RESUMO PARA PROVA 2 TEOLOGIA DE MISSÃO

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RESUMO PARA PROVA 2 – TEOLOGIA DE MISSÃO 2 APOSTILA – TEXTOS DIVERSOS: UMA PERSPECTIVA CULTURAL

Dificilmente uma pessoa poderá sentir as dificuldades do trabalho missionário a menos que esteja envolvida ativamente neste campo. Tais dificuldades parecem ser maiores quando o trabalho missionário se dá em uma outra cultura que não a do missionário. É inquestionavelmente aceito entre os missiólogos e missionários, que é praticamente impossível comunicar o evangelho de maneira que faça sentido em circunstâncias transculturais sem que aqueles que desejam comunicar o evangelho tenham conhecimento da cultura daqueles que eles desejam alcançar. Nesta parte do nosso curso de missiologia pretendemos dar uma visão geral dos fatores envolvidos na comunicação transcultural do evangelho. 1. DEFININDO CULTURA Falando de um modo bem amplo, significa simplesmente os padrões seguidos por um determinado grupo. A cultura é um sistema integrado de crenças (sobre Deus, a realidade e o significado da vida), de valores (sobre o que é verdadeiro, bom, bonito e normativo), de costumes (como nos comportamos, como nos relacionamos com os outros, falar, orar, trabalhar, jogar, comer, etc..), e de instituições que expressam estas crenças, valores e costumes (governo, tribunais, templos, igrejas, famílias, escolas, hospitais, fábricas, sindicatos, lojas, clubes, etc.), que unem a sociedade e lhe proporciona um sentido de identidade, de dignidade, de segurança, e de continuidade.1 Paul Hiebert conceitua CULTURAS como “os sistemas mais ou menos integrados de ideias sentimentos, valores e seus padrões, associados de comportamento e produtos, compartilhados por um grupo de pessoas que organiza e regulamenta o que pensa, sente e faz”. 1.1. Uma compreensão importante sobre a missiologia e a cultura: A cultura deve sempre ser julgada e provada pelas Escrituras. O evangelho não pressupõe a superioridade de uma cultura sobre a outra, mas avalia todas elas segundo o seu próprio critério de verdade e justiça, e insiste na aceitação de valores morais absolutos, em todas as culturas.

1 Série Lausane.

O Evangelho e a Cultura. A Contextualização da Palavra de Deus. Belo Horizonte, MG. Editora ABU. 1983. p. 10-11

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2. A COMUNICAÇÃO TRANSCULTURAL DO EVANGELHO 2.1 A necessidade de contextualizar a mensagem. A prioridade de Deus é que o Evangelho seja pregado de forma compreensível e inteligível, por todas as etnias. Certamente essa não é uma tarefa simples, levando-se em consideração aquilo que alguns estudiosos têm chamado de distanciamento2. 2.2 Aspectos relevantes para a comunicação transcultural do evangelho David J. Hesselgrave expõe um desafio à Igreja de Cristo: comunicar o Evangelho de forma teologicamente fiel e ao mesmo tempo humanamente inteligível e relevante. Os Padrões Ético, Êmico e Êmico-Teológico3

Para a contextualização da mensagem do Evangelho faz-se necessário que o missionário leve estas três abordagens muito à sério em seu trabalho: 1. Padrão Ético: Baseia-se na abordagem, no estudo e na avaliação de um fato antropológico a partir de um valor cultural predefinido pelo observador.4

Distanciamento Temporal; Contextual; Cultural; Linguístico e Autoral. Ver em: Rev. Augustus Nicodemus - http://www.monergismo.com/textos/hermeneuticas/hermA_02.pdf. 3 Um Modelo tricultural de Comunicação Missionária Como deveríamos reagir ao nos depararmos com uma passagem bíblica cujo ensinamento é, obviamente, revestido de uma roupagem cultural antiga (já que ela tem relação com costumes sociais que, ou são obsoletos, ou pelo menos são alheios à nossa cultura)? John Stott nos ajuda com esta questão apontando três opções: 1. A primeira possibilidade é a rejeição total. [Rejeitar o texto bíblico em favor da cultura] 2. A segunda possibilidade, contrária a esta, é um literalismo rígido e sem imaginação. [Interpretar o texto bíblico literalmente e aplicar a cultura] 3. Existe uma terceira opção, a qual ele chama de transposição cultural. [Na transposição bíblica, a verdade da revelação permanece a mesma; só o que muda é a expressão cultural] Outro termo usado na missiologia, como sinônimo de transposição, é contextualização. 4 Exemplo: Na rua, quando olhamos para uma pessoa, instintivamente julgamos seu modo de vestir, andar, agir e falar, mesmo se nunca antes relatado. Os critérios de julgamento são inteiramente nossos, segundo nossas impressões, costumes, ideias, ideologias e cultura. Assim, quando afirmamos que algo é bom, ruim ou possui certo significado, estamos interpretando a pessoa ou o fato social de acordo com um padrão ético próprio, baseado em nossas ideias. [Lidório] 2

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2. Padrão Êmico: O termo “êmico” significa “interno”, por isso sugere a busca da verdade como entendida pelo agente promotor do fato ou experimentador, isto é, a pessoa que vivencia a cultura.5 A principal relevância de uma análise êmica é a verdade social, ou seja, a compreensão de como um fato social é verdadeiramente interpretado, assimilado e experimentado por uma pessoa ou um grupo. 3. Padrão Êmico-Teológico: É uma proposta que visa primeiramente à análise dos fatos sociais através de lentes êmicas, compreendendo o valor deles para o povo que os experimenta, e, após essa caminhada, visa à exposição do Evangelho de forma viva e aplicável, compreensível no universo do grupo-alvo.6 Sendo assim, a fim de contextualizar com eficácia o evangelho o missionário precisa levar em consideração alguns aspectos importantes: 2.2.1.O missionário precisa considerar as dimensões da Cultura. Segundo Paul Hiebert, são três as dimensões da cultura: A. A Dimensão Cognitiva (conhecimento, lógica e sabedoria) Esse aspecto da cultura relaciona-se ao conhecimento compartilhado pelos membros de um grupo ou de uma sociedade. Sem ele fica impossível a comunicação e a vida em comunidade. O conhecimento fornece o conteúdo conceitual da cultura. Reúne as experiências das pessoas em categorias e organiza as categorias em sistemas maiores de conhecimento.7 B. A Dimensão Afetiva (sentimentos e estética) Aspecto que engloba os sentimentos das pessoas – suas atitudes, noções de beleza, preferências alimentares e de vestuário, seus gostos pessoais e a maneira com que alegram ou sofrem.8 C. A Dimensão Avaliadora (valores e fidelidade) Engloba os valores pelos quais as relações humanas são julgadas como morais ou imorais. Define o comportamento e escolhas tidas por certas ou erradas. Impõe seu próprio código moral e seus pecados definidos culturalmente.

A visão êmica não demanda que creiamos ou aceitamos a interpretação popular de um fato social, e sim que o analisemos e compreendamos a partir da perspectiva de quem o experimenta. [Lidório] 6 Seguindo o padrão êmico-teológico, observamos um fato social ou relato de acordo com quem o experimenta, em sua cosmovisão, e aplicamos a verdade do Evangelho (supracultural e universal) ao responder às perguntas do coração de quem experimenta o fato social em sua cultura. [Lidório] 7 O conhecimento cultural é mais do que categorias que utilizamos para entender a realidade, a natureza do mundo e como ele funciona. Ele molda a própria percepção da realidade. 8 O missionário deve sempre ter em mente que os pressupostos afetivos permeiam as noções de beleza, estilo e estética encontradas em uma cultura. Influenciam o gosto das pessoas em música, arte, vestuário, comida, arquitetura, e o sentimento mútuo em relação à vida. 5

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O Evangelho nas 3 dimensões: O evangelho se relaciona com todas as 3 dimensões: cognitiva, afetiva e avaliadora. O conceito bíblico de conversão abarca todas as 3 dimensões: precisamos saber (I Co 2:2) que Jesus Cristo é o Filho de Deus, mas só esse conhecimento não é suficiente. Precisamos dos sentimentos de afeição (I Co. 8:1-3) e aceitação da obra de Cristo por nós. Mas também isso só não é suficiente! Tanto o conhecimento quanto os sentimentos devem nos levar à adoração, submissão e obediência a Cristo (Jo. 14:15; 23; I Jo 2:3-6), transformando-nos em seguidores plenos e comprometidos do Mestre. 2.2.2.O missionário precisa considerar as manifestações da Cultura Além de considerar as dimensões da cultura, o missionário deve também conhecer muito bem como a cultura se manifesta. A. Comportamentos: Geralmente aprendemos a nos comportar através da nossa cultura. Mas nem todo comportamento é aprendido culturalmente.9 B. Produtos: A cultura inclui objetos materiais. As pessoas fazem muitas coisas para seu uso próprio e para expressarem suas habilidades criativas.10 C. Símbolos: forma e significado: O comportamento e os produtos culturais do homem não são partes independentes de uma cultura; eles estão intimamente ligados às ideias, aos sentimentos e valores presentes dentro de seu povo.11 2.2.3. Formação da Cultura

Exemplos: como nos cumprimentamos, atividade sexual, casamento, como se alimenta, beijo na boca, apertar as mãos, abraçar, etc. 10 Exemplos: cadeiras, mesas, moveis, carros, roupas, etc. 11 Exemplos: sacudir a mão significa “como vai”, cerrar os punhos, franzir a testa, apontar o dedo, baixar a cabeça no cumprimentar alguém, a fala, a escrita, os sinais de trânsito, a moeda, os selos, sirenes e alarmes sonoros, perfumes, etc etc. 9

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3. PRESSUPOSTOS BÁSICOS PARA UMA CONTEXTUALIZAÇÃO EFICAZ É preciso, portanto considerar pelo menos 3 princípios para entender essa tensão dinâmica entre evangelho e culturas humanas: 1º) O Evangelho é supracultural e atemporal. 2º) O Evangelho se expressa em todas as culturas.12 3º) O Evangelho propõe mudanças para todas as culturas.13 O conteúdo do Evangelho exposto em toda e qualquer cultura deve incluir pelo menos quatro aspectos: 1º.) Deus como Criador e Soberano (Ef. 1:3-6); 2º.) O pecado como fonte de separação entre o homem e Deus (Ef. 2:5); 3º.) Jesus, Sua cruz e ressurreição como o plano histórico e central de Deus para redenção do homem (Heb. 1:1-4); 4º.) O Espírito Santo como o cumprimento da Promessa e encarregado de conduzir a Igreja até o dia final. 4. O QUE É MISSÃO INTEGRAL? Missão Integral é uma expressão que caracteriza ou aponta para uma teologia que vê o homem como um ser inteiro, não fragmentado. A Missão Integral tem sido chamada também de “ministério holístico”, “desenvolvimento cristão” ou “transformação”. Para René Padilha: Falar de missão integral, portanto, é falar da missão orientada a reconstrução da pessoa em todo aspecto de sua vida, tanto no espiritual como no material, tanto no físico como no psíquico, tanto no pessoal como no social, tanto no privado como no público.14 Esse conceito de Missão Integral, em nível mundial, é bem anterior a Padilla e à FTL. Ao longo da história da Igreja é possível ver movimentos e líderes cristãos envolvidos com essa visão. O próprio Padilla faz referência aos pietistas, que já no século XVIII e XIX tinham a compreensão de que a tarefa da Igreja era a de pregar o Evangelho e também de atender às necessidades do corpo. Na opinião de Padilla, e pensando exclusivamente na América Latina, esse conceito de Missão Integral foi se perdendo ao longo dos anos. E o início desse desvio de visão deuse quando o movimento missionário, procedente dos Estados Unidos, implementou uma visão de evangelização mais conversionista, em razão do contexto católico romano na América Latina.

Todas as culturas podem servir de canal para a comunicação do evangelho – não é preciso mudar de cultura para se tornar um cristão! Isso não significa que não haja maior grau de dificuldade para se comunicar o evangelho em algumas culturas. 13 O evangelho não violenta nem destrói as culturas humanas, mas transforma aquilo que é pecaminoso, preserva aquilo que é criativo dentro do aspecto da graça comum, e revela através da graça especial a beleza e riqueza de Cristo, que esta sendo gerado no homem interior dos eleitos redimidos. 14 O Evangelho do próximo: entrevista com o teólogo latino-americano René Padilla. Notícias, 15 set. 2008b. Disponível em: . 12

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René Padilla afirma que é necessária a presença de dois elementos ou enfoques na teologia de missões: a) uma perspectiva correta do propósito de Deus e b) uma perspectiva correta da natureza do ser humano. Vejamos a seguir com mais detalhes estes dois enfoques: 1º.) Uma perspectiva correta dos propósitos de Deus Padilla fundamenta seu entendimento da “missão integral” dentro de uma compreensão do conceito da Teologia Bíblica da Criação. Segundo ele, não podemos fazer uma dicotomia entre a criação e a salvação. Padilla observa que a Igreja tem uma responsabilidade nessa relação com a criação e destaca o mandato cultural. Padilla ressalta que o propósito da missão não é meramente a salvação da alma, e sim a transformação da pessoa de modo que esta glorifique a Deus. Portanto, a missão deve envolver suas relações interpessoais, e também sua relação com a criação de Deus. 2º.) O Conceito bíblico de ser humano: De acordo com Padilla, um segundo ponto importante para conceituar a “missão integral” é levar em conta aquilo que as Escrituras Sagradas dizem a respeito do ser humano.15 Esse posicionamento de Padilla está em pleno acordo com o pensamento da teologia reformada. Para Hoekema, não obstante a Escritura descrever o homem como uma unidade. Ver o homem com essa perspectiva traz várias implicações para a ação da Igreja na sociedade.16 Nesse sentido, André Biéler, professor de Ciências Econômicas da Universidade de Genebra, Suíça, de maneira muito clara mostra como a Missão Integral está presente no pensamento de Calvino.17 Ele é uma unidade de corpo e alma, inseparáveis entre si. Em razão disso, não se pode ajudar alguém dando atenção apenas a um destes aspectos. A ‘missão integral’ é uma missão que busca satisfazer o ser humano em suas necessidades básicas, incluindo sua necessidade de Deus (necessidade espiritual), mas também suas necessidades de abrigo, alimento, saúde física e dignidade humana. 16 Em sua tarefa evangelística e missionária, a igreja deveria lembrar-se também que ela está tratando com pessoas completas. Embora o propósito principal de missões seja confrontar as pessoas com o evangelho, de forma que elas possam se arrepender de seus pecados e serem salvas através da fé em Cristo, todavia a igreja nunca deve se esquecer que os objetos de sua empreitada missionária têm necessidades tanto físicas quanto espirituais. Com isto em mente, o fato de que o homem é um ser unitário, deveríamos evitar expressões como ‘salvar a alma’ quando descrevendo a tarefa do missionário, e deveríamos optar por uma abordagem holística ou abrangente em missões. Esta abordagem, que algumas vezes é conhecida como ‘o ministério da palavra e das ações’, direciona o missionário a estar preocupado não somente a respeito de ganhar convertidos para Cristo, mas também em melhorar as condições de vida desses convertidos e seus vizinhos, trabalhando em áreas como agricultura, dietética e saúde. O estabelecimento de escolas para a educação cristã dos nacionais e a manutenção de clínicas e hospitais tanto para o cuidado da saúde rotineira como da emergencial, entretanto, não deve ser considerado como estranho à província da atividade missionária da igreja, mas como um aspecto essencial dela. 17 Para Calvino, com efeito, dúvida não há de que a Palavra de Deus se dirige ao homem integral, como um todo, na presente vida como na vida futura, em sua alma como em seu corpo, na vida espiritual como na vida material, em seu ser pessoal como em sua vida em sociedade. Quando Deus fala, Ele encontra o homem 15

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4.1 O CONCEITO DE MISSÕES NOS SÍMBOLOS DE FÉ DE WESTMINSTER Dada a importância de nossa confessionalidade, é importante pra nós, mesmo que de forma bastante breve, dar uma olhada sobre o conceito de missões nos Símbolos de Fé de Westminster. Capítulo I.VIII – Da Escritura Sagrada diz: ...esses livros têm de ser traduzidos nas línguas vulgares de todas as nações aonde chegarem, a fim de que a palavra de Deus, permanecendo nelas abundantemente, adore a Deus de modo aceitável e possuam a esperança pela paciência e conforto das escrituras. Ronaldo Lidório diz que convivemos hoje com 6528 línguas vivas; sendo que 336 possuem a Bíblia completa, 928 o Novo Testamento completo e 918 grandes porções bíblicas, ou seja a Palavra está expressivamente presente em 2212 línguas. Segundo a Word Mission International, atualmente, há no mundo 2.227 povos que desconhecem totalmente o evangelho. Missões no Catecismo Maior de Westminster Questão 53. Como Cristo foi exaltado em sua ascensão? Resp.: Cristo foi exaltado em sua ascensão em ter, depois de sua ressurreição, aparecido muitas vezes aos seus apóstolos e conversado com eles, falando-lhes das coisas pertencentes ao reino de Deus, impondo-lhes o dever de pregarem o Evangelho a todos os povos... Questão 191. O que pedimos na segunda petição? Resposta: Na segunda petição, que é: “Venha o teu reino”- reconhecendo que nós e todos os homens estamos, por natureza, sob o domínio do pecado e de Satanás -, pedimos que o domínio do mal seja destruído, o Evangelho seja propagado por todo o mundo... A Confissão de Fé de Westminster, no seu capítulo XXXV, que trata do “DO AMOR DE DEUS E DAS MISSÕES18, assim prescreve: I. Em seu amor infinito e perfeito - e tendo provido no pacto da graça, pela mediação e sacrifício do Senhor Jesus Cristo, um caminho de vida e salvação suficiente e adaptado a toda a raça humana decaída como está - Deus determinou que a todos os homens esta salvação de graça seja anunciada no Evangelho. II. No Evangelho Deus proclama o seu amor ao mundo, revela clara e plenamente o único caminho da salvação, assegura vida eterna a todos quantos verdadeiramente se na totalidade do seu ser e de seu vir-a-ser, Sua voz se dirige a ele, tanto quanto à humanidade, ao universo e à Criação toda: todo o profano se torna sagrado, nada escapa ao desígnio, nem ao julgamento, nem ao amor de Deus. 18 Os caps. 34 e 35 do texto atual da CFW, adotado pela IPB, foi acrescentado pelo presbiterianismo da América do Norte, nos séculos XVIII, XIX e XX, sendo que o primeiro sínodo da IPB (1888) homologou estes acréscimos.(c. http://www.ebenezer.org.br/Download/Onezio/ConfissaoFeWestminster.pdf: capturado em 21/01/07)

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arrependem e crêem em Cristo, e ordena que esta salvação seja anunciada a todos os homens, a fim de que conheçam a misericórdia oferecida e, pela ação do Seu Espírito, a aceitem como dádiva da graça. III. As Escrituras nos asseguram que os que ouvem o Evangelho e aceitam imediatamente os seus misericordiosos oferecimentos, gozam os eternos benefícios da salvação: porém, os que continuam impenitentes e incrédulos agravam a sua falta e são os únicos culpados pela sua perdição. O ponto aqui é sobre a certeza do sucesso na pregação. Como pode a igreja em geral, e o cristão individual, estar segura de que não está assumindo uma obra que é intrinsecamente impossível de ser realizada? W.G.T. Shedd, D.D. (1820 – 1894) diz que “a pregação do evangelho encontra sua justificação, sua sabedoria, e seu triunfo, somente na atitude e relação com o infinito e todo-poderoso Deus que a sustenta” IV. A Comissão por Jesus Cristo: Visto não haver outro caminho de salvação a não ser o revelado no Evangelho e visto que, conforme o usual método de graça divinamente estabelecido, a fé vem pelo ouvido que atende à Palavra de Deus, Cristo comissionou a sua Igreja para ir por todo o mundo e ensinar a todas as nações. Todos os crentes, portanto, têm por obrigação sustentar as ordenanças religiosas onde já estiverem estabelecidas e contribuir, por meio de suas orações e ofertas e por seus esforços, para a dilatação do Reino de Cristo por todo o mundo. 5. PLANTANDO NOVAS IGREJAS Todos nós desejamos ver nossas igrejas crescerem. Não raramente, os pastores e a liderança de um modo geral, buscam respostas e caminhos sobre qual seria o segredo do crescimento e revitalização da igreja. Como reflexão sobre este assunto, quero nas páginas seguintes expor alguns elementos que podem nos ajudar e despertar-nos para começarmos em nossas igrejas um movimento de revitalização e crescimento. 5.1 POR QUE INICIAR NOVAS IGREJAS? Um plantador de igrejas pode estar motivado por muitas coisas distintas ao buscar realizar esta tarefa. Nem sempre as motivações são santas. Roger Greenway apresenta alguns motivos errados para se fazer missões: 1. O desejo de ser admirado e louvado por outros 2. A busca por “auto-realização”, sem levar em consideração o esvaziar-se a si mesmo; 3. A busca por aventura e excitação; 4. A ambição em expandir a glória e influência de uma igreja ou denominação em particular, ou mesmo de um país; 5. A fuga das situações desagradáveis do lar; 6. A esperança de sucesso profissional após um curto período de serviço missionário. 7. A culpa e o anseio pela paz com Deus por meio do serviço missionário 8

Segundo Roger Greenway, há pelo menos quatro são os motivos certos: 1. O desejo de que Deus seja adorado e sua glória conhecida entre todos os povos da terra. 2. O desejo de obedecer a Deus por amor e gratidão, por meio do cumprimento da Comissão de Cristo. 3. O desejo ardente de usar todos os meios legítimos para salvar os perdidos e ganhar não-crentes para a fé em Cristo. 4. A preocupação de que as igrejas cresçam e se multipliquem e de que o reino de Cristo seja estendido por meio de palavras e ações que proclamem a compaixão e a justiça de Cristo a um mundo de sofrimento e injustiça. Há pelo menos cinco19 razões que justificam a plantação de igrejas: 1ª.) O chamado de Jesus para iniciar novas igrejas. (Mateus 28.18-20) 2ª.) As motivações do apóstolo Paulo em plantar igrejas. Em artigo, Rev. Augustus N. Lopes, ensina algumas motivações que alimentaram as atividades de Paulo na plantação de novas igrejas. Podemos citá-las: a) A primeira dessas convicções é que Paulo estava vivendo nos últimos dias, dias de cumprimento, em que os fins dos séculos haviam chegado (1 Co 10.11). b) A segunda convicção do apóstolo Paulo era que as antigas promessas de Deus encontravam concretização histórica na Igreja de Cristo. c) A terceira convicção de Paulo era que Deus o havia chamado para edificar essa Igreja. 3ª.) Novas igrejas não despendem energias na tentativa de solucionar pendências históricas e administrar conflitos passado as quais drenam boa parte de suas forças (Ricardo Agreste). Estudos tem mostrado que novas igrejas ganham novos membros (60-80%) entre as pessoas que não fazem parte de nenhuma outra comunidade, enquanto igrejas com mais de 15 anos de idade, ganham novos membros (80-90%) por transferência de outras igrejas. Isto significa que novas igrejas atraem de 6 a 8 vezes mais pessoas que uma velha igreja do mesmo tamanho. Por que isto acontece? Uma das razões é que novas igrejas, por necessidade, se sentem forçadas a concentrar suas energias e recursos nas necessidades dos que não são membros das mesmas e assim são mais sensíveis as necessidades dos não crentes. Na medida em que a igreja envelhece as pressões institucionais internas conduzem a faze uso da maior parte de seus recursos e energias naquelas preocupações de seus membros, e não nas pessoas de fora da comunidade. 4ª.) Novas igrejas adaptam-se mais facilmente ao contexto em que estão inseridas e à cultura daqueles a quem desejam comunicar o evangelho (Ricardo Agreste).

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Na Apostila está escrito que há pelo menos “seis razões”, entretanto, há somente cinco razões na apostila.

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5ª.) Os primeiros anos da vida cristã temos muito mais relações com pessoas não cristãs. Desta maneira, os novos cristãos atraem os não crentes entre 5 a 10 vezes mais que os cristãos mais velhos na igreja. 6. A NATUREZA DA IGREJA: REPENSANDO NOSSA FUNCIONALIDADE ECLESIÁSTICA Ao refletir sobre a natureza da Igreja nos confrontamos imediatamente com algumas claras limitações. A primeira seria uma limitação sociológica: hedonismo e o narcisismo. O hedonismo é esta tendência humana sociocultural, e teologicamente carnal, que nos leva a crer que existimos para nossa própria realização. Que nossa alegria e felicidade pessoal são os bens mais preciosos, pelo qual vale a pena tudo. Que para nos realizarmos podemos, e devemos, romper com quaisquer valores, religiosos ou sociais, passando por cima da Palavra, da família, do ministério e do relacionamento com o Pai. Narcisismo é o desejo - e desenfreada busca – pela beleza pessoal e público reconhecimento da mesma. Não basta estar no centro das atenções, é necessário que todos saibam disto. O narcisismo é este elemento da anti-missão que faz com que nós trabalhemos e nos esforcemos para o Senhor e Sua obra, desde que sejamos reconhecidos pelos nossos pares, aplaudidos, elevados em pedestais. A segunda limitação que temos ao refletir sobre a Igreja e sua natureza é uma limitação teológica (teologia da missão). A maneira como nós compreendemos o nosso papel no Reino, e nos posicionamos em relação a ele. Atos 2 pinta o quadro desta Igreja chamada segundo o coração de Deus. Perceberemos que ela é uma Igreja 1. Koinônica (orientada pela comunhão dos santos); 2. Kerygmática (proclamadora do Nome acima de todo Nome); 3. Martírica (que vive segundo aquilo que crê); 4. Proséitica (que tem vida de oração); 5. Escriturística (que ama e segue a Palavra); 6. Diákona (com paixão pelo serviço); 7. Poimênica (que pastoreia o seu povo); e por fim Litúrgica (cuja vida é a adoração do Pai). KOINÔNICA – A IGREJA NASCIDA PARA AMAR E CONVIVER COM O DIFERENTE20 A Igreja neste período histórico pós pentecostes era uma Igreja Koinônica. Não significa que a Igreja do primeiro século era homogênea. Ao contrário, eram extremamente distintos. Havia intelectuais e gente simples; judeus e gentios; jovens e velhos. Koinos significa que eles se amavam na diversidade.21 O verso 44 nos diz que “todos os que creram estavam juntos, e tinham tudo em comum”. Isso, indica que a razão maior da nossa desunião não é sociológica – a percepção do diferente e a intolerância com o mesmo – mas sim teológica, nossa própria carnalidade, desejo de sobressairmos, 20 21

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KERYGMÁTICA E MARTÍRICA – A IGREJA NASCIDA PARA AMAR E PROCLAMAR JESUS22 Há duas palavras que andam de mãos dadas no Novo Testamento. São elas Kerygma, normalmente traduzida por pregação ou proclamação (aponta para a proclamação audível e inteligível da mensagem), e martyria, traduzida por testemunho (modo de vida).23 O desejo de Cristo, portanto, é sermos uma Igreja que prega a Palavra, mas que vive a Palavra que prega. Enfim, uma Igreja kerygmática e martírica.24 DIÁKONA E POIMÊNICA – A IGREJA NASCIDA PARA SERVIR25 O conhecimento das Escrituras e verdadeira espiritualidade desembocam no serviço, na missão. As vezes compreendemos mal o conceito de missão e serviço. Servir a Cristo não é uma questão de desejo, oportunidade ou decisão pessoal. Servir a Cristo é uma questão de obediência. Ao nosso redor observamos em um relance ambientes de injustiça, situações de profunda carência humana e desconhecimento do Senhor Jesus. É neste plano que a Igreja é chamada para servir. Para denunciar a injustiça, para saciar a fome daquele que nada tem e para anunciar o precioso Nome de Jesus.

sobressair nosso pensamento, sobressair nossa denominação, sobressair nosso símbolo. Ao fim, o motivo maior da nossa desunião é espiritual, carência profunda de conhecermos mais a Cristo e sermos como Ele. 22 Nos versos 40 e 41, lemos que “com muitas palavras deu testemunho e exortava-os dizendo: salvai-vos desta geração perversa. Então, os que aceitaram a palavra foram batizados, havendo um acréscimo naquele dia de quase três mil pessoas” 23 Curiosamente sempre que uma delas aparece, a outra a acompanha, e isto em todo o Novo Testamento. 24 Um dos perigos imediato, e corruptor da natureza da Igreja é termos o melhor conteúdo, o melhor ministério, a mais expressiva Igreja, o mais relevante ensino, mas não termos vida com Deus. Isto nos leva à soberba, orgulho e arrogância. Mata o espírito, mata a fé, destrói a piedade e nos achamos em um vale seco onde nada se move; com estruturas lindas, mas sem vida com Deus; com colunas de mármore mas sem o Espírito Santo. Paradoxalmente, vida piedosa e espírito quebrantado, com sinceridade e devoção, sem um sólido ensino da Palavra, sem zelo pelas Escrituras, provocará uma enxurrada de ações, em nome de Deus, que não são de Deus. Este é outro perigo imediato, e igualmente corruptor da Igreja: buscarmos a piedade e vida com Deus, sem o temor e ensino da Palavra, produzindo, assim, uma Igreja dinâmica e crescente, mas antropocêntrica e herética. 25 O verso 45 nos diz que “vendiam suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade”.

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RESUMO PARA PROVA 2 TEOLOGIA DE MISSÃO

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