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ANEXO I BREVE CONFISSÃO DE FÉ DA IGREJA EVANGÉLICA DO CAMINHO CAPÍTULO 1: DA REVELAÇÃO E DAS CIÊNCIAS 1. A Igreja Evangélica do Caminho crê em Deus e, assim, considera que “todas as coisas” são “dele, e por meio dele, e para ele”, a quem pertence “a glória eternamente. Amém!” (Rm 11.36, Nova Almeida Atualizada 2017). A Igreja crê que esse Deus glorioso decidiu revelar algo de si mesmo ao mundo por meio das coisas que Ele criou (Rm 1.20), entre elas o próprio ser humano, sua imagem e semelhança (Gn 1.26). 2. Por isso, a Igreja entende que as novas descobertas que de tempos em tempos são eventualmente realizadas pelas diferentes ciências podem também ser verdades sobre Deus, e tornam-se um testemunho a respeito do próprio Deus e de suas obras, de modo que nesse sentido a Igreja não tem uma postura receosa ou antagônica com relação ao trabalho científico, mas considera-o um trabalho complementar, que também engrandece o Deus Criador. CAPÍTULO 2: DAS ESCRITURAS SAGRADAS 1. Além de Deus ter-se revelado através da criação, a Igreja crê que Ele também se revelou à humanidade, de forma ainda mais clara e inequívoca, em encontros presenciais reveladores, grande parte deles registrados nas Escrituras Sagradas, que é uma coletânea de livros escritos ao longo de vários séculos e colecionados no que hoje conhecemos como Bíblia Sagrada Protestante, a qual contém 66 livros ao todo, começando por Gênesis, no Antigo Testamento, e terminando em Apocalipse, no Novo Testamento. Ora, a Bíblia reúne livros escritos em épocas bem distantes entre si e também distintas, mas que apresentam, através do testemunho uníssono de vários autores, verdades coerentes, não contraditórias, a respeito de Deus e de sua obra no mundo. Esse processo de formação do cânone bíblico simplesmente considerou os textos que já vinham sendo adotados nas igrejas do primeiro e segundo séculos da era cristã. 2. O Antigo Testamento basicamente adotou a Bíblia Hebraica, dos judeus, e o Novo Testamento resultou da reunião dos livros que possuíam legitimidade histórica na apresentação de testemunhos a respeito de Jesus e sua obra, e que vinham sendo lidos nas igrejas desde o primeiro século. Isso sem falar nas descobertas arqueológicas dos últimos duzentos anos e no trabalho especialmente dos filólogos na análise dos manuscritos bíblicos, tudo estando a indicar a autenticidade e historicidade dos textos que hoje fazem parte da Bíblia. 3. A expressão “Palavra de Deus” é entendida como relacionada à Bíblia porque destaca o que Deus revelou aos seres humanos tanto através de ditados diretos ou indiretos – ou seja, falando –, como também através de outros acontecimentos que os autores bíblicos entenderam como reveladores – ou como Palavra – de Deus. 4. A maior revelação de Deus ao mundo, no entanto, foi a sua encarnação em Jesus Cristo: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai... Porque a lei foi dada por meio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo. Ninguém jamais viu Deus; o Deus unigênito, que está junto do Pai, é quem o revelou” (Jo 1.14, 17-18). No mesmo sentido, assim se expressou o autor da carta de Hebreus: “Antigamente, Deus falou, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, mas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas e pelo qual também fez o universo. O Filho, que é o resplendor da glória de Deus e a expressão exata do seu Ser, sustentando todas as coisas pela sua palavra poderosa, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade, nas alturas, tendo-se tornado tão superior aos anjos quanto herdou mais excelente nome do que eles” (Hb 1.1-4). Sim, essa vinda do Cristo ao mundo se
deu porque Deus, “sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossas transgressões, nos deu vida juntamente com Cristo – pela graça” nós somos “salvos” (Ef 2.4-5). 5. A Igreja do Caminho também crê que os textos originais da Bíblia, escritos em hebraico, aramaico e grego, são inspirados por Deus, não contêm erros e podem tornar o ser humano “sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus”, além de serem úteis para o “ensino”, “repreensão”, “correção” e “educação na justiça, a fim de que o servo de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2Tm 3.15-17). Assim, a Igreja do Caminho crê que a Bíblia é suficiente para revelar o que o ser humano deve crer e praticar com relação a Deus e sua criação (Sola Scriptura) , sendo Jesus Cristo a sua chave hermenêutica maior, inclusive para a compreensão adequada do Antigo Testamento, pois a Bíblia inteira aponta para Cristo (Jo 5.39). 6. Nesse sentido, a Igreja do Caminho crê que o significado do evangelho de Jesus Cristo deve orientar o leitor do texto bíblico a sempre distinguir a lei do evangelho no processo hermenêutico, sendo a lei tudo aquilo que Deus demanda do ser humano pecador, e evangelho, tudo aquilo que Deus oferece a esse ser humano gratuitamente. 7. A Igreja do Caminho crê que a inspiração dos textos da Bíblia não implica na negação dos aspectos humanos envolvidos no processo de redação desses documentos, que, inclusive, foram escritos por diferentes autores, cada um com características próprias, e também em períodos diversos. Por isso, a Bíblia deve ser entendida como Palavra de Deus escrita em linguagem humana. Sua interpretação, portanto, deve observar as regras gramaticais próprias da língua em que for traduzida, sem que se desconsidere a ação de iluminação protagonizada pelo Espírito Santo no processo interpretativo. Nesse sentido, o filho de Deus não precisa se desculpar por ler a Bíblia sob uma perspectiva cristã. Por ser quem ele é, o cristão é a pessoa mais bem preparada para entender a mensagem da Bíblia, que, afinal, foi escrita para ele (Lc 1.4; Rm 1.7; 2Co 3.15-16). CAPÍTULO 3: DE DEUS E DA TRINDADE 1. A Igreja do Caminho também crê em Deus conforme Ele é revelado na Bíblia Sagrada, com todos os seus atributos, tanto comunicáveis como incomunicáveis. Os atributos comunicáveis (amor, bondade, misericórdia, justiça etc) são aquelas características divinas que são compartilhadas por Deus, de alguma maneira, com os seres humanos, mas nunca totalmente. Já os incomunicáveis (auto existência, imutabilidade, eternidade, onipotência etc) mostram a enorme distância de natureza, simplesmente insuperável, que existe entre o Criador e suas criaturas, para a glória de Deus, o Grande “Eu Sou” (Êx 3.14). 2. A Igreja do Caminho crê na doutrina da Trindade, de modo que Deus subsiste em 3 Pessoas distintas, Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo, cada uma com o seu papel no plano eterno de Deus, mas todas igualmente Deus, nos termos do Credo Niceno, que a Igreja do Caminho acolhe inteiramente, juntamente com o Credo Apostólico, ambos Símbolos históricos da verdadeira fé cristã. CAPÍTULO 4: DA CRIAÇÃO 1. A Igreja do Caminho crê que Deus criou, por meio da sua Palavra, todas as coisas que existem para a glória do seu nome, criando tudo a partir do nada, tanto as coisas visíveis como as invisíveis – inclusive os anjos, que estão a serviço de Deus –, e que Deus criou tudo muito bom (Gn 1.31). CAPÍTULO 5: DA PROVIDÊNCIA 1. Na sua providência, Deus cuida e governa toda a sua criação, sendo que nada acontece no mundo por acaso, ou sem que Ele consinta, porque Ele “faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade” (Ef 1.11). Mesmo assim, os seres humanos são responsáveis por seus atos e não devem se
omitir quanto ao propósito de Deus para cada indivíduo, inclusive no que se refere a orar a Deus, suplicando que a sua vontade seja feita. CAPÍTULO 6: DO SER HUMANO 1. Os seres humanos foram criados por Deus bons e sem pecado, homem e mulher, ambos com funções complementares, embora iguais em termos de natureza e dignidade diante de Deus, para que contraíssem matrimônios indissolúveis e constituíssem famílias e povos abençoados, que pudessem cuidar da criação, para a glória de Deus, ao exercerem as vocações que Deus designou a cada um. 2. O ser humano foi criado de uma maneira singular, ou seja, do pó da terra e a partir do sopro divino do fôlego de vida (Gn 2.7, Jó 33.4), vindo a se tornar coroa da criação de Deus (Sl 8.5). Ele foi criado com alma racional e imortal, foi dotado de inteligência, retidão e perfeição moral. CAPÍTULO 7: DO PECADO 1. Estando a desfrutar de plena comunhão com Deus e com a criação, o ser humano, tentado pelo diabo e pelo seu desejo de ser o seu próprio deus, pecou em Adão e Eva, corrompendo, assim, a sua natureza humana completamente, e perdendo, em decorrência dessa decisão, sua capacidade de livremente escolher o bem e de amar e crer em Deus. Tendo Deus feito tudo muito bom, a origem do mal na criação, assim, permanece um mistério. 2. Então, por causa do pecado, Deus, que é santo, condenou o ser humano à morte eterna em razão de sua afronta ao Criador e seu plano, e o expulsou do Jardim do Éden, passando o ser humano a viver em culpa e sofrimentos. Esse estado de pecaminosidade e de condenação eterna do primeiro casal foi transmitido a toda raça humana desde a concepção (Sl 51.5; Rm 5.12), e, assim, todos passaram a se encontrar debaixo da ira de Deus (Ef 2.3). Além disso, a própria criação foi amaldiçoada por causa do pecado do ser humano (Gn 3.17-19). 3. O pecado é a transgressão da lei moral de Deus (1Jo 3.4), que está expressa essencialmente nos 10 mandamentos (Êx 20.1-17). Devido à sua natureza pecaminosa, portanto, o ser humano é um pecador. Nesse sentido, seus atos pecaminosos não se limitam às listas exemplificativas encontradas na Bíblia, pois o ser humano também peca quando faz o que não convém, o que não edifica ou quando se deixa dominar por ídolos que tomam o lugar de Deus em sua vida (1Co 6.12; 10.23). 4. A Igreja do Caminho entende que para todos os pecados há perdão, a não ser quando se rejeita o Espírito Santo para a salvação (Mt 12.31-32). 5. A Igreja entende que todos os pecados são originários do pecado original e, assim, afetam igualmente os seres humanos no sentido de incapacitarem os mesmos para a salvação, que só pode ser recebida pela fé em Cristo. Ou seja, não há pecados mais graves ou menos graves no que tange à salvação, ou pecados que possam diminuir ou aumentar o valor do ser humano. Todos carecem igualmente da graça de Deus. CAPÍTULO 8: DA PREDESTINAÇÃO 1. Deus, por causa do seu grande amor, nos escolheu em Cristo para a salvação, segundo o conselho de sua vontade, antes da fundação do mundo, para louvor da glória de sua graça (Ef 1.3-14), permanecendo um mistério o motivo de algumas pessoas crerem nele, e outras, não. Essa promessa de salvação do ser humano já se encontra revelada em Gn 3.15 (protoevangelho), foi anunciada a Abraão em Gn 12 e também foi motivo de muitas profecias no Antigo Testamento (Is 53). CAPÍTULO 9: DE JESUS CRISTO 1. Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus, nascido da virgem Maria pelo poder do Espírito Santo, plenamente Deus e plenamente homem – nos termos do Credo Niceno, que reflete o ensino das
Escrituras Sagradas –, mas sem pecado, consumou a prometida obra redentora na cruz do Calvário, em amor, quando tomou sobre si os pecados da humanidade – o que chamamos de morte substitutiva, ou vicária –, a fim de justificar o ser humano diante de Deus, por causa de seus pecados e de sua incapacidade de cumprir a santa lei de Deus, a fim de livrá-lo da condenação eterna no inferno (Rm 3.21-26; 5.1, 5-21; 8.3). 2. Jesus Cristo é a encarnação de Deus e a revelação da perfeita humanidade, razão porque se tornou o modelo de vida para os filhos de Deus (Rm 8.29; 1Co 11.1). 3. Após ser crucificado, Jesus Cristo ressuscitou corporalmente ao terceiro dia, e ascendeu aos céus para se assentar à destra no trono de Deus, onde vive para interceder pelos filhos de Deus e de onde também voltará para buscá-los, num dia que ninguém sabe ao certo, somente Deus Pai. Os filhos de Deus, então, ressuscitarão corporalmente nesse dia, assim como Jesus Cristo ressuscitou. CAPÍTULO 10: DA JUSTIFICAÇÃO E DA SALVAÇÃO 1. Na cruz, Cristo satisfez a justiça de Deus integralmente, tomando sobre si os pecados dos seres humanos e revestindo da sua perfeita justiça os filhos de Deus, quando eles creem em Cristo. Assim, pela fé em Jesus Cristo, o crente cumpre todas as exigências da lei (Rm 8.4). 2. A obra de salvação chega ao ser humano pela pregação do evangelho de Jesus Cristo (um meio da graça de Deus), a boa notícia de Deus, que reconciliou os pecadores consigo próprio por meio do sacrifício do seu Filho, Jesus Cristo, Deus-homem, tudo pela graça somente. Na salvação, o Espírito Santo dá ao ser humano a fé em Jesus Cristo e o leva ao arrependimento, de modo que essa obra salvífica é exclusivamente obra de Deus, tendo em vista que o ser humano estava “morto em suas transgressões e pecados” (Ef 2.1). 3. Após salvo em Cristo, o ser humano permanece com sua natureza pecaminosa (simul justos et peccator – “simultaneamente justo e pecador”), embora tenha experimentado a regeneração, o novo nascimento, do Espírito, em sua vida, de modo que agora Cristo vive nele pela fé, através da ação consoladora e santificadora do Espírito Santo. 4. Na cruz o diabo perdeu o seu poder de acusar os cristãos, pois “já não existe nenhuma condenação para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8.1). Afinal, Deus perdoou “todos os nossos pecados. Cancelando o escrito de dívida que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, cravando-o na cruz. E, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando sobre eles na cruz” (Cl 2.13-15). CAPÍTULO 11: DA SANTIFICAÇÃO 1. Salvo, o ser humano não é mais devedor à lei, ou seja, ele não vive mais com medo e insegurança diante da santidade e justiça de Deus, e sua santificação, que se expressa através de atos de amor ao próximo (Gl 5.6), será a decorrência natural da nova habitação do Espírito nele, já que foi adotado em amor por meio do Filho de Deus e agora expressa isso com ações de graças. Não há mais barganha alguma a se fazer com Deus, e nenhuma obra agora deve ser praticada pelo crente a fim de encontrar favor diante de Deus, sob pena dessa obra vir a ofender o evangelho. 2. Em sua nova vida, os cristãos são “instruídos a deixar de lado a velha natureza, que se corrompe segundo desejos enganosos, a se deixar renovar no espírito do entendimento” (Ef 4.22-23), “e a se revestir da nova natureza, criada segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade” (Ef 4.24; Cl 3.5-11), de modo que, “contemplando a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, que é o Espírito” (2Co 3.18). 3. Em sua caminhada cristã, os discípulos de Jesus também têm pela frente um outro inimigo, a saber, Satanás, o adversário de Cristo e de sua obra, e adversário dos cristãos consequentemente, descrito nas Escrituras inclusive por outros termos como: diabo, tentador, enganador, sedutor, mentiroso, assassino (Mt 4.1-3; 2Jo 1.7; Ap 12.9; Jo 8.44). Nesse sentido, os cristãos podem saber que sua força contra o diabo está em Cristo e que eles devem vestir-se “com toda a armadura de Deus, para poderem ficar firmes contra as ciladas do diabo. Porque a nossa luta não é contra o
sangue e a carne, mas contra os principados e as potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestiais” (Ef 6.10-18). 4. É certo que o galardão é uma doutrina bíblica que dá esperança ao crente, mas sua expressão maior é o próprio Cristo, que disse: “Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim jamais terá fome, e quem crê em mim jamais terá sede... Os pais de vocês comeram o maná no deserto e morreram. Este é o pão que desce do céu, para que todo o que dele comer não pereça... Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá eternamente (Jo 6.35, 49-51). O apóstolo Paulo também destacou essa verdade quando escreveu que em Cristo “estão ocultos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento” (Cl 2.3) e que quando “todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então o próprio Filho também se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos” (1Co 15.28). Comentando esse texto, Lutero escreveu o seguinte: “Deus será tudo em tudo, ou seja, cada qual terá no próprio Deus tudo que agora tem em todas as coisas, isto é, quando ele se revelar, todos teremos o suficiente em corpo e alma, de modo que não mais precisemos de muitas coisas como [acontece] atualmente na terra” (OS 9, p. 362). Por isso, todas as boas obras praticadas pelos filhos de Deus só são boas obras porque praticadas a partir da fé em Cristo. Assim, “quando, pois, você der esmola, não fique tocando trombeta nas sinagogas e nas ruas, como fazem os hipócritas, para serem elogiados pelos outros. Em verdade lhes digo que eles já receberam a sua recompensa. Mas, ao dar esmola, que a sua mão esquerda ignore o que a mão direita está fazendo, para que a sua esmola fique em secreto. E o seu Pai, que vê em secreto, lhe dará a recompensa” (Mt 6.2-4). 5. A Igreja crê que o discípulo de Jesus deve desenvolver a prática diária devocional, com a leitura da Bíblia, a meditação e a oração, buscando se deixar encher do Espírito Santo, agente de mortificação da carne pecaminosa e gerador de novas virtudes cristãs (Ef 5.15-21; Gl 5.16-25). Ele também integrará a comunhão dos santos e será uma testemunha do evangelho de Jesus (At 2.42-47). CAPÍTULO 12: DOS SACRAMENTOS – BATISMO E SANTA CEIA 1. Nascido de novo, o ser humano é batizado nas águas (outro meio da graça e também sacramento, pela associação da promessa do evangelho ao elemento físico água), por imersão, em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, sendo integrado à igreja de Cristo, que também se apresenta de modo visível na Igreja do Caminho. Quanto às crianças recém-nascidas, a Igreja do Caminho costuma apresentá-las à comunidade dos fiéis em algum de seus cultos, quando, então, ora pelas mesmas e por seus pais. 2. A Igreja também celebra periodicamente entre os crentes em Jesus Cristo – ressalvada a advertência de 1Co 5.9-12 – o sacramento da Ceia do Senhor (promessa do evangelho associada aos elementos pão e vinho), em memória da sua obra na cruz, reconhecendo que os elementos consagrados (pão e vinho) são o corpo e o sangue de Cristo. Assim, para a Igreja do Caminho só existem dois sacramentos: o Batismo e a Ceia do Senhor. CAPÍTULO 13: DA IGREJA E DO SACERDÓCIO UNIVERSAL 1. A Igreja do Caminho é administrada por pastores e diáconos, que são chamados e ordenados de acordo com os princípios descritos em 1Tm 3.1-13. Essa administração, no entanto, não substitui nem relativiza o sacerdócio de todos os crentes, doutrina tão cara para os reformadores do século XVI, e que devolveu a cada cristão, desde a Idade Média, o acesso direto a Deus, por meio de Cristo, inclusive dando a ele a possibilidade da leitura das Escrituras na sua própria língua. O sacerdócio universal também retomou a importância do serviço de todos os santos ao próximo ao questionar a centralização e a hierarquização institucional da obra de Deus no mundo. Ora, Pedro escreveu em sua carta: “Vocês, porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamar as virtudes daquele que os chamou das trevas
para a sua maravilhosa luz” (1Pe 2.9). No mesmo sentido, João, falando a respeito dos crentes, escreve: “vocês têm a unção que vem do Santo e todos têm conhecimento” (1Jo 2.20). 2. A Igreja do Caminho se entende uma parte da igreja cristã universal e, assim, ela rejeita a postura exclusivista e individualista que não considera a igreja em toda a sua história e diversidade desde os pais apostólicos, passando pelo presente e olhando para o futuro. Afinal, a oração de Paulo é no sentido de que os crentes efésios pudessem estar “enraizados e alicerçados em amor” para poderem, “com todos os santos”, “compreender qual é a largura, o comprimento, a altura e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento”, para que pudessem ficar “cheios de toda a plenitude de Deus” (Ef 3.17-19). Assim, a Igreja do Caminho crê que, internamente e em relação às demais igrejas cristãs visíveis, ela deve suportar “uns aos outros em amor, fazendo tudo para preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz. Há somente um corpo e um só Espírito, como também é uma só a esperança” para a qual os crentes “foram chamados. Há um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos” (Ef 4.2-6). Nesse sentido, a Igreja do Caminho crê que deve buscar responder a oração de Jesus no Evangelho de João, capítulo 17, no sentido de que os cristãos sejam “aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça” que Deus lhe enviou o seu Filho em amor, assim como o Pai amou o Filho (v. 23). 3. Iniciada a caminhada do filho de Deus como discípulo de Jesus, ele será ensinado a guardar todas as coisas que Cristo ordenou (Mt 28.19-20), através do auxílio de pastores e diáconos e por meio da comunhão da igreja. Nessa nova vida, o novo convertido também aprenderá a dizimar e ofertar para a obra de Deus, bem como desenvolverá seu testemunho cristão como forma de levar Cristo ao mundo. Além disso, o novo crente aprenderá a praticar os atos de misericórdia, como filho que é de um Deus bom, que “faz o seu sol nascer sobre maus e bons e vir chuva sobre justos e injustos” (Mt 5.45). 4. Na igreja, o crente descobrirá novos dons para a edificação do corpo de Cristo e também será ajudado a compreender melhor a sua vocação no mundo de Deus, a fim de poder servir ao próximo em amor. 5. O discípulo de Jesus não atinge nenhum tipo de perfeição moral neste mundo. Embora a obra de Jesus na cruz tenha resolvido o problema da dívida causada pelo pecado humano, o cristão continua pecando. Para lidar com isso, o crente tem o privilégio de poder confessar continuamente os seus pecados atuais a Deus, que lhe garante perdão e purificação, por meio do sangue de Jesus (1Jo 1.9). Ele também poderá recorrer aos pastores da Igreja para a prática da confissão e da absolvição, e até mesmo poderá encontrar algum auxílio nesse sentido em outros irmãos da Igreja (Tg 5.15-16). 6. Mesmo assim, a Igreja entende que há pecados de maior gravidade, conforme a Bíblia mesmo refere, que podem ensejar, inclusive, as práticas da disciplina eclesiástica e da exclusão (no caso de impenitentes) de membros da Igreja (Mt 18.15-20). CAPÍTULO 14: DOS DONS DO ESPÍRITO SANTO 1. A Igreja do Caminho acredita nas ações ordinárias e extraordinárias de Deus no mundo, através do seu imenso poder, também quando elas são mediadas pelos diversos dons que o Espírito Santo dá à sua igreja, conforme descrito nas Escrituras (1Co 12-14), inclusive a expulsão de demônios e a cura de enfermos (Mc 16.15-18), ainda que a manifestação desses dons não seja comparável em termos de intensidade ao que ocorreu com Jesus Cristo em seu ministério terreno. Isso significa que ela crê no poder do Espírito Santo e nos seus dons, de modo que, nesse sentido, a Igreja não é cessacionista. CAPÍTULO 15: DA IGREJA E DO ESTADO 1. Em relação ao Estado, a Igreja do Caminho entende que o seu papel é interceder a Deus em favor das autoridades constituídas (1Tm 2.1-2), devendo a elas submissão civil, porque desempenham vocações que estão a serviço de Deus para o bem de todos (Rm 13.1-7). Isso não quer dizer que o
cristão não possa se rebelar contra eventuais políticas, decisões ou leis provenientes do Estado que conflitem com a sua fé cristã. 2. Nesse sentido, a Igreja também entende dever contribuir por meio da teologia pública para a construção de uma sociedade mais justa e fraterna, considerando a ética e os valores cristãos, sem com isso pretender transformar o Estado numa Teocracia. A Igreja do Caminho, assim, é apartidária, e não se confunde com nenhuma ideologia, pois sua missão principal é testemunhar a respeito do evangelho de Jesus Cristo, que busca reconciliar o ser humano com Deus e com o próximo, visando sua salvação eterna, embora a Igreja também se sinta chamada a um engajamento social generoso no mundo, através de atos de misericórdia. 3. Assim, ainda que os membros da Igreja do Caminho possam concorrer a cargos eletivos, eles não falarão em nome da Igreja durante o processo eleitoral ou quando eleitos, ainda que a Igreja não veja qualquer problema no fato de um cristão, individualmente, exercer alguma atividade política. A Igreja também não acredita que as vocações pastoral e diaconal possam ser exercidas conjuntamente com a vocação política, de modo que se algum pastor ou diácono vier a manifestar algum interesse nesse sentido, ele deverá se licenciar de seu ofício pastoral ou diaconal. CAPÍTULO 16: DA RESSURREIÇÃO 1. Em meio à sua nova vida, o crente estará sempre aguardando o retorno do Rei Jesus, daquele que prometeu voltar para buscar a sua igreja da mesma forma como foi visto subir ao céu, ou seja, corporal e visivelmente (1Ts 5.1-11; At 1.9-11). Cristo voltará para arrebatar os crentes vivos e para ressuscitar os mortos, de modo que os crentes enfrentarão o Tribunal de Cristo, e os não crentes, o juízo de Deus, que lançará os incrédulos no inferno eternamente (Jo 5.24, 28-29; Rm 2.4-8; 1Ts 4.13-18; 1Pe 4.17-19; 2Pe 3.7-13; Ap 20.11-15). Nesse dia toda a criação será transformada, será feita nova, e os corpos dos filhos de Deus serão glorificados (Rm 8.18-25), sendo que não haverá mais qualquer dor, sofrimento ou corrupção (Ap 21.4). A partir desse dia, estaremos para sempre com o Senhor, adorando a Ele sem cessar, para a glória do seu nome (Ap 21.1-7; 22.1-5). Amém! Porto Alegre/RS, 03 de maio de 2020.