Fisiologia da pele

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1 Pele Função, Estrutura, Fisiologia e Etnbriologia ----·

Celso Tavares Sodré, David R. Azulay e Rubem D. Azulay

Abreviaturas usadas no capítulo Akt Bcl-2 C3 CD Células NK CGRP CLA DHEA-S DHT EGF Fasl

Fc FGF-13 GM-CSF HE HLA HPV lg ll



Proteinoquinase antiapoptótica Família de genes reguladores da apoptose Proteína do sistema complemento Clusterofdifferentiotion. Denomina um conjunto de moléculas marcadoras de superfície celular Células naturalkiller Peptídio relacionado com o gene da calcitonina Antígeno linfocitário cutâneo Sulfato de desidroepiandrosterona Di-hidrotestosterona Fator de crescimento epidérmico Fos ligond. Proteína transmembrana da família do TNF que se liga ao receptor Fos e desencadeia o processo de apoptose Frogment crystollizoble. Porção responsável pela atividade biológica dos anticorpos Fator de crescimento fibroblástico básico Fator estimulador de colônia de granulócito-macrófago Hematoxi 1ina-eosina Antígeno leucocitário humano Papilomavírus humano lmunoglobulina lnterleucina

Função da pele A pele do ser humano, que corresponde a 15% de seu peso

corporal, é um órgão que reveste e delimita o organismo, pro­ tegendo-o e interagindo com o meio exterior. Sua resistência e flexibilidade determinam a sua plasticidade. Essencialmente dinâmica, a pele apresenta alterações constantes, sendo dotada de grande capacidade renovadora e de reparação, e de certo grau de impenneabilidade. Etn toda a escala animal, a pele exerce funções diversas que se 1nodificain filogeneticamente; exerce funções respiratórias em determinados animais, do mesmo modo que oferece pro­ teção física a outros (escan1as, nos peixes), assim como é capaz de despertar atração sexual pelo cheiro das secreções glandu­ lares. No que diz resp eito ao ser humano, a pele é um órgão de

KGF KiM8 LTB4 M-CSF ME MEK/ERK MHC MSH NF-KB NGF PAS PDGF PDZ PGE2 Pl-3K/Akt POMC PPAR-13 S-100 SCF TGF TNF VEGF

Fator de crescimento queratinocítico Antígeno monócito/macrófago-específico leucotrieno B4 Fator estimulador de colônia de macrófago Microscopia eletrônica Via de sinalização proteinoquinase ativada por mitógeno/ quinase regulada por sinal extracelular ativada por antígeno Complexo principal de histocompatibilidade Hormônio estimulante de melanóc tos i Fator nuclear kappa B Fator de crescimento neural Ácido periódico de Schiff Fator de crescimento derivado de plaquetas Domínio estrutural de proteínas sinalizadoras Prostaglandina E2 Via de sinalização fosfoinositol 3-quinase/serina/treonina quinase Pró-opiomelanocortina Receptor ativado por proliferador de peroxissomo (beta) Família de proteínas de ligação de cálcio Fator de células-tronco Fator transformador do crescimento Fator de necrose tumora 1 Fator de crescimento endotelial vascular

grande importância, pois visa manter um equilíbrio com o meio exterior, no sentido da manutenção vital do meio interior. Sua mais importante e vital função é a conservação da homeostasia (tern1orregulação, controle hemodinâmico e produção e excre­ ção de n1etabólitos). Desempenha, ainda, função sensoria� por intermédio dos ele1nentos do sistema nervoso situado na derme, efunção de defesa contra agressões físicas, químicas e biológicas, para a qual se destacam, pela sua importância, a ceratinização, o manto lipídico e o sistema imunológico. Embora participe de maneira absolutainente interativa e interdependente do orga­ nis1no con10 un1 todo, não raras vezes manifestando alterações de órgãos internos, por motivos didáticos a pele será abordada de 1nodo particular neste capítul o. Vale lembrar que, muitas vezes, condições psíquicas do indivíduo manisfestam-se na pele, que ten1, ainda, conotações de ordem racial, social e sexual.

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1 1 Pele 1 Função, Estrutura, Fisiologia e Embriologia •

Proteção É exercida das mais diversas maneiras contra as agressões do

meio exterior. A pele tem uma resistência relativa aos agentes mecânicos por sua capacidade moldável e elástica (fibras colá­ genas, elásticas e hipoderme). No sentido físico, essa proteção se realiza pela capacidade de, por meio de seu sistema melâ­ nico, neutralizar as radiações lumínicas ultravioleta (RUV) e, até mesmo, ionizantes, ao menos parcialmente. Cabe salientar que a produção de melanina, além do controle genético e ambiental, sofre interferência da porção intermediária da hipófise por meio do hormônio intermedina, ou MSH. Por outro lado, a melato­ nina, produzida pela hipófise por meio da açáo da norepinefrina, clareia a pele ao induzir a agregaçáo dos grânulos de melanina em torno do núcleo das células. Pela sua relativa impermeabilidade à água e aos eletrólitos, a pele mantém o equilíbrio hidreletrolí­ tico. Outros tipos de proteçáo são: a físico-química, no sentido da manutenç.'lo do pH ácido (5,4 a 5,6) da camada córnea; a química, por meio do manto lipídico com atividade antimicrobiana; e a imunológica, presente, na epiderme, pelas células de Langerhans e, na derme, à custa de macrófagos, linócitos f e mastócitos. •

Percepção

Os elementos nervosos que existem, sobretudo na derme, possibilitam o reconhecimento de sensações especiais, como calor, frio, dor e tato, o que conduz a um mecanismo de defesa no sentido de sobrevivência. •

Hemorregulação e termorregulação

A pele, com seus extensos plexos vasculares e corações peri­ féricos (os glomos), colabora na manutenção e na regulação do débito circulatório. Em determinadas ocasiões, o aumento do débito sanguíneo periférico é compensado pela constriçáo dos glomos, com desvio da circulação para a rede capilar, e pela utilização plena da capacidade total de enchimento de outros vasos; já no choque, a dilataçáo dos glomos e a constrição dos vasos cutâneos provocam a palidez característica, que denun­ cia a elevada funçáo hemorreguladora da pele. A homeotermia ou termorregulação é mantida por um mecanismo comandado pelo centro termorregulador por meio das vias do sistema ner­ voso autônomo, levando a vasoconstrição ou vasodilatação. Além disso, os vasos são sensíveis a duas substâncias químicas circulantes: a norepinefrina e a acetilcolina. No mecanismo de termorregulaçáo, exercem uma açáo especial as glândulas sudoríparas écrinas, que, sob estímulo colinérgico, aumentam a sudorese, causando a perda de calor. •

pele tem também uma açáo decisiva na síntese e na metabo­ lizaçáo da vitamina D (Capítulo 73, item Fotoproteção e vita­

mina D).

..,. Estrutura e fisiologia A pele é constituída, basicamente, por três camadas inter­ dependentes: a epiderme, mais externa; a derme, intermediária; e a hipoderme, mais profunda. A transição entre a epiderme e a derme é denominada junção dermoepidérmica ou zona da membrana basal (Figuras 1.1 e 1.2). •

Epiderme É, basicamente, um tecido epitelial estratificado cerati­

nizado, com variações estruturais e funcionais significativas dependendo da localizaçáo anatômica. É constituída por: sis­ tema ceratinocítico, composto por células epiteliais denomi­ nadas queratinócitos, responsáveis pelo corpo da epiderme e de seus anexos (pelos, unhas e glândulas); sistema melânico, formado pelos melanócitos; células de Langerhans, com funçáo imunológica; células de Merkel, integradas ao sistema nervoso; e células dendríticas indeterminadas, com funçáo mal definida. A derme desempenha uma influência reguladora sobre a mor­ fogênese e diferenciação epidérmica, sendo fundamental para a determinaçáo de sua espessura, arquitetura, tipo de diferen­ ciaçáo e padrão dos seus anexos. O pH da pele situa-se entre 4,6 e 5,8.

• A :>

Secreção

Como elementos produzidos pela pele, destaca1n-se a cito­ queratina, a melanina, o sebo e o suor, todos com funções defi­ nidas e harmônicas. •



Excreção

As glândulas écrinas secretam água, eletrólitos, bicarbona­ tos, ureia, metais pesados etc., à semelhança do rim. •

Metabolização

A pele também sintetiza hormônios, dentre eles a testoste­ rona e di-hidrotestosterona, que têm um papel muito impor­ tante na alopecia androgenética, na acne e no hirsutismo. A

• Figura 1.1 H istologia normal da pele. Seta amarela = epiderme; setas bran­ cas = folículo piloso; seta preta = glândula sebácea; seta vermelha = vaso sanguíneo; seta azul = glândulas sudoríparas écrinas. HE, 100 x. (Cortesia

da Dra. Airá Novello Vilar.)

Parte 1 1 Fundamentos da Dermatologia

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Camada de Malpighl

Crista epidérmica

Camada o

basal �

o eretor do pelo

Derme

papilar

Derme reticular

Dueto da glândula sudorlpara écrina Glândula sebâcea

I

apócrina

Hipoderme

Figura 1.2 Componentes da pele. P = protuberância folicular ou bulge; PF = papila folicular.

Sistema ceratinocítico Responsável por, pelo menos, 80% das células epidérmicas, é caracterizado pela disposição lado a lado de suas células e por sua constante renovação. O alto índice de multiplicação celular dos queratinócitos da sua camada mais profunda, a camada basal, fornece as células que, a seguir, gradativamente se modificam (diferenciação) e migram para a superfície, for­ mando a camada espinhosa ou de Malpighi; essas células, após passarem por um rápido estágio em que se apresentam com o citoplasma mais basofílico e granuloso, a camada granulosa, transformam-se subitamente em células anucleadas, os corneó­

citos, sendo então eliminadas para o meio ambiente na camada mais externa da epiderme, a camada córnea (Figura 1.3). O citoesqueleto de todas as células eucarióticas é composto por urna complexa rede de proteínas estruturais com dife­ rentes diâmetros de espessura, incluindo os microfilamentos de actina (6 nm), os filamentos intermediários (10 nm) e os microtúbulos (25 nm). No queratinócito e nas demais células epiteliais, os filamentos intermediários ou tonofilamentos são compostos por citoqueratinas (ck); eles se dispõem em torno do núcleo e conectam-se até alcançarem as placas desmossô­ micas e se inserirem nelas, ajudando a compor o citoesqueleto dessas células. São conhecidos mais de 30 tipos de ck, sendo 20 epidérmicos e 1 O do pelo; os epidérmicos são divididos em tipo I (ácido: ck de 9 a 20) e tipo II (básico: ck de 1 a 8). Para formar um filamento intermediário, é necessária a combina­ ção de uma ck do grupo I com outra do grupo II. A expres­ são de determinado par de citoqueratina varia segundo o tipo celular e seu grau de diferenciação, podendo ser adotado como marcador dessas situações, assim como de algumas condições patológicas (ver adiante o item Citoqueratinas).

Além de sua função e.strutural, os queratinócitos participam ativamente dos processos inflamatórios e imunológicos, seja como células-alvo (p. ex., psoríase, lúpus eritematoso, líquen plano etc.), seja como secretores de citocinas, neuropeptídios e outros mediadores. O queratinócito é capaz de produzir subs­ tâncias com ação autócrina (agem sobre si mesmas), parácrina (ação sobre as células vizinhas) e, em situações muito especiais, endócrinas (ação a distância). Fazem parte desse painel de subs­ tâncias: mediadores inflamatórios (IL-1, antagonista da IL-1,

IL-6, IL-7, IL-8 e outras quimiocinas, IL-10, IL-12, IL-15, IL-18, 1NF-a, GM-CSF e M-CSF), reguladores do crescimento ou da diferenciação celular (TGF-a e �. PDGF, FGF-�, VEGF e SCF), neuropeptídios (CGRP, substância P e somatostatina), neuro-hor­ mônios (POMC) e outros mediadores (PGE2, LTB4 etc.).

Gap junctions

são canais proteicos transmembranas espe­ cializados que permitem comunicação entre células vizinhas ao possibilitarem comunicação rápida de sinalizações, transportes de íons, água e nutrientes que permitem coordenação e sincro­

nização das respostas celulares a estímulos externos e internos; é um processo extremamente dinâmico de formação e destruição com duração de poucas horas. Elas são formadas por conexinas e estão presentes nas células de todos os órgãos ou tecidos. Há diversas doenças de ceratinização (Capítulos 66 e 68) decorren­ tes de mutações de urna mesma ou de diferentes conexinas com­ partilhadas também por cóclea (surdez), nervos, dentes e anexos cutâneos, o que explica suas eventuais associações.

Camada basal A

camada basal é a camada celular mais profunda da epi­

derme, e sua participação é vital na formação e manutenção da junção dermoepidérmica. Na pele normal, ela é composta por

1 1 Pele 1 Função, Estrutura, Fisiologia e Embriologia

5 Camada espinhosa (ou de Malpighi)



Ao deixarem a camada basal rumo à superfície, os que­ ratinócitos sofrem contínuas e m i portantes modificações morfológicas, moleculares e histoquímicas, passando a ser poligonais, de citoplasma acidófilo e ricos em desmossomos, sendo denominadas células espinhosas ou células de Malpighi. Essas células são numerosas e dispostas em várias fileiras, cujo número varia de acordo com a localização anatômica e com fatores endógenos (p. ex., hormônios, vascularização etc.) e exógenos (p. ex., RUV, trauma etc.). Ao progredirem na sua migração, as células achatam-se e tornam-se cada vez mais acidófilas. Apesar de os filamentos de citoqueratina produzi­ dos na camada basal (ck 5 e 14) deixarem de ser sintetizados, eles persistem nessas células, agora acompanhados do par ck 1 e 10 aí produzido. Em situações hiperproliferativas fisioló­ gicas (reparação) ou patológicas (psoríase), há a diminuição da produção do par ck 1 e 10 e o surgimento do par ck 6 e 16. Embora os desmossomos (nódulos de Bizzozero) estejam presentes em toda a epiderme, é na camada espinhosa que se mostram mais numerosos. O desmossomo é uma modificação da superfície celular, cálcio-dependente, responsável pela ade­ são intercelular; está presente entre os queratinócitos de toda a epiderme e é formado por uma placa desmossômica na parte interna da membrana celular composta por seis polipeptídios:

placoglobina, desmoplaquinas I e II, desmoioquina, proteína banda 6 e a ceratocalmina, sendo esta última responsável pela Figura 1.3 Camadas da epiderme. Setapreta= camada córnea; seta branca= camada granulosa; seta amarela= camada espinhosa ou de Malpighi;seta azul= camada basal. HE, 250 x. (Cortesia da Dra. Airá Novello Vilar.)

uma única fileira de queratinócitos justapostos, a maioria com capacidade de multiplicação (chamados de células germinati­ vas), que apresentam morfologia colunar, citoplasma basófilo e núcleo grande e oval. O par de citoqueratina característico é o 5-14, podendo ser encontrada a ck 19 nos epitélios de tran­ sição. A população dessas células basais é heterogênea; um pequeno percentual é composto de células-tronco caracteriza­ das por uma velocidade baixa de mitose durante toda a sua exis­ tência, que talvez supere o tempo de vida do próprio n i divíduo, gerando clones de queratinócitos denominados células ampli­ ficadoras transitórias (TAC transit amplifying cells), que se dividem muito mais rapidamente, mas são programadas para um número limitado de mitoses (ver adiante o item Células­ tronco e pele). A mitose das TAC dá origem a duas células com características diferentes: uma nova célula amplificadora transitória, que permanece na camada basal, e outra, deno­ minada p6s-mit6tica ou diferenciada, que perde a capacidade de mitose e inicia o processo de diferenciação ceratinocítica e de migração em direção à superfície. A renovação completa, desde a divisão da célula basal até a eliminação das lâminas córneas, faz-se em 52 a 75 dias, assim distribuídos: o tempo de duração da divisão celular é de aproximadamente 19 dias, o trânsito pela camada de Malpighi dura 26 a 42 dias e o trân­ sito pelo estrato córneo é de 19 dias. No rato, os percentuais de células-tronco, amplificadoras transitórias e pós-mitóticas corresponderiam, respectivamente, a 10, 50 e 40% das células da camada basal. O processo de reparação tecidual e algumas doenças hiperproliferativas (p. ex., psoríase) podem provocar, por meio da produção de diversas citocinas e fatores de cres­ cimento, o aumento na velocidade de mitose das células da camada germinativa. TGF-a, EGF e KGF estimulam a mitose, enquanto o TGF-� inibe a mitose e promove a diferenciação dos queratinócitos, assim como os retinoides e a vitamina D3• -

manutenção da inserção dos tonofilamentos na placa desmos­ sômica. Da placa desmossômica, partem cinco glicoproteínas transmembrânicas, as desmogleínas 1 e 3 e as desmocolinas I, II e III, cujos domínios extracelulares interagem com os das glicoproteínas transmembrânicas do desmossomo da célula adjacente, garantindo a adesão intercelular (Figuras 1.4 a 1.6). Há ainda os tonofilamentos compostos por citoqueratinas que se inserem nos desmossomos e, assim, ajudam a estruturar o citoesqueleto dessas células. As gap junctions são verdadeiros canais de comunicação intercelular por onde fluem diversos elementos, dando um caráter quase sincicial à epiderme e assu­ mindo importante papel na regulação do metabolismo celular das células vizinhas. Além dessas m i portantes estruturas de união, existe, entre as células epidérmicas, o cimento interce­ lular, também chamado de glicocálice. Este é constituído de glicoproteínas que auxiliam na coesão intercelular, enquanto viabiliza a circulação de substâncias solúveis em água.

Figura 1.4 Partes intercelulares dos desmossomos (setas). HE, 400 x.

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Parte 1 1 Fundamentos da Dermatologia

Figura 1.5 Pele - camada espinhosa da epiderme. N = núcleos de querati­

nócitos da espinhosa; setas = desmossomos; t = tonofilamentos citoplasmá­ ticos;* = espaço intercelular. ME, 5.700 x. (Cortesia da Ora. Mirian N. Sotto.)

Camada granulosa deixarem a camada espinhosa em direção à superfí­ cie, as células formam algumas fileiras em que se apresentam repletas de grânulos basofflicos de cerato-hialina no citoplasma, constituindo a camada granulosa. O par de citoqueratina carac­ terístico é o 2-11, derivado do metabolismo do par 1-10. Essa camada caracteriza-se por grande atividade metabólica, obje­ tivando a síntese dos elementos necessários ao processo final da cornificação, que resulta no súbito surgimento da camada córnea. Esses elementos são armazenados, em grande quanti­ dade, na sua forma pré-ativada, tanto no interior de organelas como livremente. Os grânulos de cerato-hialina são constituí­ dos por pr6-filagrina, filamentos de citoqueratina e loricrina. A pró-filagrina converte-se em filagrina (filament aggregation protein), promovendo a agregação e compactação lado a lado dos filamentos de queratina, uma característica dos corneó­ citos. As proteínas (involucrina, ceratolinina, loricrina, envo­ plaquina etc.) do envelope celular dos corneócitos (camada proteica densa na parte interna da membrana celular) já estão Ao

presentes no n i terior das células granulosas, embora só venham a formar o envelope depois de ativadas pelas transglutaminases da membrana celular. Finalmente, os grtlnulos lamelares (corpos de Odland ou ceratinossomos), morfologicamente semelhantes a lipossomos, contendo no seu interior glicoproteínas, ácidos graxos, fosfolipfdios, glicosilceramidas e colesterol, são ini­ cialmente vistos nas células das porções superiores da camada espinhosa, mas é na camada granulosa que se apresentam em grande número; o conteúdo desses grânulos é liberado no espaço intercelular durante a transição súbita da camada gra­ nulosa para a córnea, quando, sob a ação de suas hidrolases, é remodelado, e seus lipídios transformados em ceramida (45%), colesterol (25%), ácidos graxos (15%), esfingosina livre, sulfato de colesterol, ésteres do colesterol e triglicerídios. Todos esses se depositam em forma de bainha dupla em torno de cada corneó­ cito, originando a grande barreira lipídica à passagem de água e substâncias polares da epiderme, principal responsável por sua relativa impermeabilidade, e, quando chegam à superfície, com­ põem, com o sebo, o manto lipídico da pele.

Camada córnea Sendo a camada mais externa da epiderme, a camada cór­ nea constitui o verdadeiro limite entre o indivíduo e o meio ambiente. As células são acidófilas e extremamente planas, sendo as células mais largas do organismo, o que torna possível a sua descamação e a mobilidade da região sem provocar dano à integridade do tecido. A camada córnea surge subitamente pela ocorrência simultânea e muito rápida de vários eventos na célula da camada granulosa, dos quais se destacam: apop­ tose, com destruição do núcleo e organelas, cujos componentes podem ser reaproveitados pela própria epiderme; liberação e ativação dafilagrina contida nosgranulas de cerato-hialina, com consequente organização dos filamentos de queratina em feixes paralelos compactos; extrusão do conteúdo dos grânulos lame­ lares, especialmente colesterol, ceramida e ácido graxo livre, seguida pela formação da barreira lipídica extracelular hidro­ fóbica; formação do envelope celular do come6cito; e destruição gradativa dos desmossomos, que leva à descamação final de célu­ las isoladas na porção mais externa da camada córnea. Além da proteção mecânica, a camada córnea previne o trânsito de água e substâncias solúveis pelas duplas lamelas lipídicas inter­ celulares presentes nas suas porções média e baixa, mantendo a homeostasia do indivíduo frente ao ambiente. Em que pese a ausência de núcleo e organelas, os corneócitos retêm alguma atividade metabólica, não sendo completamente inertes. Antes da transformação da camada granulosa em córnea, especialmente nas regiões palmoplantares, pode ser observada a camada lúcida, de aspecto homogêneo e constituída por células achatadas, anucleadas, que não se coram pelos méto­ dos de rotina, mas que são osmiófilas. O processo de transição que ocorre das células basais até a formação do corneócito, com o seu posterior destacamento, é metabolicamente bastante rico devido à participação de nume­ rosas hidrolases e proteases. Da integridade da formação do cor­ neócito é que se tem o grau de hidratação da epiderme (Capítulos 79 e 91, itens Hidratantes e Hidratação, respectivamente).

Junção dermoepidérmica Figura 1.6 Pele - camada espinhosa da epiderme. O = desmossomos; T = tonofilamentos citoplasmáticos agrupados formando tonofibrilas; M = mitocôndria; * = espaço intercelular. ME, 28.500 x. (Cortesia da Ora. Mirian

N. Sotto.)

A epiderme e a derme unem-se de maneira sinuosa e inter­ penetrante, isto é, a epiderme penetra na derme por meio dos cones interpapilares (cristas epidérmicas), e a derme projeta-se na epiderme pelas papilas dérmicas. A interface entre a epi­ derme e a derme é conhecida como junção dermoepidérmica ou zona da membrana basal, que, por ser rica em mucopolis-

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1 1 Pele 1 Função, Estrutura, Fisiologia e Embriologia

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Figura 1.7 Pele - junção dermoepidérmica. N = núcleo de melanócito;

M = melanossomos; T = tonofilamentos citoplasmáticos de queratinócito basal; setas = lâmina basal; F = fibrilas colágenas; H = hemidesmossomo. ME, 14.700 x. (Cortesia da Dra. Mirian N. Sotto.)

sacarídios neutros, torna-se bastante evidente em cortes cora­ dos pelo PAS ao assumir uma cor avermelhada; entretanto, é mais bem estudada pela microscopia eletrônica (Figura 1.7). É uma estrutura complexa e seus componentes são quase todos de origem epidérmica. Além de ser responsável pela adesão dermoepidérmica, funciona como suporte para a epiderme, determina a polaridade do seu crescimento, fornece sinais para o seu desenvolvimento, dirige a organização do citoes­ queleto das células basais e serve como barreira semipermeá­ vel. Sumariamente, essa união é composta pelo polo infe­ rior da membrana da célula basal e seus hemidesmossomos, lâmina lúcida, lâmina densa e sublâmina densa (Figura 1.8).

Embora o hemidesmossomo se assemelhe funcionalmente ao desmossomo, difere dele em diversos aspectos, sendo, talvez, mais bem designado como complexo hemidesmos­ somo-filamentos de ancoragem. Como no desmossomo, os filamentos de citoqueratina do citoesqueleto da célula basal inserem-se na placa hemidesmossômica, que, diferentemente da desmossômica, é composta por plectina e pelo antígeno penfigoide bolhoso 1 (PBAg1) de 230 kDa. As proteínas trans­ membrânicas são o antígeno penfigoide bolhoso 2 (PBAg2) de 180 kDa, classificado como colágeno tipo XVII, cujo domínio extracelular fica embebido na lâmina lúcida, e a integrina aJ34• Os filamentos de ancoragem originam-se nos hemidesmosso­ mos, atravessam a lâmina lúcida e n i serem-se na lâmina densa. A lâmina lúcida é composta por diversas glicoproteínas não colágenas, lamininas, fibronectinas, entactina/nidogene, com grande capacidade para se ligarem entre si e a outras molé­ culas e células, colaborando para a adesão entre a membrana da célula basal e a lâmina densa, embora seja a estrutura de adesão mais frágil da junção dermoepidérmica. A lâmina densa é formada primariamente por colágeno tipo IV, contendo, ainda, laminina, proteoglicanos sulfatados, antí­ geno da epidermólise bolhosa adquirida e outros elementos. Por sua característica fibrilar, com espessura de 35 a 40 nm, assume função de barreira à passagem de macromoléculas. Dela partem as grossas (20 a 60 nm) e longas (200 a 800 nm) fibrilas de anco­ ragem, constituídas por colágeno tipo VII, que mergulham na derme (sublâmina densa), onde podem apresentar terminações livres, inserir-se nas placas de ancoragem ou formar uma alça, incluindo fibras colágenas e elásticas da derme, e retornar para a lâmina basal (Quadro 19.2).

Outras células epidérmicas Melanócito Os melanócitos são células dendríticas derivadas da crista neural e produtores do pigmento intrínseco da pele, a mela­ nina, que, por sua vez, é responsável pela absorção e difusão da RUV. São vistos predominantemente na camada basal

MC

".

PT

Núcleo

PT

Núcleo

Núcleo

J

T

1 PH

MPCB

LL LO

A

1

PA

B

Fi gura 1.8 A. Células basais. B. Junção dermoepidérmica. MC = membrana celular; T = tonofilamento (citoqueratina); P = placa desmossômica; PT= proteínas transmembrânicas (desmogleínas 1 e Ili e desmocolinas I, li e Ili) - obs.: desmogleína é um neologismo resultante da associação de desmos­ somo com g/ue (cola); MPCB = membrana plasmática da célula basal; PH = placa hemidesmossômica constituída por PBAg1 (230 kDa) e pledina, PBAg2 (1 80 kDa ou colágeno XVII)* e integrina cr6�4*; Fil =filamento de ancoragem; LL = lâmina lúcida; LD = lâmina densa; FA =fibrilas de ancoragem (colágeno

VII); PA = placa de ancoragem. *Componentes transmembrana.

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Parte 1 1 Fundamentos da Dermatologia Tem sido demonstrado, in vitro, que os queratinócitos exer­ cem controle sobre a proliferação, diferenciação e atividade dos melanócitos por fatores mitogênicos, FGF-� e TGF-a., e inibidores de mitose, IL-1, IL-6 e TGF-�. Os melanócitos também sofrem a ação de hormônios (MSH e hormônios sexuais), mediadores inflamatórios e vitamina D3 produzida na epiderme. O bronzeamento produzido pelo sol deve-se a uma excitação da tirosinase pela RUV, levando à formação de melanossomos maiores e mais numerosos (Capítulo 73, item

Efeitos da radiação ultravioleta sobre a pele).

Células de langerhans e células indeterminadas



f

/

Figura 1.9 Epiderme: observar os melanócitos (setas). HE, 300 x.

(Figura 1.9), na proporção de 1 melanócito para 10 querati­ nócitos basais. Por meio de seus dendrites, cada melanócito relaciona-se com, aproximadamente, 36 queratinócitos, em sua .maioria situados nas camadas basal e suprabasal, para os qua15 transfere o seu pigmento, constituindo, assim, a un d i ade epidermomelânica (Figura 1.10). Os melanócitos não formam desmossomos nem nenhum mecanismo especial de adesão com os queratinócitos e, em condições basais, não proliferam nem migram; para que haja multiplicação, é necessário um estímulo específico, em geral, RUV. Na microscopia óptica, utilizando a HE, são visualizados como células claras com pequeno núcleo hipercromático. Embora o número de melanócitos varie de acordo com a região anatômica, na cabeça há duas a três vezes mais melanó­ citos do que nas demais regiões, excetuando-se o saco escrotal, e é aproximadamente o mesmo em todas as raças; o que varia por determinação genética é o número, a morfologia, o tama­ nho e a disposição dos seus melanossomos, que são elípticos quando produzem eumelanina (marrom ou negra) e esferoi­ des se produzem feomelanina (amarelo-vermelha), além de serem maiores na pele negra. Os melanossomos são produ­ zidos continuamente no complexo de Golgi, como organelas membranosas ovoides, dentro das quais, principalmente pela ação da tirosinase, ocorre a síntese e armazenamento da mela­ nina; por sofrerem melanização progressiva, são encontrados

Há, ainda, na epiderme, duas outras células dendríticas: as células de Langerhans, que se coram pelos sais de ouro, e as células dendrlticas indeterminadas, que são percebidas apenas pela microscopia eletrônica. A célula de Langerhans é um dos principais componen­ tes do sistema imunológico da pele, sendo responsável pelo reconhecimento, pela internalização, pelo processamento e pela apresentação de antígenos solúveis e haptenos presentes na epiderme. Originada na medula óssea, corresponde a 2 a 8% das células epidérmicas e distribui-se da camada basal à granulosa, tendo preferência pela posição suprabasal. Não estabelece adesão por meio de desmossomos com os querati­ nócitos. Na microscopia óptica de rotina, pode ser visualizada como uma célula de núcleo convoluto e citoplasma claro; na microscopia eletrônica são encontradas pequenas estruturas assemelhadas a raquetes, denominadas granulas de Birbeck, que funcionariam como fagolisossomos (Figura 1. 11). A célula de Langerhans é uma célula processadora-apresentadora de antígenos; em seu estágio não ativado tem significativa ação fagocítica, internalizando antígenos e processando-os, o que pr�voca transformações que a fazem perder o potencial fago­ cíbco, mas aumenta sua capacidade apresentadora de antígeno para os linfócitos Te, desse modo, produz uma resposta imu­ nológica. As células de Langerhans encontram-se reduzidas



e� quatro estágios (1 a IV), sendo transferidos aos queratinó­ c1tos, onde desempenham sua ação protetora e são degradados na medida em que essas células se diferenciam.

G e

Queratinócitos • •

• •

:tJ· -



-

Melanossomos



---

Melanócitos Figura 1.1 O Unidade epidermomel3níca.

·L �

-



Figura 1.11 Pele - célula de Langerhans. N = núcleo; C = corpúsculos de Langerhans ou em •raquete•; G = complexo de Golgi; M = mitocôndrias. ME, 28.500 x. (Cortesia da Ora. Mirian N. Sotto.)

1 1 Pele 1 Função, Estrutura, Fisiologia e Embriologia

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em número em algumas condições, como psoríase, sarcoi­ dose, dermatite de contato e após irradiação com luz UV; neste último caso, também estão prejudicadas funcionalmente. Alguns de seus marcadores histoquímicos de superfície são: ATPase, CDla, CD4, CD45, S-100, HLA-DR/DQ/DP e recep­ tores da fração Fc da IgG e da IgE e C3• Além da epiderme, as células de Langerhans podem ser encontradas em outros epitélios (mucosas), órgãos linfoides (baço, timo e linfonodos) e na derme normal. As células dendríticas indeterminadas não têm melanosso­ mos nem grânulos de Birbeck, porém há autores que julgam que essas células possam dar origem a melanócitos ou a células de Langerhans.

Célula de Merkel A célula de Merkel, relativamente rara e aparentemente derivada de uma célula-tronco epidérmica, localiza-se entre as células basais, às quais está aderida por desmossomos. Funciona como um tipo de mecanorreceptor de adaptação lenta em locais de alta sensibilidade tátil; parece ser estimulada pela deformação nos queratinócitos adjacentes provocada por contatos externos, respondendo com a secreção de transmis­ sores químicos nas sinapses estabelecidas com as terminações nervosas livres da junção dermoepidérmica. Em determinadas localizações, organiza-se em estruturas especializadas deno­ minadas discos táteis. A célula de Merkel tem núcleo lobulado ou oval e citoplasma claro, no qual são encontrados grânulos osmiófilos produzidos no complexo de Golgi, que contêm neurotransmissores. Seus marcadores imuno-histoquímicos são os filamentos de ck 8, 18, 19 e 20, sendo este último exclu­ sivo desta célula. Na microscopia óptica, a impregnação pela prata revela os discos de Merkel, que nada mais são que a por­ ção inferior da célula.

Anexos cutâneos São estruturas que surgem de modificações da epiderme ainda na vida embrionária; são elas:folículo pilossebáceo, glân­ dulas sudoríparas e unhas.

Folículo pilossebáceo Composto de folículo piloso, glândula sebácea e músculo eretor do pelo, é sempre provido de terminações nervosas; em algumas regiões (axilas, púbis, mama etc.) desembocam no folículo as glândulas sudoríparas apócrinas.

Folículo piloso. Forma-se na vida embrionária como uma pro­

jeção de queratinócitos modificados (tricócitos) para dentro da derme; isso ocorre por influência de células mesenquimais que, mais tarde, constituem a papila folicular, a se localizar na sua porção mais inferior. Funcionalmente, o folículo e sua papila estabelecem uma relação tão íntima e interdependente que podem ser entendidos como uma unidade. Histologica­ mente, é dividido em infundíbulo, que se estende de sua aber­ tura (óstio) à n i serção do dueto da glândula sebácea; istmo, da inserção da glândula sebácea à região da inserção do músculo eretor do pelo e da protuberância (área de concentração de cé­ lulas-tronco - Figura 1.19); e bulbo, ou porção inferior do folí­ culo, que, na sua extremidade mais inferior, tem a matriz, res­ ponsável pela produção do pelo e que abraça a papila folicular (Figura 1.12). Os melanócitos dispõem-se entre as células da matriz. Transversalmente, observa-se que o folículo piloso é circundado por uma membrana vítrea, acelular, seguida da: bainha externa do pelo, também denominada triquilema; bai­ nha interna do pelo, constituída por camada de Henle, camada

Figura 1.12 Histologia normal do couro cabeludo. Seta branca = acrotrí­ quio; seta azul= infundíbulo; seta vermelha = glândula sebácea; seta amarela = istmo; seta verde = músculo eretor do pelo; setas pretas = bulbo. HE, 150 x. (Cortesia da Ora. Airá Novello Vilar.)

de Huxley e cutícula; e, finalmente, a haste do pelo, composta por cutícula, córtex e medula (Figura 1.13). A linha de Auber é uma linha imaginária que atravessa a região de maior diâmetro do bulbo, abaixo da qual está a área de maior atividade mitótica, que dá origem à haste e à bainha interna do pelo. Os folículos pilossebáceos existem em toda a pele, exceto nas regiões palmo­ plantares e em algumas regiões da genitália, denominadas por isso de pele glabra. Apresentam variações regionais; assim, no couro cabeludo e púbis, os pelos são terminais (grossos), com glândulas sebáceas também bem desenvolvidas; na face pre­ domina o pelo tipo velo ou lanugo (fino), com glândulas muito desenvolvidas; e, nas extremidades, o predomínio é de pelo tipo velo e glândulas sebáceas muito pequenas. O folículo piloso passa, cíclica e permanentemente, por três fases caracterizadas por modificações na sua porção inferior, o bulbo, que sofre processo de retração e expansão, e, por isso, é considerada como a porção transitória do folículo, enquanto a porção superior é permanente. A fase anágena caracteriza-se por ter o bulbo e a papila foliculares bem desenvolvidos, com sua extremidade situada na derme profunda ou hipoderme; a matriz, composta apenas de células amplificadoras transi­ tórias, portanto com número limitado de possíveis mitoses, encontra-se em plena atividade mitótica, dando origem a uma haste de pelo terminal, em geral grossa e pigmentada. A pró­ xima fase, a catágena, é quando, aparentemente por sinalização da papila, as células da matriz e da bainha interna iniciam pro­ cesso de apoptose e interrompem suas mitoses, provocando a retração da porção inferior do folículo até o nível da protu­ berância e da inserção do músculo eretor. A terceira fase é a fase telógena ou de repouso, quando as células da papila, agora bastante diminuída de volume, parecem emitir sinais capazes de aumentar a atividade mitótica das células-tronco, presentes na protuberância do folículo, fazendo surgir novo contingente de TAC, responsáveis pela expansão do bulbo e pelo estabe­ lecimento de uma nova fase anágena (Figura 1.14). No couro

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Parte 1 1 Fundamentos da Dermatologia Acrotríquio: porção intraepidérmica do folículo

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Fisiologia da pele

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