46 Pages • 1,624 Words • PDF • 4 MB
Uploaded at 2021-09-24 07:48
This document was submitted by our user and they confirm that they have the consent to share it. Assuming that you are writer or own the copyright of this document, report to us by using this DMCA report button.
Semiologia da Insuficiência Cardíaca João Cantinho
INTRODUÇÃO • Síndrome que torna o coração incapaz de ofertar oxigênio em taxa adequada aos tecidos, ou o faz à custa de elevação da sua pressão de enchimento (pré-carga). • Devido a sua heterogeneidade e complexidade não existe uma definição amplamente difundida e aceita. • Geralmente resulta de disfunção estrutural ou funcional do coração, que compromete a sua capacidade de se encher de sangue ou de ejetá-lo. • É uma complicação importante de virtualmente todas as cardiopatias.
EPIDEMIOLOGIA • Importante problema de saúde pública = crescente prevalência, morbimortalidade. • No Brasil, estimam-se cerca de 300 mil internações/ano. • 1ª causa de internação pelo SUS em pacientes >60ª.
ETIOLOGIA – FATORES DE RISCO • 30% dos casos de IC na comunidade são atribuíveis à HAS. • Infarto do miocárdio é o principal responsável pelos casos de IC na comunidade – sobreviventes têm risco de 5 a 6x de desenvolver IC ao longo da vida. • DM – fator de risco independente. Aumento de risco de 2 a 3x. • Doença valvar cardíaca – aumento de 2 a 3x risco → devido sobrecarga de pressão (estenoses) ou de volume (insuficiências) crônica.
ETIOLOGIA – FATORES DE RISCO • Idade avançada - >65ª, risco 5-6x maior; • Sexo masculino, sobrepeso e sedentarismo – fatores de risco independentes • Outras causas de cardiomiopatia que lesam diretamente miocárdio como toxinas, álcool, def. vitamínicas, reações auto-imunes • Destaque para Doença de Chagas - estimado de 5 a 6 milhões de infectados, sendo 25-35% com comprometimento cardíaco e repercussão clínica (10%).
FISIOPATOLOGIA • DISFUNÇÃO DIASTÓLICA: • Tamanho de câmaras cardíacas normal, função sistólica preservada, mas pressão de ENCHIMENTO elevada • Principal fator etiológico: hipertensão arterial;
• DISFUNÇÃO SISTÓLICA: • Aumento das câmaras cardíacas associado ao déficit de contratilidade • Principal fator etiológico: Cardiopatia isquêmica;
• Frequentemente coexistem
FISIOPATOLOGIA • IC resulta de alterações fisiopatológicas em: • • • •
Mecanismos hemodinâmicos Déficit de contratilidade miocárdica (lesão de miócitos) Sobrecarga de pressão e volume ventriculares (pré e pós-carga) Dificuldade de enchimento ventricular
• Mecanismos neuro-hormonais
FISIOPATOLOGIA • Como pré e pós carga entende-se como a dificuldade de ejeção do sangue enfrentada pelo ventrículo. • PRÉ-CARGA: • Está relacionada com o momento ANTES DA EJEÇÃO • Pode ser medida com Volume Diastólico final
• PÓS-CARGA: • Está relacionada com o momento DURANTE A EJEÇÃO • Fator de maior interferência é a RVP.
MECANISMOS NEUROHORMONAIS • Na vigência de DC diminuído, o organismo deflagra mecanismos compensatórios neuro-hormonais para tentar manter oxigenação tecidual. • Sistema nervoso adrenérgico: inicialmente, hiperatividade simpática leva a ↑ DC e redistribuição do fluxo. Com estimulação sustentada, ocorre ↑ inotropismo e cronotropismo , hipertrofia de miócitos.
FISIOPATOLOGIA – REMODELAMENTO CARDÍACO
CLASSIFICAÇÃO • Pode ser de acordo com a condição clínica, hemodinâmica, funcional ou etiologia: 1. Duração: Aguda < 6m; Crônica >6m. 2. Manifestação de VD, VE ou mista 3. Débito cardíaco: alto ou baixo débito 4. Fração de ejeção de VE ou VD: sistólica ou diastólica 5. Classe funcional (NYHA) 6. Estágios (evolução e progressão) 7. Estabilidade: compensada e descompensada • 8. Perfil Hemodinâmico: congestão e hipoperfusão • 9. Distúrbio mecânico: reconhecer se há disfunção de válvulas • • • • • •
CLASSIFICAÇÃO – ICD E ICE
Pequena e Grande Circulação
INSUFICIÊNCIA CARDÍACA DIREITA • Relacionada aos sintomas de CONGESTÃO SISTÊMICA • Geralmente secundária a ICE.
INSUFICIÊNCIA CARDÍACA ESQUERDA • Relacionada aos sinais e sintomas de CONGESTÃO PULMONAR • É a mais comum
CLASSIFICAÇÃO – ALTO E BAIXO DÉBITO • Pacientes com Tireotoxicose, Fístula arterio- venosa, Beribéri ou anemia importante , gravidez, podem apresentar DC com valores elevados, associados a sinais e sintomas de IC → caracteriza Síndrome de Alto Débito → pode ser reconhecida pela perfusão aumentada da pele. • Síndrome de Baixo Débito = sinais de má perfusão (pele fria, sudorese) e congestão. Presença de pulso fino ou alternante.
CLASSIFICAÇÃO – ALTO DÉBITO
CLASSIFICAÇÃO – FRAÇÃO DE EJEÇÃO • Quando a fração de ejeção de VE/VD é comprometida = chamada sistólica • Sem comprometimento = chamada diastólica (IC com FE preservada) • IC diastólica = há dificuldade de enchimento do coração ou enchimento com pressões elevadas. • Fatores de risco para IC preservada: idade, sexo feminino, obesidade, hipertensão arterial, DM, doença coronariana, doença renal, estenose aórtica.
CLASSIFICAÇÃO – CLASSE FUNCIONAL
CLASSIFICAÇÃO - ESTÁGIOS • Mais recente • Baseado na evolução e progressão da IC • Reflete o modelo fisiopatológico da IC, que considera essa SD como via final comum de várias doenças cardíacas em indivíduos de risco. • Essa representação com caráter contínuo possui implicações preventivas, prognósticas e terapêuticas.
CLASSIFICAÇÃO - ESTÁGIOS
CLASSIFICAÇÃO - ESTABILIDADE • Compensada • Descompensada (“de novo” ou crônica que descompensou) → entende-se pelo aparecimento de sinais/sintomas, como edema ou hipoperfusão ou hipotensão, determinando nova estratégia terapêutica. • Persistente descompensada
CLASSIFICAÇÃO – PERFIL HEMODINÂMICO • A partir da presença de congestão (“seco” sem sinais de congestão, ou “úmido” com sinais de congestão) e da hipoperfusão (“frio” má perfusão, ou“quente” boa perfusão • Dividida em 4 situações distintas
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • DISPNÉIA AOS ESFORÇOS • Sinal cardinal da falência ventricular esquerda • Na anamnese – descartar que a dispneia não seja secundária a falta de condicionamento físico, obesidade, doenças pulmonares, equivalente isquêmico sem IC, apneia obstrutiva do sono, outras. • Principal diferença entre indivíduos normais e com IC é o grau de atividade necessário para o sintoma (grau de tolerância prévio ao esforço) • Nos idosos – não é uma queixa comum, aparecendo em geral em estágios tardios (tendendo a pensar que são sinais de envelhecimento) • > disfunção ventricular, < intensidade de esforço necessária para a dispnéia (ex. atividades de higiene pessoal)
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • ORTOPNÉIA • Dispneia na posição deitada (2 a 3 min após, ainda acordado). • Alívio sentado na beira da cama com pés pendentes • Atenção à mudança no padrão habitual do indivíduo
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • TREPOPNÉIA • Dispnéia nos decúbitos laterais
• TOSSE • • • •
Sintoma mais prevalente na IC Causa: congestão pulmonar Ocorre nas mesmas situações da dispnéia Com piora na evolução da congestão, pode ser espumosa e de coloração rósea.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • DISPNÉIA PAROXÍSTICA NOTURNA • A noite, quando está dormindo • Início súbito, acordando com sensação de sufocamento ou asfixia, com intensa ansiedade • Frequente palidez e sudorese fria • Se tosse com expectoração rósea e espumosa ou sanguinolenta→ edema agudo de pulmão • “Asma cardíaca” → sibilos (broncoespasmo induzido pela congestão da mucosa brônquica e edema pulmonar intersticial)
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • EDEMA PERIFÉRICO • Inicia-se nas porções pendentes = pés, maléolos e pernas – gravitacional (mais no final do dia). • Acamados – região lombossacra • Edema facial – raro, mais comum em crianças • Com progredir da disfunção ventricular, edema tende a ascender pode chegar a anasarca e derrames cavitários • Frio, mole, inelástico, liso e brilhante, frequentemente associado a cianose. Com o tempo pode evoluir com pigmentação da pele.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • FADIGA E FRAQUEZA • Muito comuns • Sensação de peso nas pernas • Consequente do déficit de perfusão da musculatura esquelética. • Baixa sensibilidade e especificidade.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • SINTOMAS URINÁRIOS • Nictúria : inversão do ritmo urinário – quantidade maior durante período noturno. Sinal relativamente precoce. Decorre de melhor redistribuição do fluxo sanguíneo a noite e maior perfusão renal. • Oligúria: sinal tardio de IC avançado, ocorrendo devido grave ↓ do DC, perfusão renal inadequada e insuficiência renal.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • SINTOMAS CEREBRAIS • Mais comuns nos idosos • Devido perfusão cerebral inadequada • Confusão mental, dificuldade de concentração, déficit de memória, cefaleia, ansiedade, insônia, pesadelos noturnos e raramente alterações do comportamento graves, como psicoses, desorientação, delírio e mesmo alucinações
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • SINTOMAS GASTROINTESTINAIS • Anorexia e náusea associadas a dor abdominal e sensação de plenitude gástrica (empachamento) – relacionados ao sistema venoso portal e hepático congestos. • Caquexia cardíaca: anorexia, perda de peso e desnutrição importantes na IC avançada – devido hipoperfusão esplâncnica.
EXAME CLÍNICO • Taquicardia sustentada – atenção para este quadro ao repouso em pacientes com fatores de risco (sinal de disfunção VE assintomática com ativação de sistema Neuroendócrino). • Na IC já estabelecida, Taquicardia sinusal é achado prevalente • Ictus desviado na cardiomegalia.
EXAME CLÍNICO • Ritmo de galope: B3 é decorrente da passagem brusca do sangue nos átrios para os ventrículos, na fase de enchimento rápido da diástole ventricular, provocando vibração no miocárdio. • B4: corresponde a pré-sistole ventricular – contração atrial “atrasada”, nos casos de complacência ou relaxamento ventricular diminuídos.
EXAME CLÍNICO • Sopros sistólicos: comuns na falência ventricular esquerda devido regurgitação mitral ou tricúspide • Hiperfonese de B2 em FP – devido aumento da pressão da a.pulmonar • Pulso fino ou alternante – sinal de baixo débito • Crepitações pulmonares, sibilos (asma cardíaca) – sinais de sobrecarga de volume.
Refluxo hepatojugular
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS • Mais utilizados : Framingham e Boston • Cardiomegalia no Raio-X, embora ainda importante tem sido substituído pelos dados de ecocardiograma ou de outros exames.
CRITÉRIOS DE FRAMINGHAM
CRITÉRIOS DE BOSTON
EXAMES COMPLEMENTARES • Eletrocardiograma • Radiografia do Tórax - Área Cardíaca - Circulação Pulmonar • Ecocadiograma - Função ventricular (sistólica e diastólica) • Dosagem de peptídeos natriuréticos - Peptídeo natriurético cerebral B (BNP) - Produzido pelos ventrículos
EXAMES COMPLEMENTARES • Eletrocardiograma
Ritmo sinusal, frequência de 110 bat/min, intervalo PR 0,12s, intervalo QRS 0,10s. Sobrecarga atrial esquerda,
EXAMES COMPLEMENTARES • Radiografia do Tórax - Área Cardíaca - Circulação Pulmonar
EXAMES COMPLEMENTARES • Ecocadiograma - Função ventricular (sistólica e diastólica)
Ecocardiograma: modo unidimensional demonstrando as medidas da cavidade ventricular esquerda (VE). O diâmetro diastólico do VE com 68 mm, o diâmetro sistólico do VE com 62,9 mm e a fração de ejeção de 16,2%
EXAMES COMPLEMENTARES • Dosagem de peptídeos natriuréticos - Peptídeo natriurético cerebral B (BNP) - Produzido pelos ventrículos
Perguntas?