(025) Teologia Sistemática Elementar

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Teologia Sistemática Elementar

Básico em Teologia

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Nosso conteúdo

O

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Toda nossa grade Curricular é fruto dos árduos trabalhos de pesquisas, leituras, digitalização, digitação, diagramação e consulta teológica do irmão e evangelista Jair Alves.

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Sumário

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Introdução................................................................................................................................................ 4 Lição 1 - O QUE É TEOLOGIA ............................................................................................................... 5 Lição 2 - O TEÓLOGO ............................................................................................................................ 9 Lição 3 - AS FONTES DA TEOLOGIA .................................................................................................. 10 Lição 4 - POR QUE DEVEMOS ESTUDAR TEOLOGIA ...................................................................... 11 Lição 5 - REQUISITOS PARA O ESTUDO DA TEOLOGIA ................................................................. 14 Lição 6 - DIVISÕES DA TEOLOGIA ..................................................................................................... 16 Lição 7 - SISTEMAS TEOLÓGICOS..................................................................................................... 22 Lição 8 - MÉTODOS DA TEOLOGIA .................................................................................................... 30 Lição 9 - DEFINIÇÕES DE PALAVRAS TEOLÓGICAS ....................................................................... 32 Lição 10 - RAMOS DO CONHECIMENTO HUMANO, AUXILIARES NO ESTUDO DE TEOLOGIA ... 35 Lição 11 – OUTRAS RAZÕES PARA ESTUDAR TEOLOGIA ............................................................. 36 Lição 12 - COMO SE DESENVOLVEU A TEOLOGIA CRISTÃ ........................................................... 38 Lição 13 – COMO DESEMPENHAR A TAREFA DE ARTICULAR A TEOLOGIA? ............................. 41 Lição 14 - A TEOLOGIA NA CONSTRUÇÃO DA COSMOVISÃO CRISTÃ ......................................... 45

Conclusão............................................................................................................................ 50 Fonte Bibliográfica ............................................................................................................... 54

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Introdução

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Teologia (lit. theós, “Deus”, e logos, “razão” ou “discurso”) é um discurso racional a respeito de Deus. A teologia trata da verdade. Isso significa, em primeiro lugar, uma explicação fiel e precisa do conteúdo da fé cristã — assim, ser fiel à substância da fé. Significa, em segundo lugar, por causa da convicção de que a fé cristã é a verdade acerca de Deus, do homem, da salvação etc., que a teologia se preocupa em ser mais que exata: preocupa-se com a verdade enquanto conformidade com a realidade última. O centro da teologia é Deus. Embora a teologia trate de todo o campo da verdade cristã, o ponto focal é Deus: sua relação com o Universo e o homem. Estudar teologia significa buscar conhecimento logicamente ordenado acerca de Deus e seus desígnios. É uma tarefa que demanda esforço e persistência, mas o resultado é compensador. O profeta Oséias apelou ao povo de Israel para que buscassem continuamente o conhecimento de Deus, e fez menção dos benefícios que receberiam: “Conheçamos e prossigamos em conhecer o Senhor; como o sol nascente, a sua vinda é certa; ele virá a nós como a chuva, como a primeira chuva que rega a terra” (Os 6.3). Através do profeta Jeremias, Deus afirma que a maior glória para o ser humano é entendê-lo e conhecê-lo: “Assim diz o Senhor: Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem o forte na sua força, nem o rico nas suas riquezas. Mas quem se gloriar, glorie-se nisto: em me entender e me conhecer, pois eu sou o Senhor, que pratico a fidelidade, o direito e a justiça na terra, porque me agrado dessas coisas” (Jr 9.23,24). Jesus Cristo declarou que o conhecimento de Deus significa vida eterna. “E a vida eterna é esta: que conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, que enviaste” (Jo 17.3). Não se trata de um mero saber a respeito de Deus, mas sim de um conhecimento que envolve vivência pessoal com ele. É com esta convicção e com esta perspectiva que estudamos teologia.1 Os objetivos principais desta Teologia Sistemática Elementar é definir e apresentar os vários ramos da teologia Cristã.

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SEVERA, Zacarias de Aguiar. Manual de Teologia Sistemática. 2ª Edição de 2014, Editora A.D SANTOS

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Lição 1 - O QUE É TEOLOGIA

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Embora a palavra “teologia” seja empregada às vezes em escritos dogmáticos para designar um simples departamento da ciência que trata da natureza e atributos divinos, o uso prevalecente, desde Abelardo (1079-1142 A.D.), que intitulou seu tratado geral “Theologia Christiana”, o qual abrange sob este termo todo o acervo da doutrina cristã. Por isso, a teologia trata, não só de Deus, mas das relações entre Deus e o universo, motivo por que falamos da Criação, da Providência e da Redenção. Na filosofia, a teologia é um dos três ramos principais de estudo. Os outros são a antropologia (o estudo do homem) e a cosmologia (o estudo do Universo). A palavra teologia não ocorre nas escrituras, contudo a ideia está presente nela. Assim bem como as palavras Trindade e Bíblia não ocorrem. Ora se fôssemos crer somente em palavras que aparecem na bíblia, não aceitaríamos o Milênio, nem Ascensão, e nem mesmo a Bíblia, porque estas palavras não aparecem na Bíblia. No uso grego secular, teologia significava as discussões dos filósofos a respeito de questões divinas. Platão chamava as histórias dos poetas a respeito de Deus de “Teologias”. Foi ele o primeiro a usar este termo, Teologia. Aristóteles ensinava que havia três ciências: A física: que estudava a natureza – A Matemática que estudava os números e as quantidades e a Teologia que estudava Deus. SUAS DEFINIÇÕES a) O termo teologia vem do grego theós “Deus”, e logos, “estudo”, “palavra”, “tratado”. Assim, essa palavra indica o estudo das coisas relativas a Deus, à sua natureza, obras e relações com os homens, etc. b) “Teologia é a ciência de Deus e das relações entre Deus e o universo”.2 c) “Um corpo de doutrinas acerca de Deus, incluindo seus atributos e relações com os homens; especialmente, aquele corpo de doutrinas estabelecido por alguma igreja ou grupo religioso em particular”. d) É aquela ciência que trata da existência, do caráter, e dos atributos de Deus. e) É “o estudo, a análise e a declaração cuidadosa e sistemática da doutrina cristã”.3

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STRONG, A. H. Teologia sistemática. São Paulo: Hgnos, 2007, v.1, p. 29. ERICKSON, Millard J. Introdução à teologia sistemática. São Paulo: Vida Nova, 2007, p. 16.

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No sentido mais amplo teologia trata-se das doutrinas cristãs que se referem às relações que Deus mantém com o Universo, homem e a Bíblia. No uso moderno, o termo veio a indicar certo número de disciplinas inter-relacionadas, como a teologia sistemática, a teologia bíblica, a teologia moral, etc. A mãe da Teologia é a Bíblia, pois todas as verdades teológicas são extraídas deste livro (a bíblia). A teologia está presente no dia-a-dia dos crentes, pois aquilo que pensamos a respeito de Deus é teologia. Aquilo que falamos sobre Deus é teologia. Aquilo que fazemos em nome de Deus também se constitui na nossa teologia (Gerson Correia). De que se trata a teologia? De Deus e tudo o que se refere a ele, isto é, o mundo universo: a criação, a Salvação e tudo o mais. A teologia é um resumo e explicação do conteúdo das revelações que Deus faz de si mesmo. “Deus revela a verdade em diversas esferas: na natureza universal, na constituição da humanidade, na história da nossa raça, nas Escrituras Sagradas, mas, acima de tudo, na Pessoa de Jesus Cristo, nosso Senhor”. O CAMPO DE ESTUDO DA TEOLOGIA A teologia se ocupa de Deus e suas relações com o universo. Ela não trata apenas de Deus em si, mas também de suas obras e seus desígnios, podendo abranger toda e qualquer realidade, desde que esta seja considerada na perspectiva de Deus e seus desígnios.

GRANDES NOMES DA TEOLOGIA  No Oriente, além de Irineu e Orígenes, outros nomes importantes de homens que escreveram obras teológicas são Atanásio (escola de Antioquia), os dois capadócios e, então, João Damasceno (já no século VIII d.C.).  No Ocidente, os grandes nomes da teologia foram Agostinho, Anselmo e Tomás de Aquino.  A Reforma Protestante renovou uma teologia mais bibliocêntrica, tendo repelido um uso excessivo do raciocínio filosófico, com todas as suas influências obscurecedoras. Lutero e Calvino foram grandes mentes teológicas. Observação. Apesar de que todos esses foram filósofos, tendo atuado como tais, a Bíblia, ainda assim, para eles era a principal fonte da teologia. A filosofia foi usada por eles como criada da teologia, principalmente como modo de expressão, ou então para exame de pontos de vista alternativos. Escola Bíblica ECB – Site: https://www.escolabiblicaecb.com

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VERDADEIRA TEOLOGIA

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1) A VERDADEIRA TEOLOGIA TEM QUE SER BIBLICA. A verdadeira teologia, a teologia dita “ortodoxa” (palavra grega que significa “de opinião correta”, “doutrina correta”) é, antes de tudo, um estudo racional, ordenado e organizado que parte da revelação divina, ou seja, que tem seu ponto de partida na Bíblia Sagrada. Um estudo teológico consistente não questiona a Bíblia, não procura julgá-la, censurá-la ou autenticá-la, como se o homem pudesse se fazer juiz de Deus, mas, sim, entendê-la em toda a sua profundidade; essa é a verdadeira teologia, e não essa falsa teologia que os liberais andam pregando por seus seminários que são mais formação de mente cauterizada. 2) SE A TEOLOGIA NÃO FOR BIBLICA NÃO É TEOLOGIA. A verdadeira teologia, diante de aparentes contradições, de textos difíceis de entender (2 Pe 3.16), esclarece o povo de Deus, ordenando, sistematizando e entendendo os devidos pensamentos. A verdadeira teologia, como parte das Escrituras Sagradas, não deixa de reconhecer que a Bíblia Sagrada é inerrante, ou seja, não apresenta erros nem contradições, pois é a Palavra de Deus. A verdadeira teologia, em momento algum, questiona a origem divina das Escrituras. A Bíblia é a Palavra de Deus e os homens que a escreveram, fizeram-no por intermédio da inspiração do Espírito Santo (2 Pe 1.21).

3) A CIÊNCIA E A FILOSOFIA. A verdadeira teologia não pode temer as ciências e a filosofia; A verdadeira teologia não se opõe à ciência, converge com ela. Quem se opõe à verdadeira teologia não é a ciência, mas a falsa ciência (1 Tm 6.20). A verdadeira teologia não se opõe à filosofia, mas sim as filosofias, que não são firmadas na verdade, é que são opostas à verdadeira teologia (Cl. 3.8). 4) TEOLOGIA QUE DESTRÓI A FÉ NÃO É TEOLOGIA. Não quero estudar uma teologia para destruição da fé, quero sim uma teologia que fortifica mais a minha fé. Portanto, teologia que destrói a fé não é uma verdadeira teologia. A FINALIDADE DA TEOLOGIA Ela existe para que possamos melhor conhecer, obedecer, e amor a Deus. O conhecimento teológico é necessário aos cristãos por três motivos supremos: Escola Bíblica ECB – Site: https://www.escolabiblicaecb.com

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1. Para conhecer a revelação do caráter de Deus. 2. Para repudiar energicamente as falsas doutrinas. 3. Para apresentar claramente a mensagem da salvação

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O diretor da Faculdade Teológica Batista do Rio de Janeiro, Israel Belo de Azevedo, explica que pode se estudar Teologia e não ser um pastor, mas não se deve ser um pastor sem estudar Teologia. A teologia tem o objetivo de fornecer a relação sistematizada de informações extraídas da Bíblia. A verdade deve sempre ser tratada com um raciocínio coordenado para produzirmos respostas claras e inteligíveis, porque crer é também pensar. A teologia trabalha com a sistematização da revelação registrada: a Escritura Sagrada.

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Lição 2 - O TEÓLOGO

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DEFINIÇÕES: 1. O teólogo é aquele que estuda teologia; 2. Pessoa que sabe teologia, que escreve sobre esta ciência; 3. Perito em teologia; 4. Especialista nas coisas de Deus. O teólogo precisa evitar a tentação de dar às suas próprias especulações a autoridade da Bíblia. O profissional com formação Superior em Teologia (o Bacharel) terá os seguintes desafios profissionais: - Administrar, planejar, organizar e controlar o funcionamento das instituições sob sua responsabilidade, visando fomentar o conhecimento teológico que auxilie os membros da comunidade no exercício dos seus direitos fundamentais e civis. - Orientar as famílias no contexto da valorização e da dignidade humana e da solidariedade social. - Incentivar os jovens e adolescentes na busca de formação intelectual, técnica e tecnológica. - Cooperar com as autoridades constituídas nas atividades que visem à erradicação da pobreza e miséria em busca do desenvolvimento social nacional. ÁS ÁREAS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL DO TEÓLOGO: - Desenvolver atividades práticas pertinentes ao campo teológico, e tarefas teóricas da pesquisa científica teológica, social e do fato religioso; - Praticar a docência, tanto para o nível público como para o privado, caso possua a respectiva Habilitação Pedagógica; - Praticar a crítica teológica em conformidade com a rigorosa técnica da Exegese e da Hermenêutica; - Cooperar com os órgãos públicos na tarefa de prestação de cidadania e de bemestar para as comunidades; - Assessorar ONGs ou Instituições Eclesiásticas em atividades sócio espirituais. Atualmente, tanto em instituições públicas como privadas, têm sido cada vez mais constantes as solicitações de Teólogos em conselhos e grupos de pesquisas e trabalho, para reflexão de temas de atualidade e auxílio na busca de soluções alternativas para os graves problemas sociais da Humanidade.

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Lição 3 - AS FONTES DA TEOLOGIA

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AS PRINCIPAIS FONTES DA TEOLOGIA SÃO: 1. A bíblia. A teologia tem como fonte primária a Bíblia Sagrada. Isso por que somente a Palavra de Deus é inspirada, além de ser indispensável para nos tornar perfeitos e preparados para toda boa obra. “Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra (1 Tm 3.16,17)”. A teologia, portanto, encara a própria Escritura como sua principal fonte de material e seu padrão final de apelo. 2. A Consciência. Ela é a voz secreta que o Senhor colocou na alma, e está sempre a aprovar-nos ou a reprovar-nos. Aos romanos Paulo discorreu acerca da função da consciência: “13 Porque os que ouvem a lei não são justos diante de Deus, mas os que praticam a lei hão de ser justificados. 14 Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei; 15 Os quais mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando juntamente a sua consciência, e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os; 16 No dia em que Deus há de julgar os segredos dos homens, por Jesus Cristo, segundo o meu evangelho (Rm 2.13-16)”. 3. A Natureza. A natureza é tida como uma das fontes da teologia por ela ter uma linguagem eloquente. Vejamos a sua linguagem. “Desde o princípio da criação, as qualidades invisíveis de Deus, tanto o seu poder eterno como a sua natureza divina, são claramente percebidas pelas coisas que Ele fez. Portanto os homens não têm qualquer desculpa (Rm 1.20, BFL)”. “OS céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos”. Um dia faz declaração a outro dia, e uma noite mostra sabedoria a outra noite (Sl 19.1,2).

4. A Experiência. O cristianismo não é teórico; é antes de tudo experimental. Todos os santos (Abraão, Moisés, Paulo, e tantos outros) tiveram experiência com o Senhor, e sobre ela se assentaram as bases de sua teologia. Escola Bíblica ECB – Site: https://www.escolabiblicaecb.com

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Lição 4 - POR QUE DEVEMOS ESTUDAR TEOLOGIA As verdades teológicas são extraídas da Santa Bíblia. “Fazer teologia”, não é inventar teorias a respeito de Deus e de Suas obras, nem mesmo “descobrir” a Deus, mas conhecer e compreender a revelação que Ele próprio deu de Si. Por isso, qualquer estudo de Deus que não tiver a Sua revelação como base, meio e princípio regulador não é “teologia”, devidamente entendida. Teologia é o conjunto de verdades extraídas dos ensinos bíblicos a respeito de Deus e de Sua obra. RAZÕES PARA O ESTUDO DA TEOLOGIA

Primeiro, a teologia ajuda o crente no conhecimento de Deus. O alvo de todo o cristão deve ser ficar cheio do pleno conhecimento de Deus e sua vontade, para que possa viver de maneira digna do Senhor, agradando-lhe em tudo, frutificando em toda a boa obra, fortalecido com todo o vigor (Cl 1.9-10). A teologia é a explicação coerente do conteúdo e do significado do que Deus revelou de si mesmo e de seus propósitos. Logo, o estudo da teologia ajuda o crente no conhecimento de Deus e, por conseguinte, no desenvolvimento da vida cristã. Pedro saúda seus leitores dizendo: “graça e paz vos sejam multiplicadas pelo pleno conhecimento de Deus e de Jesus nosso Senhor” (2 Pe 1.2). O crescimento na graça de Deus, ou o desenvolvimento da vida espiritual está atrelado ao pleno conhecimento de Deus.

Segundo, a teologia satisfaz a mente humana. É da natureza do ser humano querer entender aquilo que ele crê ser de relevância vital, como é o caso da religião. Se a teologia é a sistematização dos princípios, das doutrinas, das verdades básicas da religião que professamos, então, ela é indispensável para que tenhamos um conhecimento técnico e teórico daquilo que aceitamos e reputamos como sendo de absoluto valor para a existência. Não podemos separar os aspectos práticos da vida cristã dos aspectos teóricos. A vida humana requer esse lastro teórico em que repousa nossa atitude e ação.

Terceiro, o estudo da teologia é uma expressão de amor e obediência a Deus. Nosso dever é amar a Deus “de todo o coração, de toda a alma e de todo o entendimento” (Mt 22.37). No estudo da teologia nós expressamos um pouco desse amor todo envolvente a Deus. Bruce Milne diz que “o estudo da doutrina é uma expressão de amor ao Senhor através de nossas mentes”. Cristo manda que ensinemos os crentes a “obedecer a todas as coisas” que ele ordenou (Mt 28.20), e isto demanda estudo, compreensão e exposição da Palavra de Deus: teologia, portanto.

Quarto, a teologia contribui para a pureza e defesa do cristianismo. Na sua caminhada histórica, o cristianismo está sujeito a ataques e contaminações de superstições, imoralidades, pensamentos filosóficos, científicos ou religiosos que lhe são contrários. Uma teologia bem fundamentada na Bíblia é necessária para combater esses ataques e preservar a verdade cristã. O cristão tem o dever de Escola Bíblica ECB – Site: https://www.escolabiblicaecb.com

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denunciar o falso ensino e defender a verdade (1 Tm 1.3,4; 3.15; Hb13. 9; 2 Jo 9,10).

Quinto, a teologia auxilia na propagação do evangelho. Para se propagar o evangelho na sua inteireza é necessário ter alguma compreensão inteligente do seu conteúdo e significado e ser capaz de dar uma explicação inteligível da verdade a outrem. Sem uma base doutrinária segura e firme, um lastro teológico bem fundado, a igreja perde sua capacidade militante. A teologia é uma arma poderosa no ministério (Tt 1.9). Lloyd Jones afirma que “não há nada mais importante para um pregador do que ter uma teologia sistemática, conhecê-la e ser bem versado nela”, e que “Cada mensagem que brota de um texto em particular ou de uma afirmativa das Escrituras, deve ser sempre uma parte ou aspecto desse corpo total de verdade”.

Sexto, a teologia fundamenta a prática cristã. A doutrina é o conteúdo da fé e a base de toda a prática cristã. Em suas epístolas, o apóstolo Paulo, normalmente, antes de apelar para a prática da fé, oferece primeiro uma explicação doutrinária da verdade. O autor de Hebreus também intercala várias sessões de encorajamento e exortação após cada longa exposição doutrinária. A exposição da verdade (teologia) fundamenta e encoraja a prática da fé. Quanto mais conhecemos a verdade, tanto mais entusiasmo vamos ter por ela, e mais comprometidos com ela ficamos.

Estudar teologia é estudar a bíblia de forma organizada. Temos muitos motivos para estudar a bíblia: 1. Ela é o único manual do crente para vida cristã; O crente foi salvo para servir ao Senhor (Ef 2.10; 1 Pe 2.9). Desta forma, sendo a Bíblia o manual de Deus para as nossas vidas é indispensável que aquele que o serve a conheça muito bem (2 Tm 2.15); 2. Ela alimenta nossa alma (Jr 15.16; Mt 4:4; 1 Pe 2.2); Não há dúvida que a Palavra de Deus traz nutrição e crescimento espiritual; 3. Ela é o instrumento que o Espírito Santo usa (Ef 6.17). Se conhecermos bem a palavra de Deus, na hora que precisarmos o Espírito de Deus nos instrui segundo a palavra de Deus que habita em nosso coração e mente; 4. Ela enriquece espiritualmente a vida cristã (Salmo 119.72); 5. É dever dos seguidores de Cristo Crescer na graça e conhecimento (2 Pe 3.18). Como crescer no conhecimento de Cristo sem estudar a bíblia? 6. Jesus nós convidou a apreender Dele (Mt 11.29). Só podemos aprender de Jesus, de forma clara e verdadeira a través das palavras escritas no Santo livro – a bíblia sagrada. 7. Ela nos dar direção (Sl 119.105); 8. Ela ordena a nossa vida (Sl 119.133). Escola Bíblica ECB – Site: https://www.escolabiblicaecb.com

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O crente que não gosta de Estudar a Teologia Cristã é certamente alguém que não gosta de conhecer a Deus e a sua Palavra ou é no mínimo um ignorante, pois desconhece o verdadeiro significado do temo teologia. QUAL DEVE SER O PERFIL DO CRENTE QUE ESTUDOU TEOLOGIA? O verdadeiro perfil de quem estudou e REALMENTE aprendeu teologia é o seguinte: 1) Não aceita de imediato tudo que escuta, antes, porém, ele verifica se o que ele ouviu é de fato verdadeiro ou tem apenas meia verdade. 2) Não se deixa ser enganado pelas falsas doutrinas. 3) É mais seletivo. Não gosta perder o seu tempo com os chavões e mensagens sem fundamentos bíblicos. 4) Ama mais a Deus. 5) É um defensor da Palavra e Deus. 6) É preparado para responder perguntas sobre a sua fé. 7) Sabe diferenciar o crente preguiçoso do crente dedicado. O preguiçoso é superficial. Já o crente dedicado tem mais conteúdo bíblico. 8) Não sabe tudo, mas está sempre conhecendo e prosseguindo em conhecer o seu Deus. 9) Procura crescer na vida cristã de forma equilibrada. Ou seja, está buscando o crescimento na seguinte ordem: Crescer na graça e conhecimento. 10) É humilde e não pensa ser o dono da verdade. O verdadeiro teólogo tem este perfil. Um teólogo sem o perfil a cima citado é qualquer coisa, menos um teólogo de verdade.

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Lição 5 - REQUISITOS PARA O ESTUDO DA TEOLOGIA 1. Uma mente disciplinada Só essa mente pode, com paciência, coletar os fatos, sustentar em suas mãos muitos fatos de uma vez, inferir através de contínua reflexão seus princípios que estabelecem conexão, suspender um julgamento final até que suas conclusões sejam verificadas pela Escritura e pela experiência. Os mestres e alunos podem dividir-se em duas classes:  Os que já conhecem o suficiente.  Os que querem aprender mais do que conhecem agora. O lema da Escola de Winchester na Inglaterra: “Disceaut discede” [N.T.: Estuda ou retira-te].

2. Um hábito mental intuitivo O teólogo deve ter insight (N.T.: discernimento), assim como entendimento. Ele deve acostumar-se a ponderar os fatos espirituais bem como os sensoriais e materiais; a ver estas coisas em suas relações interiores como também em suas formas exteriores; acalentar confiança na realidade e unidade da verdade.

3. Conhecimento das ciências física, mental e moral O método para conceber e expressar a verdade da Escritura é assim afetado por nossas noções elementares de tais ciências e as armas com as quais a Teologia é atacada e defendida são tão frequentemente tiradas dos arsenais que o estudante não pode permitir-se ignorá-las.

4. Conhecimento das línguas originais da Bíblia Isto é necessário para capacitar-nos não só a determinar o sentido dos termos fundamentais da Escritura, tais como, santidade, pecado, propiciação, justificação, mas, também, a interpretar declarações da doutrina através das suas conexões com o contexto. Emerson dizia que o homem que lê um livro numa língua estrangeira, quando pode ler numa boa tradução, é um tolo. “Ser um teólogo competente é, de fato, ser um erudito".

5. Afeição santa para com Deus Só o coração renovado pode adequadamente sentir sua necessidade da revelação divina ou entender tal revelação quando concedida. SI. 25.14 - “O segredo do Senhor é para os que o temem”;

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Rm. 12.2 - “para que experimenteis qual seja... a vontade de Deus”; SI. 36.1 - “A prevaricação do ímpio fala no íntimo do seu coração”. “Não é o cérebro, mas o coração que chega ao altíssimo”.

6. A influência iluminadora do Espírito Santo Como somente o Espírito sonda as coisas de Deus, só ele pode iluminar nossas mentes para apreendê-las. 1 Co 2.11,12 - “ninguém sabe as coisas de Deus senão o Espírito de Deus. Mas ... foi-nos dado o espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer”. “Para o estudante não há nenhum caminho privilegiado que conduz à verdade; o único é o mesmo do inculto; é o da regeneração e da gradual iluminação através do Espírito Santo; sem ele, a teologia não só é uma pedra fria, como um perigoso veneno”. O Espírito Santo nos capacita a penetrar no sentido das revelações de Cristo tanto na Escritura como na natureza; a interpretar uma através da outra; e assim elaborar as demonstrações e aplicações originais da verdade; Mt. 13.52 - “Por isso, todo escriba instruído acerca do Reino dos céus é semelhante a um pai de família que tira do seu tesouro coisas novas e velhas”.

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Lição 6 - DIVISÕES DA TEOLOGIA Principais divisões da Teologia

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1 - Teologia Exegética 2 - Teologia Histórica 3 - Teologia Bíblica 4 - Teologia Sistemática 5 - Teologia Dogmática 6 - Teologia Prática Teologia Exegética

Exegética vem da palavra grega que significa extrair. Esta teologia procura descobrir o verdadeiro significado das Escrituras. Teologia exegética é a área da Teologia cristã que procura estudar e interpretar os livros sagrados.

Teologia Histórica Envolve o Estudo da História da Igreja e o desenvolvimento da interpretação doutrinária. A Teologia Histórica é o estudo das doutrinas e como elas se desenvolveram através dos séculos da igreja cristã. A Teologia Histórica traça o desenvolvimento das doutrinas bíblicas desde o tempo dos apóstolos até os nossos dias e dá conta dos resultados deste desenvolvimento na vida da igreja. O desenvolvimento doutrinário é o progressivo desenvolvimento e absorção que a igreja assume da verdade explicita e implicitamente contida na Escritura. Ao explicar a forma da fé cristã nas declarações doutrinárias, a Teologia Histórica é chamada História da Doutrina. Ao descrever o resultado e acompanhamento das mudanças exteriores e interiores na vida da igreja, a Teologia Histórica é chamada História da Igreja. A teologia histórica pode ser dividida em teologia patrística, teologia medieval, teologia dos reformadores, teologia contemporânea, e outras teologias mais recentes. Teologia Bíblica Traça o progresso da verdade através dos diversos livros da Bíblia e descreve a maneira de cada escritor em apresentar as doutrinas mais importantes. Teologia Bíblica é estudar certo livro (ou livros) da Bíblia e enfatizar os diferentes aspectos da Teologia que ele focaliza. Por exemplo, o Evangelho de João é muito Cristológico, pois focaliza muito na divindade de Cristo (João 1.1, 14; 8.58; 10.30; 20.28).

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A Teologia Bíblica tem como alvo ordenar e classificar os fatos da revelação limitando-se às Escrituras quanto ao seu material e tratando a doutrina só na medida em que ela se desenvolveu até o fim da era apostólica.

A Teologia Bíblica ainda divide-se em: 



Teologia Bíblica do Antigo Testamento. Nesta parte, os teólogos bíblicos dão especial ênfase às profecias e indícios revelados no Antigo Testamento relativos à vinda e missão de Jesus Cristo, o Messias. A teologia do Antigo Testamento pode ser subdividida em teologia do Pentateuco, teologia dos Salmos, teologia dos profetas, etc.. Teologia Bíblica do Novo Testamento. A teologia do Novo Testamento pode ser subdividida em teologia dos sinóticos, teologia de João, de Paulo, e outras. Pode-se ter a teologia de cada um dos autores da Bíblia. Teologia Sistemática

Teologia sistemática é uma disciplina que aborda temas teológicos, um por um (por exemplo, Deus, o pecado, a Humanidade) e tenta resumir todo o ensinamento bíblico sobre cada assunto particular. A Teologia Sistemática depende das pesquisas e dos resultados das outras áreas e sua metodologia requer a capacidade de aproveitá-los. A Teologia Sistemática deve dar uma exposição coerente: A tarefa da Teologia Sistemática é fazer um sistema. A Teologia Sistemática toma o material fornecido pelas Teologias Bíblica e Histórica e, com este material, busca edificar um todo orgânico e consistente do nosso conhecimento de Deus e de suas relações com o universo, quer este conhecimento seja originariamente derivado da natureza, quer das Escrituras. A Teologia Sistemática trata das doutrinas da Bíblia através do exame do que a Bíblia inteira diz sobre aquela doutrina e a comunicação de suas conclusões. Também, a Teologia Sistemática mostra como as doutrinas da Bíblia se relacionam logicamente. A Teologia Sistemática tenta ser compreensiva, mas não vai além do que está dito na Bíblia. A Teologia Sistemática tenta evitar a especulação, a não ser que o teólogo admita que ele esteja fazendo especulação. A teologia sistemática é aquela onde seus estudos são agrupados em tópicos de acordo com um sistema definido, como, por exemplo: 1) Teologia Própria é o estudo de Deus o Pai. 2) Cristologia é o estudo de Deus o Filho, o Senhor Jesus Cristo. 3) Pneumatologia é o estudo do Espírito Santo. 4) Bibliologia é o estudo da Bíblia. 5) Soteriologia é o estudo da salvação. Escola Bíblica ECB – Site: https://www.escolabiblicaecb.com

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6) Eclesiologia é o estudo da igreja. 7) Escatologia é o estudo do fim dos tempos. 8) Angelologia é o estudo dos anjos. 9) Antropologia Cristã é o estudo da humanidade. 10) Hamartiologia é o estudo do pecado.

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Todas essas matérias da teologia sistemática fazem parte do curso básico em teologia da Escola Bíblica ECB. Há alguns aspectos importantes sobre a teologia sistemática: A Teologia Sistemática deve dar uma exposição coerente: A tarefa da Teologia Sistemática é fazer um sistema. A Teologia Sistemática trata das doutrinas da Bíblia através do exame do que a Bíblia inteira diz sobre aquela doutrina e a comunicação de suas conclusões. Também, a Teologia Sistemática mostra como as doutrinas da Bíblia se relacionam logicamente. A teologia sistemática é apenas uma divisão dentro do campo maior da teologia, que também inclui a teologia histórica, a teologia bíblica e exegética, e a teologia prática. Teologia Dogmática Deve-se distinguir a Teologia Sistemática da Teologia Dogmática. No emprego estrito, a teologia dogmática designa o estudo e a sistematização do conteúdo dos credos, dos símbolos e das confissões de fé que o cristianismo tem produzido em diversos momentos de sua história. O objetivo é apresentar os principais temas (ou seja, doutrinas) da fé cristã por um panorama organizado.

A Teologia Dogmática tem dois princípios: 1) A autoridade absoluta dos credos, nas decisões da igreja; 2) A aplicação de tais credos da lógica formal com o propósito de demonstrar sua verdade, visando ao entendimento. Na Igreja Católica Romana, a autoridade decisiva não se encontra na Escritura, mas na igreja e no dogma dado por ela. Contrariamente, o princípio protestante é que a Escritura decide e é ela que julga o dogma. A Teologia Dogmática é um estudo das doutrinas de certos grupos cristãos que possuem doutrinas sistematizadas, por exemplo, a Teologia Calvinista e Dispensacional. Teologia prática A teologia prática cuida da aplicação prática das verdades tratadas noutros ramos da teologia, especialmente na teologia sistemática, objetivando uma vida espiritual mais profunda. A teologia prática nos orienta como viver, como orar, como pregar, como evangelizar. Ela trata da aplicação das doutrinas na vida dos cristãos e da Escola Bíblica ECB – Site: https://www.escolabiblicaecb.com

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igreja. Inclui disciplina como teologia pastoral, teologia do evangelismo, teologia da educação cristã, teologia do culto cristão, e outras. Esta teologia cristã pode ser dividida em: "Teologia litúrgica" ou "Teologia da Liturgia", que estuda os múltiplos ritos ou atos de adoração e culto da Igreja nas suas mais diferentes expressões - sacramentos (que também é tratada pela Teologia sacramental), orações, missa, etc. -, incluindo, no caso católico, os de piedade popular - devoções, dias santos, etc.. "Teologia de Direito Canônico", que "expõe os mandamentos dados por Nosso Senhor Jesus Cristo à Igreja, enquanto sociedade hierarquizada e o poder da Igreja de legislar" (direito canónico). "Teologia Pastoral", que cuida da aplicação prática dos ensinamentos teológicos à ação ou pastoral da Igreja e à vida quotidiana de cada crente, incluindo a sua formação. "Teologia espiritual" (O caminho espiritual da Igreja, a Tradição, a Sagrada Escritura são as fontes principais da teologia espiritual), que estuda a caminhada de configuração da personalidade humana até esta atingir a santidade e, inclusivamente, a perfeição. Esta teologia engloba: A teologia ascética, que tem por objeto próprio a teoria e a prática da perfeição cristã até aos umbrais da contemplação infusa, E a teologia mística, que tem por objeto a teoria e a prática da vida contemplativa. Notas. 1. A teologia litúrgica relaciona-se por vezes à teologia pastoral. 2. A Teologia de Direito Canónico está mais relacionada com a Igreja Católica, que é uma das Igrejas cristãs mais hierarquizadas. 3. A Teologia espiritual está por vezes associada à teologia especulativa e até à teologia sistemática. Teologia Moral é uma disciplina e um campo de conhecimento da Teologia que se dedica ao estudo e à pesquisa do comportamento humano em relação a princípios morais e ético-religiosos. O vocábulo moral provém do latim mosmoris, que inicialmente significava costume, evoluindo depois para uma significação equivalente ao grego ethos. Na teologia cristã, a teologia moral ocupa-se do estudo sistemático dos princípios ético-morais subjacentes à doutrina e às verdades reveladas por Deus, bem como à sua aplicação posterior à vida quotidiana do cristão e da Igreja. Esta teologia está, em parte, englobada pela teologia sistemática. Mas, apesar disso, muitas vezes ela também está associada à teologia prática. Os cristãos acreditam que o Evangelho e as verdades e doutrinas reveladas, estudadas pela teologia dogmática, estão essencialmente ligadas a uma ética e conduta moral, algo que eles têm que cumprir e obedecer para serem salvos. Escola Bíblica ECB – Site: https://www.escolabiblicaecb.com

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Teologia Natural é uma parte da filosofia da religião que lida com as tentativas de se provar a existência de Deus e outros atributos divinos puramente filosóficos, isto é, sem recurso a quaisquer revelações especiais ou sobrenaturais. (O outro lado deste esforço é por vezes chamado como "Ateísmo natural", em que filósofos ateus tentam provar que Deus não existe, ou tentam refutar as provas dos filósofos teístas.) A expressão "teologia natural" (theologia naturalis) Sobrevive em citações de Varrão, por Agostinho de Hipona, com base na tradição estoica. Teologia liberal (ou liberalismo teológico) foi um movimento teológico cuja produção se deu entre o final do século XVIII e o início do século XX. Relativizando a autoridade da Bíblia, o liberalismo teológico estabeleceu uma mescla da doutrina bíblica com a filosofia e as ciências da religião. Ainda hoje, um autor que não reconhece a autoridade final da Bíblia em termos de fé e doutrina é denominado, pelo protestantismo ortodoxo, de "teólogo liberal". Teologia da prosperidade, também conhecida como confissão positiva, palavra da fé, movimento da fé e evangelho da saúde e da prosperidade, é um movimento religioso surgido nas primeiras décadas do século XX nos Estados Unidos da América. Sua doutrina afirma, a partir da interpretação de alguns textos bíblicos como Gênesis 17.7, Marcos 11.23-24 e Lucas 11.9-10, que os que são verdadeiramente fiéis a Deus devem desfrutar de uma excelente situação na área financeira, na saúde, etc. Teologia da Libertação é uma corrente teológica que engloba diversas teologias cristãs desenvolvidas no Terceiro Mundo (países em desenvolvimento e subdesenvolvidos) ou nas periferias pobres do Primeiro Mundo (países desenvolvidos) a partir dos anos 70 do século XX, baseadas na opção preferencial pelos pobres contra a pobreza e pela sua libertação. Desenvolveu-se inicialmente na América Latina. Estas teologias utilizam como ponto de partida de sua reflexão a situação de pobreza e exclusão social à luz da fé cristã. Esta situação é interpretada como produto de estruturas econômicas e sociais injustas, influenciada pela visão das ciências sociais, sobretudo a teoria da dependência na América Latina, que possui inspiração marxista. Teologia Reformada - A palavra ‘Reformada’ é aqui empregada no sentido técnico, designando aquela fase da nova teologia que se originou na Suíça. O reformador suíço Zwínglio (1484-1531), diferindo de Lutero quanto à Ceia do Senhor e quanto à Escritura, mais do que Lutero era chamado pelo nome de teólogo sistemático. Alguns dos seus escritos podem ser considerados o começo da teologia reformada. Mas coube a João Calvino (1509-1564), após a morte de Zwínglio, pôr em ordem os princípios daquela teologia em forma sistemática. A teologia reformada tinha como alvo edificar uma nova igreja, afirmando que o que não deriva da Bíblia é contra ela. Dava ênfase ao princípio formal da Reforma: a autoridade única da Escritura. TEOLOGIA CONTEMPORÂNEA A Teologia Contemporânea é a teologia do Século XX. Em sentido real, nasceu em 1919. Seu iniciador foi um jovem pastor, Karl Barth (1886-1968). É ele um novo pivô Escola Bíblica ECB – Site: https://www.escolabiblicaecb.com

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teológico na história, o anúncio de uma nova era teológica, considerando como marca o seu Comentário da Carta de Paulo aos Romanos, em 1919. Em termos concretos, a Teologia Contemporânea trata do estudo acerca da teologia mais particularmente do Século XX. Esse século esteve comprometido com uma pluralidade de “teologias”, de caminhos e de muitas reflexões sobre o mundo, sobre Deus e o homem. A TEOLOGIA CATÓLICA VERSOS A TEOLOGIA PROTESTANTE A Teologia Católica, por sua vez, corresponde às teologias moral (orienta o comportamento humano em relação aos princípios religiosos). A Teologia Protestante enfatiza o retorno às origens e à reinterpretação das Escrituras, tendo Cristo como única perspectiva. Seus temas principais são: somente a Escritura, somente Cristo, somente a fé, somente a graça.

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Lição 7 - SISTEMAS TEOLÓGICOS

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Conheceremos nesta oportunidade oito sistemas teológicos distintos.

1. Teologia Católica Romana Tradicional Natureza da Teologia. A teologia está evoluindo constantemente no seu entendimento da fé cristã. O princípio inaciano da acomodação e o princípio do desenvolvimento, proposto por J. H. Newman, refletem a natureza mutável da teologia católica romana. O elemento de mudança do catolicismo deve-se primordialmente à posição de autoridade conferida ao ensino da igreja. Revelação. A Bíblia, incluindo os apócrifos, é reconhecida como a fonte autorizada de revelação, juntamente com a tradição e o ensino da igreja. O papa também faz pronunciamentos investidos de autoridade ex cathedra (da cadeira) sobre questões de doutrina e moral. Esses pronunciamentos são isentos de erro. A igreja é a mãe, guardiã e intérprete do cânon. Muitos estudiosos católicos romanos posteriores ao Concílio Vaticano II afastaramse do ensino tradicional da igreja nessa área, abraçaram as perspectivas da alta crítica acerca das Escrituras e rejeitaram a infalibilidade papal. Salvação. A graça salvadora é comunicada mediante os sete sacramentos, que são meios de graça. O Batismo, a Confirmação (ou Crisma) e a Eucaristia referem-se à iniciação na igreja. A Penitência (ou Confissão) e a Unção estão relacionadas com a cura. O Matrimônio e as Ordens são sacramentos de compromisso e vocação. A igreja ministra os sacramentos por meio do sacerdócio ordenado e hierarquicamente organizado. Segundo a concepção tradicional, não havia salvação fora da igreja, mas o ensino recente tem reconhecido que a graça pode ser recebida fora da igreja. No sacramento da Eucaristia, o pão e o vinho tornam-se literalmente o corpo e o sangue de Cristo (transubstanciação). Igreja. Os quatro atributos essenciais da igreja são unidade, santidade, catolicidade e apostolicidade. Fundamentalmente, a igreja é a hierarquia ordenada, atingindo o seu ápice no papa. A organização está constituída em torno de uma autoridade sacerdotal centralizada, que teve o seu início com Pedro. A autoridade do sacerdócio é transmitida por meio da sucessão apostólica na igreja. Os bispos de Roma têm autoridade para avaliar as conclusões acadêmicas e fazer pronunciamentos e definições conciliares.

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A igreja é a mediadora da presença de Cristo no mundo. Deus usa a igreja como sua agente para levar o mundo em direção ao seu reino. Maria. No Concílio de Éfeso (431 d.C.), Maria foi declarada a mãe de Deus assim como a mãe de Jesus Cristo, no sentido de que o Filho que ela deu à luz era ao mesmo tempo Deus e homem. São observadas quatro festas marianas (anunciação, purificação, assunção e o nascimento de Maria). Maria ficou isenta do pecado original ou de pecado pessoal em virtude da intervenção de Deus (a imaculada concepção). Maria é a misericordiosa mediadora entre o ser humano e Cristo, o Juiz.

2. Teologia Luterana Teologia. A teologia estrutura-se em torno das três doutrinas fundamentais da sola scriptura (somente a Escritura), sola gratia (somente a graça) e sola fide (somente a fé). Cristo. Cristo é o centro da Escritura. A sua pessoa e obra, especialmente a sua morte vicária, são o fundamento da fé cristã e da mensagem da salvação. Revelação. Somente a Escritura é a fonte autorizada da teologia e da vida e ensino da igreja. A Escritura é a própria Palavra de Deus, sendo tão verdadeira e dotada de autoridade quanto o próprio Deus. No centro da Escritura estão a pessoa e a obra de Cristo. Assim sendo, o principal propósito da Escritura é soteriológico - proclamar a mensagem de salvação em Jesus Cristo. A Palavra, por meio da obra de Cristo, é o modo como Deus efetua a salvação. Salvação. A salvação é somente pela graça mediante a fé. A fonte da salvação é a graça de Deus manifestada pela obra de Cristo, o fundamento da salvação. O meio de receber a salvação é somente a fé. As pessoas em nada contribuem para a sua salvação. Elas estão inteiramente destituídas de livre-arbítrio com respeito à salvação, e assim Deus é a causa eficiente da salvação. O Espírito Santo atua por intermédio da palavra do Evangelho (inclusive o batismo e a Ceia do Senhor) para trazer salvação. O Espírito usa o batismo das crianças para produzir nelas a fé e levá-las à salvação.

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A Eucaristia (ou Ceia do Senhor) envolve a presença real de Cristo com o pão e o vinho, embora tais elementos permaneçam pão e vinho (consubstanciação). A teologia da cruz deve ser a marca da verdadeira teologia. Em vez de se concentrarem nas coisas referentes à natureza invisível e às obras de Deus, conforme discutidas na teologia natural, que Lutero chama de teologia da glória, os cristãos devem concentrar-se na humildade de Deus revelada na morte de Cristo na cruz. Em uma teologia da cruz, os crentes passam a ter o conhecimento de Deus e também um verdadeiro conhecimento de si mesmos e do seu relacionamento com Deus.

3. Teologia Reformada Teologia. A teologia reformada fundamenta-se no tema central da soberania de Deus. Toda a realidade está sob o domínio supremo de Deus. Deus. Deus é soberano. Ele é perfeito em todos os aspectos e possui toda justiça e poder. Ele criou todas as coisas e as sustém. Como o Criador, ele em nenhum sentido é limitado pela criação. Revelação. A teologia reformada baseia-se somente na Escritura (sola scriptura). A Bíblia é a Palavra de Deus e como tal permanece isenta de erros em todos os aspectos. A Escritura dirige toda a vida e ensino da igreja. A Bíblia possui autoridade em todas as áreas que aborda. Salvação. Na eternidade passada, Deus escolheu certo número de criaturas caídas para serem reconciliadas com ele mesmo. No tempo oportuno, Cristo veio para salvar os escolhidos. O Espírito Santo ilumina os eleitos para que possam crer no Evangelho e receber a salvação. A salvação pode ser resumida nos Cinco Pontos do Calvinismo: Depravação Total, Eleição Incondicional, Expiação Limitada, Graça Irresistível e Perseverança dos Santos (as iniciais em inglês formam a palavra TULIP). Igreja. A igreja é composta dos eleitos de Deus que recebem a salvação. Por meio do pacto com Deus, eles estão comprometidos a servi-lo no mundo. O batismo simboliza a entrada na comunidade do pacto tanto para as crianças quanto para os adultos, embora ambos possam renunciar ao seu batismo. Quando os crentes participam com fé da Ceia do Senhor, o Espírito Santo atua neles para torná-los participantes espirituais. Em geral, os presbíteros eleitos pela igreja ensinam e governam a comunidade local. A unidade da igreja deve basear-se no consenso doutrinário. Escola Bíblica ECB – Site: https://www.escolabiblicaecb.com

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4. Teologia Arminiana

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Teologia. A teologia arminiana preocupa-se em preservar a justiça (equanimidade) de Deus. Como pode um Deus justo considerar as pessoas responsáveis pela obediência a mandamentos que são incapazes de obedecer? Esta teologia dá ênfase à presciência divina, à responsabilidade e livre-arbítrio humanos, e à graça capacitadora universal (graça comum). Deus. Deus é soberano, mas resolveu conceder livre-arbítrio aos seres humanos. Salvação. Deus predestinou para a salvação aqueles que ele viu de antemão que iriam arrepender-se e crer (eleição condicional). Cristo sofreu pelos pecados de toda a humanidade; assim sendo, a expiação é ilimitada. A salvação pode ser perdida pelo crente, e por isso a pessoa deve esforçar-se para não cair e se perder. Cristo não pagou a penalidade dos nossos pecados, pois se o tivesse feito todos seriam salvos. Antes, Cristo sofreu pelos nossos pecados para que o Pai pudesse perdoar aqueles que se arrependem e creem. A morte de Cristo foi um exemplo da penalidade do pecado e do preço do perdão.

5. Teologia Wesleyana Teologia. A teologia wesleyana é essencialmente arminiana, mas tem um senso mais forte da realidade do pecado e da dependência da graça divina. Revelação. A Bíblia é a revelação divina, o padrão supremo para a fé e a prática. Todavia, existem quatro meios pelos quais a verdade é mediada - a Escritura, a razão, a tradição e a experiência (o quadrilátero wesleyano). A Escritura possui autoridade suprema. Depois da Escritura, a experiência continua a ser a melhor evidência do cristianismo. Salvação. A salvação é um processo de graça com três passos: graça preveniente, graça justificadora e graça santificadora. A graça preveniente é a obra universal do Espírito entre o nascimento e a salvação de uma pessoa. A graça preveniente impede que alguém se afaste muito de Deus e capacita a pessoa a responder ao evangelho, positiva ou negativamente. Para aqueles que recebem o evangelho, a graça justificadora produz salvação e inicia o processo de santificação. O crente tem como alvo a obtenção da inteira santificação, que é produzida pelo Espírito Santo em uma segunda obra da graça. A inteira santificação significa que a Escola Bíblica ECB – Site: https://www.escolabiblicaecb.com

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pessoa foi aperfeiçoada em amor. A perfeição não é absoluta, porém relativa e dinâmica. Quando alguém pode amar sem interesse próprio ou motivos impuros, então ele ou ela alcançou a perfeição.

6. Teologia Liberal Teologia. Os teólogos liberais procuram articular o cristianismo em termos da cultura e do pensamento contemporâneos. Eles buscam preservar a essência do cristianismo em termos e conceitos modernos. Deus. Deus é imanente. Ele habita no mundo e não está acima ou separado dele. Assim, não existe distinção entre o natural e o sobrenatural. Trindade. O Pai não atua sobrenaturalmente, mas por meio da cultura, filosofia, educação e sociedade. A teologia liberal geralmente é unitária e não trinitária, reconhecendo somente a divindade cio Pai. Jesus estava “repleto de Deus”, mas não era Deus encarnado. O Espírito não é uma pessoa da Divindade, mas simplesmente a atividade de Deus no mundo. Cristo. Cristo deu à humanidade um exemplo moral. Ele também expressou Deus a nós. Cristo não morreu para pagar a penalidade dos nossos pecados ou para imputar a sua justiça aos seres humanos. Ele não era Deus nem salvador, mas simplesmente o representante de Deus. Espírito Santo. O Espírito é a atividade de Deus no mundo, e não uma terceira pessoa da Divindade igual em essência ao Pai e ao Filho. Revelação. A Bíblia é um registro humano falível de experiências e pensamentos religiosos. A validade histórica do registro bíblico é posta em dúvida. As avaliações científicas provam que os elementos miraculosos da Bíblia são apenas expressões religiosas. Salvação. O ser humano não é pecador por natureza, mas possui um sentimento religioso universal. O alvo da salvação não é a conversão pessoal, mas o aperfeiçoamento da sociedade. Cristo deu o exemplo supremo daquilo que a humanidade se esforça por alcançar e irá tornar-se um dia. De maneira característica, a teologia liberal tem negado uniformemente a queda, o pecado original e a natureza substitutiva da Expiação. Futuro. Escola Bíblica ECB – Site: https://www.escolabiblicaecb.com

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Cristo não irá voltar em pessoa. O reino virá a terra como consequência do progresso moral universal.

7. Teologia da Libertação Teologia. A teologia não é vista como um sistema de dogmas e sim como um meio de dar início a mudanças sociais. Essa noção tem sido chamada “a libertação da teologia” (H. Segundo). Essa teologia surgiu a partir do Vaticano II e das tentativas de teólogos liberais no sentido de enfrentarem as desigualdades sociais, políticas e econômicas em face de um cristianismo não mais guiado por uma cosmovisão bíblica. Boa parte do contexto da teologia da libertação tem sido a América Latina e essa teologia tornou-se uma resposta à opressão política dos pobres. Os seus proponentes com frequência têm concepções distintas; na realidade, não existe uma teologia da libertação “unificada.” Antes, trata-se de diversas “alternativas” estreitamente relacionadas que derivam de raízes comuns. Em vez de uma teologia clássica interessada em questões teológicas como a natureza de Deus, o ser humano ou o futuro, a teologia da libertação está interessada neste mundo e em como podem ocorrer mudanças por meio da ação política. Na América Latina em especial, teólogos católicos romanos procuraram combinar o cristianismo e o marxismo. Deus. Deus é ativo, colocando-se sempre ao lado dos pobres e oprimidos e contra os opressores, de modo que não atua de maneira igual para com todos. Os teólogos da libertação acentuam a sua imanência em detrimento da sua transcendência. Deus é mutável. Cristo. Jesus é visto como um messias do envolvimento político. Ele é Deus entrando na luta pela justiça ao lado dos pobres e dos oprimidos. Todavia, ele não foi um salvador no sentido tradicional da palavra. Em vez disso, os teólogos da libertação defendem uma ideia de “influência moral” no que diz respeito à expiação. Nada se diz acerca de uma satisfação da ira de Deus contra o ser humano. Espírito Santo. A pneumatologia está virtualmente ausente da teologia da libertação. Parece difícil encontrar um papel para a obra do Espírito Santo nos sistemas políticos centrados no ser humano. Revelação. A Bíblia não é um livro de verdades e normas eternas, mas de registros históricos específicos (muitas vezes pouco fidedignos). No entanto, muitas passagens são utilizadas em apoio dessa teologia, especialmente o relato do Êxodo. Os teólogos da libertação utilizam a “nova” hermenêutica a fim de defenderem as suas posições. Como a sua teologia se apoia em uma análise marxista e é vista como um modo útil de criar ações “apropriadas” (ver Salvação), eles dão ênfase primariamente a normas éticas que alcancem os fins do movimento. Escola Bíblica ECB – Site: https://www.escolabiblicaecb.com

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Salvação.

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A salvação é vista como uma transformação social em que se estabelece justiça para os pobres e oprimidos. “O católico que não é um revolucionário está vivendo em pecado mortal” (C. Torres). Qualquer método para alcançar esse fim é aceitável, até mesmo à violência e a revolução. Essa concepção tende para o universalismo, e o evangelismo torna-se simplesmente o esforço de gerar consciência e preparar as pessoas para a ação política. Igreja. A igreja é vista como um instrumento para transformar a sociedade: “A atividade pastoral da igreja não é uma conclusão que resulta de premissas teológicas... [ela] tenta ser parte do processo pelo qual o mundo é transformado” (G. Gutiérrez). A neutralidade política não é uma opção para a igreja.

8. Teologia Dispensacionalista Descrição. A teologia dispensacionalista vê o mundo e a história da humanidade como uma esfera doméstica sobre a qual Deus supervisiona a realização do seu propósito e vontade. Essa realização do seu propósito e vontade pode ser vista ao se observarem os diversos períodos ou estágios das diferentes economias pelas quais Deus lida com a sua obra e com a humanidade em particular. Esses diversos estágios ou economias são chamados dispensações. O seu número pode chegar a sete: inocência, consciência, governo humano, promessa, lei, graça e reino. O Povo de Deus. Deus tem dois povos - Israel e a igreja. Israel é um povo terreno e a igreja é o seu povo celestial. O Plano de Deus para o seu Povo. Deus tem dois povos separados, Israel e a igreja, e têm também dois planos separados para esses dois povos distintos. Ele planeja um reino terreno para Israel. Esse reino foi adiado até a vinda de Cristo com poder, uma vez que Israel o rejeitou na sua primeira vinda. Durante a era da igreja Deus está reunindo um povo celestial. Os dispensacionalistas discordam se os dois povos permanecerão distintos no estado eterno. O Plano Divino de Salvação. Deus tem somente um plano de salvação, embora isso muitas vezes seja mal compreendido por causa de inexatidões em alguns escritos dispensacionais. Alguns têm ensinado ou entendido erroneamente que os crentes do Antigo Testamento foram salvos por obras e sacrifícios. Todavia, a maior parte crê que a salvação sempre foi pela graça mediante a fé, mas que o conteúdo da fé pode variar até a plena revelação de Deus em Cristo. O Lugar do Destino Eterno do Povo de Deus. Escola Bíblica ECB – Site: https://www.escolabiblicaecb.com

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Existem divergências entre os dispensacionalistas quanto ao futuro estado de Israel e da igreja. Muitos creem que a igreja irá sentar-se com Cristo no seu trono na Nova Jerusalém durante o milênio quando ele governar as nações, ao passo que Israel será a cabeça das nações da terra. O Nascimento da Igreja. A igreja nasceu no dia de Pentecoste e não existiu na história até aquele tempo. A igreja, o corpo de Cristo, não é encontrada no Velho Testamento, e os santos do Velho Testamento não são parte do corpo de Cristo. O Propósito da Primeira Vinda de Cristo. Cristo veio para estabelecer o reino messiânico. Alguns dispensacionalistas crem que ele deveria ser um reino terreno em cumprimento às promessas do Velho Testamento feitas a Israel. Se os judeus tivessem aceitado a oferta de Jesus, esse reino terreno teria sido estabelecido de imediato. Outros dispensacionalistas creem que Cristo estabeleceu o reino messiânico em alguma forma da qual a igreja participa, mas que o reino terreno aguarda a segunda vinda de Cristo a terra. Cristo sempre teve em mente a cruz antes da coroa. O Cumprimento da Nova Aliança. Os dispensacionalistas não concordam se somente Israel irá participar da Nova Aliança, numa época posterior, ou se tanto a igreja como Israel participa conjuntamente. Alguns dispensacionalistas acreditam que existe só uma nova aliança com duas aplicações: uma para Israel e outra para a igreja. Outros acreditam que existem duas novas alianças: uma para Israel e outra para a igreja. O Problema do Amilenismo e do Pós-Milenismo versus o Pré- Milenismo. Todos os dispensacionalistas são pré-milenistas, embora não necessariamente prétribulacionistas. Esse tipo de pré-milenista crê que Deus irá voltar-se novamente para a nação de Israel, à parte de sua obra com a igreja, e que haverá um período de mil anos em que Cristo reinará no trono de Davi, de acordo com as profecias do Velho Testamento e em cumprimento das mesmas. A Segunda Vinda de Cristo. De acordo com a maioria, primeiro irá ocorrer o Arrebatamento, e então um período de tribulação, seguido do reino de Cristo durante mil anos, após o qual haverá o juízo e o estado eterno.

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Lição 8 - MÉTODOS DA TEOLOGIA

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Método é a maneira de se fazer algo. Em relação à teologia, método é o modo como é feita a investigação para que se obtenha um conhecimento seguro e certo da realidade estudada. Há vários métodos que são utilizados no estudo teológico. Cada um deles determina a natureza do sistema daquela teologia. Daí a importância de se adotar um método que conduza a uma teologia válida do ponto de vista bíblico. Vamos ver os principais métodos e por ultimo, um procedimento básico.

1. Os principais métodos a) Método dedutivo. Este método deduz o sistema de princípios gerais aceitos a priori. Isto é, leva-se o sistema teológico a se acomodar a princípios filosóficos previamente aceitos. Por exemplo, se o teólogo aceita o deísmo, o panteísmo, o evolucionismo, ou o racionalismo como princípio filosófico, certamente os temas teológicos estudados serão interpretados em consonância com o princípio geral aceito. Esta é a razão de termos na historia teologias diversas que se afastaram da ortodoxia cristã. O método dedutivo pode ser usado, mas ele não é o principal, e as deduções devem ser tiradas de premissas corretas. b) Método místico. Alguns afirmam ter recebido revelações especiais de Deus, independentes das Escrituras, e com base nessas revelações têm elaborado suas teologias. Como exemplo da utilização desse método podemos citar Ellen G. White (adventista), Joseph Smith (mórmon), e até mesmo Kenneth Hagin (teologia da prosperidade). O místico depende mais de impressões internas ou subjetivas do que de autoridade e instruções externas. A experiência religiosa tem seu valor e é fundamental na teologia. Entretanto, a experiência com Deus deve ser entendida em conformidade com o ensino da Escritura. Não deve ir além, acrescentando algo novo, nem subtrair da Palavra o que é ensinado. Por exemplo, marcar o dia e a hora da volta de Jesus, como já tem sido feito por alguns, com base em alguma visão ou percepção pessoal, é contrariar o claro ensino da Palavra de Deus que diz que “quanto ao dia e à hora, ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o Filho, senão somente o Pai” (Mt 24.36). c) Método indutivo. Este método procura encontrar princípios gerais partindo de premissas ou dados particulares. Contrapõe-se ao método dedutivo. É usado nas ciências em geral. É o método mais adequado para o exame das Escrituras. Implica na coleção dos fatos bíblicos, sua classificação e estudo acurado do conteúdo e significado deles, determinando suas verdades fundamentais.

2. Um procedimento básico Vamos agora apresentar alguns passos no estudo da teologia, relacionados com o método indutivo. Esses passos ajudam o estudante na elaboração de uma teologia bem fundamentada e contextualizada. São seis passos. Escola Bíblica ECB – Site: https://www.escolabiblicaecb.com

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a) Definir e esclarecer o problema ou a questão teológica a ser estudada, como, por exemplo, a Pessoa de Cristo, o Pecado, o Espírito Santo, a Salvação. b) Identificar as várias soluções do problema que foram sugeridas na história cristã. Isto ajuda a entender a questão nos diversos contextos históricos. c) Estudar a fonte da teologia cristã, a Bíblia, para determinar exatamente o que dizem os textos, e chegar a conclusões preliminares. d) Relacionar as conclusões preliminares com a revelação em geral e com as outras doutrinas já estabelecidas para concretizar a resposta teológica. e) Defender esta conclusão diante da oposição de outras ideias. f) Aplicar as conclusões teológicas às situações específicas da vida neste mundo. Há uma verdade divina, mas há muitas aplicações nos diferentes contextos e situações em que vive o ser humano. É preciso cuidar do método que vamos adotar, porque ele vai determinar aonde vamos chegar. Neste estudo, para os fins que temos em vista, vamos analisar os principais temas da fé cristã, servindo-nos dos melhores autores. Analisaremos os assuntos à luz da revelação bíblica, sem menosprezar as reflexões históricas, procurando explicitar as verdades de Deus para a vida hoje. Para tanto, é preciso ter a mente aberta para ouvir e questionar com o intuito de compreender melhor o que Deus revelou. Não podemos evitar completamente nossos pré-conceitos, mas podemos ter consciência deles e tentar não permitir que eles controlem nossa compreensão da verdade ensinada por Deus.

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Lição 9 - DEFINIÇÕES DE TERMOS TEOLÓGICAS

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Antilegomena. Escritos bíblicos que em certo momento foram questionados. Apócrifos. Livros supostamente do Antigo Testamento, mas que não possuem embasamento para comprovar a autenticidade quanto a seu caráter profético. Cânon. Do grego "kánon", e do hebraico "kaneh", regra; lista autêntica dos livros considerados como inspirados; Epístolas. Cartas. Evangelho. “Boas Novas; O ensinamento, a palavra de Jesus contida no Novo Testamento”. Homologomena. Livros bíblicos aceitos por todos e que em momento algum foram questionados. Paráfrase. Tradução livre ou solta, onde o objetivo é traduzir a ideia e não as palavras. Pseudoepígrafos. Falsos escritos. Livros não bíblicos, cujos escritos se desenvolvem sobre uma base verdadeira, seguindo caminhos fantasiosos. Revelação. Significa desvendar o que está encoberto, tornar conhecido o que antes estava oculto. Na teologia, revelação é a manifestação que Deus faz de si mesmo e de seus propósitos aos seres humanos, dando-lhes o conhecimento dele e de sua vontade. A revelação inclui a compreensão por parte do ser humano daquilo que Deus manifesta. Se não houve compreensão, a revelação não se realizou. O que Deus revela é a si mesmo e a sua vontade, e não apenas algo acerca dele mesmo. Quer dizer, Deus se mostra presente na história e na vida de pessoas, age e manifesta seus desígnios e a sua vontade, para que essas pessoas o conheçam e vivam em comunhão com ele. A revelação é absolutamente necessária para que o homem conheça a Deus, porque Ele está acima dos pensamentos e das palavras do homem. Sacrilégio. O termo latino de onde se deriva esse vocábulo português é sacrilegus, “ladrão de templos”. À raiz desse vocábulo temos sacer, “santo”, e legere, “reunir”. Um sacrilégio consiste no ato de violar ou profanar qualquer coisa considerada santa ou consagrada. Septuaginta. LXX de Alexandria. Bíblia traduzida para o grego por judeus e gregos de Alexandria, incluindo os livros apócrifos; Teocracia. [Do gr. Theós, Deus + kratia, governo] Governo centrado nas leis de Deus, e exercido por sacerdotes. Teodiceia é a parte da Filosofia que pretende demonstrar racionalmente a existência e os atributos de Deus. Para isso, usa apenas a razão humana, sem Escola Bíblica ECB – Site: https://www.escolabiblicaecb.com

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utilizar nenhum registro sagrado. Esse termo vem do grego, theós, ‘deus”, e dike, “justiça”. Aqueles que procuram explicar o problema do mal preservando ainda assim a ideia de um Deus ortodoxo expõem teodicéias. Teofania. A palavra grega é theophania, que deriva de theos (Deus) phanein (aparecer). A palavra teofania é comumente usada para significar algum tipo de manifestação divina que não comunica ao homem a real essência de Deus. Logicamente, é impossível para um homem ter contato direto com a verdadeira essência divina, pois ele não conseguiria lidar com tal situação e provavelmente não haveria caminho metafísico para que isso ocorresse: Ninguém jamais viu a Deus. O Deus (Filho) unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou (João 1.18). Teologal. Que pertence à teologia. Teologicamente. De modo teológico, segundo os princípios da teologia. Teológico. Refere-se à teologia. Teologismo. Abuso da teologia, das discussões teológicas. Teologização. Discorrer sobre teologia. Refere-se à atividade de pensar e falar a respeito de Deus. Teólogo. Pessoa especializada em teologia. Estudante de teologia. Testamento. Aliança, Pacto, Acordo; Tetragrama. Esse é o nome que se dá às quatro letras que representam o inefável nome de Deus, Yahweh, ou seja, YHWH. Tradução. Ação de traduzir, de transpor para outra língua. Variantes. Diferenças encontradas nas diferentes cópias de um mesmo texto, mediante comparação. Elas atestam o grau de pureza de um escrito. Versão. Tradução da língua original para outra língua. Antropopatia. Atribuição de sentimentos humanos à divindade, a outros seres ou a coisas da natureza (Gn 6.6). Apologética. Estudos que visam defender a fé cristã. Apostasia. Abandono da fé e doutrinas de uma instituição religiosa. As seitas acusam de apostasia os adeptos que deixam seus ensinos. Contudo, só há apostasia quando as doutrinas bíblicas são abandonadas (1 Tm 4.1,2). Herege. Alguém que professa uma doutrina contrária à doutrina ensinada pela Igreja. Biblicamente, é alguém que se afastou da fé cristã (Lc 23.43). Heresia. Um ensino falso, uma afirmação que se desvia das doutrinas cristãs (1 Jo 5.8). Escola Bíblica ECB – Site: https://www.escolabiblicaecb.com

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Literalismo. Processo ou prática de interpretação literal do texto bíblico.

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Polissemia. Quando uma palavra possui muitas significações (Is 9.6). Proselitismo. Discipulado que leva um indivíduo à conversão ideológica (Mt 28.19,20). Sofisma. Argumento aparentemente correto, mas, na realidade, falso. O sofisma supõe má-fé por parte de quem o apresenta; falácia, silogismo (Mt 26.26-29).

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Lição 10 - RAMOS DO CONHECIMENTO HUMANO, AUXILIARES NO ESTUDO DE TEOLOGIA 1) História Universal – É um ramo essencial a todos os demais ramos da ciência humana e, em particular, as histórias do Egito, da Babilônia, da Assíria, da Grécia, de Roma e da Europa medieval e moderna, que são auxiliares especialmente da ciência teológica. 2) A arqueologia – No seu sentido mais compreensivo, abrange a interpretação de inscrições. Monumentos, moedas e remanescentes das artes. 3) A etnologia – A ciência das divisões da família humana em raças e nações e da sua dispersão sobre a face da terra. 4) A filologia comparativa – A ciência que, tomando como ponto de partida os grupos naturais das línguas humanas, investiga as relações e origens das línguas e dialetos. 5) A ciência da religião comparativa (religiões comparadas) – O estudo crítico e a comparação da história, das crenças, do espírito, dos princípios, das instituições e do caráter prático de todas as religiões étnicas, investigando a luz que elas lançam sobre: a) A natureza e a história humana, b) O governo moral de Deus, e c) A revelação sobrenatural contida nas Escrituras Sagradas. 6) A filosofia – A base e mestra de todas as ciências meramente humanas. Abrange a história da origem e do desenvolvimento de todas as diversas escolas filosófica. 7) A psicologia. Etc.

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Lição 11 – OUTRAS RAZÕES PARA ESTUDAR TEOLOGIA Palavras como teologia e doutrina têm conotações negativas para muitos cristãos. Isto é uma grande tragédia, pois acredito firmemente que todo cristão precisa estudar teologia em algum momento de sua caminhada cristã. Aqui vão cinco razões de porque você precisa estudar teologia, e possivelmente algumas delas você não tenha considerado antes.

1. Você já é um teólogo Por que você precisa estudar teologia? Porque teologia não é uma coisa que apenas o professor de teologia tem – todos nós cremos em alguma coisa sobre Deus e, portanto, somos teólogos à nossa própria maneira. No entanto, o que precisa ser questionado é se o que você crê é correto, e o estudo da teologia pode ajudar a responder essa pergunta.

2. Seu amor por Jesus é intrinsicamente ligado com seu conhecimento de sua Palavra Por que você precisa estudar teologia? Porque Jesus disse: “Se me amais, guardareis os meus mandamentos” (João 14.15). Ouvi alguém dizendo que o certo cristão pode não ser grande teologicamente, mas estava tudo bem porque ele realmente amava Jesus. Entretanto, Jesus diz que se nós o amamos, obedeceremos ao que ele ordena. Como nós podemos obedecê-lo se nós não vamos à sua Palavra para conhecer corretamente seus mandamentos?

3. Sua doutrina determinará como você vive Por que você precisa estudar teologia? Porque o que você acredita (sua doutrina) determinará como você vive (sua prática). Isto pode ser visto em sua vida cotidiana. Se você acredita que alguma coisa é venenosa, você simplesmente não a bebe. Similarmente, suas crenças sobre Deus e sua Palavra determinam como você vive dia a dia. Por exemplo, se você acredita que Deus fala somente através de sua Palavra então você a estudará diligentemente. Entretanto, se você acredita que Deus fala através de impressões e coisas parecidas, então você procurará por aquela pequena voz silenciosa. O exemplo acima drasticamente muda como uma pessoa procurará encontrar a vontade de Deus para sua vida, e ilustra porque você precisa estudar teologia.

4. Suas afeições determinarão o que você estuda Por que você precisa estudar teologia? Porque onde suas afeições estão colocadas determinará o que você gastará tempo estudando. Se seu hobby é fotografia você desejará estudar o assunto Escola Bíblica ECB – Site: https://www.escolabiblicaecb.com

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para saber como melhorar suas fotografias e aumentar seu amor e apreciação por esse passatempo. Da mesma forma, se você é cristão e sua afeição principal está sobre Deus, por que você não desejaria estudar a Palavra para aumentar seu amor e apreciação por ele e sua Palavra?

5. Sua humildade depende disso Por que você precisa estudar teologia? Porque sem estudar teologia, é possível que você pense muito bem sobre você, mas não bem o bastante de Deus. Se for verdade que o conhecimento incha (1 Coríntios 8.1), as Escrituras, pelo contrário, quando corretamente entendidas e aplicadas, darão a você, por exemplo, o conhecimento da depravação e miserabilidade humana diante de Deus, e também darão conhecimento da magnificência, santidade, soberania e graça de Deus, o que somente pode servir para levar um verdadeiro convertido a ajoelhar-se em humildade. Possa Deus ser glorificado quando você estudar teologia, com o desejo de saber mais sobre sua revelação especial ao homem. MATERIAL BÁSICO PARA O ESTUDANTE DE TEOLOGIA 1. Bíblia (De preferência tenha mais de uma versão. Ex. ARC/ NAA/ NTLH/ ACF/ NVI/ BV). Nota. ARC – Almeida Revista Corrigida NAA – Nova Almeida Atualizada NTLH – Nova Tradução na Linguagem de Hoje ACF – Almeida Corrigida Fiel NVI – Nova Versão Internacional BV – Bíblia Viva 2. Dicionários bíblicos 3. Enciclopédia Bíblica 4. Concordância Bíblica 5. Dicionário da Língua Portuguesa 6. Dicionário Teológico 7. Atlas Bíblicos 8. Caderno para apontamentos pessoais Esta é uma boa lista para quem quer estudar teologia.

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Lição 12 - COMO SE DESENVOLVEU A TEOLOGIA CRISTÃ A teologia cristã não nasceu nos seminários teológicos. Ela não é fruto de uma iniciativa que demandava a criação de uma grade curricular em que as disciplinas eram dispostas por uma didática selecionada de matérias como se vê hoje nos seminários teológicos. A evolução do pensamento teológico foi marcada por lutas, tribunais, perseguições e mortes. Muito sangue foi derramado na construção da teologia cristã. A opinião de uns e a obstinação de outros, somadas à intransigência dos que defendiam interesses institucionais, levaram líderes e nações a guerrearem uns contra os outros. O espírito de amor e de paz tão defendido pelos apóstolos de Jesus Cristo não demorou a desaparecer após a morte daqueles baluartes da fé. O apóstolo Paulo estava certo do que aconteceria após sua morte: “Porque eu sei isto: que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não perdoarão o rebanho. E que, dentre vós mesmos, se levantarão homens que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos após si” (At 20.29,30). Já nos dias apostólicos, era forte a presença de algumas heresias no seio da Igreja. Por um lado, Paulo debateu com os judaizantes que queriam manter os crentes presos às regras e às tradições judaicas, privando-os de desfrutarem da liberdade que há em Cristo. De outro lado, também debateu com os gnósticos, os quais misturavam filosofia com a doutrina cristã, confundindo os crentes com suas heresias absurdas. Muitas outras questões alheias ao pensamento cristão ainda seriam plantadas pelo diabo para desviar do seu propósito inicial não apenas algumas pessoas, mas toda a Igreja de Jesus, transformando-a em uma grande e prostituída instituição. Os líderes dela já eram chamados de Pais no segundo século. Do segundo ao quarto séculos, a Igreja foi dando sinais de adoecimento com a semeadura de grandes heresias.

II. AS FUNÇÕES DA TEOLOGIA A teologia possui algumas funções. Entre elas estão à clarificação, a integração, a correção, a declaração e o desafio. 1. Clarificação É importante estabelecer com a maior clareza possível o que afirma a comunidade cristã. Isso serve basicamente para as pessoas da comunidade que precisam ser instruídas na fé. Muitas vezes há falta de entendimento em várias áreas doutrinárias. A participação na experiência cristã é, claro, algo imprescindível, mas isso não traz pleno entendimento de maneira automática. É preciso uma instrução complementar para que possa ocorrer um esclarecimento cada vez maior da verdade. A intenção dessa instrução é que o indivíduo cristão se torne “como obreiro que não tem do que se envergonhar e que maneja corretamente a palavra da verdade” (2 Tm 2.15).

2. Integração Escola Bíblica ECB – Site: https://www.escolabiblicaecb.com

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A teologia deve ajudar a juntar tudo, integrando uma verdade com outra. A teologia não trata só de clarificar as doutrinas isoladas, mas também de demonstrar como elas se encaixam formando um desenho completo. A integração é importante em tudo o que diz respeito à vida e, decerto, isso é verdade na área da fé cristã.

3. Correção A teologia serve como corretivo para desvios da verdade. Ao articular da maneira mais clara possível as várias verdades da fé cristã, indiretamente, ela procura remediar desequilíbrios ou erros que possam ter ocorrido. É essencial para a saúde da fé cristã que seja afastada desses desvios. Infelizmente, a participação na fé e na experiência cristã não é uma garantia contra a entrada furtiva de heresias. Aliás, a maior parte das heresias que têm afligido a igreja tem surgido não de oponentes de fora, mas de equívocos em seu interior. Às vezes isso se deve à ênfase exagerada em certa doutrina que assim fica inflada de modo desproporcional à sua devida importância.

4. Declaração Outra função da teologia é fazer conhecido publicamente o que defende a comunidade cristã. Dizemos ao mundo: “Esta é a bandeira sob a qual nos levantamos; esta é a verdade que proclamamos para que todos ouçam”. Paulo escreve: “A intenção dessa graça era que agora, mediante a igreja, a multiforme sabedoria de Deus se tornasse conhecida dos poderes e autoridades nas regiões celestiais” (Ef 3.10). Evidentemente, a igreja declara a sabedoria de Deus na pregação do evangelho; mas, em particular, é em sua expressão teológica que a multiformidade da verdade divina é apresentada para os que queiram ouvir.

5. Desafio Há diferenças de doutrina dentro de várias comunidades cristãs, chegando com frequência a separá-las umas das outras. No passado, desenvolveram-se extremos em questões como a soberania de Deus e a liberdade humana, a divindade e a humanidade de Jesus e a natureza dos sacramentos. No presente, os extremos são particularmente evidentes na área da escatologia. É a tarefa desafiadora da teologia procurar descobrir onde está a verdade e estabelecê-la de modo claro e coerente. Algumas diferenças podem ser reconhecidas como questões principalmente de semântica; outras são muito mais substantivas em caráter. De qualquer modo, a teologia enfrenta esse desafio sempre presente. Pela ordem das prioridades, o primeiro alvo da teologia é a própria comunidade cristã. A clarificação, a integração e a correção já descritas estão obviamente relacionadas com o benefício e fortalecimento daqueles que participam da fé e da experiência cristãs. Entretanto, há a declaração, essa função orientada para o mundo, cuja importância não deve ser menosprezada. Escola Bíblica ECB – Site: https://www.escolabiblicaecb.com

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No mínimo, ela representa um tipo de responsabilidade pública, uma razão de ser para a comunidade cristã. E isso — quaisquer que sejam os resultados — não deixa de trazer por sua vez algum benefício para a comunidade cristã. Há valor indubitável, tanto comunal como pessoal, em tornar pública uma posição.

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Lição 13 – COMO DESEMPENHAR A TAREFA DE ARTICULAR A TEOLOGIA? I. A DIREÇÃO DO ESPÍRITO SANTO E A CONFIANÇA NA BÍBLIA 1. Buscar a direção do Espírito Santo É só por meio da orientação contínua do Espírito Santo que se pode realizar o trabalho teológico. “Quando o Espírito da verdade vier, ele os guiará a toda a verdade” (Jo 16.13). Essas palavras de Jesus expressam o fato fundamental de que o Espírito Santo é o guia para toda a verdade. A comunidade cristã, para quem veio “o Espírito da verdade”, o Espírito Santo, possui o Guia em seu interior. Esse mesmo Espírito “lhes ensinará todas as coisas” (Jo 14.26). O Espírito Santo, além disso, foi prometido não só para estar com os cristãos, mas também nos cristãos: “ele vive com vocês e estará em vocês” (Jo 14.17). Assim, a comunidade cristã possui o Guia em seu interior, o Mestre, como uma presença residente. A questão essencial, portanto, é permitir que a realidade interna, o Espírito Santo, conduza a toda a verdade. Aprofundando: o fato básico de o Espírito Santo ser o Espírito da verdade e ser residente significa que a verdade habita dentro da comunidade cristã. “Vocês têm uma unção que procede do Santo, e todos vocês têm conhecimento” (1 Jo 2.20).

2. Confiança nas Escrituras As Escrituras do Antigo Testamento e do Novo Testamento são inspiradas por Deus e devem receber plena confiança ao se desenvolver a tarefa da teologia. Elas apresentam em forma escritas a declaração da verdade divina e assim são a fonte e medida objetiva para todo o trabalho teológico. As Escrituras em toda a sua extensão proveem os dados materiais para a doutrina cristã e a subsequente formulação teológica. As palavras de 2 Timóteo 3.16,17 são bem adequadas: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino [doutrina], para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra”. De acordo com essa declaração, a totalidade das Escrituras é “soprada por Deus” (o sentido literal de “inspirada”) e, assim, dada diretamente por Deus. Assim, existe na Escritura uma autoridade que não pertence apensamentos ou palavras humanas, não importa quanto são guiados pelo Espírito Santo. A teologia deve voltar-se primeiro para as Escrituras ao cumprir sua tarefa.

3. A inspiração do Antigo e do Novo Testamento Essa inspiração das Escrituras refere-se a ambos: o AT e o NT. As palavras de Paulo em 2 Timóteo podem ser consideradas com o referências só ao AT, já que o Escola Bíblica ECB – Site: https://www.escolabiblicaecb.com

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NT obviamente, ainda não estava completo. Entretanto, que os escritos de Paulo, bem como alguns outros, foram desde cedo reconhecidos como Escrituras evidencia-se nas palavras de 2 Pedro 3.15,16, que, depois de falar das cartas de Paulo, faz referência às “demais Escrituras”! Assim, a questão básica para a teologia é: “Que diz a Escritura?”. Pois só ela é a regra objetiva da verdade cristã. Devem-se observar mais algumas questões importantes: A) Há uma grande necessidade de um conhecimento crescente das Escrituras — de todas elas O ideal é que haja um conhecimento instrumental das línguas originais. Uma tradução interlinear é valiosa, especialmente quando usada em conjunto com léxicos. Comparar várias versões é também útil na obtenção de uma perspectiva mais completa. É importante, além disso, aprender tudo o que for possível acerca do pano de fundo, composição e formas literárias da Bíblia e, com isso, saber como estudá-la e compreendê-la melhor. Questões como o contexto histórico e cultural, o propósito de determinado livro e o estilo da escrita (e.g., história, poesia, parábola, alegoria) são essenciais para a compreensão a fim de se chegar à devida interpretação. Além disso, é importante não ler a passagem isolada, mas vê-la em seu contexto mais amplo e, se o significado não é claro, compará-la com outras passagens que possam lançar mais luz. Todo o campo da hermenêutica — a saber, os princípios da interpretação bíblica — exige compreensão plena para que se realize um trabalho teológico sério. B) Nunca podemos ir além da Escritura na busca da verdade Paulo ordena aos coríntios: “Aprendais a não ir além do que está escrito [Isto é, a Escritura]” (1 Co 4.6). 22 Isso fala contra qualquer fonte extra bíblica como tradição, visão pessoal ou suposta nova verdade apresentada como algo complementar ou superior ao que está registrado nas Escrituras Sagradas. A doutrina sadia estabelecida por um trabalho teológico genuíno não pode depender de outras fontes primárias que não sejam as Escrituras. Além disso, precisamos considerar as palavras que alertam contra interpretações individuais e distorções das Escrituras. Em 2 Pedro, lemos, primeiro, que “nenhuma profecia da Escritura provém de interpretação pessoal” (1.20). Trata-se de um alerta urgente contra a falha de não ficar sob a autoridade da Escritura — ainda que se possa alegar submissão externa — mas submetê-la à própria interpretação. A verdade, porém, fica severamente ameaçada quando, embora a Escritura seja respeitada da boca para fora, prevalece à interpretação particular e a Escritura é esvaziada de seu verdadeiro significado. Um alerta semelhante é dado por Pedro acerca das cartas de Paulo e “as demais Escrituras” que “os ignorantes e instáveis torcem, como também o fazem [...] para a própria destruição deles” (2 Pe 3.16). A distorção da Escritura, que tem ocorrido com frequência na história da igreja, é uma questão ainda mais séria que a interpretação particular, pois toma toda a verdade divina e a muda. Escola Bíblica ECB – Site: https://www.escolabiblicaecb.com

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C) Não pode haver um entendimento verdadeiro da Escritura sem a iluminação interna do Espírito Santo. Já que toda a Escritura é “inspirada por Deus”, é só quando essa inspiração de Deus, o Espírito de Deus, move-se sobre as palavras que seu significado pode ser verdadeiramente compreendido. A resposta a “Que diz a Escritura?” é mais que uma questão de conhecimento da informação nela contida, mesmo que obtida pela exegese mais cuidadosa, consciência da situação histórica, apreciação das formas linguísticas etc. A Escritura só pode ser compreendida em profundidade mediante iluminação do Espírito Santo. Sem o Espírito há cegueira na leitura das Escrituras; com o Espírito há iluminação no entendimento das coisas de Deus. D) Familiaridade com a história da igreja Para que a teologia consiga realizar adequadamente seu trabalho, é também necessária uma familiaridade com a história da igreja. Isso significa que as afirmações dos concílios da igreja, seus credos e confissões contêm a maneira pela qual ela tem, em várias épocas, expressado sua doutrina. Os escritos dos pais da igreja primitiva, de teólogos reconhecidos (os “doutores” da igreja), de comentaristas bíblicos de renome e, assim, o pensamento cristão ao longo dos séculos — tudo isso é proveitoso para a teologia. O período da igreja primitiva com seus escritos pós-apostólicos e patrísticos e também os concílios ecumênicos representando a igreja inteira são especialmente importantes. O Credo apostólico o Credo niceno, o Credo de Calcedônia — para mencionar alguns dos grandes credos universais primitivos — contribuíram muito para estabelecer o padrão da fé cristã ortodoxa através dos séculos. E) Consciência do cenário contemporâneo Quanto mais a teologia é informada daquilo que está ocorrendo na igreja e no mundo, tanto mais relevante e oportuno será o escrito teológico. Há necessidade, em primeiro lugar, de conhecer a situação em que se encontra a comunicação. Vivemos numa era de comunicação multimídia — televisão, rádio, imprensa —, e isso exige especialização cada vez maior para que a mensagem fique clara. O homem moderno, tanto dentro como fora da igreja, é tão bombardeado por informações esparsas, propagandas, conversas de vendedor etc. que não é fácil refletir sobre a verdade cristã ou tomar tempo para uma reflexão teológica séria. Além disso, é muito comum os teólogos serem maus comunicadores: a linguagem deles é de difícil compreensão e raramente têm a brevidade por ponto forte. Há necessidade de escritos teológicos muito melhores e mais contemporâneos. O teólogo, sempre que possível, deve expressar conceitos difíceis em linguagem clara e até permitir que o leitor tenha prazer em compreender o que se diz! Tudo isso significa tradução com a consequente compreensão. F) Crescimento na experiência cristã Por fim, é essencial que haja crescimento contínuo na experiência cristã para que a teologia desempenhe bem o seu papel. Podemos observar aqui alguns pontos. Escola Bíblica ECB – Site: https://www.escolabiblicaecb.com

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Primeiro: a tarefa da teologia exige que tudo seja feito numa atitude de oração. Só numa atmosfera de comunhão persistente com Deus é realmente possível falar de Deus e de seus caminhos. A teologia, com certeza, é escrita na terceira pessoa; é um “falar acerca de Deus”. Entretanto, sem um constante “eu-tu”, um relacionamento de oração em segunda pessoa, o trabalho teológico torna-se frio e impessoal. A oração “no Espírito” é particularmente importante, pois, por ela, como diz Paulo, a pessoa “pronuncia mistérios no Espírito” (1 Co 14.2), 31 e esses mistérios, interpretados pelo Espírito, podem levar a uma compreensão mais profunda das verdades apresentadas na Escritura. A vida de oração, constantemente renovada e sempre em busca da face do Senhor, é fundamental num trabalho teológico significativo. Segundo: deve haver um senso cada vez mais profundo de reverência. É de Deus que a teologia fala. Ele é o assunto do começo ao fim, seja o que for que se possa falar acerca do Universo e do homem. Esse Deus é aquele que deve ser adorado em santa disposição, aquele de quem o nome deve ser honrado, aquele cuja própria presença é um fogo consumidor. A teologia, percebendo que fala daquele diante de quem toda boca deve primeiro calar-se, só pode exercer sua função num espírito de reverência contínua. Terceiro: exige-se uma pureza de coração cada vez maior. Isso é consequência da palavra anterior sobre reverência, pois o Deus da teologia é Deus santo e justo. Falar dele e de seus caminhos (e falar a verdade) exige um coração que passa por purificação constante. “Bem-aventurados os puros de coração, pois verão a Deus” (Mt 5.8) aplica-se com peso extraordinário ao teólogo. Ora, ele deve ver para escrever, e não se pode ver com olhos turvos e coração impuro. Quarto: a teologia deve ser feita num espírito de amor crescente. O Grande Mandamento, “Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento” (Mt 22.37), aplica-se com particular força ao trabalho da teologia. Quinto, e da maior importância: todo o trabalho de teologia deve ser feito para a glória de Deus. A comunidade cristã precisa pôr diante de si, constantemente, o alvo de glorificar Deus em todos os empreendimentos teológicos. Nas palavras de Jesus: “Aquele que busca a glória de quem o enviou [o Pai], este é verdadeiro; não há nada de falso a seu respeito” (Jo 7.18). Mesmo assim, o alvo da comunidade em cada expressão teológica, tanto de modo coletivo como por meio de seus especialistas, não deve ser a glória própria, mas dar glória constante a Deus. Nesse espírito, a teologia pode ser uma testemunha fiel do Deus vivo. A teologia é um jeito de amar Deus com a mente, mas deve ser feita no contexto de um amor total a Deus. A teologia é algo apaixonante: é reflexão nascida da devoção.

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Lição 14 - A TEOLOGIA NA CONSTRUÇÃO DA COSMOVISÃO CRISTÃ 1. Contexto atual O mundo de hoje é controlado pelo irracionalismo e pelo anti-intelectualismo. Sem um padrão absoluto de conhecimento, o homem aceita o relativismo como se fosse à única coisa razoável. Portanto, ouve-se muito a ideia de que é arrogante dizer que só existe uma religião verdadeira e só um caminho certo para conhecer a Deus. Também, há um relativismo prático, o que é expresso através de hedonismo. Segundo o homem moderno, não há uma lei absoluta e nem um Deus que seja legislador. O pluralismo é o sumo bem. Portanto, no comportamento do indivíduo hoje, vale tudo. Dentro deste mundo de pluralismo, existem muitas cosmovisões que são usadas para dar sentido ao mundo. Mesmo que ele esteja cativo de uma filosofia irracional, o ser humano, por natureza, sempre está buscando um jeito para explicar, entender e dar ordem ao seu mundo da experiência. Todo mundo tem uma filosofia de vida, uma cosmovisão. Ela pode ser o espiritismo, o Catolicismo, o humanismo ou uma filosofia eclética que seja uma mistura de várias coisas contraditórias. Essa filosofia poderia ser chamada de “uma cosmovisão de self-service4” porque cada pessoa entra na fila e pega aquilo que acha que lhe serve por hoje. Amanhã pode ser algo diferente. Há algumas pessoas que pensam mais profundamente e tentam construir uma cosmovisão coerente e que dê respostas às perguntas e problemas da vida. Elas percebem que a filosofia “self-service” não basta, mas mesmo assim, até os filósofos profissionais estão ainda chegando à conclusão de que realmente não existe uma posição racional. Neste contexto, o crente enfrenta o desafio de alcançar o mundo para Cristo. E o evangelho é mais do que um tipo de segurança contra incêndio. É uma vida para ser vivida, e apresenta um Senhor para ser servido. O evangelho exige que as cosmovisões dos descrentes sejam derrotadas e que a cosmovisão da Bíblia seja construída em seu lugar. Cada centímetro da criação pertence a Cristo e isso inclui todos os pensamentos dos homens. Jesus não aceita nada menos do que submissão total. A Teologia Sistemática é uma parte essencial da tarefa de construir uma cosmovisão cristã. A cosmovisão cristã contém mais do que é normalmente considerado na disciplina de cosmovisão cristã. A Teologia Sistemática nos ajuda a responder às perguntas 4

Self service é uma expressão em inglês que significa “serviço próprio” ou “autosserviço”, na tradução livre para a língua portuguesa.

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de nossa época, às filosofias do mundo, e aos problemas que o ser humano tem sempre enfrentado, de maneira plena, racional e adequada para se viver uma vida autêntica. Vamos começar nosso estudo da Teologia Sistemática, portanto, com uma definição e um esboço do conceito de cosmovisão.

2. O que significa “cosmovisão”? É uma maneira de ver o mundo! Ela é a interpretação que fazemos da realidade derradeira. É o sistema de pressupostos que usamos para organizar e interpretar nossa experiência da vida. É literalmente nossa visão do cosmos. Segundo James Sire (The Universe Next Door, IVP) “uma cosmovisão é um conjunto de pressuposições (pressupostos que podem ser verdadeiros, verdadeiros em parte, ou totalmente falsos) que nós abraçamos (conscientemente ou não, consistentemente ou não) acerca da composição básica do nosso mundo.”.

3. Quatro provas da verdade surgem da estrutura da cosmovisão 3.1. Suficiência dos pressupostos: Qual é o ponto de referência final? Os pressupostos básicos são suficientes para a interpretação do universo? Prova da verdade - A cosmovisão que deixa perguntas maiores sem respostas não pode ser verdadeira. 3.2. Consistência interna: A lei de não contradição é fundamental. A é igual a A. A não é igual a não A. Prova da verdade - Aquilo que é uma contradição lógica não pode ser verdadeira. Uma contradição lógica é a afirmação e a negação de uma declaração (uma proposição) no mesmo sentido e no mesmo tempo. 3.3. Ajusta-se aos fatos? Consistência com experiência externa. Prova da verdade – Aquilo que não concorda com os fatos interpretados corretamente não pode ser verdadeiro. 3.4. Viabilidade existencial: Quais são as consequências práticas? É possível viver sem hipocrisia e construir uma civilização nessa cosmovisão? Prova da verdade Uma filosofia que não pode ser vivida autenticamente, não pode ser verdadeira.

4. Elementos de uma cosmovisão Uma cosmovisão tem quatro partes: 4.1 Teoria do conhecimento: epistemologia. Como nós conhecemos o que é verdadeiro? Razão e lógica (racionalismo), ciência e experiência dos sentidos (empirismo), intuição (misticismo), não há conhecimento (ceticismo)? Revelação? 4.2 Teoria da existência: ontologia. Qual é a natureza do universo? É espiritual (panteísmo), material (materialismo), ou os dois? Como explicar a unidade e a diversidade do universo? Qual é a natureza de Deus e do homem? Escola Bíblica ECB – Site: https://www.escolabiblicaecb.com

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4.3 Teoria do valor: O que é que eu devo valorizar? O que é o sumo bem? Isso inclui a teoria de ação; a ética, e a teoria de beleza; a estética. Como as pessoas devem se comportar? Como distinguir entre o bem e o mal? 4.4 Teoria do fim ou alvo: teleologia. Qual é o fim da vida e da criação? Por que nós estamos aqui neste universo? O que é a Historia? A historia é cíclica ou vai numa linha em direção a um fim? 4.5 Fica bem claro que quando respondemos a essas perguntas teremos proposições. Uma cosmovisão consiste em várias ideias, proposições (ou seja, doutrinas), que declaram os conceitos chaves do sistema. Para elaborar uma cosmovisão, é preciso falar em doutrina.

5. Funções da Cosmovisão Juntos, os pressupostos implícitos em uma cultura oferecem às pessoas uma maneira mais ou menos coerente de olhar o mundo. A cosmovisão tem várias funções importantes. 5.1 Primeiro, nossa cosmovisão nos dá fundamentos cognitivos sobre os quais construírem nossos sistemas de explicação, fornecendo justificativa racional para crença nesses sistemas. Em outras palavras, se aceitarmos nossas hipóteses de cosmovisão, nossas crenças e explicações fazem sentido. Nós tomamos os pressupostos como certos e raramente os examinamos. Uma cosmovisão nos oferece um modelo ou mapa da realidade estruturando nossas percepções da realidade. 5.2 Segundo, nossa cosmovisão nos dá segurança emocional. Diante de um mundo perigoso, cheio de forças adversas e incontroláveis crises de seca, doença e morte, e assoladas pelas ansiedades de um futuro incerto, as pessoas se voltam para suas crenças culturais mais profundas em busca de conforto emocional e segurança. Portanto, não são iniciações, casamentos, funerais, celebrações de colheita e outros rituais que as pessoas utilizam para reconhecer e renovar a ordem na vida e na natureza. Uma emoção forte que enfrentamos é o medo da morte. Outra é o terror da falta de sentido. Podemos enfrentar a morte como se fossemos mártires se acreditarmos que há um objetivo para isto, mas estes significados devem trazer profunda convicção. Nossa cosmovisão fortalece nossas crenças fundamentais com reforço emocional para que elas não sejam facilmente destruídas. 5.3 Terceiro, nossa visão de mundo legitima nossas normas culturais mais profundas utilizadas para avaliar nossas experiências e escolher modos de agir. Ela nos oferece as ideias de justiça e de pecado e como lidar com ele. Também funciona como um mapa para dirigir nosso comportamento. Por exemplo, o mapa de uma cidade não só nos diz o nome das ruas, mas também nos permite escolher o Escola Bíblica ECB – Site: https://www.escolabiblicaecb.com

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caminho que nos leva de nosso quarto de hotel até um restaurante recomendado. Semelhantemente, nossa cosmovisão nos dá um mapa da realidade e também serve como um mapa para dirigir nossas vidas. As cosmovisões servem tanto como funções preditivas como prescritivas. 5.4 Quarto, nossa cosmovisão integra nossa cultura. Ela organiza nossas ideias, nossos sentimentos e valores em único planejamento geral. Assim, nos dá uma visão mais ou menos unificada da realidade, reforçada por emoções e convicções profundas.

6. O Que é a Cosmovisão Cristã? Realmente esta pergunta é o assunto desta matéria. A Teologia Sistemática é uma elaboração da cosmovisão cristã baseada na Bíblia. Nem todos os aspectos da cosmovisão cristã são desenvolvidos nesta disciplina, mas a essência é. Deve ficar claro agora que a doutrina é absolutamente essencial na vida do crente para que ele possa ter uma cosmovisão correta e viver a sua vida de maneira a agradar a Deus. Por que doutrina é importante? 6.1 Doutrina é importante para salvação: João 8.24 “Por isso vos disse que morrereis em vossos pecados; porque, se não crerdes que eu sou, morrereis em vossos pecados”. Portanto, a próprio Jesus disse que salvação depende em ter a doutrina correta.

A condição da igreja evangélica hoje:  O pressuposto de que o crente leigo não está interessado em teologia é bem comum entre os pastores. Dizem que é preciso pregar sermões práticos e pertinentes (como se a teologia da Palavra de Deus não fosse prática ou pertinente) em vez de sermões de teoria. Mas toda prática é a prática de alguma teoria, e se você estiver ignorante da teoria, com certeza a sua prática vai ser errada. No entendimento de Karl Barth, “Não existe ser humano que, de forma consciente, inconsciente ou subconsciente – não tenha o seu Deus ou os seus deuses, como sendo objeto de sua ambição ou de sua confiança mais sublime, como sendo base de seu comprometimento mais profundo. Em decorrência deste fato, qualquer ser humano é teólogo. Não há nem religião, nem filosofia, nem cosmovisão que, seja profunda ou superficial – não se relacione com alguma divindade, interpretada ou circunscrita desta ou daquela forma, e que, portanto, não tenha aspectos de teologia.”.  A heresia da cabeça contra o coração. Na psicologia moderna há uma distinção entre a cabeça e o coração. Dizem que a fé verdadeira é uma coisa do coração e não apenas a cabeça. Os liberais e até muitos evangélicos acham que a fé é algo irracional, que é o contrário de conhecimento. A fé é vista como ser localizada nas emoções. Mas a Bíblia não tem nada disso. Na Escola Bíblica ECB – Site: https://www.escolabiblicaecb.com

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Bíblia não existe uma distinção entre a cabeça e o coração. Fé na Bíblia é altamente racional. A fé não é alicerçada nas emoções. Na Bíblia, no sentido metafórico, o coração é a sede da vida espiritual e intelectual do homem, a natureza íntima da pessoa. Anselmo, Arcebispo de Cantuária (1033 -1109) orou assim: “Senhor, agradeço-te por me teres criado segundo a tua imagem, para que te conheça e ame. Mas essa imagem se acha de tal modo corrompida por pecados, que não consegue cumprir a tarefa para a qual foi criada, a não ser que tu a renoves e recries através da fé em teu Filho crucificado, Jesus Cristo. Desejo apenas entender uma pequena parcela de tua verdade, que meu coração crê e ama. Pois não procuro compreender para poder crer, antes, creio para poder compreender.”. O coração é a sede das emoções, seja de alegria (Dt 28.47) ou de dor (Jr 4.19), da tranquilidade (Pv 14.30) e da raiva (Dt 19.6), etc. É a sede do entendimento e do conhecimento, das forças e poderes racionais (1 Rs 3.12; 4.29), bem como de fantasias e visões (Jr 14.14). Do outro lado, a estultice (Pv 10.20-21) e os maus pensamentos, também operam no coração. A vontade tem sua origem no coração, como também a intenção bem ponderada (1 Rs 8.17) e a decisão que está pronta a ser colocada em vigor (Êx 36.2). Significa a pessoa em sua totalidade (Sl 22.26,27; 73.26; 84.2,3). É sede da reverência e da adoração (1 Sm 12.24; Jr 32.40). O coração dos fiéis se inclina em fidelidade à lei de Deus (Is 51.7) e o dos ímpios é endurecido e está longe de Deus (Is 29.13). É no coração que se realiza a conversão a Deus (Sl 51.10, 17; Jl 2.12). O coração representa o ego do homem (1 Pe 3.4). O pecado marca, domina e estraga não somente os aspectos físicos do homem natural, não somente seu pensar, desejar, sentir, mas também a fonte dos mesmos, a parte mais íntima da existência humana, seu coração. Se, porém, o coração ficou escravizado pelo pecado, à totalidade está em escravidão. Os pensamentos maus vêm do coração (Mc 7.21, Mt 15.19), desejos vergonhosos habitam no coração (Rm 1.24), o coração é desobediente e impenitente (Rm 2.5, 2 Co 3.14-15), duro e infiel (Hb 3.12), embotado e escurecido (Rm 1.21, Ef 4.18). Os gentios não podem se desculpar diante de Deus, porque levam no coração o conhecimento daquilo que é justo e reto aos Seus olhos (Rm 2.15). Somente Deus pode revelar as coisas escondidas do coração do homem (1 Co 4.5), examiná-las (Rm 8.27) e testá-las (1 Ts 2.4). É porque a corrupção brota do coração que Deus começa ali Sua obra de renovação (1 Co 2.9, At 16.14, 2 Co 4.6). Quando o Espírito faz sua moradia no coração, o homem já não é escravo do pecado, mas sim, um filho e herdeiro de Deus (Gl 4.67).

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Conclusão

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A grade do curso de teologia da Escola Bíblica ECB, é rica em conteúdo, a fim de preparar o crente para manejar bem a Bíblia Sagrada. E assim não ser enganado pelas doutrinas de demônios e nem se deixar influenciar pelas várias doutrinas heréticas. “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade (2 Tm 2.15)”. “MAS o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios (1 Tm 4.1)”. “Não vos deixeis levar em redor por doutrinas várias e estranhas, porque bom é que o coração se fortifique com graça, e não com alimentos que de nada aproveitaram aos que a eles se entregaram (Hb 13.9)”. Ao concluir o curso teológico da Escola ECB, você obterá:    

Preparo teológico para a vida cristã e ministerial; Fundamentos para a realização de um ministério eficaz; Ferramentas para ensinar a sã doutrina e combater as heresias; Capacitação para pregar e ensinar a Palavra de Deus.

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Fonte Bibliográfica

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- ALAN MYATT, PH. D. /FRANKLIN FERREIRA, TH.M. TEOLOGIA SISTEMÁTICA - AULETE, DICIONÁRIO DIGITAL. - BFL, BÍBLIA FÁCIL DE LER. - BÍBLIA APOLOGÉTICA DE ESTUDO - DICIONÁRIO TEOLÓGICO, CPAD - Franklin Ferreira e Alan Myatt, Teologia Sitemática - GEISLER, Norman, Teologia Sistemática: Introdução à A bíblia, Deus e a Criação. Ed. CPAD, ano: 2010 - H. WAYNE HOUSE. Ed. VIDA. TEOLOGIA CRISTÃ EM QUADRINHO - HAJA-LUZ. NOAH-INC.NET - PRMAURICIOBRITO. BLOGSPOT.COM - SEVERA, Zacarias de Aguiar. Manual de Teologia Sistemática. 2ª Edição de 2014, Editora A.D SANTOS - TEOLOGIAHOJE.BLOG.COM - TERESINAGOSPEL.COM. BR - WILLIAMS, J. Rodman Teol. Sist. Uma Perpectiva Pententecostal. Ed. Vida - WWW.GOTQUESTIONS.ORG

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(025) Teologia Sistemática Elementar

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