12- PANCREATITE AGUDA

2 Pages • 961 Words • PDF • 232.8 KB
Uploaded at 2021-09-24 13:30

This document was submitted by our user and they confirm that they have the consent to share it. Assuming that you are writer or own the copyright of this document, report to us by using this DMCA report button.


PANCREATITE AGUDA = inflamação aguda do pâncreas originada por autodigestão tecidual pelas próprias enzimas pancreáticas. Cerca de 90% dos casos cursa somente com edema do pâncreas, sem áreas extensas de necrose ou complicações locais e sistêmicas, sendo auto-limitada em até 7 dias, a pancreatite aguda leve. Os 10% restantes cursa com extensa necrose parenquimatosa, hemorragia retroperitoneal, um quadro sistêmico grave e uma evolução de até 6 semanas, a pancreatite aguda necrosante (grave), com mortalidade de até 60%. O marco da doença é a presença de necrose gordurosa no parenquima do órgão e no tecido peripancreático, omento e mesentério. Nas formas graves a necrose atinge também tecido glandular exócrino e endócrino. Ainda não se tem certeza do mecanismo patogênico da pancreatite aguda, mas a teoria mais aceita é a da “colocalização lisossomal”, que diz que um estímulo lesivo à celula acinar provoca a fusão dos grânulos de zimogênio (pró enzimas inativadas) com as vesículas lisossomais, que contem uma enzima que converte tripsinogênio em tripsina (ativadora das enzimas pancreáticas) dentro da cálula acinar, o que ativa as enzimas. As vesículas de fusão são liberadas no interstício pancreático, dando início ao processo de auto digestão, principalmente pela fosfolipase A e lipase, que digerema gordura peri e pancreática. A lesão induzida por enzimas só é o evento inicial, que contribui para ativação da coagulação pela via intrínseca, levando à formação de microtrombos pancreáticos, o que aumenta a necrose, além da ativação do sistema de cininas, aumentando a produção de mediadores inflamatórios. Um exagero nesse processo leva à SIRS (síndrome da resposta inflamatória sistêmica). As causas mais comuns de pancreatite aguda são a litíase biliar e o álcool (75%): Pancreatite aguda biliar: ocorre pela passagem de cálculos biliares pela ampola de Vater. A obstrução transitória ou o edema causado pela mesma aumentariam subitamente a pressão intraductal e estimularia a fusão dos grânulos de zimogênio às vesículas lisossomais. A obstruçao também causaria o refluxo bliliar para o ducto pancreático, desencadeando o processo de ativação enzimática. Ao contrário da pancreatite alcoolica, não se associa com a pancreatite crônica. Os principais sintomas da pancreatite aguda são: DOR ABDOMINAL em barra com irradiação para o dorso que se mantém por dias, NÁUSEAS e VÔMITOS (que não aliviam a dor). Podemos encontrar febre, desidratação, taquicardia, choque e coma. No exame físico pode haver dor à palpaçao abdominal, que vai de leve até sinais de irritação peritoneal (Blumberg), distenção abdominal (por íleo paralítico pela inflamação itra abdominal), icterícia leve (coledocolitíase ou edema de pâncreas obstruindo o ducto biliar principal) e sinais cutâneos como Grey Turner (equimose em flancos), Cullen (equimose periumbilical), Paniculite (necrose gordurosa subcutânea) e Fox (equimose na base do pênis). Derrame pleural à esquerda é comum pela extensão da inflamação até a hemicúpula esquerda. O comprometimento respiratorio pode levar à atelectasia ou até mesmo à SARA, uma das complicações sistêmicas mais temíveis, caracterizada por hipoxemia refratária à admissão de altos fluxos de O2 por máscara ou cateter nasal, associado a infiltrado pulmonar bilateral, geralmente assintomático. Uma TGP (ALT) > 150 U/L tem especificidade de 96% para pancreatite biliar !!! Mas a TGP < 150 U/L não afasta a mesma, por uma baixa sensibilidade. Amilase + Lipase séricas, se 3x acima de seus limites superiores, são altamente específicas para pancreatite aguda. A TC de abd pode ser realizada nos casos duvidosos ou graves, podendo confirmar a pancreatite demonstrando a presença de edema/necrose do parênquima pancreático. A USG confirma a litíase biliar como causa. Escores para prognóstico da pancreatite aguda: CRITÉRIOS DE RANSON: cinco critérios são avaliados na admissão do paciente e refletem a gravidade e a extensão do processo inflamatório (idade, leucometria, TGO, glicemia e LDH) e outros seis ao longo das 48h iniciais e refletem o desenvolvimento das complicações sistêmicas e grau de perda volêmica para o ‘terceiro espaço’ (PO2, excesso de bases, sequestro de líquidos, hematócrito, uréia e cálcio). A presença de 3 ou mais desses critérios define o caso como pancreatite grave.

ESCORE APACHE-II: sao critérios para estimar o prognóstico de pacientes graves internados em UTI nas primeiras 24h (diferentemente do Ranson, que necessita de 48h). A pancreatite é considerada grave se somar 8 ou mais pontos. ESCORE DE ATLANTA: leve na ausência de falência orgânica e complicações locais ou à distância, moderada se apresentar falência orgânica moderada (50%

LEVE: menos de 3 critérios de Ranson, APACHE II 3, APACHE II>8 e/ou presença de complicações Tratamento com internação em UTI, analgesia (meperidina), hidratação venosa vigorosa, aminas vasopressoras se choque, cateter nasogástrico em sifonagem se íleo paralítico ou vômitos nao contidos.

A pancreatite aguda com mais de 30% de necrose na TC tem uma chance de 40% de infecção do tecido necrosado, geralmente por translocação bacteriana causada por hipovolemia, isquemia e shunts arteriovenosos, que levam a quebra da barreira intestinal. Por isso esses pacientes devem ser submetidos à investigação de infecção pancreática se tiverem qualquer sinal de sepse. A TC mostra gás no pâncreas ou tecido peripancreatico e guia a punção do tecido necrótico para confirmar o diagnóstico. Toda pancreatite com necrose infectada indica necrosectomia. Todos os pacientes com pancreatite aguda biliar devem passar por colecistectomia laparoscopica antes da alta hospitalar (semieletiva), mas após a resolução do quadro clínico agudo.
12- PANCREATITE AGUDA

Related documents

2 Pages • 961 Words • PDF • 232.8 KB

48 Pages • 20,311 Words • PDF • 19.8 MB

2 Pages • 524 Words • PDF • 693.5 KB

96 Pages • 28,430 Words • PDF • 1.2 MB

16 Pages • 769 Words • PDF • 3.7 MB

9 Pages • 4,934 Words • PDF • 1 MB

481 Pages • 153,241 Words • PDF • 2.5 MB

46 Pages • 1,624 Words • PDF • 4 MB

1 Pages • PDF • 16.8 KB

17 Pages • 7,189 Words • PDF • 2.7 MB

45 Pages • PDF • 18.4 MB