28 Pages • 5,732 Words • PDF • 178.9 KB
Uploaded at 2021-09-24 12:46
This document was submitted by our user and they confirm that they have the consent to share it. Assuming that you are writer or own the copyright of this document, report to us by using this DMCA report button.
Especialização em Física Contemporânea
Álgebra Linear em Mecânica Quântica Prof. Sérgio Vizeu Lima Pinheiro
Belém Julho de 2009
1.1 - Primeiro Postulado da Mecânica Quântica “Na Mecânica Quântica um “estado físico” é representado por um “vetor de estado” no espaço vetorial dos complexos” “Todas as informações físicas que eu posso ter do sistema está contida neste “vetor de estado” “. • Observações: Fisicamente podem ser entendidos analogamente à “Equação de estado” na mecânica estatística. Fundamentalmente em nada diferente das Grandezas vetoriais já conhecidas, como velocidade, força, deslocamento ou torque. Admitem, por exemplo, soma entre eles, multiplicação por escalar e etc... Vamos definir uma nova notação; vamos designar estes “vetores de estado” por “ |V ² “ que chamaremos de “KET” Onde mora tal vetor? 1.2 - Espaço Vetorial Definiçao:
Um espaço vetorial V é uma coleção de objetos, |V1 ² , |V2 ² , |V3 ² , ...,
| Vn ² , ..., chamados vetores, para os quais deve existir
a) Uma regra definida para formar o vetor soma, denotado por | V ² + | W ²
b) Uma regra definida para a multiplicação por escalares a, b, ..., denotado por a | V ² como segue Operações entre Vetores • Propriedade de fechamento
∀ |V ² e |W ² ∈ V , ∃ | X ² =| V ² + | W ² | | X ² ∈ V • Propriedade associativa na soma de vetores
∃ |W ² , |V ² e | X ² ∈ V | (| V ²+ | W ² ) + | X ² =| V ² + (| W ²+ | X ² )
• Propriedade comutativa na soma de vetores
∃ |W ² , |V ² e | X ² ∈ V | (| V ²+ | W ² ) = (| V ²+ | W ² ) • Elemento Neutro na soma (Vetor Nulo)
∀ |V ² ∈V ∃ | 0² | | V ²+ | 0² =| V ²
• Elemento Inverso na soma
∀ |V ² ∈V ∃ |V ² | | V ²+ | V ² =| 0² Operações entre Escalares • Propriedade Comutativa entre Escalares
a+b =b+a
• Propriedade Comutativa entre Escalares
ab = ba
• Distribuitividade da Soma de Escalares
a ( b + c ) = ab + ac • Elemento Neutro para a Soma de Escalares
∃0| a+0= a
• Elemento Neutro para o Produto de Escalares
∃ 1 | 1a = a
• Elemento Inverso para a Soma de Escalares
∀a , ∃ a | a + a = 0
• Elemento Inverso para o Produto de Escalares
∀a , ∃ 1 | a 1 = 1 a a Operações Híbridas • Propriedade Distribuitiva de Escalares
∀ |V ² e |W ² ∈ V , a (| V ²+ | W ² ) = a | V ² + a | W ² • Propriedade Distribuitiva de Vetores
∀ |V ² e |W ² ∈ V , ( a + b ) | V ² = a | V ² + b | V ² • Propriedade Associativa
( ab ) | V ² = a ( b | V ² ) Exemplo de Espaços Vetoriais: a) O conjunto R (dos reais) é um espaço vetorial sobre . b) O conjunto C (dos complexos) é um espaço vetorial sobre e sobre . c) O conjunto de vetores definidos por meio de seguimentos orientados é um espaço vetorial sobre . d) O conjunto
M m×n (
) (das matrizes de ordem m × n ) é um espaço
vetorial. e) O conjunto Pn
( ) ou Pn ( ) (dos polinômios de grau n sobre os reais,
ou complexos) é um espaço vetorial sobre C ou R. 1.3 - Sub-espaços Vetoriais. Definição: Sendo V um espaço vetorial vetorial sobre C ou R, um sub-espaço vetorial de V é um sub-conjunto W ⊂ V , tal que a) b) c)
0∈W ∀ | V ² e |W ² ∈W , | V ²+ | W ² ∈ W ∀ a ∈ (ou ) e ∀ |V ² ∈W , a | V ² ∈W .
1.4 - Espaço Dual Definição:
A cada espaço vetorial V sobre C é possível associar um novo espaço vetorial como uma projeção conjugada/transposta deste. Denotaremos os vetores do “Espaço Dual” como “ ¢V | ” que chamaremos de “BRA” Observações: • Uma vez que os vetores ¢V | formam um espaço vetorial, eles devem obedecer todas as propriedades antes requeridas para o espaço vetorial “comum”. • Existe uma correspondência bionívoca entre os vetores do espaço “KET” e do espaço “BRA” (dual), ou seja,
| V ² ⇔ ¢V |
sendo esta correspondência chamada “correspondência dual”. Logo
| V ²+ | W ² ⇔ ¢V | +¢W | a | V ² + b | W ² ⇔ a∗ ¢V | +b∗ ¢W | • O espaço dual, é o espaço das funções lineares (de vetores) que associam vetores a escalares. 1.5 - Funções Lineares Definição: São funções que associam vetores (como argumentos) à escalares, ou seja,
f (| V ² ) = escalar . Com a seguinte propriedade:
f ( a | V ² + b | W ² ) = af | V ² + bf | W ² . • Neste ponto é oportuno introduzir uma nova notação
f |V ² ¢ f |V ²
¢ f | V ² como uma aplicação da função f sobre um vetor |V ² tendo como resultado um escalar
Sendo que devemos entender
Observações: • A propriedade acima define a linearidade da função. • Esta notação acima sugerida foi introduzida por P. Dirac, chamada de “BRACKET”, onde comumente os “BRAS” são funções lineares e os “KETS” são vetores. • As funções lineares formam um espaço vetorial. 1.6- Produto Escalar ou Produto Interno Definição: Seja V um espaço vetorial sobre C (ou R). Entende-se por produto interno, ou produto escalar sobre V uma aplicação que transforma cada par ordenado ¢V | W ² em um escalar C (ou R), conforme o caso, obedecendo às seguintes propriedades (Axiomas): a)
Conjugação
¢V1 | V2 ² = ¢V2 | V1 ² ∗ (a) (b) ou seja, (a) e (b) são o complexo conjugado um do outro. • Desta propriedade podemos concluir que
¢V1 | V1 ² = ¢V1 | V1 ² ∗ = Número Real b) Métrica Positiva
na qual se
¢V | V ² ≥ 0
¢V | V ² = 0 | V ² = 0 .
• O produto de um vetor por ele mesmo é chamado de NORMA do vetor, e é denotado por || V || . Esta propriedade é essencial na interpretação probabilística da Mecânica Quântica
c)
Linearidade à Direita
¢V1 | aV2 + bV3 ² = ¢V1 | aV2 ² + ¢V1 | bV3 ² = a ¢V1 | V2 ² + b¢V1 | V3 ²
Uma vez definidos estes três postulados (Axiomas) temos ainda as seguintes propriedades decorrentes destes d)
¢ aV1 | V2 ² = ¢V2 | aV1 ² ∗ = a∗ ¢V2 | V1 ² ∗ = a∗ ¢V1 | V2 ²
d) Anti-Linearidade à Esquerda
¢ aV1 + bV2 | V3 ² = ¢ aV1 | V3 ² + ¢bV2 | V3 ² = ¢V3 | aV1 ² ∗ + ¢V3 | bV2 ² ∗ = a ∗ ¢V3 | V1 ² ∗ + b∗ ¢V3 | V2 ² ∗ = a ∗ ¢V1 | V3 ² + b∗ ¢V2 | V3 ²
Observações Gerais sobre Produto Interno (Escalar) • Dois “Kets” |V ² e |W ² são ortogonais se:
¢V | W ² = 0 • Dado um “Ket”não nulo |V ² , pode-se escrever |V ² normalizado, |V ² , como
§ 1 |V ² = ¨ ¨ ¢V | V ² ©
· ¸¸ | V ² ¹
• Uma vez normalizado podemos escrever que
¢V | V ² = 1 ¢V | U ² pode ser visto como para identificando o espaço vetorial dos vetores |V ² com o espaço vetorial das funções lineares f .
• O produto
Assim podemos identificar
{| V ²} → {¢ f |} . Esta correspondência dos vetores acima é chamada de “Isomorfismo” 1.7 - A Desigualdade de Schwarz Sejam dois vetores |U ² e |V ² pertencentes a um espaço vetorial, podemos afirmar que
| ¢U | V ² |2 = ¢U | V ².¢U | V ² ∗ ≤ ¢U | U ².¢V | V ² Prova: Vamos considerar o vetor genérico |W ² dado por
| W ² =| U ² − a | V ² logo:
¢W | W ² = ¢U + aV | U + aV ² = ¢U + aV | U ² + ¢U + aV | aV ² = ¢U | U ² + ¢ aV | U ² + ¢U | aV ² + ¢ aV | aV ² = ¢U | U ² + a∗ ¢V | U ² + a¢U | V ² + a∗a ¢V | V ² = ¢U | U ² + a∗ ¢V | U ² + a ¢U | V ²+ | a |2 ¢V | V ²
escolhendo
a=−
¢V | U ² , ¢V | V ²
logo,
a∗ = −
¢U | V ² . ¢V | V ²
Substituindo, temos
¢W | W ² = ¢U | U ² −
¢U | V ² ¢V | U ² + ¢V | V ²
¢V | U ² | ¢V | U ² |2 − ¢U | V ² + ¢V | V ² ≥ 0 2 ¢V | V ² | ¢V | V ² |
¢W | W ² = ¢U | U ² −
¢U | V ² ¢U | V ² ∗ + ¢V | V ²
¢U | V ² ∗ | ¢V | U ² |2 − ¢U | V ² + ≥0 ¢V | V ² ¢V | V ² ou ainda,
¢U | V ² ¢W | W ² = ¢U | U ² − ¢U | V ² ∗ ≥ 0 ¢V | V ² e finalmente obtemos
| ¢U | V ² |2 ≤ ¢U | U ²¢V | V ² sendo esta a “Desigualdade de Schwarz”. • Observe que esta expressão é analoga a
2 2 2 | a | + | b | ≥| a.b | no espaço real Euclidiano. 1.5 - Base e Dimensão Vamos considerar um dado espaço vetorial V sobre o corpo dos reais ou dos complexos.
Definição:
L = {| V ²
| V ²}
1 , |V2 ² , ..., n ⊂V é Dizemos que um conjunto linearmente independente (L.I.) se, e somente se, uma igualdade do tipo
a1 | V1 ² + a2 | V2 ² + ... + an | Vn ² = 0 ai pertencente a an = 0 .
com os
ou
a só for possível para 1
= a2 = ... =
Definição:
L = {| V ² |V ²
| V ²}
1 , n 2 , ..., ⊂V é Dizemos que um conjunto linearmente dependente (L.D.) se, e somente se, L não é L. I., ou seja, é possivel uma igualdade do tipo
a1 | V1 ² + a2 | V2 ² + ... + an | Vn ² = 0 a = a2 = ... = an = 0 . sem que 1
1.8 - Base e Dimensão Vamos considerar um dado espaço vetorial V sobre
ou
.
Definição: Dizemos que um conjunto
L = {| V1 ² , |V2 ² , ..., | Vn ²} ⊂ V
é
linearmente independente (L.I.) se, e somente se, uma igualdade do tipo
a1 | V1 ² + a2 | V2 ² + ... + an | Vn ² = 0
ai pertencente a an = 0 .
com os
ou
só for possível para a1
= a2 = ... =
Definição:
L = {| V1 ² , |V2 ² , ..., | Vn ²} ⊂ V é linearmente dependente (L.D.) se, e somente se, L não é L. I., ou seja, é Dizemos que um conjunto
possível uma igualdade do tipo
a1 | V1 ² + a2 | V2 ² + ... + an | Vn ² = 0 sem que a1
= a2 = ... = an = 0 .
Definição: Chamamos de Base de um espaço vetorialV um subconjunto que os elementos de B sejam Linearmente Independentes.
B ⊂ V tal
Ou seja, todos os seus componentes são ortogonais entre si. Sendo o conjunto
B = {| V1 ² , |V2 ² , ..., | Vn ²} uma base, então
¢V1 | V2 ² = ¢V1 | Vn ² = ... = ¢Vn | Vm ² = ... = 0
Base é um conjunto de vetores L.I. suficiente para expandir qualquer vetor do Espaço Vetorial Definição: Chama-se de Dimensão de um Espaço Vetorial V ( denotado por: dim V ), o número de vetores de uma qualquer de suas bases. Teorema da Invariância: Se V for um Espaço Vetorial, então duas bases quaisquer de necessariamente o mesmo número de vetores.
V
tem
Observações: • Sempre é possível escrever (expandir) qualquer vetor de um dado espaço vetorial em termos de uma base deste espaço vetorial, ou seja,
| V ² = ¦ vi | ui ² i =1
na qual
vi são as i componentes do vetor |V ² na direção i. | ui ² são os vetores da Base.
• Ortonormalidade Um caso mais restrito, especialmente importante para a Mecânica Quântica, é o caso em que além dos vetores da Base sejam Ortogonais entre si (condição necessária para ser Base), eles sejam também normalizadas. Diz-se, neste caso, que são Ortonormalizadas. Assim temos que
¢ui | u j ² = δ ij na qual δ ij é o Delta de Kroner definido da forma
δ ij = 1 quando i=j δ ij = 0 quando i ≠ j Cada uma das componentes de um vetor | V ² pode ser obtida multiplicando escalarmente o vetor pela Base respectiva, ou seja,
¢ui | V ² = ¢ui | ¦ v j | u j ² j
= ¦ v j ¢ui | u j ² j
= ¦ v jδ ij = vi j
Portanto um vetor | V ² pode ser escrito como
| V ² = ¦ vi | ui ² i
= ¦ ¢ui | V ² | ui ² i
= ¦ | ui ²¢ui | V ² i
logo
¦ | u ²¢u | = 1 i
i
i
Propriedade esta conhecida como Completeza, ou, Propriedade de Fechamento. Vamos considerar o produto escalar de dois vetores |V ² e termos da mesma Base, ou seja
| V ² = ¦ vi | ui ²
|W ²
escritos em
| W ² = ¦ wi | ui ²
e
i
i
a Correspondência Dual nos garante que
| V ² = ¦ vi | ui ² ⇔ ¢V |= ¦ vi ¢ui | ∗
i
i
| W ² = ¦ wi | ui ² ⇔ ¢W |= ¦ wi ¢ui | ∗
i
i
logo temos que
¦ v ¢u | ¦ w | u ² = ¦¦ v w ¢u | u ² = ¦¦ v w δ ¢V | W ² = ¦ v w ∗
¢V | W ² =
i
i
j
i
i
j
j
i
∗ i
j
∗ i
j
i
j
j
ij
j
∗ i
i
i
Ou seja, obtemos um resultado conhecido porém um pouco mais abrangente, pois aqui leva-se em conta a possibilidade dos coeficientes da combinação linear sejam números complexos
1.9 – Operadores Lineares Definição: Operadores, são objetos que identificam um vetor a um outro vetor, ou seja, sendo A um operador, temos que
A | V ² =| V ² ,
com a seguinte propriedade
A ( a | V ² + b | U ² ) = aA | V ² + bA | U ² Exemplos: a) | U ²¢V | , pois aplicado em um vetor |W ² nos fornece
| U ²¢V | W ² = ¢V | W ² | U ² escalar vetor
vetor
§ N · b) ¨ ¦ | ui ² aij ¢ v j | ¸ , pois aplicado em um vetor | wi ² temos © ij ¹ N § N · ¨ ¦ | ui ² a j ¢ v j | ¸ | wi ² = ¦ | ui ² a j ¢v j | wi ² ij © ij ¹ N
= ¦ | ui ² a jδ ij ij N
= ¦ ai | ui ²
vetor
i
Algumas Propriedades e Definições
A e B são ditos iguais se ∀ |V ², A |V ² = B |V ² Um certo operador A é dito “operador nulo” se ∀ | V ² , A | V ² =| 0²
• Dois operadores •
• Operadores podem ser somados, e são associativos pela soma, ou seja, sendo A , B e C operadores, então
•
A + ( B + C ) = ( A + B) + C Um objeto do tipo ¢ f | A é uma Função Linear, pois, aplicado sobre um vetor |V ² temos ¢ f | A | V ² = ¢ f | V ² escalar
• Pela Correspondência Dual, podemos garantir que
A | V ² ⇔ ¢V | A† †
sendo que o operador A é chamado de Hermitiano Adjunto, ou, simplesmente, Adjunto do operador A . Definição: Um operador é dito Hermitiano quando
A = A†
ou seja, quando sua representação adjunta coincide com sua representação “original”. • O produto de operadores, em geral, não é comutativo, ou seja, AB | V ² ≠ AB | V ² . ou ainda, temos
AB | V ² − BA | V ² = 0 ( AB − BA) | V ² ≠ 0
( AB − BA) também é um operador linear, e é chamado de Comutador de A e B , e denotaremos por [ A, B ] . Se [ A, B ] = 0 , diz-se que A e B comutam O termo entre parênteses
[ A, B ] ≠ 0 , diz-se que A e B não comutam • Os operadores satisfazem, no entanto, a propriedade de associatividade,
A ( BC ) | V ² = ( AB ) C | V ² • Observe portanto que
AB | V ² = A ( B | V ² ) pela Correspondência Dual podemos escrever que
AB | V ² = A ( B | V ² ) ⇔ ( ¢V | B † ) A† = ¢V | B † A† e concluímos que
( AB )
†
= B † A†
1.10 – Bases e Operadores Sabemos que uma vez definida uma Base de um dado Espaço Vetorial V , é possível escrever qualquer vetor deste espaço como uma combinação linear dos vetores que compõem a Base, ou seja,
| V ² = ¦ vi | ui ² i =1
sendo que a componente vi será obtida multiplicando |V ² escalarmente por ¢ui | , obtendo-se
vi = ¢ui | V ² . Multiplicando (aplicando em) |V ² o operador P{S} = ¦ | ui ²¢ui | i∈{S }
obtemos a componente
vi
multiplicado pela “direção”
P{S} é chamado de Operador Projeção sobre um sub-espaço {S}. • Propriedade do Operador Projeção
P{2S} = P{S} Prova:
P{2S} | V ² =
¦¦
i∈{S } j∈{S }
| ui ²¢ui |u j ²¢u j |
| ui ² .
O operador
=
¦¦
| ui ²δ ij ¢u j |
i∈{S } j∈{S }
=
¦ | u ²¢u | = P{ } i
i
S
i∈{S }
Representação Matricial de um Operador Considere a aplicação de um operador genérico |V ² , definida por
A sobre um certo vetor
A | V ² =| W ² que pode ser escrita ainda como
| W ² = A¦ | ui ²¢ui | V ² i
uma dada com componente de um vetor |W ² pode então ser escrita da forma
¢u j | W ² = ¢u j | ¦ A | ui ²¢ui | V ² i
= ¦ ¢u j | A | ui ²¢ui | V ² i
Aij
Elemento de Matriz
§ ¢u1 | W ² · § ¢u1 | A | u1 ² ¢u1 | A | u2 ² ¨ ¢ u | W ² ¸ ¨ ¢u | A | u ² ¢ u | A | u ² 1 2 "2 ¨ 2 ¸=¨ 2 ¨ ¸ ¨ ¨ ¸ ¨ © ¢un | W ² ¹ © ¢un | A | u1 ² ¢un | A | u2 ²
¢u1 | A | un ² ·§ ¢u1 | V ² · ¸ ¢u2 | A | un ² ¸¨ ¢ u | V ² 2 ¸¨ ¸ ¸¨ ¸ ¸¨ ¸ ¢un | A | un ² ¹© ¢un | V ² ¹
Forma Matricial do Operador
A
¢ui | V ² do vetor |V ² na componente do ¢ui | W ² do vetor | W ²
Esta matriz transforma a componente
• Matriz Transposta Conjugada
Sendo A um operador Hermitiano, sabemos que podemos escrever, pela Correspondência Dual que
A | V ² =| V ² ⇔ ¢V |= ¢V | A∗ Fazendo o produto escalar de um dado vetor ¢U | por A | V ² que ¢U | A | V ² = ¢U | V ² = ¢V | U ² ∗ = ¢V | A† | U ² ∗ Escrevendo na forma matricial a igualdade acima, temos
§ · ∗ † ∗ v A u = u A v ¦ij j ( ) ji i ¨© ¦ k kl l ¸ kl ¹
∗
= ¦ uk Akl∗ vl∗ kl
= ¦ vl* Akl∗ uk kl
k → i e l → j , e escrever que ui = ¦ v*j Aij∗ui
sendo k e l índices mudos, podemos fazer ∗ † v A ( ¦ j ) ij
ji
ij
de onde concluímos que
Aij† = A*ji resultado já esperado da teoria de matrizes. • Algumas Propriedades Gerais Importantes a)
Vamos fazer o produto escalar de um vetor por ele próprio, expandido em uma dada Base, ou seja,
¢V | V ² = ¢V | ¦ | u ²¢u | V ² u
= ¦ ¢V | u ²¢V | u ² ∗ u
= ¦ | ¢V | u ² |2 u
sendo que, quando | V ² for normalizado
¦ | ¢V | u² | = 1 2
u
Propriedade esta fundamental para a Mecânica Quântica, ela nos garante que a soma de todas as probabilidades de ocorrência de um estado seja 1 b)
Usando a igualdade
¢U | A | V ² = ¢V | A† | U ² ∗
(1)
conjugando a expressão inteira temos que
¢V | A† | U ² = ¢U | ( A† )† | V ² ∗
(2)
de (1) podemos escrever que
¢U | A | V ² ∗ = (¢V | A† | U ² ∗ )∗ = ¢V | A† | U ²
(3)
observando que (2) e (3) são iguais, temos que † †
¢U | A | V ² = ¢U | ( A ∗
)
| V ²∗
da qual concluímos que † †
A=(A
)
A diz-se que se A† = A → o operador é dito Hermitiano A† = − A → o operador é dito Anti-Hermitiano
c)
Para um dado operador
d)
Todo operador sempre pode ser escrito em uma parte Hermitiana e outra Anti-Hermitiana da forma
A + A† A − A† A= + 2 2 Hermitiana Anti-Hermitiana
e) •
Existem várias relações entre comutadores com o intuito de facilitar os cálculo, por exemplo
[ A, BC ] = B [ A, C ] + [ A, B ] C
Prova:
[ A, BC ] = ABC − BCA + BAC − BAC = B ( AC − CA) + ( AB − BA)C = B [ A, C ] + [ A, B ] C • •
[ AB, C ] = A[ B, C ] + [ A, C ] B [ A, BC ] = { A, B} C − B { A, C} sendo que aqui definimos o Anti-comutador como
• •
{ A, B} = AB + BA [ AB, C ] = A{B, C} − { A, C} B [ AB, CD ] = A{C , B} D − AC {D, B} + + {C , A} DB − C { D, A} B
1.11- Autovetores e Autovalores Definição: Seja uma equação de aplicação de um dado operador vetor | V ² da forma
A
em um certo
A |V ² = a |V ². Esta equação é conhecida como Equação de Autovalor, e neste caso chamamos a de Autovalor e | V ² de Autovetor. Propriedades: • Se A é Hermitiano, então seus autovalores são reais. Prova:
Seja a seguinte equação de autovalores
A |V ² = a |V ²
pela Correspondência Dual, temos
¢V | a∗ = ¢V | A† multiplicando escalarmente ambas por ¢V | ou |V ² , conforma o caso, temos ¢V | A | V ² = ¢V | a | V ² = a ¢V | V ² (1) ¢V | a∗ | V ² = ¢V | A† | V ² ¢V | A† | V ² = a∗ ¢V | V ² (2) † observe que sendo A Hermitiano, A = A , logo (1) e (2) são iguais e podemos escrever
a∗ ¢V | V ² = a ¢V | V ² a∗ = a →
a é Real • Autovetores correspondentes a autovalores diferentes são Ortogonais (para operadores Hermitianos). Prova: Sejam as Eq. de autovalores
A |V ² = a |V ²
(1)
e
A | V ² = a | V ² (2) multiplicando (1) por ¢V | temos que ¢V | A | V ² = ¢V | a | V ² = a ¢V | V ² . (3) Pela Correspondência Dual, usado a Hermiticidade de A , podemos escrever
(2) como
¢V | A = ¢V | a multiplicando esta por |V ² temos que
¢V | A | V ² = ¢V | a | V ² = a ¢V | V ² .
(4)
Subtraindo, por fim, (3) e (4) temos
( a − a )¢V | V ² = 0 excluindo o caso trivial em que |V ² ou |V ² sejam nulos, a igualdeda acima é satisfeita se a = a .
Para cada estado temos um autovalor associado O caso particular em que dois estados diferentes possuem o mesmo autovalor também existe em Mecânica Quântica, este caso é chamado Degenerado • Diagonalização Seja a seguinte equação de Autovalores
A |V ² = a |V ²
Lembramdo da propriedade de Completeza, ou seja, que
¦ | u ²¢u |= 1 i
i
i
Podemos escrever a equação de autovalores como
¦
A | ui ²¢ui | V ² = ¦ a | ui ²¢ui | V ²
i
i
¢u j | temos que ¦ ¢u j | A | ui ²¢ui | V ² = ¦ a¢u j | ui ²¢ui | V ²
tomando o produto escalar por
i
i
Aij
δ ij
vi
¦ A a = aa ¦ ( A − aδ )a = 0 ij i
j
i
ij
i
ij
i
vi
para que esta equação tenha uma solução diferente da trivial é necessário que
Det ª¬ Aij − aδ ij º¼ = 0 Esta conclusão pode ser obtida mais rapidamente fazendo
( A − a) |V ² = 0 novamente, para termos uma solução diferente da trivial ( | V ² = 0), devemos ter
Det [ A − aI ] = 0 esta equação é conhecida como Equação Secular. • Propriedade Importante Dados dois operadores Hermitianos
[ A, B ] = 0
se, e somente se,
A e B é possível afirmar que A e B podem ser diagonalizados
simultaneamente. Entende-se que “diagonaliza-los simultaneamente” significa que eles podem ser expandidos na mesma Base (possuem o mesmo conjunto de autovetores) Prova: (Ida: partindo da premissa que | n² é autoestado simultâneo de mostrar que eles comutam) Sejam as seguintes equação de autovalores
A | n² = an | n²
(1)
B | n² = bn | n² Aplicando B em (1) temos BA | n² = an B | n² = an bn | n² Aplicando A em (2) temos AB | n² = bn A | n² = bn an | n²
(2)
e
Subtraindo estas expressões, temos que
A e B,
AB | n² − BA | n² = bn an | n² − an bn | n² [ A, B ] | n² = ( bn an − anbn ) | n² = 0
[ A, B ] | n² = 0 [ A, B ] = 0 (volta: partindo da premissa que A e B comutam, mostrar que | n² é autoestado simultâneo ambos) Seja,
A | n² = an | n² A | m² = am | m²
e
[ A, B ] | n² = 0 Vamos tomar esta última expressão e fazer o produto escalar com
¢ m | [ A, B ] | n² = ¢ m | AB − BA | n² = 0
am ¢ m | B | n² − an ¢ m | B | n² = 0
(am − an )¢ m | B | n² = 0 an ≠ am , logo implica que ¢ m | B | n² = 0
se não tivermos degenerescência,
de maneira que a única maneira desta igualdade ser satisfeita é
bn ¢ m | n² = 0
δ mn = 0 | n² ≠| m² porém, para tanto, foi necessário supor que
¢ m | temos
B | n² = bn | n² o que implica que | n² é autoestado também de
B.
A Construção da Mecânica Quântica Postulados da Mecânica Quântica Primeiro Postulado A cada estado de um sistema quântico associamos um vetor sobre o corpo dos complexos, chamado de Vetor de Estado Segundo Postulado A cada variável dinâmica (observável físico) associamos um operador linear Hermitiano Terceiro Postulado Em uma medida (de uma dada grandeza), os valores possíveis desta são os autovalores do operador correspondente à grandeza (observável) em questão Quarto Postulado Os autovetores das variáveis dinâmicas formam uma base do espaço vetorial Quinto Postulado A probabilidade de obter o estado
¢ a | em | V ² é
Pa =| ¢ a | V ² |2
dado por
A Relação de Incerteza de Heisenberg • Elementos de Probabilidade O Valor Esperado de uma dada medida em um certo estado | V ² é definido por
A = ¢ A² = ¢V | A | V ² que pode ser escrito como
A = ¦¦ ¢V | a '²¢ a ' | A | a²¢ a | V ² a'
a
sendo | a² um autovetor de
A , podemos escrever que A = ¦¦ ¢V | a '² a ¢ a ' | a²¢ a | V ² a'
a
δ aa '
A = ¦ a ¢V | a²¢ a | V ² = ¦ aPa a
a
ou seja, o Valor Esperado de um operador é o valor médio da medida de uma dada grandeza física, supondo que ou se medir a variável dinâmica relativa ao operador sejam encontrados vários resultados diferentes. O Desvio de uma medida é definido como
∆A = A − ¢ A²
A Média do Desvio é
¢ ∆A² = ¢ A − ¢ A²² = ¢ A² − ¢¢ A²² = ¢ A² − ¢ A² = 0
Sendo sempre nulo a Média do desvio, vamos definir a Média do Quadrado do Desvio, ou Desvio Médio Quadratico, ou Dispersão, ou ainda Variância, como 2
¢ ∆A2 ² = ¢( A − ¢ A² ) ²
= ¢( A2 − 2 A¢ A² + ¢ A² 2 )² = ¢ A2 ² − 2¢ A²¢ A² + ¢ A² 2
¢ ∆A2 ² = ¢ A2 ² − ¢ A² 2 Vamos então definir
∆A | V ² =| α ² ∆B | V ² =| β ²
com com
∆A = ∆A† ∆B = ∆B †
Pela desigualdade de Schwarz sabemos que
| ¢α | β ² |2 ≤ ¢α | α ².¢ β | β ² logo, usando as definições acima, temos
| ¢V | ∆A∆B | V ² |2 ≤ ¢V | ∆A∆A | V ².¢V | ∆B∆B | V ²
¢∆A2 ²
¢∆B 2 ²
¢ ∆A2 ²¢ ∆B 2 ² ≥| ¢V | ∆A∆B | V ² |2 ∆A∆B − ∆B∆A ∆A∆B + ∆B∆A ¢ ∆A2 ²¢ ∆B 2 ² ≥| ¢V | + | V ² |2 2 2 1 ¢ ∆A2 ²¢ ∆B 2 ² ≥ | ¢V | [ ∆A, ∆B ] + {∆A, ∆B} | V ² |2 4 1 ¢ ∆A2 ²¢ ∆B 2 ² ≥ | ¢V | [∆A, ∆B ] | V ² |2 4 ∆A∆B ≥
| ¢V | [ A, B ] | V ² | 2
Relação Geral de Incerteza
Para ilustrar a relação de incerteza vamos considerar que os operadores gerais A e B em
∆A∆B ≥
| ¢V | [ A, B ] | V ² | 2
sejam os operadores posição X e momento linear comutador entre estes dois operadores é dado por
P.
Sabendo que o
[ X , P ] = i substituindo acima teremos
2 ∆X ∆P ≥ 4
Volume do Espaço de Fase
• Grandezas que não comutam são ditas Complementares, ou Não Compatíveis • Quando duas grandezas não comutam elas não podem ser medidas simultaneamente com precisão absoluta • Este resultado é exclusivamente da Mecânica Quântica, foi proposto por Karl Werner Heisenberg em 1927, com 28 anos de idade.