Recursos Materiais na Enfermagem

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA FACULDADE DE ENFERMAGEM

Departamento de Enfermagem Básica Disciplina Administração em Enfermagem I 1semestre 2013

GERENCIAMETO DE RECURSOS MATERIAIS EM ENFERMAGEM1 2

GRECO, ROSANGELA MARIA. 3 DEUS, RAQUEL LÍQUER

1 - Objetivos 

Discutir o gerenciamento de Recursos Materiais no desenvolvimento das ações de enfermagem;  Compreender os elementos necessários à realização da previsão, provisão, organização e controle dos recursos materiais em enfermagem;  Reconhecer a responsabilidade do enfermeiro na realização dos testes de qualidade e parecer técnico dos materiais utilizados pela enfermagem. 2 – Introdução: importância, finalidade e objetivos da Administração de Materiais nas instituições de saúde Toda organização necessita para um bom funcionamento de recursos financeiros, materiais e humanos, mesmo nas instituições de saúde onde o resultado final do processo não se traduz em um produto, mas sim em um serviço, ou seja, a assistência à saúde de indivíduos e comunidades é importante que os materiais sejam adequadamente administrados. Uma administração de materiais adequada sofre a influência e influencia os recursos financeiros (podendo através de uma destinação mais racional promover uma diminuição dos custos) e os recursos humanos (pois materiais em quantidade e qualidade adequadas podem produzir na equipe maior grau de satisfação).

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Este texto foi elaborado como material instrucional para a Disciplina Administração em Enfermagem I, para os acadêmicos do Curso de Graduação em Enfermagem do 6º período da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Juiz de Fora. Pedimos que caso haja o interesse em utilizar este material para outro fim seja citada a fonte, para manter contato com o autor utilize o seguinte e-mail: [email protected] 2 Enfermeira, Doutora em Saúde Pública, Professor Associado do Departamento de Enfermagem Básica da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Juiz de Fora. 3 Enfermeira, Professora Substítuta do Departamento de Enfermagem Básica da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Juiz de Fora. 1

A importância da Administração de Materiais pode ser demonstrada, por exemplo, quando se observa o quanto os materiais representam em termos de destinação de recursos nas organizações. Em uma empresa os recursos materiais chegam a representar 75% do capital, e em instituições de saúde significam cerca de 45% das despesas (CASTILHO; LEITE 1991). Nas instituições de saúde o papel da Administração de Materiais não é diferente das demais organizações, pois o seu objetivo é coordenar as atividades de compra, armazenamento, distribuição e controle, de modo a que se garanta o suprimento de todas as áreas do serviço. Sendo que sua interrupção pode ser atribuída a fatores como insuficiência na quantidade ou falta de qualidade dos materiais. Atualmente a administração de recursos materiais tem sido motivo de preocupação nas instituições de saúde, tanto na rede pública como na privada, que complementam o SUS. As organizações privadas, sujeitas às regras de mercado precisam gerenciá-los com preços competitivos em relação ás demais instituições. Em contrapartida, temos o setor público, que com orçamento restrito, precisa de maior controle do consumo e dos custos para que sua escassez não reflita na privação dos funcionários e pacientes ao acesso a esses materiais e consequentemente à uma assistência de qualidade (CASTILHO; GONÇALVES, 2005). Portanto, para que não haja falta de material que leve ao prejuízo da assistência à saúde, e tão pouco para que não haja excessos que elevem os custos, os materiais devem ter as suas quantidades e qualidades planejadas e controladas (PATERNO, 1991). Dessa forma, “a administração de materiais (AM) consiste em ter os materiais necessários na quantidade certa, no local certo e no tempo certo à disposição dos órgãos que compõem o processo produtivo...” (CHIAVENATO, 1991). Contudo, é necessário que se compreenda os conflitantes interesses envolvidos na administração de materiais:

Adaptado de VECINA NETO & REINHARDT FILHO (1998, p. 5).

3 – Administração de Materiais e a Enfermagem A Enfermagem tem como objeto de seu trabalho o processo saúde-doença de indivíduos e coletividades e como finalidade a transformação desse processo saúde-

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doença, o que pode ser expresso através da assistência à saúde (QUEIROZ; SALUM, 1996). Os enfermeiros ao prestar a assistência à saúde utilizam recursos materiais, cabendo historicamente a eles a responsabilidade pela previsão, provisão, organização e controle desses materiais em suas unidades de trabalho (CASTILHO; LEITE 1991). Segundo FONSECA (1995), “o fato de o enfermeiro participar da implementação de grande parte dos procedimentos diagnósticos e terapêuticos no hospital, coloca-o na condição de desempenhar papel importante na AM. A introdução de novas tecnologias, novos materiais e equipamentos na prática assistencial, tem exigido dos profissionais de saúde, em particular do enfermeiro, a adoção de um esquema que permita o conhecimento e avaliação dos materiais e equipamentos disponíveis no mercado, no sentido de garantir uma opção que colabore com a manutenção/ elevação da qualidade da assistência.” A esse respeito ainda BARA (1997) coloca que “não se pode pensar que a efetividade da AM é garantia para uma assistência de qualidade, mas principalmente a forma como o enfermeiro se responsabiliza e gerência os recursos materiais vai repercutir na qualidade da assistência”. Assim, pode-se concluir que a atividade da AM realizada pelo enfermeiro deve ter como objetivo a melhoria da assistência à saúde de indivíduos e comunidade bem como as condições de trabalho das equipes de enfermagem e de saúde. Entretanto, o enfermeiro deve ter o cuidado de não transformar a AM por ele desenvolvida em uma atividade burocrática que vise unicamente a manutenção dos interesses financeiros da instituição (CASTILHO; LEITE 1991). 4 - Classificação dos materiais Os materiais em unidades hospitalares usualmente são classificados segundo a duração sendo agrupados em: materiais de consumo e permanentes

(PATERNO, 1987; CASTILHO; LEITE 1991). Mas, existem ainda outras classificações para os materiais: segundo o uso a que se destinam (oxigenoterapia, cateterismo e outros), porte (pequeno, médio e grande), custo, matéria-prima (plásticos, silicone, metais, cerâmica, vidro, tecido e outros), função do controle (material fixo, móvel ou circulante) e função da guarda (perecível, inflamável, frágil, pesado, tóxico, irradiante) (BARA, 1997; CASTILHO; LEITE 1991). 5 - Administração de Materiais nas Unidades de enfermagem

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Como já foi dito anteriormente a competência e responsabilidade pela AM nas unidades de enfermagem é do enfermeiro, que para realizar essa atividade desenvolve as funções de: previsão, provisão, organização e controle através da determinação e especificação dos materiais e equipamentos; estabelecimento da quantidade de material e equipamento; análise da qualidade dos materiais e equipamentos; determinação dos produtos a serem adquiridos; estabelecimento de um sistema de controle e avaliação; acompanhamento do esquema de manutenção adotado pela instituição; adoção de um programa de orientação da equipe de enfermagem, sobre o manuseio e conservação de materiais e equipamentos e atualização de conhecimentos sobre os produtos utilizados na assistência à saúde e lançados no mercado (FONSECA, 1995).

5.1 – Previsão Prever significa “conhecer com antecipação; antever” (PESTANA, 1994). E para realizar essa função em uma unidade de enfermagem o enfermeiro deve definir através de um levantamento as necessidades de recursos materiais da unidade, identificando as quantidades e especificidades dos mesmos. Neste levantamento deve-se considerar: especificidade da unidade; características da clientela; freqüência no uso dos materiais, número de leitos na unidade; local de guarda; durabilidade do material e periodicidade da reposição do material (CASTILHO; LEITE 1991). A estimativa do quantitativo de material necessário pode ser obtida através do consumo médio mensal (CMM) que consiste na observação do consumo por um período de tempo, que geralmente é de três meses, dividido pelo número de meses mais uma margem de segurança (ES) definindo-se assim uma cota de material (CM). Um instrumento que auxilia nessa observação é o mapa de consumo de material, onde normalmente consta tipo de material, cota mensal e gastos (CASTILHO; LEITE 1991). Exemplo: Mapa de consumo de material de uma unidade básica de saúde de um Município de médio porte. Material Seringas de 3 ml sem agulhas

Abril

Unidades Mensais Consumidas Maio

Junho

200

250

180

Castilho & Leite apresentam a seguinte expressão matemática para um cálculo estimado de material: 

CM= CMM + ES



ES = 10 a 20% do CMM + CTR



CTR= CMM/30 x N

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CTR= consumo diário durante o tempo de reposição N= número de dias de espera para reposição que pode variar de acordo com o sistema de compra do serviço de saúde

Onde: CM= cota mensal, CMM= consumo médio mensal, ES= estoque de segurança. O estoque de segurança, também chamado de estoque mínimo é calculado acrescentando-se de 10 a 20% do CMM, mais o consumo diário durante o tempo de reposição (CTR). No caso exemplificado acima o cálculo seria o seguinte, considerando o N= 15 dias: CMM=200+250+180 = 210 3

CTR= 210x15= 105 30

ES=10% de 210+105= 126

Portanto o CM será igual a: CM= 210+126= 336 Para atualização dos dados a cada novo mês, acrescenta-se o valor do consumo mais recente e despreza-se o mais antigo. Uma estimativa de material bem elaborada contribui para que não se tenha um acúmulo de materiais nas unidades, para a economia do hospital e para que o almoxarifado tenha uma visão real do material que esta sendo necessário (FONSECA, 1995). 5.2 – Provisão A provisão diz respeito a reposição de materiais na unidade de enfermagem. Para desempenhar essa função o enfermeiro deve realizar a rotina de requisição de materiais, que pode sofrer pequenas alterações de acordo com a instituição, mas de modo geral, segue os seguintes passos: descrição do material em ordem alfabética com especificação do tipo, dimensão e quantidade; verificação do estoque existente; solicitação semanal, quinzenal ou mensal em impresso próprio, em duas vias ou mais; envio à Chefia do SE – quando necessário; encaminhamento da requisição ao almoxarifado de acordo com as normas do serviço, recebimento do material do almoxarifado sendo que nesse momento deve-se conferir e guardar e por fim controlar os gastos (FONSECA, 1995). O mapa de consumo de material auxilia, também, na realização dessa etapa. Exemplo da especificação do material a ser pedido: Sonda vesical de marca XYZ: Sonda vesical de 2 vias, calibre numero 18, de látex, com cuff de 5ml, balão de formato simétrico ao ser inflado, esterilizado, código 03029 ou similar. Segundo GRECO (2010), o sistema de reposição pode ser realizado de quatro formas:  Sistema de reposição por tempo: em épocas predeterminadas as cotas são repostas integralmente. É a forma mais utilizada na enfermagem, porém propicia a formação de grandes estoques na unidade.  Sistema de reposição por quantidade: quando o estoque chega a um nível mínimo, denominado de estoque de reposição, é feita a reposição do material tendo por base a cota predeterminada, independente de um prazo estipulado. Esse sistema, se bem utilizado, pode revelar-se bastante vantajoso, 5

mas pode ocasionar falta de material caso não seja observado, constantemente o nível mínimo de estoque.  Sistema de reposição por quantidade e tempo: é estabelecida uma cota para um determinado tempo, e em uma época predeterminada, é feita a solicitação de materiais na quantidade necessária para repor o estoque. Esse sistema colabora para o não-esquecimento da emissão de solicitação de material e evita o aumento de estoque, sua realização depende de que se disponha de estudo frequente da previsão de materiais.  Sistema de reposição imediata por quantidade: os materiais são encaminhados diariamente ou com uma frequência ainda maior, para a unidade, de acordo com o consumo. Um inconveniente nesta forma de reposição é quando ocorre o esquecimento do débito de material, ficando a unidade desfalcada. 5.3 – Organização e Guarda de Material

   

Após prever e prover os materiais e equipamentos é necessários que estes sejam organizados e guardados em locais e de modo adequado. Segundo BARA (1997), “armazenar ou estocar materiais é dispor de forma racional e técnica cada produto em seus depósitos (almoxarifado). O material deve ser acondicionado em estantes, armários, estrados, prateleiras, gavetas ou em pilhas seguindo normas técnicas para evitar riscos de queda, achatamento, deterioração, perda e outros. Deve-se guardar o material observando a facilidade de visualização para o pessoal, evitar riscos de contaminação (poeira, umidade, luz), facilidade de realização de inventários, reposição e controle (uso de fichas por n.º e espécie). A guarda nas unidades deve ser feita pelo enfermeiro com rigoroso controle, mas ao mesmo tempo garantindo à equipe de enfermagem o acesso aos materiais conforme as necessidades do SE. Deve ser evitado sub-estoque, guarda descentralizada, o que dificulta o controle e favorece o desvio”. Nesta etapa, o enfermeiro pode levar em conta algumas questões para se nortear: Qual é o espaço necessário para estocar adequadamente cada material? Qual é a frequência de utilização do material? Qual o tipo de instalação mais adequada para o armazenamento do material? Quais as dificuldades de armazenamento do material com outros materiais devido sua incompatibilidade? 5.4 – Controle e Manutenção O controle é uma função ampla, não se limitando apenas a quantidade, mas diz respeito também a qualidade dos materiais, auxiliando no desenvolvimento das demais funções, pois “a realização de um controle adequado fornece dados para a previsão, propicia informações sobre a qualidade e a durabilidade do material, diminui o extravio, aumenta a eficiência dos equipamentos – e assim garante uma utilização apropriada dos recursos materiais, a continuidade da assistência ao paciente e a diminuição dos custos relacionados aos materiais. O controle dos materiais pode ser feito de diversas maneiras através do método ABC (classifica os materiais segundo custo para a instituição); sistema de duas gavetas; sistema de troca/reposição; uso de cadernos com o número 6

de patrimônio e quantidade; fichas técnicas e atualmente o uso do computador (CASTILHO; LEITE 1991). No entanto, independente do sistema adotado para controle de materiais, é preciso analisar o comportamento do consumo mensal de cada serviço, observando as razões que justificam as variações de consumo, tais como as alterações no número de atendimento ou na taxa de ocupação, as ocorrências sazonais das doenças e o número de alunos, entre outros (CASTILHO; GONÇALVES, 2005). Para que se possa ter o controle dos materiais, antes de mais nada, é necessário que se tenha uma relação dos mesmos, o que se consegue através do inventário que consiste na “verificação de todo o material para comprovar a existência e a exatidão dos estoques registrados (saber o que se tem, o necessário para atender à demanda e o que comprar – controle)” (GAMA, 1997). Através do inventário tem-se dados corretos e precisos sobre o patrimônio do hospital, o que é necessário para que se possa realizar planejamentos objetivos e para evitar gastos e desperdícios desnecessários. Os inventários podem ser gerais – realizados no final do exercício fiscal da empresa, através da contagem de todos os itens do estoque, não possibilitando reconciliações ou ajustes, nem a análise das causas das diferenças - e os rotativos - realizados através de uma programação mensal para determinados itens a cada mês, sem necessidade de paralisação do serviço, possibilitando a análise das causas e diferenças e, portanto, um melhor controle (CHIAVENATO, 1991). No SE para que o enfermeiro possa ter um controle mais efetivo, o inventário pode ser realizado, através da verificação semanal e de necessidade de manutenção dos materiais e equipamentos (GAMA, 1998). Para que a equipe de saúde possa desenvolver as suas atividades, ou seja, prestar uma adequada assistência à saúde de indivíduos e comunidade, é necessário que os equipamentos existentes na unidade estejam em perfeito funcionamento, garantindo dessa forma não apenas a assistência, mas também a segurança de quem está utilizando o equipamento. Esta atividade, que consiste em manter os materiais e equipamentos em perfeitas condições de funcionamento nos momentos em que são necessários, chama-se manutenção e para que ela ocorra é necessário que assim que a enfermagem ou equipe de saúde perceba alguma irregularidade no equipamento, o mesmo seja encaminhado para o serviço de consertos e reparos. (CASTILHO; LEITE 1991). Existem dois tipos de manutenção: a preventiva que é realizada periodicamente nos equipamentos com o objetivo de se detectar e evitar que o mesmo venha a apresentar defeitos ou mau funcionamento e a reparadora que é realizada após o aparelho ter apresentado algum problema tendo como objetivo restaurar, corrigindo o defeito apresentado pelo mesmo (CASTILHO; LEITE 1991). 6 – O processo de compra dos materiais utilizados nas unidades de enfermagem O setor responsável pelo processo de compra e armazenamento nas instituições hospitalares está vinculado à área administrativa da estrutura organizacional, onde quem desenvolve essas atividades muitas vezes não é da área de saúde. Devido a complexidade e adversidade dos materiais utilizados nas instituições de saúde é indispensável a participação de profissionais do ramo no processo de gerenciamento dos recursos materiais, assessorando a

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    

área administrativa nos aspectos técnicos e nas ações locais (CASTILHO; GONÇALVES, 2005). A atuação do enfermeiro no processo de compras de materiais nas instituições se dá através da atuação em comissões de licitação, ou informalmente através da opinião sobre o tipo, à quantidade e à qualidade dos materiais a serem utilizados. Existem várias modalidades de compra, em instituições privadas é costume haver uma negociação direta entre o serviço de compras e os fornecedores, já nas instituições públicas normalmente segue-se um processo de licitação. Segundo CASTILHO;GONÇALVES (2005), licitação é “o procedimento administrativo regido por legislação específica, utilizado para aquisição ou alienação de bens e serviços, com os objetivos de garantir a observância do princípio constitucional da isonomia e de selecionar a proposta mais vantajosa para a administração (Art. 3º da Lei nº 8666/93). Na licitação deve-se fazer uma descrição/especificação detalhada do material que se deseja adquirir sem indicação da marca, a não ser em casos excepcionais. Segundo os mesmos autores, as modalidades de licitação constantes na Lei 8.666/93 são: Convite - É para no mínimo três interessados que trabalhem com o material requisitado, podendo ser cadastrados ou não, escolhidos pela instituição. Indicada para a compra de valores baixos, estabelecidos pela Lei. Tomada de preços É realizada somente entre interessados previamente cadastrados na instituição. Indicada para aquisições de valores médios, estabelecidos pela Lei. Concorrência – É uma modalidade entre quaisquer interessados que, na fase inicial de habilitação preliminar, comprovem possui requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital, para aquisição de valores altos. Concurso – utilizado entre quaisquer interessados para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico. Leilão – utilizada entre quaisquer interessados para venda de bens móveis inservíveis para a administração ou produtos legalmente apreendidos ou penhorados. Além dessas, atualmente tem sido utilizado o pregão que “é uma modalidade de licitação mais recente, instituída pela Lei 10.520, de 17 julho de 2000. A opção por essa modalidade, independente do valor estimado da contratação e da disputa pelo fornecimento de bens e serviços comuns, é feita por meio de propostas e lances sucessivos em sessão pública. Essa modalidade vem ganhando espaço na Administração Pública por ser um processo mais dinâmico, que proporciona maior competitividade entre os concorrentes e maior transparência à gestão de compras, visto que a negociação é realizada em sessão pública” . A principal e básica diferença entre as licitações tradicionais, ou seja, as modalidades de licitações, Concorrência, Tomada de Preços e Convites, é o valor e/ou complexidade da licitação. O que não se aplica a Pregão, pois para essa modalidade não há limites de valores. A escolha de uma modalidade ou outra para compra de materiais se dá de acordo com o valor estimado, e a urgência na aquisição, como por exemplo, nos casos em que a falta do material significa um prejuízo na assistência à saúde do paciente, sendo que a tomada de preços e o convite são as realizadas mais rapidamente. O tempo de reposição varia de acordo com o sistema de compra da instituição. Os hospitais públicos, que realizam processo de licitação, levam cerca de quatro a seis meses, entre o início do processo de compra e até o 8

recebimento, armazenagem e distribuição interna do material. Com a adoção do processo e pregão, o tempo tem diminuído para cerca de um mês (CASTILHO; GONÇALVES, 2005). 6.1– Padronização A padronização é um método para estender a utilização de um material ao maior número possível de aplicações, ela visa reduzir as variedades, através da unificação de dados de materiais que são semelhantes. As vantagens da padronização segundo PATERNO (1990), são: favorece a diminuição do número de itens em estoque, simplifica o trabalho de estocagem, permite a obtenção de melhores preços, reduz o trabalho de compras, diminui os custos de estocagem, permite a aquisição dos materiais com maior rapidez e possibilita a economia com consertos e substituições de peças. A padronização não é um procedimento que pode ser feito isoladamente, deve-se compor um comitê de padronização com a participação do corpo clínico, do administrador de materiais e da enfermagem, tendo-se por base as rotinas e técnicas do serviço de enfermagem, conhecimentos dos materiais, sabendo-se quais são semelhantes e quais podem ser substituídos, além das qualidade farmacológicas e técnicas, a facilidade de compra, o custo, a armazenagem entre outros. Devido a essa complexidade, muitas instituições já trabalham com comissões interdisciplinares para padronização dos materiais. A padronização deve ser amplamente discutida e, após seu estabelecimento, deverão ser promovidas estratégias educacionais para capacitação dos usuários (CASTILHO; GONÇALVES, 2005). Realizada desse modo, a padronização, facilitará a verificação mensal da média de consumo, o planejamento e reposição e a manutenção da qualidade dos materiais utilizados. 6.2 – A especificação técnica dos materiais A especificação técnica dos materiais consiste na descrição minuciosa das características do material, pois representa com precisão aquilo que se deseja adquirir. Além disso, a especificação técnica representa um meio de comunicação entre a área técnica e administrativa (CASTILHO; GONÇALVES, 2005). Na descrição deverão constar:  Nome do produto;  Acabamento;  Indicação de uso;  Embalagem;  Desempenho técnico;  Propriedades físico-químicas;  Matéria-prima de fabricação;  Método de esterilização;  Dimensões;  Prazo de validade. Nas instituições públicas o processo de compra de materiais não é uma atividade simples, e as especificações dos produtos são muito importantes para que se possa garantir a aquisição de produtos de qualidade, elas são utilizadas na elaboração do edital de compra, e quanto mais detalhada facilitará o contato do setor de compras com os fornecedores. Alguns órgãos oficiais que normatizam e fazem recomendações relativas à fabricação, esterilizações e uso de materiais devem ser consultados pelos enfermeiros para se realizar as especificações técnicas e ainda constatar sua regularização, como: ABNT, ANVISA, Ministério da Saúde e Ministério do

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Trabalho. Além de poder recorrer às diferentes especificações do fabricante, presentes nos manuais de instrução (CASTILHO; GONÇALVES, 2005). 6.3 – Os testes de qualidade e o parecer técnico O controle de qualidade no gerenciamento de recursos materiais é imprescindível, tantos daqueles disponíveis na instituição como daqueles existentes no mercado. Para tanto é necessário que, ao adquirir um material, o mesmo seja submetido a testes de desempenho técnico e análise dos riscos para os pacientes e para os trabalhadores, a fim de que se verifique se o produto é de qualidade e se atende a necessidade a que se destina (CHIAVENATO, 1991). Em uma avaliação de materiais, no primeiro momento, é realizada uma verificação minuciosa da embalagem, do método de esterilização, da presença da data de validade, do acabamento do material, da instrução de uso, dentre outros fatores que se considere importante para que sejam previamente avaliados, para que então se passe para a fase de teste a ser realizada na unidade. Para se realizar o teste na unidade, o SE deve enviar juntamente com o material a ser avaliado um impresso, com as características que deverão ser observadas e avaliadas durante o teste. Vale ressaltar que os testes devem ser realizados pelos usuários diretos, cabendo ao responsável pelo teste coordenar o processo de avaliação, estabelecendo juntamente com a equipe critérios técnicos objetivos para apreciação do produto e emissão de parecer técnico. Após a realização do teste e de posse dos resultados e das especificações do material, o SE, elaborará um parecer técnico que consiste na descrição das vantagens e desvantagens do produto, bem como sugestões para melhorar ou aprimorar o mesmo. Um parecer técnico poder ser elaborado sob a forma de ofício no formato de um relatório técnico ou através do preenchimento de impresso próprio da instituição, de modo geral um parecer pode conter os seguintes itens:  Justificativa;  Método de esterilização (se for o caso);  Nome do produto;  Matéria prima;  Finalidade/ uso ou aplicação;  Descrição do produto;  Fabricante;  Vantagens,  Importador (se for o caso);  Desvantagens  Responsável técnico;  Recomendações;  Nº do Lote e do registro;  Data;  Data de fabricação;  Assinatura de quem elaborou o  Validade; parecer.  Embalagem O controle da qualidade de materiais não deve ser realizado apenas no momento da aquisição dos produtos, mas sim durante toda e qualquer atividade, e para isso é importante que toda a equipe se mantenha atenta, e possa estar dando opiniões sobre os produtos que estão utilizando, de modo que nos processos de aquisição, já se tenha informações sobre a qualidade ou não dos mesmos. Na aquisição dos materiais são considerados o parecer técnico e a análise de custo do produto, sendo que é importante lembrar que “nem sempre o menor preço corresponde ao menor custo para a instituição, uma vez que a má qualidade do material pode acarretar maiores prejuízos financeiros e da assistência” (FONSECA, 1995). 7 – Preparo do pessoal 10

O trabalho em enfermagem se caracteriza por ser um trabalho em equipe e na administração de materiais a participação de todos na avaliação dos produtos que estão sendo utilizados, ou na aquisição de um material ou equipamento novo é muito importante. É necessário que toda a equipe conheça os materiais e equipamentos, sabendo como utilizá-los corretamente, o que pode ser conseguido através de treinamentos e educação continuada, visando a própria segurança, dos pacientes, a conservação e manutenção dos materiais, contribuindo para o controle dos custos evitando-se assim o uso indevido e o desperdício do material (FONSECA, 1995; BARA, 1997). 8- Conclusão É importante ressaltar que as funções do enfermeiro em relação ao gerenciamento de materiais em serviços de saúde devem ser realizadas tendo como objetivo a melhoria ou aprimoramento das condições de assistência aos usuários e de trabalho da equipe de enfermagem e de saúde, e não como uma atividade apenas burocrática, tendo como meta a preservação dos interesses econômicos das instituições. O enfermeiro, enquanto responsável pelas unidades onde atua, tem papel significativo no gerenciamento de recursos materiais dessas unidades, participando tanto na avaliação quantitativa quanto qualitativa. Tais ações envolvem a previsão, provisão, organização e controle dos recursos materiais. Cabe ainda destacar quão importante é o enfermeiro estar sempre atualizado quanto às inovações assistenciais em saúde, podendo assim contribuir na utilização de novos materiais ou até avaliar o impacto nos custos com a introdução de novas intervenções. Outra função essencial consiste no preparo da equipe para adequado manuseio dos materiais utilizados na unidade, melhorando o aproveitamento desses, garantindo segurança para paciente e equipe e minimizando os custos envolvidos. 9 - Referencias CASTILHO, V.; LEITE, M. M. J. A administração de recursos materiais na enfermagem. In: KURCGANT, P. (Coord.) Administração em enfermagem. São Paulo, EPU, 1991. P.73-88 CASTILHO, V.; LEITE, M.M.J. Gerenciamento de Recursos materiais.. In: Gerenciamento em enfermagem: KURCGANT, P. (coord.). Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2005, p. 157-170. CHIAVENATO, I. Iniciação Makron/McGraw-Hill, 1991.

à

administração

de

materiais.

São

Paulo,

FONSECA, M. das G. Administração de materiais em enfermagem. Juiz de Fora, EEUFJF/Depto EBA, 1995. (apostila de curso). GAMA, B. M. B. De M. Administração de recursos materiais em enfermagem. Juiz de Fora, EEUFJF/Depto EBA, 1997. (apostila de curso). GRECO, R.M. Gerenciamento De Recursos Materiais Em Enfermagem. Juiz de Fora, EEUFJF/Depto EBA, 2010. (apostila de curso). PATERNO, D. A administração de materiais no hospital: compras, almoxarifado e farmácia. São Paulo, CEDAS, 1990.

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PESTANA, F. B. (coord). Dicionário prático da língua portuguesa. São Paulo, Melhoramentos, 1994. QUEIROZ, V. M.; SALUM, M. J. Reconstruindo a intervenção de enfermagem em saúde coletiva face a vigilância à saúde. In: 48 Congresso Brasileiro de Enfermagem. São Paulo, ABEn, 1996. VECINA NETO, G., REINHARDT FILHO, W. Funções da Administração de Materiais. In: VECINA NETO, G., REINHARDT FILHO, W. Gestão de recursos materiais e de medicamentos. São Paulo: IDS, 1998. 93 p.

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