LIVRO 5 DA SERIE PRIVATE COPYRIGHT ©2007 by KATE BRIAN TRADUCAO ALTERNATIVA – POR KELLY CRISTINA XAVIER ‘’POR QUE TODOS PODEMOS TER ACESSO A LITERATURA ESTRANGEIRA’’
UM ANO NOVO
U
ma chuva que havia caido de manhã tinha passado,
deixando para trás um brilho molhado que resplandecia nas árvores ao longo da estrada. Nuvens leves perseguiam a brisa através do céu azul brilhante. O sol fez cintilar tudo. Haviam embalagens amassadas manchadas de gordura de comida rápida aos meus pés, e o cheiro de café velho infestou o carro, mas lá fora o mundo parecia novo. Limpo. Esperançoso. Até a placa que dava boas-vindas aos alunos para o campus parecia renovada. Não substituída, claro, mas os ramos que a ocultavam tinham sido cortados. As ervas daninhas e flores selvagens estavam domesticadas. Era um ano novo. Um novo começo. Meu pai passou pelos portões e começou o longo percurso do morro em direção ao campus. Prendi a respiração até que a torre de pedra no topo da capela da Academia Easton se levantou das árvores. Meu pulso, já acelerado, começou a vibrar. Eu me inclinei entre os dois bancos da frente, para avaliar a reação da minha mãe. Ela olhou pela janela do lado do passageiro do nosso empoeirado e amassado Subaru, meio boquiaberta. "O catálogo não faz justiça ao local", disse ela. "O que eu te disse?" meu pai respondeu com uma pitada de orgulho. Ele, afinal, tinha visto Easton antes. Minha mãe não. Ela sempre esteve muito amarga, sob prescrição de pílula para se juntar a nós na longa viagem de Croton, Pensilvânia, para Easton, Connecticut. Ou mesmo pra se importar para onde eu estava indo. Mas isso tinha acabado agora. Mamãe estava sóbria. Desde janeiro. Ela ganhou peso. Tinha cor em seu rosto. Ela realmente lavava seu cabelo agora. Diariamente. Eu só tinha estado em casa pra ver esse comportamento por duas semanas, mas eu vi. Com meus próprios olhos. Antes disso, eu tinha passado a maior parte das férias de verão em Martha Vineyard* com Natasha e sua família, de garçonete em um restaurante de mariscos à beira-mar e aprendendo a navegar com Natasha e seu pai. Uma vez que Natasha tinha ido para Dartmouth, eu tinha vindo para casa para
uma rápida parada e encontrei a casa limpa e pintada recentemente, o refrigerador totalmente abastecido e a cama da minha mãe arrumada. Duas semanas depois eu ainda estava me acostumando à mãe nova e melhorada. "Reed, é lindo," minha mãe disse, voltando-se para mim com um sorriso. Com os olhos realmente focados em mim. Não agitados. Nem vidrados. Focados. Em mim. "Eu ainda não acredito que você venha aqui." Eu suspirei. "Nem eu". Especialmente depois de tudo o que tinha acontecido no ano passado. Em meus primeiros meses em Easton eu tinha me apaixonado pela primeira vez, perdi minha virgindade, fiz amizade com as meninas mais poderosas da escola...e fui totalmente ingênua, enquanto uma delas tinha assassinado brutalmente o meu namorado. E isso foi só o começo. Mas não. Eu não ia pensar nisso. Me encostei e cerrei os punhos, enterrando minhas unhas nas palmas das minhas mãos. Eu ia ter um novo começo neste ano. O ano passado acabou. O ano passado não podia me atingir. Aquelas pessoas foram todas embora. Transferidas ou comprometidas ou simplesmente desaparecidas. Este ano poderia ser qualquer coisa que eu quisesse que fosse. Meu coração acelerou nervoso de emoção à medida que meu pai se afastava das árvores e se aproximava do círculo na frente dos dormitórios. Kiki Bosen e Diana Waters estavam ao lado de um carro preto com seus casacos enormes e malas Louis Vuitton que estavam sendo descarregadas. Kiki tinha cortado os cabelos loiros em um corte pixie e tinha tingido a franja de rosa, mas ela ainda tinha um iPod permanentemente ligado aos seus ouvidos. Diana tinha os cabelos crescidos de modo que eles caiam sobre os ombros, e ela parecia mais alta - mais velha. Ela olhou quando o meu carro passou e acenou. Acenei para trás e sorri. Rostos familiares. No ano passado, neste dia eu não conhecia ninguém. No ano passado eu senti como se eu nunca pudesse pertencer a esse lugar. Agora havia pessoas para me receber. Tudo realmente ia ser diferente. Meu pai parou o Subaru na frente de um Mercedes branco elegante e desligou o motor. Eu sai para fora e me estiquei, olhando para as janelas iluminadas do Bradwell. Eu poderia dizer que os
quartos já tinham sido decorados e personalizados. As cortinas estavam penduradas em várias das janelas, e alguém lá em cima estava ouvindo Avril no volume máximo. Haviam algumas mudanças em Easton este ano. De acordo com o pacote de informações que eu recebi durante o verão, havia um novo diretor e ele já estava fazendo sua presença conhecida. Uma de suas mudanças foi o horário da chegada. Calouros e segundanistas deviam estar no campus 24 horas antes, dando a estes tempo para se ajeitarem antes que os veteranos chegassem e fazendo o círculo menos embolado e caótico para descarga das malas. Minha mãe saiu e inclinou a cabeça para trás, protegendo os olhos com a mão enquanto ela olhava para a fachada de pedra cinza. "Este foi meu primeiro dormitório," Eu disse a ela. "O alojamento Billings está atrás dele, no pátio." Apenas dizer a palavra Billings provocou em mim uma corrente de ansiedade. Eu tinha quase morrido lá. Alguém que eu achava que era minha amiga tinha, na verdade tentado me matar no telhado. A própria pessoa que tinha matado o cara que eu amava. Ou achava que amava. Eu não tinha certeza de como eu realmente me sentia em relação a Thomas Pearson, agora que ele se foi. Minhas unhas cavaram as palmas das minhas mãos novamente. Billings não era aquele lugar. Não mais. Ariana tinha ido embora. Este ano - assim como o semestre da primavera no ano passado - a casa estaria cheia de amigas. A brisa jogou meu cabelo para trás do meu rosto. Eu olhei para o sol e sorri. Era um ano novo. Eu respirei fundo, deixando a esperança afastar o medo. "Bem, isso é tudo", meu pai disse, batendo as mãos sobre o jeans. "Essas outras meninas com certeza tem um monte de coisas." Olhei para cima e para baixo da fila de carros. Havia montanhas de bagagem e eletrônicos e caixas plásticas e roupas de cama. Minhas duas malas, uma mochila de couro nova e a roupa de cama em uma bolsa pareciam tristes em comparação. Enfiei a mão no carro e peguei a bolsa do meu laptop. Ela e o computador dentro dela tinham sido presentes de Natasha no final das férias.
Uma menina que ganha Primeiras Honras* por dois trimestres consecutivos não pode ser vista digitando todos os seus trabalhos
em um computador da biblioteca, ela me disse. Você não é do tempo das cavernas. Sim, após dois trimestres nada estelares no início do ano (por culpa de todo o drama), eu tinha voltado na primavera com vingança acadêmica e ganhei as Primeiras Honras em março e junho. Natasha, que era tão boa, ficou tão orgulhosa. Eu sorri agora, pensando nela. De quanta falta eu ia sentir da minha colega de quarto. Meus nervos saltaram de antecipação, imaginando quem ia ser minha nova companheira de quarto. Eu esperava que fosse alguém bom. Alguém normal. Alguém que eu pudesse ser amiga. "Tudo bem, garota?" meu pai perguntou, colocando a mão quente no meu ombro. "Está tudo bem. Este vai ser um ano bom", eu disse a ele com um sorriso confiante. "Definitivamente melhor do que ano passado." "Bem, isso não deve ser muito difícil de conseguir", brincou. Minha mãe e eu rimos. Meu coração estava tão cheio, que de repente, ele ameaçou me engolir todo. Olhei para nós. Ali juntos. Nós quase poderíamos ser uma família normal. Normal. Era uma palavra que eu não costumava usar com muita frequência. "Muito obrigado a vocês", eu disse, abraçando meu pai primeiro. "Trabalhe duro, garota", meu pai disse, beijando o topo da minha cabeça. Eu me virei para minha mãe. Seus olhos brilhavam com lágrimas. Minha garganta se fechou enquanto eu me inclinei para abraçá-la. "Estou tão orgulhosa de você, Reed", disse ela hesitante. "Obrigada, mãe", eu respondi. Em seguida, eles estavam de volta no carro. Motor ligado. Se afastando. Minha mãe pressionou a ponta dos dedos na janela em uma despedida. Eu acenei com meu braço. Esperei lá até que a placa amassada da Pensilvânia tinha mergulhado por trás da colina.
Naquele segundo eu percebi que pela primeira vez eu ia sentir saudade da minha mãe. Eu realmente ia sentir falta dela. Peguei minhas coisas e fui para o Billings cheia de uma confiança totalmente nova. De repente, senti que tudo parecia possível. *** "Contrario a minha opinião, o diretor dos acadêmicos lhe concedeu a suas duas disciplinas opcionais. O Romance Moderno em Inglês junior não deve ser muito desafiador. Mas Química Avançada, bem como Biologia Avançada num só ano é um pouco ambicioso, mesmo para você. " A papada da Sra. Naylor tinha crescido. Penduradas para baixo sobre seu colar, ela poderia facilmente guardar coisas lá dentro, seus olhos giravam em suas órbitas enquanto olhava em sua mesa para mim com uma expressão de desaprovação que há muito eu tinha me acostumado. Atrás dela, as estantes de madeira estavam atoladas com pastas empoeiradas, transbordando em pilhas ao acaso no chão. O cheiro de cebola podre que sempre permeou seu escritório tinha agora um tom mais azedo. Como se algo tivesse rastejado ate aqui, comesse as cebolas podres, em seguida, morresse. "Bem, eu tenho certeza que o reitor não teria permitido que eu tivesse essas aulas se ele não achasse que sou capaz”, eu respondi docemente, deslizando meu horário novo para o meu bolso. "Pelo contrário. Os estudantes que ganham Primeiras Honras podem escolher seus cursos, não importa o que nós, que sabemos melhor podemos achar", disse ela, batendo a papada ao redor. Eu tive que segurar meus lábios para não rir. No ano passado ela tinha me intimidado. Este ano, ela e seu delineador mal passado eram apenas ridículos. "Há mais alguma coisa?" Eu perguntei. Ela estreitou os olhos. Cruzou os dedos enrugados em sua mesa. "Não. Você pode ir. Mas eu acredito que verei você e sua queda muito em breve." Me levantei, deslizando a cadeira de madeira de volta com um barulho alto. "Eu não contaria com isso."
Virei as costas para o rosto irritado, me sentindo muito Noelle Lange, e sorri para mim. Muito raramente, conseguia dizer exatamente o que eu queria dizer no momento que eu queria, e nesses momentos eu sempre pensava em Noelle. Quando eu sai para o sol, eu me perguntava onde ela estava, então. Se ela estava pensando em Easton. Se ela estava desejando estar aqui. No ano passado eu tinha ouvido falar que os advogados de seu pai tinham exibido suas habilidades de nível olímpico negociando para obter que a pena do seqüestro fosse reduzida, em seguida, conseguindo uma punição relativamente confortável de liberdade condicional e serviço comunitário. Mas eu não tinha informações de primeira mão. Eu não tinha ouvido uma palavra de Noelle desde o dia de Natal, quando ela ligou para me convencer a voltar a Easton. Nenhum email e nenhuma mensagem, nem um telefonema. Às vezes o meu mundo se sentia vazio sem ela nele. Às vezes eu me sentia mais que sortuda de estar livre dela. Mas eu sabia que uma coisa era certa: sem Noelle, eu não estaria aqui. Eu não estaria viva, por exemplo. Mas eu não estaria aqui em Easton se ela não tivesse me feito prometer voltar. Eu não teria todas aquelas memórias incríveis da primavera passada. Não teria essa esperança vibrante em meu peito enquanto eu passeava para longe do Hell Hall. Se não fosse por ela, eu estaria de volta em Croton, observando Colon Tommy fazer gestos obscenos com a mão cada vez que o diretor Weiss virasse os olhos zangados sobre o auditório. Alta comédia. "Passa! Passa!" Cerca de uma dúzia de garotos membros da equipe de futebol universitário estavam no centro do pátio, as mangas de suas camisas enroladas, seus sapatos descartados no chão em favor de chuteiras e tênis. Fiz uma pausa. Algo nisso me parecia familiar. Um momento de deja vu. Eu ouvi o meu nome na brisa, e meu coração quase parou. Thomas. Olhei para o chão. Este era quase o local exato onde eu quase tropecei nele no ano passado. Onde nos encontramos pela primeira vez. A primeira paquera. Onde começou tudo o que fosse que nós tivemos. Meu couro cabeludo se arrepiou. Meus dedos formigavam. Ele esteve aqui. Ele tinha estado aqui mesmo...
"Reed!" Me virei e mal tive tempo de recuperar o fôlego antes de Josh Hollis vir em direção a mim a toda velocidade. Ele me agarrou em seus braços, me erguendo do chão. "Oi!" Eu respirei. Me agarrei a ele. Enterrei meu rosto naquele lugar quente entre seu pescoço e ombro. Ele cheirava exatamente o mesmo. Como pinheiros e tinta fresca. Deus, isso me fez sentir bem. Este alívio. Como voltar para casa. Josh era a minha casa. Não Martha's Vineyard. Não Croton, na Pensilvânia. Nem Easton, em si. Mas Josh. Eu não o tinha visto desde o último dia de aula, em junho e enquanto o verão parecia se arrastar e arrastar sem ele, de repente, senti como se o tempo não tivesse passado nada. "Nossa, como eu senti sua falta!" disse ele, se afastando para plantar um beijo firme na minha boca. "Eu também!" Eu ri. Ri. Reed Brennan não ri. Não muito, pelo menos. Josh tentou me colocar novamente no chão, mas nossos pés ficaram presos e nós caímos. Rindo. Seu rosto sobre o meu. Seus olhos verdes brilhavam de felicidade. Seus cachos loiros escuros haviam sido cortados em um corte limpo, de bom gosto, mas um cacho perdido ainda estava preso atrás de sua orelha direita, disposto a se conformar. "Hmmm". Josh olhou para mim, estendido ali mesmo no meio do pátio. "Isso pode ser alguma coisa." Meu coração pulou uma batida. "Pode ser." Ele olhou em volta rapidamente, verificando se havia alguma figura de autoridade. Então, despreocupado, ele se inclinou para me beijar, me beijar mesmo, enquanto seus companheiros vaiavam e gritavam coisas indecentes atrás de nós. Quando Josh se afastou para trás de novo, ele correu a ponta do seu dedo da minha têmpora ao meu queixo. Ele estava sem fôlego. "No próximo verão", ele disse baixinho: "não vamos nos separar." * Martha's Vineyard, é uma ilha localizada a 7 km da costa de Massachusetts, tem sido um destino para viajantes aventureiros, tornando-se uma estância de verão principais há 150 anos. As praias numerosas e variadas e beira-mar, os campos impressionante e vistas, o histórico New England arquitetura e surpreendentes oportunidades de lazer, culinária e cultural se juntam para criar uma experiência mágica, à beira-mar. *são geralmente o mais alto nível de grau concedido e indicam desempenho acadêmico elevado.
TRADIÇÃO, HONRA, EXCELENCIA
E
u sorri, total e completamente em paz. "Sim. Não vamos".
"Reed!" Constance Talbot jogou os braços em volta de mim antes que eu pudesse levantar do meu banco na capela. Nossas cabeças bateram e ela fez uma careta quando se deixou cair de bunda no assento duro. "Ow. Desculpe. Me empolguei mais que o normal", disse ela, esfregando furiosamente a sua testa. Ela estava rosa sob todas as sardas, e de alguma forma durante o verão ela tinha domado os cabelos vermelhos em uma imagem elegante e reta da perfeição. Ela usava uma camiseta branca e uma grande jaqueta sob uma minisaia xadrez unidas por um laço. Feixes de luz colorida dos vitrais dançaram em seu rosto. "Está bem. Você parece incrível", eu disse a ela. "Eu sei. Achei esta prancha de cabelo nova que é um presente dos deuses", ela me disse, balançando sua longa cabeleira por cima do ombro. "Mas você está, tipo, uma surfista! Eu mataria para conseguir me bronzear assim!" "Isso vem do lado da minha mãe. Ela é meio índia americana," eu disse. "Que legal! Eu nunca soube disso!" Constance deixou escapar. Então sua testa enrugou. "Na verdade, eu não sei nada sobre sua família." "Eu não costumo falar sobre eles", eu concordei. Mas isso como muitas outras coisas, tinha mudado. "Então, como foi o seu verão?" Nos correspondemos por e-mail durante todo o verão, então eu sabia exatamente como ela tinha passado esses meses, mas ainda assim eu senti a necessidade de perguntar. Sua família tinha passado as férias com a família de Walt Whittaker no Cabo. Ela e Whit tinham
gasto quase todas as noites fugindo para a praia ou beijando-se na varanda da casa de sua família, “enquanto as ondas se chocavam contra a areia”. Constance podia ser muito poética via e-mail. "Foi bom!" ela disse entusiasmada. "Exceto... que eu não recebi um convite para o Billings." Eu pisquei quando a conversa na capela cresceu para um nível quase ensurdecedor. O lugar estava começando a encher. "É mesmo. Esqueci disso." Toda primavera as meninas do Billings selecionavam novos membros para substituir as mais velhas de saída. No ano passado as ex-alunas do Billings haviam enviado uma carta – um informativo, na verdade - nos informando que não seria apropriado fazer uma votação e emitir convites naquele ano, considerando tudo o que tinha acontecido. Isso significava que havia ainda seis lugares vazios na casa. E eu não tinha idéia de como é que alguém pretendia preenchê-los. "É, bem, eu acho que não sou digna", disse ela ironicamente. "Então, quem entrou? Você pode me dizer. Posso lidar com isso." "Na verdade, até onde eu sei, ninguém entrou. Nós não tivemos uma votação ou nada, ainda. Acho que vou descobrir o que está acontecendo mais tarde. Talvez você ainda tem uma chance ", eu disse a ela. "Você acha?" Constance arregalou os olhos de esperança, e eu imediatamente me arrependi de ter dito. Agora ela ia ficar deprimida de novo se não entrasse. "Mas não se deprima até eu descobrir o que está acontecendo", avisei. "Honestamente, depois de tudo que aconteceu no ano passado, estou surpresa que alguém realmente queira entrar no Billings", acrescentei. Não só era parcialmente verdade, mas também era um bom motivo para ela racionalizar mais tarde se não entrasse. "Oh, por favor. Que? Nem mesmo um assassinato poderia manchar a mística do Billings", ela deixou escapar. Em seguida, bateu a mão sobre sua boca. "Sinto muito".
"Não. Está tudo bem", eu disse, forçando um sorriso. Eu me perguntei se ela estava certa. Se a morte de Thomas e a culpa de Ariana - e minha própria experiência de quase-morte – não tinham realmente causado um efeito duradouro sobre alguma coisa. A idéia fez o meu estomago se contorcer. "Não, de verdade. Eu não posso acreditar que eu disse isso", continuou Constance. "Você deve pensar que eu sou totalmente -" O som das portas pesadas da capela se fechando a cortou, e a multidão ficou em silêncio. Eu fui salva de ter de confortar mais Constance pelo seu vômito verbal. Diana chegou por cima das pernas de Constance para me empurrar e dizer Olá. Quando eu me inclinei, uma menina alta e magra, com pele morena clara e cabelos pretos e longos deslizou para o último lugar na extremidade do banco. Ela olhou em volta, hesitante, em seguida, se abraçou a seu casaco turquesa. Com suas sandálias trançadas cor de ouro, vestido curto e pele úmida, parecia como se ela tivesse acabado de desembarcar de um avião de algum local exótico do Caribe e caminhado até a capela. Ela tinha que ser nova. Qualquer um que já tivesse estado na capela de Easton antes sabia que mesmo nos dias mais quentes era frio aqui. Nós todos vínhamos preparados com casacos de outono. Esta menina devia estar coberta de pele de galinha. "Olha só a senhorita Ilha," Missy Thurber zombou atrás de mim. Missy, claro, estava usando a camiseta mais apertada possível, para realçar os seios enormes e seu cabelo loiro tinha uma trança francesa perfeita. Não perfeita o suficiente para desviar a atenção das suas narinas de túnel, é claro. "Ela está usando conchas como brincos?" Lorna Gross – adoradora de Missy sempre presente - sussurrou de volta. Lorna não estava com originalidade. Todos os dias, ela vestia quase exatamente a mesma roupa que Missy tinha usado no dia anterior. Assim, no caso de você perder uma das escolhas de moda de Missy que pareciam arrancadas da Teen Vogue, você tinha uma segunda chance para observar em Lorna na manhã seguinte. Missy, aparentemente, ontem tinha usado um vestido de malha preto e brincos de diamante, porque era isso que Lorna usava hoje. Revirei os olhos e atirei para a garota nova o que eu esperava que fosse um sorriso acolhedor. Infelizmente, ela não me viu. Seus
olhos estavam paralisados em dois meninos calouros que acendiam as luminárias na frente da capela. O ritual de ano novo havia começado. Houve uma batida forte na porta da capela. Um homem alto de cabelos brancos e um rosto quadrado cheio levantou-se atrás do púlpito, com o queixo levantado imperiosamente. Tudo nele era duro, a partir do colarinho da camisa branca de punhos perfeitamente retos ate suas calças de terno cinza. Havia uma bandeira americana pregada em sua gravata vermelha. Ele me lembrava de alguns patriarcas da família de baixa renda da novela que a irmã de Natasha estava viciada o verão todo. O tipo de pessoa que sempre sabia o que estava acontecendo ao seu redor, e não aprovava nada disso. Sussurros encheram o salão. "Acho que é o novo diretor", sussurrei para Constance. "Diretor Cromwell", ela confirmou. "Ouvi dizer que ele realmente estudou aqui, tipo, um zilhão de anos atrás." Um homem de Easton. Interessante. Meus olhos estavam fixos no diretor quando ele caminhou pelo corredor, com as mãos para baixo ao seu lado como se fosse um dos guardas da rainha. Ele não olhou para a esquerda ou direita. Não sentia necessidade de verificar seus novos encargos. Ele parou na porta e falou. "Quem pede para entrar neste lugar sagrado?", perguntou ele. "Ansiosas mentes em busca de conhecimento", foi a resposta. "Então você é bem-vindo", disse ele. As portas se abriram, e entraram Cheyenne Martin e Lance Beagan, a luz do sol se derramando por trás deles. Esta era a primeira vez que eu via a minha companheira de casa Cheyenne, e eu fiquei atordoada de como ela estava bonita. Seu cabelo loiro tinha sido cortado na altura do queixo, e sua pele estava pálida, lisa e sem defeitos. Ela usava apenas uma sugestão de maquiagem bochechas rosadas, lábios rosa, cílios retos - e parecia em tudo uma princesa de fundo fiduciário de colégio particular em seu vestido e casaco de lã. Ela e Lance mantiveram os olhos treinados no púlpito enquanto carregavam os volumes tradicionais pelo corredor. Quando Cheyenne passou perto dos veteranos, notei Trey Prescott,
bonito como sempre em uma camisa branca que destacou sua pele escura, olhando para a frente. Não deu um olhar na direção de Cheyenne. Eu praticamente podia sentir o frio que vinha dele. Acho que o relacionamento não tinha sobrevivido ao verão. Cheyenne e Lance colocaram seus livros sobre o púlpito. "Tradição, honra, excelência,", disseram em uníssono. "Tradição, honra, excelência," nós entoamos, enchendo a capela com nossas vozes. As portas foram fechadas novamente, e o diretor Cromwell retornou pelo corredor e tomou seu lugar no púlpito. Ele ficou um longo momento observando as filas e filas de bancos, os rostos levantados em expectativa. Pelo ligeiro sarcasmo na sua boca, ele não parecia tão impressionado. "Bem-vindos, alunos, para um novo ano na Academia Easton. Eu sou o diretor Cromwell," ele disse, sua voz baixa e comandante. "Estou honrado por ter sido escolhido pelo conselho de administração da Academia Easton para tomar o leme e ajudar a levar todos vocês para uma nova era. A partir de hoje, vamos deixar o passado para trás. A partir de hoje, já não somos uma comunidade dilacerada por escândalos e tragédias. Todos nós já tivemos nosso tempo de recuperação e é agora que devemos olhar para o futuro. Um futuro que é brilhante, com esperança, com integridade, com o conhecimento e com respeito.” Constance e eu compartilhamos um olhar impressionado. "Com isso em mente, vocês devem saber que eu não vou aceitar qualquer coisa que não seja o melhor absoluto dos alunos desta academia. Eu não vou tolerar insolência dos meus alunos. Não vou tolerar indiscrição ou imaturidade. Não vou permitir que qualquer comportamento que seja possa refletir negativamente sobre essa escola. Ouçam-me agora, jovens, e ouçam bem. As coisas vão mudar.” Ele disse estas últimas palavras lentamente, deliberadamente, como se para enfiar isso em cada cérebro adolescente, um por um. Mais que impressionada, agora eu estava um pouco assustada. Dei
uma olhada nos rostos ao meu redor, e todos sentiram o mesmo. "A partir deste momento, espero que todos e cada um de vocês trabalhem em direção a uma nova Academia Easton", ele disse, sua voz subindo como um ditador. "Esta escola será conhecida como uma instituição que gera caráter, que respira decoro. E que transforma homens e mulheres jovens no melhor que este país tem para oferecer." De repente, alto, um ruído de peido encheu a capela. Todos os caras do ultimo ano soltaram uma gargalhada e se mexeram em seus assentos. Ouvi uma gargalhada que só poderia pertencer a uma pessoa: Gage Coolidge. O salão inteiro ficou tenso. Meu coração batia forte quando o diretor Cromwell olhou em direção ao fundo da capela. Ele olhou direto e acenou para uma figura escura, sombria no canto atrás dele. "Sr. White, por gentileza?" o diretor pediu. Um homem magro, mas poderoso, olhando com o rosto encovado como de um vampiro e cabelo branco loiro deslizou pelo corredor lateral e caminhou direto para o banco de Gage. Ele se inclinou e entortou o dedo para Gage. Ele parecia uma personificação da morte. Ninguém se mexeu. Gage abaixou a cabeça e acenou, como se não pretendesse ir a lugar algum. Tudo que o homem fez foi se inclinar ainda mais sobre o rapaz no final do banco e dobrar o dedo novamente. Gage estava vermelho como uma beterraba a esta altura. Ele se levantou e seguiu a criatura a fora. "Quem. Diabo. É esse?" Missy sibilou atrás de mim. "O novo capanga da Academia Easton?" Sugeri sob a minha respiração. A porta da capela bateu. Eu não fui a única a pular. "Agora, onde estávamos?" O Diretor Cromwell perguntou. Ele parecia mais alegre agora, de alguma forma. "Ah. Sim. Este ano vamos estabelecer um programa de mentores. Vários alunos que
retornam a Easton foram selecionados para serem mentores de estudantes de transferência e da turma de calouros. Quando vocês estiverem dispensados daqui, façam a gentileza de verificar suas caixas de correio para ver se foram honrados.” Missy e Lorna resmungaram, assim como muitos dos meus colegas trocaram olhares carregados. Este novo diretor não estava brincando. A reunião de boas-vindas durou mais 30 minutos, e naqueles 30 minutos, nem uma alma teve a coragem de se mover. *** "Dá pra acreditar nesse cara?" Missy reclamou no nosso caminho em direção ao pátio. Suas narinas de alguma forma pareciam ainda maiores quando ela estava com raiva. Como se estivessem se preparando para cuspir fogo. "Eu sei. Como se alguma coisa pudesse mudar por aqui", Lorna acrescentou. Bem, ela tinha razão. Lorna Gross não só deixou o cabelo escuro crescer de modo que os cachos crespos formavam menos de um triângulo, mas também era óbvio que ela tinha feito cirurgia no nariz. Ela estava quase bonita. Pena que ela não tinha personalidade alguma para acrescentar. "Eu não sei. Tudo parece um pouco diferente de qualquer maneira. Não é verdade?" Eu perguntei, me voltando para Constance, Kiki e Diana. Eu sabia que Missy e Lorna iriam me contestar, de qualquer jeito. "Você acha isso, Brennan?" Diana perguntou com uma risada. "Pra mim, tudo tá do mesmo jeito, se me perguntar." "Talvez só ela sinta diferença, porque Noelle Lange não está mais aqui intimidando a todos com sua puta presunção”, Missy disse com um sorriso triunfante. Missy Thurber não era nem remotamente boa o suficiente para falar mal de alguém como Noelle Lange. Mas eu sabia que se alguém estava feliz por Noelle ter ido embora, era ela. No ano passado, Noelle praticamente disse a Missy que era zero a chance dela de entrar no Billings - mesmo que sua mãe tivesse sido uma
garota do Billings. Agora as chances de Missy estavam abertas novamente. A menos que eu tivesse alguma coisa a dizer sobre isso. "Você já ouviu falar dela neste verão?" Constance me perguntou. "Ou de qualquer uma delas?" Todas me olharam com expectativa. Eu, afinal, era a única entre elas que tinha qualquer ligação com as quatro meninas que comandavam o Billings. Que comandavam Easton, na verdade. Estavam todas olhando para mim como a pessoa que sabia. Alguém especial. A menina que tinha realmente andado com as populares. Então, eu me senti mal quando eu tive que dizer: "Não. Eu não ouvi nada sobre elas." Não era como se eu não quisesse ouvir nada delas. Não foi como se eu não tivesse tentado encontrá-las. Mas Noelle, Kiran, e Taylor tinham mudado seus e-mails e seus números de celular. Toda vez que eu tentava, eu recebia uma mensagem de erro na minha caixa de entrada ou ouvia uma voz nasal me dizendo que o número estava fora de serviço. Depois de um tempo eu tive que manter um pouco o orgulho e aceitar o fato de que elas tinham seguido em frente. Sem mim. Natasha afirmou que eu deveria estar feliz por me livrar delas. E talvez eu estivesse de alguma forma. Mas ainda doía ser tão facilmente e insensivelmente cortada. Missy zombou e revirou os olhos e continuou andando, e Lorna fez o mesmo. Eu queria bater suas cabeças juntas, mas segurei minhas mãos nas minhas costas em vez disso. "Eu ouvi que Ariana esta em algum sanatório, no Sudoeste ou algo assim", disse Diana. "De segurança máxima." Eu tinha ouvido isso também, mas que era no interior de Nova York. Toda vez que eu pensava em Ariana, imaginava ela em uma camisa de força, seus olhos azuis olhando de uma janela enquanto ela esperava seu próximo passo, tipo Hannibal Lecter. Então eu tinha que abanar a cabeça para limpar a imagem e a sensação de formigamento terrível que me dava na espinha. "Taylor Bell esta vivendo em Portugal", disse Lorna. "Não. É em Praga", Missy contestou.
"Nuh-uh", Kiki disse, falando pela primeira vez - em voz alta uma vez que seu iPod estava explodindo em seus ouvidos. "Reabilitação". "O que? Não. Taylor nem sequer gostava de beber muito," eu disse. "Pílulas", disse Kiki séria. "É sempre os mais quietos." Era irônico, já que ela mesma estava entre as mais caladas. "Bem, eu sei que é fato que Kiran esta morando em Paris e modela", disse Diana. "Eu vi o seu novo outdoor da CK* na ChampsElysees** ao longo do verão, e minha mãe conhece o fotógrafo. Ele disse que ela é totalmente profissional agora. Nada de festas. Nem noitadas. Nem dietas malucas. Só aparece para trabalhar e vai para casa ler. "Agora eu sei que é uma mentira", eu brinquei. "Eu só acho que é estranho que nenhuma delas voltou", disse Constance quando chegamos na esquina do caminho entre Billings e Pemberly, um dos dormitórios das meninas do terceiro e quarto ano. "Quero dizer, a não ser que todas elas estejam na prisão ou algo assim, por que não voltam?" "Uh, por causa da extrema humilhação pessoal?" Missy disse sarcasticamente. Ela estudou o fim de sua trança antes jogá-la por cima do ombro. "Elas são um bando de psicopatas de qualquer maneira. Nós estamos melhor sem elas." Meus dedos se fecharam em um punho nas minhas costas. "Qual é o problema com você?" "Problema?" Missy perguntou, fixando seus olhos em mim. "Eu acho que você de todas as pessoas é que deveria querer ver Noelle e seu bando queimar na fogueira. Elas assassinaram seu namorado." "Não, elas não. Ariana fez isso. O resto delas cometeu um erro", eu disse a ela, apenas segurando a minha fúria. Mesmo que uma pequena parte de mim concordasse com uma pequena parte do que ela disse, eu senti que ela era a última pessoa que tinha o direito de dizer isso. "Elas eram minhas amigas."
"Grandes Amigas," Missy disse ironicamente. "Eu acho que é por isso que você nunca gostou de mim? Porque eu não sou uma sociopata?" "Você pouco -" "Oh. Meu. Deus", Lorna me interrompeu. "Falando de voltar -" Eu virei, meio que esperando ver Noelle ou Taylor ou Kiran. Mas não. A garota caminhando em direção a nós tinha características nítidas, pele branca como leite e um muito longo, perfeitamente reto e brilhante cabelo preto. Seus olhos negros como carvão nos fixaram quando ela passou, como se estudasse uma nova e pouco atraente espécie. Seu olhar era tão frio que quase tremi sob o sol de final de verão ardente. De nenhuma maneira esta menina tinha estado em Easton ano passado. Eu teria me lembrado dela. "Oi, Ivy!" Diana disse entusiasmada. "Como você tem -" Ela não conseguiu terminar sua pergunta, porque em três palavras, a menina já estava fora do alcance da sua voz, passando por nós como se ela não tivesse ouvido nada. "Vadia", Missy disse baixinho. "Puta", Lorna acrescentou. Fiquei olhando para a garota até que ela tinha desaparecido pela porta dos fundos do Pemberly, a discussão com Missy A Garota Narina esquecida. As coisas tinham acabado de ficar interessantes. *
é uma prestigiada avenida de Paris, na França. Com os seus cinemas, cafés, lojas de especialidades luxuosas e árvores de castanheiros-da-índia, a Avenue des Champs-Élysées é uma das mais famosas ruas do mundo e com aluguéis que chegam a € 1,1 milhão. * Calvin Klein
CADA CENTÍMETRO
"O
nome dela é Ivy Slade," Josh me disse, deslizando seus
dedos entre os meus. "Ela estudava aqui, mas no ano passado ela não voltou. Agora ela está de volta. Ela e Taylor Bell eram colegas de quarto." Ok. Agora eu estava definitivamente intrigada. "Como você sabe de tudo isso, exatamente?" Eu perguntei. Ele, afinal, só estava em Easton há um ano. Assim como eu. Eu tentei abrir a combinação da minha caixa de correio com minha mão esquerda, já que ele estava segurando minha direita. Não estava dando muito certo. "Gage fofoca como uma garota", ele respondeu. Ele segurou a minha mão e beijou cada dedo, um por um. "Ele disse que eles tinham um lance. Tipo, uma coisa séria." "Ela e Gage", eu disse duvidosamente. "Eu não consigo imaginar ele num relacionamento sério." "Eu disse relacionamento? Eu quis dizer sexo. Eles tiveram relações sexuais serias", Josh esclareceu. "Por todo o campus. Ou ao menos é o que ele diz." Estremeci. Bem, isso explica o comentário “Puta” de Lorna. "Ok. Muita informação. Vamos lá". Eu não precisava ouvir todos os detalhes do turismo sexual de Gage e Ivy em Easton, mas eu guardei a informação sobre ela e Taylor para uma referência futura. Talvez elas tivessem sido boas amigas. Talvez elas ainda fossem. Talvez esta pessoa, Ivy, sabia onde Taylor tinha ido parar. Depois de tudo o que tínhamos passado juntas, eu estava curiosa para saber o que as meninas do Billings
estavam fazendo de suas vidas. Mesmo se elas, como demonstrava seu silêncio total, não tinham o menor interesse em mim. "Tá bom". Josh soltou minha mão direita, pegou a minha esquerda, e começou a beijar os dedos também. "O que você está fazendo?" Perguntei a ele com uma risada. "Eu tenho esse plano completo de beijar todas as partes do seu corpo antes do final da primeira semana", disse Josh como se fosse um assunto qualquer. "Todas elas?" Eu perguntei, um rubor subindo pelo meu pescoço. O Josh que eu conhecia não era normalmente tão direto. Josh sorriu alegremente. "Bem, as que você deixar." "Ah". Este sim era mais parecido com Josh. Me inclinei para ele e toquei meus lábios nos seus. "Vocês dois estão fazendo parte da minha primeira exposição de galeria!" uma voz anunciou em expansão. Nós pulamos longe um do outro. Tiffany Goulbourne corria outra vez, sua câmera sempre presente na mão, toda sorrisos. "Você tirou uma foto nossa?" Perguntei a ela. "Sim. E é uma que você vai querer mostrar para seus netos um dia." Ela mandou a Josh e a mim um beijo de ar duplo como mandava a todos, então recostou-se para me inspecionar da cabeça aos pés. "Reed, minha amiga. Você ficou ainda mais fotogênica neste verão. Que cabelo! Que pele!" "Olha quem está falando", eu respondi. Tiffany era uma moradora do Billings que eu tinha começado a conhecer muito melhor durante o segundo semestre do ano passado, depois que toda a insanidade tinha acabado. Ela era alta e esbelta, com a pele de ébano e cabelo cortado curto. Poderia ter sido uma modelo, sem dúvida, mas ela preferia estar por trás da
câmera. O tempo todo. Não importava onde ela estava ou o que ela estava fazendo, ela tinha sempre uma lente com ela, fosse uma antiga 35-milímetros ou uma pequena, digital minúscula. Ninguém nunca estava a salvo de seu olho atento. Ela era como o nosso próprio paparazzi. Exceto que todas a amavam. "É, certo", disse ela, corando. "Você tem que me deixar fotografá-la este ano. Você precisa deixar." "Vamos ver", eu disse a ela, divertida. Tiff tinha passado metade do semestre da primavera tentando convencer todas que conhecíamos a posar em várias luzes para o seu projeto de arte final. Tanto quanto eu gostava da energia positiva da menina, eu tinha tido atenção suficiente por um ano e tinha encontrado vários esconderijos na casa para evitá-la. Cheyenne, é claro, acabou sendo a estrela de sua revista ilustrada. A qual Tiffany, inevitavelmente, recebeu um A. "Oh. Lá vem London e Vienna. Primeira foto do ano das Cidades Gêmeas!" E assim, Tiffany se foi novamente, esquivando-se através de grupos de calouros que verificavam suas caixas de correio pela primeira vez, pronta para fotografar London Simmons e Vienna Clark – As gloriosas Cidades Gêmeas - em toda sua glória recémbronzeada. "E aí? Vamos ver o que você tem", Josh disse, balançando a cabeça na direção da minha caixa postal. Eu rapidamente a abri e puxei o papel dobrado dentro de um envelope azul. Eu tinha visto algumas outras pessoas com eles, gemendo sobre o seu conteúdo, então eu já sabia que eu estava naquilo também. A breve nota datilografada dizia:
Parabéns, Srta. Brennan. Você foi selecionada como Mentora da Academia Easton. Sua orientanda é: Sabine Du Lac, Junior (de transferência); Residencia: Alojamento Billings Se você tiver alguma dúvida, entre em contato com a Sra. Naylor, Chefe de Orientação. "Isso não pode estar certo", eu disse.
"O quê? Não acha que você é confiável o suficiente para levar uma novata sob sua asa?" Josh perguntou quando eu bati a porta da caixa de correio. Josh não tinha sido escolhido para cuidar de nenhum novato, ainda que ele fosse um dos melhores e mais brilhantes de Easton. Meu palpite era que a direção decidiu lhe dar um passe, considerando o quanto estressante foi seu primeiro ano. Quando seu companheiro de quarto e melhor amigo é assassinado e você está preso por engano pelo crime, um passe livre é sinceramente merecido. Embora, aparentemente, não houvesse anistia para a namorada da vítima. Ou então, Cromwell era todo negócios, e um companheiro de quarto tem uma conexão oficial em Easton enquanto uma namorada não. Pelo menos este ano Josh estava alojado com Trey. Esse cara era o protótipo de todos os garotos americanos, correndo em torno do campus todas as manhãs, dirigindo o time de futebol com gols marcados, sendo recrutado por todas as escolas do país. Ele não estaria traficando drogas, chegando bêbado no quarto e nem inspirando as pessoas a feri-lo. Não que eu culpasse Thomas pelo o que tinha acontecido com ele, mas vamos apenas dizer que em um ano, uma nova perspectiva abriu meus olhos para o fato de que ele não era uma pessoa que era fácil de se conviver. "Não é isso, é que diz que ela esta no Billings", eu disse a Josh, segurando meu lapso. "Nós ainda nem escolhemos novas colegas. Pelo menos eu acho que não. A menos que elas fizeram isso sem mim ou algo assim." Que, considerando minhas experiências com as meninas do Billings, realmente não me chocou tanto. Josh deu de ombros e agarrou a minha mão de novo. "Eles provavelmente só cometeram um erro." Ele beijou meu mindinho, então meu dedo anular, e uma corrente eletrica correu através de mim. Huh. Dedo anular sensível. "Você vai ter que parar com isso", eu disse baixo. "Eu sou uma mentora agora. Eu tenho uma imagem a zelar." Olhei em seus olhos, brincando.
"Me deixa ver isso", disse ele, tomando as minhas mãos. "Sabine Du Lac? Soa como a realeza francesa ou algo assim. Não se surpreenda." Ele estava se inclinando para me beijar quando London e Vienna, as Cidades Gêmeas, chegaram. Elas tinham o bronzeado parecido, os reflexos combinando, e seus mega-seios parecidos estavam transbordando dos decotes de vestidos muito similares. "Reed! Temos que ir! Temos uma reunião no alojamento antes do primeiro período e já estamos atrasadas. Cheyenne vai ficar tão irritada." Todas as nossas aulas tinham sido adiadas e encurtadas no dia para que pudéssemos nos acomodar. Mas deixaram Cheyenne para comandar o nosso tempo para seus próprios propósitos, em compensação. Eu suspirei. Provavelmente o melhor que eu podia fazer agora era ir de qualquer maneira, antes que Josh e eu começássemos algo inteiramente inadequado em plena luz do dia no meio de uma estação de correios lotada. Eu tinha a sensação de que Cromwell não era o tipo que virava as costas quando visse um PDA. "Eu acho que eu tenho que ir", eu disse a ele, levantando um ombro. Eu dei um rápido beijo nos seus lábios, e me forcei a me afastar, virando para seguir as minhas colegas de casa. Josh agarrou meu pulso e me fez parar. Ele me puxou para ele e me fez encostar na minha caixa de correio. "Josh... E se um professor -". Ele me interrompeu com os seus lábios, pressionando-se contra mim e me beijando tão urgentemente, que eu esqueci tudo sobre o corpo docente e as regras em potencial. Inclusive deixei de sentir todos os minúsculos botões de metal pressionando minhas costas. Senti aquele beijo em todos os lugares. Em cada centímetro do meu corpo. "Tudo bem. Agora você pode ir", disse Josh, se afastando com um sorriso confiante.
Eu pisquei para ele, minhas pálpebras pesadas. "Qual é o caminho mesmo?" Josh riu e me virou pelos ombros em direção à porta, onde London e Vienna esperavam, sorrindo para mim. "Acho que você está feliz por estar de volta, hein?" London brincou enquanto eu cambaleava na direção dela. "Sim". Ela não tinha idéia. "Com certeza". *** "Todas sejam bem-vindas de volta!" Cheyenne estava à frente de uma longa mesa de madeira polida que tinha assumido a sala inteira no primeiro andar do Billings, as pontas das unhas feitas pressionadas em sua superfície. Todas as cadeiras confortáveis e sofás tinham sumido, e a TV de tela plana havia sido empurrada para o canto de trás. No centro da mesa haviam seis pequenas caixas rosas de jóias, empilhadas em uma pirâmide. Em cada uma das dez cadeiras ao redor da mesa - uma em cada cabeceira e quatro de cada lado - haviam outras caixas de jóias rosa, um bloco de papel branco, uma caneta de prata, e um cartão do lugar. Eu vi o meu nome de imediato, no último assento do lado direito - tão longe de Cheyenne quanto eu poderia sem estar diretamente em frente a ela. Meu nome, assim como os outros, estava escrito em caligrafia rosa. "Encontre seus lugares! Temos muito o que tratar em pouco tempo!" Cheyenne anunciou, nos apressando a entrar. As outras garotas, que estavam conversando em pequenos grupos em torno da sala, se sentaram em suas cadeiras. Eu deslizei para a minha e Rose Sakowitz, a diminuta companheira de quarto de cabelos vermelhos do ano passado de Cheyenne, assumiu a cadeira no final da mesa. Ela tinha um pouco mais de gordura sobre seus ossos do que tinha no ano passado. Reconfortante, pois ela sempre parecia que poderia ser arrastada em um vento forte. Mas ela continuava se parecendo com um vara-pau. Sua saia amarela era tão pequena, que eu poderia tê-la usado como uma diadema. "Oi, Reed," ela sussurrou com um sorriso e um aceno rápido.
"Oi", eu sussurrei de volta. "Bom te ver". "Você também. Como foi o seu verão?" Rose perguntou. "Senhoritas! Se não se importam?" interrompeu Cheyenne. Oh. Então era assim que ia ser. Desde a primavera passada, quando Cheyenne tinha assumido a liderança da fraternidade e realmente tinha se dedicado a ela, havia sido como uma viagem ao inferno. Ela tomou para si a presidência sem oposição e criou um gabinete que incluía London e Vienna como vice-presidentes, Rose como presidente de filantropia e Tiffany como historiadora (o que significava, basicamente, que Tiff era uma criadora de álbuns). Com seu novo regime em vigor, Cheyenne se assegurava de que nenhum momento de tempo livre ficasse desocupado. Houve chás e festas e eventos para arrecadar fundos e passeios. Sempre que não estávamos estudando, estávamos envolvidas a eles. E tinha sido divertido. Na maioria das vezes. Exceto quando Cheyenne estava sacudindo seu chicote. O que diziam sobre o poder absoluto corrompe absolutamente? Cheyenne poderia ter carimbado isso na testa. Às vezes eu sentia falta da antiga Cheyenne do Natal passado, mas quanto mais o tempo passava, mais eu percebia que esta era a verdadeira face de Cheyenne. No final do semestre do outono ela simplesmente fez uma cara feliz em seu esforço para derrubar Noelle. Agora que Noelle tinha ido realmente embora, ela estava de volta ao seu modo megera, e só de vez em quando que a Cheyenne legal aparecia. "Antes de tudo, bem-vindas de volta ào Billings," Cheyenne começou quando Tiffany tirou sua foto. "Espero que todas tenham tido férias de verão fabulosas. Eu adoraria ouvir tudo sobre as turnês européias e os passeios para o Cabo, mas agora temos alguns negócios a resolver." Ela sorriu e levantou as palmas das mãos no ar. "Agora eu sei que vocês estão morrendo de vontade de descobrir o que tem nestas caixinhas, então vão em frente!" London gritou e agarrou sua caixa rosa como se fosse um bife e ela, um cão raivoso. Eu tinha realmente esquecido da minha. Puxei para perto e abri. Dentro havia uma letra B minúscula em uma corrente de ouro fino, com diamantes e uma inscrição. Todas as meninas ao meu redor deliraram quando elas as prenderam em torno dos pescoços.
"Cheyenne! Elas são tão mmm!" Vienna murmurou, ajudando London com a dela. "São perfeitas," London acrescentou. "Agora todos vão saber quem é uma menina do Billings e quem não é." Como se eles já não soubessem. "Obrigada, Shy. Você é um gênio!" Portia Ahronian comentou. Acrescentou o colar as cinco ou seis correntes de ouro que ela sempre usava no pescoço, que contrastava com sua pele verde-oliva maravilhosamente. Eu nunca tinha chegado a conhecer Portia muito bem em todo o ano passado, mas eu tinha testemunhado a suas habilidades estelares para festas e observado seu fetiche sério por jóias. Ela também era bastante ligada a moda e, provavelmente, ocupava o lugar de Kiran como a precursora da alta costura no Billings, agora que Kiran era aparentemente uma estrangeira. Portia também tinha uma inclinação para encurtar as palavras, que me deixava louca. Falar com ela era como falar com uma mensagem de texto. "Não me agradeça. Agradeça ao Fundo das ex-alunas do Billings", disse Cheyenne. Notei que ela já tinha um colar de brilhantes com o B contra sua pele leitosa. Era só eu que achava, ou o dela era um pouco maior do que das outras? "O Fundo das ex alunas do Billings?" Eu perguntei. "Meu Deus, Reed. Você não aprendeu nada no ano passado?" Cheyenne perguntou com uma risada. "Todas as ex-alunas do Billings contribuem todo mês", explicou Rose. "Foi como nós pagamos por todas as festas e viagens no ano passado." Interessante. Eu nunca tinha ouvido falar do fundo das exalunas antes. Mas então eu tinha ficado no escuro sobre um monte de coisas no ano passado. Rose se ofereceu para me ajudar com a minha corrente, e me virei para deixá-la prendê-la. Eu senti o B frio e delicado contra o meu peito. "Temos que tirar uma foto de todas nós com nossos colares!" Tiffany anunciou. "Juntem-se todas!"
"Depois da reunião," Cheyenne disse sem rodeios. Aquelas que tinham começado a se levantar caíram para trás em seus assentos. "Temos muito o que conversar," Cheyenne continuou. Ela puxou uma pasta de plástico cor de rosa da bolsa Kate Spade* e puxou o cordão de fixação. "Normalmente nós escolhemos nossas novas colegas de dormitório na primavera, com a ajuda das colegas que estão de saída, e enviamos nossos convites então. Mas, considerando tudo o que aconteceu no ano passado, parecia um pouco inconveniente".
E recebemos ordens de não fazê-lo, mas vá em frente e faça parecer como se fosse o seu próprio senso de decoro, que antecipou essa coisa toda. "Agora estamos na posição de ter que encher a casa e ter que fazer isso rapidamente. Mas eu tenho certeza que todas nós estamos à altura da tarefa". Ela entregou uma pilha de papéis para Tiffany à sua direita e Vienna à sua esquerda. "Encontrem as páginas com seu nome nelas e passem as outras", ela instruiu. "Estas são todas as alunas do terceiro ano atuais. Teremos de escolher seis meninas a partir das mais de cem possíveis." Olhei para a pirâmide de caixas no centro da mesa. Seis meninas. Mais seis colares. "Cada uma de vocês vai ser responsável de investigar a vida de pelo menos dez meninas em potencial para o Billings," Cheyenne continuou. "Investigar?" Eu perguntei quando as páginas foram atiradas na minha frente. Notei o primeiro nome com consternação: Lorna Gross. Junto com seu nome e sua foto infeliz de segundo ano havia uma lista com todas as suas informações vitais - seu aniversário, residência principal, as notas finais do ano passado, clubes e esportes, além de parágrafos sobre todos os membros de sua família e renda de seus pais. Havia até um resumo de onde passava férias de verão e de inverno dos últimos dez anos. Como esta informação foi obtida, eu não tinha idéia. Virei para a segunda página e sorri. Kiki Rosen. Pelo que eu sabia, ela era uma boa estudante e boa pessoa - pelo menos até o momento. E, merda, isso era realmente o quanto sua família ganhava?
"Primeiro, vocês vão sentar com cada uma de suas meninas e conduzir uma entrevista. Se certifiquem se elas são bons materiais para o Billings. Que elas realmente querem isso", disse Cheyenne, passeando ao redor da mesa imperiosamente. "E segundo, e mais importante, vocês vão ficar de olho nelas. Vejam como se comportam, quando elas acham que ninguém está olhando. Que é quando elas se revelam de verdade." Meu riso encheu a sala antes silenciosa. Cada pessoa na mesa me olhou. "Ela não está brincando", disse Rose. De jeito nenhum. "Você quer que eu espione essas garotas?" Cheyenne apertou os lábios como se tivesse caído uma gota de limão em sua boca. "É assim que é feito. É como sempre foi feito." "Com uma exceção", disse Portia, lançando um olhar arrogante em minha direção. Certo. Eu. Como sempre, a ovelha negra. "Isso é passado", disse Cheyenne com um aceno de sua mão. "Mas traz um bom ponto. Considerando tudo o que aconteceu no ano passado, é da maior importância que nós escolhamos as meninas certas este ano. Temos que limpar a imagem manchada do Billings. Mostrar ao mundo que as meninas não são indicativos do tipo de mulheres que queremos ser. " Posso vomitar agora? "Uh, Cheyenne? E Ivy?" Rose perguntou. Uma sensação de antecipação correu pela minha espinha. "Que que tem a Ivy?" repetiu Cheyenne . Ok. Claramente não há amor perdido. "Bem, ela teria sido do Billings no ano passado, se não tivesse MIA", disse Portia, inspecionando as unhas. "Devemos voltar a fazer o convite?"
"Não. Nós queremos apenas juniores. A questão toda é para orientar o futuro da casa, não ter alguém novo que vai sair daqui em poucos meses ", disse Cheyenne." Além disso, ninguém ouviu uma palavra que eu disse? Eu realmente não acho que Ivy Slade é o tipo certo de menina. " Havia muitos olhares cúmplices e uns poucos risinhos. Rose, no entanto, não parecia feliz. "Vamos escolher nossas companheiras novas entre a classe júnior, e vamos escolher com sabedoria", disse Cheyenne. "Cabe a nós garantir o futuro desta casa." Na entrada, a porta da frente se abriu. Todas nós olhamos ao redor, nos perguntando quem estava faltando. Soou como se uma multidão tivesse acabado de atravessar a porta. Segundos depois o diretor Cromwell apareceu, praticamente enchendo a porta da sala. Ele olhou para a mesa com desgosto óbvio. "Senhoritas". "Diretor! Olá," Cheyenne o cumprimentou insegura. Ele se afastou um pouco. "Entrem. Não sejam tímidas", disse ele por cima do ombro. Houve um silêncio atordoado quando seis meninas entraram na sala e se alinharam próximas as cortinas de renda na janela da frente. Lorna Gross, Missy Thurber, Constance Talbot, Kiki Rosen, Astrid Chou - que até onde eu sabia era amiga de Cheyenne do Colégio Barton – e a nova garota da capela. Senhorita Ilha, como Lorna a tinha chamado. "Senhoritas, permitam-me apresentá-las a suas novas colegas de alojamento", disse o diretor com um breve aceno de cabeça. "O quê?" Cheyenne desabafou. Guinchou, na verdade. O diretor olhou-a com desdém. "Essas meninas estão entre a elite da classe júnior. Elas foram selecionadas pelo conselho de administração e lhes foram concedida a honra de residir no dormitório Billings. "
Tiffany tirou uma foto. Todas as outras ao meu redor pareciam horrorizadas. Ele tinha que estar brincando. Eles não podiam simplesmente decidir quem iria viver no Billings. Não era assim que se fazia. Mas então percebi a expressão de Constance. Ela parecia uma criança de cinco anos que tinha acabado de ser deixada na Fábrica de Chocolate do Willy Wonka. Isso diminuiu o mal estar. Pelo menos o suficiente para me fazer sorrir. "Diretor Cromwell". A voz de Cheyenne soou fraca quando ela tentou recuperar seus sentidos. Ela agarrou a parte de trás da cadeira de Tiffany e encarou-o. "Me desculpe, mas as mulheres do Billings sempre selecionam as próprias colegas. É um dos privilégios de viver aqui. É assim que sempre foi feito. Nos últimos 80 anos." O diretor olhou Cheyenne com um olhar de desdém mal disfarçado. "Srta. Martin, não é?" "Sim, senhor." Ela estava claramente contente que sua reputação a precedeu. "Eu ouvi tudo sobre você do diretor Marcus", disse ele. "Incluindo o trato que você fez com ele no ano passado para que você e seus amigos pudessem sair do campus durante os feriados." O sorriso de Cheyenne vacilou um pouco. "Bem, deixe-me esclarecer algo para você," ele continuou. "Eu não faço tratos com os alunos. Eu digo como vai ser, e sua resposta é, "sim, senhor. Obrigado, senhor. Bom dia, senhor '. " Cada uma de nós ficou congelada no lugar. "A partir de hoje, esta casa não funcionará mais como uma fraternidade", ele continuou com uma fungada. Ele estendeu a mão sobre o ombro de Rose e pegou o cartão do lugar, que ele olhou rapidamente antes de jogá-lo de volta na mesa com desgosto óbvio. London puxou o dela como se para escondê-lo. "Ouvi falar de seus rituais e iniciações. E todos acabaram agora. Este é um dormitório. Um espaço pra viver. Isso é tudo." Senti a dor como se um dardo fosse atirado através de mim e sabia que as outras provavelmente sentiram a degradação ainda mais aguda. Viver no Billings deveria significar alguma coisa. Era
algo importante para todas nós. E ele tinha acabado de arrancar isso de nós e insultar no processo. "Você tem algo a dizer sobre isso, Srta. Martin?" ele perguntou, erguendo o queixo. 1. . . "Sim, senhor...", Ele avisou. Uau. Isso foi humilhante. Um grande momento, como se seus seios tivessem de fora do biquíni, humilhante. Cheyenne limpou sua garganta e pôs os olhos no chão. "Sim, senhor. Obrigado, senhor. Bom dia, senhor." Pelo menos ela colocou alguma ênfase sarcástica sobre a palavra senhor. Que era alguma coisa. "Vou deixar vocês todas se conhecerem melhor", disse o diretor. Então ele se virou nos calcanhares e saiu. Por um longo momento, ninguém se moveu. A fúria de Cheyenne poderia ter incinerado a sala inteira. "Esse homem precisa de uma boa trepada", brincou Astrid, seu sotaque britânico de alguma forma fez a piada mais engraçada. Todo mundo riu nervosamente. Todas, menos Cheyenne. "Eles não podem fazer isso com a gente", ela disse, sua voz como gelo. "Acho que eles já fizeram", respondeu Tiffany. "Não. Este é meu último ano. Eles não podem simplesmente mudar tudo agora", vociferou Cheyenne. "Eles simplesmente não podem. Eu estive ansiosa esperando isso em toda minha carreira em Easton. Eles não podem simplesmente nos trazer essas pessoas ao acaso e esperar que seja isso!" "Cheyenne", Rose repreendeu, pulando. Ela olhou as seis meninas se desculpando, então agarrou o pulso de Cheyenne e
puxou-a para o canto, conversando com ela em voz baixa. Vienna e London rapidamente se juntaram a elas. Olhei para as outras garotas na mesa, que pareciam tão mudas e inseguras quanto eu me sentia. Mas não poderia ser metade do que Constance e as meninas novas estavam sentindo. Eu não podia simplesmente deixá-las ficar lá todas incertas e deslocadas. Levantei e dei um abraço desajeitado em Constance. "Parabéns!" Eu disse a ela. Eu não conseguia pensar em mais nada para dizer. Algumas das outras meninas do Billings seguiram meu exemplo e despertaram-se para falar com nossas visitantes. Gradualmente, a conversa encheu a sala, abafando Cheyenne e as outras. "O que há de errado com Cheyenne?" Constance sussurrou. "Será que ela realmente não quer a gente aqui?" "Ela quer votar, como sempre," eu disse. "Ela quer ter o poder de decidir quem vive aqui. Mas o que ela vai fazer? O diretor parecia muito sério. Se ele diz que você está vivendo aqui, você está vivendo aqui." "Eu não acredito nisso. Estou no Billings!" Constance disse, de olhos arregalados. "Espere até você ver o que está nas caixas", eu disse a ela, olhando para a mesa. Constance olhou para as caixas vazias rosa espalhadas por todo o lugar, depois olhou ao redor da sala, praticamente babando quando notou os Bs de diamante em toda parte. "Ah meu Deus! Eu vou ter um também?" ela perguntou, chegando a tocar o meu pingente. Dei de ombros. "Parece que todas as meninas do Billings tem um, então..." Constance gritou em silencio e eu me virei para Astrid, que eu tinha conhecido no Natal na casa de Cheyenne no ano passado. Fiel ao seu estilo original, ela estava usando um vestido sem alças, com
selos postais sobre todo ele, sapatos amarelos e uma flor em seu cabelo curto e desgrenhado. "Reed! É tão bom ver um rosto familiar", disse ela. "Eu sei! O que você está fazendo aqui?" Eu perguntei. "O que aconteceu com Barton?" "Me pegaram fumando atrás do ginásio muitas vezes, sabe?" Seus olhos castanhos brilhavam de malícia. "Mas não importa. Eu sempre quis vir para cá de qualquer maneira." Eu a apresentei para Kiki e Constance, em seguida, me virei para a nova garota que estava no canto, com as mãos atrás das costas, observando timidamente a sala. "Sabine, certo?" Eu disse. Seu rosto se iluminou, ficando se era possível ainda mais bonito. "Sim. Como você sabia?" Seu inglês era um pouco acentuado. Francês, como Josh previu. Puxei o papel azul para fora do meu bolso de trás e entreguei a ela. "Eu sou Reed. Parece que eu tenho que te mostrar tudo." "Oh, merci! Estou tão feliz em conhecê-la", disse Sabine, a mão no peito. "Este lugar é um pouco intimidante, não?" Eu sorri. "Só um pouquinho." "Não! Esqueça!" Cheyenne protestou do outro lado da sala. "Isto é inaceitável!" Ela se virou para as seis recém-chegadas. 'Vocês! Sentem-se! "Ela ordenou, apontando o dedo na mesa." O resto de vocês, para o meu quarto. Agora. " Ela agarrou as seis caixas de jóias restantes em seus braços como se estivesse com medo que as meninas novas pudessem roubá-las, então saiu do salão, o resto das meninas do Billings atrás dela. Olhei para Sabine e as outras com um pedido de desculpas nos meus olhos e suspirei. "Ok. Talvez mais do que um pouco."
IDEIA CRIATIVA
"E
les não têm o direito de fazer isso! O que eles estavam
pensando?" Cheyenne berrava, enquanto dava voltas em seu enorme quarto único. Ela tinha tomado o antigo quarto de Noelle e Ariana novamente este ano, mas de alguma forma conseguiu ficar com ele só para ela. Ainda era estranho estar aqui sem a bagunça ridícula de Noelle de um lado e o afetado TOC de Ariana do outro, mas Cheyenne tinha feito todo o possível para torná-lo só seu. Havia uma cama de casal perto da janela, dois armários, uma escrivaninha enorme, uma penteadeira ornamentada e uma sala de estar. Confortável o suficiente para que todas as dez moradoras do Billings pudessem estar ao mesmo tempo. Tudo que se olhava era branco, rosa ou verde musgo - a colcha, o revestimento das cadeiras, as almofadas, as flores frescas na janela. Era como se vivesse em um jardim Inglês. "Quero dizer, Lorna Gross? Eu não me importo se ela voou em um jato particular para fazer plástica no nariz na Suíça. Ela ainda é Lorna Gross !" "E você viu aquela menina dos sapatos?" Portia disse, seus olhos praticamente atravessando enquanto ela inspecionava uma mecha de cabelo atrás de pontas duplas. "Mal!" Olhei para Tiffany, confusa. Qual menina que ela estava falando? Tiff simplesmente deu de ombros. "Bem, pelo menos Astrid entrou," eu disse, tentando encontrar algo para acalmar Cheyenne. "Vocês duas não são como, melhores amigas?" Cheyenne me mirou com um brilho no olhar. "Nós nos conhecemos", ela corrigiu. "E esse não é o ponto." "Mas ela está certa. Alunas de transferência nunca entram no Billings," Rose confirmou do seu assento em uma das cadeiras estofadas de Cheyenne. "Talvez o conselho fez um favor a ela."
"Você está brincando comigo? Eu sou a única aqui que está chateada? Isto é uma ofensa a todas nós", disse Cheyenne. "Eles não sabem o que é preciso para entrar no Billings. Eles não podem de repente decidir quem é digno. Cada uma de nós foi cuidadosamente selecionada por mulheres que viveram aqui, que sabem do que se trata. O conselho de administração não tem nenhuma ideia, e o diretor Cromwell com certeza não." "Sim, mas Kiki e Constance são legais. Kiki tirou as Primeiras Honras duas vezes no ano passado, e Constance foi editora-chefe da Chronicle, embora ela esteja no terceiro ano", eu apontei. "E eu não sou a maior fã de Lorna ou Missy, mas Missy vem do legado do Billings. Será que ela não iria entrar automaticamente de qualquer maneira?" "A menina tem razão", disse Tiffany, brincando com sua câmera. "Mas isso não muda o fato de que ele invadiu aqui e ignorou nossos direitos", disse Portia. Suam pulseiras balançaram quando ela cruzou os braços sobre o peito. "O homem é um sulfato de alumínio. Ele deve saber disso." "Exatamente", disse Cheyenne, seus olhos iluminando agora que alguém estava de seu lado. lncrível. De alguma forma eu ainda estava chocada com o ego Billings. "É isso aí. E agora nós não temos como espionar." London fez beicinho. "Eu estava tão ansiosa para essa parte. Eu até consegui esses binóculos", disse ela, tirando um conjunto elegante de binóculos prata de sua bolsa Prada de couro. "Tá vendo?" Cheyenne disse, levantando uma mão como se esse insulto fosse demais. "London nem sequer pode usar seus binóculos." "Bem, ela já usou eles no Ketlar, esta manhã", brincou Vienna, provocando risadas de todos os lados. Ela e London bateram as mãos, suas francesinhas idênticas se chocando em conjunto, parecendo bastante satisfeitas consigo mesmas. Eu esperava que o quarto de Josh não estivesse em frente ao delas.
"Olha, do meu ponto de vista, tudo isto significa que não temos que fazer todo o trabalho", eu disse. "Eles já fizeram isso por nós." Honestamente, eu não gosto de ter que tocar neste assunto mais do que ninguém fez. Mas eu tinha a sensação de que minhas irmãs do Billings, com seus padrões indefiníveis, não poderiam ter aceito Constance, e eu não queria ver aquela garota de coração partido. Eu não podia imaginar como eu teria me sentido, se no mesmo dia que eu tivesse sido convidada para o Billings, tivesse então sido sumariamente expulsa. Tudo que eu queria fazer era aceitar o decreto e seguir em frente. Os olhos de Cheyenne brilharam. "Preguiça não é desculpa para desistir de tudo o que significa o Billings, Reed," ela retrucou. "Não que eu espere que você entenda isso", acrescentou ela em voz baixa. Meu rosto ficou quente. "O quê?" "O quê? Oh, nada", disse ela com um sorriso doce. Irritada como eu estava, eu não senti vontade de começar uma briga com Cheyenne, então eu escolhi ignorar sua indireta e focar no problema atual. "Eu não quero desistir do que significa o Billings, tá bem, mas o que vamos fazer? Eu acho que devemos apenas dar as meninas novas seus colares e continuar com o nosso ano". Houve um murmúrio geral de assentimento que aumentou a minha confiança. "Uh, não. Eu não penso assim. Não é só pegar os colares," Cheyenne disse, cortando a todas. "Nós não temos nenhuma maneira de saber se essas meninas são mesmo material do Billings." "Bem, agora é tarde demais", disse Rose com um encolher de ombros. "Elas já estão dentro. Elas vão ter que ser material do Billings." Os meus pensamentos exatos. Por que eu não poderia ter dito isso primeiro?
Os olhos azuis necessariamente".
de
Cheyenne
se
estreitaram.
"Não
Oh, Deus. Eu não gostei daquele tom. Um arrepio muito familiar de nervosismo correu pela minha espinha. "Oooh, o que você tá pensando?" Vienna pediu. Aparentemente, Vienna gostava do tom. "Estou pensando que ainda podemos testá-las. Só porque elas estão vivendo sob nosso teto, isso não significa que elas não podem ser investigadas", disse Cheyenne. "Nós vamos pensar em uma tarefa para que elas executem e aquelas que passarem, tudo bem. Mas aquelas que não ..." Algumas das meninas se olharam, conspirando. Eu, porém, estava em branco. "Aquelas que não, o quê?" Eu perguntei. "Bem, nós vamos lidar com isso quando chegar a hora", disse Cheyenne, me dando palmadinhas no ombro como se eu fosse uma garotinha. "Eu não entendo," eu disse, tentando afastar qualquer atrocidade que essas meninas tinham em mente. "O diretor disse que elas estão morando aqui. Não há nada que possamos fazer." "Oh, há sempre algo que podemos fazer, Reed," Cheyenne disse com um sorriso beatífico. "Você só precisa de um pouco de criatividade." *** Quando entrei no meu quarto depois de nosso encontro breve e irritante, Sabine tinha fechado a mala vazia e a escondido debaixo de sua cama. Seus lençóis eram simples e brancos, e seu armário estava apenas meio cheio com roupas exóticas com aparência frágil em todos os tipos de cores brilhantes. Sandálias planas forravam o chão, juntamente com um par de tênis. Havia três velas na mesa ao lado de sua cama e duas fotos. Uma foto dela e dois amigos em trajes de banho, de pé em uma estrutura simples de bambu, e uma impressão maior de Sabine em um uniforme escolar,
abraçando uma mulher que tinha que ser sua mãe. Esta estava em um porta-retratos prata. "Só isso?" Eu perguntei. Ela levantou uma pequena pilha de livros de capa dura de sua cama e colocou-os em sua mesa ao lado de um laptop da Apple prata. "Isso é tudo." "Uau. E eu pensei que era uma minimalista." Cruzei para a minha cama e me sentei, de frente para ela. Ela olhou para suas coisas e encolheu os ombros magros. "Eu usava um uniforme na minha antiga escola, então eu não preciso de muito. E suponho que blusas e roupas de inverno ocupam mais espaço, mas eu não tenho essas coisas ainda. Você sabe onde eu poderia comprar um casaco do bom?" "Eu não sou a pessoa certa pra perguntar:" Eu disse a ela com um sorriso irônico. "Portia ou Cheyenne, talvez. Se você seguir o meu conselho, você vai parecer fora de moda", eu brinquei, fazendo uma voz esnobe. "Cheyenne? A garota estremeceu. "Não, obrigada".
com
o
temperamento?"
Sabine
Eu sorri. "Então, de onde você é que não precisa de um casaco de inverno?" "Martinique", disse ela, andando até a janela para olhar para fora para as montanhas. "Alguma vez você já foi lá?" "Não posso dizer que fui", eu respondi com um sorriso tímido. Na verdade, eu nunca tinha estado em um avião antes, mas ela não precisava saber disso. "É uma pequena ilha. Muito quente. Minha família vive em uma casa na praia, então eu cresci no sol e sem usar muita coisa", disse ela com um sorriso melancólico. "Parece bom. Por que veio para cá?" Eu perguntei.
"Eu sempre quis ver o que é viver nos Estados Unidos", disse ela simplesmente. Sim. A Academia Easton não era realmente um bom exemplo de uma existência normal no EUA. "É estranho, no entanto. Estar aqui", disse ela com um suspiro, olhando pela janela. "Como assim?" Eu perguntei. Além do óbvio. "Eu estava tão animada para vir para cá. A vida em casa pode ser... Complicada", ela me disse com um sorriso pequeno, quase apologético. "Eu não podia esperar para ir embora. Mas agora que eu estou aqui..." "Você sente falta de casa", eu terminei para ela. "Exatamente", respondeu ela. Lembrei desse sentimento. No ano passado eu tinha sentado no meu quarto no Bradwell completamente confusa de como eu poderia estar com saudades de casa, com o meu irmão na faculdade e minha mãe catatônica na cama. E ainda assim, lá estava eu, à beira das lágrimas. Eu tinha, no entanto, superado rapidamente, com todos os trotes, confusão e medo abjeto que tinham em breve no meu caminho. "Você se acostuma a isso", eu disse a ela. "Sério?" ela olhou para mim com esperança, e eu senti uma pontada no peito. Essa menina precisava de uma amiga. Talvez a idéia de Cromwell dos mentores era uma boa. "Eu prometo", respondi. "Bom. Vou pensar nisso como uma aventura", disse Sabine com firmeza. "É como um mundo diferente, de qualquer maneira. Todo pedra e tijolo e colinas e árvores. E a cerimônia nesta manhã? Como uma cena de uma novela." Seus olhos brilhavam de excitação.
"Sim. É muito legal", eu concordei, lembrando a brisa quente que eu tinha sentido a primeira vez que eu vi. Esse sentimento de ser parte de algo maior. A expectativa otimista de que ele havia se inspirado em mim. Eu só podia esperar que Sabine tivesse um melhor primeiro semestre do que eu tive. Mas então, como seria possível ser pior? Meu computador deixou escapar um sinal sonoro, e me levantei para verificar meu e-mail. "Desculpa". "Não há problema", disse ela levemente. Eu pisquei quando eu vi o endereço.
[email protected]. Dash? Dash McCafferty me mandando e-mails? Eu senti uma vibração estranha de excitação no meu peito e disse a mim mesma para relaxar. Eu cliquei em abrir.
Ei, Reed, Só queria confirir e ver como Easton está andando. Yale é exatamente o que eu esperava. Muita gente parece sobrecarregada, mas acho que Easton pode ter sido mais difícil. Meu companheiro de quarto é um idiota, mas depois de viver com Gage, eu acho que posso lidar com isso. Escreva de volta quando você tiver uma chance. Dash "Oooh. Alguém ficou vermelha", disse Sabine, chegando mais perto. "De quem é?" Eu não estava corando. Eu não poderia estar corando. Só porque Dash e eu tínhamos compartilhado um momento - louco talvez durante o verão... "Apenas um amigo," eu disse a ela. "Ele se formou no ano passado." "Oh? Un petit ami?" ela brincou. Mas que droga? Será que eu parecia perturbada ou algo assim? Talvez eu estivesse um pouco animada, mas só porque eu
fiquei surpresa que Dash se incomodaria em manter contato comigo. Isso era tudo. "Uh, não. Ele era namorado de uma amiga:" Eu disse a ela. Era? É? Eu não tinha idéia. Dash tinha ido para o Vineyard com a sua família para um casamento em agosto e Natasha e eu tinhamos saido com ele por alguns dias. Mas o tempo todo em que estávamos juntos, ele não mencionou Noelle uma vez. Seguindo seu exemplo, nós não perguntamos nada, apesar de nós duas estarmos loucas para saber o que ele sabia. Ainda assim, parecia cruel mencioná-la. Como ele poderia possivelmente ter lidado com a idéia de que sua namorada tinha qualquer tipo de envolvimento – mesmo que involuntariamente - na morte de seu melhor amigo? E então, aquele momento havia acontecido. Após o casamento, Dash tinha aparecido no Old Fisherman - o restaurante que eu trabalhei em todo o verão - um pouco embriagado, seus cabelos loiros desalinhados pelo vento, ainda vestindo seu smoking, mas com a gravata adoravelmente solta. Eu estava fechando as mesas da varanda por minha conta, e ele estava na direita, me ajudando a empilhar as cadeiras e passar tudo para a parede para protegê-los contra o vento, como eu fazia todas as noites. Ele me contou histórias sobre todos os esnobes tensos no casamento, e acabamos lá fora por uma hora, rindo e conversando enquanto nós olhávamos para o mar. "Eu gostaria que você estivesse lá", disse ele, inclinando seus braços grossos sobre as grades. "Teria sido muito mais divertido." Meu coração pulou uma batida surpresa com a maneira como ele estava olhando para mim. "Sim. Soa como boas pessoas assistindo", eu respondi, tentando ignorar. "Eu não posso acreditar que estou indo para Yale em poucas semanas", disse ele. "É. Faculdade. É tão grande", eu respondi. "Não. Não é isso. Eu só queria... eu gostaria de poder voltar a Easton. De cursar o último ano de novo. Gostaria de fazer tantas coisas de maneira diferente", ele disse daquela maneira sincera dele.
"Como o quê?" "Como..." Ele me olhou nos olhos de um jeito, procurando, que eu congelei. Mesmo que eu soubesse o que ele estava pensando, mesmo que eu tivesse acabado de falar com Josh da Alemanha duas horas antes, eu não me mexi. Este era Dash McCafferty. Ele era quase assustadoramente lindo. E eu juro, quando ele inclinou a cabeça para mim, houve um momento de insanidade em que eu ia beijá-lo. E então me lembrei que eu tinha uma consciência. Eu recuei. Pigarreei, agi como se nada tivesse acontecido, e assim ele fez também. No dia seguinte eu estava absolutamente convencida que eu tinha imaginado a coisa toda. Ou que eu não tinha, mas ele estava mais bêbado do que eu pensava e não sabia o que estava fazendo. Que ele de alguma forma tinha pensado em sua condição confusa que estava com Noelle. Ok, ela era nível – Vogue, um nível lindo - e eu era eu, mas ambas tinham cabelos castanhos, alturas semelhantes e corpos atléticos. Era possível. Seja qual for o caso que tivesse sido, eu não tinha visto ou ouvido falar dele novamente até o momento, mesmo que sua família tivesse ficado mais dois dias na ilha. "Ah. Bem, diga a ele que sua nova companheira de quarto disse Olá", disse Sabine antes de voltar a organizar suas coisas. Eu, nervosa, comecei a digitar uma resposta rápida, meus dedos apertando levemente depois de recordar aquela noite de verão de forma tão vívida. Tomando um tipo de ligação Dash individual, escrevi sobre o novo diretor, a situação no Billings e o programa de mentor. Eu tinha acabado de bater enviar quando Constance irrompeu em nosso quarto. Se havia uma coisa que ela era boa, era distração total. "Ah, meu Deus! Reed! A vista do meu quarto e Kiki é tão linda!" ela divagava. "Eu não posso acreditar que estou no Billings! Eu não posso acreditar!" "Por que você está tão animada?" Sabine perguntou, olhando por cima de uma camiseta azul-turquesa que estava dobrando. "Este lugar é especial de alguma forma?"
"Você não tem idéia!" Constance falou. "Este é o dormitório mais exclusivo no campus. Eles não deixam qualquer um viver aqui." Exceto este ano. "Então, quando nós ganharemos os nossos colares?" Constance estendeu a mão para tocar o meu diamante B. "Você notou que o de Cheyenne é maior do que todos os outros?"
Eu sabia! "Eu não posso esperar para ganhar o meu!" "Calma, Constance. Respire", eu disse a ela, rindo culpada. Mal sabia Constance que ela não era realmente uma menina do Billings ainda. Pelo menos não por parte de certas pessoas. "Tenho certeza que você vai ter um no fim."
Especialmente porque eu estou planejando ajudar você e Sabine a passar em qualquer estúpido teste que venha de Cheyenne. "Oh, Deus. Eu não posso esperar! Eu tenho que ligar para Whit! Ele vai ficar tão feliz por mim! Ele me disse que eu ainda podia entrar, mas eu não acreditava nele. Ele estava apenas sendo Whit, sabe? Você sabe como ele é, de qualquer jeito - ". Constance pegou seu celular para ligar para Whittaker, que era agora um cara de Harvard. Ela se afastou de mim e Sabine quando cumprimentou Whit e gritou ao telefone. Eu enviei um olhar a Sabine, mas ela apenas sorriu de volta. Sem revirar os olhos. Sem julgar. Reações que Constance provocava muitas vezes ao seu redor. Sabine realmente ia ser um choque cultural na escola. "Sim", Constance estava dizendo. "Há uma nova garota com Reed, por isso não estamos juntas no mesmo quarto, mas... Não. Ela está bem aqui. Ok. Claro..." Ela estendeu o telefone para Sabine. "Whit quer te dar boas vindas a Easton."
Sabine pareceu surpresa, mas pegou o telefone. "Olá? Sim. Obrigado! É bom conhecê-lo, também." "Ah, meu Deus, ele é tão fofo, não é?" Constance perguntou a Sabine. Sabine acenou e sorriu quando Whit falou a distância. Meu coração se aqueceu observando elas. É. Essas duas tinham que passar no teste de Cheyenne, se não eu me mataria. Elas eram exatamente o que o Billings precisava. *** O dia tinha se transformado de quente a extremamente quente no momento em que todos se encaminhavam para fora para as aulas. Sabine e eu andávamos pelo pátio juntas - eu em shorts cáqui e uma camiseta, ela em um vestido rosa e amarelo em camadas que ninguém por aqui jamais usaria - tomando o longo caminho para que eu pudesse mostrar os vários edifícios. No meio do caminho ela pegou um pequeno caderno encadernado em couro azul e lápis e começou a fazer anotações. "O que você está fazendo?" Eu perguntei, achando graça. Sabine corou e escondeu o caderno contra o peito. "Eu sou terrível com as direções. Se eu não anotar isso, você vai ter que me dizer tudo de novo amanhã." "Certo. Então, este é Hull Hall, mas todos nós chamamos de Hell Hall," eu disse enquanto Sabine escrevia uma rápida nota no seu caderno. Levantei meu cabelo para cima do pescoço e o amarrei em um rabo de cavalo rápido, tentando me refrescar. "É onde os professores e reitores e o diretor têm seus escritórios." "Eu estive lá esta manhã", lembrou Sabine, apontando seu lápis em direção à porta. "O diretor nos levou lá para nos reunirmos com ele, antes de irmos ao Billings." "Faz sentido", disse eu, então me voltei para o caminho para a biblioteca. "Agora aqui em baixo é... Josh." Ele e Gage estavam caminhando em direção a nós vindo do Ketlar. Josh usava uma camiseta laranja que tinha as palavras não sabem o que você está falando estampadas na frente na cor
marrom. Gage estava com seu sorriso habitual e uma camisa branca imaculada. Seu cabelo com gel tinha ficado cerca de meia polegada mais alto. Ele provavelmente pensava que era bacana. Eu pensei que parecia que ele tinha dirigido dentro de um túnel de vento. "Josh? É um edifício?" Sabine perguntou, movendo seu cabelo espesso e escuro por cima do ombro. Eu podia sentir o suor escorrendo pelas minhas costas. Ela parecia fresca como uma brisa de inverno. "Não. É um garoto", eu respondi com uma gargalhada quando Josh e Gage se juntaram a nós. "Oi". "Oi", Josh respondeu. "Menina Nova", Gage disse com um aceno de cabeça em minha direção. "Como é a vida no interior da América? Sua cidade já tem energia elétrica?" Uau. Ele não perdia tempo comigo, não era? Pegar no meu pé era sempre um dos passatempos favoritos de Gage. Muito infantil. "Cara, ela não é mais nova", disse Josh. "Eu sou nova!" Sabine disse alto. Gage se virou para ela, e um sorriso agradecido se espalhou pelo seu rosto. Um sorriso que revirava meu estômago. "Nova garota nova", disse ele, olhando ela de cima a baixo. "Eu gosto". Eu queria vomitar, mas Sabine corou. Eca. "Ignore ele," disse Josh, entrando na frente de Gage e o empurrando com as costas da mão. "Nós só andamos com ele por caridade. Sabe, acumular pontos para a faculdade. Então você deve ser a novata da Reed. Eu sou Josh." "Sabine", respondeu ela. Ela olhou para sua camisa. "Eu acho que não preciso perguntar o sentido." 'Tou* entendeu! Eu achei que ninguém entenderia. Eu estava tentando ser irônico. Ou rebelde. Ou algo assim. Uma vez que não me deram ninguém para ser mentor," Josh disse. Então ele se inclinou para o ouvido de Sabine. "Sinceramente, eu não sei por que eles escolheram a Reed, também. Ela não sabe nada sobre nada. “
Sabine riu e olhou para mim timidamente. O celular de Gage tocou e ele atendeu, graças a Deus. "Ok, Hollis. Eu acho que já deu", eu disse. "Por favor, não a ofenda. Eu preciso dela ou eu estou totalmente perdida", brincou Sabine. "Eh. É preciso mais do que isso para ofender Reed," Josh disse, acenando com a mão. "Acredite em mim. Eu sei!" Gage comentou, levantando a mão livre. "Gosto do seu sotaque. De onde você é?" Josh perguntou. "Martinique?" Sabine disse como se fosse uma pergunta. "Sério! Minha família costumava ir lá nas férias de inverno! Temos que conversar mais tarde. Ver se conhecemos as mesmas pessoas", disse Josh. "Claro", disse Sabine rápido. "Perdedor! Vamos logo", disse Gage, fechando seu telefone. "Temos a nova professora gostosa de Espanhol no primeiro período. Quero um assento na frente para que eu possa trabalhar meu mojo*". "Cara, paquerar uma professora é coisa de cinco anos atrás", disse Josh. Mas ele se virou para ir embora. "Eu vejo as senhoritas mais tarde." Eu não tinha certeza de por que ele não me beijou, mas eu estava feliz que ele não tivesse feito isso. Eu não queria ficar incoerente e boba na frente de Sabine. "Escuta, Sabine. Gage? Você não vai querer cair na dele", eu disse a ela no momento em que estavam longe o suficiente. "Por que não?", perguntou ela.
"Porque ele é um galinha e uma espécie de babaca. Acredite em mim. Ele não é confiável." "É uma pena. Mas o outro é um gato", disse ela, olhando Josh de cima a baixo enquanto ele corria para longe. "Eles deviam nos dar um desses em vez de um mentor." Senti uma onda de ciúme, mas eu ri. "Ok, sem tocar", eu disse brincando da forma possível. "Eu sei. Eu sei. Ele está com Cheyenne. Não se preocupe. Eu nunca iria atrás do cara de outra menina", disse Sabine, passeando na frente. Demorou uns bons cinco segundos para o meu cérebro absorver o que eu acabava de ouvir. Em seguida, ele sentiu como se batesse em uma parede de tijolos. "Ele não está com Cheyenne", eu a corrigi, me aproximando. "Ele está comigo." Sabine ficou me olhando por um longo momento, seus olhos verdes em branco. Então, ela mordeu o lábio, como se estivesse entendendo. "Oh. Mesmo? Pensei... Não. Esqueça isso." A onda de calor de ciúme agora estava queimando ardente pelo o meu corpo todo, as chamas se espalharam por uma onda de incerteza total. "Não. Por que você pensou isso?" Eu perguntei. Sabine olhou ao redor, como se ela preferisse estar em qualquer lugar menos aqui. Como se quisesse estar com qualquer um dos estudantes no caminho em torno de nós só para ficar longe de mim. Isso foi realmente começando a me deixar nervosa. "Sabine. Por quê?" Exigi. "É só que... eu os vi quando cheguei esta manhã. Josh e Cheyenne. Claro que eu não sabia quem eles eram, depois, mas... Eles estavam sentados em um banco juntos e eles pareciam muito... íntimos. Eu pensei que eles eram um casal."
Ok, Reed. Respire. Não é possível processar essa informação sem oxigênio. E você definitivamente não pode socar Cheyenne sem oxigênio, de qualquer jeito. Machucar ela sério. "Você tem certeza que eram eles? Quero dizer, você realmente não conhecia ninguém ainda", indiquei, esperançosa. Sabine pareceu se iluminar. "Talvez não. Talvez fosse outra menina loira. Há um monte delas aqui." Essa justificação não me fez sentir totalmente melhor. Ela não tinha exonerado Josh, o que dizia que ele estava com uma loura qualquer. De repente, meu estômago estava desejando que eu não tivesse insistido em parar no McDonald a caminho da escola. Ovos McMuffins e intestinos afetados pelo ciúme não dão muito certo. "Uau. Bem possessiva!" Sabine apontou, começando a andar novamente. "Não que eu culpe você. Tenho certeza que você está constantemente lutando contra ameaças potenciais com um cara como ele." "O que isso quer dizer?" perguntei defensivamente. Será que ela achava que eu não era boa o suficiente para ele? A boca de Sabine abriu. "Nada! Só que outras meninas devem estar interessadas. Foi um elogio, na verdade." A culpa encheu meu estomago e eu queria me bater. Por que eu estava nervosa com Sabine? Ela não tinha feito nada de errado. "Sinto muito. Acho que sou possessiva," eu disse com um sorriso tímido. Meu interior ainda estava fervendo, mas eu não ia descontar nela. Cheyenne, no entanto... "Não, eu sinto muito. Eu não queria incomodá-la", disse Sabine, tocando meu braço. "Eu não tinha ideia." Limpei a garganta e me endireitei. "Não estou chateada", disse a ela. "Josh e eu estamos totalmente juntos. Quem você viu não era ele." Sabine fez uma espécie de duplo dar de ombros quando ela olhou para mim. "Isso foi estranho." "O quê?"
"Esse olhar. Você me fez lembrar da minha irmã", ela me disse. "Ela dá esse mesmo olhar venenoso quando ela está falando de caras." "Venenosa? Sério? Eu não sabia que podia ser venenosa", eu brinquei, tentando clarear o meu estado de espírito. Venenosa, hein? Noelle ficaria tão orgulhosa. "Bem, você pode. Acredite em mim", disse Sabine, com um sorriso. "Você deve amar muito ele." "Eu amo," eu disse a ela. Eu amo. Mais do que qualquer coisa. E era por isso que eu ia chegar ao fundo desse lance de Josh e Cheyenne. Antes que meu coração entrasse em combustão espontânea.
* Tou, é você em Frances
*Mojo, encanto, charme em espanhol
UM PEDAÇO DE EASTON
"E
las estão todas lá," Vienna nos disse, inclinando-se para
o espelho dourado no hall do Billings para verificar o brilho nos lábios. Ela pôs um dedo no lábio inferior para remover uma imperfeição invisível, então ajeitou seu cabelo escuro. “Parecem um monte de gatinhas assustadas. É quase bonito." "Gatinhas", Cheyenne disse maliciosamente. "Eu gosto disso." Eu a olhei atentamente quando ela alisou o seu já liso cabelo loiro. Ela estava usando uma blusa branca com mangas curtas bufantes e uma mini saia preta plissada. As unhas dos pés estavam vermelhas, as unhas das mãos cor de rosa, e sua pele brilhava como um anúncio de Jergens*. Cada centímetro dela estava polido, encerado e arrumado a perfeição. Mas, ainda assim, eu simplesmente não podia imaginar Josh com ela. Ele era muito antiestabelecido. Muito relaxado. Muito... eu. "Todas estão prontas?" Cheyenne perguntou, olhando para o grupo de meninas do Billings reunidas atrás dela. "Posso apenas expressar minha opinião dizendo que eu não concordo com isso?" Eu coloquei. Cheyenne ofegou falsamente, colocando a mão sobre sua boca. Seu anel de safira brilhava à luz do lustre. "Estou tão chocada! Reed não concorda." Eu tentei formular uma resposta, mas ela revirou os olhos e caminhou até a sala onde as meninas novas estavam todas esperando. Meus punhos se cerraram em frustração. "Ela está em forma rara esta noite", disse Rose, vindo atrás de mim. "Por que estamos deixando ela fazer isso, exatamente?" Eu perguntei.
"É por isso", respondeu Tiffany quando o resto das meninas do Billings seguiu Cheyenne ansiosamente. Ela levantou a câmera com lente de duração, focada e tirou algumas rápidas fotos. "Elas adoram essa porcaria. Nós estamos em desvantagem." Eu respirei fundo e baixei minha cabeça. "Vamos acabar com isso." Os sofás e cadeiras estavam de volta em seus lugares de costume, e Constance, Sabine, Astrid, Missy, Lorna e Kiki estavam todas reunidas neles, formando um U. Cheyenne ficou na frente da lareira com o resto das meninas alinhadas em cada lado dela contra a parede. Rose, Tiff e eu deslizamos para um canto, o mais longe possível da ação. Como se pudéssemos nos livrar da culpa dessa forma. "Senhoritas, nós chamamos vocês aqui para acabar com qualquer dúvida," Cheyenne começou, afastando-se da parede. "A administração pode ter colocado vocês aqui, mas vocês não pertencem ao Billings." Meu coração começou a bater forte. Será que ela tinha que ser tão condescendente? Constance e Sabine trocaram um olhar nervoso. Eu desejei poder apenas ir lá e dizer para não se preocuparem. Mas ia ter que deixar para mais tarde. "Morar no alojamento Billings sempre foi um privilégio, não um direito," Cheyenne continuou, olhando com o nariz empinado para as meninas. "Então nós, as meninas que realmente ganharam o privilégio de viver aqui, decidimos que todas vocês precisam ganhar esse privilégio também. Por isso, desenvolvemos uma tarefa para vocês." Eu podia ver Constance engolir em seco. Ela sabia metade do que eu tinha feito ano passado, tentando entrar no Billings. Eu tinha certeza de que ela estava fazendo xixi nas calças agora. "Nós todas achamos que a casa poderia ter um pouco mais de enfeites", Cheyenne continuou, enlaçando os dedos, braços para baixo e olhando ao redor da sala imaculada. "Nós gostaríamos de trazer um pouco de Easton e sua história para dentro de nossas paredes. O trabalho de vocês é fazer exatamente isso. Encontrar algum pedaço de Easton - algo especial, algo com uma história ou
algum significado - e trazer de volta à graça de nosso salão. Vocês tem 72 horas. " Todas as garotas novas trocaram um olhar de apreensão. Mesmo Missy e Lorna, que tinham até agora andando por aí com o nariz em pé como se achassem que já faziam parte, davam a sensação de estarem doentes. "Desculpe, vocês querem que nós roubemos alguma coisa?" Sabine perguntou. "Isso é um problema?" Cheyenne perguntou, as sobrancelhas levantadas. "Não. Claro que não", respondeu Astrid pelo grupo, colocando a mão em cima de Sabine. "Tenho certeza de que nós já pegamos algumas coisas algum dia, não é, meninas?" Kiki deu de ombros. Todo mundo estava em branco. Por que elas teriam que roubar alguma coisa? Sabine, eu não tinha tanta certeza, mas quanto ao resto? Cada uma delas era mais rica que a outra. "Bom. Tudo bem, então. Ficamos assim," Cheyenne disse animadamente. "Daqui a três dias todas nós vamos nos encontrar aqui, e vocês poderão apresentar seus objetos para nós. E, meninas? É bom que sejam os melhores. Este é o alojamento Billings. Tudo o que vocês trouxerem para cá é melhor que seja digno." Ela olhou para baixo para Constance, quando disse isso. Constance se encolheu no sofá. Cheyenne, então, saiu seguida por Vienna, London, Portia, e as outras - todas nós - uma por uma. Tentei capturar minhas amigas com um olhar expressivo enquanto eu passava, mas elas estavam ocupadas demais vendo os flashes de suas vidas diante de seus olhos para perceber. "Bem. Isso deve separar as mulheres das meninas," Cheyenne sussurrou, triunfante, de volta ao hall. "Isso é tão desnecessário", eu disse, balançando a cabeça. "Deus, Reed, onde você bateu com a bunda durante o verão?" ela retrucou. "Eu pensei que você fosse legal."
“E eu pensei a mesma coisa," eu respondi, cruzando os braços sobre o peito. "Olha, eu sei que você sente falta das suas „amiguinhas' ", disse Cheyenne com aspas no ar. "Mas eu estou no comando agora. E eu, por exemplo, não vou deixar lixo entrar nesta casa." Eu senti como se tivesse acabado de levar um tapa na cara. Seu recado implícito era óbvio para todas. Ela acreditava que Noelle e Ariana tinham convidado o lixo para dentro. Que eu era o lixo. Eu queria responder, mas eu estava tão ofendida, que perdi toda a capacidade de pensar, e Cheyenne teve a oportunidade de virar as costas e se afastar. O resto das meninas evitou meu olhar quando meus dedos se enrolaram em punhos. Minha frustração me sufocou. Em duas horas eu iria chegar a uma resposta perfeita. E já seria muito tarde para usá-la. *** Sentei no final do banco nos serviços matinais do dia seguinte, folheando meu caderno de tarefas, me sentindo sobrecarregada. Eu já tinha dois trabalhos e dois laboratórios na próxima semana, além de um teste de história americana para ver o quanto nós tínhamos absorvido desde o ano passado. Quando os exames finais terminam, se supõe que somos capazes de esquecer imediatamente todas as datas e fatos que estavam amontoados em nossas cabeças para abrir espaço para novas informações. Os professores não sabem disso? Bem, não o Sr. Barber, é claro. Eu não sei por que fiquei surpresa. "Tudo bem?" Sabine sussurrou, percebendo minha passagem maníaca de páginas. "Tudo bem. Apenas me reacostumando à insanidade", eu disse a ela. "É muito, não?" ela perguntou, seus olhos arregalados. "Eu não tinha idéia. E eu ainda tenho que escolher algo para roubar para o Billings, também" ela sussurrou. "Não se preocupe. Vamos arrumar alguma coisa", eu disse a ela. Eu queria estrangular Cheyenne por colocar esse olhar tenso no
rosto de Sabine. Como ela poderia saber o que tinha história ou não por aqui? Ela só estava aqui há um dia. Até eu estava tendo dificuldade para ter alguma idéia. "E agora, eu tenho um anúncio emocionante para fazer", disse o diretor Cromwell, efetivamente roubando a nossa atenção. Se fosse qualquer outra pessoa, nossas mentes continuariam vagando durante o processo habitual. "Na próxima semana, seremos os anfitriões de um fim de semana de ex-alunos, que incluirá um jantar black-tie no Hotel Driscoll em Easton," ele disse com um sorriso orgulhoso. Algumas pessoas ao meu redor gemeram. Não havia nada de interessante nisso. O Hotel Driscoll era um prédio histórico em forma de castelo no centro da cidade. Ele havia sido construído na mesma época em que Easton abriu as suas portas, ostensivamente para hospedar todos os pais ricos e avós quando viessem à cidade para fins de semana dos pais, formaturas, etc. Sem limites para aquela multidão. Eu tinha ouvido que era tão lindo por dentro quanto por fora, mas nunca tinha tido o privilégio de ver por mim mesma. "E cada um de vocês será obrigado a participar de alguma forma", continuou o diretor. "O quê?" Missy desabafou. "Ele tem que estar brincando." As queixas encheram toda a capela. Um dos caras do outro lado fez um tipo de mímica como se estivesse sendo enforcado. Que maturidade. "Haverá uma comissão de decorações, a comissão de comida, e uma comissão de convites, assim como garçons e recepcionistas", o diretor continuou, imperturbável. "A Sra. Ling, a monitora do Bradwell, graciosamente se ofereceu para ser a conselheira dos estudantes para este evento. Todos vocês poderão ir vê-la até o final da semana para ser voluntário de um dos nossos comitês. Se você não fizer isso, será colocado onde quer que for necessário. Eu sugiro que você escolha por si mesmo. Alunos desinteressados poderão encontrar-se lavando a louça com a equipe Driscoll até de madrugada. " "Eu não lavo louça", alguém perto de mim reclamou.
"Eu não faço nada", alguém brincou. "Vocês deveriam ver este jantar como uma oportunidade para apresentar uma imagem impecável para nossos alunos estimados", continuou o diretor, falando acima dos murmúrios e lamentações. "Vamos mostrar a eles o que Easton é. Vamos mostrar que esta é uma instituição da qual devem se orgulhar." "E para que eles ainda queiram dar dinheiro", disse Kiki baixinho. "A Sra. Ling irá manter o horário de expediente no Hull Hall de cada dia desta semana e na próxima das quatro horas às cinco horas para tomar seus nomes e preferências", continuou o diretor. "Obrigado a todos pela atenção. Vocês estão dispensados." "Devemos nos oferecer de voluntarias para servir as mesas", Sabine sugeriu quando nos levantamos, os bancos em torno de nós rangeram quando foram aliviados do nosso peso. "Servir as mesas? Por quê?" Eu perguntei. Eu fiz a varredura da multidão procurando Josh, algo que veio automaticamente, agora que estávamos de volta. "Porque então podemos circular durante toda a noite, nos reunir com todos os ex-alunos, fazer algumas conexões", Sabine sugeriu. "Vai ser divertido." Eu olhei para ela, impressionada. Eu tinha certeza de que ninguém mais nesta escola estava tão ansioso para ser garçom de forma tão humilde. Mas Sabine estava certa. Eu poderia realmente me beneficiar com isso. Talvez alguns alunos ricos ficassem tão impressionados com a minha capacidade de lidar com uma bandeja, que iriam se oferecer para pagar pela minha educação universitária inteira no local. Improvável. Mas coisas estranhas tinham acontecido por aqui. Muitas coisas estranhas. "Tudo bem. Vamos fazer isso", eu concordei. "Fazer o quê?" Gage perguntou esgueirando-se ao nosso lado com uma mão no bolso de sua calça cinza. "E eu posso ver?"
Sabine riu e corou. "Não é nada disso." "É uma pena, Martinique", disse ele, virando-se e indo em direção à porta. "É um show que eu não me importaria de ver." Sabine ficou tão vermelha, que teve que esconder o rosto atrás de seus livros. Isso não era nada bom. "Sabine, você não pode estar afim dele," eu disse. "Me desculpe, eu não posso evitar!" ela disse, com olhos suplicantes. "Ele é tão gato." É. Como o capeta. Suspirei e revirei os olhos, deixando pra lá por agora. Eu sabia que não havia sentido em tentar falar com alguém sobre uma paixão irracional por um garoto enigmático. Sabia muito bem. Eu só podia esperar que Gage mostrasse sua verdadeira face de alguma forma, antes que fosse tarde demais para Sabine. "O que é aquilo?" Sabine perguntou, levantando o queixo. À frente, perto da porta da capela, Cheyenne e Astrid conversavam com urgência, as suas cabeças inclinadas juntas. Astrid disse algo com veemência, Cheyenne agarrou seu pulso, abaixando o queixo quando Astrid falou alguma coisa sem sentido. Astrid afastou seu braço dela, mas concordou com relutância. Cheyenne, então olhou ao redor para verificar se alguém estava olhando. No segundo que nos viu, ela endireitou-se e alisou a saia, então acenou para Astrid sair para o sol. Astrid lançou um olhar sobre o ombro, e eu podia jurar que era um olhar culpado. Eu tive súbitos arrepios de cima a baixo nos meus braços, e não era do ar fresco da capela. O que estava acontecendo com elas? "Olá, meninas!" Cheyenne nos cumprimentou intensamente. Muito intensa para o gelo que havia rapidamente se formado entre nós. "Este jantar de ex-alunos vai ser tão fabuloso. Vou ser voluntária no comitê de alimentos. A receita do frango da minha avó é de morrer." Cheyenne sempre pareceu uma Martha Stewart, mas esse seu lado não dava as caras tão intensamente desde o Natal passado e a
festa no Billings que ela tinha feito. O que estava acontecendo com ela? "Parece ótimo", eu respondi. "Algo de errado com Astrid?" "Oh. Não é nada," Cheyenne disse, voltando-se para o pátio. "Ela só perdeu Barton e Cole. Ele nunca voltou da França no ano passado, você sabia? Ele se apaixonou pela França durante o programa de intercâmbio de Barton e matriculou-se na sua escola de residência". "Sério? Isso é péssimo", eu disse. Embora eu não acreditasse por um segundo que ela e Astrid tinham falado sobre o namorado. "Sim, mas ela já sabe disso há meses. Já passou da hora dela superar isso", disse Cheyenne. Ela rapidamente verificou seu relógio de ouro. "Bem, tenho que ir. Eu tenho que pegar algumas coisas na loja da escola antes da aula." "Uau", eu disse, atordoada pela obviedade da sua evasão. O que ela e Astrid tinham realmente discutido? Em sua corrida Cheyenne trombou com Ivy Slade e parou. O olhar de Ivy poderia ter cortado dez camadas de aço. Cheyenne olhou para o chão e correu para longe. Ivy ficou parada ali por uns segundos, apenas olhando a menina pelas costas. Ok. Realmente aí não havia nenhum amor perdido. "Eu sei. Só de estar perto de você faz com que ela fique nervosa", disse Sabine, recuperando a minha atenção. "Talvez você devesse simplesmente perguntar o que está acontecendo com ela e Josh. Eu sempre gosto da abordagem direta." Meu coração despencou em meu estômago. Eu nem sequer tinha pensado nisso. Eu tinha acabado de deduzir que Cheyenne estava dando dicas para Astrid sobre o teste do Billings ou algo assim. Josh e sua suposta intimidade ainda não tinham entrado em minha mente. Até agora. "Certo. Sim. Talvez", eu disse, não querendo insistir no assunto. "Vejo você na sala de aula!" Sabine disse com um gesto antes de se afastar.
"Tá. Até mais tarde." Sabine estava certa? Cheyenne estaria realmente me evitando - e talvez até mesmo discutindo por coisas no Billings - porque ela tinha algo com Josh? "Aí esta minha garota", Josh disse no meu ouvido, deslizando seu braço quente em torno de mim por trás. Minha respiração ficou ofegante e me virei para encará-lo. Ele sorriu antes de plantar um beijo longo e lento em meus lábios. Quando eu me afastei, eu queria perguntar a ele. Bastava perguntar o que ele achava de Cheyenne. Se eles tinham ficado de um modo intimo no banco naquela primeira manhã. Mas eu não queria ser essa menina. Essa menina que fazia perguntas patéticas ao seu namorado. Essa menina que não tinha a confiança de saber que ele só tinha olhos para ela. Esta não era eu. "E aí está o meu garoto", eu respondi, colocando uma ênfase extra no meu. "Você sabe", ele me contou quando ele entrelaçou os dedos nos meus. Exatamente. Eu sei disso. Eu só tinha que me certificar de que Cheyenne também sabia.
*Produtos para o cuidado da pele
O ROUBO
"O
que eu vou fazer?" Constance gemeu, sentada no
tapete de palhinha no centro do meu quarto. Ela usava um bonito moletom de Harvard que Whit lhe enviou e um par de calças de yoga cinza, seu cabelo vermelho trançado em duas longas tranças. "Quero dizer, o que elas querem mesmo? Eu sei que você não pode me dizer, mas... Você pode me dizer?" Eu mal ouvi uma palavra que ela disse. Eu estava muito ocupada olhando para um novo e-mail de Dash, uma resposta ao meu. Parte de mim pensava que eu não iria saber dele novamente. Que ele tivesse talvez apenas me enviando uma nota, curta, para me deixar saber que nada havia, de fato, acontecido durante o verão. No entanto, ali estava ele, me mandando outro e-mail. E este era quase um tipo de referência aquela noite.
Esse cara, Cromwell, pode ser exatamente o que Easton precisa. Agora sim eu queria realmente poder voltar. Pode ser interessante ver o que ele faz em seguida. Realmente eu queria. Então ele se lembrou do que ele disse
naquela noite. O que significa que ele também deve se lembrar do que ele quase fez. Eu me perguntei se ele viria ao fim de semana de ex-alunos. E se ele quisesse falar sobre o que quase aconteceu? Só a idéia deu nós no meu estômago. "Reed?" "O quê? Desculpe." Fechei a janela de e-mails e me virei na minha cadeira. Foco, Reed. O drama real esta aqui na mão. Esqueça as coisas que você está inventando em sua cabeça. Reconheci em Constance o mesmo desespero que eu senti no ano passado quando Noelle tinha me dito para roubar um teste para Ariana no meio da noite. Eu me senti presa. Doente. Doida para agradá-las e, ao mesmo tempo, patética por saber que eu faria qualquer coisa para agradá-las. Mas Constance também estava
pálida. E fraca. Como se ela não tivesse comido o dia inteiro. E provavelmente não tinha. Enquanto eu tinha provado ser mais corajosa do que eu jamais pensei que era no ano passado, Constance não tinha um pingo de coragem em seu corpo. Ela estava, provavelmente, ficando doente. "Constance, elas só querem que você prove que você quer estar aqui", eu disse a ela, me sentindo muito sábia. Pelo menos, as experiências do ano passado estavam tendo bom uso. "É disso que se trata." É claro que no meu caso, foi também pela necessidade de Ariana de me torturar, mas não havia nenhuma vantagem em dizer isso. "Então, eu não posso simplesmente escrever um poema ou algo assim?" ela brincou, puxando os joelhos até o queixo. "Provavelmente não", respondi. "Bem, o que será que Sabine vai fazer?", perguntou ela. "Ela te disse?" "Eu realmente não sei", eu disse, olhando para cama perfeitamente feita de Sabine. Eu não tinha visto ela desde que tínhamos ido a Sra. Ling juntas para nos inscrever para o jantar de ex-alunos naquela tarde. Ela nem sequer tinha ido jantar. Eu me levantei e sentei em frente a Constance. "Eu já lhe disse como entrar no Hell Hall", eu disse. "Basta levar algo de um dos escritórios dos professores." "Mas tem que ter história", disse Constance, segurando os joelhos ainda mais apertados. "E eu não posso sair no meio da noite por mim mesma e invadir um prédio, Reed. Eu simplesmente não consigo. Dois anos atrás, meu porteiro me pegou em frente aos pacotes de outras pessoas atrás de sua mesa e eu acabei vomitando na Park Avenue. Se eu for pega, eu vou morrer. Vou morrer. " Isso não era bom. O Billings não era lugar para uma menina com um estômago fraco. Mas tinha que ser. Constance queria estar aqui mais do que tudo. E isso deveria ter sido o único requisito. Não um pedido para roubar um edifício. Eu apertei meus lábios e trouxe
meus joelhos ao meu queixo, assim, imitando sua pose e tentando pensar. "Ok, como é que vamos pegar um pedaço da história de Easton, sem entrar num prédio...?" "Josh!" Constance exclamou. "Josh o quê?" Eu perguntei. Olhei para o meu celular como se ele ainda estivesse do outro lado da linha. Nós tínhamos terminado nosso telefonema diário das 2 pouco tempo atrás. Muita conversa mole, muito embaraçoso para repetir. "Josh tem a chave do cemitério das artes, certo?" ela sussurrou, agarrando minha mão. "Você acha que ele vai nos emprestar uma pintura?" "Hum... não", eu disse. "Desculpe. Eu só não quero botar ele nisso. Ele teve bastante drama nos dois últimos anos para se lembrar praticamente para sempre. E se ele tiver problemas, eu vou me odiar." "Certo". Constance olhou desanimada. "Você está certa." "Tá, mas tem que haver alguém que possa nos ajudar. Alguém que sabe mais sobre esta escola do que nós. Alguém que está aqui há mais de um ano." Olhamos uma para a outra na mesma hora, quando bateu o óbvio. "Whit". Os olhos de Constance se iluminaram como faróis de um Hummer. "Por que não pensei nisso antes?" "Liga", eu disse. "Whit sabe tudo sobre esse lugar." Constance se ergueu e esfregou as palmas das mãos suadas na calça de yoga, ficando mais normal, pela primeira vez durante todo o dia. Ela foi na bolsa e tirou seu celular e uma barra de Snickers. Eu ri quando ela a abriu. Crise evitada. Whittaker iria cuidar de sua menina. Agora tudo que eu tinha que fazer era descobrir algo de Sabine.
O que eu estaria fazendo agora, se eu tivesse alguma idéia de onde a garota estava. A porta do meu quarto se abriu e Portia enfiou a cara, que estava coberta com uma máscara azul para dentro. "Está tudo bem. Você não precisa bater nem nada", eu disse a ela sem rodeios. Ela revirou os olhos. "Você viu Shy?" "Não desde o jantar," Eu disse a ela. Portia gemeu e levantou seu celular. "Seu telefone está desligado, e ela deveria me ajudar na minha preparação!" Senti um toque de apreensão. Eu não sabia o que estavam preparando, e eu não me importei. Tudo o que eu sabia era que Cheyenne e Sabine estavam MIA. Se Cheyenne foi mexer com Sabine de alguma forma, eu ia para a balística com ela. Sério. "Whit! Hey, sou eu!" Constance cantarolou em seu telefone. "Portia, pode nos dar licença, por favor?" Eu disse, nervosa. A última coisa que precisávamos era Portia ouvindo essa conversa. Ela estreitou os olhos para nós duas, sabendo instintivamente que algo estava acontecendo, mas suspirou. "Que seja. Se você ver Shy, eu estou no meu quarto." "Tá bem.” Eu acho. Ela bateu a porta fechada e foi embora. Agora tudo que eu tinha que fazer pelo resto da noite era olhar para o relógio e esperar por Sabine. *MIA; Missing in Action: Perdidas em ação
DEIXAR O BILLINGS "Por que você fica olhando para o seu relógio?" Josh perguntou a Constance quando avançou para frente na fila do refeitório na tarde seguinte. "Tem um encontro quente?" As bochechas de Constance ficaram rosa, e ela quase derramou sua garrafa de água. "Não. Só... Tenho que chegar a minha caixa de correio antes da aula, então eu preciso comer logo." "Qual é a urgência?" Josh perguntou. "Ela está esperando um pacote de ontem a noite," Eu disse a ele. "Reed! Shhh!" Constance disse, empalidecendo. Seus olhos olharam em volta como se ela tivesse com medo de fantasmas espiando. "Não podemos falar sobre isso aqui fora -" Ela olhou para Josh e fez um som sufocado. Ela realmente estava levando a sério este teste do Billings. "Constance, relaxa. Josh sabe de tudo," Eu disse a ela. Ele sabia porque eu tinha, de fato, conversado com ele sobre isso. Antes mesmo de estarmos juntos. Antes que eu percebesse de verdade quem eram certas pessoas. "Espere. Você está falando do trote?" ele sussurrou, seus olhos verdes piscando. "Reed. Mas que merda!" Ok. Isso foi um pouco intenso. Constance se encolheu e olhou para mim com um pedido de desculpas em seus olhos. "Eu só vou lá comer isso. Rápido", disse ela, fazendo uma fuga rápida. "O que há com você?" Eu repreendi Josh. Peguei um sanduíche e uma maçã e joguei na minha bandeja. Josh nunca era brusco comigo. Nunca. Mas, ele parecia um pouco no limite durante todo o dia. Seus olhos ainda estavam vermelhos como tinham estado naquela manhã, e sua pele estava pálida e abatida. Sua camiseta cinza estava manchada com tinta azul e vermelha do lado, e ele tinha tinta azul
debaixo das unhas. Ele provavelmente ficou a metade da noite trabalhando em uma nova pintura e passou a manhã cochilando nas aulas. "Desculpa, é só que eu não posso acreditar que essa merda ainda continua", Josh respondeu. Ele escolheu três biscoitos e uma tigela de um determinado cereal de açúcar, que ele comia em quase todas as refeições. "Eu pensei que era tudo..." Fez uma pausa e me olhou, como se ele não tivesse certeza se o assunto era proibido. Eu suspirei. "Noelle. Eu sei", eu disse. "Mas, aparentemente, não era." Era Cheyenne, também, ao que parecia. Mas pelo menos ela não havia saído com Sabine para algum trote na noite passada como eu temia. Sabine tinha chegado antes que as luzes se apagassem, e tinha passado toda a noite na biblioteca, recuperando o atraso. Ela parecia totalmente bem, só esgotada, e tinha ido direto para a cama antes que tivéssemos a oportunidade de conversar sobre o teste do Billings. Eu não tinha idéia de onde Cheyenne estava ou quando ela chegou em casa. "E se Constance quer ser aceita no Billings, ela vai ter que seguir o jogo", eu continuei. "Felizmente ela tem Walt Whittaker ao seu lado. O pacote é da parte dele". "Bem, talvez ela não devesse querer ser aceita no Billings", disse Josh amargamente. Ele afundou até o fundo a alavanca do distribuidor de Froot Loops*, enchendo sua tigela até a borda. "Na verdade, talvez as duas devessem cair fora desse inferno." "O quê?" Eu soltei. Ele pegou um copo de café e colocou a bandeja na frente da máquina para que ele pudesse enchê-lo. "Estou falando sério, Reed. O que você realmente quer vivendo lá?" Josh sussurrou, olhando em volta de uma forma paranóica. Somente a atendente do refeitório, colocando queijo grelhado sob uma lâmpada de calor, podia ouvir. "Boas recomendações? Festas legais? Você pode obter as recomendações por si mesma dos seus
professores, e eu posso te levar em altas festas. Você não tem que aturar essa droga, você sabe." Toquei o B de diamante no meu peito, sem deixar de absorver exatamente o que ele estava dizendo. Todo mundo queria estar no Billings. Estar no Billings significava ser admirada. Significava ser temida. Significava ser a melhor. Você não podia apenas desistir disso. Mesmo que quase te matassem. "Eu não posso deixar o Billings," eu disse a ele. "E eu não quero que Constance ou Sabine ou qualquer uma das outras meninas novas saiam também." Exceto Missy e Lorna, mas para que trazer isso à tona agora? "Eu acho que vai ser diferente este ano com elas lá." "Não muito", Josh disse, pegando sua bandeja. Ele saiu andando e eu parei, uma onda de irritação passando por mim. Então ele estava cansado? Ele não tinha que ser mau. Parte de mim nem queria ir lá e me sentar com ele se ele ia ficar nesse humor. Eu ainda estava pensando a este respeito dois segundos mais tarde, quando Ivy passou. Ela me olhou com seus exigentes olhos negros, me lançando um olhar vazio, e continuou andando. Qual era a desta garota, exatamente? Ela estava fazendo inventários mentais do meu guarda-roupa? Vendo uma oportunidade perfeita para dar a chance de Josh pegar mais leve, eu a segui até a mesa perto da parede onde ela estava sentando sozinha a cada refeição nos últimos dias. "Oi", eu disse, de pé em frente a ela quando se sentou. Ela lançou os olhos para mim. "Olá". Desdenhosa. Fria. Eu não fiquei nem um pouco impressionada. Eu lidei com coisas muito piores. "Eu sou Reed Brennan," Eu disse a ela. "Eu sei. Você é a menina que estava com Thomas Pearson quando ele foi assassinado." Todo o ar fugiu de mim. "O quê?" Eu engasguei.
"Algum problema?" Sua expressão era de inocência pura, imaculada. "É verdade, não é?" "Eu..." Era isso. Isso era tudo que eu tinha. Como diabos eu deveria responder a algo assim? Eu tinha vindo aqui bater um papo, talvez ser legal com a menina sem amigos, talvez descobrir se ela sabia alguma coisa sobre Taylor. Pelo seu comportamento em torno da escola, eu não esperava um abraço ou uma recepção calorosa, mas eu não esperava isso também. "Havia algo que você queria?" ela perguntou, levantando o garfo. Ainda totalmente sem malicia. "Não", eu disse. "Eu acabo por aqui." Ela olhou para mim. Eu a encarei de volta, na esperança de mostrar que ela não me incomodava. Que mesmo rude e estranha e obscura como ela parecia, eu não estava intimidada. Eu era uma menina do Billings. Eu que encarava as pessoas de cima a baixo, e não ela. "Se já terminou", disse ela, finalmente, devagar, como se estivesse conversando com alguém com um QI muito pequeno ", então você pode ir." Droga. Ela estava certa. O que eu ia fazer, ficar aqui o dia todo? "Tudo bem", respondi com o pouco de dignidade que eu podia juntar. Então, com seus olhos escuros fixos descaradamente em mim, eu finalmente me retirei para minha mesa. *uma marca de cereal
APROPRIADO A biblioteca de Easton estava em silêncio, a não ser os sons de alguém colocando livros nas estantes próximas. Tão silenciosa, que todos podíamos ouvir os pés de Josh batendo debaixo da mesa. Isso acontecia as vezes. Ele era muito inquieto. "Você precisa ir a algum lugar?" Cheyenne perguntou, sorrindo de forma provocante.
Não fale com ele. Nem sequer olhe para ele. Josh parou. "Não. Sinto muito." Ela lhe lançou um olhar cúmplice - como se estivessem compartilhando alguma piada secreta -, em seguida, voltou para suas anotações. Eu queria pegar o meu texto de cinco quilos e bater na cabeça dela com ele. Sabine, na extremidade da mesa, olhou para mim como se dissesse, Tá vendo?
Você está apenas imaginando. Essa é apenas Cheyenne. Ela está flertando. E talvez ela está interessada em Josh, mas isso não significa que Josh está interessado nela. Mas como ela podia ser tão óbvia na minha frente? Sem mencionar Trey, que estava sentado ao lado de Sabine, tão afundado em seu assento, que sua bunda devia estar pendurada livre. De vez em quando ele dava um olhar assassino em direção a Cheyenne o que me fez pensar em por que, exatamente, eles tinham terminado. E por que diabo ele estava sentado conosco se estar perto dela tão claramente fazia seu sangue ferver. O pé de Josh começou a saltar novamente. Gage deixou escapar um gemido irritado. "Cara. Você precisa ajustar seus remédios", disse ele, jogando a sua caneta para baixo. Ele correu as mãos para cima em seus cabelos cheios de gel, até que os levantou em linha reta até nas laterais. "Fica quieto aí, porra." "Amigo. Há damas presentes," Trey repreendeu.
"Sim, beija minha bunda, cara," Josh adicionou, mas parou de bater, no entanto. Toquei seu braço com a minha mão, e ele me deu um sorriso tenso. "Você está bem?" Perguntei. "Sim. Apenas tenso pelo exame", respondeu ele. Ele largou seu lápis e passou as duas mãos sobre o rosto, esfregando forte. Quando ele olhou para mim novamente, sua pele estava manchada por causa da pressão. "Talvez eu precise de uma pausa", ele sussurrou. "Me distraia." Eu sorri feliz, me sentindo necessária. "Eu te contei que Sabine e eu nos inscrevemos para servir as mesas?" "Perfeito", disse Gage bufando. "Você pode usar o seu colarinho azul*". Cheyenne riu, e então escondeu rapidamente com uma tosse. Eu escolhi ignorá-los e olhei para Sabine. Comentários do tipo era preciso esmagar e matar. Mas ela continuava adorando roubar olhares em sua direção. Talvez tenha havido um problema de tradução aqui? Eu suspirei e segui em frente. "Você podia se inscrever também, para gente ficar junto", eu disse a Josh, apertando o braço dele. "Na verdade, já nos inscrevemos para o comitê de alimentos", Josh disse, segurando cada extremidade do lápis com as duas mãos como se quisesse quebrá-lo. "Nós?" Eu perguntei. Eu tinha essa sensação horrível de ácidez no meu intestino. "Sim, me desculpe. Eu me apropriei totalmente do seu menino", disse Cheyenne, tocando o outro braço de Josh com a ponta dos dedos. Seria errado sistematicamente quebrar cada um dos dedos dela?
Olhei para Sabine. Ela estava fingindo se concentrar em sua leitura, mas ela arregalou os olhos. Ela sabia exatamente o que estava acontecendo. "Comitê de alimentos?" Eu disse a Josh, esperando que não soasse tão estridente para ele como soou para mim. "Por quê?" Ele encolheu os ombros. "Nós estávamos falando sobre isso na aula de Literatura, e nós apenas pensamos que seria legal fazer algo todos como um grupo." "Nós todos?" Eu perguntei. "Os seniores," Cheyenne disse em um tom superior. Como se fosse tão óbvio que eles eram parte de algo que eu não era. "É nosso último ano. Queremos passar todo tempo que possível juntos." "Basicamente", disse Josh. "Ah". Eu supunha que fazia sentido. Mas por que não ocorreu a ele que poderia ser legal fazer alguma coisa comigo? Que também seria nosso último ano juntos? "É melhor se acostumar com isso, Reed. Há uma série de eventos sênior," Cheyenne disse enquanto ela escrevia algumas notas. "Mas não se preocupe com Josh. Vou me assegurar que ele não fique sozinho." Josh olhou para ela, e ambos riram. Senti um lampejo de raiva e ciúme tão quente, que poderia ter incinerado a biblioteca e todos nela. "Eu vou servir as mesas com vocês", Trey ofereceu. "É?" Eu disse. "Sim. Eu, por exemplo, não tenho nenhuma vontade de participar de eventos sênior", disse ele, olhando com desdém para Cheyenne. Um olhar que não passou despercebido por ela. "Vou me inscrever amanhã." "Legal".
"Bom, tudo bem, Trey," Cheyenne disse alegremente. "Eu já tenho muita ajuda." Seu olhar de propriedade para Josh fez meus dedos dos pés se enrolarem. Eu tinha que dizer alguma coisa. Qualquer coisa. Mas o que eu poderia dizer sem parecer como a namorada psicótica paranóica e ciumenta? Como era que não importava o que, Cheyenne sempre parecia ter a última palavra?
*é uma maneira de dizer que elas pertencem a classe operaria.
APRESENTAÇÃO
E
u sentei no sofá da sala na noite de sábado, encaixada
entre Rose e Portia, que não conseguia parar de ajeitar seu cabelo e me acotovelava no processo. Alinhadas em frente da lareira estavam cinco das nossas seis novas residentes do Billings - ou prováveis residentes do Billings, como Cheyenne continuava as chamando, mesmo que já vivessem aqui - e cada uma tinha um item no chão ao lado delas, coberto com papel ou escondido dentro de um saco. Constance mordeu o lábio e me olhou entusiasmada. Eu não podia dar muito mais do que um sorriso em troca. Eu estava muito preocupada com Sabine, que estava visivelmente ausente. "Onde ela está?" Rose perguntou, parecendo nervosa. "Eu não tenho idéia", respondi. Ela tinha me dito várias vezes ao longo das últimas 24 horas que estava cheia de tarefas, embora como, eu não tinha idéia. Talvez ela tivesse simplesmente decidido desistir. Talvez ela, como Josh, pensasse que isso não valia a pena o esforço. "Bem, nós dissemos 72 horas e foram 72 horas e dois minutos", disse Cheyenne. "Eu diria que é hora de começar." Nesse momento, a porta da frente bateu e Sabine entrou correndo, sem fôlego. Ela segurava um rolo grande e preto em uma mão. "Já acabou?", perguntou ela. Engasgou, na verdade. "Eu perdi?" Todas olharam para Cheyenne. A postura reta de Cheyenne de alguma forma endireitou ainda mais. Ela estava gostando de sua posição de poder. "Não deixe que isso aconteça novamente", disse ela friamente.
Dando um suspiro aliviado, Sabine foi tomar seu lugar no final da linha ao lado de Astrid, mas Cheyenne a parou. "Não, não. Você fica aqui", disse ela, colocando Sabine entre Kiki e Constance. O que foi aquilo? Olhei para Rose, que deu de ombros. Cheyenne estava apenas sendo sedenta de poder. Agora que todo mundo estava no lugar, Tiffany tirou uma foto do grupo nervoso. "Vamos começar", disse a nossa líder, caminhando para o começo da fila. "Lorna? O que você trouxe para nós?" Lorna engoliu em seco e olhou para Missy, que apertou os lábios para encorajar ela. Com um pigarro rápido, ela enfiou a mão na bolsa Neiman Marcus* e tirou uma placa de ouro pequena, dobrada de um lado e um pouco arranhada. Lia-se:
1935
Dedicado à memória da CLASSE DE ROBERT ROBERTSON DE
Algumas das meninas em torno de mim riram. O flash da câmera de Tiffany brilhou. "Você roubou a placa do Big Bubba, é?" Cheyenne perguntou sem rodeios. "É uma parte da história de Easton." A voz de Lorna era quase um guincho. O Big Bubba era o carvalho monstruoso do lado de fora da capela que foi dedicada à memória de algum estudante antigo de Easton chamado Robert Robertson. Lorna tinha roubado a evidência da dedicação. Cheyenne suspirou. "Bem. Tivemos um início pouco favorável." Lorna empalideceu quando colocou a placa de volta na bolsa. Seu queixo tremia, mas conseguiu não chorar. De repente, e para minha surpresa, senti pena dela. Lorna nunca tinha sido muito mais do que capacho de Missy, de verdade. E talvez a sua apresentação não foi tão impressionante, mas pelo menos ela tentou.
"Missy. Vamos ver se você pode fazer melhor", disse Cheyenne, se aproximando da Garota Narina. "Oh, eu posso", Missy disse simplesmente. Bom. Otima atitude para uma suposta melhor amiga. Ela enfiou a mão na própria bolsa e tirou um livro com capa de couro pequeno. Instantaneamente o meu queixo caiu. Rose levantou de seu assento para ver melhor. "Será que é -" "O manual original da Academia Easton." Cheyenne estava obviamente impressionada. E assim ela devia estar. O manual original era mantido fechado em uma caixa de vidro no saguão central da Biblioteca de Easton, trancado. "Voce se empenhou mesmo, Miss", disse Portia. "Eu sei, gente", Missy respondeu, satisfeita consigo mesma. Ao lado dela, Lorna ficou verde. "Bom. O obstáculo foi um pouco maior." Cheyenne entregou o livro de volta para Missy. "Kiki?" ela disse. "Você é a próxima." Kiki mascou seu chiclete, virou-se e pegou um objeto de aparência pesada do piso. Ela o colocou sobre a mesa e retirou o lençol azul que ela tinha coberto. Cada pessoa na sala ofegou. Era uma pequena pedra cinza quadrada com a data 1858 gravada nela, os números desgastados eram pouco visíveis. Ela era a pedra angular de Gwendolyn Hall, o edificio original das classes da Academia Easton. "Kiki. O que você fez?" Eu soltei. "Não foi grande coisa", disse ela, levantando os ombros e fazendo estalar o chiclete. "Tudo o que eu precisei foi de um pé de cabra. Ela saiu direto para fora. O prédio esta todo desmoronado de qualquer maneira." "Eu gosto dessa garota", disse Tiffany, tirando algumas fotos.
"Tiff, talvez você devesse ficar longe", disse Cheyenne, levantando uma mão. Pela primeira vez, Cheyenne parecia estar repensando a sagacidade deste pequeno teste. Todo mundo estava olhando agora para Kiki com uma mistura de respeito e medo. Ela voltou para o seu lugar e assoprou uma bola com o chiclete. "Bem pensado," disse Tiffany. Ela segurou a câmera atrás das costas. "Ooookay", disse Cheyenne. "Sabine? Não tenho certeza se você vai superar isso." Levantando o queixo, Sabine desenrolou o que trazia e o ergueu. Era uma das bandeiras pretas que normalmente ficavam penduradas entre os vitrais nas janelas da capela. Bordados nela estavam o ano de 1984 e os nomes Susan Llewelyn e Gaylord Whittaker. Eu não podia imaginar como alguém poderia conseguir tirar uma lá de cima, sem uma escada e um pouco de ajuda. Impressionante. Cheyenne olhou para ela por um longo momento. "O que é isso?" "É a bandeira de formatura de 1984", disse Sabine. "Eu pesquisei a história do Billings e descobri que Susan Llewelyn é uma das nossas alunas e ela se senta no conselho de administração. Ela foi a oradora feminina daquele ano. Portanto, não é só história de Easton, mas a história do Billings também." Rose me lançou um olhar do tipo “não é mau”. Eu não pude deixar de concordar. "Quem é Gaylord Whittaker?" Eu perguntei. "Ele está relacionado com -" "Ele é tio de Whit", desabafou Constance. "Todos o chamam de Guy." Portia bufou uma risada e mexeu em seu cabelo, me acotovelando na bochecha.
"Ai," eu protestei. Ela me olhou como se eu tivesse incomodado ela, e virou os joelhos para longe de mim com raiva. "Tudo bem, vamos em frente", disse Cheyenne, se afastando de Sabine. Meus dedos se fecharam em punhos. Era isso? Sem elogios, nem nada? Cheyenne não entendia como era difícil entrar na capela e trazer essa coisa para baixo? Sem mencionar a pesquisa que tinha feito sobre isso. E Sabine não pediu a minha ajuda uma vez. Se isso não era material do Billings, eu não sabia o que era. "Constance?" Cheyenne disse. Constance olhou para mim antes de levantar o grande saco de compras do Barneys do chão. Ela não havia me dito o que Whittaker tinha mandado, querendo que fosse uma surpresa. Com um sorriso em minha direção, ela enfiou a mão dentro e fez um movimento para tirar para fora, mas o que estava dentro ficou preso enquanto tentava fazer uma revelação dramática. Cheyenne revirou os olhos e estalou a língua, o que só fez Constance ficar mais frágil. Finalmente, ela simplesmente rasgou o saco na frente e o conteúdo foi revelado. Pendurado em um cabide de madeira estava um casaco azul escuro com o emblema de Easton no bolso, uma gravata azul e amarela listrada e uma boina antiga azul. "Uau. Bom," disse Tiffany atrás de mim. "Esse é um dos uniformes antigos de Easton, certo?" "Desde o início do século XIX", Constance confirmou. Alguém assobiou, impressionada. "Não se ganha muito mais importância histórica do que isso", disse Rose. Constance sorriu. "É. E caramba, eu quero saber como você conseguiu." Cheyenne disse, olhando para baixo para Constance. Constance
recuou um passo como se não houvesse calor de verdade saindo da cara de Cheyenne. "Algum problema?" Eu disse. "Eu pensei que tinha ficado claro que elas não deveriam ter qualquer tipo de ajuda", Cheyenne respondeu, olhando para mim. "Você conseguiu isso em algum lugar no campus?" ela exigiu de Constance.
Não responda a isso. Se defenda. "N-não", disse Constance. "Então de onde você tirou isso?" Cheyenne perguntou, cruzando os braços sobre o peito. "Do seu namoradinho?" "Cheyenne", eu disse em um tom de aviso. "Whit não é exatamente um namoradinho", brincou London. O rosto de Constance estava queimando. "Deixe ela em paz." eu disse com firmeza. "Para ser justo, Cheyenne, você nunca disse que tinham que roubar alguma coisa. Só que você queria que elas trouxessem um pedaço de Easton," Rose apontou. "Elas simplesmente deduziram que roubo teria que estar envolvido." Rose, como sempre, estava lá com uma questão muito boa. Constance parecia ter se animado pelo selo de segurança. Ela agarrou o cabide, o queixo levantado. Cheyenne estreitou os olhos para Rose e seu nariz vermelho. "Isso não muda o fato dela ter tomado o caminho mais fácil. E tenho certeza que suas companheiras novatas não concordam." Na verdade, nenhuma delas parecia se importar até Cheyenne mencionar. Em seguida, Missy e Lorna bufaram na direção de Constance, irritadas. Kiki, no entanto, estava de olho na boina antiga
de Easton, provavelmente tentando descobrir se ela poderia pegar para si mesma, e Sabine apenas olhou simpática. Finalmente, Cheyenne se virou e encarou Astrid. "E por último, mas certamente não menos importante?" Astrid olhou para todas nós, hesitando. Nervosa? Então ela abaixou o rosto e se agachou no chão. Ela levantou um objeto pesado e desajeitado, obviamente, envolto em um cobertor grosso, em seguida, colocou-o no chão no centro da sala. As garotas ficaram atrás de mim para que elas pudessem ver. Astrid levantou o cobertor e recuou. No chão estava um sino de cobre velho manchado. O tipo usado em Little House on the Prairie* para sinalizar a todos na escola. "OMG", disse Portia de forma dramática. "Como você conseguiu isso?" Tiffany perguntou. "Agora sim, é isso o que eu estava procurando", Cheyenne disse com orgulho. Os olhos de Astrid fixaram o chão. "Não há nenhuma maneira", disse London, agachando-se para vê-lo melhor. "Esse não pode ser o único. Tem que ser uma imitação." "A imitação de um sino da escola?" Tiffany deixou escapar. "Uh, vocês?" Eu disse. "O que é isso?" "É o velho sino," Cheyenne disse com um sorriso. "Ele ficou pendurado na torre do Gwendolyn Hall de 1838 até 1965, quando eles perceberam o quanto seus suportes estavam podres e o removeram. Desde então, ele fica no centro da mesa do Conselho da Camara dos Diretores”. A responsável tradicionalista em Cheyenne sabia cada palavra da história oficial da Academia Easton. Olhei para Astrid com espanto. Eu nem sabia onde o Conselho da Câmara de Diretores era. Como é que ela sabia sobre o sino?
Como ela tinha conseguido entrar e sair furtivamente de lá com algo tão grande? "Droga, menina," London, disse com um sorriso. "Você tem coragem." "Como você fez isso?" Tiffany perguntou. "Seus braços devem estar moidos." A sala estava repentinamente vibrando quando todas se reuniram em torno de Astrid para parabenizar e admirar a sua ação. "Como você sabia sobre essa coisa?" Eu perguntei. Afinal, eu nunca tinha ouvido falar dele antes. "Eu...bem...li sobre isso", disse Astrid, seu rosto se colorindo quando ela olhou para Cheyenne. Instantaneamente, a verdade me atingiu como uma bigorna na cabeça. Cheyenne tinha ajudado ela. Era o que aquela conferência sussurrada na capela tinha sido aproximadamente. Foi por isso que Cheyenne tinha a certeza que Astrid estava apresentando algo significativo. Porque sabia que o sino faria um final espetacular. Ela estava implicando com o caso de Constance por buscar ajuda, e ela mesma guiou Astrid para aquilo. Olhei para Cheyenne, e ela olhou para trás, sem se importar. Quando abri minha boca para dizer alguma coisa, ela bateu palmas para chamar a atenção. "Bem, bem, bem. Eu tenho que dizer que estou impressionada com algumas de vocês," Cheyenne anunciou quando o barulho cessou. Eu queria dizer algo nesse momento. Eu queria. Mas eu não queria constranger Astrid, de quem eu realmente gostava, e cuja cabeça estava pendurada tão baixo agora, que ela poderia, provavelmente, cheirar os próprios pés. Então eu mordi minha língua. "Astrid, Missy, Kiki, bom trabalho. Vocês realmente foram muito mais além de nos impressionar. Obrigado por isso. O resto de vocês..." Cheyenne olhou para Lorna, Constance e Sabine. "Eu nem sei o que dizer. Exceto boa tentativa."
Constance encostou na parede. Sabine apertou a mandíbula. Lorna se abraçou com força com ambos os braços. Eu sabia que isso ia acontecer. Sabia que Cheyenne tinha decidido muito antes dela sequer inventar este teste, que três pessoas iriam passar e três pessoas iriam falhar. Astrid era sua amiga, cuja família tinha tomado chá com o príncipe William em mais de uma ocasião. Missy tinha um legado. Kiki era uma das meninas mais inteligentes na classe júnior e a filha de um magnata do computador ridiculamente rico. Elas eram todas materiais perfeitamente aceitáveis para o Billings. Mas Lorna era pouco atraente e um capacho, Constance era doce e despretensiosa, e Sabine era, bem, minha amiga. Eu não poderia pensar em qualquer outra razão pela qual ela seria considerada inaceitável. A não ser apenas por ela ser não materialista e gentil. "Cheyenne, vem cá" eu disse. Ela me ignorou completamente. "Todo mundo tem o seu lugar no mundo, meninas. Eu acho que vocês três devem realmente começar a pensar sobre se desejam ou não continuar tentando se encaixar em algum lugar que vocês, obviamente, não pertencem". Constance olhou para mim com os olhos brilhando. Eu queria arrancar o coração de Cheyenne para fora apenas para mostrar como ela estava fazendo essas meninas se sentirem. "Esta noite vocês todas precisam sair e devolver estas coisas de onde elas vieram", disse Cheyenne. "O quê?" Astrid deixou escapar. "Eu pensei que você queria que elas enfeitassem a casa", acrescentou Sabine. "Como se pudéssemos realmente enfeitar a casa com objetos roubados. Que tipo de idiota você acha que eu sou?" Cheyenne zombou. "Eles vão vir procurar por estas coisas, e elas não podem ser encontradas aqui. Espero que todos e cada um deles possa estar de volta aonde pertencem, antes do amanhecer. Claro que para algumas pessoas, isso significa chamar o homem do FedEx, "ela disse, dando um olhar arrogante para Constance. "Boa sorte!" ela desejou.
London, Vienna, Portia e algumas das outras riram das expressões surpresas das novatas quando Cheyenne as levou para fora da sala. Constance voltou-se para a parede para esconder as lágrimas, enquanto Lorna saiu correndo pela porta da frente. Eu nunca tinha gostado dessa menina, mas naquele momento eu sentia por ela. Por todas elas. Mesmo as que tinha ganhado a aprovação de Cheyenne. Agora, elas tinham que se esgueirar na noite de novo. Invadir lugares novamente. E, nos casos de Lorna e Kiki, com coisas que já poderiam ter sido danificadas além do reparo. Eu nunca quis estrangular ninguém mais do que eu queria estrangular Cheyenne naquele momento. E com a minha história, isso realmente queria dizer alguma coisa. ***
Acordei na calada da noite, quando uma mão cobriu minha boca. Meu coração deixou meu corpo e eu tentei gritar, mas tudo o que saiu foi um gemido da minha garganta. A lanterna acendeu, iluminando a cara de Tiffany. Eu parei de lutar. Olhei para ela, confusa. Ela estava usando uma enorme camiseta e calças de pijama de seda. Ela levantou um dedo aos lábios e apontou para cama de Sabine. Olhei. Sabine estava desmaiada de sono. "Vamos," Tiffany sussurrou, me soltando. "Onde?" Eu perguntei com minha voz aspera. Ela inclinou a cabeça. Rose e Portia estavam paradas à porta. Portia em um robe de seda até o chão verde, Rose em um baby doll de DKNY*. Cada uma tinha uma vela acesa. A cor me intrigou. Me levantei, enfiei meus pés em meus chinelos, e fui para o corredor. Tiffany fechou a porta silenciosamente atrás de nós. Portia colocou uma vela em minha mão e a acendeu e em seguida entregou outra para Tiffany. Eu podia ouvir passos nas escadas. Vozes murmurando. "O que está acontecendo?" Eu perguntei. "É a votação", Rose me disse. A votação? Nós estávamos realmente participando dessa farsa? Realmente agindo como se tivéssemos qualquer controle
sobre quem mora aqui e quem não? E por que diabo eu não sabia disso? “Ei, vocês!" Alguém sussurrou ao descer as escadas." Vocês estão esperando por um convite? Vamos lá! " Nós fomos na ponta dos pés formando uma fila descendo a escada até a sala de estar. Eu esperava seguir as minhas amigas até a sala, mas viramos à esquerda em vez disso, longe do espaço de costume de encontro às escuras. Em direção a porta dos fundos que havia estado trancada e selada durante o tempo que eu morava lá. "Para onde vamos?" Sussurrei. Ninguém respondeu. Portia virou num canto, nos levando para trás da escada, e eu finalmente entendi. O porão. Pela primeira vez desde que eu morava no Billings, a porta do porão estava aberta. "Estamos indo para a sala da caldeira?" Eu perguntei. Que era, afinal, a única coisa que estava lá embaixo. Ou então era o que tinham dito. Alguém riu. Portia me lançou um olhar tipo você é uma idiota por cima do ombro e começou a descer as escadas rangentes, segurando sua mão por trás da chama da vela. Quando cheguei ao topo da escada, eu pude ver uma meia dúzia de cabeças de cabelos penteados descendo antes de mim, as paredes de tijolos antigos iluminadas pela luz de velas finas. Não havia como saber o que estava na parte inferior. Irracionalmente, meu coração começou a disparar com medo. Ou talvez não tão irracional, considerando as coisas que eu tinha passado nas mãos das meninas do Billings no passado. "O que tem lá embaixo?" Sussurrei acima do meu ombro para Rose. "A masmorra", ela sussurrou em meu ouvido. Brincando. Mas isso não me fez sentir melhor.
Portia já estava cinco passos afrente de mim, seu robe esvoaçando atrás dela enquanto descia as escadas. Tiff e Rose estavam esperando atrás. Ou me mexia agora, ou nunca me mexeria. Eu me movi. Meus joelhos tremeram quando eu desci a escada desconhecida e irregular. Instantaneamente, o ar ficou trinta graus mais frio. Eu tremi na minha camisola, e minha chama da vela ficou horizontal. Eu rapidamente a protegi como Portia havia feito, e prendi a respiração. Na parte inferior da escada havia uma porta de ripas de madeira enorme. Aberta. Além disso, era breu. Minhas colegas tinham formado um círculo no centro do que parecia ser uma pequena câmara fria. Meu dedo do pé topou em algo duro e eu xinguei baixinho. Com o pé doendo, eu manquei para dentro e fui para o lugar ao lado de Portia. Diretamente na minha frente no círculo estavam Vienna, London e Cheyenne. Assim que estávamos todas lá dentro, Tiffany fechou a porta enorme com um rangido. Eu nunca tinha pensado até aquele momento que eu fosse claustrofóbica. Parecia que talvez eu fosse. Eu podia sentir meu pulso disparado em cada centímetro do meu corpo. Havia uma incessante gotera em algum lugar próximo. Atrás de mim, uma espécie de caixa ou cadeira pressionava a parte de trás da minha panturrilha. Eu não poderia dizer o que era. A escuridão era tão espessa, que eu não conseguia ver meus pés. "Bem-vindas, irmãs do Billings, ao círculo secreto," Cheyenne disse com orgulho. Meu coração pulou uma batida animado. "Muitos anos atrás, nossas irmãs estabeleceram essa tradição, esse ritual para a seleção mais importante dos membros do Billings. Hoje à noite, continuamos essa tradição", disse Cheyenne, seus olhos brilhando." Senhoritas, tomem seus lugares." Todas à minha volta sentaram. Hesitei um momento - não sabia o que estava atrás de mim - então fiz o mesmo. Minha bunda bateu no braço de uma cadeira antes de deslizar em um assento duro. Mordi o lábio para não chorar de dor. Cheyenne se adiantou em uma camisola branca bonita, enfeitada com bordados
intrincados. E a sua vela iluminou uma lamparina de prata à moda antiga em uma mesa no centro do círculo. Uma vez que foi acesa, eu podia ver tudo sob a luz fraca. Todas as dez faces. Todas as dez cadeiras. Seis cavaletes estavam ao longo da parede, cada um com um pote envernizado preto na frente deles. Cada uma com uma foto de uma das garotas novas acima. Havia taças rasas escavadas nos braços da minha cadeira. No pote da direita, seis bolinhas negras. Na esquerda, seis brancas. Havia um castiçal de prata, atrás do pote do lado direito. Segui o exemplo de Portia e coloquei minha vela nele. "Eu vou chamar o nome de cada uma, por sua vez," Cheyenne disse. "Quando eu chamar seu nome, por favor, levante de seu assento e coloque uma bolinha na frente de cada uma de nossas prováveis irmãs. Coloque branca se você quiser aceitar e preta se você deseja negar. Vamos começar com Portia Ahronian. Portia, por favor, venha à frente." Eu a espiei de perto pelo canto do meu olho. Ela selecionou três bolas brancas, três negras. Bizarro. Gostaria de saber aonde ia dar isso. Lentamente, ela caminhou ao longo da linha de fotos, como se considerasse com cuidado. Quando ela terminou de depositar seus votos, ela voltou para sua cadeira e se sentou. "Obrigada, Portia," Cheyenne disse. "Reed Brennan?" Ordem alfabética, hein? Pela primeira vez, eu não era a última. Eu peguei todas as minhas bolinhas brancas com um arranhão das unhas contra a madeira, apenas no caso de alguém duvidar de minhas intenções. Eu levei dois segundos para as colocar nos potes, mesmo com a minha breve hesitação na imagem de Missy. Eu não ia discriminar ninguém, mesmo ela. Eu estava fazendo um ponto aqui. Todos merecem uma chance. Olhei Cheyenne nos olhos enquanto eu caminhava por ela, desafiadora. Ela revirou os olhos em troca. A votação foi rápida. Todas, ao que parecia, tinham tomado suas decisões antes mesmo de entrar nesta sala. Quando acabou, Cheyenne se adiantou e levantou o pote de Astrid. Ela deixou as bolas cairem no pano preto sob a lamparina. Dez bolas brancas. "Astrid Chou foi votada em unanimidade."
Haviam sorrisos satisfeitos por todos os lados. Cheyenne foi até o pote de Kiki. Havia uma bola preta. O resto, branca. "Kiki Rosen está dentro," Cheyenne anunciou. O pote de Constance era o próximo. Prendi a respiração. Levei um momento para contar, em seguida, contei novamente. Cheyenne respirou o ar através de seus dentes. "Ooh. Acirrado. Seis a quatro. Mas Constance Talbot foi negada", disse ela. Agarrei os braços da minha cadeira. Eu não ia pirar. Pelo menos não até este jogo ultrapassado acabar. As bolinhas de mármore de Lorna foram despejadas para fora. "Lorna Gross... Negada." "Missy Thurber foi votada em unanimidade." Horrível. E, em seguida, Sabine. As bolinhas foram despejadas. Eram cinco bolas brancas, cinco negras. "Empate! Que emocionante", disse Cheyenne. "O que acontece em um empate?" Rose perguntou. "Em caso de empate o membro mais antigo do Billings recebe uma segunda votação", Tiffany disse a ela. "E sou eu," Cheyenne disse alegremente. Me levantei. "Espere um minuto. Como assim o membro mais antigo? Eu conto nove pessoas mais velhas nesta sala." "Não mais velha na escola, Reed. Mais velha em legado", Portia explicou sem rodeios. "Cheyenne tem o legado acima do de todo mundo porque é o mais longo." "Legado mais longo?" Eu perguntei.
"O maior legado. Minha mãe, minha avó e minha tia foram todas do Billings", explicou Cheyenne bufando. "Ninguém nesta sala conta mais do que dois membros da família."
Eu não acredito nisso. Eu não acredito nisso. "E, embora seja difícil para mim assumir essa responsabilidade", continuou ela, parecendo aflita: "Eu vou ter que decidir..." Ela se virou e escolheu uma bola de sua cadeira, com os cabelos loiros perfeitos brilhando na luz das velas. Ela olhou para mim com um sorriso triunfante, enquanto deixava cair a bola entre as outras. "Negada". "Você não é nada mais do que uma vadia faminta por poder", eu disse a ela, cruzando os braços sobre o peito. "Reed!" London engasgou. "Este é um espaço sagrado, Reed. É melhor você prestar atenção no que diz," Cheyenne me disse. "Sagrado? Você está brincando comigo? Todas vocês acabaram de votar nestas meninas com base em uma tarefa estúpida que Cheyenne tirou do rabo! E que, por sinal, ela ajudou Astrid passar. Vocês não perceberam?" "Perdão?" Cheyenne perguntou com a mão no peito. "Não banque a santinha. Você foi uma vaca com Constance por causa de Whittaker, quando ambas sabemos que você disse a Astrid tudo sobre o sino. Eu não ficaria surpresa se você mesma usou suas conexões para levar ela a chave para a sala de reuniões." Eu disse a ela. "Admita. Você já tinha decidido quem ia entrar antes mesmo que qualquer uma de nós tivesse a oportunidade de votar." "É verdade, Cheyenne?" Rose perguntou. "Claro que não," ela retrucou, os olhos em mim. "É por isso que ela não tem nenhuma prova." "Eu não me importo se alguém acredita ou não. Eu sei que é verdade", eu disse. "Foi um teste totalmente forjado." Olhei para o
grupo. "É realmente assim que vocês querem escolher com quem vão conviver pelo resto do ano?" "Eu simplesmente não te entendo, Reed. Isso não é apenas sobre com quem vamos viver, é sobre quem vai nos representar para o mundo em geral", explicou Cheyenne condescendente. "Se queremos continuar atraindo as pessoas certas, temos que ter as pessoas certas em casa todos os momentos. Lorna, Sabine e Constance? Elas não são as pessoas certas." "Na sua opinião," Eu disse a ela. "Na opinião da casa, ao que parece," ressaltou. Cerrei os dentes. "Tudo bem. Então, você escolheu três pessoas. O que você vai fazer agora? O diretor colocou elas aqui, Cheyenne. Isto não é senão uma farsa de qualquer maneira. " "Eu digo a você, Reed. Há sempre algo que se pode fazer. Neste caso, não, não podemos expulsá-las daqui. Mas podemos fazer com que queiram sair", disse ela. "O quê?" Eu soltei. "Se as três decidirem se mandar por conta própria, então quem é o diretor para impedi-las? Os alunos de Easton podem solicitar a transferência de dormitório a qualquer momento. É apenas um dos muitos privilégios que os pais pagam tão caro. Quer dizer, os nossos pais, de qualquer maneira", ela acrescentou com um sorriso condescendente. Muito maduro. Mexendo com a menina da bolsa. Meu pulso rugia nos meus ouvidos. Ninguém se atrevia a contradizê-la. Ninguém estava dizendo a ela como esse seu plano era louco. "Então você quer torturá-las até implorarem para ser colocadas em outro lugar", eu disse, ignorando o insulto pessoal. "Eu não diria em termos tão cruéis, mas, basicamente, sim," ela disse com um encolher de ombros. "Eu não vou deixar você fazer isso com elas", eu disse, enfrentando ela.
Cheyenne riu baixinho. "E você vai me parar como?" "Com a minha ajuda", disse Tiffany, de pé atrás de mim. Graças a Deus alguma pessoa por aqui ainda tinha algum coração. "E a minha", acrescentou Rose, com um pouco menos de entusiasmo. Meu coração se aqueceu dentro do meu corpo gelado. "Muito obrigado, Rose," Cheyenne disse. "Eu só quero que todas se deem bem, Cheyenne", Rose confessou. "Olha, nós realmente precisamos criar todo esse drama? Pessoalmente, eu já tive o suficiente." Cheyenne atirou a Rose um olhar traído, mas se recuperou rapidamente. Ela olhou para os outros seis membros da casa. "Qualquer outra pessoa quer desistir? Qualquer outra se sente como sendo responsável para que a integridade do Billings caia em chamas?" Ninguém se mexeu. "Bem, então, ao que parece os lados oficialmente estão estabelecidos." Cheyenne sorriu lentamente para nós, como se estivessemos engraçadas. Era tudo que eu podia fazer para não bater na cara dela. "Isso vai ser divertido."
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JOGANDO O JOGO
"E
u só não entendo como você fez para tirar a bandeira lá
de cima, em primeiro lugar," eu disse a Sabine no café da manhã no dia seguinte, tentando manter uma conversa normal. Tentando não pensar sobre o que tinha acontecido no meio da noite. "Você tem que me dizer como você fez isso." "Eu tive ajuda." Ela brincou com a sua farinha de aveia e olhou para mim com culpa. "De Gage". "Gage? Espera aí. Ele realmente sabe o significado da palavra ajuda?" Eu soltei. "Então é por isso que ele perdeu o grupo de estudo", disse Josh. "Ele é mesmo muito legal. Uma vez que você começa a conhecê-lo", disse Sabine sinceramente. Ambos Josh e Trey gargalharam. Sabine deixou cair o garfo e se encolheu sobre si mesma. "Ei, vocês," Eu repreendi. "Desculpa", disse Josh. "Não importa de qualquer maneira", disse Sabine, olhando para sua comida melancolicamente. "Essas meninas nunca irão me aprovar." "Isso não é verdade", eu assegurei. "Todo mundo gosta de você." Mentira. "Cheyenne é apenas uma pessoa. Ela pode parecer toda-poderosa, mas ela não é." E isso não era mentira. Eu vi todo-poderoso, e não se parece com Cheyenne Martin.
"Não foi assim que eu me senti na noite passada", disse Constance, se inclinando sobre os cotovelos na mesa e caindo. "De jeito nenhum", acrescentou Sabine. Me sentei na minha cadeira na mesa de costume do Billings, que ainda sentia e provavelmente sempre sentiria como presidida por Noelle, e soltei um suspiro de frustração. Essas meninas nunca iam ser capazes de resistir a tudo o que estava por vir, se elas já se sentiam tão derrotadas por um pequeno teste. Ao meu lado, Josh se mexeu na cadeira, evitando contato com os meus olhos, muito provavelmente porque ele sabia que eu não queria ver o “eu te disse” em seus olhos. Ao lado dele, Trey decidiu ignorar a conversa e, agora, estava concentrado em seu livro de biologia. Tanto Constance como Sabine pareciam exaustas depois de passar metade da noite escondidas tentando recolocar os objetos roubados de volta em seus devidos lugares. Eu me ofereci para ajudar, mas Sabine, Astrid e Kiki tinham prometido ajudar-se mutuamente e me manter fora disso. Constance tinha ido junto, assim, engolindo o medo em nome da solidariedade. Aparentemente, tudo tinha ido bem, pois nenhuma delas tinha sido expulsa ou presa ou nada. Mas eu sabia que cada um delas queria saber o que Cheyenne estava tramando em seguida. Elas não eram as únicas. Cheyenne surgiu a partir da fila do almoço, e no momento em que ela nos viu, ela mudou o rosto bonito para uma expressão azeda. Ela andou a passos largos com Portia, London e Vienna em seus calcanhares, e limpou sua garganta. "Tá se sentindo mal?" Perguntei a ela. "Hilariante", disse ela. "Não, é só que esta é a mesa do Billings. Apenas as moradoras mais antigas do Billings podem se sentar aqui." "Desde quando?" Eu perguntei. "Desde sempre", respondeu ela. "Eu sentei aqui no ano passado e eu estava no segundo ano," Eu indiquei, sabendo que a lembrança a incomodaria. No ano
passado, Cheyenne sentava na mesa ao lado, enquanto Noelle e as outras tinham me convidado para sentar aqui. "Sim, bem, isso era antes. Você pode ficar, mas suas amiguinhas que estão aqui vão ter que se mandar", disse ela, pondo os seus olhos sobre Constance e Sabine como se fossem marcas de desgaste em seus novos Manolos. "Caramba, Cheyenne. Quando você ficou tão azeda?" Trey exigiu. "Ninguém está falando com você, Trey", respondeu ela. "Senhoritas?" Constance e Sabine trocaram um olhar e ambas se levantaram. Trey levantou com elas, batendo sua cadeira para trás com tanta força, que se chocou contra a mesa atrás dele. "Não. Garotas. Vocês não tem que sair," eu disse a elas. "Está tudo bem", Constance murmurou, virando-se. Ela colocou a bandeja na mesa ao lado e puxou mais uma cadeira. Sabine assumiu a próxima dela, e Trey se juntou a elas. Olhei para Josh. Ele já não tinha qualquer problema em olhar para mim. Ele parecia estar mal do estômago quando Cheyenne tomou o assento ao lado dele e as outras meninas se sentaram ao nosso redor. "Astrid! Missy! Aqui!" Cheyenne gritou em voz alta, levantando o braço dela. Ah, deve estar brincando comigo. Astrid e Missy, alheias ao que estava acontecendo, vieram e se sentaram nas cadeiras no fim da mesa. Constance realmente parecia que ia desmoronar. "Cheyenne, há algo que eu tenho vontade de te perguntar," Eu disse docemente. "O que é, Reed?" ela perguntou com falso interesse, jogando o jogo, assim como eu.
"Você dorme bem à noite ou os chifres e o rabo te atrapalham?" "Oh, Reed. Você é tão engraçada", disse ela, tomando seu suco de maçã. "Este é um país livre. Posso escolher com quem eu quero tomar o café da manhã." "Bem, eu também posso", respondi, de pé e levantando minha bandeja. "Se é isso que você quer," Cheyenne disse com um encolher de ombros. Josh se levantou também, mas Cheyenne agarrou o braço de sua jaqueta de veludo desgastado. "Você pode ficar se você quiser, você sabe", disse ela, piscando para ele com seus grandes olhos azuis. Eu ia arrancar os olhos dela fora. Aqui e agora. Mas Josh então sorriu e encolheu os ombros. "Onde Reed vai, eu também vou." A cara de Cheyenne caiu. Eu me enchi de orgulho. Eu teria dito algo se não fosse a coisa mais imatura na história da língua falada a dizer. Mas isso não me impediu de pensar quando eu afundei em uma cadeira de frente para ela, um sorriso permanente em meus lábios. Josh estendeu a mão debaixo da mesa, pegou minha mão e me deu um aperto orgulhoso. Vamos lá.
CINDERELA II
E
u ouvi a batida cinco segundos antes de minha porta ser
aberta. Meu coração, instintivamente, foi para a minha garganta, mas desta vez, elas não estavam vindo para mim. Elas estavam indo para Sabine. "Levante, levante, levante! Levante, levante, levante!" E este ano, elas tinham até uma musica. Eu lancei o meu cobertor nas minhas pernas quando Cheyenne, London, Vienna e Portia invadiram meu quarto e foram até a cama de Sabine. London e Vienna batiam panelas com o lado da alça de escovas para cabelos. Portia de alguma forma arrumou um megafone. Sabine já estava sentada, ereta, os olhos arregalados com a confusão, quando Cheyenne arrancou o frágil cobertor da menina fora e a puxou pelos pulsos. Ela não estava vestindo nada além de uma minúscula camiseta azul e cuecas brancas. De alguma forma, ela parecia muito pequena. "O que é isso?" ela perguntou, olhando para mim por cima do ombro de Cheyenne. "Ei, isso é realmente necessário?" Exigi. Todas elas me ignoraram. Cheyenne levantou um quadriculado avental vermelho e branco sobre a cabeça de Sabine, então forçosamente a virou para amarrá-lo. O cabelo longo e grosso de Sabine ainda estava dobrado sob a alças do ombro e nas costas quando a empurraram para o corredor. "Pelo menos deixe ela colocar um calça!" Eu gritei. Elas deixaram o quarto sem uma palavra ou um olhar. Eu gemi e agarrei a calça jeans que estava na cadeira onde ela tinha deixado na noite anterior. Quando corri para o corredor, cada uma das minhas colegas já estavam ali reunidas, e as nossas seis meninas
novas estavam enfileiradas na parede em seus hediondos aventais coloridos. O rosto de Constance estava pontilhado com creme zit. Astrid tinha uma linha de sono bem no meio de sua testa. Missy parecia um jogador de futebol, havia muito rímel preto embaixo dos olhos. Kiki estava dormindo em pé. Lorna apenas olhava assustada. Caminhei até Sabine e entreguei o jeans, recebendo olhares azedos da metade das minhas supostas amigas. Sabine rapidamente empurrou as pernas para dentro e os puxou para cima. "Tudo bem, meninas, este é o lugar onde a diversão começa!" Cheyenne anunciou. "Este é o lugar onde vocês provarão para nós o quanto querem viver aqui. Astrid, Missy, Kiki, vocês três estão de serviço nas camas. Comecem com o meu quarto. E nós estamos falando de todos os cantos e travesseiros afofados, meninas! Se vocês tentarem nos enganar, nós saberemos!" Astrid balançou Kiki até seus olhos ficarem completamente abertos, e as três correram em direção ao quarto de Cheyenne, sem um pio. Quase como se soubessem que isso ia acontecer. Olhei para Rose, que devolveu meu olhar com um que dizia eu sei. O que você pode fazer? Alguma coisa. Tinha que haver alguma coisa. "O resto de vocês, banheiros", disse Cheyenne, perdendo até mesmo o falso brilho. "Temos Clorox* e escovas de dente prontos para vocês. Comecem a trabalhar." "Desculpe. Temos de limpar para vocês?" Sabine perguntou. "Não, querida, sinto muito - que você seja tão lenta que não percebeu isso ainda", disse Cheyenne, batendo no ombro de Sabine. Ela se inclinou para frente para que as duas ficassem cara a cara. "Se você quer viver aqui, você tem que trabalhar para isso. É assim que é." Sabine atirou em mim um olhar traído que me fez querer arrancar meu cabelo fora. "Cheyenne, temos um serviço de limpeza", eu disse. "Apenas deixe elas voltarem para a cama." "Sai fora, Brennan," Cheyenne disse. "Isso não te diz respeito."
"Que eu saiba, eu vivo aqui também", respondi. "E eu não vejo uma razão em fazê-las esfregar os banheiros quando a escola já paga alguém para fazer isso." "A questão é que todas nós tivemos que fazer isso", disse Cheyenne, se aproximando de mim. "É parte de se tornar um membro integral desta casa. Chama-se experiência compartilhada." "Isso é como uma panela de barro", respondi. "Sim, todas tivemos que fazer, mas nós todas odiamos. O que você realmente ganha em tornar as pessoas mais miseráveis?" O rosto de Cheyenne estava vermelho. "Reed, se você não gosta da forma como fazemos as coisas, por que você simplesmente nao-" De repente sua boca fechou e os olhos dela dispararam para cima do meu ombro. "O que está acontecendo aqui?" A Sra. Lattimer exigiu, caminhando retamente. Nossa monitora era conhecida por sua postura erguida, golas altas, e seu comportamento arrogante. Seu cabelo grisalho estava sempre em um coque que só acentuava suas feições nítidas como de um pássaro e olhos redondos pequenos e brilhantes. "Vocês ouviram o diretor. Se as meninas estão realizando algum tipo de trote, serei obrigada a denunciá-las." Nós fizemos como uma parede na frente das três meninas vestindo o avental. Cheyenne e eu realmente estavamos ao lado da outra, temporariamente unidas contra uma inimiga em comum. "Estamos fazendo a nossa parte, Sra. Lattimer," Cheyenne disse docemente. "Você sabe que nós temos que fazer isso antes da aula ou este lugar vira um chiqueiro". A Sra. Lattimer a olhou com astúcia. Ela sabia exatamente o que estava acontecendo. Todas sabíamos que ela sabia exatamente o que estava acontecendo. A pergunta era: seria a história de Cheyenne boa o suficiente para ela passar para o diretor se ele de alguma forma ficasse sabendo da farsa? "Tudo bem", disse ela, finalmente, segurando a gola da blusa no pescoço. "A limpeza é, afinal, uma virtude importante em jovens damas. Admiro sua ética."
"Obrigada, Sra. Lattimer," Nós agradecemos, fazendo a nossa parte. "Bem, continuem, então", disse ela. Então ela se virou e desceu as escadas. Demos um suspiro de alívio universal. Mas não durou muito. Cheyenne voltou-se para as meninas novamente e latiu. "Por que vocês ainda estão paradas aqui? Mãos à obra!" Quando as três correram para longe, Cheyenne olhou para mim e sorriu. "Acho que é ponto para mim!" ela cantou. Ela saiu antes que eu pudesse formular uma resposta, mas eu decidi estar pronta na próxima vez. Talvez o primeiro round tinha ido para a Menina Vara Na Bunda. Mas era melhor ela estar pronta para o segundo round.
*marca de produtos de limpeza.
TOMANDO PARTIDO
E
ram 07:00 e todas deveriam estar no café da manhã na
próxima meia hora. Como eu já tinha imprimido meu trabalho para a aula de Inglês, eu ainda podia ouvir o barulho das meninas em torno dos banheiros e abrindo e fechando janelas. Em cada nova batida, meus músculos ficavam um pouco mais apertados. Enfiei o papel na minha bolsa e sai do meu quarto de banho tomado, vestida e pronta para a batalha. Fosse o que fosse que Cheyenne tivesse na manga com seus pequenos Lacoste* para depois, ela ia cair. Rose, Tiffany, e algumas das outras meninas estavam reunidas do lado de fora da minha porta, olhando tão tensas que pareciam estar aguardando o resultado de um teste de drogas. "Elas ainda estão trabalhando?" Eu perguntei. "Elas ainda severamente.
estão
trabalhando",
Tiffany
respondeu
Cheyenne saiu do seu quarto, batendo palmas. "Tudo bem, senhoritas, na sala, por favor!" gritou ela. As seis meninas vieram correndo para fora de vários quartos, vermelhas, suadas e exaustas. Eu sabia o que elas estavam esperando. Que poderiam correr para os chuveiros e se preparar para o seu dia. Mas algo nos olhos de Cheyenne me disse que não ia ser nada disso. "Antes de vocês terminarem com as tarefas da manhã, cada uma de nós tem uma tarefa especial para vocês completarem," Cheyenne disse, me atirando um olhar enviesado. O quê? Não, nós não. "Eu gostaria que cada uma de vocês escolhecem uma irmã e pedissem uma tarefa", disse Cheyenne. Ninguém se mexeu. Eu vi as outras meninas trocando olhares divertidos. Elas já tinham tarefas em mente para essas garotas. Apenas um outro detalhe que Cheyenne tinha escondido de mim.
"Rápido!" Cheyenne apressou. "Quanto mais tempo esperarem, mais tarde vocês irão para o café da manhã." Astrid suspirou e saiu da fila. "Cheyenne, há algo que posso fazer por você?”, perguntou ela. "Bem, obrigada, Astrid. Isso é tão legal da sua parte!" agradeceu Cheyenne. "Na verdade, há um acúmulo de poeira e uma gosma estranha nos cantos de todas as gavetas da minha mesa. É tão desagradável. Você se importaria de limpar para mim? Obrigada." Ela estava brincando, né? Ela ia fazer uma de suas amigas se atrasar por isso? Astrid desapareceu no quarto de Cheyenne, e todas ouvimos os sons de gavetas abertas, os seus conteúdos chacoalharem. "A próxima?" Cheyenne solicitou. Missy saiu da fila e enfrentou Vienna. "Existe algo que eu possa fazer por você, Vienna?" ela perguntou educadamente. Eu poderia dizer que ela estava orgulhosa de si mesma por sua fortaleza. Por ser uma boa criada. "Eu queria combinar as cores no meu armário. Você pode fazer isso, né?" Vienna pediu. Missy assentiu e se afastou, olhando satisfeita com sua agradável atribuição. "Ah, e use luvas. Suas unhas estão como se você estivesse cavando no estrume," Vienna acrescentou. Algumas pessoas deram risadas. Missy abaixou a cabeça e fugiu da sala. Cada um dos meus músculos se tensionava enquanto eu desejava que alguém, qualquer uma, me perguntasse. Pergunte o que eu quero que você faça por mim. Alguém. Qualquer uma. Kiki limpou sua garganta e se aproximou de mim. Ela puxou de suas orelhas os fones de ouvido, e ouvi música de uma guitarra irada gritando neles. "Reed? Há qualquer coisa que eu posso fazer por você?", perguntou ela.
Ela sabia. Eu poderia dizer da maneira confiante que ela olhou para mim. Ela sabia que eu não iria jogar junto. "Na verdade, sim. Você pode ir tomar um banho e se arrumar para a aula:" Eu disse a ela. Kiki nem hesitou. Ela correu para seu quarto. "Pare! Você não vai a lugar algum!" Cheyenne gritou. Kiki bateu a porta. Bastante em choque, Cheyenne momentaneamente se perdeu. Rapidamente, Constance se aproximou de Rose. "Rose? Há algo que você precisa que eu faça?", perguntou ela. Rose olhou para mim, hesitante. Ela mordeu o lábio inferior.
Você pode fazer isso. Foda-se Cheyenne. Acabe com isso agora. "Não, Constance," Rose disse finalmente. "Nada que eu possa pensar." Meu coração se expandiu para encher o meu peito inteiro. "Rose!" Cheyenne gritou. "Você -" Sabine foi para London. Mordi a língua. Má escolha. Tiffany teria lhe dado um passe, eu tinha certeza disso, mas London. . . "Há algo que você precisa que eu faça?" Sabine perguntou. "Não", London disse com um encolher de ombros. "London!" Vienna e Cheyenne guincharam ao mesmo tempo. De todos os sons, este foi de gelar o sangue. "O quê? Não tenho nada", London disse inocentemente. "Eu tinha, mas então Rosaline apareceu ontem e praticamente esterilizou o quarto inteiro! Ela até jogou fora as minhas camisinhas e confiscou o meu esconderijo. Essa mulher é muito influenciada pela mãe."
Desta vez eu ri. Eu não pude evitar. Rosaline era a faxineira dos pais de London. Sua mãe enviava a mulher até Easton de NYC uma vez a cada duas semanas para limpar o quarto onde London estava vivendo, trazer pacotes que invariavelmente incluía livros de dieta que ela não precisava, e espionar sua filha. Esta semana ela não só tinha feito seu trabalho, mas tinha me feito um favor enorme também. Cheyenne soltou um grito e correu para seu quarto. "O quê? O que eu fiz? Cheyenne!" London correu atrás dela em suas sandálias plataforma. "Cheyenne! Você está brava comigo?" Tiffany deu um tapinha nas costas de Rose quando o corredor ficou vazio. Constance, Sabine e Lorna estavam lá, no entanto, olhando em volta, hesitantes. Será que não tinha caído a ficha ainda? Elas estavam livres. "Meninas, é sério. Vão para o chuveiro. Já terminaram por hoje", eu disse a elas. E só então elas finalmente se dispersaram. Acho que eu tinha algum poder por aqui depois de tudo.
*marca de tenis
O JOGO
"B
om dia, almas torturadas!" O Sr. Winslow caminhou em
nossa sala na aula de Inglês, todo alto e orgulhoso. "Antes de chegarmos a nossa Elizabeth Bowen, vamos entregar os trabalhos!" Deslizei e segurei a pasta azul do meu artigo de quinze páginas sobre Edith Wharton para fora da minha bolsa e a entreguei com o resto da sala. O Sr. Winslow lançou um olhar superficial na página de título de cada papel antes de colocá-lo em sua mesa. Ele franziu a testa pensativamente para alguns. Outros, ele riu, claramente satisfeito. Ele era um dos poucos professores, talvez o único professor, em Easton, que poderia ser considerado bonito em qualquer círculo. Jovem - que, quando se tratava dos professores de Easton, significava pré-quarenta - ele tinha o cabelo castanho escuro, que passava dos lóbulos das orelhas em seus dias mais despenteados e um sorriso fácil. Além disso, ele sempre desistia de fazer a barba até sexta-feira. A barba escura realmente o favorecia. Mas o que ele tinha mesmo a seu favor é que ele era humano. E legal. Qualidades inexistentes em adultos por aqui. "Ah! Brennan!" ele disse quando eu entreguei a minha proposta. "Olhando para o futuro." Ele confirmou meu nome na lista de atribuição. Eu atirei um olhar surpreso. "Oookay". "O quê? Quem ganha Primeiras Honras duas vezes em seu primeiro ano como estudante de transferência cria uma agitação na sala dos professores", disse ele. "Vamos torcer para você corresponder as espectativas." "Obrigado. Eu acho."
Virei, meu coração vibrando com os nervos. Eu deveria estar empolgada por que eu tinha um representante por excelência agora, ou petrificada por que eu nunca conseguiria corresponder as espectativas? De alguma maneira eu tinha a sensação de que era a última opção. Eu estava prestes a sentar no meu lugar novamente quando eu notei que três alunas tinham ainda que entregar. Constance estava cavando através de sua bolsa em pânico. Lorna tinha removido todos seus livros de sua mochila e folheava cada um deles. Sabine simplesmente sentou em sua cadeira, olhando indiferente para frente. "O que está acontecendo?" Sussurrei para Sabine, deslizando de volta ao assento de trás dela. "Meu trabalho sumiu", disse ela. Ela não se moveu. Só ficava olhando para a frente. "O que quer dizer com sumiu?" Eu perguntei. "Eu o imprimi na biblioteca na noite passada e o coloquei na minha bolsa. E agora ele sumiu", ela disse sem rodeios. Olhei para Constance, que ainda estava caçando, agora à beira das lágrimas. Na frente da sala Astrid entregou calmamente o seu próprio trabalho. Kiki também. Missy não era desta aula, mas eu tinha a sensação de que se ela fosse, seu trabalho teria sido entregue também. "Tudo bem", disse o Sr. Winslow, correndo o dedo para baixo na sua lista. "E parece estar faltando três trabalhos. Srta. Du Lac? Srta. Gross? Srta. Talbot? O que vocês tem para mim?" Ele olhou para cima com um sorriso expectante e foi saudado por três olhares enjoados. Sua alegria desapareceu. "Senhoritas?" ele perguntou, dando um passo ao redor de sua mesa.
"Estava na minha bolsa esta manhã, Sr. Winslow," Constance disse meio gemendo. "Eu juro que estava, mas eu posso correr agora e imprimi-lo novamente -". "Você sabe a política, Constance. Se não está na sala de aula -". "Você não pode dar zero para todas nós", Lorna disse, soando em pânico. "Nós fizemos o trabalho." "Nós podemos trazer mais tarde", acrescentou Constance. "Vocês acham que seria justo se toda a turma entregou no prazo, mas vocês não?" Sr. Winslow perguntou com uma expressão de pena. "Sinto muito, mas eu tenho que dar zero para vocês hoje. Se quiserem, podemos conversar sobre um trabalho de recuperação mais tarde." "Mas, Sr. Winslow -" "Sinto muito", disse ele, fazendo uma nota em sua prancheta. Para seu crédito, ele realmente parecia chateado. "Existem regras e eu tenho que cumpri-las." Quando ele se virou para o quadro, um casal riu baixinho na sala de aula. Sabine arrancou uma página em branco fora do seu caderno e a amassou com força. Meu coração se apertou. Eu simplesmente não podia acreditar que Cheyenne tinha jogado tão baixo. Roubar seus trabalhos? Isso era imaturo, mesmo para ela. "Se é assim que quer jogar, vamos jogar", eu disse baixo, para mim e para Sabine. Afinal, eu havia aprendido com as melhores.
SUA ESCOLHA
"E
u me sinto tão má," Tiffany brincou, olhando para a
mesa no refeitório na hora do almoço. Ela levantou a câmera e tirou nossa foto. "Eu meio que gosto disso." Todo mundo riu nervosamente. Apesar de ser ridículo estarem nervosos. Mas eu via o motivo de Tiffany. Nós oito - eu, Josh, Rose, Tiff, Trey, Constance, Sabine, e Lorna - eramos os unicos estudantes no salão espaçoso com a luz solar. Eu tinha procurado a cada um deles entre as aulas naquela manhã para compartilhar o meu plano, e todos tinham aparecido obedientemente. Constance e Lorna tinham ficado indecisas no início, mas depois de alguma adulação, seu ressentimento por Cheyenne tinha sido mais forte. Lorna, especialmente, estava cansada de Missy recebendo tratamento preferencial, enquanto ela estava na merda. Acho que a garota tinha alguma personalidade depois de tudo. Parecia que tanto ela quanto Constance estavam agora prontas para tomar uma posição. Pelo menos, eu esperava que elas estivessem. A cena que estávamos prestes a enfrentar não seria para corações fracos. Aos poucos, a multidão do almoço começou a chegar. Eu dei uma mordida no meu sanduíche e esperei. Meu estômago não queria alimentos agora, mas ia ter que comer de qualquer maneira. Nós tinhamos que parecer casuais aqui. Isso era crucial. Então Ivy Slade surgiu da fila do almoço sozinha, seus olhos me encontrando como sempre parecia recentemente. Ela caminhou por nós, me encarando quando ela passou. "Oi, Ivy!" Rose disse. Meu coração parou. Ela fez uma pausa. Olhou de Rose para mim, depois voltou novamente para ela. "Rose", disse ela. Então, ela continuou caminhando para direita.
"Ok, qual é a dessa menina?" Constance perguntou, inclinando-se sobre a mesa. "Ela é muito estranha!" "Não, ela não é. Ela é totalmente normal", disse Rose. Olhei através do refeitório para ela. Ela ainda estava me olhando. "Eu não diria totalmente normal." "Ela só passou por muita coisa, isso é tudo", disse Rose, balançando a cabeça enquanto mastigava sua comida. "Costumávamos ser amigas", acrescentou melancolicamente. Eu ia perguntar mais, só que Cheyenne, Vienna e Portia finalmente apareceram, conversando como se tudo estivesse normal. "Aqui vamos nós", eu disse baixo. Quando Cheyenne olhou para cima, ela tropeçou e teve que se agarrar numa cadeira para se apoiar. Ah, como eu queria que ela tivesse se esborrachado no chão. Isso faria o momento perfeito. "Ok, todo mundo. Ajam normal," Eu disse a todos na mesa. Cheyenne iniciou a longa marcha até nós, a fúria muito evidente em seus passos. "Então, você acha que nós estamos prontos para o primeiro jogo, cara?" Trey perguntou a Josh em voz alta, dando uma mordida no seu pão enrolado. "Eu ouvi que Barton tem alguns talentos novos este ano." "Nah. Estamos prontos", disse Josh. Ele se recostou na cadeira, colocando seu braço sobre o encosto casualmente. "Alguns calouros “fenômenos” não vão nos por para baixo." "O que vocês acham que estão fazendo?" Cheyenne exigiu, pondo sua bandeja na mesa ao lado para que ela pudesse cruzar os braços sobre o peito. "Elas não podem se sentar aqui. Pensei que deixei isso claro." Ela olhou para Constance, Lorna e Sabine como se fossem mosquitos.
"É um refeitório grande, Cheyenne", eu disse friamente. "Se nossa presença incomoda tanto, por que você não vai sentar naquela mesa perto do banheiro? Não pode ficar mais longe de nós do que isso." "Esta é a nossa mesa", disse Cheyenne. "O Billings sempre se sentou nessa mesa." "E na mesa ao lado," eu disse com um encolher de ombros, mastigando uma uva em minha boca. "Eu acho que você poderia sempre se sentar aí." "Você é tão ridícula", Portia disse com uma risada. "Quero dizer hilariantemente ridícula". "Ninguém aqui está rindo," eu respondi. "E ninguém nesta mesa vai sair. Assim, você pode ficar aí parada e passar todo o intervalo de pé, ou você pode se sentar. A escolha é sua." Cheyenne ficou ali. Voltamos para nossos almoços. Josh e Trey continuaram seu bate papo sobre futebol. Rose e Tiffany conversavam em voz alta sobre o fim de semana dos ex-alunos e o jantar no Driscoll. Pedi a Constance para passar o sal. E Cheyenne ainda estava em pé. E em pé. E em pé. Eu estava ficando impressionada com sua coragem, na verdade. Mas não havia nenhuma maneira de eu me render. "Cheyenne? Meus pés doem", Vienna disse finalmente. "Tudo bem", disse Cheyenne através de seus dentes. Ela se virou e puxou a cadeira atrás de Constance, batendo nela de propósito. Mordi a língua. Então, só por prazer, ela assumiu a cadeira oposta a nossa, de frente para mim entre as duas mesas. "Mas isso não vai ficar assim", disse ela. "Olhando para mim!", Eu respondi. "É de pirar", disse Portia baixinho quando ela sentou. "Eu esperei três anos para me sentar nessa mesa e agora estou relegada".
"Fale Inglês!" Cheyenne disse através de seus dentes. "Relegada! Caramba! Tome um remédio!" Portia respondeu, irritada. Cobri minha boca para não rir. Então eu vi Kiki, Missy e Astrid saindo da fila. Era hora de por em ação a fase dois. "Kiki! Ei, vocês! Aqui!" Gritei, de pé. "Nós guardamos seus lugares." Elas se apressaram e Josh e Trey, como combinado, se levantaram e se dirigiram para uma das mesas do Ketlar. "Obrigado, rapazes!" Rose agradeceu a eles. O rosto de Cheyenne estava perfeito. Tiffany, alma boa que ela era, tirou uma foto de Cheyenne para a posteridade. Kiki deslizou para a direita na cadeira desocupada de Trey e abriu seu chá gelado. Astrid hesitou por uma fração de segundo, olhando de Cheyenne para mim. Quando seus olhos caíram sobre Constance e as outras e suas expressões de esperança, ela fez o que eu esperava. Ela optou pela solidariedade dos novatos e pegou a cadeira de Josh. Eu sabia que ela era legal. Sabia disso. "Obrigada de qualquer maneira," Missy suspirou e se juntou as outras. Nenhuma surpresa aí. Havia uma cadeira vazia no final da mesa para ela, mas ninguém tinha realmente esperado que ela se sentasse lá. Olhei para baixo e sorri. Essas eram exatamente as pessoas com quem eu queria me sentar. Essas, para mim, eram as verdadeiras meninas do Billings. O segundo round tinha sido ponto para mim.
UMA PESSOA
E
u ainda estava no alto do triunfo quando cheguei nas
pilhas ao redor da seção de informática da biblioteca mais tarde naquele dia e tudo desabou. Eu parei. Josh e Cheyenne. Josh e Cheyenne sentados com os joelhos juntos, frente a frente, cochichando e rindo e gesticulando. Parecendo, para usar uma palavra de Sabine, íntimos. Cheyenne afastou seus cabelos loiros do rosto e sorriu seu sorriso de comercial do Crest*, sua beleza toda Americana, de alguma forma infinitamente mais evidente agora que estava cara a cara com meu namorado. "Olá?" Eu me ouvi dizer. Josh olhou por cima do ombro. Seu rosto caiu e ele se afastou para longe de Cheyenne. Ela simplesmente sorriu enquanto eu caminhava até eles. "O que está acontecendo?" Perguntei laconicamente. Olhei para ele, não para ela. Eu não queria ter nada a ver com ela. "Nós estávamos falando sobre o comitê de alimentos", disse Josh, de alguma forma me olhando bem nos olhos. "Estamos tentando decidir se fazemos apenas hors d'oeuvres* ou se teremos estações nas bandejas na hora do coquetel.” "E eu ainda digo que estações são muito pouco sofisticadas", Cheyenne disse a ele. "E eu ainda insisto que caras com fome querem carne fatiada", respondeu ele. Era brincadeira de paquera. Eles estavam brincando e paquerando bem na minha frente. "Você pode ir agora", eu disse para Cheyenne.
Josh me deu uma segunda olhada. "Reed -" Cheyenne estreitou os olhos para mim. "Isso é bom. De repente eu não sinto mais nenhuma vontade de ficar aqui de qualquer jeito", disse ela. Em seguida, ela reuniu seus livros e se levantou. "Me liga mais tarde, Josh", disse ela, sorrindo para ele. "Sim. Claro." Era tudo que poderia fazer para que eu não a chutasse quando se afastou. Eu me virei e olhei para Josh, meu coração batendo forte. "O que foi isso?" Exigi. Josh soltou um suspiro. "Eu sei que você não gosta dela agora, mas estamos trabalhando juntos. Eu não podia evitar." Eu larguei meus livros no computador ao lado e me sentei. "Sério? Parecia um pouco intimo demais para quem falava do jantar dos ex-alunos." "É a biblioteca. Estávamos sussurrando. Tivemos que nos sentar próximos um do outro para ouvir." Ele estudou o meu rosto rapidamente. "Espere um minuto. Você não está com ciúmes dela, não é?" Meu rosto deve ter dito tudo, porque ele riu. "De jeito nenhum. Vamos lá. Pensei que estivesse apenas com raiva de mim porque vocês estão brigando. Eu e Cheyenne? Por favor." Eu odiei o jeito que eu me senti naquele momento. Desconfiada e triste e estúpida pela sensação de desconfiança e tristeza. Cruzei os braços e olhei para a torre de Easton no meio da tela do computador. "Eu não sou a única que percebeu," Eu disse a ele categoricamente. "Ótimo. Então, agora as meninas do Billings estão inventando coisas para fofocar?" Ele pegou minha mão e deslizou para perto de mim. "Reed, é só você, ok? Você é minha namorada. Cheyenne é... Não é meu tipo."
"Isso é o que você diz," eu disse sem compromisso, sem vontade de simplesmente aceitar. Me recusando a ser a garota que só se esquece do que ela sabe que viu e acredita no seu homem incondicionalmente. "Deus, eu quero mesmo que você saia do Billings. Ficar no meio delas está deixando você paranóica", disse ele. "Eu já te disse. Eu não vou sair", eu disse. "Por que não? Você não pertence aquele lugar de qualquer jeito", disse ele. "O quê você quer dizer com isso?" Exigi. Ele se endireitou, me olhando momentaneamente confuso. "O quê? Eu só acho que você é muito melhor do que essas meninas. Mais inteligente, mais amável... apenas melhor." Meus ombros se relaxaram ligeiramente. "Cheyenne iria nuclear se ouvisse você dizer isso." "Só mais um motivo para você abandonar o lugar", disse Josh. "Eu não quero vocês duas em guerra." Nós duas. Não eu. Nós duas. Ele se preocupava com nós duas. "Esqueça isso", eu disse indiferente, cruzando os braços sobre o peito. "Eu não vou desistir. Prefiro ficar lá e tentar mudar as coisas." Josh sorriu adoravelmente e chegou até a beliscar minha bochecha. "Minha pequena ativista", ele brincou. Ele beijou minha testa. "Eu amo isso." "E eu adoro quando você me trata como se eu fosse uma sobrinha fofinha," Eu reclamei. Josh me olhou nos olhos, se inclinou e separou meus lábios com os seus, me dando um beijo que fez tudo dentro de mim estremecer. Me fez esquecer tudo sobre Cheyenne e minha suspeita. Não havia como ele me beijar assim se gostasse dela, certo? Não era mesmo possível. Quando ele finalmente se afastou, eu estava tão
fora de mim, que me deixei cair para a frente e nós quase batemos nossas cabeças. Mas ele pegou meus ombros e me segurou. "Melhor?", perguntou ele. "Muito", respondi, piscando os olhos abertos. "Ótimo. É melhor eu ir agora. O bibliotecário está me encarando", Josh disse, mordendo o lábio. "Vejo você no jantar?" "Eu estarei lá", respondi. Quando ele correu para fora da biblioteca, senti meu ânimo começar a cair. De alguma forma, me senti decepcionada. Lenta. Cansada. Com um suspiro, eu me virei para o meu computador e abri o meu e-mail. Havia uma nova mensagem na minha caixa de entrada de Dash. Todos os cabelos na parte de trás do meu pescoço ficaram em pé, e meu coração batia forte. Abri rapidamente, sentindo como se alguém estivesse observando.
Ei, Reed Como está indo com as meninas novas? WB Dash Rapidamente, eu digitei uma resposta.
Oi, Dash Estamos à beira de uma guerra, na verdade. Cheyenne quer três das seis fora e nós fizemos uma espécie de divisão. Rose e Tiff e talvez algumas outras garotas estão comigo, mas me preocupa o fato de achar que não vou ser capaz de detê-la. Conselho? Reed Enviei a mensagem e me recostei na minha cadeira e, ainda nervosa, olhei por cima do meu ombro. Ninguém estava por perto, exceto o bibliotecário idoso, que estava inclinado sobre um livro, como sempre. O computador deu um sinal sonoro baixo, e meu coração pulou. Aparentemente Dash estava online, porque ele tinha
escrito uma resposta. Com a mão trêmula, eu cliquei para abrir sua mensagem.
Reed, Não fique nervosa. Se havia uma pessoa em Easton que eu sempre poderia contar para estar no lado certo das coisas, era você. Não deixe Cheyenne fazer você se sentir de outra forma. Você está no caminho certo. Eu estarei pensando em você e enviando boas vibrações para sua maneira de agir. Dash Eu li o e-mail duas vezes. Em seguida, uma terceira vez. Alguma coisa se agitava dentro do meu peito. Pela primeira vez durante todo o dia, tive certeza. E orgulho. Eu não podia acreditar que era assim que Dash McCafferty me via. E ele disse que estava pensando em mim. Pensando em mim... Um rubor se instalou no meu rosto. Dash McCafferty estava sentado em seu dormitório na sua faculdade da Ivy League pensando na pequena Reed Brennan. Um grande estrondo em algum lugar nas estantes me assustou, e eu rapidamente fechei a janela, morrendo de medo. Imediatamente pensei em Noelle. Imaginei como ela ficaria furiosa se soubesse que Dash e eu estávamos em contato. Se ela soubesse que o seus e-mails me faziam corar. O que, naturalmente, me fez pensar em Josh. O que diabo eu estava fazendo? Eu o acusei de flertar com Cheyenne, mas aqui estava eu fazendo quase exatamente a mesma coisa com o Dash. Qual era o problema comigo? Oprimida pela culpa, eu deletei o e-mail de Dash e fugi. *** O descanso do estudo no Billings naquela noite consistia em pizza no estilo Chicago que amigas de Tiffany de casa tinham mandado por FedExed e ela tinha aquecido no microondas ilegal em seu quarto, junto com várias garrafas de champanhe, ou "Dommy P" como Portia as chamava, que seu namorado magnata do petróleo de 23 anos havia enviado para celebrar o início de seu último ano. Tudo estava calmo, considerando que a guerra havia sido declarada. Eu sabia que não devia confiar na calmaria, mas eu queria. Eu queria apenas cinco segundos, sem drama. Então eu peguei uma fatia e me juntei as outras na sala, onde estavam assistindo Batman Begins pela a vigésima quinta vez - ou, mais
precisamente, apenas parando em momentos particularmente quentes de Christian Bale. Eu estava apenas começando a me divertir quando me dei conta de que Sabine não estava lá. Cheyenne e Vienna não estavam lá também, mas isso não era um motivo de preocupação. "Hey. Viu Sabine?" Perguntei a Rose quando ela inclinou a taça de champanhe na boca. "Acho que ela está lá em cima", disse ela. "Oooh! Sem camisa!" ela gritou, acenando com a mão na tela. “Alguém pause!" Abaixei meu pedaço de pizza no prato de porcelana doado por algumas alunas antigas do Billings e fui para o andar de cima. Sabine tinha estado quase em silêncio durante todo o dia. Eu esperava que ela não estivesse pensando em pedir uma transferência. Cheyenne seria insuportável depois de uma vitória dessa. E, além disso, se havia uma coisa que eu sabia sobre o Billings, era que se aderir a ele era a melhor política. Passar por todos os testes e a série de brincadeiras de Noelle eram fonte de orgulho para mim. Eu não seria a pessoa que sou hoje sem eles. E eu esperava isso de Sabine. Eu queria que ela fosse a pessoa que seria capaz de resistir a Cheyenne. E uma nota egoísta, eu não queria que ela me deixasse. Eu estava começando a me acostumar a ter amigas de verdade ao meu redor. Abri a porta do nosso quarto, mas ele estava vazio. A luz de sua escrivaninha estava acesa, mas não havia sinal dela. Então ouvi vozes no corredor. Intensos tons baixos. Vindos do quarto de Cheyenne. Eu senti a mesma apreensão que eu sempre sentia quando Noelle e Ariana estavam falando sozinhas. Prendi a respiração e fui na ponta dos pés em direção a elas. Parei na porta de Cheyenne e ouvi. "Não. Eu vou conseguir. Eu vou fazer isso", alguém disse num tom baixo. Eu não tinha certeza de quem estava falando, mas era tão urgente, que fez todos os cabelos do meu braço se arrepiarem. Conseguir o quê? Fazer o quê? Então alguém respondeu tão baixo,
que eu não conseguia distinguir as palavras. Droga. Tinha que ir para o plano B. Eu me virei e empurrei a porta, prestes a dizer algo sarcástico. Mas em vez disso, eu congelei. Não era Vienna que estava conversando com Cheyenne. Era Sabine. "O que está acontecendo?" Eu perguntei. Haviam roupas estendidas em cima da cama e botas de salto alto no chão. "Nada". Sabine estava calma como um banho quente. "Eu vou estar aqui", Cheyenne disse a ela de uma forma significativa. Sabine acenou com a cabeça e começou a passar por mim, com os olhos para baixo. A segui para o corredor. "Aonde você vai?" "Cheyenne precisa de um livro da biblioteca", disse Sabine. Seus olhos estavam estranhamente brilhantes. "Eu só vou correr e pegar." Olhei pela janela de vidro no final do corredor. Estava escuro e gotas de chuva surravam os painéis, como se estivessem desesperadas para entrar. "Agora?" Eu perguntei. Olhei para Cheyenne, que se sentou afetadamente em sua cama, seus joelhos juntos e as mãos cruzadas. "Deixe ela mesma pegar." "Reed, está tudo bem", disse Sabine através de seus dentes. Ela se aproximou de mim e sussurrou. "Acho que ela está realmente começando a me aceitar. Ela me deu alguns conselhos sobre Gage. Ela vai me ajudar com ele, mas eu tenho que continuar a jogar o jogo dela." "Te ajudar com ele?" Fiquei atônita. Do jeito que Gage agia, Sabine tinha só que colocar a mão dele em sua bunda e ele era dela. Por um dia, pelo menos, o que era provavelmente quase tão longo quanto a sua atenção se estenderia para qualquer uma. Além de Ivy, se os rumores eram verdadeiros.
"Reed, eu sei que você não gosta dele, mas eu gosto. Eu não posso evitar." Sabine parecia desesperada. "Apenas me deixe ir." Olhei em seus olhos e vi que ela falava sério. Cheyenne tinha jogado a carta do amor não correspondido e conseguiu. "Você não tem que fazer isso, você sabe," Eu disse a ela. Mesmo que eu soubesse que não teria nenhum efeito. "Eu sei", respondeu ela. Então ela me lançou um olhar de agradecimento antes de sair. Eu pisei de volta para a porta do quarto de Cheyenne. Ela estava dobrando suas roupas agora, e fez uma pausa. Olhamos uma para a outra por toda a extensão de seu quarto único. Seus lábios estavam torcidos em um sorriso superior. "Então. Você vai 'ajudar' ela, hein?" Eu perguntei. Ela soltou um suspiro dramático. "Estou de saco cheio de sua atitude." "Por que você está fazendo isso, Cheyenne?" Eu exigi. "Eu posso ver que você não vai embora até que eu te conte", disse ela, dobrando um suéter sobre seu braço. "A menina tem uma queda, e você sabe que eu sou uma boba por amor. Além disso, acontece que eu sei o que Gage gosta. Intimamente". Meu pai. Havia alguém aqui que não tinha ficado com ele? "Então, o quê? Você vai vestir ela como você e mandar para o grande lobo mau?" Eu perguntei. "Por que você acha que tudo que faço tem segundas intenções?" Cheyenne perguntou. "Talvez eu esteja começando a ver algum potencial em Sabine. Talvez eu queira ver ela feliz." Sim, certo. E talvez eu seja a American Next Top Model*. "Você pode ir agora", disse ela com um sorriso doce.
Eu olhei para ela por um longo momento, tentando vê-la por outro ângulo. Tentando entrar em seu cérebro torto, pensar três passos à frente, e encontrar uma brecha, mas não havia nada. Meu cérebro simplesmente não funcionava dessa maneira. Não havia mais nada que eu pudesse fazer, além de me afastar e esperar. *linha de produtos para higiene bucal *aperitivos *reality show americano onde garotas competem para se tornar modelos profissionais
A PRIMEIRA VEZ
E
u esperei atrás do bordo* enorme do lado de fora do
Ketlar na manhã seguinte até que eu vi o Sr. Cross, o orientador idoso do Ketlar, saindo vagarosamente pela porta dos fundos, assobiando. Uma dupla de rapazes o seguiu, e logo que a porta estava fechada, eu deslizei para dentro e subi as escadas correndo para o quarto andar. O andar de Josh. Eu precisava ver ele. Agora. Eu precisava beijá-lo e me certificar de que tudo entre nós estava bem. Desde que eu tinha visto ele com Cheyenne ontem, eu estava sentindo essa estranha incerteza dentro do meu peito. Juntando isso com a culpa pelos e-mails de Dash e minhas pernas ficaram trêmulas. Eu não podia andar por Easton toda enjoada e fraca durante todo o ano. Não era bom para os meus nervos. Eu precisava estar com Josh. Realmente estar com ele. Olhar nos olhos dele e dizer como me sentia. O que realmente sentia. Pela primeira vez. Isso faria tudo ficar bem. Trey estava saindo de seu quarto quando me aproximei, sem fôlego. Ele deu uma olhada para mim e sorriu conscientemente. "Ele é todo seu", disse ele, segurando a porta. Todos nós praticamente viviamos para quebrar as regras por aqui. Como a que me impedia de estar no quarto de um cara. Mesmo o reto como-uma-flecha Trey. "Obrigado", eu sussurrei. Eu deslizei para dentro e fechei a porta. Josh olhou para mim, surpreso. Não tão surpreso quanto eu, no entanto. Ele estava em pé perto da janela, ainda molhado do banho, apenas com uma toalha na cintura. Seu peito liso e brilhante era perfeito, e a definição em seus braços era muito mais nítida do que eu lembrava. Fiquei com a boca completamente seca.
"O que você está fazendo aqui?" ele perguntou com um sorriso. "Eu..." Espere, o que eu estava fazendo aqui novamente? Não importava. Porque dois segundos mais tarde suas mãos estavam em meus cabelos e sua boca estava sobre a minha e ficamos nos beijando e tocando e tropeçando e caindo e as coisas ficaram muito fortes, muito rápido. "Espere!" Eu soltei ele, me afastando dele em sua cama desarrumada. Ele me soltou, com os olhos na altura dos meus. "O quê? Eu... Você está... O quê?" Meu coração estava batendo tão forte, que eu pensei que poderia se ferir. Levantei, deixando meu namorado seminu confuso, e, provavelmente, muito excitado, em sua cama. Respire fundo, Reed. Respire fundo. "Eu não vim aqui para isso", eu disse com firmeza, de pé no meio do quarto. Josh se endireitou, as pernas para o lado da cama, e colocou os braços sobre o colo de uma forma estranha. Ele olhou para mim e tentei me concentrar. "Ok. Por que você veio aqui?" Olhei em seus olhos verdes claros. O peito arfava enquanto ele tentava controlar sua respiração. Mas ele estava focado em mim. No meu rosto. Esperando pacientemente. Eu podia fazer isso. Eu podia. Porque eu queria dizer isso. E porque eu confiava nele. E não importava o que acontecesse depois. Eu só queria que ele soubesse. Eu fechei meus punhos. Respirei fundo, e quando eu deixei o ar sair para fora outra vez, eu disse. "Josh, eu te amo". Todo o seu rosto se iluminou. Ele se levantou, olhando nos meus olhos com uma expressão maravilhada, como se eu tivesse acabado de dar o presente mais incrível que ele já tinha recebido.
Então ele me beijou, devagar nessa hora. Lentamente, suavemente, profundamente, e quando ele se afastou, ele me agarrou como se nunca fosse me deixar ir. "Eu também te amo." Com convicção. Mesmo que eu soubesse que ele iria dizer isso - que ele quis dizer isso há meses atrás, quando eu tinha quase deixado Easton, uma parte de mim tinha medo. Que ele tivesse mudado de ideia. Que ele nunca tivesse sentido isso, em primeiro lugar. Mas ele sentia. Ele ainda sentia. "Você não tem ideia de quanto tempo eu mordi minha língua para não dizer isso para você", ele meio sussurrou. "Depois daquele dia quando você me parou -" "Eu sei. Me desculpe," Eu disse a ele. "Mas isso não importa mais. Agora você pode dizer o tanto que você quiser." Josh deu um passo para trás, as sobrancelhas levantadas adoravelmente. "Sério? Quer dizer que eu posso dizer que te amo? Eu te amo, eu te amo, eu te amo?" Eu rachei de rir. "Gosto da maneira como ele soa, apenas saindo da minha língua", disse ele, gesticulando com as mãos. Ele tirou uma camiseta do armário e a puxou sobre sua cabeça. "Eu te amo. Eu te amo, eu te amo, eu te amo. Huh. Muito legal." "Ok. Não vamos gastar tudo no primeiro dia", eu disse, me sentindo meia tonta, era quase demais. "Sim, sim. Você e suas regras." Ele pegou uma cueca boxer de sua gaveta e vestiu sob a toalha, em seguida, fez o mesmo com uma calça com cordões, e deixou cair a toalha completamente. Então ele enfiou os pés em seus tênis de camurça e agarrou sua bolsa-carteiro. "Café da manhã, meu amor?" ele perguntou, abrindo a porta para mim.
"Claro que sim, meu amor", eu brinquei de volta. Ele me beijou de novo no caminho através da porta e nossos dedos se entrelaçaram quando nós caminhamos para o refeitório. Já não importava se Cheyenne queria ele ou não. Josh era meu. Ninguém jamais iria ficar entre nós. *** "Onde está Sabine?" Trey me perguntou no café da manhã. A cadeira dela, em frente a minha, estava visivelmente vazia. O sol entrava pela clarabóia acima de nós enviando um brilhante raio de luz na cadeira como se tentasse destacar o fato de que ela não estava ali. "Ela ainda estava no chuveiro quando eu saí," Eu disse a ele. Josh pegou minha mão debaixo da mesa e apertou. Meu coração parecia que estava girando em barras assimétricas. Ele se inclinou para sussurrar no meu ouvido. "Ei, eu te disse que te amo?" Senti arrepios em todos os lugares. "Sim, eu acho que eu já ouvi isso em algum lugar antes." Felicidade. Isso era como se sentia a felicidade. Gage passou perto com sua bandeja, óculos de aviador que cobriam os olhos, e ver ele nem sequer me irritou. Felicidade. Cheyenne então se ergueu da mesa ao lado e andou até ele. Não me importava. Nem um pouco. Felicidade. "Ga-age! cantarolou.
Tenho
uma
surpresa
para
você!"
Cheyenne
Ele a olhou de cima a baixo. "Já estive lá e já fiz isso." Ela conseguiu rir como se não se ofendesse. "Eu não. Apenas fique parado aí um... segundo... mais." Como se estivesse só esperando, Sabine surgiu da fila do café da manhã, carregando uma bandeja cheia de comida. Mas ela não
se parecia nada com a garota das ilhas que eu conhecia. Parecia uma tortinha da Nova Inglaterra. Mini-saia xadrez. Joelhos nus. Botas de salto alto. Uma apertada e branca camisa de botões na frente. Um elegante rabo de cavalo penteado para trás. Quando ela passou pela primeira mesa, os pés dela balançaram ligeiramente, desacostumados com os saltos, mas se recuperou bem. Gage não pareceu perceber, é claro. Sua língua estava praticamente pendurada para fora. Portanto, este era o plano de Cheyenne para ajudar Sabine. Transformá-la em uma Pussycat Doll e deixá-la solta na sociedade. Eu odiava ela. "A Martinique vai perverter as meninas de colégio católico", disse Gage impressionado. "Continue". Sabine sorriu - um olhar que era um espelho estranho de uma das expressões favoritas de Cheyenne - e abriu a boca para dizer algo que sem dúvida, Cheyenne tinha treinado ela para dizer. E então, de repente, tudo deu errado. Seu pé já instável bateu numa poça de água e saiu de debaixo dela. Seus olhos se arregalaram. Houve um momento breve que eu pensei que ela poderia ter se recuperado, mas foi apenas uma ilusão. Sabine voou fora de seus pés e bateu a bunda e as costas no chão primeiro. A calcinha branca aparecendo para todo mundo ver. A bandeja foi no ar e choveu cereais e ovos em toda a sua camisa branca imaculada. Suco de laranja respingou em seu rosto. Por um longo momento, ninguém se moveu. E, em seguida, risos. Gage se dobrou. Cheyenne convulsionou. A cafeteria toda se encheu de sons de gargalhadas. Quando me levantei para ajudar Sabine, ela se sentou e olhou em volta, o rosto dela se enchendo de angústia. Ela puxou a saia para baixo sobre sua calcinha, agarrando a bainha. Eu nunca tinha visto ninguém parecer tão pequeno. Com o canto do meu olho eu vi Cheyenne bater sua mão na palma da mão de Portia. Foi um movimento mínimo. Se eu tivesse piscado, eu teria perdido. Mas eu não perdi. Eu vi. E eu sabia. Ela tinha derramado água no meio do corredor. Ela havia emprestado para Sabine, que possuía apenas sandálias baixas e chinelos, seu
maior salto. Ela tinha planejado tudo. E minha raiva era incomparável. "Você fez isso", eu disse a ela, tremendo. "Ah, desça já do seu cavalo alto, Reed," Cheyenne disse. "O ar lá em cima está afetando seu cérebro." Sabine, finalmente, se levantou do chão e correu, sem jeito em seus calcanhares, para a porta. "Você vai lamentar o simples fato de ter me conhecido," Eu disse a ela. "Você está esquecendo de algo, Reed," ela respondeu. "Você começou isso. Você desenhou a linha naquela noite da votação. Aconteça o que acontecer depois, é tudo culpa sua." Eu queria meter um tapa na cara dela. Queria te dar uma rasteira e mostrar como era bom. Mas este não era o lugar, e eu não tinha tempo. Eu tinha que ir atrás de Sabine. "Isso não terminou, Cheyenne," Eu prometi a ela. "E não está nem perto disso."
*um tipo de arvore.
PARALISADA
S
abine passou o dia inteiro na enfermaria. Quando eu fui
dar uma olhada nela, eles nem sequer me deixaram vê-la. Disse que queria ficar sozinha. Depois do jantar, que ela tinha pulado, ela tinha voltado para o quarto, pegado seus livros, e saido de novo, ignorando minhas tentativas de falar com ela. Apenas abaixou a cabeça e desapareceu. Agora era 10:17 e ela ainda não tinha voltado. A biblioteca tinha fechado 17 minutos atrás. Onde diabos ela estava?
Por favor, só não deixe ela cair fora. Não deixe ela dar essa satisfação a Cheyenne. Eu respirei fundo e olhei para o meu celular. Josh também estava MIA. Eu odiava ser uma daquelas meninas que ficavam sentadas à espera de seu telefone tocar, mas era o que eu estava fazendo. Eu precisava falar com ele. Precisava desabafar sobre o que tinha acontecido e ouvir seu senso equilibrado dizer onde Sabine poderia estar. Josh sempre me ligava às dez horas. Todas as noites antes de dormir. Mas esta noite, nada. Mesmo depois da manhã mais perfeita do nosso relacionamento. Aqueles beijos que ainda me davam arrepios quentes cada vez que eu me lembrava. Nada. O relógio marcou 10:18. Alguma coisa tinha que estar errada. Eu estava pegando o telefone quando a porta do meu quarto se abriu. "Reed!" "Ah, meu Deus! Você me assustou!" Eu disse, rindo. Eu me virei para olhar para Constance e Sabine, e mesmo que eu estivesse feliz de ver que Sabine estava bem, meu coração imediatamente caiu no
chão. Elas pareciam como se tivessem acabado de testemunhar um acidente de carro. "O que há de errado?" Elas se entreolharam com ansiedade. Meu coração batia muito forte. "O que foi?" Eu perguntei, minha garganta fechando. "É Josh", Constance estava tão culpada, que eu me perguntei por um segundo se ela tinha feito alguma coisa com ele de alguma forma. "O que tem Josh?" Eu fiquei de pé. "Você tem que vir", disse Sabine, puxando o meu braço. "Venha". O medo expandiu dentro de mim, enchendo cada poro meu. Eu não podia me mexer. "Na onde?" "Reed" "Eu não vou a lugar nenhum até que você me diga o que está acontecendo", eu disse com firmeza. "Diga. Agora". Um outro olhar sombrio passou entre elas. "Nós o vimos, Reed," Sabine disse finalmente. "Com Cheyenne." *** Eu corri. Eu corri tão rápido, que meus pulmões queimavam e minha visão ficou turva. Eu corri tão rápido, que eu não podia ouvir nada além do vento nos meus ouvidos. Eu corri tão rápido que tropecei em uma das luzes de revestimento do caminho e cai arranhando o meu joelho, minhas mãos e meu rosto, então me levantei e continuei correndo.
ama.
Ele me ama. Isto não está acontecendo. Ele me ama. Ele me
Sabine estava ao meu lado quando eu cheguei nas janelas altas do cemitério das artes. Constance estava a milhas atrás. "Reed, respire primeiro", disse Sabine. "Calma". "Não. Não!" Eu gritei. Eu não me importava se alguém ouvia. Não importava se eu fosse expulsa. Eu só queria ver. Eu precisava ver. Eu rastejei através dos arbustos para a janela. As persianas estavam separadas de modo que se podia ver facilmente por entre elas. Fechei os olhos. Rezei. Agarrei a beirada de pedra fria com meus dedos. E olhei. Algo frio e viscoso deslizou pela minha espinha. Os cantos dos meus olhos ficaram nebulosos e cinzentos. Dentro do brilho quente do cemitério das artes, nosso santuário, o lugar onde Josh e eu tinhamos compartilhado vários momentos roubados, beijos roubados, sussurros roubados, ele estava agora deitado no sofá do amor com Cheyenne em cima dele. Senti o vômito subir bem a tempo de virar a cabeça longe de Sabine. Eu vomitei nas folhas aos meus pés. As lágrimas escorreram dos cantos dos meus olhos pelo nariz e minha boca.
Mas ele me ama. Ele disse que me am"Reed, eu sinto muito mesmo", disse Sabine. "Não", eu me ouvi dizer. "Não." Eu pus a palma da minha mão na minha boca. Olhei novamente. Josh estendeu a mão em concha no lado do pescoço de Cheyenne carinhosamente, seus olhos em adoração. Ele deixou sua mão deslizar para baixo e empurrou a blusa de seu ombro enquanto ela a desabotoava lentamente. "Não!" Isso foi tudo. Era demais. Me virei e empurrei Sabine para fora do caminho. Abrindo a porta do Mitchell Hall. Eu estava prestes a bater na porta do cemitério das artes, quando vi que a porta não estava trancada. Com as duas mãos, eu a empurrei. Ela bateu contra a parede. Uma pintura caiu no chão. Cheyenne saltou com um grito
e endireitou sua blusa, cobrindo apenas o sutiã rendado. Sua saia estava no chão. A tanga e a bunda perfeitamente bronzeada estavam expostas. "Reed", disse Josh. "Reed, o que você está -" "Cala a boca!", eu disse, com lágrimas escorrendo dos meus olhos. "Eu não quero falar com você. Eu não quero nem olhar para você!" Limpei meu rosto rapidamente e prendi a respiração, não querendo dar a Cheyenne a satisfação de me ver deste jeito. Josh se apoiou em seus cotovelos e olhou para mim. Sua camiseta – a mesma camiseta que ele colocou de manhã na minha frente - estava empurrada até seu peito. Os cordões da calça estavam desamarrados e o zíper baixado. Senti bile subir na minha garganta novamente e engoli de volta. Por que ele não pulou como Cheyenne? Por que ele não estava implorando por perdão agora? Cada minuto daquela manhã foi uma mentira? Será que eu realmente significava tão pouco para ele? "Calma, Reed," Cheyenne disse ofensivamente, fechando seus botões. "Eu sei que é difícil para você, mas pelo menos tente manter alguma dignidade." E foi então que eu finalmente fiz. Foi quando a corda frágil dentro de mim finalmente se quebrou e eu meti um tapa em Cheyenne tão forte quanto eu pude, bem no meio do rosto bonito.
PARTICIPANTE VOLUNTÁRIO
“S
ua patética puta de duas caras!" Eu gritei, irrompendo
no Billings com Sabine e Constance bem atrás de mim. Cheyenne correu à minha frente subindo rápido as escadas em seus saltos altos. "Me deixe em paz, sua psicopata!" ela gritou de volta para mim. Subi pelos degrais da escada de dois em dois e a segui para seu quarto. Todas as portas no corredor já estavam abertas. As meninas estavam amontoadas nas portas em seus pijamas, assistindo nossa briga. "Reed! O que está acontecendo?" Rose perguntou. Como se eu pudesse responder isso agora. Eu tinha uma loira para estripar.
Ele disse que me amava. Ele disse que me amava. Mas ela acabou com tudo. Cheyenne tentou bater a porta na minha cara, mas eu apoiei minha mão contra ela e empurrei do meu caminho. "Saia!" ela gritou para mim, se afastando em direção à janela. "Não até você admitir a fraude que é," eu disse a ela. "Você está louca, Reed. Você finalmente ficou louca," Cheyenne esbravejou, rindo nervosamente.
"Ah, eu sou louca. Eu sou louca?" Eu soltei. "Você anda por aí há dias tagarelando sobre o Billings e da integridade e da imagem e da irmandade e dos laços que vão durar para sempre e, entretanto, você estava gastando cada segundo livre seduzindo o meu namorado!" Houve suspiros e comentário geral atrás de mim. Eu me virei para olhar. Cada uma de nossas colegas de casa estavam reunidas perto da porta ou no corredor. "Isso mesmo, meninas! Sua boa e respeitável líder só estava montada em cima do meu namorado no cemitério das artes", eu disse, sabendo que elas acabariam descobrindo através dos boatos de qualquer jeito. "E ainda assim ela anda por aí dizendo para todas nós quem é bom o suficiente para o Billings. Quem tem as qualidades certas. Essa vagabunda traidora é que julga as pessoas!" "Não foi só eu, Reed. Eu não me joguei em cima dele", disse Cheyenne. "Você viu. Ele era um participante voluntário. Ele até me convidou para ir lá." Minha visão ficou escura. Sinceramente, senti como se fosse desmaiar. Quando eu virei para ela de novo, eu tive que me agarrar na cômoda para controlar a tontura. Era uma coisa se Cheyenne tinha ido com ele. Se ela sabia que ele estaria lá como sempre estava na maioria das noites e desfilasse vestindo uma roupa sexy toda tonificada e loira, se insinuando. Eu nunca iria perdoar ele, mas de alguma forma me sentiria melhor se colocasse toda a culpa sobre ela. "Eu não acredito em você. Eu vi você. Eu vi o jeito que estava em cima dele o tempo todo. Isso tudo foi você." "Ah, é? Aqui!" Cheyenne enfiou a mão na sua Kate Spade* e tirou seu celular, jogando para mim. "Olhe a primeira mensagem de texto." Ela estava blefando. Ela tinha que estar blefando. Abri o ícone de mensagem de texto e minha visão borrou de novo. Havia o número de Josh na parte superior da tela, claro como o dia. A mensagem dizia:
Não posso esperar mais. Preciso de vc. Agora. Essa noite. Venha me encontrar. Cemitério das artes, depois da reunião do comitê. Cada grama de raiva que eu tinha dentro de mim explodiu naquele momento. Me virei e atirei o telefone dela na parede, quebrando ele em um milhão de pedaços, um deles pegou direto no rosto de Cheyenne. Ela gritou e pos a mão em concha no queixo. A Sra. Lattimer escolheu aquele momento para aparecer. "Meninas!" gritou ela. "Já chega!" O choque, o horror e o nojo era evidente em seus olhos enquanto ela observava a cena. Cheyenne ainda estava com as roupas todas tortas. As peças do telefone por todo o chão. A máscara roxa de fúria que eu sabia que estava cobrindo meu rosto. Sua boca formou uma linha fina de determinação. Eu nunca tinha visto ela parecer tão sombria. "Para o seu quarto, Srta. Brennan. Agora".
*marca de acessórios de grife, no caso, uma bolsa.
REFORÇOS
"Q
uem ela pensa que é? Ela acha que pode
simplesmente fazer o que ela quer? Ter o que quizer?" Eu dizia gritando a mim mesma em sussurros roucos enquanto eu andava na frente de Sabine. Ela se sentou no centro de sua cama, os joelhos juntos, me observando enquanto eu caminhava para a frente e para trás. Apenas seus olhos se moviam. Era como se ela tivesse medo de mudar de posição e eu a atacasse. Não que eu pudesse culpar ela. Eu estava furiosamente fora de controle. ”Ter quem ela quizer?" Minha voz falhou e eu parei de andar, cobrindo minha boca com a mão, quando as imagens voltaram a mim. A mão de Josh sobre sua pele nua. O olhar de adoração em seus olhos que costumava ser reservado só a mim. Ele olhou para Cheyenne da mesma maneira que olhou para mim esta manhã, quando eu disse a ele que o amava. Da mesma maneira. Minha outra mão foi para o meu estômago. Como ele pôde? Como ele pôde fazer isso comigo? Foi por essa razão que ele queria tanto que eu deixasse o Billings? Para manter eu e sua outra garota, afastadas? Havia menos chance de eu descobrir sobre ela se não estivéssemos vivendo juntas, eu suponho. E, ah meu Deus. Naquela noite. A noite que Cheyenne tinha chegado tarde e eu pensei que ela estivesse com Sabine...ela havia estado com Josh, também? Ele estava cansado, mal-humorado e impaciente no dia seguinte. Isso estava acontecendo esta semana toda? Eles estavam mentindo para mim desde o primeiro dia? Eu não podia acreditar que Josh poderia ser tão manipulador. Tão astuto. Não. Não Josh. Não era possível. Mas antes eu nunca teria pensado que isso fosse possível. Nunca em um milhão de anos.
"Ela está fora de controle", Sabine concordou. "Vocês costumavam ser amigas, não? Mesmo que vocês estejam com problemas este ano, não é nenhuma desculpa." Eu respirei fundo para conter a náusea. Enxuguei uma lágrima perdida debaixo do meu olho. "'Fora de controle" é um eufemismo," eu soltei. "Você sabe que ela vem tentando forçar você, Constance e Lorna a cair fora daqui desde o primeiro dia, não é? Ela não se importa se desistam do Billings ou sejam expulsas. O que ocorrer primeiro está bom pra ela." O queixo de Sabine caiu. "Expulsas? Ela quer que nós sejamos expulsas? Meu pai ia me matar!" "Ela não se importa. Desde que não estejam vivendo mais aqui", eu murmurei. "Mas... Mas eu não fiz nada para merecer isso", disse Sabine, de pé. "Eu fiz tudo o que ela pediu. Fazendo suas coisas... arrumando seu quarto... Roubando coisas e colocando de volta. Eu não fiz nada errado. Ela é a única pessoa que está manipulando todo mundo. Não é justo!" Me inclinei em minha mesa e olhei pela janela para as luzes acesas no pátio. "Você está certa. Cheyenne é a única que deve ser expulsa, depois de tudo que ela fez." Minhas palavras pairavam no ar entre nós. Sabine estava perfeitamente silenciosa. Perfeitamente imóvel. Meu coração começou a bater forte de novo. Cheyenne. Expulsa. Cheyenne. Expulsa. Este era para ser supostamente um ano perfeito. Novo e livre de drama. E teria sido, se não fosse por ela. Ela tinha arruinado tudo. Arruinado o Billings. Arruinado Josh. Ela estragou tudo. Olhei para Sabine. Seus olhos estavam arregalados. Nós estávamos pensando a mesma coisa. Minha pele formigava. "E se ela fosse expulsa?" Eu disse lentamente. "Então terminava tudo, não?" Sabine disse timidamente.
"Deus, você pode imaginar como seria pacífico aqui sem ela?" Eu disse, olhando em torno do nosso quarto. "Sem ela torturando vocês? Sem ela pisando nas pessoas e gritando e mandando ao seu redor?" "Nós poderíamos ser apenas estudantes novamente", disse Sabine, soando melancólica. "Nós poderíamos ser normais." Ela estava certa. Se Cheyenne fosse embora, as novatas seriam poupadas de mais estresse. Elas não teriam que passar por toda a porcaria que eu tinha passado o ano passado. Eu estava certa de que sem Cheyenne comandando, os trotes iam acabar. Portia era muito egocêntrica para ser incomodada, e Vienna e London preferiam ficar se arrumando e festejando do que conspirando. Sem Cheyenne, o Billings seria livre. Eu adoraria ver a cara dela se ela fosse expulsa. Adoraria mostrar a ela de uma vez por todas que ela não podia mexer comigo. Que eu não ia deixar ela fugir depois dessa facada nas minhas costas. Eu não podia acreditar que estava considerando seriamente isso. Não podia acreditar que eu realmente tinha isso em mim. Mas depois eu pensei em Josh novamente. Seu rosto. Suas mãos. Seus olhos. E eu sabia que podia fazer isso. Eu era mais do que capaz. "Você acha que podemos fazer isso?" Eu disse calmamente. Sabine mordeu o lábio. "Eu nem saberia por onde começar." Sentei tremendo em minha cadeira. A tela do meu computador estava escura, mas só olhar para ele me deu uma idéia. Deus, se Noelle estivesse aqui. Ela saberia exatamente como se vingar de Cheyenne, e exatamente que cordas puxar para começar o trabalho. Mas eu não tinha sequer uma pista de onde ela estava, nem como entrar em contato com ela. Fazia muito tempo que ela tinha mudado todos os seus números e e-mails, como se quisesse excluir todos completamente. Me excluir para fora de sua vida. Mas eu tinha uma sensação de que ela gostaria de ouvir sobre isso. Gostaria de ajudar. Ela, afinal, se preocupava com o Billings mais do que ninguém. E um de seus piores temores era descobrir o que aconteceria se Cheyenne assumisse.
Eu olhei para o computador. Eu sabia de alguém que podia saber como encontrá-la. Alguém que eu tinha estado "conversando" quase todos os dias. Talvez fosse, finalmente, tempo para abordar o assunto que eu tinha evitado por tanto tempo. Eu poderia fazer isso? E se eu fizesse e ele me ajudasse a encontrá-la, ela me ajudaria? Eu mexi na barra de espaço, acendendo a tela. "O que você está fazendo?" Sabine perguntou. Eu digitei o e-mail de Dash. "Chamando reforços." Eu compus uma mensagem rápida, mas no segundo que eu cliquei para enviar, eu queria fazer voltar o e-mail. Meu peito se encheu de pavor. O que eu estava pensando? Eu não era Noelle. Eu tinha deixado isso bem claro ao longo das últimas semanas. Eu não podia fazer alguém ser expulso. Nem mesmo Cheyenne. Eu não era uma conspiradora. Isso não era de mim. Essa não era eu. E ainda por cima, e se Dash não me escrevesse de volta? Nós nunca mencionamos Noelle ou Josh em nossos e-mails. E se mencionar ela de alguma forma manchasse a nossa brincadeira? Se caíssemos na real? Provavelmente, eu tinha acabado de fazer uma besteira além de reparo. Perdido Josh e Dash em um horrível e doloroso dia. Fechei o computador com um clique e tentei engolir contra a minha garganta subitamente seca. "Talvez devêssemos falar de outra coisa", eu disse, minha voz oca. Sabine riu nervosamente. "Sim. Boa idéia." Tínhamos chegado perigosamente perto do abismo. Era hora de voltar para trás.
QUATRO HORAS Naquela noite eu fiquei deitada na cama, sem conseguir dormir, olhando para o teto. As imagens continuavam vindo repetidamente. As pernas nuas de Cheyenne. O peito de Josh. Cheyenne subindo em cima dele. A mão dele em seu pescoço. Em seu ombro. Seus olhos quando ele a acolheu. As mãos dela lentamente desabotoando sua camisa. Seu sutiã. Sua tanga. Suas calças desabotoadas... Eu virei meu rosto no travesseiro, e gemi. As lágrimas esprimidas contra a fronha. Como ele pôde fazer isso comigo? Como? Eu não conseguia respirar. Eu levantei minha cabeça e meu coração parou. Luzes vermelhas e azuis brilharam contra a vidraça. Um milhão de imagens do ano passado inundaram minha mente em flashes. Eu pulei da minha cama e empurrei as cortinas. Havia uma ambulância passando pelo círculo do dormitório das meninas. Vi quando ela voou pelo caminho até o final. Em direção ao segundo círculo. Em direção aos dormitórios dos meninos. Sem sirene. Nenhum ruído. Só o grito silencioso das luzes. Prendi a respiração e afastei às cortinas até que estavam fora de vista. Então eu abri a janela e ouvi. Ouvi o bater distante de portas de carro fechando. O som de vozes transportadas em meio a noite clara. E depois, nada. Olhei para o relógio. Quatro horas até o café da manhã. Quatro horas para esperar e saber que merda estava acontecendo agora.
PEQUENA E DOCE SABINE Na manhã seguinte eu estava ansiosa para sair no mundo e descobrir o que tinha acontecido, mas eu tive que esperar por Sabine. Considerando a noite que eu tive, eu não estava em condição de andar pelo campus e lidar com todas as más línguas e olhos curiosos por conta própria. Ela se vestiu tão depressa quanto pode, e estávamos saindo do nosso quarto quando ouvimos o grito de Cheyenne. Ouvimos passos pesados, e dois segundos depois, ela estava no corredor de roupão rosa, segurando o que parecia ser os pedaços, manchados e reduzidos a restos do conjunto tartlet que Sabine tinha usado no dia anterior. "O que é isso?" ela gritou para Sabine, nos atacando. Ela sacudiu as roupas em seus punhos. "Ah, certo. Tentei lavar elas depois que você fez a gentileza de me emprestar, mas a máquina do campus enlouqueceu e rasgou todas elas em pedaços", disse Sabine inocentemente. Meu queixo caiu. Ela não fez isso. Ela não podia ter feito isso. A Pequena e Doce Sabine? "A máquina de lavar fez isso", disse Cheyenne zombando. Ela desdobrou a camisa e a saia. Cada uma foi cortada em pequenas tiras como franjas. E as manchas na camisa não eram só do suco e dos ovos. Haviam grandes manchas pretas nela toda, como se a infeliz pessoa que a vestiu tivesse sido atropelada por um carro. Sabine encolheu os ombros. "É uma máquina velha". "E eu suponho que mastigou as minhas botas até a polpa, também", disse Cheyenne, furiosa. "Não", disse Sabine. "Isso foi o cachorro do zelador. Ele apareceu na lavanderia e agarrou elas. Não teve como parar o cão,
uma vez que ele enfiou os dentes no couro. Sinto muito. Eu vou te pagar, é claro." Eu bufei uma risada. "Eu não acho que vai ser necessário", eu disse, colocando o braço sobre o ombro de Sabine. "Eu acho que vocês duas estão quites agora." Me virei com Sabine e juntas, caminhamos para a porta. "Obrigada por isso. Eu precisava de uma risada, esta manhã," eu disse. "Mas eu tenho que dizer, eu não sabia que você tinha isso em você." "Nem eu", respondeu Sabine. "Mas acho que foi ela que me fez por para fora."
NÃO ERA EU Todos os músculos do meu corpo estavam tensos enquanto eu caminhava para o café da manhã. Contrariando o meu plano, Sabine tinha saido no momento em que atingiu os degraus da frente, precisando pegar alguma papelada com seu conselheiro, e eu fui deixada sozinha. Vulnerável. Era o primeiro dia frio do ano e eu não estava vestida para a ocasião. Não tinha nem mesmo me preocupado em considerar o tempo. Eu tremi quando uma brisa passou, agarrando os meus braços nus. Olhei em volta buscando expressões angustiadas, lábios sussurrando, qualquer indicação do que tinha acontecido na noite anterior. Mas tudo parecia normal. Um ensolarado sábado feliz na Academia Easton. "Reed!" Trey se aproximou rapidamente de mim vindo da direção do Ketlar, seu belo rosto cheio de rugas de preocupação. Eu parei na hora. Isto não podia ser bom. "Você está bem? Você já ouviu falar de Josh?", perguntou ele. "O que você quer dizer?" Ele parou, confuso. "Josh. Levaram ele para o hospital na noite passada. Gage não te ligou?" "Não." Não, não, não. "O que aconteceu?" Eu soltei. "Ele teve uma convulsão. Acordei de repente e encontrei ele meio caindo de sua cama, tremendo como um louco. Eu tive que chamar o 911", disse Trey. "Sinto muito. Gage devia ter-". Ele parou no meio da frase quando um sedan preto - um dos carros oficiais de Easton, usado para trazer alunos visitantes e ex-
alunos do aeroporto – deslizou pela rua e fez uma pausa entre os dormitórios. A porta se abriu, e Josh saiu muito lentamente. Seu jeans desgastado, o cabelo bagunçado, mas de outra forma ele estava perfeitamente intacto. O alívio que me atravessou quando mirei ele foi rapidamente apagado no segundo que ele olhou para mim. Nesse segundo recordei a angústia da noite passada. E eu não me importava. Eu não me importava se ele estava bem ou não. Eu só tinha que sair de lá. Me virei e marchei em direção ao refeitório, deixando Trey atrás de mim. "Reed! Espere!" Josh gritou. Eu acelerei. "Reed, por favor! Eu tenho que falar com você." Sua mão tocou meu ombro. Eu virei, golpeando fora com o meu antebraço em um movimento. "Ai! Droga." Ele se agarrou ao seu braço, o deixando cair, como se eu tivesse acabado de tirar toda a vida fora dele. "Já terminamos de falar," Eu disse através de meus dentes. Deus, ele estava pálido. Seus olhos estavam bem vermelhos e injetados de sangue. Eu queria abraçar ele. Perguntar o que tinha acontecido. Ele tinha ficado com medo? Eu só queria beijar ele e Bater nele. Não. Dar um soco nele. Bem no intestino. "Reed, eu tive uma convulsão na noite passada," Josh me disse, seu tom de súplica. "E o quê? Você quer que eu te beije e faça tudo melhorar?" Eu soltei, agressiva novamente. "Não! Não é isso que eu quis dizer!" Josh disse. "Por favor, Reed. Por favor, pare. Não posso. Eu não posso seguir você agora." Havia algo em seu tom que me fez parar. Algum motivo patético que por alguma razão o meu coração não podia ignorar. Quando eu olhei para ele novamente, ele estava sentando em um
dos bancos de pedra. Lentamente e delicadamente. Como se todos os ossos do seu corpo estivessem machucados. "Qual é o problema com você?" Perguntei agressivamente. "É a crise", disse ele. "Todos os meus músculos doem. Eu acho que eu acabei de me matar correndo para alcançar você." Ele me deu um sorriso/careta que trouxe lágrimas aos meus olhos irritados. Por que ele estava fazendo isso? Ele estava realmente esperando ganhar um voto de pena, e de alguma forma apagar o que ele fez? "Sobre ontem à noite", disse ele. "Eu não quero falar sobre isso", eu disse. "Bem, eu quero", retrucou. Me retrucou. A mim. Como se fosse eu a única a deixar Cheyenne Martin rastejar em cima de mim. "Eu estava drogado, Reed. Eu nem sabia que merda eu estava fazendo", disse ele, as palavras se precipitando. "Eu estava no cemitério das artes e de repente ela estava lá e então você estava lá e... Eu nem me lembro da metade disso. Eu estava completamente fora de mim. Você tem que acreditar em mim. Eu nunca faria isso com você. Você sabe disso. Eu nem mesmo-" "Pare", eu disse. Meus olhos estavam se enchendo de lágrimas. Cada pessoa que passava no pátio olhava para nós. "Pare de mentir." "Eu não estou mentindo!" Josh gritou. "Eu estou te dizendo. Alguém colocou alguma coisa na minha caixa de pílulas ontem. Eu sempre arrumo no início da semana e classifico os comprimidos que eu preciso por dia. Ontem eu despejei minhas pílulas na minha mão e coloquei em minha boca todas ao mesmo tempo. Você me viu fazer isso um milhão de vezes, certo?"
Por que eu ainda estou aqui parada? Por quê? "Certo?" ele perguntou de novo.
Consegui acenar. "Bem, mesmo antes de chegar a minha boca notei uma coisa. Uma pequena pílula branca com pontos azuis sobre ela. Não era uma das minhas pílulas. Mas já era tarde demais", disse ele, com os olhos suplicantes. "Eu disse a mim mesmo que eu só estava imaginando, mas agora eu sei que não estava. Tinha que ser uma daquelas drogas de estupro ou algo assim. É a única explicação." "Não é a única", eu murmurei. "Por que mais eu teria uma convulsão na noite passada?" Josh exigiu. "Essas estão sob controle há anos. Isso só acontece se eu tomar uma extra ou beber demais ou o que for. Se a química do meu corpo for desregularizada. Faz todo o sentido. O que quer que eu tomei... me dopou o suficiente para me dar uma convulsão. " Fiquei olhando para ele. Na esperança em seus olhos verdes. Na sua pele pálida. "Alguém fez isso comigo, Reed. Fez isso a nós," disse ele. "Eu nunca estaria disposto a machucar você. Você é tudo para mim, você não entende isso? Tudo". Meus dentes se apertaram com tanta força, que latejava. "Então por que você mandou uma mensagem de texto para ela?" Eu disse calmamente. Josh piscou. "O quê?" "Por que você enviou uma mensagem para Cheyenne? Você convidou ela, Josh! Você disse que não poderia esperar por ela mais. Que você precisava dela!" Eu gritei. "Se alguém se aproveitou de você, como diabos você explica isso?" Alguns calouros passando pararam para me olhar. Eu nem sequer me importei. Que eles vissem o que acontece quando você se deixa preocupar com alguém. Que eu seja um exemplo de advertência. Algo de bom deve sair da minha merda de vida. "Reed, não tenho ideia do que está falando", disse Josh.
"Pare de mentir!" Eu praticamente gritei. "Eu vi no telefone dela! Ela mostrou para mim. E veio de seu celular. Você chamou ela para ir lá!" "Eu não fiz isso. Eu não fiz isso", Josh falava, balançando a cabeça. Ele fechou seus olhos. Como se estivesse tentando se lembrar. "Estávamos em uma reunião do comitê no Mitchell Hall para o jantar no Driscoll. Depois que terminou, fui ao cemitério. Ela me seguiu até lá. Ela me seguiu..." "Por favor, pare", eu disse, com lágrimas escorrendo em meu rosto. "Eu não posso mais ficar aqui e ouvir isso." Virei, me abraçando, e me afastei. Ele se levantou, mas fez uma careta e não se mexeu. "Reed, por favor, não faça isso. Não era eu. Eu não sabia o que eu estava fazendo", suplicou ele. "Você sabe! Reed! Você sabe que eu te amo!" Meu coração se rasgou ao meio. Hoje as suas palavras soavam como uma piada cruel. Como uma tortura. Ele continuou me chamando, mas eu não olhei para trás. Eu nunca iria olhar para trás. *** Me sentei reta na cama quando a porta da frente do Billings bateu. A primeira coisa que notei foi que Sabine não estava em sua cama. A segunda foi a hora no relógio: 1:04 da madrugada. Então eu ouvi a voz fria do sr. White no hall de entrada. Soando realmente carregada em uma casa antiga e rangente como esta. Especialmente quando ninguém estava tentando ficar quieto. "Para a cama", disse ele. "Agora". "Merda," eu disse baixo, atirando meu cobertor de lado. Várias pisadas na escada me disseram que Sabine não estava sozinha. Quando a porta se abriu, Constance e Lorna estavam com ela. Suas cabeças estavam todas baixas. "Mas que droga-" Eu não tive a chance de terminar minha frase.
"O que diabos aconteceu?" Cheyenne gritou, surgindo vestindo apenas uma camisola curta rosa. Ela foi seguida por London, Vienna, Portia, Rose, Tiffany, Missy e Astrid. Eu não tinha falado com ela durante todo o dia, e parte de mim queria agarrar ela e empurrar para fora do meu quarto. "Ninguém chamou você aqui", eu cuspi. Ninguém sequer olhou para mim. "Fomos pegas", Constance nos disse quando ela encolheu os ombros e tirou seu casaco. "O quê?" Cheyenne perguntou sussurrando-gritando. "Ah, isso é demais", desabafou Portia, tocando seu diamante B. "Eu sabia que isso ia acontecer!" "Pegas fazendo o quê?" Exigi, o coração batendo forte. "Elas deveriam estar roubando um teste", explicou Portia. "Vocês foram expulsas?" Cheyenne exigiu das três. Havia esperança óbvia por trás de seus olhos. "Não", disse Sabine amargamente, sabendo que Cheyenne queria elas fora. "Eles nos pegaram lá fora. Lorna disse que estávamos só dando um passeio a meia-noite, e eles não puderam provar o contrário. Estamos apenas em liberdade condicional." "Pensamento rápido, Lorna", disse Tiffany, despertando um sorriso raro, mas fraco de Lorna. "Liberdade Condicional?" Rose perguntou. "O que quer dizer, exatamente?" "O Sr. White disse que se qualquer uma das três der mais um passo fora da linha, aí sim, nós vamos embora", explicou Constance. Parecia que sua vida estava passando diante dos olhos dela. "Inacreditável," Cheyenne disse, jogando as mãos para cima. "Vocês sabiam que nos anos oitenta e, nos outros em que o alojamento Billing tem funcionado, nem uma única pessoa foi pega nessa tarefa? É moleza!"
Cale a boca, sua piranha traidora. Cale a boca, cale a boca, cale a boca! "Eu nunca teria sido apanhada", Missy suspirou. Olhei para ela. Cada centímetro da minha pele formigava. Ela estava no meio do meu quarto em calças de pijama de seda e um top. Astrid, também, estava de shortinho boxer. Kiki nem estava lá, provavelmente ainda dormindo. Mas Constance, Sabine e Lorna estavam vestidas de preto da cabeça aos pés. "E por quê você não foi pega?" Eu perguntei. "Desculpe?" Missy revidou. "Por quê você não estava lá fora com elas?" Perguntei e então olhei para Cheyenne. Foi preciso algum esforço para fazer isso sem vomitar, mas eu me forcei. "Se cada garota do Billings passou por esta tarefa desde o início dos tempos, por que Missy, Astrid e Kiki não fizeram?" Cheyenne zombou. "Eu não podia enviar exatamente seis meninas de uma vez pelo campus, podia?" disse ela, puxando seus cabelos. "As outras irião amanhã à noite. Não que agora possam", acrescentou, lançando um olhar enojado para as três de preto. "Bom saber que atrapalharam a todas." Sabine, Lorna e Constance olharam para seus pés, como meninas do jardim de infância que tinham acabado de serem pegas roubando o pote de biscoitos. Isso era tão degradante. Tão humilhante. E elas não mereciam.
Você está no caminho certo, pensei, ouvindo a voz de Dash na minha cabeça. "Tudo bem. Isso é tudo," eu disse. "Cheyenne. Lá fora". Não havia como fugir disso. Nós morávamos na mesma casa. Ela estava sistematicamente torturando minhas amigas. Eu ia ter que lidar com ela. Mas se eu ia ter de lidar com ela, seria do meu jeito. "O quê?" ela retrucou. "Você, eu, vamos."
"De jeito nenhum. Não se você estiver querendo dar uma de Menina de Ouro* para cima de mim de novo", disse ela, empalidecendo. "Eu não vou tocar em você. Juro," eu disse, de pé na porta. "Nós só vamos ter uma conversinha". Ela olhou para suas amigas como se para ter certeza de que teria ajuda, se eu derrubasse ela no chão, depois se apressou para fora. Eu me encolhi perto dela quando imagens dela e Josh me assaltaram novamente. Respirando fundo, eu as pus de lado e fechei a porta. Coloquei meus punhos cerrados debaixo dos braços e virei o rosto para encarar Cheyenne. Ela deu um passo para trás instintivamente no corredor, em direção a seu quarto. Era tudo que eu podia fazer para não rir da sua tremedeira. "Isso acaba agora", eu disse. Ela riu. Em voz alta. Provavelmente aliviada por eu não ter dado um gancho de direita em seu queixo. "Você está maluca." "Não, eu acho que estou realmente no meu juízo perfeito, pela primeira vez durante todo o ano", eu disse a ela. "Você vai deixar aquelas meninas em paz a partir de agora, ou eu vou no diretor contar que você está orquestrando tudo isso. Que tudo isso é parte dessa fraternidade que você criou por aqui que ele odeia tanto. " Ela riu de novo, até que viu o fogo em meus olhos. "Você não faria isso." "Não faria?" Eu perguntei. "Depois de tudo que você fez comigo, você acha mesmo que eu hesitaria um segundo em realizar essa ameaça?" Cheyenne me estudou. Eu podia praticamente ouvir as engrenagens rangendo em sua cabeça. "Eu direi a todas que foi você", disse ela, levantando o queixo. "Todas no Billings sabem que você era contra." "De alguma forma, depois de ontem à noite, eu não acho que elas iriam me culpar".
"Oh, elas iriam, sim. Essas meninas são muito centradas em si mesmas, se você não tinha percebido. Elas vão começar a se perguntar sobre você. Se você pôde me apunhalar pelas costas, então quem será a próxima?" Cheyenne teorizou. "Essas perdedoras realmente importam mais para você do que o Billings?" "Não", eu disse a ela com firmeza. "Mas elas importam mais para mim do que você." O queixo dela caiu um pouco e seu rosto ficou vermelho. Como ela podia se surpreender com isso, eu não tinha idéia, mas eu cheguei ainda mais perto dela, sentindo que eu tinha ela bem onde eu queria. "Eu vou lidar com o resto da casa, quando chegar a hora. Mas eu tenho certeza que o diretor achará muito melhor se livrar de uma só encrenqueira solitária do que ter que fechar o dormitório Billings todo e ter que explicar isso as prestigiosas ex-alunas do Billings, você não acha?” Seus olhos estavam arregalados. Eu nunca tinha visto Cheyenne sem palavras antes. "Eu sei o quanto você ama este lugar", eu disse. "Eu sei o quanto te mataria ter que ir viver no Pemberly com as alunas normais." "Você não pode." "Ah, eu posso." Me senti forte enquanto eu a olhava de cima. Certa. No caminho certo. Eu estava no comando. "Não me teste, Cheyenne. Aprendi com as melhores." Com isso, eu me virei e voltei para meu quarto, batendo a porta na cara dela. Finalmente, eu tinha dado a última palavra. *filme que conta a historia de uma boxeadora
ADEQUADAS
E
ntre o meu laboratório de biologia e a aula de química
recebi uma mensagem de texto de Rose dizendo para eu ir direto ao Billings depois do treino de futebol para uma reunião. Passei o tempo todo no campo perdendo passes, chutando forte e caindo sozinha, minha mente em outras coisas. Em Josh. Em Cheyenne. Em sua profunda e esmagadora traição. E sobre esta reunião. O que poderia ser? Eu não poderia nem mesmo dar um palpite, mas considerando o meu atual estado mental, eu sabia que não podia ser bom. "Como você está levando tudo?" Astrid me perguntou enquanto desciamos o morro de volta para os edifícios escolares. Sua pergunta fez meus punhos se apertarem. Ela era, afinal, amiga do inimigo. Por que ela estava perguntando? Para que ela pudesse apresentar um relatório a Cheyenne depois? "Estou bem", eu disse sem rodeios. "Reed, eu não estou do lado dela", disse Astrid, parando pelo caminho. Dei mais alguns passos antes de fazer uma pausa. Prendi a respiração enquanto eu olhava para ela, mas eu não tinha idéia do que dizer. "Eu acho que ela é uma vaca completa pelo o que fez", Astrid disse, enfiando sua bola de futebol debaixo do braço. "Nós nunca fomos verdadeiras amigas, apenas pessoas que se conheciam por meio de nossas famílias, e nesse momento tenho a certeza de que nunca seremos." Meu coração ficou mole e quente e desconfiado ao mesmo tempo. "Eu não sei o que dizer."
"Eu não culpo você por não confiar em mim, mas um dia você vai", disse Astrid, completamente imperturbável. "Eu costumo ganhar as pessoas." Ela piscou e eu ri. "Ok. É o bastante." Seu celular tocou e ela o puxou de sua mochila e gemeu. "Cacete". "O que foi?" Eu perguntei. "Mensagem da Nazista. Diz que todas as novatas devem ir diretamente para a biblioteca e esperar até novas instruções. Que inferno. Eu estava louca por um banho." Todos os pelinhos no meu pescoço se arrepiaram. O que diabos estava acontecendo? Era tudo que eu podia fazer para evitar sair correndo para o Billings para descobrir, mas eu não queria que Astrid pensasse que eu não sabia. Eu andei com ela até a esquina no caminho e então acelerei o passo em direção ao dormitório. Havia um monte de conversa vindo da sala. Copos tilintavam, as meninas riam, sons de alegria geral. Caminhei até a porta e encontrei todas as minhas colegas de casa, menos a seis meninas novas, reunidas em torno de uma bandeja de limonada, batendo papo. Eu acabava de entrar em um clubinho de meninas WASP*. “Reed! Aí está você!" Vienna chamou. Ela rapidamente serviu um copo de cristal cheio de limonada e se levantou para me dar. Tiffany tirou nossa foto. "Agora podemos começar!" Eu deixei cair a minha bolsa de futebol no chão. "Começar com o que, exatamente?" "O planejamento da cerimônia de iniciação", disse Rose. "Eu cuido dos convites!" London avisou alegremente empolgada, se abanando com um catálogo de artigos de papelaria. "Eu pensei que não teria a iniciação", eu disse. "O diretor, basicamente, não proibiu isso?" Como se isso importasse, mas ainda assim. Alguém tinha que dizer.
"Há certas tradições que devemos manter", disse Cheyenne, andando ao redor do sofá e ficando na minha frente. Se ela tivesse ficado intimidada por mim na noite anterior, ela não estava demonstrando isso agora. Era incrível como o meu sangue fervia só de olhar para ela. Ela e sua cara satisfeita, presunçosa. Todos os dias, toda vez que eu colocava os olhos nela, tudo que eu conseguia pensar era nela e Josh. Eles estavam juntos agora? Um casal? Ele estava se sentando exclusivamente na mesa do Ketlar, evitando a nós duas como se fossemos contagiosas, mas quem sabia se eles estavam se encontrando em segredo? Quem sabia o que tinham feito juntos? Ela matou a melhor coisa na minha vida. Roubou meu namorado. E agora aqui estava ela me dando liçõezinhas sobre algo tão ridículo como tradição. "Isso é ótimo, Cheyenne, exceto quando manter-a-tradição pode fazer com que expulsem todas nós", disse eu finalmente; algumas das meninas trocaram olhares, como se isso não tivesse ocorrido a elas antes. Olhei por debaixo do meu nariz para Cheyenne, endireitando a postura ao máximo. Para melhor lembrar ela de como eu poderia ser assustadora. "Vamos olhar por este lado, Reed," Cheyenne disse, colocando as palmas das mãos juntas. Ela olhou para mim com piedade, como se estivesse falando com uma velha caduca. "Como você se sentiria se você tivesse que perder a experiência de sua iniciação no Billings só porque algum novo diretor decidiu aleatoriamente proibir?" Aí ela me pegou. Por mais estranha e assustadora e inesperada que havia sido a minha iniciação no começo, também tinha sido bastante legal. Tinha sido a primeira vez em Easton que eu tinha realmente me sentido como se pertencesse a algum lugar. Como se eu fosse querida. Mas, então, havia aquela pequena questão dos votos. Do fato de que algumas das meninas não foram tecnicamente totalmente desejadas. "Me deixa perguntar uma coisa", eu disse. "Quem, exatamente, estamos iniciando?" "Todas!" Rose anunciou alegremente. "Sério?" Eu estava atordoada.
"Todas nós falamos sobre isso antes de você chegar aqui e decidimos que estava certa", disse Cheyenne, contendo um olhar azedo em seus olhos. "Não podemos lutar contra o diretor sobre isso. E não é que elas sejam leprosas ou algo assim. Elas são todas... Adequadas." "E nós podemos trabalhar aquelas que não são", acrescentou London. Tradução? Eu tinha ganhado. Cheyenne tinha visto nos meus olhos na noite anterior que eu falava sério. Eu tinha realmente intimidado alguém para submissão. Meu coração se encheu de orgulho. Era tudo que eu podia fazer para evitar fazer a dança da vitória ao seu redor como se ela fosse um sombrero. Talvez ela tivesse tomado Josh, mas eu tinha tomado o seu orgulho. Era uma pequena vitória. "E nós não podemos passar o ano inteiro trabalhando contra essas meninas. Temos outras coisas para nos concentrar. Aplicações, eventos sêniors..." Ela olhou para mim de uma forma quase provocativa, e eu senti meu rosto ficar vermelho. Josh. Ela estava pensando em Josh. Zombando de mim sobre ele.
Pegue a estrada certa, Reed. Não arranque os cabelos dela ainda. Ela está aceitando a derrota para você agora. Ela está apenas tentando manter as aparências. "Tudo bem. Fico feliz que você finalmente cedeu," Eu disse a ela. "Mas não podemos deixar que o diretor descubra sobre isso." "Bem, é obvio", Portia disse, revirando seus grandes olhos castanhos. Eu adoraria ver Portia em uma entrevista de emprego. A sério. Não que ela precise passar por uma algum dia. "Agora, vamos começar a trabalhar", disse Cheyenne. "Temos um grande evento para planejar e pouco tempo." Por mais que eu ainda quisesse estrangular Cheyenne, não pude deixar de sorrir quando me juntei ao resto das meninas do
Billings. Eu havia ganhado. O Billings seria um lugar melhor por minha causa. Eu tinha vencido Cheyenne. Como eu queria que Noelle pudesse me ver agora. *** Tiffany se esforçou para me acompanhar enquanto caminhávamos para a aula depois do almoço. Eu tinha estado hiperconsciente de Josh me olhando do outro lado do refeitório, e eu precisava sair o mais rápido possível. De nenhum modo eu queria um outro encontro dramático. Eu só queria que passasse. Passasse e eu esquecesse tudo isso. "Reed! Reed, espera!" Era ele. Apressei meus passos ainda mais. "Reed, você precisa trasformar isso em um esporte olímpico", Tiffany disse, ofegante ao meu lado. "Reed! Por favor, não faça isso!" "Sinto muito, Tiffany. Tenho que ir." Eu comecei a correr. Eu sabia que parecia uma louca, com o meu cabelo balançando ao redor e minha bolsa pesada batendo contra o meu lado, mas não me importei. Eu estava a meio caminho dos degrais do prédio da minha aula quando ele me alcançou. Pegou na minha manga. Um casal de calouros em seu caminho para dentro olhou para mim, alarmados, e desviei o meu olhar. "O que você quer, Josh?" Eu cometi o erro de olhar para ele. Deus, ele era lindo. Ainda mais quando eu não podia tê-lo. Não podia tocá-lo. Não podia beijálo. Ele deveria estar morto para mim. Como ele podia ser tão lindo? "Temos que falar sobre isso", disse ele, tomando fôlego. Seus olhos estavam desesperados. Suplicantes. "Isto não pode apenas acabar. Não pode."
Meu coração estava me sufocando. Eu tinha que sair de lá. "Mas já está acabado. Já acabou. Você tem que me deixar em paz." Eu nunca tinha visto ninguém parecer tão arrasado. Talvez fosse tudo verdade. Talvez ele tivesse sido drogado. Talvez não tenha sido culpa dele... Não. Não. Eu não ia cair nessa. Eu não ia ser a idiota. Ele tinha partido o meu coração. Ninguém tem uma segunda chance para fazer isso. De novo não. "Eu tenho que ir." "Reed -" Tiffany nos alcançou, então, graças a Deus. Ela colocou o braço no meu e olhou para ele. "Nós estamos indo." Isso era tudo que eu precisava. Virei e empurrei as portas. Eu tinha dado apenas dois passos hesitantes para dentro quando uma voz me parou. "Arrasando corações de novo, Brennan?" Era Ivy Slade. De pé atrás de nós, perto da porta, os braços finos cruzados sobre o peito magro. Divertida. Desafiadora. "Quem diabos você pensa que é? Você nem mesmo me conhece!" Eu soltei, ficando cara a cara com ela. Eu já estava tão nervosa do encontro com Josh, que eu estava praticamente grata a ela por me dar um motivo para explodir. Mas ela nem sequer pestanejou. "Oh, eu te conheço. Eu te conheço melhor do que você pode imaginar." Demorou uns bons cinco segundos para que eu processasse isso. E nesse tempo, Tiffany estava tentando me puxar para longe. "Não escute ela, Reed. Não faz sentido."
Mas eu não podia ir embora agora. "O que você quer dizer?" Eu perguntei a ela. "Quem te disse sobre mim? Taylor? Você ainda está em contato com Taylor Bell?" Seus lábios finos formaram um sorriso. "Está, não está? Onde ela está? O que diabos aconteceu com ela?" Eu perguntei, me sentindo selvagem e fora de controle comparada com sua cara de completa calma. "O que ela te disse sobre mim?" "Clássico de Reed", disse ela. "Sempre tão cheia de perguntas." Eu vi vermelho. Eu não podia acreditar que aquela garota estava ali falando daquele jeito comigo. Falando como se soubesse alguma coisa sobre mim. "Quem diabos é você?" Exigi. Ela simplesmente sorriu e deu um passo à nossa volta, andando lentamente e com naturalidade pelo corredor. Virando as costas para mim como se eu fosse muito indigna de seu tempo. "Vadia", disse Tiffany baixinho. Eu estava tremendo da cabeça aos pés. "O que aconteceu?" Perguntei a ela. "Qual é o problema dessa menina?" "Reed, respira", me disse Tiffany. Eu fiz isso. Tragando o ar. Não percebi até esse momento que eu não tinha feito isso por um tempo. "Ótimo. Agora me escute", disse Tiffany, seus olhos castanhos sérios. "Não gaste um segundo a mais pensando em Ivy Slade. Ela está só brincando com você." "Mas por quê?" Eu perguntei. "Porque é o que ela faz", Tiffany disse, olhando para o corredor atrás da moça. "É mais ou menos para o que ela vive."
Ivy parou na porta de uma sala de aula, sacudiu os longos cabelos negros para trás, e sorriu conscientemente. Um frio envolveu meu interior, e o medo tomou conta do meu coração. Eu praticamente cai no banco perto da parede. "Reed? Você está bem?" Tiffany perguntou. "Estou bem. Estou bem. Foram só dois minutos muito intensos", eu disse a ela. "Devo chamar a enfermeira? Você precisa de água?", perguntou ela. Devo ter parecido muito mal para merecer essa reação. Eu me inclinei para a frente e coloquei minha cabeça entre os joelhos. Eu estava bem. Ou eu ficaria. Eu só tinha que deixar essa sensação passar. Essa sensação estranhamente familiar. A sensação que eu não sentia desde a última vez que eu olhei nos olhos de Ariana Osgood. * WASP é a sigla que em inglês significa "Branco, Anglo-Saxão e Protestante" (White, Anglo-Saxon and Protestant). Com frequência usada em sentido pejorativo, presta-se a designar um grupo relativamente homogêneo de indivíduos estadunidenses de religião protestante e ascendência britânica que supostamente detêm enorme poder econômico, político e social.
SÓ UM DORMITÓRIO
"Q
ual é o problema?" Perguntei a Sabine quando ela me
alcançou nos degrais da biblioteca mais tarde naquele dia. O sol estava mergulhando abaixo do horizonte, e as pequenas luzes que ladeavam os caminhos de pedra tremeluziam adiante, lançando um brilho acolhedor. Era uma bonita noite de final de verão. Eu, porém, não podia esperar para entrar. Todos os dias, sempre que eu estava fora em campo aberto, eu me sentia como uma gazela no meio do país de leões, sempre com medo de que Josh estivesse prestes a virar na esquina ou que Ivy me encontrasse de novo e abrisse sistematicamente meu cérebro. Sabine, no entanto, parecia ainda mais estressada do que eu. "É Cheyenne? O que ela fez agora?" "Não. Eu só descobri que tenho que escolher um esporte." Ela contraiu o rosto, como se a idéia de esforço físico fosse nojenta para ela. "Você não joga nada?" Perguntei, abrindo a porta para ela. "Não realmente," ela disse. "O tênis, um pouco, mas isso é na primavera. Eu tenho que fazer alguma coisa agora." "Por que você não se junta ao time de futebol?" Eu sugeri. Ela deu uma gargalhada. "Ah, porque eu não sei nada sobre futebol e tenho medo de meninas com uma grande sede de sangue?" Eu ri. "Boa imagem. Mas não importa. Astrid está na equipe e ela não é muito atlética. Há sempre algumas pessoas que só ficam no banco. Você poderia ser uma dessas pessoas." "Talvez..." Seu rosto se iluminou um pouco. "Ok. Vou pensar sobre isso. Obrigada, Reed." Eu sorri quando nós encontramos uma mesa, a coisa toda de Josh momentaneamente reduzida a uma dor menor. Eu estava tão
feliz que Sabine escolheu vir para Easton do que todas as escolas na Nova Inglaterra. "Ah, meu-Deus, gente!" Constance entrou correndo em volta das estantes, os cabelos selvagens e olhos brilhantes, como um hiper engraçadinho desenho da Disney. "Olha o que eu tenho!", exclamou ela. Ela se sentou ao meu lado e deslizou um cartão de marfim pequeno para fora de seu caderno. Sabine sentou quando o viu, desinteressada, mas eu peguei. Era de papel grosso e tinha poucas palavras impressas em uma escrita de redemoinho. "O seu convite era parecido com esse?" Constance perguntou ofegante. "Na verdade o meu convite parecia um dormitório meio vazio, lembra?" Eu disse. "Oh, é mesmo. Mas é isso, certo? Iniciação?" ela sussurrou, olhando ao redor. "Vamos ganhar o nosso diamante B lá?" Eu sorri, tão feliz que toda a incerteza e angústia estavam prestes a acabar para ela. "Eu acho que você vai ter que aparecer lá e descobrir," eu disse com um sorriso cúmplice. Constance riu incontrolavelmente e deslizou o convite para longe. No outro lado da mesa, Sabine suspirou. "Qual é o problema?" Eu perguntei, uma suspeita súbita ocorrendo a mim. "Você recebeu um, não é?" "Sim. Mas eu só não entendo", disse ela petulante. "Eu não pedi para ser de alguma fraternidade. É só um dormitório. Um lugar para morar. Um lugar que me colocaram. E agora eu tenho que passar por todos esses testes e rituais, só para ser aceita na casa aonde eu fui enviada. Não parece justo.” Constance e eu trocamos um olhar. "Você não quer ser do Billings?" Constance exigiu, pasma.
Sabine levantou os ombros, e eu senti uma pontada estranha. Esta irritação por ter sido rejeitada. Como poderia alguém não querer estar no Billings? Mas então, Sabine era uma estranha. Ela não tinha testemunhado a superioridade perfurada da Casa Billings desde o primeiro dia como eu tive. Ela nunca tinha conhecido Noelle, Ariana, Kiran e Taylor. Nunca viu como sedutoras e frias as meninas do Billings podiam verdadeiramente ser. Ela tinha acabado de ter uma demonstração pelos pés de qualidade inferior como de Cheyenne e Portia e tinha sido torturada ou humilhada publicamente todos os dias desde então. Por que admiraria elas – ou a nós? Para ela nós éramos apenas um bando de garotas quaisquer a forçando a fazer porcarias quaisquer para a nossa aprovação. "Sabine, se você não quiser fazer isso, você não precisa", eu disse a ela, me sentindo quase cometendo um sacrilégio, mas avançando. "Tenho certeza que você pode conseguir uma transferência. Existem outros dormitórios no campus." Mesmo que eu odiasse, odiasse, odiasse ver Cheyenne ganhar. "Sim, mas então..." Ela desviou o olhar e brincou com sua caneta, como se estivesse envergonhada com o que ela estava prestes a dizer. "Mas então o quê?" Constance pediu. "Mas então eu não seria sua colega de quarto", disse ela, olhando para mim. Agora sim eu senti uma verdadeira pontada. "Ah!" Constance vibrou, nos olhando e fazendo beicinho. "Eu fiquei do mesmo jeito no ano passado, quando ela me deixou. Ela é, tipo, a melhor colega de quarto." Eu ri e balancei a cabeça. Elas eram ridículas, mas fiquei satisfeita mesmo assim. "Não se preocupe, Sabine. Vai ficar melhor. Depois desta noite, vai ficar muito melhor. Eu prometo." Sabine acenou com a cabeça, parecendo reconfortada. Eu só esperava que a minha promessa não viesse a ser falsa.
NOVO RITUAL
E
u fiquei de pé entre Vienna e Rose naquela noite, vestida
com minha saia básica preta e uma camiseta preta com gola de ballet, meu cabelo puxado para trás do meu rosto. Rose usava um vestido preto simples, mas Vienna estava, como sempre, arrebentando com o decote de um vestido preto sem alças que poderia ter sido uma fronha em uma vida anterior. Em torno de nós, o resto das meninas do Billings estavam reunidas em um semicírculo, nossas velas pretas piscando a frente. Todas, exceto Cheyenne, que tomou a posição de Noelle a nossa frente. Seu rosto parecia estar definido em um sorriso permanente. Ouvimos passos rangendo no topo das escadas. Meu pulso começou a acelerar. "Aqui vamos nós", disse Rose baixinho. "Shhh!" Cheyenne advertiu. Rose revirou os olhos. Finalmente, London apareceu nos degrais, usando um vestido um pouco mais modesto do que o de sua homóloga Cidade Gêmea. Bem lentamente, ela conduziu as seis novas meninas do Billings pelas escadas e no hall de entrada. Elas tinham os olhos vendados e estavam de mãos dadas em uma fila. Todas de branco, o que parecia uma série de bonecas de papel recém-cortadas. Quando London parou, todas elas esbarraram uma na outra, uma por uma, e até eu tive dificuldade em segurar o riso. London ficou ao lado de Vienna. A cabeça de Constance se mexia em volta nervosamente, e eu estava muito entusiasmada por ela. Em poucos minutos toda a incerteza dela estaria terminada. Eu não podia esperar. "Senhoritas. Tirem as suas vendas," Cheyenne ordenou, baixando a voz ao que devia ser um tom imperioso. Ela parecia mais estridente do que intimidante.
As meninas arrancaram suas vendas brancas. Elas olharam em volta, confusas e piscando. Os olhos de Constance caíram sobre as caixas de jóias que estavam sobre a estante da lareira e eu a vi morder o lábio para não sorrir. "Bem-vindas, todas, a octagésima quinta cerimônia de iniciação da Casa Billings," Cheyenne disse. "Dê um passo a frente quando eu chamar o seu nome." Minha vela aqueceu meu rosto quando alguém da fila xingou baixinho, queimada por cera quente. Era incrível, ver o ritual deste lado. Ele parecia tão misterioso e importante no ano passado. As garotas tão etéreas e intocáveis. Agora eu sabia que elas eram apenas um bando de meninas que se estressavam com a lição de casa, escolhiam seus trotes, e ficavam ansiosas por um champanhe escondido no quarto ao lado. "Um passo a frente, Astrid Chou," Cheyenne disse. Astrid deu um passo. Cheyenne entregou uma vela apagada a ela, e Astrid inclinou em direção a Cheyenne para acender a chama. "Senhoritas da Casa Billings, recebemos Astrid Chou em nosso círculo?" Cheyenne perguntou. "Bem-vinda, Astrid, ao nosso círculo!" Nós respondemos. Todas tínhamos passado por essa cerimônia antes, mas de alguma forma, ela ainda soava diferente para mim. Diferente da minha iniciação. Mas antes, várias coisas eram diferentes. Eu estava sozinha. Eu não tinha sido vendada e vestida de branco. Eu tinha sido uma substituição de última hora. E para ser honesta, os detalhes daquele dia intenso eram ainda muito obscuros. Astrid sorriu enquanto Portia pegava uma caixa de jóias da pilha e abria para revelar o diamante B dentro. Ainda sorrindo, Astrid pegou a caixa na mão livre. Cheyenne tocou seu ombro, a conduzindo até o final do semicírculo. Ela agora estava do nosso lado da sala. Uma de nós. "Um passo a frente, Melissa Thurber," Cheyenne disse.
Missy estava com o nariz tão alto no ar, que ela provavelmente poderia sentir o cheiro do café da manhã de amanhã. Passamos o ritual novamente. "Senhoritas da Casa Billings, recebemos Melissa Thurber em nosso círculo?" "Bem-vinda, Melissa, ao nosso círculo." Eu posso não ter dito isso tão alto dessa vez. Missy recebeu seu colar e ficou ao lado de Astrid. Iniciamos Kiki, que usava seu uniforme de tênis de Easton - provavelmente a única peça de roupa branca que possuía - e, em seguida, foi a vez de Sabine. "Um passo a frente, Sabine Dulac," Cheyenne disse. A chama de sua vela tremeluzia. Entre as sombras dançantes eu poderia jurar que vi um brilho malicioso nos olhos dela. Meu coração pulou uma batida, mas eu disse a mim mesma que eu estava vendo coisas. Eu tinha que estar vendo coisas. "Senhoritas da Casa Billings, recebemos Sabine DuLac em nosso círculo?" Cheyenne perguntou, olhando para nós. "Bem-vinda, Sabine, ao nosso círculo!" Todo o oxigênio foi sugado para fora da sala. Rose, Tiffany, London e eu éramos as únicas que tinham falado. O lobby ficou tão mortalmente silencioso, que eu podia ouvir o assobio das chamas da vela. A pele de Sabine tinha virado cera sob a luz fraca. "London!" Vienna disse através de seus dentes. "Desculpe! Me esqueci," London sussurrou de volta. Eu abri minha boca para falar, mas o movimento súbito de Portia me assustou. Ela pegou uma caixa da estante, a abriu e entregou a Sabine. A mão de Sabine tremeu quando ela olhou para a caixa. Não havia nada dentro.
"Um passo a frente, Constance Talbot!" Cheyenne disse, apressando as coisas. "Espere", eu me ouvi dizer. Isso estava errado. Estava tudo errado. Constance olhou petrificada quando ela estava ao lado de Sabine. Petrificada, mas ainda de alguma forma esperançosa. Eu pensei que Cheyenne tinha cedido. Eu pensei que minha ameaça tinha funcionado. Mas esta – "Senhoritas da Casa Billings, recebemos Constance Talbot em nosso círculo?" Cheyenne perguntou. Silêncio mortal. "Bem-vinda, Constance, ao nosso círculo!" Eu disse em voz alta. Constance recebeu sua caixa vazia. "Passo a frente, Lorna Gross." Lorna não se moveu. Sua cabeça estava inclinada para frente. Ela já estava chorando. Isso foi demais. Nunca na minha vida eu tinha visto algo tão cruel. E eu não podia deixar de sentir que isso foi minha culpa. Que eu tinha sido tão ingênua para acreditar que minha tática tinha funcionado em Cheyenne. O que eu estava pensando? Ela era a única pessoa que eu já tinha visto que conseguiu alcançar uma vitória sobre Noelle Lange. Aconteceu só uma vez, mas tinha acontecido. Como eu poderia ter pensado que eu era melhor que isso? "Pare com isso!" Eu gritei. Eu sai da fila e enfrentei Cheyenne, tremendo de raiva mal contida. "Reed. Volte para a fila," Cheyenne ordenou. "Sua vadia incontrolável," eu disse, minha mandíbula cerrada. "Você não pode fazer isso com elas." "Reed! Você está interrompendo um ritual antigo!" Cheyenne ergueu a mão ao peito, fingindo choque.
"Foda-se seu ritual!" Eu gritei. Eu apaguei a minha vela e joguei a seus pés, onde ela se partiu em dois. "Esse não é o lugar onde suas preciosas irmãs fundadoras iriam querer estar!" "Oh, por favor. Como se você soubesse alguma coisa sobre o Billings e sua história," Cheyenne cuspiu. "Minha avó foi do Billings. Minha mãe. Todas as suas amigas. E se soubessem como você e nosso novo diretor estão tentando corrompê-lo, elas ficariam horrorizadas." "Eu acho que elas ficariam horrorizadas com você", retorqui. "É isso aí. Cansei de ser agradável com você", disse Cheyenne, dando um passo na minha direção. "Você não pertence a esse lugar, Reed. Não mais do que qualquer uma dessas perdedoras pertencem." "O quê?" Eu rebati. "Você sabe. Todas sabemos. Ninguém aqui votou para sua entrada. Você era um projeto de estimação de Ariana. Ela fez nossas cabeças para expulsarmos Leanne e trazer você para cá, mas, adivinha? Ariana – a pscopata que ela acabou se revelando - se foi agora. E ninguém quer você aqui ". Olhei para ela, incapaz de encontrar as palavras através de minha fúria. "Você está errada." "Estou?" Ela estava. Ela tinha que estar. E, no entanto, ninguém estava vindo em minha defesa. Olhei nos olhos de Cheyenne desafiadoramente, apenas desejando que alguém, qualquer uma, ficasse do meu lado. Ninguém fez nada. Bem, que se danem elas. Claro, talvez todas tinham passado por todos os trotes e as tarefas ridículas e testes, mas eu tinha quase morrido para estar aqui. Nem uma alma naquela sala poderia afirmar isso. Eu era mais uma menina do Billings do que qualquer uma delas. "Uh, Reed?" Rose chamou. "Cheyenne?" "O quê?" nós duas desabafamos.
Viramos para olhar para ela, e nossos queixos caíram ao mesmo tempo. De repente eu sabia por que nem mesmo minhas melhores aliadas tinham falado. Em pé na porta aberta estava o diretor Cromwell, seguido do Sr. White, e nossa governanta Sra. Lattimer, agarrando a gola alta de sua blusa. O diretor olhou ao redor, olhando as velas, as roupas em preto e branco, as vendas descartadas e o seu rosto virou uma máscara sinistra. "Bem", ele disse finalmente. "Isto é muito decepcionante."
CABEÇA
O
diretor Cromwell e eu olhamos um para o outro por
cima de sua larga mesa. O fogo crepitava na lareira de pedra enorme atrás de mim, aquecendo minhas costas até o ponto de formar bolhas. Passava da meia-noite. Ele e o Sr. White já haviam interrogado minhas outras irmãs do Billings. Elas tinham passado por mim na sala de espera, de cabeças baixas, sem contato visual. Nenhuma delas tinha olhado para mim ou Cheyenne, que ainda estava do outro lado daquela porta de madeira grossa. Esperando. Se ele ia me expulsar, eu só queria que ele acabasse logo com isso. A pele do meu pescoço ia estar permanentemente desfigurada neste momento. O diretor se mexeu na cadeira, inclinando-se para trás e colocando um dedo em seu rosto enquanto ele me estudava. Se ele estava esperando que eu desmoronasse e começasse a choramingar, ele não tinha ideia de com quem ele estava lidando. Meu estômago estava se dobrando mais e mais e mais sobre si mesmo como um origami, e eu queria fazer xixi. Minhas mãos suavam. Minha cabeça latejava. Meus olhos estavam secos. Mas nada disso importava. Eu já tinha lido todos os títulos dos 334 volumes atrás de sua mesa, e eu poderia ler novamente. Ele os organizou em ordem alfabética por autor, homem de TOC que ele era. Perfeitamente em ordem. Assim como o resto de seu escritório. Todos os ângulos retos, vidros reluzentes e madeira recentemente lustrada. Atrás de mim, o Sr. White limpou a garganta. O diretor olhou para cima. Ele se ajustou de volta para sua posição original. As mãos entrelaçadas em sua mesa. Expressão severa. "O que estava acontecendo no Billings hoje à noite, Srta. Brennan?" ele perguntou com aquela voz imperiosa dele. Eu sorri. "Você já conversou com catorze das minhas amigas. Acho que você sabe."
As sobrancelhas dele se arquearam. Oops. Muito descarada? Mas nós dois sabiamos que isso era uma piada. Alguém tinha obviamente desmoronado antes mesmo que eu entrasse pela sua porta. Constance, definitivamente, nunca poderia ter lidado com isso. Então, por que era mesmo que ele continuava com esta farsa? "Eu gostaria de ouvir isso de você", disse ele. "Não tenho nada a dizer," Eu disse a ele. Ele soltou um suspiro. "Olhe, Srta. Brennan, eu não estou aqui para criar problemas para você. Eu sei de sua história. Li o seu arquivo. Eu quase não acredito que uma estudante bolsista da Pensilvânia central é a cabeça desta sua fraternidade. Tudo que eu quero saber é quem é essa líder. Me diga isso, e então você pode ir. " Eu quase engasguei com uma risada. Ele estava mesmo dando uma de bonzinho comigo? E ainda mais ridículo, ele estava realmente me dizendo que tudo que eu tinha que fazer era entregar a garota que eu queria ver arrancada desta instituição e eu estaria fora disso? Era quase perfeito demais. "Eu sei quem é, Srta. Brennan. Você sabe quem é", ele me disse. "Mas eu preciso de alguém para registrar as informações, se eu quero fazer algo a respeito." Por isso, precisava de mim. Ninguém mais se tinha dado por vencida. Isso era o que ele estava me dizendo. Chocante. Finalmente, tinha chegado até mim e Cheyenne. Eu poderia acabar com isso, aqui e agora. Me livrar da menina que tinha roubado o amor da minha vida. Fazer com que ela e Josh nunca se vissem outra vez. Bem, talvez não nunca mais, mas pelo menos não todos os dias. Pôr distância um do outro. Ah, como eu adoraria tirar qualquer possibilidade que Cheyenne tivesse de estar com ele novamente. Mas quanto mais eu pensava nisso, um manto frio descia sobre meus ombros. Por mais que eu a odiasse, por mais terrível que ela tinha sido, tão fácil ela tinha me enganado, agora que estava confrontada com a decisão, sabia que não poderia ser eu a entregar Cheyenne. Fazer isso seria prova de sua opnião sobre mim. Seria provar a ela que eu não era uma menina do Billings de verdade. Que eu não entendia o que significava. Talvez eu não concordasse
com todas as opiniões de Cheyenne sobre o que significava ser do Billings, mas eu sabia uma coisa. Meninas do Billings protegiam umas as outras. Mesmo quando não queriam. Eu aprendi isso com Noelle. Entre tantas outras coisas. A única razão para ficar contra Cheyenne agora seria para me proteger, e eu tinha a sensação que eu não ia a lugar nenhum. Enquanto estivessemos juntas, o diretor não podia fazer nada. Não havia como ele poder expulsar dezesseis de nós sem uma reação negativa, diferente de qualquer outra, dos ex-alunos e da imprensa. "Então, Srta. Brennan. O que vai ser?" o diretor me perguntou, parecendo bastante seguro de si. "Você vai me dizer de quem foi a ideia de fazer essa iniciação?" Me endireitei, olhando nos seus olhos mortos, e sorri. Sua expressão de certeza vacilou. Eu queria que Cheyenne estivesse aqui para testemunhar isso. "Diretor Cromwell," eu disse. "Eu não tenho ideia do que está falando." *** Quando voltei para o Billings, todas estavam reunidas na sala. Todas, menos Cheyenne, que tinha sido chamada ao escritório do diretor depois de mim. Rose e Portia se levantaram quando eu entrei e os olhos de Portia se lançaram atrás de mim. "Onde está Cheyenne?" perguntou ela. "Ainda lá." De repente me senti exausta. Eu andei até o vão da janela e me sentei nele, olhando para o pátio escuro. Haviam muitos pensamentos. Impossível se concentrar. O que eu tinha feito? Se eu realmente tivesse desperdiçado a chance de livrar a minha vida de Cheyenne? Eu realmente ia ter que viver com todo esse ódio o resto do ano? Senti uma mão tocar meu ombro e olhei para cima. Era Rose. "Eu só queria ver se você está bem", disse ela. "Depois de tudo que Cheyenne disse antes..."
Meu coração se sentia vazio. "Obrigada. Estou bem." Atrás dela, o resto das meninas começaram a murmurar entre si. Constance, Sabine, Astrid, Kiki e Lorna estavam reunidas em um canto, conversando com urgência. Missy estava sentada sozinha, olhando para a lareira escurecida. "Não é verdade, você sabe. O que ela disse," Rose disse, sentando à minha frente no banco da janela. "Bem, em parte é. Você não foi votada do jeito normal. Mas ela estava errada quando disse que ninguém quer você aqui. Nós todas amamos você". Eu tive que rir. Coloquei minha cabeça no vidro frio e olhei para fora. "Sim, certo." "Estou falando sério", Rose disse. "Depois de tudo que você passou no ano passado, só o fato de você ter voltado no semestre da primavera... Bem, todo mundo ficou impressionado. Quero dizer, nenhuma de nós poderia ter sido tão corajosa. Você sabe que todo mundo gosta de você. Nós nos divertimos tanto na última primavera. As viagens ao spa, aquele fim de semana louco de compras em Boston, a festa de Vienna dos doce-dezessete anos. " Eu sorri, lembrando que Vienna tinha ficado tão perdida, que ela decidiu tentar reviver sua rotina na trave de equilíbrio de seu breve passeio pela ginástica na infância. O problema foi que ela tentou fazer isso na borda do iate de seu pai, enquanto estávamos no mar. Gage tinha avisado ela cerca de dois segundos antes de cair, fazendo com que todos em seguida o chamassem de "Meu Salvador" a noite inteira. Porque, em sua opinião, o seu grande feito foi salvar a festa para todos nós. Não salvar a vida de Vienna. "É só Cheyenne", Rose disse. "Por alguma razão, ela teve problemas com você desde o primeiro dia." "Eu acho que nós duas sabemos o motivo. Ela nunca pensou que uma bolsista com um guarda-roupa Gap e um corte de cabelo de vinte dólares pertenceria ao Billings", eu disse, lembrando do primeiro dia durante meu trote que Cheyenne tinha se referido a minha origem de classe operária e esmagado seu blush em seu tapete para eu limpar. De alguma forma, entre então e agora, eu tinha me permitido esquecer isso. Tinha até gostado de sua companhia no ano passado. Insanidade temporária.
"Vinte dólares? Mesmo?" Rose disse, olhando momentaneamente horrorizada. Então, ela se lembrou e acenou a mão. "Quero dizer, você não pode estar dizendo a verdade." "Obrigada, Rose," eu disse com uma risada. "Não tem problema!" Rose murmurou. "Então, nós estamos bem?" Eu não tive a chance de responder. A porta da frente do Billings se abriu. Cheyenne caminhou até a sala, seus passos duros, com os olhos vermelhos. Parecia que ela tinha acabado de saber que ela tinha duas semanas de vida. "O que aconteceu?" Rose perguntou, em pé. "Eu estou fora", disse Cheyenne. Ela olhou fixamente para frente, sem encontrar os olhos de ninguém. "Eu fui expulsa." O ar foi sugado com força de meus pulmões. Eu não podia me mover. Eu não tinha ideia do que pensar. "Mas você não fez nada!" Portia disse. “Pelo menos, nada que não tenhamos feito até agora. Você disse a ele -" "Eles não se importam", disse Cheyenne, erguendo os olhos pela primeira vez. "Eles nem quiseram me ouvir. Tenho esta noite para arrumar minhas coisas e vou embora amanhã". Ela se virou e saiu da sala cambaleando. Portia saltou por cima das pernas de Tiffany e correu atrás dela. Ninguém mais se moveu. Olhei para Sabine, tremendo. Sabine me olhou de volta. Tudo estava acabado. Cheyenne tinha conseguido ser expulsa. E nós não tínhamos feito nada.
CASTIGO NA MEDIDA DO CRIME
D
ois segundos depois, ninguém tinha se recuperado o
suficiente para se mover, e mais uma vez a porta da frente do Billings se abriu. Nossos olhos se lançaram em todos os lugares, como se a nossa fortaleza estivesse sendo invadida e ninguém sabia onde estavam as armas. O diretor Cromwell caminhou até a sala com a Sra. Naylor, de todas as pessoas, atrás dele. Estava no meio da noite e ela estava completamente vestida em um terno cinza e camisa berinjela, com os olhos lacrimejantes fortemente delineados, como sempre. "Todas sentem-se, por favor", o diretor ordenou. Sentamos. Todas as quatorze. Eu me perguntei se ele iria notar a ausência de Portia, mas não liguei muito. E agora? Meu coração não ia ser capaz de aguentar muitos outros momentos como este. Não havia ar na sala. Meu pulso estava superficial e rápido. À minha esquerda, Sabine estava tão tensa, que um barulho alto teria diretamente feito ela atravessar o teto. À minha direita, Constance parecia verde. As mãos de Tiffany estavam cruzadas no colo. Sua câmera, pela primeira vez, não estava à vista. O diretor limpou a garganta. "Senhoritas, eu acho que vocês já sabem o quanto gravemente desapontado eu estou, então eu não vou repetir isso agora," Cromwell começou. "Todas vocês devem saber que Cheyenne Martin foi expulsa e eu despedi a Sra. Lattimer." Todas arquejaram ao redor. Eu não podia acreditar naquilo. "Sei que ela está na escola há alguns anos, mas claramente ela era incapaz de controlá-las, e por isso ela tinha que sair." "Ohmeudeus", Vienna disse baixinho. Eu sabia no que ela estava pensando. Lattimer podia ser arrogante e afetada, mas ela também comia na nossa mão. Ela tinha olhado para o outro lado em várias ocasiões, não só este ano, mas no ano passado também. Tinha sido sempre implícito que Noelle
passava dinheiro ou sapatos ou o que fosse que ela queria, a fim de comprar sua cooperação. Se ela se foi... "A Sra. Naylor gentilmente se ofereceu para ficar no lugar da Sra. Lattimer," o diretor continuou. A Sra. Naylor levantou a cabeça. Sua papada balançou para frente e para trás sob o queixo quando ela olhou para nós. Constance agarrou minha mão, provavelmente para não tremer. "A Sra. Naylor vai escrever relatórios diários sobre os acontecimentos dentro do Billings", continuou o diretor. "Relatórios que vou ler todas as noites. Quando uma de vocês espirrar, eu vou saber. Se houver uma palavra indelicada trocada entre vocês, eu vou saber sobre isso. Então, eu sugiro que vocês comecem a pensar seriamente sobre como vocês irão se comportar a partir deste momento em diante. Sra. Naylor, é com você. " O diretor se afastou, e a Sra. Naylor caminhou de um lado para o outro ao longo da janela da frente, nos olhando como se fossemos novas recrutas para seu exército pessoal da tortura. Seus sapatos ortopédicos lustrados brilhavam, rangendo enquanto ela caminhava. "Muitas de vocês me conhecem," ela começou. "Outras não. Para aquelas que não me conhecem, tenham certeza de que vão me conhecer. Bem. Vocês e eu vamos passar muito tempo juntas. Esta escola é uma instituição respeitada de aprendizagem. Seu dormitório é para estudar e para dormir. Ele não é para a socialização. Ele não é para festas. Até onde eu sei, vocês têm feito o bastante para manchar o bom nome da Academia Easton nos últimos anos. Isso tudo termina comigo ". Olhei para London e Vienna, que pareciam como se tivessem acabado de tirar seus cartões American Express Black.* O desespero no ar era palpável. Como castigo, eu tinha que admitir, este foi criativo. Cromwell não nos expulsou, mas para a maioria das minhas colegas de casa, isso era ainda pior. Se elas tivessem sido expulsas, poderiam ter se mudado para um dos muitos outros internatos e continuado se divertindo como as celebutantes*que elas eram. Mas com a Sra.
Naylor respirando no nosso pescoço, a festa tinha acabado. A vida no dormitório Billings nunca mais seria a mesma. *** A porta do quarto de Cheyenne estava aberta. Eu não sei o que me atraiu ali, mas enquanto todas as outras seguiram as ordens da Sra. Naylor para ir diretamente para a cama, eu fui até a porta de Cheyenne. Eu estava sem fôlego, sabendo o que isso estava sendo para ela. Ela amava este lugar. Não só o Billings, mas Easton também. Este era seu último ano. E tudo acabou assim. Encontrei Cheyenne sentada na beira de sua cama impecável, os joelhos juntos, pés afastados e a postura curvada. Apenas olhando fixamente. Os olhos dela se voltaram para mim, acesos. "Veio se vangloriar?", perguntou ela. "Não", eu disse automaticamente. "Por que não? Não é isso que você queria?", perguntou ela, levantando as mãos de onde estava. "Não é para isso que você tem trabalhado por todo o ano?" Eu pisquei. "Trabalhado para isso? Você foi a única que estava tentando se livrar das pessoas. Eu estava apenas defendendo elas." "Oh, por favor. Nós duas sabemos que isso é tudo culpa sua!" ela retrucou. "Não me insulte fingindo o contrário." Eu dei alguns passos para dentro do quarto. "Minha culpa? Do que você está falando?" "Eu sei que foi você que informou Cromwell da iniciação", disse Cheyenne, de pé. "De que outra forma ele poderia saber para conduzi-lo a esta invasão ridícula essa noite?" "Eu avisei? Por que completamente perplexa.
eu
iria
avisá-lo?"
Eu
perguntei,
"Obviamente, você descobriu que eu não tinha intenção de iniciar o seu pequeno bando de perdedoras, por isso que você decidiu estragar a coisa toda", desabafou Cheyenne.
"Ok, em primeiro lugar, Srta. Memória Seletiva", comecei, "Eu não tinha ideia de que você estava planejando condená-las ao ostracismo. Não se lembra de como fiquei chocada?" Eu odiava admitir minha ingenuidade, mas era a verdade. E se isso iria ajudar o seu eu-psicopata a recuar, que assim fosse. "Então você é uma boa atriz. Excelente para você", disse Cheyenne. "Excelente para mim? De onde você tira essas coisas?" Eu perguntei. "Tudo que sei é que uma menina do Billings de verdade nunca teria ido contra suas irmãs desse jeito", disse Cheyenne, caminhando lentamente em direção a mim. "Esta é uma casa de elite, Reed. Mas você não entende isso, não é? Você não entende que as nossas vidas são diferentes da sua. Que elas serão sempre diferentes. Que nossos laços são formados em algo muito mais profundo do que você jamais poderia esperar entender”. "Em quê? Em dinheiro? Em privilégio? No cartão de crédito do papai?" Retorqui. "Oh, sim. Isso é profundo." Cheyenne fungou, me olhando de cima a baixo. "Vê? Você acabou de provar isso. Você não pertence ao nosso mundo. Você não tem ideia o que é preciso para ser do Billings." Ela cruzou os braços sobre o peito e seu diamante B se moveu acima de seu decote. Que bugingaga ridícula. Sua forma superior de nos separar da multidão. Deus, eu desejava que ela pudesse ter me visto naquela noite no escritório. Alguém tinha a entregado, sim. Era a única explicação para a sua expulsão. Constance? Sabine? Eu não tinha ideia. Mas mesmo Cromwell não poderia por ela para fora sem o testemunho de alguém. Mas não tinha sido o meu. Ah, como eu desejava poder dizer a ela que não tinha sido o meu. Mas eu sabia sem reservas que, se a situação fosse invertida, Cheyenne teria me entregado sem muito mais que um piscar de olhos. Eu não ia ficar aqui e me defender. Eu não ia deixá-la pensar que eu estava implorando por sua aprovação e absolvição.
"Eu acho que você é a única que não tem ideia do que é preciso", disse através de meus dentes. "Eu te odeio", Cheyenne cuspiu, ficando bem na minha frente. "Eu queria que você nunca tivesse vindo para esta escola. Você não pertence a esse lugar. Você não é nada mais que uma caipira atrasada, e isso é tudo que você sempre será." O veneno despejado para fora de sua língua queimou através de mim. Apertei os olhos. "Isso pode ser verdade, Cheyenne, mas amanhã eu ainda vou ser uma aluna da Academia Easton. O que você vai ser?" Ah. Meu. Deus. Eu só disse. A resposta perfeita no momento perfeito. Meu rosto estava quente com o triunfo. E um tom do que sentia, irritantemente, como culpa. Mas ela merecia, não? Depois de tudo que ela tinha feito? "Saia", disse Cheyenne através de seus dentes, derramando uma lágrima com raiva por sua face. Seu rosto estava perto do roxo de raiva. "Cheyenne -" "Saia!" Ela me agarrou, me virou e me empurrou para o corredor. Antes que eu pudesse me virar completamente ao redor, ela bateu a porta. Eu fiquei lá por um longo momento, tremendo enquanto eu tentava recuperar o fôlego. Eu nunca tinha visto Cheyenne assim antes. Foi quase assustador. "Brennan?" A voz da Sra. Naylor me assustou meio fora da minha pele. Ela estava ao final do corredor parecendo sombria como a morte. Algumas portas no corredor se fecharam silenciosamente. Claramente as meninas na casa tinham estado escutando a mim e Cheyenne. "Eu acredito que eu disse a todas para ir para a cama." "Certo. Desculpe," Eu disse a ela, correndo para meu quarto.
Eu peguei o seu olhar de desdém, quando eu deslizei para dentro e fechei a porta. Sabine se sentou em sua cama. As velas ao lado estavam acesas, e as chamas balançaram enquanto ela se movia. "Você está bem?", perguntou ela. Eu sentei no meu edredom, ainda tremendo, e respirei fundo. "Tudo bem", respondi. Engoli em seco, me sentindo ainda nervosa. "Então, novidade interessante." "Sim", respondeu ela. "Muito interessante". "Você quis dizer sobre ela?" Eu perguntei. "Não", Sabine respondeu imediatamente. "E você?" "Não. Mas eu acho que nós não temos que falar sobre isso que não íamos falar." Olhei para ela rapidamente. Ela encolheu os ombros. Tentando não sorrir. "Eu acho que não." Eu tirei a minha roupa da iniciação, puxei uma camiseta de dormir da minha gaveta, e a vesti. Sem me lavar. Sem escovar o cabelo. Tudo que eu queria fazer naquele momento era rastejar para cama e cair em um sono profundo. Meu corpo estava tão exausto, que parecia dez vezes mais pesado que o normal. Eu tinha a sensação que nem mesmo os pensamentos em Josh e Cheyenne poderiam me manter acordada hoje à noite. "Boa noite", eu disse a Sabine quando eu me virei para a parede. "Boa noite". Ela soprou suas velas e o cheiro acre de fumaça encheu o ar. Eu respirei e suspirei, tentando banir todos os pensamentos do rosto de Cheyenne da minha mente. Ela tinha realmente perdido. E nós realmente ficaríamos melhor sem ela. Talvez pudéssemos finalmente conseguir um pouco de paz. *celebridade+debutante *o cartão de credito mais exclusivo do mundo.
HÁ MUITO TEMPO
S
entei reta na cama, minha mão já estava em meu coração.
Alguém estava gritando. Gritando sem parar. Olhei para Sabine. Ela estava de pé, seu peito subia e descia. "O que é isso? O que é isso?”, perguntou ela. Portas bateram. Barulho de passos. Joguei meu cobertor de lado. A fraca luz do sol estava apenas abrindo seu caminho através das vidraças. Houve um grito. Outro grito por cima do primeiro. Corri para o corredor com Sabine bem atrás de mim. Vienna estava no chão, contra a parede, chorando. London, Portia, Tiffany e Kiki se reuniram na porta do quarto de Cheyenne. Missy e Lorna estavam agarradas uma a outra. Alguém, em algum lugar, estava vomitando. Cheguei à porta, facilmente abrindo caminho. Rose ainda estava gritando. Gritando sobre o corpo de Cheyenne. "Cheyenne! Oh meu Deus! Cheyenne!" A voz era a minha, mas parecia estar vindo de algum lugar fora de mim. Eu caí de joelhos. Peguei seu rosto em minhas mãos. Era como gelo pegajoso. Cinzento. Havia pequenos pontos vermelhos na pele ao redor dos olhos. "Cheyenne! Acorde! Cheyenne!" Eu gritei. Dei um tapa em seu rosto com meus dedos, sabendo que não serviria de nada. Sabendo que era tarde demais. "Pare de gritar!" Eu rugi para Rose. Tiffany deu um passo adiante, passando na ponta dos pés por Cheyenne como se ela pudesse pegar alguma coisa, e abraçou Rose. Rose, felizmente, parou. "Ela teve uma overdose”, London disse, sem fôlego. "Ela deve ter tido uma overdose."
Havia comprimidos no chão. Um saco de veludo com pequenas pílulas brancas derramando no topo. Comprimidos brancos com pontos azuis desenhados. Senti meu mundo inteiro entrar em colapso. Minha visão ficou cinza. Comprimidos brancos com comprimidos brancos com pont-...
pontos
azuis
desenhados...
Astrid entrou de repente no quarto com a Sra. Naylor. A mão de Astrid voou para sua boca e ela afastou-se do corpo de Cheyenne. A Sra. Naylor, mais ágil do que eu jamais poderia ter imaginado, caiu ao meu lado e colocou os dedos na garganta de Cheyenne. Levantei. Dei um passo para trás. Dando espaço. A Sra. Naylor começou um RCP*. Todo mundo ficou em silêncio. Vienna estava chorando no corredor e o som da sra. Naylor bombeando e contando eram os únicos sons. Olhei para Tiffany. Ela estava olhando, de olhos arregalados, para a escrivaninha. Segui seus olhos. Lá, ao lado do laptop rosa de Cheyenne, estava um pedaço de papel lavanda. Nele, escritas na letra devastada de Cheyenne haviam poucas palavras. Uma sirene dividiu o silêncio. A sra. Naylor desistiu. Sentou-se sobre os calcanhares dos chinelos. Cobriu a boca com uma mão cheia de veias. Ouvimos os paramédicos correndo pelas portas, em nossa casa, mas todas sabíamos que era tarde demais Cheyenne já havia partido há muito tempo.
* Reanimaçao cardiopulmonar
UM FILME
E
u fiquei do lado de fora do Billings sob o sol quente da
manhã, sentindo como se eu estivesse assistindo a um filme que eu já tinha visto antes. Era tudo tão familiar. Os carros da polícia. A fita amarela. As luzes piscando. Os estudantes em seus pijamas, em pé ao redor, olhando horrorizados. O choro, o assombro, o medo. Os policiais com sua aparência austera e as mãos confortadoras sobre os ombros. Todo mundo estava fazendo seu papel a perfeição. Mas desta vez não havia neblina. Nem escuridão. Nem orvalho. Desta vez não havia incerteza. Nenhuma confusão. Sem acusações. Cheyenne se matou. Fim da história. Ela tinha fechado a porta na minha cara ontem à noite e em algum momento antes de Rose ter aberto esta manhã para ajudar ela com as malas, ela tirou sua própria vida. Todas as pessoas ao meu redor sussurravam, falavam e especulavam. Todas as pessoas ao meu redor esperavam, olhavam e se perguntavam. Eu não podia ouvir nenhuma delas. Não conseguia me mover ou enfocar. Eu mal podia respirar. Será que ela estava planejando isso quando ela me expulsou de seu quarto? Era isso o olhar fora de controle que ela tinha me dado? Ela já tinha decidido isso? Já planejava... A porta da frente do Billings se abriu. Um EMT alto, grande com a cabeça raspada manobrou a maca sobre o limiar. Ela estava coberta de espessos lençóis brancos, mas o contorno do corpo era claro. Seu corpo parecia mais minúsculo do que nunca. Cheyenne estava lá embaixo. Cheyenne. Ontem ela estava rindo com Portia no almoço, estudando no pátio. Hoje ela estava morta. Se foi. Para sempre. Eu vi Ivy dar um passo para fora da multidão. Ficando de pé na frente de uma das paredes de pedra. Rose foi ficar ao lado dela. Elas estavam lado a lado, observando em silêncio, observando em
choque como a maca avançava pelo caminho. As portas da ambulância se abriram. As pernas da maca se dobraram. Cheyenne foi carregada para dentro. Morta. Desaparecida. Para sempre. E, de repente, Josh apareceu do nada, e eu estava em seus braços. "Reed, meu Deus. Você está bem?" ele exigiu. Eu pressionei meu rosto em seu ombro. Eu não podia ver mais. Não conseguia respirar. Não conseguia. Não conseguia. Não conseguia. Ele se inclinou para trás. Pegou meu rosto com as duas mãos. Tentou me olhar nos olhos. Mas eu não podia fazer isso. Olhei para o seu peito. Minúsculos pontos rodando na frente dos meus olhos. Formigando, pequenos pontos... "Reed, respire", Josh me disse. "Respire!" Não conseguia. Respirar. Minúsculos pontos. Haviam tantos... muitos deles... Josh me sacudiu forte. Eu aspirei o ar. A dor explodiu no meu peito. Comecei a tossir. Me dobrei. Ofegante. Tossindo. Não conseguia ar suficiente. Eu ia ficar doente. Doente por toda parte. "Se mexa! Se mexa!" Ouvi Josh gritar. Ele me levou ao longo de um muro baixo de pedra que rodeava um dos jardins. Eu senti a frieza da pedra através da minha bermuda fina, e isso me trouxe de volta. Coloquei a cabeça entre os joelhos e respirei para dentro e para fora... dentro e para fora... "Está tudo bem. Você está bem", disse Josh, as mãos ainda sobre os meus ombros quando ele se agachou na minha frente. "Basta respirar. Apenas respire". Para dentro e para fora. Para dentro e para fora. Eu estava respirando. Eu conseguia respirar. Cheyenne, no entanto... "Por que você é tão bom comigo?" Eu soltei, derramando lágrimas pelo meu rosto.
"O quê?" Eu levantei minha cabeça. Ela deu voltas. Agarrei as pedras ao meu lado até que passou. Pisquei os olhos abertos. O rosto de Josh era de preocupação. Preocupação inocente, desesperada. "Você está bem?", Perguntou ele, passando a mão sobre o meu cabelo. "Não. Não, eu não estou bem. Eu sinto muito, Josh!" Eu chorei. "Eu não acreditei em você, mas era verdade. Era tudo verdade." "O que era verdade?" ele perguntou, colocando a mão quente no meu joelho. "Você! Os medicamentos. Foi Cheyenne. Ela fez isso com você. Eu vi. Vi as pílulas", eu divagava. "É o que ela usou... o que ela usou para..." E isso foi tudo. Não havia mais nada em mim. Eu me inclinei para a frente no ombro forte de Josh e apenas chorei. E chorei e chorei e chorei e chorei. Ela deve ter enviado a mensagem de texto para si mesma. Deve ter pegado o telefone dele e armado para mim. Claramente ela estava muito desesperada para fazer tal coisa. "Por que ela fez isso? Por quê?" Eu murmurava. "Está tudo bem, Reed," Josh sussurrou, me segurando. Ele acariciou meus cabelos e sussurrou no meu ouvido. "Está tudo bem. Vai ficar tudo bem."
CURIOSIDADE MÓRBIDA
S
abine entrou no nosso quarto mais tarde naquele dia para
me encontrar arrumando minha mochila de futebol de Easton. Ela se deteve, a mão ainda na maçaneta da porta. "Onde você está indo?" ela exigiu, meio bruscamente. "Josh achou que seria uma boa ideia sair daqui por uns dias", eu disse a ela. "Não se preocupe. Eu vou voltar." Sua postura se relaxou. "Graças a Deus. Pensei que você fosse cair fora." "Não. Ainda não, pelo menos," Tentei brincar. Brincadeira nada convincente. Olhamos uma para a outra e reviramos nossos olhos. "Para onde você vai?", perguntou ela. Ela caminhou até sua mesa e se sentou rigidamente. Todos os nossos movimentos tinham sido tensos, desde daquela manhã. Como se não soubéssemos mais como agir. Como se aquele quarto no corredor estivesse de alguma forma nos observando. Depois que a ambulância tinha ido embora e que a polícia havia feito o seu trabalho, apenas algumas das meninas do Billings tinham voltado para dentro da casa. Eu tinha certeza que as aulas teriam sido canceladas, se este fosse um dia da semana, mas era um sábado de qualquer maneira, então elas estavam matando o tempo na biblioteca, no pátio ou em outros dormitórios. As poucas que haviam retornado mantiveram suas portas fechadas, ao contrário de um dia normal quando estariam abertas, com música vazando para o corredor, os sons de conversas e risos em toda parte. Só pensar nisso apertou meu coração. Eu não podia esperar para sair de lá. "Nova York," Eu disse a ela. "Os pais de Josh disseram que estava tudo bem ficarmos em sua casa da cidade. Eles estão na França agora, então..." "Então vão ter a casa todinha só para vocês", disse Sabine.
"Acredite em mim, essa é a última coisa que eu estou pensando agora", eu respondi. "Eu só quero sair daqui." Eu fechei a minha bolsa. Olhei para a porta. "Mas sinto muito por estar deixando você agora," Eu disse a ela. "É uma droga de fuga, eu sei." "Oh, não se preocupe com isso", disse Sabine, levantando uma mão. "Minha irmã está em Boston por alguns dias, então eu pedi permissão para passar um tempo fora do campus. Eu não posso esperar para ver ela." "Isso é tão legal", eu disse, surpresa. Sabine não tinha mencionado nada disso até agora. "Me desculpe, eu não vou estar por perto para conhecê-la." "Não se preocupe," disse Sabine, com um sorriso. "Deixa para a próxima vez. Tenho certeza que ela adoraria te conhecer também." Ela se levantou novamente e pegou um livro da bolsa. "Acho que vou lá fora encontrar Constance e as outras." Como eu disse, ninguém podia ficar dentro do Billings por muito tempo. "Divirta-se na cidade. Tente não pensar nesse lugar." "Eu vou tentar", eu disse a ela, aceitando um abraço rápido. Quando ela se foi, a casa ficou tão silenciosa quanto uma tumba. Eu senti meu pulso começar a acelerar e considerei esperar lá fora até que fosse hora de ir. Eu estava prestes a pegar minha mochila e apenas sair quando meus olhos caíram no meu computador e fiz uma pausa. Eu não tinha olhado meu e-mail desde a manhã de ontem. Eu me perguntei, com um súbito nervosismo, se Dash havia me escrito. Se, no mundo muito pequeno que circulamos, ele já tinha ouvido falar sobre o que tinha acontecido. Eu não tinha notícias dele desde que eu tinha perguntado se ele sabia como entrar em contato com Noelle. Mas isso... ele tinha que ter escrito se tinha ouvido sobre isso. Tensa com antecipação, sentei e abri o meu navegador. Com certeza, o primeiro novo e-mail era de Dash, enviado no final da manhã. Eu rapidamente cliquei para abrir e olhei atrás de mim. A porta ainda estava fechada. Eu respirei fundo e virei para a tela. A mensagem era curta.
Reed, Não se preocupe. Tudo acontece por uma razão. Dash Eu pisquei. Li novamente. Ele estava se referindo a Cheyenne, ou a algo que eu havia escrito para ele? Eu não poderia imaginar Dash sendo tão brusco sobre a morte de alguém que ele conhecia. Alguém que ele podia até ter chamado de amiga. Mas o que eu havia escrito para ele da última vez que merecia essa resposta? Descobri que, com tudo o que tinha acontecido, eu não conseguia nem lembrar do meu texto. Fechei a mensagem. A lista reapareceu. Meu coração parou completamente. A segunda mensagem era de Cheyenne. Ela datava de 2:04 da manhã. Ela tinha fechado a porta na minha cara ontem à noite e pouco antes de Rose a ter aberto esta manhã para ajudar com suas malas, ela tinha tirado sua própria vida. Havia um e-mail na minha caixa de entrada de alguém que nunca mais falaria com ninguém. Nunca mais escreveria ou diria outra palavra a alguém. Por que ela mandaria um e-mail para mim de todas as pessoas? Por que ela queria que um de seus últimos pensamentos fosse para mim? Minha garganta ficou seca. Uma sensação doente de medo se espalhou dos meus ombros todo o caminho através de meu peito e se instalou no meu intestino, se contorcendo como cobras dentro do meu estômago. Eu me senti como se alguém estivesse me observando. Observando e tendo um prazer doente e sádico com o espetáculo. Eu respirei profundamente. Endireitei as costas. Tentei parecer indiferente. Me sentir indiferente. Minha mão ficou imóvel sobre o mouse.
Basta deletar. Eu deveria simplesmente deletar. Esquecer que estava ali. Fingir que nunca aconteceu.
Mas quem eu estava enganando? Eu não era imune a curiosidade mórbida. Naquele momento eu tinha certeza que eu não poderia viver o resto da minha vida em paz sem saber. Baixei a mão. Cliquei para abrir a mensagem. Imediatamente desejei não ter feito isso. Tudo o que dizia era:
vida.
Ignore a nota. Você fez isso comigo. Você arruinou a minha
SURPRESA, SURPRESA
C
omo assim eu arruinei a sua vida? Como? Eu não tinha
provocado a sua expulsão. Não tinha citado nomes. Eu deveria ter dito a ela. Deveria ter dito a ela que eu tinha protegido ela, mesmo depois de tudo. Por que eu não disse a ela? Era só orgulho. O meu orgulho. O meu orgulho foi a causa da morte de Cheyenne? "Reed?" Josh segurou a porta aberta do restaurante envidraçado na Perry Street. O cheiro que emanava de dentro eriçou minhas papilas gustativas. Pena que eu tinha tanta certeza que meu estômago ia rejeitar qualquer coisa que eu tentasse enviar a seu caminho. "Obrigado", eu disse quando eu deslizei por ela. Ele colocou a mão no meu braço. Seus dedos estavam tão quentes. "Você está bem? Nós não precisamos comer fora se você não quiser." Tinha havido um debate de meia hora de duração sobre a possibilidade de a gente ficar em casa ou sair, ambos os lados defendidos só por Josh. Pró: Nós tínhamos acabado de voltar e devíamos comemorar. Contra: Como poderíamos comemorar quando alguém que a gente conhecia tinha acabado de se matar? Eu tinha, no meu estado distraído, concordado com ambos os lados quando ele me perguntou. Josh tinha sido forçado a finalmente tomar a decisão da fome. Eu tinha colocado o meu vestido favorito azul da H & M, sem nem mesmo me importar se era bom o suficiente para onde quer que ele estivesse me levando, meu cabelo penteado para trás em um rabo de cavalo, e segui ele para fora da casa da cidade. "Estou bem", eu menti. "Só com fome." Ele sorriu e acenou com a cabeça e me seguiu para dentro. O maitre nos levou a uma mesa no centro do restaurante. A maior mesa tinha quatro lugares, e as cadeiras eram confortáveis, fundas e
com braços como aquelas que se encontraria em uma sala de estar chique. Quando eu afundei na minha eu me senti como se eu estivesse encasulada. Quente. Segura. Agora, eu podia me concentrar em Josh toda a noite, ter uma conversa real, eu podia realmente ser capaz de tirar minha mente daquele e-mail. "Ah, merda", disse Josh, fazendo uma pausa antes que ele pudesse se sentar completamente em sua cadeira. Meu coração bateu no excessivamente violenta. "O quê?"
meu
esterno.
Uma
reação
"Eu estou vendo alguns amigos dos meus pais", disse ele, levantando a mão e fingindo um sorriso. "Sinto muito, Reed, eu tenho que ir lá. Só por um minuto." Minhas mãos agarraram os braços da minha cadeira.
Não. Não me deixe. Não me deixe. Não me deixe. Eu não posso ficar sozinha agora. "Tudo bem", eu disse, engolindo. "Eu prometo que estarei de volta em dois segundos", ele me disse. No segundo que ele se afastou, meu coração começou a disparar. O suor escorreu das minhas axilas e nas minhas costas. Ela não poderia ter realmente me culpado. Ela não poderia. Ela tinha que saber que, mesmo com tudo o que tinha acontecido, ela ainda tinha a vida inteira pela frente. Ela poderia ter ido para um milhão de outras escolas particulares, teria ainda ido direto para uma universidade da Ivy League. Não foi minha culpa. Não poderia ter sido minha... Por que aquela mulher está me olhando assim? É como se ela soubesse. É como se ela pudesse ver através de mim e... Respire fundo, Reed. Cheyenne era instável. Obviamente. Mesmo que ela tenha culpado você por sua morte, isso não significa nada. Pessoas estáveis não se matam. Pessoas estáveis não deixam duas notas de suicídio contraditórias.
Pessoas estáveis também não têm ataques de pânico paranóico só porque seus namorados sairam da mesa. Estava muito quente no restaurante. As velas estavam sugando todo o ar. Eu tinha que sair de lá. Agora. Eu me atrapalhei pegando minha bolsa. Peguei meu celular. Eu ia lá para fora e ligaria para o meu irmão. Eu precisava ouvir uma voz reconfortante. Eu precisava falar com alguém que eu pudesse confiar. Minhas mãos tremiam. O telefone caiu da minha mão e bateu no chão. Uma mão elegante o pegou para mim. "Perdeu algo, coração de vidro?" Ah. Meu. Deus. Eu me inclinei para a frente, ao redor dos braços da cadeira, e Noelle Lange entrou no meu campo de vista. Senti como se meu coração estivesse prestes a explodir no meu peito. Foi só naquele momento que eu percebi que em algum nível, eu acreditava que nunca iria ver ela novamente. "Noelle!" Eu pulei. Quase derrubei a cadeira pesada. Ela a segurou com a mão livre. "Ok. Não vamos ficar muito animadas", disse ela, revirando os olhos. "Não é como se eu estivesse voltando dos mortos ou algo assim." Por alguma razão, pelo jeito que ela disse essas palavras, eu sabia que ela sabia sobre Cheyenne. E eu não me importava que ela estivesse sendo insensível a respeito. Tudo o que importava era que ela estava ali. Milagrosamente, perfeitamente, ali. Eu joguei meus braços ao redor dela e a abracei forte. "É tão bom te ver!" Eu disse. Ela me abraçou de volta. "Você também." Olhei para ela quando se afastou. Ela parecia incrível, é claro. Seus longos cabelos castanhos brilhavam e ela tinha cortado uma
franja longa que caía perfeitamente sobre seus olhos castanhos. Ela usava um vestido preto de corte baixo com um casaco e um colar com pingente de diamante simples, mas lindo. Seu salto com tiras coloridas eram tão altos, que ela ficava bem acima de mim, e suas pernas bronzeadas pareciam tonificadas a perfeição para uma final de futebol. "Onde você estava?" Exigi, observando o bronzeado perfeito. "Aqui e ali", disse ela casualmente. "A partir desta semana, eu sou uma mulher livre. Os advogados gênios do meu pai finalmente conseguiram quebrar La Beastesse*, é como eu chamo o juiz que estava presidindo o meu caso", acrescentou ela num sussurro conspiratório. "Assim, a minha liberdade condicional foi oficialmente elevada. O que quer que isso signifique." "O que isso significa?" Eu perguntei. "Basicamente que agora eu posso sair para fora do país", disse ela, levantando meu copo de água para fora da mesa e tomando um gole. "Que é tão atrasado. Eu não poderia estar mais doente do que aqui em Hamptons". "Então você... Vai para fora do país?" Eu perguntei, me sentindo inexplicavelmente para baixo. Não era como se ela fosse voltar para Easton comigo. Não era como se eu pudesse contar com ela morando no meu corredor novamente. Estar lá para mim. Me protegendo. Noelle me olhou de cima a baixo. "Na verdade, eu não tenho certeza. Houve alguns acontecimentos que podem me motivar a ficar nos Estados Unidos". Engoli em seco. "Você não quer dizer... eu quero dizer... Você ouviu falar sobre Cheyenne." "Sim". Ela franziu os lábios. Colocou o copo sobre a mesa. "Uma vergonha. Mas você sabe o que dizem, Reed." Olhei em seus olhos. Aqueles familiares olhos brilhantes e maliciosos. Eu quase não podia acreditar que ela estava ali. Não podia acreditar o quanto eu sentia falta dela. O quanto eu tinha
sentido falta daquela sensação. Como se qualquer coisa pudesse acontecer. "O quê?" Eu perguntei. "O que eles dizem?" Noelle sorriu conscientemente. "Tudo acontece por uma razão."
***
*A besta em frances
Agradecimentos ao fórum Purple Rose. (desculpe qualquer possível erro) Em breve, o livro 6 da serie Exclusivo: Legacy Contato:
[email protected]