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Copyright © 2015 L. G. Castillo Copyright © 2020 Editora Bezz Título original: Your Gravity – Part One Tradução: Nany Preparação de Texto: Vânia Nunes Capa original: Regina Wamba – www.maeidesign.com Capa adaptada: Denis Lenzi Esta é uma obra de ficção. Seu intuito é entreter as pessoas. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos descritos são produtos da imaginação da autora. Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais é mera coincidência. Esta obra segue as regras da Nova Ortografia da Língua Portuguesa. Todos os direitos reservados. São proibidos o armazenamento e/ou a reprodução de qualquer parte dessa obra, através de quaisquer meios — tangível ou intangível — sem o consentimento escrito da autora. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na lei n°. 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal. Castillo, L.G. Ao seu encontro (Your Gravity, Parte Um)/ L. G. Castillo; Tradução: Nany. 1ª edição – São Paulo – Bezz Editora; 2020. Sobre trademark™ : a autora reconhece aos legítimos donos das empresas e marcas citadas nesta ficção o devido crédito, agradecendo o privilégio de citá-los nesta obra pelo grau elevado de importância e credibilidade no mercado.
ÍNDICE Capítulo Um
Capítulo Dois Capítulo Três Capítulo Quatro Capítulo Cinco Capítulo Seis Capítulo Sete Capítulo Oito Capítulo Nove Capítulo Dez Capítulo Onze Capítulo Doze Capítulo Treze Capítulo Quatorze Capítulo Quinze Capítulo Dezesseis
Capítulo Um
2002 — Isso é o que chamo de casa, Nicole. Eu amo isso! Eu coloquei meu estojo do violão no chão e fiquei ao lado do meu melhor amigo, Greg Miller, olhando embasbacado para o que deveria ser a casa de tia Bernadette. A viagem cruzando o país de Nova York ao Texas deve ter fritado suas células cerebrais, ou talvez fossem as paredes coloridas de néon ofuscante. A casa era um arco-íris de cores. Um dos lados era de um verde brilhante com uma série de símbolos da paz pintados ao redor de cada uma das janelas. O que pareciam ser luzes de Natal, alinhavam-se no telhado e envolvia cada centímetro da varanda roxa. Uma massa de flores silvestres cobria o quintal e, à direita, havia uma horta. — Não pode ser aqui. — Olhei em volta, procurando um endereço. Era difícil imaginar que a pessoa que morava aqui pudesse ser parente de minha mãe. Eu podia ouvi-la agora, dizendo algo como: Não é adequado a um Ashford viver em um lugar como este. — Oh, olhe para isso. Ar-condicionado de janela... — Disse Greg — Você acha que seu traseiro clássico mimado pode lidar com a falta de ar central? — Claro que eu posso. — Engoli em seco, olhando para as duas pequenas caixas de metal saindo das janelas. Eu só tinha saído do meu belo carro com ar-condicionado por dois minutos e minhas roupas já estavam encharcadas de suor. Ouvi dizer que era quente no Texas, mas não esperava que estivesse tão quente! — E de acordo com meus pais, não tenho um pingo de talento clássico em meu corpo — Eu disse. O nome Ashford era famoso nos círculos da música clássica. Meus pais eram pianistas concertistas que viajavam pelo mundo. Quando as pessoas descobriam quem eram meus pais, muitas vezes olhavam para mim com inveja e me faziam perguntas sobre como era ser filha deles. Eu dava a eles respostas educadas, como: “É ótimo” ou “Eles são pais incríveis”. Eles nunca souberam que eu perambulava pelos cômodos de nossa casa vazia de três andares,
desejando alguém com quem conversar. Eles não sabiam que, quando cruzei o palco na minha formatura do Ensino Médio e olhei para o público, o único rosto familiar era o de Greg, porque meus pais tinham ido para a Austrália para uma apresentação. Só Greg sabia que eu estava chorando em meu BMW Z3 novo e reluzente, mexendo em uma passagem de ida e volta de primeira classe para Londres. . . presente de formatura de meus pais. Greg sabia porque era o único ali. Isso foi há dois anos, e pensar nisso ainda doía. Se eu não tivesse sido uma grande decepção para eles. Eu estava na média. Sem talento, bem, a menos que você considere aprender a tocar violão sozinho como um talento. Se tia Bernadette não tivesse me dado o violão como presente de formatura, provavelmente teria pensado que não tinha nenhuma habilidade musical. Não que meus pais tivessem aprovado. Se não fosse clássico, não era música de verdade. — Quanto à minha bunda mimada, só tenho este carro e... — Enfiei a mão no bolso — trinta dólares e cinquenta e dois centavos em meu nome. Tive de admitir que estava um pouco assustada com minha decisão de fazer faculdade no Texas. Depois de fazer mochilão pela Europa por dois anos, totalmente apoiada por meus pais porque eles acharam que era uma ótima maneira de eu ser exposta à ‘cultura’, tomei a decisão de seguir meu próprio caminho. Eles ficaram assustados quando eu disse que estava indo para a Texas State em vez de para a Universidade de Columbia. Foi a maior reação que recebi deles em anos. Eles até cancelaram a apresentação em Zurique e voaram de volta para Nova York para tentar me impedir. Mas minha mente estava decidida. Eu não mudei, mesmo quando eles disseram que não me dariam um centavo de apoio. Eu estava tão orgulhosa de mim mesma. Mantive minha decisão, apesar de não ter a menor ideia de como iria pagar a faculdade. Olhei as economias da minha vida em minhas mãos. Sim, eu estava ferrada. Escolhi a Texas State porque era o mais longe possível de Nova York que eu poderia ficar e tia Bernadette morava perto do campus.
Eu não a via há anos, e a única foto dela que minha mãe permitia em casa era uma foto de família de Natal tirada no início dos anos 80. Mamãe odiava qualquer coisa que a lembrasse de ter morado no Texas. Ela saiu no momento em que conheceu meu pai e nunca olhou para trás. Felizmente, tia Bernadette teve pena e me acolheu para ficar com ela o tempo que eu quisesse. — Eu disse para você me deixar ajudá-la com o problema de fluxo de caixa... — Disse Greg. — De jeito nenhum. Vou fazer isso sozinha. — Ok, Sra. Teimosa. Então, vamos começar a descarregar e nos instalar para que possamos encontrar um emprego para você. Embora eu não tenha certeza se a casa é grande o suficiente para todas as nossas coisas. — Nossas coisas? — Zombei, fui até a traseira da van de mudanças amarela e destranquei a porta traseira. Ela abriu, revelando uma parede de caixas de mudança com seu nome em cada uma delas. — Você não quer dizer suas coisas? Olhos inocentes piscaram. — Não sei do que você está falando. — Greg! — Tá bem. Tá bem. Desculpe-me por não querer me vestir como se tivesse acabado de sair da cama. — Só porque eu não uso gravata-borboleta não significa que sou antiquada. — Ai. Acertamos um ponto sensível, Ashford? — Uma sutil cor rosa cobriu seu rosto. — Eu não posso acreditar que você trouxe isso à tona. Fizemos votos, juramentos de sangue, de nunca falar da minha gafe da moda. Isso me marcou para o resto da vida. Literalmente. Entende? Ele balançou o dedo, o mesmo dedo que tinha espetado com o abridor de cartas do meu pai quando estávamos na escola primária. Sorrindo, me lembrei da primeira vez que o conheci. Eu estava na terceira série e ele, na primeira. Eu estava indo para a minha aula particular de violino (ou o que eu gosto de chamar de minha meia hora fazendo meu professor de música enlouquecer simulando o som de gatos no cio) quando vi algumas crianças mexendo com o
garotinho mais bonito. Com sua massa de cabelo castanho claro, grandes olhos azuis e uma gravata-borboleta vermelha, quem não acharia que ele era adorável? – aparentemente não os dois meninos que tinham o dobro do seu tamanho. Essa foi provavelmente a única vez que fiquei grata por meus pais terem me feito ter aulas de violino. A maleta foi útil quando usei para golpear os valentões na cabeça. Não era preciso dizer que eles nunca mais incomodaram Greg. Ficamos amigos desde então. A maioria das pessoas pensava que éramos irmão e irmã. Nós dois tínhamos a mesma cor de cabelo e constituição esguia. Embora eu matasse por seus olhos azul-bebê em vez de meus olhos verde-azulados. — Para de exagerar. Foi só uma pequena cutucada — Eu disse. — Ok, então, não tenho cicatriz, mas não estou exagerando quando digo que parecemos uma sessão de fotos de moda do antes e depois . — Pare com isso, malvado. — Eu ri, empurrando-o de brincadeira. — Moi , malvado? Parece que me lembro de um certo alguém jogando meus CDs da Cher pela janela em algum lugar entre Nashville e Memphis. — Quatorze horas de Cher foi o suficiente. Meus ouvidos estavam sangrando. Ele cruzou os braços e fez beicinho. — Ok, vou compensar você. Vou te levar ao show dela. — Ok, certo. Um show nesta pequena cidade? Eu acho que não. — Não é tão pequena. Tem um shopping e acho que vi uma boate. — Eu vi capim rolando na estrada, Nicole. Um monte de capim rolando . Sorrindo, ele piscou. Ele sempre me provocava quando eu estava com medo ou nervosa. Era a sua maneira de me distrair, e sempre conseguia me fazer rir. — Não sei o que faria sem você. — Eu nunca esperei que ele viesse comigo para o Texas. Estava pronta para uma despedida chorosa e uma enorme conta de celular, pois, era impossível deixar um dia passar sem falar com ele. Então, alguns dias antes da data
marcada para a minha mudança, ele apareceu na minha porta com uma van de mudança parada na garagem, dizendo que iria comigo. Duas grandes coisas aconteceram neste verão. Eu finalmente deixei de lado o fato de que nunca agradaria meus pais, e Greg saiu do armário para os dele. Ao contrário de meus pais, que balançaram muito dinheiro para que eu ficasse em Nova York para estudar na Universidade de Columbia, os pais de Greg deram a ele dinheiro para se mudar para o mais longe possível deles. Quando ele disse a eles que queria ir para a Texas State comigo, eles até usaram sua influência para que ele fosse aceito após o prazo de inscrição expirar. — Você provavelmente estaria perdida no meio de Idaho agora. Eu te amo, mas, amiga, você precisa aprender a ler um mapa. — Ele tirou um das caixas da van. — Peguei uma curva errada. — Estendi a mão para pegar uma caixa. — Sim, sim. Foi mais como... — Nicole? É você? Oh, nossa, é você. Está tão crescida. Meu queixo caiu para a mulher vindo em nossa direção. Cabelo ruivo encaracolado caía pelas costas. Era tão selvagem que a faixa multicolorida parecia se esticar com o esforço para impedir que seu cabelo se espalhasse. Sua blusa tie-dye e saia longa e esvoaçante combinavam com a casa com seus redemoinhos roxos, verdes e azuis. Em seu peito, obviamente sem sutiã, estava um colar em forma de um sinal de paz. — Ei, tia Bernadette — Gritei quando ela me deu um abraço de urso. — Oh, desisti desse nome anos atrás. Agora sou Rainbow Skye. Sua mãe não te contou? Não se preocupe, não responda. Me chame de Rainbow. Olhe para você. — Ela recuou, me observando. — Você cresceu tão rápido e é tão linda. E este deve ser Greg. Os olhos de Greg se arregalaram quando Rainbow jogou os braços ao redor dele. — Prazer em conhecê-la, Srta... — Rainbow. — Ela se afastou e sorriu. — Sem formalidades por aqui. Somos todos apenas pessoas. — Uh, certo. . . Rainbow. Queria agradecê-la por me deixar ficar durante o semestre até que eu possa encontrar um lugar para mim.
Fico feliz em pagar o aluguel. — Não vou ouvir falar disso. — Ela acenou com a mão para silenciá-lo. — Fique o quanto quiser. Uau, vai ser quente hoje. Para sua sorte, os aparelhos de ar-condicionado que encomendei acabaram de ser instalados esta manhã. — Ela passou a mão na testa. O cotovelo de Greg cutucou minhas costelas. Com olhos chocados, ele gesticulou em direção a Rainbow. — Oh. Meu. Deus — Ele murmurou. Eu ia matá-lo. E daí se minha tia parecia estar vivendo na Era de Aquário? E, então, eu vi. Pelos nas axilas. Revirando os olhos, eu o empurrei de volta. — Obrigada, tia Berna... uh, Rainbow. Você não precisava fazer isso. Não queremos ser nenhum problema. — Não seja boba. Demora um pouco para se acostumar com o calor. Vejo que você já está derretendo. — Ela olhou minha camiseta encharcada. — Entre em casa e tome um pouco de chá gelado. — Santo flashback Batman! — Greg disse no momento em que entramos. — Definitivamente vou ficar agora. De jeito nenhum vou encontrar algo melhor do que isso. Foi como se eu tivesse passado por uma distorção do tempo e pousado nos anos 70. Sério. Como se um arco-íris tivesse vomitado na sala de estar da minha tia. As paredes foram pintadas com o mesmo tom de roxo e verde do exterior. Tapetes felpudos amarelo e laranja cobriam o chão. Em vez da mobília tradicional, havia pufes e almofadas de veludo de todas as formas e tamanhos. Um pequeno sofá coberto com um lençol tie-dye ficava sob uma janela. — Amei a decoração. — Greg sorriu. — Nicole, dê uma olhada nas redes. Grampeadas no teto, redes emolduravam uma variedade de obras de arte. A maioria era composta por luas e flores com as cores do arco-íris. Minha tia realmente gostava de arco-íris. — Uh, sim, muito bonita — Eu disse, olhando para o sinal de paz amarelo brilhante que preenchia uma das paredes.
— Gosto de muita cor. Isso torna tudo alegre — Disse ela. — Vocês não acham que está de mais, acham? — Não — Greg e eu dissemos em uníssono. — Bom. — Ela abriu a porta de um pequeno cômodo. — Este é o seu quarto, Nicole. Pintei para você, mas pode mudar se quiser. Hesitei, sem saber que tipo de loucura esperar. Com um sorriso estampado, entrei no quarto. Não importava o que parecesse, eu iria gostar. Não queria ferir os sentimentos de Rainbow depois que ela foi tão generosa. O quarto parecia normal em comparação com o resto da casa, com paredes amarelas claras. A luz do sol era filtrada por uma grande janela. O ventilador de teto zumbia enquanto as lâminas giravam, criando uma brisa fresca e fazendo as cortinas brancas tremularem. O quarto era aproximadamente do tamanho do meu banheiro em Nova York, mas não me importei. Tinha uma cama, mesa de cabeceira, escrivaninha e um espelho de corpo inteiro pendurado na porta do armário. Ele tinha tudo que eu precisava. No entanto, tive a sensação mais estranha. A parte de trás do meu pescoço formigou e meus braços ficaram arrepiados. — O quarto está ok? — Perguntou Rainbow. Havia algo no quarto que eu não conseguia definir. Passei minha mão sobre a pequena mesa de cabeceira. Era estranho como o quarto parecia familiar. — Sim, é ótimo. Muito obrigada. — Maravilhoso. Bem, vou deixar você descansar enquanto mostro a Greg o quarto dele no final do corredor. Afundei na cama e deitei. Assim que minha cabeça tocou o travesseiro, a imagem de um cara lindo passou pela minha mente: franja desgrenhada, óculos escuros Ray-Ban e um sorriso sexy. Levantei-me. Quem diabos era ele? A visão era tão real, como uma memória. Não poderia ser. Eu não conhecia ninguém que fosse assim. Balançando minha cabeça, deitei novamente. Tinha que ser de um dos filmes noturnos que Greg e eu assistimos. Eu estava apenas cansada e minha mente estava pregando peças em mim.
Fechei os olhos e escutei o zumbido do ventilador enquanto caía no sono, esperando ter tomado a decisão certa de me virar sozinha agora.
Capítulo Dois O sonho começou como sempre: lampejos de luzes coloridas, o cheiro de pipoca e algodão doce no ar, e ele. Eu não sabia quem ele era e nunca conseguia ver seu rosto, não importava o quanto tentasse. Havia apenas o som estrondoso de sua risada, a sensação de um braço musculoso em volta da minha cintura e o beijo leve como uma pena na minha testa. Quando tentava olhar para cima para ver seu rosto, ele e a multidão ao nosso redor desapareciam, me deixando sozinha nas sombras. E a cada vez, um vazio frio me enchia. Era tão doloroso que acordei chorando, minhas bochechas e travesseiro molhados de lágrimas e uma dor surda em meu peito. Desta vez o sonho foi mais intenso, mais real. Sua voz gritava meu nome em desespero. Corria para a voz, de alguma forma sabendo que ele estava em apuros e se não pudesse alcançá-lo, ele morreria. Eu seguia no escuro, mas não importava o quanto eu me impulsionasse, estava presa no mesmo lugar. Era como se alguma força desconhecida me impedisse. Parei e me inclinei, pressionando minhas mãos contra os joelhos, ofegando por ar. Não consegui alcançá-lo. Eu não era forte o suficiente. Então, ouvi uma garotinha rindo e chamando meu nome em uma voz estridente e cantada. Houve um flash de sardas e maria-chiquinhas louro avermelhado seguido por um grito. O pavor encheu todo o meu ser. Sem um momento de hesitação, corri em sua direção. Eu chorava enquanto ouvia sua voz e a menina me chamando, implorando para que eu voltasse para eles. Corri mais rápido, mas ainda não consegui alcançá-los. Então, houve um forte zunido cortando seus gritos. O ruído encheu meus ouvidos, ficando mais alto a cada segundo. Os cabelos da minha nuca se arrepiaram enquanto eu esperava no escuro, esforçando-me para ouvir suas vozes novamente. O vento batia contra mim, deixando-me sem fôlego. Era tão difícil que eu mal conseguia me manter de pé. Então, eu ouvi... o som de um trem de carga. Lentamente, me virei. Uma luz brilhante iluminou e tudo ao meu redor estava branco. Minhas pernas cederam e gritei. — Nicole, você está sonhando de novo. Acorda, Nicole!
Eu levantei. Braços fortes me envolveram enquanto eu engasgava. — O que aconteceu? Onde estou? — Você está em seu quarto na casa de Rainbow. Mudamos ontem, lembra? Meus olhos se concentraram e olhei para o rosto preocupado de Greg. Soltei um suspiro lento. Eu estava na casa da minha tia, no Texas. Hoje era o primeiro dia de aula da faculdade. Um trem de carga não me esmagou. Agora, se ao menos meu coração alcançasse meu cérebro antes que batesse em minhas costelas e se dirigisse para as colinas. — Você estava tendo aquele sonho de novo, não? Greg descobriu meu sonho maluco quando fomos acampar em seu quintal anos atrás. Eu tinha acordado soluçando e ele me confortou. Bem, isso não é totalmente preciso. Eu dei um soco no nariz dele quando ele tentou me acordar. Nós nos revezamos chorando e usando um rolo inteiro de toalhas de papel naquela noite. — Sim. Tem piorado nos últimos meses. — Muito estressada? — Pode ser. E os sonhos têm me assustado até de dia. Eu continuo tendo isso... o que você está fazendo? Ele ergueu um dedo e tirou um bloco de notas e uma caneta do bolso de trás. — Então, como você se sente sobre isso? — Ele se inclinou para frente em uma pose clássica de psicólogo. — Você nem teve sua primeira aula de psicologia e já está me diagnosticando? — Eu ri. — Praticando, querida. — Ele piscou. — Sério, você não está tomando seus remédios? Alcançando minha mochila, tirei o medicamento que o psiquiatra de quinhentos-dólares-a-hora da minha mãe havia prescrito para mim quando eu estava passando pela minha fase emo no colégio. Acenando para Greg, as pílulas chacoalharam no frasco quase cheio. — Odeio tomar essas coisas. Elas me fazem sentir estranha, e realmente não ajudam muito.
— Toma, mulher. Esses seus sonhos estão bagunçando seu sono da beleza. E, amiga, odeio dizer isso, mas... — Ele apontou para o espelho do outro lado do quarto. Eu estava uma bagunça. Meu cabelo estava para todo lado, principalmente grudado em mechas molhadas em meu rosto. E algo estranho estava acontecendo com minha pele. Pulei da cama para olhar mais de perto. — Oh, meu Deus! O que aconteceu com meu rosto? Os vincos do travesseiro marcavam minhas bochechas rosadas brilhantes e havia círculos brancos ao redor dos meus olhos. Eles tinham exatamente o mesmo formato dos meus óculos de sol. Ele deu uma risadinha. — Acho que você tomou muito sol do Texas. — De jeito nenhum! Como pude ficar queimada de sol tão rápido? — Estamos no Texas, lembra? A terra do y’all . E você, Sra. Albino, precisa aprender a se encher de FPS. Eu delicadamente toquei meus dedos em meu rosto, estremecendo. — Não posso ir para a aula com essa aparência. Olhei para o seu reflexo presunçoso, mas perfeitamente bronzeado. — Você ficou lá fora por mais tempo do que eu, por que não parece um lápis vermelho? — É a magia da base mineral com FPS muito bem espalhada. Você pode pegar a minha emprestado, se quiser. — Ele me deu seu sorriso perfeito de modelo antes de virar para a mesa de cabeceira. — Toma. — Ele empurrou o que parecia ser um taco de café da manhã na minha mão. — Parece que você precisa se alimentar. — Greg, eu juro, você é tão metrossexual. Você usa mais maquiagem do que eu. — Sim, mas valho totalmente a pena. E pare de franzir a testa; você terá mais rugas do que já tem. Resmunguei, dando uma mordida no taco. Estremeci com o gosto amargo. — O que diabos estou comendo? — Isso, minha amiga, é um taco de café da manhã, com tofu. Acho que você não mencionou que Rainbow é vegetariana. Não há nada que se pareça muito com comida em casa. Agora se apresse e
se vista. Quero parar em algum lugar para comer alguma coisa de verdade antes da aula. Depois de rapidamente vestir algumas roupas e pegar emprestada a maquiagem mágica de Greg, Rainbow nos chamou à cozinha. — O que você fez com o seu taco? — Sussurrei. Não queria que ela pensasse que não gostamos de ela fazer o café da manhã. — Eu joguei na privada. Eu acho. — Você acha? — Não morria! Mas tive que atacá-lo com um desentupidor. Acho que acabou para sempre. Houve um clique e um flash brilhante. — Ei! — Greg esfregou os olhos. — Me desculpe. Esqueci como essas coisas podem cegar. — Rainbow colocou uma câmera no balcão ao lado de uma caixa de madeira entalhada à mão. — Eu só queria uma foto para adicionar à minha coleção de fotos de Nicole. — Você tem fotos minhas? — Claro que tenho. Olha só. A caixa estava cheia de fotos minhas do jardim de infância ao último ano. Eu não conseguia acreditar que minha mãe as tinha enviado para ela. Nem sabia que elas existiam. Obediente, eu posava para minhas fotos da escola todos os anos, mas nunca vi cópias delas. Achei que meus pais estavam ocupados demais para se importar. — Mamãe mandou isso para você? — Na verdade não. — Ela olhou para baixo, brincando com a câmera. — Fiz um acordo com ela para que a escola me enviasse uma cópia de todas as fotos que eu solicitasse. — Eu não entendo. Olhos castanhos suaves se levantaram para encontrar os meus. — Sua mãe e eu nunca fomos próximas, mas quando descobri que ela estava grávida de você, quis fazer parte da sua vida. Ela não achou que eu seria uma boa influência para você por causa da maneira como vivo. Eu franzi minha sobrancelha. — A maneira como você vive?
Greg cutucou minhas costelas e me lançou um olhar astuto. Levei alguns segundos antes de entender. Ela jogava pelo outro time, como ele. — Oh! Entendo. Eu não conseguia acreditar que minha mãe faria algo assim com sua própria irmã. Ela era uma musicista clássica que viajava o mundo, pelo amor de Deus. Quão tacanha ela poderia ser? — Eu prometi a ela que não venderia para a mídia. — Ela ergueu uma foto da minha mãe usando um macacão fúcsia colante com boca de sino. Os cachos em seu cabelo com permanente eram tão apertados que parecia uma bola de algodão marrom em sua cabeça. Uau. Esse era um lado da minha mãe que eu nunca tinha visto. Ela morreria se isso vazasse. — Espero que você esteja bem com isso. Vasculhei as dezenas de fotos da infância na caixa. Minha infância . Lágrimas picaram meus olhos com o que minha tia tinha feito. Ok? Eu estava mais do que bem com isso. Em menos de um dia, minha tia mostrou-me mais amor incondicional do que meus pais jamais demonstraram. À sua maneira, Rainbow estava comigo e me viu crescer. — Você é a melhor, Rainbow. — Eu a abracei. Definitivamente tomei a decisão certa vindo para cá. Sorrindo com o calor da confissão de Rainbow, Greg e eu dirigimos pela pequena cidade em busca de uma casa de panquecas no caminho para o campus. A cada rua que passávamos, o brilho desaparecia e meus pelos se arrepiavam. Foi a mesma sensação estranha que tive ontem à noite. Tudo parecia familiar. As ruas, as casas, até os semáforos. Virei uma esquina, antecipando que teria que parar e, quando o fiz, havia um semáforo. Era como se eu soubesse para onde estava indo sem ter que pensar sobre isso. Era instintivo. Eu me perguntei se meus pais haviam se apresentado no campus e eu era muito jovem para lembrar. Às vezes, como um favor aos amigos professores de música, eles ofereciam um workshop principal e davam um concerto para o corpo discente. Eles raramente faziam isso e, se o faziam, era principalmente em
escolas de música de prestígio como Julliard ou o Conservatório de New England. Eu duvidava que eles tivessem vindo para um lugar como a Texas State, especialmente porque minha mãe jurou que nunca mais pisaria no Texas novamente. Olhei para Greg, que estava mexendo no rádio e resmungando sobre a falta de sua coleção de CDs. Para alguém que não era uma pessoa matutina, ele estava muito animado enquanto mudava uma estação de música country após a outra. — Uh! Não consigo encontrar uma estação de rádio decente. Bem, quando em Roma... — Ele ergueu as mãos e recostou-se no assento. Ele cantou junto com George Straight, desafinado, é claro, sobre todos os seus ex-namorados morando no Texas. Rindo, voltei minha atenção para a estrada e gritei para parar, escapando por pouco do carro parado à nossa frente. — Droga, mulher. Você pode nos levar ao campus inteiros? Sou muito jovem e fofo para morrer. Meu coração batia forte contra meu peito enquanto olhava para a ponte à nossa frente. Imagens borradas entravam e saíam da minha mente como estática na TV: nuvens escuras e ondulantes; pássaros; e galhos de árvores girando no ar. Tudo começou a girar e o pavor tomou conta de mim. Eu agarrei o volante, ofegante. Uma buzina forte me acordou e as imagens desapareceram. — Uau! Isso parece um acidente. — Ele olhou pela janela, parecendo não ter notado meu mini ataque de pânico. — Caminhão versus ponte. Parece que o caminhão ganhou. Respirando fundo, pressionei suavemente o acelerador. Cada fibra do meu ser gritava para sair de lá, mas não havia nenhum lugar para ir com a ponte em apenas uma pista. Minha respiração tremia enquanto avançávamos. Esfreguei minhas mãos suadas contra minha calça enquanto observava o caminhão de reboque puxar o caminhão vermelho da beira da ponte. O metal rangeu quando uma mureta se partiu e caiu da saliência, caindo com um respingo no rio abaixo. Uma súbita explosão de frio atingiu meu peito e mordi meu lábio, segurando um grito. Por que eu estava pirando?
No momento em que cruzamos, eu pressionei meu pé no acelerador e passei pelos carros na minha frente, ignorando as buzinas raivosas e gestos com as mãos acenando. — O que há de errado? Você está bem? — Nada. Estou bem. — As batidas do meu coração diminuíram enquanto a ponte desaparecia de vista. — Estou com fome. Ele me lançou um olhar cético. Meu estômago roncou na hora. — Viu? — Coloquei um sorriso falso. Eu raramente tinha segredos para ele, mas aquilo era muito estranho. Provavelmente era só nervosismo. Eu tinha certeza de que, assim que o primeiro dia de aula passasse, tudo voltaria ao normal. Eu esperava que sim .
Capítulo Três Eu amava Greg. Ele era família. Mas, cara, ele tinha a menor bexiga conhecida pela humanidade. Eu sabia que ele não deveria ter tomado aquela segunda xícara de café. Eu me pressionei contra a parede enquanto uma multidão de alunos carregando livros e mochilas passava. A maioria sabia exatamente para onde estava indo. Era fácil identificar o calouro da faculdade. Todos tinham aquele olhar perdido, veado-pego-nosfaróis, olhando para os números das salas enquanto caminhavam pelo corredor. Fazendo malabarismo com meu café gelado em uma das mãos e um mapa do campus na outra, procurei o prédio de química enquanto esperava Greg sair do banheiro masculino. Se ele não saísse logo, nós nos atrasaríamos e eu apareceria para a aula encharcada. O que havia com a falta de ar-condicionado neste prédio? Eu estava tão suada que meus óculos de sol deslizavam até a ponta do nariz enquanto procurava o prédio de química. O campus era enorme. Eu virei o mapa. O grande papel precisava dos dois lados para cobrir todo o campus. O papel farfalh ava quando eu girava, tentando descobrir qual era o lado para cima. Eu não sabia por que estava tão nervosa. E não ajudava o fato de eu, por estar nervosa, ficar mais desajeitada. Houve um som alto de rasgo e uma parte do mapa caiu no chão e desapareceu na multidão. Ótimo. Conhecendo a minha sorte, aquela era a parte que mostrava onde ficava o prédio de química. Irritada, empurrei a porta do banheiro masculino. Precisávamos ir antes que eu começasse a pirar de novo. Se eu tivesse outro ataque de pânico, preferia fazê-lo em um prédio muito mais fresco. — Greg! Você caiu ou algo assim? É melhor não começar a mexer no seu cabelo. — Com licença, senhora . — Um cara usando um chapéu de cowboy e botas estava na porta. Bom Deus, estávamos tão no Texas.
— Desculpe — murmurei enquanto voltava para o corredor lotado —, desculpe. Desculpe, não tive a intenção de bater em você com minha mochila. Parecia que todo o corpo estudantil da Texas State estava caminhando por este corredor. E, claro, minha total falta de jeito certificou-se de que eu toparia com cada um deles. Alguns alunos me lançaram um olhar engraçado. Não os culpava. Com a visão do que estava à frente deles – meu rosto queimado de sol ou o cabelo comprido e pegajoso que não parava de cair sobre ele. Encontrando um canto com menos tráfego de estudantes, sentei-me no chão e coloquei a mão na minha mochila, tirando meu iPod . Eu só precisava me acalmar e parar de agir como uma rabugenta. Com os fones de ouvido bem no lugar e Sheryl Crow sussurrando em meus ouvidos, respirei fundo e procurei por um prendedor de cabelo para prendê-lo. Droga. Sem sorte. Peguei um lápis e suspirei. Teria que servir. Colocando o lápis na boca, prendi meu cabelo em um rabo de cavalo e tentei torcer em torno do dedo. O suor escorria pelo meu rosto enquanto os fios escorregavam. — Uta í ariu! — xinguei. Uma garota com cabelos negros grossos parou na minha frente e levantou uma sobrancelha para a minha maldição abafada. Cuspi o lápis da boca. — Desculpe, não é com você. Ela balançou a cabeça e saiu do prédio. Muito bem. Meu primeiro dia de faculdade e eu já estava xingando estranhos. Colocando o lápis de volta na boca, puxei meu cabelo para trás, determinada a fazê-lo se comportar. Com um giro rápido, enfiei o lápis no coque e finalmente consegui segurar. — Sim! — Sentindo-me muito mais tranquila, peguei o mapa. Depois de estudá-lo por alguns momentos, finalmente encontrei o prédio. No lado oposto do campus. Porcaria! Eu olhei para o meu relógio novamente. Merda dupla! A aula começaria em cinco minutos.
Fiquei de pé, pronta para marchar até o banheiro e arrastar Greg para fora, quando meu rosto bateu em algo duro. E quente. Coberto com uma camisa branca impecável. E cheirando tão pecaminosamente bem. Havia algo sobre tocar um tanquinho de seis – não, de oito gomos – que me tirava toda a sanidade. Se eu estivesse pensando direito, ou pensando, teria parado de apalpar o homem e me desculparia. Sim, isso não aconteceu. Fomos pegos no meio de uma massa de alunos. Eles se chocaram contra mim, me empurrando ainda mais perto do estranho musculoso. Então, ele me tocou. E houve fogos de artifício e luzes de néon. Eu estava pegando fogo com aquele toque simples, o toque de um estranho. No entanto, parecia tão familiar. Seu peito retumbou. Uma voz profunda e abafada me trouxe de volta à realidade. Foi quando senti algo frio e úmido. E me lembrei que estava segurando um café. Em algum lugar. Lentamente, recuei. Uma mancha escura de café se espalhou por sua camisa branca imaculada e gravata cinza carvão. Era normal um estudante universitário usar gravata e sapatos pretos brilhantes para ir às aulas. Certo? Certo??? Engolindo em seco, meus olhos se desviaram de seus sapatos, calça cinza apertada e camisa branca – embora agora quase toda da cor de café. Fiz uma pausa, estudando uma mandíbula cerrada com barba por fazer, que em qualquer outro momento eu acharia incrivelmente sexy. Respirei, me preparando para olhar o homem nos olhos e me desculpar pelo derramamento de café e pelas apalpadelas. Minha respiração prendeu quando olhei para um par de olhos azuis safira requintados.
Mesmo em sua hora mais sombria, estarei ao seu lado, amando você. As palavras ecoaram em minha mente, parecendo vir do nada. Uma memória? Algo que eu ouvi no rádio? Minha pulsação martelava em meus ouvidos, e tomei tudo o que eu tinha para não me inclinar para ele e me afogar naqueles olhos azuis. Ele parecia tão familiar. Eu vasculhei meu cérebro, me perguntando se eu já o tinha conhecido antes. Talvez em um dos jantares dos meus pais? Ele, definitivamente, não era o tipo de homem que alguém poderia esquecer com aqueles ombros largos, cabelo castanho rico, um rosto incrivelmente bonito e lábios perfeitamente formados. Lábios que se mexiam. — O que você disse? — Pisquei, me perguntando por que não conseguia ouvi-lo. Ele fez uma careta, fazendo seu rosto parecer perigoso e sexy. A atração que senti por ele era inacreditável. Eu nem conhecia este homem e já estava extasiada. Meus olhos se arregalaram de surpresa quando ele alcançou meu rosto. A palma de sua mão roçou minha bochecha. Seu toque foi um raio. Uma onda de eletricidade percorreu meu corpo. Meu coração acelerou quando ele se aproximou. Prendi a respiração, com medo de me mover, enquanto seus lábios vieram sobre mim. Olhos azuis penetrantes misturados com manchas de ouro agarrados aos meus. Eu estava hipnotizada. Houve um puxão em minhas orelhas seguido por um súbito sopro quando os fones de ouvido se soltaram. — Eu disse, você deve olhar por onde anda. Você está me atrasando. O estranho sexy deu um passo para trás, enxugando as mãos molhadas nas calças. Pisquei, confusa. Eu tinha perdido minha cabeça? Desligue os hormônios e ajude o pobre homem. Remexi na minha mochila, procurando algo para ajudá-lo a limpar. — Eu, uh, sua camisa... Meu café... mancha... — Muito bom. Você conseguiu identificar os principais componentes para as consequências de suas ações descuidadas.
Quem diabos ele pensava que era? Eu cerrei meus dentes. Sexy ou não, este idiota estava me irritando. — Olha, eu sinto muito pelo café. Eu sei que não estava olhando para onde estava indo. Estou atrasada e... — Eu não preciso, nem quero suas desculpas. Você não é a única que tem um lugar para estar. Alunos. — O Sr. Cabeçudo balançou a cabeça resmungando enquanto marchava pelo corredor. Ugh! Que idiota! Eu olhei para a blusa amarelo claro que escolhi cuidadosamente para o meu primeiro dia de aula. Estava salpicada de manchas marrons. — Ótimo. Simplesmente ótimo. Cara estúpido e sexy com seus olhos azuis estúpidos. — Eu poderia voltar para casa, me trocar e perder minha primeira aula, ou apenas aguentar e correr como o inferno pelo campus. Eu olhei para o meu relógio. Correr como o diabo. Corri para o banheiro masculino e encontrei Greg olhando para o espelho, arrumando e reorganizando cada mecha de seu cabelo já perfeitamente penteado. — Ei! — Ele gritou quando eu o arrastei para fora. — Eu não tinha acabado. — Sim, tinha. — Você pode ficar bem com esses grandes óculos escuros, lápis no coque, mas alguns de nós gostam de estar no nosso melhor. E essa grande mancha na sua blusa. Não acho que posso ser visto com alguém tão desalinhado. — Ele deu um sorriso provocador. Rosnando, esfreguei minhas mãos vigorosamente por seu cabelo, bagunçando-o. — Pronto. Agora, nós combinamos. Corre.
Capítulo Quatro O ar frio atingiu minha pele, me fazendo ficar arrepiada no momento em que abri a porta da sala de aula. — Oh! Graças a deus. — Segurei no batente da porta, ofegante, esperando os pontos pretos pararem de girar. Nota para mim mesma: não corra oitocentos metros com cinco quilos de livros nas costas. — Muito fora de forma? — Greg pegou minha mochila e me guiou até algumas cadeiras vazias. Sentei na minha cadeira, exausta demais para discutir com ele. Quando finalmente recuperei o fôlego, olhei ao redor do auditório. Era enorme! Devia haver pelo menos cem assentos e quase todos estavam ocupados. E ninguém tinha manchas de café nas roupas. — Você esteve agindo de forma estranha durante toda a manhã, Nicole. Nervosa? Olhos azuis preocupados olharam para mim. Eu nunca poderia esconder nada dele. Ele sempre me leu bem. — Sim. — Olha, você não tem que fazer essa aula. E você não tem que se esconder atrás desses óculos de sol. — Ele bateu na lente. — Você sempre pode esquecer isso. — Eu quero. Realmente quero. — Você não precisa provar nada para ninguém. — Eu sei disso. Eu só queria me desafiar. Toda a minha vida, eu me senti uma pessoa comum. Ninguém especial. Nenhum talento especial como meus pais. Não sou super inteligente ou engraçada, como Greg. Eu era simplesmente Nicole. — Admiro sua iniciativa, mas química na manhã de segundafeira? — Ele se curvou, sua testa pousando na mesa com um baque suave. — Você precisa seriamente repensar suas prioridades. Como dormir. E o professor não está aqui ainda. Ele provavelmente ainda está dormindo também. Um grito estridente chamou minha atenção. Uma linda garota com cabelo vermelho brilhante deu um pulo, acenando para alguém parado no fundo da sala de sala. — Gianna! Por aqui!
Houve alguns assobios e uivos de lobo quando uma garota de cabelos negros desceu as escadas para sua amiga. Ela parecia uma modelo com cabelos sedosos perfeitos caindo em ondas em seus ombros e olhos escuros atraentes. Ela tinha maçãs do rosto matadoras e lábios vermelhos carnudos. A minúscula camiseta justa e jeans acentuavam sua figura perfeita. E não havia nenhuma mancha de café à vista. — Eu não posso acreditar que você vai fazer a aula de Cooper novamente. Achei que ele tivesse dispensado você na primavera passada — Disse Ruiva. — A primavera passada foi um aquecimento. — Gianna puxou um espelho compacto de sua bolsa. — Vou a todo vapor este ano. Ruiva riu. — Você é tão má, Gianna. Se eu achasse que tinha uma chance com o Professor Cooper, eu dava mesmo em cima dele. Ele é gostoso e carregado de pacientes. — Patentes — Ela corrigiu, revirando os olhos. Olhou no espelho e limpou levemente o nariz. — Ele tem que ser o “sugar daddy” de alguém. Ele pode muito bem ser meu. Ugh! Ela era uma daquelas garotas. Recostei-me na cadeira, enojada. — Ainda não entendo por que ele está aqui. — Ruiva colocou um chiclete na boca. — Quem troca um emprego no MIT para um na Texas State? Ele tem que ser casado. Talvez a esposa dele tenha conseguido um emprego na cidade. — Não. Totalmente solteiro. — Gianna fechou o compacto. — Divorciado? Fugindo de uma ex ou algo assim? — Não. Até onde eu sei, ele não ficou com ninguém. Ele passa o tempo todo no laboratório. Mas vou mudar isso. — Sério? — Ruiva estourou uma bolha e a sugou, esmagando-a. — Sim. Um homem assim tem que conseguir sua liberação em algum lugar. — Ele não pareceu interessado quando você fez a aula na primavera passada. — Eu não tinha um plano naquela época. Tenho agora. — Ok, certo. — Ruiva estourou outra bolha rápida. — Falhar em química e fazer uma segunda vez não é um plano.
Eu revirei meus olhos. Aqui, eu estava nervosa por não ser capaz de passar em uma aula de química de nível universitário e essa garota Gianna via isso como uma oportunidade de encontrar seu próximo “sugar daddy”. — Oh, meu doce bebê Jesus! — Greg agarrou meu braço. — Hum, ai? — Eu puxei meu braço de seu alcance. — Qual é o seu problema? A sala ficou mais barulhenta à medida que as pessoas olhavam e apontavam para o fundo do auditório. Os olhos da Ruiva se arregalaram e uma bolha rosa caiu de sua boca, em seu colo. Descendo os degraus do auditório estava um Adônis com uma camiseta da Texas State. Ele se movia lentamente, como se certificando-se de que todos tivessem tempo para observar seu corpo longo e esguio. Duas garotas o chamaram. Ele abriu um sorriso com covinhas, revelando dentes brancos perfeitos. Ele era lindo. Todos os olhos estavam sobre ele e ele absorveu a admiração de homens e mulheres. Quando flexionou o braço musculoso segurando a alça de sua mochila, Ruiva suspirou dramaticamente, abanando-se. Eu revirei meus olhos. — Você sabe quem é aquele? — Greg gemeu. — Não sei. Não me importo. — Enfiei o nariz na mochila procurando um lápis extra e um bloco de notas. Meu primeiro dia de faculdade estava se tornando uma repetição do Ensino Médio. O professor não poderia simplesmente aparecer para que eu pudesse terminar essa aula? — Esse é Travis Brandon. — E? — Ele é apenas o maior quarterback universitário da história do futebol americano. — Sério? — Meus olhos estavam treinando hoje com toda a rolagem que estavam fazendo. — Como você sabe disso? Você não assiste futebol. — Eu não. Mas eu o assisto. Todo mundo faz isso. Puta merda! Ele está vindo para cá. — Este assento está ocupado? — Travis estava ao lado do assento vazio ao lado de Greg. As luzes acima lançavam um brilho
sobre seus cachos dourados. Greg estava sem palavras. Bem, esta era a primeira vez. Ele nunca ficava sem palavras. Do canto dos meus olhos, vi Ruiva e Gianna se estapeando, tentando empurrar uma a outra para fora de suas cadeiras para abrir espaço para o quarterback estrela da universidade. Bela amizade que elas tinham. — Não. Todo seu — Eu disse, respondendo por um Greg estupefato. — Eu sou Travis. Travis Brandon. Greg olhou para sua mão estendida como se nunca tivesse visto uma antes. — Eu sou Nicole e este é meu amigo Greg. — Dei uma cotovelada nele. — Você é Travis Brandon — Disse ele. — Sim, acabei de dizer isso. — Travis olhou para ele com curiosidade e, então, voltou sua atenção para mim. — Então, eu ouvi que este Professor Cooper é um verdadeiro durão. Ele se inclinou sobre a mesa. Olhos castanhos desceram para os meus seios e, depois, voltaram para encontrar meus olhos. Eu odiava quando caras faziam isso. Poderia dar a ele o benefício da dúvida de que ele estava verificando minhas manchas de café frio, mas não, ele estava fazendo isso de novo, olhos nos seios. — Então, por que você está fazendo a aula? — Perguntei. Seus olhos se ergueram. — É a última que preciso antes da formatura e é a única que não atrapalha a prática do futebol. — Fico feliz em saber que você tem suas prioridades bem definidas. Greg se virou para mim, seus olhos esbugalhados. — O quê? — Pdeixa pde pser pchata — Disse ele na língua do P, cerrando os dentes com um sorriso falso. Ele era como um ventríloquo profissional. O homem tinha talento e uma óbvia queda por Travis. — Papéis e lápis na mesa — Uma voz áspera ecoou alto no auditório.
A porta na frente da sala bateu quando o professor marchou para o atril. E assim que vi seu rosto, morri. O Sr. Cabeçudo em toda a sua glória sexy de bundão brilhava atrás do atril. Aww, merda! O Sr. Cabeçudo era o Professor Cabeçudo. Meu professor. — Em alguns minutos, vocês farão um teste. Exijo excelência neste curso. Imagino que metade de vocês desistirá no final do dia e outro terço desistirá no final da semana. Devido à sua preparação inadequada no Ensino Médio, este teste me permitirá avaliar o quanto tenho de reduzir minhas expectativas. Os alunos pularam em seus assentos quando ele bateu sua pasta no atril. Enquanto ele vasculhava sua pasta, retirando uma pilha de papéis, notei um brilho de suor em sua testa. Estava quente demais para usar uma jaqueta esporte. Quando ele ergueu o braço para enxugar a testa, uma mancha marrom de café apareceu sob o casaco abotoado. — Estou ferrada. — Não se preocupe. Você vai se sair bem — Disse Greg. — Oh, uh, sim, o teste. — Eu estava menos preocupada com o teste e mais preocupada que o Professor Cooper pudesse me notar. Eu afundei em meu assento. Foi minha culpa que ele estivesse atrasado. E ele parecia regiamente irritado. Professor Cooper ergueu os olhos e examinou o auditório. Os alunos o encaravam como se não tivessem ideia do que ele estava falando. Eles provavelmente ainda estavam em choque. — Vocês precisam de um convite? Papéis. Lápis. Agora! Houve uma agitação enquanto os alunos se esforçavam para juntar seus materiais. Acho que eles pensaram que como era o primeiro dia de aula, ele iria pegar leve. A maioria dos professores fazia a chamada, revisava o plano de estudos e terminava o dia. — Ei, cara, você tem um lápis? — Travis sussurrou para Greg. — Sim, claro. — Greg, de repente encontrando sua voz e parecendo ansioso demais para ser útil, procurou freneticamente por outro lápis. Ele deu uma olhada para mim e puxou meu coque. — Ei! — Haverá silêncio durante o exame.
A voz do Professor Cooper soou muito perto. Engolindo em seco, eu lentamente olhei para cima e lá estava ele, com uma pilha de testes na mão, olhos cor de safira brilhando. Merda! Ele me reconheceu. — Você acha que pode lidar com isso, Srta...? — Ashford — Eu chiei. — Srta. Ashford. Remova seus óculos de sol. Cola não será tolerada nesta aula. — Eu não... Uh, sim, senhor, professor, Sr. Cooper — Gaguejei enquanto tentava tirar meus óculos. Assim que os tirei, olhei de volta para ele. Seus olhos azuis se arregalaram quando eles encontraram os meus. Naquele momento, todo o seu rosto mudou. O brilho duro se foi. Imagens e sons passaram pela minha mente novamente: uma bola de discoteca, patins, nuvens brancas fofas e uma menina rindo. Uma mistura de sentimentos passou por mim: confusão, felicidade, tristeza. Segurei minha mesa, tonta com a sobrecarga sensorial. Tentei desviar o olhar, correr para fora da sala de aula. Eu estava desmoronando. Mas não conseguia desviar o olhar. Algo estava me puxando, segurando-me contra ele como a gravidade. — Nicole — Ele sussurrou. Pisquei, confusa com a onda repentina de euforia quando ele disse meu nome. O que estava acontecendo? Por que eu não conseguia desviar o olhar? Como ele sabia meu nome? — Sim, professor? Como se estivesse saindo de um sonho, a expressão suave desapareceu e o brilho duro voltou. — Tente não derramar nada sobre isso. Ele largou o teste no meu colo.
Capítulo Cinco O que diabos eu estava olhando? Eu girei o papel, esperando que algo parecido com o inglês aparecesse magicamente. Havia todas essas marcas onduladas girando na página. Eu não tinha ideia do que elas eram ou o que significavam. Mordi meu lápis, sentindo o suor gotejar na minha testa, mesmo na sala fria. Não havia nada como o tique-taque do relógio para me lembrar que eu tinha 45 minutos para tirar minha cabeça da minha bunda ou reprovar no meu primeiro exame da faculdade. Falando sobre pressão. Endireitando meus ombros, estudei a primeira pergunta. Eu não ia deixar minhas alucinações esquisitas ficarem no meu caminho. Era óbvio que o estresse de começar minha primeira aula na faculdade estava me afetando, e eu não ia deixar. O que eu estava pensando? Que o Professor Cooper, de alguma forma, sabia meu nome magicamente? Ele tinha a lista da turma e eu disse meu sobrenome a ele. Dã! Não haviam se passado nem cinco minutos quando um punhado de alunos amassou seus questionários e saiu. Até Greg parecia ter um problema. Seu rosto estava todo contraído em profunda concentração e ele continuava apagando suas respostas. Travis parecia estar se divertindo um pouco mais. Ele estava rindo para si mesmo, suas covinhas reluzindo quando ele ria. Inclinei-me um pouco para tentar ver melhor o que ele estava rabiscando. Era o desenho da figura do Professor Cooper com chifres do diabo e cavanhaque. Travis olhou para mim e piscou. Eu revirei meus olhos. Eu não tinha tempo para travessuras do Ensino Médio. — Algum problema, Srta. Ashford? Eu pulei na minha cadeira. Cadeiras rangeram no auditório silencioso quando uma dúzia de pares de olhos se viraram para mim. — Uh. . . não, senhor.
— Então, sugiro que você use seu tempo com sabedoria e mantenha os olhos no seu próprio papel. Me mate agora. — Sim, senhor. Lágrimas picaram meus olhos. Eu estava tão envergonhada. Meus olhos se voltaram para Greg. — Você pode fazer isso — Ele murmurou. Eu concordei. Ele estava certo. Eu não ia deixar o Professor Rabugento me pegar. Respirei fundo e resolvi o primeiro problema. Qual é a fórmula química do sulfato de amônio e qual é seu peso molecular? Mordi meu lábio, girando e desenrolando uma mecha de cabelo em volta do meu dedo enquanto pensava na minha aula de química do colégio. Era um daqueles hábitos nervosos que minha mãe odiava. Sorri quando a resposta finalmente veio a mim e anotei. Viu? Você pode fazer isso. Apenas trabalhe em um problema de cada vez. Passei para o próximo problema, depois, para o próximo. Eu estava no último problema quando uma sensação estranha me atingiu. Era como se alguém estivesse me observando. Eu ri. Se alguém estava tentando colar no meu teste, era louco, ou, provavelmente, apenas um jogador de futebol louco. Lentamente, levantei meus olhos, com cuidado para manter minha cabeça baixa. Por baixo dos meus cílios, olhei para Travis. Ele ainda estava rabiscando em seu papel. Pelo menos, desta vez, eram apenas padrões geométricos. Cuidadosamente, meus olhos se voltaram para o Professor Cooper. Olhos suaves me observavam como se esperassem por algo. Minha respiração parou. Aquilo era uma pegadinha? Talvez ele tenha sentido pena por ter me envergonhado na frente de toda a classe. Ou talvez eu fosse uma idiota, e ele sabia disso, e estava me observando para ter certeza de que eu não colaria. Ele abriu sua carteira e tirou o que parecia ser uma pequena foto. Seus olhos se voltaram para mim novamente e ele deu um passo à frente. Eu congelei, prendendo a respiração. Lentamente,
ele caminhou em minha direção, seus olhos passando rapidamente entre mim e a foto. O que ele estava fazendo? — Professor Cooper? Assustado, ele olhou o aluno ao seu lado. — O quê? O pobre garoto estremeceu em seus sapatos, suas orelhas ficando de um rosa brilhante. — E-e-eu terminei com o t-teste. O papel tremeu em sua mão quando ele o ergueu. Os olhos de Cooper voaram para mim, e eu rapidamente olhei para o meu papel segurando o topo da minha mesa pela minha vida. Por que ele continuava me olhando? — Certo. — Ele pegou o papel. — Se você tem cem por cento de certeza de que suas respostas são precisas, está livre para sair. Você tem certeza? — Uh, sim? — Então, por que ainda está de pé aqui? — Você vai distribuir o seu plano de estudos? O pobre garoto parecia que ia desmaiar quando a voz do Professor Cooper explodiu: — Atenção, turma. Para aqueles de vocês que não leram o anúncio postado fora das portas do auditório e aqueles que parecem não ser capazes de seguir as instruções — Ele olhou para o garoto que agora estava verde —, o plano de estudos será enviado para a turma hoje à noite. Ele, então, se virou para o aluno. — Mais alguma pergunta? — Não — O garoto guinchou e saiu correndo do auditório. — Abaixem o lápis — Disse Cooper. — Se vocês não foram capazes de completar um teste básico que cobre os aspectos rudimentares da química, então, provavelmente não sobreviverão a esta aula. Para outros de vocês que conseguiram responder a todas as perguntas, parabéns, vocês sabem ler. Os alunos correram para a frente da sala para entregar a ele seus papéis. — Encontro vocês dois mais tarde. — Travis piscou enquanto dobrava o teste.
— Faça-me um favor e entregue meu teste para mim. — Greg jogou seu teste em mim, juntou suas coisas e correu atrás de Travis. — Espera, Greg! — Te amo para sempre! — Ele acenou enquanto corria para fora do auditório gritando atrás de Travis. Maldito Greg e sua paixonite. A última coisa que eu queria fazer era entrar em contato próximo com o Professor Cooper. Eu só queria que esse dia acabasse. No momento em que me aproximei dele, senti novamente aquela atração familiar. Eu estava prestes a jogar os papéis e sair correndo quando um aluno bateu em mim por trás. Cambaleando para frente, minha mão roçou a de Cooper. Ele recuou como se eu o tivesse queimado. Esperando ver aqueles olhos frios me encarando novamente, pisquei enquanto olhava para as poças de azul derretido. Seus lábios se separaram como se estivesse prestes a me dizer algo. E eu esperei com a respiração suspensa, lutando contra a força motriz que queria que eu me enterrasse em seu peito. Eu nem conhecia o homem, mas, ainda assim, podia ver mágoa, esperança e perplexidade escondidas no fundo de seus olhos quando olhava para mim. Como se estivesse ouvindo minha pergunta silenciosa, ele rapidamente mudou seu rosto para um comportamento severo de professor e evitou meu olhar, como se estivesse se protegendo de mim. Mas aquilo era loucura. Por que ele teria medo de mim? Ele era o professor. Silenciosamente, desejei que ele olhasse para mim novamente. A atração que eu sentia por ele estava me deixando louca. Aproximei-me, alcançando minha mão da dele. Cílios escuros tremularam fechados enquanto ele parecia lutar contra algo dentro de si. Olhe para mim. — Oh, Professor Cooper. Estou muito feliz por poder me inscrever em sua classe novamente. Oh, aqui, deixe-me pegar isso para você. — Gianna arrancou os testes da minha mão e os jogou com os outros no atril.
O Professor Cooper ergueu os olhos. Seus olhos pousaram nos meus por um momento antes de se virarem para Gianna. — Srta. Ferilli, é bom ver você de novo. Talvez possamos fazer melhor dessa vez? — Acho que sim, se puder obter ajuda extra. — Ela bateu os cílios. — Claro, venha comigo. Podemos marcar um encontro durante meu horário na sala do professor. Ele passou por mim com Gianna seguindo de perto. Eu fiquei lá como uma idiota com minha boca aberta. Eu estava chateada. E o que me irritava mais era que eu não sabia por que estava chateada.
Capítulo Seis Entrei na casa de Rainbow e caí de cara em um pufe roxo. O dia não tinha corrido nada bem. Ter meus sonhos bizarros à noite era mais do que suficiente. A última coisa que eu precisava era tê-los durante o dia. Mesmo depois da aula de Cooper, continuei tendo imagens estranhas surgindo na minha cabeça enquanto caminhava pelo campus. Consegui sobreviver às minhas aulas de Composição e Introdução à Psicologia. Mal. Por alguma razão estranha, eu não conseguia tirar Cooper da minha mente. Era irritante. Deitada de costas, olhei para o teto com rede arrastão. Eu tinha uma redação para escrever e cinco capítulos para ler para Psicologia. Estava cansada e com fome porque não queria gastar o pouco dinheiro que tinha sobrado em um sanduíche de dez dólares. E ainda não tinha um emprego. Pensei no frasco de comprimidos que tinha na gaveta do criado-mudo e suspirei. Greg estava certo. Eu teria que começar a tomá-los novamente. — Nicole! É você? — Sim. — Levantando, fui para a cozinha. O vestido esvoaçante de Rainbow flutuava em torno de seus tornozelos enquanto ela se movia da geladeira para o fogão, cantarolando. — É uma música bonita, o que é? — Blackbird . — Ela fez uma pausa, tirando o cabelo ruivo encaracolado do rosto. — Lembro-me do dia em que Crosby, Stills, Nash & Young tocaram em Woodstock. Foi a primeira vez que estive com uma... oh, você não precisa saber dessa parte. De qualquer forma, Greg vai se juntar a nós para jantar? — Sim, ele me mandou uma mensagem. Está a caminho. Posso ajudar com o jantar? — Claro. Você pode colocar os cachorros-quentes lá na grelha. — Você come cachorro-quente? — Eles são cachorro-quente Tofurky. Totalmente sem carne, mas muito bons. Peguei uma substância pálida em forma de tubo. Era difícil imaginar algo parecido com aquilo com gosto bom. Mas eu estava com tanta fome que comeria quase tudo naquele momento.
— Então, como foi seu primeiro dia de faculdade? — Bem. — Eu era uma mentirosa e, aparentemente, uma péssima porque Rainbow arqueou uma sobrancelha com a minha resposta. — Sua aura me diz o contrário. — Minha aura? — Sim, está um pouco turva azulada hoje. É como se você tivesse medo de alguma coisa. — Não é nada ruim, sério. Meu professor de química e eu começamos com o pé esquerdo. Ele meio que agiu como um... bem, uh, como um idiota arrogante. — Não havia outra maneira de dizer. — Eles geralmente são. Eu ri. — Para ser justo, eu meio que estraguei a camisa dele e o atrasei para a aula. Tentei me desculpar com o Professor Cooper, mas isso só piorou as coisas. Uma tigela escorregou de suas mãos, espatifando-se no chão. Seu rosto empalideceu. — Você está bem? — Abaixei-me pegando os pedaços em torno de seus pés descalços. — Você disse Cooper? Jackson Cooper? — Sim, você o conhece? Ela piscou, abrindo e fechando a boca como se eu a tivesse pego desprevenida. — Claro. Muitas pessoas o conhecem. Ele é um dos principais pesquisadores em seu campo. — Ela pegou uma vassoura e se ocupou varrendo o chão imaculado. — Interessante que um bioquímico renomado desse uma aula de química para calouros. Então, ele estava mal-humorado? — Esse é o eufemismo da década. — Tenho certeza de que as coisas vão se acalmar quando todos terminarem a primeira semana dos malucos do semestre. Que tal suas outras aulas? Ela estava tentando mudar de assunto. Isso me deixava ainda mais curiosa. Ela não parecia o tipo de pessoa que evitava as coisas. Esse era mais o MO dos meus pais. Depois de colocarmos a mesa e os cachorros-quentes Tofurky em uma travessa, sentei-me, pronta para comer a salada. Pelo
menos isso parecia razoavelmente normal. Foi quando ouvi um grito e vi a cabeça de Greg correr pela janela da cozinha. — Greg? Houve um grito alto seguido por um grito agudo e ele passou voando pela janela novamente. A porta da frente bateu e ele correu para a cozinha, gritando: — Faça isso ir embora! Está me atacando! — O que está atrás de você? — Perguntei enquanto observava Greg correr ao redor da mesa, seus braços balançando. Ele rapidamente pulou em uma das cadeiras da cozinha e agarrou uma faca. — Aquela... aquela coisa. Ele apontou a faca para algo sob seus pés. — Olhe para seus olhos redondos. Ele quer me matar. Olhei ao redor do chão e vi um lampejo de penas quando algo passou correndo por meus pés. Gritando, pulei na minha cadeira. — Que diabo é isso? — Penny, o que eu disse sobre você entrar em casa? — Rainbow repreendeu enquanto se abaixava e pegava a criatura. Ela passou a palma da mão em sua pequena cabeça. — Sua garota travessa. — Isso é uma...? — Eu não conseguia acreditar no que estava vendo. — O que é isso? — Passe-me o molho de churrasco e isso é o jantar — Disse Greg. A galinha grasnou. Uau! Uma galinha de estimação. Isso era coisa do Texas ou de Rainbow? — Ora, ora, Penny, ele não quis dizer isso. Ele estava apenas brincando — Rainbow sussurrou. — Não, não estou — Ele murmurou. Os olhos redondos de Penny olharam para ele, mantendo um olho na faca. — Eu não sabia que você tinha animais de estimação — Eu disse. — Penny pertence à minha parceira da vida, Meadow. Ela está mochilando pelo Tibete. Você a encontrará em algumas semanas,
quando ela voltar. Greg, você pode abaixar a faca. Penny não vai bicar você. Certo, Penny? Greg estreitou os olhos observando Penny enquanto Rainbow a carregava de volta para fora. — Vou ficar de olho em você. — Você percebeu que estava ameaçando uma galinha com uma faca de manteiga, não? Alcançando por cima da mesa, ele pegou um cachorro-quente falso e o enfiou em um pãozinho. — E eu farei de novo. Você não a viu, Nicole. Eu estava cuidando da minha vida e essa bala marrom disparou direto para mim. Era como se ela sentisse o cheiro do frango teriyaki que comi no almoço. E esse bico dói. Agora, tenho pequenos pontos vermelhos em todos os meus tornozelos. Eu estava planejando descansar perto do rio amanhã depois da aula. — Seu grande bebê. E você não sabe que muito bronzeamento é ruim para você? — Para você, talvez, Sra. Lagosta Vermelha. — Ele bateu na minha bochecha e sorriu. Não era justo que ele tivesse aquele belo bronzeado dourado que o deixava ainda mais bonito. Tudo que eu tinha que esperar era me descascar. Eca. — Ei, isso realmente parece bom. — Ele amontoou uma colher de molho doce em seu cachorro-quente. — Então, eu preciso te contar sobre o que aconteceu com Travis. Peguei algumas informações, para você, é claro, porque já faz um tempo que você não tem um encontro real e... Ele parou abruptamente, seu rosto ficando quase tão verde quanto a minha salada. Ele cuspiu o cachorro-quente em seu prato. — Que nojo! Greg! — O que diabos eu acabei de comer? — Oh, você experimentou o Tofurky — Disse Rainbow, caminhando de volta para a cozinha. — Demora um pouco para se acostumar... — Um pouco? — Ele fez uma careta enquanto procurava algo na mesa, com a língua de fora. Localizando um guardanapo, ele passou-o repetidamente na língua, engasgando. — Tem um gosto muito melhor com chili tofu. Quer que eu prepare um pouco para vocês dois? — Não! — Gritamos.
Rainbow pegou uma jarra e derramou um líquido amarelo em seu copo. — Beba isso, você vai gostar. Ele olhou para o copo com ceticismo. — O que é? — Limonada. — Oh. — Ele tomou um gole. — Ah, muito melhor. Ela bagunçou seu cabelo. — Eu ainda vou fazer de você um vegetariano. Oh, isso me lembra. Ela enfiou a mão no bolso do vestido e me entregou um pedaço de papel. — Meu amigo, Lou, é dono do Café do outro lado do campus, Jitters. Ele disse que precisava de ajuda. Ele está em Tucson cuidando dos negócios da família, mas estará de volta em algumas semanas. Você pode falar com ele então. Eu olhei para o papel. — Obrigada. Estou realmente agradecida. — Tudo bem. Lou pode estar um pouco perturbado e tende a esquecer as coisas às vezes. Mas ele é um homem doce. Você vai gostar dele. Gostando dele ou não, eu estava desesperada por um emprego. Enfiei meu garfo na salada, me sentindo muito melhor com a situação do trabalho resolvida. Agora, tudo o que eu tinha que fazer era sobreviver à aula de Cooper.
Capítulo Sete — Srta. Ashford! Pisquei, chocada que o professor Cooper estivesse me chamando. Já se passaram semanas e nenhuma vez ele olhou para mim. — Acorda, Nicole — alertou Greg. — Uh, fluoreto de alumínio. Vários alunos riram. — Legal — Travis murmurou baixinho, rindo. Mesmo quando estava rindo, ele parecia o menino de ouro perfeito e era irritantemente bonito. Ainda mais irritante era a maneira como Greg o admirava. Seu rosto todo apaixonado por Travis. Ele riu ainda mais forte, dando uma cotovelada em Travis, juntando-se a ele. Eu fiz uma careta e ele sufocou uma risada. Sim, ele sabia que não devia ficar no meu lado ruim. — Desculpe, você estava dizendo? — Eu me virei para encarar Cooper e dei uma boa olhada nele pela primeira vez desde o início do semestre. Grande erro. Ele parou na frente do atril, os braços fortes cruzados sobre o peito enorme. Meus olhos se arrastaram lentamente para cima, observando cada centímetro de seu corpo musculoso, a linha da mandíbula quadrada espessa com a barba, até atingirem os ardentes olhos azuis de pedras preciosas. Bom Deus. Por que ele não parecia um cara normal? E por que ele tinha que ser tão irritantemente sexy? Eu me mexi desconfortavelmente na cadeira. — Eu, uh, você fez uma pergunta? Sim, havia uma razão pela qual eu mantinha minha cabeça baixa durante a aula. Um olhar e meu cérebro já estava em modo estúpido. Eu rapidamente desviei meus olhos para a parte de trás da cabeça de Gianna. — Se você conseguir utilizar as funções de seu lobo frontal, Srta. Ashford, pedi para falar com você depois da aula. Eu não tinha ideia de por que ele queria me ver. Eu não tinha dado um pio desde o início do semestre. Conhecendo a minha
sorte, ele provavelmente iria me cobrar a conta pela lavagem a seco. Gianna se virou, olhando para mim brevemente. Ela se inclinou para Ruiva, sussurrou algo em seu ouvido e riu. Eu apertei minha mão em punho. Eu estava cansada de ser usada como saco de pancadas de Cooper. O homem precisava superar o pequeno incidente do café. Ele queria me ver depois da aula? Ótimo. Eu queria vê-lo também – falar-lhe umas verdades. — Sim, senhor. — Ooh, alguém está encrencada — Disse Greg em uma voz cantante quando Cooper liberou a turma. — Para com isso. — Eu lentamente juntei minhas coisas. Depois que a maior parte da turma foi embora, fiquei a alguns metros de Cooper, esperando enquanto ele falava com alguns alunos que tinham dúvidas sobre o trabalho de classe. — Com licença — Gianna passou por mim enquanto ia até ele. — Eu só queria dizer que estou aprendendo muito. As aulas extras que você está me dando têm sido muito úteis. — Ela colocou uma mão possessiva em seu braço musculoso, em seguida, me lançou um olhar de soslaio odioso. Qual era o problema dela? Ela estava agindo como se estivéssemos em competição ou algo assim. Não era como se Cooper gostasse de mim. Se qualquer coisa, ele provavelmente ficaria aliviado se eu abandonasse as aulas. Oh, droga! Era isso. Ele estava me expulsando da aula. — E eu amo essa cor em você. — As unhas bem cuidadas de Gianna deslizaram sedutoramente sobre sua camisa preta listrada. Olhei direto para a sua mão. Do nada, eu tive o desejo de arrancar seu braço. Eu enrijeci surpresa com minha reação intensa e totalmente irracional. O que eu me importava se ela queria dar umazinha com Cooper? Não era da minha conta. — Tenho algumas perguntas sobre a palestra de hoje. — A mão dela desceu lentamente pelo braço dele antes de envolvê-la em seu livro. Acariciando o texto, ela continuou. — Talvez eu possa ir à sua sala de novo? Ele a estudou por um momento. — Não estou disponível hoje. Envie-me um e-mail e marcamos um horário para nos encontrarmos
na próxima semana. Srta. Ashford. Ele se virou para mim, estendendo a mão, me direcionando para a porta dos fundos do auditório. Mordendo meu lábio, segurei um sorriso presunçoso. Caramba. A expressão de choque nas feições dela era tão digna de uma foto. Se eu pudesse sacar meu celular para tirar uma. Enquanto ele me guiava pelo corredor, senti uma leve pressão na parte inferior das minhas costas. Borboletas vibraram em meu estômago com seu toque. Uma imagem apareceu. Eu gemi. Os devaneios assustadoramente sombrios estavam acontecendo novamente. Cabelo com permanente e mullets , leggings de cor neon brilhante e tiaras invadiam minha mente. Cerrei meus punhos, esforçando-me para manter as estranhas visões fora da minha cabeça quando entrei em seu escritório. Andei na ponta dos pés em torno das pilhas de livros e de papéis da altura do joelho, no chão. As paredes estavam cheias de prateleiras com mais livros e dezenas de prêmios. Uma grande mesa cheia de papéis e um computador encostado em uma grande janela. Eu me coloquei na frente de sua mesa, o único local livre de desordem na sala. Tive um vislumbre de uma pilha de provas corrigidas, marcadas com tanto vermelho que você pensaria que o papel estava sangrando. Eu nunca tinha visto tantos três e quatros. Eu ouvi uma risada familiar e olhei pela janela. Greg e Travis estavam atravessando o pátio. Travis azarava um grupo de garotas. Greg não parecia se importar; ele apenas continuava falando. Suspirei. Quando Greg tinha uma queda por um cara, nada poderia convencê-lo de que o cara que ele tinha em vista não jogava no seu time. Ele só teria que descobrir da maneira mais difícil mais tarde, e eu estaria lá para juntar os cacos, como sempre. Às vezes era difícil. Ele merecia encontrar alguém que o amasse pelo cara doce e peculiar que ele era, mesmo que fosse irritante algumas vezes. Olhei para a mesa novamente e vi seu nome rabiscado em um dos papéis. Próximo a ele estava um noventa e nove. Eu revirei meus olhos. Ele iria fazer sua dança feliz e exibir aquela nota durante todo o semestre.
A porta se fechou e eu congelei. Mesmo de costas para ele, a presença do Professor Cooper me oprimia. Eu podia sentir seus olhos perfurando minhas costas. Respirei trêmula tentando me acalmar. Gemi quando senti um cheiro sedutor de couro e almíscar. Aquilo não estava ajudando. Lambi meus lábios secos nervosamente. Eu poderia muito bem ir direto ao ponto e falar primeiro, antes de perder a coragem de repreendê-lo. Mantendo meus olhos grudados na janela, eu disse: — Eu sei por que você me chamou aqui. Esperando por sua resposta, meu coração bateu forte contra meu peito, que eu jurei que ele podia ouvir na sala silenciosa. Minutos se passaram. Nada. Eu me mexi desconfortavelmente. Por que ele não estava dizendo nada? Respirando fundo, me virei para encará-lo. Minha respiração engatou com a expressão em seu rosto. Era como se ele fosse outra pessoa. A expressão severa que ele tinha na aula havia sumido. Seus olhos eram piscinas suaves de azul em que eu poderia me afogar para sempre. Eles eram tão bonitos. Era como ver o sol pela primeira vez. Avancei, sentindo aquela atração por ele novamente. Seus lábios se separaram quando ele respirou fundo. Então, ele enrijeceu e encolheu enquanto eu fechava o espaço entre nós. Seus olhos endureceram, me avisando para manter distância. Cruzando os braços sobre o peito, ele disse: — Você está dizendo que pode ler minha mente, Srta. Ashford, uma mente que conseguiu milhões em doações para o Instituto Nacional de Saúde? Ou talvez depois de poucas aulas de Psicologia, você agora se considere um especialista na psique humana? Sim, esse era o Cooper com o qual eu estava acostumada. Um idiota arrogante sexy que gostava de me torturar, mas era legal com alunos como Gianna, que jogaria sua calcinha nele na aula se pensasse que poderia se dar bem. — Como você sabe que estou estudando Psicologia? Ele piscou, parecendo que tinha sido pego. — Apenas uma suposição. A maioria dos calouros faz esse curso para um ‘A’ fácil, embora eu esteja intrigado por que você está fazendo meu curso.
— Você não acha que eu tenho o que é preciso para passar em química? — Não de acordo com a sua última nota na tarefa. — Não vou desistir. — Ergui meu queixo, pronta para uma luta. — Eu não estou pedindo para você largar a aula. Embora fosse melhor para você. — Por que... porque você vai me fazer repetir? — Não, Srta. Ashford. Porque eu não vou cair no seu plano de ganhar um ‘A’ no curso. — Não tenho ideia do que você está falando. — Eu dei mais um passo à frente, pronta para enfrentá-lo. Eu já estava prestes a ser expulsa. Eu não tinha nada a perder. Ele respirou fundo e cerrou os dentes. — Pare com isso. Meus olhos se arregalaram com sua reação. — Parar o quê? Não tenho ideia do que você está falando. Seus ombros ficaram tensos enquanto seus olhos percorriam meu corpo. — Você não é a primeira aluna a tentar seduzir um professor para uma nota melhor. O homem estava louco? Eu olhei para o que eu estava vestindo. Não era nem remotamente sexy. Eu estava com uma regata azul clara com uma das camisas Oxford de Greg jogada por cima e uma bermuda na altura do joelho. Sim, os chinelos Birkenstock gritavam: “Me foda!” — Eu nunca faria isso — Rebati. — Admito que estou tendo um pouco de dificuldade com as aulas, e seria bom realmente conseguir alguma ajuda, mas eu nunca faria o que você está insinuando. — Oh, sério, Srta. Ashford. — Ele deu um passo à frente. Eu engoli em seco com o quão grande ele era. Seus ombros eram tão largos. — Suponho que você acidentalmente conseguiu esbarrar em mim e pressionar seu corpo contra o meu de forma sugestiva no início desse semestre. — Aquilo foi um acidente. Além disso, eu nem sabia que você era meu professor. — Tenho certeza. E também tenho certeza de que foi um acidente você me observar com aqueles seus olhos arregalados,
brincando com seu cabelo, cruzando e descruzando as pernas nuas na aula. Ele estava me irritando. Ele me fazia soar como se eu fosse Gianna. Coloquei minhas mãos em meus quadris. — Você está me confundindo com outra pessoa. Você pode ter outras garotas na classe ofegando atrás de você, mas eu não sou uma delas. Em três passadas rápidas, ele me puxou para ele, e eu bati em seu peito musculoso. Respirei fundo quando um raio me atingiu, despertando partes em mim que estiveram dormindo há muito tempo. Ele abaixou a cabeça, parando antes que seus lábios tocassem os meus. Olhos ferventes caíram em minha boca. — Isso é o que você quer, não é, Srta. Ashford? Sim . — Não. Ele sorriu. — Você está brincando com fogo, garotinha. — Já disse que não estou... Lábios selvagens atacaram os meus e meu corpo pegou fogo. Minhas mãos voaram, deslizando sobre seus bíceps duros como pedra e ao redor de seu pescoço. Eu o agarrei mais perto, aprofundando o beijo. Sua barba por fazer esfregou contra minha pele macia enquanto sua língua devorava minha boca. Lábios escaldantes viajaram pela minha garganta. Seu queixo áspero roçou o topo do meu seio. Eu gemi, arqueando meus quadris na parte inferior de seu corpo. Minha mente lutava descontroladamente com o que estava acontecendo, o quão excitada eu estava e o quanto eu queria que ele me tomasse ali mesmo em seu escritório, em sua mesa. Eu não deveria estar fazendo isso. Oh, Deus, sim, não pare. Isto está errado. Ele é meu professor. Sim, mais. Eu preciso de mais. Não. Sim! — Você quer que eu continue? — Sua voz profunda retumbou, me fazendo tremer ainda mais quando me inclinei contra seu corpo rígido.
Eu não conseguia respirar. Não conseguia pensar. Sua língua bateu no topo do meu seio e eu engasguei. — Sim! — gemi. Seus lábios devoraram avidamente os meus. Então, ele se abaixou e, de uma só vez, me puxou para cima e minhas pernas estavam imediatamente em volta de sua cintura enquanto ele me colocava em cima da mesa. Meu núcleo latejava quando ele se pressionou contra mim, esfregando contra a fina camada do meu short. Algo me dominou naquele momento. Era cru, carnal. Era como se o animal em mim tivesse ganhado vida, e eu nem sabia quem eu era. Tudo o que eu sabia era que estava desesperada para sentir sua pele contra a minha. Empurrando-o de volta, rasguei sua camisa. Botões voaram, espalhando-se no chão. Ele era magnífico. Cada centímetro dele era puro músculo. Pressionei meus lábios em seu peito, deixando minha língua passar por cada fenda musculosa. Quando agitei seu mamilo endurecido, ele assobiou e suas mãos se cravaram em meu cabelo. Eu ansiava por cada centímetro dele. Ele estava certo. Eu o queria tanto quanto qualquer outra garota de sua turma. Tirei minha camisa, jogando-a de lado. Olhos azuis ardentes beberam em meu peito arfante antes que ele abaixasse a cabeça, beijando o topo do meu seio. Em um movimento rápido, ele puxou o bojo do meu sutiã para baixo e devorou um mamilo, sugando-o com força em sua boca quente, sua língua chicoteando-o para frente e para trás. Gemendo, rolei minha cabeça para trás, me afogando na mistura requintada de dor e prazer enquanto ele mordia e chupava meus mamilos ainda mais forte, me marcando com seus beijos selvagens. Doendo, puxei o cós de sua calça desesperada para que ele preenchesse minha necessidade dolorida. Minha mão deslizou por seu abdômen tenso até sua protuberância dura e gemi com seu tamanho. Ele rosnou ao meu toque e, em segundos, meu short e calcinha estavam voando pelo ar e sua calça caía aos seus pés. Eu
estava encharcada, pronta para ele. Seu comprimento grosso deslizou contra minha coxa, provocando minha entrada, me fazendo gotejar de desejo. — Por favor — Gemi. Ele colocou suas mãos fortes em meu cabelo. Pegando, ele puxou minha cabeça para trás. Olhos brilhantes seguraram os meus enquanto ele sussurrava: — Nicole. Então, ele mergulhou em mim.
Capítulo Oito Eu engasguei e me ergui, nua e coberta por um brilho leve de suor. A luz do sol se infiltrou no quarto escuro. Segurando o lençol frio contra o meu peito, meu coração disparou enquanto eu olhava confusa ao redor do cômodo. Onde estou? Por que estou nua, e onde está minha calcinha? Meus olhos se ajustaram e vi meu reflexo no espelho familiar até o chão. Eu estava no meu quarto. Foi um sonho. Graças a Deus! Tropecei para fora da cama, meu cérebro ainda em uma névoa, e procurei minhas roupas. Finalmente encontrei minha calcinha e camiseta presas no canto da cama entre o colchão e os lençóis. Aquilo era estranho. Eu nunca tirei minhas roupas enquanto estava dormindo antes. Deve ter sido um senhor sonho. Uma sensação deliciosa pulsou entre minhas pernas e, de repente, percebi o que havia acontecido. De jeito nenhum. De. Maneira. Nenhuma! Eu tive um sonho erótico. Com o Professor Cooper! Pegando uma nova muda de roupa, andei pelo corredor até o banheiro totalmente enojada de mim mesma. Como Cooper pôde aparecer em meus sonhos assim? E de todas as pessoas, por que esse burro arrogante? Sim, ele era gostoso, mas, ainda assim, eu não era como as outras garotas da classe, que o bajulavam. Eu não estava atraída por aquele homem, e ele, obviamente, me odiava. Então, por que você sonhou com ele? Uma pequena voz sussurrou em minha cabeça. Cale-se! Ótimo. Agora, eu estava discutindo comigo mesma. Entrando no chuveiro, girei o registro a todo vapor para a configuração mais fria e empurrei a insanidade para o fundo da minha mente. Deviam ser os malditos comprimidos que tomei na noite passada. Eles estavam bagunçando minha cabeça novamente.
Apertando meus olhos fechados, inclinei minha cabeça para o fluxo d’água, forçando os resquícios do sonho para fora da minha cabeça. Então, talvez ódio fosse uma palavra muito forte. Depois do desastroso primeiro dia de aula, Cooper foi educado, dando-me um aceno de saudação assim como fazia com os outros alunos. Embora ele nunca tenha olhado para mim. Nas últimas semanas, o homem evitou o contato visual. Mas quando se tratava de Gianna, ele era doce como uma torta e não tinha problemas para olhar para ela. Ok, isso não era justo. Cooper a tratava da mesma forma que aos outros alunos. E a única vez que ele olhou para ela foi quando ela se plantou na frente dele, o que ela fazia... muito! Ele demorava quando os alunos lhe faziam perguntas e uma vez ele quase sorriu. Mas, por que ele olhava para todos, menos para mim? Cara, por que ele tinha que ser legal? A vida seria muito mais fácil se ele fosse realmente como o bastardo arrogante do meu sonho. Para piorar as coisas, ele era um excelente professor. Eu realmente entendia o conteúdo do curso. Até tirei um ‘B’ em minha tarefa mais recente. Greg estava o Sr. Beicinho porque eu o superei por vinte pontos. Rindo, desliguei a água. Sim, eu deveria saber que era um sonho no momento em que vi os noventa e nove no papel de Greg. Ele não estava indo muito bem na aula de Cooper, e isso o estava deixando louco. Vesti uma camiseta limpa enquanto pensava sobre a maneira como Cooper encarava Greg ultimamente. Aconteceu um dia depois que Greg e eu o encontramos no pátio. Greg estava agindo como sempre, bobo, com o braço entrelaçado no meu quando Cooper saiu do prédio de química. Quando Greg acenou, Cooper deu a ele um breve aceno de cabeça e olhou para o braço de Greg antes de partir rapidamente. Ele nem se preocupou em se dar conta da minha presença. Era como se eu fosse invisível ou algo assim. Empurrando o pensamento em Cooper de lado, fui até a cozinha, meu estômago roncando com o cheiro de bacon de dar água na boca. Rainbow provavelmente estava fora de novo em seu
passeio de bicicleta de manhã cedo. Por mais que eu tentasse, simplesmente não conseguia ser vegetariana. E dirigir até o campus passando por pelo menos meia dúzia de restaurantes especializados em churrasco também não ajudava. O cheiro de churrasco ficava em mim e eu estava com fome o tempo todo. Sim, eu cedi. Greg não durou nem um dia. Depois do incidente do cachorroquente Tofurky, ele me arrastou para o supermercado, jogando todas as carnes conhecidas pelo homem no carrinho, resmungando: — Eu não chutei a bunda da evolução só para comer folhas e galhos. Rainbow era doce e não reclamou ou nos fez sentir mal por isso. Embora da última vez que Greg cozinhou bacon, ela teve ânsia com o cheiro e ficou verde. — Você vê isso. Eu sei que você pode ver isso — Disse Greg enquanto estava na frente do fogão, acenando um ovo para a janela da cozinha. Penny estava sentada no parapeito da janela. Seus olhos redondos se estreitaram e a cabeça inclinada, olhando para ele. — Sim, quem está chorando agora? — Resmungando, ele quebrou o ovo na frigideira. — O que diabos você está fazendo, Greg? — Perguntei. — Mostrando a Penny quem manda... Os olhos azuis de Greg travaram com os olhos negros de Penny em um confronto. — Você está torturando uma pobre galinha. Se dá conta disso, não? — Eu não sei do que você está falando. Estou apenas cuidando da minha vida e fazendo o café da manhã. — Ele quebrou um segundo ovo. Chiou quando atingiu a frigideira. — E se isso coloca Penny em seu lugar no processo, bom para mim. — Você consegue ser tão louco às vezes. — Servi um copo de suco e tomei um gole. — Sim, mas você me ama por isso. — Ele colocou um prato cheio de ovos mexidos e bacon na minha frente. — Além disso, eu sou o único que está disposto a suportar seus gemidos e murmúrios.
Tossi, cuspindo suco por toda parte. — O QUÊ? — Eu sou totalmente voltado para o amor próprio, mas você poderia conter os gemidos? Alguns de nós precisam do nosso sono de beleza. — Ele enfiou um garfo nos ovos. Olhando para Penny com um sorriso maligno, acenou com uma garfada antes de enfiá-la na boca e estalar os lábios. Ela cacarejou. — Noite passada? Eu não estava... — Meu rosto esquentou com a memória dos lábios de Cooper chupando meu...— Eu estava com dor de estômago. — Uh-huh, sim, claro. Então, você não estava montando...? Meus olhos piscaram para baixo e, de repente, fiquei muito fascinada pelo meu café da manhã. — Não tenho ideia do que você está falando. — Você sabe, molhando o biscoito. — Não. — Afogando o ganso? — Eu disse não. — Clicando duas vezes com o mouse? Polindo a pérola? — Greg, você... — Dando um tapa na aranha? — Eca. — Passando a régua? — Greg! — Está bem, está bem. Não tenha vergonha, amiga. Eu sei que faz um longo tempo desde que você teve qualquer “tchaca tchaca na butchaca” com alguém. — Eu não fiz nada. — Então, foi um sonho. Não tente esconder, baby. Te conheço muito bem. — Certo. Eu tive um sonho. — Que bom. — Ele sorriu. — É melhor do que ter um dos seus pesadelos. Foi melhor. Ontem à noite, foi a primeira vez que não senti como se meu coração estivesse sendo feito em pedaços.
— Então — Ele se inclinou para frente, me estudando —, quem é o cara? Alguém que eu conheço? Movi os ovos em volta do meu prato, evitando seus olhos. Tinha que ter muito cuidado com Greg. Ele era um detector de mentiras humano. — Não. Ele arqueou uma sobrancelha. Besteira! Ele estalou a língua e começou a nomear todos os caras da nossa aula de química que ele achava gostosos. — Sean. — Epstein? Uh, isso seria um não. — Rick. — Eu disse que não é ninguém que você conhece. — Kellan? — Sério? Você acha que Kellan é gostoso? — Limpe-o um pouco. Livre-se desses dreadlocks. Sim. — Ele mastigou sua torrada, pensando. — Ok, não Kellan. Hmm. Travis? — Não! — Por que não? — Ele parecia insultado. — Ele é sexo ambulante. E, por acaso, sei que ele gosta de você. E, provavelmente, de todas as garotas do campus. Onde quer que ele fosse, havia uma garota pendurada em seu braço. A única vez que ele não fez isso foi quando estava saindo com Greg. Embora eu tenha ficado aliviada ao ver que Greg finalmente entendeu a dica sobre Travis, fiquei surpresa por não ter que arrancá-lo do chão. Agora, aqui estava ele, tentando me conectar com seu crush-amigo. — Ele é fofo se você prefere aquele visual de Brad Pitt. Mas eu não sonhei com ele. — Sim, você vai para o tipo mais intelectual, como Cooper. Minha mão congelou no ar. Um pedaço de ovo caiu no meu suco de laranja. — É Cooper! Você teve um sonho erótico com Cooper! — Eu não tive! — Também tive. — Não.
— Também. Penny cacarejou. — Veja, até Penny sabe que você tem tesão por Cooper. — Ele foi até a janela e pressionou o punho contra o vidro. — Não me faça esperar, Penny. Eu ri quando a garra de Penny bateu contra o vidro. — Você a ensinou como fazer isso? Achei que você não gostasse dela. — Penny e eu temos uma relação especial de amor e ódio. Você sabe, como você e Cooper. . . sem todo o sexo. — Não há sexo, Greg. E não houve nenhum sonho. — Uh-hum, sim. Eu acredito em você. — Podemos mudar de assunto? — Tudo bem, tudo bem. Você não é nada engraçada. — Ele foi até o balcão e serviu café em duas canecas. — Você está, pelo menos, dormindo melhor à noite? Seja honesta. Ele colocou uma caneca na minha frente, em seguida, tocou levemente os círculos escuros sob meus olhos. — Eu me preocupo com você. Pegando sua mão, sorri. Ele era um amor. Era difícil ficar com raiva dele. — Tomei um comprimido na noite passada. E dormi muito bem, relativamente falando. — Ooh, talvez eu deva tomar um. Eu olhei. — Só brincando! Sério, você deve tomá-los todas as noites, colocá-los em seu sistema. Balancei minha cabeça. — Eu os tomei todas as noites na semana passada e mal consegui me concentrar nas aulas. Continuei cochilando nas minhas aulas da tarde, especialmente na minha aula de Filosofia. A professora era tão entediante com seus incontáveis slides em PowerPoint . Ela basicamente regurgitava as leituras atribuídas da semana durante toda a palestra. Era difícil manter meus olhos abertos. — Acho que não vou aguentar mais. Eles estão me causando efeitos colaterais estranhos. — Você quer dizer os orgasmos? — Greg! Isso não foi o que eu quis dizer.
Os sentimentos estranhos que tive durante o primeiro dia do semestre não foram embora. Eles realmente ficaram mais fortes. Eu entrava em uma sala de aula ou em um prédio e um arrepio tomava conta de mim. Minhas mãos suavam e meu coração batia mais rápido. Era como se eu estivesse tendo um ataque de pânico. Era mais forte quando eu estava na aula de Cooper. Mas no momento em que ele entrava, uma paz me envolvia como um cobertor quente. O que era ainda mais bizarro era que eu sentia como se estivesse sendo observada em sua aula. No começo, pensei que fosse Travis. Mas quando eu olhava em sua direção, ele sempre estava brincando com Greg. E por um momento totalmente insano, pensei que Cooper estava me observando. Joguei esse pensamento longe da minha mente porque, como eu disse, o homem me evitava como se eu fosse uma praga. — Você sabe que pode falar comigo sobre qualquer coisa, certo? — O rosto de Greg estava sério. Eu sabia exatamente o que ele estava pensando. Ele estava preocupado com o fato de que a pressão para ter um bom desempenho nas minhas aulas estava me afetando, assim como meus problemas financeiros. — Eu sei. É por isso que te amo mais do que meu violão. — Eu sorri. — Ooh, recebi um upgrade . No ano passado, você me amava mais do que o seu iPod . — Ele me deu um empurrão brincalhão antes de pegar sua mochila. — Oh, a propósito, Rainbow disse que Lou está de volta à cidade. Me faça um favor e me traga um expresso duplo, está bem? Travis e eu vamos passar a noite toda revisando a aula de Cooper. O professor Gostosão está bagunçando meu lado social. Ainda não tive tempo de procurar uma boate nesta cidade. Como posso encontrar um “rolo” sem uma boate decente? Mais desse absurdo e terei que abandonar a aula.
Aconteceu novamente. No momento em que coloquei minha mão na maçaneta da porta no Jitters, um arrepio percorreu minhas costas.
Com pílulas ou sem elas, eu definitivamente estava ficando louca. Já chegava ao ponto em que pensava seriamente em ir para o centro de aconselhamento da universidade. Olhei pela porta de vidro, me perguntando o que havia em estar aqui que me deixaria tão nervosa. Era o típico Café do campus. As pessoas bebericavam café gelado. Outras, tinham casquinhas de sorvete nas mãos. Os alunos sentavam ao redor das mesas, estudando, rindo e conversando com seus amigos. Mesmo as poucas almas corajosas que resistiam ao calor e se sentavam no pátio externo pareciam estudantes universitários normais apenas cuidando de seus próprios negócios. Mas meu corpo estava reagindo como se eu fosse a estrela de algum filme de terror ou algo assim. Eu não conseguia parar meu coração disparado. Um flash de luz refletiu na porta de vidro, chamando minha atenção. Eu me virei e olhei para um prédio do outro lado da rua. Acima da entrada, uma placa de vidro lapidado brilhava sob o sol. Clube Vórtice. — Posso ajudar? Uma garota usando um avental com a palavra Jitters no peito sorriu. Ela carregava uma bandeja com xícaras de café vazias e guardanapos amassados. — Sinto muito. Estou bloqueando seu caminho. — Eu abri a porta para ela. — Obrigada. Você está procurando por alguém? — Ela perguntou enquanto eu a seguia para dentro. — Sim, o proprietário, Lou. É ele... No momento em que entrei no Jitters, imagens passaram pela minha mente: luzes multicoloridas piscando, um estroboscópio de cristal girando, música tocando nos alto-falantes. Elas eram tão fortes que cambaleei e tive que agarrar uma cadeira em uma mesa próxima para evitar esbarrar nela. — Lou! Tem alguém querendo te ver! Recomponha-se! Cerrei os dentes, afastando as visões que continuavam correndo na minha cabeça. — Já vou! — Uma voz masculina gritou. No momento em que vi Lou, todos os sentimentos e visões estranhos foram esquecidos. Tentei não ficar boquiaberta com o
homem baixo e atarracado que veio em minha direção. Como Rainbow, ele usava uma camiseta tie-dye. Ao contrário de minha tia, que tinha uma montanha de cabelos encaracolados, ele tinha apenas uma fina mecha preta. No lado esquerdo de sua cabeça. Enrolado para o lado direito. E, então, circulava de volta para o outro lado. A faixa multicolorida em torno de sua testa era a única coisa que parecia estar segurando o fio no lugar. Mesmo com os redemoinhos criativos em sua cabeça, era dolorosamente óbvio que ele era careca. Ele fez uma pausa e olhou por cima dos óculos ovais empoleirados na ponta do nariz. — Eu conheço você? — Uh, não, bem, mais ou menos. Minha tia Rainbow disse que você estava contratando. Eu sou Nicole. — Nicole? Nicole? — Ele coçou o topo da cabeça. A mecha de cabelo não se moveu nem um pouco. Fiquei impressionada. — Você trabalhou aqui, não? — Não, acabei de me mudar para cá. — Tem certeza? — Ele se aproximou, apertando os olhos. Engoli em seco, tentando não engasgar com o cheiro desagradável que vinha dele. Que cheiro era esse? Era como se ele tivesse brigado com um gambá e o gambá tivesse vencido. — Lembro-me de uma Nicole. Ela tocava bongôs. Ou era pandeiro? — Eu toco violão. — Ou talvez fosse o sino? Ah, bem. Minha memória não é muito boa. Tomei muito... Olhos em pânico percorreram o Café, então, ele apertou os dedos na frente dos lábios e inalou. — Mas isso é passado. Eu olhei para os olhos com bordas vermelhas. Ok, certo. — Rainbow e eu nos divertimos muito. Então, Nina... — Nicole. — Certo, Nicole. Rainbow alguma vez lhe contou sobre a época em que estivemos em Woodstock e nos despimos no meio de...
— Não! Quero dizer, sim, ela mencionou algo sobre se divertir lá. Havia algumas coisas que eu simplesmente não precisava saber. — Bons tempos. Bons tempos. Às vezes fazemos uma noite de microfone aberto. Você pode querer tocar seus bongôs. — Violão. — Certo, violão. De qualquer forma, Rainbow me disse que você é uma trabalhadora esforçada e responsável. — Eu sou. — Jitters abre das 5h à meia-noite. Vinte e quatro horas durante as semanas de testes e finais. Espero que todos na equipe do Jitters se esforcem durante esse tempo. — Eu vou. — Está bem então. Eu vou te mostrar o local e você pode começar no sábado.
Capítulo Nove Recostando-me no balcão, limpei minha testa suada em exaustão. Meu primeiro turno no Jitters e eu já estava me perguntando se conseguiria sobreviver pelo resto do dia. Não era o trabalho. Estava levantando às quatro para o meu turno das cinco. Eu tinha ficado me virando novamente na noite passada. Dessa vez, sonhei que estava sozinha em uma grande sala vazia com uma bola de discoteca pairando sobre minha cabeça, procurando por algo. Eu não tinha ideia do quê. Então, o sonho mudou para Cooper. E não era outro sonho molhado sexy. Foi pior. Desta vez, sonhei com Gianna transando com Cooper. Ugh! Que pesadelo. O lado bom era que esperava, no final do meu turno, estar tão cansada que desmaiaria e não teria nenhum sonho. A campainha da porta tilintou. Um grande grupo de estudantes do Ensino Médio entrou na cafeteria e invadiu o balcão. — Vou comprar três bolas desta vez. — Melhor não, Demarco. Mamãe disse para não deixar. — Ela não saberá se você não me delatar, Jayla. — Ela saberá quando você estiver deitado no chão sem a sua insulina. — Trayvon! Venha aqui. Eles conseguiram aquela merda de hortelã verde que você queria. — Pare de empurrar, Tanisha. Eles não vão ficar sem sorvete. Era um caos enquanto as crianças pairavam sobre o balcão, empurrando uns aos outros enquanto olhavam várias seleções e gritavam seus pedidos para mim. Tentei anotá-los, mas com o empurrão, não consegui dizer quem estava na fila primeiro. — O que vai querer? — Perguntei a um cara alto e magro usando calça larga que caía tão baixo que eu podia ver metade de sua cueca vermelha. Qualquer movimento repentino e aquela calça iria cair de vez. — Ei, por que você está perguntando a Trayvon? Eu estava aqui primeiro! — Gritou uma menina pequena com um piercing brilhante no nariz. — Desculpe, não vi você.
— Sim, ninguém nunca vê. Eu quero a mistura de manteiga de amendoim e chocolate. Duas bolas. — Ela me perguntou primeiro, Yo-land-duh . — Trayvon disse, colocando-se na frente dela. — Não é verdade, senhorita? — Sai, Trayvon. — Yolanda deu uma cotovelada nele. — Você sai. Ótimo. Eu ia causar uma briga no meu primeiro dia de trabalho. — Eu posso servir a vocês dois. — Peguei uma colher de sorvete e abri a porta de vidro do freezer. — Trayvon, meu caro. — Lou veio para o meu lado e sussurrou enquanto eu me abaixava para pegar um pouco de sorvete. — Me desculpe por isso. Esqueci de te contar sobre a aula de Cooper. Eles vêm todo sábado de manhã. A cabeça bateu o vidro. Bam! — Ooh, eu ouvi isso. — Yolanda e todos ao seu redor uivaram. — Não sangre no meu sorvete. Esfreguei minha testa, ignorando suas risadas. — Professor Cooper? Tipo o professor Jackson Cooper, da Texas State. — O que você quer, Trayvon? — Lou perguntou. — O de sempre. — Sim, Cooper... — Disse Lou enquanto trabalhávamos para pegar os pedidos de todos. — Ele dá aula de matemática na escola secundária local. Muitas dessas crianças lutam com a matemática e ele as ajuda. Ele as traz aqui como um prêmio depois de cada aula. — Coop é legal! — Yolanda disse. — Ele até me deixa levar Mia comigo para a aula. Ele não se importa se ela chorar um pouco. — Eu me importo — Disse Trayvon. — E ela chora muito. — Ninguém perguntou a você. — Yolanda fez uma careta. — Mia é seu bebê? — Eu perguntei. — Sim. Ela está com ele agora. Ele está tomando conta dela. Oh, sim, ele quer um café gelado. Olhando para a multidão de crianças barulhentas, vi Cooper sentado no canto perto de um carrinho de bebê, conversando com um de seus alunos do Ensino Médio. O menino estava com o cabelo penteado para trás e usava calça larga e uma camisa branca
simples. Eles estavam em uma conversa profunda. Cooper estava assentindo e, então, algo milagroso aconteceu. Cooper riu. Em todas as semanas que estive em sua turma, nunca o ouvi rir ou sorrir como agora. Seu rosto se iluminou, fazendo-o parecer um menino, mesmo com a barba espessa. Ele parecia tão incrivelmente bonito que me tirou o fôlego. Naquele momento, a cafeteria desapareceu e eu me encontrei deitada sob um céu azul brilhante, grama verde e fresca debaixo de mim. Havia pessoas ao meu lado, mas eu não conseguia ver seus rostos. Houve uma risada aguda seguida por uma risada profunda. E eu estava rindo também, apontando para as nuvens. Tentei me virar para ver com quem estava. Eu não podia. Era tão real que parecia uma memória. Sentimentos que eu não tinha há muito tempo passaram por mim. Eu me sentia segura, feliz, amada e nunca mais queria sair daquele lugar. — Senhorita? Ei, senhorita! Acho que ela bateu com a cabeça muito forte. Talvez devêssemos ligar para o 911. Ei, Juanita, qual é o número do 911? — 911. Dã! O som da voz de Yolanda me acordou. — Desculpa. Eu só estava pensando... alguma coisa. Você disse um café gelado, certo? Enquanto trabalhava no pedido de Cooper, não conseguia tirar os olhos dele. Seu sorriso era hipnotizante. Nem uma vez ele fez uma careta para as crianças, mesmo que fossem barulhentas, se empurrando e provocando. Ele parecia se juntar às provocações. Em um ponto, ele até jogou a cabeça para trás, rindo tanto que eu podia ouvi-lo. E aqueles olhos. Oh, meu Deus, como aqueles olhos azuis brilhavam cada vez que ele ria. O bebê no carrinho começou a chorar. Sem parar ou tirar os olhos do garoto com quem estava falando, ele enfiou a mão no carrinho e ergueu o bebê gordinho. Ele beijou sua testa e balançou o lindo bebê em seus joelhos. O copo escorregou da minha mão quando meus ovários explodiram.
— Cara, Lou. Tem certeza que essa garota sabe o que está fazendo? — Trayvon perguntou. — Desculpe. — Limpei freneticamente a bagunça. Eu não gostei disso, nem um pouco. O que aconteceu com o Cooper rosnando que encontrei no primeiro dia de aula? Eu não conseguia lidar com esse Cooper de jeito nenhum. Já tinha muita dificuldade em esquecer o quão irritantemente sexy ele era. Ótimo. Agora, ele tinha o bebê contra o peito e estava dando tapinhas nas costas dela. Eu nunca iria tirar essa imagem da minha cabeça. Entreguei o café gelado para Yolanda e observei enquanto ela voltava para Cooper. Quando ela o alcançou, disse algo para ele rindo e apontou para onde eu estava. Eu congelei quando os olhos de Cooper encontraram os meus. Ele estava olhando para mim. Oh, meu Deus! Ele estava realmente olhando para mim! Seu rosto era uma máscara por um momento enquanto nos encarávamos. Então, seus lábios se curvaram em um sorriso sexy. Segurei o balcão, rezando para não desmaiar. Ele me deu um leve aceno de cabeça antes de voltar sua atenção para Yolanda. Tira o olho do professor gostoso. Desvia o olhar. Meus olhos se recusaram a se mover para longe de Cooper e o bebê se aconchegou em seu peito. Não adiantava negar. Eu estava atraída pelo homem. E não havia nada que eu pudesse fazer a respeito. Eu era uma caloura em sua classe, e ele era um professor premiado. Eu poderia muito bem ter me sentido atraída pelo homem na lua. Sim, eu estava ferrada.
Capítulo Dez Porcaria! Atrasada de novo! E, desta vez, eu não poderia culpar Greg. Bem, tecnicamente, poderia. Não percebi o quanto eu confiava nele para me acordar de manhã para a aula de Cooper. A única razão pela qual não dormi a manhã toda foi por causa das bicadas implacáveis de Penny na minha janela, procurando por Greg. Corri pela multidão de alunos, meu cabelo despenteado voando por toda parte. Eu nem tive a chance de escovar os dentes. Eu provavelmente ainda tinha rugas de cama em minhas bochechas. Fiel à sua palavra, Greg estava farto da aula da manhã de segunda-feira e decidiu que sua vida social era muito mais importante do que aprender algo, e desistiu da aula. Essa foi a sua desculpa. Acho que ele odiava o fato de eu estar tirando notas melhores do que ele. Se ele realmente prestasse atenção na aula e parasse de brincar com Travis, não teria uma média ‘C’. — Desculpe. Desculpe. — Abri caminho por entre um grupo de pais com seus filhos visitando o campus. Alguns deles murmuraram em tom de raiva enquanto eu corria por eles. Assim que eu estava chegando perto do prédio, um esquilo cruzou meu caminho e parou na minha frente. Gritando, tropecei e bati em uma parede macia. Os papéis voaram por toda parte. A parede macia girou e, entre uma nuvem branca de papéis, olhei para poças azuis. Cooper. Minha respiração ficou presa enquanto me afogava naqueles lindos olhos dele. Então, eu senti. O puxão, sua gravidade me puxando para ele. Inclinando-me, inalei, sentindo o cheiro delicioso de sua colônia. Meu coração acelerou quando seus cílios escuros baixaram e estudaram meus lábios. Eu estava com medo de respirar, com medo de me mover. Lentamente, sua mão alcançou minha bochecha e seus lábios se separaram. Oh, meu Deus! Eu estava sonhando de novo? — Nicole. — Seus dedos roçaram meu queixo.
Não era um sonho. Era real. Droga! Eu deveria ter escovado meus dentes. Lambi meus lábios, lembrando do gosto requintado de sua boca em meus sonhos e me perguntei se seria o mesmo. Não me importando que estivéssemos no meio da quadra, me movi mais perto, meus lábios a uma respiração dos dele. Houve um zumbido e ele congelou. Seus olhos tremularam como se ele estivesse acordando de um sonho. Ele recuou, transformando o rosto em uma máscara. Ele puxou um Blackberry do bolso, clicando em alguns botões enquanto falava. — Srta. Ashford, vejo que estamos atrasados de novo. Que diabos? Primeiro, o homem me ignorava por quase todo o semestre. Então, ele estava prestes a me beijar. Ele fazia isso com todas as suas alunas? Que jogo ele estava brincando? Era difícil acreditar que esse era o mesmo homem gentil do Jitters que comprou sorvete para uma classe inteira e beijou bebês. — Você também está atrasado. — Retruquei. Seus olhos se voltaram para os meus. Ah, merda! Talvez eu não devesse estar gritando com meu professor no meio do campus. — Eu sou o instrutor. A aula não pode continuar sem mim e, certamente, pode continuar sem você. — Bem . . . eu . . . não é profissional chegar atrasado. Cale-se. Cale-se. De onde vinha toda essa bravura? Ele franziu os lábios, o que o fez parecer ainda mais sexy. Era tão irritante. E me distraía. Eu queria ficar chateada com ele. — Isso é uma questão de opinião. — Ele se abaixou para recuperar os papéis espalhados pelo chão. — Vou te ajudar. — Seu tempo seria melhor servido se você entrasse na sala de aula e se preparasse para a aula de hoje. Ou você está esperando pelo seu namorado? — Não tenho namorado, e isso não é da sua conta. Seus ombros enrijeceram, uma mão parou sobre um dos papéis enquanto ele recebia a informação. Ele ficou quieto por um
momento e, então, continuou: — O Sr. Miller não se juntará a nós hoje? — Ele desistiu. — Entendo. — Ele se levantou e colocou os papéis em sua pasta. — Mesmo assim, a aula começa em cinco minutos. Veja que não se atrase. Atordoado, vi a parte de trás de seus ombros incrivelmente largos marchar para longe e desaparecer dentro do prédio. Agora, esse era o bastardo que eu queria ver. Sentindo-me melhor por odiar Cooper de novo, corri para o auditório e me sentei. Cooper colocou a pilha de papéis ordenadamente no atril ao tomar seu lugar. Examinando o auditório, ele esperou a classe se acalmar. E, claro, evitou olhar para minha seção na sala. Cruzei meus braços sobre meu peito e bufei. Certo. As coisas voltaram ao normal. Ele não gostava de mim e eu não gostava dele. Então, por que eu não conseguia tirar meus olhos dele? Era realmente irritante. Por que eu não poderia ser como Travis e rabiscar fotos engraçadas de gatos no meu caderno? E por que o vapor estava saindo dos meus ouvidos assistindo Gianna afundar suas garras manicuradas em Cooper na frente de toda a classe. Minha nossa, aquela garota usava roupas? Ela estava com saltos tão altos que parecia que estava andando na ponta dos pés. A minissaia que usava mal cobria sua bunda. E sua camiseta era tão decotada que se ela fizesse qualquer movimento repentino, tudo iria estourar. Peitos falsos e tudo. Cooper assentiu, mexendo em seus papéis enquanto ela falava com ele, sorrindo e tocando-o. A certa altura, ele parou e disse algo que a fez ofegar. Ela literalmente correu para seu assento. E quando digo correu, quero dizer com tudo. Quando ela se sentou, me deu um olhar presunçoso. Não estamos competindo, irmã. Você pode ficar com ele. — Então, onde está Gregster? — Travis se sentou na cadeira vazia de Greg. — Ele decidiu abandonar a aula. — Sério? Eu não achei que ele realmente iria continuar com isso. Tenho que ligar para ele. — Travis se inclinou e colocou um
braço na minha mesa. — Então, você e Greg são um casal? Ele fez a pergunta tão alto que metade da classe ouviu, incluindo Cooper. Ele olhou para Travis, sua mandíbula tensa. — Não, somos apenas amigos. — Legal. Talvez possamos sair um dia. — Ele sorriu, mostrando suas covinhas. Pensei no que Greg disse sobre Travis gostar de mim. Ele não era realmente o meu tipo, mas poderia ser divertido. — Certo. Pode ser legal. Houve um grande estrondo. Eu pulei na minha cadeira e me virei para encarar a frente da classe. — Agora que tenho a atenção de todos, devemos começar ou continuar com os rituais de acasalamento que parecem estar atormentando a classe hoje? — Idiota — Travis murmurou. — O velho Coop é um pé no saco. — Shh! — Gianna se virou em seu assento, carrancuda. — Só porque ele não vai te dar mais tempo para entregar sua tarefa não significa que ele é um idiota. — Quem te perguntou... — Disse Travis. — Você o está defendendo apenas porque ele gosta dos seus outros talentos. — Não que você saiba. — Ela bufou, se virando. — Talentos? — Eu sussurrei. — Ela se encontra com ele toda semana para... você sabe. — Ele fez um gesto obsceno com a mão, formando um ‘O’ com a mão e, em seguida, empurrando a língua contra o interior da bochecha. — Minha aula está interrompendo você, Sr. Brandon? Olhei para Cooper. Eu sabia! Isso explicaria por que ele era tão bonzinho com ela. — Não, terminei. — E você, Srta. Ashford? — Seus olhos encontraram os meus. Desta vez, me segurei e não me movi um centímetro. Não iria deixar aquele homem me atingir. — As divagações do Sr. Brandon são mais divertidas e educacionais do que minha palestra? Olhos azuis estreitos brilharam, tão diferentes dos que eu tinha visto apenas alguns minutos atrás. Talvez tudo o que vi antes tenha sido uma alucinação, ou talvez ele tivesse um irmão gêmeo mais
legal que, por acaso, também era professor de química, porque esse cara era um idiota. Quaisquer pensamentos que eu pudesse ter sobre ele realmente sendo gentil e doce voaram pela janela. — Não, senhor. — Cerrei os dentes, surpresa por estar irritada. E eu não tinha certeza do que era mais irritante – ter Cooper me envergonhando na frente da classe novamente ou saber que Gianna estava vivendo meu sonho molhado.
Capítulo Onze Eu era uma masoquista total. Pronto, falei. Ouvi dizer que admitir seu problema era o primeiro passo para a recuperação. Não havia dúvida de que comecei a sentir dor, porque nas últimas duas aulas eu não conseguia tirar Cooper da minha mente e estava realmente preocupada com ele. Desde que ele foi ríspido com Travis, ele não trouxe sua turma de volta ao Jitters. A única vez que o vi foi na aula. E ele parecia tão diferente do professor deslumbrante e bem-vestido que encontrei pela primeira vez. Sua barba estava desgrenhada e grossa, escondendo sua bela mandíbula cinzelada. Suas roupas estavam amarrotadas, como se ele não se importasse. Seu cabelo parecia que ele nem se incomodara em passar um pente. Embora aquele olhar recém-saído da cama o fizesse parecer ainda mais sexy. Mas o que mais me preocupava era o olhar assustado. Mastiguei meu lápis, observando-o caminhar ao longo do auditório enquanto dava sua aula. Até sua voz havia perdido o brilho. Outros alunos perceberam as mudanças em Cooper e a fofoca era total. — Ele está bebendo de novo — Disse Gianna à Ruiva. — Como você sabe? — Pude sentir o gosto em seu hálito. Minha mão coçou para tirar aquele sorriso presunçoso de seu rosto. Eu também iria beber se aquela língua estivesse na minha boca. Quem sabia onde essa coisa estava? — Ele fez a mesma coisa no ano passado nesta época — Ela continuou. Ruiva riu. — Você faz parecer que ele está tendo TPM. Gianna riu. — Não, sério. Ele perdeu alguém próximo nesta época do ano. Acho que era a noiva dele. — Oh, uau. Sim, ouvi sobre isso. Ele te contou alguma coisa sobre ela? — Não falamos muito quando estamos juntos. A qualquer minuto, eu iria botar para fora meu café da manhã. Tofu espalhado em toda a sua glória pela blusa de seda colante de
Gianna estilo deixe-me-te-mostrar-meus-peitinhos. — Os exames intermediários podem ser pegos na frente, ao lado de uma caixa de lenços reservada para aqueles de vocês que podem precisar. E prevejo muitos de vocês que o farão. — A voz rouca de Cooper ecoou no auditório enquanto ele os colocava na mesa. Rapaz, o homem tornava difícil sentir pena dele. Gianna era a primeira na frente. Ela olhou para o teste e franziu a testa. Com as mãos cruzadas sobre o peito, ela bateu o sapato no chão, esperando chamar a atenção de Cooper. Ele estava ocupado explicando uma nota para um estudante chorando. Apesar de seu breve anúncio, ele foi surpreendentemente paciente enquanto explicava a nota. Ele estava tão preocupado com o aluno que não pareceu notar Gianna esperando por ele. Melhor ainda, talvez ele a estivesse ignorando intencionalmente. Eu sorri quando ela saiu bufando. Algo me disse que eles não estavam juntos – se é que eles estavam se vendo. — Então, encontrei Gregster ontem — Disse Travis enquanto nos aproximávamos da mesa. — Ele me disse que seu aniversário está chegando. — Uh, sim. — Os olhos de Cooper se voltaram para os meus. Eu rapidamente olhei para as pilhas de provas. Elas foram colocados em ordem alfabética pelos sobrenomes. Peguei a pilha AD, esperando que minha prova de meio de curso estivesse no topo. Não estava lá. — Por que não levo você para comemorar neste fim de semana? O Clube Vórtice está tendo uma noite dos anos 80. Ouvi dizer que pode ficar bem selvagem. Olhei nos olhos esperançosos de Travis. As noites de fim de semana costumavam ser exaustivas para mim, depois de trabalhar um dia inteiro no Jitters. Mergulhar em uma banheira com um bom livro parecia mais excitante para mim do que sair com Travis. Fazer vinte e um não era grande coisa para mim. Era apenas mais um ano sem o reconhecimento dos meus pais. Outro lembrete de que, em vez de chegar ao fim dos meus estudos universitários, estava muito atrasada e mal começava. Além disso, eu era fraca quando se tratava de beber e não bebia muito.
— Bem, uh... — Srta. Ashford, posso ter uma palavra com você? Pisquei, chocada por Cooper estar me chamando. Eram quase exatamente as mesmas palavras que ele usara no meu sonho! Estendi a mão para o braço de Travis e o belisquei. — Ai! Para que isso? Merda! Eu não estou sonhando. — Desculpe. Volto já. Olhos azuis incríveis me perfuraram, fazendo meu estômago vibrar. Eu gostaria que ele parasse de fazer isso. No momento em que ele segurou meu braço e me puxou para longe da multidão de alunos ao redor da mesa, correntes elétricas invadiram meu corpo, fazendo meu coração disparar. Corpo estúpido. Ele não queria me ouvir. Por que não podia me sentir assim quando Travis sorria para mim? Enquanto nos dirigíamos para um canto tranquilo do auditório, a imagem dele segurando o bebê contra o peito se infiltrou em minha mente. Eu não queria lembrar que ele podia ser doce e gentil quando queria. Seus dedos queimaram meu braço e tudo o que eu conseguia pensar era que queria mais dele. E, por um momento, eu me perguntava como seria estar envolta em seus braços musculosos. Quando paramos, olhei para ele, lembrando-me do sonho e da sensação de sua pele roçando meu queixo, garganta e seios. Balançando, eu tentei sacudir o impacto crescente no fundo do meu estômago. — Precisa ir o banheiro feminino, Srta. Ashford? Meus olhos se estreitaram. Ele parecia estar se divertindo. O que havia nele que me fazia querer dar um tapa e agarrá-lo pelo colarinho da camisa e pressionar meus lábios contra os dele ao mesmo tempo? Era tão irritante. — Não — Rebati. — Sobre o que você quer me falar? — Isso. — Ele acenou com meu exame de meio de semestre. — Sua nota é inaceitável para uma aluna do seu calibre. Ah, droga. Tirei nota baixa. Eu deveria ter estudado mais. Meus pais estavam certos. Eu estava fadada a ser um fracasso. Eu me perguntei se era tarde demais para sair...
Eu dei uma segunda olhada. Espera. Ele acabou de me elogiar? — O que você disse? — Você fez um oitenta e nove no meio do semestre. — Ele estendeu o exame. — Embora tenha sido uma das notas mais altas da classe, eu esperava mais de você. Puta merda! Tirei uma das melhores notas da classe. Droga! Não sou tão burra quanto pensei que seria se outras pessoas tinham dificuldade com isso também. — Eu, oh, uau. — Eu dificilmente acho que esta é uma nota para se impressionar, Srta. Ashford. Com base em seu desempenho em suas atribuições anteriores, esperava algo melhor. Achei que talvez seu trabalho no Jitters tenha tirado seu tempo de estudo, mas, agora, vejo que outras atividades — Seus olhos se voltaram para Travis — podem estar interferindo. — Desculpe? — Eu não conseguia acreditar no que estava ouvindo. — Embora a Texas State não seja o MIT, você tem o intelecto para percorrer um longo caminho se você se concentrar em seus estudos e não em atividades sociais frívolas. — Não sei do que você está falando. — Ele não podia estar falando sobre Travis, certo? Eu estava apenas imaginando coisas, certo? Que professor faz isso? Primeiro, ele me ignorou; então, de repente, ele dominou todo o meu negócio. O homem era tão bipolar que estava me deixando tonta. Cooper abaixou a cabeça enquanto se inclinava para mais perto de mim. Eu podia sentir o cheiro leve de sua colônia. Seus olhos incrivelmente azuis brilharam enquanto ele falava: — Se você tivesse investido mais do seu tempo nos estudos e menos tempo pulando de um garoto a outro, você poderia ter feito uma pontuação melhor. Esta é uma instituição de ensino superior, não uma zona de festas. Enrijecendo, desejei que minha mão direita ficasse onde estava e não voasse pelo ar para se conectar com seu rosto irritantemente bonito.
Quem era ele para me dizer com quem sair? Sujo falando do mal lavado? Eu queria perguntar a ele sobre Gianna. — Em primeiro lugar, minha vida social não é da sua conta. E para sua informação, não gostei do que disse. Eu nem estou namorando ninguém. Não que seja da sua conta. — Não, não é da minha conta. — Seu rosto caiu por um momento e uma expressão de desejo passou por seus olhos antes de controlar seu rosto. — Mas é meu trabalho zelar pelo bem-estar de meus alunos e identificar potenciais. Certo. Ele disse isso de novo! Ele achava que eu era inteligente. Eu suavizei por um momento antes que ele me acertasse novamente com suas palavras. — Siga meu conselho e fique longe de Travis. Ele não é para você. — Você não pode mandar em mim. Você não é meu pai. Seu rosto se contorceu como se eu o tivesse esfaqueado. Eu pisquei e a máscara estava de volta, e me perguntei se eu tinha imaginado aquilo. — E posso namorar quem eu quiser — Acrescentei. — Estou apenas sugerindo isso para seu benefício. Se me der licença, tenho outros alunos que exigem minha atenção. Estupefata, eu o observei voltar para a mesa e conversar com um grupo de alunos que esperava por ele. — Más notícias? — Travis perguntou quando voltei para ele. — Não, acabei de recuperar o meu teste. Olhando para a nota, ele sorriu. — Não é ruim. — Estou com vontade de comemorar. Que horas você quer me pegar no sábado? — Minha voz estava tão alta que ecoou pelo auditório. Os alunos sussurraram enquanto olhavam para mim e Travis. Todos ouviram. Quando passamos por Cooper, não pude deixar de sorrir quando suas costas enrijeceram. Ele também tinha ouvido. Sim, chupa essa, Professor Intrometido. Quando Travis e eu saímos da sala de aula, ele colocou a mão nas minhas costas. Sorri para ele enquanto ele falava animadamente sobre seus planos para o sábado à noite. Tentei me concentrar no que ele estava dizendo, mas tudo o que conseguia
pensar era na expressão destruída no rosto de Cooper e como ele estava sozinho com a mão segurando o atril, seus olhos nos seguindo enquanto saíamos.
Capítulo Doze Eu não conseguia acreditar que disse a Travis que sairia com ele no sábado. E, pior ainda, eu não conseguia acreditar que disse a Lou que começaria a noite do microfone aberto tocando violão. Lou não havia me dito que iria anunciar o evento no jornal do campus. Com minha foto. Em uma página inteira! Eu deveria saber quando Greg saiu de casa esta manhã rindo que algo estava acontecendo. Ele vinha saindo muito com Travis ultimamente, supostamente indo para a academia e malhando. Então, não pensei em nada até que me sentei à mesa da cozinha e vi meu rosto olhando para mim do jornal. Aquele rato iria me pagar. Ele era a única pessoa que tinha uma foto minha tocando violão. Olhei o Café lotado. Pensei que tocaria para Rainbow e Greg e talvez algumas outras pessoas, já que as noites de quinta costumavam ser lentas. Quase todas as mesas estavam ocupadas. Gemi, batendo minha cabeça no balcão. Talvez se eu fingisse estar doente agora, pudesse me livrar dessa e sair com Travis. Seria maravilha. — Nervosa, querida? Olhei para cima. Rainbow estava do outro lado do balcão. Ela parecia tão bonita e normal vestindo uma blusa verde esmeralda e calças escuras. Seu cabelo ruivo descia em espiral pelos ombros em cachos bem comportados. Ela até tinha um tom de cor nos lábios. — Um pouco. — Você vai se sair bem. Greg me disse que você toca muito bem. Ele está tão animado para ouvir você tocar novamente. Ele diz que já faz um tempo e isso te faz sorrir. Suspirei. Era difícil ficar com raiva dele. Eu estava tão ocupada com as aulas, lidando com Cooper e os devaneios assustadores que não tive tempo de tocar. — Rainbow Skye! Não me diga que você realmente saiu de casa sem Meadow. — Lou correu para Rainbow e deu-lhe um
abraço. Era difícil imaginar as fugas selvagens a que Rainbow aludiu quando estavam em Woodstock. Ele era uma cabeça mais baixo do que ela, mesmo com ela em rasteirinha. — Meadow ainda está no Tibete — Ela suspirou. — Gostaria que ela pudesse estar aqui. Ela adoraria. Onde está Greg? Ele não está trazendo seu violão? — Oh, isso mesmo. — Lou estalou os dedos. — Esqueci de dizer a você, Nina. — Nicole. — Certo, Nicole. — Encarei Rainbow. Ela tinha uma expressão divertida no rosto. — Greg ligou uma hora atrás para dizer que estava um pouco atrasado. Algo sobre chá rosa. Ou talvez fosse uma árvore rosa. Lou coçou a cabeça. Naquele momento, Greg entrou na loja com Travis logo atrás dele. Seu rosto estava vermelho. Ambos estavam ofegantes como se tivessem corrido. — Xícaras de chá rosas — Greg engasgou. — Você está atrasado — Eu disse — E você parece louco. — Xícaras de chá rosas. — Ele ergueu a mão, balançando a cabeça. — Tem... xícaras de chá rosas... no Shopping... estacionamento. — Do que você está falando? E aqui — Joguei uma garrafa de água para cada um deles —, parece que você está prestes a desmaiar. — Obrigado. — Travis deu um sorriso. Eu estreitei meus olhos, olhando dele para Greg. Eu não sabia por que, mas tive a estranha sensação de que eles estavam tramando algo. — Xícaras de chá rosas. Você sabe. O tipo que faz você girar — disse Greg, bebendo sua água. — Oh, aqui está seu violão. Essa coisa fica pesada depois de correr alguns quarteirões. — Meu carro quebrou no shopping — Explicou Travis. — Estávamos vindo para cá quando Greg viu o parque de diversões. Ele não parava de falar sobre isso até que eu parasse o carro para verificar. — Um parque de diversões, Nicole. — Os olhos de Greg brilharam. — Temos de ir. Amanhã. Chame isso de festa de
aniversário. Eles ainda têm o passeio de gravidade zero. Você gosta desse. — Você fica doente com as xícaras de chá. — Abri a caixa do violão e verifiquei se estava tudo bem. Quem sabe contra o que ele bateu no caminho para cá. — Ah, vamos. Vai ser divertido. — E você? — Perguntei a Travis. — Amanhã é sexta-feira. — Sim? E? — Por que ele estava me olhando engraçado? Ele olhou para Greg, dando-lhe um olhar de essa-garota-é-deverdade? — Sou um quarterback. Jogo de sábado à tarde? — E? — Eu ainda não entendi. — O homem precisa economizar energia para o jogo, mulher. — Greg revirou os olhos. — E para o nosso encontro de sábado à noite. — Travis piscou. Ugh, homens. — Por favor, Nicole. — Greg me lançou seus olhos de cachorrinho triste. Odiava quando ele fazia isso. — Vai ser divertido. Além disso, você me deve. — Devo? — Sim, você e Travis vão para o Clube Vórtice sem mim. — Ele fez beicinho. Meus olhos dispararam para Travis, que, de repente, ficou fascinado com a embalagem de sua água engarrafada. Sim, algo estava definitivamente acontecendo. — Você pode vir conosco. Ele não vai se importar. Certo, Travis? Surpreso, os olhos de Travis se voltaram para Greg. Era quase como se ele estivesse esperando o consentimento de Greg. — Eu não posso. — Greg se inclinou para sussurrar: — Minha mãe está vindo para uma visita. Ela quer conversar. — Por que você não me disse isso antes? — Sussurrei furiosamente. — Vou cancelar meu encontro. Eu quero estar lá para você.
Aquilo era importante. A mãe de Greg era uma mulher tímida. Ela nunca ficava contra a vontade do marido, e ele deixou seus desejos bem claros. — Eu preciso cuidar disso sozinho. — Olhos sérios olharam nos meus. Ele estava assustado. Eu não conseguia imaginar o que ele estava passando. — Vou te contar tudo mais tarde. Prometo. Ele se levantou e colocou um sorriso no rosto. — Então, agora, sobre o parque de diversões. Eu olhei nos olhos de um azul bebê. Mágoa e medo estavam por trás do sorriso brincalhão. Parques nunca foram minha praia. Alguma coisa neles sempre me deixava triste. Mas se eu conseguisse manter sua mente, de se encontrar com sua mãe, distante por uma noite, então, xícaras de chá, aqui vou eu. — Ok, tudo bem. Iremos ao parque de diversões amanhã. Apenas prometa não vaiar depois do meu show esta noite. — Quando eu já. . . Oh, sim. — Ele deu uma risadinha. A última vez que toquei para uma plateia foi durante meu primeiro ano. Greg e eu discutimos sobre a música que eu queria tocar. Eu queria tocar Creep , do Radiohead. Ele estava passando por sua fase Celine Dion e queria que eu tocasse My Heart Will Go On . O homem teimoso vaiou e sibilou em protesto durante toda a apresentação. — Bem, depende do que você vai tocar esta noite. — Fiz uma careta. — Estou brincando, estou brincando. Sério, Nicole, você precisa tomar um comprimido para se acalmar. — Basta ir para a mesa já. — Eu o empurrei de brincadeira. Enquanto Lou direcionava todos para a mesa que ele reservara para eles perto do palco, eu me sentei em um canto, dedilhando meu violão para afiná-lo. Eu não tinha ideia do que iria tocar. Olhei ao redor da sala lotada esperando que as pessoas fossem embora. Não. Na verdade, parecia que havia mais pessoas. Foi quando eu senti. Alguém estava me observando. Claro que provavelmente as pessoas estavam me observando. Eu era a única com um violão prestes a subir no palco. Mas aquilo era diferente. Era como se alguém estivesse me chamando.
Olhando ao redor da sala, meus olhos pousaram na safira ardente. Cooper se sentou no canto mais distante, no mesmo lugar que sentara da última vez que trouxe seus alunos para tomar sorvete. Respirei fundo. Ele estava aqui. Borboletas invadiram meu estômago já nervoso. Seus olhos fixaram nos meus. Houve um breve flash de luz e o som de risos, rodas girando e música ecoando em minha cabeça. Tive o desejo repentino de ir até ele, de acariciar sua bochecha e enxugar o olhar assustado daqueles olhos. Por que ele estava aqui? Por que agora? Certa mão manicurada lentamente virou seu rosto, tirando aqueles olhos azuis de nosso alcance e quebrando nossa conexão. Segurei o meu violão, esperando ver Gianna. Pisquei de surpresa ao ver uma mulher em um tailleur sentada em frente a ele. Ela parecia um pouco mais velha do que eu e deslumbrante. O cabelo na altura do queixo emoldurava um rosto de porcelana. A franja grossa e reta pendia como seda sobre os olhos castanhos claros. Seu cabelo tinha um corte severo em formato quadrado, como o estilo dos anos 20, mas um pouco mais longo. Lábios rosados se moviam enquanto ela falava com Cooper. Ele olhou para ela como se ela fosse a lua. Meu coração apertou. Eu não conseguia explicar por quê. Eu estava acostumada a ver mulheres se atirando nele, especialmente Gianna. Mas aquilo era diferente. Eu nunca o vi olhar para ninguém como estava olhando para ela. Sufoquei um soluço que nunca deveria ter se formado, em primeiro lugar. Por que eu deveria me importar se ele trouxe uma companhia para o Jitters? Na verdade, isso mostrava que ele era mesquinho quando se tratava de encontros. O microfone zumbiu quando Lou o ligou. — Cara, isso foi alto — Disse ele. — Ok, todo mundo. Quero agradecer por terem vindo. Jitters tem o orgulho de apresentar um dos nossos. Por favor, deem as boas-vindas a — Ele olhou para a palma da mão aberta — Nicole Ashford.
O medo encheu meu estômago enquanto ia para o centro do palco. Eu ainda não tinha decidido que música iria tocar. Dedilhei um pouco, olhando para a plateia, lutando contra a vontade de olhar para Cooper. — Uhuuu! — Greg chamou. O público riu e eu pude sentir meu rosto esquentar. Olhei para o rosto orgulhoso de Greg e os olhos encorajadores de Rainbow. Era para ser divertido, droga! Eu não ia deixar Cooper e a Fedelha arruinarem minha noite. Posso não ser a aluna mais inteligente. E não era uma pianista mundialmente famosa como minha mãe e meu pai, mas sabia, com certeza, que poderia tocar um violão do cacete. Música clássica ou não, a música estava no meu sangue. Puxando meus ombros para trás, eu virei meus olhos para Cooper, determinada a não desmoronar só porque ele estava aqui com um par. E, naquele momento, percebi. Eu sabia exatamente o que iria tocar. Houve um silêncio na plateia enquanto eu dedilhava os primeiros acordes de Sweet Child O'Mine. É minha música favorita desde que ouvi a versão de Sheryl Crow dela. No momento em que abri minha boca e cantei memórias de infância, a calma tomou conta de mim. Acontecia toda vez que cantava. Todos pareciam estar gostando da música. Lou e Rainbow deram as mãos, balançando-as no ar. Outros cantaram o refrão comigo. Greg e Travis puxaram seus celulares, usando a luz enquanto oscilavam, segurando-os no ar. A emoção era contagiante. Eu dedilhava forte nas cordas, realmente entrando na música. Eu estava me divertindo muito; não queria que a música acabasse, então, comecei do início novamente. Quando cheguei à parte da música que descreve olhos que eram como os céus mais azuis, não pude evitar. Meus olhos se voltaram para os de Cooper. Seu rosto estava pálido como se ele tivesse visto um fantasma. Até a Fedelha parecia assustada. Tropecei em uma nota e me recuperei rapidamente. A cada nota que cantava, seu rosto se contorcia de dor como se eu
estivesse enfiando uma faca profundamente em seu peito. Quando ouviu o refrão, ele se levantou abruptamente e saiu correndo. Quando dedilhei a última nota, não conseguia me mover. Chocada, mal ouvi os altos aplausos e gritos por mais. Eu deveria estar feliz. Deveria ter ficado exultante com os elogios. Tudo o que eu conseguia pensar era no rosto bonito de Cooper torcido em tormento e no olhar mortal que a Fedelha me deu antes de correr atrás dele.
Capítulo Treze — Tem certeza de que está bem, Greg? Você está parecendo um pouco verde. Podemos fazer uma pausa. — Não preciso de uma pausa. Olha, estou bem. — Ele sorriu por um momento antes de deixar escapar um pequeno gemido. Depois da reação de Cooper e de sua acompanhante ao meu desempenho, fiquei grata por ter concordado em ir ao parque de diversões. No momento em que vi as luzes cintilantes e ouvi a música do parque, senti um puxão no peito. Mas ver Greg tão animado tirava minha mente desse sentimento. Estávamos nos divertindo muito. Ou melhor, como se eu estivesse me divertindo muito assistindo Greg tentando controlar seus cachorros-quentes. Eu ri. — Eu disse que as xícaras de chá seriam demais para você. Ainda quer entrar no Gravidade Zero? — Sim, só me dê alguns minutos. — Eu não entendo. Por que você está se incomodando? Não é como se você tivesse algo a provar. Ele olhou para baixo timidamente. — Eu meio que fiz uma aposta com Travis. — Sério, Greg? Você é o cara. Quanto? — Cinquenta dólares. — Cinquenta! — Eu bati em seu braço. — Deve ser bom ter bastante grana. Você sabe quanto tempo levo para ganhar isso no Jitters? — Ai! — Ele agarrou minha mão. — Apare essas garras, mulher. — Pelo menos você está recuperando a cor normal em suas bochechas. — Eu ri. — E por falar em Travis. Você não pode esconder nada de mim. Eu sei que vocês dois estão tramando alguma coisa. Dois arregalados olhos azul bebê me olharam diretamente nos olhos. — Não sei do que você está falando. — Vocês dois estavam agindo de forma estranha na noite passada. O que está acontecendo? — Nada. — Greg... — Coloquei minhas mãos nos quadris e bati meu pé.
— Ok, sim. Há algo que preciso contar sobre Travis. Ooh, olhe uma cartomante. — Greg, você está arrancando meu braço! — Gritei enquanto ele me arrastava para a frente de uma tenda colorida. Havia uma placa pendurada na frente dela. Leitura de mãos, Adivinhação da sorte. Madame Zahra. — Sempre quis fazer uma leitura — Disse ele. — Desde quando? — Desde dois segundos atrás. Vamos. — Ele me puxou para dentro da tenda. Antes que eu pudesse dizer outra palavra, uma mulher correu para mim. — Entre, querida. Eu estava esperando por você. Sente-se. Sou Madame Zahra. Ela acenou para a mesa no centro da tenda espaçosa. Parecia a tenda estereotipada da cartomante. Velas tremeluziam em círculo ao redor de uma grande bola de cristal. Grandes almofadas fofas cobriam o chão. — Que legal! — Greg se jogou em uma das almofadas. Sentando-se, Madame Zahra afofou seu longo vestido vermelho e ajeitou o lenço vermelho que cobria sua cabeça. Grandes brincos de argola balançavam conforme ela se movia, batendo contra ondas de cabelo grisalho que caíam em seus ombros. Eu levantei uma sobrancelha. Li sobre alguns dos leitores de mão do parque de diversões. Era tudo uma farsa, na verdade. Não havia como alguém saber o futuro. Era apenas fumaça e espelhos. — Você não é uma coisinha bonita? Esta é a primeira leitura para você e seu amigo. Eu posso dizer. Greg puxou minha mão, seus olhos implorando para que eu me juntasse a ele. Oh, bem, acho que uma pessoa tinha que ganhar a vida de alguma forma. A mulher parecia legal. — Sim. — Eu me impedi de rolar meus olhos e me sentei ao lado dele. Mais do que provavelmente ela nos ouviu chegando. Greg falava muito alto.
Ela estendeu a mão para a minha. Seus dedos ossudos deslizaram sobre minha palma, me dando um arrepio. — Hmm... interessante. — O que é? — Greg olhou para a minha mão. — Eu vejo uma quebra em sua linha de vida. É uma quebra repentina. Greg se aproximou, semicerrando os olhos. Então, ele lambeu um dedo e esfregou na minha palma. — Isso é uma marca de caneta. — Eca! Pare com isso, Greg. — Tirei minha palma de seu dedo molhado. — Eca? Você é a única com as mãos sujas. Carrancuda, voltei-me para Madame Zahra. — Desculpe meu amigo. Ele ainda está tentando superar as xícaras de chá. Ele não conseguiu oxigênio suficiente para o cérebro com todos os gritos que deu. Coloquei minha mão de volta na dela. Ela sorriu, colocando um par de óculos. — Sim, assim é melhor. Vejo um homem muito bonito que entrou em sua vida inesperadamente. Mordi minha língua. Todos os adivinhos falavam isso. — E este homem é o amor da sua vida. Olhos safira passaram pela minha mente. Cerrei os dentes, afastando os pensamentos de Cooper. — Hmm, isso é estranho. — Ela prendeu a respiração e seus ombros enrijeceram. Os cabelos da minha nuca se arrepiaram. Um forte som sibilante como ruído branco encheu meus ouvidos. Eu queria pegar minha mão de volta e correr. Tinha que ficar me lembrando de que tudo isso fazia parte de uma atuação. Ela soltou um suspiro e calmamente colocou-a sobre a mesa. Ela se inclinou para trás e esfregou as têmporas. — O que é? Ela ergueu um dedo, mantendo os olhos fechados. Olhei para Greg nervosamente. Ele encolheu os ombros. Aquilo não era normal, era? Por que ela não estava me contando sobre o homem alto, moreno e bonito, a cerca branca e os dois ou três filhos que teríamos?
Finalmente, Madame Zahra abriu os olhos. Ela estendeu a mão sobre a mesa e segurou minhas duas mãos, como se me preparasse para o que ela iria me dizer. — Não sei como te dizer isso. Tudo o que posso dizer é que tome cuidado com o vórtice. Isso a puxará para dentro, e se você se render a ele, estará perdida para sempre. — Espera um minuto! — Gritei quando ela se levantou para sair. — Onde você vai? O que você quer dizer com vórtice? — Eu sinto muito. Isso é tudo o que tenho para você. — Ela correu para fora da tenda. Eu me virei para Greg, surpresa. — O que foi aquilo? Ele riu nervosamente. — Teatral? Ela quis dizer Clube Vórtice? Aconteceria alguma coisa se eu saísse com Travis? Como ela poderia saber que eu iria sair com ele? A resposta me atingiu e eu ri. Era uma pequena cidade universitária e uma noite de fim de semana. Havia apenas um clube de dança na cidade. Ela tinha acabado de dar um palpite de sorte. — Droga, ela é boa. Não posso acreditar que quase caí nessa. Então, por que não conseguia me livrar da sensação de que o que ela disse era verdade? No momento em que saímos da Gravidade Zero, Greg correu para o banheiro masculino mais próximo. Por alguma razão, os passeios de parque de diversões faziam o contrário comigo, e eu estava morrendo de fome. Eu segui meu nariz, tecendo meu caminho em torno das várias cabines de jogos. Comprei um bolo funil e estava feliz mastigando quando ouvi uma voz familiar. Cooper! Colocando o último pedaço na minha boca, rapidamente me escondi atrás de um grande panda de pelúcia quando ele apareceu na esquina com a Fedelha pendurada em seu braço. Fiquei chocada com a aparência dele. Para alguém que deveria estar em um encontro, ele parecia horrível. Usava as mesmas roupas da noite anterior. Sua barba por fazer, espessa, como se não se barbeasse há tempos.
Fedelha acariciou seu braço, um sorriso no rosto. Eu queria marchar até ela e dizer a ela para recuar. Era óbvio que ele não queria estar lá. Aproximei-me um pouco mais para ouvir o que ela poderia estar dizendo a ele. Naquele momento, uma das dezenas de cabos de força que se alinhavam no chão decidiu me atacar e eu tropecei. Caí de cara no chão. Derrubando o panda. E alguns amigos dele comigo. Ok, toda a prateleira. — Ei! — O cara que comandava a barraca gritou enquanto chovia pandas, leões, esquilos e macacos. Sim, ser furtiva não era minha praia. Esqueça a CIA como opção de carreira. — Eu sinto muito. — Pulei quando o cara me xingou com um forte sotaque. Os olhos de Cooper se arregalaram por um momento, então, a Fedelha tocou seu braço e disse algo para ele. Ele acenou com a cabeça e foi embora. Eu cerrei minhas mãos em punhos brancos. Se eu não estivesse cercada por um zoológico agora, diria poucas e boas a ela. Em vez disso, tentei limpar a bagunça que fiz. — Aqui, deixe-me ajudá-lo a colocá-los de volta. — Eu andei na ponta dos pés e coloquei o grande panda de volta no gancho. — Pronto. — Dei um passo para trás, pronta para colocar outro quando um rack separado cheio de tartarugas, tubarões e estrelas do mar caiu. As pessoas passavam, olhando para mim daquela maneira lenta e boquiaberta que as pessoas olhavam quando viam por um acidente na estrada. — Não! Sem mais ajuda sua. Você vai. Você vai agora! — O cara me enxotou. Eu me virei rapidamente, grata por ele não me fazer pagar pela bagunça que eu fiz. Dei um passo e colidi com a Fedelha. — Você é Nicole. — S-s-sim — Gaguejei, chocada demais para pensar em todas as coisas que queria dizer a ela apenas alguns segundos atrás.
— Sei o que você está tentando fazer e não vai se safar — Ela retrucou, com os olhos em chamas. Eu pisquei, confusa. — Não sei do que está falando. — Você acha que pode enganá-lo e colocá-lo na sua cama? Bem, você pode apenas dar um beijo de adeus no se traseiro. — Ela arregaçou as mangas. Meu queixo caiu. — Não tenho interesse no Professor Cooper. Ela zombou. — Vocês são todas iguais, pensando que só porque ele tem um coração bom, podem tirar vantagem disso. Pensar que você só precisa sacudir o traseiro e colocar suas garras nele e em seus milhões. — Seus milh... — Pensei no que Gianna havia dito sobre suas patentes. — Olhe aqui. Não sei de onde você saiu dizendo que estou tentando enganá-lo. Você nem me conhece. — Eu conheço seu tipo. Mas você, você é o mais baixo das baixas. Com isso... aquele... — Seus cílios piscaram e ela engoliu em seco. Era quase como se ela quisesse chorar. — Como você sabia sobre ela? — Sobre quem? Sua narina, dilatada. — Você sabe de quem estou falando. Com o cabelo e aquela música. Você sabe exatamente o que está fazendo. — Ela se inclinou, sua voz ameaçadora. — Ouça-me, Nicole, se é que esse é seu nome verdadeiro. Fique longe dele. Ou terá que lidar comigo.
Capítulo Quatorze — Feliz Aniversário! — Greg gritou quando entrei em casa. Dei a ele um sorriso fraco. Foi um longo dia no Jitters. Eu continuei bagunçando os pedidos. Até Lou estava ficando impaciente. Não conseguia tirar as palavras da Fedelha da minha mente, e aquilo estava me irritando. E para piorar a situação, eu não sabia se devia dar uma bronca em Cooper e dizer a ele para manter sua namorada longe de mim ou perguntar se ele estava bem. — Sim, ehhhh. — Eu girei meu dedo no ar e caí em um pufe. Ouviu-se um forte rasgo e os grãos espirraram no chão. — Greg, faça-me um favor e apenas me nocauteie ou algo assim. — Joguei minha cabeça para trás, fechando meus olhos. Este não era o meu dia. Ou semana. Ou ano! — Parece que você precisa disso. — Eu abri meus olhos para a garrafa de vinho que ele balançava acima de mim. Me levantando, peguei a garrafa de suas mãos. — Obrigada. — Vou pegar os copos. Quando ele voltou da cozinha e serviu um copo generoso para mim, ele me olhou com os olhos arregalados. — Estou com medo, Nicole. — Ei. Tudo ficará bem com sua mãe. Ela está vindo ver você, não? Isso deve significar alguma coisa. — Coloquei um braço em volta dele. — Fico com você se quiser. Ele tomou um grande gole de seu copo. — Não, tenho que fazer isso sozinho. Não te contei isso, mas há algumas novidades que preciso contar a ela, e não acho que ela será capaz de lidar com isso. — O que é? — Não posso te dizer. Ainda não. Não fique brava. — Seus olhos imploraram por mim. — Preciso manter isso para mim por um tempo. — Ok. Entendi. Lembre-se, estou aqui para ajudá-lo, não importa o que aconteça. — Bebi meu vinho. — Isto é muito bom. Onde você conseguiu isso? — Rainbow. Ela tem um lagar de pisa nos fundos.
Cuspi o vinho. Respingos voaram da minha boca para seu rosto. — Nojento, Nicole! Eu estava apenas brincando. — Bem feito para você. — Ri enquanto enxugava seu rosto com um lenço de papel. A imagem de uma versão hippie de Lucille Ball pisando em uvas ficou gravada em minha mente. Eu não conseguia parar de rir. Conversamos um pouco, bebendo e rindo. Já fazia muito tempo que não conversávamos assim. Eu disse a ele como Cooper estava agindo estranho ultimamente e perguntei o que ele achava que eu deveria fazer. Devemos ter bebido muito vinho, porque quando ele me disse para encurralar Cooper em seu escritório e beijá-lo para superar toda a tensão sexual, eu realmente achei que era uma boa ideia. — Essa hora está certa? — Olhei no meu celular. Ele olhou por cima do meu ombro. — Droga! Estou atrasado. Tenho que ir encontrar a mamãe. E você precisa se preparar para o seu encontro. Eu me mexi para me levantar. A sala balançou um pouco. — Cuidado — Ele disse, me abraçando. — Uau, Nicole, você realmente é fraca para álcool. Você só tomou dois copos. — Um e meio. Metade está no seu rosto e na sua camisa. — Eu ri. — Vá se preparar para Travis. — Ele me empurrou em direção ao meu quarto. — Oh, e eu quero ouvir tudo o que acontece com sua mãe. Vai ficar tudo bem. Você vai ver.
Travis guinchou seu elegante Corvette preto até parar perto do Clube Vórtice, fazendo um pequeno grupo de estudantes universitários correr para salvar suas vidas. Um cara vestindo uma camiseta da Texas State e um boné de baseball bateu no capô do carro. — Cara! Olha onde você está... Oh, ei, Trav! Grande jogo hoje.
— Obrigado, cara. — Travis colocou a mão para fora da janela, cumprimentando-o com um soco. — Belo carango. — O cara olhou para dentro do carro. — E garota. — O carro é alugado. Não a garota. Ai! Por que você me bateu? — Você adora as selvagens, não, Trav? — Ele riu enquanto se afastava. Eu olhei para Travis. — Por agir como um idiota, é por isso. — Foi uma piada, cara. Calma. — Ele saiu do carro e correu para o meu lado, abrindo a porta. Este não era o Travis que eu estava acostumada a ver nas aulas. Ele estava agindo como um idiota completo. Não conseguia acreditar que realmente tinha desperdiçado uma boa maquiagem com ele. Até usei o vestido preto sexy que Greg tinha me dado no meu aniversário. Era muito caro, mas ele não aceitaria recusa. Devia admitir que Greg tinha bom gosto e me conhecia bem. O vestido abraçava cada curva, e seu decote baixo em forma de coração me fazia parecer que eu realmente tinha seios. Mesmo que o vestido mal cobrisse minhas costas, as mangas compridas florais e de renda me faziam sentir como se eu estivesse realmente vestida, e não seminua. Estendendo a mão, ele disse: — Deixe-me compensar você na pista de dança... Suspirei. — Ok. Quando saí, notei um sinal de reboque. — Uh, Travis. Não acho que você pode estacionar aqui. — Isso é apenas durante o dia. Não se preocupe. — Ele sorriu, mostrando suas covinhas quando colocou um braço em volta da minha cintura. A multidão aumentava conforme nos aproximávamos da entrada do clube. As pessoas faziam fila para entrar. Outras, pareciam estar apenas conversando e rindo. A música abafada saía do prédio e alguns casais estavam até dançando na calçada. Várias pessoas sussurraram e apontaram em nossa direção. Eu sabia que Travis era considerado famoso no campus, então,
esperava que algumas pessoas o reconhecessem, mas não tantas! Todos estavam boquiabertos como se ele fosse uma estrela do rock. Seu braço enrijeceu. Olhei para ele, surpresa com sua reação. Ele sempre parecia esbanjar atenção. Com um sorriso tenso, ele murmurou algo baixinho. Então, ele parou e me virou para ele. — Feliz aniversário, Nicole. — Ele me puxou para si, abaixou a cabeça e beijou suavemente meus lábios. Entre gritos e assobios da multidão. Eu esperei. Esperei pelo bater de borboletas. Esperei que minhas pernas se transformassem em gosma. Esperei por luzes piscando ou mesmo pelas visões esquisitas que tivera recentemente. Esperei que algo acontecesse. Nada. Foi como ser beijado por Greg. Não foi até que ele deu um passo para trás que eu senti aquilo novamente. A atração. Olhei para o outro lado da rua, para o Jitters. Estava tão cheio quanto o clube. Com o clima mais frio, mais pessoas se sentaram do lado de fora no pátio. Vi Lou correndo com canecas de café e chocolate quente. Ele me viu e me deu o sinal de ok. Fiquei surpresa que ele me reconhecesse dessa distância. E, então, o vi. Sentado sozinho em uma das mesas estava Cooper. Não consegui me mover. Não havia dúvida em minha mente de que ele estava olhando diretamente para mim. Foi ele que senti. Era ele. Sempre ele! Por que Travis não podia fazer meu mundo parar? Meus olhos dispararam de um ponto ao outro, entre Travis e Cooper. O discurso que eu preparei sobre falar para ele e a Fedelha sumiu. Tudo o que pude fazer foi olhar para Cooper como uma garota apaixonada. E odiei aquilo. Queria que parasse. Agora mesmo. Nota para mim mesma: Não misture vinho com frustração sexual porque você vai acabar fazendo algo estúpido – como isso. Agarrando Travis pelo colarinho da camisa, puxei-o para mim. Nossos lábios se encontraram. Não foi um beijo doce e gentil, como ele havia dado. Era de boca aberta, as línguas girando. Nada. Com raiva, eu o beijei ainda mais forte.
De novo, nada. Nem uma batida do coração saltou, nem uma vibração, nem mesmo um formigamento. Droga! Travis ergueu a cabeça e olhou para mim, atordoado. — Começando cedo, Trav? — Um cara que parecia que poderia ser jogador de futebol, de tão grande que era, deu um tapa nas costas de Travis. A expressão de choque desapareceu rapidamente e os lábios de Travis se curvaram em um sorriso. — Pode apostar. Ele segurou minha cintura e me levou para o clube. Seguindo seu exemplo, coloquei minha mão em volta de sua cintura e lutei contra o desejo de olhar para trás. No momento em que entramos no clube, me senti como se tivesse sido transportada para um vídeo da MTV dos anos 80. As pessoas pareciam levar a noite dos anos 80 muito a sério e vestiam fantasias. Eu vi Adam Ant com pintura de guerra dançando com uma Toni Basil parecida com uma cheerleader. Enquanto ele caminhava pelo clube, quase todos por quem passamos gritavam seu nome. Ele acenava de volta, mantendo o braço em volta de mim. Era como se ele quisesse ter certeza de que as pessoas soubessem que eu estava com ele, como se ele estivesse me exibindo para seus amigos. Esquisito. Nunca pensei em mim mesma como um encontro-troféu, mas era o que parecia. Eu esperava que ele me arrastasse, me apresentando aos seus amigos do futebol. Em vez disso, ele me colocou em uma mesa e foi direto para o bar. O barman, vestido como Boy George, deu-lhe um sorriso amigável, olhou para mim e colocou uma dose de tequila no balcão. Travis jogou a cabeça para trás e engoliu o líquido marrom. O que havia de errado com ele? Era como se ele estivesse se preparando para algo. Ele voltou para a mesa com nossas bebidas. De novo, com aquele sorriso tenso. Suspirei e bebi meu chá gelado Long Island. — Quer dançar? — Ele perguntou depois que terminei minha bebida. — Adoraria. Ele engoliu o resto de sua bebida e pegou minha mão. Ele se moveu lentamente para o centro da pista de dança. Era como se ele
quisesse ter certeza de que as pessoas estavam nos observando. Pensei tê-lo ouvido murmurar algo como: — Você pode fazer isso. Antes que eu pudesse perguntar a ele, ‘fazer o quê?’ — Ele me puxou para si, pressionando-me contra seu peito. Enquanto dançávamos, suas mãos estavam em cima de mim. Mas não parecia que ele estava gostando. E nem eu. Parecia uma revista de segurança. Quando suas mãos deslizaram pela minha bunda, eu me afastei surpresa. — O que há de errado? — Ele me deu um sorriso torto sexy. Eu era uma idiota. Aqui estava um cara perfeitamente normal e sexy pelo qual todas as garotas do clube estavam babando e que, obviamente, me queria, e eu o quê? Pensava nele como um irmão? Droga, Cooper! Por que ele não conseguia beber seu café em outro lugar e ficar longe do Jitters? Vê-lo na aula era o suficiente. — Nada. — Deslizei suas mãos de volta no lugar na minha bunda. Talvez eu só precisasse dar um tempo com Travis. Greg pensou que ele seria bom para mim e meu querido amigo nunca me decepcionava. Eu realmente deveria dar uma chance a ele. Dançamos assim por um tempo, então, a música mudou para algo mais animado. Frankie Goes To Hollywood gritava em meus ouvidos para relaxar. Virando-me, pressionei minhas costas em Travis e balancei minhas mãos no ar, me forçando a obedecer ao comando de Frankie. Suas mãos deslizaram pelo meu abdômen me puxando mais apertado contra seu corpo duro como pedra. Flashes de luz me cegaram enquanto dançávamos. As mãos de Travis roçaram minha coxa nua, mas tudo o que eu conseguia pensar era no sonho com Cooper e suas mãos em cima de mim. As mãos de Travis deslizaram pela minha cintura e, em seguida, roçaram levemente no meu peito. Eu me afastei e agarrei suas mãos empurrando-as para baixo. Eu estava pronta para isso? — Relaxe — Ele disse, seu hálito quente batendo contra meu ouvido. Ri enquanto ele repetia a palavra em sincronia com a música. Ele cantou em meu ouvido enquanto lentamente deslizava sua mão de volta para cima. Relaxe .
Ri novamente com o pensamento. Meu corpo estava começando a ficar mais leve e... relaxado. Ou talvez fosse o chá gelado. De qualquer forma, eu finalmente estava pronta. Eu estava prestes a colocar minha mão sobre a dele quando houve uma repentina rajada de ar e Travis foi embora. — E aí, cara! Que porra é essa? Eu me virei. Flashes de vermelho, verde e azul dançavam sobre o rosto de Cooper enquanto ele estava atrás de Travis com uma mão em seu ombro. Olhos safira brilharam quando ele olhou para mim, sua mandíbula cinzelada tensa. Cooper era uma masculinidade crua, fazendo Travis parecer um menino brincando de se fantasiar. Meus olhos absorveram cada centímetro dele como se ele fosse água e eu tivesse estado perdida em um deserto por meses: a calça escura, sua cintura estreita e até a camisa preta que esticava contra os músculos largos enquanto ele agarrava Travis. Seus olhos fixos nos meus enquanto ele falava com Travis: — Desculpe-me por interromper seu encontro. — Ele zombou. — Achei que você gostaria de saber que seu carro está sendo rebocado. — De jeito nenhum. É alugado. Eu ri. Travis não poderia ser tão burro. — Garanto-lhe, Sr. Brandon, alugado ou não, está sendo rebocado neste momento. — Merda! — Travis correu pela pista de dança em direção à porta. Meu queixo caiu. Ele me deixou aqui sozinha. A música mudou e um violoncelo tocou. O som legal de Sweet Dreams Are Made of This encheu o clube. Meus olhos se voltaram para Cooper, que parecia muito satisfeito consigo mesmo. — Você fez isso de propósito — Rosnei. — Não tenho ideia do que você está falando. Eu só quis ajudar. Meus olhos se estreitaram. Eu não estava acreditando. — Você rebocou o carro dele, não foi? — E por que eu iria querer fazer algo tão infantil assim? — Você disse que não queria que eu namorasse Travis. É por isso. — Uma mera sugestão. Você pensa muito de si mesma.
— Por que você... você... — Você não está em condições de encontrar o caminho para casa, Srta. Ashford. Venha comigo. — Sua mão agarrou meu braço e a eletricidade percorreu meu corpo. Minha respiração ficou presa com a reação imediata ao seu toque. Por que, ah, por que eu não poderia me sentir assim com Travis? — Posso chamar um táxi. — Puxei meu braço de sua mão. — Não sou idiota. Girei rápido demais. O calor, a música forte e as luzes piscando me deixaram tonta. Dei um passo à frente e caí. Meu rosto. O peito de Cooper. Seu tórax inebriante e incrivelmente musculoso. No momento em que nossos corpos se travaram, perdi todo o controle. Meus dedos rastejaram por seu corpo, traçando o punhado de pelo que espiava para fora do ‘V’ de seu colarinho desabotoado e até seu queixo e lábios fortemente raspados. Esses lábios perfeitos. No momento em que os toquei, eles se separaram ligeiramente. Eu me perguntei qual era o gosto dele. Lambi meus lábios em resposta. Olhei para ele, meus dedos saboreando a sensação de sua barba áspera. Ele ficou imóvel, me estudando enquanto as luzes estroboscópicas dançavam sobre seu rosto bonito. A batida da música bateu em meu peito e me vi cambaleando. Lentamente ele se moveu comigo. O álcool estava definitivamente me deixando estúpida, porque se eu fosse inteligente, não iria me agarrar ao meu professor, meu professor incrivelmente sexy, do jeito que eu estava fazendo agora, pressionando meu corpo contra o dele, incitando-o a dançar. Não pude evitar. Meus quadris se moveram com os dele. Pressionando com mais força em seu corpo do jeito que fiz com Travis. Só que desta vez, quando suas mãos se moveram sobre a minha cintura me segurando a ele, meu corpo pegou fogo. Imediatamente, minhas mãos viajaram por seu abdômen. Silenciosamente gemi enquanto meus dedos traçavam o abdômen musculoso sob sua camisa. Quando prendi meus braços em volta do seu pescoço, pressionei com mais força contra ele e gemi ao senti-lo endurecer contra mim.
De repente, ele agarrou minhas mãos, arrancando-as de seu pescoço. Ele me girou, colocando minhas costas contra ele. Ele balançou com a música, esfregando a parte inferior de seu corpo em minhas costas, criando uma fricção deliciosa. Joguei minha cabeça para trás em seu ombro me rendendo a ele. Levantando meus braços, procurei sua nuca. Ele abaixou a cabeça e deslizou o nariz contra o lado do meu pescoço. Eu estremeci com o toque de sua língua quente quando ela varreu o lado do meu pescoço e soltei um gemido suave quando ele prendeu os dentes na minha orelha. Corri meus dedos por seu cabelo. Era tão macio. Quando pressionei minha bunda mais profundamente nele, ele soltou um gemido suave. O som me fez latejar. Eu queria mais. Precisava de mais. Se aquilo fosse um sonho, eu não queria acordar nunca. Mãos hábeis percorreram meu corpo, descansaram sob meus seios, e eu derreti nele. Parecia certo ter suas mãos me tocando assim. Em seguida, seus polegares roçaram a parte inferior dos meus seios, me acariciando. — Jackson — Gemi. Ele congelou. Meu coração disparou e me perguntei o que havia feito de errado. Gentilmente, ele me virou para ele. Seu rosto era uma máscara enquanto ele falava. — Vamos levá-la para casa, Srta. Ashford.
Capítulo Quinze Cooper estacionou sua Mercedes na garagem. As luzes de Natal lançavam um brilho suave no jardim da frente. Era a única coisa que eu amava na casa. Rainbow mantinha as luzes acesas o ano todo porque Meadow amava o Natal. Com ela ainda no Tibete, Rainbow se sentia perto dela sempre que via as luzes. — É exatamente igual — Cooper murmurou. Meus olhos se voltaram para ele. Ele não disse uma palavra desde que me levou para fora do clube. Eu era uma confusão de emoções. Estava dividida entre querer repreendê-lo e, ao mesmo tempo, implorar para que ele olhasse para mim. Ele manteve os olhos na estrada, as mãos agarradas ao volante, o rosto uma máscara. Só quando cruzamos a ponte seu rosto se contorceu como se estivesse com dor. — Você já esteve aqui antes? — Morei na cidade quando era mais jovem, antes de me mudar para Boston. Rainbow não mencionou isso para mim. Eu me perguntei se Rainbow conhecia Cooper mais do que ela estava dizendo. Eu teria que perguntar a ela quando exatamente ela se mudou para a cidade. — Oh, você tem família aqui? — Minha família... — Ele fez uma pausa, engolindo em seco. Seu rosto se suavizou e, naquele momento, ele parecia um menino, tão triste e inocente. Eu queria tomá-lo em meus braços e acalmar a dor que enchia seu rosto. — Vamos entrar. Em um piscar de olhos, o menino se foi e o Professor Cabeçudo estava de volta. O homem estava me dando uma chicotada. Saindo do carro, ele foi para o meu lado e abriu a porta. — Vamos. — Eu posso andar perfeitamente bem — Rosnei, ignorando sua mão estendida. Para provar que ele estava errado, dei alguns passos na calçada de cascalho, meus calcanhares balançando, e imediatamente comecei a cair de cara.
— Esta não é minha noite. — Eu fiquei no chão. Se eu não me movesse, talvez Cooper simplesmente fosse embora e me poupasse do “Eu te avisei”. — Você está bem? — Ele se agachou ao meu lado. — Sim — Murmurei na terra. — Então, por que você não está se movendo. — É mais seguro se eu apenas ficar aqui. — Você não pode ficar aí a noite toda. — Claro que eu posso. Você pode ir para casa. Não se preocupe comigo. Vou apenas ficar aqui e fingir que o mundo não existe. Posso ficar aqui o dia todo e talvez até o resto do semestre. Talvez Penny tenha pena de mim e me traga um pouco de comida. — Quem é Penny? — Galinha de estimação da Rainbow. Surpresa com sua risada, eu olhei para ele. O homem estava realmente sorrindo e rindo. Seu rosto era de tirar o fôlego. Senti aquela atração repentina por ele novamente. — Essa frase não faz nenhum sentido. Tem certeza que mora aqui? — Sim. — Eu virei, sentando-me. — Rainbow é minha tia. Ela é dona da casa com Meadow. — Soltei um suspiro. Precisava entrar. Ele estava sendo legal demais e, quando era legal, isso o tornava ainda mais sexy. Eu já estava confusa e ele estava piorando as coisas. Se eu não fosse embora logo, iria me apaixonar pelo meu professor de química, muita coisa. — Aqui, deixe-me ajudá-la. — Não, eu posso... Ele me ergueu como se eu fosse leve como uma pena e, de repente, eu estava de pé, olhando para ele. Sombras dançaram em seu rosto. A máscara se foi, e gentis olhos azuis olharam para mim, tão abertos e crus. Era como se pudesse ver o verdadeiro eu dele por baixo do exterior brutal, o verdadeiro Cooper que se ofereceu para ensinar matemática para crianças do Ensino Médio e segurava bebês contra o peito. Seu olhar desviou para meus lábios. Meu coração pulsava freneticamente quando ele ergueu a mão, roçando minha bochecha com uma ternura dolorida. Seu cheiro, seu toque, aqueles olhos...
estava vendo o verdadeiro Cooper, e eu estava caindo. Caindo no amor, caindo nele, caindo em sua gravidade. — Nicole — Ele sussurrou. Inclinei minha cabeça, esperando por ele, querendo tanto seu beijo que eu poderia prová-lo. Ele abaixou a cabeça, avançando lentamente em minha direção. Ele correu o polegar pelo meu lábio inferior, puxando-o. Prendi a respiração esperando. — Não. Não é você. — Seus olhos endureceram quando ele se afastou. — Você pode parar de encenar, Srta. Ashford. De jeito nenhum! Ele estava de palhaçada comigo? Ele tinha feito de novo! — Você acha que eu estou inventando isso? Este... esta... o que quer que esteja acontecendo entre nós. — Vamos deixar uma coisa bem clara, Srta. Ashford. Não há nada acontecendo entre nós, e nunca haverá. Não namoro alunas. Eu bufei. — Isso é verdade? Acontece que eu sei de fonte segura que você o faz. — Não preste atenção às fofocas. — Que fofoca? Eu tenho olhos. — E era difícil para qualquer um não notar Gianna ou Fedelha agarrada a ele. Embora eu não tivesse certeza sobre Fedelha ser sua aluna. — Nem tudo o que você vê é o que você pensa que é. — Sim, e quanto ao seu encontro no Jitters? Ela parecia realmente ansiosa para ter certeza de que tinha você só para ela. — O que você está. . .? Oh, meu encontro. . . — Seus lábios tremeram. — Não é engraçado — Rebati. — A mulher me atacou! — Ela tende a fazer isso quando pensa que alguém está atrás do meu dinheiro. Ela é muito protetora. — Eu não dou a mínima para o seu dinheiro. . . ou para você, a propósito. Ele se inclinou perto de mim, os olhos brilhando. Minha respiração se acelerou. — Você joga uma charada muito convincente, Nicole Ashford. Se Nicole for seu nome verdadeiro. Havia uma teoria da conspiração de Nicole ou algo por aí? Fedelha tinha dito a mesma coisa.
— Eu não estou fingindo! E Nicole é meu nome verdadeiro. — É uma pena que sua mãe não veja seu potencial. Se ela visse, ela nunca colocaria você em algo tão baixo quanto isso. Respirei fundo. — Você conhece minha mãe? Como ele a conhecia? E como ele poderia saber que eu era sua maior decepção? — Pensei que conhecesse. Você se parece exatamente com ela. — Seus olhos se suavizaram enquanto examinava meu rosto. Então, ele balançou a cabeça como se estivesse tentando se convencer de algo. — Mas você não é ela. E eu não a conheço, não mais. — Olha, eu não sei quem você pensa que é para falar da minha mãe assim. Eu mal falei com ela nos últimos anos, e ela nunca mencionou nada sobre você para mim. Ela está muito ocupada com sua carreira. — Então, ela abandonou você também? O estalo alto da minha mão batendo em sua bochecha ecoou na noite tranquila. Atordoada, congelei, minha mão ainda no ar. Sem outra palavra, Cooper se virou e entrou no carro, os pneus cantando enquanto ele partia.
Capítulo Dezesseis Dei um tapa no professor Cooper. Puta merda! Eu realmente dei um tapa nele. Fiquei olhando o brilho vermelho das luzes traseiras até que elas desapareceram na escuridão. Foi isso que Madame Zahra quis dizer quando me avisou sobre o vórtice? Se eu não tivesse ido ao clube, isso nunca teria acontecido. Agora, terei que descobrir como sair de sua turma sem perder todas as minhas mensalidades. Não havia nenhuma maneira de ficar na turma dele e realmente pensar que poderia ser aprovada. E Travis, aquele rato! Ele apenas me deixou lá. A noite inteira foi um desastre. Bem, feliz aniversário! Entrei em casa, torcendo para que Greg estivesse de volta, torcendo para que a noite dele tivesse sido melhor do que a minha. Quando entrei, a primeira coisa que ouvi foi seu ronco alto. Isso tinha que significar boas notícias. Ele estaria esperando por mim se as coisas tivessem corrido mal com sua mãe. Egoisticamente, me perguntei se deveria acordá-lo. Suspirei e decidi remoer minhas tristezas em vez disso. Eu precisava de chocolate. Imediatamente. E vinho... muito vinho. No meu caminho para a cozinha, passei pelo quarto de Rainbow. A porta dela estava ligeiramente aberta. Fiquei surpresa ao ouvir o som de sua voz frenética. Ela sempre era tão zen. — Você tem a foto, certo? Tem certeza que é ela? Sim, ele pirou. Eu o vi no Jitters. Ele é exatamente como você o descreveu... Não, ela não sabe... Eu... isso é loucura. Coisas assim simplesmente não são possíveis... Você precisa voltar para casa logo. Não sei se consigo lidar com isso sozinha... Sim, eu assei. Usei tudo na receita que você me mandou por e-mail. Mesmo Rainbow não estava fazendo nenhum sentido. Ela sabia algo sobre Cooper, mas estava escondendo de mim. Mas por que ela faria isso? De alguma forma, envolvia minha mãe. Talvez minha mãe tenha tido um caso com Cooper quando ela se apresentou em Boston. Era difícil para mim acreditar que ela faria aquilo. Não apenas porque ela era muito mais velha do que ele, mas porque era
muito apaixonada por meu pai. E, mais importante, porque Cooper não era músico. Rindo, fui até a cozinha. Não, Cooper confundiu minha mãe com outra pessoa. Eu não parecia nem um pouco com minha mãe. Na verdade, parecia mais com meu pai. Vi um prato cheio de bolo de chocolate no balcão. Sim! Você é demais, Rainbow! Apesar da comida limitada da casa, Rainbow gostava muito de doces e era uma excelente confeiteira. Servindo-me de uma taça de vinho, peguei alguns pedaços do bolo e me dirigi para o meu quarto. Dei uma mordida. Tinha um gosto amargo estranho e definitivamente não tinha nenhum chocolate. Não era bolo de chocolate. Fosse o que fosse, tinha um gosto muito bom. Dei outra mordida e um gole de vinho. A combinação era tão boa. Tirei meu vestido e coloquei uma camiseta surrada. Olhei para o meu celular. Meus pais estiveram na Áustria esta semana. Eles provavelmente estavam ensaiando agora. Não faria mal nenhum checá-los e talvez perguntar à minha mãe se ela conhecia Cooper. Abri meu celular. Meus dedos bateram nervosamente nos botões. Era perfeitamente possível que minha mãe pudesse ter vacilado e tido um caso com Cooper, talvez até mesmo um caso de uma noite. O que era ainda mais surpreendente era Cooper namorar uma mulher muito mais velha, dadas suas duas últimas conquistas, Gianna e Fedelha. Apesar de suas palavras duras, ele pareceu inconsolável quando aludiu que minha mãe também o havia abandonado. — Esquece. — Joguei o celular na mesinha de cabeceira e apaguei a lâmpada. Era tarde demais para uma loucura. Eu só queria que a noite acabasse. Tudo sempre parecia melhor à luz do dia. Certo?
Houve uma batida na janela. Ou porta. Era muito cedo e minha cabeça latejava. Ou Penny estava bicando na janela ou Greg na porta. Quem quer que fosse, ia se ver comigo.
— Acorda, Nicole! Você vai se atrasar para o trabalho. — Meus olhos se abriram com o som de uma estranha voz feminina chamando do outro lado da porta. Minha cabeça latejava com mais força e fechei os olhos. Provavelmente era Rainbow, e a enorme ressaca que eu tinha estava bagunçando minha cabeça. Estendi a mão para a mesa de cabeceira, procurando meu celular para verificar a hora. Era domingo e Lou tinha me dado o dia de folga. Eu não tinha pressa em ir a lugar nenhum, mas sabia que Greg iria querer me contar tudo o que aconteceu com sua mãe na noite anterior. Minha mão pousou em algo grande, redondo e de plástico. Meus olhos se abriram. Posto na mesa de cabeceira onde coloquei meu celular ontem à noite, estava um telefone rosa. Ele tinha um círculo redondo com números, exatamente como minha avó costumava ter anos atrás. Aquilo era uma piada? E onde estava meu celular? Peguei o fone. Houve um tom de discagem. Esfreguei meus olhos turvos. Quando eles entraram em foco, percebi algo diferente no quarto. As paredes estavam forradas com pôsteres do Duran Duran e do Culture Club. Que diabos? Eu pulei da cama. Greg tinha algo a ver com isso. Eu tinha certeza disso. Já fazia muito tempo que ele não pregava uma de suas famosas pegadinhas de aniversário. — Greg! — Gritei, correndo para o quarto dele. Quando abri a porta de seu quarto, estava cheia de caixas de mudança. Esfreguei meus olhos novamente. Greg realmente dava tudo de si em sua pegadinha. Ele provavelmente pediu a Travis para ajudálo a mover suas coisas para uma unidade de armazenamento. Fui para a cozinha, esperando que Greg pulasse e gritasse: “Surpresa!” Em vez de Greg, havia uma menina pequena perto do fogão, balançando ao som da música enquanto mexia os ovos. No balcão ao lado dela, estava um pequeno rádio, a antena prateada para fora. A voz de Carole King soava nos minúsculos alto-falantes. — Quem é você?
— Ah! — Ela saltou, deixando cair a colher. Olhos castanhos olharam para os meus. Cachos loiros curtos emolduravam um lindo rosto em formato de coração. — Você me assustou. Lembre-me de limitar sua bebida. Quando você diz que não consegue lidar com isso, você realmente está falando sério. — Quem é você? E onde está Greg? — Repeti, olhando ao redor do ambiente. Até a cozinha era decorada de forma diferente. Havia um micro-ondas enorme com um botão antigo em vez do pequeno que havíamos trazido. A geladeira de prata foi substituída por uma amarela. Quanto esta pegadinha custou a ele? A contratação da atriz deve ter custado uma pequena fortuna. Ela era boa. Ela olhou para mim como se eu fosse louca. — O que há de errado com você hoje? Ok, vou entrar no jogo. Eu sou Charlie. A colega de quarto para quem você disse ontem à noite, e eu cito: ‘Eu te amo mais do que a MTV , Charlie’. Eu a encarei enquanto ela piscava, esperando minha resposta. Queria rir e parabenizá-la pelo bom desempenho. Em vez disso, tive a sensação de que ela estava dizendo a verdade. Charlie voltou para o fogão. — Você dormiu o dia todo. Desculpe ter que acordá-la, mas você prometeu a Lou que abriria o Magic esta tarde. — Você não quer dizer Jitters? Ela riu. — Você está precisando muito de cafeína. Tem uma caneca para você no balcão. Bebendo meu café, observei Charlie enquanto ela continuava a cantar e me perguntei por quanto tempo Greg continuaria com a farsa. A música terminou e mudou para o noticiário. — E no noticiário nacional, o presidente Reagan reiterou seu recorde presidencial até o momento no discurso de rádio da noite passada de Camp David... O café foi vomitado no balcão. Presidente Reagan? Correndo para o rádio, peguei e procurei por um microchip ou dispositivo USB que pudesse conter uma gravação digital. — Uh, Nicole, o que você está fazendo? — Charlie me olhou engraçado.
— Este é um novo design de iPod ? — O que é um iPod ? — Deixa para lá. Vou pesquisar no Google . Onde está meu laptop? Fui até a mesa de canto da sala, onde normalmente ficava. Havia uma máquina de escrever onde deveria estar meu laptop. Charlie riu atrás de mim. — Você é tão engraçada. iPod , laptop, Google . De onde você vem com essas palavras? A próxima coisa que você vai perguntar é se eu vi sua domahicky . — Todo mundo sabe o que... — Eu congelei enquanto observava tudo ao meu redor: o rádio, o telefone, a máquina de escrever. — Qual é a data? — Domingo. — Não o dia, a data. — Eu não sei. Quem mantém controle? Há um calendário na lateral da geladeira. Você deveria saber; você colocou lá. — Ela balançou a cabeça. Corri para a geladeira e peguei o calendário. — Não é possível. — Eu afundei no chão. Lá estava ele em preto e branco, um grande bloco de números indicando o ano. 1984 .
Conheça o mistério que ronda a viagem temporal de Nicole em: Ao Seu Lado – Parte Dois A gravidade pode puxar uma pessoa de volta e nunca mais soltar? Confusa e perturbada, Nicole Ashford acorda em 1984 sem saber o que a trouxe de volta no tempo. Determinada a encontrar o caminho de volta para a sua vida em 2002, ela sai em busca de respostas. Mas essas respostas a levam ao que ela nunca pensou que encontraria – o amor de sua vida, Jax Reynolds. Dividida entre voltar no tempo e ficar onde está, ela deve decidir a que lugar realmente pertence. Mas a escolha é realmente dela ou o destino tem um plano diferente?
Sobre a Autora A autora bestseller USA Today de romance, L.G. Castillo, escreve livros que exploram a jornada tumultuada e psicológica da autodescoberta e do amor. Suas histórias apresentam eventos dramáticos que mudam a vida, intercalados com uma boa dose de humor, heroínas destemidas e homens dignos de desmaio que as amam. Quando ela não está escrevendo, L.G. está se divertindo com a Netflix ou acumulando milhas para as próximas férias. Ela está casada com seu próprio herói digno de desmaio por mais de duas décadas.
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quando estava bêbada e drogada. Mesmo depois de famosos, continuaram cuidando de mim. E quando meu monstro de mãe morreu, eles se tornaram meus guardiões. Há seis anos eu cuido dos quatro homens que são tudo para mim. Tomo conta deles da mesma maneira que sempre cuidaram de mim. Resolvo tudo, até as sujeiras dos bastidores da vida de um roqueiro. Nem sempre é bonito. Às vezes, chega a ser quase repugnante, principalmente quando tenho que me livrar das transas aleatórias. Ugh! E se apaixonar por um roqueiro NÃO é inteligente. Tudo bem, então não sou inteligente. Eu amo os meus garotos, e um deles, meio que tem meu coração em sua, grande e calejada, mão roqueira. Compre agora e leia
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