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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO - UFRRJ PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO - PROEXT DEPARTAMENTO DE ARTE E CULTURA - DAC PRÉ-ENEM DA UFRRJ
Língua Portuguesa Prof.ª Lorye de Lucas (Campus Seropédica, Nova Iguaçu e Três Rios) Tutor-supervisor: Prof. Luis Fernando de Souza
RELAÇÕES INTERNAS E EXTERNAS AO TEXTO: IMPLÍCITOS E SUBENTENDIDOS
pensa ser melhor não explicitar, ou seja, todos os
Dando sequência aos estudos textuais de
entrelinhas textuais, aquilo que fica subentendido.
nossa língua, neste capítulo você adquirirá o
Essa ponderação, que depende tanto do autor
conhecimento de dois processos imprescindíveis
quanto do público-alvo para o qual se destina o
para o aperfeiçoamento de sua capacidade
texto, é o que de fato mais instiga a capacidade de
interpretativa, os quais estão envolvidos com as
comunicação textual, pois podemos expressar
relações de referenciação que podemos promover,
sentidos que sejam facilmente captados pelo
tanto intra quanto extratextuais, pois sabemos que
interlocutor, como também fazer com que outros
o sentido de um texto não se estabelece apenas
não sejam exatamente interpretados do modo
nos aspectos internos dos discursos nele contidos
como aparentam, isto é, podemos dizer coisas
(organização estrutural, funções da linguagem,
para além do que está escrito ou do que foi
regras do sistema linguístico etc.), mas também
falado. Essa capacidade decorre a partir das
está relacionado aos elementos externos que o
informações
constituem (a situação de produção discursiva, os
“subentendidas” e se devem a dois processos
interlocutores e suas intenções, o grau de
principais: os pressupostos e as inferências.
“implícitos” nas mensagens, que estão nas
que
estão
“implícitas”
ou
formalidade ou informalidade, o espaço e tempo
• PRESSUPOSTOS
determinados, dentre outros). Em uma produção textual, portanto, o autor deve fazer um “balanceamento” das informações
explícitas
que
acredita
Pense no seguinte exemplo. Na sala de aula, depois de saber do resultado de uma avaliação, o
serem
professor diz à turma: “Nossa, Pedro continua
necessárias à plena compreensão das mensagens,
tirando boas notas”. Neste caso, de modo
lembrando que “explícito” é tudo aquilo que estiver evidenciado no texto (podemos ler, pois está escrito, ou então escutar, por ter sido dito com todas as palavras), bem como aquelas que
explícito, o professor comunicou que Pedro tirou uma boa nota. No entanto, de modo implícito, há informações que antecedem o que foi dito, que são: 1) – Pedro é um de seus alunos,
compreendido pelo contexto situacional; 2) –
enuncia - “mas”, “contudo”, “embora”, “apesar
Pedro
de” etc.
já
tirava
percebido
pelo
boas notas anteriormente, verbo
“continuar”.
Essas
O
recurso
de
pressuposição
é
muito
informações podem parecer óbvias, porém só são
importante para que, em um texto, não seja
evidentes graças ao mecanismo da pressuposição.
necessário comunicar uma informação óbvia, já
Nem sempre os pressupostos serão tão fáceis de
que é anteriormente apreendida como verdadeira
ser
da
pelo interlocutor, sendo desnecessário evidenciar
mensagem ter conhecimento sobre o contexto
na mensagem. Comunicar o óbvio recebe o nome
global da comunicação estabelecida. Ou seja,
de “truísmo”, o que se deve evitar sempre que
sempre quando houver informações em um texto
possível, pois pode soar como desmerecimento da
que não foram explicitadas nas frases, mas que o
capacidade intelectual do interlocutor com o qual
interlocutor pode perceber facilmente a partir de
se processa a comunicação.
reconhecidos,
devendo
o
receptor
palavras ou situações, dizemos que existem
• INFERÊNCIAS
“pressupostos”, os quais são importantes para a efetiva compreensão da mensagem.
A percepção de informações transmitidas por
Os pressupostos precisam ser, para sua completa compreensão, tidos como verdades ou fatos
para
ambos
os
interlocutores
da
comunicação, ou seja, não são passíveis de questionamentos;
em
contrapartida,
informações, quando explícitas, podem
as ser
contestadas. Eles são marcados linguisticamente, havendo
mecanismos
ocorrência,
chamados
que
possibilitam
sua
de
“marcadores
de
pressuposição”. Veja quais são eles:
indicar as circunstâncias por meio das quais pode haver uma pressuposição - “já que”, “desde que”, “visto que” etc.
inferências,
diferentemente
dos
pressupostos, é devidamente de responsabilidade do
receptor
do
texto,
isto
é,
depende
especificamente do interlocutor para serem reconhecidas,
pois,
além
de
não
virem
explicitadas nos enunciados produzidos, precisam ser correlacionadas ao contexto no qual foram utilizadas, sendo insinuações “escondidas” por trás das palavras explícitas, e por isso mesmo é
mente do leitor ou ouvinte. Apesar de serem informações não expressas, são deduzidas pelo interlocutor,
segundo
outras
informações
relacionadas que já foram evidenciadas por ele ao
- Expressões temporais: Evidenciam o momento que demarca a informação pressuposta “depois de”, “antes de” etc. Conjunções
de
um processo mental, “implícito”, que se dá na
- Conectores circunstanciais: Servem para
-
meio
de
longo da comunicação. Pense na situação em que a mãe chega a casa, depois de um dia exaustivo de trabalho, e se
oposição:
Propiciam
pressuposições opositivas, contrastantes ao que se
depara com a bagunça que seu filho fez, e então diz: “Minha nossa, João, eu não acredito! Você é
mesmo um anjinho, hem!”. A partir do contexto de produção dessa mensagem, a mãe realmente está chamando seu filho de “anjinho”, indicando que ele é quieto e fez tudo corretamente? Obviamente não. Ela quis dizer o contrário disso, fazendo uso de uma figura de linguagem chamada ironia. Neste caso, podemos perceber que há informação implícita, isto é, que não foi expressa pelas
palavras
ditas,
mas
sim
que
está
“escondida”, “por trás” delas, ou seja, há algo a mais para ser compreendido, além do que aparentemente foi explicitado em forma de palavras. Sendo assim, por dedução a partir de elementos contextuais, podemos perceber a inferência no que ela disse: de que o garoto é, na verdade, bastante bagunceiro!