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02/09/2019
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Obturação Conhecer as técnicas e materiais obturadores para o preenchimento do canal radicular e posterior selamento coronário adequado.
AUTOR(A)
PROF. TATIANA DIAS SCHALCH AUTOR(A)
PROF. ADRIANA FERNANDES PAISANO
A obturação dos canais radiculares visa o preenchimento tridimensional, completo e hermético, tanto no seu comprimento quanto na sua largura. A obturação deve preencher o espaço anteriormente ocupado pela polpa, permitir o reparo biológico e possibilitar que os dentes desempenhem suas funções normais, impedir a infiltração de exsudatos e consequentemente a reinfecção do sistema de canais radiculares, criando um ambiente favorável para cicatrização periapical. A obturação do canal deve ficar estritamente limitada ao segmento do canal radicular, ou seja, deve se limitar ao comprimento de trabalho (Limite do CT). Condições para obturação do canal radicular: O momento oportuno para obturar o canal é de 48 horas (polpa viva) à 72 horas (polpa mortificada) após o término do preparo químico cirúrgico (PQC). No momento da obturação, o dente não pode apresentar dor, mobilidade, edema e/ou exsudato dentro do canal radicular. Durante o tratamento endodôntico, quando o dente não apresenta esses sinais e sintomas, a chance de sucesso do tratamento é muito grande.
Materiais Obturadores Sólidos: cones de guta percha apresentam como principais propriedades, a plasticidade e sua capacidade em obedecer os limites de trabalho. Composição: resina, cera, óxido de zinco, aglutinantes, opacificadores e agentes corantes. Os cones de guta percha estão normalmente disponíveis na forma padronizada ou estandardizada, e apresentam conicidades variadas conforme a técnica utilizada no preparo do canal radicular. Os cones de guta percha devem ser resistentes ao tempo e possuir boa plasticidade para se adaptar facilmente a anatomia dos canais radiculares Além disso, deve ser de fácil remoção do canal, caso seja necessário
realizar o
retratamento. O cone de guta percha deve apresentar baixa toxicidade, além de não https://ava.uninove.br/seu/SEU0294/preview_ava2.php
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favorecer o crescimento bacteriano. A descontaminação do cone de guta percha deve ser realizada por meio da imersão em hipoclorito de sódio a 1% durante 3 minutos e secagem dos mesmos em gaze estéril. Plásticos: Na classificação dos materiais plásticos, encontram-se os cimentos. Estes cimentos podem ser a base de Óxido de Zinco, Resinas Plásticas, Hidróxido de Cálcio ou Ionômero de vidro. Os cimentos devem ser utilizados conjuntamente com o material obturador sólido (guta percha). Assim, o cimento tem a função de preenchimento e selamento completo do sistema de canais radiculares.
REQUISITOS DOS MATERIAIS OBTURADORES Radiopacidade: ser visível nas radiografias. Fácil manipulação e remoção: deve ser de fácil espatulação e solúvel em solvente. Não sofrer alterações volumétricas: deve permanecer dimensionalmente estável ou expandir-se levemente quando tomar presa. Insolúvel aos fluidos bucais: o cimento não deve desintegrar-se quando em contato com fluídos bucais ou apicais. Adaptar-se às paredes do conduto ou adesividade: esta é a propriedade mais desejável em um cimento, promovendo um íntimo contato com a superfície dentinária. Ação antibacteriana: cimentos com alta ação antimicrobiana também podem ser tóxicos aos tecidos periapicais, sua ação deve limitar-se a evitar o favorecimento de crescimento microbiano. Bem tolerado pelos tecidos periapicais: todo cimento e seus componentes não podem causar qualquer tipo de destruição tecidual ou morte celular. Os cimentos apresentam uma maior toxicidade quando da sua manipulação inicial, que tende a diminuir após a sua presa e com o passar do tempo. Ausência de manchamento: não devem causar manchamento futuros na coroa, atualmente os cimentos à base de óxido de zinco e eugenol (OZE) e aqueles que contém materiais pesados, como a prata, podem causar manchamento da dentina alterando a cor do dente, mas também é verdade que essa possibilidade só acontece quando existe falha na limpeza da câmara pulpar após a obturação. Os materiais obturadores de eleição para a técnica que utilizamos, serão a guta percha e o cimento de Grossman, que é um cimento à base de óxido de zinco e eugenol (OZE). Vantagens da guta percha: Não sofre contração; Impermeável; Não favorece crescimento bacteriano; Radiopaca; https://ava.uninove.br/seu/SEU0294/preview_ava2.php
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Biocompatível com os tecidos periapicais; Não mancha os tecidos dentais; Passível de esterilização química; Fácil remoção do interior do canal. Existe uma consistência ideal para o cimento tipo Grossman, essa consistência seria em ponto de fio de 5,1 a 7,6 cm. Essa consistência é recomendada porque caso o cimento fique espesso demais, a adaptação do cimento nas paredes do canal radicular será menor, reduzindo o vedamento dos túbulos dentinários. Por outro lado, se a consistência for fluida demais, o cimento não será capaz de se aderir às paredes do canal. Nas duas situações, as propriedades do cimento serão alteradas, afetando sua ação adequada como material obturador. A proporção ideal deve ser (Pó - Líquido): 1,600g --------- 0,5ml ( tempo de trabalho de 20 minutos).
TÉCNICA DE OBTURAÇÃO Anestesia: anestesiar o paciente com no mínimo 1 tubete de anestésico local; Isolamento relativo e absoluto; Embrocamento: com clorexidina a 2% (paciente) ou iodo povidine (manenquim); Remoção do selamento provisório; Novo embrocamento; Remoção da medicação: por meio de irrigação com hipoclorito de sódio a 1%; Protocolo de irrigação com EDTA e hipoclorito de sódio a 1% (Milton).
A Obturação propriamente dita: Seleção do cone principal: O primeiro cone selecionado deve ser o cone correspondente a lima do preparo apical, ou a última lima do PQC (Preparo Químico Cirúrgico) ou seja, o cone principal deverá ter o mesmo calibre da última lima utilizada no preparo do canal, que chegou até o CT. Todavia, nem sempre a estandardização das limas coincide com a dos cones principais. Visto isto, teremos que executar testes para comprovar a adaptação desse cone a toda superfície do canal, principalmente a adaptação ao ápice do dente a ser obturado. Após a seleção do cone principal e antes de iniciar os testes, devemos colocá-lo em um dappen com hipoclorito de sódio a 1% , por 3 minutos, para a desinfecção. Deverão ser realizados 3 testes na seguinte sequência: teste visual, teste táctil e teste radiográfico.
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Teste Visual: o cone deve ter a mesma medida do Comprimento de Trabalho (CT) e quando colocado dentro do canal radicular, com o auxílio da pinça Perry, a marcação da medida (CT) deve atingir o ponto de referência. Enquanto o cone não passar no teste visual, não podemos passar para o próximo teste. Teste Táctil: com o auxílio da pinça Perry, o cone principal deve ser tracionado no sentido oclusal ou incisal com
o objetivo de verificar se o cone principal está travando
(oferecendo uma pequena resistência à tração) na região apical. Após o cone ser aprovado no teste táctil, podemos passar para o próximo teste. Teste Radiográfico: com o cone principal em posição, após ter passado pelo teste visual e táctil, deve ser realizada a radiografia do dente para confirmar se o cone principal está adaptado e no comprimento adequado, o CT (comprimento de trabalho). Esta radiografia é chamada de RADIOGRAFIA DA PROVA DO CONE. Podem existir situações adversas na prova do cone, quando da realização dos testes visual, táctil e radiográfico, como por exemplo: O cone não atinge o CT. Quando o cone não atinge o CT, devemos tentar os passos a seguir, nesta ordem: Testar outros cones de mesmo calibre. Retificar o PA. Testar um cone de menor calibre. Refazer o PQC. O cone atinge o CT mas não trava. Quando o cone atinge o CT mas não trava, devemos tentar os passos a seguir, nesta ordem: Devemos testar outros cones de mesmo calibre. Testar cones de calibre maior. Caso o cone de calibre maior não chegue no CT, devemos cortar com uma lâmina de bisturi, de milímetro em milímetro, o cone que anteriormente chegava ao CT mas não travava, até obter o travamento do cone na medida do CT e no ponto de referência adotado. Refazer o PA. Após a realização da prova do cone, composta pelos três testes, devemos colocar os cones acessórios ou secundários em um dappen com hipoclorito de sódio a 1% , por 3 minutos, para a desinfecção. O protocolo de irrigação será refeito: Irrigação com 5 mL de hipoclorito de sódio 1% e aspiração contínua com a cânula mais calibrosa. Em seguida, devemos irrigar com 5mL de EDTA para remover possíveis restos de magma dentinário e aumentar a permeabilidade da dentina dentro canal radicular, melhorando a penetração do cimento dentro dos
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túbulos dentinários, promovendo assim o melhor vedamento de todo conduto radicular. Novamente, com mais 5mL de hipoclorito de sódio a 1%, faremos uma última irrigação para a retirada do material produzido pela ação do EDTA. O próximo passo será a secagem do canal radicular com cânula de aspiração (maior calibre, seguido pela cânula de menor calibre) e cone de papel estéril do mesmo calibre do cone principal, pois o conduto deve estar seco para receber o cimento com o cone principal e cones acessórios. INÍCIO DA OBTURAÇÃO Materiais: Placa de vidro despolida; Espátula 24 flexível; Cimento (pó e líquido); Espaçadores digitais (calibrados 2 a 3mm aquém da medida do CT); Cones secundários. Espatulação do cimento para obturação do canal radicular: deverá ser executada uma espatulação homogênea por toda placa de vidro despolida até obtermos um cimento com a consistência de "ponto de fio". PINCELAMENTO DAS PAREDES DO CANAL Com o espaçador digital calibrado ou com o cone principal, devemos levar o cimento ao interior do canal, realizando um pincelamento das paredes dentinárias. COLOCAÇÃO DO CONE PRINCIPAL E SECUNDÁRIOS OU ACESSÓRIOS Colocar o cone principal com cimento de Grossman na medida do CT e se certificar quanto a marcação da medida do CT na referência incisal ou oclusal, também confirmando, por meio de um novo teste táctil, se o cone está travado. Condensação Lateral: Devemos inserir os espaçadores calibrados criando espaços para colocação de outros cones (secundários ou acessórios), fazendo a condensação lateral da guta percha contra as paredes do canal radicular, até o preenchimento completo de todo o espaço. Os espaçadores apresentam calibres diferentes e, durante a condensação lateral, a utilização dos espaçadores deve ser do de maior calibre que alcance as proximidades do CT, para o espaçador de menor calibre. Quando não for possível inserir mais cones secundários no interior do canal, devemos realizar uma radiografia para avaliar a qualidade da obturação, verificando se não há nenhum espaço dentro do canal radicular onde falte cimento ou cone secundário. Esta radiografia é chamada de RADIOGRAFIA DO PENACHO OU RADIOGRAFIA DE QUALIDADE DA OBTURAÇÃO. Após a confirmação da qualidade da obturação por meio desta radiografia, devemos realizar o corte do penacho na entrada do canal radicular. Condensação Vertical: Essa condensação deverá ser realizada na sequência do corte do penacho, com a finalidade de eliminar todos os possíveis espaços dentro do canal, bem como promover a compactação da guta percha, dessa vez, no sentido apical. Essa compactação deverá ser realizada com os condensadores apicais ou também chamados de calcadores de Paiva. Um calcador será aquecido ao rubro com auxílio de uma lamparina, para o corte da guta percha, e um calcador frio fará a condensação dessa guta percha no sentido apical, ou verticalmente, preenchendo todos os espaços que existam no canal
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radicular, onde poderiam acontecer crescimentos microbianos. Este corte da guta percha deve remover o excesso de cones que estão na câmara pulpar, mantendo o material obturador endodôntico até 2mm além da coroa clínica ou da junção amelo-cementária.
LIMPEZA DA CÂMARA PULPAR E ENTRADA DO CANAL A limpeza da câmara pulpar deve ser realizada com álcool 92% para retirada de todo cimento excedente na câmara pulpar, como também de restos de cones de guta percha, evitando assim o manchamento ou o escurecimento da coroa clínica do dente. O escurecimento do dente tratado endodonticamente é considerado uma iatrogenia (falha profissional).
SELAMENTO PROVISÓRIO Utilizar uma camada fina de cimento temporário (Cimpat, Cavit, Coltosol ou similar) sobre o material obturador, para evitar a entrada de material restaurador dentro do canal radicular, facilitando assim qualquer trabalho posterior a ser realizado neste dente. Preencher o restante da cavidade com ionômero de vidro. Posteriormente deveremos realizar a restauração definitiva. Após a restauração provisória, retiramos o isolamento absoluto e realizamos o RADIOGRAFIA FINAL, com posicionador, para observar a qualidade da obturação e limites pré-estabelecidos.
Referências BERGER, C.R. e colab. Endodontia Clínica. Pancast, São Paulo, 2002, 572p.2. BRAMANTE, C.M. e colab. Anatomia das cavidades pulpares: Aspectos de interesse à Endodontia. ed. Pedro Primeiro Ltda, Rio de Janeiro, 2000. 190p. DE DEUS, Q. D. Endodontia. 5a. ed. Medsi, Rio de Janeiro, 1992, 695p ESTRELA,C. & FIGUEIREDO, J.A.P. Endodontia-princípios biológicos e mecânicos. 1a. ed., Artes Médicas, São Paulo, 1999, 819p. FERNANDES, K. P. S. e Cols. Guia Visual de Endodontia. 2ª. Ed. Livraria Santos Editora, São Paulo, 2013. 151p. LAURETTI, MB. et al. Manual de técnica endodôntica. 2.ed. São Paulo: Ed. Santos, 2008. p. 215-224 LEONARDO
&
LEAL. Endodontia: Tratamento
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Canais
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H.P.
&
SIQUEIRA
Jr.,
J.F. Endodontia: Biologia
e
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Medsi: Guanabara Koogan S.A., Rio de Janeiro, 2004. 964p. MACHADO, M. E. L. Endodontia da Biologia à Técnica. Ed. Livraria Santos Editora, São Paulo, 2007. 484p. https://ava.uninove.br/seu/SEU0294/preview_ava2.php
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PAIVA, J.G. & ANTONIAZZI, J.H. Endodontia: Bases para a prática clínica. 2a. ed. Artes Médicas, São Paulo, 1991, 886p.
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