tecnologia Biofísica

Abelhas vigiadas Microssensores ajudam a entender o comportamento de Apis mellifera exposta a pesticidas e mudanças climáticas

LatinStock/SPL

A população de abelhas registra um expressivo declínio em vários países, inclusive no Brasil. Em agosto do ano passado, a revista Time trazia na capa um alerta para o risco de desaparecimento das abelhas melíferas, com a chamada “O mundo sem abelhas” e o alerta: “O preço que pagaremos se não descobrirmos o que está matando as melíferas”. O desaparecimento das fabricantes de mel preocupa não só pela ameaça à existência desse produto, mas também porque as abelhas têm chamado a atenção principalmente pelo importante papel que representam na produção de alimentos. Não é para menos. Elas são responsáveis por 70% da polinização dos vegetais consumidos no mundo ao transportar o pólen de uma flor para outra, que resulta na fecundação das flores. Algumas culturas, como as amêndoas produzidas e exportadas para o mundo inteiro pelos Estados Unidos, dependem exclusivamente desses insetos na polinização e produção de frutos. A maçã, o melão e a castanha-do-pará, para citar alguns exemplos, também são dependentes de polinizadores. Entre as prováveis causas para o desaparecimento das abelhas estão os componentes químicos presentes nos neonicotinoides, classe de defensivos agrícolas amplamente utilizados no mundo. Além de pesticidas, outros fatores, como mudanças climáticas com maior ocorrência de eventos extremos, infestação por um ácaro que se alimenta da hemolinfa (correspondente ao sangue dos invertebrados) das abelhas, monoculturas que fornecem pouco pólen, como milho e trigo, e até técnicas para aumentar a produção de mel, podem ser responsáveis pelo fenômeno conhecido como distúrbio de colapso das colônias (CCD, na sigla em inglês), que provoca a desorientação espacial desses insetos e morte fora das colmeias. O distúrbio já provocou a morte de 35% das abelhas criadas em cativeiro nos Estados Unidos. Na busca por respostas que ajudem a combater o problema, o Instituto Tecnológico Vale (ITV), em Belém, no Pará, desenvolveu em colaboração com a Organização de Pesquisa da Comunidade Científica e Industrial (CSIRO), na Austrália, microssensores – pequenos quadrados

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abelhas melíferas: espécie oriunda da Europa, são criadas para a produção de mel, cera e própolis. polinização: transporte de grãos de pólen de uma flor para outra, possibilitando que ocorra a reprodução.

Nessa foto, chame a atenção dos alunos para o microchip que aparece na abelha.

Daniel Klein. 2015. Digital.

2,5 mm

com 2,5 milímetros de cada lado e peso de 5,4 miligramas –, que são colados no tórax das abelhas da espécie Apis mellifera africanizada (abelhas com ferrão resultantes de variedades europeias e africanas) para avaliação do seu comportamento sob a influência de pesticidas e de eventos climáticos. Uma parte do experimento está sendo conduzida na Austrália e a outra no Brasil. No estado australiano da Tasmânia, ilha ao sul do continente da Oceania, será feito um estudo comparativo com 10 mil abelhas para avaliar como elas reagem quando expostas a pesticidas. Para isso, duas colmeias foram colocadas em contato com pólen contaminado e outras duas não. “Se for notada qualquer alteração no comportamento dos insetos expostos ao pesticida, como incapacidade de voltar para a colmeia, desorientação ou mesmo morte precoce, o produto passará a ser o principal suspeito do distúrbio de colapso de colônias”, diz o físico Paulo de Souza, coordenador da pesquisa e professor visitante do ITV. O projeto foi iniciado em setembro do ano passado e seu término está previsto para abril de 2015, com a divulgação dos resultados no segundo semestre. “A principal razão para a escolha da Tasmânia é que se trata de um ambiente distinto, onde não há poluição e metade do território é composta por florestas”, diz Souza, que também é professor da Universidade da Tasmânia. Como as melíferas australianas pesam em torno de 105 miligramas, o sensor representa cerca de 5% do seu peso. Já as abelhas da mesma espécie que vivem no Brasil pesam cerca de 70 miligramas – o que levou os pesquisadores a fazerem testes em túneis de vento para avaliar se o sensor poderia ter influência sobre a sua capacidade de voo. “Avaliamos a batida das asas e a inclinação do corpo em abelhas com o sensor e sem ele, e verificamos que não houve alteração na capacidade de voar”, diz Souza. A parte do experimento que está sendo feita no Brasil tem como foco inicial o monitoramento de 400 abelhas durante três meses para avaliar em que medida as mudanças do clima, principalmente a alteração do regime das chuvas na Amazônia, afetam os insetos. “Não sabemos como elas vão se comportar diante das projeções de aumento da temperatura e de alterações no clima devido ao aquecimento global”, diz Souza. Os estudos estão sendo feitos em um apiário no município de Santa Bárbara do Pará, próximo a Belém. [...] Concluída essa etapa da pesquisa, um segundo estudo terá início, desta vez com abelhas nativas sem ferrão do Pará, que parecem sofrer mais o impacto da alteração climática do que as europeias. Embora não sejam grandes produtoras de mel, elas são excelentes polinizadores. Como as abelhas têm um ciclo de vida relativamente curto, de cerca de dois meses, será possível acompanhar várias gerações. Os sensores que estão sendo testados em campo fazem parte de uma primeira geração desenvolvida pelo ITV e CSIRO – e outros já estão a caminho. “Uma das inovações obtidas é a distância de comunicação que conseguimos alcançar, de até 30 centímetros”, ressalta o pesquisador. Isso foi feito com a melhoria da qualidade da antena do chip, o que aumentou sua capacidade de se comunicar a distância. [...] O microssensor é composChip to por um chip com memória As informações sobre o movimento das abelhas de armazenamento de 500 mil Um código ficam gravadas no gravado no chip chip, que tem memória bytes – suficiente para guardar funciona como suficiente para guardar se fosse uma dados a cada segundo por quadados a cada segundo identidade de por quase uma semana se uma semana –, uma antena cada indivíduo da colmeia e uma bateria. As informações sobre o movimento das abelhas 5,4 mg Antena Memória 500 kB captadas pelo chip são retransCom as informações captadas, é criado um Quando as abelhas passam a uma distância de até 30 cm de modelo tridimensional da movimentação antenas no entorno das colmeias, os dados são captados e mitidas para antenas instaladas dos insetos, que permite avaliar seu enviados para uma central de controle no entorno da colmeia e em escomportamento tações de alimentação, e depois Central de transferidas para um centro de controle controle. Com os dados coletaModelo 3D 30 cm dos no campo, os pesquisadores Campo aberto

Fonte: VALLE/CSIRO

apiário: local próprio para a criação de abelhas.

Língua Portuguesa

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constroem um modelo tridimensional da movimentação dos insetos que permite saber se eles estão agindo naturalmente ou se, por algum motivo, estão desorientados e não conseguem retornar aos seus locais de origem. [...]

Agrotóxicos e abelhas O comportamento das abelhas também é o foco de vários estudos conduzidos por um grupo de 20 pesquisadores, sob a coordenação do professor Osmar Malaspina, do Instituto de Biociência da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Rio Claro, no interior paulista. “Somos o primeiro grupo de pesquisa no Brasil a estudar a relação entre agrotóxicos e abelhas”, diz Malaspina. Ele pesquisa o tema desde o seu mestrado, mas só a partir de 2000 voltou a se dedicar intensamente ao assunto em função de reclamações de apicultores que estavam perdendo abelhas após a aplicação aérea de inseticidas, principalmente para combater pragas que atacam os canaviais. “Essas perdas começaram a ser relatadas após a entrada de novos produtos no mercado”, relata. Segundo Malaspina, 20 mil colônias de abelhas foram perdidas no estado de São Paulo entre 2008 e 2010; 100 mil em Santa Catarina apenas em 2011; e as estimativas apontam para perdas anuais de 40% de colmeias no Rio Grande do Sul e em Minas Gerais. Cada colônia ou colmeia tem, em média, 50 mil indivíduos. “As informações sobre as perdas foram passadas por apicultores, mas não sabemos a causa da morte, porque as abelhas podem morrer por vários fatores além dos inseticidas, como doença, manejo, seca extrema, entre outras variáveis”. Em alguns casos, como o de um apicultor do município de Boa Esperança do Sul, no interior de São Paulo, a relação entre causa e efeito ficou comprovada. “Em 2008, em uma terça-feira ele tinha 400 colmeias, na quarta houve uma aplicação aérea num local próximo e apenas um dia depois, na quinta, todas as abelhas estavam mortas”, diz Malaspina. O resultado de uma análise feita apontou que um inseticida neonicotinoide era o responsável pelas mortes. Um dos estudos do seu grupo para avaliar o feito dos agrotóxicos no organismo das abelhas é feito dentro do laboratório e em estufas que simulam as condições das colmeias. Resultados de testes feitos pelos pesquisadores apontam que os agrotóxicos atingem o sistema digestório e o cérebro das abelhas. Em casos mais graves, elas não conseguem se alimentar e morrem por inanição. Outros experimentos estão sendo feitos para avaliar de que forma esses insetos, quando conseguem sobreviver à intoxicação, são afetados. Esse conhecimento é importante para proteger a grande variedade de abelhas existente no Brasil, com cerca de 2 mil espécies descritas. Além da preocupação com as perdas dos apicultores, existe o risco para as culturas que dependem delas para a polinização. O maracujá, por exemplo, só produz se for visitado pela mamangava, assim como a berinjela, o pimentão e outras espécies vegetais que, por terem flores mais fechadas, precisam de polinizadores específicos. [...] ERENO, Dinorah. Abelhas vigiadas. Pesquisa FAPESP, São Paulo, ed. 221, p. 70-73, jul. 2014.

2. Sobre o texto lido, complete o quadro com as informações principais sobre a publicação desse artigo. Título

“Abelhas vigiadas”

Subtítulo

“Agrotóxicos e abelhas”

Áreas do conhecimento envolvidas

Tecnologia e biofísica

Autoria

Dinorah Ereno

Data da publicação

Julho de 2014

Suporte

Revista Pesquisa FAPESP

Público leitor

Publicações como essa de instituições universitárias destinam-se tanto a acadêmicos quanto a um público não especializado.

mamangava: grandes abelhas polinizadoras pretas e amarelas.

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Volume 6

3. Entre as alternativas a seguir, assinale a que melhor resume o objetivo do texto “Abelhas vigiadas”. a) Questionar as teorias até então apresentadas sobre as razões que levam ao desaparecimento das abelhas. b) Incentivar a agricultura orgânica como maneira de conter a alarmante mortalidade das abelhas. c) Relatar experiências de apicultores que notaram o desaparecimento de abelhas. X d)

Divulgar estudos que buscam entender o comportamento das abelhas e explicar possíveis causas para o desaparecimento desses insetos.

e) Convencer o leitor a preservar a vegetação e alertar para os perigos do uso de inseticidas agrícolas. 4. Assinale as estratégias que a autora utilizou no início do texto para atrair o leitor não especializado. X a)

Ausência de termos científicos no título.

b) Uso do nome científico da abelha na linha-fina. X c)

Apresentação da relevância do estudo logo no primeiro parágrafo.

X d)

Esclarecimento de que a Time, famosa revista estadunidense de publicação periódica, também já publicou matéria sobre o mesmo assunto.

5. Time não é uma publicação voltada especificamente ao público acadêmico ou científico, mas, sim, ao público geral que deseja se manter informado sobre acontecimentos da atualidade. Compare o título e a chamada da matéria da revista Time sobre a morte das abelhas com o título e a linha-fina do texto publicado na revista Pesquisa FAPESP. Time

Pesquisa FAPESP

Título: “O mundo sem abelhas”

Título: “Abelhas vigiadas”

Chamada: “O preço que pagaremos se não descobrirmos o que está matando as melíferas”

Linha-fina: “Microssensores ajudam a entender comportamento de Apis mellifera exposta a pesticidas e mudanças climáticas”

Complete a tabela comparativa a seguir marcando com X as características correspondentes aos itens identificados no quadro acima. Time Destaca a existência de consequências do desaparecimento das abelhas para o ser humano.

X

Alude a um método que pode ajudar a compreender os hábitos das abelhas. Busca envolver o leitor no problema do desaparecimento das abelhas.

Pesquisa FAPESP X

X

6. Discuta com os colegas e o professor as questões a seguir. a) Qual desperta mais a atenção de um maior número de leitores: a chamada da revista Time ou o título do texto publicado pela revista Pesquisa FAPESP? Por quê? b) Na chamada da revista Time, foram empregados verbos conjugados na 1ª. pessoa do plural (“pagaremos” e “descobrirmos”). Explique os efeitos de sentido dessa escolha linguística. c) As revistas Time e Pesquisa FAPESP podem ser consideradas publicações similares direcionadas ao mesmo público? Por quê? d) Em sua opinião, por que “Abelhas vigiadas” menciona uma capa da revista Time, que não é uma publicação dedicada exclusivamente a divulgar estudos da área científica?

Língua Portuguesa

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7. Apesar de mencionar mais de um estudo acerca do desaparecimento de abelhas, o texto da Pesquisa FAPESP se atém especialmente a uma pesquisa, sobre a qual apresenta mais detalhes. a) Quem coordena esse estudo? O físico Paulo de Souza.

b) Qual é o objetivo da pesquisa? Analisar o comportamento das abelhas expostas a pesticidas e a mudanças climáticas, a fim de melhor entender – e talvez até ajudar a conter – o problema do distúrbio de colapso das colônias.

c) Nessa pesquisa, o desaparecimento das abelhas é relacionado a quais fatores? Ao uso de pesticidas e às mudanças climáticas.

d) Do 3º. ao 9º. parágrafo, são descritas em detalhes as etapas e as características da pesquisa. Identifique e transcreva trechos que revelam esses detalhes. Espera-se que os alunos percebam que o texto se detém na exposição dos detalhes do estudo porque é publicado em uma revista de uma instituição de Ensino Superior, cuja parcela dos leitores é composta de acadêmicos. Assim, estes podem conhecer melhor a pesquisa e relacioná-la a seus estudos.

Chip

2,5 mm

Um código gravado no chip funciona como se fosse uma identidade de cada indivíduo da colmeia

5,4 mg Quando as abelhas passam a uma distância de até 30 cm de antenas no entorno das colmeias, os dados são captados e enviados para uma central de controle

As informações sobre o movimento das abelhas ficam gravadas no chip, que tem memória suficiente para guardar dados a cada segundo por quase uma semana

Antena

Memória 500 kB

Com as informações captadas, é criado um modelo tridimensional da movimentação dos insetos, que permite avaliar seu comportamento

Central de controle

30 cm

Modelo 3D

Campo aberto Fonte: VALLE/CSIRO

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Daniel Klein. 2015. Digital.

e) Após a descrição do projeto coordenado por Souza, há esta imagem esquemática:

Sobre as funções e as características dessa imagem, analise as frases a seguir e classifique-as em verdadeiras (V) ou falsas (F). I. ( V ) Possibilita ao leitor visualizar como será o monitoramento das abelhas e, assim, entender melhor como se dará a coleta de dados da pesquisa. II. ( F ) Apresenta informações adicionais, que não são exploradas no artigo, mas que ajudam a entender melhor como a pesquisa será feita. III. ( V ) Favorece a compreensão do artigo por um número mais expressivo de leitores. IV. ( V ) Resume esquematicamente as informações que aparecem do 3.º ao 9.º parágrafo. V. ( V ) É um infográfico, pois alia imagem e textos sintéticos explicativos. 8. Além do estudo que visa mostrar o comportamento das abelhas quando expostas a defensivos agrícolas potencialmente tóxicos e a mudanças climáticas, outra pesquisa é mencionada na parte final do texto. a) O que essa pesquisa analisa? A relação entre a morte das abelhas e o uso de agrotóxicos.

b) Quem coordena esse estudo? O professor Osmar Malaspina, do Instituto de Biociências da Unesp.

c) Que elemento é relacionado ao sumiço das abelhas tanto nessa pesquisa quanto na do grupo de Souza? O uso de neonicotinoides, uma classe de defensivos agrícolas.

d) O artigo “Abelhas vigiadas” explora mais detidamente a pesquisa conduzida pelo ITV e pelo CSIRO, mas a menção a outro estudo não é mero fruto do acaso. O autor do artigo desejava relacionar as duas pesquisas e sinalizar alguns aspectos importantes para o leitor. Assinale as afirmativas que apresentam possíveis motivos para esse estudo ter sido comentado, ainda que brevemente, ao final do artigo. I. ( X ) Trata-se de um estudo que estabelece uma hipótese também explorada no estudo coordenado por Souza. II. ( X ) O estudo reafirma a validade de se pesquisar mais sobre a mortalidade das abelhas. III. ( X ) O pesquisador da Unesp cita números alarmantes quanto à mortalidade de abelhas no Brasil nos últimos anos. IV. ( X ) Um dos experimentos coordenados pelo professor da Unesp revela que as abelhas, quando expostas a agrotóxicos, são invariavelmente afetadas, ainda que nem todas morram. V. (

) Os coordenadores das duas pesquisas chegaram a conclusões diferentes e não complementares sobre a morte das abelhas.

O discurso direto nos artigos de divulgação científica Pesquisas científicas realizadas em diversas instituições devem ser divulgadas, a fim de serem conhecidas fora do mundo acadêmico. Por isso, o autor de um artigo de divulgação científica não faz apenas a divulgação dos resultados, ele precisa ouvir o que esses pesquisadores têm a dizer e revelar aos leitores a fala deles. Resolva as questões a seguir e observe como isso foi feito no artigo lido.

Língua Portuguesa

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9. Em algumas passagens do artigo, emprega-se o discurso direto, isto é, a inserção de falas tal como foram enunciadas. Observe algumas dessas ocorrências e, depois, faça o que se pede. I.

II.

III.

“Se for notada qualquer alteração no comportamento dos insetos expostos ao pesticida, como incapacidade de voltar para a colmeia, desorientação ou mesmo morte precoce, o produto passará a ser o principal suspeito do distúrbio de colapso das colônias”, diz o físico Paulo de Souza, coordenador da pesquisa e professor visitante do ITV. “Avaliamos a batida das asas e a inclinação do corpo em abelhas com o sensor e sem ele, e verificamos que não houve alteração na capacidade de voar”, diz Souza.

“Uma das inovações obtidas é a distância de comunicação que conseguimos alcançar, de até 30 centímetros”, ressalta o pesquisador.

a) Por que a autora do artigo optou por reproduzir no texto a fala do pesquisador empregando o discurso direto, e não o indireto? O emprego do discurso direto fornece mais credibilidade ao texto, visto que não há interferência na fala do especialista (o que também diminui o risco de equívocos de interpretação).

b) Volte ao texto e analise: Por que, em I, ao final da fala, há mais informações sobre Paulo de Souza do que nos fragmentos II e III? Em I, há mais informações sobre ele porque é a primeira citação da fala do pesquisador, que precisa ser apresentado ao leitor a fim de que este obtenha informações básicas a seu respeito. A menção ao fato de que Souza é também coordenador do projeto e professor visitante do ITV tem o valor adicional de convencer o leitor da legitimidade e confiabilidade da pesquisa.

A “voz do cientista”, ou seja, o discurso da autoridade confere credibilidade às informações do texto.

Estratégias do artigo de divulgação científica Os artigos de divulgação científica expõem determinado assunto da área científica para o público, cujo conhecimento a esse respeito pode variar consideravelmente. Além de buscar tornar o texto compreensível a um público heterogêneo, o autor precisa evidenciar a importância da pesquisa e atribuir credibilidade ao estudo, para tanto, recorre a algumas estratégias.

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Textos de caráter científico, como o artigo de divulgação científica, em geral, assumem uma posição de impessoalidade e objetividade, sem marcas do ponto de vista de um sujeito particular.

fica a dica

10. Com base na leitura integral do texto, extraia um exemplo de cada estratégia indicada a seguir que busca aproximar o leitor das informações científicas tratadas. a) Exemplificação “Além da preocupação com as perdas dos apicultores, existe o risco para as culturas que dependem delas para a polinização. O maracujá, por exemplo, só produz se for visitado pela mamangava [...]”

Essa é uma das principais estratégias em textos de divulgação científica, pois é uma forma de tornar os conceitos mais compreensíveis. A expressão “por exemplo” é uma das mais usadas nesse caso. b) Definição “[...] nos neonicotinoides, classe de defensivos agrícolas amplamente utilizados no mundo.”

Termos específicos das ciências, pouco conhecidos do público leigo, precisam ser explicados. É comum as definições aparecerem entre vírgulas, parênteses ou travessões, por se tratar de informações complementares. c) Relato de experiências “Em alguns casos, como o de um apicultor do município de Boa Esperança do Sul, no interior de São Paulo, a relação entre causa e efeito ficou comprovada.”

Relatar fatos acontecidos ajuda o leitor a compreender a necessidade do estudo e também a identificar os fenômenos estudados. d) Recursos visuais A fotografia das abelhas com microssensores e o infográfico.

Fotografias, esquemas, quadros explicativos e infográficos são alguns dos vários recursos visuais e/ou verbovisuais que podem facilitar a compreensão de informações mais complexas. Sugestão de atividades: questões 1 a 4 da seção Hora de estudo.

Língua Portuguesa

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Paralelo 3 Gabaritos comentados.

O texto a seguir é um resumo do artigo “Abelhas vigiadas” e foi produzido por um aluno do Ensino Médio para compor um painel informativo sobre alterações ambientais. Além de fornecer as informações essenciais do texto-base aos demais alunos da turma, os quais não leram o artigo, o autor do resumo foi orientado a fazer um texto autônomo (isto é, que não exige do leitor o conhecimento prévio do artigo). Leia o resumo e verifique as estratégias desse aluno para cumprir a proposta. O autor do resumo iniciou o texto com uma referência ao artigo, mencionando o suporte e a data em que foi publicado. Na sequência, indicou ao leitor o objetivo do artigo.

O autor informa qual das pesquisas é explorada de maneira mais detalhada. Nesse trecho, resume o objetivo da pesquisa coordenada por Paulo de Souza.

O autor relaciona as duas pesquisas citadas no artigo e ressalta para o leitor a relação estabelecida, ainda que de maneira indireta, entre elas.

Em artigo publicado pela Revista FAPESP (julho de 2014), são divulgados estudos que visam entender o comportamento das abelhas e explicar possíveis causas para o desaparecimento desses insetos. Esse fenômeno de proporção mundial, conhecido como distúrbio de colapso de colônias, vem ameaçando não somente a produção de mel, mas também a polinização de diversas espécies vegetais e, consequentemente, a produção de alimentos. A pesquisa sobre a qual o artigo mais se atém é coordenada pelo físico Paulo de Souza, cujos estudos relacionam o desaparecimento de uma determinada espécie de abelha ao uso de pesticidas (em experimento conduzido na Tasmânia) e a variações climáticas extremas (em experimento desenvolvido no Brasil). Nos dois casos, o monitoramento dos insetos é feito com um microssensor, que possibilita aos pesquisadores analisar o comportamento de cada animal da colmeia e avaliar como eles reagem sob a influência climática e dos agrotóxicos. A hipótese de defensivos agrícolas tóxicos causarem a mortalidade de abelhas é reforçada ao final do texto, quando é mencionado o trabalho conduzido pela equipe do Professor Osmar Malaspina, que apresenta fortes indícios do impacto dos pesticidas na expressiva perda de colmeias nos últimos anos no Brasil.

Nesse trecho, apresenta brevemente o conceito do distúrbio de colapso de colônias e o impacto desse fenômeno no mundo. Essa passagem, além de orientar melhor o leitor sobre as questões abordadas no artigo, apresenta fatos que validam a importância de se estudar o desaparecimento das abelhas.

A passagem explica o método pelo qual se observam as abelhas, tanto na parte do estudo desenvolvida na Austrália quanto na conduzida no Brasil. Semelhante ao que fez quando apresentou a pesquisa conduzida por Souza, o autor do resumo mencionou o enfoque dos estudos de Malaspina. Além disso, o texto permite entrever que esse pesquisador já tem algumas conclusões sobre o desaparecimento das abelhas, ao passo que o outro apresenta hipóteses para esse fato.

Heitor Marcondes, 16 anos, aluno da 2ª. série do Ensino Médio.

1. Você considera que o autor do resumo cumpriu adequadamente a proposta? Converse sobre isso com os colegas e o professor.

Resumo: síntese de ideias O resumo consiste na síntese de outro texto. O autor seleciona as informações que julga serem importantes para o leitor a que se dirige e as apresenta de forma clara e objetiva, sem alterar as relações entre as ideias estabelecidas no texto original.

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Volume 6

As informações apresentadas no resumo devem estar alinhadas ao perfil do leitor ao qual se destina. Assim, resumos produzidos considerando um mesmo texto-base podem conter informações diferentes, a depender de seu interlocutor. Outro fator que determina quais informações devem ser contempladas é o objetivo da elaboração do resumo. As escolhas que o autor precisa fazer dependem de suas intenções: é preciso selecionar apenas ideias principais ou as secundárias também? É necessário constarem os exemplos presentes no texto-base ou será feita apenas a retomada da parte conceitual?

• O resumo não pode conter a opinião de seu autor, que deve adotar um posicionamento neutro e manter a mesma linha de raciocínio apresentada no texto-base. • O resumo resulta da síntese de um texto que lhe serviu de base, e não da mera cópia de passagens.

fica a dica

2. Para iniciar o texto, o autor do resumo optou por referenciar o artigo da seguinte maneira: “Em artigo publicado pela Revista FAPESP (julho de 2014), [...]” Assinale, entre as alternativas, outras formas válidas de mencionar o texto no qual o resumo se baseia. X a)

No texto “Abelhas vigiadas” (revista Pesquisa FAPESP, julho de 2014)...

X b)

No artigo de Dinorah Ereno, publicado em julho de 2014 na revista Pesquisa FAPESP...

X c)

Em texto da revista Pesquisa FAPESP, de julho de 2014...

X d)

No artigo “Abelhas vigiadas”, da revista Pesquisa FAPESP...

e) Nas pesquisas de Paulo de Souza... f) Nas pesquisas dos professores Paulo de Souza e Osmar Malaspina...

3. Caso o resumo tivesse sido redigido por um aluno do curso de Biologia, a fim de estudar para um projeto que desenvolve há alguns meses e que tem por objetivo ajudar os apicultores da região a minimizar a mortalidade das abelhas, quais informações seguintes poderiam constar em seu resumo? X a)

A espécie de abelha pesquisada por Paulo de Souza.

X b)

A classe de agrotóxico diretamente relacionada à mortalidade das abelhas.

X c)

Como os pesquisadores analisam as informações coletadas.

d) O alerta feito pela revista Time sobre a mortalidade das abelhas. e) A explicação sobre o que é o distúrbio do colapso de colônias.

4. Responda às questões seguintes, analisando comparativamente o artigo de divulgação científica e o resumo. a) Para redigir “Abelhas vigiadas”, o autor do artigo precisou selecionar informações das pesquisas e resumi-las. Esse procedimento é semelhante ao da elaboração do resumo? Explique sua resposta. b) No segundo parágrafo do resumo, caso o autor pretendesse condensar ainda mais seu texto, poderia suprimir as informações que aparecem entre parênteses? Por quê? c) Ainda no segundo parágrafo, as informações sobre como funciona o monitoramento das abelhas na pesquisa de Souza poderiam ser eliminadas, caso o autor pretendesse mostrar para o professor que fez uma leitura atenta e cuidadosa do artigo? Justifique sua resposta.

Você é o autor 4 Gabaritos comentados.

Resumo A seguir, conheça uma proposta de redação da Unicamp, que propõe ao candidato a criação de um resumo com base em um trecho de texto extraído de uma revista de divulgação científica.

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(UNICAMP – SP) Imagine-se como um estudante de ensino médio de uma escola que organizará um painel sobre características psicológicas e suas implicações no plano individual e na vida em sociedade. Nesse painel, destinado à comunidade escolar, cada texto reproduzido será antecedido por um resumo. Você ficou responsável por elaborar o resumo que apresentará a matéria transcrita abaixo, extraída de uma revista de divulgação científica. Nesse resumo, você deverá: • apresentar o ponto de vista expresso no texto, a respeito da importância do pessimismo em oposição ao otimismo, relacionando esse ponto de vista aos argumentos centrais que o sustentam. Atenção: uma vez que a matéria será reproduzida integralmente, seu texto deve ser construído sem copiar enunciados da matéria.

PESSIMISMO Para começar, precisamos de pessimistas por perto. Como diz o psicólogo americano Martin Saligman: “Os visionários, os planejadores, os desenvolvedores, todos eles precisam sonhar com coisas que ainda não existem, explorar fronteiras. Mas, se todas as pessoas forem otimistas, será um desastre”, afirma. Qualquer empresa precisa de figuras que joguem a dura realidade sobre os otimistas: tesoureiros, vice-presidentes financeiros, engenheiros de segurança... Esse realismo é coisa pequena se comparado com o pessimismo do filósofo alemão Arthur Schopenhauer (1788-1860). Para ele, o otimismo é a causa de todo o sofrimento existencial. Somos movidos pela vontade – um sentimento que nos leva a agir, assumir riscos e conquistar objetivos. Mas essa vontade é apenas uma parte de um ciclo inescapável de desilusões: dela vamos ao sucesso, então à frustração – e a uma nova vontade. Mas qual é o remédio, então? Se livrar das vontades e passar o resto da vida na cama sem produzir mais nada? Claro que não. A filosofia do alemão não foi produzida para ser levada ao pé da letra. Mas essa visão seca joga luz no outro lado da moeda do pessimismo: o excesso de otimismo – propagandeado nas últimas décadas por toneladas de livros de autoajuda. O segredo por trás do otimismo exacerbado, do pensamento positivo desvairado, não tem nada de glorioso: ele é uma fonte de ansiedade. É o que concluíram os psicólogos John Lee e Joane Wood, da Universidade de Waterloo, no Canadá. Um estudo deles mostrou que pacientes com autoestima baixa tendem a piorar ainda mais quando são obrigados a pensar positivamente. Na prática: é como se, ao repetir para si mesmo que você vai conseguir uma promoção no trabalho, por exemplo, isso só servisse para lembrar o quanto você está distante disso. A conclusão dos pesquisadores é que o melhor caminho é entender as razões do seu pessimismo e aí sim tomar providências. E que o pior é enterrar os pensamentos negativos sob uma camada de otimismo artificial. O filósofo britânico Roger Scruton vai além disso. Para ele, há algo pior do que o otimismo puro e simples: o “otimismo inescrupuloso”. Aquelas utopias* que levam populações inteiras a aceitar falácias** e resistir à razão. O maior exemplo disso foi a ascensão do nazismo – um regime terrível, mas essencialmente otimista, tanto que deu origem à Segunda Guerra com a certeza inabalável da vitória. E qual a resposta de Scruton para esse otimismo inescrupuloso? O pessimismo, que, segundo ele, cria leis preparadas para os piores cenários. O melhor jeito de evitar o pior, enfim, é antever o pior. * utopias: projetos de natureza irrealizável; ideias generosas, porém impraticáveis; quimeras; fantasias. ** falácias: quaisquer enunciados ou raciocínios falsos que, entretanto, simulam a veracidade; raciocínios verossímeis, porém falsos; enganos; trapaças.

(Extraído de M. Horta, “O lado bom das coisas ruins”, em Superinteressante, São Paulo, n. 302, março 2012. . Acessado em: 2/09/2012.)

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Entendendo a proposta A Comvest, comissão que organiza o vestibular da Unicamp, fornece ao candidato informações sobre a situação discursiva, isto é, orienta sobre o quê, como, para quem e por quê escrever o texto, além do suporte em que será veiculado. Na proposta do resumo, essas informações são destacadas das demais. 4. Qual relação essas citações estabelecem entre si?

Planejamento 1. Após reler toda a proposta e o texto-base, inicie a etapa de planejamento do seu resumo. Para tanto, responda às seguintes perguntas. a) Qual é a posição de enunciação, isto é, o perfil de autor que o candidato deve assumir? b) Com qual objetivo o resumo será produzido? c) Qual o suporte previsto para a veiculação do resumo? d) A qual público o resumo deve ser direcionado? e) Como a definição desse público impacta na linguagem e na seleção de informações do resumo?

5. Com base nas suas respostas para as questões anteriores, faça a primeira versão de seu resumo. Lembre-se de considerar o público a que seu texto se direciona e o objetivo com que é produzido.

Avaliação 6. Após terminar seu resumo, analise se ele contempla os seguintes requisitos: • Trata-se realmente de um resumo, que contempla as informações centrais do texto-base, considerando as condições de produção apresentadas na proposta? • O resumo é uma síntese das principais informações contidas no texto-base?

Produção 2. O texto-base se desenvolve em torno de uma tese, isto é, de uma ideia geral, que sustenta toda a matéria. Identifique a tese de “Pessimismo”, bem como os argumentos que o autor utiliza para embasá-la.

• Os únicos pontos de vista reproduzidos no resumo são os explorados no texto-base?

3. Para fundamentar as ideias expostas no texto, o autor recorre a diferentes teóricos. A quem são atribuídas, respectivamente, as seguintes ideias?

• As ideias centrais do texto-base foram parafraseadas, isto é, reescritas, com suas próprias palavras?

a) É preciso que haja pessoas pessimistas, para que haja um equilíbrio nas esferas profissionais. Martin Saligman b) O excesso de otimismo conduz irremediavelmente à frustração. Arthur Schopenhauer

• A tese sobre a qual o texto-base se sustenta está sintetizada de forma bem clara?

• Foram suprimidas passagens com ideias secundárias? • Foi preservada a relação entre as ideias do texto-base?

c) O ser humano deve buscar as razões para o pessimismo e orientar suas ações com base nelas.

• As partes que compõem o texto se articulam adequadamente, isto é, o resumo não é mera topicalização das informações do texto-base?

d) O excesso de otimismo, especialmente no campo político, pode trazer severas consequências. Esse “otimismo inescrupuloso” é combatido pelo pessimismo. Roger Scruton

7. Após verificar todos esses tópicos e fazer as devidas correções, redija uma segunda versão de seu texto. Depois, troque-o com um colega e pensem, juntos, em melhorias que possam ser sugeridas.

John Lee e Joane Wood

Exposição oral No início desta unidade, você conversou com os colegas e o professor sobre a popularização do conhecimento científico e sobre como esse fato permitiu o acesso a informações antes exclusivas aos laboratórios, institutos de pesquisas e universidades.

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O texto a seguir, que aparece na orelha do segundo volume do livro Micro Macro (cujo autor, o físico Marcelo Gleiser, é um defensor da popularização científica), apresenta a importância de diminuir a distância entre cientistas e público não especializado. Vivemos numa sociedade cujo principal insumo é o conhecimento. Não há aspecto da vida humana que não utilize de forma cada vez mais intensiva os avanços da ciência e da tecnologia. [...] Descobertas sobre a origem do universo, sobre a origem da vida, sobre o código genético e sobre a evolução das espécies, apenas para dar alguns exemplos, produzem fascínio ao mesmo tempo em que geram temores e insegurança. O avanço do conhecimento suscita também problemas de natureza ética no relacionamento do homem com seu semelhante, com os animais e com o meio ambiente em geral. [...] O cidadão que, em última análise, é o financiador e usuário potencial do progresso científico precisa ser permanentemente esclarecido sobre a importância da pesquisa e sobre os potenciais benefícios econômicos, culturais e sociais que dela decorrem. [...] Cabe ao cientista afinado com seu tempo passar uma visão equilibrada do poder e das limitações da ciência. E isso tem que ser feito em linguagem não só acessível como também atraente para o cidadão comum. [...] PEREZ, José Fernando. [Orelha]. In: GLEISER, Marcelo. Micro Macro: mais reflexões sobre o homem, o tempo e o espaço. São Paulo: Publifolha, 2007. v. 2.

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Com base nas informações trabalhadas ao longo desta unidade, em suas leituras anteriores e em suas próprias experiências, pesquise um tema da área das ciências que seja de seu interesse e prepare uma apresentação de até 10 minutos para os colegas e o professor. Siga as orientações a seguir.

Planejamento 8. Escolha o tema e faça um levantamento preliminar de conteúdos (encontrados em artigos, matérias, notícias, documentários, palestras...). 9. Analise os textos pesquisados com atenção, relacione as ideias neles propagadas e sintetize as informações que julgar mais importantes.

Produção 10. Prepare um resumo com as informações coletadas, considerando os ouvintes e o tempo destinado à apresentação. 11. Treine sua apresentação, analisando se as informações estão claras. Não precisa decorar seu resumo. A ideia é que ele sirva para organizar sua apresentação. 12. Durante sua apresentação, adote uma postura adequada e use um tom de voz que seja ouvido por todos os colegas de turma.

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Avaliação 13. Observe se sua apresentação cumpriu com todas as exigências elencadas a seguir. Pessoal. Sim

Não

O assunto foi exposto de maneira clara? Você apresentou todas as informações que constavam em seu resumo? Durante a apresentação, sua postura estava adequada (não ficou tenso demais nem relaxado demais)? Você foi ouvido por todos os colegas de turma que assistiam à apresentação?

Língua viva 5 Gabaritos comentados.

Correlação de tempos verbais 1. Analise o diálogo a seguir.

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COMPRAREI??!!??

©Shutt erstock

/Karram

SE EU TIVESSE DINHEIRO, COMPRAREI ESTE SAPATO!

a) O que causou o estranhamento em relação à fala da personagem à esquerda? b) O que indica a forma verbal usada na oração “se eu tivesse dinheiro”? c) Que ideia está expressa na forma verbal empregada na oração “comprarei este sapato”? d) Como o período deve ser reescrito para expressar, com lógica, a ideia de que I. a personagem não tem realmente o dinheiro para comprar o sapato? II. a personagem tem certeza de que, no futuro, terá dinheiro para comprar o sapato? e) A que conclusão se pode chegar quanto à correlação entre os tempos verbais? Ao falar ou ao escrever, é preciso combinar os tempos e os modos verbais. Na fala da personagem, o verbo “ter” está flexionado no pretérito imperfeito do subjuntivo (expressa ideia de dúvida, incerteza, possibilidade, eventualidade) e o verbo “comprar”, no futuro do presente do indicativo (expressa, entre outras ideias, fatos certos ou bastante prováveis). Portanto, não se pode dizer “comprarei este sapato”, pois o ato de comprar está condicionado não a uma certeza, mas à hipótese (indicada pelo pretérito imperfeito do subjuntivo) de ter dinheiro.

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Correlação verbal é o nome dado à coerência entre as formas verbais utilizadas em uma frase ou um texto, necessária à construção do sentido pretendido. Tempos e modos verbais devem se combinar, isto é, deve haver articulação temporal entre os verbos para que eles se correspondam e possam expressar as ideias de modo lógico. 2. Assinale as formas verbais que preenchem adequadamente as lacunas. a) Era possível que meus filhos

hoje.

( ) venham

( X ) viessem

( ) veem

( ) viriam

( ) vinham b) Quando o curso, certamente ( ) concluir – teria buscado ( ) tivesse concluído – terá buscado

trabalho. ( X ) concluísse – buscaria ( ) concluir – buscaria

( ) concluísse – terá buscado 3. Leia a legenda de uma foto que acompanha uma notícia publicada em um portal de notícias.

Casa no Jardim Bizarro é investigada: moradores suspeitam que líquido que jorra do chão fosse sangue humano. Polícia Científica confirmou a suspeita.

POLÍCIA diz que líquido que jorrou do chão de casa em Jundiaí é sangue. G1, São Paulo, 19 jun. 2008. Disponível em: . Acesso em: 5 jun. 2015.

a) A correlação entre as formas verbais presentes na legenda é coerente? Explique sua resposta. b) Reescreva a legenda estabelecendo a correlação adequada. 4. Indique a alternativa que apresenta correspondência inadequada no emprego dos tempos verbais. a) Porque dormiu demais, chegou atrasado. b) Se tivesse dormido demais, chegaria atrasado. X c)

Se dormir demais, chegaria atrasado.

d) Embora durma pouco, chegará atrasado. e) Embora tenha dormido pouco, chegou atrasado. 5. Leia a frase: “Se eu ganhasse na loteria,

(ajudar) muitas instituições beneficentes.”

a) O verbo “ganhar” está flexionado no pretérito imperfeito do subjuntivo. Sabemos que o subjuntivo expressa dúvida, incerteza, possibilidade, eventualidade. Assim, em que tempo o verbo “ajudar” deve ser conjugado para garantir que o período tenha lógica? b) Justifique sua resposta ao item a explicando por que esse tempo verbal deve ser empregado.

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6. (TJ – SP) Assinale a alternativa que apresenta correta correlação de tempo verbal entre as orações. a) Se os advogados demonstrarem um mínimo de conhecimento, poderiam defender bem seus clientes. X b)

Embora tivessem cursado uma faculdade, não se desenvolveram intelectualmente.

c) É possível que os novos cursos passam a ter fiscalização mais severa. d) Se não fosse tanto desconhecimento, o desempenho poderá ser melhor. e) Seria desejável que os enguiços entre diplomas e carreiras se resolvem brevemente. 7. (FDV – ES)

À beira de um ataque de nervos Em momento algum da história da humanidade o provérbio “tempo é dinheiro” ganhou tanta expressão como nos dias atuais. Pessoas sobrecarregadas de trabalho e responsabilidades sempre se queixam de que seus dias são curtos e agem como se eles fossem inesgotáveis. O ritmo de compromissos é incessante. Os avanços tecnológicos determinam mudanças radicais na carreira profissional. A violência ronda a casa, a esquina, o carro, enquanto o trânsito inferniza e atrasa a agenda. Medo, tensão e vigília: os inimigos estão por toda parte, vêm em sua direção e as ameaças ao sucesso e ao bolso são inúmeras. Feche os olhos e logo alguém lhe passará a perna. Ufa! Esse estado de alarme geral parece não acabar nunca. Se você é um daqueles que vivem mergulhados nesse frenesi, você está roubado. Só que, desta vez, o trombadinha está dentro de você, sugando-lhe energia. A essa altura, o estresse negativo já deve ter-se instalado. À BEIRA de um ataque de nervos. Você S.A., São Paulo, n. 17, a. 2, p. 100, nov. 1999.

Seria bom se a situação que foi apresentada no texto fosse superada pela humanidade e todo esse estresse já não mais existisse. Seria ótimo se as pessoas vivessem em paz consigo mesmas e com os outros, não pensando em ter, mas em ser e em dar ao próximo. Nas alternativas a seguir, vamos reescrever uma parte do texto no passado, como se tudo isso já tivesse sido superado, e faremos as devidas adaptações. Assinale a alternativa em que um dos tempos verbais empregados rompe com a correlação verbal, que deve existir em uma narrativa, no novo texto. a) “Em momento algum da história da humanidade o provérbio “tempo é dinheiro” ganhou tanta expressão...” Pessoas sobrecarregadas de trabalho e responsabilidades sempre se queixavam de que seus dias eram curtos e agiam “como se eles fossem inesgotáveis”. b) O ritmo de compromissos era incessante. Os avanços tecnológicos determinavam mudanças radicais na carreira profissional. X c)

A violência rondava a casa, a esquina, o carro, enquanto o trânsito infernizava e atrasava a agenda. Medo, tensão e vigília: os inimigos estavam por toda parte, vinham em sua direção e as ameaças ao sucesso e ao bolso foram inúmeras.

d) Se você fechasse os olhos, logo alguém lhe passaria a perna. 8. Reescreva a frase da alternativa assinalada na atividade anterior, observando a adequada correlação verbal. 9. Explique a que se deve o problema de correlação de tempos verbais observado no seguinte enunciado. Depois, reescreva-o na forma adequada. Sugestão de atividades: questões 6 a 10 da seção Hora de estudo. Comerciantes permitem que menores de idade adquirem a droga. VIANA, Chico. Verbos sinuosos. Língua Portuguesa, dez. 2011. Disponível em: . Acesso em: 14 jul. 2015.

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Vozes verbais 10. Leia as manchetes a seguir. Enunciado I

Enunciado II

Palmeiras demite Oswaldo de Oliveira

Após seis meses, Oswaldo de Oliveira é demitido do Palmeiras

PALMEIRAS demite Oswaldo de Oliveira. Globo Esporte, São Paulo, 9 jun. 2015. Disponível em: . Acesso em: 9 jun. 2015.

APÓS seis meses, Oswaldo de Oliveira é demitido do Palmeiras. Terra, 9 jun. 2015. Disponível em: . Acesso em: 9 jun. 2015.

a) Qual é a ação expressa no enunciado I? b) Indique o sujeito da ação no enunciado I. c) Que função sintática exerce “Oswaldo de Oliveira” no enunciado I? d) Que relação é estabelecida, no enunciado I, entre o sujeito e a ação verbal? e) Agora, leia o enunciado II. Qual é a ação expressa? f) Indique o sujeito da ação no enunciado II. g) Que relação é estabelecida, no enunciado II, entre o sujeito e a ação verbal? h) No enunciado II, é possível identificar o agente, isto é, quem pratica a ação verbal. Qual é o agente da ação? i) Que diferenças você observa na relação entre os sujeitos dos enunciados I e II e as ações verbais correspondentes? j) Pelo modo como os enunciados foram estruturados, que informação é destacada em cada um deles? Que efeito de sentido resulta dessa estrutura? Nas manchetes analisadas, foram escolhidos, pelos enunciadores do texto, modos específicos de divulgar a informação para explicitar a relação entre o sujeito e o processo verbal. A essa relação dá-se o nome de vozes verbais. O sujeito exerce função semântica (de agente, de paciente, ou de ambas) em relação ao processo verbal e escolher utilizar um sujeito agente ou sujeito paciente implica diferentes efeitos de sentido nos enunciados. A voz não é apenas uma categoria do verbo, mas a maneira como se apresenta o que se quer dizer, destacando dada informação. Portanto, a voz não é estabelecida apenas pelo verbo, mas pela relação entre este e seu sujeito.

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Voz verbal é a forma pela qual o verbo se relaciona com o sujeito da oração, identificando-o como agente, paciente ou, ao mesmo tempo, agente e paciente de uma ação verbal. • A voz ativa é usada para focar a atenção no sujeito agente. Os alunos ouviram a explicação. • Já o uso da voz passiva se dá quando se deseja destacar o processo verbal e o sujeito paciente. A explicação foi ouvida pelos alunos. • Na voz reflexiva, destaca-se o fato de o ser que realiza a ação ser também o que sofre as consequências dessa ação. Motociclista feriu-se em acidente.

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Voz ativa 11. Leia os enunciados a seguir, que constituem manchetes de jornal. Enunciado I

Enunciado II

USP volta a liderar lista de melhores universidades da América Latina TOMÉ, Pedro Ivo. USP volta a liderar lista de melhores universidades da América Latina. Folha de S.Paulo, São Paulo, 9 jun. 2015. Disponível em: . Acesso em: 10 jun. 2015.

Falta de água afeta rotina de colégios de São Paulo FALTA de água afeta rotina de colégios de São Paulo. Folha de S.Paulo, 22 maio 2015. Disponível em: . Acesso em: 10 jun. 2015.

a) Identifique o sujeito da ação verbal nas manchetes. b) Qual é a função semântica exercida pelos sujeitos nas manchetes? c) Quais são as ações que compõem as manchetes? d) Quanto à transitividade, como são classificadas essas formas verbais? e) Esses enunciados poderiam ser estruturados na voz passiva? Transforme-os de maneira que o sujeito passe de agente a paciente. f) Em sua opinião, a mudança da função semântica do sujeito (de agente para paciente) na transformação dos enunciados produz que efeito de sentido?

transitividade: os verbos de ação podem ser intransitivos ou transitivos. No primeiro caso, não há obrigatoriedade de um com plemento. No segundo, os verbos exigem um complemento, o qual pode ligar-se ao verbo diretamente (transitivo direto) ou por meio de preposição (transitivo indireto).

Nem todas as orações em voz ativa podem ser alteradas para a voz passiva. Para isso, o verbo dessas orações deve ser transitivo direto, isto é, ligar-se ao seu complemento sem o auxílio de preposição.

Voz passiva 12. Leia estas manchetes. Enunciado I Homem é morto durante churrasco em residência da capital de MS HOMEM é morto durante churrasco em residência da capital de MS. G1, 14 jun. 2015. Disponível em: . Acesso em: 12 jun. 2015.

Enunciado II Homem é morto por policiais militares em São Paulo HOMEM é morto por policiais militares em São Paulo. G1, 19 jul. 2012. Disponível em: . Acesso em: 12 jun. 2015.

a) Qual é o sujeito da ação verbal nos dois enunciados? b) Que relação é estabelecida entre o sujeito e a ação verbal nos dois enunciados? c) Em ambos os enunciados, há indicações das circunstâncias em que o sujeito sofreu a ação de ser morto. Identifique-as. d) Nesses enunciados, fica evidente quem pratica a ação? Justifique sua resposta.

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e) Qual é a principal diferença na estrutura desses enunciados? f) Em sua opinião, por que, no enunciado II, é mencionado o agente da ação verbal, mas, no enunciado I, isso não acontece? Ambos os enunciados analisados foram estruturados na voz passiva. A característica dessa voz é a de apresentar a ação expressa tendo como referencial não o ser que a realiza, mas o ser que a sofre. Há construções na voz passiva que evidenciam o agente, e outras em que o agente não aparece. A maioria das frases na passiva não apresenta agente justamente pelo fato de o foco do enunciado ser o sujeito paciente. Geralmente, o enunciador opta por indicar o agente da passiva quando essa informação é relevante ou quando é inusitado, inesperado. Veja estes exemplos: Livro que inspirou “Eragon” foi escrito por garoto prodígio LIVRO que inspirou “Eragon” foi escrito por garoto prodígio. G1, 22 dez. 2006. Disponível em: . Acesso em: 12 jun 2015.

Nesse caso, é relevante o fato de o livro ter sido escrito por um garoto. Milan perto de ser vendido... Veja outros clubes que foram comprados por magnatas MILAN perto de ser vendido... Veja outros clubes que foram comprados por magnatas. Lance!, 21 abr. 2015. Disponível em: . Acesso em: 8 jun. 2015.

Nessa manchete, ocorre uma estruturação interessante: na primeira oração, o foco se centra no sujeito paciente, o time Milan; na segunda, o sujeito paciente “outros clubes” divide o foco com o agente da passiva “magnatas”, porque não basta dizer que outros clubes foram comprados, mas, sim, por quem foram comprados. Note que tal estruturação também foi favorecida pela escolha do par de verbos vender/comprar. Como se pôde notar pelos exemplos, a voz passiva é bastante recorrente em textos jornalísticos e a ausência ou presença do agente da passiva nos enunciados tem papel significativo no tratamento da informação.

Voz passiva analítica e voz passiva sintética A voz passiva pode ser analítica ou sintética. É analítica quando formada por verbo auxiliar (geralmente “ser” ou “estar”) e particípio do verbo principal. É sintética quando formada pelo verbo acompanhado de pronome apassivador se.

Chame a atenção dos alunos para o fato de nem sempre o sujeito estar anteposto ao verbo e de como o verbo deve concordar com o sujeito, independentemente de sua posição.

Foram discutidas mudanças no Código Penal pelos deputados. (voz passiva analítica) locução verbal

sujeito paciente

agente da passiva

Discutiram-se mudanças no Código Penal. (voz passiva sintética) verbo pronome apassivador

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sujeito paciente

Passagem da voz ativa para a passiva analítica Na passagem da voz ativa para a passiva, ocorrem transformações importantes. Observe os exemplos. sujeito agente

verbo transitivo direto

Ele

contestou

A afirmação do colega sujeito paciente

foi contestada locução verbal

objeto direto a afirmação do colega.

por ele. agente da passiva

Note que: • o complemento verbal (objeto direto) da voz ativa se transforma em sujeito paciente; • na passiva, o verbo principal é usado no particípio e o auxiliar se flexiona no mesmo tempo e modo do verbo na voz ativa; • o sujeito da voz ativa se transforma em agente da passiva e continua indicando quem pratica a ação.

Passiva sintética Geralmente é usada quando o agente da ação verbal é desconhecido, irrelevante ou óbvio. Seria o equivalente, em sentido, à voz ativa com sujeito indeterminado. Contestaram a afirmação do colega.

Contestou-se a afirmação do colega.

• sujeito indeterminado • contestaram: verbo transitivo direto • a afirmação do colega: objeto direto

• contestou: verbo • se: pronome apassivador • a afirmação do colega: sujeito paciente

Observando a estrutura da passiva sintética, percebe-se que: • o complemento verbal (objeto direto) da voz ativa equivale ao sujeito paciente (em geral, posposto ao verbo); • o pronome apassivador (ou partícula apassivadora) se junta-se à forma verbal; • não há agente da passiva nessa estrutura; • é preciso prestar atenção na concordância verbal nos casos de voz passiva sintética, pois o verbo deve concordar com o sujeito. Ex.: Contestou-se a afirmação. sujeito singular

Contestaram-se as afirmações. sujeito plural

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13. Leia a notícia a seguir e responda às questões propostas.

Assaltante que roubou Banco Central em Fortaleza é preso em bairro nobre de SP Criminoso havia sido beneficiado com saída temporária de Dia dos Pais e não retornou ao presídio SÃO PAULO – Um dos ladrões envolvidos em um dos maiores roubos a banco do país foi preso em São Paulo, na noite desta terça-feira. Antonio Reginaldo de Araújo foi detido em uma abordagem de rotina na Avenida Giovanni Gronchi, no Morumbi, área nobre da Zona Sul de São Paulo. Ele chegou a apresentar documentos falsos aos policiais, mas depois confessou a verdadeira identidade e a participação no roubo, em 2005, de cerca de R$ 165 milhões do Banco Central em Fortaleza, no Ceará. Antonio Reginaldo, que estava preso por roubo, havia sido beneficiado com a saída temporária de Dia dos Pais no ano passado, mas não retornou ao presídio e era considerado foragido da Justiça. No carro de Antonio Reginaldo, a polícia encontrou 7 kg de pasta base de cocaína. A polícia suspeita que ele seja

um dos chefes do tráfico de drogas de Paraisópolis, uma comunidade na região do Morumbi. Em sua casa, foram encontrados registros de transações que chegavam a até R$ 200 mil. Ele estava acompanhado de uma mulher, que também foi detida. Mas a polícia não divulgou sua identidade nem se há envolvimento dela com algum crime. Na época do assalto ao Banco Central em Fortaleza, a quadrilha levou quase 165 milhões e apenas uma pequena quantia foi recuperada pela polícia. Para invadir o cofre do banco, os criminosos alugaram uma casa, montaram uma empresa de fachada, que fingia vender grama. E levaram 3 meses construindo um túnel de 80 metros de comprimento, que tinha iluminação e até ar condicionado.

ASSALTANTE que roubou Banco Central em Fortaleza é preso em bairro nobre de SP. O Globo, 10 jun. 2015. Disponível em: . Acesso em: 10 jun. 2015.

a) Identifique as ocorrências de voz passiva na notícia. b) Na maioria dos enunciados dessa notícia em que ocorre a voz passiva não é identificado o agente da passiva. Destaque do texto o(s) enunciado(s) em que o agente da passiva está evidente. c) Em sua opinião, por que o agente da passiva não aparece na maioria dos enunciados construídos na voz passiva?

Voz reflexiva Nessa construção, o mesmo ser identificado como sujeito realiza e sofre a ação verbal. José Dirceu defende-se de acusações da Lava Jato JOSÉ Dirceu defende-se de acusações da Lava Jato. Diário de Pernambuco, 21 mar. 2015. Disponível em: . Acesso em: 15 jun. 2015.

Nesse caso, o sujeito “José Dirceu” defende e é alvo da mesma ação já que ele defende a si mesmo das acusações. Na voz reflexiva, há a utilização de pronomes oblíquos reflexivos: me, te, se, nos, vos.

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14. (FEI – SP) Leia o poema “Memória”, de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), e responda:

Amar o perdido deixa confundido este coração.

O uso do pronome pessoal do caso oblíquo em “tornam-se insensíveis” contribui para a construção da: X a)

voz reflexiva

Nada pode o olvido contra o sem sentido apelo do Não.

b) voz ativa

As coisas tangíveis tornam-se insensíveis, à palma da mão.

e) voz ativa e passiva

c) voz passiva sintética

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d) voz passiva analítica

Mas as coisas findas muito mais que lindas, essas ficarão.

15. (IOBV – SC) Observe as frases: 1. A aluna cumprimentou o professor. 2. O professor foi cumprimentado pela aluna. 3. O caçador feriu-se. De acordo com as vozes verbais, assinale a alternativa verdadeira.

a) 1. Voz passiva, 2. Voz reflexiva e 3. Voz ativa X b)

1. Voz ativa, 2. Voz passiva e 3. Voz reflexiva

c) 1. Voz ativa, 2. Voz reflexiva e 3. Voz passiva d) 1. Voz ativa, 2. Voz ativa e 3. Voz reflexiva 16. (CESGRANRIO – RJ) Assinale a opção em que o pronome “me” tem valor reflexivo: a) Não fumava, e nenhum livro com força de me prender. b) O ar frio da madrugada dava-me sono. c) Um incidente qualquer me desviava deles. X d)

Trancava-me no quarto fugindo do aperreio.

e) Era única coisa que me seduzia ali. 17. Na estrofe do poema “Motivo”, de Cecília Meireles, identifique a voz reflexiva. Se desmorono ou se edifico, se permaneço ou me desfaço, – não sei, não sei. Não sei se fico ou passo.

Sugestão de atividades: questões 5 e 12 da seção Hora de estudo.

MEIRELES, Cecília. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.

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Concordância verbal: casos gerais Editora Gente

18. Leia esta capa de livro: a) Identifique a forma verbal que compõe o título do livro. b) Qual é o sujeito da forma verbal? c) Observe o subtítulo do livro. Identifique a forma verbal. d) Qual é o sujeito dessa forma verbal? e) Observando a flexão de número das formas verbais que compõem o título e o subtítulo do livro, o que se pode concluir?

19. (FUVEST – SP) Observe este anúncio. a) Na composição do anúncio, qual é a relação de sentido entre a imagem e o trecho “quem é e o que pensa”, que faz parte da mensagem verbal? b) Se os sujeitos dos verbos “descubra” e “pensa” estivessem no plural, como deveria ser redigida a frase utilizada no anúncio? Você observou que, na questão anterior, as formas verbais do anúncio se flexionam, na reescrita, na 3.ª pessoa do plural. Por que isso acontece? Nos textos orais ou escritos, como regra geral, o verbo concorda em número e pessoa com o sujeito ao qual se refere. Como houve a alteração de número no sujeito, isso implicou alteração de flexão de número do verbo.

Concordância com sujeitos simples e composto

Fonte: Folha de S. Paulo. 26/09/2008. Adaptado.

20. Leia estas manchetes: Enunciado I Curitiba inaugura o único Hard Rock café do Brasil CURITIBA inaugura o único Hard Rock café do Brasil. Gazeta do Povo, 25 maio 2015. Disponível em: . Acesso em: 15 jun. 2015.

Enunciado II Moradores do bairro Arizona inauguram Igreja de Santa Paulina MORADORES do bairro Arizona inauguram Igreja de Santa Paulina. Sul in Foco, 14 jun. 2015. Disponível em: . Acesso em: 12 jun. 2015.

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Enunciado III Em Santiago, Chile e Equador inauguram a Copa América EM Santiago, Chile e Equador inauguram a Copa América. Terra, 10 jun. 2015. Disponível em: . Acesso em: 15 jun. 2015.

a) Nos três enunciados foi usado o mesmo verbo, mas flexionado de formas diferentes. O que motivou a diferença? b) Nos enunciados II e III, o verbo está flexionado no plural, seguindo o que determina a regra geral da concordância verbal. No entanto, o que motiva a flexão de número do verbo nesses enunciados?

Ao concordar com o sujeito simples, o verbo permanece no singular se o núcleo do sujeito estiver no singular ou flexiona-se no plural se esse núcleo estiver no plural. núcleo

Ex.: Aquela pequena e encantadora menina conquistou os professores. sujeito simples

núcleo

Ex.: Os professores me ajudaram a estudar para as provas. sujeito simples

O sujeito simples é constituído por apenas um núcleo; o sujeito composto, por mais de um núcleo.

Quando o sujeito é composto, o verbo deve concordar com os núcleos, flexionando-se, de modo geral, no plural. núcleo

núcleo

Ex.: Pequenos lírios brancos e folhagens delicadas rodeavam a área do lago.

Editora Sextante

sujeito composto

Se o sujeito composto vem antes do verbo, este sempre é flexionado no plural, tal como acontece no subtítulo do livro ao lado. Se o sujeito composto for colocado após o verbo, este pode concordar: • apenas com o núcleo mais próximo; Ex.: Viajou o pai, a mãe e os cinco filhos. • com todos os núcleos do sujeito composto: Ex.: Viajaram o pai, a mãe e os cinco filhos.

21. (ACAFE – SC) Assinale a frase correta quanto à concordância verbal. a) Passou pela minha cabeça as estradas de terra, as viagens de barcos pelos rios do Pará, as entrevistas com as pessoas humildes, as histórias de vida (verdadeiras lições que não se aprende na escola). X b)

Se vocês virem todos os detalhes do projeto com mais atenção, hão de concluir que ele não será ecologicamente sustentável, nem será tampouco viável economicamente.

c) Peço que seja mandado para mim, o mais breve possível, as informações que combinamos. d) Gostaria também que fosse marcado, nas plantas encaminhadas, os espaços que foram inventariados pelo Patrimônio da União. 22. Considerando a questão anterior, reescreva as frases das alternativas para que apresentem concordância correta de acordo com as regras da gramática normativa. Devem ser reescritas as frases das alternativas a, c e d.

Língua Portuguesa

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23. (FGV)

ESTAMOS CRESCENDO DEMAIS? O nosso “complexo de vira-lata” tem múltiplas facetas. Uma delas é o medo de crescer. Sempre que a economia brasileira mostra um pouco mais de vigor, ergue-se, sinistro, um coro de vozes falando em “excesso de demanda”, “retorno da inflação” e pedindo medidas de contenção. O IBGE divulgou as Contas Nacionais do segundo trimestre de 2007. Não há dúvidas de que a economia está pegando ritmo. O crescimento foi significativo, embora tenha ficado um pouco abaixo do esperado. O PIB cresceu 5,4% em relação ao segundo trimestre do ano passado. A expansão do primeiro semestre foi de 4,9% em comparação com igual período de 2006. [...] A turma da bufunfa não pode se queixar. Entre os subsetores do setor serviços, o segmento que está “bombando” é o de intermediação financeira e seguros – crescimento de 9,6%. O Brasil continua sendo o paraíso dos bancos e das instituições financeiras. Não obstante, os porta-vozes da bufunfa financeira, pelo menos alguns deles, parecem razoavelmente inquietos. Há razões para esse medo? É muito duvidoso. Ressalva trivial: é claro que o governo e o Banco Central nunca podem descuidar da inflação. Se eu fosse cunhar uma frase digna de um porta-voz da bufunfa, eu diria (parafraseando uma outra máxima trivializada pela repetição): “O preço da estabilidade é a eterna vigilância” . Entretanto, a estabilidade não deve se converter em estagnação. Ou seja, o que queremos é a estabilidade da moeda nacional, mas não a estabilidade dos níveis de produção e de emprego. A aceleração do crescimento não parece trazer grande risco para o controle da inflação. Ela não tem nada de excepcional. O Brasil está se recuperando de um longo período de crescimento econômico quase sempre medíocre, inferior à média mundial e bastante inferior ao de quase todos os principais emergentes. O Brasil apenas começou a tomar um certo impulso. Não vamos abortá-lo por medo da inflação. (Folha de S.Paulo, 13.09.2007. Adaptado)

Assinale a alternativa em que as frases repetem a regra de concordância verbal da frase “... o governo e o Banco Central nunca podem descuidar da inflação”. X a)

Continuam bem comportadas as expectativas de inflação para 2007 e as taxas de juro. / Saem-se bem no Brasil os bancos e as instituições financeiras.

b) O IBGE divulgou ontem as Contas Nacionais do segundo trimestre de 2007. / O Banco Central deveria impor regras rígidas aos bancos. c) Temos, ao mesmo tempo, aumento do grau de utilização da capacidade preexistente e aumento do estoque de capital. / O controle da inflação não pode correr riscos. d) Mas ainda estamos crescendo menos do que quase todos os outros países emergentes. / A turma do bufunfa não pode se queixar. e) A aceleração de crescimento não parece trazer grande risco para o controle da inflação. / O crescimento do Brasil é inferior à média mundial. Sugestão de atividades: questões 11, 13 e 14 da seção Hora de estudo.

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Volume 6

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Organize as ideias Associe os exemplos aos conceitos apresentados. Voz verbal é a relação que se estabelece entre o sujeito e o verbo da oração. 1

Na voz ativa, o sujeito é o agente do processo verbal.

2 Na voz passiva, o sujeito é paciente da ação verbal, isto é, o sujeito recebe ou sofre a ação verbal. 3 Na voz reflexiva, o sujeito é, ao mesmo tempo, agente e paciente da ação verbal. 4 Passiva analítica = sujeito + verbo auxiliar ser/estar + particípio (+ agente da passiva). 5

( 1 ) Os agentes da lei prenderam os suspeitos. 2 ou 4 (

) Poucas testemunhas foram ouvidas naquele dia.

2 ou 4 (

) A notícia foi recebida com tristeza por todos.

2 ou 5 (

) Buscam-se novos talentos musicais.

( 3 ) Feri-me ao limpar a faca.

Passiva sintética = verbo trasitivo direto + se (pronome apassivador) + sujeito paciente. Regra geral de concordância verbal: o verbo concorda com o sujeito a que se refere.

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7

Sujeito simples: verbo flexiona-se no singular se o núcleo do sujeito estiver no singular ou no plural se o núcleo do sujeito estiver no plural.

( 6 ) Muitos estudantes aplaudiram a declaração do diretor. ( 7 ) Quadros e estatuetas enfeitam o escritório.

Sujeito composto anteposto: verbo flexiona-se no plural, concordando com os núcleos.

8 Sujeito composto posposto: verbo concorda com o núcleo mais próximo ou flexiona-se no plural, concordando com todos os núcleos do sujeito.

( 8 ) Enfeita a sala um quadro e duas estatuetas. ( 8 ) Discutem pai e mãe sobre o filme que viram.

Há mais de uma frase que pode ser colocada em cada conceito. O importante é que os alunos consigam estabelecer uma relação correta.

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Hora de estudo 1. (UFG – GO) Leia o texto.

A resolução das questões discursivas desta seção deve ser feita no caderno.

6 Gabaritos comentados.

Qual é o animal mais estranho do planeta? Existem animais estranhíssimos na natureza, mas poucos são mais bizarros do que o ornitorrinco. Trata-se de um mamífero, mas possui bico de pato e põe ovos! É tão estranho que, em 1798, quando o primeiro exemplar empalhado chegou à Inglaterra, os zoólogos o denunciaram como falso. Até as combinações cromossômicas dos ornitorrincos são estranhas. Enquanto aos outros mamíferos bastam dois cromossomos sexuais (XX ou XY) para que se determine se são machos ou fêmeas, os ornitorrincos precisam de dez. XXXXXXXXXX para uma fêmea e XYXYXYXYXY para um macho. PLANETA. São Paulo: Editora Três, n. 400, jan. 2006. p.17.

De acordo com o texto, revela-se determinante para comprovar a estranheza do ornitorrinco, um mamífero que possui bico de pato e põe ovos, o fato de que a) poucos animais na natureza são mais bizarros do que ele. X b)

machos e fêmeas da espécie são determinados geneticamente por dez cromossomos.

c) um exemplar empalhado foi denunciado como um animal falso. d) mamíferos apresentam uma combinação mínima de células sexuais. e) a constituição física desse animal é motivo de discussão desde o século XVIII. (CESUSC) Para as questões [2 e 3], leia o texto abaixo, retirado da revista Super Interessante de dezembro de 2008. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

Você já brincou de colocar uma concha no ouvido e ficar curtindo o barulho do mar, as ondas, a calmaria? Hoje seria bem mais realista colocar seu iPod no ouvido – e no volume máximo. Isso, sim, se aproxima do som que o oceano produz para boa parte das criaturas que vivem dentro dele. Por quê? Um navio de carga emite, pelo estouro das bolhas que seus propulsores criam na água, ruídos de 150 a 195 decibéis. Isso é mais do que uma britadeira (120dB) ou um iPod no talo (114dB). Imagine então o barulho produzido por 100 mil cargueiros que cruzam os mares durante o ano inteiro! Qual o problema disso? É que os animais marinhos usam a audição para quase tudo – para encontrar o lugar de procriação, o parceiro sexual, a comida. E o mar virou uma linha cruzada dos diabos. Cientistas concluíram que a baleia-azul está ficando surda – escuta a distâncias até 90% menores do que antes. Já a orca está precisando gritar – produzir cantos mais longos para se fazer ouvir. Outras baleias aparecem mortas nas praias após testes militares com sonares caça-submarinos – seus 235 decibéis causam hemorragia nos ouvidos e nos olhos dos animais.

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Os oceanos são 70% da superfície do Planeta. Em volume, representam muito mais que isso. E sempre o vimos como uma vastidão infinita e onipotente. Mas não poderíamos estar mais enganados. Segundo a ONU, os mares estão em ruínas porque pescamos demais, produzimos lixo, gases do efeito estufa e esgoto demais e bagunçamos os ecossistemas. Pior: nem fazemos ideia do que está acontecendo lá embaixo em consequência disso. Ultimamente, aprendemos a pensar que o oceano está transbordando de tanta água. Mas, na verdade, está acontecendo o contrário: ele está esvaziando, perdendo vida.

Fonte: (Adaptado de CARMELLO, Claudia. O fim dos oceanos. Super Interessante, Edição verde, dez. de 2008. Disponível em: . Acesso em: 8 maio 2013.)

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2. No texto, pode-se observar a presença de três perguntas: “Você já brincou de colocar uma concha no ouvido e ficar curtindo o barulho do mar, as ondas, a calmaria?”, “Por quê?” e “Qual o problema disso?” Que função cumprem, no texto, tais perguntas? Selecione a alternativa que NÃO proponha uma justificativa possível para seu emprego:

a) garante a existência de aliens apoiando-se em comprovações científicas. b) prova que nosso encontro com extraterrestre é apenas uma questão de tempo. X c)

revela suas ideias em uma escala que varia em diferentes graus de certeza.

a) Chamar a atenção do leitor, mostrando-lhe que o artigo está sendo direcionado a ele.

d) sustenta seu ponto de vista com base em resultados verificados por equipamentos adequados.

b) Instigar o leitor à reflexão, resgatando-lhe o conhecimento de mundo.

e) reconhece a existência de vida alienígena em nossa galáxia.

c) Introduzir uma abordagem a ser tratada no texto. X d)

Questionar sobre uma situação que vem marcando uma prática com relação aos oceanos.

e) Simular uma interação com o leitor, levando-o a compartilhar da mesma opinião. 3. Do texto, pode-se depreender que: a) As tartarugas, por exemplo, comem peixes misturados com lixo; enquanto os corais estão ficando pálidos. b) Conhecemos melhor o solo da Lua que o fundo do mar. X c)

Os navios cargueiros, verdadeiros passageiros clandestinos, são uma ameaça à biodiversidade.

d) Os oceanos, pequena parte do nosso Planeta, estão virando um gigantesco lixão. e) Uma possível solução para amenizar o declínio dos estoques de pesca é a aquicultura, as fazendas marinhas. Hoje, esse é o setor da indústria alimentícia que mais cresce no mundo. 4. (UFG – GO) Leia o texto de Paul Horowitz, físico da Universidade de Harvard.

Existe vida inteligente fora da terra? “No Universo? Garantido. Na nossa galáxia? Extremamente provável. Por que não encontramos aliens ainda? Talvez nossos equipamentos não tenham sensibilidade suficiente. Ou não sintonizamos o sinal de rádio correto”. SUPERINTERESSANTE. São Paulo: Editora Abril, n. 224, mar. 2006, p. 42.

Tendo em vista os argumentos utilizados por Paul Horowitz, pode-se inferir que ele

5. (UFRGS – RS) O que havia de tão revolucionário na Revolução Francesa? Soberania popular, liberdade civil, igualdade perante a lei – as palavras hoje são ditas com tanta facilidade que somos incapazes de imaginar seu caráter explosivo em 1789. Para os franceses do Antigo Regime, os homens eram desiguais, e a desigualdade era uma boa coisa, adequada à ordem hierárquica que fora posta na natureza pela própria obra de Deus. A liberdade significava privilégio – isto é, literalmente, “lei privada”, uma prerrogativa especial para fazer algo negado a outras pessoas. O rei, como fonte de toda a lei, distribuía privilégios, pois havia sido ungido como o agente de Deus na terra. Durante todo o século XVIII, os filósofos do Iluminismo questionaram esses pressupostos, e os panfletistas profissionais conseguiram empanar a aura sagrada da coroa. Contudo, a desmontagem do quadro mental do Antigo Regime demandou violência iconoclasta, destruidora do mundo, revolucionária. Seria ótimo se pudéssemos associar a Revolução exclusivamente à Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, mas ela nasceu na violência e imprimiu seus princípios em um mundo violento. Os conquistadores da Bastilha não se limitaram a destruir um símbolo do despotismo real. Entre eles, 150 foram mortos ou feridos no assalto à prisão e, quando os sobreviventes apanharam o diretor, cortaram sua cabeça e desfilaram-na por Paris na ponta de uma lança.

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Como podemos captar esses momentos de loucura, quando tudo parecia possível e o mundo se afigurava como uma tábula rasa, apagada por uma onda de comoção popular e pronta para ser redesenhada? Parece incrível que um povo inteiro fosse capaz de se levantar e transformar as condições da vida cotidiana. Duzentos anos de experiências com admiráveis mundos novos tornaram-nos céticos quanto ao planejamento social. Retrospectivamente, a Revolução pode parecer um prelúdio ao totalitarismo. Pode ser. Mas um excesso de visão histórica retrospectiva pode distorcer o panorama de 1789. Os revolucionários franceses não eram nossos contemporâneos. E eram um conjunto de pessoas não excepcionais em circunstâncias excepcionais. Quando as coisas se desintegraram, eles reagiram a uma necessidade imperiosa de dar-lhes sentido, ordenando a sociedade segundo novos princípios. Esses princípios ainda permanecem como uma denúncia da tirania e da injustiça. Afinal, em que estava empenhada a Revolução Francesa? Liberdade, igualdade, fraternidade. Adaptado de: DARNTON, Robert. O beijo de Lamourette. In: ____. O beijo de Lamourette: mídia, cultura e revolução. São Paulo: Cia. das Letras, 2010. p. 30-39.

Assinale a alternativa que contém a correta passagem de um segmento que ocorre em voz passiva no texto para a voz ativa. a) dizemos as palavras hoje com tanta facilidade... X b)

que a própria obra de Deus pusera na natureza.

c) pois o agente de Deus na terra o ungira.

Quais estão corretas? a) Apenas I.

X d)

b) Apenas II.

Apenas I e III.

e) I, II e III.

c) Apenas III. 7. Considere a correlação dos tempos verbais e use a forma verbal adequada para completar as lacunas. a) Caso ele venha, nós

iremos

ao museu. (ir)

alcance b) Torço para que Maria resultados na prova. (alcançar)

bons

c) Nós teríamos ganhado a rifa se tivéssemos escolhido o número 10. (tiver escolhido) conseguir d) Ficarei feliz se espetáculo. (conseguir)

ingresso para o

e) João o auxiliaria se você lhe pedisse ajuda. (pedir) 8. Preencha as lacunas com as flexões adequadas do verbo receber. I. Ficaremos tranquilos quando notícias deles. (receber) II. Ficaríamos tranquilos quando notícias deles. (receber) a) recebermos – recebíamos. b) recebemos – recebermos. c) recebermos – recebemos. d) recebíamos – recebemos. X e)

recebermos – recebêssemos.

d) Entre eles, 150 feriram-se ou mataram-se no assalto à prisão...

9. Se ele se , todos saberão que mentiu no depoimento. (contradizer)

e) Afinal, em que se empenhou a Revolução Francesa?

a) Nessa frase, o verbo saberão está no futuro do presente do indicativo, tempo verbal que expressa uma ação certa ainda a ser feita. Em que tempo o verbo contradizer deve ser conjugado para garantir que o período tenha lógica?

6. Considere as afirmações acerca do emprego de tempos verbais no texto apresentado na questão anterior. I. O emprego do pretérito imperfeito ao longo do primeiro parágrafo dá aos eventos narrados um caráter de continuidade, estabelecendo as características do Antigo Regime como um pano de fundo. II. O emprego do pretérito perfeito no segundo parágrafo expressa fatos passados não concluídos.

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III. O emprego do pretérito na forma subjuntiva que ocorre em “Seria ótimo se pudéssemos associar a Revolução exclusivamente à Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão“ é exigido por sua relação com o futuro do pretérito do indicativo “seria”.

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b) Considerando sua resposta ao item a, qual das flexões a seguir preenche corretamente a lacuna? ( ) Contradizer.

( ) Contradirei.

( X ) Contradisser.

( ) Contradiria.

10. A correlação verbal está correta em “Se você não interferisse, ele faria o trabalho sozinho”. Também está correta em a) Se você não interferir, ele fazia o trabalho sozinho. b) Se você não interferir, ele faria o trabalho sozinho. X c)

Se você não tivesse interferido, ele teria feito o trabalho sozinho.

d) Se você não interferir, ele haveria de fazer o trabalho sozinho. e) Se você não tivesse interferido, ele fará o trabalho sozinho.

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11. Leia a placa a seguir.

Esse texto apresenta um desvio de concordância em relação à norma-padrão. Para que fique em consonância com ela, que alteração deve ser feita? Justifique o porquê dessa alteração. 12. Leia, a seguir, a primeira estrofe do poema “Soneto de separação”, de Vinicius de Moraes. De repente do riso fez-se o pranto Silencioso e branco como a bruma E das bocas unidas fez-se a espuma E das mãos espalmadas fez-se o espanto MORAES, Vinicius. Soneto de separação. In: ______. Livro de sonetos. São Paulo: Companhia das Letras, 2006. p. 15.

Observe o uso da voz passiva sintética no primeiro, terceiro e quarto versos dessa estrofe. Ao optar pelo uso desse recurso linguístico, que elemento o poeta busca destacar: o sujeito paciente ou o momento doloroso da separação? 13. Leia, a seguir, o fragmento de uma notícia. “Será solicitado, ainda, as rotas de voos (data, horário e local da saída e chegada) e a lista de passageiros para cada trecho de voo realizado pela aeronave bimotor turboélice prefixo PR-PEG, ao longo do período eleitoral de 2014 [...]”, diz o partido, no comunicado. PSDB-MG quer que MP investigue uso de aeronave em campanha de Pimentel. UOL, Belo Horizonte, 1 jun. 2015. Disponível em: . Acesso em: 1 jun. 2015.

a) Identifique a passagem que apresenta uso de concordância verbal diferente do que prescreve a norma-padrão e reescreva-a fazendo as adequações necessárias. b) O que gerou esse uso? 14. Identifique se as frases a seguir estão ou não corretas quanto à concordância verbal. Caso não estejam, reescreva-as, fazendo as adequações. a) Nos postos de saúde, chegou ao fim as campanhas de vacinação contra a gripe e a dengue. (I) b) Atitudes firmes por parte de pais e professores ajudam a evitar comportamentos inadequados. (C) c) Deveria ser divulgado os resultados completos da análise feita na água dos rios da nossa cidade. (I) d) Consumidor consciente e engajado na luta contra abusos nas vendas on-line ajudam a melhorar o atendimento por parte das empresas que atuam nesse setor. (I)

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Em jornais e revistas, há textos que utilizam a linguagem não verbal (muitas vezes aliada à linguagem verbal) com o objetivo de manifestar uma visão crítica e subjetiva de determinado fato ou comportamento. Nesses textos, é como se, no absurdo da ficção desenhada, o leitor pudesse melhor refletir sobre o mundo.

Ponto de partida

1

1. Você já ouviu a frase “Uma imagem vale por mil palavras”? Concorda com essa afirmação? Discuta isso com os

colegas e o professor. 2. Uma imagem pode revelar um posicionamento crítico em relação a acontecimentos ou a comportamentos? Fale sobre isso.

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Objetivos da unidade: ƒ compreender as especificidades da charge; ƒ reconhecer elementos em comum entre charge e cartum e observar as especificidades de cada gênero; ƒ entender que a construção dos sentidos das charges e dos cartuns se dá pela análise das relações entre imagens e palavras; ƒ aplicar estratégias argumentativas na produção de carta de leitor; ƒ compreender as regras gramaticais e os usos no português brasileiro da colocação pronominal.

Painel de leitura

2 Gabaritos comentados.

Folhapress/João Montanaro

Analise esta charge e responda às questões a seguir.

MONTANARO, João. Folha de S.Paulo, São Paulo, 17 jan. 2015, Ilustrada. Disponível em: . Acesso em: 8 jun. 2015.

1. Na charge de João Montanaro, dois personagens interagem. Sobre essa cena, assinale as alternativas corretas. X a)

A caracterização dos personagens ajuda o leitor a identificar os papéis profissionais que representam.

X b)

A fisionomia do personagem de terno apresenta mais detalhes do que a do outro personagem.

X c)

O traço usado pelo chargista para representar os personagens contribui para o humor do texto.

d) Ambos os personagens aparentam relaxamento, descontração. e) Não é possível perceber alterações nas fisionomias dos personagens de um quadrinho para outro, o que indica que não houve mudança de estado de espírito. 2. Sobre o que esses personagens comentam? O que você sabe sobre o assunto dessa conversa? Os personagens conversam sobre o Cantareira. A resposta dos alunos para a segunda pergunta vai depender de seus conhecimentos prévios sobre o sistema Cantareira. Não é necessário, neste momento, apresentar informações sobre isso, pois elas vão aparecer em outras questões.

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3. É possível identificar as pessoas retratadas na charge?

As respostas dos alunos também vão depender de seus conhecimentos prévios. Um dos personagens representa o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin: os alunos podem identificá-lo pelo uso do título do seu cargo político (considerando, nesse caso, quem ocupava esse cargo em 2015) ou pela sua representação caricata. O outro é um trabalhador, o que pode ser inferido pelo uso do uniforme e por estar fazendo anotações em uma prancheta. Como está sendo questionado sobre o Cantareira, pode-se supor que seja um funcionário da Sabesp, empresa responsável pelo fornecimento de água, coleta e tratamento de esgotos na Grande São Paulo e em outros municípios desse estado.

4. Você reconhece o fato ocorrido em 2015 que deu origem a essa charge? Se sua resposta for sim, informe que fato é esse. Pessoal.

5. Resuma seu entendimento dessa charge. Pessoal.

6. O professor vai ler, agora, informações sobre o contexto em que essa charge foi publicada. Depois, responda a esta pergunta: Sua compreensão da charge mudou após a leitura dessas informações? Pessoal. Espera-se que os alunos comentem seus conhecimentos prévios a respeito do assunto. Incentive aqueles que não tinham as informações antes da leitura da charge a falar sobre os sentidos construídos antes e depois dessas informações.

7. Qual é a intenção do cartunista ao elaborar esse texto? X a)

Mostrar de maneira bem-humorada a necessidade de os governantes reconhecerem a seriedade do problema da estiagem na Grande São Paulo.

b) Exigir do governo soluções imediatas para o problema da estiagem na Grande São Paulo.

Charge Gênero textual que mescla linguagens verbal e visual e revela um posicionamento crítico – uma visão subjetiva (particular do cartunista) perante um fato noticiado.

O fato A charge enfoca, de maneira sintética, um acontecimento específico de interesse social, por isso é um texto considerado datado, ou seja, para ser lido, em princípio, na época de sua produção. Isso significa que sua compreensão não se dá apenas na análise dos elementos textuais, mas também – e principalmente – nas relações de sentido estabelecidas entre a charge e o fato que deu origem à sua criação. Essa compreensão está necessariamente atrelada, portanto, ao contexto em que foi originada.

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8. A charge e a notícia se aproximam, pois se baseiam em fatos e costumam ser veiculadas em jornais e revistas – tanto nas versões impressas quanto nas eletrônicas. Considerando essa aproximação entre os gêneros, responda às questões seguintes. a) Por que, em geral, as charges ocupam posição de destaque nas publicações jornalísticas? Pessoal. Se possível, mostre aos alunos que a charge costuma aparecer nas páginas iniciais dos jornais, ao lado das principais notícias. No caso das publicações virtuais, esse gênero também ocupa lugar de destaque. Entre as respostas possíveis, os alunos podem mencionar as seguintes causas para essa localização das charges: despertar a atenção do leitor para a leitura das notícias do dia; ajudar o leitor a relacionar a charge ao contexto que a originou; fornecer ao leitor uma interpretação pessoal sobre o acontecimento noticiado.

b) Observe as chamadas do jornal Folha de S.Paulo, do dia 17 de janeiro de 2015, mesmo dia da publicação da charge de Montanaro. Todas se referem a notícias do caderno Cotidiano e abordam o mesmo assunto: a crise da água. Assinale a que melhor se relaciona com o conteúdo da charge. I. (

) “Agência autoriza interligação do Paraíba do Sul com Cantareira”

II. (

) “Nível do principal reservatório do Rio chega perto de zero”

III. (

) “Chuva deverá continuar abaixo da média”

IV. ( X ) “Alckmin fala em usar 3º. volume morto da Cantareira”

Implícitos Ao ler uma charge, produzimos sentidos com base nos elementos verbais e não verbais ali expostos (explícitos) e na maneira como esses elementos estão organizados. Contudo, é preciso considerar que, ao escrever, o autor escolhe que informações vai fornecer e quais vai deixar para o leitor completar. Portanto, algumas informações ficam implícitas (o não dito) e é preciso estar atento a elas. 9. No primeiro quadro, o personagem de terno afrouxa o colarinho da camisa. Em sua opinião, o que fica implícito nessa ação? Justifique sua resposta mencionando elementos do texto e do contexto que originou a charge. Pessoal. Dado o contexto, espera-se que os alunos atrelem o gesto à sensação de calor do personagem, que está transpirando. Outra leitura possível é entender como um gesto de embaraço, como se o governador temesse a resposta do técnico à sua pergunta. Tal interpretação se justifica se considerarmos o cargo político que ocupa e a delicada situação em que se envolveu, levando em conta que ele é a autoridade responsável por aprovar projetos e efetuar comunicados em relação ao abastecimento de água no estado de São Paulo.

10. Releia a fala do governador: E, então, como tá o Cantareira?! O que fica implícito nessa frase, especialmente com o uso do “e”?

“E” é uma conjunção aditiva, que expressa ideia de soma, acréscimo.

Espera-se que os alunos percebam que o uso da conjunção aditiva “e” remete a uma situação anterior do Cantareira, indicando que há um problema anterior que não se sabe se já foi resolvido. Se necessário, explique que a palavra “então”, nesse caso, é denotativa (não é classificada como pertencente a nenhuma classe gramatical), empregada para verificar o canal de comunicação entre os interlocutores (função fática da linguagem).

Tempo Em geral, o tempo representado na charge é restrito a um instante, a um momento específico, especialmente nas charges que apresentam apenas um quadro. Contudo, isso não é um padrão rígido, como mostra o texto de Montanaro: nesse caso, a charge é apresentada em dois quadros, que representam ações que se sucedem, indicando tempos distintos da situação retratada.

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Folhapress/João Montanaro

11. Observe a charge novamente e responda às questões sobre a passagem do tempo.

MONTANARO, João. Folha de S.Paulo, São Paulo, 17 jan. 2015, Ilustrada. Disponível em: . Acesso em: 8 jun. 2015.

a) A escolha da cor que preenche o fundo dos quadros não é aleatória. Quais relações se podem estabelecer entre essas cores, a situação retratada e a passagem do tempo? Espera-se que os alunos percebam que o fundo dos dois quadros é preenchido por tons quentes, que, considerando o contexto e a representação de um dos personagens, revelam que a sensação de calor aumenta com a passagem do tempo. Outra possibilidade é considerar que a cor mais quente do segundo quadro reflete o aumento da preocupação do governador, ou seja, indica que, nesse segundo momento, houve uma compreensão de que a situação é mais alarmante do que se imaginava.

b) Que outros elementos indicam passagem do tempo? Como isso é percebido? Espera-se que os alunos percebam que o leitor precisa completar a narrativa imaginando ações que não estão ali presentes, mas que ficam implícitas pelas alterações observadas entre o que está retratado nos quadros. Por exemplo: o governador para de beber água (as diferenças na posição do copo, no volume de água e na postura desse personagem indicam isso); o funcionário para de escrever (isso é indicado pela mudança na posição da mão do funcionário e da caneta que ele segura).

Humor Na charge, o humor ajuda a expressar a crítica a um acontecimento ou a uma personalidade pública. 12. Leia novamente a fala do técnico no segundo quadrinho: a) Que palavra ou expressão é retomada pelo pronome destacado? Essa resposta do funcionário gera humor? Explique sua resposta. “Você acabou de bebê-lo, governador...” Há, no trecho, a retomada de “o [Sistema] Cantareira”. O humor consiste na situação absurda: o volume de água do Cantareira cabe em um copo de água. Há ainda outro fator que gera o humor: o governador é o responsável por acabar (ou quase acabar) com a água do Cantareira. Mostre aos alunos a estreita relação, na charge, entre o humor e a crítica.

b) Assinale as alternativas que contenham estratégias que colaboram para a construção do humor nessa passagem do texto. I. (

) A aproximação que o personagem estabelece com o governador, tratando-o por “você”.

II. ( X ) O exagero em relação à seca do Sistema Cantareira. III. ( X ) A resposta inusitada, que surpreende quando comparada à pergunta do quadro anterior. IV. ( X ) O emprego das reticências, que sugerem que o leitor complete o raciocínio delineado na fala. V. ( X ) O retrato caricatural dos personagens, reforçando suas diferenças.

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Diferentes charges: diferentes pontos de vista Visto que o chargista tem como ponto de partida para a elaboração de seu texto um fato de grande repercussão, é comum que mais de um chargista aborde um mesmo assunto, revelando diferentes perspectivas sobre um mesmo acontecimento.

Folhapress/Jean Galvão

13. Leia a charge publicada pelo jornal Folha de S.Paulo apenas alguns dias após a de Montanaro.

GALVÃO, Jean. Pau de selfie. Folha de S.Paulo, São Paulo, 25 jan. 2015, Ilustrada. Disponível em: . Acesso em: 8 jun. 2015.

a) Descreva o que você observa nessa charge. Pessoal. Compare as descrições feitas pelos alunos, provavelmente algumas respostas apresentem mais detalhes, enquanto outras sejam mais gerais. Chame a atenção para essas diferenças. De qualquer forma, os alunos devem citar o local árido, as estacas numeradas, os pássaros e o celular.

b) Que ambiente é retratado nessa charge? Que elementos do texto permitem identificá-lo? Ao analisar o cenário, percebe-se uma extensa área seca de terreno irregular. Poderia se tratar de um deserto, não fossem as escalas limnimétricas, que medem o nível de água em represas. Considerando esses elementos e a data de publicação da charge, espera-se que os alunos percebam que o chargista representou uma represa vazia.

c) Predomina nessa charge o uso de tons amarelados e acastanhados. Que sensação está vinculada ao uso dessas cores, levando em conta o ambiente retratado? Calor e abafamento são as sensações associadas à imagem.

d) Quais elementos estão destacados com cores vivas e brilhantes? Os pássaros, as escalas e o celular se destacam em meio à paisagem árida.

e) “Selfie” é uma expressão criada há poucos anos. O que são selfies? Quem está fazendo uma selfie? Selfies são autorretratos. Na charge, um pássaro está fazendo sua selfie.

f) Como é produzido o humor nessa tira? O humor surge do inusitado da situação – um pássaro fazendo selfie – e do uso também inesperado das escalas limnimétricas como paus de selfie, pois não mais são usadas para medir o volume de água (visto que só restou uma pequena poça de água no reservatório).

g) Explique esta afirmação: a crítica na charge de Jean Galvão assume um tom de denúncia. Espera-se que os alunos percebam que a imagem do reservatório vazio, em que as escalas limnimétricas só servem de pau de selfie, revela um alerta para que atitudes sejam tomadas (por todos: cidadãos e governantes), a fim de evitar o comprometimento do abastecimento de água nas cidades.

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14. Tanto a charge de Montanaro quanto a de Jean Galvão exploram um mesmo tema, mas enfocam diferentes aspectos dele. Discuta com os colegas e o professor as questões a seguir. a) Quais são as principais diferenças entre as charges? Elas transmitem opiniões diferentes sobre o mesmo fato? Espera-se que os alunos percebam que a charge de Montanaro tem um cunho mais político (no sentido de atribuição de responsabilidades aos governantes) do que a de Jean Galvão, na qual a figura do governante não está explicitamente presente. Os alunos também devem perceber que os pontos de vista dos chargistas não são muito diferentes: ambos alertam para a gravidade do problema.

b) Qual charge chamou mais sua atenção? Por quê? Pessoal.

Paralelo 3 Gabaritos comentados.

Cartum

O cartum é um gênero textual muito parecido com a charge, pois em ambos os gêneros mesclam-se linguagens verbal e visual, mas com algumas especificidades que permitem estabelecer uma distinção. O cartum expressa uma visão crítica a respeito do cotidiano, das relações sociais e do comportamento humano, opondo-se à charge por não estar apoiado em um acontecimento real de cunho político. Disso decorre também ser um texto mais perene, enquanto a charge é mais “datada”, como já visto. Leia o cartum a seguir e resolva as questões propostas. ©Rucke

1. A respeito desse cartum, assinale a(s) alternativa(s) verdadeira(s). a) As indicações de falas referem-se às duas construções, por meio do uso da figura de linguagem personificação. b) As duas construções estão no mesmo nível, a fim de indicar que há um equilíbrio entre elas. X c)

A composição do quadro permite reconhecer uma divisão vertical, separando duas realidades que se opõem.

personificação: figura de linguagem que consiste em se atribuírem características humanas a animais ou seres inanimados.

2. O que as duas construções õ e suas localizações l li õ representam nesse cartum? 3. Qual é o assunto desse cartum? RUCKE. Cartum. Jornal Folha da Cidade, março de 2015.

a) Os problemas da moradia no Brasil. X b)

As diferenças nos modos de vida decorrentes da desigualdade social.

c) A constante insatisfação humana.

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4. De quem você imagina que sejam as falas que aparecem no cartum? 5. Que elemento gera o humor nessa tira? A que reflexão esse humor pode ser associado? 6. O artista Chico Caruso distinguiu charge de cartum de maneira curiosa: O cartum seria como uma máquina fotográfica focada no infinito; por focar uma realidade genérica, sua possibilidade de compreensão é muito maior. A charge focaliza uma certa realidade, geralmente política, fazendo uma síntese. Somente os que conhecem essa realidade entendem a charge.

O humor na charge e no cartum nem sempre é aquele que provoca o riso escancarado, muitas vezes decorre de uma reflexão bem-humorada sobre uma questão grave da sociedade.

GURGEL, Nair. A charge numa perspectiva discursiva. Primeira versão, Porto Velho, v. IX, ano II, n. 135, p. 3, fev. 2004.

Com os colegas e o professor, reflita sobre essas definições de Chico Caruso, baseando-se nas situações enfocadas no cartum e nas duas charges estudadas. Depois, responda a esta questão: Que diferenças você observa entre charge e cartum?

Mundo do trabalho Cartunista A profissão de cartunista não exige um diploma: normalmente é exercida por um ilustrador que se preocupa em olhar a realidade, refletir sobre ela e expressar seu ponto de vista em uma “crônica desenhada”. É um ofício jornalístico, pois os textos são veiculados principalmente em jornais e revistas impressos ou da web. A seguir, leia o trecho de uma entrevista com um dos principais cartunistas brasileiros: Nani. Veja como ele escolheu essa profissão.

L&PM – Quando você começou a desenhar e como o humor entrou nos seus desenhos? Nani – Como profissão, eu tive um estalo quando aos 13 anos, vendo uma revista de humor chamada Vamos Rir – que publicava cartuns estrangeiros variados –, eu disse: isso eu sei fazer. Na mesma hora sentei e fiz meu primeiro cartum, com um desenho (muito ruim) de dois piratas com ganchos, um dizia para o outro: “Conheço essa região como a palma da minha mão”. A partir daí, eu desenhava freneticamente nas horas vagas, bolando cerca de quarenta cartuns por dia. Procurava temas nos cartuns das poucas revistas que chegavam em Esmeraldas, cidade do interior de Minas, e no jornal O Cruzeiro, com influência do Millôr, Carlos Estevão e do Henfil. Daí que resolvi batalhar para ser cartunista, pois eu pensava: se há tantas pessoas desenhando humor é porque isso é uma profissão.

L&PM – Você começou a publicar seus trabalhos profissionalmente em Belo Horizonte. Quando aconteceu sua aproximação com O Pasquim? Nani – Dos 13 anos aos 18, morei em Esmeraldas. Desenhando todos os dias, eu fui de certa maneira me formando como cartunista. Quando fui para Belo Horizonte, em 1969, encontrei O Pasquim nas bancas, ano em que o jornal havia surgido. Foi uma epifania, era naquele jornal que eu queria estar um dia. Aos 20 anos comecei a publicar no jornal O Diário, de Belo Horizonte. Meu humor chamou a atenção de um editor que me convidou para ir ao Rio de Janeiro para trabalhar no O Jornal. Ao chegar lá,

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tive contato com Henfil, que me mandou ir para a redação do Pasquim e me colar no Jaguar. “Jaguar sabe tudo”, me disse Henfil. E eu fui encher o saco do Jaguar. Fiquei no Pasquim até o seu final. NANI. Precisamos do humor para não morrer de realidade. Disponível em: . Acesso em: 22 jun. 2015. Entrevista concedida à L&PM.

Sugestão de atividades: questões 1 a 4 da seção Hora de estudo.

Você é o autor 4 Gabaritos comentados.

Além das charges e dos cartuns, outros textos de opinião são veiculados em jornais e revistas – entre eles, a carta de leitor. Dada sua natureza opinativa, é um gênero que aparece em propostas de produção textual de alguns vestibulares.

Carta de leitor: interação entre periódico e leitor A maioria dos periódicos reserva um espaço em sua publicação para que o leitor envie sugestões, pedidos de correções e críticas em relação a matérias de edições anteriores. É nesse espaço que se garante a interação entre a publicação e o leitor, o qual atua diretamente sobre o que foi lido. Trata-se, portanto, de um texto em que se valorizam a opinião e o posicionamento ideológico do leitor, os quais podem ou não estar alinhados com o perfil da publicação. Você já escreveu para uma revista ou um jornal para comentar uma publicação? Recorda-se sobre o que escreveu? Caso já tenha tido essa experiência, deve ter notado que, para serem publicadas, as cartas passam por edição, sendo eliminadas algumas informações, pois o espaço destinado a elas é sempre fixo e pequeno. O texto a seguir é um exemplo de carta já editada, publicada na revista National Geographic Brasil, de dezembro de 2009. Leia esse comentário do leitor da publicação, atentando à maneira como o autor expõe seu posicionamento e às informações que integram seu texto. É comum as publicações inserirem, antes da carta, o assunto comentado. Isso auxilia na organização da seção de cartas, já que pode haver mais de uma remetendo à mesma matéria. Além disso, possibilita ao autor identificar mais facilmente se seu comentário foi publicado.

Nesse trecho, o autor aproxima um fato da região onde vive do conteúdo de uma matéria publicada em edição anterior da revista, referenciada pela data de publicação e pelo número da página.

Ao final, o autor acrescenta seu nome inteiro e indica o local de onde escreve.

Sequoias O estado do Paraná é um dos que têm a menor cobertura florestal do país. Há menos de um século, porém, o oeste paranaense estava quase intocado, com diversas espécies de árvore de grande porte, como a araucária. Hoje, essa floresta deu espaço às lavouras de soja. Resta-nos admirar imagens como as das sequoias (outubro de 2009, página 56) e imaginar que também um dia tivemos florestas magníficas. RODRIGO SCHWERTNER Marechal Cândido Rondon, PR NATIONAL GEOGRAPHIC BRASIL. São Paulo, ano 10, n. 117, p. 6, dez. 2009.

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O autor inicia a carta com informações sobre a devastação da floresta nativa da região onde mora (o município de Marechal Cândido Rondon fica no oeste paranaense).

O autor finaliza a carta ratificando a comparação entre a floresta com araucárias e a com sequoias e apresentando sua opinião: o descontentamento com a perda de espécie vegetal nativa.

1. Discuta com os colegas e o professor as questões a seguir. a) Que elemento da matéria anterior chamou a atenção do autor da carta? b) O autor emite sua opinião a respeito do conteúdo da matéria sobre as sequoias? Explique sua resposta. c) Qual é a opinião desse leitor sobre o desmatamento resultante do avanço da cultura da soja na região onde vive? Essa opinião está implícita ou explícita no texto? Comente sua resposta. d) Entre os argumentos listados a seguir, assinale os que você identifica nesse texto. I. Apresentação de informações históricas. X II. Citação de discurso de autoridade. III. Demonstração da relação causa e consequência. X IV. Exemplificação. V. Comparação. X 2. Alguém que não tenha lido a matéria sobre as sequoias entenderá essa carta? Explique sua resposta. 3. Quanto à linguagem empregada na carta, responda às questões a seguir. a) Predomina o registro formal ou informal da língua? b) Há mais marcas de pessoalidade, tais como pronomes e verbos na 1ª. pessoa, ou de impessoalidade, como pronomes em 3ª. pessoa e verbos impessoais? 4. O que você sabe sobre a National Geographic Brasil? A linguagem empregada pelo autor da carta está adequada ao perfil dessa revista? Explique sua resposta. 5. Que despedida poderia ser usada, considerando o grau de formalidade da carta? A carta de leitor é uma maneira de os leitores da publicação se relacionarem diretamente com os responsáveis pela publicação e terem sua opinião divulgada para os demais leitores. Espera-se que o leitor (agora autor da carta) não apresente uma versão resumida das informações que já constam no texto publicado, mas, sim, que exponha uma crítica, referenciando esse texto e relacionando-o à sua própria vivência – tal como se verifica na carta analisada. Nas propostas de vestibular, é exigida uma análise crítica e fundamentada dos dados e fatos mencionados em alguma matéria. Leia, na página seguinte, uma proposta que solicita a elaboração de uma carta de leitor.

Há publicações que divulgam o nome completo do autor da carta. Outras optam por indicar apenas suas iniciais, especialmente quando a carta contém conteúdo pessoal e que possa trazer algum risco ou constrangimento ao remetente se as informações forem a ele relacionadas. Em vestibulares, como é vedada qualquer forma de identificação na prova, a banca pode solicitar ao aluno que: a) se identifique pelas iniciais; b) assine como “O Leitor”; c) omita qualquer tipo de assinatura.

fica a dica

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(UFPR) Leia o texto e o infográfico sobre as implicações da meia-entrada.

Os ingressos seriam mais baratos se não houvesse meia-entrada? Quando a UNE conquistou para os estudantes o direito de pagar metade do preço nos eventos culturais, ainda na década de 1940, foi uma vitória. Mas o benefício acabou se tornando um fardo para quem paga inteira. A conta é simples: o produtor sabe quanto quer ganhar e estima que 80% vão entrar pagando meia: cabe aos outros 20% cobrir o prejuízo. “Como a maioria paga metade, o preço tem que subir para a conta fechar”, diz Adhemar Oliveira, responsável pelos cinemas Unibanco Arteplex. No teatro não é diferente. “Sempre calculamos antes quantos vão entrar pagando meia para depois definir o preço da inteira”, conta o diretor da Associação dos Produtores de Espetáculos Teatrais de São Paulo (Apetesp), Paulo Pélico. As projeções abaixo mostram que, se a meia-entrada não existisse, o preço do ingresso inteiro cairia para quase metade. Com a diferença de que valeria oficialmente para todo mundo.

Escreva uma carta dirigida à seção “Cartas” da revista Superinteressante, manifestando sua opinião sobre a existência da meia-entrada. O seu texto deve, necessariamente: a) manifestar um ponto de vista em relação à questão tratada; b) retomar argumentos do infográfico para dar sustentação a sua opinião (você poderá reafirmar esses argumentos ou contrapor-se a eles); c) ter de 12 a 15 linhas. Obs. A sua carta NÃO deverá ser assinada. Qualquer sinal de identificação invalida sua prova. Sr. Editor,

O H N U C S RA Limite mínimo

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Entendendo a proposta 6. Releia a proposta e identifique estes elementos, que aparecem explícita ou implicitamente na proposta: a) o objetivo da carta que será produzida; b) a relação entre a carta e os textos-base.

Planejamento 7. Após reler a proposta e os textos-base, inicie o planejamento de sua carta. Para isso, resolva as atividades seguintes. a) Quanto ao quadro que compara a porcentagem de desconto para estudantes no Brasil e em outros países, verifica-se que I. ( X ) entre as nações mencionadas, o Brasil dá o maior desconto para os estudantes. II. ( X ) em todas as nações mencionadas no quadro comparativo, com exceção do Brasil, a entrada para estudantes é 30% mais barata do que a inteira. III. (

) em todas as nações do mundo que dão desconto para estudantes, exceto o Brasil, abate-se 30% do valor da entrada inteira.

IV. (

) um desconto maior é dado aos estudantes nas nações mais desenvolvidas.

b) Considerando-se R$ 20,00 o valor de uma entrada inteira, quanto aumentaria o valor do ingresso para o estudante no Brasil, caso fosse aplicado o desconto de 30%? E caso não houvesse desconto? c) Baseando-se nos dados presentes nos textos-base, a que conclusão se chega em relação às meias-entradas e ao valor total dos ingressos? 8. Analise os argumentos de autoridade presentes no texto. a) Quem são e qual é a atuação das personalidades mencionadas? b) As duas opiniões se opõem ou se assemelham em relação à influência do preço da meia-entrada no da entrada inteira? c) Faz falta, nesse texto, a opinião de alguém que se beneficie da meia-entrada? Por quê? 9. Considerando que se trata de uma proposta de vestibular, o texto deve ser redigido em linguagem formal ou informal?

Produção 10. Qual é a sua opinião sobre o direito à meia-entrada? Pessoal. 11. Assinale no quadro os argumentos que você vai utilizar para defender seu ponto de vista. Tipos de argumentos Apresentação de dados históricos Citação de discurso da autoridade Demonstração da relação causa e consequência Exemplificação Apresentação de dados estatísticos Contestação de contra-argumentação Raciocínio lógico Comparação Outro:

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12. Escreva a primeira versão de seu texto, expondo seu posicionamento perante o tema de maneira clara e fundamentando-o com sua interpretação sobre os dados do infográfico.

Avaliação 13. Avalie se seu texto contempla os requisitos a seguir. • Há a exposição e a defesa de uma tese? • A tese traz uma opinião sobre a meia-entrada? • Há referência clara à publicação da matéria da Superinteressante? • A argumentação cita dados do infográfico? • As partes que compõem o texto se articulam adequadamente, preservando a unidade textual e a adequada relação de sentido entre as ideias? • A linguagem empregada está adequada ao público e ao suporte? • Há uma despedida adequada ao grau de formalidade exigido? • Não há assinatura em sua carta? • Seu texto tem de 12 a 15 linhas? 14. Após verificar todos esses tópicos e fazer as devidas correções, redija uma segunda versão de seu texto. Depois, troque-o com um colega e pensem, juntos, em melhorias que possam ser sugeridas.

Língua viva Colocação pronominal 5 Gabaritos comentados e orientações didáticas.

Leia o texto a seguir.

Papos – Me disseram. – Disseram-me. – Hein? ram”. – O correto é “disseram-me”. Não “me disseram”. ué – Eu falo como quero. E te digo mais... Ou “digo-te”? – O quê? – Digo-te que você... – O “te” e o “você” não combinam. – Lhe digo? – Também não. O que você ia me dizer? – Que você está sendo grosseiro, pedante e chato. E que eu vou te partir a cara. Lhe partir a cara. Partir a sua cara. Como é que se diz? ©Shutterstock/Alias Ching

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– Partir-te a cara. – Pois é. Parti-la hei de, se você não parar de me corrigir. Ou corrigir-me. – É para o seu bem. – Dispenso as suas correções. Vê se esquece-me. Falo como bem entender. Mais uma correção e eu... – O quê? – O mato. – Que mato? – Mato-o. Mato-lhe. Mato você. Matar-lhe-ei-te. Ouviu bem? – Eu só estava querendo... – Pois esqueça-o e para-te. Pronome no lugar certo é elitismo! – Se você prefere falar errado... – Falo como todo mundo fala. O importante é me entenderem. Ou entenderem-me? – No caso... não sei. – Ah, não sabe? Não o sabes? Sabes-lo não? – Esquece. – Não. Como “esquece”? Você prefere falar errado? E o certo é “esquece” ou “esqueça”? Ilumine-me. Me diga. Ensines-lo-me, vamos. – Depende. – Depende. Perfeito. Não o sabes. Ensinar-me-lo-ias se o soubesses, mas não sabes-o. – Está bem, está bem. Desculpe. Fale como quiser. – Agradeço-lhe a permissão para falar errado que mas dá. Mas não posso mais dizer-lo-te o que dizer-te-ia. – Por quê? – Porque, com todo este papo, esqueci-lo. VERISSIMO, Luis Fernando. Papos. In: ______. Comédias para se ler na escola. São Paulo: Objetiva, 2001. p. 65.

1. O conto de Luis Fernando Verissimo traz um diálogo travado entre dois personagens. a) É possível afirmar que há uma relação de amizade entre eles? Justifique sua resposta. b) Qual é o assunto do diálogo? Sobre o que eles conversam? c) Na linguagem oral, o interlocutor pode interferir na produção do texto pelo sujeito enunciador, apresentando suas dúvidas, objeções ou entendimentos sobre o assunto da conversa. Isso pode ser observado no diálogo que compõe o conto? Explique sua resposta. d) A situação comunicativa retratada no conto pode ser considerada formal ou informal? Justifique sua resposta. e) Sabendo que o falante deve adequar sua linguagem a interlocutor, contexto, ambiente e assunto tratado, avalie o que se afirma e assinale a(s) afirmativa(s) correta(s). I. ( X ) A fala coloquial, registro linguístico adotado pelo interlocutor que inicia a conversa, é adequada à situação comunicativa apresentada no conto. II. (

) Mesmo em uma conversa informal, o falante deve utilizar a norma-padrão da língua para garantir o entendimento da mensagem. Isso fica evidente na postura do segundo interlocutor.

III. (

) A linguagem empregada pelo primeiro interlocutor é totalmente inadequada à situação comunicativa, é evidente que ele não domina a língua portuguesa.

2. É correto afirmar que o autor, com esse texto narrativo, pretende criticar o uso da língua em desacordo com o que prescreve a norma-padrão? 3. De que forma cada um dos falantes considera o uso dos pronomes segundo as regras da gramática normativa? Apresente trechos do texto que fundamentem sua resposta.

Língua Portuguesa

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4. Observe a posição do pronome na expressão “me disseram”, no início do diálogo. a) Esse uso é adequado ou inadequado ao contexto linguístico? b) O interlocutor corrige a expressão, colocando o pronome após o verbo. O sentido da frase mudou em virtude dessa alteração? c) Releia o trecho: – O correto é “disseram-me”. Não “me disseram”. Qual é o critério utilizado pelo falante para considerar “disseram-me” correto? A norma-padrão, registrada por gramáticos, ou o português efetivamente usado por brasileiros? Explique sua resposta. A posição do pronome pessoal oblíquo átono em uso no português brasileiro, muitas vezes, diverge do que determina a gramática normativa, como se pode perceber no trecho inicial do conto. No texto, o autor aborda de maneira bem-humorada essa questão. São frequentes construções como “me disseram”, embora isso esteja em desacordo com a norma-padrão, que não aceita que se iniciem orações com o pronome oblíquo e em que há a preferência pela posição enclítica, ou seja, o pronome após o verbo. Por outro lado, no português brasileiro, prevalece a posição proclítica, 6 Sugestão de atividade. ou seja, o pronome antes do verbo. No entanto, há situações de maior formalidade, que exigem a norma-padrão, razão pela qual é necessário dominar as regras que determinam a colocação pronominal.

Mesóclise 5. Observe o emprego do pronome na fala. APRESENTAR-LHES-IA PROVAS CONCRETAS DA INCULPABILIDADE DO RÉU, SE NÃO TIVESSEM SIDO CONFISCADAS.

a) A presença do pronome intercalado ao verbo é frequentemente observada nos textos orais e escritos a que você tem acesso no dia a dia?

Getty Images/Photo

Researchers RM

b) Em que gêneros textuais essa posição é mais frequente? I. (

) notícias

II. (

) reportagens

III. ( X ) leis IV. (

) anúncios publicitários

c) Pesquise textos em que ocorra essa colocação pronominal. I. A que gêneros textuais esses textos pertencem? II. Esses gêneros estão relacionados a situações formais ou informais? III. Em que tempo e modo está flexionado o verbo a que o pronome se liga nos textos observados? Quando o pronome oblíquo átono se encontra no meio do verbo, ocorre mesóclise. Essa posição é utilizada quando o verbo está flexionado no futuro do presente ou no futuro do pretérito. Observe o enunciado: Apresentar-lhes-ia provas concretas da inculpabilidade do réu... Apresentaria + lhes

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No português brasileiro, a mesóclise está restrita a textos marcados por alto grau de formalidade, especialmente da esfera jurídica. Em outras situações, o falante facilmente evita esse tipo de colocação utilizando outras estruturas, como locuções verbais. Despedir-me-ei de meu avô, volto logo!

Vou me despedir de meu avô, volto logo!

Sugestão de atividades: questões 5 e 6 da seção Hora de estudo.

6. Leia trecho do conto “Insônia”, de Graciliano Ramos. [...] Um, dois, um, dois. Certamente são as pancadas de um pêndulo inexistente. Um, dois, um, dois. Ouvindo isto, acabarei dormindo sentado. E escorregarei no colchão, mergulharei a cabeça no travesseiro, como um bruto, levantar-me-ei tranquilo com os rumores da rua, os pregões dos vendedores, que nunca escuto. Um, dois, um, dois. Não consigo estirar-me na cama, embrutecer-me novamente: impossível a adaptação aos lençóis e às coisas moles que enchem o colchão e os travesseiros. Certamente aquilo foi alucinação, esforço-me por acreditar que uma alucinação me agarrou os cabelos e me conservou deste modo, inteiriçado, os olhos muito abertos, cheio de pavores. Que pavores? Por que tremo, tento sustentar-me em coisas passadas, frágeis, teias de aranha?  [...] RAMOS, Graciliano. Insônia. São Paulo: Record, 2001. p. 65.

a) Explique a relação entre o título e o enredo apresentado no fragmento. b) Releia o primeiro parágrafo. Quais são o tempo e o modo verbal predominantes? c) Reescreva o trecho, substituindo o termo destacado por um pronome oblíquo átono correspondente. Siga as regras de colocação pronominal prescritas pela gramática normativa. mergulharei a cabeça no travesseiro d) As expressões “levantar-me-ei” e “estirar-me” apresentam mesóclise? Justifique sua resposta.

Próclise

©Placas Online

7. Leia os textos a seguir, observando a posição do pronome oblíquo átono, e responda à respectiva questão.

a) Qual é a função do advérbio “não” na placa?

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©Editora Globo/Galileu

b) Em relação à capa da Galileu, avalie estas afirmações: I. Tendo em vista o pronome oblíquo utilizado, é possível afirmar que a chamada se dirige diretamente ao leitor. II. A chamada é constituída por uma frase interrogativa. III. O pronome oblíquo foi colocado antes do verbo, pois em capas de revista não se usa a variedade-padrão para garantir que leitores de todas as classes sociais compreendam a mensagem do texto. Estão corretas: a) apenas I. b) apenas II. c) apenas III. X d)

GALILEU. São Paulo, Globo, n. 239, jun. 2011.

I e II.

e) I e III.

Nos textos da questão anterior, há dois casos em que a colocação do pronome antes do verbo é aceita pela variedade-padrão. Observe, a seguir, outras situações em que isso também é possível.

Presença de palavras atrativas Algumas palavras “atraem” o pronome oblíquo átono. São elas: 1. Palavras de sentido negativo

ESTUDO MOSTRA QUE NUNCA SE TRABALHOU TANTO NO PAÍS Pesquisa do Instituto de Economia demonstra que brasileiros estão cada vez mais atrelados ao trabalho

ESTUDO mostra que nunca se trabalhou tanto no país. Jornal da Unicamp, ano 2014, n. 595. Disponível em: . Acesso em: 24 jun. 2015.

2. Advérbios (de tempo, lugar, modo, ...)

Nunca e sempre são advérbios de tempo, portanto, atraem o pronome oblíquo átono "te".

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3. Pronomes indefinidos, demonstrativos e relativos Onde é pronome relativo que atrai o pronome “nos”, anteposto à forma verbal “encontramos”.

– Reis e rainhas – exclamou –, estávamos todos cegos! Estamos apenas começando a perceber onde nos encontramos. De lá de cima dá para enxergar tudo: o Espelho d´Água, o Dique dos Castores, o Grande Rio, e Cair Paravel ainda resplandecendo às margens do Mar Oriental. Nárnia não morreu. Isto aqui é Nárnia! LEWIS, C. S. As crônicas de Nárnia. Disponível em: . Acesso em: 11 jun. 2015.

4. Conjunções e locuções conjuntivas subordinativas

Quando é conjunção subordinativa temporal e, portanto, atrai o pronome “te”.

VARGAS, Lucy. Quando eu te encontrar. Smashword, 2014.

Em + pronome + gerúndio O pronome é posicionado antes do verbo no gerúndio quando há a preposição em. Em se tratando de carro, o nome quase sempre nada diz Disponível em: . Acesso em: 25 jun. 2015.

Verbos proparoxítonos Por uma questão de eufonia, usa-se a próclise quando o pronome se liga a uma formal verbal proparoxítona. Nós nos falávamos ao telefone, uma ou duas vezes ao mês, dependendo das notícias, sempre ao final da tarde. Tudo de importante que acontecia com nossas famílias era anotado para não perdermos tempo. Sempre as principais notícias eram as de nossos filhos. O importante era que continuássemos felizes. ELARRAT, Elenir. O menino que aquecia o meu coração. Disponível em: . Acesso em: 15 jun. 2015.

Língua Portuguesa

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©Editora Globo/Galileu

Frases interrogativas

GALILEU. São Paulo, Globo, n. 237, abr. 2011.

Frases exclamativas Quanta coisa se mexe com esse grito! Disponível em: . Acesso em: 15 jun. 2015.

Frases optativas

Joice Cruz. 2015. Digital.

São consideradas optativas as frases em que se exprime desejo. Como se verifica em: [Espero] Que você se recupere, melhoras!

54

Volume 6

E se a frase apresentar elemento que justifique a mesóclise (um verbo no futuro do indicativo) e elemento que justifique a próclise (palavras atrativas, por exemplo), qual deve prevalecer? Havendo justificativa para próclise, esta prevalece sobre a mesóclise, como ocorre em:

“Estou ótimo”, é a primeira frase do reitor Marco Antonio Zago, da USP (Universidade de São Paulo). Motivos para desânimo não lhe faltariam: a instituição enfrenta a mais longa greve de sua história e seu pior momento financeiro. No entanto, Zago estava sorridente e falou como se estivesse dando uma aula, em que não quer deixar dúvidas. UOL. Entrevista: para reitor da USP, universidade é liberal do portão para fora. Disponível em: . Acesso em: 23 jun. 2015.

8. Assinale as frases em que o pronome indicado entre parênteses deve ser adequadamente posicionado em próclise. ( x ) Aqui trabalha. (se)

( ) Ele perdeu durante a volta para casa. (se)

( ) Contarei tudo assim que chegar. (lhe)

( x ) Como pôde perceber essa não é a resposta correta. (se)

( ) Mas assustaram demais. (me) ( x ) De forma alguma devolveram o que emprestaram. (nos) ( )

( x ) Em confirmando o resultado, sairemos para comemorar esta noite. (se)

Esqueça sim, pra não sofrer, (me) pra não chorar, pra não sentir. MONTE, Marisa. Grão de amor. In: ARNALDO, Antunes. Saiba. São Paulo: BMG, 2004. 1 CD. Faixa 6.

9. Observe a situação entre dois interlocutores.

DÊ-ME DOIS PÃES!

©iStockphoto.com/an dresr

Ênclise

a) Segundo os usos da língua que você observa, a construção utilizada pelo cliente (pronome após o verbo) é frequente? Explique sua resposta. b) A posição do pronome, na fala do cliente, está de acordo com a norma-padrão. Essa estrutura relaciona-se a um uso de língua mais formal ou informal? c) Considerando o contexto de utilização e o grau de formalidade do enunciado, você manteria ou alteraria a posição do pronome nesse caso? Justifique sua resposta.

Língua Portuguesa

55

Segundo a gramática tradicional, ênclise é a posição pronominal preferível. Portanto, nos casos em que não haja motivos para mesóclise ou para próclise, o pronome oblíquo átono deve ser colocado em posição enclítica. No entanto, é evidente a preferência do falante brasileiro pela próclise. Sobre isso, Simioni comenta: A sensação de artificialidade provocada pela primeira frase [Comprei-te um livro.] já aponta para uma preferência pela próclise em PB. Embora a ênclise seja evitada, ela continua sendo uma opção em contextos mais formais. SIMIONI, Taíse. O clítico e seu lugar na estrutura prosódica em português brasileiro. Alfa, São Paulo, Unesp, v. 52, n. 2, 2008.

A seguir, observe os casos em que a ênclise é obrigatória.

©Níquel Náusea de Fernando Gonsales

Verbo em início de oração ou no imperativo afirmativo

Perceba que, no terceiro quadro, o monstro do português corrige a fala do outro personagem, justificando que “nunca se começa uma frase com pronome oblíquo!”. No entanto, aquele poderia ainda justificar que a forma verbal “salvem” está no imperativo afirmativo, portanto, mesmo que não estivesse no início da frase, exigiria ênclise.

I.

GALILEU. São Paulo, Globo, n. 236, mar. 2011.

PB: português brasileiro.

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Volume 6

II.

©Editora Globo/Galileu

©Editora Globo/Galileu

10. Observe as capas de revista e as respectivas chamadas principais.

GALILEU. São Paulo, Globo, n. 262, maio 2013.

a) Explique, resumidamente, a relação entre o texto não verbal e a chamada principal em cada uma das capas. b) Qual das chamadas se dirige diretamente ao leitor, buscando estabelecer com ele um diálogo? Justifique sua resposta. c) Qual é a voz verbal de cada uma das frases das chamadas? d) A posição dos pronomes nas chamadas está adequada à norma-padrão? Justifique sua resposta.

Verbo no gerúndio Furacão Douglas continua deslocando-se para o alto-mar FURACÃO Douglas continua deslocando-se para o alto-mar. Apolo11.com. Disponível em: . Acesso em: 22 jun. 2015.

Se o infinitivo verbal for antecedido de preposição, tanto a próclise quanto a ênclise são aceitáveis. ©Secretaria de Estado da Saúde do Paraná

Verbo no infinitivo impessoal Quero ir-me embora pra estrela Que vi luzindo no céu Na várzea do setestrelo. Sairei de casa à tarde Na hora crepuscular Em minha rua deserta Nem uma janela aberta Ninguém para me espiar [...] MORAES, Vinicius de. A partida. Disponível em: . Acesso em: 22 jun. 2015.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Saúde. Coordenação Estadual DST/AIDS.

fica a dica Em gêneros mais monitorados ou literários, os pronomes me, te, lhe podem contrair-se com o pronome o (e variações), resultando nas formas mo (e variações), to (e variações) e lho (e variações), as quais seguem normalmente as regras de colocação pronominal. No caso de nos e vos, a combinação com o (e variações) resulta em nô-lo (e variações) e vô-lo (e variações).

fica a dica Língua Portuguesa

57

11. Leia as frases e assinale a afirmação incorreta. I. Me empresta a chave do carro, pai. II. A prova, que realiza-se no domingo, contará com muitos candidatos. III. A peça de teatro iniciar-se-á no horário previsto. a) Na frase I, a colocação pronominal, apesar de inaceitável na norma-padrão, é característica da fala brasileira. X b)

A colocação pronominal III é formal e está em desacordo com a norma-padrão.

c) Com exceção da frase III, as demais construções não estão adequadas às regras da gramática normativa. d) Na frase II, visto que há um pronome relativo, o pronome oblíquo deveria ser posicionado em posição proclítica. 12. Julgue as afirmativas com relação ao uso dos pronomes oblíquos átonos nesse trecho e marque a alternativa correta.

Se isso te disse ele, estás a par de tudo. Assiste-me, portanto, o direito de interrogar-te acerca daquilo mesmo sobre que me interrogas. SÓFOCLES. Édipo rei. Disponível em: . Acesso em: 24 jun. 2015.

I. Em “Se isso te disse ele”, ocorre próclise em razão do uso do pronome demonstrativo “isso”, que antecede o verbo. II. Em “Assiste-me”, ocorreu a ênclise porque a conjunção “portanto” atraiu o pronome para essa posição. III. Houve ênclise em “interrogar-te”, mas também poderia ter ocorrido próclise. IV. Houve a próclise em “me interrogas” porque o pronome relativo “que” atrai o pronome oblíquo para essa posição. a) Todas as afirmativas estão corretas.  b) Todas as afirmativas estão erradas. c) Somente as afirmativas I e III estão corretas. d) Somente a afirmativa IV está correta. X e)

Somente as afirmativas I, III e IV estão corretas.

Sugestão de atividades: questões 7 e 8 da seção Hora de estudo.

Colocação dos pronomes oblíquos átonos em locuções verbais e tempos compostos Os pronomes oblíquos átonos não acompanham unicamente tempos simples, eles também podem ser complementos de tempos compostos. Nesse caso, eles podem ser posicionados antes do verbo auxiliar ou, o que é mais frequente no português brasileiro, entre verbo auxiliar e particípio verbal. Ex.: Eu o havia encontrado. Eu havia o encontrado. 13. (TFT – MA) “O individualismo não a alcança.” A colocação do pronome átono está em desacordo com a norma culta da língua, na seguinte alteração da passagem acima: a) O individualismo não a consegue alcançar. b) O individualismo não está alcançando-a. c) O individualismo não a teria alcançado.

58

Volume 6

X d)

O individualismo não tem alcançado-a.

e) O individualismo não pode alcançá-la.

Por outro lado, se o pronome acompanhar a locução verbal formada por verbo auxiliar e verbo principal no infinitivo e no gerúndio, ele poderá, a princípio, vir: • antes do verbo auxiliar. Ex.: Eles a estão cumprimentando diariamente. • entre o verbo auxiliar e o verbo principal. Ex.: A família está me esperando. • após o infinitivo/gerúndio. Ex.: Vou contar-lhe o que eu faria nesta situação.

Meu coração Não sei por quê Bate feliz Quando te vê E os meus olhos ficam sorrindo E pelas ruas vão te seguindo Mas mesmo assim foges de mim

©Shutterstock/dedMazay

É mais comum colocar o pronome entre o verbo auxiliar e o verbo principal, como ocorre em:

BARRO, João de; PIXINGUINHA. Carinhoso. Disponível em: . Acesso em: 25 jun. 2015.

14. Leia este fragmento da letra de canção “Sou seu sabiá”. Eu sou, sou sua sabiá Não importa onde for vou te catar Te vou cantar te vou te vou te vou te vou VELOSO, Caetano. Sou seu sabiá. Intérprete: Marisa Monte. In: MONTE, Marisa. Memórias, crônicas e declarações de amor. [S.l.]: Phonomotor Records, 2000. 1 CD. Faixa 13.

a) Observe a colocação do pronome “te” em relação à locução verbal “vou catar”. Comente a adequação segundo as regras da gramática normativa. b) No quarto verso, a posição do pronome oblíquo átono difere da observada no verso anterior. Isso configura erro segundo as regras da norma-padrão? Explique sua resposta. c) Atente para a sonoridade resultante da repetição de “te vou” no final da estrofe e explique a relação entre essa repetição e o título da letra. Se houver motivo para próclise (palavra atrativa ou frase interrogativa, optativa ou exclamativa), o pronome deverá ser posicionado antes do verbo auxiliar ou após o verbo principal. Ex.: Embora o negócio não esteja ainda oficialmente confirmado, Ibson já ontem se foi despedindo dos companheiros no Brasil.

Como há um advérbio (ontem) diante da locução verbal com verbo principal no gerúndio (foi despedindo), o pronome oblíquo átono (se) é colocado anteposto ao verbo auxiliar.

IBSON a caminho do Spartak de Moscovo por cinco milhões. Disponível em: . Acesso em: 14 jul. 2015.

Informe aos alunos que esse é um fragmento de uma notícia publicada em um site português, logo, vê-se o uso lusitano da colocação pronominal, o qual se diferencia do uso aceito pelas normas urbanas de prestígio do português brasileiro.

Língua Portuguesa

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15. Leia a notícia, publicada pelo jornal Zero Hora.

Meningite transmitida por parasita avança no Brasil Casos da doença já ocorreram em seis estados brasileiros, nas regiões Nordeste, Sul e Sudeste 04/08/2014 - 09h49min

Uma nova forma de meningite, transmitida por parasitas, está se espalhando pelo Brasil. Um levantamento publicado pela revista científica Memórias do Instituto Oswaldo Cruz mostra que a meningite eosinofílica já foi diagnosticada nas regiões Nordeste, Sul e Sudeste — Os casos da doença ocorreram em São Paulo, Rio, Espírito Santo, Pernambuco, Paraná e Rio Grande do Sul. Foram diagnosticados 34 casos e uma morte desde 2006.

— O aumento de eosinófilos, que são células de defesa do organismo, é típico de infecção por parasita e verme — afirma Graeff-Teixeira, que explica que o verme não se desenvolve no organismo humano e o tratamento é feito com corticoides, para reduzir a reação inflamatória. O tratamento ameniza os sintomas e evita o agravamento da doença, que pode deixar sequelas como disfunção nos movimentos de braços e pernas, redução ou perda da visão e audição.

As formas mais conhecidas da doença são virais ou bacterianas. Já a eosinofílica é causada por um verme, o Angiostrongylus cantonensis, e é transmitida por crustáceos e moluscos — incluindo o caramujo gigante africano. Tratando-se de um parasita recente, identificado no país há oito anos, a preocupação dos pesquisadores é alertar profissionais de saúde.

O artigo mostra, ainda, que o caramujo gigante africano é o vetor mais frequente da doença no Brasil. Os caramujos ingerem fezes de roedores, contaminadas com larvas do verme. Quando se locomovem, liberam um muco, para facilitar o deslizamento, que também contém larvas. As pessoas podem ser infectadas se ingerirem esse muco. Isso ocorre no consumo de legumes, verduras, e frutas mal lavados, por exemplo.

— Os médicos não estão atentos a essa forma da doença, mais por falha de educação e de treinamento. Eles querem saber se a meningite é viral ou bacteriana e não prestam atenção aos outros agentes — declara o médico Carlos Graeff-Teixeira, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Ele assina o artigo com a bióloga Silvana Thiengo, do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), e com o médico Kittisak Sawayawisuth, da Universidade de Khon Kan, na Tailândia, onde a doença é endêmica. Os sintomas da meningite eosinofílica são semelhantes aos das outras: dor de cabeça persistente, febre alta e, menos frequentemente, rigidez na nuca. O que permite diferenciar é o exame do liquor — líquido entre as meninges, extraído por punção lombar:

— Esse molusco chegou ao Brasil por meio de uma feira agropecuária no Paraná, nos anos 1980. Como a criação com fins comerciais fracassou, foram liberados no meio ambiente e se proliferaram. Outras espécies de crustáceos podem transmitir o verme, mas o caramujo gigante africano está em todos os lugares: no quintal, na pracinha, nas ruas. Como está próximo, facilita o contágio. Já foi encontrado em todos os Estados, exceto no Rio Grande do Sul — explica a bióloga Silvana Thiengo, chefe do laboratório de Malacologia do IOC. [...]

MENINGITE transmitida por parasita avança no Brasil. Zero Hora, 4 ago. 2014. Disponível em: . Acesso em: 23 jun. 2015.

60

Volume 6

a) Qual é o fato noticiado? b) Quais são, segundo o texto, as formas de meningite? c) O que justifica a preocupação em alertar profissionais de saúde? d) Como é feito o diagnóstico dessa variedade de meningite? e) Segundo o texto, como as pessoas podem evitar contrair a doença? f) Observe a posição do pronome oblíquo átono nos seguintes trechos: I. Uma nova forma de meningite, transmitida por parasitas, está se espalhando pelo Brasil. II. Tratando-se de um parasita recente, identificado no país há oito anos, a preocupação dos pesquisadores é alertar profissionais de saúde. No que diz respeito ao emprego dos pronomes, algum foi escrito em desacordo com a língua portuguesa? Justifique sua resposta. g) Reescreva o enunciado I alterando a posição do pronome oblíquo átono e mantendo a adequação à norma-padrão.

Organize as ideias Sugestão de atividades: questões 9 a 13 da seção Hora de estudo.

Complete coerentemente o esquema sobre as regras de colocação pronominal.

COLOCAÇÃO PRONOMINAL Próclise

Mesóclise

Ênclise

Frases optativas, interrogativas e exclamativas

Futuro do presente

Verbo em início de oração

verbos proparoxítonos

Futuro do pretérito

Imperativo afirmativo

em + gerúndio

Infinitivo impessoal

Palavras atrativas

Gerúndio

Palavras de sentido negativo

Advérbios

Conjunções subordinativas

Pronomes relativos, indefinidos e demonstrativos

Língua Portuguesa

61

Hora de estudo A resolução das questões discursivas desta seção deve ser feita no caderno.

7 Gabaritos comentados.

1. (ENEM)

Fonte: http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/provas/2014/CAD_ENEM_2014_DIA_1_01_AZUL.pdf

A charge, datada de 1910, ao retratar a implantação da rede telefônica no Brasil, indica que esta a) permitiria aos índios se apropriarem da telefonia móvel. b) ampliaria o contato entre a diversidade de povos indígenas. c) faria a comunicação sem ruídos entre grupos sociais distintos. d) restringiria a sua área de atendimento aos estados do norte do país. X e)

possibilitaria a integração das diferentes regiões do território nacional.

2. (ENEM)

NEVES, E. Engraxate. Disponível em: . Acesso em: 15 fev. 2013.

Considerando-se a dinâmica entre tecnologia e organização do trabalho, a representação contida no cartum é caracterizada pelo pessimismo em relação à

62

Volume 6

X a)

ideia de progresso.

b) concentração do capital.

b) exploração indiscriminada de outros planetas. X c)

circulação digital excessiva de autorretratos.

c) noção de sustentabilidade.

d) vulgarização das descobertas espaciais.

d) organização dos sindicatos.

e) mecanização das atividades humanas.

e) obsolescência dos equipamentos. 3. (UERJ)

Caulos Só dói quando eu respiro. Porto Alegre: LP&M, 2001.

No cartum apresentado, o significado da palavra escrita é reforçado pelos elementos visuais, próprios da linguagem não verbal. A separação das letras da palavra em balões distintos contribui para expressar principalmente a seguinte ideia: X a)

dificuldade de conexão entre as pessoas.

5. (ENEM) Páris, filho do rei de Troia, raptou Helena, mulher de um rei grego. Isso provocou um sangrento conflito de dez anos, entre os séculos XIII e XII a.C. Foi o primeiro choque entre o ocidente e o oriente. Mas os gregos conseguiram enganar os troianos. Deixaram à porta de seus muros fortificados um imenso cavalo de madeira. Os troianos, felizes com o presente, puseram-no para dentro. À noite, os soldados gregos, que estavam escondidos no cavalo, saíram e abriram as portas da fortaleza para a invasão. Daí surgiu a expressão “presente de grego”. DUARTE, Marcelo. O guia dos curiosos. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

Em “puseram-no”, a forma pronominal “no” refere-se a) ao termo “rei grego”. b) ao antecedente “gregos”.

b) aceleração da vida na contemporaneidade.

c) ao antecedente distante “choque”.

c) desconhecimento das possibilidades de diálogo.

d) à expressão “muros fortificados”.

d) desencontro de pensamentos sobre um assunto. 4. (ENEM)

X e)

aos termos “presente” e “cavalo de madeira”.

6. Reescreva as frases inserindo em mesóclise o pronome indicado. a) Fará um favor? (me) b) Convidaríamos para a festa. (te) c) Fará tudo para que se salvem. (se) d) Ele contará como conseguiu esquivar-se do problema. (lhes) 7. Complete os espaços com a palavra entre parênteses e identifique o caso empregado na colocação pronominal. a) Não b) Ninguém

Opportunity é o nome de um veículo explorador que aterrissou em Marte com a missão de enviar informações à Terra. A charge apresenta uma crítica ao(à) a) gasto exagerado com o envio de robôs a outros planetas.

aborreça

no trabalho. (me)

contou

sobre o fato. (me)

c) A moça que procurou to eficiente no trabalho. (me) d) Quem ros fatos? (nos)

revelou

é muios verdadei-

Língua Portuguesa

63

8. As duas frases a seguir estão corretas segundo a gramática normativa. Compare as duas construções e apresente a(s) regra(s) que justifique(m) a colocação pronominal. I. Aqui se trabalha muito. II. Aqui, trabalha-se muito. 9. (UFPR) Quais são as frases que têm o pronome oblíquo mal empregado? 1. Ninguém falou-me jamais dessa maneira. 2. Bons ventos o levem!

d) V, F, F, V, F, F X e)

F, V, F, V, V, V

11. (ITA – SP) O pronome pessoal oblíquo átono está bem colocado em um só dos períodos. Qual? X a)

Isto me não diz respeito! respondeu-me ele, afetadamente.

b) Segundo deliberou-se na sessão, espero que todos apresentem-se na hora conveniente.

3. Ele recordar-se-á com certeza do vexame sofrido.

c) Me entenda! Lhe não disse isto!

4. As pastas que perderam-se não foram as mais importantes.

d) O conselho que dão-nos os pais, levamo-los em conta mais tarde.

5. Confesso que tudo me pareceu confuso.

e) Amanhã contar-te-ei por que peripécias consegui não envolver-me.

6. Me empreste o livro! 7. Por que permitir-se-iam esses abusos? X a)

1–4–6–7

b) 2 – 3 – 5 – 7 c) 1 – 2 – 3 – 6 d) 3 – 4 – 5 – 6 e) 1 – 3 – 5 – 7 10. (UDESC) Assinale com V a colocação verdadeira e com F a colocação falsa dos pronomes oblíquos átonos, nos períodos abaixo: ( F ) Ele tem dado-se muito bem com esse nosso clima. ( V ) Talvez a luz contínua e ofuscante tenha-me afetado a visão. ( F ) Ninguém retirara-se antes do encerramento do conclave. ( V ) Tudo me parecia bem até que me alertaram do perigo que corria. ( V ) Em se tratando de artes, preferimos sempre a divina música. ( V ) Dir-se-ia que fatos dessa natureza não mais ocorreriam. A sequência correta de letras, de cima para baixo, é: a) F, F, V, F, V, V b) F, V, V, F, V, V

64

c) V, V, F, V, F, F

Volume 6

12. (CARLOS CHAGAS) Acredito que todos dizer que não . a) lhe irão – precipite-se X b)

lhe irão – se precipite

c) irão-lhe – se precipite d) irão lhe – precipite-se e) ir-lhe-ão – se precipite 13. (FCC – TRT) Gosto da democracia, pratico a democracia, respeito os fundamentos que mantêm em pé a democracia, mas nada disso me impede de associar a democracia às campanhas eleitorais, que negam a democracia. Evitam-se as viciosas repetições da frase acima substituindo-se os segmentos sublinhados, na ordem dada, por a) a pratico − mantêm-na em pé − lhe associar − a negam b) pratico-a − a mantêm em pé − associar-lhe − negam ela c) a pratico − mantêm ela em pé − a associar − lhe negam X d)

pratico-a − a mantêm em pé − associá-la − a negam

e) pratico-a − lhe mantêm em pé − a associar − negam-lhe
EM - VOLUME 6

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