Como Falhar em Ser ProPlayer - Autor Melevis

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INTRODUÇÃO

O NASCIMENTO DO SONHO

O NASCIMENTO DO SONHO SEU SHOW MATINAL DE POSITIVIDADE NOS eSPORTS

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Este eBook serve para todos os eSports, mesmo que as histórias aqui tenham se passado no League of Legends. Porque se trata do amor pela competição. Comecei competindo no Xadrez, depois no basquete e então meu primeiro contato com o esporte eletrônico, os Fighting Games que na época, devido a internet não ser tão boa, tinha muitos torneios locais. Treinei incansavelmente e sozinho para participar dos campeonatos aqui em Curitiba, os quais venci alguns. Deixa eu explicar melhor como funciona um Tryhard pré-internet banda larga. Eu jogava 4 horas por dia praticando os combos num bot parado para garantir que eu não erraria na hora do torneio. O bot não se mexia e eu ficava lá quatro horas repetindo combo. Eu conseguia um parceiro de treino humano uma ou duas vezes por semana e fazíamos nossos 100 a 150 games, mas nos outros dias da semana era só contra Bot. Quando eu estava no colégio a minha mente só pensava: como jogar melhor. Quando eu estava no trabalho a minha mente só pensava: como jogar melhor. Nada mais me interessava… Eu só queria competir nos meus joguinhos. Então a internet e os PCs atingiram um ponto onde poderíamos jogar online e os eSports começaram a crescer ridiculamente rápido.

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O caminho natural para quem jogava Fighting Games era seguir pelo Street Fighter IV, o lançamento da época. Mas por causa dos meus amigos acabei me afastando dos Fighting Games para me aproximar do Dota 1. Assisti o nosso querido CBLoL pela primeira vez e o sonho que já vivia em mim ganhou um nome: PROPLAYER de LEAGUE OF LEGENDS. Lembro de assistir um vídeo do Snowlz, ele fazia umas plays de Yasuo e a música que acompanha era Spektrem - Shine. Me dava arrepio! E olha que nunca joguei de Yasuo. (Juro!) Hoje tenho a honra de dizer que Snowlzada é meu amigo, QUE HOMEM SENHORES, mas essa história vai ficar para outro dia. Dos 18 aos 25 anos, via as pessoas se divertindo em baladas, em confraternizações de família, em comprar roupas, carros. Eu simplesmente cagava pra tudo isso, queria é subir de Elo e ser Pro.

Se identificou? Talvez você hoje, talvez você em algum momento do passado já teve essa mesma sensação que eu? Tudo o que realmente importa é o PvP Bom... Eu não consegui como você deve imaginar pelo nome dessa história, mas eu convivi com alguns dos melhores do Brasil e tentei caminhos alternativos.

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E a jornada por esse sonho me trouxe felicidade, crescimento e sofrimento. Eu gosto de acreditar que foram experiências muito ricas. Claro que cada um vai viver as coisas do próprio jeito, mas para tentar ajudar um pouquinho a história de voces decidi compartilhar essas histórias. Espero que te ajudem a: 1. Melhorar seu plano para atingir o sonho. 2. Te ajudar a saber se é hora de desistir ou se você está “givando” muito cedo. 3. Aproveitar mais o processo e diminuir o sofrimento desnecessário. As duas breves histórias vão envolver alguns dos ProPlayers que você conhecem.

Toda história tem dois ou mais lados, não conclua seu julgamento sobre as pessoas ouvindo só a minha opinião

Peço que não tirem conclusões sobre alguém baseando-se somente no que falei aqui. É bem capaz que existam lados nessas histórias que eu não vi e, do ponto de vista deles, eu seja o p** no ** ou o vilão. E também gosto de pensar que são histórias interessantes o bastante para valer como entretenimento também.

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HISTÓRIA 1

O “SONHO” COVARDE (2013)

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Vou revelar algumas coisas sobre minha passagem no cenário competitivo, no CBLoL em 2016 com a Operation Kino. Coisas que não contei nem para minha família porque tinha vergonha, mas me senti bem escrevendo aqui agora que já faz bastante tempo. Engraçado, sempre achei muito panaca falar “VOU REVELAR” parece novela mexicana. Mas enfim, eu vou te informar de coisas do cenário competitivo que dificilmente você teria acesso, simples assim. Meu nome é Martin, meu nick é Melevis. Se quiser compartilhar sua história comigo também, eu adoraria. Te espero no Show Matinal de Positividade no eSports, podemos bater um papo lá. Eu sou o terceiro filho e sou o mais novo. Minha irmã mais velha é muito linda e deu muitos problemas para meus pais durante a adolescência. Cinco anos depois dela veio meu irmão do meio, ele parece o Vin Diesel e deu mais problemas para meus pais do que a minha irmã. Aí meus pais pensaram. “essa build das criança tá tenso… Vamo fazê diferente no terceiro”.

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Mais cinco anos depois do meu irmão veio eu, o menino bonzinho que passou a infância jogando Xadrez contra si mesmo até conhecer o Tibia, que junto com Ragnarok, Runescape e WoW costumava ser a porta de entrada para drogas mais pesadas.

Certeza que 80% das pessoas que estão lendo esse eBook jogaram um desses MMOs aí. CER - TE - ZA.

Quando comecei a me entender por pessoa, para mim o mais importante era ganhar do meu irmão, isso era meio inconsciente entende? Mas eu me comportava dessa forma. Considerando que meu irmão sempre foi um Vin Diesel BR e que tinha cinco anos a mais do que eu, eu precisava escolher as minhas lutas para ter chance de vitória, não iria rolar com atividades físicas. Isso é um dos motivos de eu ter desenvolvido gosto por coisas Nerds. Meu irmão era um aluno mediano no colégio, eu era somente um pouco mais que ele, só o bastante para estar “ganhando”. Meu irmão entrou na faculdade pública do estado aqui (UFPR). Eu também, mas em um curso mais concorrido que o dele. Meu irmão fez intercâmbio para o Chile, eu fiz para os EUA. Minha motivação para essas conquistas era ser um pouco melhor que ele, só.

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Não é uma motivação inteligente porque é uma motivação baseada em comparação, mas essas coisas só ficam clara depois que você olha de fora da situação. Eu penso que agimos muito em cima de emoções que nem sabemos que temos e isso leva a gente a fazer coisas sem sentido nenhum, mas na nossa cabeça é 100% lógico. Te dou um exemplo… Durante o meu intercâmbio, as pessoas estavam fazendo amizade com gringos, usando drogas e transando. Eu tava em casa jogando Mortal Kombat 9… Eu não fiz amigos gringos porque os únicos que tinham interesse em vídeo games eram muito piores do que eu, então não tinha graça o PvP. Drogas só Coca Zero porque é melhor que coca normal, e se discorda vem pro X1. E transar sozinho não conta. Sabe o filme Django Livre? Eu estava em Jackson Hole - WY e nesse período o filme estava sendo gravado lá. O pessoal saiu pra conhecer o Quentin Tarantino. O FUCKING QUENTIN TARANTINO. E o que eu fiz? É claro que eu escolhi as minhas prioridades né, o PvP vem primeiro.

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Masterizei a execução do combo de 39% de dano da Mileena, personagem de tier S do jogo junto com Kung Lao. Não só naquela noite, mas muitas outras noites que poderiam ter sido conhecendo a cultura de outro país foram dedicadas a desenvolver a habilidade de executar o combo perfeitamente. Mesmo vendado, mesmo bebado e sei que se eu tentar hoje, em 10 minutos a memória múscular me habilita a fazer novamente. Eu passei 12 meses trabalhando pra juntar dinheiro, tendo aula de segunda a sábado e estudando nos domingos pra conseguir ir pro intercâmbio. Jogando muito menos do que eu poderia estar jogando. Em todo esse tempo que eu estava dedicando, a única coisa q eu pensava era: “Que vontade de jogar, mas é errado jogar, preciso conseguir o Intercâmbio” Quando cheguei no Intercâmbio, não havia nada que eu precisasse fazer para ser mais bom menino do que meu irmão então dediquei meu tempo a mim mesmo. E não ao que eu achava que as pessoas esperavam de mim. Nós agimos por emoções que não sabemos que temos e isso nos leva a ações sem sentido algum. Tipo dar tudo de si para conseguir um intercâmbio que, na verdade, você não queria.

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Consegue entender? Movido pelo sentimento de obrigação de superar o meu irmão eu passei muito tempo fazendo uma coisa e pensando em outra. Dizer que foi bom ou foi ruim é complicado porque esse sentimento de querer vencer ele me trouxe uma graduação em administração, me trouxe a capacidade de falar inglês e me trouxe uma competência profissional que me dá uma segurança de trabalho para o resto da minha vida. Mas se eu estivesse livre do “““julgamento da minha família””” sobre mim em ser melhor que o meu irmão e seguisse só a minha vontade, eu teria até feito a faculdade com muito menos estágios, sem intercâmbio e com uma grande dedicação ao esporte eletrônico, que é o que me faz feliz hoje desde antes.

Perceba que escrevi julgamento da minha família entre muitas aspas porque eu NUNCA fui julgado, o oposto, sempre tive apoio. Eu coloquei isso na minha cabeça por algum motivo, talvez porque gostava de competir, talvez porque meus pais merecem demais ter filhos certinhos, sei lá. O que teria sido da minha vida se eu tivesse dedicado meu tempo ao eSport? Pensar constantemente nisso me destruiu emocionamente de forma lenta durante os anos e eu acho que isso vai acontecer com muitos Cyber Atletas que não se tornaram Pros, que são 99,99% dos que sonham com isso. Quero te ajudar a resolver essa pergunta, ela não tem resposta, mas tem solução! Esse é talvez o principal motivo de eu estar escrevendo tudo isso.

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E acredito que a pergunta inversa também seja tão destrutiva quanto. O que teria sido da minha vida se eu tivesse me dedicado menos aos eSports? E o que deve ser engraçado é que as pessoas que encontraram felicidade em qualquer um dos lados não devem se fazer essas perguntas, enquanto as que não acharam felicidade em sua escolha, acreditam que deveriam ter pego o outro caminho. Louco né? Aqui uma foto de mim e do meu coléga de intercâmbio representando essas perguntas malignas, a dualidade existencialista dos Cyber-Atletas.

PS: Dualidade Existencialista é meu P*#@$, quer dizer... meu Azir! Só quero mostrar pra todo mundo que já andei na neve.

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Depois do intercâmbio, ficou claro que que não ia dar pra ignorar aquela vontade de jogar 10 horas por dia. Por coincidência estava tendo aulas de Empreendedorismo na facul, eu cursava Administração. Nunca vou esquecer esse momento da aula, o Prof. Cleverson Cunha, um careca muito fofinho, “lansou a Braba”. “Para você ter um negócio, basta você atender desejos ou resolver dores das pessoas e cobrar por isso. Simples assim.” Insta eu me perguntei: “Qual é a dor/desejo de quem pratica eSport? O desejo de quem compete é vencer e subir no ranking. Outra matéria que eu estava tendo era estatística e eu precisava fazer um trabalho valendo quase toda a nota do semestre. Fiz uma pesquisa com jogadores de ranking extremamente altos e até mesmo alguns proplayers, um questionário com 34 perguntas sobre as melhores práticas de treino e de jogo no League of Legends. Paixão por eSports e Senso de ser um Bom Menino para superar o meu irmão estavam ambos atendidos nesse plano. Três meses dormindo 4 horas por dia, adicionando e entrevistando nego diamante 1 pra cima, alguns ProPlayers.

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Consegui 89 respostas, que para ser sincero não sei se gera uma validade estatística, mas já é alguma coisa. Tirei 9 no trabalho se não me engano. Compilei tudo, transformei em um eBook que chamei de Treinamento High Elo e comecei a vender. Primeira semana, 437 eBooks vendidos. R$ 8.500,00 no bolso. Até o fim do primeiro mês 500 vendas. O que já me caracterizava como Best Seller naquele momento, segundo a plataforma de vendas de eBook que eu estava usando. Eu fiquei completamente EUFÓRICO nessa época. Achei que tinha resolvido o dilema. Eu não precisaria mais dedicar 70% do meu tempo acordado estudando/ trabalhando enquanto pensava em jogar meu eSports. Mas em alguns meses, passando a euforia do sucesso do meu primeiro livro, ficou claro que aquilo não era uma estratégia de vida sólida, mas sim mais um peso esmagando o meu sonho de ser ProPlayer, eu não sonhava em escrever metodologia de eSports, nem ser treinador de eSports. Sabe quando vem aquele parente que não tem afinidade nenhuma com tecnologia, vê que você passa muito tempo jogando e fala: “ESSE MENINO VAI TRABALHAR COM INFORMÁTICA” Tipo isso, mas fui eu mesmo que me trollei sem perceber.

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Mano, fazer negócios com eSports NÃO É PRATICAR eSPORTS Ser treinador de eSports NÃO É PRATICAR eSPORTS Criar conteúdo sobre eSports NÃO É PRATICAR eSPORTS

A quantidade de gente que trabalha com TI porque foi no píloto automático da paixão por games é imensa. Ou to errado? Não quer dizer que essas pessoas deviam ou não estar na T.I. Eu mesmo fui para Administração no Piloto Automático e hoje sei que foi a melhor coisa para mim. Bota na sua cabeça por favor, tenha a coragem de tankar o seu sonho verdadeiro! Eu gastei o dinheiro das vendas do eBook tudo em periférico de PC para jogar mais e ao em vez de jogar mais, continuei fazendo negócios com treinamento em eSports e não praticando o eSports que era o que eu realmente amava. Voltei a viver a rotina de fazer alguma coisa enquanto pensava em estar jogando assim que passou a euforia do sucesso das vendas do Livro, só que agora o sonho estava enterrado sob mais essa camada.

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Minha família super orgulhosa, minha ex-namorada também, meus amigos que só me zoam me respeitaram 2 semanas. 37 mil seguidores no Facebook e os caralho. Enquanto eu apresentava meu caso de sucesso na aula de marketing na UFPR, eu queria estar jogando. Enquanto eu respondia meus leitores as perguntas de LoL, eu queria estar jogando e estar tão perto do jogo sem jogar só deixou a vontade maior. No nível lógico, eu acreditava que deveria aproveitar essa oportunidade de fazer negócios no eSport e no nível emocional, eu queria estar jogando. O que eu ganhava no meu estágio em um ano não pagava o que ganhei em uma semana com o eBook, ainda assim faltou coragem de largar o estágio. fui muito covarde em relação ao que eu realmente queria tanto no nível lógico quanto no nível emocional. E não tive coragem de entender que meu sentimento era de querer jogar e não de querer trabalhar com eSports. E uma confissão importante. Eu não acreditava tanto no que eu estava vendendo naquela época. Eu recebia mensagens diárias de pessoas agradecendo o treinamento, que subiram de elo por causa das informações que passei pra elas. Até que tinha algumas coisas úteis lá, mas o eBook era muito mal feito.

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Erros de português em todas as páginas, não revisei nada. Não tive o capricho de pagar para um designer diagramar o livro. Muitas das mensagens de gratidão que recebi pela metodologia eram, na verdade, efeito placebo. O fato das pessoas terem investido em uma metodologia fez elas acreditarem que era possível subir de elo, por acreditarem treinaram com mais empenho e portanto tiveram um resultado. Se você não acredita num nível emocional que é possível, você não se dedica de verdade, você não faz a coisa chata que vai te trazer resultado só depois de tankar a chatice por meses/anos treinando e trabalhando. Acreditar que é possível é essencial, não é o bastante, mas é essencial. Como as vezes nós não acreditamos de verdade e o único jeito de acreditar é começar a conquistar os primeiros resultados eu gosto bastante de Crie um grande comprometimento para você! Porque dessa forma, você não vai ser só puxado pelo seu desejo de se tornar Pro, mas você também vai ser empurrado pelo seu medo de falhar. Se você não está comprometido, a única motivação é o desejo de ser Pro, e esse desejo de ser Pro vai perder várias vezes para desejos imediatistas. Isso vai fazer você perder tempo, não conseguir subir de ranking e cada vez menos acreditar que é possível. Eu espero que essa ideia faça algum sentido para você.

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Te dou um exemplo claro, hoje em dia não é mais novidade que jogar em todo o tempo não é o melhor jeito de melhorar no jogo. Você melhora mais rápido se dedicar uma parte do seu tempo a aumentar seu conhecimento de jogo e também a estudar replays de gameplay, seja sua gameplay ou seja gameplay de jogadores profissionais. Só que é muito mais divertido ficar só jogando e não estudar replays ou aumentar o conhecimento de jogo, não é? Bom, se você sair por aí dizendo pra todo mundo que quer ser Hokage. Na hora que a coisa apertar seu orgulho vai te ajudar a fazer a coisa difícil que vai te aproximar do caminho de ser um Hokage. Se você quer ser um Cyber Atleta muito bom, crie um comprometimento que fará você analisar replay. Se você tem a vontade de conquistar, mas também tem o medo de falhar. Você vai ser emocionalmente disciplinado. A vontade de jogar agora vai sempre vencer a vontade de ser disciplinado, porque tudo que é imediatista tem mais influencia em nossas emoções. Seja criativo e se coloque numa posição em que se você falhar em conqusitar seu objetivo não só deixará de ganhar mas também irá perder algo valioso.

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Lembre-se, seres humanos são guiados pela emoção mais do que pela lógica, e do meu ponto de vista de não-psicólogo, baseando somente na minha experiência de vida e no que aprendi na faculdade de administração, podemos simplificar isso em duas emoções, o Desejo e a Dor. A maioria das pessoas usa somente o desejo como motivação e toda vez que tem algo chato para fazer, o desejo de se divertir supera o desejo da conquista no longo prazo. O exemplo é parar de jogar um pouco para estudar replays de partidas profissionais ou como funciona aquela match up que você não consegue lidar. Você escolhe a diversão agora ao em vez da evolução mais rápida, entende?

A estratégia do medo foi responsável por me botar no Diamante, por me fazer perder 20kg de gordura em um ano E por boa parte do meu sucesso financeiro.

E como somos guiados pelas emoções e não pela lógica, um grande comprometimento que faça você ter o medo de falhar, junto com a vontade de conquistar pode te transformar em alguém mais disciplinado. É importante dizer que isso funcionou para mim, mas também me levou a stress e ansiedade! Sendo sincero, eu não aconselho você a fazer se você não estiver muito bem consigo mesmo ou se não tiver o acompanhamento de um psicólogo. Existem outros jeitos de conseguir seus objetivos e de ser disciplinado, esse é o que funcionou para mim.

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HISTÓRIA 2

O ARROZ SALGADO NO CBLOL (2016)

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Eu estava no processo de aceitar que não ia rolar ser ProPlayer. Mas trabalhar no esporte eletrônico era naquele momento a carreira mais viável pra mim em termos financeiros mesmo. A minha metodologia de treino já tinha se transformado em uma pequena academia de League of Legends, vamos dizer assim. E claro que uma escolinha de esporte eletrônico vai ter muito mais credibilidade se estiver aliada a um time profissional.

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Enviei mensagem para todos os 8 times do CBLoL e os 6 do Circuitão da época. Achei que não teria respostas, mas me surpreendi. 3 Respostas do CBLoL, uma resposta do Circuitão Os outros não devem ter me respondido ou por não achar que eu era relevante ou por simplesmente não ter ninguém cuidando das mídias sociais da equipe, o que é mais comum do que você imagina. O que me surpreendeu é que a cota de patrocínio do time do circuitão mais barata era R$ 3.000,00 e basicamente a única exposição que eu teria seria a logo nas postagens das mídias sociais. E dos times do CBLoL a mais barata era R$ 5.000,00 e basicamente só teria a logo na camiseta, mais nada. Passaram alguns dias e recebi um email inesperado. Uma resposta tardia das minhas iniciativas de contato com o cenário profissional de League of Legends. A jovem, Líder do CBLoL (No momento) e Toda Poderosa Operation Kino me respondeu. Após ter comprado a vaga da Jayob no CBLoL com promessas fortíssimas como Goku, Professor, Turtle, Skybart, Zuao e Von, hoje são todos nomes consolidados no cenário. A Kino estava procurando jeitos de expandir o negócio deles e faturar mais. Viram em mim uma oportunidade de aproveitar o momento em que estavam.

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Talvez o momento que toda organização de eSports quer ter: liderando a principal liga do país (cblol) com vários jogadores revelação.

Outros nomes nasceram na OPK também, tipo Ranger, Dynquedo, BocaJr. Negociamos e eles foram muito mais abertos comigo do que os outros times. Fecharam o patrocínio com nome na camisa e a possibilidade dos jogadores gravarem vídeos comigo por R$ 1.000 por mês. Eu, ainda sem perceber que o que eu queria era jogar e NÃO fazer negócios envolvendo eSports, fechei o negócio. Minha logo estava presente na camisa da Kino, na época como “League of Legends: Estratégia & Psicologia”, alias, que nome bosta né? League of Legends: Estratégia & Psicologia, ainda bem que mudei. Infelizmente, não tive aumento nas vendas, só a logo na camisa não fez com que as pessoas buscassem por mim na Internet e era bem difícil conseguir gravar os vídeos com os players. Com esse investimento e estava passando aperto financeiro, meu salário dava pra comer arroz, ovo, pagar a kino e o aluguel. Mais nada. Como estávamos fazendo negócios, naturalmente acabei me aproximando dos donos da OPK e eles acabaram me abrindo algumas informações internas. E isso foi o que me levou a ter uma passagem no cenário profissional.

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Ao comprar a vaga do CBLoL, eles também receberam junto os jogadores, um coach e um manager. Caso você não saiba, o manager de um time é o cara que faz a ponte entre o time e a administração. Se o jogador precisa de uma placa de vídeo nova no PC, quem resolve é o Manager. Se a publisher do game precisa dos jogadores pra um evento, ela entra em contato com o Manager do time. Se precisa de uma cozinheira na gaming house, quem resolve é o manager. Tudo quem resolve é o Manager e o Manager que a OPK tinha nessa época era um cara de personalidade fortíssima, chamado Maicon de Souza. E tava rolando uma disputa entre ele e a diretoria da OPK. E a situação era a seguinte: 1. A OPK (Ou qualquer time) ganha dinheiro principalmente com patrocínios. 2. A OPK não tinha tanto dinheiro porque tinha investido em comprar a vaga do CBLoL. 3. A OPK provia para a gaming house uma vida de classe média brasileira. 4. O Maicon acreditava que a OPK tinha dinheiro sim e que o time valia mais do que eles estavam recebendo. 5. Por não acreditar que a diretoria da OPK estava remunerando de forma justa, Maicon não fazia seu trabalho como deveria ser feito. 6. Isso dificultava para a OPK conseguir patrocínios, ganhar dinheiro e remunerar melhor todas as pessoas da organização. A OPK não podia simplesmente mandar o Maicon embora porque o time era muito fiel a ele.

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Vê o problema aqui? Basicamente, uma das partes iria precisar ceder para que as duas conquistassem seus objetivos, mas orgulho é f*#@. Se a treta continuasse a OPK nunca iria prosperar como empresa. Resolvendo a treta talvez ainda não prosperasse, mas se não, é certeza de fracasso. Prosperar como time nem sempre significa prosperar como empresa. Minha experiência com o cenário profissional é super curta, mas aqui vai uma opinião que pode estar errada. Essa situação acontece com frequência no cenário do eSport e no esporte tradicional também. Ser um jogador profissional NÃO é só jogar.

Você, Meninão Sapeca, que quer ser ProPlayer. Redobra a atenção na leitura agora! Muitos ProPlayers não colaboram com suas ORGs. Se algum dia você estiver em um tryout, durante uma entrevista, deixe claro que vai cumprir as suas responsabilidades fora do Rift também. Isso pode ser a diferença entre você ser contratado ou não, porque jogadores bons de qualquer eSports tão sobrando por aí. Acredite, eu já deixei de escolher jogadores para jogar no circuito desafiante por comportamento, gameplay tinha sobrando.

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Não seja burro, não perca seu sonho por ser panaca. Por favor, não seja esse cara. A ideia da diretoria da OPK para resolver esse problema foi trazer uma pessoa para a GH que fosse naturalmente assumindo o papel de Manager e quando o Maicon não fosse mais fazer falta, então demiti-lo. E eu era perfeito para isso. Formado em administração, por dentro do mundo do esporte eletrônico, bom com pessoas, tentando forçar meu caminho no cenário competitivo e portanto aceitando pagamentos menores do que as responsabilidades do trabalho iriam exigir. Do momento em que me fizeram a proposta, eu tive 2 dias para informar minha família que estava indo morar em SP, pedir demissão do meu trabalho (Que pagava bem) e resolver meu contrato de aluguel aqui em Curitiba. Joguei tudo para o alto e fui. Lembro bem, encontrei o Zuao e o Skyer na rodoviária, dividimos um taxi e fomos para a GH. Zuao é uma das pessoas mais simpáticas que já conheci. Eles não entendiam muito bem porque ia ter uma pessoa a mais na GH, mas não tinham problema com isso até esse momento. Lembro bem também do momento que chegamos na GH. Uma casa bem normal, num bairro normal.

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Mas eu sabia que quando eu entrasse na casa, iria encontrar aquela galera que não parece real pra gente. Os cara que são os brabo dos brabo. Os caras que realmente vivem pra jogar o joguinho o melhor possível. E eu sabia que precisava causar uma boa primeira impressão, meu futuro, meu sonho, tudo que importava pra mim dependia daquilo. Eu não sabia como iria reagir, não sabia se iria ficar nervoso, mas minha autoconfiança para falar com gente que não conheço, falar em público e tals é Muito Grande. Eu imaginava que eles já sabiam que eu estava chegando, achei que os donos da OPK estariam lá para me apresentar. Mas basicamente eu cheguei e ninguém fazia nem ideia do porque eu estava indo. Conversei com Zuao e Skyer no Uber indo pra lá, mas não falamos muito e eles não questionaram minha presença porque não parecia relevante. Entrei na casa, coloquei minhas coisas num cantinho, Zuao e Skyer subiram direto para os quartos e eu fiquei ali tipo: ?????????????????????????? Aí o Manager, Maicon de Souza, também conhecido como MDS, chegou na sala e falou:

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“E aí mano, tudo bom? Você é o cara que vai vir morar aqui né? o Xau (Dono da OPK) me mandou whats falando que vinha um cara novo. O que você vai fazer aqui?” Cara… Esse momento foi tenso. Você já jogou life is a strange? Se não, é um jogo em que dependendo de como você interage nas conversas, todo o desenrolar do jogo muda.

Eu juro pra você, eu me senti em uma das decisões tensas do Life is a Strange. Eu sabia que eu estava ali pra tirar o trabalho do MDS por causa da disputa entre ele e a diretoria, então não podia responder o motivo real da minha ida para a GH.

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Sabia também que o time era muito fiel ao Maicon e que se ele não confiasse em mim, o time não iria confiar em mim e portanto, minha missão ia falhar. No Life is a Strange 1 dá pra voltar no tempo, no Before the Storm não dá. Era como uma decisão tensa, mas no Before the Storm, se você jogou você tá entendendo qual é a “tensidão” do momento. Não tinha como eu enrolar a resposta, quem se muda pra uma gaming house sem saber o motivo? AH NÃO VÉI, SÓ VIM MORAR AQUI SÓ DEPOIS NOIS VÊ O QUE EU FAÇO O lance é que esse é meu maior talento, eu só me saio muito bem nesse tipo de situação sempre. A resposta foi:a “Minha missão aqui é ajudar o time a melhorar 1%, só isso. Eu não entendo tanto de LoL pra poder ajudar vocês diretamente no jogo, mas eu entendo muito de competição e tenho experiência pra dividir com vocês Em competições de alto rendimento, 1% pode fazer toda a diferença né? Então a diretoria me chamou pra dar uma força Como pra mim a exposição da minha academia de LoL vale a pena, vim aqui de graça fazer esse trabalho com voces.” Foi muito bom mano.

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Eu tinha uma razão pra acompanhar tudo de perto. Não me comprometi com algo que eu não poderia cumprir. E ninguém poderia olhar pra mim e dizer: “Por que gastar dinheiro com esse cara?! Paga mais pra gente!” Eu me agarrei nesse 1%, me apresentei assim para os atletas, para o coach (Von) Os primeiros dias não foram ruins. A sensação de que os caras são intocáveis acaba passando. É tudo retardado igual você que tá lendo e a mim que to escrevendo. Eu estava dividindo quarto inicialmente com o Skyer e com o Zuao. Na época professor, goku, skybart, Von e MDS eram meio que uma panelinha fechada, então nós três não tivemos muita opção de quarto. Até porque chegamos depois dos outros então ficamos no último quarto. A gaming house era bem largada, os três donos da OPK (Três caras que eu curto muito) mantinham empregos paralelos enquanto tocavam a OPK, eles não eram empresários em tempo integral. E com a empresa com o dinheiro curto, eu tankei tudo que podia tankar. Virei “diaristo” da casa, cozinheiro, saia pra fazer compras, arrumava chuveiro, arrumava problema de internet e tudo mais.

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Mano… Era suave cuidar de mim mesmo morando sozinho. Mas cuidar de mim e 7 marmanjo era uma merda imensa, mas IMENSA mesmo. Porque eu não conseguia fazer bem feito e era cobrado pra fazer melhor… #RespectDiaristas… Tem que ser bom demais. E agora, começou a merda… Os dias foram passando, no começo era suave. Mas eu enxergava aqueles caras vivendo meu sonho e me via como “governanta” da casa, não me desenvolvendo para o meu sonho no nível lógico, que era expandir a minha Academia de LoL e nem para o meu sonho de nível emocional, ser ProPlayer. E a minha cabeça começou a pifar, entrar em parafuso. Eu larguei um trabalho que pagava o equivalente a 4x a renda de um pai de família médio brasileiro, eu dividia uma cobertura duplex com dois amigos num bairro nobre aqui de Curitiba pra ir não só tomar no cu, mas tomar no cu enquanto assisto os outros viverem meu sonho. A única coisa que eu pensava era “Quanto falta pra hora de dormir?”, 80% do dia era isso que eu queria, que chegasse a hora de dormir. E aí a merda aumentou. Várias vezes os donos da OPK passavam lá e falavam só comigo, as vezes me levavam pra jantar com eles.

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E o MDS acabou percebendo que eu estava lá para ser Manager. Eu era tratado como alguém irrelevante, de uma hora para outra comecei a ser tratado igual um merda por quase todos eles. Eu tenho uma cena na minha cabeça que nunca vou esquecer, eu passando pela War Room pra pegar alguma coisa e um dos ProPlayers olhou pra mim e falou: “QUE SE TÁ FAZENDO AQUI CARA? SAI DE PERTO DE MIM…” Gratuito assim. Eu só tava passando. Lembro de estar numa antessala que tinha logo antes da cozinha e ouvir conversas sobre mim que não eram muito respeitosas, digamos assim. Mano… Antes de ir eu assistia os documentários da Riot, o Legends Rising do Revolta… Chorava de emoção, queria aquilo pra mim. Em Curitiba, eu tinha uma vida que era o sonho da maioria das pessoas, bom salário, emprego interessante, casa linda, morando com os brother, almoço de domingo na casa de mamãe. Mas me sentia vazio. Porque queria tá competindo no mais alto nível. Larguei tudo pra estar um pouco próximo disso, me iludindo que eu estaria satisfeito só de estar próximo.

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Me coloquei na situação de bosta de ter que cuidar de uma casa com 7 homens adultos, sem saber fazer isso direito, esses caras me tratavam mal. Talvez nesse momento você esteja pensando que os Players são grandes babacas por me tratarem assim ou que os donos da OPK são grandes babacas por não me ajudarem mais na situação. O fato é que se você ouvir a história pelo lado da OPK, você vai ouvir muitos motivos reais e razoáveis pelo jeito que eles faziam as coisas. Seria algo como: “Nós fizemos de tudo pra dar o máximo de conforto pra eles treinar e eles cagaram pros nossos esforços, sabemos que faltou coisa, mas nós fizemos tudo ao nosso alcance” E se você ouvir a história pelo lado do time, você também vai ouvir muitos motivos. Algo como: “Os caras mandaram um cara pra morar com a gente com o objetivo de passar a perna no nosso amigo! É muita trairagem” A situação inteira era difícil e eu me meti no fogo cruzado. A situação na casa estava muito tensa. Tensão do time comigo, tensão do time com a diretoria, tensão interna do próprio time. Recentemente eles tinham contratado o Turtle e estavam prestes a kickar o Zuão.

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Minha energia, minha auto-estima, meu coração tava tudo na merda já… O que me mantia lá era a ideia de que não se deve desistir se quer conseguir algo, só que eu nem sabia direito o que eu queria mais. Quando eu falava com amigos e família em Curitiba, eles achavam que eu estava vivendo um sonho e isso me dava medo de voltar e ter que encarar o meu fracasso, encarar que eu não era bom o bastante… Passou um mês e meio, estava faltando 2 jogos para definir se a OPK teria vaga nos playoffs. Eu estava dormindo 12 horas por dia, das 20h às 8h, porque não tinha motivos pra ficar acordado. Obviamente ficava deitado olhando pro teto boa parte desse tempo. Um dos donos da OPK chegou na casa ali por umas 21h, ele nunca aparecia esse horário porque trabalhava diretão e estava sempre ocupado. Achei estranho, mas não sai do quarto. Ouvi muita gente subindo, provavelmente todo mundo, e indo pro outro quarto. Logo pensei: tomar o /Kick hoje. Acabou. Realmente não sabia se eu ficava feliz ou triste.

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Comecei a pensar… a. Curitiba, conforto, gente que gosta de mim, um tempinho livre pra jogar. b. Como vou dizer pros outros que tomei um kick do cenário? Vou parecer um bostão. C. Não posso desistir do meu “sonho”, preciso continuar forte. Olhando hoje esse negócio de não desistir talvez só fosse uma desculpa pra não ter que enfrentar o meu fracasso e ter que contar pros outros que fracassei.

Nesse momento, eu estava diante de mais uma decisão Life is a Strange. Eu podia deixar a conversa rolar entre eles, torcer pra que o dono da OPK me defendesse OU eu poderia meter o pé na porta e mandar todo mundo tomar uma água e se hidratar bastante. Decidi ir no quarto. Levantei, coloquei minha pantufinha e andei aquele corredor muito resoluto. Pronto pra acabar com a brincadeira.

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Quando cheguei na frente da porta eu já tinha visualizado a bicuda que eu ia dar derrubando a porta. Meu talento de ser extremamente persuasivo em momentos de pressão social tomou conta de mim, eu bati na porta levemente, pedi licença e disse que imaginava que eles estavam falando de mim e pedi, por favor, o direito de me defender. Eles ficaram numa situação impossível de recusar, eu entrei na sala e me sentei. Estavam todos menos o Von, que chegou depois. Goku, Professor, Turtle, Skyer, Skybart e MDS pedindo para o dono da OPK me mandar embora. Abri meu coração. Falei que larguei uma vida boa pra ir atrás de um sonho secundário de trabalhar com algo próximo do eSports, porque o primário de ser proplayer eu tinha percebido que não ia rolar. E que ver eles viverem meu sonho estava me matando. Abri o jogo, falei que a diretoria não gostava do Maicon, falei que o Maicon não gostava da diretoria. Falei que eu não estava em nenhum dos lados, eu estava no meu lado e que o meu objetivo era alinhado com o objetivo tanto da diretoria quanto dos jogadores. A conversa durou quase 2 horas…

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O dono da OPK vazou. Continuamos conversando mais um pouco. O Von chegou, abriu a porta e perguntou QITACOTECENU AQUI? Consigo ouvir a voz do Goku respondendo ele dentro da minha cabeça “Von, novidade O Martin não é traidor” Desse dia em diante, as coisas melhoraram lá na casa. Eu era tratado com respeito. Criei uma amizade com o Turtle, o cara só é MUITO LEGAL, não tem como tankar o quanto legal o turtle é.

Nesse momento eu tinha algo a meu favor. Eu atingi exatamente a posição que eu estava buscando, ter influência no cenário para expandir minha academia de LoL.

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Eu construí, contra a probabilidade, uma situação onde eu poderia ter feito uma carreira no esporte eletrônico. Tinha um bom relacionamento com a diretoria da OPK, acompanhava eles em eventos então acabei conhecendo muitas pessoas das outras equipes. Cheguei a ir no player summit, conheci todos os ProPlayers de todos os times da época. Mas antes disso, antes de eu chegar nessa situação favorável, aquele período da gaming house foi em muitos aspectos a pior época da minha vida uma parte de mim morreu. O Martin que chegou na Gaming House da OPK morreu lá, ele não aguentou aquela situação, já o novo Martin não sabia muito bem o que queria. Uma sensação de derrota, desânimo e de não valer nada estava por cima do amor pela competição que se expressava no esporte eletrônico. Duas semanas depois, recebi uma proposta do meu ex-chefe do trabalho aqui em Curitiba. Salário maior, a chance de voltar pro conforto depois de tomar tanta porrada na cara. Eu aceitei…

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E eu comecei a arrumar minha mala, eu ia sair da casa sem me despedir, ia só fugir daquela dor e vir pra minha casa em busca de me reencontrar. O MDS me viu arrumando a mala, perguntou o que eu tava fazendo e não deu pra escapar, tive que me despedir. Foi uma das coisas mais intensas que eu vivi essa despedida, mas foi só para mim... Pra eles não foi nada. Eu fui apertado a mão deles e por algum motivo idiota eu mantia uma distância deles como pessoa mesmo depois de ter ganhado a confiança deles. Eu disse: “Senhores, começamos a nos dar bem… Se tivéssemos mais tempo talvez tivessemos virado amigos. Infelizmente vou já. Espero ter cumprido meu papel de ter ajudado voces a melhorar pelo menos 1%” Eles concordaram. Comecei a apertar a mão de cada um e o último era o Turtle. No que apertei a mão dele ele levantou e me deu um abração! Falou algo do tipo… “Eu sou teu amigo, foi tempo o bastante sim”. Faltou muito, mas MUITO pouco pra eu começar a chorar igual uma criança nessa hora.

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Me arrependi muito de ter me despedido desse jeito. Queria ter dito tanta coisa porque pra eles, a minha presença não foi nada. Mas pra mim foi muito intenso, eu morri e renasci dentro daquela GH. Guys, se algum dia isso chegar até voces. Obrigado! Goku, Professor, Skybart, Zuao, Von, MDS e aos diretores da OPK, Xau, Oliver e Pão. Obrigado de Verdade! Eu avancei muito no processo de me autoconhecer por causa de voces. E um obrigado especial pro Tartaruga Véia. O sofrimento que passei com voces me transformou. E foi mal pelo arroz mais salgado que voces comeram na vida :)

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CONCLUSÃO

A FENIX E A PAMONHA

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Se você chegou aqui, provavelmente você se identificou em um certo nível com as histórias. Talvez você se sinta sem esperanças de viver o sonho de ser ProPlayer e tem a sensação de que esse seria o único caminho que pode te trazer uma felicidade consistente. Eu já treinei 1087 alunos pagantes no dia em que escrevo esse eBook pra você. (06/04/2020, meu aniversário By The Way) e muitos outros pelos meus programas de treinamento grátis. Já estive em duas comissões técnicas de times profissionais. Infelizmente, não posso te garantir que você vai chegar lá. Nem Djoko-Senpai poderia, nem mesmo Kkoma-Senpai com 3 títulos mundiais poderia... Mas posso te dar outra certeza que vai ser bem útil para você. A certeza das Pamonhas O Professor de Ética da USP, Clóvis de Barros, fala disso em inúmeros vídeos dele no YouTube. Imagine que você tá com muita fome, não fome que nem o Yasuo do seu time. Fome normal mesmo.

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Quando você encontra um lugar que vende Pamonhas. Você come a primeira pamonha e ela é muito gostosa, mata a sua fome e te deixa muito satisfeito. Nesse momento você se apaixona completamente pela pamonha e decide comer mais. A segunda pamonha, ainda muito gostosa, não é tão incrível quanto a primeira. Na décima pamonha, você não aguenta mais. Você odeia pamonhas, mas talvez a lembrança da primeira pamonha ainda tenha tanta influência que você continua comendo. O individuo que come a primeira, não é o mesmo que come a segunda. Nem é o mesmo que come a décima porque a própria pamonha muda o indivíduo. Você está constantemente mudando. E mesmo que a única coisa que você consiga ver hoje seja o sonho de ser Pro, você vai mudar e o sonho pode continuar, se transformar ou sumir. Imagina se você investe tudo que você tem no sonho e amanhã você passa por algo que faz você não querer mais o sonho, seria uma grande perda de tempo né? Talvez até você deva desistir de ser Pro? De jeito nenhum! O fato de que as coisas podem mudar não deve evitar que você viva o presente. Esse foi o meu erro, negligenciei meu amor por competição que se manifestava nos eSports e depois da Kino enfrentei momentos depressivos, pensamentos suicidas e por consequencia, derrotas em todas as áreas da vida.

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Eu me destruí emocionalmente tentando me tornar um ProPlayer, acredito que isso aconteceu porque eu fiquei constamente pensando em uma coisa enquanto queria fazer outra. Não permiti que meu desejo emocional estivesse alinhado com as minhas ações em nenhum momento. Me matei criando uma metodologia de treino foda, fazendo um intercâmbio e até mesmo tentando forçar meu caminho pro competitivo indo para uma GH por um motivo nada a ver. Valeu a pena? Não sei. Mas teria valido a pena ter dado tudo de mim para se tornar ProPlayer, mesmo se eu conseguisse? E esse é o pulo do gato! A resposta é que eu não sei também. A décima Pamonha é sempre um mistério.

“Todas as coisas poderiam ser quaisquer outras coisas, e ainda assim teriam a mesma importância.” - Tennessee Williams Essa frase não é fácil de entender, mas vale o esforço.

A única coisa que eu sei é que o eu de hoje, não é o mesmo eu de ontem e também não é o eu de amanhã, porque as “pamonhas” estão constantemente transformando a mim e a todas as pessoas.

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É assim que eu vejo o mundo. Um monte de pamonha.

Imagino que nesse momento você esteja esperando uma resposta final, sobre se vale a pena ou não se esforçar para ser ProPlayer. Meu conselho, tão válido quanto um conselho dado em uma conversa de bar, é: Coloque o máximo dos recursos que você pode por no seu sonho atual, deixe um pouquinho de recurso para estar sempre experimentando coisas novas. Se o caminho doer ou não, o sofrimento ou não vai te transformar na sua melhor versão. Eu me encontrei hoje sendo um Streamer e entretendo as pessoas com positividade, o conhecimento que ganhei sobre o jogo e até mesmo as histórias que vivi.

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E sabe de uma coisa? Depois de ter sofrido tanto tentando ser ProPlayer, o gosto de treinar alguém no League of Legends ficou diferente, porque eu não ajudo mais só com a Gameplay, eu contribuo para evitar sofrimento sem sentido. No passado eu não me importava com isso, mas depois de eu ter sofrido, comecei a me importar. O tempero do meu fracasso deixou o que eu já tinha muito mais gostoso.

Se você usar certinho, o fracasso pode ser o tempero da sua nova Pamonha.

Eu to escrevendo isso às 19h 52min do dia do meu aniversário e eu realmente não queria estar em nenhum outro lugar. Espero que de alguma forma isso tenha te ajudado. E para deixar um pouco mais prático, me deixe te ajudar a visualizar possíveis pamonhas em sua vida.

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Existem muitas profissões que podem ser conectadas ao eSport, vou pensar alguns exemplos de cabeça. Programação com vários diferentes subsegmentos. Programador de jogos de RPG Mobile (Ou jogos de Puzzle, ou Jogos de Y, Z...) Programador em grandes empresas de game Programador de jogos Indie Cada uma dessas três profissões tem rotinas completamente diferentes que podem usar muito bem sua paixão por eSports. Design com vários diferentes subsegmentos. Ilustrador de Concept Art. Modelagem 3D de Personagens. Animador de Jogos 2d. Stream com diferentes vertentes. Stream com vertente educativa. Stream com vertente de humor pastelão. Stream com vertente de humor sarcastico. A essa altura você já entendeu que dentro dessas profissões existem várias subcategorias, então aqui vai mais algumas profissões para você “quebrar” em potenciais interesses seus. Editor de Vídeo, Roteirista, Jornalista, Psicólogo, Empresário, Treinador e Muitas Outras...

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Lembre-se também que as oportunidades não estão só em fazer coisas novas, as vezes você pode usar melhor algo que você já tem. Por exemplo, as vezes você é um estudante de engenharia e pode criar um modelo matemático para ganhar mais partidas no seu eSport, sei lá. As vezes você estuda direito e pode oferecer um pouco do seu tempo livre para uma empresa de games. Ou talvez faça o caminho contrário, pegue algo que você usa no eSport para agregar em outra coisa. Eu não sei cara, tem tanta coisa que dá pra fazer, tanta pamonha diferente pra comer. Se quiser bater um papo, cola na minha stream que vou adorar ouvir a sua história também, agora que você já ouviu a minha. Te amo por ter lido até aqui.

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Vá atrás do seu sonho e experimente coisas novas É isso. Escolha a mídia social que você mais gosta e me mande uma mensagem dizendo o que achou. Os links estão no rodapé. Dá uma passada no Show Matinal de Positividade. Terça, quinta e sábado das 10h às 13h. twitch.tv/Melevis

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