6 Pages • 3,069 Words • PDF • 377.2 KB
Uploaded at 2021-09-24 12:32
This document was submitted by our user and they confirm that they have the consent to share it. Assuming that you are writer or own the copyright of this document, report to us by using this DMCA report button.
AULA 46 – PARTE 02 SACERDÓCIO NA UMBANDA SACERDÓCIO NAS RELIGIÕES FORMAÇÃO SACERDOTAL UMBANDISTA Segunda parte da aula sobre sacerdócio, aula 46, agora sobre o reconhecimento do sacerdote perante a divindade, a comunidade e a lei:
PERANTE A DIVINDADE É a outorga vertical que acabamos de falar. Quando esse sacerdote tem outorga vertical, há o reconhecimento. No caso da Umbanda não tem como não ter, porque ou o médium está incorporado ou não está, se ele está incorporado e a entidade tomou a frente de um trabalho, há a o reconhecimento da divindade.
PERANTE A COMUNIDADE É quando esse sacerdote, esse dirigente de fato conduz uma comunidade que é um grupo de médiuns; no caso da Umbanda, fazendo um trabalho assistencial recebendo uma consulência no qual tem os dias marcados para dar passe e consulta além dos dias de desenvolvimento mediúnico, preparo, encontros, festas enfim, então quando esse sacerdote está à frente de uma comunidade, está fazendo um trabalho, realizando, envolvendo pessoas, ajudando, orientando, encaminhando, preparando, então nós dizemos que esse sacerdote tem um reconhecimento perante a comunidade, tem o reconhecimento a comunidade.
PERANTE A LEI Perante a lei, o sacerdote é aquele que é reconhecido em estatuto, ou seja, o templo, o centro, a tenda e o terreiro de Umbanda. Quando a gente começa um grupo de Umbanda, começa a trabalhar, às vezes o médium começa a trabalhar sozinho em casa, a dar o atendimento, ai tem mais uma, duas, três, quando vai ver tem 10 pessoas trabalhando. Já é um terreiro que existe no seu coração, que existe na sua vida espiritual mas não existe para a sociedade. Um templo / terreiro, só existirá para a sociedade quando fizer estatuto e registrar em cartório. As Federações de Umbanda costumam oferecer modelos de estatuto para os seus filiados, então para o templo existir para a sociedade, tem que ter estatuto e registrar em cartório. Quando registra em cartório tem que ter CNPJ e fazer a contabilidade, se não tem movimentação financeira tem que pelo menos uma vez por ano fazer a rais, ou seja, a partir do momento que vai existir para sociedade faz estatuto, registra em cartório, tira o CNPJ e procura um contador, de preferência um contador que Teologia de Umbanda Sagrada / Tutor: Alexandre Cumino
Página 1
saiba lidar com instituições beneficentes e templos etc. porque o templo é imune de imposto. Tem que ser um contador que saiba lidar com isso e se não tem movimentação nenhuma, movimentação zero, tem que ainda sim procurar um contador porque há registros e declarações que tem que fazer para não pagar multa; então quando faz essa movimentação de estatuto, CNPJ, contador mas tendo um estatuto no estatuto, aquele grupo / aquela comunidade que faz valer o estatuto, que tem lá presidente, vice-presidente, secretário, tesoureiro ou seja, quem faz valer aquele estatuto, e a comunidade em estatuto reconhece que fulano de tal é o sacerdote da casa. Perante a lei é um estatuto / é um contrato social que faz reconhecer esse sacerdote, então a partir do momento que esse sacerdote tem o templo registrado e funcionando de acordo com a lei, automaticamente ele deve ser reconhecido pela lei porque é isso que o faz reconhecer. Não é nem como ele trabalha, quando ele trabalha, se ele trabalha Umbanda assim, se trabalha na Umbanda assado; se a grande comunidade da Umbanda o reconhece ou não não importa, o que importa é a comunidade da casa dele, do templo dele, aquela comunidade o reconhece, está registrado em cartório, então é sacerdote perante a lei, é assim que funciona. Fora isso, podemos falar sobre o sacerdócio ou do sacerdote que o preparo se dá dentro do templo e fora do templo, mas que acima de tudo é um preparo para vida, é um preparo para entender as questões do dia a dia, da vida, da religião, da religiosidade. Eu peço como prérequisito, dentro da estrutura que eu acredito, da estrutura que eu vivo, que eu prego e que eu trabalho para uma formação sacerdotal, deve se ter esta formação teológica que a gente está terminando aqui, então é fundamental uma carga de conhecimento teórico. É verdade que eu não sei nada, o meu guia sabe tudo ele trabalha ? É verdade mas se eu não sei nada então eu não estou exercendo um sacerdócio em plenitude. Se eu não sei nada incorporo um guia e ele sabe tudo, ele faz tudo, então a Umbanda é um fenômeno na minha vida porque eu não sei nada e o fenômeno acontece !? Agora para que a Umbanda seja a minha religião, eu devo conhecê-la e não apenas ter um fenômeno na minha vida. Para eu conhecer a Umbanda é sim muito importante estudar, saber do que é que se trata. O sacerdote, o dirigente espiritual é a figura do sacerdote mas o modelo, o arquétipo do sacerdote não é apenas de um dirigente; porque o sacerdote é a ponte, o pontífice entre o sagrado, entre Deus, as Divindades, no caso da Umbanda as entidades e aqueles que lhe procuram, então acima de tudo o sacerdote é um médium que atua mediunicamente e não apenas isso, o sacerdote é um representante da religião. Um sacerdote de Umbanda não é apenas alguém que incorpora, o sacerdote de Umbanda não é apenas alguém que toma a frente de um trabalho, sacerdote da religião de Umbanda é alguém que está apto e se preparou para representar a religião porque onde ele estiver e que for dito “tem aqui um sacerdote de Umbanda” ele poderá ser chamado para falar da religião porque é um sacerdote de Umbanda. Na formação sacerdotal, considero este curso de Teologia de um ano que estamos terminando, considero esse curso de Teologia a base do conhecimento teórico sacerdotal de Umbanda Sagrada dentro daquilo que é a minha verdade. Este curso é um conjunto básico de conhecimentos e informações, então para a boa formação sacerdotal há de se ter também uma carga teórica, conhecimentos acerca dos fundamentos da religião, desenvoltura para lhe dar com questionamentos dos filhos, ou seja, dos de dentro e dos de fora da religião, facilidade em lidar com as diferenças doutrinárias dentro da própria religião e discurso, não porque é um bom orador. O sacerdote da religião deve ter um Teologia de Umbanda Sagrada / Tutor: Alexandre Cumino
Página 2
discurso e não estou falando que ele deve ser um ótimo orador, um grande falante, uma pessoa perfeita na maneira de entoar a voz, de gesticular, de falar, de encadear os assuntos, de organizar informação, de método de exposição, não necessariamente. O sacerdote deve ter um discurso sobre a sua religião porque todo sacerdote é um formador de opinião. O sacerdote enquanto dirigente espiritual, na minha opinião, sempre antes de dar início a uma gira de Umbanda (oração, bate cabeça, saudação a esquerda, defumação, abertura dos trabalhos, hino da Umbanda, saudação as Sete Linhas, saudação a toalha, saudação aos Orixás, aos Guias da casa, chama as entidades que vão trabalhar) mas antes de realizar uma gira de Umbanda, antes de você começar um trabalho e receber as pessoas dentro do seu terreiro para tomar um passe, explique para elas onde elas estão pisando. Experimente, experimente pela necessidade, vença a sua vergonha, vença a sua dificuldade de se expressar. Quando a gente incorpora o guia não trabalhamos muito bem ? Peça inspiração aos seus guias mas vá até a consulência e pergunte quem está vindo pela primeira vez, quantos estão vindo pela primeira vez na Umbanda, se nunca foram à Umbanda; e explique, o sacerdote tem a responsabilidade da oratória, que não precisa ser perfeita, mas deve ser feita pela necessidade de falar, de discursar, de ser aquilo ao qual você veio: formador de opinião. A sua consulência deve ouvi-lo desincorporado perguntar:
“Quem está aqui pela primeira vez ? Quem nunca veio em um terreiro de Umbanda ? Estou aqui para lhe dizer que Umbanda é religião portanto só pode fazer única e exclusivamente o bem. Umbanda é uma religião brasileira, fundada no dia 15 de novembro de 1908 por Zelio Fernandino de Morais. Nós acreditamos em Deus, acreditamos nos Orixás, acreditamos nos santos católicos, acreditamos nos anjos, nos arcanjos e cremos em Cristo. Cremos nas palavras de Cristo quando ele diz “Aonde dois ou mais estiver em meu nome ali eu estarei”, Cristo está entre nós.” Diga isso para a sua consulência:
“Cristo está entre nós porque nós estamos em nome dele. Os Orixás estão entre nós, os anjos, os santos, cremos na lei de ação e reação, cremos no ciclo reencarnacionista, cremos no espírito imortal, cremos no poder que se manifesta além da matéria, cremos que meu pensamento alcança aonde a minha mente vai, seja bom ou negativo, e quando é negativo aqui dentro a gente corta, a gente anula, quando é bom aqui dentro potencializamos. Cremos na manifestação mediúnica, na incorporação dos espíritos que, na religião de Umbanda, eles se manifestam em hierarquias, em arquétipos como Caboclo, Preto-Velho, Baiano, Boiadeiro, Marinheiro, Exu, Cigano, Malandro... Chamamos os espíritos para incorporar, para trabalhar, para dar um passe, uma consulta. Por que é que chamamos os espíritos ? Porque eles tem uma visão maior sobre a vida, porque eles tem uma sabedoria de quem já viveu, já desencarnou; eles viveram muitas vezes, eles se lembram de muitas vidas e tem uma palavra de amor, de carinho, de consolo, uma orientação, um direcionamento, porque a presença deles é curadora, porque eles nos limpam, cortam demanda, fazem limpeza, então chamamos os espíritos. Chamamos as entidades de Umbanda, os espíritos Guias, os mentores para nos ajudar mas não para que eles decidam aquilo ao qual eu mesmo devo escolher para a minha Teologia de Umbanda Sagrada / Tutor: Alexandre Cumino
Página 3
vida. Se eu caso ou não caso, se eu caso ou se eu separo, se você tem dois namorados ou duas namoradas e não sabe com quem vai ficar e é uma realidade na consulência, se você troca de emprego, se você vai escolher esta ou aquela profissão, se fulano ou fulano é tua alma gêmea, a metade da laranja, a tampa da sua panela, é você que tem que saber, é o consulente que tem que sentir no coração dele, os guias devem vir para nos ajudar. Eu não pergunto a um Caboclo se meu parente vai morrer porque todo mundo vai morrer e até o último momento um milagre pode acontecer. Se o Caboclo fala que vai morrer então é porque ele não está acreditando na vida. Se ele fala que não vai morrer e a pessoa morre, você abandona a religião porque o Caboclo errou, na verdade o erro está na pergunta porque a partir do momento que eu pergunto se fulano vai morrer, qualquer resposta “sim ou não” pode me machucar. Então há perguntas que nem deveriam ser feitas. Maridos e mulheres quem vem na consulência, que vem para perguntar sobre a fidelidade de uma relação nem deveria ser feita, você é que deve saber qual a qualidade de relação que você tem no seu lar ou fora do lar, qual qualidade de relação você tem, o que você tem para dar, quanto você tem para dar e quanto você espera receber, que qualidade de amor você vive, qual qualidade de amor você dá e que condições de amor você dá; te dá essa liberdade de vir a um terreiro perguntar da pessoa que você ama ou da pessoa que você simplesmente convive ? Ou daquela pessoa que você tem um compromisso e um peso a carregar ? Você vem trazer para dentro do terreiro o compromisso, o peso a carregar, seus traumas, seus fardos para o Caboclo resolver ? O Caboclo, Preto-Velho, Baiano, Boiadeiro resolver seus vícios, suas doenças, problemas que você criou com carinho ao longo de anos e décadas, você vem criando com todo o carinho as pedras do seu caminho ? É você que fuma, é você que bebe, é você que come e se alimenta sem educação e é você que chega no terreiro e quer que o Caboclo resolva de uma hora para outra ? Dores, doenças e desequilíbrios que você criou ao longo de anos de frustrações, de mágoas, de sentimentos mal resolvidos ? Então vamos ao terreiro pedir forças para caminhar com as próprias pernas, inspiração para tomar as próprias decisões, força para vencer os nossos medos, cura para as nossas dores morais e físicas, cura para nossos traumas, força para vencer, tudo aquilo que nos prejudica mas principalmente de dentro para fora porque todo mundo quer uma mudança na vida mas não existe mudança real na vida sem uma mudança interna de atitude, de pensamento, de sentimento.” Diga isso para sua consulência porque eu não estou falando isso só para você que é aluno, estou falando isso porque isso é um discurso para a consulência de Umbanda, para eles entenderem que Umbanda não é balcão de milagre, não é local de barganha, são espíritos que trabalham na lei, pela lei e pela luz; não vem barganhar vidas, não se barganha vidas, não se negocia sorte nem o destino, se dá uma palavra de amor, de fé e de luz. Muitas vezes Deus e os Orixás até nos dão um crédito, mesmo quando a gente está carregando uma dívida, um fardo pesado. O fardo é meu, a dívida é minha, muitas vezes o Caboclo pega em um braço, o Exu pega no outro e me ajuda a caminhar e nesse momento eu recebi um crédito. O que é que eu vou fazer com esse crédito quando recebo ajuda do Caboclo, do Exu e o Orixá me puxando, me segurando também do alto ? Estou recebendo uma ajuda que me puxa para
Teologia de Umbanda Sagrada / Tutor: Alexandre Cumino
Página 4
o alto, segura meu braço direito e esquerdo, recebi um crédito apesar da carga que eu carrego, do fardo, recebi um crédito, o que vou fazer desse crédito ? Eu vou também trabalhar para ajudar o próximo, eu vou começar a me tornar uma pessoa melhor e assim o meu fardo vai ser aliviado. Ensine isso para a consulência, mostre que Umbanda é uma religião de pessoas que pensam a espiritualidade de forma racional, de forma lógica, esclarecida; de gente que sabe ou pelo menos se dedica em conhecer um pouquinho sobre aquilo ao qual estamos lidando, este é o sacerdote. O sacerdote de Umbanda deve se preparar teoricamente, não precisa ser um grande intelectual, mas tem que saber exercer ao que foi chamado além do sacerdócio no templo, ser formador de opinião e eu tenho absoluta certeza: todos, todos que chegaram até esse ponto que nós estamos agora no curso de Teologia de Umbanda Sagrada tem condições de falar sobre a religião, de falar bem sobre a religião, de defender a religião, de saber mostrar “isso é Umbanda, isso é Candomblé, é Kardecismo”. Vamos separar a importância das oferendas, da bebida, porque o guia fuma, porque o guia bebe, porque faz oferenda, porque vai na natureza, porque vai na cachoeira, porque na Umbanda tem Caboclo, Preto-Velho, Baiano, Boiadeiro; porque temos um altar, porque temos uma tronqueira...No começo do curso de Teologia não foi isso ? A proposta não foi essa para esse curso, lá atrás ? Você se lembra de qual era a proposta ? Alcançamos, não alcançamos ou estamos alcançando a proposta do curso ? Que você saiba falar sobre a sua religião, que você saiba dar respostas e que você entenda o que é a sua religião, quais seus fundamentos básicos, o porque de cada elemento. O sacerdote deve conhecer, agora não apenas o sacerdote, o ideal é que todos os médiuns da corrente também tenham o mesmo conhecimento, por isso esse curso é aberto a todos, por isso o curso de sacerdócio é aberto a todos porque todos devem ter esse conhecimento independente de ser o sacerdote ou não, todos somos formadores de opinião. Quando alguém pergunta qual a sua religião e eu respondo “UMBANDA”, de peito aberto mesmo a pessoa fica curiosa e pergunta: “Umbanda ! É mesmo ? Sabe, eu já fui na Umbanda algumas vezes mas não consegui entender muito bem o que é, você poderia me ajudar a entender um pouco melhor a Umbanda ?”. “Claro, o que você quer saber da Umbanda ?”. Esse é o ponto. Eu creio, sem a menor sombra de dúvidas, com absoluta certeza, eu creio de fato que a única coisa que pode mudar esta situação a qual tantos reclamam de preconceito e discriminação, é a informação, o conhecimento. Quando eu apresento a minha religião, apresento bem e bem fundamentada, não há o que dizer. Até porque quem fala da minha religião sou eu e não o outro da outra religião. O outro da outra religião deve falar da religião dele, da minha falo eu. O que ele fala da minha não importa porque o que ele sabe da minha não pode ter mais valia do que eu estou dizendo, porque eu que pratico Umbanda, então sou eu quem fala de Umbanda, sou eu que explico o que é Umbanda. Se ele foi na Umbanda e não foi feliz, então primeiro precisamos saber se aonde ele foi realmente fazia Umbanda. Se ele não foi feliz eu também posso não ter sido feliz em outras religiões e agora sou feliz na Umbanda, é assim a vida. Existem muitas religiões porque as pessoas são diferentes, cada religião nos alcança de uma maneira diferente, somos diferentes, então é importante que tenham varias religiões. Não tem uma religião melhor que a outra, Deus está em todas as religiões, mas Umbanda é a nossa maneira de se ligar a Deus. Teologia de Umbanda Sagrada / Tutor: Alexandre Cumino
Página 5
Que Deus nos abençoe, que os Orixás no guardem, que nosso anjo da guarda nos proteja, nos inspire e guie, nos dê força para caminhar aqui agora e sempre em nossos corações, em nossas palavras, em nossa mente, que nos dê força para fazer o nosso melhor em nome da religião de Umbanda porque menos não serve. Então que cada um faça o melhor e o que está ao seu alcance, cada um dá o que tem. Muito obrigado a todos por essa oportunidade, até a próxima aula.
Digitação: Danaíra S. M. Aluna do Curso de Teologia de Umbanda Sagrada
Teologia de Umbanda Sagrada / Tutor: Alexandre Cumino
Página 6