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INSTITUTO FEDERAL DE GOIÁS CÂMPUS ANÁPOLIS CURSO TÉCNICO INTEGRADO EM QUÍMICA 2º ano.

PROJETO DE CRIAÇÃO “AUTOCONHECIMENTO E A AUTORRETRATAÇÃO ENVOLVENDO A PSICOLOGIA”.

THAÍS SANTOS MOURA

Projeto apresentado como trabalho de conclusão da disciplina Arte e Processos de Criação, na linguagem de Artes Visuais, ministrada pela professora Elza Gabriela.

Anápolis, 18 de dezembro de 2020.

APRESENTAÇÃO DA TEMÁTICA

O autoconhecimento é uma vertente do estudo da psicologia, é uma questão que faz referência ao conhecimento do próprio “eu” e a sua relação com o inconsciente. Desde a consciência humana conhecida, a idealização de autoconhecerse é valorizada e tratada como necessidade para uma melhor vivência, tanto do próprio individuo consigo quanto o afeto para com outras pessoas. Os ideias dessa vertente da psicologia se baseiam principalmente, em especial na contemporaneidade, nos pensamentos de Carl Gustav Jung (1875 – 1961) e de Sigmund Freud (1856-1939). Embasado no pensamento Freudiano, Jung aproximou sua experiência como psiquiatra ao seu campo teórico, aprimorando sua concepção para a fundação da psicologia analítica e não para a psicanálise, como muitos creem. O autoconhecimento fundamentado em estudos psicológicos refere-se à capacidade de compreensão e comportamento dos indivíduos, em meios individuais e sociais. Ele se relaciona com a autorretratação desde os tempos iniciais da existência humana, a necessidade que os primeiros hominídeos sentiram em retratar seu cotidiano, as civilizações antigas retratando suas riquezas, os nobres representando-se em retratos e até a natureza como pauta para a arte. Desde tempos remotos há a presença do artista em suas obras, afinal são suas visões de mundo: “O Verdadeiro pintor se deixa guiar pela sua alma”. 1885- Van Gogh.

O relacionamento profundo com a arte, o valor estético e sentimental, tanto para quem produz quanto para quem observa, reproduz linhas temporais de vivência e filosofias próprias de vida, ao qual quem for digno de sentir e conhecer tal, sentirá o real significado da arte, e poderá assim se conhecer e se reafirmar.

JUSTIFICATIVA

O projeto possui como justificativa aproximar reflexões psicológicas no cunho da arte, objetificando atribuir características expressivas em obras representativas, como é o caso do autorretrato e a forma como o artista se enxerga, as cores por ele utilizadas que podem expressar sua áurea e até mesmo os aparatos apresentados. A arte está relacionada com a psicologia de modo que desde o século XX tem sido utilizada para processos psíquicos de recuperação, percepção e até desenvoltura, de modo que o expressar artístico seja uma forma libertadora, contudo sua relação é fundamentada desde o surgimento dos primeiros hominídeos, que buscavam representar seu cotidiano por meio de esculturas, pinturas nas cavernas e variadas formas. Logo, apreciar a psicologia da arte e os parâmetros expressivos dela, como o autoconhecimento por meio da autorrepresentação do indivíduo, é essencial para compreendermos tanto a nós mesmos quanto aos outros indivíduos da sociedade. Baseado nessas questões, este projeto também busca elencar as diferentes formas de autoconhecimento, principalmente pelos autorretratos, os quais expressam um modo de enxerga-se a si mesmo e suas próprias emoções para exibir, além disto, busca fundamentar os ideais do pensamento Junguiano e de outros estudiosos da área da psicologia sobre a importância da arte e da autoexpressão.

PESQUISAS DE REFERÊNCIAS

As obras apresentadas neste tópico refletem a identificação do artista sobre si mesmo e a forma com o qual ele se apresenta para os indivíduos alheios, com o que querem representar de si ou até mesmo indagar a auto reflexão de quem observa.

Autorretrato com colar de espinhos e beija-flor (Frida Kahlo). 1940, tinta a óleo, 47 cm x 61 cm. Está localizada em Harry Ransom Center, em Austin. (Estados Unidos).

Frida Kahlo foi uma importante pintora de origem mexicana do século XX. Suas obras, por mais que considerada por muitos surrealistas, expressam a realidade da artista, como ela mesmo ressaltava. Frida foi vítima de variados problemas com o seu corpo durante a sua vida, sofreu acidente em um trem na década de 20, este permeou sequelas e problemas para o resto de sua vida. As consequências físicas do corpo de Kahlo foram expressas em suas obras, como em A Coluna Quebrada (1940) e Hospital Henry Ford - A cama voadora (1932), este último que retratava os abortos que ela sofria devido a uma perfuração ocorrida no acidente. Frida foi uma importante participante nas lutas revolucionárias da época e é rosto até hoje, sua importância está voltada principalmente nas lutas femininas. A pintora era muito ligada às suas raízes de origem mexicana, como pode ser visto no quadro acima Autorretrato com colar de espinhos e beija-flor (Frida Kahlo). Nele, é retratado traços da cultura mexicana com sentimentos da autora, O beija-flor que se

encontra pendurado é um símbolo de origem mexicana que significa sorte no amor, contudo ele está morto, o que pode representar a dor da pintora. A artista pintava frequentemente autorretratos e buscava sempre nelas expressar-se, de modo que todos representam momentos da sua vida. Através do seu próprio autoconhecimento, ela retratou-se da sua maneira. “Eu sou minha única musa, o assunto que conheço melhor.” – Frida Kahlo.

As duas Fridas (Frida Kahlo).1939, tinta a óleo 1,73 m x 1,73 m. Está localizada em Museu de Arte Moderno de México.

As duas Fridas é um autorretrato realizado por Frida Kahlo em 1939 e é um das suas obras mais conhecidas. Nela, Frida representa as suas identidades, o vestido branco representa um traje tipicamente da moda europeia, com seu estilo vitoriano, já o vestido a direita representa um estilo mexicano de vestimentas. Frida tenta principalmente nesse quadro representar através das cores, dos componentes (Coração, expressões, trajes) e de variados outros aspectos a dualidade em sua personalidade, em sua cultura e a sua autoexpressão para lidar com aquilo, o seu relacionamento perturbado com o seu conjugue Diego Rivera, em seus pensamentos e ainda sim a genialidade por representar isso com vários elementos que se relacionam entre si. A dualidade expressa nesta obra pode ser relacionada com o ideal do procedimento duplo, de Sigmund Freud (1856-1939), o qual ele explica que há uma

divisão dupla do eu, havendo um retorno nessa interação consigo mesmo. Isso pode ser relacionado na obra da Frida de modo que elas sejam a mesma pessoa aparentemente, mas as suas roupas e as suas duas representações apresentam a sua dualidade, sua duplicação. Frida representa um marco para as expressões artísticas, justamente por representar com genialidade a sua realidade e o seu autoconhecimento de maneira atraente e complexa.

Autorretrato (Vincent van Gogh). 1889, tinta a óleo, 65 cm x 54 cm. A pintura está localizada no Musée d'Orsay, em Paris.

Vincent Van Gogh (1853-1890) foi um importante artista do pós impressionismo. Ele viveu no século XIX e teve o ápice de reconhecimento do seu trabalho somente após sua morte, tendo influenciado as seguintes artes e sendo reconhecido até os tempos atuais como um dos maiores artistas conhecidos. Van Gogh teve em sua vida muitos problemas, alguns de cunho psicológico como a depressão, desta forma buscava na arte a forma de se auto expressar ao mundo. Por meio das composições de cores e das representações, ele expressava seus sentimentos de fuga e infelicidade que sua vivenciava em sua vida. O Autorretrato (1889) foi considerada uma das suas últimas obras, já que no ano seguinte

o artista morreria, não se sabe ao certo se ele cometera suicídio ou fora assassinado por garotos do bairro. É totalmente notório a participação de eventos psicológicos nas obras de Van Gogh, de modo que elas representavam os sentimentos dele, e por se dizer um autoconhecimento sobre eles, que permitira ao artista representar a infeliz vida que relata ter tido até em seu leito de morte, ao qual existem suposições de que ele tenha dito ao seu irmão:

“A tristeza durará para sempre.” Vincent Van Gogh, 1890.

Narciso (Caravaggio). 1597-1599, tinta a óleo, 110 cm X 92 cm. Está localizado na Galleria Nazionale d'Arte Antica, em Roma.

A pintura de Narciso, feita por Caravaggio, retrata o mito de Narciso, ele que representa a vaidade e o narcisismo. No mito, Narciso nasce um jovem rapaz muito bonito e atraente, mas ele nunca poderia ver seu rosto pois seria amaldiçoado. Narciso então vê seu reflexo e se apaixona por ele, desprezando o amor da Ninfa Eco, que era apaixonada por ele. Logo, ela lança um feitiço sobre o rapaz, ele teria de ficar vendo seu próprio reflexo até que morresse, e logo após viraria uma flor.

O Narcisismo vivido por Narciso é um conceito elaborado por Sigmund Freud, a psicologia embargada nesta arte reflete o amor exacerbado por si mesmo, principalmente pela sua imagem. Freud descreve o narcisismo como participativo da libido, no qual o prazer não está nas coisas, mas sim no próprio eu. Esta obra de Caravaggio reflete muito na psicologia, tanto por representar o transtorno de personalidade que é a super valoração de si próprio na concepção de Freud, tanto quanto faz relação à teoria Junguiana, por mais que Jung não tenha falado muito em suas obras sobre o narcisismo em específico. Jung prefere utilizar o termo "energia psíquica" quando profere instintos humanos de importância, e não apenas voltada a sexualidade, como a libido sugere. Na obra de Jung, Tipos Psicológicos (1921), o termo narcisismo é utilizado para definir a imagem da alma (imagem anímica, ele sugere que quando se projeta esta imagem em um objeto, cria-se um vínculo afetivo a este. Caso não ocorra passagem, a energia psíquica regride e se adapta ao próprio individuo, o próprio eu, seria este o narcisismo ao qual Jung crê na existência, não só voltado a libido, mas a um conjunto de condições essenciais humanas. A obra de Narciso reflete nessa questão psicológica quando relaciona um fator humano, a beleza e a paixão estarem em união, havendo uma super valoração do eu por parte do indivíduo, por se dizer um narcisismo.

Sem título. (Estevão Parreiras). 2020, mista sobre papel, 150 X 125 cm.

A obra de Estevão Parreiras, Sem Título (2020) expressa os sentimentos do artista, ao qual na tentativa de representar as suas variadas existências de si representa também a luta ou a harmonia entre elas. A obra deste autor, exposta no 25° Salão Anapolino de Arte (Anápolis-GO), reflete existência das variadas personalidades ou, até mesmo em uma suposição corroborada à teoria Freudiana, um relacionamento entre o Id, ego e superego. O Id se refere, de maneira resumida, a impulsividade e os valores que norteamos com o ego, que racionaliza o Id e faz-se uma noção de acessibilidade de acordo com o superego, que irá executar de acordo com a moralidade. No campo da literatura se tem Paulo Leminski (1944-1989) com o poema Contranarciso, que permite uma reflexão sobre si mesmo e a convivência social:

Contranarciso. em mim eu vejo o outro e outro enfim dezenas trens passando vagões cheios de gente centenas o outro que há em mim é você você e você assim como eu estou em você eu estou nele em nós e só quando estamos em nós

estamos em paz mesmo que estejamos a sós

Esta escrita permite ao leitor uma contraposição ao mito de Narciso (Que significa a super valoração do eu próprio) de forma que necessitamos da convivência em sociedade, mesmo não nos atribuamos todo valor. Se relaciona, portanto, com a teoria Freudiana quando se põe em título uma contrapartida ao conceito, da mesma forma que sua escrita não permite evidenciar um narcisismo por parte do eu-lírico, uma visão de preenchimento individualista. Com todas estas obras apresentadas e relacionadas com pensamentos da psicologia é possível notar uma relação entre ambas, o comportamento do sujeito e as suas expressões, tais quais sejam artísticas, dependem das suas características psíquicas e da forma de se autoexpressar que cada um possui. Se compreende, portanto, a relação entre autoconhecimento (Notoriedade sobre suas próprias expressões e desejos, repressões ou infelicidades) e autorrepresentação disso, aos quais não só artistas utilizam, mas qualquer individuo enquanto existente possui tal possibilidade.

REFERÊNCIAS: 11.1

Disponível em: https://knoow.net/ciencsociaishuman/psicologia/autoconhecimento/ (Acesso em 12 de dezembro de 2020). Disponível em: https://www.sbcoaching.com.br/blog/autoconhecimento/ (Acesso em 12 de dezembro de 2020). Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/psicologia/autoconhecimento.htm (Acesso em 12 de dezembro de 2020). Disponível em: https://arteref.com/movimentos/5-artistas-brasileiros-da-arte-concretaque-voce-precisa-conhecer/ (Acesso em 15 de dezembro de 2020). Disponível em: https://siteantigo.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/psicologia/encontro-dapsicologia-com-a-arte/10641 (Acesso em 15 de dezembro de 2020). Disponível em: https://www.saiacomarte.com/obra/autorretrato-2/ (Acesso em 15 de dezembro de 2020). Disponível em:https://www.culturagenial.com/frida-kahlo/ (Acesso em 17 de dezembro de 2020). Disponível em:https://www.culturagenial.com/quadro-as-duas-fridas-fridakahlo/(Acesso em 17 de dezembro de 2020). Disponível em: https://www.todamateria.com.br/van-gogh/ (Acesso em 18 de dezembro de 2020). Disponível em: https://www.historiadasartes.com/sala-dos-professores/narcisocaravaggio/ (Acesso em 19 de dezembro de 2020). Disponível em: https://www.todamateria.com.br/o-mito-de-narciso/ (Acesso em 19 de dezembro de 2020). Disponível em: https://www.culturagenial.com/leminski-melhores-poemas/ (Acesso em 20 de dezembro de 2020). Disponível em: http://www.elsonfroes.com.br/kamiquase/ensaio44.htm (Acesso em 20 de dezembro de 2020). IMBROISI, Margaret; MARTINS, Simone. Narciso, Caravaggio. História das Artes, 2020. Disponível em: . Acesso em 19 Dec 2020.

PIMENTA, Tamires Fernandes. ENTRE AS PALAVRAS, O CORPO E AS IMAGENS: OS BIOGRAFEMAS INSÓLITOS NO ENLACE DA OBRA E VIDA DE FRIDA KAHLO. Uberlândia- Fevereiro-2020; Universidade Federal De Uberlândia, Instituto de Letras e Linguística; Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários. 224 páginas.

RUBINI, Rosana. Feridas psíquicas, Jung e o narcisismo.2020. Psicóloga e mestre em psicologia (PUC-SP). Membro analista da SBPA/IAAP.; Revista da Sociedade Brasileira de Psicologia Analítica, v.38-1, p.41-56. MAIA, Denise. Auto-Retrato: A pintura como expressão da alma. Disponível em: http://www.denisemaia.com.br/arqs/outros/AutorretratoAPintura2.pdf (Acesso em 15 de dezembro de 2020).

PROJETO DE ARTES VISUAIS CROQUI Nº __01______ TÍTULO DA OBRA: O que o espelho nos diz.

Técnica: Fotoperfomance Suporte: Câmera de celular e tripé Dimensões (altura x largura x profundidade): 4032 X 1960 em câmera de celular. Materiais utilizados: Câmera do celular e aplicativos de edição.

PROJETO DE ARTES VISUAIS CROQUI Nº __02______ TÍTULO DA OBRA: Além do autoconhecimento.

Técnica: Pintura Suporte: Tela para pintura. Dimensões (altura x largura x profundidade): 20 X 30 cm 020 Materiais utilizados: Tinta aquarela, tela para quadro.

PROJETO DE ARTES VISUAIS CROQUI Nº __03______ TÍTULO DA OBRA: Eu me conheço.

15.1

Técnica: Desenho digital Suporte:Computador. Dimensões (altura x largura x profundidade): Resolução de folha A4. 020 Materiais utilizados: Paint 3D, PicsArt e Fotor (Aplicativos de edição).

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Índice de comentários

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11.1

Referências incompletas. Citar autor, título do texto e depois o site.

15.1

É um menino?
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