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Seminário Bíblico Palavra da Vida Vivendo na Palavra, visando o mundo
LEITURAS E RELATÓRIOS PIPER, John. Supremacia de Deus na Pregação. São Paulo: Shedd Publicações, 2003, 107 páginas. STOTT, John. O Perfil do Pregador. 2º ed. Edições Vida Nova, 1997, 118 páginas.
ALUNO Dionatan Cardoso
Atibaia - SP 03 de junho de 2015 Mestrado em Ministério Pastoral
SUPREMACIA DE DEUS NA PREGAÇÃO JOHN PIPER
John Piper é um dos grandes e influentes pregadores contemporâneos. Serviu como pastor na Igreja Batista Bethlehem, em Minneapolis, Minnesota, por 33 anos. É autor de dezenas de livros já publicados - muitos já traduzidos para o português. Supremacia de Deus na Pregação é uma singular obra. O livro carrega uma grande carga teológica e se difere da maioria dos livros sobre pregação. A obra expressa com muita autoridade a supremacia da glória divina na exposição. Piper diz: “O tema indispensável de nossa pregação é o próprio Deus, em sua majestade e verdade e santidade e justiça e sabedoria e fidelidade e soberana graça” (p.11). No livro o autor enaltece Deus e leva seus leitores para a percepção de que Deus é o centro de tudo. “A razão da ‘cosmovisão teocêntrica’ nos mensageiros de Deus seria a causa de grande regozijo no país, razão para uma profunda ação de graças ao Deus que faz novas todas as coisas” (p.12), argumentou o Piper. A obra é dividida em duas seções maiores. Na primeira parte o autor argumenta em favor da plena autoridade de Deus na pregação. Ele justifica suas afirmações em quatro capítulos. Segue ordem da argumentação de Piper. No capítulo 1 o autor aponta o principal alvo da pregação - a glória de Deus - lançando mão de uma série de textos bíblicos, especialmente Isaias, e de falas de grande expositores da Bíblia. O autor afirma: “A maravilha do evangelho e a descoberta mais libertadora que este pecador jamais fez foi que o mais profundo compromisso de Deus ser glorificado e o mais profundo desejo meu ser satisfeito não em conflito, mas de fato encontram consumação simultânea na manifestação da glória de Deus e em meu deleite nela” (p.24-25). Na sequência Piper descreve a base da pregação, a saber a Cruz de Cristo. Piper diz: “o que Deus conquistou na cruz de Cristo é a autorização ou fundamento da
pregação”
(p.31).
As
declarações
são
baseadas
principalmente
nas
argumentações paulinas. O terceiro capítulo trata da ação no poder do Espírito Santo. Segundo Piper não há pregação eficaz sem a obra do Espírito Santo. O pregador precisa, antes de qualquer coisa, pedir essa iluminação do Espírito Santo para o preparo e exposição de seu sermão, e confiar que é o Espírito Santo quem fará a obra no coração dos ouvintes. Por fim, o autor descreve aspectos voltados à seriedade e alegria na pregação. A necessidade da profundidade no estudo do texto, não é uma
desvantagem, pelo contrário, é uma vantagem, porém, uma dificuldade, tendo em vista que exigirá uma dedicação e disciplina muito grande. Na segunda parte do livro Piper faz sua argumentação com referencial direto ao pregador e pastor Jonathan Edwards, grande avivalista na Inglaterra, como grande influenciador de seu ministério. Ele escreveu: “Edwards pregou daquela maneira, por causa do homem que foi e do Deus que viu. Os capítulos seguintes tratarão, consecutivamente, da vida, da teologia e da pregação de Edwards” (p. 66). A perspectiva em Edwards é para mais uma vez demonstrar a importância da centralidade de Deus na pregação. Porém, Piper leva em consideração uma série de dificuldades ministeriais de Edwards, alguns momentos de tenras lutas e grandes desafios para a exposição da Escritura. Contudo, sobrepõe a fidelidade e perseverança de Edwards na pregação centrada no plano e obra de Deus. Através do testemunho vivo de Edwards, Piper acentua a exposição bíblica baseada em ações que se voltam para a glória de Deus. Nesta seção o autor ainda traz alguns pouco princípios teológicos e hermenêuticos para a composição de sermões. Como um grande admirador de Jonathan Edwards e principalmente de John Piper, faço mais que uma simples recomendação desta obra, creio que é indispensável ter Supremacia de Deus na Pregação na biblioteca pessoal.
O PERFIL DO PREGADOR1 JOHN STOTT
John R. W. Stott (1921-2011) é alguém que dispensa apresentações no círculo cristão mundial, especialmente no contexto evangélico. Falecido em 27 de julho de 2011, Stott foi ministro anglicano, servindo na All Souls Church, em Langham Place, Londres, desde 1945, ano de sua ordenação, até 1975, quando se tornou Reitor Emérito dessa igreja. Foi um dos principais líderes do Movimento de Lausanne e fundador da Langham Partnership International (1974) e do London Institute for Contemporary Christianity (1982)2. Sobre esta particular obra, inicialmente publicada pela Sepal, Stott procurou qualificar o pregador balizando-se na Escritura. O livro é dividido em cinco seções principais. Stott desenvolve sua obra traçando algumas qualificações para o despenseiro da mensagem bíblica. Nas duas primeiras seções o autor trata sobre as designações de despenseiro e arauto. Para o autor isso significava ter um cargo de suma importância, pois pesava sobre ele a responsabilidade de transmitir sem erros a mensagem do seu superior. Digno de nota está no fato de que o arauto nunca fazia, ou alterava, ou arrumava a mensagem de seu superior, mas apenas anunciava com todas as linhas e vírgulas aquilo que lhe era passado. Por isso, afirmou Stott: “O NT é rico em metáforas, e a mais importante destas é a do arauto, que recebe a solene (emocionante) responsabilidade de proclamar as boas novas de Deus” (p.31). O autor ainda declara que a pregação não existe para a propagação de ideias, opiniões e ideais, mas para proclamação dos poderosos atos de Deus. Palavra de Deus é essencialmente o registro e a interpretação do grande feito redentor de Deus em Cristo e através dele. As Escrituras dão testemunho de Cristo, o único Salvador dos pecadores. Assim, um bom despenseiro da Palavra será sempre um zeloso arauto das boas novas da salvação em Cristo (cf. p.32). Em palavras simples, o autor declara que despenseiro é alguém que toma conta dos negócios de outro ou que os gerencia. Despenseiro é o empregado de confiança que zela pela correta utilização dos bens de outra pessoa. Assim o pregador
1
Para o desenvolvimento desta interação foi utilizada fonte do próprio autor. CARDOSO, Dionatan. A Relevância da Pregação Expositiva e Cristocêntrica no Ministério Pastoral. São José dos Campos: CETEVAP - Centro de Estudos Teológicos do Vale do Paraíba, 2007, 79p. (Monografia não publicada, preparada para conclusão do curso de bacharelado em teologia). 2 http://mackenzie.br/fileadmin/Mantenedora/CPAJ/Fides_Reformata/17/17_1resenhas4.pdf, p.121.
é um despenseiro dos mistérios de Deus, ou seja, da auto revelação que Deus confiou aos homens e é preservada nas Escrituras (cf. p.16). Neste ponto da caminhada o correto é dizer que o pregador tem não apenas a responsabilidade de ser testemunha, mas também, como Stott descreve, tem o grande privilégio: “o pregador cristão tem o privilégio de testemunhar para Jesus e por Jesus, defendendo-o, elogiando-o, colocando diante da corte alguma evidência que eles precisam ouvir e considerar antes de dar o veredicto final” (p.57). Na seção três o tema é “testemunha”. Stott apresenta como o Grimm-Thayer define testemunha e também apresenta sua própria definição, o que traz clareza sobre o assunto: O verbo grego martyrásthai ou martyrein significa “ser testemunha, dar testemunho, testificar, isto é, afirmar ter visto ou ouvido, ou experimentado, algo” A testemunha é a que tem conhecimento direto de certos fatos e que declara diante de uma corte de justiça o que viu e ouviu. Testemunha aquilo que sabe (cf. p. 66). A quarta seção é uma declaração da paternidade para aqueles que pregam a cruz. Com referência direta ao apóstolo Paulo, Stott disserta sobre os parâmetros carinhosos que envolvem os pais e seus filhos. Finalmente, o autor declara a condição de servo para pregador e o faz sob a perspectiva de atuação como imitação ao Senhor Jesus. O pregador nunca será eficiente na sua mensagem sem conhecer a pessoa e obra salvadora de Jesus Cristo em sua própria vida. Sua vida será sua pregação, sua experiência será o seu testemunho, sua mensagem será Jesus Cristo. Não poderia chegar a qualquer conclusão que não fosse a de plena recomendação desta obra. Sobretudo para pastores e líderes espirituais. Deus seja louvado por moldar Stott e permitir que ele difundisse ideias tão claras.