Filosofia Medieval - Patrística PDF

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Filosofia Medieval – Patrística (ou filosofia Helênico Patrística) Alana Acsa Magalhães de Brito1 - Este período da filosofia medieval, ficou conhecido como “Patrística” por conta da grande maioria de seus expoentes serem padres, teóricos da igreja. O termo HelênicoPatrística, utilizado por historiadores deste período filosófico como Etienne Gilson e Philotheus Boehner, faz alusão a grande influência que os filósofos das chamadas escolas Helênicas (Estoicismo, Epicurismo e Ceticismo), exerceram sobre os teóricos do período da patrística. Sobretudo por aproveitar parte das teorias desenvolvidas pelos estóicos no que tange a ética, e críticas duras ao epicurismo e ceticismo. O Estoicismo como vimos, visa a aniquilação dos prazeres supérfluos em detrimento do predomínio da razão, isto foi muito bem visto pelos filósofos da cristandade para validar os argumentos no que se referiam aos pecados da carne. A crítica ao epicurismo, vem do fato de ter por base uma filosofia materialista, calcada no indivíduo, e no predomínio pelo abandono da vida política e religiosa. Já o ceticismo, é visto como algo que pode ser proveitoso para o exercício da racionalidade, mas que também pode levar ao homem à descrença. Principais Filósofos: - Justino de Roma: Nascido no início do século II D.C, em Siquém, na Samaria, fortemente influenciado pelas obras platônicas, via na antiguidade um preâmbulo para o cristianismo, pois se neste período não se havia o conhecimento da verdade (Sagradas Escrituras), através da filosofia e da racionalidade, se almejava uma busca pela verdade e pelos bons costumes movidos por atitudes éticas bem pensadas e sistematizadas. Para ele a filosofia possuía duas vias: 1. Pode ser entendida como um fim acessível (similar ao modo de ver e pesquisar, dos filósofos da cosmologia); 2. A filosofia como fim inalcançável através das ciências naturais, (ontológica, investigação do ser imperceptível aos olhos, deus) e para isso se faz necessária a conversão ao cristianismo. Para ele Filósofos como Platão e os estóicos puderam ter noção de parte da verdade e do logos, por intermédio da filosofia. Mas não tiveram acesso a verdade de maneira total, por não terem tido acesso ao cristianismo. Justino, dedicou sua vida a lutar pelo estabelecimento de sua fé, de maneira que fosse aceita sem preconceitos (neste período, os cristãos foram perseguidos pelos pagãos), tornando-se mártir, ao morrer por defender seus ideais. Para defender a filosofia e teologia cristã, escreveu obras como Apologia I e II, que descreve um pouco do que é o cristianismo, para os povos que ainda não o conheciam, Diálogo com Trifão, trata da explanação de sua trajetória filosófica com culminância na sua conversão ao cristianismo. Estas são algumas das principais obras deste autor, considerado um dos primeiros patrísticos. - Clemente de Alexandria: Nascido em 150 D.C, na Grécia, defendia que a única filosofia verdadeira era o cristianismo, mas que ainda assim não se devia negligenciar o que foi produzido na antiguidade grega, pois ela conduzia o homem daquele período a virtude dizia ele “É inconcebível que a filosofia seja má, visto que torna os homens virtuosos. Por isso ela deve ter sua origem em Deus, que só pode fazer o bem, aliás tudo o que vem de Deus é dado para o bem e recebido para o bem. E, por sinal, os homens maus não costumam interessar-se pela filosofia”. Neste período, já se nota uma nascente dúvida ou 1

Graduanda em Licenciatura Plena em Filosofia pela Universidade Federal do Acre (UFAC)

receio, por parte dos religiosos a respeito do que venha a ser a utilidade e a finalidade da filosofia, ainda mais por sua postura inquisidora, questionadora, Clemente, assim como vários outros buscavam provar a utilidade desta área do conhecimento que também pode tornar o homem um ser virtuoso e bem ordenado. Para Clemente a razão estava para o povo grego assim como os dez mandamentos estava para o povo judeu, pois em sua concepção a razão era uma luz divina, dada pelo próprio Deus. Desta forma sua função era educar, ou preparar a humanidade para o cristianismo. Além disto, a filosofia é vista como uma arma utilizada para validar e defender a fé. - Agostinho: Nascido na província romana de Hipona, em 387 D.C, considerado um dos maiores intelectuais deste período, presenciou a queda do império romano e as crescentes acusações de culpa pela queda do império por conta do modo de vida defendido pelos cristãos, que presava pelo amor fraternal, o que segundo muitos dos acusadores, foi a causa da queda do império. Agostinho converte-se ao cristianismo apenas na idade adulta, tendo perpassado por muitas escolas filosóficas, como o ceticismo e o platonismo. É apontado como um dos primeiros a formular o problema “fé e razão”, baseado pela máxima “Compreendas para crer, creias para compreender”. Desta forma, neste movimento circular de busca por compreensão para fortalecimento da crença, a filosofia auxilia na condução de uma melhor interpretação da bíblia e da fé. - Boécio: Nascido em Roma, no ano de 480 D.C, buscava restituir à cultura romana as bases gregas, com esta finalidade traduziu textos de filósofos como Aristóteles para o latim. Buscou também um lugar para a teologia entre as ciências, encontrando este lugar para a teologia, debruçando-se nas obras de Aristóteles. É apontado por muitos como sendo o responsável por iniciar as chamadas sete artes liberais, o Trivium: Gramática, Dialética e Retórica; e o Quadrivium: Aritmética, Geometria, Música e Astronomia. O Trivium com a utilidade de proporcionar uma melhor leitura, escrita e diálogo ou troca dos conhecimentos aprendidos no Quadrivium, cuja utilidade era proporcionar o conhecimento do chamado mundo físico. Referências: PHILOTHEUS, Boehner e GILSON, Etienne. História da filosofia cristã: desde as origens até Nicolau de Cusa; Tradução e nota introdutória de Raimundo Vier. – 13. Ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2012. GILSON, Etienne. O espírito da filosofia medieval. Tradução Eduardo Brandão. – São Paulo: Martins Fontes, 2006. STORCK, Alfredo Carlos. Filosofia Medieval: Filosofia passo a passo. – 3. Ed. – Rio de Janeiro, RJ: Jorge Zahar Editor: 2003
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