PDF CONT. MÓDULO 3 - NEUROIMAGEM

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Módulo 3: Neuroimagem para o Neuropsicólogo

Carlos Alberto Rocha Damasceno Neurologista

Objetivos ● Noções de Neuroimagem. ● Indicações e diferença dos métodos. ● Aplicação clínica e correlação com achados radiológicos.

Neuroimagem Método diagnóstico complementar de afecções neurológicas. Auxílio topográfico, nosológico e etiológico.

Vascular Infeccioso Trauma Autoimune Metabólico Iatrogênico Neoplásico Degenerativo Epilepsia Congênito

Neuroimagem Avaliação do cérebro humano in vivo, correlacionando queixas clínicas à patologia. ESTRUTURAL

FUNCIONAL

TOMOGRAFIA DE CRÂNIO (TC)

TOMOGRAFIA POR EMISSÃO DE PÓSITRONS (PET)

RESSONÂNCIA MAGNÉTICA DE CRÂNIO (RM)

RESSONÂNCIA MAGNÉTICA FUNCIONAL(RMf) CINTILOGRAFIA TOMOGRÁFICA DE PERFUSÃO CEREBRAL (SPECT)

TOMOGRAFIA DE CRÂNIO ●

Desenvolvida por Sir. Godfrey Hounsfield, Engenheiro Elétrico Britânico, em 1971.



Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina em 1979.



Primeira TC foi do crânio. Em outubro de 1971, na Inglaterra.

(http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/)

Tomografia de Crânio ● ● ❖ ❖ ❖ ❖

Utiliza raios-x para construir imagens de secções do corpo, por coeficientes de atenuação. Unidades de Hounsfield (HU) Gás: - 1000 HU Líquido: 0 HU Osso: + 1000 HU Metal: + 2000 HU

TOMOGRAFIA DE CRÂNIO

Vantagens

Desvantagens

Disponibilidade

Radiação ionizante (gestantes, crianças)

Financeiramente mais acessível

Sensibilidade comparativa

Rápido

Processos inflamatórios, neoplásicos e avaliação da fossa posterior limitados.

Ressonância Magnética ●

1882: Nikola Tesla e o Campo Magnético (Budapeste, Hungria)



1937: Rabi e o Fenômeno Quântico : propriedade de núcleos atômicos emitirem/absorverem ondas de rádio quando expostas a um campo magnético suficientemente forte.



1952: Mills e Purcell ganham prêmio Nobel de Física por desenvolvimento de novos Métodos de aquisição de imagem por RM.

Ressonância Magnética de Crânio ● ● ●

Aquisição de imagens através da captação de sinais produzidos por modificação do campo magnético dos prótons de hidrogênio dos tecidos. Potência do campo magnético das RM: 1,5-3 Tesla. 1 Tesla (T)= 10.000 Gauss(G)

Obs: Campo magnético da Terra = 0,5 G

Ressonância Magnética de Crânio

VANTAGENS

DESVANTAGENS

ALTA SENSIBILIDADE E ESPECIFICIDADE: PROCESSOS INFLAMATÓRIOS, NEOPLÁSICOS VASCULARES

CUSTO

AVALIAÇÃO MAIS SENSÍVEL DA FOSSA POSTERIOR

TEMPO DE REALIZAÇÃO/CLAUSTROFOBIA

AVALIAÇÃO DE MÚLTIPLAS SEQUÊNCIAS

ACESSIBILIDADE IMPLANTES METÁLICOS/MARCAPASSO (RELATIVO)

Ressonância Magnética de Crânio: Sequências T1: Melhor para avaliar anatomia. Líquido e escuro. Substância cinzenta é mai clara que a substância branca. T2:Líquido é claro.Substância branca é mais escura que substância cinzenta. FLAIR: Líquido é escuro. Importante para avaliar edema/processos inflamatórios. DWI e ADC (DIFUSÃO): Difusão de moléculas de água. Importante para AVC isquêmico na fase aguda/subaguda,abscessos GRE: Avaliação da presença de sangue e produtos de degradação da hemoglobina

T1

T2

FLAIR

DWI

ADC

Planos seccionais

Plano Axial (Transversal) “De baixo para cima”

Plano Sagital “De um lado para o outro”

Plano Coronal “De frente para trás”

TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA COM EMISSÃO DE FÓTON ÚNICO (SPECT)

Radionuclídeo ligado a uma molécula metabolizada pelo nosso organismo (oxigênio, glicose).

Avalia indiretamente processos patológicos pela atividade metabólica neuronal.

Tecnécio-99m. Captação de raios gama.

Ressonância Magnética Funcional -Avalia atividade metabólica pela tensão de oxihemoglobina e desoxihemoglobina no tecido cerebral em teste.

-Auxilia na indicação cirúrgica para epilepsia e avaliação da linguagem.

Caso Clínico 1 Identificação :J.A.L., 22 anos, estudante, destro, solteiro QP: “Convulsões” HDA: Paciente internado por crise epilépticas focais de difícil controle. Em dose máxima de 3 fármacos antiepilépticos. Apresenta crises focais desde os 3 anos de idade.

Video-EEG confirmou origem das crises no lobo frontal esquerdo. Solicitada avaliação neuropsicológica para avaliar correlação do processo patológico de base com as alterações encontradas no exame de imagem.

Displasia cortical focal!

RMf: delimitação da área de Broca

Caso Clínico 2 Identificação: J.M.S., 82 anos, natural e procedente de Trairi/CE, casada, agricultora aposentada, destra. Queixa Principal: “Esquecimento” HDA: Há cerca de 5 anos, apresentando dificuldade para lembrar-se de onde guarda objetos, esquece a panela no fogo e a porta de casa aberta por repetidas vezes. Há 3 anos, dificuldade para lembrar-se do endereço de casa e, por vezes, do nome de familiares. Agita-se durante o sono.

MTA SCORE 1.Largura da fissura coroidea 2.Largura do corno temporal do ventrículo lateral. 3.Altura do hipocampo.

ESCORE MTA =2

FAZEKAS ● ● ●

Escala utilizada para quantificar acometimento de substância branca. Rarefação mielínica/ microangiopatia. Pontuação:

0: ausência de lesões 1: focos puntiformes 2: pequena confluência de focos 3: grande confluência de focos

Caso Clínico 3 Identificação: N.A.S., 76 anos, feminino, profissional do lar, casada, destra, ensino fundamental incompleto. QP: “Minha memória vem piorando.” HDA: Paciente relata que, há cerca de 01 ano,após acidente automobilístico, apresenta dificuldade para lembrar onde guarda objetos. Apresentando comportamento considerado inadequado, com agressividade. Há duas semanas, houve dificuldade para lembrar-se do endereço de casa e da senha do cartão de crédito. Internado para investigação. HPP: Etilista, HAS, DM, tabagista.

Caso Clínico 3 Ao exame: Funções Mentais Superiores: Alerta, desorientado no tempo e espaço, fluência verbal preservada, repete, nomeia, dificuldade para obedecer comandos simples, sem extinção ou negligência. Motricidade: Desvio pronador em membro superior esquerdo Coordenação: sem dismetria ou disdiadococinesia Reflexos: Exaltados em dimídio esquerdo. Cutaneoplantar extensor à esquerda. Sensibilidade: Sem alterações de sensibilidade tátil, dolorosa, térmica ou proprioceptiva

Caso Clínico 2 Paciente não cooperativo com procedimentos da enfermagem. Segundo evolução de prontuário, pouco receptivo a avaliação da Psicologia Hospitalar. Diante deste cenário, foi solicitada avaliação da Neuropsicologia.

Qual sua conduta???

Hematoma Subdural Crônico

Mas caso fosse...

Conclusão do Laudo Neuropsicológico Sra. N.A.S. foi encaminhada por neurologista para avaliação neuropsicológica devido a queixas cognitivas relacionadas a memória percebidas pela paciente e familiares no último ano, que se acentuou durante internação hospitalar. A avaliação evidenciou nível de funcionamento intelectual geral classificado na faixa média (QI total = 109). Do ponto de vista instrumental, Sra. N.A.S apresentou as seguintes funções preservadas: linguagem; atenção concentrada; memória semântica, fluência e habilidades percepto motoras. Contudo, os subprocessos do funcionamento executivo – velocidade de processamento, flexibilidade cognitiva, planejamento e memória operacional – estiveram prejudicados, bem como visuoconstrução, memória de curto prazo e memória tardia (ambas visual e verbal – com maior prejuízo na codificação de informações, mas beneficia-se de pista, o que a auxilia no reconhecimento). Salienta-se ainda que em escala de rastreio de sintomas depressivos, a paciente apresentou pontuação que não sugere quadro deprimido. No entanto, nos questionários de declínio funcional e cognitivo, a paciente atingiu pontuação que sugere fortemente impacto nas atividades da vida diária. O exame de imagem apresentado (ressonância magnética de crânio), realizado em janeiro do ano corrente aponta como impressão diagnóstica microangiopatia acentuada – fazekas 2/3, atrofia hipocampal – MTA 1. Os resultados obtidos, somados a história de caráter evolutivo, exames de imagem e a impressão clínica são sugestivos de quadro demencial misto neurodegenerativo e vascular.

Obrigado!!

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