TEMA 368 - ASPECTOS DA DOUTRINA PITAGÓRICA

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VENERÁVEL ORDEM HERMÉTICA VOH

PRIMEIRA CÂMARA LOTE 12-A DDDDDDDDDDDDDDD DDDDDD

D

TEMA 368 ASPECTOS DA DOUTRINA PITAGÓRICA SIMBOLOGIA NUMÉRICA

VOH ASPECTOS DA DOUTRINA PITAGÓRICA [TEMA 368]

ASPECTOS DA DOUTRINA PITAGÓRICA “FELIZ QUEM ATRAVESSOU OS MISTÉRIOS E CONHECE A ORIGEM E O FIM DA VIDA”. PÍNDARO.

VENERÁVEL ORDEM HERMÉTICA VOH 2012

TEMA 368

Pitágoras permaneceu em Crotona por cerca de trinta anos. Em vinte anos no local, já havia adquirido um prestígio tão grande que muitos o consideravam um “semideus”. Seu prestígio estendia-se a muitas outras cidades e estados.

Aquele que procurava Pitágoras como discípulo não era de imediato admitido, mas também não era desencorajado. Depois de contatos repetidos, o neófito entrava no interior da morada do Mestre e solenemente era admitido no círculo dos seus discípulos [daí surgiram as expressões esotérico [restrito a poucos], para os admitidos, e exotérico [aberto a muitos]. A primeira revelação dos ensinamentos pitagóricos consistia em uma exposição completa e racional da Doutrina Oculta, desde o início até o término da evolução universal, incluindo e sentido e a finalidade suprema da psique. O discípulo era iniciado na Ciência dos Números. No antigo Egito, esta ciência era conhecida e ensinada nas Escolas de Mistérios. Também era ensinada aos Iniciados nos templos da Ásia, mas sob nomes diferentes. Nesse sentido, os algarismos, as letras, as figuras geométricas e as figurações humanas possuíam valor simbólico equivalente aos sinais algébricos, mas também apresentavam um sentido oculto e apenas entendido pelos Iniciados. Os Mestres só revelavam certos símbolos e seu sentido aos adeptos mais confiáveis, mas, mesmo assim, somente depois de juramentos de silêncio é que eram cobrados à risca. Sobre a Ciência dos Números, Pitágoras escreveu um livro intitulado A Palavra Sagrada. Esse livro foi perdido, mas muito do que nele estava escrito foi parcialmente fornecido pelos pitagóricos, entre os quais Filolau de Crotona [470 a.C.-385 a. C.] e Arquitas de Tarento [428 a.C.-347 a.C.]. Sabemos que

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outra parte do conteúdo daquele livro consta nos diálogos de Platão [428 a.C.-347 a.C.] e nos tratados de Aristóteles [384 a.C.-322 a.C.]. Também consta na obra de Porfírio [234 d.C.-305 d.C.] e de Jâmblico [245 d.C.-325 d.C.]. Nos trabalhos desses filósofos, está contida a maior parte daquilo que Pitágoras legou à Humanidade.

Pitágoras chamava seus discípulos de matemáticos, porque seus conhecimentos superiores começavam pela Doutrina dos Números. Tratava-se de matemática sagrada, transcendental e dinâmica, mais até do que a matemática profana, reconhecida pela maioria dos sábios e filósofos de então. Na matemática sagrada, um número não se reduzia à quantidade abstrata. Era uma virtude intrínseca e ativa do SER UNO SUPREMO, fonte da Harmonia Universal. Desta forma, a Ciência dos Números representava forças vivas, faculdades Divinas em ação no mundo, no homem, no macrocosmo e no microcosmo. Através dos números, Pitágoras elaborava uma teogonia ou teologia racional. Dizia: “Pelos números, Deus se mostra e mostra o encadeamento das ciências da natureza”. Denominava UNO o primeiro composto de harmonia, o Fogo Gerador, que atravessa tudo, o Espírito que se move por si mesmo, O Indivisível, O Grande Não-Manifesto, cujo Pensamento Creador está manifesto nos mundos efêmeros. É O Único, O Eterno, O Imutável, oculto sob as coisas múltiplas que passam e que mudam. Certa vez, disse o discípulo Filolau de Crotona, referindo-se aos ensinamentos de Pitágoras a respeito do UNO: A essência nela mesma foge à percepção do homem. Este somente conhece as coisas deste mundo, onde o finito combina-se com o infinito. E como pode ele conhecê-las? Há entre ele e as coisas uma harmonia, uma relação, um Princípio comum. Esse Princípio lhe é dado pelo UNO, juntamente com a sua essência e a sua inteligibilidade. É a medida comum entre o objeto e o sujeito, a razão das coisas, mediante a qual a alma participa da razão ultima das coisas: O UM1. Mas como se aproximar do Ser Inapreensível? Alguém já viu o Senhor do Tempo, a Alma dos Sóis, a Fonte das Inteligências? Não? Somente confundindo-se com Ele é que se penetra em Sua Essência. É semelhante a um fogo invisível, no centro do Universo, como uma chama ágil a circular em todos os mundos e movendo a circunferência.

Mostrava o Mestre aos discípulos que a posse da Verdade levava anos, não era conquistada num só dia como muitos pretensos discípulos pretendiam. Em nossos grupos de estudos herméticos, temos visto amiúde discípulos que, quando não conseguem saciar a sua curiosidade de imediato, logo se 1

Na matemática transcendental, demonstra-se algebricamente que ZERO multiplicado pelo infinito é igual a UM. Na ordem das ideias absolutas, ZERO significa o Ser Ideterminado. Para representar o infinito, o eterno, usa-se, na linguagem esotérica, o círculo constituído por uma serpente a morder a cauda [símbolo denominado “Oroburus”]. Quando o infinito se dinamiza, produz todos os números a ele inerentes. Tal é o sentido transcendente do primeiro problema da teogonia pitagórica, em que está explícita a razão pela qual a Grande Mônada contém manifestas e imanifestas todas pequenas. Todos os números saem da unidade ao mesmo tempo em que cada número contém a unidade. Todos os números saem da unidade em movimento. Um número é conteúdo e continente ao mesmo tempo.

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afastam, partem em busca de conhecimentos fáceis, acessíveis, mas que, em grande parte, são inautênticos. Geralmente, são motivados por grande curiosidade inicial, mas, com o tempo, deixam de participar e se afastam dos estudos. Não se distribui brilhantes indiscriminadamente; pedras preciosas são dadas a quem merece recebê-las. Não é pelo vão desejo movido pela curiosidade que pérolas de luz são derramadas sobre curiosos busca-dores. Só coisas sem valor são distribuídas de forma indiscriminada. O que tem valor é guardado com zelo e destinado aos mais aptos. O Poder Superior distribui tudo às pessoas, mas poucas recebem. O verdadeiro Mestre mostra e fala daquilo que sabe, mas, embora muitos vejam e ouçam, são poucos os que escutam e enxergam e, menos ainda, os que entendem... Em seus ensinamentos, Pitágoras dizia: A obra da Iniciação está na aproximação do Grande Ser, assemelhando-se a Ele, tornando-se tão perfeito quanto possível, dominando as coisas pela inteligência, tornando-se ativo como Ele e não passivo como elas. Vosso próprio ser, vossa alma não é um microcosmo, um pequeno universo? Mas ela está cheia de tempestades, de discórdias. Assim, pela Iniciação, tratai de realizar a unidade na harmonia dentro de vós. Então, Deus descerá em vossa consciência, então, participareis do Seu Poder, fareis da vossa vontade de ferro a pedra do lar [...] o trono de Júpiter!

Assim, Pitágoras mostrava o quanto é importante uma sincera Iniciação, não uma iniciação meramente “simbólica” ou até mesmo “teatral”. O que mais vale é a Iniciação franca, visando à renovação da natureza individual. Eis o primeiro dos princípios ensinados pelo Mestre: “Deus, a Substância Indivisível, tem por número a Unidade, que contém o infinito, e, por nome, o de Pai, Creador ou Eterno Masculino, e, por signo, o Fogo vivo, símbolo do Espírito, essência do TODO...” [...] “As faculdades divinas no Iniciado manifestam-se como um ponto, que evolui como uma [flor de] lótus ou uma rosa que se desdobra em mil pétalas. A partir de um ponto, as coisas desabrocham no Universo...”

O Mestre Pitágoras mostrava que tudo pode ser expresso por números, até mesmo a natureza íntima das coisas. Dizia que a Mônada [Essência Divina] age como a Díade Creadora. Afirmava que, quando se manifesta, o Poder Superior é duplo [Díade]: é essência indivisível e substância divisível, princípio masculino, ativo animador, e, ao mesmo tempo, princípio feminino, passivo, matéria plástica animada. A Díade representa, portanto a União do Eterno Masculino e do Eterno Feminino no Poder Superior. A este respeito, devemos entender a Mônada como sendo o Poder Superior, o UM imperceptível, a Origem Primeira de tudo dentro da creação, a Essência do Poder Superior. A Díade é a Mônada polarizada, ou seja, o desdobramento do UM em DOIS e perceptível como TRÊS. Em 4

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decorrência do exposto, torna-se evidente que a imagem perfeita do Poder Superior não é só o homem, mas o homem e a mulher, do que resulta a invencível atração recíproca de um pelo outro, a busca do Eterno-Masculino e do Eterno-Feminino. A unificação das polaridades em UM Único Ser. Homem, mulher, aspectos polarizados do UM, atingível apenas pela reversão infinita da polaridade. De certa forma, então, o homem só chega ao Poder Superior pela mulher e esta pelo homem. Opostos de mesma natureza. Tendência à volta à Unidade Indiferenciada.

Visto que na creação o UM se desdobrou ilusoriamente em DOIS, na unificação necessitará “voltar” a ser UM. Se o homem é um dos polos e a mulher o outro, é pela união das duas polaridades que se recompõe a unidade. Não é aglutinando num mesmo polo que se chega à polaridade anulada. É a reversão da polaridade que leva à origem. Na realidade, no UNO, as duas polaridades precisam desaparecer. Tomemos, como exemplo, a extensão de algo. Partindo de algo de “um metro de comprimento” e, se paulatinamente aumentarmos o comprimento, adicionando quantidade a um dos extremos, os polos afastar-se-ão entre si. Não existe forma alguma que possa fazer o tamanho voltar à medida inicial adicionando-se medida a um dos extremos. Por mais que se junte, que se some a um dos extremos, o que se consegue não é a unificação, a junção dos dois em um só, mas sim o afastamento, o alongamento do bipolo. A fusão dos polos ocorre não pela adição, mas pela subtração. Só existe uma maneira de regresso ao tamanho original: é exatamente pela aproximação dos dois extremos, o que permite a reversão à origem. Por mais que se adicione em uma das polaridades, jamais se chega ao UM. Jamais o acréscimo de extensão a um dos polos faculta o retorno ao UM. Conhecer o mistério dos números é conhecer os próprios mistérios da natureza. A natureza se manifesta por leis e as leis são estabelecidas de forma que podem ser expressas pelos números.

Temos estudado os números segundo diversos sistemas místicos. Até mesmo os ensinamentos de Salomão [970? a.C.-931? a.C.], como veremos em outras monografias, estão baseados em números e em figuras geométricas. Em geral, as doutrinas autênticas, mesmo que não mencionem diretamente os números, possuem, de algum modo, seus ensinamentos relacionados com a matemática. Existem doutrinas antigas, como, por exemplo, a Cabala, e outras mais recentes, como a Maçonaria, as quais empregam os números como base de ensinamentos, mesmo que algumas não os mencionem claramente. Até mesmo na Doutrina Católica encontramos menção aos números, sobretudo quando fala da Santíssima Trindade, ressaltando que existem três natureza divinas: Pai, Filho e Espírito Santo. Ressalta 5

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também que os três constituem apenas UM. Três naturezas em uma só. Isto é exatamente o que disse Pitágoras, assim como determinadas escolas místicas. O UM representa o Poder Superior em Si, a Causa Primeira, na qual todas as coisas, todas as ideias e todos os opostos se reconciliam. Como sendo um ponto de confluência, o UM é representado pelo ponto: o centro de tudo. No DOIS, está a dualidade, a bipolaridade de creação, o afastamento da Unicidade. De acordo com Pitágoras, no UM, que é o Poder Superior, extinguem-se todas as polaridades. Segundo afirmava, o número UM, assim como todos os números ímpares, são masculinos, ao passo que o DOIS e todos os pares são femininos. No TRÊS, é o Poder Superior Imanente [Força Creadora].

Em nossas monografias, temos estudado alguns dos aspectos dos números. Para tanto, baseamos-nos nos ensinamentos da VOH e de outras Ordens Iniciáticas.2 Pelo conhecimento dos números, podemos sentir como o Universo está organizado. Podemos ver como, a partir do material, chegamos ao espiritual e vice-versa. Do limitado, chegar ao Absoluto. Mediante as asas dos números, a compreensão viaja rumo ao infinito. Parte do relativo e se direciona ao ilimitado. Parte do inferior e ruma em direção ao Superior. Do descontínuo para o contínuo. De maneira sucinta, pelo que temos mostrado, os TRÊS primeiros números dizem respeito à gênese do Universo, à formação e à creação. Em relação ao QUATRO, sabemos que, desde os tempos mais remotos, reforçado pela Ordem Pitagórica, é relacionado com a matéria e com fenômenos que se referem ao plano físico. Quando se refere ao homem, significa o mortal que existe na Terra, come, sente e dorme, mas não a uma entidade espiritual liberta da matéria ilusória. Sob o ângulo espiritual, o homem não está relacionado com o QUATRO. Seja qual for a sua forma, o número QUATRO relaciona-se com o plano material ou terrestre, em oposição ao número TRÊS, o qual representa o que é divino ou espiritual. “QUATRO” é duas vezes “DOIS”, portanto, uma intensificação do número DOIS, ou seja, da separação e da descontinuidade. Intensificação das qualidades separativas do DOIS, portanto, o QUATRO traduz a matéria bruta. No QUATRO, cada elemento faz parte e de um dos pares de opostos. Assim é que qualquer um pode eliminar o outro. A água pode eliminar o fogo, o ar volátil pode levar a terra. Platão dizia que o número TRÊS diz respeito à ideia, enquanto que o número QUATRO está ligado à realização da ideia.

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Nossos escritos estão baseados no que ensinou a Cabala , Pitágoras, Salomão, Thoth, Apolônio de Tiana e alguns outros Mestres, cujos nomes optamos por não divulgar, por razões particulares.

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Se analisarmos o livro “Gênesis”, da Bíblia, veremos que os três primeiros dias são dedicados à ordenação dos campos de potencialidade em que pode se apresentar a Vida. As formas de existência, porém, só são concretizadas no quarto dia e nos seguintes. No primeiro dia, fez-se a luz, no seguintes a separação dos opostos. A luz é separada das trevas [polarização]. O céu separado da terra e a terra separada do mar, assim sucessivamente. No equilíbrio da creação, a luz e as trevas encontram-se absorvidas uma pela outra, assim como a atividade pelo repouso, o som pelo silêncio. O QUATRO se refere à estruturação das coisas ao nível do mundo denso, incluindo as pessoas. O CINCO traduz a maneira e os meios como a creação interage com Creador, como o QUATRO percebe e interação com o UM, o DOIS e o TRÊS. O CINCO é o número que rege todos os processos biológicos. O SEIS representa como o ser creado pode transformar-se. Por isso, todos os ensinamentos visando à transformação dos seres e do caráter baseiam-se no número SEIS. O SETE diz respeito à natureza vibratória do Universo, a base física da natureza, quer do mundo material, quer do energético. O OITO é a continuação do SETE, pois diz respeito às oitavas vibratórias. O NOVE representa a interação de todos os elementos, estruturando a base daquilo que denominamos vida manifesta.

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