26 - Judas

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A Epístola de

JUDAS

A Epístola de

JUDAS Introdução 1. Título - Nos primeiros manuscritos gregos, o título desta epístola é simples­ mente loudas (“Judas”). A designação comum "epístola geral” se refere ao fato de que esta carta não é dirigida a qualquer indivíduo específico, igreja, ou grupo de igrejas, mas “a eles [isto é, a todos] que são santificados” (ver com. do v. 1). Pela mesma razão, também é chamada de “epístola universal". 2. Autoria - O escritor nomeia a si mesmo: "Judas, servo de Jesus Cristo e irmão de Tiago” (v. 1), e não há nenhuma razão para duvidar da identificação, ainda que as palavras possam ser interpretadas de mais de uma forma. No NT são mencionados vários Judas: Judas Iscariotes (Mc 3:19), Judas “não o Iscariotes” (ver com. de Jo 14:22), Judas da Galileia (At 5:37), Judas de Damasco (At 9:11), Judas cognominado Barsabás (At 15:22) e Judas, irmão de Jesus, assim como Tiago, José e Simão. Tiago, irmão de Jesus, presidiu o Conselho de Jerusalém (ver com. de At 12:17; 15:13) e possivelmente também, mais tarde, escreveu a epístola de Tiago (ver Introdução à carta). O escritor da epístola de Judas, portanto, pode ter sido o irmão deste Tiago, portanto, irmão de Jesus. Essa relação tende a torná-lo uma pessoa de destaque na igreja e lhe dar o grau de autoridade que reflete em sua epístola. O fato de ele não reivindi­ car abertamente sua ligação familiar com o Senhor, mas chamar a si mesmo de “servo de Jesus Cristo” (Judas 1), pode ser explicado por uma delicada sensação de reticência que o proíbe de se valer da importância de sua relação com Jesus. 3. Contexto histórico - A epístola não contém nenhuma declaração direta sobre as circunstâncias que determinaram a sua escrita, e nenhuma pista sobre a congre­ gação abordada, mas algumas informações podem ser deduzidas a partir de seu con­ teúdo. E claro que indivíduos perturbadores haviam se infiltrado na igreja (v. 4, 8, etc.) e afastado muitos da pureza do evangelho. Alusões em Colossenses, nas epísto­ las pastorais e no Apocalipse indicam que as heresias gnósticas tinham começado a entrar nas igrejas da Ásia Menor. Portanto, é possível que a carta de Judas fosse diri­ gida a essas igrejas. Uma questão interessante é levantada pelo fato de que muito do conteúdo de Judas é encontrado também em 2 Pedro (comparar Jd 4-18 com 2Pe 2:1-3:3). Não só as mes­ mas ideias, mas em muitos casos, as mesmas palavras são usadas com alguns termos ◄ incomuns. Judas teria tomado emprestado de 2 Pedro, ou Pedro, de Judas, ou ambos se basearam numa fonte comum, porém desconhecida? Essa pergunta não pode ser respondida com certeza. A maioria dos estudiosos da Bíblia considera que Judas é a primeira das duas cartas, uma vez que seria difícil explicar por que Judas escreveria

COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA uma carta a todos, se ele tinha pouco a dizer além do que já havia sido bem expresso em 2 Pedro. Esses estudiosos afirmam que é fácil explicar como Pedro poderia ter usado os pensamentos expressos na breve epístola de Judas e depois adicionou mate­ rial a ela. Literalmente, estudos mostram que o menor de dois trabalhos semelhantes é geralmente o anterior. No entanto, uma minoria de estudiosos defende a prioridade de 2 Pedro sobre Judas. Entre os motivos previstos, estão os seguintes: (1) 2 Pedro 2:1 fala do futuro aparecimento de falsos mestres, enquanto Judas dá a impressão de que eles já estão em ação (Judas 4); (2) Judas fala do aviso sobre a vinda de céticos, como no passado (v. 17, 18), enquanto Pedro pronuncia uma advertência atual (2Pe 3:3). Os argumentos de ambos os lados não são decisivos para determinar qual das duas epístolas, Judas ou 2 Pedro, foi escrita primeiro (cf. vol. 5, p. 173). Por esta razão, é impossível datar a carta de Judas. Se escrita antes de 2 Pedro, deve ter sido composta antes de 67 d.C., o ano provável da morte de Pedro (vol. 6, p. 89, 90); se Judas seguiu 2 Pedro, pode ter sido escrita entre os anos 70 e 85 d.C. 4. Tema - A partir do v. 3, parece que o autor pretendia escrever uma carta regu­ lar para confirmar os crentes na sua fé cristã, mas a notícia da destruição que estava sendo feita por mestres libertinos o levou, sob a orientação do Espírito Santo, a mudar o plano original e instar seus leitores a uma defesa arrojada da fé. Para incentivá-los nesse trabalho, ele desmascara os enganadores, mostra as suas ligações com os antigos rebeldes, contra a autoridade divina, e exorta seu rebanho a evitar esses enganadores e a se concentrar na preparação para encontrar seu Senhor na glória. 5. Esboço. I. Saudação. 1. 2. II. A ocasião para escrever, 3, 4. III. Advertências históricas contra a apostasia, 5-7. A. Os israelitas, 5. B. Os anjos, 6. C. Sodoma e Gomorra, 7. IV. A atitude desafiadora dos pecadores, 8-11. V. A inutilidade do pecado, 12, 13. VI. A certeza da perdição dos ímpios, 14-16. A. Profetizada muito antes, 14, 15. B. Prontos para a destruição de, 16. VII. A crise anunciada, 17-19. VIII. Conclusão, 20-25. A. Exortação, 20-23. 1. Aplicação pessoal aos crentes, 20, 21. 2. Responsabilidade para com os outros, 22, 23. £>► B. A atribuição de louvor, 24, 25.

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JUDAS

1:1

Capítulo 1 Judas exorta à constância na profissão de fé. 4 Os falsos mestres se infiltram com o fim de seduzir os cristãos a abraçar uma doutrina condenada por Deus. 20 Os santos, com a assistência do Espírito Santo e as orações a Deus, devem perseverar, crescer na graça, guardar-se e resgatar outros das armadilhas dos enganadores. 1 Judas, servo de Jesus Cristo e irmão de 10 Estes, porém, quanto a tudo o que não en­ Tiago, aos chamados, amados em Deus Pai e tendem, difamam; e, quanto a tudo o que com­ guardados em Jesus Cristo, preendem por instinto natural, como brutos sem 2 a misericórdia a paz e o amor vos sejam razão, até nessas coisas se corrompem. multiplicados. 11 Ai deles! Porque prosseguiram pelo caminho 3 Amados, quando empregava toda a diligencia de Caim, e, movidos de ganância, se precipitaram em escrever-vos acerca da nossa comum salvação, foi no erro de Balaão, e pereceram na revolta de Corá. que me senti obrigado a corresponder-me convosco, 12 Estes homens são como rochas submersas, exortando-vos a batalhardes, diligentemente, pela em vossas festas de fraternidade, banqueteando-se fé que uma vez por todas foi entregue aos santos. juntos sem qualquer recato, pastores que a si mesmos 4 Pois certos indivíduos se introduziram com se apascentam; nuvens sem água impelidas pelos dissimulação, os quais, desde muito, foram ante­ ventos; árvores em plena estação dos frutos, des­ cipadamente pronunciados para esta condenação, tes desprovidas, duplamente mortas, desarraigadas; homens ímpios, que transformam em libertina­ 13 ondas bravias do mar, que espumam as gem a graça de nosso Deus e negam o nosso único suas próprias sujidades; estrelas errantes, para as quais tem sido guardada a negridão das tre­ Soberano e Senhor, Jesus Cristo. 5 Quero, pois, lembrar-vos, embora já estejais vas, para sempre. cientes de tudo uma vez por todas, que o Senhor, 14 Quanto a estes foi que também profeti­ tendo libertado um povo, tirando-o da terra do zou Enoque, o sétimo depois de Adão, dizendo: Egito, destruiu, depois, os que não creram; Eis que veio o Senhor entre suas santas miríades, 6 e a anjos, os que não guardaram o seu esta­ 15 para exercer juízo contra todos e para do original, mas abandonaram o seu próprio do­ fazer convictos todos os ímpios, acerca de todas micílio, ele tem guardado sob trevas, em algemas as obras ímpias que impiamente praticaram e eternas, para o juízo do grande Dia; acerca de todas as palavras insolentes que ím­ 7 como Sodoma, e Gomorra, e as cidades circun­pios pecadores proferiram contra ele. vizinhas, que, havendo-se entregado à prostituição 16 Os tais são murmuradores, são descon­ como aqueles seguindo após outra carne, são pos­ tentes, andando segundo as suas paixões. A sua tas para exemplo do fogo eterno, sofrendo punição. boca vive propalando grandes arrogâncias; são 8 Ora, estes, da mesma sorte, quais sonha­ aduladores dos outros, por motivos interesseiros. dores alucinados, não só contaminam a carne, 17 Vós, porém, amados, lembrai-vos das pa­ como também rejeitam governo e difamam au­ lavras anteriormente proferidas pelos apóstolos toridades superiores. de nosso Senhor Jesus Cristo, 9 Contudo, o arcanjo Miguel, quando conten­ 18 os quais vos diziam: No último tempo, ha­ dia com o diabo e disputava a respeito do corpo verá escarnecedores, andando segundo as suas de Moisés, não se atreveu a proferir juízo infama- ímpias paixões. tório contra ele; pelo contrário, disse: O Senhor 19 São estes os que promovem divisões, sen­ te repreenda! suais, que não têm o Espírito.

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COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA 20 Vós, porém, amados, edificando-vos na temor, detestando até a roupa contaminada vossa fé santíssima, orando no Espírito Santo, pela carne. 24 Ora, àquele que é poderoso para vos guar­ 21 guardai-vos no amor de Deus, esperan­ do a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo,dar de tropeços e para vos apresentar com exultação, imaculados diante da Sua glória, para a vida eterna. 25 ao único Deus, nosso Salvador, mediante 22 E compadecei-vos de alguns que estão Jesus Cristo, Senhor nosso, glória majestade, im­ na dúvida; 23 salvai-os, arrebatando-os do fogo; quan­ pério e soberania, antes de todas as eras, e agora, e por todos os séculos. Amém! to a outros, sede também compassivos em

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1. Judas. Sobre a identidade do escri­ tor, ver p. 775. Servo de Jesus Cristo. Ou, “escravo de Jesus Cristo” (ver com. de Rm 1:1). Se ► Judas e Tiago eram irmãos do Senhor (ver p. 775), então, ambos mostram grande suti­ leza em suas epístolas, abstendo-se de men­ cionar esta relação, preferindo reconhecer a divindade de seu Mestre e proclamar sua submissão total, como Seus servos obedien­ tes (cf. com. de Tg 1:1). Judas não reivindica a pretensão de ser um apóstolo (ver com. de At 1:2; Rm 1:1). Chamados. A evidência textual favo­ rece (cf. p. xvi) a variante de “amados”. A última parte do versículo, diz literal­ mente, “àqueles que por Deus Pai são amados e [por] Jesus Cristo são guarda­ dos, aos chamados”. A fraseologia é difí­ cil, mas o significado é claro. O escritor se dirige àqueles que foram chamados (cf. em Rm 1:6, 7), que são profundamente ama­ dos pelo Pai e estão sendo guardados por Jesus para a herança que Deus preparou (cf. 2Pe 2:9). 2. Misericórdia. Esta forma de sauda­ ção não ocorre em nenhuma outra parte no NT, mas há saudações de certo modo seme­ lhantes em 1 Pedro 1:2 (comparar com a forma comum de Paulo saudar, na maioria de suas cartas, cf. Rm 1:7; 2Co 1:2; etc.). Judas, como Pedro, deseja que seus leitores obtenham suprimentos crescentes dos dons celestiais (cf. com. de 2Pe 1:2).

3. Amados. Esta é uma forma comum de abordagem nas epístolas gerais (cf. 1 Pe 4:12; 2Pe 3:1; IJo 3:2; etc.). Diligência. Do gr. spoudê (ver com. de Rm 12:8, 11; cf. com. de 2Pe 1:5). Judas par­ tilha com os leitores a situação real quando ele veio a escrever a carta. Comum salvação. A evidência textual favorece (cf. p. xvi) a variante de “nossa comum salvação”, isto é, a salvação que temos em comum. Foi a intenção original de Judas escrever uma carta pastoral em geral, mas parece que a notícia que chegou a ele sobre as atividades de “homens ímpios” (v. 4) levou-o a abandonar seu projeto, em favor de um ataque vigoroso contra os desordeiros e de uma exortação séria aos crentes. Foi que me senti obrigado. Literalmente, “senti que era necessário”, o que implica uma urgência repentina que levou Judas a mudar de plano e o impediu de prepa­ rar sua planejada epístola de modo negligente. Exortando-vos. Do gr. pamkaleõ (ver com. de Mt 5:4). Batalhardes. Do gr. epagõnizomai, uma forma enfática do verbo agõnizomai (ver com. de Lc 13:24). Pela fé. Ou, o corpo completo das dou­ trinas cristãs (ver com. de At 6:7; Rm 1:5). Uma vez foi entregue. Ou, “entregue de uma vez por todas” (sobre “entregue”, ver com. de 2Pe 2:21). Santos. Ver com. de Rm 1:7. Judas que­ ria que seus leitores se apegassem à forma

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JUDAS original da doutrina cristã, conforme havia sido entregue à igreja por Jesus e apóstolos. 4. Certos indivíduos. Comparar com 2Pe 2:1, em que Pedro fala de um grupo similar de homens cuja vinda estava ainda no futuro. Judas declara que, na época em que escreveu a epístola, esses enganadores já estavam perturbando a igreja (ver com. de Jd 18). Introduziram com dissimulação. Do gr. pareisduõ, “entrar secretamente’, “infil­ trar-se furtivamente". Os falsos mestres não eram honestos. Por ensinarem doutrinas sub­ versivas, eles se esforçavam na dissimulação e entravam na igreja sem revelar seu verda­ deiro caráter. Antecipadamente pronunciados. Do gr. prographõ, literalmente, “escrever anteci­ padamente”. Judas quer dizer que a conde­ nação dos mestres enganosos já havia sido pronunciada, não no sentido de predestina­ ção, mas como um julgamento fundamen­ tado no conhecimento de suas atividades nocivas. A frase “desde muito” pode se refe­ rir às palavras de Enoque, como citado nos v. 14 e 15, ou, “desde muito” (palai) pode ser interpretado em um sentido mais ime­ diato (em Mc 15:44, a referência poderia ser a 2Pe 2:3; ver p. 775, 776). Condenação. Do gr. krima, "sentença”, “condenação” (ver com. de Rm 2:2). Judas não identifica o tipo de condenação. Caso a sua carta tenha sido escrita depois de 2 Pedro (p. 775, 776), ele poderia ter as pala­ vras de Pedro em mente, deixando a explica­ ção para ele (ver com. de 2Pe 2:3, 9). Homens ímpios. Do gr. asebeis, forma plural de asebês (ver com. de Rm 4:5). Pedro aplica o termo aos antediluvianos (2Pe 2:5). Libertinagem. Do gr. aselgeia (ver com.
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