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TEOLOGIA DE UMBANDA Desenvolvido por Rubens Saraceni Ministrado por Alexandre Cumino
Aula Digitada 03 Parte 03 Obs.: este documento é a transcrição fiel do discurso das vídeo-aulas, portanto poderá conter erros gramaticais mantendo a originalidade da origem.
Então, estamos falando um pouquinho sobre Espiritismo no Brasil aonde ele teve, tem um cunho muito religioso e que rapidamente aqui no Brasil o Espiritismo se tornou muito respeitado. Muita gente colaborou para que o Espiritismo alcançasse esse respeito, mas não podemos deixar de citar algumas pessoas como o Dr. Bezerra de Menezes e nesse momento aqueles que não assistiram, assistam: “Bezerra de Menezes – O filme”, pra conhecer um pouquinho sobre a história de Bezerra de Menezes, que foi um Espírita, médico, que teve uma atuação política e chegou a ser presidente da Federação Espírita do Brasil. Bezerra de Menezes teve uma influência, uma presença muito forte dentro do Espiritismo pra ajudar esse Espiritismo a conquistar o seu lugar de respeito dentro da sociedade. Pra muitos de nós, Bezerra de Menezes é alguém, inclusive dentro da Umbanda, muito respeitado por estar à frente de um enorme trabalho no astral junto daqueles que nós chamamos de: “os médicos do astral” ou “os médicos do espaço” ou fazendo um trabalho junto com uma linha de cura enorme. Então, nosso respeito e nossa gratidão ao Dr. Bezerra de Menezes que ajudou a dar o perfil do Espiritismo no Brasil. Entre outros homens, podemos citar como Edgard Armond que também fez um trabalho muito importante para o Espiritismo, aonde Edgard Armond praticamente deu um modelo do passe Espírita que é aplicado até hoje, dentro da maioria dos Centros Espíritas que seguem a linhagem de Kardec. Edgard Armond tem alguns títulos muito importantes, entre eles, esse título que fala sobre o passe Espírita, é também ele autor do livro “Exilados de Capela” que é um livro influenciado pela obra de Chico Xavier. E, o homem que realmente deu o perfil do Espiritismo no Brasil e o homem que tornou esse Espiritismo realmente popular nesse país é: “Chico Xavier” – aqui eu paro para recomendar mais três filmes: “Chico Xavier – O filme” sobre a biografia dele, recomendo o filme “Nosso Lar” e recomendo também o documentário “Pinga-fogo” que em 1900, na década de 70, Chico Xavier gravou por duas vezes na TV Tupi um pinga-fogo, que era um programa de perguntas e respostas com aquele que foi o mais importante médium, mais importante, mais conhecido e mais popular médium Espírita no Brasil. Chico Xavier que era profundamente religioso e que deu um perfil profundamente religioso para o Espiritismo no Brasil e cuja obra de Chico Xavier que ultrapassa o número de 400 volumes de títulos publicados e psicografados, uma coisa muito além do que não tenham em mente alguém que tenha escrito tamanho volume de títulos, de livros publicados quanto Chico Xavier que os psicografava, que também tem uma biografia linda, que não cabe aqui nesse momento toda a biografia de Chico Xavier, mas que é linda, linda, linda, pro favor, quem não assistiu, assista o filme sobre a vida de Chico Xavier, mas que entre esses seus títulos publicados alguns são importantes pra gente. A nossa religião é Umbanda, ela não se fundamenta nem no Candomblé e nem no Espiritismo, mas enquanto estudiosos e pesquisadores, vamos lembrar, na aula sobre o Candomblé para fazer uma leitura, uma recomendação de leitura dos Orixás na ótica do Candomblé, a leitura é o livro “Orixás” do autor Pierre Verger da editora Corrupio. E aqui, sobre Espiritismo e Umbanda, é importante também como dica de leitura, pra quem não leu, é interessante ler a obra de Kardec, são cinco títulos. Na maioria das vezes nem os Espíritas chegaram a ler os cinco títulos, mas são títulos interessantes. Ou pegue a obra de Kardec, no índice e veja o que lhe interessa pra no mínimo conhecer um pouco sobre a obra de Kardec, ler um pouco do livro dos Espíritos, ler um pouco do livro dos Médiuns, dar uma boa olhada no Evangelho Segundo o Espiritismo, tirar suas curiosidades sobre o céu e o inferno e a gênese, segundo Kardec que é uma outra visão, a obra de Kardec deve ser lida com um filtro. E a obra de Chico
Xavier, Chico Xavier tem romances dos mais lindos, entre eles, “Paulo e Estevão”, “A dois mil anos atrás”, “50 anos depois”, “Ave Cristo” e tantos outros. E tem uma série de livros muito especial, chamada “Série Nosso Lar”. A “Série Nosso Lar” é um conjunto de 16 livros que começa com o livro “Nosso Lar” e dá uma sequência, uma sequência de leitura romanceada, é considerado um curso de Espiritismo. Então, eu recomento pra quem quer se aprofundar no estudo do Espiritismo a obra de Kardec, esses romances do Chico e mais a “Série Nosso Lar” de Chico Xavier. É lindo, lindo, lindo, mas tem que ser lido com um filtro, qual é o filtro? O filtro é: Espiritismo não é Umbanda. Temos em comum a crença nos espíritos, temos em comum a mediunidade, mas no “O Livro dos Espíritos” Kardec fala com todas as letras: “Que magia não serve pra nada”, “Que magia é superstição”, Kardec diz que: “Símbolos e signos não servem para nada”, Kardec diz que: “Não há nenhum fundamento em praticar rituais”, Kardec é contra a formalização da religião, se ele é contra ritual, Kardec é contra a prática de rituais de casamento, de batizado, de pompa fúnebre, ele contra qualquer estrutura ritualística. Logo, isso vai totalmente contra o que nós fazemos na Umbanda. Porque o que nós praticamos na Umbanda, fazer defumação, acender vela, levantar um altar com santos católicos, trabalhar com ponto riscado, com símbolo, com signo, com patuá, com charuto, com bebida, isso tudo vai contra a obra de Kardec. É por isso que alguns Espíritas, não o Espiritismo, mas alguns Espíritas são extremamente críticos com relação a Umbanda porque a obra de Kardec ensina que você não precisa fumar, você não precisa beber, você não precisa acender vela, você não precisa fazer ritual, você não precisa de altar, você não precisa de nada disso, realmente você não precisa, nós também não precisamos. Precisar nós não precisamos, mas nós queremos porque magia funciona, porque símbolo e signos quando ativados na força, no poder e no mistério de uma entidade ou de um Orixá tem poder e porque o ritual. A Umbanda, ela é ritualizada, o ritual tem um porquê de ser, o ritual manda você rezar, o ritual manda você abaixar e bater cabeça, o ritual manda você pedir a benção. No momento em que o ritual te conduz pra cá, te conduz pra lá o ritual, a ritualística vai criando um estado emocional em você. O ritual lhe ensina a ter respeito pelo altar, o ritual lhe ensina a ter respeito pelo seu dirigente, o ritual lhe ensina a ter respeito pelo Caboclo, pelo Preto-Velho, Baiano e Boiadeiro, o ritual pede a música, a música canta os valores da religião, o ritual dá o tempo: início, meio e fim de uma sessão de Umbanda, o ritual nos diz quando é hora de defumar e a defumação nos faz sentir mais leves, então, isso tudo faz parte da religião de Umbanda, extremamente, ritualizada. Por isso, Umbanda não é Espiritismo. Umbanda é espiritualismo, ela é espiritualista, mas ela é uma religião. Se há Espiritismo na Umbanda, podemos dizer que há na Umbanda a manifestação dos espíritos. Em algum momento na obra de Kardec, que ele diz: “Aonde há manifestação de espíritos, há espiritismo”. Então, a gente pode dizer tem Espiritismo na Umbanda, mas não tem só Espiritismo e Umbanda não se resume e nem se traduz em Espiritismo. A não ser que queira dizer isso aqui é “Espiritismo brasileiro de Umbanda”, o mais correto pra nós seria dizer: “Isso aqui é Umbanda, a nossa religião”, que tem sim, algo em comum com o Espiritismo, que bebeu da doutrina Espírita. A Umbanda que vê na obra Espírita um dos seus pilares que por meio dos conceitos: de ação e reação, de encarnação e de evolução dos espíritos por meio das vidas sucessivas, a gente vai crescendo e ascendendo até o momento que não precisar mais encarnar nesse mundo. Então, a Umbanda aceitou esses valores, mas não se fecha nesses valores. A Umbanda não trabalha apenas com espíritos, a Umbanda trabalha com Orixás, com as divindades da natureza e a Umbanda crê que essas divindades já foram criadas puras por Deus, algo que não é aceito por Kardec. A Umbanda tem um olhar sobre a gênese diferente da gênese Kardecista, nós temos aqui a nossa gênese Umbandista durante as nossas aulas. Então, isso é o que mostra que nós devemos muito respeito ao Espiritismo, como devemos respeito a todas as religiões. Devemos amor ao Espiritismo porque ele também uma parte do Espiritismo ajudou a fundamentar a religião de Umbanda, mas nós temos a nossa visão própria acerca de quem são os espíritos. Agora, somos profundamente gratos a Allan Kardec e a Chico Xavier porque com a obra de Allan Kardec e a obra de Chico Xavier, a Umbanda teve meio caminho aberto pra poder se estabelecer nessa Terra. Porque no momento em que as pessoas já entendem o que são espíritos, o que é encarnação, o que não é, o que é carma, o que é lei de ação e
reação e tem a obra de Kardec, então, meio caminho andado pra começar a Umbanda. No momento em que a Umbanda traz as imagens de santos católicos, meio caminho andado pra ser aceita por uma sociedade Católica. No momento em que a Umbanda traz os Orixás, ela está trazendo força, poder e mistério. Mas, tudo isso sob uma nova leitura, a Umbanda crê em espíritos, mas sob o seu olhar que é um olhar de leveza, um olhar de naturalidade, um olhar de tranquilidade, um olhar que diz “aprenda a ser você mesmo”, “seja você mesmo”, um olhar que tenta o tempo todo se livrar do peso, por exemplo, do pecado católico. Porque é fato que hoje, nós temos no Espiritismo um olhar muito Católico e na Umbanda também. Por diversas vezes nós vemos discursos Espíritas sobre o carma em que o peso das ações que vão gerar uma reação, este peso de causa e efeito, por meio do carma estabelece uma visão e olhar de mundo extremamente católico, onde o carma é o mesmo pecado Católico travestido de uma nova linguagem. Então, é uma tarefa nossa vencer, por meio da Umbanda também, um falso moralismo, vencer pudores desnecessários, viver uma religião e uma religiosidade mais livre, dentro de uma sociedade que foi catolicamente construída sob a opressão e o peso da religião. No qual, a ideia de pecado está incutida na mente de todos nós, nós temos Espíritas Católicos e Umbandistas Católicos que são muito Católicos ainda na forma de ver o mundo e de pensar em: pecado, céu e inferno. Então, que a gente traga isso pra Umbanda. Muitas semelhanças com o Espiritismo, muitas diferenças com o Espiritismo, mas acima de tudo buscar uma liberdade de pensar, de agir, de forma independente dentro dessa religião que é a Umbanda, que nos diz: “Que a semeadura é livre e a colheita é obrigatória”. O céu, meus irmãos, é qualquer lugar aonde você se sinta bem consigo mesmo. O céu não é um lugar, o astral superior de luz não é um lugar físico, é um estado de espírito. Nada que a gente faz nos leva para cima ou para baixo, além das nossas próprias emoções colocadas nesses atos. Então, não é um ato em si que me leva pra cima ou pra abaixo, mas é o que me motiva, o que me alegra, o que me traz a fé, o amor, o conhecimento, a justiça, a lei, a evolução, a geração na minha vida, aquilo pelo qual, por meio dos sete sentidos eu faço, me faço a mim mesmo uma pessoa realizada, feliz e plena. Então, que o nosso caminho de Umbanda seja muito acima de um caminho dogmático, um caminho de autoconhecimento, de auto realização, de plenitude, de saúde, de alegria e de amor. Que assim seja. Então, muito obrigado. Esse é o término do nosso terceiro bloco da terceira aula. Bons estudos para todos. Muito grato. DIGITAÇÃO – Equipe Umbanda EAD