PROPOSTA DE REDAÇÃO + repertório (Preconceito Linguístico)

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A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo na modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema O preconceito linguístico no Brasil. Apresente proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. TEXTO I O PRECONCEITO LINGUÍSTICO DEVERIA SER CRIME por Marta Scherre O preconceito linguístico -(..) atinge um dos mais nobres legados do homem, que é o domínio de uma língua. Exercer isso é retirar o direito de fala de milhares de pessoas que se exprimem em formas sem prestígio social. Não quero dizer com isso que não temos o direito de gostar mais, ou menos, do falar de uma região ou de outra, do falar de um grupo social ou de outro. O que afirmo e até enfatizo é que ninguém tem o direito de humilhar o outro pela forma de falar. Ninguém tem o direito de exercer assédio linguístico. Ninguém tem o direito de causar constrangimento ao seu semelhante pela forma de falar. Disponível

em: http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI110515-17774,00-

O+PRECONCEITO+LINGUISTICO+DEVERIA+SER+CRIME.html (Acesso em 21 mai. 2015.) TEXTO II O preconceito lingüístico está ligado, em boa medida, à confusão que foi criada, no curso da história, entre língua e gramática normativa. Uma receita de bolo não é um bolo, o molde de um vestido não é um vestido, um mapa-múndi não é o mundo… Também a gramática não é a língua. A língua é um enorme iceberg flutuando no mar do tempo, e a gramática normativa é a tentativa de descrever apenas uma parcela mais visível dele, a chamada norma culta. Essa descrição, é claro, tem seu valor e seus méritos, mas é parcial (no sentido literal e figurado do termo) e não pode ser autoritariamente aplicada a todo o resto da língua — afinal, a ponta do iceberg que emerge representa apenas um quinto do seu volume total. Mas é essa aplicação autoritária, intolerante e repressiva que impera na ideologia geradora do preconceito lingüístico. BAGNO, Marcos. Preconceito Lingüístico: o que é, como se faz. São Paulo: edições Loyola, 1999. TEXTO III

Disponível em: http://thaisnicoleti.blogfolha.uol.com.br/files/2013/01/Ad%C3%A3o-tipo1.jpg (Acesso em: 21 mai. 2015)

REPERTÓRIO “O preconceito linguístico no Brasil”

• IDEIAS E CONEXÕES a) Preconceito linguístico O termo preconceito designa uma atitude prévia que assumimos diante de uma pessoa (ou de um grupo social), antes de interagirmos com ela ou de conhecê-la, uma atitude que, embora individual, reflete as ideias que circulam na sociedade e na cultura em que vivemos. Assim como uma pessoa pode sofrer preconceito por ser mulher, pobre, negra, indígena, homossexual, nordestina, deficiente física, estrangeira etc., também pode receber avaliações negativas por causa da língua que fala ou do modo como fala sua língua. O preconceito linguístico resulta da comparação indevida entre o modelo idealizado de língua que se apresenta nas gramáticas normativas e nos dicionários e os modos de falar reais das pessoas que vivem na sociedade, modos de falar que são muitos e bem diferentes entre si. Essa língua idealizada se inspira na literatura consagrada, nas opções subjetivas dos próprios gramáticos e dicionaristas, nas regras da gramática latina (que serviu durante séculos como modelo para a produção das gramáticas das línguas modernas) etc. No caso brasileiro, essa língua idealizada tem um componente a mais: o português europeu do século XIX. Tudo isso torna simplesmente impossível que alguém escreva e, principalmente, fale segundo essas regras normativas, porque elas descrevem e, sobretudo, prescrevem uma língua artificial, ultrapassada, que não reflete os usos reais de nenhuma comunidade atual falante de português, nem no Brasil, nem em Portugal, nem em qualquer outro lugar do mundo onde a língua é falada. Mas a principal fonte de preconceito linguístico, no Brasil, está na comparação que as pessoas da classe média urbana das regiões mais desenvolvidas fazem entre seu modo de falar e o modo de falar dos indivíduos de outras classes sociais e das outras regiões. Esse preconceito se vale de dois rótulos: o “errado” e o “feio” que, mesmo sem nenhum fundamento real, já se solidificaram como estereótipos. Quando analisado de perto, o preconceito linguístico deixa claro que o que está em jogo não é a língua, pois o modo de falar é apenas um pretexto para discriminar um indivíduo ou um grupo social por suas características socioculturais e socioeconômicas: gênero, raça, classe social, grau de instrução, nível de renda etc. A instituição escolar tem sido há séculos a principal agência de manutenção e difusão do preconceito linguístico e de outras formas de discriminação. Uma formação docente adequada, com base nos avanços das ciências da linguagem e com vistas à criação de uma sociedade democrática e igualitária, é um passo importante na crítica e na desconstrução desse círculo vicioso. Verbetes associados: Dialeto, Língua, Linguagem, Variação línguística http://www.ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/verbetes/preconceito-linguistico b) Preconceito linguístico e desigualdade social Os professores de língua portuguesa que sairão dos cursos de Letras precisam se conscientizar que a falta de homogeneidade e a mutabilidade são características do idioma, e que há valor nas variantes linguísticas. O mais importante em qualquer interação comunicativa é que o interlocutor se faça entender, não importa se está ou não fazendo uso da chamada norma culta da língua portuguesa. De acordo com Bagno, o preconceito linguístico nasce a partir da construção de um padrão estabelecido pela elite econômica e intelectual do país, que considera como errado e reprovável tudo o que é diferente do modelo imposto. Além disso, o preconceito linguístico está intimamente ligado a outros preconceitos, como: Preconceito socioeconômico Essa talvez seja a causa mais comum de preconceito, aquele que traz as consequências mais graves, isso porque os membros das classes mais pobres acabam dominando apenas as variedades linguísticas mais informais, devido ao acesso precário à educação.

Essa população acaba sendo excluída e eliminada de seleções de emprego, o que colabora para a manutenção do ciclo da pobreza: os destinos do pai e do filho, pobres e sem acesso às boas escolas, acabam sendo os mesmos, com poucas oportunidades de mudança de classe social. Preconceito regional Não são raros os casos em que moradores das regiões mais ricas do país manifestam aversão ao sotaque ou regionalismos das zonas mais pobres, e isso se estende por todo o país. Há casos em que sotaques da região nordeste, por exemplo, são “motivo” para invalidar a fala ou ridicularizar a pessoa. Racismo Elementos típicos da cultura negra ainda são segregados no Brasil. Isso se reflete em muitos termos originalmente africanos que são usados pejorativamente, como o uso da palavra “macumba” como sinônimo de feitiçaria ou mal-feito, sendo que macumba é um instrumento de percussão usado em cerimônias religiosas de matriz africana. Além de expressões como “a coisa está preta”, “denegrir”, “cabelo ruim”, “serviço de preto”, “mercado negro”. “ovelha negra”, “lista negra”, entre outras. Além da imagem do negro estar constantemente ligada a classes sociais baixas e condições de ensino precárias, o preconceito atinge o discurso que, mesmo sendo entendido, carrega um vocabulário menos diverso. https://ead.catolica.edu.br/blog/preconceito-linguistico-desigualdade-social • CITAÇÕES DIRETAS a) E o tipo mais trágico de preconceito não é aquele que é exercido por uma pessoa em relação a outra, mas o preconceito que uma pessoa exerce contra si mesma. (Marcos Bagno) b) A língua é como um rio que se renova, enquanto a gramática normativa é como a água do igapó, que envelhece, não gera vida nova a não ser que venham as inundações. (Marcos Bagno) c) Preconceito é opinião sem conhecimento.(Voltaire) d) Deve-se evitar toda "precipitação" e todo o "preconceito" ao se analisar um assunto e só ter por verdadeiro o que for claro e distinto. (René Descartes)
PROPOSTA DE REDAÇÃO + repertório (Preconceito Linguístico)

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