Jennifer Souza - Série Lennox#2

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Jacob Lennox, cafajeste assumido, trocava de parceira quase tão rápido que de roupas; usando-as e descartando-as ao seu bel prazer. Ele acreditava que, como uma dádiva divina, as mulheres haviam sido feitas para serem usadas ou servirem a ele. Ele não foi sempre assim. O trauma pela morte de sua mãe, falecida em um acidente junto a um de seus inúmeros amantes, traumatizou-o na infância, mudando seu ponto de vista ao ver o sofrimento do pai diante de uma traição. Depois daquilo, o pequeno Jacob mudou, fechando-se aos relacionamentos e confiando apenas em si e no dinheiro que a família possuía. Megan Gillies era uma típica geek, e vivia em seu mundo de livros e estudos até conhecer Jacob na faculdade. Imediatamente, a garota entregou seu inocente coração à ele, e acreditando ter seus sentimentos correspondidos, entregou-se a ele para uma primeira noite de paixão. Depois de ser abandonada por seu amado, reencontra-o passados

quatro

anos,

iniciam

um

relacionamento

mais

amadurecido. Todavia, o medo de Jacob de passar pelos mesmos traumas que o pai faz com que decida cometer um ato, simplesmente, imperdoável. Só, caberá a Jacob traçar seu caminho de redenção em busca da única mulher que amou em sua vida, e mostrar-se digno de tê-la novamente em sua vida.

Será Jacob capaz de mudar? Jacob aprenderá a amar?

Prólogo

Megan Gillies

Olá, meu nome é Megan Gillies L. e esta é a história da minha vida, ou melhor dizendo, essa é a história de como meu sofrimento começou. Eu fazia faculdade de medicina, e era uma geek. Devo admitir que mesmo aos 20 anos de idade, era virgem. Eu não dava muita atenção aos meus colegas de medicina, e apenas um deles mexia com meu corpo. Ele era um cara muito popular, porém, muito galinha. Ele tinha 22 anos e ficou com metade das meninas da faculdade. Ele nunca sequer olhou para mim. A exceção foi em uma noite em especial em que Jacob Lennox foi legal comigo, e encantada por ele, em poucas horas estávamos em minha cama, nus e exaustos. Perdi minha virgindade e meu coração naquele dia. Despertar no dia seguinte e encontrar-me sozinha na cama, sem um bilhete de despedida ou algo do tipo foi algo terrível. Soube então que ele deixara a faculdade, e com isso, segui minha vida. Já no último ano da faculdade comecei a namorar com Brian Lancaster, um rapaz inteligente, lindo e muito atencioso. Namoramos por dois anos, mas como Brian havia mudado de

cidade para cursar sua residência, optamos por terminar. Depois daqueles seis anos longos que tive pós Jacob, o reencontrei de novo, que se mostrou um completo cavalheiro, e eu uma estupida, cai na dele de novo, apenas para acabar traída, machucada e grávida. Bem, acho que isso resume o meu sofrimento. Mas esta história, na verdade não é sobre isso, e sim sobre o sofrimento do Jacob Lennox. Esta era a minha vez de decidir, e tinha muito em jogo nesse caminho, já que ao voltar para o Kansas, encontrei consolo nos braços do Brian. Ficamos amigos nos primeiros meses, mas o que o Jacob não sabia era que Brian havia me pedido em casamento, e após 3 meses e meio sem notícias do Jacob, tendo um carinho enorme por Brian, resolvi aceitar ser sua esposa. Hoje, um ano depois, contando essa história para vocês e admirando minha linda filha brincando, indago a vocês: Com quem me casei? Jacob Lennox ou Brian Lancaster? Isso, você irá descobrir em breve. Beijos... Megan L.

Capítulo 1

1 ano antes de eu me tornar a senhora L.

Jacob Lennox

Estava recostado em minha banheira de hidromassagem, bebericando um whisky escocês delicioso. As bolhas da banheira deixavam os músculos doloridos do meu corpo, relaxados. O sexo excessivo havia me deixado exausto, mas nunca me cansaria de comer uma bocetinha sedenta. A garota da vez era a Megan, que conheci na faculdade de medicina. Entrei nessa faculdade apenas como passatempo; queria brincar de médico com as meninas e nisso eu era muito bom. É claro que eu optei por me especializar em ginecologia! Imaginem passar o dia com a cara enfiada no meio das pernas de uma mulher, isso era o sonho de qualquer homem. Porém, ao me formar, nunca cheguei a fazer residência. Ainda não entendo como consegui passar na faculdade, já que naquela época só pensava em sexo; provavelmente por ter comido metade das professoras e a reitora, que era uma coroa peituda deliciosa. Bem, mas isso não vem ao caso agora. Estava

falando em como conheci a Megan Gillies. Ela era uma geek loucamente apaixonada por mim na faculdade, assim como a classe inteira era. Observava-a de longe, e honestamente, ficava duro só de ver ela com aqueles óculos de leitura; já a imaginava com uma fantasia de estudante, com aqueles óculos e eu enfiando meu pau com força dentro dela. Aproximei-me dela com interesse único de comê-la. Acabamos ficando muito próximos, já que ela me ajudava com os trabalhos da faculdade e em uma bela noite, com uns goles de vinho a mais, tirei sua virgindade. Confesso que saber que fui o seu primeiro me deixou um tanto abalado, eu nunca havia sido o primeiro de ninguém, todas as garotas da faculdade não eram mais virgens. Naquela noite a fodi sem dó, e acordei na manhã seguinte dormindo de conchinha com ela. Aquilo foi o fim, nunca durmo de conchinha com ninguém. No mesmo dia arrumei minhas coisas e disse ao meu pai que queria trocar de faculdade, e foi o que eu fiz. Não poderia ficar mole apenas por uma boceta intocada, então finalizei meu curso em outra faculdade. Desde aquele dia me entorpeci na bebida e em muitas mulheres, e Megan passou a ser apenas uma lembrança apagada. Isto durou até alguns meses atrás quando a encontrei em uma festa. A garotinha da faculdade havia se tornado um mulherão, as curvas do seu corpo estavam mais acentuadas, e quando coloquei meus olhos nela, sabia que deveria me enterrar

nela. Torci para que ela não estivesse casada, mas se tivesse, também não seria um problema. Não me importaria em ser seu amante, até mesmo porque se ela casou com um dos geeks com quem andava na faculdade, duvido que eles pudessem foder melhor que eu. Ela estaria na minha cama, e logo. No início ela estava bem arisca e arredia. Acho que o fato de eu tê-la deixado logo após tirar sua virgindade não foi algo inteligente, porém eu não queria sentir certas coisas que havia sentido naquela época. Então ela disse que apenas sairia comigo se eu mostrasse que aquilo era sério, e depois de muitos encontros e amassos, ela entregou-se a mim novamente. Já se passaram 8 meses e ainda estávamos juntos. Eu estava tranquilo; ela era uma putinha na cama, e não me importei de estar comendo a mesma boceta por tanto tempo. Exceto que pelos últimos dias ela tem andado esquisita, distante e preocupada. Acho que está na hora de largá-la; ela me faz sentir coisas que eu não quero sentir. Acho que está na hora de trocar de boceta antes que ela comece a pensar em planejar o casamento. Sabe como são as mulheres, sempre esperando por algo a mais. — Jacob, você está aí? — Ah sim, ela chegou. Ela teimava em fazer residência no hospital que conhecera quando meu primo Logan (um fodido apaixonado) viera nos visitar com a Nick. Realmente, aquela garota conseguiu amarrar as bolas do meu primo rapidinho. — Jake... — Chamou uma vez mais, sua voz doce a aveludada me deixava louco

— Estou aqui princesa. — Ela estava muito sexy com aquele jaleco do hospital. Acho que terminarei com ela amanhã; preciso me despedir dessa bocetinha. Ela arregalou os olhos e mordeu o lábio inferior, e todas as vezes em que fazia isso, um fogo sem igual se apossava de nós dois. — Junte-se a mim, princesa. Você parece cansada. — Precisamos conversar, Jacob. Se eu entrar aí, a última coisa que faremos é conversar. Levantei da banheira, deixando a espuma e a água escorrerem por meu corpo nu. — Vem aqui, princesa. Estou com saudades. — Não começa... — Vi que seus olhos verdes se tornaram mais escuros pelo desejo, e percorreram cada centímetro do meu corpo. Desci no tapete do banheiro e agarrei em sua cintura. Eu já estava totalmente excitado. Esfreguei-me nela e um gemido involuntário escapou dos seus lábios. — Oh Jacob... — Voltei à hidromassagem, levando-a comigo. — Você sabe que não pode lutar contra o desejo. Não sei porque você tenta, princesa. — Passei a despir suas roupas molhadas, fazendo meus dedos esfregarem-se sensualmente em sua pele de seda. — Você me deixa louco quando usa essa fantasia de médica. — Mordi seu lábio inferior puxando-o para mim. — Não é fantasia... é meu.... Jacob... uniforme. — Seus

gemidos encheram meus ouvidos, enquanto minha boca trabalhava em seus seios perfeitos. Seus mamilos já estavam durinhos, e comecei a suga-los firmemente, até que eles estivessem bem pontudos do jeito que eu gosto. — Que seja, princesa. O negócio é que você fica gostosa demais usando isso. — Fiquei de joelhos dentro da banheira e arranquei sua calcinha e a saia lápis, extremamente sexy. — Agora vou chupar essa bocetinha sem dó. — Prometi com a voz rouca. Minha língua estava sedenta por ela. — Oh Jacob... — Mergulhei minha língua em suas dobras, apoiando uma de suas pernas em meus ombros. Suas mãos vieram até os meus cabelos, e ela os agarrou, puxando-me para ainda mais fundo em sua fenda quente e macia. Passeei minha língua em volta de seu clitóris, alternando os movimentos entre rápidos e lentos, esfregando meus lábios em cada centímetro dela, me despedindo daquela boceta. Oh sim, eu sentiria falta daquela boceta! Talvez eu devesse ficar um pouco mais com ela, já que ainda não havia me cansado... e isso me assustava. — Goza na minha boca princesa... tenho fome de você! — Pedi, esfregando meu rosto naquela bocetinha gostosa, me lambuzando com seus sucos. Ela gemeu ainda mais alto, e chupei mais firmemente seu clitóris, notando que ela estava chegando ao ápice. Eu já conhecia todos os sinais do seu corpo e passei a estocar dois dedos em sua boceta apertada. E então, ela convulsionou em um orgasmo que fez seu corpo inteiro tremer, e

seu mel escorreu por sua boceta. Enfiei minha língua em sua abertura, me esbaldando com seu sabor. Ela ainda tremia, quente, fervendo, enquanto eu tomava tudo dela. — Gostosa.... Deliciosa... — Oh Jacob, eu... — Ela gemeu como uma gatinha, com suas pernas ainda bambas. Beijei sua boca com vontade e me afastei. — Me chupe princesa! Quero foder sua boca gostosa! — Encarei-a com malícia e beijei sua boca com lasciva, colocando naquele beijo todo o tesão que estava sentindo. Me afastei e encarei aqueles lábios inchados. — Chupa, minha putinha gostosa... — Empurrei sua cabeça em direção ao meu membro duro feito pedra, que o abocanhou com fome. Sabia o quanto ela gostava de fazer isso, e o fato dela gostar de chupar me deixava ainda mais louco de tesão. Era uma chupada muito gostosa! Porra, a melhor chupada! — Porra... chupa isso... safada... cacete, que delícia. Ela pressionava os lábios firmemente e sugava meu pau com sede. Ele era muito longo e grosso, e a visão de sua boquinha engolindo o que podia me tirava todo o juízo. Quando ela raspou os dentes em mim, um grunhido gutural escapou de minha boca. Agarrei seus cabelos castanhos, e passei a me movimentar com velocidade. — Porra como é gostoso foder essa boquinha. — Eu estava

perto de gozar, porque aquela era a chupada mais deliciosa que já havia provado. De fato, eu não iria terminar com ela, ao menos não agora. — Eu vou.... Ahhh Meg... eu ... Ohhh porra! Megan cacete... — Me derramei em sua boquinha, e ela continuou a me chupar lentamente, bebendo toda a minha semente, não deixando nada escapar. — Que delícia. — Disse ela, erguendo-se e lambendo os lábios. Seu corpo agora estava coberto pela espuma, e seus seios, ao meu ver, pareciam ainda mais suculentos, prontamente me deixando duro de novo. — Será que podemos conversar agora? — Perguntou, e sorri torto para ela. — Para quê conversar, princesa? Conversaremos depois. Primeiro, quero comer sua bocetinha e seu rabinho gostoso. — Agarrando sua nuca, beijei seus lábios, deixando minha língua invadir sua boca enquanto minha outra mão agarrou sua bunda gostosa, puxando-a para mim, esfregando minha ereção entre suas pernas. — Jacob... é importante. — Agarrei suas duas pernas e a pressionei contra a parede, empalando sua boceta com força. — Oh Jacob... — Ela estava úmida e quente por dentro. — Conversaremos depois, minha gatinha...— Aquela boceta dos infernos aconchegou meu pau deliciosamente, apertando-se em volta dele. Comecei a movimentar os quadris em sua direção, fodendo sua boceta com força. Suas mãos enlaçaram meus

cabelos loiros, e o fato deles serem quase até os ombros facilitava sua vida, pois sabia que ela adorava puxar meus cabelos. — Jake... Oh... Deus homem... que gostoso...— Ela gemia em meus braços, enquanto arremetia nela com força, sem parar. Meu corpo agora estava suado pelo esforço, colado ao dela. Quando estava prestes a gozar, desacelerei um pouco e fiquei parado dentro dela, beijando sua boca. — Vou fazer você gozar no meu pau princesa... — Meu dedo começou a circular seu ânus, e inseri dois dedos dentro dela. — Depois que você deixar meu pau bem molhadinho, vou comer você aqui... nesse botãozinho gostoso... — Ela gemia meu nome, quente em meus braços. — E vou encher seu rabinho gostoso de porra! Voltei a me movimentar dentro dela, usando também meus dedos, prendendo-a contra a parede. Ela gozou rapidamente, com sua boceta tendo espasmos, apertando ainda mais meu pau. Precisei de muito autocontrole para não gozar também. — Agora vire-se princesa, vou comer seu rabinho sem dó, até você esquecer quem é! — Obedientemente, ela virou-se contra a parede, empinando-se para mim. Forcei a cabeça do meu pau em sua entrada apertada, e como sempre, aquele buraquinho gostoso sugou meu pau para dentro. Grunhi quando entrei todo com meu pau enorme naquele buraquinho tão pequeno. Não sei como ela aguentava tanto.

— Jacob mais forte! — Ela implorou quando passei a me mover. Eu sabia que ela gostava que eu fosse rápido e bruto quando comia seu rabinho gostoso, então passei a estocar ainda mais rápido e forte, com minhas mãos apertando seus mamilos e meus testículos batendo na entrada de sua boceta. — Assim vou gozar, porra! Megan... Caralho... — Esporrei dentro do seu rabinho gostoso, inclinando meu corpo sobre o dela, e mordi seu ombro enquanto meu pau ainda vertia os últimos resquícios de gozo, tremendo feito um louco. Sai de dentro dela e a coloquei sentada na banheira, já que ela estava com as pernas bambas. — Então princesa, o que você queria dizer? — Sorri, aquele meu sorriso cafajeste que sempre a derretia. Ou melhor dizendo, aquele sorriso que fazia as calcinhas caírem de suas donas onde quer que fosse. — Agora estou faminta. Conversaremos depois do jantar. — Ela suspirou. — Estou exausta hoje, tive um dia difícil no hospital. — Já disse que você não precisa trabalhar. Aqui temos tudo o que precisamos. — Eu gosto de trabalhar, e já conversamos sobre isso. Não vou viver às custas do seu primo e do seu pai. — Gostar de trabalhar? Você realmente não é normal, princesa. Quem é que gosta de trabalhar? — Sorri. — E quanto a grana, somos ricos, que mal há em viver as custas dessa riqueza.

— Um dia, quando você trabalhar, vai ver o quão gratificante é ganhar dinheiro com o seu esforço. — Ela disse convicta. — Princesa, eu nunca precisarei trabalhar; e se um dia precisar, serei garoto de programa. Aí sim será gratificante receber dinheiro pelo meu esforço. — Sorri torto para ela. — Você não vale nada mesmo, Jacob. — Disse rindo, jogando água na minha direção. — Ei, você vai pagar por isso! — Ela levantou da banheira antes que eu pudesse alcançá-la. — Nada disso, Jacob; eu preciso comer. Esses dias já desmaiei por falta de comida... quer me matar homem? — Ela vestiu um roupão e saiu do banheiro, me deixando só, sorrindo feito um idiota. Levantei da banheira e vi que o chão do banheiro estava todo inundado, e teria que chamar alguém para limpar essa bagunça. Sai do banheiro e Megan já havia ido se trocar no quarto adjacente. Apertei o botão que tinha na parede para chamar uma empregada para limpar o quarto. Já havia enxugado meu corpo e agora estava à procura de uma cueca e roupas para vestir. — Senhor Lennox, posso entrar? — Era a nova empregada. — Sim entre. — A moça loira entrou no quarto, e ao me ver

nu, ficou completamente sem fala. Seus olhos desceram para meu membro, que mesmo adormecido era grande aos olhos. — Desculpe senhor eu... — Não, não se desculpe. Entre e limpe meu banheiro. Não me importo que olhe para mim; quem sabe um dia poderemos nos divertir juntos... — Sorri para ela, e analisei seu corpo. Bunda grande, seios grandes, lábios finos, porém certamente teria uma boa chupada. — Ah.... Tudo bem senhor, vou limpar seu banheiro. — Disse timidamente. Dei um tapa em seu traseiro quando ela foi a caminho do banheiro — Você tem um rabo muito gostoso, qual seu nome? — Brenda. — Ok, Brenda... faça um ótimo serviço. — Me vesti e fui para a mesa do jantar.

Megan Gillies

Estávamos a mesa do jantar com o senhor John, enquanto ponderava sobre como contar à Jacob sobre minha desconfiança de gravidez, o que me deixava muito nervosa. Tinha feito um

hemograma a dois dias atrás para confirmar minhas dúvidas, e pegaria o resultado no dia seguinte e não sabia qual seria a sua reação. — Tem falado com o Logan, Jacob? — John perguntou. — Não. Não falo com ele desde aquela última visita. Por quê? — Soube que a Nicolle está com a pressão alta devido a gravidez de múltiplos. O que acha de irmos visitá-los? — Tudo bem. — Respondeu o Jacob, indiferente. — Logan está casado há 7 meses e a sua esposa já está grávida de 6 meses, indo para o sétimo. — Disse John, encarando Jacob. — E daí? — E daí que quero saber quando terei meus netos. — Enrijeci na mesma hora, observando Jacob com o canto dos olhos. — Melhor tirar seu cavalinho da chuva, papai. Pretendo ser pai apenas quando tiver a idade do Logan, uns 37 anos, então aguarde mais 8 anos para isso. Sou muito jovem para ser pai; quero aproveitar a vida. — Não acha que já aproveitou a vida demais? — Perguntou John, irritado.

— Eu... com licença, mas estou com um pouco de dor de cabeça e vou me deitar. — Levantei-me da mesa. Estava muito atordoada com aquele assunto e torcendo internamente para não estar grávida. Me despedi dos dois e fiquei parada próxima a porta da sala de jantar. Precisava escutar o resto da conversa... meu lado masoquista precisava escutar. — Viu o que você fez? — Disse Jacob impaciente. — Eu não fiz nada, garoto. Você que é um tolo! Está com essa menina há quanto tempo? Acho que quase o mesmo tempo que o Logan com Nicolle, certo? — E daí? Isso não significa que vou casar e ter filhos com ela. — Aquela constatação doeu em meu peito, e as lágrimas de dor começaram a escorrer por minha face. — Ficar falando de filhos vai fazer ela ter ideias de relacionamento a longo prazo. — Garoto estúpido! Não percebe que essa menina ama você e você na certa a ama também, ou é idiota demais para não enxergar? — Rosnou John. — Perdi o apetite, querido papai. — Ouvi Jacob se levantando. — Não a amo, e nunca amarei mulher nenhuma! Não serei feito de palhaço como você. — Escutei seus passos vindo na direção do corredor e corri para o quarto adjacente ao do Jacob, e tranquei as portas; a do corredor e a que ligava meu quarto ao

dele. — Megan! Megan, abra essa porta princesa. — Vá embora Jacob! Estou com dor de cabeça e amanhã acordo cedo. — Gritei para ele, tentando disfarçar minha voz embargada. — Princesa, preciso de você, linda. — Insistiu. — Já disse que não, Jacob! — Abafei um soluço que escapou dos meus lábios. — Então vá se foder você também! — Disse irritado, e parou de insistir. Chorei até pegar no sono. Meu coração estúpido tinha de se apaixonar por um completo idiota. Pedi a Deus que não estivesse grávida. Não queria meu filho com um pai como ele. Porém nem tudo o que queremos conseguimos, certo? Na manhã seguinte descobri que estava grávida de Jacob Lennox. Voltei para a casa trêmula, pois precisava contar a ele. Uma esperança se instalou em meu coração, aquela esperança que apenas os bobos apaixonados têm, e repetia mentalmente “ele pode mudar, ele pode ficar feliz em saber que será pai, tudo pode dar certo”. Desci do carro cheia de esperanças, e corri para dentro da casa. Uma empregada no corredor me olhou assustada.

— Senhorita Gillies, chegou cedo. — Disse assustada. — Sim, preciso falar com o Jacob. — Senhora me escute, por favor. Não entre no quarto dele agora. — Que bobagem, por que mulher? — Apenas faça o que eu digo, senhora. — De repente, tive um insight, e caminhei a passos largos em direção ao quarto. — Senhora, me escute! — Saia do meu caminho Beatriz! — Afastei-a e entrei no quarto. Jacob estava na cama, nu, com duas mulheres. Ele beijava uma delas enquanto a outra chupava seu pau. — Jacob! — Gritei, não acreditando no que via. — Olha, a princesinha chegou! Junte-se a nós, linda... — Disse ele sorrindo. — Você é nojento! Não sei como pude me permitir pensar que você mudaria. Por que fez isso Jacob? Por que? — Não lhe devo explicações, princesa. Você está ficando chata como o meu pai, então se não vai se juntar a nós, por favor, vá embora. Boceta é o que mais tem aqui e não irei supervalorizar a sua. — Jacob você irá se arrepender do que está fazendo comigo! — Lágrimas escorriam soltas em meu rosto, e ele apenas sorriu.

— Você vai morrer sozinho e triste! Adeus! — Me retirei do quarto, não conseguia mais ficar assistindo aquela cena que ficaria gravada para sempre em minha memória. Fui até o quarto ao lado, arrumei as minhas malas e sai de lá em disparada. Engoli o choro, pois não podia ficar dirigindo feito louca; havia uma vida dentro de mim. Parei no hospital e pedi demissão sem esperar para receber; eles que depositassem em minha conta depois. Liguei para a casa dos meus pais e informei que passaria uns dias com eles no Kansas, e parti. Iria me despedir de Nicolle antes de ir rumo ao Arizona, e após isso iria sumir da vida dos Lennox para sempre.

Jacob Lennox

Ela deixou meu quarto aos prantos, batendo a porta atrás de si. Senti um incomodo se formando e uma vontade insana de ir atrás dela. Mas não iria ceder, não iria deixar que uma boceta me dominasse como aconteceu ao meu pai, que era tão enfeitiçado por minha mãe, que ela o traiu por anos. — Quem mandou você parar de me chupar? — Gritei com a garota loira, a qual nem lembrava o nome. Ela prontamente passou a me chupar novamente. Meu pau havia adormecido com o choque. Fechei os olhos enquanto a

garota chupava meu pau e a outra distribuía beijos pelo meu peitoral musculoso, porém após quinze minutos chupando-me nada aconteceu, pois ao fechar os olhos eu só via aquele olhar de mágoa e dor no rosto de Megan. — Senhor Jacob... o senhor não se sente bem? — Perguntou a loira. — Não porra, eu não estou bem! — Rosnei, sentando-me na cama. — Eu não sei o que está havendo... eu... — Eu sei exatamente o que está havendo! Vocês são duas putas inúteis que não sabem nem chupar direito. Agora vão embora daqui! — Gritei, caminhando em direção ao chuveiro. Tomei um banho demorado e gelado. Não conseguia entender o que estava acontecendo comigo. Perdi o clima da foda na mesma hora. Porra! Coloquei uma calça de pijama e fui para a porta adjacente. Iria me desculpar com Megan e iriamos transar até cansar. Entrei no quarto adjacente e ele estava vazio. “Onde ela estaria escondida chorando? ”, perguntei-me. Sai para o corredor e avistei uma das empregadas. — Beatriz, onde está Megan? — Perguntei impaciente. Megan tinha que parar com aquelas ceninhas tolas. Quando

ficamos juntos disse que teríamos um relacionamento, não que eu seria fiel. — Senhor Lennox, a senhorita Gillies foi embora. — Disse ela. — Como assim foi embora? — Gritei. Não sei o que aconteceu comigo, mas meu coração disparou em meu peito. Peguei Beatriz pelos braços e a sacudi. — Senhor Lennox, o senhor está me machucando. — Ela disse assustada. — Que porra está acontecendo aqui? — Questionou meu pai, pisando firme no corredor e tirando seu chapéu. — Solte a Beatriz agora, Jacob! — Ordenou, alterando sua voz. — Ela disse que a Megan foi embora! — Soltei-a, impaciente. Encarei meu pai, e um medo profundo se instalou dentro de mim. — Ela é uma mentirosa! Está tentando me irritar. — Não podia acreditar que ela tinha partido. Porra, ela me amava, deveria haver perdão para tudo! — Eu juro senhor Lennox, a senhorita Gillies estava muito nervosa, e chorando fez as malas e foi embora, eu vi. — Disse ela nervosa, olhando de mim para o meu pai. Esmurrei a parede, irritado. — Ela não foi embora! — Encarei meu pai, perdido e frustrado. — Você disse ontem que ela me amava, então por que ela partiria?

— Por favor Beatriz, deixe eu e o idiota do meu filho sozinhos, tudo bem? — Ela acenou com a cabeça e se retirou. — Vamos até o escritório Jacob. Lá poderemos conversar bebendo uma boa dose de whisky. — O segui até o escritório ainda transtornado e perdido. — Eu não entendo... — Disse frustrado, me sentando na cadeira em frente ao meu pai. — Me conte, seu idiota. O que você aprontou para que aquela linda moça deixasse você? — Questionou meu pai. — Eu não fiz nada... só estava me divertindo! Por que as mulheres não entendem isso? — Disse, indiferente. — Quando você diz se divertir é ... o que exatamente Jacob? — Questionou. — Porque quando você se compromete com uma mulher, existem certas diversões que você só pode ter com ela. — Suspirou, passando as mãos nervosamente nos cabelos negros. — E Jacob, quando encontramos mulheres como a Megan ou a Nicolle por exemplo, não sentimos a necessidade de procurar diversão em outros lugares, já que essas mulheres são completas. — Eu estava trepando com duas garotas... diversão boba. Não sei porque ela ficou toda ofendida... eu a convidei para participar... — Eu estava muito irritado agora, totalmente frustrado por ela não ter feito o que eu esperava. — Você é mesmo um menino mimado e estúpido, Jacob. —

Acusou-me. — Acho que meu erro foi esse, ter mimado você demais. Agora se você for bem esperto, vá atrás dessa garota... ela será sua redenção. — Ir atrás dela? Você só pode estar louco! Sou rico, tenho tudo o que eu quero! Não vou superestimar uma boceta... se ela foi embora, ela é quem perde. — Bem, então não há nada que eu possa fazer por você! Posso dizer apenas que você está cometendo um grande erro e quando você se dar conta disso, ela poderá já estar em outra. — Erro foi ter ficado sete meses preso a uma única boceta. Aguentei até demais. Agora vou me esbaldar e me divertir, como sempre fiz. — Levantei e fui até a porta, deixando a sala.

O que eu sequer imaginaria é que os próximos três meses seriam os piores de minha vida. Eu não conseguia comer ninguém. Estava sem ereção, broxava a toda a hora; e vez ou outra

conseguia

me

satisfazer

quando

contratava

uma

acompanhante de luxo parecida com Megan, e só gozava pensando nela Só gozava chamando seu nome. Mas ao visitar meu primo Logan e levar uma bronca dele e de Nicolle pelo que fiz com Megan, tive uma luz e finalmente descobri onde ela estava. Iria até lá para tentar recuperá-la. Na certa ela estaria tão mal quanto eu quando descobri que seria

pai. Ela teria que me aceitar de volta, e sei que logo meu primo Logan liberaria algum dinheiro para mim, afinal eu sou um Lennox. Nós somos ricos, então eu teria tudo o que quisesse.

“Vocês acham que o Jacob me conquistará fácil assim? Ele terá uma bela surpresa quando chegar no Kansas... digamos que eu estava muito bem acompanhada. Ainda tentava esquecê-lo, mas a decepção havia me tornado um tanto quanto cruel... Megan L.”

Capítulo 2

Megan Gillies

Olá meus amigos! Aqui narrarei como foram os três meses seguintes a minha partida da casa do Jacob. Vocês devem estar

se perguntando se fiquei me debulhando em lágrimas ou algo do tipo, mas não, meu bem! Já havia me decepcionado uma vez com Jacob e passados seis meses em depressão, mas digamos que no segundo tombo, fica muito mais fácil se reerguer.

Sai da casa de Nicolle um pouco mais calma. A imagem do Jacob com as duas mulheres na cama ainda estava gravada em minha mente e a cada vez que eu fechava os meus olhos, visualizava aquela cena dolorosa com clareza. Por mais que eu lá no fundo pensasse que nosso relacionamento não iria vingar, uma esperança boba de que tudo fosse dar certo, que só os apaixonados tem em seus corações, se instalou em meu peito. E por isso não pude deixar de sentir um choque profundo ao vê-lo entre aquelas duas mulheres. Pensei que ele me amava, assim como eu o amava. Pensei que ele estivesse mentindo para si mesmo, fugindo como um covarde de um sentimento que estava ali o tempo todo. Mas não, quem estava mentindo era eu. Estava me enganando, me iludindo, me deixando levar por aquele mundo ilusório. Me deixava enganar a cada beijo apaixonado, a cada olhar demorado, a cada vez que ele desabafava algo para mim. Nas vezes que ele desabafou o quanto sua mãe foi ausente ou de como doía saber que ela amava mais o amante do que o próprio filho.

Vez ou outra eu via o coração do Jacob, mas me enganei ao pensar que ele me pertencia. Cheguei em Lawrence em uma manhã chuvosa e fria de terça-feira. Estacionei o carro em frente à casa dos meus pais, que continuava do mesmo jeito em que me lembrava; branca com persianas azuis. Respirei profundamente antes de entrar. Mantive-me forte e sem lágrimas o caminho todo até aqui, mas sabia que diante dos olhos astutos da minha mãe, eu desabaria. Desci do carro, peguei minha mala e segui até a porta de entrada. Exausta, faminta, magoada... apertei a campainha e aguardei. — Filha! Que surpresa! — Mamãe me abraçou com força, tentei em vão segurar as lágrimas que teimavam em cair, já que a saudade, misturada a mágoa e a exaustão tomaram conta de mim. — Meu amor, o que aconteceu? Por que você está chorando? — Mamãe se afastou e acariciou meu rosto com carinho. — Nada mamãe, estou apenas com saudades de casa. — Disse, me afastando. — Entre, meu amor. Seu pai foi jogar xadrez com Andrew e já vem. Ele ficará muito feliz em ter sua princesa de volta em casa.

“Princesa? Por que uma simples palavra me fazia lembrarse daquele bastardo? Seria assim para sempre?” Naquele dia eu estava sensível, e perdida demais para ver qualquer coisa com clareza. Passei uma semana trancada em casa, chorando a cada sonho ou lembrança. Contei ao meus pais parte da história, ocultando alguns detalhes sórdidos. Mencionei apenas que estava grávida e que o pai do meu filho não queria assumi-lo. Por mais que meu pai brigasse muito e quisesse contatar o pai e obriga-lo a cumprir com suas responsabilidades, eu não permiti. Não queria nada dos Lennox, principalmente de Jacob Lennox. Na segunda semana eu estava mais calma e minha mãe marcou para mim uma consulta com uma ginecologista. Iria fazer um ultrassom e finalmente pude ver meu pequeno bebê. Apesar de toda a dor e mágoa, eu já o amava incondicionalmente. Algo mudou dentro de mim na semana seguinte. Durante a ultrassom descobri que estava com quase 12 semanas. Quando escutamos as batidas fortes do coração do nosso bebê, algo muda dentro de nós. Resolvi deixar os dias tristes para trás e fui à procura de um trabalho. Imaginem só qual foi a minha surpresa ao encontrar Brian Lancaster, meu ex-namorado, no hospital em que procurava emprego; aquele com quem terminei devido à distância, e o efeito Jacob ajudou no processo.

Um mês depois de ter deixado a casa do Jacob...

Tive uma incrível entrevista de emprego e certamente eu iria conseguir inicialmente um cargo de meio período, com um contrato curto pelo fato de estar grávida. Sai animada da sala quando visualizei uma silhueta familiar. Brian Lancaster era moreno claro, alto e forte, tinha lindos olhos castanhos, um sorriso charmoso, mãos grandes, além de um detalhe que desfrutei no nosso namoro: um pau enorme. Ele usava um jaleco branco e conversava com um menininho de dois anos de idade como se o menino fosse um adulto. Para definir melhor a Brian, vou dizer o seguinte: sabem aqueles mocinhos lindos e príncipes que lemos naqueles maravilhosos romances de banca? Brian Lancaster era assim, e se duvidar era ainda melhor. No estado de pura carência em que me encontrava, só havia um caminho para seguir: a saída. Não queria magoar Brian, pois apesar de todos esses atributos maravilhosos, meu estúpido coração ainda era do Jacob. Dei meia volta e tentei sair discretamente, porém era tarde demais... — Megan? É você mesmo? — Uma voz forte me chamou. Girei nos calcanhares e dei de cara com aquele sorriso charmoso.

— Deus, não posso acreditar! — Ele correu na minha direção e me abraçou firmemente, girando-me no ar. — Brian, nem vi você. — Menti, sorrindo para ele quando me colocou no chão. — Deus Megan. O que houve contigo? Está ainda mais linda desde a última vez que te vi. — Ele me encarou dos pés à cabeça, me fazendo corar de vergonha. — Estou grávida. — Resolvi contar de uma vez, pois não poderia machucar Brian. Sabia que foi doloroso demais para ele quando terminamos a primeira vez e Brian não merecia migalhas; ele merece ser amado por inteiro. — Wow! Parabéns...onde está o pai? — Ao mesmo tempo que ele pareceu ter ficado feliz por mim, pude notar uma melancolia em seu olhar. — O pai? — Ri amargamente. — É uma longa história Brian... um dia eu te conto. — Suspirei. — Mas foi muito bom rever você! Você está ótimo..., mas agora tenho que ir. — Disse tentando fugir para bem longe dele. — Não Meg, espere. — Ele segurou em minha mão, e não sabia dizer se era a carência ou os malditos hormônios da gravidez, mas eu gostei demais do toque. — Por que não saímos para jantar e você me conta a história toda? — Disse com aquele sorriso lindo e charmoso.

— Acredite Brian, minha vida está uma bagunça; minha cabeça está ainda pior. O melhor a fazer é você ficar afastado de mim. — Disse tentando puxar minha mão da dele. — Ah Meg, antes de sermos namorados, éramos amigos; não esqueça disso. As vezes faz bem desabafar a verdade com alguém, e aposto que você não contou a história toda para a dona Eveline. — Como era possível que ele me conhecesse tão bem, e que soubesse até de minhas reações com minha mãe? — Sou tão transparente assim? — Questionei, vencida. — Sim, você é. — Ele acariciou meu rosto com os dedos, afastando uma mecha do meu cabelo. — Então, janta comigo? — O encarei pensativa e ele completou. — Como velhos amigos... — Tudo bem Brian, você venceu.

Dias depois Brian e eu jantamos juntos, e pela primeira vez eu desabafei tudo o que eu estava sentindo; coisas que eu sequer tinha mencionado a minha amiga Nicolle. Acontece que esses jantares acabaram

tornando-se frequentes. Brian

era um

cavalheiro, sempre portando-se como um bom amigo. Um mês se passou, e desfrutava de gestos simples como Brian pegar a minha mão, acariciar meu rosto e beijos no canto dos lábios.

Tinha entrado no quarto mês de gestação e não estava mais conseguindo conter meus hormônios, tanto que acabei me envolvendo com Brian. O lado bom de tudo isso é que eu não pensava mais tanto em Jacob, pois quando estava com Brian, Jacob não passava pelos meus pensamentos. E em uma dessas noites de jantares e risos, Brian me beijou e acabei não resistindo.

— Adorei a noite. — Disse para ele, sorrindo. — Eu também Meg, mas confesso que não quero mais ser só seu amigo. —Ele falou, me encarando profundamente. — Brian, eu... você sabe... minha situação é complicada demais. — Esquivei-me. Ele parecia ter adivinhado que naquela noite meus pais não estavam em casa. — Eu só vejo na minha frente uma mulher que deseja ser amada, e que merece ser amada de todo o coração. — Ele deu um passo à frente, ficando muito próximo de mim. — Brian eu... estou grávida... de outro... Ele pousou seus dedos em meus lábios me calando. — Eu

amo você Megan, eu amo vocês dois... quero vocês na minha vida, todo o pacote... deixe-me amar e cuidar de vocês Meg... — Eu... — Ia protestar, mas seus lábios, colados aos meus, me impediram. Ele mergulhou sua língua macia dentro da minha boca e passeou com ela por cada centímetro da minha boca. Neste momento eu já estava tremula e quente. Toquei seu peitoral forte com os dedos e arranquei os botões de sua camisa social. Ele estava quente e eu estava faminta. Entramos em minha casa, e enquanto ele jogava minhas roupas de qualquer jeito pelo chão, beijava meu pescoço, mordendo-me e me chupando... me deixando quente. Deitou-me sobre o grande sofá e arrancou minha calcinha, mergulhando sua língua nas minhas dobras úmidas e quentes. Agarrei seus cabelos pretos e extasiada de tanto tesão, gozei descontroladamente em sua boca. Então ele subiu com a sua boca por meu corpo, beijando o meu avantajado ventre por toda a

sua

extensão,

até

chegar

em

meus

seios

inchados,

abocanhando um mamilo com sofreguidão. — Brian... — Me contorci embaixo dele, que se posicionava entre as minhas penas. Brian me penetrou com força, fazendo minhas terminações nervosas estremecerem. Ele arremetia gostoso, e seus grunhidos me deixavam louca, estimulando-me a agarrar-me naquele homem perfeito e maravilhoso, que me encarava com amor.

Fechei meus olhos por um instante, mergulhando naquele mar de sensações. Então vi o rosto do Jacob na minha mente. Amaldiçoei-me e a ele, abrindo os olhos novamente para encarar Brian. Era aquele homem quem me merecia e quem devo amar. Nossos gemidos se misturavam e gozei uma vez mais quando ele jorrou sua semente dentro de mim, olhando em seus olhos, e estremecendo de desejo. Ele me abraçou firme, beijando cada centímetro do meu rosto. — Eu te amo Meg, e sei que um dia você me amará também. Me permita cuidar de vocês, porque não aguento mais essa distância entre nós. — Disse ele com a voz rouca, me encarando profundamente. — Deus, Brian! A última coisa que quero é magoar você. — Lágrimas quentes escorreram pelo meu rosto. — Por que nossos corações tem que ser tão estúpidos? — Ele me abraçou com carinho, e acarinhou minha barriga. — Você não vai me magoar, linda. Sei onde estou me metendo e é só uma questão de tempo até que você o esqueça. — E como você pode ter tanta certeza de que esquecerei ele? E se demorar 10 anos, por exemplo? Ou pior, e se nunca acontecer? — Disse desesperada, com lágrimas quentes e salgadas escorrendo pelo meu rosto. — Eu sei que você irá esquecê-lo Meg. O tempo e a distância

são cruciais para isso. E se demorar 10 anos, eu estarei aqui, do seu lado; do lado de vocês dois. — Disse ele, acariciando minha barriga. — Eu prometo... não, eu Juro! Brian Lancaster eu irei amar você do jeito que você merece, pois nesse momento eu já o amo! Você é incrível e não poderia desejar melhor pai para o meu filho. — Sorri para ele, e senti uma esperança de dias melhores agora. — Nosso filho, Meg... nosso filho. — Ele me beijou nos lábios com ternura. Pegando-me nos braços, ele me carregou até o andar de cima. Lá tomamos um banho relaxante e fizemos amor uma vez mais, adormecendo logo em seguida.

O que eu sequer imaginava é que três semanas depois, minha amiga Nicolle me delataria para Jacob. Hoje não sei dizer se a odeio ou a amo por ter feito tal coisa. Antes do Jacob retornar a minha vida, Brian e eu estávamos indo muito bem, e ele havia pedido minha mão em casamento. Eu estava feliz naquele momento, e eram poucas as vezes em que pensava no Jacob. Descobri numa quinta-feira que seria mãe de uma menina, e estávamos comemorando muito. Brian e eu havíamos alugado uma casa juntos e eu já estava morando com ele. Como namoramos por dois anos antigamente, não havia porquê

esperarmos pelo casamento para morarmos juntos. Naquela noite houve um jantar para avisarmos aos nossos pais quanto ao sexo do bebê. Eu faria uma torta de maçã, mas Brian havia esquecido de comprar as maçãs para a torta.

— Meg, vou comprar as maçãs. É só isso que falta? — Perguntou ele, sorrindo para mim. Eu já tinha entrado para o quinto mês de gestação e estava louca por aquela torta de maçã. — Sim... aproveite e traga dois quilos de maçã, por favor. Ele me abraçou por trás e acariciou minha barriga. — Tudo para as minhas meninas. — Beijou minha nuca, e em seguida, eu o acompanhei até a porta. — Vai, Dr. Sexy. Mais tarde brincaremos de médico. — Brinquei com ele. — Hum, adorei. — Ele enlaçou minha cintura e beijou meus lábios com vontade. — Vá logo, homem insaciável, antes que as nossas visitas cheguem, ou não teremos torta. — O empurrei porta a fora, sorrindo. — Sim senhora. — Ele sorriu e logo entrou no carro e partiu.

Fechei a porta atrás de mim e voltei para a cozinha afim de ver se tudo estava em ordem, quando a campainha tocou. — Meu Deus, será que eles já chegaram? — Limpei minhas mãos em um guardanapo e fui em direção a porta. Tal qual não foi a minha surpresa ao ver quem estava do outro lado da porta. — Meu Deus! Você? — Meu coração pulava descontrolado em meu peito.

É.... minha paz estava próxima de acabar. Maldito Jacob Lennox, tinha que aparecer na minha porta, justamente quando eu finalmente havia colocado minha vida nos eixos...

Capítulo 3

Aqui é que a história realmente começa. Se você pensou que ela já tinha começado está enganado, pois como eu disse, essa história é sobre o sofrimento e amadurecimento de um homem;

digo, de um garoto que virou homem. Agora se nós dois ficamos juntos no fim ou não... Como diria Logan Lennox... “Baby, você só vai saber lendo essa história até o fim.” Megan L.

Jacob Lennox

Acordei assustado com um barulho estrondoso vindo da cozinha. Levantei da minha cama e fui à procura da senhora Perkins. — Tia Perkins. — Olhei para meus pés, grandes demais para minha pouca idade e vi que tinha perdido uma meia. Sabia que a tia Perkins me daria uma bronca, mas a minha curiosidade falou mais alto quando escutei outro som vindo lá de fora. Vi que a porta da rua estava aberta, e mamãe beijando um homem estranho, que a abraçava muito forte, levantando seu vestido. Assustado, a chamei com a voz trêmula. — Mamãe. — Disse assustado, abraçando minha zebrinha de pelúcia. Escutei ela bufando, para então se afastar do senhor

desconhecido. — Eu te falei para irmos embora logo. O pestinha já acordou, daqui a pouco vai ser o corno. — Ela me encarou indiferente. — Jacob, vá para sua cama, agora. — O homem voltou a guardar as bagagens no carro. — Mamãe, onde a senhora vai? — Disse, torcendo minha pelúcia entre os dedos. — Eu mandei você ir para a cama, Jacob! Você é retardado ou o quê? — Rosnou raivosa, e lágrimas quentes começaram a escorrer pelo meu rosto. — Ei Wilma, não precisa falar com o garoto assim. — O desconhecido disse. — Não se meta. Isso me poupa o trabalho. — Ela se virou para mim — Jacob eu estou indo embora, assim que eu sumir da sua vista, você vai acordar o idiota do seu pai e dizer que a mamãe foi embora para sempre. — Meu coração apertou-se em meu peito, e o medo se instalou dentro de mim. — Mamãe, por favor, não me abandone. — Corri em sua direção, chorando descompassadamente. — Me solte criança insolente! — Ela disse me afastando. — Eu vou embora sim! Não aguento mais essa casa e vocês. — Mas mamãe, eu te amo, me leva contigo! — Implorei

agarrado as suas pernas. Ela riu sarcasticamente. — JACOB ENTENDA UMA COISA DE UMA VEZ POR TODAS, EU NÃO AMO VOCÊ. AGORA ME SOLTA GAROTO. — Ela me empurrou na escada e logo subiu no carro. — Mamãe... não me deixe, por favor... — Comecei a correr atrás do carro que logo desapareceu da minha vista. Fiquei desolado, chorando sem parar de joelhos no chão, vendo o carro desaparecer da minha vista.

Acordei assustado. Meu coração batia acelerado e meu corpo estava encharcado de suor. Há anos que não tenho esse sonho sobre a noite em que minha mãe me abandonou para fugir com seu amante; a noite em que ela morreu em um acidente de carro. Confesso que não consegui dormir naquela noite na casa do Logan, e para ajudar, quando dormi tive esse maldito pesadelo!

Meus

pensamentos

estavam

confusos;

eu

não

pretendia me casar nunca exatamente por esse motivo. A única mulher que amei com todo o meu coração, destroçou meu coração aos seis anos de idade. Depois daquilo, resolvi que nunca mais eu iria amar outra para ter meu coração destroçado outra vez; mas agora tinha de me casar com Megan, afinal teríamos um filho juntos.

Tinha certeza que ela ficaria toda empolgada quando a pedisse em casamento; iriamos todos morar na fazenda do Texas e meu primo Logan, ao ver que eu havia me tornado responsável, liberaria meu fundo no banco novamente. Mas então, por que esse frio na barriga? Por que essa ansiedade em vê-la? Por que meu coração saltou dentro do peito só com a menção de ser pai? Por que sentia essas coisas estranhas a respeito dela? E por que isso dói tanto a ponto de quase me fazer chorar? Eu não choraria por mulher alguma, prometi isso a mim mesmo desde o dia que fui abandonado por aquela mulher. Eu fui uma criança chorona e carente na infância. Minha mãe nunca estava em casa e quando estava, me ignorava por completo. Eu recebia amor apenas do meu pai e da minha babá, a Senhora Perkins; uma viúva de 62 anos que tomava conta de mim. Lembro-me do dia que vi minha mãe colocar muitas malas no carro e de me humilhar, e de chorar muito, pedindo que ela não me abandonasse. Esse sonho esteve em minha mente por muitos anos, mas faziam anos que não sonhava com isso, porém desde que Megan deixou a minha casa, esses sonhos haviam se tornado frequentes de novo.

Há muitos anos, Jacob Lennox sentiu uma dor profunda em seu pequenino coração... Jake era apenas um menininho de seis anos de idade. De toda a forma, eu, Megan L. penso que isso não justifica a forma horrenda com que ele me tratou, afinal, nem todas as mulheres eram como sua mãe.

Minha mala já estava pronta ao lado da cama. Tinha separado apenas as roupas para vestir no dia seguinte para partir ao Kansas. Levantei e vi no relógio de cabeceira que eram 6h00min, e resolvi tomar um banho frio, afinal não iria conseguir dormir de novo. Depois do banho, vesti meu jeans, minha camiseta azul e minhas botas. Fui em direção ao cheiro de café e encontrei meu primo Logan sentado na ponta da mesa com uma de suas mãos enfiadas dentro da calça de Nicolle. Eles se beijavam feito animais, e confesso que senti uma certa inveja deles. — Bom dia. — Pigarreei, assustando-os. — Jacob. Bom dia. — Nicolle saltou do colo do meu primo,

corada. Logan estava com um volume escandaloso entre as pernas. — Nós... só estávamos conversando. — Sorri torto para ela. — Sim, eu entendo. — Disse aos risos. — Então, o que deu em você Jacob? Caiu da cama? — Perguntou Logan, meio mal-humorado, certamente por ter sido interrompido da sua rapidinha matinal. — Não consegui dormir. — Disse, servindo-me de café preto. — Deve ser a culpa corroendo sua consciência. — Nicolle falou do outro lado da mesa. — Desculpe, foi inevitável, estou furiosa por você ter magoado minha amiga. — Eu acho que foi exagero dela, mas... — Jacob, não vou nem discutir contigo. Tenho que alimentar os gêmeos. — Ela levantou-se da mesa, foi em direção ao meu primo e beijou sua boca, e então virou-se na minha direção. — Espero que você faça a coisa certa dessa vez. — Baby, não esqueça que temos de ir na cabana hoje. — Disse Logan para ela, que sorriu abertamente. — Certamente não irei esquecer. Quando ela se foi, Logan deu um tapa generoso em seu traseiro.

— Logan, você é um tarado. — Disse quando ela se retirou. — Não me culpe por ser tarado por aquela mulher, Jacob. Ela foi a melhor coisa que já me aconteceu. — Ele disse em um tom carinhoso. — Quem diria que o garanhão Logan seria amarrado por uma garota. — Falei, sorrindo. — Acho que você também foi amarrado, Jacob. Só não percebeu isso ainda. — Não fale besteiras. — Virei o restante do café e levanteime da mesa. — Mas, mudando de assunto... eu ri muito da piada, mas me dê mais dinheiro. Ninguém sobrevive com 400 dólares. — Eu ri, mas ele permaneceu sério. — Não é nenhuma piada Jacob. Você terá uma casa para morar, e sua passagem de ônibus já foi paga. 400 dólares é mais do que suficiente até que você arrume um emprego. — Como assim ônibus? E o meu carro? — Perguntei impaciente. — Meu carro, você quer dizer. Dei de presente para a Nicolle. Acho que está na hora dela aprender a dirigir. — Ele disse indiferente. — Mas o carro é meu. Como ficarei sem carro? — Fiquei desesperado.

— Trabalhe Jacob, e você poderá comprar um carro. — Falou Nicolle, voltando a sala. — Esqueci de pegar água... amamentar dá muita cede. — Ela comentou com meu primo. Sua blusa estava aberta e meus olhos acabaram demorando-se mais que o necessário em seu decote. — Jacob! Acho que você não apanhou o suficiente. — Logan disse assim que ela sumiu de vista de novo. — O que eu fiz agora? — Questionei, dando um passo para trás quando ele veio na minha direção. — Ficou comendo minha mulher com os olhos! — Ei, não tenho culpa se ela veio até aqui com aqueles peitões quase para fora. — Disse em minha defesa, afinal sou homem, e não havia como não olhar. — Sugiro que você pegue sua mala e a passagem de ônibus, e suma da minha vista agora. — Ele mexeu no bolso e me entregou uma passagem de ônibus até Lawrence, no Kansas. — Vá de uma vez, se você não quiser encontrar a sua amada de olho roxo. — Disse Logan, com os punhos fechados. — Estou indo cara, mas posso me despedir da Nicolle? — Vá Jacob. Eu digo que você disse adeus. Sai às pressas de lá, ainda muito irritado com o ataque de ciúmes do meu primo. Poxa ela estava com a blusa aberta e não

pude deixar de olhar. Encontrei meu pai na varanda, recostado na porta e olhava fixamente para a babá dos gêmeos que brincava com seu filhinho. — Pai... Pai... Pai estou falando contigo. — Chamei-o três vezes até que ele saísse da hipnose. — Sim Jacob, o que é? — Te chamei três vezes. — Alertei-o. — Eu estava pensando em... algumas contas que tenho que pagar. — Disse vagamente. — Sei... Quero saber se você pode me levar até a maldita rodoviária, já que até meu carro vocês me tiraram. Querem minhas calças e cuecas também? — Eu acho melhor você manter as calças e as cuecas no lugar, Jacob. Duvido ela te dar uma terceira chance, imagine então se você errar e tiver de pedir pela quarta. — Disse ele, caminhando para o carro e guardando a minha mala no portamalas. Seguimos o caminho todo em silêncio. Quando chegamos na rodoviária, meu pai começou com um papo estranho de que eu deveria esquecer minha mãe e parar de me vingar das mulheres como se cada uma delas fossem ela. Que bobagem de psicanalise! Eu não estava me vingando da minha mãe usando as outras mulheres, isso é ridículo! Eu usava as mulheres porque

é isso que os homens fazem, não é? Subi no ônibus e descobri que Logan comprou a passagem de um ônibus convencional, sem ar condicionado e nem água gelada para beber. Ao meu lado sentou-se uma mulher muito feia, que havia tomado um banho de perfume antes de sair de casa, e por isso passei a viagem inteira enjoado. Por sorte tinha uma parada depois de dez horas de viagem para dormirmos. Iria matar Logan por aquilo! Seria tão simples pagar uma passagem de avião para mim. A parada era em um hotel de beira de estrada. Deitei em uma cama de solteiro após um banho gelado, pois não havia água quente no hotel. Partiríamos na manhã seguinte, com previsão de chegada as 17h no Kansas. Tentei dormir naquela maldita cama, mas foi em vão, já que fui apunhalado nas costas por uma mola solta. Foi a pior noite da minha vida e queria matar Logan com todas as minhas forças. Quando consegui dormir um pouco, já era hora de partir e a minha companheira banho de perfume estava batendo em minha porta. — Acorda docinho, trouxe café para você. — Já estou indo. — Disse mal-humorado. Abri a porta para ela, e seu perfume enjoativo tomou conta do ambiente. Ela encarou meu peitoral desnudo e fez uma careta esquisita.

— Docinho, você é delicioso. — Disse com a voz fina. — Eu já estou indo para o ônibus. Obrigado pelo café, vou tomar um banho. — Disse, pegando a caneca da sua mão. — É de graça se eu puder acompanhar você no banho, mas se não, o valor é dois dólares. — Ela lançou um sorriso amarelado para mim, com os dentes tortos. — Obrigado. E docinho, por favor não sente do meu lado. — Falei, entregando a ela uma nota de 10 dólares e batendo a porta na sua cara. Tomei um gole daquele café horrível. Me vesti depois de um banho e entrei no ônibus, ocupando meu lugar. Meu grande erro ter dito para aquela mulher louca não sentar ao meu lado, já que agora ela sentou fedendo ainda mais a perfume e virou de propósito suco de uva nas minhas calças, ou seja, passei as sete horas restantes da viagem cheirando a suco de uva, e com o perfume dela se misturando a tudo aquilo. O que fiz para merecer isso? Quando desci em Lawrence estava exausto e morto de fome, porém o que eu mais queria realmente era vê-la. Não sei o que deu em mim, apenas que depois daquela viagem infernal, tudo o que eu mais queria era vê-la. Peguei o endereço que me foi entregue pelo investigador de Logan, que disse que Megan havia alugado uma casa há pouco

tempo. Peguei um taxi na saída da rodoviária e fiquei em pânico ao ver que gastei 40 dólares. Meu dinheiro estava indo rápido demais. Fiquei alguns minutos parado em frente à sua casa, quando vi uma cena inacreditável. Megan saiu na porta, sorrindo de orelha a orelha. Ela estava mais linda do que antes, sua pele brilhava e sua barriga de grávida estava bem evidente. Ela estava maravilhosa e fiquei hipnotizado observando-a. Devo ter feito a mesma cara de bobo que meu pai fez enquanto observava a babá dos gêmeos, mas não me importei. O que me deixou muito irritado foi ver um homem segurando-a pela cintura e beijando seus lábios. O imbecil com cara de bom moço logo se retirou. Eu ainda estava furioso. Iria acabar com tudo aquilo, e mandar que ela expulsasse aquele idiota dali, afinal ela era minha! Homem nenhum tinha o direito de tocá-la. Merda, ela deveria estar me esperando! Pisando firme, fui até a porta e apertei a campainha. Ouvi passos lá dentro e logo ela abriu a porta. O sorriso que tinha em seus lábios sumiu e uma expressão de espanto se instalou em sua face. — Meu Deus! Você? — Ela me encarava incrédula. — Quem era o cara que saiu daqui? — Questionei.

— O que você está fazendo aqui? Como você me encontrou? —

Disse

apavorada.

Seu

peito

subia

e

descia

descompassadamente, e devo dizer que peitos! Meu pau acordou depois de meses sem dar sinal de vida. — Na verdade, nada disso importa. Vá embora Jacob! Não sei o que você quer aqui, mas perdeu a viagem. — Eu vim por você Megan, digo, por vocês. — Disse apontando para sua linda e redondinha barriga. — Não sei porquê está aqui, o filho não é seu. Agora vá embora. — Não minta para mim, Megan. Nicolle me contou tudo, então mande esse Cara embora e me deixe entrar. Estou com saudades, princesa. — Dei um passo em sua direção, mas ela afastou-se. — Você é muito cara de pau, Jacob. Acha que é só chegar aqui que eu farei tudo o que você quiser e esquecerei tudo o que você já fez? — Princesa, não faça drama. Eu errei com aquelas duas mulheres, mas você já se vingou com aquele cara. Pronto. Pagou na mesma moeda, estamos quites e prontos para seguir em frente. — Você é o cara mais egocêntrico que já conheci. Você pensa que o mundo gira ao seu redor, certo? E que todas as pessoas

são descartáveis. — Rosnou ela, muito irritada. — Não é assim que funciona Jacob! Eu estou noiva do Brian, olhe aqui. — Disse, mostrando-me um anel. — Ele não está sendo usado, eu o amo e irei me casar com ele. — Não tente me atingir com mentiras Meg! Agora deixe-me entrar. Sei que você sentiu minha falta tanto quanto eu senti a sua. — Insisti. — Quer um conselho, Jacob? Vá embora, me deixe em paz! A mim e a minha filha. Nós não precisamos de um homem como você nas nossas vidas. — Ela disse, muito irritada. — Filha? — Eu estava um tanto abalado. Dos pequenos Lennox de Logan, a que mais me encantou foi Lizzie, que mesmo com o problema de visão parecia enxergar minha alma. Não conseguia explicar a sensação, mas ao saber que teria uma filha, fiquei balançado. — Sim Jacob, filha. Já que desde que você estacionou na minha porta nem sequer perguntou como ela está! — Disse cruzando os braços no peito. — Faça um favor a todos nós, deixe Brian e eu criarmos Deborah em paz e vá viver a sua vida da forma

que

mais

gosta:

gastando

dinheiro

e

fodendo

desconhecidas. — Eu sou o pai dela, não quero esse homem na vida de vocês!

— Você não tem moral para querer nada Jacob. Agora vá embora, eu estou cansada e isso não faz bem ao bebê. — Ela falou, fechando a porta. — Eu voltarei, Megan! — Disse a ela. — Por favor, não volte.

Ah suas danadas! Já estão com pena de Jacob? Ou ainda não? Ou quem sabe só um pouquinho? Tem alguém do meu lado? Que está se divertindo com o seu sofrimento? A vida como pobre dele está apenas começando... vamos ver o que acontece a seguir... Beijos, Megan L.

Capítulo 4

Olá, A jornada de Jacob Lennox para se tornar um homem melhor, permitir-se amar e ser amado, e esquecer o passado com a sua mãe começou. Hoje apresentarei a vocês uma pessoa muito especial, espero que apreciem conhecê-lo. Megan L.

Brian Lancaster

Eu me sentia tão feliz, e isso me dava medo. Tinha ao meu lado a mulher que amava, aquela que foi o meu primeiro amor, que me apaixonei desde a primeira vez que a vi usando um jeans desbotado e uma blusa preta de Os Simpsons[2], com o cabelo preso em um rabo de cavalo, óculos de leitura e carregando mais livros que seus braços poderiam suportar. Sim, Megan Gillies foi meu primeiro amor. Eu a amo desde o colegial, apesar dela sempre ter me enxergado como um bom amigo, um bom colega de classe, um bom companheiro... até alguns

anos

depois,

nosso

reencontro

na

faculdade

foi

surpreendente, e em algumas semanas estávamos namorando.

Aquilo foi o paraíso na terra para mim, pois duas coisas tão incríveis aconteceram comigo ao mesmo tempo: a faculdade de medicina e namorá-la. Sempre sonhei em ser médico, e vindo de uma família de classe média, era um tanto difícil conseguir uma boa poupança para pagar a faculdade, e como não consegui uma bolsa pois trabalhava demais e isso prejudicava minhas notas, resolvi trabalhar o dobro, juntar muito dinheiro e pagar a faculdade. Assim conquistei meu objetivo. Meus pais sempre me ensinaram que quando queremos algo, temos que fazer por merecer e lutar até o fim, pois “impossível” é a palavra que pessoas fracas usam para “vai dar muito trabalho”. Então com esse pensamento e muito apoio dos meus pais, consegui chegar onde cheguei. Podem pensar que fiquei ressentido quando soube que era adotado. Infelizmente, minha mãe adotiva não podia conceber e então eles me adotaram. Nunca me ressentiria por isso, afinal, recebi tanto amor quanto qualquer outra criança deve receber de seus pais biológicos, e isso sempre me deu forças para seguir. Eu tinha apenas um pensamento: nunca abandonaria um filho meu. Quando Megan retornou para a minha vida, dessa vez carregando em seu ventre um bebê que eu já amava com todas as forças, disse a ela que deveríamos procurar o pai, afinal ela me confessou que ele não sabia de seu estado, e achei injusto

fazer isso com o rapaz, mesmo ele tendo feito o que fez. Mas depois de muitas conversas, foi impossível convencê-la do contrário. Megan estava muito machucada, e alegara que para Jacob o filho seria apenas um empecilho em sua vida de mulherengo. Como a decisão era toda dela, eu não pude fazer muito mais. Conforme

o

tempo

foi

passando,

aproximamo-nos

novamente e agora estávamos noivos. Eu trabalhava como pediatra no hospital local e estava noivo da mulher mais incrível que já conheci. Entendem o meu temor agora em perder tudo? Eu havia realizado meus dois sonhos, estava mais feliz do que nunca e isso me dava muito medo. Após comprar as maças, segui de volta para a casa, estacionei o carro na garagem e entrei. Olhei em meu relógio de pulso e vi que Megan ainda teria tempo de fazer sua torta, já que nossos pais chegariam apenas dali 30 minutos. Faríamos o recheio da torta e a colocaríamos no forno a tempo de comermos de sobremesa. — Meg, cheguei linda. — Entrei em casa e tudo estava silencioso demais. — Meg, cadê você? — Chamei uma vez mais. — Estou aqui em cima, Brian. — Estranhei sua voz e coloquei o saco de maçãs no início da escada, subindo os degraus de dois em dois. A encontrei sentada ao pé da cama, olhando para o nada e com os olhos vermelhos.

— Megan, o que houve? Está sentindo alguma dor? — Me ajoelhei a sua frente e acariciei seu ventre. Ela me encarou e lançou-me um sorriso fraco. — Eu estou bem, a Deborah também. — Disse acariciando a barriga. — Ele esteve aqui. — Meu coração parou naquele instante, um frio no estomago se instalou. Sabia que meu temor não era em vão, eu iria perdê-las. Deixei-me iludir ao imaginar que um dia ela me amaria, ledo engano o meu. — E então? Vocês finalmente conversaram? — Questionei, tentando manter a calma. — Conversar? Que piada Brian! Impossível conversar com Jacob. Ele é um garoto, e ainda pensa que o que fez não foi nada demais. Nem sequer teve a decência de se mostrar arrependido. — Ela suspirou. — Chegou aqui todo arrogante, como se fosse o dono do mundo. Ele não mudou, e nunca mudará. — Segurei em sua mão. — Ei, apesar de tudo ele é o pai da Deborah, e vocês precisam ter uma relação amigável. — Levantei e comecei a andar de um lado para o outro. — Não vou fingir que isso não me incomoda, mas é a verdade. Ele tem direitos sobre a Deborah. — Eu sei, e isso me incomoda muito. — Ela levantou e sorriu para mim. — Mas quer saber, chega de nervosismo. Iremos receber visitas e tenho uma torta de maçã para preparar.

— Nada disso! A senhorita vai tomar um bom banho de banheira agora, e eu vou fazer a torta. — Ela sorriu da minha expressão séria. — Qual é a graça? — É mais fácil você deixar de praticar a medicina do que fazer uma torta decente, então nada disso. — Ela riu. — Deixe que eu vou, você não quer fazer ninguém parar no pronto socorro com a sua torta, não é? — Volte aqui, Meg. — A puxei pelo braço. — Você está muito agitada hoje. Acho que o melhor seria cancelar esse jantar. Senta aqui. — Fiz com que ela sentasse na borda da cama. — Eu volto já, não se mexa. Sai do quarto correndo. Liguei para os nossos pais e desmarquei o jantar dizendo que ela estava indisposta, e como ambos eram muito amigos, resolveram jantar juntos em um restaurante. Mesmo com Megan sorrindo para mim, ela ainda tinha aquele olhar triste e melancólico. Fui até o banheiro e coloquei a banheira para encher e voltei para o quarto. Ajoelhei-me aos seus pés e tirei seus sapatos, massageando seus pés, que estavam um pouco inchados. — Hum... Isso está divino. Pelo menos se perder o emprego de pediatra pode se tornar massagista. — Ela sussurrou, sorrindo.

— Você é uma boba. Sabe que as minhas massagens são exclusivas

a

você.



Disse

enquanto

massageava

suas

panturrilhas. — Hum... Gosto disso. Poderia viver assim para sempre. — Parei de massagear seus pés para ir até a banheira. — Isso é injusto, você não deveria parar. — Protestou. — Calada, você agora vai tomar um banho e descansar. Está muito tensa e isso não faz bem à Déb. — Guiei-a até o banheiro, despindo-a seu vestido e lingerie. Ela havia ficado ainda mais sexy depois de grávida, e tive que ter o maior autocontrole do mundo para não fazer com ela o que eu estava desejando naquele momento. Hoje não faríamos nada. Megan estava frágil e eu sei o quanto aquele imbecil ainda a afetava. Fiz com que ela sentasse na banheira e liguei as bolhas, tirei minhas calças e sentei na borda, passando a massagear seus ombros tensos. — Deus Brian, você é perfeito. — Ela gemeu quando alcancei o ponto que estava mais tenso. — Eu sou só um cara comum, Meg. Não sou perfeito. Sou cheio de defeitos e você sabe disso. — Continuei a massagem em seus ombros. — Eu não vejo nenhum defeito... — Ela gemeu antes de adormecer durante a massagem.

A carreguei no colo até a cama, sequei o que pude de seu corpo e a vesti com uma das minhas camisetas. Megan estava entre o sono e o despertar, e parecia um bebê recém-nascido. — Jacob... Não... — Ela sussurrou antes de adormecer por completo. Mesmo tendo sido uma frase incompleta, o fato dela ter sussurrado seu nome, causou-me uma dor intensa. Pensei muito naquela noite. Pensei em desistir e deixar o caminho livre para ele, pensei que seria impossível que ela me amasse do jeito que eu precisava. Pensei até cair em exaustão e adormecer, abraçado a mulher mais maravilhosa que já conheci.

Queria saber o que vocês acharam do Brian. Pensei que seria injusto não contar o seu lado, afinal essa história também é dele. E ele também é importante... com Brian aprendi muitas coisas, aprendi mais com ele do que ele comigo... e nunca conseguirei agradecer-lhe o suficiente. Megan L.

Capítulo 5

Jacob Lennox ainda sofrerá muito para aprender a tornar-se um verdadeiro homem. Nesse momento, ele ainda é apenas um menino mimado que perdeu seu brinquedo favorito. Não o culpo por ser assim, tampouco culpo seu pai por ter errado com ele, afinal, somos todos humanos e erramos diariamente. O erro de John Lennox foi tentar preencher a falta que a mãe fazia na vida de Jacob com presentes e coisas caras. Mas como eu disse, não o culpo. Ficar viúvo com um filho pequeno não deve ser algo fácil. Homens não conseguem lidar com isso e John Lennox fez o melhor que pôde. Megan L.

Jacob Lennox Cheguei ao tal casebre que o Logan chamava de casa. Era uma casa muito pequena, com um cercado branco na frente, que certamente deveria ter apenas três quartos e olhe lá. Meu primo só poderia querer me humilhar, fazendo-me morar nessa casa minúscula! Mas agora, eu estava com outras coisas na cabeça, e resolvi apenas entrar e tomar um bom banho. Queria tirar aquele cheiro de meu corpo. Peguei as chaves no bolso e entrei na casa escura e muito

simples, bem diferente da mansão da fazenda. Comecei a andar pelos cômodos e escolhi o maior quarto. Despi-me toda a minha roupa melada de suco de uva e fui direto para o chuveiro. Lá, fiquei pensando em uma maneira de me livrar de vez daquele imbecil que estava com Megan. Não era possível que ela gostasse dele. Ela me ama, e deve estar apenas me substituindo, tentando me causar ciúmes. Sei que como sempre, logo ela estaria comigo, já que na segunda vez que ficamos juntos, ela ficou arredia no começo, mas logo consegui dobra-la. Não seria diferente dessa vez. Fechei meus olhos embaixo da água morna, e sua silhueta logo surgiu na minha mente. Ela estava tão linda, e logo nós teríamos uma filha. Deus, esse sentimento intenso que eu estava sentindo desde que soube que seria pai de uma princesinha estava me deixando zonzo. Desde que a Megan me deixou, voltei a sentir coisas das quais não sentia a anos. Coisas que enterrei há mais de vinte anos, as quais não me permitia lembrar ou perdoar e ainda assim não me permitia esquecer. Quando sai debaixo da água estava furioso, frustrado, confuso e completamente perdido. Eu a queria com todas as minhas forças e isso era assustador. Além disso, haviam esses malditos e constantes sonhos com minha mãe. Por que voltei a ter esses sonhos de novo? Qual o motivo dessa maldita tortura? Por que Megan me castigava tanto por uma coisa boba? Coisa

que acontece com qualquer cara... Arrumaria um emprego em um hospital, afinal, fiz faculdade de medicina, e reconquistaria Megan. Casarei com ela e iremos embora para o Texas com a nossa filha, e então irei recuperar meu fundo no banco e vencerei o almofadinha. Está decidido! É isso o que eu quero, e eu iria vencer. Estava muito cansado e resolvi ir dormir. Não sentia fome e certamente a empregada só chegaria pela manhã, então me joguei na cama do jeito que estava, com meus cabelos úmidos e completamente nu. Não estava disposto a fazer a barba, pois sei que a Megan gosta quando ela fica desse jeito que está. Era só uma questão de tempo até que ela estivesse novamente em minha cama, e ambos em êxtase total. Com esse pensamento adormeci. Acordei com uma dor de cabeça do demônio. Meu estômago estava roncando, minhas bolas estavam inchadas e meu pau mais duro do que pedra. Ou seja eu estava fodido e mal pago. Digo, quem dera que ao menos fodido eu estivesse, mas nem isso eu estava. Levantei da cama, peguei uma boxer na mala, vesti e desci as escadas para tomar café. No relógio da parede marcava 10h, e certamente a empregada já teria chegado. Quem sabe até poderia aliviar minha tensão com ela, antes que minhas bolas explodissem. Entrei na cozinha e tudo estava como na noite anterior.

Comecei a chamar para ver se havia alguém na casa, mas nada, apenas o silêncio e o som da minha respiração. Localizei o telefone residencial e resolvi ligar para o Logan, e após dois toques a empregada atendeu. — Residência dos Lennox, bom dia! — Disse ela, sucintamente. — Por favor chame o Logan. Diga que é o seu primo Jacob. — O senhor Logan não se encontra. — Chame Nicolle então, por favor. — A senhora Nicolle saiu junto com o senhor Logan há duas horas; foram verificar a propriedade de acampamento. Quer deixar recado? — Por Deus não mulher, isso é urgente... Droga! — Praguejei ao telefone. — Se o senhor desejar, o senhor John Lennox está aqui. — Meu pai ainda está ai? — Estranhei ele ainda estar na fazenda

do

Arizona,



que

disse-me

que

tinha

vários

compromissos no Texas. — Sim senhor, na verdade ele foi embora no mesmo dia que o senhor, mas retornou noite passada. — Chame meu pai então, por favor. — Desconfiei da razão

do meu pai ter ido para lá. Acho que a razão que chamava a sua atenção era a belíssima babá dos trigêmeos. — Sim senhor. — Fiquei aguardando na linha até que ele atendeu. — Jacob meu filho, como está? — Oi pai, eu estou mais ou menos. Mas o senhor deve estar muito melhor do que eu, suponho. — Respondi sarcasticamente e sorri. — Não sei do que você está falando, Jacob. — Ele disse, nervoso. — Ora papai, da nossa adorável Cristiane. — É Cristiana, Jacob. E pare de falar bobagens; o que você quer afinal? — Falou desconfortável; mas o fato dele ter me corrigido quanto ao nome dela o entregou. — Sabe pai, você deveria ouvir seus próprios conselhos; deixar o passado para trás e casar com uma boa mulher. — Disse, e ele ficou em silêncio. — Bem, na verdade eu liguei para saber da empregada, que horas essa mulher chega? Estou faminto. — Meu pai caiu na gargalhada. — Ora meu filho, você não terá empregada. A menos, é claro, que quando começar a trabalhar ganhe o suficiente para pagar uma. — Enrijeci meus músculos com suas palavras.

— Isso é o cumulo! O que vocês estão tentando fazer comigo? Qualquer pessoa hoje em dia tem uma empregada. Me sinto um morador de rua. — Deus, meu filho... eu realmente errei feio contigo. Não deveria tê-lo mimado tanto. — Disse ele, rindo. — Não seja dramático, tudo bem. Você está parecendo um garoto mimado. Caia na real, a sua vida agora é essa, então conforme-se. — Mas pai... eu estou com fome. — Insisti. — O Logan mandou a senhora Bree encher seus armários de comida, então vá comer. — Mas está tudo cru! Pai, você não pode estar falando sério. Isso é ideia do Logan! Ele que está com as bolas presas a Nicolle, e não enxerga a maldade que está fazendo comigo. — Não comece de novo, Jacob. Logan te deu um teto, dinheiro e estocou sua casa de comida. Você tem apenas 28 anos, é um homem forte e cheio de saúde. Vá trabalhar, meu filho; você precisa aprender que a vida não é uma festa e virar o homem que aquela menina merece. — Disse ele, sério. — Porra, vocês são todos uns idiotas mesmo! A tal boa moça que vocês dizem, está noiva de outro cara. A boa moça que você disse que me amava, estava aos beijos com outro. Ela é igualzinha à minha mãe; aliás todas as mulheres são! Deixa só a Nicolle mostrar as garras para o Logan e vocês vão ver! —

Resmunguei, muito irritado — Vocês vão se arrepender de ter me feito passar por toda essa humilhação. — Meu filho, porra, cresça Jacob! Você errou com essa moça duas vezes, e queria o quê? Que ela fizesse celibato até que você aparecesse? Um dia você agradecerá ao Logan e a mim pelo que estamos fazendo a você. E você bem sabe que Megan e Nicolle são muito diferentes da sua mãe. Então deixa de ser teimoso e vá à luta. Arrume um emprego, aprenda a esquecer o passado e peça perdão de joelhos a essa moça se você quiser ter qualquer chance com ela, isso se não for tarde demais. — Tarde demais? Aquele almofadinha não tem chances contra mim. Irei acabar com ele em um piscar de olhos! Eu sou Jacob Lennox, afinal. — Humildade. Aprenda a ser humilde e então terá uma chance. Agora preciso desligar, tenho que ajudar a Cristiana com os gêmeos. Dominic está temperamental hoje... fique com Deus, filho. Resmunguei mal-humorado e desliguei. Fui tomar um banho rápido, e resolvi tomar café na rua enquanto procuraria um emprego. Certamente conseguiria um bom trabalho como ginecologista no hospital, afinal, eu havia me formado na faculdade. Fiz a barba, vesti uma calça social preta, camisa branca e

sapatos; passei um bom perfume e sai. Deveria ter pego um ônibus para ir até o hospital, mas decidi ir de taxi; não queria correr o risco de sentar no lado de alguém fedendo. O taxi até o hospital deu 50 dólares, mas não me importei muito. Desci do carro e vi que havia um informativo na parede, mas não perdi meu tempo lendo-o, e vi apenas a frase grifada: Há Vagas. Parecia que minha sorte estava para mudar. Falei com a bela recepcionista peituda e ela me encaminhou até a sala da diretoria, lá eu faria a entrevista com uma mulher chamada Keira. — Jacob Lennox? — Uma mulher aparentando seus 40 anos, morena, curvilínea e muito alta me chamou. — O Próprio. Bom dia. — Peguei a mão que ela me estendia e beijei o dorso. — Devo dizer que você é linda. — Obrigada, senhor Lennox. Eu me chamo Keira Hollander, sou responsável pela contratação dos funcionários. O senhor está interessado em uma vaga, certo? — Disse ela, rígida, em um tom profissional. — Sim, eu estou. — Sentamos um em cada lado de uma mesa, numa sala completamente branca. — Esse é o meu currículo. — Disse entregando a ela o papel que fora feito pelo Logan. Ela começou a analisa-lo sem olhar para mim. — Bem vejo que é formado em ginecologia e obstetrícia, mas nunca sequer fez residência. Como isso é possível, senhor

Lennox? — Ela me encarou, séria. — Por favor, me chame de Jacob. — Sorri, mas meu sorriso logo morreu ao ver sua expressão séria. — Bem, digamos que talvez com o meu charme... — Sorri sedutoramente para ela, o que foi em vão. — Senhor Lennox, eu lamento, mas não há vagas para ginecologia. Mesmo se houvesse, certamente escolheríamos alguém mais especializado. O emprego que podemos lhe oferecer inicialmente é de faxineiro, mas com o currículo que tem, daqui a três meses pode assumir a vaga do Tyler Wood e tornar-se um enfermeiro. — Faxineiro? — Comecei a gargalhar. — Você está brincando comigo, certo? É algum tipo de piada do meu primo Logan, só pode. — Ela franziu a sobrancelha. — Desculpe-me, não conheço nenhum Logan. Não estou brincando, senhor Lennox. A vaga de faxineiro é que está disponível, é pegar ou largar, o que vai ser? — Eu não vou ser faxineiro, eu sou Jacob Lennox! Nós, os Lennox, somos ricos! Você deveria me colocar de diretor desse hospital e não de faxineiro. — Se o senhor é tão rico, porque está procurando emprego? — Perguntou indiferente. — Vamos lá, princesa. Me diga o que eu preciso fazer para

que você me dê uma vaga melhor? — Peguei na sua mão sobre a mesa, e ela a puxou. — A vaga de faxineiro é a que está disponível, como eu já disse. Com a sua falta de experiência é pegar ou largar. — Tenho certeza que faço você mudar de ideia, me dê apenas trinta minutos, e farei minha mágica com você. — Sorri para ela. — Escuta aqui, seu imbecil. Eu sou uma mulher casada há dez anos, tenho dois filhos e um marido maravilhoso, que vai quebrar a sua cara se souber da sua ousadia comigo. Essa aliança aqui que você vê no meu dedo não é um enfeite, é o símbolo do nosso amor. Então se na faculdade você conseguiu se formar fazendo sexo com as suas professoras, só tenho uma coisa a dizer. Você é pior do que eu pensava, e não quero você como faxineiro desse hospital. Aqui é um local familiar e não para um mauricinho mimado vir passar o tempo e fazer orgias. Então saia daqui antes que eu chame a segurança. — Sua frígida maluca! — Acusei-a e levantei irritado. — Se você acha que fidelidade ao marido me torna frigida, problema seu. Se quiser o emprego de faxineiro terá que pedir desculpas para mim. — Como se eu fosse precisar dessa porcaria de emprego. Sei que encontrarei outro muito melhor.

— Com a crise em que estamos, duvido muito. Espero você amanhã Jacob, pedindo desculpas e pedindo a vaga de faxineiro. — Ela sorriu. — Isso nunca vai acontecer! — Deixei a sala irritado. Que merda estava acontecendo com as pessoas? Todas sempre me bajularam e agora parece que o mundo me virou as costas! Eu estava muito irritado e para completar a merda do meu dia, encontrei o casal sensação no pátio do hospital. Megan estava abraçada ao almofadinha com cara de modelo de família de informercial. Ela o encarava profundamente, com ternura, e devo admitir que a cena me incomodou e muito. Eles beijaram-se com fervor, e aquela cena doeu em meu peito muito mais do que ter sido abandonado pela minha mãe, ou na mesma intensidade, não sei dizer. E então, quando ela soltou-se de seu abraço, olhou na minha direção. Ela ficou instantaneamente pálida. A ternura fugiu do seu olhar e a mágoa preencheu suas íris com dor. Meus olhos estavam grudados aos seus, e me senti atingido em cheio, como se enfiassem uma faca no meu peito. Então ela desviou o olhar, fingindo que não tinha me visto, e murmurou algo no ouvido do cara, para então eles saírem em outra direção. Mas ela não iria me ignorar, não mesmo! — Então você é o idiota que está mantendo a cama da Megan aquecida até que eu volte? — Disse para as costas deles,

ambos se viraram e me encararam. — Pode ir embora, cara... eu cheguei.

Sinto muita pena de Jacob. Ele está apenas começando sua jornada nessa vida, e ainda terá que passar por muita coisa para quebrar essa arrogância, e parar de pensar que ele é o dono do mundo; para aprender a amar verdadeiramente. Ele não sofreu nada ainda. Vocês vão entender o que eu digo quando ele começar a quebrar a cara de verdade. Megan L.

Capítulo 6

Conselhos sabem ser, as vezes, muito bons e sábios, e ainda assim nós não os seguimos. Acho que na vida, apenas aprendemos quando quebramos a cara, quando passamos a seguir com nossas próprias pernas e caímos. Infelizmente com Jacob Lennox seria assim. Ele pensou que essa fase seria temporária em sua vida e que logo estaria em sua mansão de novo, com dinheiro à disposição. No momento que ele se conformar que

sua vida agora é essa, talvez ele mude. Megan L.

Megan Gillies

Senti Brian enrijecer os músculos ao meu lado. Ele era um homem muito bom e calmo, mas quando estourava, era melhor sair de perto. Ele encarou o Jacob e semicerrou os olhos, e a eletricidade no olhar entre os dois era quase palpável. Os dois tinham praticamente a mesma altura; Jacob deveria ser apenas três centímetros mais alto que Brian, que deu um passo à frente e respondeu friamente. — E você quem é? Ah sim, você é o Jason, certo? Você deve ser o cara que humilhou a minha mulher duas vezes, certo? Apenas saiba, que você não a humilhará mais uma vez. — Fiquei impressionada com a calma e a frieza de Brian. Pude notar seus punhos fechados quando Jacob riu com sarcasmo. — Sua mulher? Fique sabendo, babaca, que essa mulher é minha, sempre foi e sempre será. E é Jacob Lennox, só para registro. — Jacob agora me encarou. — Meg, princesa, dispensa

logo esse cara... você já conseguiu me fazer ciúmes agora chega. — Deus esse homem era inacreditável. — Seu amiguinho está sobrando aqui. — Brian parecia a ponto de explodir a qualquer momento. — A única pessoa que está sobrando aqui é você, Jacob. Agora se nos der licença temos que ir para o trabalho. Não temos a vida ganha como você. — Dito isso, puxei o Brian pelo braço quando Jacob gargalhou sarcasticamente. — Então a sua amiguinha não te disse? — Disse o que? — Questionei. — Sua amiguinha Nicolle fez Logan cortar meu fundo no banco. Estou sem grana, princesa; a procura de um emprego. Viu como estou mudando? Estou me tornando um homem melhor. — Até agora não vi mudança alguma Jacob, mas se vai mudar que bom para você. Tchau. — Ei você deveria me dar apenas uma chance. Olha o que estou fazendo por você! — Gritou ele apontando para si. — Tarde demais, Jacob. Já tenho quem amo do meu lado. — Disse abalada e ao mesmo tempo irritada. Estava louca para dizer algumas verdades para ele, mas aquele não era nem o momento e nem o local apropriado. — Agora nos deixe em paz. — Megan, por favor... — Insistiu ele.

— Você é surdo, Jacob? — Brian ralhou com ele. — Não se meta seu almofadinha com cara de virgem! Esse assunto é entre eu e a Megan. — Jacob deu um passo à frente. — Tudo que diz respeito a Megan me diz respeito também, idiota. — Eu estava ficando muito nervosa com esses dois e resolvi deixá-los falando sozinhos. Eu não iria ficar entre essa guerra de testosterona, principalmente porque não era só em mim que eu tinha de pensar, mas também em Deborah — Se vocês dois querem ficar discutindo, que fiquem. Eu vou entrar. — Sai a passos largos e Jacob veio na minha direção. — E você nem pense em me seguir. — Disse apontando o dedo no seu rosto. Entrei em minha sala após bater o cartão. Após cinco minutos, Brian estava lá. Eu estava sentada na cadeira em frente à minha mesa com as mãos apoiadas no rosto. — Meg. — Chamou. — Agora não, Brian, por favor... só me deixe sozinha. — Pedi. — Tudo bem, mas me desculpe, ok! Essa situação toda é complicada, e não pude me conter. — Eu não pedi que você entrasse nessa situação! — Ralhei, muito nervosa.

— Eu sei, mas entrei ainda assim, porque amo você mais do que posso medir. — Disse frustrado. — Não posso mudar isso. — Desculpa! Não queria descontar em você. Você tem sido um cara excepcional esse tempo todo. Me perdoe, eu amo você também. — Levantei-me e fui na sua direção, abraçando-o ternamente. Brian era o meu amigo de longa data, aquele por qual já fui apaixonada a um ano atrás, aquele que eu amava, só que um amor diferente. Seria possível amar duas pessoas ao mesmo tempo? Ó Deus o que seria de mim? — Eu estou com muita raiva desse cara, Megan; e só não quebrei a cara dele por respeito a você. — Ele me afastou e suspirou. — Ainda acho que vou bater nele um dia. Não sou hipócrita, mas acho que você deve conversar com o babaca antes de nos casarmos. Na verdade, acho que devemos adiar o casamento para depois que Deborah nascer. — Ele disse sério, e um frio na espinha se instalou em mim. — Mas por que isso? — O encarei assustada. — Por que adiar o casamento? Eu não tenho dúvidas do que eu quero. Eu quero me casar com você. — Meg, para que não cometamos um erro que nos arrependeremos para o resto da vida. Quero fazer dessa forma, pois sei que aqui — Disse ele apontando para a minha cabeça. — você quer casar-se comigo, mas aqui. — Apontou agora para o meu coração. — Sei que está uma confusão; então vamos com

calma, tudo bem? — Tudo bem. — Suspirei. — Brian, acho que você não é desse mundo. Deve ter saído de dentro de um dos livros de romance que eu lia na adolescência. — Ele riu. — Sua bobinha. — Pousou seus lábios na minha testa. — Agora eu vou, preciso atender meus baixinhos. — Vá sim. Em breve atenderá a nossa Déb. — Puxei sua nuca e nossos lábios se tocaram em um beijo casto. — Amo você Brian, não duvide disso. — Sei que ama. — Ele sorriu, e já na porta disse — Conversaremos mais no almoço. Assenti com a cabeça e ele se retirou. Sentei-me na cadeira, ainda abalada. Sabia que Brian tinha razão, já que por mais que minha mente soubesse com absoluta certeza que era com o Brian que eu deveria ficar, meu bobo coração ainda balançava perto do Jacob. — Deus, estou tão confusa. — Disse para mim mesma. Na verdade, eu estava um tanto cansada de tantos dramas na minha vida. Eu precisava tomar essa decisão, e sei que um deles sairia machucado no fim dessa história. Ao menos é o que acho, pois Jacob não sentia nada por mim além de um sentimento de posse. O que importa é que iria colocar as ideias no lugar e conversar com aquele idiota. Mas não agora,

futuramente, talvez.

Nesse momento de minha vida, toda a vez que olhava nos olhos do Jacob, visualizava a cena dele na cama com as duas moças, ou relembrava o dia em que ele tirou minha virgindade e eu acordei sozinha na cama, completamente abandonada. Isso estava instalado em minha mente e não sabia quando estaria preparada para encara-lo, ou se um dia eu realmente estaria pronta. Megan L.

Jacob Lennox

Aquele idiota veio todo pomposo para cima de mim. Quando Megan, mais uma vez, me dispensou e disse que amava o cara, tenho que admitir que senti uma dor no peito. Por mais que eu não quisesse admitir, eu estava morto de saudades dela. Deus ela estava tão linda naquela manhã, usando um vestido preto acima dos joelhos, com seus cabelos castanhos presos em um coque. Porra, eu só queria soltar seu coque, mergulhar meus

dedos em seus cabelos e puxa-la para mim. Eu só queria sentir seu cheiro doce, beijar cada centímetro do seu corpo, mergulhar dentro dela... Deus, como eu sou idiota! O que há de errado comigo? O que eu preciso fazer para que ela me dê mais uma chance? Transtornado, comecei a caminhar. Foda-se o ônibus, fodase o taxi, eu queria caminhar. Estava tão irritado, com tanta raiva daquele almofadinha que quer usurpar o meu lugar, tão puto comigo por ter trepado com aquelas duas vagabundas e mais puto ainda com Megan, que assim como a minha mãe, me abandonou. Estava puto da vida com o mundo, e por mim que todos fossem se foder. Caminhei um pouco mais até que achei um bar e entrei. Iria encher a cara. Foda-se procurar um emprego. Sou herdeiro dos Lennox e não vou trabalhar, é cansativo demais... e é cansativo demais lutar pela Megan. Foda-se, eu desisto, eu sou o que sou e não vou mudar! — Vocês vendem uísque? — Perguntei ao cara do bar. — Sim. —Me traga a garrafa. — Estendi uma nota de 50 dólares no balcão e sentei numa mesa de canto. Logo o homem careca e magricela me trouxe o uísque. Era um uísque barato, nada do que estou acostumado, mas não me importei. Comecei a beber

sem parar e logo a primeira garrafa se foi. — Olá docinho, gostaria de companhia? — Uma mulher loira aproximou-se da mesa quando eu já estava na segunda garrafa. — Até que enfim alguém que é gentil comigo. — Disse, me sentindo meio zonzo. — Docinho, com esse rosto e esse corpo, é impossível que alguém não seja gentil com você. — Ela se sentou na mesa. — Não é só isso não, princesa. Também sou muito rico, sou herdeiro dos Lennox, porra! — Disse, virando o copo e batendo-o na mesa. — Você é um Lennox? — Vi que ela arregalou os olhos, e agora acariciava a minha coxa. — Sim. E você acredita que a Megan não me quer! O quão estupida é uma mulher que recusa um Lennox? — Ela é realmente muito estúpida, docinho, mas eu não sou. — Disse acariciando meu pau. — Vamos para um lugar mais reservado? — Com certeza. Estou com as bolas roxas.... Megan maldita. — Não sabia mais o que falava, estava muito zonzo e entornei o último copo de uísque da segunda garrafa. — Vamos logo, benzinho. — Ela me arrastou bar a fora e

paramos em um beco. — Me leva pra casa, Megan. Eu amo você... porra eu te amo mulher! — Disse, zonzo, tropeçando nos meus próprios pés. — E eu amei seu Rolex, docinho. — “Megan” estava roubando meu relógio e pegando minha carteira. — Megan, por que você está fazendo isso? — A encarei. — Eu não sou a Megan, seu besta. Não acredito que você só tem isso de dinheiro na carteira. — Ela me deu um empurrão, e cambaleante, me apoiei na parede. — Megan eu... me perdoa... — Cala a boca, seu babaca chorão. — Cai no chão com seu segundo empurrão, senti uma dor forte na cabeça. — Megan não me abandone... — Da próxima vez seja mais esperto gatinho, e não venha em um bar na periferia. — A mulher se afastou, e cai em sono profundo.

Acho que esse é o fundo do poço, certo? Jacob Lennox finalmente chegou ao fundo do poço e esse é o seu primeiro dia no Kansas. Agora ele está definitivamente falido, definitivamente sozinho... Será que ele finalmente irá cair em si?

Megan L.

Megan Gillies

Meu dia foi tão corrido que nem tive tempo para pensar em nada; nem em Brian, nem em Jacob, nem em decisões que eu precisava tomar. Talvez fosse até melhor ficar sozinha, e criar minha Deborah em um ambiente de paz. Enfim, havia muito o que pensar, e muito a esclarecer. Passei no supermercado e comprei alguns legumes para fazer uma sopa. Brian viria para a casa só mais tarde, já que seu plantão era de doze horas. Estava concentrada preparando a minha sopa quando o telefone tocou. — Alô. — Megan é você? — Uma voz familiar no outro lado da linha me fez sorrir verdadeiramente pela primeira vez naquele dia. — Nick, que saudades, como está? E os bebês? — Perguntei entusiasmada. Estava morrendo de saudades da Nicolle. Apesar

do pouco tempo em que ficamos juntas, me apeguei demais a ela, que era, sem dúvidas, uma grande mulher. — Estou muito bem, só exausta. Dar conta dos quatro não é fácil. — Disse aos risos. — Mas estou feliz como nunca estive antes. — Como assim quatro, mulher? Não eram trigêmeos? — Questionei, sentando-me e acariciando minha barriga. — Estou incluindo Logan na contagem. Esse homem me suga as energias, mas não estou reclamando, claro. — Disse ela rindo. — Mas e você Meg, como está? Já sabe o sexo do bebê? — Estou bem, é uma menina! — Ah que maravilha! Jacob quando esteve aqui ficou colado na Lizzie que não queria nem soltar. Fiquei sonhando para que o filho de vocês fosse uma menina para que ele babasse muito. — Nick, eu ainda não perdoei você por isso. — É verdade. Esqueci que você pediu segredo. Desculpe Meg, eu estava tão preenchida de amor que não pude deixar de contar; e você sabe sobre aquela história do Logan com Elena. Não queria ver isso repetindo-se entre vocês. — Disse ela séria. — Tudo bem, Nick. Cedo ou tarde ele iria acabar sabendo. — Suspirei. — E o imbecil do Jacob já pediu perdão adequadamente?

— Você está brincando, não é, Nick? — Não acredito que ele não pediu perdão! — Disse ela, chocada. — Não pediu nada. Apenas chegou aqui querendo reivindicar a mim e a Deborah. — Rosnei. — Idiota arrogante. — Que nome lindo! Deborah! — Disse Nick animada. — Acho que vou ter que viajar até ai com o Logan e nossa grande família para dar uns puxões de orelha nesse imbecil. — Bufou. — Nem perca seu tempo, amiga. De toda forma, estou noiva agora. — Como assim noiva? — Lembra que te contei aquela vez de Brian? — Ah sim, o médico gostoso do pinto grande? — Ela disse aos risos. — Logan acalme-se... estou falando com a Megan. Não eu não disse pinto grande eu disse sino branco. — Escutei ela tentando se explicar para Logan. — Sim Logan, ele tem um sino branco que ele usa para chamar os pacientes. — Eu dava risada da sua explicação. Nick é muito astuta. — Nick, podemos nos falar outra hora? Estou com uma sopa no fogo. — Disse, rindo muito. — Tudo bem, Meg. — Disse ofegante. — O Logan... hum... chegou aqui no escritório agora... e... te farei uma visita logo...

— Ótimo. Obrigado por me fazer rir como a tempos não acontecia. — Obrigada você, amiga. Agora tenho que ir o pinto... digo o meu filho está esperando. — Ela estava muito ofegante na ligação, e eu já imaginava o que ela estaria fazendo com o “sino branco” de Logan. — Até mais, Nick. — Disse sem conseguir parar de rir. — Beijos linda. Tchau. — Tchau. — Desliguei o telefone e fiquei sorrindo por alguns instantes. Voltei para o fogão e a sopa já estava quase no ponto. Meu estomago roncou e Deborah mexeu e chutou-me três vezes. — Eu sei princesinha, mamãe também está com fome. — Disse, acariciando minha barriga. Logo o telefone voltou a tocar e sorri, imaginando ser a Nick de novo. — Esqueceu alguma coisa, sino branco? — Disse aos risos. — Megan Gillies? — Um homem questionou do outro lado da linha, sério. — Sim, é ela. — Aqui é do Memorial Hospital do Kansas e temos um paciente aqui que tinha o seu número na carteira. — Meu coração praticamente parou dentro do peito.

— Oh meu Deus, aconteceu alguma coisa com o Brian? O Dr. Brian Lancaster? Ele trabalha ai na ala pediátrica. — Questionei, sentindo minhas mãos tremerem muito. — Não senhora, o paciente em questão se chama Jacob Lennox e foi encontrado em um beco, desacordado. A senhora poderia vir até o hospital por favor?

Deus! Pelo jeito eu não teria sossego nessa gravidez. O que vocês acham que acontecerá agora? Jacob é um inconsequente, vamos ver se após isso ele toma jeito de vez. Megan L.

Capítulo 7

As vezes acontecem coisas difíceis nas nossas vidas, problemas que parecem impossíveis de se resolver, pessoas que só mentem, fingem, magoam, despedaçam nossos corações.

Perguntamos a Deus o porquê, qual o motivo de o senhor me causar tanta dor? Mas uma coisa é certa, Deus nunca nos dará um fardo que não possamos carregar. Ele conhece nossa força e nossas limitações. E tudo, exatamente tudo nessa vida tem uma razão para acontecer. Então, o que nos resta é confiar em Deus e fazer dos momentos difíceis um aprendizado. Megan L.

Jacob Lennox

Acordei com peitos na minha cara. Belos peitos que estavam quase esfregando-se no meu rosto. É, parece que minha sorte estava começando a mudar. A desconhecida vestida de enfermeira encarou-me e disse: — Ele acordou Meg. — Disse ela, me encarando e afastandose de mim. Só então pude me dar conta de onde estava e o que estava acontecendo. — Vou deixá-los a sós por um momento antes de chamar o Dr. Jack. — A enfermeira me encarou com asco e abraçou a Meg, que ainda estava de costas para mim. — Boa sorte com esse cachorro, amiga. — Disse ela à Megan. Que porcaria de hospital é esse que eles tratam mal os pacientes?

— Pode deixar, Júlia. — Disse Megan à enfermeira, que retirou-se da sala fechando a porta atrás de si. E então a Megan virou-se na minha direção. Pensei que veria preocupação em seus olhos, mas tudo o que vi ali foi raiva. — Oi, princesa... — Sorri para ela, ainda estava um pouco zonzo. — Princesa? Jacob, qual é a porcaria do seu problema? O que você pensa que está fazendo? — Questionou ela, furiosa. Eu adorava quando ela estava assim; sempre que ela ficava dessa forma raivosa, fazíamos sexo selvagem em algum canto escuro. Bons tempos. — Eu estou deitado na cama e tomando soro. É isso que estou fazendo princesa. — Disse, apontando meu braço. — Ah você acha que isso é soro, não é? Isso é glicose seu idiota irresponsável. Você quase ficou em coma alcoólico! — Princesa, acalme-se. Isso não faz bem ao bebê. — Disse calmamente. — Ah, agora você está preocupado com o nosso bem-estar? Bem deveria ter pensado nisso antes de beber como louco e cair desmaiado em um beco. — Ela andava de um lado para o outro no quarto, e por Deus, eu iria ter uma ereção caso ela não parasse de rebolar aquele traseiro gostoso. — Tem noção do quanto fiquei nervosa? — Indagou ela.

Um sorriso enorme plantou em meu rosto. — Eu sabia! — Disse encarando-a com os olhos brilhando. — O que você sabia seu estúpido? E por que está com esse sorriso estúpido no rosto? — Ela colocou as duas mãos na cintura e me encarou. — Que você ainda me ama. Que você ainda me quer. — Disse, meu sorriso ampliou-se ainda mais. — De onde saiu toda essa estupidez? — Questionou ela com a voz falha. — Você está aqui, estava preocupada. Você ainda se importa comigo, ainda me ama. Se não amasse não estaria aqui. — Disse sorrindo. — Não seja estúpido, Jacob. Por mim, não faria diferença se você morresse; estou aqui por causa da Deborah. — Disse acariciando sua barriga. — Você pode enganar aquele almofadinha, pode enganar a si mesma, mas nunca conseguirá me enganar, princesa. Eu conheço você ... — Ela me interrompeu abruptamente. — Você não me conhece Jacob Lennox. Eu não estou enganando Brian; ele sabe exatamente de tudo. Ele sim me conhece, você não. — Ela baixou o olhar e ainda acariciava sua barriga.

— Posso tocar nela? — Perguntei, curioso. Nunca havia tocado em uma barriga de grávida. — Não acho que seja adequado. Prefiro que você não toque em mim; se você me tocasse eu odiaria. — Ela disse com amargura na voz, e fechou os olhos por um instante como se lembrasse de algo. — Por favor, Megan... deixe-me sentir a minha filha. — Insisti. Ela bufou e nossos olhares se conectaram por milésimos de segundos. E senti aquele sentimento forte e indesejado novamente dentro de mim. — Tudo bem. Mas se você fizer qualquer gracinha vai apanhar. — Disse ela, aproximando-se. Toquei em sua barriga e ela virou o rosto para o outro lado, parecendo incomodada com meu toque. Fiquei lá parado, quieto, até que senti um chute, que me assustou e deixou-me com um sorriso estúpido no rosto. Minha filha sabia que eu estava aqui. Megan tentou disfarçar um sorriso ao sentir o chute da Deborah. — Isso é incrível. — Eu disse. — Sim é, mas acho que já chega. — Ela deu dois passos para trás, afastando-se do meu toque. — Pare com isso, Megan. Vamos ficar juntos, vamos voltar

para o Texas e deixar essa cidadezinha para trás. — Eu disse. — Já disse a você que acabou, Jacob. Quando você irá entender? Você quer começar outra discussão? — Não acabou Meg, e você sabe disso. — Eu não quero mais você. Não sinto mais nada por você, entenda isso. — Ela encarou-se séria. — Eu vou embora. Você já está melhor, isso não é problema meu... você não é mais problema meu. — Espera! Não vá ainda, deixe eu me despedir da Deborah. — Pedi e fiz minha cara de cachorro abandonado. — Ela está dentro da minha barriga, não precisa se despedir de você. — Disse ela, já segurando a maçaneta da porta. — Por favor, Megan! — Insisti. Queria que ela entendesse de uma vez por todas o quanto me queria e para isso, ela precisava aproximar-se de mim. — Deus, homem. — Ela veio pisando firme na minha direção e olhou para o outro lado. Apontando a barriga na minha direção. — Anda logo com isso! — Pode deixar, princesa. — Com uma agilidade sem igual puxei Megan pelos braços e a fiz sentar-se no meu colo, segurei sua nuca e mergulhei minha língua em seus lábios. — Jacob! Para! — Ela socava meu peito e falava na minha

boca, lutando contra o beijo. Sua luta no meu colo a fazia esfregar-se em meu pau e eu já estava duro mais duro que pedra. Quando ela finalmente parou de lutar e mergulhou no beijo, soltei seus braços, deixando minha mão subir lentamente para a sua coxa. Então ela chupou minha língua para em seguida mordê-la com força, a ponto de doer. — Megan! — Afastei-me dos seus lábios e senti gosto de sangue na boca. Logo um tapa foi desferido em meu rosto, e ela saltou do meu colo. — Nunca mais ouse fazer isso, seu arrogante sem vergonha. — Disse ela furiosa e ofegante, com seus lábios inchados pelo beijo. — Eu estou noiva e acho melhor você respeitar isso! — Disse apontando o dedo na minha cara. — O único vínculo que temos é a Deborah, e quando ela nascer iremos ao juiz determinar suas visitas. Eu nunca mais quero ver você! — Meg, pare com isso! É nítido que você ainda me quer, somos ótimos juntos. — Eu estava com a língua cortada e com uma ereção escandalosa entre as pernas, minhas bolas estavam doloridas de tão inchadas. — Nós éramos ótimos juntos Jacob, mas você estragou tudo! Agora é tarde demais. — Dizendo isso, ela retirou-se do quarto me deixando lá, frustrado e sozinho. Abandonado mais uma vez.

Jacob Lennox não aprende mesmo! Para começo de tudo ele tem que pedir perdão, de joelhos e chorando, para que eu possa pensar em amizade com ele. Agora, pensar em nós dois como casal? Nesse momento não me via com ele... sabia que cedo ou tarde sofreria, seria traída e magoada por ele de novo. Jacob Lennox tem um longo caminho a percorrer. Megan L.

A Megan nãoapareceu mais. Logan pagou a conta do hospital e finalmente fui para a casa. Cheguei naquela casa vazia, que agora parecia maior que a mansão da fazenda. Eu me sentia só e melancólico, Logan disse que não me daria mais dinheiro e o fato de eu estar traumatizado pelo assalto não lhe deixou com pena. Na verdade, quando eu disse que estava traumatizado por ter sido assaltado por quatro brutamontes, ele ficou rindo e disse que eu devia ter gasto tudo no puteiro, e agora estava inventando essa história de assalto. De fato, eu inventei os quatro brutamontes, mas de fato fui assaltado. Fiquei dois dias trancado em casa, com raiva de todos, comendo lasanha congelada aquecida no micro-ondas e bebendo suco de caixinha. Mas no terceiro dia em que liguei para o Logan, mentindo que tinha ido procurar emprego e não havia encontrado

nada. Ainda assim ele não ficou com pena de mim. E eu continuava sem nenhum centavo no bolso. No terceiro dia resolvi sair para procurar emprego. Cheguei a acordar muito cedo, procurei em vários lugares, usei de todo o meu charme, mas depois de caminhar muito, voltei para casa, sem emprego e muito humilhado. Sentia saudades da Megan, saudades do seu riso, do seu olhar doce, da sua voz... Droga, eu era a porra de um fodido apaixonado! Não acredito que isso aconteceu comigo. Tentei ligar para ela diariamente, mas minhas chamadas eram sempre ignoradas. O que será que ela tinha feito naqueles três dias? No quarto dia fui obrigado a engolir meu orgulho e voltar ao hospital para ver se ainda teria chances de conseguir a vaga de faxineiro, pelo menos assim eu poderia ficar perto de Megan e mostrar a ela e aquele noivo estúpido que era a mim que ela pertence. Era a mim que ela queria, mesmo que ela tentasse enganar a todos. Acordei as 8h30min na manhã seguinte e nunca em minha vida havia acordado tão cedo. Resolvi prender meu cabelo em um rabo de cavalo, vesti minha melhor camisa branca, uma calça social e jaqueta. Estava um tempo chuvoso e tive que catar algumas moedas que estavam perdidas em cima da mesa para poder pagar a passagem do ônibus. Sai correndo até o ponto de ônibus, que estava abarrotado

de gente. Tinha um homem fedendo a perfume, uma mulher fumando um cigarro que fedia mais do que maconha, uma criança berrando, duas senhoras falando da vida de alguém e um cara mais novo escutando Rap no celular em volume alto. Eu estava surtando... o que há com esse povo? Deus o que eu não faria para ter meu carro de volta! Chegou um ônibus superlotado que iria para o centro, então era o que pegaria, e todos do ponto subiram nele. Fui o caminho todo de pé, me sentindo irritado e muito mal-humorado. Desci em uma praça, e por sorte, a chuva tinha cessado. Eu estava a ponto de vomitar, pois um cara com o desodorante vencido estava de pé ao meu lado. Por sorte eu desci, ou meu estomago não iria suportar. Caminhei a passos largos indo em direção ao hospital para tentar pegar o tal emprego de faxineiro quando um carro em alta velocidade passou por uma poça d’agua e me molhou por inteiro. — Seu filho da mãe! — Gritei, irritado. O idiota mostrou o dedo do meio para mim e seguiu seu caminho. Mas que porra de dia é esse? Será que o dia a dia dos pobres era sempre assim? Esse sacrifício? Esse inferno? Acho que não vou sobreviver. Passei a mão na minha roupa tentando conter o estrago. Por sorte eu estava com a jaqueta pois ela protegeu minha blusa branca. Cheguei finalmente no hospital e ainda havia a placa com a

vaga de faxineiro, e desta vez eu li atentamente. Estava desesperado, a cerveja na geladeira havia acabado, a lasanha e a pizza congelada também, agora só tinha outros alimentos que eu não sabia preparar. Estava realmente em um estado deplorável, e daqui a pouco iria até as ruas pedir esmola. — Olá, me chamo Jacob Lennox, e vim para a entrevista com a Sra. Keira. — Disse a recepcionista. — Só um momento senhor Lennox, vou avisá-la que o senhor está aqui. Por sorte ela está livre hoje e poderá atende-lo rapidamente. — Sentei-me em uma cadeira, estava nervoso, sabia que ela iria rir e zombar do perdedor aqui. Acabei esperando por uma hora inteira. Sabia que ela estava me fazendo esperar de propósito pois escutei as risadas dela na sala ao lado. Foda-se! Eu desisto, vou voltar ao Texas e implorar ajuda ao meu pai. Minha vida estava difícil demais. Levantei-me pronto para sair, jogar a toalha, pedir para meu pai me apoiar e fazer minhas vontades como sempre fez, quando a Keira apareceu. — Já está indo embora, Jacob Lennox? — Perguntou, com sarcasmo. — Você não está me respeitando como pessoa, me fez esperar, sendo que nem ocupada está. O que queria que eu fizesse? — Questionei impaciente. — Entre Jacob, posso receber você agora, a não ser que não

esteja precisando mais do emprego... — Ela apontou para a sua sala. Lembrei-me do ônibus lotado, da cerveja que não tinha na geladeira, da falta de dinheiro e principalmente da Megan e nossa filha. Entrei na sala de cabeça baixa e sentei-me na cadeira em frente à sua mesa. — Em primeiro lugar Jacob, devo lhe dizer que para pedir respeito você tem de respeitar também, e na primeira vez em que esteve aqui, você não foi nada respeitoso comigo, então apenas revidei de uma forma sutil. — Ela sorriu. — Mas vamos ao que interessa, o que você quer? — Eu quero a vaga de faxineiro. — Disse, ainda sem crer que essa frase realmente saiu dos meus lábios. — Você não acha que me deve um pedido de desculpas? — Encarou-se séria. — Achei que você disse que tinha revidado de uma forma sutil; isso não nos deixa quites? — Perguntei entredentes. Deus que mulherzinha irritante, não sei como ainda cogitei em transar com ela aquele dia. — Acho que você não está qualificado para o trabalho, então não tenho como contratar você. Tenha um bom dia Jacob. — Ela levantou-se e estendeu a mão na minha direção. Aquela vaca! Queria que eu me humilhasse pedindo desculpas. Fiquei encarando sua mão estendida, pensei nas

opções que eu tinha a minha frente e resolvi que um pedido de desculpas não iria me matar. — Desculpa por ter desrespeitado você ... Por favor, eu preciso do emprego. — A encarei, ela tinha um sorriso no rosto, me senti violado por ter me humilhado perante a ela. — Viu Jacob, não foi tão difícil assim, foi? — Não, não foi. — Disse carrancudo. — Vou te dar uma semana para teste. Se você fizer tudo direitinho contratamos você. Você começa amanhã as 06h30min. — Disse ela por fim. — Da tarde? — Da manhã. — Disse ela, revirando os olhos. — Espero que não se atrase. Tenha um bom dia, Jacob. Ao sair daquela sala, não me sentia mais um Lennox. Era apenas o Jake, o garotinho assustado e irritado que eu havia me tornado desde o dia em que minha mãe faleceu. Minha vida estava desmoronando, mas diferente da primeira vez, desta vez eu estava completamente sozinho.

Esse Jacob sabe ser mais dramático do que protagonista de

novela mexicana. Vamos combinar que pegar ônibus lotado, e entre outras coisas que ele descreveu são muito comuns em minha vida e na vida de muitas outras pessoas. Eu antes de me formar e começar a trabalhar como médica também andava muito de ônibus e etc. ... Mas Jacob, um garoto mimado, estava recém no começo dessa descoberta de uma nova vida. Megan L.

Capítulo 8

Confusão, uma palavra tão simples e tão indefesa. Até que ela entra na nossa vida e nos deixa completamente perdidas. Quando unimos essa pequena palavra com sentimentos, tudo fica ainda pior. Nesse momento, meu interior estava uma completa confusão de sentimentos. Posso culpar a velocidade com que tudo aconteceu, posso culpar os hormônios da gravidez ou posso culpar a mim mesma por ter me colocado nessa situação. Quem nunca ficou confusa entre dois amores, ainda não viveu o suficiente. Megan L.

Megan Gillies Aminha vida estava uma bagunça. Tinha sido traída e humilhada pelo homem que eu amava, estava grávida, tinha reencontrado um amor do passado. E quando pensei que tudo daria certo, dei-me conta do quanto me iludi durante todos aqueles meses. Afinal no que eu estava pensando? Que Nicolle não contaria ao Jacob do bebê e com isso eu viveria em paz com Brian? Que minha filha um dia não iria querer conhecer seu verdadeiro pai? Eu realmente deixei-me entorpecer em minha dor, deixando o tempo passar e com ele, Jacob ia ficando mais distante de mim; que existia apenas em minha memória e em sonhos esporádicos. Vivia agora um conto de fadas com o homem perfeito, que por mais que tivesse algumas imperfeições como qualquer ser humano, ainda assim era o homem perfeito para qualquer mulher que tivesse a sorte de ser amada por ele. Eu estava iludindo a mim mesma, pois contos de fadas não existem, tanto que Jacob voltou para a minha vida da mesma forma que sempre entrou, de repente e abalando minhas estruturas. Porém, pela primeira vez foi diferente. A dor que ele havia me causado havia criado um buraco em meu peito maior do que eu podia suportar.

Ser amada e cuidada por Brian, escutar as batidas do coração de minha filha, seguir em frente, risadas e tardes chuvosas em frente à TV, mudou certas coisas dentro de mim. Aprendi a amar o Brian, tanto que quando o Jacob voltou, só confirmei meus sentimentos por meu príncipe, por mais que eu soubesse o quanto ainda amava Jacob. Estava confusa demais entre eles. Resolvi parar de pensar nisso, e focar apenas em minha filha. Quando ela finalmente nascesse, teria a conversa com o Jacob para desabafar tudo o que estava trancado em meu peito: as diversas vezes que me senti inferior na fazenda dos Lennox e que tive de mendigar por seu carinho e atenção. Pensar que me submeti a tudo isso tornava minha dor ainda maior. Pergunto-me agora. Vale a pena mendigar por amor? Penso que se o amor não é dado por livre e espontânea vontade, não vale a pena tê-lo.

Brian Lancaster

Tive um dia muito estressante no trabalho. Uma menininha estava com suspeita de leucemia, e por Deus, esses casos me

matavam sempre que surgiam. Ela tinha apenas 3 anos de idade; tão nova e com uma vida pela frente. Encaminhei-a para um especialista, torcendo internamente para que não fosse o maldito câncer. Deveria ser proibido as crianças terem câncer. Deveria ser proibido que crianças falecessem. Naquela noite cheguei em casa muito tarde e muito cansado. Megan estava tensa sentada no sofá, e notei que ela estava nervosa assim que vi a expressão em seu rosto. — Meg, está tudo bem? — Questionei, sentando-me ao seu lado e depositado um beijo casto em seus lábios. — Na verdade não ... Eu ... — Ela não conseguiu concluir a frase, já que lágrimas teimosas começaram a escorrer por sua face. — Ei, acalme-se. Venha cá. — Acolhi ela em meu peito, até que se acalmasse. Eu sabia que deveria ser alguma coisa haver com o Lennox; desde que ele tinha reaparecido ela vivia assim, chorando e nervosa. — Eu não mereço você, Brian. — Disse um pouco mais calma. Deus eu estava com tanta raiva daquele imbecil. Por que ele não dava um tempo? Por que ele não ficava de fora, pelo menos até que a Deborah nascesse? Por que ele não se dava conta do que estava causando a Megan e sua filha?

— Não fale besteiras Megan. Agora me conte o que aconteceu. — Ela afastou-se do meu abraço e limpou as lágrimas com as costas das mãos. —

Hoje

antes

do

jantar

me

ligaram

do

hospital.

Aparentemente o Jacob foi assaltado e jogado em um beco. — Enrijeci irritado, sabia que era esse cara de novo. — Bem, me perdoe Brian, mas fui vê-lo, queria saber como estava e ... — Ela parou de falar, como se medisse suas palavras. — E ...? — Indaguei. Com os punhos fechados. — E ele já estava acordado, então resolvi ir embora, mas ele me agarrou e me beijou. — Levantei praguejando, furioso. Estava louco para ir até esse cara e socar a cara dele, mas na verdade, o que eu mais temia nesse momento é que ela tivesse retribuído o beijo, e agora eu a perderia. Seria doloroso demais. — Por favor Megan, prossiga. — Minha voz saiu mais autoritária do que eu gostaria, mas estava difícil manter a calma nesse momento. Estava aguardando ela me mandar embora ou algo do tipo. Talvez o melhor a fazer fosse eu partir antes que meu coração ficasse ainda mais despedaçado. — Eu não vou mentir para você Brian, isso me abalou um pouco, mas isso foi por milésimos de segundos. Me senti suja, usada, ridícula, me senti uma fraca... O mordi para que me soltasse e acertei um tapa em seu rosto. Não quero mais que ele me toque, não quero mais me sentir assim, suja, usada ... porque

é isso o que o Jacob sempre faz, ele usa as mulheres até se cansar delas... Me perdoe Brian, espero de coração que você me perdoe pelos milésimos de segundos que esqueci quem eu era... Entenderei perfeitamente se você me deixar... — Ela deixou a sala chorando, subindo as escadas. — Porra! — Praguejei furioso, muito magoado... minha vontade era ir até o hospital e acertar um murro na cara desse idiota. Mas minha mulher, tão quebrada quanto eu, estava lá em cima chorando. O amor que eu sentia por ela me impediu de fazer algo impensado e então guardei minha dor em um canto e subi as escadas. A encontrei encolhida na cama. Ela chorava como um bebê; então me deitei ao seu lado e a puxei para o meu peito. — Me perdoe Brian. — Ela disse com a voz trêmula. — Shiu, está tudo bem, acalme-se ... pense em Deborah, Meg. — Falei com a voz terna. Eu estava gritando por dentro, mas me mantive calmo por ela. — Você tem todo o direito de ir embora, mas por favor, não vá ... — Ela encarou-me com os olhos marejados, um pouco mais calma. — Ninguém vai embora daqui. Eu amo você Megan e enquanto você não me mandar embora eu não irei. Só irei embora se você quiser. — Disse acariciando seu rosto.

— Por mim, você nunca irá embora. — Ela falou, sorrindo fracamente. — Ei, vou lá embaixo pegar um suco de laranja para você e quando voltar, farei uma massagem em todo o seu corpo para que você relaxe, certo? — Certo. — Ela sorriu. Fui até lá embaixo, bebi uns dois copos de água, ficando lá olhando para o nada por uns vinte minutos. Precisava me acalmar também, ainda estava agitado com tudo o que havia acontecido essa noite. Peguei o suco de laranja dela e subi de volta. Nisso ela já havia retirado o vestido e usava apenas calcinha e sutiã, deixando sua barriga saliente e seus cabelos espalhados pelo travesseiro, numa cena ainda mais linda. Meu pau despertou no mesmo instante em que visualizei-a sobre a cama. — Você consegue ficar mais bonita a cada dia que passa. — Ela virou-se na minha direção, e aquela expressão sofrida havia sumido de sua face, sorrindo para mim. — E você continua cada dia mais mentiroso. — Ela disse, rindo. — Eu engordei quatro quilos só nesse mês. Deborah é muito gulosa, estou sempre com fome. — Estou com fome agora também. — Sorri torto, e meu olhar percorreu cada centímetro do seu corpo. — Acho melhor você me trazer esse suco aqui agora doutor,

pois de repente fiquei com calor. — Ela apoiou-se nos cotovelos. Dei a volta na cama e lhe estendi o suco, ela bebeu avidamente, e uma gota solitária escapou de seus lábios escorrendo por seu pescoço. Nesse momento, eu já estava mais duro do que pedra, esquecendo o mundo e os problemas lá fora, me focando apenas ali, nela e naquelas quatro paredes que nos cercavam. — Já me sinto bem melhor, mas aquela massagem no corpo todo vem a calhar agora. — Ela passou o polegar no pescoço, limpando a gota que escorreu e o introduziu dentro da boca. Ela estava me provocando; já a conhecia, e se ela queria massagem era isso o que ela teria. — Sim senhora. — Disse recolhendo o copo e pegando o óleo de massagem na penteadeira. — Doutor, acho que seu trabalho seria muito mais ágil se não estivesse com essa roupa, não?! — Disse apontando para minha calça jeans e a camisa azul. — Aqui são as pacientes que mandam. — Me despi da calça e da camisa, ficando apenas com a boxer branca. — Satisfeita? — A encarei sério. — Você poderia colocar o estetoscópio no pescoço. Seria ainda mais interessante, doutor sexy. — Sorri, fui até o guarda roupa e peguei o estetoscópio que estava sobrando e o coloquei no pescoço. — Agora vou examinar você. — Disse, minha voz rouca de

tanto tesão por ela. Passei o óleo de massagem em minhas mãos e comecei a massagem lentamente em seus pés, massageando um a um, ansioso em subir ainda mais. Megan já soltava gemidos, o que só fazia crescer ainda mais meu desejo por ela. Minhas mãos agora estavam concentradas em suas panturrilhas, massageando, tocando-a apertando-a com vontade. — Por favor, doutor... minha dor é mais para cima ... — Disse com a voz ofegante, entreabrindo as pernas para mim. Espalhei mais o óleo de massagem em minhas mãos, subindo por suas coxas, massageando e provocando, chegando cada vez mais perto da sua virilha. O cheiro da sua excitação preenchia minhas narinas. Não resistindo mais a tamanha provocação puxei sua calcinha por suas pernas, deixando-a completamente exposta para mim. — Acho que terei que fazer um exame mais invasivo em você ... — Disse encarando-a, com meu mastro estava quase rasgando a cueca. Puxei suas pernas para a beirada da cama, deixando-a completamente aberta para mim. Sua fenda escorria umidade, e com os polegares, comecei a massagear seus grandes lábios, e seus gemidos tornaram-se ainda mais altos. O cheiro de sua excitação preencheu o quarto, e sem resistir mais, introduzi minha língua em suas dobras, sentindo seu mel cremoso e doce lambuzar-me.

Seu corpo contorcia-se embaixo de mim. Minha língua circundou seu clitóris enquanto eu a penetrava com dois dedos. — Oh Brian... Eu vou gozar... Oh... — Ela convulsionou embaixo de mim, sua fenda quente e apertada sugando meus dedos, vibrando... seu doce mel deixando-a ainda mais irresistível. Minha língua percorreu sua fenda de cima a baixo até o seu ânus, lambendo-a todinha, incansavelmente. Posicionei-me entre as suas pernas, e vendo seus olhos semicerrados em encarando, esfreguei a ponta do meu mastro em sua vulva, ansiando entrar profundamente em sua fenda apertada. — Megan, eu não consigo resistir... — Grunhi de desejo. — Brian, eu preciso... — Implorou, e com suas palavras, a penetrei lentamente; tendo cuidado em não machucá-la. Meu mastro estava tão duro que suas veias ficavam proeminentes. A penetrei até o fundo, sem conseguir entrar por completo dentro dela, pois não queria machuca-la. Comecei a estocar firme e com movimentos ritmados dentro dela, grunhindo, contorcendo-me tamanho meu tesão por ela; e sua fenda quente e úmida sugava meu pau para ainda mais fundo dentro dela, melando-me, jorrando líquidos. — Gostosa demais, Meg... Porra ... — Meu corpo mexia-se sozinho, eu não tinha controle nenhum quando estava com ela. Minhas mãos foram até os seus seios, acariciando seus mamilos enrijecidos por cima da renda do sutiã. Então ela gritou meu nome e convulsionou em outro orgasmo, e louco como estava,

mergulhei no abismo junto com ela, apoiando minha cabeça em sua barriga, tentando acalmar as batidas do meu coração. De repente senti um chute muito forte e sorri. Plantei em seu ventre um beijo, pensando em quanto eu a amava, e também a Deborah, mas agora, seria o que Deus quisesse. Se ela decidisse no fim ficar com o Jacob, eu teria que entender. Eu a amo demais para ser egoísta, quero apenas vê-la feliz. — Acho que estou curada, doutor. — Ela disse sorrindo depois que eu já estava deitado ao seu lado, acariciando seus cabelos. — Mas é bom continuar o tratamento, sabe como é... — Ela falou, me encarando séria até que caiu na gargalhada. — Não podemos exagerar no tratamento, senhorita Gillies. — Sorri de volta. — Você pode correr o risco de ficar dependente da droga. — Brinquei. — Desse medicamento? Já estou viciada doutor... — Disse, apertando meu mastro entre os dedos. — Sua safada. — Sorri. — Vamos dormir minha linda? — Eu não quero dormir. Não quero que essa noite termine, pois amanhã quando acordarmos, será a realidade novamente e hoje está tão maravilhoso nesta bolha mágica que estamos. — Disse fazendo aquele olhar melancólico. — Essa é a realidade linda, e estarei aqui com você para enfrentar os problemas até que você não precise mais de mim. —

Encarei-a. — Sei que corro o risco de sair quebrado dessa história no fim, mas você vale a pena. — Não sei o que fiz para merecer você. — Ela murmurou sonolenta. — Eu não sei o que eu fiz para merecê-la e nem sei ainda se a mereço... como eu disse, quero apenas vê-la feliz, não importa com quem seja. — Dizer aquelas palavras foram como facas no meu peito. É claro que eu a queria para mim, mas não se força ninguém a amar ninguém. — Eu amo você, Brian Lancaster. — Eu amo você, Megan Gillies. — Beijei sua testa e a aconcheguei em meu abraço. Ela adormeceu em seguida, já eu não posso dizer o mesmo... a dor e a insegurança não me permitiram dormir...

Como diz Brian, não se pode forçar ninguém a amar ninguém. Mas eu amava os dois, cada um de uma forma diferente. Podem me julgar, me chamar de frívola ou algo do tipo, mas não era algo intencional. Como eu disse, no momento certo essa confusão

sumiria do meu coração e eu saberia quem eu amava com mais intensidade. E se Deus permitir, seria finalmente feliz. Megan L.

Capítulo 9

Nunca na vida devemos julgar ninguém, afinal não sabemos o que essa pessoa passou ou está passando. É muito fácil falar, “ela está errada” ou “ele está errado”, sem nunca viver o que essa pessoa viveu, não sentir as dores que ela sentiu. Sei que todos nós fazemos isso, até mesmo eu; julgamos os outros constantemente e as vezes sem sequer perceber. Mas acredito que devemos parar de fazer tal ato, pois apenas Deus poderá nos julgar. Megan L.

Jacob Lennox

Acordei na manhã seguinte com o som estridente do despertador, ainda exausto. Desliguei o despertador e voltei a

dormir, só para ser acordado 15 minutos depois pelo som alto do meu celular. Peguei ele na cabeceira da cama, ignorei a chamada sem ver e voltei a dormir, ou ao menos tentei, pois a campainha lá embaixo começou a tocar insistentemente. Praguejei o ser que estava tentando me acordar e desci as escadas muito irritado e abri a porta. — Oh meu Deus. — Uma senhora de mais ou menos uns 70 anos arregalou os olhos e depois com as duas mãos os cobriu. — Você está pelado! — Só então me dei conta de que havia descido as escadas e tinha atendido a porta como vim ao mundo, e para piorar, estava com minha ereção matinal. — Desculpe. — Puxei a toalhinha de renda que estava em cima da mesinha do hall de entrada e cobri minhas partes. — Posso ajudar a senhora? — Perguntei me sentindo constrangido, e raramente me sinto assim. — Bem, o senhor Logan Lennox pediu que eu viesse acordar o senhor já que hoje é seu primeiro dia de trabalho e ele disse que você não acordaria com o despertador. — Disse, ainda cobrindo os olhos. — A senhora já pode tirar as mãos dos olhos. — Disse rindo. — E obrigada por me acordar; eu havia esquecido por completo do trabalho... se bem que chegar uns minutos atrasado não faz mal, não é.

— Prefiro não tirar as mãos dos olhos. Se ver você de novo, meu filho, acho que posso ter um infarto. — A senhora baixinha virou-se de costas para mim. — E que eu saiba você está trabalhando no hospital sobre a supervisão da Keira e ela não tolera atrasos. Bem, com sua licença senhor Lennox, eu preciso ir para os meus bordados. Tenha um bom dia. Olhei no relógio de parede e vi que já eram 6h10min, ou seja, teria 20 minutos para me arrumar, tomar café e chegar lá a tempo. Corri para o chuveiro tomei um banho rápido; vesti uma calça jeans preta e uma camiseta branca, prendi meus cabelos em um rabo de cavalo e peguei um pão para comer no caminho. Peguei um ônibus e por sorte havia um lugar para que eu sentasse, e comi o pão avidamente; estava faminto. No caminho até o hospital fiquei me perguntando se veria a Megan, se ela falaria comigo, se teria uma chance de tê-la em meus braços... estava cansado desse jogo, me sentia um menino de novo. Tinha vontade de engolir minha arrogância e dizer a ela tudo o que penso... mas era mais forte do que eu... na última vez que implorei por uma mulher, fui abandonado por ela. A lembrança de minha mãe me menosprezando enquanto eu humilhantemente implorava por ela ainda estava nítida em minha mente. Despertei de meus devaneios e desci próximo ao hospital; até que o ônibus não era tão ruim, quando estava vazio. Corri até o hospital, e na tela do meu celular marcava 6h50min. Esperava

não ter problemas por ter me atrasado, pois aquela megera da Keira era irritante. Ao me aproximar da entrada do hospital ela estava lá, encarando-me com as duas mãos na cintura. — Começou bem Jacob, no primeiro dia da sua semana de teste você chega atrasado. — Ela anotou algo em sua agenda e encarou-me com superioridade. — Sabe, se você se sair bem como faxineiro e fizer por merecer, poderá pegar a vaga na enfermaria, mas sua avaliação começou hoje e já começou com falta de pontualidade, parabéns. — Eu tive um problema. — É mesmo? Que problema? — Meu despertador quebrou. — Menti. — Nossa, essa história é mais velha que a minha avó, mas venha logo, não temos tempo a perder. Apenas saiba que ficará 20 minutos a mais que o seu horário para compensar. — Ela foi caminhando em direção aos elevadores. — E que hora posso ir embora? — Perguntei ansioso, talvez ansioso demais pelo olhar ferino que ela me lançou. — Você sai as 15h30min, mas hoje como você está atrasado, sairá as 15h50min. — Entrei no elevador com ela, em pânico. Iria trabalhar por nove horas seguidas; queria morrer. — Você tem uma hora de almoço as 12h00min.

— Uma hora de almoço? Mas não dá tempo de ir até em casa e voltar nesse tempo. — É por isso que seu emprego inclui almoço. Você irá comer na cantina do hospital como todos os outros, você poderá comer a comida da cantina ou trazer sua própria comida para aquecer. — Descemos no 3°andar. — Aqui é onde você começará seu trabalho, mas sempre que for chamado, você precisa ir para qualquer andar limpar. — Eu... — Esse aqui é o Bartholomew, mas pode chamar ele de Bart. — Ela apresentou-me a um homem de mais ou menos 45 anos, cabelos pretos e ralos, magro, muito magro devo ressaltar, que usava um macacão cinza e carregava uma vassoura. — Ele irá ensinar tudo o que você precisa saber, e Jacob? — Sim? — Se você se atrasar amanhã de novo, está fora. — Ela encarou-me séria e retirou-se dali pisando firme. — Ei cara, não dê bola para ela não, ela é mal-humorada mesmo. — Disse Bart dando tapinhas nas minhas costas. — Agora vamos, vou te mostrar onde fica o vestiário. — Vestiário? — Questionei enquanto o seguia. — Sim, você precisa usar o uniforme. — Disse ele sorrindo

apontando para aquele macacão ridículo. — Eu estou bem assim. — Parei no corredor e apontei para a minha roupa. — Ei Jake, amigão, são as regras cara e você não vai querer ver suas roupas cobertas de vômito né! — Vômito? — Voltei a segui-lo. — Sim cara, aqui é um hospital. Você pode se sujar de tudo aqui, por isso é importante usar as luvas e o uniforme. — Disse sorrindo entrando em uma porta. — E o melhor é que você sai daqui com as roupas limpas e são eles que lavam nosso uniforme, na água quente para tirar todas as bactérias. Chegamos num grande vestiário, parecia aqueles vestiários que tinha na escola. No canto superior haviam alguns boxers com chuveiros e no centro vários armários e bancos para sentar-se. Haviam ali alguns médicos e alguns enfermeiros e todos nos cumprimentaram. — Bem cara, esse é seu armário. Sua chave está aqui e bem, você é grande cara vou pegar o maior uniforme para você. — Ele sumiu por alguns minutos, havia ido buscar o uniforme para mim. Sentei-me no banco ainda sem acreditar naquilo, sem acreditar que isso havia mesmo me acontecido. — Bom dia Brian, e ai cara? — Escutei vozes ao longe e vi que o doutorzinho que estava com a Megan havia chegado.

— Ei cara aqui está seu uniforme. — Voltou Bart com o macacão. O engomadinho não tinha me visto ainda. E curioso perguntei ao Bart. — Ei cara, o que você sabe sobre o tal do Brian? — Questionei enquanto despia minhas roupas e vestia aquele uniforme de poliéster. — O Doutor Brian? Ah ele é o cara mais legal que já conheci. — Disse ele, animado. — Não me diga. — Falei, revirando os olhos. — Ei Bart mas, sabe como são os caras né... ele tem algum casinho sujo aqui no hospital? — Questionei de forma conspiratória. — O doutor Brian? É o cara mais decente que conheço, a única namorada que teve desde que veio trabalhar aqui foi a doutora Megan. — Esse cara parece um chato. — Disse irritado. — Talvez ele tenha algo a esconder, talvez tenha comprado o diploma. — Disse, lembrando a fortuna que paguei as professoras para que me dessem a pós em ginecologia. — Impossível, cara. O Dr. Brian é gente como a gente. Ele é pobre. — Disse ele. — Não sei não. — Olhei desconfiado para o doutorzinho, que agora se retirava com os outros médicos.

— Mas que obsessão com o doutor, vamos trabalhar cara. — Disse ele me estendendo as luvas. — Temos muito o que limpar hoje. — Ei Bart, a senhora Jane está chamando alguém no 5ºAndar e o doutor César está chamando no 2º andar. Parece que vomitaram em ambos os andares. — Disse a enfermeira para o Bart. — Ei você deve ser o moço novo, sugiro que vá no 5º andar e deixe o 2º com o Bart; o doutor César não está nos seus melhores dias. — Ótimo Jake, chegou a sua hora. — Ele abriu uma porta e puxou de lá um balde com rodinhas, e um esfregão dentro dele. — Espera aí Bart, você não vai me ensinar? — Questionei assustado. — Ensinar a limpar vômito? Claro que não cara, vai dizer que você nunca limpou nada na vida? — Perguntou aos risos. — Nunca! — Disse sério. — Você é hilário cara, seremos bons amigos! — Falou rindo, como se eu tivesse dito a coisa mais engraçada do mundo. — Os elevadores de serviço são no fim do corredor a esquerda. — Ele saiu deixando-me sozinho, encarando o balde amarelo com o grande esfregão lá dentro. — Ei novato, anda logo. — Disse a enfermeira.

— Já estou indo. — Fui arrastando o balde até os elevadores de serviço. Me sentia ridículo, e minha vontade era de sair correndo. Era muita humilhação trabalhar na limpeza; eram os outros que sempre limpavam a minha sujeira e não eu que limpava a sujeira dos outros. Cheguei no tal 5º andar, uma enfermeira com os braços cruzados me encarou carrancuda e parecia muito impaciente. — Você deve ser o novato que a Keira mencionou, o arrogante convencido. — Disse ela. — Bem, isso não vem ao caso agora, vá limpar a sala 13 antes que a doutora Jane tenha um ataque. — Vocês são todos simpáticos assim? — Questionei com ironia e segui em direção à sala 13. — Apenas com aqueles que assediam as mulheres casadas para conseguir um emprego melhor. — Disse ela em minhas costas. Entrei na sala 13, me sentia ridículo usando aquela roupa, mas eu nem imaginava o que me esperava ali. Tinha vômito para todo o canto; quase desmaiei, era muito mais muito nojento. — Até que enfim você chegou! Por sua causa os pacientes estão irritados por esperar, mas uma moça passando mal vomitou aqui e não pude chamar outro paciente até que tudo ficasse limpo; então ande logo pois tenho mais uns 30 pacientes

para atender até a hora do almoço. — Disse ela, e voltou a digitar em seu computador. Havia algo de familiar nela, talvez seus cabelos ruivos ou as sardinhas em seu rosto... não saberia dizer, mas algo nela dizia que nós já havíamos nos conhecido antes. — Se você estava tão ansiosa para atender seus pacientes, por que você mesma não limpou? — Resmunguei pegando o esfregão, torcendo-o e passando no chão. — Você é bem atrevido, não é. — Ela finalmente me encarou, uma expressão de surpresa surgiu em sua face. — Jacob Lennox? — Sim, sou eu. — Disse emburrado quase vomitando. — Quem diria que você estaria limpando o chão do meu escritório. — Disse, rindo muito. — Por acaso eu te conheço? — Com certeza você não lembra de mim, mas trabalhei na sua casa há seis anos. Trabalhava durante meio período para conseguir pagar a faculdade de medicina. — Não lembro direito de você. — Claro que não. Fui uma das poucas empregadas que não foram para a cama com você. — Ela disse. — Quem perdeu foi você. — Disse encarando-a, ela era magra demais, branca demais e tinha uma boca fina demais. — Você não me atrai.

— Sou uma mulher casada, e não estou flertando; apenas estou me deliciando em como o mundo dá voltas. — Disse cruzando as mãos em cima de sua mesa. — Isso... divirta-se com a minha desgraça. — Disse irritado, terminando de limpar tudo. — Ei carinha, cansei de limpar o vômito das farras que você dava na fazenda, das bebedeiras; o mijo para fora do vaso. — Ela sorriu abertamente. — Certa vez você disse-me assim: Venha aqui limpar direito esse vômito, sua inútil. Nem para isso você serve sua perdedora, vai viver a vida assim limpando a sujeira dos outros já que você não presta para nada. — Disse com um riso amargo. — Mas estou satisfeita em ver que o mundo dá voltas. Nunca esqueci aquela frase que você me disse e nunca esqueci a sensação que senti, tão pequena e humilhada. — Disse ela, com um sorriso triste nos lábios. — Eu... — Eu me sentia um escroto, o pior lixo do mundo... me sentia um idiota, humilhado desde que coloquei aquele uniforme; mas havia me esquecido de como humilhava as empregadas, de como eu me sentia superior a todos. Me senti a pior pessoa do mundo. — Obrigado Jacob. — Disse ela sorrindo. — Como assim? — Encarei-a confuso. — Graças aquela humilhação que sofri e a noite em claro

que passei chorando, me tornei o que sou hoje. Aquilo me fez pedir demissão, e com isso me jogar de cabeça nos estudos. Queria provar ao mundo que eu era capaz de tudo, e por isso eu perdoo você. — Mas eu não pedi perdão. Eu fui um escroto com você, como pode me perdoar? — Vi o olhar em seu rosto assim que comecei a descrever o que você fez. — Me desculpe. — Disse com a voz falha. — Eu não lembrava disso. — Normalmente é assim mesmo, quem ofende nunca lembra... mas o ofendido sempre irá lembrar. — Disse, voltando seu olhar para o computador. — Bem Jacob Lennox, desejo-lhe boa sorte na sua nova vida, espero que você aprenda a ser uma pessoa melhor. Agora se me der licença tenho pacientes à minha espera. — Obrigado. — Eu disse. Estava envergonhado de mim mesmo. — Por que? — Você é uma das primeiras pessoas a ser legal comigo aqui. — Disse e peguei na maçaneta. — E você? está sendo legal a eles? — Perguntou, com a

sobrancelha arqueada. — Bem, não, mas... — Trate as pessoas como você gostaria de ser tratado. — Disse piscando o olho para mim. — Boa sorte, Jacob. — Obrigado. — Me retirei da sala de Jane, nossa antiga empregada, me sentindo a menor das pessoas...

Pimenta nos olhos dos outros é refresco! Ditado popular mais que verdadeiro. Jacob Lennox já humilhou mais empregados do que fodeu mulheres, e tem humilhado empregados desde o dia em que sua mãe o abandonou e morreu. Ele era um menino doce e amado por todos até o incidente com sua mãe, desde então, tornouse esse menino mimado, com o rei na barriga. Mas o mundo dá voltas, e pouco a pouco Jacob Lennox irá aprender a ser um ser humano melhor. Megan L.

Bônus

O príncipe ou o canalha? Oh dúvida cruel...Eu não saberia dizer, já que não me casei nem com um príncipe e nem com um canalha... não... o meu tipo mesmo era o lobo mau, e bem, eu me casei com ele. Pois afinal, para quê príncipe encantado ou o canalha irresistível se existe o lobo mau, que te vê melhor que cheira melhor e que te come melhor... Mas isso não é o que eu deveria estar falando aqui. Deveria estar questionando a vocês: estão torcendo pela felicidade da Megan? Ou já existem julgamentos por ela estar confusa? Eu não a culpo, não mesmo... primeiro ela foi abandonada por seu primeiro amor assim que lhe entregou sua virgindade, e depois ela foi traída pelo mesmo. Imaginem encontrar o homem que vocês amam na cama que vocês fazem amor com mais duas mulheres? Bem diferentemente da Megan é claro, se isso me acontecesse, o pau mutante do Logan Lennox seria apenas uma lenda no Arizona, pois certamente eu cortaria fora aquela maravilha, mesmo que isso me deixasse na mão, literalmente. Bem o negócio é o seguinte, eu não estou nem ai com quem a minha amiga irá ficar, se for com o Jacob arrogante ou o médico do sino branco... tanto faz....eu...

— Nicolle você acha que me engana com essa história de sino branco ainda? — Logan, comporte-se estou fazendo uma narrativa e você está me atrapalhando. — Vai contar com quem ela vai ficar? Porque posso muito bem contar a Megan fica com o.... — Cale a sua boca! Deixa eu terminar... certamente essa é a maior narrativa de todas. Como eu ia dizendo antes do meu marido se intrometer na conversa... eu só quero que a minha amiga seja feliz. Nicolle Lennox

Nicolle Lennox

Estávamos todos bem instalados na Range Rover, quase chegando no Kansas. Eu mal podia esperar para ver minha amiga e tocar sua barriguinha de grávida. Sei que não ficamos muito tempo juntas, mas eu sou uma pessoa um tanto difícil e nunca fui boa em fazer amizade. Digamos que sou um bicho do mato, uma antissocial, e que a Megan foi a primeira amiga com quem me dei bem de verdade.

Dominic, Lizzie e Luke dormiam confortavelmente, e Kate, a babá provisória, folheava distraidamente uma revista. Cristiana teria uma semana de folga e John convidou ela e Sebastian para conhecerem a fazenda do Texas e ver o lago com os patos. Se havia segundas intenções no convite do John apenas eu notei, pois Logan sequer notou a forma como seu tio John olhava para a nossa babá. Tenho quase certeza que após essa semana ao lado de John, perderíamos a Cristiana para sempre. — No que você está pensando, baby? — Logan despertoume de meus devaneios, acariciando minha coxa com a ponta dos dedos. Era incrível como esse simples toque ainda causava catástrofes na calcinha. — Que perderemos a Cristiana, e não sei se estou pronta para deixa-la ir... — Disse, acariciando sua mão antes que ele a colocasse de volta no volante. Ele sorriu e voltou seu olhar para a estrada. — Baby, não sei porque você insiste nesse assunto — Disse ele com uma sombra de sorriso nos lábios — Meu tio John está sozinho há tanto tempo; não creio que um dia se casará novamente. — Ora não seja hipócrita, você se casou comigo, mesmo pensando que nunca mais casaria. — Sim eu sei, mas é diferente. Meu tio tem 49 anos... nessa idade não se pensa em casamento, apenas em jogar dominó. —

Falou muito sério, como se fosse o dono da verdade. Não pude conter a gargalhada, me curvando para a frente e colocando a mão na boca para conter meu riso alto. É claro foi em vão, pois Dominic começou a chorar a plenos pulmões. Ah meu pequeno Dom, tão temperamental. — Logan, não seja ridículo. Seu tio John é um homem bonito e viril; não vai ficar no meio de outros caras de meia idade jogando dominó. — Disse, virando-me para trás para atender o Dom, mas ele já estava com a chupeta na boca e voltara a dormir. Virei-me de volta com um sorriso nos lábios que logo morreu ao ver a expressão ciumenta do Logan no rosto. — Bonito e viril, uhn? — Disse emburrado. — Ah Logan, você me entendeu... não seja um homem das cavernas. — acariciei sua coxa — Sabe muito bem que o único homem que me interessa é você, tio Logan. — olhei para trás e notei que a babá havia adormecido e minha mão subiu um pouco mais — Isso aqui é o que eu quero, apenas de você. Você sabe que me arruinou para todos, então não fique bravo por eu ter elogiado seu tio John. — o senti crescer em meus dedos. — Não me provoque baby, sabe que já fazem dias... — Ele referia-se ao sexo selvagem e intenso. Faziam cinco dias que não tínhamos a oportunidade de nos tocar feito loucos; era muito trabalho com os gêmeos e muito trabalho na fazenda.

Infelizmente, todas as vezes que eu e o Logan nos encontrávamos na cama, já estávamos exaustos demais para mover um dedo. Esta viagem era um motivo bom para tentarmos descansar um pouco e namorar ainda mais. — Eu sei, mas vamos deixar o Jacob de babá e vamos aproveitar um pouco. — disse apertando seu comprimento por cima da calça e retirando a mão em seguida. Não iria começar algo que não poderia terminar; sabia o quanto era frustrante, não só para o Logan quanto para mim. — Não acho seguro deixar Jacob com a babá — Ele cochichou e completou — sabemos que ele adora as empregadas. — Ah Logan, mas Jacob mudou. Tenho certeza de que dará tudo certo. — Disse e olhei para trás. Kate era uma linda babá, com mais ou menos 24 anos, loira, com lábios em formato de coração... enfim era muito bonita mesmo, mas lá no fundo eu queria acreditar na mudança do Jacob, acreditar em sua redenção. — Ninguém muda assim tão rápido. — Ele disse apenas. Seguimos o restante da viagem em silêncio. Devo ter adormecido em algum momento, já que acordei ao estacionarmos em frente a uma grande casa, e abri os olhos preguiçosamente. — Acho que eu dormi. — Sorri para ele. — Eu percebi pelo seu ronco. — Disse zombeteiro.

— Logan Lennox! Eu não ronco! — Dei um tapa em seu braço e ele começou a rir — Seu besta. — Vamos descer e surpreender o Jacob? — Questionou, com um sorriso travesso nos lábios. — Vamos. Descemos e deixamos Kate e os pequenos ainda dormindo no carro. Andamos pé ante pé na varanda, mas antes que eu pudesse bater na porta, Logan me prendeu contra a parede e sua língua macia invadiu minha boca. O beijo não foi gentil; foi bruto, urgente e faminto. Derreti-me por completo em seus braços, com seu corpo forte me pressionando contra a parede da varanda e sua mão percorreu cada centímetro do meu corpo, apertando, pegando... me deixando em chamas... — Uau! Isso é um show e tanto! Vão continuar aí fora ou vão entrar? — Jacob estava na entrada da porta, carregando sacolas de supermercado e tinha um sorriso torto nos lábios. — Oi Jacob. — Eu disse ofegante e Logan se afastou de mim. — Oi Nick... Logan, por favor tenha vergonha... — Disse ele apontando para a evidente ereção de meu marido. Logan prontamente tirou o chapéu e se cobriu. — Ah cale-se, Jacob... — O que vocês estão fazendo aqui?

— Nossa! Sua mãe não te deu educação não? Nem para nos convidar a entrar. — No instante que a frase saiu da minha boca me arrependi. — Não Nicolle, ela estava ocupada demais traindo meu pai... entrem. — Disse emburrado e abrindo a porta. — Desculpe Jacob eu esqueci... — Deixa para lá. Venham. — Falou, convidando-nos a entrar. — Eu vou buscar as crianças e Kate. — Disse para Logan, ainda envergonhada pela gafe. — Quer ajuda? — Não. Depois você tira as malas do carro. — Sorri para ele, louca para enfiar minha cabeça em um buraco. Logan já havia me contado a história, ele e seu primo Jacob eram melhores amigos, até que a mãe de Jacob o abandonou e faleceu, e ele tornou-se um menino mimado e taciturno. Logan não pode mais frequentar a casa do primo desde que Jacob, ainda menino, derrubou Logan no lago e ele quase afogou-se pois não sabia nadar. Penso que se talvez não tivesse acontecido esse ocorrido e Jacob tivesse sido criado junto ao primo, tudo seria diferente. Será?

Eu adoraria narrar mais, mas tenho de dar espaço ao Logan... bem... Apenas espero que todos tenham entendido o recado que vim dar... meu Logan agora está conversando com seu primo e veremos que mudanças ele sofreu. Nossa viagem de carro foi longa, paramos em vários hotéis pois do Arizona até o Kansas é um longo caminho, mas enfim... Jacob está em seu novo emprego há três dias... só o Logan poderá dizer se houve alguma mudança. Beijos. Nicolle Lennox

Logan Lennox

Acompanhei Jacob até a cozinha, e dentro da pia havia uma pilha de pratos, copos e talheres. A lixeira transbordava com caixas e mais caixas de pizza e lasanha congelada; na porta branca da pia escorria um pouco de molho de origem desconhecida, e no chão haviam algumas roupas espalhadas. Se a cozinha estava naquele estado eu não queria ver o banheiro. — Acho que trazer meus filhos aqui foi um risco a saúde deles — Disse olhando ao redor — Você por acaso deu alguma espécie de festa ontem? — Questionei encarando-o com a sobrancelha arqueada. — Isso é uma piada primo? Pois não teve a menor graça — Ele falou, pousando com força a sacola de compras em cima daquela mesa nojenta — Vocês vieram aqui rir de mim? Me humilhar? — Ele soltou um riso amargurado. — Não seja estúpido Jacob. Viemos aqui ver como você está, e a Nicolle queria ver a Megan — Suspirei, olhando novamente ao redor — Mas pelo jeito você está muito bem já que deu uma festa ontem, não é? — Logan eu não dei festa alguma e não sei de onde você tirou essa ideia! — Ele disse, frustrado — Eu estou sem dinheiro, não tenho amigos — Ele fitou a parede com uma expressão vazia — Cara eu estou completamente sozinho e todos nessa cidade parecem me odiar. — Não seja melodramático, Jacob — Gesticulei com as mãos

— Deduzi que você deu uma festa devido a quantidade absurda de pratos e copos na pia — Apontei o monte de louça suja — Mas pelo que vejo é só relaxamento seu mesmo, que não deve ter lavado a louça desde o dia que colocou seus pés nessa casa. — Eu sou faxineiro no hospital — Disse como se fosse a coisa mais vergonhosa do mundo — Já sou humilhado o suficiente com esse emprego — Sentou-se na bancada e me encarou — Não tenho animo para chegar em casa e ainda ter de limpa-la. — Jacob — Disse calmamente — Ser faxineiro não é um trabalho humilhante, é um trabalho como qualquer outro — Levantei-me e fui em direção a pia — É um trabalho honesto e você deveria se orgulhar dele. — Peguei a esponja e o detergente e comecei a lavar a louça. — Ah Logan, você fala como se algum dia tivesse precisado trabalhar. — Falou sarcasticamente em minhas costas, e depois de pensar por um momento lhe contei uma história. — Sabe Jacob, quando eu tinha mais ou menos uns 15 anos de idade, antes da morte dos meus pais — Senti um bolo se formar na minha garganta, mas o engoli — Eu humilhei uma de nossas empregadas, disse que eu era melhor do que ela e sabe o que meu pai fez? — Virei-me para encará-lo. — O quê? — Perguntou com interesse.

— Dominic Lennox me fez ir pedir perdão a empregada e depois como castigo, o que hoje chamo de aprendizado, me fez trabalhar na casa dela como faxineiro por uma semana. — Ah, conta outra primo. — Ele disse, rindo de meu relato. — Não faça pouco caso disso Jacob, é a verdade. Aprendi naquela semana o quanto era um trabalho difícil e cansativo; mal aguentei o trabalho e olha que a casa dela era pequena, mas aprendi uma lição. — Ah sim, o nobre Logan Lennox... — Zombou — Você acha que não me recordo a forma como tratava os empregados?

— Admito, depois que meus pais morreram voltei a ser um idiota completo e sempre fui rude com os empregados, mas humilhá-los jamais fiz novamente. — E hoje ele está mais simpático com os empregados — Disse Nicolle, surgindo com Luke nos braços, Kate surgiu logo atrás, carregando Dom e Lizzie — Digamos que eu fiz ele mudar a força. — Ela sorriu para mim, e em seguida olhou ao redor, ficando horrorizada. — Meu Deus, Jacob! passou um furacão por aqui? Que bagunça, que sujeira... você gosta de viver assim? num chiqueiro? — Indagou ela, encarando-o.

— Ei Nick acalme-se eu vou limpar. — Disse ele, aproximando-se dos bebês e olhando-os com um brilho nos olhos. — Até agora só estou vendo meu marido limpar, mas tudo bem. — Resmungou, mas Jacob não escutou pois estava distraído com Lizzie nos braços. — Sabiam que terei uma menina também. — Sim, a Deborah! Parabéns Jacob! Espero que você cuide bem delas — Disse Nicolle. — Eu irei, com certeza. Logo eu e as minhas princesas estaremos de volta ao Texas e deixaremos esse pesadelo todo para trás. — Bem Jacob, nos mostre onde ficam os quartos. Essa aqui é a Kate, ela dormirá no quarto das crianças já que essa casa tem apenas 3 quartos. Logan e eu ficaremos no quarto ao lado deles. — Tão mandona. — Disse ele e me encarou — Posso levar sua esposa para o quarto, primo? — Perguntou zombeteiro. — Não me provoque, Jacob. Você não quer ir para o trabalho amanhã com um olho roxo, quer? — Ameacei entredentes. Sabia o quanto meu primo poderia ser cafajeste, mas confio piamente em minha esposa para socar o olho dele caso tentasse alguma gracinha.

— Estou brincando Logan, não seja tão mal-humorado. — Eles subiram e continuei meu trabalho com a louça. Logo eles retornaram e Nicolle perguntou o que teria para o jantar. Como Jacob só havia comprado pizza e lasanha congelada, minha linda resolveu fazer macarrão com queijo utilizando os ingredientes que tinha na geladeira e no armário. A noite passou rápida. Conversamos amenidades e Jacob resolveu ir dormir cedo, pois teria de acordar cedo na manhã seguinte. Nicolle e eu fomos ficar um pouco com os gêmeos para que a babá pudesse tomar um banho e preparar-se para dormir. Por sorte, levamos um moisés para cada um deles e agora ambos dormiam tranquilamente. Me perdi em minha diabinha deliciosa, e nos amamos intensamente como sempre. Na manhã seguinte ela foi visitar Megan com os gêmeos e eu fiquei ali, vendo o que poderia ser feito naquela zona. Ficamos por mais dois dias na casa do Jacob, com ele reclamando de ter de escutar a nós fazendo sexo constantemente, e eu o relembrando da época em que fiquei viúvo que ele fazia o mesmo; e na terceira madrugada em que ficamos por ali, acordei com um grito de Nicolle. Levantei-me assustado, encontrando-a apontando o dedo acusatoriamente para o Jacob, que estava de joelhos e de cueca. Cueca? Vou matar esse cara.

— Que diabos está acontecendo aqui? — Rosnei. — Vamos embora daqui, Logan. Eu estou decepcionada demais para falar... pague a babá... — Disse ela, olhando irritada para o Jacob. — Eu acabei de demiti-la. Pague o que devemos a ela e mais uma passagem de avião... — Nicolle por favor... não conte para ela... — Implorou Jacob aos seus pés. — Não consigo nem olhar para você, Jacob... — Ela saiu do corredor e entrou no quarto em que estávamos instalados. — O que foi que você fez Jacob? — Questionei, muito irritado. — Eu estraguei tudo... — Minha vontade era de socar a cara dele, mas ele estava chorando? Ao menos era o que parecia para mim. — Saia da minha frente antes que eu quebre a sua cara. — Disse ameaçadoramente. — Me bata, Logan. Eu mereço... Deus porque sou tão estupido? Então a babá saiu do quarto, vestindo apenas uma camisola transparente. Seu pescoço estava todo marcado de chupões e então eu entendi o que tinha acontecido...

Essa burrada do século foi um divisor de águas para o Jacob... digamos que no próximo relato veremos o que aconteceu nesses últimos dias para que Jacob Lennox acabasse na cama da nossa babá... a próxima narrativa será da Megan outra vez... eu e a Nicolle nos despedimos de vocês por ora... mas podemos voltar... tudo é possível. Beijos babies. Logan Lennox

Capítulo 10

Como diz a Julia Quinn[3] em seus livros, os homens são umas mulas. Como ela tem razão, isso seria uma ofensa as mulas. Alguns tem a incrível tendência de só darem o verdadeiro valor quando perdem. Mas não vamos generalizar, é claro, afinal algumas mulheres também são umas mulas; eu inclusive acho que sou uma. O fato é que com o passar dos dias, certos sentimentos estavam ficando um tanto mais claros para mim e bem... eu estava perto de dar um basta nesse maldito triangulo que acabou se

formando. Megan L.

Jacob Lennox

Euconfesso que ainda estava arredio para o trabalho, mas estava criando uma rotina e estava seguindo-a à risca. Em meu primeiro dia de trabalho cheguei em casa com o corpo todo dolorido, como se tivesse em meu primeiro dia na academia, e Deus, tudo o que eu mais queria agora era uma massagem... mas não tinha ninguém ali para me massagear. Quando já estava menos dolorido, percebi que estava com fome, e só tinha carne crua em casa e outras coisas que eu não sabia fazer. Então, no horário de almoço no hospital, eu aproveitava e comia muito. Confesso que nos primeiros dias a comida me parecera sem sal e sem gosto, mas agora com a fome crescente, ela me parecia um banquete dos deuses. Ainda não havia encontrado com Megan, pois eu estava sempre ocupado limpando algo e quando ia para o seu andar ela nunca estava. Parecia que ela de fato estava me evitando. — Ei cara, que morro é esse? — Questionou Bart aos risos quando sentou-se ao meu lado. Descobri que Bart era pai de três filhos, que sua esposa era professora no primário, e ele, além de

trabalhar no hospital como faxineiro, também trabalhava como jardineiro. Descobri também que sua vida não foi fácil, ele perdeu o pai aos 15 anos de idade; teve de largar os estudos para trabalhar e sustentar a mãe e seus irmãos pequenos. Nós criamos uma amizade um tanto incomum. Quem diria que Jacob Lennox teria um faxineiro como amigo? Aliás, quem diria que Jacob Lennox seria um faxineiro. Encarei o meu prato e realmente era um morro e tanto, mas eu precisava de tudo aquilo, afinal só receberia o salário no início do mês e meu orgulho não me permitia que eu ligasse para o Logan e pedisse dinheiro para comer. — Bem, eu estou com fome. — Disse rindo. — Ei cara, meu filho está melhor da gripe, e bem, sobrou uns trocados para ir beber uma cerveja no bar depois do expediente. Você gostaria de ir? — Perguntou animado. O filho em questão era o Alejandro, o garoto tinha 12 anos e tinha pegado uma gripe forte que fez com que o Bart gastasse horrores com remédios. — Bem... é que estou ocupado hoje. — Menti, estava na verdade envergonhado de dizer que estava sem um centavo para ir beber com ele. — Ah sim, ocupado ... não minta Jake. Irmão, você mesmo disse que tem passado as noites sozinho e que não conhece ninguém por aqui.

— Tudo bem, você venceu... estou cansado e gostaria de dormir cedo. — Ah, já entendi tudo... um Lennox não vai num botequim beber com um faxineiro... — Ele falou, amargurado. Ergui meu olhar espantado para ele, o único que me tratou bem desde que coloquei meus pés aqui — Pensei que fossemos amigos, mas ficar inventando desculpas para não ir beber comigo foi o cúmulo. — Ei cara! Acalme-se está bem? Não é isso. — Disse, puxando seu braço. — O que é então cara? — Sabe por que estou comendo esse morro aqui? Porque não tenho dinheiro para comprar comida, essa é a minha única refeição, além de biscoitos. — Ele olhou-me espantado e disse: — Por que você não fala com a sua família cara? — Porque estou cansado disso — Disse entredentes — É isso que eles estão esperando que eu faça. Eles estão esperando que eu ligue para lá pedindo ajuda e estou cansado demais de ser chamado de incapaz. — Te entendo, amigo. — Comemos em um silêncio reconfortante e na hora de ir embora, ao abrir meu armário lá de dentro caiu um envelope, dentro dele tinha 73,50 dólares e um bilhete.

Amigão, aqui estão os trocados que me sobraram. Acho que melhor que ir em um bar beber cerveja sozinho é ajudar um amigo. E antes que você venha todo orgulhoso, aceite esse dinheiro e aceite jantar na minha casa semana que vem. Me pague quando estiver estabelecido, e não tenha pressa. Bartholomew (Bart)

Eu realmente não estava esperando por aquilo. Sentei-me no banco do vestuário, sem saber exatamente o que pensar. Como podia alguém que não tinha quase nada ainda assim dividir comigo? Eu vi como ele estava empolgado em ir até o tal bar beber cerveja, espairecer depois de trabalhar de domingo a domingo, e abriu mão daquilo para me ajudar... por quê? De toda a forma, fiquei empolgado demais para pensar e corri para o supermercado, e lá fiz meu estoque de pizzas, lasanhas e outras comidas congeladas. Consegui até pegar algumas latas de cerveja, que iria levar no jantar para qual fui convidado na casa do Bart. Chegando em casa, me deparei com Logan e Nicolle se agarrando na minha varanda. Depois de uma noite de conversa e de comer um macarrão com queijo delicioso, adormeci. No dia seguinte acordei no meu horário habitual. Não queria

Keira no meu pé de novo por atrasos e nem queria ter de ficar depois do meu horário. Senti aquele aroma maravilhoso de café e corri para a cozinha; Nicolle passava café e fritava bacon na frigideira. Não pude evitar fantasiar a Megan fazendo o mesmo para mim... eu trabalhando no hospital como médico, ela levando nossa Deborah para a escola. Deus aquilo estava tornando-se assustador, mas devo admitir que era tentador uma vida apenas com ela. Eu estava ali já algumas semanas e bem, não sentia falta de outras mulheres... algo estava mudando drasticamente dentro de mim. — Bom dia Jacob! — Nicolle me cumprimentou sorridente. Ela sem dúvida era uma mulher muito linda, mas a via apenas como uma parente; não a olhava mais com malícia como aconteceu naquela manhã na casa do Logan. Porra eu estava virando uma marica só pode! — Dormiu bem? — Bem, fora ter que escutar seus gemidos e os do meu primo, dormi sim. — Disse, pegando uma caneca e servindo-me de café. Ela ficou vermelha e riu. — Desculpe, mas não podemos evitar. Prometo ficar calada na próxima vez. — Disse, sentando-se a minha frente. — Eu duvido. — Retruquei. — Verdade, mas me conte como você está com a Megan? — suspirei pesadamente.

— Não está... está tudo uma grande porcaria. Eu não sei o que fazer... ela fica me evitando e não consigo espaço para conversar com ela. — Disse frustrado. — Vou visitar ela hoje... ela está de folga do hospital... — Nicolle disse distraidamente enquanto retirava o bacon da frigideira. — É isso, Nicolle! — Disse, com uma ideia surgindo na minha cabeça — Fale com ela por mim, peça para que ela me escute. — Não sei se devo me meter nessa história. — Disse ela, com a testa franzida. — Por favor Nicolle. — Insisti. — Jacob, você é um cafajeste, cretino e mulherengo. — disse ela. — Não me meta nessa história, por favor. — Ela virou-se de costas e começou a fazer panquecas. — Nic, por favor... eu mudei, estou diferente agora... — Ela virou-se na minha direção, seus olhos castanhos esverdeados me fitaram com desconfiança. — Será Jacob? Ninguém muda assim de uma hora para a outra. — suspirou — Acho melhor é eu ficar fora disso. — Por favor Nicolle, eu vou ter que pedir de joelhos? Eu mudei, eu juro... eu só quero a Megan... só ela, Nic. Não dormi

com mais ninguém desde que coloquei meus pés aqui... por favor, só peça para ela me dar uma chance de me explicar... — insisti. — Tudo bem, Jacob — suspirou cansada — Eu farei isso por você. — Apontou para mim com a faca que ela estava na mão — Mas tenha a certeza de que se você magoar a minha amiga de novo, eu corto fora isso que você chama de pau. — Nunca mais irei magoá-la. — Disse por fim. — Pois eu acho bom mesmo. — Ela virou-se de costas e voltou a preparar as panquecas. — Bom dia! — Logan surgiu na cozinha e jogou na minha direção um livro. — O que é isso? — Questionei, encarando a capa dura que estava escrito “Cozinha para iniciantes”. — É um livro de receitas. Não dá para viver de congelados, se vira. — Logan aproximou-se de Nicolle abraçando-a por trás, sussurrando coisas incompreensíveis para mim. Ela sorriu e sussurrou algo a mais para ele, os dois encararam-se com os olhos brilhantes. Pela primeira vez senti inveja do meu primo... queria uma vida assim, com a Megan e a Deborah.

Pode me acusar... pode mesmo... você tem todo o direito de

me chamar de covarde... você tem todo o direito de me odiar... me odeie se quiser... mas ao menos tente me entender. Fugir de Jacob era ridículo, coisa de adolescente, de criança, mas toda vez que olhava em seu rosto, visualizava aquela cena dele na cama com mais duas mulheres e sentia uma dor excruciante no meu peito. Sentia-me mal, e quase sempre quando isso ocorria eu não conseguia me alimentar direito. Então não me culpe por querer proteger a mim e a minha filha de um dia em jejum. Megan L.

Megan Gillies Acordei na manhã seguinteanimada. Me estiquei toda na cama, já que a tinha todinha para mim e Deborah. Brian certamente havia ido para a academia, e dali iria para o hospital. Eu estava mais animada que o normal para o dia de hoje, pois estava de folga e iria receber a visita de uma amiga para lá de especial, sem contar que eu iria ver três lindos bebês. Levantei-me, tomei um banho deliciosamente morno, coloquei um vestido berinjela e calcei sandálias confortáveis. Depois do café da manhã a campainha tocou e corri para atender... era Nicolle na certa. — Nic! Que prazer em te ver! — Disse abraçando-a como

pude, já que meu barrigão beirando aos 6 meses e meio me impediam um pouco. — Meg você está maravilhosa! Oi pequena Deborah — Disse, falando para a minha barriga — Titia Nicolle trouxe presentes para você. — Nicolle me estendeu duas sacolas que só agora percebi que ela estava segurando. — Oh obrigada, foi muita gentileza. — Disse sorrindo — Mas e as crianças, onde estão? — Estou indo busca-los, Kate não dá conta de todos. — Kate? — Nossa babá... — Pensei que o nome dela fosse Cristiana. — Disse, seguindo-a até o carro. — Cristiana está com John — Ela falou, com um sorriso conspiratório — Uma longa história... te contarei depois. Pegamos os gêmeos do carro. Eles eram maravilhosos! Dom e Luke eram, sem dúvida, idênticos; a única que se diferenciava deles era a doce Lizzie. Nic me disse o quanto o Dominic tirava seu sono e que ele sempre chorava no meio da noite, diferente dos outros, e que devido a sua teimosia em chorar a plenos pulmões, sempre acabava acordando os irmãos. Peguei no colo cada um deles, admirando-os. Eles eram

crianças lindas demais, e quem conhecia os seus pais não duvidaria de nada melhor do que isso. Logan era um homem de presença, mais parecia o alfa de alguma matilha e Nicolle bem... Nicolle tinha uma beleza exótica e sensual, nada comum. Eu já imaginava que a mistura de duas belezas acabaria nisso: Filhos lindos e saudáveis. Depois de muito conversarmos sobre bebês e fraldas, chegamos o assunto delicado que eu sabia que ela estava doida para comentar. — Então Megan... você e o Jacob conversaram? — Ela perguntou sem jeito. — Não, ainda não. — Baixei meu olhar. — E quando você pretende fazer isso? — Perguntou — Desculpe amiga, eu sei que não deveria me meter nessa história, e sei que você está com o Brian agora e que nutre sentimentos fortes por ele, mas ainda assim acho que você deveria dar a Jacob uma chance para se explicar. — Eu sei... mas você não entende Nic... toda vez que olho para o rosto dele, lembro daquela cena com as duas mulheres. — Disse angustiada — Eu estava tão feliz quando soube que estava grávida; sabia que seria uma surpresa, mas sonhava que ele aceitaria e ficaria tão feliz quanto eu e então cheguei em casa algumas horas mais cedo que o normal e encontrei ele daquele jeito... — Uma lágrima solitária escapou dos meus olhos — Daí

fico imaginando, quantas vezes ele já não tinha feito isso? Eu nunca saberia... nunca cheguei em casa cedo do trabalho, e sempre que chegava ele estava mergulhado na banheira... talvez limpando os vestígios de suas traições... eu não consigo olhar para ele agora... — Ei... acalme-se, não queria deixar você nervosa. — Ela disse apoiando sua mão na minha. — Está tudo bem Nic, é bom desabafar com alguém. Eu contei tudo ao Brian... todas as minhas angustias e ainda assim ele ficou do meu lado e dessa amizade linda, acabou tornando-se um amor... uma admiração e um companheirismo que nunca tive antes. Com Jacob era maravilhoso, emocionante, excitante... mas com o Brian é sólido, é doce, é maravilhoso também... então ... quando a Deborah nascer, irei conversar com o Jacob... irei conversar com o Brian... irei pensar com clareza... — Apenas pense nisso, tudo bem... ele mudou, eu sei que mudou... ele não enfia o pau mais em qualquer buraco... ele ... está diferente. — Disse a Nicolle com cuidado. — Prometo que vou pensar a respeito disso tudo. Quero organizar meus pensamentos e sentimentos, e tomar a melhor decisão para mim e para minha filha, para que nós duas sejamos muito felizes; nem que para isso eu fique sozinha. — disse determinada — Mas não consigo olhar no rosto dele ainda, existe muita dor envolvida, mas prometo Nic, porque você me pediu que

irei dar a ele uma chance para se explicar antes da Deborah nascer. — Isso, minha amiga. Pode confiar em mim. Vi nos seus olhos hoje que ele está diferente... não importa para mim com quem você ficará, eu só quero ver você feliz. — Eu serei feliz minha amiga... eu prometo. Passamos uma manhã agradabilíssima. Almoçamos e Nicolle me contou as proezas de seus filhos. A babá ficou em silêncio, apenas cuidando das crianças, mas tinha a leve sensação de que ela estava mais atenta a nossa conversa do que aos gêmeos em si. Nic foi embora e disse que se pudesse, nos visitaria em breve e que achava o Brian um cara incrível quando ele chegou em casa e sentou-se um pouco na nossa companhia. Na hora de ir embora e me dar um abraço apertado, ela sussurrou no meu ouvido: — Ei Meg, estou dividida entre o meu egoísmo e sua felicidade... confesso que internamente torcia para que você voltasse para o Jacob só para ficar perto de nós... sinto sua falta, amiga... mas agora que conheci o Brian fiquei mais confusa ainda. Esse cara existe mesmo? — Tive de rir de seu comentário — Engulo meu egoísmo de querer você perto e digo... escute seu coração e seja feliz...seja com quem for. Amo você, amiga. — Ela me deu um beijo na bochecha e saiu, deixando-me com lágrimas nos olhos.

Jacob Lennox

Aquele dia em especial foi muito cansativo, apenas jantei na companhia de Nic e Logan e fui dormir. ... eu puxava seus cabelos e arremetia nela por trás, daquele jeito que ela adorava e eu também, Megan convulsionou em um orgasmo, seu olhar em chamas para mim. Deus essa mulher me deixava completamente louco de tesão! Puxei mais firmemente seus cabelos e mexi os quadris cada vez mais firme. Espalmei a mão em seu traseiro, deixando uma marca de dedos ali, e ela gritou meu nome uma vez mais, me deixando completamente fora de si... e então um bebê começou a chorar e ela me encarou com malícia e então acordei... — Merda! — Estava mais duro do que pedra... esses sonhos estavam muito constantes ultimamente. O choro persistia, certamente era algum dos bebês de Logan. Vesti uma cueca e corri pelo corredor, entrando no quarto. A babá estava com a Lizzie nos braços enquanto um dos meninos chorava sem parar; eu não conseguia diferencia-los, mas pelos gritos deveria ser o Dominic. Ele era o mais temperamental, como disse a Nicolle. Fiquei ninando-o até que o choro cessou e coloquei ele no berço portátil e só então visualizei a babá com bastante atenção.

Ela estava usando uma camisola preta transparente, e bem, eu ainda estava duro e louco de tesão. Suspirei pesadamente e tentei sair do quarto, mas ela parou na minha frente. — Senhor Lennox, ouvi falar hoje que o senhor tem vivido como um monge por algumas semanas... — Ela passeou com os dedos no meu peitoral, seus dedos entraram na minha cueca e ela começou a massagear meu pau. — Sou um cara diferente agora. — Disse, com um sussurro. — Como assim? Você não gosta mais de uma bocetinha apertada? — Ronronou. — Que se foda! — A arrastei para o banheiro ao lado do quarto dos gêmeos. Arranquei sua calcinha com um só puxão e mergulhei dentro dela, chupando avidamente seu pescoço e agarrando sua bunda. Arremeti com força e rápido, com meu membro rasgando cada pedacinho dela. Não queria olhar seu rosto, então a fiz se virar de costas, para arremeter sem dó em sua bocetinha apertada por trás e esporrei dentro dela muito rapidamente. Após alguns minutos me dei conta da burrada que fiz e me senti um escroto... com tantas mulheres para me aliviar fui comer justamente a babá dos meus sobrinhos. — Isso foi um erro. — Sai do banheiro e encontrei a Nicolle no corredor, com os braços cruzados no peito, a babá saiu logo

depois de mim. — Senhora Lennox eu... — Você Kate, não diga nada. Faça as suas malas, você está dispensada. — Falou Nicolle friamente, e a garota entrou no quarto de cabeça baixa. — Nicolle eu... — Cale a boca Jacob... eu ajudei você hoje, garanti a Megan que você tinha mudado e que conseguia controlar o seu pau dentro das calças, mas parece que cometi um erro, já que na primeira tentação você caiu. — Nicolle por favor, eu sei que errei mais eu não consegui segurar mais... — Tem muitas mulheres aí na rua que fariam sexo com você sem reclamar, Jacob; mas a babá dos meus filhos, foi demais... e se você não consegue resistir algumas poucas semanas sem sexo o que dirá 40 dias... sabe, o Logan aguentou... eu estou realmente muito decepcionada com você. — Disse, encarando-me com tristeza. — Eu realmente esperava o melhor de você. — Nicolle me perdoa, por favor não conte a Megan... por favor foi um erro... — Ajoelhei-me aos seus pés e senti lágrimas virem aos meus olhos; me senti aquele menininho de novo. — Jacob, Megan merece um homem forte ao lado dela... se

você quer ser merecedor dela prove... mas nesse momento eu só quero sair de perto de você... eu só quero sair dessa casa... Implorei ainda mais. Logo Logan saiu no corredor e pedi que ele me batesse, pois talvez assim a dor do meu erro ficaria imperceptível. Me senti um escroto... me senti um nada... havia dito a Nicolle para interceder ao meu favor e na primeira tentação eu caí... eu, que sempre estive no controle precisaria dar um basta nisso. Eu precisava assumir a Megan que eu a amo. E provar a ela meu valor.

Capítulo 11

A vida as vezes nos dá uma rasteira, e nem sequer sabemos o porquê. Depois de um certo tempo, com uma nova perspectiva, temos a ciência de que aquilo que nos aconteceu antes foi para nos ensinar, para nos fazer aprender alguma lição e nos tornar pessoas melhores. Por isso, por mais que a vida pareça amarga, lembre-se de uma frase que minha tia Tereza sempre disse: “É preciso o leite azedar para fazer uma deliciosa ambrosia”. Então, se sua vida parece amarga ou azeda nesse momento, saiba que

boas coisas estão por vir. Pois depois da tempestade vem a bonança. Megan L.

Megan Gillies

Já estava alcançando o oitavo mês de gestação. Haviam se passado algumas semanas desde a visita da Nicolle à minha casa, e hoje, arrumando as roupinhas que ela dera de presente nas gavetas, lembrei do seu telefonema no dia seguinte a sua partida. Ela parecia aflita, mas nada me revelou; e suas palavras ainda ecoavam na minha mente. — Nic, por que foi embora sem se despedir? — Perguntei. — ... Desculpe Meg, houve um imprevisto e tivemos que partir antes... — Ela parecia apreensiva. — Mas que tipo de imprevisto? — Insisti. — Um carregamento de ração iria chegar e o Logan teve que vir pra cá para receber. — Eu sabia que ela estava mentindo para mim, pois haviam vários funcionários na fazenda que faziam isso diariamente, porém não quis insistir. — Tudo bem Nic, você vai vir quando a Deborah nascer?

— Mas é claro... e Meg...? — Sim. — Espera a Deborah nascer para conversar com o Jacob, ok. Acho que ele ainda não está maduro o suficiente, e peço desculpas por ter interferido nessa história. — Mas por que você está dizendo isso? — Por nada... apenas devo aprender que se conselho fosse bom, não seria dado, e sim vendido. — Ela suspirou. — Bem, não vou mais me meter nessa conversa, faça o que seu coração mandar. — Mas... aconteceu alguma coisa? — Meg, eu tenho que desligar, amor... o Dominic está me deixando louca. Amo você amiga. Beijos! — Eu... Não tive a chance de dizer mais nada pois ela já tinha desligado. Confesso que lembrar daquele telefonema ainda me deixava confusa. Terminei de pendurar os vestidinhos lindos da Deborah, pensando sobre o futuro. Será que ela seria como eu? Uma menina tímida e estudiosa? Ou seria como o pai, temperamental e bem... cafajeste? Ah, minha doce Deborah, mal posso esperar para ver seu rostinho.

— Linda, estou indo para a academia e depois vou para o trabalho. Deseja alguma coisa? — Brian enlaçou minha cintura e encarou-me. Ele fazia boxe em uma academia, e eu sabia que essa era a sua válvula de escape para aturar minhas mudanças de humor com essa confusão que estava a nossa vida; apesar de que esse mês estava tudo muito calmo, já que o Jacob não tentou me ligar mais e nem me procurou. Agora eu estava de licença e ficaria em casa até que a minha filha nascesse, então dificilmente o veria, já que não iria ao hospital, pelo menos por enquanto, é claro. — Nesse momento desejo que a Deborah nasça logo. Tenho dor nas costas, meus pés estão parecendo dois melões... espero que essa mocinha nasça de uma vez. — Você está linda! — Ah Brian, pare de tentar me agradar... devem haver várias mães gostosonas dando em cima de você lá no hospital. — Disse, fazendo biquinho. — Ou você acha que não notei que a divorciada Violet flertava com você naquele dia? Ele arqueou a sobrancelha e sorriu. — Ela flertava comigo, mas eu não flertava com ela. — Ele encarou-me. — Você está com ciúmes! — É claro que eu estou com ciúmes! Um médico bonitão, carinhoso, fiel e bom de cama é um homem em um milhão viu.

Você é raridade Brian Lancaster... um dos poucos que as mulheres tem a sorte de achar. Ele me deu um beijo estalado nos lábios e disse. — A Violet pode flertar comigo o quanto quiser, Meg. Ela é uma mulher atraente, não vou mentir, mas eu só tenho olhos para você. Deus esse homem existe mesmo? — Brian Lancaster, você fez com que me achasse linda de novo. — Mas você é linda! — Mas eu não achava isso nessas últimas semanas. Minha autoestima estava muito baixa, e bem, você tem um dom... — Sorri. — Se eu não tivesse que ir trabalhar, iria cuidar de você. — Sussurrou no meu ouvido enquanto seus dedos longos apertavam meus quadris. — Com essa barriga enorme eu acho meio difícil. — Disse, me sentindo quente. — Existem algumas formas alternativas. — Ele se afastou de mim, mas sem tirar as mãos da minha cintura. — Mas vamos deixar a sobremesa para depois do jantar. — Piscou — Vou trabalhar, princesa. Qualquer coisa me ligue. — Ele beijou meus

lábios e após sussurrar um “Eu te amo” saiu. Terminei de organizar o quartinho de Deborah no andar de cima e desci as escadas. Estava morta de fome, e iria comer um pedaço de torta de maçã com chá gelado. Estava um dia quente e eu estava usando apenas um vestido azul bebê e sandálias rasteiras nos pés. Após lavar a louça, escutei um barulho de cortador de grama, e lembrei que era dia de Bart cuidar do jardim. Como o dia estava escaldante, servi um copo de limonada e fui até lá fora para oferecer a ele; além de perguntar como está Angelita, sua esposa. Conhecia Bart a pouco tempo mas já tinha uma grande admiração por ele, que sempre mostrou-se um cara batalhador e trabalhador. Angelita veio da Espanha tentar a vida nos EUA, mas perto de sua deportação, pediu que seu amigo Bart casasse com ela para que assim ela conseguisse o visto. Eles pretendiam se divorciar após um tempo, mas sequer imaginaram que se apaixonariam de verdade. Hoje eles são felizes e tem três lindos filhos: Anita, a mais velha, já estava casada; Paul, o do meio, estava noivo; e o mais novo, Alejandro, tinha completado recentemente 12 anos e ainda vivia com seus pais. Eu sei... a história deles parece um filme, daqueles de comédia romântica, que vemos e pensamos que nunca poderia acontecer na vida real, mas vamos combinar... é possível sim, e aconteceu entre eles.

Abri a porta e caminhei pelo jardim procurando por Bart, quando me deparei com Jacob cortando meu gramado, com seus cabelos presos a um rabo de cavalo, jeans surrado e sem camisa. Era uma visão e tanto, e antes que eu pudesse pensar em qualquer coisa, ou virar as costas e sair, ele mirou seu olhar em mim. — Megan. — Ele me chamou, desligando a máquina de cortar grama e limpando o suor que escorre na sua testa. — Eu trouxe limonada. — Foi tudo o que eu disse. — Obrigado. — Ele se aproximou de mim e tomou o copo de limonada, fazendo seu pomo de adão subir e descer lentamente. — Eu... é... o que você faz aqui? — Segurei a bandeja firmemente no peito e o encarei, sentindo algo diferente. Na verdade, ele aparentava estar diferente para mim, e aquela dor que sentia antes parecia ter diminuído, como se aquela ferida estivesse, finalmente, cicatrizando. — O Bart está com dor nas costas e resolvi ajuda-lo, já que ele conseguiu esse serviço para mim há duas semanas. — Você está trabalhando de jardineiro há duas semanas? — Perguntei, em choque. — Bem, sim. Depois que recebi meu primeiro salário de faxineiro e vi que ele não dava para nada, tive que arrumar um serviço extra.

— Wow. Definitivamente, por essa eu não esperava. — Disse, realmente impressionada. — Nem eu. — Ele riu. — Parabéns, Jacob. Estou feliz por você. — Disse com sinceridade. — Obrigado. E como está a Deborah? — Perguntou. — Está bem, nascerá em um mês no máximo. — Eu estou ansioso em vê-la... comprei um presente para ela. — É mesmo? — Sim. — Ficamos por alguns instantes em um silêncio constrangedor. — Bem... Meg, quando poderemos conversar a sério? — Ele perguntou. — Em breve Jacob, tudo bem? — Eu quero conversar a respeito, te contar tudo. — Disse, com a testa franzida. — Prometo que deixarei você se explicar, mas não agora... por favor... — Fechei os olhos e alguns flashes vieram à minha mente... — Eu acho melhor você continuar o trabalho; eu preciso dormir um pouco. — Tudo bem. — Ele voltou a máquina de cortar grama e eu

caminhei o mais rápido que pude para dentro da casa. Logo eu teria que escuta-lo e ao menos dar a ele a chance de se explicar, por mais que eu ache que nada justifica uma traição. Não existe justificativa para trair e magoar uma pessoa que nunca fez nada de mal a você, a não ser te amar. Mas o dia em que ele iria se explicar estava muito próximo; iriamos ter uma filha juntos e essa relação de ódio precisaria acabar.

As mudanças são parte da vida. Não podemos parar no tempo, temos que estar sempre tentando coisas novas, coisas diferentes. Se queremos algo para nossa vida, devemos lutar por isso. Devemos nos tornar pessoas melhores por nós mesmos e não para os outros. E acima de tudo, devemos nos amar em primeiro lugar, para depois querer ser amado por outro. Se você não puder se amar, como diabos você vai amar alguém? Megan L.

Jacob Lennox

Apartida de Nicollee Logan foi mais dolorosa para mim do que a partida da minha mãe, e querem saber por que? Porque eu admiro Nicolle, e ter decepcionando-a doeu-me mais que tudo. Depois daquilo, parei de olhar para o meu umbigo, e fui trabalhar no dia seguinte no hospital me sentindo completamente derrotado, como um grão de areia na praia. Aquelas pessoas que passavam por mim enquanto eu fazia meu serviço, todas tinham uma vida, desejavam evoluir e serem felizes, enquanto eu nunca quis evoluir, nunca quis ser feliz. Eu estava tão amargurado e mergulhado em minha tristeza que acabei me tornando tudo aquilo que detestava: eu havia me tornado a minha mãe, que machucava e magoava as pessoas, e com esses malditos erros, perdi a chance de ser feliz. Será que era tarde demais? Eu resolvi dar o espaço necessário para Megan, apesar de a cada momento sentir uma vontade enorme de correr até ela e pedir perdão de joelhos, mas eu daria a ela o espaço necessário para que refletisse e pararia de perturbá-la, até porque, nesse momento eu estava repensando em tantas coisas, e estava tão perturbado em meu autoconhecimento que acho que não faria bem a ela se conversássemos. Por isso levei todo aquele tempo para organizar as ideias. Nicolle nunca mais havia ligado; quem ligava era apenas meu primo Logan para saber se eu estava vivo e meu pai, que aparentemente estava louco para se casar de

novo. Agora, depois de voltar da casa dela, estava novamente repensando na vida, bebendo a cerveja barata e gelada diante da tv. Meu primo Logan deveria estar com sua esposa e filhos, e a bagunça daquela casa nunca iria acabar. Meu pai deveria estar tentando conquistar Cristiana. Bart estaria com a sua família agora, em meio àquela bagunça alegre. E Megan? Ela deve estar com o doutorzinho, conversando sobre o seu dia; e talvez após o jantar eles façam amor. Fazer amor? Aprendi o significado agora; antes para mim tudo era sexo... mas agora eu conseguia perceber a diferença. Apenas com a Megan era fazer amor... só que eu era cego demais para notar a diferença e dar a ela seu verdadeiro valor. Eu era estúpido, e merecia o que me era sendo dado, e ficar sozinho como estava. E se antes eu gostava da solidão, agora que meus pensamentos estão entrando em ordem, percebo que isso era fruto de minha natureza egoísta. Agora, eu não estava apenas sozinho, eu estava vazio.

O amor é, sem dúvidas, um sentimento divino. Acredito que o poder do amor move montanhas; acredito também que existem amores e amores. Tem aquele amor louco que mexe com você de

uma forma alucinante, mas também tem aquele amor sereno que te envolve lentamente até que você se perceba enredada nele. Amores ou amores, não importa... o amor faz milagres; o amor é lindo. A grande beleza do amor é que quanto mais você dá amor, mais amor se tem; ele é constante e nunca termina. Mas as vezes, o amor não sobrevive a certos percalços da vida, por isso nosso esforço precisa ser ainda maior se quisermos reviver o amor. Megan L.

Capítulo 12

A vida nem sempre é justa. Somos todos seres humanos e erramos todos os dias, então o melhor a fazer é não criar expectativas sobre ninguém, ou corre o risco dela te decepcionar de uma forma que te deixará em pedaços. O melhor para encarar a vida é ser racional em certos momentos. Acho que o fato de eu ter sido tão machucada me deixou um pouco fria, um pouco prática... mas meu coração as vezes fraquejava; meu corpo me desobedecia e eu era levada por aquele

mar de sensações incríveis, e por lembranças dos melhores momentos. Porém, se você não se cuidar, quando esses momentos acabarem, você pode estar destruída de novo; então seja razão e emoção. Pode parecer ilógico o que eu disse, eu sei, mas se você tiver um equilíbrio entre os dois, será feliz. Mas, como chegar ao equilíbrio? Você terá que descobrir sozinho. Tem pessoas que nunca descobriram como... na verdade, nem sei se existe alguém que tenha chegado ao equilíbrio; mas essa é a magia da vida... não saber... apenas viver. Megan L.

Brian Lancaster Estava na academia. Naquele dia em especial resolvi ir à noite, pois no dia anterior Megan havia me dito sobre quem foi cuidar do jardim, e ela ficou um pouco perturbada. Eu estava farto daquela situação; acho que por esse motivo socava com vontade aquele saco de areia. Enquanto colocava toda a minha energia ali, minha mente vagava sobre o que fazer. Foi então que tomei uma decisão; acho que a decisão mais importante que eu já tinha tomado desde que me meti nessa história. Entrei nesse relacionamento sabendo do amor intenso que ela sentia por aquele babaca, e ciente que ela estava grávida

de outro. Entrei na história cego por meu amor; mas usando um pouco mais do cérebro agora, me dei conta que me iludi. Eu sei que ela me amava do jeito dela, mas será que era do jeito que eu mereço? Com essa ideia na cabeça e a ponto de colocar a prova isso tudo, fui para o chuveiro e tomei um banho demorado, ciente de que essa era a decisão correta a ser tomada, que seria o melhor para ela e o melhor para mim. Eu precisava, pelo menos uma vez na vida, pensar em mim também. Por mais que a amasse e por mais doloroso que fosse fazer o que eu iria fazer. Era um mal necessário, ou um bem necessário, dependendo do ângulo de quem visse. Enxuguei o corpo e me vesti. Peguei o carro e fui em alta velocidade para a casa, chegando rapidamente. Fiquei dentro do carro por mais alguns minutos, pensando se era realmente o certo a ser feito, se talvez eu devesse adiar por mais um tempo e fazer isso depois do fim de semana, o que me pareceu uma boa ideia. Passaríamos o domingo juntos e eu faria isso na segundafeira.... Não! Eu estava sendo um covarde por pensar desta forma. Então reuni toda a coragem que restava dentro de mim e jurei não fraquejar diante do olhar amoroso e carinhoso da Megan. Caminhando a passos firmes em direção a casa, entrei e a avistei sentada no sofá lendo um livro. Ela encarou-me por cima dos óculos de leitura e sorriu fracamente.

— Oi Brian, pensei que chegaria cedo hoje. — Disse ela, fechando o livro e encarando-me. — Meg... eu estive pensando e... devemos conversar. — Falei sério. — Tudo bem, vem cá. — Ela apontou seu lado no sofá. — Pela sua expressão creio que seja algo sério. — Sim é... — Na verdade eu já estava esperando por isso, e acho que se o assunto não fosse abordado eu mesmo o faria. — Ela disse. — Mas você nem sabe o que é, ou sabe? — Eu imagino que você decidiu me deixar... isso é doloroso Brian, mas entendo você. Você é um cara correto e de caráter... — Mas você disse que estava pensando em abordar o assunto? Como assim? — Eu amo você, Brian. Amo muito, por mais que você ou os outros possam duvidar, mas também amo o Jacob, por mais que lute com todas as forças contra isso. Eu sei que estou confusa e isso é ridículo para uma mulher da minha idade e... — Ei, você não é ridícula. — Deus, como as palavras feriam. — Mas eu preciso ir embora... preciso que você tenha esse espaço Megan e para que você se decida logo, pois isso machuca demais. — Os olhos dela encheram-se de lágrimas, e ela piscou várias

vezes tentando fugir do choro. — Eu nunca quis machucar você Brian, me perdoe... — Ei, apenas prometa que tomará sua decisão com calma e que depois não haja arrependimento. — Disse — Não quero que case comigo e depois de algum tempo olhe para trás e se arrependa de sua escolha. Quando decidir, seja eu ou aquele cara, que seja a decisão certa, sem dúvidas ou arrependimentos. — Tudo bem, acho que isso é o certo a ser feito. — Ela falou — Mas sentirei sua falta. — Eu virei em dias alternados para ver como você está, tudo bem? Sei que está perto do parto e não é bom que fique sozinha, por isso me ligue sempre que quiser. — Obrigado Brian, meu anjo. — Ela acariciou meu rosto com as mãos. — Ah Meg ... não torne as coisas mais difíceis para mim. — Pedi, afastando-me de seu toque. — Desculpe... — Ela murmurou. Levantei-me e subi até o quarto, passando a preencher uma mala com minhas roupas. Por mais louco que fosse eu torcia internamente para que ela aparecesse na porta e implorasse para que eu fique, e dissesse que amava apenas a mim; mas a vida não é tão simples e nem sempre temos o que queremos. Sabia

que aquilo seria o melhor para mim... o melhor para nós dois.

Megan Gillies

Quando Brian desceu as escadas com as malas eu fingi estar lendo meu livro. Ele veio até mim, beijou minha testa e acariciou meu ventre. Sorri fracamente para ele, segurando-me para não pedir a ele que ficasse. Estava sendo ridícula pois ele estava fazendo o certo em partir, e eu precisava estar sozinha para colocar as ideias no lugar. Depois que ele partiu senti um aperto forte no peito. Sentiame só, mas engoli as lágrimas pois estava cansada de chorar toda a hora. Precisava resolver a a minha vida e de minha filha, e problemas não se resolvem com lágrimas e com dramas. Fui até a cozinha e servi de um copo de leite morno para mim, rumando em seguida para a cama. Precisava dormir e descansar pois amanhã daria um jeito na minha vida de uma vez por todas. Despertei com o meu celular tocando e atendi ainda sonolenta. — Alô. — Atendi meio grogue. — Oh Meg, desculpa. Acordei você? — Nicolle perguntou do

outro lado da linha. — Não, eu já ia acordar de toda a forma. — Bocejei — Bom dia Nic, como está? — Eu estou bem. Na verdade só liguei para saber como vão as coisas por aí. — Disse ela. — Ah, está tudo bem. — Sentei-me e acariciei minha barriga — Tomei uma decisão, irei conversar com o Jacob hoje. — Uau, o que te fez tomar essa decisão? — Já está na hora de fazer isso. Cansei dessa situação... irei hoje na casa dele e vou deixar que ele conte a sua versão da história. — E quanto ao Brian? O que ele acha disso tudo? — O Brian saiu de casa ontem. — Vocês brigaram? — Não Nic; foi uma decisão racional dele e eu concordei — Suspirei — Não posso culpá-lo por querer proteger-se, e cansei de ficar nessa indecisão absurda. Vou conversar com o Jacob e pensarei sobre o que realmente quero para mim. — É o que eu faria também. — Sim... Sabe, ficar sozinha parece tentador. — Disse sorrindo, me sentindo um pouco mais leve.

— No que te fizer feliz, eu irei apoiar minha amiga! — Obrigado Nic. Agora vou tomar um banho pois irei almoçar hoje na casa dos meus pais. Na volta irei até a casa do Jacob e vamos conversar. — Tudo bem, amiga. Fique com Deus. — Dê um beijo nas crianças, Nic. — Pode deixar, amanhã ligo para você... quero saber o resultado dessa conversa. — Claro. Desliguei o celular e fui para o chuveiro. Após me vestir já estava a caminho da casa dos meus pais. Estava um pouco ansiosa, pois hoje era o dia em que iria ficar frente ao Jacob e escutar o que quer que ele tinha para me dizer. Jacob Era domingo e tinha acabado de cortar o gramado da senhora Sophia. Após guardar todo o equipamento na garagem e receber meu pagamento, peguei um ônibus a caminho de casa. Sem dúvidas, pegar ônibus no domingo era a melhor coisa no mundo pois estava vazio, tanto que cheguei em casa muito rápido. Logo que entrei, o telefone começou a tocar. — Sim?

— Jacob, meu filho. Como você está? — Perguntou meu pai do outro lado da linha. — Eu estou bem pai, só cansado. — Disse, sentando-me na ponta da mesa. — Fiquei sabendo que você se inscreveu para fazer uma pós graduação, é verdade? — Questionou ele. — Sim é verdade. — Mas você já não fez pós Jacob? Não entendo.... — Pai — Bufei cansado — Eu comprei o diploma, nunca ia as aulas e quando ia não, fazia nada... então foi isso, orgulhoso? — Jacob não seja sarcástico comigo. — Rosnou ele. — Desculpe pai, é que estou muito cansado... e essa especialização levarei a sério, então fique tranquilo. — Quer ajuda para pagar a faculdade? — Não pai, se eu passar na prova ganharei uma bolsa. Então fique tranquilo viu. —

Meu

filho,

é

você

mesmo?

Pois

não

estou

te

reconhecendo... — Até onde eu sei sou seu filho sim, seu velho tarado. — Disse aos risos — Agora me deixe descansar, que mais tarde preciso estudar.

— Posso ser um velho tarado, mas você não é o Jacob que conheço. — Ele retrucou. — Nisso você está certo... me sinto diferente — Suspirei — Tchau pai, até. — Até Jake. Fui em direção ao banheiro e me despi para um banho. Debaixo da água comecei a considerar cortar meus cabelos, e quem sabe aparar bem a barba. Deixava daquela forma para Megan, mas penso que não temos mais chance alguma. Após me vestir e ir até o micro-ondas aquecer uma lasanha, a campainha tocou, e ao abrir a porta, tive uma grande surpresa. — Você? O que diabos você está fazendo aqui? — Perguntei encarando a ex-babá dos gêmeos. — Posso entrar? — Não creio que você deva entrar, não temos nada o que conversar. — Disse, fechando a porta. — Ei! Eu estou grávida! — Meu corpo inteiro ficou tenso. De repente, a fome que eu sentia extinguiu-se por completo. — E o que eu tenho com isso? — O filho é seu Jacob Lennox. — Disse ela, colocando as mãos na cintura.

— Nós transamos apenas uma vez e fiz a merda de não usar preservativo. Com a Megan foram oito meses sem proteção, e só ai ela ficou grávida. Você acha que vou cair na sua? — Perguntei, cruzando os braços no peito. — Eu posso entrar? Ou você vai dar um show para os vizinhos? — Questionou ela. — Entra! — Dei passagem para ela entrasse, que logo sentou-se no sofá. — Você bem deve saber que uma vez basta para que a mulher fique grávida. — Disse ela, sorrindo... espera! Eu conhecia aquele sorriso; eu mesmo já havia usado aquele sorriso insolente quando queria passar a perna em alguém. — Então senhor Lennox, se não vai se casar comigo, vai ter que me pagar pensão! — Você sabe que existem exames de DNA que podem mostrar se o filho que você carrega é mesmo meu, certo? — Disse coçando o queixo, e encarando-a. — Nas últimas semanas estive estudando um pouco, e sabe, acho que você está mentindo, pois já fui como você. — Eu estou grávida do seu filho e acho bom nos casarmos ou você me pagar pensão. — Rosnou ela. — Bem vamos a primeira opção, Kate: casando-se comigo — Peguei o jornal que estava em cima da mesinha do telefone —

Sugiro que comece a procurar um emprego — Passeei os olhos sobre a sessão de classificados — Aqui — Entreguei o jornal para ela — Vê aqui? Precisa-se de babá com experiência para meio período, de segunda a sexta-feira, paga-se bem. — Mas... — Ela encarou-me com os olhos arregalados. — Só um minuto — Corri até a cozinha e desliguei o microondas que estava apitando — Já que vamos nos casar, espero que você saiba cozinhar, porque eu tenho necessidades e estou cansado de comer comida congelada. — Como assim cozinhar para você? — Cozinhar, amor... eu chego muito cansado do trabalho, faxina é realmente algo cansativo e jardinagem também. — Faxina? Jardinagem? Você é um Lennox... — Disse num fio de voz. — E o que isso significa? — Questionei, arqueando uma sobrancelha. — Você é rico! — Comecei a gargalhar, sem conseguir me conter. — Olhe para as minhas mãos — Mostrei-lhe minhas mãos, cheias de calos e arranhões — Se eu fosse realmente rico não teria me machucado ao podar a roseira da senhora Sophia, certo? Mas pense pelo lado bom... ganhei 70 dólares pelo serviço de hoje.

— Sorri para ela. — Mas eu pensei... — Bem — Prossegui a interrompendo — Já a segunda opção, se você quiser pensão vamos ao juiz e ele determinará o valor que eu tenho de pagar. Com o meu salário de faxineiro não será muita coisa, mas acho que você conseguirá se cuidar tranquilamente. — Eu pensei que você fosse médico. — Errou de cara, querida. — Suspirei — Bem, peço por favor que se retire e pense a respeito das opções que dei a você. Me procure amanhã no hospital que fica no centro; lá poderemos dividir um sanduiche e tomar um suco, o que acha? — Eu... — Empurrei-a em direção a porta, e quando a abri, vi a Megan na varanda; certamente a ponto de bater na porta. Porra sou azarado mesmo! — Meg... — Minha voz saiu falha. Ela olhou-me dos pés à cabeça, certamente notando que eu estava sem camisa e a babá usando um vestidinho curto cor de rosa. — Jacob e... Kate... atrapalho alguma coisa? — perguntou perturbada. — Não, ela já está de saída. — Dei um empurrão na moça, que quase caiu. Ela virou para trás e me fuzilou com os olhos,

resmungando algo ininteligível e partiu. — Meg, não é o que você está pensando... eu... — Ela ergueu a mão, fazendo com que eu parasse de falar. — Você não precisa me explicar nada Jacob. Eu vim aqui conversar com você sobre outras coisas, e não sobre isso. — Disse apontando para a babá, que já estava quase virando a esquina. — Entre Meg. — Dei passagem para que ela entrasse, e seu perfume doce de rosas me deixou inebriado logo que ela passou por mim, fazendo com que um calor se instalasse em meu corpo. — Vamos até a cozinha, por favor. — Guiei-a até a cozinha, indicando uma cadeira. Ela olhou ao redor; não havia mais aquela bagunça de quando Logan e Nicolle vieram me visitar, eu ocupava meu tempo agora na limpeza da casa e nos estudos noturnos. — Aqui é muito bonito e aconchegante. — Disse ela admirando a modesta cozinha — Bem diferente da cozinha da fazenda. — Sim. — Encarei-a com mais atenção. Ela estava maravilhosa, sua pele brilhava, o que me dava uma vontade quase dolorosa de poder tocá-la. — Bebe alguma coisa? Eu tenho limonada na geladeira ou refrigerante. — Na verdade eu gostaria de beber um vinho. — Ela disse e parecia tensa.

— Mas você não pode beber; você está grávida. — Meia taça de vinho não fará mal algum... Ignorei seu pedido e fui até a geladeira servindo-lhe limonada. — Você não vai beber! — Disse, estendendo o copo na sua frente. — Quem você pensa que é para me dar ordens? — Ela questionou, raivosa. — O pai da Deborah! — E com minhas palavras, ela relaxou. — Não vim para brigar com você, só estou nervosa. — Ela disse, entrelaçando os dedos — Quero saber o que você tem a me dizer sobre tudo o que aconteceu... É a sua chance Jacob... me conte o que eu preciso saber e daí vemos o que poderemos fazer para ter uma convivência pacifica pela Deborah... Sentei-me na cadeira ao lado da dela e a encarei, pegando em sua mão. Ela estava gelada e suava frio, e estremeceu ao meu toque, puxando a mão para o seu colo, como se o meu toque ainda a incomodasse. — Meg, antes de tudo.... peço, por favor, que me perdoe...

Perdão! Só perdoamos de verdade quando esquecemos; por isso perdoar é tão difícil, pois, por mais que queiramos perdoar, não conseguimos esquecer, e aquele ato de dor volta durante as brigas... durante as discussões, ou talvez em um dia que a pessoa chegue mais tarde do trabalho; principalmente se foi um ato de traição. Se você foi traída pelo homem que ama, você ficará tranquila se ele se atrasar duas horas? Você ficará tranquila se ele viaja a trabalho? Para um relacionamento como esse dar certo, é preciso perdoar totalmente, e mesmo assim, a confiança perdida em

cinco

minutos

talvez

demore

cinco

anos

para

ser

reestabelecida. Só quem já foi traída e enganada poderá entender o quão difícil é perdoar. Muitas dessas pessoas não conseguem perdoar jamais... Megan L.

Capítulo 13

Pedir perdão pode ser libertador; eu sei que perdoar o é. Para

pedir perdão é preciso coragem, e para perdoar é preciso ser forte. Megan L.

Megan Gillies Quando ele segurou minha mão eu estremeci, tanto que puxei-a rapidamente e a pousei em meu colo. Seu toque sempre influenciou e confundiu meus sentidos, e quero estar sã quando escutá-lo. Ele me encarou com aqueles olhos azuis esverdeados, e me manteve presa ali. Precisava certificar-me de que ele estava sendo sincero em suas desculpas, e então ele começou a falar. — Meg antes de tudo.... peço, por favor, que me perdoe... — Engoli a seco — Eu sei que fui um completo imbecil; não respeitei você como pessoa e muito menos como mulher, eu... — Ele passou as mãos nervosamente pelos cabelos e levantou-se — Eu agora vejo o quão cruel eu fui. Posso tentar culpar minha mãe que me abandonou, ou qualquer outra coisa... mas na verdade era só eu... magoando você de todas as formas possíveis. Deus sabe

que

se

eu

pudesse

voltar

no

tempo,

faria

tudo

completamente diferente. — Acredito em você... — Disse, tentando manter a calma — Mas não acredito que você faria qualquer coisa diferente, e nem sei se eu gostaria disso... — Ele me encarou, confuso.

— Eu não entendo... — Jacob — Disse, interrompendo-o — Por mais doloroso que tudo isso tenha sido, e por mais que você tenha me feito sofrer mais do que qualquer outra pessoa já fez... — Baixei os olhos e fiquei torcendo meus dedos em cima da bancada da cozinha. Vendo meu nervosismo, ele colocou sua mão grande e forte em cima das minhas, me fazendo parar. — Por favor, continue. — Pediu. — Apesar de tudo isso... teve o seu lado positivo... — Encarei-o. — Olhe só para você agora, tão diferente daquele cara arrogante e prepotente. Eu não voltaria no tempo de jeito nenhum... sou uma pessoa diferente agora também, e isso me fez mais forte para ser uma boa mãe... — Isso é verdade... mas com aquela burrada eu perdi você, e isso é o fim para mim. Se você soubesse como dói ver você com aquele doutorzinho... — Disse ele e bufou, soltando minha mão para caminhar até a geladeira e pegar uma lata de cerveja. — Dói demais ver você com outro cara. — Eu sei como dói, Jacob... mas me esclareça, por que você resolveu me magoar daquela forma tão cruel? Por que você apenas não terminou comigo? Seria tão mais fácil... — Ele me encarou com uma expressão triste no rosto. — Eu fui um fraco. Pensei que magoando você estaria me

mostrando superior. Vi o meu pai sofrer muito com as traições de minha mãe e sempre o achei um homem fraco por sofrer por uma mulher tão fútil como ela, por isso nunca quis me tornar ele — Bufou — Mas acabei me tornando a pior coisa... acabei me tornando a minha mãe e perdendo aqueles que mais amo. Acabei perdendo a única mulher que já amei e amo. — Ele falou, encarando-me profundamente. Engoli a seco enquanto meu coração palpitava em do peito, sem saber o que dizer. — Eu sei que isso não justifica o que eu fiz — Prosseguiu ele — mas eu pensei que justificasse. Eu sentia pena de mim mesmo e comparava todas as mulheres a ela... para mim, todas eram iguais a ela... ridículo não? — Ele deu uma risada amarga — Você sempre foi maravilhosa comigo e eu pensar que você era como ela... ela que me deixou quando eu tinha seis anos de idade dizendo que não me amava. Senti um aperto no peito, quase como uma dor física, ao imaginar um menininho loiro de seis anos escutando tais palavras ferinas. — Ela não deve ter tido a intenção de dizer isso. — Disse num fio de voz. — Ela teve sim... foi naquele dia que a peguei com o amante. Corri atrás do carro enquanto ela partia, e ela sequer olhou para trás... — Eu não sabia. — Murmurei, colocando a mão na boca,

espantada. — E como saberia? Eu nunca deixei você entrar... nunca me abri com você. Nunca me entreguei por completo ou te dei o amor que você merece. — Ele se ajoelhou à minha frente, seus olhos estavam marejados quando ele disse — Me perdoa, Megan? Por favor, me perdoe... — Ele abraçou minha cintura e ficou com a cabeça apoiada em meu ventre, chorando como um menininho perdido... lágrimas turvaram meus olhos e precisei resistir para não tocar nele, mas também não o afastei de mim. Ponderei sobre as palavras de Jacob. Tudo teria sido tão mais fácil se ele tivesse conversado comigo... mas foi necessário tudo isso para que ele se tornasse um homem de verdade. Como dizem, Deus escreve certo por linhas tortas. Passados alguns minutos, Jacob começou a se acalmar. Depois que limpei minhas lágrimas com a ponta dos dedos, ele afastou-se e levantou. Seus olhos estavam vermelhos das lágrimas que haviam corrido soltas por seu rosto. — Desculpe... — Ele disse, e lavou seu rosto na pia. — Jacob eu... sinto muito que você tenha passado por tudo isso. — Está tudo bem, isso é passado — Ele sorriu fracamente — Estou em uma nova fase da vida agora e não deixo mais o passado interferir.

— Isso é maravilhoso, estou feliz por você... — Mas...? — Mas não confio em você. — Disse, baixando os olhos — Eu perdoo você Jacob, mas confiança é algo difícil de se recuperar. — Eu te entendo e não te culpo. Vou te provar, Megan, que sou um homem diferente. — Disse ele, decidido. — Não prove para mim. Prove a si mesmo que é diferente Jacob. — Encarei-o — Você merece ser feliz com quem quer que seja... — Eu só quero você Meg... — Ele disse, dando um passo à frente. — Acredito em sua mudança como pessoa Jacob, mas me perdoe se não acredito em sua mudança como homem... desculpe se não acredito que você não irá cair em tentação com facilidade. — Encarei-o. Não conseguia acreditar em sua mudança nesse sentido ainda... no dia que o encontrei com as duas mulheres nós havíamos feito amor no dia anterior e então era difícil para mim crer em sua mudança quanto a isso. — A Nicolle contou para você não foi? — Disse ele, e eu o encarei confusa. — Meg, me senti sujo e ridículo no momento que aconteceu e prometo que não acontecerá de novo...

— Jacob, do que você está falando? — Ele me encarou, confuso. — Da Kate... do que aconteceu entre nós... eu fui um porco idiota... — Ao ouvi-lo, senti uma náusea forte e fiquei zonza. — Você fez sexo com a Kate? A babá dos gêmeos? Enquanto a Nicolle e o Logan estiveram aqui? — Fiquei levemente zonza. — Meg, você está bem. — Jacob me apoiou e levou-me até o sofá. — Meg me desculpe eu fui um idiota de novo, mas agora eu estou diferente... é verdade eu juro. — Eu ... — Suspirei, e o mal estar passou — Não se desculpe por isso. Eu estava com Brian e eu e você não estávamos mais juntos... — Então o que aconteceu? Por que você ficou pálida? — Eu só fiquei surpresa... mas... ela estava aqui hoje então eu já desconfiava. Fico feliz por você Jacob. — Espera... do que você está falando? Eu não estou com ela! — Ele disse, agitado — Ela apareceu aqui de surpresa.... Eu amo você, Megan! — Ele colou seus lábios nos meus, e para empurrá-lo, plantei minhas mãos em seu peitoral desnudo. — Jacob me dê um tempo, ok? Eu ainda não assimilei tudo isso, e não posso ter nada com você estando confusa desse jeito. Nem sei se ficaremos juntos, eu.... Jacob, para essa mulher

aparecer aqui, você só pode ter dado esperanças para ela. Essa mulher mora no Arizona, não viajaria a troco de nada... — Levantei-me — Me desculpe, mas eu preciso ir embora. — Eu não dei esperanças nenhuma para aquela mulher Meg, eu só quero você! Ela veio aqui porque ... — Por que? — Ela estava tentando passar a perna em mim, tentando me dar um golpe. — Ele disse, e suas palavras me fizeram sentar novamente. — Ela está grávida? — Isso é o que ela disse... — Ele falou. — E é seu? — Perguntei, temendo a resposta. — Não sei... eu... pode ser. Deus, como era doloroso olhar para ele! Nossa história era complicada de tantas formas, e o destino parecia rir de nós, com uma possível gravidez. — Jacob, não precisa pedir perdão para mim. Você não me deve explicações alguma e nem sei o porquê estou exigindo isso de você — Disse, levantando-me e tentando parecer indiferente para tentar não desmoronar na sua frente — Eu vou embora... já está tarde e estou cansada... — Girei nos calcanhares e caminhei em direção à porta. Nesse momento, ele segurou meus braços e

colou seu peito em minhas costas. — Meg, não vá... — Ele sussurrou em meu ouvido. — Boa noite, Jacob. — Me soltei de seu abraço e parti sem olhar para trás. Precisava ficar sozinha para assimilar tudo o que aconteceu hoje, era informação demais para mim.

Jacob Lennox

Depois que Meganpartiu, joguei a lasanha fria no lixo e bebi mais duas latas de cerveja. Dormi no sofá em que ela esteve sentada, como se pudesse me sentir mais próximo dela estando ali. Acordei na manhã seguinte com o som alto do despertador. Minha cabeça doía, mas apesar disto levantei-me e fui para o chuveiro. Uma hora depois estava no hospital, e enquanto limpava o corredor da entrada, vi a enfermeira Geórgia falando com uma mulher, que percebi ser Kate quando me aproximei. — Eu já disse; J-a-c-o-b L-e-n-n-o-x! — Soletrou Kate. — Aconteceu alguma coisa? — Perguntei, me aproximando ao ouvir meu nome.

— Hey Jake! Essa moça aqui está procurando um médico com o seu nome, mas eu já disse que não tem nenhum. Kate me encarou dos pés à cabeça, observando que eu vestia o uniforme de faxineiro e tinha um rodo em minha mão. — Geórgia, se o Bart me procurar diga que tive uma emergência e volto em 15 minutos. — Disse a ela. — Tudo bem, mas volte logo, Jake. O banheiro do andar de baixo está um horror e precisa ser limpo o quanto antes. — Disse ela. — Pode deixar, eu já volto. — Arrastei uma Kate boquiaberta para o estacionamento. — Então Kate... eu disse para você vir na saída do trabalho para conversarmos sobre o bebê. Não posso sair assim; você viu tenho que limpar o banheiro. — Eu... eu... — Ela ficou muda. — O que foi, princesa? Perdeu a voz? — Cruzei os braços no peito. — Eu só vim dizer que me enganei. Eu não estou grávida... foi alarme falso. — Oh! É mesmo? Poxa que pena... mas pensando bem, foi melhor assim, não é mesmo?

— Sim, é verdade. Desculpe fazer você perder seu tempo, vou embora hoje para o Arizona. — Boa viagem, princesa. — Virei as costas e caminhei sorrindo por me livrar de um problema; tanto que limpei o banheiro cantarolando.

Megan Gillies

Haviam se passado três semanas desde minha ida a casa de Jacob. Eu estava aproveitando o tempo sozinha para refletir sobre tudo com uma perspectiva diferente. Hoje eu estava um pouco triste, me sentindo estranha pois meus pés estavam inchados e minha mente estava em um turbilhão de sentimentos. Uma de minhas tias havia sofrido um acidente, então meus pais tiveram que viajar às pressas para Chicago. Brian já havia ido me visitar de manhã e na televisão havia o anúncio constante de uma tempestade violenta que poderia atingir Lawrence. Então, no momento em que a primeira gota de chuva atingiu o chão e o primeiro raio atingiu uma árvore; no momento em que o dia ficou tão escuro ao ponto de parecer com a noite que as dores fortes começaram. Uma pontada forte fez com que me contorcesse de dor, enquanto a chuva batia descompassadamente no telhado. Logo o

chão da cozinha ficou inundado pois minha bolsa havia estourado e eu estava sozinha enquanto uma tempestade caia lá fora. Liguei para o celular do Brian mais vezes do que poderia contar, mas não conseguia completar a ligação; certamente pela maldita tempestade. Subi as escadas devagar pois o telefone residencial estava no meu quarto, mas quando peguei o aparelho, outro trovão soou e a casa ficou sem energia elétrica, deixando o aparelho sem sinal. Fiquei ainda mais desesperada pois Deborah iria nascer em casa e eu teria que fazer tudo sozinha, e nesse momento meu celular tocou. — Alô? — Megan, eu pensei bem e vou embora do Kansas. Não vou mais magoar você... volto dentro de algumas semanas para ver nossa filha nascer, mas te darei o espaço que você precisa... — JACOB VENHA AQUI AGORA! — Gritei pela dor, com as contrações cada vez mais próximas umas das outras. — Megan, você está bem? — Ele perguntou assustado. — Eu estou em trabalho de parto! — Estou indo para ai... — Ele desligou o celular e me contorci de dor mais uma vez... orando para que Deus abençoasse meu parto.

Capítulo 14

Em certos momentos da vida, quando amamos muito uma pessoa, devemos deixá-la ir. Deixá-la livre para partir, pois assim saberemos se aquele amor é verdadeiro. Se ele voltar é porque era verdadeiro, e se não retornar é porque nunca de fato existiu. É melhor sofrer a dor de uma perda do que viver um amor de mentira. Megan L.

Jacob Lennox

Após estudar incansavelmentedurante semanas, o dia da prova se aproximava, aumentando meu nervosismo e ansiedade. Caso passasse naquela prova, seria minha grande chance de começar uma nova vida e ser um bom exemplo para a minha filha. Havia conversado dias antes com Keira pois precisaria me ausentar

para

fazer

a

prova,

dizendo

que

entenderia

perfeitamente caso ela quisesse me dispensar, porém me impressionei com sua atitude, que disse que poderia fazer a prova tranquilamente e que aguardaria uma resposta minha, caso fosse retornar. Por hora, não sabia se moraria próximo de Megan, já que a universidade ficava um pouco distante. Mas eu poderia visitar minha filha todos os finais de semana. Pensei muito desde a visita de Megan e o aparecimento surpresa de Kate. E se Kate estivesse realmente grávida? Esse, sem dúvidas, seria o fim para mim e Megan. Mesmo que a possibilidade fosse remota, essa possibilidade de gravidez me fez refletir

pois

fui um

maldito

irresponsável;

poderia

tê-la

engravidado ou pior, poderia estar com alguma doença. Fodi mais mulheres do que poderia lembrar, mas nunca fui irresponsável assim. Talvez esse erro, que quase acabou em uma gravidez indesejada, tenha sido o gatilho para que me fazer refletir ainda mais sobre meus atos e escolhas. Depois de tudo aquilo decidi partir. Juntei ao dinheiro que tinha guardado o valor da venda de meu outro Rolex. E com aproximadamente 600 dólares iria começar uma vida nova em Salina, que ainda fica dentro do estado do Kansas. De lá, poderia viajar para visitar Deborah todos os finais de semana, já que a viagem levaria aproximadamente 2h40min, se o trajeto fosse feito de carro. Definitivamente eu precisava comprar um carro, nem que fosse um usado, pois percorrer as 139 milhas de Salina até Lawrence de ônibus levaria quase 4 horas devido as paradas até

ali. Depois de colocar as malas em um taxi, olhei para trás e me despedi mentalmente daquela casa e dos poucos amigos que conquistei. Quando o taxi começou a movimentar-se a caminho da rodoviária, peguei meu celular, pensando se deveria ou não ligar para Megan. As gotas de chuva já caiam firmemente no vidro do carro. — Ei garoto, conheço essa expressão... quem é ela? — Perguntou o taxista. — Como assim? — Questionei, franzindo a testa. — Você está partindo no meio de uma tempestade e não para de olhar para o celular. — Disse ele, ainda encarando-me através do espelho retrovisor enquanto estávamos parados em meio aos carros. — É uma mulher que eu não mereço... não sou bom o bastante para ela... eu não sou uma boa pessoa. — Falei e encarei o visor do celular mais uma vez. — Ei cara, só de você pensar assim já mostra que você é uma boa pessoa. — Disse ele. — Vamos lá, ligue para ela... — Não sei ... já causei muita dor a ela. — Murmurei inseguro, encarando o visor. — Ao menos se despeça dela...

— Sim, tem razão. Farei isso. — Peguei o celular com as mãos suadas e disquei seu número. Menos de um minuto depois eu já havia descido do carro e estava correndo na chuva. Uma árvore bloqueava a rua e por isso o trânsito estava parado, mas por sorte estava próximo de sua casa. Estava tão nervoso que nem sequer senti as gotas geladas de chuva que batiam em meu corpo. Quando cheguei em sua casa precisei arrombar a porta para entrar. — Megan! — Procurei por ela no andar de baixo, desesperado. — Jacob! Eu estou aqui... Ai! — Ouvi seu grito vindo do andar de cima, e subi os degraus correndo. Encontrei-a na cama, suada e contorcia-se de dor. — Meg... — Aproximei-me da cama e acariciei seu rosto... — Vou ligar para a ambulância. — Peguei meu celular e disquei o número. — Minha mulher está em trabalho de parto, eu preciso de uma ambulância agora. — Passei o endereço que Megan disse em um sussurro sofrido. — Senhor, vamos demorar mais ou menos duas horas para chegar até o local. Um raio atingiu uma árvore e os bombeiros estão tentando remover; inclusive aconteceram muitos acidentes na rodovia principal. Tente mantê-la estável e calma até

chegarmos, o senhor acha que consegue? — Encarei Megan, que estava apavorada. — Eles estão vindo, Jake? Vai dar tudo certo, não é? — Acenei com a cabeça para ela e disse ao telefone. — Sim, eu consigo. — Desliguei o telefone e segurei em sua mão. — Meg, está chovendo muito, princesa... talvez eles demorem muito a chegar. Eu preciso saber se tem algum kit médico de emergência por aqui? — Por que? — perguntou assustada. — Preciso ver com quantos centímetros de dilatação você está. — Ela arregalou os olhos. — Mas Jacob, você não sabe e .... — Calma... eu sei o que estou fazendo. Não faltei a todas as aulas e assisti a alguns partos... apenas me diga onde está o kit de emergência. — Brian tem uma maleta... ela está ali no guarda-roupa, é preta e de couro. — Quando tentei levantar da cama ela puxou a minha mão — Jacob, eu estou com tanto medo... — Disse e lágrimas escorreram por sua face. — Não tenha medo... vai dar tudo certo.

— Mas você parece tão apavorado quanto eu — Disse ela. — Não estou apavorado, só estou ansioso para ver nossa filha logo. — Está apavorado sim, está muito sério... — Eu estou tranquilo — Sorri para ela e fui até o guardaroupa. De lá, tirei a maleta de couro do doutorzinho e brinquei com ela para descontrair — Hum... couro é? — Arqueei a sobrancelha — Não sabia que o doutorzinho era desse tipo. — Ela riu e gemeu em seguida. — Você não presta Jacob. — Acusou-me entre o riso e a dor. — Mas fiz você rir, ponto para mim. — Tentei manter a voz firme, mas ela teimava em falhar. Eu estava muito, mas muito nervoso, porém, tentava não demonstrar isso.

Megan Gillies

A tempestade estavaa todo vapor lá fora. Jacob chegou muito rápido pois eu estava em pânico por estar ali sozinha. Por sorte, as luzes de emergência logo acenderam ou estaria ali sozinha e no escuro. Enquanto Jacob tirava várias coisas da maleta, observei seu

cabelo e camisa estavam ensopados, mostrando que ele veio correndo em meio a tempestade. — Jacob, tire essa roupa... — Disse, antes de me contorcer de dor novamente. As contrações estavam cada vez mais próximas umas das outras, e parecia que a cada trovão que explodia no céu sinalizava a vinda de uma nova contração. — Meg, agora não é hora para isso — Ele falou, lançandome um sorriso safado, que eu sabia ser fingimento, e não pude evitar um sorrio — Você está dando a luz, tarada! — É sério! Você vai ficar doente. — Ele virou de costas para mim e despiu a camiseta, pegando no guarda-roupa uma camiseta do Brian e vestindo. — Pronto, Meg. Eu vou até o banheiro higienizar as mãos e volto logo. — Ele disse agitado. Me curvei, mais uma vez, com dor; as contrações estavam cada vez mais longas e com menor intervalo de tempo. Jacob retornou e ajeitou os travesseiros nas minhas costas. — Mais confortável assim? — Questionou ele, preocupado. Apenas acenei com a cabeça, pois sentia outra contração se aproximando enquanto ele se movia e organizava tudo ali. — Meg, agora vou tirar sua calcinha. Preciso ver quantos centímetros de dilatação você tem, tudo bem? — Apenas acenei com a cabeça enquanto minhas mãos agarravam-se aos lençóis. Ele vestiu a luvas de borracha e retirou minha calcinha, erguendo meu

vestido para cima — Pode ser desconfortável. — Eu sei — Respondi, quase sem ar, junto com um trovão que fez com que as paredes da casa tremessem devido ao barulho intenso. — Meg, você está com oito dedos de dilatação. — Você tem certeza? — Perguntei — Sim, eu tenho. Vamos ter que fazer o parto aqui. — Jacob, não podemos ... Jacob... eu.... — Lágrimas turvaram minha visão, e outra contração me cegou de dor. — Meg, respire — Disse ele, sentando ao meu lado e pegando minha mão. — Lembre-se da respiração... você teve aulas de parto, certo? — Sim... — Então, respire, ok? Tudo vai dar certo. Eu vou lá embaixo aquecer água na chaleira e volto em cinco minutos. — Eu não quero ficar sozinha... por favor não me deixe sozinha. — Outra dor muito forte me fez gritar e cravar minhas unhas na sua pele. — Meg, você não estará sozinha. Nossa Deborah está com você, ok? E eu volto em cinco minutos. — Tudo bem...

Ele desapareceu pela porta e não tardou até outra contração chegar ainda mais forte, e desta vez, senti vontade de empurrar. — Jacob! Ela está vindo! Ela está vindo! — Gritei tão alto que minha garganta arranhou. — Estou aqui. — Ele invadiu o quarto com uma bacia de água morna, e ficou de joelhos na minha frente. — Meg, estou vendo a cabeça. Agora você precisa fazer força, tudo bem? — Sim... — Senti outra contração e comecei a fazer força entre gemidos e grunhidos. — Isso Megan, força... está quase lá... — Parei para respirar e senti outra contração se aproximando, e desta vez fiz ainda mais força. — Isso! Isso, meu amor! Nossa filha está quase saindo... isso. — Ahhhhhhhhhh.... — Com o último empurrão, senti um alívio enorme e cai exausta na cama. O choro de Deborah ecoou alto dentro do quarto, e como por mágica, as trovoadas começavam a ficar mais fracas. — Meg, ela é perfeita. — Jacob segurava Deborah nos braços e a encarava com os olhos marejados. Ele então entregou-a para mim, colocando-a deitada sobre meu peito. Deborah era a criatura mais perfeita que já tinha visto em minha vida! No momento que nossos olhares se conectaram, senti um amor tão profundo quanto jamais senti na minha vida.

Comecei a amamentá-la imediatamente, o que facilitou a retirada da placenta. Em seguida, Jacob me deu um analgésico e ajeitou o quarto, retirando os lençóis sujos dali. Deborah tomou seu primeiro banho com seu pai, e eu, ainda deitada na cama, fiquei admirando-os. Foi inevitável não rir das tentativas de Jacob ao vestir uma fralda nela e tomar os devidos cuidados com o umbigo. Logo ela adormeceu ao meu lado e Jacob terminou de arrumar as coisas. — Ela é tão linda que não consigo parar de olhar para ela. — Eu disse quando ele voltou. — Ela é a sua cara, Meg. — Ele falou. — Nada disso, Jake... olhe esses cabelos loiros! Não são meus... — Sorri a ele. — Ah, o cabelo dela ainda pode escurecer e ficar como o seu... — É uma possibilidade. — E ela tem olhos castanhos, como os do meu pai. — E os da minha mãe; mas isso pode mudar também. — Ela é perfeita de qualquer jeito. Só devemos torcer para que ela não seja tão geniosa quanto essa tempestade, não é? —

Ele sorriu. — Vamos torcer para ela ser estudiosa como a mãe e corajosa como o pai. — Eu disse para ele. — Vamos torcer para ela ser igual a você e não igual a mim... — Ele disse e baixou os olhos — se ela for como eu, morreremos antes do tempo. — Não seja bobo... ela será o que tiver que ser e a amaremos de qualquer jeito. — Isso é verdade. — Então Jacob, eu só queria agradecer por tudo. — Disse sem jeito, e um silêncio constrangedor tomou conta do quarto Ele

encarou-a

encantado,

acariciou

seu

rostinho

rechonchudo e disse: — Ela é a coisa mais maravilhosa que já fiz na minha vida; o meu único acerto... não quero errar nunca com ela como errei com você. — disse e encarou-me. — Jacob eu... Então, fomos interrompidos com a entrada de Brian no quarto e mais quatro paramédicos. — Meg, está tudo bem com você e? Oh meu Deus... A Deborah nasceu! — Os médicos pediram para que Brian e Jacob descem o espaço necessário, pois precisariam ver como estávamos.

Logo os paramédicos vieram nos examinar e disseram que nos levariam ao hospital para observação, e para vacinar a Deborah. Quando estava na ambulância, em meio a enfermeiros e com minha filha nos braços, visualizei Jacob caminhando na rua na direção oposta. Ele estava partindo? Mas...

Capítulo 15

O nascimento de um filho é um momento inesquecível na vida de qualquer mãe. Ele passa a ser o dia mais importante das nossas vidas, ou o mais traumático, dependendo dos resultados. Para a minha sorte, foi um dia memorável e maravilhoso. Foi Deus quem fez com que o Jacob me ligasse, foi Deus quem o trouxe até nós. Se eu estivesse sozinha, talvez o resultado desse dia não fosse feliz. Naquele dia descobri a pessoa que mais amo na vida: minha filha. Naquele dia também nasceu um novo sentimento dentro de mim: Admiração. Admiração por Jacob e pelo homem que ele havia se tornado. Megan L.

Jacob Lennox

Entrar no quartinhoque seria de minha filha mexeu comigo de diversas formas. Vi ali diversos presentes, mimos que com toda certeza foram comprados pela Megan e seu atual companheiro e senti-me culpado. Se eu não tivesse cometido tantos erros, seria eu quem teria ajudado a decorar aquele quartinho. Após dar banho na minha pequena e olhar em seus olhos doces e inocentes, jurei para mim nunca mais magoar sua mãe e nunca magoar minha menina. Eu iria estudar e trabalhar muito dali para frente. Se você acha que uma mulher tem o poder de mudar um homem, não faz ideia o que um filho pode fazer. Naquele momento eu parecia uma garotinha, pois as lágrimas vinham em meus olhos a cada minuto que plantava meus olhos nelas; e então, quando estava abrindo meu coração a Megan, o seu atual companheiro chegou com os paramédicos, fazendo com que me sentisse um intruso ali. Estava na casa dos dois, mas minha filha estava ali, e então de certa forma eu tinha o direito de estar ali, certo? Após todos se ocuparem em atendê-las e fazer os exames

preliminares, resolvi ir até em casa, pois lá havia um casaquinho cor de rosa que havia comprado recentemente. Olhei as notas em minha carteira e lembrei que havia deixado todas as minhas roupas no porta-malas do taxi e que provavelmente teria de comprar peças novas agora. Qual foi minha surpresa ao chegar em casa. Minhas duas malas estavam posicionadas na minha varanda, e entre elas, um bilhete: “Amigo, sei que isso é incomum, mas gosto de ajudar as pessoas; então te deixarei uma mensagem aqui sobre a mulher que você diz amar: Lute por esse amor, pois mais vale morrer lutando do que se acovardando por medo.” P.S. Aí estão suas coisas, a corrida acertamos uma outra hora. Ass.: Joseph (amigo do taxi)”

Olhei para o céu por alguns instantes, perguntando em silêncio: O que eu fiz para que essas pessoas maravilhosas aparecessem em meu caminho? Era como se todos se reunissem em uma missão de me salvar. Nunca fui religioso, mas sabia que isso tudo só poderia ser obra de Deus. Ele percebeu que eu estava verdadeiramente arrependido e me deu uma nova chance de fazer a coisa certa, pois eu não desistiria da minha filha e da minha mulher. Nunca!

Não existe nesse mundo amor maior que o amor dos pais para com os filhos. É um amor mais forte que qualquer coisa; quanto mais passa o tempo, mais esse amor cresce. Esse amor pode mudar a sua vida para sempre... Megan L.

Megan Gillies

Eu havia feito os últimos exames e que indicavam estar tudo bem comigo. Estava tão exausta que tão logo tomei um banho, adormeci. Ao despertar, encontrei Brian com Deborah nos braços. — Brian... — Chamei com a voz um pouco pesada, que me encarou e sorriu — Está tudo bem com Deborah? — Olhei a minha volta e vi que Jacob não estava ali, o que talvez fosse

melhor, pois se ele estivesse, certamente implicaria com Brian por estar com Deborah nos braços. — Ela está muito bem. Foram feitos os testes e aplicada as vacinas. — Ele sorriu e entregou-a em meus braços após me acomodar sentada nos travesseiros — O resultado do teste do pezinho deve ficar pronto em cinco dias, mas tenho certeza que estará tudo certo. — Ele disse, cruzando os braços no peito e nos encarando com ternura. — Ela é tão perfeita — Acariciei sua face rechonchuda com o torso da mãos — Temi tanto perdê-la hoje... — Encarei-o com os olhos marejados. — Desculpe por não estar lá por vocês. — Está tudo bem, deu tudo certo... — Tomei fôlego e perguntei — Onde está o.... — Jacob? — Disse subitamente — Eu não sei, Meg... — Se não fosse ele aparecer, não sei o que seria de nós. — Ele foi um grande cara hoje. Fico feliz que ele tenha estado ao seu lado. Ouvi batidas na porta do quarto e Brian prontamente a abriu. Brian e Jacob ficaram encarando um ao outro o que me pareceram horas. — Hey cara, entre. — Disse Brian, dando passagem a Jacob,

que entrou com um sorriso iluminando seu rosto. — Está tudo bem com vocês duas? — Ele perguntou, olhando de mim para a Deborah. — Sim, está tudo bem. — Hey Jacob... — Brian o chamou, o que surpreendeu a mim. — Obrigado por estar lá por elas, por ter realizado o parto. — Disse ele. — Você não tem porquê me agradecer — Disse Jacob — É a minha filha e a minha... e a Meg... e eu faria tudo de novo se fosse preciso. — Claro. — Brian parecia desconfortável, e limpou a garganta antes de prosseguir — De qualquer forma, você foi muito corajoso hoje. — Obrigado, mas acho que é o que qualquer pessoa faria no meu lugar. — Disse ele — Mas fico feliz que tenha sido eu quem ajudou a trazer minha princesa ao mundo. — Jacob virou-se na minha direção, e pude perceber que rangia os dentes, e ao olhar para Brian, notei que estava com os punhos fechados. Era obvio que eles não se suportavam, e que estavam se tratando com cordialidade apenas por causa de mim e da Deborah. — Eu trouxe um presente para a minha princesinha. — Disse ele, e alcançou-me um pacote enfeitado com ursinhos.

— Você poderia segurá-la para mim. — Pedi, e os dois deram um passo à frente, pois eu não havia me referido a nenhum deles especificamente. — Claro que sim. — Jacob foi mais rápido e logo Deborah já estava aninhada em seus braços. — Eu vou... bem, tenho alguns pacientes agora. — Disse Brian — Mais tarde retorno para vê-las. — Ele apertou minha mão e sorriu fracamente. — Tudo bem, obrigada. — Apertei sua mão de volta. Naquele momento, confesso que minha cabeça não estava mais aquela confusão de sentimentos loucos. Agora eu sabia a quem eu amava de verdade, e era Deborah. Ela era a minha prioridade e escolher entre Jacob ou Brian estava muito longe de meus pensamentos por hora. Abri o pequeno embrulho e tirei de lá um casaquinho de tricô cor de rosa com detalhes em bolinhas peroladas. Dentro da sacolinha havia uma zebra de pelúcia, que me fez lembrar de uma foto que vi de Jacob ainda criança com uma igual, e aquilo me fez chorar. — É linda, Jacob. — Limpei as lágrimas com o canto das mãos — É parecida com a sua. — É igual, na verdade — Disse ele — Lembrei que meu pai já havia me trazido nessa casa do Kansas há muitos anos. Fomos

ao parque que tem no centro e lá ele comprou a zebra de pelúcia para mim... eu o chamava de Stefano e sempre que me sentia só, conversava com ele, mas quando minha mãe partiu... — Ele baixou os olhos — Ele é quem me fazia companhia... só que alguns anos depois, num acesso de raiva joguei ele no lixo... — Ele parou por alguns instantes e sorriu, mudando de tom — bem resumindo o dramalhão, gostaria que Deborah tivesse um igual, para quando eu não estiver por perto, ela sentir que estou. Então fui no parque, e para minha sorte, a máquina estava lá ainda, e depois de alguns dólares, finalmente peguei o ursinho certo. — Como assim, quando não estiver por perto? — Questionei — Você ainda está com essa ideia de partir? — Não, mas tenho que ir em uma semana para Salina, e devo ficar fora por uns dias. — Salina? — Sim, tenho uma prova para fazer... para minha pósgraduação. Com suas palavras, Deborah começou a chorar em seu colo, e por incrível que pareça, seu choro me pareceu de fome. — Acho que ela está com fome. — Eu disse e ele me trouxe ela. — Então, pensei que você já tivesse concluído a pós. — Acomodei Deborah em meu braço e coloquei meu seio para fora, para alimentá-la.

— Eu... — Vi que ele olhava fixamente para meus seios. Certas coisas, creio que nunca mudariam. — Jacob, meus olhos são aqui. — Meg, desculpa... não pude evitar porque... wow... — Acabei rindo de seu embaraço. — Tudo bem, Jacob. Não seria você se não olhasse para belos peitos. Ele franziu a testa. — Mas eu mudei... eu penso diferente agora... — Não vamos falar sobre isso agora, certo? — Disse séria. — Tudo bem. — Me diga sobre a pós-graduação; pensei que já tivesse concluído. — Não de verdade. Eu colei, comprei e trapaceei... quero fazer a coisa certa agora. — O John vai pagar a faculdade? — Não. Ela é pública, só vou entrar se passar na prova. — Wow, você está diferente mesmo. — Disse, encarando-o. — Me sinto diferente... me sinto muito melhor do que a meses atrás.

Será que eu poderia confiar nesse homem de novo? Quando nos reencontramos no ano anterior no Texas, ele havia me seduzido de todas as formas possíveis e parecia um homem diferente do menino que eu havia conhecido na faculdade. Agora ele parecia diferente também, a única diferença era a bagagem pesada que ficava entre nós. As duas mulheres em sua cama era algo que não sabia se poderia esquecer; e tinha Brian também, que era um cara incrível pelo qual eu nutria uma espécie de amor diferente. — Seus pais vão ficar com você quando voltar para a casa? — Perguntou ele, despertando-me dos meus devaneios. — Não... mamãe e papai estão viajando e voltarão apenas em duas semanas, que é quando achamos que seria o parto. — Você vai ficar sozinha? — Não, Brian poderá ficar conosco. — Mas o cara trabalha doze horas por dia, e as vezes até mais. — Disse ele, e sentou-se na borda da cama — Eu vou ficar com vocês. — Mas você disse que precisa viajar para a prova. — Sim, mas até lá pensarei no que fazer. — Acho que me viro muito bem sozinha. — Nada disso — Disse Brian, entrando no quarto. — Fico

com vocês quando Jacob viajar. — Eu não acho essa uma boa ideia, amigo. — Disse Jacob, levantando-se e encarando Brian. — Quem tem que decidir é a Megan. — E então Megan? Os dois ficaram me encarando, aguardando uma resposta. — Ficar sozinha não é uma opção, certo? — NÃO! — Ambos disseram em uníssono. Mordi o lábio para não rir. — Tudo bem então, eu fico com os dois... cada um em cada semana.... Até que meus pais cheguem. — Os dois se entreolharam e eu sabia que seriam os dias mais longos da minha vida.

Capítulo 16

As vezes, rir de nossos próprios problemas e dramas é o melhor remédio.

Por isso me encontrava aqui, com catorze dias pela frente, com dois homens. Cômico não? Isso era apenas até que meus pais chegassem, e então eu iria declarar a eles a minha decisão. Megan L.

Megan Gillies

Estava tomandoum banho e tirando todo aquele grude do leite de cima de mim. Jacob já havia chegado para ajudar com Deborah, e por isso finalmente consegui tomar um banho e me sentir mais gente. Após me vestir, fui até o quartinho de dormir e vi que Deborah dormia tranquilamente em seu berço tendo ao seu lado a zebra de pelúcia que seu pai lhe deu. Desci as escadas e senti um cheiro delicioso, que fez meu estômago roncar de fome, e curiosa, fui a passos rápidos até a cozinha. Qual foi a minha surpresa ao ver em cima da bancada uma bagunça enorme: farinha, leite, ovos e tudo o mais espalhados em cima da bancada... mas na verdade, o que mais me impressionou foi ver Jacob virando panquecas na frigideira. — O que está acontecendo aqui? — Questionei a ele, de

braços cruzados no peito. Ele se virou na minha direção, e tinha farinha no seu cabelo e no seu rosto — Eu estou cozinhando. — Encarou-me dos pés à cabeça, e seus olhos demoraram-se no meu decote, e em seguida encaroume nos olhos e disse: — Porra Megan! Poderia colocar um casaco? Assim eu vou acabar queimando seu café da manhã... — ele balançou a cabeça e voltou a se concentrar nas panquecas. — Desde quando você cozinha? — Perguntei, ignorando seu comentário sobre me cobrir com um casaco. — Desde hoje. — Ele apontou um livro que estava na bancada; “Cozinha para iniciantes”. — Logan me deu esse livro quando veio aqui, dizendo que eu não poderia viver apenas de congelados; mas como eu chegava cansado em casa, preferi continuar com os congelados e nunca cheguei a cozinhar. — Sabe, temos muitos congelados no freezer. — Eu disse. —

Não

vou

deixar

você

comer

aquela

porcaria

industrializada. — Resmungou ele. — Bem, nesse caso... você cozinha e eu limpo essa bagunça. — Ele tirou outra panqueca da frigideira e a colocou sobre uma pilha de outras panquecas, desligando o fogão e vindo em minha direção. — Nada disso! — Ele me empurrou até uma cadeira — Você vai ficar sentadinha aqui! Você deu à luz há cinco dias e não vai

fazer exatamente nada. — Jacob, eu estou ótima. Não sou uma inválida — Tentei levantar, mas ele me empurrou de volta para a cadeira. — Megan, preste atenção — Disse ele, sério — Eu estou tentado a não respeitar a quarentena e te jogar na cama mais próxima e devorar cada pedacinho de você — Engoli em seco e ele prosseguiu — Ficar assim perto de você sem poder te tocar é muito difícil para mim, então me deixe usar essa energia extra com outras coisas, tudo bem? — Você não seria capaz de me agarrar contra a minha vontade... — Disse num sussurro. — E quem disse que seria contra a sua vontade? — Abri a boca mas nada saiu... Jacob tinha esse poder de me desestabilizar completamente apenas com um olhar, o que era algo que impossível de controlar — Muito bem, agora vou terminar as panquecas e depois de comermos, limparei essa bagunça, colocarei as roupas na lavadora e vou cortar a grama. — Você está completamente louco. — Louco para jogar você na cama mais próxima, mesmo contra a sua vontade... que eu sei que seria com vontade depois de você resistir por alguns minutos — Ele voltou para as panquecas e prosseguiu — E eu sei que seria delicioso para ambos, mas sei que isso estragaria toda uma chance de

recomeçarmos uma vida juntos Meg, então estou tentando fazer a coisa certa dessa vez, e para isso temos que conversar e não fazer sexo. — Você me surpreende mais a cada dia, Jacob Lennox... mas me pergunto se essa mudança é verdadeira? Desculpe-me, mas depois de ser enganada duas vezes fiquei um pouco cética. — Eu te entendo, Megan... mas não me culpe de ter esperanças de um dia termos um relacionamento saudável e maduro. Ficamos em um silêncio longo, até que fui até o telefone para ligar para a minha mãe. Conversamos sobre tudo ela disse que viria o mais rápido possível pois estava louca para conhecer a neta. Após uma longa conversa, voltei até a cozinha e a mesa estava posta com waffles, panquecas, torradas e frutas, e Jacob estava levando a jarra de suco de laranja. — Quem é você e o que fez com Jacob Lennox? — Perguntei depois dele ter puxado a cadeira para que eu me sentasse. Nós dois já havíamos ido a vários restaurantes antes e ele nunca tinha feito aquele gesto cavalheiresco. — Apenas sente e coma. — Ordenou. — Ah, ai está o Jacob Lennox que eu conheço! — Ele sorriu e sentou-se em minha frente.

— Meg, eu mudei, só não completamente. Estou tentando excluir apenas as partes ruins e deixar as boas. — Começamos a comer e fiquei encarando-o. — Partes boas? Hm.... não lembro de nenhuma. — Provoquei-o por achar que o clima tinha ficado pesado e resolvi aliviar o clima com uma brincadeira. — O sexo, por exemplo, continua muito bom. — Ele disse com um sorriso torto. — E quem disse que era bom? Eu diria mediano... — Ele me encarou e semicerrou os olhos. — Relaxe, estou só brincando. — Disse aos risos — Você está tão sério, só queria relaxar as coisas um pouco. — Você quase me fez demonstrar a você o quanto é bom! — Ele falou e piscou o olho para mim. — Bem, vejo que o jeito cafajeste ainda está ai... — Esse é o meu charme, não? — Sorriu — Posso ainda ter o jeito cafajeste, mas não sou um. — Se você diz... — Terminei de tomar o suco e escutei o choro de Deborah na babá eletrônica — Acho que é hora de alimentar alguém. Levantei-me da mesa e fui em direção as escadas. Ao subir, troquei a fralda de Deborah e a alimentei. A amamentação me

deixou exausta, então resolvi tirar um cochilo; mas antes desci para me hidratar. Ao chegar no andar inferior, vi que a cozinha já estava completamente limpa e escutei o som do cortador de grama lá fora. Servi um copo de limonada e fui lá fora. Foi como da outra vez em que o vi cortando a grama, com a diferença que agora eu o via de outra forma, com outros olhos. Uma pontinha de medo ainda existia em meu coração. Será que poderia confiar nele? Será que sua mudança como homem fora mesmo verdadeira? — Meg? O que você está fazendo parada nesse sol quente? — Ele veio em minha direção, sem camisa e o suor escorria pelo seu abdômen perfeito. Foco Megan! Carência é uma coisa filha da puta... para decidir o que faria, teria que focar nos sentimentos e não na carne. Na verdade, lá no fundo, eu já tinha tomado a minha decisão, mas nem ao menos eu sabia disso. — Eu vou cochilar e te trouxe uma limonada. — Inclinei o copo na sua direção. — Obrigado. — Ele secou o copo de limonada em menos de 30 segundos. — Vá descansar que a noite farei uma lasanha. — Encarei-o cética — É sério, agora suma da minha vista! — Revirei os olhos e me virei para entrar dentro da casa, mas ao virar, ele deu um tapa forte no meu traseiro. — Jacob! — Censurei-o.

— Desculpe princesa, não consegui me conter. — Disse ele, fazendo aquela expressão safada que me desarmava sempre que eu iria brigar com ele. — Vá cortar a grama, Jacob. — Tentei parecer furiosa mas não consegui, entrando rapidamente em casa. De volta ao andar superior, peguei Deborah no berço e a levei para a cama comigo, e em poucos minutos adormeci. Ao despertar, vi que já deveria ser quase hora do almoço, pois eu estava com fome de novo. Fui no banheiro fazer minha higiene, já que havia alimentado Deborah entre uma soneca e outra, e ao sair no corredor, rumo a cozinha, colidi com um peitoral desnudo e forte. — Meg! — Jake! — Me afastei dele, atordoada. — O que você está fazendo molhado? E pelado? — Me afastei e notei que ele estava apenas com uma toalha enrolada na cintura; seus cabelos pingavam e as gotas de água passeavam pelo seu peitoral. — Droga Jacob, você me assustou! — Afastei-me, sentindo que aquela semana seria mais longa do que eu imaginava. Após uma semana com Jacob cozinhando para nós, cortando a grama sem camisa, desfilando por ai de toalha, trocando as fraldas de Deborah, dando banho, cuidando dela... cuidando de nós... chegou finalmente o dia em que ele partiria para Salina.

— Deus, eu vou morrer de saudades de você minha princesinha! — Disse ele para Deborah, que com sua mãozinha agarrava um de seus dedos — Mas o papai volta logo, viu? Eu estou fazendo isso para dar um bom exemplo para a minha garota. — Ele certamente não tinha percebido minha presença, já que eu escutava o papo pai e filha escondidinha. — Ou melhor dizendo, as minhas garotas. — Deborah olhava encantada para ele, como se compreendesse cada palavra que ele dizia, que suspirou e prosseguiu. — O papai ama muito você e ama muito a sua mãe, então cuide bem dela. Vocês são os meus maiores tesouros e eu prometo que volto em uma semana para vocês... e prometo que se sua mamãe me aceitar de novo, eu nunca mais irei magoá-la. — Ele acariciou sua cabecinha e beijou sua testa — Papai foi um grande tolo ao magoar uma mulher tão maravilhosa quanto a sua mãe, e não imagina mais a vida dele sem vocês duas... fique com Deus, Deb... minha princesa, prometo ser um homem melhor para a minha princesinha e a minha rainha... Fui para o corredor e me apoiei contra a parede, e uma lágrima solitária escapou dos meus olhos. Logo senti a presença de Jacob ao meu lado. — Meg, você está bem? — Perguntou preocupado, então abri meus olhos e o encarei, que estava com os olhos vermelhos de chorar.

— Sim Jake, eu estou bem sim. — Disse encarando-o. — Que bom, eu... vou indo então Meg; fiquem bem. — Ele beijou minha bochecha e se afastou. Fiquei contra a parede do corredor ainda por mais alguns minutos, e então desci correndo as escadas, encontrando Jacob que já estava entrando no taxi. — Jacob! Espera! — Gritei, e ele se virou na minha direção. — Meg, está tudo bem? Por que você está chorando? — Me joguei em seus braços. Naquele momento, palavras não eram necessárias.... beijei sua boca e ele enlaçou minha cintura erguendo-me no ar, minhas lágrimas se misturando as dele, nossos lábios deram um beijo desesperado e doloroso. Quando me afastei dele, disse: — Volte logo. — Virei as costas e caminhei em direção a casa. — Meg, o que isso significa? — Perguntou ele, e girei nos calcanhares e o encarei. — Essa sou eu, te dando a terceira e última chance... — Mesmo com o medo crescente dentro de mim, em meu coração, eu sabia que havia tomado a decisão certa... E agora eu teria que fazer uma coisa muito, mas muito difícil: conversar com Brian. Eu sabia que ele merecia muito mais do que um amor como o que eu sentia por ele; ele merecia ser amado por completo, e eu sabia que ele encontraria uma mulher que o amasse de corpo e alma.

A decisão que tomei não fora racional; não coloquei os prós e os contras em uma lista, não coloquei os erros e acertos em uma balança... nada disso... aquilo foi emoção e coração. Fiz o que minha alma mandou, fiz o que meu coração exigiu.

Viver a vida com medo de se arriscar é o mesmo que não viver. Mesmo com medo, devemos nos jogar de cara, seguir nosso coração, e se no final quebrarmos a cara, isso nos servirá de aprendizado. Megan L.

Capítulo 17

Por mais dolorosa que seja a verdade, ela é justa. Antes uma amarga verdade do que uma doce mentira. Megan L.

Megan Gillies

Não demorou muito para que Brian surgisse em minha casa, logo após a saída de Jacob. Ele chegou no momento exato em que eu estava preparando Meatloaf - prato favorito de Brian — para o almoço. Eu o coloquei no forno e quando virei-me em direção a porta, visualizei sua silhueta na sala de estar, que certamente havia acabado de chegar. Sequei minhas mãos em um pano de prato e suspirei pesadamente. Precisava conversar com ele, e não poderia adiar aquilo, mesmo sabendo o quão doloroso seria, não apenas para ele, mas para mim também. Por mais que pudesse não parecer, eu o amava e sentiria sua falta quando ele partisse. — Brian, oi … — Entrei na sala e o encontrei servindo-se de uma dose de uísque; o que achei ligeiramente estranho, já que ele normalmente não bebia durante o almoço. Isso significa que ele estava preocupado com algo ou que já desconfiava da conversa que teríamos. — Meg — Ele girou nos calcanhares e me fitou. Brian parecia cansado, era como se tivessem passados cinco anos

desde a última vez que nos vimos — Como você está? — Perguntou antes de virar a dose de uísque com um só gole. — Eu estou bem, tentando me adaptar... — Fiquei torcendo o pano de prato em minhas mãos, pensando que por minha culta, iria magoá-lo e em quão monstruosa eu sou, o quão egoísta eu fui — Eu gostaria de conversar com você. Ele baixou o olhar, seguindo até o pequeno bar e servindose de mais uma dose de uísque. Após o liquido âmbar descer pela sua garganta, ele me encarou e sentou-se no sofá. — Por favor Meg, sente-se… — Pediu — Sabe, na verdade, eu já estava esperando por isso. — Ele me encarou e deu tapinhas no estofado do sofá ao seu lado — Venha, sente-se aqui… tem algo que preciso te contar também e isso pode facilitar as coisas um pouco — Ele deu um sorriso triste e sentei-me a sua frente. — Brian… eu… — Ele ergueu uma mão. — Por favor, não fale — Pediu com o olhar sofrido — Eu sei exatamente o que você vai me dizer, e é doloroso. — Ele suspirou — Vai ser mais doloroso se você colocar seus sentimentos em palavras, então deixe-me facilitar as coisas para você, tudo bem? — Mas por que você quer facilitar as coisas para mim, se eu sou uma pessoa terrível? — Indaguei nervosa e com lágrimas nos olhos — Eu dei esperanças para você… eu acreditei que fosse possível… eu… — Ele pousou dois dedos nos meus lábios,

fazendo com que eu me calasse. — Shiiu.… Meg, meu amor... você sabe o quanto dói vê-la com essa expressão de tristeza no rosto? — Ele acariciou meu rosto — Você não tem culpa de nada... — Mas… — Eu entrei nessa já sabendo que tinha 90% de chances de sair perdedor no final, e quer saber de uma coisa? — O quê? — Eu faria tudo de novo, tudo para ter momentos felizes ao seu lado — Ele suspirou, e meu coração apertou-se no peito — Essas lembranças, ninguém poderá arrancar de mim… meu objetivo final era fazer você feliz, e se você vai ser feliz com o pai da sua filha, que seja. — Ele sorriu — Sabe o que é mais engraçado… — O quê? — Perguntei, limpando as lágrimas com o canto das mãos. — Quando minha mãe dizia que “Quando Deus fecha uma porta, ele abre uma janela”. Bem, nunca acreditei nisso, pensava ser algo que as pessoas diziam apenas para confortar umas às outras, mas é a mais pura verdade. — O que você quer dizer com isso? — Lembra que eu mencionei meu sonho em ser o chefe da

pediatria? — Sim! Você conseguiu? — Perguntei empolgada. — Consegui! — Pulei em seus braços. Sabia o quanto Brian sonhara com isso; o quanto ele havia lutado. — Parabéns! Você mais do que ninguém, merece isso. — Sorri — Então a Lila vai sair da chefia? — Questionei. Lila era a chefe da pediatria do hospital central do Kansas há muitos anos, e certamente havia recebido uma merecida promoção e com isso resultou na promoção do Brian. — Não… na verdade eu fui convidado a ser o chefe da pediatria em Chicago. — Disse com um sorriso aberto. — Você vai embora? — Questionei. Na verdade, eu sabia que seria o melhor, mesmo internamente já morrendo de saudades dele. Sabia que seria impossível que convivêssemos, pois tinha ciência dos sentimentos dele por mim, e provavelmente, tudo o que necessitávamos era de um tempo afastados, e quem sabe um dia pudéssemos ser amigos. — Sim, eu vou... preciso assumir na segunda-feira. — Ele levantou-se de repente. — Eu vou embora agora, a Katielly está vindo ajudar você. — Então, é o nosso adeus? — Questionei. — Sim, Meg.... esse é o nosso adeus… ou digamos, um até

logo. — Ele pegou em minhas mãos e me encarou — Megan Gillies, eu amo você demais. Espero que você seja muito feliz ou eu voltarei para quebrar a cara daquele imbecil. — Ele fechou os olhos e uma lágrima solitária escapou de seus olhos, e meu rosto já estava lavado com lágrimas de dor e saudades. — Eu amo você também, Brian Lancaster… mas não o amor que você merece… tenho certeza que você encontrará uma mulher perfeita para você. — Ele aproximou nossos lábios e depositou ali um beijo casto. — Eu virei visitar Deborah assim que possível. — E nos abraçamos. — Venha mesmo, vou falar de você para ela. — Ele se afastou, ainda segurando minha mão. — Eu preciso mesmo ir… espero que dessa vez Jacob saiba a sorte que tem… — E então ele saiu, deixando-me naquela enorme sala, olhando para o nada.

Brian Lancaster jamais seria esquecido por mim. Eu sempre contaria à minha filha a história de nossas nuances de amor. Graças a Brian Lancaster eu aprendi a amar a mim mesma. Antes dele, eu não tinha amor próprio, e com ele aprendi a amar e me tornar uma pessoa melhor, para poder, quem sabe, ter um futuro

com o homem que dei uma chance para me amar. Megan L.

Uma semana depois... Meus pais jáhaviam retornado de sua longa viagem, Brian já havia partido para Chicago e Jacob já havia retornado às nossas vidas. Ele estava trabalhando no hospital pois havia terminado sua licença e ele resolveu voltar ao seu posto de faxineiro. Eu já me sentia muito melhor desde o parto, mas como ainda estava de quarentena, minha mãe insistia em ir me ver todos os dias no horário em que o Jacob trabalhava, e a noite, mesmo exausto, ele vinha para a casa e preparava nosso jantar. — O cheiro está delicioso, o que você está aprontando? — Perguntei depois de colocar Deborah no berço e sentar-me na bancada da cozinha. — Era para ser macarrão com queijo… — Era para ser? — Perguntei, rindo. — É... está ficando meio grudento isso aqui — Disse ele, mexendo a panela de macarrão.

— Deixe-me ajudar. — Saltei do balcão e passei por ele, pegando a colher em que ele mexia o macarrão. — Você deveria descansar e não trabalhar. — Disse ele atrás de mim, e seu hálito quente contra minha nuca causou-me arrepios. — Não seja bobo, não sou uma inválida. — Tentei me concentrar no macarrão, mas ele aproximou seu corpo ainda mais do meu, seu perfume inebriando-me os sentidos, e de repente tudo havia ficado muito quente ali. — Você cozinha muito bem — Ele pousou os lábios na minha nuca, causando um incêndio dentro de mim. Eu agora encontrava-me ofegante e cheia de fogo — Aliás, tudo o que você faz, faz muito bem… muito gostoso… — Senti sua ereção crescer contra meu traseiro e arfei. — Jacob… está quente… está pronto o macarrão. — Desliguei o fogo e virei-me de frente para ele. — Nós já vamos comer… eu apenas quero um aperitivo antes. — Agarrando minha nuca ele uniu nossos lábios em um beijo quente e intenso. Sua língua movia-se numa tortura lenta, fazendo amor com a minha. Me senti dolorosamente excitada, e o roçar de sua ereção contra minha pélvis me deixava maluca. Ele chupou meu lábio inferior e desceu seus lábios para o meu pescoço, fazendo sua barba roçar em minha pele, deixando-me quente, para então, abruptamente, se afastar, respirando com

dificuldade e encarando-me. — Vamos jantar? — Disse de repente. — Como assim? — Pisquei três vezes, ainda me apoiando na bancada para não cair. Não confiava em minhas pernas nesse momento. — Meg, eu a amo muito. — Disse ele, aproximando-se de novo — Quando fazermos amor novamente será perfeito, vou devorar cada centímetro de você, minha rainha. — Ele passou seus dedos longos e fortes em meus cabelos de novo, e seus olhos verdes mergulharam nos meus — Você será amada, venerada e adorada como nunca foi antes, mas não será nesse momento em que posso machucar você… — Deus ele estava se referindo a quarentena, eu havia me esquecido por completo! Jacob tinha esse dom de fazer com que eu esquecesse do mundo a fora. — Oh… verdade, eu me esqueci — Disse, enrubescendo. — Ei, eu também quase esqueci… — Ele me encarou, sorrindo — Faltou pouquíssimo para que eu a jogasse em cima da mesa e me banqueteasse da minha mulher… — Ele sorriu e pegou os pratos no armário. — Vamos jantar? — Claro, e Jacob... acho que talvez estejamos indo rápido demais nisso tudo. — Disse cautelosamente enquanto sentava a mesa. — Você diz no nosso relacionamento?

— Sim, acho que você não deve passar a noite aqui. Devíamos ir devagar, você entende? — Ele encarou-me e sorriu. — Claro, o que você propõe? — Alguns encontros para nos conhecermos melhor, sabe... como namorados. — Suspirei e como ele não disse nada prossegui — Eu sei que já passamos por essa fase, mas ainda não me sinto totalmente segura para deixar você entrar assim pela porta da frente e ficar. — Ele colocou sua mão sobre a minha e sorriu. — Meg, eu aceito tudo o que você puder oferecer. Quero fazer tudo certo dessa vez, se perder você de novo será a minha morte. — Falou ele com sinceridade. — Ótimo, alguns encontros então. — Sorri abertamente para ele e prosseguimos com nosso jantar. Então, após colocarmos a louça na máquina, Jacob despediu-se de mim com um beijo casto nos lábios. Internamente queria pedir para que ele ficasse, mas sabia que mandá-lo ir era o mais certo a ser feito.

Já era nosso quinto encontro, e desta vez o jantar foi em minha casa, pois minha mãe não pode tomar conta da Deborah para que saíssemos. Pedimos comida chinesa e estávamos sentados na sala em frente à TV, conversando descontraidamente sobre os trotes da faculdade. — Conte-me algo que você nunca contou a ninguém. — Disse para ele. — Da faculdade? — Questionou surpreso pela minha frase. — Não, me conte algo que ninguém sabe sobre a sua vida. Algo que nunca contou para mim. — Encarei-o com expectativa. — E o que ganho com isso? — Perguntou em tom de brincadeira. — Deixo você passar a noite conosco se você me contar. — Um sorriso iluminou seu rosto, ele coçou o queixo pensativo e disse. — Tudo bem. Antes de ir morar no Texas eu administrava a fazenda do Arizona. — O encarei cética e ele sorriu — Tudo bem, eu fingia administrar a fazenda do Arizona — Disse revirando os olhos — Enfim, Logan me tirou de lá pois houve um desfalque nas contas e centenas de dólares perdidos. Houve um tornado no leste do Colorado, e muitas pessoas perderam tudo o que tinha... então fiz uma doação anônima, e bem, isso quase levou a fazenda a falência, esse é o meu segredo.

— Mas isso não é exatamente um segredo, é algo incrível. O que você disse ao Logan? — Que eu havia perdido tudo no pôquer. — Falou indiferente. — E por que você fez isso? — Porque eu era um grande imbecil, queria manter minha reputação de idiota e não achei que fosse algo importante o que eu tinha feito. — Jacob Lennox. Você realmente era um grande idiota, mas fico muito feliz em saber que você, lá no fundo, sempre foi um cara bom. — Levantei-me e puxei sua mão. — Para onde você está me levando? — Perguntou ele sorrindo. — Para a minha cama, sou uma mulher de palavra. Jacob Lennox… se algum dia me dissessem que ele se transformaria em um cara maravilhoso, eu jamais acreditaria. Mas, será que se aparecesse alguém em seu caminho, ele cairia em tentação? Balancei a cabeça tirando esse “e se?” da minha cabeça e terminei de escovar os dentes após o jantar. — É tentador demais dormir de conchinha com você, Meg. — Eu te amo, Jacob.

— Eu também, minha rainha… e vou passar o resto dos meus dias provando a você que sou merecedor do seu amor... — Quem é esse Jacob? Tão romântico e... — E que está louco para comer você bem gostoso. — Disse ele, e mordiscou minha orelha. — Ah agora sim... já estava estranhando você. — Falei, rindo. — Agora confesse... eu fodo melhor que o doutorzinho, não é? — disse rindo. — Jacob! — Censurei-o, chocada com sua pergunta inesperada. — Estou brincando... mas se quiser responder. — Deu um sorriso maroto e dei um beijo estalado em seus lábios. — Será seu segredo nunca revelado. — Boa noite, Jacob. — Me virei e fechei os olhos, sorrindo. — Eu não tenho segredos. — Eu sei que sou melhor no sexo... — Murmurou ele. — Vá dormir seu chato. E em seguida adormecemos...

Capítulo 18

A construção de um relacionamento, por si só, não é algo fácil. Assim como quando construímos uma casa, leva-se muitos dias de trabalho árduo, requer dedicação total para depois de muito esforço visualizamos uma casa sólida e firme…assim também funciona com os relacionamentos. Agora

imaginem

o

quão

difícil

é

reconstruir

um

relacionamento abalado. É como se aquela casa, que você construiu com tanto amor e carinho fosse derrubada por um tornado ou destruída por um terremoto. Você precisa ser forte e juntar os cacos, jogar fora o que não presta mais, e tentar consertar o que ainda é válido. Assim começou minha reconstrução com o Jacob... eu sabia que não seria algo fácil, mas tinha confiança em meu companheiro, e que dessa vez, nem mesmo uma chuvinha iria abalar as nossas estruturas. Megan L.

Megan Gillies

Aquele era um dia “daqueles”. Deborah passou boa parte da noite chorando e com cólicas, fazendo com que dormisse apenas de manhã, enquanto Jacob ia para o trabalho. Amamentei-a na minha cama e logo depois nós duas adormecemos. Acordei algumas horas depois com o quarto estava ainda escurecido, já que não me dei o trabalho de abrir as venezianas. Espreguicei-me

na

cama

e

meu

estômago

roncou

alto,

lembrando-me de que eu ainda não havia tomado café da manhã e que já deveria ser hora do almoço. Ainda esticando-me na cama, me dei conta que não havia ninguém ao meu lado e assustei-me. Onde estaria Deborah? Levantei da cama rapidamente e assim que abri a porta do quarto escutei um cantarolar vindo do quarto dela… era o Jacob e ele estava cantando para ela. Mais uma vez, fiquei no vão da porta, como uma expectadora secreta daquela cena maravilhosa em que ele cantava e cantava… Isn't she lovely

Ela não é adorável?

Isn't she wonderful

Ela não é maravilhosa?

Isn't she precious

Ela não é preciosa?

Less than one minute old

Com menos de um minuto de idade

I never thought through love we'd be

Eu nunca pensei que através do amor

Making one as lovely as she

Faríamos alguém tão adorável quanto ela

But isn't she lovely made from love

Mas ela não é adorável feita de amor?

Isn't she pretty

Ela não é linda?

Truly the angel's best

Verdadeiramente o melhor dos anjos

Boy, I'm so happy

Cara, estou tão feliz

We have been heaven blessed

Nós fomos abençoados pelos céus

I can't believe what God has done

Não acredito no que Deus fez

through us He's given life to one

Através de nós Ele deu vida a alguém

But isn't she lovely made from love

Mas ela não é adorável feita de amor?

Isn’t she lovely (Stevie Wonder[4])

Jacob encarava Deborah com adoração e pude ver seus olhos marejados, e Deborah também o encarava, com inocência e amor. Fiquei tocada com aquela cena. Seria possível que um homem pudesse mudar tanto depois de ter um filho? Bem, acho que não há dúvidas disso. Um filho muda tudo, modifica nossos pensamentos e sentimentos. — Agora a minha adorável princesinha precisa dormir — Disse ele, beijando sua testa. Como se entendesse o que ele disse, ela piscou e foi fechando os olhos — Isso princesinha, descanse… quando você acordar, papai estará aqui… eu nunca vou abandonar você Deborah... — Ele fechou os olhos por alguns instantes, como se relembrasse de algo doloroso do passado — Eu amo você, linda. — Jacob a colocou no berço, e ela agarrou a orelha da zebra de pelúcia Jacob permaneceu em frente ao berço admirando-a, secando as lágrimas que escaparam de seus olhos. Entrei no quarto, pé ante pé, e parei ao seu lado. Nos encaramos, sorrindo num silêncio confortante, de mãos dadas, apenas admirando a perfeição da natureza, nosso milagre de Deus, nossa filha linda. — Ela é perfeita — Disse ele depois de um tempo — Sabe,

as vezes venho até aqui no meio da noite, apenas para ficar olhando para ela. — Pressionei sua mão e o puxei para fora do quarto. — Jacob Lennox, acho que nunca te amei tanto quanto eu te amo hoje. — Segurei em seu rosto — Nossa filha é linda e perfeita — Suspirei — e tem um pai amoroso e dedicado. — Eu nunca vou abandoná-la ou decepcioná-la. — Disse ele, convicto. — Eu sei que você nunca vai abandoná-la, e sei que fará o possível para nunca decepcioná-la... amo você ainda mais por isso — Uni nossos lábios em um beijo intenso, apaixonado, repleto de amor.

Naquele momento eu realmente percebi que minha mãe não tinha um coração... Como alguém tem a coragem de abandonar um filho da forma como ela fez, me ferindo ainda mais ao partir? Eu não consigo ver minha vida sem minha filha. Ela era parte de mim e não iria magoá-la nunca. Iria ama-la e dar-lhe amor para sempre. Jacob Lennox.

Jacob Lennox

Algumas

semanas

haviam

se

passado

e

meu

relacionamento com Megan melhorava ainda mais. Acabei conhecendo-a um pouco mais, notando detalhes que antes, com meu egocentrismo, eu não notava, coisas como a forma como seus lábios se moviam quando ela lia uma mensagem de texto no celular; seu sorriso divertido quando eu contava alguma piadinha; o gesto de enrolar uma mecha do cabelo quando estava nervosa; sua voz doce e melodiosa todas as vezes que cantava canções de ninar para Deborah ou o fato dela sempre desligar a torneira quando escovava os dentes e ficava furiosa quando eu não desligava. A cada vez, ela começava um discurso apaixonado sobre como ficaríamos sem água um dia — talvez nós não, ela dizia — mas nossos filhos e netos. Só a menção de mais filhos com ela soava como o paraíso para mim. Ela era tão encantadora, e nunca havia notado isso pois estava ocupado demais olhando para o meu próprio umbigo, e hoje não compreendia como cheguei a compará-la com minha mãe. Mãe... sem dúvidas essa palavra não se encaixa para ela. Pode ser chamada de mãe uma mulher que deixa seu filho aos prantos para fugir com o amante? Penso que

não. Mas voltando a minha grande admiração por Megan, ela é aquele tipo encantador que é impossível não amar. Não culpo o doutorzinho por amá-la tanto assim, culpo a mim por quase perdê-la. Só de pensar no fato de que agora ela poderia estar casada com ele, e não comigo, me mata um pouco. Por muito pouco, quase a perdi, mas não sei por qual loucura ela escolheu a mim e não o senhor perfeito. Afinal, quem escolhe um cara todo errado como eu se pode ter um cara perfeito como ele? — No que você está pensando? — Perguntou Megan atrás de mim, enquanto eu olhava pela janela a chuva torrencial caia lá fora, que fazia com que aquele cheiro gostoso de terra molhada adentrasse na casa, causando-me nostalgia das tardes em que passei em companhia do meu primo Logan e nossas travessuras. Peguei suas mãos que estavam espalmadas em meu peitoral e a trouxe para a minha frente, para um abraço. Encarei seus belos olhos claros e respondi: — Estava aqui perguntando-me que diabos você tem na cabeça para escolher a mim, se você tinha um cara perfeito? Não tem muita lógica nisso… Ela sorriu, e seus olhos se iluminaram. — Não há lógica quando se envolve amor…— Entrelacei meus dedos em seus cabelos e tomei sua boca na minha. Comecei

lentamente, roçando meus lábios nos seus, até que minha língua invadiu sua boca fazendo-a gemer. Suas mãos foram para minhas costas, por dentro da camisa, puxando-me para ela enquanto as minhas desceram por suas costas até chegar ao seu traseiro redondo e macio. Apertei sua carne e esfreguei minha ereção na sua pélvis. Deus, como eu a queria! Ela era como o oxigênio que eu necessitava! Senti tanta falta de tê-la em meus braços; tanto que quase havia esquecido de como nossos corpos se encaixavam com perfeição, de como fomos feitos um para o outro ou como eu ansiava por ela a cada vez que nos aproximávamos. Eu não preciso e não precisaria de mais nenhuma, eu só preciso dela. Eu necessito dela... para sempre. — Jacob… — Ela gemeu quando minha boca desceu até seu pescoço, provocando sua pele ali, arqueando as costas para trás. Megan agarrou meus cabelos, puxando-me para mais perto, e seu cheiro de rosas misturados a essência da sua pele me levaram a crer que estava no paraíso. — Megan…Oh Megan… tão perfeita… — Com uma das mãos comecei a acariciar seus seios farto por cima do sutiã. Nesse instante,

Deborah

começou

a

chorar

muito

alto,

nos

interrompendo daquele momento de puro tesão e nos trazendo de volta a realidade. Meg ainda estava na quarentena e sua consulta só aconteceria dali a poucos dias.

Nos afastamos ainda sem fôlego. Megan parecia ainda mais irresistível com os cabelos bagunçados, os lábios inchados e o rosto rubro de excitação. Eu estava com uma ereção monstruosa e dolorosa entre as pernas. — Eu… eu vou ver… — Ela se apoiava na parede e parecia estar desestabilizada, assim como eu —, Vou ver como ela está — Ela mordeu o lábio inferior quando seus olhos pousaram entre as minhas pernas, umedecendo os lábios com a ponta da língua, e a amaldiçoei internamente por isso, e a mim mesmo, por estar imaginando ela passeando com aquela língua em um lugar muito necessitado agora. — Você vai… — Vou tomar um banho… — Disse ofegante — Depois vou preparar nosso jantar… — Isso já vai acabar… — Não estou com pressa… por você, espero o tempo que for. Ela sorriu timidamente. — Eu estou com pressa — Disse encarando-me, fazendo-me sorrir com o canto dos lábios — E sei que você está também. — Nada que não seja tolerável de esperar. — Disse sinceramente. Era um homem diferente agora, era pai de família, tinha 29 anos afinal e já tinha maturidade o suficiente para saber me controlar.

—Em breve teremos uma noite perfeita — Ela se aproximou de mim, e na ponta dos pés, beijou meus lábios — Obrigado. — Encarei-a, confuso. — Pelo quê? — Indaguei. — Por se esforçar por nós… Cobri seus lábios com dois dedos, fazendo-a se calar. Nesse momento Deborah, que tinha parado de chorar, recomeçou a plenos pulmões. — Não é esforço… é um prazer — Beijei o canto dos seus lábios — agora vá antes que nossa filha acorde a vizinhança — Sorri torto, e quando ela virou, dei um belo de um tapa de mão cheia em seu traseiro. Ela resmungou algo que não compreendi e saí rindo, rumo ao meu banho gelado.

Megan Gillies

Sei que Jacob me garantiu que esperaria o tempo que fosse por mim, mas infelizmente, aquele temor que algo errado acontecesse ainda existia em meu interior. Havíamos voltado de minha consulta pós-parto, e infelizmente, o ginecologista disse que ainda havia um pequeno inchaço na área e que o melhor seria esperar por mais quinze dias antes de retornar em uma

consulta, pois certamente eu sentiria algum desconforto. Eu estava em ebulição e insisti a Jake que tentássemos, mas naquele momento, ele não era o Jacob de antes, e sim um homem diferente que se importava com o meu bem-estar. Antes, ele não se importaria se fizéssemos sexo e isso fosse me causar dor. Ofereci ainda para fazemos coisas para aliviar seu desejo, afinal minha língua e meus lábios estavam perfeitamente bem, mas ele insistiu que só queria ter esse contato quando eu estivesse pronta, e que nossa primeira vez desde o término seria inesquecível. Estava na contagem regressiva enquanto levava a Deborah para sua consulta de rotina com a pediatra. Faltavam nove dias para minha segunda consulta pós-parto, e meus sonhos com o Jacob estavam cada vez mais frequentes; e os amassos no sofá e nos corredores da casa não estavam ajudando. Após a consulta com a Dra. Katherine Grimmes que disse que estava tudo certo com a Deborah, e depois de marcar a consulta para o mês seguinte, Keira me interceptou no corredor: — Megan! Que linda a sua filha! — Ela aproximou-se da Deborah e deu um beijinho em sua testa — Ela é a cara do pai! — Disse ela, sorrindo. — Nem me fale. Carreguei-a por nove meses para nascer a cara do pai, frase clichê não é? — Sorri.

— Sim — Ela riu — Mas não deixa de ser verdade. Nós, mães, sempre passamos por isso. — Disse ela, pensativa — Mas eu queria te pedir um favor. — Sim? — Uma moça vai começar a cursar residência aqui e precisa de um armário, e como você não irá mais usar o armário do vestiário, pensei que ela poderia usar seu antigo armário. — Claro. A chave está aqui comigo, mas tem alguns pertences meus lá dentro. Vou buscar e já te entrego a chave. Se importa em ficar com ela? — Perguntei, inclinando Deborah para que ela a segurasse. — De jeito nenhum — Ela pegou Deborah nos braços — Ela é tão linda e o vestiário não é nada seguro quanto as bactérias. Não esqueça de passar o álcool nas mãos quando sair. — Pode deixar, volto já. — Deixei ela e Deborah e fui até o vestiário para esvaziar meu armário. Na verdade, estava louca de fome e queria voltar para a casa para comer. Ao entrar no vestiário vi que ele estava vazio, mas escutei vozes abafadas vindo do banheiro e reconheci a voz do Jacob e uma voz feminina que não reconheci. Sem conseguir controlar minha curiosidade, e sentindo o medo se alastrando por cada célula do meu corpo, me aproximei até estar em um lugar seguro para que não me vissem, mas eu conseguisse vê-los sem ser

descoberta. — Eu já disse que não, garota! — Disse ele, irritado — Porra, por que parece que todo mundo quer me ferrar? Não me encha a paciência. — Mas ninguém iria descobrir… vamos lá, Jacob. Sei que você me quer… — Ela tentou se aproximar e ele se afastou, encarando-a com fúria. — Sabe senhorita Lafayette, se fosse a algum tempo antes, eu com toda a certeza seria idiota o suficiente para fazer com você exatamente o que você quer — Ela sorriu — eu era um cara vazio que fazia coisas estúpidas para me sentir bem comigo mesmo, mas depois que realizava tal ato, só me sentia ainda mais sozinho... e daí ia lá e fazia tudo de novo, só para ter a sensação momentânea de que era amado, mas tudo não passava de ilusão. — Ele suspirou — Você é uma garota bonita, é enfermeira… sei que vai encontrar um cara legal. Ficar se oferecendo para mim, um cara que é comprometido, é feio demais. — Você é gay, só pode ser! Ninguém me recusa… — Disse ela, que parecia ultrajada. — Se respeitar a mulher que eu amo se chama ser gay, então me tornei um gay e tenho orgulho disso. — Ele pegou o esfregão e começou a caminhar em direção a saída, e me encolhi toda para que ele não me enxergasse.

— Sabe, isso não vai ficar assim! Vou contar para todos que você me assediou e com a sua reputação, todos vão acreditar em mim… afinal logo que entrou aqui para procurar emprego você deu em cima da Keira. — Aquilo foi um erro de um cara estúpido, e eu não sou mais esse cara. — Ele disse e continuou se afastando. — Você vai ser demitido, assédio sexual é crime! — Disse ela, sem mais argumentos. Ele girou nos calcanhares e a encarou. — Faça o que você quiser, ao menos a minha consciência estará tranquila. Passar bem! — Ele se retirou, deixando a nós duas sozinhas; e eu não sabia se ria ou se chorava. Se havia mais alguma dúvida de que Jacob havia mudado, ela havia se dissipado para sempre. A tal garota ficou resmungando e me aproximei dela. — Senhorita Lafayette, certo? — Perguntei. — Sim, e você quem é? — Perguntou com um ar superior. — Meu nome é Megan Lennox, sou mulher do Jacob… — Ela abriu a boca em espanto, mas logo disfarçou. — Em que posso ajudar? — Perguntou com um sorriso cínico nos lábios. — Pode começar parando de se oferecer para o meu homem

e de chantageá-lo só para leva-lo para a cama. — Ela não teve como disfarçar o choque. — Sim, eu escutei tudo e gravei no celular — Menti — Posso fazer com que você perca o emprego e a reputação — Encarei-a dos pés à cabeça — Se é que você tem alguma. — Me desculpe senhora Lennox eu… — Vá arrumar seu próprio homem, garota. Pare de querer o dos outros, que coisa mais feia isso… você é tão incapaz de conseguir algo só seu? É sempre necessário pegar o que não te pertence? — Eu... — Já chega, tenho que ir — Abri meu armário e retirei alguns pertences que ali estavam — Minha filha me espera. — Eu não vou mais… — Chega, senhorita Lafayette. Guarde suas desculpas para quem está interessado em ouvi-las... mas saiba que se pegar você dando em cima do meu marido de novo, contarei a todas as garotas do hospital o tipinho de gente que você é. Orgulhosa de mim mesma e de Jacob, fui para a casa sorrindo feito boba e torcendo para que aqueles malditos dias de abstinência sexual acabassem logo.

Capítulo 19

Definição

de

amor:

é

um sentimento

de

carinho

e

demonstrações de afeto que se desenvolve entre seres que possuem a capacidade de o demonstrar. Bem, isso é o que diz o dicionário. Um sábio poeta disse que “Amor é um marco eterno, dominante, Que encara a tempestade com bravura; É astro que norteia a vela errante, Cujo Amor

valor não

se

teme

ignora, o



tempo,

na muito

altura. embora

Seu alfanje não poupe a mocidade; Amor não se transforma de hora em hora, Antes se afirma para a eternidade.” (William Shakespeare) Mas, acredito eu, que nada e nem ninguém pode definir o amor. Ele não pode ser explicado, contado ou mostrado (figurativamente). Não, nada disso. O amor é sentido, ele toma

conta de todo o nosso corpo e alma, não é algo que foi feito para a lógica. Megan L.

Megan Gillies

Finalmente havia chegado o grande dia da minha consulta. Confesso que estava muito ansiosa em quebrar a nossa abstinência sexual, ou pelo menos aliviar sua tensão com a minha boca, mas ele não permitia, alegando que nossa nova primeira vez seria especial e ele queria esperar. Após um exaustivo dia em que me consultei e cuidei da casa e da minha filha, estava finalmente a caminho do hospital para me encontrar com Jacob. Ele iria me levar para jantar em um lugar especial e eu estava me corroendo de tanta ansiedade. Deborah foi passar algumas horas com minha mãe, pois já usava a mamadeira. Infelizmente ela não mamava mais, o que no começo foi bem doloroso e triste para mim pois aquele momento lindo da amamentação era algo só nosso, em que ficávamos nos amando muito só com o olhar.

Havia começado a tomar anticoncepcional há duas semanas e meu leite havia finalmente secado, o que era bom, já que eu não sentia aquelas dores terríveis neles empedrando. Estacionei o carro em frente à entrada principal do hospital e caminhei a passos largos até a recepção, onde havia combinado de encontrar Jake. Sentia-me como uma adolescente em seu primeiro encontro, ou talvez prestes a ir ao seu baile de formatura do colegial para perder sua virgindade no fim da noite. — Megan. — Bart veio sorrindo em minha direção. — Bart, oi… quanto tempo! — Sorri calorosamente para ele. Gostava muito do Bart e sua família, e sabia o quanto ele ajudou na mudança de Jacob. — Como está a Angelita? E as crianças? — Angie está muito bem, obrigado — Disse ele, com um brilho no olhar. Reconhecia o amor entre eles cada vez que aquele brilho surgia em seus olhos ao falar de sua Angie, como ele carinhosamente a chamava. — E quanto as crianças, estão crescendo rápido demais para o meu gosto. Alejandro agora só quer saber de meninas. — Comentou, revirando os olhos. — Ah Bart, é normal… ainda mais agora que ele completou doze anos, e está com os hormônios em ebulição — Fiquei pensativa por alguns minutos, imaginando como seria quando Deborah completasse doze anos. Sempre tive o costume de imaginar o futuro... que tipo de menina ela seria com doze anos?

— Ah, isso é verdade — Disse ele, despertando-me — Mas por sorte vocês tiveram uma menina, que tendem a ser mais tranquilas. Por falar nisso, como está a pequena Pocahontas? — Pocahontas? — Sim, é assim que o babão do Jacob a chama… disse que ela será muito valente quando crescer, assim como você. — Ele disse isso? — Não consegui conter a emoção em minha voz. — Sim, ele é um bom homem… na verdade sempre foi, só não sabia disso… — Por falar nisso, eu vim procurar ele, você sabe onde ele está? — Perguntei, olhando a nossa volta. — Ele saiu mais cedo e foi para a casa dele; pediu que você o encontrasse lá. — Ele sorriu, mostrando que guardava algum segredo travesso de Jacob. — O que você está escondendo Bart? — Perguntei, brincalhona. — Vá até lá e descubra. — Disse sorrindo abertamente — Descobrirei! — Você não me respondeu, como está a Pocahontas? — Perguntou ele, quando eu já estava quase na porta.

— Está bem... quem sabe um dia sua família não vá lá em casa e jante conosco... unir nossos pestinhas juntos. — Acho meio difícil Alejandro ficar entusiasmado com a sua bebê — Disse ele, rindo — Adolescentes… sabe como é… mas vamos marcar sim. Agora vá, o meu amigo deve estar ansioso a sua espera. — Não precisa me expulsar, estou indo. — Sorri e corri para o carro. O que será que o Jacob estava aprontando? Cheguei rapidamente em frente a casa, observando que lá dentro havia uma fraca luz, como se fossem velas. Estacionei o carro, e encarei nervosamente meu reflexo no espelho retrovisor, alisando meu vestido antes de descer do carro. Caminhei hesitante até a varanda, vendo que a porta estava entreaberta. Ao empurrá-la, pude visualizar o hall de entrada e boa parte da sala de estar e haviam velas espalhadas por todos os cantos, o chão estava coberto por pétalas de rosas e uma música suave tocava. — Jake… — O chamei, entrando lentamente na casa, admirando a sala de visitas. Nas prateleiras estavam diversos porta-retratos com fotos minhas, fotos de Deborah e fotos de nós três juntos. Quem visse aquela sala diria que ali era o nosso lar. A lareira estava acesa e em cima dela, bem no centro estava um lindo quadro com uma foto de nós três, de uma tarde no parque onde havíamos pedido a uma senhora que tirasse uma foto

nossa, já que aquele momento parecia tão perfeito que deveria ser guardado na memória. — Megan… — Sua voz aveludada e firma soou atrás de mim. Girei nos calcanhares, tentando conter as lágrimas de emoção, mas fora um esforço em vão, já que ao encará-lo, Jacob estava de joelhos, com seus belos cabelos loiros presos a um rabo de cavalo, vestindo uma calça social preta e uma camisa branca aberta em seu peito e em sua mão jazia um delicado anel de ouro com uma pequena esmeralda. Meu coração batia forte em meu peito de tanta emoção e ele prosseguiu — Se tem uma coisa que eu aprendi nos últimos meses é o que realmente tem valor nessa vida, não é o dinheiro e nem posses materiais… o que realmente tem valor nessa vida são as pessoas que amamos, os pequenos momentos que passamos ao lado dessas pessoas, o carinho, o amor,

o

sorriso...

enfim,

não

querendo

parecer

muito

piegas…quero que você saiba que é a mulher da minha vida e ela não fará sentido sem você… então, quer casar comigo, minha rainha? Apesar de todos os momentos que vivi nos últimos meses, com toda a certeza não estava preparada para isso, afinal conheço Jacob há muito tempo, e se me dissessem antes que ele me pediria em casamento com palavras lindas, eu riria de quem me dissesse isso. Me apoiei na mesinha do telefone, e lágrimas de emoção escorreram livremente por meu rosto. Ele levantou e encarou-me com uma expressão preocupada, e aproximou-se de

mim a passos lentos. — Meg…se você não estiver pronta eu… — Murmurou ele quando estava a dois passos de mim. — Sim! Sim! Mil vezes sim! — Pulei em seus braços, e entre risos e lágrimas, alcancei seus lábios e me perdi neles. Jacob me segurou, firmemente colada ao seu corpo, mantendo meus pés fora do chão, me fazendo flutuar. — Oh, minha rainha. Prometo fazer você feliz todos os dias da sua vida. — Sussurrou ele em meu ouvido — Eu a amo tanto, me perdoe por perder tanto tempo, me perdoe por ser tão idiota por tanto tempo… — Shhh… eu amo você Jacob. Vamos deixar o passado no passado, vamos começar uma nova vida…— Colada ao seu corpo, encarei profundamente nos olhos — Tudo bem? — Ele acenou com a cabeça e beijou meus lábios docemente. — Deixe-me colocar esse anel no seu dedo, futura senhora Lennox — Ele fez com que eu me sentasse e sentou-se ao meu lado, tirando da caixa o delicado anel dourado, que ele era simplesmente perfeito, parecia uma antiguidade ou alguma espécie de joia de família. Ele me lançou um sorriso nervoso e antes de colocar a joia em meu dedo disse: — Eu… pedi que meu pai me enviasse esse anel, é uma joia de família, e bem… — Ele baixou os olhos e logo o ergueu novamente — Se você não gostar, posso comprar outro logo que tiver o dinheiro, esse pode ser um

anel provisório e… — Hey, esse anel é perfeito! Não sei porquê você achou que eu iria querer qualquer outro que não esse — Ele sorriu e deslizou o anel em meu dedo, que coube perfeitamente — Viu, é perfeito. — Ele está na família Lennox a mais de 150 anos… achei que você não fosse gostar por ele ser um tanto simples e antigo. — Gosto de coisas antigas — Sorri para ele — Pense na quantidade de histórias que tem esse anel, histórias de amor que nos levaram até o dia de hoje… ele é perfeito, muito mais significativo do que qualquer anel comprado em qualquer joalheria. — Você é, sem dúvidas, a mulher mais espetacular que eu já conheci. — Disse ele, com um brilho de adoração no olhar. — Ele pertenceu a sua mãe? — Perguntei cuidadosamente. — Não, ela não quis usá-lo… fez com que meu pai comprasse outro para ela, um maior, de diamantes… — Ei — Peguei seu queixo entre meus dedos — Quem perdeu foi ela, que poderia ter uma vida maravilhosa, com um homem maravilhoso e um filho perfeito. — Eu não sou perfeito. — É perfeito para mim. — Ele tomou meus lábios nos seus com paixão, com uma das mãos se firmando em minha nuca e a

outra presa a minha cintura, levando-me para mais perto dele, e deixando seu corpo pendendo em cima do meu. Agarrei-me em seus cabelos e me recostei no estofado do sofá, puxando-o para ainda mais perto de mim, unindo nossos corpos e fazendo sua ereção roçar entre minhas pernas, me transformando em uma poça de sensações. Seus lábios desceram por meu pescoço e clavícula, e me contorci embaixo dele, soltando seus cabelos do pequeno rabo de cavalo. Ergui meus quadris em sua direção, tentando manter o contato que me dava tanto prazer. Ele parou para respirar um instante e gemi em protesto. Queria mantê-lo ali, preso a mim, beijando, lambendo e mordendo meu pescoço ou qualquer parte do meu corpo que ele quisesse desfrutar. — Eu planejava ser um cavalheiro essa noite e levar você para jantar antes… — Disse ofegante. — Eu não estou com fome. — Falei rapidamente. — Eu também não — Rosnou ele, que me ergueu em seu colo, subindo as escadas. Quando chegamos no quarto com uma grande cama de casal ele sussurrou em meu ouvido — Estou com outro tipo de fome, senhora Lennox. Jacob me colocou sobre a cama, devorando-me com seus olhos, e com o resquício de razão que ainda me restava retruquei. — Ainda não sou a senhora Lennox…

Ele sorriu torto e inclinou-se na minha direção. — É claro que você é… minha rainha. — Ele puxou meu lábio inferior com os dentes, causando-me uma onda de calor que percorreu todo o meu corpo, concentrando-se entre as minhas pernas. — Você sempre foi a senhora Lennox… era o nosso destino ficar juntos… eu sou todo seu e você é toda minha. Com isso, tudo o que saiu de meus lábios foi um gemido suplicante, que o fez voltar a beijar-me, com sua língua quente e macia percorrendo cada canto da minha boca, provocando minha língua e lábios. Suas mãos deslizaram por minha panturrilha e ele retirou meus sapatos, um a um, demorando-se em minhas pernas, massageando minha panturrilha e subindo por minha coxa, parando antes de me tocar em meu ponto sensível. Minhas mãos percorreram suas costas e puxavam seus cabelos enquanto ele me torturava lentamente com os lábios em meu pescoço, causando-me arrepios e ao mesmo tempo, alastrando chamas de puro calor por todo o meu corpo. Eu já estava úmida, pronta para ele, que não parecia ter pressa, continuando com sua tortura lenta. A seguir, despiu meu vestido lentamente, e a fricção do tecido contra minha pele parecia uma caricia suave, mas nada em comparado ao momento em que suas mãos chegaram até meus seios desnudos. Depois de despida, ele se afastou de mim, observando meu corpo com adoração. Por um instante me senti levemente tímida. Meu corpo não

era como antes, e muitas coisas haviam mudado após o parto; eu já não era mais a mulher curvilínea que esteve com ele a meses atrás. Ao encarar seu olhar escurecido pelo desejo, o brilho de malicia e a adoração em seus olhos, todas as minhas inibições desapareceram. Aquele homem realmente me amava, e tive certeza que algumas gordurinhas fora do lugar não iriam fazer com que ele me desejasse menos, e como para comprovar meu pensamento, ele pegou a minha mão e levou-a até sua ereção. Apertei-o entre meus dedos, sentindo a rigidez de seu membro enquanto ele encarava-me nos olhos e dizia: — Você tem me deixado enlouquecido por todos esses dias, está deliciosa demais… — Ele disse, quase como um sussurro. Seu hálito quente acariciou meus lábios enquanto ele falava — Não sabia que era possível você ficar ainda mais linda e irresistível, mas me enganei… sou o homem mais sortudo da terra! — Ele beijou meu pescoço e agarrei seus ombros para me firmar no momento em que ele inclinou seu corpo sobre o meu, tomando um dos meus seios entre seus dedos, provocando meu mamilo com o polegar; Arfei quando ele desceu com seus lábios por meu pescoço até alcançar os meus seios, encarando-me com luxuria antes de tomar meu mamilo rosado entre seus lábios. Arqueando as costas gemi, seu nome. Estava a ponto de convulsionar em um orgasmo avassalador apenas com o toque de seus lábios sobre meus seios. Ele mordeu, lambeu e circundou o mamilo com a ponta dos lábios e língua, provocando-me,

enlouquecendo-me, fazendo-me querer mais e mais dele. Seus lábios desceram sobre meu ventre, chegando perigosamente próximo de onde eu mais ansiava por ele, e entreabri ainda mais minhas pernas, afastando minhas coxas em um convite explicito de que o queria ali, dentro de mim. Jacob circundou meu umbigo com a língua, e ao chegar em minha calcinha de renda, ele cheirou minha carne. — Perfeita… — Ergui ainda mais meus quadris, pois queria que ele arrancasse logo aquela peça minúscula. Queria que ele tirasse logo suas roupas e ficássemos pele na pele. Apenas eu e ele, apenas um homem e uma mulher confirmando seu amor e sua paixão intensa. Quando pensei que ele iria me torturar ainda mais ao lamber minha pele ainda sobre a calcinha, ele me surpreendeu, arrebentando-a firmemente, reduzindo aquele minúsculo pedaço de renda a nada. — Jacob… — Arfei enquanto ele me encarou com paixão, desejo… com seus olhos verdes escurecidos pelo desejo intenso. Então ele passou a língua lentamente em minhas dobras úmidas, com sua língua circundando meu botão trêmulo e inchado. Agarrando-me

em

seus

cabelos,

senti

meu

corpo

todo

convulsionar e tremer em um orgasmo que me tirou a razão, e ele continuou investindo sua língua firmemente enquanto eu tremia em baixo dele, chamando, implorando por ele.

Depois que ele limpou-me e tomou tudo de mim com lábios e língua, ele se ergueu, arrancando sua camisa social por cima da cabeça, as calças e sapatos com uma velocidade admirável. Ficou ao pé da cama, imponente, exibindo seus músculos contraídos e o corpo levemente bronzeado pelo trabalho ao ar livre. Os cabelos, que iam até os ombros, davam-lhe um ar perigoso e irresistível, a barba por fazer o deixava ainda mais másculo... e seu membro ereto e grande entre suas pernas deixando-me mole. — Linda… — disse com admiração e jogou o peso do seu corpo por sobre o meu, pele contra pele. Seu corpo estava em chamas

e

fitou-me

profundamente,

transmitindo

todo

o

sentimento e o amor que fluía naquele momento mágico. Faríamos amor pela primeira vez, não apenas sexo, e iriamos afirmar nosso amor e nossa paixão naquele ato. Quando ele colou seus lábios nos meus, o acomodei entre as minhas pernas para que me empalasse com força, fazendo-me senti-lo me preenchendo por completo. Ele estremeceu em cima de mim, começando a mover-se languidamente, torturando-me no processo. Minhas mãos arranhavam suas costas largas e o seu cheiro de suor misturado ao de seu perfume masculino me inebriava os sentidos. — Eu amo você Megan... — Disse olhandome nos olhos, sem deixar de mover-se dentro de mim. — Eu também o amo Jacob...

— Então me perdoe se eu não conseguir aguentar muito mais... faz muito tempo, e você é demais... — Não consegui conter o riso. — Sempre poderemos fazer de novo — Disse apertando seu traseiro, trazendo-o para ainda mais fundo dentro de mim — E de novo, e de novo... — Ele sorriu. — Ah, com certeza... muitas vezes mais. — Ele começou a movimentar-se mais e mais rápido, criando uma fricção deliciosa de meus seios sobre seu peitoral. Gritei e gemi alto, e alcançamos o ápice juntos, agarrados um ao outro, estremecendo de desejo. — Não querendo quebrar o clima de romance, mas eu estou faminta. — Rolei por cima dele, após acalmarmos nossas respirações. — Bem, perdemos nossas reservas… mas sempre podemos pedir uma pizza. — Disse ele, sorrindo. — Eu amo pizza. — Falei animada. — E quem não ama? — Respondi a ele, que beijava minha testa carinhosamente — Pizza é como você, impossível alguém não te amar… — Vou considerar você me comparar com pizza um elogio. — Disse rindo enquanto procurava no guarda-roupa dele uma camiseta.

— É um elogio… — Meio brega, mas tudo bem… — Zombei dele, que riu alto — Mas me diga, por que você ainda não levou suas coisas para a minha casa? — Encontrei uma camiseta preta e a vesti, que ficou como um vestido curto em mim. — Porque a casa que você mora é alugada e você alugou com o Brian — Encarei-o — Hey, não estou julgando, só acho mais justo nós morarmos aqui, inclusive tenho uma surpresa para você. — Ele saltou da cama e vestiu a cueca, guiando-me em seguida pelo corredor até o quarto ao lado. Na porta estava escrito “Aqui dorme uma princesa chamada Deborah”. — Jake, o quê? — Entra logo... — Ele sorriu e me empurrou para dentro do quarto. Como ele havia feito aquele conto de fadas, eu jamais saberia. Pensei que o quarto de Deborah em minha casa era perfeito, mas nada se comparava ao berço com dossel e a tenda que se estendia sobre ele, que fazia o quarto parecer realmente com o de uma princesa, algo saído de um conto de fadas mágico e maravilhoso. Eu estava tocada e emocionada. — Mas como? — Eu ia embora para Salina e tinha um dinheiro extra guardado para me manter lá, mas como vou ficar, e agora tenho uma família para zelar, usei o dinheiro e trabalhei nessa casa...

— Por isso você tem chegado tão cansado em casa? — Ele acenou com a cabeça. — Então senhora Lennox, aceita morar com seu marido… — Ainda não casamos. — Provoquei-o. — Detalhes... detalhes... — Disse, revirando os olhos e abraçando-me. — Nada me faria mais feliz do que viver nesse palácio com você, meu rei. — Beijei seus lábios com doçura. Pedimos a pizza, e depois de comermos e fazer planos para o futuro, nos amamos uma vez mais antes de buscamos nossa princesa na casa da minha mãe... a nossa vida estava começando e seria linda.

Capítulo 20

As melhores coisas da vida não têm preço. O primeiro sorriso de um filho. Um bom dia acalorado de seu amor.

Uma tarde chuvosa namorando no sofá. Um “eu te amo” espontâneo e verdadeiro. Uma tarde com seus grandes amigos. Amar e ser amado. Eu me sinto imensamente feliz, me sinto completo e que não preciso de mais nada. Já tenho tudo o que amo ao meu lado. Nunca me senti assim antes em toda a minha vida. Era sempre uma alegria forçada, um riso fingido e palavras vazias. Sou muito grato por tudo o que tenho... não é uma vida de riquezas materiais, é uma vida plena com a maior das riquezas da terra: Amor. Jacob Lennox

Megan Gillies Seis meses depois...

— Então foi isso, pegaram ela no flagra e ela foi demitida. — Angelita falava sem parar sobre a demissão da promíscua senhorita Lafayette. Aparentemente, depois de fracassar em

seduzir o Jacob, o Bart, o Dr. Marcos, entre outros ela resolveu destruir a vida do Dr. Julian, já que ele foi o único que a usou, e no fim das contas a descartou. Ao invés de fazer um escândalo, ela roubou uma pesquisa de seis anos do Sr. Julian sobre um novo método de quimioterapia; ela vendeu os resultados para um laboratório, mas obviamente fora pega no flagra e além de demitida ainda responderia a um processo. — Meu Deus! Bem, vejamos pelo lado bom... nos livramos daquela vaca! — Disse para Angelita, sorrindo abertamente. — Oh sim, porque se ele desse em cima do meu Bart de novo, eu juro que a faria comer bosta de cavalo. — Você me lembra a minha amiga Nicolle. — Ah é, por que? — Perguntou curiosa e sentando-se no banquinho em frente a ilha da cozinha. Angelita era uma mulher muito bonita, mesmo já passando dos 40, ela tinha uma beleza exótica. Sua pele era bronzeada, seus cabelos eram negros e caiam soltos em cascatas, e seus traços espanhóis eram visíveis em seu filho, Alejandro, que era a versão mirim da mãe. — Certa vez a Nic fez isso com uma moça que deu em cima do Logan... o nome dela era Susan e ninguém gostava muito dela. Nic a agarrou pelos cabelos e esfregou a cara dela no esterco! — Começamos a rir — gostaria de ter visto a cena, mas não estava lá.

— Mas essa sua amiga está certíssima, mulheres como a Lafayette e Susan não prestam. — Susan não vai mais incomodar ninguém, ela faleceu ao dar à luz a uma menininha chamada Amanda... — Oh, sinto muito. — Tudo bem... não cheguei a conhece-la. Nic disse que o Travis, ex-namorado da Susan cria a pequena praticamente sozinho. A mãe da Susan mora com eles, mas a senhora sofre de diabetes e temo que não viva por muito tempo, pois já é muito frágil. — Esse Travis deve ser um cara e tanto. Criar uma filha sozinha não deve ser fácil, ainda mais com a sogra doente. — Disse ela, e bebericou o vinho. — Não é fácil mesmo, mas Nic disse que há males que vem para o bem. Sabe, assim como o Jake, Travis também não era um cara muito responsável e isso o fez mudar de vida. — Eu lembro a primeira vez que o Jacob foi jantar lá em casa. Ele estava tão abatido, tão magro e parecia tão desconfiado de nossa bondade. — Obrigado Angelita. — Por que mulher? — Acho que sem vocês, o Jake não teria conseguido mudar,

então obrigado. — Ah ele teria sim, ele te ama, e o amor modifica a vida das pessoas. — Mãe! Eu estou cansado e o pai e o senhor Jacob só ficam falando bobagens. — Alejandro adentrou a cozinha com a Deborah colada no seu pescoço. — Ela não quer sair do meu colo. — Suspirou ele, e apontou para a Deborah. — Deixe eu pegar ela. — Disse me aproximando dele. — Alejandro meu filho, tenha mais educação. Somos visitas. — Peguei a Deborah dos braços do Alejandro, ela resmungou em protesto e o pousou seus olhos azuis sobre ele. — Ela gosta de você Alejandro. — Emburrado, ele olhou para ela e disse. — Ela é um bebê, gosta de todos. — Deborah abriu um sorriso aberto na direção dele, e ele não se conteve e sorriu de volta. — Tudo bem, ela é bonitinha, mas eu tenho 12 anos e não tenho idade para brincar com bebês. — Logo ela irá crescer e se tornar uma linda menina de cabelos dourados. — Disse Angelita, encarando-a com ternura. — E então arrasará diversos corações, e o papai Jacob vai ficar maluco. — Não pude conter o sorriso que se formou em meu rosto... o fato de imaginar a Deborah deixando Jacob apavorado me fez rir.

— Ela não vai namorar ninguém! — Disse Alejandro, de repente — Eu quero ir embora… deveria estar no haras… — Deixe de ser mal-humorado, Alejandro. Só iremos embora depois de jantarmos e conversarmos um pouco. — Censurou-o Angelita. Ele ia deixar a cozinha e então Deborah puxou sua camisa. Ele era da minha altura, o que para um menino de doze anos era quase anormal, mas sabia o quanto Bart era alto e Angelita não ficava muito atrás. Ele encarou a Deborah, e vencido, a pegou nos braços de novo. — Tudo bem garota, vamos dar mais uma volta pela casa. — Revirando os olhos, ele deixou a cozinha. — Desculpe pelo meu filho. — Está tudo bem… adolescentes são assim mesmo, ele é um bom garoto. — Me concentrei novamente no forno. A lasanha estava quase no ponto, então servi mais vinho para mim e a Angelita antes de começamos a cortas as verduras para a salada. — Ele não era assim… — Disse ela depois de um tempo — vou te contar uma coisa, mas espero que fique entre nós, preciso desabafar… — Ela parecia apreensiva. — Estamos prestes a ser despejados da nossa casa. Não conseguimos pagar a hipoteca, então tudo se complicou quando o Alejandro pegou aquela gripe forte, e bem… ele tem estado

arredio desde que não podemos mais pagar o haras para ele ir. — Ela suspirou — Ele não sabe o motivo, o Bart apenas disse que era um castigo por ele ter chego em casa depois do horário combinado. — Mas porque não sentam e conversam com ele, certamente ele vai entender. — Apertei sua mão sobre a mesa. — Bart é orgulhoso demais para isso... diz que vai consertar as coisas e tudo voltará a ser como antes, mas agora ele está mais velho e bem… está sendo complicado manter dois trabalhos e ele se recusa que eu trabalhe mais. — Ei, eu tenho um dinheiro guardado no banco… — Ela balançou a mão fazendo com que eu parasse. — Como eu disse, Bart é cabeça dura; ele não vai aceitar… ele nem contou nada para o Jacob por orgulho. Deixe para lá, vamos alugar um apartamento de dois quartos na cidade e tudo ficará bem com o tempo. — Ela disse, cansada. — Angelina, você me dá um minuto? — Claro. — Me retirei às pressas da cozinha e fui à procura do Jacob. — Amor, você pode vir até o quarto comigo? Acho que meu sutiã abriu. — Ele sorriu torto; aquele sorriso safado que me deixava de pernas bambas.

— Claro, Bart eu volto já… vou resolver o problema da minha esposa. — Ele me guiou até entrarmos no quarto me prendeu contra a parede. — Já não bastou ter invadido e trancado o vestiário masculino aquele dia; agora você quer fazer quando temos visitas lá em baixo? — Ronronou ele no meu ouvido, seu corpo quente e forte pressionando-me contra a parede. — Jacob, não é nada disso... — Tentei afastá-lo quando ele passou a língua por minha clavícula, causando-me arrepios por todo o corpo. — É sério... vou chutar suas bolas se não me soltar, homem! — A ameaça pareceu surgir efeito, e ele se afastou. — Calma Meg, não vai me machucar, por favor — disse ele, protegendo sua masculinidade. — Homens...— Revirei os olhos — Vou te contar umas coisas e você vai me ajudar a resolver esse problema! — Seu pedido é uma ordem, minha rainha. Nos sentamos na beirada da cama e relatei a ele tudo o que Angelita me disse. — Já sei exatamente o que fazer. — Mas ele não pode saber de nada, você vai ajudar ele sem ele saber, como? — Vamos jantar amor, logo você vai saber…

— Você me paga por me deixar curiosa! — Hoje á noite pago e com juros… — Ele deu um tapa forte em meu traseiro, me fazendo rir. Então descemos novamente e nos acomodamos na mesa para jantar. — O que será que ela vai ser quando crescer? — Perguntou Alejandro no meio do jantar, apontando para Deborah. Parecia que minha filha o havia conquistado. — Acho que ela será médica. — Eu disse sorrindo. — Eu já acho que ela será modelo de capa de revista... olhe esse rosto. — Disse Angelita. — Eu acho que ela pode ser uma cantora country. — Falou Bart. — Eu acho que ficarei extremamente satisfeito se ela entrar para o convento e virar freira. — Resmungo Jacob, causando risos altos. — Pois eu acho que ela não vai ser nada disso, acho que ela será veterinária... quem iria querer conviver com gente se os animais são muito melhores? — Disse Alejandro seriamente. — Alejandro! — Censurou-o mais uma vez Angelita. — Deixa ele Angie, ele está certo... os animais são muito mais amigáveis. — Eu disse.

— Isso me leva a um assunto em pauta, o motivo desse jantar. — Disse Jacob, solenemente. — Pensei que o motivo fosse o fato de você querer que nós fossemos os padrinhos da Deborah. — Disse Bart. — Sim, sim... esse também, mas há um outro… Todos encararam Jacob com atenção, esperando que ele continuasse. Até mesmo Deborah, que estava brincando com a sua papinha de cenoura, pousou seu olhar sobre o pai e encarouo pacientemente. — Bart, meu pai anda muito cansado, sabe como é... ele acabou de completar 50 anos e tem certas coisas que ele não consegue mais fazer na fazenda, e ele está à procura de um capataz — Disse Jacob. Ah eu sabia exatamente o que ele estava fazendo, afinal o capataz teria uma casa para morar com a família, um pedaço de terra para plantar e não precisava fazer muito esforço, sem contar o generoso salario que John Lennox pagava. — Ele me ligou exasperado que tem urgência nisso e que não encontra ninguém de confiança, então lembrei-me de você e o recomendei para ele. — A mim? Mas..., mas...por que? — Bart o encarou desconfiado, e para não ferir o orgulho dele, Jacob contornou a situação com maestria. — Meu pai é um bom homem e não quero colocar ninguém

para trabalhar com ele que não seja de inteira confiança minha. Você também receberia ligações semanais de mim para saber informações sobre a saúde de meu pai, já que ele se recusa a mencionar. — Jacob bebericou o restante do vinho e prosseguiu — Você estaria fazendo um grande favor para mim... — Posso pensar a respeito? — Perguntou Bart, mas era nítido que estava aliviado. — Claro, converse com sua esposa com calma — Disse Jacob, olhando para Angelita — e com seu filho mais novo claro, afinal Alejandro pode não gostar da ideia de ir morar numa fazenda. — Jacob sorriu quando o rosto, até então taciturno de Alejandro, se iluminou. — Tem cavalos na fazenda? — Perguntou sorrindo. — Só uns 200. — Papai, vamos...temos que ir. — Conversaremos em casa Alejandro... E assim o jantar se seguiu. Jake contava a Bart sobre os benefícios e tudo o mais, no fim da noite Angelita, me abraçou forte e emocionada agradeceu-me. Após colocar Deborah na cama, que estava exausta após toda a movimentação, fui até o pequeno escritório do Jacob. Enquanto caminhava, olhava nas paredes as belas fotos e o lindo papel de parede que havia sido escolhido por mim. Tínhamos nos mudado para ali faziam dois

meses e a casa estava um encanto. Jacob e eu decidimos nos casar depois que ele terminasse sua pós-graduação dali um ano e meio. No hospital ele havia sido transferido e agora atuava como clinico geral, e finalmente estava fazendo sua residência e aprendendo tudo o que era necessário. Abri a porta e Jacob estava aos risos no telefone, falando com John, mas assim que entrei na sala, vestindo apenas uma camisola transparente vermelha, ele tossiu e logo despediu-se do seu pai. — Então, tudo resolvido? — Questionei aproximando-me dele, que abraçou-me na cintura e beijou meu ventre. — Sim, meu pai disse que o antigo capataz ficará feliz em se aposentar antes do tempo. — O Bart vai descobrir que seu pai está ótimo de saúde. — Eu direi que ele se curou milagrosamente. — Disse ele, mordiscando meu mamilo por cima da seda. — Ah é, e como funciona essa cura milagrosa? — Arfei quando o senti abaixar as alças da minha camisola, agarrando meu traseiro e fazendo com que eu me sentasse na mesa do escritório. — Quando se tem a mulher que ama em seus braços… — Ele então afastou minhas coxas e mergulhou sua língua quente e macia em minhas dobras já úmidas. Arqueei o corpo para trás,

me apoiando em meus cotovelos e derrubando diversos papeis no chão. Um gemido alto ecoou do fundo da minha alma quando a ponta da sua língua encontrou meu clitóris; e senti meu corpo inteiro arder em chamas, implorando por ele. — Me foda Jake... me faça sua ... — Oh, minha rainha desbocada... farei exatamente o que você me pediu — Ele sorriu perversamente e despiu-se de suas roupas, fazendo com que me levantasse da mesa e ficasse de costas para ele, com as mãos apoiadas em cima da mesa. — Agora meu amor empina essa bunda gostosa para mim, vai — Sua voz depravada me deixou ainda mais quente. Fiz o que ele mandou e senti uma palmada forte contra meu traseiro. — Oh Jake... — Você gosta... minha rainha é libertina... — Ele acariciou minhas costas, e seus dedos subiram lentamente até agarrar meus cabelos. Jacob me empalou forte por trás, e ondulei em seu mastro enorme no mesmo momento, explodindo em mil pedacinhos em um orgasmo sem igual. Ele arremetia selvagem, bruto... quente demais para resistir... Eu amava fazer amor com Jacob de qualquer forma, seja romântica ou depravada... ele me deixava louca em ambas as ocasiões. — Oh Meg... eu não vou resistir por muito mais tempo... —

Ele arremeteu e me levou a orgasmos ainda mais intensos. Quando senti que minhas pernas iriam ceder e eu não sobreviveria a mais um orgasmo, Jake derramou-se dentro de mim com fúria, rosnando como um animal. O puxão de cabelo se suavizou e ele me abraçou por trás, beijando meus ombros e nuca. — Megan como eu a amo! — Sussurrou no meu ouvido. — Eu o amo mais. — Ele riu. — Impossível... — Ele me virou de frente e beijou meus lábios com ternura e paixão. — Vamos tomar um banho, minha rainha? — Mas é claro... — Amanhã tenho que estar cedo no consultório. — Dr. Jacob e cowboy... E com um charme cafajeste... como resistir? — São rótulos demais Meg...e eu prefiro ter só um rótulo. — Disse sorrindo, arqueei a sobrancelha e questionei. — E que rótulo seria esse? — Jacob da Megan e da Deborah. Só delas... — Gostei desse rótulo. — Eu me sinto feliz por ter a honra de usar esse rótulo. —

Ele beijou a ponta do meu nariz — Agora vamos, temos assuntos a comentar amanhã... — Sobre a Deborah? — Ele parou no meio do caminho até o banheiro e me encarou. — Como assim? — O fato de que quando ela crescer será namoradeira. — Ele encarou-me enciumado. — Não sei de onde você tira essas ideias... — Ele riu e continuou andando, me arrastando até o banheiro. Sorri sozinha, pensando em comentar sobre o fascínio que Deborah teve pelo filho do Bart, apenas para irritar o Jacob, mas não quis tirar a ilusão que meu marido tinha de que nossa filha nunca cresceria... afinal ainda tinha ao menos uns 18 anos até que ela se interessasse por rapazes...certo?

Capítulo 21 Megan Gillies

Dois anos haviam se passado, e a formatura de Jacob fora emocionante e grandiosa, contando com a presença de todos os seus familiares que viajaram do Texas e Arizona, especialmente para celebrar a vitória de Jacob. Angelita, Bart e Alejandro já

estavam instalados em um grande chalé na fazenda do Texas e estavam cada dia mais felizes. Jacob, Logan e John tiveram uma longa conversa trancados no escritório no dia seguinte à formatura, e então houve a proposta: irmos morar no Texas e Jacob assumir a ala de ginecologia que fora adicionada no hospital do câncer, que fora ampliado e teria também a ala de maternidade. Curar as pessoas e trazer novas vidas ao mundo era a nova meta de Logan Lennox e ele precisava de alguém de confiança para assumir o hospital... e por mais incrível que possa parecer, Jacob havia conquistado a confiança do primo. E seis meses depois da formatura nos mudamos para o Texas. Houveram despedidas tristes de meus pais, mas com a promessa

de

visitas

frequentes.

Ficamos

em

um

chalé

improvisado até que nossa casa fosse construída nas terras Lennox e fiquei um tanto apreensiva, afinal estávamos voltando ao lugar em que fui totalmente ferida pelo homem que amo e foi inevitável que certos pensamentos me retornassem a cabeça. Iriamos nos casar nos lindos jardins da fazenda tão logo nossa casa ficasse pronta. Deborah definitivamente amou ter se mudado para a fazenda; viver ao ar livre a deixou excitadíssima e ela vivia fugindo para os estábulos, onde passava horas com o Alejandro. Alejandro amava os cavalos mais do que amava as pessoas, creio eu. Ele era um garoto de poucos amigos e passava quase todas as tardes trancado em meio aos cavalos, escovando seus pelos, dando alimentos, e é claro, passeando com Deborah,

que com suas perninhas rechonchudas sempre dava um jeito de estar por perto. Nicolle visitava-nos constantemente. Logan e ela quase sempre estavam por perto para supervisionar a nova ala do hospital que havia sido construída. Os gêmeos brincavam e brigavam muito entre si, mas era nítido a forma como tentavam sempre proteger a pequena Lizzie, mesmo ela estando furiosa com eles por viverem grudados no seu pé. — Por que está tão pensativa? Está pensando em desistir? — Nicolle entrou no quarto, despertando-me de meus devaneios. Sorri para ela através do espelho e encarei meu reflexo novamente. O lindo e delicado vestido de cetim cobria meu corpo como uma pluma, enorme e ao mesmo tempo tão leve; um tomara que caia branco, marcado com uma fita de seda na cintura e com um decote discreto. Meus cabelos foram presos em um coque ao lindo véu que arrastava no chão, brincos de diamantes pendiam em minhas orelhas; era a coisa velha que a Nicolle me emprestou, na minha perna tinha uma liga azul e no meu pulso uma pulseira delicada de ouro branco que papai comprou. Estava tudo em ordem a coisa velha, a coisa emprestada, a coisa nova e a coisa azul. — Não estou pensando em desistir não — sorri para ela novamente —, estou apenas nervosa... e se.... — E se?

— E se tudo mudar depois do casamento? E se cairmos na rotina ou... sei lá... — Meg, acalme-se, tudo bem — Nicolle segurou em minhas mãos que estavam frias. Quase três anos haviam se passado desde a minha reconciliação com Jacob, mas agora, de volta a fazenda eu estava muito apreensiva de que ele se tornasse aquele homem de antes. — Preste a atenção e não fique chateada comigo por causa disso, mas eu fui bem metida... não queria ver você magoada de novo então pedi ao Logan para arrastar o Jacob para uma despedida de solteiro. — Como? — Ei, sei que eu não tinha o direito de fazer isso, mas foi uma espécie de teste e me perdoe, mas eu sou um pouco metida e protetora com as pessoas que eu amo. — E então, o que aconteceu? — Questionei com meu coração apertado, ela sorriu abertamente, mas nem isso conseguiu me acalmar. — Logan o levou para esse tal de Clube Cowgilrs, onde fazem strip-tease.

Logan

disse

ao

Jake

que

nós

duas

nunca

descobriríamos caso eles quisessem se divertir um pouco e você não vai acreditar no que Jake disse ao Logan. — O que ele disse? — Ele disse: “Logan, não acredito que você está fazendo isso

com a Nicolle! Ela é uma mulher em um milhão, assim como a Megan... você tem noção da sorte que nós dois temos? Temos duas mulheres maravilhosas em casa e você me arrasta para essa porcaria de lugar? Qual é o seu maldito problema Logan Lennox?” — Não acredito que ele disse isso! — Eu estava surpresa e realmente muito, mas muito feliz. — Ele fez, deu um sermão no Logan e bem, diria que ele passou no teste. Claro, olhar as mulheres ele olhou, até o Logan olhou... infelizmente os homens tem essa tendência de não controlar o olho — Disse ela aos risos — Mas nós, mulheres mais maduras, sabemos que existe uma grande diferença entre olhar apenas e fazer. — Claro, isso é da natureza deles... olhar e olhar... — Até nós olhamos as vezes, amiga — Disse ela, sorrindo — A diferença é que sabemos ser bem mais discretas do que eles. — Verdade... tem aquele jardineiro lindo que o Jacob contratou, é uma bela paisagem. — Megan! Sua danada! — Censurou-me ela e prosseguiu — Pensei que só eu tinha notado o jardineiro. — Ela sorriu e piscou o olho para mim. — Bem você conseguiu tirar o nervosismo de mim. Obrigada Nic, você é a melhor amiga que alguém poderia ter.

— Ah eu tento. — Ela levantou-se e pegou os buquês. Ela usava um lindo vestido violeta de madrinha, entregou-me o buque e ajeitou meu véu. — Pronta? — Sim. — Enquanto caminhávamos em direção aos jardins na companhia de meu pai, Nic, Logan e Deborah, que carregava as alianças, perguntei-me o que Brian estaria fazendo agora... havíamos nos comunicado esporadicamente nesse tempo, e sabia que ele estava casado e feliz. Sua esposa nada convencional estava grávida de sete meses de um menino, que teria um nome também um tanto místico: Caleb, e ela havia me enviado uma cesta de presente de casamento, com óleos incensos e um livro do Kama Sutra. Eu sinceramente nunca havia visto o Brian tão feliz e leve, nem parecia ele mesmo. Fico me perguntando o que teria acontecido se Jake não tivesse vindo atrás de mim: eu estaria casada com Brian agora, mas nenhum de nós dois seriamos felizes, e essa é a realidade. Brian precisava de uma mulher bem diferente dele, que virasse seu mundo de cabeça para baixo; e espero um dia conhece-la e saber detalhes de toda essa história insana, que como disse Brian, é coisa de filme. Assim que meus olhos encontraram os de Jacob, todos os meus pensamentos se dissiparam e foi como se todos os presentes estivessem desaparecido, permanecendo apenas eu e Jacob ali nos jardins da fazenda. Comecei a caminhar lentamente em sua direção, com Deborah indo na minha frente jogando

pétalas de flores pelo corredor, que fora lindamente enfeitado com flores e um belo tapete vermelho foi estendido. Os

olhos

de

Jake

cintilavam.

Estremeci

diante

da

intensidade de seu olhar, que transbordava todo o amor e o desejo contido. Deborah sentou-se ao lado de Alejandro na primeira fileira e então meu pai beijou minha testa e entregoume a Jacob; sua mão estava quente e suada, indicando que não era a única nervosa ali. A cerimônia começou e no momento em que o padre perguntou se alguém ali sabia de algo que impedisse que nos casássemos ouviu-se um grito agudo em meio aos convidados, e eu gelei. Era só o que me faltava, será uma amante do Jacob? Oh meu Deus, eu não iria suportar! Então eu vi de onde vinha a movimentação,

e

ela

envolvia

Deborah,

Alejandro

e

a

namoradinha dele. — Ela grudou um chiclete no meu cabelo, Alejandro! Faça alguma coisa! — A garota parecia histérica, havia um chiclete colado bem na frente do seu cabelo, próximo a raiz. Deborah encarava-a com uma expressão de falsa inocência e Alejandro tentava segurar o riso. — Desculpe, mas o que você quer que eu faça? — Perguntou ela, apontando para a minha filha. — Por que você está rindo? — Gritou ela, já que Alejandro não conseguiu conter seu riso.

— Desculpa, mas não posso fazer nada. — Ele deu de ombros. — Ah estou cansada dessa menina sempre junto de você, vamos embora! — Eu não vou embora, estou num casamento. — Então está tudo acabado entre nós. — Deu um ultimato. — Tudo bem. — Ele continuou sentado com a Deborah, que sorria como um anjo inocente. Eu sabia que algo aconteceria; Deborah sempre infernizava a vida das namoradas do Alejandro e ele parecia não se importar. Após a garota ir embora bufando e rosnando que ficaria careca, prosseguimos aos risos com a cerimonia... fora algo bem insano e inesquecível, sem dúvidas, mas não seria um casamento de verdade sem algo desse tipo, certo?

Jacob Lennox

Quem diria que o cafajeste, irresponsável e mimado Jacob

Lennox estaria feliz e satisfeito casando-se e trabalhando de segunda a sábado. Voltado ao início de minha história, você nunca diria isso certo? Uma vez Megan disse que um dia eu iria gostar de trabalhar, e eu ri de sua cara e me perguntei: “quem diabos iria gostar de trabalhar?” Bem, descobri que trabalhar pode ser muito prazeroso e gratificante quando fazemos aquilo em que gostamos. Caso você ainda não saiba do que gosta, tente de tudo, experimente coisas novas... todos nós temos um dom, só precisamos descobrir qual é. Descobri os prazeres da vida de casado. Não há nada melhor do que a cumplicidade, a lealdade e o companheirismo... posso ter um dia ruim no trabalho, mas ao chegar em casa sei que terei uma esposa amorosa à minha espera, e isso é maravilhoso. Já tive minha fase de conquistas e várias mulheres, mas agora eu estava sossegado e nunca estive mais feliz na vida.

Capítulo 22

Chegamos ao fim de um ciclo, ou devo dizer o começo de um novo ciclo? Bem, tanto faz... vocês já sabem que o L. no meu sobrenome é de Lennox, mas vocês sabiam isso desde o início? Ou em certos momentos eu consegui deixá-los em dúvida? Vocês acreditam em destino? Eu diria que é bom acreditar... saibam que um simples ato seu hoje pode transformar toda uma vida. Deixem-me explicar melhor as coisas para vocês. Há muitos anos, logo que me formei no colegial, houve uma enchente em minha cidade e ninguém deu muita importância, já que não houveram acidentados nem mortos, apenas algumas coisas banais perdidas. Na semana seguinte recebi uma carta de uma faculdade informando que fora aceita... aquela era a minha segunda opção de faculdade, confesso que fiquei extremamente decepcionada por isso, mas segui em frente e fui para a tal faculdade onde conheci Jacob. Descobriu-se depois que eu fora aceita na faculdade da minha preferência, mas a carta fora perdida na enchente. Então eu não quis mudar pois já estava habituada nessa faculdade e ela parecia boa de fato. Então, se a enchente não tivesse acontecido, a carta não tivesse se perdido, eu não estaria aqui hoje contando a você essa história; já que talvez eu nunca cruzaria com Jacob Lennox. Outro detalhe é que ele sentava-se no fundão e eu na frente, porém o garoto que sentava ao lado dele, David Bassigton, ficou resfriado

pois o ar condicionado era gelado demais, e eu, como boa aluna que sempre fui, cedi meu lugar a ele, sentando-me ao lado de Jacob; e no momento que o vi, soube que ele seria o cara que bagunçaria a minha vida. Então

graças

a

todos

esses

eventos

isolados,

que

caminharam juntos com um único propósito: unir Jacob Lennox a mim. Eu seria a sua salvação e ele seria a minha. Megan Lennox

Jacob Lennox

Tão linda e única como uma orquídea, ela era perfeita. Mesmo após quase três anos juntos eu ainda ficava embasbacado com seu sorriso, seu olhar, seu cheiro doce, sua pele macia e clara. Estava parado na porta do quarto, aproveitando que a casa seria só nossa por aquela noite, já que Deborah foi dormir na casa principal junto aos primos Dominic, Elizabeth e Luke. Agora, Megan era oficialmente minha esposa; ela era oficialmente a Sra. Lennox e podia parecer loucura, mas sentiame ainda mais possessivo sobre ela.

Me aproximei a passos lentos e ritmados até ela e minhas mãos pousaram em seus ombros desnudos, fazendo-a suspirar. Ela já havia retirado o véu, e agora eu estava louco para arrancar aquele vestido de seu corpo e vesti-la com meu corpo, tomando tudo dela, da minha mulher. Minha. Pousei meus lábios com delicadeza na sua nuca, passeando lentamente com a boca por toda a extensão do seu colo, sentindo seu gosto, inebriando-me com seu perfume almiscarado, o perfume que ela usa desde o primeiro semestre da faculdade. Quem diria que eu me casaria com a geek atrevida, que se sentou ao meu lado aquele dia. Justamente naquele dia, o reitor da faculdade me pegou perambulando pelos corredores e me forçou a entrar na sala; se ele não tivesse ficado sem café, não tivesse saído da sala e me encontrado no corredor, talvez eu nunca tivesse conhecido a Megan, pois nunca havia notado-a até aquela tarde na sala de aula. Eu estava furioso por ter que assistir aquela aula tediosa, mas havia um motivo para eu estar lá, conhecê-la. — Oh Jake... — um gemido rouco escapou dos seus lábios. Minha dolorosa ereção quase rasgava minha calça social, e comecei a percorrer suas costas com os lábios conforme ia abrindo, um a um, os botões em formato de pérolas de seu vestido de noiva. Quando alcancei o último botão, o vestido caiu sobre seus pés como um punhado de chantilly.

— Megan... minha rainha... — Virei-a de frente para mim. Ela usava apenas uma minúscula calcinha branca de renda e tinha uma liga azul presa a sua coxa. Toquei sua nuca com a ponta dos dedos, e minhas mãos subiram até o seu coque, soltando seus cabelos castanhos — Você é tão perfeita... espero que você me perdoe... — Mas...— Calei-a com a ponta dos dedos e prossegui. — Eu sei que você já me perdoou, mas nunca vou me cansar de pedir, mais uma vez, perdão a você meu amor. O que fiz foi cruel e imperdoável; não posso imaginar nem de perto o quanto fiz você sofrer, então vou compensar você dia a dia minha rainha, todos os dias me redimindo, todos os dias me tornando digno de ser seu marido, todos os dias digno de receber o seu amor... — Oh Jacob, eu o amo tanto... — Ela tocou meu rosto com a ponta dos dedos e abraçou-me forte, e seu corpo delgado e quente colou-se ao meu, e então ela sussurrou no meu ouvido: — “O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.” Coríntios 13:4-7 — Eu não me acho digno de seu amor Megan. — Ela me encarou profundamente e sorriu. — Você mostrou ser digno Jacob, agora me ame... — Unindo

nossos lábios ela encerrou nossa conversa. Minhas mãos foram até sua cintura, colando seu corpo ao meu, roçando minha ereção contra ela, fazendo com que ela arfasse antes de arrancar minha camisa Então, eu a deitei obre a cama macia, sem deixar de beijar sua boca. Ela era minha, toda minha, minha esposa, minha rainha! Seus gemidos eram roucos e sensuais, abafados por meus lábios que se apoderavam dela. Beijei-a sem pressa, degustando, banqueteando-me, matando minha fome por sua boca suculenta enquanto minhas mãos percorriam seu corpo, subindo por suas coxas e perdendo-se no interior de suas pernas. Mergulhei dois dedos em sua umidade, arrebentando aquele pequeno pedaço de renda, e no processo, puxei o elástico de sua liga com a outra mão; o estalo do elástico com a sua pele fez um barulho tão erótico que pensei que poderia perder o controle a qualquer momento. Era sempre dessa forma com ela e só com ela, porque era mais do que apenas sexo, era algo que ultrapassava o carnal. Era uma união de almas, união de dois corações apaixonados; diferente das outras com as quais eu não sentia nada além do que satisfação momentânea. Com Megan era diferente, era amor, era mágico, era insano...era a junção de corpo e alma. Despi minhas roupas sem conseguir me conter mais e mergulhei fundo em seu interior. Ela gemeu alto, agarrando minhas costas, erguendo o quadril em minha direção para aumentar o contato e a pressão de nossos corpos se chocando.

Encarando-a, consumei oficialmente nossa união, e tive a certeza de que seria para sempre. Encarando-a, gritei seu nome e disse que a amava no momento do êxtase.

— Então, como se sente senhora Lennox? — Perguntei após fazermos amor pela segunda vez naquela noite. — Me sinto muito bem, mesmo esse sobrenome carregando uma enorme responsabilidade. — Como assim? — Ah, todos esperam muito dos Lennox, todos amam os Lennox, não quero decepcionar ninguém. — Ri de seu comentário um tanto sem sentido. — Eu afirmo que nem todos os Lennox são amados, e que se os outros não amarem, eles serão uns tolos, pois se não amam minha esposa, não amam a mim. — Você anda muito romântico ultimamente. — Culpa sua. — Mas todos amam os Lennox, e isso é um fato. — Todos me odiavam antes, então creio que sua teoria tem algumas falhas. — Acariciei seu rosto com a ponta dos dedos e ela me encarou.

— Sim, mas agora todos amam você, senhor Lennox... mas mudando de assunto, viu o que a Deborah fez hoje? É a terceira namorada do Alejandro que ela bota para correr, e ela ainda vai completar três anos. — Ah, é só uma bobagem. Ela o vê como um irmão mais velho e sente ciúmes de irmã. — Sei. — Ela ficou quieta e pensativa. — O que mais poderia ser? — Perguntei curioso. — Nada... vamos acompanhar as outras histórias para saber. — Você e seus diários Megan... — O que que tem? As pessoas precisam conhecer a história de amor do seu pai, não? — Deixe quieto... temos muito o que ver ainda, nossos filhos crescerem, casarem ...enfim. — Filhos? — Claro! pretendo acompanhar sua gravidez de perto e não perderei nenhum momento sequer dessa vez. — Eu amo você, Jacob. — Eu amo você, minha rainha.

Fim

Epílogo

Interior do Texas alguns anos mais tarde...

Era uma manhã quente de verão; quente demais para o habitual, mas Megan tinha certeza em seu coração que a origem de seu enjoo era algo muito mais complexo do que o ardente calor do Texas. Depois de sentir enjoos matinais nos últimos três dias,

suas suspeitas só aumentavam a cada minuto. Com rapidez de raciocínio e uma astucia sem igual, Megan conseguiu esconder seus enjoos de seu marido Jacob, querendo confirmar suas suspeitas antes de dar-lhe-ias falsas esperanças. Já arrumada e pronta para partir para sua consulta — com um médico de outra cidade — para surpreender o marido, Megan caminhou até o quarto de sua filha Deborah, ficando ligeiramente surpresa por a menina estar ali e não enfiada dentro do estabulo em meio aos cavalos como era seu costume. — Oi, minha Pocahontas. — Chamou carinhosamente a filha e afagou seus cabelos dourados. — O que é que você está aprontando aí, hein? Deborah encarou-a com atenção e sorriu, mostrando a sua mãe a grinalda que a filha usara no dia do seu casamento com o pai. — Eu estou arrumando essa tiara brilhosa para o meu casamento. — Disse a menina com um ar sério. — É mesmo? E posso saber quando você vai se casar? — Perguntou Megan interessada. — Ainda não está decidido a data, mas o noivo já foi escolhido. — Disse ela sucintamente. Megan sorriu, admirando a linda menina de cabelos loiros. “Como cresceu rápido”, pensou ela. Com oito anos de idade ela era quase uma amazona, e Deus,

como sentia saudades de carregá-la nos braços... será que carregava em seu ventre um novo fruto de seu amor com Jacob? — E ele vai se casar comigo... ah se vai... — Prosseguiu Deborah, fazendo-a

despertar

de

seu

devaneio, e

Megan,

curiosa

questionou a filha: — E posso saber quem é o sortudo? Ou devo dizer azarado? — Disse ela sorrindo, sabendo o quão arteira era sua filha. — Por que azarado? — Perguntou a menina. — Porque ciumento como seu pai é quanto ama, acho que será uma tarefa árdua, se não impossível, desposar você. — A menina se limitou a sorrir e continuou remexendo na pequena grinalda e enfeitando-a com um pedaço de renda branca. — Então, você não vai me confidenciar o nome de seu futuro marido? — Perguntou sorrindo. — Ele é o.... — Batidas na porta interromperam a conversa entre mãe e filha, e Megan disse que seguiriam com esse assunto mais tarde, despedindo-se da filha para ir atender Angelita, que tomaria conta dela nessa manhã. Para surpresa de Megan, Angelita teve uma indisposição e não poderia vir. Alejandro estava em sua porta, e aflita, pediu a ele que tomasse conta de sua menina pois tinha urgência em ir à consulta, e o garoto, que agora havia se tornado um homem, aceitou de bom grado tomar conta da pequena Deborah.

Você pode estar admirado por ele ter aceito tomar conta da pequena e peralta Deborah, pois a garota, que tinha a aparência de um anjo, era na verdade um pequeno diabinho por dentro. Nenhuma das babás conseguia sobreviver por mais de uma semana na companhia da pequena Deborah Lennox, o que decerto implicou diretamente no trabalho de Megan, que havia largado a medicina para se dedicar ao paisagismo, cuidando dos jardins das belas fazendas que tomavam conta de todo o interior do Texas. Mas Deborah poderia ser uma diabinha com todos os outros que se aproximavam, porém sua fascinação por Alejandro sempre fora evidente. Para Alejandro, tomar conta da pequena peralta era um trabalho facílimo, o qual ele exercia com prazer. Em seus 20 anos de idade, Alejandro já era quase um homem feito e quase formando-se em veterinária. Alejandro sentia-se muito grato pelas oportunidades que a vida lhe deu, tendo um amor imenso pelos animais da Fazenda, tendo descoberto em si o poder de acalmá-los e domá-los com uma facilidade invejável; por isso, na opinião dessa autora, estava definitivamente esclarecido a calmaria de Deborah em sua presença, afinal quem consegue domar um cavalo xucro, conseguiria domar Deborah Lennox, ou pelo menos a versão infantil dela. Pergunto-me quem conseguirá doma-la na maior idade. Após a partida de Megan, Alejandro adentrou na casa e

subiu as escadas, escutando um cantarolar vindo de dentro do quarto. Com o intuito de cumprimentar a menina e assim avisar de sua chegada, para então voltar-se ao sofá e assistir algum programa de televisão para o tempo passar, Alejandro bateu de leve a sua porta. — Oi Deborah. — Disse ele, mas a menina o encarou e então rapidamente fechou a porta — Deborah? O que está havendo? — Questionou ele, batendo novamente a porta. — Dá azar ver a noiva a antes do casamento! — Ela gritou lá de dentro. Confuso, Alejandro bateu novamente na porta e chamando seu nome. — Deb o que você está aprontando ai? Abra já essa porta, você sabe o que seus pais pensam sobre você se trancar no quarto. — Alertou-a. A garota bufou lá dentro e abriu a porta. A pequena Deborah estava com um vestido branco e na sua cabeça uma tiara velha com um pedaço de renda colado no topo. Com sua mãozinha ela puxou a grande mão de Alejandro para dentro do quarto. — Venha! Vamos nos casar logo. — Ela o puxou para dentro. — O quê? Casar? — Ele riu. — De brincadeira seu bobo! só vamos casar de verdade quando eu crescer. — Ele encarou-a com mais atenção e sorriu novamente. Alejandro era muito protetor com Deborah, pois a

conhecia desde sempre e criaram laços fortes de afeição. A pequena pegou uma gravata e amarrou de qualquer jeito no pescoço de Alejandro que protestou, afinal não estava com paciência para brincar; um homem de 20 anos não brinca de casinha. Mas Deborah era persuasiva e o convenceu, e após o fim da cerimônia, Deborah deu um beijo estalado na bochecha de Alejandro e tentou enfiar em seu dedo um anel de plástico vermelho, e colocou em si própria um anel cor de rosa. Interrompendo aquele momento tão inocente, o capataz ligou para Alejandro, informando que o presente de Deborah havia chegado: uma égua manga-larga de dois anos e meio de idade. — Deborah, preciso que você fique quietinha aqui; houve um problema no estábulo e a Lana vai passar por aqui. — A Lana? O que ela quer aqui? — Apenas diga para ela me encontrar no estábulo para resolvermos isso de uma vez, tudo bem? — Lana era a nova namorada de Alejandro. Eles estavam juntos havia mais ou menos dois meses, que era o maior tempo que Alejandro já havia ficado com alguém, pois coisas estranhas sempre aconteciam e ele nunca namorava muito tempo com nenhuma delas. — Resolver o quê? — Perguntou curiosa. — Ela quer que eu conte onde estava nesse fim de semana;

sabe quando fui viajar com seu pai... enfim, é coisa de adulto Deb, apenas peça que ela vá me encontrar, certo? — Tudo bem. — Disse Deborah e sorriu inocentemente. No momento que Alejandro deixou a casa, Deborah sentouse ao lado da porta à espera da garota. Logo passos foram ouvidos na varanda e ouviu-se batidas na porta. Deborah levantou-se, e sorrindo abriu a porta para a bela morena que ali estava, e encarando-a dos pés à cabeça Deborah a convidou para entrar. Ela podia ter oito anos de idade, mas tinha uma paixonite por Alejandro, sentindo um imenso ciúme do domador de cavalos. Deb tinha a fixação de que quando ela crescesse, eles iriam casar e viveriam felizes para sempre. — Onde está o Alejandro? — Perguntou a garota. — Oh Lana eu sinto muito, ele foi embora...disse que a verdade era dolorosa demais para contar a você frente a frente. — Disse Deborah, com um falso ar de inocência. — Como assim garota? Do que você está falando? — Da viagem que ele inventou que fez com o meu pai, na verdade estava com outra garota. — Como é que é? — Gritou a garota histérica — Ele disse que sua reação seria essa... — Como assim? — Gritou ela.

— Disse que você iria cacarejar como uma galinha histérica e ele não estava com paciência para isso. — Deborah viu a garota ficar vermelha de raiva e se conteve para não rir. — E então ele pediu que você terminasse comigo? — Bem, sim... eu sinto muito Lana, acho que você merece alguém que a valorize. Alejandro não para com namorada nenhuma pois é apaixonado pela minha tia Nicolle. — Mas que porra é essa? — Ela gritou — Se bem que aquele dia que ele teve de levar sua tia até o Arizona de carro, eu desconfiei e ele me chamou de maluca. — Ah sim, há muito amor envolvido. — Obrigado por me alertar. — Ela abriu a porta e deu de cara com o Alejandro, estapeou seu rosto, e saiu a passos largos. — O que você fez? — Perguntou ele à Deborah, esfregando a mão no rosto. — Nada demais, ela que ficou histérica. — Deborah já perdi as contas de quantas namoradas eu perdi em todos esses anos, você vai crescer e terá troco. — Disse ele sorrindo. — Quando eu crescer vou namorar com apenas uma pessoa.

— Eu gostaria de me casar e ter filhos, sabia? Já tenho 20 anos. — Você vai casar e ter filhos, mas não com essas garotas. — Disse ela atrevidamente. — Ah Deborah, sua maluquinha... — Ele bagunçou seu cabelo loiro. — Vamos lá ver seu presente? — Chegou? — Perguntou a menina entusiasmada. — Sim, você precisa batizar ela. — Ela correu animada em direção ao estabulo. Havia pedido ao seu pai uma égua mangalarga para que ela pudesse finalmente tornar-se uma amazona de verdade, em suas palavras. Acariciando o pelo do animal com carinho e admiração, Deborah decretou seu nome e o seu destino: — Pocahontas é seu nome e é montada em você que irei até o altar do meu casamento com Alejandro. — Sussurrou Deborah na orelha da égua, ninguém escutou; ninguém além de Pocahontas, que como se tivesse entendido o que Deborah lhe disse, remexeu a cabeça e Deborah acariciou sua crina macia. Alejandro estava admirando-as, sem saber que Deborah já conhecia o destino de ambos e que eles se chocariam totalmente dentro de mais ou menos dez anos mais tarde.

Jacob havia atendido sua última paciente antes de sair para almoçar quando batidas a porta o despertaram. Sua linda esposa Megan entrou em seguida, fazendo com que seu dia cansativo iluminasse. Ele chamou-a para sentar-se no seu colo e ela passou a chave na porta antes de alcançá-lo. — Posso saber o motivo dessa visita tão inesperada e incrível? — Perguntou ele após dar um beijo de tirar o fôlego em sua esposa. — Bem, não passei muito bem essa manhã e fui no médico. — Disse ela, com um sorriso misterioso. — O que aconteceu? Você está bem? E a Deborah? — Perguntou ele apressadamente. — Ei, calma moço. Eu estou ótima... foi só um enjoo matinal, mas isso é normal na condição em que estou. Carregar um filho não é uma tarefa nada fácil e.... — Ela encarou seu marido, que estava com os olhos arregalados e sorrindo bobo. — Não me diga que você está grávida? — Estou sim. — Ele abraçou sua esposa, cobrindo-a de beijos a ponto de deixá-la tonta. — É a notícia mais maravilhosa que eu poderia ter escutado! Deus como estou feliz, como amo você e a Deborah e já amo essa sementinha que vive aí dentro.

— Bem, ao menos agora você poderá participar de tudo. — Oh sim, de tudo mesmo... principalmente dos desejos sexuais intensos. — Disse ele acariciando a nuca de Megan, fazendo com que um arrepio percorresse todo o seu corpo. — Tenho certeza disso. O casal fez planos naquela noite, ao mesmo tempo que escutavam o relato entusiasmado de Deborah sobre a égua Pocahontas. Era mais uma noite comum, porém repleta de novidades incríveis. E assim terminou aquele dia especial para alguns membros da família Lennox; dentro de alguns meses nasceu James Dean Lennox, filho de Jacob e Megan, irmão da pequena e peralta Deborah... apenas mais uma peça na história dessa família. James Dean Lennox estava destinado a coisas grandiosas.

Capítulo 1

Brian Lancaster

Fazia exatamente um ano em que havia deixado minha vida no Kansas para trás. Fora um começo difícil e um tanto empolgante, afinal, dirigir a ala infantil de um grande hospital de Chicago era, sem dúvidas, o meu grande sonho. A parte dolorosa dessa transição, é que eu esperava viver esse sonho ao lado da mulher que sempre amei. Mas como tudo na vida, as coisas nem sempre saem como esperamos. Me contentaria com a porta fechada e entraria pela janela

que

fora

aberta.

Após

um

ano

trabalhando

incessantemente por duas pessoas, já não pensava tanto na Megan; se ela estava feliz era o que importava para mim. Mergulhei tanto em meu trabalho, que hoje, dirigindo pelas ruas de Chicago em minha folga no trabalho forçada, comecei a avaliar minha vida. Hoje o dia estava coberto de nuvens pesadas. Era uma segunda-feira

comum,

e

as

pessoas

caminhavam

apressadamente pelas calçadas, todas correndo para algum lugar. Vi um casal de namorados que se despedia em uma esquina com uma paixão avassaladora e senti inveja deles; senti

até mesmo inveja de Jacob Lennox, que tinha uma mulher que o amava avassaladoramente. Perguntei-me se algum dia isso me ocorreria enquanto ponderava no que fazer com esse dia de folga, mas o diretor do hospital me proibira de passar no hospital. Ele disse que eu estava me sobrecarregando, mas na verdade, eu só queria era trabalhar, focar em qualquer coisa que não fosse a minha vida sem graça e sem emoções. Aquele transito lento e as nuvens que anunciavam chuva me deram tempo o suficiente para refletir sobre tudo, e então algo inesperado aconteceu. Um solavanco do carro, um vulto azul, alguém caindo, eu atropelei alguém. Assustado, desci às pressas do carro e avistei aquele emaranhado de cabelos azuis, quase roxos na raiz e azul celeste muito claro nas pontas. — Moça, você está bem? — Ela estava caída em frente ao meu carro, sentada na verdade. Seu joelho estava ralado e ela estava... rindo? Ela vestia um quimono na mesma cor das pontas dos seus cabelos, e colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha e finalmente me encarou, com um sorriso aberto no rosto. Sabe aquele momento em que o seu mundo para? Ou devo dizer, quando o seu mundo simplesmente balança como num terremoto? Meu coração deu um salto assim que a vi, com seus olhos grandes expressivos, em um tom entre o azul e o verde, uma mistura mágica. Seus lábios eram cheios, e seu rosto tinha o formato de coração, com cílios espessos e nenhuma maquiagem... era a visão mais linda que eu já tinha visto. Ela

umedeceu os lábios com a língua e ainda sorrindo, disse: — Madame Margot disse que isso aconteceria e eu não pude acreditar que seria tão rápido. — Disse ela, sua voz era ainda mais linda do que eu imaginava, e eu só queria que ela falasse mais. — Como? — A encarei confuso e os carros começaram a buzinar, com os motoristas ansiosos por eu ter trancado o trafego. — Até os sinos começaram a tocar, veja só... — A encarei confuso. Certamente ela teve uma concussão com a batida, pois não dizia coisa com coisa. — Venha comigo, vou levar você para o hospital... acho que você pode ter batido a cabeça, e temos que fazer um curativo em seu joelho. — Estendi a mão para ela, que me encarou e sorriu novamente. Quando nossos dedos se tocaram, notei a tatuagem em sua mão “believe” (acredite). Estremeci com o toque, não sei o que tinha naquela mulher exótica, mas ela causou um pequeno terremoto dentro de mim. Ajudei-a a entrar em meu carro e entrei em seguida, dando partida no carro. — Acredita em destino? — Ela perguntou de repente. — Acho que você tem uma concussão, mas não se preocupe, em poucos minutos estaremos no hospital. — Disse contornando as ruas apressadamente.

— Eu tenho certeza que não bati a cabeça, estou bem... por que você fica dizendo que eu preciso de um médico? — Como alguém pode ter uma voz tão linda? Ela fazia meu corpo inteiro estar ciente de sua presença ao meu lado, sua pele clara cor de porcelana me deixou em chamas, e meu coração dava saltos a cada vez que ela falava. — Você está dizendo coisas confusas... mas tudo ficará bem. — Chegamos finalmente ao hospital; descemos do carro e a levei para dentro do prédio. — Fique aqui, vou buscar uma ficha para você preencher, tudo ficará bem... — Eu sei que tudo ficará bem agora — Ela me encarou, seus olhos presos aos meus, e então notei que eles eram azuis mais escuros do que pareciam a luz do dia. Ela tocou meu rosto com a ponta dos dedos, passando seus dedos delicados, com cheiro de morango, por meus lábios; o que me causou um arrepio na espinha. Fiquei hipnotizado... mas que coisa estava acontecendo comigo? — Estava ansiosa para reencontrar você. — Brian! — Fui despertado da hipnose quando Ryan, o médico da emergência apareceu, e me virei e fui na sua direção. — Oi cara! Atropelei uma moça e ela precisa de atendimento... acho que ela está confusa, pode ter sofrido uma concussão. — Você diz a moça de cabelo azul que acabou de ir embora? — Olhei confuso para trás, e ela não estava mais lá. Um

sentimento de desespero brotou em meu coração, tão insano e louco como o dia de hoje. — Mas o quê? Corri para a rua, encarando um aglomerado de pessoas, e por mais que seu cabelo tivesse uma cor um tanto peculiar, eu a perdi completamente de vista. O mais louco nisso tudo foi a sensação de perda que eu senti. Despertei no dia seguinte e estava quase convencido que o dia de ontem foi um sonho; algum tipo de loucura que só acontece nos livros e filmes de Hollywood. A sensação que tive ao ver aquela mulher, que eu nem sequer sabia o nome, parecia como uma paixão à primeira vista, e isso não acontecia na vida real, e principalmente com um cara racional como eu. — Isso que dá tirar o dia de folga! — Resmunguei para mim mesmo ao levantar da cama e começar a me arrumar para ir trabalhar. Os dias se passaram e não vi mais a mulher misteriosa, mas ela vivia em meus sonhos, e eu estava sempre a procurando nas ruas. Era algo insano, louco; talvez eu estivesse concentrando minha atenção nela como uma barreira de esquecer a Megan, mas agora, lembrando da forma como nossos olhos se encontraram no dia do atropelamento, fez com que a lembrança de Megan ficasse ofuscada e mais distante do que nunca de mim.

— Dr. Lancaster, sua última paciente chegou. — Disse Rose. — Paciente nova, certo? — Isso mesmo senhor, posso mandar ela entrar? — Por favor. Ela saiu da minha sala e olhei a ficha da menina Crystal. Vi em seu histórico que ela fora diagnosticada com leucemia aos dois anos de idade e agora, com cinco anos, ela finalmente fora curada, e estava ali para uma consulta de rotina. Levantei e segui até a porta para recebê-la, quando a vi novamente, mais linda do que nunca, com seu cabelo agora pintado num vermelho vivo e colorido. Ela vestia uma blusa lavanda e uma calça verde, uma mistura um tanto peculiar, e ao seu lado estava uma linda menininha de cabelos dourados. Recuperando-me do choque de vê-la novamente, fiz com que elas entrassem no consultório. — Olá Brian, parece surpreso em me ver. — Ela disse com um sorriso enigmático. — Eu estou mesmo, você sumiu sem sequer me dizer seu nome, pensei que nunca mais a veria. — Disse com sinceridade. Meu coração ainda pulava rapidamente dentro do peito. — Jasmine, meu nome é Jasmine... e essa aqui é a minha sobrinha Crystal. — Mas titia, hoje você disse que era Ariel!

— Oh sim, me perdoe por mentir meu nome. Hoje meu nome é Ariel e sou uma sereia. — Ela sorriu genuinamente. — E quando nos conhecemos, você era quem? — Perguntei curioso. — Eu era a rainha Elza. Eu sei, você deve estar pensando: “mas ela não tem cabelo azul”, certo? Mas a Crystal disse que o azul ficaria mais bonito e representaria mais o reino de Frozen. — Ela disse como se aquilo fosse a coisa mais racional do mundo. — Bem, deixe-me examinar a Crystal. — Levei a pequena até a maca e fiz os exames de rotina necessários. — Está tudo bem comigo, doutor? — Perguntou ela, encarando-me como uma adulta. — Tudo ótimo. — Que bom, não quero mais ser uma peneira. — Peneira? — Levantei meus olhos em direção as duas, parando de fazer anotações no prontuário. — Sim, toda furada pelos médicos. — Ela disse, e fiquei um tanto tocado por ela parecer tão madura para uma menina de cinco anos. — Bem, você está a salvo disso por ora; basta continuar obedecendo sua mamãe e comer todos os legumes, frutas e verduras que ela mandar.

— Minha mamãe está no céu, assim como os pais da princesa Anna e a rainha Elsa. Quem cuida de mim é a titia Jasm... digo a sereia Ariel; mas na semana que vem será a princesa Bela. — Engoli em seco, terminei de fazer anotações e apertei o botão chamando pela Rose. — Rose, leve essa linda princesa para roubar um pirulito no escritório do doutor George, pois preciso conversar com a sua tia. — Ela levantou apressada e correu contente em direção a Rose, que logo fechou a porta. — Desculpe a intromissão, mas o que significa isso? — Apontei para o seu cabelo e suas roupas, sorrindo intrigado com ela. — Cada mês me visto como uma princesa diferente, e como entramos em um novo mês mudei o visual. Faço isso desde que ela ficou doente, já que tivemos de comprar diversas perucas, e mantive o habito pois isso a faz feliz. — Não é apropriado, mas quero ver você de novo. — Disse num impulso, não reconhecendo a mim mesmo. — Sua aura está carregada de dor, Brian — Meu nome em sua boca era como uma caricia lenta e sedutora — Eu senti isso no momento que o vi, mas isso vai melhorar, afinal você me conheceu. — Ela sorriu. — Você irá curar a minha dor?

— Irei fazer você feliz de novo, está escrito nas estrelas. — Disse ela simplesmente — acredita em destino Brian? — Não, acredito que nós comandamos nossas vidas com nossas ações e decisões. — Deveria começar a acreditar... madame Margot disse que o amor me atingiria em um dia cinzento, que esse amor tinha um coração despedaçado e que só eu conseguiria consertar. Disseme ainda que ele era um verdadeiro príncipe, e como sou uma princesa, acho que nos encaixamos, não? — Você acha que eu ter atropelado você foi obra do destino? E quem é madame Margot? — Sim Brian, nos encontrar foi obra do destino e a madame Margot é uma excelente vidente... — Vidente? — Tentei conter o ar de zombaria em minha voz, mas foi impossível. — Sim Brian, vidente. — Ela levantou e me estendeu um cartão — Encontre-me aqui amanhã as 15h00min. Vou tirar a tensão do seu corpo e iluminar seu chacra... Brian qual o seu signo? — Você sabe o quão louco soa tudo o que você diz? Não sei qual é o meu signo, e nem acredito nisso. — Que dia você faz aniversário Brian?

— Dia 9 de janeiro, por que? — Para eu saber exatamente qual óleo usar. Venha até esse endereço e você sairá de lá sem essa aura pesada de dor. — Não acredito nessas coisas, Jasmine. — Ela aproximouse da minha mesa, e inclinou seu rosto até o meu, beijando meus lábios. Foi um beijo inocente e casto, mas ao mesmo tempo sedutor e doce. Minha necessidade por ela cresceu, e antes dela sair ela disse. — Eu acredito por nós dois Brian. Ela saiu, deixando aquele cheiro de morango em meu escritório. Era tudo muito louco, ela era uma lunática, mas ao mesmo tempo era encantadora, linda, sexy... e o fato dela cuidar da sobrinha e fazer toda uma comoção para aliviar sua dor mexia comigo de várias formas, afinal ela era uma mulher jovem, não devia ter mais do que 24 anos, e demonstrava todo um esforço para cuidar de sua sobrinha. Em mais um ato de impulso, liguei para o doutor Carvish e pedi uma folga para o dia de amanhã. Ele ficou até impressionado, já que que sempre me forçava a uma folga e enquanto me recusava a ficar atoa. Mas a curiosidade tomou conta de mim, precisava encontrá-la no endereço indicado no cartão, e ter mais dela, nem que fosse apenas para estar sentado escutando o som de sua voz falando todas aquelas baboseiras que ninguém em sã consciência acreditaria.

Passei o dia seguinte inteiro contando as horas para reencontrá-la. Acho que estava fadado a ficar louco e pararia em alguma clínica psiquiátrica em breve, e por isso perderia minha licença para exercer a medicina. Deus, eu estava muito perturbado, mas iria pagar para ver. No horário combinado eu estava em frente a uma espécie de tenda... não era exatamente uma tenda, só tinha a aparência de uma, como uma loja de especiarias. Entrei, e um sino tocou indicando minha entrada; a minha volta estava repleta de prateleiras com temperos e ervas de todos os tipos: incensos, velas, óleos e livros diversos sobre Wiccans, simpatias e horóscopo... todas essas baboseiras de astrologia que as mulheres acreditavam. Quando estava a ponto de ir embora, sua voz doce e melodiosa me chamou. — Você veio! Eu sabia que viria, mas pensei que talvez sua teimosia e sua razão o manteriam longe. — Ela vestia um quimono lavanda outra vez, e seus cabelos vermelhos estavam presos com dois kanzashis (palitos decorativos para cabelos) japoneses. — Venha comigo Brian, vamos para o país das maravilhas. — Eu nem sei o porquê vim aqui, você me parece maluca e eu não acredito em nada disso. — Você acredita, só que é tão severo consigo que não consegue se soltar. Solte-se Brian, largue essa vida sem sal e

venha logo comigo... vamos viver uma vida mais temperada e coberta de pimenta. — Você sempre tem que falar por metáforas? — Perguntei, ainda relutante em segui-la. — E você tem de ser sempre tão chato? — Ela puxou minha mão e me levou para o interior da loja. Com um botão na parede todas as luzes se apagaram e escutei o som de uma tranca. — Agora você vai tirar toda a sua roupa e deitar na maca. Entramos em uma sala com uma maca centralizada; em volta, haviam muitas velas acessas e um cheiro almiscarado de chá, incenso e flores. — Eu não vou tirar a roupa. — Ela me encarou, desdenhosa. — Eu não vou abusar de você Brian, não sinta vergonha. Tire toda a sua roupa agora, antes que eu arranque ela a força de você. — Você não conseguiria arrancar minhas roupas a força, sou maior que você. — Bem, isso é verdade, mas você vai tirar a roupa de todo o jeito, então por que continuar discutindo? — Ela me encarou, e seus olhos me faziam mergulhar profundamente em um oceano de emoções distorcidas e confusas. Ela tinha razão, faria o que ela me pedisse... era insano eu sei, mas certas coisas na vida parecem que não precisam ter explicações lógicas, ao menos era

isso que eu pensava antes do meu coração ser dilacerado pelo amor. Ela ficou de costas para mim, acendendo os diversos incensos. Me despi rapidamente e deitei-me na maca com uma toalha pousada abaixo da minha cintura, aquele cheiro de incenso estava me deixando zonzo, inebriado... — Não creio que isso faça bem ao pulmão, poderemos ter um câncer e.... — Calado... não pense em nada... pare de pensar e feche os olhos. Relutantemente fechei meus olhos e tudo ficou silencioso a nossa volta. O cheiro do incenso já não me incomodava mais, e sua voz parecia ter penetrado minha consciência. Não sei quanto tempo havia passado naquele silêncio reconfortante, que deixava-me estranhamente em paz. — Agora que você já meditou por uma hora vou começar a massagem. Ela vai curar você Brian, e então você estará pronto para amar outra vez... Ela começou a cantarolar uma melodia doce, algo diferente de tudo o que já ouvi, enquanto passava óleo por toda a minha pele. Sentindo seus dedos hábeis passearem por todo o meu corpo, parecia flutuar em um mar de cores que passavam diante dos meus olhos. Sua voz, suas mãos e seu perfume, tão próximo

que se destacava diante de todos os outros cheiros distintos, pareciam ter tomado completamente meus sentidos. Devo ter dormido, pois sonhei que estava com um campo verde, e um menininho de cabelos escuros corria em minha direção... eu era pai, eu tinha uma família e era muito feliz. Despertei após algum tempo, sozinho na pequena sala, sentei-me e me sentia diferente, muito diferente. Olhei ao meu redor e sorri, sentindo-me leve e relaxado. — Oi dorminhoco, vamos dar uma volta? — Jasmine surgiu na minha frente, seus cabelos vermelhos estavam soltos e ela vestia uma calça jeans justa e uma blusa branca. Ela brilhava e meu coração encheu-se com uma emoção sem igual ao vê-la. — Oh, acho melhor você se vestir. — Ela enrubesceu, e então notei que a toalha havia caído da minha cintura, deixando-me completamente exposto. — Desculpe — Cobri-me com a toalha rapidamente. — Tudo bem, eu espiei enquanto você dormia. — Disse ela sorrindo, deixando-me boquiaberto — Agora levante, tenho que te levar em um lugar. — Essa mulher vai me enlouquecer ainda. — Sussurrei. Levantei-me e vesti as roupas rapidamente. — Tome aqui um sanduiche e um chá. — Ela me ofereceu um sanduiche natural e chá, que tinha o mesmo cheiro que ela, morango.

— Isso explica seu perfume. — Murmurei enquanto bebericava o chá. — Não uso perfume. — Mas você tem cheiro de morango, deve ser por causa do chá. Ela corou. — Sim, amo chá de morango. Não sabia que o cheiro estava na minha pele. — Senti esse cheiro desde a primeira vez que vi você; é maravilhoso. — Ela corou novamente. — Obrigada. — Terminamos de comer os sanduiches e então ela me arrastou porta a fora. — Qual seu lugar preferido em Chicago? — Não sei dizer, não conheço nada aqui além do supermercado e o hospital. — Ela me encarou perplexa e prossegui — Moro aqui a apenas um anos e um mês então... — Você se mudou para Chicago há mais de um ano e ainda não conheceu os pontos turísticos, isso é inaceitável. Vou levar você agora em meu lugar favorito. — E onde seria? — O Wrigley Field. — Ela disse com um sorriso aberto.

— O estádio de baseball? — Você parece chocado. — Falou rindo. — Você não parece o tipo de pessoa que gosta de baseball... parece mais o tipo de pessoa que gosta de teatros. — Por Deus, não! Eu detesto teatro... prefiro mil vezes ir num museu ou ficar em casa lendo um livro do que assistir uma peça de teatro, eles são tão... — Ela pareceu pensar no que dizer e completei. — Dramáticos? — Isso mesmo! A minha vida já teve dramas demais para que eu vá ao teatro. — Mas tem peças de comédia. — Disse, encantado por ela. — Não vai me convencer Brian. Quem deu esse nome tão sem graça para você? Gargalhei. — Agora vai caçoar do meu nome? — Ela pensou por um minuto e sorriu. — Não, só estava tentando distrair você. — Por que? — É o que faço sempre, pois sempre que menciono que já

tive dramas demais as pessoas começam a perguntar, então virou habito trocar de assunto. — Eu meio que imagino o que você já viveu, mas hoje estou aproveitando o momento apenas... podemos falar sobre isso se você quiser, em uma próxima vez. — Então teremos um próximo encontro? — Ela sorriu — Pensei que você me achasse uma maluca. — Eu ainda acho, mas você pode ser a minha maluca. — Ela me encarou. — Quem está falando em metáforas agora Brian? — Não estou falando por metáforas, estou sendo bem claro: quero você. Ela suspirou e um brilho travesso surgiu em seu olhar quando avistou algo a frente. — Chegamos. — Encarei o estádio, que tinha a fachada iluminada, mas os portões estavam todos trancados. — Está fechado. — Sch., vamos contornar aqui... já são 20 horas, o guarda saiu para jantar. — Eu não vou entrar ai. — Alertei-a quando chegamos em um portão de ferro que estava preso com correntes.

— Vai me fazer entrar sozinha? Isso não é nada cavalheiresco de sua parte. — Disse zombeteira. — Você não vai entrar também. — Falei convicto. — Pode ser presa, é perigoso. — Pimenta Brian... as vezes comer pimenta pode ser perigoso, mas também é excitante. — Ela começou a escalar o portão gradeado de ferro e quando saltou do outro lado me encarou — E ai, vai continuar sobrevivendo, ou vai vir até aqui e viver de verdade? Ela correu para dentro do estádio e eu amaldiçoei a nós dois por isso. Escalei o portão e saltei; adrenalina pura tomou conta de cada centímetro do meu corpo. Nunca ema minha vida havia quebrado regras, nem mesmo na adolescência tive coragem, e enquanto corria em direção ao estádio, para ir de encontro a ela, sentia-me vivo como nunca antes. Ela estava no meio do estádio... lá em cima a lua cheia brilhava, iluminando seus cabelos vermelhos. Corri em sua direção, extasiado e excitado além da conta. Peguei-a nos braços e a girei no ar, que gargalhava sem parar e eu também. Como duas crianças travessas, caímos no campo com seu corpo delgado em cima do meu, e seus cabelos macios acariciando meu rosto. Então nossos olhares se encontraram, e com a voz rouca questionei ao pegar uma mecha de seu cabelo entre os dedos.

— Qual a sua cor natural? — Seus olhos fitaram os meus profundamente, e ela sorriu. — Um dia você irá descobrir... a menos que saia da minha vida tão rápido quanto entrou. — Eu não pretendo sair da sua vida tão cedo. — Que bom, então me beije logo e.... — Calei seus lábios colando-os nos meus, e minha língua acariciou cada centímetro de sua boca acetinada. Gemi em seus lábios, seu corpo encaixando-se com perfeição ao meu. Queria desvendar seus segredos, queria viver mais a vida... queria ser dela e queria que ela fosse minha, por mais insano que isso tudo parecesse.

Capítulo 2

Jasmine

Parecia loucura, e na verdade era aos olhos de pessoas convencionais; mas não para mim. Quem me conhece sabe que não sou nada convencional, desde criança me sinto diferente; ficava por vezes parada no meu quarto perguntando o porquê

disso tudo, qual o sentido disso tudo? Por que nascemos? Por que temos de ir trabalhar? Por que temos de estudar? Por que fazer tudo isso? Qual o sentido? Vivia me perguntando isso aos sete anos de idade, e as crianças me achavam um tanto estranhas por isso. Conforme fui crescendo e descobrindo novas coisas, como jogos de videogame de realidade virtual como The Sims, só tinha em mente a mesma pergunta: Por que existimos? Isso de fato me enlouquecia... existiria uma pessoa jogando com todos nós? Ou nos assistindo e se divertindo enquanto vivíamos quebrando a cara dia a dia? Você

deve

estar

pensando:

Essa

garota

é

mesmo

perturbada. Mas não diria isso... eu sou curiosa, curiosa demais, e sempre amei o fato de ser diferente, de chocar a sociedade com o meu jeito. Fui gótica na adolescência, e meus namoros que duravam apenas um mês já que eu enjoava da mesmice. Tédio... detesto o tédio. Todos os meus namorados tinham algum defeito, ou ele era certinho demais, errado demais, ciumento demais ou não sentia ciúmes o suficiente. O que fazer? Pensei que nunca me casaria na vida, pensei que viveria livre como um pássaro ou como um gato. Sempre admirei os gatos, talvez porque quando comecei a praticar Wicca tenha descoberto em um ritual que o gato era o meu animal guardião. E como poderia ser diferente? Sempre amei minha liberdade, sempre fui independente e bem... sempre amei dormir.

Bem mas, voltando ao motivo dessa história, vamos parar de falar tanto de mim e focar no que aconteceu na noite passada, o beijo mais incrível da minha vida, e bem como a madame Margot disse, tudo estava acontecendo. Quando ela me disse que via nas cartas a minha alma gêmea, e que o amor me atingiria a ponto de me derrubar, nunca imaginei que ela se referia a derrubar literalmente, ou que minha alma gêmea seria um capricorniano certinho e centrado, e até onde eu sei, ciumento. Totalmente o oposto de mim, uma aquariana louca, que vive no mundo da lua e preza por sua liberdade. Mas como dizem, os opostos se atraem e acho que Brian Lancaster e Jasmine Dawson se encaixavam com perfeição, até porque duas peças iguais não se encaixam no quebra-cabeças, certo? Acho que unidos teríamos um equilíbrio, quando eu sonhasse demais ele me puxaria para o chão e quando ele parasse de sonhar, eu daria vida aos seus sonhos com prazer. — Tia, a Ágata está presa em cima da árvore de novo. — Disse Crystal, minha linda sobrinha de cabelos dourados, referindo-se a minha gata preta que vivia se metendo entre os galhos da árvore e nunca conseguia descer.

Sua expressão preocupada agora fez com que eu me lembrasse de minha meia irmã Annie, e de sua partida precoce para o mundo espiritual, era estranho a forma como as pessoas boas sempre partiam e o mundo ficava repleto de pessoas más e sem coração. — Eu vou pegar uma escada meu amor. — Disse levantando-me. Batidas na porta me impediram de prosseguir, e um sorriso iluminou meu rosto. Fui até a porta encontrar Brian, e meu coração saltou de dentro do peito no momento que pousei meu olhar sobre ele. — Olá. — Sorri, me sentindo tímida de repente. Nunca havia levado homem algum na minha exótica casa e agora estava um tanto apreensiva. Pela primeira vez na vida fiquei receosa que ele do que ele pensaria ao ver a minha casa por dentro, desde as minhas miniaturas de corujas, cristais e diversos filtros dos sonhos que estavam espalhados pela casa.

“E se ele me achasse uma lunática e fosse embora correndo?” Pensei. — Posso entrar? — Perguntou ele e estendeu na minha direção um pequeno cacto. Peguei o vasinho daquela planta, um presente um tanto incomum de se dar para uma mulher e o deixei passar. Após ele avaliar o lugar e sentar-se no sofá, pude finalmente respirar e questionar. — Um cacto? — Questionei curiosa. — Ele não está aprovado tia — Resmungou Crystal, sentando-se ao meu lado e encarando Brian com desconfiança — Um príncipe não presenteia a princesa com espinhos, mas sim com flores. — Disse ela decidida, me fazendo rir. — Ei mocinha, sou um príncipe ainda e o cacto tem um significado. — Disse ele acariciando os cabelos claros de Crystal. — Agora que você chegou pode resgatar Ágata. — Disse ela, mudando totalmente de assunto. — Quem é Ágata? — Nossa gata, venha comigo... — Ela começou a puxar Brian pela mão e o arrastou porta a fora. Fiquei encarando o pequeno cacto curiosa quando batidas na porta chamaram a minha atenção. — Oi Carrie. — Cumprimentei a madrinha de Crystal, e

entramos em um papo animado sobre Crystal e sua filha Rachel. — Titia, ele é realmente um príncipe e muito heroico. — Disse Crystal voltando da rua com Ágata nos braços. — Tia Car, oi! — Prontamente ela largou a gata no chão e correu para os braços de Carrie. Carrie olhou curiosa para trás de mim e logo fiz as apresentações. Fui buscar as coisas de Crystal, que hoje passaria a noite na casa de Carrie. — Então minha lindinha venha cá me abraçar. — Peguei Crystal e acariciei seus cabelos. Meu amor por ela era imenso e toda a vez que ela passava a noite fora me sentia de fato apreensiva. — Tia, pode ficar com ele. Agora sei o que significa o cacto e também teremos alguém para tirar a Ágata da árvore sempre que ela subir, não é mesmo? — Sorri para ela e concordei. Assim que ela partiu após dar um abraço de urso em Brian, convidei-o para ir até a cozinha para que eu preparasse um chá para nós. — Sua casa é incrível. — Disse ele. — Ah, tá bom. — Disse desdenhosa. — É mesmo... exótica. — Exótica você quer dizer o museu da esquisitice? Ou

exótica bonita? — Ele sorriu abertamente, parecia mais relaxado, mais leve desde a última vez que nos encontramos. Parecia livre de sentimentos que pairavam sobre nós antes. — Linda como a dona dela. — Ele aproximou-se de mim e colou seus lábios nos meus. Seu beijo foi terno e exigente ao mesmo tempo, e quando ele se afastou precisei segurar-me na bancada da pia para não cair. — Senti sua falta. — Ele disse. — Eu senti sua falta também. — Disse corando. Mas que diabos está havendo comigo? Cadê a mulher valente? Cadê a autentica mulher sem medo? Deus, perto dele eu era apenas uma poça de sensações loucas. — Então quer saber o significado do cacto ou não? — Me conte Brian... — Desliguei o bico do fogão, não pensando mais em me aquecer com chá; naquele momento queria ser aquecida no calor dos seus braços. Enlacei seu pescoço e sorri. — Conte-me... — Estive pensando muito desde nosso último encontro e senti coisas que nunca havia sentido antes por ninguém — Ele encarou-me e foi me guiando até o quarto instintivamente — Pode-se dizer que passei a acreditar, ao menos um pouco, em destino e que estou perdida e loucamente apaixonado por você. — Oh... — Sim... eu sei que parece loucura, mas ao pensar em te

dar uma flor ou uma planta, optei pelo cacto; afinal ele sobrevive a tudo. Uma rosa é frágil demais e quero que aquele cacto represente o que eu quero para nós dois: quero ficar com você para sempre por mais louco e insano que tudo isso possa parecer. — Nada disso parece loucura para mim. Parece, na verdade, a coisa mais certa a ser feita. — Nisso fui abrindo os botões da sua camisa ao mesmo tempo em que ele tirava os sapatos e despia-me. — Acho que fomos feitos um para o outro. — Pousei meus lábios sobre seu peitoral forte, acariciando sua pele quente, sentindo as batidas aceleradas de seu coração. — Linda... é loucura eu dizer que já te amo? — Perguntou ele, pressionando meu corpo com o seu sobre o colchão. — Loucura seria se você dissesse isso para outra mulher. O senti entrar em mim, e já estava mais do que pronta para recebê-lo, encaixando-se com perfeição. Nossa relação estava escrita nas estrelas, éramos almas gêmeas se reencontrando após muitas vidas separados, por mais louco que isso possa parecer a qualquer pessoa. — Seria loucura querer viver com você para sempre? É loucura esse sentimento de posse que sinto sobre você? É loucura eu querer morrer a estar longe de ti? — Questionou ele, movendose languidamente dentro de mim. — Você não precisa ficar longe de mim, meu amor. Vamos

ficar juntos para sempre a partir de hoje. Eu amo você Brian, por mais insano que possa parecer. — E então ele me beijou, e naquele momento eu soube o porquê eu estava no mundo. Naquele dia descobri o mistério que rondava a minha vida desde a infância, as minhas perguntas foram todas respondidas. Estamos nesse mundo para amar e ser amados. Aquela noite foi mágica. Brian e eu trocamos confidências e desde aquela noite nossos encontros foram constantes. Após longos meses nos conhecendo, Brian pediu-me formalmente em casamento, e discutimos sobre uma cerimônia Wicca de união pois ele queria que fosse em uma igreja. No fim, acabamos nos casando na praia na companhia de um padre e com madame Margot nos abençoando com sua varinha mágica. Contei todos os meus segredos a Brian e ele me contou os seus. Crystal já o amava como a um pai e se não for tão clichê, direi que vivemos felizes para sempre, nós quatro: Brian, Jasmine, Crystal e Caleb, nosso filho que nasceu meses após nosso casamento. Um lindo menininho ruivo... sim Brian descobriu a cor dos meus cabelos, eu diria que foi na nossa primeira noite de amor, sabem como é... certas coisas não podemos disfarçar. A mensagem que eu venho passar para despedir-me de vocês é: Seja você mesmo, ame a si mesmo, e o mais importante, tenha fé. Não é porque você não pode ver ou tocar que não existe, certo?

Com amor, Jasmine Lancaster.

FIM
Jennifer Souza - Série Lennox#2

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