14 - 2 Tessalonicenses

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A Segunda Epístola de Paulo aos

TESSALONICENSES

A Segunda Epístola de Paulo aos

TESSALONICENSES Introdução 1. Título - Nos manuscritos gregos mais antigos existentes, o título desta epístola é: Pros Thessalonikeis B (“A [os] Tessalonicenses II”). O alongamento do título é resultado de elaboração posterior. 2. Autoria - Até recentemente, a autoria paulina da epístola não havia sido questio­ nada seriamente. O caráter de Paulo é refletido em toda a epístola. A afetuosa preocupa­ ção do autor com seus conversos (2Ts 2:13-17), o elogio das virtudes deles (2Ts 1:3-5; 3:4), o extremo cuidado ao apontar as debilidades e ainda a natureza forte e cheia de autori­ dade das ordens (2Ts 3:6, 12) evidenciam a autoria paulina. Não foi até a primeira parte do século 19 que se ergueu uma séria questão sobre a autoria paulina da seção acerca do "homem do pecado”. Discutiu-se que não havia natureza apocalítica nas outras epístolas de Paulo. No entanto, esse fato não torna irrazoável o ponto de vista mantido por longo tempo de que Paulo escreveu a epístola. Embora em nenhum outro escrito ele trate diretamente do aspecto apocalíptico, o fato de ter tido visões (At 22:17-21; 2Co 12:2-4) torna compreensível que ele tenha escrito uma seção apocalíptica. O tratamento que o autor dá a essa profecia com sincera solicitude de que o povo de Deus não fosse enganado com relação ao tempo da vinda do Senhor, mas estivesse pronto para esse grande evento, é definitivamente paulino. A genuinidade da epístola é sustentada por forte evidência. Além de ser citada nas pri­ meiras listas existentes do cânon do NT, a segunda epístola é indicada ou citada pelos mes­ mos escritores da igreja primitiva, assim como a primeira (ver p. 221). Ademais, parece ter sido conhecida por Policarpo (c. 150 d.C.; Epístola de Policarpo aos Filipenses, 11); e Justino Mártir (c. 150 d.C.; Diálogo com Trifo, 32; 110) menciona o "homem do pecado”, expressão encontrada em 2 Tessalonicenses 2:3 (sobre a data da composição da carta, ver vol. 6, p. 91). 3. Contexto histórico — O tempo e o local da escrita da segunda epístola são os mes­ mos da primeira, devido ao fato de os mesmos três apóstolos serem relacionados (ver ITs 1:1; *§j 2Ts 1:1). Paulo permaneceu em Corinto apenas um ano e meio na segunda viagem missio­ nária (ver At 18:11), e não há evidência de que Silas se juntou a ele mais tarde. A segunda carta deve ter sido escrita poucos meses depois da primeira; consequentemente, o contexto histórico é, em geral, o mesmo (ver p. 221; sobre a data da composição da carta, ver vol. 6, p. 91). Possivelmente, o mensageiro que levou a primeira epístola retornou e trouxe informa­ ção a Paulo de que havia um espírito fanático e frenético de agitação se espalhando entre os membros de Tessalônica, devido ao sentimento de que a vinda do Senhor estava próxima. Essa situação exigia atenção imediata. Qualquer demora seria fatal aos melhores interes­ ses da igreja, pois entre aqueles cristãos humildes estavam medrosos que corriam perigo de serem vítimas dos enganos dos agitadores. 265

COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA 4. Tema - Em vista dos problemas em Tessalônica que motivaram a produção desta carta, um dos seus primeiros objetivos era assegurar aos humildes cristãos daquela igreja a aceitação do Senhor. Paulo insiste que deve agradecer a Deus pelas vitórias conquista­ das. Ele observa o avanço dos tessalonicenses nas virtudes cristãs da fé (2Ts 1:3), do amor fraternal (2Ts 1:3; cf. lTs 4:9, 10) e da firmeza diante da perseguição (2Ts 1:4). Já que a segunda carta não acrescenta nada com respeito ao modo da vinda de Cristo e da ressurreição dos justos mortos, a primeira carta deve ter tido êxito em esclarecer a igreja a respeito dessas questões. Alcançando esse objetivo, no entanto, o apóstolo enfatizou a necessidade do preparo para o grande dia do retorno do Senhor, de se viver diariamente com a vinda de Cristo em mente (lTs 5:1-11; cf. Tt 2:11-13). Essa ênfase na segunda vinda parece ter sido compreendida por muitos como indicando que Paulo esperava o retorno de Cristo quase que imediatamente (ver 2Ts 2:2). Esse não era o sentido, o que ele se apressa em explicar, lembrando seus leitores de que ele os ensinara pessoalmente que a aposta­ sia, seguida pela aparição do anticristo, devia acontecer primeiramente (ver v. 2, 3, 5). Paulo apela diretamente aos preguiçosos indomáveis, os quais alegavam que aquela obra era desnecessária em vista do advento iminente. Ele já fizera uma advertência na primeira epístola (lTs 4:11; 5:14), então, ordena e os admoesta no Senhor (2Ts 3:12). Paulo encoraja a igreja a tomar medidas disciplinares contra eles, com o intuito de reformá-los (v. 14, 15). Assim, o tema da segunda epístola, assim como da primeira, é piedade prática (2Ts 1:11, 12). O medroso deve ser confortado e aceito (2Ts 2:17); os agitadores devem ser silenciados (2Ts 3:12). A igreja deve conhecer a obra enganadora do grande adversário ao ocasionar a apostasia e o reinado do anticristo, e também deve saber sobre a destituição do poder de Satanás (2Ts 2:3-12). Com a gloriosa esperança do triunfo da causa de Deus diante deles, os cristãos tessalonicenses foram encorajados a viver para serem considerados dignos do chamado do Senhor (2Ts 1:11, 12). 5. Esboço. I. O consolo dos crentes perseguidos, 1:1-12. A. Saudação, 1:1, 2. B. Gratidão a Deus pelo crescimento espiritual, 1:3, 4. 1. Destacado progresso na fé e no amor fraternal, 1:3. 262

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2. Perseverante paciência na perseguição, 1:4. C. Perspectiva do juízo e da salvação, 1:5-10. 1. Crentes perseguidos considerados dignos, 1:5. 2. Tribulação recompensada aos perseguidores, 1:6.

3. Descanso da aflição para os justos na vinda do Senhor, 1:7. 4. Os que rejeitaram a misericórdia de Deus serão separados eternamente dEle, 1:8, 9. 5. A glorificação de Cristo em Seus santos, 1:10. D. Oração pelos aflitos, 1:11, 12. II. Instrução e exortação acerca da consumação do mal anticristão, 2:1-17. A. Alerta para não ser induzido ao fanatismo a respeito do tempo da vinda de Cristo, 2:1-12. 1. Não ser enganado de modo algum, 2:1, 2. 2. A apostasia e o reinado do homem do pecado devem ocorrer primeiro, 2:3, 4. 3. Lembrança do ensino oral anterior, 2:5.

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2 TESSALONICENSES 4. A obra misteriosa do adversário, 2:6, 7. 5. A revelação, o destino e a obra do maligno, 2:8-10. 6. A ilusão e a acusação dos que aceitaram o maligno. 2:11, 12. B. Ação de graças, admoestação e oração, 2:13-17. 1. Gratidão a Deus por Sua escolha salvadora pelos tessalonicenses, 2:13, 14. 2. Admoestação para permanecerem firmes e reterem as verdades ensinadas. 2:15. 3. Oração por conforto e estabilidade, 2:16, 17. III. Pedidos finais, admoestações e ordens, 3:1-15. A. Pedidos de oração em favor dos apóstolos, 3:1, 2. B. A confiança e a petição de Paulo a respeito dos tessalonicenses, 3:3-5. C. Ordens e exortações relacionadas aos que andam desordenadamente, 3:6-15. 1. Ordem para se afastar dos que andam desordenadamente, 3:6. 2. O exemplo pessoal dos apóstolos, 3:7-9. 3. Ordem anterior a respeito da indolência, 3:10. 4. Novas injunções, 3:11-13. 5. Conselho acerca dos obstinados, 3:14, 15. IV. Orações finais e saudação, 3:16-18. A. Oração por paz, 3:16. B. Saudação pessoal, 3:17. C. Benção, 3:18.

Capítulo 1 1 Paulo declara aos tessalonicenses o bom conceito que tem acerca da fé, do amor e da paciência deles. 11 Além disso, aponta diversas razões para confortá-los na perseguição, a principal delas, extraída do justo julgamento de Deus. 1 Paulo, Silvano e Timóteo, à igreja dos tes­ salonicenses, em Deus, nosso Pai, e no Senhor Jesus Cristo, 2 graça e paz a vós outros, da parte de Deus ;£► Pai e do Senhor Jesus Cristo. 3 Irmãos, cumpre-nos dar sempre graças a Deus no tocante a vós outros, como é justo, pois a vossa fé cresce sobremaneira, e o vosso mútuo amor de uns para com os outros vai aumentando, 4 a tal ponto que nós mesmos nos gloriamos de vós nas igrejas de Deus, à vista da vossa cons­ tância e fé, em todas as vossas perseguições e nas tribulações que suportais, 5 sinal evidente do reto juízo de Deus, para que sejais considerados dignos do reino de Deus, pelo qual, com efeito, estais sofrendo;

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6 se, de fato, é justo para com Deus que Ele dê em paga tribulação aos que vos atribulam 7 e a vós outros, que sois atribulados, alívio juntamente conosco, quando do céu se manifes­ tar o Senhor Jesus com os anjos do Seu poder. 8 em chama de fogo, tomando vingança con­ tra os que não conhecem a Deus e contra os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus. 9 Estes sofrerão penalidade de eterna des­ truição, banidos da face do Senhor e da glória do Seu poder, 10 quando vier para ser glorificado nos Seus santos e ser admirado em todos os que creram, naquele dia (porquanto foi crido entre vós o nosso testemunho).

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COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

a fim de que o nome de nosso Senhor 11 Por isso, também não cessamos de orar 12 Jesus seja glorificado em vós, e vós, nEle, se­ por vós, para que o nosso Deus vos torne dig­ nos da Sua vocação e cumpra com poder todo gundo a graça do nosso Deus e do Senhor Jesus Cristo. propósito de bondade e obra de fé,

modo, abençoara-lhes tanto que ocorrera abundante crescimento na fé. Amor. Do gr. agape (ver com. de ICo 13:1). Não apenas a fé dos tessalonicenses cresceu; o amor mútuo sobejava, por assim dizer, e também crescia. Eles tinham oportuni­ dade constante de se ajudarem mutuamente, por causa dos perigos e privações que se erguiam nas repetidas perseguições. Esse foi um grande elogio. Contudo, Paulo não quis sugerir que não havia fraqueza na igreja. Pelo contrário, nos dois capítulos seguin­ tes, ele apontou sérios defeitos, mas dese­ java que todos soubessem que confiava nos poderes espirituais deles. 4. Nós mesmos. Isto é, Paulo e seus com­ panheiros, não os tessalonicenses, que não poderiam se orgulhar de sua história pessoal. Gloriamos. Do gr. hauchaomai, “orgu­ lhar-se”, “gloriar-se” (cf. com. de Rm 5:2). Nas igrejas. Paulo não identifica as igre­ jas por nome nem sugere que todos os cris- « tãos conheciam as excelentes qualidades dos tessalonicenses. E possível que esteja se refe­ rindo a grupos locais, como os de Corinto e Bereia. Mais tarde, escrevendo aos coríntios, orgulhou-se das igrejas da Macedonia e encorajou os coríntios a seguirem o exem­ plo dos irmãos macedônios em abrir o cora­ ção ao Espírito de Deus (ver 2Co 8). Constância. Do gr. hupomonê (ver com. de Rm 2:7; 5:3). Fé. Do gr. pi st is (ver com. de Rm 3:3). Para ter valor, a constância deve estar combi­ nada com fé; porque ninguém pode esperar ser bem-sucedido na luta contra os poderes das trevas sem o auxílio divino (Ef 6:11-16). Persistência meramente estoica não é inculcada em nenhuma parte das Escrituras, 268

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1. Paulo, Silvano e Timóteo. Ver com. de lTs 1:1. Em Deus, nosso Pai. Esta frase difere de 1 Tessalonicenses 1:1 apenas no uso da palavra ‘ nosso’’, que enfatiza o relaciona­ mento íntimo e pessoal de Paulo e seus con­ versos com Aquele a quem adoravam. No entanto, podem-se citar evidências textuais (cf. p. xvi) para a omissão de “nosso". 2. Graça a vós. Bênção paulina cos­ tumeira (ver com. de Rm 1:7; cf. lTs 1:1). A fórmula é variada pelo acréscimo de “misericórdia” apenas nas epístolas pasto­ rais. O apóstolo reconhece que os dons espi­ rituais da graça e da paz procedem somente de Deus. Graça é o amor de Deus em ação, fornecendo livremente completa salvação aos pecadores indignos por meio de Jesus Cristo, enquanto a paz, o resultado desta ação, envolve a percepção do perdão dos pecados, o reconhecimento da reconcilia­ ção com Deus. 3. Graças a Deus. Ao ouvir as boas notícias da espiritualidade da igreja situada em Tessalônica (ver p. 266), em vez de sentir que deveria dar crédito a si mesmo, Paulo as considerou como motivo de gratidão a Deus. No tocante a vós outros. Ou, “como é adequado” (ver com. de ICo 16:4). Em vista do pedido anterior a respeito da situação espiritual dos tessalonicenses (lTs 3:12), Paulo sentiu ser justo reconhecer a resposta às orações. A vossa fé cresce sobremaneira. Paulo estivera ansioso acerca de seus conversos e orara com sinceridade por uma oportunidade de visitá-los para fortalecê-los e para edificar o que faltara na fé (ver lTs 3:10). Esse privi­ légio fora-lhe negado. E Deus, a Seu próprio

2 TESSALONICENSES e os sofrimentos, em si mesmos, não devem ser cobiçados. O apóstolo não se gloriava nos sofrimentos dos conversos, mas na fir­ meza e na fé. Perseguições. Ver com. de 2Ts 3:3. Tribulações. Do gr. thlipseis (ver com. de Rm 2:9; 5:3; ver também lTs 3:4). Suportais. Do gr. anechomai, original­ mente, “manter-se ereto”, assim, “sustentar", “suportar”, “persistir”. A palavra deveria ser traduzida como “estão suportando", indicando que os crentes já estavam sendo perseguidos. 5. Sinal evidente. Do gr. endeigma, “evi­ dência", "prova”, “sinal” (cf. com. de Fp 1:28, em que a palavra relacionada, endeixis, é usada). As perseguições e tribulações não eram prova do justo julgamento de Deus, mas a atitude dos crentes diante da aflição. Mesmo sob perseguição, uma fé perseve­ rante e corajosa como resultado da graça de Deus evidencia Seu interesse e cuidado pelos sofredores, provando que o Senhor final mente reverterá a injustiça do mundo (cf. Ec 3:16, 17). Reto juízo de Deus. Pode-se aplicar à interposição de Deus em favor de Seu povo (v. 6) e ao grande julgamento, cuja execução é retratada nos v. 7 a 10 (ver com. de SI 73:3-24; Rm 2:5). A fortaleza dos santos perseguidos é, para os ímpios, um presságio de sua destruição vindoura (cf. com. de Fp 1:28). Considerados dignos. O cristão, por si mesmo, não é digno do reino de Deus, nem os sofrimentos o tornam digno. Não há nada que possa fazer para merecer o reino de Deus (cf. com. de Ef 2:8), no entanto, ele é consi­ derado digno pela graça perdoadora de Deus (cf. com. de Rm 6:23). Do reino de Deus. A expressão, como utilizada neste versículo, é geralmente con­ siderada sinônimo de “Céu” (cf. com. de Mt 4:17). Estais sofrendo. Ou, "também estais sofrendo”. Paulo compreende que os após­ tolos não são os únicos que sofrem e que os 269

tessalonicenses naquele tempo enfrentavam perseguição por amor ao reino. 6. E justo. Isto é, justo do ponto de vista de Deus, que não vê como o ser humano e é capaz de tomar decisões completamente jus­ tas, já que conhece todos os fatos e discerne os motivos no coração. Dê em paga. Do gr. antapodidõmi, lite­ ral mente, “dar de volta em retorno”, portanto, “tornar a pagar”, “retribuir”. Os princípios de justiça exigem que os homens sejam recompensados segundo suas obras. Os que desprezam a expiação do Salvador estão des­ protegidos e se expõem à justa retribuição (ver com. de Rm 2:6; G1 6:7; Ap 22:12). Tribulação. Do gr. thlibõ, “apertar forte”, “afligir”, o verbo que corresponde ao subs­ tantivo thlipsis, “aflição", “tribulação” (ver com. do v. 4). Aqueles que afligem os tessa­ lonicenses não são identificados aqui, mas, a partir da narrativa em Atos 17:5 a 9, é evi­ dente que os judeus foram os instigadores da perseguição. 7. Alívio. Do gr. attests, "afrouxamento”, “relaxamento”, portanto, “descanso”. Paulo contrasta as recompensas dos perseguidores e dos perseguidos. Os perseguidores recebe­ rão a tribulação que infligiram aos outros, ao passo que os perseguidos ganharão o que ansiaram, ou seja, “descanso”. O valor desse “descanso” é expandido pela informação que será apreciada em companhia dos apósto­ los. Os conversos e os evangelistas triunfarão juntos. Que incentivo à constância isso deve ter sido aos perseguidos tessalonicenses! Do céu Se manifestar. A frase pode ser traduzida literalmente: “Na revelação do Senhor Jesus”. A palavra utilizada para “reve­ lação” (apokalupsis) significa “uma inaugu­ ração”, “descobrir” ou "revelar” (ver com. de ICo 1:7; Ap 1:1). Paulo relaciona a segunda vinda do Senhor em glória com o descanso dos crentes. Naquele dia, a recompensa será dada aos vivos, justos e ímpios (ver Notas Adicionais a Apocalipse 20, Nota 2).

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COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

Com os anjos do Seu poder. Ver com. de Mt 25:31; Jd 14. 8. Em chama de fogo. Esta frase deve­ ria estar unida ao v. 7, como descrição adi­ cional da vinda de Cristo. O contexto e o ensino geral da Escritura parecem apoiá-la. No grande dia do advento, o Senhor será reve­ lado em Sua glória, com a glória do Pai e dos santos anjos (ver Lc 9:26). Essa glória aparece aos olhos mortais como fogo. Dessa forma, Moisés descreveu a glória de Deus (Ex 3:2), como também Ezequiel (Ez 1:27), Daniel (Dn 7:9, 10) e João, o revelador (Ap 1:14, 15). Vingança. Do gr. ekdikõsis (ver com. de Rm 12:19). A frase pode ser traduzida como “infligir castigo”. Não conhecem a Deus. Paulo consi­ dera os que o Senhor castiga como per­ tencentes a duas classes: aqueles que não conhecem a Deus, e aqueles que não obedecem ao evangelho. Alguns interpre­ tam essas classes como sendo os gentios e os judeus, respectivamente (cf. Jr 10:25; Rm 10:16), no entanto, parece melhor pen­ sar neles como duas classes de pessoas em geral. O primeiro grupo é daqueles que tiveram oportunidade de conhecer a Deus, mas recusaram o privilégio (ver SI 19:1-3; Rm 1:18-21). O segundo grupo é daqueles que conheceram a mensagem do evangelho, mas recusaram obedecer-lhe. Os motivos para se rejeitar o evangelho são demonstra­ dos pelo próprio Senhor como sendo o amor deles pelo pecado (ver Jo 3:17-20). 9. Eterna destruição. Do gr. olethros aiõnios (sobre olethros, ver com. de lTs 5:3; sobre aiõnios, ver com. de Mt 25:41). A jus­ taposição de duas palavras descreve exata­ mente o destino final daqueles que rejeitaram as misericórdias do Senhor. Todos serão des­ truídos ao final, não temporariamente, com uma ressurreição posterior, mas com uma destruição da qual não haverá despertar. As palavras de Paulo excluem qualquer ideia de tormento eterno (ver com. de Mt 3:12; 5:22).

Da face do Senhor. A frase transmite o pensamento de separação do Senhor. O auge da felicidade dos justos é habitar na pre­ sença do Senhor (Mt 5:8; Ap 22:4), assim, no outro extremo da escala, a pior parte do castigo dos ímpios será a exclusão da pre­ sença divina. Na Terra, os ímpios rejeitaram as oportunidades para conhecer o Senhor (cf. com. de 2Ts 1:8), mas, no final, quando for tarde demais, perceberão o valor dos pri­ vilégios que rejeitaram. Deve-se notar que Paulo não diferen­ cia as vindas de Cristo antes e depois do milênio, mas abrange as duas num grande evento. A morte dos ímpios no início do milênio é seguida, mil anos depois, pela res­ surreição, quando serão lançados no lago de fogo e destruídos (ver Ml 4:1-3; ver com. de Ap 20:5, 15). Já que Paulo fala de “des­ truição eterna”, não é correto mencionar esta passagem como evidência de que os ímpios serão destruídos na segunda vinda de Cristo (ver com. de Ap 20:3). Glória do Seu poder. Ou, “glória da Sua força", isto é, a glória que emana da força de Cristo (ver com. de Jo 1:14), manifestada na salvação dos santos e na destruição dos ímpios. 10. Quando vier. O apóstolo identifica novamente o evento ao redor do qual seus pensamentos se baseiam, especificamente, a vinda do Senhor em glória (cf. v. 7). Glorificado nos Seus santos. A su­ prema vindicação dos caminhos de Cristo ocorrerá quando toda a família de Seus san­ tos for reunida. Então, o universo verá o valor de Seu sacrifício e o sucesso da direção que Ele seguiu. Dessa forma, o Salvador será glo­ rificado (cf. Gl 1:24; lTs 2:20; 2Ts 1:4). Como o artista é glorificado em sua obra-prima, assim Cristo será glorificado diante da mul­ tidão celestial pela obra de Suas mãos: os mi­ lagres de Sua graça (ver Mt 13:43; TM, 18, 49, 50). Por toda a eternidade, o Salvador receberá glória à medida que Seus santos

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2 TESSALONICENSES ► tornarem mais plenamente conhecida a sabedoria de Deus em Seu maravilhoso plano de salvação, o qual “estabeleceu em Cristo Jesus, nosso Senhor" (Ef 3:10, 11). Admirado. Do gr. thaumazõ, “admirar", “maravilhar de”, "assombrar”; num sentido secundário, “admirar”. Os dois sentidos se encontram no texto. Os santos têm aguar­ dado o Libertador, alegremente esperado por Sua vinda, mas a concretização de suas expectativas supera as esperanças mais oti­ mistas. Eles nunca pensaram que o Senhor seria tão glorioso. Quando a beleza de Sua presença irromper sobre eles, ao fascínio será acrescentada uma admiração reverente (ver Is 25:9). Em todos. Ou, "por todos”. Que creram. Literalmente, "que cre­ ram" ou "que solidificaram a fé”. Aqueles que solidificaram a fé antes da vinda de Cristo é que estarão salvos "naquele dia". Aqueles que aceitaram o Senhor pela fé e persistirem até o fim é que serão salvos quando Jesus voltar (Mt 24:13). Paulo tem em mente os conversos tessalonicenses e o ato inicial de crença no evangelho, como deixado claro na expressão parentética “porquanto foi crido entre vós o nosso testemunho". Foram trans­ formados ao aceitarem a mensagem de salva­ ção e obtiveram a certeza de que, se fossem fiéis, também estariam entre os santos. No entanto, a frase “todos os que creram” tam­ bém se aplica a todos os crentes fiéis. Naquele dia. Ver com. de At 2:20; cf. com. de Fp 1:6). Nosso testemunho. Os apóstolos teste­ munharam as grandes verdades do evangelho (At 1:8; 2:32; 8:25; IJo 1:1,2). Eles não prega­ ram discussões abstratas, teorias tendencio­ sas ou "fábulas engenhosamente inventadas” (2Pe 1:16). A pregação deles era originada em testemunho ocular. Conheciam essas verda­ des por experiência e encorajavam a aceita­ ção do estilo de vida que praticavam. Esse tipo de pregação sempre é poderoso.

11. Não cessamos de orar. Ver ITs 1:2; 2Ts 1:3; ver com. de Fp 1:4. Para que Deus vos torne dignos. Ver com. do v. 5, no qual Paulo incentiva a resistência ante a perseguição como algo que recomenda os tessalonicenses a Deus. Sua vocação. Melhor, “a vocação” (ver com. de Rm 8:28, 30; 2Tm 1:9). A vocação é para uma vida santa, para sair do mundo e ser separado (2Co 6:17, 18) para ser cidadão do reino celestial (Fp 3:20). Devemos per­ guntar: “Minha vida está em conformidade com o propósito divino? O Juiz me conside­ rará digno?” Com poder. Ou, "em poder". Propósito de bondade. Do gr. eudokia agathosunês. Eudokia quer dizer “boa von­ tade”, "querer”, “desejar”. Agathõsunê, pala­ vra utilizada apenas por escritores bíblicos e eclesiásticos, denota integridade de coração e de vida. No entanto, a referência não é à bondade de Deus, mas a cada "bom desejo” por parte do povo de Deus. Paulo orava para que Deus "cumprisse”, isto é, enchesse ple­ namente ou motivasse toda aspiração por bondade sentida pelos conversos. E Deus que, por meio de Seu Espírito, coloca em nós o desejo de realizar Seu "propósito” (eudokia) e pelo mesmo Espírito nos capacita para realizar esse desejo (ver Fp 2:13; ITs 5:24). A bondade moral é um dos frutos do Espírito (G1 5:22). Obra de fé. A passagem pode ser tra­ duzida como: “Toda boa decisão e toda boa obra inspirada pela fé." O tipo de fé que Paulo deseja ver na vida do povo de Deus não é mera crença teórica, mas um princípio ativo, operante (cf. Tg 2:17). Ele reconhece que essa fé viva e energizante é inspirada por Deus e Seu Espírito (ver ITs 1:3, 5). Assim, implo­ rou sinceramente que Deus capacitasse Seu povo a superar obstáculos humanos e a aper­ feiçoar neles a “obra de fé” (cf. Rm 4:20, 21). 12. A fim de que o nome. O propósito final da oração de Paulo era que a vida dos

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1:12

COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

tessalonicenses glorilicasse o nome de Jesus (sobre o significado do “nome”, ver com. de At 3:6; Fp 2:9). Glorificado. Exaltamos o nome de Cristo quando revelamos o poder salvífico de Sua graça em nossa vida. Esta glorifica­ ção é mútua: para que O glorifiquemos Ele nos concede Sua glória para aperfeiçoar em nós o Seu caráter (ver Jo 17:10, 22). Graça. Novamente Paulo reconhece que o crente não pode fazer o bem de si

mesmo (cf. com. de Jo 15:5; Rm 7:18) e que a bondade pode ocorrer apenas por meio da operação da graça divina na vida cristã. Do nosso Deus e do Senhor. O gre­ go permite a tradução: "Do nosso Deus e Senhor, Jesus Cristo" (ver com. de Rm 9:5). No entanto, em 1 Tessalonicenses 2:2 Paulo menciona “nosso Deus” sem se referir a Cristo; assim é possível que neste versículo ele também esteja se referindo ao Pai e ao Filho.

COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE 4-AA, 264 7, 8 - PP, 339 7-9 - AA, 264

7-10 - LS, 51; TI, 41 8 - GC, 424; T5, 15 9-T2, 396

10-T9, 285 11 - Ed, 134; MDC, 110 11, 12 -AA, 265

Capítulo 2 I Paulo deseja que os tessalonicenses continuem firmes na verdade recebida, 3 afirma que haveria um desvio da fé e 9 a manifestação do anticristo antes do dia do Senhor. 15 Portanto, repete a exortação anterior e ora por eles. 1 Irmãos, no que diz respeito à vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e à nossa reunião com Ele,

7 Com efeito, o mistério da iniquidade já opera e aguarda somente que seja afastado aque­

nós vos exortamos 2 a que não vos demovais da vossa mente, com

le que agora o detém; 8 então, será, de fato, revelado o iníquo, a quem o Senhor Jesus matará com o sopro de Sua boca e o destruirá pela manifestação de Sua vinda. 9 Ora, o aparecimento do iníquo é segundo

facilidade, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como se procedesse de nós, supondo tenha chegado o Dia do Senhor. 3 Ninguém, de nenhum modo, vos engane, porque isto não acontecerá sem que primeiro venha a apostasia e seja revelado o homem da iniquidade, o filho da perdição, 4 o qual se opõe e se levanta contra tudo que se chama Deus ou é objeto de culto, a ponto de assentar-se no santuário de Deus, ostentando-se como se fosse o próprio Deus. 5 Não vos recordais de que, ainda convosco, eu costumava dizer-vos estas coisas? 6 E, agora, sabeis o que o detém, para que ele seja revelado somente em ocasião própria.

a eficácia de Satanás, com todo poder, e sinais, e prodígios da mentira, 10 e com todo engano de injustiça aos que perecem, porque não acolheram o amor da ver­ dade para serem salvos. 11 E por este motivo, pois, que Deus lhes manda a operação do erro, para darem crédito à mentira, 12 a fim de serem julgados todos quantos não deram crédito à verdade; antes, pelo contrário, deleitaram-se com a injustiça. 13 Entretanto devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados pelo Senhor,

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2 TESSALONICENSES porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade, 14 para o que também vos chamou median­ te o nosso evangelho, para alcançardes a glória de nosso Senhor Jesus Cristo.

2:3

1. No que diz respeito. Melhor, “a res­ peito” ou “em favor da vinda”. Vinda. Do gr. parousia (ver com. de Mt 24:3). O raciocínio de Paulo nos v. 1 a 12 está baseado no tema do retorno de Cristo. Nossa reunião. Um dos mais impor­ tantes propósitos do retorno de Cristo é reunir Seus eleitos (ver com. de Mt 24:31; Jo 14:3) para estarem "para sempre com o Senhor” (lTs 4:17). Paulo evoca a perspec­ tiva desse evento para dirigir os pensamen­ tos a esse tema, e expondo sua solenidade. Nós vos exortamos. Parece que ideias errôneas a respeito do ensino de Paulo sobre a proximidade da vinda de Cristo estavam circulando na igreja em Tessalônica. Para corrigir esses conceitos errôneos, Paulo escreveu a segunda epístola. Ele maneja a questão com muito tato, tratando os leito­ res não como inferiores, mas como irmãos e pede-lhes que considerem a instrução que está prestes a dar. Paulo deseja encorajar e não desencorajar os medrosos. 2. Demovais da vossa mente. Os tessalonicenses não deveriam ser conduzidos da convicção estabelecida e “agitados por todo vento de doutrina” (Ef 4:14). Os cris­ tãos devem estar firmes intelectualmente. Perturbeis. Do gr. throeõ, “gritar bem alto”, “assustar”, por isso, “perturbar”. Neste versículo, a palavra se refere ao estado de agi­ tação ou excitação nervosa. O pensamento de que a vinda do Senhor era iminente estava mantendo os tessalonicenses em estado de alarme contínuo.

Espírito. Aqui, significando o espírito de profecia (cf. com. de ICo 7:40; 12:10). Palavra. Isto é, ensino oral. Epístola. Isto é, comunicação escrita. Como se procedesse de nós. Esta frase pode ser compreendida como se apli­ cando aos três tipos de comunicação, em qualquer caso, todas supostamente vieram de Paulo. Muitos intérpretes consideram que Paulo se refere aqui a alguma comuni­ cação forjada em seu nome. E possível que Paulo elaborava os escritos mentalmente e, por precaução, assinasse a epístola de pró­ prio punho (ver com. de 3:17). Outros creem que, se este fosse o caso, ele teria lidado mais vigorosamente com a questão. Sugerem ser mais provável que alguma declaração corrente de Paulo no ensino, no discurso formal ou na escrita da primeira epístola estava sendo mal interpretada (ver com. de lTs 4:15, 17; 2Ts 2:1; cf. AA, 264). Tenha chegado. Do gr. enistêmi, “estar próximo”, “estar iminente”. A pala­ vra enestõs é traduzida como “presente” em Gálatas 1:4 (ARC). Como Jesus em Seus ensinos, Paulo enfatiza na primeira epísto­ la que os cristãos deveriam viver em esta­ do de prontidão para o retorno do Senhor (Mt24:42,44, lTs 1:10; 5:23). Deveriam vigiar e estar prontos, mas nunca estar tão imbuí­ dos com o senso da iminência do segundo advento a ponto de viver num insensato es­ tado de agitação. O dia do Senhor. Ver com. de At 2:20. 3. Ninguém. O apóstolo reconhece que o perigo de engano é real e grave (cf. Mt 24:4).

273

268

15 Assim, pois, irmãos, permanecei firmes

e guardai as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa. 16 Ora, nosso Senhor Jesus Cristo mesmo e Deus o nosso Pai, que nos amou e nos deu eterna consolação e boa esperança, pela graça, 17 consolem o vosso coração e vos confir­ mem em toda boa obra e boa palavra. ◄

269

2:3

COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

Os métodos de engano são muitos, e Paulo não tenta limitá-los aos três mencionados em 2 Tessalonicenses 2:2, mas leva em conta “qualquer meio”. O inimigo da igreja usará sinais e milagres aparentes para levar os ingê­ nuos a aceitar o grande engano ou a mentira (v. 9-11). Por isso, o povo de Deus deve se acautelar para não se desviar da fé, a qual deve se apoiar nas claras declarações da Palavra de Deus. Porque isto não acontecerá. Estas palavras são aplicadas de modo válido para completar o pensamento. O que não aconte­ cerá até a revelação do anticristo é a reunião de Cristo e Seu povo, assunto que perturbava os tessalonicenses (v. 1). A apostasia. Do gr. heapostasia, “remo­ ver o apoio”. A palavra apostasia ocorre no NT apenas aqui e em Atos 21:21. O artigo (he) indica que é mencionada uma apostasia definida e que esta apostasia é bem conhe­ cida dos leitores. O próprio Paulo instruiu oralmente aos tessalonicenses a respeito da apostasia vindoura. Ao se dirigir aos anciãos da igreja em Éfeso, alguns anos mais tarde, ► predisse que a apostasia se deveria a homens de dentro da igreja que se levantariam para arrastar os discípulos atrás deles" (At 20:30). Ele alertou Timóteo sobre perigos simila­ res, acrescentando que viria um tempo quando os homens se voltariam para fábulas, fechando os ouvidos à verdade (1 Tm 4:1-3; 2Tm 4:3, 4). Pedro e Judas criticam severa­ mente aqueles que abandonaram o caminho certo (2Pe 2:1, 12-22;Jd4, 10-13). E João tes­ tifica que, na época em que escreveu, mui­ tos anticristos haviam surgido (ljo 2:18). O próprio Senhor encorajou Seus seguidores a se acautelar dos falsos profetas (Mt 7:15; 24:24) e predisse que muitos seriam enga­ nados (Mt 24:10). A forma da apostasia não é especificamente definida por Paulo nesta conjuntura, mas pode ser inferida das Escrituras mencionadas acima. No entanto, está claro: (1) A apostasia é uma questão

religiosa, uma rebelião espiritual, não tendo ligação superior com a política. (2) A aposta­ sia ainda estava no futuro na época da escrita de Paulo. (3) A apostasia não apenas prece­ deria o segundo advento (2Ts 2:2), mas ser­ viria como sinal da proximidade do retorno de Cristo; portanto, a vinda do Senhor não deveria ser esperada sem a prévia apostasia. A profecia a respeito da apostasia foi cum­ prida parcialmente nos dias de Paulo, e muito mais durante a Idade Média, mas o cum­ primento pleno ocorrerá nos dias imediata­ mente anteriores ao retorno de Jesus (cf. Nota Adicional a Romanos 13; ver vol. 6, p. 50-53). Revelado. Do gr. apokahiptõ, “desco­ brir”, “revelar”, "divulgar”, “tornar conhe­ cido” (cf. com. de Ap 1:1). O mesmo verbo é repetido em 2 Tessalonicenses 2:6 e 8, usado em outras partes do NT em referên­ cia a revelações sobrenaturais (cf. Mt 16:17; Lc 10:22; etc.) e principalmente em relação ao aparecimento de Cristo (cf. Lc 17:30; a forma substantiva, apokalupsis, “revela­ ção”, ocorre em ICo 1:7; 2Ts 1:7; IPe 1:7, 13; 4:13). Isso sugere que a revelação do "homem da iniquidade" envolveria elemen­ tos sobrenaturais e que sua operação seria de caráter religioso. O "homem da iniqui­ dade" seria “revelado”, o que indica que estaria oculto até determinado momento quando seria manifestado ao mundo, do qual até aquele momento estava oculto; ou abandonaria o disfarce e apareceria como realmente era; ou o disfarce seria rasgado e sua verdadeira natureza seria conhecida por todos os habitantes da terra. O homem da iniquidade. Isto é, o homem cuja característica distintiva é o pecado. Evidências textuais podem ser cita­ das (cf. p. xvi) para a variante “o homem da anarquia” (cf. com. do v. 8, em quem “o iníquo” é, literalmente, “o sem lei"). A pre­ sença do artigo definido indica que Paulo se refere a um inimigo sobre o qual já tinha falado aos tessalonicenses e que esperava 274

270

2 TESSALONICENSES que soubessem sobre quem estava escre­ vendo. Paulo emprega a palavra grega para “homem” (anthrõpos) indicando adicional­ mente uma pessoa ou poder definido (sobre a identidade daquela pessoa ou poder, ver com. do v. 4). O filho da perdição. Ou, “filho da destruição”, isto é, um filho destinado à destruição. Este é outro título ou descri­ ção do “homem da iniquidade”. Há apenas outra passagem das Escrituras em que este título é usado. E aplicado pelo Salvador a Judas (ver com. de Jo 17:12), um apóstolo, uma vez companheiro e igual aos outros discípulos, mas alguém que permitiu que Satanás entrasse em seu coração (Jo 13:2, 27) para trair o Senhor (Mt 26:47-50). 4. O qual [...] se levanta. Do gr. huperairomai, "erguer-se acima”, “elevar-se sobre” algo. Opõe. Do gr. antikeimai, “ser hostil a”, “resistir”, "opor”. Tudo que se chama Deus. Isto inclui todas as formas de divindade, tanto as ver­ dadeiras como as falsas, e não deve se limi­ tar ao Deus dos cristãos. E objeto de culto. Do gr. sebasma, “um objeto de culto”, “tudo o que seja honrado religiosamente”. As palavras de Paulo des­ crevem um poder arrogante que se opõe a todos os concorrentes no campo da religião e não permite rival para receber a adoração que reivindica para si. A ponto de. Estas palavras servem para indicar o propósito das ações do poder arrogante. Como [...] Deus. Evidências textuais importantes podem ser citadas (cf. p. xvi) para a omissão destas palavras. Tal omis­ são não afeta seriamente o sentido da passa► gem relacionada, já que o pensamento está implícito nas palavras seguintes. O poder dominador assume prerrogativas divinas com relação ao verdadeiro Deus e não ape­ nas para com as divindades pagãs. 275

2:4

No. Literalmente, “para dentro”, indi­ cando tanto a entrada deste poder no san­ tuário de Deus como o assentar-se ali. Santuário. Do gr. naos, o santuário interno, ou santuário, em contraste com hieron, que designa todo o complexo do templo. Alguns, com base em determina­ das passagens (ICo 3:16; 2Co 6:16; Ef 2:21), creem que "santuário” aqui se refere à igreja; outros, por sua vez, acreditam que Paulo usa o termo “santuário" de modo figurado, para representar um centro de adoração religiosa. Num lugar dedicado à adoração do verda­ deiro Deus, o maligno se assenta solicitando adoração para si. Ostentando-se. Do gr. ayodeiknumi, "apontar”, “exibir", “declarar”. Tomar assento no santuário interno do templo revela que ele reivindica sentar “como Deus”, que, na ver­ dade, “ele é Deus”. A blasfêmia não pode­ ria ser maior. Para estudantes informados da Bíblia, as marcas de identidade enumeradas nos v. 3 e 4 são familiares, já que são encontra­ das em outras partes da Palavra Inspirada. Uma comparação com a profecia de Daniel do poder blasfemo que sucedeu a Roma pagã (ver com. de Dn 7:8, 19-26) e com a descri­ ção de João sobre a besta semelhante a um leopardo (ver com. de Ap 13:1-18) revela mui­ tas similaridades entre os três relatos. Isso leva à conclusão de que Daniel, Paulo e João falam do mesmo poder, a saber, o papado (GC, 49-54, 356). Muitos comentaristas apli­ cam o termo anticristo, “alguém que se opõe a Cristo" (cf. com. de ljo 2:18), ao poder aqui descrito (sobre as várias marcas de identi­ dade, ver com. das passagens mencionadas acima, em Daniel e em Apocalipse). Num sentido mais amplo, o poder aqui descrito pode ser identificado com Satanás, que há muito tem lutado para ser "como o Altíssimo” (ver com. de Is 14:14). “Satanás está trabalhando ao máximo para se apre­ sentar como Deus e para destruir todos que

2:5

COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

se opõem ao seu poder. E hoje o mundo está se inclinando diante dele. Seu poder é recebido como o poder de Deus” (T6, 14). "A determinação do anticristo para realizar a rebelião que iniciou no Céu continuará a tra­ balhar nos filhos da desobediência” (T9,230). ‘‘Nessa época aparecerá o anticristo, como o Cristo verdadeiro, e então a lei de Deus será anulada completamente. [...] Mas o verda­ deiro líder de toda essa rebelião é Satanás, disfarçado em anjo de luz. Os homens serão iludidos e o exaltarão ao lugar de Deus, deificando-o” (TM, 62). ‘‘O último grande engano deve logo patentear-se diante de nós. O anti­ cristo vai operar suas obras maravilhosas à nossa vista” (GC, 593). 5. Não vos recordais [...]? Nas duas epístolas aos tessalonicenses o apóstolo com frequência apela à instrução oral ante-

rior (cf. lTs 2:1, 9, 11, 13; 3:4; 4:1; 5:1, 2: 2Ts 2:15; 3:10). Eu costumava dizer-vos. E imprová­ vel que um professor tão meticuloso como Paulo falharia em instruir seus conversos sobre um assunto tão importante. Paulo lem­ bra seus leitores sobre os ensinos, demons­ trando que seu ponto de vista com relação à vinda de Cristo não sofreu alteração e que antes ele não esperava o imediato apareci­ mento do Senhor. Ao mesmo tempo, suas palavras escritas são cuidadosamente estru­ turadas, possivelmente para evitar complica­ ções políticas, caso a carta caísse nas mãos dos oponentes. 6. E, agora, sabeis. Paulo novamente lembra os leitores de um assunto em que estavam parcialmente informados. Os lei­ tores futuros teriam a desvantagem de não conhecer todo o conteúdo da instrução oral. Detém. Do gr. katechõ, “deter”, “retrair”, "refrear”. A expressão é, literalmente, “a coisa reprimida” ou “a coisa detida”, de gênero neutro no grego. No v. 7, Paulo utiliza uma expressão similar, mas emprega o gênero masculino, “o detém” ou “que o detém".

Os comentaristas reconhecem grandes dificuldades nos v. 6 a 12 e as atribuem ao fato de Paulo se dirigir aos tessalonicenses, referindo-se a um contexto de informações previamente transmitidas, o qual não possuí­ mos. Assim, qualquer explicação desta pas­ sagem complexa, contém um elemento de conjectura e deve ser cuidadosamente ava­ liada no contexto da mensagem de Paulo aos tessalonicenses. Alguns defendem que o poder restri­ tivo seria o império romano. Perseguidores pagãos de certa forma dificultavam a ado­ ção de costumes e crenças pagãs por parte da igreja, refreando o surgimento do papado (GC, 49). Paulo, possivelmente, não identifi­ cou neste versículo o poder restritivo porque estava lidando com uma questão delicada em que não se atrevia a ser mais explícito, por temer causar maior perseguição sobre os con­ versos, caso a carta caísse em mãos inimigas. Outros veem uma ampla aplicação da expressão. Eles creem que a forma masculina “que o detém" (ver acima) se refere a Deus. Neste caso, “o que detém" seria conside­ rado como uma referência às circunstâncias arranjadas e permitidas por Deus (cf. com. de Dn 4:17) para retardar a manifestação do anticristo, tanto no aspecto histórico como na manifestação final ainda por vir (ver com. de 2Ts 2:4; sobre a maneira como Deus retém os poderes do mal, ver com. de Ap 7:1). Para que ele seja revelado. Embora Paulo não identifique quem seja esse “ele”, o contexto deixa claro que ainda trata do “homem da iniquidade” (v. 3, 4; quanto a “revelado”, ver com. do v. 3). Ocasião própria. Ou, “na sua época conveniente”, isto é, na ocasião ou época apontada por Deus, não numa época deter­ minada pelo próprio "homem da iniquidade”. O anticristo será manifestado quando a oca­ sião própria vier. Quando aplicado ao papado histórico (ver com. do v. 4), tem sido com­ preendido como o período de dominação

276

2 TESSALONICENSES

277

Somente. Esta palavra introduz o ele­ mento que delimita a operação do mistério da iniquidade. Seja afastado. Ou, “é tirado do meio”. Aqueles que defendem que o poder refreador é o império romano creem que esse poder seria afastado. Aqueles que defendem que Deus seria o refreador parafraseiam a segunda metade do versículo desta forma: “Deus, Aquele que restringe e detém o mal [GC, 589, 614], continuará a restringi-lo até que venha o tempo em que o mistério da iniquidade seja ‘revelado’ [v. 8] e ‘afastado’.” Esses comentaristas consi- « deram a frase como uma garantia ao crente de que, a despeito da operação do poder após­ tata, o mal não continuará para sempre. Deus porá fim a essas atividades no tempo determinado (ver com. de Mt 24:21, 22). Detém. Do gr. katechõ (ver com. do v. 6). Muitos comentaristas concordam que a cons­ trução grega pede a adição de uma expressão explicativa como “irá restringir" para comple­ tar o pensamento da sentença. Alguns creem que o império romano é mencionado aqui e no v. 6; outros, que Deus é quem restringe (ver com. do v. 6). 8. Então. Os defensores da teoria de que quem foi “afastado” (v. 7) era o impé­ rio romano compreendem “então” como uma referência ao tempo em que Roma papal subiu ao poder (ver com. de Dn 7:8). Os defensores de que o “afastado” repre­ senta o anticristo creem que “então” se aplica ao futuro, quando o papado experi­ mentará um breve período de reavivamento (ver com. de Ap 13:3), e a seguir sua ver­ dadeira natureza será exposta (ver com. de Ap 17:16, 17). Ou, numa aplicação ampla, no tempo quando Satanás, o supremo anti­ cristo, tomar parte pessoalmente nos acon­ tecimentos dos últimos dias, apenas para que a falsidade de suas reivindicações por divindade seja exposta (ver com. de 2Ts 2:4). E importante lembrar que o apóstolo não se propõe a fazer uma exposição doutrinária

272

de 1.260 anos daquele poder religioso (ver com. de Dn 7:25; Ap 12:6). Dada a aplica­ ção ampla (ver com. de 2Ts 2:4), a passa­ gem é vista como também se referindo ao tempo quando Satanás desempenhará um papel pessoal nos eventos dos últimos dias, apenas para que seu cuidadoso plano para a dominação do mundo seja desmascarado, e sua verdadeira natureza, evidenciada (ver com. de 2Ts 2:4; Ap 17:16). 7. Mistério da iniquidade. Do gr. musterion tês anomias (sobre o significado de mustêrion, como algo oculto, ver com. de Rm 11:25; sobre anomias, “desacato e violação da lei”, "iniquidade”, ver com. do v. 3). O título se refere a um poder carac­ terizado pela desobediência. A referência à lei é significativa, em vista da tentativa de mudança da lei mencionada em Dn 7:25 (ver com. ali). Em última análise, esta descrição se aplica a Satanás, o autor da desobediên­ cia (TM, 365), mas o demônio geralmente camufla sua personalidade ao trabalhar por meio de agentes. Nos últimos dias, ele desempenhará um papel mais direto, levando o engano ao cúmulo de falsificar pessoalmente a vinda de Cristo (ver com. de 2Ts 2:4, 9). Opera. Do gr. energeõ (ver com. de Fp 2:13). Paulo se refere a uma agência já em atividade. A apostasia iniciou nos dias de Paulo (ver com. de 2Ts 2:3). Com o pas­ sar do tempo, ela tomou a forma de preten­ sões papais, de modo que, de um moderno ponto de vista histórico, “o mistério da ini­ quidade" pode ser identificado com o poder papal (GC, 49-55). Por isso, o “homem da iniquidade” e “o mistério da iniquidade” podem ser considerados como representando o mesmo poder papal apóstata (GC, 356); e, por trás de todas as manifestações humanas de iniquidade está o próprio Satanás, que no final desempenhará um papel pessoal num esforço para levar todo o mundo cativo (ver com. dos v. 4, 9).

2:8

2:9

COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

Destruirá. Do gr. katargeõ, "inutilizar", por­ completa dos eventos dos últimos dias, mas busca preparar os tessalonicenses com uma tanto, "deixar nulo e vazio” (ver com. de Rm 3:3). Este último significado se adapta melhor no informação profética que os livre do engano quadro do destino que aguarda o papado ou, quanto ao tempo do retorno do Salvador. basicamente, Satanás na segunda vinda de Portanto, não devemos esperar uma crono­ Cristo (cf. com. de Ap 20:1-6). O papado deixa logia completa dos eventos que precedem “o de existir e o esquema cuidadosamente esta­ dia de Cristo”. belecido por Satanás entra em colapso. Revelado. Do gr. apokaluptõ (ver com. As palavras deste versículo têm sido uti­ do v. 3). Aplicado ao papado isto se referi­ lizadas algumas vezes para descrever a des­ ria à aceitação do poder seguindo o declínio truição dos ímpios na segunda vinda de do império romano. A referência também Cristo. É verdade que os ímpios vivos nessa poderia ser ao tempo ainda futuro quando época serão mortos repentinamente, mas o poder papal será trazido de volta (ver com. de Ap 13:8) e o tempo quando, depois desse aqui Paulo lida com o destino “do iníquo”, não dos iníquos em geral. breve período de reaparecimento, a verda­ Manifestação. Do gr. epiphaneia, “um deira natureza do sistema será revelada ou aparecimento”, “uma chegada”, palavra exposta (ver com. de Ap 17:16, 17). geralmente utilizada no grego clássico para Aplicado a Satanás, o revelador se refe­ descrever o glorioso aparecimento dos deu­ riria a sua tentativa de falsificar a vinda de ses pagãos. No NT, é utilizada exclusiva­ Cristo (ver com. do v. 9). O iníquo. Do gr. hoanomos, literalmente,mente para os gloriosos adventos do Senhor, tanto o primeiro (2Tm 1:10) como o segundo “[alguém] destituído de lei”, portanto, “o vio­ lador da lei”, “o indisciplinado” ou “o ímpio". (lTm 6:14; 2Tm 4:1, 8; Tt 2:13). Vinda. Do gr. parousia, palavra geral­ A referência é ao “homem da iniquidade” mente usada para a segunda vinda de Cristo (v. 3) ou ao “mistério da iniquidade” (v. 7). (cf. com. de 2Ts 2:1; ver com. de Mt 24:3). De acordo com o primeiro ponto de vista, “o 9. Aparecimento. Do gr. parousia, a indisciplinado” é o papado (ver com. do v. 4; cf. GC, 356, 579). Conforme o segundo ponto mesma palavra utilizada para a vinda de Cristo (ver com. do v. 8). Devido à (1) força de vista, não é apenas o papado, mas, mais da semelhança técnica do termo parousia, importante, o próprio Satanás, o supremo (2) ao uso frequente do termo para descrever anticristo, como ele personifica a Cristo antes o segundo advento de Cristo e (3) à justaposi­ do último dia (ver com. dos v. 4, 9). ção de parousia neste versículo com a mesma O Senhor (ARC). As evidências tex­ tuais se dividem (cf. p. xvi) entre esta e a palavra no v. 8, muitos concordam que o variante “o Senhor Jesus” (ARA), que se apóstolo está mencionando a espúria imita­ harmoniza com o contexto e fala do glorioso ção de Satanás da vinda gloriosa do Senhor (sobre uma parousia satânica, ver GC, 593, retorno de Cristo. 624, 625; T5, 698; T8, 27, 28). Devemos Matará. Do gr. analiskõ, “expandir”, ser gratos porque a Palavra de Deus dá cla­ “esgotar”, “consumir”, "destruir”. As evidên­ ras descrições da vinda de Cristo para que cias textuais se dividem (cf. p. xvi) entre os crentes não sejam enganados. O próprio analiskõ e a variante anaireõ, “tirar, "abolir , Senhor “descerá dos céus” (lTs 4:16), “com “anular”, “matar”. as nuvens" (Ap 1:7), “do modo como” Seus Sopro de Sua boca. Ver com. de Lc 8:55; discípulos O viram subir (At 1:11), e Sua Ap 19:15. Pode haver aqui uma alusão à vinda será "como o relâmpago sai do oriente expressão de Isaías 11:4. 278

2 TESSALONICENSES e se mostra até no ocidente" (Mt 24:27), portanto, “todo olho O verá" (Ap 1:7). Não será possível para Satanás falsificar exata e completamente a parousia (ver GC, 625). O povo de Deus, por diligente estudo das Escrituras e ao se lembrar dos detalhes pro­ féticos acerca da segunda vinda genuína, conseguirá escapar do engano do maligno (ver com. de Mt 24:24). Segundo. Do gr. kata, “de acordo com", “em conformidade com" (cf. T8, 226). Eficácia de Satanás. Isto é, de acordo com o método de atuação de Satanás. Poder, e sinais, e prodígios da men­ tira. A palavra “mentira", literalmente, “de uma mentira", também se aplica a "poder" e “sinais”. As mesmas palavras, "poder", “sinais" e “prodígios", são utilizadas para os milagres de Jesus (ver vol. 5, p. 204). No entanto, as maravilhosas obras do Senhor eram genuínas, pois eram sinais que confirmavam Sua natu­ reza divina (ver Jo 10:25, 37, 38). Os mila­ gres que envolvem atos criativos estão além do poder de Satanás. Registrou-se, toda­ via, que Satanás tem o poder de aprisio­ nar as pessoas em enfermidades físicas (ver Lc 13:16). Então, ele tem poder para libertá-las quando isso satisfaz seus propó­ sitos. As maravilhosas obras de cura apa­ rente, externamente idênticas em caráter às maravilhas operadas por Cristo, serão reali­ zadas por Satanás e seus agentes (GC, 588, 589, 593; TM, 365; T5, 698; T9, 16). Atos surpreendentes e manifestações espiritua­ listas de poder sobrenatural serão utiliza­ dos na tentativa final de enganar o mundo. 10. Todo engano de injustiça. Isto é, todo engano originado na injustiça. Isto iden­ tifica ainda mais a natureza da falsificação, ao expor seu propósito (enganar) e origem (injustiça). Aos que perecem. Literalmente, “a [ou "para"] os que perecem" ou “para eles que estão perecendo". A mesma frase grega ocorre em 2 Coríntios 2:15; 4:3. Satanás tem 279

2:11

êxito em enganar os não redimidos. Os elei­ tos não serão enganados (cf. Mt 24:23-27). Acolheram. Do gr. dechomai, "rece­ ber com favor", “recepcionar” (ver com. de 2Co 6:1). Paulo aponta o motivo pelo qual os descrentes serão enganados. Eles tive­ ram oportunidade de amar a verdade, mas recusaram o privilégio. O amor da verdade. Os degenera­ dos rejeitam a verdade, bem como recusam acalentar amor pela verdade, isto é, eles a odeiam. Essa atitude não diz respeito a uma verdade abstrata, mas sobre “a verdade", ori­ ginada em Deus, personificada em Cristo Jesus. A condenação final dos pecadores será baseada na rejeição de Jesus, que é “a verdade" (Jo 14:6). A recusa em apreciar o amor pelo que é verdadeiro os predispõem a ser influenciados por tudo que é enganoso, por todas as maquinações do iníquo. Para serem salvos. Ao mesmo tempo em que a rejeição da verdade que está em Cristo Jesus significa morte, sua aceitação conduz à salvação eterna. 11. Por este motivo. Ou, “por causa disso”, isto é, por causa da recusa dos des­ crentes a amar e crer na verdade. O que segue é resultado da atitude obstinada deles. Deus lhes manda. Evidências textuais favorecem (cf. p. xvi) esta variante, em vez de “Deus mandará”; isto é, ao mesmo tempo em que o “iníquo" inunda o mundo com seus enganos (v. 8-10). No estágio final da história do mundo, antecipada neste versí­ culo, os não regenerados claramente esco­ lherão mentiras em vez de a verdade e se colocarão além do alcance da redenção. Deus, portanto, os abandonará ao curso de suas escolhas (ver com. de Rm 1:18, 24). Nas Escrituras, Deus é mencionado com frequência fazendo o que não impede (ver com. de ISm 16:14; 2Cr 18:18). Operação do erro. Cf. com. do v. 9, isto é, uma operação que conduz ao erro final que -
14 - 2 Tessalonicenses

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