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Família Wings Tradução e Revisão: Mika Leitura: Aurora Formatação: Aurora 07/2020
AVISO A tradução foi efetuada pelo grupo Wings Traduções (WT), de modo a proporcionar ao leitor o acesso à obra, incentivando à posterior aquisição. O objetivo do grupo é selecionar livros sem previsão de publicação no Brasil, traduzindo-os e disponibilizando-os ao leitor, sem qualquer forma de obter lucro, seja ele direto ou indireto. Levamos como objetivo sério, o incentivo para o leitor adquirir as obras, dando a conhecer os autores que, de outro modo, não poderiam, a não ser no idioma
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de
muitos
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Sinopse A chance de uma vida. Com um pequeno problema. Tudo com que Brinley Spears sempre sonhou desde que se formou na faculdade de design quatro anos atrás era ser notada. Pelas pessoas certas. Pelas empresas certas. Qualquer um que pudesse finalmente ajudar a lançar sua carreira em um novo nível. Infelizmente, a oportunidade chega a ela no corredor de uma loja de bricolagem enquanto ela discutia com o empreiteiro mais irritante do mundo... Warren Reyes. Era tudo o que ela sempre quis, a chance de estrelar o show de sucesso da HITV, Fix It Up. Mas há um problema. Os produtores acham que Brin e Warren são casados. E os querem como um casal... ou nada feito. Então, desesperada pela oportunidade que sempre quis, Brin elabora um plano. Um casamento falso. Uma temporada do programa. E depois, ambos podem seguir caminhos separados. Você sabe, se eles não se matarem antes...
1 Brinley No que me diz respeito, Warren Allen Reyes era o homem mais desagradável, cabeça-dura, irracional, irritante e intolerável na face verde e azul da Terra. Quero dizer, as iniciais dele formavam WAR1. Talvez devesse saber, tomado isso como um sinal de algum poder superior, recusando a tarefa de trabalhar com ele reformando a casa do primo do meu cunhado. Eu, como designer, claro. Ele, o contratante. O empreiteiro mais inflexível e menos cooperativo do mundo. E eu trabalhei com muitos deles ao longo dos anos, então isso quer dizer alguma coisa, já que todos pareciam vir com teimosia codificada em seu DNA. Estávamos trabalhando juntos há duas semanas, e na garganta um do outro pelo menos uma vez por dia. Porque, Deus me livre, dei uma pequena opinião no modo como ele estava fazendo algo para que isso se ajustasse nas preferências de gosto dos proprietários. Ou informá-lo de que ele estava deliberadamente fazendo o oposto do que havíamos concordado em fazer um dia antes. Ou ouvi-lo dizer-me que os meus planos para recuperar alguns artigos usados de brechós para a arte da parede na cozinha "matava" a arquitetura. Como se as pessoas notassem que broca ele usava para arredondar as bordas dos frisos sob qualquer circunstância. Enquanto certamente fariam comentários sobre a parede em destaque, cheia de arte em metal antigo que eu tinha pintado em bronzes foscos, ouro e ferro forjado. Nem me faça falar do piso. 1
WAR em inglês é guerra, conflito, briga.
Oh, bom Deus, o piso. Mas essa era uma conversa muito séria para ter com os proprietários. De preferência quando Warren não estivesse perto. Que estava se tornando mais e mais uma possibilidade. Desde que eu tinha certeza que estava prestes a matá-lo. Sim. Ali mesmo, nos corredores de piso de concreto e prateleiras aramadas da Home Depot2. Felizmente, se eu fosse cuidar de alguém, este era o lugar certo para isso. Muitos objetos afiados, cegos ou pesados com o que esfaquear, esfolar ou acertá-lo na cabeça. — Eu não sei por que você ainda está olhando para os divisores quando nós já concordamos que não vamos fazer portas de armário com frente de vidro. — Você decidiu, — ele contestou, estendendo a mão acima de sua cabeça em uma prateleira para arrastar para baixo uma das divisórias que nós certamente não precisaríamos. — Este é um trabalho coletivo, Warren, — eu o lembrei. — Temos que concordar com esses detalhes. Eu sempre tentei essa rota primeiro. Sendo razoável. Calma. Não durava muito, infelizmente. Porque Warren inevitavelmente dizia algo para tornar impossível manter a calma. Como o que se seguiu. — Por que você não fica com a arte da parede, cortinas e bugigangas e deixa o trabalho real para mim? Eu vi vermelho. Carmesim. Escarlate. Rubi.
2
Home Depot é uma rede de produtos para o lar e construção civil.
Um maldito nariz de palhaço vermelho. Cada tom na gama de cores. Para ser justa, eu era um pouco fácil de irritar. Especialmente quando alguém rebaixava meu trabalho, fazia parecer que tudo o que fazia era comprar almofadas e ver amostras de tinta. Era mais que isso. Muito mais. Empreiteiros criavam uma casa. Uma estrutura. Os ossos. Eu criava um lar. O sangue, o músculo, a gordura, a pele e o cabelo. Eu fazia o lugar que você queria descontrair depois do trabalho, elevar os pés, cozinhar o jantar, ler um livro, assistir televisão, tomar longos banhos relaxantes, fazer amor. Era o que eu fazia. Não era uma tarefa pequena, ou fácil. E não era apenas escolher coisas de uma prateleira que eu achava que seria atraente. Envolvia conhecer os clientes, seus gostos e desgostos, conciliando os gostos inevitavelmente diferentes que você encontrava em casais, para fazer-lhes um lar em que ambos seriam felizes. — Olha, — eu falei, levantando o queixo um pouco. Não sendo arrogante, mas porque o homem era muito mais alto do que eu, e se não o fizesse isso não conseguiria manter contato visual. — Nós não faremos armários com a frente de vidro. Caso encerrado. — Bem, vou considerar outro discurso seu, — ele disse, suspirando como se eu fosse a desagradável. — Por quê? — Porque eles são uma família de cinco, — eu disse, revirando os olhos, surpresa por ter que lembrá-lo de quem eram os clientes. — E? — E as pessoas com um monte de crianças pequenas têm que lidar com muitas coisas. Eles também têm muitos pratos. De plástico. Que não combinam. Porque são para as crianças pequenas que não podem usar porcelana chinesa. E eles são feios. Então, por que diabos eles iriam querer colocá-los em exibição para todo mundo ver? Armários com a frente de vidro são para pessoas perfeitas com conjuntos de louça perfeitos que ficam orgulhosos em mostrar. Nossos clientes não são pessoas perfeitas
com louça perfeita. Então eles não querem mostrar isso. Portanto, não faremos malditos armários com frente de vidro. — Fiz uma pergunta simples, Brin. Não há necessidade de molhar a calcinha com raiva disso. Oh, raios. — Faça outra piada sobre minha calcinha, Warren. Eu te desafio, — eu assobiei, a mão enrolando em volta do cabo de um dos postes que você poderia usar para alcançar as coisas em uma prateleira mais alta. Quero dizer, eu não ia realmente usá-lo. Bem, eu esperava que não. Conseguir uma acusação de agressão provavelmente colocaria um fim em meus planos para a minha carreira profissional. Mas, na verdade, tudo o que teriam que fazer era colocar esse homem no banco, e qualquer júri ficaria do meu lado. Ele precisava de uma boa e sólida pancada na cabeça. — E vai fazer o quê? Me enterrar em almofadas? Havia um tom de vermelho mais profundo do que os já mencionados? Porque era isso que eu estava vendo. Eu juro que naquele momento, não poderia ser responsabilizada por minhas ações. — Vocês dois são fantásticos, — uma voz interrompeu, parecendo afastar minha raiva como uma névoa, fazendo-me virar para descobrir que não estávamos, de fato, sozinhos como eu pensava. Senão eu talvez teria tentado manter minha voz mais baixa. Parada ali, vi uma mulher de quarenta e poucos anos, vestida com calça preta e blazer combinando, com o amarelo brilhante da blusa embaixo, dando um pouco de personalidade para a roupa meio sem graça. Seu cabelo castanho escuro estava gloriosamente riscado em cinza descarado - uma demonstração de confiança que eu esperava que ter quando meu cabelo finalmente decidisse se revoltar comigo também. E porque ela possuía isso, não parecia envelhecê-la, não contando o rosto quase sem rugas e os olhos azuis brilhantes.
— Como? — eu perguntei depois de olhar ao redor para ter certeza de que não havia mais ninguém no corredor. Você sabe, como duas pessoas bem equilibradas que poderiam, em qualquer situação, ser justamente chamadas de “fantásticos”. Mas não havia mais ninguém. Ela estava falando para nós. Ela achava que nós éramos fantásticos? O que quer que ela tivesse tomando, precisava diminuir a dosagem. — Deixe-me adivinhar, — ela continuou, colocando uma mão no quadril, a outra batendo no queixo. — Você é o empreiteiro, — ela adivinhou, apontando um dedo bem cuidado rosa claro para Warren. — E você é a designer. — Ah, sim, — eu concordei quando Warren ficou em silêncio. — Isso é ótimo. Estou engolindo isso. Eu aposto que os outros também iriam. Quais são seus nomes? Mais uma vez, Warren ficou em silêncio, deixando-me para lidar com a estranha mulher sozinha. — Eu sou Brinley Spears. Este é Warren. — Vocês têm cartões? — Oh, ah, bem. Tenho. — Eu concordei, indo automaticamente para a minha bolsa, procurando pelo lindo porta-cartões de visita rosa dourada que minha mãe tinha me comprado quando me formei na escola de design. Junto com um cartãopresente para um criador de cartão de visita on-line. Warren, pelo que eu sabia, não tinha cartões. Ou mídia social. Ou mesmo um site remotamente funcional. Ele provavelmente chamaria isso de “tradicional”. Eu estaria mais inclinada a chamar pelo que era, falta de profissionalismo nos dias de hoje. Peguei um dos meus cartões, fofo e minimalista, um design pelo qual descobri que mais pessoas eram atraídas depois que tentei vários estilos diferentes. — Aqui está. — Fantástico. Você não se importará se eu te ligar em alguns dias, certo? — Claro que não! Eu tento sempre responder a menos que eu esteja em um trabalho.
— Fantástico, — ela concordou. — Deixe-me dar a vocês um dos meus também, — ela disse, achando seu estojo de forma muito mais eficientemente, passando-o para mim da maneira astuta em que via homens ricos entregando dinheiro a porteiros ou funcionários do hotel. Com isso, ela foi embora, mas virou-se no último segundo possível, olhando para ambos mais uma vez, declarando novamente: — Simplesmente fantástico. — Isso foi estranho pra caralho, — declarou Warren tão elegantemente quando o clique de seus saltos foi longe o suficiente para tal. Claro, eu concordei com ele. Mas, em princípio, não queria fazer isso em voz alta. — Como você não pode ter cartões de visita? — Perguntei enquanto guardava meu estojo. — Arranjo meu trabalho através do boca-a-boca, — ele me disse enquanto colocava o divisor de volta na prateleira. Eu venci. Talvez fosse um pouco imaturo pensar em situações profissonais como uma competição de vencer ou perder, mas com Warren Reyes, absolutamente era. E eu acabara de ter uma pequena vitória. — Sim, mas essa não é a maneira mais eficiente de fazer negócios, sabe? — Eu perguntei, igualando os passos com ele, o que significava que para cada um que ele dava, precisava me apressar para dar dois, quando saímos do corredor, indo em direção às madeiras onde deveríamos ir de qualquer maneira. Eu só tinha ido junto porque precisava de madeira para molduras, e precisava ter certeza de que ele pegava o que eu queria. — Por que você se importa? — ele retrucou, não se incomodando em olhar em minha direção. Que foi talvez uma coisa boa. Seus olhos me perturbavam. Desde a primeira vez que fomos apresentados. Era estranho porque eu sempre fui uma otária para olhos claros, azuis e verdes. E o dele era um castanho escuro, cor de chocolate. Eu os achei misteriosos, acho.
Pode ser que isso tenha a ver com o fato de ele ser apenas um enigma. Ele e suas respostas curtas e recusa em compartilhar quaisquer detalhes pessoais. Mas nas raras ocasiões em que ele me dava contato visual completo, eu me sentia muito como uma colegial pressionada por um professor, sem saber o que fazer ou dizer, esquecendo que nesse caso, estávamos em pé de igualdade. Ele tinha um bom argumento, no entanto. Por que eu me importo? O que importava para mim se ele não aproveitasse todas as oportunidades para si mesmo? Droga, provavelmente diminuía chance de eu ter que encontrá-lo novamente em um trabalho. Acho que só tinha implicância sobre pessoas que desperdiçaram seus talentos. E ele era talentoso, tanto quanto odiava admitir isso mesmo na minha própria cabeça. Ele não trapaceava. Ele não ia para os projetos mais fáceis. No mínimo, parecia sair do seu caminho para se certificar de que todos os pequenos detalhes tiveram a devida atenção. Ele tinha orgulho genuíno em sua arte. Então, por que ele não trabalharia para expandir isso, para obter mais de uma clientela estava além de mim. Quero dizer, eu dava um duro danado. Dia, noite, fins de semana, feriados. Eu não tirava nenhum dia de folga. Mesmo que estivesse entre trabalhos mais técnicos, estava fazendo um ciclo de coisas, fazendo projetos de bricolagem para mim, amigos ou membros da família, tirando fotos incríveis e enviando-as para meu site e mídia social, tentando permanecer relevante, tentando criar hashtag para tudo que tivesse chance de alguém estar olhando os resultados, encontrar meus projetos e querer me contratar. Design de interiores não era o mais estável dos empregos. Se você não se apressasse, poderia facilmente passar suas noites estocando as prateleiras em uma loja, mal conseguindo pagar as contas, quanto mais pagar o que restava de suas dívidas de empréstimos estudantis da escola. Mas, dito isto, os empreiteiros, em média, faziam o dobro do salário de um designer de interiores. Mesmo que fossem um pouco preguiçosos. Então, acho que ele simplesmente não precisava se esforçar nisso.
— Eu não me importo, — eu disse, tarde demais, defensiva demais, demais em tudo. — Sim, tudo bem, — ele disse, dessa vez olhando para mim com aquele sorrisinho que outras mulheres poderiam chamar de sexy. Quero dizer, não eu, claro. Mas outras mulheres. Porque, para ser justa, Warren era um cara de boa aparência. De uma perspectiva puramente estética, deixando de fora a personalidade. Ele tinha todos os sinais de derreter calcinha. Um e noventa e cinco, cabelos castanhos macios, olhos castanhos escuros, com cílios que deixariam qualquer mulher com inveja, forte pelo jeito que vinha trabalhando com seu corpo, sem gastar muitas horas na academia. Ele tinha um daqueles narizes perfeitos que era de alguma forma forte, mas não avassalador, uma bela mandíbula e lábios que poderiam ser chamados de tentadores quando ele sorria - ou se ressentia – para você. Então, se você deixasse de lado sua personalidade atroz, sim, ele era um cara atraente. O sorriso teria sido eficaz se eu nunca tivesse ouvido o homem discutir comigo por uma hora sobre as bancadas. — Então, — ele disse alguns minutos depois, quebrando o silêncio como ele raramente se sentia inclinado a fazer, sempre me fazendo sentir como uma criança tagarela por ter necessidade de conversar enquanto trabalhava. — Então? — eu perguntei, acenando com a cabeça quando ele apontou para a madeira que pedi a ele para pegar, ignorando o revirar de olhos que ele me deu, que implicava que eu era ridícula por não apenas deixá-lo pegar ele mesmo. — Então, você vai trabalhar para a maluca lá atrás? — Se ela tem um trabalho e um pagamento, sim, — eu disse simplesmente. — Não te entendo mesmo, — ele me surpreendeu dizendo. Não achei que ele tivesse pensado em mim o suficiente para considerar me “entender”. — O que você quer dizer? — eu perguntei enquanto ele carregava madeira em um carrinho para madeiras. Eu tentaria ajudar, mas isso me abriria para comentários sobre meu traje impróprio para trabalho. Eu tinha ouvido mais de uma vez sobre usar shorts no local de trabalho. Não importa que fosse julho e ainda não houvesse ar
condicionado ligado. Eu deveria estar usando mangas compridas e calças. Para ser justa, ele e todos os seus homens usavam. Como? Eu não tinha certeza. Eu me certifiquei de manter um amplo espaço em torno deles até o final de um dia de trabalho. Vamos apenas dizer que cinco homens corpulentos de mangas compridas fazendo trabalho manual em julho fedem. — Pegando todo trabalho que surge em seu caminho, — ele disse, facilmente abaixando um punhado de pedaços de imbuia brasileira pré-cortada que eu sabia, porque estava em locais de trabalho o suficiente para saber, pesava uma tonelada. — Eu tenho contas para pagar. — Um monte de contas para pagar. Mesmo ter um colega de quarto para dividi-las não estava diminuindo muito o fardo. Os projetos de bricolagem não eram tão baratos quanto se poderia pensar. Suprimentos de artesanato somados. E, uma vez que eram coisas que eu fazia para tentar trazer negócios, em oposição aos projetos que fiz para os clientes existentes, esse dinheiro saia do meu bolso. Você tem que gastar dinheiro para ganhar dinheiro. Eu estava começando a pensar que essa expressão era, bem, idiota. — Talvez cortar a manicure. Agh Idiota. — Para sua informação, — comecei, sem saber por que sentia necessidade de me defender. Mesmo se eu fizesse manicure algumas vezes por semana, como eram implícitas em minha constante mudança de cores, eu tinha merecido aquele pequeno luxo. — Eu faço minhas unhas. Realmente não acho que cortar um vidro de esmalte de quatro dólares vai me tirar da dívida do empréstimo estudantil. Para isso, ele não disse nada. Com razão. Desde que ele estava claramente errado. Mas ele era um cara, então ele se recusava a admitir isso. Assim como ele se recusava a admitir que o piso naquela cozinha era medonho. Piso de palete de madeira. Agh.
Doeu meu cérebro até pensar nisso. Não se encaixava no resto dos planos para a casa. Mas ele assumiu a responsabilidade de fazê-lo quando soube que eu não estaria por perto no dia. Quero dizer, para ser justa, era um efeito legal. Para uma casa de fazenda. Para alguma galeria boêmia na cidade. Não para uma casa de meio milhão de dólares num subúrbio muito bom. Apenas... não. Ficou claro, porém, que Warren tinha um fraco por rústico. O que estava bem. Todos nós tínhamos nossas próprias preferências pessoais. Mas, novamente, isso não se tratava de nós; se tratava dos clientes. — Você vai me seguir de volta ao local para ter certeza de que não danifico sua madeira preciosa? — ele perguntou depois que o pedido foi feito. — Embora você não tenha provado que é confiável até agora, vou para casa. Então posso me levantar bem cedo para ter certeza de que você não faça mais nada sem antes me consultar. — Ei, Brin, — ele chamou quando eu me movi para passar por ele. Me virei, respirando fundo, lembrando-me que aquilo que ele dissesse, era a última coisa que teria que ouvir dele naquele dia. O que era um tipo de conforto, acho. Deus, quão baixa minhas expectativas por interações com ele haviam caído. — Sim? — Não use os malditos chinelos na obra novamente. Oh, o bastardo. O problema era, neste um caso, apenas nesse único, ele não estava exatamente errado. Eu não deveria ter usado chinelos. Mas eu também não deveria estar na obra. Exceto que recebi um texto do paisagista com quem tinha me aproximado, me contando sobre a situação no piso. Então eu tinha corrido de um dia no parque aquático com minha irmã e seus filhos para confrontá-lo. Com meu maiô rosa choque aparecendo através da minha camiseta branca, meu cabelo uma bagunça e chinelos nos meus pés.
Foi um pouco culpa dele, se você pensasse sobre isso. Mas eu sabia que não devia. Então era minha culpa também. Com mais nada para fazer, levantei o queixo, fechei os punhos, me virei e me afastei. Na tarde seguinte, eu havia me esquecido completamente da mulher no corredor do Home Depot e do cartão na minha bolsa. No entanto ela não tinha, ao que parece, se esquecido sobre mim.
2 Brinley — Brin, nós conversamos sobre glitter. Esse era Brent “O Urso” Lawson, meu colega de quarto. Bem, eu poderia realmente chamá-lo de meu colega de quarto quando morava em sua casa? Eu não sabia a semântica para tal situação. Eu pagava aluguel. E embora tivéssemos tido alguns problemas sobre isso, ele finalmente concordou em me deixar pagar metade dos serviços essenciais também. Brent tinha sido meu vizinho de porta quando pequenos, embora, na verdade, ele nunca tivesse sido pequeno, o garoto com quem eu fazia tortas de lama, andava de bicicleta, contava histórias de fantasmas na floresta atrás de nossas casas. Conforme crescíamos, todos tinham tanta certeza de que iríamos fazer a transição de amigos para mais, convencidos de que não havia como passarmos tanto tempo juntos simplesmente porque gostávamos da companhia um do outro. Nós tivemos a mesma reação a esses comentários também. Eca. Duplo eca. Brent era como um irmão para mim. Nunca sequer fez sentido pensar nele como qualquer outra coisa. Nem mesmo no ensino médio, quando ele se erguia sobre todos, era o tipo forte que fazia as meninas desmaiarem. Ele juntou-se ao time de futebol americano, pegando uma jaqueta de desportista que cimentava ainda mais a necessidade das líderes de torcida de se jogarem nele. Mas eu nunca consegui tirar da minha cabeça a imagem dele uma vez comendo uma minhoca em um desafio o tempo suficiente para vê-lo como algo diferente do meu velho amigo.
Fora do ensino médio, ele conseguiu um lugar garantido para a faculdade com uma bolsa de futebol. Onde ele pegou o apelido de ‘O Urso’, o que era absolutamente apropriado. Tudo parecia estar no bom caminho para ele também, sendo o melhor defensor em uma década, com comentários sobre futebol profissional em seu futuro. Até que ele rebentou o joelho no segundo ano. Eles esperavam que ele voltasse. Ele aplicou seu tempo livre em fisioterapia. Mas no final, não havia como ele continuar a carreira. Incapaz de pagar pela faculdade sem a bolsa, ele desistiu. Em seguida, rapidamente encontrou o equilíbrio, recebeu algum treinamento e tornou-se um agente prisional. Histórias como a dele nunca deixaram de enviar uma enorme onda de insegurança, e talvez inferioridade, por mim. Histórias como a dele e metade de nossos antigos colegas e meus próprios irmãos. Todas essas pessoas se saindo tão bem na vida, que encontraram seu nicho, que tinham carros novos, que estavam comprando casas e se estabelecendo. Enquanto isso, aqui estava eu, ainda lutando. Não importa o quanto trabalhasse, o dobro das horas que Brent ou meus irmãos trabalhavam. E eu mal podia pagar minhas contas. Eu tinha um orçamento, literalmente, um quadro gigante que tenho no meu quarto para esmiuçar cada pequena compra, e estou presa a ela. Mas sem sucesso. A economia não era boa o suficiente para as pessoas da classe média conseguirem um designer de interiores. E essa classe média não estava comprando, então seu negócio estava sofrendo. Não havia muitos clientes potenciais ricos por aí. Os que procuravam designers geralmente já sabiam de alguns grandes nomes, tinham um amigo que usava alguém, recebiam uma recomendação do Google. Eu era um peixe pequeno em um tanque muito grande. Cheio de tubarões. Tudo bem, talvez isso tenha sido dramático. Mas era como se sentia às vezes. Como não importasse o que fizesse, o quanto tentasse, nunca chegaria a lugar algum porque havia pessoas lá fora maiores do que eu, mais visíveis que eu.
Foi um pensamento que me fez querer ir para a minha cama às vezes. Exceto, para ir para minha cama, significava no quarto de hóspedes de Brent. Eu estava ficando velha demais para ter um colega de quarto. Eu precisava ter uma vida para mim mesma. Foi o que me deixou acordada até tarde na noite anterior, trabalhando em um projeto na mesa da sala de jantar. Eu limpei, claro, sabendo que Brent provavelmente ficaria lá sentado com seu café e jornal de manhã antes do trabalho. Eu acho que não tinha limpado o suficiente, no entanto. — Desculpe, Brent. Apenas me deixe pegar um rolo, — eu disse a ele, remexendo no meu armário por um rolo de pelos de cachorro, que eu tinha exatamente por esse motivo. Porque Brent odiava glitter. Quero dizer, o homem detestava isso. Tanto que, quando eu trabalhava com ele, ele ficava a duas salas de distância, convencido de que pegaria nele, e então estaria catando isso por uma semana. Ele não estava exatamente errado também. Eu sempre encontrava glitter nos lugares mais estranhos, preso na sobrancelha, sob meus braços, pregado sob as unhas dos pés. Chegava em todo lugar. Em seguida, criava raízes como se nunca quisesse sair, como se quisesse encontrar um bom parceiro glitter e fazer bebês glitter em você. — Ouvi você ir se deitar quase às duas, — ele comentou enquanto eu passava pela mesa e pelas cadeiras enquanto ele ficava na porta da cozinha, tomando o café de uma caneca que era para ser uma brincadeira de tão grande, mas quase parecia de tamanho normal em sua mão gigante. — Sim, foi de madrugada. — Então você acordou às seis, — ele continuou, e eu podia sentir seus olhos escuros me observando enquanto dizia isso também. Também sabia o que aqueles olhos diriam se eu olhasse. Que ele achava que eu estava forçando demais. Que estava preocupado comigo. — Eu durmo em algumas tardes, — insisti.
— Você desmaia enquanto desenha no sofá, — ele corrigiu. E eu não tinha argumento para isso, já que era verdade. — Você está funcionando com quatro horas de sono e com muito café. Você vai quebrar, Brinny. E para quê? — Por estabilidade, — eu disse a ele, indo ao lixo para descartar cuidadosamente o papel adesivo, certificando-me de não deixar cair nenhum glitter enquanto o fazia. — Eu só preciso trabalhar para a pessoa certa, com as conexões certas, que podem me ajudar a fazer um nome para mim. Até lá, posso sobreviver com menos horas de sono. Eu preciso. — Brinny, eu te disse que se você ainda estivesse lutando, parasse de pagar a metade das contas. Eu não queria que você pagasse de qualquer maneira. Mesmo se você não estivesse aqui, ainda estaria pagando. É estupido. Eu não queria esmola. Mas não poderia dizer isso a ele. Ele ficaria com aquele olhar triste em seus olhos, como se estivesse ofendido que sequer pensasse que era o que ele estava fazendo. Mas bem, era. Eu terminei a escola há quatro anos. Eu precisava ser uma adulta que pagasse todas as suas próprias contas. — Se eu não estivesse aqui, você pagaria menos em todas as contas, — insisti. — O quê? Pelos seus chuveiros de cinco minutos? E a única luz que você usa à noite? Seja realista. — Brent, podemos não fazer isso hoje? — eu perguntei, ouvindo um pouco de desespero na minha voz, e nem mesmo me importando. Afinal de contas, esse era o cara em quem eu soluçara enquanto usava meu vestido de formatura, porque o cara a quem dei a minha virgindade estava com outra garota atrás da casa enquanto eu procurava freneticamente por ele. O cara que segurou meu cabelo quando enjoei da vodca na minha primeira festa no colegial. O cara que uma vez apareceu no restaurante quando eu estava em um encontro e recebi uma visita surpresa sem absorvente, então não tive que dizer ao cara que tinha que sair para ir comprar alguns. Ele me viu em todos os meus momentos inglórios. Ele poderia lidar com um pouco de desespero. — Tem outra reunião com aquele idiota, hein.
Assim era como Brent o chamava. Não Warren. “Aquele idiota”. Você pode ver porque eu amo tanto Brent? — E ele está chateado comigo, — eu concordei, indo para o café, imaginando quantas xícaras seriam xícaras demais. Eu já tomei quatro. E não havia nenhuma maneira que eu estivesse aparecendo para uma reunião com ele sem outra para segurar. Ou jogar na cara dele. — Pelo quê? — Por 'tagarelar' sobre ele para os proprietários sobre o piso. — Mas eles odiaram aquilo. — Sim. — E eles teriam odiado no dia da revelação também. — Sim, — eu concordei de novo, pegando o que eu esperava que fosse uma respiração firme. — Ele é irracional. — De alguma forma, tudo isso é minha culpa. — Qual o motivo da reunião de hoje? — O banheiro principal. — Oh, cara, — disse Brent, sacudindo a cabeça. — Não me faça começar, — eu concordei. Nós já havíamos falado sobre isso na noite anterior, ele insistindo que as paredes fossem de placas de madeira. Placas de madeira. Como se estivéssemos em algum programa de TV. Como se não fosse a tendência mais exagerada da decoração moderna. Como se não fosse mostrar a idade do banheiro em poucos anos. Agh. Talvez Brent estivesse certo. Talvez eu precisasse de mais sono. Eu me sentia mal-humorada ultimamente. E, embora, com certeza, eu tivesse uma mãe italiana, e fosse toda fogosa e de temperamento rápido como ela poderia ser, sempre queimava intensamente por curtos períodos de tempo, depois desaparecia. Isso estava sendo duradouro. Quase parecia que estava se tornando uma parte da minha personalidade. Que eu não poderia ter.
E a culpa, claro, eu coloco diretamente em alguns ombros muito largos suportando uma cabeça muito grande. Figurativamente. Nós não estávamos nem na metade do caminho lidando um com o outro, e eu não era apenas eu ultimamente. Frenética. Ansiosa. Insegura. Isso estava realmente começando a mexer comigo. — Olha, lembra-se de Carrie? — Brent perguntou, dizendo sobre uma das meninas populares na escola que sempre me odiou porque ganhei uma competição de arte sobre ela uma vez. Na sexta série. — Como eu poderia esquecer? Uma vez ela me disse que tinha o número de um grande cirurgião plástico para consertar meu nariz. — E você se perguntou em voz alta, na frente de metade do time de futebol, se ter seu número explicava como ela foi de A para D ao longo de um verão, — ele concordou. — O que tem ela? — Lembra quando Alissa foi transferida para a escola, e todo mundo começou a bajulá-la? — ele perguntou, fazendo-me dar um aceno de cabeça. Carrie ficou muito chata naquele ano. — As pessoas que estão acostumadas a ser as melhores não gostam de ser desafiadas. Mesmo que a pessoa que os desafie esteja certa. Isso é o que você faz com esse idiota. Você o desafia. Porque você é tão boa quanto ele é. Ele não está acostumado com isso. Vocês estavam prestes a bater as cabeças um pouco. Não deixe isso chegar até você. Tome isso como um elogio. — Olhe para você vindo todo Tony Robbins3 em mim, — eu digo com um sorriso, dando-lhe um abraço de um braço enquanto passava. — Obrigada. Tenho que ir. Não seja esfaqueado, ok? — Eu pedi, fazendo-o rir. — Eu sei que eles teriam que esculpir através de umas boas dez camadas de um corpo firme antes de chegarem a qualquer órgão, mas ainda assim. — Acabe com ele, — ele disse como uma despedida quando eu fiz questão de calçar botas de combate resistentes. Claro, eles não eram de bico de aço como ele esperava, mas também não eram chinelos.
3
Tony Robbins é um estrategista, escritor e palestrante motivacional americano.
E eu até vesti calças. O que significava que eu poderia ter uma terrível bunda assada no momento em que chegasse lá desde o meu ar condicionado era mais um desejo do que uma realidade no meu carro. Eu lutei com a escolha de usá-la também. Não querendo que ele pensasse que ele sempre conseguia o que queria, que sempre que me criticasse, eu pularia para alterar o que quer que fosse que encontrasse em falha. Mas, para ser justa, a coisa dos sapatos e calças era uma precaução de segurança. Eu pareceria antiprofissional se não pudesse respeitar as regras básicas de segurança. Eu parei para pegar um café, decidindo no último momento possível ser uma pessoa boa, e peguei um para ele também. Preto, como sua alma. Eu tinha um vício por doce. E um paladar aventureiro. Então o meu foi carregado com um pouco meio a meio de xarope de baunilha, xarope de framboesa e uma pitada de canela. Estranho, mas bom. Realmente mais uma bebida de inverno, mas a doçura acabou um pouco com meu humor azedo. Chegando na obra, vi a caminhonete preta de Warren. Não é nova. Já foi bemamada - e bem usada - há anos. Tinta salpicava a carroceria. Entalhes foram feitos no plástico resistente por transportar ferramentas e madeira nele várias vezes. Mas eu sabia por experiência, isto é, ter que pedir a ele para me levar até o brechó para pegar um aparador que eu sabia que não seria capaz de levantar ou encaixar na minha picape, que ele mantinha imaculado por dentro. Você acharia que era recém saído do estacionamento. Não havia, no entanto, nenhum dos carros e caminhões de sua equipe. Horatio, o jardineiro, também não estava por perto. Eu teria que lidar com ele completamente sozinha? Brent estava certo. Eu precisava de mais sono para lidar com isso. Mas não havia tempo para isso agora. Peguei os cafés e a mala prática que eu chamava de bolsa, pensando que era melhor acabar logo com aquilo. Ouvindo o zumbido baixo do rádio que ele sempre ligava, eu me movi pela cozinha semiacabada, encontrando o piso já rasgado. Seguindo os sons um pouco
sentimentais ao que me referia, principalmente porque o irritava, como 'música country de estádio', estava de repente feliz por ter vindo com as botas, encontrando alguns pregos desgarrados que ele havia perdido. Uma viagem para o hospital e uma injeção antitetânica realmente não estava na minha agenda para o dia. — Wah wah, meu cavalo, meu cachorro, minha caminhonete, meu amor me deixou... — cantei, alto, fora de tom, como sempre fazia desde que não conseguia seguir uma melodia com as duas mãos e um balde. — Se você ouvisse isso, — Warren começou atrás de mim, fazendo meu corpo sacudir, não o tendo ouvido subir, — você veria quão ultrapassado é esse pensamento. Isso é para mim? — ele perguntou, empurrando o queixo em direção ao café na minha mão. — Oferta de paz? — ele perguntou quando assenti e entreguei. — Você e eu? Em paz? De alguma forma eu duvido disso. Essa é a minha oferta “nós vamos tolerar um ao outro melhor quando estamos ambos totalmente cafeinados”, — eu respondi, encolhendo os ombros. — Que tipo de combinação nojenta que você tem hoje? — Como você sabe sobre minhas combinações? — Perguntei, surpresa, minhas sobrancelhas franzindo. — Pedidos de café, — ele disse, encolhendo os ombros. — Mike pega o café. — E então o papel é deixado em algum lugar que acabo encontrando, — ele concordou. — Coco e cacau? — ele perguntou, fazendo uma careta. — Aproveite o seu suco de grão comum, — eu rebati, enrolando meu lábio quando ele tomou um longo gole. O café, para mim, era um mal necessário. Eu não poderia funcionar sem ele. Beber puro provavelmente me deixaria vomitando. Então eu combinava. Era nisso que eu era boa, afinal de contas. — Tudo bem, — ele disse, passando pelas gentil, ou não tão gentil... lezas. — Então, o banheiro principal, — ele disse, conduzindo-me pelas escadas que ele já tinha refeito brancas como acordado, mesmo que ele estivesse chateado por ter que
pintar “madeira perfeitamente boa”, e através do quarto principal que, na verdade, não estava nos planos de renovação além de um novo toque de tinta e pequenos toques de design. O banheiro, no entanto, foi demolido. Tudo o que restava eram pedaços de tubos metálicos aparecendo onde o chuveiro, a banheira, a pia e o vaso sanitário haviam estado. — Eu sei que você quer uma pia dupla, — ele começou, acenando para a parede que eu mencionei quando nós entramos no espaço antes que ele arrancasse tudo. — Sim. Não negociável. Aparentemente, Rob raspa a barba e deixa todos os pelos na pia. Monica está cansada disso. Quer sua própria pia, então ela não precisa lidar com isso. — Uma pia dupla para escapar de uma conversa. — Eu devo ter sorrido, porque Warren me deu um olhar estranho. — O quê? — É um pouco engraçado que você pense que uma conversa seja tudo o que seria necessário para remediar a situação. Você conheceu outros homens, ou aquele no espelho, vocês são um bando teimoso. — Diz a mulher que ainda não vai admitir que gosta do backsplash4 mesmo que eu sei que você gosta. — Isso é diferente. — Como? — Porque você ainda tem que admitir que qualquer uma das minhas ideias é boa. Se você quer elogios, Warren, talvez tente dar alguns às vezes. Para isso, recebi um revirar de olhos. Um verdadeiro revirar de olhos. De um homem adulto. — De qualquer forma, estou pensando que precisamos repensar a colocação da banheira e do chuveiro. Se fecharmos o vaso sanitário em um espaço separado... — Quando, — eu corrigi. Essa era outra coisa que Mônica queria. Ela não era fã de seu marido chegando quando ela estava na banheira para usar o vaso. Porque Backsplash é o revestimento feito somente ao redor dos locais que precisam ser impermeáveis, como pias, tanques e fogões. 4
sim, eca. — Monica já concordou em desistir de um metro de seu closet para fazer acontecer. — Certo, quando. Não haverá espaço suficiente para a porta de vidro se abrir. O problema seria resolvido se trocássemos os dois. — Você trouxe um catálogo para as banheiras? — eu perguntei, sabendo que Monica tomava muito banho de banheira e que a banheira tinha que ser perfeita. Então, bem, ele não poderia escolher. — Está na caminhonete. — E as opções de azulejos? — Estou pensando em marrons. — Claro que está. — Eu só queria dizer isso na minha cabeça, mas às vezes eu tinha uma tendência a balbuciar baixinho. — O quê? — Eu disse, claro que está. — O que isso deveria significar? — Que você parece achar que esta casa colonial é artesanal ou chalé. — O interior da casa não precisa combinar com o exterior. — Ah, elas parecem que combinam na verdade. Se elas não combinam, então quando as pessoas entrarem, elas dirão Que diabos é isso. E, no caso de não estar claro, que diabos é isso, não é o que você quer que as pessoas pensem quando entram em sua casa. Você não pode misturar um monte de coisas e dizer que tudo funciona. — Eu não estava misturando nada. Se você não tivesse passado por cima da minha cabeça no piso da cozinha, meus planos para este banheiro combinariam. — Tudo bem, mas e a sala de estar, o escritório, a sala de jantar formal, os corredores, os outros quartos ... — Por que diabos eu te convidei aqui? — Acredito que Monica e Rob queriam ter certeza de que todas as decisões a partir de agora, serão tomadas juntas. Sem mais surpresas. Era meio triste que eles precisassem dar uma de mamãe e papai urso sobre nós, que ele não poderia ter visto que a cooperação nos tornaria muito mais
profissionais. Mas não, ele tinha que ser teimoso. E então me obrigar a ser uma mexeriqueira. Parecia ruim para nós dois. Eu estava claramente ressentida com isso. — Os marrons trabalhariam com a parede em destaque. — A parede de placas de madeira, — eu qualifiquei. — Sim, Brin, a parede com placas de madeira. Há uma razão pela qual é popular agora. — É exagerado. — Então são as sancas. Mas há uma razão para isso. As pessoas gostam de como parecem. — É muito escuro, — insisti, balançando a cabeça. — Este banheiro só tem uma janela. E está voltado para a direção errada. Não há luz suficiente aqui para colocar marrom. Isso nas paredes, fará com que pareça uma tumba aqui. — A madeira pode ser pintada, Brin. Esse era seu tom condescendente. Eu odiava isso, possivelmente mais do que o sorrisinho ‘você é uma idiota’ que ele tantas vezes me dava. — Você não gosta de pintar madeira, Warren, — eu respondi no mesmo tom. — Se isso fizer você tomar a maldita decisão, eu vou pintar a madeira. — Bem. Eu estava pensando branco para o azulejo. É limpo. E ‘limpo’ é o que você quer pensar quando vai a um banheiro. E então um cinza claro nas paredes. Pias branca. — E a madeira? — Uma parede. Atrás da pia. Pintada de branco, — Tudo bem, — ele rosnou, virando-se, depois saiu do cômodo e desceu as escadas. — Apenas mais algumas semanas, — eu disse a mim mesma, respirando fundo antes de segui-lo. Apenas mais algumas semanas, e eu terminaria com ele, pegaria meu último pagamento e seguiria em frente. Graças a Deus. Eu não o encontrei na cozinha quando desci. Na verdade, ele não estava em lugar nenhum.
Com uma sacudida de cabeça na aparente birra, caminhei de volta para fora, resmungando com o sol caindo sobre mim, fazendo minhas roupas grudarem mais em minhas costas e braços do que já estavam. — Aqui, — ele disse, saindo do lado de sua caminhonete, praticamente empurrando um catálogo para mim. — Escolha uma até amanhã, para que eu possa pedir isso. Precisamos acabar esse trabalho já, — ele me informou antes de pular de volta em sua caminhonete, virando-a e saindo rapidamente. Precisamos acabar esse trabalho já. Palavras mais verdadeiras nunca haviam sido ditas. Não foi até que cheguei em casa, tirei minhas roupas suadas, tomei um banho frio, me vesti e me sentei com o catálogo para escolher a banheira que meu telefone tocou. Eu pulava com telefonemas, sempre tendo que me lembrar de parar e respirar, então eu não parecia muito ansiosa antes de atender. — Brinley Spears, — eu respondi naquele tom. Você conhece esse tom. Todos que já tinham tido um emprego ou chamado para marcar uma consulta médica conheciam esse tom. A versão falsa de sua própria voz, mais confiante e rápida do que você jamais sentiu. — Sra. Spears, — a voz da mulher disse. Ela estava usando sua voz ultraimportante. Eu tinha ficado boa em diferenciá-las. — Aqui é Rachel Harper. Nós nos encontramos algumas noites atrás na loja de artigos para o lar. Ah, sim. A mulher de cabelo grisalho que gostava tanto daquela palavra com F. E não a divertida. — Claro, — eu disse, sorrindo, embora ela não estivesse lá para me ver. Foi uma reação instintiva. Eu fiz um curso com um profissional de desenvolvimento pessoal que nos fez praticar sorrisos de negócios e linguagem corporal até acertarmos. Ficou para sempre. — Você está me procurando para redesenhar sua casa, ou escritório, para você? — eu perguntei, pulando para ir para o meu quarto, querendo pegar um bloco de notas, e trazer o meu plano on-line.
— Oh, não, — ela disse, parecendo confusa. E me dando um sólido soco no estômago. Meu ombro caiu, e eu juro que podia sentir meus pés afundando mais baixo. Eu senti que toda essa minha derrota profissional estava me fazendo encolher. Eu era pequena para começar, mas senti que estava perdendo preciosos centímetros a cada mês. Nesse ritmo, eles seriam capazes de me classificar como anã até o final do ano. — Eu tenho uma oferta muito mais intrigante para fazer você. Pelo menos eu acho que sim. Mais intrigante? O quê? Um prédio inteiro? Um hotel? Esses eram os tipos de empregos que poderiam fazer carreira! Não faça isso, eu me lembrei. Elevar suas esperanças nunca levou você a nada de bom no passado. — Mesmo? Isso é ótimo! O que você tem em mente? — Você já ouviu falar de HITV? Eu já ouvi falar de HITV? A sério? Havia um designer em qualquer lugar do mundo que não tivesse? Haveria um designer trabalhando em algum canto desta Terra verde que não o reprisasse em seu tempo livre, o colocasse em um ruído de fundo quando estavam desenhando? HITV. Home Improvement Television. Eu estava viciada nisso. — Você nunca se cansa dessa merda? — Brent tinha perguntado uma noite quando eu estava no terceiro episódio de um programa que tinha vizinhos trocando casas e reformando um para o outro. — Seria como eu voltar para casa e assistir a séries de prisão. Eu pude ver a lógica nisso, mas eu adorava. Isso ajudou a manter-me atualizada sobre as tendências, como se a meia dúzia de revistas que assinei não fossem suficientes, e achei estranhamente relaxante. Especialmente considerando que a
maior parte do meu trabalho me deixava ansiosa. Era bom ver os lados mais divertidos das coisas às vezes. — Sim, claro. Eu assisto isso para relaxar à noite, — eu admiti, entrando no meu quarto, caindo ao pé da minha cama para abrir meu laptop. — Você já viu o programa Fix It Up? — Qual deles? — eu perguntei automaticamente, sabendo que havia quatro deles, cada um em um estado diferente. Até agora, havia Texas, Vermont, Washington e Flórida. Para isso, Rachel soltou uma pequena risada. — Vou aceitar isso como um sim. Bem, como você provavelmente sabe, recentemente nós precisamos encerrar o show de Vermont. Certo. Porque o casal estava se divorciando. Viciosamente, se bem me lembro. Por causa de um escândalo com prostituta. Coisas suculentas. Espere... nós? Nós? Minhas mãos nunca voaram tão rápido em cima de um teclado na minha vida. E isso conta a batalha de uma década entre minha irmã e eu, que compartilhava o dia de aniversário, com apenas três anos de diferença, para tentar derrotar a outra para desejar feliz aniversário nas redes sociais. Eu ganhei quatro anos seguidos. Rachel Harper HITV. E então, lá estava. Produtora. Do Fix It Up. De jeito nenhum eu estava falando com uma produtora de um programa para a HITV. Sem chance. Em que universo isso poderia acontecer? — Eu acho que ouvi algo sobre isso, — lembrei-me de dizer em seu silêncio, as palavras soando sufocadas. Provavelmente porque eu tinha certeza de que meu coração se instalou na minha garganta.
— Bem, achamos que seria interessante fazer algo litorâneo. Litorâneo. Como em Nova Jersey? Onde eu morava? Onde eu trabalhava? Onde eu a conheci? — Essa é uma ótima ideia! — Eu aplaudi. Demais. Animada demais. Eu mal parecia eu mesma. — E, bem, eu quero que você faça uma audição. Só assim, meu coração saiu da minha garganta, atingiu meu esôfago e caiu direto no meu estômago. — Perdão? — eu perguntei, não querendo acreditar, a menos que eu esclarecesse. Isso rendeu outra risada do outro lado do telefone. — Eu gostei de você. E fui para casa e pesquisei você. Você tem um ótimo portfólio. Sua mídia social está no ponto. Você é jovem e aventureira, mas é cuidadosa em entender que muitas coisas são tendências, então você não se concentra muito nelas. Você é fantástica. Apenas o que estamos procurando. Eu tenho uma ótima intuição sobre você. Então, nós queremos que você venha para a audição. Só para ver como você trabalha na frente de uma câmera e todos os detalhes técnicos. — Eu... — Brinny, eu posso... — Brent começou, em seguida, parou quando ele entrou pela minha porta, e meu braço subiu, palma para fora, em um gesto muito “agora não”!, que ele imediatamente entendeu, assentiu e foi embora. Ele sabia que não devia ser ofendido por isso, mesmo que fosse rude. Ele me conhecia. Ele sabia que, se eu fiz isso, era importante. Tipo, você sabe, todo o meu futuro está do outro lado do telefone. — Oh! Esse era seu marido? — Rachel perguntou, parecendo quase tonta. — Meu marido? — eu perguntei, as sobrancelhas franzidas. — Sim. Seu marido. Warren. Vocês dois, simplesmente são fantásticos. E foi aí quando me toquei.
Fix It Up era um show sobre casais. Casais casados. Casais casados que trabalhavam em equipe para refazer casas com algumas brigas leves, com boas inteções e muita diversão. Ela, claro, não queria só eu. A insignificante eu. Ela nos queria. Eu e Warren. Porque ela pensou que éramos casados. Droga. Droga, droga, droga. Eu deveria saber. Do que elevar minhas esperanças. Pensar que minha vida poderia mudar dramaticamente. Acreditar que todos os meus sonhos estavam se tornando realidade. Que alguém me ofereceria a oportunidade de uma vida. — Vamos precisar que ele vá com você, é claro. — Claro. — Por que eu até murmurei isso? Quando isso claramente nunca iria acontecer? — Eu esperava que vocês dois pudessem descer a Cape May na terça-feira? Eu sei que o prazo está tão curto. Mas estamos em um horário apertado. — Ela disse um endereço que minha mão escreveu por vontade própria. — Por volta das dez da manhã, — ela adicionou quando um estranho entorpecimento tomou conta de mim. — Estamos tão excitados em te ver! — ela acrescentou como uma despedida. Eu tinha certeza de ter resmungado algo para ela, mas também tão certa de que o que quer que fosse, não era nem remotamente inteligível. — O que há de errado? — Brent perguntou enquanto eu me movia pelo corredor até a sala onde ele estava no sofá, imediatamente sabendo que algo estava acontecendo. Normalmente, eu chamaria isso de superpoder quando se tratava de tristeza ou decepção, eu me esforçava para guardar isso para mim. Mas só desta vez, eu sabia que estava tudo bem na minha cara. A decepção opressiva e esmagadora que fez meus ombros dobrarem para frente, fez minha cabeça cair, meus olhos afundarem. Parecia que era assim.
A última gota Aquela que me quebrou. — Acabei de receber um telefonema de alguém da HITV, — admiti, ouvindo o vazio na minha voz. — Do programa Fix It Up, — continuei. — Ela queria que eu fosse para a audição. — E você parece com alguém que mijaram na sua bebida por que? — ele perguntou, parecendo mais preocupado a cada segundo. — Porque ela quer eu num teste. Com meu marido. — Eu não... — Brent começou a me cortar. — Warren. Ela me viu brigando com Warren no Home Depot. E agora ela quer que façamos uma audição. Como um casal. Para a oportunidade de uma vida inteira. Eu caí na poltrona que eu havia meticulosamente reformado alguns meses antes, descansando meus cotovelos nos meus joelhos e minha cabeça em minhas mãos. — A oportunidade de uma vida, hein? — ele perguntou, algo em seu tom quebrando meu abismo de desespero o suficiente para me fazer levantar a cabeça. — Sim, — eu concordei, engolindo o gosto amargo da minha própria saliva. — Lembra quando você teve aquele papel no último ano, com aquele professor que queria que você escrevesse sobre sua experiência única de mudança de vida e construção de caráter que moldou você como indivíduo? E você veio a mim em pânico porque sua vida não tinha sido nada além de monótona e previsível. Lembra o que eu te disse? Eu sorri um pouco com isso. — Minta. — É. Mentir. E você fez. Você mentiu para um A, — ele me lembrou. — E você pode fazer isso de novo. Minta, Brinny. Minta em seu caminho para agarrar uma oportunidade única na vida pelas bolas. Você merece isso. Ninguém merece mais que você. Eu poderia fazer isso? Eu poderia mentir sobre algo tão grande?
Quer dizer, eu disse ao meu professor naquele papel que meu momento mais marcante era quando meu tio Winston agarrou minha mão em seu leito de morte e me implorou para viajar pelo mundo como ele nunca pôde. Eu não tinha um tio Winston. Na verdade, eu não tinha nenhum tio biológico. E eu realmente nunca tive qualquer ambição de entrar em um avião na minha vida. Mas Brent estava certo. Eu tirei um A. Até recebi um olhar úmido do professor. Eu me senti culpada? Certo. Um pouco. Mas aquele A era metade da minha nota. E algo que eu precisava para entrar na faculdade. Às vezes, você tinha que fazer o que tinha que fazer. Mesmo se você não concordasse necessariamente com isso do ponto de vista moral. Eu poderia mentir novamente. Se isso significava que eu conseguisse o que sempre quis, pelo que trabalhei tão duro. — Você está esquecendo uma coisa, — eu disse, meu coração se apresentando na minha garganta novamente. — O quê? — Warren. — Aquele idiota. — Sim, aquele idiota. A quem eu teria que fingir ser casada, amar. Na frente de centenas de milhares de pessoas assistindo. — Ninguém está dizendo que você tem que fazer isso para sempre, certo? — Brent perguntou. Ele não estava errado. Mesmo apenas uma temporada mudaria completamente minha vida. Uma temporada. Um casamento falso. Um ano de ter que aturar Warren Allen Reyes.
Eu poderia fazer isto. Se isso me desse tudo que eu queria na vida, eu poderia fazer isso. Mas ele poderia? Bem, acho que só havia um jeito de descobrir, certo?
3 Warren Eu aperto ignorar a quinta chamada de Brin. Cinco. Em um período de vinte minutos. Tudo o que eu conseguia pensar era que tinha conseguido irritá-la novamente. Para ser justo, ela era fácil de irritar. Ela passava de zero a oitenta mais rápido do que qualquer pessoa que já vi. Tentar dizer-lhe isso, porém, e tudo o que ela faz é informá-lo que normalmente ela tem um “caráter agradável” e que você deve despertar isso nela. Inferno, talvez eu tenha feito. Ela não estava errada sobre algumas das coisas sobre as quais me enchia o saco. Eu parecia ter uma tendência a ir com escolhas que eu, pessoalmente, gostava. Talvez não tenha considerado os clientes o suficiente. Ou saber como combinar duas preferências muito diferentes entre marido e mulher. Brinley, sim, ela era boa nisso. Admito isso sobre ela. Apesar de um pouco a contragosto. Por quê? Essa era uma boa pergunta. Nós não começamos com o pé esquerdo por si só. O cliente, Rob, tinha me contratado, ele ficou sabendo sobre mim porque um amigo dele que tinha me contratado para construir uma casa de hóspedes, de modo que quando seus sogros viessem visitá-lo, ele não precisaria tê-los em sua casa questionando-o sobre suas finanças e quantos copos de uísque ele tinha bebido depois do jantar.
Sua esposa, no entanto, encontrou Brinley através de, de todos os lugares, sua conta no Instagram por causa de alguma conexão familiar complicada que a fez tropeçar nela. E eles nos reuniram para discutir nossos planos na casa antes de eu começar a demolir os quartos que precisavam ser reformados enquanto o casal ficava em seu apartamento na cidade. Eu estava apoiado em minha caminhonete na entrada, sempre alguém que chega a algum lugar vinte minutos antes, esperando por ela. Ela apareceu cinco minutos antes da hora marcada, saindo apressada de um velho sedan vermelho com as janelas abertas, o que provavelmente indicava que o arcondicionado não funcionava desde que fazia trinta e dois graus na sombra. Vendo-me, ela estendeu a mão para limpar as sobrancelhas e o lábio superior, provavelmente pensando que eu não podia ver quando ela se inclinou para o banco do passageiro, carregando uma bolsa que poderia guardar a bagagem de uma família de quatro pessoas para uma escapadela de fim de semana e um grande bloco de notas. Então ela saiu. Meus primeiros pensamentos foram de que eu era um filho-da-puta sortudo por trabalhar ao lado dela pelos próximos meses. Ela parecia mais jovem do que sua idade, provavelmente porque ela tinha a altura da média das alunas da quinta série, mas arredondada nos lugares certos, quadris levemente curvados, coxas bem torneadas, e apenas o suficiente em cima para que você soubesse que ela era, na verdade, adulta. Vestindo calça jeans escura e uma camisa branca e arejada, o cabelo castanho escuro recolhido para trás, ela se parecia com as dúzias de designers que conheci ao longo dos anos. Exceto mais bonita. De longe. Linda, realmente. Com seus traços delicados, sobrancelhas fortes que não pareciam ter sido pintadas, e olhos que saltavam para lá e para cá entre marrom e verde, dependendo da luz, e, eu juro, seu humor. — Você deve ser Warren, — ela cumprimentou, toda sorrisos. Era um sorriso estranho também. Praticado. Polido. Algo que você via em políticos e empresários de
alto perfil. Parecia completamente fora de lugar em uma jovem designer saindo de um carro que parecia quase tão velho quanto ela. Levou quase um total de... vinte minutos para ela decidir que me odiava. Eu não fiz exatamente nada para conter isso também. Eu estava de mau humor depois de receber algumas notícias que não queria ouvir. Nós começamos com o pé esquerdo. Então ficou assim. Porque eu era teimoso. E ela era esquentada. Houve momentos em que realmente me peguei provocando-a, propositalmente tentando irritá-la. Por quê? Essa era uma boa pergunta. Eu não gostava de discutir. Não estava no meu DNA. Eu vinha de uma longa fila de pessoas que simplesmente deixavam as coisas acontecerem. Mas essa mulher, despertou algo em mim que eu não sabia que tinha. Uma raia competitiva, acho que você poderia chamar disso. Uma necessidade de me provar. Talvez tenha vindo da própria energia dela. Essa mulher era faminta. Eu me lembro daqueles dias, quando mal era uma criança, na oficina de carpintaria com meu avô, aprendendo sobre madeiras diferentes, ferramentas, como criar algo duradouro, algo do que se orgulhar. Eu queria tanto a aprovação dele, mostrar a ele do que era capaz. Eu acordava mais cedo do que ele, o que dizia alguma coisa desde que ele acordava com o sol, e praticava, tentava melhorar, tentava impressioná-lo com algo que finalmente aprendi a realizar. Eu a entendia, o que a empurrava para ser um grande pé no saco quanto poderia ser. Porque ela acreditava em si mesma, e o que ela sabia que poderia realizar se tivesse a chance. Eu tinha a sensação de que ela não recebia muito disso. Chances Porque havia um certo desespero sob sua motivação, algo que eu não achava que mais alguém pudesse ver. Talvez porque ninguém mais a pressionou como eu fiz, a fez se defender, a impediu de executar sua atividade.
Eu a tinha checado uma noite depois de uma batalha particularmente acalorada sobre, de todas as coisas, as portas do armário, querendo saber de onde ela estava vindo, se ela era alguém limitada, e era por isso que ela estava vindo sobre mim com tanta força para me curvar a sua vontade. Mas ela não era. Seu site e mídia social eram uma variedade de talentos e gostos variados. Ela parecia oferecer um conjunto de três novos projetos pelo menos uma vez por semana. Bons também. Aqueles que levaram tempo e dedicação e mostraram habilidade. O problema era que os seguidores dela eram poucos. Eu entendi então. O desespero. Por mais que trabalhasse, sentia-se com direito a mais visibilidade, mais reconhecimento, inferno... talvez mais trabalho. A economia não estava boa para o nosso ramo de negócio. Mas eu posso cobrar muito mais do que ela poderia. Então eu fiz tudo certo. Ela provavelmente estava lutando. Explicava muito. Eu quase me senti como um idiota por ser tão duro com ela. Ela precisava de uma pausa. Nós apenas nos irritamos. E ela estava apenas brigando comigo toda maldita hora. Como hoje. Eu acabei de vê-la há algumas horas, o que ela poderia precisar de mim? O suficiente para me incomodar? Eu não ia saber. Eu lidaria com isso amanhã. Depois que tivesse a chance de tomar banho, dormir um pouco, ter uma refeição sólida. E talvez lidar com a questão urgente em mãos, aquela com a qual eu não queria lidar, aquela que estava me mantendo acordado à noite. Aquela que dizia que em apenas oito meses, eu perderia algo importante para mim. Algo que significava o mundo para mim. Inferno, a única coisa que significava alguma coisa para mim.
A fazenda do meu avô. Que meu pai estava prestes a perder. Que estava fadado a ser transformada em um maldito amontado de casas conjugadas onde todos viviam como sardinhas em lata com absolutamente nenhuma personalidade, quase nenhum quintal, e entupiam as ruas e as escolas mais do que já estavam. Eu poderia matá-lo, meu velho. Não havia exatamente muito amor ali desde que ele me deixou na porta do meu avô quando eu tinha cinco anos, depois partiu e não apareceu novamente por alguns anos. Nós nunca havíamos nos recuperado dessa traição, mesmo se isso se tornasse a melhor coisa, o melhor lugar para mim, a melhor educação possível que um jovem garoto poderia querer. Meu avô era das antigas, pragmático de muitas maneiras, me deixando correr, cair das árvores, ralar, quebrar e furar todas as partes diferentes do meu corpo ao longo dos anos, mas muito prático em outras. Como me ensinar carpintaria, boas maneiras, como cuidar dos animais e consertar a casa, como ser respeitoso, falar com cuidado, ser gentil com as mulheres. Evidentemente, eu tinha ficado um pouco enferrujado com algumas dessas coisas ao longo dos anos. Depois de perdê-lo cinco anos atrás, depois de uma prolongada batalha contra o câncer, acho que fiquei um pouco mais impetuoso e fechado. Se ele ainda estivesse aqui, levaria uns tapas na cabeça quando dissesse o jeito que eu ocasionalmente falava com as mulheres, talvez especialmente com Brinley, como se ela fosse um aborrecimento. Eu podia ouvi-lo no meu ouvido mesmo agora. Sua avó estaria se revirando em seu túmulo se soubesse que deixei você falar com uma mulher assim. Eu não a conheci, minha avó. Ela morreu antes que eu tivesse idade suficiente para lembrar dela. Mas meu avô permaneceu fiel à sua memória até o dia em que morreu, dizendo que Deus colocou uma mulher na Terra para ele e essa era minha avó. Simplesmente não havia razão para tentar encontrar alguém para ficar em segundo lugar.
Ele foi o tipo de marido que parava ao lado da estrada para pegar flores silvestres só porque elas a fariam sorrir. Eles não tinham dinheiro, apenas uma fazenda que muitas vezes tomava mais do que dava, mas eles não precisavam de muito. Eles eram pessoas simples com gostos simples. Sem carros novos. Nenhuma roupa extravagante. Inferno, ele nem sequer tinha TV a cabo. Então não havia motivo para tentar assistir TV. Eu sentia falta daquela vida. Eu tinha pensado, quando eu era jovem e tolo, e com tanta certeza que sabia tudo sobre o mundo, que eu precisaria de mais, que precisaria sair e me provar, fazer um nome por mim mesmo. Levei alguns anos teimosos para descobrir que essa vida que persegui, embora financeiramente mais estável, não era o que eu realmente queria. Eu queria os vinte acres com os cavalos, vacas, galinhas, cabras e patos que eu sempre tive, o riacho que você poderia pescar e nadar. Uma vez eu tentei remar em uma canoa também, as pedras batendo nos lados, me fazendo voar, batendo minha cabeça contra uma de suas bordas irregulares. Eu provavelmente teria me afogado ali também, se não fosse por outra coisa que eu perdi. Cães. Como os quatro que eu conheci durante toda a minha infância e adolescência. Cães de caça, cães de pastoreio. Todos tinham um propósito naquela fazenda. Eu incluído. Era obrigado a acordar antes que o sol se levantasse pela manhã, correndo do lado de fora ainda de pijama para colher ovos dos galinheiros, jogar um pouco de feno fresco, encher os baldes de água e comida, depois deixá-las sair para o jardim para cuidar dos insetos desagradáveis. Eu corria de volta para dentro, entregava os ovos para meu avô e que já havia saído para soltar os cavalos e as cabras, limpar as baias, e tomar banho. Enquanto ele nos preparava o café da manhã, eu vestia a roupa da escola e depois fazia uma refeição rápida. Depois da escola, eu voltava para casa, trocava de roupa e ajudava meu avô na horta ou com os animais, ou ele me ensinava sobre construção se tivesse tempo. Se tudo já tivesse sido tratado, o resto do dia era meu para explorar a maneira como as crianças costumam fazer na floresta.
Eu sentia falta da simplicidade disso, da exatidão disso. Viver com a terra, não apenas nela, protegido na minha casa, ou em outras enquanto eu as construía ou reformava. Estava errado. Os anos se arrastaram longos e tediosos. Eu sentia falta do sol, do ar puro, dos ovos frescos e de uma vida que não era sobrecarregada por merda frívola que não significava nada se você realmente se afastasse de seu telefone, TV ou tablet por tempo suficiente para vê-lo. Eu sempre achei que tinha tempo, no entanto. Para finalizar projetos aqui. Para vender o que eu podia. Para recuperá-la. Começar de novo. Até que meu pai me disse há apenas três semanas. Ela estava em pré-execução hipotecária. Por que meu avô deixou a fazenda para ele era algo que eu ainda não entendia. Talvez ele tivesse tido a mesma educação que eu tive. Talvez meu avô tivesse memórias ainda melhores daquela época porque minha avó ainda estava viva, eles eram uma família lá. Eu não sabia. Tudo que eu sabia, que foi um golpe quando eu soube que, de todas as pessoas, meu pai que odiava o lugar e achava que seria um ótimo local para um novo Whole Foods5 conseguir a fazenda. Também não pude dizer que fiquei excessivamente surpreso quando recebi a ligação sobre a inadimplência. Meu pai mal conseguia manter uma casa própria, sem falar na fazenda. Ele vendeu todos os animais nas primeiras semanas, depois todo o equipamento no mês seguinte. Não havia mais nada a não ser o prédio em si, e alguns dos itens dentro sem valor de venda. A última vez que vi o lugar, a sujeira era espessa nas janelas, a grama estava quase na altura do joelho, e metade dos painéis de madeira nos celeiros foram
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É uma rede de supermercados dos Estados Unidos que comercializa produtos naturais.
comidos, sugerindo que todo o estoque de animais selvagens provavelmente foi aninhado dentro para escapar do clima. O que me irritou foi que ele não veio até mim. Antes que isso ficasse tão ruim. Quando eu poderia ter feito apenas um pagamento da hipoteca para segurá-la. Embora, claro, eu soubesse que se eu começasse isso, nunca iria parar. Ainda teria valido a pena. Mas esperar tanto tempo? Isso significava que eu precisaria de um monte de dinheiro de uma vez para comprá-la antes que o banco comprasse. E vendesse para Deus sabia quem. Dinheiro, francamente, eu não tinha. Eu tinha o que minha casa valia. Em um mercado melhor, venderia por quase quatrocentos mil. No atual, eu provavelmente conseguiria trezentos e cinquenta. Então eu tinha minhas economias. Outros cem mil. Não era suficiente. Nem perto o suficiente. Eu não tinha certeza de como conseguiria, mas tinha que conseguir. Não ia deixar o banco pegá-la. Não estava desistindo da esperança. Eu só precisava encontrar um caminho, alguma linha de crédito, alguma coisa. No que eu ia dedicar a minha noite. Tomei um banho, me troquei, tomei um pouco de café que coloquei um gole de uísque, em seguida, sentei-me à mesa com meu notebook, tentando encontrar uma maneira de sair dessa. Tinha que haver um caminho. Sempre havia. Eu não me importava se eu tivesse que vender minha caminhonete, meus móveis, as malditas ações que algum tio-avô me comprou toda a minha infância. Inferno, talvez eles realmente valiam alguma coisa. Definitivamente tinha que olhar para isso. Eu estava apenas me movendo para ficar em pé, a cadeira coçando um pouco contra o piso de madeira de tábuas largas. Era um som que faria qualquer proprietário
se encolher, exceto que não importava no meu caso, porque meus pisos eram reciclados, arranhados e amassados, a história deles sendo todo o seu charme, quando a campainha tocou. Eu não poderia exatamente chamar isso de ocorrência comum. Eu tinha um vizinho, no entanto, que estava constantemente perdendo seu maldito gato, e sempre, por razões desconhecidas para mim, uma vez que nunca tinha acontecido antes, achando que eu possivelmente poderia tê-lo encontrado e deixado entrar. — Sam, eu não vi o seu gato, — eu estava dizendo mesmo quando abri a porta. Mas não para Sam. Não. Era talvez a última pessoa que eu esperava ver na minha porta. Por que isso, estava além de mim. Desde que, sim, ela realmente parecia o tipo de louca e obstinada que aparecia em sua casa quando você não atendia seu telefone. Ela parecia bem também. Naqueles shorts curtos que eu fiz um grande sermão sobre ela vestir no local de trabalho. Talvez isso tivesse menos a ver com segurança e muito mais a ver com o fato de ser uma distração. Ela tinha pernas longas para alguém tão baixa, a pele levemente bronzeada que sugeria que ela passava algum tempo fora, tudo especulação, claro, já que sua mídia social não tinha nada pessoal nela. Seu cabelo deveria estar em um daqueles coques bagunçados no topo de sua cabeça, os fios castanhos aveludados quase iridescentes, como se estivessem de alguma forma iluminados por dentro, mal contidos pela faixa. Mas esta noite, o coque tinha se soltado, deixando um bom terço de seu cabelo cair para emoldurar seu rosto, de alguma forma atraindo mais atenção para seus olhos. Eram olhos que eu conhecia bem desde que você poderia sempre avaliar seu humor neles antes que ela sequer abrisse a boca. Esta noite não era diferente. Exceto que eu não sabia qual era esse olhar, o que o causara, o que viria disso. Minha reação instintiva foi me preparar para o impacto, mas outra coisa me disse que ela não estava, para variar, chateada com qualquer coisa.
Isso era outra coisa, como animação, mas diferente. A raiva fazia os olhos se fecharem semicerrados, fazia seu nariz enrugar um pouco. Mas seus olhos estavam arregalados, quase maníacos, seus lábios entreabertos, sua respiração parecendo sair mais rápido que o normal. — Você não atendeu o seu telefone. — Isso saiu um pouco como uma acusação, e uma defesa. Como se ela estivesse dizendo que eu a fiz aparecer. — A maioria das pessoas tomaria isso como um sinal de que eu não quero ser incomodado. — Era urgente, — ela insistiu, arrastando-se de um pé a outro, chamando minha atenção para baixo, encontrando exatamente o que eu esperava. Os malditos chinelos. Esses eram de um amarelo brilhante. Não sendo confundidos com o amarelo claro que eu havia visto antes. — O quê? Você possui ações na empresa de chinelos? — Eu não sabia por que usei esse tom com ela, porque pegava no pé dela, porque parecia provocá-la sem ter a intenção de fazê-lo. — Para sua informação, Old Navy tem uma venda chinelos a cada verão, onde você pode comprá-los por 1 dólar por peça. Normalmente, tudo fica esgotado tão rápido. Mas, felizmente, tenho pés como uma criança e ninguém compra o tamanho 34. Eu tenho um em cada cor que vendem. Vinte dólares bem gastos, se você me perguntar. — É isso que você está aqui para me informar? — Lá estava novamente. O que havia de errado comigo? — O quê? Não, — ela disse, sobrancelhas franzindo por um minuto antes que os olhos finalmente fizessem aquilo, finalmente se semicerraram. — Na verdade, você foi o único a me distrair do porquê eu estou aqui esta noite. — Então por que você está aqui? — Eu preciso discutir uma oportunidade com você, — ela me surpreendeu dizendo. Eu tinha imaginado que ela descobriu sobre eu instalar a bancada de açougueiro na ilha que ela odiava. Acho que seria uma briga para outra hora. — Uma oportunidade? — eu perguntei, inclinando a cabeça para o lado ligeiramente.
— Sim, hum, posso entrar? — ela me surpreendeu perguntando. Imaginei, já que ela tinha praticamente dito tanto, que ela preferiria ficar o mais longe humanamente possível de mim, não se aproximando, nem entrando no meu espaço pessoal. — Eu estava tomando café, — eu concordei, saindo da porta para convidá-la a entrar. Ela fez isso devagar, olhando em volta, como designer de interiores, eu imaginei, estava inclinada a fazer, absorvendo os detalhes, supondo coisas sobre mim deles. A casa tinha sido tediosa arquitetonicamente quando a comprei há alguns anos, apenas uma casa básica em estilo rural construída nos anos sessenta com um conceito meio aberto, meio fechado, no qual a sala de estar ficava ligada à sala de jantar, e a cozinha estava aberta para a família, mas a de jantar estava próxima da cozinha. Estranho, mas funcional. Os painéis de madeira tinham sido arrancados, substituídos por tinta laranja fresca queimada e uma parede em destaque atrás do sofá que era de tons profundos de placas de madeira marrom que ela odiava tanto. Minha mobília na sala de estar era um sofá básico de tecido marrom-escuro com mesinhas que eu havia juntado de sobras e manchados. O tapete debaixo da mesa de café era algo que eu tinha encontrado barato no Home Depot, mas com as cores certas. A mesa da sala de jantar, grande o suficiente para quatro pessoas, embora eu nunca tivesse tido tanta companhia assim, era outra coisa feita por mim mesmo, combinando com as mesas no espaço de estar desde que ela estava ligada. As paredes estavam praticamente nuas. Eu realmente não tinha arte, nem nada parecido com bugigangas. E eu sabia que seus olhos aguçados estavam vendo isso, estavam me julgando por isso. — Vê? — ela disse, acenando com a mão para a parede. — Aqui, os painéis de madeira funcionam. Foi um elogio. Ela não era exatamente abundante com eles, mas ela fez comentários aqui e ali sobre algum trabalho que eu fiz que realmente foi bom. Se eu talvez não estivesse tão
ocupado tagarelando com as coisas que ela me punha à prova, eu apreciaria mais o elogio dela. E talvez tenha devolvido em vez de analisar em separado. Água e óleo, isso era o que nós éramos. Ou, talvez nós fossemos como dois peixes betta, peixe de briga siamês, nós tínhamos que ter nossos próprios aquários separados porque se você nos colocasse juntos, nós tínhamos a tendência de lutar até a morte. — Café? — eu perguntei, passando pela sala de jantar para a cozinha. — Eu não tenho nada do caramelo que você usa, mas eu tenho canela ou xarope de chocolate. Foi apenas meus olhos mexendo comigo, ou seus lábios se curvaram com as palavras xarope de chocolate? Ela apertou-os tão rápido que eu não podia ter certeza. — Ambos, por favor, — ela disse, olhando em volta do espaço. As cozinhas eram meu lugar favorito para reformar, para fazer algo novo. Entre os pisos, balcões, backsplashes e armários, havia muitas escolhas a serem feitas. Meu piso era o mesmo que o resto da casa, preferindo a fluidez, em vez de cortá-lo, colocando ladrilhos. Os armários eram escuros e surrados. As paredes, bem, eu havia trazido tijolos a vista, gostando do calor que davam a um espaço. As bancadas eram de quartzo simples, limpo e brilhante. Minha parte favorita da cozinha, no entanto, era o teto. Eu havia trazido alguns dormentes de ferrovias quebrados que encontrei em um trabalho, pintei-os, depois pendurei-os em linhas, criando um pouco mais de dimensão. — Eu gosto do teto, — ela me surpreendeu dizendo enquanto eu arrumava seu café. — Não deveria funcionar. Quero dizer, isso deve rebaixar o teto, sabe? Mas funciona aqui. — Você está cheia de elogios hoje, — observei, tentando me certificar de que não houvesse nada rude no meu tom desta vez, apenas uma observação. — Eu nunca estive aqui antes. Eu acho as casas das pessoas fascinantes. — Então, por que você está aqui, Brin? — eu perguntei, encostando-me na pia, observando enquanto ela olhava para o café, um sinal de incerteza que eu nunca a teria acusado antes.
— Lembra daquela senhora do Home Depot? Quando estávamos discutindo sobre divisórias? — Aquela que gostava de dizer muito fantástico? — Sim. Ela me ligou hoje à noite. — Não faça isso, Brin, — eu disse, encolhendo os ombros. Aquela coisa era estranha. Eu juro que ela estava nos fodendo com os olhos. De uma maneira clínica. Era difícil até de descrever. — Na verdade, ela não queria que eu fizesse design para ela. Ela tem uma oportunidade para nós. — Se eu não acho que você deveria fazer isso, então por que você acha que eu gostaria? — Olha, ok, aqui vamos nós, — ela disse, em seguida, levantou a mão. — Mas me deixe falar, ok? Não me interrompa? — Tudo bem, — eu concordei, imaginando que ela só falaria mais alto que eu de qualquer maneira, então poderia muito bem deixá-la falar tudo de uma vez. — Aquela mulher, Rachel Harper, ela não é uma pessoa qualquer. Ela na verdade é uma produtora. Em um programa. Você já viu HITV? — Eu posso falar agora? — Perguntei, sorrindo um pouco quando seus olhos se semicerraram. Ela era insanamente fácil de irritar. — Não, eu sou o único empreiteiro no mundo que não ouviu falar de HITV. — Certo, bem, ela é a produtora do Fix It Up. Você sabe, onde há um empreiteiro e um designer em um programa, e eles reformam uma casa? — Estou familiarizado, — eu concordei, as sobrancelhas franzindo. — Tudo bem, olhe. Resumindo: ela acha que somos casados e nós quer no novo programa em Nova Jersey. — Você está falando sério? — eu perguntei, não tenho certeza se ela estava brincando comigo. Mas mesmo quando perguntei, eu sabia que não estava. Primeiro, porque ela não era do tipo. Segundo, porque finalmente entendi a luz em seus olhos quando ela apareceu. Isso era por ela. A chance que ela estava procurando.
Mas havia um problema. Eu. — Eu estou falando muito sério, — ela confirmou com um aceno forte. — E olha, eu sei, isso é meio louco. Mas esta é a oportunidade de uma vida inteira, Warren. — Eu reconheço isso, Brin. Mas você está esquecendo uma coisinha, nós não somos casados. Na verdade, mal podemos tolerar um ao outro. — Ela gostou da briga! Podemos ter que tentar morder um pouco mais nossas línguas diante de uma câmera com um público, mas isso acrescenta um pouco de diversão. Você sabe, para pessoas que não são nós. E... — Brin, não somos casados. — Não, — ela concordou, assentindo, olhando para longe, movendo os pés. Foi então que entendi o jogo dela. — Você quer que a gente minta. — Apenas uma temporada. Uma temporada, um ano, uma chance de mudar completamente nossas vidas. Eu não sei qual é o seu motivador na vida, Warren, mas tem que haver algo nesse negócio que você acha que vale a pena. Dinheiro. O dinheiro estaria neste negócio. E o dinheiro valeria a pena. O dinheiro poderia salvar a fazenda. — Como você acha que poderia passar uma mentira tão grande? — Eu realmente duvido que eles pedirão nosso certificado de casamento, — ela disse, revirando os olhos. — Nós vamos apenas dizer que eu mantive meu nome, então toda a papelada se soma. E quem diria alguma coisa? Eu tenho minha família, que nunca me trairia. E é sobre isso. Não consigo imaginar que você tenha um grupo de amigos gigantes que pode nos expor. Ela não estava errada sobre isso. Eu principalmente tinha minha equipe. E mesmo eles, mantive a distância, deixei as coisas ficarem profissionais. — O que sobre os caras no trabalho? Nossos clientes atuais? Todas essas pessoas que nos viram diariamente por semanas agora? — eu perguntei.
— Diga que foi apressado. Diremos que nos apaixonamos loucamente no primeiro dia de trabalho. Moramos juntos dentro de uma semana. Casamos dentro de duas. As pessoas amam essa porcaria melosa. — E ainda brigamos muito por que... — Porque nós não queríamos que ninguém descobrisse. — Por quê? — Agh, eu não sei. — Bem, se você quer que as pessoas acreditem na história, Brin, você precisa elaborar esses detalhes. — Você está dizendo que está considerando isso? — Eu estou dizendo que eu preciso ouvir muito mais sobre isso. — Ou seja, o que seria pago. — Mas você iria a uma reunião? — ela perguntou, tentando esconder a esperança em sua voz, e falhando maravilhosamente. Inferno, ela quase parecia pronta para pular para cima e para baixo; energia excitada estava praticamente saltando para fora dela, eletrificando o ar ao redor de seu corpo. — Eu ouviria o que está na proposta. — Sério? — ela perguntou, me observando como se eu pudesse cair na gargalhada pela sua ingenuidade a qualquer momento. — Sim sério. — Por quê? — Por que você quer fazer isso? — Porque isso seria bom para minha carreira. — Exatamente, — eu concordei, encolhendo os ombros, esperando que ela aceitasse isso, não quisesse continuar cavando mais fundo. — Eles querem nos ver em Cape May na terça-feira, — ela me disse. — Cap May, hein? Acho que isso faz sentido. Muitas casas lá em baixo precisam de trabalho depois de Sandy6, só foram abandonadas.
6
O furacão Sandy em outubro de 2012 causou grandes prejuízos na costa leste dos EUA.
— E é bonito, — ela concordou. — Ótimo para promoções e outras coisas, imagens da praia. Então, vamos fazer isso? — Nós vamos saber sobre fazer isso, — eu respondi. — Bem, claro. Tudo se resume a se eles acreditam em nós, se as coisas funcionam com os nossos horários, todas essas coisas. Ela ficou em silêncio por um momento, algo raro para ela, estudando seu café, abordando-o quando falou de novo. — Uma parte de mim acha que isso é uma brincadeira, — ela admitiu. — Que eu virei aqui na terça-feira para encontrar uma nota dizendo que eu fui uma idiota por pensar que você realmente faria isso. — Eu não faria isso, — insisti, mesmo que entendesse suas razões para não acreditar em mim. — Eu sei que não fiz muito para fazer você acreditar que falo sério, mas eu falo. Eu não faria um movimento assim. Dar-lhe bronca sobre alguma porcaria de adorno que você quer colocar que estragaria minha cozinha? Sim. Ferrar com o seu sonho? Nem tanto. Eu não sou tão idiota assim, Brin. — Bom. Eu odiaria estar casada-de-mentira com um verdadeiro idiota, — ela disse, dando-me um sorriso, tentando cobrir o quanto isso claramente significava para ela. — Acha que você pode controlar esse temperamento durante toda uma reunião? — Eu brinquei, observando como esses olhos iam em direção ao verde, como sempre faziam quando ela estava divertida ou feliz. — Se você pode se abster de me irritar, com certeza, — ela declarou, sorrindo para mim. Eu raramente via esse olhar, muito menos dirigido a mim, que eu não tinha certeza se já havia sentido todo o impacto antes. Era um olhar que fazia um homem sentir que de repente ele não estava seguro. Eu poderia fazer pior por uma esposa falsa. Não seria difícil tentar convencer disso. — Que horas precisamos estar lá? — Dez, — ela respondeu. — É uma viagem de duas horas. Rachel me mandou o endereço. Mas eu gostaria de pegar a estrada antes disso. — Eu me levanto antes das cinco, — eu disse a ela, observando seus olhos se arregalarem enquanto seus lábios se separavam.
— De propósito? — Sim, — eu disse, sorrindo. — De propósito. — Todos os dias? — Sim. — Você é uma aberração. Mas isso funciona. Posso estar aqui por volta das seis e quarenta e cinco. Com café. Então podemos pegar a estrada. Estou supondo que sua equipe pode trabalhar sem você por algumas horas? — Sim, eles vão ficar bem. Eles estarão apenas colocando azulejos. — Que finalmente concordamos. — Podemos aproveitar o dia. — Ótimo, — ela disse, pousando o café na ilha. — Bem, vou deixar você voltar para a sua noite, — ela declarou, virando-se para sair, fazendo-me segui-la pela minha casa. Abrindo a porta, achei que ela ia sair sem outra palavra. Mas então ela se virou, levando um longo tempo para fazer contato visual. — Eu realmente aprecio isso, Warren. Com isso, ela se foi. Deixando-me pensar que eu deveria ter dito a ela. Que eu não estava fazendo isso por algum tipo de favor. Que havia uma motivação para mim também. Eu não sabia muito sobre esse tipo de coisa, mas em geral, as pessoas na TV ganhavam dinheiro. Bastante dinheiro. Dinheiro que muda a vida. Haveria tempo. Se chegasse a isso. Se, por algum milagre divino, conseguirmos fazer isso. Que era, reconhecidamente, uma aposta arriscada. Mas valia a pena tentar. Pelo meu sonho. E pelo dela. Esperançosamente, nós dois sairíamos vivos do outro lado.
4 Brinley Eu estava meio tentada a pedir a Brent para me beliscar. Nada disso parecia ser real. Nem mesmo quando recebi outro texto de Rachel, certificando-me de que eu tinha liberado tempo com meu marido, para que ela pudesse saber se eles nos esperariam. Nem mesmo quando me levantei às cinco da manhã no dia. O dia em que minha vida tinha o potencial de mudar completamente. Potencialmente, lembrei a mim mesma enquanto mexia no meu cabelo, maquiagem e roupas, tentando não parecer que estava caprichando tanto. No final, escolhi um simples vestido de verão com um leve padrão de flor-de-lis em dourado, optei por sandálias, deixei meu cabelo solto e peguei minha bolsa e caderno de desenho antes de poder me convencer a me trocar pela oitava vez. — Respire, — Brent me lembrou enquanto eu corria pela sala de estar, enfiando um carregador de celular normal e um carregador de carro em minha bolsa, pegando uma barra de granola para jogar na minha bolsa, no caso de eu ficar com fome, e bala no caso de ter o temido hálito do café. — Não há tempo para respirar, — eu disse a ele quando corri para fora da porta. A manhã estava ficando suavemente amena depois de uma onda de calor de uma semana que teve minhas roupas grudadas em mim, suor pontilhando em minhas sobrancelhas e lábio superior, e lentamente escorrendo pelas minhas costas no momento em que entrei no meu carro. Quando parei pelo café, e cheguei à casa de Warren, surpreendentemente bem decorada, embora escassamente, meu cabelo ainda não estava úmido nas raízes. A porta da frente se abriu, trazendo Warren, que não tinha decidido se vestir exatamente para a audição. Jeans e uma camiseta azul escura. Mas pelo menos esse conjunto não tinha manchas de graxa ou tinta nelas. Até as botas estavam limpas.
— Pronta? — ele perguntou, acenando em direção ao seu carro, fazendo-me soltar um suspiro de alívio. Primeiro, porque eu não gostava de dirigir na via expressa. Segundo, porque a coisa sem ar se tornaria um problema quando o sol estivesse alto no céu. — Sim, — eu concordei, me arrastando com os cafés, a bolsa, o bloco de desenho e um pequeno saco plástico de maquiagem. — Você não está respirando, — ele declarou um momento depois, depois que entramos, recuamos e começamos a descer a estrada. — Estou nervosa, — admiti. — Eu não minto muito, — acrescentei. — Eu não sei o quão bem eu faço isso. — Bem, você vai ter que ficar boa nisso em menos de duas horas se você quiser isso. Se isso ajudar, seu futuro pode depender disso. — Isso ajuda, — eu disse a ele, assentindo. Sucesso, esse era o meu motivador. Não ter que me preocupar com as contas. Não ter que comprar exclusivamente da prateleira de promoção. Não ter que aproveitar a caridade de um amigo. Não ter que suportar aqueles olhares da minha família. Os que diziam que estavam orando por mim, que talvez estivessem um pouco desapontados por eu não ter entrado em gestão de projetos, na lei ou em qualquer outra coisa que eles não precisariam se preocupar comigo. — Aqui, você precisa colocar um desses, — ele me disse mais tarde, jogando uma pequena caixa para mim. Abrindo-a, encontrei duas alianças de ouro branco simples. Alianças de casamento. Certo. Porque somos casados. Parecia errado deslizar isso no meu dedo, mas não havia maneira de contornar isso. Ele deslizou no dedo com muito menos hesitação do que eu. — Precisamos discutir detalhes, — ele acrescentou quando deu a volta para o estacionamento. — As pequenas coisas que podem nos ajudar a convencer disso. Quando, onde, o que sobre o outro. — Você é muito bom no seu trabalho, — eu ofereci, fazendo uma bufada sair dele. — O quê? — Ser bom no meu trabalho não faria você querer me foder, muito menos casar comigo em segredo. Ele não estava exatamente errado.
E, normalmente, não acho difícil listar qualidades positivas em uma pessoa. A maioria das pessoas tinha algumas delas. Brent era leal, firme, solidário, protetor, ocasionalmente, principalmente depois de beber demais, engraçado. Objetivamente, eu era uma trabalhadora, dedicada e de mente aberta. Mas eu estava tendo algum tipo de bloqueio mental quando se tratava de Warren. — Eu não te conheço muito bem, — eu admiti, balançando a cabeça. — Qual a sua história? — Minha história. Tudo bem, — ele começou, soando cauteloso, mas como se isso não fosse pará-lo, uma combinação que eu não entendi. — Tenho um pai desocupado que me largou na porta do meu avô. Ele tinha uma fazenda bem depois da fronteira da Pensilvânia. Foi lá que cresci. Sendo um garoto típico. E aprendendo tudo o que sei com ele sobre construção. — Ele era um carpinteiro? — Agricultor, — corrigiu Warren. — Mas de uma geração mais velha. Eles construíam coisas. Eles consertaram coisa quando elas quebravam. Além de aparelhos e afins, não acho que uma única peça de mobília que ele tinha veio de uma loja. A casa em si foi construída por suas duas mãos. Assim foram os celeiros. Sua oficina. Tudo. Ele não teve treinamento formal. — Mas ele não precisava disso, — terminei para ele, assentindo. — Porque ele tinha experiência na vida real. — Exatamente. — Por que você obteve um curso então? — eu perguntei, talvez dando uma olhada em seu perfil enquanto seus olhos estavam na estrada, talvez finalmente vendo um pouco mais de seu apelo, as coisas que faziam algumas das mulheres nas lojas de artigos para casa ficarem um pouco loucas quando ele falava com elas. Acho que porque, pela primeira vez, não estávamos discutindo, batendo cabeças, não gostando da própria existência um do outro. — Porque enquanto a experiência prática é admirável ainda em nossa sociedade, ninguém a reconhece como válida. Se eu quisesse uma carreira nisso, precisava da formação. Minha experiência não contou nada.
— Você não queria ser agricultor? Como seu avô? — Quando eu estava na idade em que estava decidindo o que queria fazer da minha vida, comecei a querer coisas. Superficiais, coisas inúteis. Como roupas bonitas. Uma linda casa. Um carro novo. — Não há nada de errado em querer essas coisas, — eu disse a ele, sabendo que era um grande motivador para mim também. — Não. Nada errado, por si só. Mas superficial, — continuou. — Na época eu percebi que isso, — ele disse, acenando com a mão em direção ao para-brisa de seu carro, — é realmente nada no grande esquema das coisas, meu avô morreu. E a fazenda caiu nas mãos de meu pai. — Você não poderia talvez convencê-lo a devolver a você? Se você quer tanto. — Talvez poderia, — ele concordou, mais cautela escorregando em seu tom. Mas ainda assim, ele continuou. — Se ele não tivesse ficado delinquente nisso. Está na pré-execução da hipoteca. — Isso é horrível, — eu disse a ele de algum lugar profundo, ouvindo um pouco de emoção vazar em minhas palavras. Porque eu finalmente o entendi um pouco. Eu conhecia o seu sonho. E quando você conhecia o sonho de alguém, sabia quase tudo o que havia para saber sobre eles. Ele queria voltar, cultivar, viver a vida que ele havia deixado estupidamente para perseguir coisas que nunca o completaram. — É por isso que você concordou em fazer isso? — Perguntei alguns minutos mais tarde, depois que as engrenagens tiveram a chance de girar. Parecia a única explicação. — Pelo dinheiro? Para tentar comprar de volta a fazenda? — Sim, — ele concordou, arriscando um olhar para mim, seus olhos escuros estranhamente vazios. — É uma bela porcaria de motivador: dinheiro. Mas é tudo que tenho. — Não é como se eu tivesse algum motivo nobre para querer fazer isso também, — eu admiti. — Para obter alguma visibilidade. Para conseguir mais clientes. Para obter uma renda mais estável. — Mas esse é o seu sonho, não é? — ele perguntou, encolhendo os ombros. — Este negócio. Isso é o que você mais quer. Fazer um nome para si mesma. Não faz disso uma porcaria de motivador. Se é isso que você realmente quer.
— Eu gosto de fazer coisas bonitas, — eu admiti, me sentindo boba no segundo que as palavras saíram da minha boca. Mesmo se fossem verdade. Eu gostava de fazer as coisas bem. Eu gostava de coisas bonitas, coisas que faziam você se sentir bem por dentro quando as via. Eu queria que todos tivessem essa sensação enquanto andavam pelas casas deles, enquanto olhavam para os itens que eu escolhi especificamente para dar-lhes essas sensações. Isso me fez sentir bem, eu acho, fazê-los se sentirem bem. Da maneira que eu fui capaz de fazer. — Você faz isso, — ele me surpreendeu, dizendo, fazendo meu olhar procurar seu rosto novamente, ainda encontrando-o voltado para frente, ilegível. Mas eu ainda achava que havia sinceridade lá. Foi no seu tom, na profundidade dela, no modo como ele não estava, para variar, rindo às minhas custas. — Então, você acha que pode encontrar algo convincente para dizer sobre mim agora? — ele perguntou alguns momentos depois. — Sim, acho que tenho algo para trabalhar agora, — eu concordei. — Quer me dizer? — Não. Eu acho que é melhor se sair por improviso. Dessa forma, nossas reações ao que a outra pessoa diz são reais, sabe? Não treinadas. Vai sair mais genuíno. — Porque será. — Exatamente. — Você realmente acha que podemos ter êxito nisso? É uma grande mentira. — Eu não sei, — eu admiti. — Eu estou esperando o melhor. E vou ler as letras miúdas de qualquer documento para fazer com que não estejamos estragando tudo. Embora eu duvide muito que haverá uma cláusula sobre fingir ser casado em qualquer lugar, não importa quão meticuloso seja o contrário. — Justo o suficiente, — ele concordou, estendendo a mão para ligar o rádio. Um sorriso arrastou em seus lábios quando eu soltei um resmungo que jamais poderia ser confundido com calma quando sua estação country habitual veio filtrado dos altofalantes. Foi um sorriso também, genuíno. Não um sorrisinho malicioso. Não. Este fez pequenos vincos ao lado de seus olhos que, de repente, pareciam muito mais brilhantes do que eu os tinha visto antes. — Você já esteve em Cape May antes? —
ele perguntou um pouco depois, me surpreendendo. Normalmente, eu era a única que não conseguia ficar calada. — Todo verão, quando estava na escola primária. Meus pais, e tios e tias e avós, todos alugavam uma casa pequena demais por uma semana. Com uma ducha externa, — lembrei, que sempre foi minha coisa favorita na casa. Um conceito tão estranho, mas bem-vindo ao meu cérebro jovem. — Quando chegávamos lá, e todas as mulheres esfregavam a casa, mesmo que devessem estar limpas para ser entregue aos clientes, então todos nós fazíamos compras de alimentos para a semana. Então voltávamos para casa e os homens cozinhavam. Na manhã seguinte, acordávamos antes do nascer do sol para andar pelo cais para ver o nascer do sol. Passávamos o dia na praia. A feira. Eles têm aquele incrível fliperama. E nós economizávamos todos as nossas fichas para cobrar no final da semana por grandes coisas. Então, à noite, andávamos para a cidade. Meus irmãos e eu gastamos dinheiro para comprar coisas como trolls, colares de conchas e feijão saltitante. E todos nós concordávamos em nos encontrar na sorveteria às nove. Eu me pergunto se ainda está lá, — pensei em voz alta. — A sorveteria? — Sim. Eles tinham o melhor creme francês que eu já tomei na minha vida. Minha irmã costumava dizer o mesmo sobre o sorvete de café. — Por que você parou de ir? — Eu não sei realmente. Todo mundo sempre falava em querer voltar. Mas eu acho que a vida ficou agitada ou complicada. É difícil levar todo mundo para um feriado, quanto mais uma semana inteira. Acho que todos pensaram que não seria o mesmo se não fizéssemos exatamente como fizemos no passado. — Nós podemos ir verificar. — Verificar o quê? —Ver se a sorveteria ainda está lá, — ele ofereceu, olhando para mim. — Pelos velhos tempos. Havia uma sensação estranha, calorosa e flutuante na minha barriga, algo que era estranho em geral, quanto mais em relação a Warren, que eu nem sabia como interpretar.
— Tudo bem, — eu concordei, sorrindo um pouco hesitante. — Isso seria legal. Legal. E Warren Allen Reyes. Eu nunca pensei que veria o dia em que colocaria essas palavras juntas. As maravilhas nunca cessariam, parecia. — Você está pronta para isso? — ele perguntou quando estacionamos do lado de fora do hotel em questão, foi preciso dirigir pelo estacionamento por cinco minutos esperando por alguém sair, para que pudéssemos tomar o lugar. Era o principal período de férias. Toda a área estava lotada. Fluxos intermináveis de pessoas podiam ser vistas andando pelas ruas, chinelos batendo no concreto, toalhas de praia brilhantes enfiadas em sacolas de lona, cadeiras de plástico e metal nas mãos, chapéus de abas largas na cabeça, caixas térmicas se arrastando com sacolas presas, juntando-se a petiscos amigáveis ao sol, todos cheirando a protetor solar, usando óculos de sol e já ostentando seus trajes de banho. A nostalgia era uma coisa viva no meu corpo enquanto eu os observava, a mente voltando a ter não mais do que cinco ou seis anos, segurando as mãos da minha tia enquanto nós pulávamos ondas na altura da cintura. Ocasionalmente, eu soltava sua mão quando uma onda forte me acertava, fazendo com que nós duas nos afastássemos uma da outra, meu coração batendo forte, ficando assustada, enquanto me lembrava no último segundo possível para apertar meu nariz enquanto a onda me arrastava para baixo, jogando e me virando para o que parecia séculos antes de eu emergir na areia molhada, rindo ao sol. Tempos mais simples. Mais felizes também, se eu fosse perfeitamente honesta. Mas esse tipo de coisa vinha com o território da inocência, a ignorância de todas as coisas da vida que não são leves e felizes, quando toda a sua vida era sol, perseguir borboletas, construir tortas de lama e fazer enormes quadros de amarelinha na garagem para brincar com seus amigos. Sem contas.
Sem expectativas familiares. Ou sociais. Apenas vivendo profundamente, sugando cada momento de alegria disponível para você. Um dia, eu disse a mim mesma, um dia conheceria esse tipo de leveza novamente. — Respire, — Warren me lembrou enquanto olhava para a minha bolsa com uma careta antes de agarrá-la, pegar minha carteira e jogar o resto no banco de trás. — O que você está fazendo? Eu preciso disso! — Ninguém precisa desse tanto de porcaria, — ele respondeu, estendendo a carteira para mim. — Você precisa da sua identidade e do seu caderno de desenho. É isso aí. — Você não trouxe nenhum esboço, — eu percebi quando ele ficou parado lá, de braços ao lado do corpo, o mais casual possível. Como se esta não fosse a coisa na qual estávamos botando nossas esperanças. — Não, — ele concordou, nem mesmo se dando ao trabalho de dar de ombros. — E o seu site é escasso, — acrescentei, cabeça começando girar, corpo começando a suar. O que seria ótimo. Ótimo. Aparecendo uma bagunça ansiosa e suada quando precisava ser calma e convincente. — O que é isso? — ele perguntou insensivelmente, acenando com a mão para a minha óbvia angústia. — Isso? — assobiei. — Isso é uma profissional que chegou a uma reunião de negócios preparada para falar de negócios. E para nós, no caso de ninguém ter explicado isso a você, Sr. Alto e Poderoso, isso significa que viemos preparados com exemplos de nosso trabalho para os clientes verem. — Se eles olhassem para mim, poderiam encontrar meu trabalho lá fora. — Fora onde? — eu retruquei. — Eu não consegui encontrar o seu trabalho quando eu olhei. — Perseguindo-me, hein? — ele perguntou, deixando aquele maldito sorrisinho em seus lábios.
Eu nunca fui realmente o tipo de pessoa que se sentiu muito movida à violência física, tão quente quanto meu temperamento muitas vezes corria. Mas, bom Deus, a vontade de estender a mão e bater nele era esmagadora. Tanto que precisei curvar os dedos na carteira e no caderno de anotações para ter certeza de que não fizesse nada que pudesse minar nossas chances aqui. Chances. Que estavam ficando mais diminutas no momento graças a sua atitude indiferente em relação a algo que deveria ter significado o mundo para nós. E, eu me lembrei, mesmo que por algum milagre a essa altura, nós conseguíssemos, eu teria que fingir amar esse homem descuidado e arrogante por um ano. Por mais que eu quisesse isso, não sabia como faria isso. Esqueça todos os projetos em que trabalhei na minha vida, fingir amar e ser casada com esse homem? Essa seria minha obra. Minha maldita obra-prima. — Eu pesquisei você. Sendo a profissional que sou, pesquisei a pessoa com quem estava prestes a trabalhar. E como dificilmente encontrei algo, duvido que mais alguém... — Oh, aí estão vocês dois! — uma voz recentemente familiar chamou, feliz, excitada. — Fantástico. — Sim. Rachel. A mulher que segurava nosso futuro em suas mãos. Nos ouvindo brigar. Novamente. Eu meio que me virei para encontrá-la andando atrás de mim de seu carro, uma bandeja de café gelado na mão. — Minha assistente está aproveitando um tempo bem merecido ao sol, — ela explicou, acenando a bandeja de bebidas. — Vocês dois chegaram na hora certa. Compartilhei um olhar com Warren, um que parecia dizer que eu não acho que ela nos ouviu. — Foram essas vozes agitadas que ouvi? — ela perguntou, colocando um alfinete no balão de esperança no meu peito. — Alguém não trouxe um bloco de desenho, — eu disse, enviando-lhe um revirar de olhos, esperando que ela o pegasse como uma típica briga de amante. — Oh, isso não é um problema. Nós fizemos nossa devida diligência. Encontrei algumas casas incríveis em que ele trabalhou.
Sem pensar, lancei uma carranca em Warren para o sorrisinho que ele estava me dando. Recuperando-se mais rápido que eu, ele enviou a Rachel um daqueles sorrisos megawatts que ele era capaz de dar aqui e ali. — Brin aqui estava apenas me apontando sobre como ela não conseguiu encontrar nenhum dos meus trabalhos online quando me conheceu. — Online? Não. Mas nós encontramos você em algumas revistas, — Rachel disse, dando a ele um sorriso que dizia que ela não exatamente imune aos feitiços de Warren. Revistas. Certo. Claro. Não sei por que não me ocorreu olhar lá, tão importante quanto eu sabia que ainda eram, mesmo nesta era digital. Eu acho que tinha imaginado que, se ele não tivesse investido dinheiro ou esforço para conseguir um website adequado, ele nunca teria tempo para aparecer nas revistas. Eu tinha muito a aprender sobre o homem, parece. — E você, Brinley, pode aliviar-se do próprio bloco de desenho também. Nós olhamos para o seu site e todas as suas mídias sociais extensivamente. Sabemos tudo o que você tem para oferecer também. Respirando fundo, tentando conter meu orgulho por estar errada mais uma vez ao redor de Warren, coloquei meu bloco de notas atrás para cobrir minha bolsa, e dei a ela um aceno de cabeça. — Certo, ótimo! — Eu disse, sorriso tão falso que fez minhas bochechas doerem. Mas eu sabia, porque eu tinha sido treinada para ser hiperconsciente de tais coisas, que se tornaram genuínas. — Pronta, baby? — Warren perguntou, um braço caindo sobre meu ombro, fazendo todo o meu corpo sacudir inesperadamente. Baby? Quer dizer, eu sabia que deveríamos estar apaixonados, mas... baby? Isso deveria ser uma piada? Sobre a quão pequena eu era? Ou quão mal eu tomei a derrota?
Me mexi instintivamente contra o toque, tentando desalojá-lo. — Estou suando, — eu me opus, de repente ciente de nossa audiência, sabendo que eu deveria desejar seu toque e outras coisas repugnantes como essa. — Sim, você está, — ele concordou, não fazendo a coisa cavalheiresca, e ignorando a verdade da minha declaração. — Amo isso, — Rachel suspirou, erguendo uma mão como se ela estivesse conjurando um poder maior. — Venham, vocês dois. Vamos acabar com as formalidades. Formalidades. Isso não passou despercebido para mim, quando para Warren, e, portanto, eu, já que ele ainda estava com um braço me abraçando como um casal de adolescentes apaixonados no shopping, entrou em sintonia com Rachel enquanto ela irrompia pela área, sobre como perfeita era para o programa, sobre as vistas incríveis e radicais dos drones que poderiam ter para os créditos de abertura da praia, o píer, fotos da destruição. — Isso faz parte do ponto desta temporada, é claro. Depois dos contratempos recentemente, decidimos que poderíamos renovar o interesse no show se nos concentrarmos em reformar algumas dessas casas trazidas à devastação pelo Sandy anos atrás. Há tantos que ainda estão vagos, você sabe, — ela acrescentou, enquanto nos movíamos para o saguão do hotel. Era praiano. Claro. O design, a decoração, destinava-se a complementar uma cidade de praia, todas as preferidas placas de madeira, pintadas de branco, com detalhes em azul e verdemarinho, desenhos de conchas. Na verdade, embora tenha sido bem feito, e caro, com certeza, era apenas um pouco exagerado. Parecia que uma festa de aniversário com tema de praia simplesmente vomitava por toda parte. Mas, eu me lembrei, era provável que era o que as pessoas que vieram ficar queriam. — Bem por aqui, — Rachel nos guiou para longe dos elevadores e por um corredor onde provavelmente ficavam as salas de conferência. — Nós vamos conversar
com Mica Vich, ela é a criadora do show. E Andy Walling. Ele é, bem, ele é o dinheiro, — ela nos disse, dando-nos um encolher de ombros. — Apenas sejam vocês mesmos. Não faça um show. Eles irão apreciar os autênticos vocês. Os que eu continuo encontrando. Entramos em uma sala um pouco estéril, sem nenhum dos acentos encontrados no saguão ou salões, onde encontramos uma longa mesa dobrável, onde estavam situadas duas pessoas. Mica estava em torno da idade de Rachel com o cabelo vermelho que ela havia cortado tão curto que mal era cabelo, colocando todo o foco em suas feições distintas e meio felinas, e ávidos olhos cinzentos. Longos brincos de concha pendiam, arrastando sua atenção até a coluna fina do pescoço e a borda de sua camisa branca sem ombros, que mostrava as marcas nítidas de sua clavícula. Andy era mais velho, em algum lugar na casa dos sessenta, vestindo um terno de verão cor bronze apropriado, impecavelmente arrumado desde seu cabelo preto grisalho nas têmporas aos sapatos de couro marrom que apostava que custavam mais do que o meu carro. Embora, reconhecidamente, eu provavelmente não poderia dar esse maldito carro neste momento. — Mica, Andy, é sobre esses que eu estava falando. Warren e Brinley. Warren lembrou-se de suas boas maneiras antes de mim, estendendo um braço para apertar cada uma das mãos dos entrevistadores, seu braço caindo um pouco nas minhas costas enquanto ele os cumprimentava, fazendo a frente da minha camisa deslizar para cima, o colarinho cortando minha garganta. Eu saí instintivamente de debaixo de seu braço, pegando o tecido para arrastálo de volta ao lugar. — Você estava me sufocando, — eu o informei quando sua cabeça girou em minha direção. Eu não podia ter certeza, mas eu poderia jurar que ele murmurou, Dramática em voz baixa. Eu respirei fundo, dando de ombros, me apresentando com um sorriso. — Sente-se, — Andy convidou nem um segundo antes de eu sentir a mão de Warren me agarrando na parte baixa das minhas costas, dedos fortes curvando-se no cós da minha calça, e da calcinha! Então me arrastando para trás, fazendo-me cair com um grunhido em seu colo.
— Um pequeno aviso, — eu disse, dando-lhe um olhar duro desde que fui afastada deles para fazê-lo. — Onde está a diversão nisso? — ele retrucou, atirando aquele sorriso em mim. Mesmo sabendo que era apenas para mostrar, apenas para o nosso público, sim, eu entendi. Eu entendi porque as garotas se esqueciam de como manter a saliva na boca quando se mostrava para elas. — Então, — Mica começou, nos dando um sorriso quando me movi um pouco para poder olhá-los melhor, fingindo ignorar o jeito que o braço de Warren estava em minhas costas, a mão dele situada na minha coxa, pesada e possessiva. Para o show, eu me lembrei. Para eles. — Por que vocês não nos dizem como vocês se conheceram? Quais foram suas primeiras impressões um do outro? — Nós nos conhecemos... — nós dois começamos em uníssono. — Nós nos encontramos em um trabalho, — eu disse quando ele não continuou. — Warren foi contratado como empreiteiro. Eu era a designer. Nós sabíamos sobre o trabalho um do outro, mas não nos conhecemos antes disso. — E suas primeiras impressões? — Mica pressionou. — Bem, eu demorei, não sei, cinco minutos para eu decidir que ele era o homem mais impossível na face da Terra, — eu disse a eles sinceramente, sorrindo quando todos riram. — E você, Warren? — Mica perguntou enquanto eu tentava me fazer relaxar um pouco, parecendo confortável na minha posição. — Eu achei que ela fosse linda, — ele começou facilmente, me fazendo pular, minha cabeça girando em sua direção, procurando insinceridade. — Que eu era um homem de sorte por trabalhar com ela por algumas semanas. — Ele estava dizendo a verdade! Eu não aprendi apenas a estudar minha própria linguagem corporal, mas a ler, interpretar. Ele estava sendo honesto. Ele achou que eu era linda? — Claro, então ela abriu a boca, — ele continuou, me fazendo bufar forte, enquanto os outros riam também. — Então não exatamente amor à primeira vista? — Mica perguntou.
— Nós não poderíamos nem ter uma conversa civilizada, — eu admiti, sorrindo um pouco porque era verdade. — Tudo era uma discussão. Do que eu usava para os planos de design reais. Todo dia foi uma batalha. — Até... — Rachel disse, lembrando-nos do inevitável. A parte da história de amor. A parte que nós realmente não tínhamos inventado. — Até ela começar a falar sobre o seu trabalho, o quanto ela adora, como ela gosta de tornar a vida das pessoas mais completa com coisas bonitas. Você não vê esse tipo de paixão hoje em dia, —Warren disse com facilidade. Como se fosse verdade. — E você, Brinley? — Mica perguntou. — Um dia, ele estava falando sobre seu avô, sobre a fazenda em que ele cresceu, sobre como ele aprendeu a construir as coisas ao seu lado. Acho que me ajudou a vêlo como um humano, em vez de, desculpe minha linguagem, um espinho no meu pé. Houve mais risos, e eu pude sentir os dedos de Warren apertando minha coxa, silenciosamente me dizendo que os tínhamos. Eu tive o mesmo sentimento. — Foi um redemoinho, hein? — Andy perguntou, tom cético. — Eu sei o que você está pensando, — eu concordei, assentindo. — Eu também sou cética por natureza. Eu certamente nunca acreditei em amor à primeira vista. Mas foram muitas manhãs bem cedo e tarde da noite. Passamos a maioria das horas acordados juntos. Parece rápido, mas pareceu natural para nós. Eu acho que... quando você encontra algo, ou alguém, que te faz feliz, você tem que se agarrar a eles. Nós não temos muito disso como adultos, sabe? O tipo de alegria que faz você sentir que vai explodir na ponta dos dedos das mãos e dos pés, como se você não pudesse conter tudo. Decidimos que era bobagem esperar apenas porque era o que a sociedade espera de nós. — Tão doce, — Mica murmurou para Rachel, e eu sabia que era isso. Mesmo que Andy não fosse romântico, nós os tínhamos. Se os tivéssemos, eles nos colocariam a bordo. Eles passaram a próxima meia hora explicando como o processo funcionaria, eles comprando a maior parte das casas e pagando as contas das reformas, exceto em dois casos em que havia proprietários e seus orçamentos para trabalhar. Dizendo-nos
o tempo esperado para cada projeto, as equipes que teríamos, as expectativas de fazermos sessões de fotos promocionais e visitas de imprensa, se necessário. Quando as filmagens começariam. O que um dia de filmagem implicaria. No momento em que tínhamos os documentos em nossas mãos, minha cabeça estava girando. — Eu acho que preciso conseguir um pouco de comida para ela, — Warren explicou para mim. — Nós pegamos a estrada cedo esta manhã. Podemos trazer isso de volta para você depois do almoço? — É meio ridículo que eu tenho que continuar lembrando você de respirar, — ele me informou quando entramos no corredor. — É muito para absorver, — eu disse a ele, me afastando da mão que estava em volta dos meus quadris depois que a porta se fechou, me dando o espaço que eu precisava. — Tenho certeza de que vamos colocar tudo no papel quando olharmos e assinarmos os documentos, — ele me disse casualmente. Nada parecia preocupá-lo. Nada valeria a sua agitação. Eles gostariam disso, os produtores e criadores. Ele era o yin para o meu yang agressivo, muito ansioso, propenso a pensar obsessivamente. — Estamos comendo aqui? — Onde eles podem nos bisbilhotar? — Ele perguntou, nos guiando em direção às portas. — Não. Você conhece algum restaurante aqui? — Não. Mas se nós apenas caminharmos, tenho certeza de que encontraremos alguns. Foi o que fizemos, ambos em silêncio enquanto andávamos, perdidos em nossos próprios pensamentos até que finalmente nos instalamos em um lugar de frutos do mar, é claro, conseguimos uma mesa e fizemos nossos pedidos. — Tudo bem, aqui, — eu disse, entregando-lhe uma das pastas quando abri a minha. — Diga-me se você encontrar alguma bandeira vermelha. Mas não havia nenhuma. Nem uma única.
Nada que dissesse que precisávamos ser casados. Nada que dissesse que seríamos multados, ou pior, se algum escândalo estourasse. O que foi surpreendente, dada a história do show. Era tudo sobre o que era esperado de nós, nossas obrigações para filmar e promover, por quanto tempo era a duração do contrato. — Uau, — eu disse, exalando o fôlego quando cheguei a parte sobre dinheiro. — O quê? — Vinte mil, — eu disse, olhando para ele, encontrando-o ainda uma página atrás de mim. — O quê? — ele perguntou de novo, sobrancelhas franzindo. — Vinte mil para nós por episódio. A temporada é de dezesseis episódios. — Merda, — ele disse, algo que eu só poderia chamar de esperança ultrapassando completamente seu rosto. — Eu sei que você precisa disso, — eu disse, surpreendendo até a mim mesma. — O dinheiro. Mais do que eu realmente. Eu vou pegar cinquenta. — Eu não acho que você quer dizer o que parece que você quer dizer. — Eu quero. Vou pegar cinquenta disso. O restante... — Duzentos e setenta, — ele forneceu para mim. — Sim, isso pode ser seu. — Isso é ridículo. — É muito dinheiro, — retruquei. — Eu nem sequer faço isso um ano normal, — acrescentei, tentando não deixar que isso machucasse muito meu orgulho. Não era como se fosse minha culpa, ou que quarenta e dois mil eram troco ou qualquer coisa. — E já estamos no meio desse ano. Será como fazer dois anos de salário este ano. — Não será suficiente para você arrumar uma casa. — Não. Mas eu poderia conseguir um apartamento. Sem mais companheiros de quarto. Além disso, isso não era sobre o dinheiro para mim em si. Eu só precisava da visibilidade. Eu posso ganhar meu próprio dinheiro com isso. Eu sei que posso. — Isso é realmente generoso, Brin, — ele disse de uma maneira cuidadosa, uma maneira que dizia que ele achava que eu ia pegá-lo de volta.
— Então, quando voltarmos... podemos dizer para colocar duzentos e setenta em seu nome, já que ... compartilhamos essa conta. E então cinquenta na minha porque... — Porque você quer ter um escritório físico quando tudo isso acabar. Vai soar verdadeiro o suficiente. — Tudo bem, — eu concordei, dando-lhe um aceno de cabeça quando a comida foi servida. — Você tem certeza disso? — ele perguntou, ainda sem vontade de aceitar o acordo que eu ofereci sem questionar. — Sim, certeza absoluta. Agora, só precisamos encontrar uma maneira de tolerar um ao outro por um ano. — Por trezentos e vinte mil, acho que ficaremos bem. Nós não ficaríamos, é claro. Aprendemos isso na semana seguinte, quando tivemos que começar o trabalho de promoção. Esse seria o ano mais longo de nossas vidas. Nós nunca fomos na sorveteria que ele me prometeu também.
5 Brinley Ele tinha um desejo de morte. Essa era a única explicação real para o seu comportamento. Fazia duas semanas desde que assinamos os papéis, já que informamos nossas famílias e colegas sobre a situação. No caso da minha família, a verdade sobre a farsa, fazendo-os jurarem por minha vida para manter isso em sigilo. No caso de seus trabalhadores, nós contamos a história, alimentamos as mentiras sobre nosso romance, ouvimos falar sobre como eles sabiam que algo estava acontecendo entre nós, que duas pessoas não discutem tanto quanto nós, sem ter alguma química séria por trás disso. Os clientes estavam felicíssimos. Primeiro, porque eles pensaram que nos uniram. O que, bem, era verdade. Segundo, porque eles poderiam se gabar para seus amigos quando o show fosse ao ar que nós tínhamos nos apaixonado enquanto reformávamos a casa deles. Esses eram alguns direitos sérios de se gabar nos círculos corretos nos quais eles circulavam. Nós não nos víamos tanto no local de trabalho, principalmente porque estávamos focados em cômodos diferentes. Ele estava terminando de finalizar o banheiro enquanto eu dava os retoques finais na área da cozinha. Então, quando terminou o banheiro, não havia mais nada para ele fazer lá. — É o único jeito, — eu insisti enquanto ele apenas continuava polindo as bancadas, ignorando-me completamente. — Você sabe disso, — acrescentei, mesmo que estivesse tão entusiasmada com a ideia quanto ele. Significando, nem um pouco. — Nós já concordamos que vamos ficar na casa de aluguel enquanto filmamos.
Como a viagem seria de duas horas para nós, eles haviam oferecido, sem que precisássemos sequer sugerir, alugar uma casa durante as filmagens. — Sim. Nos dias de filmagem. Mas teremos fins de semana e dias especiais aqui e ali. Precisamos aparecer como um casal feliz também. — Você pensa seriamente que eles vão nos seguir? — Realmente acho que há muitos olhos por aqui, incluindo sua equipe, que podem prestar muita atenção a nós agora. E, eu não sei, vi alguns dos casais HITV atingirem os tabloides ao longo dos últimos anos, fotos granuladas dos paparazzi supostamente mostrando algo escandaloso. Essas poderiam ser nossas. E enquanto, na maior parte, nunca houve realmente nada de escandaloso acontecendo com esses outros caras, haverá para nós. Se eles olharem. Verem. Não podemos correr esse risco. Sua fazenda depende disso. Minha carreira também. — Tudo bem, — ele rosnou, empurrando o pano no bolso de trás. Ranzinza em geral, ele estava levando para um outro nível nos últimos dias. Em resposta, eu estava saindo do meu caminho para tentar ser calma e imparcial, o impensável, acomodando. Apenas tentando manter a paz. Apenas tentando manter as aparências. — Não é um grande negócio. Eu prometo ficar fora do seu caminho. — De alguma forma, eu duvido disso, — ele retrucou quando pegou sua caixa de ferramentas, e foi em direção à porta, trancando atrás de mim. Nós terminamos. Deveria ter sido uma noite feliz para nós dois. Mas ele tinha de ser um pé no saco. Acho que ele achou que não havia razão para quebrar o recorde dele agora. — Você tem um quarto de hóspedes. Eu vou ficar lá, exceto se eu tiver que tomar banho ou fazer comida. E eu limpo depois. Tenho um companheiro de quarto há anos. Eu sei como fazer isso sem pisar nos calos de ninguém. Sei que você não está acostumado a esse tipo de coisa, mas vai dar certo. E, quero dizer, nós teríamos que nos acostumar com isso de qualquer forma, já que estaríamos morando juntos na casa alugada. — Isso é diferente.
Porque não era sua casa. Eu entendi. De verdade. Mas ele estava agindo como se eu tivesse lepra ativa, e fosse esfregar minhas feridas em todos os seus pertences ou algo assim. — Você nem vai saber que eu estou lá, — assegurei a ele, odiando o leve indício de desespero que ouvi em minha voz. — Eu disse tudo bem, Brin. O que mais você quer de mim? Você não está ganhando um cartaz de “bem vinda ao lar”. — Você é um idiota, — eu disse a ele, jogando minha bolsa pela porta aberta do meu carro. — Mas independentemente disso, eu estarei lá por volta das dez com algumas coisas. Uma porta destrancada seria legal. Com isso, eu entrei no meu carro e saí antes que pudesse dizer qualquer coisa que piorasse a situação. Eu era boa, em dizer as as coisas que o incomodavam. Melhor manter minha boca fechada o máximo possível. — Você está falando sério? — Brent perguntou enquanto me observava andar pelo meu quarto, jogando coisas em malas que eu tinha guardado no meu armário da faculdade. — Não é realmente tão grande problema. — Exceto que você odeia o cara. Você vai passar bastante tempo com ele nos trabalhos e ficar naquela casa alugada. Por que se preocupar em fazer mais? — Porque precisa ser convincente. Se alguém me pegasse aqui, que possível desculpa eu poderia ter por não estar com ele? — Tem razão, — ele concordou, embora hesitante. — Será estranho aqui sem você, — ele admitiu. — Você terá um ano feliz sem glitter preso a você em qualquer lugar. Mas se você sentir tanto a minha falta, eu posso passar e borrifar um pouco enquanto você estiver dormindo à noite. — Acho que vou ficar muito bem sem isso. Mas ligue, ok? Estou acostumado a falar com você. E você terá muito a dizer, tenho certeza. — Muito para reclamar, muito provavelmente, — eu disse a ele com uma careta enquanto fechava minhas malas. — Vai ser interessante, — eu disse enquanto o deixava ajudar a levar minhas malas para o carro. — Vou te mandar uma mensagem
antes de dormir com uma lista de queixas dele, — prometi, dando-lhe um abraço e partindo para minha nova vida. Não seria uma dificuldade permanecer em sua casa. Era melhor do que qualquer coisa que eu jamais poderia pagar. Seria muito mais favorável, claro, se ele simplesmente não estivesse lá também. Esta foi uma decisão que tomei quando ele saiu para ajudar com minhas malas, algo que eu acho que ele fez de boas maneiras mais do que a civilidade em relação a mim, e me informou que precisar de tudo isso para algumas noites em sua casa era Ridículo pra caralho. — Elas não são apenas para algumas noites aqui, — eu respondi, tentando tirar uma das malas dele sem sucesso. — Isso é tudo o que vou precisar nos próximos meses. Não faria sentido ter que voltar ao meu antigo lugar para fazer as malas novamente quando posso guardá-la aqui no armário. Sabendo que ele estava errado, e, como de costume, não querendo admitir isso, ele ficou calado enquanto se arrastava pelo caminho e pela casa, me levando pelo corredor onde havia três portas. Uma delas, imaginei, o banheiro do corredor. As outras duas, os quartos. — Este é o banheiro, — ele me informou, abrindo a primeira porta de alguma forma, mesmo com os braços e as mãos carregados com as minhas malas. — Espere... onde está a banheira? — perguntei enquanto olhava para dentro, encontrando ladrilhos de madeira no chão, paredes não pintadas, um vaso sanitário e a parte de dentro de uma pia sem tampo. E... sem banheira. — Eu tenho remodelado por alguns meses. O trabalho continua atrapalhando. —Assim... eu estou compartilhando seu banheiro? — eu perguntei, olhando para a porta do quarto principal, encontrando-o muito escuro para fazer qualquer coisa, mas vendo uma porta aberta para um banheiro dentro. Pelo menos tinha o chuveiro. Isso era uma pequena benção. — Sim, — ele concordou, passando pelo seu quarto para o único outro no final do corredor. — Eu não cheguei aqui ainda, — ele me disse quando abriu a porta e estendeu a mão para acender a luz. — Estava assim quando me mudei. Isso também.
Significava muito medonho. Havia velhos painéis de madeira nas paredes saídos diretamente dos anos cinquenta que foram pintados de uma cor creme que não fazia nada para desviar a atenção deles. O piso era um velho carpete cinza, do tipo que seus pés quase afundavam. O que seria ótimo. Se eu não odiasse carpetes. Eles nunca ficavam limpos, não de verdade. Eu estava em muitos locais de obras, e vi tapetes sendo arrancados, vendo toda a sujeira sair deles, mesmo quando eu sabia que os proprietários da dita casa eram donos de casa meticulosos. Não havia como evitar o meu ‘eca’ ali. A menos que explicitamente dito de outra forma, eu nunca mais incluí tapetes de parede a parede em meus projetos. E, eu acho, os chinelos que embalei eram uma coisa boa, porque meus pés não estavam tocando esse tapete. A cama, a cômoda e a mesa de cabeceira eram mais novas, obviamente, e combinando, toda a cereja grossa com linhas limpas e não muito para tirar a beleza natural da madeira. Eu não percebi que estava passando a mão pelo estribo até que Warren pegou o movimento. — Demorei duas semanas para arrumar a cama, — ele me informou. — Você a fez? — eu perguntei, sem saber por que fiquei chocada depois da história que ele me contara sobre como o avô dele também tinha feito todos os seus móveis. — Sim. — Se você quiser, um dos fins de semana, posso ajudá-lo a terminar o banheiro e aqui também. Quer dizer, eu sei que estaremos trabalhando a semana toda no show e tal, mas se acharmos que temos energia extra. É o mínimo que posso fazer por me deixar ficar. Lá. Isso foi legal, certo? — Eu não estou fazendo você trabalhar para o seu sustento, Brin, — ele zombou, largando a última das minhas malas na cama, em seguida, saindo.
— Ooook então, — eu suspirei, dando meio giro, observando o quarto. Naquela noite, fiquei no meu quarto, decidindo ser o menor inconveniente possível, já que ele estava claramente com um humor azedo sobre eu invadir sua casa. O que era até compreensível. Às cinco e quinze da manhã seguinte, o liquidificador dele disparou. E não, não era um daqueles silenciosos e bons para um ambiente doméstico. Não. Este era um daqueles que soava como se estivesse moendo malditos vergalhões, cimento e diamantes. Fiquei deitada ali, olhando para o meu teto, consolando o meu coração baqueando que ainda não recebera o memorando de que ainda não havia uma verdadeira ameaça, sabendo que isso iria passar. O que quer que ele estivesse fazendo, iria moer, e ele ficaria quieto novamente. Parecia que duraria para sempre. Mas o silêncio veio, deixando meus olhos se fecharem novamente. Mas apenas por dois ou três minutos. Antes de começar de novo. — Argh, — eu resmunguei, jogando fora os cobertores, me erguendo, jogando minhas pernas sobre a borda da cama, e deslizando meus pés nos chinelos antes de pular e sair pisando duro para a cozinha. Eu diria andando, mas foi realmente pisotear. Pisoteio meio adormecido, grogue, ligeiramente agitado. — Você está triturando porcas e parafusos? — Minha voz resmungou entre o barulho da máquina explodindo que ele estava atrás, de costas para mim, o cabelo ainda molhado, pingando um pouco em sua camiseta branca, escurecendo-a, ainda fazendo-a transparente de alguma forma ao mesmo tempo. Meu olhar foi estranhamente paralisado naquele ponto quando ele se virou, a cabeça inclinada para o lado, olhos escuros passando por cima de mim, parecendo me assimilar toda de uma vez, do meu short listrado roxo e rosa que poderia ter sido chamado apertado por alguns, me fazendo de repente feliz por eu estar virada para frente, a minha regata preta que expunha meus braços e uma boa parte do meu peito, onde as meninas estavam seguras por um abençoado sutiã de bojo, então finalmente
até o meu rosto que estava completamente desprovido de maquiagem e meu cabelo era uma massa solta, e provavelmente emaranhada, em volta dos meus ombros. — Pensei que você fosse uma madrugadora, — ele disse, quase como um pedido de desculpas, fazendo-me sentir uma idiota por ter pensamentos assassinos e grunhir. — Oh, ah, para mim... mais ou menos seis é cedo, — eu expliquei, esfregando os arrepios em meus braços, não tendo ajustado ainda a temperatura que ele mantinha em sua casa, evidenciada pelos três cobertores na minha cama que eu encontrei no armário. — É bom saber, — ele disse, virando-se, mexendo no liquidificador novamente. Não sei porque fiquei ali até ele terminar, acho que acabei de ser despejada pela saudação matinal, mesmo que tivesse dito a ele que continuasse como se eu não estivesse lá. — Aqui, — ele disse, fazendo-me pular, encontrando-o virado para mim, dois grandes copos nas mãos cheios de smoothies, um verde brilhante, o outro uma estranha combinação amarela-verde rosada. — Você... você me fez um smoothie? — eu perguntei, confusão na minha voz. — Sim. Não sabia como você se sentia com a parte verde, então enriqueci seu espinafre com morango e banana, — ele me disse, estendendo o não tão verde. — Uau, ah, isso é... obrigada, — eu murmurei, estendendo a mão para pegar a bebida de suas mãos, tremendo um pouco quando o frio mudou da minha mão para o meu braço já frio. — Por que você não abaixou o ar? — ele perguntou, me fazendo perceber que o arrepio que senti não tinha sido apenas o tipo interno. — É a sua casa, — eu disse, dando de ombros. — E você vai ficar aqui, — ele retrucou, me observando como se eu não fizesse sentido. — Se você está com frio ou calor, acerte o termostato. — Mas você não está com frio. — Cristo, mulher, apenas abaixe o ar, — ele disse, revirando os olhos para mim quando se virou. Então a parte agradável da manhã acabou.
Eu levei meu smoothie de volta para o meu quarto, parando para desligar o AC no caminho. E, não tendo nenhum trabalho para fazer, sentei-me para fazer esboços para seu quarto de hóspedes. — Ei, — a voz de Warren me fez sacudir muitas horas depois, quando eu estava meio curvada para a frente, sobre a cômoda feita à mão. Eu forrei com meu roupão, querendo ter certeza de que eu não pegaria nenhum borrão de lápis na superfície impecável enquanto eu trabalhava em um pequeno projeto de arte para minha mídia social, algo para usar para anunciar com o próximo show. Rachel tinha concordado desde que eu esperasse que eles estreassem sua promoção primeiro. — Merda, — eu assobiei enquanto minhas tintas voavam da cômoda, caindo no chão. — Desculpe, — eu corri para dizer, agarrando um pouco freneticamente os potes, rezando para que elas estivessem todas lacradas. — Elas estão todas fechadas, — eu disse a ele quando me dei conta. — Não se preocupe com o carpete. É lixo de qualquer maneira. O que você está fazendo? Eu tenho uma oficina inteira no porão para projetos. Você poderia espalhar lá. — Eu fui cuidadosa, — me apressei em explicar. — Eu não coloquei nada na cômoda. — Eu não estava preocupado com a cômoda, — ele me disse, fazendo com que parte da tensão deixasse meu corpo. — Seu pescoço deve estar muito dolorido, — ele continuou. Um momento hostil, o próximo doce, eu ia ter torcicolo com o constante empurra e puxa de suas emoções. — Eu estou acostumada a improvisar para o espaço de trabalho, — eu disse a ele enquanto limpava minha bagunça. — Mas obrigada por me dizer. Isso tornará a vida mais fácil. Que horas são? — Cinco, — ele me disse, as palavras fazendo minha barriga soltar um grunhido alto. — Pensei em perguntar antes de começar a cozinhar. — Eu posso cozinhar! — Me apressei a dizer, voltando. — Você não precisa cozinhar para mim.
— Eu estaria cozinhando, independentemente de você estar aqui, — ele disse rispidamente, depois foi embora, fazendo-me correr atrás dele. — O que você ia me perguntar? — eu perguntei a ele. — Se há alguma coisa que você não come, — ele respondeu, apenas virando a cabeça por cima do ombro para esperar pela minha resposta. — Ah, maionese. E cordeiro, — acrescentei. — Acho que é isso. — Entendi, — ele disse, saindo mais uma vez. — Um ano, — eu me lembrei quando voltei para o meu quarto. Apenas um ano. Eu poderia aprender a viver com seus estranhos altos e baixos, e avança e recua. Esperançosamente. Os próximos dias foram muito parecidos, eu pisando em cascas de ovos, tentando não ficar muito em seu caminho, ficando irritada quando ele era um idiota, e confusa quando ele era legal. Quando finalmente chegou a hora de ir embora e seguir para nossa nova, mas temporária, vida, eu estava quase no nível máximo de estresse, sentindo-me estranhamente insegura, no limite, e nada mentalmente pronta para enfrentar a mentira novamente. — Conte-nos a história sobre seus verões aqui, — Rachel exigiu depois de me sentar em maquiagem e guarda-roupa por meia hora, depois me encontrar com Warren que, hilário, na minha humilde opinião, também tinha maquiagem, e correu pelas linhas promocionais para o programa, fazendo dublagens para os créditos de abertura. — Desculpe? — eu perguntei, tentando sacudir a sensação estranha de eletricidade na minha pele, graças à preocupação quase incessante de que cada palavra,
movimento,
aparência
possivelmente
estivesse
errada,
poderia
nos
denunciar. — Warren estava nos dizendo, enquanto ele estava recebendo os círculos sob os olhos cobertos, de como você costumava vir aqui todos os verões. Acho que o resultado seria bom no primeiro episódio, sobre como Cape May tem um lugar especial
em seu coração, e como a devastação que a tempestade trouxe para cá realmente impactou você por causa de sua história aqui. Isso era realmente forçar, mas quando essas pessoas estavam lhe oferecendo o mundo, você faria que elas queriam. Então eu contei a história. E então concordamos em voltar no dia seguinte para fazer uma sessão de fotos, e fomos descendo pelo quarteirão em direção à casa que seria nossa pelo próximo ano. — Como diabos vocês garotas usam essa porcaria dia após dia? — ele resmungou enquanto tentava esfregar o corretivo sob os olhos com um guardanapo que ele encontrou em seu porta luvas. — As expectativas culturais ajudam, — eu disse a ele quando enfiei a cabeça pela janela para conferir a fila de obviamente novas moradias. Eu não me lembrava da área bem o suficiente para saber, mas apostaria que estas eram quase tão antigas quanto a tempestade, as velhas casas provavelmente destruídas, a terra arrebatada por construtores, e essas belas monstruosidades foram erguidas. Era assim que descrevia condomínios, quase sem falhas. Belas monstruosidades. Porque eram, quase sem falhas, coisas bonitas, especialmente as modernas. E os designs eram tipicamente simples e bem pensados. Mas havia apenas algo em uma fileira de casas em sua maioria semelhantes, sem terreno entre elas, que não era tão agradável de se ver como residências independentes. Estes eram inegavelmente de aparência praiana. A fileira de dez casas foi toda erguida, assim como determina a lei depois da tempestade, feita de estuque7 cor de areia. Você via primeiro as garagens no nível do solo junto com as escadarias que levam ao andar principal. Havia duas delas, cada uma com uma sacada de ferro forjado que, imagino, mostrava uma vista da praia. Havia alguns detalhes ornamentados, como era mais típico das casas vitorianas da área, tentando ajudá-las a se encaixar mais. Estuque é uma argamassa resultante da adição de gesso, água e cal, usada como um aditivo retardador de uma secagem demasiadamente rápida. 7
— Copiar e colar, — resmungou Warren, chamando minha atenção para ele. — O quê? — São todas copiadas e coladas. Nenhuma personalidade. — Elas provavelmente são apenas para aluguéis de verão, — eu me encontrei defendendo-as, embora meus pensamentos fossem bem parecidos. — Aposto que elas são muito bonitas por dentro. Para isso, ele apenas resmungou enquanto saía, indo para pegar as malas no banco de trás, bem como na cabine. — Dê isso para mim, — eu insisti, pegando uma bolsa gigante que ele estava tentando pegar. — Você não precisa pegar todas as malas de uma só vez. E eu também tenho dois braços. — Meu avô iria surrar minha bunda com cinta se soubesse que eu estava deixando uma mulher levar sua bagagem, — ele me surpreendeu admitindo. — Bem... — eu disse, colocando uma mala no chão para pegar duas outras. — Tudo bem. Aqui. Você não está me deixando carregar minha própria bagagem, — eu disse a ele com um sorriso enquanto levantava suas malas. — Acho que funciona, — ele permitiu com um pequeno sorriso enquanto subimos os degraus com pequenos tapetes externos ao longo do centro. — Eles provavelmente ficam molhados e escorregadios da água do mar, — ele me disse quando eu definitivamente fazia caretas para eles. — Está pronto? — perguntei, tirando as chaves do meu bolso, mexendo na cara dele. — As malas não estão ficando mais leves, — ele me disse, mas sua voz era leve para variar. Com isso, coloquei a chave e abri a porta para nossa casa. Nós caminhamos direto em uma combinação de sala de estar e cozinha um pouco estreita e longa. Aberta e arejada, tudo era branco, das paredes até o piso de tábuas de madeira de cinza e branca, as bancadas da cozinha, o carpete e as cortinas. A sala de estar era pequena e iluminada pelo sol, graças às janelas e a porta que dava para a sacada. O sofá em si era de um azul aqua brilhante, assim como as impressões de uma estrela-do-mar e uma concha nas molduras da parede acima dela.
A cozinha ficava atrás da sala de estar, separada apenas pelo balcão com bancos azuis aqua, onde, ao que parece, onde comeríamos, pois não havia espaço para as refeições. Não havia nada para notar lá, apenas armários brancos e os mesmos pisos de madeira, bem como modernos aparelhos de aço inoxidável e uma pequena varanda traseira. As escadas estavam à esquerda da cozinha, e nós dois subimos sem palavras, amaldiçoando e sibilando um pouco com as malas em nossas mãos. E o que nós encontramos no final da escada, você pode estar se perguntando. Um quarto. O quarto principal. O único quarto. — Claro, — Warren resmungou atrás de mim um segundo antes de eu ouvir todas as malas batendo no chão. Era um belo quarto com uma gigantesca cama king-size, dominando-o com um amplo closet e uma porta para o banheiro principal. O piso era mais do mesmo do de baixo, mas com um tapete branco. A roupa de cama e as cortinas também eram brancas, mas as paredes tinham uma leve cor azul.
As janelas e a porta para a
varanda ladeavam toda a parede da frente até o lado da cama, deixando todo o quarto tão brilhante quanto o abaixo. — Barreira de travesseiros, — sugeriu Warren, enquanto eu ficava lá em silêncio. — O quê? — A cama é enorme. Barreira de travesseiros. Eu não acho que nenhum de nós quer lidar com um ano de dor nas costas de dormir em algo tão duro como o sofá lá debaixo. Ele não estava errado. Era um desses sofás. O tipo barato que você comprava de uma loja popular, recheado a ponto de ficar mal confortável para sentar, quanto mais dormir.
Eu dormia em uma cama de solteiro desde a infância. Eu tinha certeza de que poderia ficar do meu lado. E enquanto Warren era um gigante, pelo menos para mim, ele não era tão grande assim. Isso poderia funcionar. — Parece um plano, — eu concordei quando passei por ele para verificar o banheiro, achando-o surpreendentemente moderno com um box todo de vidro, uma simples banheira branca de imersão, vaso sanitário e pia de pedestal. — É bem feito, — disse Warren atrás de mim, fazendo-me saltar. — Sem alma, mas bem feito. — Sim, — eu concordei, assentindo. Depois disso, voltamos para a picape para ir ao mercado antes de voltarmos para casa cozinhar, depois tomar banho, depois nos prepararmos para a cama, só ocasionalmente falando, principalmente coisas sem importância como a casa, a área, como seria no dia seguinte. Quando saí do banheiro, banhada, trocada em short e uma regata, havia uma sensação estranha, mas distinta de agitação no meu estômago, que eu não podia chamar de outra coisa senão nervosismo. Estava nervosa. Sobre dormir numa cama com Warren. Mesmo que ele já tivesse construído uma barreira com os travesseiros que pegamos apenas para esse propósito. Parecia esquisito e infantil quando olhei para isso, tão estranhamente necessário quanto parecia. Como se algo terrível pudesse acontecer se nossos corpos acidentalmente se tocassem em nosso sono. — Luz apagada? — ele perguntou do lado da cama quando cheguei ao outro, subindo e puxando os cobertores por cima do meu corpo. — Sim, — concordei, me abaixando enquanto ele apagava a luz. As janelas tinham cortinas, claro, mas sem persianas, uma escolha estranha, provavelmente destinada a deixar a luz entrar na primeira hora da manhã, mas para mim, tinha uma ligeira vibração voyeurística. E logo em seguida, a lua estava quase cheia e alta no céu, lançando feixes de luar através do quarto, tornando-a levemente iluminada, mesmo que o mundo estivesse escuro.
O que tornava difícil não perceber quando meu olho captou o movimento do meu lado e descobriu que Warren ainda estava de pé ao lado da cama. E estendeu a mão para tirar sua camisa. Eu estava cansada. Essa era a única explicação lógica realmente. Pelo que aconteceu. Química. Puramente uma reação química. Falhas das partes do meu cérebro que controlavam tais coisas. Porque não havia outro motivo para o inesperado, e é claro, indesejada vibração pré-orgasmo que senti entre as minhas pernas ao ver a coluna longa, magra, mas musculosa do peito e abdômen, os músculos gravados fundo o suficiente para correr um dedo por eles. Meus dedos realmente se contorceram com essa ideia. — Isso vai ser um problema? — ele perguntou. A única coisa pior do que ter uma estranha onda de atração por esse homem foi ele me pegar cobiçando-o. Cobiçando. Oh, puta merda. — O que vai ser um problema? — eu perguntei, esperando parecer impassível, certa de ter conseguido. Eu estava ficando boa em algo que nunca tinha sido meu forte antes. Mentir. Fingir. Dar um show. Qualquer frase parecia mais confortável em um determinado dia. — Acho que não, — ele disse, encolhendo os ombros quando levantou o cobertor, fazendo o ar frio me lavar. Eu virei à direita naquele momento, rolando de lado para encarar a janela, rezando para que ele não visse o arrepio e, Deus me livre, interpretasse mal. Apenas um ano, eu me lembrei. Era apenas um ano. Estranhamente, ao adormecer, tive o pensamento mais estranho e impossível. Talvez ele comece a gostar de mim.
*** — Apenas incline seu quadril um pouco mais para a esquerda, — o fotógrafo berrou suas ordens de uma maneira um pouco rápida, embora não hostil, como fazia há anos. Eu não podia imaginar que meu quadril inclinado para a esquerda em vez da direita como estava agora faria toda essa diferença. Mas vendo como ele era o profissional, eu ia ignorar a dor nos meus pés e o pequeno fio de suor escorrendo pela minha espinha porque o estúdio estava muito quente, considerando que eles tinham ar condicionado funcionando totalmente. Eu estava apenas mal-humorada. Eu tive um sono irregular, me revirando de uma maneira que geralmente não era meu hábito. Eu bati na barreira do travesseiro várias vezes, acordando quase em pânico, com o coração baqueando, um frio no estômago, com a ideia de cruzar a fronteira. Quando eu finalmente desmaiei completamente, tinha acordado apenas três horas depois, abraçando completamente a maldita parede de barreira como um amante, perna e braço inclinados sobre ela, cabeça para o centro. Os cobertores estavam emaranhados em torno de minhas panturrilhas, deixando minhas pernas nuas até a bainha muito curta do meu short. A única coisa boa sobre isso era que Warren parecia já ter saído faz tempo, provavelmente fora para um passeio matinal no cais ou algo assim. Tomei banho de novo, me vesti, mas deixei meu cabelo solto e rosto limpo, sabendo que alguém iria tirar o que eu vestisse ou desfazer o que fizesse quando chegássemos ao estúdio. Quando desci, Warren estava de volta com café pronto e algumas frutas fatiadas esperando. Fruta fatiada. Isso foi tudo que eu tinha comido o dia todo. E já era quase quatro da tarde.
Então, no topo do calor da sala, e minha falta de sono, eu estava morrendo de fome também. Eu só queria acabar. Mas toda vez que o fotógrafo tirava uma folga para percorrer as fotos, ele declarava ainda não. Por quase seis horas. Seis horas. De posar. Num momento, eu estava em uma escada, sacando uma régua como se estivesse ditando o que Warren deveria fazer. No seguinte, ele estava na escada, e eu estava fingindo tentar derrubá-lo. Então, quando ele pensou que eles eram muito exagerados, ele nos fez realmente fingir que estávamos examinando os planos ou fingir consertar a sala parcialmente pintada em que ele nos tinha, com escombros espalhados ao redor para tentar fazer com que parecesse um local de trabalho real. Parece muito um banco de imagens . Esse foi o último feedback que recebemos. Eu estava no meio de tentar desfazer um nó do meu ombro direito com a mão esquerda quando Vander, o fotógrafo, declarou um pouco alto: — Aí. Fique parada, Brin. Warren, dê-lhe um beijo. Na têmpora. Um beijo? Não. Sem beijos. Mas, na verdade, eu não poderia dizer isso. Era um milagre que ele não tivesse exigido uma sessão completa de amassos ainda. Então fiquei parada. E os lábios de Warren pressionaram minha têmpora. Foi quando outra coisa estranha aconteceu. Um arrepio. Um maldito arrepio. Mas não.
Não poderia ter sido um arrepio. Quero dizer, a menos que fosse o começo de uma reação alérgica. Isso faria totalmente sentido. — Parece muito encenado, — suspirou Vander. — Que tal trazer aquela coisa de batente da porta de novo, — ele sugeriu a sua assistente e ela moveu-se para empurrar a coisa de volta, fazendo Warren, sempre cavalheiro graças a seu avô, mesmo que ele odiasse ter que ser assim em relação a mim, correr para ajudá-la a colocar a porta que tínhamos fingido pintar mais cedo no espaço. — Que tal... não sei... abrir a porta por trás, inclinar-se com sorrisos. Como se você estivesse dando boas-vindas a alguém no local de trabalho. Warren e eu nos movemos para trás, enquanto eu respirava fundo, para poder forçar outro sorriso que não sentia. Então nos inclinamos, Warren se elevando sobre mim, sorrisos estampados em nossos rostos. Ele clicou. — Essa é a única, — ele declarou, assentindo. — Deixe-me apenas verificar novamente, — ele disse, folheando. — Sim, é isso. Eu trabalhei com Rachel e Mica antes, eles vão adorar isso. Eles podem até colocar o título do programa na porta. Está perfeito. Obrigado vocês dois. Vocês foram esportivos. — Você precisa de mais alguma coisa de nós? — Warren perguntou, sendo essas as primeiras palavras que tinha ouvido dele desde que ele perguntou se eu estava pronta para pegar a estrada naquela manhã. — Se eu não conseguir algo em seu estômago em breve, acho que ela vai em frente e mastigará minha cabeça. E, para variar, não digo figurativamente. Para isso, Vander riu, claramente encantado. — Não. Acho que estamos todos prontos por agora. Às vezes eles me ligam de volta no meio da temporada ou algo assim, se precisarem de algo específico de vocês dois, mas isso é raro. Nós dissemos nossos agradecimentos e despedidas antes de voltar para fora. — Eu nunca pensei que o trabalho de modelo fosse difícil antes, — eu disse assim que estávamos na caminhonete. — Mas estou dolorida em todos os lugares. E
não estava de salto nem nada, — eu adicionei enquanto ele aumentava o ar, nos explodindo com calor nojento por um longo momento antes do ar iniciar. Para isso, ele fez algum grunhido. — Quer ir comer em algum lugar ou fazer alguma coisa em casa? Em casa. Meu corpo endureceu com essas palavras. Elas pareciam estranhas. Elas implicaram coisas. Como nosso lar. Mas a coisa era... era nosso lar. Por enquanto. Por um ano. Nós moramos lá. Juntos. Nossa e nós éramos palavras que eu teria que me acostumar a ouvir. E dizer. Porque era preciso. Mesmo que elas me fizessem sentir estranha por ouvi-las, quanto mais tentar dizê-las eu mesmo. — Casa, — eu disse sem ter que pensar muito. Seis horas eram longas o suficiente para fingir, para ser agradável, ser toda sorrisos. Eu queria um pouco de privacidade para poder resmungar, encher a cara e relaxar em uma banheira sem que ninguém, talvez, visse e interpretasse um olhar que enviei a Warren do jeito errado. — Você acha que está pronta para trabalharmos juntos novamente? — ele perguntou muito mais tarde naquela noite enquanto nós dois estávamos na varanda, observando a rua abaixo enquanto as pessoas iam a caminho da cidade para fazer todas as coisas divertidas que acompanhavam férias na praia: comer, beber, dançar, fazer compras. Comer sorvete. Virei minha cabeça, dando-lhe um longo olhar. — Sim, acho que nós conseguimos. Eu estava errada. Estava tão errada.
6 Warren Você aprende muito vivendo com alguém. Não era uma situação que eu estivesse em posição de saber disso. Pelo menos desde que eu era criança. E então não contava. As coisas simplesmente nunca progrediram tão longe quando eu estava com uma mulher. Inferno, quem eu estava enganando? Nunca cheguei longe o suficiente para limpar uma gaveta, muito menos pensar em coabitação. Não era algo com que Brin não estava familiarizada. Ela nunca falava de seu companheiro de quarto, mas eu sabia que ela tinha vivido com ele desde que saiu da escola, é amiga dele desde que eram crianças. Mas isso era tudo. Então ela estava acostumada com isso, os altos e baixos dos ciclos de outra pessoa, movendo-se em torno de alguém sem atrapalhar, ou se irritarem. Não tendo essa experiência, descobri que me meti em seu caminho, em seus cabelos e em seus nervos. Para ser justo, seus nervos eram como raiom8 ou velcro, tudo pegava. Ela reconheceu isso a maior parte do tempo, no entanto. Embora definitivamente parecesse amplificado em um ambiente doméstico, em vez de apenas algumas horas por semana em um local de trabalho, ela também era mais propensa a apontar que estava irritada, cansada, frustrada ou faminta, e pedisse desculpas por estar tão irritadiça. É o sangue da minha mãe em mim, eu juro, ela me disse uma noite depois do jantar, quando explodiu comigo por sugerir que ela andasse antes de ir para a cama, já que claramente estava tendo problemas para dormir à noite. E, bem, isso a deixava
Raiom ou rayon é um tecido de fibra celulósica, um dos primeiros tecidos artificiais, surgiu em 1885 quando ainda chamado de "seda artificial" 8
ranzinza. Sim, eu disse ranzinza quando todos sabemos o que ela realmente estava sendo. Ela tinha me assegurado lá em minha casa que era madrugadora, que estava acostumada a sobreviver com muito pouco sono. Então eu não fiquei quieto a princípio quando me levantei, me movimentando para fazer comida ou smoothies. Até que a notei se levantando com os olhos turvos e mal-humorada. Eu não sei se era porque tudo não era familiar, cama nova, colchão novo, novas vistas e sons - ou por minha causa, mas o horário de sono dela não era o que costumava ser. Anéis escuros se formaram sob seus olhos depois de dois dias. Ela começou a afogar-se em café no terceiro, até mesmo pulando a coisa doce que costumava colocar por necessidade e desespero, enquanto visitávamos a primeira casa com câmeras observando cada movimento nosso, captando todas as nuances da expressão facial ou do tom de voz, enquanto fazíamos observações gerais sobre a extensão do dano ali, o que poderia e o que não poderia ser consertado, que partes arquitetônicas poderíamos salvar. Para seu crédito, ela ficou no ponto quando estávamos no trabalho, reunindo energia e entusiasmo que eu sabia que ela não sentia, então fiz um esforço para tentar ser mais falador, tirar o peso da conversa de cima dela mesmo embora não fosse exatamente a minha natureza. Se ela estivesse tentando, o mínimo que eu poderia fazer era colocar algum esforço também. Eu precisava disso tanto quanto ela. Mais, realmente. Se você pensasse sobre isso, muito mais estava em jogo para mim. Ela encontraria seu caminho. Quer tivéssemos esse programa ou não, ela teria encontrado o caminho dela, conseguido visibilidade. Ela era boa. E se esforçava. Isso era inevitável. Mas eu? Se não tivesse encontrado essa oportunidade que me daria o que precisava para poder fazer uma oferta pela fazenda, eu a teria perdido. Eu sabia. Simplesmente não havia outro jeito. Nenhum banco me emprestaria o valor total que precisaria para comprá-la. Mas duzentos mil depois de um grande pagamento graças à venda da minha casa atual e do dinheiro do programa? Isso não seria um problema.
E essa fazenda significava tudo. Então, quando ela desanimava, eu tinha que estimular. Era assim que isso tinha que funcionar. Era assim que cada parceria funcionava. E era exatamente isso. Uma parceria. Um arranjo de negócios. Um estranho? Certo. Um construído sobre uma mentira gigante que tínhamos que proteger? Sim. Mas nós faríamos isso acontecer. Nós dois tínhamos razões para isso. Mesmo quando ela não conseguia morder a língua. Eu tentei morder a minha. Ou não dizer nada. Nunca deixar crescer. Dessa forma, não se infiltraria no aspecto do trabalho das coisas. Isso foi, é claro, até que os argumentos, inevitavelmente pareciam, começar a ser sobre o trabalho. — Não, — ela disse, tom cortante, braços cruzados, mandíbula tensa. Essa era sua postura séria. — Sim, — eu respondi, acenando com a mão para o espaço que tinha sido uma cozinha perfeitamente legal em algum momento. Mas desde que o telhado desabou, era um espaço que precisava ser completamente destruído e reconstruído. Na verdade, havíamos encontrado uma família de gambás lá no dia anterior, para o deleite da equipe de filmagem, que achava que o público poderia se divertir com os filhotinhos. Eles são tão feios que são fofos, eles insistiram quando chamaram o controle de animais para que fossem realocados. — Absolutamente não. Não vai encaixar na casa.
— Que casa, Brin? — eu respondi, lembrando-me de sorrir, lembrando que deveríamos não apenas tolerar um ao outro. — Quase não sobrou nada. Podemos seguir um caminho diferente, se quisermos. — Moderno não se encaixa, — ela retrucou, acenando para as janelas onde estávamos cercados por casas costeiras, todas azuis, brancas e bronzes, fundidas na paisagem lindamente. — Nada vitoriano quando vamos ter que levantá-la de qualquer maneira. Ela sabia que eu estava certo. Uma vitoriana levantada pareceria ridículo neste momento. — Qual é o sentido de restaurar algo se tudo o que estamos fazendo é reconstruir? — ela perguntou, balançando a cabeça. — Por que não chamar as coisas pelos nomes? Nós não estamos trazendo isso de volta à sua antiga glória. Estamos criando algo completamente novo. — Você precisa de um café? Um dos sanduíches na sala de descanso? — Oh, meu Deus. Nem tudo que eu digo é porque estou com fome, — ela me disse, as palavras tensas e abafadas, como se ela mal estivesse segurando a língua. — Isso é sobre os planos. E o fato de que eu não gosto deles. Nós estávamos sendo filmados, é claro. Nós sempre estávamos sendo filmados. Mesmo quando estávamos desenhando, as câmeras estavam rodando, procurando por algum momento precioso escondido que pudessem pegar e usar em promoções ou algo assim. Eles nos tinham na câmera falando sobre o maldito clima esta manhã e como ele deixou o cabelo de Brin 'selvagem', embora para mim não parecesse diferente do usual. Juro que, se um fio de cabelo estava fora de lugar na cabeça dela, ela achava que estava incontrolável. — Se eu mudasse isso, — eu disse, apontando para os planos, — você gostaria mais? — Eu acho que ficaria melhor se você queimasse e começasse de novo, — ela sugeriu com um sorriso adocicado que tinha os caras da iluminação no canto sorrindo maliciosamente.
— Alguém pegue um sanduíche para essa mulher, — eu disse para a equipe. — E um calmante, — acrescentei, sorrindo quando ela bateu a palma da mão no meu ombro. — Talvez algumas doses, — eu continuei, observando enquanto um pouco da tensão finalmente deixava seu rosto, seus lábios curvando-se levemente. — Tudo bem. Bem. Podemos conversar sobre isso com alguma comida, — ela concordou, respirando fundo pela primeira vez que tenha visto o dia todo. — O que está acontecendo com você? — eu perguntei, sem perceber que era muito brusco até que a cabeça dela girou, os olhos me perfurando. — Você está tensa, Brin. Você deve sentir isso também. — Nós brigamos o tempo todo quando trabalhamos no último trabalho, — ela insistiu enquanto subíamos no carro. — Sim, mas isso é diferente. Você foi leve com todo mundo, brincando, sorrindo. Você está muito tensa agora. Cada minuto do dia. — É estressante, — ela admitiu, afundando-se seu assento. A tensão a deixou como uma onda, lavando-a da ponta da cabeça até os pés, cada centímetro de seu corpo se suavizando. — O quê? — Mentir, — ela admitiu, balançando a cabeça enquanto olhava para mim. — Eu posso fingir amabilidades. Eu treinei para isso. Mas não sou, por natureza, uma mentirosa. Estou apavorada a cada momento de cada dia, de escorregar, de fazer ou dizer a coisa errada, de não parecer gostar de você. Porque ela não gostava. Estranhamente, houve uma sensação inesperada de socos nas entranhas ante a realização. O que era insano, claro. Era assim que era. Ela não estava interessada em mim. Eu não estava interessado nela. Tudo era uma farsa. — Nós poderíamos parar de mentir.
— E perder o emprego, o dinheiro e respeito? Nossas carreiras nunca se recuperariam. — Não é o que eu quis dizer. Eu quis dizer... nós podemos fazer disso um casamento não-falso. Brin não era de ficar sem palavras, mas ficou naquele momento, congelada depois que as palavras saíram de mim, lábios entreabertos, sobrancelhas franzidas, olhos sem piscar, mas ávidos, pulando de um pensamento para outro. — Você não pode estar falando sério. — Por que não? Quem se importa? É apenas um pedaço de papel. — Não é apenas um pedaço de papel, — ela retrucou, me surpreendendo. Eu não conhecia muitas pessoas da minha idade que idealizavam mais o casamento. Era um contrato. Facilitava coisas como hipotecas e contas bancárias, ter filhos e visitas ao hospital. Isso era tudo. Acho que não percebi que algumas pessoas ainda viam isso como algo a que aspirar, algo a estimar e esperar. — É uma solução inteligente, Brin, — eu tentei novamente, mantendo meu tom razoável. — Nós vamos ter os papéis, então você pode relaxar um pouco porque não é mais uma mentira. Não legalmente, de qualquer maneira. E então podemos anulá-lo assim que o show terminar. A cabeça dela se afastou de mim ante isso, observando o litoral enquanto passávamos, a areia impecável que era varrida todas as noites após o escurecimento, pontilhada com pedacinhos intermináveis de cores, toalhas, guarda-chuvas, refrigeradores, piscinas infláveis para bebês, tendas e trajes de banho. Com a minha janela abaixada eu podia ouvir o som agudo e estridente de um salva-vidas assobiando quando alguém saiu do limite. — Ainda é uma mentira, — ela disse um longo minuto depois, a voz tão arejada quanto
o
vento
soprando
através
de
seus
cabelos,
fazendo-o
dançar
descontroladamente ao redor de sua cabeça. — Mas não haveria problemas legais. Isso tem que ser uma grande parte disso para você.
Eu sentia também, e não estava tão preocupado quanto ela parecia estar. Havia um pequeno ponto oco no meu intestino do qual fiquei extremamente ciente enquanto sentia os olhos nos prenderem com força enquanto conversávamos, trabalhando lado a lado, analisando cada movimento que fazíamos, cada inflexão da voz. Nós poderíamos ser descobertos. E tudo estaria perdido. Isso poderia ajudar nisso. — Não, — ela disse quando paramos em um sinal, ainda olhando pela janela, observando as crianças sorridentes que saíam do fliperama, mãos agarradas a novas guloseimas, ou as mais inclinadas a gratificações adiadas segurando copos quase transbordando com fichas. — Por que não? — perguntei, expirando, me sentindo tenso de repente. Sua cabeça virou, aqueles olhos agora mais verdes com alguma emoção que eu não conhecia bem o suficiente para reconhecer. — Porque o casamento significa algo para mim. Se isso acontecer comigo quero que seja real. Eu quero uma história de amor e um homem de joelhos, e um anel no meu dedo que diz que ele me quer para sempre. Eu não quero baratear isso, me enganar com isso. Nem mesmo por isso. O sinal abriu, mas eu parei, dando a ela um segundo contato visual. — Eu entendo, — concordei, assentindo, antes de me concentrar em dirigir novamente. — Eu sei que é a solução mais fácil, — ela acrescentou, enquanto eu dirigia pela nossa rua. — E nós dois respiraríamos um pouco mais fácil por causa disso. Estou disposta a fingir, mas não posso assinar meu nome em uma certidão de casamento sem que seja sério. — Tudo bem, — concordei, estacionando o carro, desligando o motor. — Entendi. E entendia. Mas isso não significa que eu gostasse. Isso significava mais tensão. Para mim, claro, mas mais para ela. Que estava apenas fazendo com que as brigas aumentassem. Mas nós tínhamos que fazer o que tínhamos que fazer. Pelo futuro dela.
Pelo meu. Foi quase três semanas depois, três semanas de discussões sobre os planos até que ambos finalmente concordamos em algo que era uma mistura de moderno e os esqueletos vitorianos que ela amava. Uma equipe foi contratada, maior do que as que realmente chegavam às câmeras. Eu acho que isso era algo que a maioria das pessoas não conseguia ver. Parecia que éramos apenas nós e uma equipe de quatro ou cinco pessoas fazendo todo o trabalho. Mas eram dezenas de pessoas. Eletricistas e encanadores, pedreiros, instaladores de janelas, pessoal para lidar com o levantamento da casa de sua fundação, pessoal dos telhados. Era uma porta giratória de pessoas sempre que as câmeras cortavam o dia, tendo conseguido apenas imagens suficientes de cada passo do processo, e a cena ocasional de eu e Brin circulando por aí. Não era fácil. Para que ela relaxasse o suficiente. Eu estava meio preocupado quando tentei que ela simplesmente gritasse comigo,
mas
ela
parecia
também
perceber
a
necessidade
de
leviandade,
ocasionalmente se instigando, escondendo meu cinto de ferramentas, pintando meu capacete com palavras amorosas, corações e flores e, em seguida, me fazem usá-lo. Naquela tarde, ela havia voltado ao set depois de fazer uma pequena sessão de filmagem em um mercado de pulgas local para desenterrar tesouros para a casa ouvindo Britney Spears explodir como sua música tema pessoal, fazendo-a parar no meio do caminho, olhando para mim, balançando a cabeça, depois abaixando o olhar para o chão quando um ataque de risadinhas pareceu alcançá-la. Normalmente, ela não era uma garota de risadas. — Você não tem ideia de como isso me assombrou, — ela admitiu enquanto entrava na cozinha, que estava quase pronta, exceto pela instalação dos eletrodomésticos. — O quê? — eu perguntei, observando enquanto ela se aproximava para empurrar um pouco de seu cabelo rebelde para trás da orelha. — A coisa de Britney Spears / Brinley Spears. As crianças da escola eram implacáveis. Em defesa dos meus pais, ela não era importante até que eu tivesse como... oito anos ou algo assim.
— Como foi a caçada? — Eu perguntei, observando enquanto ela passava a mão ao longo da bancada que ela inicialmente criticara, mas claramente mudou de ideia. — Agh. Os mercados de pulgas costumavam ser cheias de preciosidades. As últimas que estive tem sido como vendas de garagem, cheias de coisas que todo mundo tem entupido em seus porões que eles, e mais ninguém, queriam. Encontrei um bom pedaço de vidro oval vintage. Eu queria saber se você poderia fazer uma moldura para isso. Não é perfeito. Tem alguma idade. Mas seria legal esteticamente. — Sim, posso fazer isso, — eu concordei, assentindo. — Eles estão praticamente terminando a filmagem hoje. Eles só querem algumas fotos minhas movendo-me nos aparelhos. Podemos fazer uma pausa depois disso, se quiser. Você ainda nem foi à praia ainda. — Sim, eu fui. — Andar até lá para pegar um pote de areia para um projeto de artesanato não conta, — respondi balançando a cabeça. — O programa ainda não saiu. Eu preciso manter meu Instagram relevante. Trabalho. Isso era tudo em que essa mulher pensava. Eu me perguntei, não pela primeira vez, quando ela apenas... era uma pessoa. Fazia coisas que gostava. Andava por aí. Deixava sua mente deixar o trabalho onde pertencia. Provavelmente não estaria errado em imaginar que não era desde que ela começou seu próprio negócio. — Estamos aqui há mais de um mês, Brin. Você está indo noite e dia. Você precisa de uma pausa antes de se esgotar. Não é como se você terá uma pausa entre os trabalhos. Nós estávamos realmente em um cronograma ridiculamente apertado. Era por isso que a equipe estava tão louca. Eles queriam que metade das casas, e, portanto, os episódios, fossem concluídas em quatro meses, para que pudessem ir ao ar no início do inverno, quando as classificações aparentemente eram melhores. Rachel nos disse esta manhã que faríamos a visita a próxima casa daqui a dois dias, com esta casa pronta ou não.
Depois de conhecer os planos, você pode deixar o trabalho para a equipe. Era lógico pensar nisso, claro. Mas também não era como eu trabalhava. Eu estava sempre ao lado de meus homens, suando, xingando, cortando e machucando, colocando algum orgulho em meu trabalho. Irritava que ela pensasse que eu poderia assinar o meu nome em algo que não tinha uma mão na criação. — Eu vou ficar bem, — ela me assegurou, mas nem ela parecia tão certa quanto normalmente. — Tire a noite de folga, Brin. Vá ver a cidade. Ou observe o sol se pôr no píer. Ou apenas relaxe e assista a TV estúpida. Mas você precisa se dar uma pausa de vez em quando. — Ok, — ela murmurou, sem fazer contato visual. — Você realmente concordou em tirar a noite de folga? — eu perguntei, com certeza a tinha ouvido mal. — Estou com uma forte dor de cabeça, — ela me disse, virando-se para trás, me fazendo ver pela primeira vez, a pequenez dos olhos dela, a forma como as sobrancelhas estavam baixas e franzidas como os sons lá de cima estivessem incomodando-a, fazendo me perguntar como não tinha percebido isso antes. — Eu poderia usar algum analgésico e um banho morno. — Aqui, — eu disse, pegando minhas chaves, pressionando-as na sua palma da mão, deixando minha mão ali por um segundo, ciente de que Andy estava no set hoje, e seus olhos de águia sempre pareciam estar procurando algo errado. — Não é tão longe. Eu posso voltar a pé mais tarde. — Você vai me deixar dirigir sua caminhonete? — ela perguntou, uma mistura de surpresa, suspeita e excitação. — Você nunca me deixa dirigir sua caminhonete. — Não faça eu me arrepender, — eu respondi, sorrindo um pouco quando ela revirou os olhos para mim. — Sou uma boa motorista. — Daquele seu carrinho de circo. Não sei se você sequer pode ver sobre o volante da minha caminhonete. — Eu não sou tão baixa assim!
— Querida, você é, — eu respondi, rindo enquanto ela semicerrava os olhos para mim antes de sair. Não esperava vê-la novamente enquanto ficava, querendo colocar algumas horas extras, querendo colocar minha marca neste lugar. A equipe realmente partiu antes de mim. Eu coloquei a sanca de gesso no quarto principal, instalei a bancada do banheiro. Foi bem depois de escurecer quando ouvi uma voz de um andar abaixo. E não apenas qualquer voz. A voz de Brinley. E ela estava chateada. Não apenas agitada como muitas vezes estava comigo, e o fato de que tão raramente víamos olho no olho. Mas chateada. — Merda, — eu suspirei, passando a mão na minha testa, e respirando profundamente antes de descer as escadas lindamente restauradas que eu estava triste em dizer que não tinha nenhuma participação. Eu não pretendia, quando desci até lá, que as coisas mudassem de repente. E talvez uma parte de mim soubesse que não haveria volta.
7 Brinley Warren estava certo. Essas não eram palavras que eu gostava de pensar. Mas neste caso, elas estavam se encaixando. Eu precisava de uma pausa. Estava ficando esgotada. Foram semanas. A dor de cabeça veio em mim enquanto andava pelo mercado de pulgas, fingindo estar excitada, tentando jogar para a câmera que me seguia, o tempo todo uma britadeira decidiu morar atrás dos meus olhos, batendo até que o sol fez doer ainda mais, até que apenas o zumbido baixo do rádio do carro, no caminho de volta, me deixou no limite. A dor desceu pelo meu queixo e pescoço até que minha cabeça inteira sentiu isso, até que era tudo que eu podia realmente focar. E foi apenas a prova de que eu estava pressionando demais. Eu não gostava de admitir que tinha limites, que não era uma autômata que pudesse continuar, não importando o que acontecesse. Mas se eu não conseguisse ouvir os sons do local de trabalho sem que eles causassem uma onda de náusea pela dor, então era hora de aceitar a oferta de Warren, pegar a caminhonete, ir para casa e relaxar para variar. Isso foi o que eu fiz, tomando um remédio para dor de cabeça com café para um impulso adicional, bebendo um pouco de água e depois entrando na banheira em um quarto escuro até que a dor finalmente, finalmente começou a diminuir. Liguei para casa, conversando com minha mãe e meu pai, percebendo que não ouvia suas vozes há semanas, que estava tão envolvida comigo mesma que me esqueci de checá-los. A pontada de culpa foi imediata quando desliguei e chamei todos os meus irmãos. Então, finalmente, Brent.
— Como está aquele idiota? — ele perguntou assim que trocamos saudações. — Talvez ele não seja o idiota tão grande quanto pensava, — eu admiti. — Nós batemos cabeças muito sobre os planos para a casa ainda... — Mas? — ele solicitou. — Mas nós temos... eu não sei, conseguido separar trabalho e vida doméstica. — Vida doméstica, — ele disse em um resmungo rouco. — Isso soa... aconchegante. — Eca. Não, — eu imediatamente zombei. — Não é assim. Em absoluto. — Vocês estão compartilhando uma cama. — Com uma barreira de travesseiro! — Mhmm. — Pare, — exigi, procurando algo dentro da geladeira para cozinhar. Nós estávamos comendo muito fora ou simplesmente pegando sanduíches no set. Nas raras ocasiões em que comíamos em casa, Warren era quem cozinhava. Eu estranhamente senti que devia a ele o jantar. Por reconhecer que precisava de uma pausa. Por ele insistir para eu dar uma. Por ser legal. Além disso, ele parecia estar trabalhando até tarde. E se a equipe saísse, não haveria ninguém trazendo mais comida. Ele tinha que estar com fome. Eu imaginei que faria algo para ele, depois levaria lá. Se ele estivesse pronto para encerrar, poderia voltar comigo. Ou eu poderia deixar a caminhonete com ele e fazer a caminhada sozinha. — Vamos. Você está tentando me convencer de que está dividindo um emprego, uma casa e uma cama, e não houve nem mesmo uma sugestão de algo mais. — Eu não tenho que convencê-lo de nada, já que é exatamente assim. Apenas colegas de trabalho e colegas de quarto. Nós nos acostumamos um com o outro agora. É apenas mais fácil. Daí a falta de brigas. Nós chegamos em casa bem tarde. Nós usualmente apenas comemos, tomamos banho e vamos para a cama. — A mesma cama.
— Sim, Brent. A mesma cama, — eu disse, revirando os olhos, mesmo que ele não pudesse me ver enquanto jogava um pouco de carne picada em uma frigideira para cozinhar. Ao que parece, nós tínhamos ingredientes para tacos. Eu não me importava que estivesse quase trinta e oito graus lá fora. Nunca era mau momento para tacos. — Não revire os olhos para mim, — ele disse, conhecendo-me muito bem. — Então não seja ridículo. Somos profissionais. — Até os profissionais precisam foder às vezes, Brin, — ele disse em sua voz irritantemente superior. — E tem sido, o que, para você? Um ano? Eu nem me lembro da última vez que você teve um encontro com um cara. — Isso não significa que eu pretendo pular nele, — respondi, mexendo no tempero do taco e na água antes de cortar alface e tomate. — Mesmo tarde da noite. Na cama. Quando ele... — Nem mesmo então, — eu o interrompi, principalmente porque as palavras estavam realmente evocando a imagem dele na cama, sem a camisa como sempre estava. Normalmente, ele acordava primeiro, mas numa manhã da semana passada, acordei com um sonho estressante nas primeiras horas da manhã, o sol lançando tons amarelos suaves pelo quarto, tornando tudo um sonho e quase romântico quando levantei minha cabeça da barreira que, não importa como eu tentasse impedir, sempre acabava esparramada por toda ela, para vê-lo ainda ao meu lado. Dormindo, suas feições eram mais suaves. Não havia nenhuma arrogância instalada em suas feições, nenhum sorrisinho condescendente, nenhum olhar que estava silenciosamente me dizendo que eu estava sendo um pé no saco. Ele estava há cinco dias sem se barbear, a barba aumentando sua boa aparência, como quase sempre acontecia. O que era incrivelmente injusto se você me perguntasse. Meus olhos percorreram o pescoço até o peito, encontrando-o nu como ele sempre dormia, os músculos firmes mesmo em repouso. Então, mais abaixo, apreciando os recessos profundos de seus músculos abdominais, notando pela primeira vez a deliciosamente nítida forma em V de seu cinto de Apolo, desaparecendo
no cós da leve calça de pijama preta. Havia uma trilha leve e fina de cabelo desaparecendo ali também. Caminho feliz. Esse era um nome adequado se você me perguntasse. E as ideias mais estranhas passaram por mim naquele momento. Eu quero ver mais. Quero correr minha língua por essas linhas. Absurdo, claro. Eu realmente não queria isso. Não quando estava acordada e consciente. Quando ele estava bem. Não. Então não era mentira, o que eu disse ao Brent. De alguma forma, porém, parecia uma. Ou talvez até uma meia mentira. Mas uma meia mentira entre os mais velhos amigos era tão ruim quanto um completo, na minha opinião. Mentir. Eu estava ficando muito acostumada com isso. Muito boa nisso. Eu não gostava disso em mim. É só por um ano, me lembrei, como me vi fazendo muitas vezes por dia, quando senti como se batesse numa parede, como se não aguentasse mais, como se eu não pudesse fingir outro sorriso. Assim que o ano terminasse, poderia voltar a ser completamente eu mesma. Apenas fingindo sorrisos aos clientes. Apenas mentir quando machucaria dizer a verdade, como quando minha irmã com um rosto um pouco oval decidiu ter um corte curto repicado que simplesmente não ficava bom em todos os níveis. Inferno, nós já estávamos acabando a nossa parte em uma casa. Eles estavam na verdade, trazendo duas pessoas para trabalhar na decoração da casa como eu queria. Que me pareceu estranho. Mas nós tínhamos que seguir as regras que eles estabeleceram. Gostássemos ou não. Então nós tivemos uma casa a menos, quinze para fazer.
Aparentemente, a próxima não estaria totalmente danificada, seria mais rápido. Nós veríamos sobre isso amanhã, eu acho. — Não seria uma coisa ruim, sabe, — disse Brent, tirando-me dos meus pensamentos giratórios enquanto eu colocava várias tortilhas, e comecei a colocá-las em camadas com ingredientes. — O que não seria uma coisa ruim? — Se você estivesse interessada nele. — O quê? Eca. Sim, seria. — Por quê? — Isto? Vindo do homem que se refere a ele como aquele idiota? — Só porque ele é um idiota não significa que você não pode estar interesada nele. Além disso, parece que ele se suavizou um pouco desde que vocês começaram a coabitar. Eu acho que você ainda não o cobriu de glitter. — Você sente falta do glitter, — eu disse a ele. — Eu preciso enviar-lhe uma bomba de glitter. — Não. — Um bomba de glitter de pênis, — eu especifiquei, tendo olhado uma vez como uma brincadeira quando ele me pegou de jeito no Primeiro de Abril alguns anos atrás. Eu nunca tive coragem de fazer isso com ele. — Pequenos pênis de glitter sobre você todo. — Você não presta, — ele declarou, mas pude ouvir um sorriso em sua voz. — Mas eu sinto falta de ter você por perto. A casa está tão quieta. — Isso é alguma piada sobre como eu nunca posso calar a boca? — Talvez. Sorri para isso, enrolando os tacos que de alguma forma se tornaram burritos, já que eu não estava prestando atenção no papel alumínio. — Eu também sinto sua falta, — eu disse a ele, sorrindo. — Mas tenho que ir jantar. Prometo que vou ligar com mais frequência. Tenho sido uma amiga horrível. — Você tem sido uma amiga ocupada, — ele corrigiu.
— Eu sempre fui uma amiga ocupada. Mas eu sempre tenho tempo para você, — eu disse a ele enquanto colocava a comida em um saco de papel, pegava as bebidas e saía. — Amo você. Falo com você mais tarde. — Amo você também. Tente não foder esse idiota. Ou faça isso. Tanto faz. Essa foi a sua despedida. Eu ainda estava sorrindo quando abri a porta da caminhonete, tendo que me levantar até o estribo da porta que seria suficiente para pessoas de tamanho normal. No caminho, abri as janelas, o ar espesso, pesado, úmido de água do mar, uma vida inteira de conhecimento da sensação me dizendo que uma tempestade estava se formando. Nós teríamos uma chuva épica e o tipo de trovão que sacudia as fundações da casa mais tarde essa noite. Tempestades de verão, eram as minhas favoritas. Sempre ferozes, recusando-se a não ser vistas e ouvidas. Mas ao mesmo tempo rápidas, deixando para trás estradas fumegantes e aquele cheiro incrível que eu sabia vinha da terra, mas sempre considerei como um cheiro de chuva. O caminho para o local estava vazio, o interior iluminado apenas pelas luzes recém-instaladas na cozinha e os holofotes que Warren claramente tinha no andar de cima. Eu fechei a porta silenciosamente, por alguma razão, não querendo que ele me ouvisse chegando, para surpreendê-lo genuinamente. Tentei não analisar o impulso enquanto me movia para dentro, sentindo-me estranhamente leve, meu coração batendo um pouco, minha barriga pulando. Excitação. Não havia outro modo de descrever essas sensações. Eu estava animada. Até eu atravessar a entrada, minha cabeça girando imediatamente para a porta do living onde havia uma enorme fatia de madeira sobre o topo, algo que claramente vinha com a casa, que de alguma forma conseguiu sobreviver à tempestade. Exceto... não estava lá. Não estava lá. Depois que expressamente disse a Warren que era vital, que não havia escolha, que tinha que ficar.
Ele arrancou. Tudo o que restou foi uma parede recém coberta. Logo quando achei que tínhamos encontrado um ritmo, aprendemos a trabalhar juntos, a ser sinceros com nossas preocupações, a deixar de ser mesquinhos e indiretos. Ele tinha que fazer isso. Ele tinha que desfazer o respeito e a confiança que aprendemos a mostrar um ao outro. — Warren! — Minha voz saiu de mim sem pensar, sem considerar como eu deveria abordar a situação, sem que eu sequer soubesse o que viria a sair da minha boca depois. — Desça aqui agora! Vermelho. Já fazia um tempo desde que o tinha visto. Talvez alguns rosas claros aqui e ali, quando ele estava sendo teimoso sobre o projeto, mas não se aprofundou em vermelho desde o último trabalho que fizemos juntos. Eu podia jurar que ouvi um suspiro lá de cima antes que os passos soassem, paredes e tetos naquele lugar tão finos como folhas que mal sobreviviam ao inverno, eu podia ouvir cada batida de suas botas pelo banheiro principal, depois no quarto, e finalmente o corredor, antes que eles começassem a descer os degraus que gemiam com o esforço de segurar seu peso, algo que eu achava encantador, mas Warren tinha se irritado sobre mantê-los. E se quem comprar este lugar tiver um filho? Foi até um argumento válido. Mas ele foi vencido por Andy, que achava que era uma despesa desnecessária, e Rachel, que achava que isso levaria muito tempo para algo tão desnecessário. Não foi realmente uma vitória para mim, desde que eles usaram o trunfo dos patrões, mas eu quase quis sorrir quando os ouvi. Quase. Se eu não estivesse tão brava.
— Onde está? — eu exigi, realmente sentindo o quadril se projetar, tendo que lutar contra o desejo de cruzar os braços e encará-lo. — Onde está o quê? — ele perguntou como se qualquer outra coisa estivesse fora do lugar. Espera. Talvez tenha. Não seria diferente dele, afinal de contas. Ele foi por atrás das minhas costas mais de uma vez em nosso último trabalho, então agiu como se eu fosse irracional por estar chateada por isso. Talvez ele estivesse apenas me adoçando, concordando comigo até morrer, enquanto fazia o que queria pelas minhas costas. — A madeira, Warren, obviamente, — eu disse, acenando com a mão em direção à porta. — Você me fez o jantar? — ele perguntou, em vez de me responder, o olhar fixo no meu braço que eu tinha no alto, o saco balançando, enchendo o ar de tempero, um cheiro inconfundível que todo mundo conhecia. Meu olhar disparou de volta para ele, encontrando-o me olhando com um olhar que eu não sabia muito bem como interpretar. Sobrancelhas baixas, lábios entreabertos levemente, olhos quase um pouco perdidos, pálpebras pesadas. Eu conhecia esse olhar. Já tinha visto isso antes. Mas não nele. E, se eu estivesse sendo honesta, não em ninguém há mais tempos do que gostaria de admitir. Tanto tempo, na verdade, que eu estava lutando para colocá-lo em contexto. Mas meu corpo parecia entender, não estava nem um pouco confuso com isso. Porque respondeu em espécie. Minha respiração pareceu mais rasa e rápida, minha pulsação batendo em lugares estranhos: garganta, pulsos, têmporas. Um peso se instalou na minha barriga, dolorida e opressiva, implorando por coisas que eu não queria há muito tempo.
— Como você ousa? — eu perguntei, a voz quase um pouco frenética, precisando usá-la como uma cortina de fumaça para esconder quaisquer sinais possíveis no meu rosto ou no meu corpo que pudessem revelar o que estava acontecendo dentro dele. — O quê? — ele perguntou, balançando a cabeça, mas pareceu estranhamente em câmera lenta, como se seu corpo e seu cérebro estivessem passando por algo grosso, tornando difícil pensar e agir com a rapidez de sempre. — Indo pelas minhas costas. Novamente. Quero dizer, acho que não deveria estar surpresa que você faria isso. Você já fez isso antes. Mas pensei que tivéssemos chegado a uma espécie de acordo, camaradagem ou alguma coisa. Que nós paramos de ser infantis e indiretos. Mas não, você teve que derrubá-la. Seu idiota. Depois que eu decidi vir aqui para surpreendê-lo com o jantar porque pensei que você estava apenas sendo legal comigo para variar. Mas não, você estava apenas tentando me afastar para que pudesse... — Cale a boca, — ele me cortou, tom quase um pouco suave? Mas isso não poderia estar certo. Este não era o momento para suave. Essas não eram as palavras para suave. — Como? — eu explodi, soltando meu braço para o meu lado, balançando a cabeça para ele. — Você realmente acabou de me dizer para calar a boca? Quem você acha... Eu não consegui terminar minha frase. Ele se moveu impossivelmente rápido então, tão rápido que meus olhos tiveram problemas para registrar o movimento, antes que de repente sentir uma mão forte e calejada agarrando a parte de trás do meu pescoço, o contato enviando um arrepio através do meu corpo, fazendo a pressão na barriga aumentar, fazendo meus mamilos endureceram, minha respiração ficar presa. Meu corpo se moveu de repente para trás, a mão de Warren empurrando meu quadril, me mandando de volta para a parede, a cabeça protegida do impacto pela mão no meu pescoço, mas minhas costas bateram com força, tirando o que restava do meu ar, que era certamente pouco, apenas um segundo antes de seu corpo estar pressionando em mim, prendendo-me, enquanto seus lábios colidiram sobre os meus.
Eles fizeram isso. Colidiram Não havia nada suave, doce ou hesitante sobre isso enquanto seus lábios reclamavam os meus, duros e exigentes. Rude. Primal. Algo dentro de mim respondia a isso, à atração animalesca das sensações, suavizando-se a ele, entregando-se a ele, oferecendo tudo o que ele queria ter. Minhas mãos se enrolaram involuntariamente por um momento antes de se moverem para cima, o saco caindo descuidadamente enquanto meus dedos traçavam os músculos tensos de seus braços, uma atrás do meu pescoço ainda, me segurando onde ele me queria, a outra presa na parede ao lado da minha cabeça, bloqueando qualquer fuga, como se eu estivesse mesmo procurando, em seguida, enrolando em seus ombros enquanto meus quadris se moviam para fora da parede, pressionando os seus, querendo mais, querendo sentir suas linhas duras pressionadas contra as minhas mais suaves. Um ruído baixo, gutural e choramingado se elevou e saiu de mim enquanto sua língua traçava a costura dos meus lábios, suplicando entrada. Conseguindo, seu corpo se curvou para frente, forçando as minhas costas até onde a parede permitiria. Sua mão deslizou pela parede, o som era familiar, os calos pegavam a parede com mesmo som produzido pelo lixamento. Ele deslizou baixo, deslizando sob o meu traseiro, apoiando-se, quase, por um momento antes de puxar para cima. Para cima. Forçando-me na ponta dos pés. Então mais alto. Até que meus pés deixaram o chão completamente, as mãos freneticamente enroladas em torno de seu pescoço por estabilidade quando ele levantou novamente, me mantendo contra a parede e seu corpo, enquanto sua língua devastava a minha, arrastando sons e sensações de mim que, se você tivesse me perguntado um momento atrás, eu teria alegado que eram impossíveis.
Mas não havia como negar o peso dos meus seios, a maneira como minha pele parecia viva, elétrica, ultrassensível a cada pequena sensação, o toque de sua camiseta contra meu braço nu, o botão de seu jeans bem debaixo do meu quadril, encontrando algo erótico em cada pequeno toque, fôlego, sopro de ar. Tudo aumentou, enquanto sua cabeça inclinava para aprofundar o beijo, seu peito roçou no meu, fazendo uma dor profunda-e-prazerosa atravessar misturada pelos meus mamilos e depois descer, fazendo um gemido alto rasgar de algum lugar profundo. Um grunhido baixo, profundo e retumbante atavessou o peito de Warren para o meu, reverberando através de minhas entranhas até que cada pedaço meu estava zumbindo com isso também. Minha perna tinha começado a levantar, para buscar a estabilidade da parte inferior das costas dele, para permitir que o meu núcleo pressionasse o dele, para sentir sua dureza acariciar onde eu mais precisava, quando aconteceu. A tempestade que eu havia predito anteriormente veio à vida. O trovão estalou violentamente, subindo pelo chão e pelos nossos corpos, o som nos fazendo pular quase violentamente separados. Onde eu estava no alto há apenas um segundo antes, meus pés de repente bateram de volta ao chão enquanto nós dois lutávamos por ar, por calma em nossos organismos, por alguma sanidade para retornar ao nosso cérebro. Minhas pernas pareciam bambas forçadas a me segurar de novo, fazendo minha bunda recuar para encostar na parede enquanto eu respirava lenta e profundamente, tentando não me concentrar no modo como meus lábios pareciam inchados e formigando, como meu corpo estava gritando por mais, como o desejo não realizado era uma dor sofrida que era impossível ignorar mesmo quando a realidade voltava disparada. Warren acabara de me beijar. E não apenas o pequeno beijo que ele faria, ou eu daria, para as câmeras. Nas bochechas ou na testa, ou perto o suficiente dos lábios para parecer convincentes, mas na verdade não fazendo esse contato proibido. Não.
Ele apenas me pegou, me empurrou contra uma parede e me beijou. A maneira como uma mulher secretamente sempre anseia ser beijada por um homem, com abandono imprudente, com tudo dentro dele, como se ele não tivesse absolutamente nenhum controle sobre sua reação a você. Warren tinha feito isso comigo. E eu não tinha a mínima ideia do que deveria pensar sobre isso, muito menos dizer, ou reagir. Tudo o que eu realmente sabia era que a tempestade furiosa lá fora empalidecia em comparação com o caos acontecendo dentro de mim naquele momento enquanto eu tentava acalmar meu corpo, tentando me lembrar por que não deveria ter pensamentos e sentimentos assim sobre Warren Allen Reyes. Que, na verdade, eu deveria estar brava com ele, não querendo pular em seus ossos. Mas mesmo quando eu procurava desesperadamente, a raiva não estava em lugar algum, afogada, sem dúvida, sob uma onda de necessidade que se recusava a permanecer à distância. — Eu não me livrei disso, — disse a voz de Warren, de repente, entre os inconfundíveis estalos dos relâmpagos e os estrondos estremecedores do trovão. Ele soou... diferente. Mas controlado. Mais controlado do que eu sentia, isso era certo. Quando minha boca se abriu para falar, foi de alguma forma ao mesmo tempo irreal e coaxante de uma só vez. — Você não se livrou de quê? — A escultura de madeira, — ele especificou, fazendo minha cabeça virar para finalmente olhar para ele, descobrindo que ele havia se encostado no corrimão, olhando para frente, lançando-o meio às sombras, tornando impossível ler sua expressão, recolher qualquer coisa de seus olhos, para saber se ele estava tão afetado quanto eu no momento. — Onde está então? — eu perguntei, respirando fundo, esperando que meu coração recebesse a mensagem de que era hora de parar de bater com tanta força. — Danny apareceu quando a equipe estava saindo, — ele começou. Danny era um dos caras eletricista. — Ele teve que religar as luzes para a varanda da frente. Mas
o fio entrou em curto, queimando pela parede. Tivemos sorte de não se transformar em um incêndio completo. Mas nós tivemos que arrancá-la da parede para passar o novo fio. Eu não me livrei daquilo. Eu sei o quanto você gostou. Eu imaginei que poderíamos colocá-la de volta. Ou eu posso usá-la para enquadrar o espelho que você tem. Eu posso fazer outro par de lados para igualar, envelhecer, fazer tudo parecer uma peça gigante. Como ele parecia tão calmo, tão normal? Meu corpo ainda estava me implorando para correr até lá, arrancar minhas roupas, depois as dele, e terminar o que havíamos começado. — Oh, — foi tudo que eu consegui administrar quando me encostei na parede. — Tudo bem, — acrescentei quando isso não soou como uma reação suficiente. — Então o que você quer? Você claramente não era a resposta certa. Ele estava bem definido no modo de trabalho. Como ele tinha ido do modo de homem-alfa-agarre-a-e-beije-a para o modo de trabalho estava além de mim. E ele tinha gostado. Eu não estava imaginando. Ele havia iniciado. Seu corpo estava tenso. Seu pênis estava duro. Ele estava controlando a situação. Ele tinha gostado, droga. Como ele foi daquilo para isso tão depressa? Embora eu ainda não conseguisse forçar meus pensamentos e corpo a trabalharem juntos, de modo que eu pudesse ao menos parar de usar a parede como apoio, como alguma heroína virgem de um romance antigo, toda conquistada depois de algo tão básico quanto um beijo. Mas não havia nada de básico nesse beijo. — O espelho parece bom, — eu consegui dizer a ele. — Ótimo. Vou falar sobre isso amanhã, depois de verificarmos a primeira casa. — Ele fez uma pausa então, dando espaço para eu falar, como eu estava propensa a
fazer, tagarelando sobre tudo e nada, porque eu nunca conseguia me sentir confortável com longos silêncios. Mas não consegui pensar em nada para dizer logo em seguida. — Esses são tacos? — ele perguntou. De alguma forma, isso permeava. Meus músculos relaxaram, meu batimento cardíaco se estabilizou, meu sangue pareceu esfriar de volta à temperatura normal. — Sim. Eu... era a única coisa para qual parecíamos ter os ingredientes. — Eu ia fazer isso na noite passada, mas estávamos muito cansados, — ele concordou, inclinando-se para pegar o saco. — Você está comendo ou já comeu os seus? Eu estava faminta. Tinha planejado comer com ele enquanto conversávamos antecipadamente sobre os planos para a próxima casa, então talvez pudéssemos evitar alguns dos combates na câmera. Meu estômago estava se revirando raivosamente com a ideia do que eu estava prestes a fazer. — Eu apenas vim trazer. Planejei dar um passeio. — Está chovendo. — Quase parou, — assegurei-lhe, sabendo que esse tipo de tempestade não duraria muito. — Você não pode sair nisto, — ele objetou, cavando no saco com uma mão, mas seu olhar estava em mim, olhos ilegíveis. — Te vejo de volta na casa, — eu disse, virando-me e andando até a porta antes que ele pudesse dizer qualquer outra coisa. A chuva ainda estava caindo, o tipo incansavelmente constante que me encharcou antes de eu estar no meio do caminho. Eu deveria estar com frio. Mas meu corpo estava superaquecido, superestimulado, super... tudo. Levantei a mão, jogando o cabelo molhado para fora do meu rosto enquanto eu caminhava pelas ruas vazias, indo na direção da praia.
Eu não era idiota. Não fui na areia. Não até que a tempestade diminuísse. Mas, como eu previ, o relâmpago caiu pela última vez a cerca de 800 metros à minha esquerda, seguido de um estrondo hesitante antes que as nuvens finalmente decidissem fechar para a noite também. Ao sair do píer, saí para a areia, descobrindo que, por um momento raro e maravilhoso no tempo, era todo meu. Nunca antes eu precisei tanto disso na minha vida. Eu nunca fui do tipo que precisava de solidão para pensar sobre as coisas. Era uma tagarela. Ordenava melhor a minha mente quando me reunia com um amigo, ou ligava para a minha mãe, ou irmã, ou Brent, e apenas exibia tudo, tirava ideias deles, falava até encontrar o caminho para sair do labirinto de meus pensamentos. Mas não tinha certeza se isso era algo que eu poderia levar para qualquer um deles. Minha mãe me lembraria por que aceitei esse trabalho, por que as linhas profissionais rigorosas eram da maior importância. Minha irmã estava na parte muito excitada de seu segundo trimestre. Ela me diria para pular em seus ossos. E lidar com as possíveis consequências depois de termos nossa diversão. E Brent, bem, depois dos comentários no telefone antes, me sentia estranha com a ideia de levar isso a ele. Especialmente dado ao que aconteceu depois. Havia outra palavra para colocar isso além da rejeição? Com certeza se parecia muito com a rejeição. Mesmo apenas lembrando a maneira como ele agia como se nada tivesse acontecido fez meu peito se sentir apertado, meu estômago revirou, minhas bochechas se aqueceram com um inconfundível embaraço. Porém, eu não tinha nada sobre o qual ficar envergonhada. Eu não fui quem o atacou. Claro, eu reagi. Talvez até tenha reagido muito abertamente a isso.
Mas era tudo química, hormônio, um impulso primordial para, bem, responder a um macho alfa. Não fiz nada de errado. Warren, por outro lado, não só me dissera para calar a boca, como então iniciou o beijo, e prosseguiu fingindo que nada havia acontecido depois. Ele deveria ser o único sentado na praia tentando entender as coisas, se preocupando com implicações, sobre como iríamos nos recuperar daqui, se houvesse embaraço, se precisássemos conversar sobre isso. Bem, nós tínhamos que conversar. Não havia maneira de contornar isso, havia? Nós precisávamos ser adultos. Pelo programa. Pelo nosso futuro. E, francamente, pela minha sanidade. Porque minha mente nunca deixaria passar até que resolvêssemos. Era algo que ele queria fazer já por um tempo? Foi simplesmente o calor do momento? Foi tão bom para ele como foi para mim? Não. Aqueles não eram os tipos de pensamentos que eu precisava ter. Eu precisava tirar os sentimentos disso. Precisava ser abordado com calma, clinicamente. Um tempo depois, tempo suficiente para que as pontas do meu cabelo começassem a secar lentamente, eu finalmente me levantei da areia, gastando quase toda a caminhada para casa batendo na areia dos lugares que ela havia acumulado. Sua caminhonete estava na entrada. Meu estômago deu um nó nisso, mas me lembrei que tinha que ser tratado. Eu me movi para dentro, parando logo dentro da porta, encontrando uma figura esparramada no desconfortável sofá com um travesseiro da cama e um cobertor do armário. Se ele estava dormindo ou apenas fingindo era muito difícil dizer.
Mas, bem, não havia dúvidas sobre suas ações, havia? Ele não queria falar sobre isso. Ele não queria que isso acontecesse novamente. Ele nem queria estar em qualquer lugar perto de mim novamente. Por que havia um sentimento de decepção com essa percepção, sim, eu ia em frente e escolhi não me concentrar nisso. Como seria de se esperar, fingir que não havia um problema, sim, isso foi um grande erro. Tudo foi para o inferno.
8 Brinley Foram as quatro semanas mais longas da minha vida. Dramático? Provavelmente. Mas também incrivelmente preciso. Nós não falamos sobre isso. Na verdade, mal falamos de forma alguma fora das situações em que precisávamos. Significando nos locais de trabalho. E na frente das câmeras. Temos nossos sorrisos congelados e desalmados e fazemos um bom show. Eu fazia pequenas entrevistas sobre o quanto estávamos nos divertindo, o que coincidiu com as brigas lúdicas no set, revirar de olhos com sorrisos doces como se estivéssemos frustrados um com o outro, mas amorosamente. Embora as brigas pioraram. Foi como se nosso primeiro trabalho voltasse. Mas nossos espaços apertados estavam cheios de longos silêncios e afastamento do contato visual que apenas alimentavam os incêndios, acrescentando malícia às palavras que, eu sempre percebi em retrospectiva, quando já era tarde demais, realmente não tinham lugar lá. Também estava pesando em mim. Eu não pude dizer nada para Warren. Porque ele fez absolutamente tudo ao seu alcance para evitar falar comigo. Ele ainda estava dormindo no sofá todas as noites. Quando eu descia de manhã, ele ainda se movimentava devagar, dolorido como alguém de oitenta anos de idade pela superfície dura, mas se recusava a subir para dividir a cama comigo, a ser adulto, a apenas seguir em frente com tudo.
E eu, bem, talvez devesse tê-lo convidado a voltar para o quarto. E eu provavelmente não deveria ter estado perversamente feliz por vê-lo grunhir e gemer dolorosamente por uma hora ou mais antes de seu corpo finalmente se soltar. Mas, bem, eu estava... agh, eu nem queria pensar na palavra. Aquela que dizia exatamente como eu estava afetada, quão fraca era, o quanto isso ainda estava pesando em mim. Um mês depois. Como uma adolescente. Não havia como negar isso. Eu estava magoada. Magoada. Por esse cara. Por sua rejeição impertinente depois de forçar um beijo em mim. E eu estava tão solitária aqui, mais sozinha do que já havia sentido em minha vida antes. Mesmo coabitando com alguém. As paredes estavam vazias, o espaço no meio em silêncio, permitindo que meu cérebro não fizesse nada além de gritar cada vez mais alto. O que tinha a dizer? Sim, sem coisas legais. — Eu estou indo para casa neste fim de semana, — eu disse a ele quando passei, voz baixa o suficiente para que os caras pintando o quarto a cinco metros de distância não pudessem me ouvir. — O quê? — Ele perguntou, na verdade voltando sua atenção para mim, uma raridade considerando que não havia nenhuma câmera ao redor para pegá-lo. — Eu. Estou. Indo. Para. Casa. Este. Final. De. Semana. — Eu estava planejando ficar aqui. Realizar mais trabalho. Claro que ele estava. De alguma forma, também tínhamos mudado de papel. Ele era agora um viciado em trabalho frenético, enquanto eu fazia o que era necessário, e ainda assim fazia bem, mas nada mais. Na maioria das noites, eu caminhava pela casa alguns minutos depois que a equipe partia, fazendo todos os projetos extras que eu queria na casa. Sozinha. Longe dele. Enquanto ele ficava na casa até bem depois do anoitecer. Longe de mim. — Bem, não te convidei de qualquer maneira, — eu disse, balançando a cabeça.
— Acho que você na verdade precisa do meu convite para voltar para minha casa, Brin. Agh Eu odiava esse tom. Aquele arrogante e condescendente, aquele que não tinha a suavidade que ele usou comigo antes do beijo, algo que eu talvez tivesse começado a me acostumar. Idiota, pensei, não pela primeira vez naquele dia. Ou até a décima. — Eu não voltarei para sua casa. Eu vou visitar minha família. E Brent. — Brent? — ele perguntou, as sobrancelhas franzindo, a voz tendo um tom que eu não conseguia decifrar e, com toda a franqueza, não queria. Estava cheia disso. Tentando analisá-lo, tentando entender por que ele fazia ou dizia as coisas que dizia, tentando descobrir como se dar bem com ele. Pelo menos no nosso tempo livre. — E como você vai chegar lá? Nós viemos na minha caminhonete. — Eu vou encontrar uma maneira. — Eu não me importava se tivesse que mergulhar em minhas economias para ir de Uber no caminho de volta. Eu só precisava ir. A cidade inteira parecia estar se fechando sobre mim. Que era bobo considerando que a temporada terminou, as praias estavam vazias, muitas das lojas e restaurantes fechavam fora de temporada. Era praticamente uma cidade fantasma em comparação com a que tinha sido apenas uma semana antes. — O que... — ele começou, mas eu já estava me afstando. Eu saí antes dele como sempre fazia, arrumando uma única mala, depois chamando um Uber, sabendo que faria a sua tarde pegando uma longa viagem como esta, e talvez pela primeira vez, genuinamente não me importando com o quanto isso iria me custar, quão frívola era, que o dinheiro poderia ser melhor gasto. Eu iria, afinal, sair dessa situação com mais dinheiro do que com o qual cheguei. Enquanto não tinha que pagar nenhuma fatura. Eu ficaria bem. E esse alarde era para salvar minha sanidade. Você não poderia realmente colocar um preço nisso. Embora você possa colocar uma tarifa nisso. Duzentos e vinte e cinco dólares mais gorjeta. Mas valeu a pena quando paramos na frente da casa de Brent, familiar e estranha aos meus olhos depois de tanto tempo.
Eu não tinha ligado. Eu acho que provavelmente deveria. Porque Brent tinha companhia. E ele não trancava a porta. E quando digo que ele tinha companhia, eu quis dizer do gênero feminino. E a razão pela qual eu mencionei a porta destrancada? Sim, isso foi porque eles estavam se divertindo pelados no sofá. — Jesus Cristo, — Brent rosnou, agarrando a mulher que o estava cavalgando, e arrastando-a contra seu peito, protegendo ambos os seus corpos, mesmo enquanto eu passava. — Eu sinto muito. Sinto muito mesmo. Ok. Estou indo embora. Ah, continuem... — Eu resmunguei, saindo pela porta com meu coração batendo no meu peito. Parecia que Brent estava desfrutando de sua liberdade. Isso provocou uma sensação desconfortável em minha barriga antes que eu a socasse, sacudi a cabeça, tentei me livrar do aperto negativo em mim. Ele deveria estar desfrutando de sua liberdade. Ele deveria estar fodendo as pessoas em todas as superfícies de sua casa sem medo de ser descoberto. Estava ficando cada vez mais claro que meu lugar não era mais aqui. Alcançando minha bolsa, procurei meu celular, encontrando o número da minha irmã, esperando até quase cair na caixa de mensagem antes que ela respondesse, parecendo sem fôlego. — Brin, tudo bem? — ela cumprimentou. — Eu, ah, sim. Tudo está bem, — eu disse, mas de repente parecia uma mentira. — Ok. Bem, estou na aula de lamaze. E então eu tenho uma festa de aniversário para a Abby. Pode me ligar de volta amanhã? Então, havia essa opção também. — Sim, claro. Não se preocupe. Dê um beijo nas crianças por mim, — eu exigi, sentindo alguma desesperança começar a se estabelecer profundamente.
Desligando com ela, tentei meus pais, caindo na secretária, e depois uma mensagem de volta um momento depois me dizendo que estavam visitando meu irmão, sua esposa e seu novo bebê pelo fim de semana. Nunca, nunca me senti tão sozinha como quando liguei para outro Uber, desta vez para me levar para a casa de Warren, para que pudesse pegar meu carro, sem saber onde ou o que ia fazer. Sentindo-me perdida, entrei em meu carro, baixando as janelas manuais para deixar sair o ar estagnado e sufocante, abaixei meu banco para trás, para que pudesse deitar, enrolada de lado. E fiz isso. Chorei. Eu não era, em geral, uma chorona. Demorava muito para chegar a esse ponto, onde sentia que tinha que extravasar. Talvez porque eu tenha estado muito emotiva em geral. Eu não era uma pessoa para engarrafar as coisas. Eu desabafava, então não piorava. Mas, acho, estava mantendo mais as coisas ultimamente. Eu não tinha deixado minha família ou amigos saber o que estava acontecendo com Warren, não fui capaz de falar sobre isso com ele para acertar as coisas, então estava pesando em mim. Eu me senti pesada. E, acho, estava tão cheia quanto podia. Eu precisava esvaziar. Foi o que fiz, na privacidade do meu carro na calçada silenciosa de Warren. Até meu rosto parecia ferido e meus olhos estavam tão inchados que pareciam meio fechados. Estava escuro quando finalmente voltei meu assento para cima, limpando minhas bochechas manchadas de lágrimas, em seguida, pegando minha bolsa, decidindo que, já que estava aqui, poderia muito bem verificar as coisas, talvez pegar uma bebida, usar o banheiro, e pegar uma xícara de café antes de eu pegar a estrada novamente. Para onde? Essa era uma boa pergunta.
Eu não fazia ideia. Acho que eu poderia ficar na casa dos meus pais enquanto eles estavam fora da cidade, esperando que minha irmã e Brent tivessem algum tempo para mim. Eu me sentiria refrescada então, pronta para enfrentar as próximas semanas. Isso era o que eu precisava. Agarrando a chave que Warren tinha me dado quando eu fingi ter me mudado no que parecia uma vida inteira antes, eu entrei, checando para ter certeza de que sua correspondência ainda estava sendo entregue, acendendo as luzes exteriores. Sua casa estava estranhamente quieta, fazendo-me agir estranhamente no impulso de ligar seu aparelho de som. E não mudei a estação. Eu nunca iria admitir isso em voz alta, mas realmente sentia falta de sua música country. Nós não tínhamos permissão para tocar nenhuma música no set por causa das leis de direitos autorais e tal, então a maioria trabalhava em silêncio. Eu estranhamente me acostumei com as vozes profundas dos cantores que ele preferia, as músicas lentas, a profundidade do sentimento nas canções de amor. Estranhamente comecei a encontrar conforto nisso. E o conforto era o que eu precisava naquele momento enquanto me movia fazendo café, tendo que me virar sem creme porque ele tinha esvaziado a geladeira, é claro, antes de mudarmos. Carreguei-o com açúcar e um pouco de xarope de chocolate que encontrei em seu armário, depois fui ao banheiro tomar um banho rápido. Claro, eu deveria ter ligado para ele e dito a ele que estava aqui. Na verdade, eu deveria ter pedido. Ele até me disse isso. Mas eu ficaria apenas uma hora ou mais. Eu contaria a ele quando voltasse. Quando era tarde demais para ele explodir uma bronca sobre isso. Eu não pretendia dormir. Acho que meus olhos inchados e dor de cabeça de ressaca do choro tinham me esgotado. Eu tinha acabado me sentar no sofá para terminar meu café. Mas devo ter me enrolado no sofá em algum momento. — Brinley.
A voz era suave, persuasiva, tentando me arrastar para fora de um sonho sobre estar presa sob uma pilha de almofadas. Familiar, mas meu cérebro sobretudo inconsciente não conseguia reconhecêlo, não queria seguir suas instruções. — Querida, acorde. Isso soou doce, meu cérebro decidiu, alcançando a consciência, gostando da maneira suave como a voz estava tentando chamar minha atenção, meu corpo se sentindo quente, leve e feliz. — Brin. Desta vez, a voz estava um pouco mais firme, fazendo-me finalmente afastar do meio termo sonhador, e acordando com um sobressalto, os olhos se abrindo, o coração começando a bater enquanto eu olhava quase freneticamente ao redor, tentando entender o meu entorno. — Relaxe, — disse Warren, a voz mais suave do que em semanas. — O q... — Você está na minha casa. Você desmaiou no sofá, — ele disse calmamente, seus olhos escuros me observando, parecendo ver através de mim. Fazia tanto tempo desde que seu foco estava genuinamente em mim que foi decepcionante, fazendo-me imediatamente pensar sobre o estado do meu cabelo, que eu tinha adormecido enquanto ainda estava molhado. Empurrei-me para cima, com os pés no chão, as mãos nos joelhos, repentinamente consciente de quão perto ele estava de onde estava sentado na mesa de centro. — Por que você está aqui? — eu perguntei, sabendo que ele estava ficando para trás para recuperar o atraso no trabalho. — Seu telefone está morto, — ele me informou, fazendo meus olhos dispararem para minha bolsa, imaginando que fazia sentido. Era velho. Ficou morto só de eu verificando o tempo. — Oh. Aconteceu alguma coisa? — eu perguntei, estendendo a mão para esfregar meus olhos que pareciam secos.
— Você poderia dizer isso, — ele me disse enigmaticamente. — Você esteve chorando? — ele perguntou, fazendo-me saltar para trás, sentindo-me estranhamente presa. — E não minta, — ele me avisou. Avisou. Como se ele tivesse o direito de fazer isso. — Você mal fala comigo por semanas e quer saber detalhes pessoais sobre mim? Não, não é assim que isso funciona — eu disse a ele, mantendo meu tom calmo, sabendo que ele tinha uma tendência a ganhar quando eu ficava muito zangada. — O que poderia ter acontecido para fazer você conduzir todo o caminho até aqui em vez de esperar que eu carregasse meu celular? Deus, que horas eram mesmo? O sol estava passando pelas sombras. Mas era impossível dizer se havia acabado de nascer ou se tinha nascido por horas. — Estou supondo que você não tenha estado online. — Eu estava dormido. — Rachel, Mica e Andy estão tendo um fodido chilique. — O que aconteceu? — eu perguntei, de repente alerta, corpo tenso, coração começando a bater. Nós fomos descobertos? Deus, tudo menos isso. — Aparentemente, a equipe tem fofocado, — ele me disse enquanto procurava por seu telefone, piscando e clicando por um segundo antes de entregá-lo para mim. E havia a capa de algum tabloide extravagante. Havia fotos nossas, uma da promoção para a qual fomos fotografados, uma sessão de fotos editada do centro; outras duas que foram tiradas em outro determinado momento. A minha era uma foto do meu Instagram, a arte em que eu estava trabalhando fora recortada, um que se recusou a dar certo, então eu estava de cara feia. Mas, é claro, eles aprovetaram, então parecia que eu estava fazendo cara feia para Warren, cuja foto era um tanto sem expressão, ilegível. Então aí mesmo, em letras maiúsculas amarelas brilhantes, a manchete. O casal de Fix It Upp rompeu?
— Oh, Deus, — eu gemi, olhando para ele, sentindo a pulsação começar a latejar nas minhas têmporas. — Fica pior, — ele me disse, tom um pouco cauteloso. — Você pode passar pelo artigo. — Você não sabe que eles são tóxicos? — Eu li em voz alta, gemendo. Mesmo? Uma referência a Britney9? Quero dizer, não que você pudesse esperar um jornalismo inteligente de uma revista de quinta, mas isso era apenas preguiçoso. As coisas não são como parecem nas sorridentes fotos promocionais da nova temporada de Home Improvement Television – embora moldado com escândalo programa Fix It Up. De acordo com fontes no set, os favoritos do programa Warren Reyes - o empreiteiro - e sua esposa Brinley Spears - uma decoradora de interiores - mal conseguem conversar sem irromper em gritaria. — Gritaria, o caralho, — eu retruquei, olhando pela confirmação de que ele estava tão indignado quanto eu estava. — Não é exatamente o The New York Times, — ele disse com um encolher de ombros. — Eles vendem mais cópias se exagerarem a verdade. — Quem nos entregaria? — eu perguntei, de repente ofendida. Eram pessoas com as quais trabalhávamos ao lado, suávamos, comíamos pão, ríamos e trazíamos café para as manhãs. Traição não era algo que eu poderia reivindicar estar familiarizada, sempre tendo tido a sorte de ter família e amigos que sempre davam apoio, que nunca falavam sobre mim por trás com estranhos. Talvez fosse bobo sentir isso agora, já que realmente não conhecíamos aquelas pessoas em si. — Eu não serei capaz de olhar para eles da mesma forma de novo, — eu admiti, não me preocupando em ler o resto do artigo depois que peguei uma linha sarcástica sobre como nós devemos ter nos casado baseado em nossa suposta “química sexual explosiva” em detrimento da compatibilidade real. Imaginei que só piorava de lá.
9
Tóxico é usado como alusão ao sucesso da cantora Britney Spears, “Toxic”.
— Eles não estavam exatamente mentindo, estavam? — ele perguntou, fazendo minha barriga gelar um pouco. — O que Rachel, Mica e Andy estão dizendo? — Bem, Rachel está dizendo que Andy está pirando sobre o investimento dele, sobre como eles deveriam ter ido com o casal com as crianças, porque os espectadores gostam de quando eles fazem aparições como convidados. Andy era um cabeça quente e pessimista. Eu não estava preocupada com ele tanto quanto por ele. — Rachel está brava? Warren deu de ombros e acenou de cabeça de uma só vez, uma combinação que eu imediatamente acharia. — Ela está ... preocupada. Ela quem nos levou. O peso disso está caindo sobre ela. Ela queria saber se era o estresse do programa que estava nos fazendo brigar, se estávamos bem. — O que você disse? — Eu perguntei, sentindo-me culpada por não ter estado acessível, embora talvez Warren tivesse sido a pessoa melhor para lidar com isso, já que ele era muito mais hábil em permanecer calmo em situações tensas. — Eu disse que sempre batemos cabeças, que todos os casais que trabalham juntos se irritam um com o outro, que estamos bem, só temos estilos muito diferentes no trabalho. — Ela acreditou? Ele olhou para a janela da frente, os lábios curvados o suficiente para que eu pudesse ver o contorno brilhante de seus dentes. — Ela, ah, implicou algo sobre brigar e fazer as pazes, — ele disse, me fazendo sorrir também. Não por causa do comentário dela, mas porque ele quase parecia um pouco envergonhado por isso. Warren, envergonhado. Era novidade. — Então... o que devemos fazer? — Você sabe como nós temos a entrevista na terça-feira? — Ele perguntou, fazendo-me soltar um grunhido sobre o início da manhã em um talk show. Que eu principalmente me opus porque significava que teríamos que levantar às quatro da manhã para chegar a tempo.
— Como eu poderia esquecer? — Eu lamentei, fazendo seu olhar voltar para mim, o sorriso deslizando um pouco para esconder os dentes, mas não desaparecendo. — Ela quer que a gente vá até a cidade hoje à noite ou amanhã. E 'sejamos vistos' na cidade. Estando apaixonados. Felizes. Deixar implicito que é apenas o trabalho que nos faz querer arrancar a cabeça um do outro. Isso era, bem, realizável. Nós tínhamos que trabalhar nisso, dada a forma como as coisas tem estado tensa entre nós pessoalmente, mas poderíamos fazê-lo funcionar. Ele tinha que fazer funcionar. — E ela quer que você assuma o controle das mídias sociais para o programa, poste cenas dos bastidores e fotos de nós em casa, sendo um casal. Fique mais pessoal. Ela disse que a mídia social é onde você realmente brilha. Foi a primeira vez que ouvi uma palavra de elogio em semanas. Eu estava quase envergonhada de admitir o quanto me afetou que ela pensasse isso, e que ela confiaria em mim com as páginas oficiais para o programa. — Eu posso fazer isso, — eu concordei, assentindo, encontrando uma espécie de determinação profunda para fazê-lo perfeito, para provar a ela que estava certa em colocar sua fé pousar em mim. — Eu devo voltar a ela assim que entrar em contato com você, para que ela possa nos fazer algumas reservas na cidade. E, embora ela não tenha dito isso, estou imaginando, avisando a revista rival para isto, — ele disse, acenando para o telefone que ainda estava na minha mão, — que estaremos lá, para que eles possam pegar fotos de nós felizes juntos. — E como este não tem fotos ou provas de que discutimos, — concluí, — a mais recente seria vista como o mais preciso. — Sim. — Onde você disse a Rachel que eu estava? — Perguntei, ficando um pouco desanimada. Isso não parece bom, não é? Este artigo saiu quando eu não estava em nenhum lugar para ser encontrada, Sem poder ser contatada?
— Eu disse a ela que sua irmã estava grávida, que você estava vindo para ajudar sua mãe a planejar um chá de bebê. — E já que isso é coisa de mulher, é claro que você voltou para fazer algum trabalho. — Exatamente. — Você pensa rápido, — eu disse a ele, impressionada. — Você quer ir hoje? Noite de sábado. — Uma noite de encontro, — eu concordei, assentindo. — Que horas são? — Um pouco depois das nove. — Tem tempo para obter um pouco de comida antes de ir. — Rachel cuidará do quarto do hotel? — Perguntei, achando que eu gostaria de ter alguém para lidar com essas coisas. Tendo sido sempre um pouco obcecada com controle, nunca pensei que poderia encontrar conforto em ter mais alguém para tomar decisões por mim. Mas Rachel escolheu a casa da cidade. E ela sempre teve as melhores escolhas para refeições fixas. Era bom para variar não ter que pensar tanto, controlar tudo, fazer tudo sozinha. — Sim. Ela só precisa da confirmação. Vou chamá-la. Vá carregar seu telefone, pegue um pouco de café. Então podemos pegar a estrada. Com isso, ele se levantou, pegando o telefone para sair e fazer a ligação. Eu pulei para me deixar apresentável, fazer café para nós dois, carregar meu telefone e, em seguida, voltar para o banheiro para segurar um saco de plástico cheio de gelo nas minhas pálpebras, tentando diminuir o inchaço. — Por que você estava chorando, Brin? — A voz de Warren perguntou, suave, mas inesperada, fazendo-me saltar, o saquinho caindo do meu rosto, batendo na pia enquanto meu olhar se dirigia ao espelho, encontrando-o refletido ali. De pé na porta, o braço apoiado no portal, a cabeça ligeiramente abaixada, os olhos escuros me perfurando. — Não importa. — Importa, — ele respondeu. Se havia uma coisa que sabia, era que enquanto eu era teimosa, ele era igualmente assim. De fato, em muitas situações, ele poderia ser mais teimoso que eu.
Minha boca parecia estranhamente inundada de saliva, como se meu corpo estivesse tentando abafar as palavras. Eu engoli, porém, e os forcei a sair. — Eu estava solitária, — admiti. — Você estava solitária? — Eu passo um dia inteiro mal falando um punhado de palavras com as pessoas, — expliquei. — Então, eu volto para casa para passar algum tempo com meus amigos e familiares. E todos estavam ocupados demais para mim. Foi simplesmente... avassalador, — concluí, incapaz de fazer contato visual, mesmo através do espelho. — Não está acostumada a ficar sozinha, — ele murmurou, fazendo meu olhar finalmente levantar para vê-lo me observando. — Não, eu não estou, — concordei. Tinha sido incrivelmente solitário afastar de tudo, sabendo que suas vidas estavam avançando sem mim, enquanto a minha permanecia estranhamente estagnada. Foi a calmaria antes da tempestade para mim, eu sabia, mas isso não mudou o dia-a-dia penoso. — Eu tenho sido um colega de quarto horrível, — ele me surpreendeu admitindo. — Não me lembro da última vez que eu disse bom dia para você. — Bem, em sua defesa, — eu disse, contorcendo os lábios, — você esteve muito ocupado rangendo como um homem velho para dizer muita coisa. — Foi bom dormir em uma cama, — ele admitiu, sorrindo um pouco, fazendome sentir culpada. Como se ele estivesse esperando pelo convite depois de tudo. — Primeira vez em semanas minhas costas não estavam doendo, — acrescentou. — Você trouxe coisas suficientes para passar alguns dias, ou você precisa parar no seu antigo lugar? — Depende. — De? — Quão chique é esse lugar que Rachel está fazendo reservas? Tenha em mente que qualquer coisa que requeira calçado que não seja chinelos é chique na minha opinião. Ele sorriu com isso. — Então chique.
— Agh, — eu resmunguei, não animada com a ideia de ter que arrastar um vestido de preto. — Tudo bem. Bem, você quer ir buscar comida enquanto eu pego mais algumas roupas? Podemos nos encontrar aqui, comer e depois sair. — Soa como um plano, — ele concordou, afastando-se. Então foi isso que fizemos. Quando voltei para a casa de Brent, ele e sua senhora tinham ido há muito tempo. Eu tinha seis mensagens de texto dele que ainda tinha que checar, achando que toda vez que pensava em respondê-lo, eu tinha uma imagem dele e de sua garota em minha cabeça, fazendo minhas bochechas esquentarem. Era bobo, claro. Nós éramos adultos. Nós fazíamos sexo. Nós até fizemos sexo enquanto o outro estava na casa. Mas sempre foi sutil. Um rangido da cama ou um gemido que o rádio ou a televisão não cobriam bem. Nós conversávamos sobre sexo. Brincávamos sobre isso. Eu acho que era um monstro totalmente diferente, porém, ver uma figura fraterna brincando de esconder a salsicha com uma mulher muito bonita na sala de estar, onde você passava muitas noites assistindo velhas reprises de Friends enquanto comia comida chinesa diretamente da caixa. Embalei
algumas
roupas
reservadas
para
ocasiões
especiais,
saltos,
maquiagem e alguns itens mais novos para o meu guarda-roupa para levar para Cape May comigo depois que tudo isso acabasse, já que o tempo provavelmente estaria mudando em breve. Eu teria que trocar tudo em breve, mas como quase todas as minhas malas ainda estavam na casa, eu teria que fazer uma viagem de volta no futuro próximo para pegar todas as minhas roupas de outono e inverno. Warren já estava de volta quando cheguei a sua casa, transferindo minhas malas para a caminhonete, fazendo uma refeição rápida e estranhamente silenciosa, depois pegando a estrada. Estávamos vinte minutos na estrada, e minha barriga estava fazendo uma coisa esquisita com a ideia de que não teríamos mais nada além de silêncio no caminho, quando ele finalmente falou. — Você não mudou a estação. — Como?
— Eu perguntei, virando-me para ver o perfil dele, fingindo, no
exterior, que minha mente não tinha a tendência de arrastar as lembranças do beijo
sempre que eu olhava para ele, com a pressão de seus lábios, o aperto áspero de seus dedos, o ardor de sua barba em minha pele, a sensação de sua dureza pressionando em mim. Mesmo apenas pensando nisso enviou um rubor sobre o meu corpo, fez meu sexo apertar com força, querendo mais, querendo tudo o que ele tinha para oferecer. — Na minha casa. Você ligou o rádio. E não mudou a estação. Oh. Certo. E como eu deveria responder a isso? Eu não sei porque, mas a música me faz pensar em você, e apesar de toda a tensão das últimas semanas, eu ainda acho isso reconfortante? É, não. Isso não ia funcionar. — Eu aprendi a gostar de algumas das músicas, — eu disse em vez disso, sendo verdade. — Tal como? — Ele perguntou, parecendo genuinamente interessado. Eu acho que porque eu tinha criticado tanto o gênero por tanto tempo. — Há uma lenta, e um cara diz algo sobre condenação e chorar em seu túmulo. — Fire Away, — ele forneceu, olhando para mim. — Chris Stapleton, — ele acrescentou. — Essa é uma escolha interessante. — Não cave muito fundo, — eu disse, encolhendo os ombros. — Eu apenas gosto do som. Exceto que não era apenas o som, eram as letras e a profundidade da emoção que o cantor colocou nelas. Eu não sei, falava comigo de certa forma. Mas isso soava bobo, especialmente porque eu não estava apaixonada por ninguém. Mas sim, isso me deu arrepios. Arrepios subiram pelos meus braços quando ouvi os primeiros dedilhados do violão. — Farei de você uma fã de música country ainda, — ele declarou, soando leve, quase alegre, e era um contraste tão grande com o Warren que eu estava vivendo há meses que me vi estudando seu rosto enquanto ele dirigia.
— Eu não iria tão longe. Para cada uma dessas músicas com alma, há uma que fala sobre os pés descalços e jeans cortados, e caracteriza as mulheres tão mal, ou até pior em alguns casos, como muitas canções de rap. Ele não disse nada, mas sorriu estendendo a mão para o console central, pegando um iPod. — Encontre uma música chamada 'Girl In A Country Song' aí, e toque, — ele exigiu, dedos tocando os meus quando me entregou. Foi acidental, claro. Casto também. Mas minha pele pareceu faiscar no contato, fazendo-me quase largar a maldita coisa antes de começar a fazer o que ele pedia, pegando o cabo que ele me deu e conectando o iPod, ouvindo duas garotas reclamando do que eu tinha acabado de me queixar. “A indústria viu o problema depois que esta saiu. Ficou um pouco melhor ultimamente. — Eu sinto falta de ter música no local de trabalho, — eu disse a ele enquanto ele voltava para o rádio quando a música terminou. — Eu acho que é por isso que alguns dos caras escondem iPods sob suas camisas. — Era contra as regras, claro. As cordas eram perigosas e não podiam ouvir se alguém gritasse um aviso. Era por isso que um rádio baixo era usado normalmente. — Estamos indo para a terceira casa em breve, — ele me disse, como se eu não estivesse ciente. O cronograma era estranho. Nós nos mudamos antes de terminarmos. E então eu era esperada para voltar e colocar todos os toques finais de design quando as equipes finalmente terminassem, Warren aparecendo para ajudar, mesmo que não fosse o que ele fazia. — Treze depois daquela. — Nós vamos nos acostumar com isso. Foi a primeira vez que ouvi algo parecido com uma queixa dele sobre o trabalho. Eu achei refrescante. Eu estava começando a me sentir ingrata por não estar completamente feliz com o processo. Isso é a chance de uma vida, afinal. Mas isso não significava que também fosse tudo um mar de rosas. — Você não gosta de deixar o projeto inacabado, — eu meio perguntei, meio declarei.
— Não, — ele concordou. — Eu não tenho ideia do que esses caras estão fazendo, se estão seguindo instruções exatamente, ou improvisando. É frustrante. Meu nome está naqueles projetos. — Eu entendo, — concordei, assentindo. Ninguém mais faria o meu trabalho por mim. Eu não poderia imaginar ter que desistir desse controle sobre um projeto. Ele estava lidando com isso melhor do que eu. Claro, ele ficava depois da hora trabalhando, ajustando, verificando as coisas. Mas eu provavelmente estaria obsessivamente
parando,
rearranjando,
reorganizando,
resmungando
sobre
candelabros estarem na extremidade errada do aparador. — Pelo menos podemos fazer algo um pouco diferente dessa vez. Ele estava certo. As duas últimas casas haviam sido abandonadas, muito danificadas para valer a pena serem consertadas, em áreas não desejáveis o suficiente para que construtores nojentos entrassem e roubassem. A próxima seria diferente porque a propriedade tinha dono. Na verdade, era de um casal de trinta e poucos anos que a comprou muito barata, por causa do dano óbvio, e decidira tentar consertá-lo sozinhos. Problema após problema fez com que quase desistissem quando foram abordados pela equipe de Rachel sobre nos permitir fazer isso por eles. — Temos um orçamento, — eu lembrei a ele. Isso também era novo para nós. Enquanto Andy controlava a maneira como o dinheiro era gasto, ele geralmente não criticava as coisas que achamos necessárias. Eu acho que ele imaginou que o que quer que colocássemos, voltaria duas vezes se ele vendesse, ou mesmo se ele o usasse como uma propriedade alugada. Dessa vez, só tínhamos o que os proprietários tinham em suas economias para trabalhar. Nem um centavo a mais. Quarenta mil. Para quem sabe que trabalho. Nós tínhamos visto uma foto do lado de fora, mas não fazíamos ideia do que estava dentro. — Eu posso trabalhar com um orçamento, — ele me disse, assentindo. — A maioria dos meus trabalhos vem com um. Eu estou acostumado a fazer isso. Esperançosamente, a base está sólida, e a eletricidade e o sistema de climatização não estão muito velhos ou danificados. Esses são os comedores de dinheiro.
— Sim. E eu tenho muitas peças armazenadas na garagem dos meus pais. Mesas, cadeiras que eu poderia estofar apenas pelo custo do tecido e alguns rebites, o que é mínimo, e algumas peças básicas de arte de parede, molduras, apenas incompatibilidades de uma tonelada de coisas que peguei de grandes antiquários e mercados de pulgas. Isso deve ajudar a manter os custos baixos. Pintura, iluminação e texturas não devem estar tão ruins. Nós vamos fazer funcionar. Contanto que eles não tenham gostos de designers sobre orçamento em oferta. — Rachel parece pensar que eles são razoáveis. Se eles estivessem dispostos a fazer o trabalho eles mesmos, duvido que eles sejam o tipo de pessoa que baba em cima de sofás de mil dólares. Eu estava pensando em sugerir que eles trabalhassem conosco, — ele continuou, olhando para mim quando parou em um sinal. — Eu acho que é uma boa ideia, — eu concordei, surpresa que os produtores não tivessem pensado nisso. — Mas apenas nos estágios iniciais. No planejamento e talvez algum paisagismo. Então podemos ter uma grande revelação no final. — Exatamente, — ele concordou, me dando um pequeno sorriso. — Você mencionou isso a Rachel? Ele balançou sua cabeça. — Eu queria checar com você primeiro. — Obrigada, — eu disse, a sério, gostando que ele não fizesse as coisas por trás das minhas costas. Como ele teria feito em qualquer outro momento. — Para que tipo de restaurante temos reservas? — O Grill. É uma espécie de churrascaria. Ela queria reservar um lugar francês chamado Daniel, mas eu lembrei a ela que não somos o tipo de pessoas para jantar em restaurantes franceses. — Graças a Deus por isso, — eu disse, fazendo uma careta. — Não é de ficar toda arrumada? Eu encolhi um ombro. — Tem sido um longo tempo. Eu acho que é bom de vez em quando, mas eu sou mais do tipo de garota de jeans e chinelo e taco para viagem. — Realmente nos tacos, hein? — Bem, eu tenho paladar, então... sim. — Seus tacos estavam incríveis, — ele me disse, fazendo uma onda de orgulho passar por mim. — Eu acho que esqueci de te dizer isso.
— Sim. Você estava ocupado me evitando. Aí. Eu disse isso. Tinha que ser dito. Eu não queria estragar o que era um momento agradável, mas só ia continuar me comendo se eu não tirasse, não enfrentasse isso. — Sim, — ele concordou, a boca mal se abrindo, então o som saiu cortado, quase rosnado. — Nós nunca nos sobressaímos na coisa da conversa, — ele acrescentou depois de um momento. — A briga? Esbravejar um ao outro? Sim, nós somos ótimo nisso. Mas a conversa, apenas duas pessoas racionalmente discutindo algo? Nós não somos bons nisso. — Não, — eu concordei, assentindo. — Nós não somos bons nisso. Mas talvez se tentássemos um pouco mais, poderíamos aprender a ser. Devemos a nós mesmos, e um ao outro, já que estamos juntos nisso, dar uma chance. Será um longo ano se não tentarmos pelo menos nos dar bem. — Então, vamos tentar, — ele concordou. O silêncio caiu novamente, mas desta vez não foi tão desconfortável. A música cantarolou, lenta e firme, como eu gostava. Nova Jersey desapareceu em Nova York mais rápido do que eu gostaria, encontrando mais facilidade naquela hora e meia do que em semanas. — O hotel não nos deixa fazer o check-in por mais algumas horas. Alguma ideia de como gastar o tempo? — Você realmente não deveria me deixar escolher, — eu o avisei. — Eu imagino que eles tenham dezenas de lojas de antiguidades. — Sim, não. Você não está escolhendo, — ele me informou com uma risada, dirigindo ao redor como uma pessoa que tinha estado claramente na cidade muitas vezes antes. — Como você sabe o caminho? — eu perguntei quando ele encontrou o hotel, dando as chaves para o manobrista lidar por nós. Mesmo que não pudéssemos fazer o check-in por um tempo ainda, ele levou nossas malas para dentro para guardar para nós, para que pudéssemos ir às ruas passar algum tempo.
— Eu tive um trabalho aqui há alguns anos atrás. — Que tipo? — Cobertura. Ele tinha TOC. Me fez demolir o lugar e refazer tudo do zero. Nós tivemos que usar luvas e máscaras. Ele não queria que ninguém mais fisicamente tocasse suas superfícies, a não ser ele. Demorou quase sete meses. Eu costumava andar por aí. Você passou algum tempo aqui? — Algumas horas aqui e ali em concertos ou shows. Mas eu praticamente só fui da estação de trem para o local. Eu não consegui ver muito. Onde estamos indo? — Ver as coisas, — ele me disse simplesmente, encolhendo os ombros. Então nós vimos. Nós andamos por algumas ruas, verificando as atrações turísticas da área. Lembrei-me de última hora para pegar meu telefone e me espremer perto de Warren para tirar selfies para compartilhar na conta do Instagram assim que tivesse acesso. — Ei, não, — eu me opus quando finalmente falei com ele para ir comigo para uma loja de artesanato brega onde ele pegou o telefone e tirou uma foto de mim enquanto eu folheava tecidos estranhos que eu nunca tinha visto em nenhum outro lugar, suculentas em um fundo rosa intenso, sereias bebendo cafés congelados, macarons pasteis multicoloridos. — Por que não? — ele perguntou, olhando para a foto. — Porque eu não estava pronta, — eu insisti, sabendo que noventa por cento do tempo, as pessoas tiravam as fotos absolutamente menos lisonjeiras de você. Era tão difícil levantar as mãos e inclinar a câmera para baixo? Então novamente, Warren era cerca de trinta centímetros mais alto do que eu, então eu acho que qualquer foto que ele tirasse seria em um ângulo descendente. — Esse é o ponto, — ele me disse. — Vai parecer apanhada porque foi. E você está ótima, — ele me disse, virando o telefone para me mostrar a imagem que, reconhecidamente, era bastante lisonjeira. — Certo, tudo bem. Envie isso para mim, — eu disse a ele enquanto colocava o tecido de volta. Bonito e brega na cidade significava um minifuturo. E eu já gastei dinheiro suficiente neste final de semana. — Podemos voltar ao carrinho de pretzel? — Perguntei, com a barriga roncando. — Não tem como eu chegar às sete.
Nós comemos pretzels. Então kebabs. E sorvetes mergulhado em cores de unicórnio que eram, naturalmente, mais bondade digna de selfie. — Podemos ir ao hotel agora, — Warren me disse enquanto nós continuávamos a caminhar sem destino. — Check-In. Talvez um banho. Ou um cochilo. Você pode fazer o que as garotas fazem para se preparar para uma noite fora. — O que as garotas fazem para se preparar para uma noite fora, — repeti com um bufo. — Quero dizer, não é tão complicado assim. Três horas de maquiagem, alguns puxões e depilações... um sacrifício de sangue para os deuses da beleza... — Parece certo, — ele concordou enquanto colocava a mão na minha parte inferior das costas, tentando me guiar para o lado. Foi um contato de nada. Mas minha pele parecia chiar. Como se talvez não fosse só eu sentindo, sua mão foi arrancada tão rapidamente quanto me tocou. Ou talvez tenha sido apenas um pensamento desejoso da minha parte. Pensamento desejoso? Não. Isso não era possível. Eu não queria que ele me quisesse. Isso seria irracional. Nós mal nos damos bem. Quero dizer, nós atualmente estávamos. Mas isso era uma raridade. Normalmente, estávamos na garganta um do outro. E seria idiota querer que um homem sentisse faíscas quando te tocam quando você mal pode tolerá-lo a maior parte do tempo. Mas isso talvez fosse racional demais. Realmente não havia nada racional sobre atração, havia? Era tudo químico, tudo disparos aleatórios no cérebro. Era por isso que às vezes você não sentia nada pelo cara superquente da academia, mas ficava toda excitada e incomodada com o cara estranho, só moderadamente atraente, com cabelo despenteado e copo da cafeteria. Era apenas um impulso animal.
Algo primitivo, codificado no DNA. Meu corpo queria o dele, se isso fazia sentido ou não. Mas só porque meu corpo queria, não significava que eu queria. Certo? — Uau, — eu exalei enquanto nos movíamos para o saguão do hotel, tendo caminhado por vários quarteirões. — Ela disse que você gostaria, — ele concordou, parando ao meu lado enquanto eu absorvia. — Apenas eu? — Perguntei, os olhos se movendo sobre as vigas envoltas em cedro através do teto, o piso de madeira reluzente combinando, coisas que eram perfeitamente do interesse dele. Como era o balcão de check-in gigante integrado com paredes de placas atrás. O restante era para mim, com os sofás creme, mas com poltronas de acento azul-claro, as paredes texturizada em branco, o gigantesco e único lustre de potes de vidro. — Nós. Ela disse que nós dois gostaríamos disso. — Ela nos entende, — eu concordei, de repente sentindo o seu olhar em mim, fazendo-me virar para encontrá-lo me observando, olhos escuros quase penetrantes. — Ela entende, — ele concordou com um aceno de cabeça, tom um tanto cauteloso. — Você está pronta para fazer o check-in, ou você precisa encarar o tapete também? — Ele perguntou, empurrando o queixo em direção a uma área de estar ao lado que tinha um tapete incrível. — Podemos fazer o check-in, — eu disse, olhando para frente, não gostando do tom dele, mas não desgostando o suficiente para dizer qualquer coisa sobre isso. Então nós fizemos, pegando nosso cartão-chave, sendo seguidos por um carregador que insistiu em levar nossas malas no elevador, pelo corredor, então para nosso quarto. O quarto era mais ao estilo de Warren do que o meu, carpete marrom e castanho, cortinas marrons, sofá marrom, parede em destaque marrom atrás da cama, lençóis brancos e um tapete marrom do lado da cama. — Confira o banheiro, — disse Warren, tendo se movido à minha frente. — Mais a ver contigo.
Eu olhei para dentro, encontrando paredes que eram tão estranhas entre a tonalidade marrom e roxa que eu nunca tinha visto antes, não tinha nome para isso, mas foi paixão à primeira vista. Havia uma bancada branca flutuante, uma banheira de imersão branca e um box todo em vidro. Encostada a uma parede vazia havia uma prateleira em degraus de madeira marrom, as prateleiras brancas, transbordando de toalhas felpudas. Talvez eu pudesse tomar um banho. Isso certamente me acalmaria, me deixaria com vontade de me arrumar para sair na cidade. — Tem uma varanda também, — Warren gritou, fazendo-me voltar para fora, encontrando-o olhando pela porta deslizante do lado de fora. Foi então que percebi outra coisa. Uma cama. Claro, nós dormimos na mesma cama antes. Mas de alguma forma parecia diferente agora. Por causa do beijo, claro. Por causa do confuso período de tempo seguinte, a solidão, as brigas. Por causa da maneira como meu corpo parecia ansioso em reagir a ele de maneiras que não deveria. Eu me perguntei se seria estranho ligar para a recepção e pedir seis travesseiros extra. A barreira de travesseiros poderia ter sido juvenil, mas as coisas pareciam quase... arriscadas sem ela. Tão bobo quanto isso era. — Você vai tomar banho? — Ah, sim, — eu concordei, pegando minha bolsa quando ele estendeu para mim, agradecida por uma desculpa para conseguir um pouco de espaço. Dele. Da cama. Das coisas que ele e aquela cama poderiam significar. E o jeito que meu corpo se aquecia apenas com esse pensamento. — Eu te vejo em algumas horas. Tente não espalhar sangue em todos os lugares. — Eu devo ter dado um olhar surpreso, porque ele sorriu. — Do sacrifício para os
deuses da beleza, — ele explicou, fazendo-me sorrir antes de me trancar no banheiro e emcher a banheira. Senti-me agudamente ciente quando estendi a mão para a bainha da minha camisa do fato de que Warren estava simplesmente a uma porta de distância de mim, sentindo-me quase irracionalmente exposta enquanto tirava minhas roupas, como se ele pudesse ver através da parede. E essa ideia, sim, não estava ajudando o estado excessivamente sensível do meu corpo. A água estava quente demais na minha pele já aquecida, parecia muito erótica enquanto me envolvia, sensual demais enquanto lambia meus mamilos endurecidos, beliscando-os ainda mais até ficarem quase doloridos, até o deslizamento de uma gota enquanto descia meu peito fez minhas pernas se apertarem juntas, tentando acalmar o caos que senti lá. No outro cômodo, eu podia ouvir as botas de Warren caírem no chão, podia ouvir a cama ceder um pouco enquanto ele se movia. Eu podia vê-lo em minha mente, descansando em suas costas, o braço erguido, a mão atrás do pescoço, fazendo seu peito forte parecer que estava lutando contra os limites do tecido da camiseta. Eu esperava, de um jeito egoísta e bobo, que ele estivesse pensando em mim. Tal como eu estava pensando nele. Talvez como eu estivesse imaginando ele na cama, ele estava me imaginando na banheira. Esse pensamento deixaria seu corpo em chamas como o meu? Será que ele achava impossível forçar os pensamentos para se concentrar em outras coisas? Ele estava me vendo nua, com o corpo doendo por toque? Fez com que ansiasse por isso também? Eu não sabia o que estava pensando quando minha mão deslizou pelas minhas próprias costelas, segurando meu peito macio, deslizando os dedos sobre o mamilo, fazendo minha respiração travar quando meus olhos se fecharam, pensando em suas mãos, aquelas mãos enormes e ásperas do trabalho, em vez da minha, deixando a imagem, deixando meu toque me impulsionar para cima enquanto minhas mãos
trabalhavam meus mamilos por um longo momento antes que uma se movesse pela minha barriga, os músculos que as pontas dos dedos arranhavam tensionando. Minhas pernas se abriram, abandonando todo o pretenso autocontrole. Não havia mais nada a não ser a necessidade que queimava dentro de mim, o espiral tenso na parte inferior do meu ventre, tão tensa que parecia pronta para saltar com o mais leve dos toques. Foi o que eu dei a mim mesma, imaginando descaradamente os dedos de Warren traçando entre meus lábios, pulsando provocativamente contra a minha abertura sem pressionar para dentro, subindo no último segundo possível para trabalhar meu clitóris em círculos lentos e profundos até minha respiração ficar presa e frenética, meu corpo enrijecer, arqueando as costas, a mão livre pressionando com força contra a parede do banheiro, mantendo-me imóvel enquanto o prazer aumentava, tornando-se irresistível, imparável, incontrolável. Lembrei-me no último segundo possível de morder meu lábio, sibilando meu orgasmo quando minha perna saltou, derramando água para cima e para a beirada da banheira. Eu voltei rapidamente, realidade, algo que realmente poderia tirar a emoção do orgasmo intenso quando me levantei, pegando as toalhas que eu tinha agarrado para mim, jogando-as no chão para limpar a água que tinha derramado. Eu esvaziei a banheira, secando-me apressadamente, tentando não pensar nisso. Remoer isso. Imaginando se tudo isso significa alguma coisa. Haveria tempo para isso depois. Ou nunca. Nunca funcionaria para mim também. Além disso, você não precisava analisar todas as sessões de masturbação. Ninguém sabia que isso aconteceu para julgá-lo. E às vezes você só precisava disso para que pudesse simplesmente pensar claramente para variar. E o pensamento claro era o que precisava esta noite, decidi, ao secar meu cabelo com cuidado, aplicar maquiagem que usava raramente, espalhava em uma loção cara que cheirava a sorvete de baunilha, e depois vesti um vestido preto, do tipo que se moldava como uma segunda pele, fazendo-me de repente desejar que não tivesse
comido tanto na rua esta tarde. Mas o que foi feito foi feito. O que sobrou da minha barriga, teria que ser aceito, já que era a única coisa tolerável que eu tinha para usar num jantar chique. Deslizando meus pés em saltos em que não era especialista, mas geralmente conseguia não fazer papel de boba, eu respirei fundo, olhando para o meu reflexo. Seria tolice dizer que não me reconheci. Claro que sim. Era só eu. Mas diferente também. Meus olhos se destacaram com rímel e um discreto delineador. Meus lábios estavam vermelhos brilhantes, dando-me uma aparência glamorosa que eu nunca pensaria que era capaz de possuir. Meu cabelo, que tantas vezes, quase sempre se eu fosse honesta, torcido em um coque bagunçado e descuidado, parecia mais longo do que me lembrava, caindo em camadas macias até os ombros, ondulados levemente porque meu cabelo se recusava a ficar completamente liso. Meu corpo, geralmente encurtado graças aos cortes irregulares de shorts jeans e uma camiseta ou regata, parecia mais magro e mais longo em um vestido bem ajustado. Minhas pernas, curtas por qualquer padrão, pareciam quase aos das modelos, com os saltos dando-lhes a ilusão de comprimento. Quando olhei para o meu reflexo, não consegui evitar o pensamento que veio a mim. Eu me pergunto o que Warren vai pensar? Eu não deveria me importar. Apenas mostrar. Apenas para o show. Mas eu estava começando a achar impossível negar mais a verdade. Eu me perguntei, na verdade, quanto tempo eu estava fazendo isso, mentindo para mim mesma, fingindo, evitando, negando a verdade. Eu tinha sentimentos por Warren. Absurdo? Mais ou menos. Mas verdade, no entanto. Talvez nem tenha sido tão inesperado. Ambos
tínhamos
personalidades
fortes,
ambos
apaixonados,
hábeis,
interessados em muitas das mesmas coisas. Nós trabalhamos, comemos, dormimos,
vivemos juntos por semanas, conhecendo os ritmos dos dias um do outro, que comidas gostávamos, ou odiávamos, em que programas ou atividades encontramos alegria, o que nos irrita ou nos excita. E, bem, havia química. Aquele beijo foi toda a prova que você poderia precisar. Foi um para ficar na história. Literalmente. Ele precisava ser imortalizado em um livro algum dia, para que todos pudessem experimentá-lo de uma forma, saber como era um homem te agarrar e beijar como se fosse sério nisso, romper todas as besteiras e te mostrar o que estava se escondido lá, te mostrar algo sobre si mesma que de alguma forma conseguiu ignorar. Agh. Eu não precisava estar pensando nesses pensamentos. Apesar do orgasmo sólido e tudo, meu corpo já estava recebendo ideias novamente. Afastei os pensamentos, peguei meu telefone e saí para o quarto, parando em silêncio ao ver Warren de pé olhando para as portas deslizantes, as luzes da cidade brilhantes como sempre estavam, suas costas fortes bloqueando uma grande parte dela. Ele havia se preparado enquanto eu monopolizava o banheiro. Seus habituais jeans, botas e camisetas foram substituídos por calças pretas e uma camisa cinza ardósia que servia tão bem que deveria ser feita sob medida para isso. Eu devo ter feito um barulho. Deus sabe que meu corpo estava tendo todos os tipos de reações não-verbais à visão, então não teria sido tão incomum se algum tipo de som choramingado me escapasse, chamando a atenção para o fato de que estava ali, o tapete tendo silenciado o clique dos meus saltos, permitindo-me um momento feliz antes que ele se virasse e me notasse também. — Cristo, — ele sussurrou, balançando a cabeça um pouco como se não tivesse certeza de que estava realmente vendo o que estava, um homem sedento no deserto sendo enganado por uma miragem de uma cachoeira.
Seus olhos se moveram sobre mim, absorvendo cada pequena mudança, o cabelo, a maquiagem, o vestido apertado que mostrava uma figura que eu geralmente não usava para acentuar, minhas pernas nuas, os saltos aos quais tinha calçado. Cada centímetro parecia aquecido sob sua inspeção, como se houvesse um toque físico ligado ao olhar, fazendo um tremor de alguma forma percorrer meu corpo, arrepios subindo em minha pele. — Valeu a pena. — Como? — Perguntei, com certeza eu o ouvi mal. — O sacrifício de sangue, — ele me disse, seus lábios se curvando, mas parecia forçado, não encontrando seus olhos, mal iluminando seu rosto. — Você também está bem, — eu disse a ele porque era verdade. — Devemos tirar uma foto no quarto antes de sair? — Perguntei, sentindo-me desconfortável enquanto ele ficava olhando para mim. — Eu acho que uma selfie no espelho é bastante normal nesse tipo de situação. Ele não disse nada enquanto me seguia até o banheiro, enquanto eu destravava meu celular e acessava a câmera. Ele não disse nada quando seu braço deslizou pela minha barriga, tão baixo que estava pressionando o triângulo acima do meu sexo quando ele deslizou atrás de mim, esmagando minhas costas na sua frente, descansando a cabeça no meu lado enquanto eu não conseguia fazer nada além de ficar lá com meu braço erguido com o celular, observando nossos reflexos enquanto meu corpo parecia em curto circuito com tanta coisa acontecendo dentro dele. — Nós vamos perder a nossa reserva, — ele me disse, a voz suave, seu fôlego fazendo meu cabelo dançar um pouco. — Certo, — eu concordei, movendo meu polegar para o botão de captura. E no segundo que pairou ali, seus lábios pressionaram o lado da minha cabeça. Eu cliquei no botão porque a minha mão ficou descontrolada, não porque eu pretendia, surpresa demais para reivindicar tanto controle sobre minhas ações. Mas no segundo que ele ouviu o clique, ele se afastou de mim, deixando-me quase instável nos meus saltos, fazendo minha mão bater na pia por um segundo, algo que ele felizmente não pecebeu por estar de costas quando saiu do banheiro.
Eu precisava me recompor. Se fosse sobreviver esta noite quando ele, obviamente, continuaria a me tocar, sorrindo para mim como se fosse sério sobre isso, talvez até mesmo me beijando, dizendo coisas que minha mente e corpo poderiam facilmente confundir. Mas não era por mim. Era para mostrar. Não significava nada. Não para ele. Porém, se eu fosse honesta, significava alguma coisa. Para mim. E isso, sim, isso ia ser um problema, não ia?
9 Brinley O Grill era saído direto da grandeza dos anos cinquenta. Entramos em uma escuridão muito parecida com o exterior, tudo pintado de marrom profundo com toques dourados. O grande bar quadrado estava iluminado do chão, lançando uma gigantesca árvore de flores de magnólia em uma linda luz fraca. Pendurado do teto sobre o conjunto de garrafas de bebidas, havia uma enorme peça de arte de teto cuja escala eu nunca havia visto antes. Pelo menos não pessoalmente. Havia milhares de varas de bronze penduradas que, de longe, você não podia dizer o que eram, pareciam finas, frágeis, delicadas, como se estivessem quase chovendo. Fomos levados para tomar uma bebida e esperar pela nossa mesa. — Você vê isso? — eu perguntei, a cabeça virada para cima, não me importando se estava boquiaberta, se isso não me fizesse parecer tão extravagante quanto todos os outros casualmente sentados ao redor. — Sim, eu vejo, — ele concordou. — Ninguém mais está olhando, — eu disse a ele, balançando a cabeça. — Espero nunca perder a maravilha de admirar coisas bonitas, — acrescentei. — Eu também, — ele concordou. Mas quando olhei, seus olhos não estavam levantados; estavam em mim. Não havia como negar o sentimento de agitação por dentro enquanto pensava que talvez, apenas talvez, eu não estivesse interpretando mal, que ele estava falando de mim. — O que posso fazer por vocês hoje? — o garçom magro e alto com um casaco quase exageradamente branco, camisa branca e gravata borboleta perguntou diante de nós.
Nós pedimos, esperando em silêncio que fossem preparados. Minha bebida, vermelha brilhante em um copo de Martini, mal tinha deslizado na minha direção antes que sentisse a mão de Warren agarrar a ponta da minha cadeira, me arrastando para mais perto até que meu lado tocasse o dele. Seu braço deslizou ao redor da parte inferior das costas, deslizando para o osso ilíaco do outro lado. Muito perto de algum lugar que eu precisava desesperadamente senti-lo. Mas também longe demais. Seu braço apertou, puxando-me para mais perto, seu rosto se movendo, lábios quase tocando minha orelha. — Não olhe, mas do outro lado do bar no canto. Aquele é o homem de Rachel, — ele me disse enquanto minha cabeça se abaixava, minhas bochechas esquentando porque a maneira como sua respiração se movia sobre minha orelha fez um arrepio percorrer-me, algo que sabia que ele tinha que ter sentido. — Como você sabe? — eu perguntei, desejando que minha voz não estivesse tão ofegante. — Ele tem uma maldita lente de câmera na parte de trás de seu telefone que foi apontada em nós desde que nos sentamos. Eu não arrisquei um olhar. Não conseguia nem pensar além da percepção de que podia sentir o calor do seu corpo através do meu vestido. Seus dedos se moveram de repente, deslizando ligeiramente para cima. — Não, — eu implorei, a cabeça caindo em seu ombro quando outro arrepio passou por mim. — Por que não? — ele perguntou, seus dedos parando, permanecendo plantados em minhas costelas. — Você sabe o porquê, — eu disse ao seu ombro, tentando respirar fundo. — Beba sua bebida, Brin, — ele me disse, a voz suave, afastando-se alguns centímetros. Orgulho um pouco dizimado, eu endureci, virando para frente, pegando minha bebida. Meus olhos deslizaram pelo bar para ver o homem de quem Warren estava falando, os olhos dele no telefone, então não parecia que estivesse nos perseguindo, mas aquela lente da câmera estava absolutamente fixa em nossa direção.
Eu mal tinha tomado dois goles antes de sermos chamados para a nossa mesa. Quando me levantei, a mão de Warren pressionou minha parte inferior das costas para me guiar, fazendo com que realmente tivesse que me concentrar em andar, então não cairia de cara no chão. Passamos alguns minutos olhando os cardápios antes de ficarmos presos nos encarando. — Nós provavelmente deveríamos estar conversando, — eu disse, bebendo minha bebida nervosamente, esperando que isso ajudasse a acalmar meus nervos. Graças a Deus, tínhamos uma mesa entre nós. Meu pobre corpo simplesmente não estava pronto para lidar com todos os toques. — Ele não pegará uma mesa, — Warren informou, tendo a melhor visão do bar. — Mas, sim, falar seria bom. Sobre o que você quer falar? Dei de ombros, pedindo-lhe que me dissesse mais sobre a fazenda. Ele não era um homem para quem a conversa geralmente vinha facilmente. Mas algo sobre as memórias associadas à sua casa de infância, e as terras que a cercam, fazia com que as palavras fluíssem facilmente de seus lábios. Ele se tornava vivo quando ele compartilhava isso também. Seus olhos, tão comumente cautelosos, se abriram, brilharam, dançaram quando ele contou sobre tentar pegar galinhas na floresta quando elas se afastaram muito, na verdade, estendendo a mão para me mostrar uma cicatriz em seu dedo, onde uma tinha conseguido pegá-lo quando ele tentava levá-la de volta para casa. Ele não recolheu a mão, no entanto. Não. Ele descansou sobre a minha. Isso eu poderia aguentar. Não foi muito perturbador. E ele teria que soltá-la assim que a comida chegasse. — Você desistiria disso? — Desistir? — Sua carreira, — eu especifiquei.
— Não imediatamente, — ele disse cuidadosamente. — Eu ainda tenho uma hipoteca para pagar. Mas uma vez que fosse feito, eu provavelmente ficaria com a agricultura. — Produzindo colheitas e tal? — Há um grande mercado local para alimentos e frutas orgânicos. Felizmente, meu avô plantou um pomar há uns bons vinte anos atrás. Mantinha os insetos sob controle com galinhas e louva-deus. Haveria maçãs, peras, pêssegos e ameixas suficientes para encher uma mercearia. — Você poderia ganhar a vida apenas vendendo frutas? — E vegetais. Algum leite, ovos, qualquer coisa. Sim. Ele podia. Ele nunca nadou em dinheiro, e ele era muito velho para realmente trabalhar a terra tanto quanto poderia ter na última década e meia. O mercado mudou muito. Você pode ganhar dinheiro se souber o que está fazendo. — Você não sentiria falta disso? Construção? Planejamento? — Eu ainda estaria construindo e planejando. Apenas um tipo diferente, dependências, estufas, plantio hidropônico. E a própria casa precisa de um acréscimo, algumas atualizações. Eu nunca mais precisaria de um projeto. — Você tem alguma foto? — Não no meu telefone, não, — ele disse, parecendo desapontado. O garçom voltou, e Warren relutantemente soltou minha mão, para que eu pudesse pegar meu garfo. — E quanto a você? — E quanto a mim? — Quando o programa acabar, e você tiver mais ligações do que você pode receber, qual é o seu plano? Eu sinceramente não tinha pensado nisso desde que começamos a trabalhar. Minha mente estava tão preocupada com os trabalhos, com a estranheza de nossa nova vida que não tive tempo para devaneios. — Eu acho que finalmente conseguir um escritório. Talvez ter uma assistente. — Talvez? — ele perguntou, olhando para mim sob as sobrancelhas. — Você definitivamente vai precisar de uma assistente, Brin. Eu acho que você está pensando muito pequeno ainda.
— Acho que estou traumatizada depois de anos mal conseguindo sobreviver, — eu corrigi. — Você começa tão jovem e idealista, sabe? Eles dizem que se você trabalhar duro o suficiente, se você forçar mais do que seus colegas, se você aprender a comercializar, como marcar, como chegar ao seu público-alvo, então tudo magicamente vai se encaixar no lugar. Mas o mundo nem sempre funciona assim. Às vezes as pessoas que davam tudo no trabalho continuam lutando, enquanto os preguiçosos ficam com sorte. Agh, eu estou reclamando, — eu resmunguei para mim mesma. — Não me escute. — Você trabalha duro, Brin. É compreensível que você esteja frustrada por não ter chegado mais longe do que chegou. Mas acho que é seguro dizer que você pode começar a sonhar de novo. Porque está prestes a ser inundada. Eu não ficaria surpreso se você precisasse procurar um estagiário no próximo verão. Esse era o sonho. Um escritório. Um nome. Uma equipe. E todas as coisas superficiais que vieram com isso, um carro que funcionasse corretamente, uma casa minha, coloração de cabelo que não foi comprada na promoção... com um cupom. — Você está nervoso com a entrevista? — eu perguntei. — Eles vão trazer os rumores, — ele me avisou, chamando a atenção para algo que eu não parei para considerar. — Eu preciso entrar no Instagram o mais rápido possível. Publicar as imagens para hoje à noite. Eles provavelmente não terão as novas fotos do cara no bar até depois de terminarmos as filmagens. Pelo menos, teremos elas para mostrar aos entrevistadores quando eles perguntarem. — Eles ainda vão perguntar. — Então, vamos ser honestos. Nós brigamos muito nos trabalhos. Nós dois temos uma visão de como queremos que seja, e isso nem sempre combina. Os argumentos são inevitáveis até que possamos finalmente concordar com o resultado final.
— Nós podemos vender a verdade. Enquanto agirmos como se estivéssemos loucamente apaixonados, — ele acrescentou, lembrando-me de um dever que, embora não fosse abominável para mim do jeito que teria sido apenas alguns meses antes, me encheu de pavor mesmo assim. Não haveria como escapar, nem como esconder minha reação a isso. Bem ali na TV. Para o mundo inteiro ver, incluindo meus entes queridos. Enquanto meus pais e meu irmão, e talvez até minha irmã, pudessem descrever como bom desempenho, Brent saberia. E Brent me ligaria. Então teríamos que conversar sobre isso. E eu não poderia fazer o meu melhor para fingir que isso não estava acontecendo. Comemos em silêncio confortável por alguns momentos, ocasionalmente comentando sobre a decoração, sobre as opções de sobremesa, embora provavelmente não tivéssemos espaço, sobre o quanto odiávamos ter que fazer nossa maquiagem antes dos dias de trabalho, e a próxima entrevista. — Você nunca fala sobre o seu pessoal, — ele disse, estranhamente, depois que eu divaguei sobre a equipe com quem havíamos feito amizades casuais nos últimos meses. — Meu pessoal? — Perguntei, confusa. — Família. Amigos. Para alguém que compartilha tanto, você mantém isso restrito. Eu mantenho? Acho que sim. Não me lembrava da última vez em que fiz referência à minha família. — Acho que imagino que se você não os conhece, você não tem interesse em ouvir sobre eles. — Bem, eu estou interessado, — ele me disse, encolhendo os ombros, dandome toda a sua atenção, algo que me fez querer me contorcer no meu assento, um impulso que mal controlava. — Todo mundo é realmente bem-sucedido, — eu comecei. — Minha mãe faz gerenciamento de projetos em uma empresa de energia. Meu pai recebeu sua herança quando seus pais morreram quando ele tinha vinte e cinco anos para investir em imóveis. Que ele continua a fazer. Meus irmãos são mais velhos. Minha irmã é
farmacêutica. Ela é casada, com dois filhos e outra a caminho. Você conhece essa parte, — eu disse, lembrando da desculpa que ele deu a Rachel sobre onde eu desapareci. — Espere, como você sabia disso? — Você tinha um monte de bricolagem de quarto de bebê no seu Instagram, — ele me disse casualmente. E eu tinha legendas sobre minha futura sobrinha ou sobrinho. Ele admitiu ter me pesquisado quando ouviu falar de mim pela primeira vez, mas esse post era apenas de algumas semanas atrás. Na verdade, apenas dois dias depois ele começou a dormir no sofá. Isso era... interessante. — Certo, — eu concordei, observando-o por um longo segundo, tentando lê-lo da maneira que ele parecia ser capaz de fazer comigo, mas achando que não tinha tal habilidade. — E então eu tenho um irmão que é advogado. Casado. Acabou de ter um bebê. — Acho que estou começando a entender você, — ele me disse, assentindo um pouco enquanto pegava sua bebida. — O que você quer dizer? — Esta motivação que você tem. Não é realmente sobre coisa superficial. Querer ter sapatos de grife e um carro top de linha. Você se sente inferior. Todos ao seu redor estão bem. E você ainda está lutando. — Sim, — eu concordei, engolindo o gosto amargo do meu próprio fracasso. — Você é bem-sucedida agora, Brin. Você tem um programa de TV. Eu bufei com isso, balançando a cabeça. — Isso eu consegui mentindo. — Não. Você conseguiu porque quando Rachel olhou para você, encontrou algo de que ela gostava. Não teria importância se ela achasse que fôssemos fantásticos juntos, — ele disse, enfatizando a palavra do jeito que Rachel fez, me fazendo sorrir, — se o seu trabalho fosse uma droga. Você conseguiu isso por mérito. E uma pequena mentira. Para uma pequena mentira, com certeza parecia grande, capaz de mudar o mundo se fosse descoberta, destruidora de carreiras. Talvez eu devesse ter aceitado a oferta para realmente casarmos. Claro, se alguém começasse a cavar, isso mostraria que o fizemos depois que assinamos os contratos, mas isso ainda o tornaria legítimo.
Mas mesmo a simples ideia disso fez com que a minha barriga se agitasse desconfortavelmente. Já era difícil ver um anel de casamento no meu dedo, um que eu mesmo havia colocado lá. Seria um outro monstro inteiro tê-lo deslizando-o na frente de um juiz de paz. Isso roubaria algo de mim, a experiência de experimentá-lo de verdade na primeira vez em que acontecesse, sentir excitação e nervosismo e amar tudo de uma só vez, em vez de uma espécie de obrigação resignada. Eu quis dizer o que disse, o casamento significava algo para mim. Não queria baratear isso. Nem mesmo pelo sucesso pelo qual trabalhei tanto. — Eles têm que se orgulhar de você, Brin, — ele acrescentou depois de um longo momento em que eu estava perdida em meus próprios pensamentos. Acho que eles se orgulhavam. Quando eu disse aos meus pais, mesmo com a mentira, eles disseram que iriam reunir todos os seus amigos para assisti-los, evitando cuidadosamente responder perguntas para as quais não tinham respostas. Tipo como foi o casamento. Como Warren estava quando veio e pediu minha mão. Por que isso era um segredo? — Sim, — eu concordei, assentindo. Eles estavam orgulhosos. Mesmo antes disso. Minha mãe entrava na minha mídia social, babando sobre os trabalhos que eu fazia ou projetos em que trabalhava. Meu pai me contratou para refazer o interior de um consultório médico que adquirira há um ano. Talvez tenha sido apenas minha própria insegurança sobre onde eu estava na vida que me impediu de ver que eles não me menosprezavam porque eu não ganhava muito dinheiro como meus irmãos, como eles mesmos faziam. Às vezes era difícil ver além do seu próprio preconceito. Até para si mesma. — Então, você realmente tem espaço para a sobremesa? — ele perguntou, parecendo duvidoso. — Eu gostaria, — eu disse, esfregando a mão sobre o cardápio de sobremesas que havia sido discretamente deixado em nossa mesa depois que a comida foi levada embora.
— Se você quiser algo mais tarde, há cerca de três dúzias de lugares abertos para sobremesa a qualquer hora. — Isso é verdade, — concordei, pensando que preferia ter três grandes cupcakes pela metade do preço do que uma fatia pequena cheesecake aqui. — Não, podemos dividir, — comecei a me opor quando ele estendeu a mão pela conta, discretamente colocada dentro de uma fina pasta de couro. — O quê? — Perguntei quando tudo o que ele fez foi levantar uma sobrancelha para mim. E talvez olhar para mim como se eu tivesse perdido o juízo. — Você não está falando sério, — ele me informou, colocando um cartão na pasta e empurrando-o na direção da borda da mesa. — Este lugar é muito caro. De jeito nenhum você deveria estar pagando por tudo isso. — Eu também não tinha escolhido nada de barato, algo pelo qual estava me chutando agora. — Você não está pagando, — ele me informou quando o garçom veio pegar a conta. — Por que não? — Porque não está. Não quando você sai comigo. Os caras com quem você costuma sair para jantar te deixam pagar metade? — Eu não saio para jantar com ninguém há muito tempo, mas sim, às vezes. — Quanto tempo é muito tempo? — Como isso é da sua conta? — eu perguntei, enrijecendo, sabendo que a resposta, para uma mulher saudável, confiante e sexualmente ativa na faixa dos vinte anos, era um pouco embaraçoso. — Não discuta, — ele me lembrou, sorrindo um pouco, tentando se livrar do cara que provavelmente ainda estava no bar. — Apenas responda. — Eu não sei exatamente. Um ano, mais ou menos. — Você está de brincadeira. — Não, — eu disse, encolhendo os ombros. — Eu tenho estado ocupada com o trabalho.
Ele desviou o olhar por um segundo, e me encontrei querendo saber o que estava passando pela sua mente, mas era muito covarde para perguntar. — Você precisa sair com homens melhores. — O quê? Só porque dividimos a conta, eles não são bons homens? — Eles são garotos vestidos de homem, — ele me disse, pegando a conta depois que o garçom deixou, fazendo um rápido cálculo e assinando o nome dele. — Nem todos os homens podem pagar o jantar, — eu disse. — Então ele não deveria estar namorando. — Isso é muito atrasado. — Se um homem não pode pagar pelo jantar, suas finanças não estão em ordem. Se suas finanças não estão em ordem, ele não tem nada que trazer uma mulher em sua bagunça. — Mas... — Você leva os encontros a sério, certo? — ele me cortou, me pegando de surpresa. — O que você quer dizer com isso? — Você vai aos encontros só porque é uma boa maneira de passar uma noite, ou porque você está procurando algo sério? — Algo sério, — eu admiti, encolhendo os ombros. — Certo. Então, se você está procurando algo sério, precisa de alguém que é sério sobre construir uma vida. Como ele pode construir uma vida, ajudar a pagar uma hipoteca quando vocês conseguirem uma casa juntos, cobrir as contas se você quiser tirar alguns meses de folga depois de ter um bebê, se ele não puder pagar pelo jantar? Ok. Posto assim, eu poderia talvez ver o seu ponto. — Você está esquecendo uma coisa, no entanto. — O quê? — ele perguntou, inclinando-se para frente. Eu sabia que ele provavelmente estava apenas fazendo um show para o paparazzo que ainda estava no bar se aproximando, como se estivesse fascinado pelas palavras que vieram de mim. Mas ainda me deu um pequeno arrepio quando sua mão roçou a minha novamente.
— Eu não sou financeiramente estável. — Como você chegou na minha casa? — Um Uber, — eu admiti. — Você pagou? — Sim, — eu disse, as sobrancelhas franzindo, imaginando que isso era óbvio. — Duzentos, certo? — Sim, — eu admiti, assentindo. — Você ainda tem dinheiro no banco? — Sim, — eu disse a ele. — O suficiente para pagar suas contas? — Sim. — Não é que você não seja estável então, certo? É que você vive dentro dos seus meios. Se um homem não pode pagar pelo jantar, se as finanças dele são tão apertadas, quando ele não reúne o suficiente para algo sério. Porque problemas aparecem. Carros quebram. Aquecedores de água estragam. Parceiros são demitidos. Se você não tem uma pequena coisa escondida para isso, então, na minha opinião, você não deveria estar começando algo sério. Não estou dizendo que todos os homens precisam pagar o tempo todo. Mas no primeiro encontro pelo menos, Brin, você não deveria estar dividindo a conta. Ele me disse isso enquanto se movia para ficar em pé, contornando a mesa em um só passo, estendendo a mão para ajudar a afastar minha cadeira. Estendeu sua mão, palma para cima, me convidando para colocar a minha lá para me ajudar. Com pouca escolha, eu coloquei lá, fingindo ignorar a sensação de formigamento no contato enquanto me levantava. Ele não me soltou, porém, quando eu estava de pé, colocando a mão nas minhas costas como esperava. Não. Sua palma deslizou para baixo da minha, os dedos escorregando entre os meus dedos e se fechando apertadas, engolindo completamente a minha mão com a dele. — Tente não parecer tão apavorada. Nós devemos amar fazer isso, lembra? — Ele me lembrou, a cabeça abaixando um pouco. O problema não era que eu não amasse, o problema foi que gostei demais.
Minha mão instintivamente enrolou na dele, segurou com mais força, enquanto ele me levou pelo caminho das mesas, em seguida, para fora do prédio. — Quer andar por aí? Ver se o cara segue para mais algumas fotos? Tudo o que consegui foi um aceno quando começamos a andar. — Frio? — Ele perguntou alguns momentos depois, depois que eu tremi com força contra o ar frio da noite. — Um pouco, — eu admiti, sentindo a mão dele se soltar da minha, deslizar para longe. Eu mal tive um momento para sentir a perda antes que seu braço estivesse ao redor dos meus ombros, meio me enrolando em seu corpo. Perto demais para fazer qualquer outra coisa, meu braço foi ao redor de sua parte inferior das costas, a outra descansando em seu estômago. Tão perto, eu consegui perceber um ligeiro traço de colônia, algo amadeirado, árvores, terra e ar fresco, um cheiro que parecia combinar perfeitamente com ele. Seu calor se moveu por mim instantaneamente, fazendo outro arrepio percorrer meu corpo enquanto o calor afugentava meu frio. — Melhor? — ele perguntou, a voz um pouco mais áspera do que o habitual. — Sim. — Minha voz estava marcadamente sem fôlego. Eu engoli em seco para combatê-lo. — Ele nos seguiu? — Do outro lado da rua, — ele me informou. — Provavelmente nos seguirá de volta ao hotel. — Qual é distância? — Perguntei, não tendo ficado melhor em descobrir como as ruas estavam desenhadas. — Cinco minutos diretamente a frente, — ele me disse, seu braço parecendo apertar um pouco. Então nós andamos, embrulhados como amantes para qualquer um que nos visse. Estávamos vários passos longe da frente do hotel quando Warren de repente parou, pressionando-me contra a parede, a cabeça mergulhando no meu pescoço, o hálito quente fazendo um tremor atravessar minha barriga. — Warren, — eu assobiei, minha voz um aviso. — Não, — eu implorei muito como fiz no carro.
— Sh, — ele me disse, a respiração se movendo sobre a minha pele sensível debaixo da minha orelha. — Relaxe, — ele exigiu suavemente, seu nariz subindo até minha orelha, fazendo outro tremor me atravessar, mas desta vez, não apenas do lado de dentro. É para a câmera, tentei me lembrar, me concentrar, manter controle do caos no meu corpo. — Warren, vamos entrar, — sugeri. Eu sabia o que queria dizer. Vamos entrar. Tirar nossas roupas. Ceder à atração entre nós. Mas ele não ouviu isso. Ele ouviu as palavras, não o significado por trás delas. — Sim, acho que estamos todos prontos, — ele concordou, afastando-se, pegando minha mão e praticamente me arrastando para dentro. Talvez parecesse romântico. Como se ele estivesse desesperado para me levar para dentro, para colocar as mãos em mim. Mas não havia nada doce ou amoroso sobre o seu aperto em mim. No mínimo, me senti frustrada. Assim que estávamos no elevador, sua mão soltou a minha, seu corpo indo para o canto mais distante. Nada foi dito. Não precisava ser. A encenação acabou. Ele não precisava mais fingir estar apaixonado por mim. Não deveria, já que eu sabia o que era isso, mas enviou uma sensação de desânimo no meu peito e barriga enquanto caminhávamos de volta ao nosso quarto de hotel. Fechei-me no banheiro, removendo minha maquiagem com uma diligência quase selvagem, querendo todos os vestígios desta noite fora do meu reflexo. Eu tirei
o vestido que de repente parecia muito apertado, cortando o meu ar, e vesti um simples conjunto de short e regata antes de voltar para o quarto. Warren estava olhando para fora das portas enquanto eu entrava, mas se virou quando ele me ouviu, passando por mim para se trancar no banheiro. Ele nem sequer olhou para mim. Mas na cama havia três travesseiros que ele devia ter pedido. Com um suspiro, apaguei a maior parte das luzes, coloquei os travesseiros em nossa ordem habitual e subi na cama, fingindo não ouvir a água correndo no chuveiro, tentando não imaginá-lo sob o fluxo, a água escorrendo abaixo do seu... Ok. Chega disso. Ficou claro que Warren era simplesmente um ator incrível, alguém que poderia fazer um show de verdade, poderia enganar até mesmo sua co-atriz a acreditar que havia sinceridade em suas palavras e ações. Eu era todo tipo de boba por acreditar nisso. Mas isso acabou agora. Eu ia ter controle sobre mim mesma. A porta do banheiro se abriu quando eu fingi dormir, o corpo enrolado em si mesmo. Ele se moveu lentamente ao redor do quarto, apagando a última luz restante. Teria escurecido o quarto, mas não o suficiente porque eu não fechei as cortinas para a varanda, e a cidade que nunca dorme estava radiante como sempre, sem dúvida brilhando no espaço, tornando fácil para Warren encontrar caminho para o outro lado da cama. Pude sentir afundar quando ele subiu, se acomodando. Eu sabia, sem olhar como ele parecia bem então. De costas, braço erguido, mão atrás do pescoço, a outra na barriga nua. Senti movimento nas minhas costas, mas não tinha certeza do que era, apenas ele tentando se sentir confortável, imaginei. Mas não um momento depois, senti um corpo deslizar por trás do meu. A barreira de travesseiro caiu.
Um peito forte pressionou nas minhas costas, quadris embalando minha bunda, pernas levantadas sob as minhas, um braço em minha barriga. — Diga-me que você estava fingindo, e vou estar de volta ao meu próprio lado, — sua voz disse perto do meu ouvido, suave, como se ainda estivéssemos compartilhando segredos que não queríamos que os outros ouvissem. — Não vou acreditar, mas eu vou. — Por que não acreditaria? — Me ouvi perguntar, sem saber por que deixaria essas palavras saírem da minha boca. — Porque você é uma atriz decente, Brin, mas não tão boa assim. Não havia como você fingir quando você... — ele começou, os dedos traçando minha barriga, seu polegar mal tocando a parte de baixo dos meus seios no processo, seja de propósito ou não, — sim, isso — ele me disse quando meu corpo estremeceu. Minha cabeça caiu para trás, pressionando em seu peito quando respirei instável. — Você quer a barreira de volta? — Ele perguntou, a voz áspera quando minha bunda se mexeu contra seus quadris. — Não, — eu sussurrei, empurrando para trás para que eu pudesse me mover de costas. Seu corpo se moveu apenas o suficiente para me dar espaço para isso, mas permaneceu imóvel meio curvado sobre mim. O rosto a maior parte na sombra, eu ainda podia ver seus olhos profundos, encontrando-os me olhando quando olhei para ele. — Eu pensei que você estava fingindo, — admiti, minha boca não parecendo capaz de calar e deixar as coisas acontecerem. A respiração de Warren bufou. — Eu tive que dormir em um sofá por semanas para manter minhas mãos longe de você, querida. Como diabos você poderia pensar que estava fingindo isso? Eu desviei o olhar, não querendo seu contato visual penetrante para o que estava prestes a sair da minha boca. — Eu pensei que o beijo fez você decidir que não me queria afinal. E estávamos apenas sendo imaturos sobre isso. — Cristo, — ele disse, quase parecendo divertido, e quando olhei para cima, ele estava sorrindo para mim. Sim, esse sorriso. Aquele que tantas vezes quis tirar a tapas do rosto dele. De alguma forma, porém, talvez gostei disso tão perto. — Não, Brin. Eu só não queria estragar tudo.
— Como isso pode estragar as coisas? — Eu perguntei, balançando a cabeça para ele. — Deveríamos não ser capazes de manter nossas mãos longe um do outro. — E se as coisas corressem mal? — ele perguntou, me observando. — Depois que colocamos nossas mãos um sobre o outro. — No meu silêncio, ele assentiu. — Exatamente. Muito está em jogo para nós. Nós já tivemos problemas com a má imprensa. — Porque nós não estávamos falando sobre isso. Seu sorriso era doce, mas com uma sugestão de algo abaixo disso eu não conseguia entender. — Não parece conversa agora, — ele me disse. — Eu sinto vontade de fazer isso, — ele acrescentou, deslizando a mão de onde ela estava plantada ao meu lado, deslizando pelas minhas costelas, depois deslizando sobre o peito, o mamilo, já endurecido, beliscando ainda mais pelo tecido fino de algodão. — Não podia pensar direto, pensando em você naquela cama todas as noites sem mim, — ele me disse enquanto sua mão se movia para cima, deslizando sob a parte superior da minha regata para se mover por baixo e me tocar sem uma barreira. — Eu queria que você aparecesse, — eu disse a ele enquanto minha respiração me falhava, seu polegar deslizando sobre o meu mamilo ultrassensível. — Queria... — Eu comecei, não tendo certeza de como explicar a necessidade que estava me arranhando. — Isso, — ele me disse enquanto sua mão enorme e endurecida pelo trabalho se fechava ao redor do meu seio, apertando, fazendo minhas costas se arquearem na sensação, meu coração começar a bater forte no meu peito. — Sim, — eu choraminguei, pressionando minhas coxas mais apertadas para tentar aliviar a necessidade aumentando lá, uma coisa tensa, quase dolorosa. — E isto? — ele perguntou, a mão se afastando enquanto seu corpo abaixava, seus lábios se fechando sobre o pico endurecido, a língua deslizando sobre ele, fazendo arrepios subirem pela minha pele enquanto meus dedos se curvavam em seu braço, garantindo formas de lua crescente gravadas lá de manhã. — Sim, — eu gemi quando sua cabeça se moveu pelo meu peito, torturando meu outro mamilo até que meu corpo estivesse se contorcendo debaixo dele, meus dedos gananciosos descendo por suas costas, afundando em sua bunda, tentando
puxá-lo para mais perto quando minhas pernas caíram abertas no colchão, precisando do contato tanto como precisava da minha próxima respiração. — Isto? — ele perguntou levantando-se ligeiramente, dando-lhe espaço suficiente para puxar minha camisa enquanto sua cabeça se movia para baixo, lábios e língua traçando uma linha no centro do meu estômago, fazendo meus quadris começarem a subir desavergonhadamente, sabendo onde ele estava indo e implorando por isso. Seus dedos prenderam o cós do meu short e calcinha, mas pararam, olhando para mim. Levei um longo momento, incapaz de pensar além da necessidade avassaladora me dominando, percebendo que ele estava esperando por uma resposta. — Sim, — eu disse a ele, minha mão descendo e deslizando em seu cabelo macio, uma semana atrasada para um corte, como me vi fantasiando um dia enquanto observava ele cair um pouco sobre sua testa, enquanto discutia planos com alguns dos caras. Seus olhos escureceram antes de sua cabeça se abaixar. Mãos puxaram, forçando meus quadris para cima do colchão para que ele pudesse tirar meu short e calcinha das minhas pernas. Seus dedos encontraram o interior sensível do meu tornozelo, subindo pela minha panturrilha, a parte de baixo do meu joelho, a pele ultramacia da minha coxa. Olhos de repente em mim, sua mão foi para cima e para dentro, pressionando meu clitóris, fazendo o meu fôlego me deixar, meus dedos se enroscando em seus cabelos, o outro agarrando-o no pulso da mão me tocando, silenciosamente implorando a ele para não parar, para dar um fim ao tormento me dominando. — Quando você estava na banheira, — ele disse de repente, a voz quase um estrondo, algo profundo, masculino, primitivo, — você estava pensando nisso? — ele perguntou. A boca seca de repente, não consegui encontrar palavras, acenando com a cabeça. — Eu ouvi você, — ele me disse, algo que sob qualquer outra circunstância, me faria enrijecer, ficaria vermelha de vergonha. Mas com o dedo ainda delicadamente trabalhando meu clitóris, enlouquecendo meu corpo lentamente, eu não conseguia reunir a autoconsciência que exigiria. — Acho que a única coisa que me impediu de
entrar e terminar o trabalho para você foi a porta trancada, — ele admitiu quando sua mão subitamente se afastou. Um som baixo e doloroso veio de algum lugar no fundo do meu peito com a perda. Mas mesmo quando o som estava saindo dos meus lábios, seu corpo estava baixando, braços passando sob minhas coxas enquanto seu peito encontrava o colchão. — War... — Eu comecei, mas seus lábios se fecharam em torno do meu clitóris, sugando forte, forte o suficiente para a minha visão ficar branca por um longo segundo. Meus quadris subiram, minha mão enrolando na parte de trás do seu pescoço, segurando-o, silenciosamente implorando para ele não parar, para dar ao meu corpo o que estava querendo por semanas. Sua língua saiu para começar a trabalhar em círculos lentos e implacáveis, uma exigência sem pressa por um orgasmo se movendo por todo o meu corpo, que me faria ver através do tempo e do espaço, me faria gritar alto o suficiente para quem quer que compartilhasse uma parede conosco, batesse nela frustrado. Seu braço deixou uma das minhas pernas, deslizando entre nós, pulsando na abertura do meu corpo por um longo tempo antes de finalmente enfiar dentro, empurrando preguiçosamente por um longo momento antes de se curvar e bater contra a minha parede superior. — Eu... — Comecei a gemer, ficando presa enquanto sua língua deslizava, o dedo batia... fazendo o orgasmo chegar atravessando meu corpo, roubando minha voz e meu fôlego por um longo momento, enquanto parecia começar na base da minha espinha e se espalhar, dominando todo o meu corpo. Minhas costas estavam arqueadas dolorosamente quando minha respiração finalmente retornou aos meus pulmões, deixando-me gemendo no final do orgasmo, chamando seu nome com abandono descuidado quando as ondas quebraram novamente. Meu corpo caiu de volta no colchão, pesado e úmido, o suor fazendo arrepios se moverem sobre a minha pele quando olhei para baixo para encontrar Warren me
observando com olhos escuros de pálpebras pesadas, seu queixo descansando no triângulo acima do meu sexo. Minha mão soltou seu pescoço, ambas se movendo para agarrar seus ombros, tentando arrastá-lo para cima e sobre mim. Suas mãos plantadas, e eu pensei que ele viria em cima de mim, mas ele se ajoelhou para sentar em seus calcanhares, estendendo a mão para me arrastar até meus joelhos também. Estendendo a mão, ele agarrou minha regata, arrastando-a para cima até que minhas mãos deslizassem, então descartando-a no chão. Completamente nua, ele me puxou em seu colo, seu pau duro pressionando minha fenda, a cabeça pressionando meu clitóris sensível e inchado do orgasmo, fazendo um arrepio me atravessar quando minha testa caiu em seu ombro em um gemido. Minhas mãos se moveram para baixo, agarrando o tecido fino de suas calças de pijama até que de alguma forma consegui descê-las desajeitadamente até os joelhos, expondo-o para mim. Meus quadris caíram para seu colo, deixando seu pênis deslizar entre meus lábios sem a barreira, algo que atingiu meu corpo com um estremecimento quando a respiração saiu em um suspiro, não tendo percebido o quanto eu precisava dele dentro de mim até senti-lo contra mim. Sua mão deslizou subindo pela minha espinha, deslizando para o cabelo na base do meu pescoço, enrolando e puxando com força suficiente para fazer meu couro cabeludo arder, forçando minha cabeça para trás. Olhos se abrindo, encontrei os seus nos meus, profundo, pesado, cheio de promessa apenas um segundo antes de seus lábios baterem nos meus, cauterizandoos, marcando-os de uma maneira que dizia que os sentiria lá depois de três horas, dias, semanas. O desejo era um fio desencapado no meu corpo enquanto sua língua brincava sobre a minha, fazendo meus quadris se moverem sobre ele, deixando seu pênis escorregar
entre
meus
lábios
enlouquecendo sem esforço.
escorregadios,
acariciando
meu
clitóris,
me
— Warren, por favor, — implorei contra seus lábios, incapaz de suportar a pressão na minha parte inferior da barriga por mais um minuto, precisando senti-lo deslizar dentro de mim, me reclamar, encher-me completamente. Seu braço foi para minha parte inferior das costas, me apoiando enquanto me inclinou para trás, me abaixou no colchão em direção ao seu lado da cama. Sua mão se apoiou ao lado do meu corpo, segurando seu peso enquanto a outra procurava a carteira que deixou na mesa de cabeceira, pegando um preservativo e fazendo um rápido trabalho para nos proteger. Ele agarrou meu tornozelo, puxando-o para cima e através de seu corpo, pressionando-o contra o outro, depois levantando minhas pernas em um ângulo no colchão enquanto ele deslizava para trás, acariciando seu pênis através da minha umidade por um longo momento, olhos nos meus, antes de empurrar repentinamente para frente, me reivindicando totalmente sem aviso, fazendo um gemido ficar engasgado na minha garganta, minha mão batendo no pulso da mão dele que estava segurando minhas coxas onde ele as queria. Minha boca se abriu, procurando palavras, coisas que sempre vinham tão facilmente para mim, mas não encontrei nenhuma, apenas sensações, apenas a sensação dele dentro de mim, reivindicando cada centímetro, fazendo minhas paredes se apertarem ao redor dele enquanto ele se recusava a se mover, apenas perdido no sentimento também. A necessidade me superou antes que a ele, meus quadris balançando, implorando pelo movimento que meu corpo estava pedindo aos gritos. Ele deu para mim, devagar no início, observando meu rosto em busca de reações, então mais rápido quando meus gemidos se tornaram choramingos, enquanto meus músculos tensionavam, enquanto minhas paredes o agarravam com mais força, chegando perto. O segundo orgasmo me atingiu inesperadamente, fazendo minhas pernas se soltarem quando um estranho gemido raivoso escapou dos meus lábios, meus dedos fincando em seu pulso enquanto as ondas quebravam continuamente. Eles nem tinham parado antes de ele estender a mão para mim, espalhando minhas pernas para os lados dele novamente, enquanto colocava um braço em volta
da parte baixa das costas, me arrastando para cima em seu colo enquanto se sentava em seus calcanhares. Meus braços se fecharam em torno de sua nuca em busca de apoio enquanto movia meus quadris contra ele, quase um pouco hesitante no início, ajustando-me na posição, então mais rápido, mais forte, mais selvagem quando meu corpo conseguiu construir a necessidade novamente. Os olhos de Warren estavam presos aos meus, com as pálpebras pesadas, quase aflitos com sua própria necessidade de gozar, enquanto nossos corpos brilhavam de suor, nossos fôlegos ficavam presos e sibilavam, enquanto nossos músculos se contraíam com o conhecimento do orgasmo próximo. Nunca antes eu estive tão completamente em um momento, tão consumida com os sentimentos e sons que apagaram todo o resto, acalmou minha mente. Isso aumentou tudo, a sensação da mão dele no meu quadril, os dedos curvados na pele, provavelmente deixando pequenas marcas para serem encontradas de manhã, o jeito que o peito dele tremia um pouco enquanto ele lutava pelo controle, seus quase gemidos irregulares. Eu estava bêbada em tudo isso, cada toque, cada suspiro, cada onda de prazer. Eu nunca quis perder, este momento, este momento impecável, perfeito, quando o mundo inteiro ficou parado apenas para nós. Mas meu corpo estava perdendo o controle, sendo empurrado para mais perto do limite, implorando para ser lançado. E então aconteceu, caindo além do limite com uma sensação distinta de infinito na minha barriga, fazendo-me cair em Warren em busca de apoio quando o orgasmo começou na base da minha espinha e acendeu em cada centímetro de pele, enquanto minhas paredes convulsionavam ao redor de Warren, enquanto ele sibilava e amaldiçoava quando roubei os últimos fios de seu controle, e ele gozou comigo, segurando em mim como eu estava nele, como se nós não o fizéssemos, não poderíamos passar por isso. Exausta, músculos fracos e pesados, desmoronei para frente em Warren, deixando-o me segurar enquanto lutava para firmar a respiração, para acalmar meu coração frenético, focar minha cabeça no momento.
Veja, sexo era sexo. Uma ação que leva a um objetivo. Uma necessidade corporal sendo cumprida. Prático, quase impessoal se você não o romantizasse. Mas isso? Isso não foi isso. Era algo que tinha certeza de nunca ter sentido antes, uma conexão que foi mais pessoal do que qualquer outra que já tivesse experimentado. Meu corpo sentia uma mistura de totalmente satisfeito, contencioso e dolorido, lindamente exposto. Senti-me sensível enquanto descansava contra ele, mais exposta do que jamais poderia ter antecipado, aberta e receptiva, cautelas dizimadas. Eu queria encontrar as palavras, para expressá-las, para ver se ele estava experimentando algo semelhante, mas minha boca permaneceu teimosamente silenciosa quando meus pensamentos voltaram para mim, me alertando sobre os riscos associados à exposição, sobre se abrir completamente com alguém, sobre quantos homens se assustavam se seus olhos sequer brilhassem após o sexo, quanto mais você lhes dizendo que de alguma forma parecia... mudada a partir disso. Esse era um território perigoso. E Warren e eu já havíamos provado muitas vezes que nunca tivemos o melhor equilíbrio. Então estabilizei minha respiração. Eu deslizei para longe quando o momento parecia certo. E escorreguei debaixo dos lençóis enquanto ele fazia uma curta viagem até o banheiro. Deixei que ele me puxasse para ele, acomodando-me em seu peito, deixando meus olhos cansados descansarem, meu corpo saciado relaxando em seu abraço. Mas mantive o momento egoisticamente para mim mesma. E eu caí no sono.
10 Warren Precisava ser falado. O que aconteceu na noite anterior. Mas, de alguma forma, nós dois nos esquecemos de acertar os alarmes, acordando apenas uma hora antes do que deveríamos chegar ao cenário para a maquiagem. Nós parecemos perceber isso de alguma forma simultaneamente, acordando em uma espécie de estupor sonhador, apenas deixando o sono se dissipar. E então nos separamos no mesmo momento, corações batendo forte, corpos falhando para tentar recuperar o atraso enquanto corríamos pelo quarto, lutando pelo uso do banheiro, arrastando as roupas enquanto tentávamos forçar nossos cabelos a se submeterem sem chuveiros para ajudar no processo. — Nós não podemos, — ela se opôs quando sugeri pegar o café da manhã antes de sair. — Nós não podemos ter nossos estômagos roncando enquanto somos entrevistados também, — eu raciocinei com ela, fazendo-a girar no seu calcanhar no último segundo possível para correr para a área do café da manhã, pegando coisas que poderíamos comer em movimento, e quase correndo para pegar um táxi. Nós chegamos lá com cinco minutos de sobra, sendo levados para áreas separadas para sermos maquiados e orientados. Simplesmente não houve tempo. Mas isso tinha que acontecer. A conversa.
Porque muita coisa aconteceu na noite anterior. As coisas mudaram. Eu sei que ela sentiu isso também. Não havia como ser apenas eu, de jeito nenhum que o que aconteceu não tivesse tido um impacto nela também. Foram duas longas semanas, tentando evitá-la, tentando colocar espaço entre nós, tentando evitar o aparentemente inevitável. Eu deveria passar esse tempo me arrependendo de colocar minhas mãos sobre ela, mas tudo que podia fazer era pensar nisso novamente, encontrando-me perdendo o foco durante o trabalho porque ela passava, e tudo que eu queria fazer era empurrála contra uma parede novamente, sentir um gosto dela, ter minhas mãos sobre ela toda, entrar dentro dela. E toda aquela tensão reprimida em ambas as partes explodiu em argumentos cada vez mais cruéis e ressentimentos. O último mais da parte dela já que ela me culpou por tudo isso. Com razão. Ela estava certa. Se eu não a tivesse evitado, se tivéssemos sido adultos sobre isso, as coisas não teriam aumentado tanto. Mas, também, às vezes as coisas aconteciam porque era suposto acontecer. Nós escolhemos não discutir isso, nossas vidas se tornaram uma panela de pressão, e quando as coisas finalmente começaram a explodir para fora, e aqueles ao nosso redor também puderam ver, eles começaram a falar. A conversa levou aos tabloides que levou Rachel a nos forçar a um encontro. O que nos levou, finalmente a ceder aos sentimentos que abrigamos há tanto tempo. Talvez algumas coisas devam ser assim, mesmo que, enquanto você estiver passando por isso, seja miserável. A vida funcionava assim às vezes, tudo muito mais claro em retrospecto. Eu só queria que tivéssemos nos levantado mais cedo, que tivéssemos tido alguns minutos para nos alongar, sermos preguiçosos juntos, dizer bom dia. E conversar. Porque quanto mais horas colocamos entre os eventos da noite anterior e a conversa, menor a probabilidade de que isso tenha o mesmo impacto, os mesmos pontos de interesse. Ou seja, isso estava indo em algum lugar. Caso isso não tivesse sido claro para ela.
Caso ela não se permitisse sentir o que eu senti na noite anterior. E não apenas o sexo, embora isso fosse algo para o qual eu ainda não tinha as palavras certas. Mas o encontro, a conversa, estarmos próximos, e afinal sem arrancar as cabeças um do outro. Nós nos encaixamos bem. Nós nos adaptamos bem, mesmo quando estávamos tentando nos evitar, por meses. Conhecíamos os ritmos um do outro, que comidas que gostávamos e não gostávamos, que filmes, músicas, programas de TV, como éramos quando estávamos com fome, cansados, frustrados, orgulhosos de nós mesmos. Todas essas pequenas coisas que vem de meses de namoro com alguém, já tínhamos aprendido isso. Nós estávamos à frente do jogo. Agora era hora de explorar um ao outro mais profundamente. Ela se abriu um pouco sobre a vida familiar no jantar, como eu também. Nós estávamos deixando nossa guarda baixa, nos aproximando. E eu queria que ela soubesse antes que trabalhasse para reforçar a dela novamente que podia contar comigo. Completamente. Se esse fosse o caminho que ela queria seguir. Eu sabia que ela queria, na verdade. Então esse fraseado estava errado. Se ela se permitisse ter isto. Não vi razão alguma para não. Nós nos demos bem quando não estávamos discutindo sobre o trabalho. Nós gostamos de muitas das mesmas coisas. Nós nos respeitávamos. Nós tínhamos uma química como a que eu não tinha experimentado antes, e dado o que soara como uma história de namoro menos que estelar, ela também não tinha. E funcionou. Para o show, especialmente, já que não teríamos mais que fingir nada. Nós simplesmente estaríamos juntos. Nós não teríamos que fingir a intimidade, o toque, o olhar persistente. Tudo viria naturalmente. — Agh, — Brin rosnou, balançando os ombros, sacudindo os braços como se estivesse se preparando para uma corrida.
— Nervosa? — É ao vivo, — ela respondeu, me mostrando uma careta. — E se eu disser algo estúpido? Ou esquecer de falar como um todo? — Você? Esquecendo de falar? — Eu provoquei, sorrindo quando ela entrecerrou os olhos para mim. — Você vai ficar bem. E se você não conseguir falar, eu vou socorrê-la. Não é grande coisa, — eu assegurei a ela, estendendo o braço para colocar em volta dela, dando-lhe um aperto no quadril. E não foi uma ilusão quando seu corpo se enrolou no meu por um momento, como se ela estivesse tentando tirar força de mim, antes de sermos chamados para o palco. — Claro, — Maria, a anfitriã matutina com cabelos castanhos escuros perfeitamente penteados e olhos profundos e enrugados, disse, assentindo para a explicação de Brin sobre como os ânimos sempre se manifestam nos locais de trabalho, e como os dela tinham um pavio curto, então é claro que nós batemos cabeças. — E nós estávamos olhando seus posts no Instagram, — ela continuou, acenando com a mão para a tela atrás dela quando minha mão encontrava o joelho de Brin, dando-lhe um aperto sob a mesa, algo que o público, e as câmeras, certamente não perderam. Nossos rostos apareceram na tela, Brin parada na minha frente, sua cabeça no meu peito, com um sorriso gigante, todos os dentes brancos em exibição enquanto ela segurava a câmera para uma selfie, eu, bem, eu estava olhando para ela. Foi a primeira vez que vi como fiz isso. Com quase... fascinação. Encantado. Era quase chocante ver isso tão claramente, a coisa pela qual estava lutando há tanto tempo que, claramente, eu não fizera absolutamente nenhum progresso em resistir. O slide deslizou para um lado a lado, a que eu tirei de Brin na loja de artesanato emparelhada com uma que ela tinha tirado de mim quando eu claramente não estava prestando atenção, passando a mão sobre um banco de madeira esculpida que havíamos passado. A tela mudou novamente, mostrando a foto do espelho que tínhamos tirado antes do restaurante.
Houve um suspiro coletivo da plateia, e a mão de Brin cobriu a minha em seu joelho, dando-lhe um aperto. Porque sabíamos que tínhamos isso. Nós fizemos isso. Eles acreditavam em nós. Quero dizer, neste momento, não havia muito a acreditar. Era tudo real. — Eu não sei sobre todos vocês, — disse Maria, olhando para a plateia, — mas estou vendo um casal loucamente apaixonado. Nós nos levantamos cinco minutos depois, andando de volta para maquiagem, onde nós dois estávamos morrendo de vontade de esfregar nossos rostos com lenços descartáveiss que tínhamos aprendido que todos os artistas de maquiagem carregavam em seu kit de ferramentas. — Rachel ficará satisfeita, — Brin me informou, ombros menos tensos, olhos mais brilhantes. — Isso foi... oh, fale do diabo, — ela disse quando seu telefone começou a zumbir no bolso. — Ei, Rachel. Você viu, eu sei! — ela disse, sorrindo. Leve. Era como ela estava então. Acho que não tinha notado o quanto a situação estava pesando sobre ela também, tão envolvido em meus próprios desconfortos. — Nós fomos fantásticos? — Eu murmurei para ela, fazendo-a sorrir e me bater no estômago. — Eu sei. Sim, absolutamente. Nós precisávamos do intervalo. Totalmente, — ela concordou, colocando o telefone entre a orelha e o ombro para estender a mão e ajeitar o cabelo. — Amanhã? Certo. Ah sim. Onde? — O que é amanhã? — Perguntei enquanto nos movíamos para fora do estúdio, entrando no ar quente do outono. — O encontro com o casal. Rachel está preocupada que estamos atrasados com o cronograma. Ela quer fazer o passeio amanhã ao meio-dia, depois nos fará voltar para a primeira casa para fazer as cenas finais. — Dia longo, — observei desapontado. Eu queria mais alguns dias com ela, para conversar, explorar um ao outro e à cidade, ser apenas um homem e uma mulher se conhecendo sem o estresse do trabalho. Mas, bem, o trabalho era inevitável. Nós teríamos que aprender como navegar isso.
Mais cedo do que tarde. — Quer descer pela manhã? Se pegarmos a estrada por volta das nove, chegaremos ao meio-dia. Ela arriscou um olhar na minha direção, os lábios curvados para cima de modo hesitante que quase consideraria isso tímido, embora geralmente não fosse uma palavra que eu usasse para descrevê-la. — Isso soa bem, — ela concordou, pulando para o lado para sair do caminho de alguém que estava correndo entre nós. — Almoço? — Eu perguntei, imaginando por que diabos eu era a pessoa que estava carregando a conversa, o que estava acontecendo em sua cabeça que a mantinha tão quieta. — Só se pudermos ir a um carrinho de comida, — ela declarou, animando-se. — Como se eu negasse a você espetinhos gordurosos e cachorros-quentes. Eu continuei tentando. Falar com ela. Abrir esse diálogo. Mas ela parecia sentir isso toda vez, ouvir algo no meu tom que eu não tinha a intenção de inserir lá, e trazer outra coisa de repente, jorrando sobre a comida, sobre as lojas, sobre os shows que ela sentia que ela deveria ver na vida, se ela estava genuinamente interessada ou não. — Brin... — Não vamos, — ela sugeriu, as palavras saindo dela para tentar encobrir as minhas. — Não vamos o quê? — Ter a conversa que está deixando a sua voz com essa coisa séria, — ela me disse, pulando um pouco nos saltos de seus pés, ansiosa demais para ficar parada para ter essa conversa. — Podemos apenas... ser? — ela perguntou. — Ser? — Sim. Apenas... fazer o que for. Não dissecar. As coisas boas tendem a desmoronar sob muita análise. — Coisa boa, é? — Perguntei, sentindo meu orgulho inchar um pouco. Ela ignorou isso. — O que você acha? Apenas deixar as coisas acontecerem?
Minhas mãos escorregaram nos bolsos da frente, balançando nos calcanhares como ela tinha feito antes, porque uma parte minha sabia que era uma má ideia, que o que precisávamos fazer era conversar, mesmo que isso fosse desconfortável para ela. Mas me vi concordando apesar das minhas reservas. — Sim, podemos deixar as coisas acontecerem, — eu concordei, estendendo a mão, agarrando seu queixo e arrastando-a até a ponta dos pés para que pudesse reivindicar seus lábios. Eu estava mantendo minhas mãos, e tudo mais, para mim mesmo por incerteza, e querendo arrumar as coisas primeiro. Mas se nós estávamos bem em deixar as coisas acontecerem, bem, então isso precisava acontecer. Bem aqui na rua, as pessoas se curvando ao nosso redor como ondas ao redor de pedras. ?Ouço um assovio quando minha cabeça inclina para aprofundar o beijo, minha língua se movendo para frente para reivindicar a dela. Não foi até senti-la balançar em mim, suas mãos se curvando em meus braços, segurando por apoio, que lentamente me afastei, lembrando meu corpo que queria mais bem ali que poderíamos ter o que quiséssemos quando chegássemos ao quarto de hotel. O que aconteceria mais três carrinhos depois. — Agh, não me deixe comer tanto, — ela declarou, pressionando a mão em seu estômago enquanto respirava fundo. — Acho que aumentei um tamanho de calça numa tarde. — Ninguém forçou a monstruosidade da comida do café da manhã em você, — eu a lembrei, sorrindo para seus óbvios arrependimentos alimentares. — Foram ovos mexidos e salsicha enrolados em um taco de torrada francesa, Warren. Um taco de torrada francesa. Eu não podia deixar de comer isso. — Talvez ter seguido com frango frito empanados com Cheetos não foi a melhor combinação. — Não me lembre, — ela resmungou quando entramos no quarto.
— Aqui, — eu disse, indo para a geladeira pegar um refrigerante. — Tome isso e livre-se das bolhas. Tome um banho. — Eu preciso fazer uma corrida de dezesseis quilômetros na esteira da academia lá embaixo. — Ela disse, nós dois sabendo que ela não era do tipo que corria voluntariamente por qualquer motivo. — Mas vou aceitar um banho, — ela concordou, indo ao banheiro. Eu ouvi a água correndo. Então as ondulações quando ela se abaixou dentro. Eu me torturei com a imagem dela ali, nua na água, seu cabelo flutuando ao redor dela, seus mamilos pontudos, pele macia da bomba de banho que ela sem dúvida pegou da tigela sobre o balcão. Meu pau endureceu quando me sentei no final da cama, lembrando-me de que uma vez que ela voltasse, ela se sentiria refrescada novamente. E eu poderia terminar o que comecei naquela rua. — Ah... Warren? Eu não esperava que ela me chamasse, fazendo meu corpo endurecer enquanto minha cabeça olhava na direção da porta. — Sim? — eu perguntei, o tom tão hesitante quanto o dela soou. — Eu sou uma idiota. — Ok... — eu disse, o som arrastando no final enquanto eu me movia para ficar de pé, me aproximando da porta. Quando ela não prosseguiu, parei do lado de fora. — O que há, querida? — Bem, eu esqueci as roupas, — ela me informou, fazendo-me revirar os olhos. Havia toalhas e roupões lá dentro. Este era realmente um problema inexistente. Além disso, eu não pretendia deixá-la ficar com roupas por muito tempo. — E pegar uma toalha, — ela acrescentou depois de um momento, fazendo-me soltar uma pequena risada. — Eu normalmente tentaria apenas chapinhar na água, mas este piso é escorregadio. — Você trancou a porta? — eu perguntei, talvez um pouco ansioso demais, pronto para entrar lá, para vê-la nua diante de mim novamente.
— Sim. Mas você é um empreiteiro grande e mau. Tenho certeza de que as portas não têm chance contra você. — Eu sou um empreiteiro, não o Hulk, — eu bufei, mas verifiquei a maçaneta, encontrando uma simples fechadura de trava. Fui ao armário, peguei um cabide, enfiei-o no buraco, ouvindo o clique abrindo. — Vê? Te disse, — ela me informou, tentando soar leve, mas havia nervosismo em sua voz. Nervosismo. Quando eu vi, senti, toquei e provei cada centímetro dela apenas na noite anterior. Mas isso foi no calor do momento. Esta foi uma emergência de banho sem toalhas. — Entrando, — eu disse, empurrando a porta lentamente, ouvindo um pequeno barulho enquanto ela se movia na água. Precisei de todo o maldito autocontrole que eu tinha para não olhar, para manter meus olhos voltados para o lugar onde ela tinha toalhas empilhadas na pia, apenas alguns centímetros fora do alcance. Eu peguei as toalhas, me preparando para ter que encará-la. E manter isso casual. Mas no segundo em que me virei, encontrei-a ali na água, as coxas pressionadas juntas e inclinadas para o lado, escondendo sua vagina de vista, a mão sobre os seios. E o olhar dela em mim. Ela poderia estar se protegendo, mas esqueceu de fazer isso com os olhos. Eu vi a necessidade lá, tão simples quanto a minha. Eu não pensei, não analisei o impulso. Estava do outro lado do banheiro com ela em um passo e meio, ajoelhando-me ao lado da banheira, minha mão mergulhando na água morna, deslizando sob a dela para escorregar entre suas coxas. Sua respiração ficou presa quando seu corpo se sacudiu, surpresa pelo contato súbito. Meu dedo deslizou por sua fenda escorregadia, encontrando seu clitóris, trabalhando nele com o meu polegar até que o choque deixou seu rosto, substituído
por outra coisa igualmente distinta. Os lábios se separaram, as pálpebras pesaram. Carente. Desesperada. Era uma expressão que ela usava lindamente, uma que eu tinha certeza de que nunca me cansaria de ver lá. Dois dos meus dedos viajaram para baixo, pressionando contra a entrada de seu corpo por um longo momento antes de deslizar para dentro, sentindo o modo como suas paredes estremeciam e se apertavam com a invasão. Suas mãos deixaram seus seios, batendo nas beiradas da banheira, a água gotejando enquanto ela agarrava a porcelana, tentando segurar enquanto meus dedos começavam a trabalhar, empurrando devagar, torcendo, batendo, mantendo-a adivinhando, nunca deixando seu corpo ter um momento para se ajustar às sensações, enlouquecendo-a com força, mais rápido. — Warren... — ela choramingou, seus seios subindo e descendo da água com sua respiração frenética quando ela apertou meus dedos, se aproximando. — Goze, baby, — eu exigi, a voz áspera quando senti suas paredes começarem a tremer. — Goze, — eu exigi novamente. O orgasmo atravessou seu corpo, fazendo-a se enrolar para o lado, a voz ficando presa enquanto ela gritava meu nome, enrolando-se em si mesma enquanto as ondas continuavam batendo, enquanto meus dedos continuavam trabalhando seu clitóris e ponto G, arrastando-o, ordenhando-o por tudo valia a pena. Exausto, eu lentamente tirei meus dedos dela, dando a sua coxa um aperto reconfortante enquanto os tremores secundários começaram a atormentar seu corpo. Demorou um longo momento antes que eles se acalmassem, e ela soltou um suspiro estranho e inesperado. — Lembre-me de esquecer os itens de roupa necessários com mais frequência, — ela disse, rolando de costas sem autoconsciência, sorrindo para mim enquanto seu pé batia no dreno, sugando a água até que chegasse até a altura do tornozelo. Sua mão se estendeu, procurando a minha para ajudá-la a se levantar, onde ela me deixou estender a mão e secar as pernas, barriga, seios, braços e cabelos. — Para referência futura, — ela disse quando finalmente se envolveu no calor. — Sim?
— Você tem que secar meu cabelo primeiro, — ela me informou como se fosse de conhecimento comum. Ao que deve ter sido um olhar confuso, ela se virou, mostrando-me as costas encharcadas. — Você poderia ter me dito. — É meio reconfortante quando você não sabe como fazer tudo perfeitamente, seu louco. — Eu faço tudo perfeitamente, né? — Perguntei, empurrando-a para frente na penteadeira e a pia, pressionando meus quadris em sua bunda, deixando-a sentir meu pau esticado. Sua respiração falhou, mas seus olhos encontraram os meus no espelho. — Bem, já faz um tempo, — ela disse, me dando um falso olhar confuso. — Eu poderia ter esquecido se você é perfeito em tudo, — ela me disse, olhos perversos. — Bem, talvez você precise de um lembrete, — eu sugeri, me esfregando nela, sentindo uma faísca de necessidade quando sua bunda se mexeu contra ele, implorando por mais. Boceta gananciosa. Um homem poderia se acostumar com isso. — Eu acho que isso pode ser sábio, — ela concordou, a voz aérea quando minha mão deslizou até sua barriga, encontrando a dobra de sua toalha, deslizando meu dedo, e despindo-a novamente. Ela se virou de repente, as mãos agarrando minha camisa, arrastando-a para cima, seus dedos se movendo sobre o meu peito e estômago como se ela estivesse tentando memorizá-lo, como se não conseguisse o suficiente. Eu parecia sofrer de uma aflição similar, então entendi completamente o desejo. Seus dedos viajaram pelo rastro de cabelo que desaparecia no meu jeans antes de agarrar meu botão e zíper com as mãos inquietas, arrastando minhas calças e cuecas boxer rudemente para baixo, abaixando-se até que ela estava de joelhos na minha frente, sua mão se fechando ao redor da cabeça, deslizando até o punho antes de sua língua traçar a sensível parte inferior do meu pau, encontrando a cabeça e lambendo a gota de pré-gozo lá. — Foda-se, — eu assobiei, minha mão enrolando no cabelo na nuca dela enquanto seus lábios se fechavam ao meu redor, me chupando profundamente, com
o mesmo tipo de determinação que meus dedos e língua trabalhavam nela, como se não houvesse nada mais no mundo, apenas o prazer de dar a alguém mais prazer. Ela também estava fazendo isso. Demais. Muito rápido. — Chega, — eu disse quando ela lutou comigo quando tentei puxá-la para trás suavemente pelo cabelo. — Eu vou gozar nessa garganta, Brin, — eu prometi a ela, minhas bolas doendo com a ideia. — Mas esta noite, eu quero estar dentro de você novamente, — disse a ela, colocando-a de pé, virando-a e pressionando-a para baixo até que suas mãos plantaram na pia enquanto minha mão ia para a minha carteira encontrar um preservativo, nos protegendo, então me movendo atrás dela. Minhas mãos subiram sua barriga, fechando-se sobre seus seios, apertando e beliscando seus mamilos até que sua bunda estava se movendo em círculos contra mim, empurrando para trás, exigindo que eu tomasse o que foi oferecido. Uma mão deslizou de volta descendo por sua barriga, deslizando entre suas coxas, pressionando em seu clitóris quando meu pau encontrou a entrada de sua vagina, empurrando profundamente, com força suficiente para fazer seus quadris baterem na penteadeira com a pressão. — Foda-se, — eu rosnei quando isso nem sequer a fez parar quando seus quadris começaram a se mover em círculos. Eu a puxei de volta, usando minha mão livre para agarrar seu quadril, usandoa para impedi-la de bater o espelho no rosto, e para guiá-la, arrastando-a para trás enquanto eu batia para frente, fazendo seu corpo tomar cada centímetro a cada impulso. Até que seus gemidos se tornaram gritos que ecoaram das paredes, até que o som de nossos corpos se chocando de alguma forma conseguiu abafar seus gritos por liberação. Até que senti suas paredes se apertarem com força uma vez, então convulsionar continuamente enquanto eu a fodia mais forte, meu próprio êxtase se tornando impossível de ignorar.
Eu bati fundo, amaldiçoando o nome dela quando gozei, minhas pernas quase falhando com a intensidade, fazendo-me ter que bater a minha mão no espelho logo acima de sua cabeça. Seu olhar subiu, nublado com seu próprio prazer, mas a compreensão, e uma onda de orgulho feminino encontrou seus lábios enquanto sorria para mim enquanto lutava para respirar. Nós dois nos afastamos um longo momento depois, subindo na cama sem nunca ter nos dado ao trabalho de vestir roupas. Eu a puxei para o meu peito, sentindo os dedos dela traçarem os contornos dos meus músculos e cicatrizes até que seu corpo lentamente ficou pesado com o sono. Nós não falamos. Nós não analisamos. Nós apenas deixamos acontecer. Talvez ela estivesse certa. Talvez isso esteja bem. Eu acho que o tempo diria.
11 Brinley Eu estava sendo supersticiosa sobre isso. Como se conversássemos sobre isso, poderíamos arruiná-lo. De manhã, acordei antes dele, o sol lançando ao quarto raios mágicos amarelos. Eu não tinha ideia de que horas eram, recusava-me a olhar o relógio para o caso de acordá-lo, e nós dois teríamos que decidir que era hora de levantar, nos preparar, embalar nossas coisas, voltar para a vida da qual nós tínhamos estado em umas férias adoráveis. Se fosse honesta, diria que estava nervosa. Sobre voltar àquele ambiente onde nós tão facilmente nos atacamos. Nós ainda faríamos isso? Se o fizéssemos, haveria ressentimento depois que saíssemos da obra? Ou poderíamos deixar o trabalho no trabalho? Em breve, poderíamos ver por nós mesmos. Então imaginei que era inútil pensar sobre isso. Esperançosamente, nós encontraríamos um ritmo. Porque, bem, eu gostei disso. Demais. Tanto que havia um nó na minha barriga, torcendo mais forte no momento com a ideia de perdê-lo. O lado racional do meu cérebro estava me dizendo para dar um passo para trás, para ser cautelosa, para lembrar que esse homem me inspirara facilmente a considerar o homicídio. Muitas vezes. Mas eu não pude deixar de me perguntar se talvez algumas das críticas fossem menos por raiva genuína, mas mais atração reprimida.
Eu bufei enquanto jogava minha maquiagem de volta em uma bolsa. Porque, bem, isso era ridículo. Nós brigamos porque éramos teimosos e inflexíveis em nossas visões. E, se por algum milagre, sobrevivermos ao resto deste ano, acho que é seguro dizer que nunca devemos trabalhar juntos novamente. — Eu peguei dois embrulhos para o café da manhã, — Warren declarou quando eu emergi, fisicamente pronta para voltar ao trabalho, mesmo que mental e emocionalmente só quisesse ficar neste quarto de hotel, nesta cidade com esse homem, e fingir que a vida não existe. Pelo menos por mais alguns dias. — Eles são, essencialmente, tacos para o café da manhã, — ele acrescentou, entregando a comida embrulhada em papel alumínio para mim. — Eu aprendi sua preferência por comida imitando tacos. — Isso torna a vida mais fácil, — eu disse a ele, pegando uma das minhas malas antes que ele tentasse pegar tudo sozinho. — Eu como no caminho muitas vezes. Não tenho tempo para facas e garfos. Então, se pode ser embrulhado em uma tortilla... — Ou torrada francesa... — Exatamente, — eu concordei, sorrindo. — Então sou uma feliz, e bem alimentada, campista. Três horas depois, estávamos chegando a uma casa a vários quarteirões de distância das outras, longe da orla, e significativamente parecendo menos danificada. A varanda da frente havia sido arrancada da casa e havia uma simples pilha improvisada de tijolos na frente para ajudá-lo a chegar à porta da frente já construída. — Isso pode ser mais fácil do que pensávamos, — disse Warren quando paramos, seus olhos afiados avaliando a fundação, as janelas, o telhado. Enquanto o meu estava mais focado nas pequenas coisas, o revestimento verde feio precisava ser arrancado, as venezianas necessitavam de uma atualização, falta de paisagismo. Nesta cidade, não ter, pelo menos, um arbusto de hortências bolas de neve bem formada era praticamente um crime. Eram consertos fáceis, no entanto. O tipo de projeto que você pode terminar em um final de semana.
Houve uma batida na minha janela, fazendo-me saltar e me virar para encontrar Rachel parada ali, sorrindo para nós. — Tudo bem, então a equipe está pronta para filmar a reunião e a apresentação, — ela nos disse. — Eu sei que isso é um pouco diferente do habitual, mas eles vão simplesmente falar com vocês pela casa, e então vocês vão se reunir e falar sobre a visão deles para o espaço. — Tudo bem. Parece bom, — eu disse, sorrindo, observando enquanto ela se afastava, e a equipe de filmagem veio para nos filmar saindo do carro. O casal era Bobby e Jennifer, que tinham acabado de celebrar seu terceiro aniversário de casamento duas semanas antes, admitindo, com olhares de culpa, que haviam feito isso enquanto brigavam pelos planos para a cozinha. Warren e eu tínhamos compartilhado um olhar ante isso. — Nós sabemos como é isso, — assegurei a Jennifer. — Eu vou com Bobby ver o sótão que eles querem transformar em um quarto para os parentes, — Warren me disse, apertando meu quadril. Uma equipe de filmagem foi com eles, mas uma ficou conosco também. — Ok, agora que estamos sozinhas, tenho mais uma coisa que quero fazer. Mas Bobby não pode saber sobre isso, — ela me disse, sorrindo. Espere. Não. Brilhando. Senti meus lábios já se curvando antes mesmo que ela me contasse sobre o bebê, sobre como ela queria um quarto para surpreendê-lo com a notícia. E tudo que eu pude pensar quando avistei Rachel enquanto nos movíamos pelo corredor até o quarto em questão, um que Bobby achava que Jennifer queria transformar em uma sala de artesanato, isso ia dar uma grande audiência. — Ela realmente não vai contar a ele? — Warren perguntou, parecendo um pouco ofendido. — Bem, é claro que ela vai contar a ele. Ela quer surpreendê-lo com isso, no entanto. É doce. — Mas você não acha que ele iria querer saber logo que ela soubesse? Então ele pode se preparar? — Prepare-se para o quê? Eles já têm uma casa que vamos reformar para eles. Ele tem um bom trabalho. Ela já tem um trabalho que faz de casa. Nada precisa ser
preparado. Você sabe, — acrescentei, observando o perfil dele enquanto ele nos levava de volta ao segundo local de trabalho depois que terminamos o passeio no primeiro, Warren querendo ter certeza de que o trabalho estava sendo feito no seu padrão enquanto estávamos fora, — você é muito ... tradicional. — Você está dizendo que é uma coisa ruim. — Não é ruim, não. — Mas? — ele solicitou. — Eu te conheço. Há um mas em algum lugar. — Não é realmente um mas. Apenas... em que momento você acha que você, como marido, iria gostar mais? Sua esposa lhe contando com comida chinesa entregue que está grávida na semana em que ela descobriu, ou gastando algum tempo em uma surpresa, puxando você pelo corredor, abrindo a porta e mostrando o quarto do bebê? — Eu não acho que iria querer que ela montasse móveis e pintasse paredes se estivesse grávida, — ele me disse, considerando isso. — Oh, meu Deus. Você é impossível, — eu declarei, balançando a cabeça. — Talvez ela contratasse alguém. Ou tivesse seus irmãos na montagem de móveis. E então? Ele olhou para mim depois de estacionar o carro, os olhos profundos penetrantes. — Então eu acho que talvez o quarto de bebê seja uma boa maneira de descobrir, — ele admitiu. — Você quer ter filhos? Eu realmente perguntei isso? Era estranho, certo? Perguntar a um homem tão cedo. Mas não foi exatamente aleatório. Nós estávamos falando sobre bebês. Esperançosamente ele não pensaria muito sobre isso. — Se minha esposa quiser me dar, — ele me disse, os olhos ainda não quebrando o contato, fazendo minha barriga girar de um jeito que eu não conseguia descrever. — Você poderia ensinar-lhes tudo sobre a fazenda como seu avô te ensinou, — eu disse a ele, sem saber mais o que dizer, como aliviar o ar um tanto pesado no carro.
— Esse seria o plano, — ele concordou, assentindo. — As crianças não são mais crianças. Sempre em computadores, telefones e tablets. Eu gostaria que meus filhos pegassem girinos nas lagoas, ficando excitados com as rochas mais legais que encontrassem no riacho, subindo em árvores, comendo alimentos que ajudaram a cultivar. — Esse é um bom sonho, — eu disse a ele, sentindo algo dentro de mim puxando. Essa foi a única maneira de descrevê-la, uma sensação de puxão que eu não entendi, não sabia o que significava ou de onde veio. Mas de alguma forma parecia que estava tentando me arrastar naquela direção. De uma vida mais simples. De um jeito menos superficial de ser. — Vai ser uma realidade, — ele me disse, palavras atadas com convicção. — Você vai se encontrar com o agente imobiliário neste fim de semana, certo? — Perguntei, sabendo que ele queria vender sua casa rapidamente, então teria o dinheiro como pagamento inicial para a fazenda. Ele falou com seu corretor sobre conseguir um empréstimo para o restante. Estaríamos sendo pagos na metade do processo pelo trabalho já realizado, mas ainda faltavam três meses. Eu tinha concordado em receber minha parte do pagamento final, dando-lhe um pouco mais de dinheiro para pagar a hipoteca mais rapidamente. Eu não precisava do dinheiro imediatamente, embora eu tivesse começado a fazer algumas compras imaginárias para o escritório. Eu não queria aumentar minhas esperanças, mas sonhar acordada nunca foi uma coisa ruim. — Sim, você vem comigo? — Ele perguntou, fazendo minha barriga fazer uma coisa que era um pouco deliciosa demais. — Nós poderíamos terminar o banheiro, — acrescentou, enviando-me um sorriso. — Você pode gritar comigo sem o medo de alguém ouvir. — Eu não grito, — insisti. — Você esbraveja. E uma vez você rosnou. — Eu não! — Gritei, boquiaberta. — Oh, você fez. Eu acho que chegou aos cortes finais das filmagens também. Foi hilário. — Você não deveria achar minha raiva divertida.
— Então não seja tão ridícula, — ele sugeriu, mas estava sorrindo. Era estranho quão bem os próximos dias foram. Parecia que voltávamos aos velhos ritmos, mas com menos discussões e mais, e agora realistas, toques roubados, beijos, olhares. Até fomos pegos uma vez no intervalo do almoço, eu sentada na traseira de sua picape, ele entre minhas pernas, se pegando como um casal de adolescentes. — O fim de semana fora fez bem a vocês dois, — Rachel me disse quando a vi em seguida. — Vocês vão embora de novo neste fim de semana, certo? — Bem, não vamos embora. Estamos voltando para W... para a nossa casa para trabalhar no acabamento do banheiro, então Wa... vamos colocá-la no mercado. Foi aí que eu me atrapalhei. Sobre as coisas que deveriam pertencer a nós dois. — Oh, vocês estão se mudando! — Ela disse, e eu pude ver suas rodas trabalhando. Ela poderia ter algum tipo de especial sobre nós fazermos reformas em nossa própria casa. — Warren está querendo comprar sua antiga fazenda familiar. O show deu a ele a oportunidade de tornar esse sonho uma realidade. Espere por isso. — Isso é simplesmente... fantástico! — Eu tive que lutar para esconder o sorriso. — Vocês estão planejando um quarto de bebê? — Para nós? — Perguntei, tendo que lutar ativamente contra o enrijecimento do meu corpo. — Não. Quero dizer... ainda não. As coisas ainda são novas. Estamos... curtindo nosso tempo juntos agora mesmo. — Talvez depois da primeira temporada! — Ela anunciou alegremente. Senti uma pontada de culpa pelo entusiasmo dela, o interesse dela em nos ver crescer. Enquanto isso, não planejamos voltar. Nós não poderíamos. A não ser que... Não. Eu não podia deixar minha mente ir lá. Era cedo demais para isso. Especialmente desde que eu tinha insistido que não falássemos sobre o que estava acontecendo, apenas ir com o fluxo. Eu não poderia ser a única a
repentinamente começar a pensar sobre o possível longo prazo, que se acabássemos profundamente apaixonados, queríamos torná-lo oficial... então não haveria mais mentira. Houve uma batida na porta do quanto infantil, um som distinto toc toc, uma pausa, toc. Era um tipo de código. Só para este quarto. Porque Bobby estava na obra todos os dias, assim como Jennifer, comparecendo, tendo várias discussões como a equipe nos pegou fazendo muitas vezes antes, dando-lhes alguma comparação, alguma legitimidade. As pessoas, até mesmo pessoas profundamente apaixonadas, começavam a discutir os projetos de melhoria de casas. Isso era inevitável. — Estou indo, — eu disse, estendendo a mão para gancho que estava instalado do lado de dentro para manter Bobby fora enquanto trabalhávamos no quarto. Warren e eu precisamos parar na casa às quatro da manhã para colocar a mobília dentro e desparecer com as caixas da embalagem. — Eu te trouxe um, e digo isso com total repugnância, — Warren me disse enquanto deslizava cuidadosamente para dentro, esperando que eu trancasse a porta e depois estendeu um café para mim, — café de açaí e amêndoa. — Oh! Diferente! — Eu disse animadamente enquanto pegava o copo grande, erguendo para uma longa cheirada. — Quando eles começaram a ter açaí? — Esta manhã, aparentemente, — ele me disse, com o olhar em mim, como tantas vezes o encontrei atualmente. Ilegível, mas senti que estava começando a reconhecer aquele olhar, que devia estar nos meus olhos quando olhava para ele também. Afeição. Talvez até um pouco de alegria. — É incrível, — eu disse a ele depois de prová-lo. — Você está quase terminando, — ele disse, recostando-se contra a porta para olhar para o quarto. Ele não tinha visto desde que eu tive o piso restaurado. Eu mantive este quarto meu pequeno segredo. Vamos revelar para Jennifer enquanto Bobby estiver em uma viagem de negócios. Então, esperançosamente, terminaremos quando ele voltar, e poderemos mostrar a eles toda a casa, depois fazer a grande surpresa do bebê no final. — Apenas os toques finais, — eu concordei, movendo-me para ficar ao lado dele, meu lado colado ao dele, tendo encontrado conforto em seu toque, mesmo depois de
um dia que tinha meus pés gritando e minha cabeça latejando. Ele sempre conseguiu tornar tudo mais tolerável. Nós havíamos percorrido um longo caminho em pouco tempo, parecia. Era incrível o que poderia acontecer quando você parasse de brigar tempo suficiente para realmente falar um com o outro. — Eu sei que o cinza é a cor neutra tradicional do gênero, — eu disse, olhando para as minhas paredes com riscas horizontais cor de areia de vinte e cinco centímetros de largura e o branco entre elas. — E com razão. Você adiciona um toque de azul, ou verde, ou rosa, ou roxo, ou mantém os detalhes brancos, e funciona perfeitamente. Mas eu queria algo que se encaixasse melhor na cidade, parecesse um pouco mais caloroso também. Eu fiz Warren adicionar moldura e rodapés grossos, elevando o espaço, atraindo os olhares para cima e para baixo, fazendo com que o pequeno espaço parecesse maior. Eu tinha instalado venezianas internas brancas na janela, então Bobby e Jennifer poderiam bloquear o sol da tarde enquanto o bebê dormia. O berço era simples, branco, retangular com toda a roupa de cama cor de areia e uma pequena variedade de brinquedos. Uma poltrona enorme, grande o suficiente para caber Bobby e Jennifer se ambos quisessem se aconchegar com o bebê, estava situado em um canto. Do outro lado, o lugar da cômoda/trocador. — Eu gosto disso melhor do que o cinza, — Warren me disse, inclinando-se para plantar um beijo ao lado da minha cabeça. — Você fez bem, querida. Oh. Meu pobre coração. Ele se apertava quando ele dizia coisas assim, quando ficava carinhoso, quando me chamava de querida. — Obrigada, — eu disse, minha voz estranhamente baixa. — Eu realmente gosto da cozinha, — eu disse a ele. — E sinto muito por ter te chamado de pé no saco. — Você me chamou de pé no saco cabeça dura com falta de visão, — ele me corrigiu, fazendo-me rir enquanto descansava minha cabeça em seu braço. — Em minha defesa, no momento, você estava totalmente sendo todas essas coisas.
— Provavelmente, — ele concordou. O engraçado era que nada mudou. Mesmo que tudo tivesse. Se isso fizesse algum sentido. Nós ainda éramos nós. Nós ainda brigamos. Ele ainda tirava sarro das minhas almofadas. Eu ainda tinha que gentilmente lembrar (leia-se: repreender) sobre ele fazer as coisas do jeito que tínhamos concordado, não do jeito que ele queria. Eu ainda era esquentada. Ele ainda dava sorrisinhos e revirava os olhos quando eu fazia isso. Nós brigamos. Ficamos frustrados. Nós levantamos nossas mãos e saímos. Mas a diferença agora era que havia contraste. Nós brigamos, mas fazíamos as pazes, rimos, deixávamos passar. Nós não emburrávamos. Não guardamos ressentimento. Se fosse um dia particularmente difícil, íamos para casa e trabalhávamos com a frustração do jeito bom e antiquado. Nós fodíamos para nos livrarmos disso. Eu não me lembrava da última vez que me senti tão leve quanto quando voltamos da cidade, tão desestressada e equilibrada. Inferno, eu não tinha checado meu trabalho pessoal no Instagram em dois dias. Eu atualizei o programa porque isso fazia parte do meu trabalho agora, mas pela primeira vez em anos, não estava obsessivamente preocupada com o meu trabalho. Eu nem percebi o quão carregada estava com tudo isso até que foi retirado. A casa de Warren já tinha uma oferta em dinheiro com uma opção de fechamento rápido, fazendo com que ele relaxasse também. Nós já tínhamos filmado a apresentação das próximas duas casas, nos permitindo trabalhar em nossos planos em nosso tempo livre antes de começarmos a fazer a demonstração. As outras duas casas estavam prontas. Esta também estava perigosamente próxima.
Parecia um redemoinho, o trabalho. Enquanto tudo o mais, ou seja, o tempo que Warren e eu passamos juntos, pareceu diminuir a velocidade, permitindo-me saborear cada minuto disso. Cada toque roubado, todas palavras sussurradas, cada sensação vibrando na minha barriga. — Vamos, — ele disse uma vez que terminamos o dia, a equipe ido há muito tempo. — Vamos para onde? — Eu perguntei, saindo para o ar do início da noite que não mais sufocava sua respiração em seus pulmões. — Eu fiz uma promessa a você um tempo atrás. Nunca a cumpri. — Há quanto tempo? — Perguntei, nem mesmo me incomodando em esconder o sorriso quando senti sua mão ao redor da minha, os dedos se curvando, facilmente, como se tudo fosse fácil desde que decidimos seguir com isso. — O primeiro dia em que viemos aqui. — Quando nos mudamos? — Eu esclareci. — Não. Quando nós dirigimos até aqui para a entrevista. — Você está parado nisso há meses? — Eu não gosto de não cumprir minhas promessas, querida. Eu nem sequer me lembrava de que promessa ele poderia estar falando. E ele se recusou a responder às perguntas enquanto me guiava pelo quarteirão, depois para a cidade, serpenteando comigo sem esforço pela fila de lojas fechadas em sua maioria, até uma estranha área quase subterrânea que de repente me pareceu vagamente familiar. A memória tentou emergir, enterrada e coberta de poeira pelo tempo. Mas antes que pudesse, ele me puxou na frente de uma porta. E eu finalmente entendi. A promessa que o estava comendo há meses? Foi para comer sorvete no lugar que eu costumava ir quando criança. — Creme francês, certo? — Ele perguntou, olhando para mim enquanto eu olhava nas vitrines da loja que tinha sido definitivamente atualizada desde a última vez que tinha visto, mas tinha a mesma configuração de sempre.
— Sim, — eu concordei, assentindo, sentindo uma estranha sensação de coceira na garganta. Como se estivesse engasgada. Como se estivesse emotiva sobre algo tão pequeno. Mas, realmente, era tão pequeno assim? Que ele ouviu a minha história? Que se lembrava dos detalhes disso? Que o incomodava que ele não tivesse me dado sorvete naquela noite como me disse que faria? Para algo possivelmente pequeno, certamente me pareceu muito grande para mim. — Você está bem? — Ele perguntou, sobrancelhas franzidas. E tudo que eu conseguia pensar era - esquivar. Não podia deixar transparecer que isso estava me impactando muito. Eu não podia arriscar arruinar o que ambos estávamos tão claramente aproveitando. — Estou feliz que você tenha sido inteligente o suficiente para não me alimentar primeiro, — eu disse a ele com um sorriso. — Porque eu quero tentar uma colher de tudo aqui. — E então me fazer ouvi-la reclamar todo o caminho para casa sobre como nunca deveria ter te deixado comer uma colher de tudo? — Ele perguntou com um sorriso. — Exatamente, — eu concordei, abrindo a porta, puxando-o para dentro comigo. Eu comi demais. Resmunguei para ele sobre isso. Mas conseguimos trabalhar algumas das calorias antes de irmos para a cama. Foi duas semanas depois, quando meu telefone gritou no criado-mudo, fazendome saltar, batendo o topo da minha cabeça no queixo de um Warren adormecido. Ele grunhiu e esfregou o queixo enquanto eu agarrava a coisa gritante, coração batendo forte no meu peito. Uma da manhã
Nunca era uma boa ligação à uma da manhã Eu mal registrei o nome de Brent antes de desbloquear a tela e levá-la ao meu ouvido. — O que há de errado? — Perguntei, voz rouca e seca do sono. — Pegue o seu notebook, — ele me disse, fazendo-me jogar os cobertores, pulando da cama, tropeçando nos sapatos de Warren no chão a caminho da bolsa no chão onde meu notebook estava. — O que é? O que está acontecendo? — Perguntei quando Warren ligou a luz, sentando na cama quando finalmente me virei para seguir de volta. Eu pude sentir isso. A torção na minha barriga. Pelo olhar no rosto de Warren, ele também sentiu. A merda bateu no ventilador. — Acabou. Souberam. Meus ombros caíram quando minhas pernas cederam, fazendo-me cair na cama, minha senha digitada apenas pela metade. — Como? — Sussurrei enquanto Warren pegava meu notebook, apagando o que eu tinha feito, depois adicionando ele mesmo. — O que estou procurando? — Warren perguntou, com o tom cauteloso. — Eu não sei. Mas eu tenho seu nome como um alerta. Acabei de receber um alerta que me acordou. Encontrei algum jornal on-line com a matéria. Celebridades se comportando mal, ele me disse. — Celebridades se comportando mal, — eu disse a Warren, meu estômago despencou quando ele se moveu para se sentar ao lado da cama ao meu lado, para que pudéssemos ver a tela. Warren mal clicou no site quando vi nossos rostos de uma selfie que havíamos postado no Instagram do programa no dia anterior, sorrindo, felizes, uma foto genuína de casal. — Ôps, Fix It Up fez isso de novo. Agh. Claro.
Arruinar nossas carreiras não era ruim o suficiente, tiveram que atingir Britney Spears10 também, hein? — Um programa que foi destruído pelo escândalo da prostituta na última temporada e um divórcio cruel tem outro embaraço em suas mãos, — Warren leu em voz alta, com o tom morto, tão morto quanto o meu coração repentinamente parado parecia. — Dê o fora daí, — Brent me disse, com voz autoritária, como sempre acontecia quando ele achava que eu precisava ouvir, que eu não responderia corretamente sem isso. Eu chamava isso de sua voz de diretor. — O quê? — Isso vai trazer todos os paparazzi nojentos para aí. Dê o fora enquanto podem. Warren deve ter ouvido, porque ele jogou meu notebook para o lado e moveu-se para ficar em pé, vestindo uma camisa, depois pegando nossas malas do armário, abrindo os zíperes e jogando coisas para dentro. Eu deveria estar ajudando-o, mas tudo que podia fazer era pegar o notebook, me torturar com o nosso fracasso. O novo casal de sucesso da HITV, Brinley Spears (sim, esse é o seu nome verdadeiro) e Warren Reyes, vêm ganhando atenção com suas selfies de mídia social e trailers com brigas divertidas para a nova temporada de seu programa sediado em Cape May, restaurando casas destruídas por Sandy em uma publicidade clara para tentar recuperar algum respeito, não são tudo o que parecem. Um feliz, apaixonado, casal recém-casado. Na verdade, eles não são nada do que parecem. Rumores de brigas no local da obra circulam on-line há semanas, mas isso nem é a maior farsa. Ah, não. Acontece que Brinley e Warren não estão nem mesmo CASADOS.
Oops!... I Did It Again é uma música da Britney que seria traduzida como “ops, fiz isso de novo” e foi usado para fazer uma referência com o nome do programa e usado porque o nome é muito parecido com o da Brinley. 10
— Pare, — vociferou Warren, batendo fechado o notebook no meu colo, prendendo meu queixo, arrastando-o para cima. — Diga a esse idiota para te levar em casa, — disse Brent no meu ouvido que parecia estranhamente abafado, como se minha audição não estivesse funcionando corretamente naquele momento. — Olhe para mim, — Warren exigiu. — Eu preciso de você para me ajudar a fazer as malas. Precisamos estar na caminhonete e na estrada em dez minutos. — Nós não podemos simplesmente fugir, — eu disse, tom oco. — Isso nos seguirá. — Nós não estamos fugindo. Estamos conseguindo algum espaço, para que possamos lidar com isso da nossa própria maneira, — ele me disse, tom razoável, mas firme. Eu me levantei, sentindo-me estranhamente entorpecida. — Eu tenho que fazer as malas, — ouvi minha voz, seca e quebradiça como as folhas do outono rangendo sob os pés, dizer a Brent. — Obrigada por isso. Com isso, desliguei, vagamente ciente de que ele ainda estava falando. Mas esta não era a hora de falar. Esta era a hora de jogar tudo em malas, e conseguir uma vantagem dos nossos problemas. E não pensar. Absolutamente não pensar. Sobre o que aconteceria quando Rachel, Mica ou Andy se levantassem de manhã com essa notícia. Sobre como eles se sentiriam, a traição com a qual eles iriam se afogar, a raiva a que teriam direito. Sobre minha vida. Minha carreira. Meus sonhos. Carreira de Warren. Fazenda de Warren. Seus sonhos. Foi embora.
Tudo isso. Eu estava apenas meio consciente do que estava fazendo enquanto jogava xampu, condicionador e sabonete em uma sacola plástica de compras, enquanto eu colocava minha maquiagem no topo de tudo, enquanto vasculhava os armários em busca de qualquer outro item pessoal que poderíamos ter guardado. Voltei para um quarto vazio, cabides jogados no chão do armário, gavetas de cabeceira abertas. Eu podia ouvir Warren no andar de baixo pegando todo o resto enquanto eu apagava as luzes, e descia para ajudar. Dentro de vinte minutos, nós tínhamos tudo enfiado no banco de trás da caminhonete, e estávamos saindo da garagem. Eu não perguntei como ele se sentia. Eu imaginei que era semelhante a como me sentia. Chateada. Ansiosa. Culpada. Agh, a culpa foi talvez a mais forte das sensações quando tivemos que passar pela casa de Bobby e Jennifer. Nós mentimos para eles. E Mica. E Andy E, especialmente, Rachel. Que colocou o pescoço na linha por nós. Que lutou por nós. Que pensou que nós éramos fantásticos. Só para descobrir que éramos... falsificações fantásticas. Minha mão foi para a minha barriga que parecia que estava se movimentando ameaçadoramente, me fazendo temer que eu precisasse que Warren parasse, então eu poderia vomitar. Mas eu lentamente respirei. Lutei contra isso. Nós estávamos saindo dos limites da cidade quando ele ligou.
A música. Aquela que eu amava secretamente, então não tão secretamente amava, cantando com desafinado abandono selvagem pela casa quase diariamente por semanas. De alguma forma, o tom lento e triste funcionou em minhas proteções, na represa que estava contendo minhas emoções. Eu me virei, olhando pela janela lateral enquanto as lágrimas começavam, lentas, mas implacáveis. Eu não sei se ele estava ciente, se podia ver ou me ouvir, tudo que sabia era que ele estava em silêncio enquanto dirigia. Duas horas de silêncio enquanto nossos mundos desmoronavam. — Brin, — sua voz chamou um pouco depois, assim que entramos na minha antiga cidade. — Eu não sei onde você mora. Meus olhos se fecharam com força, fazendo as duas últimas lágrimas escorrerem pelo meu rosto, pingando do meu queixo e morrendo no tecido da minha camiseta. — Perto da Wilson com a Birch. — O condomínio? — ele perguntou, havia algo em sua voz também, mas eu não conseguia reunir os meios para analisá-lo. — Sim. Número doze, — eu disse a ele, observando as ruas quase escuras, apenas o ocasional pórtico ligado. Incluindo o de Brent. — Todas as luzes estão acesas. — Brent foi quem me ligou. — Brent? — Ele perguntou, estacionando na pequena entrada, sua caminhonete monstro ocupando o pouco espaço que restava atrás de Brent. — Ele tem meu nome como alerta. Isso o acordou. Eu saí, não me incomodando em pegar nenhuma das malas. Warren tampouco quando seguiu um passo atrás de mim, subindo o caminho da frente. A porta se abriu e lá estava Brent de braços abertos. Porque ele sabia. Mesmo sem ver meu rosto manchado de lágrimas, ele sabia.
Talvez não tenha sido inteligente. Talvez devesse ter pensado mais sobre isso. Talvez devesse ter me debruçado sobre Warren. Mas eu voei para Brent, deixando o Urso me envolver em um abraço de urso, como tinha feito muitas vezes antes, as lágrimas começando de novo. Desta vez, porém, não havia dignidade envolvida. Era alto, feio e, bem, carregado de ranho. Eu nem estava realmente ciente de nada até sentir os lenços empurrados na minha mão, e levei um momento para tentar recuperar um pouco da minha compostura, mesmo que o sentimento de desânimo dentro de mim fosse pior do que nunca. — O mundo não acabou, Brinny, — Brent me assegurou quando finalmente me afastei, levemente envergonhada com a mancha molhada em sua camisa que provavelmente era uma mistura de dois tipos diferentes de fluidos faciais. — Certo. Apenas minha carreira. Nossa, — eu corrigi, procurando de repente por Warren. Apenas para descobrir que ele não estava lá. — Ele não entrou, — Brent disse-me, tom um pouco cuidadoso. — O quê? Por quê? — Eu não podia exatamente perguntar sobre seus dramatismos de 1950, — ele me disse, tentando aliviar o clima, mas tudo que eu podia sentir era pânico. Um tipo diferente de pânico. O tipo que estava fazendo meu coração doer. Por que ele iria embora? Por que ele apenas... foi? Sem uma palavra? Nós tínhamos muito a discutir, para tentar trabalhar. E ele só foi embora? — Não conheço bem aquele idiota, — Brent me disse, levantando-se, entrando na cozinha para, eu imaginei, fazer um pouco de café. — Mas acho que talvez ele quisesse ser aquele em quem você se apoiaria. — O quê? Por quê? — Perguntei rapidamente, muito rapidamente. Vejo... eu não lhes contara.
Meus pais, irmãos, Brent. Sobre como nós não estávamos mais fingindo. Achei que não adiantaria nada se lhes contasse, e as coisas dessem errado. E que não faria mal algum simplesmente mantê-los no escuro até que as coisas se tornassem mais claras para nós. — Oh, por favor, — ele bufou, movendo-se para a porta da sala de estar, cruzando os braços, as sobrancelhas levantadas. Esse era o seu olhar eu sei tudo sobre esse tempo que você pensou que sua cistite era uma DST incapacitante, então você não pode esconder nada de mim. — O quê? — eu perguntei, sendo inocente, sabendo que minha atuação tinha melhorado ultimamente. — Pelo jeito disso, vocês pararam de agir como se vocês fossem loucos um pelo outro... em torno daquela viagem para a cidade que vocês fizeram. Eu vi você com caras antes, Brin. Nunca vi você olhar para um do jeito que está olhando para ele em suas fotos, nos trailers do programa. Vocês dois finalmente tiraram suas cabeças de suas bundas e derrubaram a barreira do travesseiro. Não adiantava tentar negar isso. — Aconteceu em Nova York, — eu concordei. — Bem, ele me beijou uma noite no set. Mas então... — Então vocês dois agiram como se fosse o fim do mundo, se vocês dois, que deveriam gostar um do outro, realmente começassem a gostar? — Ele perguntou, revirando os olhos. — Ele começou a me evitar. — Minha voz era defensiva. — E em vez de encarnar a adulta e confrontá-lo, você ficou toda depressiva? — Ele perguntou. — Você não me conhece, — eu disse, nem mesmo capaz de parar o sorriso porque nós dois sabíamos disso, mais frequentemente do que não - ele me conhecia melhor do que eu mesma. — Então, por que você se jogou em mim ao invés dele?
Eu desviei o olhar, aborrecida comigo mesma, envergonhada de admitir a verdade. — Porque decidimos apenas... deixar as coisas acontecerem. Nada super sério. — Você decidiu. — O quê? — Eu perguntei, olhando para ele. — Você decidiu isso. Não foi uma pergunta, mas respondi de qualquer maneira. — Sim. Sua mão subiu, esfregando a palma da mão entre as sobrancelhas como se eu estivesse lhe dando uma dor de cabeça. — Cristo, Brin. Você é uma garota inteligente, mas às vezes você pode ser tão idiota. — Ei! — Eu gritei, ferida. Brent sempre foi franco, uma característica que eu tanto amava como odiava igualmente. Mas ele sempre foi honesto, não malicioso. — Esse homem gosta de você. E você vai em frente e compartilha sua cama, compartilha sua vida diária e seu trabalho por meses, mas você não lhe deu nada. — Eu dei a ele... — Eu parei, sentindo minhas bochechas avermelhadas. — O quê? Seu corpo? Sexo? Então o quê? Nós dois sabemos que não é disso que se trata. Não é sobre essa merda legal. É sobre o feio. É sobre as noites que se debruçam sobre o banheiro com intoxicação alimentar, e o pânico que ataca às três da manhã quando você está andando de um lado para o outro na sala de estar, e o choro ranhoso quando sua carreira está desmoronando. É fácil dar as coisas boas a alguém. Não significa nada. Ele queria o feio, Brin. E você deu para mim. — Ei! Você é o único que abriu a porta com os braços estendidos. — Tinha lágrimas ainda secando em suas bochechas. Você não é minha, mas você é minha, sabe? Eu não vou ver isso e te recusar um ombro. Mas eu estou dizendo... deveria ter sido dele. — Eu ainda estava me ajustando ao sentimento de desânimo na barriga quando ele acrescentou: — E eu acho que você queria que fosse ele também. — Ele me viu feia, — eu disse a ele, ainda na defensiva. — Que tipo de feia?
— Feia de comer em cada vendedor de comida ambulante. — Nossa, nós dois sabemos que é apenas cerca de dois na escala de feio. — Ele nunca é feio, — acrescentei, fazendo uma careta. — Aposto que ele poderia fazer o seu pico feio, debruçado sobre um balde de vômito com gripe, vomitando a sopa que fiz, e... — Você ainda quer pular nele, — ele preencheu para mim. — Sim, idiota. Porque você gosta dele. Admita já. — Eu gosto dele, — eu concordei, já que não havia como negar isso claramente. — Vamos lá, faça isso. — Eu apenas fiz! — Não. Você sabe o que você realmente precisa dizer. — Por que você não me diz? — Sugeri, as sobrancelhas franzindo. — Morando com ele há meses, conhece ele mais do que isso... — Eu odiava ele naquela época. E não ouse dizer esse clichê sobre uma linha tênue entre o ódio e a paixão. — É amor, — ele corrigiu. — E os clichês são clichês por uma razão. — Não seja ridículo. Eu não o amo. — Por que não? — O quê? — Por que você não o ama? E, bem, eu não tinha resposta para isso. Claro, ele ainda conseguiu me irritar diariamente, mas não estava cheio de toda a animosidade que existia lá. Não houve ressentimento depois, nenhum sentimento ferido. Eu não olhei para o teto sem dormir, ficando com raiva de novo com algo que ele fez ou disse. Não. Eu me enrolei em seu peito, sentindo os dedos dele passarem pelo meu cabelo enquanto o meu traçava os contornos de seus músculos, nosso próprio ritual pessoal de dormir. Eu acordei com as mãos dele em mim, às vezes me despertando com dedos gananciosos, tendo-me completamente excitada antes que meus olhos se abrissem.
Nós compartilhamos, bem, tudo. E não estávamos enjoados um do outro. Na verdade, quando nos separamos para filmar em locais diferentes, descobri que sentia falta dele. Mesmo que passássemos todos os momentos acordados, e dormindo, juntos. O que era isso, se não fosse, bem, amor? Certo? — Exatamente, — disse Brent, assentindo. — Não estou admitindo nada, — eu disse, mesmo que meu coração fosse uma coisa indiscutivelmente pesada naquele momento, como se estivesse esperando por mim para reconhecer sua plenitude. — Não para mim, não, — ele concordou, assentindo. — Eu acho que você tem alguém que precisa ouvir isso. — São três da manhã. — Você não vai dormir hoje à noite. Isso era bem verdade. Mesmo que eu endireitasse as coisas com Warren, não havia como dormir, até sabermos quais seriam as consequências daquele artigo, e mais ou menos uma dúzia de outros que, sem dúvida, o haviam captado até agora. — E você ainda está aqui porque... — Meu carro está na casa de Warren, — eu admiti, fazendo Brent virar à mesa de correspondência, pegando as chaves da tigela de madeira que eu tinha comprado exatamente para esse propósito, e jogando-as para mim. — Vamos pegar o seu carro. Então você pode apagar um incêndio antes que o próximo realmente aconteça. Então, foi o que eu fiz.
12 Warren Era errado me sentir como me senti quando saí da casa, meu banco de trás ainda carregado com meia dúzia de malas dela. Nós concordamos. Nós fomos com o fluxo. Não éramos sério. Eu não deveria ter tido as sensações que tinha no meu corpo, no entanto, ao vê-la com Brent. O aperto dos meus músculos, o gosto amargo na minha boca, a tensão na minha mandíbula. Ciúmes. Era esse o sentimento que era. Não era um com que estava excessivamente familiarizado. Acho que nunca deixei uma mulher significar tanto. Ela significou. Significou esse tanto. Não foi, como nossa falsa história publicitária, amor à primeira vista. Nem mesmo perto. Foi algo que foi construído. Lentamente, dia após dia enquanto trabalhamos ombro a ombro, enquanto compartilhamos as mesmas frustrações e triunfos, quando aprendemos como poderíamos lidar com os contratempos juntos, à medida que animamos um ao outro quando estávamos tendo um dia ruim. E tudo isso foi antes que as coisas realmente começassem entre nós. Mas uma vez que deixamos os guardas baixas, nos permitimos sentir o que naturalmente sentíamos em relação ao outro, o resto parecia acontecer quase sem esforço. Nós conversamos sobre bobagens diárias, sobre coisas importantes.
Mostrou-me fotos on-line dos escritórios que encontrara, chamando-os de “sonhos” até que eu a convencesse do contrário. Ela vasculhou os classificados online por mim para encontrar todos os tipos de animais que achava que eu poderia ter na minha fazenda. Nós fodemos. Fizemos sexo. Nós fizemos amor. Fizemos tarefas juntos. Brigamos de quem era a vez de carregar a máquina de lavar louça, ou por que era tão difícil fazer tanto a lavagem e dobrar e guardar no mesmo dia. Mas eu senti isso ainda. Do lado dela e talvez do meu também. Aquela parede que começamos a construir quando tínhamos concordado em ser casuais, seguir o fluxo, não rotular ou analisar as coisas. Ele ainda estava lá, talvez ficando cada vez mais reforçado a cada vez que podíamos, e talvez até quiséssemos, mas não falávamos das outras coisas. As nossas coisas. As coisas como quais nossos planos uma vez terminássemos. Se ela mudaria da sua casa atual. Se ela iria à fazenda comigo. Se nós tornaríamos público para todos ao nosso redor. Se admitiríamos que isso era tão sério quanto parecia. O não saber era difícil. Isso estava pesando em mim desde que ficou claro que, uma vez que crescemos, percebemos que estávamos juntos na frente de trabalho, e, portanto, paramos de tentar nos sabotar, e aprendemos que não era que não erámos compatíveis, mas sim que éramos tão parecidos que às vezes era como ter uma discussão com nós mesmos, e todos os resentimentos se dissolveram, deixando apenas o que estava por baixo. Paixão mútua. Em geral, mas também em direção ao outro.
Eu me arrependia de concordar com os termos dela todas as manhãs quando ela acordava, se espreguiçando e tremendo contra mim, toda vez que ela resmungava comigo por reduzir o açúcar em seu café, toda vez que ela vinha correndo até mim no trabalho, palavras tropeçando em si mesmas em sua excitação para falá-las, para me trazer uma nova descoberta, todas as noites, quando ela comia demais, então reclamava disso, todas as noites quando ela se contorcia e gemia para mim, gozando com meu nome em seus lábios, em seguida, enrolava em mim, relaxando o corpo, deixando escapar um som suave e quase inaudível de satisfação quando adormecia. Porque queria dizer a ela que eu gostava. Tudo isso. Mesmo quando ela estava lançando as mãos para cima sobre como os desenhos do meu armário não combinavam com o backsplash que ela escolheu, mesmo quando ela estava mastigando antiácidos porque estava ansiosa e tinha azia, mesmo quando ela saiu do banheiro uma noite com o cabelo coberto de alguma porcaria branca e o rosto em uma coisa azul, os dedos dos pés separados pelos separadores de dedos e as placas declareamento nos dentes. Sim, eu até gostei de tudo isso. Era real. Era ela. Era fácil estar na imagem perfeita que você tentava projetar em alguém quando começava a namorar, ou o que quer que ela quisesse chamar o que estávamos fazendo, quando muito, as roupas perfeitas, o cabelo arrumado, as palavras cuidadosas. A fachada. Isso sempre era fácil de gostar. Era algo completamente diferente dar realmente uma olhada no interior, ver as rachaduras na fundação, a pintura arranhada, a arte assustadora nas paredes. Era quando você realmente conseguia ver se estava apenas encantado com a porcaria externa e superficial. Ou no que estava dentro, falhas e tudo. E com Brin, sim, eu gostava de todos os recantos abandonados. Ou talvez fosse mais apropriado, no caso dela, dizer as mesas cobertas de glitter. Que inferno!
O glitter. Eu nunca saberia como aqueles pequenos projetos de arte dela, sempre tão bem contidos em uma mesa dobrável de artesanato, ou assim pensei, poderiam invadir tudo na casa. Encontrei na minha navalha uma vez. Minha navalha. Mesmo que eu me encontrasse tirando essa porcaria da minha barba diariamente, mesmo quando fazia uma semana desde que ela usou o material, ficava feliz com isso. Porque era parte dela. Dizia que ela fazia parte da minha vida. Que nós fomos capazes de superar as más impressões iniciais e as personalidades muito teimosas. Havíamos encontrado a graça de dar uma segunda chance um ao outro e, ao fazê-lo, encontramos algo grandioso. Algo que pensei estava indo para algum lugar. Simplesmente não podia dizer. Eu deveria ter apenas mostrado coragem e dito alguma coisa. E daí se ela fugisse. Ou, mais provavelmente no caso dela, tivesse um ataque sobre isso? Se isso eventualmente levasse a uma conversa e um entendimento, e se isso a deixasse um pouco desconfortável por um tempo? Mas não, eu mantive minha boca fechada. Mesmo na maldita caminhonete no caminho de volta de Cape May quando ela virou a cabeça. E eu sabia, sabia mesmo sem ter que ver que ela estava chorando, que estava tendo um momento, daqueles que precisava mostrar a ela que poderia compartilhar comigo. Mas não fiz. E no momento em que viu Brent, voou para ele, compartilhou com ele. Então fui embora. Saí! Eu nem sabia o que me possuiu para fazer isso, ir quando sabia que ela precisava de mim, mesmo que não estivesse disposta a admitir isso para si mesma.
Porque mesmo sendo um velho amigo como Brent era, eu tinha coisas que ele nunca iria, nunca teria. Eu compartilhei a experiência com ela. Eu estava passando pela mesma situação que ela, era a única pessoa no mundo que sabia exatamente como era isso. Eu não sabia para onde estava indo quando saí também. Desde que a casa estava tendo o piso reformado, uma condição do novo proprietário que queria se mudar dentro de três semanas. E como ele estava pagando pouco mais que o valor de mercado, e eu não estaria morando lá, não sentia a necessidade de lutar contra isso. Mesmo que meu piso tivesse acabado de ser feito há dois anos. Eu poderia ficar em um hotel, claro. Mas me vi dirigindo para fora da cidade, para o oeste, em direção a um lugar que não tinha ideia se eu poderia me dar ao luxo agora, que a situação mudara tão drasticamente. Ainda era tecnicamente do meu pai. A fazenda que ele não dava a mínima, que ele apenas deixaria o banco tomar. Ele não morava lá. Ele nunca morou em lugar algum. Ele pulava camas quando encontrava mulheres que acreditariam em seus encantos, ou pulavam em sofás quando ninguém estava se apaixonando por sua farsa. Ele odiava o lugar antigo, a decoração velha, a terra que exigia atenção. Não fiquei surpreso quando parei para descobrir que o quintal estava crescido tão alto que estava se dobrando sobre ele mesmo. Soltei
um
suspiro,
sabendo
que
a
população
de
carrapatos
estava
provavelmente no auge de todos os tempos, que se eu conseguisse manter esta terra, isso seria algo que eu teria que lidar antes de ter animais. E embora não pudesse vê-los no escuro, apostaria um bom dinheiro nas cercas e dependências que precisavam ser completamente renovadas. O pomar de frutas e os arbustos de bagas provavelmente também precisariam de alguns cuidados na próxima primavera.
Seria difícil fazer todo o trabalho que precisava ser feito enquanto me matava como teria que fazer só para pagar a hipoteca, quanto mais os reparos. O programa teria tornado a vida mais fácil. Mas pelo menos eu ainda ia pegar a fazenda. Eu encontraria uma maneira de pagar as contas. Poderia aceitar mais trabalhos, ser menos detalhista sobre eles, então não demoraria tanto tempo a cada vez. Sempre tinha sido uma mistura de apatia e hipercriticidade que tinha minha carreira no nível em que estava há anos. Sempre foi o bastante para mim. Mas se eu precisasse de mais, faria mais. O potencial estava lá. Eu nunca busquei isso. Talvez seguisse o exemplo de Brin. Eu faria um site. Uma presença na mídia social. Inferno, talvez o escândalo funcionasse a meu favor. As pessoas me pesquisariam assim que a história se estourasse. Se conseguisse pelo menos algumas redes sociais pela manhã, tirar algumas fotos dos trabalhos em que trabalhei, talvez pudesse lucrar com o interesse que as pessoas teriam ao pesquisar por mim. Vasculhei o banco de trás, encontrei meu notebook e minha câmera e entrei, sabendo que provavelmente teria que trabalhar à luz de velas e usar meu telefone como ponto de acesso, mas valeria a pena se eu conseguisse fazer as coisas ao nascer do sol quando a população em geral ouviria sobre a farsa minha e de Brin. Enquanto montava o notebook, e carregava minhas fotos da minha câmera, não pude deixar de ter meus pensamentos voltando para ela. Ela adoraria isso. Ela vinha pedindo, talvez até irritante às vezes, a ser autorizada a me dar uma presença na mídia social, para “me tirar da idade das trevas”, como havia me dito muitas vezes. Ela saberia exatamente quais imagens usar, como filtrá-las, com que legendas elas devem ser usadas, quais hashtags usar. Ela até fazia aquele conjunto de duas fotos com uma pequena citação ou algo no centro, de modo que toda a tela das postagens do Instagram parecesse unida. Estética, ela chamaria isso.
Trabalhei até que meu telefone morreu, colocando dúzias de fotos no Instagram e no Facebook, obtendo um site muito básico carregado. Nada mostrou qualquer domínio sobre os estilos de mídia social, mas seria suficiente. Joguei meu celular no carro para carregar, enfiei as pernas da calça em minhas meias e entrei no celeiro para pegar o único trator que ainda não valera o suficiente para meu pai vender, rezando para que a grama alta não engasgasse, desde que era realmente o único modo para cortar tanto espaço crescido demais. O sol estava alto no céu quando vi um carro virando na estrada, um que eu conhecia em qualquer lugar. Um cujo ar condicionado estava quebrado. E o aquecedor, aparentemente. Um que fazia um som estridente do nada de vez em quando. Como fez quando ela pisou no freio atrás do meu carro. Eu desliguei o motor, observando enquanto ela descia, vestida com algo que eu nunca tinha visto antes, legging cinza escuro e um moletom branco enorme. Seu cabelo estava flutuando em volta dos ombros, emoldurando seu rosto suave com as pálpebras ainda inchadas, tanto de cansaço quanto de lágrimas. — Eu acho que está na hora, — ela declarou enquanto se aproximava, seus olhos focados em mim, teimosia marcando seus ombros. — Hora para o quê? — eu perguntei, ficando onde estava, deixando-a vir até mim. — Conversar, — ela continuou dando-me um aceno firme como se eu fosse brigar com ela. Enquanto isso, isso era o que eu estava esperando desde a cidade. Desde que eu tentei ter uma conversa sobre isso, só para ser ignorado. — Tudo bem, — eu concordei, recostando-me. — Sobre nós. — Eu percebi que você não dirigiria aqui para discutir o tempo. — Não seja espertinho, — ela me disse, entrecerrando com os olhos. — Estou tentando aqui. Ela estava certa. — Tudo bem, — eu concordei, movendo-me para descer. — Eu levaria você para dentro, mas não foi arejado por meses.
Leveei-a de volta para a minha caminhonete, abrindo a carroceria, subindo e batendo no espaço ao meu lado. Mas ela não se juntou a mim, ela ficou bem do outro lado dos meus joelhos. — Pronto quando você estiver, — eu convidei quando ela não disse nada, apenas olhou para o lado, olhando para o campo semilimpo. Ela engoliu em seco, finalmente me dando contato visual. — Brent pensa que você não entrou porque eu não te dei o meu feio. — Seu feio? — Sim. Ele disse que eu te dei todo o meu bonito e... — Ele claramente não sabe como você é quando está enrolada na cama choramingando sobre comer demais, — eu disse a ela com um sorriso, tentando aliviar um pouco da tensão em seus ombros. — Brent me corta depois de três tacos. Três, — ela acrescentou, com os olhos arregalados. — Como se alguém pudesse se sentir remotamente satisfeito com menos de cinco. Porque ele se cansou de meus lamentos por comer demais, — ela me disse, revirando os olhos. — Mas ele quis dizer como... as coisas emocionais feias. O choro com ranho. — Choro com ranho? — Perguntei, bufando. — Sim, o choro com ranho feio é importante. Concedido, uma coisa rara para mim. Mas importante. E isso é feio. E eu talvez não estivesse pronta para ser tão feia ao seu redor ainda. — Por que, Brin? Estive ao seu lado dia e noite por meses. Vi você suada e dolorida, e o rosto vermelho pela raiva, e exausta, e exaltada e tudo no meio. Acho que nunca fiz parecer que não aguentei. — Você nunca é feio! — Ela declarou, a voz sufocada algumas oitavas acima do normal, as palavras praticamente tropeçando umas nas outras, como se estivessem explodindo dela. — O quê? — Não sorria! — Ela se opôs, batendo uma mão no meu ombro. — Isso não é digno de sorrisinhos. — Você está sendo ridícula, querida.
— Não, sério. Eu estive ao seu lado por meses, e você está sempre calmo e sereno, nunca um lunático delirante como eu. E você nunca parece exausto e extenuado. — Imagino que meu feio é o babaca sorridente e condescendente, que costumava fazer você ficar tão vermelha que você ficava praticamente lívida quase diariamente. — Mas... — E talvez você tenha parado de vê-lo feio quando você viu meus outros lados, quando não era tudo o que você sabia sobre mim. E para o registro, Brin, — eu disse, abrindo as pernas para puxá-la no meio. — Eu nunca, nem por um momento, pensei que você fosse feia, mesmo em seus momentos mais baixos. Ou que você era demais para lidar. Dífícl, claro, mas não demais para mim. Sua cabeça se abaixou diante disso, provavelmente para esconder a reação que ela sabia que mostraria claramente em seu rosto. Realmente, era um milagre que ela tivesse sido capaz de fingir atração e amor por mim durante o tempo que ela fez, mesmo quando estava me odiando. Eu descobri que ela era uma péssima mentirosa em geral, seu rosto sempre a entregava. Mas talvez fosse porque acabara por conhecêla tão bem. — Então... você acha que quer ficar preso comigo por um tempo? — Ela perguntou, ainda com a cabeça abaixada. — Bem, eu acabei de te seguir oficialmente no Instagram, então, boa sorte se livrando de mim agora. — O quê? — Ela gritou, a cabeça subindo, os olhos arregalados. — De jeito nenhum! — Imagino que posso precisar lucrar com meus quinze minutos de fama. Passei a noite inteira montando algumas mídias sociais e um site. Poderia ter usado a sua ajuda, — acrescentei, agarrando o queixo dela. — Você está me dando liberdade para a presença da sua marca? — Ela perguntou, parecendo exultante e hesitante em ter muitas esperanças. — Se você não está ocupada.
— Bem, visto que estávamos na tendência online quando deixei a casa de Brent... é seguro dizer que Rachel, Mica e Andy sabem o que aconteceu. Assim... eu não deveria ter nada além de tempo livre por um tempo. — Você já recebeu uma ligação? — Silêncio de rádio, — ela disse, fazendo uma careta. — O que eu acho que é pior de alguma forma. — Alguém terá que entrar em contato para cancelar o contrato. — Eu estava meio animada com a próxima casa, — ela admitiu. — Todo aquele vitral quebrado. Eu tinha planos para aquilo. — Haverá outras casas, Brin. Talvez não seja na TV. Mas outras. Aposto que se você checou sua mídia social agora, você terá uma tonelada de novos seguidores, curtidas e comentários. — Estou com muito medo de olhar. — Não te vejo como covarde. — Eu não sou covarde, mas você nunca sabe que tipo de coisas ruins as pessoas dirão online. Tenho comentários desagradáveis aqui e ali em meus projetos mesmo antes do meu nome estar na rotação de notícias. — Sim, mas e se não for desagradável? E se for de apoio? E se as pessoas tiverem trabalhos para você? E se alguma boutique quiser fazer uma pequena linha de seus projetos? E se eles não se importarem que nós mentimos? Você não saberá se não olhar. — Isso é verdade. Então... — Então? — Então... você está bem com isso não sendo mais casual? — Não queria casual desde o início, — eu disse a ela, puxando-a para mais perto. — Eu estava esperando você perceber que também não queria isso. — Eu realmente não queria casual, — ela admitiu. — Só estava com medo do que aconteceria se não fizéssemos casual, então as coisas explodirem e... — As coisas não poderiam estar mais explodidas do que estão agora. — Eu quis dizer com a gente. — Porque você estava preocupada com o programa. E sua carreira.
— Sim, — ela admitiu, encolhendo os ombros. — Bem, o programa acabou. Sua carreira pode tropeçar, mas vai se recuperar. Então, tudo que temos para nos preocupar agora somos nós. — Nós, — ela pensou, subindo na ponta dos pés, sorrindo para mim. — Eu gosto disso. — Eu também, — concordei, selando meus lábios nos dela.
13 Brinley Era apenas para ser um beijo. Apenas um momento compartilhado de alívio, compreensão, entusiasmo pelo futuro. Mas no segundo que seus lábios pressionaram os meus, pareceu desencadear semanas de preocupações e inseguranças que eu vinha abrigando, surgindo como uma necessidade desesperada, que tinha minhas mãos afundando em seus quadris, meus seios pressionados em seu peito, meus lábios ficando mais ganancioso no dele. Warren, geralmente tão no controle de si mesmo, pareceu ceder perante a crueza do momento também, uma mão esmagando na parte de trás do meu pescoço enquanto sua língua procurava a minha, a outra descendo pelas minhas costas para afundar na minha bunda, agarrando com força, um toque possessivo que fez meu sexo apertar com força. Um ruído baixo e choramingado foi arrancado dos meus lábios, fazendo Warren se afastar, olhando para mim. — Oitenta mil metros quadrados ao nosso redor, — ele me informou, os olhos cheios de uma necessidade que sabia que estava brilhando nos meus também. Eu realmente não precisava mais do que isso. Minhas mãos se estenderam, arranhando sua camisa, puxando-a até que ele assumiu, arrancando o tecido por cima da cabeça, jogando-o na carroceira atrás dele. O som choramingado me escapou novamente quando minhas mãos se moveram sobre sua pele quente, os músculos se contraindo sob o meu toque, algo que nunca deixou de me fascinar. — Brin... — sua voz gritou, baixa, áspera, quase dolorida.
Deslizando minhas mãos por suas coxas, movi meu corpo para trás, sentindo suas mãos lutando contra a distância, mas desistindo enquanto eu continuava me afastando. Fora do alcance do braço, minhas mãos foram para a bainha da minha camisa, arrastando-a para cima, jogando-a na carroceira da caminhonete junto com a dele. As leggings sumiram em seguida, deixando-me em nada além do meu sutiã e calcinha, algo que fez um gemido muito sexy escapar de Warren quando me aproximei novamente, minhas mãos tocando e subindo até suas coxas e para dentro, pegando seu botão e zíper, trabalhando-os com dedos desajeitados até que os libertei, alcançando o interior, encontrando seu pênis já crescendo. Era raro eu considerar minha falta de altura um trunfo. Mas agora, com Warren na carroceria de sua caminhonete, isso me colocou na posição perfeita para abaixar alguns centímetros, lentamente chupando seu pau na minha boca, centímetro por centímetro, ouvindo sua respiração sibilar dele, sentindo suas mãos me agarrarem, uma juntando meu cabelo para que pudesse ver, o outro afundando no meu braço enquanto eu comecei a acariciá-lo, trabalhando nele mais rápido, torcendo minha boca, lambendo com a língua sobre a cabeça, a mão descendo para segurar suas bolas, sentindo seu pau ficar ainda mais duro com o contato. Ele não me deixaria fazer isso. Fazê-lo gozar com a minha boca. Não agora. Não quando o momento parecia estranhamente comovente. Como se na sugestão, sua mão puxou meu cabelo até que a dor no meu couro cabeludo foi o suficiente para fazer me afastar, perdendo seu pênis. — Amo o jeito que você chupa meu pau, Brin, — ele me disse, o elogio causou um tremor pelas minhas entranhas enquanto sua mão se soltava, descia pelas minhas costas, agarrou os ganchos do meu sutiã e os soltou com uma mão, mais rápido que eu sempre pude com duas. O tecido afrouxou, descendo pelos meus braços, me expondo aos olhos gananciosos dele. — Foda-se, — ele grunhiu, mãos movendo-se para segurar meus seios, polegares movendo-se sobre os mamilos até que os fez ficarem duros e tensos, então os pegou entre os dedos, rolando-os até que eu estivesse balançando nele, choramingando por mais.
Seu corpo se moveu rapidamente, caindo de pé, indo ao meu redor, depois descendo. Eu mal tive tempo de processar antes de sentir os dedos dele agarrarem o material rendado da minha calcinha, arrastando-a para baixo sobre o meu traseiro. Seus lábios se moveram, pressionando docemente em uma das nádegas quando deslizou a calcinha pelas minhas coxas até que ela se juntou em meus tornozelos, fazendo-me instintivamente sair dela enquanto sentia seus dentes substituindo seus lábios, fazendo disparar uma ardente dor prazerosa atravessando meu corpo. Minhas coxas tentaram pressionar fechadas para acalmá-la, mas suas palmas largas estavam se movendo para baixo, escorregando debaixo da minha bunda, espalhando-as para ele apenas um segundo antes de eu sentir sua língua subindo pela minha fenda em direção ao meu clitóris, sugando-o em sua boca, fazendo minhas coxas tremerem, ameaçando me abandonar quando o prazer começou a passar por mim. Sentindo o tremor, sua mão agarrou meu joelho, enquanto sua língua implacavelmente trabalhou em mim, arrastando-a em um ângulo até que ele a colocou no assoalho da carroceria, fazendo com que minha parte superior do corpo se inclinasse para frente também, abrindo-me completamente para sua boca gulosa. Dois de seus dedos empurraram bruscamente dentro de mim, empurrando descontroladamente, arrastando gemidos irregulares de dentro de mim antes de finalmente curvarem e tocarem meu ponto G com perfeita precisão, fazendo o orgasmo gritar pelo meu corpo inesperadamente, fazendo-me gritar seu nome com abandono imprudente, sabendo que ninguém podia ouvir. Ele trabalhou comigo, recusando-se a me liberar até que ordenhou meu orgasmo por tudo que valia a pena. — Sua boceta está tremendo por mim, — ele resmungou quando levantou minha outra perna, deixando-me espalhada diante dele. Eu podia sentir minha umidade escorrendo pelas minhas coxas, gananciosa por mais, para senti-lo dentro de mim novamente. Eu tinha certeza que nunca me cansaria dele, um pensamento que costumava me encher de medo, mas agora, neste momento, depois de nós termos concordado
que isso era algo entre nós, sim, tudo o que sentia era uma excitação, uma certeza que poderia tê-lo sempre que quisesse, e ele a mim, sem me preocupar em perdê-lo. Ouvi o som de sua calça jeans batendo no chão, um pequeno tropeço quando ele as tirou com as botas, então sua caminhonete abaixou quando ele pulava para cima e se movia atrás de mim. Mal tive um segundo para registrar sua presença antes que seu pênis estivesse batendo fundo, me reivindicando ao máximo com uma pequena pressão deliciosa que me fez pressionar para trás nele, querendo mais, querendo que ee tomasse cada centímetro de mim. — Apertada pra caralho, — ele rosnou, as mãos segurando em meus quadris, usando-os para me empurrar para frente, em seguida, me bater para trás quando ele começou a empurrar, controlando-me e meu desejo completamente, não me deixando fazer nada, apenas desesperadamente desfrutar e implorar para não parar. Meu corpo dobrou para frente, antebraços indo para as roupas espalhadas pela carroceria, minha cabeça descansando lá também enquanto ele me fodia mais forte, mais rápido, me levando para o limite. Sua mão deixou um dos meus quadris, indo entre as minhas pernas, acariciando minha umidade, provocando em torno do meu clitóris, mas nunca me dando o contato que eu precisava para acabar com o meu tormento, enviar outro orgasmo disparando por meu corpo. Apenas provocando implacavelmente enquanto eu gemia por mais. Apenas quando eu tinha certeza de que ele finalmente iria mover os dedos sobre meu broto inchado e sensível, sua mão me deixou completamente, movendo-se, encontrando um novo destino. Senti seu dedo pressionando contra a minha bunda, procurando por qualquer sinal de reserva por um momento. Não encontrando nada, porque tinha certeza de que não havia nada que eu pudesse negar-lhe, ou a mim mesma, neste momento, ele lentamente pressionou para dentro, me reivindicando mais, me trabalhando gentilmente até que eu implorei por mais, implorei para pôr um fim ao desejo tenso em meu núcleo.
Sua outra mão deixou meu quadril enquanto ele me fodia ainda mais forte, indo entre as minhas coxas, e pressionando meu clitóris finalmente. O polegar no meu clitóris, dedo na minha bunda, pau raspando meu ponto G perfeitamente, foram apenas mais alguns impulsos antes que o mundo todo ficasse branco enquanto o prazer atravessava rasgando meu corpo. Era como se sentisse, também, uma garra, algo quase violento, no limiar da dor em sua intensidade enquanto perdia minha voz e fôlego por um longo momento antes de voltar, me deixando gemendo, choramingando, gritando seu nome enquanto as ondas continuaram batendo, enquanto ele continuou exigindo mais. Até que meu corpo ficou frouxo finalmente, exausto. Ele bateu fundo, gozando com o meu nome em seus lábios antes de seu corpo perder a força também, fazendo-o se curvar para frente, vindo sobre o meu corpo, me dando todo o seu peso por um longo momento enquanto lutava por sua força retornar. — Cristo, — ele sussurrou enquanto saía de mim, então caiu ao meu lado na pilha de roupas, a mão indo atrás de sua cabeça como sempre fazia, a outra me alcançando, enviando uma sensação quente e melosa através de mim enquanto me movia para descansar em seu peito, sentia seus dedos passarem pelo meu cabelo. — Não consigo me cansar disso, — ele me disse um tempo depois, quando a batida do seu coração começou a se estabilizar sob a minha bochecha. — Eu também, — admiti. — É tudo esse fogo, — ele me disse, os dedos deixando o meu cabelo para traçar descendo minha espinha, sobre a curva do meu quadril, o lado da minha coxa, a nádega do meu bumbum. — Hm? — Todas as brigas e mostras de atitude deixam tudo reprimido. Torna explosivo. — Bem, então nós vamos ter a melhor vida sexual nos próximos anos, desde que eu sempre fico um pouco esquentada. — Um pouco? — Ele provocou, soando como se estivesse sorrindo. — E, quero dizer, não significa presumir que isso... — Cale-se.
— O quê? — Eu perguntei, tentando me levantar, mas o braço dele trancou minha parte inferior das costas, mantendo-me pressionada a ele, onde realmente queria estar, já que ainda estava nua e o ar estava frio. — Não tente recuar nisso. — Eu não estava... — Você ia dizer que não queria presumir que ficaríamos juntos por anos, — ele me interrompeu. Ele estava certo e sabia disso. Não havia nada mais irritante do que Warren Allen Reyes estar certo e saber disso. Mas apenas uma vez, eu talvez quisesse ouvi-lo, ver o que ele tinha a dizer. — Estou vendo anos, Brin, — ele me disse, me dando um aperto. — Imagine se podemos trabalhar juntos sem matar um ao outro, podemos enfrentar qualquer coisa. — Quero dizer, para ser justo, você quase perdeu sua vida pelo menos uma dúzia de vezes, — eu admiti, sorrindo quando ele beliscou minha bunda. — No entanto, aqui estou eu. — Bem, havia muitas testemunhas ao redor. — Espertinha. — Você ama isso. Era uma frase descartável, algo que dizia irreverentemente para qualquer um, cheia de sarcasma e insinceridade. Foi por isso que as próximas palavras de sua boca fizeram meu corpo inteiro enrijecer. — Sim, acho que sim. Minha barriga gelou, e meu coração tentou sair voando antes que eu arrastasse essa cadela de volta à terra, certa de que ele estava apenas fazendo o que eu estava fazendo, sendo bobo e doce, tendo uma conversa amigável. Nu. Depois que ele me fodeu até ficar tonta na parte de trás de sua caminhonete. — O quê? — eu perguntei, pressionando. — Você me ouviu, — ele me disse, estendendo a mão para colocar meu cabelo atrás da minha orelha. — Talvez eu precise ouvi-lo novamente, — eu disse com cuidado, tentando não deixar minhas esperanças ficarem muito altas, tentando me forçar a ser racional.
— Não fique surpresa, Brin. Acho que te amei desde que você considerou me espancar até a morte com os divisores de porta do armário no Home Depot naquela noite em que tudo mudou. A noite em que tudo mudou. Tudo. Meu coração não voou nem desanimou. Pareceu parar no meu peito, sem saber o que fazer, o que sentir, como reagir às suas palavras, mesmo quando minha barriga fez uma coisa vibrante que era tão forte que era quase esquisita. — O quê? — Eu assobiei, não querendo me deixar acreditar nele. Sua mão deslizou para emoldurar um lado do meu rosto, seus olhos escuros segurando os meus implacavelmente. — Eu amo você, Brin. E não tente puxar aquela coisa de “é muito cedo”. Nós dois sabemos que não é. Nós temos construído sentimentos aqui por meses. Nós temos vivido juntos, compartilhando altos e baixos, conhecendo cada pequeno aspecto um do outro. Isso não é cedo. Mesmo se fosse, não mudaria como me sinto. Entendo que você tem que processar isso, mas estou pensando que talvez devêssemos fazer isso lá dentro, — ele me disse bem quando senti os arrepios se formarem em cada centímetro de pele, se isso foi do frio, ou do que ele acabou de me dizer, era impossível de saber. — Tudo bem, — eu concordei, levantando-me, esperando que ele fizesse o mesmo, então eu poderia pegar algumas das minhas roupas de volta. — Você está ansiosa para colocar as mãos na minha mídia social agora, não é? — Ele perguntou, sorrindo para mim enquanto eu pegava meu sutiã e calcinha, juntando-os na minha mão. — Bem, quero dizer, você vai precisar terminar o quintal, certo? Eu também poderia ser útil. — Útil, mmhm, — ele disse, assentindo, puxando a bainha da minha camisa para me arrastar com ele. — O quê? — Penso que você só quer desfazer tudo o que fiz.
— Bem, você quer ter a estética certa. O quê? — Perguntei quando seus lábios se contraíram, fazendo seus olhos escuros dançarem. — Nada. Isso é exatamente o que eu pensei que você diria, — ele me disse quando chegamos à porta da frente. Era um lugar pitoresco, a casa de sua família. E, sim, “pitoresco” era absolutamente sinônimo de “pequeno”. Mas quando algo foi construído literalmente por seu avô, fazia sentido que não fosse uma estrutura maciça. Era uma construção de madeira baixa, de um nível, com um amplo alpendre que precisava de alguns cuidados carinhosos precisos, as tábuas no chão estavam rachadas, as escadas desmoronaram. Havia um conjunto de velhas cadeiras de balanço no final que seu avô provavelmente fizera para ele e sua esposa, planejando sentar-se na varanda da frente toda noite, um pensamento doce e sentimental que fez meu coração apertar meu peito. Elas precisavam ser lixadas e repintadas, mas de repente eu queria fazer esse projeto com Warren, esperar que eles secassem, e então sentar lá balançando com ele também. Talvez nos próximos anos. Não havia como negar aquela sensação vacilante na minha barriga, algo que eu não me permitia sentir com frequência, sempre achando que quando o fazia, sempre ficava frustrada Esperança. Isso era esperança. — Não é muito mais quente aqui, — ele me avisou quando abriu a porta. — Eu preciso abrir todas as janelas para arejar o lugar. Meu velho claramente não esteve aqui há meses. — Eu deveria ter pensado em trazer alguma comida ou algo assim, — eu disse enquanto nos movíamos para dentro. O elemento esmagador dentro era a escuridão. Mesmo com janelas abundantes e sem adornos deixando entrar a luz, a enorme quantidade de madeira fazia com que parecesse menor do que era, e era pequeno para começar.
Nós entramos em uma sala de estar com conceito aberto que levava a uma pequena sala de jantar, e finalmente a cozinha. Os pisos, as paredes, os móveis, as vigas expostas no teto, tudo era uma madeira escura. — Eu acho que estou começando a entender sua obsessão por elementos de madeira, — eu disse a ele, assentindo. — É um pouco escuro, — ele admitiu, olhando em volta. — Eu acho que sempre tive um ponto cego sobre o lugar ao longo dos anos, achando que era perfeito exatamente como era. —Mas? — Perguntei, ouvindo isso em sua voz. — Mas, acho que talvez possamos iluminá-lo um pouco. O chão não precisa ser tão escuro. Talvez alguns dos... — Shiplap, — eu forneci, fazendo careta, fazendo-o jogar um braço sobre os meus ombros, me enrolando para um abraço de um braço só, plantando um beijo no topo da minha cabeça. — Sim, talvez alguns dos shiplap possam ser deslocados, apenas manter uma parede em destaque. Mas essa é mais sua área de especialização. — Quão apegado você é a essas bancadas? — Eu perguntei, empurrando meu queixo em direção aos azulejos vermelhos escuros. Sim, azulejos. Com rejunte real. Eu não tinha visto uma cozinha azulejada desde a escola de design e só em casas antigas. — Aqueles, eu ficaria feliz em ver ir embora, — ele admitiu. — Você quer que eu... sabe, elabore algumas ideias? Sei que nossos estilos são diferentes, mas acho que posso amenizar o lugar mantendo sua integridade. Quero dizer, eu sei que é seu ... — Elabore-me algumas ideias, — ele me cortou, e, se eu não estava enganada, foi um pouco mordaz. Como se ele não quisesse que eu terminasse a frase, sabendo o que eu ia dizer sobre ser a casa dele. — Depois que você lidar com minha mídia social, — ele acrescentou, acenando com a mão para onde seu notebook estava configurado. — Fique à vontade. Eu vou terminar o quintal, então talvez correr para a cidade rapidamente para pegar alguns itens essenciais. Eu acho que estaremos nos abrigando aqui até a tempestade passar.
— Eu gostaria disso, — eu admiti, significando, ouso dizer, de todo o coração. — Tudo bem, vá desfazer tudo o que eu fiz, — ele disse, batendo na minha bunda antes de se virar e sair. E eu, bem, percebi que tinha muito trabalho a fazer. Eu também não estava errada. Ele tinha só enviado as fotos, sem nenhuma explicação para elas, sem descrições verdadeiras, e as piores escolhas de hashtags conhecidas pelo homem. Quero dizer #construção? Sério? O que ele estava pensando? Uma vez que tive seu Instagram um pouco menos hediondo, fui trabalhar em seu Facebook, então seu site horrível. Claro, ele tinha feito isso rapidamente e provavelmente só foi com um tema pré-fabricado, mas o meu Myspace quando eu tinha onze anos era mais avançado do que o código que ele estava usando. Quando finalmente cheguei ao botão de publicação, imaginando que era tão bom quanto poderia conseguir sem um profissional para ajustá-lo, pude ouvir Warren estacionando na entrada, me fazendo perceber que eu tinha estado tão distraída que não tinha ouvido a roçadeira parar, ou ele sair em primeiro lugar. Eu pulei, esticando meu pescoço e ombros antes de me mover em direção à porta, calçando meus sapatos, imaginando que iria ajudá-lo com as sacolas, não importando o quanto ele lutasse contra isso. O idiota teimoso. Mesmo que estivesse talvez mais encantada com suas maneiras antiquadas do que deixaria transparecer. Eu tinha acabado de abrir a porta quando percebi que a caminhonete de Warren não estava lá. Mas outro carro estava. Meu coração disparou enquanto minha barriga se agitava ameaçadoramente, a única coisa que eu conseguia pensar era, eles nos encontraram. Os paparazzi
As estúpidas colunas de fofocas online tentando obter algumas palavras dos próprios envolvidos. E eu estava sozinha para lidar com isso. Estava prestes a me jogar de volta na casa quando a porta do carro se abriu. Ninguém correu com uma câmera no ar, gritando perguntas. Não. Ela saiu devagar, quase preguiçosamente, como um gato se esticando depois de tirar um cochilo na janela ao sol, vindo na minha direção, olhar direto, mas não ameaçador. Rachel. Saltos nudes encontraram o cascalho da entrada de Warren. Ela estendeu a mão para fechar a porta, em um vestido roxo de saia ampla, com a cabeça ligeiramente inclinada para o lado. Esqueça os trolls na internet. Esqueça os zoados pelos comediantes de fim de noite. Isso era o que eu mais temia. Porque ela lutou por nós, convenceu sua equipe a nos dar uma chance. Ela pensava que nós éramos fantásticos. De repente, senti-me inundada de culpa por zombar desse termo. Porque ela não tinha só jogado as palavras para nós; ela falava sério. Toda vez, era sério. Ela tinha fé em nós, mesmo quando estávamos brigando, mesmo quando estávamos acidentalmente criando má imprensa. E nós não fizemos nada além de mentir para ela. E agora, a desapontamos. Traímos sua fé. — Rachel, estamos tão... — Você sabe, — ela me cortou, manobrando cuidadosamente seu caminho em direção a mim sobre as rochas irregulares. — Eu tenho estado na TV desde... bem, eu atuei em um comercial de cereais quando eu tinha seis anos. Fui convencida imediatamente, enamorada com a ideia de que você seria paga para mentir para viver, fingir, desviar a verdade. Eu implorei à minha mãe que me deixasse continuar fazendo
os testes, mesmo quando fiz aquela transição terrível de garota adolescente para estranha no meio. Fiz aulas de palco, fiz shows com as crianças da minha vizinhança. Acontece que, quanto mais velha eu ficava, menos convincente era como atriz. Então, eu fui para a faculdade para trabalhar nos bastidores. Eu posso não ser capaz de atuar bem, mas posso dizer quando outros o fazem. O que você e Warren tinham, Brin, isso não era atuação. Não houve como parar a onda de vergonha que se moveu sobre mim, arrastou minha cabeça para o chão. — Nós atuamos, — eu disse a ela, balançando a cabeça. — Nós deliberadamente decidimos enganar todos vocês, fingir ser um casamento feliz. — Bem, essa parte, sim, — ela concordou com um sorriso enquanto se inclinava na coluna que ia dos trilhos da varanda até a beirada do telhado. — Um tecnicismo, na verdade. Olhando para trás, vejo por que vocês dois queriam examinar seus contratos. Não pelas letras minúsculas sobre como isso poderia afetar seus negócios atuais, como Andy havia sugerido, mas porque você estava procurando qualquer coisa que pudesse sugerir que seu casamento oficial fosse de alguma forma um empecilho. — Ela fez uma pausa então, sorriu. — Eu imagino que Andy tenha os advogados reescrevendo esses documentos para incluir isso agora. — Ele está vermelho? — Ele está carmesim, — ela confirmou, balançando a cabeça, sorrindo um pouco, sempre sendo uma piada no set sobre o quão forte ele corava quando estava agitado. — Mas ele gosta de uma boa indignação. Isso reforça suas ideias sobre o mundo. Ou seja, que todo mundo está disposto a enganá-lo e pegar seu dinheiro. O narcisista paranoico. — Exceto que nós o enganamos. — Legalmente, não de verdade. Mas você já sabe isso. — Eu não vou mentir. A parte da legalidade é algo que nos preocupa, mas não foi tudo o que quis dizer. Você se arriscou por nós e nós a traímos. — Oh, traição. Essa é uma palavra interessante, você não acha? Tão dramática. Eu não ligo muito para isso. Entrega um pouco do seu poder, sua paz de espírito. Mas nesta situação, nem penso que a palavra é justificável. — Nós mentimos para...
— Sobretudo a si mesmos, — ela me interrompeu, me dando um sorriso perspicaz e sábio. — Toda essa briga. Todos aqueles olhares de lado, os revirar de olhos, o cruzamento de braços, o bufar e o peito estufado. Eu me lembro de ficar parada me perguntando por que vocês dois estavam tentando tanto parecer não estar loucos um pelo outro. — Louco? Louco, sim. Louco pelo outro? Não muito. Quero dizer, não realmente. — Diga-me, — ela disse, ignorando meus comentários. — Quando vocês pararam de fingir? Um com o outro, quero dizer. — Nova York, — eu admiti já que não havia mais razão para guardar mais segredos. — Eu sabia disso. Mica me deve cinquenta dólares por isso. Ela pensou que era em algum momento durante aquele vitoriano. — Oh, bem, eu acho que vocês duas estão certas. Ele me beijou enquanto trabalhávamos naquela casa. Tipo... ele me beijou, — acrescentei, dando-lhe um olhar ao qual ela sorriu. — Como um marinheiro de licença. — Melhor, — insisti, embora não tivesse experiência com marinheiros de licença. — Uau, — ela disse, abanando o rosto com a mão. — Então, talvez ela receba um punhado, mas as coisas ficaram ruins depois. É por isso que vocês estavam brigando o tempo todo. Ela pensou que vocês dois estavam sobrecarregados um pouco. Eu sabia que tinha que ser algo diferente disso. — Então... espere... há quanto tempo vocês duas sabem? — Nós duas suspeitamos quase desde o começo, mas nunca dissemos isso uma a outra até que a notícia sobre as brigas apareceu. — Posso perguntar o que fez você suspeitar que não estávamos sendo sinceros? — Mica disse que era porque você parecia surpresa quando ele se lembrou de coisas como você odiando maionese, certificando-se de que ele pediu um sanduíche sem isso. — E você?
— A maneira como vocês dois se entreolhavam quando achavam que ninguém podia ver. Com uma mistura de desejo e arrependimento. — Eu sinto muito, Rachel, — eu disse a ela, balançando a cabeça, sem saber o que mais dizer para melhorar. Um pedido de desculpas é tudo que você pode fazer, mas às vezes não é suficiente. — Isso foi o que minha mãe me disse uma vez quando eu era pequena e um amigo se recusou a me perdoar por causa de uma briga que tivemos. Não teve muito impacto então, sendo jovem, magoada e frustrada. Mas se tornou mais e mais profundo com o passar dos anos, quando pedi perdão, mas não o concedi, ou implorei por ele, mas não encontrei a graça para permiti-lo. — Do jeito que eu vejo, — ela continuou, encolhendo um ombro forte, — ninguém se coloca em uma situação que poderia levar à ruína, a menos que eles estivessem realmente ansiando por alguma coisa. Eu investiguei você, Brin, lembra? Você estava ansiando por uma oportunidade. Você viu uma, lhe foi oferecida uma, e então se você teve que dobrar a verdade para obtê-la? — Foi mais do que uma dobra. — Foi isso? — Ela perguntou, os lábios curvando-se maliciosamente. — Quero dizer, talvez no começo. — Nós ainda não somos casados, Rachel. — E ainda, — ela disse, estendendo a mão, fechando a mão ao redor da minha, e arrastando-a para cima, passando um dedo pela aliança no meu dedo anelar, — você ainda precisa tirar isso. Aposto que ele ainda usa a sua também. Na verdade, ele usa. Eu não tinha notado até que ela mencionou isso. — Ele provavelmente só esqueceu de tirá-lo, — eu insisti, puxando minha mão. Porque, bem, eu não poderia reivindicar o mesmo. A aliança chamou minha atenção uma dúzia de vezes desde o momento em que fizemos as malas e deixamos a casa em Cape May. Eu até me lembrei de pensar que deveria tirá-la, mas nunca consegui fazer isso. — Sim, deve ser isso, — ela disse, tentando me dar um olhar severo, mas seus olhos estavam dançando.
— Como você não está com raiva? — Eu acho que Andy cuidou da raiva. Não há necessidade de mais disso. Além disso, se eu tivesse dúvidas sobre sua sinceridade, e eu tinha, eu deveria ter falado sobre isso antes que isso explodisse. — Mas? Ela se deixou sorrir, um pouco melancolicamente. — É brega, eu sei, chamar a si mesma de romântica incurável hoje em dia. Não é algo que eu jamais admitiria em companhia mista. Meus colegas nunca me levariam a sério de novo, mas é exatamente isso que sou. É exatamente por isso que não puxei vocês dois de lado e os confrontei. Eu queria ver a história de vocês dois se desdobrando. Eu tinha a sensação de que se tivéssemos essa conversa, o programa iria implodir, e vocês dois seguiriam caminhos separados. — Nós teríamos, — eu concordei, assentindo, de repente percebendo que vergonha teria sido, com que facilidade nossas vidas poderiam ser jogadas em um caminho completamente diferente, e todas as possíveis repercussões disso. — E que pena que teria sido, — ela concordou. — Porque vocês dois, bem, vocês são... — ela fez uma pausa, a contração de seus lábios e luz em seus olhos dizendo que sabia exatamente o que as pessoas pensavam sobre como ela usava a palavra, mas não se importava nem um pouco, — fantásticos. — Se é de algum consolo, estamos oficialmente juntos agora, — eu admiti, sentindo meu estômago tremer um pouco ao admitir isso. — Nós vamos assumir essa fazenda como um projeto próximo, — acrescentei, acenando para ela. — Agora... isso não daria uma boa audiência? — Ela perguntou, levantando a sobrancelha, algo sobre o olhar aguçado em seus olhos me dizendo que talvez, apenas talvez, nossas carreiras na tv não estivessem exatamente acabadas. — O desonrado casal Fix It Up encontrando amor real no set, então reformando uma casa juntos para viver e amar? Meu coração está palpitando apenas imaginando isso. Além disso, as classificações para os quatro episódios desta temporada disparariam. — Você ainda vai colocá-los no ar? — Eu perguntei, franzindo as sobrancelhas. — Se há uma coisa que você aprender de televisão de reality, querida, é sempre há um escândalo enterrado em algum lugar. A chave é capitalizar sobre isso, não se
esconder dele. Os episódios que foram ao ar - ou mesmo reexibidos - após o absurdo da prostituta dado na temporada passada acabaram sendo as melhores avaliações para o canal durante todo o ano. Não apenas o programa, a rede. As pessoas são bastante previsíveis assim, observando atentamente os restos de um acidente de carro, observando infinitas histórias sobre a desgraça particular de um senador, observando obsessivamente episódios antigos de programas para ver se conseguem identificar quando o casamento começou a fracassar. Se nós comercializarmos isso corretamente, nós podemos fazê-los procurar o momento em que vocês dois pararam de fingir, quando vocês realmente se apaixonaram. — Nós não... — Eu comecei a objetar, tendo que me parar. Porque, bem, nós nos apaixonamos, não foi? Warren tinha, inclusive, admitido em detalhes. Eu, sim, eu não era tão acessível. Mas não havia como negar isso. Isso estava acontecendo há mais tempo do que eu percebi, do que teria me permitido admitir naquela época. Apaixonando-me por ele. Estive me apaixonando por ele desde que nos mudamos juntos. — Claro que sim, querida. E é por isso que estou feliz por você, não com raiva. Se isso tivesse sido uma farsa do começo ao fim, pode ser que fosse uma conversa diferente. Mas isso? Com isso eu posso trabalhar. Posso fazer com que a equipe de mídia invente isso, faça o marketing certo. Se eu estiver correta, e geralmente estou sobre esse tipo de coisa, haverá demandas para uma temporada finalizada, para um especial sobre vocês estarem trabalhando em sua própria casa. Porque o público em geral, eles amam um bom escândalo, mas como eu, gostam de uma boa história de amor da mesma forma. E isto? Isto tem a criação de uma comédia romântica. Exceto que é a vida real. O que torna tudo mais de derreter corações. Nós podemos trabalhar isso, Brin. — Mas Andy... — Não vê nada além de cifrões e linhas de fundo. Se nos apertarmos os cintos e mostrarmos a ele que isso tem a oferecer-lhe bolsos cheios, ele estará a bordo em um piscar de olhos. — Mas... como vamos fazer isso? — Eu perguntei quando vi a caminhonete de Warren descer o longo caminho, levantando poeira enquanto ele aproximava. Ele
pisou no freio, abrindo a porta sem nem mesmo desligar a ignição, fazendo soltar um sinal sonoro por um segundo antes de bater a porta, correndo para nós. Como, ouso até pensar isso, estivesse preocupado em eu ter que encarar Rachel e as repercussões de nossas ações sozinha. — Warren, — ela disse, dando-lhe um sorriso caloroso. — Sua garota e eu estávamos discutindo como podemos mudar isso a nosso favor. — Aparentemente, nós somos horríveis mentirosos, — disse a ele com um sorriso quando seu braço deslizou ao redor da minha cintura, me puxando para mais perto, criando uma frente unida. — Bem, eu sempre soube disso sobre você, — ele me disse, sorrindo quando entrecerrei os olhos para ele. — Mas imaginei que sempre fui muito convincente. — Rachel acha que podemos reverter isso, que talvez possamos terminar a temporada. — E não esqueça o especial! — O especial? — Warren perguntou, mas dirigido a mim. — Rachel acha que nos ver trabalhando em sua fazenda faria boas avaliações. Quero dizer, claro, isso depende inteiramente de você. Ela estava apenas jogando as opções. — Nós. — Hm? — Perguntei, sem saber por que ele estava me dando um olhar tão duro. — Cabe a nós, não só a mim, — ele corrigiu. — Bem, sim, claro. Mas quero dizer... a fazenda é... — Onde sua bunda vai ficar, — ele me cortou. — Então, é uma discussão mútua a se ter. Se ou quando chegar a hora disso. Oh, meu coração. Meu pobre coração transbordante. — Oh, olhe para vocês dois, — Rachel disse, sorrindo, claramente contendo um “fantástico” enquanto nos observava. — Vocês dois tem estado sem conexão? Ou vocês têm acompanhado a história? — Recebi uma mensagem de meu amigo ontem à noite nos contando. Desde então, não vimos nada, — eu admiti. Até estive online. Por horas. Mas eu consegui
encontrar algum autocontrole no assunto, me recusando a me deixar olhar, a ouvir as coisas desagradáveis que as pessoas podem estar dizendo sobre nós. — É ruim? — Há um pouco de zombaria, mas, felizmente para nós, o show ainda não foi ao ar, então ninguém conhece vocês, exceto pelas mídias sociais do programa e por aquela entrevista. Então, ninguém sabe realmente como trabalhar com essa história. O que é bom. Porque significa que, em geral, eles estão quietos. Isso provavelmente não vai durar, então é melhor eu entrar em contato com Andy agora que sei que vocês estão dispostos a seguir com isso, aguentar firme o passeio. Quanto mais cedo pudermos agir como se nada estivesse errado, melhor. — Existe alguma coisa que deveríamos fazer? — Perguntei quando Warren ficou em silêncio, fazendo-me pensar se ele estava realmente a bordo também, ou apenas concordando porque eu claramente queria. — Honestamente, se você puder pensar em uma maneira inteligente de jogar com isso por conta própria ou com a mídia social do programa, faça isso. Mantenha a calma, mas sem mais mentiras. — Eu posso pensar sobre isso, — concordei, assentindo. — Ok, bom. Fora isso, tire umas férias. Vocês dois estavam se matando de trabalhar. Vocês merecem. Vou ligar para um de vocês com mais informações quando eu tiver, — ela nos disse, se afastando novamente. — Rachel, realmente, nós estamos genuinamente... — Fantásticos, — ela me interrompeu, nem mesmo se dando ao trabalho de se virar. — Vocês são genuinamente fantásticos. — Que diabos foi aquilo? — Perguntou Warren, enquanto a observávamos sair do caminho, quase acertando a lateral de sua caminhonete ainda em funcionamento. — Aparentemente, ela e Mica tiveram suspeitas por um tempo. — Por que elas não diziam algo? — De acordo com Rachel, elas são românticas incuráveis. — E isso é motivo suficiente para arriscar o sucesso de um programa? — Elas parecem pensar que tudo isso vai funcionar. Sinto muito, deveria ter esperado você voltar antes de discutir qualquer coisa com ela. Eu não tive a chance de perguntar se você estava interessado nisso.
— Interessado nisso? — Continuar o programa. Contar a verdade. — Do jeito que eu vejo, independente do que decidirmos fazer, vamos ter que engolir alguns sapos. Poderíamos fazê-lo em particular, e esperarmos conseguir despertar negócios suficientes para nos mantermos à tona. Ou podemos fazê-lo publicamente, terminar o programa, ter certeza de que teremos dinheiro para fazer o que quisermos depois que a temporada acabar. Desistir, fazer o nosso trabalho particular. Ou nos inscrever para outra temporada. Não importa o que façamos, porém, o que fizemos é algo que vamos ter que reconhecer, aceitar as repercussões. Então, o que importa agora é como queremos lidar com isso. — Em que direção seus pensamentos correm? — A comida no meu caminhão, — ele disse com um pequeno sorriso. — Por que não guardamos a conversa para o jantar? Nós fizemos isso. Refletir as coisas em particular enquanto Warren carregava as sacolas, algo que ele não me deixaria ajudar, mas me colocou para limpar os armários para armazenar a comida, então eu não era completamente inútil. Warren cozinhou. Eu arrumei a mesa. E quase tão logo nos sentamos, eu não consegui segurar as palavras por mais tempo. — Qual a sua escolha? — Vou ter uma hipoteca incapacitante quando este lugar estiver oficialmente em minhas mãos. Uma que poderia ser aliviada muito se terminarmos a temporada. Talvez negocie muito pelo especial neste lugar. — Você estaria disposto a fazer isso? — Perguntei, surpresa. — Abrir este lugar para os olhos de todos? — Querida já nos abrimos para os olhos de todos. Eu acho que isto é pálido em comparação. — Faz mais sentido, — eu concordei, cutucando o feijão verde no prato. Eram dos bons, genuínas porcelanas chinesas de outros tempos, do tipo que pertencia à
exposição, não para se comer nelas, brancos com pequenos pássaros cinzentos pintados à mão em torno da borda. Tive o cuidado de não deixar a ponta do garfo raspar a superfície, não importa quantas vezes isso tenha sido claramente feito antes por um menino descuidado e seu avô. — E eu realmente não gosto de deixar as coisas inacabadas, sabe? Nós tínhamos todos os tipos de planos para as próximas duas casas. — Você estava pulando com a ideia de colocar as mãos naquele vitral. Eu sorri porque ele não estava errado. — Então, vamos fazer isso. Se eles voltarem com a oferta para terminar. — Sim, nós vamos fazer isso. Eu não fingiria que era um sentimento de conforto que me superou então. O sentimento geral de tudo será livrado. Mas isso não era certo. Warren estava certo. Nós teríamos que comer sapos. Publicamente. Nós podemos nos engasgar com isso. Haveria perguntas, difíceis. Haveria críticas, pessoas nos chamando de mentirosos e oportunistas. E eles não estariam exatamente errados. Nós não podemos nos defender contra isso. Nós teríamos que tolerar sem reclamar. E, bem, continuar tolerando. Até que o escândalo de tudo desaparecesse, e eles nos conhecessem novamente como casal. Mas desta vez para valer. — Nós vamos passar por isso, — Warren me assegurou, parecendo ler meus pensamentos. — Vai ser uma droga. Mas só vai durar por alguns minutos. Então podemos voltar aqui, pular na cama e esquecer tudo sobre isso. — Bem, — eu disse, sorrindo quando olhei para ele sob meus cílios. — Quando você coloca dessa maneira... Mais tarde naquela noite, sentada na cama em uma de suas camisetas, peguei meu telefone. — Tire sua aliança, — eu exigi quando tirei a minha. Ele pareceu hesitar quando passei a câmera para frente. — Precisamos fazer esse post, lembra? — Eu disse a ele, entregando-lhe a minha aliança. — Coloque seu braço em volta do meu ombro com
essas alianças visíveis entre seus dedos. — Ele me deu um erguer de sobrancelha, mas fez o que pedi enquanto eu bagunçava meu cabelo, colocando ordem em minhas sobrancelhas. Deixei meus lábios se abrirem cerca de um centímetro, trazendo minha mão para perto delas em uma pose muito ‘oops’. Foi exatamente isso que eu coloquei na legenda com a foto também antes de enviá-la para a minha mídia social do programa e a do Warren. — Isso estará em toda parte amanhã, — Warren me disse, entregando-me de volta a aliança que eu sabia que não podia colocar, não importava quão vazia minha mão ficasse sem ela. Warren não conseguia descobrir o que fazer, enquanto girava a aliança entre os dedos, observando quando refletia a luz. Demorou um minuto para que nossos telefones começassem a receber notificações. Cinco, dez, duas dúzias seguidas. Nós deveríamos ter desligado. Eles eram como uma música constante, frenética e perturbadora, enquanto tentávamos relaxar, nos descontrair, sem televisão ou mesmo com um rádio para nos distrair. Finalmente, incapaz de afogar tudo, nós os fechamos, caímos nos braços um do outro e esquecemos disso. Do jeito que ele me disse que podíamos. E, bem, era fantástico.
Epílogo Warren - 1 dia Se dependesse de mim, teríamos deixado os telefones desligados por um dia inteiro. Só assim poderíamos ter um dia extra sendo apenas nós, sendo normais. Mas Brin estava preocupada que Rachel tentasse entrar em contato, e que não ficaria bem se não pudéssemos ser alcançados. Então, ligamos os telefones novamente depois do café da manhã, quando não havia mais nada para usar como desculpa. — Oh, meu Deus, — ela sussurrou assim que seu telefone ligou. — Esse ‘oh, meu Deus’ é bom ou ruim? — Perguntei, não olhando para o meu ainda. — É um... Oh, meu Deus, oh, meu Deus, — ela disse, sacudindo a cabeça. — Há dez mil curtidas no post do Instagram. No meu post no Instagram. Meu pessoal. Onde, se tiver sorte, meus posts recebem talvez cinquenta ou sessenta curtidas. Eu tenho medo de ler os comentários, — ela admitiu, me dando um sorriso vacilante que eu a conhecia bem o suficiente neste momento para chamar de insegurança. Não era algo que você via nela com frequência e parecia totalmente fora do lugar. — Então não olhe, — sugeri, encolhendo os ombros. — Por agora. Até você saber qual é o tom. Eu tenho certeza que você tem outra coisa com a qual lidar agora. Ela tinha. Seis chamadas perdidas de sua família. Duas de Brent. Uma de Rachel exigindo uma ligação de volta. Eu não estava tão ocupado, não tendo família com quem era próximo. Então, ao contrário de Brin, eu rolei a tela. Li os comentários. Eu descobri que fui de um
seguidor – Brin - ontem para mais de dois mil durante a noite. Não era exatamente o estrelato, mas era mais do que eu poderia ter conseguido sozinho. — Mãe, não, acalme-se. Deixe-me falar, — ela disse, saindo do sofá para ir lá fora. Vestindo nada mais que minha camiseta e uma calcinha que deixava metade de sua bunda aparecendo por baixo, sim, eu com certeza não podia reclamar sobre a vista. Era uma com a qual poderia me acostumar. Esse era o plano, afinal de contas. Embora eu tivesse certeza de que não importava quantas vezes visse, nunca me acostumaria a ver seu corpo tão abertamente em exibição para mim. Ela ficou do lado de fora por quase uma hora, andando de um lado para o outro na varanda, uma vez quase caindo pelas tábuas do assoalho. Eu fui até lá com café, que eu tinha misturado com xarope de caramelo que precisei ir a uma loja especializada para pegar para ela, quando sua mão finalmente deixou sua orelha. — Como foi isso? — Perguntei, realmente incapaz de entender em ter uma família se metendo em sua vida, e me encontrando quase sempre feliz por ter essa oportunidade de avançar. Por causa dela. Eu ainda não conhecia nenhum deles, mas ela me contou histórias. Histórias longas e desconexas que decolaram em quinze direções diferentes antes de voltarem ao ponto original para concluir. Ela chamava a mãe de cabeça quente, mas capaz de controlar um pouco melhor do que ela podia. Apenas um pouco, no entanto. Se a história for verdadeira, o mesmo poderia ser dito de sua irmã e sobrinhas. Por alguma razão, o sangue italiano não correu tão ardente nas veias masculinas, algo que ela desconsiderou quando abordei isso. Eles eram um grupo próximo, nunca passando feriados separados, nem mesmo agora que seu irmão se mudou um pouco mais longe. Todos eles iam até a casa de seus pais um dia antes de cada feriado, dormiam e celebravam juntos. Eu nunca realmente tive isso. Claro, eu tinha presentes debaixo da minha árvore no Natal, e fazíamos pequenas refeições festivas no Dia de Ação de Graças, e tingíamos ovos na Páscoa, mas sempre éramos apenas nós dois.
Eu mal podia imaginar as cenas que ela pintava, vozes altas gritando umas com as outras, papel de embrulho de cores vivas voando, tanta comida sobrando que eles a comiam por uma semana depois. Mais do que admitiria, eu estava animado em experimentar isso, sentir essa energia. — Ela está exigindo que eu o leve para jantar antes de sairmos novamente, para que ela e meu pai possam te conhecer. — Podemos fazer isso acontecer. — Sim? — Ela perguntou, virando a cabeça por cima do ombro para olhar para mim, o rosto cauteloso, mas esperançoso. — Claro. Eu imaginei que estaríamos juntos. Tenho que obter o selo de aprovação deles e tudo mais. — Você não precisa se preocupar com meus pais. Ou irmãos. — Eu tenho que me preocupar com Brent, — eu imaginei. — Você precisa se preocupar com Brent, — ela concordou. — Ele será o único a fazer discursos sobre me tratar bem. E como ele aprendeu muitas maneiras inteligentes de matar alguém na prisão. E ele pode sempre se referir a você como Aquele idiota, já que é assim que ele está chamando você há meses. — Ele é como um irmão, — eu assenti, entendendo. Se tivesse uma irmã, tinha certeza de que seria o mesmo com seus homens. — Sim. Quero dizer, meu irmão é muito certinho para te fazer uma ameaça. E mesmo que ele tentasse, você saberia que ele sequer sabe o que está falando. Mas Brent fala sério. Mas ele também é quem me disse que eu estraguei tudo. — Estragou como? — Perguntei, movendo-me para andar atrás dela, puxandoa de volta para mim, compartilhando meu calor corporal, pois ela ainda estava sem calças. — Por não chorar no seu ombro. Ele foi quem me convenceu a vir aqui. Eu ia esperar você vir até mim. Não sei se você notou, mas posso ser um pouco teimosa. — O quê? — Perguntei, voz mais alta. — Você? De jeito nenhum. — Você teria? — Ela perguntou, sorriso diminuindo, voz baixa. — Eu teria o quê?
— Ido até mim. — Eu não sei se você notou, mas eu posso ser um pouco cabeça-dura, — eu disse, sorrindo quando ela bufou. — Mas eu também sou um homem que sabe o que quer, e me darei calos para segurar isso. Caso não seja óbvio, Brin, eu quero você. — Eu dei um segundo, deixe ser assimilado. — Eu teria ido até você. Eu voltaria para você uma centena de vezes se precisasse.
Brinley - 2 semanas Houve sapos. Houve muitos sapos. E eram tão secos e amargos quanto você imaginou, cheias de pedaços de ossos que ficaram presos na garganta até que você tivesse certeza de que iria sufocar com eles. Nossos nomes foram manchados por blogueiros perversos. Nós nos tornamos slogan de piadas na TV tarde da noite. Tivemos que enfrentar inúmeras perguntas sobre nossas motivações, dúvidas sobre nosso relacionamento. Foi feio. Era fácil dizer que você precisava ter uma pele grossa quando está nos olhos do público. Era um daqueles comentários descartáveis que todo mundo faz, como se desculpar o fato de que as pessoas vêm até você com garras afiadas sobre algo que nem sequer as afeta, prontas para rasgar sua garganta por ter a audácia de existir, ser humano e cometer erros. Mas, eu encontraria, como iria continuar a encontrar, Rachel sabia do que estava falando. O ultraje diminuiu quando nós apenas continuamos admitindo isso, continuamos a engolir os sapos com uma saudável dose de torta humildade na sobremesa.
Ficamos fora dos olhos do público enquanto a história assolava. Mas nós mantemos nossa mídia social atualizada com selfies e projetos em que estávamos trabalhando na fazenda. Warren tirou fotos minhas fazendo projetos na mesa da sala de jantar. Eu tirei as dele, sem camisa, foi uma dificuldade real, deixa te contar, enquanto ele trabalhava em reparos no celeiro. Nós não trabalhamos na casa, exceto para limpá-la, limpar algumas das coisas mais antigas para qual não tínhamos utilidade, baús de cedro cheios de roupas velhas ou papelada. Rachel foi rigorosa sobre isso. Ela queria que uma equipe fizesse parte de cada etapa da restauração, se ou quando chegássemos a ela. Especialmente no quarto, ela havia me dito. E mesmo que fosse através de uma messagem, juro que podia ouvir a insinuação em sua voz. Então nós limpamos. Nós trabalhamos nos reparos dos anexos e das cercas. Ele me levou para passear pela floresta para me mostrar o riacho que ele quase se afogara quando criança. Mostrou-me os pomares de frutas, pilhas de maçãs apodrecidas, pêssegos, ameixas, peras e nectarinas que rodeavam as árvores que haviam ficado sem podas por tanto tempo. Fomos jantar com minha família, e depois ele me informou que eu era muito mais ardente do que minha mãe. E, finalmente, saímos com Brent uma noite. Ele deu a Warren os avisos que eu esperava. Então me puxou de lado e me disse para não estragar tudo. — Está tudo bem? — Perguntou Warren, vindo de fora com uma braçada de lenha. Porque, aparentemente, este lugar era velho da maneira antiga. Significa que não tem aquecimento. Tinha lareiras. E estava ficando frio. Acenei minha mão com meu telefone para ele. — Acabei de receber uma ligação de Rachel. — E? — E chegou a hora, — eu disse a ele, assentindo. Eles imaginaram que as coisas tinham sido esquecidos o suficiente para que pudéssemos voltar para terminar as filmagens. Nós receberíamos uma provocação sólida da equipe, então poderíamos voltar direto para o trabalho. Francamente, ambos precisávamos disso.
Talvez eu mais do que Warren. Ele estava acostumado a mais tempo de inatividade. Ele esteve ocupado com o trabalho nos celeiros e na oficina, e várias outras coisas que eu tinha oferecido para ajudar, mas sabia que era mais um obstáculo do que uma ajuda na maioria das vezes. Eu não tinha nada para fazer. Brinquei com projetos, encontrei um monte de joias escondidas na oficina, projetos semiacabados e itens antigos, aparentemente inúteis, que eu tinha atualizado em projetos muito divertidos para o meu perfil no Instagram. Essa foi outra mudança também. Pode ter havido uma certa mentalidade coletiva sobre nossa farsa, mas também havia uma enorme quantidade de pessoas que vinham à nossa procura e gostavam do que viam, e ficavam. Eu fiz um acordo comigo mesma para não ler os comentários, tendo ouvido uma vez que Beyonce deu esse conselho, dizendo a seus amigos na indústria da música para não olhar. E, bem, se Beyonce vive assim, então era uma boa regra para adotar. Mas havia milhares de novos seguidores, de curtidas nas minhas postagens das mais antigas de dois anos. Essas pessoas vieram, gostaram do que viram e me mostraram amor. Eu precisava disso mais do que eu jamais teria me sentido confortável em admitir - a aprovação. Depois de tanto tempo mal conseguindo sobreviver, ver que as pessoas gostavam do meu trabalho, apesar da minha reputação atual um pouco sórdida, isso significava muito para mim. Mas mesmo com o amor fluindo, eu estava ficando um pouco entediada de estar em casa o tempo todo. Eu precisava trabalhar, colocar minhas mãos em um projeto, fazer uma visão ganhar vida. Era uma sensação boa - talvez um pouco angustiante - saber que estávamos voltando.
— Sabe o que eu estava pensando? — Perguntou Warren, passando a mão pelo meu quadril enquanto passava, sempre parecendo ter necessidade de me tocar, o que não era uma tarefa difícil de suportar. — O quê? — Talvez possamos pegar alguns dos vitrais que você gostou tanto. Fazer algo aqui com isso. Eu sorri com isso, inclinando minha cabeça em seu braço. — Fraudes e ladrões. Isso irá bem.
Warren - 9 meses O programa finalmente ia ao ar. Pareciam séculos que terminamos as últimas cenas do último episódio. Mas tinham que haver edições, lidar com relações públicas e turnês de imprensa, e outras coisas que eu nem sequer comecei a tentar entender antes que o programa pudesse ir ao ar. Que foi. Esta noite. Sua família queria sediar uma grande festa para assistir, mas Brin havia vetado isso, dizendo que queria que a gente assistisse em particular, queria separar os momentos, os sentimentos, com apenas nós dois. Ela parecia determinada a ver as coisas que todos nós ao redor do set, no programa, pareciam entender. Olhares desejosos. Olhares magoados. Brigas cheias de desejo. Coisas que, no momento, não tínhamos percebido o que estava acontecendo para dizer o que era. Ou, mesmo que tivéssemos sentido isso, nunca admitiríamos. Desperdiçamos muito tempo fingindo, quando fingir não era necessário, quando as coisas estavam realmente acontecendo sem nos darmos conta. — Isso foi estranho, — ela declarou depois que os créditos foram lançados. — Nos ver. É estranho, — ela acrescentou. — Eu bufo muito.
— Só quando você está irritada comigo, — eu esclareci. — Então, tipo... a maior parte do tempo, — ela me disse com um sorriso provocante. Ela estava exagerando, é claro. Desde que as filmagens terminaram, houve muito menos discussões. Descobrimos que, na maioria das vezes, o trabalho era o gatilho. Nossas ideias opostas se misturavam com personalidades teimosas. Em casa, raramente encontramos motivos para discutir. E mesmo quando o fizemos, passava rapidamente. — Acha que está pronta para mais uma rodada de filmagem? — Perguntei quando ela invadiu meu lado do sofá, subindo em meu colo, descansando suas costas em meu peito, sua cabeça sob meu queixo. Nós concordamos com isso. O especial. No início, porque estávamos tão agradecidos por nos deixarem terminar a temporada que concordaríamos com qualquer coisa que eles nos pedissem. Mas com o passar do tempo, enquanto tentávamos espremer todos os pertences de Brin e da minha na casa na fazenda, enquanto brigávamos pelo espaço na bancada no banheiro, enquanto colidíamos um com o outro enquanto tentávamos preparar uma refeição juntos na cozinha, estávamos ficando animados para poder fazer renovações, para obter mais espaço, para torná-la nossa. Além disso, Andy abriu bem a carteira, estendeu a mão, pegou um maço de dinheiro e ofereceu para nós. Porque nós estávamos fazendo coisas boas para o canal. As pessoas gostavam de nós, gostavam da realidade de nossos argumentos, gostavam de como ainda nos amávamos depois disso. Era dinheiro suficiente para pagar outra boa parte da hipoteca da fazenda. E reinvestir no negócio de Brin também. Ela nunca realmente acreditou. Que ela poderia ter isso. Depois de todos esses anos. Depois de todo o trabalho duro que levou principalmente a lugar nenhum.
Ela nunca se sentiu confortável o suficiente para realmente se permitir sonhar, mesmo depois do escândalo acabar, mesmo quando foi inundada com pedidos para que ela redecorasse casas, escritórios, resorts e até as casas de algumas celebridades de nível médio. No final, eu tive que ser o único a assinar o contrato de arrendamento para o edifício de escritório. Ela nunca teria feito isso sozinha, não se sentindo como se estivesse “lá” ainda. Então eu tomei a iniciativa. Arranjei o lugar. Limpei porque o inquilino anterior havia deixado uma bagunça. Então eu a levei para lá com os olhos vendados, levei-a para dentro e mostrei a ela que seus sonhos estavam se tornando realidade. Quando ela se virou para admirar a luz de uma rara janela de trás, caí de joelhos. E pedi a ela para ajudar a tornar meu sonho realidade também. Ela chorou como você poderia esperar, me deu a mão como se eu estivesse orando, então, na verdadeira forma de Brin, declarou: — Só se você me deixar colocar almofadas na cama. Então nós temos malditas almofadas na cama. Mas eu não me importei. Porque ela estava lá comigo todas as noites. Porque ela prometeu estar comigo por todas as nossas noites.
Brinley - 4 anos — Isso é fantástico, — declarou Rachel, batendo palmas um pouco enquanto olhava em volta.
Rachel, no final das contas, tornou-se nossa maior fã, nossa aliada mais feroz, nossa líder de torcida, nossa conselheira, nossa mais querida e verdadeira amiga, quando estávamos a ser nós mesmos: teimosos e inflexíveis. Ela aceitou nossa farsa, lutou por nossa redenção, investiu em nosso sucesso. Através de um relacionamento falso. Então um real. Uma temporada de programa. Um especial. Uma segunda temporada. Então uma terceira. Aquela que estávamos filmando no momento. Agora mesmo. Bem aqui. Na nossa casa. Minha e de Warren. A fazenda que se tornou nossa durante três meses de reformas intensivas e de teste de relacionamento.. Eu tinha uma parede de shiplap, maldição. E pisos de paletes de transporte recuperados. Porque, em troca, tenho minha janela de vitral, almofadas, bela arte de parede, uma bancada sem azulejos e uma mesa de café que Warren não estava autorizado a colocar seus pés em cima. Nós fizemos o impossível. Nós combinamos nossos estilos até que eles não fossem mais dois contrastantes. Eles estavam apenas perfeitamente unidos. Houve uma adição muito necessária, tornando a suíte maior, e acrescentando um terceiro quarto e um escritório. Onde eu fui forçada a manter meus projetos de artesanato. Glitter era estritamente proibido na área principal da casa. — É, — eu concordei, sorrindo para o quarto. — Espero que ele não adivinhe imediatamente. — Por que iria?
— Lembra-se da primeira temporada? — Perguntei, como se fosse possível para ela esquecer. — Aquele foi um pequeno redemoinho. Por que você não refresca minha memória? — Jennifer e Bobby. Eles compraram a casa e queriam reformá-la eles mesmos. Nós nos aproximamos para ajudar. E teve uma surpresa particular para Bobby. — O quarto do bebê, — ela se lembrou. — Aquele foi um bom episódio. — Nós tivemos uma conversa sobre aquele episódio. Estou preocupada que ele entre, cheire a tinta e descubra. — Você pinta na casa o tempo todo. Eu acho que você está sendo paranoica. E mesmo se ele sentir alguma coisa, o quarto do bebê ainda será uma surpresa. — Ele vai reclamar comigo sobre como não deveria estar perto de tinta, ou de pé, ou levantar objetos pesados, e Warren considera sacolas de mercado como itens pesados que as mulheres não deveriam ter que carregar do carro, quando estou grávida. Soou estranho dizer. Grávida. Foi tanto uma surpresa quanto não. Nós abandonamos o controle da natalidade há quase um ano. Mas nada aconteceu. Estava começando a me perguntar se precisávamos ir ver um especialista em fertilidade, já que certamente fizemos sexo o suficiente para produzir um bebê em um ano. Mas então uma noite, o cheiro de carne moída cozinhando para os tacos me fez sentir violentamente enjoada. Imaginei que era uma intoxicação alimentar ou uma virose na época, já que estávamos constantemente em torno de uma porta giratória de novos membros da equipe, que traziam quem-sabe-o-que com eles. Mas então nós estávamos em uma obra uma semana depois, e alguém trouxe nachos. Mais carne moída. Mais vômito.
Eu liguei para minha mãe a caminho do centro de atendimento de urgência, e lembrei-me de estar profundamente magoada quando ela riu de mim. Riu. De eu estar doente. — Isso é bom demais, — ela disse, se recuperando. — Estar doente é bom? — Vociferei, tentando ignorar o revirar no meu estômago. — Você não está doente. Você está grávida. — O quê? Não, — Eu disse imediatamente, mas levei apenas um segundo para ver que era uma possibilidade. — Quero dizer... por que você diria isso? — Nunca enjoei com o seu irmão ou irmã. Mas então você veio, e o cheiro de carne moída cozinhando me deixava verde. Eu não poderia estar em qualquer lugar perto da coisa até que parisse você. Você cresceu obcecada com carne moída também, — ela lembrou, balançando a cabeça. — Pão com carne moída, macarrão com carne moída e tacos. Isso foi tudo que você sempre quis comer, eu juro. Isso era, bem, bizarro. Mas bem legal. Também não era exatamente uma maneira infalível de ver se você estava grávida. Então, dirigi-me ao centro de atendimento de urgência, fiz xixi em uma vara e descobri que, como tantas vezes, minha mãe estava certa. Eu estava grávida. Meu impulso imediato foi me apressar para casa, dizer a Warren, deixá-lo compartilhar essa emoção, já que ambos parecíamos estar perdendo a esperança de ter um bebê. Mas então me lembrei. O jeito que o rosto de Bobby pareceu, a maneira como ele havia agarrado Jennifer, o modo como ela lhe dera uma bela lembrança de que ele estava prestes a ser pai. Eu queria isso para Warren. Mesmo que ele não percebesse que ele queria.
Sr. Praticidade. Então guardei para mim mesma. Fazia apenas seis semanas, dificilmente o suficiente para ter certeza absoluta. Seis semanas cedo demais para contar a alguém. Eu me senti culpada dizendo a Rachel e Nick, o único cara da câmera que estávamos permitindo nisso, assim como Brent, que tinha feito todo o trabalho para mim porque ele era tão superprotetor quanto Warren, mas eu tinha que me lembrar que era por um bom motivo. Warren foi convocado para Cape May para lidar com uma “janela quebrada suspeita” em nossa casa lá. Sim, aquela casa da cidade. Aquela em que nós nos apaixonamos. Foi um presente de casamento do mais-rico-que-Midas Andy. Íamos a cada verão com toda a minha família como eu fazia quando criança, andando no cais ao nascer do sol, indo à praia, ao fliperama, cozinhando, tomando sorvete todas as noites na cidade. Warren tinha até me surpreendido com um chuveiro ao ar livre, um dia, me levando a agradecê-lo por isso dentro dele. Mas a janela não foi quebrada. E o vizinho realmente não queria que Warren fosse lá para lhe dizer como ele poderia expandir sua cozinha por duas horas. E eu realmente não precisava que ele parasse a caminho de casa para encontrar arquivos para Billy Andrews e Brandy York e trazer para mim. Billy Andrews e Brandy York não existiam. Mas ele só tinha ido há nove horas, trajeto incluído, e precisávamos de um extra para dar todos os últimos retoques juntos. Ele estava a caminho agora. Acabei de receber uma mensagem dizendo que ele estava desistindo do arquivo, que eu devo ter trazido para casa comigo ou algo assim. — Tudo bem, Nick, vamos sair, — Rachel disse, como havíamos combinado. Eles poderiam filmar. De fora da janela do quarto do bebê. Dando-nos o espaço que precisávamos para ter algumas poucas palavras privadas. Foi apenas vinte minutos depois quando o ouvi atravessar a porta da frente, com os pés cobertos de botas passando pela casa como costumavam fazer. Minha barriga estava em nós, meu coração disparou pelo meu peito.
— Brin? — ele chamou. Enviei a Nick e Rachel um olhar esperançoso: — No quarto de hóspedes! — Gritei para ele, respirando fundo, me movendo para dentro um pouco para que pudesse ver a porta, e, portanto, a reação de Warren, bem como ser vista pela câmera. — O que você está fazendo no... — ele começou, abrindo a porta. As palavras congelaram em seus lábios quando seus olhos pousaram imediatamente no berço no centro do quarto. Houve um longo momento enquanto seus olhos escuros permaneciam ali, olhos escuros que eu esperava que nosso bebê herdasse, surpresos demais para mostrar qualquer coisa. E então ele fez uma coisa muito Warren. Ele olhou para mim com aquele seu sorrisinho. — Billy Andrews e Brandy York? — Ele perguntou, os olhos dançando. — B-AB-Y? — Isso é o que você tem a dizer? — Perguntei, entrecerrando meus olhos para ele. — Eu tive Brent se matando por você e tudo... — Você realmente vai discutir comigo agora? — Ele perguntou, sorrindo. — Você começou isso! — Eu insisti, balançando a cabeça, incapaz de parar o sorriso que traía meus lábios também. Quatro anos. Argumentos idiotas sem fim. Mais amor do que jamais soube que era possível sentir. E tudo o que havia no futuro era mais disso. Eu não tinha certeza se meu corpo era grande o suficiente para lidar com tudo isso. — Vamos tentar de novo, — eu disse depois de um segundo. — O que você acha? — Você está me tornando um pai? — Ele perguntou, se aproximando, colocando os braços em volta da minha parte inferior das costas, esmagando minha parte inferior do corpo contra o dele, fazendo-me ter que esticar o pescoço para olhar para ele.
— Sim, — eu disse a ele, vendo a profundidade da emoção em seus olhos por um longo momento antes de seus lábios começarem a tremer. — Sabe o que acho? — Ele perguntou, e eu sabia o que estava por vir. Eu sabia. E não havia como parar o sorriso que fez minhas bochechas doerem. — Eu acho fantástico, — ele me disse antes de selar seus lábios nos meus. E foi. Absolutamente, completamente, cem por cento fantástico.
FIM.