Keeping Kennedy - Delva Webb

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Tradução

Pl Revisão Inicial

Josy 2ª Revisão Inicial

Andreia Araujo Revisão Final

Thaise Amorim Leitura Final Formatação e Layout:

Paixão

Kennedy Malone é uma RP em Washington D.C que precisa voltar a sua cidade. Mantém as relações sociais do alto comando, dos políticos, no seu lugar. Sua vida particular não está tão bem organizada e ela precisa pensar em algo para se livrar de uma pequena enrascada. Moleza. Tudo o que precisa é de um noivo durante uma semana. É pedir muito? Douglas Drake é um fotógrafo independente. Viaja por todo mundo e tem vários trabalhos premiados. Não tem tempo para compromisso com qualquer outra coisa. Quando sua vizinha e amiga lhe pede um favor, hesitantemente se vê obrigado a ajudar. Poderia fazer uma pausa e Kennedy o tem ajudado muitas vezes quando precisa viajar de última hora, alimentando a sua mascote, uma iguana, enquanto ele está ausente em missões durante semanas. Kennedy sempre aceita ajudar, mas, ir a sua cidade natal e fingir ser seu noivo durante uma semana inteira é um favor enorme. Kennedy é puritana. Drake, um cara relaxado que apenas segue o destino. São totalmente opostos em tudo menos no foco da carreira. Fingir estarem comprometidos durante sete dias e noites não deveria ser um problema... Até que a paixão e o desejo explodem entre eles!

Estava nu. Kennedy Malone congelou na entrada do quarto de Douglas Drake. Ele estava de bruços na cama, no meio de um emaranhado de lençóis amassados, estava apagado. Felizmente, um comprimento estreito do retorcido lençol lhe cobria o traseiro. Seu bronzeado ficou mais intenso pelo considerável tempo passado na África. Kennedy franziu o cenho ante a rebelde queda de seu abundante cabelo negro sobre

o

travesseiro.

Parecia

que

necessitava

desesperadamente de um encontro com as tesouras do cabeleireiro. Bom, ela também poderia acabar com isso. Respirou fundo e entrou no quarto pouco iluminado. De todas as maneiras, quando ele tinha retornado? Não esperava que chegasse, olhou o relógio, até dentro de outra hora. É óbvio que essa era a única coisa em que sempre podia contar com o

Drake: não seguia o horário de ninguém mais que o seu. O homem não tinha regras, limites ou decência para o que os outros queriam. Valia apenas o que ele queria e como escolhia fazê-lo. Ela tinha decidido há um tempo que Drake era metade nômade e um completo playboy. Sacudiu a cabeça. Embora não estivesse acostumado a estar muito em casa por bastante tempo para ser um estorvo, onde quer que Drake estivesse as mulheres frequentavam seu apartamento. Pensando sobre os motivos óbvios do por que, Kennedy cruzou os braços e esquadrinhou ao homem. Encontrava-se dormindo. Nunca saberia. Normalmente fazia a promessa de não olhá-lo diretamente. Era uma dessas pessoas que gostava de se aproximar de uma pessoa e fazer contato visual durante uma conversa. Sob circunstâncias normais, ela fazia o mesmo. Era parte de seu trabalho. Mas algo sobre o olhar direto e muito perceptivo de Drake a inquietava. Não tinha intenção de lhe dar à tola ideia de que estava interessada. Em sua experiência com homens como Drake, sabia que eles acreditavam que todas as mulheres estavam preparadas para cair a seus pés. Bom, Kennedy Malone não. Certo que era bonito e com um belo corpo. Tinha características clássicas, um queixo quadrado, um nariz bonito, queixo forte... e lábios cheios. Agora, os bronzeados ombros eram largos e poderosos, mostrando o peito que ocultava um ondulado abdômen. Seu olhar deslizou com lentidão pelas pernas longas e musculosas. Tinha um corpo

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incrível, teve que admitir. Invadir sua privacidade dessa forma deveria fazê-la se sentir culpada, mas não estava. Puxou a gola de sua blusa de seda e desviou o olhar. Sim, esse homem tinha tudo para deixar uma mulher louca. — E é um porco. — Murmurou, sossegando a estranha sensação que a fazia se sentir nervosa. Levou um momento para se recuperar do enorme, mas, pouco mobiliado quarto. Ele não podia ter chegado ao apartamento há muito tempo e seu quarto já estava um desastre. As roupas estavam jogadas pelo piso de madeira. Uma mala parcialmente desempacotada permanecia

num

canto.

Duas

bolsas

de

couro

que

reconheceu como os estojos das câmaras se situavam aos pés da cama. A porta mais próxima permanecia sempre aberta, camisas dobradas sem cuidado no alto e penduradas nos cabides. Absolutamente nada poderia ser considerado pretensioso em Douglas Drake. O que vê é o que tem, era seu lema. De nenhuma forma se assemelhava aos homens com que Kennedy trabalhava todo dia. Não era como todos que conhecia, inclusive. Mas teria que servir. Tinha que ser. Não havia mais ninguém. E estava desesperada.

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Suficientemente desesperada para pedir a seu vizinho, um homem que era pecaminosamente atraente, um favor pessoal. Kennedy cruzou o quarto e olhou o conteúdo do armário. Nem um terno à vista. —Diabos. — Bem que suspeitava disso também. Drake sempre vestia calças jeans ou de camuflagem com camisetas básicas. Os tênis e botas de caminhadas eram os únicos calçados que parecia possuir. Definitivamente não era uma vítima da moda. Sem problemas. Ela podia solucionar isso com uma rápida viagem à loja de roupas masculinas. Edward, seu especialista favorito em moda, encontraria um design perfeito e o adaptaria a um homem como Drake. Bom, se corrigiu, para o tipo de homem que queria que ele representasse. Virou-se na direção de seu futuro companheiro de crime e pôs o plano em marcha. — Drake, acorda. Preciso falar com você. Ele não se moveu. Ela se moveu dois passos mais perto da cama. — Drake! — Que dia é? – Murmurou ele sem se mover um centímetro. As palavras foram abafadas pelo sono e pelo travesseiro branco em que seu rosto estava quase enterrado. 9

— É segunda-feira, 8 da manhã, hora de levantar. — Respondeu Kennedy irritada. Não tinha tempo para isso. O voo ia sair às duas da tarde e tinha muito a fazer até lá. — Levante Drake, preciso de toda sua atenção. – Golpeou lhe a perna quando ele ainda não se movia. Um de seus olhos se abriu. — Kennedy? - Perguntou a voz áspera, o tom surpreso. Ela soltou um suspiro desgostoso. — Você tem que acordar Drake. Agora! Como um raio, saiu correndo da cama. O lençol caiu ao chão. Os olhos dela se arregalaram, sua boca se abriu e o ar escapou de seus pulmões. — O que está errado? - Exigiu ele enquanto passava os dedos pelo cabelo. — O edifício está em chamas? De volta a realidade o observou e deu a volta. Piscou duas vezes para dispersar a imagem do Drake de pé nu diante dela. — Não, o edifício não está em chamas. — Disse ela, sua voz estranhamente acentuada. Franziu a testa e tentou limpar a garganta. — Então, que diabos é o problema? - Queixou ele. — Iggy saiu de novo? Ela tremeu ante a menção de sua iguana. 10

— Não. — Resmungou, depois olhou ao redor com inquietação para ter certeza. — Iggy está por aqui em algum lugar.



O

lagarto

rapidamente

tinha

aprendido

a

desaparecer quando ela chegava, ou sofrer as ensurdecedoras consequências. Franzindo o cenho, escutou alguns sons indicando que Drake poderia estar vestindo sua roupa, mas não teve tanta sorte. — Tenho que falar contigo. Ele resmungou um abrasador palavrão. — Bom, então fala. Estive acordado por quarenta e oito horas. Estou esgotado. Preciso dormir um pouco. — Poderia...? - Ela apertou os olhos em um esforço de apagar sua imagem. A total carência de recato do homem a agitou. — Importa-se de se vestir? Não posso falar sabendo que está detrás de mim... Assim. Ele exalou um som comprido e alto. — Por favor. — Acrescentou ela com esperança. — Claro. – Murmurou. — Quem precisa dormir? Eu não preciso. Kennedy relaxou quando o escutou agarrar a roupa. — Ainda está planejando tomar duas semanas de descanso antes de seu próximo trabalho? — O quê? - Grunhiu ele.

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Obviamente Drake não era uma pessoa madrugadora, especialmente quando lhe atrapalhavam o sonho. — Antes disse que planejava tirar umas semanas livres depois da África. Ainda é esse o plano? — Sim, claro... Não sei. Pergunte depois. Não pensei em nada a não ser estar entre os lençóis. Ela

tremeu

ante

a

escolha

de

palavras

dele

e

imediatamente se repreendeu. Toda esta situação a tinha tirado de zona de conforto. Enrijeceu os ombros e forçou a sua boca a pronunciar as palavras necessárias. — Preciso da sua ajuda. — O quê? — Disse que preciso da sua ajuda. O homem estava tão surdo ou apenas esgotado? Ele se aproximou mais. Ela podia senti-lo. Maldição! Deveria saber que isto não funcionaria. Como poderia ela, alguém que fez uma carreira, dedicou a vida a ajudar a outras pessoas, foder sua própria vida esplendidamente? — Agora pode virar. Estou apresentável. De algum jeito ela duvidou do último comentário. Homens como Drake nunca eram decentes no verdadeiro sentido da palavra. Inclusive vestidos por completo e na mais inocente das situações, transbordavam sexualidade. Kennedy

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tragou. Tinha conhecido Drake Douglas durante três anos e nunca nem uma vez tinha sido tentada por ele, ao menos não de forma consciente. Era imune a seu malvado encanto e a sua aparência de matar qualquer um com sua beleza. Nunca, todas essas sensações eram estranhas para ela. Estava nervosa por ter que sair da sua rotina. Lentamente, com relutância, virou-se. Seus olhos se ampliaram. Isso era decente? Pôs um par de calças desbotadas e amassadas, nada mais e nem sequer as calças estavam presas completamente. Seu olhar chocado seguiu o rastro de cabelo preto macio que se estendia por seu esculpido peitoral, depois se contraíram e afundaram em um músculo do abdômen só para desaparecer detrás da metade coberta. — Disse que precisava da minha ajuda. Ela levantou o olhar até seu rosto, o qual só a distraiu ainda mais. Entre a barba desenvolvida de dois dias, o cabelo emaranhado e o olhar sonolento nesses iluminados olhos cinza... — Kennedy, há algo errado? Ela pestanejou de repente, lembrando-se de respirar. Errado? Oh, sim, algo estava definitivamente errado. Tinha perdido a cabeça. Deu-se um golpe mental com a esperança de encontrá-la. Não ajudou em nada.

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— Sinto muito. — Piscou antes de encontrar seu olhar consternado. Este era Drake, recordou, um amigo, um colega. Nunca tinha tido nenhum efeito sobre ela. Ninguém tinha. Lambeu com seriedade os lábios secos e se esforçou para recuperar o rumo. — Só estou um pouco distraída esta manhã. Eu... Algo deslizou entre seus pés. Gritou. Seu estômago se agitou quando uma larga e escamosa cauda se enroscou em torno de seu pé. Não se atreveu a se mover por medo de tropeçar com o iguana. Seu grito normalmente enviava à maldita

lagartixa

para

longe,

mas

não

esta

manhã.

Obviamente sentindo a superior confiança com a presença de seu amo, a coisa repugnante, ficou lá mesmo, entre as pernas dela. —

Iggy,

essa

não

é

forma

de

cumprimentar.



Repreendeu Drake. Agachando-se na frente de Kennedy, chegou a seus pés e puxou o animal. Sua respiração ficou presa quando a testa de Drake roçou o interior de seu tornozelo. O que, pelo amor do Mike, estava errado com ela? Ele ficou de pé, acariciando a sua amada Iggy. —Vamos. — Disse ele, depois caminhou descalço para a porta. — Necessito uma dose de cafeína.

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Lembrando-se de respirar o seguiu até a sala. Estava fora de sua casinha, isso era tudo. Estaria bem logo que estivesse situada. Uma das vantagens de um apartamento curvo, a ampla janela que tomava a maior parte do espaço da parede na área de estar, alagava o apartamento com luz. O sol brilhava esverdeado em todo interior do jardim de rocha e a pequena fonte que ele tinha construído para o lagarto hediondo. Com o Iggy depositado no seu habitat artesanal, Drake cruzou a ilha do bar no centro da sala. Ela foi forçada a ser paciente enquanto ele preparava o café. No momento que ele voltou à atenção para ela, um total de três minutos tinha passado e o aroma do café fresco tinha enchido o ar. A antecipação lhe deixou nervosa. Deus, ela estava perdendo tempo. — Qual o seu problema, Kennedy? - Apoiou o quadril contra a bancada e passou os dedos pelo o cabelo comprido. Está bem, ia falar. Sem importar quão ridículo soasse, tinha que fazer isto. E ele tinha que ajudá-la. Simplesmente tinha que fazer. — Você se importaria de esperar até depois do café? Quando ele sugeriu, ela hesitou. Sacudiu a cabeça. — Não posso esperar. Eu... Preciso de um favor. Ele encolheu os ombros.

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—Diga. Ela conseguiu fingir um sorriso. Se fosse assim tão simples. — Há quanto tempo nos conhecemos? - Primeiro vamos com a culpa. Construir um argumento que ele não possa negar. Aparentemente considerando-o ele esfregou o queixo com barba por fazer. — Cerca de três anos mais ou menos. Por que você pergunta? — E durante três anos, desde que sua empregada se negou a fazê-lo... — Continuou ela, ignorando a pergunta. — Quanto tempo cuidei do Iggy para você? Ele se encolheu de ombros. — Cada vez que tive que viajar para fazer fotos. — De forma que eu o deduzo, cerca de duas semanas a cada mês durante os últimos três anos eu vim a seu apartamento duas vezes ao dia para alimentar e dar água a isso... Ao Iggy. — Essa é provavelmente uma estimativa justa. — E várias vezes desde que me mudei para cá e me tornei sua vizinha e amiga. — Acrescentou pontualmente. — Também te levei ao aeroporto quando teria perdido o voo,

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mesmo quando já era muito tarde. E sem mencionar que te resgatei de um sem número de desastrosos encontros durante anos. Ele assentiu. — Sim. Você tem sido uma boa amiga, Kennedy. — Nem uma vez te pedi nada, verdade? Ele considerou a pergunta durante um momento, seu olhar estreitando com desconfiança. — Se me lembro, não. — Bom. — Ela cruzou os braços na cintura e levantou o queixo. — Estou prestes a usar todos os meus favores. Ele enterrou as mãos em seus bolsos, o que, para irritação de Kennedy, ampliou o espaço do zíper, revelando ainda mais cabelos negros sedosos. — Como eu disse, fala. Se estiver em meu poder e não for ilegal, eu vou. — Definitivamente não é ilegal e com certeza está em seu poder. — Agora, se pudesse fazer com que as palavras saíssem de seus lábios. — Sabe quando você está feliz sendo você. Sua carreira vai perfeitamente como o planejado e a vida é boa, mas seus pais não parecem entender. Ele coçou o peito e voltou a encolher os ombros.

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— Na realidade não, minha família não interfere na forma em que vivo minha vida. Não somos do tipo que seguem as regras, nós os Drakes. Kennedy fechou os olhos. Tinha que acabar com isto, o tempo estava passando. — Bom, não sou tão afortunada. Meus pais acreditam que porque não estou casada e não tenho bebês como todas as minhas primas não sou feliz. Um sorriso cruzou o rosto dele, revelando outra de suas armas: exato, dentes brancos. — Não posso imaginar isso. Ofendida, mas sem segurança de como ou porque, olhouo de cima abaixo. — Não pode imaginar o quê? — Você e os bebês. Zangada levantou uma sobrancelha. — O que se supõe que quer dizer isso? - Apesar de que sem dúvida não queria uma criança como presente, era perfeitamente capaz de criar e atendê-los se tivesse vontade. Não era como se a ideia fosse impensável. — Simplesmente é... — Passou-se uma mão pelo rosto. — Não sei, você é toda trabalho e sem diversão.

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Ela estreitou o olhar para ele. — E essa é precisamente a atitude que me deixou na situação onde estou agora. Ele riu. — Não queria te insultar. O que queria dizer... — Sei o que queria dizer. De qualquer maneira. — Olhou para o relógio uma vez mais. — Você sabe que só consigo ir para casa uma ou duas vezes ao ano. — Franziu o cenho. — Na verdade não estive em casa desde o Natal passado. — Estavam em outubro, fez os cálculos... — Dez meses atrás. — Já tinha passado tanto tempo? — E foi um desastre. — Continuou melancolicamente. — Meu último primo solteiro acaba de se casar. Minha família tem me assediado cada vez que me ligam durante meses depois disso. É um inferno! Umedeceu os lábios e tomou coragem. — Para me tirar isso de cima disse-lhes que estava noiva. Ele pôs uma cara desdenhosa. — Então, qual é o grande trato? Disse a sua família uma pequena mentira. — Tudo é um grande trato com minha família. — Lamentou-se. — Eles passaram os últimos sete meses dizendo a todos na cidade que estou noiva. — Suspirou. — Agora tenho que ir para casa e dançar conforme a música, por assim dizer.

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— Diga-lhes que você e seu noivo romperam. — Ofereceu. —Acontece o tempo todo. As pessoas se comprometem e depois rompem. É fato. Kennedy tragou. — Não posso fazer isso. — Por que não pode? — Devido à reunião. — Reunião? Ela cruzou a sala para olhar para fora da janela para estreita rua. Amava Washington DC, adorava a emoção, a energia. Adorava seu trabalho. Kennedy fechou os olhos. Como tinha se metido nesse desastre? — Diga-me sobre essa reunião. — Disse ele com rapidez. Ela levantou o olhar para encontrá-lo ao seu lado. Muito perto. Afastou-se rapidamente dele. — É a reunião dos dez anos do colégio. Ele assentiu uma vez em compreensão. — Não posso enfrentar a todas essas pessoas e lhes fazer acreditar por um segundo que o homem que me pediu em casamento me abandonou. — Disse com cansaço.

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— Mas não foi abandonada. — Recordou-lhe. — Nem sequer estava noiva. — Eu sei e você também, mas eles não. Ela sacudiu a cabeça. — Não posso lhes fazer pensar que falhei. Se não aparecer com meu noivo todos saberão a verdade. — Então, lhes diga que seu noivo está em algum lugar do qual não pode partir. Kennedy o olhou. — Tenho que aparecer com um autêntico e vivo noivo. Quero ser absolutamente positiva para que todos acreditem em mim... Na minha história. Você entendeu? Não verei essas pessoas por outros dez anos. Então, tudo isto será história antiga. Mas justo agora tenho que fazer isto. É questão de princípios. — Não se refere ao orgulho? — O que seja. – Soltou um longo suspiro. — Está bem, está bem. — Rendeu-se ele. — Entendo a imagem. Agora, o que tem isso a ver comigo? Quer que te encontre um noivo ou o quê? — Não! - Protestou ela, seus olhos cinzentos pareciam um pouco mais perto, um rastro de reluzente tremor claro em suas profundezas. Cravou-lhe um olhar que tinha ganhado,

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de mais de um cliente teimoso, a assinatura de relações públicas onde trabalhava. — Porque disse a meus pais que você é o meu noivo. Quase riu ante o olhar de absoluto desconcerto em sua cara, mas não havia nada remotamente divertido nisso. — Eu? Ela assentiu. — Você. Ele soltou uma risada, depois fechou a já muito pequena distância entre eles. Considerou-a em uma forma que podia significar um número de coisas, nenhuma das quais ela queria pensar nesse momento. — Disse a sua família e a todos seus amigos que eu sou seu noivo? — O que é? Estúpido? Sim, foi isso que eu disse. Quando me pediram um nome, o seu foi o único que saiu. Ele deu a sua cabeça uma pequena sacudida e reprimiu outra pequena risada. — Mas você e eu nem sequer... — Saímos. – Se antecipou antes que ele pudesse dizer algo grosseiro. — Sei disso.

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— Está bem. — Disse ele com lentidão, mantendo esse irritante e forte contato visual. — Preciso que me diga exatamente o que está me pedindo para fazer, Kennedy. Ele não estava tornando mais fácil. Tinha que saber o que ela queria, necessitava. Em realidade nunca tinha contemplado que ele pudesse dizer que não. Mas agora isso parecia uma possibilidade distinta. A persuasão era seu trabalho, e era uma professora em seu ofício. Podia fazer isto. Tinha que fazer isto. — Pedi uma semana de folga do trabalho... Ele levantou uma escura sobrancelha com ceticismo. — Está brincando, verdade? - Uma risada saiu de seus lábios cheios. — Sidney T. Booker, feiticeira das relações públicas, vai permitir que sua doutora número um tire toda uma semana de folga. Evacuou a Casa Branca? Derrubou o Capitol

Hill?

Como

os

políticos

do

Washington

DC

sobreviverão sem você ao redor para mantê-los cheirando a rosas depois de que bebam a um barril de...? — Não sou a única perita em controle de danos em nosso setor. — Interrompeu Kennedy bruscamente. Ele se inclinou chegando mais perto. — Ah, mas é a única a que o Presidente pediu em duas ocasiões diferentes no último ano.

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— Dê um passo para trás, Drake, está em meu espaço pessoal. — Disse através de seus dentes. Ainda mantendo o olhar, sem piscar, ele retrocedeu um passo. — Por que está fazendo isso? - Kennedy o olhou de cara fechada. Tinham saído por completo do caminho. O homem podia ser muito irritante. Como podia passar toda uma semana com ele? Só deveria escolher alguém para desempenhar o seu papel. Só que não podia. Seus pais tinham visto sua foto. — Fazer o quê? - Falsa inocência irradiou de seu belo rosto perturbador. —

Ajude-me.

Sempre

invade

meu

espaço

pessoal.

Quatrocentos e cinquenta e sete milímetros, Drake. Não sabe nada? É completamente bruto. — Acrescentou, depois se deu conta de seu engano. Supunha-se que tinha que trazê-lo para seu lado, não o afastar. Esse olhar metálico de repente brilhou com maldade. — Isso não é uma boa forma de falar com o homem com quem está planejando se casar. — Ofereceu com pouca sinceridade. Ela rodou os olhos. — Pooor favor. — Tremeu ante a ideia. Nunca em um milhão de anos se casaria com um homem que atravessasse 24

as selvas, escalasse montanhas, cruzasse desertos e fosse bastante idiota para chamá-lo de divertido. Acrescentando ênfase a sua ideia, Iggy correu rapidamente pelo chão, sua larga cauda balançando para frente e para trás no piso de madeira brilhante. — Só porque nunca fomos... íntimos. — Informou-lhe. — Não significa que não te conheça o bastante bem para saber que não é meu tipo. Não é meu tipo em nada. Um sorriso que literalmente a deixou sem fôlego cruzo seu belo rosto. Antes que pudesse entender o que ele tentava, jogou-a contra a janela e envolveu os braços em cada lado dela. Inclinou-se mais perto para que ela pudesse sentir o hálito quente em seu rosto. Seu coração estava acelerado, então se deixou cair em seu estômago para bater ali. — Nunca despreze o que está no pacote, Kennedy, não até que o tenha aberto. — Umedeceu os lábios todo o tempo enquanto a olhava. O coração dela estava batendo com tanta força que estava certa de que ele podia escutá-lo. Por que estava agindo assim? Se ela piscasse poderia fazer alguma loucura como beijá-lo, seu olhar se religou com o dela. — Agora me diga. — Sussurrou ele em voz tão baixa e rouca que enviou um tremor por sua pele. —Exatamente o que é que quer de mim? Pela primeira vez em sua vida adulta, Kennedy se encontrou perdida pelas palavras. Insegura de uma decisão já tomada. Relutante por seguir com algo que tinha começado.

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Mas tinha que fazer isto. De maneira nenhuma podia retornar a Friendly Corners sem seu falso noivo. — Sabe o que quero. — Soltou as palavras apesar da repentina limitação em sua garganta. — Diga-o, Kennedy. — Murmurou ele. Mantida presa em seu olhar e paralisada por algo que sentia completamente como muito conhecimento sexual, arruinou-se. — Quero que venha a minha cidade natal comigo e finja ser

meu

noivo

durante

uma

semana.

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— Espere um pouco mais, Senhor Drake. Drake se sentia como um boneco sendo preparado para uma apresentação ou, para ser exposto. Lançou um olhar dúbio a Edward, o homem dobrando-se, trocando de posição e ajustando a jaqueta do traje de seda que Drake agora usava. Aparentemente satisfeito com os acertos finais, Edward perguntou à mulher: — Como está Senhorita Malone? Kennedy parou no meio do caminho, depois girou em sua direção.

— Bem, Carol. — Disse ao telefone que Drake acreditava estar permanentemente unido a sua orelha. Seus lábios coloridos de coral se franziram pensativamente, deu uma varredura lenta e comprida ao bonito Versace de Drake, depois sacudiu a cabeça. — Experimente um Armani.Instruiu antes de voltar para a conversa com um associado de negócios. — Boa escolha. — Concordou Edward. Deslizou o casaco sobre os ombros de Drake com prática e facilidade. Kennedy andou pelo felpudo tapete. Seu braço livre dando ênfase dramática a cada palavra parecia imensamente aflita sobre alguma decisão que seu sócio tinha tomado. Drake não tinha passado muito tempo com Kennedy em um encontro social, com a exceção da única vez que a tinha levado para jantar e celebrar a publicação de sua última coleção de fotografias. Mas, essa única vez tinha sido o suficiente para ter uma ideia. Estritamente negócios. Essa tinha sido sua primeira impressão de Kennedy Malone e o tempo não tinha mudado sua opinião. Trabalhava longas horas, sua vida social era inexistente, tão longe como ele pudesse dizer e era sua amiga. Um cenho se franziu ante a ideia. Não é que encantasse a cada mulher que conhecia, mas, era óbvio o fato de que as mulheres, a maioria delas, pareciam de alguma forma atraídas por ele. Era muito consciente de que sua aparência era um ativo nesse departamento. No entanto nos primeiros

27

trinta anos de sua vida se considerou um homem afortunado. Mas, as coisas tinham mudado nos últimos três. Sempre havia outra garota bonita na esquina esperando por um bom momento, mas sem pressão. Ninguém queria ir além do físico. Ninguém que o movesse nessa direção. Não é que não desfrutasse de uma boa vida sexual, o fazia. Mas, de algum jeito já não era o mesmo. Estava bastante tranquilo. Tinha uma grande carreira, dinheiro, prestígio, viagens. No

entanto,

havia

algo

tremendamente

inquietante

ultimamente, só aos trinta e três, o despertar sozinho se fez mais frequente. Talvez as mulheres não quisessem homens como ele para marido ou pai. Drake passou os dedos através do cabelo e amaldiçoou sua nostalgia. Que diabos estava errado com ele? Seu interesse continuou seguindo cada movimento de Kennedy. Nunca se importou antes que ela o olhasse com indiferença. Talvez o problema fosse muito sol e a falta de sono. Provavelmente essa era a resposta. Seria o mesmo depois de uma boa noite de sono, assumindo que nunca teria nada com a Kennedy, a Tirana andando ao seu redor com esse ruído. — Não, Carol! Diga ao senador que não pode fingir que não ocorreu. — Espetou Kennedy. Sua mão livre agora plantada em um quadril virou-se e voltou a andar. O terno da calça de seda que levava pendurada sobre sua esbelta silhueta em uma especial forma para agradar a vista. Kennedy se vestia bem, escolhas conservadoras, mas sempre 28

ternos elegantes. Seu cabelo comprido até o ombro, da cor da areia da praia beijada pelo sol, era cortado em um estilo que emoldurava seu rosto e pescoço, acariciando sua pele bronzeada como o toque de um amante. Drake tomou uma profunda e lenta pausa para rebater o efeito que de repente ela estava tendo sobre ele. E esses olhos, mais dourados que marrons, rodeados por largas e finas pestanas, podiam persuadir um homem a fazer tudo. Mas Kennedy nunca o tinha olhado com interesse sexual, nem sequer uma vez. Eram amigos. Vizinhos. Ele respeitava essa relação, sem se importar com o quanto seus instintos principais protestassem. Kennedy era sua amiga. Uma boa amiga. Sempre podia contar com ela. E agora ela precisava dele. De maneira nenhuma lhe permitiria derrubar ou arruinar sua relação. Ainda profundamente absorta na conversa por telefone, passou os dedos pelo cabelo e massageou o pescoço. Os dedos riscaram sua suave pele perto da base de sua garganta e a virilha dele se apertou. Perguntava-se como seria ela ali, onde o pulso batia rapidamente sob a pele acetinada. — Não perca tempo, Senhor. Tirando-o de sua fantasia proibida, Drake virou-se para Edward. — O quê?

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— A Senhorita Malone nunca mistura os negócios com o prazer. — Assegurou-lhe o funcionário. — Desculpe? - O temperamento de Drake se inflamou. O que estava esse homem insinuando? Assumindo um olhar conhecedor, Edward elaborou. — A Senhorita Malone está acostumada a trazer clientes a esta loja para... — O ancião deu a Drake um olhar frio por cima. — Renová-los, poderíamos dizer? - Inclinou-se mais perto e baixou a voz. — Muitos tentaram, todos falharam. — Assentiu

conspirando.

— A Senhorita Malone é uma

verdadeira dama. Dinheiro, poder, boa aparência... Nada a altera. Duvido que você tenha melhor resultado que os outros. Drake apertou a mandíbula segurando a resposta que lhe saltou instantaneamente à mente. — Obrigado pela dica, Edward. — Disse em seu lugar. — Terei isso em mente. Edward empurrou uma larga caixa branca para ele, seguida imediatamente por outra, depois um saco de roupa. — Só queria salvá-lo de sua vergonha, senhor. — Explicou em seu mais útil tom. — Será preciso um homem especial para ganhar Kennedy Malone. — Acrescentou em um sussurro manipulado. Seu olhar admirador detendo-se na mulher em questão durante um longo momento. — Sem dúvida, um homem especial. 30

Drake nunca tinha sido acusado de ter a intenção de perseguir uma mulher. Nunca tinha feito. E não tinha intenção de começar agora. — Tudo pronto? - De repente de pé justo de frente a ele, Kennedy irradiou um sorriso profissional de aprovação em sua direção. Seu pulso traidor reagiu. Antes que pudesse responder, Edward, seu amistoso conselheiro, respondeu: — Oh, sim, Senhorita Malone, por completo. Acredito que o Senhor Drake tem tudo o que necessitará. — O ancião lançou ao Drake uma piscadela. — Estupendo. — Entusiasmou-se Kennedy. — Então estamos preparados. Estava bem preparado, Drake concordou em silêncio. Preparado para golpear-se a si mesmo por permitir que Kennedy lhe colocasse nessa farsa idiota.

— Nós já conversamos sobre isso. — Grunhiu Drake. Recostando-se no assento do sedan alugado e tentou tirar as últimas horas de sua mente, contudo, de novo seus esforços pareciam inúteis. Depois do torvelinho de fazer mala, de conversar e dobrar o salário à sua empregada durante a semana que ela alimentaria ao Iggy, ele e Kennedy estavam a caminho. O voo tinha sido tranquilo, mas o caminho do

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aeroporto até Fayetteville se mostrou decididamente mais emocionante. Sabia que Kennedy era uma motorista agressiva nas ruas de Washington DC, mas uma vez na interestadual, conduziu como um morcego levando uma alma para o diabo. Falou sem parar e seu telefone que tocava constantemente. Não tinha receios de conduzir, falar, e usar sua dramática linguagem corporal, simultaneamente. Se chegassem a Friendly Corners vivos seria um milagre. Fechou os olhos para excluir o panorama formado por um borrão de cores outonais. Encontrava-se surpreso de que a patrulha na estrada da Carolina do Norte não a tivesse parado enquanto acelerava na interestadual. Talvez a polícia local a faria diminuir, meditou enquanto se dirigiam à rampa de saída. — Drake, isto é importante. — Insistiu ela. — Agora escuta. — Estou escutando. — Entoou, negando-se a abrir os olhos. — Meus pais são muito antiquados. Não bebem exceto o ocasional copo de vinho em uma reunião social. Assim nem sequer pense em cerveja enquanto estiver sob seu teto. Como um diplomata e um proeminente membro da Igreja Metodista, meu pai é um conservador, assim não fale mal ou fume na frente dele. Ele balançou a cabeça lentamente de um lado para o outro. De onde essa mulher tirou essas ideias? 32

— Só fumo quando trabalho com os Hells Angels1. — Disse com sarcasmo. A dúvida dela o fez sorrir. — Está brincando, verdade? - Perguntou ela finalmente. Ele deixou sair um suspiro. — Uma vez fiz um ensaio de fotos de um casal de Angels renegados, mas não se preocupe não fumo. — Oh. — Ela franziu o cenho. — Por que achava que fumava? — Não tenho nem ideia. — Talvez porque você é... Já sabe como você é. Seus olhos se abriram e lhe lançou um olhar irritado por trás dos óculos. — Não estou seguro de que quero saber a que você se refere. — Deu-lhe um sorriso brilhante, o qual, para frustração dele, imediatamente desvaneceu sua irritação. — Oh, não sei... Nada, em realidade. Uma buzina soou, enviando o coração de Drake a sua garganta. — Mantém os olhos na estrada! - Vociferou depois que conteve o fôlego até que ela ficou de novo em seu telefone. O

1

O Hells Angels Motorcycle Club (HAMC) é um clube de motociclistas.

33

homem na tração a quatro rodas vermelhas sacudiu o punho enquanto passava. — Maldição Kennedy, onde aprendeu a dirigir? — Relaxe, estamos quase chegando. — Graças a Deus. — Murmurou ele, ainda aferrando-se ao apoio de braços intensamente com os dedos brancos. Seu coração lentamente deslizou de volta ao peito e começou a bater novamente. — E minha mãe. — Continuou Kennedy como se nada tivesse acontecido. — É dona de casa. Adora limpar, cozinhar e tudo sobre a casa. — Sacudiu a cabeça como se não pudesse captar o conceito. — Já que essa basicamente é sua carreira, tem que estar segura de cumprir com suas habilidades de dona de casa. O sorriso que permaneceu nos lábios de Kennedy lhe dizia que adorava a sua família, apesar de quão aborrecido os fizesse soar. Apesar das incomuns visitas, falava como se fossem muito próximos. Supôs que Kennedy realmente não tinha a ninguém mais. Diferente da ninhada dos Drake. Ele tinha três irmãos e duas irmãs. Nunca era maçante o momento quando estavam juntos. O qual não ocorria com bastante frequência. — Oh sim! - Acrescentou ela. — Há o Tio Martín. — Seu riso se ampliou até uma gargalhada. — É o prefeito e um

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autêntico encantador de serpentes. Acredito que os dois combinariam fabulosamente. — Que seja. — Queixou-se Drake, perguntando-se de novo como se colocou nisso. Lançou a motorista um olhar. Os poderes de persuasão de Kennedy definitivamente não eram subvalorizados. Não era atoa que ela era a melhor da cidade. Um sinal de boas-vindas aos visitantes de Friendly Corners apareceu à vista e ele soltou um suspiro de alívio. Depois de tudo, poderia ver seu próximo aniversário. Deu um olhar rápido à motorista. A cidade se via exatamente como Kennedy havia descrito. Pequena, clara e acolhedora. Modestas casas se alinhavam nas ruas. Grandes árvores antigas, repletas com dourados e avermelhados, sombreavam o cortado gramado verde. Galhos em chamas com cores se estendiam pelas paredes, deixando cair às folhas ocasionais esvoaçantes na leve brisa. Fardos de feno, abóboras grandes, outras diversas decorações do Halloween proclamavam que o primeiro evento do prefeito estava a caminho e o verão oficialmente terminava. — Mais uma coisa. — Disse Kennedy ameaçadoramente, chamando de novo a atenção dele enquanto desacelerava para virar à direita. — São do tipo sensíveis. Assim não me toque... Ou me beije perto de meus pais, ok? Surpreso, ele levantou uma cética sobrancelha. Diabos, nem sequer tinha pensado nisso.

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— Refere-te que precisaria te beijar? Lançou lhe um olhar por cima dos óculos. — Só quando necessitar para validar nossa história. Droga, havia quase tido grande esperança por um minuto. Olhou fora da janela aos meticulosos padrões de grama. Teria que passar uma semana no Cleaverville, teria que se controlar e para sua dor e sofrimento, aguardar pelo momento do beijo. Moveu-se e levou um momento admirando o perfil da motorista. Suas características eram suaves e delicadas, completamente femininas. Sua cor era tão natural que se levava maquiagem, seria impossível de dizer. A câmera a adoraria. Talvez lhe permitisse tirar umas poucas fotos. Ou talvez ele o fizesse sem que ela jamais soubesse. Um sorriso brotou de seus lábios enquanto voltava a recordar a advertência do Edward. A Senhorita Malone é uma autêntica dama. E uma amiga. Tentava fazê-lo bem por ela. Nunca lhe tinha pedido nada. Então o que ele poderia fazer era ajudá-la em sua tarefa. Inclusive se fosse a maior loucura que tinha feito. E definitivamente não permitiria que essas novas e não platônicas urgências tomassem o controle. Autocontrole seria seu segundo nome. — Aqui estamos. — Anunciou ela enquanto freava em frente uma garagem e empurrava a mudança de marchas no estacionamento. Passou o telefone a ele.

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— Ponha isto no porta-luvas, por favor. — Está segura de que pode funcionar sem isso? Kennedy tirou os óculos e lhe deu um olhar indignado. — Deveria mudar de profissão Drake. — Entregou seus óculos e abriu a porta do carro. — É um autêntico comediante. Ignorando sua espetada, ele pôs o celular e os óculos no porta-luvas. Examinou a majestosa casa de dois andares ao estilo Georgiano. Como as outras que tinha visto, a entrada estava bem feita, agradável. Todos esses agradáveis e tranquilizadores adjetivos lhe saltaram à mente enquanto sondava o resto da pequena vizinhança. Saiu do carro, fechou a porta e rodeou o capô para unirse a Kennedy no outro lado. — Bonita casa. — Obrigada. — Ela tomou-lhe o braço e começou a avançar para a porta dianteira. — Recorda tudo o que te disse. Meus pais não são como as outras pessoas com as que geralmente se associa. Por favor, não diga ou faça nada para os constranger. Isto tem que dar certo. — Suspirou com cansaço. — Só quero que tudo isto termine bem. Ele parou e a rodeou para que o olhasse. — Olhe, não deixarei que te derrubem. Sou malditamente bom me adaptando com o que me rodeia. 37

Ela sorriu e seu coração bateu com força. — Obrigada, Drake. Não sabe quanto isto significa para mim. Ele piscou, depois tragou de volta o desejo de atraí-la a seus braços. Amigos, ele lembrou a si mesmo. — Vamos. Caminhando um ao lado do outro e de braços dados, Kennedy guiou Drake pelas escadas e através do alpendre até a porta principal da casa em que ela tinha crescido. Enquanto ela apertava o botão para tocar o sino, ele dizia a si mesmo de novo que um descanso lhe faria bem. Esteve prometendo a si mesmo algum descanso durante meses. A vida com um ritmo descontraído seria uma boa mudança de rotina. Havia algo no monótono. Só não podia pensar no que era nesse momento. Até onde os pais dela iriam, que homem não tinha sonhado em ter uma mãe como June Cleaver pelo menos um dia? E seu pai não poderia ser tão ruim se gostava de futebol. Kennedy havia dito que ele gostava das equipes universitárias. Realmente, quão aborrecidos podiam ser eles? A porta se moveu para dentro e o olhar do Drake se fixou na cara da mulher que lhes dava as boas-vindas, uma versão mais velha de Kennedy, mas tão impressionante quanto ela. — Kennedy! - A mulher lançou seus braços ao redor de sua filha e a abraçou forte. Quando retrocedeu, Drake teve 38

que tomar uma segunda olhada para ter certeza se ele tinha visto bem. Uma camiseta sem mangas tye-dye2 se aferrava ao seu corpo esbelto. Jeans desbotados abraçavam seus quadris e se alargavam em enormes botas em seus tornozelos. Seu cabelo estava trançado e usava uma tiara. Um símbolo de paz prateado pendurado ao redor de seu pescoço. Se esta era June Cleaver de Friendly Corners, talvez esta viagem não fosse ser tão chata depois de tudo.

Kennedy fechou os olhos, contou até três e os reabriu. De uma maneira estranha parecia desconcertante que sua mãe se encontrasse ali. Daquele jeito. — Mãe? — Carinho, estou tão contente de que esteja em casa. Brenda Malone virou para Drake, que estava em silencio ao lado de Kennedy. — E este deve ser seu menino. — Entusiasmou-se. Seu menino? A boca de Kennedy caiu aberta de novo. — É um prazer conhecê-la, Senhora Malone. — Disse Drake educadamente enquanto estendia a mão. A mãe de

2

“Tie Dye“, do inglês “amarrar”(tie) e tingir(dye) é uma forma de arte, que cria padrões de cor no tecido das mais variadas formas, utilizando diversas cores com um efeito psicodélico.

39

Kennedy ignorou a mão estendida e o atirou em um grande abraço. Sua

mãe

não

abraçava

estranhos.

O

que

estava

acontecendo? — Chame-me de Bren. — Disse a Drake. — Todos o fazem. Quem a chamava Bren? Kennedy nunca tinha escutado a sua mãe ser chamada Bren em toda sua vida. — Entrem, os dois. — Brenda empurrou Drake para dentro. Desconcertada, Kennedy os seguiu. — Onde está papai? - Perguntou com cautela. Que demônios tinha acontecido a sua mãe? Uma crise nervosa de algum tipo? Uma crise de meia idade? Kennedy enrugou o nariz. E o que era esse cheiro? — O que é esse cheiro? Soltou abruptamente, repetindo o pensamento. — Incenso, neném. — Brenda virtualmente gemeu. Fechou os olhos e inalou profundamente. — Não é legal? Incenso? Legal? — Oh, não! - Murmurou Kennedy. Sua mãe estava possuída,

obcecada,

ou

drogada.

Quando

isso

tinha

acontecido? Como seu pai estava com tudo isso? Por que não tinha contado a Kennedy? Ela podia ter vindo para casa mais cedo. — Não posso acreditar que finalmente esteja aqui. 40

Brenda Malone acompanhou Kennedy e Drake mais para dentro

do

salão

completamente

da detrás

entrada, deles.

depois

fechou

Distraída

a

por

porta seus

pensamentos, Kennedy saltou quando a mão de Drake se pressionou contra a parte inferior das suas costas. Seus largos

dedos

movendo-se

ligeiramente

em

um

gesto

reconfortante. Fingindo já sua parte, convenceu-se. — Olá, meninos, o que está passando? - O pai de Kennedy se aproximou e se esquivou da mãe que ela não reconheceu. Ele puxou Kennedy em um grande abraço de urso, logo a beijou na testa. — Como está a menina do papai? — Bem, papai. — Resmungou, consternada por sua grande exposição de afeto. — Muito bem! - Seus olhos repentinamente se alargaram quando deu uma boa olhada no homem que a tinha criado. — O que aconteceu com seu cabelo? — Você gostou? - Virou-se lentamente, logo passou uma mão sobre os cabelos grisalhos que tinha amarrado com uma cinta de couro na parte de atrás do pescoço. — Levou nove meses para que crescesse até esse comprimento. — Agitou as sobrancelhas para Kennedy. — Genial, não é? Sua cabeça dava voltas, seu estômago se agitava. Kennedy virou sem poder deter-se para um Drake que parecia tão perplexo quanto ela. Isto não podia ser real. Estresse. Isso tinha que ser a resposta. Tantas horas no

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escritório. Devia estar alucinando. Talvez tivesse um tumor cerebral! Passou muito tempo nesse maldito telefone. Piscou. O que tinha acontecido com seus pais? Virou-se de volta aos estranhos na frente dela. Quem eram estes impostores? — Este deve ser o homem. — Alegrou-se o pai de Kennedy, golpeando energicamente Drake nas costas. — Encantado de conhecê-lo, Senhor Malone. — Drake sorriu e lhe ofereceu sua mão. — Me chame Chuck, D.D. — Insistiu o pai de Kennedy, movendo de cima abaixo a mão do Drake vigorosamente e lhe dando outro golpe entre as omoplatas. D.D.? Douglas Drake? Kennedy agitou a cabeça. Seu pai nunca usava apelidos para nada. Este homem não podia ser seu pai. Conhecia seu pai. Ele vestia trajes do Brooks Brothers, não jeans desfiados e camisas com suspensórios. E seu pai certamente não tinha uma tatuagem... Tatuagem? O Olhar de Kennedy se fixou no emblema no bíceps esquerdo

de

seu

pai.

Harley-Davidson.

Quando

tinha

conseguido isso? Deus, nem sequer sabia que ele sabia o que era uma Harley! Kennedy se sentiu débil. Deu um tropeção para trás. Isto não podia ser real. Xanax. Ela necessitava um Xanax... Ou um Valium...

42

— Alguém me explique o que está acontecendo. — Exigia. Sua voz soava estranha para seus próprios ouvidos. Por que não? Todo o resto era malditamente estranho. — Bom, o que está errado? - Sua mãe revisou a bochecha de Kennedy, logo sua testa. — Você está um pouco quente. Está bem, querida? — Tenho que me sentar. — Sussurrou Kennedy, logo que tropeçou com a cadeira ao lado da mesa do saguão. Ela agora reconheceu as suaves mãos acariciando seu cabelo e a tenra voz reconfortando-a, simplesmente não reconheceu à mulher. Seu pai disparou a Drake um olhar, logo situou seu olhar assassino em Kennedy. — Bem, há algo que devemos saber? Algo que está com medo de nos dizer? Sentindo o sangue drenar de seu rosto, Kennedy encontrou o olhar preocupado de seu pai. Ele não podia estar insinuando... — Não deve ficar envergonhada, Kennedy. — Seu pai sorriu amplamente e balançou um braço ao redor dos ombros do Drake. — O amor é uma coisa maravilhosa e se uma nova vida aparecer mais cedo do que o planejado, então está bem. — Ele assentiu de modo tranquilizador, olhando primeiro a Kennedy e logo ao Drake. — Papai, eu...

43

— Não se preocupe por isso, carinho. — Interrompeu. — Sua mãe estava te esperando antes que estivéssemos casados. Foi um pouco entristecedor a princípio, mas conseguimos. Nós dois estávamos muito dedicados em nossas carreiras. Crianças não estavam na agenda. — Está bem, carinho. — Murmurou sua mãe. — Tudo vai ficar bem. Seu pai e eu nos adaptamos a mudança. Casamonos, compramos esta casa e me tornei uma mãe e dona de casa. Você já se acostuma. Se você e Douglas estão apaixonados, então isso é tudo o que importa. — Amém. — Chuck Malone esteve de acordo. Sua mãe grávida antes...? Oh, Deus. Tinha sido ela, Kennedy Malone, uma gravidez não planejada? Toda sua vida passou diante de seus olhos. Como tinha vivido com estas pessoas todos esses anos e não ter conhecimento desse fato? — Ninguém mais tem que saber. — Assegurou sua mãe. Kennedy ficou de pé, a dor absorvendo todas as outras emoções. — Alguém, por favor, me diga o que diabos está acontecendo aqui? - Exigiu. Olhou de sua mãe a seu pai. Os dois ostentando a mesma expressão confusa. — Kennedy, seus hormônios irão se estabilizar no último trimestre. As mudanças de humor são normais no início. — Ofereceu sua mãe, com um sorriso indulgente no rosto.

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— Não estou grávida. — Soltou Kennedy, não deixou escapar o olhar de silenciosa diversão de Drake. O homem sem dúvida estava desfrutando do espetáculo. Seu pai assentiu solenemente. — Entendo-o, neném. Só queremos que saiba que estamos tranquilos com a situação. Kennedy jogou os braços para cima em exasperação. — Por que estão falando assim? Por que estão vestidos assim? O que está acontecendo? - Isto estava muito além do Xanax ou ainda do Valium. Necessitava uma camisa de força. Um psiquiatra. Um maldito hospital psiquiátrico! A compreensão se iluminou nos olhos castanhos de seu pai. — Não sabe, verdade? Kennedy franziu o cenho. — Não sei o quê? — Bombom, não recebeu a carta da Cassandra com seu convite para reunião? Porque ontem me disse que não podia esperar para vê-la. — Que carta? - Encontrou-se com o olhar preocupado de sua mãe. — Explicando a semana de reunião. Kennedy sacudiu sua cabeça. 45

— Recebi um convite à reunião e uma agenda incompleta das outras atividades, como desfile e uma reunião de exalunos em um baile a fantasia que está planejado para este final de semana. — OH meu Deus! - Disse Brenda, da mesma maneira que Kennedy a tinha escutado dizer milhares de vezes durante sua vida. Talvez sua verdadeira mãe estivesse em alguma parte detrás dessa hippie de jeans desbotados. — Já vai entender carinho, Friendly Corners está comemorando

duzentos

aniversários

esta

semana.



Explicou seu pai. — O comitê de ex-alunos se reuniu e decidiu que cada geração de graduados teria uma grande festa durante uma semana em celebração pelo nascimento da cidade, voltar para casa e reencontrar-se. E temos que vestir e atuar de acordo. Sua mãe e eu estivemos praticando por semanas. — Ele adotou uma pose de 1969. — Estou genial ou o quê? Kennedy desabou com alívio. —

Sim

acho.



Cassandra,

a

bruxa,

havia

convenientemente esquecido de informar a Kennedy desse pequeno detalhe. Seria como seu inimigo na preparação para tentar estragar a semana de Kennedy. — Não há problema. — Manifestou Brenda. — Ainda há algumas de suas roupas velhas em seu armário, querida. — Sorriu carinhosamente. — Nunca poderia convencer a mim

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mesma de jogá-las fora ou doá-las. Estou segura de que ali haverá algo que possa usar. Kennedy sustentou as mãos para fora para avisar que se detivesse. — Não será necessário. — Disse rapidamente. Cassandra simplesmente tinha dado a Kennedy os meios pelos quais desculparia seu traje atual. — Não uso fantasias. Drake esfregou seu queixo, logo sorriu maliciosamente. — Não seja tão precipitada, carinho, uma fantasia poderia ser divertida. — Esse é o espírito. — Seu pai se meteu na conversa. — Demônios, homem, ainda teremos um pequeno Woodstock. Kennedy mostrou os dentes imitando um sorriso. — Falando de roupa, talvez devesse trazer nossa bagagem para dentro. — Sugeriu a Drake, efetivamente trocando o assunto. — Você só relaxe, os homens têm a situação sob controle. — Seu pai se virou para Drake. — Vamos, cara, vamos pegar suas malas. Kennedy fechou os olhos e suplicou a qualquer dos deuses que a escutasse, que a tirasse desta loucura. — Parece cansada. O que te parece um bom sono? Kennedy umedeceu os lábios e tentou um sorriso.

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— Aceito, mamãe. Com o braço de sua mãe ainda envolto ao redor de sua cintura, as duas lentamente fizeram seu caminho escada acima. Não importa quão estranhamente seus pais se comportavam, sentia-se bem em estar em casa. Kennedy suspirou enquanto caminhava ao longo sob o salão familiar. Tinha estado afastada por muito tempo. Tinha que assegurarse que isso não voltaria a acontecer. Seus pais e seu tio eram tudo o que ela tinha.

Olhou com carinho a muito

amadurecida hippie ao lado dela. Estranho como se via nesse momento, Brenda Malone era a melhor mãe que alguém pudesse pedir. Charles Chuck Malone estrondosamente barítono fluiu subindo as escadas antes que Kennedy escutasse as fortes pisadas dos dois homens. O tom rouco, defumado de Drake soava rico e exótico ao lado do seu pai. Tremeu e logo se recordou a maneira com as coisas eram. Amigos. Ela e Drake só eram amigos. Isto não era real. Tudo era fingido. Um acordo. O pai de Kennedy parou antes, levando a bagagem dentro de seu antigo quarto. — Sua mãe e eu queremos que saiba que recordamos que desastre é estar apaixonado e preso na casa com seus pais. Não se preocupe. — Declarou. — Estamos a par de suas necessidades. Assim, vamos colocar os dois no seu antigo quarto, Kennedy.

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— O quê? - Kennedy olhou boquiaberta ao seu pai. —

Eu

entendo,

carinho.



Sua

mãe

contribuiu

rapidamente. — Estão comprometidos. É óbvio que sabemos que estão dormindo juntos. São adultos. Respeitamos isso. Quando eu tinha sua idade, seu pai e eu já tínhamos vivido juntos por anos. Kennedy abriu a boca para protestar, mas seu pai a parou com um olhar conhecedor. — Estamos bem com isto, querida. — Deu a sua única filha uma piscada. — Relaxe e aproveite. Seu olhar cuidadosamente evitou o dela, Drake seguiu o pai de Kennedy dentro do quarto de sua infância. A enorme cama com dossel estava no centro, ainda adornada com o casto encaixe branco e laços rosados. Que farsa. Isto não podia ser real. Ela não podia fazer isto. Não havia maneira que pudesse dormir na mesma cama com Drake por uma noite, muito menos as seis seguintes. Seu olhar repentinamente chocou com o propósito de sua angustia. Imediatamente e para aborrecimento supremo de Kennedy, o calor a alagou. De maneira nenhuma.

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Kennedy olhou primeiro as brilhantes luzes rodeando o Clube Country de Friendly Corners, depois olhou para seu falso noivo. Deu um comprido e profundo suspiro. Essa recepção era a primeira das muitas outras recepções na agenda da reunião de ex-alunos dessa semana. Tudo o que tinha que fazer era mudar de assunto quando os outros indagassem profundamente sobre sua vida amorosa e não permitiria que Drake saísse da sua vista. Sidney T. Brooker era uma mestra em relações públicas e Kennedy tinha aprendido bem sob sua tutela. Nunca negar nada, seguir mudando de assunto e sempre se divertir. — Ok. — Disse Kennedy. — Lembre-se... Permaneça ao meu lado e me siga na conversa conforme o que eu fale. — De repente ficou seria. — Falo sério, sem improvisar. Esta é

minha vida. — Deu uma rápida olhada em seu visual. Quando havia dito a ele que esta noite era casual, ele definitivamente tinha seguido a dica ao escolher suas roupas, por certo Kennedy o havia imaginado, com um criminoso jeans descolorido e uma camiseta de algodão de cor arenosa. Kennedy fez uma careta, com um decote em V um pouco aberto demais, os jeans também apertados demais para o desgosto de Kennedy. Ela, por outro lado, tinha optado por um vestido preto simples que batia na altura dos joelhos e um colar simples. — Algo mais? — Tire esses óculos. — Olhou para Kennedy irritada, por que ele precisava de óculos? Esse dia tinha sido horrível e não queria que piorasse. — E tente... Parecer intelectual. As sobrancelhas de Drake se levantaram quando ele a olhou por cima das lentes dos óculos. — Intelectual? Kennedy se irritou. — Você sabe, mais cérebro do que músculos. Drake tirou os óculos e os jogou do carro pela janela aberta. — Entendido. — Disse com uma inconfundível expressão satisfeita. — Em outras palavras, ser encantador e irresistível como sempre.

51

Kennedy ia fazendo uma careta ou duas, mas de repente se lembrou de algo. — OH, espera! - Abriu a porta do carro pegando algo no porta-luvas. Colocou de lado o celular que estava guardado, resistindo

à

tentação de pegá-lo e recuperou o

anel

emprestado. Tinha se esquecido de entregar a ele antes de chegar à casa de seus pais, tinha estado muito emocionada por vê-los, que não tinha notado que estava sem o anel. Detalhes. Kennedy nunca esquecia os detalhes. Isso não era um bom sinal. Tirou o anel solitário de um quilate do estojo de veludo negro e fechou o porta-luvas. Então fechou a porta do carro com o quadril e admirou o diamante sob o brilho da lua cheia. — Bonita pedra. Kennedy sorriu estranhamente feliz pelo inesperado elogio. — Obrigado. — Era um anel raro. Realmente gostava do anel. Pena que tivesse que devolvê-lo na próxima semana. Com um encolher de ombros, ela começou a deslizar o anel em seu dedo anelar esquerdo. — Me permita. — Drake pegou o anel e colocou entre o polegar e o dedo indicador direito.

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Hipnotizada pela expressão determinada em seu incrível belo rosto, ela conteve o fôlego e ele deslizou o anel em seu dedo. Estremeceu quando ele levou a mão aos lábios e beijou o ponto exato ao lado do anel. — Um lindo anel para uma linda senhorita. — Disse com suavidade, essa suave voz de uísque enviando outro tremor pela sua coluna. Ainda segurando a mão dela, ele deslizou para a direita e afastou uma mecha de cabelo da sua bochecha com dedos quentes e sorriu. — Eu gosto do seu cabelo assim. É muito sexy. -Surpreendida, Kennedy deu um passo para trás e liberou sua mão da dele. — É... É prático. — Explicou ela. Só tinha enrolado o cabelo dessa forma porque não tinha tido tempo de fazer algo mais. Nunca em sua vida teria pensado que seria sexy. Talvez Drake só estivesse entrando no papel. É suposto que tinha que dizer coisas assim, não é? — Guarde os elogios para o público. — Como você queira chefa. Sem se incomodar em responder, Kennedy andou a passos largos para a entrada do country clube. Ela continuou em silêncio. O que tinha feito para merecer tal destino? Seus pais se converteram em estranhos e sua vida era uma farsa, bem, pelo menos sua vida social era.

53

O que aconteceria se não pudesse seguir adiante com isto? Kennedy se deteve. Durante três anos tinha sido perita em controlar os danos de Sid, era conhecida como uma doutora mesmo que se envergonhasse do título. Kennedy Malone nunca falhava em uma tarefa. Trabalhava quase vinte e quatro horas por dia ou até que o trabalho terminasse. Mal dormia ou comia até que cumprisse seu objetivo. Graduou-se

com

honras

um

ano

antes

que

seus

companheiros de classe, com um bacharelado em ciências políticas em uma das melhores universidades de direito do país, tinha conseguido um trabalho na prestigiada Empresa Brooker. O trabalho duro e uma imaginação fértil tinham facilitado a chegada dela ao topo. Mas, esta era sua vida, não a de algum estranho. Kennedy conhecia todos os jogadores, tinha compartilhado um passado com eles. A objetividade total estava fora de questão. — Vai entrar ou o quê? A voz de Drake a tirou de sua perturbada reflexão. Por que estava agindo dessa forma? Como se estivesse preocupado por ela. Ou se importasse como isso iria acabar. Como se toda sua vida acabasse junto com a semana.

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— O quê? — Esperando mais instruções, senhora. — Disse em um ridículo tom militar, aniquilando qualquer possibilidade de que realmente se preocupasse. Devia estar louca para fazer isso. Mas agora era muito tarde para mudar de estratégia. O circuito já estava em movimento. Kennedy umedeceu os lábios. — Há mais uma coisa. Drake olhou para o céu. — Grande surpresa. — Há um homem em particular... — Sabia. — Falou com um grande sorriso cruzando sua bronzeada face. — Sabia que tinha que haver um amor perdido em algum lugar de seu passado. Kennedy cruzou os braços sobre o peito e o olhou. — Cala a boca e escuta Drake. Ele igualou sua postura e adotou uma expressão ofendida. — Não me disse que tinha que suportar todo este abuso. — Seu nome é Larry. – Suspirou. — Larry Hawthorne. Era o capitão da equipe de futebol e... 55

— Os dois foram um casal. — Concluiu Drake. Kennedy piscou. — Sim. — Recordou as dolorosas lembranças. — Até que a líder das animadoras pôs o olho nele. — E essa deveria ser a antiga Cassandra. — Sugeriu com astúcia. Kennedy

assentiu,

depois

reuniu

sua

mais

dura

indiferença. — Isso foi há muito tempo. — Porém, ainda dói. — Não mais. — Negou ela com rapidez. — Não mais. Repetiu esse pequeno mantra em seu interior porque queria negar seu rechaço. — Então, vingança. — Ofereceu ele. — Possivelmente você gostaria de repartir um pouco de punição enquanto estiver aqui. Inclusive ao capitão, principalmente. Ela sacudiu a cabeça, depois encolheu os ombros. — Não sei... Talvez. Não tinha planejado ir assim tão longe. Então Drake sorriu, torcendo um pouco a boca, o que só fez com que sua boca se tornasse muito mais sensual.

56

— Só me aponte ele quando entrarmos. — Ofereceu a mão. — Vamos? Envolvendo o braço ao dele, Kennedy fingiu um sorriso. Podia fazer isto. Podia contar com Drake. Era um bom amigo. Seguiram os sinais até o salão do baile principal onde Verônica, a filha do dono da loja de ferragens local, trabalhava nas assinaturas da mesa. — Kennedy! - A gordinha ruiva rodeou a mesa e deu um rápido abraço de bochecha com bochecha. — Garota, tinha esperança de que viria! — Não teria perdido isso! - Disse brandamente Kennedy. — Verônica, este é Douglas Drake. — Seu noivo! - Deu ao Drake uma olhada admirada. — Escutei muito sobre você, Douglas. — Verônica agarrou sua mão e deu uma boa sacudida. — Só coisas boas, espero. — Disse ele em seu tom mais encantador. — Claro. — Verônica agarrou uma pilha de etiquetas adesivas e uma caneta. — Jesus! Kennedy, você nem precisa de uma etiqueta com o nome. Você não mudou nada, garota. — Escreveu com rapidez os nomes nas etiquetas e as deu a cada um.

57

— Obrigada! - Respondeu Kennedy, tendo a esperança de que

o

remarque

fosse

tão

planejado

como

o

elogio.

Conhecendo Verônica, provavelmente sim. Com os nomes colocados em seu lugar, Kennedy tomou uma profunda e fortificante pausa e liderou o caminho no brilhantemente e decorado salão. Faixas, serpentina, e globos de todas as cores do Instituto Friendly Corners honrando a graduação de sua classe estavam por todos os lados. Um bar fixo estava localizado no extremo do salão. Um pequeno

palco,

também

coloridamente

decorado,

mantinha-se no lugar central na parte traseira. O que Kennedy reconheceu imediatamente como música dos anos noventa flutuou através do ar, um fundo para o murmúrio de conversas, o tinido das taças e a propagação de risadas. Com só cinquenta e sete pessoas na classe de graduação, para Kennedy parecia como se a maioria já estivesse ali, acompanhados por suas esposas ou encontros da noite. Todos pareciam estar na moda em trajes da MTV pelo que parecia. Inclusive alguns penteados punks podiam ser vistos. Antes que Kennedy pudesse sugar outra dose de coragem, os jogos começaram. Ela e Drake foram empurrados em

uma

maré

de

abraços,

sacudidas

de

mãos,

e

apresentações. Kennedy não se lembrava de que seus colegas de classe eram tão abertos ou amistosos. Como qualquer outra boa estrategista, analisou e categorizou a todos os que conhecia. Surpreendentemente,

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muitos não tinham mudado. Alguns tinham ganhado um pouco de peso, outros tinham perdido uma boa quantidade de cabelo, uns poucos se viam tão bonitos como sempre. Mas em todos eles, Kennedy ainda podia ver o brilho dos meninos que estavam acostumados a ser. Perguntava-se se eles ainda podiam ver a garota tímida nela. Kennedy esperava que não. Já não era assim. Agora era do tipo confiante que tomava a iniciativa. Não era mais a tímida da escola, era Kennedy Malone. — Você gostaria de beber alguma coisa, Kennedy? Sorrindo com afeição, Drake deslizou o polegar brandamente sobre sua bochecha. Apesar da compreensão desse olhar, cada toque era meramente uma armadilha, tremeu em resposta. Franziu o cenho ante a reação e a oferta. — Não estou segura de que isso seja uma boa ideia. — Me dê um desconto. — Murmurou ele perto do seu ouvido. — Pareceremos muito nerds se ficarmos a noite toda aqui sem uma bebida. — Está bem. — Cedeu Kennedy. — Tomarei vinho branco. Mas só um. Viu Drake andar através da multidão. Mais alto que a maioria dos homens, com seu cabelo negro azeviche, era fácil de seguir. A preocupação veio de novo. Talvez devesse ter ido com ele. O que acontecia se alguém se aproximasse no bar? 59

Mordeu

o

lábio

inferior,

observando

cada

movimento

enquanto ele pegava as bebidas. — Está com medo de que alguém o sequestre? Kennedy levantou o olhar para os malvados olhos verdes de Cassandra Hawthorne. Grunhiu interiormente. Cassandra não tinha mudado nada. Ainda alta, magra, morena e bonita. E sem uma etiqueta com nome, notou Kennedy. Como presidente da classe, a mulher obviamente pensava que poderia

passar

por

cima

de

tais

trivialidades.

Ou

possivelmente era do tipo que parecia não querer perder valor. — Olá, Cassandra. — Os dentes de

Kennedy se

mostraram imediatamente. — Oi! Esse gostoso é o seu noivo? - Disse Cassandra com um retorcido prazer enquanto continuou a observar a caminhada de Drake em sua direção. Kennedy seguiu o olhar da Cassandra e teve um duplo problema. Por que nem sequer tinha notado a forma com que Drake se movia? Lenta, brilhante e sexy. O homem tinha um caminhar desenhado para fazer com que as mulheres se sentassem e tomassem nota e sem dúvida o faziam. Todas as mulheres no lugar deram um largo olhar a Drake quando passou pelo salão. Ele parou ao lado dela, estendeu a Kennedy uma alta taça de vinho branco, depois deu a Cassandra um olhar

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penetrante. A mulher imediatamente paralisou sob o olhar dele, mas rapidamente se recuperou. Kennedy se irritou em silêncio. Ele malditamente estaria melhor procurando uma etiqueta de nome ou se arrependeria desse movimento em particular. — Cassandra eu imagino? - Disse ao final. Cassandra estendeu a mão de unhas vermelhas, a qual Drake beijou com os lábios imediatamente, obtendo um ofego de sua proprietária. — E você deve ser Douglas Drake. — Cantarolou ela, seus

lábios

escarlate

curvados

no

que

obviamente

considerava que era um sorriso sexy. — A seu serviço. — Disse ele com aquiescência. — Teria reconhecido você em qualquer lugar pela descrição de Kennedy. — Acrescentou com um sedoso encanto. Desconcertada, Kennedy olhou para ele. Não tinha dado a Drake nenhuma descrição da mulher. De fato, não tinham falado nada sobre a malvada bruxa. Cassandra bateu as larga pestanas. — Bom, me lembrarei de ver você mais tarde. — Disse enigmaticamente, olhando de Drake para Kennedy, como se Kennedy estivesse incluída nesse encontro.

61

— Não te disse nada sobre essa mulher. — Espetou Kennedy quando Cassandra partiu para arruinar a noite de mais alguém. Drake sorriu com superioridade, depois deu um gole de sua bebida. Inclinou-se mais perto e sussurrou no ouvido de Kennedy: — Conheço uma vadia quando vejo uma. Então Kennedy sorriu. Talvez isto fosse funcionar apesar de tudo. Durante as duas seguintes horas reviveu umas dúzias de repetidas lembranças do seu reencontro com seus antigos companheiros

de

classe.

Conheceu

maridos,

outros

companheiros e viu algumas fotos de filhos. E basicamente passou um bom momento. Muitos tinham mudado como ela tinha esperado. Penny era professora; Joe, mecânico como seu pai; Carl, padeiro na loja familiar. Entretanto, a única pessoa que mais tinha vontade de ver não tinha aparecido. Larry. O jovem que tinha quebrado seu jovem coração e transformou seu jeito de amar. Supunha que essa não era a palavra certa. Kennedy

precisava

vê-lo.

Mostrar

que

sua

vida

funcionou melhor sem ele. Isso era tudo.

62

Não estava esperando nenhum acontecimento romântico com ele. Dez anos era muito tempo. Tinha se esquecido dele fazia anos. De repente, ele estava lá. Larry entrou no salão de baile e se deteve para examinar a multidão. Ainda era tão bonito como tinha sido na escola. Estava melhor inclusive. Agora se aproximando dos trinta, Larry tinha mudado para melhor. O coração do Kennedy acelerou. Sua garganta se apertou. Cerca de cinco segundos a localizaria na multidão, justo como sempre tinha feito quando saiam. Essa instintiva conexão teria efeito... — Me beije, Drake. — Exigiu Kennedy em um sussurro. Ele a olhou como se tivesse saído uma segunda cabeça nela. — O quê? — Me beije. — Repetiu ela através dos dentes apertados. Um brilho sexy iluminou seus olhos cinza, deslizou o braço envolta da cintura dela e a puxou com firmeza contra seu forte corpo. — Quer que o faça simples ou quer uma atuação do Oscar? -Brincou, os lábios tão perto dos seus que podia sentir a eletricidade se movendo entre eles. — Quero o Oscar. — Murmurou ela com rapidez sem considerar as ramificações de sua petição. 63

A mão direita dele deslizou lentamente por suas costas, depois enrolou o cabelo em sua nuca. — O Oscar, então. — Sussurrou ele enquanto juntava sua boca com a dela. Escuro, misterioso, selvagem, exótico... Foi assim como imaginou Drake. Seus lábios eram firmes e quentes contra os dela. Seu corpo era forte, seguro, exigente... Ordenando a ela que reagisse. O fogo se estendeu através dela, deixando-a um pouco quente, depois estalando em cada direção com quentes e flamejantes chamas de desejo carnal. De alguma forma ela passou os braços em volta do pescoço dele e o atraiu para mais

perto,

instintivamente

tentando

aprofundar

o



fantástico beijo. Sua língua se entrelaçou com a dele e os joelhos de Kennedy quase se dobraram. Ele mordiscou, depois sugou o lábio inferior, fazendo seu pulso bater freneticamente. Incapaz de se deter, seus lábios se abriram e sua língua explorou o interior da boca dele. O calor e o persistente sabor de uísque explodiram dentro de sua boca quando a língua de Drake acariciou a sua e logo fez uma correte elétrica atravessar seu corpo. Um choque que se lançou em seu centro, quente e forte. Surpreendida, Kennedy se separou dele. — Foi suficiente? - Murmurou ele com presteza, seu quente e doce fôlego ventilando as chamas, esgotando o controle em seu interior. Ela piscou e tentou encontrar sua voz. 64

— Sim. — Disse com a voz rouca. Com os olhos dele nunca deixando os seus, a liberou lentamente. — Você não parece bem para alguém que acabou de ser beijada, Kennedy Malone. — Ele sorriu aquele sorriso meio torto que ela tinha visto uma centena de vezes e de repente sentiu coisas estranhas em seu interior. Seus dedos foram até seus ainda trementes lábios. O que acabou de acontecer aqui? — Estarei... Estarei por aí. — Cuspiu ela. Deu a volta e correu para o banheiro das mulheres. Uma vez dentro, apoiou-se contra a porta e fechou os olhos. Meu Deus!!! Tinha sido beijada assim antes? Não. Nunca. Mexeu os dedos dos pés até desenroscá-los. Como podia um simples homem gerar tanta energia? Tremeu ante a lembrança de como havia sentido seus braços ao redor dela, como havia sentido seus lábios contra os dela. Kennedy se endireitou e sacudiu a si mesma. Apesar de que não tinha uma grande quantidade de experiência na qual apoiar sua conclusão, sentia que Drake era um beijador de primeira categoria.

65

Fingimento, é tudo fingimento, se lembrou. Só é parte da atuação. Sem dúvida ele nem sequer desfrutou do beijo. Nem ela estava segura de que tinha. Sim, ela tinha. Deus! Estava perdida. Kennedy caminhou para a série de lavabos e espelhos. Ficou olhando seu reflexo. Por que as opiniões das outras pessoas lhe importavam tanto? Por que não superou a necessidade infantil de aprovação? — Porque está desesperada, Kennedy. — Resmungou para seu reflexo. Seus lábios ainda estavam inchados do seu beijo. Engoliu. — Era só para se mostrar para os outros. — Lembrou-se, com tristeza observando o brilho em seus olhos. — Uf! - Fungou uma voz feminina. Kennedy se virou para encontrar a Wanda Wallingsford entrando pela porta. A barulhenta, repulsiva, riquinha Wanda. A garota mais provável para se candidatar para a glamorosa capa da play girl. Wanda alisou sua minissaia de couro negro e logo derrubou as largas tranças loiras platinadas sobre os ombros... — Hey, Kennedy! - Meneou as sobrancelhas. — Aquele é um tremendo pedaço de carne que você encontrou. Kennedy forçou um sorriso.

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— Obrigada. — Supôs que era a resposta adequada. O que se dizia a outra mulher quando se comia com os olhos o suposto noivo da outra? Wanda fechou os olhos e se colocou em frente ao lavabo. — Aposto que ele também tem um pênis enorme. Horrorizada, Kennedy olhou à mulher. — Perdão? Wanda

abriu

de

repente

os

olhos

e

olhou,

exageradamente, a Kennedy. Levantou uma sobrancelha excessivamente delineada. — Não trate de me enganar, Kennedy Malone. Tenho olhos. Que pacote tem aquele homem! Mm-Hmm. — Pacote? - Kennedy ficou boquiaberta. Wanda Riu bêbada. — OH, Kennedy. A comportada e conservadora Kennedy. — Ela fez um gesto magnânimo por um momento antes de lançar as mãos. — Refiro-me a sua cesta de frutas. O pacote sabe? Ao continuar Kennedy sem entender, Wanda exigiu: — Alguma vez olhou a virilha do homem? Bom senhor, é um garanhão! Certamente você notou.

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A boca de Kennedy se abriu, mas não saiu nada. Piscou rapidamente, logo tentou de novo. — É claro que notei! - Disse finalmente com voz rouca. — Ele é fantástico na cama. Wanda sorriu com malícia. — É disso que estou falando. — Tropeçou precariamente a uma cabine do banheiro.

Drake limpou o formigamento dos lábios com o dorso da mão. Não tinha a intenção de deixar que as coisas ficassem tão fora de controle, mas simplesmente não pode evitar. Kennedy tinha se derretido contra ele, respondeu a ele com verdadeira paixão. A única coisa que o tinha salvado de fazer um papel de bobo diante da sua resposta ao beijo. Ele ficou louco de desejo. Maldição. Moveu-se, tratando como o inferno de acalmar a intensa ereção que ela tinha provocado nele com aquele beijo. Aí estava ele enterrado no meio da festa, rodeado de estranhos, e duro como uma rocha por uma mulher que nunca tinha parecido dar-se conta que ele era um homem e muito menos disponível. Porra.

68

Olhar não era pior que ir ao seu encontro, Kennedy abriu caminho entre a multidão mesclando-se. Parou alguns passos mais à frente para falar com uma mulher baixa, seu nome, se lembrava bem, era Elaine. Drake fechou os olhos com a visão de Kennedy no elegante vestido negro. Não poderia estar mais sexy se tivesse estado nua, bom, possivelmente isso era um exagero. Não tinha dúvida de que Kennedy pensou que estava sendo conservadora quando selecionou esse vestido, mas falhou miseravelmente. A seda acentuava mais seu corpo em lugar de cobri-lo. O negro era um vívido contraste contra sua cor branca. Tomou uma profunda respiração e abriu os olhos. Kennedy tinha se movido e por acaso estava olhando diretamente para ele. Ou mais especificamente, a sua virilha. Franziu o cenho. Por que ela demônios estava olhando-o assim? Seu olhar de repente se encontrou com o dele e a cor rosa cobriu suas bochechas. Suas largas pernas cobriram a curta distância entre eles com grandes passos largos. Parou justo em frente a ela e se inclinou. Sua respiração se engasgou. Seu sutil aroma fez que seu coração golpeasse. Como poderia qualquer mulher que parecia tão sexy cheirar tão doce e inocente? — Drake. — Disse em um tom baixo, olhando ao redor para se assegurar de que ninguém estava olhando. — Sou 69

consciente de que foi além da aparência quente, mas, em realidade, não era necessário o acessório. A que demônios se referia? — Terá que ser um pouco mais especifica Kennedy. Ela lambeu os deliciosos lábios, seu olhar se desviou com cuidado. — O que colocou debaixo desse jeans? O entendimento o golpeou e sorriu. Assim que ele se deu conta. Inclinou a cabeça para que seus lábios roçassem a pele de sua orelha. — Carinho, não há nada nestas calças jeans além de mim. Isso é um problema? Kennedy

saltou

para

trás

como

um

passarinho

assustado. Antes que pudesse pronunciar uma resposta engenhosa, Cassandra apareceu. — Kennedy lembra-se do Larry? Então ele era Larry. Drake olhou para o outro homem de cima. E que consideração por parte da Cassandra trazê-lo direito para Kennedy, — É óbvio. — Disse severamente Kennedy. Larry sorriu. — É bom te ver, Kennedy.

70

Drake

não

gostou

do

homem

a

primeira

vista.

Reconhecia um absoluto idiota quando via um, mas nunca disse isso a Kennedy. E parece que ela continuava tendo sentimentos pelo homem. Ela se virou para ele. — Esse é Douglas Drake. Drake deu um enorme sorriso e pegou sua mão. — O noivo dela. — Esclareceu ele. Larry apertou sua mão. — Foi o que eu ouvi. — Vou ter que apresentá-la a nossos filhos. — Disse Cassandra entusiasmada. — Aaron tem oito anos e Jessica acaba de fazer seis anos. O sorriso de Kennedy vacilou um pouco. — Isso seria bom. Maldita mulher, Drake praguejou em silêncio. Cassandra não sabia quando era suficiente? Odiava aos valentões e esta mulher era uma valentona. — Deveria vir à escola amanhã à tarde, Jessica vai se apresentar em um recital de dança. — Sorriu docemente. — É uma perfeita pequena bailarina.

71

— Puxou isso de sua mãe. — Acrescentou Larry. — Dançar nunca foi meu forte. — Bom. — Cassandra fingiu um sorriso. — Tem outras qualidades. Drake pensou que poderia adoecer. Kennedy parecia que já estava. Justo quando Drake abriu a boca para se desculpar por eles, chegou o som do microfone.

— Garotos e garotas, necessito de sua atenção por dois minutos. — Um homem vestido com roupas dos anos sessenta anunciou do palco. Soltou uma risadinha. — Suponho que deveria dizer damas e cavalheiros. — Agitou seu rabo-de-cavalo. — Segue sendo difícil de acreditar que cresceram. Kennedy sorriu, um verdadeiro sorriso pela primeira vez esta tarde. Tio Martín. Sem nenhuma desculpa para a Cassandra ou Larry, começou a correr para frente do palco, abrindo espaço entre a multidão. Não teve que olhar para trás para saber que Drake a seguia, podia sentir ele atrás dela não muito longe. Parou do lado esquerdo do palco e esperou que Martín terminasse seu pequeno discurso de boas-vindas à graduação de 1999. — Kennedy! - Seu tio chamou ao descer do palco. Colocou-a entre seus braços e a abraçou firmemente. — Deus tenha piedade, pequena menina, é tão bom te ver. Já se 72

passou muito tempo. -Ela se afastou para trás e o olhou com atenção. — Cresceu desde o último natal. — Ele tirou a mão esquerda do seu ombro e olhou o anel de compromisso, logo sorriu. — E se comprometeu. Ela tragou a crescente culpa. Odiava enganar seu tio. Seus pais quase mereciam isso, mas Martín não. Ele e Kennedy tinham sido sempre muito parecidos. Sempre muito ocupados com suas carreiras e sem tempo para distrações ou enredos românticos. Tinha interferido entre ela e seus pais sobre esse mesmo assunto muitas vezes para contar. — Tio Martín, eu gostaria que conhecesse Douglas Drake. -Kennedy se virou para ele, desejando que seu sorriso se mantivesse em seu lugar. — Meu noivo. Lembra Drake, que eu tinha mencionado que meu tio Martín é o prefeito de Friendly Corners? - Martín soltou a mão de Kennedy e agarrou a mão de Drake, dando uma rápida, mas firme sacudida. — Você tem uma boa senhorita, jovenzinho. Espero que saiba a sorte que tem. — Drake sorriu. — Sim, senhor. — Se virou com um sorriso carinhoso para Kennedy. — Suponho que eu sou um homem muito afortunado. Kennedy estreitou seu olhar para Drake. Não havia necessidade por parte dele em mentir dessa maneira.

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Martín deslizou o braço ao redor de seus ombros e a abraçou a seu lado mais uma vez. — Eu gostaria de ficar aqui mais tempo. — Disse ele, depois deu a sua sobrinha um doce beijo em sua face. — Mas tenho outras cinco reuniões de boas-vindas para começar. — Sorriu carinhosamente, mas seu olhar se fez distante repentinamente como se lembrasse de algo antigo. — Celia realmente se superou desta vez. — Fez um excelente trabalho. — Falou Kennedy, recordando à organizadora da reunião com carinhosas lembranças. Celia tinha sido sua professora de piano e uma mulher muito doce. — Nomeia seu veneno, Martín. — Interrompeu Drake, com uma expressão indecifrável. — Vou buscar para todos uma taça no bar. Martín sorriu diabolicamente, o rabo de cavalo se acrescentou ao efeito. — Bourbon, filho. Há alguma outra coisa? Então Drake sorriu. — Um homem com bom gosto. — Deslizou um rápido olhar a Kennedy. — Um pouco de vinho branco? Ela assentiu com a cabeça, apesar de ter insistido em que só beberia uma taça, logo o viu desaparecer entre a multidão.

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— Me escute, Kennedy. — A expressão de Martín se tornou séria, igual seus olhos. — Quero te falar agora mesmo quão orgulhoso estou de você por fazer finalmente o correto. Levantou uma sobrancelha confusa. — O correto? Não entendo. — Só escuta. — Disse ele com firmeza. — A vida é muito curta para desperdiçá-la. — Seu tio suspirou. — Me olhe agora, velho e cansado e é definitivamente um erro passar por isso sozinho. Kennedy segurou uma gargalhada. — Nunca tinha ouvido você falar assim. Pensei que adorava ser solteiro. Quantas vezes ficou do meu lado sobre esse assunto com mamãe e papai? Encolheu os ombros com pouco entusiasmo e sacudiu a cabeça. — As coisas nem sempre são o que parecem, Kennedy. Estava equivocado. Alegro-me de que não esperou que fosse muito tarde como eu fiz. — Só um minuto. — Colocou as mãos no quadril. — Sempre e enquanto estiver respirando, nunca é muito tarde. Se houver algo que quer na vida, tio Martín, só tem que estender a mão e agarrar. — Com faíscas nos olhos para o homem a quem amava com todo seu coração. Lembrou-se da frase favorita de Sidney T. Booker. — Nunca se acaba até que

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finalmente termina. — Disse a Martín com um olhar que transmitia esperança mediante o significado que seu chefe poderia pôr nessas palavras. — Mas... — Um lento, sorriso ardiloso cruzou o rosto do Martín. — Possivelmente tenha razão, pequena. — Acariciou o queixo, pensativo. — Possivelmente não é muito tarde. — Nunca é muito tarde. — Repetiu ela enquanto dava a seu tio outro afetuoso abraço. — Desculpe Kennedy. — Cassandra de novo. Kennedy se encolheu quando se afastou de seu tio. A bruxa riu como a idiota que era. — Kennedy, só queria te lembrar de que deve pegar o pacote de informação revisado na mesa de registro antes de sair. Você vai precisar. — Adicionou enfaticamente. —

Revisão

do

quê?

-

Kennedy

ficou

em

alerta

imediatamente. Cassandra nunca era boa sem ter alguma intenção oculta. — O pacote de informação. — Repetiu Cassandra impaciente, logo sorriu docemente. — Explica o resto das atividades da semana com mais detalhes, incluindo a caça ao tesouro de amanhã. — Caça ao tesouro? - Soando como um papagaio, Kennedy tremeu em um instante de compreensão.

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— Uma adição de último minuto. — Cassandra explicou com óbvio prazer. — Não se preocupe. A caça de todo mundo foi especialmente desenhada para cada participante. Estou segura de que não terá dificuldade com a sua.

— Uma caça ao tesouro! - Kennedy olhou o papel em sua mão e logo o amassou. — Só posso imaginar quem teve essa brilhante ideia! Parou na metade do caminho na calçada da porta principal da casa de seus pais e se voltou para Drake. — Eu te direi de quem foi essa ideia. — Disse ela, respondendo a sua própria pergunta. — Cassandra. Sabe quanto odeio o bosque e todos os insetos. — Agitou a enrugada folha de informação para Drake como se ele fosse o culpado. — Ela armou pra mim, ela vai me infernizar enquanto eu estiver aqui. — Qual é o grande problema, Kennedy? - Ele encolheu os ombros. Se tivesse alguma ideia de que Cassandra voltaria para falar com ela, ele nunca teria deixado Kennedy sozinha com seu tio. Mas Drake havia se sentido como um intruso e pensou que talvez necessitassem de um pouco de intimidade. Definitivamente

estava

precisando

de uns minutos de

distância dela. — Nós vamos fazer um pouco de excursão pelo bosque. Não vejo o problema.

77

— O problema... — Olhou para ele como se fosse tonto como um poste. — É que eu não gosto de fazer passeios pelo bosque. Cassandra sabe que é a única situação em que não posso garantir a mim mesma. Sei disso, ela armou pra mim! Drake sorriu antes que pudesse se conter. Merda! Ela ficava uma coisinha ainda mais bela quando ficava louca, mesmo que ele não devesse notar o fato. — Ah, mas Cassandra não conhece sua arma secreta. Kennedy franziu o cenho irritada. — Que arma secreta? — Eu. Ela revirou os olhos dramaticamente. — E isso deveria me deixar menos preocupada? Ignorando sua pontada, arremessou o braço sobre seus ombros esbeltos e a conduziu para a porta. — Estou em casa nesse tipo de ambiente. Ela se voltou para ele, à luz do alpendre destacou seu doce rosto. — Isso é certo. — Seu sorriso voltou lentamente. — Esteve em selvas e bosques de todo o mundo. O parque Bowden e os bosques dos arredores serão fichinha para você. — Precisamente.

78

— Isso é um alívio! - Agarrou a maçaneta da porta, e logo parou, com o rosto preocupado e disse. — Não posso evitar a sensação de que algo está acontecendo com meu tio. Nunca o tinha ouvido falar assim antes. Drake encolheu os ombros, recordando a conversa que Kennedy tinha repetido entre suas explosões de ira de Cassandra e sua estúpida agenda. — Possivelmente estava te oferecendo o único conselho que tinha para te dar. — Possivelmente. — Sem deixar de parecer preocupada, Kennedy girou a maçaneta, mas não aconteceu nada. Franziu o cenho e virou de novo. — Está trancada! — Não tem uma chave? — Não. — Espetou. — Meus pais nunca trancam a casa. Ele passou uma mão pelo cabelo. Estava preparado para que a noite acabasse. Muitas coisas que aconteceram não foram esperadas. — Toca a campainha. — Não quero acordá-los. — Kennedy mordeu o lábio inferior e considerou seu apuro por uns momentos. — Vamos por trás. Obcecado sobre como se sentia quando ela mordia seus lábios, ele a seguiu através da escuridão para o pátio traseiro. Ela subiu os três degraus atrás e testou a porta. 79

— Trancada, também. — Inspecionou a parte traseira da casa. — Essa é a lavanderia. — Assinalou uma janela próxima. — A fechadura da janela está quebrada faz anos. — Kennedy nivelou o olhar com o dele. — E se eu pudesse subir aí. — Fez um gesto à janela. — Poderia entrar e abrir a porta. — Não há problema. — Assumiu a posição embaixo da janela, apoiou os pés bem separados e fez um estribo com as mãos. Kennedy colocou um pé em suas mãos e ele a levantou. Enquanto ela tentava abrir a janela, tentou não notar

a

forma

em

que

seus

quadris

se

mantinham

esfregando-se em sua mandíbula. Tomou respirações largas e profundas para frear sua reação ao seu esbelto corpo. Engoliu um gemido quando ela se virou ligeiramente e sua pélvis se apertou contra seu rosto. — Consegui. — Sussurrou pouco antes que ela deslizasse fora do seu controle. Drake passou uma mão pelo rosto. Isso estava se convertendo em uma tarefa mais difícil do que tinha previsto dando ênfase à parte difícil. Permitindo que o ar fresco da noite fizesse seu trabalho, ele subiu lentamente os degraus quando Kennedy abriu a porta de trás. — Silêncio. — Advertiu em um sussurro. — Meus pais provavelmente estiveram dormindo durante horas. Já sabe, cedo para dormir, cedo para se levantar.

80

O mais silenciosamente possível abriram caminho através

da

escura

casa,

logo

pelas

escadas.

Quando

chegaram ao patamar do segundo piso, Kennedy vacilou. — O que é esse som? - Perguntou brandamente. — Que som? Então Drake ouviu. O inconfundível som dos rangidos de molas de cama. Quanto mais escutava mais frenético se voltava o som. Rapidamente as molas foram acompanhadas com gemidos e gemidos humanos. — OH... Meu... Deus... — Kennedy respirou. Drake passou uma mão pela mandíbula para reprimir uma risadinha. — Soa como se as crianças estivessem brincando. Kennedy se virou pra ele. Não podia ver seu rosto, mas podia imaginar a fúria em seus olhos dourados. — Isto não tem graça, Drake! - Ela bufou. — Meus pais estão... Estão... — Transando. — Falou ele. — OH, por Deus! - Kennedy saiu correndo em direção ao seu quarto. O próximo som que Drake ouviu foi um esbarrão. Kennedy tinha se chocado com algo. As luzes se acenderam e

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seus pais saíram para o corredor, sua mãe levava uma túnica descuidada, seu pai uma cueca. — Kennedy, está tudo bem? - Perguntou seu pai sem fôlego. — Não! - Kennedy girou longe da gente com muito pouca roupa e se ocupou de arrumar a mesa que tinha derrubado. — Por que estavam...Por que a porta estava trancada? Balbuciou — OH, querida, sinto muito. — Ofereceu sua mãe, colocando a bata em seu lugar. — Desde que Ricky Johnson entrou acidentalmente aqui, começamos a trancar a porta quando temos relações sexuais. Com seu perfil visível para ele, Drake viu a boca de Kennedy cair aberta. Caminhou rapidamente para seu lado. — Lamentamos... Interromper. — Sorriu e tentou levar Kennedy para seu quarto. — Só teremos que... Kennedy de repente parou e se virou para seus pais. — Por que o menino que corta a grama subiu as escadas? -Perguntou ela, as palavras de sua mãe se afundaram. — Vocês continuam deixando o dinheiro na mesa da cozinha? — Bom querida, não estávamos no quarto. — Explicou seu pai. — Estávamos na cozinha sobre a mesa. A boca de Kennedy caiu aberta de novo. 82

— Boa noite, amigos! - Disse Drake, arrastando a uma atônita Kennedy pelo corredor. — Temos um grande dia amanhã, assim é melhor irmos dormir. Brenda e Chuck deram boa noite quando Drake obrigou a filha deles a entrar em seu quarto. Ela se voltou para ele, com os olhos cheios de indignação. — A mesa da cozinha? - Gritou ela. — Não despreze a mesa até que tenha provado. — Sugeriu ele tranquilamente. Kennedy passou os dedos de ambas das mãos pelo cabelo, desfazendo o penteado... O deixando ainda mais sexy. Maldita seja, por que tinha que se dar conta disso? Tirou sua camisa pela cabeça. — Isso não pode estar acontecendo. — Murmurou ela distraidamente. — Vamos. Kennedy, não é grande coisa. Se te faz sentir melhor, meus pais provavelmente transam, também. Ela o olhou, com as mãos nos quadris. — Não se atreva a tentar me acalmar. Primeiro, tive que te implorar que me ajudasse. — Com uma palma suspensa, ela parou seu intento de protesto. — Chego a casa e encontro meus pais que se converteram em hippies. — Soprou indignada. — Então descubro que fui concebida fora do

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matrimônio. E eu nem sequer incluí toda a merda do reencontro. Tive quase tudo o que posso suportar por um dia! Ele desabotoou a calça e baixou o zíper. — Não fique aborrecida, Kennedy. Foi um dia longo, mas amanhã as coisas serão melhores. Como se de repente se desse conta de que estava tirando a roupa, Kennedy o olhou fixamente. — Que demônios está fazendo? — Me preparando para dormir. Sem dizer nada, Kennedy girou e saiu pela porta. Drake negou com a cabeça. Atirou sua camisa em uma cadeira que estava à mão e tirou a colcha da cama. Coçou o peito, vagou de novo no corredor e foi ao banheiro. Kennedy sem dúvida tinha exagerado. É óbvio, ele também estava exagerando, só que de uma maneira diferente. Depois de atender as suas necessidades, incluindo escovar os dentes, voltou ao quarto. Certamente as coisas seriam melhores amanhã. Ele ainda não tinha tido uma boa noite de sono. Kennedy estava agachada no meio da cama, seu vestido até as coxas bem torneadas. — O que você está fazendo?

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Ela saiu da cama e jogou o que parecia um rolo de fita adesiva pelo quarto e bateu as mãos, como se estivesse limpando. — Agora. — Disse ela, triunfante. — Agora? Ele se virou e apontou com um gesto a cama. — Esse é o seu lado e esse é meu. Drake olhou incrédulo para a cama que tinha sido dividida com uma linha de fita reta no meio. Ela não podia estar falando sério. Kennedy foi até o lado direito da cama, o lado dela. Tirou os sapatos e deu-lhe uma olhada. — E se souber o que é bom para você, não deixe que nenhuma parte de seu corpo cruze essa linha

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Era difícil respirar. Não podia se mover. Kennedy lutou para despertar, para brigar contra o peso que a esmagava. Lentamente, a consciência se deslizou através da escuridão, trazendo com ela o sentido de tempo e lugar. Calor. Sentia calor e frouxidão enquanto flutuava para o outro lado da consciência. Não estava de tudo acordada, mas não totalmente dormindo. Ela ensaiou um sorriso em seus lábios ao inalar a fascinante essência que a cobria. Pele e almíscar... Quente... Homem. Seu ritmo cardíaco aumentou, nervosamente, quase levando ela para a inconsciência. O indistinto peso, aparentemente sem forma, de repente começou a tomar forma.

Uma dura e pesada coxa descansava entre suas pernas. Um braço forte e grosso cobria seu peito, largos dedos se estendiam ao longo de seu ombro nu. Sua cabeça parecia pregada entre dois objetos firmes. Os olhos de Kennedy se abriram e seu coração deu um pulo quase parando. Seu rosto estava pressionado na curva do pescoço de Drake, encaixado entre seu queixo e ombro. Estava virtualmente em cima dela, esmagando-a com seu musculoso corpo. Seu... Seus olhos se abriram quando se deu conta exatamente do que era que estava pressionando seu quadril. Abriu a boca para gritar, mas rapidamente colocou a mão sobre ela para não fazê-lo. Se gritasse seus pais poderiam vir correndo. Não podia fazer isso. Lambeu os lábios dolorosamente secos. Está bem, se acalme, disse a si mesma. Tudo o que tinha que fazer era despertá-lo. Não! De maneira nenhuma deixaria que a visse assim. Franziu o cenho, enquanto fazia um rápido exame físico. Quente, úmido e palpitante. Kennedy amaldiçoou seu corpo traidor. Não supunha que teria relações desta forma com este homem. Nunca tinha reagido a ele desta forma. Amigos, supunha-se que eram amigos. E

escutou

atentamente

sua

respiração...

Lenta,

profunda. Estava morto para o mundo. Bem. Tudo o que tinha que fazer era se deslizar por debaixo dele e sair. Seu braço direito estava apanhado entre o enorme peito dele e 87

para sua grande desilusão, enroscado ao redor de suas costas. Que diabos ele estava fazendo no seu lado da cama? Kennedy passou lentamente a mão sobre a cama para encontrar a fita adesiva a sua direita. Diabos! Ela estava no lado dele. Como tinha acontecido isso? Ao menos ele não estava nu. Graças a Deus. Os dentes de metal de seu zíper era sentido através da fina camiseta de algodão que usava. Por que não tinha vestido uma mais grossa? Porque não esperava estar compartilhando um quarto com ele, essa é a questão! Seus pais, ela supôs que fariam com que ele ficasse no quarto de convidados. Mordendo

o

lábio

inferior,

conteve

a

respiração

enquanto baixava um pouco para direita. Drake gemeu e logo rapidamente a sustentou contra ele. Kennedy fechou os olhos e esperou que se acalmasse, mas não fez. Conteve o fôlego quando seu quadril se esfregou contra ela, fazendo-a mais consciente de sua excitação. Tomou todo o autocontrole que pôde reunir para não tocá-lo intimamente. O desejo fluía por todo seu corpo, deixando ela fraca de desejo. Depois a mão direita dele deslizou para seu peito e o apertou. Nervosa, confundida e furiosa, Kennedy fez a única coisa que podia fazer, tomou medidas drásticas, mordendo-o, com todas suas forças. — Filha da P... — Drake se afastou. — Que diabos está fazendo? Olhou para ela fixamente, com esses olhos cinza escuro com algo mais que irritação, desejo, possivelmente.

88

Passou os dedos por seu cabelo agitado por dormir e logo tocou a marca da mordida sobre o peito. — Está louca, Kennedy? — Me solta, seu idiota! - Espetou-lhe, igualando seu olhar assassino ao dele. Seu formoso rosto ficou confundido e logo despertou se dando conta. Merda! Girou longe dela para fora da cama. Caiu no chão com um sonoro golpe, enfatizando com várias palavras altas, tantas delas, que Kennedy não podia se lembrar de ter escutado antes. Ela apareceu pela borda do colchão e sorriu docemente. —

Bom

dia.



De

repente

tinha

uma,

quase

entristecedora, vontade de pegar essa grossa mecha de cabelo negro como um corvo que caía fora em sua testa e depois acariciar sua obscurecida mandíbula. Seus dedos picavam só de pensar nisso. Rapidamente fechou os dedos em punho, banindo o desejo proibido. — Sempre está tão mal-humorado quando acorda? Levantando-se sobre seus cotovelos e ficando muito perto, o aroma masculino absolutamente atrativo e intensamente selvagem inundou seu nariz. Sua respiração se agitou. — Só quando mulheres loucas me mordem. — Esfregou a marca vermelha em seu peito. — Você mereceu isso. — Necessitando rapidamente de distância, saltou do outro lado da cama. — Aprenderá a

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manter as mãos quietas. — Se dirigiu ao seu armário, carrancuda, tentando encontrar algo conveniente para usar na caça ao tesouro. — Bom, possivelmente no futuro, se ficasse em seu lado da cama. — Contra-atacou ele, o som do fechamento de zíper sublinhou suas palavras. Ela se estremeceu ante esse som, com desgosto ou desejo persistente, não sabia, nem tampouco tinha a intenção de analisar sua reação. — Você é muito grosseiro, Drake. — Murmurou, enquanto mexia no armário. Como pôde usar essa roupa fora de moda? Realmente tinha sido uma nerd? Evidentemente a resposta era sim. — Falando de grosseria. — Grunhiu ele, com seu quente fôlego sobre seu pescoço. Kennedy saltou afastando-se, logo girou para enfrentálo. Como tinha chegado a ela dessa maneira? —

Quarenta

centímetros,

Drake.



Advertiu.



Novamente está invadindo meu espaço pessoal. Sem camisa e vendo-se muito sexy para um amigo, ele deu a contra gosto um passo atrás. Esse sorriso meio torto, apoiando-se no marco da porta, em seu próprio estilo, arrogante e preguiçoso.

90

— Nunca pensei que você fosse dessas mulheres que gostam de deixar chupão. Kennedy lhe deu seu olhar “nem em sonho”. — Perdão? Ele deu um tapinha no peito. — Chupão. Você sabe o que é um chupão, ou será que não Kennedy? Ela olhou o hematoma escuro, logo o fulminou com o olhar. — Isso não é um chupão. É uma cicatriz de guerra. — Ele arqueou uma sobrancelha. — E da próxima vez posso fazer mais abaixo. Drake sorriu com malícia. — Promete? — Saia daqui para poder me trocar. — Kennedy o jogou para fora do closet, acendeu a luz e fechou a porta. Pressionou a testa contra a porta e se amaldiçoou por quão tola era. — Isto não é real, Kennedy. — Murmurou. Mas por quê? Por que sentia como se fosse? Ele acertou em cheio, mesmo sem saber. Era uma loucura.

91

Estava louca. Totalmente. Inquestionavelmente. Demente. E considerando o recente comportamento de seus pais, o problema era claramente genético.

Vinte

minutos

depois,

ambos

vestidos

com

jeans

rasgados e camisetas, Kennedy levou Drake até a cozinha. O aroma de bacon frito fez com que seu estômago rugisse. Tinha comido na noite de ontem? Não lembrava. — Bom dia, docinho. — Disse seu pai com o jornal aberto, ainda usando a roupa hippie. — Bom dia. — Respondeu tão jovial como pôde, considerando a carga que levava. Drake e seu pai trocaram saudações. — Vocês gostariam de um pouco de café da manhã? - A mãe de Kennedy assinalou para os pratos quentes no fogão. Esta manhã Bren vestia um mini vestido, um colete de camurça com franjas que roçava a borda de sua saia até as coxas, com botas altas de pele. Antes que pudessem responder, o pai de Kennedy assinalou uma cadeira. — Andem, sentem-se! - Sugeriu. 92

O olhar de Kennedy de repente se fixou na mesa e seu apetite desapareceu. — Acredito... Acredito que só vou tomar suco. — Tragou e girou sobre seus pês correndo para a geladeira. De maneira nenhuma poderia comer nessa mesa novamente. Fechou os olhos e bloqueou a imagem de seus pais antes respeitáveis, se divertindo sobre a superfície brilhante de carvalho. — Planos emocionantes para hoje? - Escutou que seu pai perguntava a Drake. Kennedy serviu o suco e escutou Drake recitar os detalhes de sua caça ao tesouro. — Soa muito divertido. — Disse sua mãe entusiasmada. — Mal posso esperar. — Murmurou. — Oh! Ela encontrou seu olhar com o de seu pai. Ele deixou o jornal sobre a mesa da cozinha. — Posso ver o jornal? - Disse sacudindo a cabeça de um lado a outro. — Não posso acreditar. Não depois de todo este tempo. Kennedy caminhou para seu lado e apareceu para ver o artigo que dizia. "O ladrão de beijos retorna depois de trinta anos" leu em voz alta. 93

— Que diabos está acontecendo? — Quase tinha me esquecido dele. — Disse seu pai distraidamente. — Quem? - Drake olhou de um Malone ao outro. — Faz trinta anos, logo depois que nos mudamos para cá. — Explicou Brenda. — Um homem que usava uma máscara, puxava mulheres para algum lugar escuro como uma escada ou algum armário e as beijava, até tirar o fôlego. Chuck assentiu. — Isto aconteceu por um mês, logo repentinamente parou. — Quem era? - Perguntou Kennedy, ainda procurando o artigo. — Ninguém sabe. — Disse seu pai. — Simplesmente aconteceu. A gente falou a respeito disto por anos, mas ninguém sabe quem foi o abominável "Ladrão de beijos" das esquinas ocultas. É um dos nossos mistérios. — Soltou uma risada. — Recordo o chefe de polícia furioso por não poder pegar

o

culpado.

-Chuck

arqueou

suas

sobrancelhas.

— Especialmente desde que sua esposa foi uma de suas primeiras vítimas. Kennedy olhou a sua mãe. — E você, mamãe?

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Negou com a cabeça. — A mim não. — Seus olhos de repente brilharam com malícia. — Embora, lembro-me de ficar com os dedos cruzados, com esperanças. — Hey! - Grunhiu Chuck. Drake se inclinou para frente para olhar o título em negrito. — Penso que é muito romântico. — Romântico?! - Kennedy ficou boquiaberta. Não tinha ideia de que conhecesse o que significava essa palavra. Bom, corrigiu-se, provavelmente conhecia um pouco a respeito disso considerando as garotas que tinha, fazendo fila em sua porta

quando

estava

em

casa.

Ou

possivelmente,

simplesmente conhecia todas as frases corretas para levar garotas para casa. — É sim. — Brenda concordou com Drake. — Um homem misterioso e de acordo com suas vítimas, um homem pecaminosamente sexy aparece do nada e te beija até te deixar sem fôlego, poderia ser algo que acontece numa novela. Kennedy pôs os olhos em branco. — Acredito que agora isso é chamado de assédio, mãe. — Toma uma xicara de café, D.D. — Sugeriu Chuck em um esforço de mudar de assunto. 95

Logo a discussão mudou para futebol. Ainda um pouco intrigada pela história do ladrão de beijos Kennedy se apoiou contra o balcão e avaliou o antigo mistério. A reunião semanal só se tornava mais e mais estranha. Alguém tinha posto algo no fornecimento de água da cidade? Embora distraída por seus pensamentos, uma parte dela não podia evitar notar a naturalidade com que Drake se relacionava com seus pais. Uma simpatia imediata se formou entre os três. Pena que fosse em vão. Kennedy se sentiu quase culpada por enganar seus pais dessa forma, mas que opção tinha? Eles a forçaram. Suspirou. E tinha tido que brigar com a única arma que tinha, a arte da ilusão. Mas as ilusões eram fugazes. E Kennedy sabia que era só questão de tempo para que saísse destroçada.

Depois do café da manhã com seus pais, Kennedy e Drake

conduziram

pela

cidade

até

o

Bowden

Park.

Infelizmente, era evidente que tinha chovido toda a noite. A água empossou em vários lugares e em alguns lugares eram poças profundas. Kennedy culpou a Cassandra Hawthorne em cada passo que dava entrando mais no bosque que rodeava o Bowden Park. O córrego estava crescendo, ameaçando alagar o atalho que já era um banco de lodo. Drake tinha deixado muito claro depois dos dez primeiros minutos que não queria escutar suas queixas, assim Kennedy as guardou para si mesmo. 96

De algum jeito, encontraria uma forma de se vingar de sua inimizade da escola secundária. Kennedy sorriu. Ao menos, esperava algo com interesse. Repentinamente

imaginou

Cassandra

em

uma

importante festa. Usando exatamente o mesmo vestido que outras três garotas da festa. O sorriso de Kennedy se ampliou. Não a zangaria? E essa catástrofe poderia ser arrumada. Tudo o que teria que fazer... — Cuidado onde pisa. — Disse Drake, segurando suas costas para detê-la. — O quê? - Antes que pudesse ampliar sua advertência, ao seguinte passo de Kennedy ela se desiquilibrou. Ele se agachou para alcançá-la, ela agitava os braços, mas já era muito tarde. Ela caiu de costas, a água fria molhou-a totalmente até o pescoço. Drake se ajoelhou entre as pernas estendidas de Kennedy. — Chão escorregadio. — Resmungou ele. — Não posso acreditar que estou fazendo isto. — Se queixou. Levantou os braços e permitiu que a água escorresse em seus braços estendidos. — Não seria tão ruim se prestasse atenção por onde anda. Isto não é uma calçada da cidade ou algum corredor do edifício onde está seu escritório de luxo.

97

Ela tirou uma mecha de cabelo do rosto. — Eu te disse que era uma negação neste tipo de coisa. Drake ficou de pé e estendeu as mãos para ajudá-la a se levantar. — Depois de ver você dirigir ontem do aeroporto, estou começando a acreditar que é mais perigosa que inapta, fora de um ambiente controlado. Mostrando um sorriso falso, aceitou a mão que ele oferecia e permitiu que a ajudasse a ficar de pé. Sua roupa de algodão encharcada estava colada a sua pele, com manchas de lama como decoração. — Não sou aficionada às atividades ao ar livre. — Posso ver isso. — Parecendo extremamente irritado, limpando a agua de lama que tinha salpicado em sua roupa, manobrou com cuidado pela borda escorregadia e cambaleou para o atalho. Kennedy o seguiu, tremendo quando a brisa fria soprava sobre sua roupa úmida. Drake franziu o cenho. — Quer voltar para casa e trocar de roupa? O sol está saindo, mas levará tempo para aquecer. Kennedy cruzou os braços sobre o peito e se abraçou.

98

— Terminemos com isto. — Era uma garota grande, não necessitava que se preocupassem com ela. Ele já pensava que era uma inapta. Não, que era um perigo. Caminhou arduamente atrás dele pelo que pareceu uma eternidade. O sol tratava de penetrar corajosamente entre a folhagem das árvores. As folhas cafés do outono continuavam com restos da chuva de ontem à noite, sendo eficientes bloqueando os mornos raios do sol. Franzindo o cenho para os ramos em sua maioria nus. Chocou-se contra as costas musculosas de Drake, dando-se conta de que ele parou de repente.

A

consciência

de

suas

costas

a

abraçou,

esquentando ela de dentro para fora. — É aqui. — Disse, sem notar seu tropeço. Kennedy se moveu ao seu lado para estudar o singelo mapa que ele sustentava. Suprimiu a necessidade de tremer de novo, já que não estava segura se era porque ainda tinha a roupa molhada ou pelo seu belo perfil. O homem era verdadeiramente muito bonito. Nestes três anos que se conheceram,

por

que

não

tinha

notado

como

era

incrivelmente bonito? Possivelmente porque não o tinha visto dessa maneira. Era um amigo. E você não olha seus amigos dessa forma. Drake assinalou o córrego e as árvores cansadas que o cruzavam.

99

— Aí está a marca. — Olhou o bosque. — Vinte passos à direita da árvore cansada. — Murmurou enquanto lia as instruções uma vez mais. — E logo olhe acima. Cassandra era uma idiota. Quem em seu julgamento enviava dois adultos ao bosque em busca de uma árvore específica entre centenas de outras? A compreensão a golpeou de súbito com humilhação. Que dois adultos em seu são julgamento fariam o que Cassandra lhes dissesse? Obviamente, ela e seu... Vizinho... Amigo... Noivo, ou o que seja. Deus, em que confusão se colocou. — Dez, onze... — Drake contava em voz alta enquanto dava os vinte passos. Foi então que notou a forma imprevista em que seu jeans se aferrava ao seu musculoso traseiro. Deteve-se e inclinou a cabeça para analisar o efeito intrigante. Pernas largas, traseiro musculoso, cintura estreita, ombros largos. Suspirou ante o calor instantâneo que lhe percorreu uma vez mais. Havia algo sensualmente satisfatório apenas em olhar sua figura masculina. — É essa. — Anunciou. Kennedy desviou o olhar de seu físico para a árvore que ele assinalava. Parecia igual ao resto das arvores para ela, mas supunha que tinha um gene cavernícola3 que lhe permitia selecionar uma árvore em específico.

3

Habitante de caverna.

100

— Como sabe que é essa? - Exigiu zangada. Não gostava de sentir-se fora de seu elemento. Kennedy Malone gostava de estar no comando. E, de algum jeito, tinha perdido o controle desde que tinha começado com esta farsa. Drake girou lentamente para encará-la. Levantou o olhar para o dela e lhe falou como se tivesse cinco anos. — A menos que nossos amigos pássaros tenham começado a construir seus ninhos com bolsas Ziploc e fita adesiva, então isso é o que estamos procurando bem aqui. Kennedy semicerrou os olhos tratando de distinguir o objeto no alto dos ramos da árvore. Efetivamente, estava lá. — Como diabos se supõe que o pegaremos? — Fácil. — Drake disse com um amplo sorriso, como alguém que soletrava “problema” com p maiúsculo. — Você subirá aí e o pegará. Kennedy pigarreou. — Perdão? — Os ramos são muito pequenos. Não poderiam sustentar meu peso. — Explicou ele. — Terá que ser você. Kennedy retrocedeu um passo e negou rotundamente com a cabeça. — De maneira nenhuma. Não subi em arvores quando criança e não começarei a fazer isso agora.

101

Drake encolheu os ombros. — Então terá que perder para Cassandra. Essa ideia não lhe caiu nada bem. Não queria que Cassandra ganhasse. A mulher tinha levado a melhor muitas vezes no passado. O olhar de Kennedy viajou lentamente para cima da árvore, uma vez mais. Poderia realmente fazer isto? Podia ver a expressão de triunfo da Cassandra, se não fizesse. — É sua decisão. — Acrescentou Drake, incitando-a. Kennedy tragou forte. Endireitou os ombros e considerou todos os aparelhos que usava na academia. Tinha boa condição física. Era muito boa na elíptica. Por que não poderia subir uma árvore? — De acordo. — Essa é minha garota. O diabólico sorriso em sua cara esquentou-a por dentro, uma vez mais. O que estava acontecendo com ela? Toda esta aventura estava deixando-a louca. Sem mais consideração, sacudiu os ombros e se adiantou. Não ia morrer... Ao menos não ainda. Parou em frente à árvore e calculou seu primeiro movimento. Os ramos mais baixos estavam à altura de seus ombros. Definitivamente necessitaria de um impulso. — Te darei um impulso. — Disse Drake, como se lesse sua mente.

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Em lugar de fazer um banquinho, como tinha feito na noite

passada,

pegou

ela

pela

cintura e

a

levantou.

Surpreendida, Kennedy contornou entre os ramos baixos logo que foi possível. Não podia suportar o calor de suas mãos sobre sua cintura, mais que o necessário. Seu toque a fazia se sentir inquieta. Fez o melhor para ignorar as sensações desconhecidas e começou a subir mais alto. Cautelosamente se impulsionou para cima, para seu destino, em silêncio repetindo cada palavrão que sabia e os dirigindo para Cassandra. Finalmente estava sobre o ramo que a colocava ao alcance da bolsa, ao estirar o braço. Kennedy pegou a bolsa, tirou a fita do ramo e a meteu no bolso das calças junto com a bolsa que continha o disfarce dela e de Drake para o baile. Essa tinha sido a ideia mais idiota que Cassandra tinha tido. Kennedy estremeceu de novo, por sua roupa úmida que colava ao corpo ao sentir a brisa de outono. E logo cometeu um engano. Olhou para baixo. Seus músculos se congelaram, o temor correu por suas veias. Tinha subido muito alto e não se deu conta. Deviam ser... Muitos metros do chão. Tragou o nó em sua garganta. Seu coração retumbava como um tambor. Disse a si mesma que se movesse, mas não podia. Inclusive não podia soltar o ramo que sustentava em um mortal aperto. — Por que você parou? - Perguntou Drake. — Está bem? 103

Não! Não estava bem. Estremeceu. Tinha que chegar lá embaixo. Quase soltou uma gargalhada histérica. — Kennedy, o que aconteceu? - Exigiu ele de novo, esse olhar analisador sobre ela. Lambeu os lábios e abriu a boca para falar. Nada saiu. Tomou uma respiração profunda. — Não... Não posso descer. Ele

franziu

o

cenho

com

uma

expressão

entre

incredulidade e diversão. — É óbvio que pode descer. Subiu até aí. Só tome seu tempo e retorne pelo mesmo caminho. Ela sacudiu um pouco a cabeça. — Não estava olhando para baixo quando subi aqui. Eu... Eu não posso fazê-lo. Não poderia repetir a maldição que ele soltou, mas se sentia incapaz de voltar. — Só sobe aqui e vêm me pegar. — Sugeriu, o tom de sua voz subiu alcançado o temor que sentia pelas veias. Ele olhou para ela. — Você subiu aí porque os ramos não podiam suportar meu peso, lembra?

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— Terá que se arriscar. — Disse-lhe com seu tom em ultimato. — Não descerei de outra maneira. — Suponho que posso ir procurar os bombeiros. Os olhos de Kennedy se abriram com horror. — Não se atreva. Vem aqui e me ajude a descer neste instante. Ou... Ou... – Gaguejou. — Nunca voltarei a falar com você. — Gostaria de ter essa sorte. Isto não ia a lugar nenhum, Kennedy finalmente fez o que sabia que tinha que fazer: suplicar. — Por favor? - Soluçou. — Preciso de sua ajuda, Drake. Isso o confundiu, Kennedy pôde ver uma mudança sutil, mas imediatamente mudou. Ele amaldiçoou de novo, logo suspirou alto. — Está bem. — Resmungou. O alívio a alagou quando ele começou a subir pela árvore para resgatá-la. Graças a Deus. Dobrou os dedos de uma mão e depois da outra. Seus dedos estavam dormentes por segurarem tão forte. Ele se lançou para cima para chegar ao seu lado. — Sobe nas minhas costas. — Ordenou. — Não posso fazer isso. — Devia estar brincando.

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— Diabos, Kennedy, sobe nas minhas costas e eu a descerei. Começava a protestar, mas seu olhar a deteve. — Bem. — Disse aproximando-se dele. — Como? — Ponha suas mãos sobre meu pescoço e me abrace com as pernas na altura da cintura. A boca de Kennedy caiu aberta com desconcerto. — Anda logo. — Disse ele bruscamente. Depois da terceira tentativa, finalmente conseguiu lançar uma perna ao seu redor, depois o agarrou pelo pescoço antes de enganchar a outra perna a sua cintura. Suas bochechas ficaram vermelhas e quentes de vergonha. — Agora. — Disse ele enquanto se acomodava para descender. — Se segure. Sua preocupação com os galhos que não podiam sustentá-lo rapidamente veio a sua cabeça e ela falou. — O que acontecerá se quebrar um galho? — Estamos fodidos. O instinto de sobrevivência a golpeou, Kennedy se aferrou a ele como se fora o único que se interpunha entre ela e uma morte certa. Com um último olhar fugaz ao chão, decidiu que talvez fosse.

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— Uma taberna. — Kennedy se incomodou de novo. — Não posso acreditar na audácia dessa mulher! Obviamente selecionou os objetos, da mesma forma que tinha desenhado a caça ao tesouro, sem a mínima consideração de bom gosto. Drake caminhou cansado ao subir as escadas. Sua roupa úmida e salpicada de lama havia parcialmente secado e estavam ficando duras. Entre sua descida insegura da árvore e as queixas constantes de Kennedy, já tinha chegado ao seu limite de diversão durante o dia. Como podia uma mulher hábil e inteligente ser tão covarde com umas árvores e um pouco de lama? — Cassandra vive para me fazer sentir miserável. — Resmungou ela. — Dê uma pausa, Kennedy. — Disse impaciente. — Não deixe que tome o melhor de você. Será uma grande taberna. — A lembrança dessas largas e torneadas pernas, que tinha visto esta manhã quando Kennedy tinha estado usando só uma grande camisa, ricocheteou em sua memória. Oh, seria um inferno de dona de taberna. Kennedy se deteve o suficiente para sacudir os braços mostrando-os. — Diz isso. — Quase gritou. — Porque é um pirata.

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Reuniu o último pingo de sua paciência. A irritação foi enchendo rapidamente o vazio restante. — Sabe o quê? Vou tomar uma ducha. Não me importa ser pirata. Só me interessa tomar uma ducha, agora. Já que me molhei um pouco quando te levei nas costas. — Elevou a mão

para

deter

algo

que

pudesse

dizer

até

que

se

tranquilizasse. — Descer seu traseiro dessa árvore foi um favor, fiz por você, assim apreciaria se pudesse me permitir um pouco de paz e silêncio. Antes que ela pudesse responder, girou rapidamente e se dirigiu para o banho. Ninguém, absolutamente ninguém, tinha tirado ele do sério desse jeito. Por que tinha permitido a Kennedy que o deixasse assim? A mulher o deixava louco em mais de um sentido. E parecia que era incapaz de recuperar o equilíbrio quando ela estava por perto. Para a raiva de Drake ela o seguiu dentro do banheiro apesar de ter pedido a ela que não o fizesse. Sem se preocupar, desbotoou os botões de sua camisa. — Sinto muito. — Murmurou consternada. — Agradeço por tudo que fez por mim hoje. Olhou-a carinhosamente. Ela umedeceu esses malditos tentadores lábios e baixou a cabeça, fazendo-o sentir como um idiota de primeira classe. — É que Cassandra sempre de alguma forma consegue me deixar com raiva. — Encolheu os ombros e Drake seguiu

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o movimento com o olhar, logo baixou o olhar para seus seios delineados pela camiseta úmida. — Suponho que não superei a imatura necessidade de provar que sou o suficientemente boa. — Por que tinha que ser tão vulnerável, toda dócil e necessitada? Seu cabelo estava despenteado de uma forma muito atrativa, como o resto dela. Via-se totalmente diferente de seu personagem Kennedy Malone. Esta Kennedy seguia sendo

uma

garota

que

desesperadamente

necessitava

aceitação. Este era um brilho da mulher que procurava o chão firme quando estava fora de seu mundo, que ainda necessitava de apoio. Com todo seu coração, ele queria ser quem a protegesse, quem a fizesse sentir-se a salvo. Não o afastou quando se aproximou. Entrelaçou os dedos de sua mão esquerda com a dela, logo levantou seu queixo com a direita. Por um longo momento, simplesmente a olhou. Kennedy era uma mulher bonita. Pelo amor de Deus, não podia entender porque recentemente tinha notado esse irrefutável feito. — Está tudo bem. — Murmurou. Acariciou sua bochecha com o polegar. Sorriu ante a mancha de lama que secou lá. — Não precisa provar nada a ninguém. Um sorriso trêmulo apareceu em seus lábios. — Me desculpe por hoje, por ser uma dor no traseiro. — Ela encolheu os ombros uma vez mais. — Normalmente não sou tão...

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— Inútil? - Sugeriu Drake, seus dedos apertando sobre ela, a vulnerabilidade não característica acordou seus instintos masculinos. Umedeceu os lábios uma vez mais e assentiu vacilante. O desejo cresceu nele tão rápido que não havia poder na terra que pudesse evitar que a beijasse. Tinha um sabor suave, cálido e incrivelmente doce. Ela suspirou contra seus lábios e Drake instantaneamente se sentiu fora de equilíbrio. Seus dedos se enredaram em seu cabelo sedoso e a puxou mais perto, forçando-a a render-se completamente ao seu beijo. O fogo rugia dentro dele, fazendo-o pressionar seu corpo contra o dela. Soltou sua mão e encontrou a suave redondeza de seu traseiro. Um grunhido de prazer ressonou em seu peito enquanto seu corpo se fundia totalmente nele. Ela tocou seu peito vacilante. Ele grunhiu. Deus! Estava fora de controle. Como podia um simples beijo afetá-lo tanto? Tocou seus lábios com a língua e ela se abriu a ele, com um movimento indeciso entregou-se a sua necessidade, e a provou profundamente. Invadindo-a. Provando-a. Queria tocar seus seios. Seus joelhos se debilitaram ante o pensamento de como poderia evoluir a ação. Tocar e provar Kennedy o estava matando. Sua excitação cresceu a mil por segundo. Nunca poderia ter suficiente apenas beijando-a. Gemeu quando sua palma se fechou sobre seu seio. Pôde sentir o mamilo brotando firmemente sob o fino tecido de sua camiseta e sutiã. — Drake. — Murmurou ela inalando bruscamente. Seus olhos se fecharam fortemente, tentando se expressar. 110

Apertou seu seio e ao mesmo tempo seu quadril que fez sua virilha se pressionar a sua ereção. Mordiscou seu lábio inferior como tinha feito na noite passada, depois fez uma linha de beijos pela curva de sua mandíbula. — O que está fazendo comigo? - Sussurrou ela sem fôlego. — Não posso respirar. Estou ardendo. — Eu também, carinho. — Murmurou ele sobre sua suave pele. Deus! Desejava-a, desejava-a neste instante. Lambeu o lóbulo de sua orelha com sua língua. — Desejo-te. — Disse e apertou seu traseiro, trazendo-a para mais perto dele. Ela deu um pequeno grito de surpresa a princípio. — O que está fazendo? - Perguntou de novo, sua voz estava grossa cheia de desejo. Ele parou. Suas mãos foram para sua cintura e a afastou um pouco. Seus cílios se abriram, revelando olhos frágeis e as pupilas dilatadas pelo desejo. Seus lábios estavam inchados por seus beijos. Sua pele vermelha pelo fogo que tinha ardido entre eles. Mas tinha que parar. Algo não estava bem. — Kennedy. — Disse com a voz áspera e tensa. Ela finalmente olhou para ele, seu corpo mole, ao sustentá-la. — Sim?

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Drake tragou o nó na garganta. — Quem foi seu último amante? Ela piscou, rompendo o feitiço. — O quê? - Deu um passo para trás, se afastando de seu abraço. — Quando foi a última vez que fez amor? - Pressionou. Ela passou os dedos pelo cabelo com mãos trêmulas. — Isso não é da sua conta. — Deu outro passo entre eles enquanto cruzava os braços protetoramente sobre o peito. — Minha vida sexual é privada. O mundo caiu em torno dele. Amaldiçoou entre dentes. Quase tinha seduzido uma virgem. Tinha notado sua evidente inexperiência a primeira vez que se beijaram. Olhou para ela e logo desviou o olhar. Ela era uma amiga. Confiava nele. Agora mesmo estava vulnerável. Demônios, era uma maldita virgem. Havia... Maldição... O dobro de maldição. Como uma mulher de quase trinta anos continuava virgem hoje em dia? — O que aconteceu com você? - Exigiu ardentemente. — Bom, você me beijou, supere isso. Não é como se nunca tivesse sido beijada. Oh! Mas não era assim, Drake pensou sombriamente. Não assim, de todas as formas. Não a tinha beijado só por beijar, queria mais. Seu olhar posou pesadamente sobre ela, repentinamente vacilante. Queria muito mais. 112

— Saia. — Kennedy relaxou na água quente da banheira e desafiou quem se encontrava na porta para incomodá-la. Tomou banho depois da busca do tesouro, mas o banho desta noite foi por prazer, borbulhante prazer, prazer ininterrupto. Não queria falar... Com ninguém. O golpe veio de novo, tirando-a de seus pensamentos. Kennedy estremeceu apesar do calor que a envolvia. A lembrança do beijo do homem se apoderava em sua mente e enviava uma faísca de desejo através dela. Nunca ninguém a tinha beijado assim. Devia haver algo mau nela para reagir tão agressivamente ao beijo de Drake. O homem era...

— Telefone, é Veronica e diz que é urgente. — Anunciou Drake. Uma chamada urgente? Da Verônica? Kennedy franziu o cenho, mas se negou a abrir os olhos. Se essa Cassandra estivesse tramando algo outra vez... — Retornarei a chamada. — Insistiu. De maneira nenhuma ia se mover um centímetro para algo relacionado com este maldito reencontro. Todo o evento era uma loucura. Ela era louca. Beijar Drake foi uma loucura. Lhe dizer que estava quente. O rosto de Kennedy ardeu apenas com a lembrança. O som da porta abrindo fez com que seus olhos se abrissem de repente e sua cabeça voasse. Drake se dirigiu para ela, o telefone em uma mão e um impaciente cenho franzido em seu formoso rosto. Ela imediatamente estreitou seus braços ao redor de seus joelhos dobrados e tentou se esconder. A água derramou e as borbulhas cambalearam a seu redor como gelatina. — O que está fazendo? - Sussurrou Kennedy em voz baixa para que Verônica não ouvisse. O olhar de Drake inspecionou lentamente seu cabelo preso para cima, percorrendo seus ombros nus, e logo deslizou até seu rosto. — Não estou a serviço como telefonista. — Empurrou o telefone para ela, esses largos dedos fechados ao redor do

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aparelho como tinham estado ao redor de sua mão faz apenas umas horas neste mesmo quarto. Esses lábios firmes que ainda atormentavam seus pensamentos fixaram uma linha irritada. Kennedy produziu um sorriso e estendeu a mão. Ela não estava prestes a se levantar. Ele colocou o aparelho na palma de sua mão, seu olhar sustentando o seu durante um longo tempo antes que se virasse. Nesse pequeno espaço de tempo Kennedy viu o desejo piscar em seus olhos antes que ele se virasse e saísse do banheiro, fechando a porta atrás de si. Três anos. Kennedy e Drake tinham evitado este delicado problema por todo esse tempo. Agora tudo estava ali, entre eles, a eletricidade faiscante entre eles. A primeira vez que a tinha beijado, tinha sido por brincadeira. Mas hoje... Foi diferente. Esse beijo tinha sido com necessidade, luxúria pura. Kennedy forçou a sua respiração para se acalmar. Algo acontecia entre eles. Algo diferente de tudo o que jamais tinha experimentado. Diferente de Drake, ela era nova nestas coisas intensas. E, por desgraça, ele tinha reconhecido um pouco esse fato. Nunca deixe que o inimigo saiba seus segredos a menos que de algum jeito resulte benefício para você. Ela sabia melhor que ninguém essa regra. Nada benéfico vinha à mente por Drake saber que ela não tinha experiência. — Kennedy! Está aí?

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Ficou olhando o aparelho em sua mão, sacudiu os pensamentos confusos sobre ele. Tinha que recordar que eram amigos. Nada mais. — Sim, Verônica. Estou aqui. — Kennedy se encostou contra a superfície de porcelana da banheira e escutava enquanto sua amiga alternava entre gritar e sussurrar no outro extremo da linha. O ladrão de beijos tinha atacado de novo. Desta vez a senhora Medford da farmácia tinha conseguido um beijo inesperado ao fechar faz apenas uma hora. A curiosidade de Kennedy subiu um par de degraus. Quem poderia estar interpretando a este ladrão? E por que havia tornado a ressurgir depois de todos esses anos? —

E

isso

não

é

tudo.



Continuou

Verônica

sussurrando de novo. — Guardei as intrigas suculentas para o final. — Bom, não faça suspense. — Kennedy levantou o pé para apanhar uma gota de água quente enquanto caía da torneira. Duvidava que qualquer intriga local a atraísse, mas amava Verônica, assim escutou. — Cassandra pegou Larry em um abraço com a professora quente de balé, da pequena Jessica. Cassandra está em condições de ser amarrada. — O quê? - Kennedy se endireitou, sua completa atenção agora se centrava na voz emocionada de Verônica. A água se derramou, criando uma mini onda. — Quando aconteceu isto? 116

— Esta tarde! Larry tinha ido pegar Jessica, mas Cassandra não sabia. Quando parou no estúdio, Jessica e algumas outras garotas estavam praticando suas piruetas enquanto

Larry

e

a

professora

estavam

no

escritório

esquentando-se para o mambo horizontal. Cassandra os pegou! Estavam envoltos nos braços um do outro, como luzes ao redor de uma árvore de Natal. Um cenho franzido atraiu os lábios de Kennedy para baixo. — O que aconteceu então? - Considerando a maldade de Cassandra, Kennedy não estava segura de querer saber. — Bom. — Continuou Verônica em voz baixa. — O que consegui saber foi que Cassandra simplesmente sorriu e lhe disse que não se incomodasse em ir para casa. Logo saiu e levou a sua filha para casa como se nada tivesse acontecido. Kennedy piscou confusa ante sua própria reação. A emoção

esperada

não

chegou.

Não

tinha

gostado

de

Cassandra durante muito tempo, planejou sua vingança dúzias de vezes no fundo de sua mente, mas a realidade do dano deste incidente não poderia causar a Kennedy nenhum prazer absolutamente. Os filhos de Hawthorne seriam os que sofreriam agora. Cassandra superaria sua humilhação, mas essas crianças precisam tanto de seu pai como de sua mãe, embora esta última possa ser uma bruxa. — Não é uma loucura?

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— Sim. — Kennedy soltou uma respiração pesada. — Muito selvagem. — Desde que partiu, é provável que não saiba que as coisas têm estado em terreno muito instável nos dois últimos anos. — Não, não sabia. Kennedy esfregou a tensão que se formava em seu pescoço. — Bom, só tinha que te ligar e te contar isso, noiva. Mas tenho que ir agora. Meu marido está espreitando na cozinha com vontade de saber o que há para a sobremesa. Depois de um rápido adeus, Kennedy pressionou o botão e terminou a chamada. Colocou o receptor sobre o tapete perto da banheira, e decidiu que não tinha sentido tentar relaxar agora. A ligação de Verônica a tinha estressado totalmente. Ficou em pé e pegou a toalha. Enquanto secava a pele, Kennedy considerou as possíveis razões pelas quais Larry faria uma coisa assim. Depois de tudo, ele era um homem

feito,

com

filhos

e

responsabilidades.

Claro,

Cassandra poderia ser uma cadela de sangue frio às vezes, mas era dona de uma grande beleza e uma pessoa decente na maioria das vezes. Kennedy colocou seu velho manto cor de rosa. Mesmo que Cassandra lhe tivesse roubado Larry há muitos anos, a mulher não merecia isto agora. Não com filhos envolvidos.

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Um suave tamborilar ressonou na porta. Kennedy fulminou com o olhar à superfície branca. — Não sei por que se incomoda em bater agora, Drake. Uma risadinha feminina soou depois, Kennedy se envergonhou. — Tem visita, querida. — Disse Brenda através da porta ainda fechada. Visita? — Quem? - Kennedy tirou um par de prendedores para o cabelo. Verônica tinha estado no telefone, não teve tempo suficiente para ter conduzido até aqui. — É Larry, carinho. Parece angustiado. Disse que realmente tem que falar com você. Kennedy rodou os olhos com incredulidade. Larry? — Larry Hawthorne? - Perguntou sem pensar. Brenda riu brandamente. — Bom, é obvio, querida. Conhece outro Larry em Friendly Corners? Sacudiu impacientemente o cabelo, os prendedores voaram, Kennedy observou seu reflexo. Parecia um desastre. — Faça companhia a ele, mamãe. Já vou descer.

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— Não há pressa, querida, Drake está distraindo ele. Drake. Oh, não! Kennedy teve que se apressar. Apesar de não poder determinar exatamente como sabia, mas havia algo na expressão do rosto de Drake quando Larry estava perto ou quando seu nome era mencionado que Kennedy notava, ele não gostava do homem. Era impossível saber o que poderia acontecer se ficassem sozinhos por muito tempo. Drake poderia explodir a sua cabeça. Esse pensamento disparou o nível de estresse de Kennedy a novas alturas. Maquiou-se com um pouco de base, blush, passou um pente pelo cabelo e se apressou para seu quarto. Kennedy parou em frente ao seu closet. Por que Larry veio até ela quando sua esposa o flagrou? Poderiam se ver depois de

tanto

tempo para... De maneira nenhuma!

Rapidamente colocou uma roupa. O que seja que ele quisesse, não teria vindo pelo passado.

Drake apertou os dentes enquanto Larry Hawthorne estudava um retrato de Kennedy quando tinha mais ou menos treze anos, o que ficava sobre a chaminé na sala de estar dos Malone. Se esse tipo fizesse um comentário sobre como era bonita ou como parecia angelical, Drake não se responsabilizava. Por quê? Era ciúme o que sentia? Negou. Não podia ser. Não era ciúmes. Além disso, Kennedy não era sua noiva. Era

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uma amiga. Exceto que os amigos não se beijam da forma como eles se beijaram há poucos minutos. E certamente, não se supõe que um amigo consiga uma intensa ereção por ver uma amiga na banheira. Drake tragou o nó que subiu a sua garganta, inclusive agora quando pensava em Kennedy e toda sua pele sedosa, nas bolhas deslizando-se por seus delicados ombros, desejava-a. Drake se amaldiçoou em silêncio, logo o idiota babaria sobre sua foto. Kennedy era completamente inexperiente. Ninguém, nem ele nem o Senhor ex-estrela de futebol americano, iriam se aproveitar dela. — Larry, olá. — Disse Kennedy enquanto caminhava na sala. — Que surpresa agradável! Usava um vestido estilo vitoriano, admirou Drake, soltando fumaça. Não calças jeans ou camisetas. Este casual, mas sofisticado traje era de seda, a intensa cor âmbar destacando as bolinhas de ouro em seus olhos castanhos. Larry se dirigiu imediatamente para ela e apertou os braços ao seu redor. Drake sentiu a raiva dar voltas dentro dele, o que era ridículo. Ele não deveria estar sentindo isto. Hawthorne se inclinou para trás e a olhou. — Simplesmente não vai acreditar no que aconteceu. — Disse com cansaço.

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— Fiquei sabendo. Sinto muito. — Kennedy lhe tocou o braço e levantou o olhar para ele com tal preocupação que Drake apertou os punhos. — Não pode imaginar o que passei nas últimas horas. Era hora de sair da sala, decidiu Drake. Talvez fosse disto que se tratava toda esta farsa. Kennedy só o usava para fazer com que seu ex-noivo ficasse com ciúmes e assim pudesse tê-lo de volta? Não. Kennedy não era assim. Ele sabia melhor que ninguém. Larry estava casado e tinha filhos. Ela não... Verdade? A imagem de Cassandra revoou por sua mente. A vingança era um grande motivador. Mas Drake conhecia Kennedy... Ou pensava que conhecia. — Bom, se me desculpam. — Disse decidido a deixar a sala antes que dissesse ou fizesse algo completamente estúpido. — Parece se tratar de uma conversa particular. — Espera. — Kennedy deteve sua partida. — Larry precisa de nossa ajuda. E eu gostaria que você ficasse. — Acrescentou quando Drake pareceu duvidar. — Muito bem. — Disse lentamente. Olhou para Larry. Se o homem o considerava uma ameaça ou inoportuno, não havia nenhum indício disso em seus olhos. Talvez sua vinda aqui fosse amável e respeitável. Verônica tinha derramado os feijões sobre o episódio da professora de balé a Drake, mesmo antes de dizer a Kennedy. A mulher estava literalmente louca para dizer a alguém. O querido e velho Larry tinha um grande problema. 122

— Não é o que parecia. — Disse Larry com tom quase tão fraco como as palavras que tinha pronunciado. Olhou para Drake como se lesse seu pensamento. — Sei o quanto isso parece estúpido, mas é verdade. Amo a minha esposa. Nunca faria nada para machucá-la. Trisha necessitava um abraço. Está passando por uma grande crise em casa nestes momentos. Isso é tudo o que era... Consolar a uma amiga. Nada mais. Kennedy encolheu os ombros sem comprometer-se. — Vá, Larry, que amável de sua parte emprestar seu ombro a alguém que o necessitava no momento mais inoportuno. Movimento engenhoso. Ele levantou os braços em sinal de frustração. — Juro que estou dizendo a verdade. Kennedy deu meia volta e passou para a chaminé no outro lado da sala. — Isso é o que todos dizem garotão. É a linha mais antiga do livro. Drake não pôde evitar o sorriso que surgiu em seus lábios. Quando Larry olhou para ele buscando compreensão ou apoio, ele assentiu em direção a Kennedy. — O que posso dizer? Ela tem razão. Larry levantou os braços deixando-os cair para trás contra o sofá. 123

— Kennedy, me conhece por toda sua vida. Sabe que eu não faria isso. Ela levantou uma sobrancelha cética para ele. — Conheço? Larry soprou uma baforada de exasperação. — Éramos crianças na época, nada mais que hormônios caminhando. Isto é diferente. Estou dizendo que não aconteceu nada. Sou completamente inocente. — Insistiu. Kennedy colocou suas mãos firmemente sobre seus quadris e olhou para o homem que era só uma cabeça mais alto que ela. — Esse foi seu primeiro engano. — O quê? Não acredito nisso! - Ele franziu o cenho para ela com uma mescla de depressão e confusão. — Como pode dizer isso? Só vim implorar a você que fale com Cassandra por mim. Ela acreditará em você. Kennedy quase se engasgou com sua risada. — Sei que está chateado, Larry, mas não engane a si mesmo. Cassandra me odeia, mas isso não vem ao caso. A primeira regra de controle de danos é nunca, nunca negar nada. — Kennedy o assinalou a frase para dar ênfase. — Foi pego em uma situação comprometedora com outra mulher. — Ele começou a discutir e Kennedy o deteve com a palma

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levantada. — Nada de “mas”, os fatos falam por si mesmos. Sua esposa te viu nos braços de outra mulher. Drake dobrou um braço sobre seu peito e apoiou o cotovelo do outro sobre o mesmo. Acariciou o queixo e olhou para Kennedy em ação. Portanto este era o peso pesado que manteve o mais alto escalão de Washington luzindo, brilhante e novo. Malone, extraordinária em seu vestido. Aqui estava a mulher segura que ele conhecia e amava. Surpreso, deu a si mesmo uma sacudida mental e logo se assegurou de que era só uma forma de falar, não significava o que parecia. — Mas não foi sexual. — Insistia Larry. — Prove. — Respondeu Kennedy. Esse pedaço de homem se humilhando. Drake quase sentiu pena dele. — Trisha tentou falar com ela. Mas Cassandra não quis escutar. -Derrota afundou os ombros do Larry. — Imagine isso. — Replicou Kennedy com um gesto dramático de suas mãos. — Sua esposa não acreditaria na outra mulher que acabava de sair de seus braços. Larry ficou com as mãos na cintura. — Bom, então, já que nada do que digo parece estar certo, me diga o que fazer. O sorriso que iluminou de repente o rosto do Kennedy disse a Drake que uma grande inspiração a tinha golpeado. 125

— Como está seu passo doble, Larry? Ele franziu o cenho. — O quê? — Seu passo doble? Sua valsa? Por acaso Cassandra alguma vez te ensinou a dançar? — Sabe que não posso dançar. — Queixou-se Larry. — Sempre tive dois pés esquerdos. — Pelo menos isso é verdade. — Disse Kennedy. Larry deixou escapar outro suspiro de derrota. — Mas isso pode ser sua arma salvadora. — Estou completamente perdido. — Murmurou. — Trisha é uma professora de dança. — Começou Kennedy enquanto tocava o queixo e começou a andar de novo. — Cassandra sempre te chateou para que aprendesse a dançar. Poderia ter resolvido que esta semana especial de reencontro era o momento perfeito para que lhe desse algo que ela sempre quis. Uma doce surpresa para sua amada esposa. Kennedy não falava realmente com nenhum deles agora. Caminhava indo e vindo, sua expressão concentrada em sua análise. Drake quase podia ver as rodas girando no interior dessa bonita cabeça. Tramava algo.

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Deteve-se bruscamente e se virou para enfrentar primeiro a Drake, logo a Larry. — Que melhor momento para mostrar sua surpresa do que no baile de máscaras na sexta-feira à noite? — Que surpresa? - Exigiu Larry, ainda sem seguir o raciocínio de Kennedy. — Qual? A surpresa para sua esposa. O que mais? Kennedy o estudava enquanto caminhava ao seu redor. — Entre hoje e o baile da noite de sexta-feira, vai aprender a dançar uma valsa perfeita. O rosto do Larry estava realmente incrédulo. — Não pode estar falando sério. São apenas em três dias. Eu não gosto de dançar. Não pude fazer isso em dez anos, estou seguro que não posso fazer agora. — Tudo o que posso dizer é que é melhor que passe todo seu tempo praticando. — Kennedy nivelou seu olhar com o dele. — Aqui está a história. Esteve trabalhando com a Trisha nesta surpresa para sua querida esposa. É por isso que se encontravam nos braços um do outro. Ela te ensinava uma queda adequada. Sua cabeça se sacudia furiosamente em negação. — Nunca funcionará. Não posso fazer isso.

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— É óbvio que sim. — Assegurou-lhe Kennedy. — Pode fazer. Tudo o que tem que fazer é seguir exatamente minhas instruções e tudo dará certo. — Parece uma boa história para mim. — Interrompeu Drake. Não é que ele pensava que Kennedy necessitava sua ajuda, mas sim não seria mau. — Se alguém trouxer a tona o que aconteceu entre Trisha e você, mude de assunto. Se alguém perguntar, não negue... Mude de assunto. — O que acontece com Cassandra? - Larry ainda parecia cético. — Não posso mudar de assunto quando ela perguntar, supondo que ela fale comigo. — Nos asseguraremos de que saiba a verdade muito em breve. Que tudo foi por ela. — Kennedy lhe deu uns tapinhas no braço. — Faça o mártir ao máximo. Larry passou uma mão pelo cabelo. — Isto parece tão louco que pode ser que funcione. — Ela mantém os moços grandes fora de problemas na Casa Branca. — Interrompeu Drake. Passando o braço pela cintura de Kennedy e a atraiu para ele. — Ela tem uma grande reputação. O próprio Presidente chama por ela. — Kennedy o fulminou com o olhar, mas Drake se limitou a sorrir com orgulho.

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— Só lembre. — Disse Kennedy, ao voltar sua atenção ao Larry. — Nunca negue nada, siga em frente e sempre mude de assunto. Kennedy o perdeu de novo. A total confusão em seu rosto contou a história. Ela suspirou com paciência. — Quando dançar a valsa com sua esposa pelo chão do ginásio na noite de sexta-feira terá seu motivo. — Prometeu Kennedy. — Todos vão falar de como praticou em segredo por semanas, embora tenha sofrido a humilhação pública deixando todos pensando que tinha sido infiel só para dar a sua esposa algo que ela sempre quis... Um baile real de Ginger e Fred4 com seu marido. Larry sorriu então. — Sim acredito que possa funcionar, Kennedy. — É por isso que me pagam muito dinheiro. — Brincou ela. Larry voltou a abraçá-la. Drake estava furioso. O que acontecia que o fato de que outro homem tocasse Kennedy o fizesse reagir violentamente? Era só seu instinto de amparo, 4

Ginger e Fred: É um filme italiano estreado em 1986. Pertencente ao gênero drama/comedia foi dirigida

pelo Federico Fellini e protagonizada pelo Marcello Mastroianni e Giulietta Masina. O filme narra a história de dois bailarinos encarnados pelo Mastroianni e Masina, ambos de idade avançada, quem é convidados a participar de um especial de natal televisivo no que têm que fazer uma imitação dos bailarines Ginger Rogers e Fred Astaire.

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racionalizou. Se não tivesse se inteirado de quão vulnerável era Kennedy, talvez não estivesse reagindo tão bobamente. Ela não precisava de seu amparo, discutiu com ele mesmo. Ela tinha chegado tão longe sem ele. Que diabos lhe fez pensar que precisava dele agora? — Com cuidado. — Drake se ouviu dizer apesar do que acabava de decidir. Larry se separou de Kennedy, ambos olharam com expectativa para Drake. — Por um abraço foi como se meteu nesta confusão. — Acrescentou Drake timidamente. Kennedy teve a decência de ruborizar-se. Larry riu, um som curto e tenso. — Obrigado, homem. — Disse então, e deu uma palmada no ombro do Drake. — É um tipo muito sortudo por ter apanhado esta. Antes que Drake pudesse responder, Larry saiu da casa com um propósito renovado. — Bom isso foi bastante fácil. — Disse Kennedy com um sotaque de nostalgia em sua voz. Drake

procurou

em

seu

rosto

algum

sinal

de

arrependimento por ter chegado a uma possível solução para o dilema do Larry. Não viu mais que uma sensação de satisfação. — Fez bem. Kennedy se encontrou com seu olhar completamente, pela primeira vez desde que entrou na sala. 130

— Obrigado, Drake. Isso significa muito vindo de você. Durante um comprido momento ele só podia olhar de volta esse olhar avermelhado. Mas logo teve que tocá-la. Justamente quando chegou a ela, Brenda Malone irrompeu na habitação. — O delegado Mason acaba de ligar para seu pai! O bandido golpeou de novo! Enquanto mãe e filha discutiam o último episódio, Drake

tomou

comportamento.

uma

decisão.

Absolutamente

Tinha não

que

manter

podia

seu

continuar

desejando Kennedy. Não permitiria que essa viagem se convertesse em outra coisa que fosse... falsa.

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Kennedy passou a quarta-feira ajudando Celia com os problemas técnicos de última hora nas atividades da reunião. Cassandra estava aparentemente de mau humor em casa, deixando os outros, organizarem o resto dos eventos da semana. Caos, decidiu Drake, era sem dúvida o verdadeiro elemento de Kennedy. Podia pegar qualquer situação difícil e dar a volta. Era incrível vê-la em ação. Ele sorriu, seu orgulho e respeito por ela dando um salto gigante. E ela era tão bonita. Seu peito se apertou com orgulho... ou, algo assim. Enquanto não estava olhando, tirou um par de fotos dela profundamente concentrada. Seu cabelo loiro estava

preso em um coque solto, mostrando um perfil que quase lhe tirou o fôlego. Seu comprido e magro pescoço, fez que lhe desse vontade de tocá-la ali. Lambeu os lábios e logo deixou escapar um comprido suspiro para conter o pênis. A forma em que suas roupas se aferravam ao seu corpo fazia coisas estranhas a sua capacidade de respirar. Mas Kennedy Malone não pertencia a nenhum homem. Poderia fazê-la sua? A pergunta sacudiu Drake com força. Esta reunião de escola e todas suas voltas. No domingo voltariam para casa e tudo voltaria ao normal. Kennedy ia ser sua vizinha, sua amiga, nada mais. Esse pensamento o sacudiu com mais força ainda. Olhou para longe dela. Não precisava desta frustração. Kennedy não estava interessada em um tipo como ele. Eram polos opostos. Ela casaria com algum burocrata do governo. Ela só tolerava Drake. — Eu... — Ele fez um gesto para a porta do ginásio quando Kennedy levantou o olhar de seu trabalho. — Vou dar um passeio. — Está bem. — Ela sorriu. O coração de Drake deu um tombo. Ele voltou sua atenção para o sinal de saída por cima das portas do ginásio e se dirigiu para ela o mais rapidamente possível sem correr. Ele tinha fodido com tudo desta vez, provavelmente por ter acabado de passar três semanas sozinho, com exceção de alguns poucos homens e guias nativos, no deserto africano. Obviamente, sua necessidade do toque de uma mulher estava

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afligindo seu bom senso. Kennedy não era a mulher ideal, mas seus pensamentos rebeldes tinham pensado nisso nos últimos tempos. Ela era sua amiga. Uma mulher poderosa, tão focada na carreira que não tinha tempo para as relações físicas e muito menos para o amor. Amor? Maldito seja. Lá estava outra vez essa palavra. Uma sensação

estranha

passou

através

dele.

Duplamente

condenado. Ele não era capaz de tirar essa merda. Tinha que... Um som no outro extremo do corredor chamou sua atenção. Uma mulher virou a esquina, o som de seus saltos altos alcançando os ouvidos de Drake, sua imagem não estava muito clara na semiescuridão. Uma porta alguns metros diante dela de repente se abriu e um homem vestido de negro saiu dela. Demorou uns dois segundos para que o cérebro de Drake assimilasse que esse era o ladrão de beijos. Sua pequena câmera disparou e começou tirar fotos uma após a outra, sem pensar. Então o homem de negro se foi e a mulher gritou com toda força de seus pulmões.

— Depois de trinta anos. — O prefeito estava dizendo. — Não posso acreditar que você realmente pegou o ladrão com fotografias. — Tomou um gole grande de cerveja e colocou em cima

da

mesa.

Drake

tentou

decifrar

as

reações 134

aparentemente contraditórias do prefeito. Martín seguia dizendo quão contente estava que depois de todo este tempo finalmente poderiam ter uma pista, mas a expressão do olhar em seu rosto desmentia suas palavras. A preocupação brilhava nesses olhos claros que se pareciam tanto aos de Kennedy. Sem falar da forma em que o homem tinha insistido para que Drake e Kennedy tomassem uma taça para celebrar o pensamento rápido do Drake. Tinha se reunido com os dois, longe da crescente multidão do ginásio como se temesse que pudesse acontecer alguma coisa desastrosa. Drake ainda se perguntava como o homem apareceu tão rápido, inclusive antes que a polícia chegasse ao ginásio. — Eu o peguei bem. — Confirmou Drake. — Tenho seu perfil, altura e peso aproximado, pelo menos. — Uma vez que ele levava uma câmera de filme e uma digital. Aconteceu de usar apenas a câmera de filme quando o evento ocorreu. Não tinha havido tempo para pegar sua câmera digital. A farmácia local tinha uma revelação de uma hora, mas não estava aberta a noite. Martín, assim como os poucos que sabiam que tinha flagrado o ladrão, simplesmente teria que esperar. O prefeito parecia que poderia não sobreviver à espera. As suspeitas de Drake estavam crescendo a passos largos. — Quem sabe. — Acrescentou só para ver a reação do homem. — Às vezes me surpreendo mais do que espero. — Antes que pudesse analisar a expressão dos olhos de Martín, Kennedy interrompeu. 135



Pessoalmente.



Disse

Kennedy,

com

voz

ligeiramente pastosa. — Mal posso esperar para saber quem é. Trinta anos é muito tempo para um mistério que continua sem ser resolvido. —

Querem

algo

mais?

-Perguntou

a

garçonete,

flutuando perto do cotovelo do prefeito. Drake negou com a cabeça. — Não para mim. — Nem sequer tinha terminado a primeira cerveja.

— Vou querer outra, Lisa. — Disse o

prefeito com um sorriso cansado. — E você, Kennedy? Kennedy

levantou

um

ombro

em

um

gesto

de

encolhimento e sorriu de forma estranha. — Por que não? Isso é uma grande coisa. — Ela acariciou o pé da taça. Drake franziu o cenho. Sabia que Kennedy não era uma grande bebedora. A única coisa que a tinha visto tomar uma vez foi uma taça de vinho. Inclinou-se e lhe sussurrou: — Escuta, esses chás Long Island são um pouco mais fortes do que você pensa. Kennedy inclinou a cabeça e o olhou, horrorizada. Maldito seja. Já era muito tarde, deu-se conta. Ela foi mais à frente com cuidado. — Me... desculpa. — Replicou ela com voz rouca. A garçonete retornou então e colocou outro copo alto ante Kennedy e a cerveja junto à lata vazia de Martín.

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Agradeceu ao prefeito por sua generosa gorjeta e foi para a mesa seguinte. — Ela vai ficar bem. — Assegurou Martín a Drake. — Vai cuidar bem dela. Não é comum que Kennedy se solte. Deixe-a. Kennedy assentiu uma vez. — Sim, Drake sempre se solta. Não posso fazer a conta das mulheres que iam e vinham ao seu apartamento. — Ela negou com o dedo. — O que é bom, quero dizer, ele está bem eu estou bem. — Ela soluçou fracamente. O olhar que Martín disparou para Drake foi nada menos que de surpresa, que rapidamente se converteu abertamente em acusação. Maldita seja. Tinha que tirar Kennedy daqui antes que ela tocasse o inferno e voltasse. — Carinho, pode dizer coisas melhores que essas! Drake virou rapidamente. Seus olhos tentando transmitir a magnitude de seus erros. — O trabalho de um fotógrafo nunca termina. — Depois de um comprido trago, Kennedy suspirou em voz alta e logo jogou o sedoso cabelo sobre os ombros. — Não me preocupo a respeito de suas mulheres, Drake, sempre e quando afastar aquela coisa de mim. — Kennedy se estremeceu visivelmente. — A última vez que a tive entre as pernas... — Ela soluçou de novo. — Bom, de todos os modos, só recordo que não vou ser uma escrava dessa coisa de novo. A donzela poderia fazê-lo, mas não o farei nunca mais. 137

Iggy. Ela estava falando de sua iguana. Um olhar à cara de seu tio e Drake sabia que o homem tinha formado uma teoria completamente diferente. Qualquer coisa que Drake dissesse neste ponto só pioraria as coisas. O conselho de Kennedy a Larry ressonou em seus ouvidos. Não negue. Mude de assunto. Ele levantou do seu assento, quase atirando a cadeira em sua pressa. — É hora de encerrar a noite, Kennedy. — Ele deu o melhor sorriso que pôde. — Mas eu não terminei com meu chá. — Ela resistiu. — Oh, sim, você fez! - Drake puxou Kennedy de pé e envolveu um braço ao redor de sua cintura. — Obrigado, Martín, pelas bebidas. — Drake ignorou a expressão de dúvida no rosto do homem. — Nos vemos amanhã. O prefeito e vários clientes foram chamados para despedir-se dos que se retiravam. Não falaram até que Drake estacionou no meio-fio. Foi então que se deu conta de que deixou a câmera sobre a mesa no pub. Lançou um olhar atravessado a Kennedy, que já estava saindo da porta do passageiro. De maneira nenhuma ia voltar sem ela, correndo o risco dela ficar a sós com seus pais. Ela poderia dizer algo que os faria suspeitar. Drake tinha que confiar em Martín para cuidar da câmera por ele.

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No momento em que teve as mãos cheias, decidiu sair do veículo. — Oh, meu Deus, chegarei até as estrelas! - Kennedy se entusiasmou andando pelo terreno. Drake fez uma cara de bobo. Estava de costas olhando para o céu. Não podia tirar os olhos da mulher por um segundo. — Tudo parece mais interessante quando se está um pouco bêbado. — Explicou enquanto a ajudava a ficar em pé. Kennedy jogou os braços no pescoço e se deixou cair contra ele. Ela fez um som agradável em sua garganta. — Nunca me dei conta do quanto cheira bem, Drake. — Ela apertou o rosto contra sua garganta e ele ficou tenso. — Muito bom. — Murmurou. — O suficientemente bom para te comer. — Ela riu. — Vamos te levar para dentro. — Sugeriu e a empurrou para a porta. — Você é o homem mais bonito que conheço. — Disse ela enquanto faziam uma viagem insegura pelas escadas e por todo o alpendre. — E eu conheço um montão. — Obrigado, Kennedy. Vou te lembrar disso amanhã e ver se ainda se sente da mesma maneira. — Drake abriu a porta e logo a fechou atrás de si uma vez que Kennedy passou por ela. Ele só podia imaginar o quão zangada e consternada Kennedy se sentiria de suas ações pela manhã.

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— D.D, Carinho! - Chuck se reuniu com eles no vestíbulo, embelezado com pérolas de amor e uma jaqueta. — Estávamos a ponto de começar uma fogueira na parte traseira e termos o nosso mini Woodstock. Poderiam os dois se unir a nós? — Acredito que vamos terminar a noite. — Disse Drake rapidamente, esperando que Kennedy não protestasse. Ela riu. — Realmente parece genial, papai. — Chuck depositou um beijo na testa de sua filha e logo se dirigiu para a cozinha como se não passasse nada. — Vejo vocês mais tarde crianças. Débil com alívio, Drake deu um passo com Kennedy para as escadas. Ela se deteve antes de dar seu primeiro passo para cima. Ele franziu o cenho. Se quisesse sair para a rua e unir-se aos recriadores do Woodstock, simplesmente teria que jogá-la por cima do ombro e levá-la para o piso de cima. — Temos que fazer algo agora mesmo, Drake. — Sussurrou com cumplicidade. — Os alienígenas invadiram os corpos de meus pais. Ela estava tão séria. Drake tocou seu queixo e sorriu. — Não se preocupe carinho. Voltarão ao normal quando chegar domingo.

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Como o faria o resto da cidade, no geral. Por toda parte se viam pessoas com um look retrô ou outro. O resto da viagem para o quarto de Kennedy não teve complicações. Drake estava agradecido que ela não entrou em um alvoroço. Ele apostaria seu próximo salário que ela nunca tinha bebido antes em toda sua adequada vida. Uma vez que ele a colocou no extremo da cama, ajoelhou-se diante dela e tirou os sapatos. — Drake, é incrível. Sabia disso? - Deixou o segundo sapato de um lado e olhou para cima vacilante. Kennedy tinha uma expressão sonhadora que perturbou gravemente o equilíbrio dele. — Obrigado. — Ficou de pé, sem saber o que fazer a seguir. O dossel de encaixe drapeado da cama de Kennedy serviu como um aviso de que não só era sua amiga, mas também inexperiente e vulnerável. Ela ficou de pé com as pernas bambas. — De fato. — Disse sugestivamente. — Não pensei em nada além de você por dias e dias. — Ela começou a desabotoar a blusa. — Você virou uma obsessão. A garganta do Drake se contraiu, fazendo a fala impossível. Sentia-se mais que um pouco sacudido sobre isso. A blusa caiu para o chão. Ela afrouxou o laço na cintura de suas calças que caíram ao redor de seus tornozelos. 141

Kennedy saiu delas e chegou mais perto dele. Ela se aproximou e então começou a lhe desabotoar a camisa. — Estou segura de que deve haver algo errado em mim. —

Ela

suspirou

enquanto

brigava

com

um

botão

especialmente resistente. — Age como se me quisesse, mas nunca faz nada a respeito. — Ela empurrou a camisa aberta para que pudesse tocar seu peito. Drake ficou tenso. — Devo ser pouco atraente para você. — Whoah, Kennedy. — Ele rodeou os pulsos com seus dedos e deteve suas mãos exploradoras. — Está ficando um pouco quente aqui. — Eu concordo. — Concluiu. Esses grandes olhos marrons expressivos olhando para ele. — Quando me olha Drake, o que vê? Ele realmente estava tento muita dificuldade em não olhá-la. No momento em que ela tirou as calças ele tinha lutado para não olhar. — Não sabe o que está fazendo... —

Me

olhe,

Drake.



Ela

exigiu

com

voz

surpreendentemente firme. Apertou a mandíbula e obedeceu. O fôlego saiu de seus pulmões quando seu olhar percorreu a magreza e as curvas intrigantes de seu corpo. Um sutiã de renda lavanda que mostrava em vez de cobrir seus pequenos e firmes seios. A calcinha de corte francês ocultando seu

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tesouro feminino. Drake tentou engolir, mas os músculos de sua garganta ainda não cooperavam. — Não vê algo que você gosta? - Ela empurrou, fazendo uma apreensão sugestiva. — Kennedy, eu... Ela o fez calar com seus lábios. Seus braços ao redor de seu pescoço, seu corpo pressionando firmemente contra o dele. Toda a pele nua e sedosa se sentia suave e quente contra seu peito. A excitação foi instantânea. Apesar de suas melhores intenções, os braços de Drake deslizaram ao redor de sua cintura. Fogo rugia por suas veias. — Faça amor comigo, Drake. — Murmurou entre beijos. Seus quadris se arquearam contra seu instinto. — Kennedy. – Grunhiu. — Tem que ir para a cama. — Só se você for também. — Ela plantou uma fileira de doces beijos ao longo de sua garganta. Usando cada grama de seu controle, Drake a separou dele. Disse a si mesmo de novo que se tratava de sua amiga. Nada do que estava acontecendo entre eles era real. Kennedy não estava pensando neste momento. Ela era virgem. De maneira nenhuma ia... — Não se atreva a dizer que não. — Ela se inclinou e mordiscou o queixo dele com os dentes perversos. — Você me

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teve quente e excitada por dois dias. Quero saber o que é todo esse alvoroço. Então ela capturou seu mamilo nessa pequena boca quente. Drake grunhiu enquanto ela lambia e logo o beijou ali. Seus dedos se fecharam sobre sua pele acetinada, atraindo-a ainda mais perto dele. — Me odiará amanhã. — Ele conseguiu dizer quando ela foi para o mamilo esquerdo. — Não fale, Drake. — Sussurrou contra sua pele enquanto abria a camisa para baixo e pelos ombros. Tirou as mãos livres da camisa e a deixou cair ao chão. Antes de raciocinar consigo mesmo por mais tempo, tirou os sapatos, levantou-a contra ele e a levou para a cama. Seu bonito e sedoso cabelo se estendeu sobre o travesseiro quando ele a deixou ali e se afastou para tirar suas calças e cueca. Ela era mais formosa que qualquer mulher que tinha conhecido. Suave, doce e intocável. Esse último pensamento enviou desejo selvagem rugindo em seu interior. Queria-a mais do que queria respirar. Alinhou seu corpo com o dela e baixou o olhar para seu rosto angélico. Seus dedos se arrastaram ao longo de sua garganta e ela estremeceu. — Depressa Drake. — Murmurou, com os olhos fechados com a antecipação insuportável que ele mesmo sentia.

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Seu peito subia e baixava com cada respiração que dava, atraindo seu olhar a seus seios perfeitos. Tocou ali e ela se moveu inquieta, repetindo seu último apelo um pouco mais desesperada. Pouco a pouco, com cuidado, tirou o sutiã e a torturou como ela tinha feito com ele há minutos. Ela gemeu quando sua boca se fechou sobre seu seio. Sua excitação doía ferozmente. Não podia aguentar muito tempo. Fechou os olhos contra a pequena voz de protesto que ainda permanecia no fundo de sua mente. Seus dedos se moveram para baixo para tirar a última barreira, sua calcinha. Por um longo momento só pôde olhá-la. Súbita e espontaneamente, um sentimento de culpa tão forte se apoderou dele de modo que ele não podia negar. Não importava o muito que a desejava, seu corpo inteiro lhe doía, pulsava por ela, mas não podia fazer isto. Racionalizou sua decisão ao insistir que sua amizade significava muito para ele para comprometê-la. Drake deu um beijo final entre seus seios e um suspiro sonhador saiu entre seus lábios. Ao lado dela outra vez, lutou vários momentos para recuperar o controle de seu corpo. Quando pôde falar sem tremer a voz, disse: — Kennedy, não importa o muito que te deseje, não está certo. Ela não disse nada. Droga. Ela estava chateada. Não podia acreditar que estivesse fazendo isto. Era a primeira vez.

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— Espero que entenda e vai me agradecer por isso amanhã. Ela seguia sem dizer nada. Ele franziu o cenho e a sacudiu brandamente. — Kennedy. — Um suave ronco foi sua única resposta.

Lentamente, com grande esforço, Kennedy abriu os olhos. O quarto entrou em foco a um ritmo ainda mais lento. Dor irradiava através de sua cabeça, queimando através de seu cérebro. Inclusive seu couro cabeludo doía. O que tinha acontecido? Kennedy se queixou em voz alta quando rodou sobre suas costas e ficou olhando o dossel. Umedeceu os lábios e fez uma careta ao gosto ruim na sua boca. Imagens e vozes de repente surgiram na sua cabeça como um DVD em avanço rápido. Muitos Chás Long Island, beijos em Drake, lhe pedindo que lhe fizesse amor. Kennedy ficou gelada. Seus olhos se abriram com horror. Levantou o lençol e olhou a si mesma. Estava nua. OH, Deus! Drake a tinha seduzido. Ela se acalmou e se apertou ao lençol até o queixo. Não, isso não estava bem. De repente, recordou muito claramente que ela tinha insistido em que

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fizesse amor com ela. O ar se evaporou em seus pulmões. Cristo, o que tinha feito? Nenhuma só vez em toda sua vida adulta tinha conhecido um homem com o qual tivesse vontade de avançar em uma relação a esse nível. E o que tinha feito? Arrastado o Drake esperneando e gritando para a cama. OH, Deus. Tinha que... A... Kennedy

se

sentou

de

repente.

O

quarto

girou

grosseiramente. Fechou os olhos até que recuperou o equilíbrio. Tinha que falar com ele. Para lhe explicar que tinha bebido muito. Não queria que acontecesse. Foi um engano. Kennedy fez uma pausa para recuperar o equilíbrio, então ficou de pé e pensou na última conclusão. Talvez tivesse sido um engano, mas estaria mentindo a si mesma se não admitisse o muito que queria a Drake. Kennedy afastou os pensamentos confusos que acompanharam essa admissão. Não sabia o que fazer com todos estes sentimentos. E agora mesmo, não tinha tempo. Tinha que se arrumar e chegar ao ginásio. Celia estava contando com sua ajuda na decoração de hoje. Depois de colocar um vestido, Kennedy foi à busca de seu falso noivo. O som do lento assobio capturou sua atenção. Encolheu-se. O que aconteceu ontem à noite que o

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fez assobiar esta manhã? Nem sequer podia recordar de ouvir Drake assobiando. A sensação era como se sua cabeça fosse explodir a qualquer momento, Kennedy fez lentamente seu caminho até o banheiro. Depois de vários segundos, parada para reunir sua coragem, ela chamou brandamente à porta. O assobio se deteve. — Sim? Kennedy engoliu o nó aparentemente difuso no fundo de sua garganta, e fechou os olhos para bloquear a dor em sua cabeça. — Drake, preciso falar com você. — Entre. Não está fechada com chave. Já estou quase terminando de me barbear. — Foi sua profunda resposta, masculina. A imagem dessa mandíbula cinzelada coberta de espuma de barbear e levando nada mais que uma toalha de repente

apareceu

detrás

de

suas

pálpebras

fechadas.

Kennedy abriu os e brandamente sacudiu a cabeça dolorida. — Não, tudo bem. Só vou dizer o que tenho que dizer daqui. — Como quiser. Kennedy tomou ar e o soltou lentamente. Agarrou-se ao marco da porta para ter algum apoio. — Eu só queria perguntar se... — Não podia dizê-lo. Kennedy pressionou sua testa contra a fria superfície grafite

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da porta. Como ia perguntar se o que ela pensava que tinha ocorrido realmente aconteceu? — Sim, o quê? - Sua baixa, suave voz estava justo ao outro lado da porta. A ideia de que só uma porta de madeira estava de pé entre eles enviou uma corrente elétrica através dela. Como tinha acontecido tão rápido? — Se nós... fizemos o que acredito que fizemos...? Gaguejou. Deus, queria se encolher e morrer. A longa pausa quase a fez fugir. Como poderia encará-lo outra vez? Ela teria que se mudar. Era simples assim. Não poderia viver ao lado dele depois... depois... — Quer saber se fizemos amor ontem à noite? Era sua imaginação ou sua voz se converteu em um nível mais profundo, mais rouca? Ela fechou os olhos com força e imaginou sua testa apoiada no outro lado da porta. Imaginou seus lábios cheios de despedida enquanto dizia as seguintes palavras. — Não tema, Kennedy. – Murmurou. — Sua virgindade está a salvo comigo.

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Drake esperou fora da porta de Martín o que pareceu ser uma eternidade antes que o homem respondesse. A chamada do prefeito esta manhã não tinha sido nenhuma surpresa. Drake desconfiava do motivo desta reunião clandestina. A expressão cautelosa que o velho levava quando abriu a porta só confirmou as suspeitas de Drake. — Entra. — Martín ficou de lado para que ele entrasse. — Me alegro que tenha podido vir. — Tem uma casa muito bonita. — Drake observou a sala de estar enquanto sentava em uma cadeira. — Muito acolhedora

para

enigmaticamente.

um

solteiro

convicto.



Adicionou

Martín sentou no sofá em frente, a câmera estava sobre a mesa de café entre eles. Drake a recolheu automaticamente e comprovou a configuração para assegurar de que nada tinha mudado. — Não mexi no filme. — Assegurou Martín. Drake fez uma pausa e olhou para cima. — Não acredito que o tenha feito. — Pôs a câmera de lado. — Mas revisar meu equipamento é uma parte tão importante dos meus reflexos naturais como a respiração. Martín suspirou e inclinou-se para frente, apoiando os antebraços nos joelhos. Olhou para Drake por um longo momento antes de falar. — Não quero que revele esse filme. Não até que esteja de volta a sua cidade, pelo menos. Drake relaxou em sua cadeira e considerou o pedido do homem. — Por quê? - Não perguntou o porquê não devia revelar o filme. Ele já sabia a resposta para isso. — Pela mesma razão que suspeito que esta fingindo ser o noivo de Kennedy. Isso chamou a atenção de Drake. Ele levantou uma sobrancelha inquisitiva.

151

— O que te fez desconfiar disso? Martín sorriu e fez um gesto com as mãos. — Conheço minha sobrinha. É muito parecida comigo. Não é das que se casam. — Por que inventou toda essa farsa? — Isso, meu filho, é uma longa história. — O olhar de Martín adquiriu uma expressão distante, nublada com as lembranças de seu passado. — Não tenho que estar no ginásio, tenho tempo. — Sugeriu Drake. Martín estudou suas mãos por um momento, e logo começou. — Faz trinta e tantos anos eu estava loucamente apaixonado por uma mulher, mas estava muito ocupado com minha carreira de advogado para prestar atenção a qualquer notícia dela. Com o tempo, ela começou a sair com outra pessoa. — Martín deu de ombros. — Decidi que necessitava algo grande para arrastá-la de volta para o meu lado. — E nasceu o ladrão de beijos das esquinas. — Adicionou Drake. — Acredito que isso explica de onde Kennedy herdou sua capacidade criativa. Um sorriso brincava nos lábios do Martín.

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— Toda a cidade estava alvoroçada. — Riu em voz baixa. — Suponho que poderia dizer que eram meus quinze minutos de fama, exceto que ninguém mais sabia salvo eu. — O prefeito ficou em silêncio por um tempo. — O que aconteceu à mulher? - Drake perguntou quando parecia que Martín não poderia continuar. Segundo Kennedy seu tio nunca se casou. —

Joguei

para

o

alto

tudo

que

valia

a

pena.

Continuando, o último beijo que eu roubasse ia ser o dela, e, é óbvio, depois proporia que ficasse comigo. — Passou uma mão pelo rosto. — Acontece que na noite antes de minha grande proposta ela fugiu com seu noivo. Drake fez uma careta. — Má sorte. Martín olhou o rosto de Drake durante vários segundos antes de continuar. — Cometi um engano. Você vai fazer o mesmo? — Não estou seguro de saber a que se refere. — Evitou Drake. — Conheço a Kennedy. Ela está decidida a fazer um grande voo relacionado com sua carreira profissional. — Ele negou com a cabeça grisalha. — Igual a mim, empurrando a um lado todo o resto, incluindo o amor. Ela não se dará conta até que seja muito tarde.

153

Se Martín soubesse o quanto Kennedy já tinha colocado de lado. — Adora seu trabalho. — Falou Drake tentando justificar em nome de Kennedy. — Ainda é jovem. — E você o que tem? Drake desviou o olhar. Trinta e três anos e só. Esta não era a primeira vez que ele considerava sua solteirice. — Admito que tenha algumas lamentações. — Seu olhar conectou com o prefeito, uma vez mais. — Mas nada muito grave. Outro dos conhecedores sorrisos apareceu pelo rosto do Martín. — Até agora. Drake deixou escapar um suspiro. —

Sim,

bom,

não

importa.

Kennedy

não

está

interessada. — Emoções que não podia começar a analisar giraram em seu interior. Como podia estar sentindo tudo isto agora? E por uma mulher que

não

devolveria esses

sentimentos? — Kennedy é uma mulher jovem e teimosa, não tem como negar, mas não é tola. Só tem que fazê-la ver que há mais na vida que sua carreira. Drake riu secamente.

154

— Teria mais sorte em encontrar o caminho para sair da selva do Sul da América com os olhos vendados e com as mãos atadas às costas. — Nunca acaba até que termina. A testa de Drake aumentou com a perplexidade. Tinha ouvido isso antes. Era um dos lemas favoritos de Kennedy. — Isso foi o que me disse Kennedy na recepção quando disse a ela o quanto fiquei alegre de que não tenha esperado até muito tarde como fiz eu. Olhou-me diretamente nos olhos e disse: "nunca é muito tarde, sempre e quando ainda se esteja respirando.” Ela tinha razão. O sorriso se deslizou nos lábios de Drake quando finalmente entendeu. — E a raposa renasceu? Martín assentiu. — O marido de minha senhora morreu faz dois anos. Esperei

todo

este

tempo.

Agora

tenho

uma

segunda

oportunidade. Graças aos conselhos da Kennedy, vou atrás dela. — Alguém que eu conheça? — Celia. — Disse Martín com reverência. O que lembrou a Drake o compromisso no ginásio. Olhou seu relógio, logo pegou sua câmera.

155

— Parece que tem um plano. — Ficou de pé. Kennedy estaria perguntando onde ele estava. — Celia é uma mulher incrível. — Sim, é. — Martín ficou em pé. — E você? Tem um plano? Drake deu de ombros com pouco entusiasmo. — No momento não. — Sorriu. — Mas sempre fui de improvisar. Martín o seguiu até a porta. — Sendo assim vai guardar o filme. — Vou enviar cópias quando retornar para casa. — Drake vacilou antes de afastar-se. — Quando será a revelação? Um olhar travesso brilhava nos olhos do Martín. — No baile de máscaras, é óbvio. — Me deixe adivinhar. — Disse Drake. — Vai como a raposa. — De que outra forma iria?

Kennedy parou no meio do ginásio e deu a volta para admirar o trabalho de decoração que tinham feito. O lugar parecia fantástico. Os temas históricos e contemporâneos de 156

algum modo se completavam para formar um ambiente eclético perfeito. O ginásio era muito maior que o salão do clube de campo. Com cinco gerações de graduados que assistiriam à festa mais a noite, todos caberiam aqui. Tinha levado uma grande quantidade de trabalho duro para decorar, mas estava pronto. O lugar parecia realmente glamoroso como foi à noite de seu baile de graduação, talvez mais. Mas desta vez, as coisas seriam diferentes, não é assim? — Pronta? Saltando à realidade, Kennedy olhou para os olhos cinza e cativantes de Douglas Drake. Ele tinha levado Celia para casa. Kennedy piscou. Não tinha esperado voltar a vê-lo tão rapidamente. Talvez tivesse perdido a noção do tempo. Só outra mudança em Kennedy Malone. Nunca permitiu que o tempo escapasse dela. — Claro, só tenho que apagar as luzes. Drake a agarrou pelo cotovelo como se não tivesse gostado que ela lhe desse as costas. Olhou-o, uma pergunta em seus olhos. Esse mesmo calor que sempre brilhava entre eles se acendeu. Como podia fazer com que ela se sentisse desta maneira com apenas um olhar? O que tinha ele que a atraía tanto? Fazia lhe desejar coisas que nunca antes tinha ao menos sentido falta.

157



Fez

um

grande

trabalho,

Kennedy.



Ele

inspecionou o lugar, logo decidiu dirigir seu perturbador olhar para o dela. — Espero que se dê conta disso. Tentou um encolhimento de ombros indiferente. — Cassandra não estava disponível. Eu só fui onde era necessária. O mesmo fez você. Drake sorriu da maneira que enviava mariposas em fuga pelo estômago de Kennedy. — Então, como estão progredindo nossos bailarinos? — Falei com Trisha esta manhã. Disse que Larry quase o conseguiu. Amanhã a noite ela acredita que é possível que se deslize pelo chão. -Kennedy acomodou uma mecha de cabelo atrás da orelha. — Esperemos que Cassandra se apaixone por ele. — Em seu trabalho ela nunca teria duvidado um segundo de si mesma desta maneira. Voltar para sua cidade natal tinha sugado toda sua confiança duramente conquistada. — Não tenho nenhuma dúvida. — Assegurou-lhe Drake. Seu tom ficou serio. — Por que está triste se tudo esta bem? Kennedy fechou os olhos e suspirou com cansaço. Negou com a cabeça, como se não estivesse segura do que responder a sua pergunta. O problema estava em confessar. Quando

abriu

os

olhos

uma

vez

mais,

ele

esperou

pacientemente. Algo na forma como a olhava fazia lhe querer 158

chegar a ele. Tomou seu tempo para que ele chegasse a ela. Tinha aprendido mais sobre Drake nos últimos quatro dias do que nos três anos que tinham vivido um ao lado do outro. Ela nunca seria capaz de o olhar da mesma maneira outra vez. Esta... Proximidade mudaria para sempre as coisas. Foi essa viagem que deu um giro na amizade informal que tinham mantido até agora? Talvez isto fosse o começo de algo novo. Kennedy disse que não devia pensar em nada disso. Olhou ao seu redor outra vez. Tinha-lhe perguntado por que estava tão triste. — Não sei Drake. Para falar a verdade, me sinto como há dez anos uma vez mais. — Abraçou sua cintura. — Todos meus amigos estão aqui e estou sozinha no baile, sem par. — Riu sem humor. — Foi ao baile sozinha? Deus era pena o que escutou na sua voz? Kennedy quase se encolheu. — Bom, eu era mais ou menos uma nerd, já sabe. Não havia muitos meninos nessa idade que quisessem convidar uma garota magra e desengonçada para o evento social mais importante de sua vida. Especialmente uma que nem sequer tinha sido... — Kennedy apertou a boca. Estava dizendo muito. — A que nem sequer tinham beijado? - Falou Drake. 159

Ela deixou escapar um suspiro longo de frustração acumulada. — Vamos deixar para lá, certo? Eu não era o tipo de garota que os meninos se apressavam para convidar para sair. — Vi seu retrato aos dezoito anos. Era bonita. — Respondeu ele. Bonita? Ele pensava que ela era bonita? Havia dito isso antes, certo? Ela forçou seu olhar para ele. Pensou se ele poderia ter esquecido muito dos dias da escola secundária. Os adolescentes não viam além dos defeitos. — Talvez. — Disse com um encolher de ombros optando por não discutir. — Mas eu era uma nerd certificada. Já não mais uma menina, nem tampouco uma mulher. — O que aconteceu com Larry? - Perguntou Drake. — Não te chamou para ir ao baile? Kennedy piscou as dolorosas lembranças. Realmente queria falar disso? — Oh, ele estava com a Cassandra. — Assim, ninguém te convidou para dançar naquela noite? Kennedy o olhou zangado.

160

— Quer que eu desenhe? Não, Drake, ninguém me convidou para dançar. Eu era uma nerd. Segurei à parede a noite toda. — Foi quando decidiu que não era necessário um homem em sua vida? Uma sobrancelha se disparou pela irritação. — O que é isso? Psicologia popular ou simplesmente curiosidade pela pior época de minha vida? - Por que se preocupava com seu baile de graduação? E porque a estava olhando

dessa

maneira?

Uma

corrente

de

imagens e

sensações de repente se apoderou dela. Cada momento da noite, do fiasco veio de novo. Ele agora estava mais como se sentisse pena dela. As emoções que ela acreditou ver em seus olhos eram de piedade. Ele nem sequer quis fazer amor com ela quando virtualmente lhe tinha rogado. — Olhe, Drake... — Kennedy falou afligida por muitas emoções confusas. — Aprecio tudo o que tem feito. Agiu até agora com tudo o que prometeu em todos os sentidos. Nunca vou ser capaz de pagar pela forma que tem me ajudado aqui, mas... — Mas? - Pressionou ele. — Não leve tudo isto muito a sério. Não espero nada de você, uma vez que isto termine. — Ela procurou seus olhos para qualquer tipo de reação, mas manteve seus sentimentos

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para si mesma desta vez. — As coisas vão continuar como eram. — É isso o que quer Kennedy? Sua pergunta a fez deter-se. Ela olhou para o outro lado. É óbvio que isso é o que ela queria. O que outra coisa ia querer? Seu olhar se chocou com ele uma vez mais. Era incerteza o que via em seus olhos? Ou era seu próprio sentido de inferioridade simplesmente refletindo ali? — É óbvio que é o que quero. — Disse ela sem convicção. Kennedy moveu os ombros e falou em voz fraca. — Que mais poderia querer? Esse irresistível sorriso sexy apareceu. — Pensei que talvez você gostasse que te desse o baile que perdeu faz dez anos. O coração de Kennedy pulsou muito rápido. Será que Drake a estava convidando para dançar? Sua respiração se deteve em algum lugar tímido de seus pulmões. — Q-quê? Drake fez uma reverência e lhe ofereceu a mão. — Posso ter esta dança? Ela olhou rapidamente para os lados.

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— Mas não há música. — Antecipação passou através de suas veias, fazendo que seu coração pulsasse muito mais rápido. Ele tomou sua mão direita em sua esquerda. — Quem precisa de música? - Seu braço direito foi para sua cintura e a atraiu para si. Ficou rígida. — Simplesmente relaxe, Kennedy. — Sussurrou contra sua têmpora. Seu fôlego era quente e lhe fez sentir um formigamento na pele. — Isto não vai doer nem um pouco. Kennedy fechou os olhos e se obrigou a relaxar. O quente e duro corpo de Drake a atraiu como um ímã. Seus braços se apertaram ao redor de seu pescoço quando ele começou os movimentos lentos e rítmicos seguindo o som de seus corações pulsando. Pela primeira vez em sua vida Kennedy sentiu toda a paixão de estar nos braços de um homem. Não se permitiria perguntar ou analisar. Agora só queria sentir. A mão de Drake apertou contra suas costas trazendo seus

quadris

para

mais

perto

dele.

Podia

sentir

a

profundidade de seu desejo por ela, mas não podia entendêlo. Drake poderia ter a qualquer mulher que quisesse... O que queria dela? Seus dedos instintivamente se enredaram em seu longo e escuro cabelo. E de repente não lhe importava o quê. Kennedy só queria a Drake do seu lado.

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Kennedy respirou fundo e depois caminhou com lentidão até o espelho de corpo inteiro do outro lado do closet. Fechou os olhos e se deteve antes de abri-los. Pôs o vestido que Drake tinha selecionado para ela, mas não podia obrigarse a olhar. Provavelmente parecia uma idiota total. Por que diabos tinha deixado escolhê-lo? Porque tinha estado muito ocupada com as atividades da reunião que ficaram ao seu cargo no último minuto, incluindo um vestido de ensaio para arrependimento de Larry, para ir com o Drake até Prattiville pegar os trajes para o baile. Sentia-o ajustado. Muito ajustado.

Retorceu

dentro

do

apertado

vestido.

— Está bem. — Murmurou Kennedy. Hora de enfrentar a verdade. Abriu os olhos. Piscou duas vezes. Tinha um decote. E que decote! Kennedy girou para se ver de perfil. Era justo, decidiu, punha tudo em cima e fora. A parte negra de cima contrastava agradavelmente com a blusa branca de baixo. E a saia larga fazia maravilhosos sons sibilantes quando se movia. Em conjunto, supunha que a aparência era bastante extravagante. Revisou o cabelo uma vez mais. Preferia-o alto. Talvez o usasse dessa forma mais vezes. Será que Drake gostaria de como ela estava? Kennedy

olhou

para

seu

reflexo.

Não

deveria

preocupar-se se gostava como estava ou não. Sua obsessão com a forma como Drake a via, mudou. Sem dúvida não poderia ser nada de mais. O sabor da mentira lhe disparou na boca. Um suave golpe na porta atraiu sua atenção. Mordeu o lábio inferior. Seria Drake? Deu profundas respirações para acalmar-se. O pequeno baile espontâneo da noite anterior tinha estado a ponto de desfazê-la. Tinha estado flutuando durante horas antes de ir para cama por temor do que podia fazer. Kennedy franziu o cenho. De algum jeito, arrependia-se disso. Como sequer saberia se o que sentia pelo Drake era real ou não se não se permitia sentir esses sentimentos? Em dez anos desde que se graduou no colégio e seguiu seu caminho no mundo, tinha enfrentado todos os medos.

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Como é que ir para casa assim, mesmo depois de tanto tempo, podia fazê-la tão vulnerável uma vez mais? O golpe chegou de novo. — Kennedy, está pronta? Chuck e Brenda estão nos esperando. Chuck

e

Brenda.

Sacudiu

a

cabeça.

Seus

pais

adoravam Drake. Como podia lhes destroçar com a verdade? Todos o adotaram. Todos estavam apaixonados pelo Drake, exceto ela. Tinha todos esses sentimentos, mas quais eram eles? Nunca tinha estado apaixonada antes. A ideia de Larry revoou em sua cabeça e imediatamente desprezou essa ideia. Não tinha se apaixonado por Larry. Ele só tinha sido uma coisa de adolescente. Instintivamente soube que o que estava sentindo agora era mais. — Kennedy, está tudo bem aí? — É, estou bem. Entra, só tenho que... — Kennedy girou no espelho e fingiu revisar a maquiagem enquanto ele abria a porta. Piscou ante as espontâneas lágrimas brilhando em seus olhos. Não era para se sentir assim. Ao final, enfrentoulhe. — Está uma dona de taberna encantadora, moça. — Disse ele, olhando-a com fome.

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Kennedy só podia olhá-lo, sem falar. Dizer que Drake estava

um

magnifico

pirata

seria

um

eufemismo

monumental. A camisa de mangas infladas estava aberta, expondo seu musculoso peito e o pouco de pelo escuro. Ainda usava uma tapa olho, botas de couro e uma espada. A boca de Kennedy secou. Estava maravilhoso. Drake moveu o braço e fez uma dramática reverência ante ela. — Milady. — Está incrível. — Se obrigou a falar. Esclareceu a garganta e tentou de novo. — Uau! - Kennedy lhe deu um assentimento de aprovação. Todas as mulheres da festa desta noite estariam desejando Drake. Essa noção não bateu muito bem nela, e isso era estranho. Drake a perturbava. — Esta noite, milady, o que desejar será meu prazer. — Manteve a porta aberta. — A festa a aguarda. Confundida, nervosa e muito quente, Kennedy produziu um sorriso e saiu do quarto. Drake a seguiu. Forçando os pensamentos sobre ele para um canto de sua mente, o que não era uma tarefa fácil, Kennedy se centrou nos eventos que viriam a seguir. A antecipação borbulhou em seu interior, efetivamente calibrando as emoções confusas.

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Esta noite era o último evento na agenda da semana. Depois desta noite, Drake estaria livre dela. Amanhã seria para relaxar e se preparar para a partida de domingo. Essa seria sua última aparição pública juntos. Kennedy conteve a estranha emoção que lhe aprisionou o peito. Esta noite à meia-noite, tudo terminaria. E nada nunca voltaria a ser o mesmo. Muito menos, seu coração.

A tensão entre Larry e Cassandra era muito óbvia quando a festa começou. Para evitar a briga dos Hawthornes, Kennedy se misturou, falou e se moveu pelo baile com completa indiferença. Antes era a jovem que ficava parada e observava a todos que passavam. Agora era uma pessoa diferente. De repente Kennedy se deteve e girou ao redor. E este era seu lar. Lar. Onde as pessoas que amava viviam, onde tinha machucado os joelhos e tinha quebrado o coração, onde seus amigos tinham crescido ao seu lado. Um sorriso se curvou em seus lábios. Já não se sentia inadequada, ao menos não onde seus companheiros estavam juntos. Já não eram meninos tolos. A emoção a estremeceu. — Agora esse foi um belo sorriso! - Disse Drake frente a ela. Quando tinha se aproximado sem ela notar? Era a única

pessoa

que

podia

fazer

isso.

Inclinando

perto, 168

murmurou: — Só desejava que tivesse sido dirigido a mim. — Sua cálida respiração formigou seu coração. Kennedy olhou para ele e o mundo de repente parou. Estendeu a mão e tocou seu rosto, riscou o contorno de sua mandíbula. Sua respiração subiu e quis mais que tudo no mundo beijá-lo. Ele era o homem mais incrível que conhecia. Definitivamente não como os superficiais e tontos tipos com os quais trabalhava. Drake era melhor homem que qualquer um deles. Por que não tinha notado isso? Um rufar de tambor soou, sacudindo sua atenção ao cenário que tinham desenhado para o evento. Esse era o sinal. O mestre de cerimônias pediu que a pista de baile fosse limpa. A multidão se dispersou, deixando o piso brilhante de madeira dura desenhada com a pista de baile aberta. Quando a banda começou a tocar, Kennedy procurou no mar de rostos por Larry e Cassandra. Conteve o fôlego quando viu o Larry aproximar-se de sua esposa e pedi-la para dançar. Cassandra olhou para trás durante vários tensos segundos, então, com o apoio da multidão, relutante tomou a mão oferecida. Os aplausos se propagaram através da multidão quando Larry conduziu a Cassandra ao meio da pista de baile e a trouxe junto dele. Kennedy mordeu o lábio inferior enquanto observava o casal deslizar-se pelo chão. Cassandra não pôde evitar sorrir. A sorridente resposta de Larry encaixou com a de sua amada esposa. Então um profundo sentimento de satisfação situou 169

no interior de Kennedy. Isto estava bem e tinha ajudado que acontecesse algo. O peso de uma década de ressentimento simplesmente desapareceu quando o baile e a música continuaram. Ao final do baile Larry e Cassandra se beijaram em meio a estrondosos aplausos e espirituosos brindes. Larry compartilhou um olhar secreto com Kennedy e seu coração aumentou com felicidade. Observou quando ele escoltou a sua esposa da pista de baile ao bar. Bom, tudo deu certo, pensou Kennedy com um suspiro. A banda soltou uma música que imediatamente capturou sua atenção. Sua canção favorita. Quem saberia isso? Uma versão instrumental do "From This Moment" da Shania Twain encheu o ar. — Dança comigo? Kennedy levantou o olhar até o de Drake, sem o tapa olho. — Como soube? Ele sorriu. — As paredes são finas, milady. Posso escutar sua música quando escolhe ouvi-la. Ele estendeu a mão e sentia como se fosse o único lugar para a sua estar. O sorriso em seu formoso rosto a atraiu em seus braços com uma promessa de coisas doces. Aí era onde ela pertencia, embora apenas por uma noite. O que

170

seja que estivesse acontecendo entre eles, Drake também o sentia. Podia ver nas profundidades de seus chapeados olhos com tanta segurança como que o sentia profundamente dentro de si. Sem importar com o que aconteceria quando deixassem Friendly Corners, manteria este momento para sempre num lugar especial em seu coração. Kennedy fechou os olhos e depois pressionou o rosto em seu peito. Sentiu o coração dele pulsar com força. Isso era felicidade. Se teriam um futuro juntos ou não, isso não importava. Eles estavam juntos esta noite e isso era absolutamente certo. Todo pensamento cessou e Kennedy se permitiu só sentir. Quando as notas finais da música deslizaram dos instrumentos da banda, Drake terminou a dança. Retrocedeu levemente, seu olhar nunca deixando o dela. — Obrigado. — Murmurou ele. — Pela dança? - Kennedy soltou um sorriso trêmulo. Seus olhos se suavizaram ao encontrar o dele. — Por estar aqui comigo esta noite. Antes

que

Kennedy

pudesse

responder

a

sua

inesperada confissão, ofegos e sussurros se apressaram como uma onda de maré através das pessoas ao seu redor. Inclusive a banda permaneceu em silêncio. A multidão de repente se afastou e a boca do Kennedy se abriu quando a Raposa caminhou através da multidão. Todos pareceram

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mover-se em uníssono atrás dele. Todo vestido de negro. Sua ondeante capa estava pendurada sobre um amplo ombro. Kennedy captou um brilho de um pouco de cabelo cinza debaixo do chapéu negro. — Se prepare para um inferno de uma surpresa! - Disse Drake perto de sua orelha. Kennedy o olhou brevemente, curiosa ante o que ele queria dizer, mas não o bastante curiosa para manter a atenção

separada

da Raposa

tanto

tempo. O homem

mascarado de repente parou na frente de uma mulher vestida em um traje dos anos vinte. Celia. Uma mão enluvada serpenteou e agarrou a uma surpresa Celia em seus braços. Ela a princípio resistiu, mas logo se rendeu. Ninguém se moveu. O silêncio absoluto reinou. O beijo da Raposa foi longo e profundo. Quando finalmente retrocedeu, olhou aos olhos da mulher que sustentava e disse algo só para seus ouvidos. Atirou o chapéu ao ar. Um ofego coletivo encheu o silêncio e depois a Raposa tirou a máscara de seu rosto, revelando sua identidade. Era... — Tio Martín?! - Gritou Kennedy. Drake sorriu. — Eu avisei. Kennedy olhou para Drake incrédula.

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— Sabia disso? Drake deu de ombros. — O que posso dizer? Somos cúmplices. — Era ele todo o tempo? Drake assentiu. — Não acredito! - Kennedy observou à emocionada comoção que seu tio, o prefeito, tinha causado. — Não me surpreende que nunca beijasse a minha mãe. Drake ofereceu seu braço. — Vamos, moça, estou necessitado de um pouco de cerveja. Kennedy deu a volta no braço de Drake quando a banda rugiu de volta à ação. Saudou seus pais que logo foram reconhecidos vestidos como John Lennon e Yoko Ono. O tio Martín lançou um polegar acima quando girou em torno de Celia, depois com uma malvada piscada a apoiou em uma adornada queda. Outro amplo sorriso iluminou o rosto de Kennedy. Isso, também, era verdade, se deu conta. Martín e Celia eram perfeitos um para o outro. Mas Kennedy tinha a sensação de que havia mais nessa historia do que ela sabia. Teria que averiguar mais tarde com Drake. Quando ela e Drake chegaram ao bar, ele pediu uma cerveja e recebeu um ponche. As bebidas alcoólicas eram proibidas nos bailes escolares. 173

Ela sorveu seu ponche e observou aos casais, jovens e adultos, girando e rebolando em suas próprias versões do baile. — Está contente de ter vindo? Kennedy pensou nisso por um momento, mas era mais do que precisava. — Sim. — Disse incondicionalmente. — Estou. — Deslizou a taça até a dele. — Um brinde. Pelo sucesso. Drake tocou sua taça com a dela e deu um gole do ponche, depois ficou em silêncio durante um momento. — Sua família e amigos são boas pessoas, Kennedy. — Obrigada. — Olhou sua taça, depois levantou o olhar até o dele. — Estou contente de que veio comigo. – Admitiu. — Não poderia ter feito isto sem você. Drake sorriu um desses sorrisos matadores que a derretiam, como era o habitual. — Oh, teria feito bem por você mesma. — Deu outro gole. — Mas estou contente que me convidou. Recordando suas palavras ao final do baile, Kennedy riu nervosamente. — Bom, não te convidei exatamente. — Adotou uma exagerada expressão de remorso. — Foi mais como uma intimação.

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Drake lhe cortou de uma olhada. — Acredito que chantagem é a palavra que está procurando. — Eu pressionei você um pouco, verdade? Ele deu de ombros. — Foi um pouco exigente. Kennedy pôs a taça de lado e se aproximou dele. — Bom, nunca permita que digam que Kennedy Malone se negou a ver o engano de suas ações. — Fez uma reverência baixa e bateu as pestanas para ele. — Como poderia lhe recompensar, milorde? Drake alcançou sua mão e a pegou em uma pequena inclinação. — Outra dança poderia me agradar. — Sugeriu com voz rouca. — Teremos que ver. O coração de Kennedy bateu forte quando seguiu seu sexy pirata até a pista de baile uma vez mais. Como tinha antecipado, cada mulher olhou seguindo cada movimento dele. Kennedy sentiu infinito prazer ao saber que ele era dela... Embora fosse só por uma noite. Quando Drake a tomou em seus braços, ela sabia exatamente o que queria: conhecer este homem por completo.

175

Tudo o que tinha que fazer era convencê-lo a aceitar o que ela tinha a oferecer.

Sem ver o tempo passar, Kennedy dançou cada música com Drake. No momento que a festa finalmente terminou, ele se sentia preparado para entrar em combustão espontânea. Cada nervo em seu corpo estava em completo alerta e palpitando com a sobrecarga sensorial. Cada músculo estava duro e voltando-se mais duro pela tensão. Se Kennedy o tocasse ou simplesmente olhasse uma vez mais, não estava seguro de que pudesse responsabilizar-se de suas ações. O comitê de limpeza quase tinha terminado antes que Kennedy estivesse pronta para chamá-lo. Quando chegaram ao carro dos Malones, ela falou: — Acredito que preferiria caminhar. – Virou-se para Drake. — Isso está bem para você? — Claro. — Esteve de acordo imediatamente. Só eram algumas quadras. Além disso, um passeio na noite de ar frio lhe faria bem. O que menos necessitava naquele momento era ficar em um espaço fechado com Kennedy. Com seus pais ou não, não estava seguro de que pudesse controlar o que sentia. — Vocês tem certeza... — Chuck ofereceu uma última vez.

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— Caminharemos. — Disse-lhe Kennedy. Drake a seguiu, sincronizando seus passos aos dela enquanto cruzavam por estacionamentos vazios. Depois de vários minutos de silêncio, ele tinha decidido que Kennedy não estava de humor para conversa atoa. Assim, permaneceu em silêncio. A calçada se estendia ante eles, a tênue luz das luzes da rua iluminando o caminho. Uma suave brisa oscilou nos ramos nus quando passaram por baixo dos elevados carvalhos.

Umas

poucas

luzes

estavam

acesas

nas

silenciosas casas da agradável vizinhança. Friendly Corners estava adormecida. Drake olhou a lua dos caçadores no céu. Já tinha viajado para vários lugares, mas a serenidade desta pequena cidade o pegou de surpresa. Este era o tipo de lugar onde um homem poderia criar uma família e se sentir sem dúvida bem. Mas Drake não tinha uma família por sua conta, seu olhar foi até à mulher ao seu lado. Mas Kennedy não queria essas coisas neste ponto de sua vida. E seguro que não as quereria de um vagabundo como ele. Ele só fazia o trabalho que adorava, aonde quer que o levasse e em qualquer momento. E, infelizmente, de alguma forma se apaixonou por uma mulher que não podia ter. Drake suspirou de alívio ante sua silenciosa admissão. Sem

perguntas.

Apaixonou-se,

fato.

Tinha

aceitado

a

advertência de Martín e optou por não viver em negação.

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A única desvantagem era que agora seu tempo juntos estava chegando ao fim. Amanhã dariam suas últimas despedidas aos amigos e a família de Kennedy, depois iriam para cidade. Drake soltou um pesado suspiro e amaldiçoou por quão tolo era. Sabia desde o começo que tudo era uma farsa, mas isso não parecia importar para seu ofegante coração. O silêncio continuou quando cruzaram a calçada conduzindo ao alpendre de frente ao lar de infância de Kennedy. Quando chegaram aos degraus ela de repente parou. Fez alguns dos falsos começos antes que finalmente ficasse pronta para dizer o que estava em sua mente. Drake esperou impacientemente, tentando não apressá-la pelo pouco tempo que ainda tinham juntos. — Podemos falar durante um minuto antes de entrar? Ele se sentou em um degrau e apontou o espaço ao seu lado. — O que tem em mente? - Já lhe tinha agradecido. O que mais teria a dizer? Kennedy se sentou ao seu lado e olhou a calçada durante um momento antes que começasse. — Drake, não estou segura que as coisas serão as mesmas quando retornarmos. — Retorceu as mãos em seu colo. — Não esperava... Algumas das coisas que aconteceram.

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Drake sabia a que se referia. Tinha-a beijado, quase lhe fez amor. Olhou suas próprias mãos e se perguntou como poderia ser tão burro para não ter visto como tudo isto a afetaria. — Kennedy, eu... — Me deixe terminar. – Interrompeu. — Ou não serei capaz

de

dizer

isto.

E

tenho

que

fazê-lo.



Disse

brandamente. Drake lhe deu toda sua atenção. — Sei que pensa que só porque nunca estive... com um homem... -Encolheu-se autoconsciente. — Sabe a que me refiro. Ele assentiu. — Posso não ser experiente, mas conheço minhas próprias necessidades. E tomei uma decisão. Drake esperou atentamente que ela continuasse, mas nada lhe teria preparado para o surpreendente anúncio de Kennedy. — Quero que subamos e que façamos amor. — Virou para ele, seu olhar firme. Estendeu uma mão para lhe parar quando ele ia protestar. — Isto não é uma negociação, Drake. — Disse com firmeza. Surpreso, só pôde olhá-la.

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— É óbvio que se puder me olhar nos olhos e me dizer que não me deseja, eu vou entender. Isso não estava indo bem. — Sabe que te desejo. — E eu te desejo. Assim qual é o grande problema? Drake fingiu estudar as estrelas para ganhar tempo. — É um grande problema. — Disse ao final. Encontrou seu olhar uma vez mais. — Fazer amor não é algo banal. Obviamente sabe isso, já que escolheu não te compartilhar com ninguém. Este deveria ser realmente um grande passo para você, Kennedy. Ela pareceu considerar suas palavras durante um momento. — Dá a todas suas amigas um discurso antes de leválas a cama? -Perguntou ela enfaticamente. Bom, aí estava. Drake não podia acreditar que estivessem tendo esta conversa. — Não. — Admitiu relutantemente. — Mas até então nunca uma virgem me propôs antes. — Me beije, Drake. Ele duvidou. — Kennedy, eu...

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Antes que pudesse dizer mais, lhe agarrou e baixou sua cabeça, então pressionou os lábios contra os seus, seus dedos

acariciando

seu

rosto.

Beijou-lhe

com

dureza,

lascivamente. E Drake não quis que terminasse. Seus dedos encontraram seu caminho para ela e a aproximou mais. A necessidade que surgiu nele, alimentando a excitação que havia começado no início daquela louca noite. Não havia forma de fingir que não queria isto... Que não a desejava. Queria-a mais que queria sua seguinte respiração. Ao menos, Kennedy retrocedeu para tomar ar. Seus olhos nunca deixando os dele, ficou em pé e lhe ofereceu a mão. — Disse que esta noite todos meus desejos seriam seu prazer. Este é meu desejo. E Drake soube que não poderia lhe negar nada.

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Kennedy decidiu que estava tão preparada quanto era possível e se dispôs a sair pela porta do banheiro, através do corredor para o homem que a esperava em seu quarto. Apertou o cinturão da bata de novo e tomou uma profunda respiração. Tocou seu bolso e se negou a considerar por que seus pais mantinham as camisinhas no banheiro ou em qualquer lugar absolutamente para o caso. Ainda lhe assombrava que pudesse ter conhecido a estas pessoas durante toda sua vida e realmente não os conhecesse absolutamente. Mas essa não era a questão agora. Kennedy voltou a respirar fortificando-se. Tinha camisinha, estava preparada. Não tinha sentido correr o risco de que Drake não estivesse preparado para... Isto.

A antecipação à fez estremecer. Fechou os olhos e invocou a imagem de Drake em sua mente. O calor e o fogo correram através dela. A ideia de que estava a ponto de fazer amor com ele a enjoou. Kennedy se agarrou a fechadura e abriu a porta, saiu do banheiro e entrou em seu quarto sem mais duvidas. Queria esta única noite com ele. Quando retornassem a D.C. as coisas seriam diferentes. Tinha uma vida e todas as amigas que queria. Tinha sua carreira, e... Bom, teria esta noite. Embora não pudesse explicar por completo as emoções que levava, em seu coração sabia que sentia fortemente algo pelo Drake. E queria explorar esses sentimentos. Queria saber o que era fazer amor com um homem como ele. Um homem capaz de excitá-la com apenas um olhar. Um homem cujo contato a fazia tremer. Quando Kennedy entrou em seu quarto, fechando a porta atrás dela, Drake se afastou da janela e ficou sem respiração. Tirou o cinturão e as botas, mas as calças muito ajustadas e a camisa aberta pareciam mostrar mais do que se tivesse estado completamente nu. O calor ardia em seus olhos, convertendo-os a um profundo cinza metálico. Kennedy umedeceu os lábios e deu um sorriso trêmulo. Dirigiu-se diretamente a ele e ofereceu a camisinha no pacote colorido. — Pensei que poderíamos precisar disto. — Sua voz tremeu um pouco, mas isso era de esperar, não era? — Há

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uma caixa sob o lavabo do banheiro no caso de... — Acrescentou sem convicção. — Bom, no caso de... Drake sustentou o pequeno pacote na mão um momento antes de olhá-la nos olhos. Sorriu, um gesto quase tão tremente como se fora dele. — Vou... — Fez um gesto em direção ao criado. — Colocá-la aqui. Kennedy observou enquanto ele se aproximou da mesa e cuidadosamente colocou o pacote ali. Chamou sua atenção uma vez mais a forma sensual que ele se movia. Seu corpo alto e magro lhe doía de um modo que não tinha sabido que podia. Seu olhar revoava junto à cama. Havia tirado a colcha. A fita adesiva tinha desaparecido depois de sua segunda noite juntos. Sua obra, sem dúvida. Kennedy brincava nervosamente com a faixa de sua bata. O que faria agora? Drake foi em sua direção e seu pulso acelerou. Ele era o único com experiência, então teria que tomar a iniciativa. — Quer algo para beber? - Sua garganta ficou de repente muito seca. O intenso olhar de Drake quase a sufocou. —

Não.

Você

quer?

-

Ela

sacudiu

a

cabeça

inflexivelmente. — Não, só pensei que talvez pudesse querer. Drake suspirou.

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— Kennedy... — Comida! - Agarrou-lhe pela mão. — Morro de fome. Vamos comer primeiro. Drake não resistiu quando Kennedy o arrastou pelas escadas até a cozinha. Disse uma vez mais a si mesma que não estava enrolando. Simplesmente queria que a primeira e única vez com o Drake, fosse perfeita. Como ia fazer seu melhor se estava faminta? A luz na pia da cozinha proporcionava suficiente iluminação para que ela reunisse os ingredientes para um sanduíche tarde da noite. Mostrou seu sorriso mais brilhante a Drake. — Presunto ou mortadela? — Kennedy, não temos que fazer isto. — Disse ele brandamente. Tocou com os dedos seus lábios para sossegála quando ela começou a discutir. Drake a pegou pela cintura e a pressionou contra a parede e logo apoiou as mãos a ambos os lados dela. — Eu entendo se mudar de ideia. Parecia tão docemente sincero. E ela o desejava muitíssimo. Como podia pensar que tinha mudado de opinião? Estava nervosa, isso era tudo. O coração batia com força. Pela primeira vez em sua vida adulta, Kennedy se sentia totalmente inútil.

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— Não mudei de opinião. Só me diga o que fazer primeiro. -Perguntou-se por um longo momento se ele ia responder, então respondeu: — Me toque. — Ela vacilou. — Onde? Ele tomou sua mão entre as suas e a apertou na parte de seu peito descoberto pela camisa. — Aqui. Kennedy fechou os olhos enquanto alisava as palmas sobre o terreno musculoso de seu poderoso peito. Separou as pernas e se aproximou mais, tomando fôlego por sua proximidade. Queria abrir os olhos, mas a sensação de tocálo absorvia sua concentração. — E aqui. — Murmurou antes de tocar seus lábios com os seus. Kennedy ficou sem fôlego quando ele se perdeu em sua garganta. A boca dele se moveu mais abaixo, no V criado pela bata. Inquieta com algo que não podia nomear, só sabia que tinha que sentir mais de sua pele. Puxando a prega de sua camisa, liberou as calças. Drake levantou apenas o tempo suficiente para que lhe sacudisse a camisa pela cabeça e a colocasse no chão. Ela tremeu com a necessidade de apressar-se através de seu corpo enquanto suas mãos acariciavam seu perfeito

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torso. Brincou com um pequeno mamilo masculino e ele gemeu grosseiramente. Recordou como pôr a boca aí o tinha agradado. Apertou os lábios e logo o lambeu. Os dedos dele se apertaram em sua cintura e sua respiração mudou, fez-se mais rápida. Drake empurrou seus ombros para trás e afastou sua boca

faminta

de

seu

peito.

Ela

abriu

os

olhos

em

questionamento. A intensidade no seu olhar e o desejo feroz fazia pulsar seu coração com mais força. — Minha vez. — Ele tirou a bata de seus ombros e admirou seus seios nus durante alguns segundos antes que sua boca descesse para eles. A sensação de sua boca quente sobre sua pele era quase mais do que podia suportar. Instintivamente ela arqueou as costas, empurrando seus seios para frente para sua atenção. O calor formou redemoinhos em seu centro, por isso adorou e umedeceu. Ele gemeu, pressionando seus quadris mais perto, mas não o suficientemente perto. — Drake. — Murmurou ela. — Temos que fazer algo agora. -Envolveu suas pernas ao redor de seus quadris e se apertou contra ele. — Agora. — Repetiu. Como se soubesse exatamente o que necessitava, ele colocou a mão entre eles. Um dedo submerso dentro dela. Usando o polegar, agradava à pequena protuberância que enviava as sensações aos céus. O toque em profundidade em seu centro a lançou em uma espiral fora de controle. Justo 187

quando pensava que ia gritar ele capturou sua boca com a sua. Seu beijo foi profundo e longo. Sua língua entrou no interior, a fome, instigando-a a responder. Seus braços foram ao redor de seu pescoço e Kennedy o atraiu mais se isso era possível. Queria-o dentro dela naquela hora. Ela tinha que lhe tocar da forma como ele a tocava. O pulso rítmico de seus dedos a estavam deixando louca. Sua mão tremente procurou o fecho de sua calça. Queria senti-lo em suas mãos. Seus dedos se enredaram com estupidez enquanto continuava seu prazer com esses hábeis dedos, até que as sensações que construíam dentro dela de repente explodiram, enviando uma grande onda atrás da outra de tremores através dela. Arqueou com força contra sua mão até que as ondas baixaram um pouco. O que acabava de experimentar nunca seria suficiente. — Preciso estar dentro de você. — Murmurou ele rapidamente. — Faça rápido. — Suplicou-lhe ela. Levantou-a e a levou a mesa da cozinha. Sentou-a na borda e a beijou nos lábios antes de soltá-la tempo suficiente para arrancar suas calças. Seus olhos fixos nos dela, calou sua boca com um beijo faminto quando a inclinou para baixo sobre a parte superior de carvalho liso. Preocupou-se brevemente que seus pais pudessem entrar, mas então a acariciou de novo e todo pensamento racional cessou.

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A bata abriu expondo ambos os lados dela, deixando-a totalmente aberta para ele. Sua mão fez essa maravilhosa magia de novo e logo um longo dedo, a seguir outro, deslizouse dentro dela, estirando e acariciando. Kennedy tremeu de antecipação, seus quadris igualaram o ritmo de sua própria vontade enquanto empurrava muito brandamente com seus dedos. Justo quando pensava que viria abaixo em seus braços uma vez mais, sem nada mais que o toque de sua mão, ele se deteve. Sua respiração entrecortada era o único som na sala, os olhos de Kennedy abriram de repente. Drake retrocedeu levemente, parecia devastado. — O preservativo. — Disse com uma voz rouca. — No piso de cima. A imagem de Drake saindo, correndo pelas escadas para chegar à camisinha de repente apareceu ante seus olhos. Seu corpo estava úmido e palpitante, dolorido pela liberação. Kennedy o agarrou pelos ombros e atirou dele para baixo. — Nem sequer pense nisso. — Ordenou sem fôlego. Ele sorriu e deu um beijo através de seus lábios tentadores. Seu corpo vibrava de desejo. — O que está esperando? Ele guiou entre suas pernas, pressionando nela, assim muito lentamente. Ele se retorceu, lutando para se manter

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tempo suficiente para que ela chegasse ao primeiro orgasmo. Então Kennedy ficou imóvel. Ficou sem fôlego e soltou um pequeno grito de surpresa. Drake tomou cada onda de força de vontade que ele pôde reunir, mas não correria o risco de lhe fazer dano mais do que o necessário. As pernas dela se apertaram ao redor de sua cintura, uma súplica silenciosa por mais. Ele a encheu. Ela estava tão apertada que ele pensava que não poderia sobreviver entrar com tudo. Fechou os olhos e se entregou a incrível felicidade sensual de estar dentro de Kennedy. Pressionou mais forte, fazendo sua união completa. Ela era dele. Completamente. Pressionou sua testa contra a dela e desejou que seu corpo freasse sua espiral para a liberação final. O prazer de estar em seu interior explodiu em seu peito, enviou um novo tipo de calor correndo por suas veias. Nada nem ninguém o tinha feito sentir desta maneira antes. Com seus lábios lhe tentando, ela se moveu, fazendo com que ele recomeçasse. Seus dedos se cravaram em sua pele. Ela gemeu por sua necessidade e Drake não pôde esperar mais. Afastou e se meteu totalmente nela uma e outra vez, seus movimentos cada vez mais duros, cada vez mais rápidos... Até que chegou ao seu clímax, gritando seu nome. Ficou sem fôlego com sua própria liberação e desacelerou. Então, apoiou os antebraços na mesa a cada

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lado dela para apoiar seu corpo, beijou-lhe a ponta de seu nariz e ela sorriu. — Isso foi incrível. — Murmurou ele. — É incrível. — Respondeu Kennedy distraidamente. — Posso senti-lo ainda pulsando dentro de mim. Faz-me te querer de novo. Ele riu em voz baixa ante sua honestidade. — Que tal fazermos isso no piso de cima, na cama esta vez? Os olhos do Kennedy se arredondaram como se acabasse de se dar conta de onde estavam. — Disse que não a desprezasse até que o tivesse provado! — Brincou ele.

O aroma de café fez pouco para animar a Kennedy na manhã seguinte. Apoiou-se no aparador da cozinha e estudou o anel de compromisso emprestado em seu dedo. Ela e Drake fizeram amor três vezes na noite anterior. Escapuliu da cama esta manhã, deixando-o dormindo. Como ia enfrentar e se arriscar a ver a verdade em seu rosto? Estava apaixonada por ele.

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Os sentimentos tinham estado ali há dias, mas Kennedy não estava segura do que significava exatamente. Não até ontem à noite. Mas não podia estar apaixonada por ele. Era Drake. Ela e Drake eram amigos. A noite anterior tinha elevado sua relação para o nível de amigos com benefícios. Toda esta semana tinha sido uma mentira. Um acordo. As lágrimas brotaram de seus olhos e Kennedy queria chorar. Como tinha deixado isso acontecer? — Hey, querida. — Brenda envolveu seus braços ao redor de sua filha. — Eu gosto muito de seu anel. Escolheram-no juntos? - Kennedy ficou olhando com um olhar inquisitivo a sua mãe e a vontade de chorar a afligiu de novo. Deus, como podia ter sido tão idiota? — Mamãe, há algo que tenho que te dizer. — Começou ela, a emoção esteva a ponto de matá-la. — Sim, senhor! - Disse seu pai retumbando enquanto ele e Drake entravam na cozinha. — O jogo desta noite será um inferno de partida. Martín e alguns dos meninos muito bons. Se você e minha filha não têm planos, talvez possam se unir a nós. Adoraríamos que os dois passassem sua última noite conosco. — Para mim parece ótimo. — Sorriu Drake afavelmente até que desviou sua atenção para Kennedy e algo em seus olhos mudou a sombra do desejo ao recordar. — Bom dia! Disse com voz rouca. 192

— Bom dia! - Kennedy ensaiou um patético sorriso. — Agora, o que ia dizer, querida? - O olhar de Kennedy voou a sua mãe. — Oh, não é nada. — Sacudiu a cabeça e agitou a mão em despedida. — Nem sequer posso recordar o que era agora. — Seu pai lhe lançou um olhar de cumplicidade. — Bom, parece como se o amor estivesse no ar. Seu tio Martín ligou esta manhã antes da saída do sol e anunciou que ele e Celia irão a Las Vegas amanhã à tarde. — Chuck se serviu de uma xicara de café. Brenda franziu o cenho. — Celia não me parece que seja do tipo que casa na capela do Elvis. Chuck moveu as sobrancelhas. — Não sei. Poderia ser algo maravilhoso ser casado pelo Rei. Kennedy se desconectou do resto da conversa. O amor estava bem no ar. Foi uma lástima que ela se apaixonou pelo tipo de homem que não estava interessado em compromisso. Amava muito sua liberdade. Além disso, Drake tinha um montão de mulheres dispostas a cair a seus pés. Por que demônios ia precisar dela?

No

domingo

pela

manhã

Drake

observou

como

Kennedy se despediu de seu pai e mãe. Ambos tinham tirado seu traje hippie e se viam como as pessoas conservadoras, de

193

cidade pequena que Kennedy lhe havia descrito primeiro. Deu a sua cabeça uma ligeira sacudida quando se deu conta do muito que ia sentir saudades destas pessoas e da cidade. Em algum momento durante os últimos sete dias tinha chegado a pensar neste lugar como sua casa. Em todos os anos que tinha vivido em DC, seu apartamento nunca lhe tinha feito se sentir como em casa. Mas de algum jeito este lugar o fez. Ou talvez fosse Kennedy. Negou-se a considerar que a estava perdendo. Quase se pôs a rir a gargalhadas. A perda dela. Demônios, ela nunca foi dele. Toda a semana tinha sido nada mais que uma ilusão. — Drake. Chuck Malone o abraçou em um abraço de urso. O homem mais velho inclinou para trás e sorriu. — Quero que voltem e nos vejam logo. Esperamos sermos os primeiros em saber quando será a data. Drake se limitou a assentir. Não se atrevia a mentir ao homem de novo. Não agora. Brenda Malone foi a seguinte em lançar seus braços ao redor dele. — Cuide de nossa garota, Douglas. — Sussurrou ela, com emoção em sua voz. — Farei meu melhor. — Falou. Ao menos poderia fazer isso. Ele e Kennedy tinham sido cuidadoso um com o outro

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durante três anos. Não havia nenhuma razão pela que não pudessem seguir fazendo-o. Quer dizer, se ela o permitisse. Kennedy deixou-se cair no assento atrás do volante e colocou seus óculos de sol. — Ligarei! - Prometeu enquanto arrancava o motor. Drake se instalou no lado do passageiro e colocou o cinto de segurança. As coisas provavelmente voltariam a ser iguais, quando ele e Kennedy retornassem a D.C. Kennedy mexeu na alavanca de mudanças em marcha e saiu à rua. Drake apoiou a mão sobre o colo. Isso era se chegasse vivo a Washington.

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— Apenas as ponha aqui. — Kennedy insistiu uma vez que chegaram à porta de seu apartamento. Drake deixou cair à bolsa no chão. Sua própria bolsa de lona seguia pendurada em seu largo ombro. Kennedy tratou de não notar isso sobre ele. Ou da sombra da barba em seu rosto. As coisas tinham que voltar para a normalidade uma vez que estavam de novo em casa. Casa. De algum jeito a palavra soava vazia quando ela considerava sua porta bege. O vazio que havia atrás dela a fazia sentir-se repentinamente muito fria. — Bom. — Drake parecia olhar qualquer coisa menos ela. — Foi uma grande viagem. Mas é bom estar de volta. Kennedy moveu os ombros e se preparou para sua despedida.

— Sim, é bom estar de volta. Ele finalmente a olhou aos olhos. Uma corrente de eletricidade sensual fluiu instantaneamente entre eles. — Acredito que vou ver o Iggy. — Tenho mil telefonemas para fazer. — Replicou Kennedy. — Provavelmente tenho um milhão de mensagens de voz. Drake vacilou antes de dar a volta. — Se alguma vez precisar de algo... O que seja... Só faça-me saber, Kennedy. Ela sorriu fracamente. — Sim, obrigada, Drake. Você faça o mesmo. Já estava ao outro lado do corredor quando se voltou de novo. — Tem sua chave, não? Ela levantou a mão e lhe mostrou a mesma. Piscou para conter as lágrimas que agora ameaçavam cair. Se chorasse agora, saberia a verdade, que o amava com todo seu coração. — Está bem. — Ficou olhando o chão de ladrilhos por um momento. — Bom, a gente se vê. — Ele forçou um sorriso e lhe deu as costas. Esta vez não se deteve até que esteve na porta de sua casa. Kennedy se dirigiu à porta e introduziu a chave. Não tinha sentido perambular pelo corredor. 197

Ouviu a porta de Drake fechar atrás dele. Acabou.

Kennedy se arrastou fora da cama na manhã da segunda-feira e se obrigou a seguir todo o procedimento de preparação para o trabalho. Nunca em toda sua vida havia se sentido tão deprimida. Tão... Desconsolada. Sacudiu-se e tratou de preparar-se psicologicamente para o escritório, mas não funcionou. Temer o trabalho estava totalmente fora do normal para ela. O trabalho era sua vida. Ao

menos

o

tinha

sido

até

que

fingiu

estar

comprometida. Uma lembrança viva de Drake fazendo amor com ela lentamente, de maneira exaustiva... Se forçou a esquecer, não podia pensar no Drake. Acabou. Não estavam juntos. É óbvio que não estavam comprometidos. Comprometidos. O anel. Kennedy ficou olhando a joia emprestada no terceiro dedo de sua mão esquerda. — Oh, Deus! - Quase tinha esquecido o anel. Não teria tido um bom tempo tendo que explicá-lo no escritório. 198

Começou a tirar o anel, mas não se movia. Kennedy franziu o cenho. Tinha encaixado perfeitamente quando o pôs. Irritada agora, irrompeu na cozinha e esfregou com sabão o dedo. Esfregou por tudo o que valia a pena. Não se movia. A ansiedade apertava como uma banda de aço ao redor de sua cabeça. Tinha que conseguir tirar esse anel. Não ia trabalhar levando a maldita coisa, tinha que devolvê-lo. Hoje mesmo. Dez minutos mais tarde, era óbvio que não ia conseguir tirar o anel. Seu dedo estava vermelho de sua tração e torção. O desespero a deixou impaciente. Jogou uma olhada a seu relógio. Já estava atrasada. Tinha que fazer algo. Agora! Drake saberia o que fazer. Kennedy agarrou sua bolsa e as chaves e saiu correndo pela porta. Trancou, já que teria que ir imediatamente depois que ele conseguisse lhe tirar o anel do dedo. Esse pensamento enviou outro tipo de medo correndo através dela. Ela tinha dado voltas toda à noite. A lembrança de sua noite juntos a perseguia. A imagem de Drake seguiu se reproduzindo uma e outra vez em sua mente. A forma com que se movia. A forma como falava. A forma como a beijava. Deus! Era impossível.

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Não podia pensar nele dessa maneira. Havia tornado a ser seu vizinho. Parou frente a sua porta. Pelo que sabia, ele já podia ter a uma de suas “amigas” aí. Uma raiva ciumenta que nunca havia sentido antes estalou em seu interior. Pouco a pouco, Kennedy tomou três respirações profundas. Isto era ridículo. Não pertencia a ela. Nunca pertenceu. Drake era simplesmente seu vizinho e neste momento o necessitava para nada além de tirar um anel persistente. Kennedy bateu em sua porta. Não houve resposta. Tinha que estar ali. Bateu de novo. Não podia ter saído em alguma viagem assim tão rápido. No

que

estava

pensando?

Conhecendo-o,

provavelmente estava ainda na cama. A lembrança do que tinha visto na manhã em que o tinha descoberto nu em sua cama de repente voltou para ela. Kennedy estremeceu. Absolutamente tinha que deixar de pensar assim. Ele ainda não tinha aberto a porta. Olhou o anel e as chaves na mão e considerou o uso da chave de sua porta, mas não podia fazer isso. As coisas não eram iguais. A porta se abriu de repente e Drake apareceu vestido e preparado para sair. — Bom, estava a ponto de te chamar. — Disse rápido. Ele colocou sua mochila e a bolsa da câmera no chão em frente a sua porta, fechando-a com chave.

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— Meu voo sai em menos de duas horas. Pode-me dar uma carona até o aeroporto? Kennedy fechou a boca aberta. Ele ia embora. Hoje. Agora. Colocou as bolsas sobre seus ombros e agarrou a Kennedy pelo braço. — Vamos. Podemos falar pelo caminho. Ele ia embora. Ela estava certa. Nada do que tinham compartilhado durante a semana passada tinha mudado a forma em que se sentia por ela. Ainda era simplesmente sua amiga. Uma vizinha muito útil para alimentar o seu mascote e lhe dar uma carona ocasional. Quando Kennedy deu por si em silêncio, estavam em seu carro. Agarrou as chaves e abriu o porta-malas. Ela estudou a expressão impassível em seu rosto. Como podia não sentir nada? Como podia ser tão... Tão indiferente? — Espera! - Gritou ela com a raiva alimentando sua indignação. A cabeça de Drake se aproximou. Fechou o portamalas com um golpe contundente. — O quê? – Perguntou, a imagem de total inocência.

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— Não tenho tempo para ir ao aeroporto, Drake. Tenho um trabalho, também. Ou se esqueceu? - Criticou-o com veemência. Só a ideia de que iam continuar de onde tinham parado a irritava. Teve que admitir que o homem era corajoso. Franziu o cenho, preocupado. Kennedy fervia. O mesmo velho Drake. Tratá-la como a uma amiga. Por que no mundo alguma vez tinha acreditado que algo do ocorrido tinha o afetado como tinha afetado a ela? Era uma tola. — Estou desesperado, Kennedy. Sabe como é difícil conseguir um táxi por aqui a estas horas da manhã? E como podia parecer tão sincero? E por que lhe importava?

Kennedy

deixou

escapar

um

suspiro

de

frustração. — Está bem. — Bateu a porta e se sentou atrás do volante. Se ele podia atuar como se nada tivesse acontecido, ela também podia fazer. Uma vez que estavam na rua, Kennedy manteve a atenção centrada na estrada, mas podia sentir o olhar de Drake sobre ela. — O quê? - Perguntou finalmente, lhe disparando um olhar agudo.

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— Nada. — Ele olhou para frente então. — Estava me olhando, Drake! - Respondeu zangada. — Por quê? Não é como se não soubesse como eu sou. Suspirou poderosamente. — Estava pensando em quão bonita você é. Calor formava redemoinhos dentro de Kennedy, seguido imediatamente pelo retorno da ira. — Nem sequer comece. Nossa pequena artimanha terminou. ACABOU. — Adicionou no caso do fingido não se dar conta do seu mau humor, lhe sorriu a próxima vez que olhou em sua direção. Kennedy pôs os olhos em branco. Ela era, sem sombra de dúvidas, a maior tola que já tinha caminhado sobre a terra. Tinha decidido isso, faz dias e logo outra vez faz minutos. — Precisava de algo esta manhã? - Perguntou ele bruscamente. — Por isso estava em minha porta? Kennedy sacudiu a mão esquerda para ele, incômoda como se isso o provasse. — Não posso tirar isso! - Preocupou-se, recordando de repente seu dilema. Drake tomou a mão e tentou tirar o anel. Este não se moveu. Um carro tocou a buzina. Kennedy se desviou para o outro lado da faixa.

203

— Talvez seja melhor esperar até que cheguemos ao aeroporto. — Sugeriu fortemente. Ela pôs sua mão de volta ao volante. Quinze compridos e silenciosos minutos mais tarde, Kennedy chegava a uma área de estacionamento. Ela saltou e correu para o porta-malas para abri-lo. Drake chegou e pegou sua bagagem, uma vez mais a pendurou sobre seus ombros. — Tenho que conseguir meu cartão de embarque, então vou conseguir tirar esse anel. Kennedy teve que correr para manter o compasso com suas compridas passadas enquanto corriam pelo aeroporto. Enquanto Drake se registrava, de repente se perguntou aonde ele iria. É óbvio, ela não tinha que preocupar-se. Mas, droga, se preocupava. Drake finalmente retornou, sem sua bolsa. — Está bem, vamos ver esse anel. Kennedy levantou o olhar para ele. — Aonde vai? Ele olhou para cima, seus dedos ainda girando o anel de um lado a outro. Esses olhos chapeados a chamavam, igual a esses lábios pecaminosamente cheios. Deus! Era

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patética. Provavelmente não lhe tinha dado seu tempo junto um segundo pensamento. — Tenho que estar na Colômbia o mais rápido possível. — Colômbia? - Kennedy de repente pensou em todas as coisas más que podiam acontecer a uma pessoa enquanto andava através das selvas da América do Sul. Ele pôs sua mão na boca e lambeu seu dedo, todo o caminho ao redor do teimoso anel. A respiração de Kennedy falhou e logo se estancou em seus pulmões. — Estarei de volta em uma semana. — Continuou enquanto trabalhava no anel de um lado ao outro por cima de sua pele umedecida. — Vai alimentar o Iggy? — Claro, vou lhe dar de comer. — Murmurou, sua concentração ainda se centrava na sensação de sua língua sobre sua pele. Havia mexido com muitas outras partes de seu corpo com sua perita língua. A lembrança à fez estremecer. — Sentirá saudades? - Pôs seu dedo em sua boca esta vez. Seu autocontrole se desvaneceu quando sua língua fez outro pequeno e malvado deslizamento ao redor do anel. — O que... O quê? - Gaguejou Kennedy. Ele fez girar o anel um pouco mais. — Perguntei se sentirá saudades.

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Algo em seu olhar lhe disse que falava a sério. — Sim. — Disse ela com toda honestidade. Kennedy mordeu o lábio nervosamente. — Aparentemente, meu carinho

por

compromisso.

você —

De

cresceu verdade

durante havia

nosso...

dito

isso?

Nosso Dor e

humilhação apertaram seu peito. Kennedy desviou o olhar e tratou de não chorar. Por favor, que o chão se abrisse e a tragasse nestes momentos. Seus dedos se fecharam ao redor de sua mão. — Acredito que se pode dizer que me sinto um pouco ligado a você, também. Ela levantou o olhar para ele e lhe dedicou um sorriso débil. — Bom, seguimos sendo vizinhos. — Disse sem comprometer-se. — Não é como se nunca mais fossemos ver um ao outro nem nada. Quero dizer... É muito parecido ao que estava acostumado a ser... Suponho. Estava imaginando ou ele estava mais perto agora? — Isso é verdade, imagino. — Disse em voz baixa. De algum jeito a ideia de que não o veria durante toda uma semana a fez sentir-se gravemente doente. Não queria que, o que quer tivesse começado entre eles terminasse. Mas o fez, por ele de todos os modos. — Tenho que ir. 206

Ela assentiu com a cabeça. — Sei. Ele não se moveu. Ficou ali, olhando-a e tomando a mão e o anel maldito que ainda não saía. — O anel. — Recordou. Não tirava os olhos de cima dela. — Isto não quer sair. Kennedy desprezou a esperança em seu peito. — Não posso ficar com ele. Peguei emprestado. — E se eu o comprar para você? O coração de Kennedy ficou imóvel durante um momento interminável. — Por que... — Esclareceu-se garganta. — Por que faria algo assim? Aproximou-se mais. Kennedy podia sentir o calor de seu corpo. — Porque fiquei acordado toda a noite e pensei um montão de coisas. Eu gostava das coisas como estavam em Friendly Corners. —

Mas

isso

significaria

que

teríamos

que

nos

comprometer de verdade.

207

A incerteza brilhou em seus olhos. — Você não quer se comprometer? Kennedy riu um som abafado. — Normalmente, quando se está comprometida é porque alguém te perguntou se quer se casar com ele. Não recordo que me perguntasse. Ele franziu o cenho. — Oh, sim. Tem razão. Kennedy olhou à área de embarque e logo a Drake. — Vai perder seu voo. Ele olhou por cima do ombro, logo acomodou seu olhar nela de novo. — Essa é uma possibilidade muito forte. Ela tomou uma profunda e tranquilizadora respiração para tratar de frear seu acelerado coração. — Drake, eu... Ele ficou sobre um joelho. Kennedy não pôde chegar a uma resposta a esse movimento. Só podia olhá-lo, totalmente sem fala. — Sei que este não é o lugar mais romântico para lhe propor isso, mas... — Levantou um ombro em um toque de

208

um encolhimento. — Nenhum de nós é particularmente convencional... — Podemos falar disto quando voltar? - Ofereceu Kennedy, sua mente girando. Ele não podia dizer isto... Podia? Seu coração se estremeceu de esperança. Negou com a cabeça. — Quero que tenha o anel. Amo-te, Kennedy, e eu gostaria de ficar com você. Quer te casar comigo? Um sorriso se desenhou em seus lábios trementes. — Drake, está certo disto? Deu-lhe esse sorriso meio de lado. — Mais do que estive toda a minha vida. Não quero te perder. Quero despertar com você ao meu lado todos os dias pelo resto de minha vida. As

lágrimas

brotavam

de

seus

olhos,

Kennedy

assentiu. — Isso é um sim? — Sim. Casarei com você. Ele ficou de pé. — Bem, porque tenho que ir. — Deu-lhe um rápido beijo no rosto e correu como o inferno para a área de embarque.

209

Kennedy se deu conta depois de que ela não havia dito o que tinha que dizer. — Drake! Ele se deteve em seco e se voltou para ela. — Eu também te amo. Ele sorriu e todas as mulheres no lugar se detiveram para olhar, continuando, lhe piscou um olho e disse: — Eu sei. Kennedy ficou ali, sem saber o que devia fazer e o viu afastar-se. Envolveu-a uma tristeza profunda. Olhou o anel e sorriu. Uma lágrima rolou por seu rosto. Ele a amava. Estavam comprometidos de verdade. Mas ele estava indo de todos os modos. Pouco a pouco, se aproximou da parede das janelas para ver o avião taxiar. Seria sempre assim? Ele saindo correndo para alguma missão inesperada que podia ser perigosa? Kennedy pressionou a mão sobre o vidro, o coração dolorido. — Adeus. — Murmurou. — Se tiver visto uma selva, já viu todas. O formoso rosto de Drake lhe devolveu o olhar em seu reflexo no vidro. Kennedy virou para encontrá-lo de pé justo atrás dela. 210

— Perdeu o avião! Sacudiu a cabeça lentamente para os lados. — Decidi não ir. Ela franziu o cenho. — E seu trabalho? Sua bagagem? Drake passou o seu braço pela cintura e a atraiu para si. — Sempre haverá outra missão. E minha bagagem aparecerá com o tempo. Kennedy não podia respirar. — Me alegro que tenha decidido ficar. Deu-lhe um beijo nos lábios. — Quero fazer isto direito. Quando disse que queria despertar com você ao meu lado cada manhã, disse-o a sério. — Eu acredito. — Kennedy riscou seu lábio inferior com a ponta do polegar. — Vamos para casa celebrar. — Murmurou contra sua orelha. Seu celular soou naquele momento. Instintivamente, buscou-o. Ele negou com a cabeça, tomou o celular de sua mão e apertou o botão de desligar.

211

— Sem interrupções. Ela sorriu. — Nenhuma. — Então ela ficou nas pontas dos pés e lhe deu um beijo rápido nos lábios. — Sou toda sua. — Uma coisa justa. — Passou um dedo pelo seu rosto. — Tenho a intenção de que siga sendo assim. Logo

a

beijou,

da

forma

em

que

um

homem

verdadeiramente apaixonado por uma mulher podia fazê-lo.

212

DEBRA WEDD, nascida no Alabama, escreveu sua primeira história aos nove anos e seu primeiro romance aos treze. Passou três anos trabalhando no exército detrás das Cortinas Metálicas, e um período de cinco anos na NASA, foi quando se deu conta de seu verdadeiro chamado. Um curso de colisão entre a incerteza e o romântico foi situado. Após ter escrito mais de 100 novelas incluindo seu internacional best-seller, a série Colby Agency, sua série de estreia romântica, As Caras do Mal, lançou a Debra ao topo das paradas de bestseller durante vinte e quatro semanas e recebeu elogios e críticas por igual de aclamados críticos e leitores.

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Keeping Kennedy - Delva Webb

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