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CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL Prof. Monteiro Jr. REVOLUÇÃO CUBANA (1959) INTRODUÇÃO No dia 31 de julho de 2006, faltando poucos dias para completar 80 anos, “el comandante em jefe” Fidel Castro, há 48 anos no poder em Cuba, foi afastado do governo devido à necessidade de se submeter a uma cirurgia de emergência. A nota oficial do governo cubano falava de uma “hemorragia intestinal atribuída ao stress”, nada mais. Com o afastamento de Fidel seu irmão Raúl Castro, outrora Ministro da Defesa, a quem os cubanos chamam pejorativamente de “China” (devido aos traços orientais), assumiu o poder. A partir dessa situação, algumas delicadas questões passaram a ser levantadas: O que acontecerá depois da morte de Fidel? Como ficará Cuba sem seu líder revolucionário? Será o fim do regime castrista? Voltará Cuba a se reaproximar dos EUA? A fim de analisarmos todas essas questões, será necessário retrocedermos ao Fidel Castro, convalescendo num hospital cubano em 2006. século XX, quando ocorreu a Revolução Cubana (1959), que levou Fidel Castro ao poder e colocou a maior ilha do Caribe no foco da atenção internacional. Cuba, colônia da Espanha desde 1492, ocupava um importante papel nos primeiros séculos da colonização espanhola na América. Sua capital, Havana, era um ponto de encontro dos navios que transportavam produtos das colônias americanas para a metrópole européia. A partir da segunda metade do século XVIII, o açúcar se tornou o principal produto local, o que exigiu o crescimento do tráfico negreiro para suprir a economia açucareira com a mão-de-obra do escravo africano.
Mapa da Cuba (repare na proximidade geográfica da ilha em relação ao estado da Flórida (EUA).
No século XIX os EUA já eram uma nação independente e começavam sua trajetória de crescimento e desenvolvimento rumo ao “topo do mundo”. A proximidade geográfica com o território cubano (menos de 200 Km separam Cuba de Key Islands, ao Sul da Flórida) levou a uma aproximação econômica dos norte-americanos com o empreendimento açucareiro cubano. Os EUA financiaram a modernização da produção açucareira cubana, obtendo da Espanha permissão para comprar diretamente dos cubanos o açúcar que os mesmos produziam (o que, em tese, violava o pacto colonial: “a colônia só pode comercializar diretamente com sua própria metrópole”). No final do século XIX, o governo norte-americano iniciou sua política de dominação das regiões do Caribe e América Central (Porto Rico, Panamá e Cuba) como parte de uma estratégia de controle da região de ligação entre os oceanos Atlântico e Pacífico. Os EUA sempre tiveram clara a importância da posição geográfica de Cuba dentro dessa política. Thomas Jefferson, um dos líderes do movimento de independência norte-americana, disse em 1817: “Se nós conquistarmos Cuba, seremos senhores da América”. VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr. Em 1895 eclodiu a guerra de independência dos cubanos contra o doSAIBA MAIS mínio espanhol, sob a liderança do poeta José Martí. OsEUA intervieram A política do Big Stick (“Grande Porrete”) no conflito, combatendo as tropas espanholas e garantindo a independênFoi uma readaptação da Doutrina Monroe (“A América para os cia de Cuba (1899). O argumento do governo norte-americano para justifi- americanos.”), sob o governo de Theodore Roosevelt (1901-09). Os car tal intervenção foi o de que era necessário proteger as propriedades e EUA reservaram-se o direito de promover intervenções militares na as vidas de cidadãos norte-americanos que viviam na ilha ou tinham negó- América Latina “para proteger a democracia e as liberdades” no cios e investimentos em Cuba. A própria elite cubana tinha interesses em continente. A frase do presidente Roosevelt que sintetiza a essência da política externa norte-americana em relação à América Latina é: manter os laços econômicos com os EUA; muitos, inclusive, defendiam a “Devemos falar macio, mas carregar um grande porrete”. incorporação de Cuba à federação dos estados norte-americanos. Em 1901, os EUA, sob a orientação da política do Big Stick, formulaCuba Livre da durante o governo do presidente Theodore Roosevelt (1901-09), conseNome de um drink preparado pela mistura de Coca-Cola e rum. guiram inserir na Constituição de Cuba uma emenda que ficou conhecida Segundo a tradição, foi criada para evocar a independência cubana pelo nome do senador norte-americano que a elaborou. A Emenda Platt conquistada com a ajuda dos EUA. Os ingredientes deixam tal idéia reconhecia o direito dos EUA promoverem intervenções militares na ilha bem clara: a Coca-Cola norte-americana e o típico rum cubano. “para proteger a vida, a liberdade e os bens de seus cidadãos”, além de permitir a instalação de uma base militar norte-americana numa área de 117 km² na região de Guantánamo (observe o mapa abaixo).
A partir de sua independência, Cuba foi governada por governos colaboracionistas e fiéis aos interesses de Washington. Grande parte das terras cubanas foram arrendadas à United Fruit ou às empresas açucareiras. A REVOLUÇÃO DE 1959 Em 1933, o Sargento Fulgêncio Batista lidera um golpe que o leva ao poder. Batista deixou o poder em 1944, retornando em 1952, mediante um novo golpe. Nesse período, cresce a oposição à ditadura de Fulgêncio Batista. E é nesse contexto que, da Universidade de Havana, começam a despontar importantes personagens da história do país, como Fidel Castro e Camilo Cienfuegos. Em 1953, Fidel Castro, um jovem advogado, liderou um levante armado contra o quartel de La Moncada, em Santiago de Cuba, com o objetivo de derrubar a ditadura de Fulgêncio Batista. O ataque foi um fracasso: dos 120 homens que participaram da operação sob a liderança de Fidel, a maioria foi presa, embora muitos tenham morrido na ocasião. Fidel foi condenado à prisão, sendo exilado, com outros companheiros, na Ilha de Pinos. No entanto, Fidel conseguiu escapar da prisão, exilando-se no México. Foi lá que Fidel conheceu um médico argentino, Ernesto “Che” Guevara, que se iria unir aos exilados revolucionários cubanos para a derrubada do regime de Batista na ilha. O grupo, formado por 82 pessoas, desembarcou em Cuba no final de 1956, iniciando uma guerra de guerrilha a partir do sudeste de Cuba (região da Sierra Maestra) contra as forças de Batista. Aos poucos a guerrilha recebeu a adesão dos camponeses da região, conquistando toda a ilha. Em janeiro de 1959, Fidel e seus homens entravam vitoriosos em Havana. Fulgêncio Batista e alguns de seus partidários fugiram para a República Dominicana, depois que os EUA se negaram a conceder-lhes asilo. A Revolução Cubana foi uma revolução socialista? Não, a princípio. Nos primeiros momentos, foi, seguramente, um movimento nacionalista. No dia 17 de abril de 1959, numa conferência à imprensa, Fidel Castro afirmou: “Eu disse de maneira clara e definitiva que nós não somos comunistas (...). É absolutamente impossível que nós possamos progredir se não nos entendermos com os Estados Unidos”. Ainda em abril de 1959, Fidel esteve emguerrilheiros Nova Iorque, EUA. No dia Fidel Castro e seus emnos Sierra Maestra. VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
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CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr. 27 de abril, num discurso em pleno Central Park, disse: “A vitória só nos foi possível porque nós reunimos os cubanos de todas as classes e de todos os setores em torno de uma única e mesma aspiração”. Os primeiros meses após a chegada do novo governo ao poder foram de euforia e, ao mesmo tempo, de pânico. Fidel tomou várias medidas de grande simpatia popular (fim da polícia política de Batista, nulidade da Emenda Platt e a volta da Constituição de 1940, a mais democrática que Cuba havia tido). No entanto, a decisão do governo quanto à implementação de um programa de reforma agrária (que incluía a indenização dos proprietários) entrava em choque não só com os interesses da elite latifundiária, mas também das grandes companhias norte-americanas instaladas na ilha. A nacionalização de empresas estrangeiras, especialmente refinarias norteamericanas, o êxodo de milhares de cubanos para Miami e a postura nacionalista e independente do novo governo provocaram a ruptura nas relações entre Havana e Washington. Os planos de Fidel, ao assumir o governo em janeiro de 1959, não eram no sen- Entrada de Fidel Castro em Havana (janeiro de 1959). Che Guevara é o terceiro, da esquerda para a direita. tido de implantar o socialismo e se aliar à União Soviética. Entretanto, a postura dos EUA diante do governo castrista acabou “empurrando” Cuba para a esfera de influência da URSS. Eis um resumo do que aconteceu: Em 1960, o governo norte-americano parou de importar o açúcar cubano e se recusou a fornecer crédito a Cuba. Em 1961, a URSS já era o maior comprador do açúcar cubano e maior fornecedor de petróleo para a ilha. Refinarias norte-americanas se recusaram a refinar o petróleo soviético. O governo cubano resolveu a questão nacionalizando tais empresas. Ainda em 1961, um grupo de exilados cubanos, armados pela CIA, tentou dessembarcar na praia Girón, na Baía dos Porcos, em Cuba, para iniciar um levante contra o novo governo, mas acabou derrotado e expulso em apenas 72 horas após a invasão. A Casa Branca acreditava que a população cubana apoiaria o ataque e derrubaria o governo de Fidel, o que não se confirmou (pelo contrário, o episódio demonstrou a disposição dos cubanos em proteger o novo regime!). Fidel não perdeu a oportunidade de usar, na tensa ocasião, sua retórica: "Armaremos até os gatos", pilheriou ele, "se pudermos ensiná-Ios como segurar uma arma." Foi nesse mesmo ano (1961) que Fidel proclamou oficialmente uma revolução socialista no país e o alinhamento de Cuba com a URSS. Em 1962, a URSS iniciou a instalação de ogivas nucleares em Cuba, capazes de atingir Washington em apenas 15 minutos. Isso gerou a chamada Crise dos MísCubanos se preparam para enfrentar a invasão dos dissidentes seis, considerada o momento mais tenso de todo o period da Guerra Fria, quando do regime na Baía dos Porcos (1961). o governo norte-americano, à época presidido por John Kennedy, exigiu a imediata retirada das ogivas. A crise foi solucionada com um acordo segundo o qual o governo de Moscou, à época sob a liderança de Khrushchev, retiraria seu arsenal nuclear de Cuba em troca da promessa norte-americana de que não invadiria ou ocuparia a ilha. A expulsão de Cuba da OEA (Organização dos Estados Americanos) ocorreu em 1962, por pressão dos EUA sobre os demais países. Com o alinhamento cubano ao governo de Moscou, Fidel proibiu o pluripartidarismo, instalando um sistema monopartidário. O único partido legítimo passa a ser o Partido Comunista Cubano. A partir de seu alinhamento com a URSS (1961), Cuba pode contar com a ajuda de um significativo parceiro. Os soviéticos, para manter o regime cubano, compravam o açúcar produzido pela ilha por um preço até três vezes mais caro que o valor de mercado, fornecendo aos cubanos, por preços reduzidos, petróleo e outros produtos. Foi isso que permitiu ao Estado cubano estender à população os serviços de educação, saúde e previdência que tanto marcaram a história da ilha até os anos 80. No entanto, com o colapso do socialismo e a desintegração da URSS (1991), Charge satirizando a Crise dos Mísseis (à esquerda, Khrushchev, líder da URSS; à direita, o presidente americano John Kennedy). Cuba mergulhou em crescentes dificuldades. Como o bloqueio econômico dos EUA persiste, a solução foi buscar no turismo e nas relações com a América Latina e com a União Européia os sonhados recursos. O potencial turístico da ilha, posto de lado desde a chegada de Fidel ao poder, foi ressuscitado. Com praias de areia branca e um mar de águas transparentes, Cuba vem atraindo cerca de 2 milhões de turista ao ano. Muitos dos que visitam a ilha o fazem atraídos também por história, música e cultura. Hotéis e resorts internacionais tiveram permissão do governo para se estabelecer em Cuba, proporcionando uma estrutura capaz de receber o fluxo crescente de visitantes.
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CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr. O governo da Venezuela, aliado do regime castrista, envia com regularidade petróleo à ilha. Graças à ajuda venezuelana, os cortes de energia elétrica em Cuba ficaram no passado. A China vem oferecendo crédito ao governo cubano, o que tem permitido uma modesta renovação na frota de ônibus e caminhões, datada dos anos 50. Fidel costumava discursar por horas, todos os domingos, na capital, alardeando os feitos e conquistas obtidos com a Revolução. No entanto, antes da Revolução os cubanos usufruíam a quarta maior renda per capita da América Latina. De lá para cá caíram para a 29ª posição. Em 2005, a produção de açúcar, que continua a ser o principal item de exportação, atingiu seu menor volume desde 1907. Baixos salários (a média é de 265 pesos, cerca de 10 dólares americanos), desemprego, racionamento de comida, falta de produtos básicos de higiene pessoal (como pasta de dentes, sabonetes, papel higiênico etc.), frota de veículos dos anos 50, um grande mercado negro de dólares e produtos ilegais são alguns dos problemas diários com que os cubanos são obrigados a conviver em seu cotidiano. Além disso, os cubanos são proibidos de viajar para fora da ilha. Apesar disso, é inegável que certos progressos ocorreram, como a erradicação do analfabetismo e a montagem de um sistema de saúde que atende gratuitamente a Fidel Castro discursando perante uma multidão em Havana. população.
A ditadura castrista sufocou internamente as oposições. Desde o início começaram as prisões e fuzilamentos de desertores e opositores do regime. Em 2003, 75 “contra-revolucionários” foram condenados a penas de até 28 anos de prisão e 3 homens foram fuzilados por terem sequestrado um barco para tentar chegar aos EUA. Esses atos motivaram protestos em todo o mundo. Até mesmo simpatizantes do governo cubano, como o escritor português José Saramago, romperam publicamente com o regime. Em abril de 2004, a ONU, através de sua Comissão dos Direitos Humanos, aprovou uma moção de censura à ditadura de Fidel Castro pelo desrespeito aos direitos dos dissidentes políticos. A partir de 2004, o governo americano, sob a liderança do presidente George W. Bush, aprovou medidas que restringem as visitas de cubanos radicados nos EUA a parentes em Cuba (de uma por ano para uma em cada três anos). Isso Cubanos tentam deixar a ilha em direção aos EUA, transformando visa conter a entrada de dólares em Cuba, já que a maior parte deles entra no um caminhão numa espécie de balsa (flagrante de 2003). país através dos cubanos que vivem nos EUA. O objetivo, claro, é o de enfraquecer ainda mais o combalido governo cubano, visando à queda da ditadura castrista e a redemocratização do país. Muitos culpam o embargo econômico dos EUA pelos problemas que Cuba enfrenta. No entanto, não há unanimidade de opinião quanto a isso. O sociólogo cubano Héctor Palacios Ruiz, dissidente do regime castrista, assim se posicionou, numa entrevista ao repórter Thomaz Favaro, da revista Veja, em relação ao embargo americano: “O embargo econômico a Cuba não é significativo, pois os Estados Unidos são um dos maiores parceiros comerciais da ilha. Cuba importa dos americanos quase 500 milhões de dólares por ano. As compras incluem produtos agrícolas, subsidiados, que são revendidos por um preço muito mais alto no país. Os Estados Unidos são um grande negócio para Cuba, mas na cabeça das pessoas persiste a idéia de que há um boicote. Ou seja, o embargo americano só dá mais força a Fidel. O verdadeiro embargo é o do governo ao povo cubano. Quem pode imaginar que neste século, na América, onde todos já lutaram pela democracia, possa ainda existir um sistema de partido único?” VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
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CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr. O que acontecerá agora, uma vez que Fidel morreu em novembrode 2016? Essa é uma pergunta difícil de responder, dada as condições nebulosas de transição do poder em ditaduras socialistas. O que se pode afirmar com certeza é que a população cubana está cansada da repressão político ideológica e da penúria material em que o país se encontra. Diante de toda essa incerteza, vários cenários parecem possíveis. Há quem acredite que a morte de Fidel provocará a gradativa abertura da ilha para os ventos da democracia, uma vez que isso conta com as bênçãos dos EUA e da comunidade cubana que vive em Miami. Há os que falam na adoção do modelo chinês por Cuba, o chamado “socialismo de mercado” (uma abertura econômica com a manutenção do poder concentrado no Partido Comunista). E há também os que acreditam que o governo cubano não realizará as reformas políticas e econômicas necessárias, o que desencadeará protestos e manifestações da população, culminando numa reFidel Castro (à direita) e seu irmão Raul, que lhe sucedeu na volução que restabelecerá a democracia e o capitalismo na ilha. liderança do regime cubano.
LEITURA COMPLEMENTAR I: UM PAÍS DE MUITO PASSADO AGORA TEM ALGUM FUTURO “O desafio de suceder a Fidel é grande. O regime perdeu a lealdade dos jovens. Num encontro recente, transmitido pela televisão, dois jovens universitários colocaram Ricardo Alarcón, o presidente da Assembléia Nacional, numa saia-justíssima. Eles fizeram isso com umas poucas perguntas básicas: Por que os cubanos não podem viajar para fora do país? Por que os produtos de consumo são cobrados em pesos conversíveis, que têm seu valor atrelado ao dólar, se os trabalhadores cubanos recebem em pesos normais, que não valem quase nada? Por que os cubanos não podem freqüentar os hotéis e os restaurantes abertos só para turistas? Que sentido faz realizar eleições para a Assembléia Nacional se os eleitores desconhecem totalmente quem são os candidatos? É compreensível que Alarcón não tenha conseguido articular respostas inteligíveis. A verdadeira resposta veio dias depois. Os jovens foram forçados a se retratar diante das câmeras da televisão oficial. Nesse quadro tormentoso, surpreende como ainda se repete que ‘é preciso preservar as conquistas da revolução’. O mito propagandista sugere que Fidel tomou o poder em Uganda e agora o está devolvendo na Suíça. Na verdade, os indicadores sociais cubanos pré-Fidel eram excelentes nos quesitos educação e saúde. A contribuição castrista consiste sobretudo na destruição da infraestrutura física e humana da ilha, que já foi rica em escritores, artistas e músicos e hoje é um deserto de idéias. O motivo da tolerância existente em relação a Cuba é de difícil explicação. O ensaísta argentino Mariano Grondona atribui esse fascínio pelo ditador caribenho ao realismo fantástico que domina não apenas na literatura, mas também no campo minado da política latino-americana. Esse pensamento se traduz basicamente pela crença de que nossos fracassos não são produto de nossos erros, mas uma conseqüência de algo maior, a opressão americana. Seria a utopia cubana como uma terra a salvo dos americanos que entusiasma políticos e intelectuais que, em sua própria terra, fazem questão de viver num regime democrático. Os índices sociais de Cuba são razoáveis para uma ilha do Caribe. O país não reproduz os altos índices de criminalidade da vizinha Jamaica ou a pobreza abjeta do Haiti. Sem Fidel talvez o país fosse socialmente mais desigual. Mas implantar uma realidade de zoológico – ou seja, aquela em que todos têm comida, escola e saúde, mas vive enjaulado – não paga o preço do atraso, da falta de liberdade e da pequenez intelectual. Sobretudo por ser falsa a existência de uma dicotomia entre democracia e justiça social. A Costa Rica desfruta uma posição melhor que a de Cuba no IDH, sem ter para isso abolido as eleições livres, prendido opositores ou impedido seus cidadãos de viajar para o exterior. Entre os mitos mais divulgados por Havana está o de que a pobreza cubana é uma conseqüência direta do embargo comercial decretado pelos Estados Unidos nos anos 60. Trata-se de uma balela, visto que o restante do mundo está ávido por negociar com Cuba. O próprio embargo não é tão fechado quanto parece. Os cubanos compram 500 milhões de dólares em alimentos e remédios americanos. Outro 1 bilhão de dólares, uma das três maiores fontes de renda da ilha, é enviado pelos cubanos que vivem nos Estados Unidos a seus parentes em Cuba. Muitos políticos americanos acreditam que o embargo é contraproducente e fornece uma desculpa para o fracasso econômico e social de Fidel Castro. Melhor seria revogá-lo e afogar o regime comunista num banho de dólares. Não é má idéia. Mas há razões para tanta hostilidade. O embargo foi uma resposta direta ao confisco de propriedades americanas no valor de 2 bilhões de dólares no início da revolução. Além do mais, é bom lembrar, num momento de absoluto fanatismo, Fidel tentou deflagrar a III Guerra Mundial. Em 1962, ele conseguiu que Nikita Kruchev instalasse mísseis nucleares em Cuba. Nos treze dias febris que se seguiram, a humanidade esteve perto da aniquilação. Por fim, Moscou aceitou retirar o armamento em troca da promessa de que a ilha não seria invadida. Sabe-se que Fidel tentou empurrar a União Soviética a levar o confronto até o limite do inimaginável. Assustados com a gravidade do que tinham vivido, John Kennedy e Kruchev deram início ao processo de coexistência pacífica entre as superpotências. Vamos ver a figura por este ângulo: Fidel Castro é um sobrevivente daqueles tempos tenebrosos. Já vai tarde.” Fonte: http://veja.abril.com.br/270208/p_068.shtml.
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CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr. LEITURA COMPLEMENTAR II: O QUE AINDA IMPEDE A APROXIMAÇÃO ENTRE EUA E CUBA?
Governos anunciaram reabertura de embaixadas, mas ainda há temas espinhosos a debater. Na foto, Barack Obama (EUA) e Raul Castro (Cuba).
Um "passo histórico". Foi como o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, descreveu o restabelecimento da embaixada do país em Havana e da embaixada de Cuba em Washington, que acontecerá no próximo dia 20 de julho. Histórico, mas não definitivo. O anúncio desta quarta-feira (1º) sobre a reabertura das embaixadas é somente mais um passo no caminho longo e difícil para normalizar as relações diplomáticas entre os dois países depois de meio século sem elas. "É um passo positivo, mas, de nenhuma maneira, final no processo de normalização", disse Eduardo Gómez, especialista em Cuba e professor de Desenvolvimento Internacional e Economias Emergentes do King's College, em Londres, à BBC Mundo. Praticamente ao mesmo tempo em que Obama fazia seu discurso, o governo de Raúl Castro publicava no Granma, jornal oficial, a declaração onde confirmava o processo e expressava concretamente os temas ainda pendentes entre os dois governos. "Não poderá haver relações normais entre Cuba e os Estados Unidos enquanto se mantenha o bloqueio econômico, comercial e financeiro", afirmou o governo cubano. E esta não é a única condição. "Para alcançar a normalização, será indispensável também que se devolva o território ilegalmente ocupado pela base naval em Guantánamo, que cessem as transmissões radiofônicas e televisivas a Cuba (...), que se eliminem os programas destinados a promover a subversão e a desestabilização internas e que se compense o povo cubano pelos prejuízos humanos e econômicos provocados pelas políticas dos Estados Unidos." Por sua vez, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, mencionou, ao anunciar a abertura da sede diplomática em Havana, uma série de diferenças fundamentais que persistem: visões sobre direitos humanos e sobre a liberdade de expressão e de reunião. EMBARGO POR DEMOCRATIZAÇÃO? Nos últimos meses, ocorreram avanços significativos na aproximação dos países. Em maio, os Estados Unidos retiraram Cuba da lista de países patrocinadores do terrorismo, onde estava desde 1982. E também foram levantadas diversas restrições a viagens, às finanças e ao comércio com a ilha. Mas um dos assuntos mais difíceis de resolver é a suspensão completa do embargo. Isto só pode acontecer por decisão do Congresso americano, e não por medidas executivas do presidente. "O embargo não será levantado nos próximos três anos", diz à BBC Mundo Diego Moya-Ocampos, analista sobre Cuba da consultoria de risco IHS. De acordo com ele, a aprovação da suspensão do embargo pelo Congresso está condicionada a duas coisas: que Raúl Castro deixe o poder e que Cuba dê início a um processo de democratização. No entanto, do ponto de vista cubano, são os Estados Unidos que devem reconhecer sua forma de "democracia popular e participativa", como chamam o sistema do governo do país. E não eles que devem mudá-lo. Tanto Moya-Ocampos quanto Gómez acreditam que o principal problema é que, ao passo que os Estados Unidos querem impor seus "valores democráticos", Cuba quer que seu sistema de "democracia participativa" com partido único seja reconhecido. "Estas relações (com os Estados Unidos) deverão alicerçar-se no respeito absoluto a nossa independência e soberania, ao direito inalienável de todo Estado a eleger seu sistema político, econômico, social e cultural sem nenhum tipo de ingerência", diz a declaração de Cuba. Já os Estados Unidos não parecem ter problemas para manter o comércio com outros países não democráticos ou de partido único, como a China. Eduardo Gómez, no entanto, acredita que esta parte do problema provavelmente se resolverá com uma declaração de intenções por parte de Cuba, em que o país se comprometa a aderir aos "valores" democráticos sem realizar reformas estruturais em seu sistema político. "Há muitos países no mundo que se dizem democráticos, mas, na prática, não são democracias", diz.
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CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr. A BATALHA NO CONGRESSO Para além das declarações de intenção, é pouco provável que o Congresso americano aprove a suspensão do embargo antes que Castro saia do poder, o que deve acontecer em 2018. É também no Capitólio que Obama tem seus principais oponentes: Robert Menéndez, senador democrata de Nova Jersey, e Marco Rubio, senador republicano da Flórida. Ambos os senadores, descendentes de cubanos, foram membros ativos do Comitê de Relações Exteriores do Senado, que tem um papel fundamental na hora de tomar decisões de política internacional. Mas há outras vozes importantes nos Estados Unidos que condenaram o embargo e pediram sua suspensão. Entre elas, a atual candidata democrata à Presidência, Hillary Clinton. A ex-secretária de Estado, ex-senadora e ex-primeira-dama disse em várias ocasiões que as restrições não respondem aos interesses atuais do país e nem ajudam a promover mudanças na ilha caribenha. "(Para levantar o embargo) seria muito positivo que Hillary Clinton fosse a próxima presidente. Com um republicano, o processo será muito mais lento e com mais travas", diz Eduardo Gómez. E Clinton não é a única a apoiar publicamente o fim do embargo. Mais de 40 altos funcionários do governo, empresários e intelectuais enviaram, no ano passado, uma carta aberta ao presidente Barack Obama pedindo que ele suavizasse a política em relação a Cuba. A eles se somaram, posteriormente, 78 figuras do mundo político e econômico para demonstrar seu apoio ao novo rumo que as relações com Havana tomaram. O PROBLEMA DE GUANTÁNAMO A base naval americana de Guantánamo, no sudeste da ilha, também é uma pedra no sapato de Obama e de Raúl Castro. O governo cubano assinalou explicitamente que quer o território de volta como condição sine qua non para a normalização das relações com os Estados Unidos. O fechamento da prisão foi uma das promessas eleitorais da primeira campanha de Obama em 2008 que ele ainda não cumpriu. Mas nunca se falou em devolver o território. "No sei se ele terá força para fechar Guantánamo. Evidentemente estava oficialmente em sua agenda", comenta Moya-Ocampos. "É uma situação muito difícil, porque é parte da área de Defesa e Segurança dos Estados Unidos e os republicanos não vão negociar a manutenção e o aumento de sua presença e segurança. Vai ser um tremendo desafio, mas a restituição da área a Cuba é um passo necessário", diz Gómez. Justamente porque afeta diretamente os planos de Defesa e Segurança do país é que as negociações sobre este ponto não foram tão públicas como as do embargo. "É um tema que está sendo tratado nos bastidores", diz Moya-Ocampos.
Fonte: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/07/o-que-ainda-impede-a-aproximacao-entre-eua-e-cuba.html (Acesso em 11.02.2016)
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CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr. EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM Questão 01 A Revolução Cubana foi uma revolução socialista? Não, a princípio. Nos primeiros momentos foi, seguramente, um movimento nacionalista. No dia 17 de abril de 1959, numa conferência à imprensa, Fidel castro afirmou: “Eu disse de maneira clara e definitiva que nós não somos comunistas (...). É absolutamente impossível que nós possamos progredir se não nos entendermos com os Estados Unidos”. Ainda em abril de 1959, Fidel esteve em Nova Iorque, nos EUA. No dia 27 de abril, num discurso em pleno Central Park, disse: “A vitória só nos foi possível porque nós reunimos os cubanos de todas as classes e de todos os setores em torno de uma única e mesma aspiração”. Os primeiros meses após a chegada do novo governo ao poder foram de euforia e, ao mesmo tempo, de pânico. Fidel tomou várias medidas de grande simpatia popular (fim da polícia política de Batista, nulidade da Emenda Platt, a volta da Constituição de 1940, a mais democrática que Cuba havia tido etc.). No entanto, a decisão do governo quanto à implementação de um programa de reforma agrária (que incluía a indenização dos proprietários) entrava em choque não só com os interesses da elite latifundiária, mas também das grandes companhias norte-americanas instaladas na ilha. A nacionalização de empresas estrangeiras, especialmente refinarias norte-americanas, o êxodo de milhares de cubanos para Miami e a postura nacionalista e independente do novo governo provocaram a ruptura nas relações entre Havana e Washington. Trecho da apostila de História Geral da Vestcursos, elaborada pelo Prof. Monteiro Jr.
A partir do fragmento acima, é possível inferior que a) a guerrilha liderada por Fidel Castro que derrubou a ditadura de Fulgêncio Batista, subserviente aos interesses dos EUA na ilha, implantou um regime democrático de base popular em Cuba. b) as relações entre Havana e Washington passaram por um processo de deterioração a partir da subida de Castro ao poder, o que contribuiu para a aproximação de Cuba com o bloco socialista. c) desde os primeiros momentos de seu governo, ainda em 1959, Fidel Castro abraçou o socialismo, implementando medidas como a abolição da propriedade privada e a coletivização dos meios de produção. d) o movimento revolucionário que derrubou Fulgêncio Batista e colocou Fidel Castro no poder foi financiado pelo governo soviético, interessado na expansão internacional do socialismo. e) a vitória do movimento armado sob a liderança de Castro não obteve nenhuma repercussão entre os países da America Latina, pois contrariava as teses marxistas de uma revolução liderada pelo proletariado.
Questão 02 Em 1989, o líder soviético Mikhail Gorbatchev visita a ilha de Cuba. Nos tempos da Perestroika, o presidente russo tem como meta: a) reaproximar o líder cubano do governo norte-americano com o objetivo de derrubar o bloqueio econômico imposto à ilha caribenha. b) convencer Fidel Castro a abrir o regime para garantir o ingresso de Cuba na nova ordem mundial capitalista. c) informar ao dirigente cubano a retirada dos investimentos soviéticos em Cuba, devido à grave crise econômica em curso na URSS. d) integrar a URSS à nova Organização Latino Americana de Solidariedade patrocinada pelo ditador Fidel Castro. Questão 03 Nas décadas de 1960 e 1970, a relação dos EUA com a América Latina a) caracterizou-se pela ausência de investimentos econômicos significativos, uma vez que a região oferecia menores oportunidades de lucro do que os chamados tigres asiáticos. b) alterou-se quando os norte-americanos condicionaram a ajuda financeira aos relatórios de organizações internacionais que avaliavam o respeito aos direitos humanos e à democracia. c) desenvolveu-se de acordo com o programa do Departamento de Estado Norte-americano, com o objetivo de suplantar o domínio político e cultural dos países europeus na região. d) particularizou-se pela aplicação da "política da boa vizinhança", que objetivava industrializar e desenvolver o sul do continente, ainda que sob o controle dos norte-americanos. e) pautou-se por um clima tenso, sobretudo depois da subida ao poder de Fidel Castro e da crise dos mísseis na baía dos Porcos. Questão 04 A chamada "Crise dos Mísseis", de 1962, que levou as relações Washington - Moscou a um ponto crítico no contexto da Guerra Fria, foi resultante a) da aproximação entre o governo de Fidel Castro e a URSS. b) do escândalo político internacional conhecido como Watergate. c) do fim da política continental norte-americana da "Aliança Para o Progresso". d) da afirmação do stalinismo na política interna da URSS. e) do avanço do macarthismo no Congresso norte-americano. Questão 05 "Não há esperança de que o velho modelo estatal tenha muito tempo de sobrevida. Os cubanos parecem apenas desejar que a transição não seja muito dramática e se conservem as conquistas nos campos da educação e da saúde, os dois principais cartões de visita do regime." (Luiz Zanin Oricchio. "A Ilha de Fidel. Estado de S. Paulo", 05/01/97)
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CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr. A Revolução Cubana de 1959 emergiu no contexto da Guerra Fria, elevando ainda mais as tensões existentes entre as superpotências a partir do alinhamento de Cuba à URSS, em 1961. No fim da década de 1980, a crise do socialismo real no Leste Europeu provocou grandes repercussões econômicas e políticas na Ilha. Com base no conhecimento histórico e no texto, pode-se afirmar que, nos últimos anos, Cuba a) conseguiu manter suas realizações no âmbito das políticas públicas sociais. b) superou os entraves econômicos impostos pelo Bloqueio dos EUA. c) realizou as reformas democráticas que viabilizarão a transição política. d) mostrou seus melhores resultados econômicos após libertar-se da URSS. e) adotou um modelo econômico cujo princípio básico consiste na não intervenção estatal. Questão 06 Com o afastamento de Fidel Castro do poder, muitos especulam sobre o destino de Cuba sem Fidel. Sobre a história de Cuba, desde a independência, é correto afirmar que a) a guerra de libertação contra a Espanha ocorreu somente no final do século XIX, com apoio da Grã-Bretanha, maior investidora de capital na produção de açúcar na ilha, e também dos Estados Unidos. b) a imposição da Emenda Platt à Constituição de Cuba assegurou aos Estados Unidos o direito de nomear os presidentes cubanos, de intervir na ilha e de instalar bases, como a de Guantánamo. c) o movimento guerrilheiro, que derrubou o ditador cubano Fulgêncio Batista, liderado por Fidel Castro e Che Guevara, declarou-se comunista desde o início, o que provocou a imediata oposição norte-americana. d) a instalação de mísseis soviéticos em Cuba desencadeou, além da invasão à baía dos Porcos, um conflito militar entre os Estados Unidos e a União Soviética, no auge da Guerra Fria. e) o fim da União Soviética fez Cuba perder seu grande parceiro comercial, o que agravou os efeitos do bloqueio norte-americano e forçou o país a buscar novos mercados e a atrair o turismo.
e) foi dirigida por um movimento camponês espontâneo que, gradativamente, foi controlado pelos comunistas liderados por Fidel Castro. Questão 08 No contexto do início dos anos 1960, quando a Revolução Cubana soava como uma nova possibilidade de mudança política radical no continente americano, o Brasil teve um momento de aproximação formal com Cuba. Esse momento foi: a) o fornecimento de armas a Cuba por parte das Forças Armadas Brasileiras. b) o estabelecimento de acordos revolucionários entre Brasil e Cuba para a formação de uma liga única pelo comunismo na América. c) a condecoração de Ernesto “Che” Guevara com a Ordem do Cruzeiro do Sul. d) a participação do Brasil em defesa de Cuba na “Crise dos Mísseis”. e) a participação de Cuba junto no “Golpe de 1964”.
Questão 07 Em janeiro de 1959, tropas revolucionárias comandadas por Fidel Castro tomaram o poder em Cuba. A luta revolucionária: a) foi dirigida por uma guerrilha comunista que pôde derrotar o exército de Fulgêncio Batista, graças ao apoio militar oferecido pela União Soviética. b) foi dirigida pelo Partido Comunista de Cuba, que conseguiu mobilizar camponeses e trabalhadores urbanos contra a ditadura de Fulgêncio Batista. c) foi dirigida por dissidentes do governo de Fulgêncio Batista, com apoio inicial do governo dos Estados Unidos, interessado em democratizar a região do Caribe. d) foi dirigida por uma guerrilha nacionalista e anti-imperialista, que angariou apoios da oposição burguesa e de setores da esquerda cubana.
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CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO Questão 01 A Revolução Cubana veio demonstrar que os negros estão muito mais preparados do que se pode supor para ascender socialmente. Com efeito, alguns anos de escolaridade francamente aberta e de estímulo à autossuperação aumentaram, rapidamente, o contingente de negros que alçaram aos postos mais altos do governo, da sociedade e da cultura cubana. Simultaneamente, toda a parcela negra da população, liberada da discriminação e do racismo, confraternizou com os outros componentes da sociedade, aprofundando o grau de solidariedade. Tudo isso demonstra, claramente, que a democracia racial é possível, mas só é praticável conjuntamente com a democracia social. Ou bem há democracia para todos, ou não há democracia para ninguém, porque à opressão do negro condenado à dignidade de lutador da liberdade corresponde o opróbrio do branco posto no papel de opressor dentro de sua própria sociedade. RIBEIRO, D. O povo brasileiro: A formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1999 (adaptado).
Segundo Darcy Ribeiro, a ascensão social dos negros cubanos, resultado de uma educação inclusiva, com estímulos à autossuperação, demonstra que: a) a democracia racial está desvinculada da democracia social. b) o acesso ao ensino pode ser entendido como um fator de pouca importância na estruturação de uma sociedade. c) a questão racial mostra-se irrelevante no caso das políticas educacionais do governo cubano. d) as políticas educacionais da Revolução Cubana adotaram uma perspectiva racial antidiscriminatória. e) os quadros governamentais em Cuba estiveram fechados aos processos de inclusão social da população negra. Questão 02 No ano de 1962, os EUA e a URSS estiveram à beira de um confronto militar que ameaçou o planeta com uma guerra nuclear. Sobre esta crise, é INCORRETO afirmar que ela a) ocorreu quando governavam os EUA e a URSS, respectivamente, John Kennedy e Nikita Krutschev. b) foi deflagrada com a descoberta da instalação de mísseis soviéticos em Cuba. c) terminou com a retirada dos mísseis e com o compromisso de não-invasão militar a Cuba pelos EUA. d) resultou de uma provocação dos partidários de Fulgêncio Batista exilados em Miami. e) foi consequência da deterioração nas relações entre os EUA e Cuba após a vitória da Revolução Cubana de 1959. Questão 03 Os líderes da Revolução Cubana de 1959 logo se associaram ao comunismo internacional encabeçado pelo bloco soviético no contexto da Guerra Fria. É correto dizer que essa associação resultou em, entre outras coisas:
a) bloqueio econômico da URSS a Cuba. b) apoio do governo dos Estados Unidos aos revolucionários cubanos. c) abertura gradual dos Estados Unidos às práticas políticas comunistas. d) fim do capitalismo na América Central. e) apoio a outros grupos armados revolucionários da América Latina. Questão 04 O episódio conhecido como “a crise dos mísseis”, de 1962, que pôs em grande risco a paz mundial, resultou da: a) invasão do território sul-coreano pelo exército da Coreia do Norte, então apoiada pela União Soviética e pela China. b) intervenção militar realizada pela URSS na Hungria, com a ocupação de Budapeste e a deposição de I. Nagy. c) descoberta, pelos EUA, dos trabalhos de instalação de armas nucleares soviéticas em Cuba. d) ereção de um muro em Berlim, pelo governo comunista, dividindo fisicamente a cidade e a República Democrática Alemã. e) ruptura das relações diplomáticas entre a China e a URSS, em razão das acusações de “revisionismo” feitas pelo PCC a dirigentes soviéticos. Questão 05 “(...) Fidel se beneficiou da Guerra Fria e vendeu a importância geopoIítica de Cuba à União Soviética, em troca de generosos subsídios. Cuba é muito mais importante no mundo como um símbolo. E ela é um símbolo por causa de Fidel. Sem Fidel, o regime cubano perde o símbolo da vanguarda do comunismo internacional ou, ao menos, do antiimperialismo, especialmente do antiamericanismo. A Revolução Cubana nunca se viu como uma mudança de governo em Cuba apenas. A atuação de Ernesto Che Guevara na África e na América do Sul era parte da mística em torno dos combatentes de Sierra Maestra. Para a América Latina, especificamente, Fidel foi o ícone das mudanças que organizações de esquerda do Continente inteiro buscavam”. (Revista Época, fevereiro de 2008). A saída de Fidel Castro da liderança do governo reacendeu o debate acerca da controvertida História Cubana. A respeito do tema, considere as afirmações abaixo. I. No contexto internacional da Guerra Fria, Cuba foi um palco importante na disputa entre os EUA e a ex-URSS, com destaque para a ‘Crise dos Mísseis’, em 1962, quando o mundo esteve à beira de um confronto nuclear. II. A Revolução Cubana inspirou movimentos de esquerda na América Latina, a partir da década de 1960, sendo adotada como modelo para os grupos guerrilheiros pró-socialistas, a exemplo da Guerrilha do Araguaia, no Brasil. III. Para superar a crise vivida por Cuba desde o fim da URSS, o país busca ampliar suas relações econômico-comerciais, sobretudo na América Latina, destacando-se sua aproximação com a Venezuela de Hugo Chávez. Dessa forma, a) apenas as afirmações I e II estão corretas. b) apenas as afirmações II e III estão corretas. c) apenas as afirmações I e III estão corretas. d) apenas a afirmação III está correta. e) todas as afirmações estão corretas.
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CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr. Questão 06 “Condenem-me, não importa. A História me Absolverá”. Essa frase foi pronunciada por Fidel Castro, principal líder da Revolução Cubana, na ocasião em que ele a) foi acusado de assassinar o presidente Fulgêncio Batista, 1959. b) comandou as execuções de militares americanos partidários de Fulgêncio Batista. c) foi julgado pelo assalto ao quartel de Moncada, em 1953. d) associou-se à União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. e) associou-se ao governo de Hugo Chávez, presidente da Venezuela.
08. na década de 1950, a economia cubana, controlada por capital norte-americano, baseava-se fundamentalmente na produção de açúcar. 16. com a vitória da Revolução, empresas foram estatizadas e as propriedades rurais submetidas à reforma agrária. Em represália, os EUA suspenderam a compra do açúcar cubano, criando dificuldades econômicas e forçando Cuba a se aproximar da URSS. 32. teve início em 1959 e o seu significado para a América Latina equivale ao significado que a Revolução Russa (1917) teve para a Europa e a Revolução japonesa (1949) para a Ásia.
Questão 07 A Revolução Cubana, vitoriosa em 1959, teve como principal característica a) a mobilização popular por meio de manifestações de massas e a organização de seguidas greves gerais que interromperam as atividades econômicas de Cuba. b) a prática do “foquismo”, com grupos armados que se dedicavam à luta armada caracterizada pela tática de guerrilhas. c) a mobilização internacional por meio de campanhas que denunciavam o desrespeito aos direitos humanos por parte do governo cubano. d) a intervenção soviética, que enviou tropas de apoio aos revolucionários e bombardeou bases do governo cubano. e) a vitória eleitoral dos revolucionários no pleito de 1958 e a gradativa implementação de medidas socializantes por Fidel Castro.
Questão 10 Na década de 1950, Cuba era considerada “quintal” dos Estados Unidos da América (EUA). Em 1952, o General Fulgêncio Batista implantou uma ditadura caracterizada pela corrupção e pela brutalidade com que tratava seus adversários políticos. A reação a esse regime veio através do movimento guerrilheiro, liderado por Fidel Castro e Che Guevara, que foi vitorioso.
Questão 08 A ocasião em que o governo brasileiro mais explicitamente estreitou relações diplomáticas com o governo revolucionário cubano foi: a) quando médicos cubanos vieram atuar no Brasil durante o governo de Dilma Rousseff. b) quando Che Guevara recebeu, do presidente Jânio Quadros, a comenda da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul. c) quando Lionel Brizolla recebeu dinheiro de Fidel Castro para montar uma guerrilha revolucionária contra o Regime Militar instaurado em 1964. d) quando a blogueira cubana Yoani Sánchez veio ao Brasil, em 2013. e) quando houve a posse do presidente Luís Inácio Lula da Silva, em 2003. Questão 09 A Revolução Cubana, liderada por Fidel Castro, estimulou a intelectualidade de esquerda na América Latina na busca por um futuro melhor para os povos latino-americanos. Em relação à Revolução Cubana, é CORRETO afirmar que: 01. a tomada do palácio La Moneda deu início ao processo revolucionário em Cuba. 02. contou com a participação decisiva do grupo guerrilheiro de inspiração marxista chamado Sendero Luminoso. 04. no processo da Revolução, o governo corrupto e repressivo de Fulgêncio Batista foi derrubado do poder por meio de um golpe apoiado pelos EUA.
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Sobre esse contexto, marque a alternativa CORRETA. a) Che Guevara pretendia expandir a ideia da revolução socialista por todo o continente americano, porém, somente a Bolívia aderiu a essa ideia, em 1967, permanecendo como aliada de Cuba até 1972. b) O regime cubano socialista alcançou vários resultados sociais, tais como a redução do analfabetismo e os expressivos avanços na medicina e saúde pública, promovendo grandes avanços nessas áreas. c) Com o fim dos conflitos, Fidel Castro implantou uma democracia social e política, o que contrariou os interesses dos Estados Unidos, que romperam relações diplomáticas com Cuba. d) Ao chegar ao poder, Fidel Castro lançou as bases de uma ditadura democrática, regime adequado ao povo cubano que estava acostumado com a tradição do caudilhismo da América Espanhola. e) Fiéis à sua política imperialista, os EUA enviaram seu exército para combater o regime cubano socialista que resistiu heroicamente. Porém, nesse conflito, foi morto Che Guevara, que se tornou um ícone da rebeldia latino-americana. Questão 11 Se há apenas cinco ou dez anos dissessem a alguém em Cuba que um presidente norte-americano visitaria a Ilha, a resposta seria um sorriso irônico; mas se fosse mencionada a possibilidade de ver os Rolling Stones tocando em Havana, a reação teria sido uma gargalhada – ou um grito, se a pessoa assim informada tivesse seus 60 ou 70 anos de vida. Porque aqueles que fomos jovens em Cuba na década de 1960 dificilmente esqueceremos as críticas políticas quando confessávamos ouvir os Beatles ou os Stones. Quem poderia ter previsto? Definitivamente, os tempos estão mudando. LEONARDO PADURA. Adaptado de Folha de S. Paulo, 12/03/2016.
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CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr. As considerações do escritor sobre a sociedade cubana indicam que, na década de 1960 e no momento atual, as diferenças entre as condições de vida são contextualizadas, respectivamente, pelos seguintes aspectos das relações internacionais: a) expansão mundial de regimes totalitários – supremacia das concepções neoliberais b) crescimento da influência global soviética – afirmação da hegemonia norte-americana c) bipolaridade entre capitalismo e socialismo – multipolaridade da ordem econômica d) política externa independente na América Latina – integração das nações subdesenvolvidas Questão 12 Pretendemos criar um novo capítulo na relação histórica entre os dois países. A afirmação foi feita pelo presidente Barack Obama sobre o reatamento das relações diplomáticas entre Estados Unidos e Cuba. O rompimento entre os dois países ocorreu no contexto histórico da: a) Guerra de independência contra a Espanha. b) Eleição de Fulgêncio Batista como presidente cubano. c) Guerra Fria, após a Revolução Cubana. d) Independência das colônias latino-americanas. e) Anexação pelos Estados Unidos do território mexicano. Questão 13
Questão 14 [...] A CIA [Agência Central de Inteligência norte-americana] e o arcebispo titular da arquidiocese de Miami arquitetaram um plano de transferência massiva de crianças de Cuba para os Estados Unidos, para o qual contaram com o apoio da Igreja cubana. Batizada de Operação Peter Pan, inspiradora de livros e filmes, a ação teve início numa noite de outubro de 1960. Um locutor da rádio de uma estação da CIA, instalada em território hondurenho, transmitia a seguinte mensagem: “Mães cubanas! O governo revolucionário está planejando roubar seus filhos! Quando fizerem 5 anos, seus filhos serão retirados de suas famílias e só retornarão aos 18 anos, transformados em monstros materialistas!” Segundo uma ONG norte-americana, foram retirados de Cuba cerca de 14.000 menores, de ambos os sexos, que foram instalados em orfanatos católicos e em instituições de caridade. No começo de 1962 chegava ao fim a Operação Peter Pan. (Texto adaptado: MORAIS, Fernando. Os últimos soldados da Guerra Fria. São Paulo: Companhia das Letras, 2011. p.64,66,68.) No contexto acima descrito, é correto inferir que a a) preocupação com a formação de seus filhos como cidadãos solidários, nos anos 1960, levou mães cubanas a enviá-los para outro país. b) harmonia entre as crenças religiosas, na década de 1960, levou igrejas de dife-rentes países a se unirem em causas humanitárias. c) indústria cinematográfica norte-americana, desde meados do século XX, difun-diu valores que interessavam a todos os povos. d) bipolarização das forças políticas mundiais, na segunda metade do século XX, acirrou conflitos regionais. Questão 15 Leia o trecho do discurso a seguir. "Que toda nação saiba... que pagaremos qualquer preço, suportaremos qualquer fardo, enfrentaremos qualquer privação, apoiaremos qualquer amigo, obstaremos qualquer inimigo, para assegurar a sobrevivência e o triunfo da liberdade."
A charge faz alusão à intensa rivalidade entre as duas maiores potências do século XX. O momento mais tenso dessa disputa foi provocado pela a) ampliação da Guerra do Vietnã. b) construção do muro de Berlim. c) instalação dos mísseis em Cuba. d) eclosão da Guerra dos Sete Dias. e) invasão do território do Afeganistão.
John F. Kennedy, Discurso de Posse. Citado por NEVINS, A. e COMMAGER, H.S. "Breve História dos Estados Unidos", S.P.: Alfa-Omega, 1986, p. 591.
Baseando-se na citação e na política externa do governo norteamericano na década de 1960, assinale a alternativa INCORRETA. a) No início do governo Kennedy, ocorreram intervenções e conflitos envolvendo Cuba e União Soviética. Os Estados Unidos apoiaram a invasão da Baía dos Porcos, promoveram o bloqueio naval e aéreo à ilha e exigiram a retirada dos foguetes soviéticos instalados em Cuba.
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CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr. b) Ao enfatizar a aplicação do Plano Marshall e da Doutrina Truman, o governo Kennedy foi marcado pelas negociações com a União Soviética e a China, que objetivaram solucionar os conflitos envolvendo a Coréia e o Vietnã e evitaram a expansão do comunismo na Ásia. c) Em relação à América Latina, o governo norte-americano formulou a Aliança para o Progresso, cuja proposta era conceder ajuda e financiamentos para o desenvolvimento econômico, a fim de evitar o crescimento da influência comunista sobre as populações latino-americanas. d) O governo norte-americano organizou iniciativas de treinamento das forças armadas e dos serviços de repressão da América Latina, a fim de reprimir manifestações populares e opositores aos governos favoráveis à influência norte-americana.
01 D 11 C
02 D 12 C
03 E 13 C
04 C 14 D
GABARITO 05 06 E C 15 16 B __
07 B 17 __
08 B 18 __
09 24 19 __
10 B 20 __
Questão 8: 8 + 16 = 24
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