Copyright © 2019 Vanessa Secolin Capa: Islay Rodrigues Revisão: Carolina dos Santos Diagramação: Vanessa Secolin Está é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos descritos são produtos da imaginação da autora. Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais é mera coincidência. Todos os direitos reservados. Este ebook ou qualquer parte dele não pode ser reproduzido ou usado de forma alguma sem autorização expressa, por escrito, do autor, exceto pelo uso de citações breves em uma resenha do ebook. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na lei nº 9.610/ 98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal. O ACASO – Livro 2 Série Bittencourt Vanessa Secolin 1ª edição – 2019 Todos os direitos reservados
Dedicatória Para a minha princesinha Ashley que me deu ideias mesmo sem saber. E para os queridos leitores, sem eles eu não chegaria até aqui...
Índice Dedicatória Índice Prólogo Capítulo 1 Capítulo 2 Capítulo 3 Capítulo 4 Capítulo 5 Capítulo 6 Capítulo 7 Capítulo 8 Capítulo 9 Capítulo 10 Capítulo 11 Capítulo 12 Capítulo 13 Capítulo 14 Capítulo 15 Capítulo 16
Capítulo 17 Capítulo 18 Capítulo 19 Capítulo 20 Capítulo 21 Capítulo 22 Capítulo 23 Capítulo 24 Capítulo 25 Capítulo 26 Capítulo 27 Capítulo 28 Capítulo 29 Capítulo 30 Capítulo 31 Capítulo 32 Capítulo 33 Capítulo 34 Capítulo 35 Capítulo 36 Capítulo 37
Capítulo 38 Capítulo 39 Capítulo 40 Capítulo 41 Capítulo 42 Capítulo 43 Capítulo 44 Capítulo 45 Epílogo 1 Epílogo 2 Agradecimentos Próximo livro da série Sobre a autora
Prólogo
Dois anos antes... Quando Melanie desceu do avião, todas as lembranças a atingiram em cheio. Estar de volta na sua cidade natal trouxe toda a dor que ela luta até hoje para superar. Mas quem olhava para ela, andando confiante em um salto quinze pelo aeroporto, não imaginava o quanto estava assustada por dentro, o quão acelerado estava seu coração e como estava suando de tão nervosa. A jovem de cabelos encaracolados e castanhos claros estava se sentindo uma garotinha medrosa, mas pelos seus melhores amigos, mais considerados irmãos, ela conseguiria. Quando o convite de casamento de Elisabeth e Eduard chegou, Mel não pensou duas vezes em ligar e aceitar, era o dia deles, dos dois que a acompanharam com toda a sua dor, agora ela quem iria acompanhar a felicidade do casal, mesmo sentindo repulsa dessa cidade que muitos consideravam tão linda e receptiva, para ela, Nova Iorque era uma lembrança constante do quanto a vida lhe tirou. — Mel, você está ainda mais linda. — Lisa pulou nos braços da amiga apertando-a em um abraço carinhoso. — O que eu posso fazer? O tempo só me faz bem. — Melanie também se agarrou a ela matando as saudades. — Você é uma sortuda. — Não, o único sortudo aqui é o Eduard, por ter você na vida dele. — Mel abraçou o noivo da melhor amiga, o mesmo cara que se tornou um irmão para ela, assim como Lisa sempre foi. — É bom ter você de volta Mel. — Ele comentou pegando as malas
dela. — Só por três dias, eu vou voltar para o Brasil na segunda. — Uma pena, mas vamos aproveitar tanto. — Lisa se empolgou. Quando eles já estavam no carro, o celular de Eduard tocou e Elisabeth o olhou. — Quem é? — É o Elliot, preciso atender. — Ele respondeu pegando o aparelho e descendo do carro. — Não gosta desse Elliot? — Mel perguntou para Elisabeth, conhecia muito bem a amiga e percebeu a preocupação no rosto dela. — Do Elli? Adoro ele, tenho que apresentá-los, quem sabe vocês não... — Nem vem Elisabeth, não estou à procura de homem. — Você tem que se divertir, desde o... — Não. Me divirto muito bem sozinha. — Melanie a cortou. — Você quem sabe, mas só te digo uma coisa, quem perde é você. — Ela sorriu provocativa, mas logo olhou novamente preocupada para o noivo. — O que foi? Por que essa cara? — Não é nada, Edu está em um novo trabalho, mas eu não acho uma boa ideia. Melanie optou pelo silêncio, pelo que conhecia da amiga e pela expressão dela, era algo grave, algo que ela não sairia contando. — Qual o plano de vocês para hoje à noite? — Eduard perguntou assim que entrou no carro.
— Não temos nada, a não ser que a minha madrinha tenha planejado uma despedida de solteira para mim? — Lisa lançou a pergunta no ar e Mel arregalou os olhos. — É que convidei o Elliot para jantar em casa hoje, quero apresentar a Mel para ele. — Edu comentou e olhou rapidamente para a quase esposa. — Acho fantástico, depois de conhecê-lo, duvido muito que ainda vá querer se divertir sozinha. — Lisa olhou para trás sorrindo sapeca, mas Mel apenas revirou os olhos para ela. O caminho para a nova casa do casal foi percorrido com uma conversa animada, onde Lisa queria saber de todas as novidades, desde como está Karina, a ruiva que quase roubou o posto de melhor amiga de Melanie, até a abertura do novo restaurante das duas. — Desde que você foi visitar, há três meses, continua igual, o restaurante ainda é apenas um sonho e Kah está com aquele cara ainda. — Mel comentou desanimada. — O de quase sete anos de relacionamento? — Foi Eduard quem perguntou, quando estava entrando com o carro na garagem. — Esse mesmo. — Melanie concordou. — Ela merece alguém melhor, sempre digo isso. — Elisabeth desceu do carro e Mel fez o mesmo. Mas as duas já foram entrando e deixaram as malas por conta de Eduard. — Vou te mostrar cada detalhe Mel, compramos uma casa com vários quartos porque queremos muitos filhos. — Assim que a palavra, filhos, saiu dos lábios da mulher, Mel se retesou. — Desculpe, eu não deveria... — Não tem problema Lisa, quero ter muitos sobrinhos para mimar mesmo. — Ela tentou sorrir, mas não chegou aos olhos aquele brilho feliz.
Depois de ter conhecido toda a casa, comido um delicioso lanche, Melanie foi para o quarto de hóspedes, disposta a descansar para o tal jantar. Esse Elliot pode ser o mais lindo dos homens, mas meu coração está fechado para o amor. — Ela pensava enquanto encarava o teto, esperando pela chegada do sono.
∞∞∞ Quando ouviu a campainha, Mel se levantou do sofá e foi abrir a porta, afinal os donos da casa ainda estavam no banho. — Ooh, acredito que bati na casa errada. — O tom da voz dele foi ouvido assim que a porta foi aberta. Melanie o percorreu com o olhar, estava vestido em um terno escuro, os cabelos estavam espatifados, mas o que chamou a atenção dela foram os olhos. Um par de olhos azuis cristalinos. A jovem sentiu que ele também a olhava, era como se a tocasse, afinal a ardência em sua pele parecia ser sentida. — Elliot, não é? — Ela perguntou por fim. — Isso. Você deve ser a Melanie. — Foi uma confirmação. — Eu mesma, eles estão no banho, entre. — Mel fez as honras de acomodar o convidado na casa em que ela também é a convidada. — Veio para o casamento? — Elliot perguntou, quando o silêncio na sala parecia estranho. — Sim, vou embora na segunda de manhã — comentou. — Tão depressa? Edu me contou que você nasceu aqui. — Ele foi cauteloso, mas mesmo assim Melanie se sentiu desconfortável.
— Sim, mas me mudei há um ano, por isso preciso de ajuda para uma coisa, será que pode me ajudar? — Ela tratou logo de mudar de assunto. O vinco entre as sobrancelhas bonitas de Elliot, mostrou sua confusão. — Se estiver ao meu alcance. — Lisa acabou pedindo uma despedida de solteira, mas eu não tenho a menor ideia de onde posso fazer, assim em cima da hora. Ele pareceu pensar um pouco. — Tenho um lugar em mente, podemos ir lá juntos amanhã, é de um colega meu. — Ele sugeriu e ela sorriu aliviada. — Vou adorar Elliot, obrigada. — Os dois ficaram em silêncio, apenas se olhando. — Eu sempre tenho razão amor. — Lisa comentou quando entrou na sala de estar, já arrumada para o jantar. — Você sempre tem mesmo. — Ele a abraçou pela cintura e os dois sorriram um para o outro, apaixonados. — No quê? — Foi Elliot quem perguntou. — Lisa disse que Melanie e você se dariam bem, só isso. — Eduard respondeu, mas o pequeno sorriso demonstrava que havia mais coisa ali. Elliot e Melanie apenas se olharam e resolveram ignorar aquilo. O jantar estava sendo maravilhoso. Melanie sentia os olhares de Elliot nela, mas evitava retribuir e conversava com Lisa, que fazia alguns sinais, mandando a amiga investir. No fim da noite, Edu e Lisa não acompanharam Elliot até a porta, já que segundo os dois, ele é de casa e eles estavam com sono. — Se quiser ficar Elliot, é bem-vindo. — Lisa piscou provocativa
para os dois. O moreno gargalhou com isso e Mel ficou olhando para o homem bonito a sua frente, que conseguia ser ainda mais belo sorrindo. — Ela é terrível. — Melanie comentou quando os donos da casa subiram deixando os dois sozinhos. — Ela é. — Ele respondeu quando a crise de riso passou. Os dois sentiam o clima que estava, desde o início, desde o primeiro olhar, mas tanto Mel, quanto Elliot queriam evitar aquilo. — Bom... Eu vou indo. Ambos caminharam lado a lado o restante de passos até a porta, Melanie abriu e ele se virou para olhá-la. — Nos vemos amanhã? As duas da tarde está bom? — perguntou. — Sim, ótimo. Até amanhã então. — Ela assentiu, ainda olhando para os olhos cristalinos. Ele também assentiu e se virou, mas antes que Melanie fechasse a porta, Elliot se virou novamente. — Juro que se fosse em outra ocasião, eu te beijaria. — Ele comentou com um sorriso de lado. Mel ficou alarmada, mas a sensação gostosa que cresceu na barriga dela a fez perguntar: — Por que não nessa ocasião? — Porque depois de tudo o que você passou, eu sou o último homem que deveria te tocar. — Essa foi a resposta. Tranquilamente ele entrou no carro e partiu dali, deixando Melanie de pernas bambas e totalmente preocupada. O que foi que Eduard contou para ele?
∞∞∞ No outro dia, Mel já tinha experimentado o vestido que usaria no casamento, ido as compras com uma Lisa eufórica e tentado mil vezes encontrar um modo de cancelar com Elliot, mas era a despedida da sua melhor amiga que estava em jogo. — Então vai se encontrar com o Elli, hein? — Lisa provocou, quando as duas estavam na sala, à espera do Bittencourt. — Não é nada demais, pode parar. — Mel não podia contar o motivo do encontro, mas isso pareceu deixar Elisabeth ainda mais empolgada. — Seria esse o meu sonho? Te ver com o melhor amigo do meu noivo? — Sabe que isso nunca vai acontecer, voltarei para o Brasil na segunda. — É só não voltar, você tem seu apartamento aqui ainda. — Está alugado, por isso ainda não o vendi. — Deixa de besteira, viu como ele é bonitão? Ou vai negar? Mel olhou para o chão e balançou a cabeça negando. — Você é terrível mesmo. — Sou nada, só percebi seus olhares, praticamente pegavam fogo. — Não exagera, ele foi simpático e eu apenas retribuí. — Ah claro! Se quer acreditar nisso. Nesse momento a campainha tocou, Lisa se jogou no sofá e disse: — Abre lá, tenho certeza que é você quem ele quer ver. — Ela deu uma piscadinha sapeca.
— Ainda não entendo porque te amo. — Mel jogou a almofada nela e foi até a porta. Quando abriu, a visão de Elliot foi de tirar o fôlego. Ele estava vestindo um jeans casual, uma camisa polo no tom preto e óculos de sol. — Oi Melanie — cumprimentou com um sorriso, sabendo muito bem a razão da jovem estar admirada. — Elliot, eu já estou pronta, vamos? — Claro. O homem de terno da noite passada não se comparava a esse, vestido de forma tão casual, relaxado e dirigindo concentrado. — A despedida será mista ou só para mulheres? — Ele perguntou quando o carro já cruzava as ruas movimentadas. — Eu pensei em mista, assim Eduard pode ir, mas pensando bem não será uma despedida se os dois forem juntos. — Ela comentou olhando fixamente para o movimento da rua. — É, não será uma tradicional, mas é uma ideia bacana, pode ser legal. — Sim, faremos mista então. — Ela comentou decidida. — Faremos? Está me incluindo nessa? — Ele a olhou por um instante, mas foi o suficiente para Mel sentir o coração se acelerar. O homem sabia ser belo, cheiroso e intimidante. Dividir um carro com o Bittencourt estava deixando-a inquieta. — Ele é seu melhor amigo, é seu dever também me ajudar. — Ela respondeu petulante. — Se faz tanta questão assim da minha ajuda, claro que irei.
O local do colega de Elliot era um pub, localizado em uma área nobre da cidade e muito bem organizado. — Perfeito, se conseguir será aqui. — Mel deu uma rodada admirando o local e logo encontrou os olhos de Elliot nela. — Então é aqui. — Ele sorriu. Melanie negava com todas as suas forças que estava realmente atraída por Elliot, mas naquela mesma noite, depois de mais de um ano afastada dos prazeres carnais, ela se rendeu e deixou que aquele belo homem de olhos claros a tocasse, beijasse e a provasse de diversas formas diferentes. Era tudo uma questão de prazer para ambos, afinal na segunda-feira Melanie voltaria para o país que agora chama de lar...
Capítulo 1
Dias atuais... Melanie estava almoçando com Karina quando seu celular tocou. A ruiva fez sinal para ela atender. — Melanie Mayer — aceitou a ligação. — Melanie... — Aquela voz que ela jamais esqueceria. — Elliot? O que houve? — Mel se levantou e caminhou para fora do restaurante. — Eu preciso conversar com você, estou no Brasil. — Ele comentou e Mel se pegou olhando para os lados. — Em qual hotel? — Em nenhum, estou no seu apartamento. — Ela arregalou os olhos surpresa. Mesmo sem saber a razão dessa ligação e da visita, ela sentiu o coração se apertar. — O que houve Elliot? Lisa e Edu estão bem? E July? — Ela perguntou e entrou no restaurante novamente. — July está bem, Lisa e Edu... Eu não quero falar pelo telefone, por isso estou aqui. — Preciso ir Kah, Elliot está no meu apartamento. — Ela sussurrou tapando o celular. — Uma visita do bonitão? — A ruiva sorriu safada. — Nos vemos mais tarde. — Mel jogou um beijo para a amiga ignorando a provocação, pegou sua bolsa e saiu correndo dali, afinal era
Karina quem pagaria a conta dessa vez. — Estou saindo agora do restaurante, em dez minutos estou aí. — Ela se despediu dele. Quando Melanie adentrou o seu apartamento, Elliot já estava lá, sentado no sofá, mexendo no celular. Fazia dois anos que não se viam, desde o casamento de seus melhores amigos, Mel não o esqueceu um segundo se quer desse tempo, mas Elliot parecia alheio ao olhar dela. — Como entrou aqui? — perguntou alarmada. — Não é difícil conseguir as coisas nesse país. — Ele comentou se levantando e quando os olhares dos dois se encontraram, Melanie sentiu novamente aquele aperto. — Eles estão bem? — Foi o que ela conseguiu perguntar. Elliot negou com a cabeça. Os olhos azuis cristalinos que a dois anos atrás tinha um brilho intenso, hoje estavam opacos e tristes. — Eu sinto muito. — Com isso Melanie caiu para trás, mas antes que atingisse o chão os braços dele a seguraram. — Calma, senta aqui, vou pegar água para você. — Ele a colocou gentilmente no sofá e foi para a cozinha, encontrou as coisas facilmente e levou a água para ela, que ainda estava desnorteada. — Como foi? — Os olhos negros dela o encararam preocupados. — Um acidente de carro, uma tragédia. — E July estava com eles? — Ele percebeu o desespero na voz dela. — Estava com a babá. Agora ela está sob proteção do governo, em um lar. Mel deixou que a angústia escorresse por seus olhos, chorou como a
muito tempo não chorava. — Não, não pode ser, é um engano. Eu conversei com eles ontem de manhã. — Ela se agarrou em uma almofada e deixou que todas as barreiras que por anos ergueu se ruíssem, se quebrassem e ali mesmo, na frente daquele homem ela deixou todo o seu desespero e medo surgirem novamente. A dor da perda a rasgava por dentro, estava passando por tudo aquilo de novo e dessa vez Melanie acreditava que não teria novas forças para se reerguer. Para a surpresa dela, Elliot se sentou no sofá, a puxou para o seu colo e a apertou carinhosamente, acariciando seus cabelos de uma forma gentil. — Não posso dizer que vai ficar tudo bem, mas posso garantir que estarei ao seu lado, cuidarei de tudo, não se preocupe com nada. July também estará sob minha proteção. — Ele sussurrou no ouvido dela. Melanie apenas chorou ali no colo dele, sendo cuidada, ela se sentiu protegida novamente. — Eles eram seus amigos também Elliot, você deve estar sofrendo assim como eu. — Ela resmungou um tempo depois, ainda aceitando o aconchego que seus braços lhe proporcionavam. Ele suspirou e Mel ergueu a cabeça para olhá-lo. — Eu estou também, mas segurarei as pontas por nós dois. — Me desculpe por isso, eu simplesmente não aguento tudo de novo. Ele não perguntou a razão, mas o vinco em suas sobrancelhas demonstrou confusão. — Sei que perdeu seus pais, sinto por isso. — Ele falou cauteloso. — Eu perdi muito mais que isso, odeio essa sensação de impotência, odeio saber que nada poderei fazer para mudar isso e odeio ainda mais ficar vulnerável. — Ela ainda o olhava nos olhos.
— Tudo bem, esse será o nosso segredo. — Melanie voltou a colocar a cabeça no ombro dele e ambos ficaram ali, sentados, apenas se tocando, cada um vivendo de uma maneira diferente o luto.
∞∞∞ Na manhã seguinte quando Mel desembarcou em Nova Iorque, uma avalanche de lembranças a atingiu novamente, dessa vez foi muito pior do que as anteriores, dessa vez o motivo de sua ida para aquela cidade não era bom, não era o casamento de seus melhores amigos, não era uma visita para comemorar junto com eles o nascimento de July, não era para festejar o início de uma nova vida. — Você está bem? — Elliot perguntou a olhando preocupado. Durante todo o voo ele esteve ao lado dela, apoiando e entendendo a sua dor. — Não sei se ficarei bem novamente. — Foi sincera. Ele segurou a mão dela e ambos caminharam lado a lado para pegarem as malas. Saber que em algumas horas acontecerá o velório e enterro dos dois melhores amigos, deixa Melanie destruída. O restante do caminho foi feito em modo automático, Mel apenas assentia quando alguém lhe perguntava algo. Agora já no carro, Elliot ainda segurava a sua mão, enquanto o motorista percorria as ruas de Nova Iorque com o carro. — Quer que eu te deixe no seu apartamento? — Elli perguntou, mas Mel negou. — Ele está em reforma, pode me deixar em um hotel, por favor. Ele a olhou por mais um instante e respondeu:
— Não te deixarei em um hotel Melanie, nesse momento nós dois precisamos um do outro, assim como July precisa de nós. — Eu não quero te incomodar Elliot, um hotel está bom para mim. — Não é incomodo nenhum, será bom para nós dois. Ela apenas assentiu, no exato momento que o celular dele tocou. Ainda olhando para fora, sem prestar atenção nas palavras que Elliot falava com alguém pelo celular, Mel deixou as lágrimas caírem. Por que tinha que doer tanto? — Era o Christopher meu irmão, ele precisa da minha ajuda agora. — Ele comentou quando desligou. — Ok, vai lá. — Eu não queria te deixar, mas Chris está segurando as pontas para mim e me ajudando com o preparativo para o... — Eu sei, pode ir, ficarei bem. — Você vai para o meu apartamento então? — perguntou preocupado. — Irei até conseguir arrumar o meu. Obrigada mesmo Elliot. — Ela agradeceu e ele sorriu aliviado. — Willian me deixe na empresa e depois leve a Melanie para o meu apartamento. Mel viu quando o motorista jovem e loiro assentiu. Quando o carro parou em frente ao elegante prédio, Melanie olhou para Elliot e ele já a olhava. — Vai para o meu apartamento e se sinta em casa, tente comer algo e descansar. — Ele afagou o rosto dela, disposto a tranquilizá-la.
— Obrigada. — Ela sussurrou e ele se aproximou da testa dela, depositando um beijo casto ali. Quando Elliot desceu, o motorista arrancou com o carro. Mel ficou perdida em lembranças, o rosto sorridente de Lisa e Eduard quando July nasceu, as fotos do casamento deles, a alegria que estavam sentindo, a nova família que estavam formando, tudo isso se foi com eles e apenas a pequena July ficou. — Chegamos senhorita. — O homem loiro abriu a porta e Mel olhou para o edifício. — Não me chame de senhorita, é Melanie ou Mel. — Ela tentou sorrir, mas não conseguiu. — Tudo bem Melanie, sou Willian ou Will. — Ele sorriu gentil. Ela assentiu e caminhou para o porta malas, com a intenção de ajudálo com as bagagens. — O que está fazendo? — Ele perguntou confuso. — Te ajudando com as malas. — Ela pegou as duas de rodinhas dela e ele praticamente travou. — Não precisa senhori... Melanie. — Ele se corrigiu quando ela o olhou. — Precisa sim, já tem a do Elliot, não custa nada eu pegar as minhas e você a dele. — Mel foi caminhando na frente do homem, que acabou sorrindo com isso. Estar ali, no local que deveria ser de extrema intimidade para Elliot, deixou Melanie desconfortável, descansar e comer eram as últimas coisas que ela pretendia fazer. — Will, você sabe onde a July está? — Ela perguntou para o motorista, que colocava as malas ao lado da porta. — Sei sim.
— Então me leve até lá, por favor. — Ela colocou a bolsa no ombro novamente. — Eu recebi ordens diferentes senhorita, não posso. Mel o olhou determinada. — Pode sim, depois eu me entendo com o Elliot, a July precisa de mim, ela é novinha, mas deve estar tão assustada, confusa — começou a falar e os olhos marejaram. Diante desse argumento, Willian não conseguiu negar. — Tudo bem, vamos. Quando Mel chegou ao lar temporário de July, ela sentiu seu peito se arder de angústia, era um lugar bonito, a proprietária parecia atenciosa, mas Melanie sabia a sensação de estar ali. O vazio que a ausência dos pais causava... E quando segurou a bebê em seus braços, ali, olhando para a pequena e delicada July, Mel sentiu que dessa vez ela tinha um motivo para lutar. — A titia chegou para cuidar de você, meu amor. — Ela sussurrou e nesse momento a menina parou de chorar e a olhou nos olhos. Nesse instante Melanie soube que suas forças voltaram, só que dessa vez com uma intensidade maior, com um objetivo. Proteger e amar July, para que ela nunca se sinta sozinha nesse mundo...
Capítulo 2 Sentado em sua mesa do escritório, Elliot repassava tudo o que viveu desde o dia que colocou os olhos nela, Melanie Mayer. Foi há dois anos, em um jantar que Eduard e Elisabeth organizaram para apresentar os dois melhores amigos. Naquele dia ele foi direto do trabalho para a nova casa dos amigos, mas para a sua total surpresa quem abriu a porta foi uma beldade morena, com menos de um metro e setenta de altura, corpo curvilíneo e cabelos castanhos encaracolados. A reação dela ao vê-lo foi a mesma dele, ambos se olharam intensamente, não se tocaram, mas sentiam a carícia na pele, era um olhar diferente, era como se existisse uma ligação, só depois de se olharem dos pés à cabeça que se apresentaram. Aquele jantar foi um dos mais deliciosos que ele já teve, não se tratando da comida, mas sim da companhia agradável, afinal ele adorava Eduard e Elisabeth, mas a jovem Melanie era uma visão para os olhos, o sorriso simples, o modo delicado de colocar o cabelo atrás da orelha, a forma elegante que degustava o vinho, cada detalhe não passava despercebido para o Bittencourt, mas era quando os olhares dos dois se conectavam que Elliot sentia que a conhecia a muito mais tempo do que apenas uma noite. A ideia de ajudá-la com a despedida de solteiro dos noivos foi genuína, não teve intenção nenhuma por trás disso, afinal Eduard o avisou que Melanie era diferente, quebrada, que no passado ela sofreu muito, mas o amigo não entrou em detalhes, apenas comentou por alto, depois disso ele decidiu se manter afastado, afinal romance não era algo que estava nos seus planos e uma mulher ferida merecia muito mais do que ele estava disposto a dar, mas bastou ficar com ela sozinho no carro que ele se animou de uma forma única. Melanie era diferente, causava sensações nunca despertadas nele e a vontade de tê-la se intensificou ainda mais quando ela apareceu na mesma
noite arrumada e linda para a despedida dos amigos, ele a quis desde o primeiro olhar. E quando Melanie propôs uma noite com apenas prazer envolvido, ele aceitou, mas não imaginava que a jovem ficaria impregnada em seus pensamentos. Afinal não tinha como esquecer quem fez ele descobrir o que era ter uma mulher em sua cama e sentir mais do que apenas prazer. E agora, dois anos após tudo isso, ele voltou a tê-la em seus braços, de uma forma diferente, naquele momento ele só queria tirar a dor dela e fazê-la sorrir novamente. — Senhor Bittencourt? — A porta foi aberta. — Sim. — Me desculpe, eu bati, mas o senhor não respondeu. — Eu não ouvi. O que foi? — O senhor Carter ligou. — Aconteceu alguma coisa com a Melanie? — Elliot se levantou. — Não, ele ligou para avisar que levou ela para visitar a July. Elliot assentiu e começou a colocar o terno. — Avisa ao Christopher que eu estou de saída. Sem mais, ele deixou o escritório, com tudo já organizado. E seguiu até onde Melanie e July estavam. Quando ele adentrou o lar, viu a cena mais bela do dia, July sonolenta ainda segurava firme uma mecha do cabelo de Melanie, que cantava sussurrando para ela, Elliot não conseguiu ouvir a música de onde estava, mas não se importou, ele apenas queria gravar aquele momento para sempre em sua memória. Quando July adormeceu, Mel parou de cantar e ficou admirando a
pequena bebê. — Ela dormiu. — Elliot sussurrou. — Ela estava chorando quando cheguei, tão pequena e já passando por tudo isso. — Se estivesse ao meu alcance, eu evitaria tudo isso. — Ele comentou olhando com pesar para a bebê. — A culpa não é sua Elliot. Os olhares dos dois se encontraram e foi quando ele respirou fundo e disse: — Querem que ela fique aqui até a leitura do testamento. — Mais essa? Por que não podemos levá-la? — Ainda não sabem de quem será a custódia. — Se depender de mim ela sairá hoje mesmo daqui. Mel caminhou até o pequeno berço que estava ali para July e colocou-a delicadamente, deu um beijo na testa pequena e delicada e se afastou, caminhando para perto da mulher responsável pelo lar. — Eu vou levá-la para casa — comentou decidida. Elliot olhava a cena admirado, mas a mulher de óculos de grau apenas encarou Melanie e respondeu: — Sinto muito senhora, não é assim que funcionam as coisas. Ela fica até segunda ordem. — Quem vai me impedir? Você? — Mel a olhou. — Eu só obedeço a ordens senhora, a menina vai ficar. — Ela é filha da minha melhor amiga. Eu não vou deixá-la em um abrigo, ela acabou de perder os pais, precisa muito de mim.
— Isso acontece todos os dias por aqui. Melanie olhou inconformada para a mulher. — Olha como você fala, é uma bebê que acabou de ficar órfã e você não dá a mínima, eu vou levá-la sim, não deixarei ela aqui com você. A mulher enrugou o nariz e olhou com desprezo para Melanie que estava partindo para cima dela, mas antes que algo acontecesse, braços fortes a seguraram. — Calma, assim você piora ainda mais a situação. — Ele comentou baixo, tirando Melanie de perto da mulher. — Como ela não me deixa levar a July? — Mel perguntou arrasada, apenas quer confortar a pequena, dar o colo que ela precisa. — Pelo visto o que você tem de linda, tem de estressada. — Elliot comentou ainda a segurando. — Eu não sou assim Elliot, mas essa mulher merece uns bons tapas. — Eu já chamei o meu advogado, vamos tirar ela daqui. — Achei que você fosse advogado. — Mel se recordou de Lisa comentando algo assim. — Sou empresarial não civil, mas mesmo se eu fosse dessa área não poderia atuar porque estou envolvido. — Eu só quero tirar ela daqui. — Eu também. Mel caminhou até onde July estava e ficou velando o sono da bebê. Ainda era tão pequena, não tinha completado nem dez meses e já estava passando por tudo isso. — Prometo que nunca deixarei você sozinha July, cuidarei de você com todo o amor que existe em mim — prometeu, sabendo que se fosse
Elisabeth em seu lugar faria o mesmo. Essa promessa era tão intensa para Melanie que ela sentiu seus olhos marejarem, cuidaria de July assim como cuidou de Luna no passado. — O advogado chegou. — Elliot reparou nos olhos marejados dela, mas evitou perguntar, afinal era óbvia a razão de todo o seu sofrimento. Antes de deixar July, Mel a olhou novamente e sentiu seu coração se encher ainda mais de amor, está tão só quanto ela, se depender de Melanie, July terá seu amor e sua proteção para sempre. Quando entrou na sala que a pouco quase bateu na responsável do lar, Mel viu o advogado ao lado de Elliot, ambos conversavam sussurrando. — Sou Rodrigo Maldonado. — O homem de aproximadamente quarenta anos estendeu a mão para Mel. — Melanie Mayer. — Ela aceitou o cumprimento. Quando a responsável pelo lar entrou na sala, ela olhou para Melanie com cautela. — Quais de vocês querem a guarda da criança? — Ela perguntou olhando para os dois. — Eu. — Elli e Mel responderam juntos. Os dois se olharam nesse instante e ambos ficaram preocupados, afinal a vida de Melanie era no Brasil e a de Elliot em Nova Iorque, não tinha como resolver isso sem alguém perder a guarda. Com os dois ali se olhando, era nítido que nenhum desistiria da bebê. — Se vocês pretendem levá-la para casa hoje, deverão entrar em um acordo para que eu possa dar entrada com a guarda provisória dela. — A mulher se sentou e encarou-os. — Mas o testamento será lido segunda de manhã. — Elliot ressaltou.
— Exatamente, mas para que July possa ir para casa hoje, precisamos de um responsável temporário. — O advogado explicou. — Eu sou essa responsável. — Melanie falou firme. — De forma alguma, Eduard era como um irmão para mim e July sempre conviveu comigo, já está acostumada a mim. — Elliot rebateu. Melanie respirou fundo, o argumento dele foi bom, mas ela estava preparada para isso. — Ela é uma menina, precisa de uma figura materna com ela, eu sou a pessoa mais próxima, já que está órfã de avós também. — Cada palavra dita foi encarando os olhos dele. — Vocês precisam entrar em um acordo ou a criança não sairá daqui hoje — falou a mulher já impaciente. Elliot segurou Melanie pelo braço e a retirou da sala. — O que está fazendo? Quer que July fique aqui? — perguntou começando a se irritar. — Claro que não, mas se eu deixar que você assine, perderei a guarda dela. — Não, Edu e Lisa deixaram o responsável pela custódia no testamento, será apenas provisório, e você está no meu apartamento, ou seja, também ficará com a July. Mel o olhou desconfiada. — Me prometa que é verdade? Porque eu não vou ficar para sempre na sua casa. E quando eu for embora, como será? — Mel só não complica, precisamos tirar July daqui. Ela cruzou os braços decidida. — Você não prometeu.
— Prometo que durante essa guarda provisória, você não sairá de perto dela. Mel assentiu e voltou para dentro da sala, com Elliot ao seu lado. — Eu ficarei com a guarda temporária. — Elliot avisou e a mulher olhou para Melanie que assentiu. — Assine aqui, será responsável por July até segunda-feira de manhã. — A mulher apontou para onde ele devia assinar, mas Rodrigo pegou os documentos para conferir. Elliot assinou assim que o advogado permitiu. Melanie apenas olhou os papéis assinados e temeu pelo futuro, afinal sua vida em Nova Iorque já tinha acabado a muito tempo, mas lutar pela guarda de July com Elliot seria um caso cansativo, tanto para ela, quanto para July. O futuro era incerto, mas ela estava decidida a abrir mão de muitas coisas para ter a filhinha dos seus melhores amigos em sua vida...
Capítulo 3 Somente quando July foi liberada que Melanie conseguiu sorrir aliviada, foi o primeiro sorriso verdadeiro que dera, desde a visita de Elliot. Ele caminhava ao lado dela, segurando apenas uma pequena bolsa, enquanto ela alinhava melhor a menina adormecida em seus braços. — Coloque ela na cadeirinha. — Ele pediu e Mel o olhou confusa. — Deu tempo de comprar uma? — Foi a minha irmã, Megan. Mel assentiu, gostando de saber que mesmo nessas circunstâncias, ainda assim as pessoas pensavam no bem-estar de July. Ela colocou a bebê, que pelo visto tinha um sono pesado, no bebê conforto e se sentou atrás, segurando apenas um pequeno dedinho. — Vai dirigir esse? — Ela perguntou para Elliot. — Sim, Willian vai levar o meu, eu irei com vocês. O caminho foi percorrido em silêncio, ele revezava o olhar entre a estrada e as duas atrás, já Melanie apenas ficou ali, segurando a mãozinha de July e rezando para que o futuro não as separasse. O apartamento em que esteve horas antes, não parecia o mesmo com a figura masculina no local, Elliot caminhava confiante enquanto segurava o bebê conforto rosinha claro. Mel apenas adentrou o local e ficou calada, olhando para as costas do homem alto. — A minha cunhada Tayla comprou um berço, está no quarto ao lado do meu, vou colocar July lá, você pode ficar à vontade. — Quer que eu a coloque no berço? — Mel perguntou, colocando a
bolsa no sofá. — Não precisa, mas pode subir comigo se quiser. Ela subiu, queria estar ao lado de July. O quarto claramente era um de hóspede, mas foram colocados um pequeno berço e um trocador ao lado. — Posso ficar aqui com ela? — Melanie perguntou quando ele soltou o cinto de segurança e com uma agilidade fascinante tirou a bebê e a colocou delicadamente no berço. — Claro que pode, estarei no quarto ao lado se precisar de algo. — Ele fechou o mosqueteiro e saiu do quarto. Mel se sentou na cama, de frente para July que ainda dormia alheia a tudo, quando os olhos começaram a pesar de cansaço, duas batidas na porta foram ouvidas. — Suas malas. — Ele colocou perto da porta e Mel agradeceu. — Durma um pouco, já está tarde. — Sim, descanse também, cuidarei dela. — Se precisar de algo, me chame. Depois do banho, Mel verificou a fralda de July, que estava sonolenta, mas desperta. — Vamos trocar você, fazer uma mamadeira e depois dormir mais um pouco, o que acha? — Ela falava enquanto a menina bocejava sonolenta. Com a fralda trocada, Mel já estava descendo para fazer a mamadeira, quando ele entrou. — Eu já fiz, passei por aqui e ouvi vocês duas. Ela pegou a mamadeira e se sentou na cama, alimentando a pequena esfomeada nos seus braços.
— Ela dorme bastante? — Mel perguntou, afinal não convivia muito com July. — Também não sei. — Ele sorriu sem graça e passou as mãos no cabelo. — Acho que sim, dormiu boa parte da tarde e está quase dormindo novamente. — Deve estar cansada, tanta mudança em um curto tempo. Mel concordou calada, doía saber que July estava passando por tudo isso. Elliot estava encostado no batente, olhando para as duas. — Durma também Melanie, amanhã o dia será longo. Mel sabia o peso que o amanhã traria, seria o dia de velar e enterrar os dois melhores amigos, o casal que tinha casado a tão pouco tempo, que tinha uma filhinha para criar e amar por toda uma vida. — Eu sei. — Ela suspirou triste. — Deixarei July com a minha cunhada, Tayla tem um filho também, Andrew. — Também acho melhor, July é tão pequena para passar o dia lá conosco. Quando a pequena bebê adormeceu, Mel ainda ficou segurando-a por um tempinho, de pé até que o pequeno arroto saísse. Elliot deixou o quarto assim que deu um beijo em July e olhou para Melanie, que estava pronta para deitar.
∞∞∞ A manhã de domingo amanheceu fria e cinzenta, o dia parecia tão
triste quanto eles. Sabe quando perdemos alguém e o tempo parece que também se entristece? Era exatamente isso. Melanie olhava pela janela e se esforçava para não chorar. Elliot estava ao seu lado e July do outro, acordada e mordendo os dedinhos no bebê conforto. Quando chegaram na casa de Tayla, Mel reparou no quanto a casa era mais simples que as outras do condomínio Bittencourt, não tinha nada de extravagante, era como um lar, tinha na simplicidade e no conforto, tudo o que uma família precisa. Mas, se surpreendeu mesmo quando conheceu a jovem morena, Tayla é mais nova que ela, tem um filho de quase um ano que também estava acordado no colo do pai, o irmão mais velho de Elliot, o mesmo que acompanharia eles no enterro. — Sinto por não poder ir, mas ficarei cuidando desses pequenos. — Tayla comentou. — Eu agradeço muito por isso Tayla. Espero que não seja demais para você. — Melanie sorriu sem graça. — Não é, Andrew é terrível, mas essa pequena aqui parece que gosta de mim. — Tay sorriu quando July segurou uma mexa do cabelo dela e colocou na boca. — É caca, não pode. — Ela repreendeu com uma voz engraçada. July sorriu para ela e voltou a colocar o cabelo na boca, enciumado Andrew queria sair do colo do pai e ir para o da mãe, querendo ela apenas para ele. — Ei garotão, nada disso, hoje mamãe vai cuidar da July e você cuidará das duas. — Christopher falou para Drew, que parou de se sacudir e olhou atento ao pai. Melanie reparou no quão parecidos eles eram, apenas o tom do
cabelo, que do bebê era mais escuro, mas o resto era idêntico. Para a surpresa de Mel, antes de Chris sair ele colocou o menino no chão e esse saiu andando com passos lentos e desajeitados. — Já anda? — Melanie acabou perguntando surpresa. — Sim, como eu disse ele é terrível, viu que eu não pegaria as coisas para ele quebrar, então aprendeu a andar cedo só para destruir tudo. — Tayla comentou de olho atento no filho, que caminhava para uns brinquedos que tinha no canto da sala de estar. Com um simples beijo de despedida, Christopher saiu e acompanhou Elliot e Melanie ao velório. Esse domingo ficaria para sempre guardado na mente deles, o fato de Eduard e Elisabeth serem filhos únicos, os pais também já terem partido, fez com que a capela estivesse quase vazia. Melanie adentrou a pequena capela com o coração partido, os dois caixões estavam lacrados devido ao estado crítico do acidente. Segundo o que Elliot contou para ela, um caminhoneiro alcoolizado bateu no carro deles, causando a morte de ambos ainda no local. Ver a foto sorridente de Lisa e Eduard fez Melanie se desmanchar em lágrimas. — Lisa, queria que tudo fosse diferente. — Ela sussurrou destruída e antes que Elliot se aproximasse para confortá-la, uma voz masculina foi ouvida. — Melanie... — Ele chamou e a moça apenas se virou, dando de frente com Justin, um colega da universidade tanto dela quanto de Lisa. — Justin... — Mel se jogou nos braços dele aceitando o aperto carinhoso que ele dera. Elliot olhava os dois ainda de longe, todos estavam sofrendo demais pela perda dos amigos, a presença de Christopher ali, dando-lhe apoio era muito bem-vinda, Elli conhecia Eduard desde a faculdade, eram bons
amigos, perdê-lo foi horrível. Com o término do funeral, Melanie só queria se jogar em algum lugar e chorar, chorar tanto até que a angústia que sentia se fosse, mas não poderia fazer isso, tinha July e ela precisa muito de sua companhia agora. — Mel, quer que eu te leve para casa? — Justin perguntou, quando Elliot se aproximou deles. — Ela está comigo. — Elli comentou e olhou para Justin, que o olhou sério. — Está com ele? — Sim Jus, obrigada pela oferta, mas irei com o Elliot. — Tudo bem, me ligue caso precisar de algo, a qualquer hora. — Ele retirou um cartão do bolso e entregou para ela. — Obrigada. — Mel o abraçou, mas antes de Justin sair, ele olhou para Elliot, com um aviso explícito. Sempre estaria por perto. Já no carro, o silêncio se tornou incômodo e quando chegaram à casa de Christopher e ele desceu, Elliot segurou a mão de Melanie. — Conhece aquele cara? — Somente a hipótese de ele ser alguém do passado dela, alguém que a feriu, deixava Elliot furioso. — É um colega de turma, tanto meu quanto de Lisa. — Ela respondeu confusa. Quando Melanie entrou na casa de Tayla, os dois bebês brincavam sentados lado a lado. — Deu conta dos dois? — Elliot perguntou enquanto afrouxava a gravata. — Sim, descobri hoje que sou uma supermãe e tia.
— Espero que July não tenha dado trabalho. — Mel comentou. — Trabalho nenhum, já dei banho e mamadeira, mas dormir ela não quis de jeito nenhum. — Na noite passada ela dormiu bastante, deve ser isso. — Mel respondeu e sentiu tudo rodar, quando estava quase caindo Elliot a segurou. — Você está bem? — Eu não sei, deve ter sido uma queda de pressão, também não comi nada no café da manhã. — Vou pedir para Catarina te preparar algo Melanie, precisa estar forte para cuidar de July. — Tayla comentou caminhando para a cozinha. Enquanto Elliot se preocupava com Melanie, Chris apenas observava os dois de longe, sabia que a circunstância não era a melhor, mas um pequeno sorriso surgiu nos lábios dele. O irmão que jurou nunca se apaixonar estava caindo nas garras do amor e nem percebia...
Capítulo 4 Mesmo Melanie estando sentada, Elliot ainda permanecia segurandoa nos braços, ele queria ter a certeza de que ela estava realmente bem, mas uma vontade louca de nunca a largar também era a razão para ele se manter tão próximo. Por que raios tinha que ser tão cheirosa? — pensou ele. O cheiro adocicado o invadia e o mesmo lutava para não parecer um idiota viciado e respirar fundo aquele cheiro que o fazia perder as estribeiras. — Está melhor Melanie? — Tayla perguntou assim que voltou da cozinha, com um copo de água na mão. — Sim, deve ser porque não me alimentei direito, minha última refeição foi um almoço ainda no Brasil. — Ela comentou enquanto aceitava o copo de água. — Me desculpe por isso Mel, deveria ter feito você comer ontem. — Ele comentou se sentindo culpado. — Não adianta Elliot, não tenho apetite. — Você precisa se alimentar bem, devido ao estresse os desmaios podem ser frequentes. — Tayla alertou. — Você é médica? — Melanie perguntou para tentar mudar de assunto. — Ainda não, sou estudante de medicina, pediatria para ser mais clara. — Tay deu um pequeno sorriso para a moça. Quando Andrew completou meio ano de vida Tayla voltou para a faculdade, já fazia cinco meses que todas as manhãs ela se separava do filho e o deixava com Lúcia, sua avó materna. — É cansativo. — Mel afirmou se recordando de quando ela era
universitária e tinha que dividir a vida profissional, pessoal e estudante em um curto período de tempo. — É sim, mas valerá a pena no fim. — Tayla sorriu confiante. Mel assentiu e percebeu que um ser pequeno engatinhava em sua direção. Ela olhou encantada para July. — Olha a minha menina, que coisinha mais fofa. — Ela comentou e recebeu um sorriso em agradecimento. July é a coisa mais linda que Melanie já viu, a bebê tem apenas nove meses, mas já tem os dois dentinhos de baixo e isso a deixa com o mais belo sorriso do mundo. Elliot admirava a interação das duas, unidas por uma razão tão trágica. Mel pegou a bebê, mas permaneceu sentada, afinal ainda estava fraca. — Sentiu falta da tia Mel, meu amor? — Ela beijava a barriguinha da bebê que sorria feliz, alheia a dor que a perda dos pais causava. July de algum modo deve sentir a falta, afinal estava acostumada com os dois, mas como ainda é um bebê a dor não era tão grande, não entendia muito bem as coisas e desde que descem amor para ela, ela estaria risonha. Ciumento como é, Andrew também se aproximou de Melanie, mas com passinhos cambaleantes, afinal já aprendera a andar. Mel o olhou interessada, alheia a todos da sala que olhavam para os três. — Você também quer carinho mocinho? — Ele não sorriu como a July, mas os olhinhos claros eram pidões. — Pois venha. — Ela pegou o menino também e deu atenção aos dois. Elliot que minutos antes já estava admirado, agora praticamente babava todo bobo pela cena linda que tinha o prazer de apreciar.
— Percebeu a forma que Elliot olha para ela? — Chris perguntou baixinho para a esposa. — Não reparei, por quê? — Tayla mudou o olhar para Elliot e percebeu o que o marido quis dizer. — Ele a olha da mesma forma que eu te olho. — Christopher sorriu e segurou Tayla pela cintura. — Mas não era o Elliot que nunca iria se apaixonar? — Ela brincou ainda sussurrando entre eles. — Talvez ele ainda não esteja, pode ser apenas admiração. — Chris palpitou. — É assim que começa meu lindo. — Tay sorriu cúmplice. — Parece que eles se deram bem. — Elliot comentou vendo o quanto os dois bebês se interagiam, sorrindo, pegando a mãozinha, se olhando, eram lindos juntos. — Sim, July precisará de muitos amigos ao lado dela. — Mel comentou emotiva. — Vamos estar aqui para ela também. — Elli falou e Mel sorriu com a palavra “vamos”, sinal de que ele estava permitindo a presença dela na vida da July de forma definitiva. Tayla se sentou no sofá, do outro lado de Melanie, e Andrew não perdeu a oportunidade de se jogar no colo da mãe, para ganhar carinho materno. — Seu dengoso. — Ela comentou para o filho, que se alinhou nela. Chris observava os dois e sorria se sentindo realizado, se tornara noivo de uma mulher que nem conhecia, mas que com o tempo e a convivência aprendeu a amar mais que tudo e como um presente de Deus veio Andrew, para completar a felicidade do casal. — July parece gostar de você. — Tayla puxou assunto, querendo
fazer amizade com Melanie. — Sim, também acho Tayla. — Mel sorriu convencida. — Me chame de Tay. — A dona da casa foi simpática. — Então pode me chamar de Mel, afinal acredito que nos tornaremos boas amigas. — As duas sorriram e começaram a conversar sobre os cuidados, alimentações, dicas e afins sobre bebê. Foi quando Chris se aproximou de Elliot. — Preciso falar com você. — O mais novo o olhou confuso, mas seguiu o loiro até o escritório. — Aconteceu alguma coisa na empresa? — Elliot perguntou assim que fechou a porta. — Não. Quero saber o que você pensa em fazer. — Chris se serviu de uísque, uma quantidade pequena e deu o mesmo ao Elliot. — Eu não sei, estou totalmente perdido, minha cabeça está a mil. — Ele passou as mãos no rosto, totalmente cansado. — Quer que eu vá com você na leitura do testamento amanhã? — Chris, como o bom irmão que sempre foi se ofereceu. — Não precisa, segunda é você que fica com o Andrew, para a Tay estudar. — Se você quiser eu posso deixá-lo com a nossa mãe, ela vai adorar. — Não precisa mesmo. — Elliot recusou novamente. Quando os irmãos voltaram para a sala as duas mulheres estavam sorrindo. Tay e Mel estavam se dando muito bem. — Qual o motivo do riso? — Chris perguntou. — Estava falando para ela quando Andrew fez xixi no Elliot, ele não é bom em trocar fraldas. — Tayla respondeu risonha.
Já Melanie olhava para Elliot que sorriu sem graça. — Meu terno era novinho cunhada, mas agora acho que terei que ficar bom nisso. — Ele entrou na brincadeira. — Eu estarei aqui para te ensinar. — Mel falou ainda o olhando. — É bom que Melanie fique uns bons anos, afinal Elliot não sabe muita coisa sobre bebê. — Chris propôs. — Concordo amor, Melanie ao contrário tem bastante jeito. — Tayla piscou cúmplice para o marido. Elliot olhou para os dois com os olhos claros semicerrados, percebeu a intenção dos dois e desconversou. — Cadê a Catarina com aquele lanche? Eu estou com fome agora. Mel sorriu, afinal mesmo com toda essa dor da perda, ter July, Elliot e até mesmo ter conhecido Tayla, Christopher e Andrew, estava ajudando a tornar a dor mais suportável. Não tinha como voltar no tempo e impedir o acidente, mas tinha como tentar aceitar e viver ao lado da filha dos amigos, fazendo ela ter uma vida feliz, Melanie sabia que era isso que Lisa queria e na manhã do dia seguinte ela descobrirá com quem realmente a bebê ficará pela vida toda, mesmo sendo ele, ou ela, isso no momento não importava, o que realmente importava era que os dois estavam dispostos a cuidar da pequena garotinha de sorriso lindo...
Capítulo 5 Já estava anoitecendo quando Elliot, Melanie e July voltaram para o apartamento. A pequena tinha tirado uma soneca no carro, mas quando chegou, começou a chorar. — Quero dar outro banho nela. — Melanie pediu, afinal Tayla já tinha dado um, mas July estava cansadinha, um banho, mamadeira e uma noite longa de descanso faria bem para ela. — Claro, vou te ajudar. Os três subiram para o quarto, July ficava encarando tudo, mordendo a mãozinha gulosa. — Ela deve estar com fome também. — Vou te ajudar com o banho dela e depois damos mamadeira. — Ele comentou prestativo e assim o fez. A água foi preparada em uma temperatura ideal, a pequena adorava bater com as mãozinhas e molhar os dois, que sorriam com isso. — Pode deixar que eu coloco a fralda, vai que ela também faz xixi em você. — Mel provocou apenas para receber aquele sorriso lindo em resposta. — Foi só uma vez, Andrew é um sapeca e já fez xixi no Chris também, vou te mostrar que não sou tão ruim em trocar fraldas. Melanie o olhou divertida. — Veremos então. — É um desafio? — Ele perguntou no instante que virou o rosto para olhá-la, Mel também havia se virado e os dois ficaram bem próximos, o clima ficou quente, ambos se olhando intensamente, até que July resolveu
bater a mão na água novamente e voltar a molhá-los. — Sua sapequinha. — Mel a envolveu em sua toalhinha e a secou, com Elliot pegando as coisas para a troca de fralda. Ele parecia meio perdido. — Tayla tinha razão afinal, eu deveria ter apostado com você. — Não sou tão ruim, mas nas vezes que troquei Andrew, minha mãe já tinha praticamente começado. — Então deixa eu te ensinar a começar. — Mel se aproximou do trocador e começou a orientá-lo. — Pegue a fralda e observe se as abas estão na parte do bumbum. — Ele o fez. — Agora posicione ela certinho e... — Como assim? — Coloca a fralda bem no meio, assim não tem perigo de vazar e molhar ela. — Mel falou. — Assim? — Ele ajustou July na fralda. — Sim, agora é só fechar. — Isso eu sei. — Ele sorriu e colocou as abas no lugar certo, de uma forma que não ficasse apertado e nem frouxo. Ele até que se saiu bem e isso deixou Melanie sorrindo sozinha. Um homem alto daquele, agindo com uma delicadeza e um carinho tão grande, era uma visão de se encher os olhos. Quando os três desceram, Mel deixou July no colo dele e foi para a cozinha preparar a mamadeira. — Elliot, onde estão as coisas para fazer a mamadeira? — Ela perguntou olhando ao redor.
— O leite fica na parte de cima do armário. — Ele respondeu quando entrou na cozinha com a July ainda no colo. Melanie olhou para o local e viu que o leite estava bem no alto, se esticou e conseguiu relar com a pontinha do dedo a lata, o armário era alto e quanto mais ela se esticava, mais o vestido subia, deixando a atenção de Elliot nas pernas dela. — Vai continuar olhando ou vai pegar para mim? — Ela perguntou quando se virou e pegou os olhos dele admirando-a. Sem ficar envergonhado, ele caminhou até ela e roçou o corpo dos dois no caminho, se esticou e pegou o leite, que era próprio para a idade de July. — Uma pena ela não poder mamar mais o materno, faz tão bem e Lisa se orgulhava tanto de amamentar. — Mel comentou olhando para a lata de leite com pesar. Elliot também olhou triste, mas não para a lata e sim para a bebê sonolenta nos braços dele. — O pediatra do Drew recomendou esse, não é o mesmo que o materno, mas ele indica quando as mães não produzem o leite. — Elliot comentou com ela. Mel o olhou surpresa, ele estava realmente disposto a fazer o melhor por July. — Já consultou ela? — A morena perguntou surpresa. — Ainda não, nos falamos pelo telefone, mas marquei uma consulta para essa semana. — Posso acompanhá-los? — Ela perguntou, afinal queria fazer isso. — Eu ia te pedir exatamente isso, como viu, ainda sou meio perdido quando o assunto é bebê. — Ele comentou sem graça. — Estarei aqui para ajudá-lo, eu tenho prática com bebê. — Ela
acabou soltando, ele a olhou confuso, mas nada comentou. Após ler o modo de preparo, Mel fez a mamadeira direitinho e verificou a temperatura. — Quer que eu dê? — Não, pode deixar. — Ele começou a dar o leite para July, com o olhar atento de Melanie. Quando ela terminou, Elliot a colocou para arrotar. — Andrew uma vez soltou todo o leite no Matthew, foi hilária a cara dele. — Elli comentou baixinho. — Quem é Matthew? — Mel realmente não conhecia. — Meu outro irmão, na verdade somos cinco, quatro homens e uma mulher. — Nossa, que família grande, eu sou filha única. — Eu não me vejo sem os meus irmãos, Chris é o primeiro, sou o segundo filho, depois vem Ethan, Matt e por último Megan. — Ser filha única não me trouxe vantagem nenhuma, perdi meus pais cedo e como não tinha irmãos, acabei ficando sozinha. Antes que Elliot pudesse perguntar algo, July soltou um arroto alto. — Deixa-me fazê-la dormir? — Mel pediu ansiosa para pegar a bebê no colo. Elliot deu a pequena para ela e Melanie subiu para o quarto. A canção que cantava no passado para Luna era a mesma que cantou para a July ainda no lar provisório e que cantará agora. Mel começou baixinho, em um tom tranquilizador. “Brilha linda flor
Teu poder venceu Traz de volta já O que uma vez foi meu Cura o que se feriu Salva o que se perdeu Traz de volta já O que uma vez foi meu Uma vez foi meu Enquanto Mel cantava, o passado vinha à tona em seus pensamentos, a bebê em seus braços não era loirinha como July, os cabelos eram tão escuros quanto o céu noturno, as mãozinhas sempre estavam presas no sutiã de Melanie, que a cada noite cantava a música com ainda mais gosto. Tanto ela quanto a pequena Luna se acostumaram com aquela rotina gostosa. Mel só voltou com os pensamentos para o quarto, quando sentiu o corpo de July pesar pelo sono profundo e as lágrimas rolarem pelo seu rosto. O passado doía de uma forma intensa ainda, aquela dor da perda nunca a deixaria. Quando July já estava no berço, Mel desceu e Elliot ainda estava na cozinha. — Vai tomar um banho e depois desça para comer. — Ele falou quando a viu. — Você vai cozinhar? — Ela perguntou surpresa. — Sei cozinhar muito bem, ao contrário do Christopher que é um desastre, mas hoje já está tarde, então pedi em um restaurante italiano que
eu adoro. Melanie assentiu e tentou evitar pensar nele cozinhando para ela. — Ok, já volto. Ela tomou um banho rápido e ele fez o mesmo. Mas nada na vida prepararia Melanie para a visão que teve quando desceu. Ele estava de costas, usava apenas um short leve de academia, Mel aproveitou bem a visão que o corpo exposto proporcionava. Quando Melanie se aproximou, Elliot se virou, dando de frente com ela, a esbarrada o fez segurá-la pelos braços e só então ele a percorreu com o olhar. Ela estava com um pijama que não tinha nada de curto ou vulgar, mas que o acendeu mesmo assim, afinal a mulher era linda de qualquer forma e seu jeito inocente de olhá-lo acabava se tornando sexy. Se lembrar de cada parte que existia em baixo do pijama não ajudou em nada Elliot, que ficou ainda mais quente. Querendo ela mais do que qualquer coisa. A intensidade entre os dois é forte, ambos sentiam a conexão existente. Sabe aquela que só acontece uma vez na vida ou duas se você for uma pessoa de sorte? As pernas bambas... As mãos trêmulas... A respiração irregular... E o coração acelerado...
Era exatamente isso que ambos sentiam. Elliot se aproximou um pouco mais e Melanie não se afastou, sentia a respiração do moreno bem perto de seus lábios. — Elliot. — Ela sussurrou. Ele entendeu o recado e a puxou pela cintura, fazendo assim o corpo da moça se chocar contra o dele, deixando bem visível a sua ereção. Mel suspirou já querendo estar nos braços dele novamente. — Melanie. — Ele sussurrou e Mel se aproximou mais, doida para beijá-lo. A intensidade estava cada vez maior e sem conseguir se aguentar, Elliot a apertou um pouco mais e a beijou deliciosamente. Quando ambos já estavam quentes de desejos, prontos para estrear o balcão da cozinha, a campainha tocou. — Droga. O jantar chegou. — Elliot reclamou não querendo soltá-la, mas teve que ir abrir a porta. Mel se apoiou no balcão, para ver se conseguia parar de tremer. O que acabou de acontecer? — pensou alarmada. Ela estava prestes a se entregar para Elliot Bittencourt novamente. Isso era perigoso, mas ao mesmo tempo tão irresistível que Melanie se pegou desejando mais, muito mais dele...
Capítulo 6 Quando Elliot retornou com o jantar, Melanie ainda permanecia no mesmo lugar, a intensidade que sentiu nos braços dele anos antes, parecia ainda não ter mudado. Com ele, ela se sentia viva novamente, se sentia quente, desejosa, atraente, voltava a se sentir a Melanie de antes. — Está tudo bem? — Ele perguntou a olhando atentamente. Sim, só minhas pernas que ainda estão bambas. — Ela pensou em responder, mas não o fez é claro. — Sim — sussurrou sem olhá-lo. Ele ainda a olhava intensamente, parecia conseguir enxergar mais do que a própria Melanie queria demonstrar. Quando Mel ergueu o olhar, os dois se encararam com a mesma intensidade de minutos antes, mas quando ele ia se aproximar novamente, Melanie interveio. — Vamos jantar? Eu estou faminta. — Ela comentou, mas não estava com tanta fome na verdade, era apenas um modo de afastá-lo. Dessa vez, ela não estava em Nova Iorque apenas por um fim de semana, não era mais só o cara bonitão amigo do seu amigo, era o homem responsável pela bebê que estava no andar de cima, a mesma bebê que é fruto dos únicos verdadeiros amigos que teve durante a vida toda. Não era mais apenas um caso de uma noite, se relacionar com Elliot Bittencourt poderia trazer consequências que Melanie não estava disposta a arcar. Não ainda pelo menos, não antes da leitura do testamento. Elliot não disse nada, pareceu enxergar nos olhos escuros dela todas as dúvidas, medos e inseguranças. Com a mesa já posta, Melanie teve de comer, afinal se mentiu, tinha que interpretar certo até o fim.
— Morou em Nova Iorque a vida toda antes de começar a viajar pelo mundo? — Elliot perguntou enquanto servia mais um pouco de vinho para os dois. — Sim. — Ela foi evasiva, estava na defensiva, falar sobre o passado trazia lembranças doloridas demais. — Você e Lisa se conheceram onde? — Ele voltou a perguntar, querendo de alguma forma que Melanie conduzisse a conversa também. — Nos conhecemos ainda na infância, ela era a minha única amiga na escola. — Mel bebeu do vinho, com os olhos nele, que também a olhava. — Única? Você era uma criança difícil de fazer amizades? — Elliot perguntou com um pequeno sorriso de lado, imaginando uma Melanie pequena e rabugenta. — Não sei, mas acredito que ser a única órfã da turma, que mora em um lar pago pelo governo, tenha influenciado na minha falta de amigos. — Ela respondeu em um tom baixo e no mesmo instante o sorriso dele morreu. — Sinto muito, eu sabia da perda dos seus pais, mas não achei que fosse na infância. — Tem muitas coisas que você não sabe sobre mim, mas não precisa se desculpar, falar sobre a perda dos meus pais se tornou algo menos doloroso com o tempo. Ter Elisabeth ao meu lado me ajudou muito, ela se tornou parte de mim, tanto que quando terminamos o colegial, fomos para a mesma universidade. — Também cursou administração? — Ele provou do vinho, gostando muito de saber mais sobre ela. — Sim. Era o nosso sonho desde pequenas. — Ela respondeu e comeu mais um pouco, ainda com o olhar atento dele. — Nada de balé, moda ou essas coisas que meninas querem cursar na infância? Melanie que agora bebia do vinho, sorriu ainda com a taça perto dos
lábios. — Vou ser sincera com você, eu queria ser maquinista de trem. — Ela acabou sorrindo mais amplamente com a cara que ele fez. — Sério? — Hum rum, pois é. — Por que uma profissão tão... peculiar? — Ele perguntou interessado. — Quando eu perdi meus pais, meu maior passa tempo na casa nova era ficar na janela, vendo o enorme trem que passava ali perto todas as manhãs, eu ficava imaginando qual seria a sensação de ter algo tão grande em nossas mãos, obedecendo aos nossos comandos. Foi um sonho de criança, mas é uma lembrança boa. — Melanie contou nostálgica e Elliot amou ver aquele brilho no olhar dela. Vendo que ele apenas a encarava, Melanie voltou a falar, mas dessa vez com uma pergunta direcionada a ele. — E você, sempre quis ser advogado? — Os olhos dele brilharam também se recordando de algo bom, da infância, época na qual a felicidade é pura. — Quando criança, eu sonhava em ser astronauta. Melanie o olhou divertida. — Mas por que desistiu? — Não tentei na verdade, foi apenas uma vontade breve. Mel assentiu, entendendo perfeitamente isso. Na infância, as crianças costumam mudar os sonhos com facilidade. O restante do jantar se seguiu com uma conversa agradável, onde Elliot não entrou em assuntos que Melanie não estava disposta a discutir.
A limpeza de tudo foi com a ajuda dela, que mesmo ele alegando não precisar, Melanie fez questão, estavam convivendo juntos, nada mais justo do que dividir as mesmas tarefas. — Boa noite Elliot. — Ela desejou no pé da escada, percebendo que ele não subiria. — Boa noite Melanie. — Ele a olhou uma última vez.
∞∞∞ Na manhã de segunda-feira, quando Elliot desceu, Melanie e July já estavam a todo o vapor na sala de estar. A bebê engatinhava para todos os lados e não dava atenção para a televisão que passava um desenho animado. — Bom dia, acordaram cedo. — Ele caminhou até July, que sorriu quando foi pega no colo e recebeu um beijo nas bochechas gordinhas. — July me acordou, ela estava com fome. A propósito eu fiz o café da manhã. — Mel olhava para os dois admirada. — Eu posso me acostumar com isso. — Ele brincou e deu uma piscadela para ela. Melanie sorriu e se levantou. — Já que você está acordado, eu vou subir para me arrumar para a leitura do testamento. Ele assentiu e deixou que July puxasse o nó da sua gravata, olhando para Melanie que subia as escadas de cabeça baixa. Quando chegou ao quarto, foi direto para o banho, mas enquanto procurava algo para vestir na mala, encontrou o cartão que Justin tinha dado para ela. Pegou o número e salvou nos contatos, mandando uma mensagem em
seguida, avisando que esse era o número dela. — Minha mãe vai ficar com a July. — Elliot avisou quando ela desceu já pronta. — Tudo bem. — Mel assentiu. Quando faltava uma hora para o horário marcado, eles deixaram o apartamento e seguiram para o condomínio, mas dessa vez o destino não era a casa de Christopher e Tayla. Quando o carro parou de frente com a mansão, Melanie reparou na beleza do local. — Obrigada Will. — Ela agradeceu quando o homem loiro abriu a porta. Elliot que pegava July no bebê conforto olhou para o funcionário da família. Willian por sua vez nem percebeu, ele estava distraído demais olhando para a bebê nos braços do patrão. July não mordia apenas os dedinhos, a gravata de Elliot estava servindo bem como mordedor. Quando Angélica abriu a porta e viu a bebê, foi impossível não sorrir. — Que coisa mais linda. Vem com a vovó. — Ela comentou estendendo os braços para a pequena, que aceitou sem reclamar, colo era o ponto fraco de July. Elliot sorriu e entregou a bebê, já Melanie apenas olhava para a mulher elegante na sua frente. — E você só pode ser a Melanie, é um prazer conhecê-la, Tayla me falou o quanto é bonita, não acha filho? — Angélica sorriu para Mel, que mesmo envergonhada, retribuiu ao gesto. — Realmente linda. — Elliot concordou, sabia o que a mãe estava
querendo com isso e resolveu ser sincero, Melanie é realmente muito bela. Angélica sorriu ainda mais satisfeita. — Obrigada por cuidar dela dona Angélica, não seria bom levar July conosco. — Melanie agradeceu. — Primeiro, nada de dona e segundo, não precisa agradecer, cuidar de July será um prazer.
∞∞∞ Quando chegaram ao escritório do advogado responsável pela leitura, ainda faltava meia hora, então os dois se sentaram lado a lado na recepção. Foi nesse momento que o celular de Melanie tocou. Elliot olhou para o visor e viu o nome Justin. — Já volto. — Ela se levantou e se afastou, com Elliot a seguindo com o olhar. Desde quando colocou os olhos em Justin, Elliot não gostou e saber que ele estava ligando justamente para Melanie o incomodava. — Oi. — Ela atendeu quando se afastou o suficiente. — Oi Mel, como você está? — A voz dele estava preocupada. Desde a época da universidade, Justin tinha sido um bom amigo. — Não vou dizer que estou bem, não é a palavra ideal para o momento. — Ela comentou triste. — Eu sinto muito Mel, se precisar de mim eu sempre estarei aqui, para qualquer coisa. — Eu agradeço Jus, sei que posso contar com você. — Liguei também para saber se você quer almoçar comigo? Vai ser
bom você se distrair. Melanie olhou para a direção em que Elliot estava, e viu um homem tão lindo e ao mesmo tempo tão triste, com os cotovelos apoiados nos joelhos e a cabeça sobre as mãos. — Quando? — Hoje está bom para você? — Pode ser. — Posso te buscar se quiser. Você está no seu apartamento? — Não estou, me manda o endereço e nos encontramos lá. — Ok. — Ótimo. Ela finalizou a ligação e voltou a se sentar ao lado de Elliot, que agora estava concentrado no celular. — Ele gosta de você. — Ele quem? — Ela perguntou confusa, afinal Elliot permaneceu um bom tempo em silêncio. — Justin, dá para perceber. — Ele guardou o celular, antes que a próxima mensagem de Sabrina chegasse. — Somos só amigos, no momento eu estou indisponível. — Ela comentou se lembrando do seu último relacionamento, ainda não estava preparada para viver algo assim novamente. — Está com alguém? — Ele perguntou interessado, afinal ela pode ter deixado alguém no Brasil. — Não, apenas não tenho cabeça para isso. E você, tem alguém? — Ela mordeu o lábio inferior, com medo de estar sendo intrometida.
Mas nada mais justo, afinal ele perguntou o mesmo para ela. — Também não. — Elliot foi sincero, afinal o que Sabrina queria ele não estava disposto a dar. Quando Melanie ia dizer algo, o advogado os chamou. — Sou Marcos Andrade, representava a família Stef...
Capítulo 7 A leitura de um testamento pode ser algo esperado por muitas pessoas, a maioria delas com a ambição em mente, mas para Melanie e Elliot, esse momento estava sendo angustiante. Elliot Bittencourt vem de uma família de posses, é herdeiro de umas das mais bem-sucedidas empresas de Nova Iorque, sem contar o valor considerável que ele possui em bens próprios, fruto do seu trabalho e do seu esforço. Melanie Mayer, por outro lado não é milionária, mas o passado trágico trouxe para ela uma herança considerável, que deu para comprar seus dois apartamentos, um localizado em Nova Iorque e o outro no Brasil, conseguiu também garantir os seus estudos e depois de formada, com esforço próprio, atingiu um grau de vida confortável. Então para os dois, o dinheiro ali deixado, pelos seus dois melhores amigos, não importava, tudo o que ambos almejavam era a guarda de July, era saber que a pequena continuaria com um dos dois, era poder estar ao lado dela. — Elisabeth e Eduard me procuraram semanas antes do ocorrido... — O advogado começou sendo cauteloso, não era a sua intenção levantar questões infundadas. Melanie o olhou mais atentamente, querendo desvendar as entrelinhas daqueles olhos cor de mel. — Quantas semanas exatamente? — Ela não deixou o olhar do homem, que ficou desconfortável com tamanho interesse da parte dela. — Três para ser exato. Mel se recostou na cadeira e olhou para Elliot, que olhava para o advogado com o mesmo interesse. — Está querendo dizer que pode não ter sido um acidente? —
Melanie se viu perguntando e quando as palavras deixaram a sua boca, ela se sentiu nausear. — Não, eu já cuidava dos bens do casal Stef, porém ocorreu uma mudança três semanas antes do acidente. Elliot que já sentia seu sangue esfriar temeroso com o que lhe passava pela mente, continuou em silêncio, deixando que apenas Melanie fizesse as perguntas. — Qual mudança exatamente? — Ela voltou a perguntar nervosa. Mesmo o advogado negando, a suspeita permaneceu nela. O que levaria os amigos, tão jovens, a deixar tudo organizado caso uma tragédia ocorresse? Nem mesmo ela, quando era mais jovem e estava em uma situação parecida se prontificou a deixar tudo estabelecido em um testamento. — Bom... Explicarei a mudança daqui a pouco, primeiro quero deixar claro a questão dos bens. — Ele pegou os papéis e olhou para os dois. — Tanto Elisabeth quanto Eduard concordaram que July só poderá usufruir dos bens herdados quando atingir a maior idade. — Os dois assentiram, afinal isso é algo que eles já imaginavam. — A propriedade da família Stef foi deixada para a única filha do casal. Os dois tinham seguro de vida e o acidente acabou deixando uma quantia considerável para a única beneficiária dependente deles. — Ele estendeu um pequeno pedaço de papel para ambos verem o valor. Melanie e Elliot assentiram, querendo chegar logo à questão mais importante. — E a custódia legal da July? — Elliot perguntou. De tudo aquilo, a bebê sorridente era o bem mais precioso que o casal tinha deixado na terra e tanto Melanie quanto Elliot não desistiriam dela. — Eu os aconselhei a conversarem com vocês, mas pelo visto não
fizeram. — Marcos comentou olhando para os dois com uma pergunta explícita. — Lisa não me disse nada. — Mel olhou para Elliot, como se estivesse perguntando se ele fora informado de algo. — Não, para mim também não. — Ele respondeu à pergunta silenciosa dela. — Bom sobre isso... A custódia foi deixada para vocês dois. — O advogado disse e Melanie se sobressaltou, quase caindo da cadeira. — O quê? — Ela falou no exato momento em que Elliot perguntou. — Como assim? — Os pais de July a deixaram com os dois, é uma guarda compartilhada. — Marcos voltou a estender outro papel na frente de ambos, mas nenhum dos dois olhou, eles apenas se encararam, sem saber o que pensar sobre isso, sem saber como agir com essa notícia. — Deve haver algum engano. — Melanie comentou para si mesma, mas o advogado a respondeu. — Não há erros senhorita Mayer, você e o senhor Bittencourt são os dois responsáveis legais pela de menor July Stef. Elliot começou a rir de nervoso e Melanie permaneceu calada em choque. — Era sobre essa mudança que eles trataram três semanas antes da tragédia, antes os bens era a única coisa no testamento, mas a custódia de July foi algo que eles quiseram deixar garantido caso algo acontecesse. — Ela deixou a July para nós dois. — Mel comentou sussurrando, ainda não acreditando nisso. — Pelo visto sim. — Elliot respondeu, lendo os papéis a sua frente. Era realmente verdade, estava assinado pelos amigos.
— Por que eles não nos contaram isso? — Calma Melanie. — Não Elliot, poderíamos estar mais preparados para agora, não teríamos sido pegos de surpresa. — Sabíamos que a July ficaria com um de nós, ela só tem a gente. — Eu sei e não estou reclamando, mas imaginei que seria comigo, não com você. — Acha que eu não sou capaz de cuidar dela? — Não é isso, só imaginei que por ser uma mulher, eu seria... — Eu não posso por ser homem? — Ele perguntou começando a se irritar. — Não é isso, mas... O advogado pigarreou, e ambos olharam para ele. — Tem algo mais que devemos saber? — Elliot perguntou, se levantando. — Sim, ainda sobre os bens, o casal deixou tudo para July, mas vocês poderão usar para auxiliar na educação e criação dela. Para eles, o dinheiro era o de menos, ambos não iriam mexer no que é de July. Eduard era renomado na empresa de computação que trabalhava e Elisabeth era a administradora de uma empresa pequena na cidade, mas herdou os bens dos pais, quando eles faleceram. — Eles deixaram algo para vocês. — O advogado falou, enquanto destrancava uma gaveta e a abria, retirando de lá dois envelopes. Ele estendeu o de Melanie para ela e o de Elliot para ele.
Elli apenas encarou o envelope, e Melanie deixou uma lágrima rolar quando viu a caligrafia bonita de Lisa. “Para a minha única irmã” — Se vocês quiserem um momento em privacidade para lerem. — Eu lerei em casa. — Elliot respondeu, já Melanie apenas guardou o envelope na bolsa. — Tudo bem, agora tem mais uma coisa, a última. — Ele falou se encostando na cadeira. Tratava-se da coisa mais importante, do motivo principal dessa reunião. — Como pretendem criar a July? — Marcos perguntou olhando para os dois. Melanie olhou para Elliot e ele também a olhou, os dois pensando na melhor resposta. — Podemos morar perto, não sei... Talvez... — Melanie sugeriu. — Pegá-la no final de semana? — O advogado completou a frase, erguendo uma sobrancelha. Melanie o olhou contrariada. — Não é assim que eles queriam que a filha fosse criada, essa é a questão, se vão criar July, terá que ser juntos, eles foram claros, a custódia legal da bebê é para os dois. — Teremos que morar juntos? — Melanie perguntou o que já estava claro. — Exatamente. — O advogado concordou. — Pela vida toda? — Melanie voltou a perguntar surpresa. — O tempo exigido pelo falecido casal é de três anos. — E se recusarmos? — Elliot quem perguntou.
— July irá para um lar. — Isso não vai acontecer. — Melanie falou decidida. July não irá para um lar. — Então até os três anos de vida dela teremos que morar juntos? — Elliot perguntou já se aproximando da porta. — Exatamente, senhor Bittencourt. — Então é o que faremos, July não vai para um lar. — Elliot concretizou e saiu. Ele precisava de ar, precisava digerir toda essa situação antes de encarar Melanie sozinho. Morar com ela? Cuidar de uma criança ao lado de uma mulher? Ganhar uma família? Era muita coisa, no momento ele só precisava ficar sozinho e extravasar toda a tensão do seu corpo, sabia exatamente para onde ir...
Capítulo 8 Quando Melanie viu Elliot sair, ela soube que as coisas não seriam mais as mesmas. Tanto que quando ela deixou o escritório, Willian permanecia ali a esperando. — Cadê ele? — Ela perguntou para o motorista. — Saiu com o carro da segurança. — Ele respondeu. Mel que até aquele momento não tinha reparado, olhou ao redor, ainda restava um carro estacionado bem perto. — Seguranças? — A família Bittencourt é conhecida na cidade, eles precisam de seguranças. — Ele respondeu apenas isso, abrindo a porta para Melanie. — Vamos buscar July e depois podemos ir para o apartamento do Elliot. — Ela pediu e permaneceu o restante do percurso em silêncio. Seria tudo diferente do que ela imaginou. Não poderia levar July para o Brasil, não poderia voltar para a sua vida lá, teria que ficar em Nova Iorque por anos, sem contar que morar com Elliot era algo que a incomodava. Melanie sempre foi uma mulher independente, no passado morou com um homem e foi feliz, até que tudo mudou, seu maior medo agora era que tudo se repetisse. July tinha adormecido quando Melanie foi buscá-la, Angélica estranhou a falta do filho, mas nada comentou, apenas se despediu e deixou as duas partirem, não sem antes combinar de que ambas voltariam em breve. Agora, já no apartamento dele, Melanie começou a digerir tudo o que Lisa e Eduard pediram no testamento.
Morar por três anos com Elliot e criar July juntos... Mas e após esse tempo? O que aconteceria? Será que Elliot deixaria July morar no Brasil com ela? Será que ele lutaria pela guarda definitiva dela? Será que em vez de continuarem amigos, se tornariam dois desconhecidos disputando na justiça pela mesma criança? Cada pensamento a deixava ainda mais confusa. Quando o celular dela tocou, Melanie correu para atender, com certeza era a Karina. — Por que não me ligou? — Ela perguntou assim que Mel atendeu. — Eu estava ocupada, me desculpe. — E como você está Mel? — O tom preocupado fez Melanie se sentir acolhida. — Eu estou sendo forte por July, ela precisa de mim assim como eu dela. — Ela respondeu sincera, querendo mais do que tudo ter a amiga ao seu lado. — Sabe que eu queria estar aí com você, mas meu chefe não quer me liberar, aquele idiota. — Karina reclamou. — Eu sei amiga, não se preocupe. — Mel concordou, sabendo das razões dela. Karina tinha acabado de se formar em gastronomia, mas trabalhava como ajudante em um restaurante de luxo, seu maior objetivo era abrir o próprio negócio, por precisar do emprego e do dinheiro, tinha que tolerar o chefe insuportável. — Quando vai trazer July para cá? — Ela perguntou, sem saber da história toda. — Não poderei, terei que morar aqui por três anos. — Mel desabafou.
Precisava tanto de um abraço, até mesmo a típica frase “vai ficar tudo bem” seria aceitável agora. — Por quê? Achei que sua viagem fosse rápida. — Também acreditei, mas Lisa e Eduard deixaram a guarda para mim e para o Elliot. — O quê? — Karina quase berrou. — Foi exatamente essa a minha reação, mas ainda não é tudo, terei que morar com ele, Lisa e Edu queriam que a filha fosse criada por nós dois, caso algo os acontecesse, pelo menos por três anos, até a pequena crescer e se adaptar melhor. — Mel começou a contar e Karina permaneceu em silêncio, apenas prestando atenção em cada palavra. — Então você terá que morar com ele? — Sim, não sei como as coisas serão agora. — Vocês ainda não conversaram? — Não, ele sumiu logo após o término da leitura, e eu estou aqui, sem saber o que fazer. Estou ficando apavorada Ka, eu não esperava por isso. — Mel, só porque a sua primeira experiência não deu certo... — Não vem com essas frases de autoajuda Karina, é tudo o que eu menos preciso agora. — Melanie a cortou, afinal Karina sabia de tudo o que ela já tinha passado. — Tudo bem, não está mais aqui quem falou. Sentirei sua falta. — Ela recuou, sabia o quanto esse assunto era doloroso para a amiga. — Você poderia passar esse tempo aqui, talvez possamos abrir o restaurante. — Sabe que não posso.
— Por quê? — Primeiro porque não temos a verba, segundo que Caio nunca deixaria o Brasil, sabe como ele é. — Teremos a verba, terei que sair do trabalho e ligarei lá amanhã, o dinheiro vai ajudar, sem contar que posso vender o apartamento que tenho aí. — Melanie começou a convencê-la. — Não seria justo com você, seremos sócias, mas você entrará com mais dinheiro do que eu. — Não ligo para isso, sabe que não sou tão boa na cozinha como você, por que não vem? — Tem o Caio, eu o amo Mel e não posso deixá-lo. — Já sabe o que penso sobre isso, se um dia quiser vir, estarei te esperando. As duas se despediram e Mel resolveu ligar para Justin, hoje não era um bom dia para sair para almoçar.
∞∞∞ — Está tudo bem? — Chris perguntou assim que entrou no imenso local e avistou Elliot, parado bem no centro. — Não, que bom que veio, preciso treinar. Christopher apenas encarou o irmão, tentando decidir se devia ou não perguntar. Optou por permanecer em silêncio e começou a se aquecer. — Sabe que pode contar comigo. Para qualquer coisa. — O mais velho foi cauteloso, nunca tinha visto Elliot tão tenso. — Eu sei, por isso te chamei aqui.
Christopher sorriu com deboche. — Para apanhar? — perguntou, afinal Elliot sempre perdeu para ele. — Tanto faz, desde que eu não tenha que ir para casa ainda. —As coisas estão ruins? — Ele perguntou posicionando-se. Elliot também se colocou em posição e preparou para atacar. — Eduard e Lisa deixaram a guarda para mim e para a Melanie. — Quando ele disse, Christopher ficou tão surpreso que abaixou a guarda e Elliot o acertou. Um de direita no queixo. — Vai ter volta. — É isso o que eu quero. — Elliot provocou. E assim os dois começaram, quando Elli já tinha sido derrubado duas vezes e Christopher nenhuma, ele se abaixou na altura do irmão e falou: — Sabe que só o Ethan me derrubou uma vez, porque eu estava distraído, agora vai de você, quer continuar aqui apanhando ou quer conversar? — Ele o olhou nos olhos, mas Elliot o pegou desprevenido com uma chave de perna, derrubando o irmão. — Filho da put... — Isso que dá ficar falando merda. Christopher acabou sorrindo, os dois deitados lado a lado, suados e sorrindo. — Eu não sei o que fazer, morar com a Melanie não estava nos meus planos. — Elliot começou a falar. — Nunca está nos nossos planos, apenas acontece. — Christopher permaneceu olhando para o teto da academia de treino deles.
— Como foi quando isso aconteceu com você? O mais velho se virou para o irmão e franziu a testa confuso. — Defina isso. — A família, Tayla e Andrew, morar junto... — Não aconteceu rápido assim, quando Andrew nasceu eu já sabia que amava Tayla e era recíproco, não foi assim do nada, mas no seu lugar eu estaria lá com elas, imagina como a Melanie não deve estar apavorada? Você já está, imagina ela. Elliot pensou nas palavras do irmão. — Desde quando você ficou tão piegas? — Desde que eu comecei a amar aquela garota irritante que se mudou para nossa casa, logo você vai saber o que é isso. — O primogênito o socou no ombro. Elliot se levantou e deu a mão para o Chris. — Sabe que o meu caso é diferente, eu não a amo, não irei amá-la, não é como se fossemos uma família, meu único interesse é o bem-estar da July. Chris deixou um sorrisinho escapar, mas Elliot pareceu não perceber, ou se percebeu o ignorou. — Se você diz. — Chris pegou a garrafinha de água e bebeu, olhando de relance para o irmão que parecia frustrado. — Eu vou para casa, preciso resolver isso logo. São só três anos afinal. — Comigo e com Tayla foram apenas três meses e pareceu uma vida, mas é como você disse, não são um casal e não tem sentimento no meio, então poderá ser um convívio amigável.
— Tomara. — Vai ser, Melanie sairá com outros caras e você poderá continuar vivendo a sua vida. — Chris comentou como se não fosse nada e deu de ombros, mas percebeu quando o irmão ficou tenso. — Eu vou para casa. — Elliot deu as costas para o irmão, mas não antes de ouvir a risada de Christopher.
∞∞∞ — Oi. — Ele falou quando chegou ao apartamento. — Oi. — Melanie respondeu e ele se aproximou, depositando um beijo na bochecha de July, que estava no colo da Mel. Ele olhou para os olhos escuros dela e Mel já o olhava. — Como vai ser agora? — Ela perguntou em um sussurro e caminhou para a sala, colocando a pequena no tapete. Ele a seguiu e se sentou ao lado dela. — Não sei, não tenho a menor ideia. Podemos nos mudar. — Nos mudar? — Sim, para uma casa, com jardim, espaço para ela, não quero que ela cresça em um apartamento de solteiro. Melanie assentiu. — Sim, pode ser melhor. — Vou providenciar tudo e nos mudaremos em breve. — Ele estava dando o assunto por encerrado, mas Melanie ainda não estava satisfeita. — Sobre hoje mais cedo... Eu não quis dizer que você não é capaz, só achei que...
— Eu sei, não tem importância. — Tem sim, não quero que você fique assim comigo, afinal teremos que conviver por três anos, no mínimo devemos nos dar bem. Elliot suspirou. — Você tem razão, seremos amigos e essa convivência será para o bem da July. — Ambos olharam para a pequena, que mordia um mordedor alheia a tudo. — Sim, por ela. — Mel concordou. — Eu vou subir para tomar um banho. — Eu preparei o almoço. — Ela avisou. Ele se virou e a olhou curioso. — Você cozinha? — Não sou só um rostinho bonito Elliot, sei me virar. Ele sorriu para ela, pela primeira vez naquele dia ele percebeu que morar com Melanie não seria tão difícil afinal. Não por ela saber cozinhar, mas por ela ser simples, gentil, humorada e ser apenas ela, com um jeito especial de ser...
Capítulo 9 Havia se passado um mês que Melanie veio morar em Nova Iorque, um mês ao lado de July e Elliot. A convivência entre eles estava sendo cada vez melhor. — Quer ajuda com isso? — Elliot perguntou quando entrou no quarto que Melanie e July dividiam. — Não precisa, mas obrigada. — Ela sorriu para ele, que a surpreendeu, começando a ajudá-la com as roupinhas da bebê. Cada peça de July já estava guardada, afinal todos os pertences da bebê foram buscados na casa dos falecidos pais e Mel se encarregou de contratar alguém para ficar responsável pela casa, que ficará trancada até July ter idade o suficiente para decidir o que quer fazer com a propriedade. Elliot que já tinha terminado de pegar os objetos pessoais e necessários que levaria, esperava as duas na porta. — Nos mudar será bom, terá mais espaço para July e será ainda melhor para nós, teremos minha mãe, Tayla e Megan por perto e elas estão dispostas a nos ajudar com essa bebê linda aqui. Mel assentiu, concorda completamente com ele, July é uma criança ativa, gosta de explorar tudo e crescer em um apartamento não é a melhor opção.
∞∞∞ Quando o carro parou de frente com a casa no condomínio da família, Mel ficou abobalhada. — Tão linda — comentou para ninguém em especial. — Sim, a única coisa desagradável é que seremos vizinhos do Chris. — Elliot brincou e foi quando Mel percebeu que realmente eles eram
vizinhos, lado a lado. — Viu bebê? Você crescerá ao lado do priminho, não é legal isso? — Mel falou com July, que sorriu sem entender nada. A semana deles passou colocando tudo no lugar, o bom da casa era a quantidade de quartos, tinha o de July, o de Elliot, o de Melanie e mais dois que deixaram para ser de hóspedes. A casa é dos sonhos e Mel ficava se perguntando o quão difícil seria limpar, mas para a surpresa dela, o condomínio tinha a própria empresa de limpeza e só era necessário contratar uma cozinheira ou governanta, coisa que Mel achou desnecessário, afinal ela adorava cozinhar e ainda estava sem emprego depois que fez acordo no trabalho que tinha no Brasil. Com a mudança finalizada e as proteções para a área da piscina corretas, Mel deixou que July explorasse tudo, afinal a casa já estava a prova de bebês, tudo que estava no baixo teve que subir e apenas os brinquedos ocuparam os lugares. Estava sendo um bom início para os três, se mudar ajudou a melhorar as coisas.
∞∞∞ Quando o domingo chegou, trouxe com ele o aniversário de um aninho de Andrew. — Como você está linda meu amor. — Elliot comentou assim que entrou no quarto. Melanie sorriu e admirou a beleza do moreno. — Sim, está uma bonequinha. — Ela concordou sorrindo e olhando ele que pegava a bebê no colo. July estava vestida com um lindo macacãozinho rosa, presente da tia Megan, que a visitava sempre que os estudos deixavam.
Melanie estava linda também, com um vestido do mesmo tom da roupinha de July e Elliot não deixou de admirar a moça. — Você também está linda. — Obrigada, digo o mesmo. — Ela agradeceu sorrindo. Quando tocaram a campainha da casa ao lado, quem abriu foi Tayla. — Oi, que bom que vieram. — Não perderíamos por nada. — Elliot a beijou. — Tire suas mãos da minha mulher. — A voz de Chris foi ouvida. — Deixa de ser ciumento, ela só tem olhos para você. — Elliot foi direto pegar Andrew, que estava no colo do pai. — Quem é o aniversariante de hoje? — O menino sorriu sapeca, amava ser paparicado. Melanie o parabenizou também, deixando que July entregasse o presente para o primo. Quando adentraram a festa, eles se sentaram em uma área agradável perto da piscina. — Está tão bonita a decoração. — Ela comentou com Elliot, que permanecia ao lado dela. — Está mesmo, minha mãe sempre quis um neto e Megan um sobrinho, Andrew nasceu e elas deixam Tayla louca de tanto que querem ajudar. — Assim é bom. — Não sei se achará isso quando for com você e a July. — Ele acabou sorrindo com a careta que Melanie fez. — Deixa-me ficar com ela um pouco. — Elliot pegou July e começou a brincar com a pequena.
Mel não deixou de perceber o quanto ele adorava a bebê, Lisa e Eduard acabaram fazendo uma excelente escolha, Elliot ama July de verdade. — Eu sou tão apaixonado por ela. — Ele comentou, quando percebeu o olhar de Melanie nos dois. — Eu também amo essa lindinha, ela acabou virando o melhor que tem em minha vida. — Mel sorriu e se levantou. — Vou pegar água para July, você quer alguma coisa? — Não. — Ele negou e observou-a se afastar. Mel caminhou em direção ao balcão onde estavam as bebidas e colocou a água na chuquinha de July. — Que bebê linda. — Ela ouviu uma voz atrás dela. Quando a moça se virou, deu de frente com um homem moreno sorridente. — Obrigada. — Ela agradeceu sorrindo e olhou na direção que July e Elliot estavam, quando os olhos azuis dele se encontraram com o dela, a mesma sentiu seu coração se acelerar, mas Elliot parecia não estar gostando de algo. — Soube o que aconteceu com os pais dela. Sinto muito. — O moreno ao seu lado voltou a falar. — Foi uma tragédia. — Mel sussurrou e percebeu quando Christopher se aproximou de Elliot, que fechou ainda mais a cara. Chris sabia que o irmão estava com ciúmes, ele só não queria admitir isso. — Você mesmo disse que a convivência seria agradável, afinal não existe sentimentos entre vocês. — O mais velho provocou. — Não existe mesmo. — Elli tentou ser convincente.
— Se você diz. — Chris sorriu convencido. Quando Melanie voltou para a mesa, a pergunta saiu antes mesmo que Elliot a segurasse. — O que ele queria? — Como? — Mel franziu o cenho confusa. — O que o assistente do meu pai queria? — Elliot olhou para o homem, que ainda estava no mesmo lugar, parado próximo à mesa de bebidas. — Ele é assistente do seu pai? — Ele é. — Elliot sentia os olhares de Christopher nele, mas não ligava, ele só queria saber a resposta. — Ele apenas comentou o quanto a July é bonita e eu agradeci. — Melanie respondeu e se sentou para dar água para July que ainda estava no colo de Elliot. Andrew que já andava saiu em disparada quando viu a mãe e a avó. — Vou atrás dele. — Chris avisou e caminhou atrás do pequeno, que mesmo andando cambaleante, chegou até a mãe e estendeu o bracinho, querendo colo. — Será que pode colocar bebê na piscina de bolinha? — Mel perguntou e olhou para Elliot. — Vamos lá ver. Quando eles chegaram com a pequena, a moça responsável pela piscina de bolinha retirou as crianças maiores e colocou July lá dentro. — Vou colocar o Andrew com ela. — Tayla se aproximou e colocou o pequeno lá dentro. Ele se sentou ao lado de July, que segurava uma bolinha nas mãos.
Quando Andrew pegou uma bola vermelha e entregou para July, Melanie, Tayla e Elliot sorriram com isso. — Acho que meu filho se encantou por essa princesa. — Chris comentou quando chegou e abraçou a esposa. — Pode manter ele longe da minha menina. — Elliot brincou. — Relaxa, você ainda terá muita dor de cabeça quando ela crescer. — Melanie o provocou. — Sem contar que a menina é linda, te dará um trabalho. — Tayla entrou no meio, provocando ainda mais ele. Christopher gargalhava. — O meu é menino então estou salvo disso. — O loiro se gabou. Elliot apenas permaneceu com uma carranca, mesmo com os três rindo ao seu lado.
∞∞∞ — A festa foi perfeita. Obrigada pelo convite. — Mel agradeceu quando estavam indo embora. — Logo é o dessa pequena. — Tay sorriu e beijou a mãozinha da July, que estava sonolenta. Melanie e Elliot se olharam, eles não tinham pensado nisso ainda. — Iremos fazer uma festa para ela? — Mel perguntou e ele assentiu. — Devemos sim. — Te ajudo com o que precisar Melanie. — Tayla se prontificou e Mel aceitou. Quando os três chegaram, Mel deu um banho em July e mamadeira,
logo após a menina adormeceu cansadinha. — Eu me apeguei tanto nela, que às vezes penso que estou sendo egoísta por amar cuidar dela. — Melanie comentou quando Elliot entrou no quarto da bebê e parou ao seu lado, olhando a pequena dormir no berço. — Não estamos sendo egoístas, Edu e Lisa iriam querer isso. — Sim, também acho. — Ela levantou o olhar e o encarou. Elliot sentiu quando seu coração se acelerou e sem poder evitar, ele segurou o rosto dela e a beijou...
Capítulo 10 Melanie se assustou quando os lábios dele a tocaram, mas o correspondeu, estava com saudades do sabor, do toque, da intensidade. Beijar Elliot era viciante e Mel temia nunca mais querer parar. As línguas se duelavam em busca de mais prazer, Melanie gemeu baixinho, o som foi um estímulo para ele a puxar ainda mais para si, querendo unir os corpos o máximo possível. — Melanie... — Ele gemeu baixinho, encostando as testas dos dois. O baixo ressonar de July adormecida foi o único som dos próximos segundos, os dois se encaravam, ainda unidos, ele com as mãos possessivas na cintura dela, segurando firme, ela com os braços entrelaçados no pescoço dele, fazendo uma leve carícia nas mechas que beiravam a nuca. — Sabe que tem muitas coisas em jogo, não é? — Elliot sussurrou, sentindo uma vontade louca de pegá-la nos braços, levá-la para o quarto e amá-la intensamente, mas os dois sentiam os pesos das responsabilidades que surgiriam. — Não somos mais apenas os amigos dos noivos em busca de uma noite apenas, somos os responsáveis por July agora, é Elliot eu sei. — Mel se afastou. Ela o queria, tinha certeza disso, estava disposta a continuar, mas foi apenas olhar para ele novamente e Mel percebeu, Elliot não queria arriscar. — Eu entendo... Sei que July é a nossa prioridade, nós dois sabemos. — Ela começou a falar e ele apenas a olhava. Melanie se virou novamente para o berço de July, deu um beijo na testa da pequena e falou: — Irei tomar um banho. — Com isso ela fugiu do quarto, as memórias da única noite que teve com Elliot estavam em sua mente. Ele permaneceu em silêncio e a deixou fugir, ele próprio o faria se
não estivesse paralisado, Melanie o tirava do controle, ele a queria, mas tinha medo de arriscar.
∞∞∞ — Você a beijou e não aconteceu mais nada? — Christopher ria da cara do irmão. Elliot andou pelo escritório de Chris e com os olhos procurou algo para jogar nele, de preferência algo que machucasse bastante. Ele tinha passado a noite toda pensando em Melanie, imaginando-a no banho, se tocando e pensando nele, mas ele se recusou a se aliviar sozinho. — Nada mais aconteceu, sabe que a minha situação com ela é complicada Christopher. — Ele bufou, se jogando na cadeira de frente para o irmão. — Você é mais idiota que eu. — Chris tirou sarro enquanto fechava o notebook, dando total atenção ao mais novo. — Cala a boca Christopher. Sabe muito bem que eu não posso arriscar perder a July, Eduard confiou o seu bem mais precioso a mim. — Elliot jogou um lápis nele. — Fala para mim, o que você acha que Eduard e Elisabeth tinham em mente quando uniram vocês dois para sempre? O moreno engoliu em seco, evitando olhar para Christopher, que quando encarava alguém assim era melhor recuar. — Não é para isso que você está pensando, às vezes me pego imaginando Eduard e Lisa brigando, ela querendo que Melanie fosse a responsável legal caso algo acontecesse e Eduard rebatendo, querendo a mim. Chris passou as mãos pelo rosto, tentando se controlar para não rir.
— Se você quer acreditar nisso, — ele deu de ombros, — mas eu bem me lembro do quanto Lisa estava feliz na despedida dela, por você e Melanie terem saído juntos de lá, Eduard também parecia satisfeito com isso. Eles acabaram unindo o necessário ao que desejavam. Elli suspirou irritado. — Você não está me ajudando em nada. Christopher gargalhou. — Vai se foder Christopher, você foi um grande idiota com a Tayla e eu não ria de você. — Ele apontou o dedo para o mais velho. — Ah, mas você ria sim e ainda por cima vivia me provocando. Me causando um ódio insano, que alimentava a minha vontade de te matar por apenas tocar na minha esposa. — O que eu posso fazer? Tayla é encantadora, quando chegou em casa, com aquele sorriso ingênuo e aqueles cabelos longos, meu Deus, foi uma perdição para os olhos. — Ele não resistiu e provocou novamente. Chris pegou o grampeador e acertou ele na testa de Elliot. — Isso doeu. — É para doer mesmo. É da minha mulher que você está falando e pelo que eu me lembre, Melanie é o assunto aqui, não Tayla. — O primogênito dos irmãos reclamou, enciumado. Quando Tayla se mudou para a mansão Bittencourt, ela e Megan se aproximaram como se fossem irmãs, mas Elliot foi o primeiro dos homens a se aproximar dela e isso resultou em um ciúme insano da parte de Christopher. — Melanie é diferente, ela me deixa confuso. — Elli voltou ao assunto principal da conversa, mas Chris apenas o olhava, com um sorrisinho convencido. — Você está se apaixonando por ela.
— O quê? Claro que não, somos apenas pais em comum, nada demais. — Cara você está se ouvindo? Pais em comum, nada demais. — Chris imitou a voz dele. — Estão dividindo uma casa, ambos têm uma criança para cuidar, que é a filha de vocês agora, afinal a pequena July só tem vocês dois, já tiveram um passado e segundo você, foi a sua melhor noite, estão voltando a se aproximar. — Christopher estava enumerando, mas Elliot o cortou. — O que aconteceu com você? Está muito engraçadinho hoje. — Minha noite foi boa, ao contrário da sua. — Vai se foder, eu não preciso saber disso. — Elliot se levantou prestes a sair da sala do irmão. — Você está parecendo àqueles adolescentes apaixonados e não um cara de quase trinta anos. — Christopher falou antes que Elli deixasse o escritório. — Chris você não está ajudando em nada — reclamou e deixou o irmão mais velho sozinho. Elliot caminhou para sua sala, os pensamentos ainda na noite anterior. — Eu tenho que parar de pensar nisso. — Ele pensou alto quando se sentou em sua mesa. — Pensar em que amor? — A voz de Sabrina chamou a atenção dele. — O que está fazendo aqui? — perguntou olhando para a loira sentada no sofá da sua sala. — Estava te esperando, vim te convidar para almoçar. — Ela afirmou e caminhou até ele. — Estou ocupado hoje. — Ele recusou, afinal não estava com cabeça para isso.
Sabrina sentou-se no colo dele e o beijou. — July está dando trabalho? Sabe que posso ajudar com ela se quiser. Elliot permaneceu em silêncio, ainda não tinha contado que Melanie estava na casa e que teria que ficar lá por mais três anos. — Não precisa, estou recebendo bastante ajuda. — Quero visitar a bebê, afinal seremos próximas. Elliot se mexeu desconfortável. — Sabe que não serão próximas Sabrina, eu não estou à procura de um relacionamento. — Eu sei disso, mas faz tanto tempo que estamos nisso, vai chegar a hora de... — Não vai Sabrina, sabe que não vai, se está à procura de um noivo esqueça, não está nos meus planos me casar. — Então vamos continuar assim? Saindo com outras pessoas, se encontrando só quando você quer? Para mim não dá Elliot. — Ótimo, era exatamente aí que eu queria chegar, damos um fim nisso. — Ele foi direto ao ponto e abriu o notebook, Sabrina se levantou irritada. — Se é assim que quer, não me ligue depois. — Ela deixou a sala dele e Elliot ligou para a secretária. — Por que Sabrina estava na minha sala? — Ela pediu para esperar aí senhor, eu autorizei, afinal ela sempre faz isso. — Está proibido, a partir de agora não quero que ninguém entre na minha sala sem a minha autorização. — Irritado Elliot desligou na cara da funcionária.
Sabrina era um problema a menos, agora conviver com Melanie seria difícil, ainda mais após esse beijo.
∞∞∞ — Senhor Bittencourt tem visita para você. — A voz da secretária ecoou pelo escritório de Elliot. — Deixe-a entrar. — Ele respondeu apenas isso, afinal acreditava ser Sabrina. A porta foi aberta e ele não se deu ao trabalho de levantar o olhar. — Eu já disse que não irei almoçar com você Sabrina. Um balbuciar de bebê chamou a atenção de Elliot. Quando ele levantou o olhar Melanie o fitava. O Bittencourt sentiu sua cor sumir do rosto. Merda... — Achei que fosse outra pessoa. — Ele se levantou. — É... Percebi... Nós só viemos te ver. — Mel comentou e trocou July de braço. A palavra “nós” não passou despercebida por ele e Elliot acabou sorrindo. — Que bom, estava com saudades de vocês duas. — Ele pegou July no colo e beijou aquela bochechinha gordinha. Depois ele se aproximou de Melanie e deu um leve beijo em sua testa, Mel estranhou, mas não se afastou, apenas curtiu o carinho. — Não queríamos ter atrapalhado, mas não aguento mais ficar presa em casa — contou enquanto caminhava pelo escritório, olhando a decoração.
— Quer sair para algum lugar? — A pergunta a pegou de surpresa. — Eu amo cuidar da July, mas sair parece bom. — Mel sorriu para ele. — Vamos fazer assim, eu fico com ela e você pode sair. — As palavras foram como um balde de água fria e Mel sentiu seu sorriso ir morrendo aos poucos. — Eu achei que... Ah deixa para lá. Melanie estava visivelmente decepcionada, o nome Sabrina não saia da sua cabeça e antes de se segurar, ela já tinha perguntado: — Quem é Sabrina? Ele suspirou, não contou sobre Sabrina antes, mas a hora tinha chegado. — Ela é a... — Antes que ele contasse, Christopher adentrou o escritório, sem bater. — Elliot, precisamos conversar... Oh, não sabia que estava acompanhado. — Chris caminhou até ele, que estava com July no colo. — Oi princesinha do titio — estendeu o braço e July se jogou para frente, querendo o colo do loiro. — Sinto muito não quis atrapalhar vocês — desculpou-se, mas percebeu o olhar agradecido do irmão. — Tudo bem, eu já estava indo embora — Melanie caminhou até Chris que passou July para o colo dela. — Melanie ainda é... — Vamos fazer assim, eu organizarei certinho as noites de quem cuidará de July. Mel acenou para os dois e deixou a sala dele. — O que você fez? Ela parecia brava. — Chris se sentou de frente com o irmão.
— Não sei o que fiz. — Às vezes Tayla também fica estranha e eu tenho que adivinhar a razão, mulheres são assim, nem tente entender. — Eu só falei que ela deve sair. — Você a chamou para sair? — Não, perguntei se ela queria sair para algum lugar, apenas isso. Christopher balançou a cabeça de forma negativa. — Elliot, o amor está te deixando besta, só pode. Ela achou que você tinha a chamado para sair. O moreno se recordou da expressão de Melanie e percebeu que Christopher tinha razão. — O que você queria falar comigo? — Ele resolveu mudar de assunto, resolveria isso quando chegasse em casa. Christopher se recordou da razão de estar ali e ficou sério. — É sobre a morte de Elisabeth e Eduard...
Capítulo 11 Eu não acredito que achei que Elliot me convidaria para sair! Eu sou uma idiota. — Mel pensou enquanto agradecia a secretária e terminava de colocar July no bebê conforto novamente. Era o Elliot afinal, o mesmo cara que quis beijá-la na noite passada. O nome Sabrina ainda era um peso para ela. Seria uma namorada? Uma amiga colorida? Ou aquelas fodas fixas? Mel não sabia as respostas para essas perguntas. Ser namorada dele era a razão mais óbvia, afinal isso explicaria muitas coisas, uma delas é o motivo de ele se manter afastado mesmo quando percebe que Melanie o quer. A guarda legal de July é um grande empecilho, mas não deve ser o único. — Mel voltou a pensar e acenou para o taxi, queria fugir dali o quanto antes. Quando já estava acomodada no veículo e July segura no bebê conforto, o celular de Melanie tocou, era Karina. — Hei Mel, não me ligou mais. — Desculpe amiga, estive enrolada. — Resolveu a sua saída do emprego? — Sim, liguei para a minha chefe, agora só falta a venda do carro, poderia ver isso para mim? — Claro que sim, o anunciarei assim que desligar e deposito o valor
na sua conta. — Ótimo. — Mel suspirou e Karina estranhou isso. — O que foi? — Não é nada, estou apenas cansada, estou chegando em casa agora, te ligo mais tarde. — Você está me escondendo coisas Melanie Mayer. — Juro que te conto na próxima ligação, agora preciso desligar. Mel fugiu antes que a amiga retirasse mais do que ela gostaria de contar. Tinha acabado de entrar em casa quando o celular voltou a tocar. Olhou assustada temendo ser Karina ou Elliot, mas era Justin. — Alô. — Ela atendeu enquanto retirava July do bebê conforto. — Oi Melanie, voltei hoje para Nova Iorque, quer sair? — O tom conhecido trazia ótimas lembranças. — Te devo desde o último almoço. — Ela recordou que não tinha ido. — Exatamente, está ocupada hoje à noite? Mel se recordou das palavras de Elliot, ele mesmo deu a ideia, não parece ruim. — Não, pode me buscar? Estou sem carro ainda. — Com prazer, só me envia o endereço por mensagem e combinamos o horário. — Maravilha, te espero. — Beijo Mel, estou ansioso.
∞∞∞ Melanie estava terminando de dar banho em July quando Elliot chegou do trabalho. — Oi. — Ele falou encostado na porta do quarto da bebê. — Oi. — Ela respondeu apenas isso. Elli caminhou até July que sorriu para ele e estendeu os bracinhos. Assim que Mel terminou de trocá-la, ele a pegou. — Quer conversar? — Elliot levantou uma sobrancelha pela cara que Mel estava. — Não temos nada para conversar. — Ela mordeu o lábio indecisa. — Sobre você sair. — Ele arriscou voltar ao assunto. — Eu irei sair hoje, já que você se ofereceu para ficar com a July. — Mel foi direta. — Vai sair? — Ele perguntou alarmado. — Vou, afinal a ideia foi sua, não é? — Ela o olhou dessa vez, querendo que ele negasse. — Acompanhada? — Elliot perguntou interessado. — Claro. — Ela o respondeu de imediato. — Por que você está me tratando assim? — Assim como? — Ela saiu do quarto e ele a seguiu, até que pararam de frente para o quarto dela. — Como se eu não fosse nada — reclamou ainda com a bebê nos braços.
— Já dei a papinha do jantar e o banho em July, acredito que ela dormirá cedo, irei me arrumar agora, mas qualquer coisa me chame. — Ela caminhou para dentro do quarto, mas não fechou a porta, esperou ele dizer algo, mas Elliot apenas abriu a boca, mas nada disse. Elli foi para a sala com July em seus braços, ele queria tomar banho, mas os olhos estalados da bebê provavam que ele não faria isso tão cedo. Ele a acomodou no quadrado e tirou o terno e a gravata, pegou July novamente e se acomodaram no sofá, para assistir um desenho animado que passava. July parecia gostar, mas ele não prestava atenção, estava olhando fixamente para as escadas, ansioso para ver Melanie novamente. Um tempo depois, assim que a viu descendo Elliot a olhou dos pés à cabeça, realmente ela é a mulher mais linda que ele já havia visto. O vestido sofisticado da moça realçava cada parte do seu lindo corpo, do qual Elli era louco para tocar e provar novamente, mas era tudo tão complicado agora. Quando soube que a pequena July ficou órfã, jurou cuidar e a amar como se fosse sua filha, era tudo tão simples, mas aí Melanie foi enfiada em sua vida novamente e ele a quis, mas sabia dos riscos, afinal os dois são guardiões legais da bebê e isso muda tudo. — Vai ficar aí me olhando igual um idiota ou vai me elogiar? — Ela perguntou quando chegou perto dos dois e se olhou no espelho da sala de estar. — Você sabe que está linda. — Ele comentou irritado. Linda demais para sair com outro homem. — Elliot quis comentar em voz alta, mas não o fez. — O que aconteceu com você? Está tão irritado. — Melanie sabia a razão, mas foi ele quem quis assim, ela não podia fazer mais nada. — Vai sair mesmo? — Ele ignorou a pergunta dela, Elliot não queria aceitar o motivo da sua recém-descoberta frustração. Estava com ciúmes.
— Irei afinal a ideia foi sua. — Melanie revirou os olhos. — Posso saber com quem? Mel resolveu jogar o mesmo jogo e ignorou a pergunta dele. — Cuida da July, qualquer coisa me ligue e voltarei na hora. — Ela colocou a bolsa no ombro e deu um beijinho em July, pronta para sair. Quando Mel se virou para caminhar até a porta, sentiu o braço ser segurado por uma mão grande, quente e de toque gentil. — Espere. — Ele caminhou até o quadrado e colocou July lá, a pequena sentou-se e começou a brincar com as pelúcias. Elliot se virou para Mel novamente, ela estava linda em um vestido preto até os pés, com um par de saltos altíssimos e os cabelos soltos. Ele queria ter coragem de pedir para ela ficar, mas isso não era justo com nenhum dos dois. — Se cuida anjo — sussurrou e a beijou na testa. — Pode deixar. — Mel respondeu de olhos fechados, sentindo a carícia gostosa da barba por fazer dele roçando sua pele. Nesse instante a campainha tocou e o clima se foi. Ela abriu os olhos e ele a encarava. Mel estava disposta a ficar se ele pedisse, mas Elliot apenas se virou e caminhou até a porta, queria saber quem era o homem que merecia toda aquela arrumação vinda da mulher que estava perturbando seu sono. Quando o tom azul dos olhos dele se encontraram com os castanhos de Justin, Elliot se irritou novamente. — Tinha que ser justo com ele? — Elliot deixou o pensamento escapar e tanto Mel, quanto o lindo homem parado a sua porta ficaram surpresos.
Mel caminhou até a porta também e cumprimentou Justin, para tirar o silêncio que se instalou no local. — Oi Jus. — Ela o beijou no rosto. — Oi, nossa você está maravilhosa. — Ele a analisou e Melanie corou. Tudo isso estava acontecendo com o olhar atento de Elliot. — Obrigada, você está muito lindo. — Ela sorriu para ele e quando Justin sorriu também, a mão de Elli ardeu para arrancar aquele sorriso com um soco. Ele não entendia a razão de estar tão incomodado, mas detestava Justin desde a primeira troca de olhar. — Está pronta? — Jus perguntou e Mel assentiu. — Sim, vou só me despedir de July. Ela caminhou até a sala e Elliot olhou o homem novamente e caminhou atrás de Melanie. — Vai sair com aquele cara? — Ele perguntou quando entrou na sala e Mel estava abaixada dando um beijo na bebê, ele tentou evitar olhar para a bonita bunda empinada na sua frente, mas fracassou. — Irei, Justin é um cara legal. — Ela respondeu quando se levantou e o olhou. — Eu não gosto dele. — Quem tem que gostar sou eu, aliás, a ideia foi sua. — Eu achei que você fosse... Sei lá, fazer compras. — E eu achei que você estava me convidando. — Ela falou, cansada daquilo tudo. Elliot a olhou nos olhos e segurou-a pelo queixo.
— Você queria que eu convidasse? Antes que Mel respondesse Justin entrou na sala. — Também queria cumprimentar essa pequena. — Ele comentou quando viu July sentada no quadrado. Mel se afastou do toque de Elliot. — Pode pegá-la. — Ela autorizou e Jus aceitou, pegando a pequena bebê que sorriu encantada para o homem. Elliot bufou irritado. E caminhou pronto para recuperar pelo menos July para ele. Já vai sair com a Melanie e ainda fica pegando a minha princesa? Vai se ferrar. O cimento pensou. — Podemos ir agora? — Justin perguntou e Mel assentiu. — Qualquer coisa me ligue. — Mel disse isso olhando nos olhos claros do Bittencourt, mas por dentro ela queria que ele tomasse uma atitude. Só me peça para ficar e ficarei. Os olhos dela brilhavam isso, mas Elliot pareceu não perceber e respondeu apenas isso: — Qualquer coisa te ligo...
Capítulo 12 A noite de Melanie estava sendo agradável demais, Justin é um homem adorável, tem um senso de humor agradável, um sorriso galante e sabe manter um bom assunto entre os dois. No passado foram bons amigos, mas nada mais que isso já que Melanie era comprometida. — Está gostando do jantar? — Ele perguntou enquanto comiam. — Adorando, vinha muito nesse restaurante quando morava aqui. — Ela comentou nostálgica, era uma lembrança boa, afinal aqueles foram tempos bons, antes de tudo acontecer. — Vamos pedir a sobremesa? A sua preferida ainda é Waffles com sorvete de morango? — Ele perguntou sorrindo, afinal ela sempre comia aquilo. — Não sei te responder, minha amiga Karina, aquela chefe que te falei, ela faz uma torta de chocolate com limão que eu morro por ela. — Melanie praticamente babou. — Parece boa. — É maravilhosa, você precisa provar. — Já que não temos a sua chefe particular aqui, podemos pedir os Waffles com sorvete, o que acha? — Acho perfeito. — Mel sorriu contente, sentia falta dessa sobremesa também. — Quer ir para outro lugar depois daqui? — Ele envolveu a mão dela por cima da mesa. — Sim, podemos ir dançar na Night Diamond, Lisa e eu íamos muito lá. — Ela sorriu triste, mas Justin segurou o queixo dela fazendo-a encarálo.
— Sabe que Lisa odiaria que você parasse a sua vida, você deve viver Mel, ser forte e cuidar daquela linda bebê, estarei aqui para apoiá-la. Mel o olhou nos olhos e sorriu agradecida. — Obrigada Jus, eu precisava muito ouvir isso. — E era verdade, desde a perda dos amigos, desde o enterro, Mel buscava forças para visitálos no cemitério, mas sempre fracassava. Doía tanto que ela temia não aguentar. Passar por tudo aquilo novamente era horrível. Quando finalizaram, Justin pagou a conta e os dois caminharam para o carro. Ele tentava decidir se devia ou não perguntar, optou por fazer. — Você e o Elliot Bittencourt estão se relacionando? — perguntou assim que entrou no carro. Melanie estava colocando o cinto de segurança e travou no local. Quando levantou o olhar ela encontrou os olhos negros de Justin olhando-a fixamente. — Não — respondeu sentindo seu coração se acelerar. — Então eu posso fazer o que eu quero? — Ele perguntou. Tão próximo e tão cheiroso. — Depende do que você quer. — Ela sussurrou, mas olhou para os lábios dele, sabia muito bem o que Justin queria. — Quero beijar você. — Estavam tão próximos, Mel sentiu quando sorriu. — Então me beije — aceitou e sentiu quando foi puxada para mais perto. O clima no carro estava gostoso, os lábios dos dois estavam se
conhecendo, se provando em um beijo calmo e delicioso. — Minha nossa... Melhor do que imaginei. — Ele comentou e deixou um selinho nos lábios dela. Mel sorriu, ela só podia concordar, afinal o beijo foi muito bom. Seguiram para a boate, e Mel estava disposta a tentar se divertir, Justin é uma excelente companhia e a noite tinha tudo para ser perfeita.
∞∞∞ Elliot estava na sala com July quando a campainha tocou, a bebê sonolenta estava deitada na cadeirinha de bebê, sendo ninada por ele. — Eu já volto princesa. — Ele sussurrou. Quando o Bittencourt abriu a porta, deu de frente com os olhos claros de Sabrina, ela o olhava curiosa. — Já que você não me convidou para conhecer July, eu mesma vim. — Como sabe para onde me mudei? — perguntou confuso. — Sua secretária me contou. — Ela sorriu. — Nós conversamos hoje Sabrina, tenho certeza que resolvemos as coisas. — Foi apenas uma briga. Não vai me convidar para entrar? — Não. — Elli, meu amor, eu quero conhecer a menina. — Não Sabrina. Decidimos parar com os nossos encontros. — Sabe que o que temos é para sempre. Como sua namorada eu devo conhecer a garota. — Ela exigiu.
— Você acha que é quem para se intrometer assim na minha vida? — Ele perguntou irritado. — Sou sua namorada Elliot e tenho todo o direito de me intrometer na sua vida. — Eu nunca te pedi em namoro e mesmo se tivesse isso nunca te daria o direito de agir assim, agora é melhor você ir para casa. — Por que você está me tratando assim? — Sabrina gritou na porta. — Chega Sabrina, July já estava quase dormindo e você fica gritando igual uma louca. — Ele ameaçou fechar a porta, mas ela entrou. Preciso me lembrar de proibir a entrada dela no condomínio. — Elliot pensou. — Eu quero conhecê-la, já que um dia eu posso ser a mãe dela e terei que criá-la com você. Melanie nunca deixaria isso acontecer. Nem se para isso tivesse que matar Sabrina. — Você o quê? — Ele perguntou assustado, os olhos claros quase saindo de órbita. — É o que você ouviu benzinho, ou você acha que vamos ficar assim para sempre? — A loira entrou na sala e pegou July no colo. — Oi menina linda. — Ela falou, mas July que quase dormia acordou assustada e começou a chorar alto. — Dá ela aqui. — Elliot a pegou e começou a acalmá-la. Sabrina saiu da sala e voltou novamente, carregando uma pequena mala. — E essa bolsa? — Ele perguntou. — Vim para passar alguns dias com você, está precisando de ajuda
com essa criança. — Não fale assim da July — reclamou subindo as escadas. Ele entrou no quarto da bebê e trancou a porta, não precisava de Sabrina ali. Elliot ninou July, até tentou cantar a música que Mel canta, mas falhou e ficou apenas ninando-a calado. Depois que July adormeceu, ele deixou o quarto da bebê e foi para o seu, disposto a tomar um banho, afinal ainda não tinha conseguido desde que chegou em casa. Assim que abriu a porta, deu de frente com Sabrina apenas de lingerie. — O que você está fazendo aqui? — Presumi que esse era o seu quarto, afinal o outro está com coisas femininas. Megan está passando um tempo com você? — Não, o que você ainda está fazendo aqui Sabrina? Te mandei ir embora. — Eu já disse que ficarei uns dias aqui, vou tomar banho agora, quer vir? — Ela retirou o sutiã e os olhos do moreno foram diretos para os seios dela. Ele passou a mão no rosto visivelmente tentado a aceitar o pedido. Queria um banho e Sabrina ali era só um bônus a mais. — Melhor você ir para casa. — Ele negou. — A menina dormiu, não foi? Eu estou com saudades, você está tentado a aceitar, não vejo razões para evitar isso. — Ela insistiu. — Sabrina... A loira semicerrou os olhos para ele. — Tem uma mulher vivendo com você? Quem dorme naquele quarto
Elliot? — É uma longa história. — Pois me fale. — Não te devo satisfações, é melhor você ir embora. Ele não queria contar de Melanie, afinal sabia o quanto Sabrina podia ser chata. Saber que Mel está com Justin agora e não ter a menor ideia de o que estão fazendo, deixa Elliot ainda mais frustrado. Os olhos dele foram em Sabrina novamente, nua e ali, disposta para ele. Aproveitando a brecha, a loira se aproximou e o beijou. Ele a correspondeu, virando-a e prensando-a na parede. — Hum, esse é você. — Ela comentou entre os beijos. Mas com o restante de juízo que ele tinha, Elliot se afastou. — Nada vai acontecer Sabrina, vá para sua casa. — Por que benzinho? Nós dois queremos. — Ela fez bico e retirou a última peça que faltava, ficando completamente nua. Elliot saiu do quarto e ela o seguiu. — Sabrina eu só não quero. — É mesmo? Ou você está saindo com a dona daquele quarto? — Sim esse é um dos motivos. — Vai me dizer que está apaixonado por ela? — A loira já estava ficando furiosa. Elliot congelou com essa pergunta, mas resolveu ser sincero. Pelo menos era o que ele achava.
— Não, mas ela mora aqui e seria um grande erro eu trazer outra para cá. Uma falta de respeito com ela. — Aí Elliot quando foi que você se tornou tão sem graça? Ele não conseguiu responder, afinal o barulho da porta da frente sendo aberta chamou a atenção dos dois. Ótimo, Melanie chegou e Sabrina está nua na sala de estar...
Capítulo 13 Dançar sempre foi uma das paixões de Melanie, costumava acompanhar Lisa em boates durante a universidade, mas quando se mudou para o Brasil passou a sentir falta, porém Karina não deixou Mel se afundar em sua própria dor e ambas saíam juntas para curtir a noite. — Você é uma perdição quando dança. — Justin comentou no ouvido dela. Mel sentia os olhares dele no seu corpo enquanto dançava e não se importava. Ela se virou e olhou-o nos olhos. — Realmente eu corro o risco de me apaixonar. — Ele comentou. Mel parou de dançar e desviou o olhar. — Quer um conselho? Não se apaixone por alguém quebrada como eu. — O tom foi sério e ele se aproximou mais. — E se já for tarde para isso? — perguntou enquanto a segurava pela cintura e aproximava ainda mais os dois. Melanie o beijou, estava tão próximo e a olhava com tanta admiração. Justin é um homem maravilhoso, mas não deveria se apaixonar por ela, já que Mel jurou nunca mais se apaixonar por ninguém depois do seu ex. — Jus você sabe o que aconteceu comigo, eu não pretendo me relacionar de novo. — Ela voltou a desviar o olhar, mas ele segurou o queixo dela e a fez encará-lo. Estavam os dois, no meio da pista de dança, se olhando intensamente. — Eu não sou o Gregory, sabe que nunca me dei bem com ele. Lembrar de Gregory fazia uma ferida antiga se abrir no peito da jovem novamente, eram lembranças de dias felizes que nunca mais
voltariam. — Eu sei, tanto Gregory quanto eu éramos imaturos, eu não o culpo pelo nosso término. — Ela falou encarando os olhos escuros do moreno a sua frente. — Ele foi o único culpado, naquela época você precisava dele e ele simplesmente saiu fora, você não merecia ter passado por tudo aquilo sozinha. — Justin acariciou o rosto dela e Mel fechou os olhos, apreciando a carícia. — Eu não estava sozinha, eu tinha você, a Lisa e o Eduard, vocês me ajudaram muito, mas Gregory não lidou muito bem com a perda. — Por um lado eu o entendo, sei que deve ser a pior dor do mundo, mas abandonar a esposa foi demais. — Ex esposa, nós nos divorciamos. — Quem perdeu foi ele Mel. Melanie vivia em Nova Iorque antes de tudo acontecer, tinha um casamento feliz, seu marido era o seu melhor amigo, ambos cresceram juntos e com o tempo se apaixonaram, ou ela se apaixonou, Gregory era o cara ideal para a jovem, mas a vida costuma nos dar desafios e ele desistiu antes mesmo de lutar.
∞∞∞ — Quer que eu te leve até a porta? — Justin perguntou assim que estacionou o carro. — Acho que estarei segura, não se preocupe. — Ela sorriu e ele a beijou de novo. — Então você me liga? — Sim, eu ligo para você. — Mel respondeu e soltou o cinto.
— Vou esperar, mas se eu sentir saudades te ligo antes. — Ele sorriu de lado. — Pode ligar. — Ela se despediu com um selinho. Mel já tinha descido do carro e estava bem próxima da porta quando ele a chamou. — Esqueci uma coisa — falou enquanto andava até ela. — O quê? Ele a segurou pela cintura e a beijou, um beijo diferente dos outros, um beijo quente carregado de desejo. — Boa noite minha linda. — Ele sussurrou quando finalizou o beijo. — Boa noite Jus. — Ela entrou sorrindo.
∞∞∞ Assim que Elliot ouviu o barulho da porta, ele olhou para Sabrina. — Você precisa subir agora. — Ele sussurrou. — Por quê? Vai me dizer que ela é alguma coisa sua? — A loira provocou. O moreno simplesmente a agarrou pelo braço e a levou para o seu quarto. — Fique aí, não saía Sabrina. — Ele estava bravo. — Vou ganhar o que em troca disso? — Nada, apenas fique, eu já volto. Por incrível que pareça a loira ficou e assim o moreno desceu mais aliviado.
— Como foi o jantar? — perguntou para Melanie que tirava o salto sentada no sofá. Elliot reparou no sorriso da moça e isso mexeu com algo dentro dele, talvez tenha sido uma pequena inveja de o motivo do sorriso dela não ser ele. — Foi muito bom. Justin é uma companhia agradável. — Ela respondeu, mas seu olhar não estava em Elliot e sim na bolsa cor de rosa em cima do sofá. Ele seguiu o olhar dela e percebeu que tinha esquecido a mala da Sabrina. Droga! Mel se levantou e caminhou até a pequena mala. — De quem é isso? — perguntou. — É minha queridinha. — A voz irritante da Sabrina invadiu a sala. Melanie ergueu o olhar e viu a mulher parada no pé da escada, olhando-a de queixo erguido. Ótimo, era só o que me faltava — pensou a morena revirando os olhos internamente. Mel desviou o olhar de Sabrina e encarou Elliot. Isso está realmente acontecendo? — Você deve ser a dona daquele quarto. — Sabrina caminhou até perto de Elliot e olhou Mel dos pés à cabeça. — Quem é essa? — Melanie perguntou olhando para ele novamente. Sabrina é uma linda mulher, os fios dourados e os olhos azuisesverdeados dão uma aparência angelical a mulher, mas o tom da voz, esse foi o que fez Melanie perceber a cobra por trás do rosto bonito.
— Essa é a Sabrina... — Elliot começou a apresentar, mas a loira o cortou. — A namorada dele — terminou convicta. Melanie apenas assentiu. — Cadê a July? — Voltou a olhar para Elliot, mas ele estava olhando furioso para Sabrina. — Ela dormiu, Elliot a colocou no berço para tomarmos banho. — A mulher respondeu e Mel passou os olhos pelo corpo dela, estava usando um roupão branco e Melanie tinha certeza que não tinha mais nada por baixo. — Eu ia tomar banho Sabrina, você invadiu o meu quarto. — Ele começou a se explicar. — Benzinho, não se preocupe, ela não ligou, não é... — A loira ainda não sabia o nome dela. — Melanie, meu nome é Melanie e eu realmente não me importo com o que farão, desde que não acorde July e não me perturbe. Mel optou por não reclamar, afinal a casa era de Elliot e... Bom, ele era o dono, ela estava apenas morando ali. A morena caminhou para perto das sandálias, as pegou e saiu da sala de estar. Quando estava na porta do quarto, onde apenas deixaria os sapatos e iria ver July, ele a alcançou. — Juro que não a convidei, Sabrina apareceu aqui do nada. — A voz dele foi ouvida. Mel ainda olhava para a porta, de costas para ele. — Eu não ligo Elliot, realmente não ligo, é a sua casa. — As palavras deixaram a boca dela livremente, mas ver Sabrina ali, na mesma casa que os dois cuidam de July, na mesma que ele a beijou, isso mexeu com ela.
Ela ouviu o suspiro dele e abriu a porta, apenas se abaixou e colocou as sandálias no quarto, voltou a fechar a porta e caminhou para o quarto de July. A cada passo que ela dava, ouvia o dele atrás. — Eu dei um banho nela e mamadeira, acho que não acordará tão cedo. — Ele sussurrou. — Obrigada. — Não tem que me agradecer, ela é responsabilidade nossa agora, não só sua. Mel se virou nesse momento, ele estava com o rosto cansado, os cabelos espatifados e olhava July com amor. — Bom... Eu irei tomar banho então... — Ela começou a caminhar para a porta. — Mel... — Ele segurou o braço dela e a morena se virou novamente. — Sim? — É bom ter você aqui. — Ele sussurrou isso, mas os olhos claros gritavam outra coisa, só que Melanie não deu importância a isso. — É bom estar aqui também. — Ela respondeu e os dois ficaram se olhando. — Atrapalho? Pelo visto é o que eu imaginei, você e ela estão... — Sabrina chega. Você sabe muito bem que não temos nada, estou cansado de te falar isso. — É ela e essa criança, as duas estão afastando nós dois. — Ela quase gritou. O sangue de Melanie ferveu. — Cala a boca, vai acordar a July. — Ela falou firme.
— Sabrina, já chega, você vai embora. — Ele agarrou-a pelo braço e começou a levá-la dali. — Você e aquela vadia estão juntos? É isso? — Melanie conseguiu ouvir a voz da mulher e isso foi demais para ela. Nunca foi de levar desaforo para casa, não seria agora que começaria, fechou a porta do quarto da bebê, afinal a pequena continuaria dormindo tranquila e foi para o andar de baixo. Era hoje que Sabrina aprenderia umas lições. — Você não vai entrar aqui e me chamar de vadia. Ah, mas não vai mesmo! Elliot só teve tempo de olhar para Melanie, que pegou Sabrina pelos cabelos e a arrastou pela sala de estar. Ele assistia a cena assustado, Mel estava totalmente fora de controle. — Você não pode me tratar assim, sou filha do... — Não estou nem aí, você pode ser o raio que o parta, mesmo assim vai aprender a nunca mais me chamar de vadia, sua cadela mal-amada. Viver em um lar do governo fez Melanie aprender a se defender sozinha. Era um amor com quem merecia, mas podia ser bem cruel também. Arrastou Sabrina para fora e a empurrou pela porta. — Suma daqui! — Antes de fechar a porta, Melanie foi para a sala e pegou a bolsa cor-de-rosa. — E leve essa merda junto — jogou a bolsa na cara da loira. — Não entendo a razão de toda essa cena, você nem é mãe daquela criança. Mel realmente estava tentando se controlar, mas sabe quando alguém te cutuca onde mais dói? Foi exatamente isso que Sabrina fez.
Elliot viu em câmera lenta quando Melanie fechou os punhos e acertou o nariz de Sabrina em um soco bem dado. A loira colocou a mão no nariz, assustada e foi quando viu o sangue. — Nunca mais fale assim da minha filha, sua cadela infeliz, eu sou a única mãe que ela tem agora. — Você é uma louca, não pode cuidar dessa menina. — Sabrina gritou e relou no nariz dolorido. Melanie deixou que sua raiva a dominasse e avançou em Sabrina, desferindo dois tapas na cara dela e a agarrou pelo cabelo novamente. — Para com isso Melanie, você não é assim. — Elliot a agarrou pela cintura e a tirou de cima da Sabrina, que chorava com medo. — Não me toque, você não me conhece, não sabe quem sou. — Mel o olhou decepcionada. De todos ele deveria ser o último a se relacionar com alguém como Sabrina. — Mel... — Eu só não quero mais ela aqui. — A morena virou as costas e entrou na casa. Os olhos claros dele foram em direção a Sabrina, caída na calçada, com o roupão aberto. — Não era necessário tudo isso Sabrina, apenas vá para sua casa. — Ele a ajudou a se levantar e fechou o roupão dela. — Você quer mesmo que eu vá? Prefere a ela? — Ele reparou no nariz empinado que sangrava e no lábio inferior levemente vermelho. — Sabrina você não precisa de uma resposta para isso, apenas pegue o resto de dignidade que te sobrou e saia daqui. — Ela assentiu e pegou a pequena mala.
— Eu já entendi. — Elas são minha família, July é minha família agora. A loira apenas virou as costas e começou a andar, Elliot entrou na casa à procura de Melanie...
Capítulo 14 Quando Melanie entrou na casa, deu uma passada no quarto de July e a pequena ainda estava tranquila em um sono profundo, depois do beijo de boa noite, Mel foi para o quarto e não saiu de lá o restante da noite, estava perdida em pensamentos. Sabia que a principal razão de ter atacado Sabrina foi o insulto, tanto direcionado a ela quanto a July, mas o fato de a loira ser próxima de Elliot ajudou um pouco, Mel nunca confessaria isso em voz alta, mas sabia que sim, realmente se sentiu incomodada com a presença de Sabrina na casa. Quando Elliot bateu na porta do quarto dela e pediu para conversarem, Mel optou por fingir estar adormecida, não estava com os pensamentos em ordem e isso poderia prejudicar a relação amigável que tinham. Na manhã do dia seguinte, ela saiu bem cedo, precisava daquilo, sentia tanta falta que estava sendo difícil respirar. O caminho foi em total silêncio, até mesmo o motorista do táxi estava calado, parecia perceber que para a passageira, esse momento era difícil. Quando chegou ao local sentiu-se nostálgica, a última vez que esteve ali foi no enterro de Lisa e Eduard, mas ainda assim se sentia vazia, culpada. Quando tudo no seu passado se transformou em pesadelo, Melanie se viu fugindo dali. Toda a dor que Nova Iorque trazia-lhe parecia insuportável, mudar para longe foi sua salvação. Parou diante da lápide bem cuidada e sentiu quando as lágrimas rolaram pelo rosto, se abaixou e pouco se importou com a terra que sujava a sua calça jeans. Queria chorar, gritar, voltar no tempo e fazer tudo diferente, mas não era possível. Perdeu-a e não tinha mais como voltar atrás.
Ficou um bom tempo ali, chorando e olhando para a delicada foto, foi ela quem tirou, foi um momento tão feliz, mas tudo acabou, tudo se foi e só lhe restou lembranças.
∞∞∞ Quando Melanie chegou em casa, Elliot estava na cozinha, segurando July nos braços e lendo o bilhete que Mel havia deixado. — Bom dia — comentou olhando-a preocupado. — Bom dia. — Ela tentou sorrir, mas falhou. Elliot percebeu que Melanie tinha chorado. — Está tudo bem? — Sim está. — Ela respondeu apenas isso e começou a pegar os ingredientes para fazer panquecas. Elli olhava atento para ela, precisavam conversar, desde que tudo aconteceu na noite anterior não trocaram nenhuma palavra. — Quer conversar? — Ele perguntou. — Não. — Mel sabia sobre o que ele queria falar, mas ambos não tinham nada, não era necessária uma explicação. Se tem uma coisa que todos os Bittencourt detestam é ser ignorado. — Melanie... — Ele sussurrou o nome e ela parou de fazer a panqueca e se virou para olhá-lo. — Não acho necessário falar sobre isso. — Não quer uma explicação? — perguntou estranhando, afinal se fosse com ele, iria querer uma. — Não. — Ela respondeu incerta, mas ele se explicou mesmo assim.
— Eu não convidei a Sabrina para vir aqui. — Eu sei, você me disse isso ontem. — Mas mesmo assim você está estranha comigo, está me evitando. — Eu não deveria ter reagido daquela maneira, essa é a sua casa e ela é a sua... — Eu não sou namorado dela — cortou-a, — Sabrina é apenas uma amiga de infância, acabamos saindo às vezes, mas depois de July, depois de você, eu e ela nunca mais dormimos juntos. — Eu não estou te evitando, apenas não queria tocar no assunto. — Ela finalizou as panquecas, agradecendo por não queimar nenhuma, afinal Elliot sempre conseguia distraí-la. Mel sentou-se e começou a comer, ele fez o mesmo e o silêncio predominou o ambiente, apenas July balbuciava coisas incoerentes, querendo chamar atenção para ganhar mais mingau. — Quer conversar sobre o que te fez chorar? — Ele perguntou cauteloso, Mel levantou o olhar e o fitou. — Fui ao cemitério hoje — contou, ainda o olhando. — Eu irei em breve, mas ainda é tão difícil, ainda não consegui nem ler a carta. — Ele confidenciou e Mel assentiu. — Também não li ainda. — Estou pensando em levar July comigo, o que acha? Mel olhou para a pequena menina, eram os pais dela, os pais que ela nunca mais veria. — Sim, leve-a. O silêncio voltou a predominar, mesmo Elliot querendo ficar ali com elas, não podia, tinha muito o que fazer na empresa.
— Eu tenho que ir. — Bom trabalho. — Ela desejou e se levantou também, pronta para retirar os alimentos da mesa. Elliot deu um beijo na testa de July, o único lugar que não estava sujo de mingau e depois se aproximou de Melanie. — Me desculpe por ontem, mesmo eu não tendo culpa. — Ele tentou usar um tom divertido, mas não conseguiu. — Me desculpe também, esse clima não é bom para July. — Ela conseguiu dar um sorriso delicado para ele. Elli se aproximou um pouco mais e colocou as mãos na cintura dela. Ele iria beijá-la, Mel sabia disso, sabia também que deveria se afastar, afinal ficou com Justin na noite anterior, mas quando Elliot a toca, ela perde o controle de seu corpo e de suas ações. Ele estava cada vez mais perto, o perfume, o toque, o olhar, tudo contribuía para ela se aproximar também, querendo aquilo. Então o beijo aconteceu e ambos exploraram um ao outro, se deliciaram com o gosto maravilhoso do chocolate colocado nas panquecas. Estava ficando tudo mais gostoso, só que novamente a campainha tocou. Ela se afastou. Onde ela consegue tanto autocontrole? — Elliot gostaria de saber. Ele quem foi abrir a porta, dando de frente com um buquê de rosas vermelhas e franziu o cenho. — Acho que errou de endereço cara — comentou com o entregador. — Não senhor, o endereço está correto, entrega para Melanie Mayer. — O moço magro estendeu uma prancheta e Elliot assinou, provando que recebeu o buquê. — É pra você. — Ele falou para Melanie, quando já tinha entrado com as bonitas rosas.
Tanto ela quanto July estavam na sala de estar, a bebê já limpinha engatinhava pelo chão e Melanie parou de pegar os brinquedos para olhar para Elliot. — Para mim? — perguntou sorrindo, pegou as rosas e leu o cartão. “A noite de ontem foi a melhor que já tive, queria te agradecer de algum modo... Almoça comigo amanhã? Justin.” Mel terminou de ler e olhou para Elliot, que a encarava de braços cruzados. — É dele, não é? — É sim. — Eu vou trabalhar. — Elliot comentou saindo da sala. Mel foi atrás dele e segurou no seu braço. — Eu irei falar com ele, contar que nós... — Que nós nos beijamos? — Ele a cortou. — É. Elliot estava irritado. Irritado por sentir ciúmes dela. A mulher que ele sempre foi atraído tinha acabado de receber rosas vermelhas de outro homem. — Tudo bem, fale com ele. — Foi a última coisa que disse e depois saiu.
∞∞∞ Melanie tinha acabado de ajeitar a casa, mesmo com uma faxineira contratada pelo condomínio, ela sempre gostou de manter tudo limpo e organizado.
Estava finalizando o banho de July, quando seu celular tocou. Atendeu e colocou no viva-vos. — Oi Karina. — Mel falou risonha e terminou de trocar July. — Mel preciso que venha me buscar no aeroporto. — O quê? Como assim? — Só vem me buscar, estou te esperando. — E o que você está fazendo aqui? — Melanie pegou July e segurou o celular com a mão livre. — Decidi de última hora, vai vir me buscar ou não? — Claro que irei, vinte minutos estou aí. Mel desligou e ligou para Willian, Elliot tinha deixado o número para caso ela precisasse. O motorista estava livre naquela manhã e como sua casa era na área dos funcionários na mansão dos pais de Elliot, chegaria ali em menos cinco minutos.
∞∞∞ Quando Mel avistou a amiga no meio da multidão, ambas sorriram. — Senti tanto a sua falta. — Karina disse abraçando Mel apertado. — Também senti. — Ela a retribuiu o máximo que conseguiu, afinal July estava no seu colo. — E essa bonequinha, está mais linda do que nas fotos. — Karina estendeu os braços para July, que foi contente. A ruiva ainda não tinha percebido o bonito loiro ao lado delas, que observava as garotas com atenção.
— Will você poderia ajudar com as malas? — Mel pediu, mas ele pareceu não ouvir, afinal ainda estava com o olhar em Karina. — Will. — Melanie cutucou o braço dele sorrindo. — Ah! Sim ajudo. — Ele acordou e pegou as malas. — Não vai nos apresentar? — Ka perguntou para Mel, mas seus olhos também estavam no loiro. — Esse é o Willian, funcionário da família Bittencourt e essa é Karina a minha melhor amiga. Como Will estava segurando as malas, ambos apenas sorriram um para o outro e depois começaram a caminhar para o carro...
Capítulo 15 Durante o trajeto, Karina falou sobre o tempo no Brasil, sobre as férias no emprego, sobre a saudade que sentia de Melanie, mas não contou a razão de estar ali, Mel desconfiava, mas também optou por deixar a conversa do carro agradável. Somente depois que a ruiva tomou banho e desceu para tomar um café da tarde que Melanie viu a oportunidade de perguntar, mas Karina entrou na cozinha segurando um porta-retratos. — Mel, você está morando com o pecado em pessoa — comentou vendo o quanto Elliot estava bonito naquela foto. — Eu sei — concordou sorrindo, mas não era sobre isso que ela queria conversar. — Agora me conte, o que foi que o Caio fez? — Foi direta. Karina olhou para o chão, depois olhou para a foto na sua mão e disse: — Vou colocar isso no lugar. — Praticamente correu para a sala de estar, queria evitar ter essa conversa com Melanie. Mas as duas se conheciam bem, e Mel percebeu que essa era a intenção da amiga. — Sabe que estarei aqui para te ouvir, mas só se quiser contar — falou assim que chegou à sala de estar e Karina estava sentada no sofá, olhando fixamente para o quadrado que July brincava dentro. — Ele me traiu Mel — desabafou em um sussurro. Melanie sentiu o sangue esquentar, estava pronta para decapitar Caio. — Aquele idiota! Vou matar ele, ah, mas vou mesmo! — falou furiosa. Karina tentou sorrir, mas o brilho habitual não estava mais ali.
— Não vale a pena perder a sua liberdade por matar ele — comentou. — Eu já perdi sete anos da minha vida ao lado dele. — Karina voltou a falar, triste. — Não perdeu, encare isso como uma forma de aprendizagem. — Mel segurou a mão dela e apertou carinhosamente. — Você já passou por tantas coisas e está aí em pé, forte, eu me quebrei apenas por descobrir essa traição. Quem disse que estou tão forte assim? Quem vê a cara, não vê o coração. — Melanie pensou, tinha suas próprias dores, suas próprias feridas, mas esse momento era da amiga. — Eu sempre disse que ele não era o certo para você, mas nunca achei que ele te trairia. — Também nunca cogitei essa hipótese, mas o pior de tudo Mel, é que a mulher que eu vi com ele está grávida, acredita? — contou com lágrimas nos olhos. — Que idiota infeliz. — Mel estendeu os braços e Kah se alinhou neles, recebendo o carinho que precisava. July estava quietinha no quadrado, apenas observando as duas. — Um canalha, eu simplesmente o ignorei até que meu visto como turista foi liberado, não conseguiria permanecer lá, eu não consegui nem ao menos confrontá-lo — falou chorosa. — Você fez o certo, nada no Brasil te segurava mais, você sempre será bem-vinda aqui. — Obrigada, mas eu não posso ficar na sua casa. — Claro que pode. — Mel é sério, vocês estão se adaptando ainda, a minha presença aqui só irá atrapalhar.
— Sabe que nunca me atrapalhará. — Irei procurar um lugar para ficar por esses três meses. — Seu visto é de apenas três? — Sim. — Eu tenho o apartamento que morei na época da faculdade, ele é pequeno, mas é perfeito. Estava em reforma, mas acabou há um tempo. Quando Mel se casou com Gregory, o mesmo queria que ela vendesse o apartamento, mas ela não fez isso. Ela queria continuar tendo um canto dela, para futuras emergências. Já a casa que eles moravam durante o casamento era de Gregory e com o divórcio Melanie apenas deixou a propriedade, sua sorte foi que se casou com separação total de bens, essa era uma das cláusulas do testamento de seus falecidos pais. — Acho que ficarei lá então, obrigada amiga. — Ok está decidido.
∞∞∞ Na empresa, Elliot tentava focar no trabalho, mas seus pensamentos voavam para a morena que estava em casa, os lábios dela era a parte exata que ele se recordava. — Senhor Bittencourt, a senhorita Sabrina está aqui. — A secretária anunciou pelo telefone. Elliot bufou irritado. — Diga que não posso recebê-la. — Ele pediu, mas a loira adentrou a sala dele, mesmo sem ser convidada. — Ah, mas você pode sim. — Ela segurava um envelope na mão.
— Sabrina, você não se cansa disso? — Não Elliot, e você terá que me aguentar — comentou com um risinho convencido. — Eu já deixei bem claro que não sinto nada por você, por que não cria amor próprio e vai embora daqui? — Ele perguntou se levantando bravo. — Quer mesmo que nós saíamos daqui? — A loira perguntou levantando uma sobrancelha. — O que quer dizer com “nós”? — É isso mesmo meu amor, eu estou grávida de um filho seu. A revelação deixou o Bitencourt paralisado, Sabrina colocou o envelope em cima da mesa e ele só conseguiu ficar observando o papel. — Você só pode estar louca — acusou nervoso. — Se não acredita olhe você mesmo, pois deu positivo benzinho. Elliot estava nervoso. A beira do desespero o definia bem. — Quando foi que você soube disso? — Olha eu tenho que agradecer aquela mulherzinha que mora com você, foi tudo graças a ela. — A loira se sentou e falou enquanto olhava as unhas grandes pintadas de rosa. Elliot estava com as mãos trêmulas. Meu Deus, um filho, e com a Sabrina? — pensou preocupado. — O que Melanie tem com isso? — Depois que aquela louca praticamente me matou, eu fui para o hospital, fizeram alguns exames e cá estou com a melhor notícia das nossas vidas.
— Sabrina, você sabe que um filho não vai me fazer casar com você. — Elliot falou decidido. Ela gargalhou. — Claro que sei, por isso tenho um plano B benzinho. Como Elliot permaneceu calado, Sabrina terminou de soltar o veneno. — Você terá que me assumir como a sua namorada grávida e se afastar de vez daquela louca. Elliot começou a rir de nervoso. Ele nunca faria isso. — Eu não farei isso. — Nem se a guarda da July estiver em risco? — A loira percebeu que o acertou em cheio, quando viu a cor do bonito rosto dele sumir. Elliot ficou pálido e Sabrina deu uma risada debochada, ela realmente sabe jogar sujo...
Capítulo 16 “Preciso conversar com você, venha na minha casa agora” Elliot aproveitou que Melanie tinha saído com July e mandou a mensagem para Christopher, que chegou menos de cinco minutos depois de visualizar. — Você o quê? — Chris perguntou assim que Elliot disse que seria pai. — É isso mesmo cara, a Sabrina está grávida. Eu vou ser pai. — Ele confirmou. — Você já é pai seu idiota e sua família é com a Melanie e não com a Sabrina, aquela lá dorme com qualquer um, quem garante que o filho é seu? — Chris questionou inquieto. Desde quando o irmão mais novo tinha se tornado tão manipulável? — pensou o mais velho. — Eu sei que já sou pai, mas agora é diferente, eu estarei presente na gestação, no nascimento, serei pai desde o início. Christopher começou a rir irônico. — Vai me dizer que também vai se casar com a Sabrina? Ah Elliot me poupe disso! — O primogênito da família Bittencourt estava irritado com o irmão. — Eu irei. — Elliot soltou decidido e Christopher arregalou os olhos azuis, surpreso. — Não irá não, está louco? É da Sabrina que estamos falando, ela sempre arrumou uma forma de te amarrar. — Christopher sabia o quanto o amor verdadeiro faz bem a um homem e se ele pudesse evitar, nunca deixaria Elliot cometer um erro desses. — É diferente agora, Sabrina precisa de mim.
— E July? E Melanie? As duas não precisam de você? Não é necessário casar com a Sabrina por causa do bebê, você não a ama, nunca amou. Agora com a Melanie é diferente, você a ama. Elliot realmente estava interessado em Mel, mas amor? Não era amor aquilo, era apenas um sentimento diferente, uma atração intensa, mas não tão forte quanto o amor. — Eu não a amo — falou mais para si mesmo do que para o irmão mais velho. — Vai me dizer que é a Sabrina que você ama? — Claro que não, mas ela está grávida, eu não posso abandoná-la. — Você sabe que se casar antes de três anos você perderá a July, Mel perderá a July. O combinado é você morarem juntos. Elliot se levantou preocupado, ele tinha esquecido desse grande detalhe. — Não, eu não posso perder a minha filha. Os dois irmãos estavam tão focados na conversa que não ouviram quando Melanie entrou na casa, July dormia no bebê conforto e Mel estava no pé da escada, pronta para subir e colocá-la no berço, quando ouviu. — Conte tudo para a Melanie. — Chris sabia que essa era a melhor opção. — Dizer o quê? Que nós nunca daríamos certo? Melanie não é o tipo de mulher que estou acostumado. — Elliot comentou frustrado. Toda a situação que havia se metido era frustrante. — Sabrina é o seu tipo de mulher? — Chris perguntou já impaciente. — É, eu e ela sempre estávamos juntos, até a minha vida mudar completamente. Agora eu terei que assumir essa gravidez.
Mel ficou em choque com essa revelação, resolveu subir fazendo o menor silêncio possível e fugiu dali. — Por que a Mel não é o seu tipo? — Christopher perguntou para Elliot, queria ver qual seria a resposta descabida que receberia. — Ela é linda, doce e um exemplo de mãe. Eu não posso ficar com ela, seria um erro colocá-la na minha vida. — Por quê? — Porque a minha vida é suja demais, você sabe disso, estaria colocando-as em perigo, além do mais essa relação pode complicar muito a guarda compartilhada que temos juntos. — As duas já estão ligadas a você irmão, se afastar agora colocará elas em perigo, ficarão sem a sua proteção. — Christopher tentou fazer Elliot pensar com clareza. Como Elli ficou perdido em pensamentos, Christopher voltou a dizer: — E o que você fará agora? — Avisarei Sabrina que só nos casaremos daqui a três anos, assim a guarda de July estará segura. Christopher foi embora disposto a pedir a ajuda de Tayla com isso, Elliot os ajudou muito no início conturbado que tiveram, era a vez deles de retribuírem o favor. Se depender de Chris a felicidade não irá escorrer entre os dedos do irmão mais novo, não sem um motivo concreto. O bebê pode ser dele, mas não é necessário ser o marido de Sabrina por isso. Será o pai da criança.
∞∞∞ — Oi. — Elliot cumprimentou quando entrou no quarto de July e viu
Melanie brincado com ela no chão. — Oi. Nenhum sorriso, nenhum olhar, nada. Apenas um simples “oi”. — Não vi vocês chegarem. — Ele comentou e se encostou ao batente, observá-las juntas era um dos seus momentos preferidos do dia. — Você estava na sala com Christopher, não quis atrapalhar. — Ouviu a nossa conversa? — Ele perguntou preocupando-se. — Uma parte. — Melanie confessou. — Qual parte? Melanie se levantou do chão e deixou July ali sentadinha, virou-se para ele e o olhou nos olhos, foi nesse instante que ele percebeu os olhos avermelhados dela. — Você chorou? — A pergunta não teve resposta e ele apenas a puxou para perto, apertando-a em um abraço, Mel deixou esse último contato os unir. — Ouvi a parte que eu não sou o tipo de mulher que você está acostumado e que Sabrina está grávida. — Ela se afastou do abraço. Ele sentiu seu corpo se tencionar, Mel ouviu apenas uma parte da conversa. — Sabrina está grávida — confirmou e viu quando Mel suspirou. — E você é o pai — afirmou ela. — É eu sou, acho que sou. — Em dúvida ele respondeu apenas isso. Melanie pegou a bolsa e Elliot a olhou confuso. — Vai sair?
— Eu preciso, cuida da July essa noite. — Ela saiu do quarto, mas ele foi atrás dela. — Essa noite? Você não vai dormir em casa? — perguntou preocupado, a lembrança das rosas vermelhas que ela recebeu nessa manhã o atingiu em cheio. — Voltarei amanhã de manhã. Com isso ela saiu e deixou o Bittencourt com uma impressão errada. Elliot sentiu o gosto amargo do ciúme, mas ainda assim não acreditava que aquilo era amor. Ele acreditou que ela estaria com Justin a noite toda, mas não, Melanie se refugiou no antigo apartamento, nos braços acolhedores da amiga. — Ele vai ser pai, aquela mulher que te contei, está grávida. — Eu sinto muito amiga. — Foram as únicas palavras que Karina conseguiu dizer. Mel não entendia porque ficou tão mexida com isso, mas estava disposta a conversar com Justin, desistir do que estavam começando para ficar com Elliot, parecia que ele também queria aquilo, mas essa gravidez mudou tudo.
∞∞∞ Na manhã seguinte, quando Melanie voltou para casa, Elliot estava dando fruta para July. — Oi — cumprimentou quando adentrou a cozinha. A mesa do café da manhã já estava posta, mas Mel estava sem apetite. — Oi. — Ele levantou o olhar para ela.
Melanie deu um beijinho em July e falou: — Preciso tomar banho, já volto. Ele apenas assentiu. Quando Melanie desceu, de banho tomado, ele estava sentado no sofá, July estava na perna dele, assistindo a um desenho animado. — Como você está? — Bem, eu estava na Karina, ela está morando no meu antigo apartamento. — Eu achei que você estivesse com o Justin. — Ele comentou a olhando, mas Mel desviou o olhar. — Não estava. Elliot sorriu aliviado. A ideia de Mel nos braços de outro a noite toda estava sufocando-o. — O que você vai fazer agora? — Ela perguntou em relação ao bebê que está a caminho. — Primeiro acompanharei Sabrina em um novo exame, quero ter certeza dessa gravidez, depois... Eu ainda não pensei no depois, só sei que não quero me afastar de você, amo a sua companhia e não pretendo perder isso. Elliot disse a palavra “amo” na mesma frase que se referia a “Melanie”, ele já estava apaixonado, só não enxergava isso. — Não vai perder a minha companhia, estarei morando aqui até completar os três anos da custódia. — Sabrina quer que eu me case com ela antes disso. — Ele resolveu contar. — Você fará isso? E a July? Não podemos perder a guarda legal dela.
— Mel começou a se desesperar. — Não, não vou, July é mais importante para mim e eu não vou perdê-la, nós não iremos perder ela. — Ele comentou certo disso. Melanie suspirou aliviada. — Que situação que nossos amigos nos colocaram, você poderia estar casado e eu também, eles não pensaram nisso? Que absurdo. — Mel, sobre a outra parte que você ouviu ontem, eu não estava te menosprezando... — Elliot não precisa me explicar, eu sei que você está acostumado com essas mulheres lindas e “loiras”, nós somos completamente diferentes, eu entendi. — Essa é a questão Melanie, você é perfeita, mas não para mim. — Um tapa teria doído menos nela. — Só não vamos mais falar sobre isso. Ele assentiu e não disse mais nada, essa gravidez de Sabrina veio para atrapalhar tudo entre ele e Melanie...
Capítulo 17 — Acha que está lindo? — Mel perguntou olhando a decoração da festa de um aninho de July. Mesmo sendo uma festa mais íntima, apenas para familiares, Melanie caprichou. A decoração cor-de-rosa das princesas da Disney estava maravilhosa, era fascinante dar vida a uma festa infantil. — Está perfeito Mel. — Elliot sorriu vendo a empolgação da moça, isso era o que mais o encantava, Mel ficava feliz com pouco e isso é uma virtude rara no mundo que ele vive. — July merece que seja perfeita, Elisabeth e Eduardo deveriam estar aqui conosco. — A morena desabafou. — Eu também queria que eles estivessem. — Elliot falou também, mas isso era fisicamente impossível, mas ambos estariam ali presentes, no coração deles e de July. Diferente de Andrew, July já estava completando um ano e ainda não andava sem apoiar-se em móveis. Elliot e Mel estavam loucos para ver a pequena garotinha dar os seus primeiros passinhos, mas July parecia não se importar com isso, engatinhar estava bom para ela, pelo visto.
∞∞∞ A maioria dos convidados já tinham chegado, mas quando a campainha tocou, Mel foi atender sorrindo, só que quando os olhos negros dela se fixaram nos claros da loira, o sorriso de Melanie morreu. — Sabrina — comentou apenas isso. — Oi, Melanie, vim para o aniversário da minha futura enteada — falou convencida.
— Entre. — A vontade era bater com a porta na cara dela, mas era a noiva de Elliot afinal e tudo o que Melanie menos queria era uma briga no dia da festa de July. Quando Elliot viu Melanie voltando totalmente chateada de dentro da casa, ele estranhou, mas foi só colocar os olhos em Sabrina que ele soube a razão. — O que você está fazendo aqui? — Ele segurou o braço da loira e a arrastou para dentro da casa novamente. — Achei que tinha sido convidada. — Ela sorriu sarcástica. — Sabrina, deixe de ser estúpida, você não deveria estar aqui. — Ele esbravejou quando os dois chegaram à sala de estar. — Estúpido é você, por ficar brincando de ser o pai daquela criança que nem tem seu sangue. — A loira cruzou os braços nervosa. Angélica que tinha entrado na casa para usar o banheiro, ficou completamente surpresa com a fala da Sabrina. A garotinha adorável que ela viu crescer não era assim, ou pelo menos ela achava que não. — Sabrina, não me faça perder a paciência. July é minha filha sim. Angélica estava pronta para aproximar-se e colocar Sabrina no lugar dela, quando ouviu a seguinte frase: — Você sabe que eu posso tirar essa criança de vocês, eu tenho o exame de corpo de delito, eu estou grávida e mesmo assim Melanie me bateu. — As palavras eram frias e o olhar ameaçador. Elliot passou a mão no rosto nervoso, Sabrina já estava ameaçando-o há semanas com isso, foi assim que conseguiu convencê-lo a se casar com ela, era tudo uma chantagem.
∞∞∞
— Filho preciso falar com você e com a Tay. — Angélica disse quando se aproximou da mesa que Christopher estava. — Tayla está com a Megan, irei chamá-la. — Espero vocês na cozinha. Tayla deixou Andrew sobre o olhar constante de Megan e foi falar com a sogra junto do marido. — O que houve mãe? — Christopher perguntou preocupado. — Como eu fui tão cega a respeito da Sabrina? Você tentou me alertar tantas vezes. — O que descobriu? — Tayla perguntou, pegando um copo com água para a sogra que estava muito nervosa. — Ela está chantageando o Elliot. — Com o quê? — Chris perguntou. — A ouvi falando sobre um exame de corpo de delito, já que Melanie bateu nela grávida, isso pode fazê-los perderem a guarda. — Eu duvido dessa gravidez, se quando Elliot e Melanie viraram guardiões legais da July ela tinha nove meses, então Sabrina está com quase quatro, mas cadê a barriga? Ela está magra demais. — Tay comentou a sua suspeita. Angélica completou: — A não ser que Elliot e ela tenham ficado depois. — Quando Melanie voltou para a vida de Elliot, ele não dormiu com nenhuma mulher. — Chris tirou as dúvidas da mãe e da esposa. — Como sabe? — foi Angélica quem perguntou. — Eu e ele conversamos muito, e é completamente notável que ele está apaixonado por Melanie, apenas os dois não enxergam isso.
— E a história se repete. — Angélica sorri se lembrando de Tay e Chris no começo. — Eu era um idiota, mas não irei deixar isso acontecer com o Elliot. — O loiro abraçou a esposa. — Eu sei o que fazer, Sabrina vai perceber que seu maior erro foi mexer com um dos meus filhos.
∞∞∞ — Não acredito que você a convidou Elliot. — Mel reclamou quando os dois ficaram sozinhos. — Eu... — Ele tentou se explicar, mas Mel voltou a falar. — Sei que ela é sua namorada, mas ela detesta a July. — Eu não a convidei. — Ele a segurou firme pela cintura, fazendo Melanie parar de andar pela cozinha da casa deles e o olhar. Mel estranhou o gesto, mas não se afastou e permaneceu em silêncio. — Melanie eu estou uma pilha nesses últimos dias, preciso que você acredite em mim. Ela encarou aqueles lindos olhos que tanto adorava, eles pareciam sinceros. — Eu acredito em você Elliot. — Ela passou a mão no rosto dele, o moreno fechou os olhos e aproveitou o toque que depois dessa gravidez de Sabrina, se tornou raro. — Apenas confie em mim anjo, eu preciso resolver algumas coisas. — Melanie sorriu com a palavra anjo, os dois estavam se aproximando cada vez mais. — Eu confio. — Ela fechou os olhos e sussurrou as palavras.
Então ele a beijou de novo, aquele beijo que há semanas não acontecia. Um beijo carregado de carinho e sentimento. Aquele tipo de beijo que poucos tinham a chance de dar e receber. Um beijo que valia cada segundo provando os lábios um do outro. Quando o ar faltou, ambos se afastaram. A intensidade no olhar deles, provava o quanto esse sentimento aumentava a cada dia. — Sabe que não podemos fazer isso, não sabe? — Foi ela quem perguntou. — Eu sei, mas quando você está perto, simplesmente esqueço-me de tudo. Eu só quero beijar você. — Ele ainda a segurava em seus braços. — Isso também acontece comigo — sorriu para ele, mas a presença de outra pessoa fez eles se afastarem. Angélica sorriu completamente sem graça por atrapalhar os dois. — Me desculpe, achei que estaria sozinho. — Ela se referiu ao filho. Mel ficou constrangida, claro que Angélica sabia o que ambos estavam fazendo. — Tudo bem mãe. — Ele soltou Melanie e se apoiou no balcão, escondendo da mãe o quanto a mulher que a pouco estava em seus braços, o excitava. — Eu quero falar com você filho, é sobre a Sabrina. — Mel se retirou da cozinha antes mesmo de ouvir algo mais. — Pois diga — pediu sentindo toda a rigidez voltar para o seu corpo. — Sinceramente eu estou muito decepcionada com você. — Angélica começou. — Por quê? — Ele a encarou, detestava quando a mãe usava aquelas palavras.
— Porque eu não criei filhos idiotas, mas você e Chris me surpreendem a cada dia. — Ei, o que foi que eu fiz? — Elli perguntou confuso. — Engravidou a Sabrina, mas a sua família é essa, você está apaixonado por uma, mas outra está grávida, isso é ser idiota para mim. — Mãe, não foi bem assim, nós ficamos juntos muito tempo antes da Melanie. — Quanto exatamente? — Era isso mesmo que Angélica queria saber. — Talvez um mês antes de July chegar. Lembro que ainda tinha saído com Eduard e acabei vendo Sabrina e a noite se estendeu. — Ele começou a narrar, nem percebendo na cara de satisfação da mãe. — Muito tempo então, mas cadê a barriga dela? Eu estava tão cega a respeito de Sabrina, que não reparei nesse detalhe, mas Tayla sim. Elliot olhou pela janela e reparou no vestido colado da suposta grávida, realmente ela não tinha barriga alguma, nem se quer uma protuberância. — Nem eu, já era para ela estar com uns quatro meses. — Ele comentou pensativo. — Eu vou marcar uma consulta para ela e eu mesma irei levá-la, mas não quero que ela saiba, quero pegá-la desprevenida. — Angélica sorriu planejando tudo. — Eu a levei mãe, ela está realmente grávida. — Sim meu amor, mas acredito que nessa consulta não lhe disseram o tempo gestacional. — Não mesmo. — Então a levarei, Sabrina nem vai desconfiar. Tenho certeza que
tudo será resolvido amanhã. Elliot nunca quis tanto que uma segunda-feira chegasse logo. — Eu mais do que ninguém quero que tudo isso seja um engano, minha vida estava indo muito bem antes disso. — Eu irei conversar com os pais dela assim que essa farsa for desfeita, não importa os anos de amizade, isso não se faz. E sobre essa ameaça, tem algo mais que eu deva saber? — Angélica levantou uma sobrancelha loira, daquela forma que fazia para convencê-los na infância. — Ameaça? — Ele se fez de confuso, não para proteger Sabrina, mas para evitar que toda a família soubesse da briga dela e de Melanie. — Elliot Bittencourt, desde pequeno você nunca me enganou, eu sei que foi você quem tacou fogo na boneca da Megan e culpou o Matthew, sei que não foi o Chris quem arranhou o carro do seu pai e também sei que Ethan só passou na prova do vestibular porque você o ensinou a colar. — Ela começou a narrar as travessuras do filho. Para ele aquelas revelações foram assustadoras. Como assim ela sabe? — pensou preocupado, jurava que tinha enganado a todos. — Mãe... — Começou, mas ela o cortou. — Não tente me enganar mocinho, eu irei te ajudar com isso, Sabrina não vai ameaçar um filho meu. Não vai mesmo! — Me ajudará como? — Primeiro quero ter certeza, depois irei fazer o que tenho em mente. Elliot nem imagina do que a mãe é capaz, casada com um mafioso, claro que ela tem os seus talentos de vingança...
Capítulo 18
Bônus Angélica Lembro-me de quando fui visitar Sabrina no hospital, a bebê pequena, com apenas um pouco de cabelos loiros na cabecinha e grandes olhos azuis era linda, a mãe estava exausta, mas não deixou de sorrir, tínhamos nos tornado boas amigas, já que ela se casou com meu amigo de infância. Mas nada, nada mesmo me preparou para o que está acontecendo agora. A mesma garotinha que frequentou a minha casa, cresceu com os meus filhos e que muitas vezes eu defendi de Christopher e Megan que alegavam o quão desprezível Sabrina é, me desapontou e infelizmente só percebi isso agora. Se ela pensa que a admiração que sinto pelo pai dela vai ultrapassar o amor que sinto pela minha família, ela está completamente enganada. Se depender de mim, ela não atrapalhará a vida do meu filho. Percebi desde o primeiro olhar que Melanie é a mulher certa para ele, assim como foi com Tayla e acredito que será com a mulher de Ethan e Matthew, e com o marido de Megan, eu vou sentir aquela sensação boa, terei a certeza apenas com um olhar. E não será Sabrina quem irá mudar o rumo dessa linda história que espera pelo meu filho. Marquei com uma ginecologista amiga minha, ela foi a médica de Tayla na gestação de Andrew e tanto eu quanto Megan passamos sempre com ela. Essa consulta será hoje pela manhã. No aniversário da minha linda July, percebi que Sabrina a detesta, minha neta não será criada com essa cobra por perto. Ah! Mas não mesmo!
Liguei para ela e a chamei para irmos ao shopping, com a desculpa de comprar os móveis do bebê, a mesma recusou no início, mas eu insisti tanto que ela não foi capaz de negar. — Sabrina querida, entre — mandei de dentro do carro. Ela sorriu e adentrou o veículo, reparei de novo em sua barriga, nenhum sinal de gravidez. — Está de quantos meses? — Não aguentei, tive que perguntar. — Quase quatro. — Ela respondeu depois de ficar branca, mais branca do que já é pelo menos. Uma mentirosa, eu tenho certeza. — E está fazendo seu pré-natal? — perguntei enquanto dirigia até o consultório da minha amiga. — Sim, com uma médica da família — respondeu cautelosa. — Eu queria tanto te acompanhar algum dia, o que acha? — Dei a ideia, apenas para ver a sua reação. Ela segurou a bolsa um pouco mais forte, antes de responder. — Claro, quando quiser. — Parei o carro, pois já estava no estacionamento da clínica. — Não íamos ao shopping? — Ela perguntou confusa e olhou ao redor. O consultório é em um elegante prédio, por isso acredito que Sabrina não desconfiou. — Sim iremos, mas antes tenho que passar aqui. Vem comigo? Sem saber para onde iríamos, Sabrina desceu do carro e pegamos o elevador. Quando paramos no andar, ela leu o nome da clínica e me olhou
assustada. — Por que me trouxe aqui? — perguntou nervosa. — Você disse que seria quando eu quisesse e eu quero agora. — A segurei firme pelo braço e avisei a recepcionista que já estávamos ali para a consulta. Será que fiz filhos tão lindos assim ao ponto de uma mulher fingir estar grávida? Tenho certeza que sim, meus meninos são maravilhosos. — Eu não estou me sentindo bem, acho melhor voltarmos outro dia. — Ela tentou me enganar, a Angélica de antes, encantada por aquela garotinha que vi crescer, teria aceitado na hora, mas não hoje, não depois de descobrir o ser desprezível que ela é. — Querida, essa é mais uma razão para entrarmos, ou você tem algo a esconder? — perguntei com aquela voz maternal que aprendi com o decorrer dos anos. Parecia que estava falando com uma criança de cinco anos. — Claro que não, eu e Elliot teremos esse bebê. — Isso veremos. Ela segurou a barriga e eu me sentei na recepção, puxei Sabrina e ela fez o mesmo. Tínhamos acabado de sentar quando Elliot chegou. — Mãe. — Ele se aproximou e me deu um beijo no rosto. — Oi querido — retribuí o carinho, mas fiquei atenta em Sabrina, afinal ela estava com cara de quem estava preste a fugir dali. — Sabrina. — Ele a cumprimentou com um aceno. — Elliot o que significa isso? — Ela grasnou para o lado dele. — Significa que estamos cuidando de você e do bebê querida, Elliot
estava muito preocupado. — Eu respondi por ele, sendo tão falsa quanto ela. Quando ela foi chamada para se trocar, Elliot comentou: — Eu estou nervoso mãe. — Calma filho, tudo dará certo, duvido que esse filho seja seu. Uns minutos depois a minha entrada e de Elliot foi liberada. Silvia já estava na sala e me cumprimentou alegre. — Angélica, não te vejo desde a última consulta. — Ela me apertou em um abraço e vi quando Sabrina ficou ainda mais assustada. Certeza que na minha ausência ela tentou subornar a médica. — Não mesmo, tenho que remarcar novamente. — Faça isso. — Silvia piscou para mim e olhou para Sabrina. — Vamos olhar esse bebê? — perguntou. Sabrina apenas assentiu. Enquanto Silvia arrumava tudo para o ultrassom, eu fiquei ao lado de Elliot, que estava muito nervoso. Assim que a médica colocou o aparelho sobre a barriga plana da Sabrina, minhas conclusões estavam quase se confirmando. — Aqui está o bebê. — Ela apontou para um borrão na tela. — Irei liberar o som do coraçãozinho. Percebi quando Sabrina sorriu olhando a tela. — Esse é som dos batimentos do bebê. — O barulho tomou conta da sala e vi quando Elliot encarou Sabrina.
A grávida apenas olhava a tela concentrada e foi ali que eu percebi que mesmo de uma forma torta, Sabrina ama aquele bebê. Olhei para Elliot e ele olhava a tela agora e vi quando um pequeno sorriso deixou seus lábios. Ele também estava emocionado com essa gravidez...
Capítulo 19 Era óbvio que Sabrina estava realmente grávida. Mas Angélica ainda não tinha descoberto o que tanto queria, o tempo gestacional. A matriarca olhou para o filho novamente e ele a encarava, nitidamente pálido, quando a médica disse para Sabrina se limpar que logo em seguida a orientaria, o clima no consultório ficou tenso. O silêncio estava incomodo, mas logo Silvia olhou para Sabrina, soltou um pequeno riso acolhedor e disse: — Vou remarcar a sua consulta para o próximo mês, já que você está com apenas nove semanas, mas assim que entrar no sexto mês nossas consultas serão mais frequentes. Elliot e Angélica paralisaram quando ouviram “nove semanas”. — Nove semanas são exatamente quantos meses doutora? — Ele perguntou e viu quando Sabrina fechou os olhos. Tinha mentido para ele e estava tensa com a descoberta. — Aproximadamente dois meses e uma semana. — A médica respondeu sem saber que essa era a resposta que Elliot precisava para se ver livre de Sabrina. Os Bittencourt se retiraram da sala e deram privacidade a médica e paciente. — O filho não é meu. — Ele abraçou a mãe apertado e Angélica sorriu aliviada. — Não mesmo querido, mas eu tenho dó dessa criança, Sabrina está se mostrando alguém que eu nunca imaginei que fosse. — Christopher e Megan sempre nos alertaram, eu só percebi isso a
pouco tempo, a senhora pelo visto só percebeu ontem. — Sim, me arrependo tanto por ter aproximado vocês dois. — A senhora não teve culpa, eu sou um homem adulto, se levei Sabrina para a cama foi por vontade própria. — Tenho tanto orgulho de você, saiba que sempre pode contar comigo, independente da sua idade. — Ela segurou os dois lados do rosto dele e Elliot se abaixou para a mãe poder beijá-lo no rosto. Angélica apertou o filho carinhosamente e se virou quando ouviu os passos de Sabrina. — Eu achei que fosse seu Elliot. — Lágrimas grossas saíram dos olhos dela. — Deixa de ser hipócrita Sabrina, todos sabemos que você sempre soube a verdade, afinal precisou ameaçar o Elliot. — Como sabe disso? — perguntou a jovem assustada. — Pouco importa. Apenas pare com isso antes que as coisas fiquem feias para o seu lado. — A mãe ameaçou e Elliot estranhou o tom dela. Angélica costumava ser amorosa com Sabrina, sempre foi assim. — Você não pode me tratar assim Angélica, meus pais saberão disso. — Ela ameaçou com faíscas saindo do olhar raivoso. — Pode ter certeza que saberão, farei questão de ir pessoalmente conversar com eles e mostrar a filha odiosa que colocaram no mundo. — A matriarca da família Bittencourt a olhou com desdém e virou as costas, pronta para ir embora. — O que foi isso? — Elliot quis saber assim que entraram no elevador. — Apenas defendi meu filho.
Ele sorriu com isso, a mãe sempre foi calma e protetora, mas era agradável vê-la tão feroz para ajudá-lo. Angélica sabia que o assunto dela e Sabrina ainda não tinha acabado, e essa garota merecia aprender. E ela era a melhor pessoa para ensinar antes que a vida acabasse lhe dando lições ainda piores.
∞∞∞ Depois de descobrir toda a mentira, o dia de Elliot foi melhor, um sorriso vivia escapando de seus lábios assim que pensava em Melanie e July. Seu celular tocou e quando ele viu quem era seu sorriso se ampliou. — Oi anjo — decidiu que chamaria ela assim de agora em diante. — Oi Elli, tem como você vir para casa agora? — Aconteceu alguma coisa? — perguntou enquanto se levantava e pegava o terno. — Não. Apenas a visita da assistente social e você precisa estar presente. — Logo estarei aí. — Ele finalizou a ligação. Depois que Melanie soube da gravidez de Sabrina, ela e Elliot se afastaram, apenas aquele beijo no aniversário da July foi o mais próximo que ficaram, mas agora Elliot a queria, queria sentir Melanie nele, o cheiro, o gosto, o olhar, o beijo, ele queria tudo e faria isso acontecer.
∞∞∞ Assim que ele abriu a porta, viu Melanie servindo café para uma senhora de semblante sério.
— Boa tarde. Sou Elliot Bittencourt. — Ele cumprimentou a assistente social. — Sei quem você é senhor Bittencourt. Sou Irene Johnson a assistente responsável pelo caso de July Stef. Ele concordou enquanto andava até a pequena July e depositou um beijo na testa da bebê e depois se aproximou de Melanie dando um casto selinho em seus lábios. A morena ficou completamente surpresa e confusa, mas evitou questionar isso na presença da assistente social. Quando Irene suspirou cansada, o casal olhou para ela. — Vocês estão em um relacionamento? — perguntou ela, segurando uma prancheta. — Não. — Sim. Os dois responderam juntos, Elliot confirmando e Melanie negando. — Estão ou não? — A senhora deixou de olhar a prancheta e encarou os dois. — Ainda não, mas eu pretendo mudar isso. — Elliot afirmou e olhou para Melanie, que estava completamente confusa. Desde quando ele havia decidido isso? E Sabrina? E a gravidez? O casamento? — Mel estava pensando em tudo isso, mas no momento o importante era provar que ambos eram capazes de cuidar de um bebê. Depois de inspecionar toda a casa, fazer diversas perguntas ao casal e constatar que tudo estava certo, Irene finalizou a visita dizendo: — Bom... A casa é adequada para uma criança, a condição financeira é estável e ambos estando em um relacionamento é ainda melhor. Creio que nada possa atrapalhar esse processo. Porém voltarei a visitar no decorrer
desses três anos. O casal concordou e sem mais a assistente foi embora, assim que ele fechou a porta Melanie relaxou o corpo todo. — Ufa, meu coração quase saiu pela boca. — Ela se jogou no sofá. — Eu preciso conversar com você. — Elliot falou assim que adentrou a sala de estar. — Sou toda ouvidos. — Ela se sentou, chegou para o lado e bateu com a mão no sofá, indicando para ele se sentar ao seu lado. Só agora que ele percebeu que a mesma estava ainda mais linda, com roupas casuais, uma bermuda simples e uma regata, com os cabelos presos em um rabo de cavalo. Tão linda e seria toda dele se ela aceitasse. — Desde a primeira vez que te vi, quando você abriu a porta da casa de Eduard e Lisa para mim, eu soube que você era especial. — Elli... — Ela estava pronta para dizer algo, mas ele a calou com o dedo indicador em seus lábios. — Só quero que me escute agora anjo. Eu soube naquele dia que você era a pessoa certa para mim. Mel apenas encarava aqueles olhos azuis cristalinos e a boca bonita e rosada. — Errei com você por causa da Sabrina, mas ela já não é mais um problema. — Ela está grávida Elliot. — Melanie sussurrou. — Sim está, mas de apenas dois meses, se o filho fosse meu seria uma gestação de aproximadamente cinco meses. Melanie abriu a boca surpresa, digerindo cada palavra que ouviu dele.
— Sério? — perguntou ainda de olhos arregalados. — Sim anjo, agora eu quero apenas uma coisa. — Ele se aproximou um pouquinho mais, Melanie acreditou que ele a beijaria, mas Elliot parou um palmo antes de seus lábios se tocarem. — O que você quer? — O tom dela foi baixinho, os olhos negros fixos no lábio que ele mordia. — Viver com você e com a nossa filha, mas para isso eu preciso que você também queira. — Ele abaixou o olhar para os lábios dela. Melanie sabia que ele esperava uma resposta, não a beijaria sem uma, então ela fechou o espaço que tinha entre os dois e o beijou. Um beijo calmo e explorador, ambos soltavam pequenos gemidos de prazer, mas quando uma mãozinha pequena agarrou a mão de Elliot que estava na perna de Melanie, ele finalizou o beijo. — Olha o que temos aqui, uma pequena ciumenta — comentou risonho e pegou July no colo. — A ciumenta mais linda. — Mel completou e agarrou a pequena mãozinha. July olhava de um para o outro e sorria aquele sorrisinho banguela e encantador. — Eu não posso perder vocês duas. — Elliot sussurrou e olhou para Melanie. Ela levantou o olhar do rostinho delicado de July e encarou os olhos azuis dele. — Sabe que estamos arriscando muito, não é? Você mesmo disse que eu não sou o seu tipo de mulher. — Ela reclamou, não perderia a oportunidade. Elliot trocou July de perna e olhou mais atentamente para Melanie.
— Você está brincando com a minha cara, não é? Eu acabei de me declarar. Mel mordeu o lábio querendo rir da cara dele, mas também queria uma resposta. — Eu disse para Christopher que você não é o tipo de mulher que estou acostumado, isso é verdade, porque você é doce, amável, encantadora, só conheço mais três mulheres assim, minha mãe, minha irmã e minha cunhada, aí você apareceu e me mostrou que pode ser ainda mais que encantadora, pode ser sexy, gentil, uma excelente mãe, e que ainda por cima sabe ser muito brava para defender a filha. Mel não segurou o riso dessa vez. — Está me dizendo que sou muito boa para você? — É exatamente isso que estou dizendo. Os dois continuaram ali, conversando, se conhecendo, até que July pegou no sono e ambos subiram para colocá-la no berço...
Capítulo 20 Quando dizem que tudo que acontece de ruim é para melhorar, é verdade. Elliot precisou passar por tudo isso, para enxergar um palmo à frente do nariz. À primeira vista Melanie instigou a curiosidade, queria conhecê-la melhor, descobrir o motivo dos lindos olhos negros ostentarem tristeza e medo. Depois ela instigou a atração, aquele vestido colado, o salto alto e a dança sensual na despedida de solteiro de Lisa e Edu, fizeram com que Elliot a desejasse. Logo após isso ela instigou um vício que ele não poderia suprir, afinal ela tinha deixado bem claro que era apenas sexo de uma noite. O erro do Bittencourt foi dormir depois de uma madrugada inteira se perdendo nas curvas dela, acordou e a bela morena não estava mais na cama, nem no hotel, quis ir à casa dos amigos atrás dela, mas não o fez, Melanie foi clara com as palavras. Ele se lembrava bem... Lutou desde o jantar da noite anterior para não se comportar como um adolescente, já era um homem independente, tinha diversas mulheres aos seus pés, não poderia simplesmente se tocar apenas por recordar os olhos dela, mas naquela manhã ele só conseguia pensar em Melanie, nos grandes olhos expressivos demais, no sorriso gentil, na forma delicada de colocar o cabelo atrás da orelha, na pequena boca, ah aquela boca, fechou os olhos e deixou que a mão saciasse a vontade de tê-la provando-o. Estava faminto pela melhor amiga da noiva de seu melhor amigo, estava louco por Melanie, a desejou desde o primeiro olhar, mas Eduard o alertou, Melanie é especial, merece alguém especial. Essa foi a principal razão de Elliot não a beijar na noite anterior. Mas agora, com os olhos fechados, os dentes prendendo forte o lábio inferior, a respiração entrecortada e as mãos lhe proporcionando prazer, ele só conseguia imaginá-la ali com ele, molhada não só por causa do chuveiro, nua e completamente corada de desejo.
— Merda. — Gemeu quando atingiu o ápice sozinho. Não se lembrava da última vez que se masturbou, na adolescência talvez, antes de Christopher o levar para uma boate e fazê-lo perder a virgindade. Melanie estava o deixando louco, mal a tocou, mas se incendiava por dentro. A manhã foi terrível, saciar o desejo com a mão não foi o suficiente, ele a queria, como queria, nunca quis ninguém assim. Foi buscá-la no horário marcado e aqueles olhos só pioraram a situação, imaginou o que faria com ela ali no carro, começaria a explorando com o dedo, sentindo se o desejava assim como ele a ela. Soltou um suspiro e mudou o foco do pensamento, estava ficando excitado e ela poderia notar. Melanie mostrou ser autêntica, petulante e ainda mais linda. Quando ela deu uma rodadinha para aprovar o local, ele reparou no vestido que subiu, deixando as grossas e torneadas coxas à mostra. — Então é aqui. — Ele sorriu e ela apenas o encarou, o bendito vestido estava novamente no lugar, mas ele já tinha visto, sabia o que a peça escondia. Naquela noite, quando ela entrou no pub foi magnético, seu olhar a pegou ainda na porta e ela já o olhava, pareciam ligados, atraídos de alguma forma. — Malditamente gostosa. — Ele acabou comentando e Eduardo o fuzilou com o olhar. — Espero que não esteja falando da minha mulher. — Só naquele momento o Bittencourt percebeu que Elisabeth estava ao lado de Melanie. — Vai se foder, ela é como uma irmã. — E Melanie e como uma irmã para mim também, não a machuque. Mesmo que ela seja linda, ela merece alguém para a vida toda.
Elliot sabia que ele não era esse alguém, mas quando Melanie se sentou ao seu lado no bar e o olhou fixamente nos olhos, ele se rendeu, pois a queria muito. — Percebi que me olhou à noite toda senhor Bittencourt, mas parecia com medo de se aproximar. — Ela mordeu o lábio e ele se amaldiçoou por olhar diretamente lá. — Melanie, Melanie, não sou um homem de sentir medo, estou sendo cauteloso. — Sim, imagino que Eduard te alertou, mas e se eu estiver tão desejosa quanto você? — Ela olhou para a calça dele. Foi pego. — Está? — Não sei, podemos sair daqui e você mesmo descobre. Pronto, Elliot parou de pensar com a cabeça de cima. Procurou entre as pessoas e não encontrou nem Lisa e nem Eduard. — Será apenas uma noite de prazer Elliot, não estou te pedindo em casamento. Ele a pegou pela mão e os dois saíram do pub, Elisabeth e Eduard estavam vendo tudo, torciam por aquilo, mas temiam ao mesmo tempo. Quando chegaram no hotel, Melanie o surpreendeu quando começou a despi-lo, tão ou mais desejosa que ele. — Ei, preciso fazer uma coisa antes. — Ele sussurrou no ouvido dela. — O quê? — Mel perguntou e como os lábios ficaram meio abertos ele se aproveitou e a beijou, desejou aquilo a noite toda. As mãos grandes foram descendo pelo corpo delineado dela, o vestido foi sendo puxado para cima aos poucos e quando chegou na
calcinha, ele afastou para o lado e a penetrou com o dedo, era exatamente isso que ele queria. Finalizou o beijo e chupou o dedo que se afundou nela, sem perder o contato visual. Ainda mais desejosa Melanie desabotoou o cinto dele, depois a calça e retirou a camisa que já estava sem os botões. O queria também, necessitava na verdade. — Você está com pressa? — Paciência nunca foi uma virtude para mim. — Eu gosto disso. — Ele a ergueu e Melanie o enlaçou com as pernas, deixando sua intimidade à mostra quando o vestido subiu. Elliot a sentou na cama e a despiu, o vestido era um modelo que não exigia uso de sutiã, a calcinha era um fio dental rendado preto. — Isso ficará comigo — rasgou a pequena peça e Melanie sorriu travessa. Quando os lábios se tocaram novamente, ele a explorou mais, mas ainda não era o suficiente, amou o gosto dela em seu dedo e queria provar direto da fonte. Beijou o pescoço, os ombros, chupou os seios, um de cada vez, apreciando o momento, adorando vê-la se contorcer, depois desceu para a barriga e quando chegou ao umbigo parou e a olhou. Ela já gemia em antecedência, queria aquilo mais que ele mesmo. Quando Elliot a provou com os lábios, o quente da sua boca entrando em contato com a pele sensível, fez Melanie gemer. — Ohhh. — Queria mais, queria tudo vindo dele. Fazia muito tempo, mais de um ano que Melanie não se entregava a nenhum homem, foi unicamente de um, Gregory, se fechou para todos os
outros, mas se soubesse que o dono daquele olhar claro como o mar era fogoso como um vulcão em erupção, Melanie já teria se dado a ele muito antes. O orgasmo avassalador a assustou, já tivera muitos outros, mas nenhum nunca tão intenso quanto esse. E melhor, ele conseguiu apenas com a boca. Melanie preferiu pensar que era por estar muito tempo sem, por isso foi tão intenso, não era o local, nem a pessoa, era apenas a falta do ato que a deixou tão fora de ar e ainda mais desejosa. A morena se viu engatinhando na direção dele e fazendo o mesmo, queria prová-lo também, queria dar prazer assim como recebeu. Terminou de retirar a boxer que Elliot usava e viu a beleza nua à sua frente, era um homem de tirar o fôlego e seria todo dela, apenas naquela noite, mas ela faria valer a pena. — Deite-se — mandou firme. Ele a olhou surpreso, mas se deitou. Melanie o envolveu com os dedos e o provou. Tudo o que Elliot imaginou naquela mesma manhã não passou nem perto da sensação de ter os lábios dela o envolvendo. — Hummm — gemeu sem se conter. Melanie era boa naquilo, sabia muito bem o que fazer e como atiçalo ainda mais. Quando sentiu que estava a um fio, Elliot a segurou pelos cabelos, de uma forma firme, mas sem a machucar. — Só vai acontecer quando eu estiver dentro de você. — Ela sorriu ainda mais safada e se posicionou na frente dele. O Bittencourt se surpreendeu ainda mais, nunca tinha conhecido uma mulher tão decidida, fogosa e ao mesmo tempo dominante na cama.
Ele se protegeu, afinal a camisinha era algo que ele nunca esquecia e a penetrou de uma vez, levando os dois à loucura. Só que acordar sem Melanie fez com que o fogo de antes se apagasse por completo. Sentia o gosto amargo do que ele mesmo sempre fez, afinal partia antes mesmo que a mulher acordasse, só que dessa vez foi diferente, ele era o deixado, ele era o que queria muito mais daquela mulher misteriosa, linda e deliciosa na cama. Queria Melanie, mas sabia que ela nunca seria dele, afinal fora apenas uma noite, a melhor que já teve, mas apenas uma. Passou os dois anos seguintes procurando por uma igual a ela, mas nunca conseguiu encontrar, Melanie era única e agora ele sabia que queria apenas ela...
Capítulo 21 Melanie sempre foi a mulher certa para ele, mas Elliot não quis enxergar isso, jurou no passado nunca amar ninguém, mas foi só olhar para ela que esse juramento se foi, quando viu os olhos dela pela primeira vez soube que dali em diante nada mais seria como antes. Christopher o avisou, disse que quando acontecesse, ele nem perceberia que foi atingido, e isso realmente aconteceu. A visão do amor sempre foi uma merda para ele, sabia que os pais sofreram antes de se acertarem de vez, viu o que Tayla e Christopher passaram, assim como os pais de Tay. Não queria isso para ele, mas Melanie apareceu e foi inevitável. Agora não tem mais volta, Melanie e July são o único final que ele almeja ter. — Eu acho que amo você. — Ele confessou cauteloso, olhando no fundo dos olhos negros dela. Melanie estava sentada no colo dele, tinham acabado de colocar July no berço, já que a pequena pegou no sono um pouco depois da partida da assistente social. As palavras dele a pegou desprevenida. Não estava pronta para ouvir aquilo novamente, não depois de tudo o que já sofreu. Não estava preparada para amar de novo. Com um pulo Melanie se levantou e virou as costas, não querendo demonstrar o quanto estava afetada. Seu coração se apertou com isso, afinal são poucos os homens que se declaram assim, Elliot merecia a sinceridade, mas a razão de Melanie gritava para ela se afastar, era mais seguro estar em um terreno tranquilo e confortável, do que se arriscar em um desconhecido e sofrer novamente. Ela estava se sentindo culpada por não ser capaz de dizer o mesmo.
Estava sim muito ligada a ele, queria continuar com aquilo, mas sabia que o primeiro passo para se afundar em mágoas é admitir que se ama. — Não precisa dizer o mesmo Melanie, apenas queria que soubesse dos meus sentimentos. — Elliot sussurrou, mas seu coração se partia por não ouvir que a recíproca existia. — Me desculpe, eu não posso. — Ela falou e fechou os olhos, parecia uma frase tão estúpida, mas era a verdade. Não podia se entregar de novo. Quando Justin falou sobre sentimento na boate, ela se afetou, mas ouvir de Elliot foi mais intenso, fez Melanie perceber que Gregory ainda a influenciava e muito quando o assunto era amor. — Não precisa se desculpar, meu anjo. — Ele caminhou até ela e a tocou. O clima que antes estava quente e agradável se tornou estranho, frio. — Irei tomar um banho. — Melanie correu para o andar de cima, não conseguiria olhar para ele e mostrar suas lágrimas. Era tudo tão novo. Ainda era cedo demais para se abrir com ele. Desde que Gregory a quebrou para sempre, Melanie permaneceu na superfície, nunca afundou de cabeça em mais nada, pesava os prós e contras antes de qualquer ato, mas conhecer Elliot mudou tudo isso. Fazia pouco mais de um ano que Melanie tinha se mudado para o Brasil, só voltou para Nova Iorque por causa do casamento dos amigos e com isso conheceu Elliot, o dono dos olhos mais belos que teve o prazer de olhar. Sentiu por ele o que não havia sentido por mais ninguém e precisou se entregar, estava sozinha desde Gregory e sentia falta do contato com um corpo masculino, mas Elliot a arrebentou de uma maneira prazerosa demais, nunca tinha sido tão bom dividir uma cama com alguém, na madrugada do dia seguinte ela fugiu, estava atraída demais por ele e não aguentaria vê-lo
despertar e acabar sorrindo ainda com sono, seria sua perdição. Depois da noite compartilhada, ambos se trataram com educação no casamento e nem conversaram durante a festa, foram apenas as trocas de olhares e essas Melanie nunca esqueceria, após o casamento ela fugiu novamente, sua casa no Brasil continuava a mesma, a segurança nos braços de Karina também e ela contou tudo, só que ele permaneceu com ela em suas lembranças, a melhor noite da sua vida, teve no decorrer dos dois anos seguintes outros homens, poucos, mas teve e nenhum conseguiu ser como ele. Pegavam fogo juntos e ela adorava voltar a ser a mesma Melanie de anos antes, ele despertava isso nela, apenas ele. E essa era a razão de ela estar tão assustada.
∞∞∞ Quando Mel teve aquela reação inusitada, Elliot só viu uma saída, ligar para Christopher. — Espero que seja algo importante. — A voz do primogênito foi ouvida, Elliot percebeu que o irmão estava com a respiração acelerada. — Não quis atrapalhar. — Elli comentou, mas na verdade queria rir. Christopher olhou para Tayla, nua na cama o olhando irritada. — Merda Elliot, você tem noção no quanto é difícil fazer o Andrew dormir? — reclamou fazendo uma careta. — Já pedi desculpa. — Tayla ficou muito mais brava. — Eu não precisava saber disso Christopher. — Me ligou por que então? — Chris se sentou na cama e puxou Tayla para seus braços.
— Eu me declarei para Melanie. Christopher se surpreendeu com essa notícia, acreditou que o irmão demoraria muito mais para perceber os reais sentimentos. — Me conte. — Ele mandou, afinal se Elliot ligou é porque algo deu errado. — Descobri que o filho que Sabrina espera não é meu, vim para casa por causa da visita da assistente social e acabei falando que eu e Mel estamos em um relacionamento. — Esse foi seu erro? — Chris voltou a perguntar. Elliot segurou o celular apoiado entre o ombro e a cabeça e se serviu de uísque, precisava de algo forte. — Não, eu não errei em nada, apenas disse que acho que a amo, mas ela não falou o mesmo... Ela apenas se desculpou. — Elli finalizou e bebeu o líquido âmbar em um gole só. — Precisa sair para beber? Podemos conversar melhor. — Conhecendo bem o mais novo Chris sabia que ele precisava disso. — No lugar de sempre em meia hora. Christopher soltou um riso irônico. — Preciso de uma hora e meia. — Ele finalizou a ligação, mas Elliot ainda conseguiu ouvir um gemido, teve certeza que veio do irmão.
∞∞∞ Melanie permaneceu no quarto de July, olhando fixamente para a foto dos amigos, dentre várias fotografias, a que mais lhe chamou a atenção foi a que estavam os três juntos, July ainda era recém-nascida. Olhando a felicidades deles, Mel se perdeu em boas lembranças e só voltou a prestar atenção no quarto, quando Elliot abriu a porta.
Estava arrumado. — Vai sair? — Ela perguntou. — Sim, passei aqui para te avisar. — Ele permaneceu olhando-a, mas quando viu que Melanie não diria nada ele se despediu. — Qualquer coisa me liga. Ele já estava no andar de baixo, pegando as chaves do carro e a carteira, quando sentiu a delicada mão segurar seu braço. — Está assim por causa do que aconteceu? — Melanie ergueu os olhos para ele, estava triste também. — Você não é obrigada a sentir o mesmo, anjo. Quando Elliot se abaixou um pouco para acariciar o rosto dela, Melanie ergueu os pés e o beijou. — Não é você, sou eu que tenho medo de me entregar e acabar me magoando — confidenciou em um sussurro, quando os lábios dos dois se afastaram. Elliot suspirou, olhou-a nos olhos e disse: — Eu queria que confiasse em mim. O Bittencourt se afastou após dar um beijo na testa dela e Melanie sentiu seu peito se apertar. — Elliot. — Ela o chamou quando abriu a porta. Ele a olhou em expectativa. — Não faça nada para se arrepender depois. Ele apenas assentiu e saiu, deixando Melanie encarando a porta. Duas horas haviam se passado e nada dele voltar, Melanie tentou dormir, mas não conseguiu, então resolveu ler algo, só que ao procurar por um livro, encontrou a carta que Lisa havia deixado para ela.
A caligrafia bonita chamou a atenção de Melanie. Sentia tanta falta da sua parceira de vida que quis matar um pouco da saudade. Resolveu então abrir a carta e ler...
Capítulo 22 Mesmo se esforçando para não chorar, quando Mel abriu o envelope, as lágrimas já estavam banhando seu rosto. Elisabeth sempre foi uma pessoa prática, Melanie não se lembrava de ter visto alguma vez sua amiga escrevendo uma carta, normalmente trocavam e-mails e telefonemas. “Querida Mel, se você está lendo essa carta, é porque a minha loucura é real...” Lendo a letra delicada, Melanie suspirou, seria mais difícil do que pensou. Quando adolescentes, trocavam cadernos na escola e cada uma copiava para a outra, sentia tanta falta dessa época, a que estar na escola era a parte mais alegre do seu dia, afinal Lisa estava lá para fazê-la se sentir especial e amada. O lado emocional de Melanie a proibiu de pensar sobre qual loucura Lisa estava escrevendo, as emoções à flor da pele faziam Melanie apenas recordar de momentos bons do passado, deixando passar o detalhe mais importante. “Não entendo a razão de meu coração se apertar tanto a cada palavra escrita, dói tanto, está sendo difícil de verdade... July está me encarando agora do bercinho e parece sentir minha angústia, meu coração se aperta ainda mais em pensar que talvez você leia essa carta, isso significa que não estarei mais ao lado de vocês, por isso quero deixar escrito o que realmente sinto... Mel você sempre foi a minha irmã, mesmo nós duas sendo filhas únicas, Deus uniu os nossos caminhos e nos tornamos inseparáveis desde então. O dia que te vi entrando na sala de aula, de cabeça baixa e totalmente perdida, me aproximei, pois era isso que meu coração pedia para fazer, exigia na verdade, e esse ato foi o meu maior acerto, recebi uma
amiga para a vida toda... Mesmo por trás de toda a sua timidez, você sempre foi notada, seu brilho único era perceptível, por isso Gregory se apaixonou, ele era perfeito para você e te amou de verdade, eram perfeitos juntos e dessa perfeição veio a pequena Luna. Eu me apaixonei pela sua pessoa mirim, idêntica em tudo até nos imensos olhos castanhos escuros, lembro o quanto ela ficou feliz com o ursinho de pelúcia que eu e Eduard demos para ela no aniversário de quatro aninhos, Luna era como você, amava o pouco e sabia valorizar o que tinha, sempre admirei isso, tanto nela quanto em você. Melanie você era a mãe perfeita, Luna te amava demais, ainda te ama tenho certeza, você nunca errou, mas te ver se culpando cada vez mais me matava por dentro, doenças existem e infelizmente a Luna foi vítima de uma”. Mel já estava soluçando, lembrar-se de tudo isso acabava com ela, saber que nunca mais iria olhar aqueles olhinhos escuros de Luna a destruía, se ela pudesse trocaria de lugar com a filha. Sem sombra de dúvidas. As lágrimas estavam deixando a vista embaçada, Melanie passou as mãos no rosto e voltou a ler. “Se eu disser que entendo a sua dor será mentira, só quem passou por isso sabe o quão horrível é, mas eu posso imaginar desde que descobri que estava grávida de July, me vi amando-a mais a cada dia, ela se tornou tudo para mim e perdê-la seria a minha ruína. O propósito dessa carta é te mostrar o quanto você é capaz, sempre disse isso para você, mas a mágoa te cegou e você se fechou, espero que não seja para sempre... Minha mãe costumava dizer que Deus escreve certo em linhas tortas, se essa carta chegar até você terei certeza que isso é realmente verdade, afinal eu perderei a oportunidade de viver ao lado da minha filha, mas você terá a sua segunda chance, quero que ame e proteja July, assim como amou e protegeu Luna, cuide dela como se fosse a sua filha.
Enxergue essa nova vida como a sua nova chance de ser feliz, sei que a perda de Luna e o fim do seu casamento com Gregory foram a base para a sua destruição, mas Mel não se feche para sempre, você não merece viver assim. Quando eu e Eduard conversamos a respeito de tutores legais caso algo aconteça conosco, pensei em você no mesmo instante e ele em Elliot, imaginamos que vocês se darão bem, mas como não temos certeza optamos pela cláusula de três anos, perdoe-me por mudar a sua vida assim, mas não enxergo uma mãe melhor para ela do que você. Meu único desejo era ver aquele brilho intenso nos seus olhos novamente, mas acredito que não conseguirei, o brilho se foi, mas sei que pode reencontrá-lo dentro de si, é só se permitir amar novamente Mel, July amará você e Elliot, sei disso, minha pequena já adora vocês com pouco convívio, vivendo junto ela enxergará os dois como os pais, mas quero que eu e Eduard sejamos uma lembrança feliz para ela, sei que é exatamente isso que fará. Sei que para você essa convivência será mais difícil, afinal o último homem que morou com você te destruiu, mas não pense que todos são iguais a ele, Elliot é uma pessoa maravilhosa, você perceberá, ele colocará a sua felicidade à frente da dele, é o modo dele de ser. Gregory foi perfeito para você, o amor paterno o mudou para melhor, só que ele não suportou a perda de Luna e acabou perdendo você também, sei que o amou demais, talvez ainda o ame, mas merece seguir em frente e ser feliz, ficar presa ao passado nunca fará a dor amenizar. Nova Iorque te traz lembranças boas, mas que a saudade faz parecer ruim, sinto muito por te prender aqui por anos, mas eu não tive escolha, me perdoa irmã, meu único erro foi amar demais July e ser egoísta com você, por acreditar que só você seria capaz de fazê-la feliz no meu lugar. Se mudar para o Brasil foi o melhor naquela época, mas aqui é o seu lugar, aqui é o seu lar, fique e reconstrua sua felicidade. Eu te amo e sempre amarei Melanie, apenas peço que ame July, sei que já a ama, mas a ame como filha, a aceite como sua, não fique insegura, de onde eu estiver saberei que agora você é a mãe dela aqui na terra.
Se ame mais amiga... Se perdoe e tente aceitar que você não podia evitar o que aconteceu com Luna... Eu amo você e amo demais a July... Quero te pedir um imenso favor, deixamos uma carta para July no gaveteiro da minha penteadeira, dê para ela quando ela for capaz de ler e entender o que escrevemos... PS: Você e Elliot sempre serão um casal para mim, espero que no futuro tudo se resolva entre vocês. Um grande beijo, te amo irmã!”
Capítulo 23 Quando Elliot adentrou o pub foi impossível não se lembrar do dia que ele e Melanie escolheram aquele lugar para ser a despedida de solteiro dos amigos, foi ali que ela o convenceu a ficarem juntos, por apenas uma noite, fazia mais de dois anos, mas ele se recordava bem, Melanie é inesquecível. O pub é um lugar charmoso, tem um pequeno palco onde algumas pessoas se arriscam cantar, um grande bar com diferentes variedades de bebidas e a pista de dança é rodeada de mesas, deixando assim os clientes a vontade para apenas apreciar o show. No meio do pouco movimento Elliot avistou Christopher, que acenou para ele assim que os olhares dos dois se encontraram. Enquanto caminhava até o irmão, Elli sentia os olhares femininos nele, antes ele retribuiria e escolheria uma para fazer-lhe companhia, mas agora é diferente, a que ele quer está em casa, mesmo que não o amasse ainda, ele não desistiria, as palavras de Mel não saiam da sua cabeça. Não faça nada para se arrepender depois. — Ele não faria, não depois de perceber que o que sente é realmente amor. Estava perdidamente louco por ela, ansiava tocá-la, provar de novo do gosto bom que só ela tem, mas não faria sem ter certeza de que é isso que Melanie também quer. Nunca foi de necessitar afeto, mas ouvir um “eu também te amo” dela seria perfeito, queria aquilo, mas não podia obrigá-la a amá-lo. — Sua cara está péssima. — Christopher falou assim que Elliot se sentou ao seu lado e acenou para o barman. — Essa não é uma das minhas melhores noites. — Elli pediu o mesmo que Christopher bebia, uísque. — Nunca levou um fora irmão? — Voltou a provocá-lo.
— Vai se foder Christopher, você veio aqui para me zoar? — Elliot reclamou virando a bebida de uma vez. Já o primogênito apenas bebeu um pouco da sua, para então responder: — É o mínimo que você merece, já que o prêmio de melhor empata foda é seu, ganhou até da Megan. Com uma careta Elliot o olhou. — Eu não sabia que vocês estavam... — Ele parou de falar, adorava Tayla e não era agradável imaginar o irmão e a cunhada no momento íntimo. — Eu sei, mas mesmo assim terá troco, com certeza terá. — Chris soltou um riso convencido. — Foi mal. — Elliot se desculpou, mas acabou rindo. — Foi péssimo, mas consegui acalmar a Tayla depois, agora pode começar a falar o que aconteceu. — O mais velho acenou para o barman que voltou a servir os irmãos. — Melanie não me ama. — Elliot soltou seguido de um suspiro sofrido. Christopher gargalhou. — Qual é o motivo da graça? — Carrancudo o mais novo o encarou. — Estou tendo umas lembranças aqui, — ele colocou a mão no queixo fingindo pensar. — “Está para nascer à mulher que me fará amar”. — Christopher imitou a voz de Elliot e sorrio convencido. — Você é um filho da puta. — Sou filho da sua mãe. Bufando irritado com o irmão, Elliot virou a bebida novamente.
— Foi ainda mais rápido do que eu pensei. — Christopher voltou a falar. — Eu deveria ter convidado o Ethan para beber, não você, às vezes ele é mais velho que nós dois juntos. — Eu sou o mais velho, Ethan é o que tem mais juízo. Ele te chamou para a reunião domingo na casa dos nossos pais? — Não, estou perdendo os almoços em família, tenho medo de chamar Melanie e ela não querer ir. Chris voltou a rir. — “Você apaixonado parece uma mulherzinha”, lembra quando me disse isso? Agora está pior do que eu. Elliot detestou o irmão nesse momento, mas sabia qual era a intenção de Christopher, fazê-lo ficar à vontade para se abrir. — Por que ele convocou essa reunião? A última reunião convocada em família foi para nos contar que você estava noivo sem conhecer a noiva. — Elliot recordou sorrindo. — Teremos que ir para saber. — Chris se recordou do dia que viu a primeira foto de Tayla, foi capaz de odiar uma menina de oito anos na época e hoje ela é a mulher que ele ama. — Será que ele descobriu sobre o pai? Nós deveríamos ter contado desde o início. — Eu não poderia simplesmente chegar nele e falar, ele tinha acabado de entrar para a academia de polícia. Elliot assentiu, era realmente verdade. — Irá domingo? — Chris perguntou. — Com certeza, curiosidade é um grande defeito meu, e você irá?
— Claro a curiosidade é um defeito de todos da nossa família. — Vou convidar a Melanie e levaremos a July também. — Ainda acho que ele vai anunciar o noivado. — Elliot olhou espantado para Christopher. — O quê? Ele vai se casar antes que eu? Isso é um desaforo. — Elliot fingiu estar chateado, mas acabou rindo. Mas Christopher não sorriu. — Torço para não ser isso, eu não gosto da Sarah. — Por quê? Ela sempre foi legal comigo. — Elli estranhou. — Legal não a define, já que ela vivia dando em cima de mim, namorando o meu irmão. — Chris comentou com uma careta estranha. Elliot ficou ainda mais surpreso. — Que vadia. E Tayla sabe? Ela vai matar a Sarah quando souber. — Eu contei para ela, mas a proibi de fazer um escândalo, ela realmente queria arrancar o mega hair da Sarah. São palavras dela essas. — Christopher gargalhou. — Por ciúmes? Vocês nem estavam juntos. — Não, por não respeitar o Ethan. — Você tem sorte Chris, está casado com uma mulher fantástica e tem um filho crescendo ao seu lado. O loiro levantou dois dedos e Elliot o olhou confuso. — Tay está grávida. — Ele sorriu todo bobo. Elliot se levantou no mesmo instante e abraçou o irmão, o parabenizando.
— Parabéns, vocês são bem rápidos — comentou sorrindo. — Eu sei fazer bem feito, — o mais velho se gabou. — Ela está com 12 semanas, nós iremos contar no domingo, então finja estar surpreso, ou Tayla vai me matar, era surpresa. — Pode deixar. — Elliot concordou. Christopher sempre teve o dom de acalmar o irmão, mesmo quando crianças e essa noite estava ajudando muito Elliot. — Eu acho que já vou para casa, está tarde e eu não gosto de deixálas sozinhas. — A conta é sua. — Christopher falou e Elliot balançou a cabeça negando. — Sabia. — Você quem precisava desabafar igual uma menina. — Mas você me convidou. — Mas a conta é sua assim mesmo. Elliot pagou a conta e os dois saíram do pub. — Eu acho que ela sente algo por você. — Christopher falou quando os dois pararam de frente com o carro de Elliot. — Antes de ver o medo nos olhos dela quando eu disse que acho que a amo, eu também acreditava que ela sentisse algo. — Você acha que a ama ou tem certeza? — Eu a amo, tenho certeza disso. — Então diga que a ama e não que acha. Mulheres gostam de certeza. Elliot voltou para casa com as palavras do irmão em mente, se apenas falar que achava já deixou Melanie amedrontada, confirmar seria ainda pior.
∞∞∞ Quando Mel viu a porta se abrindo e ele entrando já passava da meia noite. — Vamos conversar Elli? — Ela sussurrou. Ele levantou o olhar e a encarou, Melanie percebeu que ele não estava bêbado. — Você deveria estar dormindo Mel. — Não consegui até você chegar. — Ela tentou sorrir, mas falhou. Ele se sentou ao lado dela no sofá, ambos apenas se encarando. — Sobre àquela hora, eu... eu... Ela travou, sabia que sentia algo por ele, algo forte e amedrontador, mas optou por demonstrar em carícias o que sente, então o beijou. Um beijo lento, carinhoso, que tinha o sabor do uísque que ele bebeu e de menta dela. Um beijo perfeito. Mel sabia que era atraída por ele desde a primeira vez que o viu, desde a noite que dormiram juntos, mas agora estava sendo diferente, ela gostava de Elliot e esse gostar estava crescendo cada vez mais. Ainda com os lábios colados ele a puxou para o seu colo e Melanie soltou um suspiro satisfeito. Era maravilhoso estar no colo dele, beijando os lábios que ela percebeu estar viciada, as mãos tocando-a em cada parte exposta, mas o melhor de tudo era sentir a sua ereção roçar em sua calcinha já molhada de desejo. — Já disse que você fica muito sexy com essa camisola? — Ele comentou desejoso.
Mel deu uma rebolada provocativa no colo dele, sorrindo maliciosa. — Não, você ainda não disse — sussurrou no ouvido dele. — Pois está dito, você fica muito sexy. Elliot a apertou ainda mais em seu colo, deixando Melanie ainda mais fogosa. — E eu já te disse que sou louca por você? — Foi o mais perto de se declarar que ela chegou e Elliot sorriu com isso. Nessa nova relação ele não era o único que estava se sentindo louco. — Também sou louco por você anjo, desde quando te provei pela primeira vez. — Ele sussurrou no ouvido dela, deixando Melanie arrepiada. Ela o olhou nos olhos e começou a despi-lo, estava em desvantagem, afinal se ele retirasse a camisola dela, ela ficaria apenas de calcinha. — Você tem certeza Mel? — Elli perguntou quando ela começou a desabotoar o cinto dele. — Estou com essa certeza há muito tempo — respondeu terminando de soltar o cinto. Elliot a pegou no colo, estava apenas de cueca box e ela ainda com a camisola. Caminhou para o quarto com Melanie em seus braços, o beijando e mordendo. — No seu ou no meu? — Ele perguntou parando próximo às duas portas. — No que será nosso a partir de hoje. — Melanie respondeu decidida, com os olhos presos um no outro. O azul e o castanho brilhando de desejo. A resposta dela deixou Elliot ainda mais feliz, amava essa mulher e
estava disposto a fazê-la amá-lo também. E então ele entrou no dela, será ali a segunda vez que ele a terá em seus braços. Só que agora é totalmente diferente, ele sabe que não é apenas por uma noite, é por uma vida e ele lutará para realizar esse desejo...
Capítulo 24 Aquela manhã tinha tudo para ser perfeita, Melanie acordou com os resmungos através da babá eletrônica. July é um bebê acostumado a despertar bem cedo, detestava ficar com a fralda molhada e sempre acordava por causa disso. Mel abriu os olhos preguiçosamente e encarou o homem deitado ao seu lado. Nunca se acostumaria com tamanha beleza. Na primeira vez que ficaram juntos Melanie sentiu a química que tinham, mas depois de finalmente se acertarem, tudo se intensificou. Ela ficava cada dia mais atraída por ele e isso a assustava. Se aproximou do homem adormecido e depositou um delicado beijo em seus lábios, foi apenas um roçar para não o acordar. Mel deixou o olhar cair para o peito despido, passou os olhos por ele todo e levantou levemente o lençol, ele estava nu, tinha adormecido completamente despido. Mordendo o lábio inferior ela protestou baixinho, seria maravilhoso esperálo acordar e curtir a manhã com ele, mas desde que começaram a dormir juntos, isso não foi possível, afinal July sempre acordava inquieta e Melanie precisava vê-la. Levantou e colocou a camisola, caminhou com as pontas dos pés para não acordar Elliot e seguiu para o quarto de July. A pequena balançava as perninhas inquieta e chupava a mão com vigor. — Está faminta, não é meu amor? — Mel reparou o pequeno sorriso que a menina deu quando seus olhares se encontraram. — Claro que está, a fome vive em você. — Melanie continuou falando com July, aquela voz engraçada que a maioria dos adultos teimam em falar com os bebês, e as crianças parecem adorar. Mel preparou tudo para a troca da fralda, o banho seria só após o café da manhã, afinal July fazia muita sujeira quando comia.
— Prontinho, agora vamos encher essa barriguinha — comentou com a bebê que apenas a olhava atentamente. Ambas desceram para a cozinha, Mel colocou July na cadeirinha de alimentação e foi preparar a mamadeira. Enquanto July segurava a mamadeira e mamava sozinha, Melanie preparava o café da manhã de olho nela. Aprendeu a segurar a mamadeira sozinha fazia pouco tempo, e Mel ficou admirada quando isso aconteceu pela primeira vez, Lisa e Eduard ficariam muito orgulhosos, a pequena July estava crescendo rápido demais. — Bom dia princesa. — Elliot deu um beijinho em July e depois se aproximou de Melanie que ainda estava de costas para ele, de olho nos ovos mexidos para não os queimar. — Bom dia meu anjo — sussurrou no ouvido dela e sorriu quando ela se arrepiou. Melanie sorriu também e fechou os olhos por um instante, se preparando mentalmente para a visão que teria quando se virasse. Elliot Bittencourt é apaixonável. — Bom dia... — Ela se virou e o olhou dos pés à cabeça, estava descalço e usava apenas um short de academia. — Lindo — completou. — Vocês acordaram cedo de novo, acredito que nunca verei você despertar. Melanie olhou para July que ainda mamava. — Eu pretendia te esperar, mas a pequenina ali estava com fome. Elliot também olhou para a bebê e sorriu. Melanie estava mexida demais com a visão que é aquele homem logo de manhã, então voltou a encarar os ovos. — Fiz ovos com bacon — comentou colocando-os na mesa.
Elliot ainda estava parado próximo ao fogão, apenas a olhando. — Eu quero que seja assim todas as manhãs Melanie. — Ele comentou preocupado. — Eu também quero. — Ela se aproximou dele cautelosa, mas assim que ficou a um braço de distância, Elliot enlaçou a cintura dela e a puxou para mais perto. — Acordar com o seu cheiro no travesseiro ao lado é delicioso. Ela o olhou intensamente e deu aquele sorriso bobo. Elliot a virou e prensou-a entre ele e o balcão ao lado do fogão. — Vou te beijar. — Demorou demais já. — Ela sorriu provocativa e ele capturou seu sorriso com um beijo. July protestou quando a mamadeira acabou e os dois se separaram e a olharam. — Eu disse que ela é ciumenta. — Elliot se sentou ao lado da bebê, que agora sorria contente. — Estou começando a acreditar nisso. — Melanie se sentou de frente para Elliot, do outro lado de July, deixando a menina na ponta da mesa, olhando curiosa para os dois. Elliot se serviu de café e Melanie de suco, os dois apenas se olhando vez ou outra, ele parecia querer contar algo e ela estava curiosa demais para saber o que era. — Vai trabalhar hoje? — perguntou para começar um assunto. — Sim. — Mas é sábado. — Eu sei, preciso ir ao presídio. — Ele parou de comer e a olhou,
queria adiar ao máximo aquela conversa, mas queria ser sincero com ela também, desde o início. — Mas você é advogado empresarial, não criminalista. — Melanie comentou e o olhou, foi nesse momento que ela percebeu que tinha algo mais por trás disso. — Eu preciso visitar uma pessoa. Melanie voltou a olhar para o prato, de repente o apetite tinha sumido, os ovos recheados com bacon e presunto já não davam mais água na boca. Queria perguntar quem, mas tinha medo que a resposta fosse a que ela imaginava. — Eu não queria estragar a nossa manhã, mas quero ser sincero. — Melanie voltou a olhá-lo e bebeu um pouco do suco, a boca seca era sinal de nervosismo. — Não irá estragar, tenho certeza. Elliot tinha certeza que iria, mas mesmo assim optou pela sinceridade. — O homem que irei visitar se chama Luís Gonçalves, ele é o caminhoneiro que bateu no carro da Lisa e do Eduard. — Elli comentou cauteloso, olhando atentamente a reação de Melanie. A morena levantou em um pulo e o olhou alarmada. — Você vai visitá-lo? Aquele bêbado irresponsável matou os nossos amigos, matou os pais da July. — Mel alterou a voz e se arrependeu quando July a olhou assustada. — Mel, se acalme, tenho que te contar muitas coisas. — Ele também já tinha perdido o apetite. — Você está ajudando aquele homem? — perguntou ela, indignada.
— Estou, Christopher está responsável pelo caso dele. As palavras foram como uma faca no peito de Melanie. Sabia que Christopher era um advogado criminalista, mas nunca imaginou que justamente ele e Elliot ajudariam o assassino de seus melhores amigos a sair da prisão. — Ei, eu posso explicar Melanie, não chore. — Mel só percebeu as lágrimas quando ele começou a secá-las, mas se afastou, estava confusa e chateada. — Isso não tem explicação Elliot. O que eu direi a July quando ela me perguntar se o causador da morte dos pais está pagando pelo crime que cometeu? Como contarei que o pai adotivo está ajudando-o a se livrar da prisão? Ele deve apodrecer lá. — O tom foi apenas um sussurro, mas estava tão firme que Elliot temeu se aproximar novamente. — Melanie, as coisas são mais complicadas do que você pensa. — Ele decidiu se aproximar e a apertou em um abraço forte, proibindo-a de se afastar. Odiava ver alguém chorar, mas quando era Melanie ele se sentia ainda pior, cortava seu coração. — Então as simplifique para mim, por favor, porque se você não tiver uma boa explicação para isso, eu nunca vou te perdoar...
Capítulo 25 Optou por ser sincero com Melanie, mas realmente estava com medo de ela não o perdoar, Elliot não estava preparado para perdê-la. — Vamos para o quarto? — perguntou pegando July da cadeirinha. — O quê? Vamos conversar Elliot, não tente adiar essa conversa. — Melanie começou a reclamar. — Eu preciso te mostrar uma coisa. Mel o seguiu e quando os três entraram no quarto, ele colocou July sentada no meio da cama e olhou para Mel, que andava de um lado para o outro inquieta. — Você já leu a carta que a Lisa te deixou? — perguntou para ela, que o olhou confusa. — Sim. — Ela não te contou nada na carta? — Elliot voltou a perguntar. — Não Elliot, ela só... — Mel se calou quando percebeu onde ele queria chegar. — Eu li a de Eduard e você também precisa ler. — Ele caminhou até o closet, pegou o envelope e entregou para ela, com as mãos trêmulas Mel pegou o envelope e antes de abri-lo ela se recordou das palavras de Lisa. “Se você está lendo essa carta, é porque a minha loucura é real...” Encarou o envelope temerosa. — Tem certeza que posso ler? — Ela perguntou para Elliot, afinal poderia ter algum segredo ali. — Eu quero uma relação com você Melanie, quero começar certo, sem segredos e esse é o único segredo que tenho.
Melanie o olhou alarmada. Começar certo... Sem segredos... Será que também tenho que deixá-lo ler a carta? — Melanie se assustou com esses pensamentos. Evitou pensar sobre isso agora e focou sua atenção na carta. O papel estava levemente amassado, a caligrafia quase ilegível de Eduard fez Melanie soltar um pequeno riso com a lembrança que teve. — Sério que ele não tem nenhum defeito? — Mel perguntou para Lisa, que descobriu estar apaixonada pelo vizinho de sua avó. — A letra dele é horrível. — Ela respondeu risonha e entregou o bilhete que ganhou do novo admirador. Começou aquele lindo romance assim, com olhares trocados através da janela dos quartos, num bonito verão que Lisa passou na casa da avó. Mel estava com a visão embaçada devido as lágrimas, passou a mão nos olhos e começou a ler. “Elliot, caso você leia essa carta, eu já não estarei mais aqui para te dizer pessoalmente, então vamos ao que realmente interessa. Logo depois que eu desisti da investigação de Alejandro Herrera, percebi que estava tudo calmo demais...” — Quem é Alejandro Herrera? — Melanie parou de ler e olhou confusa para Elliot, que agora colocava a pequena July inquieta no chão. — Leia primeiro toda a carta e depois você pode me perguntar o que quiser. A história é realmente longa. — Ele tentou sorrir, mas não conseguiu, estava muito nervoso. Melanie voltou sua atenção para a leitura, ficando cada vez mais confusa. “Eu fui um tolo em subestimar esse homem, acreditei que poderia sair de tudo isso quando eu quisesse, mas infelizmente não é bem assim.
Tudo começou no pré-natal de Lisa, ela me contou que alguém estava seguindo-a, disse que não tinha certeza, mas que estava com essa sensação, tentei convencê-la que era apenas um engano, mas eu comecei a desconfiar e contratei uma equipe de segurança particular. Sem que Lisa soubesse, eles a seguiam para todos os lugares, passaram-se meses e July nasceu, nada mais tinha acontecido, os relatórios diários dos seguranças me provaram que nada estava anormal, então os dispensei, achei que era tudo fruto da minha preocupação. Mas percebi estar errado quando um carro começou a seguir o meu, ele era bom, uma pessoa comum não teria notado, mas eu já estava desconfiado desde que peguei esse trabalho, parei o carro e desci em um café, ele parou também e ficou me observando, ali eu percebi que realmente tinham me encontrado. Eu estava preocupado com o bem-estar da minha família, então investiguei mais a fundo e descobri que o meu endereço de IP tinha sido descoberto. Eu estava na mira deles, minha família estava. Fui sincero com Elisabeth e resolvemos contratar os seguranças novamente, mas mesmo com toda a proteção, resolvemos deixar garantido que July ficasse segura caso algo nos acontecesse, por isso escolhemos você e Melanie como tutores legais dela, não existem pessoas melhores que vocês dois, sei que se July tiver a proteção do seu sobrenome, ela estará segura, Alejandro não seria idiota de mexer com um Bittencourt. Tem outra coisa que preciso deixar claro, nunca se sinta culpado por isso Elliot, eu entrei nesse trabalho por vontade própria, você nunca me obrigou. Lisa e eu conversamos e decidimos contar tudo para você e Melanie após o nosso jantar de casamento, queremos deixar vocês avisados, afinal ser pai de repente não está nos seus planos, mas não vejo ninguém melhor que você para protegê-la. Sinto muito por isso meu amigo, estou torcendo para que você nunca precise ler essa carta. Amo você, Melanie e July... Eduard.”
Melanie finalizou a carta tremendo ainda mais do que quando começou. Sentia seu corpo se afundar, afundar e afundar cada vez mais em uma tristeza profunda. Sabia que estava à beira de um ataque de pânico. — Não foi um acidente? Eles foram assassinados?
Capítulo 26 Apenas o olhar de Elliot foi o suficiente para Melanie entender. As lágrimas se intensificaram ainda mais. Perder os amigos para um acidente foi difícil, mas descobrir que eles poderiam estar ali, que ainda não tinha chegado a hora do casal, isso destruía Melanie ainda mais. — Eu sinto muito Mel. — Ele se aproximou e acariciou o rosto dela, secando as lágrimas. — Eu quero ir com você até o presídio. — Ela comentou convicta. Precisava descobrir tudo, queria justiça pela morte dos amigos e iria até o fim para conseguir. Mas pela expressão de Elliot, ele não estava de acordo. — Não Melanie, você não vai. — Por quê? Eu preciso ir Elliot, quero que os verdadeiros culpados paguem por tudo. — Ela se afastou dele e o olhou nos olhos. — Ei, isso é o que eu mais quero também, mas a sua presença no presídio não é necessária, fique aqui com a July, ela é a que mais precisa de você agora. — Mel olhou para a bebê que tentava subir na cama sozinha, se equilibrando em uma perninha e a outra no ar, segurava firme os lenções com as duas mãozinhas. — Eu quero que eles paguem por tudo Elli, July não merecia perder os pais tão nova, Lisa e Eduard tinham uma vida toda pela frente. — Melanie secou o seu rosto e caminhou até a pequena bebê, pegou-a no colo e colocou-a na cama. July engatinhou até chegar aos travesseiros e se jogou sorrindo, Mel sorriu com a cena.
Uma pequena preguiçosa essa — pensou admirada. — Prometo te deixar informada de tudo, cada detalhe, mas é melhor você não ir. — Ele respondeu firme. Melanie suspirou derrotada. — Promete mesmo? Sem segredos? Quero saber de tudo. — Ela o olhou nos olhos, tentando ver se ele estava sendo sincero. Ele caminhou até a cama que ela estava sentada e se sentou ao seu lado. — Juro que contarei tudo. — Elliot pegou a mão de Melanie e depositou um beijo, olhando-a nos olhos. A jovem suspirou aliviada, afinal enxergou apenas sinceridade nos olhos dele. — Mas isso vale para você também Melanie, se quer se relacionar comigo, teremos que começar sem segredos. — O sorriso dela que antes era aliviado se tornou tenso. Será que devo contar tudo a ele agora? — pensou preocupada. Não estava pronta para se abrir ainda, tinha medo de ser julgada, então optou por adiar essa conversa, afinal Elliot não iria sair e nunca mais voltar, ele sempre estaria ali e Melanie poderia conversar com ele a qualquer momento. — Prometo te contar tudo quando eu estiver pronta. — Ela afagou o rosto dele. — Estarei esperando. — Ele se levantou e foi tomar banho. Melanie permaneceu sentada no mesmo lugar, olhando para July que rolava entre um travesseiro e outro, sorrindo sozinha. — Você minha menina, foi a que mais sofreu sem nem ao menos entender. — Ela pegou July no colo e foi banhar a bebê.
A manhã daquele sábado estava quente, então Mel decidiu colocar um vestido em July, a bebê já estava trocada quando Melanie a colocou no chão da sala sentadinha. Mas pela visão periférica Mel viu quando July se levantou e se preparou para dar o primeiro passinho. Desesperada Melanie correu até a escada e gritou: — Acho que ela vai andar Elliot. Melanie voltou a olhar para July, a pequena estava em pé parada na sala, como se estivesse apenas esperando Elliot chegar para dar os primeiros passinhos. Ele desceu as escadas correndo e Mel o olhou, ele estava dando o nó na gravata e olhava ansioso para July. A menininha sorriu para os dois e começou a caminhar meio torta e cambaleante. Melanie sorria se sentindo nostálgica, maravilhada e ainda mais apaixonada por aquele pequeno ser. — Cadê o seu celular? — Ela sussurrou para Elliot, os dois vidrados na pequena que estava dando o quarto passinho. — Não sei, e o seu? — Ele perguntou sussurrando também. — Não faço a menor ideia. Não teria como gravar esse acontecimento, mas os dois estavam aproveitando bem, então July caiu para trás de bunda no chão e sorriu. — A fralda amorteceu essa queda pequena. — Elliot comentou todo bobo, enquanto caminhava até a bebê, seguido de Melanie. Os dois a rodearam e July apenas os olhava. — Parabéns meu amor, você foi muito bem. — Mel a parabenizou e
deu-lhe um beijinho carinhoso. Elliot pegou July no colo e a ergueu. — Essa é a minha garota. — Ele começou a andar com ela, imitando um aviãozinho, Mel apenas ria para os dois. — Eu queria ter filmado esse momento para mostrar para os namoradinhos dela no futuro. Elliot parou de imitar o aviãozinho pela sala e olhou Melanie carrancudo. — Não estrague o meu dia, por favor. July não terá namoradinhos, não é mesmo princesa? A menina apenas ria. — É o que as meninas têm quando crescem Elliot, elas se apaixonam sabia? — July não, não é minha linda? Terei o Andrew ao meu lado, ele me ajudará a ficar de olho nessa bonequinha aqui. Melanie gargalhou alto, imaginando diversas cenas de July e Andrew na adolescência. Elliot colocou July no chão novamente e caminhou até Melanie. — Por que está rindo? — perguntou confuso. — Não é nada meu amor, sabia que está muito lindo? — Ela tentou mudar de assunto e não percebeu que o chamou de amor, mas ele sim percebeu. — Eu sou o seu amor é? — Ele arriscou perguntar. Melanie o olhou surpresa, mas então sorriu. — Eu sou o seu? — Devolveu a pergunta, realmente interessada na resposta.
— Claro que é. — Você também é o meu Elliot. — E quando essas palavras deixaram a boca de Melanie, ela percebeu que deveria ser sincera com ele. Elli não merecia menos que isso. — Sabe que eu te amo, não é? Tenho certeza do que sinto Melanie, nunca amei alguém assim. — Ele foi sincero, olhando dentro dos olhos dela. — Elliot... Eu preciso ser sincera com você, tenho que te contar uma coisa, na verdade devo te contar tudo, principalmente a razão de eu lutar tanto com esse sentimento que a cada dia cresce mais em mim. — Ela sussurrou, sem desviar o olhar do dele. — Quer conversar agora? — perguntou nervoso. — Agora não, você precisa ir para o presídio e eu preciso encontrar a melhor forma de te contar tudo, falar sobre isso ainda é muito doloroso para mim. — É tão horrível assim? — Sim, é pior do que você imagina...
Capítulo 27 Todo o caminho percorrido até o presídio foi com Elliot pensando nas palavras de Melanie. O que seria tão ruim assim? — pensou ficando ainda mais preocupado. Sempre enxergava a dor nos olhos dela quando falavam sobre isso. A perda afetou-a tanto que July se tornou seu maior porto seguro, Elliot queria se tornar também, queria que ela visse nele a segurança que perdeu tempos atrás. Está disposto a ajudá-la a superar qualquer coisa, ama-a e nada fará seus sentimentos mudarem. Quando a entrada no presídio foi liberada, Elliot se sentou de frente para o vidro, aguardando a chegada do detento. Luís entrou na sala de visitas e encarou Elliot, que também o encarava. O homem é mais novo do que ele pensou que seria. Elliot pegou o telefone que ficava ao lado do vidro e viu quando Luís fez o mesmo. — Quem é você? — Ele perguntou sem tirar os olhos de Elliot. — Sou Elliot Bittencourt e você é o Luís Gonçalves, certo? O jovem acusado de homicídio culposo sorriu irônico. — Ao que tudo indica, esse sou eu. — Deu de ombros. — Como assim? — Elliot não entendeu. — Esse não é o meu nome. Não tenho a menor ideia de como me colocaram nessa furada, mas eu não sou o culpado.
Elliot o olhou mais atento, mas acreditou no homem. — Qual seu verdadeiro nome? — Isso importa? Afinal eu vou apodrecer aqui por dois assassinatos que eu não cometi. Eu nem sou caminhoneiro. — Importa para mim, se você me contar a verdade eu posso ajudá-lo. — Elliot se ajeitou na cadeira e olhou nos olhos do suposto Luís, queria mostrar a sinceridade de suas palavras. — Eu não confio em você cara, não direi nada, minha família pode estar em perigo. — Ele se aproximou mais do vidro, tentando intimidar Elliot. O Bittencourt não se moveu e nem desviou o olhar. — Essa é a questão, se sua família está em perigo você tem que me dizer quem são e onde estão para eu protegê-los. O prisioneiro o olhou mais atentamente, desconfiado. — Quem me garante que você não trabalha para o Herrera? — Ele semicerrou os olhos e Elliot ficou ainda mais interessado nessa conversa. — Você sabe quem ele é? — Foi aquele maldito que me colocou aqui. — O detento cuspiu as palavras com desprezo. — Como sabe sobre ele? — Elliot perguntou. — Fui contratado para fazer a proteção de uma gestante, o marido dela me entregou um dossiê completo sobre a ameaça que estavam recebendo. — Elliot ficou surpreso com essa revelação. Esse homem é o segurança de Eduard? — perguntou-se perplexo. — Quem foi o cara que te contratou? — O mesmo que estou sendo acusado de matar no acidente.
Elliot queria se levantar de tão inquieto que estava, mas permaneceu sentado no mesmo lugar, os pensamentos criando muitas teorias a respeito do que realmente aconteceu. Para Elliot tudo começava a fazer mais sentido agora. Alejandro foi muito esperto, armou para que o próprio segurança de Eduard e Lisa fosse culpado pela morte do casal. — Você precisa confiar em mim, sou o único que posso ajudá-lo. — Minha família é tudo para mim, eu não irei colocar a segurança dela nas mãos de um desconhecido. Elliot suspirou cansado, entendia o homem, nunca confiaria Melanie e July para um desconhecido também. — Irei contratar um advogado para te defender, mas precisa confiar em mim. — Se você fizer isso eu saberei que não trabalha para Alejandro, afinal não teria sentido me colocar aqui e logo depois me ajudar a sair. — Eu não trabalho para ele, sou amigo do casal que estava no carro e estou procurando justiça pela morte deles. Não sei se foram os olhos de Elliot que estavam sinceros, ou se simplesmente o detento estava cansado de lutar sozinho essa batalha, por fim ele falou: — Meu verdadeiro nome é Breno Vilar, trabalho como segurança particular, eu era um dos que seu amigo contratou. Sou casado e quando fui preso, minha esposa tinha acabado de descobrir a gravidez. — Elliot viu quando os olhos do homem ficaram marejados. — Eu irei protegê-los enquanto você estiver aqui. — Eu terei uma dívida eterna com você. — Não terá, é uma questão de honra acabar com Alejandro Herrera e a única coisa que vou querer de você é a sua ajuda, ele irá apodrecer na
prisão pelo o que fez com meus amigos. — Eu sinto muito pela sua perda, pode contar comigo para pegar o homem que me acusou injustamente. O Bittencourt agradeceu e foi embora do presídio, precisava conversar com Christopher.
∞∞∞ Elliot tocou a campainha do irmão e não demorou muito a porta foi aberta, Chris segurava Andrew no colo. — Precisamos conversar. — Elliot disse e o primogênito apenas assentiu dando passagem para o irmão entrar. Christopher colocou Andrew no chão e deixou o pequeno Bittencourt caminhar pela sala de estar. — A July começou a andar hoje. — Elliot comentou vendo o sobrinho caminhar entre os brinquedos. — Que maravilha, agora que o verdadeiro trabalho começa. — Imagino. — Elliot sorriu. — Você e Melanie ainda não se acertaram? — perguntou curioso. — Estamos bem, minha vinda aqui hoje tem outro motivo. — Qual? — O loiro perguntou curioso. — Fui ao presídio, conversei com o caminhoneiro do acidente. — Foi sozinho? Elliot eu disse que iria com você. — Christopher reclamou. — Eu sei, mas precisava fazer isso o quanto antes.
Depois que Elliot contou tudo o que descobriu, Chris permaneceu calado, apenas pensando nas palavras do irmão. Alejandro era mais esperto e perigoso do que eles imaginavam. — Estou pensando em levar Melanie para os treinos a partir de segunda-feira. — É o melhor, Megan ficará feliz, afinal ela vai perder a parceira. Tayla está grávida e não poderá participar mais dos treinos, apenas ficará no banco observando tudo. — Chris, acredito que deveríamos falar com o pai, adiamos muito essa conversa e como consequência Eduard e Lisa foram assassinados. Mesmo após ler a carta, mesmo Eduard afirmando que Elliot não tinha culpa de nada, o Bittencourt ainda assim se sentia culpado. — Você sabe que não tem culpa de nada, não é? Não foi você que matou eles Elliot, não se culpe. — Christopher aconselhou o irmão. — Mas ele entrou nessa por ser meu amigo, eu sou o culpado. — Não, não é, o culpado foi muito inteligente em encobrir a verdade, mas conseguiremos pegá-lo, pelos seus amigos vamos conseguir justiça. — É o que eu mais quero. — O primeiro passo é confrontar o nosso pai, ele sabe mais do que Roger me contou. — Faremos isso quando? — Elliot perguntou interessado. — Amanhã logo após Ethan contar a razão de unir toda a família em um almoço...
Capítulo 28 A demora de Elliot estava deixando Melanie inquieta, por isso resolveu ligar para Karina e chamá-la para almoçar. — Oi Mel. — A voz da ruiva foi ouvida assim que ela atendeu o celular. — Oi, quer almoçar aqui em casa hoje? Elliot saiu e eu preciso muito conversar com você. O riso de Karina do outro lado da linha fez Melanie sorrir também. — Claro que sim, eu terei que cozinhar? Assim irei preparada. Melanie olhou para a cozinha que estava perfeitamente limpa e mordeu o lábio indecisa. — Não precisa, farei algo. — Mel avisou e ouviu quando Karina soltou um resmungo. — Mel estou com saudades de cozinhar para mais pessoas, desde que cheguei em Nova Iorque, cozinho apenas para mim. Melanie balançou a cabeça de forma negativa, sorrindo. — Já que você insiste tanto. — Ótimo, em meia hora estarei aí — despediu-se.
∞∞∞ Karina deu vida a cozinha enquanto Melanie a observava. — Certeza que não quer ajuda? — Não, a louça será para você. — A bela ruiva piscou e Melanie
assentiu. — É justo. — Mel se sentou no chão, de costas para a entrada da cozinha, de frente para Karina e começou a brincar com July que pegava as peças da mesinha didática e colocava na boca. — É caca, não pode — advertiu e recebeu um olhar divertido de Karina. — Essa menina trouxe a luz novamente para sua vida Mel. A bebê ergueu o olhar e Melanie encarou o par de olhinhos brilhantes sentindo seu coração se encher ainda mais de amor. July é a sua salvação, as duas estão criando um laço eterno, o de coração. — Ela é tudo o que eu preciso. — Nisso eu não concordo com você amiga, você precisa encontrar uma forma de superar o Gregory e amar novamente. — Karina pontuou. — Eu já superei o Gregory há muito tempo. — É mesmo? — A ruiva levantou uma sobrancelha irônica, Mel sabia o que viria depois disso, então a cortou. — Sim, tanto que contarei tudo para o Elliot — contou. — O quê? Não acredito. — Melanie ergueu o olhar para Karina e viu que a moça colocou o dedo na boca. — O que foi? Se machucou? — Quase cortei o dedo com essa revelação, mas não chegou a sangrar. Então vai contar tudo para o bonitão? — Karina voltou ao assunto que interessava e foi até a pia lavar a mão. — Sim, eu quero contar, mas ainda estou insegura. — Por quê? Ele confessou te amar Melanie, sem contar que está
provando isso. Melanie revirou os olhos, se Lisa e Karina tinham algo em comum era querer que ela encontrasse alguém, um companheiro de vida. — Caio dizia te amar e acabou te traindo. — Melanie falou sem pensar, mas Karina percebeu o arrependimento da amiga assim que as palavras foram ditas. — A questão Mel é que Caio e Elliot são dois homens totalmente diferentes. — A ruiva continuou cortando os temperos. — Me perdoe Ka, eu não deveria ter falado isso. — Não tem importância Mel, Caio faz parte do meu passado, mesmo ele me ligando sempre. — O quê? — Melanie perguntou surpresa. — Ele me ligou algumas vezes. — O que ele queria? — Melanie estava perplexa com essa novidade. — Queria saber onde eu estou. — Você não contou, não é? — Claro que não, desliguei na cara dele, mas ainda assim todos os dias tem chamadas perdidas. Tudo o que menos precisamos é de Caio perseguindo-a — pensou Melanie preocupada. — Você sempre mereceu alguém melhor que ele, alguém como o Will talvez. — A morena sugeriu e viu quando a amiga sorriu, mas não negou. — Willian é um homem gentil, obrigada por liberá-lo para me ajudar com a mudança. As duas continuaram a conversa agradável, Melanie ainda estava sentada no chão brincando com July e Karina comentou:
— O almoço já está quase pronto, e você ainda não falou como se sente a respeito do Elliot. — A ruiva se virou para o fogão, mas ainda estava atenta a conversa. Melanie estava tão concentrada em o que responder para a amiga, que acabou não ouvindo a porta da frente ser aberta. — Eu não o esqueci desde a nossa primeira noite juntos a dois anos. E agora estamos juntos novamente, tudo aconteceu tão rápido, mas ele já ocupou todo o meu coração, estou apaixonada por ele. — Melanie confessou. Elliot tinha acabado de chegar, viu Mel de costas para a porta e Karina também, as duas alheias à presença dele, mas o que mais o surpreendeu foram as palavras dela, mesmo que a declaração não tenha sido para ele, saber que ela o amava fez ele sorrir. Ela me ama afinal — pensou admirado. Ele estava prestes a cumprimentar as garotas, quando Karina perguntou: — Por que não conta para ele que o ama? — Eu tenho medo que o passado se repita. Karina suspirou triste pela amiga. — O Gregory te abandonou quando você mais precisou dele, acha que Elliot faria o mesmo? Ele te ama Mel. O Bittencourt paralisou no lugar quando ouviu o nome Gregory. Quem é esse? — Elliot não sabia, mas já detestava esse homem por ele ter feito Melanie sofrer. — Sei que os dois são homens diferentes, mas Gregory também dizia me amar e tudo acabou de uma forma tão trágica. July que estava de frente para a porta, levantou o olhar e viu Elliot, o
sorrisinho da bebê fez Elliot sorrir também, mas ele não estava preparado quando July disse: — Papa. — Foi a primeira palavrinha dita por ela e essa simples palavra entregou o Bittencourt. Melanie arregalou os olhos e se virou assustada. — Desde quando você está aí? — Ela perguntou enquanto se levantava do chão. — July me chamou de papai, você ouviu? — Emocionado ele se aproximou da pequena bebê e a pegou no colo, aproveitando também para fugir da pergunta de Melanie. Karina e Mel se olharam por um breve momento, mas logo as duas sorriram. — Isso não é justo, eu passo o dia todo com ela e a primeira palavrinha é papa? — fingiu estar chateada, mas os olhos denunciavam a felicidade que sentia com esse momento. — Meu amor, eu sou o preferido. — Elliot se aproximou e beijou os lábios dela, ainda com July no colo. Melanie sorriu, entendia a preferência da pequena July, Ele é encantador. — Pelo visto é mesmo. Você chegou há muito tempo? — Ela perguntou novamente, temendo a resposta. Sabia que a conversa com ele estava próxima, mas queria contar-lhe tudo e não que ele descobrisse através de um desabafo com a amiga. — Acabei de chegar e July me viu. — Ele mentiu. Elliot sabia que Melanie precisava de tempo para se abrir e decidiu não pressioná-la. Os dois ficaram conectados em uma troca de olhares, mas Karina
pigarreou e disse: — O almoço está pronto. — A ruiva sorriu. — Vou colocar a mesa. — Melanie avisou. — Eu te ajudo amiga. As duas se encarregaram disso e Elliot permaneceu com July nos braços, olhando a troca de olhares constante das amigas. Quando a mesa já estava posta, ele colocou July na cadeirinha de alimentação e vestiu o babador nela, para evitar sujar a roupinha. — Você vai adorar o frango que a Karina faz, é o melhor. — Melanie comentou enquanto amassava os legumes cozidos de July. — O cheiro está realmente muito bom. — Elliot comentou enquanto se servia. O almoço foi agradável, Melanie se dividia em comer e dar a papinha de July, Elliot e Karina engataram em uma conversa tranquila, sobre a diferença entre os dois países. —Melanie, você prefere Nova Iorque ou o Rio de Janeiro? — Elliot perguntou interessado. Mel deu a papinha para July e o olhou. — Me apeguei ao Rio, gosto de lá... Ele assentiu com uma careta, não era bem a resposta que queria. — Mas Nova Iorque me trouxe vocês, então gosto daqui também. — Ela completou baixinho, ele levantou o olhar e sorriu, aquele sorriso sincero. Karina olhava para os dois e sorria agradecida, Melanie tinha encontrado o homem certo para ela. — Vou pegar a sobremesa. — A ruiva saiu da sala de jantar.
— Eu amo você. — Elliot pegou a mão de Melanie e deu um casto beijo. Ela sorriu e antes que pudesse responder algo, Karina voltou com a deliciosa torta de chocolate com limão. — É a segunda sobremesa preferida da Mel. — A ruiva contou enquanto se servia. Elliot olhou interessado para Melanie. — Qual é a primeira? — Ele perguntou e também se serviu da sobremesa, colocando para Melanie logo em seguida. — Waffles com sorvete de morango — respondeu sorrindo e limpou a boca de July que como sempre comeu toda a papinha. — Nunca provei, mas deve ser delicioso. — Ele comentou e provou da torta, fazendo uma expressão de prazer. — Impossível que seja melhor que isso. Melanie gargalhou e respondeu: — Na verdade a torta é divina, mas a minha preferida é Waffles com sorvete de morango porque é uma das raras lembranças que tenho com meus pais. Elliot assentiu e segurou a sua mão. — Acho que a July quer torta. — Karina comentou risonha quando o silêncio começou a ficar incomodo. Melanie olhou para a bebê e July encarava a torta com olhinhos pidões. — Darei um pouquinho para ela, acho que não fará mal. — Mel pegou uma pequena colher e mergulhou na torta, dando para a bebê provar. — Está muito bom, mas eu tenho que ir para casa.
— Pedirei para o Willian te levar. — Elliot propôs, mas a ruiva negou de imediato. — Não quero incomodar, eu irei de táxi. — Não é incomodo Ka, aproveita a carona. — Melanie piscou provocativa e Elliot a olhou confuso. — Vou ligar para ele — pegou o celular e discou o número da casa dos pais, afinal Willian tem a residência lá, na ala dos funcionários. Quando o motorista atendeu e se prontificou a levar Karina, a ruiva sem escolha acabou aceitando. — Então está combinado para segunda à procura do local para o restaurante? — Melanie perguntou para a amiga enquanto se despediam. — Sim, a corretora marcou para às três da tarde. Karina se despediu de todos e foi embora quando Willian chegou para levá-la. — Restaurante? — Elliot perguntou curioso. — Estávamos pensando em abrir um restaurante no Brasil, mas adiávamos sempre, vamos tentar abrir aqui. — Melanie respondeu enquanto tirava July da cadeirinha e retirava o babador sujo. — Fico feliz por vocês, mas você que irá cozinhar? Melanie colocou July no chão e olhou para ele. — Não, eu cuidarei da parte administrativa, Karina que cursou gastronomia. — Bem melhor assim. — Elliot comentou brincalhão. Melanie semicerrou os olhos para ele. — Está dizendo que a minha comida é ruim Elliot Bittencourt?
— Sua comida é maravilhosa Melanie, estou dizendo que é melhor ela ser a chefe assim teremos mais tempo para ficarmos juntos. Mel sorriu provocativa para ele. — Mais tempo para fazer o quê? — Tenho muitas coisas em mente, mas para a maioria delas a July não pode estar presente. — Ele respondeu malicioso e ela o beijou...
Capítulo 29
Bônus Karina e Willian Karina olhou para Willian completamente envergonhada, o homem loiro, uniformizado e de quepe estava encostado no carro, também olhandoa. — Boa tarde senhorita — falou risonho enquanto abria a porta traseira para ela. — Boa tarde, se importa se eu for na frente? — perguntou. — De forma alguma. — Ele então abriu a porta da frente, Karina entrou e colocou o cinto. — Não queria te incomodar, realmente posso ir de táxi. — A ruiva comentou quando ele entrou no carro e também colocou o cinto. — Esse é o meu trabalho senhorita. — Pode me chamar de Karina. — Ela ruborizou. Durante o tempo que Willian ajudou-a na mudança, os dois se trataram formalmente, mas agora ela simplesmente queria terminar com isso de senhor e senhorita. — Então me chame de Willian. — Ele sorriu de lado, sem desviar os olhos da rua, ambos já estavam saindo do condomínio. — Eu realmente não queria te incomodar, mas Elliot e Melanie fizeram questão. — Eu não me importo, a sua companhia é muito agradável. — Willian percebeu que Karina ruborizou. — A sua também é. — Ela sorriu gentil. Ele a olhou por um instante e voltou a olhar para o trânsito.
— Conseguiu colocar suas coisas no lugar? — perguntou se referindo a mudança. — Na verdade sim, eram poucas coisas. Tenho que te agradecer novamente pela ajuda. — Você já me agradeceu umas dez vezes. — Ele sorriu se recordando do dia que passaram uma parte da manhã juntos. — Sim, mas ainda não é o suficiente, você deveria jantar na minha casa. — Isso foi um pedido ou uma ordem? — O loiro perguntou brincalhão. Karina não aguentou segurar o riso. — Me desculpe, claro que é um pedido — comentou olhando-o, mas Will ainda olhava para o movimento de carros na rua. — Eu adoraria. Ela quis bater palminhas empolgada, mas se conteve. — Estarei te esperando, às sete está bom? — Às sete estarei aqui. — Ele comentou e estacionou o carro em frente ao prédio que fica o apartamento de Melanie, no qual Karina está morando agora. Ela desceu do carro sorrindo e ele só partiu quando teve certeza que ela já tinha entrado. No elevador ela ainda estava com o pensamento no loiro que ela chamou para jantar. Como pode ser tão lindo? — pensou admirada. Quando entrou no apartamento, pegou o telefone fixo e ligou para a casa de Melanie e Elliot, precisava contar para a amiga o que acabara de
fazer. — Eu chamei o Willian para jantar aqui hoje — falou assim que a ligação foi atendida. — Agora eu entendo o olhar da Melanie. — Elliot comentou risonho. Karina sentiu as faces queimarem de vergonha, acreditou que Melanie atenderia ao telefone e não o Elliot. — Espero que não seja um problema para você, já que o Willian é seu funcionário. — Problema nenhum, fiquei feliz por vocês, agora irei chamar Melanie para você. — Ele comentou e a linha ficou muda por um tempo. — Karina? — Mel, achei que você atenderia. — Estava com a July na sala. — Eu chamei o Willian para jantar. — Perfeito, mulheres também devem tomar atitude. — Não foi por isso que chamei, apenas quero agradecer a ajuda na mudança. — Se você quer pensar assim, mas a mim você não engana, sei que está rolando um clima entre vocês, desde o dia que te pegamos no aeroporto, eu percebi. Karina bufou contrariada. — Acabei de sair de um relacionamento de anos, não quero outro agora. — Karina, Willian é admirável, simpático e uma visão para os olhos. — Não estou à procura de um relacionamento Melanie.
— Está bem, mas tente pensar nisso quando estiver com aqueles olhos verdes fixos em você. — Mel provocou. — Eu liguei apenas para te contar, não para ficar insinuando coisas. — Não está mais aqui quem falou, só siga o seu coração e sei que fará a coisa certa. A ruiva suspirou aliviada. — Obrigada pelo conselho, te amo. — Ela se despediu. — Também te amo. — Melanie desligou e a ruiva foi para a cozinha Estava em dúvida entre dois pratos, adorava ambos, mas optou por fazer seu preferido. Como minha avó sempre dizia, o melhor caminho para se conquistar um homem é pelo estômago. — Ela pensou enquanto pegava os ingredientes, mas logo tratou de mudar os pensamentos, afinal não era essa a sua intenção, queria apenas agradecer a um amigo.
∞∞∞ O jantar já estava pronto, a mesa posta e Karina ainda estava completamente desarrumada. Correu para o quarto e tomou um banho rápido, colocou um vestido simples e passou apenas rímel e batom rosa claro, nunca foi amante de maquiagem. Quando a campainha tocou Karina se olhou novamente no espelho e gostou do que viu. Estava nervosa e não entendia a razão, mas foi só abrir a porta e olhálo que ela percebeu. Willian é um cara lindo, dono de um sorriso encantador e com covinhas.
Quem não ama covinhas? — Você está linda — elogiou olhando-a dos pés à cabeça. — Você é lindo... Quer dizer, você está muito lindo. — Ela se corrigiu depressa, balançando a cabeça para os lados. Willian estava diferente das vezes que Karina o viu, o uniforme o deixava muito atraente, mas jeans e camiseta transformavam-no em alguém ainda mais belo e jovial. — Você também é linda — sorriu admirado. — Comprei para você. — O loiro estendeu um pequeno buquê de rosas brancas para ela. Karina ficou completamente paralisada. — Eu nunca ganhei flores. — Ela comentou emocionada e encarou o delicado buquê sorrindo. Willian fez uma nota mental de presenteá-la com flores mais vezes, amou ver aquele brilho feliz nos olhos claros dela. — A partir de hoje isso irá mudar. — Ele estendeu o buquê novamente e ela o pegou, inalando o cheiro das rosas. — Obrigada Willian, eu amei. — Ela comentou sincera e deu passagem para ele entrar. — Não sabia que iria gostar tanto. — Eu não sabia que ganhar flores fosse tão bom, me desculpe por me empolgar tanto. — Ela o conduziu até a pequena cozinha e apontou para o lugar que ele deveria sentar. — Não se desculpe por isso. — Ele sorriu e ela assentiu se virando para a pia. A ruiva queria esconder a emoção que sentiu em ganhar flores pela primeira vez. Namorou Caio por anos e nunca tinha ganhado, Willian foi jantar apenas uma vez com ela e a presenteou.
Suspirou fundo e terminou de colocar as rosas no vaso, depois pegou a travessa do jantar e caminhou para a mesa. — Eu fiz estrogonofe de frango, com arroz branco e batata palha, é o meu prato preferido, já provou? — Ela perguntou se sentando também e começando a servi-lo. — Não, mas o cheiro está muito bom. — Ele inalou e fechou os olhos, ela sorriu. Enquanto Karina se servia, Willian olhava-a atentamente. — Não vai provar? — Ela perguntou. — Sim, estou te esperando. Quando ele pegou o garfo e provou, a ruiva ficou encarando-o em expectativa. — Muito melhor do que eu imaginei — comentou ele em um suspiro. — Então fui aprovada? — perguntou esperançosa. — Sim, com todas as letras maiúsculas, nunca comi algo tão bom. Ela sorriu e começou a comer também. Sempre foi elogiada por seus pratos, mas nunca de uma forma tão admirada quanto a de Willian. — Eu estava em dúvida entre dois pratos, esse e feijoada, mas optei por esse e deixei a feijoada para a próxima refeição que dividirmos. — Ela comentou e bebeu o vinho. Willian a olhou surpreso. — Teremos uma próxima refeição? — Se você quiser é claro, foi um convite. — Ela sorriu e ele assentiu. — Com certeza eu vou querer. — A resposta foi dada com os olhares
fixos um no outro, o verde dele e o azul dela, ambos sentindo que realmente existia um clima agradável ali. As palavras de Melanie vieram na mente de Karina e a ruiva pensou: Talvez eu seja feliz em Nova Iorque...
Capítulo 30 Quando o sol de domingo despertou Elliot, ele sentiu a respiração tranquila bem perto do seu ouvido e sorriu ainda de olhos fechados. Melanie ainda está aqui, pela primeira vez adormecida quando acordo — pensou e lentamente abriu os olhos, se acostumando com a claridade. Ela era ainda mais espetacular dormindo, o rosto lindo estava completamente relaxado, os lábios entreabertos e os cabelos esparramados rebeldes pelo travesseiro branco, um braço dela estava jogado em cima dele, o prendendo bem perto do corpo curvilíneo, e ele amou essa possessividade. Abaixou ainda mais o olhar pelo corpo da moça e percebeu os seios amostra, o lençol tinha decido e Melanie estava completamente exposta para ele. O Bittencourt quis acordá-la para desfrutar daquele corpo convidativo, mas não o fez, preferiu observá-la por mais tempo e acariciá-la lentamente nas coxas que estavam jogadas em cima da sua perna. Tão delicada e tão linda. — Sorriu com isso, estar apaixonado é assim, ver a beleza no mais simples dos momentos. Elliot não entendia quando Christopher aparecia feliz demais na empresa, sorrindo igual um idiota, mas agora, olhando para Melanie ele passou a entender o irmão, descobriu o quão bom é acordar e observar a pessoa amada despertar aos poucos. — Eu posso te dar uma foto se quiser. — A voz risonha o despertou de seus pensamentos. — É a primeira vez que acordo primeiro, preciso gravar esse momento, é raro. — Ele respondeu, mas não parou o carinho gostoso na coxa dela.
Melanie se aproximou ainda mais dele e começou a acariciá-lo no abdômen, uma leve carícia. — Eu posso me acostumar com essa vida Melanie. — Ele sussurrou olhando-a ainda mais intensamente. — Você deve se acostumar Elliot, nunca mais sairei da sua vida. — Ela sorriu sincera. Viver ao lado de July e de Elliot é tudo o que ela mais almeja. — Vocês duas se tornaram tudo para mim. — Ele olhou para a tela da babá eletrônica que mostrava a pequena July dormindo. Melanie também olhou para a bebê e logo depois para ele. — Acha que dá tempo de tomarmos um banho juntos? — Ela perguntou avaliando a ideia. — É só sermos rápidos. — Ele propôs e Melanie assentiu. Elliot se levantou e ela o admirou dos pés à cabeça. — Você está muito desejável agora — comentou. — Eu sou desejável, mas um desejável só seu. — Ele se gabou. — Desde quando você ficou tão convencido? — Ela arqueou a sobrancelha brincalhona. — Desde quando você surgiu na minha vida e a cada troca de olhar me provava o quanto me queria. — Ainda quero, mas só para ressaltar, foi você que começou com a troca de olhares quentes. — Ela apontou para ele e se levantou também. — Mas como eu poderia evitar? Você já se olhou no espelho mulher? Melanie ruborizou e o olhou com ainda mais paixão. — Como você consegue me deixar tão louco com apenas um olhar?
— perguntou retórico. Melanie pegou a babá eletrônica e correu para o banheiro, deixando Elliot com a bela vista do corpo dela. July colaborou naquela manhã e os dois desfrutaram do primeiro banho juntos.
∞∞∞ Quando Elliot propôs para Melanie o almoço na casa dos pais, ela aceitou. Ela e July precisavam ter contato com mais pessoas, sair e se divertir. Quando Angélica abriu a porta July estendeu os bracinhos de imediato. — Sentiu saudade minha linda? — A avó perguntou toda boba e a pegou no colo. Após cumprimentar a anfitriã, Elliot e Melanie caminharam de mãos dadas até a sala de estar, Christopher e Tayla já estavam lá, com Andrew andando pelo tapete felpudo. — Essa é a vantagem de morar no mesmo condomínio. — O mais novo comentou e Christopher bufou e disse: — Estou pensando em me mudar, não aguento mais a Megan todos os dias em casa. — Ei, eu ouvi isso Christopher. — A voz de Megan foi ouvida e todos olharam para a jovem que descia as escadas. Tayla gargalhou, Melanie também achou graça, mas foi mais discreta. — Que bom. — O primogênito reclamou. — Me ama e fica fazendo charme, — a caçula da família jogou os
cabelos loiros para o lado e olhou confusa para Melanie e Elliot. — E a July? — Com a nossa mãe. — Elliot respondeu e nesse momento Angélica entrou na sala com July nos braços. Assim que a bebê loirinha viu Andrew no chão ela se esperneou para descer. Angélica a colocou no chão e July caminhou cambaleante até o priminho. — Ela já está andando? Por que ninguém me contou? — Meg reclamou. — Ela começou ontem, são poucos os passinhos que ela consegue ainda. — Mel contou e olhou para July que tinha acabado de cair de bunda no tapete. Tayla, Melanie e Angélica começaram a falar sobre os primeiros passinhos dos bebês, Megan completamente por fora, caminhou até onde os dois irmãos estavam sentados e perguntou: — Sabem o que o Ethan quer contar? — Não, você sabe? — Elliot a olhou curioso. — Eu não faço ideia. O silêncio predominou entre os três, até Megan soltar um suspiro. — Olha que coisa mais linda. — Ela apontou para o Andrew e a July, ele segurava a mão da priminha. Todos olharam para os bebês. A cena estava muito fofa, até Elliot levantar-se e atrapalhar tudo. — Ei meninão, vem com o tio. — Ele estendeu o braço e Andrew aceitou o colo.
Christopher gargalhou, sendo acompanhado pela esposa e por Melanie. — Elli, um dia a July terá um namorado e você não poderá mudar isso. — Chris provocou. — Quem disse que não? E Drew vai me ajudar com isso, não é garotão? — O bebê sorriu alheio a conversa. Assim que Ethan chegou, Angélica foi chamar Matthew para o almoço, afinal os dois filhos mais novos eram os únicos que ainda moravam na casa dos pais.
∞∞∞ O clima que antes estava agradável na sala de estar, mudou completamente. — Qual a razão desse almoço? — Alfredo impaciente perguntou para Ethan. O terceiro dos filhos, terminou sua sobremesa tranquilo, levantou os olhos verdes para o pai e disse: — Sairei do país por um tempo. Alfredo olhou mais atento para o filho, percebendo que algo estava errado. — Para onde vai? — Megan perguntou empolgada. — É a trabalho Meg, não posso dizer. — Quanto tempo ficará fora? — Angélica perguntou preocupada. — Ainda não tenho certeza mãe, tudo depende do sucesso da missão, estou avisando agora porque não entrarei em contato com frequência. — Não pode dizer nem para a sua família? — Alfredo perguntou
interessado. — Não posso, às vezes o inimigo está mais perto do que você imagina. — Ethan respondeu encarando-o. Christopher e Elliot se olharam intrigados. — O que isso quer dizer? — Matthew quem perguntou. — Foi apenas um comentário. — Ethan respondeu para o irmão mais novo, mas seu olhar ainda estava no patriarca da família. Desde a infância dos meninos, Ethan sempre foi o mais difícil de ser controlado por Alfredo e tudo piorou quando ele entrou para a academia de polícia de Nova Iorque. Alfredo odiou desde o início a profissão do terceiro filho, mas não conseguiu evitar, Angélica apoiou Ethan. As palavras da esposa nunca mais foram esquecidas por ele. “Seus filhos não são obrigados a seguir os seus passos Alfredo, Chris, Elliot e Matthew se formaram em advocacia por vontade própria, Ethan não quer isso.” — Apenas tome cuidado querido. — Angélica sorriu para o filho, mas o clima ainda estava desagradável, Tayla e Chris se olharam e decidiram que aquele era o melhor momento para contar da gravidez e mudar de assunto. — Pode falar. — Tay sussurrou para o marido, que sorriu satisfeito. — Nós também temos uma novidade. — A voz de Chris saiu alta e ele segurou a mão da esposa, os dois se levantaram. Todos os olhares foram para eles. — Teremos outro bebê. — Ele contou. Angélica colocou a mão no peito, emocionada.
Megan tapou a boca surpresa. Matthew arqueou a sobrancelha também surpreso. Ethan e Alfredo sorriram. Melanie sentiu seu coração se acelerar, mas também ficou contente pelos novos amigos. Já Elliot fez a melhor cara de surpresa que conseguiu, se levantou e disse: — Parabéns. — Tayla deu um leve tapa no braço dele. — Ensaiou essa cara no espelho? Sei que o Christopher já tinha te contado. — Caramba Chris, passei duas horas em frente ao espelho só para não te entregar. — Elliot fingiu estar indignado, mas foi o primeiro a abraçar o casal. — Não acredito que serei tia pela terceira vez. — Megan deu um gritinho e se levantou, correndo eufórica para os braços do irmão e da cunhada. Todos parabenizaram o casal, o clima tinha melhorado muito. — Logo será a Melanie e o Elliot. — Chris falou. Melanie sentiu todos olhando-a e quando Elliot pegou sua mão, ela apertou a dele e sorriu. Devemos contar. — Ela o olhou pensando isso e desejou que Elliot a entendesse, pelo visto ele compreendeu e disse: — Nós estamos juntos. — São notícias maravilhosas. — Angélica segurou a mão de Tay e de Mel. — São mesmo. — Megan se juntou a mãe e segurou a outra mão da
Melanie. — Seja bem-vinda a família Melanie, desde que vi vocês dois pela primeira vez eu soube que eram perfeitos um para o outro. — A sogra comentou emocionada. — Obrigada. Angélica sorriu para elas e as quatro se abraçaram. — Tenho três filhas agora. Melanie sentiu seus olhos se marejarem. Teve Lisa a vida toda, mas nunca se sentiu assim, querida como filha e aquilo foi muito importante para ela. — Fico muito feliz por vocês, mas agora preciso fazer um telefonema. — Alfredo apertou o ombro de Elliot e de Christopher. O patriarca da família quer descobrir para onde Ethan viajará, mas para isso precisará da ajuda de alguns amigos. — Eu e Elliot precisamos falar com você. — Christopher avisou ao homem que a muito tempo não chamava de pai...
Capítulo 31 Alfredo olhou para os dois filhos e perguntou: — Precisa ser agora? Elliot assentiu e Christopher respondeu: — Já esperamos tempo demais. — O tom de voz chamou a atenção de todos. — Vamos para o meu escritório. — Alfredo propôs e os filhos o seguiu. Assim que Elliot entrou e fechou a porta, Christopher foi direto ao assunto. — Quando nos contaria que é um mafioso? Elliot e Christopher viram o pai empalidecer. Alfredo sempre tomou muito cuidado para evitar que os filhos descobrissem esse segredo, mas pelo visto não foi o suficiente. — Não sei do que está falando. — Ele desconversou. — Você sabe sim. — Elliot se sentou de frente para o pai, Christopher permaneceu em pé, estava inquieto demais para sentar-se. — Nós já sabemos, apenas abra o jogo. Alfredo olhou irritado para o seu primogênito. Christopher sempre foi o mais controlável dos filhos, mas desde que foi obrigado a se casar com Tayla ele havia amadurecido. — Quem mais sabe? — O patriarca perguntou. — Nós e Tayla, mas acredito que Ethan desconfie de algo. — Também acredito... — Elliot ressaltou, mas antes de continuar a
porta foi aberta e Angélica entrou preocupada. — Posso saber o que está acontecendo? — perguntou olhando-os. — Não é nada mãe. — Elliot preferiu poupá-la da conversa, mas Angélica encarou o marido. — Eles descobriram amor. — As palavras de Alfredo deixaram Elliot e Christopher surpresos. Ela sabe? — Como puderam esconder isso de nós? — Elliot perguntou indignado. — Optamos por não contar, seu pai não queria herdar esse legado, decidimos manter vocês fora disso. — Ela respondeu tranquilamente, mas os olhos demonstravam o quanto estava assustada. — Como vocês descobriram? — Alfredo questionou. — Não importa, queremos saber tudo, desde a aposta de Tayla até o envolvimento com outros mafiosos. Christopher sabia o motivo da aposta, mas se contasse, seu pai saberia que foi Roger quem abriu o jogo. — Não existe envolvimento com outras máfias — alegou Alfredo. Chris bufou contrariado. — Pai, nós sabemos que você esteve em várias reuniões com Alejandro Herrera. — Elli falou. — Essas informações são sigilosas, como descobriram? — exigiu. Os irmãos se olharam e decidiram contar uma parte. — Essas informações resultaram na morte de Eduard e Elisabeth. Angélica arquejou e os filhos perceberam quando os olhos da mãe
lacrimejaram. — Não foi um acidente? — Alfredo perguntou, estava nítido nos olhos dele a surpresa. Ele sempre gostou de Eduard, desde quando aquele jovem franzino apareceu na sua casa pela primeira vez. — Não, por isso estamos aqui, queremos saber se você tem algo a ver com isso. — Elliot cruzou os braços na defensiva quando viu a tristeza nos olhos do pai. — Acredita que eu seria capaz de algo assim? — Você escondeu muitas coisas de nós. — Foi Chris quem respondeu. — Eu nunca mataria pessoas inocentes Christopher. — Alfredo foi sincero e os filhos perceberam isso. Angélica caminhou até ele e apertou-lhe a mão, em forma de apoio. — Seu pai não queria herdar a máfia, mas não teve escolha por ser filho único. — Angélica olhou decepcionada para os filhos. Elliot sentiu seu coração se acelerar, o pai estava sendo sincero e descobrir isso foi um grande alívio. — Eu vi Alejandro poucas vezes e uma delas foi quando ele esteve em Nova Iorque para assinar o contrato de paz. — Contrato de paz? — Christopher perguntou interessado. — Sim, é um termo que proíbe ambas as instituições a cometerem delitos. — Eu não compreendo. — Elliot comentou confuso. — Alejandro não pode cometer nenhum crime aqui em Nova Iorque e nenhum dos nossos no México, onde ele comanda. — O pai explicou.
— Ele cometeu pelo visto. — Angélica comentou ainda impactada com a notícia. Elliot olhou para a mãe e resolveu perguntar: — Como a senhora entrou nisso tudo? Os genitores da família se olharam e sorriram. — A história da dívida e da nossa mãe ser o pagamento era mentira? Os filhos sabiam a história de quando os pais se conheceram. — Não em tudo, eu não fui um pagamento, fui um elo entre o meu falecido pai que era um gângster e o seu avô, eles queriam se unir e o meu casamento com Alfredo foi a melhor forma que acharam. Elliot abriu a boca surpreso e Christopher arregalou os olhos. — Nosso avô era gângster? Angélica riu. — Era sim, mas descobri isso só quando já estava apaixonada pelo seu pai. — Ela deu um leve tapa no braço do marido. — Se conheceram na lanchonete em que você trabalhava mesmo? — Sim Chris, ele me conquistou primeiro, para só então me contar a verdade e me fazer odiar amá-lo. — Eu faria o mesmo. — O primogênito ressaltou e o pai sorriu orgulhoso. — Ela já estava grávida e casada, não teria como fugir de mim. — Teria sim, eu poderia muito bem criar o Christopher sozinha, só te perdoei por amá-lo. — Angélica respondeu firme. — Sei que poderia amor, e agradeço por não ter desistido de nós.
— Ainda bem, senão eu não teria nascido. — Elliot respondeu rindo. O clima estava começando a ficar agradável novamente, quando Angélica disse: — Megan também quer contar algo, por isso vim aqui chamá-los. Os quatro deixaram o escritório e voltaram para a sala. Melanie estava sentada em um sofá com Tayla e July. Matthew e Megan estavam sentados no tapete com Andrew e Ethan estava encostado no batente da sala de estar, olhando para todos em silêncio. — Pode contar agora Megan. — Angélica se acomodou ao lado de Tayla. — Eu estou namorando. — A mais nova da família foi direta. Três dos irmãos olharam para ela surpresos, apenas Christopher que já sabia sorriu de lado. — Como é que é? — Ethan perguntou e se afastou do batente olhando atento para a irmã. — Isso mesmo, namorando. — A loira levantou a mão direita e mostrou a bonita aliança. — Como eu não vi isso antes? — Tayla perguntou alegre e segurou a mão da cunhada para ver melhor a aliança. — Estava escondida. — Megan respondeu sorrindo. — Posso saber quem é o cara? — Matthew perguntou e todos olharam para Megan em expectativa. Meg suspirou dramaticamente antes de responder. — É o Theodoro. — O melhor amigo da Tayla? — Elliot perguntou mais surpreso ainda.
— Sim, esse mesmo. — Por que ele não veio falar comigo primeiro Megan? — Alfredo perguntou irritado. — Porque estamos no século 21 pai, não tem mais essa. — Respeito tem sim. — Ele queria vir, mas eu não deixei. — Por que não? — Ethan quem perguntou. — Por isso, todo esse interrogatório apenas afastaria ele de mim. Alfredo olhou para a filhinha, que já não é mais tão pequena assim e suspirou derrotado. — Quero o nome completo dele. — Por que pai? — Meg perguntou indignada. Porque quero investigá-lo e tenho meios para isso. — Ele quis responder, mas não o fez. — Apenas obedeça, Megan. — Chris aconselhou. — Por que você está tão tranquilo Christopher? — Elliot perguntou confuso. — Porque eu já sabia. — O primogênito respondeu. Todos olharam para ele. — Você contou para o Christopher e não para mim? — Angélica perguntou chateada. — Ele descobriu porque Theo me mandou flores e o Christopher achou que eram para a Tayla. — Tive que contar a verdade ao Christopher. — Tayla recordou da
briga que teve com ele por causa disso. — Estou feliz por você filha, e sei que seu pai e seus irmãos também ficarão. — Ficarei só depois de deixar bem claro para esse rapaz que não se brinca com a minha menina. — Alfredo avisou irritado. — Não esperava menos do senhor e já alertei o Theo quanto a isso. — Christopher também. — Tay sorriu para o marido. Megan sorriu para eles. O pai e os irmãos são protetores, mas ela sabe que é amada de verdade e isso é tudo o que importa...
Capítulo 32 Melanie prestou muita atenção em cada diálogo da família Bittencourt. E que família. — Ela sorriu com esse pensamento e Elliot olhou-a confuso. — O que foi? — Ele parou de empurrar o carrinho de July e olhou para ela atento. Os três estavam voltando para casa, como é no mesmo condomínio, o uso do carro foi desnecessário. — Não é nada. — Ela sorriu ainda mais, todos os Bittencourt são tão parecidos na curiosidade. Ele franziu o cenho, voltou a andar e três passos depois parou novamente. — Por que está rindo? — perguntou risonho também. Melanie não aguentou a curiosidade dele e resolveu contar. — Eu estava pensando na sua família. — No que exatamente? — Ele estava ainda mais confuso. — O quão grande ela é, vocês todos juntos, conversando e até brigando, porque aquilo entre seu pai e o Ethan foi uma briga, não é? — Ficou tão óbvio assim? — Ele perguntou preocupado. — Sim, os dois estavam tensos. — Isso te incomoda, a minha família ser assim? — Ele perguntou desacelerando os passos e olhou para July que dormia no carrinho. Melanie engoliu em seco, não era essa a reação que ela esperava.
Percebeu o quanto Elliot admira a família e que ficou entristecido com esse comentário dela. — Não é isso... — Ela começou cautelosa. Como ele permaneceu em silêncio, Melanie resolveu se abrir com ele. — Eu senti inveja Elliot. — Ela foi sincera e se sentiu tão idiota ao dizer as palavras em voz alta. Ele paralisou no lugar e se virou para olhá-la, Melanie estava parada na calçada, de cabeça baixa e pensativa. Ele travou a roda do carrinho de July, que já dormia agarrada a um ursinho de pelúcia que acabara de ganhar de Andrew. — Estou parecendo uma idiota, mas é o que sinto, sempre quis irmãos, sempre quis uma avó, se eu tivesse mais alguém, não teria passado por tudo o que passei. — Ela chorou, mesmo se esforçando para evitar isso. Elliot a abraçou apertado e disse: — Os meus pais tiveram muitos filhos por essa razão Mel, os dois são filhos únicos e nunca gostaram disso. Ela permaneceu em silêncio e ele continuou: — Não gosto quando chora. E saiba que essa família é sua agora. É nossa. — Ele sorriu com isso e Melanie se sentiu tão acolhida, não apenas pelos braços que a confortavam carinhosamente e sim com as sussurradas palavras sinceras. — Eu fiquei sem reação quando sua mãe me chamou de filha, foram tantos anos sem esse amor maternal e eu senti o quão sincera ela foi, quis abraçá-la, agradecê-la e chorar por todos os anos que me senti só sem uma mãe, mas me segurei, não queria assustar a sua família no primeiro almoço que compareço. — Ela soltou um riso com a última frase e Elliot a acompanhou. — Eu te amo Melanie, se pudesse eu apagaria toda a sua dor do
passado, mas eu não posso, só posso te prometer felicidade, tudo que estiver ao meu alcance para te fazer sorrir, eu farei. Melanie o apertou mais forte e sussurrou: — Eu também amo você. — Foi bem baixinho, apenas um mover de lábios, mas quando Elliot suspirou aliviado, ela percebeu que ele ouviu, mas não a pressionou, ficaram apenas ali abraçados por um tempo.
∞∞∞ July não desgrudou da pelúcia que ganhou de Andrew, o ursinho azul tinha o cheiro do primeiro herdeiro da família Bittencourt e July parecia amar isso. Pelo visto, o jeito lindo e conquistador dos Bittencourt é passado através de gerações. — Elliot, preciso dar um banho na July, poderia trocar a lâmpada do quarto dela? Queimou essa manhã e não sei onde ficam as reservas. — Irei trocar, ficam no porão. — Ele respondeu e foi buscar a lâmpada enquanto Melanie levava July para preparar o banho. Quando Elliot chegou ao porão, haviam várias caixas empilhadas, ele começou a procurar as lâmpadas reservas pelas caixas menores, mas não estavam em nenhuma. Quando chegou nas caixas maiores, percebeu que eram as fotografias de Lisa e Eduard, ele e Melanie resolveram levar tudo para a nova casa e guardar para quando July quisesse conhecer mais dos pais biológicos. Curioso ele pegou uma caixa com a palavra “lembranças” escrita em uma caligrafia bonita em MDF. Abriu a caixa cauteloso e sentiu seus olhos se marejarem quando viu a primeira fotografia, era Eduard e ele abraçados no dia que se formaram, ambos estavam com sorrisos satisfeitos no rosto. A próxima era Lisa com July no colo, ainda recém-nascida e quando mudou para ver a seguinte, viu
Melanie, mas ela não estava sozinha. Estava acompanhada de um homem sorridente, de cabelos castanhos escuros e com barba, mas Elliot prestou atenção nos braços possessivos que estavam em volta de Melanie e a aliança de ouro no dedo anelar esquerdo do casal. Disposto a parar de ver as fotos, ele fechou a caixa e começou a subir as escadas do porão, mas no terceiro degrau, a curiosidade foi mais forte e ele voltou. Passando as fotos rapidamente ele viu várias de Lisa e Eduard, mas quando encontrou uma de Melanie, ele não estava preparado para o que viu...
Capítulo 33 Ainda não tinha anoitecido e Melanie aproveitou a luz do dia para dar banho em July. Elliot estava demorando com a lâmpada e ela começou a estranhar. Já tinha finalizado o banho da pequena e ele ainda não tinha voltado. Quando as duas desceram, Melanie colocou July na cadeirinha de alimentação e começou a preparar o jantar, mas a demora de Elliot lá embaixo estava preocupando-a. — Elli? Por que está demorando tanto? — Se aproximou da porta do porão e perguntou. A luz fraca do local estava acesa, mas ela não conseguiu vê-lo de onde estava. — Já estou indo. — Ele respondeu, mas Melanie percebeu o tom diferente da voz dele. Elliot ainda encarava a foto com atenção, não sabia se havia passado minutos ou horas ali, mas aquela imagem de Melanie o paralisou. A fotografia era antiga, mas a imagem dela sorridente acariciando a barriga era nítida. Melanie ficou tão linda grávida — pensou enquanto passava o dedo indicador na imagem. Muitas perguntas rodeavam a cabeça dele, mas Elliot resolveu esperar o dia que Melanie estivesse pronta para se abrir. Antes de subir para ajudá-la com o jantar, ele colocou a imagem dela grávida ao lado da que ela está abraçada com o possível marido, ambos pareciam tão felizes e mesmo sendo uma atitude idiota, Elliot sentiu ciúmes daquilo.
O sorriso dela, o anel que brilhava chamando a atenção, tudo o que ela viveu com outro homem e não com ele o incomodava demais. Disposto a não ser egoísta, ele colocou o melhor sorriso forçado no rosto e subiu para a cozinha. Melanie estava no fogão, cantarolando uma música e July batia o copinho de água na cadeira de alimentação, era como se as duas estivessem em sintonia. — Não encontrou a lâmpada? — Ela perguntou confusa. Tão surpreso com as fotos, Elliot acabou esquecendo de procurar. — Não, comprarei novas amanhã. — Ele usou um tom casual, mas percebeu quando Melanie o olhou atentamente. — Aconteceu alguma coisa? — questionou confusa. — Não. Não aconteceu nada. — Ele caminhou até a pia e começou a lavar as verduras. Melanie não insistiu no assunto, conhecia Elliot a pouco tempo, mas mesmo assim foi capaz de perceber que ele estava incomodado com algo. — Vou tomar um banho rápido. — Ela avisou, abaixando o fogo e voltou a olhá-lo. Ele apenas assentiu.
∞∞∞ Quando Mel voltou para a cozinha, Elliot já tinha desligado o jantar e posto a mesa. Ela o olhou agradecida, mas ele ainda fugiu dos seus olhos. — Está tudo bem? — perguntou preocupada.
Ele tirou a atenção dos talheres e passou os olhos por ela toda. — Eu gosto dessa camisola — respondeu com um sorriso. Mel deu uma voltinha. — Sei que gosta, por isso coloquei. — Ela correu até ele e o abraçou apertado. Sabia que algo estava diferente e não queria que isso afetasse o relacionamento dos dois. — Elli, lembra que eu disse que precisava te contar algumas coisas? — Ela perguntou cautelosa e ele a olhou. — Sim. — Quero te contar tudo. — Ela mordeu o lábio nervosa. — Agora? — Ele tentou não demonstrar a curiosidade extrema, mas falhou. — Vamos jantar e assim que July dormir conversamos. Ele assentiu e Melanie começou a tratar de July, que como sempre comia tudo.
∞∞∞ — Ela adormeceu tão rápido. — Ele comentou quando colocava a bebê no berço. Mel fechou o mosqueteiro e sussurrou: — O dia foi longo. — Foi mesmo. — Ele a puxou pela cintura e beijou a nuca exposta dela.
Mel soltou um gemido baixinho e se virou de frente para ele. — Quero conversar com você, quero que saiba tudo. — Ela o puxou pela mão e caminhou até o quarto deles. Melanie o deixou sentado na cama e foi para o closet, pegou o envelope que estava guardado entre os seus livros preferidos e voltou para o quarto. — Assim como você, eu também quero começar certo Elliot, por isso peço que leia a carta que Lisa me deixou. — Ela estendeu o envelope para ele. As mãos estavam trêmulas e frias de nervoso e quando Elliot segurou as pequenas e delicadas palmas, ele estranhou. — Está nervosa? — Sim, bastante. — Não é obrigada a isso Mel, posso esperar. — A questão é que eu não quero mais que você espere, eu não quero mais viver presa ao passado Elliot, quero ser capaz de olhar nos seus olhos e dizer que te amo. — Você já disse, eu ouvi mais cedo. Ela suspirou e se jogou nos braços dele. — É a verdade, mas eu quero falar te olhando, quero que você veja a verdade em meus olhos e acima disso, eu quero ser sincera e para isso, te contar tudo é necessário... Então leia e quando acabar, prometo que responderei todas as suas perguntas. Ele começou a abrir o envelope cauteloso e a cada palavra que lia, mais confuso ficava. Enquanto ele lia, Melanie encarava as mãos, ansiosa, pronta para desabafar.
Quando Elliot fechou a carta e a olhou com o rosto banhado em lágrimas, Melanie não aguentou mais e também chorou. — Ela se chamava Luna? — Ele perguntou num fio de voz. Mel fechou os olhos e assentiu. — Sei que é difícil para você Melanie, não é necessário me contar. — Ele falou um tempo depois, os dois estavam sentados na cama, afastados e pensativos. — É necessário sim, eu preciso disso para ser feliz com você. Ele estendeu a mão e Melanie a pegou, apertando carinhosamente. — Eu fui casada e nos amávamos tanto, o amor quando é grande demais se reproduz em filhos e nós tivemos uma, a Luna... — Ela engoliu em seco e ele apertou a mão dela. Mel respirou fundo e voltou a falar. — Eu não sabia a dimensão infinita que é amar, fui descobrir isso quando soube da gravidez, me apaixonei pela minha filha no primeiro instante, ela se tornou tudo para mim e para ele. Gregory sempre foi dedicado, vivíamos em nossa bolha e então Luna nasceu e trouxe ainda mais alegria para nós. — Ela secou as lágrimas e ele permaneceu em silêncio, apenas digerindo as palavras tristes. — Foi assim por quatro anos, eu me sentia a melhor mãe do mundo a cada abraço, a cada palavra, a cada passinho, tudo era motivo para me emocionar. Quando Luna disse que me amava pela primeira vez, eu chorei de alegria, sempre fui muito próxima a ela. Mas do nada tudo mudou. — Melanie olhou para o chão, perdida em seus pensamentos. — O que ela teve? — Ele perguntou baixinho. — Foi de repente, ela começou sentindo falta de ar, Gregory se desesperou e eu tentei manter a calma, mas por dentro estava tão assustada, Luna tinha asma, mas nunca teve uma crise daquela. A levamos para a emergência na hora e o médico de plantão a diagnosticou com gripe, eu
estranhei, afinal Luna já tinha ficado gripada várias vezes e nunca foi daquela forma, mas fomos para casa e confiamos no médico, e esse foi o nosso erro. — Melanie falou com amargura. Elliot a puxou para perto, segurando-a em um abraço acolhedor. — Nós não dormimos a noite toda, ficamos velando o sono dela, estava tudo bem, mas quando o dia amanheceu ela acordou pior. — Levaram ela ao médico novamente? — Sim, ao pediatra dela e foi quando ele diagnosticou a pneumonia, é uma doença que tem cura, mas quando se descobre no início. No caso da Luna, já tinha se agravado demais e não percebemos porque foi sem febre, ela sempre foi de comer pouco e não notei... Eu não notei nada diferente Elliot. — Ela finalizou a frase em um tom culposo. — Você não teve culpa Mel. — Eu tive sim, eu falhei como mãe, eu não a protegi. — Ela se levantou e começou a caminhar pelo quarto, as lágrimas cada vez mais intensas. — Anjo... — Ele a pegou novamente nos braços e Melanie não se afastou. — O Gregory me culpou, ele se culpou também e não aguentamos a perda e nos afastamos, nós lutamos por ela até o fim, mas não foi o suficiente... — Vocês não tiveram culpa Melanie, ele não deveria ter te culpado. Mel suspirou exausta. — O pediatra disse que se tivéssemos descoberto antes, ela teria sobrevivido, eu a teria em meus braços ainda. Elliot não disse nada, apenas ficou abraçado com ela, os dois chorando, faz parte da vida chorar e isso nunca será uma fraqueza.
Quando os pais morrem, os filhos se tornam órfãos, quando alguém perde o cônjuge, se torna viúvo, mas a dor de se perder um filho é tão intensa que se torna impossível nomear, pois não tem como colocar em palavras, o que se sente no coração, é como se alguém tivesse o arrancado de você e o levado para longe, num lugar onde você nunca mais poderá recuperá-lo...
Capítulo 34 Melanie estava tão abalada por reviver todo o triste passado, que Elliot apenas cuidou dela. A morena deixou que ele a ajudasse com o banho, enquanto também tomava e quando ambos deitaram na cama para dormir, ele perguntou: — Está melhor? Ela inalou profundamente e sentiu o cheiro gostoso que ele exalava e assentiu. — Você não precisava ter me contado, anjo. Melanie levantou a cabeça do peito dele e o encarou. — Te contar me fez reviver coisas que lutei por anos para superar, eu queria que você soubesse por mim, eu não quero nada entre nós, nada mesmo. — Eu já sabia. — Elliot confessou e Mel se sentou na cama em um salto. — Como assim? — Soube agora pouco, encontrei uma caixa com fotos no porão. — Caixa? Qual? — Ela já estava de pé e calçava as pantufas. Elliot também se levantou e seguiu Melanie, que praticamente correu até o porão. — Essa. — Ele pegou a caixa e entregou para ela. Melanie encarou o delicado objeto e começou a abrir lentamente, como se o conteúdo de dentro fosse o mais valioso dos tesouros, e era realmente isso para ela.
Cada fotografia a deixava sem ar, tinham muitas de Lisa e Eduard, mas também tinha de Melanie e Lisa quando crianças, abraçadas e sorrindo. — Esse é o Gregory? — Elliot perguntou e ela assentiu. Ver o ex marido depois de tanto tempo foi estranho, muitos anos da sua vida foi dedicado a esse homem e agora tudo tinha mudado, Elliot estava mudando tudo para melhor. — Sim, quando Elisabeth tirou essa foto, tínhamos acabado de voltar da lua de mel. — Ela respondeu encarando o sorriso que ostentava. Elliot desviou o olhar desconfortável. Gregory é o passado de Melanie, mas nem isso fazia ele se sentir melhor, estava com ciúmes e detestava isso. — Lisa sempre teve talento para fotografar. — Mel comentou olhando a maioria de fotos que nem percebeu quando a amiga tirou. — Sim, vocês eram lindas. — Ele comentou quando Mel parou em uma das fotos, com as duas na escola. — Obrigada. — Ela desviou o olhar para ele e Elliot capturou seus lábios em um beijo terno. Quando o beijo finalizou, ele suspirou. Tinha que ser sincero com ela também, mas decidiu esperar, aquele domingo já tinha sido de muitas emoções. — Foi você quem trouxe essa caixa na mudança? — perguntou para Elli, que estava atrás dela, segurando-lhe a cintura. — Acho que não, eu peguei apenas as que você já tinha embalado. Mel olhou mais atenta para a grande caixa de papelão. — Deve ter sido eu, quero que July tenha acesso as fotos dos pais, quero que ela saiba o quão maravilhosos os dois foram.
— Faremos isso, contaremos os melhores momentos que passamos com eles, vamos nos esforçar para que ela se lembre deles de alguma forma. Mel inspirou fundo e fechou a caixa de lembranças. — Não vai levar lá para cima? — Ele perguntou confuso. — Não todas, as que estou com Gregory pretendo destruir, mas as de Luna, irei guardar. Elliot assentiu e disse: — Mas eu quero essa para mim. — Quando ele abriu a caixinha novamente e pegou a que Melanie estava grávida de Luna, ela sentiu seus olhos marejarem. — Quer? — Sim, você está tão linda e é algo que quero ter para sempre. Ela o abraçou apertado e disse, olhando nos olhos dele. — Eu amo você. Ele sorriu de uma forma linda. — Eu amo você também. Quando os dois voltaram para o quarto, Elliot apenas abraçou Melanie e acariciou os cabelos dela até ela adormecer. Às vezes apenas um simples carinho é o que mais precisamos.
∞∞∞ Quando Mel despertou, Elliot já havia levantado. Ela olhou o relógio e viu que já se passavam das nove, levantou rapidamente e olhou a tela da babá eletrônica, July não estava no bercinho.
Como ela sabia que a bebê estava em boas mãos, se deu ao luxo de tomar banho e se arrumar antes de descer, mas quando pisou no último degrau da escada, ela se surpreendeu. — O que é tudo isso? — Ela perguntou para Elliot, que a olhava em expectativa. — Um café da manhã apenas nosso. — E July? — Mel perguntou olhando ao redor. — Está com a minha mãe, essa manhã será apenas nossa. Ela o olhou surpresa e admirada. — Planejou tudo isso? — Na verdade tive a ideia hoje de manhã. — Ele sorriu sem graça. — Ainda são nove e meia Elliot. — Eu sei, mas consegui fazer tudo a tempo. Mel inspecionou a mesa posta para dois e sentiu seu estômago roncar. — Pelo visto está com fome. — Ele comentou rindo. — Deu para ouvir? — perguntou colocando a mão na barriga, assustada. — Com certeza. — Ele puxou uma cadeira para ela e Mel se sentou. Elliot tinha preparado uma variedade de coisas. — Sabe fazer croissant? — Ela perguntou enquanto pegava um e mordia, o recheio de chocolate fez Melanie gemer satisfeita. — Na verdade não, mas a padaria aqui perto entregou a tempo, a maioria das coisas. — Ele apontou para a mesa e Melanie gargalhou. — O que foi você quem fez? — Ela perguntou olhando para as
diferentes opções. — Espremi as laranjas para o suco. — Ele levantou um dedo enumerando e deu um sorriso convencido. Melanie assentiu, amando tudo isso. — E o que mais? Elliot levantou um segundo dedo e disse: — Fiz o café. — Mel olhou ansiosa para a garrafa e se serviu. Elliot permaneceu com os dois dedos erguidos, olhando para ela em expectativa. — Está muito bom — elogiou. Ele levantou o terceiro dedo e falou: — Também retirei os frios da geladeira, coloquei a mesa e liguei para a padaria. Melanie não aguentou e gargalhou. Ele olhava a cena maravilhado. — Sabe? Eu amei. — Ela se levantou e sentou-se no colo dele. Elli a segurou firme pela cintura e os dois se beijaram. — Vamos comer antes que eu perca o controle. — Ele avisou e ela fez um biquinho engraçado. — Certeza? — perguntou manhosa. Elliot pegou uma uva e colocou nos lábios carnudos dela, Melanie a saboreou sem desviar o olhar dele. — Anjo, pare de me olhar assim, preciso te levar em um lugar ainda e desse jeito você não está ajudando. Ela o olhou mais animada ainda.
— Que lugar? — É uma surpresa. Melanie terminou de saborear o delicioso café da manhã com ele, mesmo Elliot não querendo se distrair, os dois demoraram no desjejum, ela ainda em seus braços e os dois se alimentando.
∞∞∞ — Não vai me contar mesmo? — Ela perguntou novamente. — Não, logo saberá. — Ele desviou o olhar do trânsito e a olhou rapidamente. Melanie ligou o aparelho de som do carro e deixou que a canção suave os guiasse. Estava sorrindo de uma forma que a muito não fazia, mas quando Elliot parou o carro e pediu para ela vendar os olhos, ela estranhou. — É mesmo necessário? — É sim, só confie em mim. — Eu confio. Ele arrumou o lenço nos olhos dela e Melanie apertou o puxador da porta com mais força, percebendo que estava com a mistura de ansiedade e expectativa, mas não medo. Elliot parou o carro e desceu, pegando-a pela mão. — Vem amor. — Ele a conduziu pelo lugar desconhecido para Melanie e parou de repente. — Posso tirar? — Ela perguntou relando no lenço. — Sim. — Quando Melanie retirou a venda, seus olhos se
arregalaram de surpresa. — Não, você não fez isso...
Capítulo 35 Melanie sentiu quando as lágrimas brotaram nos seus olhos. De todos os atos de Elliot, esse com certeza foi o mais lindo. — Como conseguiu organizar tudo isso em tão pouco tempo? — Ela perguntou encarando a locomotiva que estava decorada com algumas flores. — Eu tenho um amigo que conhece o dono desse local. Melanie assentiu nostálgica. E olhou para o lugar. Parece uma pequena estação, onde várias locomotivas estão paradas próximas. — Não é tão grande quanto a que você disse, mas dá para conduzir. — Ele enfiou a mão no bolso da frente sorrindo e Melanie jogou os braços no pescoço dele e o beijou. — Não acredito que se lembra. — Eu farei tudo o que estiver ao meu alcance para te fazer sorrir assim sempre. — Ele foi sincero e Melanie quis chorar. Antes suas lágrimas eram todas de tristeza, mas agora ela queria chorar de pura felicidade, encontrou em Elliot e em July a segunda chance que acreditou não merecer. — É um sonho de criança Elli. — Ela caminhou para mais perto da locomotiva preta com detalhes vermelhos. — Que você realizará hoje. — Ele pegou uma rosa que enfeitava o veículo automotor e estendeu para ela. Melanie aceitou e inalou o delicioso cheiro. — Obrigada. Ele assentiu e perguntou:
— Está preparada? Ela quis pular de alegria, mas se conteve e concordou. Quando adentraram a máquina, Melanie prestou atenção em cada detalhe enquanto o maquinista explicava o que ela precisava fazer. — Estou tão empolgada. — Ela sussurrou para ele. Elliot assentiu enquanto assistia a cena completamente maravilhado, nunca a viu sorrir assim. Mas foi quando Melanie conseguiu conduzir a locomotiva que ele a viu empolgada demais. — Foram os melhores vinte minutos da minha vida. — Mel entrelaçou as mãos dos dois enquanto caminhavam para o carro. — Mesmo o maquinista ficando por perto o tempo todo? — Ele perguntou, afinal percebeu o quanto ela queria se livrar do homem às vezes. — Mesmo com isso, sei que ele só estava trabalhando. Eu amei cada segundo, você é demais. — Ele parou e a pegou nos braços. — Eu amo quando você fica feliz assim, acho que nunca te vi sorrir tanto. Ela o beijou, rapidamente, mas com muito afeto. — Acho que nunca sorri tanto assim, obrigada por despertar o melhor que existe em mim. Ele assentiu fazendo charme e abriu a porta do carro para ela dizendo: — Sempre às ordens senhorita. Ela gargalhou e entrou no veículo.
∞∞∞
Quando Melanie entrou na praça de alimentação do shopping foi fácil encontrar Karina. O tom ruivo natural da amiga é algo lindo e que chama a atenção. — Oi, me atrasei porque tive que buscar July na casa da mãe do Elliot. Mel se sentou ao lado da ruiva que brincava com os pezinhos de July. — Sua sogra. — Karina a corrigiu e Melanie sentiu seu rosto corar. — Sim, minha sogra. — Então decidiu dar o braço a torcer e aceitar o bonitão? — A ruiva mexeu as sobrancelhas delicadamente encarando-a. — Eu contei todo o meu passado para ele, Elliot me ouviu, me mimou e me apoiou. — Eu sempre soube que ele é o homem para você. — Ele não me culpou Ka, e isso é tudo o que importa para mim. — Você não teve culpa de nada, assim como acidentes acontecem, doenças existem. Melanie abaixou o olhar, mas não teve tempo de se entristecer, já que July a olhava e quando as duas conectaram o olhar, a bebê sorriu. — Sei que a dor nunca vai passar Mel, mas você merece ser feliz novamente. — A ruiva segurou a mão de Melanie. — Eu sei, mas agora estou curiosa, me conta como foi o jantar com o Willian. Karina revirou os olhos e encarou July, com uma cara engraçada. — Está vendo mocinha? Sua mãe tem a mania de mudar de assunto. July sorriu ainda mais e levou o mordedor até a boca. A pequena
estava deitada no carrinho de passeio, alheia a conversa das duas. — July não liga para você, não é mesmo amor? Ela também quer saber das novas. — Melanie perguntou olhando para os olhinhos brilhantes da garotinha. — Ele me beijou. Os olhos que antes estavam na bebê, foram direcionados para Karina, arregalados de surpresa. — O quê? — perguntou. — Sim, me beijou. E que beijo. — A ruiva ousou se abanar. — No dia do jantar? Por que não me ligou e contou? — Porque não quis atrapalhar e confesso que fiquei receosa de Elliot atender de novo. Melanie gargalhou e isso chamou a atenção de algumas pessoas próximas. — É só perguntar quem é antes de sair falando o que aconteceu. — Ela sugeriu e Karina jogou uma batata nela. — Foi um erro, que não cometerei mais. — Agora me diz, o que achou do beijo? — Mel se aproximou mais da amiga, olhando-a com atenção. — Se eu soubesse que aquele homem me queria, eu teria me mudado antes. — Você é uma safada, pelo visto amou. — Eu... Eu fiquei muito mexida com o beijo, Will se preocupa comigo, consigo notar isso nele e me deu flores, Caio nunca me deu flores. — Não acredito, no primeiro encontro flores e beijo? Isso é muito bom.
— Eu sei, marcamos de nos ver essa semana. Melanie segurou a mão da ruiva e aconselhou: — Você só tem que parar de comparar os dois, Willian é muito mais homem que o Caio, siga o seu próprio conselho e tente ser feliz. Karina assentiu pensativa e Melanie resolveu mudar de assunto. — Eu disse que o amo. — A ruiva a olhou espantada. — Para o Elliot? — Claro. — Melanie respondeu o óbvio. — Qual foi a reação dele? — Ele amou pelo visto e hoje de manhã planejou um café da manhã para nós dois e deixou a July com a Angélica. — Ah que lindo, e você aproveitou, não é? — A ruiva sorriu safada e Melanie entendeu a pergunta. — Sim, mas o mais especial de tudo é que ele me levou para realizar um sonho de criança. Eu acabei contando para ele que queria ser maquinista quando era menina e ele me levou para conduzir uma locomotiva hoje. Melanie mordeu o lábio feliz e Karina a olhou emocionada. — Oh Mel! Você mais do que ninguém merece uma pessoa assim ao seu lado. — Eu realmente o amo Karina, não tenho dúvidas di... — Mel não completou a fala e paralisou. Não pode ser... — Pensou ela. Mas quando os olhares se encontraram, Melanie sentiu seu coração se acelerar. Ela quis correr, quis sumir, mas não fez nada, permaneceu ali sentada
enquanto ele caminhava para mais perto...
Capítulo 36 — Mel está tudo bem? Parece que viu um fantasma. — Karina comentou quando Melanie empalideceu. — É quase isso. — Mel respondeu com um sussurro. Depois de anos Gregory estava na sua frente, os olhos ainda estavam fixos com os dele, que se aproximava lentamente, mas ele não era mais o mesmo. O brilho intenso do olhar bonito não existe mais, a barba estava bem maior e os cabelos também. Ele está bem diferente da última vez que Melanie o viu, no dia que assinaram o divórcio. Quando Karina seguiu o olhar da amiga, e viu Gregory parar ao lado delas, a ruiva arregalou os olhos surpresa. — É ele? — perguntou baixinho e Mel não a respondeu. — Melanie? — Ele perguntou surpreso, a voz rouca de sempre fez Mel estremecer. Gregory sempre foi muito bonito, até mesmo agora, com os cabelos mais longos e a barba evidente, ele ainda continuava belo. — Gregory. Ele a olhou dos pés à cabeça, e Mel agradeceu por estar sentada, não confiava em suas próprias pernas no momento. — Sinto muito por Lisa e Eduard, soube o que aconteceu com eles. — Ele comentou sincero. — Obrigada. — Mel agradeceu, sem saber o que mais dizer. — Não sabia que ficaria em Nova Iorque por mais tempo. — Ficarei. — Ela respondeu e apertou os dedos nervosa.
— Tem coisas que nunca mudam. — Ele sorriu, estava se referindo ao nervosismo dela. Mel parou de apertar os dedos e o encarou. — É aí que você se engana, as pessoas mudam. — Ela respondeu firme, os dois se encarando. Karina olhava atenta para cada um, pensando se deveria se retirar dali, ou se ficava e salvava a amiga daquela conversa desagradável. Gregory sentia vontade de se aproximar, abraçá-la e nunca mais deixar Melanie sair da sua vida. — Já deu a nossa hora Melanie. — Karina decidiu ajudar a amiga e fingiu olhar o relógio. Ele desviou o olhar e encarou a ruiva, parecendo notar só agora a presença dela e da bebê. — É sua? — perguntou para Karina e apontou para July. Antes que a amiga pudesse responder algo, Melanie se levantou e disse: — É minha. Mesmo confusa Mel conseguiu responder firme. Como ele sabe de Lisa e Eduard e não sabe de July? — Melanie pensou, estranhando. Com a resposta de Mel, Gregory se virou para ela e intercalou o olhar dela para July, um par de vezes. — Sua? — A pergunta foi feita com um leve franzir de sobrancelha. Mel sabe que ele tem essa reação quando está completamente surpreso. — Sim, é minha filha. Agora devemos ir. — Ela falou a última frase
olhando para Karina, que se levantou também e agarrou o carrinho de July, pronta para correr dali se necessário. As três já estavam de costas para ele, quando Melanie sentiu o toque em seu braço. — Eu gostaria de falar com você. — Ele pediu, engolindo em seco, nervoso. Melanie olhou para Karina e sussurrou para as duas esperarem por ela no estacionamento do shopping. — O que você quer? — perguntou cruzando os braços na defensiva. — Você se casou novamente? Melanie o olhou cética. — É isso o que quer saber? Se eu consegui seguir a minha vida sem você? — Sim. — Ele respondeu assentindo. Melanie quis socar a cara dele, mas se segurou. — Não te importa Gregory, você não faz mais parte da minha vida. — Eu não esperava por uma resposta assim. — É como eu disse antes, as pessoas mudam. Ela se virou para sair, mas ele voltou a tocá-la. — Nós éramos tão amigos. — Ele comentou com pesar. — Não existe mais “nós”, e foi você quem fez questão disso. — Ela o encarou. — Eu me arrependo todos os dias Mel, eu não deveria ter desistido de você, eu deveria ter lutado e segurado a barra por nós dois e hoje essa menininha poderia ser nossa. — As lágrimas estavam visíveis nos olhos
escuros dele. Melanie o encarou por um tempo sem reação. Se ela e Gregory não tivessem terminado, ela nunca teria conhecido Elliot, o homem que hoje é o dono do seu coração. — July é filha da Lisa e do Eduard, achei que soubesse que os dois à tiveram. — Melanie esclareceu. Gregory balançou a cabeça um pouco, tentando se recordar. — Eu não sabia, vi no noticiário o acidente, mas não citaram a criança. — É filha deles. Gregory assentiu e Melanie resolveu partir. — Preciso ir agora. — Ela o olhou mais uma vez e se virou para ir embora. Mas Gregory não se importou com a praça de alimentação lotada de pessoas, ele apenas queria sentir o gosto dela mais uma vez e assim ele fez, puxou-a para os seus braços e selou os lábios dos dois em um beijo calmo e carregado de saudades. Melanie foi pega totalmente de surpresa, foi um beijo roubado, mas para os que estavam ali perto, parecia um beijo apaixonado. E Elliot que foi atrás de Melanie para devolver o seu celular que ficara no carro, viu tudo e não gostou nada disso...
Capítulo 37 Antes que Elliot se aproximasse dos dois, Melanie se afastou bruscamente de Gregory e desferiu um tapa em seu rosto, o estalo chamou a atenção das pessoas próximas e Melanie não se importou com isso, ela só queria deixar as coisas claras. — Como você tem a coragem de me tocar depois de tudo? — perguntou irritada. No passado ela o amou com todas as suas forças, de uma forma inimaginável, mas ele não se importou com isso quando pediu o divórcio. Gregory colocou a mão no rosto ardente e olhou confuso para Melanie. — O que deu em você? — Eu quem tenho que te perguntar isso, você não tem mais o direito de me tocar. — Mel... Nós nos amávamos, você e Luna eram tudo para mim, eu fui um idiota em te perder também e me arrependo todos os dias. Quero tentar consertar, preciso tentar. — O tom dele foi suplicante. Elliot prestava atenção em cada palavra dita, mas o que o preocupava mesmo era o olhar de Melanie, ela olha para Gregory com um brilho intenso, um afeto que causou ciúmes no Bittencourt. Quando Elli já estava pronto para sair dali sem ser visto, as palavras de Melanie acabaram o surpreendendo. — Não tem como você consertar Gregory, eu amo outro homem. — Você superou tudo tão rápido. — O tom do ex foi acusatório. Melanie sentiu o peso das palavras dele e se aproximou novamente. — Nunca mais diga isso, eu sofri assim como você. Eu odiei essa
cidade com todas as minhas forças, odiei a mim mesma e você não tem o direito de aparecer agora e dizer isso. — Ela respondeu raivosa, com o dedo na cara dele. Gregory a encarou, ela estava tão próxima e tão distante. Isso o sufocava. Perder Luna acabou com ele, mas ver o desprezo no olhar de Melanie estava o enfurecendo. — Eu amo o pai da minha filha e é com ele que eu pretendo viver, você não vai simplesmente aparecer e estragar tudo. Encontrei novamente a felicidade Gregory e você deveria fazer o mesmo. — Pelo visto a perda de Luna não significou nada para você. — Ele soltou as palavras furioso. Para Melanie, ouvir aquilo foi como levar um soco no estômago. Ela sentiu quando as lágrimas surgiram em seus olhos e com a vista embaçada percebeu a presença de Elliot que desferiu um soco em Gregory. — Meu Deus. — Ela arfou assustada, mas os dois não ouviram. Elliot odiou o que as palavras de Gregory causaram em Melanie, vêla desabar ali por culpa do ex foi o impulso que ele precisava para partir para cima do infeliz. Os dois homens estavam se atracando no meio da praça de alimentação, todos olhavam sem separar a briga. — Isso é por você fazê-la sofrer. — Elliot o socou novamente. Quando Melanie se colocou no meio da briga, tomando cuidado para não ser golpeada, Elliot a olhou e percebeu o quão assustada ela estava. Ele se afastou de Gregory, que limpava o canto da boca. — Elli, por favor. — Ela segurou o braço dele. — Nunca mais toque na minha mulher. — Ele deu o aviso. Gregory se levantou e olhou novamente para Melanie.
— Podemos sair daqui? — Ela perguntou para Elliot, que segurou a mão dela e começou a caminhar para a saída do shopping. — O que veio fazer aqui? — Mel perguntou analisando o corte que ele tinha na mão. — Vim devolver seu celular. — Elli enfiou a mão no bolso e quando o corte relou no tecido da calça, ele fez uma careta de dor. — Não pegue, vamos cuidar desse machucado. Ambos voltaram a caminhar lado a lado, mas Elliot parou de repente e Melanie fez o mesmo, o olhando confusa. — O que foi? — Preciso te perguntar uma coisa. — O tom cauteloso fez Mel se preocupar. — Pode perguntar. — Você ainda o ama? Eu vi como você olhava para ele. Melanie o olhou surpresa e confusa, mas teve certeza quando respondeu: — No passado senti algo muito forte por ele, mas agora é você quem eu amo, é com você que eu quero viver o presente e se você quiser o futuro também, July e você são a família que eu desejo, que eu amo. Elliot a olhou emocionado e sorriu. — É tudo o que eu mais quero. — Ele sussurrou, mas Melanie o beijou de uma forma doce e intensa. Quando os dois voltaram a andar até o carro, ela disse: — Precisamos fazer um curativo nesse corte. — Não precisa, eu queria sair com você agora, te levar para um lugar especial e aproveitar cada segundo ao seu lado. — Ele falou e antes que
Melanie o respondesse, a voz de Karina foi ouvida. — Eu posso cuidar da July, aproveitem. — A ruiva piscou safada para Melanie e só nesse momento os dois perceberam que tinham chegado ao carro. — Mas não vamos ver o local para o restaurante? — Melanie perguntou, afinal essa era a razão delas estarem no shopping. — Eu posso procurar sozinha hoje e depois te mostro. Mel olhou receosa para ela. — Tem certeza que dará conta? July pode dar trabalho às vezes. Karina sorriu olhando para a bebê que dormia no carrinho. — Confie em mim, sou uma boa babá. Elliot decidiu se intrometer. — Willian me trouxe, ele pode ajudar a Karina enquanto nós dois vamos no seu carro — propôs. Karina mordeu o lábio inferior, para evitar sorrir. — Acho perfeito amor. — Melanie deu um sorriso safado para Karina, que ruborizou. — Vou chamá-lo. — Elliot se afastou para ligar para o motorista. — Pensa que me engana? Você amou isso. — Mel a cutucou. — Não nego. — Cuida bem da minha filhota. — Ela pediu e deu um beijinho nos cabelinhos de July. — Pode deixar, cuidarei com a minha vida. — Não tenho dúvidas disso.
— Mandarei fotos do local que eu escolher hoje, pode ser? — Karina perguntou. — Sim, e quando for escolher a decoração irei com você. — Ótimo, assim você poderá me contar como Elliot fez aquele corte na mão. — Prometo te contar tudo. Quando Elliot se aproximou, as duas mudaram de assunto e começaram a falar do que esperavam do local que será o restaurante. Logo Will chegou e ele e Karina partiram, com July ainda dormindo. — Em que lugar vai me levar? — Ela perguntou curiosa para o Bittencourt. — É surpresa anjo...
Capítulo 38 Elliot se sentou no banco do motorista e começou a mandar mensagens, Melanie o olhava confusa. — Estou organizando a surpresa. Ela deu um sorrisinho. — Então não era algo já planejado? — Definitivamente não, minha intenção era apenas entregar o seu celular e voltar para a empresa, mas depois de tudo, merecemos um tempo sozinhos. Ela assentiu e tentou bisbilhotar, mas não obteve sucesso, já que ele tapou o celular. — Você é um chato. — Ela deu uma tapinha no braço dele. — E você é curiosa demais. — Me conta. — Ela pediu fazendo uma carinha suplicante. — Apenas espere, se eu contar deixa de ser surpresa. Quando Elliot ligou o carro e começou a percorrer as ruas de Nova Iorque, Melanie ficou em silêncio apenas apreciando a vista das vitrines das lojas e adorando a sensação de expectativa que crescia em seu interior. Detestava surpresas antes, mas até isso Elliot mudou nela. Quando ele estacionou em frente ao hotel, Melanie ficou completamente surpresa. — Elli, esse é o hotel mais caro da cidade. — Ela não conseguiu segurar as suas palavras. Ele apenas sorriu com o espanto dela e desceu do carro.
A intenção dele era abrir a porta para ela, mas Melanie já tinha descido sozinha e caminhava até ele. — Como você conseguiu uma reserva? Precisa ser feita com semanas de antecedência. Ele enlaçou os dedos dos dois e adentraram o hotel. — Essa é a vantagem de carregar o sobrenome do meu pai. Acabamos sempre conseguindo o que queremos. — Ele se referiu aos irmãos também. — E o que você quer agora senhor Bittencourt? — Melanie perguntou quando estavam a poucos passos da recepção. — Quero você. — Você já me tem desde a primeira troca de olhares. — Ela foi sincera nas palavras e ele passou os braços pelos ombros dela e beijou-lhe os cabelos. — Eu amo você anjo. — Também amo você. Melanie apreciou cada detalhe do hotel enquanto Elliot falava com a recepcionista. Simplesmente maravilhoso — pensou ela admirando o luxo do lugar. — Melanie, você aqui? — Ela se virou quando ouviu seu nome e deu de frente com Justin. Fazia tempo que não se viam, desde quando ela e Elliot começaram a se relacionar. — Justin, que bom te ver. Vim com o Elliot. — Ela se aproximou dele e Jus a abraçou. Mesmo vendo a carranca de Elliot, que observava os dois, Melanie
retribuiu o abraço. — Vocês estão juntos ainda? — Ele perguntou curioso, notando a reação de Elliot. — Sim, estamos em um relacionamento, e você o que faz aqui? Justin sorriu e olhou em volta do grande hotel. — Tive um pequeno contratempo com o meu apartamento, estou hospedado aqui até que consertem o encanamento. — Te desejo sorte com isso. — Mel sorriu e colocou os fios de cabelos atrás da orelha. Justin olhou o relógio de pulso e disse: — Obrigada, tenho que ir para o aeroporto agora, minha amiga de infância está vindo morar em Nova Iorque. Melanie assentiu sorrindo e se despediu. Quando Elliot terminou o check-in, ele se aproximou de Melanie a passos rápidos e perguntou: — O que ele queria com você? — Apenas me cumprimentou. — Ela respondeu sem dar importância. — Ele não precisava te abraçar para isso — reclamou. — Ah amor! Ele é passado, seu ciumento. — Ela o enlaçou pelo pescoço e roubou-lhe um beijo. Melanie também ficaria assim se fosse ele e Sabrina, mas os dois não queriam brigar então resolveram ignorar esse ocorrido. Caminharam para o elevador e quando Elliot apertou o botão da cobertura, Melanie o encarou perplexa. — Cobertura?
— Sim, nossa por uma noite. Ela ficou ainda mais surpresa e preocupada. — A noite toda? Mas e a July? — Relaxa anjo, ela estará segura com a minha mãe, avisei o Willian e a Karina, eles deixarão July na mansão mais tarde. Mel sorriu aliviada, Angélica é apaixonada pelos netos e July será bem cuidada. Quando ele abriu a porta da grande cobertura, Melanie ficou ainda mais maravilhada. O local é todo decorado em branco e dourado, mas o que mais chamou a atenção da moça foram as rosas espalhadas por todos os lados de uma forma linda e o cheiro aromatizado da suíte. Ela olhou para ele com a pergunta explícita no rosto. — O gerente foi muito atencioso. — Ele respondeu e também prestou atenção em cada detalhe decorativo. — Está tão perfeito. — Ela suspirou. Não importa que fizeram a mando dele, o importante é ele querer estar ali com ela. Quando Elliot se aproximou do espumante e começou a abri-lo, Melanie perguntou: — Não está muito cedo para beber? — Não sairemos daqui tão cedo, July está segura e não faremos isso muitas vezes, então é bom aproveitarmos. Ela optou por aceitar a taça, ele tem toda a razão, ambos amam July com todo o coração, mas passar um tempo sozinhos, se conhecendo ainda mais e se amando é essencial.
— Então aproveitaremos. — Ela o olhou provocativa e o puxou pela gravata. — Sabe que eu amo esse seu olhar safado. — Elliot a capturou nos braços e os dois se perderam na sensação maravilhosa que é beijar. Ele pegou as duas taças e descartou-as em um criado mudo, deixando as mãos livres para ambos se explorarem. Quando Elliot segurou-a firme com as duas mãos em sua bunda, Melanie suspirou desejosa. Ele causa isso nela, as mãos trêmulas, o coração acelerado, a sensação deliciosa no estômago, tudo isso acontece apenas com ele. Quando ele começou uma leve massagem, Mel não se segurou mais e colou o corpo ainda mais no dele, sentindo o quão desejoso ele também está. — Hum... — O gemido veio de ambos, em sintonia. A cada beijo lento no pescoço, Melanie sentia seu vestido se deslizar mais e mais. Ele está demonstrando nos gestos o quão preciosa Melanie é. — Você é tão linda. — Ele sussurrou rouco quando o vestido dela caiu no chão. A visão o deixou sem fôlego. Ainda de lingerie e desejando tanto ou mais que ele, Melanie começou a se desfazer das roupas de Elliot, primeiro foi a gravata que já estava praticamente arrancada de tanto que ela o puxou para si, depois foi o terno, seguido da camisa, botão por botão, os olhos conectados prometendo coisas que as bocas eram incapazes de dizer. Quando enfim o despiu, sem pensar duas vezes Melanie o empurrou para a cama. — Mel... — Foi um gemido em forma de aviso.
— Só aproveita amor. — Ela avisou e o provou com os lábios, fazendo Elliot fechar os olhos e gemer seu nome. Já a amava, mas depois disso passou a se viciar nos lábios dela de todas as formas possíveis, porém antes que chegasse ao prazer maior, ele se afastou, não queria simplesmente que terminasse assim, queria se liberar dentro dela. Delicadamente ele a colocou deitada e foi a vez de Melanie receber as carícias. Ela se contorcia delirante, afinal ele sabe usar os dentes e a língua da melhor forma possível. — Oh Elliot... Quando Melanie atingiu o ápice, ele se deliciou com o sabor único dela. Seu Mel. — Eu te amo. — Ele sussurrou enquanto se afundava nela. — Eu amo mais, com toda a certeza. — Ela conseguiu dizer, ainda trêmula do intenso orgasmo. — Isso é um desafio? — Os olhares se conectaram. Mel não precisou responder, pois ambos estavam dispostos a provar quem ama mais, mesmo sabendo que ali, os dois eram capazes de amar infinitamente, não teria como competir...
Capítulo 39
Bônus Justin No aeroporto, Justin esperava a adolescente chata que ele tanto ama. Fazia nove anos que não se viam, mas quando seus olhos pararam na mulher que ela se transformou, ele ficou surpreso. Será que é ela? — Se perguntou confuso. O brilho intenso no olhar e a forma delicada de andar ainda eram os mesmos, com certeza é ela. Mas o corpo que antes era magro, agora está com muitas curvas e os cabelos que antes batiam nos ombros, estão beirando a cintura, lisos e bem negros. Quando Adriana o encontrou no meio da multidão, ela sentiu seu coração se acelerar no peito. — Justin?! — Ela o chamou caminhando o mais rápido que o seu salto permitiu. Quando se aproximaram o bastante, ela pulou nos braços dele, o apertando. Cresceram juntos, vizinhos e melhores amigos de infância, mas a jovem sempre nutriu um amor secreto por ele. — Drica. — Ele enlaçou os braços na cintura dela e inalou o cheiro adocicado delicioso das madeixas compridas. Quando ele se mudou da Flórida para Nova Iorque, a jovem sofreu como nunca antes e chorou por horas seguidas, mas nunca deixaram de se falar. — Que saudade Jus. — Ela se afastou e encarou os olhos escuros intensos. — Você está tão diferente. — Ele a percorreu com o olhar novamente
e mesmo ela não querendo se afetar, foi impossível. — O tempo fez bem a nós dois. — Ela o olhou mais atenta também e quando chegou no rosto bonito, ela desviou o olhar. — Foi muito tempo. — Pois é, mas vamos, você tem que me contar todas as novidades. — Ela falou empolgada e ele sorriu com isso. Mesmo tendo mais de vinte anos, Drica ainda tem o mesmo jeito encantador de quando criança, a empolgação, o modo de falar fazendo gestos com a mão e o sorriso, sempre foram as qualidades que mais chamaram a atenção do moreno que carrega as suas malas.
∞∞∞ — Em que lugar ficará? — perguntou quando já estavam no carro. — Aí meu Deus Jus, esqueci de fazer a reserva. — Ela deu um tapinha na testa e pegou o celular, a procura de hotéis disponíveis. — Você não mudou nada. — Ele se referiu ao modo dela de ser avoada com tudo. Ela continuava a mesma menina pela qual ele sentia o coração se encher de alegria, a garota que um dia ele foi o primeiro a beijar, a mesma que ele fugiu apenas por nutrir um sentimento não correspondido. Era isso o que ele pensava, mas estava tão perto de descobrir a verdade. — Eu não planejei a viagem, minha avó praticamente me despachou para cá. — Ela sorriu, mas estava preocupada. — Não se preocupe, você pode ficar comigo no hotel. — E o seu apartamento? — Ela perguntou confusa, sabia que ele morava em um apartamento de solteiro. — Aconteceu um contratempo com o encanamento, mas pode ficar
comigo no hotel. — Ele piscou para ela, galanteador. Sozinha com ele em um quarto de hotel. — Ela pensou corando. — Tudo bem — respondeu apenas isso e ficou perdida em pensamentos. Talvez não fosse boa o suficiente para esconder os seus sentimentos. Sentimentos do qual ela achou ter superado, mas foi só olhar para ele novamente, tão lindo e mudado, que tudo voltou como uma avalanche. Seria esse o melhor momento para se abrir? Contar que no passado o primeiro beijo não foi horrível e sim o melhor que já tivera? — Drica se perguntava mentalmente. Aquela história de que o homem deve tomar a atitude é velha, muitas mulheres lutam pelo seu amor e essa é uma das razões de ela estar ali, segundo a avó, se for para ser será, mas se não for é bom descobrir logo. Então a garota decidiu ser sincera. — Acho melhor eu não ficar com você no hotel. — Ela comentou quando ele parou em um sinal vermelho. — Por que não? — Ele franziu o cenho confuso. Ela respirou fundo e falou a verdade que por anos manteve apenas para si. — Porque talvez eu não seja boa o suficiente para fingir que sua presença não me afete. — As palavras sussurradas o surpreenderam e quando o sinal abriu, ele arrancou com o carro ainda em silêncio. Será que ela também me ama? Depois de anos fugindo de um sentimento forte, o encontrei novamente e é correspondido? — Justin dirigia e pensava nas palavras dela. — Essa seria uma boa hora para você dizer algo. — Ela falou já não aguentando mais o silêncio e Justin sorriu.
— Você fica linda nervosa, é linda de qualquer maneira. Ela sorriu, mas o riso não chegou aos olhos. Estava nervosa demais por ter se declarado e recebido um “você é linda” como resposta. Justin pensava na melhor resposta para dar a ela, mas as palavras fugiam de sua mente, então o caminho até o hotel foi percorrido em silêncio, porém ele não deixou de notar na forma nervosa que ela apertava a mão. Quando ele estacionou de frente para o hotel, ela desceu do carro e adentrou o bonito edifício. Continua a mesma. — Ele pensou sorrindo. Adriana estava nervosa e começando a se irritar com o silêncio dele. — Espere você não sabe qual é o andar. — Ele correu atrás dela, que já estava no elevador. Ele apertou o botão do 23° andar e o silêncio predominou quando o elevador fechou. Justin a segurou pela cintura e selou os lábios dos dois de uma forma lenta e deliciosa, as lembranças de nove anos atrás surgiram na mente deles. Ela estava em frente a casinha que morou com os pais e ele estava junto com ela, quando Drica tropeçou na calçada ele a segurou firme e quando perceberam, cada um tinha sido o responsável pelo primeiro beijo um do outro. — Só para você saber, aquele primeiro beijo não foi horrível. — Ela confessou e Justin riu. — Só para você saber, eu concordo. — Ele sussurrou e voltou a beijála. Ali presa entre a parede fria do elevador e o corpo másculo e quente, Drica sentiu que estava completa novamente.
Ações são melhores que palavras. Quando uma senhora entrou no elevador com eles, ambos foram obrigados a se afastarem, mas nem isso foi o suficiente, afinal ele continuou segurando-a perto. Adriana encarou cada detalhe do quarto que ele está hospedado, mas a grande e única cama de casal foi o foco da sua atenção. — Pode dormir na cama, eu dormirei no sofá. Ela o olhou como se aquilo fosse um absurdo. — Nem pensar, esse quarto é seu. — Não tem importância. — Para mim tem sim, não me importo de dividir a cama com você, não seria a primeira vez afinal. — Ela respondeu sincera. Ambos foram o primeiro um do outro em tudo, mas logo que isso aconteceu ele partiu. — Você sabe a razão de eu ter me mudado, não sabe? — Ele a segurou pela mão e os dois se sentaram na cama. — Nunca consegui encontrar um motivo, você tinha sido aceito na universidade daqui, mas nunca cogitou vir. — Eu achei que você soubesse... Logo depois que nós ficamos juntos, você disse que foi um grande erro, que não deveríamos ter colocado a nossa amizade em risco assim. — Ele contou olhando-a nos olhos. Drica ficou surpresa. — Eu não me lembro de ter dito isso, só me lembro da nossa noite juntos. — Ela tapou a boca e sentiu vontade de chorar. Todos os anos afastados foram por culpa dela. — Eu fui aceito na universidade daqui e na da Flórida também, eu
ficaria lá com você. — Eu sinto muito Justin, eu amava você e acho que fiquei com medo de você não sentir o mesmo. — Ela confessou. — Eu ainda sinto o mesmo, e você? — Ele perguntou interessado. — Você sempre soube mexer comigo, nunca se esquece o primeiro amor...
Capítulo 40
Bônus Karina e Willian Sabe quando a opinião de alguém é muito importante para você, mas parece que a pessoa nem liga? Era exatamente isso que acontecia entre Caio e Karina, tudo o que ela perguntava ele respondia com um “tanto faz”. Só que agora, olhando para o último imóvel que a corretora iria mostrar, a ruiva queria muito a opinião do loiro ao seu lado que segurava July nos braços. — Se me permite dizer, dos três esse foi o que mais gostei. — Ele comentou sem imaginar que ela queria muito a opinião dele. A ruiva o encarou com aqueles grandes olhos azuis carregados de expectativas. — Jura? — perguntou muito empolgada. — Sim, o espaço é bem grande, o preço está bom, com a decoração que me falou, ficará perfeito. — Ele mudou July de braço e olhou para Karina. Ela sentiu seu coração se acelerar, Willian a olhava de verdade, a enxergava com esses olhares, notava o quão importante é isso para ela. — Não sabe como isso me deixa feliz. — Ela enlaçou a cintura dele, no lado onde não segurava July e o abraçou apertado. — O quê? Eu dar minha opinião? — ele perguntou confuso. — Sua opinião é importante para mim. — Ela foi sincera e encarou o chão. — Olha para mim. — Ele pediu e ela levantou o olhar. O loiro segurou o queixo dela com a mão livre e selou os lábios dos dois, em um selinho carinhoso, Karina o retribuiu. A sensação de seu corpo
quando ele a tocava era extremamente única.
∞∞∞ Já a caminho da mansão Bittencourt, July estava quietinha no bebê conforto e Karina apenas cantarolava baixinho a música que tocava no carro, enquanto Willian desfrutava do som da voz dela, carregado de um sotaque brasileiro. — Levarei o bebê conforto para você. — Ele falou quando estacionou o veículo. Karina desceu do carro e pegou July nos braços, enquanto Willian pegava a cadeirinha. A ruiva tocou a campainha e quando Angélica abriu a porta, seu sorriso se intensificou. — Vai ficar com a vovó essa noite meu anjo — comentou com a bebê que sorriu feliz. — Elliot pediu para avisar que se precisar de algo tem na casa dele, a chave está na bolsa da July. — Tudo bem, querida. — Eu já estou indo, aqui está a bolsa dela senhora. — Karina estendeu a bolsa e Angélica a olhou contrariada. — Não me chame de senhora Karina, sou tão nova — brincou, mas estava realmente muito linda para sua idade. Ka sorriu, a amiga tinha as apresentado no dia do aniversário de July, mas naquele dia Angélica ainda não era sogra de Melanie. — Eu sempre esqueço Angélica. — Ela sorriu tímida. Quando criança a mãe a ensinou que o correto é tratar os mais velhos com respeito e mesmo quando as pessoas pedem, Karina ainda se sente
estranha em tratar com tanta intimidade. — Tudo bem, obrigada por cuidar da minha neta, tem certeza que não quer entrar? — A matriarca da família Bittencourt propôs. — Não, deixa para a próxima, irei chamar um táxi agora. — Ela comentou e deu um beijinho de despedida em July. Willian que estava colocando o pequeno bebê conforto próximo à porta, se aproximou das duas e disse: — Elliot me pediu para levá-la para casa. — Leve-a Will, pode tirar o restante do dia de folga. — A Bittencourt piscou para Karina. — Sim senhora. — Ele se afastou das duas e caminhou para o carro novamente. — Ele é um homem admirável, vocês ficam lindos juntos. — Ela comentou com Karina, que ruborizou. — Não somos um casal. — Detalhe menina, logo serão tenho certeza. — Ela lançou aquele olhar sábio para a amiga de Melanie. — Bom... Eu vou indo. Se caso precisar de ajuda me ligue, essa fofinha aqui é muito importante para mim. — Ela beijou a mão pequena de July que sorriu sapeca. — Tenho certeza que não irei precisar, Andrew fará companhia para essa pequena aqui e Megan me ajudará. Só então Karina viu Drew andando atrás da avó e Megan atrás dele tomando cuidado para ele não se machucar. — Até mais. — Se despediu e caminhou até o carro, Willian a esperava e abriu a porta.
— Já disse que não é necessário isso. — Sou acostumado. — Ele sorriu.
∞∞∞ Assim que entraram no carro, Karina perguntou: — Quer assistir um filme hoje, comer pipoca e brigadeiro? — Claro que sim, mas me diz o que é brigadeiro? Ela o olhou chocada. — Não sabe o que é brigadeiro? — Não faço ideia. — Meu Deus, preciso te apresentar, é o melhor doce que existe. — Nunca provei. — É uma sobremesa típica do Brasil, mas garanto que é o doce mais gostoso que você vai provar na vida. — Se é tão bom assim, quero provar. Eles permaneceram o restante do caminho em uma conversa agradável, mas quando chegaram de frente para o apartamento de Melanie, onde Ka está morando, o carro estacionado chamou a atenção dos dois. O homem moreno encostado no veículo alugado é conhecido. É alguém que Karina não queria ver tão cedo. — Você o conhece? — Willian perguntou quando notou que a ruiva estava pálida. Ela o conhece... Caio.
— Pelo visto o meu ex me achou. — Ela comentou baixinho e percebeu quando Willian ficou tenso. — Ele é o motivo de você ter se mudado do seu país? — Foi mais uma afirmação do que uma pergunta. — Sim, ele me traiu. — Ela sussurrou com o olhar baixo por dois motivos... Um porque não queria olhar para Willian agora e ver a decepção nos lindos olhos dele. E dois porque sabia que Caio estava encarando-a, já que sentia o peso do olhar dele. Ao contrário de Karina, Willian sustentava o olhar do homem que foi idiota o suficiente em traí-la. — Se não quiser entrar, tudo bem. — Ela olhou apenas para ele. — Não quer mais que eu suba? Quer conversar com ele? — Não, claro que não. O que eu mais quero é que você suba comigo, mas achei que não quisesse mais depois disso. — Ela olhou para fora. Caio estava parado na mesma posição olhando para os dois. — É melhor irmos para outro lugar. — Karina falou com a intenção de fugir novamente. — Não vai adiantar nada você fugir agora Karina, você tem que resolver logo essa situação. — Willian falou segurando o rosto da ruiva. O loiro nem ligou para a presença de Caio, apenas se aproximou e beijou os lábios dela. — Sim eu vou resolver. — Ela falou convicta, mas pulou assustada quando Caio bateu no vidro do carro. Willian percebeu que o ex dela estava alterado e desceu do carro. — Algum problema? — perguntou encarando Caio, que era um
pouco mais baixo que ele. — Posso saber o motivo de você estar beijando a minha mulher? A ruiva desceu do veículo assustada. — Sua? Ela não é sua. — Willian falou debochado, mas sua vontade era socar a cara daquele infeliz. Caio olhou para ela, estava se aproximando quando Karina falou: — Pare, não quero que se aproxime. Como me achou? — Existe GPS no celular caso não saiba. Quero saber o motivo de ter saído do Brasil, e por que não atende as minhas ligações? Karina simplesmente sorriu, estava se sentindo protegida com Will ali presente. — Eu simplesmente deixei de ser uma idiota. — Ela falou firme. A ruiva não queria chorar por causa dele, não derramaria uma lágrima se quer. — Do que você está falando? — Caio perguntou confuso. — Eu vi você com aquela mulher, ainda por cima grávida, você foi um cafajeste. — Ela falou incrivelmente baixo. Willian se aproximou dela e a abraçou. — Tire as mãos dela. — Ele mandou com um tom raivoso. — Tente me fazer tirar. — Sua voz saiu ameaçadora, bem mais que a de Caio. — Karina você vai voltar para casa comigo agora. — Não vou, minha casa agora é aqui, eu estou com outra pessoa, entenda isso.
— Aquela mulher é minha irmã, eu não estava te traindo gatinha, você deveria ter falado comigo. — Caio dizia a verdade, ele realmente não estava a traindo, mas Karina não o deixou falar mais nada. — Uma irmã que eu não conheci, fiquei com você por sete anos e nunca conheci sua família, acha mesmo que eu deveria voltar? Acha que nosso relacionamento merece uma segunda chance? — Tenho certeza. — Não Caio, você teve sete anos para me valorizar, sete malditos anos que eu fui uma boba nas suas mãos. Eu não quero mais nada com você. Caio percebeu que aquela Karina na sua frente não era mais a mesma, ela havia mudado, amadurecido. — Então você não me ama mais? — Ele perguntou, fazendo com que Will e até mesmo Karina ficassem tensos. A moça não sabia o que responder. Não sabia se ainda o amava. — Não vai responder? — Will perguntou sentindo um nó na garganta. Ela abaixou o olhar, afinal foram sete anos ao lado dele, não sete dias. A ruiva sentiu o abraço de Willian se desfazendo e viu quando Caio sorriu vitorioso. — Eu sabia que ela ainda me amava e você nunca será capaz de fazêla me esquecer. Willian deixou que a raiva se sobressaísse e socou a cara dele. — Para mim já chega. — Ele se virou para Karina. — Você ainda o ama eu sei disso. Ele virou as costas para partir, mas ela segurou-lhe o braço e suplicou:
— Não Will, por favor, fique. — Os olhos azuis estavam marejados. — Eu queria ficar, mas você não me deu uma razão para isso, sei que ainda o ama. — Eu não sei o que sinto por você, mas sei que você me mudou, me entende. Não posso dizer que te amo, porque ainda é cedo para isso, mas posso dizer que estou muito a fim de tentar e torço para você também estar. — Ela mordeu o lábio nervosa. Ele olhou para ela e viu a sinceridade. — Você ainda o ama? — Ele perguntou apenas para que ela ouvisse. — Não o amo, se eu o amasse estaria agora falando com ele e não com você, apenas não respondi isso porque estava em choque. — Você tem certeza? Foram sete anos com ele. — Sete anos que não vivi para mim, eu vivia para ele, sem receber nada em troca. Já com você nesse pouco tempo, eu me senti acolhida, muitas vezes amada e quero continuar sentindo isso. Quero ver suas caretas quando eu fizer um prato que você nunca comeu, quero ver seu sorriso quando disser que adorou a comida, quero sentir seus beijos... Caio que ouvia cada palavra dela se lembrou de quando Karina fazia isso para ele e nunca foi valorizada. — Eu nem deveria ter vindo atrás de você. — Caio falou dando-se por vencido. — A forma como você olha para ele, você nunca olhou assim para mim, com essa admiração e carinho. Ou talvez já tenha olhado, mas eu nunca dei atenção, simplesmente fui um idiota, você merece ser feliz com ele. Karina encarou o ex completamente surpresa, não esperava por isso. — Que bom que entendeu Caio, entre nós já não existe mais nada, não sei se um dia realmente existiu, aquela relação era movida apenas por uma pessoa, eu, isso nunca daria certo.
— Eu sei. — Ele comentou amargo. Caio estava sendo sincero ele iria sair da jogada e deixaria Karina ser feliz. E foi isso que ele fez, voltou para o carro e voltou para a casa.
∞∞∞ — Amo quando você faz essa careta. — Ela sorriu vendo Willian se deliciar com brigadeiro. — Eu amo brigadeiro, mas a coisa mais deliciosa que já provei foram os seus lábios. Karina sorriu e colocou brigadeiro no lábio inferior. — Então me beije e prove os dois juntos. Ele não pensou duas vezes e foi para perto dela, mas quem diria que desse beijo se seguiria para algo mais íntimo, já que ela estava cem por cento segura de que não sentia mais nada por outra pessoa e resolveu se entregar de vez para ele...
Capítulo 41 Quando Elliot e Melanie foram buscar July na manhã seguinte, Angélica estava dando frutas de café da manhã para a neta. — Bom dia, ela deu trabalho? — Ele perguntou para a matriarca enquanto cumprimentava-a com um beijo no rosto. Melanie desejou bom dia para a sogra e olhou para July, cheia de saudades. — Não, July é um anjinho. — Ela respondeu sorrindo, ainda dando a fruta para a bebê. — Obrigada por cuidar dela Angélica. — Mel se aproximou da filha e beijou-lhe as pequenas mãozinhas. July deixou as frutas de lado e pediu colo estendendo os bracinhos. — Sempre que precisarem podem deixá-la aqui, sinto falta de crianças nessa casa. Mel esperou Angélica limpar a boca da pequena comilona e pegou-a no colo. — Senti saudades meu amor. — Ela beijou a bochecha gordinha que sorria feliz. Mesmo tendo amado a noite com Elliot, ela não gosta de se separar de July, a bebê é seu porto seguro, sua casa, seu lar, tanto quanto Elliot também é. — Não vai para empresa hoje filho? — Hoje eu tenho que resolver um assunto em casa, mas vou trabalhar lá. Que assunto será esse? Mel olhou para ele sem entender.
Enquanto os três percorriam o caminho até a casa, Melanie pensava nas palavras de Elliot. — Você parece tensa. — Ele disse mudando o bebê conforto de braço. — Que assunto tem que resolver em casa? — Ela perguntou curiosa. Elliot apenas suspirou. — Você parece nervoso, aconteceu alguma coisa? — Não anjo, eu só estava pensando... — Ele deixou a frase morrer, antes de concluí-la. — Em quê? — Ela o incentivou a voltar a falar. — Está na hora de me abrir com você, contar tudo. Mel parou de andar e o encarou. — Você ainda me esconde algo? Achei que os segredos já tinham acabado. — Esse segredo não é apenas meu, mas como faço parte dele, preciso dividir com você. — Elliot estava sério, sabia que se contasse para Melanie, estaria colocando-a em perigo também. Ela ficou em silêncio, afinal eles já estavam em frente à casa, mas assim que entraram ela disse: — Pode me falar. Enquanto Elliot pensava na melhor forma de contar, Melanie soltou July da cadeirinha e deixou a menina andar pela casa, afinal estava toda equipada para crianças com travas nas gravetas, grade na escada, protetor nos cantos dos móveis, tudo minimamente pensado por ela e Tayla, que teve que fazer o mesmo por causa de Andrew. — É sobre a minha família. — Ele começou e quando Mel o olhou
viu o quão preocupado ele estava. Os dois se sentaram no sofá, lado a lado. — Você está tão preocupado. Acha que devo realmente saber? — Você deve saber sim, quero que saiba desde já para não se arrepender depois. — Elliot qualquer erro da sua família, não justificaria eu julgar o seu caráter, isso seria errado da minha parte, afinal estou com você e não com eles. Ele sorriu aliviado com as palavras dela, era exatamente isso que precisava ouvir. — Mesmo se eu te disser que meu avô é um mafioso e que meu pai está para herdar esse cargo? — Ele perguntou receoso e notou quando Melanie se tensionou. — Como assim mafioso? Quer dizer, aqueles mafiosos mesmo? Que matam pessoas por dinheiro. — Mel ficou em choque e olhou preocupada ao redor. — Elli e se a nossa casa estiver com escutas? — Ela sussurrou. Ele sabia que o assunto é sério, mas não conseguiu evitar e gargalhou. — Não temos escutas aqui, sim um mafioso, mas não aqueles ruins, ou pelo menos acho que não, eles apenas protegem a cidade. — Elliot segurou a mão dela mais firme. — Acha que eles protegem como? Matando pessoas com certeza. — Ela respondeu a própria pergunta. — Eu e o Chris descobrimos poucas coisas ainda, mas é como você disse, não deve me julgar pelos erros da minha família. — Você parou para pensar que tudo isso é comprado com dinheiro sujo? — Ela mostrou ao redor. — Claro que não, eu comprei as minhas coisas com o meu dinheiro,
ao qual trabalhei para ganhar. Christopher e eu duvidamos do lucro da empresa há um tempo, mas já investigamos e o dinheiro que entra lá, também é limpo. — Sua mãe sabe da vida que seu pai leva? — Melanie perguntou. — Sabe, ambos têm pais mafiosos, isso vem de gerações, por isso Tayla e Christopher tiveram que se casar. Melanie abriu a boca surpresa. — Não foi uma aposta? — Descobrimos no final que foi apenas uma proteção, Roger temia que o avô materno dela quisesse raptá-la por ser sua única herdeira, mas como existe um contrato com proteção para os Bittencourt, ele não poderia relar nela, tudo isso levou ao casamento deles. Mesmo depois de descobrir tudo, Melanie ainda olhava para ele com o mesmo brilho no olhar, realmente não o julgara pelos erros de sua família.
∞∞∞ Na manhã de sábado, Melanie estava se arrumando para participar dos treinos da família Bittencourt pela primeira vez, ela optou por um top preto e legging da mesma cor. — Deixarei July com a minha mãe. — Elliot avisou assim que entrou no quarto, foi quando ele analisou Melanie dos pés à cabeça. — Vai vestida assim? — Qual o problema? — Ela perguntou e terminou de amarrar os cabelos em um rabo de cavalo alto. — Por que não coloca uma camisa? — Ele propôs e Melanie se olhou no espelho uma última vez. — Não gosto de treinar com camiseta amor, fica grudando no corpo
com o suor. — Terá muitos homens lá Melanie, não quero ninguém olhando para a minha mulher. — Ele voltou a analisar a barriga plana e descoberta dela. — São roupas próprias para treinos Elliot, não irei trocar por causa do seu ciúme. — Não é ciúme, estou apenas preservando o que é meu. — Eu amo ser sua namorada, mas isso não te dá o direito de escolher o que irei vestir, amor eu irei assim e não estou aberta a discussões. Ela saiu do quarto decidida. — Agora eu entendo o Christopher. — Ele comentou caminhando atrás dela. Chris costumava ter a mesma reação, nunca gostou das roupas que Tayla usava para treinar. Quando chegaram à academia, Elliot percebeu os olhares na direção de Melanie e sorriu quando a mesma o abraçou pela cintura, mostrando estar acompanhada. — Eu amo você. — Ela sussurrou no ouvido dele. — Também amo você. — Ele respondeu quando estavam se aproximando de Tayla e Christopher. — Oi. — Tay cumprimentou o casal e enlaçou o braço no de Melanie. — Hoje eu vou mostrar tudo para você, já que estou proibida de treinar por alguns meses. Melanie assentiu em acordo e acenou para o cunhado quando as duas começaram a caminhar. — Como está a linda da July? — As duas engataram em uma conversa sobre bebês enquanto Tayla mostrava cada detalhe para Melanie.
Chris olhou a cara do Elliot e gargalhou. — A lei do retorno existe pelo visto. — O primogênito ainda ria. — Quem foi que contratou esses talaricos? Nunca viram uma mulher não. — Elliot reclamou um pouco mais alto. — Mas não foi você quem disse que eles são altamente capacitados? — Christopher ainda se divertia nas custas do irmão. Elliot se lembrou de quanto Tayla foi para o treino pela primeira vez, Chris queria arrancar cada par de olhos que pousavam nela, mas ele como um bom irmão apenas disse que os homens eram profissionais capacitados. — Eu odeio a lei do retorno, por isso jurei nunca amar na vida, mas não se manda no coração. — Ele comentou olhando para as duas que já estavam bem distantes. Tayla mostrou cada canto do local para Melanie e por último explicou. — Os treinos deles podem ser intensos às vezes, mas não se preocupe, eles treinam desde muito pequenos. Melanie concordou com a cabeça e percebeu quando Matthew chegou. — Desde pequenos? — perguntou surpresa. — Sim, com apenas 3 anos já entraram no treino, acredito que com Drew e July será a mesma coisa. Melanie estremeceu, imaginando a sua menininha ali, diante de todos esses homens desconhecidos. — Nossos filhos serão treinados pelos pais, nada de muitas pessoas quando o treino for infantil, já conversei com Chris a respeito disso. — Tayla a tranquilizou. — Ainda bem, eu estava pensando em colocar July no balé com essa
idade, para ver se ela gosta da dança. — Ela pode treinar e fazer balé também amor. — Elliot falou quando ele e o irmão mais velho já estavam próximos das companheiras. Quando o treino se iniciou, os primeiros foram Christopher e Elliot, o primogênito é mais forte e venceu o irmão, mas quando um homem forte e tatuado entrou no tatame, Melanie olhou preocupada para Tayla. — Quem é esse? — É o Tales, chefe da segurança. Depois de Chris ter sido quase derrotado, ele conseguiu derrubar o homem, mas estava fisicamente exausto. — Chris realmente é bom. — Mel comentou surpresa e Elliot respondeu: — Sim, meu pai o treinou e é o único que consegue derrubá-lo no tatame. — Dizem que o aprendiz é melhor que o mestre. — Mel comentou em voz baixa. — Deve ser verdade, já que Christopher foi o único capaz de segurar o meu pai, quando um funcionário dele deu em cima da minha mãe na festa de quinze anos da Megan. — O que seu pai fez? — Isso não vem ao caso. Vamos aquecer agora, porque você será a próxima, eu irei te treinar. Melanie concordou e foi fazer os alongamentos. Do outro lado da sala, Matthew estava no tatame com Ethan e outro homem que Melanie não conhecia estava observando os dois. — Quem é aquele com os seus irmãos? — Ela perguntou.
— É o Miguel, parceiro do Ethan na academia de polícia. — Ah! E Megan não veio? — Ela tem uma prova na universidade hoje e não pôde vir, no próximo ela estará presente e vocês duas treinarão juntas. Melanie assentiu e começou a se alongar. Alguns minutos depois eles iniciaram o treino de Melanie, que prestava atenção em cada instrução do namorado. — Ela é boa. — Tay gritou percebendo que Melanie estava pegando o jeito. Elliot olhou orgulhoso na direção do irmão e da cunhada, foi quando sentiu o punho de Melanie no rosto dele, o impacto o desequilibrou e o Bittencourt caiu. Todos os olhares foram para ele, até mesmo os de Matthew e Ethan que treinavam afastados. Quando Melanie estendeu a mão para Elliot se levantar, Christopher já tinha fotografado o irmão caído. — Essa vai ficar para lembrança. — O mais velho não aguentou e gargalhou, sendo acompanhado por algumas pessoas. — Eu estava distraído. — Ele se levantou. — Desculpa amor, não foi minha intenção. — Mel olhou assustada para a marca vermelha no rosto dele. — Tudo bem anjo, você é boa nisso, quem te ensinou a lutar? — Ele perguntou e todos a olharam. — Ninguém, apenas tive que aprender a me defender sozinha. — Ela respondeu sincera. — Você se saiu muito bem. — Ele a elogiou e logo em seguida a
beijou...
Capítulo 42 Enquanto Melanie trocava July, ela contava para a bebê o belo soco que deu em Elliot. — Mas juro que foi sem querer meu amor, não pode fazer isso é muito feio. — Ela sorriu e Elliot que estava deitado na cama, perto das duas se intrometeu. — Pode sim filha, desde que seja necessário se defender. — Ele comentou mexendo nos cabelinhos levemente loiros de July. Melanie olhou torto para ele. — O que é? Não vou iludir ela, July crescerá em uma família que possui muitos inimigos, é necessário saber se defender. Sabendo que Elliot tinha razão, Melanie estava preparada para mudar de assunto quando o celular dele tocou. — Christopher? — atendeu no primeiro toque. A expressão de Elli, antes relaxada, se tornava cada vez mais tensa com o decorrer do telefonema. Melanie finalizou a troca de July e olhou com mais atenção para o namorado. Elliot respondia apenas em monossilábicos e Mel estava perdida na conversa, só sabia que era algo sério pela expressão facial dele. — Terei que sair agora. — Ele comentou quando desligou o celular. — Aconteceu alguma coisa? — Ela desceu July da cama e deixou a bebê andar pelo quarto. — Sim, Breno será liberado. — O quê? Mas é sábado à noite. — Melanie comentou confusa.
— Pelo visto isso não é um problema. — Achei que não estavam conseguindo. — Eu e Christopher não estávamos. Foi o meu pai, ele sempre consegue o que quer. Melanie se sentou na cama surpresa e acabou dando um pequeno sorriso. Talvez Alfredo Bittencourt não seja tão ruim afinal. — Ela pensou um pouco mais aliviada. — Fico feliz por ele, ninguém merece ser privado do privilégio que é ver um filho crescer. — Ela comentou sincera. Elliot se aproximou dela e a puxou pelas mãos, deixando os dois em pé e próximos. — O que te preocupa? — Ele perguntou relando com o dedo indicador levemente na testa dela. — Como ele fará a partir de agora? Encontrar um trabalho decente com a ficha suja será muito difícil. Elliot a abraçou forte. Se tem algo em Melanie que ele ama muito é essa qualidade. — Não se preocupe com isso anjo, Alejandro sujou a ficha de Luís Gonçalves, não de Breno Vilar. — Fico mais aliviada em saber que a verdadeira identidade dele não foi descoberta, mas como isso é possível? — Alejandro deve ter algum policial na ficha de pagamento. — Elliot supôs. — Mas então como o seu pai conseguiu liberá-lo? — Bom... Pelo que conheço do meu pai, se Alejandro tem um policial
em mãos, meu pai tem um superior. — Eu gostaria de entender tudo isso. — Ela comentou pensativa. — Eu também, mas tudo o que sei te contei. — Ele comentou e caminhou até a cama, para vestir os sapatos. Melanie o observava calada, temerosa com o cargo que será de Elliot também por direito. — Estou indo. — Ele a tirou de seus pensamentos e selou os lábios dos dois em uma despedida. — Se cuida, não gosto que você frequente esses lugares. — Ela o segurou no rosto e encarou os olhos azuis cristalinos. — Você terá que se acostumar anjo, se casará com um advogado. — Ele comentou risonho. Melanie sentiu o coração se acelerar quando ele disse a palavra “casar”. — Isso foi um pedido senhor Bittencourt? — Ela o enlaçou pelo pescoço. Elliot a encarou de forma intensa, o brilho no olhar demonstrando o quanto a ama. — Eu queria fazer um pedido diferente, mas não vi um melhor lugar que esse, na nossa casa, com a nossa filha. — Ele olhou contente para July que olhava para os dois. — Tenho certeza que em nenhum outro lugar teria sido tão perfeito quanto agora. — Ela comentou com lágrimas nos olhos. — Então minha resposta é sim? — Ele a apertou um pouco mais. Melanie jogou a cabeça para trás e soltou um riso gostoso. — Qual é a pergunta exatamente? — brincou, mas queria ouvir a
frase sair dos bonitos lábios masculinos dele. Elliot se abaixou, pegou a mão de Melanie e perguntou: — Será que você aceitaria ser esposa de um homem extremamente apaixonado por você, que ficará ao seu lado por todo o sempre, e te amará mais que tudo? Mesmo não tendo um anel, mesmo não sendo aquelas cenas clichês e sendo ali no quarto de July, estava tudo perfeito, afinal aquele homem ajoelhado aos seus pés e aquela bebê alheia a conversa, tinham devolvido à razão de viver para Melanie e a única coisa que ela queria era eternizar esse momento. — Confesso que também estou perdidamente apaixonada por esse homem que me trouxe de volta à vida, antes eu estava apenas sobrevivendo, mas agora eu tenho dois motivos para lutar e sorrir. — Ela olhou para ele e depois para July. — Sim, sim e sim, eu aceito. Elli sentiu quando as lágrimas brotaram em seus olhos e não se incomodou com isso, estava se sentindo realizado e as lágrimas eram de felicidade. Quando ele se levantou, Melanie prometeu com o olhar que fará de tudo para que essa união seja eterna. E então ele a beijou, aquele beijo que só os dois sabem como era carregado de emoções que com o passar do tempo serão cada vez mais fortes e intensas.
∞∞∞ Quando Elliot chegou na entrada do presídio, Christopher e Alfredo já estavam lá. — Como conseguiu tirá-lo tão rápido? — Elliot perguntou direto. — Quando você fizer parte do negócio da família, saberá que carregar um sobrenome abre portas. Isso os irmãos já sabiam, afinal crescer com o sobrenome Bittencourt
trouxe várias vantagens para eles, ainda mais na adolescência, quando queriam entrar em boates proibidas para menores de idade. Christopher estava para perguntar algo, quando dois carros pararam próximos a eles. — Quem são? — O primogênito perguntou. Alfredo não precisou responder, já que a porta de um dos veículos foi aberta e Dimitri Bittencourt desceu, arrumando o terno. — O que o nosso avô está fazendo aqui? — Elliot perguntou quando o reconheceu. — Boa noite. — A voz do mais velho da família Bittencourt foi ouvida. Christopher apenas fez um gesto com a cabeça, Alfredo abraçou o pai e Elliot voltou a perguntar: — O que está fazendo aqui vô? — Viemos resolver essa merda toda. Alejandro brincou com as pessoas erradas. No outro carro, Roger desceu e abriu a porta para John. Os dois líderes da Laços de Sangue estavam presentes para a saída de Luís Gonçalves da prisão. Quando Roger e o pai se aproximaram, ambos cumprimentaram os Bittencourt presentes. Christopher apenas acenou novamente em silêncio. Estar ali era algo que ele não queria e herdar a Laços de Sangue menos ainda. Dimitri e John são homens que aparentam ter a idade avançada, mas nem isso era o suficiente para deixá-los menos assustadores, a bengala que o Moraes usa deixa-o com aspecto ainda mais raivoso e quanto mais
Christopher o olhava, mais distante ficava o bisavô animado que visitava Andrew com frequência. Quando os portões do presídio foram abertos, Elliot teve certeza que a lista de pagamentos da Laços de Sangue é imensa. — Como o planejado, ele será considerado morto. — O homem baixo e barrigudo que acompanhava Breno avisou. — Assim espero, se não saberá as consequências. — Alfredo ameaçou. Elliot não sabia o cargo do ameaçado, mas imaginou que seria do alto escalão. — Obrigado por me tirar daquele inferno. — Breno agradeceu a Elliot e Christopher, já que os dois eram os únicos que ele conhecia. — Foi o meu pai quem te tirou. — Elliot indicou o pai e Breno encarou Alfredo. — Obrigado, terei uma dívida eterna com você. — Mal sabia que essa foi a pior frase que já falou na vida. Quem quer ter uma dívida eterna com um mafioso? Mesmo que esse seja um Bittencourt, não quer dizer que ele seja cem por cento bom. — Eu já tenho uma forma para você me pagar. — Alfredo avisou e tanto Chris quanto Elliot ficaram confusos. Será que não existe bondade no coração dele? Estava fazendo isso apenas por querer algo em troca?
Capítulo 43 — Não acredito que o liberou com segundas intenções. — Christopher esbravejou enquanto o pai dirigia o carro. — Achamos que você era diferente pai. — Elliot completou a frase do irmão. Alfredo tinha cada detalhe planejado para fazer Alejandro Herrera pagar. — Antes de me julgar ouçam toda a história, aceito que os outros julguem o meu caráter, mas nunca os meus filhos. — O patriarca acelerou mais o carro, seguindo de perto o carro da frente que Roger dirigia. — Como quer algo assim? Quando na verdade todos os seus atos provam o quão ruim é. — Christopher continuou. Alfredo apertou ainda mais o volante e esbravejou: — Quando chegarmos lá, eu contarei tudo. Os irmãos permaneceram o restante do caminho em silêncio, cada um perdido em seus pensamentos. O carro foi estacionado em frente a um armazém aparentemente vazio. Elliot e Christopher nunca estiveram ali, portanto precisaram seguir o pai até o caminho correto. Quando adentraram o local, perceberam onde estavam, na sede da Laços de Sangue, que por fora parece um antigo armazém, mas por dentro é um local moderno, a sala de reunião cheirava a bebida e nicotina, mas o que mais chamou a atenção dos herdeiros foram os rostos conhecidos que estavam ali, entre eles os sócios da Bittencourt & Co., Luiz e seu filho Bruno. — No que querem a minha ajuda? — Breno perguntou. Mesmo diante de tantas pessoas desconhecidas, ele não estava com
medo, sua profissão o fez assim, corajoso e destemido. Isso fez com que os líderes da Laços de Sangue soubessem que Breno é o ideal para o que tinham em mente. — Você será a nossa isca. — Roger começou a contar. — Para quê? — Interessado Breno voltou a perguntar. Enquanto acendia um charuto, Dimitri o respondeu: — Para nos ajudar a pegar Alejandro, ele está acabando com o nosso sossego. Breno deixou um pequeno sorriso escapar, vingar-se de Alejandro é algo que ele já planejava fazer sozinho, afinal foi por culpa dele que seus últimos meses foram um inferno, longe de sua esposa e filho. — Você não pode usar um inocente assim. — Elliot interveio. Alfredo soltou um riso e alguns dos presentes o acompanharam. — Eu posso o que eu quiser — falou firme. — Mas Breno não é obrigado a aceitar. — Christopher se intrometeu. Todos olharam para Breno Vilar, que parecia muito propenso a aceitar. — Não mesmo, mas ele sabe que aceitar será o melhor para ele. — Dimitri respondeu. — Melhor no que exatamente? — Breno encarou Dimitri, curioso. — A dívida que tem conosco será quitada, se fizer o trabalho corretamente, poderá ser da equipe de segurança dos Bittencourt e com isso poderá morar com a sua família no condomínio. — Alfredo explicou. Breno avaliou as suas vantagens, um emprego bom e garantido, residência e proteção para sua família, era tudo o que ele precisava no momento.
Christopher e Elliot sabiam que o pai estava dizendo a verdade, já que o condomínio fechado que pertence à família Bittencourt, também é o lar de muitos dos funcionários da família. — Caso eu aceite, o que terei que fazer? — Breno já tinha uma decisão, mas antes de dizer sim, optou por avaliar o quão arriscado é ser uma isca nisso tudo. Enquanto Alfredo explicava o plano, Elliot e Chris se encaravam preocupados, poderia dar tudo certo no fim, ou simplesmente ferrar com tudo e Breno acabar pagando com a vida. — Eu aceito com uma condição — exigiu. — Qual? — Roger perguntou encarando-o. — Quero a proteção da minha família garantida, mesmo que algo me aconteça, quero os dois protegidos sempre. — Você tem a nossa palavra, não deixamos de cumprir as nossas promessas. — Dimitri se levantou e apertou a mão de Breno, John fez o mesmo e assim se fechou um novo acordo entre eles.
∞∞∞ Quando Elliot chegou à sua casa, encontrou tudo em silêncio. Ele subiu para o quarto a procura de Melanie e encontrou ela e July adormecidas na enorme cama de casal. Ele pegou o celular e eternizou esse momento sorrindo. Toda aquela sensação ruim que a reunião da Laços de Sangue trouxe, se foi assim que olhou para as duas mulheres da sua vida. Estar presente naquela noite e descobrir todo o plano sufocou tanto Elliot quanto Christopher, conhecer esse lado frio e calculista da família e herdar isso no sangue era algo que não almejavam, mas que talvez fosse necessário, talvez eles um dia também fiquem assim, às vezes é preciso vingar aquilo que te feriu.
Ainda encarando as duas, Elliot pensou em como sua vida mudou. Ele terá uma esposa, uma filha e quem sabe um filho dele com Melanie, imaginar uma criança correndo pela casa atrás de July o alegrou, mas apenas para um futuro distante. Foi nesse momento que Elliot se lembrou. Não usaram preservativo na última vez que estiveram juntos. A única regra é nunca esquecer o preservativo. — Essas palavras de Christopher jamais deixaram a mente dele, tanto que por causa disso ele duvidou da paternidade do filho de Sabrina, afinal sempre se protegeu com ela, mas tudo com Melanie é tão intenso que ambos se esqueceram. Apenas cogitar que um bebê dele e de Melanie poderia estar a caminho, fez Elliot sentir-se tão bem, como se estivesse apenas agora descobrindo o quão ansioso estava por aumentar a família. Ama aquelas duas mais do que a si mesmo e a vinda de um novo membro a família seria um presente. Foi com esse pensamento que ele pegou July no colo e levou-a para o berço, deu um beijo na testa dela, sussurrando “boa noite filha” e fechou a porta do quarto.
∞∞∞ O domingo ensolarado trouxe para Melanie um animo que ela não estava sentindo, afinal desde que tomara a decisão de levar July para o cemitério na noite passada, tem se sentido deprimida, por ter demorado tanto a fazer isso. — Bom dia. — Elliot a beijou e foi até July, agradar a pequena enciumada. — Bom dia, amanhã July tem pediatra, então decidi levá-la hoje ao... — Ela começou com o olhar triste e no mesmo instante ele soube em qual lugar seria. — Irei com vocês. — Ele avisou e Melanie se virou novamente para a
pia, onde cortava as frutas matinais da bebê. — Não precisa se preocupar, irei passar na sepultura da Luna e na dos meus pais, desde que voltei ainda não fui lá. — Ela estava se sentindo culpada, mas Elliot segurou no queixo dela e fez ela o olhar nos olhos. — Não é culpa sua Mel, desde que teve que voltar as coisas foram confusas demais. — Faz quase quatro meses que voltei Elliot, antes eu costumava ir todas as semanas, mesmo sendo doloroso demais. Ele a puxou para os seus braços e sussurrou: — Eu entendo, mas a partir de agora as coisas irão mudar, sempre que for para lá, irei com você para te dar apoio.
∞∞∞ Quando os três pararam de frente com o túmulo da pequena Luna, Elliot viu a dor no olhar de Melanie, odiava ser impotente nesse momento e nada poder fazer para ajudá-la, a única coisa que ele foi capaz no momento foi abraçá-la apertado e era exatamente isso que Melanie precisava. A dor da perda é a pior que existe e mesmo tão nova, a vida já tirou tanto de Melanie. Após deixar as delicadas flores rosas e acariciar a foto de sua filha, sua versão mirim, Melanie caminhou até o túmulo dos pais, os dois foram sepultados juntos, como sempre quiseram. Não aguentava mais tentar ser forte e quando Elliot começou a falar, Melanie se viu à beira de uma crise de choro. — Sei que parece estranho, mas quero algo sério com você, algo duradouro e sinto que devo dizer isso aqui. — Ele começou cauteloso e desviou o olhar de Melanie para a foto dos pais dela, uma mulher exuberante e sorridente, muito parecida com Melanie e um homem sério, mas que segurava protetoramente a esposa nos braços. — Prometo amá-la a
cada dia mais, prometo ser o melhor homem que Melanie já conheceu e acima de tudo prometo cuidar dela e da nossa família sempre, nem que para isso eu precise abrir mão da minha própria vida. — Ele finalizou a promessa olhando novamente para Mel, que chorava baixinho agarrada a July. Elliot jurou diante do túmulo dos falecidos pais dela que a protegeria e amaria para sempre, isso foi algo inédito, algo único que ela nunca imaginou que aconteceria. — Eu te amo. — Ela sussurrou quando ele a apertou em um abraço carinhoso. — Eu sei e também amo você. No túmulo dos amigos, July olhou para a foto dos pais, Melanie colocou-a no chão e a menina ficou próxima a ela, apenas olhando ao redor. — Está vendo aqueles dois ali meu amor? São os seus pais, eles estão morando no céu agora, mas sempre estarão ao seu lado como anjinhos protetores. — Melanie deixou mais lágrimas caírem e percebeu quando Elliot também secou as dele. Estavam os três ali, de frente para a razão de tudo isso, a morte de Lisa e Edu resultou a união de Melanie e Elliot. Resultou na salvação que Mel sempre precisou, mas nunca lutou para alcançar. E agora diante do túmulo deles, Melanie se recordou das palavras de Elisabeth na carta. Minha mãe costumava dizer que Deus escreve certo em linhas tortas, se essa carta chegar até você terei certeza que isso é realmente verdade, afinal eu perderei a oportunidade de viver ao lado da minha filha, mas você terá a sua segunda chance. Isso era realmente verdade, July e Elliot trouxeram-na de volta à vida...
Capítulo 44 Quando Melanie foi trocar July, na segunda-feira de manhã ela percebeu que a maioria das roupinhas já estavam ficando pequenas. — Irei ao shopping comprar roupas para July. — Mel avisou Elliot, que estava sentado de frente para ela, tomando o café da manhã e lendo as notícias no jornal. — Deixarei um cartão para você. — Ele comentou. — Estou apenas avisando amor, não preciso de dinheiro. Elliot levantou o olhar para ela e logo olhou para July. — Posso deixar o cartão sem problemas. — Ele voltou a sugerir. — Não precisa mesmo. — Melanie deu um pouco mais de fruta para July e o olhou desafiando a teimar. — Tem certeza? — Ele perguntou arqueando as bonitas sobrancelhas. — Eu tenho dinheiro, não se preocupe. — Ela parou de tratar da bebê e sustentou o olhar dele. — Achei que com a abertura do novo restaurante... — Pode ficar tranquilo, Karina ajudou também. Elliot estava pronto para teimar novamente quando uma voz delicada foi ouvida: — Mama. — July falou em alto e bom som. Melanie olhou perplexa para a bebê. — Oh meu Deus! Ela me chamou de mãe Elli. Ouviu? — Mel deixou a colherzinha de frutas no pratinho de July e pegou-a no colo, emocionada.
Quando Luna a chamou de mãe pela primeira vez, o coração de Melanie encheu-se de alegria e agora, com July dizendo a mesma palavra, não foi diferente, o amor intenso e verdadeiro a fez chorar. Os olhinhos claros e quase verdes de July encararam Melanie atenta, para a pequena é a sua mãe, afinal é dela que recebe um carinho especial, um olhar doce e gentil, tudo o que representa o amor materno. Mesmo que Lisa tenha falecido, ela sempre será a mãe biológica de July, isso Melanie fará questão de deixar vivo na memória da menina. Mas ao lado da garotinha, Melanie será a mãe que July precisa. Elliot admirava o elo entre as duas emocionado, desde que July o chamou de pai pela primeira vez, o momento que chamaria Melanie de mãe era aguardado com ansiedade e cada segundo de espera valeu a pena. O clima agradável do café da manhã permaneceu, mesmo após Elliot contar todo o plano de Alfredo para pegar Alejandro. Mesmo não sendo algo correto, Melanie optou por não se intrometer, afinal depois do que Herrera fez com Elisabeth e Eduard, o mínimo que ele merece é pagar pelos seus atos. Não adianta prender alguém como ele, o dinheiro o libertaria nesse mundo corrupto, Alfredo e todos os outros sabiam disso, então só restava um caminho, Mel só não queria imaginar quem seria capaz de matá-lo.
∞∞∞ Quando Melanie entrou naquela loja específica no shopping, ela não imaginou que daria de frente com Sabrina. A loira estava segurando um pequeno cesto onde colocava delicadas roupinhas de bebê, quando ela viu Melanie e July, a reação foi estranha, ao invés do habitual olhar de desprezo, estava apenas a curiosidade. Mel voltou a caminhar como se não a tivesse visto, mas a loira a seguiu.
— Melanie espere. — A voz dela foi ouvida e Mel ficou tensa. Com July nos braços, ela se virou lentamente e encarou a mulher. — Sim? — perguntou. Sabrina desviou o olhar para July e comentou: — Ela está enorme. Mel assentiu e continuou a olhá-la com interesse. — Bom... — Sabrina pigarreou e olhou ao redor. — Eu queria me desculpar com você, por todo o mal-entendido da minha gravidez. — Ela colocou a mão de forma protetora na barriga já evidente. Melanie arqueou a sobrancelha indignada. — Mal-entendido? — perguntou irônica. — Então... Eu... Eu acreditei que fosse do Elliot. Melanie soltou um riso sem humor. — Não tente me enganar Sabrina, nós duas sabemos a verdade. A loira engoliu em seco e voltou a desviar o olhar. Quando descobriu que estava grávida, e percebeu que não era de Elliot, sua única ideia foi levá-lo para cama e se possível sem proteção para enganá-lo, mas a presença de Melanie na vida dele já o tinha mudado. Resultou assim em mais um fracasso de Sabrina, afinal tentara prender Elliot a ela de diversas maneiras e nunca conseguiu, a gravidez seria o ato perfeito. — Eu sei, mas queria dizer que sinto muito mesmo, minha intenção sempre foi ter Elliot de forma definitiva na minha vida e quando descobri estar grávida de outro homem... Bom... Eu vi ali a saída para tudo. Melanie bufou irritada. Ama Elliot com todo o seu ser, mas nunca entenderia o que o levou a se envolver com alguém tão fria e manipuladora.
— Já acabou? Realmente estou muito ocupada hoje. Sabrina suspirou. — Eu entendo que me odeie, espero que um dia possa me perdoar. Melanie a olhou com mais atenção agora, estava parecendo sincera. — Não é a mim quem deve desculpas, o enganado seria o Elliot. — Eu sei, mas não estou disposta a aparecer na empresa novamente, Angélica foi muito persuasiva quando exigiu que eu me afastasse da família dela, incluindo você. Melanie quis sorrir, afinal a sogra estava a defendendo e considerando parte da família, mas não o fez e apenas se limitou a responder Sabrina. — Eu direi a Elliot que sente muito. — Mel estava quase se virando para sair, mas parou e voltou a dizer. — Só aprenda com seus erros Sabrina, afinal esse bebê vai precisar muito de você. Antes de partir Melanie conseguiu ver um sorriso genuíno brotar nos lábios da loira, talvez esse bebê seja a salvação que ela precisa.
∞∞∞ July estava adormecida no carrinho quando Melanie adentrou o local que será o restaurante. Karina estava focada na decoração e quando viu a amiga correu para abraçá-la. — E então? O que achou? — perguntou dando uma rodadinha apresentando o local para a amiga. Melanie olhou cada detalhe com atenção, levando o carrinho de July junto, nunca deixaria sua filha sozinha.
— Esse lugar é perfeito Karina, é muito mais bonito que nas fotos, ficará do jeito que sempre sonhamos. — Eu sei Mel, estou tão ansiosa. — Ela agarrou a mão da amiga comemorando. Karina é apaixonada por gastronomia e Melanie tem prazer em administrar, as duas se uniram nessa sociedade, sendo Mel a sócia majoritária, afinal herdara um bom dinheiro dos pais e Karina investiu com a quantia que tinha, resultado de muitas economias no decorrer de vários anos, assim deram vida ao restaurante Sabor Brasileiro, que fica situado em uma das ruas mais movimentadas de Nova Iorque, próximo a Bittencourt & Co. — Eu e Elliot tomamos uma decisão ontem à noite. — Ela comentou. Karina a encarou curiosa. — Qual decisão? — Iremos demitir o Willian. — Mel reparou quando os olhos verdes da amiga se arregalaram assustados. — Mas por quê? — Ela se afastou de Melanie, pega totalmente desprevenida. — Elliot decidiu que na empresa tem muitos motoristas de confiança e um deles será encaminhado para a família. — Mas o Will precisa do emprego Melanie. — Mesmo não querendo se alterar, Karina falou um pouco mais alto, completamente indignada com a amiga. — Assim como nós precisamos de um novo gerente. — Melanie soltou uma piscadinha cúmplice para a ruiva, mas ela pareceu não entender. — O quê? — É exatamente isso amiga, Willian será o nosso gerente, eu não poderei ficar sempre aqui, você estará encarregada da cozinha, afinal essa é
a sua paixão, precisamos de alguém de confiança tomando conta de tudo e ele é o único que me veio em mente. — O sorriso de Melanie iluminou todo o local quando ela terminou de explicar. Dessa vez Karina abriu a boca completamente chocada, a ruiva já estava pronta para declarar guerra pelo seu amado, mas Melanie já tinha planejado um futuro para Willian. — Você me assustou completamente. — Eu sei, e você como uma mulher apaixonada estava defendendo-o. — Claro, ele precisa do emprego, seria cruel demiti-lo sem justificativa. — Nunca faria isso. E tem outra coisa, minha intenção era deixar vocês mais próximos. — Mel sorriu safada e cutucou a amiga, provocandoa. — Você é uma safada. — A ruiva entrou na brincadeira. — Aprendi com você. Mas agora falando sério, você precisa convencê-lo, Elliot acha que ele não aceitará. — Pode deixar que eu tenho meus modos de persuasão. — A ruiva corou se recordando da primeira vez dos dois juntos. Tão intenso e espetacular...
Capítulo 45 Os dias que se seguiram foram agradáveis para Elliot, mas Melanie por outro lado estava a cada dia mais nervosa. — Bom dia amor. — Ele comentou quando ela entrou na cozinha. — Bom dia, dormi demais de novo — comentou vendo que pela terceira manhã seguida, foi ele quem acordou para cuidar de July. — Não se preocupe com isso. Ela o beijou e logo caminhou até July que estava sentadinha na cadeirinha de alimentação, ponta para comer. — Oi meu amor. A bebê sorriu sapeca e adorou o mimo que Melanie deu. Quando Elliot terminou os ovos com bacon e colocou na frente da noiva, Melanie se levantou. — Preciso de um minuto. — Ela correu da cozinha para o quarto novamente. Elliot estranhou aquilo, mas começou a comer e a dar o mingau de July. — Ela está estranha, não é filha? — Papa. — Foi a resposta que ele recebeu seguida de um resmungo de fome. Ele voltou a alimentar July e quando Melanie entrou novamente na cozinha, ela não se sentou, apenas caminhou para perto da jarra com suco de laranja e bebeu um grande gole. — Você está bem? Parece pálida. — Ele comentou olhando-a preocupado.
— Eu estou muito bem, não se preocupe. — Não vai comer amor? — Sim, quando me der fome. — Ela foi evasiva e voltou a beber do suco. Estava faminta, mas sabia que se colocasse os ovos na boca, soltaria tudo. Quando subiu ao quarto, a primeira coisa que Melanie fez foi olhar seu celular, a tabela menstrual mostrou o atraso de nove dias. Como não percebi antes? — Se perguntou perplexa. Cada momento com Elliot passou na sua cabeça, tentando descobrir quando não usaram preservativo. O hotel, meu Deus. — Ela colocou a mão no ventre e acariciou. Sabia que algo estava diferente dias antes, quando começou a dormir mais que o normal, mas tudo se confirmou quando Elliot colocou os ovos na frente dela, aquele enjoo ela estava costumada a sentir na gravidez de Luna. Quando desceu novamente e viu Elliot alimentar July com tanto afeto e cuidado, Melanie teve certeza que nenhum outro homem seria tão perfeito para ser o pai de seus filhos. A notícia a pegara desprevenida, mas não detestou a ideia. Recomeçar... Uma palavra tão simples com um significado tão intenso. É exatamente isso que Melanie precisa. Encarando Elliot indecisa, ela se decidia se contaria agora ou não. — Preciso ir para a empresa, me ligue se ainda estiver passando mal. — Ele comentou se levantando e limpou a boquinha de July. — Como sabe?
— Eu te conheço anjo, sei que o café da manhã é a sua refeição preferida, nunca ficou sem fome assim, se quiser posso ficar em casa com vocês. Ela arregalou os olhos preocupada. — Não, não precisa mesmo, tenho que fazer algumas coisas. Elliot se aproximou dela, ainda mais confuso. — Que coisas? — Coisas de mulheres, essas coisas. — Ela fez um gesto de pouco caso com a mão. — Tudo bem. — Ele suspirou vencido e a beijou. — Qualquer coisa estarei com o celular todo o tempo. — Eu sei meu lindo, não se preocupe, eu te amo. — Ela o abraçou uma última vez, mas Elliot a olhou novamente. — Diz de novo. — Eu te amo. — Ela comentou e sorriu. — Também amo você, amo as duas. — Ele olhou para July e se despediu. Melanie se jogou na cadeira e suspirou exausta. — O que acha de ter um irmãozinho ou irmãzinha filha? — Ela perguntou para a bebê que a olhava atenta. July bateu as duas mãozinhas juntas, como se estivesse comemorando. — Então vamos ter certeza antes de contar para o papai? — propôs e pegou a bebê nos braços.
∞∞∞
O carro de Melanie estava estacionado de frente com a Bittencourt&Co., a morena olhava para o bonito prédio e sentia suas mãos soarem. — Bom... — Ela soltou um longo suspiro. — É agora ou nunca, não é? — Ela olhou no espelho interno e sorriu confiante. July estava quietinha no bebê conforto enquanto Melanie caminhava empresa adentro. — Moça, tem como não me anunciar? É que eu quero fazer uma surpresa. — Ela pediu para a secretária, que já a conhecia das vezes que esteve ali antes. — Eu não sei se é adequado... Antes que ela terminasse de dizer, Christopher apareceu no campo de visão de Melanie, como uma salvação. — Ei Mel, você por aqui. — Ele a cumprimentou e foi mexer com July. — Ei lindeza do tio, está cada dia maior. — Passa muito rápido mesmo. Podemos conversar? — Melanie perguntou para ele, o olhar azul-exótico se levantou para ela confuso. — Aconteceu alguma coisa? — Chris a conduziu até os elegantes sofás, se afastando das secretárias. — Eu preciso falar com o Elliot, descobri uma coisa hoje e quero dividir com ele. — Ela relou involuntariamente na barriga e Christopher acompanhou o gesto. — Oh, minha nossa. — Ele arqueou as sobrancelhas surpreso. — Sim, quero fazer uma surpresa, mas a secretária não me deixa entrar sem ser anunciada.
— Essa é uma regra da empresa, mas venha, vou te ajudar com isso. Ele pegou o bebê conforto de July e deixou Melanie trazer apenas a bolsa. — Não precisamos falar com a moça? — ela perguntou quando os dois passaram direto pela secretária de Elliot. — Não. — Christopher abriu a porta do escritório do irmão e quando Melanie entrou, ela não estava preparada para o que viu. O primogênito colocou o bebê conforto com a sobrinha próximo a Melanie e sorriu sem graça. — Acho que é melhor eu deixar vocês sozinhos. Antes que Christopher terminasse de fechar a porta, ele ainda foi capaz de ouvir Melanie dizer: — Não pode ser. — Ela comentou colocando a mão na boca e os olhos marejaram. — O que você está fazendo aqui anjo? — Elliot perguntou se levantando e caminhando rápido até ela. — Eu vim... Eu. — Ela gaguejou e Elliot seguiu o olhar dela. Em cima da sua mesa estava a delicada caixinha aveludada e Melanie estava completamente surpresa olhando-a. — Não era exatamente assim que eu queria te entregar. — Ele falou enquanto pegava a caixinha e se aproximava dela novamente. — É para mim? — Melanie fez a pergunta mais boba do mundo. — Claro que é, você é a única mulher que eu amo, a única que eu quero ao meu lado sempre. Melanie deixou um suspiro feliz escapar quando Elliot a segurou pela mão.
— Sei que o meu pedido não foi um dos melhores. — Ele passou a mão livre no cabelo, completamente constrangido. — Foi o melhor para mim. — Ela sorriu deixando a emoção tomar conta dela. — Mas faltou um anel anjo, e você merece mais que apenas um pedido... Quando eu vi esse em especial, — ele abriu a caixinha e Melanie encarou a joia emocionada, — me lembrei de você, é tão simples, mas possui um brilho único que não o deixa se tornar comum. Melanie estava com o rosto todo molhado. São os hormônios da gravidez, misturado com a alegria de ser amada de verdade. — Elli... — Ela sussurrou. — Sei que já me disse sim, mas quero ouvir de novo, eu nunca me canso. Você quer ser minha esposa? — Os olhos azuis cintilaram como uma linda joia recém-polida. — Sim amor, com toda a certeza do mundo é sim, eu aprendi a amar novamente graças a você, graças a vocês dois. — Ela olhou para July que mordia a mãozinha assistindo a cena toda. As lágrimas que Elliot segurava, se derramaram, dançando em sintonia com as de Melanie, no exato momento em que ele colocou o anel no dedo dela. Elliot selou os lábios dos dois, o seu lugar no mundo é ali, segurando a mulher da sua vida em seus braços. Quando os dois se afastaram, Melanie tirou July da cadeirinha e a pegou nos braços. — Nós viemos aqui te dar uma notícia. — Ela comentou ainda chorando. Ter o Bittencourt em sua vida já era perfeito, mas trazer ao mundo o fruto do amor que sentem, tornaria tudo ainda mais especial.
— Que notícia. — Ele tentou evitar o tom preocupado, mas falhou. — É que... — Ela parou de falar e pegou o envelope na bolsa. — Ainda está com o mal-estar? — Ele perguntou quando Melanie estendeu a folha para ele. — Sim, esse mal-estar vai me acompanhar por um tempinho. — Ela sorriu, mas ele não. — O que você tem? — Abra o envelope amor, a resposta está aí. — Ela mordeu o lábio nervosa. Cada gesto de Elliot foi acompanhado pelas duas mulheres da vida dele, July estava completamente calada, prestando atenção, parecia que sabia o quão importante é esse momento para os seus pais. Ele retirou o papel do envelope já aberto e leu. Melanie o olhou em expectativa. — Diga algo — pediu impaciente. — Teremos mais um filho? — Ou mais uma filha. — Ela apertou um pouquinho July, demonstrando o amor que sente pela pequena. Elliot já imaginava que a gravidez poderia acontecer, mas receber a notícia foi o melhor presente do mundo. Ele envolveu as duas em seus braços e beijou Melanie. — Teremos um bebê. — Ele afirmou alegremente. — Sim, às vezes nem eu acredito, depois de Luna, tudo pareceu perder a cor, mas hoje sei que o meu recomeço era necessário. — Eu te amo minha linda, um acaso nos uniu, mas nem mesmo o
destino será capaz de nos separar. E foi assim do nada que essa família se construiu, mas será para todo o sempre. O acaso existe, e nesse caso foi o melhor acaso que se existiu...
Epílogo 1 Ao contrário de Elliot, Melanie não estava completamente assustada quando foi ganhar Dylan, afinal já passara por isso e soubera o quanto é doloroso, mas compensador no final. O novo membro da família Bittencourt foi esperado com ansiedade, a cada mês ela visitava o túmulo dos pais e contava da gestação, assim como fez na de Luna, era um ritual que ela levaria pela vida toda. A cada visita ela passava no de Luna e contava o quanto o irmãozinho dela chutava forte e que na maioria das manhãs ficava quietinho dormindo. July não fazia parte de todas as visitas, mas Melanie a levava quase sempre, para falar um pouco mais de Lisa e Eduard. Costumam dizer que cemitério não é lugar para crianças, mas e quando os seus pais biológicos estão enterrados lá? Isso muda totalmente, e tanto Melanie quanto Elliot concordavam nisso. Passar ali com July, contar as histórias de quando eram crianças e deixar viva a memória dos pais é algo que os dois fariam sempre, com muito amor. Sua rotina estava agradável, mas o término da gravidez chegou e tudo mudou. Elliot estava à beira do desespero — Respira fundo e apenas dirija. — Melanie falou tentando acalmálo. — Eu quem deveria estar acalmando você amor. — Ele comentou acelerando o carro. — Sim, é mesmo, mas... — Ela parou de falar quando uma forte contração a atingiu. Elliot gemeu baixinho e olhou para o banco de trás, July estava sonolenta.
Quando a bolsa de Melanie estourou e tiveram que correr para o hospital, July não se safou e teve que ir junto. O Bittencourt acelerou um pouco mais. — Não precisamos de um acidente agora homem, pare de correr. — Melanie reclamou, já estava suando por causa das dores. Elliot respirou fundo e aceitou a ordem dela, estava correndo demais. — Eu estou nervoso. — Eu sei, mas a médica já está me esperando, dará tudo certo meu lindo, agora respire. — Ela falou acariciando a mão dele que estava no volante. Elliot tentou relaxar. — Como o Chris sobreviveu a isso duas vezes? — Ele se perguntou, mas Melanie soltou um riso fraco e respondeu. — No nascimento da Olivia ele ficou muito nervoso. — Eu sei, mas eu estou morrendo de nervoso. — Elli reclamou e quando o hospital foi avistado, ele respirou aliviado. — Campeão, você é o herói do papai, nascer em um domingo à noite foi a minha salvação — comentou com a barriga, agradecendo aos céus por não ter trânsito essa noite. Melanie desceu do carro com a ajuda do marido e enquanto ele pegava July nos braços, ela adentrou o hospital. Como o esperado, a médica já a aguardava.
∞∞∞ Melanie acordou, mas ainda se sentia exausta, quando abriu os olhos
deu de frente com Elliot segurando o pequeno Dylan nos braços. — Oh, me dê ele um pouco? — Ela pediu estendendo os braços. —Claro. Elliot passou o bebê para ela e Melanie segurou na pequena mãozinha. — Ele é lindo. — Mesmo todo enrugadinho ele é. — Elliot falou babão. — Cadê a nossa filha? — Melanie perguntou olhando ao redor preocupada. — Não se preocupe, ela estava com sono e fome, minha mãe resolveu leva-la para casa. — Sua mãe é o nosso anjo. — Mel sorriu agradecida. — Ela comentou algo comigo hoje. — O quê? — Que a July na vida de nós dois foi o nosso melhor acaso. — Sim eu concordo, e resultou no Dylan, não é meu menino? — Melanie perguntou para o recém-nascido. Elliot se aproximou da cama dos dois e segurou a mão da esposa, afinal ambos se casaram um mês após o pedido, no jardim da casa que chamam de lar. — Obrigado. — Ele sussurrou. — Por que está me agradecendo? — Por você me fazer feliz todos os dias, por ser essa mãe maravilhosa para a July, por ter trazido o Dylan ao mundo. — Ele deu um beijo demorado na testa dela.
— Oh Elliot, você não precisa agradecer, afinal contribuiu para que tudo isso acontecesse. — Eu sei, mas eu estava tão nervoso ontem e você foi tão forte. — Ele falou orgulhoso. — Eu precisei ser por nós todos. — Ela comentou brincalhona. Mas era a verdade, Melanie foi tão forte e decidida quando o assunto foi a escolha de parto normal, e Dylan contribuiu para que isso se realizasse. — Queria July aqui, para enfim ficarmos completos. — Logo levaremos o irmão dela para casa...
Epílogo 2 Todos da família Bittencourt estão reunidos na casa de Christopher e Tayla. Andrew está completando oito anos de vida, mas nem essa idade foi capaz de fazê-lo entender as palavras de Elliot. — Tem como repetir tio? — Ele perguntou confuso e correu seus olhos azuis até onde July brincava com Olívia, a filha caçula de Chris e Tay. Ela é tão linda. O coração do jovem Bittencourt disparou, já adorava sua prima e melhor amiga. — Quero que me prometa algo. — Elliot voltou a dizer. — Essa parte eu entendi, quero saber o que devo prometer. — Ele perguntou novamente. Elliot olhou onde as meninas estavam e suspirou. — Sabe que nem sempre poderei estar ao lado da sua prima, cuidando dela, quero que prometa que nesses momentos em que eu estiver distante, você será meus olhos, quero que cuide dela e principalmente, não deixe nenhum menino chegar perto da nossa garotinha. Apenas a ideia de um garoto perto de July fez o jovem rapazinho se zangar, fazendo a mesma expressão do pai quando está bravo. — Por que quer que eu prometa? A July sabe se cuidar, ela já derrubou o Dylan nos treinos. — A inocência de Drew fez Elliot gargalhar. — Sei que ela é muito boa nos treinos e que sabe se cuidar, mas você é mais forte que ela, é o homenzinho da família, cuidar dela não será difícil. Andrew inclinou a cabeça para o lado pensativo. Protegeria July sempre, assim como faz com Olivia sua irmã e até mesmo com suas outras primas.
— Eu prometo, nunca vou deixá-la sozinha com nenhum menino, nenhum mesmo. — Ele levantou a mão direita e jurou, do mesmo modo que aprendeu no acampamento de escoteiros que vai todo verão. — Esse é o meu garoto, agora vai lá brincar com aquelas duas bailarinas. — Elliot espatifou as madeixas lisas e negras do sobrinho e Andrew correu em direção a July e Livy que agora treinavam pequenos passos de balé perto da piscina. Melanie caminhou cautelosa até o marido e o olhou de olhos semicerrados. — O que você fez o menino prometer Elliot? — perguntou. Elliot olhou na direção da esposa, que segurava a mão de um sonolento Dylan o menininho parecido com a mãe, mas era o pai em tudo, dos netos Bittencourt, ele fora o único até agora que nasceu com os olhos castanhos tão intensos quanto os de Melanie, Olivia tem os olhos azuis ainda mais claros que de Andrew. — Você deveria descansar, ficou de pé o dia todo. — Ele mudou de assunto, acariciando a barriga dela de seis meses, dessa vez esperavam uma menina, a pequena Andy. — Não adianta tentar me enrolar, quero saber o que o fez prometer... — As palavras de Melanie foram quebradas quando o barulho de alguém caindo na piscina chamou a atenção de todos. — Se safou dessa, por enquanto. — Ela respondeu e andou o mais rápido que conseguiu para ajudar July, atrapalhada como é caiu na piscina durante o treino de balé. Mesmo Elliot não fazendo ideia, ele acabara de fazer um possível romance passar por diversas turbulências antes de pousar em um ambiente calmo e seguro, afinal um Bittencourt nunca esquece as suas promessas...
Agradecimentos Aos leitores que estão acompanhando a série, me apoiando e me incentivando cada vez mais. A minha filha Ashley, quem me inspirou muito para criar July. Ao meu marido David, quem me incentiva e me apoia em tudo. Agradeço a Islay pelo lindo trabalho na capa, a Carol pela excelente revisão do livro e a Karina por sempre dar a leitura final. Obrigada a todos vocês, sem cada ajuda, incentivo e criação esse livro não chegaria até aqui...
Próximo livro da série
Sinopse do livro 3
Depois de terminar um relacionamento de anos com a mulher que ele acreditou ser sua pela vida toda, Ethan Bittencourt se tornará Alex Stewart o oficial infiltrado no caso Herrera, sua função será proteger a única herdeira de um mafioso mexicano. Sua promoção depende do sucesso desse trabalho, mas ele não imaginou que o seu principal problema seria aquela menina. Antes mesmo de conhecê-lo, Tayane Herrera já detestava Alex. Disposta a se livrar dele o quanto antes, ela se revela contra o pai. Porém, ela não imaginou que esse segurança era um homem atraente, com um sorriso debochado que o tornava deliciosamente sexy. Um trabalho os uniu... Ela disposta a fazer da vida dele um inferno... Ele disposto a se manter afastado... Duas vidas unidas por um objetivo... Poderá nascer um amor no meio de tantas mentiras?
Sobre a autora
Vanessa G. Secolin Mora no interior de São Paulo com o marido e uma filha, é apaixonada por leitura desde a adolescência, entretanto a paixão por escrita foi descoberta a pouco tempo, por meio de uma plataforma online onde conheceu leitoras e amigas maravilhosas. REDES SOCIAIS Instagram: autoravanessasecolin Wattpad: AutoraVanessaSecolin E-mail:
[email protected] Gostou de conhecer um pouco da família Bittencourt? Se sim, vamos levar esse livro para mais leitores. Indiquem esse livro, compartilhem com os amigos e publique nas suas redes sociais. Se possível, deixe sua avaliação na Amazon, as avaliações são muito importantes. Desde já eu agradeço imensamente.