AULA 10 SAGARANA - GUIMARAES ROSA 16.10.19

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Aula X - OBRAS LITERÁRIAS – UFPR

Data: 16.10.19

Professor: Fabiano Fontes

Sagarana – Guimarães Rosa Sobre o autor Guimarães Rosa (1908-1967) foi um escritor brasileiro. O romance "Grandes Sertões: Veredas" é sua obra prima. Fez parte do 3º. tempo do Modernismo, caracterizado pelo rompimento com as técnicas tradicionais do romance. João Guimarães Rosa nasceu em Cordisburgo, pequena cidade do interior de Minas Gerais, no dia 27 de junho de 1908. Filho de um comerciante da região, aí fez seus estudos primários, seguindo em 1918, para Belo Horizonte, para casa de seus avós, onde estudou no Colégio Arnaldo. Cursou Medicina na Faculdade de Minas Gerais, formando-se em 1930. Datam dessa fase seus primeiros contos, publicados na revista O Cruzeiro. Depois de formado foi exercer a profissão em Itaguara, município de Itaúna, onde permaneceu por dois anos. Culto, sabia falar mais de nove idiomas. Em 1932, durante a Revolução Constitucionalista, voltou para Belo Horizonte para servir como médico voluntário da Força Pública. Posteriormente atuou como oficial médico no 9º. Batalhão de Infantaria em Barbacena. Em 1936, Guimarães Rosa participou de um concurso ao Prêmio de Poesia da Academia Brasileira de Letras, com uma coletânea de contos chamada "Magma", conquistando o primeiro lugar, mas não publicou a obra. Em 1934, o domínio de vários idiomas levou Guimarães Rosa para o Rio de janeiro onde prestou concurso para o Itamarati, conquistando o segundo lugar. Em 1938 já era cônsul-adjunto na cidade de Hamburgo, na Alemanha. Quando o Brasil rompeu aliança com a Alemanha, durante a Segunda Guerra Mundial, Guimarães, junto com outros brasileiros, foi preso em Baden-Baden, em 1942. Libertado no fim do ano, seguiu para Bogotá, como secretário da Embaixada Brasileira. Entre 1946 e 1951 residiu em Paris, onde consolidou sua carreira diplomática e passou a escrever com maior assiduidade. Sagarana Em 1937, Guimarães Rosa começou a escrever "Sagarana", volume de contos que retrata a paisagem mineira, a vida das fazendas, dos vaqueiros e dos criadores de gado. Com a obra, participa de um concurso ao Prêmio Humberto de Campos, perdendo o primeiro lugar para Luís Jardim. Em 1946, depois de refazer a obra, e reduzir de 500 para 300 páginas, publica "Sagarana". O estilo era absolutamente novo, a paisagem mineira ressurgia viva e

colorida, as personagens expressavam o pitoresco de sua vida regional. Sucesso de crítica e público. Seu livro de contos recebe o Prêmio da Sociedade Felipe d'Oliveira, esgotando-se, no mesmo ano as duas edições. Em 1952, em excursão ao Estado de Mato Grosso, conviveu com os vaqueiros do oeste do Brasil, e escreve uma reportagem poética, "Com o Vaqueiro Mariano", publicada no Correio da Manhã. Passados dez anos de sua estreia, Guimarães publica "Corpo de Baile" (1956), um conjunto de novelas, em dois volumes, com 822 páginas, onde Guimarães continua a mesma apresentação focada em "Sagarana", mas agora com arrojadas experiências linguísticas. Em maio de 1956, Guimarães Rosa publica "Grandes Sertões: Veredas", narrativa épica, em seiscentas páginas, onde apresenta uma linguagem fortemente marcada pela variante caboclo-sertaneja da língua portuguesa, e pela temática, de um lado ligada aos temas do coronelismo e dos jagunços e, de outro, impregnada de uma problemática metafísica e teológica (o problema de Deus, o sentido da vida, etc.). A obra passa a ser o seu grande sucesso editorial. Em 1963, Guimarães Rosa é eleito por unanimidade para a Academia Brasileira de Letras, mas somente tomou posse em 16 de novembro de 1967. Três dias depois da posse, sofre um infarto. João Guimarães Rosa morreu no Rio de Janeiro, no dia 19 de novembro de 1967. Obras Sagarana, contos, 1946 Corpo de Baile, novela, 1956 Grandes Sertões: Veredas, romance, 1956 Primeiras Estórias, contos, 1962 Tutameia, contos, 1967 Estas Estórias, contos, 1969 (Obra póstuma) Ave, Palavra, 1970 (Obra póstuma) Magma, contos, 1997 (Obra póstuma)

Contos da obra Sagarana ( parte 3) “Minha gente” Enredo: Emílio visita a fazenda de seu tio, candidato às eleições, e apaixona-se por sua prima Maria Irma, mas não é correspondido. Ela se interessa por Ramiro, noivo de outra moça. Emílio finge-se enamorado de outra

mulher. O plano falha, mas a prima apresenta-lhe sua futura esposa, Armanda. Maria Irma casa-se com Ramiro Gouveia. Principais personagens: Emílio (narrador), Maria Irma, Ramiro Gouveia e Armanda. “São Marcos” Enredo: José, narrador-personagem, é supersticioso, mas mesmo assim zomba dos feiticeiros do Calango-Frito, em especial de João Mangolô. Izé, como é conhecido o protagonista, recita por zombaria a oração de São Marcos para Aurísio Manquitola e é duramente repreendido por banalizar uma prece tão poderosa. Certo dia, caminhando no mato, Izé fica subitamente cego e passa a se orientar por cheiros e ruídos. Perdido e desesperado, recita a oração de São Marcos. Guiando-se pela audição e pelo olfato, descobre o caminho certo: a cafua de João Mangolô. Lá, irado, tenta estrangular o feiticeiro e, ao retomar a visão, percebe que o negro havia colocado uma venda nos olhos de um retrato seu para vingar-se das constantes zombarias. Principais personagens: José, ou Izé (narrador), Aurísio Manquitola e João Mangolô. “Corpo fechado” Enredo: Manuel Fulô, falastrão que se faz de valente, é dono de uma mula cobiçada pelo feiticeiro Antonico das Pedras-Águas. Este, por sua vez, tem uma sela cobiçada por Manuel. Enquanto o protagonista se gaba de pretensas valentias, o verdadeiro valentão Targino aparece e anuncia que dormirá com sua noiva. Desesperado, Manuel recebe a visita do feiticeiro, que promete fechar-lhe o corpo em troca da mula. Após o trato, há o duelo entre os dois personagens; o feitiço parece funcionar e Manuel vence a porfia. Principais personagens: Manuel Fulô, feiticeiro Antonico das PedrasÁguas e Targino. “Conversa de bois” Enredo: conta a viagem de um carro de bois que leva uma carga de rapadura e um defunto. Vai à frente Tiãozinho, o guia, chorando a morte do pai, ali transportado, e Didico. Tiãozinho, que se tornara dependente de Soronho, angustiava- se com este por dois motivos: ele maltratava os bois e havia desfrutado os amores de sua mãe durante a doença do pai. Paralelamente, o boi Brilhante conta aos outros a história do boi Rodapião, que morrera por ter aprendido a pensar como os homens. Há uma indignação entre os animais em relação aos maus-tratos que os humanos lhes infligem. Agenor, para exibir a Tiãozinho seus talentos como carreiro, obriga, de forma cruel, os bois a superar a ladeira onde a carroça de João Bala havia tombado. Superado o obstáculo, os bois aproveitam-se do cochilo de Agenor e puxam bruscamente a carroça, matando seu algoz.

Principais personagens: Tiãozinho, Soronho e o boi Brilhante.

Didico,

Agenor,

/guiadoestudante.abril.com.br/estudo/sagarana-resumo-da-obra-deguimaraes-rosa/

Exercícios 1. Sobre os contos de Sagarana é INCORRETO afirmar: a) A volta do marido pródigo demonstra, no comportamento do protagonista, o poder criador da palavra, dimensão da linguagem tão apreciada por Guimarães Rosa. b) Tanto em Corpo fechado quanto em Minha gente o espaço é variado, deslocando-se a ação de um lugar para outro. c) Em Duelo e Sarapalha figuram personagens femininas cujos traços não aparecem nas mulheres de outros contos. d) O burrinho pedrês, Conversa de bois e São Marcos trabalham com a mudança de narradores. e) A hora e a vez de Augusto Matraga não apresenta a inserção de casos ou narrativas secundárias. 2. Nos contos de Sagarana, Guimarães Rosa resgata, principalmente, o imaginário e a cultura: a) da elite nacional b) dos proletários urbanos c) dos povos indígenas d) dos malandros de subúrbio e) da gente rústica do interior 3. “Sapo não pula por boniteza, mas porém por percisão.” (“Provérbio capiau” citado em epígrafe no conto “A hora e a vez de Augusto Matraga”, em João Guimarães Rosa, Sagarana. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015, p.287.) Elementos textuais que antecedem a narrativa como, por exemplo, o provérbio citado, funcionam, em alguns autores, como pista para se entender o sentido das ações ficcionais. No excerto acima, as ideias de beleza e necessidade são contrapostas com vistas à produção de um sentido de ordem moral. Considerando-se a jornada heroica de Augusto Matraga, é correto afirmar que a narrativa a) contradiz o sentido moral do provérbio, uma vez que o protagonista não é fiel ao seu propósito de mudar os hábitos antigos. b) confirma o sentido moral do provérbio, uma vez que o protagonista realiza uma série de ações para corrigir seu caráter e reordenar eticamente sua vida. c) ratifica o sentido moral do provérbio, uma vez que o protagonista é seduzido pelos encantos da natureza e pelos prazeres da bebida e do fumo. d) refuta o sentido moral do provérbio, uma vez que o protagonista não consegue agir sem as motivações da beleza física e do afeto femininos. 4 Sobre o personagem principal de “A hora e a vez de Augusto Matraga”, de Guimarães Rosa, assinale a

alternativa incorreta. a. No decorrer da narrativa, aparece como Nhô Augusto, Augusto Estêves e Augusto Matraga. b. No início, surge como um fazendeiro pacato, averso a brigas e totalmente dedicado à família. c. Por ordem de seu maior inimigo, é surrado, marcado a ferro e deixado praticamente morto. d. Convidado por Joãozinho Bem-Bom a integrar seu grupo de jagunços, recusa tal oferta … e. No duelo final, morre em conseqüência dos ferimentos recebidos, assim como seu opositor. 5. O conto Conversa de bois integra a obra Sagarana, de João Guimarães Rosa. De seu enredo como um todo, pode afirmar-se que: A) os animais justiceiros, puxando um carro, fazem uma viagem que começa com o transporte de uma carga de rapadura e um defunto e termina com dois. B) a viagem é tranqüila e nenhum incidente ocorre ao longo da jornada, nem com os bois nem com os carreiros. C) os bois conversam entre si e são compreendidos apenas por Tiãozinho, guia mirim dos animais e que se torna cúmplice do episódio final da narrativa. D) a presença do mítico-lendário se dá na figura da irara, “tão séria e moça e graciosa, que se fosse mulher só se

hamaria Risoleta” e que acompanha a viagem, escondida, até à cidade. E) a linguagem narrativa é objetiva e direta e, no limite, desprovida de poesia e de sensações sonoras e coloridas. 6. A obra Sagarana, de João Guimarães Rosa, foi publicada em 1946. Dela é correto afirmar que a) se intitula Sagarana porque reúne novelas que se desenvolvem à maneira de gestas guerreiras e lendas e apresentam um tema comum que abarca a vida simples dos sertanejos da região baiana do São Francisco. b) compõe-se de nove novelas, entre as quais se sobressai “Corpo Fechado”, história de valentões e espertos, de violência e de mágica, protagonizada por Manuel Fulô. c) estrutura-se em doze narrativas, de sentido moral e embasadas na tradição mineira, entre as quais se destacam “Questões de família”, história meio autobiográfica, e “Uma história de amor”, expressivo drama passional. d)apresenta narrativas apenas de teor místico religioso como a que se engendra em “A hora e a vez de Augusto Matraga”, cujo estilo destoa do conjunto das outras que compõem o livro.
AULA 10 SAGARANA - GUIMARAES ROSA 16.10.19

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