APRENDENDO A GOSTAR DA BÍBLIA A EQUIPE HAMILTON CARNIO JR

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Aprendendo a Gostar da Bíblia A EQUIPE HAMILTON CARNIO JR

Copyright © 2018 Hamilton Carnio Jr

São Paulo 2018

Aprendendo a Gostar da Bíblia – A Equipe de Hamilton Carnio Jr Editor Eldes Saullo Revisão Zelinda Consuelo O. Carnio Projeto Gráfico e Editorial Casa do Escritor

DIREITOS AUTORAIS. Este livro está protegido por leis de direitos autorais. Todos os direitos sobre o livro são reservados. Você não tem permissão para vender este livro nem para copiar/reproduzir seu conteúdo em sites, blogs, jornais ou quaisquer outros veículos de distribuição e mídia. Qualquer tipo de violação dos direitos autorais estará sujeita a ações legais.

Sumário Apresentação Olá, meu nome é Adão! Olá, meu nome é Abraão! Olá, meu nome é Samuel! Olá, meu nome é Rute! Olá, meu nome é David! Olá, meu nome é Salomão! Olá, meu nome é Eliseu! Olá, meu nome é Isaías! Olá, meu nome é Jonas! Olá, meu nome é Mateus Olá, meu nome é Maria Madalena! Olá, meu nome é Lucas! Olá, meu nome é Marta! Olá, meu nome é Zaqueu! Olá, meu nome é João! Olá, meu nome é Paulo! Olá, meu nome é José! Olá, meu nome é Pedro! O Autor

Depoimentos de Leitores Um conteúdo riquíssimo e interessante como este só poderia ser produzido por alguém que aprendeu a gostar da Bíblia, de verdade. Hamilton Carnio Júnior se tornou um biblicista por tanto amor que tem a Deus e à Sua Palavra. APRENDENDO A GOSTAR DA BÍBLIA não é fruto de leituras mecânicas da Bíblia. É resultado de um olhar panorâmico, cronológico, sinóptico, reflexivo, apaixonante, detalhado, comparativo, profundo, antropológico, histórico, divertido e envolvente das páginas milenares das sagradas Escrituras. Ao ler esta obra de Carnio Jr, senti a sensação de estar interagindo com os principais personagens bíblicos e com o próprio Deus encarnado em Jesus Cristo. Tive a sensação de estar incluído nos cenários e de estar participando das situações e eventos descritos. E os artigos? Todos foram escritos por um coração que aprendeu a amar tanto a Palavra de Deus, que é capaz de trazê-la para os nossos dias contextualizando-a de maneira natural e inteligente, sem fazer o menor esforço. Valorosos artigos! Recomendo a leitura de APRENDENDO A GOSTAR DA BÍBLIA como um livro de cabeceira, junto com a Bíblia Sagrada, para leitura diária em capítulos, antes de dormir. Duvido que seus leitores não aprendam a amar o Livro dos livros com os olhos do coração e com os olhos da alma! Olney Basílio Silveira Lopes Escritor e pastor batista Associação Apascentar

A conclusão de gostar ou não gostar depende de um prévio experimentar. Muitas crianças antes de saborearem uma fruta vão logo dizendo: não gosto! Então a mãe insiste: “mas, experimenta; você ainda não experimentou! Experimenta que você vai gostar...” Assim é também com a Bíblia. Muitos vão logo dizendo: eu não gosto da Bíblia... E dizem coisas que nada têm a ver com o seu conteúdo e importância para os dias atuais. Nesta obra, o autor, por experiência própria, relata como desde a infância tomou gosto pela Bíblia. Apresenta uma foto de sua primeira Bíblia, exemplar que ganhou dos seus pais quando começou a ler. Mostra como aprendeu a amar a Bíblia, tendo sublinhado versículos em suas páginas. O autor foi muito feliz em tornar os grandes personagens bíblicos reais e atuais. Assim é com Adão, que se apresenta, dizendo: meu nome é... alguém que não teve pai nem mãe, irmãos, nem sogra etc. E assim faz com Abraão e com outros personagens. Cada um fala de si mesmo e apresenta a sua ficha e o que fez. Apresenta o Dilúvio como fato sobrenatural, e como Deus salvou a raça humana e todas as espécies através do grande navio que a Bíblia chama de “arca”. Descreve o livramento do povo de Deus do Egito, e vai até culminar com a vinda da figura central da Bíblia que é Jesus Cristo. A leitura desta obra há de ser de altíssimo proveito para todos! Será também um motivo para gostar ainda mais deste tesouro que Deus fez questão de deixar para todos como registro escrito de sua revelação. João Reinaldo Purin Escritor e pastor batista

Mano, finalmente consegui ler o seu livro. Ele tem realmente a sua cara. Eu ouvi a sua voz o tempo todo, lendo para mim. Sua maneira de expor o assunto, tudo. Pra mim foi como uma noitada de Fileo*. Mano, em tempos modernos, com imagens do passado apenas descritas pelos criadores de imagens e filmes, as pessoas realmente não fazem ideia do que é ter um “Deus conosco”. Seu trabalho de descrever os eventos bíblicos como fatos tangíveis ao homem moderno, abre os olhos do indivíduo para a realidade dos acontecimentos dentro da nossa época. A sua paráfrase expandida será de grande valor na evangelização do nosso povo. A curiosidade é aguçada e o interesse se tornará real, não só para o conhecimento, mas também para a compreensão da narrativa bíblica. Seus “insights” são muito bons e estimulantes. Eles pedem continuação da conversa, dentro do assunto. Mano, que Deus continue a usá-lo com essa capacidade e disciplina de concluir seus projetos! O seu coração em Cristo tem resultado em uma influência sobre todos para conhecer e amar cada vez mais a Deus. Muito feliz e orgulhoso de você, mano! Parabéns pelo excelente livro! Não pare de escrever! Há muito mais ainda! Com amor e saudades, seu irmão menor, Rubim Tapajós Califórnia, EUA *Nota do autor: Fileo - grupo que se reunia semanalmente lá em casa, para estudo bíblico e comunhão, sem hora para acabar (só para começar).

Agradecimentos A Deus, que permite, em pleno Século XXI da Era Cristã, que Sua Palavra (com Seus princípios, vontade e plano de salvação) chegue ao conhecimento do ser humano para convertê-lo em Seu filho. À Zelinda Consuelo de O. Carnio, esposa fiel e amiga, a quem amo de todo o coração, que também me apoiou nesta obra literária, além de revisar todos os textos. A Ricardo Agreste, pastor presbiteriano, que tem sido instrumento de Deus para me desafiar na carreira cristã a crescer mais, alcançando outras pessoas.

Apresentação Olá, amigos! Este livro contém a compilação de vários textos com comentários baseados na Bíblia, levando em conta pessoas, fatos e acontecimentos lá citados e narrados. Já observei que há diferenças entre o que se acredita, o que é ensinado, e o que nela está escrito. Por outro lado, várias tentativas foram feitas para tornar sua leitura mais palatável, de modo que os textos pudessem ser melhor entendidos pelo leitor, daí surgindo várias versões. Em qualquer que seja a versão, aqui você pode encontrar mensagens, princípios de vida, mas principalmente o plano de Deus para resgatar o ser humano desconectado dele a partir do Éden, através da morte e ressurreição de Seu Filho, encarnado, Jesus Cristo. A Bíblia Sagrada tem sido o livro mais vendido em toda a história, apesar de nunca aparecer na lista dos “best-sellers”. Mas também tem sido um livro pouco lido, talvez por conta de alguma dificuldade com sua linguagem erudita, apesar de seus escritores nem sempre terem sido formados nas universidades das respectivas épocas, mas sim por conta dos tradutores iniciais. A partir de Moisés, o escritor dos cinco primeiros livros bíblicos (conjunto chamado Pentateuco), até João, o evangelista, autor do último livro (Apocalipse ou Revelação), transcorreram de 15 a 20 séculos, e a estrutura dos 66 livros que a compõem (daí o nome Bíblia ou biblioteca) tem sido preservada até hoje, e nos mostra poesia, história, princípios de saúde, trabalho, relações humanas, área financeira etc. Mas, principalmente, apresenta o amor de Deus pela humanidade, e a forma como Ele buscou revelar Sua vontade através dos séculos. Neste livro procuro mostrar, através de uma linguagem contemporânea, que é possível gostar da leitura bíblica em qualquer versão, e que é muito

importante prestar atenção aos fatos narrados, “linkando” os textos, fazendo comparações e deduções, e tornando-nos mais curiosos pela sequência e desfecho, sem deixar-nos “passar batidos” por um detalhe, achando ser dispensável ou sem importância. Assim, procurei ser um leitor comum, utilizando apenas a Bíblia em minha leitura e pesquisa, comparando narrativas e criando um certo cenário, além de procurar contextualizar as narrativas, mesmo porque a cultura das épocas em que os antigos manuscritos foram redigidos (desde alguns séculos a.C até o século I d.C), é completamente diferente da nossa, sem alterar a verdade bíblica original, mas mostrando que Deus sempre esteve no controle do universo e de toda a população, desde o princípio. Se você é um leitor assíduo da Bíblia, vai encontrar aqui alguns detalhes destacados e que ajudam a entender o texto original. Se não, poderá ser estimulado a fazê-lo para encontrar aqueles princípios, mensagens e plano de salvação citados. Viaje no túnel do tempo comigo e conclua que a Bíblia é um livro que deve ser lido integral e constantemente. Descubra seus mistérios, redirecione sua vida profissional, relacional e afetiva, e encontre Deus e Seu plano de resgate da humanidade anunciado no Éden e concluído na morte (em meu e em seu lugar) e na ressurreição de Seu Filho, Jesus Cristo, realinhando sua vida espiritual através da aceitação do Seu sacrifício na cruz do Calvário, única forma de salvação e viabilização da vida eterna com Deus Pai, Deus Filho e Espírito Santo. Boa leitura! Hamilton Carnio Jr.

A Equipe . Histórias de pessoas que participaram de relatos bíblicos, ancestrais e Contemporâneos de Jesus Cristo.

Olá, meu nome é Adão! Baseado no Livro do Gênesis (Antigo Testamento) Olá, meu nome é Adão! Não tive pai nem mãe, irmãos, avós, tios etc. Tenho mulher, mas não tenho sogra, cunhados, nem sobrinhos. Não tenho sobrenome. Meu nascimento foi estranho, incomum, porque já nasci grande, adulto. A primeira sensação de vida foi esquisita: percebi que “alguém” estava soprando ar em minhas narinas, estufando meu peito, parecido com aquele processo de ressuscitação de afogados ou de infartados que passou a ser usado bem mais tarde, tapando minha boca para não deixar o ar escapar. Com força, mas muito carinhoso. Eu estava deitado de costas num lugar lindíssimo: um jardim. À medida que virei a cabeça para um lado, percebi que “ele” tinha desaparecido. Mas o cenário era bem real: muitas árvores, gramado, pássaros, animais grandes e pequenos. Ao meu lado, um pouco de terra revolvida. Fui apalpando a mim mesmo para entender o que havia em meu corpo. Aí percebi que eu estava mexendo braços, pernas, cabeça, mãos. Que legal essa sensação de estar vivo! Tentei levantar-me e entendi que eu tinha forças em cada parte do corpo. Quando consegui ficar em pé, quase caí, porque dei uma balançada para frente. Mas uma perna e o pé me socorreram indo à frente, para estabilizar o movimento de queda. Foi assim que aprendi a andar... E a correr... E a pular... Como meus filhos fizeram quando ainda pequenos! Tudo era claro ao redor. Havia luz na parte alta, acima do chão onde eu estava. Havia água corrente, também, dentro do jardim. E peixes na água, que era cristalina e transparente. Alguns animais vieram até a margem e passaram a beber dessa água. Fui também até lá, abaixei-me e experimentei – não tinha gosto algum, mas era agradável de beber, fresquinha. Gastei um bom tempo descobrindo parte desse mundo onde eu tinha nascido. Esse primeiro dia de minha vida teve um significado especial para mim; lembrei-me dele por toda a minha vida, que foi bem longa – mais de nove séculos. Procurei relatar os fatos às gerações que me sucederam – ao menos

oito gerações, ou seja, até os netos dos meus tetranetos, que alguns chamam de tataranetos – e, com o tempo, fomos aprendendo a lavrar a terra, cuidar dos animais, inventar comidinhas, gerar filhos, trabalhar com ferramentas que nós mesmos criamos e tantas coisas mais, como escrever a história da humanidade. Percebi uma brisa batendo em meu rosto, fazendo também com que as folhas das árvores balançassem. Comecei a ver que com o passar do tempo (que depois combinamos de chamar de horas), aquela claridade intensa ia diminuindo, porque a estrela que brilhava lá no alto, e dava luz, ia se movendo para um dos lados do jardim (depois pusemos o nome de poente, nesse lado). Aí veio uma surpresa – uma música, como de assobio; melodiosa e suave, gostosa de ouvir! Curioso, virei-me para o lado e o vi. Vinha em minha direção, sorrindo e assobiando ao mesmo tempo, dando saltos conforme a melodia tinha uns agudos. Chegou frente a mim e... abraçou-me demoradamente. Beijou-me, também. Parecia muito comigo – cabeça, braços, pernas, tudo. Suas vestimentas eram brilhantes, mas o brilho vinha de dentro, do interior, do corpo dele. Falou comigo e eu entendi tudo, sem nunca ter frequentado uma escola. Pegou-me no colo e chamou-me de filho. Falou que meu nome era Adão, e que voltaria todas as tardes para conversar comigo (tarde era o nome daquele período do dia quando a estrela brilhante se deslocava para o poente). Perguntei o nome dele e ele respondeu: EU SOU é meu nome. Mas pode me chamar de Deus. Ficamos íntimos, amigos mesmo. Quer saber mais da minha história? É a própria história da criação do universo, incluindo o planeta Terra; toda a criação de animais, peixes etc., e do homem, eu, que Deus me contou naquelas tardes passeando pelo jardim (Éden era o nome do jardim), quando dei nome aos animais, répteis, aves, peixes etc. (também tinha uns animais enormes, daqueles que comiam as folhas lá no topo das árvores só esticando o pescoço, estranhos por conta do tamanho, meio desengonçados no andar); a geração da minha companheira, Eva; o nosso pecado e o castigo com a expulsão do jardim; a promessa de resgate do pecado. Toda a minha descendência ao longo dos 930 anos de vida, a quem relatei tudo; todos esses fatos também foram passados a filhos, netos etc.. Pode até ser que alguma coisa tenha se perdido e não tenha sido lembrada, mas o que era importante eu contei.

Nota do Autor: promessa confirmada uns 5000 anos depois na pessoa de Jesus Cristo, que morreu na cruz em meu e em seu lugar, e ressuscitou ao terceiro dia; a história real e completa foi relatada no livro do Gênesis por Moisés.

Olá, meu nome é Abraão! Baseado no livro do Gênesis (Antigo Testamento) Fui “registrado” como Abrão pelo meu pai Terá, em Ur dos caldeus, na Babilônia, uns 500 anos depois do Dilúvio, ou cerca de 10 gerações depois. Portanto, já na fase de gerações com menor idade do ser humano na terra. Casei-me com uma linda moça de nome Sarai, com a qual eu esperava formar uma família, como era o hábito na época. Só que ela era estéril, o que confirmamos ao longo do tempo de casados. Meu pai adotou um neto que tinha ficado órfão, de nome Ló. Tudo isso aconteceu em Ur, onde morávamos. Foi resolvido pelo meu pai que nós nos mudaríamos para outra terra: Canaã; só que paramos em meio à viagem, onde “montamos acampamento”. Nesse lugar meu pai morreu, mas continuamos a morar lá. Certo dia senti que Deus falava comigo. Era para largar tudo e retomar a viagem para um lugar desconhecido; Ele disse: - “Para uma terra que lhe mostrarei”, e ainda me prometeu bênçãos como uma grande hereditariedade, além de que eu também seria bênção para outros. De lá saímos – eu, Sarai e meu sobrinho Ló – com tudo o que pudemos carregar (e não era pouco). E chegamos exatamente a Canaã, como meu pai queria anos atrás. Eu já tinha 75 anos. À medida que percorria as terras da região, eu ia erigindo altares a Deus Jeová, como que a marcar limites da “propriedade”. Com o passar dos anos, fui prosperando e fiquei muito rico em gado, ouro e o que mais tivesse valor na época. A essa altura, meu sobrinho Ló já estava separado de nós, desenvolvendo seus próprios negócios; também prosperou muito, só que em terras vizinhas, próximas a Sodoma e Gomorra. Sempre continuei a ouvir a promessa de Deus de me dar aquelas terras e que elas seriam da minha descendência para sempre. Só que eu não tinha filhos! Um dia, eu disse a Deus que as coisas não iam bem segundo Sua promessa, porque o único herdeiro que tinha era o mordomo Eliezer, um estrangeiro. Mas Ele confirmou que eu ainda teria um filho, e eu cri nisso, apesar de minha idade. Tive um filho com uma criada de Sarai, por conta da influência

de minha mulher (uma espécie de Eva em minha vida, me induzindo ao erro). Quando eu tinha 100 anos e Sarai 90, tivemos nosso filho, o legítimo herdeiro, Isaque. Então, Deus mudou nossos nomes para Abraão e Sara. Fui chamado de Patriarca do povo hebreu. Nota do Autor: para ler a história completa de Abraão, incluindo suas provas de fé, sua vida no exterior e em terras de Canaã, sua aliança com Deus até sua morte, leia no livro do Genesis cap. 11 até o cap. 25, além de outras referências a ele nos livros de Atos dos Apóstolos e na Carta aos Hebreus.

Olá, meu nome é Samuel! Baseado no 1º livro de Samuel (Antigo Testamento) Fui um dos últimos juízes e dos primeiros profetas liderando o povo de Israel no Antigo Testamento bíblico, antes e durante o reinado do seu primeiro rei, Saul. Para quem entende que profeta é quem prediz acontecimentos futuros, posso garantir que, biblicamente, está equivocado: profeta era quem repassava a ordem de Deus a alguém, de preferência com as mesmas palavras ouvidas na revelação divina. O profeta não era um “cara” perfeito, mas tinha sido escolhido por Deus como “intermediário” entre Ele e o povo. Desde a geração no ventre de minha mãe, Ana, Deus lhe revelou que eu seria especial, porque ela era estéril e pedia constantemente a Ele, em oração, um filho. Após meu nascimento, e logo depois de ser desmamado, ela preparou um “kit” de roupas, mais uma porção de farinha, uma vasilha de vinho, e meu pai separou um novilho de três anos, para viajarmos até Siló, em busca do sacerdote Eli, no santuário local. Lá, ela me entregou ao sacerdote, como prova de sua oração (que o próprio Eli tinha testemunhado e abençoado uns dois ou três anos antes), dedicando-me ao serviço do Senhor por toda a minha vida. Lá eu cresci servindo ao Senhor sob orientação do sacerdote Eli, sendo cada vez mais estimado por Deus e pelo povo. Deus abençoou minha mãe a ponto de lhe conceder outros filhos (cinco), como “compensação pela minha perda” como filho único até então. O “DNA” de minha mãe prevaleceu em minha formação, porque Eli tinha muitas falhas em relação à criação de seus próprios filhos, provavelmente por ser idoso. E todo mundo sabe que os mais idosos, como são os nossos avós, tendem a ser mais condescendentes e tolerantes com as crianças. Os sacerdotes eram da linhagem de Arão, o primeiro desde o antigo Egito, quando o povo de Israel ainda era escravo, e continuaram seu ministério sacerdotal ao longo dos 40 anos no deserto, a caminho da Terra Prometida por Deus. Seus filhos e descendentes foram seus sucessores nesse ofício religioso, conforme designação especial do próprio Deus ao povo. Mas os filhos de Eli, Hofni e Finéias, eram “da pá virada”: comiam as

melhores partes dos animais sacrificados a Deus em culto (coisa proibida) para perdão dos pecados pessoais e familiares dos ofertantes; mantinham relações sexuais com as mulheres que serviam ao culto na entrada da Tenda do Encontro, e outras coisas mais. Eu e muita gente do povo víamos o que acontecia, mas ninguém acusava o sacerdote Eli de relaxamento na sua autoridade paterna. Ele era o sacerdote de Deus! Mas Deus mesmo revelou a mim que tudo isso ia se resolver com a morte prematura dos filhos de Eli e dele próprio, e que não haveria sucessão sacerdotal nessa família. E assim aconteceu quando Eli tinha 98 anos de idade, era obeso, e tinha dirigido o povo de Israel por 40 anos – morreram os três no mesmo dia. Aprendi com ele todas as funções do ofício sacerdotal, fui seu “sucessor” e juiz do povo. Viajei por todo o território para cumprir minha missão, sempre voltando à minha base em Ramá, minha terra natal e de meu pai, Elcana. Tudo ia muito bem. Só que o povo, insatisfeito por natureza em qualquer lugar do mundo, “vira e mexe” se rebelando, fazendo movimentos subversivos e agitando o “pedaço”, pôs-se contra a orientação de Deus até então, porque era dirigido por juízes e profetas “humanos”, e falhos. Quando eu já era idoso, nomeei meus filhos Joel e Abias como meus sucessores; o movimento nas ruas cresceu também, porque constataram que meus filhos eram corruptos, passando a pedir um rei para dirigi-los, como era usual entre os demais povos vizinhos. E o rei escolhido foi Saul, ungido por mim, mas rejeitado por Deus por sua má conduta. Depois, ungi um rapaz chamado Davi, por mandado de Deus Jeová, que viria a ser o novo rei de Israel. Ele seria o rei do agrado do Senhor e do povo em geral, e o elo gerador do Salvador da humanidade!

Olá, meu nome é Rute! Baseado no livro de Rute (Antigo Testamento) Acho interessante como os usos e costumes mudam de um povo para outro, e de tempos em tempos, também. Por outro lado, alguns povos adotam os costumes de outros, deixando para trás os seus próprios, cultivados há muitos anos por gerações e gerações. Por exemplo, o uso de terno e gravata nas reuniões de líderes internacionais é comum hoje em dia. Claro que há exceções como Fidel Castro, mas os orientais adotaram o padrão europeu, como regra geral. O livro de Rute, no Antigo Testamento da Bíblia, mostra algumas características interessantes da sua época (cerca de 10 séculos A.C.). Ela era uma viúva moabita (Moabe era uma terra com um povo “inimigo” dos israelitas devido ao culto a outros deuses, inclusive com o sacrifício de crianças ao deus Moloc). Além de ter enviuvado, não tinha filhos, e sua sogra Noemi (gente boa!) também tinha ficado viúva um pouco antes. O costume em Israel era que a viúva de um israelita deveria ser acolhida pelo cunhado como sua mulher, independentemente do número de esposas que ele tivesse. Acontece que o cunhado, no caso, também tinha morrido e deixado uma viúva, Orfa. Noemi, então, propôs-se a voltar para a terrinha, Israel, para “tentar a vida” por lá, apesar de ter passado muito tempo desde sua saída para Moabe (com o marido e dois filhos homens, ainda solteiros). E, conversando com Rute e Orfa, suas noras, liberou-as para voltarem à sua cidade natal, assim como ela mesma estava fazendo. Orfa resolveu voltar para Moabe, mas Rute não. Ela decidiu acompanhar a sogrinha para a terra dela, apesar de nunca ter estado lá, nem de conhecer qualquer pessoa daquele país. Em todo esse processo poderá ser verificada a vontade de Deus e o seu governo sobre as pessoas e fatos: basta aguardar o desfecho da história. Quando Noemi chegou a Israel, foi reconhecida por amigos e parentes, e contou sua triste história. Rute logo viu que seria preciso trabalhar para buscar o “ganha-pão”, pois não havia homem na casa para pagar as contas e comprar a comida no “supermercado”.

Como tinha começado o tempo da colheita (e o produto da época era a cevada), Noemi explicou como Rute deveria agir. E lá foi Rute atrás de um campo onde estivessem colhendo. Alguns trabalhadores, provavelmente assalariados, colhiam e talvez ganhassem proporcionalmente à produção entregue aos superiores. Com a pressa, algumas sobras ficavam pelo chão. E aí entravam os catadores avulsos para pegar as sobras. Rute se juntou a eles (e elas). Quando o proprietário chegou, viu uma mulher diferente das que frequentavam o local, e ficou sabendo quem era; então, sinalizou aos administradores da colheita que facilitassem o trabalho dela, sem lhe fazer qualquer mal (ele conhecia os “costumes” dos homens em relação às estrangeiras, atentando sexualmente). E também passou a dar-lhe porções adicionais da colheita nos dias subsequentes, além de se sentar ao seu lado na “hora do lanche”. A história tem muitos outros detalhes que você pode conferir lendo no livro original, e acabou em casamento, porque Boaz, o proprietário das terras, era aparentado com Noemi e “resgatou” a sua nora, Rute, da viuvez, como parte do costume local. Daí nasceu um filho, e, nas gerações seguintes, Davi, que foi o maior e mais famoso dos reis de Israel (como bisneto de Rute, uma estrangeira, e de Boaz, um israelita da gema). Na sequência genealógica veio Jesus. Portanto, nada é casual na lógica de Deus, mas intencional. Jesus, em sua geração, era chamado filho de Davi, seu ancestral. Nessa época, as pessoas não tinham sobrenome e eram chamadas de filho de “alguém”, mesmo quando era um descendente longínquo. De Boaz a Jesus passaram-se 30 gerações, aproximadamente, conforme o relato do evangelista Mateus no primeiro capítulo de seu livro, o inicial do Novo Testamento bíblico. Confira!

Olá, meu nome é David! Baseado no 1º livro de Samuel Meu nome é o primeiro e o único em toda a Bíblia – antes de mim e depois de mim ninguém mais se chamou Davi. Eu era o caçula numa família de oito irmãos homens. E fui encarregado de um serviço que ninguém aceitou em minha casa: cuidar de ovelhas. Só que isso me deu lições e me fez “subir na vida”, porque usei essa experiência várias vezes. Minha trajetória foi rápida e muito estranha, a não ser que seja explicada como obra de Deus, porque Ele dirige tudo neste mundo. Veja só: ainda adolescente, em meu trabalho diário, fui chamado para voltar para casa mais cedo. Lá chegando, encontrei um senhor conversando com meu pai e que foi apresentado a mim como o profeta Samuel. Pois não é que esse senhor tomou um frasco vazio, encheu-o com azeite puríssimo e me ungiu na frente de meu pai e de meus irmãos, todos reunidos na sala? Coisa estranha, porque esse hábito de ungir não era usual, mas devia ter um significado de algo da maior importância. Só bem mais tarde fiquei sabendo qual era. O homem logo foi embora e a vida continuou normalmente lá em casa. O povo de Israel, do qual eu fazia parte, foi desafiado pelos vizinhos filisteus a ceder suas terras, sem o uso de armas ou derramamento de sangue, e alguns de meus irmãos serviam no exército do nosso rei Saul, o primeiro dos reis de Israel (depois fiquei sabendo que ele também havia sido ungido pelo profeta Samuel). Meu pai, mostrando preocupação com os “meninos” na batalha (três dos irmãos mais velhos), me incumbiu de ir até eles para ver se estavam bem e trazer notícias. Fiz isso por 40 dias. Ia e voltava para continuar com as ovelhas em Belém, minha terra natal. No 40º dia, meu pai me pediu que levasse um suprimento de comida aos filhos e uma “cortesia” ao comandante daquele pelotão. “Volte logo”, disse ele, “e traga-me notícias e uma prova de que estão bem”. Saí de madrugada e cheguei de manhã ao acampamento, bem na hora em que um gigante dos filisteus se apresentou (fiquei sabendo depois que ele fazia isso todos os dias), desafiando nossos guerreiros israelitas a enfrentá-lo. Seria

uma luta homem a homem. Quem vencesse, daria a vitória a seu país. Meus irmãos tremeram de medo e até recuaram um pouco enquanto ele falava, e me disseram que o “cara” se chamava Golias. Ele tinha quase três metros de altura e estava fortemente armado (seu escudo, capacete e espada eram proporcionais ao seu tamanho), fazendo uma enorme diferença com qualquer um de nossos homens. Num ímpeto, eu resolvi conversar com o comandante e perguntar como seria aquele “duelo” e se havia um prêmio caso um dos nossos enfrentasse o gigante filisteu. Conversa puxa conversa, e fui falar com mais outras pessoas, contra a vontade de meus irmãos que tentaram me impedir de prosseguir nessa intenção. Foi assim que cheguei até o rei Saul, candidatando-me a “fazer o serviço”, já que ninguém tinha se apresentado em todos aqueles dias. Ele tentou me dissuadir desse intento pela minha idade e inexperiência de guerra. Mas eu contei que tinha tido alguns embates com feras de grande porte (leões, ursos) enquanto cuidava de ovelhas e que tinha matado todas com as próprias mãos, porque Deus estava comigo. Então Saul mandou que me equipassem com as armaduras dos soldados. Eu tentei dar uns passos e quase caí com aquele arsenal que me tolhia os movimentos. Pedi para tirarem tudo aquilo, e segui em direção a Golias com meu cajado e uma funda (que depois teve um sucessor chamado estilingue). No caminho havia um riacho e lá peguei cinco pedregulhos, dos grandes. À medida que eu me aproximava, Golias ria de mim, debochando porque eu não tinha qualquer arma conhecida de guerra. Como eu estou contando isso agora, em minha velhice, já deu para notar quem venceu o “duelo”. Mas os detalhes você terá que ler no Primeiro Livro do profeta Samuel. Vale a pena ver como Deus agiu e ainda hoje pode agir na sua vida. Aproveite para ler mais sobre a minha vida no Segundo Livro, pelo menos, quando me tornei rei de Israel. Boa parte de minhas poesias em louvor a Deus foram musicadas e cantadas nos cultos, e estão registradas no livro dos Salmos. Deus sempre esteve comigo e dirigiu minha vida, mesmo quando errei vergonhosamente. Alguém no futuro poderá até me chamar de “um homem segundo o coração de Deus” e estará dizendo a pura verdade. Nota do Autor: confirme no livro de Atos dos Apóstolos cap. 13 vers. 22.

Olá, meu nome é Salomão! Baseado no 1º Livro dos Reis (Antigo Testamento) Filho de rei não tem vida boa. Ao menos em minha opinião. Os filhos são criados dentro do palácio, sem nenhum contato com o mundo exterior – só veem o que acontece por ali. Minha mãe não era a rainha, mas uma das mulheres de Davi, meu pai, o segundo rei de Israel. Aliás, não havia rainha (acho que isso até que foi bom para não privilegiar uma das suas mulheres). Entre todos éramos 20 irmãos, alguns deles meios-irmãos, porque apenas o pai era o mesmo. Isso fora os filhos das concubinas (uma espécie de empregadas ou escravas dentro do palácio). Meu pai era muito ocupado e muito benquisto pelo povo, o que o deixava com pouco tempo de sobra para cuidar da família, ou melhor, das famílias. Era bem intencionado, mas ausente em relação a suas mulheres e filhos. Com o passar do tempo, fiquei sabendo um pouco da história de minha família. Meu pai tinha tido um “caso” com minha mãe, Bate Seba, sendo que ambos já eram casados, nessa ocasião. Desse relacionamento nasceu um bebê (a essa altura eles já eram casados), e o marido de minha mãe, Urias, tinha morrido em uma batalha alguns meses antes; o bebê, meu irmão mais velho, também morreu em seguida. Quando meu pai foi ficando mais velho, começaram os “diz-que-diz-ques” nas famílias, para definir o sucessor do trono. E as revoltas começaram, incluindo mortes (Amnom e Absalão, herdeiros naturais) e uma irmã, lindíssima, Tamar, foi violentada pelo próprio irmão, Amnon. Uma enorme confusão no palácio, com a complacência do meu pai. Felizmente, nada disso “colaborou” para a minha formação, graças à minha mãe, que procurou me educar de forma diferenciada, porque ela sempre viveu dedicada a servir a Deus Jeová. Meus irmãos Amnom e Absalão tentaram tomar o trono do meu pai ainda em vida, mas isso não estava nos planos de Deus. Tanto é que, meu pai havia dado ordem ao profeta Natã para me ungir, como que me nomeando como o futuro rei. Certo dia, meu pai, antes de morrer, procurou-me e me fez prometer que eu

andaria nos caminhos de Deus e que guardaria Seus estatutos e mandamentos, e também me avisou da obrigação de construir o templo de culto a Deus Jeová, com o projeto que ele mesmo tinha elaborado. E aí eu assumi o trono de Israel! Não estava fácil, apesar de nada de mais estar ocorrendo. Então eu tive um sonho, quando o próprio Deus Jeová me apareceu, dizendo para eu pedir o que quisesse que Ele me daria. Acordei num sobressalto e orei sem perda de tempo para pedir sabedoria de coração ao julgar o povo segundo os princípios divinos. E Deus me deu, com sobras, e de “quebra” me deu riquezas e glória que superariam a fama de qualquer outro rei - atual ou futuro. O meu governo foi tranquilo nas áreas política, cultural, econômica e espiritual, e a fama alcançou outros povos vizinhos e afastados. Procurei colocar a sabedoria em prática no dia a dia, na tomada de decisões, no julgamento das questões públicas e particulares dos servos do Reino. Comecei a fazer anotações que depois foram chamadas de Provérbios, em que as lições práticas de vida também poderiam ser apresentadas para a posteridade, incluindo neles os princípios de Deus, como se fossem um “manual de vida”. Nota do autor: grande parte dos “provérbios” está registrada no livro do mesmo nome, incluído no Canon Sagrado (Bíblia). Procure ler esse livro em sua totalidade para aproveitar os conceitos em sua vida.

Olá, meu nome é Eliseu! Baseado no relato de 2º livro dos Reis (Antigo Testamento) Fui discípulo de Elias, o profeta, daqueles que não “largam do pé” do seu mestre. Vi quando carros e cavalos de fogo nos separaram e ele foi “arrebatado” em um redemoinho. Tornei-me seu sucessor com a bênção do Senhor, e até herdei sua capa, com a qual tinha feito maravilhas, como abrir o leito de um rio e passar a seco. Minha “sede” é Samaria, a capital de Israel, o Reino do norte. Tenho muitas histórias para contar. Uma chama mais a atenção porque envolveu estrangeiros, portanto, não hebreus. Um dia, o rei de Israel, Jorão, recebeu uma carta do rei da Síria, trazida pelo comandante do seu exército, chamado Naamã, um herói local, para ser curado de lepra. Não deu outra coisa: o nosso rei, Jorão, se revoltou e por pouco não teríamos chegado a uma declaração de guerra, porque ele se viu insultado pelo rei da Síria, que o julgou ser médico ou curandeiro, ou que estava procurando um pretexto para provocá-lo. Notícia ruim corre mais rápido que a boa, e chegou até mim, incluindo que Jorão tinha rasgado suas vestes, o que não era bom sinal. Mandei um recado a Jorão, para que mandasse o emissário da Síria vir até mim, porque “havia profeta” em Israel. Veio Naamã até a porta da minha casa e mandou chamar-me. Só que o Senhor me capacitara e me dera discernimento para resolver tantas questões, que nem me preocupei em atendê-lo. Apenas respondi pelo mesmo mensageiro: “Vá até o Rio Jordão e lave-se sete vezes e será curado.” Ouvi um vozerio do lado de fora de casa quando Naamã recebeu meu recado, mesmo dentro da carruagem, porque eu não tinha ido até ele. Ele dizia que esperava que eu invocasse o Senhor, passasse a mão na área doente (pelo menos!), e seria, então, curado. Afinal, na Síria, havia rios muito mais importantes que o nosso Jordão. Mas, os servos, pedindo licença, procuravam mostrar a Naamã que o profeta poderia ter pedido uma coisa difícil, e ele certamente faria. Era pagar para ver! Ouvi a carruagem se afastar, tomando o rumo do Rio Jordão, um pouco

longe dali, a leste de Samaria. Mais tarde ele voltou com toda a comitiva, desceu da carruagem e veio até mim. Vi que estava curado e seu semblante era leve e feliz. Agradeceu-me e ofereceu presentes, que recusei. Insistiu. Recusei novamente. Aí ele me pediu licença para pegar uma carga de mula com terra local que levaria para a Síria (para algum uso não determinado e nem perguntei, também), e declarou: “Nunca mais oferecerei sacrifício a outros deuses, senão ao Senhor!” Ele já estava de saída, quando eu perguntei: - Como foi que ficou sabendo de mim, lá na Síria? E ele explicou: - Temos uma menina escrava hebreia em casa, e ela disse que em sua terra (Israel) havia um profeta que poderia me curar da lepra. Por isso eu vim; e estou curado! O Senhor me honrou com Sua direção em mais esse caso, e Seu nome alcançou outro país. Então, adorei o Senhor por eu ter sido escolhido.

Olá, meu nome é Isaías! Baseado no Livro de Isaias (Antigo Testamento) Vida de profeta não é nada fácil! A gente tem uma visão, recebe uma ordem verbal de “alguém” que não se vê, tem um sonho (ou um pesadelo) e tem que transmitir a mensagem recebida a outra pessoa (tal e qual) que nem está interessada, nem mesmo quer prestar atenção, quanto mais atender ao que for mandado! Estou falando de mim mesmo, porque tudo isso já aconteceu comigo. Deus me falou de várias maneiras, e Sua ordem era que eu passasse a mensagem ao seu povo, a nação israelita. “Eita” povo rebelde, esse! Tudo começou quando fui certo dia ao templo para orar e ter um tempo de adoração. Derramei meu coração carregado de tensões e dúvidas lá no altar. E, então, eu O vi! Assentado num trono bem alto, a sua presença iluminava todo o imenso e agradável ambiente, calmo, prestando atenção a tudo que acontecia lá e aqui onde eu estava. Uns serafins voavam ao Seu redor e cantavam louvores. Fiquei tremendo e apreensivo; senti o cheiro de fumaça do altar; então, gritei: “Ai de mim! Pois estou perdido; porque sou um homem de lábios impuros, e habito no meio de um povo de impuros lábios; os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos.” De repente, um dos serafins voou na direção do altar, pegou uma brasa viva com uma tenaz, vermelhíssima, fumegante, e veio em minha direção. Com a brasa tocou minha boca (e não queimou!) e disse que meu pecado estava perdoado e minha carga aliviada. Aí ouvi Deus falando, não exatamente para mim, mas para alguém mais distante que eu não conseguia ver: “A quem enviarei, e quem há de ir por nós?” E eu logo respondi: “Eis-me aqui, envia-me a mim.” E Ele me mandou falar ao povo uma terrível mensagem de destruição e desolação. Ali começou meu ministério de confronto com o povo e sua liderança. Não era eu mesmo quem falava, mas o próprio Deus colocava as palavras na minha boca. Tive visões fantásticas e aterradoras. Uma delas aconteceu quando o rei Ezequias adoeceu. Deus me mandou dar um recado a ele: que a doença o levaria à morte, e era bom que ele deixasse tudo em ordem para não comprometer o trabalho de seu sucessor. Falei e saí

apressadamente de sua presença, para não ver a sua reação. Nem estava ainda nos degraus de entrada do palácio e Deus me falou novamente: para voltar lá, consolar o rei e desdizer o recado, porque Ezequias tinha orado e Ele tinha ouvido. E o novo recado era que Deus estava concedendo um “delay” de 15 anos. O que de fato aconteceu como predito. Mas, a coisa mais maravilhosa que me aconteceu, foi receber uma mensagem de resgate do povo, de perdão e salvação, através de “alguém” que nasceria de uma virgem (nossa, que coisa impossível!), em Belém, terra do nosso maior rei, Davi, num dia de grande luz no céu. Ele seria um líder “Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.” Mas também seria um servo sofredor e perseguido até a morte. Sua morte seria causada pelo peso do pecado da humanidade sobre ele. Deus também me mandou escrever tudo que me vinha sendo revelado, e tenho tentado fazer isso. São rolos e rolos de pergaminho que poderão ser lidos futuramente. Acho que nem tudo terei a oportunidade de ver acontecer, mas gosto de sempre mencionar uma frase em tudo que faço ou digo: “Buscai o Senhor enquanto é possível achá-lo; clamem por Ele enquanto está perto”.

Olá, meu nome é Jonas! Baseado no livro de Jonas (Antigo Testamento) Quem pensa que vida de profeta é “mole” está enganado. Para começar, profeta é quem transmite as “ordens” de Deus ao povo ou a qualquer pessoa em particular, mesmo que seja... o rei. Estou escrevendo depois que tudo se passou, para informar a quem ler no futuro, tirando dúvida sobre alguma notícia que for passada oralmente. Eu sei que algumas referências são acrescentadas ou tiradas, quando se passa uma informação a mais alguém. E, depois de algum tempo fica tão diferente da verdade, que quase nada mais restou da original. Quando eu recebi uma ordem expressa de Deus para ir a Nínive, a capital assíria, país vizinho ao nosso, Israel, e nosso inimigo, do qual eu queria distância, fiquei perturbadíssimo. E era para pregar o arrependimento de todo o povo dos males que vinham praticando! Ir ao “covil de lobos”, povo que tem uma realidade tão diferente de nós, com deuses que estimulavam sacrifícios humanos, cultura nem um pouco parecida com a nossa, fama de violentos, e para falar “isso”, é o mesmo que comprar passagem só de ida, porque a volta não aconteceria. Era ir e morrer por lá, num país estrangeiro, talvez ser enterrado. Então comecei a “armar” um plano de “enganar” a Deus, como se isso fosse possível. Mas, essa possibilidade passou pela minha cabeça. Fui até o litoral e comprei uma passagem de um navio que estava de saída para a Espanha, a direção oposta e muito mais longe do destino programado por Deus. Olhando o mapa, Nínive está no nordeste da Babilônia (ao norte de Israel) e Társis estava no leste. Para Nínive é ir por terra, e para Társis é por mar. O plano não deu certo. Acabei sendo jogado ao mar pela tripulação (porque entenderam que eu era o causador daquela terrível tempestade que faria o barco ir ao fundo) e engolido por um grande peixe (nem deu para ver do que se tratava). Dentro daquela “coisa”, na maior escuridão, com relativa falta de ar e totalmente sem equilíbrio devido ao balanço enquanto emergia e submergia, tentando me “digerir”, lá fiquei por três dias. E tome enjoo, meu e do peixe! Naqueles três dias, Deus agiu em meu favor, porque usou esse duro

tratamento para me fazer arrepender e implorar Sua ajuda, orando aos gritos e chorando lá nas entranhas gosmentas e mal cheirosas do peixe. E Ele me ouviu. A natureza agiu naquele peixe porque o melhor que faria, e fez, foi me vomitar. Aí, meio desacordado e tonto com a luz do dia, eu me vi numa praia, sem saber onde estava. Deus falou novamente comigo e repetiu a mensagem: “Vá a Nínive e pregue o arrependimento”. Ao primeiro que encontrei na praia perguntei se sabia o caminho para Nínive. Seriam três dias de caminhada até lá. Ao longe vi a metrópole, como uma capital do Oriente, diria, com quase meio milhão de habitantes. Entrei na cidade e comecei minha pregação. A meu ver, estava perdendo tempo. Mas a ordem divina não me dava chance de discutila, e continuei: “Arrependam-se dos seus maus caminhos, da maldade que praticam e da violência que usam ou Deus destruirá a cidade daqui a quarenta dias”. E o milagre começou: o povo começou a se arrepender! Eu não entendia, mas continuei com a mesma mensagem. O sistema deles para demonstrar o arrependimento era estranho e visível: vestiam-se com sacos e jogavam cinzas sobre a cabeça. De repente eu vi isso acontecendo em cada canto da cidade. E me chegou a notícia de que o rei também fez o mesmo. “Caramba!” E Deus me disse que estava perdoando todo o povo, não arrasaria mais a cidade, e que eu estava dispensado da tarefa. Eu resolvi escrever essa fantástica história, que vivi cada momento, mas com resultado totalmente satisfatório.

Olá, meu nome é Mateus Baseado no Evangelho de Mateus (Novo Testamento) Vivi na Galileia, no início do século I. Meu pai, Alfeu, colocou-me o nome Levi. Naquele tempo, as pessoas recebiam apenas um nome – não havia sobrenome ou nome de família, e para identificar este Levi entre outros, dizia-se Levi, filho de Alfeu. Às vezes, dizia-se também que o pai mencionado era filho de mais alguém. Outros, tinham a profissão como “sobrenome”, como era o caso de José o carpinteiro, e de Simão o curtidor. Minha profissão era coletor de impostos, ou seja, eu era um funcionário público; na linguagem da época, um publicano. Eu nada tinha de fazer além de receber o dinheiro que o povo judaico, sob o domínio do Império Romano, tinha de pagar. Alguns pagavam por conta da produção rural, como criadores de gado ovino (nem pensar em gado bovino naquele tempo, como se tornou comum nos séculos seguintes), ou como plantadores de uva, trigo, oliveiras etc.; outros, como comerciantes. Com o trigo faziam pão, principalmente, depois de debulhar os cachos e moer os grãos; com as oliveiras produziam e “refinavam” o azeite, já que as azeitonas eram de sabor estranho (mais à frente, passou-se a fazer conservas com elas); e com as uvas, produzia-se o vinho, de excelente sabor, e também as uvas passas (docinhas, docinhas). Minha vida era sossegada - cultural e financeiramente. Como judeu religioso, minha formação era normal. Não sei se posso dizer que tinha amigos, porque quem trabalhava para o “governo” como publicano era considerado um traidor do povo. Por isso eu não era aceito nas “rodas”. Os fariseus me odiavam, por serem os mantenedores dos rigores da Lei Mosaica, a lei que Deus (Javé, o Deus criador e sustentador do Universo e seus habitantes) tinha dado a Moisés quando o povo foi liberto da escravidão egípcia, miraculosamente, atravessando o Mar Vermelho a seco. Deus era o deus de quase todos, porque os princípios da Lei eram passados de pai para filho, de geração a geração, como aconteceu com meu pai, comigo e muitos mais. O culto a Deus era obrigatório, só que não a cada final de semana, como se alterou ainda nesse primeiro século da era cristã – era anual, uma “questão de

honra” comparecer ao Templo na capital, Jerusalém, com toda a família, levando ofertas que eram entregues aos sacerdotes para perdão dos pecados e sustento dos levitas, descendentes do xará Levi, um dos filhos de Jacó, considerado patriarca do povo judaico, juntamente com seu pai Isaque e seu avô Abraão. Assim, o nome Levi que recebi de meu pai era uma espécie de homenagem a alguém muito importante do passado histórico, só que... escolhi uma profissão errada. Uma das coisas que eu gostava de fazer era escrever. Tinha lá meus ensaios, mas não tinha leitores, por isso, não me animei muito a continuar a escrever, apesar do tempo livre na coletoria e em casa. Até aquele dia! Era um dia normal: eu estava sentado na coletoria, recebendo os impostos, conferindo o dinheiro, anotando nos livros nome por nome e a quantia entregue. Não me lembro bem a que hora aquilo aconteceu, mas um cidadão estranho, alto, bonitão, bem apessoado, apareceu lá na rua da frente e parou bem na direção da porta onde estava minha “mesa”. Muitos o seguiam. Era um daqueles rabis que costumavam ter séquitos de seguidores, aos quais eles iam fazendo preleções sobre assuntos religiosos. Havia certo burburinho na rua em torno dele. O que me chamou a atenção é que ele estava calado, e que sua presença tinha um ar sobrenatural. Levantei a cabeça e olhei para ele com ar de admiração e de curiosidade. As roupas eram normais (nada de “grifes”, como era comum a alguns rabis, e principalmente entre os fariseus), mas muito carismático. Devia ter uns trinta anos (o que confirmei depois). Foi então que ele olhou para mim fixamente e disse com voz firme, segura e máscula: “Siga-me!” Só isso. Sem um aceno, mas com tom misto de convite e de ordem. Não deu outra coisa: levantei-me, deixando tudo sobre a mesa, sem guardar o dinheiro no “cofre” nem os “borderôs” do dia todo no armário. E fui andando em sua direção, integrando-me à comitiva que o seguia. De vez em quando ele parava, virava para algumas pessoas e lhes dirigia palavras carinhosas, de amor, de compaixão, de alegria e de perdão, de esperança, sei lá! E cada vez mais o grupo de seguidores aumentava. Só eu fui chamado: os demais vieram espontaneamente. À noite, Ele foi lá em casa para jantar, e alguns outros foram também. Foi outra demonstração da ira dos fariseus a mim, ao rabi e seus seguidores: os fariseus perguntavam e comentavam, em alto e bom som, que era inadmissível um rabi comer na casa de um publicano e ao lado de pecadores.

Tornei-me um seguidor desse rabi. Seu nome era Jesus, também chamado o Cristo. E por isso tornei-me um cristão, na linguagem do povo após a Sua morte. Passei a ser um dos seguidores mais íntimos de Jesus – éramos doze. O grupo todo era bem maior, mas os que conviviam 24 horas por dia com ele eram os doze. Mais tarde, Jesus nos apelidou de apóstolos. Essa convivência aconteceu por três anos seguidos, aproximadamente, até Sua morte. Não sei mais quando é que passei a ser chamado Mateus, mas confesso que gostei do novo nome. Mais tarde, após a ressurreição de Jesus e sua ascensão ao céu presenciada por um grande número de pessoas, passei a escrever tudo aquilo de que me lembrava dos três anos de vida com Jesus. Procurei relatar o que me parecia ser mais importante, e não era eu que me lembrava – “alguém”, no meu subconsciente, me revelava o que devia ser escrito – e tudo parecia estar voltando à realidade, como se o próprio Jesus estivesse ao lado, narrando cada sermão proferido, cada milagre praticado, até aquilo que eu não tinha presenciado como Seu nascimento, infância até a fase adulta. Alguns dos Seus ensinamentos ficaram marcados mais fortemente em minha memória, como o sermão que ele proferiu na base de um monte, à beira de um lago, vários milagres, e a agonia da crucificação, quando Ele declarou ter ficado órfão de Deus Pai, carregando o pecado de toda a humanidade, antes e depois dele. Esses relatos foram compilados e montados em forma de livro, que poderia atravessar a história futura até chegar a pessoas que eu nunca viria a conhecer, quem sabe por 20 ou mais séculos. O livro se chamou “Evangelho segundo Mateus”; nele procurei mostrar as Boas novas trazidas por Jesus para a humanidade que se apartou de Deus desde o Jardim do Éden, pouco tempo depois da criação. Você pode ler o meu livro em sua própria Bíblia – é o primeiro transcrito no Novo Testamento. Nele deixei um relato sobre minha convivência com Jesus, procurando contar a outros qual o único caminho para a vida eterna com Jesus. “Que Deus o abençoe e guarde. Que Ele faça resplandecer o Seu rosto sobre você e lhe conceda graça. O Senhor volte o Seu rosto sobre você e lhe dê paz”. (Bênção que Deus transmitiu a Moisés para Arão abençoar o Seu povo na saída do Egito -

Livro de Números cap. 6 vers. 24 a 26).

Olá, meu nome é Maria Madalena! Baseado no relato dos Evangelhos (Novo Testamento) Assim que terminaram os rituais do sábado, sagrado entre nós, judeus, eu me encontrei com algumas amigas para combinar o que poderia ser feito. Tudo tinha acontecido muito rápido com o Senhor: prisão, julgamento, crucificação, morte e sepultamento, em pleno período das comemorações da Páscoa – a festa que relembrava a libertação do nosso povo da escravidão no Egito, alguns séculos atrás. Essa também tinha sido a preleção lá na sinagoga, com muita contrição e respeito. Só que, para muitos como eu, era uma comemoração triste, porque o Mestre tinha sido julgado e condenado à morte injustamente. Quem só fazia o bem como ele, não merecia ser sequer trocado pelo grande malfeitor e assassino Barrabás, preso em flagrante e que aguardava sua execução pelas leis romanas (o império que domina nosso país). Então combinei com as amigas Salomé e Maria, mãe de um dos discípulos de Jesus, que juntaríamos nossas economias e compraríamos especiarias aromáticas para preparar o corpo do Mestre, que não tinha recebido qualquer tratamento desse gênero, devido à urgência com o sepultamento, porque o sábado estava para se iniciar. A propósito, nunca estive a sós com Jesus – sempre estive acompanhada de alguma amiga ou no grupo dos discípulos, como convém às mulheres desse tempo e conforme nossas tradições religiosas e culturais. Eu tinha me tornado uma seguidora de Jesus de quem Ele expulsou sete demônios que me dominavam, assim como aconteceu com outras mulheres, também curadas de várias enfermidades, tudo isso ainda no início da sua peregrinação pela Judeia e Galileia. E eu procurei as amigas porque os discípulos tinham “sumido do mapa” na prisão, julgamento e crucificação do Mestre, talvez temendo as autoridades romanas e o clero judaico. Nem dormimos naquela noite, tamanha a agitação que nos ocupava na expectativa de chegarmos ao túmulo de Jesus. De longe, já tínhamos visto

que José de Arimatéia, um dos membros do Conselho e que nem era um discípulo declarado do Mestre, tinha levado seu corpo envolto em um lençol de linho e o colocara em um sepulcro novinho, aberto na rocha. Depois, vimos que os guardas romanos o tinham fechado com uma grande pedra, e lá ficaram “montando guarda” por ordem superior. Comentava-se que alguns dos discípulos poderiam retirar o corpo de lá, o que daria uma enorme complicação a Pilatos que o condenara. Quando começou a amanhecer o primeiro dia da semana, já estávamos chegando ao sepulcro. No caminho, enquanto corríamos, estávamos discutindo um fato esquecido até então: quem tiraria a pedra para entrarmos e preparar o corpo do Senhor? E, quando chegamos perto, veio a grande surpresa: a enorme pedra que fechava a entrada do sepulcro estava fora do lugar, e a entrada estava totalmente aberta! Não havia ninguém por perto: nem guardas, nem curiosos, ninguém. Corajosamente eu entrei e nada vi, além do lençol dobradinho em um canto, e um jovem com aspecto de anjo (tremi de medo ao vê-lo). Ele me disse: “Jesus ressuscitou! Não está mais aqui! Vão e digam aos discípulos, principalmente a Pedro, que Jesus está a caminho da Galileia, onde espera encontrar todos”. Toda essa história foi comentada por vários dias. E nós O vimos várias vezes, até sua ascensão aos céus. Ele falava como antes, tinha a mesma aparência, o mesmo corpo e vestes, só que “atravessava” paredes e portas sem abri-las, e também comeu conosco. Só aí entendemos e cremos que Ele é o verdadeiro e único Filho de Deus, Salvador nosso e de todo aquele que nele crê. Nota do autor: para quem não sabe ainda, o sábado judaico começa às seis horas da tarde da sexta feira e termina 24 horas depois.

Olá, meu nome é Lucas! Baseado no Evangelho de Lucas e no livro Atos dos Apóstolos (Novo Testamento) Sou médico e me tornei discípulo de Jesus, acompanhando Seu ministério. Gosto de escrever, e tenho um amigo “chegado” chamado Teófilo, ao qual mandei duas extensas cartas (que mais parecem dois livros!). E como é complicado escrever nesses rolos! Será que alguém vai inventar um sistema mais fácil no futuro? Nesses “livros”, que foram chamados alguns anos mais tarde de Evangelho segundo Lucas e Atos dos Apóstolos, conforme a divulgação que foi dada a eles entre os discípulos que continuaram a obra do Mestre Jesus, procurei descrever o que vi e o que ouvi nos relatos de testemunhas oculares dos fatos durante os três anos do Seu Ministério terreno na Judeia e na Galileia, além dos anos subsequentes à Sua ressurreição. Comecei com o levantamento decorrente de pesquisas sobre a genealogia de Jesus que fiz nos “livros sagrados” preservados de geração em geração desde Moisés. Fui descrevendo os fatos principais, a meu ver e conforme a inspiração e lembrança que me vinham à mente, que envolveram Jesus e seus primeiros doze discípulos, e os que se juntaram depois, nos quais me incluí, tudo isso entre os atendimentos médicos a que me dedicava dia a dia. Alguns fatos me surpreenderam tais quais os que os presenciaram como a ressurreição de mortos (como o caso de Lázaro morto e “enterrado” há quatro dias, amigo de Jesus, e o filho de uma viúva em Naim, já a caminho do cemitério), restauração de visão a cegos de nascença (como o “Seu” Bartimeu) e de paralíticos (como aquele de Cafarnaum), todos por ordem ou ação do Mestre, coisa nunca vista até então, e inexplicável pela medicina de minha época; talvez algum dia fatos como esses possam acontecer tal o desenvolvimento dessa ciência desde a criação do homem até os dias atuais que dirá futuramente. Agora, o impressionante mesmo foi a própria ressurreição de Jesus, sem qualquer auxílio externo, no terceiro dia de sua morte na cruz. Esse fato Ele mesmo tinha pré-anunciado algumas vezes, mas nós não entendíamos (talvez

por conta de errarmos na interpretação das parábolas que nos propunha), ou pela simplicidade com que Ele nos expunha. Para não deixar dúvidas sobre Sua ressurreição, Ele reapareceu por diversas vezes de forma totalmente visível a alguns discípulos, isoladamente ou em grupo. Tinha um ar um pouco “diferente”, por comer junto com discípulos e depois “atravessar” paredes para aparecer de surpresa a outros, reunidos secretamente por medo de autoridades políticas ou religiosas, as mesmas que tinham condenado e crucificado o Mestre; parece que eles entendiam que estávamos desobedecendo a “Lei de Moisés”, reunindo-nos para relembrar as preleções de Jesus, o mais famoso rabi daquela época, e ainda pensando que nós “forjaríamos” a Sua reaparição pública, para “ressuscitar” seu “Reino”. Depois escrevi outro “tratado” ao amigo Teófilo, complementando os fatos posteriores à ressurreição de Jesus, para conhecimento dele por fonte fidedigna (modéstia a parte) e para levá-lo a se tornar um cristão, que era o apelido dos seguidores de Jesus. Por isso “caprichei” nos levantamentos históricos e procurei descrever com o maior realismo possível aquilo que vi em todo esse tempo. Esses relatos referem-se aos discípulos nos primeiros anos pós ressurreição de Jesus. Alguns, também surpreendentes, como a cura de aleijados por alguém que não tinha a menor noção do que seria a medicina, mas pelo poder da palavra e em nome de quem fazia aquilo (Jesus), a propagação do evangelho pela Ásia menor, atingindo até a Itália, mesmo com os pequenos recursos disponíveis (navegação a vela), mas sempre com “calor no coração”, para divulgar a mensagem de salvação e de vida eterna. Eu sou Lucas, chamado de médico amado. Procure ler meus livros no Novo Testamento bíblico. Minha oração é que você encontre também a salvação através do sacrifício de Cristo na cruz também em seu lugar.

Olá, meu nome é Marta! Baseado nos Evangelhos (Novo Testamento) Lá em Betânia, na Judeia, no povoado em que eu morava com Maria e Lázaro, meus irmãos, não era comum receber a visita de rabis. Mas, uma vez aconteceu que Jesus chegou e se hospedou lá em casa. Foi maravilhoso ouvir suas preleções, participar da conversa com Ele, e ter elucidado tantas dúvidas de natureza religiosa que tínhamos! Assim ficamos amigos, de modo que vez ou outra, Ele aparecia lá em casa. Acontece que Lázaro, meu irmão, ficou muito doente, desenganado pelos médicos. E, no desespero, mandamos um recado a Jesus, que não estava longe de Betânia, para que Ele nos acudisse com sua presença e poder, já que muitos milagres Ele tinha feito, e era só o que se comentava em todo o povoado. Mas Jesus demorou em nos atender (pensei na possibilidade de um apedrejamento programado pelos nossos conterrâneos que o desprezavam), e, quando chegou, Lázaro já estava morto há quatro dias. Nunca perguntamos por que Ele havia demorado. Quando soube que Ele estava chegando, deixei os amigos de Jerusalém e vizinhanças que vieram nos consolar, e corri ao seu encontro, antes mesmo que entrasse no povoado. Eu sempre soube que Jesus poderia tê-lo curado, se quisesse, e eu declarei isso a Ele. Sabem qual foi sua resposta? Ele disse: “Seu irmão vai ressuscitar!” Então, eu confirmei que cria nisso, porque a ressurreição aconteceria no dia do Juízo Final, como previsto na Lei e nos Profetas. Mas aí Ele fez uma declaração fantástica: “Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que morra, viverá! E quem vive e crê em mim, não morrerá novamente! Você, Marta, crê nisso?” “Sim, Senhor. Eu creio”, respondi. Maria, minha irmã também tinha se juntado a nós. Com Maria também chegaram algumas pessoas do povoado, porque acharam que ela tinha saído para chorar, outra vez, no túmulo de Lázaro. De fato ela chegou chorando, e Jesus nos abraçou, comovido. Então, fomos ao sepulcro. Quando lá chegamos, Jesus também chorou, coisa que eu nunca tinha visto antes nem depois desse dia. Isso também comoveu

as pessoas que nos acompanhavam. Passado esse tempo de choro, tristeza e dor íntima, Jesus disse, em tom de ordem, que fosse removida a pedra que fechava o sepulcro. Eu logo me antecipei para “lembrar” o Mestre que reconsiderasse, porque Lázaro já estava lá há quatro dias, e que o corpo devia estar cheirando mal, e que isso ia dar o que falar no povoado. “Eu não perguntei se você cria, Marta?”, perguntou Jesus. “Se não tirarem a pedra ninguém poderá ver a Glória de Deus”. Então a pedra foi rolada para o lado, deixando aberto o acesso ao sepulcro. E Jesus orou ao Pai, agradecendo a oportunidade de mostrar seu poder aos incrédulos que assistiam à cena. E, então gritou: “Lázaro, venha para fora!” Alguns momentos de tensão e de vozerio dos presentes, surpresos com o desenrolar dos acontecimentos. E aí, alguém, envolto em panos da cabeça aos pés, veio se arrastando lá de dentro até a entrada do sepulcro. Jesus mandou que soltassem os panos e liberassem meu irmão, para que se movimentasse livremente. E Lázaro sorriu! Grande alegria nos contagiou a partir daquele instante. Meu irmão esteve doente, morreu e foi ressuscitado. Nem uma sequela, nem mau cheiro, nada, nada! Nós nos abraçamos, os quatro, e louvamos a Deus pelo milagre que Ele tinha operado. Ele mostrou que tinha algo bem maior do que curar um enfermo – era dar a vida a um discípulo amado.

Olá, meu nome é Zaqueu! Baseado no Evangelho de Lucas (Novo Testamento) Desde pequeno, sempre fui motivo de chacota dos colegas, parentes e outros, por eu ser pequeno. Eu não era e nem sou anão. Mas isso sempre me acompanhou porque continuo baixinho. E isso não era nem é normal entre as pessoas, sejam adultas ou crianças, nesta época. Claro que esse fato me trouxe tristezas e até complexos, mas de certa forma me deu uma vantagem na vida. Certo dia, um médico e escritor, famoso pelas redondezas onde eu moro, procurou-me para relatar ou confirmar uma história que se contava sobre mim, não só em Jericó, minha cidade, mas fora dela também. Como se sabe, Jericó é uma pequena cidade mais ou menos ao norte de Jerusalém, a capital de Israel. Talvez por essa proximidade, tenha chegado ao seu conhecimento, com versões variadas, falsas e até surreais um fato ocorrido tempos atrás, envolvendo – me. O nome do médico é Lucas, que se apresentou a mim como discípulo de Jesus Cristo. E isso tornou mais fácil a nossa conversa. Ele disse que tinha acompanhado o Mestre em varias ocasiões, eventos, viagens, e que passou a ser discípulo por aceitar que Jesus era quem havia sido anunciado pelos profetas como o Messias, desde o Edem. Ele disse que tinha presenciado muitos milagres e curas feitos por Ele, coisas que estavam muito acima da capacidade da medicina de então executá-las. Por isso vinha coletando outros fatos acontecidos com o Mestre, sem a sua presença, buscando relatar apenas os fatos verídicos, por isso estava me procurando. Todo mundo já sabia da morte e ressurreição de Jesus, mesmo sem ter estado lá em Jerusalém, porque as notícias correm rapidamente, e por isso mesmo tive a oportunidade de pedir a Lucas que me contasse também o que me parecia estranho e irreal, como ocorreu a ressurreição. Nós não tínhamos, nem temos ainda, meios de comunicação a não ser por cartas (que demoram “um século” para chegar ao destino) ou boca-a-boca, correndo o risco de ser adulterada a história ou o fato relatado. Procurei relatar a ele o meu encontro com Jesus num dia em que Ele passava

por Jericó. Tudo era feito a pé, porque havia pouca possibilidade de se ter um animal de montaria ou de carga para levar as pessoas. Talvez seja essa a razão de as cidades e vilas serem próximas umas das outras – era para dar tempo de chegar a um destino, mesmo que intermediário, para o pernoite e prosseguir na manhã seguinte. Viajar à noite era e é um risco enorme de assaltos, ataque de animais ferozes etc. A história que contei foi assim: “Eu já tinha ouvido falar de Jesus, que era de Nazaré, portanto galileu, bem ao norte da Judeia, onde estamos. Ele era um Rabi dos mais conhecidos, e com ao menos três diferenças dos demais: tinha a fala mansa e sábia, era curador de enfermidades e autor de vários milagres, e seguido por uma multidão que não arredava o pé. Sempre que ouvi histórias a respeito dele me coloquei no patamar das incertezas, da falta de credibilidade, porque pareciam fantasiosas. Meu emprego de publicano bem sucedido me levou a chefe da equipe de Jericó, mas com o sentimento de repulsa e ódio de meus conterrâneos, porque achavam que eu os roubava na coleta de impostos para o Império Romano que já nos dominava na época. Não quero dizer que estavam ou não certos quanto ao ódio, mas certamente era exagerado. Isso me colocou na contramão da sociedade local: eu não tinha amigos! Dava para ouvir o comentário das pessoas nas ruas quando eu me aproximava delas – “Lá vem o publicano”. Quando ouvi que Jesus vinha a Jericó, ou ao menos passaria por aqui, procurei imaginar o itinerário, porque eu queria vê-lo. Mera curiosidade, sei lá. Mas todo mundo queria isso, e eu também. O que eu não contava era com a multidão compacta que não dava a chance de vê-lo: apenas eu sabia que Ele estava lá no meio. Avaliei o caminhar do grupo, lentamente, na direção da praça, e corri para lá, achando que teria a chance esperada. Tudo era curiosidade, como se as pessoas estivessem correndo para ver uma alta autoridade em visita à cidade. Na praça não havia ninguém ainda, e por isso me arrisquei subindo numa figueira brava (a mais alta da praça), e lá me acomodei, aguardando a aproximação do grupo, e achando que ninguém me veria lá no alto. Mais ou menos umas duas horas depois chegou o cortejo e... parou bem debaixo da figueira. E eu O vi em meio a um clarão na multidão! Era um homem que falava, apontava, sorria, ficava sério, enfim, um homem normal. Alguns tentavam tocá-lo ou em suas vestes. Não dava para ouvir a sua voz, porque na multidão estavam muitos que apenas conversavam e nem

prestavam atenção ao que Ele dizia. Essa parada da multidão, talvez a pedido dele, deixou-me nervoso com o que poderia acontecer. Eu estava “quase invisível” lá na árvore. De repente a multidão foi parando de conversar e gerando um silêncio. A essa altura, qualquer palavra dele era audível, sem que Ele precisasse forçar o volume. E aí... Ele olhou para cima! Ainda calado, mas com os olhos fixos em minha direção. Eu não fazia a menor idéia do que aconteceria, então. Aí Ele disse: “Zaqueu, desça depressa. Quero ficar em sua casa, hoje!” A essa altura, todos já tinham me visto e reconhecido, lá na árvore. Não sei como Ele soube meu nome, como adivinhou que eu estaria lá, que eu queria vê-lo passar. Também não sei como foi que eu desci da figueira, mas sei que foi muito rápido, e eu me apresentei a Ele no meio da multidão. Aí seguimos lá pra casa. Receber uma pessoa de grande importância em casa para uma refeição, e ainda pouso, é o máximo que alguém pode desejar neste país. Isso gera uma tremenda “dor de cotovelo” nos vizinhos e nos homens públicos, principalmente. O costume local é que só entram os convidados na casa, ficando os demais lá fora, tratando de ouvir o que se fala “dentro” e de ver o que é servido. Procurei servir a Jesus da melhor maneira que pude, principalmente porque não houve nenhum preparativo anterior. Uma visita inesperada de alguém que se tinha ouvido falar, mas não era meu conhecido nem amigo, foi tudo uma surpresa! - Isso foi tudo?, perguntou Lucas. E eu continuei: “Não! Houve algo muito melhor, porque pude conversar com Ele! Do lado de fora falavam ‘alhos e bugalhos’ sobre esse “acontecimento inusitado”, e porque o famoso Rabi se hospedou em casa de um publicano, um pecador como eu. O Mestre me mostrou o lado de amor do Pai Celeste por mim, de perdão pelos meus (inúmeros) pecados, outros assuntos espirituais, valores do Seu Reino, enfim, um papo muito bom.” Ao final do jantar, eu me levantei, pedi silêncio aos presentes porque queria fazer uma declaração. Eu disse, dirigindo-me a Jesus: Mestre! Vou dar aos pobres a metade dos meus bens. E se alguém reclamar que o fraudei na cobrança de impostos em meu próprio benefício vou restituir esse valor multiplicado por quatro. E Jesus respondeu imediatamente: - Hoje veio Salvação a esta casa, porque Zaqueu também é filho de Abraão, nosso

patriarca. Porque o Filho do Homem (referindo-se a Ele mesmo) veio buscar e salvar quem estava perdido. E continuamos a conversa até a noite. No dia seguinte, levantou-se e seguiu seu caminho. - Essa é a verdadeira história, Lucas. Tudo o que eu disse é verdade e dou fé. Então Lucas se despediu e se foi. Nunca mais o vi, mas espero que ele tenha concluído seu levantamento sobre a vida e obra de Jesus Cristo, o Mestre dos Mestres, e Salvador dos pecadores assim como eu mesmo. Quem sabe, algum dia no futuro, alguém lerá minha história e se converterá dos seus maus caminhos. Amém!

Olá, meu nome é João! Baseado no Evangelho de João e no livro do Apocalipse (Novo Testamento) Vivi no primeiro século da era cristã na Judeia, perto do Mar da Galileia, parte do território de Israel e Palestina atuais. Meu irmão Tiago, nosso pai Zebedeu e eu éramos pescadores. Apesar da pequena formação literária familiar, escrevi dois livros: o Evangelho de Jesus Cristo segundo João, e o Apocalipse, que estão inseridos no cânon sagrado, a Bíblia. No primeiro livro (O Evangelho), você pode saber mais um pouco a meu respeito (assim como nos demais evangelhos da Bíblia), além de saber o que vi, ouvi e do que participei em minha vida com Jesus. No segundo (O Apocalipse), estão as revelações que recebi do próprio Deus, incluindo visões da vida futura. Certo dia, em nossa atividade de pesca com meu pai e meu irmão, passou por nós um homem que me chamou, assim como a meu irmão. E nós o seguimos, largando tudo para trás – pai, tralha, trabalho, barco, redes e os peixes pescados. Convenhamos que ninguém em sã consciência seguiria a alguém que o chamasse, sendo um desconhecido! Os rabis, na época, se tornavam conhecidos e reconhecidos, porque se destacavam nas sinagogas (as igrejas de então), no conhecimento da lei e dos profetas (os livros eram manuscritos “editados” pelos escribas, contratados para copiar os textos). E nós já tínhamos ouvido falar a respeito desse rabi em nossa vila. Seu nome era Jesus Cristo, e era tido como um dos melhores: nós o chamávamos Mestre. Meu pai, que nem foi consultado sobre a nossa liberação em segui-lo, tinha nos prevenido sobre a necessidade de nos aproximarmos de um rabi, porque isso dava um “up grade” em nossa educação religiosa. Quando o Mestre nos chamou, nem voltamos para casa para fazer malas e dar um “tchau” para a mamãe! Segui o Mestre por três anos (nossas andanças incluíam várias viagens a pé, por falta de um meio de transporte, que era privilégio de ricos, poderosos e oficiais do governo); tudo que aprendi mudou minha vida por completo. Participei dessa peregrinação com outros dez companheiros (além do meu

irmão), todos de formação bem simples, mas religiosos como eu, e Ele nos chamava discípulos (posteriormente passamos a ser chamados de apóstolos*), recebendo instrução, cultura, informações sobre comportamento, e até milagres fizemos por sua ordem. Presenciei inúmeros milagres da parte dele com coisas, pessoas e até ressuscitação de mortos. Assim foi na multiplicação dos pães e peixes (duas vezes), alimentando uma multidão de curiosos e famintos que o procuravam para obtenção de alguma bênção – só que ele tinha sempre algo a falar sobre a vida espiritual e seu ministério na terra como o Filho de Deus, encarnado. Outra vez, em plena tempestade que nos alcançou durante a travessia do Mar da Galileia em um barco, ele andou sobre as águas turbulentas, na noite escura – o companheiro Pedrão, sempre atrevido, propôs-se a ir ao seu encontro também andando sobre o mar, e conseguiu por certo trecho, sendo salvo pelo Mestre quando afundou e pediu socorro. Não entendi porque Pedro não saiu nadando; aliás, ele era tão pescador como eu, e sabíamos nos safar quando em dificuldades no barco ou quando a rede enroscava no fundo. Estive bem próximo do Mestre em várias situações (os companheiros diziam que eu era o discípulo a quem Jesus mais amava), umas prazerosas e outras bem difíceis. Na celebração da Páscoa, quinta à noite depois de cear, Jesus revelou que alguém do grupo o trairia. Pedro, sempre ele, me chamou à parte e pediu para obter do Mestre a informação de quem seria. Ninguém podia acreditar nas palavras de Jesus quando se referia à sua morte próxima, e por isso fomos “surpreendidos” quando aconteceu sua prisão, o julgamento tendencioso e a crucificação na sexta feira, horrível método de pena de morte dos romanos, que nos dominavam há anos. Alguns colegas tinham fugido nessa ocasião, mas eu estava lá, perplexo, a certa distância da cruz. Então ele me chamou, antes de morrer, e entregou sua mãe, Maria, a meus cuidados, e ela se mudou lá para a nossa casa. Meus últimos anos de vida foram em Patmos, ilha do Mediterrâneo perto da Grécia, onde estive degredado. Recordei tudo o que aconteceu nos três anos, como se tivesse acontecido ontem, e escrevi O Evangelho, procurando relatar os fatos com o maior número de detalhes que pude lembrar. Além disso, tive revelações, lá na ilha, que procurei passar aos outros discípulos sobre a vida cristã ideal e o futuro previsto por Deus para suceder nossa vida terrena, “post-mortem”. Vale a pena ler lá no Apocalipse, o último livro da Bíblia. Espero que nos encontremos naquelas mansões celestiais que mencionei lá no

livro. Por enquanto, fiquem com a minha bênção: “A graça do Senhor Jesus seja com todos vocês. Amém!” (N. A.: confira no livro do Apocalipse cap. 22 vers. 21). Nota do Autor: Discípulo – aquele que segue alguém, como aluno; Apóstolo – discípulo, o que transmite a outros o que aprendeu.

Olá, meu nome é Paulo! Baseado no livro de Atos dos Apóstolos (Novo Testamento) Sempre fui chamado de Saulo, desde a infância. Nasci em Tarso, estudei com um dos maiores professores da época, Gamaliel, e fui um dos mais ferrenhos e violentos defensores da Lei judaica. Isso me garantia presença em qualquer evento que significasse a prisão ou mesmo a execução de algum dos seguidores do Caminho. Esse pessoal fazia questão de mostrar o lado inverso da Lei que eu defendia, praticando atos que confrontavam nossos costumes. Diziam-se discípulos de um tal Jesus Cristo, que aliás já tinha morrido crucificado em Jerusalém, na véspera de um das comemorações e rituais da Páscoa. Alguns diziam que Jesus tinha ressuscitado. Mas, isso mais parecia uma história impossível, porque ele não está mais andando por aí. Outro dia foi identificado um desses, de nome Estêvão, que era um dos maiores entre os adeptos do Caminho. Estive lá assistindo seu apedrejamento, e até guardei as vestimentas daqueles que agiam em favor da Lei judaica! Um tipo estranho esse Estêvão – não reagiu, mas procurou prostrar-se em oração, enquanto era ferido, até que morreu quase soterrado pelas pedras atiradas. Nunca mais me esqueci dessa cena! Depois, recebi documentos que me autorizavam a viajar a Damasco e lá encontrar outro grupo desses dissidentes, para prendê-los e levá-los a Jerusalém, por bem ou por mal. Hoje voltei a enxergar e me disseram que fiquei cego por três dias, nos quais não comi nem bebi; apenas orei. Ainda estou meio tonto com a luz do dia, e atônito com o acontecido. Só me lembro de que estava montado em meu cavalo, quando uma luz fortíssima acendeu diante de mim; perdi o equilíbrio e caí no chão. Eu estava ansioso para concluir minha tarefa como havia sido programada, e falei como se alguém tivesse me atingido com aquela luz: Quem é? Quem está aí? O quer que eu faça? E aí, “Ele” falou comigo: “Eu sou Jesus a quem você está perseguindo.” E completou que eu devia ir a Damasco, e que outra pessoa me procuraria lá. Meus companheiros de viagem me ajudaram e eu fui levado. Eles também disseram que ouviram aquela voz, mas que não viram ninguém.

O fato é que agora estou em Damasco, em casa de um senhor Judas na Rua Direita, e que na minha frente está outro senhor, Ananias. Ele veio até mim, chamou-me de irmão Saulo, senti suas mãos sobre a minha cabeça e ouvi uma oração. Ao final da oração, senti uma coceira nos olhos, esfreguei-os e percebi que voltara a ver, e que umas escamas como de peixe estavam saindo em meus dedos. Essa experiência mudou minha vida completamente – foi uma guinada de 180 graus! Decidi aceitar a Cristo como meu guia. E agora eu tenho que contar para outros o que me aconteceu de maravilhoso e levar essa mensagem por onde eu puder passar. Afinal, posso aproveitar o trânsito livre que tenho em muitos lugares. É claro que vou incomodar as autoridades eclesiásticas, mas quem disse que eu me importo? Estou disposto a comunicar, como vi Estêvão fazer até sua morte. Até meu novo nome, Paulo, caiu no agrado dos que me cercam. Eu também gostei.

Olá, meu nome é José! (MAS PODEM ME CHAMAR DE BARNABÉ) Baseado no livro dos Atos dos Apóstolos (Novo Testamento) Nasci em Chipre, ilha do Mediterrâneo, no primeiro século da era cristã, e tive uma vida tranquila, financeiramente falando, e agitada, pelo lado religioso. Fui levita (aqueles que administravam o Templo e copiavam as Sagradas Escrituras, principalmente as Leis que Deus entregou a Moisés logo na saída do povo que estava escravizado no antigo Egito). Participei ativamente do início da “nova” igreja em Jerusalém, dirigida por Pedro e os demais apóstolos. Fui eu quem levou Saulo, o maior perseguidor da causa cristã nessa época, aos apóstolos em Jerusalém que o tinham rejeitado por medo de sua conversão ser uma farsa para “pegar” o grupo todo (ele já tinha participado da morte de Estêvão, entre outros). Mas, pela minha palavra, ele foi incorporado à equipe e passou a ser um dos maiores pregadores do Evangelho de Jesus Cristo nessa época. Quando surgiu o episódio da recusa na aceitação de estrangeiros não judeus na Igreja em Jerusalém, em que Pedro se posicionou a favor do ingresso desses chamados gentios, fui enviado como “missionário” a Antioquia, onde estrangeiros convertidos (e judeus foragidos da perseguição religiosa) estavam pregando a mesma mensagem aos conterrâneos gregos, não judeus. Nessa época, eu já era chamado na igreja de Jerusalém de Barnabé, que significava: encorajador e ajudador; e esse apelido foi posto à prova a partir daí. Quando cheguei a Antioquia, já havia por lá uma igreja de convertidos à nova fé, que tinham sido apelidados de cristãos, bem pejorativo naquela época por ser um aumentativo de Cristo, nosso Salvador e Mestre. Em outros lugares, o nome da “nova religião” era O Caminho. Como o cuidado com as pessoas era muito grande para um só, fui a Tarso e trouxe Saulo comigo; enquanto eu cuidava dos novos convertidos, ele me auxiliava na tarefa da pregação. Chamei também meu primo João Marcos como auxiliar, filho da tia Maria, em cuja casa se reunia em oração e

comunhão uma parte da nova Igreja em Jerusalém; ele era o mesmo que escreveu o Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos. Fui chamado pelos primeiros cristãos de apóstolo (nome dado aos que estiveram acompanhando Jesus), profeta e mestre; pela população de Listra fui chamado até de Zeus, um deus grego encarnado, por causa do milagre de cura de um paralítico desde o nascimento. Minha parceria com Saulo, depois chamado Paulo, durou alguns anos. Ele, impetuoso, querendo a conversão de todo mundo, e eu, mais moderado, buscava consolidar a fé dos novos convertidos; viajamos por toda a região com a mesma missão: pregar as boas novas de salvação e organizar várias igrejas. Alguns contemporâneos causaram grande impacto na sociedade, entre a população em geral e até entre as autoridades políticas; uns com sacrifício e morte (como o companheiro Estêvão, diácono da igreja em Jerusalém), outros com prisão e torturas (como Paulo e Silas), mas todos com oportunidade de testemunhar a fé diante de reis (como Agripa), governadores (como Félix e Pérsio Festo) e pró-cônsules (como Sérgio Paulo). Parte da minha história foi relatada pelo companheiro Lucas, o médico amado, em um tratado que mandou a um amigo, Teófilo, para contar como Deus agia, depois da ressurreição e ascensão de Jesus Cristo, Seu filho, através das pessoas que tinham se rendido a Ele como Salvador e Senhor de suas vidas. Este é apenas um resumo da minha história. Veja toda a história no livro dos Atos dos Apóstolos e em algumas cartas de Paulo às igrejas que tinham sido criadas fora de Israel. Alguns tentam atribuir a mim a autoria do livro aos Hebreus, mas isso fica para conferir depois, na Eternidade.

Olá, meu nome é Pedro! Baseado nos Evangelhos e no livro de Atos dos Apóstolos (Novo Testamento) Acho que fui o discípulo mais “trabalhoso” para o Mestre. Tenho para mim que o nome Pedro que me foi dado pode ter uma relação com pedra e “cabeça dura”, daqueles que precisam testar e experimentar coisas novas, e não acreditam sem ver. Meu nome original, Simão, foi válido até entrar na idade adulta, quando me tornei pescador, auxiliando os familiares que compunham uma “microempresa” de pesca. Nosso local de pesca era o Lago de Genesaré, de onde tirávamos o sustento da casa. Quando Ele apareceu lá na praia, estávamos enrolando as redes porque nada tínhamos pescado naquele dia. Ele me pediu para entrar no barco e que nos afastássemos um pouco da praia. Ele se assentou e começou a falar para as pessoas que o acompanharam até lá. Nós tínhamos ouvido que um rabi andava lá pelas nossas “bandas”, mas vê-lo e ouvi-lo foi demais. Somos pescadores simples, pessoas rudes que nem mesmo podemos nos dirigir a alguém dessa importância. Pude ouvir a primeira preleção sobre os ensinamentos da Lei e dos Profetas fora da Sinagoga local. Foi maravilhoso como Ele discorria sobre Deus Jeová, a quem chamava de Pai, de uma forma tão simples que todos podiam entender; do amor de Deus pelas pessoas e sua disposição em perdoar os que se arrependessem dos próprios pecados, confessando-os diretamente ao Pai. Quando Ele terminou, me pediu para afastar o barco lá para o meio do lago, comecei a sentir a força e o poder de suas palavras sobre as coisas comuns do nosso dia a dia. Aí Ele pediu que lançássemos as redes ao mar (meus irmãos e companheiros tinham nos acompanhado a certa distância porque não sabiam o que ia acontecer) e, por sua ordem, o fizemos. Que loucura! Os peixes nem cabiam nas redes e elas começaram a se romper. Rapidamente fomos colocando os peixes (e eram grandes) nos barcos para não perdê-los. Só que os barcos estavam quase para afundar com tanta carga! Daí em diante, tornei-me discípulo do Mestre. Seu nome é Jesus. Passei três

anos convivendo com Ele, vendo tudo e mais um pouco que aconteceu nesse tempo, mas, o que mais me tocou foram seus ensinamentos. Com o meu gênio terrível, que eu não conseguia controlar, certa vez vi Jesus andando sobre o mar encapelado. Pedi para Ele me mandar fazer o mesmo. Estava até indo bem, mas um ventinho me tirou a concentração e desviou meu olhar para as águas e, por pouco, não me afoguei, não fosse o socorro dele. Outra vez, quando Jesus estava sendo preso, saquei uma espada de um dos soldados e parti para cima dele, dando um golpe. Felizmente errei, porque só cortei a sua orelha (que o Mestre “consertou” rapidamente, colando-a no lugar) Eu também tive atitudes que me envergonharam perante Jesus e meus companheiros de discipulado. Quando Ele estava em julgamento, eu neguei conhecê-lo por três vezes. E olhe que quem me perguntou não era autoridade, nem civil nem eclesiástica: eram funcionários e pessoas comuns perto do Sinédrio. Não vi Jesus ser crucificado – estava com medo de ser preso também e seria doloroso demais para mim. Ele é perfeito e eu um dos maiores pecadores – não havia motivo para condená-lo. Depois da ressurreição de Jesus, não foi só alegria nos primeiros dias. Qualquer dos discípulos tinha dúvida quando chegava alguma notícia dele. Algumas mulheres disseram que o tinham visto e conversado com Ele; dois amigos nossos disseram que tinham sido acompanhados por Ele no caminho de Emaus. Era difícil acreditar, principalmente porque não lembrávamos o que Ele mesmo tinha avisado: que ressurgiria ao terceiro dia. Por quarenta dias ainda estivemos com Ele. Foram os dias mais significativos para todos nós. Assistimos sua ascensão ao céu, sendo escondido por uma nuvem. Continuamos olhando para o alto até que dois “anjos” apareceram e disseram: “Esse mesmo Jesus que viveu entre vocês e agora subiu aos céus, voltará da mesma forma um dia!” Essa esperança nos consola até hoje, porque esse dia será o reencontro com o nosso Salvador, Senhor e Rei. Iremos com Ele para uma vida sem fim, a vida eterna.

O Autor HAMILTON CARNIO JR., 75 anos, é natural de Campinas, SP, casado, cristão, com formação em engenharia civil, escreveu este livro baseado em um desafio íntimo, a partir de palestras na Igreja Presbiteriana Chácara Primavera, de Campinas, com dicas para facilitar a leitura e entendimento da Bíblia. É também autor do livro HISTÓRIA 2º CRÔNICAS e está finalizando outro - CAMPINAS EM BRANCO E PRETO, além de inúmeros artigos com motivos religiosos ou não, distribuídos entre amigos ao longo dos últimos quinze anos por e-mail ou impressos, além do blog www.hcarnio.blog.uol.com.br, com grande aceitação e retornos estimulantes à continuidade desse ministério. Contatos [email protected]

Sobre a Casa do Escritor A Casa do Escritor é uma consultoria que presta serviços e auxilia escritores no processo de autopublicação e divulgação de seus livros. Saiba mais e conheça os livros lançados em casadoescritor.com.br

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APRENDENDO A GOSTAR DA BÍBLIA A EQUIPE HAMILTON CARNIO JR

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