UFJF - Organização em Enfermagem

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(admI/sem2/2013)

UNIVERSIDADE FEDERALDE JUIZ DE FORA FACULDADE DE ENFERMAGEM DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM BÁSICA DISCIPLINA ADMINISTRAÇÃO EM ENFERMAGEM I Bernadete Marinho Bara De Martin Gama Organização em Enfermagem Objetivos: discorrer sobre os princípios, os tipos e a estrutura das organizações; distinguir os diversos níveis de autoridade e responsabilidade da estrutura formal das organizações, visando compreender o significado da organização para o trabalho em enfermagem

Uma história de 4 pessoas Esta é uma história sobre 4 (quatro) pessoas: TODO MUNDO, ALGUÉM, QUALQUER UM e NINGUÉM. Havia um importante trabalho a ser feito, e TODO MUNDO tinha certeza que ALGUÉM o faria. QUALQUER UM poderia tê-lo feito, mas NINGUÉM fez. ALGUÉM zangou-se porque era um trabalho de TODO MUNDO. TODO MUNDO pensou que QUALQUER UM poderia fazê-lo, mas NINGUÉM imaginou que TODO MUNDO deixasse de fazê-lo. No final TODO MUNDO culpou ALGUÉM porque NINGUÉM fez o que QUALQUER UM poderia ter feito.

I. Introdução As instituições de saúde, enquanto organizações complexas, dispõem de uma constituição que vive, cresce e se desenvolve e que para funcionar, precisam se organizar e se estruturar para o alcance de seus objetivos. Geralmente tudo é organizado de uma maneira lógica e racional. Os recursos, as filosofias, os talentos administrativos, são alocados, arranjados e agrupados, havendo a necessária divisão do trabalho, para que as atividades sejam desenvolvidas da melhor maneira possível e os objetivos da instituição assim possam ser alcançados. No serviço de enfermagem – SE, é grande o número de pessoas, a complexidade e diversidade de atividades, a divisão do trabalho, o estabelecimento de relações entre cada um, na busca de se coordenar esforços para o alcance do objetivo comum proposto, ou seja, a prestação do cuidado de enfermagem. Para que estas atividades sejam conduzidas, orientadas e coordenadas, torna-se necessário que se defina a estrutura organizacional do SE, e assim começamos a compreender a importância da organização em enfermagem. ___________________________________________________________________________________ Texto elaborado como Material Instrucional para a Disciplina Administração em Enfermagem I. Curso de Graduação em Enfermagem. Faculdade de Enfermagem. Universidade Federal de Juiz de Fora. 02/2013

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II. Conceito e Finalidade da Organização  Organização como entidade social, por ser constituída de pessoas, estruturada e dirigida para objetivos específicos é “qualquer empreendimento humano destinado a atingir determinados objetivos”.  Organização como parte integrante e segunda função do processo administrativo é “o ato de organizar, estruturar e integrar os recursos e os órgãos, estabelecendo as relações entre eles e as atribuições de cada um”. A organização se incumbe do agrupamento das atividades necessárias para atingir os objetivos da empresa, o que envolve a reunião de pessoas e recursos, sob a autoridade e coordenação de outra pessoa. Assim, a organização vai lidar com pessoas, órgãos e relações de autoridade e responsabilidade, para que objetivos sejam atingidos, os planos executados e as pessoas possam trabalhar eficientemente.

  A organização serve para agrupar todos os recursos da instituição, e, portanto também o SE, para que estes trabalhem em conjunto, pela própria impossibilidade de todo trabalho ser realizado por uma única pessoa.  Podemos afirmar que a definição recursos, o estabelecimento de uma estrutura administrativa para coordenação, com vistas à obtenção de resultados, é a finalidade da organização. III. Tipo de Organização A organização como unidade social pode ser:  Organização formal: é a organização que se baseia em uma divisão racional de trabalho, é planejada e está definida no organograma, formalizada pelos órgãos oficiais e comunicada a todos através dos manuais de organização do serviço (organização formalizada oficialmente).  Organização informal: é a organização que surge de forma espontânea e natural entre as pessoas que ocupam posições na organização formal e estabelecem entre si relações de “amizade” ou de “antagonismo”, formando grupos sociais que não aparecem no organograma. A estrutura informal deve também ser considerada quando se analisa a estrutura de uma organização, pois ela está diretamente ligada à estrutura formal, interferindo na dinâmica do SE e da instituição como um todo, no desempenho das pessoas e também, de forma indireta, no alcance dos objetivos propostos. Organização é um processo de arrumar e alocar o trabalho visando alcançar os objetivos definidos. Organização é a combinação de esforços individuais que tem por finalidade realizar propósitos, a sua estrutura é composta por física, tecnológicas e pessoas. As empresas, associações, os órgãos do governo, ou seja, qualquer entidade pública ou privada é uma organização. 2

IV. Princípios da Organização Para que as organizações funcionem adequadamente, é necessário que sejam eficientes e eficazes. Para proporcionar eficiência e eficácia as organizações precisam ser organizadas conforme alguns princípios fundamentais de organização, que se constituem como critérios, normas de utilização, que devem ser consideradas no trabalho, de forma flexível e que atendam às diferentes situações com as quais irão se defrontar.  Princípio da Especialização: baseia-se na especialização, na divisão de trabalho para incrementar a quantidade e a qualidade de trabalho; cada pessoa ocupa um cargo e cada órgão é individualizado dentro da organização.  Princípio da Definição Funcional: o trabalho de cada pessoa e de cada órgão deve ser claramente definido por escrito, para que não haja dúvida, através do organograma, da descrição de cargos e do Manual de Organização do Serviço. (o que posteriormente vai favorecer a supervisão e o controle)  Princípio da Autoridade e Responsabilidade: a autoridade e a responsabilidade atribuídas a cada pessoa ou órgão devem ser correspondentes e equivalentes entre si. Autoridade significa o poder de dar ordens e o direito de fazer cumprir, de exigir obediência. Responsabilidade significa o dever de prestar contas pelo que é feito, referindo-se às obrigações das pessoas. Estabelece que cada responsabilidade deve corresponder uma autoridade que permita realizá-la, e a cada autoridade deve corresponder uma responsabilidade que lhe dê conteúdo. As relações de responsabilidade e autoridade existem em todas as relações de superior e subordinado, constituindo o fundamento da organização e dão origem ao cargo administrativo.  Princípio Escalar: cada pessoa deve saber exatamente quem são “seus” subordinados (sobre os quais exerce autoridade) e a quem deve se subordinar (a quem presta responsabilidade). Refere-se às relações de autoridade entre chefias e subordinados dentro da organização, sendo que a autoridade máxima deve ser sempre fixada em algum lugar, havendo uma linha bem definida ligando-a a qualquer outra posição da organização. É a representação direta de autoridade de um superior a seus subordinados dentro da organização.  Princípios das Funções de Linha e de Staff: as funções de linha são diretamente relacionadas com os objetivos do serviço/instituição (quem decide e cuida da execução, comanda a ação pela operação/resultado). As funções de staff estão indiretamente relacionadas com os objetivos da instituição/serviço (quem assessora e dá sugestões, recomenda alternativas de trabalho pelo planejamento). (Por exemplo: em uma empresa destinada a vender determinado serviço ou produto, os órgãos de finanças e de pessoal serão órgãos de staff, pois não estão voltadas para a fabricação e comercialização do produto).

Objetivos da Empresa

Funções de Linha

APOIO SUPORTE ASSESSORIA

Funções de Staff

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Estrutura Organizacional (EO) A palavra estrutura significa a disposição ou ordem das partes que compõem uma organização/empresa. As empresas são constituídas de pessoas e recursos agrupados em órgãos, e a composição dos diversos órgãos é denominada estrutura organizacional. Estrutura Organizacional é a maneira como a empresa agrupa e reúne pessoas e órgãos dentro de escalões hierárquicos (níveis de autoridade) e de áreas de atividade (departamentos, setores,...). A EO pode ser vista sob dois aspectos: o vertical e o horizontal. • Aspecto vertical: estão os diferentes níveis de autoridade ou escalões hierárquicos, sendo que cada um desses escalões possui autoridade sobre o escalão inferior (diretoria, gerência, chefia, supervisão, funcionários,...). • Aspecto horizontal: estão as diferentes áreas de atividades da empresa, a saber: técnica (visa a produção, administrando os recursos materiais); financeira (administrando os recursos humanos); mercadológica (administrando os recursos comerciais ou mercadológicos, de marketing,...) de pessoal (administrando os recursos humanos). O grau de desdobramento desses aspectos verticais e horizontais depende do tamanho da empresa, pois quanto maior o número de níveis hierárquicos, maior será o número de departamentos. Na definição da estrutura organizacional do serviço de enfermagem, devem ser consideradas: a filosofia e os objetivos do SE; o volume e a complexidade das atividades a serem realizadas; os recursos disponíveis e as características desejáveis na estrutura. Um conjunto de aspectos considerados na estrutura pode ser: divisão do trabalho e especialização; hierarquia; autoridade e responsabilidade; amplitude da supervisão; centralização e descentralização; formalização. Autoridade e Responsabilidade A autoridade é decorrente da posição hierárquica que cada um ocupa no organograma da instituição. Pode ser entendida como a capacidade do superior de tomar decisões que afetam a conduta dos subordinados, ou seja, autoridade é o poder de garantir a execução das ordens frente aos subordinados. Sua importância decorre da necessidade de se garantir que as coisas sejam realizadas conforme o que foi planejado e organizado. A distribuição da autoridade e da responsabilidade entre os elementos dos diversos níveis da estrutura organizacional é representada pela hierarquia da organização formal.A autoridade e responsabilidade fluem verticalmente em linha reta, do mais alto nível da organização ao nível mais baixo. A responsabilidade pode ser definida como a obrigação de um subordinado, ao qual um superior designou uma tarefa, de realizar o serviço que está sendo exigido. Responsabilidade entendida como “obrigação” só pode ser aplicada às pessoas. A responsabilidade NÃO é delegada, mesmo que a execução de uma atividade seja atribuída a um subordinado, o ”chefe” será sempre responsável por ela. A autoridade e a responsabilidade devem ser equivalentes, ou seja, quando se atribui a um subordinado a responsabilidade pela execução de uma atividade, deve-se atribuir-lhe também a autoridade necessária para a realização dessa atividade. A autoridade pode ser representada por uma pirâmide invertida, sendo que a medida que se sobe na cadeia de comando até o topo da estrutura organizacional, a área de autoridade se expande gradativamente em cada nível hierárquico. 4

Nível Decisorial

Diretoria da Divisão de Enfermagem

Gerentes Nível intermediário Chefes de Setor

Nível Operacional

Pirâmide Hierárquica

Enfermeiras de unidade e demais Categorias da equipe de Enfermagem

Área de Autoridade

Na atualidade observa-se uma grande tendência de achatamento dessa pirâmide (por conta de se considerar a co-participação) em praticamente todas as atividades de uma empresa.

De acordo com MASSAROLO (1991), entre as relações básicas de autoridade, encontramos:  autoridade integral (de linha): quando o dirigente tem completa responsabilidade pelas atividades do órgão dirigido;  autoridade administrativa: quando o dirigente tem responsabilidade apenas pelas atividades administrativas do órgão dirigido;  autoridade técnica: quando o dirigente tem apenas responsabilidade técnica do órgão dirigido. VII. Organograma É a representação gráfica da estrutura de uma empresa, de seus órgãos e as relações de autoridade existentes entre eles, onde por meio de retângulos, quadrados ou ate círculos são indicados os órgãos, e as relações de autoridade através de linhas. 5

Essas linhas que ligam os órgãos entre si, indicam as interações formais prescritas, que, entretanto mostram limitações na representação da estrutura, uma vez que o organograma representa apenas uma dimensão dos muitos tipos de ralação que existem entre os elementos ou órgãos de uma organização. É importante a elaboração de um organograma, pois é difícil visualizar a organização como um todo, surgindo assim um gráfico que mostre os órgãos componentes da organização, o fluxo da autoridade. As autoridades implantadas são as de linha (ou de mando – poder de decisão), e as de assessoria (de aconselhamento – sem poder decisório). Quando as linhas são horizontais representam relações laterais de comunicação e quando são verticais, representam relações de autoridade (do superior para o subordinado) ou relações de responsabilidade (do subordinado em relação ao superior). Assim, o que não está ligado por nenhuma linha não tem relação direta entre si. Os retângulos são as unidades administrativas. A linha contínuo-cheia representa autoridade (________) e a pontilhado-interrompida representa assessoria (. . . . . . . . . ). As comissões são órgãos de assessoria. O cargo mais alto não possui terminal de cima, pois não se subordina a ninguém, enquanto o cargo mais baixo não tem terminal de autoridade, pois não tem nenhum subordinado abaixo de si.

Cargo ou Função

Na inserção do serviço de enfermagem na estrutura geral da organização, encontramos diferentes posições hierárquicas que vão desde a subordinação imediata a pessoas ou grupos deliberativos da instituição de saúde, ate a subordinação a pessoas ou serviço tecnicamente diferenciados. O SE deve estar situado de forma estratégica na estrutura da instituição de saúde, no sentido de não ser submisso a órgãos ou pessoas que contribuirão para sua inoperância. Essa localização deve favorecer acesso direto à diretoria, considerando-se a existência de situações muitas vezes emergenciais e imprevisíveis, e a premência de soluções. É importante observar que a posição hierárquica normalmente determina o grau de autoridade e influência, o “status” e a remuneração do ocupante do cargo. Muitos dos problemas existentes no SE estão relacionados com suas estruturas organizacionais e com a posição ocupada na estrutura geral da organização, uma vez que interfere na atuação do enfermeiro, na dinâmica do SE e conseqüentemente na assistência de enfermagem prestada à clientela. - Existem alguns tipos de organograma: •

Organograma vertical (também chamado de clássico) é mais usado para representar claramente a hierarquia na empresa;

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Organograma circular (ou radial) é exatamente o contrário, usado quando se quer ressaltar o trabalho em grupo, não há a preocupação em representar a hierarquia. É o mais usado em instituições modernas onde o se quer ressaltar a importância do trabalho em grupo;



Organograma horizontal também é criado com base na hierarquia da empresa, mas tem essa característica amenizada pelo fato dessa relação ser representada horizontalmente, ou seja, o cargo mais baixo na hierarquia não está numa posição abaixo dos outros (o que pode ser interpretado como discriminação, ou que ele tem menos importância), mas ao lado;



Organograma funcional é parecido com o organograma vertical, mas ele representa não as relações hierárquicas, e sim as relações funcionais da organização;



Organograma matricial é usado para representar a estrutura das organizações que não apresentam uma definição clara das unidades funcionais, mas grupos de trabalhos por projetos que podem ser temporários (estrutura informal).

VII. Manual de Enfermagem Inicialmente uma reflexão a partir da figura abaixo que traz uma “Abordagem Administrativa atualizada” apresentada por Chiavenato (1999).

“As pessoas, acredito, serão sempre necessárias. Posso ter a ressonância magnética de última geração e sempre vai ter alguém ali atrás para apertar o botão. Então, as pessoas nunca serão dispensadas, mas a instituição tem que garantir padrão de qualidade. Se hoje o colaborador está desenvolvendo esse processo e o domina tecnicamente, isso tem que ser perpetuado. Se o processo não estiver escrito, se não existir um manual de boas práticas, o dia em que este funcionário for embora e entrar uma outra pessoa, com certeza, não haverá o mesmo padrão que tinha antes, porque não existe um procedimento operacional padronizado. Por isso, é tão importante depender menos das pessoas, no sentido de que, independentemente de quem seja o processo tem que ser descrito, padronizado, com foco em manutenção da qualidade” (Fabrizio Rosso, 2012).

O conteúdo do ME será determinado pela necessidade de informação existente na unidade/serviço/instituição onde será implantado, e poderá conter: regulamento do estabelecimento de saúde; regimento do SE; filosofia do SE; estrutura administrativa do SE e da instituição; planta física da unidade; descrição das funções de cada elemento da equipe; descrição dos cuidados de enfermagem; normas, rotinas e procedimentos; roteiros; descrição e funcionamento dos equipamentos; quadro de pessoal da unidade; direitos e deveres dos elementos da equipe e outros. 7

Na elaboração de instrumentos administrativos, e, portanto do ME, faz-se necessário conhecer a finalidade dos diversos recursos e para isso sua definição: • Estatuto: é um instrumento que constitui um conjunto de normas e princípios para presidir a organização e o funcionamento de uma empresa, devendo ser elaborado preferencialmente pela entidade mantenedora (em equipe). • Regulamento: é o ato normativo de caráter estável, baixado pela administração superior, para regular e ampliar o estatuto, as leis e direitos para caracterizar a organização. • Regimento: é o ato normativo de caráter flexível, aprovado pela direção executiva, dispõe sobre os objetivos, a organização, a política de funcionamento, as estruturas e as atribuições gerais, o pessoal, os impressos, rotinas, roteiros e relatórios, para conduzir e orientar o serviço; é mais minucioso e especifico e rege o serviço. • Norma: são atos normativos que orientam uma conduta / os executantes no cumprimento de uma atividade. Devem ser simples e direcionados para uma determinada situação; Devem ser práticos;Devem orientar (manuais);Não devem, obrigatoriamente, padronizar conduta rígidas;Devem facilitar o estabelecimento de critérios; Não devem engessar o atendimento. • Atividade: é um conjunto de meios e processos que materializam uma função. • Procedimento: é a descrição detalhada, simplificada e objetiva de como desenvolver uma ação. • Rotina: é um componente da organização de um serviço e descreve sistematicamente todos os passos a serem dados para a realização das tarefas que compõe uma atividade. • Roteiro: é a descrição sistemática das atribuições de cada um na seqüência lógica de sua realização (geralmente já vem inserida na rotina) • POP – procedimento operacional padrão: é a descrição sistematizada, clara e objetiva de um determinado procedimento para o serviço. • Relatório: deve exprimir a qualidade e os aspectos quantitativos de um serviço em determinado período; deve conter: introdução (identificação do SE e objetivos propostos), desenvolvimento (descrição objetiva das atividades realizadas), conclusão (objetivos alcançados, facilidades e dificuldades), sugestões e recomendações. • Protocolo - O avanço científico e tecnológico se contrapõe com trabalhos isolados, fragmentados, onde ganha ênfase o trabalho em equipe multiprofissional. - Nesta concepção, o protocolo vem refletir o desejo de um trabalho compartilhado, consolidado e que aponta para resultados que irão trazer um grande diferencial ao processo de trabalho. - Um protocolo institucional deve representar o consenso legal, ético, científico e técnico da equipe de saúde da instituição, e não somente o pensamento individual - A finalidade de adoção de um protocolo visa a acabar com as decisões baseadas apenas no conhecimento adquirido na prática cotidiana. - A atividade do cuidar, além de complexa, exige confiabilidade à assistência prestada por meio de procedimentos seguros. A construção de protocolos é imprescindível para a execução das ações nas quais a enfermagem está envolvida. 8

- Por ‘protocolo’ define-se o conjunto de dados que permitem direcionar o trabalho e registrar oficialmente os cuidados executados na resolução ou prevenção de um problema. Em outras palavras, protocolo é uma proposta de padronização de procedimentos feitos pela equipe de enfermagem ou equipe multiprofissional. - Devem servir para proporcionar um melhor e mais rápido andamento do trabalho, e deve ser elaborado para cada serviço especificamente, de forma a favorecer o desenvolvimento de algumas ações a serem implantadas. - O grande objetivo do protocolo é resguardar o serviço, respaldando-o legalmente quanto aos passos a serem dados para a realização daquela atividade. Deve ser construído pelos profissionais que irão operacionalizá-lo e submetido à apreciação e validação pela autoridade superior do serviço (protocolo sem aprovação é destituído de valor legal). - Agilizam e uniformizam o atendimento; Facilitam condutas descentralizadas; Diminuem a margem de erro; Importantes nos processos de Gestão do atendimento à clientela; Muito valorizados atualmente por possibilitar qualidade e eficácia nos serviços; Facilitam o gerenciamento de pendências judiciais (Min. da Saúde e medicamentos de alto custo etc.); Melhora a qualidade de serviços prestados aos clientes; Padroniza as condutas; Melhora o planejamento e controle da Instituição, dos seus procedimentos e dos resultados; Garante maior segurança; Otimiza a utilização dos recursos operacionais; Reduz custos; Rastreia todas as atividades operacionais e clínicas; Realiza um controle mais apurado sobre os estoques;Pode gerar um prontuário eletrônico; Otimiza a produtividade dos trabalhadores; Garante uma assistência livre de riscos e danos aos paciente (CANAVEZI, 2008). Importância do ME: constitui uma reunião de informações classificadas e catalogadas de forma sistematizada sobre as práticas/ações do serviço/estabelecimento; facilita o acesso às informações de forma organizada e criteriosa; esclarece duvidas e favorece o trabalho de equipe; padroniza e uniformiza o desempenho das pessoas e facilita a supervisão; agiliza o andamento do trabalho, racionalizando-o; proporciona maior segurança no desenvolvimento das atividades. As normas podem ser: Administrativas: são as resoluções, ordens de serviço, orientações e tudo que determina uma autoridade imediata ou mediata da unidade administrativa; devem ser relacionadas por escrito e de maneira que possam ser localizadas no ME, com clareza e objetividade. (Ex:... nenhuma medicação deve ser solicitada sem prescrição médica escrita / todos os servidores devem trabalhar com uniforme completo / as refeições dos servidores devem ser realizadas somente no refeitório). Técnicas: são aquelas que explicam a forma como deve ser realizada uma ação, tarefa ou atividade; sua fixação e utilização com rigor evita erros, principalmente em situações de alteração no quadro de pessoal. (Ex:... fórmula para lavagem de roupa de lã / fórmula para diluição de solução desinfetante para máscaras de nebulização). As rotinas devem servir para proporcionar um melhor e mais rápido andamento do trabalho, e deve ser elaborada para cada serviço especificamente, de forma a explicitar sua realidade. Se estiverem dificultando a realização do trabalho e servindo como uma “camisa de força” para a equipe, não está mais atendendo à sua finalidade, e necessitam de avaliação (o que deve ser feito antes que isso venha a acontecer). Finalidades das rotinas: determina de modo preciso como o trabalho deve ser feito; padroniza os procedimentos; racionaliza o trabalho; proporciona segurança ao pessoal; evita gasto desnecessário de tempo; reduz erros e assegura o atendimento à clientela.

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 Os tipos de rotinas mais utilizados são: rotinas para o uso de impressos; rotinas gerais; rotinas específicas e relacionada com o atendimento; rotinas administrativas (relacionadas com paciente/unidade/pessoal/material/equipamentos).  As formas de apresentação das rotinas mais utilizadas são: em colunas: devem conter o número de ações/os agentes/ a ação/ e observações; em fluxograma: representada graficamente; textual; descrição da rotina em forma de texto. Exemplos de Rotinas 1.Rotina em Colunas com diversos agentes: Admissão do Paciente – Unidade de Internação Número 1

Agente Enfermeiro

Ação

Observação

Recebe o paciente Orienta o paciente e acompanhante quanto às rotinas do serviço. Faz o levantamento de dados do paciente e família – histórico, exame físico, diagnóstico. Registra os dados no prontuário, faz prescrição.

Modelo 002

2

Técnico de Enfermagem

Verifica os sinais vitais do paciente e anota na folha de controle.

Modelo 001

3

Enfermeiro

Solicita a presença do médico.

Plantonista

4

Médico

Examina o paciente e prescreve. Requisita os exames.

Modelo 002 Modelo003

Secretário de Enfermagem

Encaminha os exames

5

Enfermeiro

Orienta o paciente para os exames e fornece o material necessário.

6

Livro de exames.

2. Rotina Textual Admissão do Paciente – Unidade de Internação a) Introdução O paciente depois de registrado e de acordo com o critério do SPA é encaminhado para uma Unidade de Internação, para tratamento, em regime de internação. b) Competência É de competência médica, o pedido de internação, cabendo ao Registro e à Enfermagem, as providências conforme rotina de admissão da Unidade de Internação. c) Normas a seguir • Enfermeiro: recebe o paciente, orientando-o quanto às rotinas do serviço. • Enfermeiro: faz o levantamento de dados do paciente e família. • Auxiliar de Enfermagem: Verifica os sinais vitais do paciente e anota na folha de controle. • Enfermeiro: solicita a presença e avaliação do médico plantonista. • Médico: examina o paciente, prescreve e solicita exames. • Secretário de Enfermagem: encaminha os exames. • Enfermeiro: orienta pacientes para os exames e fornece material

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Referências CANAVEZI, Cleide Mazuela. Protocolos de Enfermagem – los aspectos éticos e legais. Conselho Regional de Enfermagem. COREN-SP. São Paulo, 2008. Disponível em: http://www.anggulo.com.br/psoriase/retro_2008/palestras/enfermagem/CleideMazuelaCanavezi .pdf. Acesso em 27 de maio de 2013.

CHIAVENATO, I. Iniciação à Organização e Controle. McGraw-Hill, São Paulo, 1989. GAMA, B.M.B.D.M. Organização em Enfermagem. Material Instrucional. Disciplina de Administração em Enfermagem I. Faculdade de Enfermagem. UFJF. Juiz de Fora, 2012. HENDRIKX,H.M. Manual de Organização e Avaliação do Serviço de Enfermagem, CEDAS, São Paulo, s.d. KURCGANT, P. Administração em Enfermagem, EPU, São Paulo, 1991. MARQUIS, B.L.;HUSTON,C.J.Administração e Liderança em Enfermagem, Art Med, PA, 2010.

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Faculdade de Enfermagem - Departamento de Enfermagem Básica Disciplina: Administração em Enfermagem II Docente: Bernadete Marinho Bara De Martin Gama

admIsem2/2013

ANEXO 1 1)Organogramas

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Setores da COLIVRE representados nas pétalas do organograma - são órgãos operacionais com atribuições específicas, que estão ligados às atividades fim (pétalas vermelhas), quando forem responsáveis diretamente pela execução de serviços presentes no portfólio da cooperativa; ou estão ligados à atividades meio (pétalas amarelas), quando forem responsáveis por atividades ligadas a estrutura administrativa, humana e tecnológica da cooperativa ( COLIVRE, Cooperativa de Tecnologias Livres, 2013).

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2) Elaboração de protocolos - PORTAL DA ENFERMAGEM (http://www.portaldaenfermagem.com.br) Diante desta fundamental ferramenta na rotina de auxiliares, técnicos e enfermeiros, o Portal da Enfermagem buscou junto à enfermeira Rosângela Jerônimo dicas para a elaboração de protocolos. O modelo abaixo pode ser aplicado a qualquer área de atuação da enfermagem na saúde. Ao elaborar um protocolo o profissional responsável deverá estar atento para algumas questões, a saber: - Iniciar com um cabeçalho padronizado para todos os documentos da instituição. Ex.: Logo da Instituição Protocolo Nº 15

Nome do Protocolo Versão 05

Elaborado em: Janeiro 2009

Última Revisão: Julho 2012

Página: ½

- A numeração do protocolo deverá ser mantida sempre, independente das atualizações. - As atualizações devem ser realizadas sempre que houver alterações. Uma revisão deve ser realizada periodicamente, independente de alterações. Minha sugestão é uma revisão no mínimo a cada 2 anos. - A data inicial da elaboração do documento não deverá ser alterada, independente das novas versões. - Ao realizar uma nova versão o editor responsável deverá substituir todas as cópias existentes desse documento, pela versão atualizada. - Todo documento deverá constar os dados do editor (pessoa que elaborou o documento), do revisor (pessoa ou pessoas que analisarão o conteúdo) e do aprovador (normalmente chefe ou responsável técnico). Esses dados poderão constar no início ou final do documento. Lembre-se que o editor não deverá ser o revisor, que também não é o aprovador. Ex.: Elaborado por:

Revisado por:

Aprovado por:

Veja abaixo um modelo de protocolo

Logo da Instituição Protocolo Nº 15

Ressuscitação cardiopulmonar Versão 05

Elaborado em: Janeiro 2012

Última Revisão Junho 2013

Página: ½

Objetivo: Prestar atendimento a um paciente em parada cardiorrespiratória. Definições: Parada cardiorrespiratória consiste na ausência de resposta aos estímulos, estado de inconsciência, ausência de

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pulso na circulação central (grandes artérias) e ausência de respiração. Atividades: 1. DETERMINAR INCONSCIÊNCIA: através de estímulo verbal e tátil. Verificar o horário de início do atendimento. 2. ACIONAR AJUDA: pode ser por acionamento de campanhia, telefone ou verbal. Um membro da equipe de enfermagem deverá encaminhar o carrinho de emergência para o local do atendimento e acionar o médico. 3. POSICIONAMENTO DO PACIENTE: colocar o paciente em decúbito dorsal horizontal e em superfície rígida para que não haja dispersão de energia utilizada durante as manobras de compressão torácica. 4. POSICIONAMENTO DOS PROFISSIONAIS: 4.1 o médico deverá posicionar-se na cabeceira do leito permitindo acesso as vias aéreas; 4.2 outro médico ou o enfermeiro deverá posicionar-se na lateral do leito permitindo acesso a região torácica (massagem); 4.3 o técnico ou auxiliar de enfermagem deverá posicionar-se junto ao carrinho de emergência, próximo ao leito, permitindo manuseio ao acesso venoso; 4.4 outro profissional de enfermagem deverá ser apoio dos demais profissionais, atendendo suas solicitações. 5. LIBERAÇÃO DAS VIAS AÉREAS: utilizar as manobras de elevação do queixo. 6. VERIFICAÇÃO DA VENTILAÇÃO: ver, ouvir e sentir, abaixando o rosto próximo ao rosto do paciente e tentando ver os movimentos respiratórios, ouvir ruídos ou sentir entrada ou saída de ar. 7. VENTILAÇÕES: realizar duas ventilações para verificar se há obstrução de vias aéreas. 8. VERIFICAÇÃO DE PULSO: pulso em grandes artérias (femoral ou carótida). 9. INICIAR AS MANOBRAS DE REANIMAÇÃO CARDIOPULMONAR: 30 compressões para cada 2 ventilações. A cada 5 ciclos, verificar pulso e trocar o profissional que realiza as compressões torácicas. 10. VIA AÉREA DEFINITIVA: o médico deverá realizar o procedimento de intubação orotraqueal. 11. MONITORIZAÇÃO: instalar o aparelho de desfibrilação / cardioversão para acompanhar o traçada eletrocardiográfico do paciente. 12. ACESSO VENOSO: o acesso poderá ser central ou periférico. Nos casos de acesso periférico instalar o dispositivo em veia de grande calibre. 13. ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS: seguir prescrição / solicitação médica. 14. DESFIBRILAÇÃO: seguir solicitação médica.Notas importantes - deve-se começar as manobras de RCP sempre que for constatado PCR, com exceção de casos como: decapitação, esmagamento total de segmentos corpóreos vitais, rigidez cadavérica, manchas hipostática e corpo em decomposição; - a constatação do óbito é de competência única e exclusiva do profissional médico, exceto nos casos acima citados; - devem ser minimizadas as interrupções das compressões torácicas o máximo possível. A interrupção deverá ocorrer somente para punção venosa, intubação, verificação de pulso; - o número excessivo de profissionais pode prejudicar o atendimento ao paciente; - as ventilações utilizando bolsa-valva-máscara devem sempre estar enriquecidas com suporte de oxigênio; - o sistema de aspiração deve estar montado e pronto para ser utilizado. Durante o procedimento de aspiração as

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compressões torácicas não devem ser interrompidas. Referências Suporte Avançado de Vida em Cardiologia, Manual para provedores, American Heart Association,2004. Suporte Avançado de Vida em Pediatria, Manual para provedores, American Heart Association, 2004

3) POP HU UFJF

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Versão 00

Serviço de Enfermagem – Proibido Reproduzir

Página 1 de 1

PROCEDIMENTOS DE ENFERMAGEM

Elaborado em: 09/10/2012 POP ENF ___

Admissão do usuário no ambulatório Revisado em: ___/___/___

Objetivos:  Iniciar coleta de dados para o prontuário.  Recepcionar e orientar o paciente.  Compor fonte de dados sobre atendimentos e evolução do usuário. Aplicação:  Ambulatórios Responsável

Enfermeiros

Técnicos de Enfermagem

Descrição da Atividade 1. 2. 3. 4. 5.

Receber o usuário no setor; Conferir encaminhamentos; Realizar consulta de enfermagem; Completar os dados no prontuário; Orientar e encaminhar o paciente à sala de espera

1. Receber o usuário no setor; 2. Conferir encaminhamentos; 3. Aferir sinais vitais e realizar anotações sobre estado geral do usuário; 4. Completar os dados no prontuário; 5.Orientar e encaminhar o paciente à sala de espera.

Glossário: Não há. Referências: TIMBY, B.K. Trad. GARCEZ, R. Conceitos e habilidade fundamentais no atendimento de enfermagem. 6ª Ed, 2001. Editora Artmed: Porto Alegre. Anexos: Não há. Elaborado por: Enfa. Roberta Enfa. Lucimar Acad. Enf. Claudia Cristina da Silva Faustino

Aprovação: Data: ___/___/______

Assinatura:

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4) PROTOCOLOS CLÍNICOS E DIRETRIZES TERAPÊUTICAS DO MINISTÉRIO DA SAÚDE (http://portal.saude.gov.br/portal/saude/profissional/visualizar_texto.cfm?idtxt=35490) 2013 Esclerose Sistêmica

Portaria SAS/MS nº 99 - 07/02/2013

Lúpus Eritematoso Sistêmico (Retificado em 22/03/2013)

Portaria SAS/MS nº 100 - 07/02/2013

Acromegalia (Retificado em 03/04/2013)

Portaria SAS/MS nº 199 - 25/02/2013

Dislipidemia para a prevenção de eventos cardiovasculares e pancreatite Esquizofrenia Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (Retificado em 14/06/2013) Artrite Reumatoide Psoríase Glaucoma Acromegalia Doença de Alzheimer Diabete Insípido Anemia Aplástica Adquirida Osteogênese Imperfeita* Fenilcetonúria Anemia Hemolítica Autoimune Espondilose Púrpura Trombocitopênica Idiopática Asma Doença de Wilson Epilepsia Síndrome Nefrótica Primária em Adultos Síndrome de Ovários Policísticos e Hirsutismo Imunossupressão no Transplante Hepático em Pediatria Esclerose Múltipla Sobrecarga de Ferro Leiomioma de Útero Hemangioma Infantil

Portaria SAS/MS nº 200 - 25/02/2013 Portaria SAS/MS nº 364 - 09/04/2013 Portaria SAS/MS nº 609 - 06/06/2013 Portaria SAS/MS nº 710 - 27/06/2013 Portaria SAS/MS nº 1.229 - 05/11/2013 Portaria SAS/MS nº 1.279 - 19/11/2013 Portaria SAS/MS nº 199 - 25/02/2013 Portaria SAS/MS nº 1.298 - 21/11/2013 Portaria SAS/MS nº 1.299 - 21/11/2013 Portaria SAS/MS nº 1.300 - 21/11/2013 Portaria SAS/MS nº 1.306 - 22/11/2013 Portaria SAS/MS nº 1.307 - 22/11/2013 Portaria SAS/MS nº 1.308 - 22/11/2013 Portaria SAS/MS nº 1.309 - 22/11/2013 Portaria SAS/MS nº 1.316 - 22/11/2013 Portaria SAS/MS nº 1.317 - 25/11/2013 Portaria SAS/MS nº 1.318 - 25/11/2013 Portaria SAS/MS nº 1.319 - 25/11/2013 Portaria SAS/MS nº 1.320 - 25/11/2013 Portaria SAS/MS nº 1.321 - 25/11/2013 Portaria SAS/MS nº 1.322 - 25/11/2013 Portaria SAS/MS nº 1.323 - 25/11/2013 Portaria SAS/MS nº 1.324 - 25/11/2013 Portaria SAS/MS nº 1.325 - 25/11/2013 Portaria SAS/MS nº 1.326 - 25/11/2013

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UFJF - Organização em Enfermagem

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