Apostila Língua Portuguesa VII _Completa

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SUMÁRIO

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A PESQUISA DIACRÔNICA EM LÍNGUA PORTUGUESA .......................................... 2

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TREM DA HISTÓRIA ........................................................................................................ 5

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ORIGEM E EVOLUÇÃO DA LÍNGUA PORTUGUESA ................................................. 6

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ATIVIDADES...................................................................................................................... 9

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LATIM CLÁSSICO E LATIM VULGAR ........................................................................ 11

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ORIGEM DO PORTUGUES – NOÇÕES GERAIS ......................................................... 14

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O PORTUGUÊS DO BRASIL .......................................................................................... 15

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A HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA NO BRASIL............................................. 32

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MUDANÇAS LINGÜÍSTICAS: ONTEM/HOJE (METAPLASMOS E DERIVA) ........ 33

10 METAPLASMOS .............................................................................................................. 38

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A Pesquisa Diacrônica em Língua Portuguesa Maria Antonieta Amarante de Mendonça Cohen (UFMG) Fui convidada pelo Departamento de Letras Vernáculas a fazer uma apresentação sobre a pesquisa sincrônica e diacrônica em Língua Portuguesa, que aceitei com prazer: é sempre agradável falar sobre uma tarefa que executamos com entusiasmo. Pensei, no entanto, que seria mais adequado não fazê-la sozinha, mas reunir pessoas que já trabalharam e que trabalham sob minha orientação, na área da Lingüística Histórica Portuguesa, mais especificamente, na área da Sintaxe Histórica do Português. Convidei, portanto, depois de ter tido assentimento da comissão organizadora deste evento, para esta mesa as professoras, mestres em Língua Portuguesa pela FALE/UFMG, que desenvolveram pesquisa na área da sintaxe histórica, Maria Auxiliadora da Fonseca Leal e Maria Cândida Costa de Seabra, e o mestrando, também professor, César Nardelli Cambraia, que desenvolve pesquisa nesta área. Na verdade, o título de nossa apresentação deve ser apenas “A pesquisa diacrônica em Língua Portuguesa”, já que esta necessariamente inclui a descrição sincrônica, no tipo de trabalho que temos desenvolvido. Minha exposição vai se dividir em duas partes: comentários gerais sobre o trabalho com a história das línguas e informações sobre o ‘status’ da lingüística histórica no panorama dos estudos lingüísticos contemporâneos no Brasil; sobre grupos de pesquisa existentes em outros estados e sobre as pesquisas em sintaxe histórica que vimos desenvolvendo desde 1987 aqui na Faculdade de Letras. Finalmente, para tratamento de temas específicos da sintaxe histórica do português, passarei a palavra à Auxiliadora, Cândida e César que apresentarão resultados de pesquisas concluídas e reflexões sobre pesquisas em andamento.

1) O trabalho do diacronista e a pesquisa em Lingüística Histórica do Português no Brasil A primeira preocupação do lingüista histórico ao trabalhar numa área que não foi devidamente prestigiada no Brasil até o final da década de 80 (em 1984 Tarallo apresenta um trabalho intitulado “A Fênix finalmente renascida”, em que trata do renascimento da Lingüística Histórica no panorama dos estudos lingüísticos no Brasil, e em 1988, Rosa Virgínia Mattos e Silva atualiza informações sobre o desenvolvimento da área com “Fluxo e refluxo: uma retrospectiva da Lingüística Histórica no Brasil”) doze anos depois do artigo de NARO “Tendências Atuais e da Filologia no Brasil” (1976), consiste em não cometer as mesmas inadequações dos que nos precederam, e, a este respeito, nosso principal cuidado deve ser o de não cair no atomismo que caracterizou os estudos de história da língua portugueses e brasileiros e que contribuiu largamente para que esses estudos caíssem em descrédito, principalmente em face do crescimento vertiginoso dos estudos sincrônicos a partir da década de 70. É preciso que se vá além do registro de fatos lingüísticos de épocas pretéritas, e que esses fatos sejam, em primeiro lugar, descritos como parte de um sistema lingüístico, e, em segundo lugar, explicados dentro de uma teoria. Esta tarefa não é trivial, pois o conhecimento de fatos a respeito de períodos pretéritos da nossa língua é ainda muito incompleto, e um estudo que se pretenda lingüístico terá necessariamente de passar pela etapa de coleta de dados em textos escritos de épocas passadas, outra tarefa não trivial, que exige uma formação específica. Outra razão para o descrédito dos estudos históricos foi a primazia dos estudos da língua falada sobre a escrita, e dos estudos sincrônicos, absolutamente necessários para o avanço dos estudos da linguagem sobre os diacrônicos, que veio como uma reação aos estudos historicistas do final do século passado, e que predominou no Brasil quase como a única possibilidade de se encarar a língua. O reflexo dessa primazia reflete-se até hoje nos currículos de Letras: profissionais de Letras que tenham se formado entre os anos de 1970 e 1990 aqui na FALE praticamente não tiveram uma formação em história das línguas, com exceção de um semestre de Filologia Românica e um de História da Língua Portuguesa. Temos, portanto, algumas gerações de profissionais de Letras a- e anti-históricos, uma lacuna realmente lamentável em sua formação. Tudo o que não se encaixasse dentro dos estudos sincrônicos e que tivesse algum cunho historicista era sumariamente taxado de ‘filologia’, como se fosse fácil a distinção entre as duas áreas, isto é, lingüística e filologia. Costuma-se não se distinguir, por exemplo, entre a filologia portuguesa e a filologia românica. O que se chama simplesmente de ‘filologia’, sem adjetivação, é no meu entender, a gramática histórica filológica, atomística, que apresenta os ‘fatos’ lingüísticos, mas não os encaixa no sistema estrutural e/ou social da língua. A Filologia Românica, por seu lado, já nasceu comparativa, e não pode ser considerada atomística: a visão da romanidade das línguas, essencial à área, impede que isso aconteça. Há também a

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tradição marcadamente neogramática chegada até nós via Portugal, que trata quase que exclusivamente de mudanças fônicas, dentro de um modelo teórico pouco entendido por nós. A primazia da língua falada sobre a escrita e da sincronia sobre a diacronia é postulada por Saussure, que nos diz que, para o falante, a única e verdadeira realidade é o aspecto sincrônico e não o diacrônico. Apesar das idéias de Saussure a respeito da mudança lingüística terem sido combatidas no I Congresso Internacional de Lingüistas, em 1928, por Jakobson e Troubetskoy, dentre outros, que insistiram que o aspecto diacrônico das línguas seria tão possível de análise estrutural quanto o sincrônico, esta informação não chegou até nós, que lemos e repetimos Saussure de maneira simplista e incompleta, nunca observando, por exemplo, que a maior parte do Curso discute problemas diacrônicos. Retomando, pois, a observação de que o falante não sabe, não ‘percebe’ que a língua muda, vemos que o lingüista sincrônico coloca-se na perspectiva do ‘falante’ já que para ele o aspecto sincrônico é também “a única e verdadeira realidade”. Esta tem sido a postura da maior parte dos estudiosos da linguagem no Brasil: a opção por estudar a língua como um objeto estático, o que certamente não os levou a ver o aspecto mutável das línguas. Como estudar mudanças lingüísticas se enxergamos a língua como um objeto estático? Que o falante não tem consciência de que a língua muda – e essa observação refere-se principalmente ao aprendizado de uma língua materna, ou seja, o falante não tem consciência histórica – parece fora de dúvida, embora possa se aperceber de variações. A postura do diacronista, apesar de não excluir a postulação de gramáticas de sincronias passadas, deve necessariamente ser diferente, pois, para nós, é necessário, imprescindível, que vejamos a língua como um objeto variável no tempo e também no espaço e na sociedade. Devemos ver a língua como camadas diacrônicas que se harmonizam num todo, mas que têm ‘idades’ diferentes. A constatação de que o falante não tem a dimensão diacrônica não nos leva a declinar os estudos diacrônicos, mas a refletirmos sobre sua metodologia e seus pressupostos. Portanto, a primeira recomendação para quem quer ser diacronista é: use os “óculos diacrônicos!” Em todo fenômeno lingüístico observado tente ver “camadas” antigas, novas, não-tão-antigas e não-tão-novas. Isso não o impedirá de ver a língua em seu funcionamento sincrônico. Mas se optar por estudar a língua como um objeto estático, aí sim, estará cego para enxergá-la como um objeto variável, e nunca será diacronista! Observe-se, como exemplificação, a lista dos nomes abaixo. Como se pode ver, todos terminam em -ão: dos dez, sete, na verdade, terminam com -ção. O plural deles varia: (i) Grupos de Nomes terminados em -ão cão/cães; capitão/capitães; alemão/alemães; civilização/civilizações; demonstração/demonstrações; liquidação/liquidações; inflação, falação, dormição (não admitem plural). (ii) Grupos de Nomes terminados em -ão Cão, capitão, alemão, coração (1), demonstração (2), civilização (3), inflação, liquidação (4), falação, domição (5). Informações históricas (a simples consulta a um dicionário etimológico) nos esclarecerão que essas palavras, apesar de aparentemente semelhantes, têm ‘idades’ diferentes: cão, capitão e alemão (grupo 1) são provavelmente as mais antigas; demonstração (grupo 2) é mais recente do que as do grupo (1); civilização (grupo 3) é empréstimo; inflação e liquidação (grupo 4) são palavras formadas já depois da língua portuguesa constituída como tal, e falação e dormição (grupo 5) são neologismos criados a partir de ‘falar’ e ‘dormir’. Pode-se, através deste exemplo, identificar as camadas diacrônicas a que me refiro. A Lingüística Histórica já renasceu, portanto, no Brasil, apesar de nunca ter morrido em muitos outros lugares fora daqui. Estamos agora numa posição bem mais cômoda: devido à miríade de correntes do pensamento lingüístico que se espalham pelo mundo na atualidade não somos mais obrigados a adotar uma postura sincrônica perante os fatos da linguagem; o exagero estruturalista já passou, assim como o historicismo obrigatório do século passado, e estamos livres para escolher trabalhar na área que nos atraia mais! Os ‘diacronistas enrustidos’ podem se denunciar. A Lingüística Histórica está em posição de destaque. Os gerativistas se permitem buscar argumentos oriundos da mudança lingüística para fortalecer sua Gramática Universal, continuando suas incursões na diacronia, também presentes em versões anteriores da gramática gerativa.

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2- Grupos de pesquisa Há no Brasil, atualmente, quatro universidades onde se estuda a mudança/variação lingüística: a Universidade Federal da Bahia, com o Grupo PROHPOR, que tem um projeto sobre a história do Português, coordenado pela Profa. Rosa Virgínia Mattos e Silva; os variacionistas da UFRJ que estudam variação, como, por exemplo, Maria Cecília Mollica; Marta Scherre e Anthony Naro; o grupo que estuda variação lingüística numa perspectiva funcionalista-discursiva, como o do Sebastião Votre; na UNICAMP Mary Kato continua, de certa forma, o trabalho do Fernando Tarallo, unindo variacionismo a gerativismo. Carlos Alberto Faraco, do Paraná, que está retomando agora suas atividades diacrônicas, e nós, de Minas Gerais, que fizemos parte do antigo mestrado em Língua Portuguesa e agora integramos o Programa de PósGraduação em Estudos Lingüísticos, num projeto de Sintaxe Histórica, ao lado de outros, que abordam outros tipos de mudança: difusão lexical (Marco Antônio de Oliveira) e mudança sintática numa perspectiva gerativista (Jânia Ramos). Desde 1987 vimos lutando pela sobrevivência dos estudos diacrônicos aqui na FALE, de uma maneira sistematizada. Sempre houve alguma atividade diacrônica aqui, apesar de isso não ser tão divulgado assim: no mestrado em Língua Portuguesa houve algumas dissertações de cunho histórico, como, por exemplo, a da Profa. Viviane Cunha, que tratou da metafonia portuguesa; a da Profa. Maria Amélia Formiga, que tratou do futuro românico (ambas orientadas pela Profa. Angela Vaz Leão); a de Vicente Gonçalves que tratou de processos de gramaticalização e de Paulo Duarte (orientando da Profa. Clara Grimaldi Eleazaro), que também fez incursões diacrônicas ao tratar da derivação parassintética no Português – mas quando me refiro à luta de uma maneira sistematizada estou enfatizando que a pesquisa diacrônica, ou sobre mudança lingüística no Português, deve ser institucionalizada e financiada para que tenha direito à existência como qualquer outra área de pesquisa. Se for financiada terá necessariamente de ser divulgada e assim começará a se sedimentar. Nesse sentido desenvolvo um projeto integrado financiado pelo CNPq cujo objetivo principal está expresso no seu título “Desenvolvimento de estratégias de leitura/análise de línguas arcaicas como etapa imprescindível para o estudo de mudanças sintáticas analisadas ‘a posteriori’ II”. Este projeto, além de tratar de questões substantivas a respeito da mudança sintática, está criando um banco de textos informatizado para pesquisa em Lingüística Histórica (BTLH), executado por bolsistas de Iniciação Científica, que paralelamente à parte técnica de digitação, desenvolvem um projeto diacrônico (como o que o então bolsista César Nardelli Cambraia desenvolveu e apresentou à IIª Semana de Iniciação Científica, que versou sobre as variantes gram/grande no Português dos séculos XIV a XVI, e também o de Flávia Bueno Maffra, com um trabalho sobre a relação particípio passado/adjetivo no Português dos séculos XV e XIX, apresentado na III Semana de Iniciação Científica e também ontem à noite, neste Encontro). É a 4a bolsista trabalhando no projeto e outro começará em 1995. Há também dois mestrandos e um doutorando desenvolvendo pesquisa na área diacrônica e uma vaga está sendo oferecida para o mestrado em Sintaxe Histórica, para início em 1995. Haveria muito ainda a ser discutido, mas como avisei, minha fala seria predominantemente informativa, e as questões mais específicas vão ser colocadas pela Auxiliadora, Cândida e César. Obrigada.

COHEN, Maria Antonieta Amarante de Mendonça. A Pesquisa Diacrônica em Língua Portuguesa. In GUIMARÃES, Maria de Nazaré serra silva e & MENDES, Eliana Amarante de Mendonça (orgs.). Anais da II SEMANA DE ESTUDOS DE LÍNGUA PORTUGUESA VOL. II, 21 a 25 de novembro de 1994. Belo Horizonte, FALE/UFMG, 1996. Disponível em http://www.letras.ufmg.br/site/publicacoes/download/2semanav1-site.pdf; acessado em jan. de 2007

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Trem da História Rubinho do Vale

La vai o trem da história tocado a todo vapor Cumprindo com seu papel de um menestrel Sonhador Apita e solta fumaça pelas montanhas gerais Vivendo só de pirraça do meio das capitais Unindo trilhos urbanos com outros trilhos rurais Vem lá Jequitinhonha quem sabe do rio doce Toda noite ele sonha se trem de carga ele fosse Levava em cada vagão viola, surdo e pandeiro Parava em toda estação, chamava o povo inteiro Pode subir coração que esse trem é brasileiro Vamos embora gente, olha o apito do trem Vamos seguir a historia com a canção brasileira Para que nossa memória não se acabe em poeira E no peito bate um coração aflito Feito um tambor de folia descompassado e bonito Perdido pelas estradas destino deste país Olha o menino sem nada sonhando em ser feliz E a multidão destoada sem rumo e sem ter raiz E nessa hora sou eu um folião congadeiro Violeiro, cavaleiro andante, um trovador Um marujo canoeiro tropeiro lá do além Da janela deste trem vou cantando meu amor Para que no ano que vem não haja fome nem dor Para que no ano que vem haja mais verde e mais flor Vamos embora gente, olha o apito do trem Vamos seguir a historia com a canção brasileira Para que nossa memória não se acabe em poeira Esta letra foi retirada do site www.letras.mus.br; Acesso em janeiro de 2008; feitas as devidas correções

Pode-se dizer que esta música é um alerta de valorização da cultura brasileira, na qual a língua está contida. Considerando-se o filme “_______________________” a que você assistiu, exponha sua compreensão a respeito das implicações culturais relativas às conquistas territoriais promovidas por Impérios. Considere, principalmente, os aspectos lingüísticos.

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Origem eevoluqao da lingua portuguesa "Niio desconfiemos da nossa lingua, porque os homens !azem a lingua, e nao a lingua os homens. (Femiio de Oliveira, 1536.)

uma fase de transi or > suj. > gen. Nao disponho de analises do PP para verificar se ai a hierarquia seria encaber;;ada pelo sujeito. Uma analise anterior, concentrada na observar;;ao do pronome pessoal de terceira pessoa em funcao acusativa, baseada na observaCao de falantes nao-escolarizados, apurou 76% de eli­ soes do aD e identificou os seguintes fatores: (i) cancela-se a pra­ nome que exerce apenas uma funr;;ao ("lava ela muito bern lavadi­ nha, refoga rp na gordura") mas retem-se 0 pronome de dupla fun­ Cao ("num deixava ela me ensina nao"); (ii) cancela-se 0 pronome cujo antecedente nao aparece formalmente no contexta ("eu nao vi [a noticia] no jornal.. .nao vi rp ... saiu no jamaL.eu nao vi rp"); (iii) cancela-se 0 pronome cujo antecedente e inanimado (Omena, 1978). Duarte (1989) confirma Esses resultados exibindo os seguin­ tes valores: 63,6% de aD nulo, 14,6% de SNs e apenas 4% de aD clfticos, concentrados entre os mais velhos e totalmente ausen­ tes da fala dos jovens. Galves (1987) oferece uma especie de visiio panonlmica das categorias retidas ou elididas no PB, em contraste com 0 PP: (i) no PB 0 pronome ele pode figurar na relativa copiadora, como em "tinha uma empregada que ela respondia no telefone", constru­ Cao inexistente em Portugal, em que figura ai uma categoria vazia: "tinha uma empregada que respondia"; (ii) no PP cantemparanea, ele figura apenas como sujeito; no PB, alem de sujeita esse pro­ nome po de figurar como aD; (iii) no PB, ele pode oconer como pro nome c6pia, apos 0 sujeito - outra construr;;ao inexistente no PP; (iv) omite-se 0 pronome se no PB ("nos nossos dias nao usa mais saia". "essa camisa lava facilmente") e retem-se nas orar;;6es infinitivas para expressar a indetermina fevereiro. Subtração de fonemas Fenômeno comum no Latim Vulgar foi a apócope, que se observa principalmente nos infinitivos verbais (amare > amar). Os exemplos de síncope se fazem mais notados em casos de proparoxítonos. Parece que evitar o proparoxítono é tendência da língua popular. Assim, oculu > oclu ( e olho por palatalização); veritate > verdade. Também a crase foi fenômeno freqüente: coor > cor ; pee (de pede) > pé; veer (de videre) > ver.

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Mas estes fenômenos, iniciados no Latim Vulgar, continuaram no português arcaico (see > sé; avoo > avô) e permanecem na língua popular, no coloquial distenso e nos falares regionais de nossos dias. A deriva continua e ninguém pode deter o seu fluxo. Observem-se os seguintes textos extraídos de A língua do Nordeste, de Mário Marroquim: De duas coisa a mais feia / Progunto aos home do ensino: / Se é muié que fala grosso / Se é freguei falando fino. (MARROQUIM, 1945: 189) Temos coisa por coisas, simplificando a flexão, ao omitir o morfema de plural (fenômeno não apenas regional, mas uma constante na fala dos pouco escolarizados); idem em relação a home, onde se suprime, também, a nasalidade; muié, com apócope e iotização. Analisando a linguagem dos cantadores, Clóvis Monteiro faz, entre outros, o seguinte comentário: Desnasalização - e final ( = i) não conserva, em regra, a ressonância nasal que na escrita se representa por m: home-, orde-nuve-, image-, corage- etc; Queda: a) - o final ( = u), precedido da semivogal i, cai algumas vezes nos dissílabos, principalmente em próclise, e quase sempre nos polissílabos: mei-dia, ferroi- etc. cai igualmente quando o i que o precede é vogal nasal: vizio (com i nasal) > vizim ( = vizinho), camio (com i nasal) ( = caminho) > camim, nio (com i nasal) ( = ninho) > nim. Em virtude desta tendência, de que às vezes nem sequer se isentam, pelo menos no falar corrente, as pessoas cultas, reduz-se a im o sufixo inho; , b) - Nos paroxítonos, tende a desaparecer a protônica, assim esteja entre r e outra consoante que possa com o r formar grupo: embaraça > embraça; c) - Nos proparoxítonos, que a língua popular sempre repele, cai a postônica, embora esteja entre consoantes que se não possam agrupar: sábado > sabo, espírito > esprito, véspera > vespra e vespa (não aparece nos textos senão a última forma),título > titlo > tito (somente a última é que vem nos textos) etc. (MONTEIRO, 1933: 55) Seguem-se outros exemplos: O home que rapa a croa / Ou é padre ou frade ou reis (Jacob Passarinhos cantadores,52) (Id., p. 104); Ô muié ! mas ocê não vê que vem bem dize nua!... (Cantadores, 335) (Id., p. 235) Citemos ainda: güentar por agüentar; peraí por espera aí; magina por imagina; gibera por algibeira; isprito por espírito; ridico por ridículo; nego por negro; poblema por problema; Petropis por Petrópolis; fosfo por fósforo; abobra por abóbora; veno por vendo (fenômeno comum em MG, SP, GO e BA); quano por quando; arvre por árvore; vibra por víbora; jorná por jornal; vestidim por vestidinho; padim ou padrim por padrinho; revolves por revólveres; figo por fígado; passo por pássaro; arfere por alferes. Permuta de fonemas Na passagem de *monisteriu, do latim vulgar, a mõesteiro, houve metátese do / i / em favor de um ditongo decrescente; também uma permuta ocorreu de fermosa para fremosa, atingindo a líquida. Pela observação dos fatos, chegou-se à conclusão de que as metáteses tinham por função evitar hiatos e ditongos crescentes, transformando muitas vezes a vogal / i / em semivogal / y / , ou atingiam as líquidas por sua instabilidade. Também movimentos de sístole e diástole foram comuns no Latim Vulgar: amassemus (por amavissemus) deu amássemos; muliere (com e breve) deu muliere (com e longo) e esses movimentos também atingiram a língua portuguesa. Assim, a forma arcaica benção ( de bençon, do latim benedictione) deu bênção. Nos dias atuais, a permuta de fonemas continua. O povo mantém a ojeriza a hiatos e ditongos crescentes . Dizem tauba por tábua. A dificuldade com a líquida continua: lagarto ou largato? Foge-se dos proparoxítonos: crisântemo ou crisântemo? Quem , hoje em dia, diz azálea em vez de azaléia? E quantas vezes ouvimos perguntar se “o parto tá na partelera”? E quantas pessoas falam que estão sastifeta (com metátese, absorção do / i / e simplificação da flexão)? E que dizer de bicabornato, estauta, areoporto, açalpão? Mário Marroquim menciona: “Vou fazê-lhe uma pregunta / Pra você me destrinchá... (MARROQUIM, 1945: 212) Clóvis Monteiro apresenta a metátese de determinado em: Ficou cento e oitenta e três / Mas homes ditriminado... (MONTEIRO, 1933: 48) Vocalização, ditongação e monotongação Na passagem de Latim Literário a Vulgar, desse ao romanço e ao português arcaico, inúmeros casos de vocalização, ditongação e monotongação foram observados. A forma grão, apocopada de grande, usada em títulos, como grão-vizir, era, a princípio, grã, ditongando-se no século XIII, ocasião em que as formas an e on se igualaram em ão. O mesmo processo se deu em relação a verbos: mandarõ passou a mandaram. A absorção do u semivogal levou à monotongação em formas como duodeci que deu doze. A vocalização é notada em casos, como nocte > noite. Observe-se, agora, a linguagem dos cantadores: Aí chamaro pra janta (Idem, p. 67). A forma chamaram , ditongada, foi substituída por chamaro, monotongada. Formas como velho, abelha ,orelha, filho vocalizaram-se em veio, abeia, oreia, fio. Por sua vez, nascer, cruz, nós, fruta, caranguejo, ditongaram-se, apresentando-se como naiscer, cruiz, nóis, fruita, carangueijo, mais. Assimilação, dissimilação, nasalação, metafonia A forma arcaica moesteiro, de *monisteriu, deu moosteiro por assimilação. Também manairo (de manuariu) deu maneiro por assimilação. Eo (por ego) passou a eu por oclusão (ditongação com metafonia). A forma esta (ê) de ista (com i breve) passou a esta (é) por influência do / a / aberto. Formosa passou a fermosa por dissimilação. Igual fenômeno ocorreu com membrar (de memorare), que passou a nembrar e, posteriormente, a lembrar, sempre ocorrendo dissimilação

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O / n / de inimicu desaparece, deixando a nasalação na vogal anterior: eemigo (com til no primeiro e). Assim também, luna > lua (com til no / u / ) > lua, desnasalizando; lana > lãa > lã, por crase; vinu > vio (com til no i) > vinho, com deslocamento da nasalidade e palatalização. Esses fenômenos não se interromperam com a estruturação da língua no século XVI. A deriva continua. Não pára nunca, porque a língua é, como disse Coseriu, um permanente fazer-se. (COSERIU, 1979: 32) Clóvis Monteiro extrai da linguagem dos cantadores o seguinte exemplo de nasalação: Só pros outros se inzemplá (tomar como exemplo) (MONTEIRO, 1933: 49). Mário Marroquim observa, na língua do Nordeste, um exemplo de assimilação parcial, em que a palatal / i / atrai o / a / para formar o ditongo / ei / , fato esse que demonstra o aspecto arcaizante registrado no português do Brasil: Paxão é onça cabrera / Qui se amoita nas vareda / E pega a gente às treição.... (MARROQUIM, 1945: 69) Vejam-se outros casos esparsos registrados no falar brasileiro: interesse = enteresse = enterese; flagrante = fragrante (com rotacismo, proporcionando a confusão entre parônimos); discussão = discursão; touro = toro; roupa = ropa; trouxe = truxe; soube = sube; ignorância = inguinorância; mendigo = mendingo; eleição = inleição; mortadela = mortandela; sobrancelha = sombrancelha. Oscilações: om / am / ão; b / v; a / e; l / r; e / i Assim como oraçon (de oratione) deu oração, nõ deu não, bõo > bom, por fenômenos de oscilação ocorridos no século XIII. Mas, nos dias atuais, vemos as variantes bom / bão, tom / tão, estão / estam (este, fenômeno apenas gráfico). A degeneração b / v existiu no latim vulgar. Observem-se os seguintes casos: habebat > haveva (origem de havia); parábola > paravra; tenebras > treevas (com til no primeiro / e / ). Ainda hoje notamos esse fenômeno em casos como: bilhete = viete, mangaba = mangava;vamos = bamos. É uma diferença fônica que se nota, sobretudo, entre a língua portuguesa falada no Brasil e em Portugal. Entre os portugueses, é comum a fricatização do / b / , pronunciado quase como /v/. Estudando-se a língua diacronicamente, sentem-se oscilações freqüentes entre a / e, e / i. Vejam-se: havea > havia por fechamento; alfaça > alface, por analogia com couve, espinafre etc.. Hoje, nas variedades , tanto diastráticas quanto diatópicas, notam-se, ainda, essas oscilações: seja = seje; Bartolomeu = Bertolomeu; esteja = teje, com aférese; espiral = aspiral; cárie = caria; alpiste = alpista. Observando as consoantes líquidas / l / e / r / , desde o latim vulgar até a formação da língua portuguesa, chegamos à conclusão de que representaram um ponto frágil no sistema, sendo constantes, não só as metáteses por elas provocadas, mas também a oscilação entre ambas, com nítido predomínio do rotacismo, que mantém a consoante / r / . Vejamos: eclésia > igreja; affligere > afrigir (arc.); implicare > empregar; parábola > paravra, passando a palavra por dissimilação. Nos dias atuais, o fenômeno continua: Cheguei agora, moçada, / já escoí meu cumpanhero: / quem é bão nua trucada / rebusque quarqué parcero (AMARAL, 1955: 141) / / Hóme, bamo vortá pra casa. Notamos, ainda, entre outras, flauta = frauta, planta = pranta; Flamengo = Framengo; flor = frô... Poder-se-iam citar mais e mais exemplos. Nossa língua é rica em variedades. Mas o que importa é a constatação pura e simples de que a língua não parou com Os Lusíadas nem com a gramaticalização e o estabelecimento de uma norma culta. A deriva continua porque a língua é processo e seus resultados, sob o ponto de vista da Lingüística Histórica, são tão válidos hoje quanto o foram outrora. O estudo da língua como um diassistema, abordando todas as suas variedades, não é apenas importante, mas também indispensável para o conhecimento da língua. Descrever uma língua sincronicamente é apresentá-la diastrática e diatopicamente e proceder à análise de seus fatos. Seria conveniente, pois, sugerir-se que os compêndios de História da Língua ressaltassem também esse aspecto de mudança contínua e abonassem os estudos históricos com a apresentação de fatos lingüísticos atuais. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALI, M. SAID. Gramática histórica da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Melhoramentos, 1965. AMARAL, Amadeu. O dialeto caipira. São Paulo: Anhembi, 1955. CÂMARA JR., J.Mattoso. Introdução às línguas indígenas brasileiras. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1965. COSERIU, Eugenio. Sincronia, diacronia e história. Rio de Janeiro: Presença, 1979. COUTINHO, Ismael de Lima. Gramática histórica. Rio de Janeiro: Acadêmica, 1969. ELIA, Sílvio. Ensaios de filologia e lingüística. Rio de janeiro: MEC, 1975. MARROQUIM, Mário. A língua do Nordeste. Rio de Janeiro: Nacional, 1945. MELO, Gladstone Chaves de. A língua do Brasil. 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Verificação de leitura 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8.

Faça um pequeno texto explicando o 1º parágrafo A que se deve a incorporação de termos, como xérox, deletar, à língua portuguesa? Explique: “a língua é um sistema para cumprir uma função: a comunicação”. O que se entende por DERIVA? Pesquise a respeito de Iotização da liquida. Apresente a sua pesquisa. Explique: “Há, entre a deriva e a escola, uma relação de oposição, como se fossem os dois pratos de uma balança.”. Faça um levantamento dos fenômenos lingüísticos apresentados no texto na Parte I. Apresente os fenômenos e seus respectivos exemplos. Faça um quadro sintético da parte II do texto.

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Metaplasmos Professor Cláudio (Retirado de http://pt.wikipedia.org; com adaptações)

Metaplasmo, também designado por metaplasma por alguns autores, é o nome que se dá às alterações fonéticas que ocorrem em determinadas palavras ao longo da evolução de uma língua, o que ajuda a compreender a etimologia de muitas dessas palavras. O metaplasmo pode ocorrer pela adição, supressão ou modificação dos sons.

Por adição de sons Prótese, epêntese, paragoge Prótese é um dos metaplasmos por adição de um ou mais fonemas ao início da palavra. Um tipo especial de prótese é a aglutinação, que ocorre quando um artigo é incorporado ao vocábulo. Exemplo: as palavras alface e almeirão vem do árabe al-hassa e al-mayrũn, respectivamente. O [al] era o artigo da plavra. Há outros tipos de protese: do latim vulgar stella, scutu > para o português "estrela", "escudo", respectivamente. Veja outros exemplos de Aglutinação: [a] lagoa (português) > alagoa (português).// Stella> estrela. Epêntese é um dos metaplasmos por adição de fonemas (um ou mais) no interior do vocábulo. Um tipo especial de epêntese é a anaptixe, que ocorre quando a adição de fonemas desfaz um grupo de consoantes. Pneu> p(i)neu ou p(e)neu. Advogado>ad(i)vogado ou ad(e)vogado. Outro tipo de epêntese é a suarabácti que consiste em desfazer um conjunto de consoantes através da intercalação de uma vogal. Blatta>brata> barata. Stella> estrela. Registu> registro Outros exemplos area (português arcaico) > areia (português) avea (português arcaico) > aveia (português) moĩo (português arcaico) > moinho (português) ũa (português arcaico) > uma (português) vĩo (português arcaico) > vinho (português) Paragoge é um dos metaplasmos por adição de fonemas (um ou mais) ao final da palavra. Exemplo: latim ante > português "antes". Também ocorre nos casos de adaptação de estrangeirismos limitados posteriormente por consoante, como francês chic > português "chique", inglês lunch > português "lanche", inglês record > Português “recorde”.

Por supressão de sons Aférese, síncope, apócope, crase, haplologia, elisão Aférese é um dos metaplasmos por supressão de fonemas do início da palavra. Um tipo especial de aférese é a deglutinação, que ocorre quando há supressão de fonemas iniciais por confusão com o artigo que a acompanha. Exemplos [o] obispo (português arcaico) > [o] bispo (português) latim vulgar acume > português "gume". (Observe-se que a aférese só foi possível depois de outro metaplasmo, a sonorização: /k/>/g/. Síncope é um dos metaplasmos por supressão de fonemas do interior de uma palavra. Um tipo especial de síncope é a haplologia, que ocorre quando há a queda da primeira de duas sílabas seguidas, iniciadas por um mesmo fonema consonanatal. canes (latim) > cães (português) luna (latim) > lua (português) bondadoso (português arcaico) > bondoso (português) Página 1 de 3

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Apócope - supressão de fonema no fim da palavra - Exemplo: latim mare > português "mar". Praticamente todos os verbos no português resultam de uma apócope da sua forma no latim. Educare>educar Religare>religar Crase - fusão de duas vogais, desde que interna à palavra - Exemplo: português arcaico pee > português moderno "pé" Colore>(sincope)>coore>(crase)core>(apocope)cor. Por isso o que tem cor é colorido e não corido. Haplologia - entre duas sílabas de mesma estrutura e contíguas, consiste na supressão da menos saliente Exemplo: português medieval "bondadoso" > português moderno "bondoso". No português brasileiro contemporâneo falado, há vários dialetos em que se observam haplologias em expressões fonológicas: dente de leite > /dendjileitS/, perto de casa > /perdjikaza/. Veja também Faculdadeletras < faculdade de letras Elisão (sinalefa) - fusão de vogais que limitam palavras adjacentes, tornando-as em um conjunto fonológico; verifica-se, por vezes, a atuação de metaplasmos secundários, como o deslocamento da sílaba tônica (q.v. 'Metaplasmos por transposição'). Exemplo: latim de ex de > português desde; português brasileiro contemporâneo falado '... o tempo inteiro... ' > "... o tempintero..."

Metaplasmos por modificação de sons Por transposição Metátese, hipértese, hiperbibasmo Neste caso, a modificação é observada depois que um elemento fonético (segmental ou supra-segmental, como é o caso da posição tônica) é deslocado do lugar que ocupa originalmente na palavra. Metátese - deslocamento interno à sílaba. Exemplo: latim pro > português "por". semprer > "sempre" . inter > "entre" . Hipértese - transposição de um fonema de uma sílaba para outra. Exemplo: latim capio > português "caibo", primariu > primairo > "primeiro", fenestra > feestra > "fresta". Hiperbibasmo - em grego, relacionado ao verbo hyperbibázo, que compreende o deslocamento de fonema ou de acento; nas línguas modernas, abrange apenas a transposição de elementos supra-segmentais, dividindo-se, portanto, em sístole e diástole: Diástole - avanço do acento tônico. Exemplos: límite > "limite", pônere > "ponere", tênebra > "tenebra". Sístole - recuo do acento tônico. Exemplo: latim pantânu, eramus (paroxítonas) > português "pântano", "éramos", idólu > "ídolo".

Por transformação Assimilação, Consonantização, Vocalização, Nasalização, Desnasalização, Monotongação, Ditongação, Metafonia, Palatização, Sonorização. Assimilação: 2 consoantes diferentes viram 2 iguais, por exemplo: rs - persona > "pessoa", st - nostro > "nosso", rs - persicu > "pêssego". Há outros tipos de assimilação. E paltizar, sonorizar, metafonizar, nasalizar, desnasalizar são tipos de assimilação. Consonantização: Transformação de uma (semi)vogal em uma consoante: iam > "já", Iesus > "Jesus", uita > "vida", iactum > "jeito" , neuro > nevro (+ metatese) > nervo. Vocalização: nocte > "noite", regnu > "reino", multu > "muito"

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Nasalização: passagem de um fonema oral a nasal: nec > "nem", bonu > "bom" Desnasalização: luna > l~ua > "lua", bona > bõa > "boa", ponere > põer > poer > "pôr". Monotongação: Transformação de um ditongo numa vogal simples. Resultado de uma tendência fonética histórica de apagamento da semivogal nos ditongos crescentes ou decrescentes. Isto ocorre pois na estrutura da sílaba, existe necessariamente uma vogal, a que se juntam, ou não, semivogais e/ou consoantes. No caso das semivogais ocorre o apagamento: Dinheiro>dinhero Roupa>ropa Peixe>pexe Ditongação: é um metaplasmo que consiste em transformar uma vogal em um ditongo - por exemplo, a primeira pessoa do plural do verbo caber: "eu caibo". Consiste ainda na junção de palavras na poesia formando uma só sílaba métrica quando uma palavra termina com uma vogal átona e a palavra seguinte inicia com uma outra vogal átona, como na expressão "paredeazul". Metafonia: Fenômeno linguistico que consiste na alteração do timbre de uma vogal tônica por influência de vogais próximas. Este é um fenómeno existente no galego-português, mas está também presente em outras línguas como o italiano, por exemplo. Um exemplo de metafonia no galego e no português é a elevação da vogal tônica semi-aberta para uma vogal semi-fechada, por influência de uma vogal final fechada. Por exemplo, a palavra [porcu] que em latim era pronunciada com [o] breve (ŏ) deveria ter dado em português porco com [ó] tônico aberto, mas por influência do [u] final passou a ser pronunciado [porco] com [ô] fechado. As palavras em latim porcos, porca, porcas evoluiram regularmente para porcos, porca, porcas, todas com ó aberto. Plurais metafônicos Existem muitos substantivos cuja formação do plural não se manifesta apenas por meio de modificações morfológicas, mas também implica alteração fonológica devido à metafonia. singular (ô) - plural (ó) ovo ovos porto portos esforço esforços aposto apostos posto postos povo povos fogo fogos corno cornos reforço reforços jogo jogos imposto impostos corpo corpos olho olhos osso ossos corvo corvos Em Portugal, esse fenómeno estendeu-se inclusive a palavras que em latim não eram pronunciadas com o breve (ŏ): caroço caroços poço poços socorro socorros miolo miolos forno fornos tijolo tijolos Palatização: tegula > "telha", folia > "folha", hodie > "hoje", pluvia > "chuva". Sonorização: passa de surda para sonora. t > d, k > g, f > v, s > z, p > b. Exemplos: lupu > "lobo", matiru > "marido", populu > "povo".

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Apostila Língua Portuguesa VII _Completa

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