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O FINAL DO SÉCULO E O PARNASIANISMO

VASO CHINÊS

LITERATURA

ESTÉTICA PARNASIANA

Estranho mimo aquele vaso! Vi-o, Casualmente, uma vez, de um perfumado Contador sobre o mármor luzidio, Entre um leque e o começo de um bordado.

O Parnasianismo foi contemporâneo do Realismo e do Naturalismo, portanto influenciado pelos mesmos elementos históricos dos outros movimentos; contudo, a estética parnasiana diferencia-se ideologicamente por não se preocupar com a temática social ou mesmo com a reflexão sobre o homem e sua condição.

Fino artista chinês, enamorado, Nele pusera o coração doentio Em rubras flores de um sutil lavrado, Na tinta ardente, de um calor sombrio.

O racionalismo que dominava a época traduziu-se em objetivismo, em rejeição aos excessos românticos e em crítica ao sentimentalismo. A arte não era mais vista como um simples entretenimento, era necessária a busca da beleza, a arte pela arte. A poesia não mais serviria às emoções humanas, mas à própria Arte.

Mas, talvez por contraste à desventura, Quem o sabe?... de um velho mandarim Também lá estava a singular figura. Que arte em pintá-la! A gente acaso vendo-a, Sentia um não sei quê com aquele chim De olhos cortados à feição de amêndoa. Alberto de Oliveira

MOMENTO HISTÓRICO O final do século XIX caracterizou-se por uma grande transformação nos meios de produção. O avanço da industrialização tornou possível um crescimento econômico jamais experimentado anteriormente; o uso da energia elétrica e do petróleo acelerou ainda mais o funcionamento e o desenvolvimento das fábricas. Assim, a burguesia consolidava seu poder, já que mantinha os meios de produção, aumentava seus lucros e fortalecia suas posições políticas. De outro lado, vítimas da crescente exploração capitalista, estava o proletariado: excluído do processo econômico e submetido a condições de trabalho desumanas em troca de salários baixíssimos.

SANZIO, Rafael. O Parnaso. Afresco no Vaticano (1511)

Também foi uma época de grande desenvolvimento do pensamento humano, com reflexos expressivos nas ciências naturais e humanas. Movimentos filosóficos como o positivismo e o marxismo somaram-se aos científicos, como o darwinismo, para emprestar uma visão menos idealizada do mundo, portanto mais objetiva e distanciada do dogmatismo religioso.

O poeta, alienado socialmente, inspira-se na Antiguidade Clássica, na mitologia greco-latina como uma forma de negar os princípios do Romantismo e garantir prestígio entre as camadas mais letradas do Brasil. O artificialismo é uma de suas principais características, visto ser uma poesia que valorizava excessivamente a forma (os sonetos, as rimas ricas, a métrica perfeita), ostentando um nível vocabular refinado e grande rigor gramatical.

O Brasil, por sua vez, não estava alheio às transformações do mundo. Aqui, os movimentos abolicionista e republicano ganhavam corpo e conquistavam importantes objetivos sociais e políticos: o fim da escravidão e a proclamação da República. Desta maneira, o país alinhava-se ao pensamento europeu, separando a Igreja do Estado, organizando o sistema judiciário do país e estabelecendo um regime de maior participação popular.

O nome Parnasianismo tem origem na Grécia antiga: segundo a lenda, Parnaso é o nome de um monte da Fócida, consagrado a Apolo e às musas. É o monte onde nasceu Castália, a musa inspiradora dos poetas. Por consagrar a arte ao belo, o estilo tornase impassível e impessoal. É uma arte excessivamente descritiva, cheia de adjetivos e imagens poéticas elaboradas. O objetivo maior é o culto à forma na busca de atingir a perfeição.

CALIXTO, Benedito. Proclamação da República (1893)

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APPIANI, Andrea. Parnassus (1811)

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19 O FINAL DO SÉCULO E O PARNASIANISMO

Os temas parnasianos resumem-se a alguns episódios históricos, fenômenos naturais e a descrição detalhada de objetos decorativos como vasos e enfeites em geral. A mulher no Parnasianismo é vista com objetividade, contrapondo-se às idealizações românticas. Desta forma, a sensualidade e o amor carnal eram cultivados pelos parnasianos. A deusa da beleza Vênus era o padrão feminino, revelando também a preferência pelas figuras pagãs da Antiguidade.

Alberto de Oliveira

Antônio Mariano Alberto de Oliveira foi farmacêutico, professor e poeta, nasceu em Palmital de Saquarema, RJ, em 28 de abril de 1857, e faleceu em Niterói, RJ, em 19 de janeiro de 1937. Cursou também a Faculdade de Medicina até o terceiro ano, onde foi colega de Olavo Bilac, com quem, desde logo, estabeleceu as melhores relações. Sua casa em Niterói ficou famosa por ser frequentada pelos mais ilustres escritores brasileiros, entre os quais Olavo Bilac, Raul Pompeia, Raimundo Correia, Aluísio e Artur Azevedo. Nessas reuniões, só se conversava sobre arte e literatura. Alberto de Oliveira foi uma espécie de líder do Parnasianismo, até por ser o poeta que melhor encarnou as características do movimento. O estilo de Oliveira é frio e intelectualizado, com predileção pelo preciosismo formal e gramatical. Sua poesia é descritiva, preza pelo objetivismo e pelas cenas exteriores, o amor da natureza, o culto da forma, a pintura da paisagem, a linguagem castiça e a versificação rica. Ao mesmo tempo em que fervilhava social e politicamente a vida na cidade, com as lutas abolicionistas e republicanas, Alberto de Oliveira dizia: “Eu hoje dou a tudo de ombros, pouco me importam paz ou guerra, e não leio jornais”. Fiel ao Parnasianismo até o fim da vida, manteve-se distante dos problemas sociais e pôs-se apenas a cultivar a arte pela arte.

Depois... Mas o lavor da taça admira,

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(Sonetos e poemas, 1886.) Raimundo Correia

esvazada: esvaziada.

O Parnasianismo fez bastante sucesso em sua época, estendendo-se da década de 80 do século XIX até a Semana de Arte Moderna em 1922. Coube a Teófilo Dias, com a publicação de Fanfarras (1882), inaugurar o movimento, que teve como representantes poetas como Alberto de Oliveira, Francisca Júlia, Raimundo Correia, Olavo Bilac e Vicente de Carvalho.

Era o poeta de Teos que a suspendia Então, e, ora repleta ora esvazada, A taça amiga aos dedos seus tinia, Toda de roxas pétalas colmada.

Ignota voz, qual se da antiga lira Fosse a encantada música das cordas, Qual se essa voz de Anacreonte fosse.

colmada: coberta, cheia.

AUTORES PARNASIANOS

VASO GREGO Esta de áureos relevos, trabalhada De divas mãos, brilhante copa, um dia, Já de aos deuses servir como cansada, Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.

Toca-a, e do ouvido aproximando-a, às bordas Finas hás de lhe ouvir, canora e doce,

ignota: ignorada, desconhecida. Olimpo: segundo a mitologia, amorada dos deuses. poeta de Teos: referência a Anacreonte, poeta grego, nascido em Teos, famoso por suas canções de amor irônicas e melancólicas.

Nasceu a 13 de maio de 1859, em um navio ancorado em águas maranhenses. Estreou na poesia como romântico, influenciado por Casimiro de Abreu e Fagundes Varela. Sua segunda fase é a que mais nos interessa, pois é nela que se faz perfeitamente parnasiano. É um dos autores mais sensíveis, influenciado pelo pessimismo do pensador alemão Arthur Schopenhauer – que defendia a ideia de que todas as dores e males do mundo provêm da vontade de viver –, produziu poemas cheios de sombras e luares, ainda que tenha adotado a perfeição formal como princípio. Apresenta temática tipicamente parnasiana, como a natureza, a perfeição dos objetos e a cultura clássica. Produziu também poesias filosóficas de meditação, na qual dialogava com o pessimismo e fazia reflexões de ordem moral e social. A parte final de sua obra revela um processo de transição, a qual alguns chamam de terceira fase: seu pessimismo, em meio a cenas noturnas e sensações, busca refúgio na metafísica e na religião. Seu estilo oscila entre a descrição e a sugestão de imagens, com aspectos de musicalidade e sinestesia, demonstrando claramente a transição para o Simbolismo. Uma polêmica norteou a produção poética de Raimundo Correia: a de que ele teria sido um plagiador. Não se discute a arte e a engenhosidade de Correia, sua originalidade deixa dúvidas a ponto de muitos de seus defensores admitirem seu caráter “recriador”. A influência, por muitas vezes exagerada, de autores europeus em sua obra é nítida em várias de suas obras, recriação das ideias de autores como Theòphile de Gautier e Metastásio. Nada que retire o brilho lírico deste renomado poeta brasileiro. AS POMBAS Vai-se a primeira pomba despertada... Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas De pombas vão-se dos pombais, apenas Raia sanguínea e fresca a madrugada... E à tarde, quando a rígida nortada Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,

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LITERATURA

19 O FINAL DO SÉCULO E O PARNASIANISMO Profissão de Fé

Ruflando as asas, sacudindo as penas, Voltam todas em bando e em revoada...

(Fragmento)

Invejo o ourives quando escrevo: Imito o amor Com que ele, em ouro, o alto relevo Faz de uma flor.

Também dos corações onde abotoam, Os sonhos, um por um, céleres voam, Como voam as pombas dos pombais; No azul da adolescência as asas soltam, Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam, E eles aos corações não voltam mais... (Sinfonias, 1883.) abotoam: germinam.

Imito-o. E, pois, nem de Carrara A pedra firo: O alvo cristal, a pedra rara, O ônix prefiro. Por isso, corre, por servir-me, Sobre o papel A pena, como em prata firme Corre o cinzel.

céleres: velozes. nortada: vento frio que sopra do norte. ruflando: encrespando as asas (ou penas) para alçar voo.

Corre; desenha, enfeita a imagem, A ideia veste: Cinge-lhe ao corpo a ampla roupagem Azul-celeste. Torce, aprimora, alteia, lima A frase; e, enfim, No verso de ouro engasta a rima, Como um rubim.

Olavo Bilac

Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac nasceu no Rio de Janeiro a 16 de dezembro de 1865 e parecia destinado ao verso clássico, já que seu próprio nome é um verso alexandrino, com doze sílabas métricas. Seu pai o queria médico, mas Olavo abandonou a faculdade de Medicina e foi estudar Direito em São Paulo, curso também que não concluiu. Trabalhou como inspetor escolar e jornalista. Ao contrário de outros poetas parnasianos, Olavo mostravase envolvido com ideais Republicanos e nacionalistas. Patriota e nacionalista, defendeu a instrução primária, da educação física e do serviço militar obrigatório; escreveu também o Hino à Bandeira e dedicou-se a alguns temas de caráter histórico-nacionalista. Foi nessa mesma época que escreveu outro hino: “Profissão de fé”, o poema definitivo dos poetas parnasianos, em que compara o ofício do poeta ao de um ourives, o profissional que fabrica, desenha e entalha joias e pedras preciosas. Com o título de Príncipe dos Poetas, fez enorme sucesso junto aos jovens e gozava de imenso respeito das camadas mais letradas da sociedade. Sua obra é marcada pela busca da perfeição formal: escrevia versos alexandrinos e buscava concluir seus poemas com “chaves de ouro”. Exibia uma linguagem elaborada, com inversões de estruturas gramaticais. Bilac foi sempre fiel aos princípios do Parnasianismo, não permitindo que os acontecimentos políticos e sociais de sua época – inclua-se aí seu exílio em Ouro preto por opor-se ao governo de Floriano Peixoto – não influenciassem sua poesia. Mesmo assim, Bilac escreveu também livros escolares, crônicas e poesias satíricas. Sua obra possui uma diversidade grande de temas e abordagens, evidenciando a diversidade do poeta. Em Panóplias, exalta a Antiguidade Clássica; em Via láctea, sua poesia tornase intimista e subjetiva, carregada de lirismo – responsável pela popularidade do poeta; em Sarças de fogo, acrescenta ao lirismo a sensualidade e a objetividade; em Alma inquieta e Viagens, trata de temas filosóficos; em O caçador de esmeraldas revela sua preocupação histórica e nacionalista, assim como em Tarde. O que mais chama atenção, no entanto, em Tarde é a percepção da iminência da morte: o crepúsculo do poeta.

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Quero que a estrofe cristalina, Dobrada ao jeito Do ourives, saia da oficina Sem um defeito: E que o lavor do verso, acaso, Por tão subtil, Possa o lavor lembrar de um vaso De Becerril. E horas sem conto passo, mudo, O olhar atento, A trabalhar, longe de tudo O pensamento. Porque o escrever - tanta perícia, Tanta requer, Que ofício tal... nem há notícia De outro qualquer. Assim procedo. Minha pena Segue esta norma, Por te servir, Deusa serena, Serena Forma! (Poesias, 1888)

EXERCÍCIOS

PROTREINO 01. Qual foi a primeira obra do parnasianismo escrita por Teófilo Dias? 02. O que diferenciava Olavo Bilac dos outros poetas parnasianos? 03. Qual é a principal característica do parnasianismo? 04. O que diferencia ideologicamente a estética parnasiana do Realismo e Naturalismo ? 05. Em qual contexto histórico brasileiro surge o Parnasianismo ?

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19 O FINAL DO SÉCULO E O PARNASIANISMO

EXERCÍCIOS

PROPOSTOS 01. (MACKENZIE) Não caracteriza a estética parnasiana: a) a oposição aos românticos e distanciamento das preocupações sociais dos realistas. b) a objetividade advinda do espírito cientificista, e o culto da forma.

Coerente com a proposta parnasiana de cuidado formal e racionalidade na condução temática, o soneto de Raimundo Correia reflete sobre a forma como as emoções do indivíduo são julgadas em sociedade. Na concepção do eu lírico, esse julgamento revela que: a) a necessidade de ser socialmente aceito leva o indivíduo a agir de forma dissimulada. b) o sofrimento intimo torna-se mais compartilhado por um grupo social.

ameno

quando

c) a capacidade de perdoar e aceitar as diferenças neutraliza o sentimento de inveja.

c) a obsessão pelo adorno e contenção lírica.

d) o instinto de solidariedade conduz o indivíduo a apiedar-se do próximo.

d) a perfeição formal na rima, no ritmo, no metro e volta aos motivos clássicos.

e) a transfiguração da angústia em alegria é um artificio nocivo ao convívio social.

e) a exaltação do "eu" e fuga da realidade presente. 02. (UECE) Há correspondência entre estilo e característica em: a) Romantismo - objetivismo b) Realismo - subjetivismo

06. (ENEM) Abrimos o Brasil a todo o mundo: mas queremos que o Brasil seja Brasil! Queremos conservar a nossa raça,a nossa história, e, principalmente, a nossa língua, que étoda a nossa vida, o nosso sangue, a nossa alma, a nossareligião. BILAC, O. Últimas conferências e discursos. Rio de Janeiro: FranciscoAlves,

c) Naturalismo - cientificismo d) Parnasianismo - linguagem descuidada 03. (UEL)Em seus poemas mais representativos, os poetas parnasianos cultivavam:

Nesse trecho, Olavo Bilac manifesta seu engajamento naconstituição da identidade nacional e linguística, ressaltando a a) transformação da cultura brasileira. b) religiosidade do povo brasileiro.

a) a simplicidade da Natureza, a musicalidade das palavras doces e a confissão dos sentimentos.

c) abertura do Brasil para a democracia.

b) o vocabulário raro, a metrificação impecável e as rimas preciosas.

e) autorreferência do povo como brasileiro.

d) importância comercial do Brasil.

c) o jogo de antíteses, a angústia da divisão psicológica e o tema da vida efêmera.

07. (PUC-RIO) É incorreto afirmar que no Parnasianismo:

d) o verso livre, a rima apenas ocasional e os temas diretamente ligados ao cotidiano.

b) a disposição dos elementos naturais (árvores, es- trelas, céu, rios) é importante por obedecer a uma ordenação lógica

e) a retórica da indignação e do protesto, a participação política e os temas sociais.

c) valorização dos elementos naturais torna-se mais importante que a valorização do poema

04. (PUC)Assinale a alternativa correta a respeito do Parnasianismo:

d) a natureza despe-se da exagerada carga emocional com que foi explorada em outros períodos literá- rios.

a) A inspiração é mais importante que a técnica. b) Culto da forma: rigor quanto às regras de versificação, ao ritmo, às rimas ricas ou raras. c) O nome do movimento vem de um poema de Raimundo Correia. d) Sua poesia é marcada pelo sentimentalismo. e) No Brasil, o Parnasianismo conviveu com o Barroco. 05. (ENEM) Mal secreto Se a cólera que espuma, a dor que mora N’aIma, e destrói cada ilusão que nasce, Tudo o que punge, tudo o que devora O coração, no rosto se estampasse; Se se pudesse, o espirito que chora, Ver através da máscara da face, Quanta gente, talvez, que inveja agora Nos causa, então piedade nos causasse! Quanta gente que ri, talvez, consigo Guarda um atroz, recôndito inimigo, Como invisível chaga cancerosa! Quanta gente que ri, talvez existe, Cuja ventura única consiste Em parecer aos outros venturosa! (CORREIA, R. In: PATRIOTA, M. Para compreender Raimundo Correia. Brasilia: Alhambra, 1995.)

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a) a natureza é apresentada objetivamente.

e) as inúmeras descrições da natureza são feitas dentro do mito da objetividade absoluta, porém os melhores textos estão permeados de conotações subjetivas. 08. (UNESP) Tal movimento distingue-se pela atenuação do sentimentalismo e da melancolia, a ausência quase completa de interesse político no contexto da obra (embora não na conduta) e (como os modelos franceses) pelo cuidado da escrita, aspirando a uma expressão de tipo plástico. O mito da pureza da língua, do casticismo vernacular abonado pela autoridade dos autores clássicos, empolgou toda essa fase da cultura brasileira e foi um critério de excelência. É possível mesmo perguntar se a visão luxuosa dos autores desse movimento não representava para as classes dominantes uma espécie de correlativo da prosperidade material e, para o comum dos leitores, uma miragem compensadora que dava conforto. (Antonio Candido. Iniciação à literatura brasileira, 2010. Adaptado.)

O texto refere-se ao movimento denominado a) Romantismo b) Barroco c) Parnasianismo d) Arcadismo e) Realismo

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LITERATURA

19 O FINAL DO SÉCULO E O PARNASIANISMO 09. (ACAFE) “Diferentemente do Realismo e do Naturalismo, que se voltavam para o exame e para a crítica da realidade, o Parnasianismo representou na poesia um retorno ao clássico, com todos os seus ingredientes: o princípio do belo na arte, a busca do equilíbrio e da perfeição formal. Os parnasianos acreditavam que o sentido maior da arte reside nela mesma, em sua perfeição, e não na sua relação com o mundo exterior.” CEREJA; MAGALHÃES,

1999, p. 334.

Sobre o Parnasianismo, assinale a alternativa correta. a) Os maiores expoentes do Parnasianismo, na poesia e na prosa, ocuparam-se da literatura indianista, na qual exaltavam a dignidade do nativo e a beleza superior da paisagem tropical. b) Um exemplo de poesia parnasiana é a obra Suspiros poéticos e saudade, de Gonçalves de Magalhães, na qual o poeta anuncia a revolução literária, libertando-se dos modelos românticos, considerados ultrapassados. c) Os parnasianos consideravam que certos princípios românticos, como a simplicidade da linguagem, valorização da paisagem nacional, emprego de sintaxe e vocabulário mais brasileiros, sentimentalismo, tudo isso ocultava as verdadeiras qualidades da poesia. d) Tomás Antônio Gonzaga e Cláudio Manoel da Costa exemplificam a tendência de uma poesia pura, indiferente às contingências históricas, com sátira à mestiçagem e elogio à nobreza local. 10. (UFRS-RS) Com relação ao Parnasianismo, são feitas as seguintes afirmações. I.

Pode ser considerado um movimento antirromântico pelo fato de retomar muitos aspectos do racionalismo clássico.

II. Apresenta características que esteticismo e o culto da forma.

contrastam

com

o

III. Definiu-se, no Brasil, com o livro “Poesias”, de Olavo Bilac, publicado em 1888. Quais estão corretas?

Assinale a alternativa que contém características parnasianas presentes no poema: a) busca de inspiração na Grécia Clássica, com nostalgia e subjetivismo; b) versos impecáveis, misturando mitologia clássica com sentimentalismo amoroso; c) revalorização das ideias iluministas e descrição do passado. d) descrição minuciosa de um objeto e busca de um tema ligado à Grécia antiga. e) vocabulário preciosista, de forte ardor sensual. 13. (UNB-ADAPTADA) Vaso grego Esta, de áureos relevos, trabalhada De divas mãos, brilhante copa, um dia, Já de aos deuses servir como cansada, Vinda do Olimpo, a um novo deus servia. Era o poeta de Teos que a suspendia Então e, ora repleta ora esvazada, A taça amiga aos dedos seus tinia Toda de roxas pétalas colmada. Depois... Mas o lavor da taça admira, Toca-a, e, do ouvido aproximando-a, às bordas Finas hás de lhe ouvir, canora e doce, Ignota voz, qual se da antiga lira Fosse a encantada música das cordas, Qual se essa a voz de Anacreonte fosse. Alberto de Oliveira. Poesias completas. In: Crítica. Marco Aurélio de Mello Reis. Rio de Janeiro: EDUERJ, 197, p.144.

Acerca do soneto Vaso grego, de Alberto de Oliveira, e do período histórico-literário a que ele remete, marque a alternativa INCORRETA a) No período em que o Parnasianismo se destacou, o Brasil, especialmente o Rio de Janeiro, vivia forte influxo de modernização tardia em relação aos centros europeus, o que incentivou o consumo de mercadorias culturais luxuosas, mas desligadas da realidade local. Assim, verifica-se que a recorrência a temas advindos da Antiguidade Clássica era a correspondência estética dessa tendência manifestada na objetividade social brasileira.

a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas I e III. d) Apenas II e III. e) I, II e II. 11. (CEFET-PR) E sobre mim, silenciosa e triste, A Via-Láctea se desenrola Como um jarro de lágrimas ardentes (Olavo Bilac) Sobre o fragmento poético não é correto afirmar:  a) A “Via-Láctea” sofre um processo de personificação. b) A cena é descrita de modo objetivo, sem interferência da subjetividade do eu-poético. c) A opção pelos sintagmas “desenrola” e “jarro de lágrimas ardente” visa a presentificar o movimento dos astros. d) Há predomínio da linguagem figurada e descritiva. e) A visão de mundo melancólica do emissor da mensagem se projeta sobre o objeto poetizado 12. (CEFET-PA) Leia os versos: Esta, de áureos relevos, trabalhada De divas mãos, brilhantes copa, um dia, Já de  aos deuses servir como cansada, Vinda do Olimpo, a um novo deus servia. Era o poeta de Teos que a suspendia. Então e, ora repleta ora esvaziada, A taça amiga aos dedos seus tinia Todas de roxas pétalas colmada.

b) O refinamento da linguagem e as formas labirínticas dos versos do soneto Vaso grego atestam o quanto a poesia parnasiana no Brasil, país de desigualdade social, asseverou a distância entre a língua falada e a escrita. c) A temática abordada no soneto Vaso grego é representativa da tendência atribuída pela crítica literária ao Parnasianismo no Brasil: a descrição apaixonada de objetos antigos, por meio da qual se expressava, de forma evidente, a subjetividade do eu lírico. 14. (FUND. UNIV. RIOGRANDE) Marque a afirmativa correta: a) O Parnasianismo caracterizou-se, no Brasil, pela busca da perfeição formal na poesia. b) O Parnasianismo determinou o surgimento de obras de tom marcadamente coloquial. c) O Parnasianismo, por seus poetas, preconizava o uso do verso livre. d) O Parnasianismo brasileiro deu ênfase ao experimentalismo formal. e) O Parnasianismo foi o responsável pela afirmação de uma poesia de caráter sugestivo e musical.

(Alberto de Oliveira)

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15. (UFRGS) No bloco superior abaixo, estão listados os movimentos literários brasileiros; no inferior, características desses movimentos. Associe adequadamente o bloco inferior ao superior. 1) Arcadismo

2) Parnasianismo

3) Simbolismo

( ) Representa um afastamento dos problemas brasileiros, seguindo uma estética rígida.

sociais

( ) Surge na periferia intelectual brasileira: Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. ( ) Recupera o padrão estético clássico, fazendo ressurgir a epopeia. ( ) Busca transfigurar a condição humana, dando-lhe horizontes transcendentais. A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é a) 1 – 1 – 3 – 2.

d) 2 – 3 – 3 – 1.

b) 1 – 3 – 2 – 2.

e) 3 – 1 – 3 – 2.

c) 2 – 3 – 1 – 3. 16. (ESPCEX) Os parnasianos acreditavam que, apoiando-se nos modelos clássicos, estariam combatendo os exageros de emoção e fantasia do Romantismo e, ao mesmo tempo, garantindo o equilíbrio que almejavam. Propunham uma poesia objetiva, de elevado nível vocabular, racionalista, bem-acabada do ponto de vista formal e voltada para temas universais. Esse racionalismo, que enfrentava os “exageros de emoção” e fixava-se no formalismo, fica bem claro na seguinte estrofe parnasiana de Olavo Bilac: a) e eu vos direi: “Amai para entendê-las!/Pois só quem ama pode ter ouvido/Capaz de ouvir e de entender estrelas.” b) Não me basta saber que sou amado,/Nem só desejo o teu amor: desejo/Ter nos braços teu corpo delicado,/Ter na boca a doçura de teu beijo. c) Pois sabei que é por isso que assim ando:/Que é dos loucos somente e dos amantes/Na maior alegria andar chorando. d) Mas que na forma se disfarce o emprego/Do esforço; e a trama viva se construa/De tal modo, que a imagem fique nua,/Rica, mas sóbria, como um templo grego. e) Esta melancolia sem remédio,/Saudade sem razão, louca esperança/Ardendo em choros e findando em tédio. 17. (UFRR) Assinale a afirmação INCORRETA acerca do movimento literário parnasiano. a) Foi o livro Poesias, de Olavo Bilac, publicado em 1882, que marcou o início do Parnasianismo brasileiro. b) Enquanto a poesia romântica dava maior valor à inspiração do que ao acabamento formal, o Parnasianismo atribuiu grande valor à estética do texto. c) Em virtude da preocupação com a forma do poema - que se refletia na precisão das palavras, na riqueza das rimas e no respeito pelas regras de composição poética - o trabalho do poeta parnasiano comumente é comparado ao de um ourives ou escultor. d) O movimento parnasiano tem suas raízes na França, com a publicação, em 1866, da antologia poética O Parnaso Contemporâneo. e) Quanto à mulher, a poesia parnasiana a vê sob o prisma da sensualidade e do erotismo, privilegiando a descrição de seus aspectos físicos. 18. (UEL) O Parnasianismo brasileiro foi um movimento. a) Poético do final do século XIX e início do século XX. b) Lítero-musical do final do século XVIII e início do século XIX. c) Poético do final do século XVIII e início do século XIX. d) Teatral do final do século XX.

19. (PUC-RS) "Esta de áureos relevos, trabalhada De divas mãos, brilhante copa, um dia, Já de aos deuses servir como cansada, Vinda do Olimpo, a um novo deus servia." A poesia que se concentra na reprodução de objetos decorativos, como exemplifica a estrofe de Alberto de Oliveira, assinala a tônica da: a) espiritualização da vida

d) moral das coisas.

b) visão do real.

e) nota do intimismo.

c) arte pela arte. 20. (PUC-RS) Alberto de Oliveira é considerado o mais característico poeta parnasiano, pois suas obras evidenciam: a) erudição lingüística, descrição subjetiva e alusão à mitologia greco-latina. b) culto à forma, descritivismo e retorno aos motivos clássicos. c) preciosismo lingüístico, recuperação dos moldes clássicos e devaneio sentimentalista. d) lirismo comedido, sentimento nacionalista e apuro vocabular. e) descrição pormenorizada, ruptura com os motivos clássicos e busca da palavra exata.

EXERCÍCIOS DE

APROFUNDAMENTO (FUVEST)TEXTO PARA QUESTÃO 01 E 02: Fulge de luz banhado, esplêndido e suntuoso, O palácio imperial se pórfiro luzente E mármor da Lacônia. O teto caprichoso Mostra, em prata incrustado, o nácar do Oriente. O texto acima é a primeira estrofe do soneto “A Sesta de Nero”, de Olavo Bilac. 01. A que “escola literária” ou estilo de época pertence  autor? Justifique a resposta com elementos de texto. 02. Cite outro poema do autor. 03. (UNESP -ADAPTADA) FLOR AZUL - I Abre uma flor sem nome entre as flores da serra. À quentura do sol e seio azul descerra. Dela, por conhecê-la, um sábio pensativo Aproxima-se, vai, do parênquima vivo Das folhas, observar com a lente estoma e estoma; Analisa-lhe o suco, aspira o fino aroma Ao seu cálice, toca a leve contextura, Os estames lhe conta, o ovário lhe procura E sonda; até que enfim: "Ora! - seguro exclama É uma..." E grego e latim, nome híbrido lhe chama Dissonante e confuso. Após se afasta e some. E eu fiquei, flor azul, sem te saber o nome! In: OLIVEIRA, Alberto de. POESIAS COMPLETAS. Rio de Janeiro: Núcleo Editorial da UERJ, 1978, vol. II, p. 421

O texto apresentado permite observar relevantes característica do estilos parnasiano localize no poema de Alberto de Oliveira uma característica típica do estilo parnasiano;

e) Lítero-musical do início do século XX.

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LITERATURA

19 O FINAL DO SÉCULO E O PARNASIANISMO 04. (PUCRJ) TEXTO I A pátria Ama, com fé e orgulho, a terra em que nasceste! Criança! não verás nenhum país como este! Olha que céu! que mar! que rios! que floresta! A Natureza, aqui, perpetuamente em festa, É um seio de mãe a transbordar carinhos. Vê que vida há no chão! vê que vida há nos ninhos, Que se balançam no ar, entre os ramos inquietos! Vê que luz, que calor, que multidão de insetos! Vê que grande extensão de matas, onde impera Fecunda e luminosa, a eterna primavera! Boa terra! Jamais negou a quem trabalha O pão que mata a fome, o teto que agasalha... Quem com o seu suor a fecunda e umedece, Vê pago o seu esforço, e é feliz, e enriquece! Criança! não verás país nenhum como este: Imita na grandeza a terra em que nasceste! BILAC, Olavo. Disponível em: . Acesso em: 10 jul. 2015.

TEXTO II — Tio, os conceitos de nação mudaram. O que vale agora é o internacionalismo. A multiplicidade. Aqui é um pedacinho. Você soma com os pedacinhos que temos por aí afora. Reservas no Uruguai, na Bolívia, pedação do Chile, na Venezuela. Cada savana na África, quero ser transferido para a África, triplica o soldo e a gente tem casa, comida, economiza. — Pois é, entregamos o nosso e fomos colonizar outros territórios. — Não é colonização, tio, é diferente. São reservas multinternacionais. O mundo se globaliza.

Não, o Esquema comprou. Comprou uma coisa que seria dele, de graça, este ano. — Foi diferente. Tinha melhorias, projetos industriais, edifícios, plantações, laboratórios. — Ruínas, tudo ruínas. BRANDÃO, Ignácio de Loyola. Não verás país nenhum (memorial descritivo). Rio de Janeiro: Editora Codecri, 1981, pp.73-4.

Olavo Bilac é tradicionalmente considerado um dos mais importantes representantes do Parnasianismo. Apesar disso, pode-se constatar que o poema “A pátria” não segue rigidamente os pressupostos da estética parnasiana. Comente, com suas próprias palavras, tal afirmação. 05. (UNESP) Embora seja considerado um dos mais típicos representantes do Parnasianismo brasileiro, cuja estética defendeu explicitamente no célebre poema "Profissão de Fé", Olavo Bilac revela em boa parcela de seus poemas alguns ingredientes que o afastam da rigidez característica da escola parnasiana e o aproximam da romântica. Partindo desta consideração: Identifique duas características formais do poema de Bilac que sejam tipicamente parnasianas. GABARITO EXERCÍCIOS PROPOSTOS 01. E

05. A

09. C

13. C

17. A

02. C

06. E

10. C

14. A

18. A

03. B

07. C

11. B

15. C

19. C

04. B

08. C

12. D

16. D

20. B

EXERCÍCIOS DE APROFUNDAMENTO 01. a) Olavo Bilac foi um poeta parnasiano, como nos mostra a caráter descritivo do fragmento acima, a preocupação com a beleza plástica, com a forma trabalhada, exótica. 02. Via láctea ,Sarças de fogo , O Caçador de Esmeraldas

— Talvez eu seja velho, com ideias antigas na cabeça. Mas queria meu país inteiro, não um mundo de países dentro do meu, como acontece. Eu te contei daquela viagem. Quis chegar a Manaus e nunca cheguei. Não podia ir lá, fui rodeando, tive que voltar. Foi mais difícil atravessar a Rondônia do que conseguir permissão para cruzar a Bolívia.

03.Há a perfeição formal: regularidade da métrica (versos dodecassílabos) e rimas ricas e paralela

— Sua visão é limitada, tio. O senhor pensa em termos individuais, restringe-se a um regionalismo superado. Raciocine em termos mais amplos. Nossa economia, por exemplo, nunca esteve tão forte.

05. Rigor métrico e rímico.

04. O poema “A pátria” não segue, em seu tom retórico, os pressupostos da estética parnasiana, pois apresenta forte sentimentalismo (“Criança! não verás nenhum país como este!”), nacionalismo idealizado (“Criança! não verás país nenhum como este: / Imita na grandeza a terra em que nasceste!”) e valorização da natureza local (Olha que céu! que mar! que rios! que floresta! / A Natureza, aqui, perpetuamente em festa, / É um seio de mãe a transbordar carinhos.”). ANOTAÇÕES

— Forte? Ninguém tem dinheiro. O país endividado. Não há mais terras para plantio. Tudo custa os olhos da cara, estamos importando tudo. — Importamos pouca coisa. — Pouquíssima. Sal, açúcar, minério de ferro, xisto, feijão, eletricidade, papel, plásticos. Quer a lista inteira? — Não são importações, são acordos feitos quando das negociações com as terras. — Como é que você não enxerga? Importamos de nós mesmos. Mandamos buscar ali em cima, onde antes era o norte do Mato Grosso, o Maranhão, o Pará. — Lembre-se que as concessões não são eternas. Tem um prazo. — Eu vi. O ano passado esgotou-se o prazo da concessão para a Bélgica. E eles devolveram os trechos que mantinham em Goiás?

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