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FACETAS DIRETAS DE RESINA COMPOSTA
INTRODUÇÃO Atualmente existem diversas opções restauradoras para os dentes anteriores, sejam procedimentos diretos ou indiretos, envolvendo resinas compostas ou cerâmicas, situação que, muitas vezes, acarreta dificuldade ao cirurgião-dentista no correto diagnóstico de qual técnica e qual material seriam os mais adequados para cada situação clínica. A atual odontologia de mínima intervenção preconiza que, para qualquer tipo de procedimento, o profissional deve, sempre que possível, optar pelo tratamento mais conservador, isto é, com maior preservação de estrutura dental sadia, visando ao bom prognóstico em médio e longo prazos não apenas em termos de estética, mas também em aspectos funcionais e biológicos. Essa orientação nos leva a concluir que devemos executar um minucioso plano de tratamento para cada caso clínico isoladamente. A técnica de facetas de resina composta está dentro das opções para restauração de dentes anteriores, e vem ganhando cada vez mais espaço, pois permite a correção de cor, a modificação de tamanho, volume, textura e o alinhamento dos dentes envolvidos, bem como é adequada a situações em que seja necessário criar ilusões para os observadores, a fim de proporcionar uma composição dentofacial mais harmônica. Deve-se saber qual material usar na técnica direta, suas características ópticas, vantagens e desvantagens. De forma simplificada, as resinas utilizadas para dentes anteriores são divididas em microparticuladas, micro-híbridas, manoparticuladas e nano-híbridas.
SELEÇÃO DA RESINA COMPOSTA DE ACORDO COM SUAS CARACTERÍSTICAS Características CARGA VANTAGENS
Microparticuladas MicroNanoparticuladas Nanohíbridas híbridas 0.01 a0,04mm 0,6 a 1,0mm ? 0,04 a 3,0mm Excelente Boa ? Maior lisura polimento resistência; superficial; imediato; vítrias e razoável manutenção estéticas. manutenção do brilho do polimento.
DESVANTAGENS
Fragilidade; perda do polimento; manchamento.
CARACTERÍSTICAS ÓPTICAS MARCAS COMERCIAIS
Bastante translúcida. Durafill VS(Heraeus Kulzer); Renamel Microfill (Cosmedent).
Dificuldade de manter e oferecer polimento superficial. Translúcida.
Custo; falta de avaliações clínicas em longo prazo.
4 Seasons (Ivoclar Vivadent); Esthet-X HD (Dentsply).
Filtek 2350XT (3M ESPE).
Translúcida.
Custo; falta de avaliações clínicas em longo prazo. Translúcida. Grandio (VOCO) e Premise (SDS Kerr).
• ATENÇÃO: O valor constitui a dimensão mais importante, provocando sensação de profundidade ou aproximação, e é relacionado com a opacidade e a translucidez. Erros de valor comumente resultam em restaurações esbranquiçadas ou acinzentadas. ↑Valor = mais translúcido e acinzentado. ↓Valor = mais opaco e esbranquiçado. Pode ser definido pela capacidade de absorção ou reflexão de luz do material. Pensar em valor é pensar em translucidez, opacidade e luminosidade.
Limitações das escalas de cores - Cada sistema de resina composta tem um gráfico diferente de seleção de cor; - O material dos dentes da escala de cor não é semelhante ao das resinas compostas tampouco ao do dente natural; - A espessura das amostras deveria ser semelhante à espessura do material usado na prática clínica, seguido a estratificação natural; - Uma escala completa de cores deveria incluir amostras de esmalte e dentina de diferentes espessura.
Aspectos para seleção da cor Devemos considerar: - Fazer a escolha da cor antes do isolamento absoluto do preparo do dente; - Os dentes devem ser limpos e hidratados;
- Posicionar-se em frente ao paciente, mantendo uma distância em torno de 50 cm do dente a ser observado; - O ambiente ao redor do paciente deve conter cores neutras; - A escolha deve ser feita de preferência à luz natural, com o refletor desligado.
Métodos para escolha da cor Pode ser realizada de 3 formas: 1. Fazendo uso de uma escala de cores, sendo a Vita Classic a mais comumente utilizada. 2. Uma pequena porção de resina composta, colocada sobre a superfície vestibular do dente a ser restaurado ( sem condicionamento e aplicação de sistema adesivo), deve ser polimerizada durante 30 segundos e umidificada com a saliva do paciente; feito isso, o próximo passo é comparar a cor da resina com a do dente. 3. Para os casos mais desafiadores, como hipoplasia de esmalte, descalcificação ou fluorose, que dificultam a escolha da cor por não haver uma homogeneidade, recomenda-se que o profissional faça o “mapa cromático” do dente. *Mapa Cromático: Reunião de todas as informações detalhadas das características individuais dos dentes, desenhados e anotados em um esboço dental.
USO DE CORANTES NA CARACTERIZAÇÃO INTRÍNSICA DAS RESTAURAÇÕES CORANTES Branco Azul, cinza, violeta Amarelo- amarelomarrom Laranja- amarelo, ocre Rosa, vermelho
INDICAÇÕES Simula opalescência Simula translucidez Aumenta o croma
REGIÕES DE USO Manchas localizadas Entre mamelões Ccervical
Simula ilusão de estreitamento Simula matriz gengival
Proximais Cervical
• ATENÇÃO: -Características dos dentes jovens: translucidez típica no terço incisal com halo opaco; mamelões bem definidos; - Características dos dentes envelhecidos: diminuição do volume dental; abrasão do esmalte, reduzindo ou eliminando a textura; bordo incisal com diminuição ou eliminação dos halos opacos e translúcido; aumento do croma e diminuição do valor.
Estratificação natural: Consiste na reconstituição de restaurações em variados níveis, desde as mais simples, como as monocromáticas, até as mais complexas, como é o caso das facetas policromáticas, dotadas de diferentes opacidades e níveis de saturação no sentido vestíbulo palatal e gengivoincisal.
INDICAÇÕES PARA FACETAS EM DENTES ANTERIORES: - Dentes escurecidos para os quais o clareamento não foi efetivo ou não está indicado; - Dentes mal posicionados para os quais a ortodontia não está indicada; - Dentes malformados, ou seja, que apresentam alguma anomalia, como amelogênese ou dentinogênese imperfeita, porém sem grave comprometimento, não necessitando de coroas totais.
- Amplas lesões de cárie na vestibular, principalmente quando resultarão em restaurações de classe III ou IV mesial e distal simultâneas, em que a resolução estética é mais difícil; - Reanatomização de dentes.
CONTRAINDICAÇÕES DAS FACETAS DIRETAS: - Alongamento de dentes em que a guia de protrusão se dá apenas na região restaurada; - Pacientes com bruxismo e impossibilidade de uso de placa noturna; - Hábitos traumáticos; - Oclusão topo a topo; - Higiene deficiente; - Doença periodontal; - Coroas com ampla perda de estrutura, principalmente no caso de dentes com abordagem endodôntica e restaurações médias a grandes de classe III ou IV ( que envolvam mais de 50% da estrutura dental). - Dentes vestibularizados para os quais a ortodontia está indicada e é possível; - Dentes muitos escurecidos nos quais a faceta não mascararia o escurecimento, estando indicados também clareamento ou procedimentos mais invasivos (coroa protética).
VANTAGENS DAS FACETAS DIRETAS: - Menor desgaste da estrutura dental (em torno de 0,4 a 1,0 mm); - Possibilidade de confecção da restauração em uma única sessão; - Facilidade de preparo; - Boa relação custo/benefício; - Não necessita da confecção de provisórios; - Ótimos resultados estéticos; - Facilidade de reparo com bons resultados se comparadas às facetas de cerâmica.
LIMITAÇÕES DAS FACETAS DIRETAS: - Dentes muito escuros necessitam de preparo com maior desgaste em relação às cerâmicas para uso opaco; - Dentes com grande giroversão e apinhamento, nos quais o desgaste seria muito significativo, inviabilizam o uso de facetas; - Dentes com alteração de posição para vestibular, pelo motivo citado anteriormente; - Pacientes fumantes ou pacientes que ingerem substâncias corantes, devido à alteração precoce de coloração que poderá ocorrer; - Pacientes com bruxismo (uma vez realizado o diagnóstico prévio, o paciente deverá obrigatoriamente fazer uso diário de placa miorrelaxante para proteção das restaurações); - Como consequências da escovação e da ingestão de alimentos abrasivos, podem ocorrer manchamento e perda de polimento em médio/longo prazo e/ou os desgastes das restaurações; o paciente deve ser informado acerca dessas características inerentes à resina composta.
ETAPAS DE DIAGNÓSTICO: - Expectativas do paciente. Saber quais expectativas o paciente espera, além de suas características físicas e psíquicas, direcionando traços mais suaves ou marcantes de acordo com sua personalidade. Análise facial (tipo facial, simetria facial, linha média, ângulo nasolabial, sulco mentolabial). Análise dentolabial (espessura do lábio, contorno do lábio, perfil incisal). Análise do sorriso (largura do sorriso). Fazer as análises com auxilio de fotografia, modelos de estudo e programas de computadores. - Condição de saúde do paciente. Paciente tem que ter participação ativa no controle do biofilme bacteriano, por meio de higienização dirária. Nenhum tratamento reabilitador alcançará sucesso em um paciente sem boa saúde bucal.
- Oclusão. Avaliar os contatos oclusais em MIH e nos movimentos excursivos da mandíbula (protusão, lateralidade, guia canina, guia incisiva) e, assim, corrigir ou mesmo evitar o aparecimento de interferências oclusais ou contatos prematuros, que são nocivos para o sistema estomatognático. - Hábitos Parafuncionais. São negativos para a longevidade clínica das facetas. O profissional deve fazer um correto diagnóstico da existência de tais hábitos e esclarecer os possíveis danos, sejam eles mecânicos como o hábito de roer unhas, morder lápis ou bombas de chimarrão, sejam estéticos como a ingestão de substâncias corantes ou o hábito de fumar. - Morfologia gengival. Avaliar altura do sorriso e contorno gengival. Em alguns casos é necessário correções da harmonia gengival por meio de cirurgias periodontais. - Condições dos dentes. Ver causas de alterações de cor ( intrínseca ou extrínseca), a posição e o alinhamento, a vitalidade pulpar, a presença de restaurações, avaliar condições periapicais.
ESCOLHA DOS MATERIAIS E DA TÉCNICA RESTAURADORA
A escolha do material e da técnica restauradora de facetas se baseia em várias classificações, que, por sua vez, se relacionam com os seguintes critérios: - Profundidade do preparo. Dependera do grau de escurecimento do dente. Sem desgaste - quando o escurecimento for parcial. Apenas uma leve asperização da superfície vestibular. Com desgaste de esmalte – quando o escurecimento for total. Com desgaste de esmalte e dentina – quando o escurecimento for total com recobrimento incisal, envolvendo parcialmente a face palatina. - Extensão do preparo. Poderá envolver face vestibular parcialmente, sem o comprimento do bordo incisal, ou totalmente, recobrindo o bordo incisal. - Seleção da resina composta. Geralmente opta-se por resinas compostas microhíbridas, nano-híbridas ou nanoparticuladas. Apresentam maior resistência mecânica, excelente translucidez e opalescência, lisura superficial após polimento. Dependendo do grau de escurecimento pode-se usar corantes e opacificadores para melhor caracterizar o aspecto final da restauração.
INSTRUMENTAL NECESSÁRIO • Preparo dental: Caneta de baixa rotação, caneta de alta rotação, recortador de margem gengival, sonda milimetrada e pontas diamantadas esféricas (1012 ou 1014) e tronco cônicas de extremidade arredondada (2215 ou 4138). • Isolamento do campo operatório: material para isolamento absoluto, dique de borracha, arco, grampos (206 a 209), fio dental, fio retrator e tesoura clínica. • Condidionamento da superfície: ácido fosfórico, primer, adesivo, microbrush. • Inserção da resina composta: kit de resinas escolhido, espátulas metálicas para inserção de compósito, pincel de ponta chata, microbrush. • Acabamento e polimento: micromotor, contra-ângulo e peça reta, tiras de lixa para resina, discos de lixa, pontas siliconadas, discos de feltro, pasta para polimento, pontas diamantadas da série dourada.
PREPARO DENTAL • Fatores que influenciam no preparo: - Quanto mais escuro o dente, maior a necessidade de uso de opacificador, e portando, mais invasivo será o preparo. - Sempre considerar a possibilidade de clarear o dente antes, para minimizar o desgaste dental. - Inclinação do dente (quando não for possível alinhar o dente por ortodontia). - Espaços entre os dentes. - Altura da linha do sorriso (quanto mais gengival for o sorriso, maior deve ser a preocupação com o terço cervical da faceta, zona de maior croma e que estará em evidência). - Áreas estática e dinâmica de visibilidade. - Tipo de dente e localização na arcada. - Necessidade de modificação para ilusão dimensional.
TÉCNICA DE PREPARO 1. Determinar com grafite a periferia do preparo cavitário na vestibular do dente. Podendo estender-se 0,5mm subgengivalmente, com uma ponta diamantada esférica 1012, executa-se uma canaleta em “esmalte” com profundidade mínima de 0,2 mm e máxima de 0,6 mm. 2. Estende-se para a face proximal, o que favorecerá o resultado estético final, pois não permite a visualização da interface dente/restauração visto pelas ameias proximais. 3. Com uma ponta diamantada tronco-cônica 2215 efetua-se um ou dois sulcos de orientação vestibular no sentido gengivoincisal, com profundidade de 0,2 mm a 0,6 mm. 4. É importante acompanhar as inclinações da coroa, que normalmente são duas: uma no terço cervical,e outra nos terços médio/incisal. 5. Após a confecção dos sulcos de orientação, os mesmos devem ser unidos com uma ponta diamantada tronco-cônica 4138 até desgaste de toda a estrutura intermediária, deixando-a bem lisa e sem irregularidades. 6. O preparo deve ter o término com chanfro e executado com ponta diamantada de diâmetro equivalente ao desgaste necessário (a própria 4138 pode fazê-lo), proporcionando melhor adaptação e integridade marginal das facetas, além de proporcionar uma espessura vestibular de resina suficiente e sem sobrecontorno. 7. Após o uso dos instrumentos rotatórios, é altamente recomendável que se utilizem recortadores de margem gengival no ângulo cavossuperficial, exceto à margem cervical, para remoção de prismas de esmalte sem apoio para dentina, que podem trincar até mesmo com a contração de
polimerização de resina composta.
CONDICIONAMENTO DA SUPERFÍCIE
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PASSOS: Isolar dentes vizinhos com matriz transparente ou fita veda rosca. Condicionar a superfície com ácido fosfórico por 30s em esmalte, se for o caso, 15s em dentina. Lavagem em seguida com spray ar/água pelo mesmo tempo que o condicionamento. Secagem com cuidado da superfície, principalmente quando houver exposição da dentina, mantendo certo molhamento superficial. Aplicação do primer com auxilio do microbrush. Volatizar o solvente com um jato de ar a uma distância de 20 cm por 10s. Aplicação do adesivo uma a duas vezes, cuidando para não formar uma camada muito espessa. Fotopolimerizar por 20s.
APLICAÇÃO ESTRATIFICADA DA RESINA COMPOSTA 1- Inserção da resina composta pela conformação da paliatina e da incisal. 2- Aplicação do agente opacificador, quando usado, sobre toda a região que estiver escurecida. 3- Aplicação de resina composta de dentina, obedecendo a estratificação natural do dente. 4- Observar se os outros dentes apresentam os mamelões dentinários bem definidos. 5- Aplicação de resina de esmalte translúcida no terço incisal da face vestibular, quando adicional fluorescência for necessária. Todos os incrementos devem ser polimerizados por, pelo menos, 20s, resultando em uma restauração esteticamente satisfatória antes mesmo do acabamento e polimento.
ACABAMENTO E POLIMENTO 1- Dmarcação com grafite das áreas de espelho que servem de guia. Deve ser feito com instrumentos abrasivos rotatórios, em uma sequência decrescente quanto ao tamanho dos grânulos. 2- É importante prestar atenção aos dentes que apresentam bastante caracterização anatômica, pois se muito desgastados com lixas muito abrasivas, é necessário fazer a correção com pontas douradas, siliconadas ou diamantadas FF. 3- Começar com discos de lixas intermediárias do kit, estando as mais abrasivas indicadas apenas para acabamentos mais grosseiros. 4- Uso de feltros já impregnados de polidores ou associados com uma pasta polidora fina é altamente indicado para concluir o polimento e aumentar o brilho da restauração. 5- Uso de tiras de lixa de poliéster tbm é importante para a lisura proximal. Deve-se ter cuidado para não remover o contato proximal.
MODIFICAÇÕES POR MEIO DE ILUSÃO ÓPTICA Aumento da largura e/ou redução do comprimento Separação dos três planos da face vestibular no sentido apicocoronal Clara convexidade do terço cervical Aplainamento da face vestibular no sentido mesiodistal Clara inclinação para palatal no terço incisal Evidenciação das linhas e cristas horizontais Redução da largura e/ou aumento do comprimento Separação mínima nos três planos da face vestibular no sentido apicocoronal Aumento da convexidade da face vestibular no sentido mesiodistal Arredondamento na borda incisal distal a partir do terço médio do dente Evidenciação das linhas e cristas verticais
CUIDADOS PÓS-TRATAMENTO As etiologias que normalmente mais causam o manchamento das restaurações de resina composta são: a penetração através da superfície, de pigmentos oriundos de refrigerantes à base de cola; uso de antisséptico bucal e tabaco; e a impregnação por íons metálicos. A prevenção se dá por meio de controle da dieta, da higiene oral e do uso prudente de substâncias pigmentantes. A interface dente-restauração também constitui um local suscetível ao manchamento, principalmente quando adesivos hidrofílicos foram aplicados (convencionais de dois passos ou autocondicionantes de um passo), devido a sua maior solubilidade e consequente penetração de corante na interface dente/restauração.