Terapia Metacognitiva PUC Rio

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12/05/2019

Terapia Metacognitiva Heitor P. Hirata

Psicólogo com Licenciatura Plena (UFRJ) Especialista em Psicologia Clínica (CFP) Doutor e Mestre em Psicologia (UFRJ) Terapeuta Cognitivo Certificado (FBTC) Membro da diretoria da ATC-Rio

O que é Metacognição?

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Metacognição • Meta – Do grego – transcendência, posterioridade, reflexão crítica sobre. • Cognição: pensamento, processos pensamento, estruturas de pensamento.

de

• Metacognição: Reflexão sobre processos de pensamento ou estilos de pensamento. Profº Dr. Heitor P. Hirata

Moses & Baird (2001) Flavell (1979)

2

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Definição de Terapia Metacognitiva • A Terapia Metacognitiva (TMC) é abordagem criada na década de 1990.

uma

• Parte do pressuposto que as perturbações emocionais são causadas não pelo conteúdo das cognições e sim sobre a cognição sobre a cognição (metacognição). Profº Dr. Heitor P. Hirata

Wells & Matthews (1994)

Exemplos de Processos Cognitivos • Preocupações • Ruminações • Foco nas ameaças • Obsessões • Preenchimento de lacunas Profº Dr. Heitor P. Hirata

Wells (2009)

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Definição de Terapia Metacognitiva • Preocupação e ruminação estão ligadas a crenças disfuncionais sobre o pensamento e estratégias inúteis de autorregulação. • Pensamento (e não a situação em si) é percebido como terrível, aterrorizante e catastrófico. Profº Dr. Heitor P. Hirata

Wells & Matthews (1994)

O Fundador da TMC • Adrian Wells é professor de psicologia clínica e psicopatologia experimental da Universidade de Manchester, Reino Unido. • Fundador do MCT Institute: www.mctinstitute.com/metacog.html

Adrian Wells, PhD

Profº Dr. Heitor P. Hirata

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Atenção e Emoção • Como a atenção pode influenciar a emoção?

Profº Dr. Heitor P. Hirata

Imagine o seguinte: • Pense em algo de que você medo/nojo/raiva ou outra emoção.

tem

• Pense em uma situação em que isto está presente junto com outros estímulos • No que você presta atenção?

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Atenção e Emoção • Os estímulos selecionados pelo processo atencional dependem de diversos fatores. Um deles é a importância emocional que eles têm. • Indivíduos com depressão e/ou transtornos de ansiedade tendem a focar atenção em estímulos enviesados, o que resulta em processos como ruminação e preocupação. Profº Dr. Heitor P. Hirata

Wells & Matthews (1994)

• Conceitos básicos de TMC: – Crenças Metacognitivas – Modelo da Função Executiva Autorregulatória – Síndrome Cognitiva Atencional

Profº Dr. Heitor P. Hirata

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Crença Metacognitiva • Uma crença metacognitiva é aquela que se refere a um processo cognitivo como a preocupação (“a preocupação me ajuda a lidar com os problemas”) e a ruminação (“ruminar me ajuda a entender minha depressão”). • Pode ser positiva ou negativa. Profº Dr. Heitor P. Hirata

Profº Dr. Heitor P. Hirata

Wells (2000)

Crenças Positivas

Preocupações

Ruminações

“As preocupações me ajudam a lidar com os problemas”.

“A ruminação me ajuda a entender os problemas”.

“Preocupando-me, estarei preparado para os problemas”.

“Caso eu analise por que eu estou me sentindo dessa forma, irei encontrar respostas”.

“As preocupações me mantêm seguro”.

“Ruminar me ajuda a entender minha depressão”.

“”As preocupações me ajudam a fazer as coisas bem”.

“A ruminação me ajuda a resolver problemas”.

“Algo ruim pode ocorrer caso eu não me preocupe”.

“Ruminando eu estarei tentando encontrar saídas para a depressão”.

“A preocupação me ajuda a resolver problemas”. “Preocupando-me mantenho pessoas que amo em segurança”.

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Profº Dr. Heitor P. Hirata

Crenças Negativas

Preocupações

Ruminações

“Irei enlouquecer com essa preocupação”.

“Eu não posso controlar meus pensamentos depressivos”.

“A preocupação pode me causar danos”.

“Meus pensamentos depressivos são um sinal de que eu estou perdendo a cabeça”.

“A preocupação coloca meu corpo sob stress”. “Meus pensamentos depressivos me controlam”. “Caso eu não controle minha preocupação, ela irá me controlar”.

“Eu sou anormal por pensar assim”.

“Minha preocupação é incontrolável”.

“Minha ruminação é incontrolável”.

Prática 1 • Em um pedaço de papel, anote algumas preocupações • Essas preocupações têm uma função. • Elas têm utilidade? • Você as classificaria como positivas ou negativas?

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Função Executiva Autorregulatória (S-REF) • Três níveis de cognição: 1. Nível automático – envolvimento consciente mínimo. 2. Processamento online – limitadamente consciente. É responsável pela regulação dos pensamentos e interpretações (depende de recursos atencionais). 3. Conhecimento armazenado na memória de longo prazo (crenças). Profº Dr. Heitor P. Hirata

Wells & Matthews (1994,1996)

Profº Dr. Heitor P. Hirata

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Profº Dr. Heitor P. Hirata

Função Executiva Autorregulatória (S-REF) • Essa arquitetura de três níveis sustenta toda a gama de operações de processamento disponíveis ao indivíduo, podendo ser executados diferentes modos e configurações de processamento. • Dois principais “metacognitivo”. Profº Dr. Heitor P. Hirata

modos:

“do

objeto”

e

Wells & Matthews (1994, 1996)

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Modos • Do objeto: modo de fusão do pensamento com a realidade. • Metacognitivo: pensamentos podem ser percebidos como parte da grande gama multifacetada da experiência consciente. Wells (2000) Fisher & Wells (2009)

Profº Dr. Heitor P. Hirata

Prática 2 • Olhe para as preocupações que escreveu no exercício anterior. • Você costuma fundir-se com elas, entende-las como reais ou você consegue criar algum distanciamento delas? • Como seria passar de um modo do objeto para o modo metacognitivo?

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Dúvidas, questões?

Vieses Atencionais • As pessoas em geral têm estratégias que mantêm a atenção em fontes de ameaças, engajando-se em processamentos baseados na preocupação como forma de coping.

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Wells (2000)

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Síndrome Cognitiva Atencional (SCA) • Trata-se de um estilo perseverativo de pensamento que toma a forma de preocupação, ruminação e foco na ameaça. • Está muitas vezes relacionada com comportamentos de coping contraproducentes como supressão, evitação e abuso de substâncias. Wells (2009) Fisher & Wells (2009)

Profº Dr. Heitor P. Hirata

Prática 3 • Selecione uma das suas preocupações • Pense em um momento em que foi difícil se desconectar dela • O que você sentiu? Como ficou o seu corpo? O que deu vontade de fazer?

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Tipos de Preocupação • Tipo I: preocupações do cotidiano (sociais saúde, financeira etc.). • Tipo II: Metapreocupações (preocupações sobre as preocupações). Profº Dr. Heitor P. Hirata

Wells (2009)

Modelo Metacognitivo • As preocupações estão ligadas a uma base de conhecimento específica sobre elas e não a crenças sobre si ou sobre o mundo. • O conhecimento metacognitivo regula o sistema cognitivo e advém das crenças negativas e positivas sobre os pensamentos. • Padrões de pensamento como a preocupação, ruminação e alocação atencional na ameaça resultam da ativação de crenças metacognitivas. Wells (2009) Profº Dr. Heitor P. Hirata

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Terapia Cognitiva (Beck)

Indicações

Transtornos de humor Transtornos de ansiedade Dependência química Transtornos alimentares Casais

Psicoeducação

SIM

Terapia Metacognitiva (Wells)

TAG, TEPT, TOC, Depressão, bulimia, abuso de álcool

SIM

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O Modelo A-M-C

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Fisher & Wells (2009)

Algumas Estratégias • Técnicas de Detached Mindfulness • Técnicas de Treino Atencional • Diálogo Socrático Metacognição

focado

na

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Detached Mindfulness • Um estado de consciência de eventos internos sem responder a eles com avaliações, tentativas de controle ou supressão (Wells, 2005). • Antítese da SCA, no sentido de dissociar-se dos estilos perseverativos de enfrentamento. • Mudança do modo do objeto para o modo metacognitivo de processamento. Profº Dr. Heitor P. Hirata

Fisher & Wells (2009)

Detached Mindfulness • Separação entre o eu (self) e o pensamento. • Tem como objetivo o aumento da gama de respostas flexíveis a pensamentos, crenças e sentimentos quando eles estiverem ativados.

Profº Dr. Heitor P. Hirata

Wells (2009)

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Prática 4: Tarefa do Tigre Feche os olhos e faça aparecer um tigre. Não tente influenciar ou mudar a imagem de nenhum modo. Apenas assista a imagem e o comportamento do tigre. O tigre pode se mover, mas não o faça se mover. Ele pode piscar, mas não o faça piscar. Ele pode balançar a cauda, mas não o faça realizar isso. Veja como o tigre tem seu próprio comportamento. Não faça nada, apenas veja a imagem, veja como o tigre é só um pensamento na sua mente que é separado de você e tem um comportamento próprio. Profº Dr. Heitor P. Hirata

Wells (2009)

Prática 5: Metáfora da Nuvem Um modo de entender DM requer que você considere experienciar seus pensamentos como se fossem nuvens passando no céu. As nuvens são parte do sistema auto-regulatório do clima na Terra, e é impossível e desnecessário tentar controlá-las. Tente tratar seus pensamentos e sentimentos como você trataria nuvens passageiras no céu e permita que elas ocupem seu próprio espaço e tempo. Profº Dr. Heitor P. Hirata

Wells (2009)

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Prática 6: Metáfora do Trem • Imagine uma estação de trem na qual está passando um trem que não irá parar para embarque de passageiros. Deste modo, não há sentido em tentar pará-lo ou tentar embarcar nele. O máximo que se pode fazer é olhá-lo passar. Da mesma forma ocorre com alguns pensamentos. É possível para-los?

Profº Dr. Heitor P. Hirata

DIFERENÇAS ENTRE DM E TCCBM Detached Mindfulness Planejada para uma ampla gama de transtornos emocionais

TCC baseada em Mindfulness Planejada inicialmente para depressão. Hoje é utilizada em diversos tipos de queixas.

Forma uma parte de um pacote integrativo de É um tratamento por si mesmo tratamento Pode ser ensinado e aprendido de forma relativamente rápida

Requer algumas sessões para se ensinar e aprender

Foca explicitamente em reduzir a atenção auto-focada e aumentar o controle flexível da atenção

Não necessariamente foca na redução da atenção auto-focada ou melhora o controle atencional. Foco maior é em atenção plena.

Emprega exercícios construídos para ensinar habilidades metacognitivas de ganhar distância e dissociamento dos pensamentos.

Emprega estratégias de meditação budistas para aumentar a consciência do aqui e agora (por exemplo focando a atenção na respiração).

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Cooper, Todd & Wells (2009)

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Treino Atencional • Objetivo: desenvolver a flexibilidade e o controle mental , além do foco da atenção que está direcionada a elementos da SCA. • O primeiro estudo em que o TA foi utilizado foi em um caso de transtorno de pânico em que treinouse o paciente a voltar a atenção a eventos corporais para entendimento do quadro (Wells, 1990). Wells (2009) Fisher & Wells (2009)

Profº Dr. Heitor P. Hirata

Treino Atencional • O TA envolve manipulação da atenção como base para a interrupção da SCA e para o aumento da flexibilidade metacognitiva. • Feito com sons.

Profº Dr. Heitor P. Hirata

Wells (2009)

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Treino Atencional • Não é uma estratégia de coping. • Deve ser praticado repetidamente. • Devem ser incluídos novos sons. • Não deve ser praticado quando a pessoa está ansiosa. Profº Dr. Heitor P. Hirata

Wells (2009)

Componentes do treino atencional • Atenção seletiva: guiar a atenção do paciente a um som entre vários outros que estão disputando a atenção do indivíduo. • Mudança rápida da atenção: instruções para mudar a atenção entre vários sons com rapidez crescente. • Atenção dividida: aumento da largura e profundidade da atenção e tentativa de processar vários sons simultaneamente. Profº Dr. Heitor P. Hirata

Wells (2009)

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Prática 7: Treino Atencional

Profº Dr. Heitor P. Hirata

Diálogo Socrático Focado na Metacognição • A TMC utiliza o diálogo socrático para explorar crenças e interpretações sobre pensamentos. • Na TCC tradicional se utiliza o diálogo socrático para explorar conteúdos de pensamentos e crenças. • Na TMC ele é utilizado para detectar e deter a SCA. Profº Dr. Heitor P. Hirata

Wells (2009)

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• Na TCC: foco interpretação.

no

conteúdo,

na

• NA TMC: foco no impacto que processos como ruminação, preocupação, supressão, monitoramento de ameaças etc exercem como disparadores de pensamentos negativos. Profº Dr. Heitor P. Hirata

Wells (2009)

Intervenções possíveis • Vamos examinar como você pensa em resposta a esse pensamento. • No que você pensa em seguida a esse pensamento? • Quanto tempo você gasta pensando assim (ou se preocupando)? • O modo como você responde ao pensamento “X” parece deixar você triste. Com isso você tenta encontrar o que está errado com você (ruminação). • E se encontrássemos modos alternativos de responder a esse pensamento? Profº Dr. Heitor P. Hirata

Wells (2009)

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Novos planos de processamento Consiste em elaborar um cartão contendo a forma antiga e a nova forma de lidar com os processos cognitivos trabalhados em terapia.

Profº Dr. Heitor P. Hirata

Dúvidas, questões?

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Terapia Metacognitiva para a Depressão Profº Dr. Heitor P. Hirata

Ruminação e Pensamento Depressivo • O modelo metacognitivo foca no entendimento e causas da ruminação para o entendimento da depressão. • Em resposta a pensamentos negativos, o indivíduo rumina. • Ruminação  orientada para o passado, ligada à culpa, pensamentos de inutilidade, luto, experiências ruins em geral Ruminação

Profº Dr. Heitor P. Hirata

Wells (2009)

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Crenças Positivas sobre a Ruminação • Crença de que ruminar trará benefícios e vantagens para o indivíduo. Ex.: Ruminar sobre como sou culpado sobre meus erros do passado me fará melhorar daqui em diante. “É melhor ser pessimista do que desapontado”. Profº Dr. Heitor P. Hirata

Wells (2009)

Crenças Negativas sobre a Ruminação • Tipo I  Crença de que a ruminação é incontrolável e causará danos (preocupação sobre a ruminação) • Tipo II  Crença de que a ruminação causará prejuízos sociais e interpessoais. Profº Dr. Heitor P. Hirata

Papageorgiou & Wells (2004)

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Componentes básicos e estrutura do modelo clínico metacognitivo da ruminação e depressão

Profº Dr. Heitor P. Hirata

Situação

Pensamentos Automáticos Disfuncionais

Deitado na Sou mesmo um cama. A pilha inútil, desta de relatórios está forma nunca sobre a mesa. vou conseguir fazer nada. (80%)

Papageorgiou & Wells (2004)

Sentimentos

Tristeza(100%)

Resposta Alternativa

Reavaliação

TRABALHADO TRABALHADO NA TERAPIA NA TERAPIA COGNITIVA COGNITIVA

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Profº Dr. Heitor P. Hirata

A Síndrome Cognitiva Atencional na Depressão • Estilo perseverativo de pensamento que toma a forma de ruminação. • A preocupação também está presente, uma vez que indivíduos deprimidos podem preocupar-se em relação à sua melhora e seu futuro e, até mesmo, catastrofizar possíveis consequências de seu estado atual. • Desesperança é uma manifestação da ruminação. Profº Dr. Heitor P. Hirata

Wells (2009)

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Modelo Metacognitivo da Depressão

Fora da consciência 

Profº Dr. Heitor P. Hirata

Wells (2009)

Profº Dr. Heitor P. Hirata

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Estrutura do Tratamento Avaliação Conceitualização de caso Socialização Treino atencional Detached mindfulness Desafio às crenças metacognitivas negativas (incontrolabilidade, modelo de doença) • Desafio às crenças de incontrolabilidade sobre a ruminação • Remover comportamentos residuais e monitoramento à ameaça • Prevenção de recaída • • • • • •

Profº Dr. Heitor P. Hirata

Wells (2009)

Entrevista de Formulação de Caso para Depressão •

1. Qual foi o pensamento negativo inicial?



2. O que você pensou a seguir? E então qual foi seu pensamento seguinte? E depois? Por quanto tempo seu pensamento continuou assim?



3. Quando você estava pensando dessa maneira o que aconteceu com as suas emoções? O que aconteceu com sua depressão? O que você acabou pensando? Como isso afetou seu comportamento?



4a. Há algo que você possa fazer para parar de ruminar? O quão incontrolável é a ruminação?



4b. Você acredita que pode fazer algo sobre seus sintomas?



5. Há alguma vantagem em ruminar ou analisar por que você se sente desse modo? Permanecer muito tempo pensando em como você se sente ajuda de alguma forma?

Profº Dr. Heitor P. Hirata

Wells (2009)

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Profº Dr. Heitor P. Hirata

Psicoeducação • É fundamental ensinar ao paciente o que é ruminação. • “São cadeias de pensamento negativo” • “São ciclos de pensamentos derrotistas orientados ao passado que fazem você se sentir cada vez pior e culpado” • “Ruminar faz sentido dentro do seu quadro, uma vez que você... (procura entender sua depressão, acha que ruminar vai ajudar você a se mexer...) Profº Dr. Heitor P. Hirata

Wells (2009)

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Treino de Atenção na TMC para Depressão • O aumento da flexibilidade atencional faz com que indivíduos deprimidos consigam perceber que a atenção não precisa necessariamente ser direcionada para a ruminação • Não deve ser feita tentativa de afastar a ruminação, ela pode continuar presente, mas não precisa receber toda atenção. • Deve ser passado como tarefa de casa. Profº Dr. Heitor P. Hirata

Wells (2009)

Adiamento das Ruminações • Fazer acordo com o paciente para que ele não se engaje mais no processo de ruminação. • Quando tiver um pensamento negativo não lidar com ele naquele momento, ou seja, adiar. • Estabelecer um horário para ruminar por 10 minutos, mas não usá-lo obrigatoriamente. • Deve ser passada como tarefa de casa. Profº Dr. Heitor P. Hirata

Wells (2009)

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Experimento da Modulação da Ruminação • Pedir para o cliente ruminar e suspender a ruminação depois de um minuto, entrando em um estado de “quietude vigilante”. • É possível aumentar a ruminação? Então também é possível diminuí-la? Então ela é incontrolável? Wells (2009)

Profº Dr. Heitor P. Hirata

Minisurveys Minisurvey, ou mini-questionário, consiste em uma pequena lista de perguntas que pode ser feita do cliente para outras pessoas sobre humor.

• • • • •

Exemplos: Você tem flutuações de humor? Algumas vezes você fica para baixo sem saber por que? Sente-se cansado ao levantar pela manhã? As vezes você questiona sua competência? Fica irritado por pouco as vezes?

Profº Dr. Heitor P. Hirata

Wells (2009)

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Minisurveys • Geralmente as respostas apontam para uma certa “normalidade” das flutuações de humor. • Como simplesmente sentir-se mal é motivo para indivíduos deprimidos ruminarem, a resposta do minisurvey pode ajudá-lo a questionar o papel da ruminação. Wells (2009)

Profº Dr. Heitor P. Hirata

Modificando Crenças Metacognitivas Positivas • Análise de vantagens e desvantagens. • Questionamento de evidências. • Experimentos ruminativos. Wells (2009) Profº Dr. Heitor P. Hirata

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Análise de Vantagens e Desvantagens • Analisar as vantagens e desvantagens da ruminação. • Manter claro para o paciente de que a ruminação é um problema. • Desafio em relação às vantagens. Wells (2009)

Profº Dr. Heitor P. Hirata

VANTAGENS EM RUMINAR

DESVANTAGENS EM RUMINAR

Ruminar me ajuda a ter os problemas mais claros na minha cabeça Ajuda realmente? Em qual situação ela ajudou de fato? Que outra coisa você poderia ter feito para ajudar mais?

Ruminar pior meu humor

Ruminar me faz tirar o foco dos problemas Quando você rumina o foco dos problemas vai para a ruminação sobre eles mesmos. O que isso parece para você?

Ruminar faz o problema parecer pior do que realmente é

Ruminar me ajuda a pensar em fazer algo a respeito Supondo que de fato ruminar ajude você a pensar em fazer algo, como fica sua motivação para colocar o plano que você pensou em prática?

Ruminar de deixa cansado mentalmente

Ruminar não ajuda a resolver os problemas de fato Resultado:

RUMINAR

Wells (2009)

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Questionando as Evidências • Objetivo: Questionar “verdades” construídas acerca da ruminação. • Se a ruminação ajuda, não faria mais sentido você ter conseguido resolver algum problema por meio dela? • Como a ruminação funciona? Qual o mecanismo que a possibilita ajudar a resolver problemas? Profº Dr. Heitor P. Hirata

Wells (2009)

Experimento da Ruminação • O paciente é instruído a ruminar por um dia inteiro sobre um problema e no outro não ruminar. • Em seguida, ele é convidado a refletir o quanto a ruminação o ajudou a resolver alguma coisa. • Este experimento serve de desafio às crenças positivas sobre a ruminação. Profº Dr. Heitor P. Hirata

Wells (2009)

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Modificando o Monitoramento das Ameaças • Alguns pacientes monitoram sinais internos da depressão como angústia, vazio intenso, tristeza exacerbada etc. • O foco de atenção a esses sinais muitas vezes piora a depressão. • Pode ser feita análise de vantagens e desvantagens em monitorar ameaças. • Chega-se à conclusão contraproducente.

de

que

a

estratégia

Profº Dr. Heitor P. Hirata

é

Wells (2009)

Prevenção de Recaída • Formula-se um documento colaborativamente com o cliente contendo a conceitualização de caso, exemplos de crenças positivas e negativas sobre a ruminação assim como evidências contra elas. • Planos de uso de estratégias para lidar com os gatilhos que podem levar à ruminação também são traçados. • Follow ups devem ser agendados em 3 e 6 meses. Profº Dr. Heitor P. Hirata

Wells (2009)

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Alguns Estudos: Profº Dr. Heitor P. Hirata

Autores e ano

Revista

População Estudada

Procedimentos

Resultados

Papageorgiou & Wells (2000)

Cognitive and Behavioral Practice

Pacientes com depressão (N=4)

Tratamento com Treino Atencional

Redução do auto-foco e aumento do controle metacognitivo, reduzindo a depressão.

Spada & Wells (2010)

Personality and Individual Differences

Dependentes de Álcool (N=48)

Verificação de presença de metacognições em dependentes de álcool.

Alcoólatras tendem a ter mais metacognições positivas sobre a autoregulação cognitiva e emocional, além de metacognições negativas sobre incontrolabilidade e dano cognitivo.

Lobban, Haddock, Kinderman & Wells (2002)

Personality and Individual Differences

Pacientes com esquizofrenia que apresentam alucinações (N=32) e pacientes com transtornos de ansiedade (N=24)

Comparação entre metacognições de pacientes esquizofrênicos que alucinam, que não alucinam e com transtornos de ansiedade.

Pacientes com esquizofrenia que alucinam e com transtornos de ansiedade apresentam mais crenças positivas sobre metacognições.

Papageorgiou & Wells (1998)

Psychological Medicine

Pacientes hipocondríacos (N=3)

Tratamento com Treino Atencional

Redução dos sintomas hipocondríacos.

McEvoy & Perini (2009)

Journal of Anxiety Disorders

Pacientes com fobia social (N=81)

Tratamento em TCC em grupo com relaxamento ou treino atencional

Treino atencional e relaxamento possuem efeitos similares na TCC em grupo para FS.

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Autores e Ano

Revista

População Estudada

Procedimentos

Resultados

Rees & Koesveld (2008)

Journal of Behavior Therapy

Pacientes com TOC (N=8)

Terapia Metacognitiva em grupo nos 8 pacientes

Melhora dos sintomas de TOC. M do Y-BOCS pré = 23,2 M do Y-BOCS pós = 14,1 M do Y-BOCS no follow-up = 9,0

Spada et al (2007)

Addictive Behaviors

Estudantes universitários fumantes (N=104)

Preenchimentos de questionários para verificar se a metacognição é um fator mediador entre emoção e comportamento de fumar

Foi encontrada correlação significativa entre as três variáveis.

Spada et al (2008)

Computers in Human Behavior

Estudantes universitários usuários de Internet (N=97)

Preenchimentos de questionários para verificar se a metacognição é um fator mediador entre emoção e uso de Internet.

Foi encontrada correlação significativa entre as três variáveis.

Wells et al (2009)

Cognitive Therapy and Research

Pacientes Deprimidos (N=4)

Terapia Metacognitiva individual (treino atencional, detached mindfulness, modificação de crenças positivas sobre ruminação etc).

Melhora nos sintomas depressivos com redução dos escores no BDI. M pré = 24 M pós = 6,5

Wells et al (2010)

Behaviour Research and Therapy

Pacientes adultos com TAG (N=20)

Aplicação de TMC vs Relaxamento Aplicado

O grupo tratado com TMC apresentou melhoras bem mais significativas.

Profº Dr. Heitor P. Hirata

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Profº Dr. Heitor P. Hirata

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Dúvidas, questões?

Terapia Metacognitiva: adaptação para crianças Profº Dr. Heitor P. Hirata

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As origens: • Estudo sobre Terapia Metacognitiva desde o final da graduação • Mestrado sobre Terapia Metacognitiva para os transtornos de ansiedade • Prática clínica com crianças identificando processos como preocupação e ruminação Profº Dr. Heitor P. Hirata

O processo de criação • Atendimento de uma paciente adulta e sua “Neura”. • Não seria a “neura” um processo cognitivo?

Profº Dr. Heitor P. Hirata

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Prática 8: Identificando a minha “neura” • Assim como a Neura do comercial, todos nós temos os nossos personagens que podem simbolizar a preocupação ou ruminação. • Pense em um personagem para você – Como ele/a é? – Como se chama? – O que fala? – Como você interage com ele/a?

Crianças têm as suas “neuras”? • A prática clínica dizia que sim! • Criação de personagens infantis que fizessem o papel da “Neura”. • Inspiração no Urso Branco de Wegner.

Profº Dr. Heitor P. Hirata

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Preocupação, ruminação e supressão • Experimento do urso branco

• Há vários tipos de ursos, você sabe alguns? • Vou lhe apresentar dois novos! Profº Dr. Heitor P. Hirata

Preocupanda e seus pensamentos sirene

Profº Dr. Heitor P. Hirata

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Marrumina e seus pensamentos chiclete

Profº Dr. Heitor P. Hirata

Profº Dr. Heitor P. Hirata

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12/05/2019

Poltoc e seus pensamentos E.T.

Profº Dr. Heitor P. Hirata

Sr. Cutuka e Zenvuka

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12/05/2019

Profº Dr. Heitor P. Hirata

Profº Dr. Heitor P. Hirata

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12/05/2019

Profº Dr. Heitor P. Hirata

Trabalho de TMC com crianças • O que a criança “acha”, “pensa” ou “entende” de sua Preocupanda e/ou Marrumina consiste em uma crença metacognitiva. • Se ela dá muita bola, fica se irritando ou leva a sua Preocupanda e/ou Marrumina muito a sério, ela está entrando em Síndrome Cognitiva Atencional. Profº Dr. Heitor P. Hirata

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Trabalho de TMC com crianças • Ajudar a criança, por meio de um processo lúdico, a identificar eventos cognitivos e suas respectivas interpretações sobre eles pode ajuda-las a regular cognições e emoções. • Não há necessidade de utilizar termos difíceis e abstrações não compreensíveis para a criança. Profº Dr. Heitor P. Hirata

Registro de Metacognições para Crianças

Profº Dr. Heitor P. Hirata

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Até o momento... • Trabalho clínico com algumas crianças apresentando resultados animadores. • Modelo de adaptação em desenvolvimento. • Relação com a teoria da TMC com a prática clínica. • Possibilidade de uso com outras faixas etárias. • Parte integrante de pesquisa de doutorado. Profº Dr. Heitor P. Hirata

Prática 9: conversando com meu personagem • Perceba o que diz o seu personagem • Esse é um pensamento que tem uma função. Ele é útil? • Caso ele tenha utilidade, é possível expressar gratidão pelo seu personagem por ele lhe ajudar neste momento. • Caso não seja, gentilmente desenvolva um olhar compassivo e diga a ele/a que entende a tentativa de ajuda, mas que agora essa preocupação/ruminação não é útil.

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Prática final: Escrevendo uma carta para o meu personagem. • Redija em poucas linhas uma carta ou bilhete no qual você reconhece que o seu personagem pode ajudar em algumas situações, mas que em outras ele atrapalha. • Leve com você essa carta e releia com frequência para se lembrar de desenvolver uma relação mais saudável com seu personagem.

Dúvidas, questões?

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Referências •

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Fisher, P., & Wells, A. (2009). Metacognitive Therapy. New York: Routledge.

Hirata, H. P. (2014). Terapia Metacognitiva. In C.B. Neufeld, E.M.O. Falcone, B. Rangé. (Orgs.). PROcognitiva: programa de atualização em terapia cognitivo-comportamental. Ciclo 1, V.2. Porto Alegre: Artmed Panamericana, p. 45-98. Hirata, H.P., & Rangé, B.P. (2014). Terapia Metacognitiva. In W.V. Melo (org.). Estratégias Psicoterápicas e a Terceira onda em Terapia Cognitiva. Novo Hamburgo: Synopsys. Hirata, H.P., & Gabriel, S.A. (2017). Utilizando a Terapia Metacognitiva com Crianças. In C.B. Neufeld, E.M.O. Falcone, B. Rangé. (Orgs.). PROcognitiva: programa de atualização em terapia cognitivocomportamental. Ciclo 4, V.3.. Porto Alegre: Artmed Panamericana. Hirata, H.P. , & Gabriel, S.A. (2018). Preocupanda & Marrumina: entendendo a preocupação e a ruminação na criança. Novo Hamburgo: Sinopsys. Papageorgiou, C.; & Wells, A. (2004). Depressive Rumination: nature, theory and treatment. Chichester: Wiley.

Wells (2010); A Terapia Metacognitiva: elementos de controle mental na compreensão e no tratamento do TAG e do TEPT. In R. L. Leahy (org.). Terapia Cognitiva Contemporânea: teoria, pesquisa e prática. Porto Alegre: Artmed. Wells, A. (2003).Perturbações Emocionais e Metacognição. Lisboa: Climepsi. Wells, A. (2009). Metacognitive Therapy for Anxiety and Depression. New York: Guilford Press. Wells, A., & Matthews, G. (2001). Atenção e Emoção: uma visão clínica. Lisboa: Climepsi.

Wells, A. (2002). GAD, Metacognition and Mindfulness: an information processing analysis. Clinical Psychology: Science and Practice, 9, 95-100. Wells, A., & King, P. (2006). Metacognitive Therapy for Generalized Anxiety Disorder: an open trial. Journal of Behavior Therapy and Experimental Psychiatry, 37, 206-212.

MCT Institute: http://www.mct-institute.com/metacog.html

Profº Dr. Heitor P. Hirata

Obrigado! E-mail: [email protected]

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Terapia Metacognitiva PUC Rio

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