Geografia - Conflitos no campo brasileiro

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Geo.

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Semana 16 Claudio Hansen (Bruna Cianni)

30|01 mai|jun

Conflitos no campo brasileiro 01. Resumo 02. Exercícios de Aula 03. Exercícios de Casa 04. Questão Contexto

RESUMO O campo do brasil é historicamente muito produti-

ção. Assim, a área do Bico do papagaio é uma região

vo. Temos uma larga extensão de terra que já foi pal-

de intenso conflito historicamente até hoje. No dia

co de diversos arranjos espaciais que se ordenam de

17/04/96, dia da luta brasileira pela reforma agrária

acordo com as forças de poder que o influenciam. O

19 pessoas foram assassinadas pela PM por ocupar

agronegócio tem uma força importante no mercado

terra de fazendeiro na região. Esse conflito ficou co-

econômico, apesar desse desenvolvimento ter sido

nhecido como conflito de El Dorado dos Carajás. A

conquistado a custa de muitas vidas. As políticas do

região do Maranhão, Piauí, Tocantins, Bahia e parte

campo brasileiro geraram historicamente uma con-

do recôncavo mineiro são até hoje as áreas mais vio-

centração fundiária desigual, excluindo muitos pro-

lentas por conta de conflitos por terra.

do campo brasileiro é marcado por muitos conflitos.

Até hoje existem lideranças majoritariamente femi-

Esses conflitos vão gerando grupos de resistência

ninas no Maranhão e no Pará que não tem janelas

para lutar pelas causas do campo como exemplo o

em casa por serem marcados de morte pela sua luta

MST, que luta pela reforma agrária, pela distribuição

contra o grande capital em suas áreas de trabalho e

dos assentamentos rurais. Isso quer dizer que as ter-

moradia. Podemos citar como exemplo a região de

ras improdutivas devem ser reapropriadas para que

Belo Monte que além de ser a promessa de energia

as famílias anteriormente excluídas possam voltar

pelo seu potencial hidrelétrico também removerá e

para suas atividades. A Lei da terra foi um avanço

destruirá vidas e culturas em prol de interesses de

nesse caso, promovendo o dever da terra ter função

mineradoras que visam explorar a terra em torno do

social. O período da Revolução Verde foi marcado

Velho Chico.

por planos desenvolvimentistas de integração do território que acentuaram esses problemas. De um lado há os que querem a reforma agrária, do outro são contra a essa os que querem o avanço do agro-

Principais atores

negócio. O papel do estado deveria ser o de mediar esse conflito entre os grupos sociais e o agronegó-

→ Posseiro e Grileiro

cio mas muitas vezes se vê submetido pelo desen-

Os posseiros são pessoas que tomam a posse de

volvimento e pelos grandes produtores.

uma terra que não é sua. Essa atitude é justificada pela lei do Usucapião que te faz ganhar a posse defi-

A atuação de movimentos sociais como o MST no

nitiva da terra se você a desenvolveu produtivamen-

cenário brasileiro demonstra sucesso uma vez que

te e morou por pelo menos 5 anos. Os grileiros fal-

as ocupações das terras as tornam produtivas e

sificam documentos para se apropriar de terras que

apresentando soluções práticas de reorganização.

já tem posseiros, que já pertencem a outras comuni-

Com o tempo, a ideia do brasil enquanto latifúndio

dades ou ocupadas, mas com interesse de ser explo-

monocultor na plantation do pacto colonial vai evo-

rada. A falsificação do documento acontece com

luindo com a expansão do agronegócio onde o ar-

a prática de guardar o documento falso com grilos,

roz, a pecuária, os grãos foram perdendo relativo

o que deixa a aparência do papel mais antiga. Essa

espaço para a soja e a cana. A modernização da agri-

prática normalmente foi feita por gente importante

cultura sulista se expandiu para o centro oeste com

dificultando a denúncia por parte dos grupos que na

os PNDs – planos nacionais de desenvolvimento que

correlação de forças que sempre saem em desvan-

tomavam medidas em polos para estimular o CAI –

tagem.

completo agroindustrial. No mato grosso temos até hoje o coração do agronegócio que é fruto desses

→ Madeireiros e Mineradoras

polos. O desenvolvimento das redes técnicas como

A expansão do campo brasileiro historicamente an-

transporte e comunicação no pós 70 foram muito

tes do açúcar já praticava o desmatamento do pau

importantes para que isso ocorresse. A expansão

brasil. A expansão agrícola intensificou essa prática

do agronegócio se expandiu para a Amazônia e para

com o café e com a soja. A mata atlântica com o açú-

o nordeste, onde tem as terras mais caras por ser

car e a soja no cerrado sofrem impactos ambientais

perto do litoral e ser mais fácil de escoar a produ-

em seus biomas.

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dutores e seus saberes de seus territórios. O espaço

Essas áreas então sempre foram fontes de madei-

cedido para que ela trabalhasse no local. Sendo ilu-

ra. O avanço da soja do milho e da pecuária são os

didos, chega longe da terra natal e trabalha em regi-

maiores responsáveis pela destruição da Amazônia,

me de escravidão por estar devendo tudo para esse

mas também perdemos muita madeira por avanço

gato, ao invés de receber o salário, o trabalho tenta

de rota, de trilha, para criar os deslocamentos de

compensar uma dívida gigante, por dever a passa-

trilha. As famílias quando trabalhavam com a soja

gem dele, da família, a mudança, a comida, a casa,

tinham o interesse indireto de que a agropecuária

o material de trabalho. Com uma dívida gigante, a

derrubasse a madeira, e passam muitas vezes a ser

pessoa não pode receber salário nem sair dali até

extratoras de madeira legal e sustentável podendo

pagar, trabalhando sem receber nada em regime si-

comercializar. A retirada deixa de ser a esmo e passa

milar ao da escravidão.

mílias reduzindo os conflitos das pequenas famílias

→ Criação de reservas indígenas e ambientais

que trabalhavam com a soja. Outra questão é que di-

A constituição de 88, dita constituição cidadã, visa o

ferente da agricultura e da pecuária, atividades que

reconhecimento dos povos presentes no Brasil numa

podem ser adaptadas a vários espaços diferentes,

maior política de inclusão com teórico respeito aos

a mineração só pode ocorrer onde o minério está.

indígenas e quilombolas. O nosso país tem número

Isso faz com que as áreas que possuem minério se-

razoável de reservas, 12% das terras são de reser-

jam quase que automaticamente das mineradoras,

vas sendo a região norte a que tem a maior concen-

gerando conflitos até com o agronegócio, não tra-

tração. A maior parte das reservas tem um contin-

zendo a população rival para dentro da mineradora.

gente populacional pequeno em relação a sua área.

Essa prática comum até hoje no Brasil gera muitos

Também por isso a fiscalização das reservas é falha.

impactos sociais e ambientais. Temos como exem-

Apesar da lei, os conflitos de interesse dos atores

plo Belo Monte e Mariana, onde o mercúrio polui

que querem usar as terras como agronegócio, ma-

fortemente o solo e as águas. Além disso há esque-

deireiras, tráfico internacional, etc, não permitem

mas de escravidão por dívida por meio dos “Gatos”.

que a reserva se mantenha. Os dados mostram que

Esses atores sociais são pessoas que chegam até fa-

houve mais desmatamento em áreas de reserva do

mílias que não tem o mínimo, oferecendo emprego,

que fora da Amazônia. O código florestal aprovado

leva pra Amazônia paga a passagem de ônibus a mu-

em 2012 favoreceu a bancada ruralista e não os am-

dança da família, um pouco de comida prometendo

bientalistas transformando cada vez mais o espaço

trabalho. Mas quando a pessoa chega é surpreendi-

do campo num território hegemônico, violento e de-

da com a notícia de que está devendo tudo que foi

sigual.

EXERCÍCIO DE AULA 1.

O assassinato do líder seringueiro Chico Mendes, em 1988, deu expressão internacional à pequena cidade de Xapuri, no Acre, e voltou o olhar do mundo para milhares de cidades que fazem da extração do látex seu sustento e do Vale Amazônico sua morada. O que poucos sabem é que esse foi apenas mais um capítulo da saga da borracha. Durante da Segunda Guerra Mundial, um exército de retirantes foi mobilizado com pulso firme, propaganda forte e promessas delirantes para deslocar-se rumo à Amazônia e cumprir uma agenda do Estado Novo. Ao fim do conflito, em 1945, os migrantes que sobreviveram às durezas da selva foram esquecidos no Eldorado. Passadas décadas, os soldados da borracha hoje lutam para receber pensão equivalente à dos ex-pracinhas. Adaptado de revista época.globo.com, 18/04/2011.

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a ser planejada e controlada e é melhor para as fa-

A extração de recursos naturais da Floresta Amazônica, como o látex, ainda hoje se insere em um contexto de problemas sociais, relacionados principalmente ao seguinte fator: a) Escassez de mão de obra qualificada b) Precariedade das condições de trabalho c) Insuficiência dos sistemas de transporte d) Insalubridade da infraestrutura habitacional

2.

Considerando as questões abordadas no filme Terra Vermelha, dirigido por Marco Bechis (2008), e os processos que envolvem as relações entre os não índios e as comunidades indígenas, é possível afirmar que a) A causa dos conflitos gerados na disputa de terras entre as comunidades indígenas e os fazendeiros é o valor da terra como mercadoria que caracteriza a concepção de ambas as partes envolvidas nessa disputa. b) A luta dos povos indígenas pela demarcação de suas terras, entre eles os Guarani-Kaiowá de Mato Grosso do Sul, relaciona-se à concepção de que tais terras representam um patrimônio cultural e espiritual necessário à sobrevivência dos c) A interferência dos valores e elementos culturais dos não índios no cotidiano das comunidades indígenas provocou uma mudança de concepção dessas em relação ao significado da terra, agora entendida apenas como mercadoria. d) Há uma tendência de que as comunidades indígenas desapareçam por completo, na medida em que os contatos com os não índios provocam mudanças em suas concepções, principalmente em relação à terra que perde seu sentido cultural e espiritual. e) O contato entre o jovem indígena e a filha do fazendeiro apresentados no filme representa a superação dos conflitos entre indígenas e fazendeiros e dos preconceitos e discriminações contra essas comunidades em Mato Grosso do Sul.

EXERCÍCIOS DE CASA 1.

No Brasil há uma elevada concentração de terras. Os latifúndios predominam, ocupando a maior parte da área enquanto os minifúndios têm pouca expressividade percentual. Sobre as características da estrutura fundiária brasileira, é correto afirmar-se que : a) Nas grandes concentrações fundiárias, geralmente existem grandes parcelas de terras ociosas. b) Os pequenos produtores não têm problemas de endividamento no campo, em virtude das linhas de crédito oferecidas pelo Governo Federal. c) A mecanização das lavouras nas grandes propriedades tem contribuído para a fixação do homem no campo. d) No Brasil as maiores áreas de tensão e conflitos por disputa de terras estão localizadas na região Sul.

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mesmos.

O lavrador de Ribeirão Preto recebe em média R$ 2,50 por tonelada de cana cortada. Nos anos 80, esse trabalhador cortava cinco toneladas de cana por dia. A mecanização da colheita o obrigou a ser mais produtivo. O corta-cana derruba agora oito toneladas por dia. O trabalhador deve cortar a cana rente ao chão, encurvado. Usa roupas mal-ajambradas, quentes, que lhe cobrem o corpo, para que não seja lanhado pelas folhas da planta. O excesso de trabalho causa a birola: tontura, desmaio, cãibra, convulsão. A fim de agüentar dores e cansaço, esse trabalhador toma drogas e soluções de glicose, quando não farinha mesmo. Tem aumentado o número de mortes por exaustão nos canaviais. O setor da cana produz hoje uns 3,5% do PIB. Exporta US$ 8 bilhões. Gera toda a energia elétrica que consome e ainda vende excedentes. A indústria de São Paulo contrata cientistas e engenheiros para desenvolver máquinas e equipamentos mais eficientes para as usinas de álcool. As pesquisas, privada e pública, na área agrícola (cana, laranja, eucalipto etc.) desenvolvem a bioquímica e a genética no país. Folha de S.Paulo, 11/3/2007 (com adaptações)

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2.

Álcool, crescimento e pobreza

Confrontando-se as informações do texto com as da charge acima, conclui-se que a) A charge contradiz o texto ao mostrar que o Brasil possui tecnologia avançada no setor agrícola. b) A charge e o texto abordam, a respeito da cana-de-açúcar brasileira, duas realidades distintas e sem relação entre si. c) O texto e a charge consideram a agricultura brasileira avançada, do ponto de vista tecnológico. d) A charge mostra o cotidiano do trabalhador, e o texto defende o fim da mecanização da produção da cana-de-açúcar no setor sucroalcooleiro. e) O texto mostra disparidades na agricultura brasileira, na qual convivem alta tecnologia e condições precárias de trabalho, que a charge ironiza.

3.

A luta pela terra no Brasil é marcada por diversos aspectos que chamam a atenção. Entre os aspectos positivos, destaca-se a perseverança dos movimentos do campesinato e, entre os aspectos negativos, a violência que manchou de sangue essa história. Os movimentos pela reforma agrária articularam-se por todo o território nacional, principalmente entre 1985 e 1996, e conseguiram de maneira expressiva a inserção desse tema nas discussões pelo acesso a terra. O mapa seguinte apresenta a distribuição dos conflitos agrários em todas as regiões do

Com base nas informações do mapa acerca dos conflitos pela posse de terra no Brasil, a região a) Conhecida historicamente como das Missões Jesuíticas é a de maior violência. b) Do Bico do Papagaio apresenta os números mais expressivos. c) Conhecida como oeste baiano tem o maior número de mortes. d) Do norte do Mato Grosso, área de expansão da agricultura mecanizada, é a mais violenta do país. e) Da Zona da Mata mineira teve o maior registro de mortes.

4.

Entre 2004 e 2008, pelo menos 8 mil brasileiros foram libertados de fazendas onde trabalhavam como se fossem escravos. O governo criou uma lista em que ficaram expostos os nomes dos fazendeiros flagrados pela fiscalização. No Norte, Nordeste e Centro-Oeste, regiões que mais sofrem com a fraqueza do poder público, o bloqueio dos canais de financiamento agrícola para tais fazendeiros tem sido a principal arma de combate a esse problema, mas os governos ainda sofrem com a falta de informações, provocada pelas distâncias e pelo poder intimidador dos proprietários. Organizações não governamentais e grupos como a Pastoral da Terra têm agido corajosamente acionando as autoridades públicas e ministrando aulas sobre direitos sociais e trabalhistas. “Plano Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo”. Disponível em: http://www.mte.gov.br. Acesso em: 17 mar. 2009 (adaptado).

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Brasil nesse período, e o número de mortes ocorridas nessas lutas.

Nos lugares mencionados no texto, o papel dos grupos de defesa dos direitos humanos tem sido fundamental, porque eles: a) Negociam com os fazendeiros o reajuste dos honorários e a redução da carga horária de trabalho. b) Defendem os direitos dos consumidores junto aos armazéns e mercados das fazendas e carvoarias. c) Substituem as autoridades policiais e jurídicas na resolução dos conflitos entre patrões e empregados. d) Encaminham denúncias ao Ministério Público e promovem ações de conscientização dos trabalhadores. e) Fortalecem a administração pública ao ministrarem aulas aos seus servidores.

5.

Coube aos Xavante e aos Timbira, povos indígenas do Cerrado, um recente e marcante gesto simbólico: a realização de sua tradicional corrida de toras (de buriti) em plena Avenida Paulista (SP), para denunciar o cerco de suas terras e a degradação de seus entornos pelo avanço do agronegócio. RICARDO, B.; RICARDO, F. Povos indígenas do Brasil: 2001-2005. São Pau-

A questão indígena contemporânea no Brasil evidencia a relação dos usos socioculturais da terra com os atuais problemas socioambientais, caracterizados pelas tensões entre a) A expansão territorial do agronegócio, em especial nas regiões Centro-Oeste e Norte, e as leis de proteção indígena e ambiental. b) Os grileiros articuladores do agronegócio e os povos indígenas pouco organizados no Cerrado. c) As leis mais brandas sobre o uso tradicional do meio ambiente e as severas leis sobre o uso capitalista do meio ambiente. d) Os povos indígenas do Cerrado e os polos econômicos representados pelas elites industriais paulistas. e) o campo e a cidade no Cerrado, que faz com que as terras indígenas dali sejam alvo de invasões urbanas.

6.

Leia o texto I de Josué de Castro, publicado em 1947. “O Brasil, como país subdesenvolvido, em fase de acelerado processo de industrialização não conseguiu ainda se libertar da fome. Os baixos índices de produtividade agrícola se constituíram como fatores de base no condicionamento de um abastecimento alimentar insuficiente e inadequado às necessidades alimentares do nosso povo.” (Adaptado de Josué de Castro. Geografia da Fome)

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lo: Instituto Socioambiental, 2006 (adaptado).

Leia o texto II sobre a fome no Brasil, publicado em 2001. “Uma das evidências contidas no mapa da fome consiste na constatação de que o problema alimentar no Brasil não reside na disponibilidade e produção interna de grãos e dos produtos tradicionalmente consumidos no País, mas antes no descompasso entre o poder aquisitivo de ampla parcela da população e o custo de aquisição de uma quantidade de alimentos compatível com as necessidades do trabalhador e de sua família.” (http://www.mct.gov.br) Comparando os textos I e II podemos concluir que a persistência da fome no Brasil resulta principalmente a) da renda insuficiente dos trabalhadores. b) de uma rede de transporte insuficiente. c) da carência de terras produtivas. d) do processo de industrialização.

7.

Texto I “A nossa luta é pela democratização da propriedade da terra, cada vez mais concentrada em nosso país. Cerca de 1% de todos os proprietários controla 46% das terras. Fazemos pressão por meio da ocupação de latifúndios improdutivos e grandes propriedades, que não cumprem a função social, como determina a Constituição de 1988. Também ocupamos as fazendas que têm origem na grilagem de terras públicas.” Disponível em: www.mst.org.br. Acesso em: 25 ago. 2011 (adaptado). Texto II O pequeno proprietário rural é igual a um pequeno proprietário de loja: quanto menor o negócio mais difícil de manter, pois tem de ser produtivo e os encargos são difíceis de arcar. Sou a favor de propriedades produtivas e sustentáveis e que gerem empregos. Apoiar uma empresa produtiva que gere emprego é muito mais barato e gera muito mais do que apoiar a reforma agrária. LESSA, C. Disponível em: www.observadorpolítico.org.br. Acesso em: 25 ago. 2011 (adaptado). Nos fragmentos dos textos, os posicionamentos em relação à reforma agrária se opõem. Isso acontece porque os autores associam a reforma agrária, respectivamente, à a) redução do inchaço urbano e à crítica ao minifúndio camponês. b) ampliação da renda nacional e à prioridade ao mercado externo. c) contenção da mecanização agrícola e ao combate ao êxodo rural. d) privatização de empresas estatais e ao estímulo ao crescimento econômico. e) correção de distorções históricas e ao prejuízo ao agronegócio.

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e) da pequena produção de grãos.

8.

Responda a questão considerando as afirmativas a seguir, que tratam dos sujeitos que atuam no espaço agrário brasileiro. I. Posseiro é o agricultor que ocupa terras abandonadas; legalmente pode valer-se da usucapião para reclamar a posse definitiva das terras após ocupá-las por certo tempo, dependendo dos casos estabelecidos em lei. II. Gato é o especulador de terras que se apropria de grandes áreas, falsificando títulos de propriedade rural. III. Grileiro é o empresário que arregimenta trabalhadores que vivem na sua localidade para leválos a outras regiões do país com promessas que costumam não ser cumpridas, podendo, inclusive, gerar trabalho escravo. IV. Meeiro é o trabalhador, geralmente desprovido de terras, que oferece sua mão de obra e seus equipamentos em troca de uma parte da produção, conforme acordo firmado com o proprietário da terra a ser trabalhada. As afirmativas corretas são, apenas, a) I e II. b) I e IV. c) II e III. e) I, II e IV.

9.

Leia a noticia. “Um grupo de indígenas que protestava contra a mudança no processo de demarcação de terras cercou nesta quinta-feira [18.04.2013] o Palácio do Planalto. De acordo com um dos representantes do movimento, Neguinho Tuká, a população indígena não foi ouvida durante o processo de elaboração da PEC 215 e teme perder suas terras com as mudanças. “Índio sem terra não tem vida”, declarou o coordenador das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira, Marcos Apurinã. “Não aceitamos e não vamos aceitar mais esse genocídio.” O grupo é o mesmo que, na última terça-feira, 16, invadiu o plenário da Câmara dos Deputados em protesto contra a PEC 215, que transfere do Poder Executivo para o Congresso Nacional a decisão final sobre a demarcação de terras indígenas no Brasil.” http://ultimosegundo.ig.com.br. Adaptado. São processos que vem contribuindo para o acirramento da tensão social envolvendo a população indígena no campo brasileiro: a) o avanço das atividades agrícolas, mineradoras e pecuárias de grande porte; a instalação de usinas hidrelétricas em terras indígenas; e a permanência da concentração de terras no país. b) a expansão da reforma agraria; o aumento do desemprego no campo; e a ausência de políticas de assistência social destinada a população indígena. c) o avanço das atividades agrícolas, mineradoras e pecuárias de grande porte; a expansão da reforma agrária; e a reivindicação da população indígena de direitos não previstos na Constituição Federal. d) a expansão da reforma agrária e da agricultura familiar; a instalação de usinas hidrelétricas em terras indígenas; e a permanência da concentração de terras no país. e) a expansão da agricultura familiar no país; o aumento do desemprego no campo; e a ausência de políticas de assistência social destinada a população indígena.

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d) III e IV.

vendo agentes sociais também diversificados.

Os quadrinhos acima abordam simultaneamente a violência dessas disputas nas seguintes situações: a) invasão de terras indígenas - guerras convencionais deflagradas por potências regionais b) conflitos fundiários no campo - intervenções militares realizadas por governos nacionais c) apropriação de terras improdutivas - extermínio de minorias efetuado por exércitos regulares d) ocupação de reservas ambientais - perseguição de populações civis promovida por milícias locais

11.

Com base na tabela e em seus conhecimentos, está correto o que se afirma em:

a) Mato Grosso do Sul é o estado que concentra o maior número de indígenas no País, segundo o Censo Demográfico 2010, o que explica o percentual elevado de sua participação no número total de indígenas assassinados. b) A quantidade de indígenas assassinados no País diminuiu, principalmente, no Mato Grosso do Sul, em função do maior número de homologações de terras indígenas, efetivadas por pressão da bancada ruralista no Congresso Nacional. c) No Mato Grosso do Sul, a maior parte dos conflitos que envolvem indígenas está relacionada com projetos de construção de grandes usinas hidrelétricas.

Geo. 51

10.

As disputas territoriais podem ocorrer em diferentes escalas geográficas, envol-

d) O grande número de indígenas assassinados no Mato Grosso do Sul explica-se pelo avanço da atividade de extração de ouro em terras indígenas. e) No período abrangido pela tabela, a participação do Mato Grosso do Sul no total de indígenas assassinados é muito alta, em consequência, principalmente, de disputas envolvendo a posse da terra.

QUESTÃO CONTEXTO Texto I O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, publicou portaria que altera o sistema de demarcação de terras indígenas em vigor no país desde meados dos anos 90. A Folha havia revelado em 12 de dezembro que um plano do governo iria alterar o regramento das demarcações, incorporando teses caras a entidades do agronegócio e à bancada ruralista no Congresso. Na época, o Ministério da Justiça disse desconhecer o assunto e negou que iria alterar o sistema. A portaria agora divulgada pelo ministro, porém, incorpora todos os principais elementos do estudo revelado em dezembro, incluindo uma "reparação" a indígenas em caso de "perda de área". RUBENS VALENTE, da sucursal da FOLHA DE S. PAULO, EM BRASÍLIA + ANDRE BORGES, do ESTADÃO Texto II Mato Grosso do Sul continua na liderança quando o assunto é violência contra indígenas. Segundo o relatório de Violência Contra os Povos Indígenas Fonte: http://g1.globo. com/mato-grosso-do-sul/ noticia/2016/09/ms-lideracasos-de-violencia-contrapovos-indigenas-dizrelatorio-do-cimi.html Juliene Katayama 15/09/2016 18h13 - Atualizado em 15/09/2016 20h04

no Brasil – dados de 2015, divulgado pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi) nesta quinta-feira (15), foram registrados 51 casos de violência, sendo 25 assassinatos de índios. Segundo o Cimi, há 96 terras indígenas não foram regularizadas por omissão ou morosidade do poder público. Do total, 68 não têm nenhuma providência, 10 aguardam identificação, seis já foram identificadas, oito foram declaradas indígenas e quatro homologadas.

Texto III BRASÍLIA - O governo trabalha nos últimos detalhes de um projeto de lei para liberar a venda de terras do País a empresas e investidores estrangeiros. O tema, que era considerado fora de questão no governo da ex-presiFonte: http://economia. estadao.com.br/noticias/ geral,governo-finalizaprojeto-que-liberaa-venda-de-terras-aestrangeiros,70001669078 André Borges, Fabrício de Castro , O Estado de S.Paulo 17 Fevereiro 2017 | 05h00

dente Dilma Rousseff, tem sido tratado diretamente pelo ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha. O texto prevê que o investidor estrangeiro poderá comprar até 100 mil hectares de terra (cerca de 1 mil km², ou três vezes a área de uma cidade como Belo Horizonte) para produção, podendo ainda arrendar outros 100 mil hectares. Dessa forma, o investidor internacional teria 200 mil hectares de terra à disposição Explique como a especulação sobre o uso do solo produtivo do espaço agrário brasileiro pode gerar conflitos no campo brasileiro e cite medidas que o governo poderia tomar para reduzir a tensão no campo.

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Fonte https://www. noticiasagricolas.com. br/noticias/politicaeconomia/185718ministro-da-justica-alterademarcacao-de-terrasindigenas-no-pais-folha. html#.WNm3QTvyvIU Publicado em 18/01/2017 21:17 e atualizado em 19/01/2017 19:43

GABARITO 01.

03.

1. b

Ouvir as demandas dos movimentos organizados,

2. b

promover investimento e favorecer os pequenos

Exercícios para aula

Questão contexto

agricultores que apresentam bom rendimento abastecendo o mercado interno e fiscalizar a produtivi-

02.

dade das terras, criar mecanismos que facilitem o de trabalho escravo e semiescravo e promover in-

1.

a

centivos fiscais aos produtores que não usem agro-

2.

e

tóxicos são medidas que diminuiria a tensão interna

3.

b

ajustando a balança. O favorecimento de interesses

4.

d

de grupos externos acaba por agravar a situação de

5.

a

populações que já se encontram num estado de vul-

6.

a

nerabilidade social, atravessados por diversas ame-

7.

e

aças, não só diretamente dos grandes produtores

8.

b

como dos grandes investimentos como o movimen-

9.

a

to dos atingidos por barragem.

10.

b

11. e

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escoamento da pequena produção, fiscalizar o uso

Exercícios para casa
Geografia - Conflitos no campo brasileiro

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